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Turma Camara- Quarta Câmara (29)
- ROSALDO TREVISAN (36)
- 2012 (36)
Numero do processo: 10680.724080/2009-81
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/1988 a 30/09/1995
SENTENÇA JUDICIAL. COMPENSAÇÃO. CUMPRIMENTO ESTRITO.
Sentença judicial que defere unicamente a compensação não pode ser estendida para permitir a restituição na via administrativa.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO RECONHECIDO POR DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. PRAZO.
O prazo de cinco anos para o início do procedimento de compensação dos créditos reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado conta-se a partir da data do trânsito em julgado.
Numero da decisão: 3403-001.832
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao pedido alternativo efetuado no âmbito do recurso voluntário, assegurando a continuidade da compensação do saldo remanescente, inclusive com outros tributos administrado pela Receita Federal. Os Conselheiros Antonio Carlos Atulim e Marcos Tranchesi Ortiz votaram pelas conclusões, pois entendem que a restituição foi negada pelo Poder Judiciário e não que restituição e compensação sejam coisas distintas.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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COMPENSAÇÃO. CUMPRIMENTO ESTRITO. Sentença judicial que defere unicamente a compensação não pode ser estendida para permitir a restituição na via administrativa. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO RECONHECIDO POR DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. PRAZO. O prazo de cinco anos para o início do procedimento de compensação dos créditos reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado contase a partir da data do trânsito em julgado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao pedido alternativo efetuado no âmbito do recurso voluntário, assegurando a continuidade da compensação do saldo remanescente, inclusive com outros tributos administrado pela Receita Federal. Os Conselheiros Antonio Carlos Atulim e Marcos Tranchesi Ortiz votaram pelas conclusões, pois entendem que a restituição foi negada pelo Poder Judiciário e não que restituição e compensação sejam coisas distintas. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 40 80 /2 00 9- 81 Fl. 893DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório Versa o presente processo sobre Declarações de Compensação DCOMP apresentadas por ARCELORMITTAL INOX BRASIL S.A. (fls. 160 a 2331) com intuito de utilizar créditos do PIS/Pasep reconhecidos judicialmente em virtude da inconstitucionalidade dos DecretosLei nos 2.445 e 2.449 de 1988 (acórdão de fls. 73 a 83), em compensação com débitos de Contribuição para o PIS/Pasep, de COFINS, de IRPJ, de CSLL, de CIDE e de IPI, bem como de ressarcirse dos créditos eventualmente remanescentes. A DRF/Belo Horizonte analisou as Declarações de Compensação e proferiu Despacho Decisório no 3.872 DRF/BHE (fls. 151 a 159) homologando em parte as compensações apresentadas pelo contribuinte, efetuadas com base no crédito oriundo da ação judicial no 95.00.253402, até o limite reconhecido nos demonstrativos de imputação, e não homologando a compensação com débitos de IRPJ, CSLL, CIDE e IPI. A autoridade administrativa, considerando o Despacho Decisório no 3.872 DRF/BHE explicitou (fls. 268/269) quais DCOMP foram homologadas, parcialmente homologadas e não homologadas. Cientificada do teor do Despacho Decisório em 22/12/2009 (fl. 376), a recorrente apresentou manifestação de inconformidade (fls. 419 a 440), reputada tempestiva em informação de fls. 550. Buscou a recorrente a homologação de todas as compensações realizadas nas DCOMP vinculadas aos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep que lhe foram assegurados por decisão judicial proferida nos autos no 95.00.253402, a correção dos cálculos efetuados pela DRF/Belo Horizonte, bem como o ressarcimento em espécie do saldo ainda não compensado, argumentando, em síntese, que: (a) a DRF/Belo Horizonte deixou de considerar alguns pagamentos de Contribuição para o PIS/Pasep comprovadamente realizados, relativos às competências de outubro/1990, junho/1995, e outubro/1995 a fevereiro/1996; (b) nas competências em que o valor da Contribuição para o PIS/Pasep devido com base na Lei Complementar no 7/70 foi superior ao valor recolhido com base nos decretoslei inconstitucionais, a autoridade administrativa extinguiu os saldos verificados com vinculações aos créditos da recorrente sem a anterior constituição e exigência do crédito tributário, ofendendo assim ao art. 142 do CTN e ao princípio da legalidade; (c) houve a decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário referente às competências em que o 1 Toda numeração de folhas indicada nesta decisão se refere à paginação eletrônica no "eprocessos". Fl. 894DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10680.724080/200981 Acórdão n.º 3403001.832 S3C4T3 Fl. 894 3 valor da Contribuição para o PIS/Pasep devido com base na Lei Complementar no 7/70 foi superior ao valor recolhido com base nos decretosleis inconstitucionais; (d) a autoridade administrativa não aplicou os índices de correção monetária estabelecidos na decisão judicial para a atualização da Contribuição para o PIS/Pasep pago a maior (IPC até a promulgação da Lei no 8.177/91, e INPC até 1/1/1996, quando deverão ser corrigidos pela Taxa SELIC), e cometeu erros de cálculo; e (e) não ofende a coisa julgada a homologação da compensação com débitos oriundos de tributos diversos da Contribuição para o PIS/Pasep, autorizada, posteriormente à propositura da ação judicial e aos julgamentos nela proferidos, pela Lei no 10.637/2002, que deu nova redação ao art. 74 da Lei no 9.430/96. Em 3/5/2010, a DRJ decide converter o julgamento em diligência (fls. 551 a 555). Considerando que as questões suscitadas pela recorrente dizem respeito aos cálculos procedidos pela autoridade administrativa, com exceção das alegações de exigência de créditos tributários sem o devido lançamento e de possibilidade de compensação com outros tributos, pediu a DRJ manifestação da DRF/Belo Horizonte: a) quanto aos pagamentos que a recorrente alega ter efetuado e que não foram considerados, confirmandoos e incluindoos nos cálculos, se for o caso, e justificando a não inclusão em caso contrário; b) sobre os índices de atualização utilizados nos cálculos efetuados e sobre os equívocos de cálculo apontados pela recorrente em sua manifestação de inconformidade, retificandoos e/ou justificando a não retificação; c) acerca do Pedido de Restituição/Ressarcimento no 08470.41731.180609.1.2.570589 (fls. 232 e 233), em vista da ausência de tratamento pelo despacho decisório recorrido; e d) no sentido de que se proceda a nova valoração do crédito, justificando detalhadamente as alterações efetuadas, de modo a não cercear o direito de defesa, e informando discriminadamente a nova situação do direito creditório e da homologação/deferimento dos PER/DCOMP. A recorrente apresenta (fls. 607 a 612) informações complementares aos pedidos eletrônicos de restituição nos 08470.41731.180609.1.2.570589 e 17082.77730.310810.1.2.570060, informando que apresentou este último pedido de restituição Fl. 895DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 apenas para prevenir a prescrição, no caso de o julgamento do presente processo não homologar as compensações efetuadas com tributos diversos da Contribuição para o PIS/Pasep. A unidade local da RFB prestou as informações solicitadas (fls. 720 a 723), destacando que: a) assiste razão à empresa quanto aos pagamentos referentes ao período de apuração de outubro de 1990, em parcelamento no processo administrativo no 10680.001882/9129. Tais pagamentos não constam dos sistemas informatizados da RFB, mas foram verificados quando do desarquivamento do processo de parcelamento; b) o pagamento efetuado em 14/7/1995, referente ao período de apuração de junho de 1995, inicialmente não localizado no sistema SINAL06 (pagamentos efetuados em agências bancárias localizadas dentro da 6a Região Fiscal) foi efetuado na jurisdição da Delegacia da Receita Federal em São Paulo, com o CNPJ no 33.390.170/000502 (cf. sistema SINAL08); c) foi confirmada a conversão dos depósitos judiciais referentes aos períodos de apuração de outubro de 1995 a fevereiro de 1996; d) foi utilizado equivocadamente na imputação dos créditos e débitos o aplicativo SICALC, quando deveria ter sido utilizado o aplicativo CTSJ Créditos Tributários Sub Judice. Este aplicativo faz a correção dos pagamentos pelos índices determinados nas respectivas decisões judiciais, até sua efetiva utilização; e) elaborouse novo demonstrativo de imputação, utilizandose o aplicativo CTSJ, com a inclusão dos pagamentos indevidamente excluídos nos cálculos anteriores (fls. 557 a 589); f) de acordo com o demonstrativo de saldos de pagamentos atualizados (fls. 600 a 605), extraído do aplicativo CTSJ em 31/12/1995, existia um saldo credor favorável à requerente, no qual os valores já estão corrigidos e atualizados pelos índices determinados no processo judicial no 95.00.25340 3; e g) em relação ao pedido de restituição apresentado por meio do PER no 08470.41731.180609.1.2.570589, a requerente obteve junto ao poder judiciário autorização para compensar os valores indevidamente recolhidos com débitos da mesma espécie, não constando autorização para que estes valores sejam restituídos em espécie, pelo que o pedido de restituição deve ser indeferido. Ciente do resultado da diligência em 7/10/2010 (fl. 606), apresenta o contribuinte, em 5/11/2010, razões adicionais de manifestação de inconformidade (fls. 671 a 694), em face das diligências determinadas pela DRJ, considerando que os novos cálculos elaborados pela DRF/Belo Horizonte que embasaram o Despacho Decisório de 7/10/2010 continuam equivocados. A recorrente, além de ratificar os argumentos expostos na manifestação de inconformidade inicialmente apresentada e solicitar a reunião ao presente processo do pedido de restituição 17082.77730.310810.1.2.570060 e seu despacho decisório, alega que: Fl. 896DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10680.724080/200981 Acórdão n.º 3403001.832 S3C4T3 Fl. 895 5 a) nos cálculos elaborados pela DRF de Belo Horizonte não foi computado recolhimento da competência de 11/1989, nem justificada a exclusão/omissão; b) a afirmação da DRF de que foram atualizados os valores pagos a maior a título de Contribuição para o PIS/Pasep pelo IPC até 2/1991, e pelo INPC, a partir de 3/1991, não corresponde integralmente à realidade, pois vêse nos cálculos que atualizaramse os pagamentos indevidos pela variação do INPC apenas no período de março/91 a dezembro de 91, sendo que no período entre 1/1/1992 a 31/12/1995 os pagamentos indevidos foram atualizados pela variação da UFIR; c) a decisão judicial transitada em julgado garantiu a aplicação dos índices reais de inflação, da seguinte maneira: IPC até a promulgação da Lei no 8.177/91 (28/02/91), INPC a partir de 1/3/91, e taxa Selic, a partir de janeiro de 1996; d) além de a DRF ter utilizado o indexador errado (UFIR), utilizouo de forma equivocada, quando o usou a UFIR do 4o trimestre/1995 (0,7952) para a reconversão dos pagamentos de UFIR para Reais, pois deveria ter utilizado a UFIR de 1/1/1996 (0,8287), cf. IN SRF no 210/2002, 460/2004, 600/2005 e 900/2008; e e) a DRF, ao indeferir o pedido de restituição dos saldos remanescentes dos valores recolhidos indevidamente a título de Contribuição para o PIS/Pasep, contrariou o artigo 876 do Código Civil, acolhido pelo artigo 165 do CTN. A recorrente apresenta, ainda, em 18/11/2010, “notícia de solução de divergência em caso idêntico ao dos autos” (fls. 725 a 727) pedindo que seja levada em consideração na análise da manifestação de inconformidade. A decisão de primeira instância, proferida em 28/2/2011 (fls. 753 a 762, 776 e 777), julgou procedente, em parte, a manifestação de inconformidade. Decidiu o órgão julgador, em preliminar, determinar o julgamento do processo referente ao segundo Pedido Eletrônico de Restituição (de no 17082.77730.310810.1.2.570060, formalizado no processo de no 10680.720211/201175) na mesma sessão de julgamento dos presentes autos e, no mérito: a) que assiste razão à recorrente quanto à desconsideração, nos cálculos efetuados, do pagamento da competência 11/89, determinando a sua inclusão nos cálculos de apuração do direito creditório; b) que assiste razão à recorrente quanto à alegação de que a autoridade administrativa não aplicou os índices de correção monetária estabelecidos na decisão judicial para a atualização da Contribuição para o PIS/Pasep recolhida indevidamente, pois, em face da decisão judicial transitada em julgado, deve ser aplicado o INPC e não a UFIR a partir de 1/3/1991; Fl. 897DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 c) que também assiste razão à recorrente quanto ao erro na reconversão de UFIR para Real, onde utilizouse a UFIR do último trimestre de 2005 e não a UFIR de 1/1/1996; porém, tal constatação não tem mais caráter prático para o presente caso, vez que reconhecido o uso do INPC, dado pela decisão judicial transitada em julgado, e não da UFIR, de 1/3/1991 a 31/12/1995; d) quanto ao indeferimento pela DRF do pedido de restituição de no 08470.41731.180609.1.2.570589, correspondente ao saldo remanescente das Contribuições para o PIS/Pasep recolhidas indevidamente, que não assiste razão à recorrente, pois a decisão judicial concedeu o direito de a interessada utilizar o crédito por intermédio de compensação, e nesse caso não houve legislação posterior que possibilitasse a interpretação diversa do disposto na coisa julgada material; e) que assiste razão à recorrente quanto ao direito de utilização do crédito reconhecido em ação judicial em compensação com outros tributos, além da Contribuição para o PIS/Pasep, pois, embora o direito obtido na via judicial tenha expressamente limitado a utilização do crédito na compensação com débitos de tal contribuição, a Solução de Divergência no 2/2010 COSIT veio a ampliar a possibilidade de compensação a outros tributos/contribuições administrados pela RFB; f) que não assiste razão à recorrente quando sustenta que nos períodos em que os recolhimentos feitos com base nos Decretosleis inconstitucionais foram inferiores ao devido com base na Lei Complementar no 7/70, não poderia a autoridade administrativa cobrar a diferença sem o devido lançamento e que já se operou o prazo decadencial para tanto. O judiciário concedeu ao recorrente o direito de compensar a diferença entre a Contribuição para o PIS/Pasep paga e a que seria devida. Ao cotejar o pago com o devido e concluir por um direito creditório não está a DRF procedendo a lançamento ou cobrança, apenas está apurando o valor a restituir conforme a decisão judicial determina. Cientificado do acórdão em 26/5/2011 a recorrente apresentou tempestivamente (certidão de fls. 866) Recurso Voluntário (fls. 780 a 789), no qual pede a reforma do acórdão no que concerne ao indeferimento do pedido de restituição em espécie do saldo remanescente das compensações efetuadas. Alega o recorrente que a DRJ entendeu equivocadamente que a decisão judicial concedeu apenas o direito de compensação dos valores recolhidos a maior referentes à Contribuição para o PIS/Pasep e pede seja deferida a restituição em espécie ou, caso assim não se entenda, seja declarado que o saldo de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep reconhecido na ação judicial no 95.00253403 e ainda não compensado nem restituído em espécie, possa ser utilizado em compensações futuras com tributos e contribuições administrados pela RFB (comunicando que ingressou com ação Fl. 898DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10680.724080/200981 Acórdão n.º 3403001.832 S3C4T3 Fl. 896 7 judicial de no 006422998.2010.4.01.3800, para interrupção da prescrição do direito de restituição do indébito). Sustenta que: a) solicitou judicialmente a compensação ou, alternativamente a restituição dos valores pagos a maior, e que formulou o pedido alternativo (art. 288 do CPC) pois a prestação da União poderia ser cumprida tanto pela compensação quanto pela restituição, aceitando a recorrente qualquer uma das formas; b) não há qualquer limitação na decisão judicial para utilização do crédito apenas mediante compensação (a parte dispositiva da sentença declarou expressamente o direito à compensação e silenciou a respeito da restituição pois não havia necessidade de se declarar direito assegurado em lei art. 66, § 2o da Lei no 8.383/91); c) caso se pretendesse limitar o direito da recorrente à compensação, teria a sentença expressamente disposto dessa maneira, excluindo a faculdade prevista em lei; e d) seu direito está amparado também em jurisprudência e na súmula 461 do STJ. A DRF/Belo Horizonte elaborou despacho informando: o cumprimento da decisão da DRJ (fls. 841 a 843), que o pedido de restituição formalizado por meio do PER no 17082.77730.310810.1.2.570060 e tratado no processo no 10680.720211/201175 (tal processo aparece como excluído no sistema eprocessos), foi indeferido pela DRF e a decisão mantida pela DRJ, e que o saldo credor após as compensações efetuadas, não restituível em função da decisão judicial que autorizou apenas a compensação, pode ser utilizado pelo contribuinte em compensações com outros débitos no prazo de cinco anos a partir do trânsito em julgado da ação judicial. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. A matéria controversa em sede de Recurso Voluntário resumese à (im)possibilidade de restituição do saldo remanescente das compensações efetuadas em virtude de decisão judicial, não tendo sido questionados outros tópicos da decisão de primeira instância. A recorrente questiona objetivamente a manutenção do indeferimento do pedido de restituição de no 08470.41731.180609.1.2.570589 (transmitido em 18/6/2009), Fl. 899DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 correspondente ao saldo remanescente das contribuições para o PIS/Pasep recolhidas indevidamente. No entendimento do julgador a quo, “a decisão judicial expressamente limitou o direito de a interessada utilizar o crédito decorrente da ação judicial que discutiu a constitucionalidade dos DecretosLeis nos 2.445 e 2.449, de 1988, por intermédio de compensação”, tendo transitado em julgado, não podendo ser seus efeitos modificados (cf. art. 467 do CPC), e devendo a aplicação pela autoridade administrativa ser efetuada a partir do dispositivo da sentença (cf. arts. 458, III e 469 do CPC). Assim, os indébitos fundamentados na ação judicial “somente podem ser utilizados para fins de compensação, pois não houve legislação posterior que possibilite a interpretação diferente do disposto na coisa julgada material”. A recorrente, em seu Recurso Voluntário, sustenta que a decisão judicial, mesmo fazendo referência expressa somente à compensação, ampara o direito à restituição, por estar tal direito expresso em lei (art. 66, § 2o da Lei no 8.383/91) e assegurado pela Súmula 461 do STJ, transcritos abaixo: “Lei no 8.383/91 Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subsequente. (redação dada pela Lei no 9.069/1995) § 1o A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. (redação dada pela Lei no 9.069/1995) § 2o É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. (redação dada pela Lei no 9.069/1995)” (grifo nosso) “Súmula STJ no 461 O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado”. (grifo nosso) Compulsandose os autos da ação judicial, é de se transcrever o pedido da inicial (fls. 30 e 31), para que reste clara qual a tutela jurisdicional buscada: “V DO PEDIDO "Ex positis", requer que V. Exa. Conceda a liminar "inaudita altera parte", já que o recolhimento darseá no dia 30 próximo, quando o dano já estará sendo causado à Autora, para que possa esta compensar seu crédito oriundo dos recolhimentos a maior do PIS, nos últimos 5 anos (para que controvérsias não existam), com os recolhimentos futuros desta mesma contribuição. Requer, também, que seja citada a Ré, para querendo contestar a presente e, ao final, julgar esta totalmente procedente, para Fl. 900DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10680.724080/200981 Acórdão n.º 3403001.832 S3C4T3 Fl. 897 9 declarar que a empresa deva recolher o PIS nos termos exatos do que ordena a Lei Complementar 7/70, dom mudança de alíquota da Lei 17/73, já que inconstitucionais são os Decretos leis 2445 e 2449, de 1988 e, como consequência, seja declarado o direito da Autora em ser ressarcida, via compensação com os pagamentos vincendos do PIS, de todos os valores pagos a maior desde 1988. Alternativamente, a compensação com os pagamentos vincendos do PIS, de todos os valores pagos a maior nos últimos 5 (cinco) anos, ou, ainda alternativamente, repetição de todos os valores, via precatório.” (grifo nosso) Vejase que realmente não é demandada restituição administrativa do saldo remanescente. O que se pede alternativamente é a repetição integral via precatório. No julgamento de primeira instância, o dispositivo da sentença (fls. 38) assevera: “Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido consubstanciado na presente AÇÃO DECLARATORIA No 95.00253402 proposta por COMPANHIA AÇOS ESPECIAIS ITAB1RA ACESITA contra a UNIÃO FEDERAL e declaro a inexistência de relação jurídica, que obrigue a Autora a recolher ao fisco as obrigações para o Fundo do PIS/PASEP, nos moldes dos decretosleis nos 2.445/88 e 2.449/88, no que tange à alíquota, à base de cálculos (sic) e aos prazos, prevalecendo a legislação anterior. Autorizo a Ré (sic) a compensar à Autora, os valores correspondentes, recolhidos a partir dos cinco anos anteriores à propositara da presente ação, com as guias constantes dos autos, destacados sob o título, apenas com as obrigações para o Fundo PIS/PASEP.” (grifo nosso) A recorrente apresenta embargos declaratórios à sentença judicial de primeiro grau. Ao considerar parcialmente procedentes os embargos (no que se refere a custas processuais), o juízo adverte (fls. 49/50) que: “Conforme já exposto na sentença, o instituto da compensação não se confunde com o da restituição. O pedido da autora, constante da peça exordial é claro: "Requer, também, que seja citada a Ré, para querendo contestar a presente e, ao final, julgar esta totalmente procedente, para declarar que a empresa deva recolher o PIS nos termos exatos do que ordena a Lei Complementar 7/70, com mudança de alíquota da Lei 17/73, já que inconstitucionais são os Decretosleis 2445 e 2449, de 1988 e, como consequência, seja declarado o direito da Autora em ser ressarcida, via compensação com os pagamentos vincendos do PIS, de todos os valores pagos d maior desde 1988.” (grifo nosso) Em segundo grau, alterase a sentença no que se refere a índices de correção, ocorrendo o trânsito em julgado em 8/9/2005 (fls. 98). Não há, assim, no processo judicial, nenhuma menção à possibilidade de ser restituído o saldo remanescente das compensações pela Administração. Fl. 901DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 Vejase que a Súmula 461 do STJ (derivada da aplicação do art. 66, § 2o da Lei no 8.383/91, quando invocada a tutela jurisdicional) também não assegura esse direito, garantindo apenas a possibilidade de recebimento via precatório (com execução judicial da sentença). Aliás, é exatamente esse o pedido alternativo da inicial da ação judicial da recorrente (repetição via precatório). Um dos julgamentos paradigmáticos em relação a tal súmula é o REsp no 1.114.404/MG, julgado na sistemática dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), que apresenta a seguinte ementa: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. SENTENÇA DECLARATÓRIA DO DIREITO À COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. POSSIBILIDADE DE REPETIÇÃO POR VIA DE PRECATÓRIO OU REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR. FACULDADE DO CREDOR. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. 1."A sentença declaratória que, para fins de compensação tributária, certifica o direito de crédito do contribuinte que recolheu indevidamente o tributo, contém juízo de certeza e de definição exaustiva a respeito de todos os elementos da relação jurídica questionada e, como tal, é título executivo para a ação visando à satisfação, em dinheiro, do valor devido" (REsp n. 614.577/SC, Ministro Teori Albino Zavascki). 2. A opção entre a compensação e o recebimento do crédito por precatório ou requisição de pequeno valor cabe ao contribuinte credor pelo indébito tributário, haja vista que constituem, todas as modalidades, formas de execução do julgado colocadas à disposição da parte quando procedente a ação que teve a eficácia de declarar o indébito. Precedentes da Primeira Seção: REsp.796.064 RJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22.10.2008; EREsp. Nº 502.618 RS, Primeira Seção, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 8.6.2005; EREsp. N. 609.266 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 23.8.2006. 3. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.” (REsp 1114404/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, unânime, julgado em 10/02/2010, DJe 01/03/2010)” (grifo nosso) Unânime, destarte, o posicionamento no sentido de que se apresenta como alternativa à compensação em decorrência de sentença judicial transitada em julgado o direito de repetição via precatório. Tanto o STJ (Súmula 461) quanto a recorrente o reconhecem (veja se que este é o pedido inicial em juízo). Da mesma forma que não se pode confundir restituição com compensação, como já referido neste voto, não se pode confundir restituição administrativa em virtude de sentença judicial com repetição de indébito via precatório (que está sujeita a atributos orçamentários próprios). O que busca a interessada guarda características de uma execução administrativa da sentença judicial. Fl. 902DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10680.724080/200981 Acórdão n.º 3403001.832 S3C4T3 Fl. 898 11 O posicionamento aqui externado é endossado por precedente de substancial similitude neste tribunal administrativo. Vejase o voto condutor (unânime em relação ao tópico analisado) do Acórdão no 20402.110: “Verificase que a sentença e o acórdão da apelação cível se limita (sic) a autorizar a compensação do PIS recolhido a maior com o próprio PIS ou outros tributos administrados pela SRF, sem sequer mencionar o direito à restituição. Não poderia ser diferente, haja vista o motivo pelo qual a contribuinte ajuizou a préfalada ação judicial, detalhado pelo acórdão recorrido, confirase (fl. 698): (...) Assim, falece competência à autoridade administrativa para autorizar a restituição quando a decisão judicial ordenou a compensação dos seus créditos. Esclareçase, não se está negando direito ao referido crédito, mas tão somente afirmando que deve exercêlo dentro dos limites impostos pela decisão judicial transitada em julgado na Apelação Cível 9604589865, que lhe autorizou apenas o direito à compensação com o próprio PIS, conforme se verifica às fls. 521/522 dos autos.” (Conselho de Contribuintes, Acórdão 20402.110, Relator Cons. Rodrigo Bernardes de Carvalho, maioria, sessão de 24.jan.2007) (grifo nosso) Improcedente, assim, a argumentação da recorrente no que se refere à restituição administrativa da contribuição. Tratase a seguir do pedido alternativo formulado no Recurso Voluntário (seja declarado que o saldo de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep reconhecido na ação judicial no 95.00253403 e ainda não compensado nem restituído em espécie, possa ser utilizado em compensações futuras com tributos e contribuições administrados pela RFB). O prazo para repetição ou início da compensação de indébito, no caso de decisão judicial, extinguese em cinco anos do trânsito em julgado da ação, ou da homologação da desistência da execução do título judicial (arts. 165 e 168 do CTN), como já assentado neste tribunal: “PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO RECONHECIDO POR DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. PRAZO. Nos termos das IN SRF nºs 600/2005 e 900/2008, o prazo para o início do procedimento de compensação dos créditos reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado conta se a partir da data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do título judicial. Tendo o contribuinte obtido medida judicial autorizando a habilitação dos créditos sem a prévia homologação da desistência da execução do título judicial, deve o prazo para o pedido de compensação ser contado a partir da publicação desta Fl. 903DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 decisão, por se tratar de medida que substitui a exigência legal, tomada ordinariamente como termo a quo.” (CARF, Acórdão 3301001.381, Rel. Cons. Andréa Medrado Darzé, unânime, Sessão de 20.mar.2012) (grifo nosso) “FINSOCIAL. COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. DECADÊNCIA. Nos casos de ação judicial de repetição de indébito favorável ao contribuinte o prazo de cinco anos para requerer o direito na via administrativa deve ser contado a partir do trânsito em julgado da ação judicial. (...)”(CARF, Acórdão 3202000.304, Rel. Cons. José Luiz Novo Rossari, unânime, Sessão de 1.junr.2011) (grifo nosso) E o termo inicial para contagem dos cinco anos não poderia ser diferente, pois antes da declaração judicial no sentido de que os valores recolhidos pelo sujeito passivo efetivamente são indevidos não há nada a repetir ou compensar. No caso em análise, recordese que o trânsito em julgado da sentença ocorreu em 8/9/2005, e que não há registro em relação a eventual execução judicial (ou desistência desta). Assim, tendo a interessada habilitado integralmente o crédito dentro de tal prazo (em 2006 processo no 10680.008419/200655), cabível a continuidade das compensações, solicitada alternativamente no Recurso Voluntário. Por fim, destaquese que não se verifica aqui concomitância administrativa/judicial na informação constante do Recurso Voluntário, de que a recorrente ingressou com ação judicial buscando a interrupção da prescrição do direito de restituição do indébito. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao pedido alternativo no âmbito do recurso voluntário, para permitir a continuidade das compensações, inclusive com outros tributos administrados pela RFB. Rosaldo Trevisan Fl. 904DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 13807.006962/2004-71
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO.
O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido).
Numero da decisão: 3403-001.841
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO. O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 7. 00 69 62 /2 00 4- 71 Fl. 686DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Tratase de embargos de declaração opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional ao Acórdão nº 340301.736, de 22 de agosto de 2012, sob o fundamento de omissão. Alega a embargante que o voto condutor aduziu que “no julgamento do REsp 1.035.847, sob a relatoria do Ministro Luiz Fux, em procedimento previsto para os recursos repetitivos, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido de considerar que a resistência oposta pelo fisco em face da utilização do direito de crédito de IPI retira desse crédito a sua natureza escritural”. E que “para evitar o enriquecimento sem causa da Fazenda Nacional, exsurge a legitimidade da atualização dos créditos presumidos do IPI pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido”. Transcrevendo a ementa do julgado, sustenta a embargante que não houve o pressuposto que ensejou o julgado proferido pelo STJ (pois não houve qualquer ato de oposição estatal à utilização do crédito pleiteado pelo contribuinte, sequer mesmo de natureza legislativa). Afirma que o acórdão embargado é omisso, pois não aponta os fundamentos (fáticos) que assemelham o feito àquele no qual foi proferido o recurso especial repetitivo. Noutros termos, alega que o acórdão carece de fundamentação (vício da omissão) quando deixa de apontar o ato de oposição estatal, tendo em vista que “não restou configurada a oposição constante de ato estatal a que alude o julgado do STJ nem na forma de ação, tampouco na forma de omissão (mora na análise do pedido)”. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os embargos de declaração preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. A ementa do Acórdão embargado, exatamente no excerto objeto dos embargos, dispõe: “RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. CABIMENTO. O crédito referente a ressarcimento sujeitase a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos.” Analisandose a parte do voto no qual se discute a matéria em questão, percebese que também resta transcrita a ementa do julgamento do STJ sobre o tema, na sistemática dos recursos repetitivos: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE Fl. 687DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13807.006962/200471 Acórdão n.º 3403001.841 S3C4T3 Fl. 693 3 CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” 1 (grifos nossos) Continuando a leitura do texto do voto condutor do acórdão, unanimemente acatado na parte que se refere à atualização monetária do ressarcimento, percebese que o julgamento do STJ cuja ementa foi transcrita “remete à oposição constante de ato estatal, que poderia ser interpretada tanto na forma de ação (indeferimento do pleito) quanto de omissão (mora na análise do pedido)” e que “isso exsurge da própria situação fática que enseja o acórdão, relatada pelo Min. Luiz Fux (vejase que não houve indeferimento no caso, mas mora na análise)”: “Noticiam os autos que MINUANO PNEUS E ADUBOS LTDA., em 29.06.2005, ajuizou ação ordinária em face da FAZENDA NACIONAL, pleiteando a restituição dos valores correspondentes à correção monetária desde a data de apuração do saldo credor de IPI até a data da efetiva compensação. Informou que requerera a restituição dos créditos do IPI do período de agosto de 2000 e outubro de 2001, mas 1 REsp 1.035.847RS, Primeira Seção, Rel. Ministro Luiz Fux, unânime, julgado em 24.jun.2009. Fl. 688DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 somente no ano 2005 foi comunicada do deferimento do pedido. Destacou que apesar de terem sido reconhecidos os créditos, a autoridade fiscal apurou débitos do PIS e COFINS e por esse motivo, iria proceder à compensação dos valores. Argumentou que os débitos das contribuições seriam atualizadas monetariamente, enquanto os créditos do IPI seriam utilizados no seu valor nominal, causando violação ao princípio da isonomia.” 2 (grifos nossos) A situação presente nestes autos não é diferente daquela tratada pelo STJ. Ilustrese com excerto do relatório do acórdão embargado: “Versa o presente processo sobre pedido de ressarcimento de IPI, referente ao 1o trimestre de 2003, apresentado por meio de PER/DCOMP transmitida em 14/10/2003 (fls. 2 a 37). Após decisão judicial interlocutória medida liminar em mandado de segurança impetrado pela recorrente, para que fossem apreciadas todas suas solicitações de ressarcimento em 30 dias (fls. 41 a 43), e a correspondente verificação fiscal, encerrouse a ação fiscal por meio do Termo de fls. 407, acompanhado do Relatório Fiscal de fls. 408 a 410.” “Por meio do despacho decisório de fls. 418 a 423, a Delegacia da Receita Federal da Administração Tributária em São Paulo (DERAT) concede parcialmente o ressarcimento, com as adequações e glosas indicados no Relatório Fiscal, e informando adicionalmente sobre a impossibilidade de atualização dos valores a serem ressarcidos, visto ser a medida um incentivo fiscal, e não meramente uma restituição de indébito”. (grifo nosso) Vejase que a empresa transmitiu seu pedido de ressarcimento em 14/10/2003, e teve que se socorrer de decisão judicial para que o fisco iniciasse a respectiva análise. Obtida a tutela jurisdicional (em setembro de 2004 fls. 41 a 43 do processo / ou fls. 350 a 352 do “arquivo pdf” constante no eprocessos), que determinou que o fisco analisasse o pedido em 30 dias, sob pena de multa diária, iniciouse o trabalho fiscal, que culminou no deferimento parcial do ressarcimento, negandose a atualização monetária (em janeiro de 2006 fls. 418 a 423 do processo / ou fls. 730 a 735 do “arquivo pdf” constante no eprocessos). Flagrante, assim, o ato de oposição estatal por mora na análise do pleito, tanto que ensejou a invocação da tutela jurisdicional para reparo, como descrito no relatório do acórdão embargado. Improcedente, então, a argumentação da embargante no sentido de que há omissão no acórdão porque “não restou configurada a oposição constante de ato estatal a que alude o julgado do STJ nem na forma de ação, tampouco na forma de omissão (mora na análise do pedido)”. O voto condutor aponta explicitamente que a oposição estatal caracterizase não só pela ação, mas pela mora na análise do pedido, que inegavelmente se faz presente nestes autos, como flagrado acima. Cristalina, assim, a similitude fática entre o caso em análise e o julgado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.035.847/RS), presente na simples leitura dos textos dos relatórios e votos condutores de ambos os acórdãos. 2 Idem. Fl. 689DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13807.006962/200471 Acórdão n.º 3403001.841 S3C4T3 Fl. 694 5 Ausente a omissão apontada, voto pela rejeição aos embargos de declaração, mantendose o teor do Acórdão nº 340301.736, de 22 de agosto de 2012, que admite a atualização monetária do crédito a ser ressarcido, com os mesmos atributos da atualização dos créditos administrados pela RFB, tendo como termo inicial a data de registro do pedido (transmissão da PER/DCOMP), e como termo final a data de sua efetiva utilização (seja mediante compensação, ou ressarcimento em espécie). Rosaldo Trevisan Fl. 690DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10166.723956/2011-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Nov 04 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007, 2008
Ementa:
AUTO DE INFRAÇÃO. PROCEDIMENTO DECORRENTE DE AUTO IRPJ/CSLL. COMPETÊNCIA. PRIMEIRA SEÇÃO.
Compete à Primeira Seção do CARF o julgamento de recurso voluntário relativo a procedimento decorrente de fatos cuja apuração tenha servido para configuração da prática de infração à legislação do IRPJ (art. 2o, IV do RICARF).
Numero da decisão: 3403-001.805
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso, declinando-se da competência de julgamento à Primeira Seção do CARF.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PROCEDIMENTO DECORRENTE DE AUTO IRPJ/CSLL. COMPETÊNCIA. PRIMEIRA SEÇÃO. Compete à Primeira Seção do CARF o julgamento de recurso voluntário relativo a procedimento decorrente de fatos cuja apuração tenha servido para configuração da prática de infração à legislação do IRPJ (art. 2o, IV do RICARF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso, declinandose da competência de julgamento à Primeira Seção do CARF. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 39 56 /2 01 1- 13 Fl. 190DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa o presente processo sobre Auto de Infração para exigência da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, insuficientemente recolhida nos anoscalendário 2007 e 2008, acrescida de multa de ofício e juros de mora. O Auto de Infração (fls1. 2 a 14) foi lavrado em 12/07/2011 com base em Termo de Verificação Fiscal (fls. 17 a 19) no qual sustenta a autoridade administrativa que: a) o contribuinte apresentou declarações referentes aos anos calendário 2007 e 2008 optando indevidamente pelo lucro presumido, pois tendo auferido nos dois exercícios receita operacional bruta superior a R$ 48 milhões, estaria obrigado a apurar o imposto de renda pelo regime do lucro real (art. 46 da Lei no 10.637/2002); b) tendo em vista a apresentação pela empresa fiscalizada da escrituração contábil com observância das leis comerciais e fiscais nos anos em questão, a fiscalização efetuou o lançamento dos valores do IRPJ e CSLL pelo regime do lucro real, compensando os valores declarados em DCTF; e c) a fiscalização efetuou o lançamento da contribuição para o PIS e da Cofins (este sob análise nos presentes autos) com base nos respectivos registros contábeis, bem como nas planilhas elaboradas pelo contribuinte, tendo sido também tomados em conta os valores declarados em DCTF. Cientificada da autuação em 13/07/2011 (fls. 13), a recorrente apresenta impugnação (fls. 121 a 142) em 12/08/2011, solicitando, preliminarmente, que as impugnações aos autos de infração referentes ao IRPJ, à CSLL, à contribuição para o PIS e à Cofins sejam analisados conjuntamente, e argumentando que: a) é nulo o lançamento por se basear em dados bancários do contribuinte obtidos sem a devida autorização judicial; b) houve inobservância ao princípio contábil da competência, pois o fisco apurou o IRPJ e a CSLL devidos com base no lucro real considerando a receita operacional bruta, deduzindo apenas os valores informados em DCTF, sem o cômputo dos custos e despesas registrados nos livros e documentos apresentados durante a fiscalização, contrariando o disposto no art. 276 do RIR/99, o art. 142 do CTN e art. 24 da Lei no 9.249/95; c) no caso de o fisco desconsiderar a escrituração contábil do contribuinte, deveria proceder ao arbitramento do lucro para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, conforme o disposto nos artigos 148 do CTN, e 530 e 532 do RIR/99; d) lavrada a autuação sem observância das corretas bases de cálculo, houve ofensa aos artigos 44, 97, I e IV e 142 do CTN, 1 Toda numeração de folhas indicada nesta decisão se refere à paginação eletrônica no "eprocessos". Fl. 191DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10166.723956/201113 Acórdão n.º 3403001.805 S3C4T3 Fl. 191 3 e aos artigos 153, III, 195, I, “c” e 150, I da Constituição Federal; e) com relação à contribuição para o PIS e à Cofins, padecem de nulidade os lançamentos por erro na apuração da base de cálculo, mais precisamente na delimitação das receitas tributáveis; f) é submetida ao regime cumulativo de apuração das contribuições, cuja base de cálculo é o faturamento e que, atuando no ramo de supermercado, comercializa diversos produtos sujeitos à incidência monofásica das referidas contribuições (cujas alíquotas são zero nas vendas efetuadas pelos varejistas) e uma série de outros produtos que não sofrem a incidência das contribuições (seja por isenção, alíquota zero, substituição tributária ou suspensão da incidência), enumerando os produtos cuja venda não ensejaria o pagamento das contribuições; e g) em respeito ao princípio da verdade material e em atenção às especificidades desse segmento empresarial, deveria ter sido intimada a apresentar as informações contábeis com a devida segregação das receitas não tributáveis, e que não se pode argumentar que a autuação decorreu das informações prestadas pelo contribuinte, pois do fato de terem sido prestadas informações incorretas pela empresa não se impõe a exigibilidade das contribuições sobre receitas não tributadas. A decisão de primeira instância (fls. 160 a 168), proferida em 23/09/2011, julgou improcedente a impugnação e manteve a exigência do crédito tributário. Em síntese, acordouse que: a) as impugnações seriam apreciadas em conjunto, sendo os acórdãos e votos proferidos nos processos correspondentes a cada um dos tributos, no que passouse à análise dos argumentos referentes à Cofins (tributo objeto do presente processo); b) o auto de infração atende a todos os requisitos legais, não existindo violação ao princípio da legalidade ou a outros dispositivos enumerados pelo contribuinte, tendo sido oferecido à autuada o exercício do contraditório e da ampla defesa no momento processual propício; c) não houve quebra de sigilo bancário sem ordem judicial, uma vez que a autuação foi fundamentada na escrituração da empresa e não em informações bancárias, e que o agente fiscal sequer precisou recorrer às instituições financeiras para ter acesso à movimentação financeira da empresa, pois o próprio contribuinte lhe apresentou os extratos solicitados; Fl. 192DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 d) contrariamente ao alegado pela contribuinte (de que está sujeita ao regime cumulativo de apuração), verificouse que a empresa, em 24/06/2011 apresentou, em atendimento à intimação fiscal, os Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais DACON, relativos aos anoscalendário de 2007 e 2008, com informações referentes ao regime não cumulativo, bem como planilhas com bases de cálculo e apuração das contribuições consoante essa mesma sistemática; e) as contribuições não foram calculadas sobre a totalidade da receita bruta auferida, tendo sido considerados na autuação os demonstrativos e planilhas apresentados pela própria empresa, onde consta o montante passível de exclusão da base de cálculo, inclusive o relativo à comercialização de produtos sujeitos à incidência monofásica da Cofins e de produtos que não sofrem a incidência dessa contribuição (sob o título de “Vendas Isentas de PIS/Cofins”); e f) diante da alegação de erro nas apurações e informações fornecidas, tornase necessário que a contribuinte apresente provas do equívoco cometido, o que não ocorreu, tendo sido no curso da ação fiscal apresentadas provas de que houve falta de pagamento de tributos devidos, com base nas declarações transmitidas à RFB e na escrituração apresentada pela própria empresa. Cientificada da decisão em 17/11/2011 (AR às fls. 176), a recorrente apresenta, em 15/12/2011, Recurso Voluntário (fls. 177 a 186), no qual pede, preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do lançamento efetuado com base em informações obtidas mediante a quebra de sigilo bancário sem autorização judicial (art. 5o, XII, da Constituição Federal), e, no mérito, a improcedência do lançamento, ao menos em parte, por vício material, ou a conversão do julgamento em diligência para se apurar as verdadeiras receitas tributáveis, reiterando as argumentações anteriormente externadas e adicionando que o lançamento é improcedente com relação ao anocalendário de 2007, pois o lançamento principal (referente ao IRPJ e à CSLL), alicerçado nos mesmos fundamentos fáticos do lançamento decorrente (omissão de receitas), foi julgado improcedente com relação ao citado período. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator A matéria contenciosa restringese a: (a) preliminar de nulidade por possível quebra de sigilo bancário sem autorização legal; (b) possível afetação do presente processo pelo resultado do julgamento de processo de IRPJ/CSLL, que tem na origem a mesma base fática; e (c) possível erro na quantificação das receitas tributáveis. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10166.723956/201113 Acórdão n.º 3403001.805 S3C4T3 Fl. 192 5 Analisarseá aqui, inicialmente, o segundo tópico, pois nele paira discussão sobre a própria competência desta 3a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a Seção para o trato da matéria. A presente autuação, assim como as autuações tratadas no processo no 10166.723955/201161 (referente a PIS) 2, e no processo no 10166.723952/201127 (referente a IRPJ e CSLL) 3 decorrem de um mesmo procedimento de fiscalização, amparado pelo MPF no 0110100.2010.007684. Em decorrência, sustenta a recorrente que, por haver relação de causa e efeito entre os lançamentos, há que se decidir em relação ao lançamento em exame de forma idêntica ao decidido em relação ao que designa de “lançamento principal”, referente a IRPJ e CSLL. O lançamento de IRPJ e CSLL foi considerado em primeira instância parcialmente procedente. Em síntese, a discussão fundouse na interpretação dos arts 13, caput e 14, I da Lei no 9.718/1998, com a redação dada pelo art. 46 da Lei no 10.637/2002: “Art. 13. A pessoa jurídica cuja receita total, no anocalendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do anocalendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido. (...) Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I cuja receita total, no anocalendário anterior seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses;” (grifo nosso) Conforme as DIPJ 2008 e 2009 apresentadas, a recorrente apurou o IRPJ e a CSLL segundo as regras do lucro presumido nos anoscalendário 2007 e 2008. A fiscalização indica que, de acordo com os registros contábeis e demonstrações apresentados pela recorrente, a receita operacional bruta nos anoscalendário de 2007 e 2008 atingiu, respectivamente, R$ 117.236.990,61 e 122.463.642,12, montantes que entendeu superiores aos limites estabelecidos em lei para apuração pelo lucro presumido. O julgador de primeira instância, no processo no 10166.723952/201127, afastou de plano a exigência referente ao anocalendário de 2007, pela ausência de indicação na autuação do valor da receita bruta referente ao anocalendário de 2006 (o que impediu a verificação do enquadramento nos limites legalmente estabelecidos para a opção): “No caso em tela, verificase que, em relação a 2008, o agente fiscal procedeu corretamente, uma vez que, segundo a 2 Quando da elaboração deste voto, o processo se econtrava distribuído à DIDAUDívidaPRFN1, não tendo sido o Acórdão da DRJ objeto de recurso voluntário. 3 Quando da elaboração deste voto, o processo se encontrava distribuído a conselheiro relator da 1a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1a Seção do CARF, desde 12 de abril de 2012. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 demonstração de resultado apresentada pelo próprio contribuinte, a receita bruta total de 2007 foi superior ao limite de R$ 48.000.000,00, o que resultou na obrigatoriedade de apuração do tributo devido com base do lucro real no anocalendário seguinte. Entretanto, quanto aos fatos geradores relativos ao ano calendário de 2007, não consta dos autos qualquer informação relativa ao valor da receita bruta total do anocalendário de 2006, motivo pelo qual não há como prevalecer a consideração do fisco quanto à incorreção da opção pelo lucro presumido na DIPJ/2008. (...) Destarte, tendo em vista a fundamentação incorreta para a exigência do IRPJ e CSLL pelo lucro real no anocalendário de 2007, não há como prevalecer o lançamento relativamente a esse período.” (grifo nosso) No mesmo Acórdão, dispôs ainda o julgador administrativo em relação àquele processo (referente a IRPJ e CSLL): “... verificase que a base de cálculo utilizada no lançamento não foi a receita operacional e sim, o lucro apurado pelo contribuinte em sua demonstração trimestral de resultado. Percebese, da análise de tal documento, que, em sua escrituração contábil e comercial, o contribuinte efetuou a apuração do lucro real conforme preconizado pela legislação, mas, na DIPJ, efetuou a opção pelo lucro presumido de forma indevida, o que resultou na apuração incorreta do IRPJ e da CSLL. (...) A base de cálculo utilizada pelo fisco foi, portanto, exatamente aquela requerida pela impugnante em sua peça de defesa, ou seja, o lucro efetivamente auferido no período e apurado mediante o confronto entre as receitas e os custos e despesas, tendo sido respeitada, inclusive, a sua própria escrituração.” (grifo nosso) Em síntese, naquele processo o retoque efetuado pelo julgador a quo restringiuse ao anocalendário de 2007, e exclusivamente em relação ao IRPJ e à CSLL, tendo como fundamento as opções efetuadas em DIPJ. A discussão sobre a aplicabilidade dos arts 13, caput e 14, I da Lei no 9.718/1998, com a redação dada pelo art. 46 da Lei no 10.637/2002, foi o cerne da questão, e a motivação para a procedência parcial. Já no julgamento de primeira instância do processo que agora se analisa (referente a COFINS), entendeu o julgador a quo que: “Equivocouse, portanto, a interessada ao dizer que a autuação decorreu de apuração de omissão de receitas relativas a vendas de mercadorias, obtidas com base em informações bancárias, bem como ao afirmar que o fisco teria utilizado como base de cálculo, para apuração do IRPJ e da CSLL, a receita operacional do período, sem considerar os custos e despesas incorridas (sic). Fl. 195DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10166.723956/201113 Acórdão n.º 3403001.805 S3C4T3 Fl. 193 7 Da mesma forma, equivocouse a impugnante ao sustentar que a autuação relativa à contribuição para o PIS e à Cofins foi efetuada com mesmo embasamento fático do lançamento referente a IRPJ e à CSLL. Primeiramente, cumpre mencionar que, em contraposição ao sustentado pela impugnante em sua peça de defesa (que estaria submetida ao regime cumulativo de apuração), a empresa, em 24/06/2011 apresentou, em atendimento à intimação fiscal, os Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – DACON, relativos aos anoscalendário de 2007 e 2008, com informações referentes ao regime nãocumulativo, bem como planilhas com bases de cálculo e apuração das contribuições consoante essa mesma sistemática. Compulsandose os autos, especialmente as planilhas de fls. 15 e 16, verificase que o agente fiscal, para a apuração do tributo devido nos referidos anos, adicionou, ao montante do tributo declarado em DACON como devido, o tributo devido sobre a diferença entre o valor da receita bruta constante de sua demonstração de resultado do período e o valor da soma das bases de cálculo constantes das planilhas apresentadas (fls. 72 e seguintes). Do valor obtido, foi ainda deduzido o valor do débito declarado na DCTF correspondente.” (grifo nosso) É de se esclarecer que além dos tributos que incidem sobre faturamento (entre os quais podese citar a Contribuição para o PIS/PASEP e a Cofins) há impostos e contribuições incidentes sobre o lucro (como o IRPJ e a CSLL). Para estes, as empresas podem, dentro das regras legalmente estabelecidas, optar entre lucro presumido e lucro real. A um primeiro olhar, uma ou outra opção não teria relevância sobre a Cofins. Contudo, é de se atentar para o disposto no art. 8o da Lei no 10.637/2002, e no art. 10 da Lei no 10.833/2003, que vedam a cobrança nãocumulativa da Cofins (e da contribuição para o PIS/PASEP) a empresas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido (ou arbitrado). Assim, a opção pelo regime de apuração do lucro presumido (IRPJ e CSLL) é incompatível com a cobrança nãocumulativa da COFINS. Nem o contribuinte pode fazêlo, nem o fisco aceitálo. O contribuinte, embora tenha apresentado DIPJ optando pelo lucro presumido, efetuou os registros contábeis pela sistemática do lucro real, e, embora tenha apresentado DACON considerando a nãocumulatividade, afirma que a tributação a que está sujeito é a cumulativa. Ou seja, o que propugna o contribuinte é diametralmente oposto ao que ele contabiliza e documenta. A decisão da DRJ no processo no 10166.723952/201127 afastou a exigência de IRPJ e CSLL referente ao anocalendário de 2007 (ao argumento de que apenas foi comprovada a hipótese de vedação à opção pelo lucro presumido no anocalendário de 2008). Por consequência, correta estaria a cobrança não cumulativa de Cofins no período. A contrario sensu, ao admitir que não foi comprovada hipótese de vedação à opção feita pela empresa à tributação pelo lucro presumido no anocalendário de 2007, o julgador entendeu possível a Fl. 196DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 opção em tal período, e, portanto, a incompatibilidade com a cobrança nãocumulativa de Cofins. A confirmação ou não do julgamento de primeira instância no processo no 10166.723952/201127, assim, afeta o presente processo, pelo que se declina da competência para julgamento em favor da Primeira Seção deste CARF, na forma do art. 2o, IV do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256/2009. Assim, voto pelo não conhecimento do recurso voluntário, com o encaminhamento do presente à Primeira Seção deste CARF, para julgamento no contexto do processo referente a IRPJ/CSLL. Rosaldo Trevisan Fl. 197DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10830.003663/2011-28
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 3403-000.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre Auto de Infração para exigência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de maio de 2005 a setembro de 2008, acrescida de multa de ofício qualificada e de juros de mora. O Auto de Infração apresenta na sujeição passiva, solidariamente à empresa Tux Distribuidora de Combustíveis LTDA: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .0 03 66 3/ 20 11 -2 8 Fl. 3057DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.058 2 a) a empresa Alfa Participações e Empreendimentos LTDA, CNPJ no 05.197.245/000174, domiciliada na Av. Doutor José Bonifácio Coutinho Nogueira, 150, Ala Leste, sl. 208 Jardim Madalena, Campinas/SP; b) a empresa Beta Participações e Empreendimentos LTDA, CNPJ no 05.745.236/000170, domiciliada no mesmo endereço da empresa Alfa; c) a empresa Tamboril Participações e Empreendimentos LTDA, CNPJ no 04.044.108/000137, domiciliada na Av. Madri, 851/sl. 03 Cascata, Paulínia/SP; d) o Sr. Adriano Rossi, CPF no 071.535.87829, domiciliado na Rua Eliseu Teixeira de Camargo, 1070, cs. 67 Gramado, Campinas/SP; e e) o Sr. Sidónio Vilela Gouveia, CPF no 479.592.40825, domiciliado na Rua Itacaré, 55 Planalto Paulista, São Paulo/SP. Conforme se indica no Termo de Verificação Fiscal, a autuação tem origem em demanda requisitória do Ministério Público Federal regional Ribeirão Preto. A fiscalização aponta no Auto de Infração que: a) a empresa Tux tem como sócios a empresa “offshore” (com sede nas Ilhas Virgens Britânicas) Bloomington Enterprises LTD, CNPJ no 05.689.116/000101 (99% do capital) e o Sr. Jorge Natal Horácio, CPF no 866.892.23868 (1% do capital), este também responsável pela empresa perante a RFB; b) na Tux, o Sr. Jorge Natal Horácio sucede o o Sr. Joses Dias dos Santos, CPF no 087.056.07604, que detinha o percentual de 1% do capital até 03/11/2003, sendo que o Sr. Joses Dias dos Santos permaneceu como responsável perante a RFB pela empresa “offshore” Bloomington; c) o Sr. Joses Dias dos Santos, em declarações prestadas à fiscalização, em 20/10/2010 (data na qual ainda constava como representante da Bloomington perante a RFB), nada soube informar sobre a “offshore” que representa, declarando ser motorista e trabalhar com transporte de combustíveis, conhecendo a Sra. Eliane Leme Rossi da base Exxel (por intermédio de seu procurador, em 22/10/2010, o Sr. Joses Dias dos Santos protocolou documento no qual reconheceu ter representado a “offshore” de 26/08/2003 a 03/11/2003, adicionando procuração em língua inglesa com fortes indícios de falsidade). Consta ainda nos arquivos informatizados da previdência social que o Sr. Joses Dias dos Santos foi empregado doméstico da Sra. Eliane Leme Rossi (contadora da Tux e da Ask), no ano de 2003; Fl. 3058DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.059 3 d) a empresa Tux apresentou nos anoscalendário 2005 a 2008 declarações de imposto de renda sob a forma de apuração do lucro real, com receitas brutas declaradas, respectivamente, de R$ 178.835.007,20; R$ 326.091.737,64; R$ 257.996.369,03; e R$ 302.726.587,09; e está omissa quanto à DCTF no que se refere ao primeiro semestre de 2006; e) a empresa Tux não comprovou possuir bem imóvel, nem a capacidade econômica de seu sócio majoritário (Bloomington), tendo seu registro de distribuidora de combustíveis cancelado pela ANP em 05/11/2009; f) a empresa Tux não tem existência física de fato, operando em tanques da empresa Exxel Brasileira de Petróleo LTDA, CNPJ no 05.689.116/000101; g) para entender quem deve arcar solidariamente com as obrigações tributárias da Tux, é necessário qualificar: a. a empresa Exxel, que tem como sócios o Sr. Adriano Rossi (33,33% das cotas), o Sr. Sidónio Vilela Gouveia (33,33% das cotas), e o Sr. Miceno Rossi Neto (33,34% das cotas), e também teve o registro cancelado pela ANP; b. a empresa Ask Petróleo do Brasil LTDA, CNPJ no 05.090.761/0001 03, que também operou nos tanques da empresa Exxel, e teve o registro cancelado pela ANP em 08/10/2008, tem como sócias as empresas Beta e Tamboril (em 28/12/2005 tais sócios foram substituídos por uma empresa “offshore”, a Summit Inversiones de America LLC, com 99,99% e o Sr. Antonio Carlos Penha, com 0,01% do capital). Conforme documentos obtidos durante a fiscalização, ficou comprovado que os donos e administradores das empresas Beta e Tamboril (Sr. Adriano Rossi e o Sr. Sidónio Vilela Gouveia), continuaram na administração da Ask; c. a empresa Tractus Negócios e Participações LTDA, CNPJ no 06.079.819/000172, que atua com consultoria em gestão empresarial, e também possui como sócias as empresas Beta e Tamboril; d. as empresas Alfa e Beta, que são identificadas como “holding de instituições não financeiras” nos cadastros da RFB, e possuem no quadro societário Gabriela Ribeiro Rossi, Isadora Ribeiro Rossi e Pedro Ribeiro Rossi (todos menores e filhos de Adriano Rossi, que é representante com totais poderes de ambas as empresas); e. a empresa Tamboril, que também é identificada nos cadastros da RFB como “holding de instituições não financeiras”, e apresenta como sócios Guilherme de Padua Vilela e Gouveia, e Gustavo de Padua Vilela e Gouveia (todos filhos de Sidónio Vilela Gouveia, que é representante com totais poderes da empresa); e Fl. 3059DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.060 4 f. a usina Dracena Açúcar e Álcool LTDA, que é mais uma sociedade entre a Beta (53% das cotas) e a Tamboril (47% das cotas); h) foi possível identificar o “modus operandi” do grupo a partir das seguintes informações: a. na relação da Tux com tais pessoas, foi possível evidenciar que há confusão patrimonial entre a Tux e a Ask: além de ambas funcionarem no mesmo espaço físico (tanques da Exxel), a Ask pagou aquisições de álcool de mais de 21 milhões de reais a usinas pela Tux, conforme informação da procuradora (e contadora) de ambas as empresas (Tux e Ask), Sra. Eliane Leme Rossi. Além disso, a Tux e a Ask estavam amarradas por contratos “draconianos” à Tractus, que as impediam de ter relações comerciais com quaisquer outras empresas; e o Sr. Jorge Natal Horácio (sócio administrador e responsável pela Tux perante a RFB) tinha acesso à movimentação bancária da Ask, conforme cópias de documentos obtidos pela fiscalização, e assinou contrato representando a Ask na qualidade de sócio administrador (em data na qual já atuava como sócioadministrador da Tux). Ademais, Ask e Tux tiveram seus registros cancelados pela ANP com um ano de defasagem, ficando a segunda como sucessora de fato nos negócios da primeira (e durante os processos de cancelamento, na ANP, os termos de defesa são “ipsis litteris” os mesmos); b. há relação de subordinação de fato entre o Sr. Jorge Natal Horácio (sócio administrador e responsável pela Tux perante a RFB) e o Sr. Adriano Rossi, conforme se depreende de escutas telefônicas repassadas à RFB mediante autorização judicial no processo no 2006.61.02.0059209 (na transcrição carreada aos autos, o Sr. Adriano Rossi dá uma ordem ao Sr. Jorge Natal Horácio para pagamento das compras de álcool da Tux; tendo ainda o Sr. Jorge Natal Horácio gerência na Tractus, conforme documentos constantes do processo (nos quais ele é testemunha de contrato de trabalho e dá autorização para abono de falta na empresa). Concluise assim ser o Sr. Jorge Natal Horácio um “lugar tenente” do Sr. Adriano Rossi, em variados negócios, constituindo o elo entre a Tux e o Sr. Adriano Rossi, tendo ligação com a Ask (gerenciando a/checando extratos bancários) e a Tractus; c. a Tux emprestou à usina Dracena durante a fase préoperacional desta (como adiantamento a fornecedores) o valor de R$ 600.000,00 por intermédio da Tractus; demonstrando as ligações entre a Tractus e a Tux; e d. em fiscalização efetuada no domicílio da Tractus, em 04/11/2010, encontrouse no local a empresa Beta, lá estando o Sr. Adriano Rossi, que esclareceu: que todos os funcionários da Tractus foram demitidos, que os administradores da Tractus eram ele e o Sr. Sidónio Vilela Gouveia, e que é proprietário da usina Dracena; Fl. 3060DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.061 5 i) conclui assim a fiscalização que tanto a Tux quanto a Ask, assim como a Tractus, a Alfa, a Beta e a Tamboril, são peças de um esquema montado para blindagem patrimonial do Sr. Adriano Rossi e do Sr. Sidónio Vilela Gouveia, inclusive com a utilização do expediente de usar filhos menors como “laranjas”, tendo o esquema culminado na criação da usina Dracena; j) há responsabilidade solidária, no caso, por força do disposto no art. 124, I do CTN; k) a Tux ingressou em 18/04/2007 com “ação declaratória de inexigibilidade de obrigação tributária c/c inexibilidade de débito e repetição de indébito com pedido de liminar de antecipação de tutelar”, de no 2007.61.05.0047330, na qual solicita a aplicação antecipada do disposto no art. 91 da Lei no 10.833/2003, tendo como patrono o Sr. Sidónio Vilela Gouveia. O pedido de liminar para antecipação de tutela foi julgado improcedente em 08/02/2008; e o mérito, também improcedente, em 25/06/2008, não ficando em nenhum momento afastada pela justiça a incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS; l) nas tabelas de fls. 16 a 18, a autoridade fiscal detalha as contribuições que deixaram de ser recolhidas sob a alegação de amparo em decisão judicial; e m) em decorrência da gravidade dos fatos narrados, a autoridade identifica a necessidade de qualificação da multa de ofício e de representação fiscal para fins penais. Cientificados da autuação, os sujeitos passivos apresentam suas respectivas impugnações, da seguinte forma: a) a empresa Tux (fls. 166 a 217) alega que: a. não teve ciência de todos os documentos que instruíram a autuação (v.g. declarações do Sr. Joses Dias dos Santos e do Sr. Jorge Natal Horácio e documentação que comprove a transação de 21 milhoões a que se refere a autuação), o que impossibilitou o regular exercício da defesa; b. o auto não descreve a imposição legal que pesa contra a empresa, o que o torna nulo; c. as provas obtidas por meio de interceptação telefônica são ilegais, e não podem ser usadas no processo tributário; d. parte do período lançado está alcançada pela decadência, nos termos do art. 150, § 4o do CTN; Fl. 3061DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.062 6 e. a discussão sobre a obrigação ou “isenção” nos pagamentos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS está “sub judice”nos termos do processo no 2007.61.05.0047330, restando qualquer cobrança de tais contribuições suspensa enquanto pendente a discussão judicial; f. não há nenhuma prova de prática de qualquer ato arbitrário, ilegal, imoral ou impróprio à atuação comercial da empresa; g. a empresa não operou no primeiro semestre de 2006, daí a não apresentação de DCTF; h. o Sr. Joses Dias dos Santos foi sócio da Tux e representante da Bloomington entre 29/07/2002 a 24/07/2003 (não havendo fundamento para a desconfiança quanto à falsidade da procuração apresentada à fiscalização), e nunca foi funcionário da contadora da Tux, Sra. Eliane Leme Rossi; i. a Alfa, a Beta, a Tamboril, e o Sr. Adriano Rossi e o Sr. Sidónio Vilela Gouveia não são e nunca foram sócios, participantes, acionistas ou interessados/beneficiados nas operações da Tux, tendo a Tux se relacionado somente com a Tractus (que tinha a Beta e a Tamboril como sócias), dentro da normalidade, buscando redução de custos operacionais; j. os vínculos da Tux com a Ask também foram estritamente comerciais e esporádicos, não havendo confusão comercial entre as empresas (sendo a coexistência física uma prática comum nas distribuidoras de combustível); k. o Sr. Jorge Natal Horácio (sócio e responsável pela Tux) prestou, como pessoa física, e no seu interesse, serviços à Ask, não devendo ser confundida a pessoa física com a jurídica; l. a Tux e a Bloomington nunca tiveram qualquer interesse na usina Dracena, e a compra antecipada também é um comportamento normal no mercado de combustíveis; m. o Sr. Jorge Natal Horácio não era subordinado à Tractus ou a qualquer de seus administradores, inclusive o Sr. Adriano Rossi; n. os valores autuados não são corretos, vez que deixaram de ser excluídas as devoluções, desistências e vendas realizadas a congêneres; e o. não há dolo, fraude ou simulação nos autos, o que impede a aplicação da multa qualificada, tendo havido equívoco da fiscalização na quantificação da multa (detalhada ora como 100% ora como 150%); Fl. 3062DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.063 7 b) a empresa Alfa também apresenta impugnação (fls. 700 a 737), sustentando que: a. o procedimento fiscal foi instaurado frente à empresa Tux, não tendo sido comprovado nos autos qualquer fato capaz de imputar responsabilidade tributária à Alfa; b. foi criada em 2002, com patrimônio de R$ 3.000.000,00, jamais tendo se beneficiado de recursos provenientes da Tux; c. foi sócia da usina Dracena por um curtíssimo espaço de tempo (17/12/2002 a 31/07/2003), período não abarcado na autuação (além disso, a Tux só começou a operar na distribuição de combustível em em 04/05/2005). Assim, eventuais recursos sonegados pela Tux em benefício da usina Dracena não poderiam beneficiar a Alfa, nem se referir ao período em que a Alfa era sócia; e d. não há motivação para a aplicação da multa de 150%, que é confiscatória; c) a empresa Tamboril, em sua impugnação (fls. 873 a 929), argumenta que: a. o procedimento fiscal foi instaurado frente à empresa Tux, tendo havido desrespeito ao direito de defesa e ao contraditório pela falta de ciência aos procedimentos fiscais, e violação à autonomia da pessoa jurídica, cujo patrimônio não pode ser confundido com o de outras empresas nem com o de seus sócios; b. as provas obtidas por meio de interceptação telefônica são ilegais, mas ainda que sejam consideradas, não há vinculação da Tux com a Tamboril ou seu administrador, Sr. Sidónio Vilela Gouveia; c. não possui qualquer vinculação com a Tux ou com aumento patrimonial que se possa imputar à atuação da Tux; d. o Sr. Sidónio Vilela Gouveia é o simples administrador de uma pessoa jurídica (Tamboril), e esta pessoa jurídica é detentora de cotas de capital de outra (Tractus), que possui contrato de representação comercial da Tux, nada mais; e não se pode confundir a Tamboril com a Tractus, pessoas jurídicas de diferentes objetos sociais, não podendo uma responder pela outra; e. são absurdas as alegações de que o contrato entre a Tractus e a Tux é “draconiano”, e de que o Sr. Jorge Natal Horácio seria um “lugar tenente” do Sr. Adriano Rossi, sendo o Sr. Jorge Natal Horácio tãosomente um cliente da Tractus; f. a documentação usada para comprovar a alegada vinculação do Sr. Jorge Natal Horácio à Tractus é inadmissível (pois em um dos documentos ele é tãosomente uma testemunha, e o outro foi lavrado incorretamente); Fl. 3063DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.064 8 g. a Tamboril e a Ask possuem personalidade jurídica e patrimônios distintos, e desde 2005, com a venda da participação da Tamboril na Ask, não há mais vinculação societária ou jurídica entre ambas; h. a Tux e a Ask poderiam operar na mesma base física, como autorizado por Portaria da ANP; i. o pagamento feito pela Ask à Coopersucar (de R$ 21 milhões) que teria beneficiado a empresa Tux é operação legal e comum entre distribuidoras, onde uma compra e outra (após cessão de direitos) retira o produto; j. as empresas Tux e Ask eram distintas, mas por algumas razões peciliares, contavam de forma pontual com os préstimos do Sr. Jorge Natal Horácio, que efetuou o contrato de cessão de espaço e acessou conta bancária da Ask de forma regular, por meio de instrumentos válidos e legais; k. a empresa não pode responder por atos de seu administrador, Sr. Sidónio Vilela Gouveia, não tendo se beneficiado de qualquer ato praticado por tal administrador ou pela Tux; e l. há equívoco da fiscalização na quantificação da multa (detalhada ora como 100% ora como 150%), e tal multa é confiscatória; d) o Sr. Sidónio Vilela Gouveia, em linhas gerais, apresenta as mesmas razões de impugnação (fls. 1191 a 1252) da Tamboril, acrescentando que: a. na qualidade de administrador da Tamboril, não foi apontado nenhum ato praticado por ele que demonstrasse participação na Tux ou responsabilidade tributária; e b. não há prova nos autos de que ele tenha se beneficiado das operações da Tux; e) a empresa Beta, em sua impugnação (fls. 1525 a 1575), sustenta que: a. há nulidade da autuação por não ter sido formalizada a ação fiscal sobre a empresa responsabilizada, porque os terceiros indicados (entre os quais a Beta) não foram beneficiados com a operação da Tux, e porque não consta da autuação a clara descrição da irregularidade da conduta do administrador da Beta; b. a alegação da autuação no sentido de vinculação entre as empresas é desprovida de provas, e “conspiratória”, não fazendo sentido; c. nem a Beta, nem a Alfa, nem outras sociedades administradas pelo Sr. Adriano Rossi jamais fizeram parte ou mantiveram negócios diretos com a Tux, nem com a Bloomington; Fl. 3064DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.065 9 d. o depoimento do Sr. Joses Dias dos Santos foi tomado irregularmente, pois o auditorfiscal não tem competência para inquirir testemunhas, e não houve assistência por advogado; e. a escuta telefônica também representa prova nula, pois sua obtenção depende de autorização judicial e é restrita ao processo penal (e foi efetuada em período no qual o Sr. Jorge Natal Horácio possuía procuração da Ask, que tinha o capital composto pelas empresas Beta e Tamboril); f. mesmo antes de a Beta e a Tamboril serem sócias da Ask, o Sr. Jorge Natal Horácio já representava a empresa; g. o documento (abono de faltas) que comprovaria a participação do Sr. Jorge Natal Horácio na Tractus está eivado de erros e nada comprova; h. o contrato alegadamente “draconiano” reflete relação privada, efetuada com plena liberdade para contratar, obedecendo aos requisitos do Código Civil; i. não há confusão patrimonial entre a Tux e a Ask, e as premissas tomadas pelo fisco refletem o desconhecimento das operações, que são usuais no ramo de distribuição de combustíveis; e em outra autuação efetuada pela RFB, a empresa Beta foi indicada como responsável solidária por fato idêntico (utilização de recursos da empresa Ask para integralização de capital da usina Dracena), constituindo este auto um “bis in idem”, mas sendo contraditório àquele, por afirmar agora que a capitalização da usina foi feita com recursos da Tux (ademais, a usina já estava operando em 2006, época em que a Tux apenas iniciava suas atividades); e a multa aplicada não corresponde ao percentual indicado no Termo de Verificação e é confiscatória; e f) o Sr. Adriano Rossi, em sua impugnação (fls. 2190 a 2241), não acrescenta argumentos aos aqui já externados, relacionados a nulidades, elementos probatórios, responsabilidade tributária e confiscatoriedade da multa aplicada. Na decisão de primeira instância, proferida em 20/06/2011 (fls. 2733 a 2785), analisamse conjuntamente as impugnações (reconhecendo um núcleo comum), concluindose que: a) o Auto de Infração não é nulo, por ter sido lavrado por autoridade competente, e não houve preterição de direito de defesa em virtude de dispensa de MPF (normativamente fundamentada); b) a infração está claramente detalhada no Termo de Verificação, e os valores constantes na autuação decorrem do simples confronto entre as bases de cálculo apuradas nos livros Fl. 3065DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.066 10 contábeis e os valores consignados em DCTF (o que refuta a argumentação, desacompanhada de prova, de que teriam sido excluídos valores referentes a dovoluções, cancelamentos e operações entre congêneres); c) não houve suspensão da exigibilidade do crédito tributário, por estarem ausentes as situações referidas no art. 151 do CTN; d) a busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário não obstrui a constituição do crédito tributário e acarreta renúncia à discussão administrativa da matéria, impedindo a apreciação das razões de mérito por parte do julgador administrativo; e) a autoridade administrativa é incompetente para manifestarse sobre inconstitucionalidade ou ilegalidade de norma tributária; f) é legítimo o uso do conteúdo de escutas telefônicas realizadas com autorização judicial e repassadas à autoridade tributária também com permissão do Poder Judiciário (citando excerto do arrazoado apresentado pela Procuradoria da República para a obtenção da autorização judicial para a escuta); g) são solidariamente responsáveis as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (Tux, Beta, Tamboril, Sr. Sidónio Vilela Gouveia e Sr. Adriano Rossi), retirandose do pólo passivo a pessoa em relação à qual não se tenha comprovado vínculo com a obrigação lançada (Alfa); h) a formação de convicção não se exaure em cada fato narrado e/ou refutado, mas no quadro que se forma quando estes são vistos globalmente (a situação desenhada pelos atores vinculados ao fato gerador com o fim deliberado de expor à Administração Tributária um contribuinte sem qualquer capacidade financeira, ocultando os verdadeiros responsáveis pela operação): a. a Tux, que não recolhia as contribuições nos montantes devidos, acumulando débito que ronda R$ 77 milhões no período de 2005 a 2008, sem qualquer guarida judicial (visto não ter a empresa obtido qualquer decisão interlocutória ou definitiva favorável), e não possuía capacidade financeira, conforme resta comprovado no processo de cancelamento na ANP (onde se indica que a totalidade do ativo permanente da empresa, por exemplo, era de R$ 20.467, 19); b. pelo encadeamento das composições societárias, concluise que o Sr. Adriano Rossi, mediante seus filhos, controlava a empresa Beta, enquanto o Sr. Sidónio Vilela Gouveia, também por meio de sua prole, detinha o controle da empresa Tamboril; Fl. 3066DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.067 11 c. no contexto em que essa rede de relações societárias se estabelece, o grau de parentesco que se verifica nas duas empresas não é fortuito, mas obedece a uma lógica de subordinação hierárquica; d. conforme demonstra o conteúdo das escutas telefônicas encaminhadas à fiscalização, a relação que se estabelecia entre o Sr. Jorge Natal Horácio e o Sr. Adriano Rossi não se confinava a mero vínculo comercial esporádico, mas se tratava de relação hierárquica (ao contrário do que levantam as defesas, a escuta está bem contextualizada, não havendo outra conclusão a se tirar de todo o trecho transcrito senão a de que o Sr. Jorge Natal Horácio estava vinculado por uma relação de hierarquia ao Sr. Adriano Rossi, ocupando aquele o nível inferior); e. o depoimento do Sr. Joses Dias dos Santos foi regularmente tomado pela autoridade fiscal, que tem competência para fazêlo, e também opera na formação de convicção do julgador; f. há um conjunto de fatos que, se tomados isoladamente, poderiam ser considerados coincidências ou ocorrências naturais no domínio comercial; entretanto, analisados como parte de um todo, aliamse às circunstâncias já comentadas e desenham um cenário de confusão patrimonial entre as empresas Tux e Ask; g. a confusão de interesses, patrimônios e de administração caracteriza a atuação das empresas não de forma independente, mas como um grupo econômico, agindo sob um mesmo comando; e h. à exceção de ser a empresa representada com totais poderes pelo Sr. Adriano Rossi, e ter como sócios seus filhos, nenhuma outra ligação da empresa Alfa com o fato gerador da obrigação tributária foi apontada pela autoridade autuante, pelo que esta deve ser excluída do pólo passivo; e i) a multa qualificada se aplica ao caso (não havendo erro no detalhamento de seu percentual, pois 75% majorado em 100% equivale exatamente a 150%), por estar caracterizado o encadeamento de controle societário engendrado com o objetivo de ocultar ou dificultar o conhecimento, por parte da Administração Fazendária, dos responsáveis pelo cumprimento da obrigação; e j) ocorrendo dolo, fraude ou simulação, como no caso em análise, o período decadencial se conta na forma do art. 173, I do CTN (afastandose por consequência os créditos referentes ao período de maio a novembro de 2005, por ter sido o lançamento formalizado em abril de 2011). Pelo valor exonerado, apresentase, em decorrência, Recurso de Ofício ao CARF. Às fls. 3055, indicase que foram apresentados ainda três Recursos Voluntários: o primeiro pela Tux (fls. 2826 a 2898), o segundo pela Beta (abarcando ainda a argumentação de Fl. 3067DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.068 12 seu administrador, o Sr. Adriano Rossi fls. 2899 a 2978) e o terceiro pela Tamboril (que abrangeria ainda as razões expendidas por seu administrador, o Sr. Sidónio Vilela Gouveia fls. 2979 a 3036). A empresa Alfa, excluída do pólo passivo pelo julgador a quo, não apresenta Recurso Voluntário. Nos Recursos Voluntários, reiterase a argumentação de fato (relativa a elementos probatórios) expendida na fase de impugnação, informandose: a) em relação à Tux (fls. 2826 a 2898), que: a. há nulidade processual, pois a empresa não teve ciência de todos os documentos que instruíram a autuação, e a autuação não descreve qual a imposição legal que pesa contra a empresa e seus sócios; b. as provas obtidas por meio de interceptação telefônica são ilegais, e não podem ser usadas no processo tributário; c. a discussão sobre a cobrança das contribuições está sub judice; d. ao contrário do que decidiu a DRJ (reconhecendo a decadência em relação ao período de maio a novembro de 2005), há decadência também em relação ao período de dezembro de 2005 a março de 2006, aplicandose o disposto no art. 150, § 4o do CTN, por não haver comprovação de dolo, fraude ou simulação; e. não há nos autos prova da prática de qualquer ato arbitrário, ilegal, imoral ou impróprio à atuação comercial da empresa; f. não são verdadeiras as afirmações de que: a) a Tux tenha composição social diferente da que consta em seu quadro societário; b) a empresa tenha omitido informações em DCTF; c) o Sr. Joses Dias dos Santos tenha sido funcionário da Sra Eliane Rossi (tendo ocorrido simples equívoco cadastral); d) há confusão patrimonial entre a Tux e a Ask; e) há subordinação entre o Sr. Jorge Natal Horácio e a Tractus, ou o Sr. Adriano Rossi; g. a decisão de primeira instância não enfrentou todos os pontos em discussão, como: a) a regularidade das operações comerciais da empresa; b) a regularidade da representação contábil e administrativa; c) a regularidade e legitimidade da discussão judicial; d) a imprestabilidade da prova constituída transcrições telefônicas; e) o cerceamento da defesa; f) a decadência em relação aos períodos de maio de 2005 a março de 2006; e g) o montante das contribuições devidas, em relação a vendas canceladas, devoluções e operações entre congêneres, e a pagamentos e depósitos efetuados (solicitando diligência para tal mister); h. as Súmulas CARF no 14 e 25 declaram que a simples omissão de receita não qualifica a multa de ofício; e Fl. 3068DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.069 13 i. não há dolo, fraude ou simulação nos autos, o que impede a aplicação da multa qualificada, tendo havido equívoco da fiscalização quanto à quantificação da multa (detalhada ora como 100% ora como 150%); b) no que se refere à Beta, e a seu administrador, o Sr. Adriano Rossi (recurso de fls. 2899 a 2978), que: a. houve erro na autuação e no julgamento de primeira instância no que se refere à imputação tributária e à sujeição passiva; b. a notificação da autuação (e do procedimento fiscal) ocorreu somente à empresa Tux, tendo os demais sujeitos do pólo passivo tomado conhecimento dos autos de forma não oficial, o que enseja nulidade; c. não há elemento nos autos que comprove a existência de fraude, conluio ou simulação tributária; d. as operações foram regulares e declaradas, não podendo ensejar a autuação; e. a incorreta indicação da disposição legal infringida e da penalidade aplicável impedem o regular exercício do direito de defesa; f. há erro aritmético no valor da multa aplicada (que é confiscatória), e não é possível aplicar multa isolada no presente caso; g. não há prova de transferência patrimonial da Tux para a Beta, a Alfa, a Tamboril, ou para o Sr. Adriano Rossi ou o Sr. Sidónio Vilela Gouveia;, nem de relação da Tux com tais pessoas; h. são nulas as provas de declaração tomada do Sr. Joses Dias dos Santos e de escuta telefônica do Sr. Jorge Natal Horácio; i. não há confusão patrimonial entre as empresas Tux e Ask; e j. a pessoa jurídica tem existência distinta de seus membros, sendo responsável o administrador somente nas hipóteses previstas no CTN; c) no que pertine à Tamboril (fls. 2979 a 3034), que: a. a fiscalização foi conduzida sem que a Tamboril e/ou seu administrador fossem previamente ouvidos ou tivessem o direito de se manifestar, violando seu direito de defesa; b. a validade dos atos da fiscalização deve obediência à Portaria RFB no 11.371/2007 e não à Portaria no 2.284/2010, como sustentou o julgador a quo; Fl. 3069DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.070 14 c. a escuta telefônica (em que pese nem mencionar a empresa Tamboril, ou seu administrador) é ilegal, pois efetuada sem ordem do juízo competente e em ofensa ao art. 5o da Lei no 9.296/1996; d. a empresa não tem qualquer relação com a Tux, e, por consequência, nenhuma responsabilidade sobre suas dívidas; e. as empresas Tamboril e Tux são entes dotados de personalidade jurídica própria, distinta, e possuem quadro societário e gerencial completamente diferente; f. as empresas Tamboril (que detém cotas de participação na empresa Tractus) e Tractus são entes dotados de personalidade jurídica própria e distinta das demais pessoas, mesmo as componentes de seu quadro societário; g. a fiscalização não tem competência para manifestarse sobre a natureza (draconiana ou não) de contratos firmados livremente entre empresas, em obediência à legislação civil, e os contratos de exclusividade são comuns no segmento de distribuição de combustível; h. o Sr. Jorge Natal Horácio nunca foi funcionário do Sr. Adriano Rossi, ou da Tractus; i. as empresas Tamboril (que já deteve participação na Ask, até novembro de 2005, em sociedade com a Beta) e Ask são entes dotados de personalidade jurídica própria, com patrimônio distinto e atuação completamente diferente; j. as empresas Ask e Tux não se confundem, ou deixam de ter existência física, por compartilharem tanques de estocagem, o que é prática usual no segmento de distribuição de combustível; k. a Tamboril não responde por atos de seu administrador, o Sr. Sidónio Vilela Gouveia (em que pese este não ter praticado nenhum ato ilegal, abusivo ou contrário ao ordenamento jurídico vigente); e l. há erro aritmético no valor da multa aplicada, e não houve motivação para a qualificação da multa (que é confiscatória). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos voluntários apresentados pelas empresas Tux, Beta, Tamboril, e pelo Sr. Adriano Rossi preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles Fl. 3070DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.071 15 se toma conhecimento. Também em relação ao recurso de ofício, mostramse atendidos os requisitos para análise por este tribunal administrativo. Contudo, não se verifica nos autos o recurso voluntário apresentado pelo Sr. Sidónio Vilela Gouveia, tampouco sua ciência à decisão de primeira instância. Também não há recurso apresentado pela empresa Alfa (excluída do pólo passivo pelo julgador a quo), nem comprovação de sua ciência à decisão da DRJ. O documento de fls. 3055 indica a ausência da ciência por parte da empresa Alfa (excluída do pólo passivo pelo julgador a quo), do Sr. Adriano Rossi e do Sr. Sidónio Vilela Gouveia. A ausência de ciência por parte do Sr. Adriano Rossi é suprida pela apresentação por este de recurso voluntário (em conjunto com a empresa Beta fls. 2899 a 2978). Transcrevase a parte inicial do recurso: “BETA PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA., e seu administrador ADRIANO ROSSI, já qualificados no processo administrativo fiscal em epígrafe, por seus advogados e procuradores legalmente constituídos (mandato já apresentado na impugnação) que esta subscrevem, vêm, respeitosamente perante a elevada autoridade de Vossa Senhoria, tempestivamente, para interpor RECURSO VOLUNTÁRIO contra acórdão ...” (grifo nosso) Contudo, tal não ocorre necessariamente com o Sr. Sidónio Vilela Gouveia. Em que pese ser representado no presente processo (fls. 1253) pelo mesmo advogado da empresa Tamboril, Sr. Diego Sattin Vilas Boas, com o qual compartilha ainda o endereço de trabalho, a ciência do advogado no acórdão da DRJ (fls. 2822), em nome da empresa Tamboril, naquele momento não indicou abranger a pessoa física do Sr. Sidónio Vilela Gouveia. No recurso voluntário interposto pela Tamboril, não se percebe explicitamente o caráter extensivo ao administrador, Sr. Sidónio Vilela Gouveia: “TAMBORIL PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA, incrita no CNPJ sob ..., por seus advogados e procuradores ao final assinados, vem respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, tempestivamente, por não concordar com a r. decisão de folhas ...” (grifo nosso) É certo que em algumas partes da argumentação constante do recurso voluntário da Tamboril se defendeu não ter o Sr. Sidónio Vilela Gouveia praticado nenhum ato ilegal, abusivo ou contrário ao ordenamento jurídico vigente, e ao final pediuse seu afastamento do pólo passivo. Mas quem o fez foi a empresa, representada pelo advogado Sr. Diego Sattin Vilas Boas, subscritor do documento. Reparese que, em primeira instância, a impugnação da Tamboril (fls. 873 a 929) foi subscrita por dois advogados: o Sr. Diego Sattin Vilas Boas e o Sr. Sidónio Vilela Gouveia. E que, mesmo tendo o Sr. Sidónio Vilela Gouveia subscrito a defesa (que também argumentava pela ausência de responsabilidade do administrador), este apresentou impugnação autônoma em relação à pessoa física (fls. 1191 a 1252). Comungase, assim, do teor do documento de fls. 3055, no sentido de que não houve ciência do acórdão proferido pela DRJ ao Sr. Sidónio Vilela Gouveia. O recurso Fl. 3071DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10830.003663/201128 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.402 S3C4T3 Fl. 3.072 16 voluntário apresentado pela Tamboril (administrada pelo Sr. Sidónio Vilela Gouveia), a nosso ver, não supre a ausência da ciência, pois a pessoa física não está expressamente contemplada na defesa. Da mesma forma, a apresentação de impugnação pela empresa Beta (administrada pelo Sr. Adriano Rossi), e pelo Sr. Adriano Rossi, em que pese não haver no processo registro de sua ciência ao acórdão da DRJ (cf. despacho de fls. 3055), supre a ciência em relação a tais pessoas, mas não necessariamente em relação à empresa Alfa. A empresa Alfa, também administrada pelo Sr. Adriano Rossi, embora excluída do pólo passivo pelo julgador a quo, deveria ter sido cientificada de tal decisão. Não se afigura razoável deduzir da apresentação de recurso voluntário pela empresa Beta e pelo Sr. Adriano Rossi que a outra empresa por ele administrada foi cientificada da decisão de primeira instância. Pelo exposto, determinase o retorno do presente processo à unidade preparadora (DRF Campinas/SP), em diligência, para que sejam cientificados do teor do Acórdão de primeira instância o Sr. Sidónio Vilela Gouveia e a empresa Alfa Participações e Empreendimentos LTDA, inaugurandose a contagem de prazo para apresentação por aquele de Recurso Voluntário, devendo o processo, após a apresentação do recurso ou o decurso do prazo, ser devolvido a este CARF, para julgamento. Rosaldo Trevisan Fl. 3072DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 16327.721234/2011-11
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 3403-000.406
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, converter o julgamento do recurso em diligência. Vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan (relator) e Ivan Allegretti. Designado o Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Paula Lui, OAB/SP no 157.658, e pela Fazenda Nacional a Dra. Bruna Garcia Benevides.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim Presidente
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Relator
(assinado digitalmente)
Marcos Tranchesi Ortiz Relator Designado
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, converter o julgamento do recurso em diligência. Vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan (relator) e Ivan Allegretti. Designado o Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Paula Lui, OAB/SP no 157.658, e pela Fazenda Nacional a Dra. Bruna Garcia Benevides. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim – Presidente (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Relator (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz – Relator Designado RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .7 21 23 4/ 20 11 -1 1 Fl. 396DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 05/02/20 13 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assina do digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16327.721234/201111 Resolução nº 3403000.406 S3C4T3 Fl. 4 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim. Relatório O recurso voluntário em julgamento tem origem na lavratura de autos de infração para exigência da Contribuição ao PIS e da COFINS relativamente a fatos geradores consumados entre julho de 2006 e dezembro de 2008. Em razão das atividades a que se dedica a ora recorrente, empresa de arrendamento mercantil, a controvérsia posta a deslinde centrase em grande parte nas especificidades da base de cálculo sobre a qual devem incidir as exações devidas por sujeitos passivos do segmento. Refirome em particular ao recurso extraordinário no 592.905, ao ensejo de cujo julgamento o Plenário do E. STF foi instado a decifrar a natureza jurídica do contrato de arrendamento mercantil, a fim de, na ocasião, decidir acerca da sua sujeição ao ISSQN. E de acordo com o que ali prevaleceu, enquanto o leasing na modalidade operacional constitui espécie de contrato de locação, o leasing chamado financeiro reduzse a uma prestação de serviços. Embora versando litígio acerca da incidência de ISSQN – repito – as conclusões a que o E. STF chegou no julgamento do precedente em questão podem repercutir também quando em causa a determinação da base de cálculo aplicável, na atividade de arrendamento mercantil, ao PIS e à COFINS. É que as instituições financeiras – e, entre elas, as empresas de leasing – permaneceram sujeitas à apuração destes tributos sob a sistemática cumulativa, depois do advento das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03. E como se sabe, no regime da Lei no 9.718/98, a declaração de inconstitucionalidade pronunciada pelo mesmo E. STF no julgamento do RE no 346.084 restringiu a incidência dos tributos às receitas originadas da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos (art. 3o, §1o). Sucede que, do exame dos autos, não se conclui com a segurança necessária acerca das modalidades de arrendamento mercantil praticadas pela ora recorrente no período objeto da exigência, nem da proporção representada por cada uma delas nas receitas sobre as quais a fiscalização lançou os tributos. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz. Fl. 397DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 05/02/20 13 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assina do digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16327.721234/201111 Resolução nº 3403000.406 S3C4T3 Fl. 5 3 Em razão das considerações acima, proponho a conversão do julgamento em diligência, a fim de que os autos retornem à unidade preparadora para cumprimento das seguintes providências que reputo essenciais à composição da lide: (a) intimação da ora recorrente para que, no prazo de 15 (quinze) dias: (a1) informe por escrito sobre a percepção, no período autuado, de receitas originadas de contratos de leasing operacional, como tal considerada a modalidade disciplinada pela Resolução BACEN no 2.309/96, artigo 6o; e (a2) comprove, através de sua escrituração contábil ou de outros elementos idôneos, o montante das receitas referidas no item anterior em cada período mensal de apuração do PIS e da COFINS compreendidos na autuação; (b) de posse das informações e documentos obtidos, a DRF de origem preparará relatório circunstanciado, a fim de demonstrar, mês a mês, a decomposição da base de cálculo objeto da autuação segundo a modalidade de arrendamento mercantil originadora, classificando as respectivas receitas entre (i) receitas de leasing operacional e (ii) receitas de leasing financeiro / leaseback; (c) concluídos estes procedimentos, a autoridade de origem dará ciência à ora recorrente do conteúdo do relatório elaborado, facultandolhe manifestação em 10 (dez) dias, findos os quais remeterá os autos a este Colegiado para conclusão do julgamento. É como voto. Marcos Tranchesi Ortiz Fl. 398DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 05/02/20 13 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assina do digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 12466.001726/2010-51
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 02/09/2007 a 24/04/2009
Ementa:
MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. INAPLICABILIDADE. ENTENDIMENTO DIVERSO DA UNIDADE LOCAL COM EFEITOS ESTENDIDOS A TODOS OS DEPOSITÁRIOS JURISDICIONADOS.
Conforme art. 101, III do Decreto-Lei no 37/1966, não se aplica penalidade se prevalecer entendimento da unidade local da RFB competente para interpretar a matéria (externada em ato público a todos os depositários jurisdicionados) de que a conduta teria tratamento diverso (e seria aplicável somente após ciência de parecer uniformizador da unidade, ou ainda após o prazo concedido para sanar eventuais dificuldades operacionais).
MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA CONTINUADA. INEXISTÊNCIA DE TRATAMENTO ESPECÍFICO.
Não há disciplina legal específica sobre o tratamento material à aplicação de penalidades a infrações continuadas nas áreas tributária e aduaneira.
MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. SANÇÃO DE ADVERTÊNCIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. INDEPENDÊNCIA MATERIAL, DE RITO E COMPETÊNCIA.
As penalidades de multa e advertência são independentes, aplicáveis mediante ritos diferentes, e julgadas em instâncias administrativas diversas, sendo incabível este CARF manifestar-se sobre sanção administrativa de advertência.
Numero da decisão: 3403-001.773
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. O Conselheiros Robson José Bayerl e Domingos de Sá Filho votaram pelas conclusões quanto ao caráter continuado (e a consequente graduação) da multa.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 02/09/2007 a 24/04/2009 Ementa: MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. INAPLICABILIDADE. ENTENDIMENTO DIVERSO DA UNIDADE LOCAL COM EFEITOS ESTENDIDOS A TODOS OS DEPOSITÁRIOS JURISDICIONADOS. Conforme art. 101, III do Decreto-Lei no 37/1966, não se aplica penalidade se prevalecer entendimento da unidade local da RFB competente para interpretar a matéria (externada em ato público a todos os depositários jurisdicionados) de que a conduta teria tratamento diverso (e seria aplicável somente após ciência de parecer uniformizador da unidade, ou ainda após o prazo concedido para sanar eventuais dificuldades operacionais). MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA CONTINUADA. INEXISTÊNCIA DE TRATAMENTO ESPECÍFICO. Não há disciplina legal específica sobre o tratamento material à aplicação de penalidades a infrações continuadas nas áreas tributária e aduaneira. MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. SANÇÃO DE ADVERTÊNCIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. INDEPENDÊNCIA MATERIAL, DE RITO E COMPETÊNCIA. As penalidades de multa e advertência são independentes, aplicáveis mediante ritos diferentes, e julgadas em instâncias administrativas diversas, sendo incabível este CARF manifestar-se sobre sanção administrativa de advertência.
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INAPLICABILIDADE. ENTENDIMENTO DIVERSO DA UNIDADE LOCAL COM EFEITOS ESTENDIDOS A TODOS OS DEPOSITÁRIOS JURISDICIONADOS. Conforme art. 101, III do DecretoLei no 37/1966, não se aplica penalidade se prevalecer entendimento da unidade local da RFB competente para interpretar a matéria (externada em ato público a todos os depositários jurisdicionados) de que a conduta teria tratamento diverso (e seria aplicável somente após ciência de parecer uniformizador da unidade, ou ainda após o prazo concedido para sanar eventuais dificuldades operacionais). MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA CONTINUADA. INEXISTÊNCIA DE TRATAMENTO ESPECÍFICO. Não há disciplina legal específica sobre o tratamento material à aplicação de penalidades a infrações continuadas nas áreas tributária e aduaneira. MULTA POR DEIXAR DE PRESTAR INFORMAÇÃO NA FORMA E NO PRAZO ESTABELECIDOS PELA RFB. SANÇÃO DE ADVERTÊNCIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. INDEPENDÊNCIA MATERIAL, DE RITO E COMPETÊNCIA. As penalidades de multa e advertência são independentes, aplicáveis mediante ritos diferentes, e julgadas em instâncias administrativas diversas, sendo incabível este CARF manifestarse sobre sanção administrativa de advertência. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 17 26 /2 01 0- 51 Fl. 3000DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. O Conselheiros Robson José Bayerl e Domingos de Sá Filho votaram pelas conclusões quanto ao caráter continuado (e a consequente graduação) da multa. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre Auto de Infração que aplica multa à recorrente por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, na forma e no prazo estabelecidos pela RFB. No Auto de Infração, lavrado em 02/12/2010 (fls. 1 a 1286), sustentase que: (a) o NIC (número identificador de carga), que individualizada cada carga que entra no País, é gerado pelo Recinto Alfandegado conforme uma sequência estabelecida pela RFB (a partir do conhecimento de embarqueCE); (b) o registro do NIC, pelo Recinto Alfandegado, em sistema informatizado, atesta a chegada da mercadoria, perante a RFB; (c) o registro incorreto da chegada da mercadoria afeta a contagem dos prazos para abandono e frequentemente provoca diminuição dos tributos a recolher; (d) no período entre 01/09/2007 e 24/04/2009, diversas cargas entradas no recinto alfandegado conhecido como Terminal Hiper Export, contíguo ao Terminal Portuário de Vila Velha, não tiveram seus NIC gerados no prazo estabelecido pela RFB (de 18.539 cargas entradas no recinto, apenas 10.922 tiveram seus NIC gerados em 24 horas); (e) das justificativas para apresentação fora do prazo, três não foram aceitas e motivaram a presente autuação: feriado, final de semana e CE posterior (quando o consignatário da carga ou seu representante não informa o número do CE antes da entrada da carga no recinto, mas posteriormente); Fl. 3001DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12466.001726/201051 Acórdão n.º 3403001.773 S3C4T3 Fl. 2.937 3 (f) no que se refere aos atrasos por CE posterior (2.685 casos), a autuação afirma que o recinto não deveria receber as cargas se não informado o CE, ou comunicar o fato à RFB; (g) ao não informar a presença de carga imediatamente, com a geração do NIC, o recinto alfandegado depositário incorreu na infração tipificada no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003 (R$ 5.000,00 por deixar de prestar informação sobre carga armazenada ... na forma e no prazo estabelecidos pela RFB...); (h) a RFB estabelece o prazo no art. 5o da Instrução Normativa no 680/2006 (de forma imediata), tendo a fiscalização entendido adotado o período de 24 horas como suficientemente razoável para que se caracterize a “forma imediata” estabelecida na norma; e (i) após intimação para justificação dos atrasos, restaram 5.400 ocorrências (2.635 referentes a fim de semana, 80 referentes a feriado, e 2.685 referentes a CE posterior), gerando um crédito tributário de R$ 5.000,00 x 5.400 = R$ 27.000.000,00. Cientificada da autuação em 06/05/2011 (AR às fls. 1358 numeração eletrônica), a recorrente apresenta impugnação em 06/06/2011 (fls. 1359 a 1394, com os documentos de fls. 1395 a 2983), argumentando que: (a) o recebimento da carga não é suficiente para formação do NIC, que demanda uma sequência de procedimentos, e a ausência de informação do CE (atribuível a terceiro) impede o registro do NIC; (b) a multa foi lançada sobre ocorrências em que o NIC foi gerado em menos de 24 horas; (c) as dificuldades operacionais do recinto são comuns aos demais recintos alfandegados do local, e de conhecimento da Aduana; (d) havia orientação em Parecer e Informação Fiscal aprovados pelo Inspetorchefe da Alfândega do Porto de Vitória e pelo chefe do Serviço de Vigilância e Controle Aduaneiro para uniformização de procedimentos, aplicação de advertência e estabelecimento de prazo para solução das dificuldades operacionais dos recintos alfandegados, o que não poderia ter sido ignorado pela autoridade fiscal autuante; Fl. 3002DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 (e) a expressão “de forma imediata”, constante no art. 5o da Instrução Normativa no 680/2006, deve ser entendida como “tão logo quanto possível”, e nesse contexto não houve descumprimento por parte da recorrente; (f) além de surreal, a multa de R$ 27.000.000,00 aplicada está em desconformidade com a Lei no 10.833/2003, que prevê a advertência para a hipótese; (g) não houve prejuízo ao Erário, e as alegações do Fisco sobre a afetação do prazo de perdimento são incorretas; (h) os setores administrativos do porto não operavam aos finais de semana e feriados, e, ao passarem a operar, receberam reprimenda do Ministério Público do Trabalho; e (i) a multa é confiscatória e equivale a 128,5 vezes o lucro anual médio da empresa. A decisão de primeira instância (indeferimento das pretensões da autuada) é proferida em 12/09/2011 (fls. 2895 a 2909), no sentido de que: (a) tanto a fiscalização quanto a interessada narram a existência dos mesmos fatos, que são inequívocos, residindo a divergência na interpretação da expressão “imediatamente”, que o Fisco entende como “em 24 horas” e a recorrente entende como “assim que possível”; (b) o alcance do lapso temporal destinado a carcterizar o termo “de forma imediata” já havia sido estabelecido pela RFB no Ato Declaratório COANA/COTEC no 02/2003, como “simultaneamente à entrada da carga no recinto alfandegado”; (c) as argumentaçãoe sobre abandono de mercadoria e vantagem cambial expostas na autuação não merecem prosperar; (d) a obrigação imposta na lei foi disciplinada pela RFB, e tem forma (indicação do NIC no Sistema Informatizado SISCOMEX) e prazo (imediato); (e) a informação do NIC ficaria impossibilitada se o CE não existisse no sistema MERCANTE ou se estivesse bloqueado, o que não é referido nem pelo Fisco nem pela recorrente; (f) as justificativas apresentadas pela interessada (não recebimento do CE por terceiros e problemas com recursos humanos) não afastam a obrigação de informar o NIC para as cargas recebidas; Fl. 3003DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12466.001726/201051 Acórdão n.º 3403001.773 S3C4T3 Fl. 2.938 5 (g) a penalidade tipificada no art. 107, IV, “f” do Decreto Lei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003, não afasta a aplicação da advertência prevista no art. 76 da mesma Lei no 10.833/2003; (h) os atos administrativos não podem contrariar a legislação de regência da matéria, não havendo no presente caso a “interpretação fiscal” a que se refere o art. 101, III do DecretoLei no 37/1966; e (i) a custódia de mercadorias estrangeiras por parte do depositário, com aposição imediata da respectiva presença de carga, é dever do depositário e não um direito a ser exercido do modo como melhor lhe aprouver, não havendo que se falar em violação à isonomia ou à legalidade. Cientificada da decisão em 14/10/2011 (AR às fls. 2912), a recorrente apresenta em 16/11/2011 (fls. 2913 a 2934) Recurso Voluntário, no qual reitera as argumentações anteriormente externadas, sustentando que: (a) a decisão da DRJ reconheceu a inexistência de danos concretos decorrentes da conduta da recorrente, mas mesmo assim equivocadamente manteve a exigência efetuada na autuação; (b) houve cerceamento do direito de defesa pela negativa de produção de prova pericial (de que o NIC não poderia ser gerado sem o CE, e que a interessada não tinha acesso por via diversa ao CE), providência cuja solicitação se reitera; (c) o acórdão recorrido nega vigência ao art. 97 do Decreto Lei no 37/1966, que confere à autoridade julgadora competência para determinar a pena aplicável; (d) a decisão recorrida viola os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade; (e) a recorrente estava impossibilitada de gerar os NIC, pois não tinha os números dos CE, e não tinha, à época dos fatos, acesso ao Sistema MERCANTE (ao qual só passou a ter acesso em meados de 2009), o que a fazia depender das informações de terceiros; (f) a atraso em finais de semana e feriados não se deve a falta de contratação de recursos humanos, como trata a decisão da DRJ, mas a proibição de trabalho administrativo nos fins de semana; Fl. 3004DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 (g) a decisão ainda contraria o comando do art. 101, III do DecretoLei no 37/1966, que coibe a aplicação de penalidades a quem proceder de acordo com interpretação fiscal constante de atos baixados pela autoridade competente (como o da Alfândega de Vitória, referente às dificuldades operacionais ocorridas até julho de 2009); (h) a aplicação das multas não respeitou a forma continuada da infração, que deveria ensejar uma única multa de R$ 5.000,00; e (i) a autonomia das penalidades de advertência e de multa não retira a competência da autoridade julgadora nem impede a aplicação de preceito que autoriza a substituição de uma penalidade por outra. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Há que se analisar, preliminarmente, a questão referente a eventual cerceamento do direito de defesa pela negativa de produção de prova pericial. Depois de dita análise preliminar, passase a verificar os demais argumentos expostos no recurso voluntário: (a) eventual violação a dispositivo legal (art. 97 do DecretoLei no 37/1966), ou aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade; (b) possíveis justificativas para o descumprimento da obrigação de prestação de informações na forma e no prazo estabelecidos pela RFB; e (c) caráter continuado da infração e possibilidade de aplicação de penalidade diversa. Da preliminar de nulidade, por cerceamento de defesa Apesar de a recorrente ter solicitado perícia para diversos tópicos durante a impugnação, no recurso voluntário a alegação de cerceamento de defesa pela negativa de produção de prova pericial se limita a um item: a comprovação de que o NIC não poderia ser gerado sem o CE, e que a interessada não tinha acesso à informação por via diversa ao CE. Como a autuação se refere a informações prestadas entre 01/09/2007 e 24/04/2009, sói esclarecer de plano que houve alteração, durante tal período, dos procedimentos para emissão de CE e geração de NIC, com a entrada em operação do SISCOMEX Carga. A nova sistemática começou a operar a partir de 31/03/2008. E, vejase, as ocorrências para “CE posterior” na tabela formulada pelo recinto alfandegado são todas posteriores a tal data. Pelo seu caráter didático, merece menção o item “Perguntas e Respostas sobre o SISCOMEX Carga” disponível no sítio da RFB Fl. 3005DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12466.001726/201051 Acórdão n.º 3403001.773 S3C4T3 Fl. 2.939 7 (http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/Carga/carga.htm), um verdadeiro Manual sobre o tema. No item são respondidos diversos questionamentos que se fazem presentes nestes autos. O SISCOMEX Carga viabilizou a substituição de documentos impressos por documentos eletrônicos para fins de cumprimento de obrigações previstas na legislação aduaneira. As regras para formulação do NIC na sistemática do SISCOMEX Carga foram estabelecidas no Ato Declaratório Executivo (ADE) Corep no 2, de 20/03/2008, que passou a vigorar na mesma data de implantação do SISCOMEX Carga: 31/03/2008 (assim, improcedente a alegação de que as disposições de tal Ato Declaratório estariam sendo aplicadas retroativamente, pois os casos que envolvem “CE posterior” no presente processo são todos já na sistemática do SISCOMEX Carga). Nessa sistemática, o NIC (para as cargas chegadas pela via marítima) é formado por 36 dígitos, sendo 18 com preenchimento fixo, 15 referentes ao CE e 3 posições livres (que, por enquanto, devem permanecer em branco). Assim, prima facie, o número do CE é necessário ao preenchimento do NIC. O CE é gerado no Sistema MERCANTE, pelo transportador, servindo simultaneamente aos controles da RFB no SISCOMEX Carga. Os principais intervenientes no SISCOMEX Carga são os transportadores (empresas e agências de navegação, suas parceiras e agentes de carga); consignatários (importadores, bancos comerciais); operadores portuários e depositários. Estes dois últimos não precisam se cadastrar no sistema MERCANTE, pois utilizam somente o SISCOMEX Carga para prestação de informações e consultas. O cadastro, como usuários do SISCOMEX Carga, de dirigentes e prepostos de permissionários ou concessionários de recintos alfandegados (como a recorrente) é expressamente previsto no art. 2o, VII do ADE Corep no 3, de 28/03/2008. Assim, os depositários têm acesso via Web ao SISCOMEX Carga, para registros e consultas, podendo inclusive efetuar download dos dados de documentos nos quais figurem diretamente como interessados (o que é esclarecido na resposta à pergunta 9, no sítio indicado). À margem da discussão sobre a possibilidade que tem o depositário de indagar sobre o número do CE a seus clientes (e vejase que mesmo sem ter o depositário o poder requisitório das autoridades fiscais, seria difícil que uma empresa interessada na conclusão do procedimento se negasse a fornecer o número do CE), ele próprio poderia consultálo no SISCOMEX Carga, bastando solicitar acesso ao sistema. Assim, acordamos com o julgador a quo no sentido da desnecessidade da perícia solicitada. Da eventual violação a dispositivo legal ou aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade Dispõe o art. 97 do DecretoLei no 37/1966: “Art.97 Compete à autoridade julgadora: Fl. 3006DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 I determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem deva responder pela infração, nos termos da lei; II fixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais.” A simples leitura do dispositivo já leva à conclusão de que o julgador só o descumpriria se se abstivesse de determinar a pena legalmente aplicável, ou a fixasse fora dos limites legais. Não é o que se vê no presente processo. A pena fixada pelo julgador a quo é perfeitamente compatível com a legislação por ele analisada. Em relação ao juízo de razoabilidade ou proporcionalidade, é de se destacar que tem íntima ligação com o comando que acabamos de analisar. O artigo seguinte ao transcrito (art. 98 do DecretoLei no 37/1966) dispõe: “Art.98 Quando a pena de multa for expressa em faixa variável de quantidade, o chefe da repartição aduaneira imporá a pena mínima prevista para a infração, só a majorando em razão de circunstância que demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração, ou que importe agravar suas consequências ou retardar seu conhecimento pela autoridade fazendária.” Veja que o julgador, ao fixar a quantidade da pena (art. 97, II), respeitados os limites legais (v.g., dentro da faixa variável a que se refere o art. 98), não pode fugir ao razoável. Ocorre que nos casos em que a lei já fixa o montante da penalidade (ex: R$ 5.000,00 por deixar de prestar informação na forma e nos prazos estabelecidos pela RFB), não resta tal ponderação ao julgador. A ponderação previamente feita pelo legislador, ex lege, no entanto, pode revelarse desmedida em alguns casos. Contudo, tal análise fugiria à competência deste tribunal, pois implicaria o afastamento da aplicação da norma legal irrazoável, com base em princípio com guarida constitucional, apreciação vedada pela Súmula CARF no 2. Das possíveis justificativas para o descumprimento da obrigação de prestar informações no prazo e na forma estabelecidos pela RFB a) Informação em atraso, em virtude de “CE posterior” Sobre este tema já se tratou na análise preliminar da solicitação empreendida face à alegação de cerceamento de defesa. Contudo, há que se agregar alguns elementos à discussão, derivados da norma que passou a reger o SISCOMEX Carga. A Instrução Normativa RFB no 800, de 27/12/2007 (com efeitos a partir de 31/03/2008) estabeleceu prazos para informação do CE (em regra, 48 horas antes da chegada da embarcação). Contudo, o legislador, sabedor da dimensão das alterações procedimentais, estabeleceu na mesma norma (art. 50) que tais prazos somente seriam obrigatórios a partir de 01/01/2009 (data depois alterada para 01/04/2009 pela Instrução Normativa no 899, de 29/12/2008). Em que pesem as dilações de prazo, o transportador deve sempre prestar as informações antes da atracação da embarcação no País (cf. art. 50, parágrafo único, II da mesma norma). Assim, a informação do CE sempre estará disponível ao tempo da entrada no recinto alfandegado, aplicandose restrição ao registro pelo depositário apenas nas hipóteses de bloqueio (ADE Corep no 2, de 20/03/2008, art. 2o, II). Se o depositário não estava obtendo o dado a tempo, era por dificuldade técnica ou operacional sua. Fl. 3007DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12466.001726/201051 Acórdão n.º 3403001.773 S3C4T3 Fl. 2.940 9 b) Informação em atraso, em virtude de feriado ou final de semana A única justificativa apresentada no processo para não se informar presença de carga nos feriados e finais de semana é também de ordem técnica ou operacional da recorrente. Não há dúvidas de que seria perfeitamente possível que funcionários da recorrente trabalhassem aos feriados e finais de semana para registrar a presença de carga. É preciso corrgirse aqui um equívoco na interpretação da recomendação do Ministério Público do Trabalho (Recomendação MPT no 13.041/2010). A recomendação de forma alguma se refere a impossibilidade de trabalho aos fins de semana e feriados. Ela se limita a advertir sobre excessivas prorrogações de jornada de trabalho e sobre a necessidade constitucional de descanso semanal, preferencialmente aos domingos. A recomendação do Ministério Público do Trabalho, destarte, não tem qualquer relação com o tema tratado no presente processo, e não veda de forma alguma o trabalho em finais de semana e feriados. Enquanto no presente processo se adverte que deveria haver atividades no recinto nos finais de semana, no documento do MPT se recomenda que os funcionários que hoje trabalham no recinto não excedam as cargas de trabalho máximas legalmente estabelecidas e tenham o descanso semanal constitucionalmente assegurado. Há perfeita possibilidade de a empresa cumprir uma e também outra recomendação. c) Atuação em conformidade com ato interpretativo baixado pela autoridade fazendária competente Dispõe o art. 101 do DecretoLei no 37/1966: “Art. 101 Não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento a quem proceder ou pagar o imposto: I de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal inclusive de consulta, seja o interessado parte ou não; II de acordo com interpretação fiscal constante de decisão de primeira instância proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, em que o interessado for parte; III de acordo com interpretação fiscal constante de circular, instrução, portaria, ordem de serviço e outros atos interpretativos baixados pela autoridade fazendária competente.”(grifo nosso) A recorrente alega que a sua atuação encontra amparo em ato da unidade local da RFB, carreado aos autos. Analisemos a origem e a aplicabilidade dos documentos apresentados no contexto do presente contencioso. O documento elaborado por AFRFB da Alfândega de Vitória é datado de 08/06/2009, e dá informação sobre caso em que se verifica lapso temporal acima de três semanas entre a descarga e a informação do NIC por outro depositário jurisdicionado pela Alfândega de Vitória, tendo tal depositário alegado problemas operacionais decorrentes de adaptação à nova regulamentação do tema pela RFB. No documento se informa ainda que chegou ao conhecimento da fiscalização que os fiéis depositários jurisdicionados pela Fl. 3008DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 10 Alfândega do Porto de Vitória têm procedimentos de informação de NIC no MANTRA bastante díspares, não sendo aquele evidenciado um caso isolado. Como solução para uniformização do procedimento, o AFRFB propõe as seguintes providências: “1. Intimar todos os depositários a informarem se estão observando, para informação de NIC, o disposto no art. 5o da IN SRF 680/2006 e, caso não estejam, justificarem a rotina que vêm adotando. Para o caso de alegarem alguma dificuldade operacional para a inobservância da IN SRF 680/2006, deverão informála e será fixado um prazo pela autoridade aduaneira para sua solução. Essa intimação ficará a cargo de cada NOA para os fiéis que jurisdiciona; 2. Dar ciência, mediante assinatura datada neste PPI, da obrigação de observar o disposto no ato normativo aqui citado e que lhes será imputada a multa prevista no art. 728, inciso IV, letra (sic) “f”do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto 6.759/2009 quando for constatada informação de NIC em desacordo com o art. 5o da IN SRF 680/2006. Deixamos, assim, pelas razões acima expostas, de aplicar sanção ao Terminal (...), que doravante deverá receber a sanção retrotipificada, salvo melhor juízo, se verificada nova ocorrência desse mesmo fato, por já estar devidamente cientificado nessa oportunidade.” (grifo nosso) A proposta do AFRFB foi aprovada por seu superior e pelo Inspetorchefe da Alfândega de Vitória, que determinou o envio do documento para ciência dos interesados em 09/06/2009. Uma das empresas que toma ciência do documento é exatamente a recorrente, que apresenta, em 13/06/2009, à Alfândega de Vitória, a seguinte explicação sobre os procedimentos que adota: “Em se tratando de terminal alfandegado, cujo recebimento de containers se dá principalmente através (sic) de DTCs, a obrigação de gerar os NICs, conforme dispositivo legal (sic) acima citado, no prazo considerado imediato, se dá automaticamente após conclusão do trânsito das DTCs, excetuandose os casos em que os containers entram nas sextasfeiras à noite, sábados e domingos, ou até mesmo nos feriados, ficando para o primeiro dia útil subsequente a obrigação da geração dos NICs. Além desses casos de chegada fora do período administrativo normal, ocorre (sic) também em casos quando o importador não informa com antecedência o CE mercante para registro imediato dos NICs. Desta forma, o terminal entra em contato com este importador e exige que seja enviado o CE para que seja cumprida a norma em questão.”(grifo nosso) Os textos reproduzidos demonstram que a unidade local, diante da generalizada falta de uniformidade nos procedimentos adotados pelos diferentes depositários sob sua jurisdição, à época, optou por, antes de sancionálos, indicar o caminho correto (cumprimento do art. 5o da IN SRF no 680/2006), fornecendo prazo para cumprimento àqueles que apontassem dificuldades operacionais. Fl. 3009DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12466.001726/201051 Acórdão n.º 3403001.773 S3C4T3 Fl. 2.941 11 E já concluímos aqui (em consonância com o disposto na própria autuação e no julgamento a quo) que as dificuldades relativas a registro em feriados e finais de semana e no caso de “CE posteriores” decorrem de problemas/dificuldades operacionais da recorrente. Se esta comunica tais situações à Alfândega, seria de se esperar que fosse concedido o aludido prazo para seu saneamento. Recordese que a autuação referese tão somente a irregularidades constatadas entre 01/09/2007 e 24/04/2009, e a comunicação é datada de 13/06/2009 (assim, maculada estaria a autuação, qualquer que fosse o prazo para saneamento). Assim, de acordo com o entendimento expresso no âmbito da unidade da RFB (e vejase que não foi somente o julgamento ou o parecer em um caso isolado, porque o titular da unidade acatou a proposta de comunicação a todos e de tratamento geral do tema), o procedimento em relação à recorrente (que ainda estava na fase de intimação para esclarecimentos que antecederam a autuação, efetuada em 02/02/2010) deveria ter trilhado destino diverso. Entendemos, assim, aplicável à situação o art. 101, III do DecretoLei no 37/1966, pois à época prevaleceu o entendimento da unidade local da RFB competente para interpretar a matéria (externada em ato público a todos os depositários jurisdicionados) de que a sanção de multa de que trata esta autuação aplicarseia apenas após a ciência do parecer uniformizador da unidade, ou ainda após o prazo concedido para sanar eventuais dificuldades operacionais. Incabível, assim, a aplicação da penalidade infligida na presente autuação. Contudo, analisemos ainda a última argumentação da recorrente, no que se refere à existência de caráter continuado da infração e possibilidade de aplicação de penalidade diversa (advertência). Caráter continuado da infração e possibilidade de aplicação de penalidade diversa (advertência) Encontramos competente esclarecimento sobre as infrações continuadas na área tributária na premiada obra de PAULO JOSÉ DA COSTA JR. e ZELMO DENARI1, quando este, no tópico intitulado “Infrações tributárias continuadas” sustenta: “O instituto penal dos crimes continuados supõe que crimes da mesma espécie sejam praticados em tais condições de tempo, lugar e maneira de execução que os subsequente sejam havidos como continuação dos precedentes. Nesta hipótese, a lei penal prevê a aplicação da pena de um só dos crimes, ou a mais grave se diversos, aumentada de um sexto a dois terços (conforme art. 71 do Código Penal). Na área tributária, é possível, da mesma sorte, sustentar, em tese, a ocorrência de violações continuadas à lei tributária, caracterizadas pela prática sucessiva de infrações da mesma espécie, de tal sorte que, presentes as condições de tempo, lugar e maneira de execução, possam ser qualificadas como infrações continuadas. 1 COSTA JÚNIOR, Paulo José da; DENARI, Zelmo. Infrações Tributárias e Delitos Fiscais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 2728. A obra foi agraciada com o prêmio "Livro do Ano de 1995" pela Academia Brasileira de Direito Tributário. Fl. 3010DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 12 Um dos exemplos mais flagrantes de infrações continuadas é o que decorre da falta sistemática de emissão de documentos fiscais. De todo modo, nossa legislação não as contempla, o que faz crer que devemos dispensarlhes o mesmo tratamento do concurso material de infrações: cumulamse as penas pecuniárias aplicadas às infrações ainda que continuadas. (grifo nosso) Vejase que o Direito Penal positivo contempla expressamente a figura da infração continuada e seu tratamento (aumento de pena de um sexto a dois terços), enquanto no reino das penalidades administrativas tributárias (Direito Tributário Sancionatório) inexiste tratamento específico para a matéria. Contudo, em matéria aduaneira, o legislador esboçou um tratamento à matéria, ainda que incompleto, no art. 99 do DecretoLei no 37/1966: “Art.99 Apurandose, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações pela mesma pessoa natural ou jurídica, aplicam se cumulativamente, no grau correspondente, quando for o caso, as penas a elas cominadas, se as infrações não forem idênticas. § 1º Quando se tratar de infração continuada em relação à qual tenham sido lavrados diversos autos ou representações, serão eles reunidos em um só processo, para imposição da pena. § 2º Não se considera infração continuada a repetição de falta já arrolada em processo fiscal de cuja instauração o infrator tenha sido intimado.”(grifo nosso) A preocupação do legislador aponta para o aspecto formal (reunião ou não de processos para aplicação unificada da penalidade). Entretanto, não afirma objetivamente a providência sancionatória a ser adotada após a junção dos diversos processos em um, o que levou o Poder Executivo a interpretar o dispositivo (art. 679 do Regulamento Aduaneiro Decreto no 6.759/2009) no sentido de que também aí cumularseiam as penalidades. Assim, em que pesem alguns posicionamentos jurisprudenciais aplicando à seara administrativa os atributos do crime continuado (ora estabelecendo a multa correspondente à infração acrescida de um sexto a dois terços, ora aplicandoa simplesmente uma vez), entendemos carente de disciplinamento legal a matéria. Improcedente, destarte, a argumentação no sentido de aplicação de uma penalidade única de R$ 5.000,00, por configurarse infração continuada. Por derradeiro, analisese a relação existente entre a multa estabelecida no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003 (tratada no presente processo), e a sanção administrativa de advertência estabelecida no art. 76 da mesma Lei no 10.833/2003, pois no o recurso voluntário alegase que a autonomia das penalidades de advertência e de multa não retira a competência da autoridade julgadora nem impede a aplicação de preceito que autoriza a substituição de uma penalidade por outra. Vejase inicialmente o texto do art. 107, referente à multa: “Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: Fl. 3011DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12466.001726/201051 Acórdão n.º 3403001.773 S3C4T3 Fl. 2.942 13 (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário; (...) § 2o As multas previstas neste artigo não prejudicam a exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso” (grifo nosso). Reparese que o texto normativo explicita a possibilidade de cumulatividade com outras penalidades cabíveis. Apresentese agora o disposto no art. 76 da Lei no 10.833/2003, no que se refere à penalidade de advertência: “Art. 76. Os intervenientes nas operações de comércio exterior ficam sujeitos às seguintes sanções: I advertência, na hipótese de: (...) b) falta de registro ou registro de forma irregular dos documentos relativos a entrada ou saída de veículo ou mercadoria em recinto alfandegado; (...) § 2o Para os efeito do disposto neste artigo, considerase interveniente o importador, o exportador, o beneficiário de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador, o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o operador portuário, o depositário, o administrador de recinto alfandegado, o perito, o assistente técnico, ou qualquer outra pessoa que tenha relação, direta ou indireta, com a operação de comércio exterior. (...) § 15. As sanções previstas neste artigo não prejudicam a exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso.” (grifo nosso) Aqui também há expressa menção legal à possibilidade de cumulatividade com outras penalidades cabíveis. Fl. 3012DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 14 Incabível ao julgador, assim, optar entre uma e outra penalidade (multa ou advertência), ou substituir uma pela outra. Ademais, entendendo esse tribunal pela inaplicabilidade da multa, isso não afeta em nada a possibilidade de aplicação da advertência, que tem rito próprio, e que não deságua nem nas DRJ nem neste CARF. Vejase a competência (hierárquica, dos Superintendentes Regionais da RFB) para apreciar recursos de aplicação de advertência pelas unidades da RFB, estabelecida no § 13 do mesmo art. 76 da Lei no 10.833/2003: “§ 13. Da decisão que aplicar a sanção cabe recurso, a ser apresentado em 30 (trinta) dias, à autoridade imediatamente superior, que o julgará em instância final administrativa.” Assim, além de serem as penalidades de multa e advertência independentes, elas são aplicáveis por ritos diferentes, e julgadas em instâncias administrativas diversas. Totalmente incabível, então, manifestarse este CARF sobre a sanção administrativa de advertência. Nesse aspecto, destarte, improcedente as alegações do recurso vountário. Considerando as análises aqui empreendidas, em relação a cada um dos tópicos constantes do recurso voluntário, voto pelo provimento deste, em função de a situação apresentada enquadrarse na hipótese tratada no inciso III do art. 101 do DecretoLei no 37/1966. Rosaldo Trevisan Fl. 3013DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10880.720092/2008-07
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO Data do Fato Gerador: 7/2/2008 Ementa: NULIDADE. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não constitui preterição do direito de defesa a mera discordância, por parte da autuada, do teor da autuação ou da decisão. CONFERÊNCIA FINAL DE MANIFESTO. CARGA MANIFESTADA. EXTRAVIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Para todos os efeitos legais, a carga será considerada manifestada junto à unidade local da RFB quando ocorrer, no MANTRA o registro de chegada de veículo procedente do exterior, relativamente à carga previamente informada (art. 6º, inciso I, da IN SRF n. 102/94). Comprovam o extravio de mercadoria manifestada os registros do MANTRA que indicam sua falta na descarga e não armazenamento. Atribui-se ao transportador a responsabilidade pelos tributos e multa incidentes sobre o extravio, constatado na descarga, de mercadorias manifestadas, sendo permitido a este fazer prova da não ocorrência do extravio.
Numero da decisão: 3403-001.666
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não constitui preterição do direito de defesa a mera discordância, por parte da autuada, do teor da autuação ou da decisão. CONFERÊNCIA FINAL DE MANIFESTO. CARGA MANIFESTADA. EXTRAVIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Para todos os efeitos legais, a carga será considerada manifestada junto à unidade local da RFB quando ocorrer, no MANTRA o registro de chegada de veículo procedente do exterior, relativamente à carga previamente informada (art. 6º, inciso I, da IN SRF n. 102/94). Comprovam o extravio de mercadoria manifestada os registros do MANTRA que indicam sua falta na descarga e não armazenamento. Atribuise ao transportador a responsabilidade pelos tributos e multa incidentes sobre o extravio, constatado na descarga, de mercadorias manifestadas, sendo permitido a este fazer prova da não ocorrência do extravio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Presidente. Fl. 963DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa a autuação a que se refere o presente processo sobre falta de mercadoria apurada em conferência final de manifesto, com exigência do imposto de importação, acrescido da multa de que trata o art. 106, II, “d” do DecretoLei no 37/1966. Na descrição dos fatos do Auto de Infração (fls. 42 a 64), lavrado em 7/2/2008, narrase basicamente que: (a) a sistemática adotada para o transporte internacional apresenta terminologia própria, explicitandose o que é uma conhecimento MAWB, HAWB e quais os requisitos basicamente exigidos pela legislação e procedimentos adotados no Sistema MANTRA (pela didática na apresentação, a introdução, de fls. 42 a 47, é de extrema valia); (b) as cargas objeto do lançamento, amparadas pelos Master AWB iniciados por MREMEXPR (fls. 47 a 49), foram regularmente manifestadas , tendo sido as informações ratificadas pela empresa autuada, no MANTRA, comprovando a expedição no exterior, com destino ao Brasil, mas não foram encontradas pela Aduana, permanecendo sem baixa no referido sistema informatizado (intimada a esclarecer a forma de saída das mercadorias, a autuada não logrou comprovar a destinação); (c) as cargas objeto do lançamento, amparadas pelos House AWB iniciados por MREMEXPR (fls. 50 a 61), foram relacionadas em DREI, mas seu desembaraço não se efetivou, por haver pendências aduaneiras, que não constam como solucionadas, e a carga, apesar de registrada no MANTRA, não foi entregue a armazenamento à Infraero (novamente intimada a esclarecer a forma de saída das mercadorias, a autuada não logrou comprovar a destinação, tendo a Aduana tentado inclusive informações junto aos destinatários finais, sem sucesso); (d) configurado o extravio, devidos se tornam o imposto de importação (acescido da multa por extravio, prevista no Fl. 964DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10880.720092/200807 Acórdão n.º 3403001.666 S3C4T3 Fl. 2 3 art. 106, II, “d” do DecretoLei no 37/1966) e o imposto sobre produtos industrializados; e (e) para valoração das mercadorias, utilizouse o Decreto no 2.861/1998 (mais especificamente o art. 22 da Convenção de Varsóvia, que estabelece como responsabilidade do transportador a quantia de 17 Direitos Especiais de Saque por quilograma), sendo que nos casos em que foi apresentada DREI/fatura, utilizouse o preço nesta indicado (o valor dos fretes foi obtido a partir dos conhecimentos de carga aéreos, e a alíquota aplicada foi a referente ao Regime de Tributação Simplificada 60%, considerandose o regime de isenção para o IPI). Cientificado em 26/2/2008 (fls. 1), o sujeito passivo da presente autuação apresentou impugnação tempestiva em 27/3/2008 (fls. 881 a 63), alegando, em suma, que: (a) a autuação se refere a 68 volumes não armazenados, apesar de registrados no manifesto internacional de carga e incluídos no MANTRA, chegados ao País entre 30/1/2003 e 29/12/2003; (b) não há comprovação fática do efetivo desembarque das cargas, não podendo a Aduana presumir a chegada sem base legal; (c) não ocorreu o fato gerador a que se refere o art. 19 do CTN (entrada da mercadoria no território nacional), ou o art. 23 do DecretoLei no 37/1966 (registro da declaração de importação); (d) houve perda de prazo (estabelecido no art. 1o , I da IN SRF no 69/1999) para a conferência final de manifesto; (e) não há responsabilidade do transportador no caso em análise, de acordo com o art. 41 do DecretoLei no 37/1966; e (f) a Convenção de Varsóvia não pode ser aplicada para determinação da base de cálculo dos impostos devidos na importação. O julgamento de primeira instância ocorre, então, em 16/2/2012, pela DRJ/São Paulo II (fls. 906 a 916), que conclui, em síntese, pela procedência em parte da autuação, sustentando que: (a) de acordo com com § 2o do art. 1o do DecretoLei no 37/1966 ocorre a presunção legal de entrada no território aduaneiro da mercadoria considerada extraviada; Fl. 965DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 (b) a responsabilidade pelo extravio será de quem lhe deu causa, e deriva do art. 60 do DecretoLei no 37/1966, regulamentado nos arts. 591, 592 e 595 do Decreto no 4.543/2002 (Regulamento Aduaneiro então vigente); (c) as intimações procedidas pela autoridade fiscal em face do transportador aéreo e consignatários tiveram como escopo garantir aos intervenientes na operação a apresentação de provas excludentes de responsabilidade pelo extravio apurado; (d) a determinaçãode legal de ocorrência do extravio equivale a uma presunção juris tantum, admitindo a apresentação de provas em contrário; (e) a perfeita compreensão de como se desenrola o procedimento administrativo de conferência de manifesto no contexto normativo brasileiro é suficiente para fulminar quatro razões apresentdas pela impugnante: (a) ausência de previsão legal para a presunção; (b) ausência de prova por parte da Aduana, requerendo diligências; (c) inexistência de fundamento para responsabilização da transportadora; e (d) correta delimitação do fato gerador da obrigação tributária; (f) considerando que a autuada não apresentou provas hábeis a refutar o extravio verificado, devese reconhecer a legitimidade do lançamento realizado; (g) não houve cerceamento de defesa, tendo sido indicadas na autuação as razões de fato e de direito, em consonância com as normas que regem a matéria; (h) a IN SRF no 69/1999 não trata de conferência final de manifesto, mas de despacho de mercadorias abandonadas e sujeitas a perdimento (assunto totalmente diverso); (i) não ocorreu decadência; (j) procedem as alegações da impugnante quanto à inadequação da Convenção de Varsóvia para determinação da base de cálculo dos impostos devidos na importação, devendo ser considerados improcedentes os valores lançados com base em tal Convenção (às fls. 916, anexase quadro representativo do crédito tributário mantido e do exonerado). Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 935, com data de recebimento indicada como 13/3/2012), a autuada apresenta RECURSO VOLUNTÁRIO tempestivo em 9/4/2012 (fls. 938 a 948), reiterando a argumentação exposta na impugnação, e afirmando que: Fl. 966DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10880.720092/200807 Acórdão n.º 3403001.666 S3C4T3 Fl. 3 5 (a) o Acórdão do julgamento de primeira instância é nulo, visto que deixou de se pronunciar sobre matéria essencial à impugnação (a responsabilidade do transportador no caso em análise, de acordo com o art. 41 do DecretoLei no 37/1966 e no art. 592 do Regulamento Aduaneiro); (b) o auto de infração e o Acórdão do julgamento de primeira instância são nulos, por cerceamento do direito de defesa, pois os argumentos para caracterização do extravio e do fato gerador não servem para constatação do extravio e para configuração do nascimento da obrigação tributária, e deveria ter sido deferida a produção de provas solicitada pela recorrente; (c) não há provas sobre o desembarque das cargas; (d) o transportador não é responsável, tendo em vista o disposto no art. 41 do DecretoLei no 37/1966; (e) não há que se falar na incidência de IPI, tendo em vista a isenção decorrente do Regime de Tributação Simplificada; e (f) não há que se falar na aplicação do disposto no art. 67 da Lei no 10.833/2003, que fere o Acordo de Valoração Aduaneira e é posterior à ocorrência dos fatos. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe manifestarse, já de plano, sobre as preliminares de nulidade levantadas pela recorrente, tecendose, na sequência, considerações julgadas relevantes sobre a substância das argumentações apresentadas no presente processo. Das preliminares de nulidade A recorrente aponta diversos tópicos ensejadores de nulidade da autuação e do Acórdão de primeira instância. O primeiro deles é referente à apontada nulidade do Acórdão referente a tal julgamento, por este ter se omitido em relação a matéria entendida pela recorrente como Fl. 967DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 essencial à impugnação (a responsabilidade do transportador no caso em análise, de acordo com o art. 41 do DecretoLei no 37/1966 e no art. 592 do Regulamento Aduaneiro). Temse que não merece prosperar a argumentação, visto que em diversos momentos o Acórdão recorrido trata da temática da responsabilidade do transportador. Remeta se, v.g., às fls. 911, quando o art. 592 do Regulamento Aduaneiro é transcrito, afirmandose que “se a mercadoria manifestada faltou na descarga, como transportador, tem contra si, a prova de seu recebimento e a obrigação legal de sua entrega no lugar de destino, dele é a responsabilidade tributária pelo extravio verificado”, e que “se alguma excepcionalidade há contrária à irrepreensível lógica do raciocínio [...] essa deve ser provada pelo transportador, conforme se depreende da leitura sistemática dos arts. 591, 592, VI, parágrafo único, e 595, caput, do Decreto no 4.543/2002”. Na sequência da argumentação do julgador, comentase que foi oportunizada ao transportador a apresentação de provas excludentes da responsabilidade, e que “a perfeita compreensão de como se desenrola o procedimento administrativo de conferência final de manifesto” refuta a razão da impugnante no que se refere à “(iii) inexistência de previsão legal conferindo à transportadora a responsabilidade tributária”. Não se apresenta, destarte, motivação para a nulidade do Acórdão por omissão, visto que a omissão não existiu, e basta a leitura do art. 592, VI do Regulamento Aduaneiro, transcrito em tal Acórdão, para que se visualize a responsabilidade tributária do transportador. Em que pese o exposto, como a matéria é novamente questionada neste recurso voluntário, acrescentarseá, no mérito, algumas observações, no presente julgamento. O recurso voluntário apresenta ainda como causas de nulidade (da autuação e da decisão de primeira instância) o cerceamento do direito de defesa, alegando que os argumentos para caracterização do extravio e do fato gerador não servem para constatação do extravio e para configuração do nascimento da obrigação tributária, e deveria ter sido deferida a produção de provas solicitada pela recorrente. A questão que aqui se apresenta como preliminar de nulidade, em verdade, é discussão de conteúdo, interpretação da decisão a quo e da autuação. Não constitui cerceamento de defesa a discordância, por parte da autuada, do teor da autuação ou da decisão. Quanto à solicitação para produção de provas, entendese escorreita a decisão expressa no Acórdão recorrido: a autuação tomou cautelas exemplares na oportunização da defesa, buscando inclusive, nos casos em que o transportador não conseguiu comprovar a destinação das mercadorias, contato com os destinatários finais. Inexistente, assim, motivação para a declaração de nulidade por cerceamento de defesa. Da ausência de provas sobre o desembarque das cargas Restou cristalino na autuação e na decisão de primeira instância que não incumbe à Aduana provar a efetiva descarga da mercadoria (a carga é considerada manifestada com o registro no MANTRA, e presumese a entrada no território nacional por disposição legal: o § 2o do art. 1o do DecretoLei no 37/1966), mas ao transportador, no caso, afastar a presunção apresentando as provas que entender cabíveis. Fl. 968DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10880.720092/200807 Acórdão n.º 3403001.666 S3C4T3 Fl. 4 7 Assim, não há que se falar em ausência de apresentação de provas sobre o desembarque das cargas. O entendimento espelha exatamente o tratamento que este CARF vem dando à matéria1: “[...] CONFERÊNCIA FINAL DE MANIFESTO. CARGA MANIFESTADA. Para todos os efeitos legais, a carga será considerada manifestada junto à unidade local da SRF quando ocorrer, no MANTRA (Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento) o registro de chegada de veículo procedente do exterior, relativamente à carga previamente informada (art. 6º, inciso I, da IN 102/94). CONFERÊNCIA FINAL DE MANIFESTO CARGA MANIFESTADA. EXTRAVIO. Comprova o extravio de mercadoria manifestada os registros do MANTRA (Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento) que indicam sua falta na descarga e não armazenamento. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Atribuise ao transportador a responsabilidade pelos tributos e multa incidentes sobre o extravio, constatado na descarga, de mercadorias manifestadas Preliminar de nulidade do Auto de Infração rejeitada. No mérito, Recurso Voluntário negado.” Da responsabilidade do transportador Reiterese a argumentação expendida preliminarmente, e endossese a consideração efetuada pelo julgador a quo, no sentido de que a simples leitura do art. 592, VI do Regulamento Aduaneiro, reproduzido no Acórdão, já apresenta cristalinamente a responsabilidade do transportador: “para efeitos fiscais, é responsável o transportador quando houver extravio, constatado na descarga, de volume ou de mercadoria a granel, manifestados”. No recurso voluntário, o importador faz leitura isolada do art. 41 do Decreto Lei no 37/1966, que trata de responsabilidade pelo conteúdo dos volumes, afirmando não existir base legal para a exigência, olvidandose dos arts. 32 e 60 do mesmo diploma legal (DecretoLei no 37/1966), que tratam da responsabilidade tributária. Mesmo atendose ao exposto no recurso voluntário, percebese que a leitura do art. 592, VI do Regulamento Aduaneiro é feita (fls. 947) à luz de argumentos também já pertinentemente refutados pelo julgador a quo, como a decadência e a ausência de prova do extravio. Por fim, esclareçase que as considerações da recorrente no sentido de não incidência do IPI e não aplicação do disposto no art. 67 da Lei no 10.833/2003 são absolutamente desconectadas da realidade fática e da situação jurídica presentes nestes autos: vejase que não se está aqui a exigir IPI (o próprio auto de infração revela que se considerou o tributo como isento, às fls. 63, no item “valoração da mercadoria/alíquotas aplicadas”, o que é endossado pela tabela atualizada de créditos lançados ao final do Acórdão da DRJ, fls. 916), nem a aplicarse o disposto no art. 67 da Lei no 10.833/2003 (embora a decisão de primeira instância informe sobre a aplicabilidade do dispositivo, em tese, o voto foi no sentido de 1 CARF. Acórdão 3202.00376, 2a Câmara, 3a Seção, Rel. Irene Souza da Trindade Torres, unânime, Sessão de 6.out.2011. Fl. 969DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 cancelar todo o crédito tributário exigido com base na Convenção de Varsóvia, ou seja, mediante a utilização de outro meio que não as DREI/faturas apresentadas). Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Rosaldo Trevisan Fl. 970DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10660.002653/2005-26
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 3403-000.381
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o o julgamento em diligência.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o o julgamento em diligência. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre Auto de Infração para exigência da Contribuição para o PIS/PASEP, em virtude de falta de recolhimento, no período de 31/01/2001 a 31/12/2003. (a) foram constatadas divergências entre os valores declarados e os valores escriturados, conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 8 a 10; (b) a empresa impetrou Mandado de Segurança, insurgindose contra a Medida Provisória no 1.85810/1999, que instituiu, a partir de novembro de 1999, a Contribuição para o PIS/PASEP sobre todas as receitas auferidas pelas sociedades cooperativas, visto que até então a incidência se dava somente sobre as receitas auferidas com terceiros não cooperados; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 60 .0 02 65 3/ 20 05 -2 6 Fl. 299DF CARF MF Documento nato-digital Documento de 6 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP20.0121.21380.US8I. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10660.002653/200526 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.381 S3C4T3 Fl. 300 2 (c) a liminar foi indeferida (fls. 139 a 141), e a sentença denegada em primeira instância (fls. 142 a 148), rejeitandose a apelação (fls. 159 a 167) e os embargos de declaração interpostos (fls. 168 a 170); (d) em consulta ao processo judicial efetuada em 27/10/2005 (fls. 171 a 176), a autoridade fiscal autuante verificou existirem um recurso especial (no 1384968) e um recurso extraordinário (no 1384969), estando ambos para conclusão ao vicepresidente desde 11/06/2004; e (e) assim, com base em procedimento fiscal iniciado em 2005, e após análise da escrita fiscal da recorrente, lavrouse autuação, exigindose as diferenças apuradas, em respeito aos ditames da Medida Provisória no 1.85810/1999, e suas reedições. Cientificada da autuação em 08/11/2005 (fls. 4), a recorrente apresenta impugnação em 07/12/2005 (fls. 180 a 199), argumentando que: (a) a empresa é uma sociedade cooperativa e não possui finalidade lucrativa, tendo como maior objetivo a prestação de serviços às suas cooperativas singulares associadas, nos termos do art. 4o da Lei no 5.764/1971; (b) o tratamento previsto na Lei Complementar no 7/1970, regulamentada pela Lei no 9.715/1998 (contribuição para o PIS sobre a folha de pagamento mensal e contribuição para o PIS/PASEP sobre receitas decorrentes de operações praticadas com não associados) atendia aos pressupostos constitucionais referentes às cooperativas; (c) contudo, a alteração efetuada pela Medida Provisória no 1.85810/1999, e suas reedições (atualmente Medida Provisória no 2.15835/2001), estabeleceu aos atos cooperativos tratamento mais oneroso do que aos não cooperativos; (d) nas cooperativas, como não ocorre a hipótese de incidência (faturamento/receita), não há que se falar em obrigação da empresa em recolher o PIS; (e) o entendimento jurisprudencial aponta para a impossibilidade de cobrança da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre atos cooperativos; (f) a autoridade fiscal presumivelmente (solicitandose diligência para apurar se isso efetivamente ocorreu) deixou de aplicar o art. 3o, § 9o da Lei no 9.718/1998, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.15835/2001, a partir da vigência estabelecida em seu art. 92 (fatos geradores a partir de 01/12/2001), e a Lei no 10.676/2003 (que também retroage para alcançar os fatos geradores a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810/1999); e (g) a Taxa SELIC não é fator idôneo para cálculo de juros de mora devidos por atraso no recolhimento de tributos. Fl. 300DF CARF MF Documento nato-digital Documento de 6 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP20.0121.21380.US8I. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10660.002653/200526 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.381 S3C4T3 Fl. 301 3 A solicitação de diligência é atendida em 06/03/2008 (fls. 209), determinando o julgador a quo que a autoridade fiscal verifique se foram aplicadas as exclusões legais referidas na impugnação, oferecendose a oportunidade de contrarrazões à impugnante. Como resultado, obtémse a planilha de fls. 215, efetuada a partir da própria contabilidade da empresa, constatandose que houve depósito judicial dos valores referentes a períodos a partir de dezembro de 2001. A decisão de primeira instância (deferimento parcial das pretensões da autuada) é proferida em 03/03/2010 (fls. 218 a 221), no sentido de que: (a) na apuração da base de cálculo da contribuição, devem ser consideradas todas as deduções previstas na legislação relativa às operadoras de plano de saúde; (b) a autuação deve ser parcialmente mantida, com as adaptações efetuadas em quadro (fls. 220 e 221) anexo à decisão, ressaltando que para os períodos para os quais existem depósitos judiciais confirmados no montante integral do débito mantido, não se aplica a multa de oficio e a exigibilidade do crédito lançado deve ser suspensa até a decisão final no processo judicial no 2001.38.00.0109910/MG; (c) às DRJ é vedada a apreciação de constitucionalidade de disposição normativa; e (d) a Taxa SELIC é expressamente estabelecida em lei, não podendo ser afastada em sede de impugnação. Cientificada da decisão em 19/03/2010 (CR às fls. 225), a recorrente apresenta em 20/04/2010 (fls. 226 a 243) Recurso Voluntário, no qual reitera as argumentações anteriormente externadas, acrescendo as seguintes: (a) a decisão do julgador a quo corrigiu distorção proporcionada pela inadequação da base de cálculo utilizada na autuação, reconhecendo ainda o depósito integral dos montantes devidos no período de dezembro de 2001 a dezembro de 2003; (b) contudo, em momento algum foi possibilitado à recorrente apresentar os comprovantes de depósito judicial referentes ao período de janeiro a novembro de 2001 (que certamente foram efetuados); (c) a autuação não indicou o caminho percorrido para se chegar aos valores devidos (não detalhando a origem da diferença entre a base de cálculo apurada e declarada em DCTF), e a recorrente não consegue identificar qual escrituração contábil foi considerada para se chegar aos valores de janeiro a novembro de 2001 (bem discrepantes dos demais), o que impede sua defesa; e (d) a recorrente declarou em DCTF os valores referentes à contribuição para o PIS e efetuou o depósito integral de tais valores, inclusive no período de janeiro a novembro de 2001, buscando suspender a exigibilidade das Fl. 301DF CARF MF Documento nato-digital Documento de 6 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP20.0121.21380.US8I. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10660.002653/200526 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.381 S3C4T3 Fl. 302 4 contribuições (DARF e guias de depósito anexos ao Recurso Voluntário fls. 276 a 281). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe preliminarmente destacar que a impetração do Mandado de Segurança, pela recorrente, com idêntico objeto a tópico discutido neste processo (incidência da tributação sobre as cooperativas e alterações normativas promovidas pela Medida Provisória no 1.858 10/1999, e suas reedições), afasta a apreciação administrativa da matéria, como consagra a Súmula no 1 deste CARF: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Em relação à incidência de juros de mora mediante a aplicação da Taxa SELIC, é de se informar que também tal tema já se encontra pacificado no âmbito deste CARF, na Súmula no 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Resta assim um último tema controverso, surgido apenas por ocasião do recurso voluntário, e que será aqui analisado em homenagem ao princípio da verdade material. Tendo a decisão de primeira instância, a partir do resultado de diligência efetuada pela unidade local, atestado que os créditos discutidos neste processo, referentes ao período de dezembro de 2001 a dezembro de 2003, estão integralmente depositados, é incabível a aplicação de multas de ofício sobre tais valores, que permanecem com exigibilidade suspensa até a decisão final no processo judicial correpondente (no 2001.38.00.0109910/MG). Em relação aos créditos referentes ao período de janeiro a novembro de 2001, mantidos pelo julgador a quo, a recorrente entende estar sendo cerceada sua defesa, por não ter a autoridade autuante indicado o caminho percorrido para se chegar aos valores devidos, e qual a escrituração contábil considerada para se chegar a tais valores. Entendese não prosperar tal argumentação, visto que indicados expressamente os documentos utilizados para a autuação, sendo o cálculo efetuado diretamente com os dados Fl. 302DF CARF MF Documento nato-digital Documento de 6 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP20.0121.21380.US8I. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10660.002653/200526 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.381 S3C4T3 Fl. 303 5 de tais documentos. A simples observação das fls. 21, 26, e 48 a 59 deste processo é suficiente para que se verifique mês a mês a origem dos valores lançados pela autoridade fiscal. Às fls. 21 há uma planilha de apuração da contribuição confeccionada pelo fisco, referente ao ano de 2001, indicando as receitas de prestação de serviços, outras receitas auferidas, e o total da receita bruta (base de cálculo da contribuição). Cotejandose tal planilha com a de fls. 26, e com os documentos fiscais entregues pela própria empresa (fls. 48 a 59), percebese a presença de todos os dados necessários à identificação da origem dos valores lançados. Vejase, por exemplo, o documento referente ao mês de janeiro de 2001 (demonstração de resultadofls. 48), no qual a empresa informa serem as receitas de contraprestações efetivas R$ 1.006.795, 81, valor que adicionado às receitas financeiras (R$ 16.320,38) resulta em R$ 1.023.116,19 (que é exatamente a base de cálculo indicada para o mês de janeiro de 2001 na planilha de fls. 21). Contudo, há que se empreender também análise da afirmação da recorrente no sentido de que em momento algum foi a ela possibilitado apresentar os comprovantes de depósito referentes ao período de janeiro a novembro de 2001 (que ela alega ter efetuado, anexando supostos comprovantes às fls. 276 a 281). Em que pese ser tal afirmação de conteúdo questionável, posto que não se vê no presente processo nenhum óbice para que a empresa tivesse apresentado tal documento durante o procedimento fiscalizatório, ou mesmo durante a impugnação, temos como inquestionável que se efetivamente houve depósito dos montantes em discussão, incumbese, em nome da verdade material, sua análise, com o correspondente tratamento. Ao iniciar tal análise, entretanto, surgem algumas dificuldades. Citemse, por exemplo, os comprovantes de depósito de fls. 280 e 281 (R$ 5.931,49, referentes ao mês de outubro de 2001, e R$ 6.107,02, referentes ao mês de novembro de 2001). Pela autuação, são exigidas apenas diferenças em relação aos meses de outubro (R$ 779,25 = R$ 6.710,74 R$ 5.931,49) e novembro (R$ 386,16 = R$ 6.493,18 R$ 6.107,02) de 2001, conforme fls. 5 e 26. Assim, aparentemente são tomados como pagos os valores que agora se indica estarem tão somente depositados. Ademais, pelos valores dos DARF apresentados, resta inconclusivo se foram ou não tomados em consideração na autuação. Dessarte, voto no sentido de converter o presente processo em diligência, para que a autoridade local, a partir (a) do quadro de fls. 220 e 221, (b) dos documentos cujas cópias encontramse às fls. 276 a 281, e (c) de outros documentos julgados necessários, informe se os créditos exigidos em relação ao período de janeiro a novembro de 2001 foram objeto de depósito (ou mesmo de pagamento não tomado em conta na autuação, visto que há DARF entre os documentos apresentados no recurso voluntário) por parte da recorrente, quantificando por mês eventuais depósitos e/ou pagamentos comprovados. Após a emissão do relatório de diligência, dêse ciência à recorrente, observandose os ditames do parágrafo único do art. 35 do Decreto no 7.574/2011, para que se manifeste em trinta dias, devolvendose os autos a este colegiado. Rosaldo Trevisan Fl. 303DF CARF MF Documento nato-digital Documento de 6 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP20.0121.21380.US8I. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10660.002653/200526 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 3403000.381 S3C4T3 Fl. 304 6 Fl. 304DF CARF MF Documento nato-digital Documento de 6 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP20.0121.21380.US8I. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por ROSALDO TREVISAN em 14/10/2012 00:30:38. Documento autenticado digitalmente por ROSALDO TREVISAN em 14/10/2012. Documento assinado digitalmente por: ANTONIO CARLOS ATULIM em 16/10/2012 e ROSALDO TREVISAN em 14/10/2012. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 20/01/2021. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP20.0121.21380.US8I Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: 64192CB65B5483A7E58F3A2DF37A492A0D0DEA81 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Legislação e Processo". 3) Selecione a opção "e-AssinaRFB - Validar e Assinar Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10660.002653/2005-26. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 11516.000457/2010-19
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: COFINS Período de apuração: 3 o trimestre de 2006 Ementa: CRÉDITO. COFINS. TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. FRETE. Na tributação concentrada, há vedação legal ao creditamento de bens adquiridos para revenda, e do frete a eles relativo. CRÉDITO. COFINS. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. As embalagens que, ao invés de serem incorporadas ao produto durante o processo produtivo (embalagens de apresentação), o são apenas após sua conclusão, destinando-se tão-somente ao transporte dos produtos acabados (embalagens de transporte) não geram direito a creditamento em relação a suas aquisições.
Numero da decisão: 3403-001.681
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1658; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T3 Fl. 1 1 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.000457/201019 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3403001.681 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 17 de julho de 2012 Matéria COFINS Recorrente GENESIO A MENDES & CIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: COFINS Período de apuração: 3o trimestre de 2006 Ementa: CRÉDITO. COFINS. TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. FRETE. Na tributação concentrada, há vedação legal ao creditamento de bens adquiridos para revenda, e do frete a eles relativo. CRÉDITO. COFINS. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. As embalagens que, ao invés de serem incorporadas ao produto durante o processo produtivo (embalagens de apresentação), o são apenas após sua conclusão, destinandose tãosomente ao transporte dos produtos acabados (embalagens de transporte) não geram direito a creditamento em relação a suas aquisições. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Adriana Oliveira e Ribeiro, e Domingos de Sá Filho. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente processo sobre pedido eletrônico de ressarcimento PER no 05711.87335.241006.1.1.110489, referente a créditos de COFINS de incidência não cumulativa apurados no 3o trimestre do anocalendário de 2006, e utilizados em declarações de compensação eletrônicas (DCOMP). A análise do pedido foi efetuada na Informação Fiscal de fls. 95 a 101, na qual se observou que a empresa solicitante (que tem por objetivo a exploração de comércio atacadista e distribuição de produtos farmacêuticos, cosméticos, produtos de perfumaria e artigos de higiene, entre outros) apurou, no período em análise, o IR pelo lucro real, estando sujeita à apuração de PIS e COFINS pelo regime não cumulativo. Durante a referida análise, foram apuradas as seguintes irregularidades: a) divergência na apuração das receitas de revenda de bens sujeitas às alíquotas normais e às sujeitas à alíquota zero (produtos sujeitos a tributação concentrada monofásica); b) exclusão indevida de receitas recebidas classificadas como “outras receitas verbas”; c) utilização de créditos extemporâneos sem a devida retificação de Dacon e DCTF correspondentes; d) apuração indevida de crédito sobre compra de bens para revenda tributados pelo sistema concentrado (monofásico); e) desconto de crédito indevido de despesas de frete relativo a operações de revenda de produtos tributados pelo sistema concentrado (monofásico); e f) desconto de crédito indevido de compras de embalagens. No despacho decisório de fls. 102 a 103, então, indeferese o direito creditório e, por consequência, não se homologam as compensações constantes das DCOMP efetuadas pelo contribuinte (culminase, então, na lavratura de autuação levada a cabo pelo processo de no 11516.002174/201001). Cientificado da decisão em 25/7/2010 (AR às fls. 110), o contribuinte apresenta manifestação de inconformidade (fls. 111 a 120), alegando, em síntese, que: a) os créditos solicitados são considerados legítimos até que se julgue definitivamente o processo de no 11516.002174/201001, havendo suspensão da exigibilidade por força do art. 151, III do CTN; e b) a empresa, distribuidora e revendedora de produtos farmacêuticos, onde parte de sua operação de venda é Fl. 295DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11516.000457/201019 Acórdão n.º 3403001.681 S3C4T3 Fl. 2 3 tributada com alíquota zero, suspensa, não tributada ou isenta, tem direito à integral manutenção dos créditos de PIS e COFINS decorrentes da aquisição de insumos vinculados a estas vendas, precisamente os custos de embalagens e de transporte, em função do regime de nãocumulatividade. A manifestação de inconformidade foi apreciada em 5/8/2011, pela DRJ/Florianópolis (fls. 131 a 136), que concluiu pelo não reconhecimento do direito creditório pleiteado, sustentando que: (a) as despesas com fretes relativos a bens sujeitos à tributação concentrada adquiridos para revenda não geram direito a crédito; (b) as embalagens não incoporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas apenas depois de concluído o processo produtivo e que se destinam tãosomente ao transporte de produtos acabados (embalagens para transporte) não geram direito a creditamento relativo a suas aquisições; e (c) no regime da nãocumulatividade, o aproveitamento de créditos não declarados à época própria (créditos extemporâneos) deve ser precedido de revisão da apuração do período ao qual pertencem tais créditos. Cientificada da decisão de primeira instância (fls. 290 28/2/2012), a empresa apresenta RECURSO VOLUNTÁRIO tempestivo em 27/3/2012 (fls. 279 a 289), basicamente reproduzindo o texto apresentado na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Do lançamento efetuado no processo no 11516.002174/201001 Como bem esclarece o julgador a quo, de um procedimento de ofício pode resultar a necessidade de prática de diferentes atos administrativos, gerando processos distintos: no caso em análise, processos referentes à formalização do indeferimento dos pedidos de ressarcimento relativos à contribuição para o PIS/Pasep e à COFINS, e um processo para formalização da exigência do crédito tributário que restou inadimplido em face da Fl. 296DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 insuficiência de créditos para sustentar o montante dos descontos realizados dentro da sistemática da nãocumulatividade. Os processos seguem seu trâmite de forma independente, em que pese terem origem em uma mesma análise fática (consubstanciada em um procedimento de fiscalização). Daí a oportunização de ampla defesa ao recorrente em cada um dos processos, e a possibilidade de tratarse individualmente as questões que se apresentam tãosomente em uma lide (a própria recorrente levanta em seu recurso voluntário tópicos que são diferenciados em relação aos tratados no processo de no 11516.002174/201001). Não se visualiza, assim, vício na denegação do direito creditório à margem da apreciação do processo referente à autuação da empresa. Da mesma forma, não se nota ofensa ao art. 151, III do CTN, pois os valores lançados na autuação não correspondem aos débitos incluídos nas DCOMP vinculadas aos pedidos de ressarcimento. Dos créditos referentes a fretetransporte na venda Sustenta a recorrente ter direito ao crédito referente ao serviço de frete transporte na venda das mercadorias, em função do regime de nãocumulatividade. Recordese de plano que a recorrente atua na distribuição de produtos farmacêuticos, cosméticos, produtos de perfumaria e artigos de higiene, tendo efetuado revenda de produtos de incidência monofásica de PIS e COFINS (sujeitos à alíquota zero na revenda) e produtos com incidência nãocumulativa às alíquotas normais das contribuições. Vejase que as fundamentações legais da contribuição para o PIS/Pasep (Lei no 10.637/2002) e da COFINS (Lei no 10.833/2003), em cobrança nãocumulativa, estabelecem literalmente a impossibilidade de creditamento em relação a bens adquiridos para revenda na situação que aqui se analisa tributação concentrada (art. 2o, § 1o, II; e art. art. 3o, I, “b”). Em relação ao creditamento de frete na operação de venda, a legislação da COFINS (Lei no 10.833/2003) apresenta dispositivo que expressamente o reconhece, excepcionando, contudo, novamente a situação que aqui se analisa (art. 3o, IX). Por fim, destaquese que a Lei no 11.033/2004, em seu art. 17 (resultante da conversão da MP no 206/2004, no qual o dispositivo era tratado no art. 16), ao estabelecer que “as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações”, não inova materialmente, e não altera o tratamento anteriormente estabelecido, mas apenas o esclarece, diante de divergências interpretativas. A própria exposição de motivos da Medida Provisória (item 19) explicita que “as disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS”. Arrematese, sobre a impossibilidade de creditamento, que a DISIT da SRRF09 emitiu a Solução de Consulta no 199, de 2008, exatamente em resposta à empresa recorrente (fls. 55 a 59), concluindo que: “Não gera créditos para os fins previstos no art. 3o, I, da Lei nº 10.637, de 2002 e no art. 3o, I, da Lei nº 10.833, de 2003, a aquisição para revenda de produtos relacionados no art. 1o da Lei nº 10.147, de 2002, sendo, por conseguinte, impossível manterse créditos segundo a disposição do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, dada a inexistência destes.” Fl. 297DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11516.000457/201019 Acórdão n.º 3403001.681 S3C4T3 Fl. 3 5 Também judicialmente houve denegação de pleito geral de creditamento à recorrente, inicialmente com indeferimento do pedido liminar, e posteriormente com denegação da segurança em sentença, e desprovimento da apelação (AC no 2008.72.00.0143448). Ainda em relação ao frete, opõese a recorrente ao entendimento da fiscalização de que teria havido aproveitamento extemporâneo de créditos, em decorrência da não retificação de DACON e DCTF (IN RFB no 1.015/2010, art. 10), alegando que não havia à época, norma que obrigasse às citadas retificações. Novamente improcedentes as alegações, visto que as disposições do art. 10 da IN RFB no 1.015/2010 já constavam do art. 14 da IN RFB no 940/2009, e, antes, do art. 11 da IN RFB no 590/2005. Não se visualiza, assim, direito ao creditamento pleiteado, referente a frete transporte. Dos créditos referentes a embalagens de transporte Sustenta ainda a recorrente ter direito ao crédito referente a embalagens empregadas na venda das mercadorias, em função do regime de nãocumulatividade. No julgamento efetuado em primeira instância, explicitouse a diferença entre “embalagens de apresentação” (incorporadas ao produto durante o processo de fabricação) e “embalagens de transporte” (as que se destinam tãosomente ao transporte dos produtos, em quantidades usualmente superiores às vendidas no varejo, como engradados, etc. ), à luz da definição de insumo, procedimentalizada nas Instruções Normativas SRF no 247/2002 e no 404/2004. As embalagens em relação às quais se solicita crédito são da categoria “embalagens de transporte”, e não são utilizadas na fabricação ou produção dos bens, não se enquadrando como insumo, para os efeitos do creditamento pleiteado (Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, art. 3o, II). Destarte, também improcedente a argumentação da recorrente nesse tópico. Pelo exposto, voto pelo não provimento do recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Fl. 298DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 Fl. 299DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 13808.004584/00-95
Data da sessão: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: COFINS Período de apuração: 07/1995 a 03/2000 Ementa: NULIDADE. CIÊNCIA POR PESSOA INCOMPETENTE. INCORREÇÃO NO MPF. CIÊNCIA - ART. 47 DA LEI 9.430/96. As nulidades no processo administrativo fiscal são as previstas no art. 59 do Decreto n o 70.235/1972. A recepção do termo de início de fiscalização por pessoa incompetente não nulifica a autuação. Autuação efetuada a partir de declarações do sujeito pasivo. O MPF é ato interna corporis, não acarretando nulidade à autuação eventuais incorreções em seu teor. O art. 47 da Lei n o 9.430/1996 contém uma faculdade ao contribuinte e não uma obrigatoriedade ao fisco. COFINS. DECADÊNCIA. Aplica-se ao processo administrativo fiscal a Súmula Vinculante n o 8 do STF, que estabeleceu a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei n o 8.212/1991. COFINS. RECEITA DE UNIDADES IMOBILIÁRIAS VENDIDAS. A receita proveniente de venda de unidades imobiliárias é considerada receita bruta, para as pessoas jurídicas do segmento imobiliário, em geral, conforme art. 30 da Lei n o 8.981/1995. ESPONTANEIDADE. AUSÊNCIA DE DCTF. Não se considera espontânea a alteração indicada em DCTF se não comprovado seu regular registro na RFB.
Numero da decisão: 3403-001.627
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar o lançamento em relação aos fatos geradores ocorridos até novembro de 1995, em razão da decadência. A Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel votou pelas conclusões, por entender que em certos casos o MPF pode acarretar a nulidade do procedimento.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CIÊNCIA POR PESSOA INCOMPETENTE. INCORREÇÃO NO MPF. CIÊNCIA ART. 47 DA LEI 9.430/96. As nulidades no processo administrativo fiscal são as previstas no art. 59 do Decreto no 70.235/1972. A recepção do termo de início de fiscalização por pessoa incompetente não nulifica a autuação. Autuação efetuada a partir de declarações do sujeito pasivo. O MPF é ato interna corporis, não acarretando nulidade à autuação eventuais incorreções em seu teor. O art. 47 da Lei no 9.430/1996 contém uma faculdade ao contribuinte e não uma obrigatoriedade ao fisco. COFINS. DECADÊNCIA. Aplicase ao processo administrativo fiscal a Súmula Vinculante no 8 do STF, que estabeleceu a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/1991. COFINS. RECEITA DE UNIDADES IMOBILIÁRIAS VENDIDAS. A receita proveniente de venda de unidades imobiliárias é considerada receita bruta, para as pessoas jurídicas do segmento imobiliário, em geral, conforme art. 30 da Lei no 8.981/1995. ESPONTANEIDADE. AUSÊNCIA DE DCTF. Não se considera espontânea a alteração indicada em DCTF se não comprovado seu regular registro na RFB. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar o lançamento em relação aos fatos geradores ocorridos até novembro de 1995, em razão da decadência. A Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel votou pelas conclusões, por entender que em certos casos o MPF pode acarretar a nulidade do procedimento. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa a autuação a que se refere o presente processo sobre exigência de COFINS, e dos juros e da multa decorrentes. No Auto de Infração (fls. 5 a 88), lavrado em 8/12/2000, narrase basicamente que, na análise dos quadros de “verificações preliminares” fornecidas pelo contribuinte, constatouse constituição a menor (conforme DCTF regularmente entregues), bem como recolhimento insuficiente da COFINS, nos meses e valores referidos no Termo de fls. 5 e 6, de acordo com as planilhas inseridas às fls. 7 a 18). Cientificado em 8/12/2000 (fls. 84), o sujeito passivo da autuação apresentou impugnação tempestiva em 8/1/2001 (fls. 90 a 130), alegando, em suma, que: (a) há nulidade do lançamento, por cercamento de defesa, pela falta de entrega à impugnante de cópias do processo, impedindoa de conhecer o inteiro teor das imputações que lhe são cometidas; (b) há nulidade processual pela falta de comunicação ao contribuinte, ao início da ação fiscal, de que este poderia efetuar os recolhimentos dos tributos / contribuições em atraso, utilizandose do benefício estabelecido no art. 47 da Lei no 9.430/1996, e de que findo o prazo de 20 dias, os débitos seriam objeto de lançamento; (c) a autoridade deveria ter observado a Portaria SRF no 1.265/1999, que trata do Mandado de Procedimento Fiscal, cientificando o sócio ou seu preposto, e restringindose ao IRPJ, tributo indicado no MPF apresentado; Fl. 556DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13808.004584/0095 Acórdão n.º 3403001.627 S3C4T3 Fl. 2 3 (d) todo lançamento deve ser previamente notificado ao sujeito passivo, para que ele possa prestar esclarecimentos e apresentar defesa antes da autuação; (e) as supostas diferenças apuradas pela fiscalização foram objeto de retificações / complementaçõs nas DCTF, feitas pela impugnante, abrangendo o primeiro trimestre de 1997 ao segundo trimestre de 2000, protocoladas na “CAC LUZ” em 12/4/2000, antes mesmo do início da ação fiscal (doc. às fls. 168 a 177); (f) em 31/8/2000, foram enviadas pela internet as DCTF complementares (doc. às fls. 178 a 190); (g) as DCTF constituem confissão de dívida, impossibilitando a constituição do crédito por lançamento de ofício; (h) os lançamentos efetuados em relação aos meses de julho de 1995 a novembro de 1995 foram atingidos pelo instituto da decadência; (i) a COFINS não incide sobre a venda de imóveis, e as diferenças entre os dados da planilha elaborada pelo fisco e da elaborada pela impugnante (fls. 191 a 196) correspondem aos dados contidos na coluna “receitas de unidades imobiliárias vendidas”; e (j) é ilegal e inconstitucional a utilização de taxa SELIC para cálculo de juros moratórios, por afronta ao art. 161, § 1o do CTN e ao art. 192, § 3o da CF. A impugnação foi apreciada em 3/5/2004, pela DRJ/Campinas (fls. 213 a 236), que concluiu pela procedência da autuação, sustentando: (a) que as nulidades no processo administrativo fiscal são as previstas no art. 59 do Decreto no 70.235/1972, não se aplicando à situação fática apresentada, não havendo razão para duvidar que a contribuinte tenha pleno conhecimento do inteiro teor dos documentos que serviram de base para a autuação; (b) com o comparecimento do sujeito passivo ao processo no prazo legal de impugnação não se vislumbra qualquer prejuízo ao direito de defesa; (c) o art. 47 da Lei no 9.430/1996 estabelece uma faculdade de pagamento ao contribuinte, e não uma obrigação de comunicação ao fisco, também ainda não havendo motivação para se cogitar nulidade; Fl. 557DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 (d) o MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades fiscais, e eventuais irregularidades em seu trâmite não invalidam o auto de infração decorrente do procedimento fiscal relacionado; (e) não ocorreu decadência nos períodos apontados pela impugnante, visto ser a COFINS objeto de lançamento por homologação, estando sujeita aos prazos previstos no art. 45 da Lei no 8.212/1991; (f) as retificações / complementaçõs nas DCTF, que a impugnante informa ter feito, abrangendo o primeiro trimestre de 1997 ao segundo trimestre de 2000, protocoladas na “CAC LUZ” em 12/4/2000, antes mesmo do início da ação fiscal, não constam como processadas nos sistemas informatizados da RFB; (g) a impugnante não esclarece a origem dos valores informados nem tampouco demonstra a ocorrência de erros nos valores apurados pela autoridade fiscal; (h) os valores apontados no demonstrativo elaborado na impugnação divergem dos dados constantes nas DCTF retificadoras, não podendo assim estas serem utilizadas como confissão de dívida; (i) a receita proveniente de venda de unidades imobiliárias é considerada receita bruta, para as pessoas jurídicas do segmento da autuada, conforme art. 30 da Lei no 8.981/1995; (j) em que pese se discutir sua inclusão na base de cálculo, não foram declaradas em DCTF outras receitas operacionais; e (k) a legalidade da taxa SELIC já está consolidada na jurisprudência administrativa e judicial, e análise de constitucionalidade não compete aos órgãos julgadores administrativos. Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 282, datado de 15/9/2004), a autuada apresenta RECURSO VOLUNTÁRIO tempestivo em 15/10/2004 (fls. 286 a 310), afirmando que: (a) há nulidade absoluta, por cerceamento de defesa, visto que não foi explicitada na autuação a forma de apuração da base de cálculo dos tributos supostamente devidos, e não foram computados pela fiscalização (no demonstrativo de apuração anexo à autuação) os recolhimentos já efetuados pela recorrente a título de COFINS referente aos períodos de 01/1995 a 03/2000, conforme comprovam os DARF de fls. 336 a 365; Fl. 558DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13808.004584/0095 Acórdão n.º 3403001.627 S3C4T3 Fl. 3 5 (b) o crédito tributário em questão encontrase com exigibilidade suspensa, em face do MS no 1999.61.00.0504620, com liminar concedida (em 19/10/1999); (c) o termo de início de fiscalização foi recebido por pessoa incompetente (contabilista autônomo a serviço da empresa), prejudicando a defesa (em que pese a apresentação de impugnação), que não conseguiu em tempo hábil conhecer o teor das infrações imputadas; (d) a autoridade deixou de cientificar a recorrente acerca dos termos do art. 47 da Lei no 9.430/1996, contrariando os ditames da Lei no 9.784/1999, de hierarquia superior ao Decreto no 70.235/1972; (e) não foi observada a legislação que rege a disciplina do Mandado de Procedimento Fiscal (Portaria SRF no 1.265/1999); (f) ocorreu a decadência em relação aos períodos de 7/1995 a 11/1995, cf. CTN, art. 150, § 4o, sendo inconstitucional o art. 45 da Lei no 8.212/1991; (g) foram apresentadas DCTF retificadoras antes do início do procedimento fiscal, não tomadas em consideração na autuação; (h) foi incluída na base de cálculo da COFINS a receita de unidades imobiliárias vendidas, em desacordo com a base legalmente estabelecida (receita bruta de venda de mercadorias); (i) a multa de 75% (prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/1996) é confiscatória, motivo pelo qual sua exigência deve ser afastada; e (j) a utilização da taxa SELIC afronta os princípios da legalidade, da isonomia e da segurança jurídica. Em 23/1/2007 (fls. 426 e 427), a recorrente informa a juntada ao processo de documentos novos (fls. 432 a 508), indicando que consistem em peças do processo judicial no 92.22294, no qual foi proferida decisão transitada em julgado que reconheceu o direito de crédito de FINSOCIAL compensado (por meio das DCTF retificadoras apresentadas em 12/4/2000) com boa parte dos créditos aqui cobrados, solicitando a baixa do processo em diligência. Em 16/8/2007 (fls. 519 a 523), resolveram os membros da 4a Câmara do 2o Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em Fl. 559DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 diligência, para que a unidade preparadora: (a) afirme se os recibos apresentados pela empresa que atestam terem sido entregues em 12/4/2000 DCTF retificadoras são ou não idôneos; e (b) assevere, juntando cópias comprobatórias, quais os valores efetivamente declarados pela empresa em suas DCTF originais e retificadoras entregues antes do início da ação fiscal, que devem ser levados em conta na apreciação de sua defesa. A unidade preparadora, após a confirmação de que as DCTF retificadoras apresentadas não foram localizadas nos sistemas informatizados da RFB e de que os carimbos dos recibos não apresentam as mesmas características dos carimbos usados para recepção no período indicado, comunicou tais fatos à recorrente (fls. 525), alertando quais os processos que estavam na unidade baixados em diligência. No mesmo expediente, solicitou os originais das DCTF retificadoras protocolizadas em 12/4/2000. Na sequência, com os originais apresentados, efetuou a Representação Fiscal para Fins Penais de fls. 526 a 530, pelo cometimento, em tese, da conduta tipificada no art. 296 do Código Penal, informando que as DCTF retificadoras apresentadas nos processos no 13808.004584/0095 (que corresponde ao processo aqui tratado), 13808.004585/0058 e 13808.004587/0083, não foram recepcionadas pela Administração Tributária, e que os carimbos constantes em tais documentos não apresentam as mesmas características do carimbo usado para recepcionar outras declarações entregues no mesmo período. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No recurso voluntário, apresentamse questões preliminares, levantando eventuais nulidades do lançamento, seguidas de discussões a respeito do conteúdo da autuação. Passase, a seguir, à análise e manifestação sobre cada um dos tópicos apontados pela recorrente. Das preliminares pela nulidade A recorrente aponta nulidade, por cerceamento de defesa, visto que não foi explicitada na autuação a forma de apuração da base de cálculo dos tributos supostamente devidos, e não foram computados pela fiscalização (no demonstrativo de apuração anexo à autuação) os recolhimentos já efetuados pela recorrente a título de COFINS referentes aos períodos de 01/1995 a 03/2000. A primeira afirmação é refutada pelos próprios autos, seja pela explicitação detalhada na planilha de fls. 7 a 12, seja pelo fato de os dados serem extraídos das próprias declarações apresentadas pela empresa, ou mesmo pela contestação efetuada à base de cálculo (a respeito da inclusão de receitas de unidades mobiliárias vendidas). Em relação à segunda (desconsideração dos recolhimentos), temse que decorre de equívoco na leitura da autuação. Nas palavras da recorrente: Fl. 560DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13808.004584/0095 Acórdão n.º 3403001.627 S3C4T3 Fl. 4 7 “Percebese claramente o equívoco cometido pela fiscalização observandose a coluna “Valor Devido () Valor Recolhido” pois na linha onde deveriam constar os pagamentos que foram efetuados pela recorrente (Valor Recolhido) não ocorreu o cômputo de nenhum dos valores que comprovadamente foram pagos. Tomese como exemplo a competência de 07/1995: a autoridade fiscal apurou o valor devido de R$ 14.168,82 e, como valor recolhido, não computou nenhum valor. No entanto, conforme comprova o DARF anexo, referente à competência de 07/1995, a Recorrente recolheu R$ 19.870,00 a título de COFINS, montante que inclusive supera o valor efetivamente cobrado por meio da presente autuação.” (g.n.) Vejase o que indica a planilha utilizada na autuação (fls. 7), especificamente na linha referente à competência de 07/1995, utilizada no exemplo: Mês Faturament o matriz Faturame nto filial Receita de unidades imobiliária s vendidas Base de cálculo faturamento Base de cálculo DCTF Diferença Base de cálculo Contribui ção da diferença JUL 993.522,28 28.401,89 680.039,53 1.701.963,70 993.522,50 708.441,20 14.168,82 É perceptível que o que se cobra são efetivamente diferenças. Veja que o valor exigido R$ 14.168,82 corresponde à aplicação de uma alíquota de 2% sobre a diferença (R$ 708.441,20) em relação à base de cálculo da DCTF (R$ 993.522,50), considerando o pagamento a ela correpondente (equivalente a 2% de R$ 993.522,50, que resulta exatamente nos R$ 19.870,00 pagos no DARF apresentado). Não há que se falar, assim, que o pagamento não foi computado (ou pior, que excedeu ao valor da autuação). O que se está cobrando na autuação, como literalmente informa o título da coluna, são diferenças. Apontase ainda nulidade pelo fato de não se ter considerado na autuação a existência de suspensão de exigibilidade promovida pelo MS no 1999.61.00.0504620, com liminar concedida. Novamente, a simples leitura da apuração de diferenças efetuadas pelo fisco (fls. 7 a 12) leva improcedência das alegações da recorrente. Vejase que todos os créditos objeto de suspensão pelo referido MS são tratados em coluna específica da planilha (fls. 12 e 13), e apartados dos valores constituídos sem tal atributo, exigidos na autuação. No demonstrativo de apuração do Auto de Infração (fls. 75 a 79), não são incluídos os valores indicados na coluna referente ao crédito com exigibilidade suspensa. Alegase ainda nulidade em decorrência da recepção do termo de início de fiscalização por pessoa incompetente (contabilista autônomo a serviço da empresa), prejudicando a defesa (em que pese a apresentação de impugnação), e que por isso não se conseguiu em tempo hábil conhecer o teor das infrações imputadas. Não merece guarida a argumentação, tanto pela objetividade da imputação na autuação, indicando claramente as bases legais e os períodos sob análise, quanto pelo fato de a autuação ter sido efetuada com base nas próprias declarações prestadas pela empresa, ou mesmo pelo fato de ter sido oportunizado em momento posterior a juntada de novos documentos aos autos, pela recorrente. Fl. 561DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 Sustentase também nulidade por ter a autoridade deixado de cientificar a recorrente acerca dos termos do art. 47 da Lei no 9.430/1996, contrariando os ditames da Lei no 9.784/1999, de hierarquia superior ao Decreto no 70.235/1972. Fazse necessário primeiro manifestar que o Decreto no 70.235/1972 tem status legal (conforme AMS no 106.747DF), aplicandose ao PAF apenas subsidiariamente a Lei no 9.784/1999 (conforme estabelece seu art. 69), para depois acordar com a decisão a quo no sentido de que o art. 47 da Lei no 9.430/1996 contém uma faculdade ao contribuinte e não uma obrigatoriedade ao fisco, como se depreende da leitura do texto: “Art. 47. A pessoa física ou jurídica submetida a ação fiscal por parte da Secretaria da Receita Federal poderá pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, os tributos e contribuições já declarados, de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável, com os acréscimos legais aplicáveis nos casos de procedimento espontâneo.” Entende a recorrente, por derradeiro, nula a autuação pela inobservância, pela fiscalização, da legislação que disciplina o Mandado de Procedimento Fiscal (Portaria SRF no 1.265/1999). Também nesse tópico é de se refutar a sustentação da recorrente, pois o MPF é ato interna corporis, não acarretando nulidade à autuação eventual incorreção em seu teor, como vem entendendo este CARF: “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O MPF é ato interna corporis de controle interno e eventuais vícios são consideradas meras irregularidades, que não têm efeito de contaminar de nulidade o crédito constituído pelo lançamento de ofício.” 1 NULIDADE. IRREGULARIDADES NA EMISSÃO DE MPF. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é simples instrumento de controle interno da Administração Tributária, não se constituindo em elemento essencial de validade do correspondente auto de infraçãoTambém aí entendese pertinente o posicionamento do julgador a quo, que esclareceu que o MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades fiscais, e eventuais irregularidades em seu trâmite não invalidam o auto de infração decorrente do procedimento fiscal relacionado. 2 Da decadência Alegase ainda no Recurso Voluntário que ocorreu a decadência em relação aos períodos de 7/1995 a 11/1995, conforme o art. 150, § 4o, do Código Tributário Nacional, sendo inconstitucional o art. 45 da Lei no 8.212/1991. 1 CARF, Acórdão 1801001.018, 3a Turma Especial, 1a Seção, Rel. Cons. Carmen Ferreira Saraiva, unanimidade, Sessão de 10.mai.2012. 2 CARF, Acórdão 1401000.740, 4a Câmara, 1a Seção, Rel. Cons. Fernando Luis Gomes de Matos, unanimidade, Sessão de 15.mar.2012. Fl. 562DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13808.004584/0095 Acórdão n.º 3403001.627 S3C4T3 Fl. 5 9 Aqui, temos que assiste razão à recorrente. A Súmula Vinculante no 8 do STF estabeleceu que são inconstitucionais os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência do crédito tributário. O efeito da decisão é irradiado a este julgamento por expressa determinação do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256/2009 (com a redação dada pela Portaria MF no 586/2010). Aplicase, assim, a regra decadencial estabelecida no art. 150, § 4o, do Código Tributário Nacional: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. ... § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Tendo sido a ciência da autuação de que trata o presente processo em 8/12/2000 (fls. 84), incabível se torna a cobrança da COFINS em relação aos períodos de referência 7/1995 a 11/1995. Da inclusão da receita de unidades imobiliárias vendidas A recorrente alega que foi incluída indevidamente na base de cálculo da COFINS a receita de unidades imobiliárias vendidas, afrontando a base legalmente estabelecida (receita bruta de venda de mercadorias) na Lei no 9.718/1998. Em relação à matéria, entendese assistir razão ao julgador a quo, no sentido de que a receita proveniente de venda de unidades imobiliárias é considerada receita bruta, para as pessoas jurídicas do segmento da autuada, conforme art. 30 da Lei no 8.981/1995. “Art. 30. As pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativa (sic) a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, deverão considerar como receita bruta o montante efetivamente recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas.”(g.n.) Ademais, a própria Lei no 9.718/1998, ao estabelecer a base de cálculo da COFINS, em geral, relaciona os casos de exclusões, entre os quais não se encontra o aqui tratado. Fl. 563DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 10 Da espontaneidade A recorrente alega que foram apresentadas DCTF retificadoras antes do início do procedimento fiscal, não tomadas em consideração na autuação. Tais DCTF retificadoras são exatamente as que motivaram a baixa do processo em diligência, e se referem, como informado pela recorrente, à compensação em virtude de sentença judicial. Ocorre que a unidade preparadora, além de não localizar as DCTF retificadoras apresentadas nos sistemas informatizados da RFB (constatação que já era presente nestes autos), percebeu que os carimbos dos recibos não apresentam as mesmas características dos carimbos usados para recepção no período indicado. A partir daí, comunicou o fato à recorrente, solicitou documentos e elaborou Representação Fiscal para Fins Penais pela configuração, em tese, de conduta criminosa (art. 296 do Código Penal). Para o deslinde do presente feito importa predominantemente o fato de não se poder acolher as DCTF retificadoras mencionadas. A solução da presente contenda independe do que venha a ocorrer no processo criminal, que, digase, não versa sobre crime contra a ordem tributária e, portanto, não tem trâmite vinculado a estes autos. Ademais, este CARF (Súmula no 28), não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes ao processo administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Assim, retomando a questão paralisada que motivou a baixa em diligência, concluise que as DCTF retificadoras não devem ser consideradas como válidas, tendo em vista: a) não constarem nos sistemas informatizados da RFB; e b) estarem amparadas por documentos com características (carimbos diferentes dos usados para recepção no período indicado) que impedem que sejam tidas como idôneas. Cabível assim se torna a exigência de multa de ofício na autuação, inclusive em relação aos tributos que constavam dos documentos apontados como DCTF retificadoras. Da multa de ofício Discute a recorrente ainda a magnitude da multa de ofício de 75% da diferença de tributos apurada, prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/1996, classificandoa como confiscatória. De pronto, externese que a vedação constitucionalmente consagrada (art. 150, IV) é à utilização de “tributo” com efeito de confisco, não se referindo o texto magno a penalidade (em sentido oposto, poderseia afirmar que o confisco de bens é uma penalidade constitucionalmente reconhecida, pois expressamente arrolada em seu art. 243, parágrafo único). Contudo, o caso em análise pouco tem a haver com confisco: a penalidade estabelecida em lei é a penalidade a ser aplicada (no caso, a multa de 75% da diferença de tributos apurada, legalmente amparada), não cabendo ao julgador, em regra, a delimitação quantitativa. Fl. 564DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13808.004584/0095 Acórdão n.º 3403001.627 S3C4T3 Fl. 6 11 Na legislação tributária há multas em faixa variável e multas em percentual ou valor determinado. Naquelas representadas por uma faixa variável, o julgador, a partir dos critérios legalmente estabelecidos, poderia fixar o percentual ou valor (desde que dentro da faixa delimitada em lei). Contudo, nas multas em que a lei fixa o valor ou percentual, é defeso ao julgador efetuar ponderações no sentido de redução. A questão é de lege ferenda. Não goza de acolhida, assim, a argumentação em relação a eventual caráter confiscatório da multa expressamente prevista no no art. 44, I da Lei no 9.430/1996. Dos juros de mora Por fim, a recorrente alega que a utilização da taxa SELIC afronta os princípios da legalidade, da isonomia e da segurança jurídica. A matéria não demanda maiores discussões, dada a expressa previsão legal para a correção (Lei no 9.430/1996, arts. 5o, § 3o; e 61, § 3o) e a uniformização de entendimento no âmbito deste CARF: “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Pelo exposto, voto pelo provimento parcial do recurso voluntário, para que sejam excluídas da exigência as contribuições referentes aos períodos de apuração 7/1995 a 11/1995. Rosaldo Trevisan Fl. 565DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 17/07/2012 por ROSALDO TREVISAN
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