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Numero do processo: 10925.720921/2013-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Sep 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRECLUSÃO.
Não se pode conhecer da matéria trazida à tona pela defesa somente em sede de recurso voluntário, por disposição expressa do art. 17 do Decreto no 70.235/1972 (na redação dada pela Lei no 9.532/1997), alastrado às manifestações de inconformidade pelo art. 74, § 11 da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003: Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS). VEDAÇÃO AO CRÉDITO. LEI 11.033/2004 (ART. 17). LEI 11.116/2005 (ART. 16). NÃO DERROGAÇÃO.
Os comandos do art. 17 da Lei no 11.033/2004 e do art. 16 da Lei no 11.116/2005 não são geradores de créditos, em derrogação a norma anterior que os vedava.
CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS). CRÉDITO. TAXA SELIC. VEDAÇÃO LEGAL.
É incabível, por expressa disposição legal (art. 13 da Lei no 10.833/2003) a correção, pela Taxa SELIC, de créditos da não cumulatividade em relação à Contribuição para o PIS/PASEP.
Numero da decisão: 3401-006.847
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, e, na parte conhecida, negar provimento.
(assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 RECURSO VOLUNTÁRIO. PRECLUSÃO. Não se pode conhecer da matéria trazida à tona pela defesa somente em sede de recurso voluntário, por disposição expressa do art. 17 do Decreto no 70.235/1972 (na redação dada pela Lei no 9.532/1997), alastrado às manifestações de inconformidade pelo art. 74, § 11 da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003: Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS). VEDAÇÃO AO CRÉDITO. LEI 11.033/2004 (ART. 17). LEI 11.116/2005 (ART. 16). NÃO DERROGAÇÃO. Os comandos do art. 17 da Lei no 11.033/2004 e do art. 16 da Lei no 11.116/2005 não são geradores de créditos, em derrogação a norma anterior que os vedava. CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS). CRÉDITO. TAXA SELIC. VEDAÇÃO LEGAL. É incabível, por expressa disposição legal (art. 13 da Lei no 10.833/2003) a correção, pela Taxa SELIC, de créditos da não cumulatividade em relação à Contribuição para o PIS/PASEP.
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PRECLUSÃO. Não se pode conhecer da matéria trazida à tona pela defesa somente em sede de recurso voluntário, por disposição expressa do art. 17 do Decreto n o 70.235/1972 (na redação dada pela Lei n o 9.532/1997), alastrado às manifestações de inconformidade pelo art. 74, § 11 da Lei n o 9.430/1996, com a redação dada pela Lei n o 10.833/2003: “Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante”. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS). VEDAÇÃO AO CRÉDITO. LEI 11.033/2004 (ART. 17). LEI 11.116/2005 (ART. 16). NÃO DERROGAÇÃO. Os comandos do art. 17 da Lei n o 11.033/2004 e do art. 16 da Lei n o 11.116/2005 não são geradores de créditos, em derrogação a norma anterior que os vedava. CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS). CRÉDITO. TAXA SELIC. VEDAÇÃO LEGAL. É incabível, por expressa disposição legal (art. 13 da Lei no 10.833/2003) a correção, pela Taxa SELIC, de créditos da não cumulatividade em relação à Contribuição para o PIS/PASEP. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, e, na parte conhecida, negar provimento. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 09 21 /2 01 3- 47 Fl. 248DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3401-006.847 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10925.720921/2013-47 Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente). Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição (PER) / Declaração de Compensação (DCOMP), referente a créditos de Contribuição para o PIS/COFINS não cumulativa. A decisão de primeira instância proferida pela DRJ foi pela improcedência da manifestação de inconformidade, acordando-se que: (a) a insurgência é apenas contra parte do despacho decisório, havendo preclusão em relação aos temas não discutidos na manifestação de inconformidade; (b) não deve ser acolhido o pedido de perícia, pois não há elementos técnicos a serem esclarecidos, nem provas que não pudessem ser produzidas pelas partes; (c) não houve revogação nem expressa nem tácita do art. 8 o , § 4 o , da Lei n o 10.925/2004, pois as normas legais posteriores (art. 17 da Lei n o 11.033/2004, e art. 16 da Lei n o 11.116/2005) têm comandos de diferente significado, não havendo contrariedade entre elas, o que também endossa com Soluções de Consulta (n o 50/2017 e n o 326/2017); (d) a instância administrativa não detém competência para exame de constitucionalidade, nem para afastamento de norma vigente, como a Instrução Normativa RFB n o 1.157/2011); e (e) não se autoriza a juntada posterior de documentos, em respeito aos §§ 4 o e 5 o do art. 16 do Decreto n o 70.235/1972, na redação dada pela Lei n o 9.532/1997. Ciente da decisão de piso, a empresa interpôs recurso voluntário, argumentando, basicamente, que: (a) no recálculo do índice de rateio, a fiscalização usou critério de rateio sem amparo legal, e desprezou as receitas isentas, alíquota zero e sem incidência, relativas à revenda de mercadorias, e, além disso, não computou no somatório das “Receitas Não Tributadas”, as receitas suspensas, decorrentes da venda de suínos para abate, enquanto que a recorrente levou em consideração a totalidade dos ingressos e receitas auferidas, isto é, as receitas decorrentes de revenda de mercadorias e a receita relativa à venda de produtos de fabricação própria (apresentando demonstrativos na peça recursal); (b) não está a pretender o crédito sobre aquisições de mercadorias para revenda beneficiadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou sem incidência, pois discute apenas a possibilidade de incluir as receitas decorrentes de revenda de mercadorias suspensas, isentas, alíquota zero ou sem incidência na composição do montante “Não Tributadas Mercado Interno”, para o fim específico de determinar o índice de ressarcimento dos créditos acumulados (créditos preexistentes), consoante previsão contida no art. 16 da Lei no 11.116/2005; (c) no tocante as vendas suspensas de suínos e de leite in natura, também não há motivo para deixar-se de computá-las no somatório das receitas “não tributadas”, para o fim específico de determinar o índice de ressarcimento dos créditos acumulados (créditos preexistentes), conforme autorização contida no art. 16 da Lei n o 11.116/2005; (d) a autoridade fiscal pretende fundamentar a sua tese de Fl. 249DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3401-006.847 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10925.720921/2013-47 que não cabe o ressarcimento de créditos acumulados, registre-se, “preexistentes”, sobre mercadorias para revenda, já que não há glosa dos valores calculados pelo contribuinte e, sim, realocação dos valores informados na Linha 01 do Dacon, para o campo “Tributado Mercado Interno”, fundamentação que não se coaduna com a glosa efetuada; (e) a recorrente jamais tomou crédito sobre aquisições de mercadorias para revenda sujeitas à alíquota zero, isentas, sujeitas à incidência monofásica ou com suspensão do pagamento das contribuições; e (f) o crédito deve ser atualizado pela Taxa SELIC. É o relatório. Voto Conselheiro ROSALDO TREVISAN, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 3401-006.841, de 21 de agosto de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10925.720277/2010-64. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401-006.841): “Percebe-se nitidamente, no entanto, já de início, que o recurso voluntário é absolutamente inovador em relação à manifestação de inconformidade. Ao que parece, as glosas não foram bem compreendidas pela defesa na peça recursal inaugural, que se limitou a discutir eventual derrogação do art. 8 o , § 4 o , da Lei n o 10.925/2004 pelo teor do art. 17 da Lei n o 11.033/2004 e do art. 16 da Lei n o 11.116/2005, matéria bem enfrentada no julgamento de piso. Em seu recurso voluntário, percebendo que a razão das glosas se devia mormente a critério de rateio e não à negativa de créditos da não-cumulatividade, parece a empresa desejar interpor uma “nova manifestação de inconformidade”, o que não encontra guarida no Decreto n o 70.235/1972, que rege o processo administrativo fiscal. Repare-se que o tema protagonista do recurso voluntário (“critério de rateio”) sequer figurou na manifestação de inconformidade, e não trata de questão de ordem pública, que demandasse a manifestação deste tribunal administrativo. Não se pode conhecer, assim, da matéria trazida à tona pela defesa somente em sede de recurso voluntário, por disposição expressa do art. 17 do Decreto n o 70.235/1972 (na redação dada pela Lei n o 9.532/1997), alastrado às manifestações de inconformidade pelo art. 74, § 11 da Lei n o 9.430/1996, com a redação dada pela Lei n o 10.833/2003: “Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante”. Ou seja, os únicos temas que restam a debate no presente contencioso, e podem ser conhecidos e julgados por este tribunal administrativo são aqueles enfrentados pela DRJ, sob pena de supressão de instância. Tivesse a DRJ dado azo a alguma discussão nova no processo, surgida da análise do despacho decisório ou dos argumentos de defesa, até se poderia, em nome da verdade material, aprofundar o tema, buscando identificar de que forma afeta as razões de indeferimento do crédito demandado. Fl. 250DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3401-006.847 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10925.720921/2013-47 No entanto, no caso em análise, parece ter acontecido simples inércia da recorrente, que somente lembrou de discutir os principais temas referentes às glosas em sede recursal. Este colegiado, no entanto, não tem competência para análise inaugural de recurso em relação a despacho decisório, nem para enviar, no atual estágio, o tema à instância de piso, pois já escoado o prazo para apresentação de manifestação de inconformidade. Assim, não conheço das alegações inauguradas em sede de recurso voluntário, relativas a critério de rateio, sequer levadas à primeira instância administrativa. Os temas debatidos na instância de piso ecoam na ementa da decisão da DRJ: REVOGAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. INOCORRÊNCIA. Não há revogação de um dispositivo legal quando, sobre esse, não ocorreu revogação tácita, tampouco revogação expressa. CONSTITUCIONALIDADE. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Considera-se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo sujeito passivo, tornando-se tal matéria incontroversa no âmbito administrativo. Aliás, a DRJ, logo ao início, reconhece a preclusão para as glosas em relação a produtos farmacêuticos. O argumento de defesa no sentido de que teria havido derrogação da vedação estabelecida no art. 8 o , § 4 o , da Lei n o 10.925/2004 pelo disposto no art. 17 da Lei n o 11.033/2004 e no art. 16 da Lei n o 11.116/2005, já foi enfrentado por este colegiado, que decidiu, unanimemente, em processo de minha relatoria, que: “AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS PARA REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. LEI N. 10.485/2002. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA EM LEI. As aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei n o 10.485/2002, para revenda, não geram créditos em função de expressa vedação nas leis de regência das contribuições (Lei n o 10.637/2002 - Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei n o 10.833/2003 - COFINS), nos artigos 3 o , I, “b”, combinados com os artigos 1 o , § 2 o , III e IV. E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória n o 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004) que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei n o 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldo credor acumulado no trimestre.” (grifo nosso) (Acórdão n o 3401- 003.517, sessão de 25.abr.2017) Ainda que o precedente trate de situação distinta, importa salientar que o colegiado entendeu unanimemente que os comandos do art. 17 da Lei n o 11.033/2004 e do art. 16 da Lei n o 11.116/2005 não são geradores de créditos, em derrogação a norma anterior que os vedava. E o segundo argumento levado à instância de piso, de que seria ilegal o comando do § 1 o do art. 3 o da Instrução Normativa RFB n o 1.157/2011, sequer é reiterado expressamente no recurso voluntário. Ademais, o conteúdo da referida norma infralegal não se opõe a seu fundamento legal. Sobre a demanda por correção pela Taxa SELIC, cabe destacar que é incabível, por expressa disposição legal (art. 13 da Lei n o 10.833/2003, c/c art. 15, VI da mesma lei). Pelo exposto, voto no sentido de conhecer em parte do recurso, e, na parte conhecida, negar provimento.” Fl. 251DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3401-006.847 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10925.720921/2013-47 Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer em parte do recurso, e, na parte conhecida, negar provimento. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Fl. 252DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.908010/2011-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Aug 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
PIS/COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE.
A não-cumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS deve se performar não mais de uma perspectiva Entrada vs. Saída, mas de uma perspectiva Despesa/Custo vs. Receita, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços.
PIS/COFINS. INSUMO. CONCEITO. STJ. RESP. 1.221.170/PR. ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA.
Conforme estabelecido de forma vinculante pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da PIS/COFINS deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica.
Numero da decisão: 3401-006.254
Decisão: Acordam os membros do colegiado, em dar parcial provimento ao recurso, da seguinte forma: (a) por maioria de votos, para: (a1) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-988/98, vencido o Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares; e (a2) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-328/2002, exceto no que se refere a conferência de materiais e auxílio administrativo, vencido o Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares, que mantinha integralmente o lançamento nesse item; e (b) por unanimidade de votos, para: (b1) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-229/2005-F, exceto no que se refere a manutenção predial; (b2) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-1012/2007-A; (b3) afastar o lançamento em relação a fretes nacionais na aquisição de insumos importados; e (b4) manter a autuação em relação aos contratos Contrato JUR-562/98 e JUR 230/2005-F, e em relação aos demais itens lançados.
(documento assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 PIS/COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. A não-cumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS deve se performar não mais de uma perspectiva Entrada vs. Saída, mas de uma perspectiva Despesa/Custo vs. Receita, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. PIS/COFINS. INSUMO. CONCEITO. STJ. RESP. 1.221.170/PR. ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. Conforme estabelecido de forma vinculante pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da PIS/COFINS deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, em dar parcial provimento ao recurso, da seguinte forma: (a) por maioria de votos, para: (a1) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-988/98, vencido o Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares; e (a2) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-328/2002, exceto no que se refere a conferência de materiais e auxílio administrativo, vencido o Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares, que mantinha integralmente o lançamento nesse item; e (b) por unanimidade de votos, para: (b1) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-229/2005-F, exceto no que se refere a manutenção predial; (b2) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR-1012/2007-A; (b3) afastar o lançamento em relação a fretes nacionais na aquisição de insumos importados; e (b4) manter a autuação em relação aos contratos Contrato JUR-562/98 e JUR 230/2005-F, e em relação aos demais itens lançados. (documento assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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NÃOCUMULATIVIDADE. A nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. PIS/COFINS. INSUMO. CONCEITO. STJ. RESP. 1.221.170/PR. ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. Conforme estabelecido de forma vinculante pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da PIS/COFINS deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Acordam os membros do colegiado, em dar parcial provimento ao recurso, da seguinte forma: (a) por maioria de votos, para: (a1) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR988/98, vencido o Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares; e (a2) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR328/2002, exceto no que se refere a conferência de materiais e auxílio administrativo, vencido o Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares, que mantinha integralmente o lançamento nesse item; e (b) por unanimidade de votos, para: (b1) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR229/2005F, exceto no que se refere a manutenção predial; (b2) afastar o lançamento em relação ao contrato JUR1012/2007A; (b3) afastar o lançamento em relação a fretes nacionais na aquisição de insumos importados; e (b4) manter a autuação em relação aos contratos Contrato JUR562/98 e JUR 230/2005F, e em relação aos demais itens lançados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 80 10 /2 01 1- 60 Fl. 254DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Irresignado, o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, vindo a repetir os seguintes argumentos apresentados na Manifestação de Inconformidade. (a) Ressalta o conceito extensivo a “insumo” para fins de sua aplicação à legislação do PIS/COFINS nãocumulativos, e que os serviços contratados pela Recorrente seriam atinentes a sua atividade; (b) Sobre os fretes na aquisição de insumos importados, afirma que esses valores integram o custo efetivo de aquisição de insumos não se confundindo com o frete internacional da importação; e (c) Sobre os seguros, alega que tais valores integram o custo do frete na venda de mercadorias, assim geram direito ao crédito, a teor do art. 3o, IX, da Lei Federal no 10.833, de 2003. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.251, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 13888.908007/201146. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão n3401006.251): "Do Mérito Fl. 255DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 4 3 Em síntese, o Recurso busca a reforma da decisão que manteve as glosas em relação a: (1) Serviços de manutenção e conservação predial, manutenção de rede elétrica, aluguel de empilhadeiras e veículos, movimentação de mercadorias, controle de estoque, almoxarifado, limpeza e jardinagem , que não foram considerados insumos do processo produtivo pela fiscalização, a teor da Instrução Normativa (IN) SRF no 404, de 2004, ou seja, tais serviços não foram aplicados diretamente ao processo produtivo da empresa; (2) Fretes sobre a aquisição de insumos importados; e (3) Seguros pagos sobre as mercadorias vendidas ao exterior. Do Conceito de insumos na legislação que rege as contribuições Com relação a esse item do Recurso, é necessário estabelecer os limites interpretativos para o conceito de insumo no âmbito das contribuições sociais, para, em seguida, expor as conclusões quanto à plausibilidade do direito ao crédito. A modalidade nãocumulativa das contribuições sociais surgiu em decorrência da edição das Medidas Provisórias no 66/2002 e no 135/2003, posteriormente convertidas nas Leis Federais no 10.637/2002 e no 10.833/2003. Anteriormente, a nãocumulatividade tributária, no Brasil, foi inaugurada com o ICMS e o IPI, sob influência da sistemática de tributação sobre o valor agregado, em voga em muitos países europeus a partir da segunda metade do século XIX, e pouco se desenvolveu na doutrina – e jurisprudência – a respeito da definição dos itens que poderiam ser admitidos como crédito; primeiro, porque houve uma taxatividade mais explícita dos itens creditáveis; segundo, porque até o advento da não cumulatividade do PIS e da COFINS, os debates jurídicos eram monopolizados pelos conflitos de ordem eminentemente formal. Contudo, diferentemente de outros tributos nãocumulativos, como o ICMS e o IPI, a regulamentação constitucional das contribuições limitouse a delegar à lei ordinária o estabelecimento de quais setores de atividade econômica teriam o regime nãocumulativo aplicável, conforme se denota da inclusão do parágrafo doze ao artigo 195, da Constituição Federal: “§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas”. Vejase que, em relação ao ICMS e ao IPI, a Constituição Federal foi um pouco menos econômica, buscando definir limites mínimos para a aplicação do conceito da não cumulatividade tributária: “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: Fl. 256DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 5 4 IV produtos industrializados; II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (...) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...) § 2o O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; (...)” De tal forma, ainda, que o princípio da nãocumulatividade guarde um significado próprio qual seja, o de viabilizar a tributação sobre o valor agregado , é certo que a modalidade nãocumulativa das contribuições sociais deve ser encarada mormente pelos mandamentos previstos nas respectivas leis de sua criação, não cabendo a esse Tribunal ultrapassar os limites objetivos previstos por essa legislação infraconstitucional. Esse é o comentário de Ricardo Mariz de Oliveira, na obra coletiva “Não Cumulatividade Tributária: Todavia, pelo que consta desse artigo, já se pode constatar que se trata de um regime de nãocumulatividade parcial, pois ele não assegura plena dedução de créditos, mas apenas dos valores listados “numerus clausulus” e segundo regras de cálculo prescritas expressamente. (Ed. Dialética, 2009, p.427) Assim, devese ter em vista que a nãocumulatividade não comporta um conceito absoluto e independente da legislação que regra os tributos com essa particularidade. Isso não será diferente com as contribuições sociais. Na miríade de atos normativos que regem a contribuições sociais nãocumulativas, é muito claro que nos detemos no artigo 3o das Leis Federais de regência, muito embora as modalidades de direito ao crédito estejam espalhadas na legislação ordinária que regulam as contribuições sociais para setores específicos e operações específicas, que serão objeto de análise pontual mais adiante. Nesse primeiro momento, vejamos o citado artigo 3o: Fl. 257DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 6 5 “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei no 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei no 11.727, de 2008). b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei no 11.787, de 2008) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei no 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei no 10.865, de 2004) VI máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei no 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei no 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa Fl. 258DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 7 6 jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei no 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços.” E fica bem claro que o item de maior questionamento desde o início da vigência do regime nãocumulativo é aquele que se refere a “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.” Vejam que a expressão “insumo”, na legislação de referência, não foi adicionada de uma definição própria para aplicação, de modo que, nos termos do artigo 11, da Lei Complementar no 95/1998, que trata da elaboração e redação das leis, as palavras devem ser utilizadas no texto legal em seu sentido comum, de modo que a interpretação da legislação deve seguir tal comando como premissa. Diante disso, cabe mencionar que, segundo o Dicionário Aurélio1, insumo pode ser definido como o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços; máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.; fator de produção”. No que se refere ao conceito de insumo em âmbito jurídico, o eminente tributarista Aliomar Baleeiro2, há muito já definira: “(...) é uma algaravia de origem espanhola, inexistente em português, empregada por alguns economistas para traduzir a expressão inglesa 'input', isto é, o conjunto dos fatores produtivos, como matériasprimas, energia, trabalho, amortização do capital, etc., empregados pelo empresário para produzir o 'output' ou o produto final. (...)” De fato, do ponto de vista puramente econômico, o referido conceito nos parece apropriado. Para a ciência econômica, tal definição inclui todos os elementos necessários à produção de um bem, mercadoria ou serviço, tais como matériasprimas, bens intermediários, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc. Todavia, para fins fiscais, o termo insumo é utilizado de maneira mais restrita, haja vista a pouca disposição existente até hoje para se desenvolver esse conceito, ao menos no Direito Brasileiro. Nas raras remissões legislativas encontradas, usualmente se trata do ICMS ou do IPI, tributos onde há uma forte vinculação física entre o produto final e o bem que irá gerar crédito fiscal, mesmo porque constituem impostos sobre a “produção e circulação de bens e serviços”, tal como disposto em nosso 1 Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2 In Direito Tributário Brasileiro, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980, pág. 214. Fl. 259DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 8 7 Código Tributário Nacional (Capítulo IV da Lei no 5.172/1966 CTN). No caso do ICMS, o que se observa é uma evolução gradual do conceito de insumo, que acaba ampliando o conceito básico e evidente da tríade matériaprima/produto intermediário/material de embalagem, principalmente no que se refere ao que se chama produto intermediário. Nas raras oportunidades em que a legislação estadual enfrentou o tema, podemos citar um ato normativo que pode ser considerado como pioneiro na definição de insumo: a Decisão Normativa CAT no 01/2001, do Estado de São Paulo, que, ao exemplificar mercadorias que poderiam ser consideradas insumos, deu especial destaque àqueles produtos que são utilizados no processo ainda que não componham o produto final: “Entre outros, têmse ainda, a título de exemplo, os seguintes insumos que se desintegram totalmente no processo produtivo de uma mercadoria ou são utilizados nesse mesmo processo produtivo para limpeza, identificação, desbaste, solda etc.: lixas; discos de corte; discos de lixa; eletrodos; oxigênio e acetileno; escovas de aço; estopa; materiais para uso em embalagens em geral tais como etiquetas, fitas adesivas, fitas crepe, papéis de embrulho, sacolas, materiais de amarrar ou colar (barbantes, fitas, fitilhos, cordões e congêneres), lacres, isopor utilizado no isolamento e proteção dos produtos no interior das embalagens, e tinta, giz, pincel atômico e lápis para marcação de embalagens; óleos de corte; rebolos; modelos/matrizes de isopor utilizados pela indústria; produtos químicos utilizados no tratamento de água afluente e efluente e no controle de qualidade e de teste de insumos e de produtos.” Porém, como podemos verificar, o conceito amplificado de insumo para o ICMS (e também do IPI) é derivado da conclusão de que são os elementos que participam efetivamente do processo produtivo, haja vista que, conforme dito anteriormente, o ICMS demanda uma intrínseca relação entre a entrada da mercadoria utilizada no processo econômico que ensejará a saída do produto final. Ademais, verificase que enquanto o ICMS e o IPI possuem profunda relação com a movimentação física de bens e mercadorias, o que se reflete na maneira como a não cumulatividade se manifesta como regra, apropriase créditos na entrada de bens e mercadorias que venham a serem movimentados posteriormente com débito do imposto , o PIS e a COFINS possuem relação com um aspecto absolutamente econômico, representado e controlado graficamente pela contabilidade, a geração de receitas tributáveis. Nessa linha, a nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, expressivamente mais complexa e mais alheia aos operadores do Fl. 260DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 9 8 Direito e aos legisladores, que durante cinquenta anos acostumaram com a “nãocumulatividade física” em detrimento de uma “nãocumulatividade econômica”. De certo, é possível entender essa falha conceitual ao se analisar com cuidado o mencionado artigo 3o, quando se observa que os incisos e parágrafos endossam a ideia de permitir o crédito, por exemplo, desde a entrada dos bens para estoque (quando mencionam “aquisição”) enquanto o conceito intrínseco da não cumulatividade econômica está sobre a noção de custo e despesa, que não são registrados no momento da aquisição do estoque, mas sim quando da sua realização pela venda, e consequente registro contábil da receita. Desse modo, acredito que o conceito de insumo para a legislação do PIS/PASEP e da COFINS parece ser mais abrangente que o utilizado para créditos do IPI e do ICMS – como faz crer das conclusões da decisão ora recorrida –, de maneira que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. Nesse sentido decisão recente e vinculante do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial 1.221.170/PR, de que o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da COFINS deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Por outro lado, a Instrução Normativa SRF no 247/2002, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF no 358/2003, ao regulamentar a cobrança do PIS/PASEP e da COFINS, definiu insumo de uma maneira mais restrita, contrariando, em última análise, o espírito das Leis Federais no 10.637/2002 e no 10.833/2003, que visavam mitigar o efeito cascata das contribuições e “estimular a eficiência econômica”3: “Art. 66. (...) § 5o Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; 3 Exposição de Motivos da Lei Federal nº 10.833/2003. Fl. 261DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 10 9 b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...)” Partindo desse posicionamento, a Receita Federal amenizou algumas restrições, criando um entendimento, que vigora até hoje em diversas Soluções de Consulta, de que deve haver um vínculo de imprescindibilidade e à essencialidade do respectivo bem ou serviço para que seja possível a apropriação de créditos. Assim, destacou a Solução de Consulta que inaugurou esse raciocínio: “Solução de Consulta no 400/2008 (8ª Região Fiscal) PIS/PASEP. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da contribuição para o PIS/PASEP devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.637, de 2002, art. 3o, inciso II; IN SRF no 247, de 2002, art.66, § 5o. COFINS. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na Fl. 262DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 11 10 fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da COFINS devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.833, de 2003, art. 3o, inciso II; IN SRF no 404, de 2004, art. 8o, § 4o.(DOU de 08/12/2008)” Já a Instrução Normativa SRF no 404/2004 manteve a definição anterior, em seu artigo 8o, § 4o, que assim dispôs: “Artigo 8o (...) § 4o Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I Utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II Utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...)” Consideradas, pois, as manifestações acima, podemos afirmar que o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS deve ser tido de forma mais abrangente que a do IPI e do ICMS, o construído à luz dos critérios da Fl. 263DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 12 11 essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Passo a analisar, a seguir, os itens glosados pela fiscalização e mantidos pela decisão de primeiro grau. Das glosas efetuadas (1) Glosa de créditos sobre serviços de manutenção e conservação predial, manutenção de rede elétrica, aluguel de empilhadeiras e veículos, movimentação de mercadorias, controle de estoque, almoxarifado, limpeza e jardinagem. A Recorrente deseja ver reformadas as glosas relacionadas a: Contratos de Prestação de Serviço JUR562/98 e JUR988/98, que se referem a gerenciamento do inventário físico dos insumos utilizados na produção, incluindo compra, recebimento, estocagem, manuseio até a sua utilização na produção; Contrato de Serviços JUR 328/2002, relacionado à limpeza industrial e remoção de resíduos industriais; Contrato de Serviço JUR 229/2005F, relacionado a operações de instalação, manutenção predial e tratamento de resíduos, manutenção de equipamentos industriais (empilhadeiras, motobombas, geradores, guindastes), além de serviços de serralheria e carpintaria relacionados a equipamentos utilizados na produção; Contrato de Serviço JUR 230/2005F, relacionado a jardinagem, correio, administração do arquivo, almoxarifado de materiais indiretos; e Contrato de Serviço JUR 1012/2007A, relativo à manutenção de equipamentos industriais (empilhadeiras, paletizadoras, geradores, guindastes). Ora, dos itens relacionados acima, com base no entendimento esposado na parte anterior do voto, aliado à compreensão dada por insumo nos termos da Solução de Consulta COSIT no 5/2018, é possível entender como passíveis de apropriação de crédito, por guardarem essencialidade em relação à atividade da Recorrente, as despesas dos contratos de serviço JUR988/98, JUR328/2002 (exceto no que se refere a conferência de materiais e auxílio administrativo), JUR229/2005F (exceto no que se refere a manutenção predial), e JUR1012/2007A, sendo corretas as glosas referentes aos contratos JUR562/98 e JUR 230/2005F, por serem atinentes a atividades que não denotam o grau de essencialidade relevância discutido no tópico anterior. Assim, devem ser reformadas parcialmente as glosas relativas a este tópico, como exposto acima. Fl. 264DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 13 12 (2) Fretes sobre a aquisição de insumos importados Devese reconhecer que a legislação da modalidade não cumulativa das contribuições sociais não previu a possibilidade de desconto de créditos sobre os serviços de frete decorrentes da aquisição de insumos que, por sua vez, geraram créditos. Talvez nem precisasse. Isso porque, conforme, será explicitado à frente, esse regime nãocumulativo está sensivelmente ligado à dualidade custo receita; não há a menor dúvida que o frete suportado pelo adquirente na compra de insumos deve ser integrado ao custo de aquisição desses últimos. Vejamos o Pronunciamento Técnico CPC 16, aprovado pelo CFC pela NBC TG 16: “11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição.” Além disso, é possível inferir que tenha havido silêncio eloquente pelas normas que regulam as contribuições, ao não vetar expressamente essa possibilidade, vis a vis ser absolutamente claro que, como regra, os gastos no transporte de insumos serem integrantes do custo de estoque. Dessa forma, o frete nacional na aquisição de insumos, por compor o seu custo, implica o direito ao crédito das contribuições. Esse entendimento acabou sendo replicado na Solução de Consulta COSIT no 99048, de 20.03.2017, ao reconhecer a possibilidade do crédito sobre frete quando esse integrar o custo de aquisição de insumos, a despeito da falta de “previsão legal específica para a apuração de créditos da não cumulatividade da COFINS em relação aos dispêndios com frete ocorridos na aquisição de bens”: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: CRÉDITOS. FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS. Os dispêndios com serviço de transporte de bens de terceiros entre estabelecimentos da pessoa jurídica executora de serviços de manutenção dos referidos bens não geram para esta direito à apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep. Fl. 265DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 14 13 Não há previsão legal específica para a apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep em relação aos dispêndios com frete ocorridos na aquisição de bens. No entanto, considerando que o frete do bem adquirido, em regra, integra o custo de aquisição do bem: a) quando permitido o creditamento em relação ao bem adquirido, o custo de seu transporte, incluído no seu valor de aquisição, servirá, indiretamente, de base de apuração do valor do crédito; b) quando vedado o creditamento em relação ao bem adquirido, também não haverá, sequer indiretamente, tal direito em relação aos dispêndios com seu transporte. (VINCULADA À SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT No 7, DE 23 DE AGOSTO DE 2016, PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO DE 11 DE OUTUBRO DE 2016.) DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei no 10.637/2002, art. 3o, II; RIR, art. 289, § 1o; IN SRF no 247/2002, art. 66, I, ‘b’, e § 5o. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS EMENTA: CRÉDITOS. FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS. Os dispêndios com serviço de transporte de bens de terceiros entre estabelecimentos da pessoa jurídica executora de serviços de manutenção dos referidos bens não geram para esta direito à apropriação de créditos da Cofins. Não há previsão legal específica para a apuração de créditos da não cumulatividade da Cofins em relação aos dispêndios com frete ocorridos na aquisição de bens. No entanto, considerando que o frete do bem adquirido, em regra, integra o custo de aquisição do bem: a) quando permitido o creditamento em relação ao bem adquirido, o custo de seu transporte, incluído no seu valor de aquisição, servirá, indiretamente, de base de apuração do valor do crédito; b) quando vedado o creditamento em relação ao bem adquirido, também não haverá, sequer indiretamente, tal direito em relação aos dispêndios com seu transporte. (VINCULADA À SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT No 7, DE 23 DE AGOSTO DE 2016, PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO DE 11 DE OUTUBRO DE 2016.) DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei no 10.833/2003, art. 3o, II; RIR.” Diante disso, deve ser reformada a decisão recorrida, para reconhecer os créditos oriundos da contratação de frete nacional na aquisição dos insumos importados, uma vez que os gastos relacionados sua efetiva entrega no estabelecimento da Recorrente integram o custo de aquisição. Excluemse da geração de créditos os fretes relativos à operação de importação (fretes internacionais). Fl. 266DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 15 14 Assim, devem ser revertidas as glosas referentes a fretes nacionais na aquisição de insumos importados. (3) Seguros pagos sobre as mercadorias vendidas ao exterior Por outro lado, a contratação de seguro relacionada aos produtos acabados a serem vendidos ao exterior não se insere o conceito de custo de aquisição de insumos ou mercadorias, uma vez que esses gastos que ocorrem após a finalização do produto, não sendo possível sua integração ao custo do produto acabado. Em sua defesa, a Recorrente traz à baila o fato de que os valores de seguro estão compreendidos no valor total do frete relacionado à exportação dos seus produtos, como se demonstra no trecho do contrato de serviços de frete internacional (JUR 777/2003): Nesse sentido, alega que o seguro, na verdade, se inclui no total da remuneração cobrada pela transportadora, e, como tal, deveria ser passível de creditamento. Por outro lado, o fato de o contrato entre as partes prever que o seguro será cobrado conjuntamente não desnatura o “seguro”, de modo que não há como tratálo como frete. Assim, tratase de típica “despesa com vendas”, cuja natureza (seguro) não está prevista no rol de possibilidades de apropriação de créditos de PIS/COFINS, posto que não é tampouco possível caracterizála como insumo. Acertada, portanto, a decisão de primeiro grau, que manteve a glosa de créditos originados dessas despesas. Das considerações finais Diante de todo o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso, para afastar o lançamento em relação aos contratos JUR988/98; JUR328/2002 (exceto no que se refere a conferência de materiais e auxílio administrativo); JUR 229/2005F (exceto no que se refere a manutenção predial); e JUR1012/2007A; bem assim para afastar o lançamento em relação a fretes nacionais na aquisição de insumos importados. Nota do redator designado Ad Hoc: Como o presente processo foi julgado em conjunto com outros seis, da mesma empresa, na sessão de julgamento de 17/06/2019, sendo um deles de maior Fl. 267DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 16 15 abrangência e referente a lançamento (no 13888.720188/2012 61, onde podem ser encontrados, na íntegra, os contratos mencionados neste voto), o resultado do processo abrangente acabou espelhado nos demais, inclusive no presente. Assim, a menção, no resultado do julgamento, a afastamento de “lançamento” para um determinado tema deve ser compreendida como afastamento “das glosas” efetuadas pela fiscalização em relação ao respectivo tema. O esclarecimento aqui apresentado objetiva facilitar a compreensão e a liquidação administrativa do acórdão." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicase também aos autos a observação contida na “Nota do redator designado Ad Hoc” constante do paradigma. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por dar parcial provimento ao recurso, para afastar o lançamento em relação aos contratos JUR988/98; JUR 328/2002 (exceto no que se refere a conferência de materiais e auxílio administrativo); JUR 229/2005F (exceto no que se refere a manutenção predial); e JUR1012/2007A; bem assim para afastar o lançamento em relação a fretes nacionais na aquisição de insumos importados. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 268DF CARF MF Processo nº 13888.908010/201160 Acórdão n.º 3401006.254 S3C4T1 Fl. 17 16 Fl. 269DF CARF MF
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Numero do processo: 10245.721381/2013-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/03/2011
COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA ISOLADA. PROCESSOS APENSADOS. JULGAMENTO CONJUNTO. ART. 116 DECRETO N° 7.574/2011. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
O julgamento conjunto e simultâneo de processos de análise de declaração de compensação e de lançamento da multa isolada correspondente que tramitam apensados, ainda que com o proferimento de dois acórdãos, não configura hipótese de nulidade por violação do art. 116 do Decreto n° 7.574/2011.
PIS/COFINS. REGIME ESPECIAL DE APURAÇÃO. ART. 58-J DA LEI Nº 10.833/2003. CRÉDITO EMBALAGEM. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS FEDERAIS. IMPOSSIBILIDADE.
Os créditos-embalagem apurados pelas pessoas jurídicas fabricantes de bebidas do capítulo 22 da TIPI optantes pelo regime especial de apuração previsto no art. 58-J da Lei n° 10.833/2003 não podem ser objeto de compensação com outros tributos e contribuições da empresa como ocorre com as empresas comerciais nos termos do §4° do art. 51 da mesma lei.
MULTA ISOLADA. ART. 18 DA LEI Nº 10.833/2003. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA. IMPROCEDÊNCIA.
A qualificação da multa isolada aplicada por compensação indevida somente pode ocorrer quando a autoridade fiscal provar de modo inconteste o dolo por parte da contribuinte, condição imposta pela lei. Não estando comprovado com elementos contundentes o intuito de fraude, deve ser afastada a aplicação da multa qualificada.
Numero da decisão: 3401-006.662
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para excluir a imposição da multa isolada.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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MULTA ISOLADA. PROCESSOS APENSADOS. JULGAMENTO CONJUNTO. ART. 116 DECRETO N° 7.574/2011. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. O julgamento conjunto e simultâneo de processos de análise de declaração de compensação e de lançamento da multa isolada correspondente que tramitam apensados, ainda que com o proferimento de dois acórdãos, não configura hipótese de nulidade por violação do art. 116 do Decreto n° 7.574/2011. PIS/COFINS. REGIME ESPECIAL DE APURAÇÃO. ART. 58J DA LEI Nº 10.833/2003. CRÉDITO EMBALAGEM. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS FEDERAIS. IMPOSSIBILIDADE. Os créditosembalagem apurados pelas pessoas jurídicas fabricantes de bebidas do capítulo 22 da TIPI optantes pelo regime especial de apuração previsto no art. 58J da Lei n° 10.833/2003 não podem ser objeto de compensação com outros tributos e contribuições da empresa como ocorre com as empresas comerciais nos termos do §4° do art. 51 da mesma lei. MULTA ISOLADA. ART. 18 DA LEI Nº 10.833/2003. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA. IMPROCEDÊNCIA. A qualificação da multa isolada aplicada por compensação indevida somente pode ocorrer quando a autoridade fiscal provar de modo inconteste o dolo por parte da contribuinte, condição imposta pela lei. Não estando comprovado com elementos contundentes o intuito de fraude, deve ser afastada a aplicação da multa qualificada. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para excluir a imposição da multa isolada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 5. 72 13 81 /2 01 3- 78 Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o Acórdão da DRJ, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e a Impugnação apresentadas, conforme ementas respectivamente abaixo transcritas: "CRÉDITO. EMBALAGENS. REGIME ESPECIAL. É vedada a utilização de créditos na aquisição de embalagens em cuja venda inexistiu pagamento da contribuição, tal como ocorre nas vendas para áreas de livre comércio a partir de 1º de janeiro de 2009. CRÉDITOS. EMBALAGENS. APROVEITAMENTO. Ainda que fosse possível o aproveitamento dos créditos referentes às embalagens adquiridas por fabricantes de bebidas de que trata o art. 58J da Lei nº 10.833, de 2003, essa utilização não poderia ser feita através de compensação com outros tributos e contribuições em Per/Dcomp, diferente do que ocorre com as empresas comerciais, para as quais há a previsão legal. ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO. Encontramse reduzidas a zero, desde 1º de janeiro de 2009, as alíquotas da contribuição incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização em Áreas de Livre Comércio." Cientificada das referidas decisões, a empresa interpôs os respectivos Recursos Voluntários em que reproduziu os mesmos argumentos da Manifestação de Inconformidade e da Impugnação, quais sejam: "a) Informa ter por objetivo social a fabricação de refrigerantes e o engarrafamento de água mineral, enquadrados no código Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 4 3 22.02 da TIPI, sendo que em 20.05.2004 efetuou a opção pelo regime especial de tributação de que trata o § 1º do art. 52 da Lei nº 10.833, de 2003, passando a sujeitarse às regras específicas desse sistema de tributação que, em linhas gerais, prevê o crédito de determinado valor, estipulado para cada unidade de embalagem adquirida e o débito pelo valor fixado no inciso I do art. 52, por litro de produto vendido; b) Cita soluções de consulta de regionais da Receita Federal, entendendo inexistirem dúvidas quanto ao seu direito; c) Defende a possibilidade legal da utilização dos créditos em compensações, julgando que a legislação colocou as indústrias de refrigerantes que optaram pelo Regime Especial da Lei 10.833/2003 na mesma condição das empresas que comercializam as embalagens, isto é, com a permissão do crédito pelas embalagens que adquirir; d) Quanto ao fato de estar situada em área de livre comércio, informa possuir projeto aprovado pela Suframa, o que lhe confere tratamento tributário diferenciado. Cita novas soluções de consulta; e) Acrescenta: “A produção da requerente é comercializada na Área de Livre Comércio de Boa Vista, na Zona Franca de Manaus e na República da Guiana. Nessa condição, temse uma significativa proporção de vendas equiparadas a exportação, com total isenção do PIS e da Cofins. As vendas dentro da Área de Livre Comércio, caso não prevaleça o regime especial (REFRI) PRATICADO, DEVEM RECEBER o tratamento incentivado assegurado no marco regulatório da Suframa, com a ressalva de que a responsabilidade do recolhimento dos tributos é do fornecedor, quando da venda para empresa estabelecida na ALC (Sol. De Consulta nº 414). Temse, assim que, na impensável hipótese de não aplicação do regime especial pelo qual optou a requerente (REFRI), não se poderá exigir tributo integral, como pretende a fiscalização, que negou a homologação pretendida. Há que ser procedido criterioso levantamento e consideradas as isenções, a alíquota zero ou as alíquotas incentivadas garantidas por lei, na conformidade do entendimento administrativo exposto nas Soluções de Consulta acima transcritas.” f) Em seguida, referese ao lançamento da multa isolada objeto do processo apensado, entendendo serem incabíveis por haver o mesmo agido de acordo com as normas e a interpretação da Receita Federal; g) Cita os princípios da igualdade (equiparação entre comerciantes e industriais) e boafé, para reforço do seu entendimento; Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 5 4 h) Afirma que a segurança jurídica que deve nortear as relações entre a administração e os administrados também recomenda que as decisões definitivas proferidas no contencioso administrativo fiscal, especialmente as que se tornam reiteradas, sirvam de orientação a ser respeitada pelo contribuinte e pelo próprio fisco, o que não se vê neste caso; i) Transcreve jurisprudência que entende ir ao encontro do seu juízo; j) Aduz que na dúvida deverá ser aplicado o art. 112 do CTN; k) Ao final, requer a revisão dos atos administrativos." É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan , Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.640, de 23 de julho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10245.720653/201401. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.640): "Da preliminar A Recorrente se socorre do art. 116 do Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União, para pugnar pela nulidade absoluta dos julgados recorridos, sob a alegação de descumprimento da norma nele contida quanto ao necessário julgamento conjunto dos processos de homologação de compensação e de lançamento de multas àqueles correlatas, uma vez que a DRJ/BEL proferiu dois acórdãos, um no processo de nº 10245.720653/201401, referente à análise das declarações de compensação, e outro no processo de nº 10245.721231/2014 45, em que foi formalizado auto de infração para lançamento da multa isolada prevista no art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003. Para análise da matéria, vejase o disposto no art. 116 do Decreto nº 7.574/2011, que se refere especificamente aos processos de compensação: Art. 116. Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere o art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, as peças serão reunidas em um único processo, devendo Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 6 5 as decisões respectivas às matérias litigadas serem objeto de um único acórdão ( Lei nº 10.833, de 2003, art. 18, § 3º ). (grifo nosso) O dispositivo transcrito, como ele mesmo indica, reproduz a norma contida no §3° do art. 18 da Lei n° 10.833/2003, in verbis: §3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. (grifo nosso) Vejase ainda o disposto no art. 12 do mesmo decreto, que reproduz o art. 59 e ss. do Decreto nº 70.235/1972, dispondo sobre as hipóteses de nulidade no processo administrativo fiscal: Art. 12. São nulos ( Decreto nº 70.235, de 1972, art. 59 ): I os atos e os termos lavrados por pessoa incompetente; e II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os atos posteriores que dele diretamente dependam ou sejam consequência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir o mérito em favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará, nem mandará repetir o ato, ou suprirlhe a falta. Art. 13. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 12 não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio ( Decreto nº 70.235, de 1972, art. 60 ). (grifo nosso) Do cotejamento das normas acima transcritas, podese verificar que a arguição de nulidade formulada pelo Recorrente não merece prosperar, senão vejamos. Não se vislumbra outra mens legis para o §3° do art. 18 da Lei n° 10.833/2003, ao determinar que as peças de defesa devam ser decididas simultaneamente, que não a preocupação em se evitar julgamentos contraditórios em relação à matérias intrinsicamente correlatas, em prejuízo à segurança jurídica. O art. 116 do Decreto nº 7.574/2011 certamente foi além do texto legal e, para assegurar tal desiderato, previu o proferimento da decisão mediante um acórdão apenas. Os processos em que o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade contra o despacho decisório que não homologou Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 7 6 a compensação declarada e impugnou o auto de infração da multa correlata foram reunidos mediante apensação e tramitaram conjuntamente até o presente momento, inclusive por ocasião da decisão de primeira instância. Apegase o Recorrente ao fato de terem sido proferidos dois acórdãos, um em cada processo, mas releva o fato de terem tramitado em conjunto, de terem sido distribuídos ao mesmo relator e de terem sido submetidos a julgamento conjunto na mesma sessão de 02 de junho de 2016. O relatório de ambos os acórdãos, salvaguardadas pequenas particularidades, guarda inexorável identidade, revelando a análise conjunta da matéria. Tal contexto revela que houve análise e decisão simultâneas das peças apresentadas, como prevê a lei, ainda que formalmente constantes de dois acórdãos distintos, assegurandose o não proferimento de decisões contraditórias ou que, de algum modo, pusessem em risco a segurança jurídica da Recorrente. Ademais, não há que se cogitar de hipótese de prejuízo ao direito de defesa da Recorrente, posto que não lhe faltaram o pleno conhecimento das razões de decidir e a oportunidade de recorrer das decisões proferidas. Assim, à luz do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não se verifica hipótese prevista de nulidade no processo administrativo fiscal, nem mesmo de irregularidade que importe prejuízo ao sujeito passivo, mas apego da Recorrente ao formalismo na tentativa de desconstituir as decisões contra as quais se insurge. Ante o exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade. Do mérito A Recorrente é empresa que industrializa bebidas constantes do art. 58A da Lei nº 10.833/2003 e, para isto, adquire embalagens para seu envasamento. Como consta dos autos, a mesma era optante do regime especial de tributação contribuição para o PIS/PASEP previsto no art. 58J da Lei nº 10.833/2003 desde 29 de dezembro de 2008. O regime permitia, nos termos do §15 do mesmo art. 58J, que a pessoa jurídica industrial optante poderia se creditar dos valores das contribuições estabelecidos nos incisos I a III do art. 51, referentes às embalagens que adquirisse, no período de apuração de registro do respectivo documento fiscal de aquisição. Vejamse os dispositivos correspondentes vigentes à época: Art. 51. As receitas decorrentes da venda e da produção sob encomenda de embalagens, pelas pessoas jurídicas industriais ou comerciais e pelos importadores, destinadas ao envasamento dos produtos relacionados no art. 49 desta Lei, ficam sujeitas ao recolhimento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS fixadas por unidade de produto, respectivamente, em: (...) Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 8 7 §3° A pessoa jurídica comercial que adquirir para revenda as embalagens referidas no § 2° deste artigo poderá se creditar dos valores das contribuições estabelecidas neste artigo referentes às embalagens que adquirir, no período de apuração em que registrar o respectivo documento fiscal de aquisição. § 4° Na hipótese de a pessoa jurídica comercial não conseguir utilizar o crédito referido no § 3o deste artigo até o final de cada trimestre do ano civil, poderá compensálo com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF, observada a legislação específica aplicável à matéria. (...) Art. 58A. A Contribuição para o PIS/Pasep, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, a Contribuição para o PIS/PasepImportação, a CofinsImportação e o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI devidos pelos importadores e pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização dos produtos classificados nos códigos 21.06.90.10 Ex 02, 22.01, 22.02, exceto os Ex 01 e Ex 02 do código 22.02.90.00, e 22.03, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – Tipi, aprovada pelo Decreto no 6.006, de 28 de dezembro de 2006, serão exigidos na forma dos arts. 58 B a 58U desta Lei e nos demais dispositivos pertinentes da legislação em vigor. (...) Art. 58I. A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins devidas pelos importadores e pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização dos produtos de que trata o art. 58A desta Lei serão calculadas sobre a receita bruta decorrente da venda desses produtos, mediante a aplicação das alíquotas de 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) e 16,65% (dezesseis inteiros e sessenta e cinco centésimos por cento), respectivamente. (...) Art. 58J. A pessoa jurídica que industrializa ou importa os produtos de que trata o art. 58A desta Lei poderá optar por regime especial de tributação, no qual a Contribuição para o PIS/Pasep, a Cofins e o IPI serão apurados em função do valor base, que será expresso em reais ou em reais por litro, discriminado por tipo de produto e por marca comercial e definido a partir do preço de referência. (...) § 15. A pessoa jurídica industrial que optar pelo regime de apuração previsto neste artigo poderá creditarse dos valores das contribuições estabelecidos nos incisos I a III do art. 51, referentes às embalagens que adquirir, no período de apuração em que registrar o respectivo documento fiscal de aquisição. (grifo nosso) Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 9 8 Há que se verificar a possibilidade de aproveitamento dos créditos de PIS/PASEPembalagens previstos no §15 do art. 58J da Lei nº 10.833/2003 apurados no 3º trimestre de 2009 para compensação com débitos de outros tributos federais. A decisão recorrida entendeu, a meu ver acertadamente, pela impossibilidade de utilização destes créditos (atribuível às empresas industriais que utilizam as embalagens referidas no art. 51, I a III como insumo) em compensações por ausência de previsão legal, o que restaria demonstrado pela autorização expressa concedida especificamente às empresas comerciais pelo §4º do art. 51. Confirase: 24. Além disso, devese atentar para o fato de que a legislação também não prevê a possibilidade de utilização dos “créditos embalagens” em compensações, diferente do que ocorre com as empresas comerciais tratadas no art. 51 da mesma Lei 10.833, de 2003, para as quais havia essa previsão legal, abaixo transcrita: (...) 25. Por esse motivo é que o programa Per/Dcomp somente permitia a utilização do “créditoembalagem” em compensações nos casos de empresas comerciais, tendo a manifestante a assim se declarado quando da transmissão das declarações de compensação. (grifo nosso) A possibilidade de aproveitamento dos créditos de PIS/PASEP embalagens para fins de compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal foi inserida pela Lei nº 11.051/2004 na Lei n° 10.833/2003, consubstanciandose no §4º do seu art. 51, norma que faz referência expressa às pessoas jurídicas comerciais que apurem créditos quando da aquisição de embalagens para fins de revenda. No regime especial de apuração e pagamento da contribuição para PIS/PASEP previsto no art. 58J, por outro lado, não se permitiu às pessoas jurídicas industriais que apurassem crédito por ocasião da aquisição de embalagens para fins de envasamento da produção que o utilizassem para outros fins que não o abatimento dos débitos da própria contribuição, razão por que o programa gerador do PER/DCOMP não possuía campo em que se enquadrasse a situação jurídica da Recorrente, levandoa ao preenchimento do campo relativo às empresas comerciais quando assim não o era. Ademais, relata a fiscalização que os créditos de PIS/PASEP apontados pela Recorrente nas declarações de compensação foram apurados em razão de aquisições de embalagens com alíquota zero, por força do art. 2º, §3º da Lei nº 10.996/2004, uma vez que está situada em uma das Áreas de Livre Comércio Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 10 9 de que tratam as Leis nº 7.965, de 22 de dezembro de 1989, 8.210, de 19 de julho de 1991, 8.256, de 25 de novembro de 1991, o art. 11 da Lei nº 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e a Lei nº 8.857, de 8 de março de 1994. Vejase o trecho do Despacho Decisório abaixo transcrito: No entanto, a partir de janeiro de 2009, verificouse que as embalagens mencionadas no artigo 51 da Lei nº 10.833 de 2003 adquiridas pela pessoa jurídica BEBIDAS MONTE RORAIMA LTDA das pessoas jurídicas PLASTIPAK PACKAGING DA AMAZÔNIA LTDA e THOTEN PAC IND. COM. IMP. E EXP. LTDA não foram oneradas com Cofins e com Contribuições para o Programa do PIS/Pasep vez que a alíquota dessas contribuições foi reduzida a zero. Isso se observa na análise das Notas Fiscais Eletrônicas relacionadas nas planilhas juntadas aos autos a fls. 35 e 36. Essa desoneração decorre da aplicação do disposto no § 3º do artigo 2º da Lei nº 10.996, de 15 de dezembro de 2004, incluído pela Lei nº 11.945, de 04 de junho de 2009. Em razão da vigência desse novo dispositivo legal, a partir de janeiro de 2009, a alíquota da COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep incidentes na aquisição das embalagens é zero e a pessoa jurídica BEBIDAS MONTE RORAIMA LTDA não pode se creditar da Cofins e da Contribuição para o Programa do PIS/Pasep de operações dessa natureza na forma disciplinada no § 15 do artigo 58J da Lei nº 10.833 de 2003 conforme se depreende da interpretação do disposto no inciso II do § 2º do artigo 3º, combinado com o artigo 8º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, tendo em vista que a tributação monofásica ou concentrada da contribuição deve observar as normas do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep. Como a verificação da correta apuração das contribuições devidas não faz parte do escopo desse procedimento de fiscalização, serão informadas essas constatações à área de Fiscalização desta Unidade da Receita Federal para adoção de eventuais providências. (grifo nosso) É de se observar que, apesar do ventilado e do que consta sobre o tema na decisão recorrida, a fiscalização afirma categoricamente no parecer que fundamenta o despacho decisório não ter sido escopo do presente procedimento fiscal a verificação da correta apuração das contribuições, matéria a ser objeto de representação, de modo que reputo ter sido o único fundamento para a não homologação da compensação a impossibilidade de se compensar créditos oriundos do regime especial de tributação previsto no art. 58J da Lei nº 10.833/2003 com outros tributos federais, por ausência de permissivo legal para tanto que abarque as pessoas jurídicas industriais que adquiram embalagens para envasamento. Ante o exposto, voto por manter o indeferimento da compensação. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 11 10 Da multa aplicada A Recorrente foi autuada para exigência da multa isolada prevista no art. 18 da Lei n° 10.833/2003 no patamar de 150% porque, no entender da autoridade fiscal, teria prestado informação falsa na declaração de compensação ao selecionar a opção de fundamento legal do crédito, única disponível no programa gerador de PER/DCOMP, referente ao §4º do art. 51 da Lei n° 10.833/2003, referente às empresas comerciais de embalagens, o que destoa de sua realidade fática. Foi ainda arrolado como responsável solidário o sócioadministrador nos termos do art. 135, III do CTN. Em sua defesa, a Recorrente concentra esforços na demonstração da possibilidade de apurar os créditos utilizados, o que aqui não se discute, pois a controvérsia repousa apenas sobre a possibilidade de compensação dos créditos apurados. Entretanto, à vista de tudo o que consta dos autos quanto às regras aplicáveis ao regime especial de apuração da contribuição para o PIS/PASEP pelo qual optou a Recorrente, entendo que a mera indicação do fundamento legal do crédito como sendo o §4º do art. 51 da Lei n° 10.833/2003 no programa gerador PER/DCOMP, quando esta era a única opção disponibilizada pelo mesmo em relação ao regime especial, por si só, não se revela suficiente demonstração do intuito fraudulento. A impossibilidade de compensação na hipótese em tela decorre da ausência de previsão legal. Não há norma que possa ser apontada de plano como aquela que a Recorrente teria pretendido especificamente burlar ou fraudar mediante prestação de falsa declaração com o fim de extinguir indevidamente crédito tributário. E mais, a impossibilidade de compensação não é a regra geral para as hipóteses de incidência nãocumulativa das contribuições em tela. Neste cenário, não reputo implementada a condição legal para a imposição da multa isolada prevista no art. 18 da Lei n° 10.833/2003, que é a comprovação cabal do intuito fraudulento, pois a autuação carece de elementos robustos neste sentido, limitandose a narrar os fatos e as prescrições legais pertinentes. Ante o exposto, voto pela improcedência do auto de infração. Da conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER dos Recursos Voluntários e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO aos mesmos para excluir a imposição da multa isolada." Importa registrar que nos autos ora em apreço, de igual maneira ao ocorrido no processo paradigma, o julgamento do processo principal (compensação) e do respectivo apenso (multa) ocorreu simultaneamente, de tal sorte que se aplica a este, a decisão proferida naquele. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 12 11 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer dos Recursos Voluntários e, no mérito, dar parcial provimento aos mesmos para excluir a imposição da multa isolada. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10245.721381/201378 Acórdão n.º 3401006.662 S3C4T1 Fl. 13 12 Fl. 114DF CARF MF
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Numero do processo: 13502.722019/2016-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Aug 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)
Período de apuração: 01/01/2017 a 31/12/2017
ISENÇÃO DE IPI. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. DEFICIÊNCIA VISUAL. CRITÉRIO OBJETIVO. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO COM ISENÇÃO DIVERSA (IRPF). COMPROVAÇÃO.
A isenção de IPI para aquisição de determinados veículos por portadores de deficiência visual (inciso IV do art. 1o da Lei no 8.989/1995) restringe-se aos casos objetivamente mencionados no § 2o de tal artigo, com a redação dada pela Lei no 10.690/2003: acuidade visual igual ou menor que 20/200 (tabela de Snellen) no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20°, ou ocorrência simultânea de ambas as situações. Incumbe ao requerente comprovar o cumprimento dos requisitos legais para fruição de tal isenção, que nãos e confunde com a prevista na legislação do imposto de renda.
Numero da decisão: 3401-006.724
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. DEFICIÊNCIA VISUAL. CRITÉRIO OBJETIVO. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO COM ISENÇÃO DIVERSA (IRPF). COMPROVAÇÃO. A isenção de IPI para aquisição de determinados veículos por portadores de deficiência visual (inciso IV do art. 1 o da Lei n o 8.989/1995) restringe-se aos casos objetivamente mencionados no § 2 o de tal artigo, com a redação dada pela Lei n o 10.690/2003: “acuidade visual igual ou menor que 20/200 (tabela de Snellen) no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20°, ou ocorrência simultânea de ambas as situações”. Incumbe ao requerente comprovar o cumprimento dos requisitos legais para fruição de tal isenção, que nãos e confunde com a prevista na legislação do imposto de renda. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 72 20 19 /2 01 6- 77 Fl. 75DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3401-006.724 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.722019/2016-77 Versa o presente sobre o Requerimento de Isenção de IPI por pessoa portadora de deficiência visual de fl. 2 1 , datado de 04/11/2016, fundamentado na documentação de fls. 3 a 11, especialmente no laudo de avaliação de fls. 5/6, que descreve que o paciente é portador de glaucoma avançado. Solicitado pela fiscalização que o requerente apresentasse laudo de avaliação com todos os campos preenchidos e carteira nacional de habilitação (CNH) da condutora indicada, a documentação foi complementada às fls. 18 a 33, afirmando o requerente que “seguindo pacífica jurisprudência do STJ... dentro do gênero cegueira está a cegueira em um olho - monocular”, como também entendeu o CARF no processo n o 10166.731097/2012-17, e que cumpre os requisitos para isenção do IRPF. No Despacho Decisório de fls. 34 a 37, datado de 21/02/2017, o benefício foi indeferido, tendo em vista que o laudo apresentado (fls. 5/6) estava incompleto, faltando o campo 3 da página de informações complementares, não atendendo, portanto, ao disposto na Instrução Normativa RFB n o 988/2009, que disciplina o disposto na Lei n o 8.989/1995, destacando-se que a deficiência deve ser atestada por dois médicos, e atender aos critérios do item V da norma infralegal (deficiência visual). Ciente do despacho em 23/02/2017 (AR à fl. 38), o requerente apresentou Manifestação de Inconformidade em 06/03/2017 (fl. 41), pleiteando que, com fundamento nas decisões referidas na resposta inicial à intimação, e no benefício de IRPF, fosse concedida a isenção. A decisão de primeira instância proferida pela DRJ, em 08/06/2017 (fls. 46/47), foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, entendendo-se que o requerente não cumpriu as condições estabelecidas em norma para a isenção. Ciente da decisão de piso em 15/08/2017 (AR à fl. 48), o requerente apresentou Recurso Voluntário em 04/09/2017 (fl. 52), reiterando que possui glaucoma de ângulo aberto em ambos os olhos, e cegueira monocular, e que é isento de IRPF, e que precedentes do STJ e de Tribunais de Justiça (fls. 53 a 58, 60 a 62, e 64) assegurariam seu direito à isenção do IPI, e que, em que pese o contido na Instrução Normativa RFB n o 988/2009, o CARF decidiu no Acórdão n o 2101-002.460 (fl. 66) em sentido favorável à concessão da isenção do imposto de renda para monocular. À fl. 73 consta solicitação de prioridade, em função da idade (73 anos), datada de 25/05/2018. O processo foi encaminhado ao CARF, sendo a mim distribuído, por sorteio, em 26/03/2019. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (e-processos). Fl. 76DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3401-006.724 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.722019/2016-77 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele se conhece. O contencioso versa sobre a isenção de IPI, na aquisição de determinados veículos por pessoas portadoras de deficiência física. A Lei n o 8.989/1995 instituiu a isenção em seu art. 1 o , IV, com a seguinte redação: “Art. 1 o Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) os automóveis de passageiros de fabricação nacional de até 127 HP de potência bruta (SAE), quando adquiridos por: (...) IV - pessoas que, em razão de serem portadoras de deficiência física, não possam dirigir automóveis comuns. (...)” Em 2003, a isenção foi ampliada, nos seguintes termos, pela Lei n o 10.690/2003, que deu nova redação aos citados dispositivos: “Art. 1 o Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI os automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados com motor de cilindrada não superior a dois mil centímetros cúbicos, de no mínimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a combustíveis de origem renovável ou sistema reversível de combustão, quando adquiridos por: (texto vigente ao tempo da solicitação, e alterado posteriormente pela Lei n o 13.755/2018, apenas para incluir veículos elétricos ou híbridos) (...) IV - pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal. (...)” E, no que se refere à deficiência visual, tema em apreço nestes autos, o § 2 o do art. 1 o da Lei n o 8.989/1995, estabeleceu critérios objetivos: “§ 2 o Para a concessão do benefício previsto no art. 1 o é considerada pessoa portadora de deficiência visual aquela que apresenta acuidade visual igual ou menor que 20/200 (tabela de Snellen) no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20°, ou ocorrência simultânea de ambas as situações.” Eis os critérios fixados em lei para a fruição da isenção de IPI, que se somam a outros encontrados nos demais artigos da Lei n o 8.989/1995, como a limitação de aquisição por período (art. 2 o ). A mesma lei, no art. 3 o , dispôs que a “isenção será reconhecida pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, mediante prévia verificação de que o adquirente preenche os requisitos previstos nesta lei”. A RFB, na Instrução Normativa n o 988/2009, hoje já revogada pela n o 1.769/2017, estabeleceu, em seu Anexo IX, o modelo de “laudo de avaliação para deficiência física e/ou visual” (que, à época do pedido, já existia, alternativamente, na via eletrônica, aprovado pelo Ato Declaratório Executivo COAEF n o 5, de 28/04/2016). No caso concreto, tal modelo foi apresentado, em papel, às fls. 5/6. O campo 1, com os dados do requerente, foi precariamente preenchido, como se percebe a seguir, mas não foi essa a razão do indeferimento do pleito: Fl. 77DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3401-006.724 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.722019/2016-77 No campo 2, o profissional de saúde detalhou a deficiência visual do requerente, como sendo “...glaucoma avançado, com perda usual quase total em OE” (olho esquerdo), e “...acuidade visual de 20/25 em OD” (olho direito), afirmando ainda haver “perda visual irreversível”: Pelo que se percebe, o melhor olho (direito) tem 20/25 de acuidade visual. E, recorde-se, o critério objetivo para fruição da isenção, fixado em lei, é o de “acuidade visual igual ou menor que 20/200 - tabela de Snellen - no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20°, ou ocorrência simultânea de ambas as situações”. O formulário teria, ainda, um campo 3, que não foi apresentado pelo requerente (perceba-se, às fls. 5/6, que o formulário apresentado “pula” do campo 2 para o campo 4, e que a petição “pula” da fl. 1/4 para a fl. 3/4 do formulário, no canto inferior direito). O requerente apresentou, então, um formulário com uma página faltante. Daí ter sido intimado a apresentar o referido campo faltante, sendo alertado ainda para o requisito estabelecido em lei: Fl. 78DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3401-006.724 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.722019/2016-77 Ao final da intimação, alertou-se que o seu descumprimento ocasionaria o indeferimento de pleito. Em resposta, o requerente argumenta em relação a isenção diversa (referente a imposto de renda), irrelevante para a análise do caso, específica, e alega existirem precedentes favoráveis à tese de que a “cegueira monocular” não constitui obstáculo à isenção, conforme precedentes judiciais (que são aqui tomados a título ilustrativo, por não serem vinculantes, e por versarem sobre isenção distinta, prevista nas Leis n o 7.713/1988 e n o 9.250/1995), e administrativos, com menção expressa ao processo n o 10166.731097/2012-17 (Acórdão n o 2101- 002.460, que, diga-se, versa sobre imposto de renda - Lei n o 7.713/1998). Mais efetivo, a nosso sentir, seria o requerente simplesmente ter juntado a página faltante em seu pleito. Isso foi bem percebido no despacho decisório (fl. 35): E, após o despacho decisório, o requerente persistiu discutindo isenção distinta (referente ao imposto de renda), ao invés de simplesmente atestar que cumpre os requisitos da lei para a fruição da isenção em análise (que se refere a IPI). A isenção de IRPF, diga-se, não contém a restrição objetiva fixada em lei para o IPI. Em síntese, os argumentos e alegações apresentados pela requerente em resposta à intimação para apresentar campo faltante persistem até o momento, não tendo sido comprovados os requisitos legais para a fruição da isenção nem perante a instância de piso, nem diante deste tribunal administrativo. Assim, não resta outra providência a tomar senão a negativa de provimento do recurso voluntário, que, além de não versar sobre a isenção em discussão neste processo (referente a IPI e que tem critério objetivo fixado em lei), persiste no não atendimento da intimação original, para complementar as informações que comprovariam o direito à isenção. Fl. 79DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3401-006.724 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13502.722019/2016-77 Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 80DF CARF MF
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Numero do processo: 11020.902240/2015-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/07/2013
NULIDADE. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
Não há nulidade por carência de fundamentação ou cerceamento de defesa quando, ainda que sucintamente, as decisões atacadas apresentem fundamentos de fato e de direito, tornando possível o exercício ao contraditório.
NULIDADE. DESVIO DE FINALIDADE. INEXISTÊNCIA
Não há nulidade por desvio de finalidade quando as decisões atacadas cumprem a função teleológica das normas que lhe dão suporte.
NULIDADE. DEVER DE INSTRUÇÃO. MATÉRIA DE MÉRITO.
O Dever de Instrução é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto.
PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO. ANÁLISE. DESNECESSIDADE.
Embora pleiteie juntada posterior de provas desde o protocolo da Manifestação de Inconformidade a Recorrente não colige qualquer prova acerca do thema decidendum.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. CONTRIBUINTE.
É do Contribuinte a prova da liquidez e certeza de seus créditos em pedido de compensação, não sendo suficiente para tal mister a juntada de declarações retificadas.
DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF 4.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018).
NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO.
A violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho não tem competência pronunciar-se, por força da Súmula 2 do CARF.
Numero da decisão: 3401-006.527
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não há nulidade por carência de fundamentação ou cerceamento de defesa quando, ainda que sucintamente, as decisões atacadas apresentem fundamentos de fato e de direito, tornando possível o exercício ao contraditório. NULIDADE. DESVIO DE FINALIDADE. INEXISTÊNCIA Não há nulidade por desvio de finalidade quando as decisões atacadas cumprem a função teleológica das normas que lhe dão suporte. NULIDADE. DEVER DE INSTRUÇÃO. MATÉRIA DE MÉRITO. O Dever de Instrução é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO. ANÁLISE. DESNECESSIDADE. Embora pleiteie juntada posterior de provas desde o protocolo da Manifestação de Inconformidade a Recorrente não colige qualquer prova acerca do thema decidendum. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. CONTRIBUINTE. É do Contribuinte a prova da liquidez e certeza de seus créditos em pedido de compensação, não sendo suficiente para tal mister a juntada de declarações retificadas. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF 4. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 22 40 /2 01 5- 13 Fl. 240DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 3 2 “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018)”. NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO. A violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho não tem competência pronunciarse, por força da Súmula 2 do CARF. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (documento assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Intimada da decisão acima a Recorrente interpôs o presente recurso reiterando as seguintes teses descritas em sede de Inconformidade: 1. Nulidade do despacho decisório: a) por falta de fundamentação; b) desvio de finalidade, vez que, “extrapolou sua função precípua, tornandose meio oblíquo pelo qual a Fiscalização buscou interromper o prazo de homologação da compensação declarada pela Contribuinte”; c) por ofensa ao dever de instrução; d) por prejuízo ao contraditório e a ampla defesa vez que não teve acesso aos motivos determinantes da decisão que não homologou a compensação; Fl. 241DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 4 3 2. Possibilidade de juntada de novas provas ao processo administrativo a qualquer tempo; 3. Caráter confiscatório da multa aplicada; 4. Que a autoridade tributária não pode aplicar multa que tenha a mesma base de tributos, nem por fundamento o mesmo fato gerador; 5. “A fixação da multa, não obstante a sua previsibilidade legal, fere de morte o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade”; 6. “O CTN e a legislação civil estabeleceram como limite máximo para a instituição de juros a taxa de 1% ao mês, ou seja, 12% ao ano”. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.509, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 11020.900029/201566. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.509): "2.1.1. O devido processo legal e dois de seus corolários imediatos, o CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, foram elevados a categoria de garantia Constitucional quer no processo judicial, quer no processo administrativo, a partir da formação da lide – para alguma doutrina litígio , conforme disciplina o artigo 5° inciso LV da Lex Maxima. 2.1.1.1. Doutrina e a Jurisprudência1 – seguindo em parte a Supreme Court – apontam como direitos imanentes ao devido processo legal e, naquilo que importa, ao contraditório e a ampla defesa, a oportunidade de deduzir defesa perante o julgador, a oportunidade de apresentar provas ao órgão julgador e o direito de contrariar as provas e argumentos utilizados contra o litigante. 2.1.1.2. A Lei n° 9.784 de 1999, seguindo a pari passu o entendimento da Suprema Corte Americana, estabeleceu em seu artigo 2° Parágrafo Único inciso X como dever da Administração Pública observar no procedimento administrativo o contraditório e a ampla defesa e, nomeadamente, a garantia aos administrados aos direitos “à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio” eivando de nulidade o procedimento Fl. 242DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 5 4 administrativo (na esteira do que giza o artigo 59 inciso II do Decreto 70.235 de 1972) que viole o direito de defesa. 2.1.1.3. No presente caso, a Recorrente se levanta contra suposta preterição do direito de contraditar os fundamentos da decisão administrativa (sem sombra de dúvida, em tese, preterição à ampla defesa). Todavia, as decisões nas situações de litígio no presente processo encontramse fundamentadas. 2.1.1.4. Inobstante a capacidade de síntese da autoridade responsável pela decisão da DRF é fato que nela estão dispostas tanto os fundamentos de fato (valor do DARF integralmente utilizado para quitação de outro débito) quanto os de direito (artigos 165 e 170 do CTN e artigo 74 da Lei 9.430/96). 2.1.1.5. De maneira mais densa (em comparação com o quanto decidido pela DRF), a decisão da DRJ deixou absolutamente claros os fundamentos pelos quais nega provimento à Manifestação de Inconformidade da Recorrente – todos descritos no item 1.4 desta decisão. 2.1.1.6. Desta forma, era possível à Recorrente apresentar (sem qualquer exercício de probabilidade por parte dela) argumentos e documentos que demonstrassem a inexatidão do quanto decidido pelas Instâncias Inferiores inexistindo qualquer nulidade neste ponto. Nos acompanha a Jurisprudência: NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA A manifestação da DRJ acerca dos elementos probatórios juntados aos autos que permita a clara compreensão das razões de decidir, mesmo que singela, afasta a hipótese de cerceamento de defesa e a possibilidade de declaração de nulidade da decisão a quo. (Acórdão nº 1401 003.149 – Relator: Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves) CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado. (Acórdão nº 2202004.663 – Relatora: Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias) 2.1.2. Ainda que possível o decreto de NULIDADE POR CARÊNCIA DE FUNDAMENTO, esta nulidade ocorre apenas nos casos em que inexiste na decisão atacada fundamentos de fato corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato ou fundamentos de direito dispositivo legal em que se baseia o ato2. Se assim ocorrer (ausência de um ou de outro fundamento) a decisão tornase nula vez que impede o conhecimento da imputação e, consequentemente, a capacidade Fl. 243DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 6 5 de refutála, i.e, o exercício do contraditório e a da ampla defesa. 2.1.2.1. A Recorrente alega nulidade vez que as decisões anteriores se limitaram a transferir a ela (Recorrente) o ônus probatório de seu direito creditório. 2.1.2.2. Todavia, como acima descrito, fundamento há; e suficiente para o pleno exercício do contraditório. O grau de correção dos fundamentos da decisão (e, em especial, seu confronto com as teses de defesa) é matéria de mérito – e na parte dedicada ao mérito será enfrentada. 2.1.2.3. Ademais, ao contrário do que alega a Recorrente, as decisões não se limitaram a negar o crédito por insuficiência probatória (vide itens 2.1.1.4); matéria, insistase, de mérito. Sendo de rigor o afastamento da nulidade como, em caso semelhante, se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais: DESPACHO DECISÓRIO. DESCRIÇÃO COMPLETA DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE E DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não há nulidade do despacho decisório proferido em pedido de compensação quando descreve detalhadamente os fatos e a motivação da glosa do crédito tributário pleiteado, além de indicar a fundamentação legal para o indeferimento do pleito. Satisfazendo os requisitos da legislação que rege os atos administrativos e ausente o prejuízo de defesa às partes, razão pela qual cumpriu o ato com a sua finalidade, não há de se falar em nulidade. (Acórdão nº 9303007.657 – Relator: Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas) 2.1.3. O desvio de FINALIDADE a atrair a nulidade do processo ocorre quando há discrepância entre a função teleológica normativa da decisão e a finalidade de fato do mesmo ato, i.e., entre o resultado previsto legalmente como correspondente à tipologia do ato e a intenção no exercício da decisão3. 2.1.3.1. Tal nulidade acontece porque há um âmbito normativo de competência para a prolação de decisão atribuída aos Julgadores e, dentro deste âmbito de competência encontrase a finalidade da decisão. Portanto, em havendo desvio de finalidade legal da decisão, a consequência necessária é o transbordamento (quando não a usurpação) de competência da Autoridade4. 2.1.3.2. No entanto, a interrupção do prazo de homologação tácita é uma das finalidades (entendida como consequência ou função teleológica) previstas em Lei para a decisão que não homologa o pedido de compensação – ao contrário do que alega a Recorrente em seu arrazoado. 2.1.3.3. Sobremais, tal finalidade (de interromper o prazo de homologação tácita), embora legal, é secundária, pois, o escopo Fl. 244DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 7 6 principal dos julgadores ao indeferir o pedido de compensação foi a readequação dos fatos descritos e demonstrados pela Recorrente à Lei – como determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional. 2.1.4. O DEVER DE INSTRUÇÃO – causa de nulidade, na forma manejada pela Recorrente – é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto, e também será tratada em tópico apartado. 2.2. O MOMENTO DA PRODUÇÃO DE PROVA documental pelo contribuinte, em regra, coincide com a data protocolo da Manifestação de Inconformidade. As exceções legais são aquelas descritas nas alíneas do § 4° do artigo 16 do Decreto 70.235/72: Art. 16 (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. 2.2.1. É evidente que o artigo 3° inciso III da Lei 9.784/99 (subsidiária ao Decreto 70.235/72) permite juntar documentos antes da decisão, porém, o mesmo artigo completa que os documentos serão objeto de consideração pelo órgão competente. Quer parecer que “tomar em consideração” difere de “decidir com fundamento em”. Com isto se quer dizer que, ao receber prova extemporânea cabe ao julgador tomala em consideração para análise da justificativa de sua extemporaneidade. Demonstrado que a justificativa de sua extemporaneidade coincide com uma das alíneas do § 4° do artigo 16 acima citado, cabe ao julgador decidir com fundamento na prova extemporânea. Neste sentido a Jurisprudência: PEDIDO GENÉRICO DE JUNTADA DE NOVAS PROVAS. PRECLUSÃO. Descabe, à luz da norma que regula o Processo Administrativo Fiscal no âmbito da União, o pedido genérico de apresentação, a qualquer tempo após a impugnação, de novos elementos de prova, sem que se demonstre a ocorrência de uma das possibilidades de exceção à regra geral de preclusão, qual sejam: (i) a impossibilidade de apresentação oportuna por motivo de força maior; (ii) a prova que se refira a fato ou direito superveniente; e (iii) a prova que se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Acórdão nº 1401 003.149 – Relator: Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves) Fl. 245DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 8 7 2.2.2. Há, ainda, hipóteses de permissão de juntada extemporânea da prova criadas pela doutrina e jurisprudência que demandam análise da máfé do contribuinte ao trazer aos autos prova extemporânea5 e da carga probatória do documento coligido (grau de certeza com que o documento demonstra a afirmação). 2.2.3. A Recorrente pleiteia a juntada posterior de provas já em sede de Manifestação de Inconformidade, quando lhe era possível juntar quaisquer documentos ao processo – o que, de plano, torna o argumento algo fora de lugar, com a devida vênia. 2.2.3.1. Ademais, embora pleiteie juntada posterior de provas, a Recorrente traz aos autos i) com a Manifestação de Inconformidade apenas documentos de identificação e documentos relativos a cisão da empresa – que não guardam relação com o crédito pleiteado – e ii) com o Recurso Voluntário apenas documentos de identificação do patrono constituído. Em assim sendo, sequer é necessária análise profunda dos “documentos extemporâneos” vez que não guardam correspondência com o cerne da lide. 2.3. Aliás, a Recorrente não discorre em momento algum sobre o âmago da lide (nomeadamente, sobre o direito ao crédito); limitase a afirmar que o ÔNUS DA PROVA DO CRÉDITO A COMPENSAR no presente caso é da fiscalização. 2.3.1. Na escorreita lição de BONILHA6, para imputarse o ônus probatório como regra de julgamento devese perquirir sobre os fatos relacionados com a situação material a que se refere a relação processual. A situação material em voga é compensação de crédito, prevista no artigo 170 do CTN e artigo 74 da Lei 9.430/96: CTN Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Lei 9.430/96 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. 2.3.2. Portanto cabe a Recorrente coligir provas do conjunto de fatos que servem a fundamentar sua pretensão (ex facto oritur Fl. 246DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 9 8 ius), nomeadamente, a liquidez e certeza de seus créditos, como descreve a primeira parte do artigo 28 do Decreto 7.574/2011: Art. 28. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29. 2.3.3. Em adendo, no presente caso não temos apenas um pedido de compensação, mas um pedido de compensação decorrente de suposto erro em Declaração anterior, logo, conforme artigo 147 § 1° do CTN, cabe ao contribuinte (no caso a Recorrente) prova do erro em que se baseou a retificação: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiros, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 2.3.4. A Recorrente afirma em DCOMP ser titular de créditos de correntes de pagamento indevido por meio de DARF paga em 23 de março de 2012 no valor total de R$ 63.424,89. 2.3.5. Como prova do alegado pagamento indevido ou a maior, a Recorrente colige aos autos do processo apenas a DCTF retificadora de 20 de outubro de 2014, que indica débito de COFINS no valor de R$ 95.101,60. Ora, como dito acima, a prova do erro em que se funda a correção da Declaração cabe à Recorrente e não há sequer argumento a justificar a correção, quanto menos prova. 2.3.6. A fiscalização (indo além de seu dever) analisou as DACONs entregues pela Recorrente e verificou que foram retificados todos os demonstrativos no campo “créditos descontados referentes a aquisições no mercado interno”. Intimada a se manifestar acerca das razões que motivaram o pagamento indevido ou a maior, a Recorrente apresentou planilha com insumos tais como: material de higiene, material de expediente, custos e despesas de assistência médica e social, transporte pessoal e refeições prontas – supostamente adquiridos no mercado interno. 2.3.7. No entanto, a Recorrente não traz qualquer documento (nota fiscal, livros contábeis) a corroborar com a planilha apresentada. Efetivamente, a Recorrente sequer aventa nos autos seu ramo de atividade, tornando impossível uma análise aprofundada da essencialidade de cada um dos insumos. 2.3.8. Assim, por insuficiência probatória deve ser mantida a decisão da DRJ, negandose o direito ao crédito, como já se pronunciou esta Turma em casos semelhantes: Fl. 247DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 10 9 PER/DCOMP. CRÉDITO REGIME NÃO CUMULATIVO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Para que seja possível a homologação do PER/DCOMP é necessário haver nos autos documentos idôneos e capazes de justificar as alterações dos valores registrados em DCTF. A compensação de débitos somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos da interessada juntos à Fazenda Pública art. 170 do CTN. 2.4. A Recorrente afirma que a autoridade fiscal não pode aplicar MULTA QUE TENHA A MESMA BASE DE TRIBUTOS, nem por fundamento o mesmo fato gerador. Entretanto, os tributos exigidos da Recorrente incidem sobre fato lícito (art. 3° do CTN). A seu turno, a multa no presente caso incide sobre ato ilícito, designadamente, pagamento de tributo a destempo, ex vi artigo 61 da Lei 9.430/96: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. 2.5. A Súmula 4 deste Conselho determina a incidência da SELIC SOBRE OS DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL a partir de 1° de abril de 1995. Portanto, descabido o debate, sob pena de perda de mandato (art. 45, inciso VI do RICARF). 2.6. De igual modo, a violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho está impedido de pronunciarse, por força da Súmula 2 do CARF. Dispositivo 3. Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário e ao direito à compensação." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao Recurso Voluntário e ao direito à compensação. Fl. 248DF CARF MF Processo nº 11020.902240/201513 Acórdão n.º 3401006.527 S3C4T1 Fl. 11 10 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Tiago Guerra Machado Fl. 249DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.721554/2016-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Aug 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)
Período de apuração: 01/01/2017 a 31/12/2017
ISENÇÃO DE IPI. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. DEFICIÊNCIA FÍSICA. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NO INDEFERIMENTO.
A negativa de reconhecimento de isenção de IPI para aquisição de determinados veículos por portadores de deficiência física (inciso IV e § 1o do art. 1o da Lei no 8.989/1995) deve ser motivada pela autoridade fiscal, sendo carente de fundamento o indeferimento que é decorrente de exigência que contraria o próprio texto da norma infralegal invocada (no caso, art. 3o, III da Instrução Normativa RFB no 988/2009), e não encontra expressa guarida em textos normativos de hierarquia superior.
Numero da decisão: 3401-006.728
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. DEFICIÊNCIA FÍSICA. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NO INDEFERIMENTO. A negativa de reconhecimento de isenção de IPI para aquisição de determinados veículos por portadores de deficiência física (inciso IV e § 1 o do art. 1 o da Lei n o 8.989/1995) deve ser motivada pela autoridade fiscal, sendo carente de fundamento o indeferimento que é decorrente de exigência que contraria o próprio texto da norma infralegal invocada (no caso, art. 3 o , III da Instrução Normativa RFB n o 988/2009), e não encontra expressa guarida em textos normativos de hierarquia superior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente). Relatório Versa o presente sobre o Requerimento de Isenção de IPI por pessoa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 72 15 54 /2 01 6- 10 Fl. 73DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3401-006.728 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10820.721554/2016-10 portadora de deficiência física de fl. 2 1 , datado de 08/09/2016, fundamentado na documentação de fls. 3 a 14, especialmente no laudo de avaliação de fls. 3 a 5, que descreve que o paciente é portador de cardiopatia grave. Solicitado pela fiscalização que o requerente apresentasse carteira nacional de habilitação (CNH) com as restrições para veículos convencionais do beneficiário da isenção, caso seja ele o condutor, o requerente respondeu às fls. 31 a 33, informando que já havia apresentado a CNH, e que esta não continha restrição, e que a lei que trata da isenção não exige tal requisito, nem a norma infralegal disciplinadora, Instrução Normativa RFB n o 988/2009, destacando ainda que o requerente já havia fruído por duas vezes da isenção, com aquiescência da RFB, citando os processos correspondentes. No Despacho Decisório de fls. 39/40, datado de 13/01/2017, o benefício foi indeferido, pela não apresentação de CNH com as restrições para veículos convencionais do beneficiário da isenção (em descumprimento ao art. 1 o , § 1 o da Lei n o 8.989/1995), além de outros documentos (identificação dos condutores autorizados, e procuração). Não consta nos autos documentação que comprove ciência do despacho decisório. Consta apenas documento datado de 03/04/2017 no qual servidor da RFB informa que o requerente compareceu à repartição, mas se recursou a tomar ciência formal no processo (fl. 46). Em 20/04/2017, o requerente apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 50 a 53), destacando a demora de mais de sete meses na análise e comunicação do resultado do processo, reiterando que a limitação estabelecida pela fiscalização não encontra guarida legal ou infralegal em relação à isenção para o IPI, e agregando que foram três as ocasiões em que teve deferido pleitos idênticos anteriormente, mesmo sem as ditas restrições na CNH. À fl. 54 consta solicitação de prioridade, em função da idade (68 anos), datada de 20/04/2017. A decisão de primeira instância proferida pela DRJ, em 08/06/2017 (fls. 57 a 59), foi, unanimemente, pela tempestividade da peça de defesa apresentada, e pela improcedência da manifestação de inconformidade, tanto por não se enquadrar a deficiência como caracterizadora da isenção quanto por não ter sido apresentada a CNH com restrições. À fl. 60, consta comunicação de resultado do julgamento, datada de 21/06/2017, sem prova de ciência. Em 17/07/2017, foi apresentado o Recurso Voluntário de fls. 63 a 67, no qual se alega, em síntese, que: (a) houve reformatio in pejus, porque o indeferimento da DRJ foi motivado em duas razões (não enquadramento e não apresentação e CNH com restrições), enquanto o indeferimento do despacho decisório limitou-se a uma (não apresentação e CNH com restrições); (b) os laudos apresentados atendem aos requisitos da lei, e foram elaborados por dois médicos especialistas em cardiologia, que atestaram cardiopatia grave, com “restrições de movimentos e esforços físicos no tronco e membros inferiores e/ou superiores, necessitando de veículo especial”, não podendo ser questionados por não especialista em temas médicos; (c) há outras legislações concessivas de isenção análogas, em relação a IRPF e IOF; (d) a falta de CNH com restrições não pode ser motivo de indeferimento da isenção, porque não consta da lei, nem do decreto disciplinador; e (e) já efetivou três vezes igual pedido, sempre atendido (nos processos n o 10820.003392/2007-43, n o 10820.720792/2012-84, e n o 10820.720265/2013-51). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (e-processos). Fl. 74DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3401-006.728 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10820.721554/2016-10 O processo foi encaminhado ao CARF em 03/08/2017 (fl. 68), sendo anexado o AR com a ciência da decisão de piso em 26/09/2017 (fls. 71/72, com data de 04/07/2017). Os autos foram a mim distribuídos, por sorteio, em 26/03/2019. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele se conhece. O contencioso versa sobre a isenção de IPI, na aquisição de determinados veículos por pessoas portadoras de deficiência física. A Lei n o 8.989/1995 instituiu a isenção em seu art. 1 o , IV, com a seguinte redação: “Art. 1 o Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) os automóveis de passageiros de fabricação nacional de até 127 HP de potência bruta (SAE), quando adquiridos por: (...) IV - pessoas que, em razão de serem portadoras de deficiência física, não possam dirigir automóveis comuns. (...)” Em 2003, a isenção foi ampliada, nos seguintes termos, pela Lei n o 10.690/2003, que deu nova redação aos citados dispositivos: “Art. 1 o Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI os automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados com motor de cilindrada não superior a dois mil centímetros cúbicos, de no mínimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a combustíveis de origem renovável ou sistema reversível de combustão, quando adquiridos por: (texto vigente ao tempo da solicitação, e alterado posteriormente pela Lei n o 13.755/2018, apenas para incluir veículos elétricos ou híbridos) (...) IV - pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal. (...)” E, no que se refere à deficiência cardíaca, tema em apreço nestes autos, o § 1 o do art. 1 o da Lei n o 8.989/1995, estabeleceu critérios objetivos: “§ 1 o Para a concessão do benefício previsto no art. 1 o é considerada também pessoa portadora de deficiência física aquela que apresenta alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.” Eis os critérios fixados em lei para a fruição da isenção de IPI, que se somam a outros encontrados nos demais artigos da Lei n o 8.989/1995, como a limitação de aquisição por Fl. 75DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3401-006.728 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10820.721554/2016-10 período (art. 2 o ). A mesma lei, no art. 3 o , dispôs que a “isenção será reconhecida pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, mediante prévia verificação de que o adquirente preenche os requisitos previstos nesta lei”. A RFB, na Instrução Normativa n o 988/2009, hoje já revogada pela n o 1.769/2017, estabeleceu os procedimentos para a aquisição com reconhecimento da isenção, no âmbito da RFB. No caso em análise, o requerente anexou ao pedido de isenção, efetuado na vigência da Instrução Normativa n o 988/2009, a documentação de fls. 3 a 14, que inclui laudo de dois cardiologistas atestando (fl. 4): De posse de tais documentos, a unidade preparadora da RFB, na intimação de fls. 29/30, elaborou tabela informando a regularidade dos “quesitos a cumprir” referentes ao formulário preenchido, ao laudo e à declaração e disponibilidade financeira, entre outros, assinalando como “NÃO” regular apenas o quesito referente a (fl. 29): Vejamos o texto do referido art. 3 o , III da referida Instrução Normativa: “Art. 3º Para habilitar-se à fruição da isenção, a pessoa portadora de deficiência física, visual, mental severa ou profunda ou o autista deverá apresentar, diretamente ou por intermédio de seu representante legal, formulário de requerimento, conforme modelo constante do Anexo I, acompanhado dos documentos a seguir relacionados, à unidade da RFB de sua jurisdição, dirigido ao Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) ou ao Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat): (...) Fl. 76DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3401-006.728 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10820.721554/2016-10 III - cópia da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do beneficiário da isenção, caso seja ele o condutor do veículo;” Leio e releio o referido inciso III, invocado pela fiscalização, e não encontro a restrição efetuada, de que a CNH deveria apontar a restrição. Pelo contrário, encontro a possibilidade (certamente derivada da alteração de ordem legal efetuada em 2003, aqui referida como ampliação) de que o condutor seja, inclusive, terceiro, que não o beneficiário da isenção. E, após a apresentação de arrazoado pelo requerente, o despacho decisório foi enfático nas razões de indeferimento (fls. 39/40): Assim, entendeu a autoridade fiscal, apesar de ter assinalado como regular (talvez, por lapso), o campo referente ao quesito, que estaria descumprido o § 1 o do art. 1 o da Lei n o 8.989/1995, porque a ausência de restrição em CNH, não se atestaria que houve “comprometimento da função física”, e que, “por isso, a deficiência não se enquadra para fins da isenção do IPI”. Sobre as razões de indeferimento, cabe salientar que a restrição em CNH não consta da norma invocada pela própria fiscalização, o que compromete a fundamentação da negativa. Ademais, a limitação física já estava atestada no laudo médico (aqui transcrito), e que não foi contraposto ou confrontado, em termos de conteúdo ou veracidade/fidedignidade. Infundadas, assim, as razões de negativa expressas no despacho decisório. E a decisão de piso é absolutamente inovadora, a começar pela ementa (fl. 57): Fl. 77DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3401-006.728 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10820.721554/2016-10 Veja-se que, até a decisão de piso, em nenhum momento se questionou que a avaliação médica não teria informado hipótese de deficiência prescrita na legislação de regência. Pelo contrário, tal campo foi informado como “regular” pela própria fiscalização, sendo o indeferimento fruto da conclusão de que a ausência de restrição na CNH do condutor atestaria que não houve comprometimento da função física. Tal conclusão, de que a ausência de restrição na CNH atesta que não houve comprometimento da função física, é, a nosso ver, nitidamente precipitada, pois não resultou de nenhum trabalho fiscal, mas apenas da exigência de requisito ausente na própria Instrução Normativa invocada. Parece o julgador de piso ter ido além disso, e questionado o próprio enquadramento da isenção. E pior, imputando tal alegação à fiscalização (fl. 58): Após apresentar excerto do laudo médico, aqui já transcrito, e o § 1 o do art. 1 o da Lei n o 8.989/1995, aqui também reproduzido, a DRJ conclui (ainda à fl. 58): Em primeiro lugar, a autoridade que proferiu o despacho decisório não considerou que o laudo fugia ao enquadramento legal, mas tão somente que a ausência de restrição na CNH atesta que não houve comprometimento da função física, como aqui já exposto, inclusive com transcrição da decisum. E, derradeiramente, a falta de apresentação de CNH com restrição não é um plus, mas a própria razão de indeferimento constante do despacho decisório, dela decorrendo as demais conclusões da autoridade fiscal. E, ainda que a DRJ busque invocar norma distinta, que, diga-se, é atinente à documentação apresentada a órgão de trânsito e não à RFB, para fruição da isenção, tal motivação inovadora também não foi devidamente fundamentada, indicando qual seria o artigo da Resolução que restringe a concessão de isenção ao condutor. Até busquei, em nome da verdade material, identificar tal restrição à fruição da isenção, no texto da referida Resolução CONTRAN n o 168/2004, sem sucesso (encontrei apenas disposições sobre o exame de aptidão física - art. 4 o , e sobre o exame de direção veicular - arts. 15 e 21). Fl. 78DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3401-006.728 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10820.721554/2016-10 Portanto, é improcedente, por carência de fundamento, o despacho decisório, fundamento este não remediado na emenda efetuada pela decisão e piso, sendo dispensável a análise dos demais argumentos de defesa. Sem embargo, cabe manifestar que a existência de isenções análogas de outros tributos e de concessões anteriores de isenção em processos distintos é pouco relevante ao deslinde do presente contencioso, e que a alegação de ausência de restrição expressa na lei ou decreto é relevante, mas aqui relativizada, em função de não haver restrição expressa no próprio dispositivo infralegal invocado pela fiscalização para exigência do documento com a característica que ensejou o indeferimento (art. 3 o , III da Instrução Normativa RFB n o 988/2009). Cabe alertar que se o que buscava a fiscalização era uma interpretação “literal”, apontada como a adequada para isenções, no art. 111 do Código Tributário Nacional, não parece o resultado alcançado ter sido correto. Se desejasse a fiscalização discordar dos laudos médicos pela ausência de manifestação do órgão de trânsito, que o demandasse, com o devido supedâneo normativo. E, se entendesse a fiscalização que a deficiência atestada no laudo médico era incompatível com as previstas em lei, independente de restrição na CNH, que o expressasse nas razões de decidir. Na forma em que fundamentado, contudo, o teor do despacho decisório de indeferimento não se sustenta. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 79DF CARF MF
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Numero do processo: 11020.900884/2015-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/10/2012
NULIDADE. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
Não há nulidade por carência de fundamentação ou cerceamento de defesa quando, ainda que sucintamente, as decisões atacadas apresentem fundamentos de fato e de direito, tornando possível o exercício ao contraditório.
NULIDADE. DESVIO DE FINALIDADE. INEXISTÊNCIA
Não há nulidade por desvio de finalidade quando as decisões atacadas cumprem a função teleológica das normas que lhe dão suporte.
NULIDADE. DEVER DE INSTRUÇÃO. MATÉRIA DE MÉRITO.
O Dever de Instrução é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto.
PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO. ANÁLISE. DESNECESSIDADE.
Embora pleiteie juntada posterior de provas desde o protocolo da Manifestação de Inconformidade a Recorrente não colige qualquer prova acerca do thema decidendum.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. CONTRIBUINTE.
É do Contribuinte a prova da liquidez e certeza de seus créditos em pedido de compensação, não sendo suficiente para tal mister a juntada de declarações retificadas.
DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF 4.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018).
NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO.
A violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho não tem competência pronunciar-se, por força da Súmula 2 do CARF.
Numero da decisão: 3401-006.515
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/10/2012 NULIDADE. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não há nulidade por carência de fundamentação ou cerceamento de defesa quando, ainda que sucintamente, as decisões atacadas apresentem fundamentos de fato e de direito, tornando possível o exercício ao contraditório. NULIDADE. DESVIO DE FINALIDADE. INEXISTÊNCIA Não há nulidade por desvio de finalidade quando as decisões atacadas cumprem a função teleológica das normas que lhe dão suporte. NULIDADE. DEVER DE INSTRUÇÃO. MATÉRIA DE MÉRITO. O Dever de Instrução é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO. ANÁLISE. DESNECESSIDADE. Embora pleiteie juntada posterior de provas desde o protocolo da Manifestação de Inconformidade a Recorrente não colige qualquer prova acerca do thema decidendum. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. CONTRIBUINTE. É do Contribuinte a prova da liquidez e certeza de seus créditos em pedido de compensação, não sendo suficiente para tal mister a juntada de declarações retificadas. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO. A violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho não tem competência pronunciar-se, por força da Súmula 2 do CARF.
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CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não há nulidade por carência de fundamentação ou cerceamento de defesa quando, ainda que sucintamente, as decisões atacadas apresentem fundamentos de fato e de direito, tornando possível o exercício ao contraditório. NULIDADE. DESVIO DE FINALIDADE. INEXISTÊNCIA Não há nulidade por desvio de finalidade quando as decisões atacadas cumprem a função teleológica das normas que lhe dão suporte. NULIDADE. DEVER DE INSTRUÇÃO. MATÉRIA DE MÉRITO. O Dever de Instrução é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO. ANÁLISE. DESNECESSIDADE. Embora pleiteie juntada posterior de provas desde o protocolo da Manifestação de Inconformidade a Recorrente não colige qualquer prova acerca do thema decidendum. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. CONTRIBUINTE. É do Contribuinte a prova da liquidez e certeza de seus créditos em pedido de compensação, não sendo suficiente para tal mister a juntada de declarações retificadas. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF 4. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 08 84 /2 01 5- 77 Fl. 242DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 3 2 “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018)”. NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO. A violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho não tem competência pronunciarse, por força da Súmula 2 do CARF. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (documento assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Intimada da decisão acima a Recorrente interpôs o presente recurso reiterando as seguintes teses descritas em sede de Inconformidade: 1. Nulidade do despacho decisório: a) por falta de fundamentação; b) desvio de finalidade, vez que, “extrapolou sua função precípua, tornandose meio oblíquo pelo qual a Fiscalização buscou interromper o prazo de homologação da compensação declarada pela Contribuinte”; c) por ofensa ao dever de instrução; d) por prejuízo ao contraditório e a ampla defesa vez que não teve acesso aos motivos determinantes da decisão que não homologou a compensação; Fl. 243DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 4 3 2. Possibilidade de juntada de novas provas ao processo administrativo a qualquer tempo; 3. Caráter confiscatório da multa aplicada; 4. Que a autoridade tributária não pode aplicar multa que tenha a mesma base de tributos, nem por fundamento o mesmo fato gerador; 5. “A fixação da multa, não obstante a sua previsibilidade legal, fere de morte o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade”; 6. “O CTN e a legislação civil estabeleceram como limite máximo para a instituição de juros a taxa de 1% ao mês, ou seja, 12% ao ano”. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.509, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 11020.900029/201566. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.509): "2.1.1. O devido processo legal e dois de seus corolários imediatos, o CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, foram elevados a categoria de garantia Constitucional quer no processo judicial, quer no processo administrativo, a partir da formação da lide – para alguma doutrina litígio , conforme disciplina o artigo 5° inciso LV da Lex Maxima. 2.1.1.1. Doutrina e a Jurisprudência1 – seguindo em parte a Supreme Court – apontam como direitos imanentes ao devido processo legal e, naquilo que importa, ao contraditório e a ampla defesa, a oportunidade de deduzir defesa perante o julgador, a oportunidade de apresentar provas ao órgão julgador e o direito de contrariar as provas e argumentos utilizados contra o litigante. 2.1.1.2. A Lei n° 9.784 de 1999, seguindo a pari passu o entendimento da Suprema Corte Americana, estabeleceu em seu artigo 2° Parágrafo Único inciso X como dever da Administração Pública observar no procedimento administrativo o contraditório e a ampla defesa e, nomeadamente, a garantia aos administrados aos direitos “à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio” eivando de nulidade o procedimento Fl. 244DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 5 4 administrativo (na esteira do que giza o artigo 59 inciso II do Decreto 70.235 de 1972) que viole o direito de defesa. 2.1.1.3. No presente caso, a Recorrente se levanta contra suposta preterição do direito de contraditar os fundamentos da decisão administrativa (sem sombra de dúvida, em tese, preterição à ampla defesa). Todavia, as decisões nas situações de litígio no presente processo encontramse fundamentadas. 2.1.1.4. Inobstante a capacidade de síntese da autoridade responsável pela decisão da DRF é fato que nela estão dispostas tanto os fundamentos de fato (valor do DARF integralmente utilizado para quitação de outro débito) quanto os de direito (artigos 165 e 170 do CTN e artigo 74 da Lei 9.430/96). 2.1.1.5. De maneira mais densa (em comparação com o quanto decidido pela DRF), a decisão da DRJ deixou absolutamente claros os fundamentos pelos quais nega provimento à Manifestação de Inconformidade da Recorrente – todos descritos no item 1.4 desta decisão. 2.1.1.6. Desta forma, era possível à Recorrente apresentar (sem qualquer exercício de probabilidade por parte dela) argumentos e documentos que demonstrassem a inexatidão do quanto decidido pelas Instâncias Inferiores inexistindo qualquer nulidade neste ponto. Nos acompanha a Jurisprudência: NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA A manifestação da DRJ acerca dos elementos probatórios juntados aos autos que permita a clara compreensão das razões de decidir, mesmo que singela, afasta a hipótese de cerceamento de defesa e a possibilidade de declaração de nulidade da decisão a quo. (Acórdão nº 1401 003.149 – Relator: Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves) CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado. (Acórdão nº 2202004.663 – Relatora: Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias) 2.1.2. Ainda que possível o decreto de NULIDADE POR CARÊNCIA DE FUNDAMENTO, esta nulidade ocorre apenas nos casos em que inexiste na decisão atacada fundamentos de fato corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato ou fundamentos de direito dispositivo legal em que se baseia o ato2. Se assim ocorrer (ausência de um ou de outro fundamento) a decisão tornase nula vez que impede o conhecimento da imputação e, consequentemente, a capacidade Fl. 245DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 6 5 de refutála, i.e, o exercício do contraditório e a da ampla defesa. 2.1.2.1. A Recorrente alega nulidade vez que as decisões anteriores se limitaram a transferir a ela (Recorrente) o ônus probatório de seu direito creditório. 2.1.2.2. Todavia, como acima descrito, fundamento há; e suficiente para o pleno exercício do contraditório. O grau de correção dos fundamentos da decisão (e, em especial, seu confronto com as teses de defesa) é matéria de mérito – e na parte dedicada ao mérito será enfrentada. 2.1.2.3. Ademais, ao contrário do que alega a Recorrente, as decisões não se limitaram a negar o crédito por insuficiência probatória (vide itens 2.1.1.4); matéria, insistase, de mérito. Sendo de rigor o afastamento da nulidade como, em caso semelhante, se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais: DESPACHO DECISÓRIO. DESCRIÇÃO COMPLETA DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE E DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não há nulidade do despacho decisório proferido em pedido de compensação quando descreve detalhadamente os fatos e a motivação da glosa do crédito tributário pleiteado, além de indicar a fundamentação legal para o indeferimento do pleito. Satisfazendo os requisitos da legislação que rege os atos administrativos e ausente o prejuízo de defesa às partes, razão pela qual cumpriu o ato com a sua finalidade, não há de se falar em nulidade. (Acórdão nº 9303007.657 – Relator: Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas) 2.1.3. O desvio de FINALIDADE a atrair a nulidade do processo ocorre quando há discrepância entre a função teleológica normativa da decisão e a finalidade de fato do mesmo ato, i.e., entre o resultado previsto legalmente como correspondente à tipologia do ato e a intenção no exercício da decisão3. 2.1.3.1. Tal nulidade acontece porque há um âmbito normativo de competência para a prolação de decisão atribuída aos Julgadores e, dentro deste âmbito de competência encontrase a finalidade da decisão. Portanto, em havendo desvio de finalidade legal da decisão, a consequência necessária é o transbordamento (quando não a usurpação) de competência da Autoridade4. 2.1.3.2. No entanto, a interrupção do prazo de homologação tácita é uma das finalidades (entendida como consequência ou função teleológica) previstas em Lei para a decisão que não homologa o pedido de compensação – ao contrário do que alega a Recorrente em seu arrazoado. 2.1.3.3. Sobremais, tal finalidade (de interromper o prazo de homologação tácita), embora legal, é secundária, pois, o escopo Fl. 246DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 7 6 principal dos julgadores ao indeferir o pedido de compensação foi a readequação dos fatos descritos e demonstrados pela Recorrente à Lei – como determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional. 2.1.4. O DEVER DE INSTRUÇÃO – causa de nulidade, na forma manejada pela Recorrente – é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto, e também será tratada em tópico apartado. 2.2. O MOMENTO DA PRODUÇÃO DE PROVA documental pelo contribuinte, em regra, coincide com a data protocolo da Manifestação de Inconformidade. As exceções legais são aquelas descritas nas alíneas do § 4° do artigo 16 do Decreto 70.235/72: Art. 16 (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. 2.2.1. É evidente que o artigo 3° inciso III da Lei 9.784/99 (subsidiária ao Decreto 70.235/72) permite juntar documentos antes da decisão, porém, o mesmo artigo completa que os documentos serão objeto de consideração pelo órgão competente. Quer parecer que “tomar em consideração” difere de “decidir com fundamento em”. Com isto se quer dizer que, ao receber prova extemporânea cabe ao julgador tomala em consideração para análise da justificativa de sua extemporaneidade. Demonstrado que a justificativa de sua extemporaneidade coincide com uma das alíneas do § 4° do artigo 16 acima citado, cabe ao julgador decidir com fundamento na prova extemporânea. Neste sentido a Jurisprudência: PEDIDO GENÉRICO DE JUNTADA DE NOVAS PROVAS. PRECLUSÃO. Descabe, à luz da norma que regula o Processo Administrativo Fiscal no âmbito da União, o pedido genérico de apresentação, a qualquer tempo após a impugnação, de novos elementos de prova, sem que se demonstre a ocorrência de uma das possibilidades de exceção à regra geral de preclusão, qual sejam: (i) a impossibilidade de apresentação oportuna por motivo de força maior; (ii) a prova que se refira a fato ou direito superveniente; e (iii) a prova que se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Acórdão nº 1401 003.149 – Relator: Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves) Fl. 247DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 8 7 2.2.2. Há, ainda, hipóteses de permissão de juntada extemporânea da prova criadas pela doutrina e jurisprudência que demandam análise da máfé do contribuinte ao trazer aos autos prova extemporânea5 e da carga probatória do documento coligido (grau de certeza com que o documento demonstra a afirmação). 2.2.3. A Recorrente pleiteia a juntada posterior de provas já em sede de Manifestação de Inconformidade, quando lhe era possível juntar quaisquer documentos ao processo – o que, de plano, torna o argumento algo fora de lugar, com a devida vênia. 2.2.3.1. Ademais, embora pleiteie juntada posterior de provas, a Recorrente traz aos autos i) com a Manifestação de Inconformidade apenas documentos de identificação e documentos relativos a cisão da empresa – que não guardam relação com o crédito pleiteado – e ii) com o Recurso Voluntário apenas documentos de identificação do patrono constituído. Em assim sendo, sequer é necessária análise profunda dos “documentos extemporâneos” vez que não guardam correspondência com o cerne da lide. 2.3. Aliás, a Recorrente não discorre em momento algum sobre o âmago da lide (nomeadamente, sobre o direito ao crédito); limitase a afirmar que o ÔNUS DA PROVA DO CRÉDITO A COMPENSAR no presente caso é da fiscalização. 2.3.1. Na escorreita lição de BONILHA6, para imputarse o ônus probatório como regra de julgamento devese perquirir sobre os fatos relacionados com a situação material a que se refere a relação processual. A situação material em voga é compensação de crédito, prevista no artigo 170 do CTN e artigo 74 da Lei 9.430/96: CTN Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Lei 9.430/96 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. 2.3.2. Portanto cabe a Recorrente coligir provas do conjunto de fatos que servem a fundamentar sua pretensão (ex facto oritur Fl. 248DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 9 8 ius), nomeadamente, a liquidez e certeza de seus créditos, como descreve a primeira parte do artigo 28 do Decreto 7.574/2011: Art. 28. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29. 2.3.3. Em adendo, no presente caso não temos apenas um pedido de compensação, mas um pedido de compensação decorrente de suposto erro em Declaração anterior, logo, conforme artigo 147 § 1° do CTN, cabe ao contribuinte (no caso a Recorrente) prova do erro em que se baseou a retificação: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiros, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 2.3.4. A Recorrente afirma em DCOMP ser titular de créditos de correntes de pagamento indevido por meio de DARF paga em 23 de março de 2012 no valor total de R$ 63.424,89. 2.3.5. Como prova do alegado pagamento indevido ou a maior, a Recorrente colige aos autos do processo apenas a DCTF retificadora de 20 de outubro de 2014, que indica débito de COFINS no valor de R$ 95.101,60. Ora, como dito acima, a prova do erro em que se funda a correção da Declaração cabe à Recorrente e não há sequer argumento a justificar a correção, quanto menos prova. 2.3.6. A fiscalização (indo além de seu dever) analisou as DACONs entregues pela Recorrente e verificou que foram retificados todos os demonstrativos no campo “créditos descontados referentes a aquisições no mercado interno”. Intimada a se manifestar acerca das razões que motivaram o pagamento indevido ou a maior, a Recorrente apresentou planilha com insumos tais como: material de higiene, material de expediente, custos e despesas de assistência médica e social, transporte pessoal e refeições prontas – supostamente adquiridos no mercado interno. 2.3.7. No entanto, a Recorrente não traz qualquer documento (nota fiscal, livros contábeis) a corroborar com a planilha apresentada. Efetivamente, a Recorrente sequer aventa nos autos seu ramo de atividade, tornando impossível uma análise aprofundada da essencialidade de cada um dos insumos. 2.3.8. Assim, por insuficiência probatória deve ser mantida a decisão da DRJ, negandose o direito ao crédito, como já se pronunciou esta Turma em casos semelhantes: Fl. 249DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 10 9 PER/DCOMP. CRÉDITO REGIME NÃO CUMULATIVO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Para que seja possível a homologação do PER/DCOMP é necessário haver nos autos documentos idôneos e capazes de justificar as alterações dos valores registrados em DCTF. A compensação de débitos somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos da interessada juntos à Fazenda Pública art. 170 do CTN. 2.4. A Recorrente afirma que a autoridade fiscal não pode aplicar MULTA QUE TENHA A MESMA BASE DE TRIBUTOS, nem por fundamento o mesmo fato gerador. Entretanto, os tributos exigidos da Recorrente incidem sobre fato lícito (art. 3° do CTN). A seu turno, a multa no presente caso incide sobre ato ilícito, designadamente, pagamento de tributo a destempo, ex vi artigo 61 da Lei 9.430/96: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. 2.5. A Súmula 4 deste Conselho determina a incidência da SELIC SOBRE OS DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL a partir de 1° de abril de 1995. Portanto, descabido o debate, sob pena de perda de mandato (art. 45, inciso VI do RICARF). 2.6. De igual modo, a violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho está impedido de pronunciarse, por força da Súmula 2 do CARF. Dispositivo 3. Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário e ao direito à compensação." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao Recurso Voluntário e ao direito à compensação. Fl. 250DF CARF MF Processo nº 11020.900884/201577 Acórdão n.º 3401006.515 S3C4T1 Fl. 11 10 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Tiago Guerra Machado Fl. 251DF CARF MF
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Numero do processo: 10245.720575/2014-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA ISOLADA. PROCESSOS APENSADOS. JULGAMENTO CONJUNTO. ART. 116 DECRETO N° 7.574/2011. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
O julgamento conjunto e simultâneo de processos de análise de declaração de compensação e de lançamento da multa isolada correspondente que tramitam apensados, ainda que com o proferimento de dois acórdãos, não configura hipótese de nulidade por violação do art. 116 do Decreto n° 7.574/2011.
PIS/COFINS. REGIME ESPECIAL DE APURAÇÃO. ART. 52 DA LEI Nº 10.833/2003. CRÉDITO EMBALAGEM. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS FEDERAIS. IMPOSSIBILIDADE.
Os créditos-embalagem apurados pelas pessoas jurídicas fabricantes de bebidas do capítulo 22 da TIPI optantes pelo regime especial de apuração previsto no art. 52 da Lei n° 10.833/2003 não podem ser objeto de compensação com outros tributos e contribuições da empresa como ocorre com as empresas comerciais nos termos do §4° do art. 51 da mesma lei.
MULTA ISOLADA. ART. 18 DA LEI Nº 10.833/2003. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA. IMPROCEDÊNCIA.
A qualificação da multa isolada aplicada por compensação indevida somente pode ocorrer quando a autoridade fiscal provar de modo inconteste o dolo por parte da contribuinte, condição imposta pela lei. Não estando comprovado com elementos contundentes o intuito de fraude, deve ser afastada a aplicação da multa qualificada.
Numero da decisão: 3401-006.624
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para excluir a imposição da multa isolada.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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MULTA ISOLADA. PROCESSOS APENSADOS. JULGAMENTO CONJUNTO. ART. 116 DECRETO N° 7.574/2011. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. O julgamento conjunto e simultâneo de processos de análise de declaração de compensação e de lançamento da multa isolada correspondente que tramitam apensados, ainda que com o proferimento de dois acórdãos, não configura hipótese de nulidade por violação do art. 116 do Decreto n° 7.574/2011. PIS/COFINS. REGIME ESPECIAL DE APURAÇÃO. ART. 52 DA LEI Nº 10.833/2003. CRÉDITO EMBALAGEM. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS FEDERAIS. IMPOSSIBILIDADE. Os créditosembalagem apurados pelas pessoas jurídicas fabricantes de bebidas do capítulo 22 da TIPI optantes pelo regime especial de apuração previsto no art. 52 da Lei n° 10.833/2003 não podem ser objeto de compensação com outros tributos e contribuições da empresa como ocorre com as empresas comerciais nos termos do §4° do art. 51 da mesma lei. MULTA ISOLADA. ART. 18 DA LEI Nº 10.833/2003. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA. IMPROCEDÊNCIA. A qualificação da multa isolada aplicada por compensação indevida somente pode ocorrer quando a autoridade fiscal provar de modo inconteste o dolo por parte da contribuinte, condição imposta pela lei. Não estando comprovado com elementos contundentes o intuito de fraude, deve ser afastada a aplicação da multa qualificada. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para excluir a imposição da multa isolada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 5. 72 05 75 /2 01 4- 37 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan. Relatório Tratase de Recursos Voluntários contra Acórdãos da DRJ, que decidiram pela improcedência da Manifestação de Inconformidade e da Impugnação apresentadas, conforme ementas respectivamente abaixo transcritas: CRÉDITOS. EMBALAGENS. APROVEITAMENTO. É vedada a utilização do créditoembalagem por parte da empresas fabricantes de bebidas do capítulo 22 da Tipi, em declarações de compensação com outros tributos e contribuições da empresa, diferente do que ocorre com as empresas comerciais, para as quais há a previsão legal. (...) MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. CABIMENTO. Enseja o lançamento da multa isolada de ofício quando a compensação for considerada não homologada. Sendo apurada falsidade nas informações a multa será aplicada no percentual de 150%. Cientificada das referidas decisões, a empresa interpôs os respectivos Recursos Voluntários em que reproduziu os mesmos argumentos da Manifestação de Inconformidade e da Impugnação, conforme segue. "a) Informa ter por objetivo social a fabricação de refrigerantes e o engarrafamento de água mineral, enquadrados no código 22.02 da TIPI, sendo que em 20.05.2004 efetuou a opção pelo regime especial de tributação de que trata o § 1º do art. 52 da Lei nº 10.833, de 2003, passando a sujeitarse às regras específicas desse sistema de tributação que, em linhas gerais, prevê o crédito de determinado valor, estipulado para cada unidade de embalagem adquirida e o débito pelo valor fixado no inciso I do art. 52, por litro de produto vendido; b) Cita soluções de consulta de regionais da Receita Federal, entendendo inexistirem dúvidas quanto ao seu direito; c) Defende a possibilidade legal da utilização dos créditos em compensações, julgando que a legislação colocou as indústrias de Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 4 3 refrigerantes que optaram pelo Regime Especial da Lei 10.833/2003 na mesma condição das empresas que comercializam as embalagens, isto é, com a permissão do crédito pelas embalagens que adquirir; d) Quanto ao fato de estar situada em área de livre comércio, informa possuir projeto aprovado pela Suframa, o que lhe confere tratamento tributário diferenciado. Cita novas soluções de consulta; e) Acrescenta: “A produção da requerente é comercializada na Área de Livre Comércio de Boa Vista, na Zona Franca de Manaus e na República da Guiana. Nessa condição, temse uma significativa proporção de vendas equiparadas a exportação, com total isenção do PIS e da Cofins. As vendas dentro da Área de Livre Comércio, caso não prevaleça o regime especial (REFRI) PRATICADO, DEVEM RECEBER o tratamento incentivado assegurado no marco regulatório da Suframa, com a ressalva de que a responsabilidade do recolhimento dos tributos é do fornecedor, quando da venda para empresa estabelecida na ALC (Sol. De Consulta nº 414). Temse, assim que, na impensável hipótese de não aplicação do regime especial pelo qual optou a requerente (REFRI), não se poderá exigir tributo integral, como pretende a fiscalização, que negou a homologação pretendida. Há que ser procedido criterioso levantamento e consideradas as isenções, a alíquota zero ou as alíquotas incentivadas garantidas por lei, na conformidade do entendimento administrativo exposto nas Soluções de Consulta acima transcritas.” f) Em seguida, referese ao lançamento da multa isolada objeto do processo apensado, entendendo serem incabíveis por haver o mesmo agido de acordo com as normas e a interpretação da Receita Federal; g) Cita os princípios da igualdade (equiparação entre comerciantes e industriais) e boafé, para reforço do seu entendimento; h) Afirma que a segurança jurídica que deve nortear as relações entre a administração e os administrados também recomenda que as decisões definitivas proferidas no contencioso administrativo fiscal, especialmente as que se tornam reiteradas, sirvam de orientação a ser respeitada pelo contribuinte e pelo próprio fisco, o que não se vê neste caso; i) Transcreve jurisprudência que entende ir ao encontro do seu juízo; j) Aduz que na dúvida deverá ser aplicado o art. 112 do CTN; k) Ao final, requer a revisão dos atos administrativos." É o relatório. Voto Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 5 4 Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.621, de 23 de julho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10245.720443/201413. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.621): "Da preliminar A Recorrente se socorre do art. 116 do Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União, para pugnar pela nulidade absoluta dos julgados recorridos, sob a alegação de descumprimento da norma nele contida quanto ao necessário julgamento conjunto dos processos de homologação de compensação e de lançamento de multas àqueles correlatas, uma vez que a DRJ/BEL proferiu dois acórdãos, um no processo de nº 10245.720443/201413, referente à análise das declarações de compensação, e outro no processo de nº 10245.721222/201454, em que foi formalizado auto de infração para lançamento da multa isolada prevista no art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003. Para análise da matéria, vejase o disposto no art. 116 do Decreto nº 7.574/2011, que se refere especificamente aos processos de compensação: Art. 116. Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere o Erro! A referência de hyperlink não é válida.as peças serão reunidas em um único processo, devendo as decisões respectivas às matérias litigadas serem objeto de um único acórdão ( Erro! A referência de hyperlink não é válida.). (grifo nosso) O dispositivo transcrito, como ele mesmo indica, reproduz a norma contida no §3° do art. 18 da Lei n° 10.833/2003, in verbis: §3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. (grifo nosso) Vejase ainda o disposto no art. 12 do mesmo decreto, que reproduz o art. 59 e ss. do Decreto nº 70.235/1972, dispondo sobre as hipóteses de nulidade no processo administrativo fiscal: Art. 12. São nulos ( Erro! A referência de hyperlink não é válida.): I os atos e os termos lavrados por pessoa incompetente; e Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 6 5 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os atos posteriores que dele diretamente dependam ou sejam consequência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir o mérito em favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará, nem mandará repetir o ato, ou suprirlhe a falta. Art. 13. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 12 não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio ( Erro! A referência de hyperlink não é válida.). (grifo nosso) Do cotejamento das normas acima transcritas, podese verificar que a arguição de nulidade formulada pelo Recorrente não merece prosperar, senão vejamos. Não se vislumbra outra mens legis para o §3° do art. 18 da Lei n° 10.833/2003, ao determinar que as peças de defesa devam ser decididas simultaneamente, que não a preocupação em se evitar julgamentos contraditórios em relação à matérias intrinsicamente correlatas, em prejuízo à segurança jurídica. O art. 116 do Decreto nº 7.574/2011 certamente foi além do texto legal e, para assegurar tal desiderato, previu o proferimento da decisão mediante um acórdão apenas. Os processos em que o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade contra o despacho decisório que não homologou a compensação declarada e impugnou o auto de infração da multa correlata foram reunidos mediante apensação e tramitaram conjuntamente até o presente momento, inclusive por ocasião da decisão de primeira instância. Apegase o Recorrente ao fato de terem sido proferidos dois acórdãos, um em cada processo, mas releva o fato de terem tramitado em conjunto, de terem sido distribuídos ao mesmo relator e de terem sido submetidos a julgamento conjunto na mesma sessão de 02 de junho de 2016. O relatório de ambos os acórdãos, salvaguardadas pequenas particularidades, guarda inexorável identidade, revelando a análise conjunta da matéria. Tal contexto revela que houve análise e decisão simultâneas das peças apresentadas, como prevê a lei, ainda que formalmente constantes de dois acórdãos distintos, assegurandose o não proferimento de decisões contraditórias ou que, de algum modo, pusessem em risco a segurança jurídica da Recorrente. Ademais, não há que se cogitar de hipótese de prejuízo ao direito de defesa da Recorrente, posto que não lhe faltaram o pleno Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 7 6 conhecimento das razões de decidir e a oportunidade de recorrer das decisões proferidas. Assim, à luz do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não se verifica hipótese prevista de nulidade no processo administrativo fiscal, nem mesmo de irregularidade que importe prejuízo ao sujeito passivo, mas apego da Recorrente ao formalismo na tentativa de desconstituir as decisões contra as quais se insurge. Ante o exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade. Do mérito Anotase, de início, que aqui não se discute o direito creditório da Recorrente, posto que reconhecido, mas tão somente a possibilidade de vinculação dos seus créditos à declarações de compensação. A controvérsia posta nos autos reside, portanto, em se aferir a possibilidade de aproveitamento de créditos de PIS/PASEPembalagens previstos no §1º do art. 52 da Lei nº 10.833/2003 apurados no 3º trimestre de 2006 para compensação com débitos de outros tributos federais. A Recorrente é empresa que industrializa bebidas constantes do art. 49 da Lei nº 10.833/2003 e, para isto, adquire embalagens para seu envasamento. Como consta dos autos, a mesma era optante do regime especial de apuração e pagamento da contribuição para o PIS/PASEP previsto no art. 52 da Lei nº 10.833/2003, no qual os valores das contribuições são fixados por unidade de litro do produto, desde 20 de maio de 2004. O regime permitia, nos termos do § 1o do mesmo art. 52, que a pessoa jurídica industrial optante poderia se creditar dos valores das contribuições estabelecidos nos incisos I a III do art. 51, referentes às embalagens que adquirisse, no período de apuração de registro do respectivo documento fiscal de aquisição. Vejamse os dispositivos correspondentes vigentes à época: Art. 49. A contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS devidas pelos importadores e pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização dos produtos classificados nas posições 22.01, 22.02, 22.03 (cerveja de malte) e no código 2106.90.10 Ex 02 (preparações compostas, não alcoólicas, para elaboração de bebida refrigerante), todos da TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002, serão calculadas sobre a receita bruta decorrente da venda desses produtos, respectivamente, com a aplicação das alíquotas de 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) e 11,9% (onze inteiros e nove décimos por cento). (...) Art. 51. As receitas decorrentes da venda e da produção sob encomenda de embalagens, pelas pessoas jurídicas industriais ou comerciais e pelos importadores, destinadas ao envasamento dos produtos relacionados no art. 49 desta Lei, ficam sujeitas ao Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 8 7 recolhimento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS fixadas por unidade de produto, respectivamente, em: I lata de alumínio, classificada no código 7612.90.19 da Erro! A referência de hyperlink não é válida. e lata de aço, classificada no código 7310.21.10 da Erro! A referência de hyperlink não é válida., por litro de capacidade nominal de envasamento: a) para água e refrigerantes classificados nos códigos 22.01 e 22.02 da Erro! A referência de hyperlink não é válida., R$ 0,0170 (dezessete milésimos do real) e R$ 0,0784 (setecentos e oitenta e quatro décimos de milésimo do real); e b) para bebidas classificadas no código 2203 da Erro! A referência de hyperlink não é válida., R$ 0,0294 (duzentos e noventa e quatro décimos de milésimo do real) e R$ 0,1360 (cento e trinta e seis milésimos do real); II embalagens para água e refrigerantes classificados nos códigos 22.01 e 22.02 da Erro! A referência de hyperlink não é válida.: a) classificadas no código Erro! A referência de hyperlink não é válida. 3923.30.00: R$ 0,0170 (dezessete milésimos do real) e R$ 0,0784 (setecentos e oitenta e quatro décimos de milésimo do real), por litro de capacidade nominal de envasamento da embalagem final; b) préformas classificadas no Ex 01 do código de que trata a alínea a deste inciso, com faixa de gramatura: 1 até 30g (trinta gramas): R$ 0,0102 (cento e dois décimos de milésimo do real) e R$ 0,0470 (quarenta e sete milésimos do real; 2 acima de 30g (trinta gramas) até 42g (quarenta e dois gramas): R$ 0,0255 (duzentos e cinqüenta e cinco décimos de milésimo do real) e R$ 0,1176 (um mil e cento e setenta e seis décimos de milésimo do real); 3 acima de 42g (quarenta e dois gramas): R$ 0,0425 (quatrocentos e vinte e cinco décimos de milésimo do real) e R$ 0,1960 (cento e noventa e seis milésimos do real); III embalagens de vidro não retornáveis classificadas no código 7010.90.21 da Erro! A referência de hyperlink não é válida., para refrigerantes ou cervejas: R$ 0,0294 (duzentos e noventa e quatro décimos de milésimo do real) e R$ 0,1360 (cento e trinta e seis milésimos do real), por litro de capacidade nominal de envasamento da embalagem final; (...) §2° As receitas decorrentes da venda a pessoas jurídicas comerciais das embalagens referidas neste artigo ficam sujeitas ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 9 8 na forma aqui disciplinada, independentemente da destinação das embalagens §3° A pessoa jurídica comercial que adquirir para revenda as embalagens referidas no § 2° deste artigo poderá se creditar dos valores das contribuições estabelecidas neste artigo referentes às embalagens que adquirir, no período de apuração em que registrar o respectivo documento fiscal de aquisição. § 4° Na hipótese de a pessoa jurídica comercial não conseguir utilizar o crédito referido no § 3o deste artigo até o final de cada trimestre do ano civil, poderá compensálo com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF, observada a legislação específica aplicável à matéria. (...) Art. 52. A pessoa jurídica industrial dos produtos referidos no art. 49 poderá optar por regime especial de apuração e pagamento das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no qual os valores das contribuições são fixados por unidade de litro do produto, respectivamente, em: (...) § 1o A pessoa jurídica industrial que optar pelo regime de apuração previsto neste artigo poderá creditarse dos valores das contribuições estabelecidos nos incisos I a III do art. 51, referentes às embalagens que adquirir, no período de apuração em que registrar o respectivo documento fiscal de aquisição. (grifo nosso) A decisão recorrida entendeu, a meu ver acertadamente, pela impossibilidade de utilização dos créditos previstos no art. 52 (atribuível às empresas industriais que utilizam as embalagens referidas no art. 51, I a III como insumo) em compensações por ausência de previsão legal, o que restaria demonstrado pela autorização expressa concedida especificamente às empresas comerciais pelo §4º do art. 51. Confirase: 20. Entretanto, a legislação de regência não previa a possibilidade de utilização dos “créditosembalagens” em declarações de compensação, diferente do que ocorria com as empresas comerciais tratadas no citado art. 51 da mesma Lei 10.833, de 2003, para as quais havia essa previsão legal, abaixo transcrita: (...) 21. Tais créditos somente poderiam ser aproveitados no abatimento da contribuição devida pela empresa. Por esse motivo é que o programa Per/Dcomp somente permitia a utilização do “créditoembalagem” em compensações nos casos de empresas comerciais, tendo a manifestante a assim se Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 10 9 declarado quando da transmissão das declarações de compensação. A possibilidade de aproveitamento dos créditos de PIS/PASEP embalagens para fins de compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal foi inserida pela Lei Erro! A referência de hyperlink não é válida. na Lei n° 10.833/2003, consubstanciandose no §4º do seu art. 51, norma que faz referência expressa às pessoas jurídicas comerciais que apurem créditos quando da aquisição de embalagens para fins de revenda. No regime especial de apuração e pagamento da contribuição para PIS/PASEP previsto no art. 52, por outro lado, não se permitiu às pessoas jurídicas industriais que apurassem crédito por ocasião da aquisição de embalagens para fins de envasamento da produção que o utilizassem para outros fins que não o abatimento dos débitos da própria contribuição, razão por que o programa gerador do PER/DCOMP não possuía campo em que se enquadrasse a situação jurídica da Recorrente, levandoa ao preenchimento do campo relativo às empresas comerciais quando assim não o era. Ante o exposto, voto por manter o indeferimento da compensação. Da multa aplicada A Recorrente foi autuada para exigência da multa isolada prevista no art. 18 da Lei n° 10.833/2003 no patamar de 150% porque, no entender da autoridade fiscal, teria prestado informação falsa na declaração de compensação ao selecionar a opção de fundamento legal do crédito, única disponível no programa gerador de PER/DCOMP, referente ao §4º do art. 51 da Lei n° 10.833/2003, referente às empresas comerciais de embalagens, o que destoa de sua realidade fática. Foi ainda arrolado como responsável solidário o sócioadministrador nos termos do art. 135, III do CTN. Em sua defesa, a Recorrente concentra esforços na demonstração da possibilidade de apurar os créditos utilizados, o que aqui não se discute, pois a controvérsia repousa apenas sobre a possibilidade de compensação dos créditos apurados. Entretanto, à vista de tudo o que consta dos autos quanto às regras aplicáveis ao regime especial de apuração da contribuição para o PIS/PASEP pelo qual optou a Recorrente, entendo que a mera indicação do fundamento legal do crédito como sendo o §4º do art. 51 da Lei n° 10.833/2003 no programa gerador PER/DCOMP, quando esta era a única opção disponibilizada pelo mesmo em relação ao regime especial, por si só, não se revela suficiente demonstração do intuito fraudulento. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 11 10 A impossibilidade de compensação na hipótese em tela decorre da ausência de previsão legal. Não há norma que possa ser apontada de plano como aquela que a Recorrente teria pretendido especificamente burlar ou fraudar mediante prestação de falsa declaração com o fim de extinguir indevidamente crédito tributário. Tampouco se está diante do aproveitamento de créditos inexistentes, ao contrário. E mais, a impossibilidade de compensação não é a regra geral para as hipóteses de incidência nãocumulativa das contribuições em tela. Neste cenário, não reputo implementada a condição legal para a imposição da multa isolada prevista no art. 18 da Lei n° 10.833/2003, que é a comprovação cabal do intuito fraudulento, pois a autuação carece de elementos robustos neste sentido, limitandose a narrar os fatos e as prescrições legais pertinentes. Ante o exposto, voto pela improcedência do auto de infração. Da conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER dos Recursos Voluntários e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO aos mesmos para excluir a imposição da multa isolada." Importa registrar que nos autos ora em apreço, de igual maneira ao ocorrido no processo paradigma, o julgamento do processo principal (compensação) e do respectivo apenso (multa) ocorreu simultaneamente, de tal sorte que se aplica a este, a decisão proferida naquele. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por CONHECER dos Recursos Voluntários e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO aos mesmos para excluir a imposição da multa isolada. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10245.720575/201437 Acórdão n.º 3401006.624 S3C4T1 Fl. 12 11 Fl. 166DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11070.721225/2011-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Aug 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. FUNDAMENTO. SISTEMA HARMONIZADO (SH). NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM).
Qualquer discussão sobre classificação de mercadorias, seja em importações, ou em relação à legislação do IPI nacional, deve ser feita à luz da Convenção do SH (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição), se referente aos primeiros seis dígitos, e com base no acordado no âmbito do MERCOSUL em relação à NCM (Regras Gerais Complementares e Notas Complementares), no que se refere ao sétimo e ao oitavo dígitos.
Numero da decisão: 3401-006.697
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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FUNDAMENTO. SISTEMA HARMONIZADO (SH). NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). Qualquer discussão sobre classificação de mercadorias, seja em importações, ou em relação à legislação do IPI nacional, deve ser feita à luz da Convenção do SH (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição), se referente aos primeiros seis dígitos, e com base no acordado no âmbito do MERCOSUL em relação à NCM (Regras Gerais Complementares e Notas Complementares), no que se refere ao sétimo e ao oitavo dígitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Lázaro Antônio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 72 12 25 /2 01 1- 57 Fl. 17642DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 Relatório Versa o presente sobre Pedidos de Ressarcimento/Restituição (PER) / e Declarações de Compensação (DCOMP) referentes a créditos de IPI relativos ao quarto trimestre de 2006, no valor de R$ 110.924,21. Em Relatório Fiscal datado de 27/12/2011, a fiscalização analisa a documentação apresentada pela postulante ao crédito, concluindo que: (a) há irregularidade em relação a produtos fabricados em polietileno ou “fibra de vidro” (plástico e fibra de vidro), que foram classificados em diversos códigos pela empresa, mas deveriam todos ser classificados no código 3926.90.90 (capas de ar condicionado em fibra, filtro, fossa, lixeira, pipa, reservatórios, suportes, tampas, e escorregador); (b) os reservatórios, filtros e fossas com capacidade igual ou inferior a 300 litros (o que inclui os filtros Pol. 295L de cód. 12971 e 13021) se classificam com fundamento em “Nota do Capítulo 39 da TIPI” (posição 3925), e em decisões em soluções de consulta sobre classificação; (c) as pipas, capas de ar condicionado, lixeiras, suportes para lixeira e tampas para reservatório, são classificadas a partir da “Nota 11 do Capítulo 39”, e do Parecer Cosit (Dinom) 1.322/1992; (d) o escorregador de piscina trata-se de “artigo para divertimento, abrangido pelo Capítulo 95, e não de um móvel do Capítulo 94”, estando na posição 9506 artigos e equipamentos para esportes ou jogos ao ar livre, não especificados nem compreendidos em outras posições do capítulo, o que é endossado pelo Parecer CST 317/1991; e (e) recomposta a escrita fiscal, foram acolhidos em parte os créditos demandados, no valor de R$ 78.392,77, o que foi confirmado pelo Despacho Decisório datado de 28/12/2011. A Manifestação de Inconformidade em relação a tal despacho foi tempestivamente apresentada, sustentando, em síntese, que: (a) os reservatórios (caixas de água de fibra, com ou sem tampa), independentemente de suas capacidades de armazenamento (de 50 l. a 75.000 l.), devem ser incluídos na mesma posição da TIPI (3925), o que é compatível com o entendimento da própria fiscalização, que nada glosou para os reservatórios com mais de 300 l., mas a empresa errou ao utilizar a classificação 3925.90.90 (inexistente na TIPI do período fiscalizado), quando o correto seria 3925.90.00, o que não traz prejuízo, visto ser a mesma a alíquota de 5%, sendo a posição 3926 destinada a outras finalidades, que não as obras civis e construções (e, por isso, possuem alíquotas maiores, em função de seletividade e essencialidade); (b) às tampas de reservatórios de fibra aplica-se o mesmo raciocínio, jamais se podendo classificar tais produtos na posição 3926; (c) em relação a filtros e fossas, a divergência se resume à capacidade, pois a classificação foi homologada para produtos com capacidade superior a 300 l., sendo que a ABNT, na NBR 7229, registra dados dos produtos, válidos para qualquer capacidade, e, se não existe previsão para determinada capacidade em desmembramento da posição 3925, a classificação deve ser direcionada para o código 3925.90.00 (admitindo incorreção no código 3925.90.90), e a capacidade se dá pelo volume total, e não pelo volume útil, pelo que os filtros Pol. 295L de cód. 12971 e 13021, com o acréscimo de cúpula superior e dos gomos externos, alcançam o volume de 338 l., citando ainda o site “Wikipedia” (também admitindo erro na classificação, que deveria ser 3925.10.10 ao invés de 3925.90.90, sem prejuízo tributário); (d) em relação a pipas, capas de ar condicionado, lixeiras e suportes para lixeira, reitera que a posição 3926 não guarda qualquer relação com tais bens, destinados a construção civil (próprios da posição 3925), também admitindo equívocos de classificação sem efeito tributário, e especificando que as lixeiras não são de plástico, mas de fibra de vidro, assim como os suportes, que são produzidos com cantoneiras de aço carbono; (e) o escorregador de piscina foi classificado incorretamente tanto pela empresa quanto pelo fisco, sendo o código correto o Fl. 17643DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 9403.70.00, de mesma alíquota que o classificado pela recorrente; e (f) a empresa protesta por produção de provas por todos os meios em direito admissíveis. A decisão de primeira instância proferida pela DRJ, em 27/07/2012, foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, acordando-se que: (a) para ser classificado na posição 3925, que diz respeito aos produtos “artefatos para apetrechamento de construções, de plásticos, não especificados nem compreendidos em outras posições” o produto deve estar obrigatoriamente relacionado na Nota 11 do Capítulo 39 da TIPI/2007; (b) somente podem ser classificados na subposição 3925.10.00 os reservatórios, cisternas, cubas e recipientes análogos, de capacidade superior a 300 litros, e desde que atendam ao disposto na Nota 11 do Capítulo 39 da TIPI/2007; (c) reservatórios, cisternas, cubas e recipientes análogos, de capacidade inferior a 300 litros classificam-se na subposição residual 3926.90.90 da TIPI/2007; (d) capas de ar condicionado em fibra de vidro são classificadas na subposição residual 3926.90.90 da TIPI/2007; (e) o produto escorregador em fibra curvo classifica-se na subposição residual 9506.99.00; (f) foram apresentados elementos suficientes para o julgamento do processo, não havendo necessidade de realização de diligências ou perícias. Ciente da decisão de piso, a empresa interpôs Recurso Voluntário, basicamente reiterando as razões expressas na manifestação de inconformidade. Em despacho de declinação de competência, datado de 10/02/2014, informa-se que o presente procedimento ensejou a lavratura de autuação no processo administrativo n o 11070.720759/2012-47, totalizando R$ 1.011.083,83. O processo foi distribuído a diversos Conselheiros, e devolvido, por término de mandato, sendo distribuído por sorteio, a este relator, em 26/03/2019. É o relatório. Voto Conselheiro ROSALDO TREVISAN, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele se conhece. O contencioso versa sobre classificação das seguintes mercadorias: (a) reservatórios, filtros e fossas com capacidade igual ou inferior a 300 litros (o que inclui os filtros Pol. 295L de cód. 12971 e 13021); (b) pipas, capas de ar condicionado, lixeiras, suportes para lixeira e tampas para reservatório; e (c) escorregador de piscina. Afora isso, protesta a empresa apenas por produção de provas por todos os meios em direito admissíveis. Sobre esse último tema, poderia a empresa ter agregado provas ao contencioso administrativo, respeitando o disposto no Decreto n o 70.235/1972. E, ao que se vê no processo, tal direito em momento algum lhe é negado. Aliás, não se insurge especificamente a empresa nem em relação à negativa de diligência na instância de piso, aqui endossada, visto que estão presentes no processo os elementos necessários à manifestação do julgador. Passa-se, assim, a analisar cada um dos itens discutidos, em relação à classificação, tecendo-se, antes, considerações gerais sobre classificação de mercadorias, úteis ao deslinde do contencioso. Fl. 17644DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 Da classificação de mercadorias A classificação de mercadorias se presta primordialmente à uniformização internacional. De nada adiantaria, por exemplo, pactuar alíquotas sobre o imposto de importação (ou restrições/proibições à importação) internacionalmente, se não fosse possível designar sobre quais produtos recai o acordo. A “Babel” de idiomas sempre foi um fator de dificuldade para o controle tributário e aduaneiro, e também para a elaboração de estatísticas de comércio internacional, e é agravada pelas diversas denominações que uma mercadoria pode ter mesmo dentro de um único idioma (v.g., no Brasil, a tangerina, também denominada de mexerica, bergamota ou mimosa, entre outros). Embora tenha havido iniciativas no século XIX, na Europa, de confecção de listas alfabéticas de mercadorias, é em 29/12/1913, em Bruxelas, na segunda Conferência Internacional sobre Estatísticas Comerciais, que 29 países chegam à primeira nomenclatura de real importância, dividindo o universo de mercadorias em 186 posições, agrupadas em cinco capítulos: animais vivos, alimentos e bebidas, matéria-prima ou simplesmente preparada, produtos manufaturados, e ouro e prata. Depois de diversas iniciativas, como a Nomenclatura de Genebra, da década de 30 do século passado, e a Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas, de 1950, com o nome alterado, em 1974, para Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira – NCCA, chega-se à Convenção do “Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias" (SH), aprovada em 1983, e que entrou em vigor internacional em 1 o de janeiro de 1988. 1 A Convenção do SH é hoje aplicada em âmbito mundial, não só entre os mais de 150 países signatários, mas em suas relações com terceiros. No Brasil, a referida convenção foi aprovada pelo Decreto Legislativo n o 71, de 11/10/1988, e promulgada pelo Decreto n o 97.409, de 23/12/1988, com depósito internacional do instrumento de ratificação em 08/11/1988. Desde 1 o de janeiro de 1989, a convenção é plenamente aplicável no Brasil, tendo, segundo entendimento dominante em nossa suprema corte, status de paridade com a lei ordinária. 2 O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH) é uma nomenclatura estruturada sistematicamente buscando assegurar a classificação uniforme de todas as mercadorias (existentes ou que ainda existirão) no comércio internacional, e compreende seis Regras Gerais Interpretativas (RGI), Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição, e 21 seções, totalizando 96 capítulos, com 1.244 posições, várias destas divididas em subposições de 1 travessão (primeiro nível) ou dois (segundo nível), formando aproximadamente 5.000 grupos de mercadorias, identificados por um código de 6 dígitos, conhecido como Código SH. 3 1 DALSTON, Cesar Olivier. Classificando Mercadorias: uma Abordagem Didática da Ciência da Classificação de Mercadorias. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2014, p. 182-187; BIZELLI, João dos Santos. Classificação fiscal de mercadorias. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 14; e TREVISAN, Rosaldo. A revisão aduaneira de classificação de mercadorias na importação e a segurança jurídica: uma análise sistemática. In: BRANCO, Paulo Gonet; MEIRA, Liziane Angelotti; CORREIA NETO, Celso de Barros (coords.). Tributação e Direitos Fundamentais conforme a jurisprudência do STF e do STJ. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 358-361. 2 Sobre a estatura de paridade dos tratados internacionais regularmente incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro com as leis, veja-se a ADIn n. 1.480-DF. 3 Além do constante estabelecimento de atualizações na nomenclatura, decorrentes de descobertas e aperfeiçoamentos de novos produtos, há publicações complementares que auxiliam no processo de designação e classificação de mercadorias, como as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado - NESH (expressando o posicionamento oficial do CCA-OMA), o índice alfabético do Sistema Harmonizado e das Notas Explicativas, Fl. 17645DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 Desde que não contrariem o estabelecido no SH, os países ou blocos regionais podem estabelecer complementos aos seis dígitos internacionalmente acordados, e utilizar a codificação inclusive para temas e tributos internos. A Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), que serve de base à aplicação da Tarifa Externa Comum (TEC), acrescenta aos seis dígitos formadores do código do Sistema Harmonizado mais dois, um referente ao item (sétimo dígito) e outro ao subitem (oitavo dígito). A inclusão de um par de dígitos efetuada na NCM demandou ainda a edição de Regras Gerais Complementares (RGC) às seis Regras Gerais do SH (para disciplinar a interpretação no que se refere a itens e subitens) e de Notas Complementares. 4 E, no Brasil, a NCM serve de base para a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), desde a TIPI de 1996, veiculada pelo Decreto n o 2.092, de 10/12/1996. Assim, se o Brasil, por exemplo, pactua internacionalmente as alíquotas máximas (no âmbito da Organização Mundial do Comércio - OMC) ou a alíquota extrabloco (no âmbito do MERCOSUL) do imposto de importação para determinada classificação, tais pactos são aplicáveis ao que se entende internacionalmente abrangido por tal classificação. E, sendo a TIPI um mero reflexo do SH e da NCM, qualquer discussão sobre classificação de mercadorias para efeito de incidência do IPI deve ser feita à luz da Convenção do SH (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição), se referente aos primeiros seis dígitos, e com base no acordado no âmbito do MERCOSUL em relação à NCM (Regras Gerais Complementares e Notas Complementares), no que se refere ao sétimo e ao oitavo dígitos. Feitas tais considerações, passa-se a analisar a discussão jurídica sobre classificação da mercadoria, presente nestes autos. Dos reservatórios, filtros e fossas com capacidade igual ou inferior a 300 litros Afirma a fiscalização que os reservatórios, filtros e fossas com capacidade igual ou inferior a 300 litros (o que inclui os filtros Pol. 295L de cód. 12971 e 13021) se classificam com fundamento em “Nota do Capítulo 39 da TIPI” (posição 3925), e em decisões em soluções de consulta sobre classificação, no código NCM 3926.90.90. Em sua defesa, afirma a empresa, como relatado, que os reservatórios (caixas de água de fibra, com ou sem tampa), independentemente de suas capacidades de armazenamento (de 50 l. a 75.000 l.), devem ser incluídos na mesma posição da TIPI (3925), o que seria compatível com o entendimento da própria fiscalização, que nada glosou para os reservatórios com mais de 300 l., mas a empresa errou ao utilizar a classificação 3925.90.90 (inexistente na TIPI do período fiscalizado), quando o correto seria 3925.90.00, o que traz prejuízo, visto ser a publicado pelo CCA-OMA, os pareceres de classificação emitidos pelo Comitê do Sistema Harmonizado, criado pela convenção, e os atos normativos emitidos por autoridades nacionais a respeito de classificação de mercadorias. 4 Em 01/01/1995, tendo em vista o Tratado de Assunção, os entendimentos havidos no âmbito do Mercosul, e a publicação do Decreto n. 1.343, de 23/12/1994, a antiga Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB), que utilizava dez dígitos (os seis do SH mais dois para itens e dois para subitens), deu lugar à Tarifa Externa Comum (TEC), uniformemente adotada por todos os membros do bloco. Tal evolução serviu de base à substituição, em 01/01/1997, após a publicação do Decreto n. 1.767, de 28/12/1995, da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Fl. 17646DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 mesma a alíquota de 5%, sendo a posição 3926 destinada a outras finalidades, que não as obras civis e construções (e, por isso, possuem alíquotas maiores, em função de seletividade e essencialidade), e que, em relação a filtros e fossas, a divergência se resume à capacidade, pois a classificação foi homologada para produtos com capacidade superior a 300 l., sendo que a ABNT, na NBR 7229, registra dados dos produtos, válidos para qualquer capacidade, e, se não existe previsão para determinada capacidade em desmembramento da posição 3925, a classificação deve ser direcionada para o código 3925.90.00 (admitindo incorreção no código 3925.90.90), e a capacidade se dá pelo volume total, e não pelo volume útil, pelo que os filtros Pol. 295L de cód. 12971 e 13021, com o acréscimo de cúpula superior e dos gomos externos, alcançam o volume de 338 l., citando ainda o site “Wikipedia” (também admitindo erro na classificação, que deveria ser 3925.10.10 ao invés de 3925.90.90, sem prejuízo tributário). Não há controvérsia sobre a norma regulamentar aplicável, o Decreto n o 4.542/2002, com suas alterações posteriores, expressamente mencionado na peça recursal. E, como a discussão reside no campo da posição (quatro primeiros dígitos do código NCM, de caráter nitidamente internacional), deve ser confrontada aquela alegada pelo fisco (3926) com a defendida pela postulante ao crédito (3925), sendo pouco relevante o que dispõem os dígitos seguintes, em obediência à Regra Geral Interpretativa (RGI) n o 1 do Sistema Harmonizado. Os textos das posições 3925 e 3926 dispunham, à época: 3925. ARTEFATOS PARA APETRECHAMENTO DE CONSTRUÇÕES, DE PLÁSTICOS, NÃO ESPECIFICADOS NEM COMPREENDIDOS EM OUTRAS POSIÇÕES 3926. OUTRAS OBRAS DE PLÁSTICOS E OBRAS DE OUTRAS MATÉRIAS DAS POSIÇÕES 39.01 A 39.14 Para efeito de aplicação da RGI n o 1 do Sistema Harmonizado é importante ainda conhecer o texto da nota 11 do Capítulo 39, referente à posição 3925 (também de caráter internacional), que afirma ali existir relação exaustiva de mercadorias: 11. A posição 39.25 aplica-se exclusivamente aos seguintes artefatos, desde que não se incluam nas posições precedentes do Subcapítulo II: a) reservatórios, cisternas (incluídas as fossas sépticas), cubas e recipientes análogos, de capacidade superior a 300 litros; b) elementos estruturais utilizados, por exemplo, na construção de pavimentos, paredes, tabiques, tetos ou telhados; c) calhas e seus acessórios; d) portas, janelas, e seus caixilhos, alizares e soleiras; e) gradis, balaustradas, corrimões e artigos semelhantes; f) postigos, estores (incluídas as venezianas) e artefatos semelhantes, suas partes e acessórios; g) estantes de grandes dimensões destinadas a serem montadas e fixadas permanentemente, por exemplo, em lojas, oficinas, armazéns; h) motivos decorativos arquitetônicos, tais como caneluras, cúpulas, etc.; ij) acessórios e guarnições, destinados a serem fixados permanentemente em portas, janelas, escadas, paredes ou em outras partes de construções, tais como puxadores, maçanetas, aldrabas, suportes, toalheiros, espelhos de interruptores e outras placas de proteção. Fl. 17647DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 A simples leitura do texto da nota, que não pode ser ignorada pelo classificador, em função da citada RGI n o 1, já se presta a excluir da posição 3925 os reservatórios, filtros e fossas com capacidade igual ou inferior a 300 litros, comprovando estar incorreta a classificação pleiteada pelo postulante ao crédito. Veja-se, nestes itens, que, ao passo que a fiscalização invoca aspectos técnicos de classificação do Sistema Harmonizado e entendimento sobre classificação revelado em solução de consulta da RFB, a argumentação da empresa é calcada em analogia, menção a norma técnica nacional (NBR 7229) e à “Wikipedia”. As considerações sobre volume, remetendo a norma nacional, ademais, são incompatíveis com o caráter internacional da classificação, não podendo o cálculo do volume variar entre os países signatários, sob pena de deturpar o próprio conteúdo acordado, e o recurso voluntário sequer enfrenta especificamente, com argumentos novos, o tema dos volumes, à luz das considerações expendidas pelo julgador de piso. Uma discussão sobre classificação de mercadorias deve ser travada tecnicamente, em obediência aos critérios internacionalmente estabelecidos para uniformizar a designação de mercadorias, adotados pela legislação do IPI, no Brasil, como exposto no tópico anterior, e não com fundamento em analogia ou essencialidade (a não ser que tais critérios figurem expressamente na nomenclatura), muito menos com a utilização de critérios nacionais ou da enciclopédia colaborativa da grande rede. Nesse item, assim, improcedente o pleito, por ser incorreta a classificação utilizada pelo demandante, o que se detecta já no âmbito da posição utilizada. Ademais, sendo correta a posição 3926, em obediência à RGI n o 6, o quinto dígito é identificado por exclusão, entre as subposições de primeiro nível 1 (artigos de escritório e escolares), 2 (vestuários e seus acessórios), 3 (guarnições para móveis, carroçarias ou semelhantes), 4 (estatuetas e outros objetos de ornamentação) e 9 (outros). Na posição de segundo nível não há surpresa, sendo o dígito zero, pois a subposição de primeiro nível 9 é fechada. Por fim, no desmembramento regional, o sétimo dígito também é identificado por exclusão, entre os itens 1 (arruelas), 2 (correias), 3 (bolsas), 4 (artigos de laboratório/farmácia) e 9 (outros), sendo o oitavo dígito (subitem) zero, por não haver novo desdobramento regional do item. Das pipas, capas de ar condicionado, lixeiras, dos suportes para lixeira e das tampas para reservatório Afirma a fiscalização que as pipas, capas de ar condicionado, lixeiras, os suportes para lixeira e as tampas para reservatório são classificadas a partir da “Nota 11 do Capítulo 39”, e do Parecer Cosit (Dinom) 1.322/1992, no código NCM 3926.90.90. Sobre tais itens, sustenta a recorrente que às tampas de reservatórios de fibra aplica-se o mesmo raciocínio dos reservatórios, jamais se podendo classificar tais produtos na posição 3926. Recorde-se que as tampas são de reservatórios com capacidade inferior ou igual a a 300 l, e, de fato, são classificadas com o reservatório, na forma exposta no tópico anterior. Novamente, parece a defesa ignorar o caráter exaustivo da posição 3925, descrito na Nota 11 do Capítulo 39, aqui já transcrita. Sobre a pipa, a própria recorrente reconhece tratar-se de “tanque com capacidade de 300 litros”, o que dispensa, em vista do exposto, esforços adicionais para classificação. Fl. 17648DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 Com relação às capas para aparelho de ar condicionado, informa a recorrente que constituem “espécie de caixilho para aparelhos de refrigeração, servindo de proteção e segurança externa em prédio de alvenaria”. Novamente, não encontro tais itens na lista exaustiva constante na Nota 11 do Capítulo 39, sendo incorreta a classificação na posição 3925. Em uma espécie de “classificação por aproximação”, confunde a recorrente a posição 3926 com “elementos de decoração”, quando ali se encontra a alocação residual do que não deve ser classificado na posição 3925 ou em outras, para materiais plásticos. Quanto às lixeiras, afirma a defesa que não poderiam ser classificadas na posição 3926 por não serem obras de plástico, mas de fio picado de fibra de vidro e resina de poliéster, que resultam em 30 a 60% do peso, e, por isso, deveriam ser classificadas no código 7019.90.00. Por fim, no que se refere ao suporte para lixeiras, também passa a defender a recorrente que são produzidos com tubos e cantoneiras de aço carbono, o que deslocaria a classificação para o código 7326.90.00. Ao ler o Relatório Fiscal, percebo que tanto as lixeiras quanto aos suportes para lixeira foram classificados, pela empresa, no código 3925.10.00, que, nitidamente, não se refere a nenhum dos elementos referidos na lista exaustiva multicitada, sendo indiscutivelmente incorreta a classificação na posição 3925. O curso do contencioso administrativo não se presta a mudança da classificação adotada, nem pelo fisco, ao lançar, nem pela empresa, ao postular crédito. Caso o fisco adote classificação incorreta em lançamento, este é improcedente, ainda que a classificação correta se dê em outro código tributado à mesma alíquota. Do mesmo modo, caso a empresa pleiteie restituição com base em determinada classificação defendida como correta, e esta se revele incorreta (o que aqui é indiscutível e consensual, residindo eventual divergência apenas em qual seria efetivamente a correta), improcedente o pedido. Entendendo a empresa que correta seria outra classificação, não adotada, deveria ter alterado seu pedido, dentro do período temporal que dispunha para pedir a restituição, e observando os requisitos para a espécie, assim como o fisco, para alterar a classificação defendida como correta em seu lançamento, deveria observar os prazos e requisitos para o lançamento complementar. De qualquer sorte, ainda que admitida a alteração do pedido (o que se faz aqui apenas para a eventualidade de alguém, no colegiado, concordar com tal possibilidade, em detrimento de meu posicionamento expresso acima), a recorrente não traz elementos conclusivos que apontem para a nova classificação pleiteada para nenhuma dessas mercadorias, e o simples fato de ter material constitutivo distinto, sem especificação detalhada e individualizada, atenta contra a certeza e a liquidez do crédito postulado, cuja prova resta a cargo do demandante, não podendo ser suprida pelo julgador. Assim, improcedente também o pedido neste tópico. Do escorregador de piscina Afirma a fiscalização que o escorregador de piscina trata-se de “artigo para divertimento, abrangido pelo Capítulo 95, e não de um móvel do Capítulo 94”, estando na posição 9506 artigos e equipamentos para esportes ou jogos ao ar livre, não especificados nem compreendidos em outras posições do capítulo, o que é endossado pelo Parecer CST 317/1991, sendo correta a classificação no código NCM 3926.90.90. Fl. 17649DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3401-006.697 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11070.721225/2011-57 A recorrente, por seu turno, sustenta que o escorregador de piscina foi classificado incorretamente tanto pela empresa quanto pelo fisco, sendo o código correto o 9403.70.00, de mesma alíquota que o classificado pela recorrente. Cabe aqui o mesmo raciocínio expendido no tópico anterior, no que se refere a mudança de entendimento de qual seria a classificação correta, por parte do postulante ao crédito, no curso do contencioso. Em adição, cabe destacar que além de a defesa não enfrentar especificamente os argumentos externados pela DRJ na decisão de piso sobre o tema, limitando-se a reiterar sua manifestação e inconformidade, a classificação se dá por critérios técnicos, e não por simples escolha, motivada por alíquotas. Nesse aspecto, não é preciso muito esforço para saber que a nova posição postulada pela empresa (9403, referente a outros móveis e suas partes) não se presta a um escorregador de piscina, e que a adotada pela fiscalização (9506, que compreende piscinas, incluídas as infantis), em sua posição residual, abrange os escorregadores. Aliás, em relação às piscinas, já se manifestou o CECLAM, em seu compêndio de ementas (disponível em http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/classificacao-fiscal- de-mercadorias/compendio-ceclam-fev2019), que se classifica no código NCM 9506.99.00 a “Piscina de plástico reforçado com fibra de vidro, de diversas dimensões e formatos, própria para ser instalada em um buraco escavado na terra de residências, hotéis e clubes” (SC 122/2016 2ª Turma). Improcedente o pedido, assim, também neste tópico. Considerando o exposto nos tópicos anteriores, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Fl. 17650DF CARF MF http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/classificacao-fiscal-de-mercadorias/compendio-ceclam-fev2019 http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/classificacao-fiscal-de-mercadorias/compendio-ceclam-fev2019
score : 1.0
Numero do processo: 11020.900883/2015-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/08/2012
NULIDADE. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
Não há nulidade por carência de fundamentação ou cerceamento de defesa quando, ainda que sucintamente, as decisões atacadas apresentem fundamentos de fato e de direito, tornando possível o exercício ao contraditório.
NULIDADE. DESVIO DE FINALIDADE. INEXISTÊNCIA
Não há nulidade por desvio de finalidade quando as decisões atacadas cumprem a função teleológica das normas que lhe dão suporte.
NULIDADE. DEVER DE INSTRUÇÃO. MATÉRIA DE MÉRITO.
O Dever de Instrução é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto.
PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO. ANÁLISE. DESNECESSIDADE.
Embora pleiteie juntada posterior de provas desde o protocolo da Manifestação de Inconformidade a Recorrente não colige qualquer prova acerca do thema decidendum.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. CONTRIBUINTE.
É do Contribuinte a prova da liquidez e certeza de seus créditos em pedido de compensação, não sendo suficiente para tal mister a juntada de declarações retificadas.
DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF 4.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018).
NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO.
A violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho não tem competência pronunciar-se, por força da Súmula 2 do CARF.
Numero da decisão: 3401-006.514
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não há nulidade por carência de fundamentação ou cerceamento de defesa quando, ainda que sucintamente, as decisões atacadas apresentem fundamentos de fato e de direito, tornando possível o exercício ao contraditório. NULIDADE. DESVIO DE FINALIDADE. INEXISTÊNCIA Não há nulidade por desvio de finalidade quando as decisões atacadas cumprem a função teleológica das normas que lhe dão suporte. NULIDADE. DEVER DE INSTRUÇÃO. MATÉRIA DE MÉRITO. O Dever de Instrução é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO. ANÁLISE. DESNECESSIDADE. Embora pleiteie juntada posterior de provas desde o protocolo da Manifestação de Inconformidade a Recorrente não colige qualquer prova acerca do thema decidendum. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. CONTRIBUINTE. É do Contribuinte a prova da liquidez e certeza de seus créditos em pedido de compensação, não sendo suficiente para tal mister a juntada de declarações retificadas. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF 4. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 08 83 /2 01 5- 22 Fl. 242DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 3 2 “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018)”. NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO. A violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho não tem competência pronunciarse, por força da Súmula 2 do CARF. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (documento assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Fernanda Vieira Kotzias, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Intimada da decisão acima a Recorrente interpôs o presente recurso reiterando as seguintes teses descritas em sede de Inconformidade: 1. Nulidade do despacho decisório: a) por falta de fundamentação; b) desvio de finalidade, vez que, “extrapolou sua função precípua, tornandose meio oblíquo pelo qual a Fiscalização buscou interromper o prazo de homologação da compensação declarada pela Contribuinte”; c) por ofensa ao dever de instrução; d) por prejuízo ao contraditório e a ampla defesa vez que não teve acesso aos motivos determinantes da decisão que não homologou a compensação; Fl. 243DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 4 3 2. Possibilidade de juntada de novas provas ao processo administrativo a qualquer tempo; 3. Caráter confiscatório da multa aplicada; 4. Que a autoridade tributária não pode aplicar multa que tenha a mesma base de tributos, nem por fundamento o mesmo fato gerador; 5. “A fixação da multa, não obstante a sua previsibilidade legal, fere de morte o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade”; 6. “O CTN e a legislação civil estabeleceram como limite máximo para a instituição de juros a taxa de 1% ao mês, ou seja, 12% ao ano”. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.509, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 11020.900029/201566. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.509): "2.1.1. O devido processo legal e dois de seus corolários imediatos, o CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, foram elevados a categoria de garantia Constitucional quer no processo judicial, quer no processo administrativo, a partir da formação da lide – para alguma doutrina litígio , conforme disciplina o artigo 5° inciso LV da Lex Maxima. 2.1.1.1. Doutrina e a Jurisprudência1 – seguindo em parte a Supreme Court – apontam como direitos imanentes ao devido processo legal e, naquilo que importa, ao contraditório e a ampla defesa, a oportunidade de deduzir defesa perante o julgador, a oportunidade de apresentar provas ao órgão julgador e o direito de contrariar as provas e argumentos utilizados contra o litigante. 2.1.1.2. A Lei n° 9.784 de 1999, seguindo a pari passu o entendimento da Suprema Corte Americana, estabeleceu em seu artigo 2° Parágrafo Único inciso X como dever da Administração Pública observar no procedimento administrativo o contraditório e a ampla defesa e, nomeadamente, a garantia aos administrados aos direitos “à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio” eivando de nulidade o procedimento Fl. 244DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 5 4 administrativo (na esteira do que giza o artigo 59 inciso II do Decreto 70.235 de 1972) que viole o direito de defesa. 2.1.1.3. No presente caso, a Recorrente se levanta contra suposta preterição do direito de contraditar os fundamentos da decisão administrativa (sem sombra de dúvida, em tese, preterição à ampla defesa). Todavia, as decisões nas situações de litígio no presente processo encontramse fundamentadas. 2.1.1.4. Inobstante a capacidade de síntese da autoridade responsável pela decisão da DRF é fato que nela estão dispostas tanto os fundamentos de fato (valor do DARF integralmente utilizado para quitação de outro débito) quanto os de direito (artigos 165 e 170 do CTN e artigo 74 da Lei 9.430/96). 2.1.1.5. De maneira mais densa (em comparação com o quanto decidido pela DRF), a decisão da DRJ deixou absolutamente claros os fundamentos pelos quais nega provimento à Manifestação de Inconformidade da Recorrente – todos descritos no item 1.4 desta decisão. 2.1.1.6. Desta forma, era possível à Recorrente apresentar (sem qualquer exercício de probabilidade por parte dela) argumentos e documentos que demonstrassem a inexatidão do quanto decidido pelas Instâncias Inferiores inexistindo qualquer nulidade neste ponto. Nos acompanha a Jurisprudência: NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA A manifestação da DRJ acerca dos elementos probatórios juntados aos autos que permita a clara compreensão das razões de decidir, mesmo que singela, afasta a hipótese de cerceamento de defesa e a possibilidade de declaração de nulidade da decisão a quo. (Acórdão nº 1401 003.149 – Relator: Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves) CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado. (Acórdão nº 2202004.663 – Relatora: Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias) 2.1.2. Ainda que possível o decreto de NULIDADE POR CARÊNCIA DE FUNDAMENTO, esta nulidade ocorre apenas nos casos em que inexiste na decisão atacada fundamentos de fato corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato ou fundamentos de direito dispositivo legal em que se baseia o ato2. Se assim ocorrer (ausência de um ou de outro fundamento) a decisão tornase nula vez que impede o conhecimento da imputação e, consequentemente, a capacidade Fl. 245DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 6 5 de refutála, i.e, o exercício do contraditório e a da ampla defesa. 2.1.2.1. A Recorrente alega nulidade vez que as decisões anteriores se limitaram a transferir a ela (Recorrente) o ônus probatório de seu direito creditório. 2.1.2.2. Todavia, como acima descrito, fundamento há; e suficiente para o pleno exercício do contraditório. O grau de correção dos fundamentos da decisão (e, em especial, seu confronto com as teses de defesa) é matéria de mérito – e na parte dedicada ao mérito será enfrentada. 2.1.2.3. Ademais, ao contrário do que alega a Recorrente, as decisões não se limitaram a negar o crédito por insuficiência probatória (vide itens 2.1.1.4); matéria, insistase, de mérito. Sendo de rigor o afastamento da nulidade como, em caso semelhante, se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais: DESPACHO DECISÓRIO. DESCRIÇÃO COMPLETA DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE E DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não há nulidade do despacho decisório proferido em pedido de compensação quando descreve detalhadamente os fatos e a motivação da glosa do crédito tributário pleiteado, além de indicar a fundamentação legal para o indeferimento do pleito. Satisfazendo os requisitos da legislação que rege os atos administrativos e ausente o prejuízo de defesa às partes, razão pela qual cumpriu o ato com a sua finalidade, não há de se falar em nulidade. (Acórdão nº 9303007.657 – Relator: Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas) 2.1.3. O desvio de FINALIDADE a atrair a nulidade do processo ocorre quando há discrepância entre a função teleológica normativa da decisão e a finalidade de fato do mesmo ato, i.e., entre o resultado previsto legalmente como correspondente à tipologia do ato e a intenção no exercício da decisão3. 2.1.3.1. Tal nulidade acontece porque há um âmbito normativo de competência para a prolação de decisão atribuída aos Julgadores e, dentro deste âmbito de competência encontrase a finalidade da decisão. Portanto, em havendo desvio de finalidade legal da decisão, a consequência necessária é o transbordamento (quando não a usurpação) de competência da Autoridade4. 2.1.3.2. No entanto, a interrupção do prazo de homologação tácita é uma das finalidades (entendida como consequência ou função teleológica) previstas em Lei para a decisão que não homologa o pedido de compensação – ao contrário do que alega a Recorrente em seu arrazoado. 2.1.3.3. Sobremais, tal finalidade (de interromper o prazo de homologação tácita), embora legal, é secundária, pois, o escopo Fl. 246DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 7 6 principal dos julgadores ao indeferir o pedido de compensação foi a readequação dos fatos descritos e demonstrados pela Recorrente à Lei – como determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional. 2.1.4. O DEVER DE INSTRUÇÃO – causa de nulidade, na forma manejada pela Recorrente – é matéria umbilicalmente ligada ao ônus probatório, de mérito, portanto, e também será tratada em tópico apartado. 2.2. O MOMENTO DA PRODUÇÃO DE PROVA documental pelo contribuinte, em regra, coincide com a data protocolo da Manifestação de Inconformidade. As exceções legais são aquelas descritas nas alíneas do § 4° do artigo 16 do Decreto 70.235/72: Art. 16 (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. 2.2.1. É evidente que o artigo 3° inciso III da Lei 9.784/99 (subsidiária ao Decreto 70.235/72) permite juntar documentos antes da decisão, porém, o mesmo artigo completa que os documentos serão objeto de consideração pelo órgão competente. Quer parecer que “tomar em consideração” difere de “decidir com fundamento em”. Com isto se quer dizer que, ao receber prova extemporânea cabe ao julgador tomala em consideração para análise da justificativa de sua extemporaneidade. Demonstrado que a justificativa de sua extemporaneidade coincide com uma das alíneas do § 4° do artigo 16 acima citado, cabe ao julgador decidir com fundamento na prova extemporânea. Neste sentido a Jurisprudência: PEDIDO GENÉRICO DE JUNTADA DE NOVAS PROVAS. PRECLUSÃO. Descabe, à luz da norma que regula o Processo Administrativo Fiscal no âmbito da União, o pedido genérico de apresentação, a qualquer tempo após a impugnação, de novos elementos de prova, sem que se demonstre a ocorrência de uma das possibilidades de exceção à regra geral de preclusão, qual sejam: (i) a impossibilidade de apresentação oportuna por motivo de força maior; (ii) a prova que se refira a fato ou direito superveniente; e (iii) a prova que se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Acórdão nº 1401 003.149 – Relator: Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves) Fl. 247DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 8 7 2.2.2. Há, ainda, hipóteses de permissão de juntada extemporânea da prova criadas pela doutrina e jurisprudência que demandam análise da máfé do contribuinte ao trazer aos autos prova extemporânea5 e da carga probatória do documento coligido (grau de certeza com que o documento demonstra a afirmação). 2.2.3. A Recorrente pleiteia a juntada posterior de provas já em sede de Manifestação de Inconformidade, quando lhe era possível juntar quaisquer documentos ao processo – o que, de plano, torna o argumento algo fora de lugar, com a devida vênia. 2.2.3.1. Ademais, embora pleiteie juntada posterior de provas, a Recorrente traz aos autos i) com a Manifestação de Inconformidade apenas documentos de identificação e documentos relativos a cisão da empresa – que não guardam relação com o crédito pleiteado – e ii) com o Recurso Voluntário apenas documentos de identificação do patrono constituído. Em assim sendo, sequer é necessária análise profunda dos “documentos extemporâneos” vez que não guardam correspondência com o cerne da lide. 2.3. Aliás, a Recorrente não discorre em momento algum sobre o âmago da lide (nomeadamente, sobre o direito ao crédito); limitase a afirmar que o ÔNUS DA PROVA DO CRÉDITO A COMPENSAR no presente caso é da fiscalização. 2.3.1. Na escorreita lição de BONILHA6, para imputarse o ônus probatório como regra de julgamento devese perquirir sobre os fatos relacionados com a situação material a que se refere a relação processual. A situação material em voga é compensação de crédito, prevista no artigo 170 do CTN e artigo 74 da Lei 9.430/96: CTN Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Lei 9.430/96 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. 2.3.2. Portanto cabe a Recorrente coligir provas do conjunto de fatos que servem a fundamentar sua pretensão (ex facto oritur Fl. 248DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 9 8 ius), nomeadamente, a liquidez e certeza de seus créditos, como descreve a primeira parte do artigo 28 do Decreto 7.574/2011: Art. 28. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29. 2.3.3. Em adendo, no presente caso não temos apenas um pedido de compensação, mas um pedido de compensação decorrente de suposto erro em Declaração anterior, logo, conforme artigo 147 § 1° do CTN, cabe ao contribuinte (no caso a Recorrente) prova do erro em que se baseou a retificação: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiros, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 2.3.4. A Recorrente afirma em DCOMP ser titular de créditos de correntes de pagamento indevido por meio de DARF paga em 23 de março de 2012 no valor total de R$ 63.424,89. 2.3.5. Como prova do alegado pagamento indevido ou a maior, a Recorrente colige aos autos do processo apenas a DCTF retificadora de 20 de outubro de 2014, que indica débito de COFINS no valor de R$ 95.101,60. Ora, como dito acima, a prova do erro em que se funda a correção da Declaração cabe à Recorrente e não há sequer argumento a justificar a correção, quanto menos prova. 2.3.6. A fiscalização (indo além de seu dever) analisou as DACONs entregues pela Recorrente e verificou que foram retificados todos os demonstrativos no campo “créditos descontados referentes a aquisições no mercado interno”. Intimada a se manifestar acerca das razões que motivaram o pagamento indevido ou a maior, a Recorrente apresentou planilha com insumos tais como: material de higiene, material de expediente, custos e despesas de assistência médica e social, transporte pessoal e refeições prontas – supostamente adquiridos no mercado interno. 2.3.7. No entanto, a Recorrente não traz qualquer documento (nota fiscal, livros contábeis) a corroborar com a planilha apresentada. Efetivamente, a Recorrente sequer aventa nos autos seu ramo de atividade, tornando impossível uma análise aprofundada da essencialidade de cada um dos insumos. 2.3.8. Assim, por insuficiência probatória deve ser mantida a decisão da DRJ, negandose o direito ao crédito, como já se pronunciou esta Turma em casos semelhantes: Fl. 249DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 10 9 PER/DCOMP. CRÉDITO REGIME NÃO CUMULATIVO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Para que seja possível a homologação do PER/DCOMP é necessário haver nos autos documentos idôneos e capazes de justificar as alterações dos valores registrados em DCTF. A compensação de débitos somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos da interessada juntos à Fazenda Pública art. 170 do CTN. 2.4. A Recorrente afirma que a autoridade fiscal não pode aplicar MULTA QUE TENHA A MESMA BASE DE TRIBUTOS, nem por fundamento o mesmo fato gerador. Entretanto, os tributos exigidos da Recorrente incidem sobre fato lícito (art. 3° do CTN). A seu turno, a multa no presente caso incide sobre ato ilícito, designadamente, pagamento de tributo a destempo, ex vi artigo 61 da Lei 9.430/96: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. 2.5. A Súmula 4 deste Conselho determina a incidência da SELIC SOBRE OS DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL a partir de 1° de abril de 1995. Portanto, descabido o debate, sob pena de perda de mandato (art. 45, inciso VI do RICARF). 2.6. De igual modo, a violação ao PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO é matéria constitucional a qual este Conselho está impedido de pronunciarse, por força da Súmula 2 do CARF. Dispositivo 3. Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário e ao direito à compensação." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao Recurso Voluntário e ao direito à compensação. Fl. 250DF CARF MF Processo nº 11020.900883/201522 Acórdão n.º 3401006.514 S3C4T1 Fl. 11 10 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Tiago Guerra Machado Fl. 251DF CARF MF
score : 1.0