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Numero do processo: 10860.003129/2005-16
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
Ementa:
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RETENÇÃO NA FONTE. COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO. ANTES DA MP no 413/2008. CARÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Carece de regulamentação, para o período que antecede a Medida Provisória no 413/2008, a compensação ou restituição dos valores retidos na fonte a título de Contribuição para o PIS/PASEP que excederem o valor da contribuição efetivamente devido pelo contribuinte no respectivo período de apuração, o que impossibilita o deferimento pela autoridade administrativa.
Numero da decisão: 3403-001.886
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho, que reconheceu o direito do contribuinte com base no art. 74 da Lei nº 9.430/96.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RETENÇÃO NA FONTE. COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO. ANTES DA MP no 413/2008. CARÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Carece de regulamentação, para o período que antecede a Medida Provisória no 413/2008, a compensação ou restituição dos valores retidos na fonte a título de Contribuição para o PIS/PASEP que excederem o valor da contribuição efetivamente devido pelo contribuinte no respectivo período de apuração, o que impossibilita o deferimento pela autoridade administrativa.
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RETENÇÃO NA FONTE. COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO. ANTES DA MP no 413/2008. CARÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Carece de regulamentação, para o período que antecede a Medida Provisória no 413/2008, a compensação ou restituição dos valores retidos na fonte a título de COFINS que excederem o valor da contribuição efetivamente devido pelo contribuinte no respectivo período de apuração, o que impossibilita o deferimento pela autoridade administrativa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RETENÇÃO NA FONTE. COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO. ANTES DA MP no 413/2008. CARÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Carece de regulamentação, para o período que antecede a Medida Provisória no 413/2008, a compensação ou restituição dos valores retidos na fonte a título de Contribuição para o PIS/PASEP que excederem o valor da contribuição efetivamente devido pelo contribuinte no respectivo período de apuração, o que impossibilita o deferimento pela autoridade administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 00 31 29 /2 00 5- 16 Fl. 257DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho, que reconheceu o direito do contribuinte com base no art. 74 da Lei nº 9.430/96. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre Declaração de Compensação apresentada pela recorrente em 31/10/2005, com intuito de utilizar créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS nãocumulativos (mercado interno) referentes ao 1o trimestre de 2005, para compensação com IRPJ (inicialmente sob o código 3373 e posteriormente alterado para o código 0220 fl. 931) referente ao 3o trimestre de 2005 (fls. 3 a 7). A autoridade encarregada de efetuar a análise do crédito emitiu o parecer de fls. 107 a 113, dando conta de que os valores pleiteados não se referem a créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, mas sim de retenção destas contribuições pelas montadoras em virtude de pagamentos efetuados ao contribuinte, sendo que “tais valores retidos pelas montadoras não se enquadram em nenhum dos casos passíveis de ressarcimento e/ou compensação constantes do art. 16 da Lei no 11.116/2005”, citando manifestação da COSIT na Solução de Divergência no 8, de 24/7/2007. Conclui, em seu parecer, que “a permissão legal para a utilização dos valores de PIS e COFINS retidos na fonte passou a existir somente a partir da edição da MP 413/2008, convertida na Lei no 11.727/2008”. Com base no referido parecer, a unidade local proferiu o Despacho Decisório de fls. 125 a 128, não homologando as compensações apresentadas pela recorrente. Decidiuse que: (a) os valores correspondentes à Contribuição para o PIS/Pasep e à COFINS retidos na fonte devem ser utilizados para dedução do que for devido a título dessas contribuições; (b) o excesso de retenção não configura pagamento indevido ou a maior; e (c) até a publicação da Medida Provisória no 413/2008, por falta de previsão legal, não havia possibilidade de restituição ou compensação, com outros tributos e contribuições administrados pela RFB, do saldo dos valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. Cientificada do teor do Despacho Decisório em 16/3/2010 (fl. 137), a recorrente apresenta manifestação de inconformidade em 12/4/2010 (fls. 145 a 173), buscando a homologação das compensações requeridas e argumentando, em síntese, que: (a) houve erro de fato quando a autoridade fiscal declarou que o crédito objeto do pedido de compensação era proveniente de 1 Toda numeração de folhas indicada nesta decisão se refere à paginação eletrônica no "eprocessos". Fl. 258DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10860.003129/200516 Acórdão n.º 3403001.886 S3C4T3 Fl. 258 3 créditos retidos de Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS, pois a recorrente apurou débitos de Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS, compensou antecipadamente os créditos dessas contribuições provenientes de retenção na fonte e houve o saldo de créditos de Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS operacionais; deste modo, o saldo credor objeto do pedido de compensação tem origem em créditos operacionais (decorrentes da nãocumulatividade), de compensação possível (com base no artigo 16 da Lei no 11.116/05); (b) o princípio da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não se encontra previsto na Constituição Federal, mas na legislação tributária, regido, portanto pelo princípio da legalidade, de modo que a legislação infralegal não pode criar ou restringir direitos e obrigações (art. 5o, II e 150, II, ambos da Constituição Federal). (c) o art. 16 da Lei no 11.116/05 estabelece que os saldos credores da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, disciplinados nas Leis no 10.637/02 e 10.833/03, podem ser objeto de pedido de restituição/compensação com qualquer tributo ou contribuição administrados pela RFB, não se aplicando no caso o artigo 2o da IN SRF no 460/04, a Solução de Divergência COSIT no 8, de 24/7/2007, ou o art. 74, caput da Lei no 9.430/96, que é anterior à norma especial (Lei no 11.116/05) que trata da compensação em questão; (d) mesmo que seja entendido que o crédito objeto do presente pedido de compensação é proveniente de Contribuição para o PIS/Pasep e de COFINS retidas na fonte, a compensação requerida é legitima e legal, porque tanto os créditos provenientes da nãocumulatividade (operacionais) como os créditos das contribuições retidos na fonte integram a apuração das contribuições, de forma a gerar saldo credor, que pode ser objeto de compensação com qualquer tributo administrado pela RFB (art. 16 da Lei no 11.116/05); (e) nenhuma norma administrativa em tempo algum vedou expressamente a compensação de retenção, e a nova legislação (Lei no 11.727/08) foi promulgada com a finalidade de evitar interpretações errôneas por parte de alguns agentes da Receita Federal do Brasil; (f) caso seja entendido que o crédito objeto do pedido de compensação é proveniente de Contribuição para o PIS/Pasep e de COFINS retidas na fonte, devese aplicar a retroatividade benigna, prevista no artigo 106, II, “b”, do CTN, porque a lei posterior, (art. 5o da Lei no 11.727/08), Fl. 259DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 prevê expressamente esta forma de compensação requerida pela recorrente; (g) subsidiariamente requer, caso não seja provido o recurso, com base na razoabilidade e na economia processual e administrativa, o aditamento do pedido de compensação, com fundamento no artigo 5o da Lei no 11.727/08, sendo irrazoável exigir que a recorrente desista do processo administrativo e requeira novamente o mesmo direito creditório em outro processo de compensação que há de ser deferido porque a legislação atual expressamente permite a compensação das contribuições retidas na fonte; e (h) requer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário compensado com base no artigo 74, § 11 , da Lei no 9.430/96 c/c artigo 151, III, do Código Tributário Nacional até decisão administrativa final no presente processo administrativo. A decisão de primeira instância, proferida em 12/9/2011 (fls. 209 a 216), julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Entendeuse que a contribuinte propôs dois tipos de questionamentos, um de fato e outro de direito, explicitandose que: a) na questão de fato sua argumentação se volta para a ordem de aproveitamento dos créditos, e a ordem proposta pela recorrente na dedução das retenções não corresponde àquela definida na legislação; b) os créditos decorrentes do regime nãocumulativo devem ser descontados diretamente da contribuição apurada pela aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, no intuito de definir a contribuição devida (tanto para a Contribuição para o PIS/Pasep, quanto para a COFINS), sendo que os valores retidos na fonte somente podem ser deduzidos após a dedução dos créditos da nãocumulatividade (Lei no 10.637, de 30/12/2002, e Instrução Normativa no 594, de 26/12/2005); c) o saldo pleiteado pela interessada tem como origem as retenções na fonte, uma vez que nos três meses examinados os créditos da nãocumulatividade são insuficientes para absorver a totalidade das contribuições apuradas; d) na questão de direito, “a retenção se deu de acordo com a matriz legal” e não cabe cogitar de pagamento indevido ou a maior que justifique pleito de restituição com base no art. 165 do CTN, ou que embase procedimento de compensação nos termos do art. 74 da Lei no 9.430, de 1996 (Solução de Divergência COSIT no 8, de 24/7/2007); e) a recorrente não demonstra ou alega que as retenções foram feitas em desacordo com a legislação tributária, então não há que se falar em indébito (na ausência do recolhimento indevido, a utilização dos valores retidos na fonte para a extinção de débitos pela via da compensação depende de Fl. 260DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10860.003129/200516 Acórdão n.º 3403001.886 S3C4T3 Fl. 259 5 autorização legislativa específica, o que só ocorreu, no caso, em 3/1/2008, com a edição da Medida Provisória no 413); e f) não cabe a aplicação da retroação de lei mais benigna, uma vez que a lei posterior definiu uma nova hipótese de utilização dos valores retidos na fonte a partir de sua edição, não se enquadrando no art. 106, II, do CTN. Cientificada da decisão em 20/9/2011 (AR às fls. 255), a empresa apresenta Recurso Voluntário (fls. 219 a 227), em 19/10/2011, no qual reitera a busca pela homologação da compensação requerida e pela manutenção da suspensão da exigibilidade do crédito tributário objeto da compensação até decisão administrativa final. Alega basicamente que: a) a administração recusou os créditos para compensação por falta de previsão legal ao tempo da propositura do pedido, mas que a Lei no 11.116, de 2005, em seu art. 16, já trazia a previsão normativa necessária ao pedido de compensação; b) dúvidas interpretativas sustentaram durante algum tempo decisões contrárias à solicitação da recorrente, mas o legislador tomando conhecimento de que a Administração Tributária considerava a ausência de norma expressa como impeditivo à restituição ou compensação de saldo credor remanescente das retenções da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, editou a Medida Provisória no 419/2008, tornando a questão superada; c) o caput do art. 5o da MP no 413/2008 é taxativo em admitir a compensação com outros tributos administrados pela RFB e o § 3o desse artigo determina a possibilidade de retroatividade da referida compensação para tributos apurados em períodos anteriores; d) a partir do novo comando legislativo a RFB editou IN no 900/2008, prevendo a possibilidade de restituição/compensação dos saldos de valores retidos na fonte a título de Contribuição para o PIS/Pasep e de COFINS; e e) a Resposta à Consulta no 388, de 3/11/2010, corrobora o entendimento pela possibilidade da compensação reclamada. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 6 A matéria controversa em sede de Recurso Voluntário resumese à (im)possibilidade de restituição ou compensação do saldo dos valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS com outros tributos e contribuições administrados pela RFB, antes da Medida Provisória no 413/2008, convertida na Lei no 11.727/2008. O texto do art. 5o da Medida Provisória, que corresponde literalmente ao art. 5o da Lei, dispõe: “Art. 5o Os valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, quando não for possível sua dedução dos valores a pagar das respectivas contribuições no mês de apuração, poderão ser restituídos ou compensados com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 1o Fica configurada a impossibilidade da dedução de que trata o caput quando o montante retido no mês exceder o valor da respectiva contribuição a pagar no mesmo mês. § 2o Para efeito da determinação do excesso de que trata o § 1o, considerase contribuição a pagar no mês da retenção o valor da contribuição devida descontada dos créditos apurados naquele mês. § 3o A partir da publicação desta Medida Provisória, o saldo dos valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, apurados em períodos anteriores, poderá também ser restituído ou compensado com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal Brasil, na forma a ser regulamentada pelo Poder Executivo.” (grifo nosso) Do comando legal podem ser extraídas ao menos duas conclusões: (a) após a Medida Provisória, passou a ser possível a restituição ou compensação do saldo dos valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS com outros tributos e contribuições administrados pela RFB; e (b) pode haver aplicação do comando a saldos anteriores, de acordo com o que dispuser o Poder Executivo. Assim, descartase de imediato a retroação incondicional, tal qual pleiteada pela recorrente (seja pela alegação de retroatividade benigna, seja pela argumentação de que o comando legal tem natureza declaratória). Tivesse o legislador desejado, por exemplo, estabelecer comando de natureza declaratória, esclarecendo conteúdo já vigente (ou seja, que a restituição ou compensação já era amparada pelo art. 16 da Lei no 11.116/2005), absolutamente contraditório seria o teor limitador do § 3o do art. 5o da Medida Provisória. Poderseia ainda argumentar que o comando é de natureza declaratória, e não poderia o § 3o do art. 5o da Medida Provisória ter estabelecido limitação à retroação. Contudo, tal entendimento implica análise da constitucionalidade de norma legal, tema vedado a este tribunal administrativo pela Súmula CARF no 2. Temse, assim, cristalino, que o comando deve ser aplicado a saldos anteriores na forma disciplinada pelo Poder Executivo. O Poder Executivo, por meio do Decreto no 6.662/2008, regulamentou o art. 5o da Lei no 11.727/2008, dispondo que: Fl. 262DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10860.003129/200516 Acórdão n.º 3403001.886 S3C4T3 Fl. 260 7 “Art. 2o A partir de 4 de janeiro de 2008, o saldo dos valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS apurados em períodos anteriores poderá também ser restituído ou compensado com débitos relativos a outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) Art. 4o A autoridade da Secretaria da Receita Federal do Brasil competente para decidir sobre a restituição ou compensação de que trata este Decreto poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo, a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Art. 5o A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste Decreto. (grifo nosso) A IN RFB no 900/2008 tratou do tema, em seu art. 12 (tal norma está hoje revogada pela IN RFB no 1.300/2012, que não alterou substancialmente o referido art. 12), mas sem expedir especificamente as instruções necessárias ao cumprimento do disposto no art. 2o do Decreto: “Art. 12. Os valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando não for possível sua dedução dos valores a pagar das respectivas contribuições no mês de apuração, poderão ser restituídos ou compensados com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela RFB. § 1º Fica configurada a impossibilidade da dedução de que trata o caput quando o montante retido no mês exceder o valor da respectiva contribuição a pagar no mesmo mês. § 2º Para efeito da determinação do excesso de que trata o § 1º, considerase contribuição a pagar no mês da retenção o valor da contribuição devida descontada dos créditos apurados naquele mês. § 3º A restituição poderá ser requerida à RFB a partir do mês subsequente àquele em que ficar caracterizada a impossibilidade de dedução de que trata o caput. § 4º A restituição de que trata o caput será requerida à RFB mediante o formulário Pedido de Restituição, constante do Anexo I.” A recorrente alega ainda em seu recurso voluntário que a Solução de Consulta da RFB de no 388, de 3/11/2010, reiterou seu entendimento pela possibilidade da compensação reclamada. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 8 Contudo, tal decisão (Solução de Consulta DISIT SRRF08 de no 388, de 3/11/2010) endossa o entendimento de que o pleito continua a carecer de amparo normativo: “ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: CONTRIBUIÇÃO RETIDA NA FONTE. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. Até a publicação da MP no 413, de 2008, por falta de previsão legal, não havia possibilidade de restituição dos valores retidos na fonte a título de Cofins que excedessem o valor da contribuição efetivamente devido pelo contribuinte no respectivo período de apuração. Esses valores excedentes retidos na fonte não se caracterizavam como tributos recolhidos a maior ou indevidamente, não se enquadrando no art. 74 da Lei no 9.430, de 1996. A partir da publicação da MP no 413, de 2008, 04/01/2008, quando não for possível a dedução dos valores retidos na fonte, na forma da legislação aplicável, dos valores a pagar a título de Cofins no mês de apuração, tais valores retidos na fonte poderão ser restituídos ou compensados com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela RFB, observada a legislação aplicável à restituição e compensação de tributos e contribuições federais administrados pela RFB, em particular, atualmente, o disposto no art. 12 da IN RFB no 900, de 2008. A partir da publicação da MP no 413, de 2008, 04/01/2008, convertida na Lei no 11.727, de 2008, também é prevista a possibilidade de o saldo dos valores retidos na fonte a título de Cofins, apurado em períodos anteriores à referida data, ser restituído ou compensado com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal Brasil, depois de ser regulamentado pelo Poder Executivo o § 3o do art. 5o daquela Medida Provisória. Embora essa regulamentação tenha ocorrido, em princípio, por meio do Decreto no 6.662, de 2008, este previu, em seu art. 5o, a necessidade de expedição, pela RFB, das instruções necessárias para a efetivação desse procedimento. Não tendo sido tais instruções expedidas até o momento, carecem ainda de eficácia o referido parágrafo 3o e a faculdade por ele instituída, entendendose que o art. 12 da IN RFB no 900, de 2008, não disciplinou essa situação, mas, sim, apenas a retenção de que tratam o caput e §§ 1o e 2o do art. 5o da MP no 413, de 2008, atualmente, art. 5o, caput e §§ 1o e 2º da Lei no 11.727, de 2008”. (grifo nosso) Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, por carecer de amparo normativo o pleito da recorrente. Rosaldo Trevisan Fl. 264DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10860.003129/200516 Acórdão n.º 3403001.886 S3C4T3 Fl. 261 9 Fl. 265DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11065.100163/2009-08
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
Ementa:
COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, não havendo a possibilidade de cogitar-se a existência de um produto final na ausência do insumo. Para uma indústria calçadista, não constituem insumos assistência médica e odontológica, comissões sobre vendas, tratamento de resíduos industriais, transporte de pessoal e pagamentos realizados a empresas de refeições coletivas, despesas de exportação e manutenção de software, material empregado na limpeza, uniformes e equipamentos de proteção individual utilizados pelos funcionários, valores gastos com propaganda, publicidade e anúncios, e formação profissional dos funcionários.
COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO. VEDAÇÃO.
Há expressa vedação legal à correção do montante a ser ressarcido a título de COFINS, nas hipóteses referidas no art. 13 da Lei no 10.833/2003.
Numero da decisão: 3403-001.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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NÃOCUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, não havendo a possibilidade de cogitarse a existência de um produto final na ausência do insumo. Para uma indústria calçadista, não constituem insumos assistência médica e odontológica, comissões sobre vendas, tratamento de resíduos industriais, transporte de pessoal e pagamentos realizados a empresas de refeições coletivas, despesas de exportação e manutenção de software, material empregado na limpeza, uniformes e equipamentos de proteção individual utilizados pelos funcionários, valores gastos com propaganda, publicidade e anúncios, e formação profissional dos funcionários. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO. VEDAÇÃO. Há expressa vedação legal à correção do montante a ser ressarcido a título de COFINS, nas hipóteses referidas no art. 13 da Lei no 10.833/2003. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 01 63 /2 00 9- 08 Fl. 214DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente sobre pedido de ressarcimento (fls. 11 a 4) relativo a saldo credor da COFINS nãocumulativa apurado no período de 1/10 a 31/12/2008, no valor de R$ 1.715.554,36. Ao analisar a solicitação (fls. 133 a 136), a unidade local efetua glosa parcial (R$ 75.838,06), referente a “outras operações com direito a crédito” (detalhadas pelo contribuinte como assistência médica e farmacêutica a empregados, benefícios a empregados, transporte próprio de funcionários, assistência odontológica, programa de alimentação ao trabalhador, materiais de limpeza higiene e proteção, gastos com veículos, tratamento de resíduos industriais, serviços de terceiros com exportação, comissões sobre venda no mercado externo, comissões sobre venda no mercado interno, despesas com feiras e eventos, propaganda e publicidade, serviços de terceiros análise de situação cadastral, e honorários profissionais de PJ). Cientificada da decisão da unidade local (em 17/11/2009 fl. 148), a empresa apresenta manifestação de inconformidade (em 14/12/2009 fls. 149 a 163). Na peça apresentada, discorda da glosa efetuada, alegando que o conceito de insumo “engloba todo o arcabouço de mercadorias e atividades intrínsecas ao ramo de atividade”, tais como as comissões (por representação comercial), depesas de marketing, serviços de consultoria, serviços de limpeza, vigilância, assistência médica e odontológica, transporte de pessoal, pagamentos a empresas de refeição coletiva, tratamento de resíduos industriais, despesas de exportação e manutenção de software, equipamento de limpeza e de proteção, uniformes, formação profissional dos funcionários, etc. Em suma, entende por insumo “todas as despesas necessárias à consecução do objeto social da empresa”, desde que tenha havido incidência das contribuições na etapa anterior, opondose ao conceito de insumo indicado na IN SRF no 247/2002 (com as alterações da IN SRF no 358/2003), que entende violar o princípio constitucional (art. 195, § 12) da nãocumulatividade. Solicita, por fim, que seja computada a atualização pela Taxa SELIC do mês de apuração do pedido até o efetivo ressarcimento. Em 17/3/2011, no julgamento de primeira instância (fls. 189 a 194), acorda se que “existe vedação legal ao creditamento de despesas que não podem ser caracterizadas como insumos dentro da sistemática de apuração de créditos pela nãocumulatividade de PIS e COFINS”. Em relação à COFINS, a possibilidade de creditamento restringese aos casos previstos no art. 3o da Lei no 10.833/2003, e se encontra regulada pela IN SRF no 404/2004. Entre as despesas glosadas não se encontrou nenhuma que pudesse ser enquadrada como 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 215DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11065.100163/200908 Acórdão n.º 3403001.894 S3C4T3 Fl. 215 3 insumo nesse contexto. No que se refere à correção, informouse que é expressamente vedada por dispositivo legal para a COFINS (art. 13 da Lei no 10.833/2003). Cientificada da decisão em 4/5/2011 (fl. 196), a empresa apresenta recurso voluntário em 13/5/2011 (fls. 197 a 211), basicamente reiterando os argumentos expostos na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. As matérias controversas em sede de Recurso Voluntário resumemse à inclusão ou não das despesas glosadas no conceito de insumos, e à (im)possibilidade de correção do montante a ser ressarcido pela Taxa SELIC. Do conceito de insumo O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com alicerce no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR. Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois o conceito expresso na legislação do IPI é demasiadamente restrito, e o encontrado na legislação do IR é demasiadamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegase à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicita em seu art. 3o que podem ser descontados créditos em relação a: Fl. 216DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, (...)” (grifo nosso) A mera leitura do dispositivo legal já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Poderseia aí argumentar que a lei desbordou do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal carece de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril. Não poderia cogitarse a existência de um produto final na ausência do insumo. A recorrente é empresa dedicada à fabricação de calçados. Não há dúvida, por exemplo, ao afirmarse que a matériaprima utilizada na confecção dos calçados (v.g. o couro) constitui um insumo. Contudo, entre a zona de certeza positiva e a de certeza negativa (uma cesta de natal entregue pela empresa a um funcionário certamente não constitui um insumo) existe uma zona de “penumbra” (GENARO CARRIÓ2), na qual só a análise do caso concreto, das atividades da empresa e do processo produtivo permitirá um enquadramento mais preciso. A glosa (mantida pelo julgador a quo) é efetuada em relação às seguintes despesas, detalhadas pela própria contribuinte no curso da fiscalização (fls. 133/134): “Assistência médica e farmacêutica a empregados, benefícios a empregados, transporte próprio de funcionários, assistência odontológica, programa de alimentação ao trabalhador, materiais de limpeza higiene e proteção, gastos com veículos, tratamento de resíduos industriais, serviços de terceiros com exportação, comissões sobre venda no mercado externo, comissões sobre venda no mercado interno, despesas com feiras e eventos, propaganda e publicidade, serviços de terceiros (análise de situação cadastral Equifax), honorários profissionais PJ”. No recurso voluntário, argumentase que os seguintes custos são intrinsecamente necessários à atividade da empresa (alertandose que a lista é exemplificativa): “assistência médica e odontológica” (para promover a saúde física dos funcionários), “comissões s/ vendas” (para pessoas jurídicas que praticam a intermediação nas vendas), “tratamento de resíduos industriais” (por obrigação legal), “transporte de pessoal e pagamentos realizados a empresas de refeições coletivas” (pagos a empresas credenciadas perante o programa de alimentação ao trabalhador, para fornecer refeições coletivas aos funcionários), “despesas de exportação e manutenção de software” (a empresas intermediárias na exportação e empresas que prestam manutenção a software). A recorrente ainda relaciona outras despesas que enquadra como insumos (o material empregado na limpeza, os uniformes e equipamentos de proteção individual utilizados pelos funcionários, os valores gastos com propaganda, publicidade e anúncios, formação profissional dos funcionários, etc.), poupandose elaborar relação exaustiva por entender como insumos “todas as despesas necessárias à consecução do objeto social da empresa”. 2 In Notas Sobre Derecho y Lenguaje. 5 ed. Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2006, p. 55 e ss. Fl. 217DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11065.100163/200908 Acórdão n.º 3403001.894 S3C4T3 Fl. 216 5 Não é preciso muito esforço para perceber que tal conceito não se coaduna com a disposição legal que trata da matéria. Nas relações não exaustivas apresentadas pela recorrente encontramse somente zonas de certeza negativa em relação à lei que rege a matéria. Sequer se visualiza “zona de penumbra”. Todas as atividades relacionadas podem até ter alguma relação com o objeto social da empresa (fabricação de calçados), mas não com o processo produtivo/fabril. Não há, assim, como acatar a argumentação da recorrente, no sentido de um alargamento do conceito de insumos que transbordaria o dispositivo legal que rege a matéria. Do montante a ser ressarcido Pleiteia ainda a recorrente a correção pela Taxa SELIC do montante a ser eventualmente ressarcido. Agrega em seu favor precedentes administrativos dos anos de 2002 e 2003. Há que se destacar, entretanto, que há expressa vedação legal à correção, introduzida pelo art. 13 da Lei no 10.833/2003: “Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores”. (grifo nosso) É exatamente por existir tal vedação legal que não foi encontrada jurisprudência posterior a 2003. Inadmissível, assim, a argumentação da recorrente nesse tópico. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado, mantendo a decisão de piso. Rosaldo Trevisan Fl. 218DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 13005.000850/2009-56
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 14/09/2004 a 18/08/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEREMPÇÃO.
O Recurso Voluntário deve ser interposto no prazo previsto no art. 33 do Decreto no 70.235/1972. A inobservância deste preceito acarreta o não conhecimento do recurso apresentado.
Numero da decisão: 3403-001.920
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso apresentado, por intempestividade.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PEREMPÇÃO. O Recurso Voluntário deve ser interposto no prazo previsto no art. 33 do Decreto no 70.235/1972. A inobservância deste preceito acarreta o não conhecimento do recurso apresentado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso apresentado, por intempestividade. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 08 50 /2 00 9- 56 Fl. 920DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa o presente processo sobre apuração, em sede de liquidação administrativa, do valor do créditoprêmio de IPI oriundo da ação ordinária no 87.00013544, no período de outubro de 1982 a junho de 1983, e sobre análise das DCOMP transmitidas pela empresa no período de agosto de 2004 a agosto de 2009, vinculadas a tal crédito, habilitado no processo administrativo no 13005.001087/200557. Analisandose o Parecer DRF/SCS/RS/SACAT no 17/2006 (fls. 16 a 201), emitido no processo de habilitação, percebese que o mesmo créditoprêmio (decorrente da ação ordinária no 87.00013544) foi declarado em pedido de ressarcimento datado de 18/8/2000, no processo administrativo no 13052.000281/0038. Tal processo transitou em julgado administrativamente, reconhecendo o direito ao créditoprêmio até a data de 30/6/1983, sem adentrar o mérito da liquidez, a ser verificada pela unidade local da RFB. O Despacho Decisório DRF/SCS/SAORT no 245, de 26/8/2009 (fl. 88), alicerçado no Parecer DRF/SCS/SAORT no 120, de 26/8/2009 (fls. 79 a 87), quantifica em zero o crédito prêmio de IPI, por falta de alíquota a aplicar sobre a base de cálculo (ainda não detalhada) em produtos não tributados, não homologando as compensações. A sentença judicial datada de 15/2/1990, em seu dispositivo, condena a União a aceitar o registro do créditoprêmio, sendo que em 16/12/2005 decidese monocraticamente nos autos da ação judicial que a decisão teve cunho declaratório, não havendo nada a executar judicialmente, devendo o procedimento para liquidação do crédito ser administrativo. Interposto agravo, este foi aceito tãosomente para prosseguimento da execução em relação à verba honorária, não tendo prosperado os recursos apresentados pela empresa em instâncias judicias superiores em relação à matéria. Cientificada da decisão da unidade local da RFB em 1/9/2009 (fl. 89), a empresa apresenta Manifestação de Inconformidade em 29/9/2009 (fls. 736 a 749), alegando que: a) houve decadência em relação a competências anteriores a agosto de 2004 (ultrapassado o prazo do art. 173 do CTN); b) houve violação aos princípios constitucionais da segurança jurídica, do devido processo legal e ao trânsito em julgado; e c) a alíquota aplicável é de 15%, tendo havido interpretação equivocada por parte do Fisco de que o Decreto no 64.833/1969 poderia ser alterado por outros decretos, como o de no 68.044/1971. Em 19/11/2009, a DRJ acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade (Acórdão 1022.473 fls. 765 a 767), afirmando que: a) se os produtos exportados eram, na data de sua exportação, classificados na TIPI como não tributados (NT), não há alíquota a ser aplicada sobre o valor FOB da exportação, pelo que não há crédito com base no benefício fiscal; b) não houve decadência, face ao disposto no art. 74, § 5o da Lei no 9.430/1996; e c) a decisão recorrida busca exatamente o cumprimento da coisa julgada, não violando princípios constitucionais, visto que a ação ordinária, como informa o próprio juízo, não é executável judicialmente, cabendo à Administração a liquidação do crédito. A DRJ julga na mesma data o processo administrativo no 13005.001398/200869 (Acórdão 1022.472 fls. 768 e 770), esclarecendo que “a motivação do não reconhecimento do crédito neste processo é a mesma daquele, qual seja, o valor do créditoprêmio reconhecido em sentença declaratória teve quantificação igual a zero, uma vez classificados os produtos exportados na posição NT”. À fl. 771 consta AR atestando a ciência do Acórdão 1022.473, referente ao presente processo, em 2/12/2009. Não interposto recurso voluntário no prazo de 30 dias, o processo foi encaminhado para cobrança (fl. 773) em 20/1/2010. Emitiuse então a Carta Cobrança no 494/2010, da qual a empresa foi cientificada em 12/3/2010, conforme AR de fl. 789. 1 Toda numeração de folhas indicada nesta decisão se refere à paginação eletrônica no "eprocessos". Fl. 921DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13005.000850/200956 Acórdão n.º 3403001.920 S3C4T3 Fl. 921 3 Em 31/3/2010 (fls. 790 e 791), a empresa informa que “aderiu à Medida Provisória n. 470/09”, com inclusão parcial do presente processo. Para tanto, protocolizou em 30/11/2009 “Requerimento de Desistência ou Impugnação de Recurso Administrativo” cf. Anexo III da Portaria Conjunta PGFN/RFB no 9, de 30/10/2009 (o documento se encontra à fl. 807). Alega ainda que a Carta Cobrança desconsiderou que o montante de R$ 5.380.956,57 foi liquidado nos termos da citada Medida Provisória. A empresa complementa informando que reconheceu a inexistência do créditoprêmio do IPI no posterior a 5/10/1990, na forma decidida pelo STF nos RE no 561.485 e 577.348, e que isso traz reflexos em relação ao montante exigido na Carta Cobrança. Em 5/4/2010 é enviado a este CARF o Recurso Voluntário de fls. 864 a 878, datado de 30/3/2010, em cumprimento ao disposto no art. 35 do Decreto no 70.235/1972. No Recurso Voluntário, a empresa sustenta a tempestividade do recurso afirmando que não houve intimação pessoal, sendo que nenhum dos diretores (ou pessoa com poderes de gestão sobre a companhia) foi intimado da decisão da DRJ, e que o STJ já sumulou a obrigatoriedade do Aviso de Recebimento no caso de citação pela via postal. Reitera ainda a informação de adesão ao disposto na Medida Provisória no 470/2009, com desistência parcial do recurso em relação ao presente processo (reconhecendo a inexistência do créditoprêmio do IPI no posterior a 5/10/1990). Complementa afirmando que a adesão ocorreu em 30/11/2009, tendo a decisão da DRJ sido entregue em 2/12/2009, conforme AR nos autos. Acrescenta a recorrente que como consequência da adesão, e considerandose o crédito indevido, a tributação pelo IRPJ e CSLL gerada pelo seu reconhecimento também é indevida, tornandose nula a compensação realizada (com a consequente “perda de objeto do presente processo em relação ao IRPJ e CSLL declarados como devidos no anobase de 2006 e compensados com o incentivo setorial [...] originado no período posterior a 1990, que foi revertido em razão da adesão à Medida Provisória no 470, de 13/10/2009”). Quanto ao saldo remanescente (que alega ser de R$ 10.133.814,16 a título de principal), informa persistir o contencioso administrativo, mantendo a empresa o entendimento de que houve violação aos princípios constitucionais da segurança jurídica, do devido processo legal e ao trânsito em julgado, e de que a alíquota aplicável é de 15%, tendo havido interpretação equivocada por parte do Fisco de que o Decreto no 64.833/1969 poderia ser alterado por outros decretos, como o de no 68.044/1971. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Diante da apontada intempestividade do Recurso Voluntário, é de se empreender preliminarmente a análise da justificativa apresentada pela empresa. Dispõe o art. 23 do Decreto no 70.235/1972: “Art. 23. Farseá a intimação: Fl. 922DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (...) § 2o Considerase feita a intimação: (...) II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (...) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (...)” A decisão de primeira instância foi encaminhada para o endereço correspondente ao domicílio do sujeito passivo que consta no cadastro da RFB (Av. Senador Alberto Pasqualini, no 1535 São Cristóvão, Lajeado/RS), endereço esse confirmado por toda a documentação carreada ao processo (inclusive a anexada pela recorrente), tendo sido recebida a correspondência (contendo o Acórdão DRJ no 1022.473, referente ao presente processo) em 2/12/2009, conforme Aviso de Recebimento de fl. 771. O fato de a pessoa que assina o recebimento não ser diretora ou representante legal da empresa não macula a ciência, sendo o tema já sumulado no âmbito deste CARF: “Súmula CARF no 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.” O Decreto no 70.235/1972 estabelece ainda em seus arts. 33 e 35 que: “Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. (...) Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.” No caso em apreço, a ciência da decisão de primeira instância ocorreu em 2/12/2009 (AR à fl. 771), sendo o Recurso Voluntário (fls. 864 a 878) datado de 30/3/2010, com envio a este CARF em 5/4/2010. É de se destacar que a apresentação do recurso voluntário é posterior, inclusive, à ciência da Carta Cobrança no 494/2010 (enviada ao mesmo endereço da correspondência anterior), relativa ao processo, conforme AR de fl. 789 (com data de recebimento de 12/3/2010). Fl. 923DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13005.000850/200956 Acórdão n.º 3403001.920 S3C4T3 Fl. 922 5 Indiscutível, assim, a configuração da perempção, pelo que se vota por não conhecer do recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 924DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10831.013198/2004-02
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO Data do Fato Gerador: 29/12/2004 Ementa: NULIDADE. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. É nulo o Acórdão que deixe de analisar questão fundamental levantada na impugnação.
Numero da decisão: 3403-001.665
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para anular o acórdão de primeira instância.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. É nulo o Acórdão que deixe de analisar questão fundamental levantada na impugnação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para anular o acórdão de primeira instância. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho. Relatório Fl. 315DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa a autuação a que se refere o presente processo sobre exigência do imposto de importação (fls. 1 a 4), do imposto sobre produtos industrializados (fls. 5 a 7), da contribuição para o PIS/Pasepimportação (fls. 8 a 10) e da COFINSimportação (fls. 11 a 13). Na descrição dos fatos do Auto de Infração (fls. 14 a 16), lavrado em 29/12/2004, narrase basicamente que: (a) em ato de conferência final de manifesto, efetuada nos termos dos arts. 51 e 589 do Regulamento Aduaneiro de 2002 (Decreto no 4.543, de 27/12/2002), com base no art. 39, § 1o do DecretoLei no 37/1966, apurouse o não armazenamento de cargas (5 volumes) informadas pelo autuado no Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento (MANTRA), instituído pels IN SRF no 102/1994; (b) há presunção legal de entrada das referidas cargas no território aduaneiro, tendo ocorrido o fato gerador do imposto de importação, conforme o DecretoLei no 37/1966, art. 1o, § 2o, sendo cabível ainda a exigência da multa referida no art. 628, III, “d” do Regulamento Aduaneiro (106, II, “d” do DecretoLei no 37/1966); (c) há presunção legal de desembaraço, em relação ao IPI, ocorrendo também o fato gerador deste tributo, conforme a Lei no 4.502/1964, art. 2o, § 3o; (d) por presunção legal de entrada (Lei no 10.865/2004, art. 3o, § 1o), há ainda a ocorrência do fato gerador da contribuição para o PIS/Pasepimportação e da COFINSimportação; (e) tendo em vista a impossibilidade de identificação das mercadorias importadas e extraviadas, o cálculo foi efetuado com base no art. 67 da Lei no 10.833/2003; e (f) a autoridade aduaneira constatou em procedimento regular que a empresa autuada é responsável tributária pelo extravio. Cientificado em 30/12/2004 (fls. 1), o sujeito passivo da presente autuação apresentou impugnação tempestiva em 27/1/2005 (fls. 52 a 63), alegando, em suma, que: (a) o não armazenamento por parte da impugnante se refere a 5 volumes: Termo de entrada Data de entrada Peso Documento 990005372 8/2/1999 42,1 Kg MAWB 30755426873 e HAWB 45813935799 Fl. 316DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10831.013198/200402 Acórdão n.º 3403001.665 S3C4T3 Fl. 2 3 990005372 7/4/1999 42,1 Kg MAWB 30755426873 e HAWB 42103280333 990005061 15/10/1999 20,2 Kg MAWB 30797059874 e HAWB 707886W7LXM1 990005061 15/10/1999 20,2 Kg MAWB 30797059874 e HAWB 707886W7LXM2 990005061 15/10/1999 20,2 Kg MAWB 30797059874 e HAWB 707886W7LXM3 (b) com relação à mercadoria declarada em 8/2/1999, a impugnante havia desmembrado a remessa em 2 pacotes sem notar a falta de um dos volumes, mas as informações relativas ao pacote constam de DREI, que permite a identificação e comprova o pagamento dos impostos incidentes (mesmo sobre o pacote faltante), cf. documentos de fls. 96 a 99; (c) com referência à carga declarada em 7/4/1999, a mercadoria está atualmente retida na Infraero (sob o termo de guarda 381/04), tendo a Infraero etiquetado de forma errada o volume, corretamente descrito pela impugnante, gerando um DSIC indevido, cf. documentos. de fls. 101 a 115; e (d) no tocante às cargas registradas em 5/10/1999, elas foram consolidadas em um único pacote, com 4 volumes, tendo a impugnante após a consolidação deixado de excluir 3 volumes do sistema, cf. documentos de fls. 117 a 183; (e) a autação é nula, por capitulação legal indevida, falta de precisão e clareza, no que se refere a fundamentação, determinação da data do fato gerador e cálculo de COFINS, e porque o art. 67 da Lei no 10.833/2003 viola o Acordo de Valoração Aduaneira; (f) no mérito, em relação ao imposto de importação, a única carga que efetivamente foi faltante é a chegada em 8/2/1999, e sobre tal carga foram pagos os tributos, mas não a multa por extravio, que, se cobrada, deveria ser calculada de acordo com a legislação vigente ao tempo da importação; (g) há isençaõ de IPI para remessas expressas; e (h) há inconstitucionalidade na Lei no 10.865/2004, art. 4o, II. Fl. 317DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 Em 20/8/2009, a DRJ/São Paulo II (fls. 188) converte o processo em diligência para que se comprove o confronto do manifesto com os registros de descarga e para que se informe a motivação da desconsideração dos documentos apresentados pelo importador na valoração da mercadoria. O Relatório de Diligência, lavrado em 15/3/2011 (fls. 197 a 198), informa, sinteticamente, que o confronto do manifesto com os registros de descarga é exatamente o efetuado no MANTRA, com base no art. 21 da IN SRF no 102/1994, e que os documentos apresentados na impugnação não o foram quando das investigações que levaram à autuação, por isso, a matéria sequer foi analisada naquele momento, e que as alegadas incorreções não descaracterizam o manifesto, tendo em vista o disposto no art. 6o da mesma IN SRF no 102/1994. A autuada manifestase sobre o Relatório de Diligência em 27/4/2011 (fls. 237 a 240), reiterando a argumentação expedida na impugnação, com destaque para o enfoque de que a autuação não foi clara e fundamentada, e que, pelo princípio da verdade material, há que se considerar os argumentos e documentos anexados à intimação. O julgamento de primeira instância ocorre, então, em 24/11/2011, pela DRJ/São Paulo II (fls. 254 a 268), que conclui, em síntese, pela procedência da autuação, sustentando que: (a) com referência à carga declarada em 7/4/1999 (e chegada ao País em 4/2/1999), a autuada não atuou conforme o disposto no art. 4o da IN SRF no 102/1994, assumindo em decorrência disso a responsabilidade pelo extravio da carga; (b) também em relação à carga declarada em 8/2/1999, não foi feita qualquer ressalva no Sistema MANTRA, devendo a autuada assumir em decorrência a responsabilidade pelo extravio da carga; (c) não foi feita qualquer contestação em relação ao Manifesto 307 5542 6151 W8715994015; (d) no tocante às cargas registradas em 5/10/1999, a lógica arquitetada pelo legislador mais uma vez atribui a responsabilidade àquele que possuía a sua custódia e não procedeu à regular baixa, o autuado; e (e) os efeitos irradiados pelo art. 67 da Lei no 10.833/2003 inibem a aplicação do art. 7o da Lei no 4.502/1964, e do art. 4o da IN SRF no 57/1996. Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 273, com data de recebimento indicada como 12/12/2011), a autuada apresenta RECURSO VOLUNTÁRIO tempestivo em 10/1/2012 (fls. 282 a 310), reiterando a argumentação exposta na impugnação, e afirmando que: (a) o Acórdão do julgamento de primeira instância é nulo, visto que deixou de analisar matéria essencial à Fl. 318DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10831.013198/200402 Acórdão n.º 3403001.665 S3C4T3 Fl. 3 5 impugnação (fixação da base de cálculo do imposto de importação face ao Acordo de Valoração Aduaneira), e que a análise da matéria por este CARF implicaria supressão de instância: o Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) integra a legislação tributária nacional, por força do art. 98 do CTN, estipulando a primazia do valor de transação na determinação da base de cálculo do imposto de importação, sendo que a medida prevista no § 1o do art. 67 da Lei no 10.833/2003 é inconstitucional e avessa ao CTN e ao AVA; (b) o auto de infração e o Acórdão do julgamento de primeira instância são nulos pela falta de fundamentação, em especial por violação aos incisos III e IV do art. 10 do Decreto no 70.235/1972; (c) o auto de infração e o Acórdão do julgamento de primeira instância são nulos por arrolarem legislação posterior aos supostos fatos geradores ocorridos em 1999, incorrendo em falha no motivo e na motivação do ato administrativo; (d) com referência à carga declarada em 7/4/1999 (e chegada ao País em 4/2/1999), não houve qualquer culpa da autuada, haja vista que houve erro de recepção pela Infraero; (e) em relação à carga declarada em 8/2/1999, todas as informações sobre o pacote constam da DREI, o que permite à RFB comprovar o pagamento do imposto, mesmo sobre o pacote faltante; (f) no tocante às cargas registradas em 5/10/1999, a autoridade julgadora de primeira instância desconsiderou causa comprovada de extinção da obrigação tributária; (g) também deixou de se manifestar a autoridade julgadora de primeira instância sobre a inconstitucionalidade na Lei no 10.865/2004, art. 4o, II, e sobre os pagamentos efetuados em relação às cargas tidas como extraviadas; (h) todos os impostos exigíveis na importação foram pagos, não houve falta de mercadorias, e, no único caso que poderia ser considerado “falta de mercadoria” a recorrente já havia efetuado o pagamento do imposto de importação devido, restando apenas ser apurada a eventual multa na hipótese da mercadoria declarada em 8/2/1999, de acordo com a legislação vigente na data do fato gerador; Fl. 319DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 (i) a exigência de IPI (isento por força do art. 7o da Lei no 4.502/1964) em relação à mercadoria faltante é ilegal e inconstitucional; (j) a contribuição para o PIS/Pasepimportação e a COFINSimportação são indevidas, tendo em vista que a lei instituidora é de 2004, enquanto que as mercadorias tidas como extraviadas ingressaram no País em 1999; (k) a Lei no 10.865/2004 é inconstitucional; e (l) houve erro de cálculo na autuação em relação à contribuição para o PIS/Pasepimportação e à COFINS importação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe manifestarse, já de plano, sobre as preliminares de nulidade levantadas pela recorrente, tecendose, a seguir, considerações julgadas relevantes sobre a substância das argumentações apresentadas no presente processo. Das preliminares de nulidade A recorrente aponta diversos tópicos ensejadores de nulidade da autuação e do Acórdão de primeira instância. O primeiro deles é referente à omissão no julgamento de primeira instância na análise de matéria essencial à impugnação (fixação da base de cálculo do imposto de importação face ao Acordo de Valoração Aduaneira), sustentando a recorrente ser a medida prevista no § 1o do art. 67 da Lei no 10.833/2003 inconstitucional e avessa ao CTN e ao AVA GATT. De fato, o julgador a quo não analisou a matéria. O § 1o do art. 67 da Lei no 10.833/2003 trata de situação em que não é possível identificar a mercadoria, para aplicarlhe as regras do GATT e do CTN, ou seja, complementa tais diplomas normativos. E, face à Súmula CARF no 2, não se aprecia no processo administrativo fiscal a constitucionalidade do citado dispositivo legal. Fosse isso dito pelo julgador de primeira instância, provavelmente não seria suscitada a nulidade. Ocorre que não o foi, e a apreciação do tema por este CARF diretamente poderia ensejar supressão de instância. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10831.013198/200402 Acórdão n.º 3403001.665 S3C4T3 Fl. 4 7 Afigurarseia, assim, motivo suficiente para a nulificação do Acórdão referente ao julgamento de primeira instância. Contudo, sigase na análise das outras preliminares, em observância à economia processual e à verdade material, e ainda considerando a eventualidade do disposto no § 3o do art. 59 do Decreto no 70.235/1972, com a redação dada pela Lei no 8.748/1993. O recurso voluntário apresenta ainda como causas de nulidade (da autuação e da decisão de primeira instância) a falta de fundamentação, em especial por violação aos incisos III e IV do art. 10 do Decreto no 70.235/1972; e o arrolamento de legislação posterior à ocorrência dos supostos fatos geradores ocorridos em 1999. Aqui se adverte que não se deve confundir falta de fundamentação com discordância em relação à fundamentação (que parece ser o caso dos autos). A fundamentação indicada (enquadramento e descrição dos fatos, em consonância com os incisos III e IV do art. 10 do Decreto no 70.235/1972), com motivo e motivação, corresponde efetivamente ao que consta tanto na autuação quanto na decisão exarada pela DRJ. O que se pode (e se deve) discutir nos presentes autos é se efetivamente tal fundamentação se aplica perfeitamente à situação fática apresentada. E isso já não é questão preliminar, mas de mérito (e será aqui somente delineado no tópico intitulado “da verdade material”). O arrolamento da legislação posterior a 1999 decorre da legislação adotada na autuação, referente a extravio, que aponta como fato gerador a data do respectivo lançamento, e não a data de chegada da mercadoria ao País. A discussão, repisese, também é de mérito, e não enseja nulidade alguma. Como derradeira causa de nulidade da decisão emanada do tribunal a quo, a recorrente suscita que também deixou de se manifestar a autoridade julgadora sobre a inconstitucionalidade na Lei no 10.865/2004, art. 4o, II, e sobre os pagamentos efetuados em relação às cargas tidas como extraviadas. Em relação à inconstitucionalidade, reiterese a menção à Súmula CARF no 2, que trata de vedação de apreciação do tema no processo administrativo fiscal. No que tange à falta de análise dos pagamentos efetuados, entendese tratar de mérito (que será também abordado perfunctoriamente no tópico adiante, referente à verdade material). Resta, assim, declarar a nulidade do Acórdão referente so julgamento de primeira instância, pela preterição do direito de defesa (com fundamento no art. 59, II do Decreto no 70.235/1972). Objetivando diretamente a verdade material, mas ainda contemplando a economia processual, o contraditório, a eficiência e a razoável duração do processo, passase a objetivar considerações úteis ao prosseguimento e à solução do processo, com base no § 2o do art. 59 do Decreto no 70.235/1972. Da verdade material A autuação tem por enquadramentos legais para exigência dos tributos e multas o DecretoLei no 37/1966, art. 1o, § 2o, e art. 106, II, “d”; a Lei no 4.502/1964, art. 2o, § 3o; e a Lei no 10.865/2004, art. 3o, § 1o. Afora o art. 106, II, “d” do DecretoLei no 37/1966, todos os dispositivos legais possuem algo em comum: espelham presunções. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 Para o imposto de importação, para a contribuição para o PIS/Pasep importação e para a COFINSimportação, existe presunção legal de entrada no território aduaneiro da mercadoria extraviada (faltante), para efeito de ocorrência do fato gerador. Para o IPI, presunção de desembaraço, pelos mesmos motivos. Optou o legislador, no Brasil, a exemplo de outros países, por entender a mercadoria faltante como introduzida irregularmente na economia nacional. Daí a escolha da data do lançamento como fato gerador e não a efetiva entrada no País: primeiro, porque não se sabe se a mercadoria efetivamente entrou (caso se comprove por meios idôneos que ela não entrou, elidida está a presunção), e segundo, porque é nessa data (a do lançamento), e não na chegada do meio de transporte que teoricamente conduzia a mercadoria, que toma contorno jurídico a introdução irregular na economia nacional. Disso decorrem preliminarmente duas conclusões: (a) o fato gerador de todos os tributos citados, nos casos de extravio, é a data do lançamento efetuado pela autoridade competente; e (b) a presunção de entrada (imposto de importação, PIS/Pasepimportação e COFINSimportação) ou desembaraço (IPI) não pode se sobrepor a uma comprovada realidade fática de que efetivamente a elida. Nos presente autos, vêse que a recorrente buscou comprovar que: (a) a mercadoria declarada em 8/2/1999, embora faltante, constou de DREI, na qual foi identificada e valorada, tendo o imposto de importação sido pago inclusive em relação à parte faltante (o que permite o cálculo da multa prevista no DecretoLei no 37/1966, art. 106, II, “d” sem a invocação do art. 67 da Lei no 10.833/2003); (b) a mercadoria declarada em 7/4/1999 está atualmente retida na Infraero (e, portanto não foi extraviada); e (c) as mercadorias declaradas em 5/10/1999 foram consolidadas em um único pacote, tendo sido despachadas para consumo, com pagamento dos tributos devidos. Se procedentes as argumentações da recorrente, ocorreu extravio tãosomente no primeiro caso, sendo os demais casos referentes não a extravio, mas a inserção incorreta de dados no sistema MANTRA. O registro irregular de dados no MANTRA, ou em qualquer outro sistema, pode (e deve) dar ensejo a penalidades, para que os operadores melhorem a qualidade de seu trabalho e a Aduana possa efetuar melhor gestão de risco. Contudo, o registro irregular, por si somente, se comprovada pelo sujeito passivo a não ocorrência da situação ensejadora da exigibilidade (no caso, o extravio), não pode constituir fato gerador de tributos, sob pena de contrariar o próprio conceito de tributo estabelecido no art. 3o do CTN (“prestação pecuniária ... que não constitua sanção de ato ilícito...”). É preciso esclarecer que não se está aqui afirmando que os registros de não armazenamento no MANTRA demandam para sua validade e produção de efeitos a confirmação fática do extravio. Pelo contrário, o registro de não armazenamento no sistema Fl. 322DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10831.013198/200402 Acórdão n.º 3403001.665 S3C4T3 Fl. 5 9 presume o extravio, incumbindo ao responsável apontado pela autoridade aduaneira (no lançamento) a prova da não existência do extravio, elidindo a presunção. É essa prova que se entende que a recorrente buscou fazer. Assim, em pura manifestação da verdade material, entendese que também a análise fática deve ser levada a cabo no julgamento de primeira instância (se necessário, com nova diligência). É preciso que se esclareça se: (a) a mercadoria declarada em 8/2/1999 (fls. 96) corresponde à despachada para consumo na DREI de fls. 97 a 99, e se nesta DREI houve efetivamente pagamento de tributo (há menção na lateral do documento à IN SRF no 82/1996, e não consta DARF); (b) a mercadoria declarada em 7/4/1999 (fls. 103) corresponde à retida pela pelo TG 381/04 (mencionado às fls. 101); e (c) as mercadorias declaradas em 5/10/1999 correspondem às despachadas para consumo na DREI de fls. 120 e ss.), e se foram pagos os tributos devidos na importação. Em suma, é preciso saber se na autuação não se atenta contra a realidade: (a) exigindo tributo de mercadoria já despachada para consumo com tributos pagos; ou (b) tratando como carga extraviada a mercadoria que ainda está em depósito, apreendida, à disposição da fiscalização. Entendese que a resposta a essas questões, além daquelas levantadas pela recorrente (então impugnante) são imprescindíveis para o prosseguimento e a solução do processo. Assim, declarase a nulidade do Acórdão 1755.560, da 1a Turma da DRJ/SPO2, exarado no presente processo (e as peças processuais que lhe sucedem), devendo o órgão julgador de primeira instância reanalisar a impugnação apresentada à autuação, manifestandose sobre todos os argumentos levantados, e contemplando (se necessário, com a determinação de novas diligências) as considerações sobre verdade material aqui esposadas. Rosaldo Trevisan Fl. 323DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 10 Fl. 324DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11516.002719/2006-95
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 16/07/2004 a 28/02/2005
IPI. INSUMOS. ALÍQUOTA ZERO. ISENÇÃO. NÃO TRIBUTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. DECISÃO JUDICIAL.
A impossibilidade de creditamento de IPI no caso de aquisição de produtos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero restou pacificada judicial e administrativamente. Não bastasse isso, a decisão definitiva exarada no processo impetrado pela recorrente segue o mesmo caminho.
IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO. CONCEITO.
O conceito de industrialização abarca as operações de transformação de polietileno granulado em plástico.
JURISPRUDÊNCIA. VINCULAÇÃO. HIPÓTESES.
São expressamente previstas na legislação as hipóteses em que a jurisprudência vincula o julgador administrativo (v.g. as tratadas no § 6o do art. 26-A do Decreto no 70.235/1972, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009; e no art. 62-A do Regimento Interno do CARF). Mesmo diante de tais hipóteses, só há vinculação se as características do caso concreto permitirem enquadrá-lo estritamente no precedente.
Numero da decisão: 3403-001.982
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 16/07/2004 a 28/02/2005 IPI. INSUMOS. ALÍQUOTA ZERO. ISENÇÃO. NÃO TRIBUTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. DECISÃO JUDICIAL. A impossibilidade de creditamento de IPI no caso de aquisição de produtos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero restou pacificada judicial e administrativamente. Não bastasse isso, a decisão definitiva exarada no processo impetrado pela recorrente segue o mesmo caminho. IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO. CONCEITO. O conceito de industrialização abarca as operações de transformação de polietileno granulado em plástico. JURISPRUDÊNCIA. VINCULAÇÃO. HIPÓTESES. São expressamente previstas na legislação as hipóteses em que a jurisprudência vincula o julgador administrativo (v.g. as tratadas no § 6o do art. 26-A do Decreto no 70.235/1972, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009; e no art. 62-A do Regimento Interno do CARF). Mesmo diante de tais hipóteses, só há vinculação se as características do caso concreto permitirem enquadrá-lo estritamente no precedente.
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INSUMOS. ALÍQUOTA ZERO. ISENÇÃO. NÃO TRIBUTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. DECISÃO JUDICIAL. A impossibilidade de creditamento de IPI no caso de aquisição de produtos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero restou pacificada judicial e administrativamente. Não bastasse isso, a decisão definitiva exarada no processo impetrado pela recorrente segue o mesmo caminho. IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO. CONCEITO. O conceito de industrialização abarca as operações de transformação de polietileno granulado em plástico. JURISPRUDÊNCIA. VINCULAÇÃO. HIPÓTESES. São expressamente previstas na legislação as hipóteses em que a jurisprudência vincula o julgador administrativo (v.g. as tratadas no § 6o do art. 26A do Decreto no 70.235/1972, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009; e no art. 62A do Regimento Interno do CARF). Mesmo diante de tais hipóteses, só há vinculação se as características do caso concreto permitirem enquadrálo estritamente no precedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Antonio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 27 19 /2 00 6- 95 Fl. 440DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente sobre Auto de Infração (fls. 160 a 1651) lavrado em 16/11/2006 contra a recorrente, para exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (períodos de apuração de 07/2004 a 02/2005), acrescido de juros de mora, no valor consolidado de R$ 2.569.266,79, indicando estar o crédito com exigibilidade suspensa, em virtude de decisão proferida no Mandado de Segurança no 2004.72.00.0109083. No Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal (fls. 166 a 169), narrase que o estabelecimento da empresa, dedicado à fabricação de embalagens de plástico (tributadas à alíquota de 15% a título de IPI), creditouse indevidamente, no Livro de Registro de Apuração do IPI, dos valores referentes à aquisição de insumos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero especificados à fl. 168 (pela mesma alíquota do produto final), o que foi objeto de glosa, originando a autuação de que trata o presente processo. Assim, e tendo em vista o citado processo judicial, no qual foi concedida a segurança, reconhecendo o direito ao crédito do IPI referente à aquisição de insumos isentos ou sujeitos à alíquota zero com a mesma alíquota utilizada na operação de saída, o lançamento efetuado se refere a créditos com exigibilidade suspensa (cf. art. 151, IV do CTN), não se aplicando multa de ofício. O crédito tributário foi exigido em autuações distintas por estabelecimento (sendo o presente processo referente à filial, e o processo no 11516.002718/200641 relativo à matriz). Cientificada da autuação em 24/11/2006 (fl. 164), a empresa apresentou impugnação em 21/12/2006 (fls. 179 197), alegando que não pretende discutir na via administrativa a glosa dos créditos mencionados, pois a matéria se encontra sub judice, inclusive com deferimento de liminar no Mandado de Segurança no 2004.72.000109083, mas pretende sim discutir a não incidência do IPI sobre o resultado de sua atividade, que se enquadra no conceito de prestação de serviços (confecção sob encomenda de rótulos e embalagens personalizados), mais especificamente no item 13.05 da lista de serviços Anexa à Lei Complementar no 116/2003 (item 77 da lista do DecretoLei no 406/1968). Informa que confecciona: (a) rótulos para utilização em produtos (v.g. garrafas de “CocaCola”) cuja embalagem não fabrica nem fornece, limitandose a adquirir de terceiros o substrato em bobinas, e sobre ele executar os serviços de composição gráfica, entregando ao cliente o produto final, que são os rótulos; (b) embalagens com serviço de composição gráfica (em sua maior parte sacos plásticos), sendo que em alguns casos tais sacos são obtidos por extrusão pela própria recorrente, e em outros adquiridos de terceiros em forma de bobinas, sobre as quais executa a composição gráfica; e (c) embalagens sem composição gráfica, que constituem pequena parcela de seu faturamento, e se destinam em regra ao acondicionamento de bebidas (com características que fazem com que não tenha serventia para nais ninguém a não ser o próprio encomendante). Ascrescenta ainda jurisprudência (inclusive administrativa) em favor 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 441DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11516.002719/200695 Acórdão n.º 3403001.982 S3C4T3 Fl. 441 3 de seu entendimento de que a atividade de composição gráfica (que é efetivamente a atividade fim da recorrente) não se sujeita ao IPI, afirmando que procedeu ao lançamento do IPI por erro, e deve prevalecer no processo a verdade real (exigência exclusivamente de ISS). Anexa, por fim, Laudo (fls. 198 a 247) no qual se afirma que a atividade da impugnante consiste na elaboração de rótulos e embalagens “mediante prévia encomenda, mediante processo de composição gráfica, e são personalizados, à medida que se destinam apenas ao uso do encomendante”, protestando pela juntada posterior de laudo técnico complementar (que foi apresentado em 8/3/2007, pelo documento de fls. 265 a 268, passando a constar do presente processo fls. 269 a 348). A informação sobre o trânsito em julgado da ação judicial (Mandado de Segurança no 2004.72.00.0109083) chega ao processo em 28/4/2008, pelo documento de fl. 353, acompanhado de excertos das peças processuais às fls. 354 a 311. Em 4/10/2011 (fls. 379 a 393), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da impugnação, decidindose que: (a) as decisões judiciais e administrativas somente vinculam os julgadores de 1a instância nas situações expressamente previstas na legislação; e (b) os serviços de composição e impressão gráficas, personalizados, previstos no art. 8o, § 1o do DecretoLei no 406/1968 estão sujeitos à incidência do IPI e do ISS, não havendo norma que exclua tal incidência. A questão referida à medida judicial não foi objeto de análise pela DRJ. Cientificada da decisão em 10/11/2011 (AR à fl. 396), a empresa apresenta recurso voluntário em 7/12/2011 (fls. 397 a 417), basicamente reiterando a argumentação exposta na impugnação, cabendo destacar de seu texto considerações no sentdo de que: (a) o IPI foi destacado nas Notas Fiscais emitidas e escriturado no Livro de Registro de Apuração do IPI, onde também foram escriturados os créditos “presumidos” relativos a insumos não tributados, isentos e tributados à alíquota zero, enquanto a empresa discutia o tributo em quatro ações judiciais: processos no 1999.61.00.0580943 (crédito de IPI relativo a matériaprima adquirida com alíquota zero), no 2002.61.00.0197589 (créditoprêmio à exportação), no 2004.72.00.0109083 (crédito de IPI relativo a insumos não tributados) e no 2004.61.00.0012033 (crédito do IPI relativo a diferenças entre a alíquota do insumo e a alíquota do produto final); (b) a recorrente recolheu, no período em referência, apenas a diferença entre débitos e créditos (nestes incluídos os “presumidos”), o que foi considerado irregular pelo Fisco, que glosou os créditos, gerando a autuação aqui discutida; (c) ao impugnar a exigência, a recorrente não questionou a glosa dos créditos presumidos, haja vista que o direito a eles estava sub judice, em processos agora encerrados, na linha do que restou decidido pelo STF: não há direito a créditos “presumidos” de tal natureza; (d) limitouse a impugnação a discutir a não incidência do IPI sobre as operações realizadas, entendendo que sobre tais operações incidiria somente o ISS, conforme jurisprudência carreada aos autos; (e) o julgador a quo entendeu que a incidência do ISS não afasta o IPI, visto que uma das etapas de confecção envolve típica industrialização (“extrusão” transformação do propileno em plástico); (f) a tese do julgador a quo é lógica e coerente, mas esbarra em decisões do STF, do STJ e do próprio CARF; (g) a matéria já foi decidida na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.092.206/SP), vinculando o julgador do CARF por força do art. 62A do Regimento Interno do tribunal administrativo; e (h) também já houve decisão com efeito erga omnes sobre a matéria no RE no 106.173 e na ADI no 4389. É o relatório. Fl. 442DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. O presente processo acabou por seguir curso sui generis, pois a motivação da autuação (glosa de crédito de IPI referente a produtos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero) sequer foi impugnada, em função de acesso à via judicial (acesso esse que teve como resultado definitivo a denegação do pleito da recorrente, antes mesmo da decisão administrativa de primeira instância), passandose no processo a discutir se as operações efetuadas pela recorrente estão sujeitas ao IPI. Na impugnação administrativa, a recorrente afirma que apesar de ter, durante todo o período fiscalizado, escriturado o IPI e efetuado os correspondentes destaques, entende não ser a operação que executa tributada pelo IPI. Nas palavras da recorrente (fl. 184): “No caso presente, a Impugnante, por erro, procedeu ao lançamento do IPI. Agora, tendo constatado o seu erro, pretende desonerarse desse imposto, visto que o imposto devido é o ISS.” Assim, enquanto discutia na via judicial o cabimento do creditamento do IPI, solicitando aplicação aos insumos “da mesma alíquota empregada no respectivo produto final industrializado” (grifo nosso), obtendo provimento inicial para “compensar os créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados referentes aos insumos isentos ou não tributados, utilizados no processo de industrialização nos últimos dez anos, com débitos do mesmo tributo” (fl. 362 grifo nosso), na via administrativa optava por não discutir a matéria, alegando que as operações que realizava não estavam sujeitas ao IPI, mas sim ao ISS, porque se tratavam de serviços de composição gráfica. Da matéria discutida judicialmente transitada em julgado A impossibilidade de creditamento de IPI no caso de aquisição de produtos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero restou pacificada judicial (como expresso nos autos) e administrativamente (v.g. Súmula CARF no 18, para o caso de alíquota zero). E a decisão definitiva exarada no processo impetrado pela recorrente segue o mesmo caminho. Recordese que a matéria discutida em juízo abarca a plenitude do lançamento, pois tudo o que se está imputando à recorrente na autuação é a glosa do IPI em relação a tais créditos, cuja impossibilidade restou judicialmente sedimentada. Na própria autuação (fl. 160), alertase: “O crédito tributário lançado através do presente Auto de Infração está com a exigibilidade suspensa por força de decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança – processo judicial no 2004.72.000109083 (art. 151, incisos II e IV do CTN). Afastada a suspensão da exigibilidade, seja por falta ou insuficiência do depósito, caducidade ou cassação desfavorável Fl. 443DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11516.002719/200695 Acórdão n.º 3403001.982 S3C4T3 Fl. 442 5 ao sujeito passivo, este deverá (conforme teor e extensão do julgado) recolher total ou parcialmente o crédito lançado, com os acréscimos legais cabíveis, sob pena de inscrição da dívida ativa, compensados, se for o caso, eventuais depósitos judiciais efetuados e a serem convertidos em renda da União.” Assim, resta indiscutivelmente hígido o lançamento efetuado. Da matéria discutida administrativamente incidência de IPI Como exposto de início, a argumentação da recorrente em sede administrativa, diametralmente distinta da empregada em juízo, foi no sentido de que não era contribuinte do IPI, mas do ISS. É certo que tal argumentação implicaria concordância com o fato de que toda a escrituração da empresa estava incorreta (como ela própria assume), de que suas ações judiciais em relação ao pagamento do IPI eram despropositadas, e de que desde o início ela deveria ter recolhido o ISS (o que não é matéria afeta ao presente processo, mas tema de interesse do fisco municipal). Mas isso não obstou a apreciação inaugural da matéria em primeira instância. Desafiante apreciar em sede de julgamento tal matéria, pois sobre isso não se versa na autuação. A fiscalização não teve por objeto demonstrar se a empresa efetuava ou não operações de industrialização. Ao tempo da autuação, o tema era incontroverso. A ausência de informações sobre o tema na autuação leva o julgador a quo a apreciar a matéria exclusivamente com base nos documentos colacionados pela recorrente (então impugnante). Na impugnação, a empresa apresenta um laudo técnico, no qual se afirma que a atividade da “PLASCPlásticos Santa Catarina LTDA” é “a produção de embalagens feitas exclusivamente sob encomenda e personalizada” (fl. 246). Contudo, informa a então impugnante que o laudo já havia sido produzido há algum tempo, e que “não destaca que a composição gráfica é a atividade fim e que a utilização de máquina extrusora para processar substrato de polietileno, em forma de bobina, visando darlhe a forma de saco ou outro tipo de embalagem, constitui apenas uma das etapas dessa atividade” (fl. 196). Nesse sentido, apresentase posteriormente laudo técnico complementar (de lavra do mesmo perito contratado), que atesta que a “PLASC está direcionada à IMPRESSÃO GRÁFICA” (fl. 340). Como já exposto no relatório, e afirmado em diversas ocasiões pela recorrente, sua atividade é a confecção de rótulos e embalagens (estas com ou sem serviço de composição gráfica). É, contudo, incontroverso que em tal “confecção” a empresa transforma o polietileno granulado em plástico (a DRJ destaca ainda outras formas pelas quais conclui que houve industrialização). Acrescentese o argumento do julgador de primeira instância, na forma trazida pela empresa em seu Recurso Voluntário (fl. 401): “A respeitável autoridade julgadora, no entanto, entendeu que o fato de incidir o ISS não afasta a incidência do IPI, haja vista que uma das etapas de confecção das embalagens envolve atividade típica de industrialização, que é a transformação do Fl. 444DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 6 polietileno granulado em plástico, denominada de ‘extrusão’. Em que pese o laudo técnico comprovar que a produção do plástico representou apenas 13,4% do custo final de uma embalagem com composição gráfica (...)” Em que pese a argumentação da recorrente, temse que é possível, a partir dos elementos por ela própria agregados ao processo, concluir que a empresa executa processo de industrialização. Como não se apresenta impugnação específica aos tópicos objetos da glosa (em decorrência de a matéria estar sendo discutida em juízo), inviável a vinculação à autuação por produto, para que se pudesse especificamente discutir em relação a um caso concreto se houve ou não subsunção aos precedentes narrados. Improcedente, assim, a argumentação da recorrente nesse aspecto. Dos precedentes administrativos e judiciais Como destacou o julgador de primeira instância, as decisões judiciais e administrativas não vinculam o julgador administrativo. São expressamente previstas na legislação as hipóteses em que a jurisprudência vincula o julgador administrativo (v.g. as tratadas no § 6o do art. 26A do Decreto no 70.235/1972, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009; e no art. 62A do Regimento Interno do CARF). Mesmo diante de tais hipóteses, só há vinculação se as características do caso concreto permitirem enquadrálo estritamente no precedente. E é exatamente ao art. 62A do RICARF que a recorrente remete ao afirmar que a decisão exarada no REsp no 1.092.206/SP, na sistemática dos recursos repetitivos, seria de cumprimento obrigatório por este tribunal. Tal julgado trata da delimitação da competência tributária entre Estados e Municípios, aclarando que as operações de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, estão sujeitas ao ISS(QN), e não ao ICMS: “CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. DELIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ENTRE ESTADOS E MUNICÍPIOS. ICMS E ISSQN. CRITÉRIOS. SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA. SÚMULA 156 DO STJ. 1. Segundo decorre do sistema normativo específico (art. 155, II, § 2º, IX, b e 156, III da CF, art. 2º, IV, da LC 87/96 e art. 1º, § 2º, da LC 116/03), a delimitação dos campos de competência tributária entre Estados e Municípios, relativamente à incidência de ICMS e de ISSQN, está submetida aos seguintes critérios: (a) sobre operações de circulação de mercadoria e sobre serviços de transporte interestadual e internacional e de comunicações incide ICMS; (b) sobre operações de prestação de serviços compreendidos na lista de que trata a LC 116/03 (que sucedeu ao DL 406/68), incide ISSQN; e (c) sobre operações mistas, assim entendidas as que agregam mercadorias e serviços, incide o ISSQN sempre que o serviço agregado estiver compreendido na lista de que trata a LC 116/03 e incide ICMS sempre que o serviço agregado não estiver previsto na referida lista. 2. As operações de composição gráfica, como no caso de impressos personalizados e sob encomenda, são de natureza mista, sendo que os serviços a elas agregados estão incluídos na Lista Anexa ao DecretoLei 406/68 (item 77) e à LC 116/03 (item Fl. 445DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11516.002719/200695 Acórdão n.º 3403001.982 S3C4T3 Fl. 443 7 13.05). Consequentemente, tais operações estão sujeitas à incidência de ISSQN (e não de ICMS), Confirmase o entendimento da Súmula 156/STJ: "A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS." Precedentes de ambas as Turmas da 1ª Seção. 3. Recurso especial provido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (grifo nosso) 2 A decisão exarada pela DRJ não apresenta relação antagônica com o exposto no precedente, seja pelo fato de não versarem sobre os mesmos tributos, ou ainda por tratarem de situações fáticas distintas. Vejase que a decisão do STJ não trata de industrialização, mas simplesmente de composição gráfica, o que, como já se esclareceu aqui, não corresponde ao caso narrado nestes autos. Igualmente, os demais precedentes administrativos e judiciais apresentados pela recorrente, como já avaliou o julgador de primeira instância (o que se endossa), não guardam relação lógica com o caso analisado no presente processo, seja porque se referem à distinção entre mercadoria e serviço para efeito de ICMS/ISS(QN), porque versam sobre diplomas à luz da ordem constitucional anterior, ou mesmo porque tratam de situações de fato distintas da aqui apresentada. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado, mantendo a decisão de piso. Rosaldo Trevisan 2 STJ, Primeira Seção, REsp n. 1.092.206/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, unânime, j. 11/03/2009, p. DJe 23/03/2009. Fl. 446DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10950.003055/2006-90
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 19 00:00:00 UTC 2003
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, não havendo a possibilidade de cogitar-se a existência de um produto final na ausência do insumo. Uniformes e equipamentos de proteção individual não constituem insumos para uma empresa fabricante e revendedora de adubos e fertilizantes.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. SERVIÇOS VINCULADOS A AQUISIÇÕES DE BENS COM ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE.
É possível o creditamento em relação a serviços sujeitos a tributação (transporte, carga e descarga) efetuados em/com bens não sujeitos a tributação pela contribuição.
Numero da decisão: 3403-001.941
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito à tomada de crédito em relação ao frete sobre serviços de transporte e em relação aos serviços de desembaraço/desestiva. Vencido o Cons. Robson José Bayerl, que votou por negar provimento na íntegra.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, não havendo a possibilidade de cogitarse a existência de um produto final na ausência do insumo. Uniformes e equipamentos de proteção individual não constituem insumos para uma empresa fabricante e revendedora de adubos e fertilizantes. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. SERVIÇOS VINCULADOS A AQUISIÇÕES DE BENS COM ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. É possível o creditamento em relação a serviços sujeitos a tributação (transporte, carga e descarga) efetuados em/com bens não sujeitos a tributação pela contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito à tomada de crédito em relação ao frete AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 30 55 /2 00 6- 90 Fl. 177DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 sobre serviços de transporte e em relação aos serviços de desembaraço/desestiva. Vencido o Cons. Robson José Bayerl, que votou por negar provimento na íntegra. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente sobre PER/DCOMP (fls. 31 a 6) relativo a crédito de Contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativa referente ao 1o trimestre de 2005, no valor de R$ 17.290,63. Ao analisar a solicitação (fls. 45 a 90), a unidade local reconhece parcialmente o direito creditório (R$ 5.728,23) homologando, na parte reconhecida, as compensações requeridas. As parcelas não reconhecidas referemse a: a) creditamento de aquisições de bens que não podem ser caracterizados como insumos (conta “uniformes e epi cif”); e b) aproveitamento de créditos sobre gastos com serviços sem previsão legal (contas “fretes s/ compras estoques”, “desembaraço/desestiva estoques”, “fretes s/ comprascif”), vinculados a aquisições de matérias primas com alíquota zero. Cientificada da decisão da unidade local (em 16/6/2011 fl. 63), a empresa apresenta manifestação de inconformidade (em 30/6/2011 fls. 64 a 91). Na peça apresentada, sustenta que: a) o princípio constitucional da nãocumulatividade garante à contribuinte o direito de compensar em cada operação o montante de IPI, ICMS, Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins relativos às operações anteriores, sendo impossível sua modulação pelo legislador ordinário; b) o conceito de insumo constante das Instruções Normativas da RFB (então SRF) no 247/2002 e 404/2004 é demasiadamente restritivo, uma vez que veda o direito ao aproveitamento de créditos relacionados a insumos essenciais à atividade industrial, e deve ser afastado, assim como a Lei no 10.637/2002, pois tais normas infraconstitucionais não podem estabelecer vedações ao aproveitamento de crédito; c) o CARF tem entendido que o conceito de insumo para efeito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser o do IR, e não o do IPI, o que abarca os uniformes e equipamentos de proteção individual epi’s; e d) o inciso II do § 2o do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 deve ser analisado à luz do art. 17 da Lei no 11.033/2004 (que trata da manutenção de créditos em relação a vendas efetuadas com alíquota zero). Em 4/11/2011, no julgamento de primeira instância (fls. 132 a 141), acorda se que: a) “não existe previsão legal expressa para o cálculo de crédito sobre o valor do frete na aquisição e dos custos/despesas com desembaraço/desestiva, sendo permitido apenas quando o 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 178DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10950.003055/200690 Acórdão n.º 3403001.941 S3C4T3 Fl. 178 3 bem adquirido for passível de creditamento, já que tais despesas compõem o custo de aquisição”; b) “no cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, o sujeito passivo somente poderá descontar créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços”; e c) “as instâncias administrativas são incompetentes para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Cientificada da decisão em 16/1/2012 (fl. 144), a empresa apresenta recurso voluntário em 15/2/2012 (fls. 145 a 173), basicamente reiterando os argumentos expostos na manifestação de inconformidade, sobre a impossibilidade de modulação infraconstitucional do princípio da nãocumulatividade, sobre o conceito restritivo de insumos estabelecido nas normas infralegais da RFB (advindo do IPI), em desacordo com o posicionamento do CARF (pautado pelo IR), e sobre o entendimento de que o art. 17 da Lei no 11.033/2004 revogou o inciso II do § 2o do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 e, portanto, a aquisição de serviços (frete / desestiva) vinculados à compra de bens sujeitos à alíquota zero não inibe o direito ao crédito de Contribuição para o PIS/Pasep e de Cofins. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Dos três pontos atacados no Recurso Voluntário, impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF do primeiro, que sustenta ser a não cumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas pelas Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 e pelas IN SRF no 247/2002 e 404/2004. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, e a verificação de compatibilidade entre o art. 17 da Lei no 11.033/2004 e o inciso II do § 2o do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003. Do conceito de insumo O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 Fl. 179DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF, sendo uma delas inclusive mencionada no Recurso Voluntário, cabendo ressaltar que ainda não há posicionamento assentado nesta corte administrativa sobre a matéria). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado na legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da Cofins nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Poderseia aí argumentar que a lei desbordou do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, reiterase que este tribunal carece de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril. Não poderia cogitarse a existência de um produto final na ausência do insumo. A recorrente é empresa dedicada à fabricação e venda de adubos e fertilizantes. Não há dúvida, por exemplo, ao afirmarse que a matériaprima utilizada na confecção dos adubos e fertilizantes constitui insumo. Contudo, entre a zona de certeza positiva e a de certeza negativa (uma cesta de natal entregue pela empresa a um funcionário certamente não constitui um insumo) existe uma zona de “penumbra” (GENARO CARRIÓ2), na qual só a análise do caso concreto, das atividades da empresa e do processo produtivo permitirá um enquadramento mais preciso. A glosa (mantida pelo julgador a quo) é efetuada em relação às despesas com uniformes e equipamentos de proteção individual. 2 In Notas Sobre Derecho y Lenguaje. 5 ed. Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2006, p. 55 e ss. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10950.003055/200690 Acórdão n.º 3403001.941 S3C4T3 Fl. 179 5 No recurso voluntário, a empresa argumenta que o termo “insumo” abrange, além das despesas diretas: “[...] todas as depesas indiretas incorridas para a obtenção de receita, como, por exemplo: os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, inclusive com o pessoal das áreas de vendas, marketing, distribuição, administrativo interno de vendas,comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, fretes sobre compras, desembaraço/desestiva, impressos, material de escritório, uniformes, epi’s, etc, além daquelas despesas administrativas propriamente ditas [...]” Não é preciso muito esforço para perceber que tal posicionamento não se coaduna com a disposição legal que trata da matéria. Nas relações não exaustivas apresentadas pela recorrente encontramse somente zonas de certeza negativa em relação à lei que rege a matéria. Sequer se visualiza “zona de penumbra”. Todas as atividades relacionadas podem até ter alguma relação com o objeto social da empresa (fabricação e venda de adubos e fertilizantes), mas não com o processo produtivo/fabril. Não há, assim, como acatar a tese da recorrente, no sentido de um alargamento do conceito de insumos que transbordaria o dispositivo legal que rege a matéria. Não se acolhe, destarte, a argumentação de que uniformes e equipamentos de proteção individual constituam insumos para uma empresa fabricante e revendedora de adubos e fertilizantes, pela inexistência de vínculo de tais itens com o processo produtivo/fabril. Do creditamento em relação a serviços relacionados a bens adquiridos com alíquota zero Pleiteia ainda a recorrente o creditamento em relação a três contas, intituladas “fretes s/ compras estoques”, “desembaraço/desestiva estoques”, e “fretes s/ comprascif”. Instada a explicitar as referidas contas, indicando as razões pelas quais considerou como geradores de crédito da contribuição os dispêndios nelas registrados, a empresa (fls. 38 e 39) assim esclareceu seu conteúdo, classificando as despesas como “serviços utilizados como insumos”, albergados pelas Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003: “Serviços Utilizados como insumos Fretes s/ compras estoques Aquisição de serviços de transporte das compras de insumos. Serviços Utilizados como insumos Desembaraço/desestiva Aquisição de serviços de carga e descarga da compra de insumos. Serviços Utilizados como insumos Fretes s/ compras (CIF) Aquisição de serviços de transporte das compras de insumos.” (grifos no original) Fl. 181DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 6 A fiscalização não reconhece o crédito por ausência de amparo normativo, e afirma que o frete e as referidas despesas integram o custo de aquisição do bem, sujeito à alíquota zero (por força do art. 1o da Lei no 10.925/2004), o que inibe o creditamento, conforme a vedação estabelecida pelo inciso II do § 2o do art. 3o da Lei no 10.637/2002 (em relação à Contribuição para o PIS/Pasep), e pelo inciso II do § 2o do art. 3o da Lei no 10.833/2003 (em relação à Cofins): “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 2o Não dará direito a crédito o valor: (...) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei no 10.865, de 2004)” Contudo, é de se observar que o comando transcrito impede o creditamento em relação a bens não sujeitos ao pagamento da contribuição e serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Não trata o dispositivo de serviços sujeitos a tributação efetuados em/com bens não sujeitos a tributação (o que é o caso do presente processo). Improcedente assim a subsunção efetuada pelo julgador a quo no sentido de que o fato de o produto não ser tributado “contaminaria” também os serviços a ele associados. Vejase que é possível um bem não sujeito ao pagamento das contribuições ser objeto de uma operação de transporte tributada. E que o dispositivo legal citado não trata desse assunto. A recorrente questiona ainda a vigência do inciso II do § 2o do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003, afirmando que tais dispositivos foram revogados pelo art. 17 da Lei no 11.033/2004, que dispõe: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.” Nesse ponto, como já esclarecido pelo julgador a quo, o art. 17 da Lei no 11.033/2004 não revoga nem o inciso II do § 2o do art. 3o da Lei no 10.637/2002, nem o inciso II do § 2o do art. 3o da Lei no 10.833/2003. Enquanto o comando da Lei no 11.033/2004 permite à empresa que adquire um produto tributado pelas contribuições mantenha o crédito mesmo que a venda se dê de forma não tributada, os dois outros dispositivos (Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003) vedam o creditamento da contribuição para bens e serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição na aquisição. Assim, as Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 impedem o creditamento no caso de a aquisição de bens ou serviços não estar sujeita ao pagamento da contribuição. E a Lei no 11.033/2004 não gera direito a novo crédito (contrapondo a vedação), mas tãosomente permite a manutenção dos créditos (se existentes), no caso de venda efetuada com suspensão, isenção, alíquota zero ou nãoincidência das contribuições. Vejase que, no caso em questão, em face da inexistência de vedação no dispositivo legal analisado, era (e continua sendo) Fl. 182DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10950.003055/200690 Acórdão n.º 3403001.941 S3C4T3 Fl. 180 7 possível o creditamento em relação a serviços tributados efetuados em/com bens não sujeitos a tributação pela contribuição. Improcedente assim a afirmação de que houve revogação dos dispositivos que estabelecem a vedação de creditamento, o que, contudo, não prejudica, como exposto, o direito ao creditamento. É relevante destacar, por fim, que a segunda motivação alegada pela fiscalização para o não reconhecimento do crédito, de que somente os fretes nas operações de venda é que seriam ensejadores de crédito, merece aparas. Também as despesas com frete nas operações de compra de insumos podem gerar créditos (compondo o custo de aquisição do bem), como decidiu recentemente esta turma, de forma unânime, cabendo reproduzir abaixo excerto do voto condutor: “[...] na sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, os dispêndios da pessoa jurídica com a contratação de frete podem se situar em três diferentes posições: (a) se na operação de venda, constituirá hipótese específica de creditamento, referida pelo art. 3o, inciso IX; (b) se associado à compra de matériasprimas, materiais de embalagem ou produtos intermediários, integrará o custo de aquisição e, por este motivo, dará direito de crédito em razão do previsto no artigo 3o, inciso I; e (c) finalmente, se respeitar ao trânsito de produtos inacabados entre unidades fabris do próprio contribuinte, será catalogável como custo de produção (RIR, art. 290) e, portanto, como insumo para os fins do inciso II do mesmo artigo 3o.” 3 (grifo nosso) Destaquese, por fim, que o fato de o serviço compor o custo de aquisição dos bens utilizados como insumos não opera uma transformação da natureza dos serviços tributados em bens não tributados, impossibilitando o creditamento. “Integrar o custo de aquisição do bem adquirido” difere de “integrar o tratamento tributário do bem adquirido”. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao creditamento em relação aos serviços sujeitos a tributação (transporte, carga e descarga) efetuados em/com bens não sujeitos a tributação, referidos nas três contas intituladas “fretes s/ compras estoques”, “desembaraço/desestiva estoques”, e “fretes s/ comprascif” (que, em que pese a denominação inadequada, foram explicadas pela recorrente como sendo referentes a “aquisição de serviços de transporte das compras de insumos” e “serviços utilizados como insumos desembaraço/desestiva”). Rosaldo Trevisan 3 Acórdão n. 3403001.556, Rel. Cons. Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.abr.2012. Fl. 183DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 8 Fl. 184DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 19311.720005/2011-38
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 31/01/2007 a 31/12/2010
Ementa:
CONCOMITÂNCIA ENTRE A VIA ADMINISTRATIVA E A JUDICIAL. RENÚNCIA. SÚMULA CARF N. 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS DE MORA. CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N. 5.
São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.
Numero da decisão: 3403-001.782
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 31/01/2007 a 31/12/2010 Ementa: CONCOMITÂNCIA ENTRE A VIA ADMINISTRATIVA E A JUDICIAL. RENÚNCIA. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N. 5. São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.
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RENÚNCIA. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N. 5. São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 00 05 /2 01 1- 38 Fl. 502DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre Auto de Infração lavrado para prevenção de decadência, nos termos do art. 63 da Lei no 9.430/1996, em razão de o contribuinte reduzir o IPI devido, creditandose de aquisições não oneradas pelo imposto, amparado pelo Mandado de Segurança no 2002.61.05.0053680 (ainda não julgado definitivamente), e na Medida Cautelar incidental no 19575/SP. O início da ação fiscal é cientificado à empresa em 08/07/2010 (fls. 5), seguindose a apresentação de documentos, entre os quais se destaca: (a) a cópia do Mandado de Segurança no 2002.61.05.0053680 (fls. 40 a 62), que busca o aproveitamento de créditos de IPI advindos de entradas de insumos isentos, sujeitos a alíquota zero ou a não incidência; (b) decisão interlocutória concedendo tutela liminar favorável ao pleito (fls. 63 e 64); (c) excerto da sentença de primeira instância (fls. 65 a 74), (d) solicitação de medida liminar (após julgamento em segunda instância pelo TRF da 3a Região, negando provimento ao pleito da empresa e provendo recurso da União) informando a interposição de Recursos Especial e Extraordinário, e demandando direito de imediato creditamento de IPI na aquisição de insumos isentos (provenientes da Zona Franca de Manaus), com a suspensão da exigibilidade dos créditos já compensados e a serem compensados (fls. 75 a 93); e (e) decisão deferindo medida liminar para conceder efeito suspensivo ao RE, no que se refere a insumos adquiridos com isenção (fls. 94 a 98). Em 16/03/2011 é lavrada a autuação para prevenção da decadência (fls. 204 a 231), narrandose que a empresa utilizouse de crédito presumido do IPI apurado na aquisição de insumo isento (proveniente da Zona Franca de Manaus) em desacordo com a legislação de tal imposto (CF/1988, art. 153, § 3o, II; Lei no 9.779/1999, art. 11; e Parecer PGFN no 405/2003). Cientificada da autuação ainda em 16/03/2011 (fls. 231), a empresa apresenta impugnação em 14/04/2011 (fls. 234 a 449), alegando nulidade da autuação por estar a autoridade administrativa impedida de lavrar o auto de infração em função da suspensão deferida liminarmente pelo STF à empresa, e não cabimento da aplicação de juros de mora (por não haver infração a norma fiscal). No mérito, são endossados os argmentos utilizados em juízo. O julgamento de primeira instância, realizado em 16/05/2011 (fls. 455 a 459), sustenta a legalidade (e a obrigatoriedade, face à vinculação fiuncional) da autuação destinada a prevenir a decadência, e a exigibilidade dos juros de mora (à exceção das hipóteses em que ocorre o depósito do montante integral). Não ocorre análise de mérito, em virtude da concomitância entre o processo administrativo e o judicial. Cientificada da decisão da DRJ em 22/07/2011 (fls. 464), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 16/08/2011 (fls. 465 a 491), reiterando a argumentação expendida na fase de impugnação, e acrescentando que a decisão da DRJ é nula, por deixar de Fl. 503DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 19311.720005/201138 Acórdão n.º 3403001.782 S3C4T3 Fl. 502 3 se pronunciar sobre questões fundamentais aduzidas na peça de defesa, notadamente quanto aos créditos de IPI originados de aquisições de insumos isentos, e que não há concomitância entre o processo administrativo e o judicial, pois o questionamento em juízo ocorreu antes da lavratura da autuação (sendo que o Ato Declaratório Normativo COSIT no 3/1996, além de ser de aplicação interna da RFB, viola direito assegurado constitucionalmente). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No presente processo, há que se discutir preliminarmente a existência de concomitância entre o processo administrativo e o judicial. Em caso negativo, apresentarseia cabível o seguimento da análise da argumentação de mérito. No que se refere ao conteúdo, é inegável que o objeto discutido administrativamente é idêntico àquele demandado em juízo. Isso é assente nos autos. A controvérsia paira no aspecto temporal. A recorrente afirma que a concomitância ocorreria se a demanda de tutela jurisdicional se desse apenas após a autuação em sede administrativa. Sustenta ainda que o Ato Declaratório Normativo COSIT no 3/1996 (reproduzido abaixo), além de ser de aplicação interna da RFB, viola direito assegurado constitucionalmente. “a) a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto; b) consequentemente, quando diferentes os objetos do processo judicial e do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona à matéria diferenciada (p.ex., aspectos formais do lançamento, base de cálculo etc.); c) no caso da letra "a", a autoridade dirigente do órgão onde se encontra o processo não conhecerá de eventual petição do contribuinte, proferindo decisão formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da decisão recorrida,se for o caso, encaminhando o processo para a cobrança do débito, ressalvada a eventual aplicação do disposto no art. 149 do CTN; d) na hipótese da alínea anterior, não se verificando a ressalva ali contida, procederseá a inscrição em dívida ativa, deixando se de fazêlo, para aguardar o pronunciamento judicial, somente quando demonstrada a ocorrência do disposto nos incisos II Fl. 504DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 (depósito do montante integral do débito) ou IV (concessão de medida liminar em mandado de segurança),do art. 151, do CNT; e) é irrelevante, na espécie, que o processo tenha sido extinto, no Judiciário, sem julgamento do mérito (art. 267 do CPC).” (grifo nosso) Em que pese a afirmação de ser o Ato Declaratório Normativo COSIT no 3/1996 de aplicação interna, ele reflete um entendimento comungado por este colegiado, entendimento esse que resultou na Súmula CARF de no 1: “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” (grifo nosso) Também sumulou este tribunal administrativo que eventual violação a dispositivo constitucional exorbita da seara contenciosa administrativa: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Assim, além de improcedente a alegação de que inexiste concomitância entre o processo administrativo e o judicial, é de se descartar ainda a argumentação de nulidade da decisão proferida pelo julgador a quo, por ter deixado de se pronunciar sobre questões entendidas pela recorrente como fundamentais, notadamente quanto aos créditos de IPI originados de aquisições de insumos isentos. Verificado que há concomitância entre os processos administrativo e judicial, não só o julgador a quo estava correto em não analisar o mérito da matéria objeto de demanda judicial, como também este tribunal administrativo o fará. Configurada a renúncia à instância administrativa, limitase este tribunal a se pronunciar sobre as matérias diversas das tratadas judicialmente. A título ilustrativo, informe se que, em consulta à situação do processo judicial, verificase que está sobrestado desde 14/06/2012, em função do reconhecimento de repercussão geral no RE no 592.891/SP (tema 322). Por derradeiro, é de se destacar que a concomitância resta clara na própria autuação, que é feita em obediência ao ditame do art. 63 da Lei no 9.430/1996. Tal artigo, além de evidenciar a natureza da autuação (prevenção da decadência), explicita o descabimento de multa de ofício ao caso, mas não dos juros de mora, como propugna a recorrente. É de se destacar que também a exigência dos juros de mora em relação a tributos com exigibilidade suspensa é matéria pacificada nesta corte administrativa: “Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.” (grifo nosso) Fl. 505DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 19311.720005/201138 Acórdão n.º 3403001.782 S3C4T3 Fl. 503 5 Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, com a consequente manutenção do crédito tributário constituído. Rosaldo Trevisan Fl. 506DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 11131.720822/2013-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 14/08/2008, 12/06/2009
ADMISSÃO EM REPETRO. INCOTERM®. VALORAÇÃO ADUANEIRA. NEGATIVA DE ESSENCIALIDADE/RELEVÂNCIA.
Na admissão temporária de embarcações no regime de REPETRO, por arrendamento, sem compra e venda, a informação prestada sobre o INCOTERM®, no momento da admissão no regime, não é essencial nem determinante para definição do valor aduaneiro, como imputado pela fiscalização, visto que nas operações distintas da compra e venda não se aplica o primeiro método de valoração, e que caso ocorra um descumprimento do regime, o valor inicialmente informado na admissão não vincula a valoração da nacionalização, cabendo o registro adicional de que, no caso em análise, mesmo depois da ação fiscal, seguida de conjecturas sobre a possibilidade de afetação do valor, acatou-se o valor aduaneiro informado.
Numero da decisão: 3401-005.290
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Marcos Roberto da Silva (suplente), Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PETROBRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 14/08/2008, 12/06/2009 ADMISSÃO EM REPETRO. INCOTERM®. VALORAÇÃO ADUANEIRA. NEGATIVA DE ESSENCIALIDADE/RELEVÂNCIA. Na admissão temporária de embarcações no regime de REPETRO, por arrendamento, sem compra e venda, a informação prestada sobre o INCOTERM®, no momento da admissão no regime, não é essencial nem determinante para definição do valor aduaneiro, como imputado pela fiscalização, visto que nas operações distintas da “compra e venda” não se aplica o primeiro método de valoração, e que caso ocorra um descumprimento do regime, o valor inicialmente informado na admissão não vincula a valoração da nacionalização, cabendo o registro adicional de que, no caso em análise, mesmo depois da ação fiscal, seguida de conjecturas sobre a possibilidade de afetação do valor, acatouse o valor aduaneiro informado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 13 1. 72 08 22 /2 01 3- 64 Fl. 2255DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Marcos Roberto da Silva (suplente), Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 61, lavrado em 30/06/2013, para exigência de multa por informação incorreta do INCOTERM utilizado, prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, em valor de R$ 7.512.815,00, nas declarações de importação (DI) no 08/12516332 e no 09/07412119, conforme detalhamento em Relatório de Encerramento da Ação Fiscal (REAF). No REAF (fls. 10 a 28), narra a fiscalização que: (a) em verificação da exatidão das informações prestadas nas duas DI citadas, que tratam de importações de dois navios transportadores de gás natural liquefeito (GNL), equipados com planta de regaseificação, sob o regime especial de admissão temporária, e após análise dos contratos de afretamento, foram identificados pontos relevantes para definição dos INCOTERMS, e demandados outros documentos; (b) pelas informações prestadas pela empresa, concluise que o INCOTERM declarado (FCA) não reflete a realidade da operação, e que deveria ter sido utilizado algum INCOTERM do Grupo “D” (o INCOTERM que reflete a realidade contratual é o “DDP”, considerando que os contratos estabelecem que os exportadores estrangeiros proprietários das embarcações respondem inclusive pelos tributos aduaneiros no desembaraço no local de destino dos bens – Brasil – cf. cláusulas 2.15 a 2.19 dos contratos de afretamento); (c) intimada a esclarecer o INCOTERM utilizado, a empresa informou que “dada a complexidade do contrato, não existe um INCOTERM que traduza perfeitamente a situação fática praticada sob os termos contratuais”; e (d) o INCOTERM é uma informação essencial para definição das responsabilidades dos intervenientes nas operações de comércio internacional, inclusive determinante para aferição as parcelas componentes do valor aduaneiro, sendo, por consequência, exigível a multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, no percentual de 1% do valor da mercadoria. Ciente da autuação em 17/07/2013 (fl. 2094), a empresa apresentou impugnação em 16/08/2013 (fls. 2097 a 2106), sustentando, basicamente, que: (a) a fiscalização entendeu de forma equivocada que, à luz dos contratos firmados entre a empresa e os exportadores das embarcações, os INCOTERMS aplicáveis à espécie não seriam do Grupo “F” (mais especificamente o INCOTERM “FCA, declarado), mas do Grupo “D” (sendo que o INCOTERM “DDP”, que sequer é aceito pela RFB, conforme Manual de Importação constante do sítio web do órgão, refletiria, segundo a fiscalização, a realidade contratual encontrada); (b) a substância deve prevalecer sobre a forma, e o INCOTERM “FCA” era o que mas se aproximava das condições contratuais, tendo sido a própria empresa a titular dos despachos de importação dos navios; (c) as embarcações ingressaram no país sob o regime de admissão temporária, com suspensão total de tributos incidentes, caso em que o valor aduaneiro, ainda que tivesse sido apurado de forma equivocada, não ocasionaria prejuízo ao fisco, ou ao controle aduaneiro; (d) há precedente (Acórdão DRJ FOR 0825.741, de 12/06/2013 – processo administrativo no 11762.720090/201203), no sentido de que somente se aplica a multa de um por cento ao beneficiário do regime que prestar de forma inexata ou incompleta informação de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 2256DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.256 3 natureza administrativotributária, cambial ou comercial, se ficar demonstrado o prejuízo à determinação do controle aduaneiro apropriado. Em 02/02/2017 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 2176 a 2183), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) nas DI objeto do lançamento, embora o importador tenha informado o INCOTERM “FCA”, segundo o qual o custo do frete seria por suas expensas, não houve qualquer informação de frete ou seguro nos campos apropriados, e a legislação aplicável determina que a informação correta destes valores é de extrema importância, já que há previsão legal para que os gastos relativos ao transporte e seguro da mercadoria importada, até a chegada ao porto de descarga integrem o valor aduaneiro; (b) a informação do INCOTERM é necessária a determinação do controle aduaneiro apropriado tanto que a IN RFB no 680/2006, que disciplina o despacho de importação, em seu anexo único estabelece a exigência de tal informação; (c) o fato de não ser admissível o INCOTERM “DDP” no Brasil não isenta o importador do erro; (d) o fato de o importador ter registrado a DI não enseja a conclusão de que o INCOTERM mais apropriado seria o “FCA”; e (e) a jurisprudência administrativa não apresenta caráter vinculante, salvo nos casos expressos em lei. Após a ciência da decisão de piso, em 13/02/2017 (fl. 2190), a empresa apresentou recurso voluntário em 14/03/2017 (fls. 2194 a 2206), reiterando os argumentos expostos na impugnação, e acrescentando que eventual equívoco na indicação do INCOTERM não tem o condão de, por si só, caracterizar prejuízo ao controle aduaneiro, cabendo à fiscalização demonstrar o prejuízo alegado, como vem decidindo o CARF (mencionando os Acórdãos no 3402002.358, no 3401002.543 e no 3302003.198), e o Poder Judiciário (justamente em relação a INCOTERM, em caso análogo ao aqui discutido REsp no 1.632.351CE). O processo foi encaminhado ao CARF, sendo a mim distribuído, por sorteio, em abril de 2018. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso voluntário atende os requisitos de admissibilidade, dele se tomando conhecimento. Há apenas um tema contencioso, nos autos: a imputação da multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, com o acréscimo trazido pelo art. 69 da Lei no 10.833/2003: “Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: Fl. 2257DF CARF MF 4 I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou (...)” “Art. 69. A multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a 10% (dez por cento) do valor total das mercadorias constantes da declaração de importação. § 1o A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 2o As informações referidas no § 1o, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo: I identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação: importador/exportador; adquirente (comprador)/fornecedor (vendedor), fabricante, agente de compra ou de venda e representante comercial; II destinação da mercadoria importada: industrialização ou consumo, incorporação ao ativo, revenda ou outra finalidade; III descrição completa da mercadoria: todas as características necessárias à classificação fiscal, espécie, marca comercial, modelo, nome comercial ou científico e outros atributos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal que confiram sua identidade comercial; IV países de origem, de procedência e de aquisição; e V portos de embarque e de desembarque.” (grifo nosso) Afirma a fiscalização que a empresa, ao admitir duas embarcações (navios tanque – código NCM 8901.20.00) no regime aduaneiro especial de REPETRO, com suspensão total da exigibilidade de tributos, informou que os INCOTERMS foram FCA, e que, analisando os contratos correspondentes, verificase que a operação não se enquadra nos INCOTERMS do Grupo “F”, mas do Grupo “D”, adicionando que a informação a respeito do INCOTERM é fundamental na determinação do valor aduaneiro das mercadorias e da responsabilidade perante a legislação aduaneira brasileira. As declarações de importação DI no 08/12516332 (fls. 131 a 133), registrada em 14/08/2008, e DI no 09/07412119 (fls. 188 a 190), registrada em 12/06/2009, trazem, respectivamente, as seguintes informações: Fl. 2258DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.257 5 É incontroverso, assim, que o INCOTERM declarado foi o “FCA”. Paira o contencioso, então, na análise de duas variáveis: (a) se o INCOTERM utilizado foi incorreto; e (b) se a informação do INCOTERM correto é necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, para os fins a que se refere o art. 69 da Lei no 10.833/2003, no caso em apreço. Antes de empreender a análise de tais variáveis, no entanto, cabe tecer algumas considerações sobre os INCOTERMS®, que passaremos, em nosso voto, a informar com o acompanhamento do símbolo de registro, como o faz a entidade criadora, a “Câmara de Comercio Internacional” (CCI)/“International Chamber of Commerce” (ICC), inclusive em seu sítio web (https://iccwbo.org), e como fizemos em estudo recente (O imposto de importação e o Direito Aduaneiro Internacional, LEX/Aduaneiras, 2018, p. 290292), de onde extraímos os esclarecimentos a seguir. Os INCOTERMS® são termos internacionais de comércio propostos pela CCI/ICC com o objetivo de facilitar o comércio entre vendedores e compradores de diferentes países, delimitando objetivamente as responsabilidades e custos de cada um. Tais regras não constituem normas internacionais em sentido estrito, nem são de observância obrigatória, e não derivam de um acordo internacional entre países, mas de uma elaboração vinda do setor comercial.2 2 A ICC é uma entidade não governamental, fundada em 1919, e que hoje agrupa centenas de milhares de companhias e associados em mais de 120 países. A câmara busca criar formas de simplificação e padronização de práticas comerciais, nas mais variadas áreas, sendo, os INCOTERMS®, um de seus produtos mais notórios e aplicados mundialmente. A primeira edição dos INCOTERMS® foi veiculada em 1936, e, de tempos em tempos, a ICC publica novas versões, de modo a refletir as mudanças nas práticas de comércio. Após as versões subsequentes, de 1953, 1967, 1976, 1980, 1990, e 2000, chegase à atual, publicada em 2010, e em aplicação desde 01/01/2011. Sobre o histórico dos INCOTERMS®, remetese a Ângelo Luiz LUNARDI, principal Fl. 2259DF CARF MF 6 A versão atual dos INCOTERMS®, de 2010, veiculada pela Publicação no 715, da ICC, contém 11 termos de comércio, subdivididos em 4 Grupos. No Grupo E – “de partida”, ou de “mínima obrigação para o exportador”, a mercadoria é entregue ao comprador no estabelecimento do vendedor, com apenas um termo: EXW (Ex Works);3 No Grupo F – de “transporte principal não pago pelo exportador” – a mercadoria é entregue a um transportador internacional indicado pelo comprador, com três termos: FCA (Free Carrier), FAS (Free Alongside Ship) e FOB (Free on Board);4 No Grupo C – de “transporte principal pago pelo exportador” – o vendedor contrata o transporte, sem assumir riscos por perdas ou danos às mercadorias ou custos adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho, havendo diferença de amplitude entre custos e riscos; com quatro termos: CFR (Cost and Freight), CIF (Cost, Insurance and Freight), CPT (Carriage paid to), e CIP (Carriage and Insurance paid to); e5 Por fim, no Grupo D – de “chegada”, ou de “máxima obrigação para o exportador” – o vendedor se responsabiliza por todos os custos e riscos para colocar a tradutor, no Brasil, dos termos, visto que, por não constituírem rigorosamente normas, mas “standards”/padrões, os INCOTERMS® não são, oficialmente, publicados em língua portuguesa, mas comercializados por quem detém os direitos correspondentes. LUNARDI apresenta a história dos INCOTERMS® e de seu principal “rival”, bem menos popular, as “American Foreign Trade Definitions”/“Definições Americanas de Comércio Exterior”, atestando a indiscutível aceitação universal dos temos existentes – Condições de Compra e Venda – INCOTERMS® 2010, p. 3031. A história dos INCOTERMS® pode ainda ser visualizada, de forma mais detalhada, no sítio eletrônico da ICC, disponível em: <http://www.iccwbo.org/productsandservices/trade facilitation/incoterms2010/historyoftheincotermsrules/>, acesso em: 03 jul. 2016. 3 No termo EXW, utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor limitase a colocar a mercadoria à disposição do comprador no seu domicílio, no prazo estabelecido, não se responsabilizando pelo desembaraço para exportação nem pelo carregamento da mercadoria em qualquer veículo coletor. A Resolução CAMEX no 21, de 07/04/2011, estabelece, ainda, que, em virtude de o comprador estrangeiro não dispor de condições legais para providenciar o desembaraço para saída de bens do país, fica subentendido que esta providência é adotada pelo vendedor, sob suas expensas e riscos, no caso da exportação brasileira. 4 No termo FCA, utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando entrega a mercadoria, desembaraçada para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado do país de origem. No termo FAS, utilizável exclusivamente no transporte aquaviário, marítimo ou hidroviário interior, o vendedor encerra suas obrigações no momento em que a mercadoria é colocada, desembaraçada para exportação, ao longo do costado do navio transportador indicado pelo comprador, no cais ou em embarcações utilizadas para carregamento da mercadoria, no porto de embarque nomeado pelo comprador. E, no termo FOB, também utilizável exclusivamente no transporte aquaviário, o vendedor encerra suas obrigações e responsabilidades quando a mercadoria, desembaraçada para a exportação, é entregue, arrumada, a bordo do navio, no porto de embarque, ambos indicados pelo comprador, na data ou dentro do período acordado. 5 No termo CFR, utilizável exclusivamente no transporte aquaviário, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete e custos necessários para levar a mercadoria até o porto de destino combinado. No termo CIF, igualmente utilizável somente no transporte aquaviário, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o porto de destino combinado. No termo CPT, utilizável em qualquer modalidade de transporte, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA, o vendedor contrata e paga frete e custos necessários para levar a mercadoria até o local de destino combinado. E, por fim, no termo CIP, também utilizável em qualquer modalidade de transporte, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o local de destino combinado. Fl. 2260DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.258 7 mercadoria no local de destino, com três termos: DAT (Delivered at Terminal), DAP (Delivered at Place) e DDP (Delivered Duty paid).6 Assim, em vez de ser redigido um contrato de diversas páginas para indicar os riscos e as responsabilidades das partes, utilizase um simples código, com três letras, que é suficiente para esclarecer todos esses atributos, inclusive em caráter internacional. E, por mais que não constituam norma, nem sejam de observância obrigatória, os INCOTERMS® são adotados na quase totalidade das operações comerciais, mundialmente, revelando a força e a importância da “lex mercatoria”, no comércio internacional, e são citados nas legislações, que pressupõem seu conhecimento. No Brasil, a Resolução CAMEX no 21/2011, apesar de informar que, nas exportações e importações brasileiras, “... serão aceitas quaisquer condições de venda praticadas no comércio internacional, desde que compatíveis com o ordenamento nacional”, faz expressa menção individualizada aos INCOTERMS®, demandando o preenchimento de um campo, na declaração de importação, com três dígitos.7 E o Regulamento Aduaneiro brasileiro faz menção explícita aos termos FOB (artigo 153) e CIF (artigo 190). Daí sua importância para o imposto de importação, porque a identificação precisa da operação, inclusive no que se refere a elementos a adicionar ou excluir da base de cálculo do imposto, depende do conhecimento do termo eventualmente utilizado. Voltando ao caso em análise, percebemos que os fatos narrados se referem a 2008 e 2009, quando eram aplicados os INCOTERMS® 2000 (e não os termos de 2010, constantes de nossa explicação – os INCOTERMS® 2010, entre outras alterações, consolidaram o Grupo “D” existente em 2000, que era composto por “DAF”, “DES”, “DEQ” e “DDU”, que foram extintos, sendo criados o “DAT” e o “DAP”). Como exposto, nunca foi (e não é) obrigatória a utilização de INCOTERMS® no comércio internacional ou no comércio exterior brasileiro, e tais termos de comércio não derivam de um acordo celebrado entre governos, ou fruto de uma organização internacional 6 No termo DAT, utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, num terminal de destino nomeado – cais, terminal de contêineres ou armazém, dentre outros – descarregada do veículo transportador mas não desembaraçada para importação. No termo DAP, também utilizável em qualquer modalidade de transporte, por sua vez, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando coloca a mercadoria à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, num local de destino indicado que não seja um terminal, pronta para ser descarregada do veículo transportador e não desembaraçada para importação. E, por fim, no termo DDP, igualmente utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, no local de destino designado, no país importador, não descarregada do meio de transporte, sendo que o vendedor, além do desembaraço, assume todos os riscos e custos, inclusive impostos, taxas e outros encargos incidentes na importação, cabendo registrar que a Resolução CAMEX no 21/2011 estabelece que, em virtude de o vendedor estrangeiro não dispor de condições legais para providenciar o desembaraço para entrada de bens do País, o termo DDP não pode ser utilizado em importações brasileiras, devendo ser escolhido o DAT ou o DAP, no caso de preferência por condição disciplinada pela ICC. 7 Os três dígitos devem ser preenchidos com as letras correspondentes aos INCOTERMS®, ou com “C+F”, para ser referir a “custo mais frete”; “C+I”, para remeter a custo mais seguro, ou, ainda, “OCV”, no caso de “outra condição de venda”. Fl. 2261DF CARF MF 8 composta por participantes que sejam Estados (pessoas jurídicas de Direito Internacional Público), mas lex mercatória (derivada de avenças surgidas da própria praxe do comércio, ou por parte de representantes de comerciantes, organizados, nacional e internacionalmente). Aliás, os INCOTERMS®, em sua versão completa, não são publicados em diário oficial, mas comercializados. Tais termos de comércio, embora utilizados correntemente em grande parte do mundo, ainda não estavam positivados em ato normativo que os explicitasse individualizadamente no Brasil, como a Resolução CAMEX no 21/2011, que, após explicar os termos, convencionou siglas para condições de venda não mencionadas na publicação no 715E, de 2010, da ICC, que trata dos INCOTERMS® 2010, inclusive a genérica “OCV” (“outra condição de venda”). Resta saber se antes da referida Portaria CAMEX de 2011 era possível ao importador (ou ao beneficiário do regime, no caso, que registrou declarações em 2008 e 2009) informar um código distinto daqueles usados nos INCOTERMS®. Em consulta à tabela histórica do SISCOMEX (em https://www35.receita.fazenda.gov.br/tabaduaneirasweb/private/pages/telaInicial.jsf), vêse que desde 01/10/1992 era possível informar na declaração de importação o código “INI”, que significava “INCOTERM NÃO IDENTIFICADO”, e que tal possibilidade durou até 16/09/2011, pouco depois de surgir a nova sigla “OCV” (“OUTRA CONDIÇÃO DE VENDA”), em 22/12/2010. INCOTERM Condição de Venda Dados Gerais Código INI Descrição INCOTERM NAO IDENTIFICADO Início de Vigência 01/10/1992 Fim de Vigência 16/09/2011 Código OCV Descrição OUTRA CONDICAO DE VENDA Início de Vigência 22/12/2010 Fim de Vigência Assim, caso a importadora ou beneficiária de regime aduaneiro entendesse que a condição de venda a ser informada não poderia ser bem enquadrada em nenhum INCOTERM®, no período analisado (2008/2009), poderia informar o código “INI”. Em síntese, as edições anteriores dos INCOTERMS® (como a de 2000, que norteia o caso em análise) representam, como a atual, uma coleção de termos de comércio internacionalmente aceitos, que revelam a condição de venda (condição esta que sempre foi de informação necessária à fiscalização). Entendemos, então, que a condição de venda é indiscutivelmente necessária ao tratamento tributário e aduaneiro, visto que é a partir dela que se compõe a base de cálculo do imposto de importação. Por exemplo, se a condição de venda (seja ela ou não um INCOTERM®) não incluir frete, o fisco terá que somar o valor de frete ao preço indicado na fatura, para obtenção do valor aduaneiro (base de cálculo do imposto de importação, segundo o Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT). Fl. 2262DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.259 9 Não podemos olvidar, no entanto, que estamos, no caso em análise, a tratar de uma admissão temporária ao amparo do REPETRO (regime aduaneiro especial detalhado nos artigos 458 a 462 do Regulamento Aduaneiro – Decreto no 6.759/2009), e não de uma importação definitiva. Assim, o dado informado para efeito de valoração aduaneira é menos relevante, não só pelo fato de que não haver “compra e venda” inviabiliza a utilização do primeiro método de valoração aduaneira, mas porque a própria legislação nacional que rege a matéria (IN SRF no 327/2003) textualmente afirma que a valoração não se reveste de tanta relevância no momento da admissão no regime: “VALORAÇÃO ADUANEIRA EM REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS Art. 34. O valor aduaneiro de mercadoria admitida em regime aduaneiro especial, cuja importação não tenha como fundamento uma venda para exportação para o País, deverá ser declarado com base nos documentos da operação comercial, conformes à prática do tipo de negócio. § 1º Na hipótese deste artigo a autoridade aduaneira poderá decidir pela adoção de procedimentos fiscais de valoração aduaneira na admissão das mercadorias no regime, visando à correta determinação dos valores tributários para fins de responsabilização do beneficiário, ou de exigência dos tributos devidos quando for o caso. (...) Art. 35. Na hipótese de descumprimento das regras de permanência da mercadoria no regime ou no caso de despacho para consumo, a valoração da mercadoria para fins de exigência tributária não se limita pelo valor declarado por ocasião de sua admissão no regime. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a execução do termo de responsabilidade não prejudica a apuração e a exigência de eventual diferença de tributos, em decorrência da determinação do correto valor aduaneiro, que deverá ser objeto de lançamento.” (grifo nosso) Vejase que a valoração aduaneira em regimes aduaneiros especiais pode ser efetuada no momento da nacionalização, no Brasil, e o valor declarado na admissão do regime não prejudica a apuração posterior do valor aduaneiro da mercadoria. Isso faz com que a informação do INCOTERM® reduza substancialmente em importância, visto que, se descumprido o regime, não está a fiscalização adstrita ao que informou o importador na admissão. No procedimento em análise, parece a fiscalização ter tentado acautelarse em relação a eventual descumprimento com a medida referida no art. 34, § 1o da IN SRF no 327/2003, buscando saber se havia “seguro” e “frete” a acrescentar ao valor dos naviostanque indicados pela empresa como importados ao amparo do INCOTERM® CIF, o que, de início, já constituiria um problema, por parecer o fisco utilizar o primeiro método de valoração para uma operação que não é de “compra e venda”. Fl. 2263DF CARF MF 10 No caso em análise, o INCOTERM® 2000 informado, como aqui exposto, de início, foi o “FCA” (Free Carrier), termo de comércio que não sofreu substantiva alteração com o advento dos INCOTERMS® 2010, e designa a operação em que o vendedor é responsável até a entrega da mercadoria, desembaraçada para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado do país de origem, em qualquer meio de transporte. Assim, frete internacional e seguro internacional (parcelas que compõem o “valor aduaneiro”, base de cálculo do imposto de importação) estariam a cargo do importador, se fosse levada a cabo valoração pelo primeiro método, o que já mostramos ser inviável a casos de admissão temporária, como o arrendamento no regime de REPETRO. Portanto, quando se informa o INCOTERM® “FCA”, a apuração do valor aduaneiro demandaria inclusão de frete e seguro, se fosse a operação uma “compra e venda”. Em ambas as DI, objeto da autuação (fl. 131 e 188), os valores de frete e seguro foram apontados como R$ 0,00, não se somando ao VMLE (valor da mercadoria no local de embarque), para determinação do valor aduaneiro: Quanto ao frete, cabe destacar que as embarcações chegaram ao país por “meios próprios”. E, no que se refere ao seguro, ambas as DI trazem a informação de que a carga não foi objeto de seguro (fls. 132 e 189): Ao que parece, a fiscalização efetivamente desejava, de início, efetuar valoração aduaneira dos dois naviostanque, buscando saber qual seria o valor do seguro. Daí ter solicitado contratos de câmbio e seguro, e planilha de custos com combustíveis realizados durante a viagem do porto de origem no exterior ao porto de destino no Brasil, como se narra à fl. 10. O que se segue é uma sucessão de suposições, por parte da fiscalização, que busca encontrar nos contratos respostas que amoldem o caso a um INCOTERM® (que provavelmente seria do Grupo “D”, porque entendeu o fisco que havia discrepância em relação ao grau de responsabilidade e risco de importador e exportador), e que, no máximo, lograram uma relevante confissão por parte da empresa beneficiária do regime, depois de variadas Fl. 2264DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.260 11 intimações: a de que “...dada a complexidade do contrato, não existe um INCOTERM que traduza perfeitamente a situação fática praticada sobre os termos contratuais”. Já havia, então, uma infração, ao menos formal: o beneficiário do regime teria informado nas DI o INCOTERM® “FCA” quando, em verdade, sabia que a operação não era perfeitamente enquadrável em nenhum INCOTERM. No entanto, como já dissemos, pouco relevante o erro, visto que se trata de regime que não versa sobre operação de “compra e venda”, e que a ausência de valoração não prejudica a correta apuração posterior (em caso de descumprimento). Mas a fiscalização insistiu em efetuar valoração aduaneira da operação, diga se, sem sucesso, não só porque fundada em método inaplicável a operação diversa da “compra e venda”, mas porque segue no reino das suposições, buscando, com base em operações efetuadas anteriormente nas embarcações, e respectivos seguros, comparando com operações posteriores, e conjecturando que seria “no mínimo estranho” que a empresa pague o equivalente a 183,6% e 175,05% do valor aduaneiro declarado das embarcações a título de arrendamento em dez anos, quando seria mais lucrativo adquirir as embarcações, logo depois admitindo que (fl. 14): Ou seja, mesmo para efeitos da valoração acautelatória a que se refere o art. 34, § 1o da IN SRF no 327/2003, o trabalho de fiscalização foi inconclusivo. A única conclusão efetiva a que chega o fisco é equivocada: a de que deveria ser adotado um INCOTERM no qual o exportador estrangeiro responde inclusive pelos tributos aduaneiros no Brasil (que, digase, não foram exigidos dele, mas sim do importador, e constituídos em Termo de Responsabilidade com valores não afastados pelo autuante). INCOTERM esse que sequer é permitido no Brasil, como reconhece a defesa e a própria DRJ (que, entanto, releva essa circunstância). Assim, não podemos concordar com a conclusão da fiscalização, externada à fl. 15: Na admissão temporária de embarcações no regime de REPETRO, por arrendamento, sem compra e venda, a informação prestada sobre o INCOTERM®, no momento da admissão no regime, não é essencial nem determinante para definição do valor aduaneiro, Fl. 2265DF CARF MF 12 como imputado pela fiscalização, visto que nas operações distintas da “compra e venda” não se aplica o primeiro método de valoração, e que caso ocorra um descumprimento do regime, o valor inicialmente informado na admissão não vincula a valoração da nacionalização, cabendo o registro adicional de que, no caso em análise, mesmo depois da ação fiscal, seguida de conjecturas sobre a possibilidade de afetação do valor, acatouse o valor aduaneiro informado. Assim, embora reconheçamos incorreto o INCOTERM® utilizado, e que o beneficiário do regime tinha como informar, inclusive, código de três letras que não espelhasse perfeitamente nenhum INCOTERM® (“ICI” “INCOTERM NÃO IDENTIFICADO”), à época, tal incorreção não se amolda ao tipo infracional previsto no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, com o acréscimo trazido pelo art. 69 da Lei no 10.833/2003, ou seja, não se pode afirmar, no caso, que a informação do INCOTERM® correto é necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, na admissão ao regime. Endossamos, por fim, as considerações da instância de piso no que se refere à impossibilidade de simples acolhida de precedentes não vinculantes, administrativos e judiciais, e no que se sustenta que o simples fato de a empresa realizar os trâmites de admissão temporária tornaria mais apropriado o INCOTERM® “FCA”. Os precedentes, que, digase, podem existir, inclusive, em sentido diametralmente oposto, para uma mesma situação fática, prestamse a formação de convicção do julgador e como parâmetro de análise hermenêutica possível. E o fato de registrar a declaração de admissão no regime é uma entre uma dezena de fatores aptos a enquadrar uma operação em um INCOTERM®. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 2266DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.938343/2011-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Aug 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/11/2004
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de restituição. Além disso, é indispensável a retificação da DCTF.
Numero da decisão: 3401-005.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da Turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente da Turma), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antônio Souza Soares.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da Turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente da Turma), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antônio Souza Soares.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de restituição. Além disso, é indispensável a retificação da DCTF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da Turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente da Turma), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antônio Souza Soares. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 83 43 /2 01 1- 77 Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10980.938343/201177 Acórdão n.º 3401005.260 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Cuida o presente processo de Pedido de Restituição referente a Pagamento Indevido ou a Maior de contribuição para o PIS, solicitado através do PER/DCOMP. O Interessado foi cientificado de que, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. O Interessado apresentou Manifestação de Inconformidade, onde sustenta que o Despacho Decisório deixou de analisar a questão principal do Pedido de Restituição apresentado, qual seja, a restituição dos valores recolhidos indevidamente a título de contribuição para o PISem face da inconstitucionalidade da Lei nº 9718/98, uma vez que a referida contribuição incidiu sobre Receitas Financeiras e Outras Receitas. A DRJ/BHE, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, constatando que não houve omissão do Despacho Decisório quanto ao mérito da demanda, uma vez que a fundamentação para o indeferimento do Pedido de Restituição indica que o Darf foi utilizado integralmente para fazer face a débito confessado pelo contribuinte em DCTF. Informa também que, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Porém, na situação dos autos, o contribuinte não apresentou nenhuma prova de que, na apuração de PISdo período analisado, incluiu receitas financeiras ou outras receitas indevidamente na base de cálculo, de forma a caracterizar o pagamento indevido ou a maior de tributo. Irresignada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, no qual repisa toda a argumentação já exposta na sua Manifestação de Inconformidade sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, §1°, da Lei n° 9.718/98, que alargou a base de cálculo do PIS e da Cofins. No entanto, desta feita requer a juntada de demonstrativos e documentos contábeis, os quais alega fazerem prova do pagamento indevido ou a maior de tributo, pedindo sua apreciação em respeito ao Princípio da Verdade Material. Em anexo, apresentou duas planilhas de cálculo do valor original do PIS e da Cofins, comprovantes de pagamento dos DARF's e folhas do seu Livro Razão. É o relatório. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10980.938343/201177 Acórdão n.º 3401005.260 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401005.257, de 27 de agosto de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.938340/201133, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401005.257): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conheci mento. Passo a analisar, a seguir, os temas questionados pelo Recorrente. Pretende o contribuinte seja reconhecido seu direito de creditarse do valor de R$ 568,44, objeto de Pedido de Restituição referente a Pagamento Indevido ou a Maior de contribuição para o PIS/Pasep, solicitado através de PER/DCOMP. A DRJ/BHE julgou sua Manisfestação de Inconformidade improcedente, pois o contribuinte não apresentou nenhuma prova de que, na apuração de PIS/Pasep do período analisado, incluiu receitas financeiras ou outras receitas indevidamente na base de cálculo, de forma a caracterizar o pagamento indevido ou a maior de tributo. No seu Recurso Voluntário, o contribuinte busca corrigir esta deficiência probatória, anexando duas planilhas de cálculo do valor original do PIS e da Cofins, comprovantes de pagamento dos DARF's e folhas do seu Livro Razão. Contudo, entendo que ainda sim não restou comprovado o alegado pagamento a maior. Isto porque o Recorrente não fez prova do valor que deveria ter sido recolhido, no período, a título de contribuição para o PIS/Pasep. Com efeito, a indicação de rubricas contábeis com receitas financeiras e outras receitas, as quais, no entendimento do Recorrente, deveriam estar excluídas da base de cálculo das contribuições, não significa que tais valores foram efetivamente computados no cálculo inicial. Nos pedidos de restituição de tributos pagos indevidamente ou a maior, é necessário que o contribuinte apresente toda sua escrituração fiscal referente ao período para que nova apuração seja realizada, a fim de ser cotejada com a Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10980.938343/201177 Acórdão n.º 3401005.260 S3C4T1 Fl. 5 4 apuração inicial e assim verificar eventuais excessos ou déficits. Com os documentos apresentados, não é possível sequer comprovar que as receitas elencadas na planilha foram realmente incluídas no cálculo inicial (que resultou na apuração de R$ 15.058,00). Apesar de ter anexado uma planilha com a memória de cálculo das contribuições, o Recorrente não apresentou as rubricas contábeis, constantes do Livro Razão, que pudessem comprovar o valor total das receitas sobre as devem incidir as alíquotas das contribuições. Ao invés, anexou apenas as folhas do Razão com as receitas financeiras que deveriam ser excluídas do cálculo. Observese que até mesmo as receitas de exportação, que foram originalmente excluídas, também deveriam ser conferidas através dos registros contábeis. Em suma, deveria ser feita uma nova apuração das contribuições, o que restou inviabilizado pela ausência da documentação contábil necessária. O art. 170 da Lei nº 5.172/66 (CTN) determina a necessidade de liquidez e certeza do crédito. Apesar de se referir literalmente à compensação, obviamente aplicase também à restituição: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Nos pedidos de compensação ou de restituição, o ônus de comprovar a liquidez e certeza do crédito pleiteado permanece a cargo do contribuinte, conforme art. 373 do Código de Processo Civil de 2015: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Além disso, pelo quanto exposto no Despacho Decisório, verifico que a alocação integral do DARF para quitação de débito do contribuinte indica que, ao tempo da sua emissão, a DCTF que continha este débito não havia sido retificada. O Recorrente não apresentou qualquer prova de que, mesmo a destempo, tenha feito tal retificação. Nos termos do Parecer COSIT nº 02, de 2015, a retificação da DCTF é imprescindível para comprovação do pagamento indevido ou a maior. Por tudo quanto exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10980.938343/201177 Acórdão n.º 3401005.260 S3C4T1 Fl. 6 5 Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 85DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.938348/2011-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Aug 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/12/2004
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de restituição. Além disso, é indispensável a retificação da DCTF.
Numero da decisão: 3401-005.263
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da Turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente da Turma), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antônio Souza Soares.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10980.938348/201108 Acórdão n.º 3401005.263 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401005.257, de 27 de agosto de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.938340/201133, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401005.257): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conheci mento. Passo a analisar, a seguir, os temas questionados pelo Recorrente. 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