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Numero do processo: 13884.901383/2008-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.944
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 13 83 /2 00 8- 44 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13884.901383/200844 Acórdão n.º 3401004.944 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de declaração de compensação, realizada com base em suposto crédito de contribuição social originário de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, em razão da inexistência de crédito disponível. Cientificada desse despacho, a manifestante protocolou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/98, quando apurou as bases de cálculos das contribuições; o único fundamento para a glosa das compensações é uma pretensa inexistência de crédito; não foi sequer solicitado ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não o crédito; tivesse a autoridade intimado o contribuinte, teria acesso As planilhas de apuração, podendo verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; pelas razões alegadas, deve ser anulado o despacho decisório, determinando que a autoridade efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e existência do crédito utilizado, alternativamente, requer que seja logo homologada a compensação. Ao final pede deferimento da presente manifestação de inconformidade" . A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 0530.613, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que "os valores faturados, ainda que repassados a terceiros, compõem a base tributável da contribuição social, em face da inexistência de permissivo legal para sua exclusão". Devidamente notificada desta decisão, a recorrente interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, no qual reitera as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13884.901383/200844 Acórdão n.º 3401004.944 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.923, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.900342/200831, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.923): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: Conforme relatado, a não homologação da DCOMP em tela decorreu do fato de estar o Darf informado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos da contribuinte. No caso, a contribuinte transmitiu sua DCOMP compensando débito com suposto crédito de contribuição social decorrente de pagamento indevido ou a maior, apontando um documento de arrecadação como origem desse crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejandoos com os demais por ela informados A. Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito de Cofins da interessada. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13884.901383/200844 Acórdão n.º 3401004.944 S3C4T1 Fl. 5 4 Por conseguinte, não havia saldo disponível (é dizer, não havia crédito liquido e certo) para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação. Dai a não homologação, não havendo qualquer nulidade nesse procedimento. Sobre o motivo da não homologação, como já antes explicitado neste voto, revelase procedente, pois, de acordo com as próprias informações prestadas pela contribuinte Receita Federal, o direito creditório apontado na DCOMP era inexistente. Não obstante, agora, em sede de manifestação de inconformidade, pretende a contribuinte demonstrar que seus débitos de contribuição social antes declarados e pagos são indevidos, pois não havia considerado, quando da apuração da base de cálculos das contribuições, o disposto no parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei n° 9.718/1998. Em termos legais, significa ver excluídos da receita bruta os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para terceiros, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo. Neste ponto, fazse necessário destacar que, por força de sua vinculação aos atos legais, assim como àqueles emanados por autoridades que lhe são hierarquicamente superiores, este colegiado está adstrito à interpretação que a própria administração pública dá legislação tributária. 110 A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório SRF n°56, de 20 de julho de 2000, já se posicionou a respeito da situação em exame: Ato Declaratório SRF n° 56, de 2000: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do art. 20 do art. 3° da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; Considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; Considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de I° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13884.901383/200844 Acórdão n.º 3401004.944 S3C4T1 Fl. 6 5 tenha sido feita a titulo de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica" (destacouse). Esse entendimento torna sem força a argumentação alegada pela Contribuinte no sentido de que as provas dos alegados créditos, consistentes em planilhas de apuração da contribuição social, deveriam ser examinadas na busca da constatação da regularidade do encontro de contas, uma vez que o crédito calcado neste dispositivo é inexistente. Diante de tudo exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o disposto no despacho decisório da unidade de origem. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato",1 postura consentânea com o art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 2 Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. 2 Lei nº 9.784/1999 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13884.901383/200844 Acórdão n.º 3401004.944 S3C4T1 Fl. 7 6 Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Acrescese a tal constatação o intento da contribuinte de ver compensado seu débito com crédito fundado em quaestio jurídica que busca inaugurar em fase de instauração de contencioso administrativo posterior à apresentação de sua declaração de compensação, com a apresentação de sua impugnação, sob o pálio do argumento de que devem ser expurgados da receita bruta, ainda que assim escriturados, os valores que tenham sido transferidos para terceiros, nos termos do § 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/1998, argumento que se encontra em contrariedade com o preceptivo normativo do Ato Declaratório SRF n° 56, de 20/07/2000. Independentemente da discussão respeitante à matéria, no entanto, o que se constata é que a compensação tem por base direito creditório ilíquido e incerto, carente de prova de sua constituição definitiva, uma vez que a contribuinte somente poderia utilizar, na compensação de débitos próprios relativos a tributos administrados pela RFB, crédito passível de restituição ou de ressarcimento. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.901378/2008-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
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Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.943
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
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Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 13 78 /2 00 8- 31 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13884.901378/200831 Acórdão n.º 3401004.943 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de declaração de compensação, realizada com base em suposto crédito de contribuição social originário de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, em razão da inexistência de crédito disponível. Cientificada desse despacho, a manifestante protocolou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/98, quando apurou as bases de cálculos das contribuições; o único fundamento para a glosa das compensações é uma pretensa inexistência de crédito; não foi sequer solicitado ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não o crédito; tivesse a autoridade intimado o contribuinte, teria acesso As planilhas de apuração, podendo verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; pelas razões alegadas, deve ser anulado o despacho decisório, determinando que a autoridade efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e existência do crédito utilizado, alternativamente, requer que seja logo homologada a compensação. Ao final pede deferimento da presente manifestação de inconformidade" . A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 0530.611, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que "os valores faturados, ainda que repassados a terceiros, compõem a base tributável da contribuição social, em face da inexistência de permissivo legal para sua exclusão". Devidamente notificada desta decisão, a recorrente interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, no qual reitera as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13884.901378/200831 Acórdão n.º 3401004.943 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.923, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.900342/200831, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.923): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: Conforme relatado, a não homologação da DCOMP em tela decorreu do fato de estar o Darf informado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos da contribuinte. No caso, a contribuinte transmitiu sua DCOMP compensando débito com suposto crédito de contribuição social decorrente de pagamento indevido ou a maior, apontando um documento de arrecadação como origem desse crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejandoos com os demais por ela informados A. Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito de Cofins da interessada. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13884.901378/200831 Acórdão n.º 3401004.943 S3C4T1 Fl. 5 4 Por conseguinte, não havia saldo disponível (é dizer, não havia crédito liquido e certo) para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação. Dai a não homologação, não havendo qualquer nulidade nesse procedimento. Sobre o motivo da não homologação, como já antes explicitado neste voto, revelase procedente, pois, de acordo com as próprias informações prestadas pela contribuinte Receita Federal, o direito creditório apontado na DCOMP era inexistente. Não obstante, agora, em sede de manifestação de inconformidade, pretende a contribuinte demonstrar que seus débitos de contribuição social antes declarados e pagos são indevidos, pois não havia considerado, quando da apuração da base de cálculos das contribuições, o disposto no parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei n° 9.718/1998. Em termos legais, significa ver excluídos da receita bruta os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para terceiros, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo. Neste ponto, fazse necessário destacar que, por força de sua vinculação aos atos legais, assim como àqueles emanados por autoridades que lhe são hierarquicamente superiores, este colegiado está adstrito à interpretação que a própria administração pública dá legislação tributária. 110 A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório SRF n°56, de 20 de julho de 2000, já se posicionou a respeito da situação em exame: Ato Declaratório SRF n° 56, de 2000: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do art. 20 do art. 3° da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; Considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; Considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de I° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13884.901378/200831 Acórdão n.º 3401004.943 S3C4T1 Fl. 6 5 tenha sido feita a titulo de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica" (destacouse). Esse entendimento torna sem força a argumentação alegada pela Contribuinte no sentido de que as provas dos alegados créditos, consistentes em planilhas de apuração da contribuição social, deveriam ser examinadas na busca da constatação da regularidade do encontro de contas, uma vez que o crédito calcado neste dispositivo é inexistente. Diante de tudo exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o disposto no despacho decisório da unidade de origem. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato",1 postura consentânea com o art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 2 Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. 2 Lei nº 9.784/1999 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13884.901378/200831 Acórdão n.º 3401004.943 S3C4T1 Fl. 7 6 Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Acrescese a tal constatação o intento da contribuinte de ver compensado seu débito com crédito fundado em quaestio jurídica que busca inaugurar em fase de instauração de contencioso administrativo posterior à apresentação de sua declaração de compensação, com a apresentação de sua impugnação, sob o pálio do argumento de que devem ser expurgados da receita bruta, ainda que assim escriturados, os valores que tenham sido transferidos para terceiros, nos termos do § 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/1998, argumento que se encontra em contrariedade com o preceptivo normativo do Ato Declaratório SRF n° 56, de 20/07/2000. Independentemente da discussão respeitante à matéria, no entanto, o que se constata é que a compensação tem por base direito creditório ilíquido e incerto, carente de prova de sua constituição definitiva, uma vez que a contribuinte somente poderia utilizar, na compensação de débitos próprios relativos a tributos administrados pela RFB, crédito passível de restituição ou de ressarcimento. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 59DF CARF MF
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Numero do processo: 10073.001409/2009-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005
LEI VIGENTE. AFASTAMENTO ADMINISTRATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (ou aduaneira), afastando a aplicação de comando legal vigente, conforme Súmula CARF no 2.
MULTA. LEI N. 8.218/1991. APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS DIGITAIS. ESCOPO.
O comando dos artigos 11 e 12 da Lei no 8.218/1991 não se refere a planilhas que a fiscalização entende devam ser elaboradas para facilitar seus trabalhos, mas a arquivos digitais referentes a sistemas de controle existentes na empresa, para organizar suas operações.
MULTA. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO, CONDIÇÃO OU NORMA OPERACIONAL PARA HABILITAR-SE OU UTILIZAR REGIME ADUANEIRO. INADIMPLEMENTO. DIFERENÇAS. DRAWBACK SUSPENSÃO.
A multa diária por descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitar-se ou utilizar regime aduaneiro especial, prevista no art. 107 do Decreto-lei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003, não trata de situações de verificação do simples inadimplemento do regime. Para obter um regime, ou para mantê-lo, é necessário cumprir diversas regras (v.g., existência de sistema informatizado de controle, armazenagem em local específico etc.). Entretanto, ao final do período de utilização do regime, a fiscalização tem o poder-dever de fiscalizar se este foi cumprido/adimplido, ou seja, se as mercadorias admitidas no regime tiveram um dos destinos previstos na legislação. E tal verificação sobre o cumprimento/adimplemento do regime não se confunde com a verificação de cumprimento dos requisitos, condições e normas operacionais. Na modalidade de regime conhecida no Brasil como Drawback Suspensão, a falta de pagamento dos tributos devidos por eventual falta de exportação do produto não constitui um descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitar-se ao ou utilizar o regime. Embora a multa por falta de pagamento de tributos possa ser exigida em conjunto com a relativa a descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitar-se ao ou utilizar o regime, cada qual tem nitidamente aplicação a condutas distintas.
Numero da decisão: 3401-004.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, e dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para afastar a aplicação da multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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AFASTAMENTO ADMINISTRATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (ou aduaneira), afastando a aplicação de comando legal vigente, conforme Súmula CARF no 2. MULTA. LEI N. 8.218/1991. APRESENTAÇÃO DE “ARQUIVOS DIGITAIS”. ESCOPO. O comando dos artigos 11 e 12 da Lei no 8.218/1991 não se refere a planilhas que a fiscalização entende devam ser elaboradas para facilitar seus trabalhos, mas a “arquivos digitais” referentes a sistemas de controle existentes na empresa, para organizar suas operações. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO, CONDIÇÃO OU NORMA OPERACIONAL PARA HABILITARSE OU UTILIZAR REGIME ADUANEIRO. INADIMPLEMENTO. DIFERENÇAS. “DRAWBACK SUSPENSÃO”. A multa diária por “descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial”, prevista no art. 107 do Decretolei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003, não trata de situações de verificação do simples inadimplemento do regime. Para obter um regime, ou para mantêlo, é necessário cumprir diversas regras (v.g., existência de sistema informatizado de controle, armazenagem em local específico etc.). Entretanto, ao final do período de utilização do regime, a fiscalização tem o poderdever de fiscalizar se este foi cumprido/adimplido, ou seja, se as mercadorias admitidas no regime tiveram um dos destinos previstos na legislação. E tal verificação sobre o cumprimento/adimplemento do regime não se confunde com a verificação de cumprimento dos requisitos, condições e normas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 00 14 09 /2 00 9- 90 Fl. 632DF CARF MF 2 operacionais. Na modalidade de regime conhecida no Brasil como “Drawback Suspensão”, a falta de pagamento dos tributos devidos por eventual falta de exportação do produto não constitui um descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitarse ao ou utilizar o regime. Embora a multa por falta de pagamento de tributos possa ser exigida em conjunto com a relativa a descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitarse ao ou utilizar o regime, cada qual tem nitidamente aplicação a condutas distintas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, e dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para afastar a aplicação da multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 511, datado de 23/11/2009, exigindo imposto de importação, IPIimportação, Contribuição para o PIS/PASEP importação e COFINSimportação, pelo descumprimento do regime aduaneiro especial de drawback, na modalidade de suspensão, de multa pela não entrega de arquivos digitais em relação a dois atos concessórios, de multa por embaraço à fiscalização, pela não resposta a intimação em dez dias, de multa pela não apresentação de documentos, e de multa por descumprimento de norma para habilitarse ou utilizar o regime especial, totalizando R$ 33.466.729,56. No Relatório Final de Fiscalização (RFF) de fls. 52 a 73, narrase que: (a) o procedimento fiscal decorre de auditoria em relação a dois atos concessórios de drawback: 2004.0118.525 (23/06/2004) e 2004.0275.906 (18/11/2004); (b) depois de intimada por diversas vezes a apresentar documentos, a empresa não se manifestou nem justificou a não resposta; (c) em relação aos dois atos concessórios, o Departamento de Comércio Exterior (DECEX) declarou a empresa “inadimplente total”, o que se comprova por cópias de telas do módulo Drawback do SISCOMEX; e (d) em decorrência do inadimplemento, foram lançados: (d1) o imposto de importação e o IPIimportação, em relação a dez declarações de importação (relacionadas à fl. 61), conforme artigo 70, I, “b” da Lei no 10.833/2003, acrescidos da multa de ofício prevista no artigo 44, I da Lei no 9.430/1996, majorada (112, 5%); (d2) a 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 633DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 633 3 Contribuição para o PIS/PASEPimportação e a COFINSimportação em relação às mesmas DI, respeitando a legislação vigente ao tempo de cada importação, acrescidas também da referida multa de ofício majorada; (d3) multa pela não entrega de arquivos digitais, prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991; (d4) multa por não atendimento a intimação, conforme artigo 107, IV, “c” do DecretoLei no 37/1966; (d5) multa por não apresentação de documentos, prevista no artigo 107, IV, “b” do DecretoLei no 37/1966; e (d6) multa por descumprimento de norma para habilitarse ou utilizarse de regime aduaneiro especial, prevista no artigo 107, VII, “e”, do DecretoLei no 37/1966. Cientificada da autuação em 27/11/2009 (AR à fl. 316), a empresa apresenta Impugnação em 28/12/2009 (fls. 318 a 350), alegando, basicamente, que: (a) a fiscalização não comprovou o descumprimento do regime de drawback, ou seja, que não houve exportação de produtos industrializados com insumos importados com suspensão, e ignorou os documentos apresentados, que comprovariam o adimplemento do regime, presumindo o descumprimento; (b) a empresa cumpriu integralmente o regime, importando “resina furânica”, produto consumido durante o processo produtivo, exportando os produtos resultantes, como provam notas fiscais que pleiteia juntada em trinta dias; (c) a demora na apresentação de documentos se deve à dificuldade de obtenção de documentos tendo em vista que a administração da empresa, à época dos fatos, era composta por grupo empresarial diverso; (d) a multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991 não se aplica ao caso, por falta de tipicidade (demanda de planilhas, que a empresa não estava obrigada a manter, e não dos arquivos digitais de que trata a lei), por revogação, pela Lei no 9.430/1996, que trouxe multa mais benéfica, e por ocasionar dupla penalização; (e) as multas aplicadas são confiscatórias; e (f) é inconstitucional a aplicação da Taxa SELIC a título de juros de mora. A decisão de primeira instância, proferida em 29/07/2015 (fls. 561 a 580), considerou parcialmente procedente o lançamento, sob os seguintes fundamentos: (a) é a empresa beneficiária quem deve provar o cumprimento dos requisitos previstos na legislação aplicável e no Ato Concessório, que tem natureza contratual; (b) na falta de comprovação pela beneficiária do adimplemento do Regime Aduaneiro de Drawback modalidade suspensão (como no caso), aplicase o tratamento legal previsto para a importação em regime comum; (c) as multas por não atendimento a intimação (art. 107, IV, “c” do Decretolei no 37/66) no valor de R$ 5000,00 e por não resposta à intimação (art. 107, IV, “b” do Decretolei no 37/66) no valor de R$ 5000,00 por mês calendário, estão previstas em lei, assim como a majoração da multa de ofício pela não resposta a intimação, e a empresa efetivamente incidiu nas condutas tipificadas; (d) a empresa incidiu ainda na conduta de não apresentar arquivos magnéticos (e não meras planilhas, como se percebe às fls. 574/575); (e) não há confusão entre os fatos geradores das multas lançadas, sendo plenamente factível a incidência conjunta de uma e outra multa infligida sem que se cogite da figura do bis in idem, devendo ser mantido o agravamento da multa proporcional aos tributos exigidos (percentual total de 112,5%), bem como a multa regulamentar; (f) o processo administrativo não constitui foro para discussão de constitucionalidade (conforme Súmula CARF no 2 e Decreto no 70.235/1972, artigo 26A); (g) a exigência de juros de mora à Taxa SELIC já é, inclusive, sumulada no CARF (Súmula no 4); e (h) a multa prevista no artigo 107, VII, “e”, do DecretoLei no 37/1966 não se aplica ao caso em apreço. Em função do valor exonerado, foi interposto recurso de ofício. Ciente da decisão da DRJ, em 01/09/2015 (Termo de fl. 588), a empresa apresentou o Recurso Voluntário de fls. 591 a 619 (em 01/10/2015), reiterando as razões expressas em sua impugnação, no que se refere ao ônus da prova em relação ao descumprimento do regime, e ao descabimento da multa prevista na Lei no 8.218/1991, Fl. 634DF CARF MF 4 acrescentando, em relação tal multa, que: (a) não se aplica ao regime, pois o fisco já tinha conhecimento de todos os tributos suspensos quando da entrega da Declaração de Importação, como decidiu o CARF no Acórdão no 3201001.872; e (b) foi calculada com base incorreta, sendo o percentual limitado a 1%. Atestada a tempestividade da peça recursal (fl. 630), o processo é enviado ao CARF em 09/07/2015, e distribuído a conselheiro que não mais faz parte do colegiado, tendo sido enviado a novo sorteio em 09/08/2016. Em agosto de 2016, o processo foi a mim distribuído, no novo sorteio. O processo foi indicado para a pauta nos meses de janeiro a julho de 2017, mas não pautado, em função do excesso de número de processos a julgar. Em agosto, o processo não foi incluído em pauta por ausência justificada do relator, e, em setembro e outubro, foi incluído em pauta e retirado por falta de tempo hábil para julgamento. Não houve sessões de julgamento em novembro e dezembro de 2017. Em janeiro, fevereiro e março de 2018, o processo também foi pautado e retirado de pauta por falta de tempo hábil para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator Os recursos voluntário e de ofício interpostos preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. 1. Do recurso voluntário É preciso esclarecer, de início, o que remanesce controverso em sede recursal, visto que a recorrente não mais faz menção à confiscatoriedade das multas e à incidência de juros de mora à Taxa SELIC em sua peça de defesa pósdecisão de piso. A ausência de contraditório em relação tem o condão de tornar a discussão assentada e definitiva, em relação a tais matérias, na conformidade, inclusive, com as Súmulas CARF no 2 e no 4, que vinculam o julgador administrativo deste colegiado. Também não vislumbro no recurso voluntário apresentado nenhuma insurgência em relação às multas por não atendimento a intimação (artigo 107, IV, “c” do DecretoLei no 37/1966) e por não apresentação de documentos (artigo 107, IV, “b” do DecretoLei no 37/1966), mas tão somente no que se refere à multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991, e sua eventual improcedência ou impossibilidade de aplicação conjunta com a majoração da multa de ofício. Mesmo a argumentação inovadora em sede de recurso voluntário (sobre não aplicação e erro na base de cálculo) restringese à multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991, pela não entrega de arquivos digitais. Restam controversos, assim, nestes autos, apenas: (a) o descumprimento ou não do regime de “drawback”, na modalidade de suspensão, com a exigência dos tributos e da multa de ofício decorrentes; e (b) a aplicação da multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991, e sua relação com a majoração da multa de ofício. Por fim, resta contenciosa, em sede de recurso de ofício, a discussão sobre o cabimento da multa por descumprimento de Fl. 635DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 634 5 norma para habilitarse ou utilizarse de regime aduaneiro especial, prevista no artigo 107, VII, “e”, do DecretoLei no 37/1966. Antes de ingressarmos nos dois temas contenciosos a serem analisados no recurso voluntário, contudo, alguns esclarecimentos iniciais sobre o regime aduaneiro especial que ficou conhecido no Brasil como “drawback”, e suas modalidades, mostramse necessários. 1.1. Do "drawback brasileiro" e do "drawbackisenção" No Brasil, a expressão "drawback" é equivocadamente utilizada. Assim, é preciso, logo de início, esclarecer que ao tratar de um “drawback” brasileiro, estáse a analisar um regime que tem pouca relação com o que se entende no restante do planeta como “drawback”. Internacionalmente, o “drawback” é, como sugere a própria formação da palavra, em inglês (“drawback”), uma devolução ou restituição de direitos de importação (ou mesmo de impostos sobre o consumo). Drawback, assim, é “o montante de direitos e taxas na importação restituídos por aplicação do regime de drawback”.2 E o regime de drawback, por sua vez, é internacionalmente definido como: o regime aduaneiro que permite, por ocasião da exportação de mercadorias, obter a restituição (total ou parcial) dos direitos e taxas que incidiram sobre a importação dessas mercadorias ou dos materiais nelas contidos ou consumidos na sua produção.3 Foi exatamente com esse sentido que o regime foi inicialmente tratado na legislação brasileira, no Decreto no 994, de 28/7/1936: como uma restituição, ou, na 2 Definição extraída do Anexo Especifico “F” da Convenção Internacional para Simplificação e Harmonização de Regimes/Procedimentos Aduaneiros” (Convenção de Quioto Revisada). A Convenção de Quioto foi adotada em 1973 (nos idiomas oficiais da Organização Mundial das Aduanas OMA, inglês e francês, respectivamente, “International Convention on the Simplification and Harmonization of Customs Procedures” e “Convention Internationale pour la Simplification et L’harmonisation des Regimes Douaniers”), e entrou em vigor em 25/09/1974, tendo passado por um processo de revisão no período de 1995 a 1999, resultando na chamada “Convenção de Quioto Revisada”, ou "Revista", que entrou em vigor em 03/02/2006, e hoje é aplicada em países que representam mais de 80% do comércio mundial (o Brasil, que é o único dos doze maiores países do mundo que ainda não aderiu à Convenção, manifestou expressamente interesse na adesão em novembro de 2011, em conferência da Organização Mundial de Aduanas realizada em São Paulo/2011, e já foram iniciados os trâmites para incorporação do texto da Convenção a nosso ordenamento jurídico). O texto da definição corresponde a tradução livre das versões em francês ("drawback: le montant des droits et taxes à l’ importation remboursé en application du régime du drawback”), e em inglês (“drawback: means the amount of import duties and taxes repaid under the drawback procedure”). O texto da convenção revisada, em ambos os idiomas, está disponível em: <www.wcoomd.org>. Acesso em: 29.nov.2014. Sobre a Convenção de Quioto Revisada, ver ainda: MORINI, Cristiano. A Convenção de Quioto Revisada e a Modernização da Administração Aduaneira. In: TREVISAN, Rosaldo. Temas Atuais de Direito Aduaneiro II. São Paulo: Lex, 2015, p. 163198. 3 Idem. Tradução livre da versão em francês ("régime du drawback: le régime douanier qui permet, lors de l’ exportation de marchandises, d’ obtenir le remboursement total ou partiel des droits et taxes à l’ importation qui ont frappé, soit ces marchandises, soit les produits contenus dans les marchandises exportées ou consommées au cours de leur production”), equivalente à versão em inglês, o outro idioma oficial da OMA (“drawback procedure: means the Customs procedure which, when goods are exported, provides for a repayment total or partial to be made in respect of the import duties and taxes charged on the goods, or on materials contained in them or consumed in their production”), do Anexo F da Convenção de Kyoto Revisada. Fl. 636DF CARF MF 6 terminologia usada no decreto, uma devolução dos direitos pagos (integralmente) na importação (a norma usa ainda o termo “remissão”). A Lei no 3.244, de 14/8/1957 manteve o drawback como “remissão”, em seu art. 37, dispondo que seria concedida “remissão total ou parcial do imposto relativo a produto utilizado na composição de outro a exportar (‘drawback’), nos termos do Regulamento a ser baixado por proposta do Conselho de Política Aduaneira”. E o regulamento (Decreto no 50.485, de 25/4/1961) dispôs, em seu art. 6o, que “o desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas com aplicação do ‘drawback’ será autorizado com suspensão do recolhimento dos tributos devidos”. Estava “criado” pela norma infralegal o drawbacksuspensão, distante de toda a terminologia internacionalmente adotada, nascendo ainda a expressa determinação de vinculação física, no texto do art. 18: “nenhuma mercadoria objeto de ‘drawback’ poderá ser utilizada fora da finalidade prevista sem o prévio recolhimento dos tributos devidos”. Três anos depois, estava revogado o decreto regulamentar pelo Decreto no 53.967, de 16/6/1964, que, em seu art. 3o, deu ao drawback a configuração tripartida (suspensão, isenção e restituição) que persiste nas normas até os dias atuais, mantendose a necessidade de que as mercadorias importadas não fossem desviadas das finalidades para as quais foram admitidas no regime (art. 8o).4 Depois de cerca de uma década de disciplina infralegal, o DecretoLei no 37, de 18/11/1966, em seu art. 78, incisos I a III, passa a dispor (sem utilizar a expressão drawback)5 sobre restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportadaque; sobre suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; e sobre isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. Apesar de a base legal (corretamente6) não se referir a drawback, o Decreto no 68.904, de 12/7/1971, entretanto, afirma em sua ementa estar regulamentando “o instituto do drawback previsto no art. 78 do DecretoLei no 37, de 18/11/1966”, reiterando a linha tripartida (suspensão, isenção e restituição), sendo tal postura mantida pelos Regulamentos Aduaneiros de 1985 (aprovado pelo Decreto no 91.030, de 05/03/1985, art. 314), de 2002 (Decreto no 4.543, de 26/12/2002, art. 335) e de 2009 (Decreto no 6.759, de 05/02/2009, art. 383). Concordamos com LOPES FILHO, quando este afirma que, apesar de a regulamentação do art. 78 da Lei Aduaneira denominar as três modalidades ali previstas como drawback, devese entender que o drawback corresponde tãosomente à “restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra 4 Dispunha o artigo: “A aplicação do regime do ‘drawback’ farseá mediante: a) suspensão do pagamento do imposto devido, condicionada a plano de importação e exportação previamente aprovado, até a comprovação da exportação; b) franquia do imposto sobre importação posterior de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalente à de origem estrangeira utilizada no produto exportado; e c) restituição do imposto pago. 5 Não obstante tenha sido alguns meses antes publicada a Lei no 5.025, de 10/06/1966, tratando em dois artigos de “drawback” (um deles, o art. 55, especificamente referindose a isenção). 6 Visto que internacionalmente a expressão drawback designava exclusivamente a restituição, e o Decretolei, em sua Exposição de Motivos (no 867, de 18/11/1966), expressamente afirmava espelharse em “Códigos Aduaneiros modernos” na disciplina da temática aduaneira. Fl. 637DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 635 7 exportada” (inciso I do art. 78), caracterizandose as modalidades previstas nos incisos II e III do artigo, respectivamente, como beneficiamento ativo e reposição de estoques.7 Contudo, preferimos a designação aperfeiçoamento ativo, que veio a se consagrar depois da obra do ex Secretário da Receita Federal, para a modalidade prevista no inciso II. Temos, assim, que: a) o ‘drawbackisenção’ constitui, como o próprio nome sugere, uma hipótese de isenção (conhecida como reposição de estoques)8 como tantas outras decorrentes de lei ou acordo internacional, compiladas no art. 136 do atual Regulamento Aduaneiro9; b) o ‘drawbackrestituição’, ou simplesmente ‘drawback’, nome pelo qual é conhecido no restante do mundo, é uma hipótese de restituição que busca incentivar as exportações10; e c) o ‘drawbacksuspensão’ (único que constitui propriamente um regime aduaneiro) é, em realidade, um aperfeiçoamento ativo.11 Reparese que a inadequação terminológica não macula, hoje, a aplicação de nenhuma das três ‘modalidades de drawback’ no Brasil, pois, relevandose os nomes, todas possuem supedâneo legal.12 Mas a confusão infralegal acabou por contaminar leis, como as de no 8.402/1992 (art. 3o, § 2o), no 11.945/2009 (arts. 13 e 14) e no 12.350/2010 (que passou a ter um Capítulo intitulado “Do Drawback” arts. 31 a 33, que nada trata sobre restituição), 7 LOPES FILHO, Osíris de Azevedo. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983, p. 9192. 8 A título ilustrativo, citese que o Glossário de Termos Aduaneiros e Comércio Exterior da ALADI define como ‘reposição de matériasprimas’ o “regime aduaneiro que permite importar, com isenção dos gravames respectivos, mercadorias equivalentes a outras que, havendo pago anteriormente esses gravames, foram utilizadas na produção de artigos exportados previamente a título definitivo” (Disponível em: <http://www.aladi.org/nsfaladi/glosario.nsf>. Acesso em: 09.jul.2014). MEIRA denomina esta ‘modalidade’ de drawbacksubstituição (MEIRA, Liziane Angelotti. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: IOB, 2002, p. 219). 9 Aliás, tal isenção está relacionada no art. 136 (inciso II, alínea ‘g’). A disciplina da isenção, contudo, foi deslocada da Seção de Isenções para o Livro referente a Regimes Aduaneiros Especiais, pela adoção da nomenclatura inadequada, que remonta à década de 60. Fossem as isenções regimes aduaneiros especiais, todas deveriam estar disciplinadas no Livro IV do Regulamento Aduaneiro. Fosse o drawbackisenção um regime aduaneiro especial, e não uma isenção concedida no regime comum de importação, não haveria necessidade de tê lo expressamente mantido na Lei no 8.032, de 12/4/1990 (arts. 2o, II, ‘g’, e 3o, I). 10 Assim como defendemos o posicionamento da disciplina do drawbackisenção na Seção referente a isenções do Regulamento Aduaneiro, o drawbackrestituição melhor ficaria posicionado ao lado das restituições, em decorrência do regime comum de importação, no art. 110 do mesmo regulamento. 11 No Capítulo 1 do Anexo Específico ‘F’ da Convenção de Kyoto revisada encontramos a definição de aperfeiçoamento ativo: “regime aduaneiro que permite receber em um território aduaneiro, com suspensão dos tributos incidentes na importação, certas mercadorias destinadas a sofrer uma transformação, processamento ou reparo e a serem posteriormente exportadas”. O texto corresponde à tradução livre da versão em francês ("perfectionnement actif: le régime douanier qui permet de recevoir dans un territoire douanier, en suspension des droits et taxes à l’ importation, certaines marchandises destinées à subir une transformation, une ouvraison ou une réparation et à être ultérieurement exportées”), equivalente à versão em inglês, o outro idioma oficial da OMA (“inward processing: means the Customs procedure under which certain goods can be brought into a Customs territory conditionally relieved from payment of import duties and taxes, on the basis that such goods are intended for manufacturing, processing or repair and subsequent exportation”), e está disponível, em ambos os idiomas, em: <www.wcoomd.org>. Acesso em: 09.jul.2014. 12 A situação, em verdade, é ainda pior, dado que normas de hierarquia inferior a decreto acabaram por criar ainda verdadeiras submodalidades de drawback (v.g. Portaria SECEX no 23, de 14/07/2011 que trata de drawback intermediário art. 88, drawback embarcação art. 69, I, e drawback para fornecimento no mercado interno art. 69, II). Fl. 638DF CARF MF 8 deixando o Brasil cada vez mais distante daquilo que o restante do mundo denomina “drawback”. No presente processo se discute aquilo que no Brasil foi denominado de "drawbacksuspensão", com disciplina legal estabelecida no art. 78, II, do Decretolei no 37/1966: "Art. 78. Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: (...) II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; (...)” (grifo nosso) A filosofia da suspensão, no Brasil, é a seguinte: (a) uma empresa demanda à SECEX (Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) um Ato Concessório para importar, com suspensão, matériaprima para fabricação de determinado produto a ser exportado; (b) a empresa importa a matériaprima com suspensão, nas condições autorizadas no Ato Concessório; (c) a matériaprioma é empregada na fabricação do produto, que, por sua vez, é exportada; (d) a SECEX emitindo um relatório sobre o adimplemento do regime, documentalmente; e (e) a RFB, dentro de sua competência, fiscaliza o cumprimento do regime. Assim, no Brasil, o chamado “drawbacksuspensão” é concedido pela SECEX, e fiscalizado pela RFB (Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Fazenda). As duas atividades (concessão e fiscalização do regime) não se confundem, como já restou assentado na Súmula no 100, dste CARF, de observância obrigatória pelos julgadores do tribunal administrativo: “Súmula CARF no 100: O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil tem competência para fiscalizar o cumprimento dos requisitos do regime de drawback na modalidade suspensão, aí compreendidos o lançamento do crédito tributário, sua exclusão em razão do reconhecimento de beneficio, e a verificação, a qualquer tempo, da regular observação, pela importadora, das condições fixadas na legislação pertinente.” Percebese, pelo exposto, que todas as operações realizadas nas diferentes fases são documentadas. Basta à fiscalização, assim, verificar se o teor dos documentos é condizente com a realidade da operação. É o que se analisa a seguir. 1.2. Do procedimento de fiscalização no caso em análise No presente processo, restou mais elementar o trabalho da fiscalização, pois sequer o DECEX (Departamento de Comércio Exterior), por meio da SECEX, atestou o adimplemento do regime, documentalmente. Assim, a empresa indubitavelmente não cumpriu o compromissado em Ato Concessório, não fazendo jus à suspensão, devendo ser exigidos os tributos que deixaram de ser recolhidos, com os consectários decorrentes. Fl. 639DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 636 9 Assim, não se está, aqui, diante de um caso em que haja um atestado documental de cumprimento (da SECEX) afastado diante da verificação in loco (pela RFB) de descumprimento (situação que buscou a citada Súmula no 100 pacificar), mas de simples descumprimento do regime perante ambos os órgãos, pela não comprovação de adimplemento do Ato Concessório que permitiu a suspensão. Como bem destaca a fiscalização, o regime é submetido a determinadas condições, cujo cumprimento deve ser comprovado pela empresa que demanda a suspensão. Não comprovado o cumprimento do regime pela empresa, a SECEX comunicou o inadimplemento à RFB, que iniciou a fiscalização, intimando, sem sucesso, a empresa a apresentar documentos. A empresa, em sua defesa, ao mesmo tempo em que revela entendimento equivocado de que caberia o fisco comprovar o descumprimento (digase, com documentos que ela não fornece a contento), afirma textualmente que teria cumprido integralmente o regime. Vejase o seguinte excerto da impugnação (fl. 327): Ocorre que a prova que a empresa não apresentou durante todo o procedimento fiscal, e prometeu apresentar na impugnação, sequer foi juntada aos autos, como bem atestou o julgador de piso (fl. 568): No recurso voluntário, o mínimo que se esperava da defesa era o esclarecimento dos fatos, e não a simples insistência de que o regime teria sido integralmente cumprido, com demanda pericial, tendo em vista que a ausência de documentação de amparo constituiria “simples descumprimento de obrigações acessórias” (fl. 600): Fl. 640DF CARF MF 10 Como, até o momento, permanece sem comprovação o cumprimento do regime, não se vê aqui razão para acolher eventual pleito por perícia (não detalhado e ao arrepio dos requisitos normativamente estabelecidos), sendo absolutamente correto o entendimento da fiscalização pela exigência dos tributos e consectários correspondentes. Em relação à multa de ofício, também não se tem a mínima dúvida de que seu patamar deve ser majorado, na forma expressamente prevista no artigo 44 da Lei no 9.430/1996, na hipótese de não atendimento a intimação (o que nitidamente ocorreu no presente caso). Tal majoração, expressa em lei, também não pode ser relativizada pelo julgador administrativo, em face da já citada Súmula CARF no 2. Vejase o que dispõe a Lei no 9.430/1996, em seu artigo 44, já na redação dada pela Lei no 11.488/2007: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; e II apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei.”(grifos nossos) A simples leitura do dispositivo legal permite evidenciar que a majoração é absolutamente compatível com a multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991 (tratada no tópico seguinte deste voto). Aliás, ela é, no caso do inciso II do § 2o do artigo 44, uma das hipóteses explícitas de majoração. Fl. 641DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 637 11 Por certo que pode existir ausência de apresentação de arquivos digitais e sistemas sem lançamento de tributos, assim como lançamento de tributos sem ausência de apresentação de arquivos digitais e sistemas. O que o comando do inciso II do § 2o do artigo 44 explicita é que no caso de deixar de apresentar a empresa arquivos e sistemas, o lançamento de ofício de tributos terá o percentual da multa de ofício majorado. Improcedentes, então, as razões recursais da empresa, nesse aspecto. Ademais, como bem destacou a DRJ, não foram só arquivos digitais e sistemas que deixaram de ser apresentados, mas ainda outros documentos, e esclarecimentos demandados em intimação (lista às fls. 574/575). Resta saber, no entanto, se a multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991, é exigível, no caso em análise. É o que se analisa no tópico a seguir. 1.3. Da multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991 Iniciemos pelo que expressamente dispõe o fundamento normativo da referida multa (artigo 12 da Lei no 8.218/1991, que deve ser necesariamente acompanhado pelo artigo 11 da mesma lei, ambos com a redação dada pela Medida Provisória no 2.15835/2001, para melhor compreensão): “Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (...) § 3o A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. § 4o Os atos a que se refere o § 3o poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. Art. 12. A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: (...) III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas.” (grifo nosso) Fl. 642DF CARF MF 12 Vejamos agora qual a imputação fiscal, na autuação, com fundamento no referido inciso III do artigo 12 (fl. 8): A fiscalização, em ação tendente a verificar o inadimplemento do regime aduaneiro especial de “drawback”, na modalidade suspensão, referente a dois atos concessórios (2004.0118.525, de 23/06/2004, e 2004.0275.906, de 18/11/2004), narra que realizou diversas intimações à empresa. Nos autos, vêse que a primeira intimação fiscal (fls. 79 a 81), com ciência à empresa em 28/04/2009 (fl. 82) concedeu 20 dias para que a empresa apresentasse: (a) termo de responsabilidade em relação ao regime; (b) cópias de atos concessórios, datas de petição, prorrogações, e declarações de importação ao amparo do regime; (c) folhas do Livro Registro de Entradas; (d) descrição pormenorizada do ciclo produtivo e ordens de produção; (e) folhas do Livro Registro Controle de Produção e Estoque; (f) descrição de tempo médio de estoque; (g) folhas do Livro Registro de Saídas; (h) folhas do Livro do Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de ocorrências; e (i) Relatório Unificado de Drawback. Tratou tal intimação de “arquivos digitais” apenas no item 14, com referência exclusivamente a planilhas a serem elaboradas, e relativas a “drawbackisenção” (fls. 80/81): A nosso ver, nenhum desses documentos denominados de “arquivos digitais” corresponde àqueles relacionados nos artigos 11 e 12 da Lei no 8.218/1991, seja porque não resultam de sistemas da empresa, mas de planilhas novas a serem compostas com dados extraídos de tais sistemas, ou, ainda, porque sequer encontram amparo de obrigatoriedade na legislação. Fl. 643DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 638 13 As planilhas demandadas nitidamente se destinam a poupar tempo da fiscalização, facilitando seus trabalhos, mas não se referem a registros comerciais que deveria a empresa possuir por obrigação normativa. Aliás, a partir dos registros e documentos da empresa, se solicitados detalhadamente, o fisco conseguiria, em procedimento fiscal regular, construir paulatinamente as planilhas demandadas já prontas. Ademais, é preciso recordar que, em relação ao “Drawback” brasileiro, existe o “RUD” (Relatório Unificado de “Drawback”), como instrumento preliminar para cotejar importações e exportações ao amparo do Ato Concessório. A resposta a tal intimação preliminar ocorre em 13/05/2009 (fls. 180 a 191), acompanhada de atos constitutivos da empresa e procurações, relação de declarações de importação pertinentes aos Atos Concessórios (que eram três, ao início da fiscalização), Livros Registro de Inventário do período, e Livros Registro de Entradas das Notas Fiscais das mercadorias importadas pertinentes aos referidos Atos Concessórios, com a planilha 1, a planilha 2 e a planilha 4 demandadas no item 14 da intimação. Em adição, a intimada pede prorrogação de prazo, em 18/05/2009 (fls. 193/194), para apresentar o termo de responsabilidade (30 dias), visto que tal documento estaria arquivado junto à SECEX, manifestandose ainda em relação aos demais itens (fl. 194): Sem que conste nos autos qualquer manifestação do fisco, a empresa peticiona novamente em 11/06/2009 (fls. 219/220), demandando prazo adicional de 30 dias para apresentar outros documentos. Em 17/06/2009 (com ciência em 19/06/2019 – fl. 227), é lavrada nova intimação, pela fiscalização, comunicando que realizaria diligência na empresa, em 30/06/2009, e solicitando o acompanhamento de funcionário técnico nos trabalhos, para melhor conhecimento do processo produtivo. Em resposta, é colocado, pela empresa, funcionário técnico à disposição, para a diligência, em 29/06/2009 (fls. 233/234). Em 22/06/2009 a empresa apresenta novo pedido de prorrogação de prazo para apresentação de documentos (mais 30 dias – fls. 229/230). Em 18/08/2019 (com ciência na mesma data – 18/085/2009), é lavrado “Termo de Reintimação Fiscal” (fl. 289), para apresentação dos documentos demandados no termo de início da ação fiscal (sem sequer informar quais seriam os itens já atendidos da intimação inicial), informando ainda a(s) possível(is) consequência(s) da não apresentação: Fl. 644DF CARF MF 14 Recordese que a penalidade prevista no artigo 107, IV, “c” do DecretoLei no 37/1966, na redação dada pela Lei no 10.833/2003, foi aplicada na autuação, e sequer questionada em sede recursal, pela empresa. O texto da referida norma legal dispõe: “Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) c) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de nãoapresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal;” Em 15/10/2009 é elaborado um “Termo de Continuidade da Fiscalização”, e são juntadas cópias de telas de sistema sobre os Atos Concessórios em análise (fls. 295 a 314). Nenhuma outra intimação ou demanda de documentos é documentada pela fiscalização, nos autos, nem é apresentada qualquer manifestação de que efetivamente houve diligência no estabelecimento da empresa. O Relatório Fiscal narra que, com a alteração dos fiscais responsáveis pela ação, foi excluído do procedimento um Ato Concessório, “em procedimento de baixa” junto à SECEX (fl. 60). Paupérrima, assim, a imputação fiscal de que teria havido descumprimento dos artigos 11 e 12 da Lei no 8.218/1991, seja porque não se afirma objetivamente qual “arquivo digital” tenha deixado de ser apresentado, seja porque a penalidade prevista no artigo 12 da Lei não se aplica ao caso narrado nos autos (fiscalização de regime de drawback específica de dois atos concessórios, já considerados como não adimplidos pela SECEX). Continuo sem saber, após leitura integral do processo, em que consistiria o “arquivo digital” que deixou de ser apresentado. Com certeza não o seriam as diversas planilhas solicitadas no item 14 da intimação, ainda que estivesse correta a modalidade de regime, no pedido (que demandou documentos referentes a “drawbackisenção”). Nesse aspecto, merece reforma a decisão da DRJ, que é precisa ao informar que efetivamente deixaram de ser apresentados documentos (e disso não temos dúvidas, e a própria empresa o reconhece, ao solicitar sucessivas prorrogações sem nada mais apresentar), mas, equivocadamente, entende que tais documentos constituiriam “arquivos digitais”. Erra, ainda, a DRJ, ao afirmar que não foi apresentada nenhuma resposta (fl. 571), quando aqui acabamos de narrar que a intimação foi parcialmente atendida. Por fim, erram a DRJ e o autuante ao aplicar raciocínio tributário na fiscalização aduaneira, que contempla penalidade específica pela não apresentação de documentos, no artigo 70 da Lei no 10.833/2003: “Art. 70. O descumprimento pelo importador, exportador ou adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, da obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando exigidos, implicará: I se relativo aos documentos comprobatórios da transação comercial ou os respectivos registros contábeis: Fl. 645DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 639 15 a) a apuração do valor aduaneiro com base em método substitutivo ao valor de transação, caso exista dúvida quanto ao valor aduaneiro declarado; e b) o nãoreconhecimento de tratamento mais benéfico de natureza tarifária, tributária ou aduaneira eventualmente concedido, com efeito retroativos à data do fato gerador, caso não sejam apresentadas provas do regular cumprimento das condições previstas na legislação específica para obtêlo; II se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras: (...)” Por certo que o comando dos artigos 11 e 12 da Lei no 8.218/1991 não se refere a planilhas que a fiscalização entende devam ser elaboradas para facilitar seus trabalhos, mas a “arquivos digitais” referentes a sistemas de controle existentes na empresa, para organizar suas operações. Ainda mais quando o próprio pedido do fisco é feito (e reiterado) de forma equivocada (em relação a modalidade de regime diversa) e sem informar o que deixou de ser apresentado, ou, objetivamente, em que consistiriam os “arquivos digitais”, na acepção da Lei no 8.218/1991. Ademais, ditos “arquivos digitais” (em verdade, planilhas) sequer foram necessários ao lançamento fiscal, ou à investigação do cumprimento dos Atos Concessórios para os quais, repitase, a própria SECEX atestou o inadimplemento. Quando muito, tais arquivos/planilhas serviriam para diminuir o montante lançado, que foi pela integralidade do compromisso não adimplido, se atestassem haver cumprimento parcial do regime. Assim, voto pelo afastamento da multa prevista no art. 12, III da Lei no 8.218/1991, no caso em análise, por absoluta falta de materialização de sua hipótese de incidência. 2. Do recurso de ofício Como relatado, a DRJ, ao apreciar a multa aplicada, conclui pelo seu afastamento, porque a conduta prevista na multa aplicada não se refere ao cumprimento do regime, em si, mas a de norma para habilitação ou utilização do regime. Assim dispõe o fundamento normativo para aplicação da penalidade (artigo 107, VII, “e” do DecretoLei no 37/1966, na redação dada pela Lei no 10.833/2003); “Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) VII de R$ 1.000,00 (mil reais): (...) e) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para Fl. 646DF CARF MF 16 habilitarse ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados; (...)” (grifo nosso) Vejase que a multa diária é por “descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitarse ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados”. Não se está, no dispositivo, a tratar de adimplemento do regime, mas de requisitos, condições e normas operacionais para habilitação ao ou utilização do regime. E tais atributos não se confundem. Para obter um regime, ou para mantêlo, é necessário cumprir diversas regras (v.g., existência de sistema informatizado de controle, armazenagem em local específico etc.). Entretanto, ao final do período de utilização do regime, a fiscalização tem o poderdever de fiscalizar se este foi cumprido/adimplido, ou seja, se as mercadorias admitidas no regime tiveram um dos destinos previstos na legislação. E é desta última tarefa que está a tratar o presente processo. Na modalidade de regime conhecida no Brasil como “Drawback Suspensão”, a falta de pagamento dos tributos devidos por eventual falta de exportação do produto não constitui um descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitarse ao ou utilizar o regime. Afinal de contas, só se verifica se o regime foi cumprido ao final de sua vigência, quando já não é adequado falar em “habilitarse” ao ou “manter” o regime. Embora a multa por falta de pagamento de tributos possa ser exigida em conjunto com a relativa a descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitarse ao ou utilizar o regime, cada qual tem nitidamente aplicação a condutas distintas. Até entendo que se a legislação referente ao "drawbacksuspensão" contivesse previsão expressa de que a empresa devesse manter um sistema informatizado "X", ou um formulário "Y", na forma "Z", para permitir o controle aduaneiro, e a empresa não o possuísse, tal qual estabelecido na norma de regência, cabível seria cogitar da multa aqui ventilada (inclusive cumulada com a multa por falta de pagamento de tributos, caso houvesse efetiva falta de pagamento). Mas, no caso em análise, o a fiscalização deixa nítido que o requisito que entendeu descumprido é exata e unicamente o inadimplemento do regime. Assim, confundese, na autuação, o inadimplemento, em si, do regime, com o descumprimento de requisito necessário para habilitarse ao ou manterse no/utilizar o regime. Se o que estivesse em discussão fosse o descumprimento de um requisito para utilização ou manutenção do regime, o simples pagamento dos tributos com acréscimos moratórios sequer surtiria efeito sobre a penalidade. Aliás, o próprio texto do § 2o do artigo referente à multa aplicada claramente expressa esta não prejudica a exigência dos impostos incidentes e a aplicação de outras penalidades. Ou seja, a multa aplicada independe de circunstâncias tributárias, refletindo preocupação com controles aduaneiros. Assim, acordamos com o julgador de piso no que se refere ao afastamento da multa, que foi equivocadamente empregada para situação diversa da que se prescreve no enquadramento legal. Esse entendimento está em conformidade com o que decidiu esta turma, unanimemente, em janeiro de 2016, com parcela substancial dos atuais membros do colegiado: Fl. 647DF CARF MF Processo nº 10073.001409/200990 Acórdão n.º 3401004.473 S3C4T1 Fl. 640 17 “MULTA. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO, CONDIÇÃO OU NORMA OPERACIONAL PARA HABILITARSE OU UTILIZAR REGIME ADUANEIRO. INADIMPLEMENTO. DIFERENÇAS. "DRAWBACK ISENÇÃO". A multa diária por "descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial", prevista no art. 107 do Decretolei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003, não trata de situações de verificação do simples inadimplemento do regime. Para obter um regime, ou para mantêlo, é necessário cumprir diversas regras (v.g., existência de sistema informatizado de controle, armazenagem em local específico etc.). Entretanto, ao final do período de utilização do regime, a fiscalização tem o poderdever de fiscalizar se este foi cumprido/adimplido, ou seja, se as mercadorias admitidas no regime tiveram um dos destinos previstos na legislação. E tal verificação sobre o cumprimento/adimplemento do regime não se confunde com a verificação de cumprimento dos requisitos, condições e normas operacionais. Na modalidade de regime conhecida no Brasil como "Drawback Isenção", a falta de pagamento dos tributos devidos por eventual falta de exportação do produto não constitui um descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitarse ao ou utilizar o regime. Embora a multa por falta de pagamento de tributos possa ser exigida em conjunto com a relativa a descumprimento de requisito ou condição ou norma operacional para habilitarse ao ou utilizar o regime, cada qual tem nitidamente aplicação a condutas distintas.” (Acórdão no 3401003.071, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 27 jan.2016) Esclareçase, derradeiramente, que o equívoco na aplicação da penalidade não implica, necessariamente, o cumprimento do regime. A multa não se aplica pelo simples inadimplemento do regime, havendo que se perscrutar adequadamente qual foi o efetivo requisito, condição ou norma operacional para utilizar ou manter o regime que restou descumprido. A discussão sobre haver ou não adimplemento do Ato Concessório e correta destinação das mercadorias, ao final do prazo de aplicação do regime, foi travada no tópico anterior. E, como visto, naquele aspecto assistiu razão ao fisco. Das considerações finais Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício, e por dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para afastar a aplicação da multa prevista no artigo 12, III da Lei no 8.218/1991. Rosaldo Trevisan Fl. 648DF CARF MF 18 Fl. 649DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.901915/2008-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.966
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 19 15 /2 00 8- 43 Fl. 69DF CARF MF Processo nº 13884.901915/200843 Acórdão n.º 3401004.966 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de declaração de compensação, realizada com base em suposto crédito de contribuição social originário de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, em razão da inexistência de crédito disponível. Cientificada desse despacho, a manifestante protocolou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/98, quando apurou as bases de cálculos das contribuições; o único fundamento para a glosa das compensações é uma pretensa inexistência de crédito; não foi sequer solicitado ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não o crédito; tivesse a autoridade intimado o contribuinte, teria acesso As planilhas de apuração, podendo verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; pelas razões alegadas, deve ser anulado o despacho decisório, determinando que a autoridade efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e existência do crédito utilizado, alternativamente, requer que seja logo homologada a compensação. Ao final pede deferimento da presente manifestação de inconformidade" . A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 0530.647, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que "os valores faturados, ainda que repassados a terceiros, compõem a base tributável da contribuição social, em face da inexistência de permissivo legal para sua exclusão". Devidamente notificada desta decisão, a recorrente interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, no qual reitera as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 70DF CARF MF Processo nº 13884.901915/200843 Acórdão n.º 3401004.966 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.923, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.900342/200831, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.923): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: Conforme relatado, a não homologação da DCOMP em tela decorreu do fato de estar o Darf informado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos da contribuinte. No caso, a contribuinte transmitiu sua DCOMP compensando débito com suposto crédito de contribuição social decorrente de pagamento indevido ou a maior, apontando um documento de arrecadação como origem desse crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejandoos com os demais por ela informados A. Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito de Cofins da interessada. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13884.901915/200843 Acórdão n.º 3401004.966 S3C4T1 Fl. 5 4 Por conseguinte, não havia saldo disponível (é dizer, não havia crédito liquido e certo) para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação. Dai a não homologação, não havendo qualquer nulidade nesse procedimento. Sobre o motivo da não homologação, como já antes explicitado neste voto, revelase procedente, pois, de acordo com as próprias informações prestadas pela contribuinte Receita Federal, o direito creditório apontado na DCOMP era inexistente. Não obstante, agora, em sede de manifestação de inconformidade, pretende a contribuinte demonstrar que seus débitos de contribuição social antes declarados e pagos são indevidos, pois não havia considerado, quando da apuração da base de cálculos das contribuições, o disposto no parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei n° 9.718/1998. Em termos legais, significa ver excluídos da receita bruta os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para terceiros, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo. Neste ponto, fazse necessário destacar que, por força de sua vinculação aos atos legais, assim como àqueles emanados por autoridades que lhe são hierarquicamente superiores, este colegiado está adstrito à interpretação que a própria administração pública dá legislação tributária. 110 A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório SRF n°56, de 20 de julho de 2000, já se posicionou a respeito da situação em exame: Ato Declaratório SRF n° 56, de 2000: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do art. 20 do art. 3° da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; Considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; Considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de I° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que Fl. 72DF CARF MF Processo nº 13884.901915/200843 Acórdão n.º 3401004.966 S3C4T1 Fl. 6 5 tenha sido feita a titulo de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica" (destacouse). Esse entendimento torna sem força a argumentação alegada pela Contribuinte no sentido de que as provas dos alegados créditos, consistentes em planilhas de apuração da contribuição social, deveriam ser examinadas na busca da constatação da regularidade do encontro de contas, uma vez que o crédito calcado neste dispositivo é inexistente. Diante de tudo exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o disposto no despacho decisório da unidade de origem. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato",1 postura consentânea com o art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 2 Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. 2 Lei nº 9.784/1999 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13884.901915/200843 Acórdão n.º 3401004.966 S3C4T1 Fl. 7 6 Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Acrescese a tal constatação o intento da contribuinte de ver compensado seu débito com crédito fundado em quaestio jurídica que busca inaugurar em fase de instauração de contencioso administrativo posterior à apresentação de sua declaração de compensação, com a apresentação de sua impugnação, sob o pálio do argumento de que devem ser expurgados da receita bruta, ainda que assim escriturados, os valores que tenham sido transferidos para terceiros, nos termos do § 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/1998, argumento que se encontra em contrariedade com o preceptivo normativo do Ato Declaratório SRF n° 56, de 20/07/2000. Independentemente da discussão respeitante à matéria, no entanto, o que se constata é que a compensação tem por base direito creditório ilíquido e incerto, carente de prova de sua constituição definitiva, uma vez que a contribuinte somente poderia utilizar, na compensação de débitos próprios relativos a tributos administrados pela RFB, crédito passível de restituição ou de ressarcimento. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 74DF CARF MF
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Numero do processo: 13005.000359/2005-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. ERRO FORMAL NO PEDIDO. JUSTIFICATIVA. EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Demandado o ressarcimento de Contribuição para o PIS/PASEP, bem assim sua compensação, a existência de erro formal no pedido não obsta o direito de crédito, se atendidas duas condições cumulativas: (a) seja justificado documentalmente que os créditos já eram contemplados no pedido efetuado (pois se nele não estavam contemplados tratar-se-ia de novo pedido); e (b) a unidade preparadora ateste a existência e a disponibilidade dos valores indicados como crédito.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado.
Numero da decisão: 3401-003.202
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. ERRO FORMAL NO PEDIDO. JUSTIFICATIVA. EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Demandado o ressarcimento de Contribuição para o PIS/PASEP, bem assim sua compensação, a existência de erro formal no pedido não obsta o direito de crédito, se atendidas duas condições cumulativas: (a) seja justificado documentalmente que os créditos já eram contemplados no pedido efetuado (pois se nele não estavam contemplados tratarseia de novo pedido); e (b) a unidade preparadora ateste a existência e a disponibilidade dos valores indicados como crédito. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 03 59 /2 00 5- 00 Fl. 228DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre diversas Declarações de Compensação (DCOMP) de fls 4 a 55, com a retificação de fl. 461, utilizando crédito de R$ 332.734,73, apurado mês de março de 2005, decorrente de Contribuição para o PIS/PASEP mercado externo § 1o do artigo 5o da Lei no 10.637/2002. Encontramse ainda DACON às fls. 57 a 64. No Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 65 a 74, narrase que: (a) a empresa, produtora de fumo, e fortemente exportadora, apura saldos de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS; (b) anteriormente a 2006, era facultada a compensação com outros tributos sem solicitação prévia de ressarcimento de saldos trimestrais de créditos das contribuições vinculados à exportação, como fazia a empresa; (c) parte das compensações de 2005 lastrearamse em créditos apurados e acumulados em períodos anteriores ao anocalendário de 2005; (d) as glosas de créditos das contribuições foram efetuadas mediante lavratura de autos de infração sem exigência de crédito tributário; (e) no Relatório da Ação Fiscal (RAF), são detalhadas e fundamentadas as glosas, apurandose de ofício a nova sequência de saldos de créditos mensais das contribuições vinculados à exportação, disponíveis para compensação, apontandose ainda os períodos para os quais houve compensação indevida; (f) por razão de economia processual, a documentação que embasa as glosas de créditos efetuadas se encontra no processo administrativo no 13005.001272/200975, referente a autuação de COFINS com exigência de crédito tributário; (g) as glosas de créditos das contribuições conduziram à redução de saldos disponíveis para compensação, gerando compensações indevidas e auto de infração de COFINS com exigência de crédito tributário; e (h) foram reconhecidos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP para o 1o trimestre de 2005 no valor de R$ 193.006,52, com glosa de R$ 7.739,19 (fl. 74). Às fls. 75 a 78 consta Auto de Infração relativo à COFINS dos quatro trimestres de 2005 e dos dois primeiros trimestres de 2006, lavrado em 25/01/2010, tratando dos processos administrativos no 13005.001058/200595, no 13005.000553/200587, no 13005.000593/200618 e no 13005.000589/200641. E, às fls. 79 a 82, consta auto de infração de Contribuição para o PIS/PASEP, dos quatro trimestres de 2005, vinculados aos processos administrativos no 13005.000359/200500 (o presente processo) e no 13005.000696/200599. Com base no Parecer DRF/SCS no 3/2010 (fls. 84/85), relativo a todos os processos citados, o Despacho Decisório de 01/03/2010 (fl. 87) reconhece crédito de Contribuição para o PIS/PASEP para o 1o trimestre de 2005 no valor de R$ 193.006,52, com glosa de R$ 139.728,21, homologando as compensações até o limite do crédito reconhecido. Cientificada do despacho decisório em 09/03/2010 (fl. 91), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 25/03/2010 (fls. 92 a 95), sustentando, basicamente, que: (a) os créditos de Contribuição para o PIS/PASEP para o 1o trimestre de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 229DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13005.000359/200500 Acórdão n.º 3401003.202 S3C4T1 Fl. 229 3 2005 eram decorrentes de saldos de 2004 (R$ 238.010,33), e créditos apurados no trimestre (R$ 208.332,42), subtraídos de créditos compensados e saldos de créditos do mercado interno, resultando em R$ 332.755,91; (b) foi efetuada compensação de R$ 144.098,65 invocando o crédito, tendo a fiscalização entendido que deveria haver glosa de R$ 7.739,19, reconstituindo o saldo credor disponível para compensação, que passou a ser de R$ 325.016,72 em 31/03/2005; e (c) inexplicavelmente, o despacho decisório, em vez de reconhecer tal montante, isto é, o montante resultante após a glosa fiscal, reconheceu o direito de crédito somente dos créditos havidos no 1o trimestre de 2005 (R$ 193.006,52), sem agregar o valor oriundo dos créditos acumulados em 2004, pelo que acabou glosando a importância de R$ 139.728,21 sem motivação. Não havendo inconformidade em relação à parcela de R$ 7.739,19, a autoridade local informa que esta quantia não contestada foi apartada para o processo administrativo no 13005.000512/201058 (fl. 137). Em 28/04/2011 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 138 a 145), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) a utilização de saldo de créditos de meses anteriores em um procedimento de compensação era faculdade do contribuinte, não podendo a autoridade fiscal incluir tais créditos de ofício em uma DCOMP que versou apenas sobre créditos de um período de apuração específico, no caso, março de 2005 (1o trimestre daquele ano); (b) a forma de repetição tem a ver com a natureza dos créditos apurados e com o período em que foram gerados; e (c) créditos extemporâneos devem compor pedidos de ressarcimento/compensação específicos. Cientificada da decisão da DRJ em 17/05/2011 (fl. 149), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 09/06/2011 (fls. 150 a 157), afirmando que em seus pedidos já informava créditos referentes a saldo de período anteriores, reiterando a argumentação exposta em sua manifestação de inconformidade, de que houve consideração apenas dos créditos do 1o trimestre de 2005, sem motivação para o afastamento do saldo acumulado de períodos anteriores. Adiciona ainda que: (a) a DRJ inovou na fundamentação para a negativa de crédito, com razões sequer suscitadas no despacho decisório; (b) o direito de utilizar todo o saldo credor está bastante claro no artigo 16 da Lei no 11.116/2005, e no artigo 21, § 4o, I da IN SRF no 460/2004; e (c) o presente processo não trata de "inclusão de créditos de ofício" ou "necessidade de segregação dos créditos por período de apuração", como entendeu o julgador de piso. Em 21/08/2012, por meio da Resolução no 3301000.156 (fls. 183 a 188), o julgamento foi convertido em diligência pela Primeira Turma da Terceira Câmara da Terceira Seção do CARF, por maioria, para que a unidade local verificasse na escrituração contábil e fiscal da contribuinte a liquidez e certeza do crédito financeiro declarado pela recorrente relativo aos meses anteriores a março de 2005, bem como eventual utilização por desconto ou ressarcimento/compensação em outros períodos. No Termo de Diligência Fiscal de fls. 192 a 194, a fiscalização informa que: (a) o procedimento fiscal referente à análise em comento verificou somente os créditos do 1o trimestre de 2005 ao 2o trimestre de 2006, constantes do TVF que embasou o despacho decisório; (b) como não foi requerida análise dos créditos de períodos anteriores, estes não foram reconhecidos, por não fazerem parte daquele procedimento fiscal; e (c) com a conversão Fl. 230DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 em diligência, passouse a verificar tais valores, chegandose ao saldo devedor de R$ 12.273,20, em 31/12/2004. Cientificada do Termo de Diligência Fiscal em 11/03/2014 (fl. 194), a empresa se manifesta em 04/04/2014 (fls. 200 a 214), dispondo que: (a) a fiscalização não se limitou a apurar os créditos da contribuição no 4o trimestre de 2004, estendendo a verificação a todo o período de 2003 e 2004, inclusive no que se refere a outras DCOMP do período; (b) que no período de julho a setembro de 2003, a empresa utilizou saldo credor de Contribuição para o PIS/PASEP para compensar com saldo devedor de COFINS, mas posteriormente verificou (em auditoria interna) que deveria ter informado a compensação em DCOMP, tendo recolhido espontaneamente, em março de 2004, o valor de R$ 34.165,73, correspondente a multa e juros referentes a entrega em atraso dos pedidos de compensação referentes a julho a setembro de 2003, no processo no 13005.000287/200410, originando a diferença detectada pela fiscalização; (c) em relação às glosas, a empresa: (c1) acata a referente a "serviços utilizados como insumos", de R$ 13.916,22; (c2) a requerente utilizou o método do rateio proporcional, com base na proporção da receita bruta auferida, para apuração dos créditos, mas a fiscalização entendeu que deveria ser excluído do rateio proporcional a parcela correspondente aos "bens adquiridos para revenda", reconstituindo o saldo credor disponível, excluindo a parcela correspondente do mercado externo, e incluindo (acrescentando) no mercado interno, aproximandose de uma apropriação direta, em oposição ao que recomendavam as ajudas do "programa DACON" daqueles períodos (2003 e 2004), e à jurisprudência do CARF (v.g., Acórdão no 340100.982); (c3) o valor de R$ 34.165,73, referente ao citado atraso na entrega de DCOMP, decorre de compensação do débito apurado com multa e juros referente ao pagamento em atraso com saldo credor disponível de COFINS, e deve ser reincluído ao saldo credor disponível; e (c4) pelo exposto, entende a recorrente ser o saldo credor disponível em 31/12/2004 de R$ 224.094,11, tendo a empresa compensado a maior o valor de R$ 4.131,33. Pede, por fim, que seja integralmente reconhecido crédito no montante de R$ 311.100,50, homologandose as compensações declaradas, reconhecendo que houve compensação a maior de R$ 4.131,33. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 227). O processo foi pautado para as sessões de maio, de junho e de julho de 2016, sendo retirado de pauta, em todas as ocasiões, por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Os aspectos fáticos, no presente processo, são pouco controversos. As DCOMP apresentadas tratam de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP, indicando a recorrente como mês e ano da apuração do crédito "março/2005", e como valor total do crédito R$ 332.734,73. É desse valor que vão sendo, nos sucessivos pedidos, deduzidos os valores a serem compensados. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13005.000359/200500 Acórdão n.º 3401003.202 S3C4T1 Fl. 230 5 A fiscalização, de fato, analisou somente o primeiro trimestre de 2005, concentrandose no pedido da empresa. Daí ter concluído que o crédito apurado no período era de R$ 193.006,52. E disso não parece discordar a recorrente, que havia informado crédito de R$ 200.745,71, e sequer questionou a diferença de R$ 7.739,19, sendo incontroversa a matéria. Mas vejase que, no pedido (fl. 2), apesar da indicação do mês e ano da apuração do crédito ser "março/2005", o valor de crédito demandado de Contribuição para o PIS/PASEP não foi de R$ 200.745,71, mas de R$ 332.734,73, a serem usados na DCOMP inicial, no valor de R$ 188.636,08: No TVF que ampara o parecer da unidade local, que, por sua vez, fundamenta o Despacho Decisório, partese de um saldo de crédito do mercado externo, anterior a janeiro/2005, no valor de R$ 132.010,20 (fl. 68): Fl. 232DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 Tal saldo, de R$ 132.010,20, é somado aos créditos apurados no mês de janeiro, resultando no saldo a transpor para o mês seguinte, no qual novamente é somado com os créditos apurados em fevereiro, resultando no saldo a transpor para o mês de março, e assim por diante, como se mostra no quadro a seguir, elaborado a partir das tabelas de fls. 68 a 73: Mês Saldo de crédito do mês anterior (R$) Apurado no mês (+) (R$) Utilizado em compensações no mês () (R$) janeiro/2015 132.010,20 19.970,11 fevereiro/2015 151.980,31 72.019,28 março/2015 223999,59 101.017,13 abril/2015 325.016,72 38627,51 maio/2015 363.644,22 108.283,14 155.706,40 junho/2015 316.220,97 66.371,05 252.028,33 julho/2015 130.923,68 17.933,51 agosto/2015 148.857,19 16.071,97 150.025,88 setembro/2015 14.903,28 5.171,96 20.075,24 Percebase, no quadro, que somandose os valores apurados em janeiro (R$ 19.970,11), fevereiro (R$ 72.019,28) e março de 2005 (R$ 101.017,13), chegase exatamente aos R$ 193.006,52 reconhecidos pelo fisco. E, somandose o valor reconhecido às glosas, de R$ 7.739,19, chegase ao valor pleiteado: R$ 200.745,71. Ocorre que, como vimos, o valor pleiteado foi de R$ 332.734,73. A diferença, de R$ 131.989,02, corresponde, aproximadamente, ao saldo de crédito do mercado externo, anterior a janeiro/2005, no valor de R$ 132.010,20. Aqui fazemos uma pausa para duas observações. A primeira, de que assiste razão da alegação da empresa de que os créditos referentes ao 4o trimestre de 2004 sequer foram analisados. Aliás, isso é isso é também incontroverso, pois a própria fiscalização o admite expressamente. A segunda, de que a fiscalização, apesar de não considerar os saldos de créditos nas compensações em análise neste processo, o que, como visto, é consensual, não os Fl. 233DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13005.000359/200500 Acórdão n.º 3401003.202 S3C4T1 Fl. 231 7 excluiu, nem os negou, mas simplesmente os transferiu para períodos seguintes, como se percebe facilmente das tabelas de fls. 68 a 73, e, mais nitidamente, do quadro aqui inserido. O saldo de R$ 132.010,20, após ser somado com os créditos apurados nos meses, e subtraído das compensações efetuadas, resultou, em setembro de 2005, em R$ 14.903,28. Ou seja, o saldo foi totalmente reconhecido e utilizado, mas em outra compensações. Assim, tanto o TVF quanto o parecer que ampara o Despacho Decisório propõem tão somente uma glosa de R$ 7.739,19, à qual a recorrente não se opõe especificamente. Ocorre que o texto do despacho decisório, diferentemente de seus fundamentos, afirma (fl. 87) que foi efetuada glosa de R$ 139.728,21, número sequer antes suscitado, e que equivale à soma do valor efetivamente glosado (R$ 7.739,19) com o saldo acumulado de 2004 que sequer foi analisado (R$ 132.010,20, para o fisco, ou R$ 131.989,02, para a empresa). Assim, ou o Despacho Decisório é contrário a seus fundamentos, que propuseram reconhecimento de R$ 193.006,52, glosa de R$ 7.739,19 e sequer analisaram o restante, ou foi descumprido, porque o valores de créditos "glosados" referentes a saldos foram utilizados em outras compensações. A nosso ver, nem um nem outro. Houve simples confusão terminológica no despacho decisório, que pareceu imaginar que a quantia que a empresa estava a pleitear (R$ 332.734,73) era integralmente derivada de 2005. Afinal de contas, até o despacho decisório não havia nenhuma menção expressa ao fato de o pedido incluir saldos credores de 2004. A confusão terminológica perpetrada no despacho decisório polui as discussões travadas daí para diante, no processo, que, a nosso ver, já não trata mais propriamente de existência de crédito, mas de possibilidade de alocação do crédito a compensações. Fossem, além dos saldos de 2004, demandados créditos de R$ 332.734,73, correto estaria o despacho decisório. Mas não é isso que ocorre nestes autos. O direito de crédito foi expressamente reconhecido em relação aos R$ 193.006,52, expressamente negado em relação a R$ 7.739,19 (sem contestação), e implicitamente tomado em conta no que se Fl. 234DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 refere aos R$ 131.989,02 pleiteados (aliás, mais do que isso, porque o fisco toma como saldo credor o valor de R$ 132.010,20), que o próprio TVF, embora reconheça não ter fiscalizado 2004, utilizou no cômputo nos saldos que culminaram em compensações subsequentes, como aqui demonstrado. Portanto, quando a DRJ alega a empresa deveria ter solicitado o crédito para o período correto, não está a, a nosso ver, a afirmar que o crédito de R$ 132.010,20 é inexistente, mas tão somente que a fiscalização, a partir do pedido efetuado, não concluiu (nem era obrigada a concluir) que deveria o pedido de março de 2005 abranger o saldo de 2004. Não vemos, ainda, inovação argumentativa na decisão da DRJ, mas apego e endosso à terminologia (ainda que inadequada) do Despacho Decisório, que entendeu como "glosada" parcela que sequer foi analisada. E também o recurso voluntário parece entender que houve negativa do direito de crédito, pois pede, ao final (fl. 157): Não percebe a recorrente que foram reconhecidos os R$ 325.016,72 que demanda, sendo R$ 193.006,52 utilizados em DCOMP que fazem parte do presente processo e R$ 132.010,20 levados para períodos seguintes como saldo, até serem utilizados em compensações. E o CARF, na primeira apreciação da matéria, determinou a conversão em diligência para que fossem verificadas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte a liquidez e certeza do crédito declarado pela recorrente relativo aos meses anteriores a março de 2005, bem como eventual utilização por desconto ou ressarcimento/compensação em outros períodos. As razões para a conversão são nobres, e concordamos (ainda que parcialmente) com o voto que norteou a conversão em diligência, no sentido de que (fls. 186 a 188): "...ainda que se entenda que o mais adequado seria apresentar uma declaração de compensação para cada mês no qual se tenha apurado saldo credor, não há qualquer fundamento jurídico para desconsiderar o procedimento adotado pelo contribuinte, muito menos para proceder à glosa do saldo credor acumulado em 2004, uma vez que, em face do que prescrevia a IN SRF nº 460, era facultado ao contribuinte a utilização do saldo de créditos de meses anteriores em um mês de compensação. Por outro lado, também não procede o argumento da decisão recorrida no sentido de que a simples circunstância de a Fl. 235DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13005.000359/200500 Acórdão n.º 3401003.202 S3C4T1 Fl. 232 9 Recorrente ter preenchido as declarações de compensação indicando Março de 2005 no campo reservado para mês e ano de apuração do crédito, seria suficiente para não admitir as alegações da Manifestação de Inconformidade, no sentido de que o saldo de 31.03.2005 contempla créditos de meses anteriores. (...) Neste contexto verificase que, diferentemente do que defende a decisão recorrida, a vedação para utilizar em um único mês saldo credor acumulado de meses anteriores a um único trimestre calendário veio apenas com a IN SRF nº 600/06, a qual não se aplica ao presente processo, por se tratar de norma posterior. Postas essas razões jurídicas, ultrapasso o argumento da inadequação do procedimento adotado pelo contribuinte, para afastar as glosas fundamentadas exclusivamente no fato de se referirem a créditos relativos a meses anteriores a março de 2005. Tecido esses esclarecimentos e considerando o que dispõe o art. 18, I, Anexo II, da Portaria MF n° 256/08, o qual prevê a realização de diligências para suprir deficiências do processo, e para que esta decisão não implique supressão de instancia, proponho que se converta o julgamento deste Recurso Voluntário em diligência à repartição de origem, para que verifique na escrituração contábil e fiscal da contribuinte a liquidez e certeza do crédito financeiro declarado pela Recorrente relativo aos meses anteriores a março de 2005, bem como eventual utilização por desconto ou ressarcimento/compensação em outros períodos."(sic) (grifo nosso) Assim, o CARF entendeu a nosso ver, corretamente que a negativa de direito de crédito não pode ser ancorada na forma, caso exista certeza da existência e disponibilidade do crédito. Mas, ao perguntar sobre eventual utilização, pareceu ignorar os elementos que já constam no processo, que, como demonstramos, dão conta de que o crédito não só foi acolhido, mas utilizado em compensações. Na mesma linha, entendemos que caso seja demandado ressarcimento da contribuição, bem assim sua compensação, a existência de erro formal no pedido não obsta o direito de crédito, se atendidas duas condições cumulativas: (a) seja justificado documentalmente que os créditos já eram contemplados no pedido efetuado (pois se nele não estavam contemplados tratarseia de novo pedido); e (b) a unidade preparadora ateste a existência e a disponibilidade dos valores indicados como crédito. A primeira condição, a nosso ver, está atendida, pois é matematicamente perceptível e juridicamente possível que o pedido inicial (fl. 2) já contivesse o saldo acumulado de 2004. A diligência foi útil, assim, para verificação da segunda, no que se refere à existência (visto que a indisponibilidade parece já estar clara no processo). Fl. 236DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 Na diligência, a fiscalização não se limita a verificar os "meses anteriores a março de 2005", estendendo o procedimento aos anos de 2003 e 2004. A recorrente chega a se opor a tal data de corte, que, digase, não foi precisamente delimitada na conversão em diligência, mas, a nosso ver, nada obsta a opção justificada da fiscalização, que indica, à fl. 193, que os créditos originaramse em fevereiro de 2003, sendo acumulados, mês a mês a partir de então. Como resultado da diligência, a fiscalização informa que, à época, "preocupouse unicamente ao período solicitado no MPF no 10.1.11.002009001983 (1o tri/2005 ao 2o tri/2006) considerando na análise, como saldo inicial/anterior, ... PIS Mercado Externo o valor de R$ 132.010,20", mas que, ao apurar os anos de 2003/2004, chegou a um saldo negativo de créditos, em 31/12/2004, no valor de R$ 12.273,20. Diante do resultado da diligência, a empresa tece uma série de discussões afetas a outros processos, sobre o saldo acumulado em 31/12/2004, que, para os efeitos destes autos, só se prestam a dar conta da ausência da certeza e da liquidez do crédito postulado, no que se refere a tal parcela. Nesta etapa processual, o que se esperava era a prova definitiva da certeza e da liquidez do crédito, que, recordese, além de ser obrigação / ônus da postulante, é condição para a homologação da compensação. Pelo exposto, não se reconhece, no presente processo, o direito a compensar o saldo de R$ 132.010,20, por ausência dos requisitos de certeza e liquidez, ainda mais após o apurado no relatório de diligência. Advertese, contudo, que a presente decisão, adstrita ao caso concreto, não afeta outros processos nos quais eventualmente se tenha utilizado, à época, tal saldo, como parece ter exposto o TVF, e como nós entendemos e demonstramos em quadro específico, neste voto. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 237DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10880.660456/2012-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2012
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE.
Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade.
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
Numero da decisão: 3401-004.857
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/06/2012 DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
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NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 66 04 56 /2 01 2- 61 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra não homologação de compensação declarada por meio eletrônico (PER/DCOMP), relativamente a um crédito de Cofins, que teria sido recolhido a maior no período de apuração. O Despacho Decisório da DERAT/SÃO PAULO, não homologou o pedido de compensação, sob o fundamento de que, embora localizado o pagamento que deu origem ao suposto crédito original de pagamento indevido ou a maior, o mesmo estava à época do encontro de contas integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados. Notificada da decisão a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade. A DRJ Ribeirão Preto julgou improcedente a impugnação por unanimidade de votos, mantendo o crédito tributário devido. A empresa apresentou recurso voluntário onde somente alega que apesar de ter protestado em sede de impugnação pela falta de motivação do indeferimento no despacho decisório, o acórdão recorrido não demonstrou a motivação, que os atos administrativos devem ser motivados para não ter cerceado seu direito de defesa, não apresentando provas do seu direito. É o relatório. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.681, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.660277/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.681): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. A recorrente protesta pela falta de motivação do despacho decisório que indeferiu o seu pedido de compensação. Entendo que o despacho decisório cumpre os requisitos legais e possui todo o escopo necessário ao exercício do contraditório e da ampla defesa pelo contribuinte. Nele está inscrito o enquadramento legal da autuação: Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Também nele encontrase a fundamentação da decisão, ficando claro que o crédito indicado foi localizado, mas já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte: A análise do direito creditório está limitada ao valor do "crédito original na data de transmissão" informado no PER/DCOMP, correspondendo a 4.812,66. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Entendo que o prejuízo, se havido, foi provocado pelo próprio contribuinte que deixou de apresentar provas que indicassem que era portador do crédito alegado. Ademais, como bem demonstrado no acórdão recorrido, o crédito já havia sido utilizado e alocado, e apesar de ser o único DARF pago pela empresa no ano de 2012, o mesmo foi utilizado em 193 pedidos de compensação. Esse procedimento utilizado pelo contribuinte, de alocar o mesmo crédito a várias Dcomps enseja a cominação de prestação de informação falsa à RFB já Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 5 4 que há um campo na PER/DCOMP onde é perguntado se aquele crédito já foi informado em outro PER/DCOMP e o contribuinte respondeu “NÃO” em todas as declarações. Por ser extremamente didático, reproduzo o acórdão recorrido, em sua íntegra, para que não haja dúvidas quanto as suas conclusões que acompanho: Em preliminar, não merece acolhida a alegação de nulidade do Despacho Decisório, vez que o mesmo apresenta de forma clara e precisa o motivo da não homologação da compensação, qual seja, a inexistência de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na DCOMP. O Despacho Decisório preenche todos os requisitos formais e materiais para sua validade, contendo todos os elementos necessários ao exercício do direito de defesa do contribuinte, trazendo em seu bojo, ainda que de forma sintética, a fundamentação legal, a identificação da declaração de compensação enviada pela empresa, a data da transmissão, o tipo de crédito, as características do DARF apontado pela empresa na DCOMP, bem como o período de apuração a que se refere. Por outro lado, os motivos da nãohomologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte. Estas são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo, não podendo a interessada alegar que os desconhecia. Importante fixar que a DCOMP se presta a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. Encontradas conforme, sobrevém a homologação confirmando a extinção. Não confirmadas as informações prestadas pelo declarante, o inverso se verifica. No caso, a contribuinte declarou um débito e apontou um documento de arrecadação como origem do crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, nos sistemas da Receita Federal, embora localizado o DARF do pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente foi totalmente utilizado e alocado aos débitos informados em DCTF, não restando dele o saldo apontado na DCOMP como crédito. Assim, não padece de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente, contra o qual o Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 6 5 contribuinte pôde exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. O débito declarado e pago encontrase em conformidade com a correspondente DCTF, a qual tem seus efeitos determinados pelo § 1º do artigo 5º do Decreto lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, entre eles o da confissão da dívida e o condão de constituir o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. Quando da transmissão e da análise do PER/DCOMP em tela, o crédito efetivamente não existia, pois o pagamento efetuado estava integralmente alocado ao débito declarado pela própria contribuinte em sua DCTF. Assim sendo, na data da transmissão do PER/ DCOMP a interessada não era detentora de crédito líquido e certo, condição sem a qual não há direito à restituição ou compensação. E não tendo o interessado trazido elementos hábeis a desconstituir a confissão do débito que fez na DCTF, inexiste razão para se reconhecer o pleiteado direito creditório relativo a pagamento pretensamente maior do que o devido, referente ao período de apuração. O extrato abaixo é a DCTF retificadora ativa da contribuinte, referente ao tributo e período em análise. Repare que a contribuinte declara um débito de COFINS em junho de 2012 no valor de R$ 29.148,73 e vincula ao débito um pagamento de R$4.985,20. No quadro abaixo, podemos verificar que o referido pagamento vem de um DARF de R$5.083,90, composto de um valor principal (R$4.985,20) mais multa por atraso (R$98,70). Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 7 6 Por sinal, esse foi o único DARF de Cofins pago em 2012 pela empresa, conforme demonstra o extrato abaixo. Impende salientar que, sobre esse alegado crédito de R$ 5.083,90, a contribuinte solicita a homologação de nada menos que 193 pedidos de compensação, todos do mesmo período (2º trimestre de 2012), com mesmo vencimento em 31/07/2012 que, somados, resultam em um valor de R$ 948.369,76, conforme relação abaixo dos processos de PER/DCOMP para o mesmo DARF. .... Agrava o fato de tentar utilizar mais de uma vez o mesmo crédito a prestação de informação falsa, pois no PER/DCOMP há um campo onde é perguntado se aquele crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior já foi informado em outro PER/DCOMP, ao que o contribuinte respondeu “Não” em todos os PER/DCOMP, em infração ao inciso II do § 1º do art. 45 da IN/SRF 1.300, de 20 de novembro de 2012. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito por negarlhe provimento. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 81DF CARF MF
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Numero do processo: 13963.000218/2003-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. MP 66/2002. LEI 10.637/2002. VEDAÇÃO. APLICAÇÃO.
A Medida Provisória no 66/2002, posteriormente convertida na Lei no 10.637/2002, vedou expressamente a compensação de débitos com créditos de terceiros, aplicando-se a vedação às compensações registradas a partir de 01/10/2002, data de início da vigência do comando de estatura legal.
Numero da decisão: 3401-005.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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INDÚSTRIA DE AZULEJOS ELIANE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. MP 66/2002. LEI 10.637/2002. VEDAÇÃO. APLICAÇÃO. A Medida Provisória no 66/2002, posteriormente convertida na Lei no 10.637/2002, vedou expressamente a compensação de débitos com créditos de terceiros, aplicandose a vedação às compensações registradas a partir de 01/10/2002, data de início da vigência do comando de estatura legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 96 3. 00 02 18 /2 00 3- 89 Fl. 1229DF CARF MF 2 Versa o presente sobre o formulário de Declaração de Compensação de fl. 41, com protocolo de 13/05/2003, no valor de R$ 277.543,95, por força de decisão judicial (crédito de terceiro – empresa “Nitriflex S.A. Indústria e Comércio”, CNPJ no 42.147.496/000170, afastada ainda em juízo a vedação constante na IN SRF 41/2000), mencionandose que os créditos estão controlados no processo administrativo no 13476.000533/200117. No despacho decisório de fls. 58 a 64, datado de 11/02/2005 (ciência em 03/03/2005), emitido pela DRF/Florianópolis/SC, afirmase que, a partir de 01/10/2002, passou a haver expressa vedação legal à compensação de débitos com créditos de terceiros, e, por isso, a ordem judicial perdeu eficácia na parte que afastou a restrição de compensação veiculada em normas infralegais (ato declaratório e instrução normativa), devendo ser declarada a não homologação da compensação. Afirmouse ainda que não havia necessidade de lançamento do débito, seja por estar declarado em DCTF, seja por a Declaração de Compensação passado a constituir confissão de dívida, mas que deveria ser lançada a multa de ofício, encaminhando os autos à fiscalização. Na Manifestação de Inconformidade de fls. 66 a 84, datada de 01/04/2005, argumenta a empresa cessionária do crédito, em síntese, que: (a) o crédito foi assegurado por sentença judicial transitada em julgado, em 18/04/2001, no Mandado de Segurança (MS) no 98.00166580 (referente a crédito presumido em relação a insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero); (b) buscando preventivamente resguardar seu direito à compensação, em face da vedação estabelecida na IN SRF no 41/2000, a recorrente moveu ação judicial pedindo o afastamento de seus efeitos, obtendo decisão favorável em 16/09/2002, no MS no 2001.51.10.0010250, sendo que, em 12/09/2003 transitou em julgado o Acórdão proferido pelo TRF2, convalidando a liminar e confirmando o direito de livre disponibilidade do crédito, ante a inexistência de previsão legal; e (c) a cessão de crédito estava sob o manto da coisa julgada, não podendo ser negada administrativamente. Às fls. 106 a 128 consta cópia de Auto de Infração, lavrado em 01/03/2005 (com ciência em 03/03/2005), no valor de R$ 14.915.461,93, aplicando multa isolada decorrente de compensações em oito processos administrativos, entre os quais o presente, com fundamento no art. 18 da Lei no 10.833/2003. E, às fls. 130 a 186 constam despachos decisórios de nãohomologação proferidos nos seguintes processos administrativos: no 11516.001792/200488; no 13963.000217/200334; no 13963.000191/200324; no 13963.000188/200319; no 13963.000218/200389 (o presente processo); no 11516.000804/200376; e no 11831.003363/200391. Às fls. 187 a 265, e 276 a 408, constam síntese e peças referentes ao MS no 2001.51.10.0010250. Às fls. 266 a 274, figura cópia de despacho decisório no processo administrativo no 10735.000001/9918, emitido pela DRF Nova Iguaçu/RJ, homologando/reconhecendo os créditos decorrentes da decisão judicial. Em 23/06/2005 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 443 a 455), decidindo unanimemente o colegiado administrativo pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que a decisão judicial não ampara as compensações, tendo em vista o advento da Medida Provisória no 66/2002, convertida na Lei no 10.637/2002, vigente ao tempo do protocolo da compensação. Destacou ainda o julgador de piso que o 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1230DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.230 3 crédito homologado à “Nitriflex” foi objeto de várias compensações com débitos da própria empresa, estabelecimentos coligados e terceiros, sem demonstração, no processo, da existência de saldo de crédito disponível. Ciente da decisão de piso em 23/09/2005 (fl. 463), a empresa cessionária do crédito (recorrente) apresentou, em 20/10/2005, o Recurso Voluntário de fls. 465 a 493, sustentando, basicamente, que: (a) a coisa julgada produzida no MS no 98.00166580 não só reconheceu o direito de credito, como também sua plena disponibilidade, sendo certo que o MS no 2001.51.10.0010250 só foi impetrado para preventivamente afastar a interpretação restritiva do Fisco, à época constante da IN/SRF no 41/00; (b) a inexistência nos autos de demonstração de saldo credor não é impeditiva da compensação, pois quem gerencia o crédito é o próprio fisco; (c) a competência para decidir o processo é do titular da DRF de Nova Iguaçu/RJ (onde foi apurado o crédito), e não da DRF de Florianópolis/SC; (d) foram protocolizadas todas as declarações de compensação junto à DRF de Nova Iguaçu/RJ, onde se controlam os créditos no processo administrativo no 13746.000533/200117; e (e) ocorreu homologação tácita as compensações por decurso de prazo. O processo foi enviado ao então Segundo Conselho de Contribuintes em 08/12/2005 (fl. 569). Por meio do Acórdão no 20179.425, de 29/06/2006 (fls. 621 a 635), o processo foi anulado a partir do despacho decisório proferido pela DRF de Florianópolis/SC, por voto de qualidade, determinandose que outro despacho fosse seja proferido pela DRF de Nova Iguaçu/RJ, competente para o ato, segundo a IN SRF 460/2004. Em 19/09/2007 é proferido um segundo despacho decisório, agora pela DRF de Nova Iguaçu/RJ (fls. 641 a 661), por meio do qual é considerada não homologada a compensação, pelos seguintes fundamentos: (a) existência de ação rescisória interposta pela Fazenda Nacional em relação ao MS no 98.00166580, reduzindo e tornando incerto o montante do crédito; (b) a tentativa de habilitar o crédito junto à DRF de Nova Iguaçu/RJ foi rechaçada, em decisão administrativa não revertida judicialmente, visto que a IN SRF 517/2005, que disciplinava a matéria à época do pedido de habilitação, estabelecia a necessidade de trânsito em julgado, e ainda pendia a ação rescisória, maculando a certeza do crédito; e (c) como ponto nevrálgico, ainda se tem que a compensação com crédito de terceiro foi efetuada ao desamparo da Medida Provisória no 66/2002, convertida na Lei no 10.637/2002, visto que o provimento judicial tomou em conta norma de hierarquia diversa (IN 41/2000) entendida como ilegal. Ciente do novo despacho decisório em 31/10/2007 (fl. 669), a empresa apresenta a Manifestação de Inconformidade de fls. 671 a 741, em 29/11/2007, sustentando, em síntese, que: (a) as decisões judiciais asseguraram tanto o direito ao crédito quanto o direito à compensação, sendo livre a disponibilidade do crédito, mediante coisa julgada, e afastada a vedação então existente na IN SRF 41/2000; (b) houve violação à irretroatividade e à coisa julgada no MS no 2001.51.10.0010250, que não perdeu seu objeto diante do advento da Lei no 10.637/2002; (c) a ação rescisória interposta pela Fazenda Nacional (no 2003.02.01.0056750) visando à desconstituição da coisa julgada no citado MS no 98.00166580 não obteve tutela para suspender a execução da coisa julgada; (d) a inexistência de habilitação não impede a utilização do crédito; (e) a nova redação da Lei no 9.430/1996 não pode retroagir aos fatos jurídicos que ensejaram o direito creditório; (f) a inexistência nos autos de demonstração de saldo credor não é impeditiva da compensação, pois quem gerencia o crédito é o próprio fisco, Fl. 1231DF CARF MF 4 sendo que o crédito do processo no 10735.000001/9918 não inclui o apurado no processo no 10735.000202/9970, como afirmou a própria autoridade fiscal; e (g) houve homologação tácita das compensações. Em 07/08/2008 ocorre novo julgamento de primeira instância (fls. 771 a 783), decidindo unanimemente o colegiado administrativo pela improcedência da nova manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) no MS no 2001.51.10.0010250, o impetrante (“Nitriflex S.A. Indústria e Comércio”) obteve o afastamento da aplicação de norma infralegal (IN SRF no 41/2000), justamente por ser tal norma ilegal, sob o argumento de falta de amparo legal para a restrição a compensação com créditos de terceiros; (b) a partir de 01/10/2002, então, a decisão judicial não ampara as compensações, não havendo que se falar em irretroatividade, no caso; (c) o crédito homologado à “Nitriflex” foi objeto de várias compensações, sem demonstração, no processo, da existência de saldo de crédito disponível; e (d) não comporta manifestação do colegiado a menção a outros processos, que não versam sobre a compensação em análise. Ciente da nova decisão de piso em 03/09/2008 (fl. 789), a empresa apresentou, em 15/09/2008, o Recurso Voluntário de fls. 793 a 420, basicamente reiterando as razões expressas em sua segunda manifestação de inconformidade, no que se refere ao alcance das decisões judiciais, a existência de coisa julgada, a violação à irretroatividade, e a irrelevância da existência de demonstração de saldo credor. O processo foi encaminhado ao então Segundo Conselho de Contribuintes em 20/09/2008 (fl. 861). Na peça de fls. 880 a 889, a recorrente informa ter sido reconhecido em definitivo o crédito, com a extinção também definitiva das ações rescisórias interpostas pela Fazenda Nacional, devendo, quanto à vedação da compensação com créditos de terceiro, aplicarse ao caso a legislação vigente quando da respectiva coisa julgada, agregando ainda pareceres de lavra dos prof. Paulo de Barros Carvalho e Cândido Rangel Dinamarco. E, por fim, acrescenta que turmas da 3ª Seção de Julgamento deste CARF vêm proferindo acórdãos nos processos de compensação com créditos derivados da “Nitriflex” determinando que sejam afastados os óbices encontrados no despacho decisório e na decisão de piso (v.g., acórdão proferidos nos seguintes processos administrativos: no 13746.001218/200280; no 13746.001386/200275; no 13502.000470/200315; no 13502.000505/200316; no 13502.000588/200343; no 13808.002485/200111; no 13707.002728/200745; no 13707.003510/200716; e no 13707.001269/200782). No CARF, o processo foi distribuído a este relator, por sorteio, em outubro de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 1232DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.231 5 Na declaração de compensação, informase que o crédito é decorrente de ação judicial. Apesar de o declarante ter informado em tal documento que a ação na qual se fundamenta seu crédito era o MS no 99.00.60542 (fl. 6), apurou a fiscalização (no que foi endossada pela postulante ao crédito), que, de fato, o crédito tem origem no MS no 98.00166580, interposto pela “Nitriflex”, com a seguinte demanda (fl. 895). Na sentença de piso, a segurança foi denegada, em 14/09/1998 (fl. 900). A apelação processada junto ao TRF2, sob o no 024.199/RJ, no entanto, foi provida, reconhecendose “direito líquido e certo da empresa em compensar o crédito presumido de IPI com o crédito a recolher ao final do processo industrial” (fl. 901): Foram rejeitados os embargos interpostos por “Nitriflex”, mas acolhidos os “embargos em embargos” para aclarar o período abrangido na decisão (julho de 1988 a julho de 1998). E foi negado seguimento aos recursos especial e extraordinário interpostos pela Fazenda Nacional (fl. 904), em 24/03/2000. Em relação à negativa de seguimento ao RE, houve interposição de Agravo de Instrumento, pela Fazenda Nacional, também negado (fl. 907), e “agravo no agravo” (autuado no STF sob o no 313.4815/RJ), igualmente negado (fl. 908), em 13/03/2001, havendo trânsito em julgado em 18/04/2001 (fl. 909). Eis a tutela obtida em definitivo pela “Nitriflex”. Não se vê em tal decisão nenhuma autorização para compensar ou vestígio de que tenha sido assegurada livre disponibilidade do crédito, como postula a recorrente em suas peças recursais. Ao tempo do trânsito em julgado da referida ação, assim dispunha o art. 74 da Lei no 9.430/1996: “Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração.” (grifo nosso) E o artigo anterior (art. 73) dispunha: “Art. 73. Para efeito do disposto no art. 7o do Decretolei n o 2.287, de 23 de julho de 1986, a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal, observado o seguinte: I o valor bruto da restituição ou do ressarcimento será debitado à conta do tributo ou da contribuição a que se referir; II a parcela utilizada para a quitação de débitos do contribuinte ou responsável será creditada à conta do respectivo tributo ou da respectiva contribuição.” (grifo nosso) Cabia à RFB (à época SRF) autorizar eventual compensação, atendendo a requerimento do contribuinte. E a norma procedimental que disciplinava as compensações era a IN SRF no 21, de 10/03/1997, que previa a compensação de débitos com créditos de terceiros em seu artigo 15, operacionalizada mediante “pedido de compensação”: “COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO DE UM CONTRIBUINTE COM DÉBITO DE OUTRO Fl. 1233DF CARF MF 6 Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado. § 1o A compensação de que trata este artigo será efetuada a requerimento dos contribuintes titulares do crédito e do débito, formalizado por meio do formulário "Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros", de que trata o Anexo IV. § 2o Se os contribuintes estiverem sob jurisdição de DRF ou IRFA diferentes, o formulário a que se refere o parágrafo anterior deverá ser preenchido em duas vias, devendo cada contribuinte protocolizar uma via na DRF ou IRFA de sua jurisdição. § 3o Na hipótese do parágrafo anterior, a via do Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros, entregue à DRF ou IRFA da jurisdição do contribuinte titular do débito terá caráter exclusivo de comunicado. § 4o Na hipótese do § 2o, a competência para analisar o pleito, efetuar a compensação e adotar os procedimentos internos de que trata o § 2o do art. 13 é da DRF ou IRFA da jurisdição do contribuinte titular do crédito.” (o § 2o do artigo 13 trata de procedimentos a cargo da unidade que a efetuar) (grifo nosso) Qualquer requerimento apresentado durante a vigência de tal norma (independente do período a que se refira o crédito) deveria obedecer, então, ao trâmite procedimental ali disposto. Aliás, se a remissão fosse ao período em que gerado o crédito (1988 a 1998), à maior parte do período sequer se aplicaria a Lei no 9.430/1996. A IN SRF 21/1997, no entanto, foi alterada em 10/04/2000, pela IN SRF no 41, de 07/04/2000, que passou a vedar expressamente a compensação de débitos com créditos de terceiros (art. 1o) e revogar todo o artigo 15 da IN SRF no 21/1997. Vejase que a alteração foi promovida oito dias antes do trânsito em julgado da ação judicial, no caso concreto. Portanto, ao apresentar suas solicitações de compensação, a empresa “Nitriflex” deveria amoldarse à norma procedimental vigente, que já vedava compensações com créditos de terceiros. Como tal empresa divergia em relação a tal possibilidade de vedação, contra ela se insurgiu em 26/03/2001, no Mandado de Segurança (Preventivo) no 2001.51.10.0010250 (cópia da peça às fls. 200 a 218). Claro está o fundamento jurídico do Mandado de Segurança, no sentido de que a restrição estabelecida pela IN SRF 41/2000 somente poderia ter sido estabelecida por lei. A sentença proferida no MS, em 29/05/2001, extinguiu o processo sem julgamento de mérito (fls. 228 a 230). Em apelação (fls. 232 a 242), a “Nitriflex” argumentou, em síntese, em 13/06/2001, que a IN SRF violava o princípio da legalidade. Fl. 1234DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.232 7 Nas contrarrazões de apelação (fls. 278 a 292), destacou a Fazenda Nacional, em 26/07/2001, que a IN SRF vedou apenas o que outra IN SRF havia concedido, não violando a norma legal. No TRF2, em relação ao MS (autuado sob o no 2001.02.01.0313448 – fls. 294 a 300), decidese, em 27/09/2001, por revigorar a liminar anteriormente deferida, retornando o processo ao status prévio à extinção sem julgamento de mérito. Após parecer da Procuradoria da República o recomendando seja proferida sentença apreciando o mérito, no caso (fls. 302 a 306), o TRF2 decide, em 20/03/2002, restituir os autos ao juízo a quo, para que fosse proferida nova sentença, apreciando o mérito (fls. 307 a 316). Nos embargos de declaração apresentados em 06/05/2002 pela “Nitriflex” (fls. 318 a 329), pede a empresa, com fundamento na economia processual, e no art. 515, § 3o do CPC, que o próprio TRF2 aprecie o mérito, pois não restaria, no caso, caracterizada supressão de instância, invocando ainda precedentes no mesmo sentido. O TRF2, então, nos “embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” (fls. 330 a 334) entende, em 12/06/2002, não ser possível a aplicação retroativa do dispositivo do CPC citado, que ainda não estava vigente ao tempo da decisão proferida em 20/03/2002. A “Nitriflex” interpõe, então embargos de declaração aos “embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” (fls. 336 a 364), em 01/07/2002, dispondo que o acórdão, embora tenha sido proferido em 20/03/2002, somente se tornou público em 02/05/2002, quando já estava em vigor a lei nova. O Agravo Regimental da Fazenda Nacional em relação à decisão monocrática que deferiu antecipação de tutela, suspendendo os efeitos da sentença que extinguia o processo sem julgamento de mérito foi negado, or unanimidade, pela quarta turma do TRF2, em 21/11/2001 (fls. 366 a 376). A esta altura, já passava a existir norma de estatura legal vedando as compensações: a Medida Provisória no 66, de 29/08/2002, que alterava, a partir de 01/10/2002 (cf. art. 63, I), o artigo 74 da Lei no 9.430/1996 (e depois foi convertida na Lei no 10.637/2002), que passava a dispor: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Fl. 1235DF CARF MF 8 (...) § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.” (grifo nosso) E, recordese, ainda não havia sido apresentada a compensação de que trata o presente processo, o que ocorreu apenas em 13/05/2003. Não há, assim, que se falar em compensação “em andamento”, ou em “pedido de compensação” convertido em declaração. Após a edição da Medida Provisória no 66/2002, a disciplina infralegal foi efetuada pela IN SRF 210, de 30/09/2002, que estabeleceu novos procedimentos para compensação, mantendo a vedação à compensação de débitos com créditos de terceiros, agora com fundamento expresso na norma legal (a nova IN SRF expressamente mencionou a citada Medida Provisória em seu preâmbulo, como fundamento). Assim, o cenário que se delineava para a apresentação de compensações pela Nitriflex já era outro, e já não fazia sentido a discussão sobre afastamento de IN por violação à reserva legal, demandada para o tema, visto que passava a existir norma legal a reger as compensações a serem protocolizadas após 01/10/2002, ou seja, voltada ao futuro, sem violação à irretroatividade. E, por certo, não afrontava tal norma a coisa julgada no MS no 98.00166580 (autorização para compensar o crédito presumido de IPI da “Nitriflex” com o crédito a recolher ao final do processo industrial). É nesse cenário que a empresa “Nitriflex” peticiona em juízo (fls. 378 a 380), em 08/10/2002: A nosso ver, a “Nitriflex” passava a ser reincidente na máleitura (sempre estendida, em seu favor) das decisões judiciais que figuram nestes autos. Da mesma forma que entendeu (alargadamente) que a decisão transitada em julgado no MS 98.00166580 para compensar o seu crédito presumido de IPI com seu o crédito a recolher ao final do processo industrial era, na verdade, um reconhecimento do crédito para que este fosse livremente utilizado, inclusive por terceiros, entendeu a “Nitriflex” que a decisão judicial que lhe permitia afastar a aplicação da IN SRF 41/2000, que, conforme seu pedido, seria ilegal por dispor de matéria reservada à lei, equivaleria ao afastamento de “qualquer limitação”. E essa distorção não se restringe ao entendimento do que restou decidido em juízo, mas se alastra à compreensão do que seria a IN SRF 210/2002, que teria “mantido” a limitação da IN SRF 41/2000. Fl. 1236DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.233 9 Em verdade, como aqui exposto, a IN SRF 210/2002 tem amparo em norma legal ao estabelecer a vedação, não constituindo mera reiteração da vedação infralegal, como faz parecer a petição. No entanto, vejase que ao final, a demanda parece adaptada para abranger inclusive a norma legal que fundamentaria a IN SRF 210/2002 (MP no 66/2002, já em vigor), visto que a “Nitriflex” pede para efetuar a compensação com débito de terceiro, “independente de edição de texto normativo que vier a tratar da matéria sub judice”. Em 14/10/2002, em nova petição, menciona a “Nitriflex” (fls. 406 a 408) que seu direito restara mantido. Em 16/09/2002, nos “embargos de declaração em embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” (fls. 417 a 429), o TRF2 entende haver omissão, a ser sanada com decisão de mérito pelo tribunal. Na sequência, a unidade que jurisdiciona a cedente do crédito é notificada da seguinte forma (fl. 431), em 13/11/2002: Ocorre, então, o registro do formulário de “Declaração e Compensação” de que trata o presente processo administrativo, em 13/05/2003. Vejase que, nem de longe, a questão referente a estar a vedação prevista na IN SRF 210/2002 igualmente consignada em norma legal vigente desde 01/10/2002 (portanto, antes do registro da compensação), foi enfrentada pelo Poder Judiciário. As razões para afastamento das IN SRF, como se percebe do próprio pedido da impetrante “Nitriflex”, remontam, a serem tais normas de hierarquia inferior à lei. Assim, a questão submetida a juízo no MS no 2001.51.10.0010250 não enfrenta o tema que foi objeto das razões de indeferimento pela unidade local da RFB e pela DRJ (existência de norma legal vedando a compensação do crédito com débitos de terceiro). E endossamos tais razões de indeferimento, concluindo que a solicitação de compensação foi efetuada sem amparo legal, segundo a legislação de regência ao tempo do protocolo da compensação. E a decisão judicial obtida não contorna tal razão de improcedência do pedido. A recorrente (cessionária do crédito), a exemplo da “Nitriflex” (cedente), confunde o decidido no primeiro MS 98.00166580, e aqui já exposto cristalinamente, com “reconhecimento de crédito e de sua plena disponibilidade”, e confunde a aplicação das normas sobre compensação no tempo, ao afirmar que deveria ser aplicada a legislação referente aos fatos geradores (08/1988 a 07/1998), o que implicaria concluir que sequer a Lei no 9.430/1996 e a IN SRF 21/1997, que tratou da compensação com créditos de terceiros, seriam aplicáveis à grande maioria dos fatos geradores. Fl. 1237DF CARF MF 10 A defesa administrativa da recorrente, a exemplo do exposto em relação à Nitriflex” em juízo, efetua máleitura do conteúdo das decisões obtidas (fl. 813), especialmente quando alega: Os fundamentos da decisão no referido MS, como aqui exposto, não tratam de irretroatividade de lei (a não ser quando se referem ao CPC), mas da impossibilidade de norma de hierarquia inferior à lei (como as IN SRF) estabelecer restrição à compensação. Mas as conclusões (digase, equivocadas) em relação ao decidido (e aqui já reproduzido), prosseguem (à fl. 815): Repitase: não se dá caráter retroativo à Lei no 9.430/1996, em qualquer de suas redações, na leitura do despacho decisório ou na decisão da DRJ. Em ambas as decisões administrativas a redação da lei se aplica somente às compensações após ela registradas. E também não se afronta a coisa julgada, cujos limites foram neste voto bem delineados. Improcedentes, assim, as alegações de defesa de que houve violação à coisa julgada ou à irretroatividade. Por fim, quanto à inexistência de demonstração do saldo credor, entendoa, assim como parece ter entendido a DRJ, como questão secundária/acessória. Por certo que se fosse passível de homologação a compensação pleiteada no presente processo, caberia à unidade preparadora da RFB verificar sua disponibilidade, à luz do processo administrativo onde se controla o crédito invocado nestes autos, e das compensações já realizadas em outros processos. Os precedentes colacionados, assim como os pareceres apresentados pela defesa, os fatos novos (relativos à ação rescisória movida pela Fazenda Nacional em relação ao Fl. 1238DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.234 11 MS 98.00166580) e as manifestações da DRF Nova Iguaçu/RJ em informações fiscais em processos distintos foram aqui tomados como elementos formadores de convicção, mas não aptos a afastar, no caso concreto, as conclusões neste voto externadas. A existência de ação rescisória e seu resultado não afetaram, ao fim e ao cabo, o montante do crédito assegurado no MS 98.00166580. E o principal tema em debate nestes autos, recordese, não versa sobre o crédito, mas sobre a possibilidade de sua compensação com débitos de terceiros à época da apresentação da solicitação de compensação. Os precedentes administrativos e judiciais, assim como os pareceres apresentados posteriormente ao recurso voluntário, por sua vez, apesar de analisarem questões comuns a créditos advindos da “Nitriflex” em diversos processos, tratam de situações sensivelmente distintas daquela por nós visualizada, no caso concreto, no presente processo. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 1239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.660309/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2012
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE.
Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade.
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
Numero da decisão: 3401-004.713
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 66 03 09 /2 01 2- 91 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10880.660309/201291 Acórdão n.º 3401004.713 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra não homologação de compensação declarada por meio eletrônico (PER/DCOMP), relativamente a um crédito de Cofins, que teria sido recolhido a maior no período de apuração. O Despacho Decisório da DERAT/SÃO PAULO, não homologou o pedido de compensação, sob o fundamento de que, embora localizado o pagamento que deu origem ao suposto crédito original de pagamento indevido ou a maior, o mesmo estava à época do encontro de contas integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados. Notificada da decisão a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade. A DRJ Ribeirão Preto julgou improcedente a impugnação por unanimidade de votos, mantendo o crédito tributário devido. A empresa apresentou recurso voluntário onde somente alega que apesar de ter protestado em sede de impugnação pela falta de motivação do indeferimento no despacho decisório, o acórdão recorrido não demonstrou a motivação, que os atos administrativos devem ser motivados para não ter cerceado seu direito de defesa, não apresentando provas do seu direito. É o relatório. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10880.660309/201291 Acórdão n.º 3401004.713 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.681, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.660277/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.681): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. A recorrente protesta pela falta de motivação do despacho decisório que indeferiu o seu pedido de compensação. Entendo que o despacho decisório cumpre os requisitos legais e possui todo o escopo necessário ao exercício do contraditório e da ampla defesa pelo contribuinte. Nele está inscrito o enquadramento legal da autuação: Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Também nele encontrase a fundamentação da decisão, ficando claro que o crédito indicado foi localizado, mas já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte: A análise do direito creditório está limitada ao valor do "crédito original na data de transmissão" informado no PER/DCOMP, correspondendo a 4.812,66. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Entendo que o prejuízo, se havido, foi provocado pelo próprio contribuinte que deixou de apresentar provas que indicassem que era portador do crédito alegado. Ademais, como bem demonstrado no acórdão recorrido, o crédito já havia sido utilizado e alocado, e apesar de ser o único DARF pago pela empresa no ano de 2012, o mesmo foi utilizado em 193 pedidos de compensação. Esse procedimento utilizado pelo contribuinte, de alocar o mesmo crédito a várias Dcomps enseja a cominação de prestação de informação falsa à RFB já que há um campo na PER/DCOMP onde é perguntado se aquele Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10880.660309/201291 Acórdão n.º 3401004.713 S3C4T1 Fl. 5 4 crédito já foi informado em outro PER/DCOMP e o contribuinte respondeu “NÃO” em todas as declarações. Por ser extremamente didático, reproduzo o acórdão recorrido, em sua íntegra, para que não haja dúvidas quanto as suas conclusões que acompanho: Em preliminar, não merece acolhida a alegação de nulidade do Despacho Decisório, vez que o mesmo apresenta de forma clara e precisa o motivo da não homologação da compensação, qual seja, a inexistência de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na DCOMP. O Despacho Decisório preenche todos os requisitos formais e materiais para sua validade, contendo todos os elementos necessários ao exercício do direito de defesa do contribuinte, trazendo em seu bojo, ainda que de forma sintética, a fundamentação legal, a identificação da declaração de compensação enviada pela empresa, a data da transmissão, o tipo de crédito, as características do DARF apontado pela empresa na DCOMP, bem como o período de apuração a que se refere. Por outro lado, os motivos da nãohomologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte. Estas são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo, não podendo a interessada alegar que os desconhecia. Importante fixar que a DCOMP se presta a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. Encontradas conforme, sobrevém a homologação confirmando a extinção. Não confirmadas as informações prestadas pelo declarante, o inverso se verifica. No caso, a contribuinte declarou um débito e apontou um documento de arrecadação como origem do crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, nos sistemas da Receita Federal, embora localizado o DARF do pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente foi totalmente utilizado e alocado aos débitos informados em DCTF, não restando dele o saldo apontado na DCOMP como crédito. Assim, não padece de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pôde exercer o contraditório e a ampla defesa e Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.660309/201291 Acórdão n.º 3401004.713 S3C4T1 Fl. 6 5 onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. O débito declarado e pago encontrase em conformidade com a correspondente DCTF, a qual tem seus efeitos determinados pelo § 1º do artigo 5º do Decreto lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, entre eles o da confissão da dívida e o condão de constituir o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. Quando da transmissão e da análise do PER/DCOMP em tela, o crédito efetivamente não existia, pois o pagamento efetuado estava integralmente alocado ao débito declarado pela própria contribuinte em sua DCTF. Assim sendo, na data da transmissão do PER/ DCOMP a interessada não era detentora de crédito líquido e certo, condição sem a qual não há direito à restituição ou compensação. E não tendo o interessado trazido elementos hábeis a desconstituir a confissão do débito que fez na DCTF, inexiste razão para se reconhecer o pleiteado direito creditório relativo a pagamento pretensamente maior do que o devido, referente ao período de apuração. O extrato abaixo é a DCTF retificadora ativa da contribuinte, referente ao tributo e período em análise. Repare que a contribuinte declara um débito de COFINS em junho de 2012 no valor de R$ 29.148,73 e vincula ao débito um pagamento de R$4.985,20. No quadro abaixo, podemos verificar que o referido pagamento vem de um DARF de R$5.083,90, composto de um valor principal (R$4.985,20) mais multa por atraso (R$98,70). Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.660309/201291 Acórdão n.º 3401004.713 S3C4T1 Fl. 7 6 Por sinal, esse foi o único DARF de Cofins pago em 2012 pela empresa, conforme demonstra o extrato abaixo. Impende salientar que, sobre esse alegado crédito de R$ 5.083,90, a contribuinte solicita a homologação de nada menos que 193 pedidos de compensação, todos do mesmo período (2º trimestre de 2012), com mesmo vencimento em 31/07/2012 que, somados, resultam em um valor de R$ 948.369,76, conforme relação abaixo dos processos de PER/DCOMP para o mesmo DARF. .... Agrava o fato de tentar utilizar mais de uma vez o mesmo crédito a prestação de informação falsa, pois no PER/DCOMP há um campo onde é perguntado se aquele crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior já foi informado em outro PER/DCOMP, ao que o contribuinte respondeu “Não” em todos os PER/DCOMP, em infração ao inciso II do § 1º do art. 45 da IN/SRF 1.300, de 20 de novembro de 2012. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito por negarlhe provimento. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10880.660309/201291 Acórdão n.º 3401004.713 S3C4T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.660281/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2012
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE.
Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade.
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
Numero da decisão: 3401-004.685
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 66 02 81 /2 01 2- 91 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10880.660281/201291 Acórdão n.º 3401004.685 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra não homologação de compensação declarada por meio eletrônico (PER/DCOMP), relativamente a um crédito de Cofins, que teria sido recolhido a maior no período de apuração. O Despacho Decisório da DERAT/SÃO PAULO, não homologou o pedido de compensação, sob o fundamento de que, embora localizado o pagamento que deu origem ao suposto crédito original de pagamento indevido ou a maior, o mesmo estava à época do encontro de contas integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados. Notificada da decisão a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade. A DRJ Ribeirão Preto julgou improcedente a impugnação por unanimidade de votos, mantendo o crédito tributário devido. A empresa apresentou recurso voluntário onde somente alega que apesar de ter protestado em sede de impugnação pela falta de motivação do indeferimento no despacho decisório, o acórdão recorrido não demonstrou a motivação, que os atos administrativos devem ser motivados para não ter cerceado seu direito de defesa, não apresentando provas do seu direito. É o relatório. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10880.660281/201291 Acórdão n.º 3401004.685 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.681, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.660277/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.681): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. A recorrente protesta pela falta de motivação do despacho decisório que indeferiu o seu pedido de compensação. Entendo que o despacho decisório cumpre os requisitos legais e possui todo o escopo necessário ao exercício do contraditório e da ampla defesa pelo contribuinte. Nele está inscrito o enquadramento legal da autuação: Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Também nele encontrase a fundamentação da decisão, ficando claro que o crédito indicado foi localizado, mas já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte: A análise do direito creditório está limitada ao valor do "crédito original na data de transmissão" informado no PER/DCOMP, correspondendo a 4.812,66. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Entendo que o prejuízo, se havido, foi provocado pelo próprio contribuinte que deixou de apresentar provas que indicassem que era portador do crédito alegado. Ademais, como bem demonstrado no acórdão recorrido, o crédito já havia sido utilizado e alocado, e apesar de ser o único DARF pago pela empresa no ano de 2012, o mesmo foi utilizado em 193 pedidos de compensação. Esse procedimento utilizado pelo contribuinte, de alocar o mesmo crédito a várias Dcomps enseja a cominação de prestação de informação falsa à RFB já que há um campo na PER/DCOMP onde é perguntado se aquele Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10880.660281/201291 Acórdão n.º 3401004.685 S3C4T1 Fl. 5 4 crédito já foi informado em outro PER/DCOMP e o contribuinte respondeu “NÃO” em todas as declarações. Por ser extremamente didático, reproduzo o acórdão recorrido, em sua íntegra, para que não haja dúvidas quanto as suas conclusões que acompanho: Em preliminar, não merece acolhida a alegação de nulidade do Despacho Decisório, vez que o mesmo apresenta de forma clara e precisa o motivo da não homologação da compensação, qual seja, a inexistência de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na DCOMP. O Despacho Decisório preenche todos os requisitos formais e materiais para sua validade, contendo todos os elementos necessários ao exercício do direito de defesa do contribuinte, trazendo em seu bojo, ainda que de forma sintética, a fundamentação legal, a identificação da declaração de compensação enviada pela empresa, a data da transmissão, o tipo de crédito, as características do DARF apontado pela empresa na DCOMP, bem como o período de apuração a que se refere. Por outro lado, os motivos da nãohomologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte. Estas são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo, não podendo a interessada alegar que os desconhecia. Importante fixar que a DCOMP se presta a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. Encontradas conforme, sobrevém a homologação confirmando a extinção. Não confirmadas as informações prestadas pelo declarante, o inverso se verifica. No caso, a contribuinte declarou um débito e apontou um documento de arrecadação como origem do crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, nos sistemas da Receita Federal, embora localizado o DARF do pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente foi totalmente utilizado e alocado aos débitos informados em DCTF, não restando dele o saldo apontado na DCOMP como crédito. Assim, não padece de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pôde exercer o contraditório e a ampla defesa e Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.660281/201291 Acórdão n.º 3401004.685 S3C4T1 Fl. 6 5 onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. O débito declarado e pago encontrase em conformidade com a correspondente DCTF, a qual tem seus efeitos determinados pelo § 1º do artigo 5º do Decreto lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, entre eles o da confissão da dívida e o condão de constituir o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. Quando da transmissão e da análise do PER/DCOMP em tela, o crédito efetivamente não existia, pois o pagamento efetuado estava integralmente alocado ao débito declarado pela própria contribuinte em sua DCTF. Assim sendo, na data da transmissão do PER/ DCOMP a interessada não era detentora de crédito líquido e certo, condição sem a qual não há direito à restituição ou compensação. E não tendo o interessado trazido elementos hábeis a desconstituir a confissão do débito que fez na DCTF, inexiste razão para se reconhecer o pleiteado direito creditório relativo a pagamento pretensamente maior do que o devido, referente ao período de apuração. O extrato abaixo é a DCTF retificadora ativa da contribuinte, referente ao tributo e período em análise. Repare que a contribuinte declara um débito de COFINS em junho de 2012 no valor de R$ 29.148,73 e vincula ao débito um pagamento de R$4.985,20. No quadro abaixo, podemos verificar que o referido pagamento vem de um DARF de R$5.083,90, composto de um valor principal (R$4.985,20) mais multa por atraso (R$98,70). Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.660281/201291 Acórdão n.º 3401004.685 S3C4T1 Fl. 7 6 Por sinal, esse foi o único DARF de Cofins pago em 2012 pela empresa, conforme demonstra o extrato abaixo. Impende salientar que, sobre esse alegado crédito de R$ 5.083,90, a contribuinte solicita a homologação de nada menos que 193 pedidos de compensação, todos do mesmo período (2º trimestre de 2012), com mesmo vencimento em 31/07/2012 que, somados, resultam em um valor de R$ 948.369,76, conforme relação abaixo dos processos de PER/DCOMP para o mesmo DARF. .... Agrava o fato de tentar utilizar mais de uma vez o mesmo crédito a prestação de informação falsa, pois no PER/DCOMP há um campo onde é perguntado se aquele crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior já foi informado em outro PER/DCOMP, ao que o contribuinte respondeu “Não” em todos os PER/DCOMP, em infração ao inciso II do § 1º do art. 45 da IN/SRF 1.300, de 20 de novembro de 2012. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito por negarlhe provimento. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10880.660281/201291 Acórdão n.º 3401004.685 S3C4T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 80DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.660443/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
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Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2012
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE.
Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade.
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
Numero da decisão: 3401-004.844
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/06/2012 DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
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NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 66 04 43 /2 01 2- 91 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10880.660443/201291 Acórdão n.º 3401004.844 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra não homologação de compensação declarada por meio eletrônico (PER/DCOMP), relativamente a um crédito de Cofins, que teria sido recolhido a maior no período de apuração. O Despacho Decisório da DERAT/SÃO PAULO, não homologou o pedido de compensação, sob o fundamento de que, embora localizado o pagamento que deu origem ao suposto crédito original de pagamento indevido ou a maior, o mesmo estava à época do encontro de contas integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados. Notificada da decisão a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade. A DRJ Ribeirão Preto julgou improcedente a impugnação por unanimidade de votos, mantendo o crédito tributário devido. A empresa apresentou recurso voluntário onde somente alega que apesar de ter protestado em sede de impugnação pela falta de motivação do indeferimento no despacho decisório, o acórdão recorrido não demonstrou a motivação, que os atos administrativos devem ser motivados para não ter cerceado seu direito de defesa, não apresentando provas do seu direito. É o relatório. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10880.660443/201291 Acórdão n.º 3401004.844 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.681, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.660277/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.681): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. A recorrente protesta pela falta de motivação do despacho decisório que indeferiu o seu pedido de compensação. Entendo que o despacho decisório cumpre os requisitos legais e possui todo o escopo necessário ao exercício do contraditório e da ampla defesa pelo contribuinte. Nele está inscrito o enquadramento legal da autuação: Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Também nele encontrase a fundamentação da decisão, ficando claro que o crédito indicado foi localizado, mas já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte: A análise do direito creditório está limitada ao valor do "crédito original na data de transmissão" informado no PER/DCOMP, correspondendo a 4.812,66. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Entendo que o prejuízo, se havido, foi provocado pelo próprio contribuinte que deixou de apresentar provas que indicassem que era portador do crédito alegado. Ademais, como bem demonstrado no acórdão recorrido, o crédito já havia sido utilizado e alocado, e apesar de ser o único DARF pago pela empresa no ano de 2012, o mesmo foi utilizado em 193 pedidos de compensação. Esse procedimento utilizado pelo contribuinte, de alocar o mesmo crédito a várias Dcomps enseja a cominação de prestação de informação falsa à RFB já Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10880.660443/201291 Acórdão n.º 3401004.844 S3C4T1 Fl. 5 4 que há um campo na PER/DCOMP onde é perguntado se aquele crédito já foi informado em outro PER/DCOMP e o contribuinte respondeu “NÃO” em todas as declarações. Por ser extremamente didático, reproduzo o acórdão recorrido, em sua íntegra, para que não haja dúvidas quanto as suas conclusões que acompanho: Em preliminar, não merece acolhida a alegação de nulidade do Despacho Decisório, vez que o mesmo apresenta de forma clara e precisa o motivo da não homologação da compensação, qual seja, a inexistência de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na DCOMP. O Despacho Decisório preenche todos os requisitos formais e materiais para sua validade, contendo todos os elementos necessários ao exercício do direito de defesa do contribuinte, trazendo em seu bojo, ainda que de forma sintética, a fundamentação legal, a identificação da declaração de compensação enviada pela empresa, a data da transmissão, o tipo de crédito, as características do DARF apontado pela empresa na DCOMP, bem como o período de apuração a que se refere. Por outro lado, os motivos da nãohomologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte. Estas são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo, não podendo a interessada alegar que os desconhecia. Importante fixar que a DCOMP se presta a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. Encontradas conforme, sobrevém a homologação confirmando a extinção. Não confirmadas as informações prestadas pelo declarante, o inverso se verifica. No caso, a contribuinte declarou um débito e apontou um documento de arrecadação como origem do crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, nos sistemas da Receita Federal, embora localizado o DARF do pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente foi totalmente utilizado e alocado aos débitos informados em DCTF, não restando dele o saldo apontado na DCOMP como crédito. Assim, não padece de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente, contra o qual o Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.660443/201291 Acórdão n.º 3401004.844 S3C4T1 Fl. 6 5 contribuinte pôde exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. O débito declarado e pago encontrase em conformidade com a correspondente DCTF, a qual tem seus efeitos determinados pelo § 1º do artigo 5º do Decreto lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, entre eles o da confissão da dívida e o condão de constituir o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. Quando da transmissão e da análise do PER/DCOMP em tela, o crédito efetivamente não existia, pois o pagamento efetuado estava integralmente alocado ao débito declarado pela própria contribuinte em sua DCTF. Assim sendo, na data da transmissão do PER/ DCOMP a interessada não era detentora de crédito líquido e certo, condição sem a qual não há direito à restituição ou compensação. E não tendo o interessado trazido elementos hábeis a desconstituir a confissão do débito que fez na DCTF, inexiste razão para se reconhecer o pleiteado direito creditório relativo a pagamento pretensamente maior do que o devido, referente ao período de apuração. O extrato abaixo é a DCTF retificadora ativa da contribuinte, referente ao tributo e período em análise. Repare que a contribuinte declara um débito de COFINS em junho de 2012 no valor de R$ 29.148,73 e vincula ao débito um pagamento de R$4.985,20. No quadro abaixo, podemos verificar que o referido pagamento vem de um DARF de R$5.083,90, composto de um valor principal (R$4.985,20) mais multa por atraso (R$98,70). Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.660443/201291 Acórdão n.º 3401004.844 S3C4T1 Fl. 7 6 Por sinal, esse foi o único DARF de Cofins pago em 2012 pela empresa, conforme demonstra o extrato abaixo. Impende salientar que, sobre esse alegado crédito de R$ 5.083,90, a contribuinte solicita a homologação de nada menos que 193 pedidos de compensação, todos do mesmo período (2º trimestre de 2012), com mesmo vencimento em 31/07/2012 que, somados, resultam em um valor de R$ 948.369,76, conforme relação abaixo dos processos de PER/DCOMP para o mesmo DARF. .... Agrava o fato de tentar utilizar mais de uma vez o mesmo crédito a prestação de informação falsa, pois no PER/DCOMP há um campo onde é perguntado se aquele crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior já foi informado em outro PER/DCOMP, ao que o contribuinte respondeu “Não” em todos os PER/DCOMP, em infração ao inciso II do § 1º do art. 45 da IN/SRF 1.300, de 20 de novembro de 2012. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito por negarlhe provimento. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10880.660443/201291 Acórdão n.º 3401004.844 S3C4T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 80DF CARF MF
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