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Numero do processo: 10880.679866/2009-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 16/03/2007
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.129
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 16/03/2007 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 66 /2 00 9- 80 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10880.679866/200980 Acórdão n.º 3401004.129 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de despacho decisório eletrônico, emitido pela Delegacia de Administração Tributária que não homologou as compensações declaradas em virtude de não ter havido apuração de pagamento indevido, uma vez que o pagamento foi utilizado para quitar débitos declarados em DCTF. 2. Intimada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alegou, em síntese: (i) possuir "elevada quantia creditícia" perante a RFB, a título de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, que teria utilizado para quitar débitos de COFINS, referentes ao período de apuração dos anocalendário 2006 e 2007, mediante PER/DCOMP; (ii) alega que juntamente com o Despacho Eletrônico em comento, foram emitidos outros 147 Despachos Decisórios, todos decorrentes da falta de homologação de PER/DCOMP, apresentados pela contribuinte; (iii) reconhece que deixou de retificar as DCTF relativas aos períodos que entende ter havido recolhimentos a maior de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, entendendo ser esta a razão do indeferimento das compensações; (iv) alega que mero equívoco no preenchimento das DCTF não poderia geral débitos fiscais e que o fato deveria ser reconhecido de plano pela RFB; (v) discorre a respeito do efeito suspensivo dos débitos declarados em compensações, citando dispositivos legais para defender sua tese; (vi) alega carência de fundamentação do despacho decisório, violação ao princípio do contraditório e ampla defesa, alegando que não foram atendidas as garantias constitucionais na decisão proferida no despacho decisório, entendendo ser nulo o ato impugnado; (vii) discorre sobre o principio da verdade material para alegar que o mero erro de preenchimento da DCTF não geraria crédito em favor da Fazenda Nacional, reclamando que "se fosse dado ao contribuinte a chance de apresentar explicações antes de sofrer a autuação, certamente a Fazenda Nacional pouparia preciso tempo desta Delegacia de Julgamento com cobranças infundadas como esta" (sic); (viii) alega que qualquer agente fiscal que "(...) analisasse com a mínima cautela a situação apresentada nos fatos, notaria que houve tão somente um erro no preenchimento da declaração, o que não justifica a glosa" em apreço; (ix) ter declarado em DCTF débito que foi pago em DARF que, após revisão interna teria constatado que os cálculos estavam sendo feitos de maneira incorreta, restando inegável a existência de créditos de IRRF após a correção do montante efetivamente devido; (x) a necessidade da observância aos princípios da capacidade contributiva e da busca da verdade material para afirmar que não se admite cobrança de tributo decorrente de erro na prestação de informações ao Fisco, citando decisão do TRF da 1ª Região que embasaria o que alega, além de acórdão do Conselho de Contribuintes e doutrina; (xi) exigüidade do prazo para apresentar 148 defesas em apenas trinta dias e informa que "(...) já estaria levantando toda a documentação comprobatória de seu direito, mormente a DCTF retificadora que comprovaria a existência do crédito"; (xii) a necessidade de suspensão da cobrança dos débitos declarados em PER/DCOMP; (xiii) a nulidade do despacho decisório; e (xiv) a conversão do julgamento em diligencia para ser comprovado o que alega. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10880.679866/200980 Acórdão n.º 3401004.129 S3C4T1 Fl. 4 3 3. A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) proferiu o Acórdão DRJ nº 16027.681, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, em conformidade com a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: COFINS Data do fato gerador: 16/03/2007 Ementa: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP ALTERAÇÃO DE DCTF APÔS CIÊNCIA DE DECISÃO QUE NÃO HOMOLOGOU A COMPENSAÇÃO. A apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório que não homologou a compensação, em razão da coincidência entre os débitos declarados e os valores recolhidos, não tem o condão de alterar a decisão proferida, uma vez que tanto as DRJ como o CARF limitamse a analisar a correção do despacho decisório, efetuado com bases nas declarações e registros constantes nos sistemas da RFB na data da decisão. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL — NÃO OFENSA CORREÇÃO DE ALTERAÇÃO DE DCTF NÃO COMPROVADA EM DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA Qualquer alegação de erro de preenchimento em DCTF deve vir acompanhada dos documentos que indiquem prováveis erros cometidos, no cálculo dos tributos devidos, resultando em recolhimentos a maior. Não apresentada a escrituração contábil/fiscal, nem outra documentação hábil e suficiente, que justifique a alteração dos valores registrados em DCTF, mantémse a decisão proferida, sem o reconhecimento de direito creditório, com a conseqüente nãohomologação das compensações pleiteadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Creditório Não Reconhecido 4. A contribuinte, intimada, interpôs, recurso voluntário tempestivo, no qual reiterou as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10880.679866/200980 Acórdão n.º 3401004.129 S3C4T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.105, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.679797/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.105): "5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 6. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: "A manifestação de inconformidade apresentada atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Dela tomase conhecimento. Primeiramente, esclarecese à douta manifestante que, ao contrário do que alega, o despacho decisório do presente processo não é nulo pois, foi assinado por servidor competente no exercício de suas funções e sem preterimento do direito de defesa da contribuinte. Realmente, o caso presente se resume à alegação de pagamento a maior de tributo e que esse tributo recolhido a maior estaria sendo utilizado para compensar débitos constante na PER/DCOMP do presente processo. A analise eletrônica do despacho decisório de fls. 01, demonstra que os alegados pagamentos indevidos foram utilizados para quitar débitos declarados em DCTF , não restando qualquer crédito para ser compensado. A contribuinte alega falta de fundamentação para a não homologação mas deveria ser obvio até mesmo para contribuinte que ela apresenta DCTF informando determinado débito e efetua recolhimento desse debito , em DARF, no exato valor declarado em DCTF, não há apuração de qualquer pagamento a maior, estando essa informação perfeitamente clara no citado despacho decisório e a contribuinte pode se defender amplamente como o fez. Assim, de acordo com o art. 59 do Decreto n° 70.235/72, não há qualquer nulidade no despacho decisório em comento, não assistindo razão a reclamante. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.679866/200980 Acórdão n.º 3401004.129 S3C4T1 Fl. 6 5 Relativamente à alegação que teria cometido erros no preenchimento da DCTF e que, sanados esses erros , haveria o crédito que utilizou nas PER?DCOMP , observase que a contribuinte limitase a alegar o fato mas não logrou apresentar qualquer prova do que alega. De fato, a contribuinte limitase alegar a existência de erro de preenchimento, erro nos cálculos de apuração de tributo, erro no pagamento em DARF, mas reconhece perfeitamente não haver apresentado qualquer DCOMP retificadora até a data da ciência do Despacho Decisório. A retificação da DCTF, para reduzir débitos declarados, feita após a decisão prolatada autoridade fiscal que examinou os pedidos de restituição e de compensação, não pode, simplesmente, ser acolhida, como argumento de defesa, uma vez que a manifestação de inconformidade deve ser dirigida a apontar erros que teriam sido cometidos na analise do crédito da contribuinte, em relação as informações constantes dos Sistemas da Receita Federal, que são formadas pelas informações prestadas pelos contribuintes através das declarações fiscais , tais como DIPJ. DCTF, DIRF, etc, na data da emissão do Despacho Decisório. Ora, como a própria manifestante reconhece, não havia qualquer incongruência entre os débitos declarados em DCTF e o valor dos pagamentos desses débitos em DARF. Somente na manifestação de inconformidade é que o Fisco teve ciência que agora a contribuinte entende ter havido erro no preenchimento das DCTF. Cabe lembra à douta reclamante que a conduta Fisco Federal é pautada em documentos formais e oficiais e, se a contribuinte resta inerte e não promove a tempo as retificações cabíveis na DCTF, não cabe ao Fisco promovêlas. Não e demais ressaltar que a RFB não está à disposição de particulares para satisfazer interesses privados e a comprovação que qualquer direito creditório alegado, é tarefa exclusiva dos contribuintes, não sendo tarefa do Fisco promover alterações em declarações fiscais para reconhecer suposto direito creditório que a contribuinte julga possuir. Aliás a simples alegação e mesmo a apresentação de DCTF retificadora não faz qualquer prova, por si só, nessa altura do rito processual, devendo, ao contrário, vir acompanhada dos documentos comprobatórios de eventual equívoco cometido na elaboração da declaração original.. Assim, a contribuinte deveria ter acostado aos autos a sua escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão, além da movimentação comercial da empresa. Ao final da manifestação de inconformidade, a requerente protesta pela produção de todos os meios de prova, apresentação Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10880.679866/200980 Acórdão n.º 3401004.129 S3C4T1 Fl. 7 6 de documentos, inclusive diligencias, para corroborar sua argumentação. O processo administrativo fiscal é normatizado pelo Decreto n° 70.235/1972 que em seu art. 16, I1I assim dispõe, in verbis: Conforme expressamente previsto no Decreto n° 70.235/1972, em seu artigo 16, § 4% somente na ocorrência de algumas das hipóteses nele ventiladas é que será possível deferir a juntada de provas documentais posteriormente ao prazo de apresentação da impugnação. A impugnante trouxe os documentos que julgou necessários à instrução de sua peça defensória, não cabendo fazer um pedido genérico para futura juntada de documentos, sem alinhavar a hipótese legal em que se funda tal pedido. Como se vê do dispositivo transcrito, a ocasião para apresentação de provas, visando a comprovar o equívoco cometido no preenchimento da DCTF, é no ato de apresentação da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de a contribuinte fazêlo em outra oportunidade. Cabe ressaltar que, até a presente data, dez meses após a apresentação da manifestação de inconformidade , nenhuma documentação foi apresentada nela contribuinte, que se limitou a apresentar DCTF retificadora , não embasada por qualquer documentação comprobatória. Tratandose de exibição de documentos, cuja guarda e apresentação compete à contribuinte, desnecessária se revela também a realização de diligencias, que se presta mais a elucidar detalhes cuja prova cabe ao Fisco Federal, não aplicável ao presente caso, conforme infere dos dispositivos do Decreto n° 70.235/1972 que tratam da matéria: (...). (...) No caso presente, sendo obrigação da contribuinte apresentar provas do que alega , preferindo não fazêlo, a Receita Federal não promove qualquer ação a respeito, limitando a julgar o processo com os documentos constantes no processo. Nessas circunstâncias, não comprovado o erro cometido no preenchimento da DCTF, com documentação hábil, idônea e suficiente, a alteração dos valores declarados anteriormente não pode ser acatada, considerandose que essa DCTF retificadora foi apresentada após o despacho decisório, que apreciou as compensações declaradas. Em face do exposto, e para concluir, VOTO por considerar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, não reconhecendo qualquer direito creditório e não homologando a PER/DCOMP" (seleção e grifos nossos). 7. Aduz a decisão a quo que, na DCTF original, foi declarado débito em montante igual ao recolhido, motivo pelo qual não encontrou a autoridade fiscal saldo de pagamento Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10880.679866/200980 Acórdão n.º 3401004.129 S3C4T1 Fl. 8 7 disponível. A identidade entre valor declarado e recolhido se deve à crença da contribuinte, no momento da declaração e do pagamento respectivos, de que se tratava de operação tributada regularmente pelas contribuições em comento. 8. Apenas em momento posterior ao do despacho decisório que indeferiu o pedido formulado por inexistência de saldo é que a contribuinte, ora recorrente, procedeu à entrega da DCTF retificadora. Por conta desta sucessão de eventos, entendeu o julgador de primeiro piso que a retificação não teria produzido efeitos, pois, nos termos do inciso I do art. 7º do Decreto nº 70.235/1972, o procedimento fiscal já havia se iniciado e, portanto, pretendeu a contribuinte alterar débitos de contribuições de maneira indevida, nos termos do inciso II do § 2º e do § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010. 9. Entendemos que tais obstáculos procedimentais possam ser plenamente superáveis caso a recorrente comprove o erro que fundamenta a retificação da declaração, o que poderia ser feito mediante a apresentação de seus registros contábeis e fiscais, em conformidade com o art. 147 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Código Tributário Nacional Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 10. Tal, no entanto, não ocorreu, tendo a contribuinte realizado defesa genérica com fundamento de que teria tido de se defender de um grande número de despachos decisórios em um exíguo espaço de tempo. Contudo, reservouse a ora recorrente a repetir os mesmos argumentos em suas razões de recurso voluntário, demorandose longamente em questões doutrinais ou de constitucionalidade, o que inviabiliza, de todo, até mesmo a proposta de eventual conversão do feito em diligência para que se verifique a procedência de suas alegações, uma vez que não há de se realizar questionamento genérico em tal momento processual. 11. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato".1 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10880.679866/200980 Acórdão n.º 3401004.129 S3C4T1 Fl. 9 8 12. Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 13. Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 104DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.904985/2012-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO.
Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015.
A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelando-se provas precárias, insuficientes.
Numero da decisão: 3401-004.214
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO. Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015. A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelando-se provas precárias, insuficientes.
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APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO. Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015. A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelandose provas precárias, insuficientes. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Versam os autos sobre recurso voluntário, oriundo de processo de PER/DCOMP, no qual o sujeito passivo indicou suposto crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição apurado sob o regime da nãocumulatividade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 49 85 /2 01 2- 18 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10925.904985/201218 Acórdão n.º 3401004.214 S3C4T1 Fl. 3 2 O pedido da recorrente foi indeferido através do Despacho Decisório Eletrônico que instrui os autos, onde informouse que o pagamento indicado estava totalmente utilizado para a quitação de débitos da Contribuinte, não restando crédito disponível. Irresignada, apresentou manifestação de inconformidade defendendo que recolheu contribuições indevidamente, vez que não tinha efetuado exclusões da base de cálculo da referida contribuição, previstas em lei. Apresentou DACON retificadora onde apura saldo credor, de modo que o recolhimento feito anteriormente, mostrase indevido, logo, passível de restituição. Asseverou que, por um lapso, deixou de retificar tal informação em DCTF e que a informação em DACON é suficiente para demonstrar seu direito. Defende que a circunstância de não retificar a DCTF não inviabiliza a restituição de valores comprovadamente indevidos. Sobreveio acórdão nº 07030.966 da DRJ/FNS, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, de acordo com a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITO PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é indevido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Regularmente cientificada desta decisão, a recorrente interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário ora em apreço, onde essencialmente repisa os argumentos da manifestação de inconformidade, afirmando possuir o direito pleiteado e citando o Acórdão nº 3302002.104 do CARF como jurisprudência que entende amparar seu pleito. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.207, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10925.904977/201271, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10925.904985/201218 Acórdão n.º 3401004.214 S3C4T1 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.207): "I. Do conhecimento e admissibilidade dos recursos voluntário O recurso voluntário é tempestivo, vez que a Recorrente fora cientificada da decisão da DRJ, em 21/05/2013 (efl. 64), vindo a ser interposto recurso voluntário, 19/06/2013. Assim, preenchidos os requisitos formais de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II. Do mérito O julgamento deste processo servirá de paradigma aos demais processos vinculados, seguindo, portanto, a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Como se viu do Relatório acima, entende a Recorrente que faz jus a compensação da contribuição para o PIS, referente ao mês de abril 2005, vez que teria o recolhido indevidamente, não excluindo de sua base de cálculo parcelas autorizadas pela legislação de regência. Para dar azo ao seu suposto direito, em 21/08/2009, apresentou DACON retificador. O artigo 16 do Decreto 70.235/72 exige que o contribuinte apresente provas documentais no momento da impugnação, porém, este E. Tribunal tem flexibilizado em razão do princípio da verdade material, possibilitando que o sujeito passivo produza provas em momento posterior. Em casos em que o contribuinte não traz qualquer prova DARF, DCTF, Livros contábeis, etc), este CARF tem entendido que tal ônus é da parte que pleiteia o crédito, dentre outros, acórdão 3401003.652, referente ao processo 13888.900243/201467, de minha relatoria, o qual também serviu de paradigma. Diz a Recorrente que tentou fazer sua DCTF retificadora logo após o despacho decisório, porém recebera informação "... (mensagem de erro) de que o prazo para a retificação de informações havia expirado." (efl. 68), porém, não há nos autos tal prova. Defende que seus créditos são advindos de ter deixado de excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS, parcelas legalmente admitidas pela legislação de regência (artigo 15 da Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10925.904985/201218 Acórdão n.º 3401004.214 S3C4T1 Fl. 5 4 MPV 2.158351; artigo 17, da Lei 10.684/20032 e artigo 1° da Lei 10.676/20033. As hipóteses de exclusão contidas nas legislações referidas são variadas, porém, a Recorrente apenas trouxe a prova no DACON, o qual não traz a origem destes créditos, ou seja, o nexo causal da retificação com a real existências destes tais créditos, ou qualquer explicação ou elemento de prova que indique com precisão o valor do pleito à restituir; e o DARF, do recolhimento supostamente indevido. Como se sabe, em sede de pedido de restituição e/ou compensação, o ônus da prova cabe ao contribuinte, por força do artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I, do CPC/1973 (vigência à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015, o 1 Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 2 Art. 17. Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e no art. 1o da Medida Provisória no 101, de 30 de dezembro de 2002, as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. 3 Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. § 1o As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2o Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3o O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10925.904985/201218 Acórdão n.º 3401004.214 S3C4T1 Fl. 6 5 que, no caso dos autos, no entender deste relator, não fora feito pela Recorrente. O DACON e DARF juntados pela Recorrente não são provas suficientes para comprovar, minimamente, o direito à restituição perseguido, revelandose provas precárias para este fim. Dispositivo Com estas considerações, conheço do recurso voluntário e lhe nego provimento." Registrese que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, a recorrente trouxe como provas de seu suposto crédito, apenas a DACON retificadora e DARF, sendo estes, consoante entendimento exposto, elementos insuficientes para comprovar o direito à restituição. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.679830/2009-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 11/05/2006
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.120
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 11/05/2006 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 30 /2 00 9- 04 Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10880.679830/200904 Acórdão n.º 3401004.120 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de despacho decisório eletrônico, emitido pela Delegacia de Administração Tributária que não homologou as compensações declaradas em virtude de não ter havido apuração de pagamento indevido, uma vez que o pagamento foi utilizado para quitar débitos declarados em DCTF. 2. Intimada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alegou, em síntese: (i) possuir "elevada quantia creditícia" perante a RFB, a título de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, que teria utilizado para quitar débitos de COFINS, referentes ao período de apuração dos anocalendário 2006 e 2007, mediante PER/DCOMP; (ii) alega que juntamente com o Despacho Eletrônico em comento, foram emitidos outros 147 Despachos Decisórios, todos decorrentes da falta de homologação de PER/DCOMP, apresentados pela contribuinte; (iii) reconhece que deixou de retificar as DCTF relativas aos períodos que entende ter havido recolhimentos a maior de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, entendendo ser esta a razão do indeferimento das compensações; (iv) alega que mero equívoco no preenchimento das DCTF não poderia geral débitos fiscais e que o fato deveria ser reconhecido de plano pela RFB; (v) discorre a respeito do efeito suspensivo dos débitos declarados em compensações, citando dispositivos legais para defender sua tese; (vi) alega carência de fundamentação do despacho decisório, violação ao princípio do contraditório e ampla defesa, alegando que não foram atendidas as garantias constitucionais na decisão proferida no despacho decisório, entendendo ser nulo o ato impugnado; (vii) discorre sobre o principio da verdade material para alegar que o mero erro de preenchimento da DCTF não geraria crédito em favor da Fazenda Nacional, reclamando que "se fosse dado ao contribuinte a chance de apresentar explicações antes de sofrer a autuação, certamente a Fazenda Nacional pouparia preciso tempo desta Delegacia de Julgamento com cobranças infundadas como esta" (sic); (viii) alega que qualquer agente fiscal que "(...) analisasse com a mínima cautela a situação apresentada nos fatos, notaria que houve tão somente um erro no preenchimento da declaração, o que não justifica a glosa" em apreço; (ix) ter declarado em DCTF débito que foi pago em DARF que, após revisão interna teria constatado que os cálculos estavam sendo feitos de maneira incorreta, restando inegável a existência de créditos de IRRF após a correção do montante efetivamente devido; (x) a necessidade da observância aos princípios da capacidade contributiva e da busca da verdade material para afirmar que não se admite cobrança de tributo decorrente de erro na prestação de informações ao Fisco, citando decisão do TRF da 1ª Região que embasaria o que alega, além de acórdão do Conselho de Contribuintes e doutrina; (xi) exigüidade do prazo para apresentar 148 defesas em apenas trinta dias e informa que "(...) já estaria levantando toda a documentação comprobatória de seu direito, mormente a DCTF retificadora que comprovaria a existência do crédito"; (xii) a necessidade de suspensão da cobrança dos débitos declarados em PER/DCOMP; (xiii) a nulidade do despacho decisório; e (xiv) a conversão do julgamento em diligencia para ser comprovado o que alega. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10880.679830/200904 Acórdão n.º 3401004.120 S3C4T1 Fl. 4 3 3. A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) proferiu o Acórdão DRJ nº 1630.216, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, em conformidade com a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PIS Data do fato gerador: 11/05/2006 Ementa: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP ALTERAÇÃO DE DCTF APÔS CIÊNCIA DE DECISÃO QUE NÃO HOMOLOGOU A COMPENSAÇÃO. A apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório que não homologou a compensação, em razão da coincidência entre os débitos declarados e os valores recolhidos, não tem o condão de alterar a decisão proferida, uma vez que tanto as DRJ como o CARF limitamse a analisar a correção do despacho decisório, efetuado com bases nas declarações e registros constantes nos sistemas da RFB na data da decisão. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL — NÃO OFENSA CORREÇÃO DE ALTERAÇÃO DE DCTF NÃO COMPROVADA EM DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA Qualquer alegação de erro de preenchimento em DCTF deve vir acompanhada dos documentos que indiquem prováveis erros cometidos, no cálculo dos tributos devidos, resultando em recolhimentos a maior. Não apresentada a escrituração contábil/fiscal, nem outra documentação hábil e suficiente, que justifique a alteração dos valores registrados em DCTF, mantémse a decisão proferida, sem o reconhecimento de direito creditório, com a conseqüente nãohomologação das compensações pleiteadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Creditório Não Reconhecido 4. A contribuinte, intimada, interpôs, recurso voluntário tempestivo, no qual reiterou as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10880.679830/200904 Acórdão n.º 3401004.120 S3C4T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.105, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.679797/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.105): "5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 6. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: "A manifestação de inconformidade apresentada atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Dela tomase conhecimento. Primeiramente, esclarecese à douta manifestante que, ao contrário do que alega, o despacho decisório do presente processo não é nulo pois, foi assinado por servidor competente no exercício de suas funções e sem preterimento do direito de defesa da contribuinte. Realmente, o caso presente se resume à alegação de pagamento a maior de tributo e que esse tributo recolhido a maior estaria sendo utilizado para compensar débitos constante na PER/DCOMP do presente processo. A analise eletrônica do despacho decisório de fls. 01, demonstra que os alegados pagamentos indevidos foram utilizados para quitar débitos declarados em DCTF , não restando qualquer crédito para ser compensado. A contribuinte alega falta de fundamentação para a não homologação mas deveria ser obvio até mesmo para contribuinte que ela apresenta DCTF informando determinado débito e efetua recolhimento desse debito , em DARF, no exato valor declarado em DCTF, não há apuração de qualquer pagamento a maior, estando essa informação perfeitamente clara no citado despacho decisório e a contribuinte pode se defender amplamente como o fez. Assim, de acordo com o art. 59 do Decreto n° 70.235/72, não há qualquer nulidade no despacho decisório em comento, não assistindo razão a reclamante. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10880.679830/200904 Acórdão n.º 3401004.120 S3C4T1 Fl. 6 5 Relativamente à alegação que teria cometido erros no preenchimento da DCTF e que, sanados esses erros , haveria o crédito que utilizou nas PER?DCOMP , observase que a contribuinte limitase a alegar o fato mas não logrou apresentar qualquer prova do que alega. De fato, a contribuinte limitase alegar a existência de erro de preenchimento, erro nos cálculos de apuração de tributo, erro no pagamento em DARF, mas reconhece perfeitamente não haver apresentado qualquer DCOMP retificadora até a data da ciência do Despacho Decisório. A retificação da DCTF, para reduzir débitos declarados, feita após a decisão prolatada autoridade fiscal que examinou os pedidos de restituição e de compensação, não pode, simplesmente, ser acolhida, como argumento de defesa, uma vez que a manifestação de inconformidade deve ser dirigida a apontar erros que teriam sido cometidos na analise do crédito da contribuinte, em relação as informações constantes dos Sistemas da Receita Federal, que são formadas pelas informações prestadas pelos contribuintes através das declarações fiscais , tais como DIPJ. DCTF, DIRF, etc, na data da emissão do Despacho Decisório. Ora, como a própria manifestante reconhece, não havia qualquer incongruência entre os débitos declarados em DCTF e o valor dos pagamentos desses débitos em DARF. Somente na manifestação de inconformidade é que o Fisco teve ciência que agora a contribuinte entende ter havido erro no preenchimento das DCTF. Cabe lembra à douta reclamante que a conduta Fisco Federal é pautada em documentos formais e oficiais e, se a contribuinte resta inerte e não promove a tempo as retificações cabíveis na DCTF, não cabe ao Fisco promovêlas. Não e demais ressaltar que a RFB não está à disposição de particulares para satisfazer interesses privados e a comprovação que qualquer direito creditório alegado, é tarefa exclusiva dos contribuintes, não sendo tarefa do Fisco promover alterações em declarações fiscais para reconhecer suposto direito creditório que a contribuinte julga possuir. Aliás a simples alegação e mesmo a apresentação de DCTF retificadora não faz qualquer prova, por si só, nessa altura do rito processual, devendo, ao contrário, vir acompanhada dos documentos comprobatórios de eventual equívoco cometido na elaboração da declaração original.. Assim, a contribuinte deveria ter acostado aos autos a sua escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão, além da movimentação comercial da empresa. Ao final da manifestação de inconformidade, a requerente protesta pela produção de todos os meios de prova, apresentação Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10880.679830/200904 Acórdão n.º 3401004.120 S3C4T1 Fl. 7 6 de documentos, inclusive diligencias, para corroborar sua argumentação. O processo administrativo fiscal é normatizado pelo Decreto n° 70.235/1972 que em seu art. 16, I1I assim dispõe, in verbis: Conforme expressamente previsto no Decreto n° 70.235/1972, em seu artigo 16, § 4% somente na ocorrência de algumas das hipóteses nele ventiladas é que será possível deferir a juntada de provas documentais posteriormente ao prazo de apresentação da impugnação. A impugnante trouxe os documentos que julgou necessários à instrução de sua peça defensória, não cabendo fazer um pedido genérico para futura juntada de documentos, sem alinhavar a hipótese legal em que se funda tal pedido. Como se vê do dispositivo transcrito, a ocasião para apresentação de provas, visando a comprovar o equívoco cometido no preenchimento da DCTF, é no ato de apresentação da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de a contribuinte fazêlo em outra oportunidade. Cabe ressaltar que, até a presente data, dez meses após a apresentação da manifestação de inconformidade , nenhuma documentação foi apresentada nela contribuinte, que se limitou a apresentar DCTF retificadora , não embasada por qualquer documentação comprobatória. Tratandose de exibição de documentos, cuja guarda e apresentação compete à contribuinte, desnecessária se revela também a realização de diligencias, que se presta mais a elucidar detalhes cuja prova cabe ao Fisco Federal, não aplicável ao presente caso, conforme infere dos dispositivos do Decreto n° 70.235/1972 que tratam da matéria: (...). (...) No caso presente, sendo obrigação da contribuinte apresentar provas do que alega , preferindo não fazêlo, a Receita Federal não promove qualquer ação a respeito, limitando a julgar o processo com os documentos constantes no processo. Nessas circunstâncias, não comprovado o erro cometido no preenchimento da DCTF, com documentação hábil, idônea e suficiente, a alteração dos valores declarados anteriormente não pode ser acatada, considerandose que essa DCTF retificadora foi apresentada após o despacho decisório, que apreciou as compensações declaradas. Em face do exposto, e para concluir, VOTO por considerar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, não reconhecendo qualquer direito creditório e não homologando a PER/DCOMP" (seleção e grifos nossos). 7. Aduz a decisão a quo que, na DCTF original, foi declarado débito em montante igual ao recolhido, motivo pelo qual não encontrou a autoridade fiscal saldo de pagamento Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10880.679830/200904 Acórdão n.º 3401004.120 S3C4T1 Fl. 8 7 disponível. A identidade entre valor declarado e recolhido se deve à crença da contribuinte, no momento da declaração e do pagamento respectivos, de que se tratava de operação tributada regularmente pelas contribuições em comento. 8. Apenas em momento posterior ao do despacho decisório que indeferiu o pedido formulado por inexistência de saldo é que a contribuinte, ora recorrente, procedeu à entrega da DCTF retificadora. Por conta desta sucessão de eventos, entendeu o julgador de primeiro piso que a retificação não teria produzido efeitos, pois, nos termos do inciso I do art. 7º do Decreto nº 70.235/1972, o procedimento fiscal já havia se iniciado e, portanto, pretendeu a contribuinte alterar débitos de contribuições de maneira indevida, nos termos do inciso II do § 2º e do § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010. 9. Entendemos que tais obstáculos procedimentais possam ser plenamente superáveis caso a recorrente comprove o erro que fundamenta a retificação da declaração, o que poderia ser feito mediante a apresentação de seus registros contábeis e fiscais, em conformidade com o art. 147 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Código Tributário Nacional Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 10. Tal, no entanto, não ocorreu, tendo a contribuinte realizado defesa genérica com fundamento de que teria tido de se defender de um grande número de despachos decisórios em um exíguo espaço de tempo. Contudo, reservouse a ora recorrente a repetir os mesmos argumentos em suas razões de recurso voluntário, demorandose longamente em questões doutrinais ou de constitucionalidade, o que inviabiliza, de todo, até mesmo a proposta de eventual conversão do feito em diligência para que se verifique a procedência de suas alegações, uma vez que não há de se realizar questionamento genérico em tal momento processual. 11. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato".1 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10880.679830/200904 Acórdão n.º 3401004.120 S3C4T1 Fl. 9 8 12. Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 13. Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 171DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.906087/2012-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 29/10/2010
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO.
Não tendo sido apresentadas nem alegações nem provas suficientes para demonstrar a liquidez e certeza do crédito apresentado, procedente o Despacho Decisório que constatou a sua insuficiência em montante suficiente para compensar a totalidade dos débitos.
Numero da decisão: 3401-004.183
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 29/10/2010 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO. Não tendo sido apresentadas nem alegações nem provas suficientes para demonstrar a liquidez e certeza do crédito apresentado, procedente o Despacho Decisório que constatou a sua insuficiência em montante suficiente para compensar a totalidade dos débitos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida e Tiago Guerra Machado. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP que pretendia obter o reconhecimento de direito creditório por suposto pagamento a maior. Tal pleito restou indeferido através de Despacho Decisório que integra os autos, face a vinculação do pagamento com débitos devidamente declarados em DCTF, inexistindo saldo a favor da recorrente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 90 60 87 /2 01 2- 52 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10660.906087/201252 Acórdão n.º 3401004.183 S3C4T1 Fl. 3 2 Intimada, a contribuinte manifestou sua irresignação, alegando que os créditos oriundos do pagamento indevido já se encontravam desvinculados das DCTFs respectivas. A decisão de primeira instância julgou improcedente a manifestação de inconformidade em razão da falta de liquidez e certeza do crédito vindicado. A recorrente ingressou então com recurso voluntário alegando que houve falha de seu departamento fiscal, que não promoveu as retificações que demonstrariam a desvinculação dos pagamentos e a conseqüente existência do crédito. Em 25/01/2017, esta turma proferiu a Resolução CARF nº 3401000.980, por unanimidade de votos, para a finalidade de: "tendo em vista nem a administração tributária, nem a instância anterior, ter ido além do despacho decisório de processamento automático, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações" (seleção nossa). Em atenção à resolução determinada, a unidade preparadora produziu relatório de diligência fiscal, no qual concluiu pela indisponibilidade do crédito alegado pela recorrente. Intimada do conteúdo da diligência em referência, a recorrente requereu prazo suplementar de mais 30 dias para se manifestar. A DRF proferiu despacho que indeferiu o pedido da contribuinte, por inexistência de previsão legal para a prorrogação requerida, devolvendo os autos a este Conselho para reinclusão em pauta e prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.167, de Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10660.906087/201252 Acórdão n.º 3401004.183 S3C4T1 Fl. 4 3 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10660.906083/201274, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.167): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Recortase, a seguir, a integralidade da manifestação de inconformidade da contribuinte: Transcrevese, ainda, a íntegra das razões do recurso voluntário interposto: Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10660.906087/201252 Acórdão n.º 3401004.183 S3C4T1 Fl. 5 4 Inexiste, como se percebe, substantiva defesa realizada pela contribuinte, o que suscitaria debate a respeito do próprio conhecimento do recurso manejado, que se prestou unicamente a requerer prorrogação do prazo para o exercício do contraditório, curiosamente com base nos princípios da capacidade contributiva e da vedação ao confisco, sob pena de "insolvência econômica" (sic). Tendo, no entanto, a Resolução em referência considerado tempestivo o recurso, bem como sido atendidos os demais requisitos de admissibilidade, e considerando que o processo foi baixado em diligência, retornando agora a este Conselho com relatório conclusivo, entendo que menor prejuízo será causado ao interesse público ao se adentrar o mérito do que ao não fazê lo. Assim, transcrevese abaixo o resultado da diligência efetuada: Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10660.906087/201252 Acórdão n.º 3401004.183 S3C4T1 Fl. 6 5 Desta forma, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, acolhendo integralmente o resultado da diligência." Registrese que a diligência efetuada em relação ao presente processo registrou a mesma conclusão quanto a indisponibilidade do crédito alegado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11762.720037/2013-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012
Ementa:
AUTO DE INFRAÇÃO. SUJEITOS PASSIVOS INDICADOS COMO RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS PARCIAIS. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE AUTUAÇÕES DISTINTAS.
No lançamento que aplica penalidades distintas a diferentes sujeitos, nas quais há solidariedade parcial, deve ser afastada a autuação, pela nulidade formal, para que sejam lavradas duas autuações, cada qual com os respectivos sujeitos passivos respondendo pela integralidade do crédito tributário desmembrado.
Numero da decisão: 3401-004.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, exclusivamente no que se refere ao vício apontado na composição da sujeição passiva. Vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes e Fenelon Moscoso de Almeida.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012 Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO. SUJEITOS PASSIVOS INDICADOS COMO RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS PARCIAIS. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE AUTUAÇÕES DISTINTAS. No lançamento que aplica penalidades distintas a diferentes sujeitos, nas quais há solidariedade parcial, deve ser afastada a autuação, pela nulidade formal, para que sejam lavradas duas autuações, cada qual com os respectivos sujeitos passivos respondendo pela integralidade do crédito tributário desmembrado.
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SUJEITOS PASSIVOS INDICADOS COMO RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS “PARCIAIS”. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE AUTUAÇÕES DISTINTAS. No lançamento que aplica penalidades distintas a diferentes sujeitos, nas quais há solidariedade “parcial”, deve ser afastada a autuação, pela nulidade formal, para que sejam lavradas duas autuações, cada qual com os respectivos sujeitos passivos respondendo pela integralidade do crédito tributário desmembrado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, exclusivamente no que se refere ao vício apontado na composição da sujeição passiva. Vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes e Fenelon Moscoso de Almeida. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 76 2. 72 00 37 /2 01 3- 85 Fl. 15283DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 3 a 301, lavrado pela IRF/Rio de JaneiroRJ, datado de 13/03/2013, exigindo multa por prestação de informação inexata ou incompleta (vinculação entre importador e exportador), multa por diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado, e multa por cessão de nome da pessoa jurídica com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários, totalizando R$ 137.011.432,54. São arroladas como responsáveis solidárias à empresa “BARLEY MALTING IMPORTADORA LTDA” (doravante “BARLEY”) as empresas “CERVEJARIA PETRÓPOLIS S.A.” (doravante “CERVEJARIA”) e “PRAIAMAR INDÚSTRIA, COMÉRCIO E DISTRIBUIÇÃO LTDA” (doravante “PRAIAMAR”). No Relatório de Fiscalização (RF) anexo à autuação, de fls. 46 a 201, narra se que: (a) o procedimento fiscal decorre de ação de verificação de hipótese de ocultação da “CERVEJARIA” em declarações de importação registradas em nome da “BARLEY”, de julho de 2008 a junho de 2011, tendo, no curso da ação, sido constatados fatos que aumentaram o período abrangido para julho de 2008 a junho de 2012, e o polo passivo, com inclusão da empresa “PRAIAMAR”; (b) o objetivo do relatório é demonstrar que a “CERVEJARIA” (ocultada) valeuse das empresas “BARLEY” e “PRAIAMAR” (ocultantes) para realizar importações fraudulentas entre julho de 2008 e junho de 2012 (lista de declarações de importação e infrações imputadas às fls. 47 a 50); (c) durante a Operação VULCANO, foram levantados indícios sobre a ligação entre as empresas: (c1) contrato de compra e venda de malte entre a “CERVEJARIA” (compradora) e a “BARLEY” (vendedora), para os anos de 2007/2008; (c2) cópia de ata de reunião da diretoria da empresa “ZUQUETE Empreendimentos e Participações LTDA” (sobre aumento de capital de ZUCHETTI International LTD, sócia da “BARLEY”, com assinatura de “WALTER FARIA”; (c3) cópia de contrato de arrendamento de equipamentos entre “PRAIAMAR” e “BARLEY”, onde a primeira cede à segunda direito de utilização de infraestrutura portuária marítima e terrestre onde se encontram equipamentos necessários ao embarque de malte, cevada, lúpulo e outros; e (c4) nas importações da “BARLEY”, consta como exportador a “ZUCHETTI International LLP”, nome anterior da “GREENTAG Investment LLP”; d) em outros processos relativos à(s) mesma(s) empresa(s), apurouse: (d1) no período de agosto de 2006 a janeiro de 2009 (32 Declarações de Importação relacionadas à fl. 52), que a “PRAIAMAR” cedera seu nome para realização de operações de comércio exterior da “CERVEJARIA”, ocultandoa, sendo lançada a multa de 10% por cessão de nome prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007 (processo no 10074.001034/201091), onde se verificou que a “PRAIAMAR” (que se declarou como importadora e adquirente) não possuía atividade de industrialização e envase de cerveja, e que todas as notas fiscais de saída da empresa destinavamse a empresas do “Grupo Petrópolis”, sendo a “CERVEJARIA” a efetiva empresa no controle das operações; (d2) sendo a conduta detectada uma fraude na importação, foi lançada a multa substitutiva do perdimento prevista no art. 23, V e § 3o do DecretoLei no 1.455/1976 (processo no 10074.001695/2010 17), para 11 declarações de importação (apenas as referentes a malte – NCM 1107.1010), todas registradas em 2008 (lista à fl. 62); (d3) o Grupo Petrópolis passou então a corrigir o lapso cometido em relação à “PRAIAMAR” com a interposta “BARLEY”, apresentando contrato de compra e venda, tendo sido contra a “BARLEY” lavrada autuação por cessão de nome prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007 (no processo no 10730.003034/201126), em relação a 23 declarações de importação (DI), nas quais se apurou a existência de transferências 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 15284DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.207 3 bancárias realizadas pela “CERVEJARIA” e pela “PRAIAMAR” em favor da “BARLEY”, que possuía reduzido quadro de funcionários, baixos valores de conta de luz e telefone, apesar de haver informação do diretor que os contatos eram normalmente telefônicos, além de falta de caracterização da efetiva negociação comercial; (d4) complementando este último processo, foi lavrada autuação no processo no 10730.722104/201220, aplicando multa por cessão de nome em 13 DI registradas na ALF/Paranaguá, e 13 DI registradas na DRF/Niterói; e (d5) no âmbito da 9ª Região Fiscal, que jurisdiciona a filial 0003 da “BARLEY”, foi ainda lavrada autuação no processo no 10730.720350/201288, aplicando multa substitutiva do perdimento e multa por diferença entre preço declarado e efetivamente praticado a DI registradas pela filial de Paranaguá constantes dos processos no 10730.003034/201126 e no 10730.722104/201220; (e) no curso de procedimentos fiscais, de 2011, verificouse que a “BARLEY” e a “PRAIAMAR” atuaram como interpostas pessoas em importações da “CERVEJARIA” (controladora do “Grupo Petrópolis)”, e que a prática em relação aos preços nas importações de malte se estendeu a 2012, com envio de valores de forma dissimulada de recursos originados da venda de produtos industrializados com insumo importado de forma fraudulenta, destacandose a atuação de diversas pessoas físicas (Walter Faria, Luiz Carlos Faccin, Paulo Augusto Strenghel, Roberto Luis Ramos Fontes Lopes, e Altair Roberto de Souza Toledo; (f) após descrever as empresas do chamado “Grupo Petrópolis” (fls. 80 a 84) são apontadas “sinuosidades”, como o pagamento de importações pela matriz em relação a importações de filiais, e uso de contascorrentes da “BARLEY” como fachada para operações do “Grupo Petrópolis”, e blindagem patrimonial, v.g. em relação a veículos e máquinas, com interseções de quadro societário (fls. 89 a 99), apontandose ainda que a “PRAIAMAR” teve evolução societária inquieta (que, ao fim e ao cabo, remetem a um indivíduo: Roberto Luis Ramos Fontes Lopes, ligado a holding do “Grupo Petrópolis” – narrativa histórica às fls. 100 a 105), assim como constantes alterações de endereço, não detendo estrutura própria (nem funcionários registrados), mas compartilhada com empresas que deveriam ser suas concorrentes; (g) em agosto de 2008 a “PRAIAMAR” parou de importar malte, cedendo sua clientela à recém constituída “BARLEY”, mas continuou a importar maquinário/equipamento, de fornecedores estrangeiros relacionados, imediatamente repassado as mercadorias a empresas do Grupo; (h) “BARLEY” tem em seu quadro societário (99,99%) a “Zuchheti International LLP” exportador quase exclusivo do malte, empresa da qual participam o outro sócio da “BARLEY” (Luiz Carlos Faccin) e Paulo Augusto Strenghel, contendo a “PRAIAMAR” empresas com nome homófono (Zuccheti/Zuquete) em seu quadro societário; (i) o capital social da “BARLEY” seria integralizado em moeda corrente (R$ 10.000.000,00), mas após dois meses houve alteração contratual, corrigindo o nome do sócio majoritário (de Zuquetti para Zucchetti), alterando o endereço indicado no contrato e informando que seria o capital integralizado pelos sócios até 31/12/2010; (j) a Zuchetti International LTD, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, tem como único conselheiro Walter Faria, presidente da “CERVEJARIA”, e sócio (99,6%) de “Zuquete Empreendimentos e Participações LTDA”, que recebeu expressivos aportes do exterior, apesar de apenas gerar prejuízos; (k) apontase, assim, para a origem última do capital fundador de todas as empresas: o “Grupo Petrópolis”, por meio de seu presidente Walter Faria (fls. 135/36); (l) chamaram a atenção as instalações da “BARLEY” (inicialmente apenas sala de 27 m2, sem funcionários registrados, apesar de informar ter oito no requerimento de habilitação), e silos do Porto do Forno (em construção, onde, em diligência, foi encontrado tão somente funcionário da “CERVEJARIA”, que seria depois dela demitido e contratado pela “BARLEY”), e sua intrincada relação com a “PRAIAMAR”, às vezes de aluguel ou de venda, por 20% do preço pago na aquisição (fls. 142 a 145); (m) o responsável de “BARLEY” e contato de “PRAIAMAR” (Luiz Carlos Faccin), havia ainda constituído a empresa exportadora (“Zuchetti LLP”), o que revela inequívoca vinculação, nos termos do artigo 15, 4 do AVAGATT; (n) o contrato de compra e venda da grande indústria Fl. 15285DF CARF MF 4 cervejeira (“CERVEJARIA”) foi celebrado com uma empresa iniciante, ainda em seu nascedouro (com dois meses de vida), e revelava serem as importações por encomenda, e foi assinado por Luiz Carlos Faccin, o mesmo que assinaria as faturas emitidas pelo exportador “Zuchetti” por ocasião das primeiras importações da “BARLEY”, havendo ainda adiantamentos da “CERVEJARIA” à “BARLEY”; (o) o Sr. Faccin alegou que paga a prazo e tem financiamento com fornecedores estrangeiros, e que não sabe, no momento da compra, a quem vai vender, fazendo divulgação “boca a boca”; (p) graças ao sistema INDIRA foi possível apurar o valor das mercadorias no local de embarque (VMLE) em cada importação registrada em nome da “BARLEY” (exemplos à fl. 180), evidenciandose superfaturamento nas importações; e (q) há responsabilidade solidária das três empresas (“BARLEY”, “PRAIAMAR” e “CERVEJARIA”), conforme arts. 121, 124, 125 e 128 do Código Tributário Nacional e arts. 104, 106 e 674 do Regulamento Aduaneiro, e arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835/2001. Tendo tomado ciência da autuação em 27/03/2013 (AR à fl. 6761), a empresa “BARLEY” apresenta Impugnação em 18/04/2013 (fls. 7838 a 7981), alegando, basicamente, que: (a) a Administração já se pronunciou pela regularidade das operações da empresa, no acórdão no 3201001.254; (b) há quádrupla penalização da empresa, pelo mesmo fato e período, já que foi autuada duas vezes pela DRF/Niterói e uma pela DRF/Paranaguá, além de ofensa ao princípio do “non bis in idem”, e confisco e abuso de poder; (c) houve cerceamento do direito de defesa e ofensa aos princípios do contraditório, devido processo legal e legalidade administrativa, pela falta de apresentação de provas materiais que serviram de base à imputação fiscal; (d) o agente fiscal não poderia proceder ao quarto exame da escrita, em relação ao mesmo período fiscalizado, sem autorização escrita, na forma do artigo 42 do Decreto no 7.574/2011; (e) houve usurpação de competência e invasão de jurisdição da DRF Niterói e da ALF/Paranaguá; (f) não houve tradução dos documentos em língua estrangeira, que foram ainda obtidos de forma irregular, fora da jurisdição do autuante; (g) a “BARLEY” é empresa regularmente constituída, cumprindo os requisitos estabelecidos na legislação, e possui capacidade financeira e operacional, como demonstrou ao longo das fiscalizações, tendo adimplido com as obrigações cambiais, tributárias e aduaneiras, e importa por sua conta e risco, mantendo estoques, e realizando operação industrial desconsiderada pelo fisco; (h) não houve demonstração de fraude a ensejar a penalidade referente a ocultação, nem diferença de preços, tendo a autoridade fiscal partido de pressupostos subjetivos para identificar superfaturamento (não sendo confiáveis nem completamente disponíveis os dados do sistema “INDIRA”, sendo que o superfaturamento, se existente, teria gerado um recolhimento de tributos a maior da ordem de R$ 24.792.000,00, consequência não aventada pelo fisco); e (i) não há qualquer informação inexata ou omissão nas DI referentes a importações de malte. Cientificada da autuação em 19/03/2013 (AR à fl. 6750), a “CERVEJARIA” apresenta Impugnação também em 18/04/2013 (fls. 14801 a 14921), aduzindo, em resumo, que: (a) houve desrespeito a diversos dispositivos que tratam do processo administrativo, como a competência para autuar sobre mesmos fatos já autuados, com mudança de critério jurídico, e presunções pessoais e imaginativas; (b) há nulidade por cerceamento do direito de defesa, por falta de clareza e imprecisões na autuação (o relatório traz 63 DI autuadas, enquanto a planilha apresentada na autuação elenca 83 DI), e perda de objeto em relação a 51 DI já autuadas em processos anteriores distintos (tabela às fls. 14829 a 14833, com histórico às fls. 14847 a 14857), já anulados, sendo tal informação omitida da autuação; (c) houve cerceamento do direito de defesa pela utilização de documentos incompletos relacionados a terceiros, sem disponibilização à “CERVEJARIA”, além de provas em idioma estrangeiro sem tradução juramentada; (d) há ausência de previsão legal para responsabilização pelos dispositivos indicados na autuação, sem que se comprove a participação na prática da infração aduaneira (que não se refere a tributo), e o artigo 95 do DecretoLei no 37/1966 só se aplica às infrações ali previstas, havendo previsão constitucional de que a pena não pode passar da pessoa do Fl. 15286DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.208 5 infrator; (e) as operações efetuadas foram regulares, e não há provas de insuficiência de recursos da “BARLEY” para realização das importações, como já decidiram a DRJ e o CARF nos processos antecedentes; (f) houve abuso e desvio de poder, com utilização de informações inidôneas (obtidas na internet, sem confirmação) e quebra de sigilo fiscal de pessoa física (v.g., do Sr. Walter Faria), desnecessária ao deslinde do presente processo; (g) houve presunção de existência de grupo econômico, não sendo possível a desconsideração administrativa da personalidade jurídica de empresa; e (h) houve incorreto entendimento de vinculação entre pessoas, e incorreta fixação do valor aduaneiro, o que prejudica o cálculo das multas lançadas. Por seu turno, cientificada da autuação em 29/03/2013 (AR à fl. 6746), a empresa “PRAIAMAR” apresenta Impugnação em 19/04/2013 (fls. 6966 a 7101), sustentando, em síntese, que: (a) as provas são ilícitas, tendo havido cerceamento do direito de defesa, e violação do devido processo legal, pois documentos utilizados na imputação se referem a processos aos quais a “CERVEJARIA” não teve acesso, e existindo provas da Operação Vulcano, na qual foram absolvidos de forma sumária todos os acusados; (b) a autoridade fiscal é incompetente para inclusão de responsáveis no auto de infração, por ausência de previsão legal expressa, e não deve mesclar com a autuação argumentos da representação fiscal para fins penais; (c) a autoridade fiscal é incompetente para lavratura da autuação, tendo em vista procedimentos anteriores em relação aos mesmos fatos/períodos por unidades da RFB distintas (v.g., ALF/Paranaguá); (d) não houve autorização específica para o segundo exame da escrita; (e) há ausência de previsão legal para atribuição de responsabilidade a grupo econômico, sendo ainda ilegal a desconsideração inversa da personalidade jurídica da devedora principal para atingir patrimônio de terceiros; (f) não houve relação da “PRAIAMAR” com os fatos geradores das declarações de importação relacionadas às fls. 47 a 50, e não consta dos autos nenhuma nota fiscal de saída de malte da “BARLEY” com destino à “PRAIAMAR”, simplesmente porque a “PRAIAMAR” jamais encomendou malte importado daquela empresa, e não registrou nenhuma das declarações de importação constantes da autuação; (g) o lançamento é nulo por duplicidade em relação aos anteriores (ALF/Paranaguá e ALF/Rio de Janeiro); (h) houve irregular revisão de critério jurídico da ALF/Rio de Janeiro em relação ao lançamento promovido pela ALF/Paranaguá; (i) há falsidade nas legações da autoridade autuante (que, ao invés de diligenciar, apenas tomou de empréstimos documentos da fiscalização efetuada em Paranaguá, que resultou em autuação já cancelada) e atipicidade nas condutas narradas; e (j) houve violação ao devido processo legal na determinação do valor aduaneiro, e ausência de prova de vínculo dos exportadores com a importadora ou com a “PRAIAMAR”. A DRJ converteu o julgamento em diligência, em 30/12/2013 (fl. 15101), para que a unidade local, considerando a existência de outras ações fiscais em desfavor do mesmo contribuinte, instruísse os autos com cópia do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e/ou de ordem escrita do Inspetor, Delegado ou Superintendente que amparasse a ação fiscal em apreço, tendo sido o MPF juntado às fls. 15104/15105. A decisão de primeira instância, proferida em 15/05/2014 (fls. 15108 a 15163), considerou procedentes as impugnações, cancelando o lançamento, sob o fundamento de que, apesar de claramente demonstrada a ocultação, com dissimulação, e caracterizada a vinculação entre exportador e importador, (fl. 15157), restaram patentes diversas nulidades processuais formais: (a) vício de sujeição passiva – lavratura de autuações contra sujeitos distintos responsáveis por penalidades diversas em um mesmo processo (a multa por cessão de nome prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, por exemplo, aplicase somente ao ocultante – “BARLEY”, enquanto as demais infrações seriam aplicáveis também aos demais responsáveis, Fl. 15287DF CARF MF 6 se caracterizada a participação conjunta); (b) o lançamento se refere a períodos e declarações já autuados em processos distintos, alguns inclusive já julgados, tratando indiscutivelmente dos mesmos fatos, ao invocar o “modus operandi”, referenciando procedimentos anteriores, caracterizandose “nova fiscalização de período já fiscalizado”, por unidade diversa da jurisdicionante, e sem a autorização escrita a que se refere o artigo 42 do Decreto no 7.574/2011, e sem que possa ser considerado o auto um “lançamento complementar”, na dicção do artigo 41 do mesmo Decreto no 7.574/2011; (c) tanto a lavratura da autuação quanto a ciência aos sujeitos passivos ocorreram em datas posteriores aos procedimentos anteriores (inclusive já julgados), tendo havido prevenção da jurisdição pela DRF/Niterói e pela ALF/Paranaguá; e (d) há divergência entre a lista de DI autuadas e aquelas que constam do relatório fiscal. Em função do valor exonerado, foi interposto recurso de ofício. Cientificados os três sujeitos passivos da decisão da DRJ, conforme despacho de fl. 15188, e a Fazenda Nacional, esta interpõe peça denominada de “Recurso de ofício” (fls. 15190 a 15197), alegando basicamente que: (a) o alegado vício de sujeição passiva pode ser sanado em sede de execução, pois é possível identificar o(s) sujeito(s) passivo(s) em cada uma das importações; (b) o comando sobre impossibilidade de nova fiscalização para mesmo período sem autorização se refere à legislação do imposto de renda, e não a matéria aduaneira; (c) não houve prevenção de jurisdição, visto que os três processos anteriores têm como sujeito passivo apenas a empresa “BARLEY”, e trata de DI diversas. No CARF, o processo foi distribuído, em 10/12/2015 (fl. 15204) a conselheiro que não mais faz parte do colegiado, tendo sido enviado a novo sorteio em 09/08/2016. Em agosto de 2016, o processo foi a mim distribuído, no novo sorteio. O processo foi indicado para a pauta nos meses de janeiro a julho de 2017, mas não pautado, em função do excesso de número de processos a julgar. Em agosto, o processo não foi pautado, em virtude de ausência justificada do relator, na sessão, e, em setembro, foi incluído em pauta e retirado por falta de tempo hábil para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso de ofício foi interposto com respeito aos preceitos normativos que o regem, e, portanto, dele se toma conhecimento. A matéria não é nova no seio do colegiado, já tendo esta primeira turma, com grande parte de sua atual composição, manifestado seu posicionamento recentemente, em processo que tinha no polo passivo as mesmas três empresas (Acórdão no 3401003.293 – processo no 10074.721487/201208). Na ocasião, decidiu o colegiado majoritariamente pela existência de vício na sujeição passiva: “AUTO DE INFRAÇÃO. SUJEITOS PASSIVOS INDICADOS COMO RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS “PARCIAIS”. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE AUTUAÇÕES DISTINTAS. No lançamento que invoca um sujeito passivo como devedor principal e dois responsáveis solidários, cada qual Fl. 15288DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.209 7 referente a parte do lançamento, deve ser afastada a autuação, pela nulidade formal, para que sejam lavradas duas autuações, cada qual com os respectivos sujeitos passivos respondendo pela integralidade do crédito tributário desmembrado.” (vencidos, em relação ao tema, os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl) Decidiu ainda o colegiado, serem improcedentes as demais razões de nulidade suscitadas pela DRJ, naqueles autos, da seguinte forma: (a) quanto à exigência de autorização específica para segundo exame, por unanimidade de votos; e, (b) quanto ao vício de incompetência jurisdicional da autoridade autuante, por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, que divergiam quanto aos critérios de definição de competência. Na ocasião, fui designado para redigir o voto vencedor e externar as razões para o afastamento da nulidade referente à incompetência jurisdicional. Assim, aproveito as razões então externadas para realizar, preliminarmente, análise histórica das autuações lavradas em relação às empresas, sob o mesmo pano de fundo de ocultação em operações de importação. 1. Das autuações anteriores Quando da redação do voto vencedor no processo no 10074.721487/201208, elaborei quadro demonstrativo referente às autuações anteriores, para facilitar sua visualização, e que aqui reproduzo, com atualizações: Processo Unidade e data de lavratura Penalidade aplicada Objeto e período fiscalizados Sujeição Passiva Situação 10074.0010 34/201091 IRF/Rio de Janeiro (22/07/10) Multa por cessão de nome (10% do valor da operação) 62 DI, registradas pela “PRAIAMAR”, de 30/08/2006 a 26/01/2009. “PRAIAMAR” Autuação julgada improcedente, no mérito (DRJ). Recurso de Ofício provido em parte, por qualidade, para manutenção da multa a partir de 15/06/2007 (Acórdão 3401002.313, de 23/07/2013). Negado seguimento ao recurso especial. Débitos inscritos em dívida ativa (R$ 9.524.415,22). 10074.0016 95/201017 IRF/Rio de Janeiro (26/10/10) Multa substitutiva do perdimento (100% do valor aduaneiro) 23 DI, registradas pela “PRAIAMAR”, de 21/03/2007 a 05/08/2008. “CERVEJARIA” Autuação julgada improcedente, no mérito (DRJ). Recurso de Ofício negado, unânime (Acórdão 3302001.796, de 26/09/2012). Processo arquivado. 10730.0030 34/201126 IRF/Rio de Janeiro – DRF/ Niterói (17/03/11) Multa por cessão de nome (10% do valor da operação) 23 DI, registradas de 11/07/2008 a 23/04/2010. “BARLEY” Autuação julgada improcedente, no mérito (DRJ). Recurso de Ofício negado, unânime (Acórdão 3201001.254, de 19/03/2013), sem recurso da PGFN, pronto para arquivo. Fl. 15289DF CARF MF 8 10730.7221 04/201220 IRF/Rio de Janeiro – DRF/ Niterói (31/01/12) Multa por cessão de nome (10% do valor da operação) 26 DI, registradas em 2010 e 2011, na ALF/Paranaguá e na DRF/Niterói. “BARLEY” Autuação julgada improcedente, no mérito (DRJ). Recurso de Ofício negado, unânime (Acórdão 3403002.630, de 27/11/2013). sem recurso da PGFN, com despacho determinando arquivamento. 10907.7203 50/201288 ALF/Para naguá (08/03/12) Multa substitutiva do perdimento (100% do valor aduaneiro) para 34 DI, e multa por diferença entre o preço declarado e o efetivament e praticado, para 25 DI 34 DI, registradas de 18/09/2008 a 16/05/2011, pela filial de Paranaguá. “BARLEY” Autuação julgada nula, na preliminar, por incompetência da autoridade autuante (DRJ). Recurso de Ofício negado, unânime, reconhecendo a incompetência (Acórdão 3403 003.049, de 22/07/2014) sem recurso da PGFN, com retorno dos autos á unidade preparadora. A unidade preparadora efetuou pedido de orientação à DISIT/SRRF09, sobre a possibilidade de nova lavratura de auto de infração, em função do artigo 173, II do CTN, obtendo resposta positiva, em função de ser entendido como formal o vício identificado, recomendandose que as unidades trabalhem de forma conjunta. Foi, então, lavrada nova autuação no processo no 10907.721348/201731, que ainda não foi objeto de apreciação pela DRJ. 10074.7214 87/201208 IRF/Rio de Janeiro (05/04/13) Multa substitutiva do perdimento (100% do valor aduaneiro) 52 DI, registradas por “BARLEY” e por “PRAIAMAR”, de 07/2008 06/2012 “CERVEJARIA”, “BARLEY” e “PRAIAMAR” Autuação julgada nula, na preliminar, por ilegitimidade passiva, reexame sem autorização e incompetência da autoridade autuante, por prevenção de jurisdição (DRJ). Recurso de Ofício negado, por maioria (Acórdão 3401003.293, de 25/01/2017) sem recurso da PGFN, com retorno à unidade da RFB autuante. Percebese nitidamente que os processos no 10074.001034/201091 10074.001695/201017 não possuem nenhuma DI coincidente com o presente, visto que naqueles autos todas as DI foram registradas pela “PRAIAMAR”, e, nestes, todas foram registradas pela “BARLEY”. Não há, assim, coincidência de objeto. No processo no 10730.003034/201126, a autoridade aduaneira sequer relaciona as DI autuadas, fazendo apenas precária menção a datas de registro e fechamentos de câmbio, com equívocos e alegações genéricas que acabaram por culminar na improcedência do lançamento, no mérito. Entre as datas de registro (11/07/2008 a 23/04/2010) de DI pela “BARLEY”, várias que poderiam ser coincidentes com o período de que trata o presente processo (julho de 2008 a junho de 2012). No processo no 10730.722104/201220, a imputação, fundada em relatório fiscal de quatro paginas, igualmente genérico e deficiente, relaciona, em anexo, as seguintes DI, registradas pela “BARLEY” (matriz/filial), para importação de malte, tendo como exportador “GREENTAG INVESTMENT LLP”: Fl. 15290DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.210 9 Matriz (CNPJ no 09.193.169/000180): Filial (CNPJ no 09.193.169/000341): A baixa qualidade da autuação também ensejou sua improcedência, em julgamento unânime, do qual participei, em 27/11/2013: “AUSÊNCIA DE PROVA. O ilícito fiscal deve ser provado por meios de prova robustas conjectura se revela ineficaz e leva a inconsistência do crédito tributário, motivo pelo qual impõe negar provimento ao recurso de ofício (sic).” (Participaram do julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Rosaldo Trevisan, Alexandre Kern, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho – relator). Tal precariedade das duas autuações lavradas contra a “BARLEY”, pela IRF/Rio de Janeiro (por meio da DRF/Niterói), foi denunciada no processo no 10907.720350/201288, no qual a ALF/Paranaguá afirmou que foram registradas 34 DI pela filial parnanguara da “BARLEY”, de 18/09/2008 a 16/05/2011, tendo havido autuação pela DRF/Niterói somente em relação 13 DI (processo no 10730.003034/201126), e, ainda assim, sem as multas substitutivas de perdimento, e sem a verificação do preço declarado na operação, pelo que iniciou procedimento de fiscalização, cientificado à filial em 23/05/2011, para eventualmente preencher o que designou por “lacunas” daquela autuação; e, após a ciência do início da ação fiscal por Paranaguá, a unidade de jurisdição da matriz (DRF/Niterói), como narra o autuante, “de forma até atípica e inesperada”, deu início a novo procedimento de fiscalização em 26/07/2011, buscando “aparentemente complementar ao anterior por ela conduzido”, estendendo o lançamento a outras operações, aí incluídas outras 13 DI registradas pela filial de Paranaguá que não constavam do procedimento anterior, chegando à lavratura de Fl. 15291DF CARF MF 10 novo auto de infração (cientificado em 01/02/2012), no processo no 10730.722104/201220. Tabelas presentes naqueles autos permitem identificar as 13 DI da filial constantes da primeira autuação, as 13 DI constantes da segunda autuação, e outras 8 que sequer foram objeto de autuação. Nestes autos, acabase por desvendar quais as 23 DI que são objeto da primeira autuação da IRF/Rios de Janeiro (por meio da DRF/Niterói – processo no 10730.003034/2011 26): E, também na autuação lavrada pela ALF/Paranaguá, mais completa e detalhada, é efetuada análise comparativa dos três lançamentos (dois da IRF/Rio de Janeiro DRF/Niterói e o levado a cabo pela ALF/Paranaguá): Nítido, assim, o universo dos lançamentos efetuados em cada DI referente à “BARLEY”. Entretanto, a ALF/Paranaguá, apesar de efetuar trabalho bem mais cuidadoso que aquele presente nas autuações anteriores, não respeitou aspectos formais relativos ao processo administrativo, o que acabou por ensejar a nulidade da autuação pela DRJ, basicamente com dois dos motivos presente nestes autos: reexame de mesmo exercício sem ordem específica da autoridade competente, e incompetência da autoridade autuante (visto que a formalização da exigência previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que Fl. 15292DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.211 11 dela primeiro conhecer, ainda que realizada por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do contribuinte). Tendo atuado como relator no processo referente ao julgamento do recurso de ofício daqueles autos, no CARF, acordei apenas com o argumento referente à prevenção da jurisdição, como se percebe do seguinte excerto do voto condutor, unanimemente acolhido pelo colegiado, no Acórdão no 3403003.049: “Assim, a unidade da RFB em Paranaguá, ao detectar “lacunas” na autuação efetuada pela DRF/Niterói, deveria, ao invés de iniciar procedimento fiscal e se revelar surpresa com pela forma “atípica e inesperada” com que aquela DRF carioca conduziu célere fiscalização complementar (rechaçada de forma ainda mais veemente pela DRJ, diante da precariedade), colaborar com a nova autuação levada a cabo no Rio de Janeiro, fornecendo elementos para que fosse mais consistente, o que poderia até ter eventualmente afastado a improcedência da segunda autuação. Restou nítida na presente autuação a falta de colaboração entre as unidades da RFB, que chegou a beirar a desconfiança de uma em relação a outra, em procedimento que nada contribui para o nome que a instituição passou a utilizar a partir de sua última reforma, em maio de 2007: Receita Federal do Brasil. Sendo a jurisdição da DRF/Niterói, por prevenção, devese reconhecer a existência de causa de nulidade relacionada no art. 59, I do Decreto no 70.235/1972, por incompetência da unidade que lavrou o auto de infração em apreciação nestes autos. Identificada motivação suficiente para negativa do recurso de ofício, desnecessário se faz prosseguir com a análise do mérito.” Por fim, mencionese o processo no 10074.721487/201208, no qual a IRF/Rio de Janeiro aplica multa substitutiva do perdimento a “CERVEJARIA”, “BARLEY” e “PRAIAMAR”, referente a 52 DI, registradas por “BARLEY” e por “PRAIAMAR”, de 07/2008 a 06/2012, nas quais teria havido ocultação do real adquirente das mercadorias. Em tal caso, a DRJ identifica os mesmos três vícios referidos no presente processo: “ILEGITIMIDADE PASSIVA. VÍCIO. Padece de vício o lançamento efetuado com erro na identificação do sujeito passivo da obrigação tributária. NULIDADE. VÍCIO FORMAL. É nulo, por vício formal, o procedimento fiscal referente ao reexame de mesmo exercício realizado sem ordem específica da autoridade competente. AUTORIDADE AUTUANTE. COMPETÊNCIA. A formalização da exigência previne a jurisdição e prorroga a competência da Fl. 15293DF CARF MF 12 autoridade que dela primeiro conhecer, ainda que realizada por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do contribuinte.” Na análise do processo, no CARF, chegouse à conclusão exposta no início deste voto, de que “[no] lançamento que invoca um sujeito passivo como devedor principal e dois responsáveis solidários, cada qual referente a parte do lançamento, deve ser afastada a autuação, pela nulidade formal, para que sejam lavradas duas autuações, cada qual com os respectivos sujeitos passivos respondendo pela integralidade do crédito tributário desmembrado”. Tal processo derradeiro trata das seguintes DI: Aclaradas as questões referentes aos demais processos nos quais figuram as autuadas, cabe a análise dos argumentos utilizados pela DRJ para declarar a nulidade formal da autuação. 2. Das razões para nulidade da autuação suscitadas pela DRJ A DRJ, no presente processo, apesar de revelar entendimento pela caracterização da ocultação e da vinculação entre exportador e importador, declara nulo o lançamento, basicamente, por três motivos: (a) vício de sujeição passiva – lavratura de autuações contra sujeitos distintos responsáveis por penalidades diversas em um mesmo processo (a multa por cessão de nome prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, por exemplo, aplicase somente ao ocultante – “BARLEY”, enquanto as demais infrações seriam aplicáveis também aos demais responsáveis, se caracterizada a participação conjunta); (b) o lançamento se refere a períodos e declarações já autuados em processos distintos, alguns inclusive já julgados, tratando indiscutivelmente dos mesmos fatos, ao invocar o “modus operandi”, referenciando procedimentos anteriores, caracterizandose “nova fiscalização de período já fiscalizado”, por unidade diversa da jurisdicionante, e sem a autorização escrita a que se refere o artigo 42 do Decreto no 7.574/2011, e sem que possa ser considerado o auto um “lançamento complementar”, na dicção do artigo 41 do mesmo Decreto no 7.574/2011; e (c) tanto a lavratura da autuação quanto a ciência aos sujeitos passivos ocorreram em datas posteriores aos procedimentos anteriores (inclusive já julgados), tendo havido prevenção da jurisdição pela DRF/Niterói e pela ALF/Paranaguá. Destaca ainda a DRJ, de forma tímida, menção à divergência entre a lista de DI autuadas e aquelas que constam do relatório fiscal, sem afirmar categoricamente que ensejaria nulidade (fl. 15163): Fl. 15294DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.212 13 “Finalmente, cumpre registrar que as impugnantes contestam a correção da relação das Declarações de Importação autuadas, frente aos demonstrativos do auto de infração, alegando haver divergência em relação a quais Declarações de Importação realmente foram autuadas.” De fato, o Auto de Infração (fls. 3 a 28) traz as seguintes condutas, relacionadas a declarações de importação (DI), nem sempre presentes na parte inicial do relatório fiscal: n. DI (Auto) Multa por prestação de informação inexata (1%) Multa por cessão de nome (10%) Multa por diferença de preço (100%) Relatório Fiscal Observações 01 08/12204896 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 02 08/14693789 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 03 08/16683829 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 04 08/18151352 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 05 08/18921956 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 (sem superfaturamento) 06 08/19756240 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 07 09/00412695 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 08 09/02657555 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 09 09/03141242 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 Fl. 15295DF CARF MF 14 (inclusive superfaturamento) 10 09/05364877 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 11 09/05730920 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 (sem superfaturamento) 12 09/08178659 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim Registrado em duplicidade na autuação (fls. 15 e 16); DI constante nos processos n. 10730.003034/2011 26 e 10.907.720350/201288 (inclusive superfaturamento) 13 09/11282119 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 14 09/11425521 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 15 09/12408213 Sim (“ZUCHETTI”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 16 09/14181429 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 17 09/14209064 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim Registrado em duplicidade na autuação (fls. 14 e 15); DI constante nos processos n. 10730.003034/2011 26 e 10.907.720350/201288 (inclusive superfaturamento) 18 09/17497931 Sim (“ZUCHETTI”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 19 09/17735743 Sim (“ZUCHETTI”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 20 09/18463879 Sim (“ZUCHETTI”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) Fl. 15296DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.213 15 21 10/00176365 Sim (“ZUCHETTI”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 22 10/01421495 Sim (“ZUCHETTI”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 23 10/02235300 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 24 10/02383708 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 25 10/02383759 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 26 10/03038494 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 (inclusive superfaturamento) 27 10/06275152 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 28 10/07267455 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 29 10/07364779 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 30 10/08871976 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 31 10/10374615 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 32 10/14209058 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 33 10/14324744 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 Fl. 15297DF CARF MF 16 08 34 10/14324906 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 35 10/14951218 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 36 10/16617099 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 37 10/19664373 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 38 10/20469520 Sim (“GRENNTAG”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 39 10/21078788 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 40 10/21079563 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim Registrado em duplicidade na autuação (fls. 10 e 11); DI constante nos processos n. 10730.722104/2012 20 e 10074.721487/201208 41 10/21901204 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 42 11/00756525 Sim (“GRENNTAG”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 43 11/01628512 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 44 11/04062404 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 45 11/05054847 Sim (“GRENNTAG”) Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) Fl. 15298DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.214 17 46 11/07570389 Sim (“GRENNTAG”) Não Não Sim Registrado em duplicidade na autuação (fls. 9 e 10); DI constante nos processos n. 10730.722104/2012 20 e 10074.721487/201208 47 11/08845993 Sim (“GRENNTAG”) Não Não Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (inclusive superfaturamento) 48 11/10183269 Sim (“GRENNTAG”) Não Sim Sim DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10074.721487/2012 08 49 11/11585867 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 50 11/12574885 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 51 11/13568811 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 52 11/17238360 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 53 11/18407077 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 54 11/18444622 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 55 11/19966541 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 56 11/21233025 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 57 11/21492420 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim Registrado em duplicidade na autuação (fls. 7 e 8); DI constante no processo n. 10074.721487/201208 58 11/23843220 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 59 12/00412828 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 60 12/00772000 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 61 12/01994723 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 62 12/04936627 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 63 12/07472591 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 Fl. 15299DF CARF MF 18 64 12/11739858 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 65 12/11916695 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 Assim, quem lê a parte inicial da autuação (fls. 6 a 17), referente à multa de 1%, e releva as 5 duplicidades, encontra 65 declarações de importação. Mas se o leitor seguir adiante, na autuação, às fls. 23 a 27, que tratam da mesma multa de 1%, encontrará duas DI não relacionadas na parte inicial, totalizando 67 declarações: 66 09/09894986 Sim (“ZUCHETTI”) Não Não Sim DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 (inclusive superfaturamento) 67 11/22918331 Sim (“GRENNTAG”) Sim Sim Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 E, se seguir ainda adiante, na planilha 1, anexa à autuação (fls. 31 a 33), encontrará ainda outras 16 declarações, totalizando 83 DI, para a mesma multa de 1%: 68 08/10121454 Sim (“MALTERIA”) Não Não Não consta DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 69 08/13039244 Sim (“CARGILL”) Não Não Não consta 70 08/17945070 Sim (“PRAIRIE”) Não Não Não consta DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 (sem superfaturamento) 71 09/00683923 Sim (“CARGILL”) Não Não Não consta DI constante nos processos n. 10730.003034/201126 e 10074.721487/2012 08 72 10/01281855 Sim (“WEYERMANN”) Não Não Não consta DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 (sem superfaturamento) 73 10/03038516 Sim (“CARGILL”) Não Não Não consta DI constante no processo n. 10.907.720350/201288 (sem superfaturamento) 74 10/10374623 Sim (“CARGILL”) Não Não Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (sem superfaturamento) 75 10/20470137 Sim (“CARGILL”) Não Não Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (sem Fl. 15300DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.215 19 superfaturamento) 76 11/05054910 Sim (“CARGILL”) Não Não Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (sem superfaturamento) 77 11/08844644 Sim (“CARGILL”) Não Não Não consta DI constante nos processos n. 10730.722104/201220 e 10.907.720350/2012 88 (sem superfaturamento) 78 11/17751955 Sim (“WEYERMANN”) – Planilha; ou Não – (relatório) Sim Não Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 79 11/17753214 Sim (“WEYERMANN”) – Planilha; ou Não – (relatório) Sim Não Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 80 11/17754288 Sim (“WEYERMANN”) – Planilha; ou Não – (relatório) Sim Não Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 81 12/03432161 Sim (“MALTERIA”) –Planilha; ou Não – (relatório) Sim Não Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 82 12/08086261 Sim (“MALTERIA”) –Planilha; ou Não – (relatório) Sim Não Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 83 12/11739807 Sim (“MALTERIA”) –Planilha; ou Não – (relatório) Sim Não Sim DI constante no processo n. 10074.721487/201208 Assim, há clara divergência interna no procedimento fiscal em relação ao que foi efetivamente computado no cálculo da multa de 1%. Tal divergência, entretanto, não enseja nulidade, mas, no máximo, improcedência da autuação naqueles itens onde se verifique duplicidade ou falta de justificativa em relatório fiscal para o lançamento. Pelo exposto, não entendemos ser tal item preliminar relevante na análise do recurso de ofício, cabendo seu exame apenas em caso de enfrentamento de mérito, na hipótese de integral acolhida do recurso de ofício. Passase, então, à verificação das citadas razões da DRJ para declaração de nulidade, nestes autos. 2.1. Da necessidade de autorização para nova fiscalização de mesmo período Fl. 15301DF CARF MF 20 Afirma a DRJ que o lançamento se refere a períodos e declarações já autuados em processos distintos, alguns inclusive já julgados, tratando indiscutivelmente dos mesmos fatos, ao invocar o “modus operandi”, referenciando procedimentos anteriores, caracterizandose “nova fiscalização de período já fiscalizado”, por unidade diversa da jurisdicionante, e sem a autorização escrita a que se refere o artigo 42 do Decreto no 7.574/2011, e sem que possa ser considerado o auto um “lançamento complementar”, na dicção do artigo 41 do mesmo Decreto no 7.574/2011. Sobre o tema, endossamos as palavras proferidas por ocasião do julgamento do processo no 10907.720350/201288, tendo no polo passivo as mesmas empresas, e acolhidas unanimemente, pelo colegiado, no Acórdão no 3403003.049, em 23/07/2014: “A nulidade encontrada pela DRJ em relação à necessidade de autorização específica para reexame não encontra guarida legal, mas de disposição regulamentar contida no art. 42 do Decreto no 7.574/2011: “Subseção V Do Segundo Exame da Escrita Art. 42. Em relação ao mesmo exercício, só é possível um segundo exame, mediante ordem escrita do Superintendente, do Delegado ou do Inspetor da Receita Federal do Brasil (Lei no 2.354, de 1954, art. 7o, § 2o; Lei no 3.470, de 1958, art. 34).” (grifo nosso) Tal disposição nitidamente tem como base legal dois comandos legais afetos ao imposto de renda: "Art. 7o Os agentes fiscais do imposto de renda procederão ao exame dos livros e documentos de contabilidade dos contribuintes e realizarão as diligências e investigações necessárias para apurar a exatidão das declarações, balanços e documentos apresentados, e das informações prestadas e verificar o cumprimento das obrigações. § 1o Iniciada a perícia contábil, nos termos deste artigo, os agentes fiscais do imposto de renda ficam obrigados a fazer a necessária comunicação à repartição a que estiverem jurisdicionados dentro do prazo de 10 (dez) dias. § 2o Em relação ao mesmo exercício só é possível um segundo exame da escrita mediante ordem escrita dos delegados seccional ou regional ou do diretor da Divisão do Imposto de Renda.” (grifo nosso) “Art 34. Os inspetores chefes das Inspetorias do Imposto de Renda poderão: I designar os agentes fiscais do Imposto de Renda para procederem ao exame dos livros e documentos de contabilidade dos contribuintes; II aplicar as multas previstas na legislação do imposto de renda; e III determinar o lançamento ‘ex officio’.” Tal comando regulamentar é corretamente repetido no Regulamento do Imposto de Renda (RIR), em seu art. 906. Fl. 15302DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.216 21 Contudo, é inexistente no Regulamento Aduaneiro, que não está a tratar de “segundo exame da escrita”, ou mesmo de “exercício”, mas de revisão aduaneira, amparado por base legal diversa (o art. 54 do DecretoLei no 37/1966). A utilização inadequada de institutos tributários em matéria aduaneira é fruto da pouca maturidade com que se analisa a temática de comércio exterior no Brasil, com o vetusto viés tributário da década de 1960. Nenhuma das multas lançadas na autuação tem relação direta com tributos.” E tais considerações permanecem hígidas no que se refere à presente autuação (que, definitivamente, não se refere a tributos, mas a multas para as quais a ausência de recolhimento de tributos é absolutamente irrelevante – cessão de nome para ocultação, prestação de informação inexata e superfaturamento – que, inclusive, geraria recolhimento a maior de tributos), não havendo guarida para a declaração de nulidade pretendida pela DRJ na seara aduaneira. 2.2. Da prevenção da jurisdição Afirma a DRJ que tanto a lavratura da autuação quanto a ciência aos sujeitos passivos ocorreram em datas posteriores aos procedimentos já julgados, tendo havido prevenção da jurisdição pela DRF/Niterói e pela ALF/Paranaguá. Como informado na coluna específica da tabela constante no tópico anterior, há 26 DI no presente processo que foram objeto de exigência de multa por cessão de nome (10%) nos autos do processo no 10730.722104/201220, multa esta já definitivamente afastada administrativamente, como exposto no tópico 1 deste voto. E também figuram nestes autos 23 DI que foram objeto de exigência da mesma multa de 10% nos autos do processo no 10730.003034/201126, igualmente afastadas em definitivo, administrativamente. Cabe destacar que não se está exigindo novamente tal multa (de 10%) nestes autos, mas penalidades distintas, para condutas diferentes: prestação de informação inexata (1%) e superfaturamento (100%). Em voto vencedor no processo no 10074.721487/201208, destacamos que os citados processos (no 10730.003034/201126 e no 10730.722104/201220), foram lavrados na DRF/Niterói (local de lavratura), e que a unidade responsável é justamente a IRF/Rio de Janeiro. Isso consta expressamente em ambas as autuações. Reparese que a mudança no local de lavratura não altera a unidade da RFB responsável, no presente processo, não havendo que se falar, no caso, em prevenção. Assim, também não há que se falar em prevenção de jurisdição no que se refere ao processo no 10074.721487/201208, no qual foi exigida pela mesma IRF/Rio de Janeiro multa substitutiva do perdimento (sequer aplicada no presente processo) em relação a 52 DI, das quais 48 também figuram nestes autos. Fl. 15303DF CARF MF 22 A ALF/Paranaguá, por sua vez, nos autos do processo no 10907.720350/201288, formalmente anulado pelo CARF, mas refeito pela unidade, e ainda em trâmite administrativo, aplicou multa substitutiva do perdimento (100% do valor aduaneiro), por ocultação do real adquirente, e multa por diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado (100%), em 34 DI que constam também do presente processo. Para 25 delas, assinaladas nas tabelas com a expressão (inclusive superfaturamento), há coincidência também de penalidade (diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado). Recordese que nos autos de tal processo, referente à autuação lavrada pela ALF/Paranaguá, concluiu o CARF que efetivamente houve prevenção da jurisdição pela unidade do Rio de Janeiro. Assim, como se destacou no voto vencedor proferido no processo no 10074.721487/201208, aqui já citado: “Ademais, tal autuação, que figura no citado processo no 10907.720350/201288, já foi julgada, administrativamente, por este tribunal administrativo, em 2014, não constando andamento posterior no processo, na consulta efetuada no sítio eletrônico do CARF. E o julgamento foi no sentido de que a ALF/Paranaguá seria incompetente para a lavratura da autuação, por haver prevenção por parte da DRF/Niterói. Assim, reconhecer, agora, que a ALF/Paranaguá é que seria preventa constituiria uma ofensa à segurança jurídica, um ‘desfazimento do que já não mais pode ser desfeito’.” Por mais que haja informação, nestes autos, de novidades no desfecho do processo no 10907.720350/201288 (nova lavratura de auto de infração, já com saneamento do vício referente à prevenção), cabe destacar que resta claro que a ALF/Paranaguá não preveniu a jurisdição no que se refere aos temas aqui analisados. Devese, no entanto, ter cautela exclusivamente com as DI para as quais houve lançamento de multa pela diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado (com fundamento, basicamente, em dados do sistema INDIRA), tanto naqueles autos quanto nestes, para que se evite duplicidade de lançamento (ou de manutenção do lançamento). 2.3. Do vício na sujeição passiva Sustenta a DRJ que houve lavratura de autuações contra sujeitos distintos responsáveis por penalidades diversas em um mesmo processo (a multa por cessão de nome prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, por exemplo, aplicase somente ao ocultante – “BARLEY”, enquanto as demais infrações seriam aplicáveis também aos demais responsáveis, se caracterizada a participação conjunta). Concordamos plenamente com as conclusões da instância de piso, nesse aspecto. A multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007 é pela conduta de “ocultar”, e, logicamente, não pode ser aplicada a quem foi ocultado (a menos que este seja ocultante de um terceiro, nas operações autuadas). Incabível, assim, suscitar a aplicação de tal multa, no presente processo à “CERVEJARIA” (apontada exclusivamente como ocultada). No que se refere à “PRAIAMAR”, seria cabível a imputação apenas se comprovado que ela teria ocultado a “CERVEJARIA” de algum modo, nas DI registradas pela “BARLEY”. De qualquer sorte, temse, aqui, situação semelhante à evidenciada no processo no 10074.721487/201208, no qual se pretendia imputar responsabilidade solidária Fl. 15304DF CARF MF Processo nº 11762.720037/201385 Acórdão n.º 3401004.247 S3C4T1 Fl. 15.217 23 “parcial”. E se reitera: não se crê, aqui, na viabilidade da figura da “responsabilidade solidária parcial”, a ser desmembrada em fase de execução. Por isso, naqueles autos concordamos com o relator quando este afirmou que “... os solidários não podem ser responsabilizados pela totalidade do crédito”, mas divergimos no momento em que sustentou ser o desmembramento viável mediante “simples segregação das DI, na execução do julgado, na via administrativa, ou no curso da execução fiscal”. Esclareçase que, em relação às três empresas, paira, para o fisco, uma dívida (sob litígio) no valor total, com todas as consequências daí advindas (em relação à situação fiscal, quitação da dívida e possibilidade de obtenção de parcelamento etc.). Entendo procedente o óbice levantado pela DRJ em relação à sujeição passiva, e que deve a autuação ser desmembrada em duas, uma referente à multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, pela qual responde somente a “BARLEY” (salvo entendimento do autuante de que tenha restado devidamente comprovado nos autos que a “PRAIAMAR” teria cedido nome para ocultar a “CERVEJARIA” nas DI registradas pela “BARLEY”), e outra referente ao superfaturamento e à multa por ausência de informação da vinculação entre exportador e importador. Nesta segunda autuação, deveria ainda unidade local também aclarar as razões da divergência aqui apontada entre as planilhas e a autuação, no que se refere ao número de DI autuadas, sem que isso implique a possibilidade de inclusão de qualquer valor que já não esteja relacionado na presente autuação. E, como a DRJ ainda não se pronunciou detalhadamente sobre o mérito em nenhuma das três penalidades (por mais que o julgador de piso tenha adiantado suas convicções, ainda que sem analisar detidamente as razões de defesa), e há coincidência de objeto da segunda autuação com a nova autuação levada a cabo pela ALF/Paranaguá (no que se refere a superfaturamento e dados do sistema INDIRA), deveria ser apensada a segunda autuação a ser lavrada (sobre superfaturamento e ausência de informação da vinculação entre partes) ao processo no 10907.721348/201731, evitando duplicidade de lançamento e decisões dissonantes, e contribuindo para a segurança jurídica. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício, exclusivamente no que se refere ao vício apontado na composição da sujeição passiva. Rosaldo Trevisan Fl. 15305DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.904999/2012-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO.
Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015.
A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelando-se provas precárias, insuficientes.
Numero da decisão: 3401-004.227
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO. Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015. A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelandose provas precárias, insuficientes. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Versam os autos sobre recurso voluntário, oriundo de processo de PER/DCOMP, no qual o sujeito passivo indicou suposto crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição apurado sob o regime da nãocumulatividade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 49 99 /2 01 2- 31 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10925.904999/201231 Acórdão n.º 3401004.227 S3C4T1 Fl. 3 2 O pedido da recorrente foi indeferido através do Despacho Decisório Eletrônico que instrui os autos, onde informouse que o pagamento indicado estava totalmente utilizado para a quitação de débitos da Contribuinte, não restando crédito disponível. Irresignada, apresentou manifestação de inconformidade defendendo que recolheu contribuições indevidamente, vez que não tinha efetuado exclusões da base de cálculo da referida contribuição, previstas em lei. Apresentou DACON retificadora onde apura saldo credor, de modo que o recolhimento feito anteriormente, mostrase indevido, logo, passível de restituição. Asseverou que, por um lapso, deixou de retificar tal informação em DCTF e que a informação em DACON é suficiente para demonstrar seu direito. Defende que a circunstância de não retificar a DCTF não inviabiliza a restituição de valores comprovadamente indevidos. Sobreveio acórdão nº 07030.979 da DRJ/FNS, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, de acordo com a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITO PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é indevido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Regularmente cientificada desta decisão, a recorrente interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário ora em apreço, onde essencialmente repisa os argumentos da manifestação de inconformidade, afirmando possuir o direito pleiteado e citando o Acórdão nº 3302002.104 do CARF como jurisprudência que entende amparar seu pleito. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.207, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10925.904977/201271, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10925.904999/201231 Acórdão n.º 3401004.227 S3C4T1 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.207): "I. Do conhecimento e admissibilidade dos recursos voluntário O recurso voluntário é tempestivo, vez que a Recorrente fora cientificada da decisão da DRJ, em 21/05/2013 (efl. 64), vindo a ser interposto recurso voluntário, 19/06/2013. Assim, preenchidos os requisitos formais de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II. Do mérito O julgamento deste processo servirá de paradigma aos demais processos vinculados, seguindo, portanto, a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Como se viu do Relatório acima, entende a Recorrente que faz jus a compensação da contribuição para o PIS, referente ao mês de abril 2005, vez que teria o recolhido indevidamente, não excluindo de sua base de cálculo parcelas autorizadas pela legislação de regência. Para dar azo ao seu suposto direito, em 21/08/2009, apresentou DACON retificador. O artigo 16 do Decreto 70.235/72 exige que o contribuinte apresente provas documentais no momento da impugnação, porém, este E. Tribunal tem flexibilizado em razão do princípio da verdade material, possibilitando que o sujeito passivo produza provas em momento posterior. Em casos em que o contribuinte não traz qualquer prova DARF, DCTF, Livros contábeis, etc), este CARF tem entendido que tal ônus é da parte que pleiteia o crédito, dentre outros, acórdão 3401003.652, referente ao processo 13888.900243/201467, de minha relatoria, o qual também serviu de paradigma. Diz a Recorrente que tentou fazer sua DCTF retificadora logo após o despacho decisório, porém recebera informação "... (mensagem de erro) de que o prazo para a retificação de informações havia expirado." (efl. 68), porém, não há nos autos tal prova. Defende que seus créditos são advindos de ter deixado de excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS, parcelas legalmente admitidas pela legislação de regência (artigo 15 da Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10925.904999/201231 Acórdão n.º 3401004.227 S3C4T1 Fl. 5 4 MPV 2.158351; artigo 17, da Lei 10.684/20032 e artigo 1° da Lei 10.676/20033. As hipóteses de exclusão contidas nas legislações referidas são variadas, porém, a Recorrente apenas trouxe a prova no DACON, o qual não traz a origem destes créditos, ou seja, o nexo causal da retificação com a real existências destes tais créditos, ou qualquer explicação ou elemento de prova que indique com precisão o valor do pleito à restituir; e o DARF, do recolhimento supostamente indevido. Como se sabe, em sede de pedido de restituição e/ou compensação, o ônus da prova cabe ao contribuinte, por força do artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I, do CPC/1973 (vigência à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015, o 1 Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 2 Art. 17. Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e no art. 1o da Medida Provisória no 101, de 30 de dezembro de 2002, as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. 3 Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. § 1o As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2o Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3o O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10925.904999/201231 Acórdão n.º 3401004.227 S3C4T1 Fl. 6 5 que, no caso dos autos, no entender deste relator, não fora feito pela Recorrente. O DACON e DARF juntados pela Recorrente não são provas suficientes para comprovar, minimamente, o direito à restituição perseguido, revelandose provas precárias para este fim. Dispositivo Com estas considerações, conheço do recurso voluntário e lhe nego provimento." Registrese que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, a recorrente trouxe como provas de seu suposto crédito, apenas a DACON retificadora e DARF, sendo estes, consoante entendimento exposto, elementos insuficientes para comprovar o direito à restituição. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.900669/2010-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/09/2005
ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITOS. RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS. RECEITA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INCIDÊNCIA.
Os valores contabilizados pelas empresas administradoras de cartões de créditos como Rendas de Garantias Prestadas são receitas provenientes da prestação de serviços e devem ser incluídas na base de cálculo das contribuições sociais não-cumulativas.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/09/2005
ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITOS. RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS. RENDAS DE EMPRÉSTIMOS. RECLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL. ÔNUS DA PROVA.
Os valores contabilizados pelas empresas administradoras de cartões de créditos como Rendas de Garantias Prestadas e reclassificados posteriormente, devem ser segregados, demonstrados e provados pelo interessado, quando objetivarem respaldar alegação de direito creditório.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3401-004.201
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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(sucessora por incorporação de ABN AMRO ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/09/2005 ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITOS. RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS. RECEITA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INCIDÊNCIA. Os valores contabilizados pelas empresas administradoras de cartões de créditos como “Rendas de Garantias Prestadas” são receitas provenientes da prestação de serviços e devem ser incluídas na base de cálculo das contribuições sociais nãocumulativas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/09/2005 ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITOS. RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS. RENDAS DE EMPRÉSTIMOS. RECLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL. ÔNUS DA PROVA. Os valores contabilizados pelas empresas administradoras de cartões de créditos como “Rendas de Garantias Prestadas” e reclassificados posteriormente, devem ser segregados, demonstrados e provados pelo interessado, quando objetivarem respaldar alegação de direito creditório. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 06 69 /2 01 0- 31 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 16327.900669/201031 Acórdão n.º 3401004.201 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório O interessado transmitiu Per/Dcomp visando compensar débitos declarados com suposto crédito oriundo de pagamento a maior de 61 PIS nãocumulativa. A Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte emitiu despacho decisório eletrônico não homologando a compensação pleiteada, sob o argumento de que o pagamento informado fora integralmente utilizado na quitação de débitos da requerente, não restando saldo a ser utilizado. Irresignado com o indeferimento de seu pedido, o contribuinte interpôs manifestação de inconformidade onde alega, em síntese que: (a) não havia considerado na base de cálculo da contribuição as regras do Decreto nº 5.164/2004, revogado pelo Decreto nº 5.442/2005, que em seu artigo 1º reduziu a zero as alíquotas da contribuição sobre receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas a incidência nãocumulativa; (b) face ao alegado no item anterior, procedeu aos ajustes na base de cálculo das contribuições, evidenciando assim o recolhimento a maior; (c) os valores na DIPJ estão corretos, acordes com a nova apuração; (d) olvidouse de proceder à retificação na DCTF, solicitando que esta seja retificada de ofício. A decisão de primeira instância, foi pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindose que as receitas contabilizadas como “Rendas de Garantias Prestadas” não se caracterizam como receitas financeiras, sujeitas a redução à zero das alíquotas, nos termos do Decreto nº 5.164/2004, e não podem ser excluídas da base de cálculo do PIS e da Cofins apurada pelo contribuinte, indeferindo a solicitação do interessado, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Devidamente cientificada desta decisão, a recorrente apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário onde essencialmente reitera a argumentação expressa na manifestação de inconformidade. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.187, de Fl. 107DF CARF MF Processo nº 16327.900669/201031 Acórdão n.º 3401004.201 S3C4T1 Fl. 4 3 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 16327.900662/201019, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.187): "O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como visto do relatório, tratase de DCOMP, visando a compensar débitos nele declarados, com créditos oriundos de pagamentos a maior de contribuições sociais nãocumulativas. A ora recorrente, impugnou o não reconhecimento o direito creditório, defendendo que efetuou recolhimentos a maior em DARF, por não haver considerado nas bases de cálculo os ditames do art. 1º, do Decreto n° 5.164/04, que reduziu à zero a alíquota das contribuições sociais nãocumulativas, incidentes sobre receitas financeiras, conforme planilha (doc n° 4) apontando a conta COSIF 7.1.9.70.004 (RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS) e cópia da página do balancete mensal, onde constariam as receitas financeiras que teriam tido as alíquotas reduzidas a zero (doc n° 5). Diante desses argumentos, entendeu a decisão recorrida que os valores contabilizados como “Rendas de Garantias Prestadas” não poderiam ser considerados receitas financeiras, pelas empresas prestadoras de serviços de administração de cartões de créditos, mas sim receitas provenientes da prestação de serviços. Destaca a recorrente, somente agora em recurso voluntário, que o crédito pleiteado é oriundo da reclassificação de valores das contas COSIF 7.1.9.70.004 (RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS) para 7.1.1.05.006 (RENDAS DE EMPRÉSTIMOS), informação inserida na planilha (doc n° 4), apresentada junto com a impugnação, porém, não constando a conta 7.1.1.05.006, destino da reclassificação contábil alegada, na cópia da página do balancete mensal, onde constariam as receitas financeiras que teriam tido as alíquotas reduzidas a zero (doc n° 5), também, apresentada junto com a impugnação. Pois bem, entendo, sejam RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS ou RENDAS DE EMPRÉSTIMOS, as receitas em discussão fazem parte do objeto social da recorrente, empresa administradora de cartões de créditos, em razão disso, não enquadrandose como receita financeira e não fazendo jus à redução à zero das alíquotas ou à exclusão das bases de cálculo das contribuições sociais. Seguindo a mesma linha de abordagem da decisão recorrida, cujo voto condutor promoveu minuciosa analise da conta 7.1.9.70.004 (RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS), segundo o Cosif, a conta 7.1.1.05.006 (RENDAS DE EMPRÉSTIMOS), que faz parte do subgrupo 7.1.1.00.001 Fl. 108DF CARF MF Processo nº 16327.900669/201031 Acórdão n.º 3401004.201 S3C4T1 Fl. 5 4 Rendas de Operações de Crédito, o qual pertence ao grupo 7.1.0.00.008 Receitas Operacionais, tem como função “Registrar as rendas de empréstimos, que constituam receita efetiva da instituição, no período. Base Normativa: (Circular BCB 1273)”. Notar que a conta 7.1.1.05.006 (RENDAS DE EMPRÉSTIMOS), a qual alegase ter sido reclassificados os valores originalmente registrados na conta 7.1.9.70.004 (RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS), vinculase diretamente ao objeto social da recorrente, ambas, fazendo parte do bojo das suas receitas operacionais, subagrupadas em rendas de operações de crédito e outras receitas operacionais, respectivamente, constituindo receitas decorrentes do exercício da atividade empresarial das administradoras de cartões de crédito, que não se confundem com as oriundas de remuneração do capital nas operações financeiras. A incidência das contribuições sociais sobre as RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS foi mantida, por entender a decisão recorrida que, sendo cobrado do cliente da ora recorrente determinada importância, em contrapartida pela fiança/aval prestado, estaria caracterizada prestação de serviço próprio das administradoras de cartões de crédito. Ainda que seja feita uma divisão das receitas provenientes da atividade desempenhada pela recorrente, entre a prestação de fiança/aval e à concessão de empréstimos correlatos, ambas atividades, sujeitamse à incidência das contribuições sociais, mesmo que, na segunda hipótese, possa ser considerada uma atividade financeira, exclusivamente sujeita ao IOF, para fins de não ser tributável pelo ISS. Portanto, ainda que reclassificadas as rendas de empréstimos para a subconta 7.1.1.05.006 (sujeita ao IOF), estamos nitidamente diante de receitas provenientes de operações de crédito, oriundas do exercício das atividades empresariais típicas da recorrente, que não se confundem com as receitas de remuneração do capital em operações financeiras dissociadas do objeto social da empresa. Ressaltase que essas operações são consideradas autônomas e possuem regras próprias de contabilização no Cosif. As rendas das garantias prestadas são contabilizadas na subconta 7.1.9.70.004 (sujeita ao ISS), e as rendas de empréstimos são lançadas na subconta 7.1.1.05.006 (sujeita ao IOF). Determinante no presente caso, se da contabilização na conta 7.1.9.70.004 (RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS) o resultado foi a inclusão das receitas de empréstimos, fato timidamente ressaltado pela interessada e somente agora em recurso voluntário, é certo que deveria haver a demonstração destas ocorrências, acompanhada da documentação comprobatória pertinente, o que não foi o caso, nem no momento oportuno da manifestação de inconformidade (art. 16, do PAF), Fl. 109DF CARF MF Processo nº 16327.900669/201031 Acórdão n.º 3401004.201 S3C4T1 Fl. 6 5 nem agora em recurso voluntário, cabendo ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, nos termos do art. 36, da Lei nº 9.784/99, ainda mais, quando objetivarem respaldar alegação de direito creditório. Por certo, a conta de RENDAS DE GARANTIAS PRESTADAS, abarca prestação de serviços tributáveis pelas contribuições sociais nãocumulativas, em discussão, incidência demonstrada pela fiscalização, mantida pela decisão recorrida e ora convalidada, pelos mesmos fundamentos, não havendo, por parte do interessado, demonstração adequada, apenas, simples planilha apresentada (doc n° 4), além da inexistência de documento de prova no sentido da inclusão de RENDAS DE EMPRÉSTIMOS nesta conta, cabendo ao contribuinte segregar e provar a possível natureza distinta de tais receitas, não constando nem mesmo a conta 7.1.1.05.006 (RENDAS DE EMPRÉSTIMOS) na cópia da página do balancete mensal, onde estariam as receitas financeiras que teriam tido as alíquotas reduzidas a zero (doc n° 5). Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendose o não reconhecendo do direito creditório pleiteado, com a conseqüente não homologação da compensação declarada." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 110DF CARF MF
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Numero do processo: 19740.000345/2005-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2000
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998.
A base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2000
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998.
A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
Numero da decisão: 3401-003.422
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2000 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2000 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2000 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2000 a 31/05/2000 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 03 45 /2 00 5- 41 Fl. 264DF CARF MF 2 debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PER/DCOMP) transmitido em 15/06/2005 (fls. 2 a 7)1, referente a valores recolhidos indevidamente ou a maior a título de Contribuição para o PIS/PASEP, em 15/06/2000, no valor original de R$ 37.860,06, e de COFINS, na mesma data, no valor original de R$ 174.738,69. Após o procedimento fiscal de apuração da base de cálculo, e não havendo divergência entre os demonstrativos de base de cálculo apresentados e os valores pagos, e não tendo sido anexada prova do direito de crédito, concluiu a fiscalização que o pedido carece de fundamentação no parecer de fls. 54 a 57, que amparou o despacho decisório de fl. 58, pelo indeferimento do pedido de restituição. Ciente da decisão da unidade local da RFB em 22/12/2005 (AR à fl. 69), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 19/01/2006 (fls. 70 a 95), na qual sustenta que: (a) a empresa efetuou cálculo das contribuições, conforme Lei no 9.718/1998, sobre base diversa da constitucionalmente prevista, fazendo jus à restituição; (b) o STF julgou inconstitucional a ampliação da base de cálculo promovida pela Lei no 9.718/1998; (c) o fundamento constitucional da Contribuição para o PIS/PASEP é o art. 239 da Constituição Federal, tendo a empresa direito à restituição dos valores pagos a maior em relação ao que seria devido nos termos previstos na Lei Complementar no 7/1970; e (d) nos valores pleiteados de COFINS, a empresa incluiu, por equívoco, o montante de R$ 59.821,10, correspondente a receitas financeiras, que são objeto de pedido de restituição judicial (cópia às fls. 98 a 119), devendo ser retificado o pedido para R$ 114.917,59 (planilhas demonstrativas às fls. 120 a 124). Em 26/09/2008 é proferida a decisão de primeira instância (fls. 126 a 132), na qual se acorda unanimemente pelo indeferimento do pedido, diante da ausência de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 265DF CARF MF Processo nº 19740.000345/200541 Acórdão n.º 3401003.422 S3C4T1 Fl. 259 3 competência do tribunal administrativo para apreciação de (in)constitucionalidade, e do não cumprimento dos requisitos para alastramento de decisão judicial a litígios administrativos. Após ciência ao acórdão de primeira instância (fls. 250/251) em 03/11/2008, a empresa apresentou, em 02/12/2008, o recurso voluntário de fls. 143 a 177, basicamente reiterando as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e afirmando que a decisão de piso nega aplicação de entendimento pacificado pelo STF (RE no 357.950, 390.840, 358.273 e 346.084, que deve ser reconhecido na instância administrativa, e é expressamente acolhido pelo CARF então Conselho de Contribuintes). Em 19/05/2016 o processo foi a mim distribuído, não tendo sido indicado para pauta nos meses novembro e dezembro de 2016, por estarem as sessões suspensas por determinação do CARF. O processo, derradeiramente, não foi indicado para o mês de janeiro de 2017, por ser a pauta mera reprodução da referente ao mês de outubro de 2016, que também teve a sessão suspensa por determinação do CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Delimitação da matéria contenciosa Há apenas um tema em discussão, até o momento, no presente litígio administrativo: a fundamentação jurídica para o pedido de restituição, calcada na inconstitucionalidade da base de cálculo das contribuições na forma delineada na Lei no 9.718/1998. É de se destacar, contudo, que já não mais existe contencioso em relação a parcela do crédito demandado de COFINS, conforme esclareceu a própria empresa em sua manifestação de inconformidade (fl. 74): Passase, assim, a tratar, a seguir, do pedido já retificado, tal qual apresentado pela recorrente. Fl. 266DF CARF MF 4 Da demanda judicial da empresa Na manifestação de inconformidade, como exposto, a empresa, ao mesmo tempo em que reduz a matéria contenciosa, como disposto no tópico anterior, apresenta, como anexo, cópia de petição em ação ordinária (no 2005.51.01.0115397 fls. 98 a 119), na qual discute exatamente a constitucionalidade das alterações promovidas pela Lei no 9.718/1998, no que se refere a COFINS, no período de fevereiro de 1999 a dezembro de 2000, demandando restituição ou compensação dos valores recolhidos a maior exclusivamente sobre receitas financeiras. Nas planilhas que acompanham a manifestação de inconformidade, podese visualizar o período em análise no presente processo administrativo (maio/2000), em relação a COFINS. Do DARF de R$ 174.738,69, recolhido com alíquota de 3%, efetivamente entendeu a empresa serem R$ 59.821,10 referentes a receitas financeiras, demandando sua exclusão em juízo (fl. 120): No que se refere à Contribuição para o PIS/PASEP, visualização semelhante é obtida à fl. 122, com o valor pago relativo ao mês de maio de 2000, à alíquota de 0,65%, totalizando R$ 37.860,06: Fl. 267DF CARF MF Processo nº 19740.000345/200541 Acórdão n.º 3401003.422 S3C4T1 Fl. 260 5 O objeto da ação judicial, que ainda se encontra no TRF2, aguardando julgamento, pode ser visualizado no pedido inicial (fl. 118), efetivamente restrito a receitas financeiras que compõem a base de cálculo da COFINS, não prejudicando a análise da parte que remanesce contenciosa administrativamente. Da carência probatória do direito de crédito Como os pedidos de restituição sequer afirmavam porque teriam sido indevidos os pagamentos, a fiscalização intimou, em 04/07/2005, a empresa a comprovar seu direito de crédito, apresentando os seguintes documentos (fls. 8 e 9): A empresa atendeu prontamente apenas aos itens 4 e 5 (fls. 12 a 33). Quanto ao item 6, apesar de agora, após a manifestação de inconformidade, saberse da existência da ação ordinária no 2005.51.01.0115397, que interfere parcialmente no quantum a eventualmente restituir, a empresa, à época, silenciou sobre o litígio em juízo. No mais, apresentou apenas (fls. 34 a 51) DARF comprobatórios dos recolhimentos e balancete de maio de 2000, sendo os valores recolhidos absolutamente compatíveis com os balancetes apresentados. Nas planilhas de fls. 38 e 40, percebese que a COFINS foi efetivamente recolhida com alíquota de 3%, e a Contribuição para o PIS/PASEP com alíquota de 0,65%. Notase ainda a indicação de como foram compostas as bases de cálculo de ambas as contribuições: Fl. 268DF CARF MF 6 Como bem se afirma no parecer que ampara o despacho decisório, em momento algum relata a postulante ao crédito qual teria sido o motivo do pagamento indevido, visto que o valor pago, em relação a ambas as contribuições, estava estritamente de acordo com o declarado. O indeferimento do direito de crédito foi, assim, motivado por carência de fundamentação. E nem a manifestação de inconformidade nem o recurso voluntário suprem a carência, pois se limitam a invocar a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei no 9.718/1998, sem explicitar de que forma isso impactaria seu direito de crédito. No entanto, como a restituição se refere à totalidade dos valores pagos (à exceção, agora, da quantia referente a COFINS, sub judice), parece a empresa sustentar que nenhuma das rubricas das tabelas aqui reproduzidas constituiria faturamento, na visão do STF, e que tal visão deveria ser administrativamente aplicada. Fl. 269DF CARF MF Processo nº 19740.000345/200541 Acórdão n.º 3401003.422 S3C4T1 Fl. 261 7 Com o escopo de investigar tal argumento, passase a perscrutar o posicionamento de nossa suprema corte sobre o tema. Da inconstitucionalidade detectada pelo STF na Lei no 9.718/1998 e suas consequências administrativas Na apreciação do RE no 585.235/MG, de reconhecida repercussão geral (tema no 110), a suprema corte brasileira, fundada nos julgamentos mencionados pela recorrente em sua defesa, decidiu ser “inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3o, § 1o, da Lei no 9.718/98”: “EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3o, § 1 o, da Lei n o 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE n o 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1o.9.2006; REs n o 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP 00871)” (grifo nosso) Tal decisão efetivamente vincula o julgamento administrativo no âmbito do CARF, conforme previsão regimental específica (art. 62, § 2o, “b”, do atual RICARF). Vincula ainda a própria RFB (o que inclui as DRJ), conforme art. 19 da Lei no 10.522/2002, e alterações posteriores: “Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (...) II matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda; (...) § 4o A Secretaria da Receita Federal do Brasil não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que tratam os incisos II, IV e V do caput, após manifestação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. Fl. 270DF CARF MF 8 § 5o As unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil deverão reproduzir, em suas decisões sobre as matérias a que se refere o caput, o entendimento adotado nas decisões definitivas de mérito, que versem sobre essas matérias, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (...) § 7o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput.” (grifo nosso) Vêse, assim, que há expressa determinação legal para que a RFB aplique a jurisprudência pacífica do STF, inclusive a casos em que já tenha havido lançamento, desde que haja ato declaratório específico. Eis, então, uma das raras ocasiões, ao lado das referidas no art. 26A, acrescentado ao Decreto no 70.235/1972, em que se pode, administrativamente, julgar matéria envolvendo constitucionalidade de lei, sobrepondo a regra geral hoje plasmada na Súmula CARF no 2, de que “o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. É preciso, no entanto, cautela antes de aplicar, de forma geral, administrativamente, o entendimento do STF, principalmente no caso das instituições de que trata o art. 22, § 1o, I da Lei no 8.212/1991: “bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas”. Isso porque no RE no 585.235/MG não se tratou de tais instituições, mas daquelas nas quais as receitas financeiras não constituíam receitas operacionais, ligadas à atividade da empresa. Tal conclusão resta evidente pelo simples fato de o próprio STF ter reconhecido, após tal julgamento, a repercussão geral, no julgamento do RE no 609.096/RS (tema no 372), da discussão sobre a exigibilidade das contribuições (para o PIS/PASEP e COFINS) sobre as receitas financeiras de instituições financeiras. Assim, resta ilógico entenderse que o segundo tema resta abarcado por decisão proferida em relação ao primeiro. Endossa o aqui exposto a manifestação do próprio STF no sentido de distinguir as discussões sobre o conceito de faturamento (e seu alargamento pelo § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998) e sobre a abrangência do faturamento no que se refere a receitas de instituições financeiras: “EMENTA: CONSTITUCIONAL. LEGISLAÇÃO APLICADA APÓS O RECONHECIMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO. INCLUSÃO DAS RECEITAS FINANCEIRAS AUFERIDAS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO. MATÉRIA ESPECÍFICA NÃO PREQUESTIONADA. DECISÃO DE RECONSIDERAÇÃO QUE ALTERA O CONTEÚDO DECISÓRIO E CONTRARIA AS Fl. 271DF CARF MF Processo nº 19740.000345/200541 Acórdão n.º 3401003.422 S3C4T1 Fl. 262 9 RAZÕES DE DECIDIR DA DECISÃO RECONSIDERADA. REABERTURA DE PRAZO PARA RECORRER. AGRAVO IMPROVIDO. I O STF não tem competência para determinar, de imediato, a aplicação de eventual comando legal em substituição de lei ou ato normativo considerado inconstitucional. II A discussão sobre a inclusão das receitas financeiras auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento para fins de incidência da COFINS não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Ausência de prequestionamento da primeira matéria, que impossibilita a análise do recurso quanto ao ponto. III Alteração da parte dispositiva de decisão, de forma a contrair ou exceder os fundamentos mantidos na decisão modificada, não configura mera correção de erro de fato, mas caracteriza nova decisão, a justificar a reabertura do prazo para recurso. IV Agravo regimental improvido.(RE 582.258 AgR AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/04/2010, PROCESSO ELETRÔNICO DJe086 DIVULG 13052010 PUBLIC 14052010)” (grifo nosso) A declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, assim, não provoca, como deseja a recorrente, a consequência administrativa de exclusão de todas as receitas tidas como financeiras da base de cálculo das contribuições. Inaplicável, ao caso, então, a jurisprudência colacionada pela defesa, que trata de tema geral, que o próprio STF entende que não se confunde com o tema específico que está sob repercussão geral no bojo do RE no 609.096/RS. A Câmara Superior de Recursos Fiscais decidiu recentemente, de forma unânime, nesse sentido, de distinção entre a discussão sobre a inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, no que se refere a instituições financeiras: “COFINS CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. A partir da declaração de inconstitucionalidade do §1o do art. 3 o da Lei 9.718, pelo STF, o faturamento, base de cálculo da contribuição, não pode corresponder ao somatório de todas as receitas auferidas como ali disposto. Nos termos da remansosa jurisprudência do STF, em se tratando de empresa comercial, industrial ou de prestação de serviços, ela está, indubitavelmente restrita ao somatório das receitas da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos, dúvidas permanecendo apenas quanto às instituições financeiras.” (Acórdão no 9303004.360, Rel. Cons. Júlio César Alves Ramos, unânime, sessão de 08 nov. 2016) (grifo nosso) E não há ainda manifestação definitiva do STF sobre a base de cálculo das contribuições no caso de instituições financeiras, existindo tão somente o reconhecimento da repercussão geral da questão, e a manifestação em outro RE (no 400.4798/RJ), que o próprio STF entendeu como similar. Fl. 272DF CARF MF 10 E, por certo, instituições com a recorrente (seguradora) são tratadas no RE no 609.096/RS. Vejase, v.g., os seguintes julgamentos com sobrestamento em função do referido RE: “RE no 595.210 AgRED/SC Rel. Min. Carmen Lúcia (Primeira Turma) Julgamento em 02/09/2016 (...) Embargante: Santa Catarina Seguros e Previdência S.A. (...) EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REGÊNCIA: CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/1973. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS. INCIDÊNCIA. RECEITAS FINANCEIRAS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. CONCEITO DE FATURAMENTO. 1. Repercussão geral do tema reconhecida no Recurso Extraordinário n. 609.096. 2. Embargos de declaração acolhidos para, atribuindolhes efeitos infringentes, anular o acórdão embargado e determinar a devolução dos autos ao Tribunal de origem, para que seja observado o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil.” (grifo nosso) “RE no 444.601 AgRED/RJ Rel. Min. Gilmar Mendes (Segunda Turma) Julgamento em 13/03/2012 (...) Embargante: Mongeral Previdência Privada ou Mongeral S.A. Seguros (...) EMENTA. Embargos de declaração em agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Tributário. COFINS. Consideração sobre o alcance da noção de faturamento. 3. Receitas financeiras. Questão com repercussão geral reconhecida. RE RG 609.096. 4. Embargos de declaração conhecidos com excepcionais efeitos infringentes para anular o acórdão embargado e, a propósito do art. 543B do CPC, determinar a devolução do recurso extraordinário.” (grifo nosso) Cabível, destarte, a imediata análise da questão por este tribunal administrativo. Contudo, em face da já citada Súmula CARF no 2, a matéria em apreciação pelo STF, de repercussão geral e trato constitucional reconhecidos, será analisada por este tribunal administrativo sem que seja possível o entendimento pela inconstitucionalidade de lei tributária. O silogismo é inevitável: se o STF reconhece a repercussão geral, por óbvio que há discussão sobre constitucionalidade. E se há discussão sobre constitucionalidade, o CARF é incompetente para manifestarse negativamente, devendo acolher todas as leis tributárias como constitucionais. E, como não há mais a possibilidade de sobrestamento administrativo, com a revogação dos §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do antigo Regimento Interno do CARF, pela Portaria MF no 545, de 18/11/2013, este colegiado administrativo deve apreciar a matéria, sempre considerando as leis (cuja constitucionalidade o STF está a apreciar) como constitucionais. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 19740.000345/200541 Acórdão n.º 3401003.422 S3C4T1 Fl. 263 11 Após a referida declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, foram efetuadas diversas alterações em tal lei (uma delas expressamente revogando o § 1o do art. 3o pela Lei no 11.941/2009). O caput do referido art. 3o, reconhecido como constitucional, estabelecia, em sua redação original, que o faturamento corresponde à receita bruta da pessoa jurídica, tendo sido o texto parcialmente alterado pela Lei no 12.973, de 13/05/2014. Assim, permanecem hígidos, com as citadas alterações, os comandos da Lei que estabelecem a base de cálculo (faturamento art. 2o) e sua identidade com a receita bruta (art. 3o, caput), assim como as exclusões (art. 3o, § 2o). Tendo em vista as peculiaridades do setor financeiro, inclusive de seguros, passaram a existir ainda disposições específicas em relação ao segmento. Os §§ 5o e 6o do art. 3o, incluídos em 2001, externaram tratamentos aplicáveis às pessoas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212/1991, aqui já mencionadas: “§ 5o Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, serão admitidas, para os efeitos da COFINS, as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. § 6o Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: (...) II no caso de empresas de seguros privados, o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos.” Percebase, então, que há possibilidade de exclusões em relação a empresas seguradoras como a recorrente, seja no texto aqui reproduzido, seja no anterior, veiculado pela Medida Provisória no 1.807/1999. Para tal exclusão, no entanto, deveria a postulante ao crédito ter feito prova específica, detalhando de que forma se enquadrava no dispositivo legal, e em relação a quais rubricas específicas. Mas não é o que se vê nos autos, pelo aqui exposto no tópico referente à carência probatória do direito de crédito. Ademais, o reconhecimento da aplicação da Lei no 9.718/1998 ao caso, e a impossibilidade de que os comandos legais (à exceção do § 1o do art. 3o) sejam administrativamente tomados como inconstitucionais afastam ainda o pleito alternativo de aplicação do comando da Lei Complementar no 7/70 em relação à Contribuição para o PIS/PASEP, ainda que exista jurisprudência não vinculante em sentido contrário. Considerações finais Portanto, não socorre a recorrente a tese de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 seria aplicável à situação concreta Fl. 274DF CARF MF 12 narrada no presente processo, excluindo a exigência das contribuições, e gerando o crédito demandado. Como aqui demonstrado, a discussão travada neste processo não se refere a tema com jurisprudência pacífica no STF, como se defende na peça recursal, mas a tema específico, com solução ainda pendente na suprema corte brasileira. E tal situação, aliada à impossibilidade de análise administrativa de (in)constitucionalidade, e à carência probatória patente nos autos, leva à negativa do direito de crédito. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 275DF CARF MF
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Numero do processo: 19740.000500/2005-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2000 a 31/12/2000
Ementa:
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998.
A base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/06/2000 a 31/12/2000
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998.
A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
Numero da decisão: 3401-003.423
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/2000 a 31/12/2000 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/06/2000 a 31/12/2000 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2000 a 31/12/2000 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2000 a 31/12/2000 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1o DO ART. 3o DA LEI no 9.718/1998. A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 05 00 /2 00 5- 29 Fl. 605DF CARF MF 2 faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como já reconheceu o STF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre 14 Pedidos de Restituição/Declarações de Compensação (PER/DCOMP) relacionados à fl. 2 (documentos às fls. 3 a 44)1, referentes a valores recolhidos indevidamente ou a maior a título de Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, de junho a dezembro de 2000, nos valores originais, respectivamente, de R$ 418.525,69 e R$ 1.931.656,88 (detalhamento por período e valor na tabela de fl. 45). Após o procedimento fiscal de apuração da base de cálculo, e não havendo divergência entre os demonstrativos de base de cálculo apresentados e os valores pagos, nem erro na apuração da base de cálculo, nem decisão judicial que favoreça especificamente a empresa, concluiu a fiscalização que o pedido carece de fundamentação no parecer de fls. 395 a 400, que amparou o despacho decisório de fl. 401, pelo indeferimento do pedido de restituição. Ciente da decisão da unidade local da RFB em 08/03/2006 (AR à fl. 404), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 05/04/2006 (fls. 407 a 433), na qual sustenta que: (a) a empresa efetuou cálculo das contribuições, conforme Lei no 9.718/1998, sobre base diversa da constitucionalmente prevista, fazendo jus à restituição; (b) o STF julgou inconstitucional a ampliação da base de cálculo promovida pela Lei no 9.718/1998; e (c) o fundamento constitucional da Contribuição para o PIS/PASEP é o art. 239 da Constituição Federal, tendo a empresa direito à restituição dos valores pagos a maior em relação ao que seria devido nos termos previstos na Lei Complementar no 7/1970. Em 26/09/2008 é proferida a decisão de primeira instância (fls. 466 a 472), na qual se acorda unanimemente pelo indeferimento do pedido, diante da ausência de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 606DF CARF MF Processo nº 19740.000500/200529 Acórdão n.º 3401003.423 S3C4T1 Fl. 600 3 competência do tribunal administrativo para apreciação de (in)constitucionalidade, e do não cumprimento dos requisitos para alastramento de decisão judicial a litígios administrativos. Após ciência ao acórdão de primeira instância (fls. 591/592) em 03/11/2008, a empresa apresentou, em 02/12/2008, o recurso voluntário de fls. 478 a 512, basicamente reiterando as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e afirmando que a decisão de piso nega aplicação de entendimento pacificado pelo STF (RE no 357.950, 390.840, 358.273 e 346.084, que deve ser reconhecido na instância administrativa, e é expressamente acolhido pelo CARF então Conselho de Contribuintes). Acrescenta ainda que nos valores pleiteados de COFINS, a empresa incluiu, por equívoco, os montantes de R$ 57.727,08 e R$ 55.665,48 (relativos aos períodos 06/2000 e 07/2000), correspondentes a receitas financeiras, que são objeto de pedido de restituição judicial, conforme indicado nas planilhas já apresentadas à fiscalização, devendo ser retificados os respectivos pedidos de R$ 246.808,78 para R$ 189.081,70, e de R$ 207.391,97 para R$ 151.731,89. Em 19/05/2016 o processo foi a mim distribuído, não tendo sido indicado para pauta nos meses novembro e dezembro de 2016, por estarem as sessões suspensas por determinação do CARF. O processo, derradeiramente, não foi indicado para o mês de janeiro de 2017, por ser a pauta mera reprodução da referente ao mês de outubro de 2016, que também teve a sessão suspensa por determinação do CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Delimitação da matéria contenciosa Há apenas um tema em discussão, até o momento, no presente litígio administrativo: a fundamentação jurídica para o pedido de restituição, calcada na inconstitucionalidade da base de cálculo das contribuições na forma delineada na Lei no 9.718/1998. É de se destacar, contudo, que já não mais existe contencioso em relação a parcela do crédito demandado de COFINS, conforme esclareceu a própria empresa em seu recurso voluntário (fl. 490): Fl. 607DF CARF MF 4 No recurso voluntário, como exposto, a empresa, ao mesmo tempo em que reduz a matéria contenciosa, informa a respeito da existência de ação judicial buscando excluir receitas financeiras da base de cálculo da COFINS (sem anexar ao processo administrativo cópias do processo judicial). Informa apenas que tais montantes, demandados em juízo, já estariam discriminados nas planilhas apresentadas à fiscalização. Na última versão das planilhas que acompanham a manifestação de inconformidade, podem ser visualizados os períodos em análise no presente processo administrativo (junho a dezembro de 2000), em relação a COFINS, para os quais houve registro de demanda judicial (fl. 217): Comparando os valores constantes da planilha com aqueles postulados administrativamente (fl. 45), percebese nitidamente que houve demanda judicial também em relação aos demais períodos (agosto a dezembro de 2000), exatamente como nos que foram objeto de retificação pela empresa, na peça recursal. Em tais períodos, assim (em que pese sequer haver sido anexada cópia de parte do processo judicial aos autos, ou numeração que o identifique), também está havendo demanda em duplicidade (administrativa e judicial), devendo ser excluídos do pleito administrativo os valores que a própria empresa informa estarem sendo demandados em juízo. Vejase, para facilitar o cotejamento, a planilha com os montantes postulados administrativamente, em função dos recolhimentos efetuados (fl. 45): Fl. 608DF CARF MF Processo nº 19740.000500/200529 Acórdão n.º 3401003.423 S3C4T1 Fl. 601 5 Devem, assim, ser excluídos do pleito administrativo todos os valores referentes à COFINS que são objeto da demanda judicial mencionada pela recorrente. No que se refere à Contribuição para o PIS/PASEP, os valores dos pedidos administrativos coincidem com aqueles constantes da planilha de fl. 214: Da quantificação do crédito Como os pedidos de restituição sequer afirmavam porque teriam sido indevidos os pagamentos, a fiscalização intimou, em 16/11/2005, a empresa a comprovar seu direito de crédito, apresentando os seguintes documentos (fls. 45 e 46): Fl. 609DF CARF MF 6 A empresa atendeu aos itens 4 e 5 (documentos às fls. 55 a 75), e, a título de documentação comprobatória do crédito, juntou DARF comprobatórios dos recolhimentos (fls. 76 a 81, e 85 a 90), demonstrativos de cálculo das contribuições (fls. 82 a 84, e 91 a 93, depois substituídos pelos de fls. 214 a 218, e 221/222) e balancetes de junho a novembro de 2000 (fls. 94 a 204). Às fls. 52 a 54, motivou os pedidos de restituição na declaração de inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições promovida pela Lei no 9.719/1998, proferida pelo STF no julgamento do RE no 346.084, e na Lei Complementar no 7/1970 (referente à Contribuição para o PIS/PASEP) indicando que deveriam ser restituídos os valores pagos referentes a receitas que não as decorrentes de venda de mercadorias e/ou serviços. Informou ainda que excluiu do pedido administrativo as receitas financeiras, que postulou em juízo (apesar de não cumprir o item 6 da intimação, e sequer revelar o número da ação judicial correspondente). Nas planilhas de fls. 221 e 222, percebese que a COFINS foi efetivamente recolhida com alíquota de 3%, e a Contribuição para o PIS/PASEP com alíquota de 0,65%. Notase ainda a indicação de como foram compostas as bases de cálculo de ambas as contribuições: Fl. 610DF CARF MF Processo nº 19740.000500/200529 Acórdão n.º 3401003.423 S3C4T1 Fl. 602 7 Como se percebe pelo parecer que ampara o despacho decisório, em momento algum discrimina a postulante ao crédito qual teria sido exatamente a rubrica que não considerou como receita passível de tributação pelas contribuições, em dissonância com o declarado, de modo a quantificar o crédito. E nem a manifestação de inconformidade nem o recurso voluntário suprem a carência, em relação à quantificação, pois se limitam a invocar a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei no 9.718/1998, sem explicitar de que forma isso impactaria seu direito de crédito. No entanto, como a restituição se refere à totalidade dos valores pagos (à exceção, agora, das quantias referentes a COFINS, sub judice), parece a empresa sustentar que nenhuma das rubricas das tabelas aqui reproduzidas constituiria faturamento, na visão do STF, e que tal visão deveria ser administrativamente aplicada. Com o escopo de investigar tal argumento, passase a perscrutar o posicionamento de nossa suprema corte sobre o tema. Da inconstitucionalidade detectada pelo STF na Lei no 9.718/1998 e suas consequências administrativas Na apreciação do RE no 585.235/MG, de reconhecida repercussão geral (tema no 110), a suprema corte brasileira, fundada nos julgamentos mencionados pela recorrente em sua defesa, decidiu ser “inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3o, § 1o, da Lei no 9.718/98”: Fl. 611DF CARF MF 8 “EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3o, § 1 o, da Lei n o 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE n o 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1o.9.2006; REs n o 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP 00871)” (grifo nosso) Tal decisão efetivamente vincula o julgamento administrativo no âmbito do CARF, conforme previsão regimental específica (art. 62, § 2o, “b”, do atual RICARF). Vincula ainda a própria RFB (o que inclui as DRJ), conforme art. 19 da Lei no 10.522/2002, e alterações posteriores: “Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (...) II matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda; (...) § 4o A Secretaria da Receita Federal do Brasil não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que tratam os incisos II, IV e V do caput, após manifestação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. § 5o As unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil deverão reproduzir, em suas decisões sobre as matérias a que se refere o caput, o entendimento adotado nas decisões definitivas de mérito, que versem sobre essas matérias, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (...) § 7o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput.” (grifo nosso) Fl. 612DF CARF MF Processo nº 19740.000500/200529 Acórdão n.º 3401003.423 S3C4T1 Fl. 603 9 Vêse, assim, que há expressa determinação legal para que a RFB aplique a jurisprudência pacífica do STF, inclusive a casos em que já tenha havido lançamento, desde que haja ato declaratório específico. Eis, então, uma das raras ocasiões, ao lado das referidas no art. 26A, acrescentado ao Decreto no 70.235/1972, em que se pode, administrativamente, julgar matéria envolvendo constitucionalidade de lei, sobrepondo a regra geral hoje plasmada na Súmula CARF no 2, de que “o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. É preciso, no entanto, cautela antes de aplicar, de forma geral, administrativamente, o entendimento do STF, principalmente no caso das instituições de que trata o art. 22, § 1o, I da Lei no 8.212/1991: “bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas”. Isso porque no RE no 585.235/MG não se tratou de tais instituições, mas daquelas nas quais as receitas financeiras não constituíam receitas operacionais, ligadas à atividade da empresa. Tal conclusão resta evidente pelo simples fato de o próprio STF ter reconhecido, após tal julgamento, a repercussão geral, no julgamento do RE no 609.096/RS (tema no 372), da discussão sobre a exigibilidade das contribuições (para o PIS/PASEP e COFINS) sobre as receitas financeiras de instituições financeiras. Assim, resta ilógico entenderse que o segundo tema resta abarcado por decisão proferida em relação ao primeiro. Endossa o aqui exposto a manifestação do próprio STF no sentido de distinguir as discussões sobre o conceito de faturamento (e seu alargamento pelo § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998) e sobre a abrangência do faturamento no que se refere a receitas de instituições financeiras: “EMENTA: CONSTITUCIONAL. LEGISLAÇÃO APLICADA APÓS O RECONHECIMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO. INCLUSÃO DAS RECEITAS FINANCEIRAS AUFERIDAS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO. MATÉRIA ESPECÍFICA NÃO PREQUESTIONADA. DECISÃO DE RECONSIDERAÇÃO QUE ALTERA O CONTEÚDO DECISÓRIO E CONTRARIA AS RAZÕES DE DECIDIR DA DECISÃO RECONSIDERADA. REABERTURA DE PRAZO PARA RECORRER. AGRAVO IMPROVIDO. I O STF não tem competência para determinar, de imediato, a aplicação de eventual comando legal em substituição de lei ou ato normativo considerado inconstitucional. II A discussão sobre a inclusão das receitas financeiras auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento para fins de incidência da COFINS não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Ausência de prequestionamento da primeira matéria, que impossibilita a análise do recurso quanto ao ponto. III Alteração da parte dispositiva de decisão, de Fl. 613DF CARF MF 10 forma a contrair ou exceder os fundamentos mantidos na decisão modificada, não configura mera correção de erro de fato, mas caracteriza nova decisão, a justificar a reabertura do prazo para recurso. IV Agravo regimental improvido.(RE 582.258 AgR AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/04/2010, PROCESSO ELETRÔNICO DJe086 DIVULG 13052010 PUBLIC 14052010)” (grifo nosso) A declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, assim, não provoca, como deseja a recorrente, a consequência administrativa de exclusão de todas as receitas tidas como financeiras da base de cálculo das contribuições. Inaplicável, ao caso, então, a jurisprudência colacionada pela defesa, que trata de tema geral, que o próprio STF entende que não se confunde com o tema específico que está sob repercussão geral no bojo do RE no 609.096/RS. A Câmara Superior de Recursos Fiscais decidiu recentemente, de forma unânime, nesse sentido, de distinção entre a discussão sobre a inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, no que se refere a instituições financeiras: “COFINS CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. A partir da declaração de inconstitucionalidade do §1o do art. 3 o da Lei 9.718, pelo STF, o faturamento, base de cálculo da contribuição, não pode corresponder ao somatório de todas as receitas auferidas como ali disposto. Nos termos da remansosa jurisprudência do STF, em se tratando de empresa comercial, industrial ou de prestação de serviços, ela está, indubitavelmente restrita ao somatório das receitas da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos, dúvidas permanecendo apenas quanto às instituições financeiras.” (Acórdão no 9303004.360, Rel. Cons. Júlio César Alves Ramos, unânime, sessão de 08 nov. 2016) (grifo nosso) E não há ainda manifestação definitiva do STF sobre a base de cálculo das contribuições no caso de instituições financeiras, existindo tão somente o reconhecimento da repercussão geral da questão, e a manifestação em outro RE (no 400.4798/RJ), que o próprio STF entendeu como similar. E, por certo, instituições com a recorrente (seguradora) são tratadas no RE no 609.096/RS. Vejase, v.g., os seguintes julgamentos com sobrestamento em função do referido RE: “RE no 595.210 AgRED/SC Rel. Min. Carmen Lúcia (Primeira Turma) Julgamento em 02/09/2016 (...) Embargante: Santa Catarina Seguros e Previdência S.A. (...) EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REGÊNCIA: CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/1973. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS. INCIDÊNCIA. RECEITAS FINANCEIRAS DAS Fl. 614DF CARF MF Processo nº 19740.000500/200529 Acórdão n.º 3401003.423 S3C4T1 Fl. 604 11 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. CONCEITO DE FATURAMENTO. 1. Repercussão geral do tema reconhecida no Recurso Extraordinário n. 609.096. 2. Embargos de declaração acolhidos para, atribuindolhes efeitos infringentes, anular o acórdão embargado e determinar a devolução dos autos ao Tribunal de origem, para que seja observado o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil.” (grifo nosso) “RE no 444.601 AgRED/RJ Rel. Min. Gilmar Mendes (Segunda Turma) Julgamento em 13/03/2012 (...) Embargante: Mongeral Previdência Privada ou Mongeral S.A. Seguros (...) EMENTA. Embargos de declaração em agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Tributário. COFINS. Consideração sobre o alcance da noção de faturamento. 3. Receitas financeiras. Questão com repercussão geral reconhecida. RE RG 609.096. 4. Embargos de declaração conhecidos com excepcionais efeitos infringentes para anular o acórdão embargado e, a propósito do art. 543B do CPC, determinar a devolução do recurso extraordinário.” (grifo nosso) Cabível, destarte, a imediata análise da questão por este tribunal administrativo. Contudo, em face da já citada Súmula CARF no 2, a matéria em apreciação pelo STF, de repercussão geral e trato constitucional reconhecidos, será analisada por este tribunal administrativo sem que seja possível o entendimento pela inconstitucionalidade de lei tributária. O silogismo é inevitável: se o STF reconhece a repercussão geral, por óbvio que há discussão sobre constitucionalidade. E se há discussão sobre constitucionalidade, o CARF é incompetente para manifestarse negativamente, devendo acolher todas as leis tributárias como constitucionais. E, como não há mais a possibilidade de sobrestamento administrativo, com a revogação dos §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do antigo Regimento Interno do CARF, pela Portaria MF no 545, de 18/11/2013, este colegiado administrativo deve apreciar a matéria, sempre considerando as leis (cuja constitucionalidade o STF está a apreciar) como constitucionais. Após a referida declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, foram efetuadas diversas alterações em tal lei (uma delas expressamente revogando o § 1o do art. 3o pela Lei no 11.941/2009). O caput do referido art. 3o, reconhecido como constitucional, estabelecia, em sua redação original, que o faturamento corresponde à receita bruta da pessoa jurídica, tendo sido o texto parcialmente alterado pela Lei no 12.973, de 13/05/2014. Assim, permanecem hígidos, com as citadas alterações, os comandos da Lei que estabelecem a base de cálculo (faturamento art. 2o) e sua identidade com a receita bruta (art. 3o, caput), assim como as exclusões (art. 3o, § 2o). Tendo em vista as peculiaridades do setor financeiro, inclusive de seguros, passaram a existir ainda disposições específicas em relação ao segmento. Os §§ 5o e 6o do art. Fl. 615DF CARF MF 12 3o, incluídos em 2001, externaram tratamentos aplicáveis às pessoas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212/1991, aqui já mencionadas: “§ 5o Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, serão admitidas, para os efeitos da COFINS, as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. § 6o Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: (...) II no caso de empresas de seguros privados, o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos.” Percebase, então, que há possibilidade de exclusões em relação a empresas seguradoras como a recorrente, seja no texto aqui reproduzido, seja no anterior, veiculado pela Medida Provisória no 1.807/1999. Para tal exclusão, no entanto, deveria a postulante ao crédito ter feito prova específica, detalhando de que forma se enquadrava no dispositivo legal, e em relação a quais rubricas específicas. Mas não é o que se vê nos autos, pelo aqui exposto no tópico referente à quantificação do crédito. Ademais, o reconhecimento da aplicação da Lei no 9.718/1998 ao caso, e a impossibilidade de que os comandos legais (à exceção do § 1o do art. 3o) sejam administrativamente tomados como inconstitucionais afastam ainda o pleito alternativo de aplicação do comando da Lei Complementar no 7/70 em relação à Contribuição para o PIS/PASEP, ainda que exista jurisprudência não vinculante em sentido contrário. Considerações finais Portanto, não socorre a recorrente a tese de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 seria aplicável à situação concreta narrada no presente processo, excluindo a exigência das contribuições, e gerando o crédito demandado. Como aqui demonstrado, a discussão travada neste processo não se refere a tema com jurisprudência pacífica no STF, como se defende na peça recursal, mas a tema específico, com solução ainda pendente na suprema corte brasileira. E tal situação prejudica tanto a certeza quanto a liquidez do crédito em analise, o que, aliado à impossibilidade de análise administrativa de (in)constitucionalidade, leva à negativa do direito de crédito. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 616DF CARF MF Processo nº 19740.000500/200529 Acórdão n.º 3401003.423 S3C4T1 Fl. 605 13 Fl. 617DF CARF MF
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Numero do processo: 16349.000286/2009-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO.
Nos processos referentes a pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes.
DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou do contribuinte.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação que rege a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final.
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO.
O crédito presumido de que trata o artigo 8o da Lei no 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.833/2003, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
Numero da decisão: 3401-003.401
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, relativamente à preliminar de nulidade, por unanimidade de votos, em negar provimento. Quanto ao mérito, deu-se parcial provimento da seguinte forma: a) Aquisições para revenda que foram objeto de consumo - por unanimidade de votos, negou-se provimento; b) Aquisições sujeitas à alíquota zero das contribuições - por unanimidade de votos, negou-se provimento; c) Importação - Aquisições com CFOP que não representa aquisição de bens nem operação com direito a crédito - por unanimidade de votos, negou-se provimento; d) Bens que não se enquadram no conceito de insumos - por maioria de votos, deu-se parcial provimento para admitir o creditamento sobre pallets, sacos, big bags, luvas látex para coleta de sêmen, luva vaqueta e "vassourão para pátio", vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Rodolfo Tsuboi, que restringiam o crédito ao vassourão para pátio, os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que admitiam crédito em maior extensão, e o Conselheiro Robson José Bayerl, quanto ao creditamento sobre vassourão para pátio, sendo que os Conselheiros Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Eloy Eros da Silva Nogueira manifestaram intenção de apresentar declaração de voto; e) Fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa - por voto de qualidade, negou-se provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco; f) Bens sujeitos à alíquota zero das contribuições - por maioria de votos, negou-se provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Rodolfo Tsuboi, que divergiam quanto à impossibilidade de se acatar o pedido alternativo; g) Bens que constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito - por maioria de votos, negou-se provimento, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira; h) Bens que representam aquisições que deveriam ter ocorrido com suspensão - por unanimidade de votos, negou-se provimento; i) Serviços utilizados como insumos (Ficha 6A-Linha 3) - por maioria de votos, deu-se parcial provimento para admitir o creditamento sobre serviço limpeza geral em instalações, serviço dedetização, serviço reforma pallets PBR, serviço de aplicação de strecht - pallet, serviço de repaletização e serviço de carregamento de aves para venda, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Rodolfo Tsuboi, que restringiam o crédito ao serviço limpeza geral em instalações e serviço dedetização, e os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que reconheciam o crédito em maior extensão; j) Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda (Ficha 6A-Linha 7) - por unanimidade de votos, negou-se provimento; e, l) Crédito Presumido de Atividade Agroindustrial (Ficha 6A-Linhas 25/26) - por unanimidade de votos, deu-se provimento. Designado o Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira para redigir o voto vencedor.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos referentes a pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou do contribuinte. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação que rege a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o da Lei no 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.833/2003, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, relativamente à preliminar de nulidade, por unanimidade de votos, em negar provimento. Quanto ao mérito, deu-se parcial provimento da seguinte forma: a) Aquisições para revenda que foram objeto de consumo - por unanimidade de votos, negou-se provimento; b) Aquisições sujeitas à alíquota zero das contribuições - por unanimidade de votos, negou-se provimento; c) Importação - Aquisições com CFOP que não representa aquisição de bens nem operação com direito a crédito - por unanimidade de votos, negou-se provimento; d) Bens que não se enquadram no conceito de insumos - por maioria de votos, deu-se parcial provimento para admitir o creditamento sobre pallets, sacos, big bags, luvas látex para coleta de sêmen, luva vaqueta e "vassourão para pátio", vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Rodolfo Tsuboi, que restringiam o crédito ao vassourão para pátio, os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que admitiam crédito em maior extensão, e o Conselheiro Robson José Bayerl, quanto ao creditamento sobre vassourão para pátio, sendo que os Conselheiros Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Eloy Eros da Silva Nogueira manifestaram intenção de apresentar declaração de voto; e) Fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa - por voto de qualidade, negou-se provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco; f) Bens sujeitos à alíquota zero das contribuições - por maioria de votos, negou-se provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Rodolfo Tsuboi, que divergiam quanto à impossibilidade de se acatar o pedido alternativo; g) Bens que constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito - por maioria de votos, negou-se provimento, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira; h) Bens que representam aquisições que deveriam ter ocorrido com suspensão - por unanimidade de votos, negou-se provimento; i) Serviços utilizados como insumos (Ficha 6A-Linha 3) - por maioria de votos, deu-se parcial provimento para admitir o creditamento sobre serviço limpeza geral em instalações, serviço dedetização, serviço reforma pallets PBR, serviço de aplicação de strecht - pallet, serviço de repaletização e serviço de carregamento de aves para venda, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Rodolfo Tsuboi, que restringiam o crédito ao serviço limpeza geral em instalações e serviço dedetização, e os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que reconheciam o crédito em maior extensão; j) Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda (Ficha 6A-Linha 7) - por unanimidade de votos, negou-se provimento; e, l) Crédito Presumido de Atividade Agroindustrial (Ficha 6A-Linhas 25/26) - por unanimidade de votos, deu-se provimento. Designado o Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira para redigir o voto vencedor. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA - Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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(incorporada por BRF BRASIL FOODS S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos referentes a pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou do contribuinte. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação que rege a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 34 9. 00 02 86 /2 00 9- 79 Fl. 2878DF CARF MF 2 O crédito presumido de que trata o artigo 8o da Lei no 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.833/2003, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, relativamente à preliminar de nulidade, por unanimidade de votos, em negar provimento. Quanto ao mérito, deuse parcial provimento da seguinte forma: a) Aquisições para revenda que foram objeto de consumo por unanimidade de votos, negouse provimento; b) Aquisições sujeitas à alíquota zero das contribuições por unanimidade de votos, negouse provimento; c) Importação Aquisições com CFOP que não representa aquisição de bens nem operação com direito a crédito por unanimidade de votos, negouse provimento; d) Bens que não se enquadram no conceito de insumos por maioria de votos, deuse parcial provimento para admitir o creditamento sobre pallets, sacos, big bags, luvas látex para coleta de sêmen, luva vaqueta e "vassourão para pátio", vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Rodolfo Tsuboi, que restringiam o crédito ao “vassourão para pátio”, os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que admitiam crédito em maior extensão, e o Conselheiro Robson José Bayerl, quanto ao creditamento sobre “vassourão para pátio”, sendo que os Conselheiros Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Eloy Eros da Silva Nogueira manifestaram intenção de apresentar declaração de voto; e) Fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa por voto de qualidade, negou se provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco; f) Bens sujeitos à alíquota zero das contribuições por maioria de votos, negouse provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Rodolfo Tsuboi, que divergiam quanto à impossibilidade de se acatar o pedido alternativo; g) Bens que constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito por maioria de votos, negouse provimento, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira; h) Bens que representam aquisições que deveriam ter ocorrido com suspensão por unanimidade de votos, negouse provimento; i) Serviços utilizados como insumos (Ficha 6ALinha 3) por maioria de votos, deuse parcial provimento para admitir o creditamento sobre serviço limpeza geral em instalações, serviço dedetização, serviço reforma pallets PBR, serviço de aplicação de strecht pallet, serviço de repaletização e serviço de carregamento de aves para venda, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Rodolfo Tsuboi, que restringiam o crédito ao serviço limpeza geral em instalações e serviço dedetização, e os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que reconheciam o crédito em maior extensão; j) Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda (Ficha 6ALinha 7) por unanimidade de votos, negouse provimento; e, l) Crédito Presumido de Atividade Agroindustrial (Ficha 6ALinhas 25/26) por unanimidade de votos, deuse provimento. Designado o Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira para redigir o voto vencedor. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Fl. 2879DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.879 3 AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Pedido de Ressarcimento (PER) no 30798.03291.090908.1.1.084478 (fls. 3 a 6)1, transmitido em 09/09/2008, demandando créditos da Contribuição para o PIS/PASEP (com fundamento no art. 5o, § 1o da Lei no 10.637/2002), na sistemática não cumulativa, referentes ao 2o trimestre de 2008, no valor original de R$ 1.197.692,41. Há ainda uma Declaração de Compensação (DCOMP), de no 29659.41962.101108.1.3.080008 (fls. 17 a 20), transmitida em 12/12/2008, vinculada ao valor integral do crédito. Por meio do Despacho Decisório de fls. 2632/2633, emitido em 16/05/2012, o PER foi indeferido, e a compensação não homologada, por não ter sido confirmada a existência de qualquer crédito a ressarcir no período em tela, com fundamento na Informação Fiscal de fl. 2589 a 2628, na qual narra a fiscalização que: (a) a empresa, inicialmente denominada Perdigão Agroindustrial S.A., foi incorporada pela Perdigão S.A., que teve o nome alterado para BRF Brasil Foods S.A., com endereço e sede social em Itajaí/SC; (b) a empresa foi intimada a apresentar arquivos e documentos necessários à comprovação do crédito pleiteado, tendo sido a intimação parcialmente cumprida, solicitandose prorrogação de prazo para complemento, concedida em reintimação; (c) com o objetivo de esclarecer dúvidas relativas ao recebimento de mercadorias adquiridas com fim específico de exportação, e sobre descontos incondicionais concedidos, foi lavrada nova intimação fiscal, parcialmente atendida; (d) a partir dos DACON, e das memórias de cálculo, cotejadas com notas fiscais, a fiscalização elaborou "matriz de glosas", a ser aplicada às notas fiscais, identificando os créditos a que faz jus a empresa, e as glosas (que são a diferença entre o valor declarado em DACON e o reconhecido), detalhadas no quadro a seguir, em conjunto com as razões de defesa; (e) após as glosas, foi apurado o crédito com base em rateio proporcional (mercado interno e externo), conforme tabelas de fls. 2617/2621, tendo restado, depois das glosas, saldo a pagar, não declarado em DCTF, foi efetuada exigência fiscal por meio de auto de infração (no processo administrativo no 11516.721199/201261); e (f) tendo em vista autuações anteriores (relacionadas à fl. 2623) os saldos de créditos de meses anteriores são equivalentes a zero. Cientificada do despacho decisório em 25/05/2012 (fl. 2635), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 19/06/2012 (fls. 2643 a 2732) argumentando, em síntese, que: (a) o despacho decisório é nulo, por ausência de motivação clara, explícita e congruente, individualizando as razões das glosas para cada item; (b) há ainda nulidade por cerceamento do direito de defesa e violação ao devido processo legal, por ausência de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 2880DF CARF MF 4 detalhamento acerca do não reconhecimento "de inúmeros créditos", relativos aos itens glosados; (c) há também nulidade por violação ao art. 9o do Decreto no 70.235/1972; (d) a não cumulatividade das contribuições, hoje constitucionalizada, restringiu a liberdade do legislador e do intérprete, vinculandose à receita e não ao produto (IPI) ou mercadoria (ICMS), possuindo maior amplitude, relacionada a custos, despesas e insumos de sua atividade, que contribuam direta ou indiretamente para obtenção de receita, sendo ilegais as Instruções Normativas da RFB que restrinjam tal amplitude; (e) as razões para as glosas, com fundamento na legislação do IPI, são ilegais; e (f) é improcedente a aplicação da Taxa SELIC a título de juros de mora, e a aplicação de juros de mora sobre o valor da multa de ofício lançada (fls. 2730/2731). Demanda a empresa, por fim, prova pericial para avaliação da adequação ao conceito de insumo. Em relação às glosas, em espécie, as razões de defesa estão resumidas na tabela a seguir, na coluna da direita, ao lado das respectivas razões de glosa. GLOSAS DEFESA FICHA 6A LINHA 01 Bens adquiridos para revenda (fls. 2596/2597) a) aquisições que bens para revenda que, na verdade, foram consumidos pela empresa (pela filial de CNPJ no 86.457.619/017020), cf. listagem 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos; b) aquisições que bens utilizados como insumos, sujeitos à alíquota zero das contribuições (crédito vedado pelo art. 3o, § 2o da Lei n o 10.833/2003), cf. listagem 03NF Glosadas Alíquota zero; FICHA 6A LINHA 01 Bens adquiridos para revenda (fl. 2681) a) e b) Diante da não cumulatividade e do conceito de insumos, e da previsão do art. 17 da Lei no 11.033/2004, é possível manter créditos nas aquisições consumidas pela própria empresa, assim como nas aquisições de insumos com alíquota zero. Fl. 2881DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.880 5 GLOSAS (continuação) DEFESA (continuação) FICHA 6A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 2597/2603) c) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., pallet de madeira, camiseta e refeição), cf. listagem 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos; d) pagamentos de fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa, cf. listagem 04NF Glosadas Fretes de Transferência de produtos acabados; e) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero para as contribuições (em função do disposto no art. 3o, § 2o, II das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003), cf. listagem 03NF Glosadas Alíquota zero; f) notas fiscais cujo CFOP (Código Fiscal de Operação) não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, cf. listagem 02NF Glosadas Operações sem direito a crédito CFOP; e g) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições (em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006), cf. listagem 11NF Glosadas Aquisição PJ Suspensão obrigatória; FICHA 6A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 2681/2705) c) a fiscalização usa conceito equivocado e restrito de insumos, efetuando glosas em relação a bens que são essenciais ao processo produtivo (v.g., fita sanitária, luvas, faca, suporte de faca, trava faca, encosto de faca, cabo de bisturi), e já há precedentes do CARF afastando glosas em relação a itens como peças de reposição e serviços gerais, materiais de segurança, material para conservação e limpeza, material de embalagem e etiquetas; e os pallets são utilizados na industrialização, para movimentar matériasprimas, e na armazenagem de matériasprimas e de produtos industrializados. Houve ainda glosa de combustível, em específico, a gasolina, empregada no processo industrial de fabricação de alimentos, e com previsão expressa de geração de crédito na lei de regência; d) a fiscalização presumiu que o transporte entre unidades da empresa se referia a produtos acabados, sem provas, e tais fretes são feitos dentro de regras e determinações da ANVISA; e) diversos produtos para os quais se imputa alíquota zero na Lei no 10.925/2004 não se tipificam nas classificações fiscais descritas, são insumos, e deveria, ao menos, ser outorgado o crédito presumido de que trata o art. 8o da mesma Lei no 10.925/2004; f) a alegação fiscal trata de itens diversos conjuntamente, quando deveriam estar segregados para que fosse justificado de modo adequado a glosa, que, de qualquer forma, deve ser afastada em função do conceito de insumos adotado e da utilidade, inerência e relevância no processo produtivo (v.g., de faca, navalha, mola, martelo, rolamento e extrato de tomate, além de embalagens e serviços de industrialização de ração por encomenda); g) a interpretação da fiscalização sobre o dispositivo legal é improcedente, não sendo obrigatória a suspensão até o advento da Instrução Normativa RFB no 977/2009, e, sendo tributada a operação anterior, assegurado é o crédito; Fl. 2882DF CARF MF 6 GLOSAS (continuação) DEFESA (continuação) FICHA 6A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fls. 2603/2604) h) aquisições de serviços que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004, cf. listagem 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos; FICHA 6A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fls. 2706/2711) h) a fiscalização usa conceito equivocado e restrito de insumos, e os serviços glosados são essenciais e inerentes ao processo produtivo, especialmente os relacionados a limpeza, higiene e desinfecção; FICHA 6A LINHA 07 Despesas de armazenagem e fretes na Operação de Venda (fls. 2604/2605) i) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, cf. listagens 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos; e 02NF Glosadas Operações sem direito a crédito CFOP; FICHA 6A LINHA 07 Despesas de armazenagem e fretes na Operação de Venda (fls. 2714/2718) i) os pagamentos a pessoas físicas não podem ser glosados, em função da noção constitucional de não cumulatividade e capacidade contributiva; e os serviços portuários e despesas aduaneiras foram incorretamente glosados, porque estão incluídos nas despesas de frete na venda e armazenagem; FICHA 6A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 2605/2615) j) crédito solicitado com base no inciso incorreto do § 3o do art. 8o da Lei no 10.925/2004, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos; e notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, não havendo crédito presumido em operações para revenda, cf. listagem 05Crédito Presumido detalhe. FICHA 6A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 2718/2730) j) o crédito presumido se aplica também a operações de revenda, e com fundamento no art. 17 da Lei no 11.033/2004; e o cômputo da alíquota deve ser feito em função do produto fabricado, e não da aquisição; FICHA 6B LINHA 01 Bens para Revenda (fl. 2615) k) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, cf. listagem 02NF Glosadas Operações sem direito a crédito CFOP; FICHA 6B LINHA 01 Bens para Revenda (fl. 2681) k) as leis de regência expressamente garantem o crédito em operações de revenda; Fl. 2883DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.881 7 GLOSAS (continuação) DEFESA (continuação) FICHA 6B LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 2615/2617) l) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (cruzamento importações x inventário), cf. listagem 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos (ficha 6B linha 2); m) importações cujo CFOP denota operações sem direito a crédito nesta linha (v.g., compra de bem para ativo imobilizado, compra de material para uso e consumo, e outra entrada de mercadoria ou prestação de serviço não especificada), cf. listagem 02NF Glosadas Operações sem direito a crédito CFOP; e n) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero das contribuições (em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003), cf. listagem 03 NF Glosadas Alíquota zero. FICHA 6B LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 2712/2714) l) e m) as glosas são improcedentes porque há previsão expressa para o crédito no art. 15 da Lei no 10.865/2004; n) Diante da não cumulatividade e do conceito de insumos, e da previsão do art. 17 da Lei no 11.033/2004, é possível manter créditos nas aquisições consumidas pela própria empresa, assim como nas aquisições de insumos com alíquota zero (argumentado em tópico diverso). Em 19/04/2013 (fls. 2751 a 2799), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) não há nulidade no despacho decisório; (b) o conceito de insumo é o estabelecido nas Instruções Normativas no 247/2002 e no 404/2004, que apenas esclareceram o conteúdo das leis de regência; (c) nos processos administrativos relativos a ressarcimento/compensação, o ônus probatório é do postulante, não tendo se desincumbido de tal ônus a empresa, em relação a diversos itens; (d) para reconhecimento correto do crédito, a empresa deve registrar os itens também corretamente em DACON (ou efetuar a retificação correspondente), não cabendo a acolhida de pedidos alternativos no curso do contencioso, em desacordo com a informação prestada em DACON; (e) somente geram crédito os bens utilizados como insumo, se houver pagamento das contribuições nas aquisições, conforme art. 3o, § 2o, II das leis de regência, e não há que se falar em manutenção de crédito, com fundamento no art. 17 da Lei no 11.033/2004, se o crédito sequer existe; (f) não houve glosas de bens impugnados, como fita sanitária, bolsa térmica, caixas de papelão e etiquetas, material de segurança, e material para conservação e limpeza; (g) não se demonstrou ser o combustível aplicado no processo produtivo; (h) a legislação permite a tomada de créditos em relação a fretes contratados junto a pessoas jurídicas como insumo e na operação de venda, não havendo previsão para fretes entre unidades da empresa, e não tendo havido presunção, pela fiscalização, mas mera utilização de registros da própria empresa; (i) não demonstrou a empresa por qual motivo produtos enquadrados na alíquota zero estariam incorretamente classificados; (j) a suspensão prevista na Lei no 10.925/2004 é obrigatória, mesmo antes da Instrução Normativa RFB no 977/2009; (k) não constam na listagem de serviços glosados o despacho aduaneiro e o processamento de resíduos e análise de água; (l) no caso de crédito presumido, a alíquota é estabelecida em função das aquisições, e não do produto fabricado; (m) o presente processo não trata de lançamento, não havendo que se falar em exclusão de juros lançados, sobre principal ou multa de ofício; e (n) a perícia é desnecessária. Fl. 2884DF CARF MF 8 Cientificada do acórdão da DRJ em 28/06/2013 (AR à fl. 2801), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 11/07/2013 (fls. 2802 a 2875), basicamente reiterando as alegações expostas em sua manifestação de inconformidade, agregando que (a) a decisão de piso é nula por negar o pedido de perícia, adequadamente formulado, sem justificativa plausível, cerceando a defesa (fls. 2807/2809); e (b) houve indevida glosa de energia elétrica e afins (fls. 2865/2866); e suprimindo a menção a serem indevidos juros de mora sobre o principal e sobre multa. Em 17/03/2016 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio, tendo sido incluído em pauta em setembro de 2016 (e retirado de pauta durante a sessão), e indicado para a pauta de outubro de 2016, em sessão suspensa por determinação do CARF, assim como em novembro e dezembro do mesmo ano. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. 1. Do tratamento de processos albergados no mesmo despacho decisório No Despacho Decisório (fls. 2632/2633), afirmase que os seguintes processos deveriam ser analisados em conjunto, por trimestre: Foi, assim, lavrada autuação em relação aos períodos abrangidos por quatro processos administrativos de compensação. Nesta sessão de julgamento estáse a analisar três deles (o presente e os processos de no 16349.000285/200924 e no 16349.000278/200922), tendo o quarto processo sido analisado pela Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção deste CARF, em 25/03/2014, por meio do Acórdão no 3402002.361, no qual se deu parcial provimento ao recurso, para: (a) por unanimidade de votos, para (a1) reconhecer os créditos relativos a cabo bisturi e pallets de madeira; a situações em que o CFOP supostamente não seria de aquisição; e a serviços de limpeza, processamento de resíduos, análise de água e congêneres; (a2) acolher a alíquota postulada para cálculo dos créditos presumidos nas atividades agroindustriais; e (a3) admitir parcialmente, nos termos do voto do relator, os créditos dos serviços de despachante aduaneiro na importação, das despesas com pesagem, monitoramento, desova, inspeção, movimentação e realocação, deslocamentos e taxa de selagem de contêineres, aquisições de partes e peças e aquisição de insumos de pessoa jurídica; (b) por maioria de votos, para reconhecer os créditos relativos a aquisição de bens utilizados como insumo ou para revenda sujeitos à alíquota zero; e (c) por voto de qualidade, para negar provimento em relação aos créditos relativos a fretes de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa. Fl. 2885DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.882 9 Cumpre ainda informar que, por meio da Resolução no 3101000.402, de 10/12/2014, foi convertido em diligência o julgamento do processo administrativo no 11516.721199/201261 (auto de infração), por unanimidade de votos, para que se aguardasse a decisão administrativa definitiva nos quatro processos relativos a pedido de ressarcimento. É de se informar, por fim, que nenhum dos relatores dos processos acima referidos permanece, atualmente, como conselheiro, neste tribunal administrativo. Passase a analisar, assim, o direito de crédito, no caso em análise (Contribuição para o PIS/PASEP, no 2o trimestre de 2008), cabendo tecer, preliminarmente, algumas considerações iniciais sobre processos nos quais se discute direito de crédito referente a insumos, na legislação que rege as contribuições. 2. Precedentes administrativos gerais e específicos Os precedentes administrativos cumprem papel de contribuir para o debate, no seio deste colegiado, buscando visão mais consistente e harmônica sobre o conteúdo da legislação, e não vinculam, salvo disposição normativa expressa, o entendimento por parte dos julgadores. Cabe, no entanto, destacar que atuei como relator em diversos processos administrativos com conteúdo semelhante ao do presente, da mesma empresa incorporadora, em relação a períodos de apuração próximos, regidos pela mesma legislação. Atuei como relator, na sessão de 24/09/2013, da Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção deste CARF, em nove processos da empresa, referentes aos períodos abaixo: Período Processos Acórdãos 1o trimestre de 2007 10925.720046/201212 (auto de infração); 10925.905351/201100 (DCOMPPIS); e 10925.905352/201146 (DCOMPCOFINS) 3403002.469, 3403002.472 e 3403002.473, respectivamente 2o trimestre de 2007 10925.720686/201222 (auto de infração); 10925.905353/201191 (DCOMPPIS); e 10925.905355/201180 (DCOMPCOFINS) 3403002.470, 3403002.474 e 3403002.476, respectivamente 3o trimestre de 2007 10925.721257/201272 (auto de infração); 10925.905354/201135 (DCOMPPIS); e 10925.905356/201124 (DCOMPCOFINS) 3403002.471, 3403002.475 e 3403002.477, respectivamente E, mais recentemente, atuei como relator, na sessão de 24/02/2015, ainda na Terceira Turma, em outros dois processos administrativos da empresa, referentes ao período abaixo: Período Processos Acórdãos 3o trimestre de 2008 10925.907013/201102 (DCOMPPIS); e 10925.907012/201150 (DCOMPCOFINS) 3403003.551, e 3403003.550, respectivamente Fl. 2886DF CARF MF 10 Tais informações são relevantes e pertinentes, pois as matérias analisadas nestes autos são majoritariamente as mesmas, e sob os mesmos fundamentos, resguardadas algumas especificidades que serão anotadas ao longo deste voto. E, de um para outro julgamento, alteramos nosso posicionamento somente em relação a um tópico, justificadamente. Recordese que o presente processo trata de direito de crédito referente à Contribuição para o PIS/PASEP, e relativo ao 2o trimestre de 2008. Passase, a seguir, a analisar tal direito, tecendose, inicialmente considerações sobre as alegações de nulidade levantadas na peça recursal (tópico 4). Nos tópicos seguintes (5, 6 e 7), é externado o posicionamento que foi sustentando neste tribunal administrativo em todos os citados processos, da mesma empresa, e que permanece norteando a convicção deste julgador. Por fim, no tópico 8, são analisadas as glosas em espécie. 4. Das alegações preliminares de nulidade Aos argumentos pela nulidade do despacho decisório, externados na manifestação de inconformidade, com fundamento (a) na ausência de motivação clara, explícita e congruente, individualizando as razões das glosas para cada item; (b) na existência de cerceamento do direito de defesa e violação ao devido processo legal, por ausência de detalhamento acerca do não reconhecimento "de inúmeros créditos", relativos aos itens glosados; e (c) em violação ao art. 9o do Decreto no 70.235/1972; a empresa agrega em seu recurso voluntário demanda (d) pela nulidade da decisão de piso, por negar o pedido de perícia, adequadamente formulado, sem justificativa plausível, cerceando a defesa. Ao analisarmos a Informação Fiscal de fls. 2589 a 2627, que dá origem às glosas, e supedaneia o despacho decisório, percebemos, no entanto, que ali estão relacionadas todas as razões de glosa, e as motivações para o indeferimento do direito de crédito. O fato de estarem as glosas agrupadas por tema, e não por item, ao invés de dificultar ou obstaculizar, facilita o trabalho de defesa. Bastaria a empresa, em sua defesa, contrapor de forma consistente as razões de glosa referentes a determinado tema (v.g., aquisições com alíquota zero) que todas as glosas agrupadas em tal tema pereceriam. Caso a empresa discordasse, ainda, do agrupamento, bastaria questionar o que entendeu mal, ou inadequadamente agrupado. Se as glosas abrangem elevado número de itens, e diversidade de situações, é porque a atividade da empresa contempla tais atributos, bastando à defesa adotar o mesmo método da autuação, discutindo as rubricas glosadas, por grupo, e eventuais incorreções no agrupamento. E é isso que se vê, na defesa, agrupada por tópico glosado. Não há, assim, ausência de motivação clara, explícita e congruente, pois as razões das glosas são especificadas. A especificação desejada pela empresa, item a item, explicando, v.g., porque cada parafuso não faz parte do processo produtivo, ao invés de simplesmente externar o critério utilizado para delimitação do que seja um insumo gerador de crédito, não se coaduna com as disposições que externaremos, neste voto (tópico 5), sobre o ônus probatório nos processos de ressarcimento/compensação. Parece, assim, a recorrente, ao argumentar pela nulidade, no caso, não compreender seu encargo, em processos do gênero. Não há, pelas mesmas razões, cerceamento de defesa ou violação ao contraditório, nem afronta ao art. 9o do Decreto no 70.235/1972, pois o processo está instruído Fl. 2887DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.883 11 com todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação e à compreensão das razões que fundamentam as glosas. Pelo exposto, não se vê nulidade no despacho decisório. Quanto à alegação de nulidade da decisão de piso, por negar o pedido de perícia, adequadamente formulado, sem justificativa plausível, cerceando a defesa, vêse igual improcedência, porque, como aqui exporemos, no tópico 5, a seguir, a diligência ou a perícia não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou do contribuinte. Ademais, o critério utilizado pela DRJ para delimitar o conceito de insumos na legislação que rege as contribuições endossou a desnecessidade da diligência/perícia, que se destinava a comprovar a utilização de bens no processo produtivo. Portanto, não incorreu em nulidade a decisão de piso ao negar a demanda por diligência/perícia. 5. Considerações sobre ônus probatório nos processos referentes a ressarcimento/compensação As presentes considerações iniciais sobre o ônus probatório nos processos de ressarcimento/compensação são necessárias à análise da demanda por diligência/perícia, e de alguns itens para os quais a empresa não tratou de carrear aos autos documentos que amparariam seu direito a crédito. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de ressarcimento/compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante, e é dever dele carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, inclusive, no caso de insumos, a forma de vinculação dos bens ao processo produtivo. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador, cabível seria a demanda pericial. No entanto, não se pode acolher pedido de perícia para produzir no processo elementos probatórios a cargo de uma das partes (no caso, a postulante do crédito), elementos esses que já deveriam figurar nos autos, e cuja ausência tem por implicação a negativa de reconhecimento dos créditos correspondentes. Assim vem decidindo unanimemente este CARF, inclusive nos citados processos da mesma recorrente: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) Fl. 2888DF CARF MF 12 “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.470, 471, 474, 475, 476 e 477, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013)(grifo nosso) "PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. (Acórdãos n. 3403003.550 e 551, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 24.fev.2015) (grifo nosso) Desse modo, incabível acolher o pleito de realização de diligência/perícia, pois restam claras nos autos as motivações das glosas, que foram compreendidas a contento pela recorrente, que, por sua vez, ao invés de trazer ao processo elementos probatórios de seu direito, inclusive no que se refere ao processo produtivo, posterga a discussão para eventual diligência/perícia. Assim, tendo em conta as considerações iniciais sobre o ônus probatório em processos do gênero, indeferese a realização de diligência/perícia. 6. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS Também a título de considerações preliminares, incumbe esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) (...) b) a receita ou o faturamento; Fl. 2889DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.884 13 (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei desbordou do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. 7. Do conceito de insumos na legislação que rege a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que Fl. 2890DF CARF MF 14 não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem também unanimemente decidindo este CARF: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) "NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...)." (Acórdãos n. 3403003.550 e 551, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 24.fev.2015) Fl. 2891DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.885 15 Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. A recorrente é empresa agroindustrial, tendo por objeto social a atividade de frigorífico para abate de suínos, aves, fabricação de produtos de carne, preparação de subprodutos para abate, fabricação de alimentos para animais, pintos de um dia, ovos, extração de madeiras, comércio atacadista de alimentos em geral, entre outras. Não há dúvida, por exemplo, ao afirmarse que a matériaprima utilizada nos alimentos industrializados pela empresa constitui insumo. Contudo, entre a zona de certeza positiva e a de certeza negativa (uma cesta de natal entregue pela empresa a um funcionário certamente não constitui um insumo) existe uma zona de “penumbra” (usando a terminologia empregada por GENARO CARRIÓ2), na qual só a análise do caso concreto (à luz dos elementos trazidos aos autos sobre o processo produtivo da empresa) permitirá um enquadramento mais preciso. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos, adotando a ordem da tabela confeccionada em nosso relatório, agrupandose os itens da ficha 6A e da ficha 6B que versam sobre conteúdo idêntico. 8. Das glosas em espécie As glosas em espécie, como relatado de início, foram subdivididas, de acordo com as fichas do DACON, em cinco grupos: (1) bens adquiridos para revenda (a) que foram consumidos, ou (b) que estavam sujeitos à alíquota zero; (2) bens utilizados como insumos que (c) não se enquadram no conceito de insumos, (d) representam pagamentos de fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa, (e) estão sujeitos à alíquota zero, (f) constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, ou (g) representam aquisições que deveriam ter ocorrido com suspensão; (3) serviços utilizados como insumos, que (h) não se enquadram no conceito de insumos; (4) despesas de armazenagem e fretes na operação de venda, que (i) constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito; e (5) crédito presumido de atividade agroindustrial, que (j) foi solicitado com base em inciso incorreto da lei de regência, e com aquisições registradas em notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, não havendo crédito presumido em operações para revenda. Há, ainda, glosas referentes a (k) bens importados para revenda constantes de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito (ficha 6Blinha 1) e bens importados utilizados como insumos que (l) não se enquadram no respectivo conceito, (m) representam importações cujo CFOP denota operações sem direito a crédito, e (n) estão sujeitos à alíquota zero das contribuições (ficha 6Blinha2). Tais itens, como exposto, serão agrupados aos relativos ao mesmo tema, nos cinco grupos acima, no presente voto. 2 In Notas Sobre Derecho y Lenguaje. 5 ed. Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2006, p. 55 e ss. Fl. 2892DF CARF MF 16 8.1. Bens adquiridos para revenda (Fichas 6A e 6BLinha 1) As glosas efetuadas, como relatado, são motivadas, pela fiscalização, por duas razões: (a) terem sido os bens consumidos pela empresa; e (b) estarem as mercadorias adquiridas sujeitas à alíquota zero das contribuições. No que se refere a importações, a motivação das glosas foi que as aquisições constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito. 8.1.1. Aquisições para revenda que foram objeto de consumo A fiscalização efetuou glosas em relação a bens adquiridos para revenda, mas que, conforme memória de cálculo fornecida pela empresa em atendimento a intimação, tiveram saída para estabelecimento da própria empresa (filial de CNPJ no 86.457.619/017020). As notas fiscais glosadas estão relacionadas cf. listagem 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos (fls. 2558 a 2588). Em tal listagem, as glosas referentes à Ficha 6ALinha 1 do DACON trataram (à exceção de uma, que versa sobre "quadro comando em PVC") de café expresso, cerveja e refrigerante, sendo patente que a empresa não contempla, em sua atividade, a comercialização de tais produtos: Em sua defesa, alega a empresa que diante da não cumulatividade e do conceito de insumos, e da previsão do art. 17 da Lei no 11.033/2004, é possível manter créditos nas aquisições consumidas pela própria empresa. Não refuta, assim, terem sido os bens consumidos, o que se assume, por decorrência, como incontroverso. Como assinalamos neste voto, a não cumulatividade constitucionalmente consagrada não é irrestrita, e o conceito de insumos não é tão alargado quanto deseja a recorrente, nem tão estreito quanto propugna o fisco. No entanto, tal discussão é pouco relevante no que se refere a aquisições para revenda, pois aí não se está a tratar propriamente de insumos, necessários à obtenção do produto fabricado. E também o teor do artigo 17 da Lei no 11.033/2004 tem escassa relação com o tema em análise, pois versa somente sobre manutenção de crédito em relação a operações vinculadas a venda com suspensão, isenção ou alíquota zero. Fl. 2893DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.886 17 Não há, assim, qualquer alegação de defesa que afaste as razões da glosa, que deve, por consequência, ser mantida. 8.1.2. Aquisições sujeitas à alíquota zero das contribuições A fiscalização efetuou glosas em relação a bens adquiridos para revenda por estarem determinados bens adquiridos sujeitos à alíquota zero das contribuições, incidindo a vedação estabelecida no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003, cf. listagem 03NF Glosadas Alíquota zero. Em tal listagem (fls. 347 a 386), percebese que há 11 motivações de glosa diferentes, agrupadas de acordo com a lei que estabelece a alíquota zero: Das 11 motivações, percebese, verificando a listagem, que quatro ("CAP7 8", "LEITE", "QUEIJO" e "P3002.30") ensejaram glosa na Linha 1 da Ficha 6A, e serão analisadas no presente tópico. Em sua defesa, a empresa alega que, diante da não cumulatividade e do conceito de insumos, e da previsão do art. 17 da Lei no 11.033/2004, é possível manter créditos nas aquisições de insumos com alíquota zero. Já tratamos de tais alegações no tópico anterior, aparando as pretensões da recorrente, que não se defende objetivamente do que lhe é imputado, remetendo a disposições genéricas que não lhe socorrem. E alega ainda a recorrente, em relação às aquisições com alíquota zero, constantes em outros tópicos de glosa, que diversos produtos não seriam tipificados nas classificações fiscais descritas. A alegação de erro, no entanto, não se faz acompanhar de qualquer explicação adicional, que possibilite saber as razões pelas quais a empresa discorda da classificação por ela própria adotada. No caso, todos os enquadramentos se referem a normas legais vigentes que estabelecem a alíquota zero para as mercadorias adquiridas. E, sobre as aquisições com alíquota zero, é de se remeter à vedação constante no art. 3o, § 2o, tanto da Lei no 10.637/2002, quanto da Lei no 10.833/2003, em ambos os casos com a redação dada pela Lei no 10.865/2004: § 2o Não dará direito a crédito o valor:(Redação dada pela Lei no 10.865, de 2004) Fl. 2894DF CARF MF 18 (...) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) O art. 17 da Lei no 11.033/2004, por sua vez, não confere direito a crédito, mas tão somente à manutenção de crédito já existente, e assegurado por outra norma vigente, vinculado às operações, como se percebe de seu texto: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Assim, inexistente o direito ao crédito, por expressa disposição legal, devendo ser mantidas as glosas. 8.1.3. Importação Aquisições com CFOP que não representa aquisição de bens nem operação com direito a crédito No que se refere a mercadorias importadas (Ficha 6B, Linha 1), a fiscalização efetuou glosas em relação a aquisições que constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, cf. listagem 02NF Glosadas Operações sem direito a crédito CFOP. Em tal listagem (fls. 344 a 346), percebese que houve uma única glosa na Linha 1 da Ficha 6B, referente a aquisição de soro de leite, em abril de 2008, com CFOP 3949 ("outra entrada de mercadoria ou prestação de serviço não especificada"). A recorrente, ao invés de questionar especificamente a glosa, afirma, de forma genérica, que as leis de regência expressamente garantem o crédito em operações de revenda. sem esclarecer a que se refere a operação glosada, e de que modo tal operação ensejaria crédito (v.g., por eventualmente haver erro no registro da informação nas declarações da empresa, que objetivava ter informado operação diversa, e ensejadora de crédito). Ocorre que não foi o simples fato de haver revenda a questão expressamente levantada pelo fisco, e motivadora da glosa, mas o tipo da operação, declarado pela própria empresa, em categoria que não enseja direito a crédito, e permanece sem explicação pela recorrente. Procedente, assim, a glosa, que deve ser mantida, por não ter sido objeto de refutação específica pela recorrente. 8.2. Bens utilizados como insumos (Fichas 6A e 6BLinha 2) A fiscalização efetuou glosas em relação a bens utilizados como insumos que não se enquadram no conceito de insumos, que representam pagamentos de fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa, que estão sujeitos à alíquota Fl. 2895DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.887 19 zero, que constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, e que representam aquisições que deveriam ter ocorrido com suspensão. No que se refere a importações (Ficha 6B), as glosas se referem a aquisições que não se enquadram no conceito de insumos, que representam importações cujo CFOP denota operações sem direito a crédito, e que estão sujeitos à alíquota zero das contribuições. 8.2.1. Bens que não se enquadram no conceito de insumos No que se refere a bens adquiridos que entendeu a fiscalização não estarem enquadrados no conceito de insumos, cabe recordar que o conceito de insumos adotado neste voto não é nem o defendido pela fiscalização e pela DRJ (afeto à legislação do IPI) nem o pretendido pela recorrente (relacionado à legislação do IRPJ). Para que se categorize o bem adquirido como insumo, na legislação que rege as contribuições em análise, este deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. É com base em tal conceito que apreciaremos as glosas da Linha 2 das Fichas 6A e 6B, constantes da listagem 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos (fls. 2558 a 2588). Em tal listagem, podemos encontrar os seguintes bens: pallets de madeira (o item mais frequentemente visualizado); gasolina combustível de veículos; "big bags" e sacos; persianas em alumínio; estator, solvente; óleo hidráulico e óleo isolante; colher transparente; motoredutor; fio de algodão; microcomputador; vassourão para pátio; pinhão; gaxeta; resistência; luva látex para coleta de sêmen; capa de cabo; elementos de filtro e filtros; cilindro; buzina; válvulas; lâmpadas; corrente; porta; engrenagem; suporte; conjunto de reparo; refeição; desjejum; escovas; eixo; painel display; desengraxante; trocador de calor; camisas; caracol; controlador; berço; trilhosolda; quadrocomando; caixa de som; disjuntor; chinelo de dedo; freio; roda; esteira; tubo; chave; contator; correia; elevador; flange; bobina; luva de vaqueta; alojamentolâmina; mancal; tampas; cápsulas; no break; emenda; guarnição; maleta de ferramentas; subconjunto portagoma; célulascarga; dispenser porta toalha de papel; bomba; mangueira; placaPCI; balança; fonte; café com leite; suco; café puro; interruptor; gaiola; peças para conserto; palha de aço; motores; e produtos descritos com códigos que não permitem saber exatamente do que se tratam (v.g., "CAMECAM VF 300 848808 HANDTMANN"; "CARCAÇA PC07 JETFIX"; "FLM STRE USO MÁQUINA 500MMx1200MTPDG"; "CONJUNTO FLAT KAIB3480083 ULMA"; "CHUTE", "MÁQUINA"; "CARRINHO"; "FONTE"; e "RESÍDUO DE SERVIÇO DE SAÚDE"). A listagem, ao contrário do que pareceu entender a recorrente, possui bem menos de uma centena de espécies de bens. Houvesse a recorrente efetuado, em sua defesa, a leitura que ora empreendemos em nome da verdade material, poderia ela ter justificado o emprego de tais bens no processo produtivo, desincumbindose de seu ônus probatório. Há, na listagem, produtos para os quais não se tem dúvidas sobre a ausência de emprego no processo produtivo (v.g., refeição, desjejum, café com leite e suco). Mas há outros (v.g., óleo hidráulico, óleo isolante, desengraxante e combustíveis de veículos) para os quais bastaria a recorrente ter informado especificamente de que forma são utilizados no processo produtivo, para que se pudesse formar convicção a respeito da adequação ao conceito de insumos adotado. Fl. 2896DF CARF MF 20 No entanto, a recorrente pouco se esforça nesse sentido, limitandose a repisar o que entende como insumo e citar precedentes que nem sempre tratam dos itens glosados. Aliás, a própria peça recursal discute diversos itens que sequer são objeto de glosa, como fita sanitária, suporte de faca, trava faca e cabo de bisturi. Não se desincumbe, assim, a recorrente, do ônus probatório outorgado em processos de ressarcimento/compensação. E, no que se refere a importações, igualmente se limita a recorrente a afirmar que o direito de crédito decorre diretamente do art. 15 da Lei no 10.865/2004. No entanto, tal artigo tem conteúdo semelhante aos dispositivos que regem o crédito nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, não ensejando tratamento diferenciado, salvo disposição expressa. De todos os itens, o único especificamente questionado, de forma detalhada, pela recorrente, é o pallet, que figura na peça de defesa (fls. 2837 do recurso voluntário), ao lado de itens sequer glosados (bolsa térmica e caixa de proteção). Sustenta a empresa que: Alternativamente, a empresa demanda,em caso de não reconhecimento do crédito integral, que se acolha o crédito com fundamento no art. 3o, IX das leis de regência, que permitem o crédito na hipótese de armazenagem de mercadoria, porque tais produtos "têm por finalidade a armazenagem de matériasprimas ou as mercadorias produzidas e destinadas a comercialização". Sobre os pallets (e outros bens que, em verdade, constituem aquisições destinadas ao ativo imobilizado), mantemos o posicionamento externado no julgamento dos Acórdãos no 3403003.550 e no 3403003.551, e que mencionam ainda os outros nove processos da mesma recorrente: Há que se destacar, contudo, nossa acordância com entendimento já externado nesta turma pela Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel, de que os pallets são bens a serem contabilizados no ativo não circulante: “Relativamente aos “paletes de madeira” “tábuas” e “barrotes de eucalipto” utilizados para movimentação interna dos produtos industrializados, entendo que não se enquadram no conceito de insumo tal como previsto no inciso II do artigo 3o da Lei 10.833/03, até porque pelo valor e tempo de vida útil desses bens eles não podem ser deduzidos com despesa operacional e devem ser contabilizados no ativo não circulante (art. 301 do RIR/99) sujeitandose à depreciação, cuja despesa dela decorrente pode ser aproveitada para crédito do PIS e da COFINS não cumulativos, nos termos do inciso III do § 1o do artigo3o da mesma Lei 10.833/03. Nesse sentido há diversas soluções de Fl. 2897DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.888 21 consulta da Secretaria da Recita Federal do Brasil (...)”(Acórdão no 3403.001.935, Rel. Cons. Raquel Motta Brandão Minatel, maioria, sessão de 20.mar.2013) Assim, da mesma forma em que decidido unanimemente por este colegiado nos nove processos citados, mantémse a glosa em relação aos pallets. E o raciocínio externado em relação a pallets se aplica ainda aos demais bens considerados como insumos pela recorrente e que constituem, na verdade, aquisições destinadas ao ativo imobilizado. Não se pode admitir o crédito integral em relação a tais bens, por absoluta carência de amparo normativo. E avaliar o pedido alternativo de crédito proporcional equivale a ignorar a própria escrituração da empresa, e a analisar pedido diverso daquele que ensejou o despacho decisório (peça cuja ciência deu início ao contencioso). Nesse sentido a decisão unânime da turma nos multicitados nove processos da mesma empresa julgados em 2013: (...) Pelo exposto, são também mantidas as glosas em relação a bens indicados, escriturados e declarados ao fisco como insumos (inciso II do art. 3o das leis de regência) que na verdade se tratavam de aquisições destinadas ao ativo imobilizado." Assim, da mesma forma em que nos outros processos administrativos, entendo que não se pode admitir o crédito integral em relação os pallets, por absoluta carência de amparo normativo, tanto com fundamento no inciso II quanto no inciso IX do art. 3o das leis de regência, também demandado pela recorrente (e que trata de despesas de armazenagem, não de ativo imobilizado). A ausência de previsão normativa de crédito, como insumo, se estende a partes e peças, ou ferramentas, no que também mantenho o posicionamento externado nos nove acórdãos referentes aos processos relativos a 2007, da mesma recorrente,. cabendo aqui transcrever excerto de sua ementa, específico sobre o tema: CONTRIBUIÇÂO PARA O PIS/PASEP. COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Para a empresa agroindustrial, (...) não constituem insumos: uniformes, artigos de vestuário, equipamentos de proteção de empregados e materiais de uso pessoal; bens do ativo, inclusive ferramentas e materiais utilizados em máquinas e equipamentos; (...). Fl. 2898DF CARF MF 22 Devem, assim, ser mantidas as glosas efetuadas em relação a tais itens, cabendo, derradeiramente, verificar as alegações da recorrente em relação a combustíveis, em específico, a gasolina. Não temos dúvidas de que os combustíveis, assim como os lubrificantes, estão enquadrados no inciso II do art. 3o das leis de regência, aliás, expressamente: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes (...); (grifo nosso) No entanto, não basta que se comprove a aquisição de combustíveis, devendo também se provar que tais combustíveis foram utilizados como insumo na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. E nisso peca a recorrente. Deveria ao menos ter demonstrado que a gasolina para veículos se presta não ao transporte de pessoas, ou a veículos de uso de funcionários, mas a transporte de mercadoria ou utilização nas instalações da empresa, no processo produtivo. No entanto, a peça recursal apenas sustenta genericamente o direito de crédito. Nos processos anteriormente analisados, da mesma recorrente (Acórdãos no 3403003.550 e no 3403003.551), detectei que havia glosas de combustíveis de veículos, e cheguei a presumir, pela plausibilidade, que o hexano, o óleo de xisto, o GLP e o óleo diesel fossem usados no processo produtivo: Em relação às glosas de combustíveis, sustenta a empresa que as aquisições de combustíveis como GLP e lenha para combustão são ensejadores de créditos, conforme disposição expressa da lei de regência das contribuições A DRJ mantém as glosas diante da impossibilidade de se saber se os combustíveis foram efetivamente utilizados no processo produtivo. No recurso voluntário, a empresa revela que não é crível sustentar que alguns combustíveis (como hexano, óleo de xisto, diesel e GLP) sejam utilizados veículos para transporte de pessoas. Há, aqui, que se acordar com a empresa em relação ao hexano, ao óleo de xisto e a GLP, seja pela dificuldade em imaginar utilizações outras para tais bens que não no processo produtivo, seja pela descrição de como se utiliza cada bem na peça recursal (fl. 4942). No mesmo sentido nosso raciocínio sobre a lenha. E, em relação ao diesel, parece pouco crível também que seja utilizado em veículos de transporte de pessoas. Nesse sentido, essa Terceira Turma já decidiu unanimemente, em caso no qual havia dúvidas sobre a utilização de combustíveis em veículos de propriedade de empresa: (...) Mas, no presente processo, as glosas são todas referentes a gasolina. E não justifica a empresa se a gasolina se prestaria a veículo de transporte movido a tal combustível empregado no processo produtivo. Mantenho, também nesse tema, o posicionamento externado anteriormente, no sentido de que incumbe à postulante ao crédito a comprovação do emprego do combustível Fl. 2899DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.889 23 na produção, podendose até presumir tal emprego pelas características do combustível, exclusivamente para máquinas ou caminhões de transporte. Mas, como dito, tal presunção é insustentável no que se refere à gasolina. Em adição ao exposto, cabe mencionar que, em função da argumentação externada pela empresa em tópico diverso da peça recursal, referente a serviços, mais especificamente a serviços de limpeza, retornei ao presente item, referente a bens utilizados como insumos, e verifiquei que na lista de glosas há um material de limpeza: o "vassourão para pátio". Assim, mantendo a linha adotada nos demais processos nos quais atuei como relator, aqui citados, entendo que deve ser afastada a glosa em relação a tal item, sob o mesmo fundamento adotado nos Acórdãos no 3403003.550 e no 3403003.551 (especificamente aplicável a uma empresa agroindustrial e que produz alimentos): 4.1.2. Materiais de limpeza, desinfecção e higienização Alega a recorrente que os materiais de limpeza, desinfecção e higienização se prestam à manutenção das condições exigidas pela legislação no processo produtivo. Nesse caso, embora também ainda não haja posição assentada neste CARF, entendese que merece prosperar a argumentação da recorrente, pois diante da ausência de limpeza e desinfecção, é improvável que se possa chegar ao produto final. Deve, assim, ser afastada, neste item, apenas a glosa referente a "vassourão para pátio". 8.2.2. Fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa A fiscalização efetuou glosa de créditos referentes a pagamentos de fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa, cf. listagem 04NF Glosadas Fretes de Transferência de produtos acabados (fls. 387 a 526). Ainda na informação fiscal (fl. 2598), alertou a fiscalização que as glosas eram sobre produtos acabados, conforme a própria escrituração da recorrente: Fl. 2900DF CARF MF 24 Apesar de tal informação, a empresa, em sua manifestação de inconformidade, alegou que a fiscalização presumiu que o transporte entre unidades da empresa se referia a produtos acabados, sem provas, e tais fretes são feitos dentro de regras e determinações da ANVISA. Sobre o tema,a DRJ aclarou que a menção a ser o frete de produtos acabados era derivada das próprias declarações da empresa, não havendo presunção. Esperavase, assim, que no recurso voluntário a empresa justificasse detalhadamente eventual equívoco cometido por ela, no registro das informações, e que teria induzido a erro a fiscalização e a DRJ. No entanto, a peça recursal limitase a reproduzir a argumentação externada na manifestação de inconformidade, sem qualquer amparo probatório para a alegação de que fretes entre unidades fariam efetivamente parte do processo produtivo, apesar de terem sido registrados pela empresa como fretes de produtos acabados. Novamente, por não se desincumbir a empresa de comprovar o direito de crédito, devem ser mantidas as glosas. E foi isso, exatamente, que ocorreu também nos multicitados Acórdãos no 3403003.550 e no 3403003.551: São glosados os fretes de transferência de produtos entre unidades da empresa (em conta relacionada a produtos acabados). E narra o fisco que oportunizou à empresa detalhara se se tratavam de fretes de matériasprimas, produtos intermediários ou produtos acabados. E a empresa não logrou comprovar que os fretes glosados se tratavam de operações com direito a crédito. Assim, a glosa é por carência probatória. Em sua defesa, a empresa alega que os produtos industrializados são perecíveis, necessitando de permanente refrigeração, e estando sujeitos a normas de higiene sanitária, cabendo o crédito com base no art. 3o, IX das leis de regência, conforme já entendeu o CARF, devendo ser ainda reconhecido o crédito em relação a custos com armazenagem. Contudo, não detalha nem comprova a quais vendas se referem os fretes. Fl. 2901DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.890 25 Persiste, assim, a carência probatória ensejadora da glosa, que deve ser mantida. Procedentes, então, também as glosas efetuadas pela fiscalização em relação a este item. 8.2.3. Bens sujeitos à alíquota zero das contribuições A fiscalização efetuou glosa de créditos referentes a aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero para as contribuições (em função do disposto no art. 3o, § 2o, II das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003), havendo também glosa congênere na Ficha 6B (Linha 2), referente a importações, reunidas todas as glosas na listagem 03NF Glosadas Alíquota zero (fls. 347 a 386). Sobre o tema, já tratamos no item 8.1.2 deste voto, embora se referindo a bens para revenda, mas o raciocínio a ser empregado é o mesmo. A alegação, asbolutamente desprovida de amparo probatório ou mesmo argumentativo, de que estariam incorretas as classificações, não guarda consonância com o ônus incumbido à postulante ao crédito, e o art. 17 da Lei no 11.033/2004, como aqui já se explicou, não confere direito a crédito, mas tão somente à manutenção de crédito já existente, e assegurado por outra norma vigente, vinculado às operações. Deve, assim, ser mantida a glosa correspondente, por expressa vedação, legalmente estabelecida. Em relação ao pedido alternativo da empresa, de que fosse ao menos reconhecido o crédito presumido da agroindústria, para os insumos adquiridos com alíquota zero das contribuições (em raciocínio que não é extensível às aquisições para simples revenda, incompatíveis com o crédito presumido, como se tratará no item 8.5 deste voto), entendese que deve ser negado, pois, além de contradizer a escrituração e a declaração da empresa prestada ao fisco, e o pedido de ressarcimento que motiva o despacho decisório (peça cuja ciência inaugura este contencioso), demandaria análise de pertinência individualizada das aquisições ao regramento (requisitos e condições) estabelecido no art. 8o da Lei no 10.925/2004. E essa correspondência individualizada e documentada estava a cargo da recorrente, ao demandar o pedido alternativo, não havendo nos autos vestígios de tal comprovação. Tal raciocínio se estende aos outros pedidos alternativos, no mesmo sentido, na peça de defesa. 8.2.4. Bens que constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito A fiscalização efetuou glosa de créditos referentes a aquisições constantes de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, havendo também glosa congênere na Ficha 6B (Linha 2), referente a importações, reunidas todas as glosas na listagem 02NF Glosadas Operações sem direito a crédito CFOP (fls. 344 a 346). Fl. 2902DF CARF MF 26 Sobre o tema, já tratamos no item 8.1.3 deste voto, embora se referindo a bens para revenda, mas o raciocínio a ser empregado é o mesmo. A empresa, em sua defesa, afirma que a alegação fiscal trata de itens diversos conjuntamente, quando deveriam estar segregados para que fosse justificado de modo adequado a glosa, que, de qualquer forma, deve ser afastada em função do conceito de insumos adotado e da utilidade, inerência e relevância no processo produtivo (v.g., de faca, navalha, mola, martelo, rolamento e extrato de tomate, além de embalagens e serviços de industrialização de ração por encomenda). E, no que se refere a importações, endossa que o direito de crédito decorre diretamente do art. 15 da Lei no 10.865/2004 (pelo que remetemos ao item 8.1.3, no qual informamos que tal artigo tem conteúdo semelhante aos dispositivos que regem o crédito nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, não ensejando tratamento diferenciado, salvo disposição expressa). Na listagem de fls. 344 a 346, percebemos que os CFOP informados nas notas fiscais glosadas em relação à Linha 2 das Fichas 6A e 6B são: 1407, 1501, 1556, 1921, 1949, 2407, 2551, 2556, 2911, 2921, 2949, e 3949. A recorrente, ao invés de questionar especificamente a glosa, informando que o CFOP estava registrado de forma incorreta, tratandose a operação de aquisição de insumos, simplesmente alega, de forma genérica, ter direito ao crédito, e que a alegação fiscal não deveria ter juntado os itens sob uma única glosa. Vejase, no entanto, que todas estas glosas possuem uma razão única: o CFOP informado na nota fiscal não revela operação de aquisição, que dê ensejo ao crédito, no caso de insumos. E disso não se defende a recorrente, novamente olvidandose de seu ônus, nos processos de ressarcimento/compensação. Deve, assim, ser mantida a glosa. 8.2.5. Bens que representam aquisições que deveriam ter ocorrido com suspensão A fiscalização efetuou glosas em relação a notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições (em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006), cf. listagem 11NF Glosadas Aquisição PJ Suspensão obrigatória. Em tal listagem (fls. 1538/1539), podemos encontrar notas de aquisições de suínos (a maioria das notas se refere a "leitão" ou a "suínos vivos"), havendo ainda duas notas de aquisição de "milho granel" e uma de "boi abate". A recorrente, em sua defesa, sustenta que a interpretação da fiscalização sobre o dispositivo legal é improcedente, não sendo obrigatória a suspensão até o advento da Instrução Normativa RFB no 977/2009, e que, sendo tributada a operação anterior, assegurado é o crédito. Tanto o apontamento do fisco quanto as razões de defesa são idênticos aos presentes nos citados onze processos da mesma empresa já apreciados sob minha relatoria, aos quais remetemos, endossando suas conclusões: Fl. 2903DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.891 27 “Foram ainda glosados créditos de aquisições de insumos cuja venda é feita com suspensão das contribuições, com fundamento no art. 9o da Lei no 10.925/2004, assim como os fretes a elas correspondentes, pela sujeição somente ao crédito presumido de atividades agroindustriais. Em relação a tal tópico, informa a recorrente que até o advento da Instrução Normativa RFB no 977, de 14/12/2009, não era obrigatória a suspensão, e, diante da faculdade, as aquisições dos produtos ocorreram com tributação, sem a suspensão (não estando nas Notas Fiscais detalhada a suspensão), sendo legítimo o crédito. No julgamento de piso, esclarecese que: “Em relação à situação posta, observa se que a impugnante não questiona o fato de que os produtos adquiridos enquadramse nas situações previstas no art. 9o da Lei no 10.925/2004, que prevê a suspensão da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Já no que tange à obrigatoriedade da receita da venda destes produtos ser efetuada com suspensão de incidência, esclarecese que, ao contrário do alegado pela contribuinte, desde a edição da Instrução Normativa SRF no 636, de 24 de março de 2006, com a efetiva implementação de termos e condições, a suspensão da incidência é obrigatória, independente de o contribuinte ter ou não destacado em suas notas fiscais a suspensão.” De fato, a Instrução Normativa de 2006 já estabelecia a suspensão (com a expressão “fica suspensa”, que não parece, nem de longe, estabelecer uma faculdade). Não há que se falar, assim, em aproveitamento de créditos, sendo procedente a glosa.” Em adição, é de se informar que em diversos julgados posteriores, nos quais também atuei como relator, restou unanimemente decidido que a suspensão é aplicada bem antes da Instrução Normativa RFB no 977/2009: “SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada.” (Acórdão no 3403003.507, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 28.jan.2015) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403003.337, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 15.out.2014) Assim, devem ser mantidas as glosas, em função da obrigatoriedade da suspensão, não havendo direito de aproveitamento do crédito em relação a tais operações, diante das disposições normativas aplicáveis. Fl. 2904DF CARF MF 28 8.3. Serviços utilizados como insumos (Ficha 6ALinha 3) A fiscalização efetuou glosas em relação a serviços utilizados como insumos que não se enquadram efetivamente no conceito de insumos presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004, cf. listagem 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos. A recorrente, por sua vez, sustenta que a fiscalização usa conceito equivocado e restrito de insumos. Na referida listagem (fls. 2558 a 2588), percebese que as glosas de serviços se referem a: "serviço movimentação saída"; "serviço construção civil"; "serviço monitoramento"; "serviço limpeza geral em instalações"; "serviço imobilizado geral"; "serviço técnico mecânico" e em eletricidade; "pesagem caminhão"; "serviço administrativo"; "serviço recuperação frio"; "serviço reforma pallets PBR"; serviço de aplicação de strecht pallet"; "serviço de repaletização"; "serviço manutenção empilhadeira"; "serviço manutenção equip. informática"; "serviço instalação elétrica e aterramento"; "serviço caminhão munck"; "movimentação saída 100%"; "serviço treinamento"; "serviço de copiadora (xerox)"; "serviço mãodeobra"; "serviço extraordinário"; "serviço coleta lixo"; "serviços de recuperação" de caracol, ponteira, palheta, regulador e disco; "serviço de carga e descarga"; "serviço diária"; "serviço inspeção em vazios de pressão"; "serviço usinagem"; "serviço consultoria técnica" e administrativa; "serviço rede telefônica"; "serviço dedetização"; "outros serviços"; "serviço Km rodado"; "serviço avaliação"; "serviço adicional"; "serviço montagem/desmontagem"; "serviço de carregamento de aves para venda"; "serviço guindaste"; "serviço impressão"; "serviço transporte aéreo"; "serviço transporte de veículos em balsa"; "serviço técnico funilaria/chaparia"; e "serviço de montagem de estruturas imob.". De início, cabe mencionar que são perfeitamente aplicáveis ao presente item as considerações externadas nos tópicos 7 e 8.2.1 deste voto. Por decorrência, são serviços compatíveis com o conceito de insumos aqueles que são necessários ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. A recorrente, em sua peça de defesa, traz lista de serviços glosados que não guarda muita relação com a constante do presente processo (talvez por imaginar que as glosas seriam idênticas a outros processos para os quais houve defesa). E, sobre a maior parte dos serviços, limitase a dizer que são "totalmente essenciais e inerentes à atividade produtiva e econômica" da empresa. Os poucos serviços aos quais a recorrente dedica algumas linhas a mais (ainda que sem demonstração específica da utilidade no processo produtivo) sequer foram glosados pela fiscalização, à exceção da limpeza das instalações. Apesar de a empresa não apresentar comprovação de que os serviços registrados como "serviço limpeza geral em instalações" foram efetivamente na linha de produção, de modo a dissociar tais serviços da faxina em escritórios, dependências comerciais, etc., entendese plausível, em uma empresa agroindustrial produtora de alimentos, que sejam, atendidas as normas legais aplicáveis a higienização e limpeza, e que tais cuidados são necessários à obtenção do produto final. O mesmo raciocínio é válido para o "serviço dedetização". Tal entendimento foi adotado também nos Acórdãos no 3403003.550 e no 3403003.551, em revisão a posicionamento anterior: 4.1.2. Materiais de limpeza, desinfecção e higienização Fl. 2905DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.892 29 (...) E, em relação às despesas com higienização, matéria na qual fui vencido nos processos anteriormente julgados por esta Terceira Turma, revejo meu posicionamento, acordando com o colegiado que efetivamente sem a higienização também dificilmente se chegaria ao produto final fabricado pela empresa. Assim, deve ser afastada a glosa efetuada pelo fisco em relação a materiais de limpeza, desinfecção e higienização. Devem, assim, ser afastadas, neste item, apenas as glosas referentes a "serviço limpeza geral em instalações" e "serviço dedetização". 8.4. Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda (Ficha 6ALinha 7) A fiscalização efetuou glosas em relação a despesas de armazenagem e fretes na operação de venda, que constam de notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito, cf. listagens 01NF Glosadas Não Representam Aquisição de Insumos; e 02NF Glosadas Operações sem direito a crédito CFOP. Nas referidas listagens (fls. 2558 a 2588, e 344 a 346), percebese que houve apenas uma glosa, no mês de junho, referente a serviços de armazenagem, com o CFOP 2556 ("compra de material para uso ou consumo"). Sobre a glosa, a recorrente invoca disposições genéricas sobre a noção constitucional de não cumulatividade e capacidade contributiva, discutindo itens que se quer foram objeto de glosa, como serviços portuários e despesas aduaneiras. Deixa, no entanto, a recorrente, de se defender exatamente da imputação fiscal que lhe é efetuada. Deve ser, assim, mantida a glosa, visto que não foi apresentada pela defesa qualquer justificativa em relação à única operação glosada. 8.5. Crédito Presumido de Atividade Agroindustrial (Ficha 6ALinhas 25/26) A fiscalização efetuou glosas em relação a crédito presumido de atividade agroindustrial, que foi solicitado com base em inciso incorreto da lei de regência, e com aquisições registradas em notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, não havendo crédito presumido em operações para revenda, cf. listagem 05Crédito Presumido detalhe. Em sua defesa, a recorrente alega que o crédito presumido se aplica também a operações de revenda, e com fundamento no art. 17 da Lei no 11.033/2004; e que o cômputo da alíquota deve ser feito em função do produto fabricado, e não da aquisição. Fl. 2906DF CARF MF 30 No que se refere a revenda, a recorrente interpreta mal o art. 17 da Lei no 11.033/2004, como já exposto neste voto, e confunde a créditos básicos (nos quais incidem diversas vedações, como em relação a aquisições de pessoas físicas, etc) com créditos presumidos de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004. Se houvesse demandado créditos básicos, e comprovado que cumpre os requisitos para obtêlos, cabível seria a tomada em relação a revenda, por força do inciso I do art. 3o das leis de regência. Mas não é o que consta no presente processo, em que a empresa demanda crédito presumido com base no art. 8o da Lei no 10.925/2004 (sequer cogitando de comprovar que não incide nas vedações para a obtenção de créditos básicos). Assim, corretas as glosas de notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados. No que se refere ao argumento do fisco de que teria a recorrente demandado o crédito com fundamento no inciso incorreto do § 3o do art. 8o, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos, a questão merece melhor detalhamento. Tanto o fisco quanto a recorrente reproduzem o mesmo dispositivo legal (art. 8o da Lei no 10.925/2004), cada um afirmando que sua própria interpretação é a correta. A fiscalização defende que a alíquota aplicável (ou o inciso com a alíquota aplicável) varia em função dos insumos, enquanto que a recorrente defende que é em função dos produtos elaborados/fabricados. Vêse que aqui a discussão não envolve aspectos probatórios, sendo a matéria exclusivamente ligada à interpretação do art. 8o da Lei no 10.925/2004. O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei, na redação vigente à época: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de Fl. 2907DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.893 31 dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; II 50% (cinqüenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.” (grifos nossos) A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi empreendida em junho de 2013, chegandose, no CARF, unanimemente, à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, Fl. 2908DF CARF MF 32 defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até antiisonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. (...) Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicálo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através (sic) do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, Fl. 2909DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.894 33 por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” E nos nove processos da mesma recorrente julgados em setembro de 2013, e nos dois julgados em fevereiro de 2015, chegouse à mesma conclusão: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo.” (Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 24.set.2013) "CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.833/2003, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo." (Acórdãos n. 3403003.550 e 551, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 24.fev.2015) A endossar o entendimento da turma a Lei no 12.865, de 09/10/2013, que acrescentou (art. 33) o seguinte § 10 ao art. 8o da Lei no 10.925/2004: “§ 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Contudo, desnecessário cogitar de interpretação benigna retroativa da Lei no 12.865/2013, pois já se entendia, antes do avento da referida Lei, que as alíquotas são aplicadas em função do produto fabricado, e não do insumo adquirido. Fl. 2910DF CARF MF 34 Concluise, então, neste tópico, que deve ser reconhecido o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Das conclusões Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar as glosas em relação a "vassourão para pátio", "serviço limpeza geral em instalações" e "serviço dedetização", e para reconhecer, no que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, que a alíquota deve ser determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Rosaldo Trevisan Fl. 2911DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.895 35 Voto Vencedor Conselheiro Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Apresento, nas linhas a seguir, os motivos pelos quais a maioria do Colegiado divergiu do posicionamento do ilustre Conselheiro Relator, no enfrentamento de duas matérias: (i) bens que não se enquadram no conceito de insumos (item 8.2.1 do voto do Conselheiro Relator); e (ii) serviços utilizados como insumos (Ficha 16ALinha 3) (item 8.3 do voto do Conselheiro Relator). Impende destacar, de início, que o Colegiado não diverge a respeito do conceito de insumo para fins de desconto de crédito na sistemática de apuração da Contribuição para o PIS e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social ("PIS/COFINS"), seguindo, de forma unânime, a interpretação adotada pelo i. Conselheiro Relator dos artigos 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, para quem: “o conceito de insumos adotado neste voto não é nem o defendido pela fiscalização e pela DRJ (afeto à legislação do IPI) nem o pretendido pela recorrente (relacionado à legislação do IRPJ). Para que se categorize o bem adquirido como insumo, na legislação que rege as contribuições em análise, este deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final”. Na mesma linha, “são serviços compatíveis com o conceito de insumos aqueles que são necessários ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final”. A controvérsia surge na aplicação desse conceito jurídico aos fatos específicos envolvidos em cada caso concreto, o que passa pelo exame da atividade empresarial do contribuinte e do papel de cada bem e serviço no processo produtivo/fabril, ganhando relevo, nesse contexto, questões relacionadas ao ônus probatório do direito de desconto de créditos. Nesse sentido, considerando a atividade empresarial desenvolvida pela Recorrente, “atividade de frigorífico para abate de suínos, aves, fabricação de produtos de carne, preparação de subprodutos para abate, fabricação de alimentos para animais, pintos de um dia, ovos, extração de madeiras, comércio atacadista de alimentos em geral, entre outras”, os bens e serviços glosados pela Fiscalização, e as razões expostas pela Recorrente em sua defesa, o i. Relator entendeu, em relação aos itens cuja glosa foi por ele mantida, que tais itens, por estarem em uma zona de penumbra, demandavam uma vinculação expressa entre o seu papel e a linha de produção da Recorrente, não tendo o Recorrente se desincumbido do ônus de provar o seu direito de crédito. Apesar da inexistência de um laudo com o detalhamento do processo produtivo/fabril e do papel desempenhado por cada insumo em tal processo, a maioria do Colegiado, com base em um juízo de plausibilidade, entendeu que determinados bens e serviços, pelas suas próprias características e utilidade frente processo produtivo/fabril da Recorrente, não estavam em uma zona de penumbra, mas sim em uma zona de certeza positiva quanto ao conceito de insumo, utilizando a terminologia empregada pelo i. Relator (item 7 do Voto), e, assim, deveriam se enquadrar como insumo. Fl. 2912DF CARF MF 36 Além dos bens admitidos pelo i. Conselheiro Relator ("vassourão para pátio"), a maioria do Colegiado entendeu que pallets, sacos, big bags, luvas látex para coleta de sêmen e luva vaqueta são inequivocamente necessários ao processo produtivo/fabril de uma empresa agroindustrial de abate de animais para a obtenção de alimentos, e, consequentemente, à obtenção do produto final dessa atividade, devendo ser considerados insumos. Quanto aos serviços, além dos serviços admitidos pelo i. Conselheiro Relator (serviço limpeza geral em instalações e serviço dedetização), na mesma linha de raciocínio, a maioria do Colegiado entendeu que serviço reforma pallets PBR, serviço de aplicação de strecht pallet, serviço de repaletização e serviço de carregamento de aves para venda são necessários ao processo produtivo/fabril de uma empresa agroindustrial de abate de animais para a obtenção de alimentos, e, consequentemente, à obtenção do produto final dessa atividade, devendo ser considerados insumos. Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Fl. 2913DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.896 37 Declaração de Voto Declaração de Voto 1 Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, Respeitosamente, com relação ao bem fundamentado voto do ilustre relator, Conselheiro Rosaldo Trevisan, aproveitamos essa declaração para expor, com brevidade, nossa divergência quanto à manutenção das glosas (a) dos gastos com serviços de frete para o transporte dos seus produtos entre os estabelecimentos da própria contribuinte, (b) dos gastos com os seguintes insumos (esteiras, correias, balanças, ferramentas de manutenção, filme streching, filtros e seus acessórios, lâminas e seus acessórios e meios de alojamento ou armazenamento), e (c) dos gastos com os seguintes serviços (de pesagem de veículos de transporte, de controle de entrada e saída de veículos, cargas e produtos; de manutenção, recuperação, restauro, ou reforma de equipamentos, de recursos de embalagem e armazenagem ou de veículos de uso industrial; de elevação e movimentação de carga nos estabelecimentos da contribuinte). A reversão das glosas indicadas nas letras acima se justifica, a nosso ver, pelas peculiaridades do tipo de atividade da contribuinte e dos tipos de produtos que ela prepara, industrializa e oferece á comercialização. Como bem resumiu o relator: A recorrente é empresa agroindustrial, tendo por objeto social a atividade de frigorífico para abate de suínos, aves, fabricação de produtos de carne, preparação de subprodutos para abate, fabricação de alimentos para animais, pintos de um dia, ovos, extração de madeiras, comércio atacadista de alimentos em geral, entre outras. Não há dúvida, por exemplo, ao afirmarse que a matériaprima utilizada nos alimentos industrializados pela empresa constitui insumo. Contudo, entre a zona de certeza positiva e a de certeza negativa (uma cesta de natal entregue pela empresa a um funcionário certamente não constitui um insumo) existe uma zona de “penumbra” (usando a terminologia empregada por GENARO CARRIÓ3), na qual só a análise do caso concreto (à luz dos elementos trazidos aos autos sobre o processo produtivo da empresa) permitirá um enquadramento mais preciso. Concordamos com a contribuinte quando aponta que se trata de uma empresa dedicada a produção principalmente de bens perecíveis, e ainda mais destinados à alimentação e nutrição, sob estrita obediência à legislação e vigilância sanitárias e agro pecuárias. Antes de repassar o produto para a posse de outra pessoa, a meu ver, em uma visão não restrita à noção de indústria dada pelo IPI, fazem parte do processo de produção as providências por parte da contribuinte para manutenção, preservação e proteção do produto alimentício, em condições de ser comercializado e ser consumido. 3 In Notas Sobre Derecho y Lenguaje. 5 ed. Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2006, p. 55 e ss. Fl. 2914DF CARF MF 38 Sem essas providências, o bem gerado nas máquinas e na linha de montagem industrial se perderia rapidamente. Notemos que não estamos falando de um bem isento de umidade, tal como os alimentos desidratados, ou os quimicamente modificados, mas de peças e partes de seres animais mortos nesse processo de produção, facilmente deterioráveis. Nesse tópico, sublinho que a autoridade fiscal reconhece que os transportes se deram entre os estabelecimentos da contribuinte (favor ver notas fiscais indicadas). O transporte entre estabelecimentos da contribuinte deve ser visto sob a mesma ótica, na articulação entre processo industrial, processos de conservação e armazenagem e processos logísticos para levar o produto aos centros de distribuição. Esse transporte é parte do processo de produção, nesse caso visto como o processo não só de gerar o produto, mas de manter sua condição de ser oferecido para destinação. Malgrado a falta, nos autos, de um laudo, ou de uma perícia, o conhecimento de senso comum a respeito de linhas de produção representativas das atividades da contribuinte permitenos concluir que ela deve exigir o uso de lâminas, de filtros e processos de filtragens, de pesagens, de movimentações, pesagens e armazenamentos na entrada, durante e na saída dessas linhas de produção, de higienização, de tratamento e remoção de resíduos e restos, etc., daí a nossa sugestão de bens e serviços indicados acima, mais ampla do que a proposta pelo relator e do que a admitida pelo Colegiado. Espero, com essas breves linhas, ter tornado claro aos Conselheiros as razões das posições e votos defendidos nessa sessão. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Fl. 2915DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.897 39 Declaração de Voto 2 Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Registro, com relação ao como de costume bem fundamentado voto do relator, Conselheiro Rosaldo Trevisan, posição divergente quanto à possibilidade de creditamento naquilo que respeita ao item 8.2.1, sobre pallets4, ou estrados, sem prejuízo das demais divergências externadas durante a sessão de julgamento e consignadas em ata. A contribuinte consigna que, em que pese serem objetos da glosa por parte da autoridade fiscal, participam do processo produtivo e são utilizados em diferentes momentos: na industrialização, quando empregados para movimentar as matériasprimas e os produtos em fase de processamento, e na armazenagem, como item essencial para manter as condições de higiene e limpeza não apenas necessárias a seu processo fabril como também ao cumprimento das exigências regulamentares enunciadas, entre outras, pelas determinações da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde conforme Portaria SVS/MS nº 326/1997, ou, ainda, pela Circular nº 175/2005 da Coordenação Geral de Programas Especiais (CGPE) do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) da Secretaria de Defesa Agropecuária (DAS) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Expressa o conselheiro relator, ao apreciar as razões trazidas a conhecimento pela recorrente, que, devido ao tempo de sua vida útil, tais bens não podem ser reconhecidos como despesa operacional, mas, em conformidade com o art. 301 do RIR/1999, contabilizados no ativo não circulante. Aponta, mais especificamente, que "não se pode admitir o crédito integral em relação os pallets, por absoluta carência de amparo normativo", por impossibilidade de fundamentar o creditamento no inciso II ou no inciso IX do art. 3º das Leis nº 10.637/2001 e 10.833/2002. Observese que as glosas foram efetuadas pela autoridade fiscal devido ao fato de o produto não se enquadrar na noção estrita de insumo prevista nas Instruções Normativas nº 247/02,5 358/036 e 404/04,7 que adotaram, conforme se sabe, como referencial mais explícito, o crédito físico para a determinação do sentido de “insumo”8 como o material 4 "Palllet", corruptela do francês "palette", passível de tradução ao português como palete, conforme reconhecido pelo Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa (VOLP), ou, ainda, estrado. 5 A Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002, determinou a possibilidade de se descontar o crédito, mediante aplicação das mesmas alíquotas, sobre as aquisições efetuadas no mês de bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes (art. 66, inciso I, alínea ‘b’). 6 A Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003 alterou a redação da alínea ‘b’ do inciso I do art. 66 da IN 247/02 e adicionou o § 5º: “Art. 66 (...) I. (...) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: na fabricação de produtos destinados à venda; ou na prestação de serviços (...). § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I. utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não (...) incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados (...) aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. 7 A Instrução Normativa SRF nº 404, de 12 de março de 2004, voltouse a explicitar a forma do pagamento da Cofins, repetindo, em seu artigo 8º, o entendimento instituído para a contribuição ao PIS. 8 ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Créditos de PIS e Cofins sobre insumos. São Paulo: Prognose Editora, 2010, p. 21: “A simples leitura do texto legal e dos textos dos atos normativos subalternos à Lei revela, de plano, que o direito de crédito – em grande medida – está ancorado no critério físico e referido aos insumos utilizados na produção ou fabricação de bens ou serviços. Excetuando as regras que tratam dos insumos para os quais a Lei outorga o direito de crédito fora da produção (o critério utilizado pela lei é a vinculação à atividade da empresa), todas as demais normas adotam a legislação do IPI como referencial”. Fl. 2916DF CARF MF 40 utilizado na fabricação9 ou produção10 de bens ou na prestação de serviços,11 de acordo com Ato Declaratório Interpretativo nº 02/0312 e, por decorrência, na definição própria do imposto sobre produtos industrializados,13 com repetidas referências, em diversas soluções de consultas realizadas nos anos seguintes à edição das leis, pela Receita Federal do Brasil,14 ao Parecer Normativo CST nº 65/79.15 Os estrados ("pallets"), segundo se depreende, em parte da leitura dos documentos trazidos pela contribuinte, mas, sobretudo, da sustentação oral realizada pelo seu patrono, acompanhada de memoriais, têm por finalidade ora o armazenamento das matérias primas e produtos finais, ora o acondicionamento da mercadoria para fins de comercialização. Em quaisquer das hipóteses acima delineadas, cumprem papel de garantir as condições de higiene e limpeza ínsitas à produção, de maneira a evitar o contato com as superfícies em que se apóiam fisicamente, o que, caso ocorresse, poderia ocasionar risco de contaminação. Esclareceu, ademais, o patrono, que, no caso de mercadorias destinadas à exportação, os pallets são embalados conjuntamente com a mercadoria, consubstanciandose em material de embalagem, passível de apropriação como insumo. 9 Idem, pp. 3142. Edmar Andrade enumera insumos necessários à fabricação de um bem, como oriundos: (a) da produção do produto fabricado: integram fisicamente o produto (eg. matéria prima, embalagem e materiais intermediários); (b) de infraestrutura produtiva do processo fabril: bens duráveis (eg. máquinas ou equipamentos, inclusive de transporte, imprescindíveis à produção); (c) de controle de qualidade e conformidade: mecanismos de controle e auditoria com normas estatais ou contratuais; (d) de trabalho: pessoas físicas ou jurídicas que prestem serviços sob qualquer revestimento jurídico, do “chão de fábrica” à “cúpula diretiva”, instrumentos de trabalho e equipamentos de segurança, bem como utilidades (fringe benefits) e todos os gastos incorridos durante e depois do término do contrato; (e) da inovação e melhoria da qualidade: investimentos em inovação de produtos e processos de produção e distribuição; (f) de segurança: gastos com vigilância e controle, seguros e proteção dos bens em geral e do bemestar entre as pessoas; (g) de capital financeiro: dinheiro ou crédito, recursos originários da contribuição de sócios ou acionistas, empréstimos e resultados gerados pela operação; e (h) intangíveis: direitos sobre patentes, marcas, desenhos industriais, fórmulas, processo de fabricação. 10 Idem, pp. 4244. Edmar Andrade compreende produção como “processo de extração de bens da natureza para serem utilizados como matériasprimas ou como mercadorias vendidas in natura”. Assim, os insumos da produção seriam aqueles necessários à extração ou colheita de produtos, ou produção de produtos intermediários. A “produção requer a existência de insumos de infraestrutura produtiva: trabalho, dinheiro e segurança (...) formada basicamente por máquinas e equipamentos e pelos recursos naturais” a serem utilizados. 11 Idem, p. 45. “As leis 10.633 e 10.833 não contêm regras claras acerca dos créditos sobre insumos utilizados na exploração de outras atividades que não as que envolvem fabricação, produção, revenda e prestação de serviços”. 12 Ato Declaratório Interpretativo da Secretaria da Receita Federal nº 2 de 14/03/2003 Art. 1º A partir de 1º de dezembro de 2002, as pessoas jurídicas submetidas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep poderão descontar créditos calculados em relação a bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à: I venda; e II prestação de serviços (grifos nossos). 13 BOTALLO, Eduardo Domingos. O imposto sobre produtos industrializados na Constituição e no CTN. In: SANTI, Eurico de (coord.). Direito tributário e finanças públicas do fato à norma, da realidade ao conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 940941. Ainda que a lei possa determinar que situações específicas gerem créditos de IPI, o critério do sistema de compensação é a entrada de insumos, assim entendidos como matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. Neste sentido, o artigo 226 do Decreto 7.212 de 15/06/2010 (RIPI), que revoga o artigo 164 do Decreto 4.544, de 26/12/2002: "Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente". A leitura da Instrução Normativa nº 247/02, art. 66, inciso I, alínea 'b' e § 5º, com as alterações da Instrução Normativa nº 358/03, torna evidente o mimetismo. 14 A Receita Federal veio mantendo, nos últimos anos, o seu posicionamento, com amparo na legislação do IPI, o que a levou a negar o direito à tomada de créditos, para fins de PIS e Cofins nãocumulativos, entre outros, referentes a: gastos com pneus, peças e partes de veículos realizados para transporte de mercadorias entre estabelecimentos da mesma empresa (Solução de Consulta nº 443/06, 9ª Região Fiscal); despesas com frete contratado para transporte de mercadorias (Solução de Consulta nº 64/05, 8ª Região Fiscal); gastos com combustíveis e lubrificantes (Soluções de Consulta nº 23/07 e 24/07 da 2ª Região Fiscal); fornecimento benefícios ao empregado, tais como vale transporte, vale alimentação/refeição ou plano de saúde (Ato Declaratório Interpretativo nº 04/07); aquisição de equipamentos de proteção individual, ou “EPI” (Solução de Consulta nº 24/08, 6ª Região Fiscal); diárias pagas a funcionários em virtude de prestação de serviços em localidade diversa da que residem ou trabalham (Soluções de Divergência nº 15/08 e 24/08 COSIT); gastos de passagens de funcionários na prestação dos serviços (Solução de Divergência nº 25/08 COSIT); gastos de transporte de produto acabado entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (Soluções de Divergência nº 11/08, 12/08 e 26/08 COSIT). 15 O Parecer Normativo Coordenador do Sistema de Tributação (CST) nº 65/79 conceitua insumo para fins de IPI como “matériaprima, produto intermediário e material de embalagem consumido ou não no processo de industrialização”. Fl. 2917DF CARF MF Processo nº 16349.000286/200979 Acórdão n.º 3401003.401 S3C4T1 Fl. 2.898 41 Entendese que a contabilização do bem deve ser um importante norte magnético para a decisão e, assim, no caso de estrados descartáveis, ou daqueles que compõem o acondicionamento do produto acabado, pronto a ser comercializado, a contribuinte, ao realizar o seu reconhecimento em conta de despesa operacional, fornece todos os indícios necessários ensejadores do creditamento na condição de insumos voltados à consecução do objeto social da empresa. Por outro lado, como se sabe, o bem de ativação obrigatória, ou seja, aquele, de acordo com o Pronunciamento CPC nº 27, "(...) mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias (...) e que se espera utilizar por mais de um período" merece reconhecimento, na condição de bem durável voltado à obtenção da receita, como "não circulante" (ANC), devendo ser depreciado para fins de distribuição da despesa com a aquisição pelo período estimado de uso. No caso presente, contrariamente à decisão objurgada, conforme se aferiu, trata se o estrado de produto indispensável: seja para a manutenção dos padrões mínimos de higiene e limpeza, seja para a movimentação e acondicionamento das cargas. A sua participação no processo produtivo e a alegação fundamentada da contribuinte de que tal produto se desgasta em tempo inferior a um ano, não o tornando suscetível à ativação, é bastante para o reconhecimento do crédito pleiteado na condição de insumos da produção, critérios estes, ademais, que chegam a permitir que se dispense o recurso ao igualmente aberto parâmetro da "essencialidade", a se supor que todos os gastos, do ponto de vista do administrador da empresa, sejam fiéis a tal preceito. Cumpre aquiescer, por diversa perspectiva, conforme se depreende dos documentos e imagens trazidos a estes autos administrativos e competentemente repisados durante a sustentação oral do patrono da contribuinte, que os pallets são utilizados para referida movimentação ainda no interior das dependências da empresa, ou seja, antes de concluído o processo produtivo, merecendo, portanto, tratamento de produto intermediário. Assim, entendo que mesmo diante da interpretação do Parecer Normativo CST nº 65/79, e ainda que considerados os critérios de apropriação de créditos ínsitos ao IPI, seria perfeitamente possível o reconhecimento do crédito e, neste sentido, façome acompanhar das razões do Conselheiro Júlio César Alves Ramos em seu substancioso voto vencedor, que integra do Acórdão CSRF nº 9303003.478, proferido em sessão de 25/02/2016, de relatoria do Conselheiro Henrique Torres. Isto porque o pallet, embora não se integre ao produto, é utilizado no processo produtivo na condição de um produto secundário ou intermediário, i.e., algo que se distingue da matéria prima porque já pronto para o uso. Neste sentido, há de se adicionar um aspecto histórico do Parecer Normativo CST nº 65/79, cuja redação decorreu da recusa do Supremo Tribunal Federal em reconhecer constitucional o requisito inserto pelo Decreto nº 70.163/1972 de que o produto intermediário fosse consumido "imediata e integralmente". Reportamonos a trecho do voto do Ministro Aliomar Baleeiro no freqüentemente citado pelos estudiosos e aplicadores da matéria Recurso Extraordinário nº 79.601RS, proferido em sessão de 26 de novembro de 1974 pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, elaborado com base em pareceres de lavra de Rubens Gomes de Sousa e Ruy Barbosa Nogueira: Fl. 2918DF CARF MF 42 Assim, dois pontos de vista convergem para o posicionamento expresso por este voto: (i) caso se refira ao "insumo" no sentido da legislação atinente à nãocumulatividade das contribuições sociais, há de se buscar a participação no processo produtivo que não se espera utilizar por mais de um período; (ii) ao nos voltarmos à quimera de uma unidade conceitual em torno da definição de "insumos", com a qual registramos, desde já, não comungar, ainda assim deverá ser reconhecido o creditamento, pois deve o pallet ser compreendido na condição de produto intermediário, espécie do gênero "insumo", afigurandose, digase, desnecessário o contato físico direto com o produto. De toda sorte, entendemos desnecessário tal exercício, vez que, sem o estrado, não se encontrariam satisfeitas as condições mínimas para a continuidade do processo produtivo, de modo que o presente voto filia o seu reconhecimento à primeira hipótese. Com base nas razões acima expostas, e sem prejuízo das demais divergências com relação ao bem fundamentado voto do Conselheiro Relator, voto por dar provimento ao recurso voluntário neste particular. Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Fl. 2919DF CARF MF
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