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Numero do processo: 13502.000459/2009-41
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2007
COFINS. SUBVENÇÕES. BENEFÍCIOS ESTADUAIS-ICMS. RECEITAS. CLASSIFICAÇÃO. IRRELEVÂNCIA.
Na sistemática da não cumulatividade, regida pela Lei no 10.833/2003, a COFINS incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica (operacionais ou não operacionais), independentemente de sua denominação ou classificação contábil, sendo irrelevante a classificação das receitas provenientes de subvenções estaduais (para custeio ou operação, ou para investimento).
Na sistemática da não cumulatividade, regida pela Lei no 10.637/2002, a Contribuição para o PIS/PASEP incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica (operacionais ou não operacionais), independentemente de sua denominação ou classificação contábil, sendo irrelevante a classificação das receitas provenientes de subvenções estaduais (para custeio ou operação, ou para investimento).
Numero da decisão: 3403-003.420
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Luiz Rogério Sawaya Batista, que apresentou declaração de voto.Sustentou pela recorrente o Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP no 161.891.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2007 COFINS. SUBVENÇÕES. BENEFÍCIOS ESTADUAIS-ICMS. RECEITAS. CLASSIFICAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. Na sistemática da não cumulatividade, regida pela Lei no 10.833/2003, a COFINS incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica (operacionais ou não operacionais), independentemente de sua denominação ou classificação contábil, sendo irrelevante a classificação das receitas provenientes de subvenções estaduais (para custeio ou operação, ou para investimento). Na sistemática da não cumulatividade, regida pela Lei no 10.637/2002, a Contribuição para o PIS/PASEP incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica (operacionais ou não operacionais), independentemente de sua denominação ou classificação contábil, sendo irrelevante a classificação das receitas provenientes de subvenções estaduais (para custeio ou operação, ou para investimento).
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(sucedida por COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2007 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. SUBVENÇÕES. BENEFÍCIOS ESTADUAISICMS. RECEITAS. CLASSIFICAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. Na sistemática da não cumulatividade, regida pela Lei no 10.637/2002, a Contribuição para o PIS/PASEP incide sobre “o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica” (operacionais ou não operacionais), “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”, sendo irrelevante a classificação das receitas provenientes de subvenções estaduais (“para custeio ou operação”, ou para “investimento”). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2007 COFINS. SUBVENÇÕES. BENEFÍCIOS ESTADUAISICMS. RECEITAS. CLASSIFICAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. Na sistemática da não cumulatividade, regida pela Lei no 10.833/2003, a COFINS incide sobre “o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica” (operacionais ou não operacionais), “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”, sendo irrelevante a classificação das receitas provenientes de subvenções estaduais (“para custeio ou operação”, ou para “investimento”). Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho, Ivan AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 04 59 /2 00 9- 41 Fl. 422DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA 2 Allegretti e Luiz Rogério Sawaya Batista, que apresentou declaração de voto.Sustentou pela recorrente o Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP no 161.891. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 01/06/2009 (fls. 138 a 149, e 152 a 163, com ciência em 03/06/2009 fls. 139 e 153)1 para exigência, respectivamente, de Contribuição para o PIS/PASEP (de janeiro de 2006 a dezembro de 2007, acrescida de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 180.601,55), e de COFINS (referente ao mesmo período, com acréscimo de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 931.863,21). Nas autuações, narrase que: (a) a empresa é beneficiária de subvenção fiscal concedida pelo Governo do Estado da Bahia (“Programa DESENVOLVE” Lei Estadual no 7.980/2001 e Decretos Estaduais no 8.205/2002 e no 8.435/2003), e contabilizou os valores referentes aos benefícios em conta de “reserva de capital” no grupo “patrimônio líquido” (em observância ao art. 443 do RIR/1999); (b) nos termos do Parecer Normativo CST no 112/1979, as subvenções para custeio e para investimento são contabilizadas a crédito de “receitas”, operacionais e não operacionais, respectivamente, devendo ainda ser observado o regime de competência para o reconhecimento (mensalmente, à medida em que usufruído o incentivo, mediante a dedução do ICMS a recolher); e (c) a legislação referente às contribuições não faz distinção entre subvenções para custeio e para investimento, devendo a incidência abarcar ambas, sendo o benefício fiscal considerado receita, nos termos do art. 1o das leis 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 423DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA Processo nº 13502.000459/200941 Acórdão n.º 3403003.420 S3C4T3 Fl. 423 3 que regem as contribuições não cumulativas (Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003). A empresa apresenta suas impugnações em 03/07/2009 (fls. 175 a 198, e 235 a 258), transcrevendo excertos do Parecer CST no 112/1979 (fls. 178 a 180) e sustentando que: (a) o parecer afirma textualmente que as subvenções, quando afetam o resultado (obtido por meio do encontro de contas entre receitas e despesa), constituem redução de custos (e não auferimento de receita); (b) é, assim, irrelevante, para incidência das contribuições, se a subvenção é para custeio ou para investimento; (c) em caráter subsidiário, somente as subvenções para custeio, por transitarem no resultado do contribuinte, é que estariam sujeitas à tributação pelas contribuições, citando precedente do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, e o “Programa DESENVOLVE” é uma subvenção para investimento (na acepção expressa no art. 443 do RIR/1999, no DecretoLei no 1.598/1977, no entendimento do Conselho Federal de Contabilidade CFC/Resolução no 1.026/2005, no Manual de Contabilidade de S.A. “FIPECAPIFEA/USP”, no próprio Parecer CST no 112/1979, na Lei Estadual no 7.980/2001e no Decreto Estadual no 8.205/2002); (d) no caso concreto, o projeto habilitado junto ao Estado da Bahia foi o de expansão do parque industrial da INAL Nordeste S.A. (Resolução no 134/2005 do Conselho Deliberativo do DESENVOLVE, ratificada pela Resolução no 120/2006); e (e) em 24 meses, a Impugnante investiu R$ 25.041.001,47 na expansão de seu complexo industrial no município de Camaçari, valor 5 vezes superior, portanto, aos R$ 5.456.004,06 de redução de ICMS que o Programa DESENVOLVE lhe proporcionou no mesmo período. Em 28/06/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 292 a 303), no qual se decide unanimemente pela improcedência das impugnações, sob os argumentos de que: (a) o benefício fiscal em tela constitui receita, uma vez que reduz o ICMS a recolher, acarretando a baixa do passivo sem a concomitante diminuição do ativo; (b) como estabelecem as Leis de regência, a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS é a receita bruta, entendida com o a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada; (c) de acordo com o § 2o do DecretoLei no 1.598/1977, as subvenções para investimento não compõem o lucro real quando preenchidos os pressupostos legais – para fins de apuração do Imposto de Renda, por integrarem aquelas os “resultados nãooperacionais”, enquanto as subvenções correntes para custeio ou operação, por força legal, compõem o resultado operacional; (d) não há nos autos evidências de que o incentivo fiscal deva ser destinado exclusivamente ao ativo Fl. 424DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA 4 imobilizado ou vinculado a aplicações específicas; (e) ainda que o incentivo no âmbito do “Programa DESENVOLVE” tenha por finalidade estimular a instalação de novas indústrias e a expansão, a reativação ou modernização de empreendimentos industriais já instalados, não há na Lei no 7.980/2001, no Decreto no 8.205/2002 e no Regulamento do Programa (fls. 83/96) determinação para aplicação específica em bens ou direitos; e (f) para a exigência dos tributos em apreço, resta irrelevante se os valores ora discutidos, de fato, classificamse como subvenções para investimento, subvenções para custeio, incentivo fiscal ou renúncia fiscal (“Redução de despesa”), dado coadunaremse, de um ou de outro modo, com a receita bruta conceituada como acréscimo de patrimônio. Cientificada do acórdão da DRJ em 16/08/2013 (cf. AR à fl. 310), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 02/05/2013 (fls. 311 a 332), basicamente reiterando as considerações expostas na impugnação (de que o ICMS não pode ser caracterizado como receita, e de que, ainda assim, o benefício fiscal constitui subvenção para investimento). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. A discussão reside basicamente na inclusão ou não de valores correspondentes a benefícios fiscais de ICMS (“Programa DESENVOLVE”) na base de cálculo das contribuições. É incontroverso que a empresa é beneficiária de subvenção fiscal concedida pelo Governo do Estado da Bahia (“Programa DESENVOLVE” criado pela Lei Estadual no 7.980/2001 e disciplinado pelos Decretos Estaduais no 8.205/2002 e no 8.435/2003). Também é reconhecido pelo fisco e pela empresa que os valores referentes aos benefícios são contabilizados em conta de “reserva de capital” no grupo “patrimônio líquido”. Não há, assim, discussão sobre serem os valores em análise “subvenções” concedidas pelo Poder Público estadual. A empresa sustenta que as subvenções são “para investimento”, e que seu tratamento contábil e tributário é disciplinado no art. 443 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto no 3.000/1999): “Art. 443. Não serão computadas na determinação do lucro real as subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, desde que (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 38, §2º, e DecretoLei nº1.730, de 1979, art. 1º, inciso VIII): Fl. 425DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA Processo nº 13502.000459/200941 Acórdão n.º 3403003.420 S3C4T3 Fl. 424 5 I registradas como reserva de capital que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no art. 545 e seus parágrafos; ou II feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas.” (grifo nosso) (o art. 545 e seus parágrafos impede a distribuição dos valores aos sócios Fossem as subvenções “para custeio ou operação”, não haveria dúvidas de que constituem receita bruta operacional, o que decorre de expressa disposição legal (art. 44 da Lei no 4.506/1964): “Art. 44. Integram a receita bruta operacional: I O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II O resultado auferido nas operações de conta alheia; III As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; IV As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais.” (grifo nosso) E, nesse sentido, seriam inequivocamente tributadas pela Contribuição para o PIS/PASEP e pela COFINS, conforme art. 1o das leis de regência (Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003). Tal comando legal é relevante, inclusive, para afastar desde já o entendimento de que as subvenções não constituem receitas, pois isso implicaria sustentar o afastamento de comando legal vigente, o que é vedado pela Súmula CARF no 2 (sob o argumento da inconstitucionalidade). Nesse contexto, sobressai, a priori, a relevância da classificação das subvenções. Digo a priori, porque a classificação, a partir do que aqui já foi dito, é relevante para a contabilização, como “receita bruta operacional” ou até “reservas de capital”. Contudo, a questão reflexa (se tal contabilização vai ou não afetar a tributação pela Contribuição para o PIS/PASEP e pela COFINS) ainda deve ser analisada, e a análise deve iniciar à luz do Parecer Normativo CST no 112/1979, invocado tanto pelo fisco como pela recorrente, ambos afirmando que ali reside argumento que lhes ampara. Em tal parecer, concluise que: “7.1 Ante exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para os fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, face ao que dispõe o art. 67, item I, letra "b" do Decretolei n. 1.598/77, pode ser assim consolidado: I As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa Fl. 426DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA 6 jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado nãooperacional; II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimento, se presentes todas as características mencionadas no item anterior; IV As SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desce que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva; V As ISENÇÕES, REDUÇÕES ou DEDUÇÕES do Imposto de Renda devido pelas Pessoas Jurídicas não poderão ser tidas como subvenção para investimento; VI O § 2º do artigo 38 do Decretolei número 1598/77 aplica se a todas as pessoas jurídicas sujeitas à tributação pelo imposto de renda com base no lucro real; e VII As contas do ativo permanente e respectiva depreciação, amortização ou exaustão, que registrem bens oriundos de SUBVENÇÕES, são corrigidas monetariamente nos termos dos artigos 39 e seguintes do Decretolei n. 1.598/77.” (grifo nosso) Percebese, pelo texto, que a distinção entre as subvenções é indiscutivelmente importante para fins de tributação pelo IRPJ. Contudo, no que se refere às contribuições em análise no presente processo (Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS), só seria relevante se a análise fosse referente ao período da cumulatividade, no qual a tributação das contribuições dependia do caráter operacional da receita. Mas na sistemática da não cumulatividade, regida pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, as contribuições incidem sobre “o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica” (operacionais ou não operacionais), “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Assim, assiste razão ao autuante e ao julgador de piso quando estes sustentam ser irrelevante classificar as subvenções, para efeito de tributação pelas contribuições não cumulativas (Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA Processo nº 13502.000459/200941 Acórdão n.º 3403003.420 S3C4T3 Fl. 425 7 Rosaldo Trevisan Fl. 428DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA 8 Declaração de Voto Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista, O parágrafo 2o, do artigo 38 do Decretolei no 1.598/1977 dispõe que não serão computadas na determinação do Lucro Real as importâncias creditadas a conta de reserva de capital a título de subvenção para investimento concedidas pelo Poder Público como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, in verbis: Art 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: (Vide) I ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à formação de reservas de capital; II valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; III prêmio na emissão de debêntures; (Vide Medida Provisória nº 627, de 2013) (Vigência) (Vide Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV lucro na venda de ações em tesouraria. § 1º O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será dedutível na determinação do lucro real. § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (Vigência) a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do artigo 19; ou (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (Vigência) b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. Referido dispositivo condiciona o tratamento contábil e a sua respectiva consequência fiscal ao registro do valor em conta de reserva de capital, com a ressalva de que a utilização apenas poderá ser efetuada mediante absorção de prejuízo ou incorporação ao capital social. Ora, na subvenção para investimento, conforme estabelece o dispositivo, não há o registro de receita, pois os valores relacionadas à subvenção devem ser necessariamente creditados em reserva de capital, o que exclui de sua tributação do Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro e, por conseguinte, as Contribuições ao PIS e à COFINS. Fl. 429DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA Processo nº 13502.000459/200941 Acórdão n.º 3403003.420 S3C4T3 Fl. 426 9 Na subvenção para investimento o contribuinte reconhece a redução de um passivo, mas, como contrapartida, não registra uma receita, e sim diretamente em conta patrimonial de reserva, de modo que tais valores, conforme determina expressamente a legislação contábilfiscal, não podem ser contabilizados como receita. Com efeito, o artigo 1o da Lei no 10.833/2003 utiliza conceito amplo de receita, bem como estabelece os valores que não se incluem como tal, o que, em princípio poderia levar à tributação pelo PIS e COFINS e, no presente caso, da COFINS, em razão da matéria conhecida. Contudo, não se pode perder de vista que a própria legislação, o Decretolei no 1.598/1977 expressamente dispõe que a subvenção para investimento não é registrada contabilmente como receita bruta, mas sim como reserva de capital, de modo que não pode ser, em nenhuma hipótese, tributada. A Primeira Seção do CARF, analisando a matéria e julgando lançamentos reflexos do PIS e da COFINS tem decidido pela não tributação, pelas referidas Contribuições, quando se verifica o preenchimento das condições estabelecidas pelo artigo 38 do DecretoLei no 1.598/1977, estando o valor recebido a título de subvenção para investimento registrado em conta de Reserva de Capital, conforme se verifica nas ementas dos acórdãos abaixo transcritos: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006 IRPJ. LUCRO REAL. INCENTIVOS FISCAIS. EMPRÉSTIMOS SUBSIDIADOS. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. CARACTERIZAÇÃO. A concessão de incentivos à implantação de indústrias consideradas de fundamental interesse para o desenvolvimento de municípios no interior dos Estados do Ceará e da Bahia, consistentes em empréstimos subsidiados e crédito presumido de ICMS, configuram subvenções para investimento, notadamente quando presentes: i) a intenção do Poder Público em transferir capital para a iniciativa privada; ii) a verba oriunda da subvenção foi destinada para investimento na implantação de empreendimentos econômicos de interesse público; iii)) o beneficiário da subvenção é pessoa jurídica constituída sob a forma de companhia; iv) a subvenção foi registrada em conta de reserva de capital; v) ocorreu aumento de capital na pessoa jurídica subvencionada, mediante incorporação das reservas ao seu capital. A conta de reserva de capital poderá ser utilizada apenas para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, não podendo ser distribuída. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL. PIS. COFINS. As subvenções para investimento não integram a receita bruta e, por conseqüência, não compõem o faturamento, base de cálculo do PIS e da Cofins, bem como não integram o lucro líquido do exercício, ponto inicial para apuração da base de cálculo da CSLL. (Acórdão 1202000.921)” “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. As subvenções para investimento, para os fins de enquadramento na hipótese de não Fl. 430DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA 10 incidência veiculada no § 2º do artigo 38 do DecretoLei nº 1.598/77, são caracterizadas por três aspectos bastante claros: (i) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; (ii) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e (iii) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Exigese perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta o “animus” de subvencionar, mas, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção. Os recursos transferidos podem até, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a implantação ou expansão dos empreendimentos econômicos terá que ser efetuado. Não se exige, todavia, que o objetivo final seja alcançado, qual seja, que os empreendimentos econômicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estímulo seja garantida. Em outras palavras, só se verificará a efetividade do estímulo se o dinheiro for aplicado na consecução do objetivo final. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, a lei estadual promotora do incentivo sob análise foi textual na sua intenção de ampliação e/ou modernização de parque industrial incentivado numa etapa anterior do programa de incentivos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o “dinheiro não precisa ser carimbado”. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. PIS. COFINS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. RTT. Uma vez afastada a premissa de que os descontos recebidos tratarseiam de subvenções para custeio, é de se notar que a norma veiculada pelo artigo 21, I, c/c o artigo 18, da Lei nº 11.941/09, é categórica ao afastar, no âmbito do RTT, as subvenções para investimento do escopo da tributação do PIS e da COFINS. Recurso Voluntário Provido. (Acórdão 1102001.203).” Todavia, a matéria não foi decidida dessa forma perante a Primeira Seção, eis que a própria Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por meio do acórdão no 9303002.618, decidiu em conformidade com a ementa abaixo transcrita em sede de Recurso Especial: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 431DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA Processo nº 13502.000459/200941 Acórdão n.º 3403003.420 S3C4T3 Fl. 427 11 Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2005 INCENTIVO FISCAL. CRÉDITO FISCAL DO ICMS. BASE DE CÁLCULO. NÃO INCLUSÃO. Não compõe o faturamento ou receita bruta, para fins de tributação do PIS, o valor do incentivo fiscal concedido pelo Estado sob forma de crédito fiscal, para redução na apuração do ICMS devido. (...) Recurso Especial do Procurador Negado. (Processo nº 11065.000320/20071, 3ª Turma da CSRF/CARF) No mesmo sentido, o Acórdão no 3102001.989, proferido pela Segunda Turma Ordinária, da Primeira Câmara, da Terceira Seção, que, analisando benefícios fiscais regionais de redução de ICMS, incluindo crédito presumido do Imposto Estadual, decidiu que não configura receita, conforme segue: (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. NÃO INCLUSÃO. A mera apuração de crédito presumido do ICMS, decorrente da aplicação da legislação que disciplina o pagamento do imposto não reúne as características necessárias para inclusão no conceito de receita e, como tal, não se sujeitam à incidência da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep. (...) O Superior Tribunal de Justiça, como não poderia deixar de ser difernte, também vem observando o regime contábil previsto no Decretolei no 1.598/1977, decidindo, por conseguinte, que incentivos estaduais como os percebidos pela Recorrente não geram receita tributável pelo PIS e pela COFINS, justamente porque, como dito anteriormente, não são contabilizados como receita, in verbis: TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. 1. A controvérsia dos autos diz respeito à inexigibilidade do PIS e da COFINS sobre o crédito presumido do ICMS decorrente do Decreto n. 2.810/01. Fl. 432DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA 12 2. O crédito presumido do ICMS consubstanciase em parcelas relativas à redução de custos, e não à obtenção de receita nova oriunda do exercício da atividade empresarial como, verbi gratia, venda de mercadorias ou de serviços. 3. 'Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditospresumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS.' (REsp 1.025.833/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 6.11.2008, DJe 17.11.2008.) Agravo regimental improvido' (AgRg no REsp 1.229.134/SC, Ministro Humberto Martins, DJe de 3.5.2011) TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCLUSÃO. NATUREZA JURÍDICA QUE NÃO SE CONFUNDE COM RECEITA OU FATURAMENTO. PRECEDENTES. 1. O crédito presumido de ICMS configura incentivo voltado à redução de custos, com vistas a proporcionar maior competitividade no mercado para as empresas de um determinado estadomembro, não assumindo natureza de receita ou faturamento, motivo por que não compõe a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.319.102 – RS, DJ 05 de março de 2013, Ministro Castro Meira, Segunda Turma, STJ) Por essas razões, não tenho como compartilhar com o entendimento manifestado pelo Relator, vez que contábil e fiscalmente não há geração de receita, eis que os valores registrados a título de subvenção não ingressam no resultado da pessoa jurídica, mas sim são contabilizados como uma reserva de capital, na forma expressamente determinada pela legislação. É como voto. Luiz Rogério Sawaya Batista Fl. 433DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 10/12/2014 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA
score : 1.0
Numero do processo: 10665.721292/2011-19
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. ANÁLISE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 2/CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA 4/CARF.
A partir de 01/04/1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela RFB são devidos, no período de inadimplência, à taxa SELIC.
Numero da decisão: 3403-003.402
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ANÁLISE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 2/CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA 4/CARF. A partir de 01/04/1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela RFB são devidos, no período de inadimplência, à taxa SELIC. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 72 12 92 /2 01 1- 19 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente sobre auto de infração, lavrado em 27/05/2011 (fls. 2 a 14, com ciência em 07/06/2011 fl. 80)1 para exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de janeiro a novembro de 2008, acrescido de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 3.589.981,96). A apuração resulta de revisão de declaração, a partir de cotejo entre valores declarados na DIPJ e em DCTF. Narrase na autuação que após o início da fiscalização (em 25/04/2011), e a constatação da divergência, a empresa foi intimada a se manifestar 19/04/2011 (fls. 15/16), não apresentando qualquer justificativa (limitandose a anexar o Livro de Registro de apuração do IPI fls. 17 a 32 e a DIPJ fls. 33 a 80). A empresa apresenta sua impugnação em 06/07/2011 (fls. 83 a 116), argumentando, em síntese, que: (a) é indevida a inclusão do ICMS na base de cálculo do IPI; (b) há impossibilidade jurídica de se exigir a Taxa SELIC a título de juros moratórios; (c) que “a obrigação tributária não tem caráter contratual, pelo que, se apresentada com erro, este pode e deve ser corrigido”, não existindo proibição à retificação de declarações com incorreção; e (d) que a multa de ofício é confiscatória. Em 04/10/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 139 a 147), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os argumentos de que a impugnante: (a) apresenta peça de defesa genérica, apenas com teses jurídicas, sem adentrar no mérito da questão central do auto de infração, que é a existência de débitos informados na DIPJ/2009 e não confessados em DCTF nem pagos; (b) alega trazer planilha demonstrativa dos valores corretos (fl. 107), mas nem se dá ao trabalho de juntar tal documento, como se vê no próprio informe de documentos anexados (fl. 117); (c) nada afirma nem comprova em relação ao mérito da autuação. Em relação ao ICMS na base de cálculo do IPI, em que pese não haver certeza se tem alguma relação com a autuação, a DRJ afirma que a fiscalização é vinculada pelo dispositivo legal que rege a matéria (art. 47, II, “a” do Código Tributário Nacional CTN), com a interpretação trazida pelo Parecer Normativo CST no 39/70. Da mesma forma, não podem ser afastados os comandos legais do art. 161 do CTN (c/c art. 13 da Lei no 9.065/1995 e art. 61, § 3o da Lei no 9.430/1996), que, como vem entendendo pacificamente a jurisprudência administrativa, consolida o cabimento da utilização da Taxa SELIC a título de juros de mora; e do art. 80 da Lei no 4.502/1964, que trata da multa de ofício. Cientificada do acórdão da DRJ em 17/10/2013 (cf. AR à fl. 151), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 01/11/2013 (fls. 153 a 159), reiterando o teor da impugnação, a trazendo as seguintes “razões adicionais e explicativas”: (a) “deve ser observada a capacidade contributiva do contribuinte”; e (b) “na apuração dos débitos de IPI no período fiscalizado, o fisco incluiu na base de cálculo, (sic) o valor destacado nas notas fiscais a título de ICMS”, e “se esse tributo integra o valor da operação, e, portanto, do faturamento, claro que está sendo tachado (sic) na cobrança do referido tributo (IPI)”, ocorrendo “a repudiada e inconstitucional cobrança de tributos sobre tributo”. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 171DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10665.721292/201119 Acórdão n.º 3403003.402 S3C4T3 Fl. 171 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No presente processo, é de se destacar a impressionante desconexão entre a defesa e a autuação. O auto de infração, recordese, foi lavrado porque havia débitos informados na DIPJ/2009 e não confessados em DCTF nem pagos. E a empresa foi intimada a se manifestar sobre a divergência, não tendo apresentado qualquer explicação. Em verdade, no estágio em que se encontra o processo, após a impugnação, a decisão de piso e o recurso voluntário, a empresa continua a não apresentar nenhuma justificativa para a divergência. A DRJ já destacou que os argumentos da empresa na impugnação passavam ao largo do mérito da autuação, sendo genéricos, em tese. Para que se tenha uma ideia, até o presente momento, sequer se sabe se a divergência se deve à inclusão ou não de ICMS na base de cálculo do IPI. E caso se deva, o que não ficou em momento nenhum provado, é absolutamente improcedente a afirmação recursal de que “na apuração dos débitos de IPI no período fiscalizado, o fisco incluiu na base de cálculo, (sic) o valor destacado nas notas fiscais a título de ICMS”. O que fez o fisco foi exigir exatamente as quantias declaradas pela empresa em sua DIPJ, e jamais retificadas (pelo menos, não se informa nos autos o protocolo de qualquer pedido de retificação). Ao rol de argumentos genéricos e em tese apresentados ao julgador de piso, agregase em sede recursal outros dois: a observância da capacidade contributiva (sabese lá por que motivo) e a inconstitucionalidade da cobrança de ICMS na base de cálculo do IPI. E continua a não haver justificativa para a divergência, nem apresentação da prometida planilha demonstrativa. Assim, pouco resta a discutir nos autos. Todas as matérias submetidas à instância de piso e a este colegiado já se encontram sumuladas, podendo ser sintetizadas as razões de julgamento nos textos das Súmulas no 2 e no 4 deste CARF. A eventual inconstitucionalidade da inclusão de ICMS na base de cálculo do IPI prevista em norma legal, a defendida confiscatoriedade da multa de ofício legalmente estabelecida, e a sugerida violação da norma legal de incidência ao princípio da capacidade contributiva não merecem análise na via administrativa: Fl. 172DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E a questão referente à possibilidade de aplicação da Taxa SELIC a título de juros de mora encontrase igualmente assentada: “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 173DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11080.005281/2009-15
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 31/12/2004 a 28/02/2006
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DE DCTF. MULTA DE MORA.
Configura denúncia espontânea o recolhimento em atraso de tributos antes de qualquer procedimento de oficio, e antes da apresentação da DCTF, sendo descabida a exigência da multa de mora, nos termos do art. 138 do CTN e entendimentos do STJ na sistemática do art. 543-C do CPC: REsp n. 962.379/RS e n. 1.149.022/SP, endossados pela Súmula 360.
Numero da decisão: 3403-003.352
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer que houve a denúncia espontânea, esclarecendo-se que a presente decisão não exonera a quantia já reconhecida e paga.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Luiz Rogério Sawaya Batista e Adriana Oliveira e Ribeiro.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 31/12/2004 a 28/02/2006 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DE DCTF. MULTA DE MORA. Configura denúncia espontânea o recolhimento em atraso de tributos antes de qualquer procedimento de oficio, e antes da apresentação da DCTF, sendo descabida a exigência da multa de mora, nos termos do art. 138 do CTN e entendimentos do STJ na sistemática do art. 543C do CPC: REsp n. 962.379/RS e n. 1.149.022/SP, endossados pela Súmula 360. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer que houve a denúncia espontânea, esclarecendo se que a presente decisão não exonera a quantia já reconhecida e paga. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Luiz Rogério Sawaya Batista e Adriana Oliveira e Ribeiro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 52 81 /2 00 9- 15 Fl. 515DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente processo sobre Auto de Infração lavrado em 26/08/2009 (fls. 339 a 3571) para exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) referente a períodos de apuração de 31/12/2004 a 28/02/2006, acrescidos de juros de mora e de multa de ofício (75%), em total original de R$ 1.420.939,84, por falta de recolhimento, conforme descrito no Termo de Encerramento de Ação Fiscal (TEAF). No TEAF (fls. 359 a 365), narrase que: (a) a ação fiscal, iniciada em 05/06/2009, objetivou verificar a utilização de créditos de IPI que tinham por base tutela antecipada na ação ordinária no 2004.71.00.0288959, ajuizada em 12/07/2004, com liminar deferida em parte em 06/08/2004, confirmada pela sentença de fls. 97 a 107, mas reformada em 26/04/2006 pelo TRF4 (fls. 109 a 127), que reconheceu a impossibilidade de crédito em relação a aquisições de insumos isentos, imunes, não tributados e com alíquota zero, sendo negado seguimento ao recurso especial (fls. 129 a 139), e estando o Recurso Extraordinário (no 548371) no STF, aguardando julgamento; (b) em 01/07/2009 o contribuinte foi intimado a informar os dados referentes à escrituração dos créditos de IPI fundados na ação, sendo os valores demonstrados nas planilhas de fls. 181 a 257, e os recolhimentos às fls. 177 e 179; (c) analisando os recolhimentos, percebese que foram efetuados sem a multa de mora prevista no art. 61 da Lei no 9.430/1996, sendo que o art. 138 do CTN exclui tão somente a penalidade por infrações, não se aplicando à multa de mora, de caráter indenizatório, e o prazo estabelecido no art. 63, § 2 da Lei no 9.430/1996 (que interrompe a incidência da multa de mora) foi descumprido; e (d) imputandose proporcionalmente os pagamentos efetuados (no sistema SICALC), passaram a existir saldos a recolher, lançados na autuação. Cientificada da autuação em 26/08/2009 (fl. 341), a empresa apresenta impugnação em 23/09/2009 (fls. 373 a 381), alegando, em síntese, que: (a) tendo sido a liminar na ação judicial deferida em parte, a empresa passou a efetuar o crédito contábil do IPI decorrente das aquisições isentas, não tributadas ou sujeitas à alíquota zero, e a questão ainda não está definida judicialmente, restando sobrestado o Recurso Extraordinário interposto pela empresa em função da Repercussão Geral reconhecida no RE no 590.809; (b) a contribuinte espontaneamente efetuou, em 31/07/2007, o recolhimento do IPI devido em função do fim dos efeitos da liminar concedida, acrescido de juros de mora; (c) o auto de infração, assim, decorre primordialmente da alegada falta de pagamento de multa de mora (apenas o valor original de R$ 48.665,66 decorre de diferença de imposto recolhido a menor, cf. doc. de fls. 429 a 431 Anexo II), diferença essa saldada com pagamento à vista no âmbito do benefício estabelecido pela Lei no 11.941/2009 (cf. doc. de fls. 435 a 437 Anexo III); e (d) a multa de mora (único tema que restou na autuação, caso não se considere que também sucumbiu diante do benefício estabelecido pela Lei no 11.941/2009) é indevida nos casos de denúncia espontânea, conforme entendimento consolidado no STJ. Em 12/07/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 449 a 453), no qual se acorda unanimemente pela procedência do lançamento efetuado, sob o fundamento de que: (a) o entendimento atual na esfera administrativa sobre a ocorrência de denúncia espontânea, a ponto de tornar inexigível a multa de mora incidente sobre o pagamento intempestivo do imposto, é o de que o sujeito passivo deve ter confessado a infração, inclusive mediante a informação em DCTF do débito objeto do pagamento; e (b) com respeito à adesão 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 516DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11080.005281/200915 Acórdão n.º 3403003.352 S3C4T3 Fl. 516 3 aos benefício da Lei no 11.941/2009, os valores recolhidos devem ser considerados na cobrança dos débitos. Cientificada da decisão de piso em 14/08/2012 (cf. AR de fl. 455), a empresa apresenta recurso voluntário em 04/09/2012 (fls. 458 a 465), basicamente reiterando os argumentos expostos em sua impugnação, e acrescentando que não prospera a alegação de que é necessária a confissão em DCTF, já tendo a matéria sido analisada pelo STF em na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 886.462/RS), e pelo CARF (acórdãos colacionados às fls. 464/465). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Há apenas um tema que resta contencioso: a exigência de multa de mora em relação a débitos pagos antes da apresentação de DCTF e antes do início de qualquer procedimento fiscal. É de se destacar de início que a opção pelo “benefício” instituído pela Lei no 11.941/2009 não encontra maior detalhamento no presente processo, havendo apenas menção de que a empresa efetuou, em setembro de 2009 (após a ciência da presente autuação), o pagamento de fl. 437 (no valor de R$ 74.763,80, dos quais R$ 48.665,79 são a título de principal, e R$ 26.098,01 a títulos de juros de mora reduzidos em 45%, conforme estabelece o art. 1o, § 3o, I da lei). Tal pagamento, como se percebe nitidamente, não se refere ao valor principal da presente autuação (R$ 1.420.939,84), de modo a excluir sobre tal montante 100% das multas de mora e de ofício (conforme previsão do art. 1o, § 3o, I da Lei no 11.941/2009), e não é possível aferir se houve ou não cumprimento da regulamentação expedida pela RFB e pela PGFN sobre a matéria, prevista no mesmo dispositivo legal. Assim, sobre o tema, acordamos com o julgador de piso no sentido de que o pagamento efetuado, se disponível, deve ser aproveitado para saldar os débitos decorrentes da presente autuação. Sobre a multa de mora, o fundamento para sua exigência, na autuação, encontrase no TEAF (fl. 363): “(...) como a multa de mora não tem natureza jurídica de sanção ou penalidade, e sim de indenização pelo atraso no pagamento, não cabe a exclusão de sua exigência nos casos de denúncia espontânea. Considerando a data dos recolhimentos efetuados pelo contribuinte (...) e as datas das decisões judiciais (...) concluise que os recolhimentos não ocorreram dentro do prazo previsto no § 2o do artigo 63 da Lei no 9.430/96 que interrompe a incidência da multa de mora (...) Fl. 517DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 (...) Considerando que os débitos relativos aos recolhimentos efetuados pelo contribuinte (...) não foram declarados em DCTF, os saldos de IPI a recolher resultantes da imputação proporcional efetuada (...) foram lançados de ofício no Auto de Infração (...)”(grifo nosso) A autoridade lançadora, assim rechaça duplamente o afastamento da multa de mora: porque ainda que ocorresse denúncia espontânea, a multa de mora seria devida, por não ter natureza sancionatória, e porque os pagamentos foram em relação a débitos não declarados em DCTF e fora do prazo previsto no § 2o do artigo 63 da Lei no 9.430/96. Por isso, realiza a imputação dos pagamentos efetuados em 31/07/2007 (fls. 177 e 179) no sistema SICALC (fls. 319 a 335), acrescendo o débito das multas de mora (20%), resultando em saldos de IPI a recolher, lançados de ofício. Na DRJ, o primeiro argumento da fiscalização, sobre a natureza da multa de mora, é superado em virtude do que o julgador apresenta como o entendimento atual da Administração sobre a matéria (fl. 363): “O entendimento atual na esfera administrativa, sobre a ocorrência de denúncia espontânea, a ponto de tornar inexigível a multa de mora incidente sobre o pagamento intempestivo do imposto, é o de que o sujeito passivo deve ter confessado a infração, inclusive mediante a informação, em DCTF, do débito objeto do pagamento.” (grifo nosso) E, buscando endossar sua afirmação, transcreve o julgador excerto do Parecer PGFN/CRJ no 2.124/2011, que, em face de decisão do STJ na sistemática do art. 543C do CPC, no REsp no 1.149.022/SP, recomenda: “sejam autorizadas pela Senhora ProcuradoraGeral da Fazenda Nacional a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que discutam a caracterização de denúncia espontânea na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), notificando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente”. (grifo nosso) Parece entender, assim, o julgador de piso, que na ausência de DCTF, seria incabível a denúncia espontânea. Aliás, ele expressamente afirma isso ao final do voto condutor (fls. 452/453): “Considerando que é na DCTF que constam as informações relativas aos impostos e contribuições federais de responsabilidade do sujeito passivo (...), a falta dessas informações, como ocorreu no presente caso, impede o reconhecimento da alegada denúncia espontânea, não sendo essa falta suprida pela comunicação de recolhimentos feita ao titular da Delegacia da Receita Federal (...)”. (grifo nosso) Fl. 518DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11080.005281/200915 Acórdão n.º 3403003.352 S3C4T3 Fl. 517 5 Há que se destacar, contudo, que a apresentação de DCTF ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do fisco. É nesse sentido o entendimento do STJ, na sistemática dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), em matéria que já foi inclusive sumulada naquele tribunal: “TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO COM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, “O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo”. É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. 2. Recurso especial desprovido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08.” (grifo nosso) 2 O que se vê é linha diametralmente oposta à que o julgador de piso parece adotar. Declarados os débitos em DCTF, não há que se falar em denúncia espontânea. E, recordese, no presente processo, destaca o autuante (fl. 363) que “os débitos relativos aos recolhimentos efetuados pelo contribuinte (...) não foram declarados em DCTF”. Parece a DRJ admitir a denúncia espontânea somente nos casos em que o STJ não a admite. E isso não está de acordo sequer com o REsp no 1.149.022/SP, em decorrência do qual é emitido o Parecer PGFN/CRJ no 2.124/2011, citado pelo julgador em seu voto: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2 STJ, REsp n. 962.379RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, unânime, 22.out.2008. Fl. 519DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que “a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte” (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. (...) 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” 3 (grifo nosso) E as decisões do STJ na sistemática do art. 543C do CPC são de acolhida obrigatória por este tribunal administrativo, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF (em verdade, depois da Lei no 12.844/2013, que deu nova redação ao art. 19, V e § 5o da Lei no 10.522/2002, passaram a ser de acolhida obrigatória por toda a RFB). É preciso entender que se há Súmula do STJ (e a primeira decisão na sistemática do art. 543C do CPC) afirmando que “o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo”, a denúncia espontânea, a senso contrário, e para que não seja absurda ou inócua a conclusão daquele tribunal superior, é aplicável aos casos em que não tenha havido a declaração em DCTF nem o início de procedimento fiscal. E a segunda decisão na sistemática do art. 543C do CPC só vem a complementar que se a declaração em DCTF resultar de retificação antes do pagamento espontâneo, isto não afasta a aplicação da denúncia espontânea (mesmo havendo “declaração” pósretificação). 3 STJ, REsp n. 1.149.022SP, Rel. Min. Luiz Fux, unânime, 9.jun.2010. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11080.005281/200915 Acórdão n.º 3403003.352 S3C4T3 Fl. 518 7 Aliás, basta a leitura da íntegra da decisão no REsp no 1.149.022/SP para que se perceba que ali se está a tratar de um caso concreto em que “a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento (...) e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que (...) pretende ver reconhecida a denúncia espontânea (...). Assim, não houve declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral”. Assim, é firme (e nem poderia ser diferente, por questões regimentais) a jurisprudência deste CARF no sentido de cumprimento das decisões externadas pelo STJ em recursos repetitivos, reconhecendo a denúncia espontânea em hipóteses nas quais não houve declaração prévia em DCTF: AUDITORIA DA DCTF. AUTO DE INFRAÇÃO PARA EXIGÊNCIA DE MULTA DE MORA ISOLADA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OCORRÊNCIA. Configura Denúncia Espontânea o recolhimento em atraso de tributos antes de qualquer procedimento de oficio, bem assim antes da apresentação da DCTF, sendo descabida a exigência da multa de mora, nos termos do art. 138 do CTN e entendimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (STJ) em sede de recurso repetitivo.” (CSRF, Acórdão n. 9101001.971, Rel. Cons. Jorge Celso Freire da Silva, unânime, sessão de 20.ago.2014) (grifo nosso) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. DESCABIMENTO. A ausência de retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF não pode ser obstáculo ao reconhecimento do benefício da denúncia espontânea, quando o contribuinte, antes de qualquer procedimento fiscal, constata a insuficiência de recolhimento e providencia a quitação da respectiva diferença. (Acórdão n. 3401002.670, Rel. Cons. Robson José Bayerl, unânime, sessão de 23.jul.2014) (grifo nosso) “DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PAGAMENTO DE TRIBUTOS EM ATRASO. VALORES NÃO DECLARADOS OU CONSTITUÍDOS PELO CONTRIBUINTE. MULTA DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA O STJ adotou, em sede de Recurso Repetitivo, como critério para a caracterização da denúncia espontânea a apresentação de declaração informando a existência de débitos (DCTF). Se o crédito foi previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido (Súmula 360/STJ). Em ‘contrario sensu’, não tendo havido prévia declaração dos débitos, mesmo no caso de lançamento por homologação, é possível a configuração da denúncia espontânea, uma vez concorrendo os demais requisitos estabelecidos no art. 138 do CTN.” (Acórdão n. 3202001.187, Rel. Cons. Luís Eduardo Garrossino Barbieri, unânime, sessão de 24.abr.2014) (grifo nosso) Improcedente assim a exigência decorrente da ausência de recolhimento anterior de multa de mora em caso no qual se configurava a denúncia espontânea, como aqui Fl. 521DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 aclarado, de acordo com jurisprudência assentada em tribunal judicial superior, e de observância obrigatória por este CARF. Por fim, cabe recordar que parte dos débitos foi reconhecida pela recorrente ainda em fase de impugnação, e submetida a pagamento no âmbito do disposto no art. 1o, § 3o, I da Lei no 11.941/2009. Assim, o provimento que se dará aqui é parcial somente para esclarecer que com esta decisão não se exonera a quantia já reconhecida (e paga). Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 522DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10925.001161/2005-65
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Sep 15 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3403-000.567
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Esteve presente ao julgamento o Dr. Rubens Pelliciari, OAB/SP no 21.968.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Esteve presente ao julgamento o Dr. Rubens Pelliciari, OAB/SP no 21.968. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente processo sobre PER/DCOMP (no 36786.89381.310804.1.3.010167) transmitida em 31/08/2004 (fls. 4 a 151) para ressarcir Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) referente ao segundo trimestre de 2004, com base na Lei no 9.779/1999 (insumos utilizados na fabricação de produto tributados à alíquota zero), no montante de R$ 28.986,36 (cópias do Livro Registro de Apuração do IPI às fls. 17 a 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 25 .0 01 16 1/ 20 05 -6 5 Fl. 149DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.001161/200565 Resolução nº 3403000.567 S3C4T3 Fl. 674 2 51, e relação/cópias de notas fiscais de compra de embalagens aplicadas em produtos tributados à alíquota zero às fls. 52 a 64). Com base na informação fiscal de fls. 71 a 73, é emitido o despacho decisório de fls. 74/75 em 22/08/2005, deferindo parcialmente o pleito (no montante de R$ 917,30), sob o fundamento de que: (a) houve notas fiscais sem destaque de IPI (notas de transferência de insumos da Unidade Paranaguá, relacionadas à fl. 72), e sem validade legal por serem incompletas, conforme art. 353 do Regulamento do IPI/2002RIPI/2002 (Decreto no 4.544/2002), ocasionando a glosa de R$ 28.069,06. Em sua manifestação de inconformidade (fls. 77 a 83), alega a empresa, em síntese, que: (a) a autoridade fiscal efetuou a glosa por simples irregularidade formal, pois a empresa suportou o encargo do IPI; (b) vislumbrase do texto da informação fiscal que todos os débitos, créditos e estornos do IPI estão devidamente lançados e contabilizados pela empresa; (c) a autoridade fiscal não contesta que a empresa suportou a carga tributária do IPI e tem direito ao ressarcimento; (d) não foi destacado o valor do IPI sobre as transferências de produtos importados no campo específico da nota fiscal porque os valores de estoque dos referidos produtos são compostos do valor importado e dos valores das despesas posteriores ao desembaraço (isso evitou a geração de valores a maior de IPI, pois o sistema utiliza o valor do estoque para o cálculo dos tributos devidos); e (e) houve boafé da empresa, que cumpriu com sua obrigação de recolher e suportar o IPI. Em 14/02/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 97 a 100), no qual se acorda unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que: (a) o IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos (art. 51 do CTN e arts. 313 e 518, IV do RIPI/2002), devendo a apuração do imposto ser feita por estabelecimento, sendo vedada a centralização; (b) a transferência de insumos entre estabelecimento de uma mesma empresa em regra deve ser efetuada com destaque de IPI, mas pode (cf. art. 42, X do RIPI/2002) ser feita com suspensão, sem o destaque, como no caso em tela; e (c) assim, a glosa não trata de questão formal, mas de descumprimento de requisito (art. 196 do RIPI/2002) para utilização de crédito. Cientificada da decisão de piso em 09/05/2012 (cf. AR de fl. 106), a empresa apresenta recurso voluntário em 17/05/2012 (fls. 107 a 130), no qual reitera os argumentos expostos em sua manifestação de inconformidade, adicionando que: (a) a empresa agiu de acordo com o previsto no art. 42, X do RIPI/2002, que prevê a suspensão do imposto nas transferências para industrialização; (b) a filial pleiteante lançou posteriormente na conta “outros créditos” do Livro Registro de Apuração do IPI o valor do IPI objeto do pedido de ressarcimento, e, havendo débito do imposto pelas saídas devese permitir o crédito correspondente, em função do princípio da nãocumulatividade; (c) sendo certo que a empresa suportou o ônus do IPI, a glosa implica violação à nãocumulatividade; (d) a mesma irregularidade já foi imputada outras vezes à empresa, mas rechaçada pelo antigo Conselho de Contribuintes (v.g. Acórdãos no 20217.100, no 20401.378, e no 20401.782); e (e) aos valores a serem ressarcidos deve ser aplicada a Taxa SELIC (conforme decidiu o STJRESp no 150.345/RS, no 611.905/RS, no 416.247/SC e no 988.032/RS, e o Conselho de Contribuintes Acórdãos no 20173129, no 20401.378, e no 20401.782A). É o relatório. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.001161/200565 Resolução nº 3403000.567 S3C4T3 Fl. 675 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. O crédito que a empresa pleiteia é o referido no art. 11 da Lei no 9.779/1999, que dispõe: “Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.” Reparese que a lei não concede o crédito de IPI. Apenas permite a utilização do saldo credor de IPI já acumulado, segundo a legislação aplicável a tal tributo. E a unidade local entendeu não haver todo o saldo credor indicado, mas apenas parte dele, efetuando glosa em relação às seguintes notas fiscais: As duas primeiras notas fiscais estão relacionadas no demonstrativo de fl. 53, com descrição de base de cálculo do IPI, alíquota e valor de IPI. Nas cópias de tais faturas (fls. 54 e 55), percebese que não há preenchimento dos campos “alíquota do IPI”, “valor do IPI” e “valor total do IPI”, mas a base de cálculo, a alíquota e o valor do IPI estão discriminados no campo “dados adicionais”, com os mesmos dados/valores que no demonstrativo de fl. 53. E percebese que o mesmo comportamento se repete na terceira e a quarta notas fiscais da listagem (fls. 58 e 59, com demonstrativo à fl. 57), e nas duas últimas (fls. 62 e 63/64, com demonstrativo à fl. 61) em que pese a má qualidade da digitalização de algumas imagens. A fiscalização reconhece as menções à base de cálculo, à alíquota e ao valor do IPI nas notas fiscais, mas efetua a glosa ao amparo da invalidade dos documentos porque: Fl. 151DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.001161/200565 Resolução nº 3403000.567 S3C4T3 Fl. 676 4 “somente os valores de IPI corretamente destacados, no campo apropriado, é que são passíveis de serem creditados, salvo situações especiais, o que não é o caso das transferências de insumos entre estabelecimentos do mesmo contribuinte”. E o fundamento indicado para a invalidade das notas fiscais é o art. 353, II do RIPI/2002 (vigente à época dos fatos): “Art. 353. Serão consideradas, para efeitos fiscais, sem valor legal, e servirão de prova apenas em favor do Fisco, as notas fiscais que (Lei nº 4.502, de 1964, art. 53, e Decretolei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 15ª): (...) II não contiverem, dentre as indicações exigidas nas alíneas b, f até h, j, e l, do quadro "Dados do Produto", de que trata o inciso IV do art. 339, e nas alíneas e, i, e j, do quadro "Cálculo do Imposto", de que trata o inciso V do mesmo artigo, as necessárias à identificação e classificação do produto e ao cálculo do imposto devido (Lei nº 4.502, de 1964, art. 53, e Decretolei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 15ª);” (grifos efetuados pela autoridade fiscal na informação fiscal fl. 72) De fato, as informações sobre base de cálculo, alíquota e valor do IPI, embora constantes nas notas fiscais, não estavam nos campos indicados pelo dispositivo regulamentar, mas no campo “dados adicionais”. Isso é incontroverso. O julgador de piso encontra uma possível razão para que os valores de IPI, apesar de mencionados nas notas fiscais, não estivessem destacados no campo próprio: “A transferência de insumos entre estabelecimentos da mesma empresa, como regra geral, deve ser realizada com o destaque do IPI. Entretanto, o inciso X, do art. 42 do RIPI/2002, prevê que poderão sair com suspensão do imposto, os insumos transferidos para industrialização, de um estabelecimento para outro, da mesma firma. Essa opção de transferir os insumos sem o destaque de IPI é exteriorizada justamente através da nota fiscal. Não se trata que uma questão meramente formal. Não havendo o destaque do imposto, claro fica que a empresa optou por não transferir os créditos. E é justamente o que ocorreu no caso em tela. Verificase às fls. 54/55, 58/59 e 62/64 que não houve o destaque do IPI, e como consequência, o estabelecimento que recebeu os insumos não faz jus ao credito, que permanece no estabelecimento remetente.” (grifo no original) No recurso voluntário, a própria empresa parece encampar a tese da suspensão, ao afirmar (fl. 111) que: “Desta forma, a autoridade fiscal entendeu que o crédito deveria ser glosado apenas com base na mera formalidade do destaque na nota fiscal. Tal formalidade não pode cercear o direito incontroverso ao creditamento de IPI, porque de fato o tributo foi pago. Além do mais, a empresa agiu de acordo com o previsto no inciso X, do art. 42 da (sic) RIPI/2002, pois este prevê que poderão sair com Fl. 152DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.001161/200565 Resolução nº 3403000.567 S3C4T3 Fl. 677 5 suspensão do imposto, os insumos transferidos para industrialização, de um estabelecimento para outro, da mesma firma.” (grifo nosso) Parece haver contradição no excerto: ou o IPI foi pago/destacado pela remetente ou a remessa ocorreu com suspensão (art. 42, X do RIPI). Ou há o equívoco da recorrente em entender que o IPI suspenso na operação de transferência foi “pago”/destacado. Reparese que nas linhas 002, 003, 005, 006, 008 e 009 do PER/DCOMP (fl. 11), correspondentes exatamente às notas fiscais glosadas, há sempre a mensagem “transferência para industrialização”, da filial 004009 para a 003452. Nas demais, há a mensagem “compra para industrialização”. Contudo, nos demonstrativos de fls. 53, 57 e 61, relativos às mesmas notas fiscais de “transferência” (em todas as notas aparece como natureza da operação “transf. de mercad. adquir. ou recebid. de terceiros CFOP 6.152”), há a mensagem “compra de embalagens aplicadas na produção”. Pelos documentos acostados aos autos (Livro de Registro de Apuração do IPI da destinatária, e não da remetente) não é possível saber de forma conclusiva (justamente pela incorreção nas notas fiscais glosadas), se tais notas estavam a amparar uma operação com IPI de fato destacado pelo remetente ou uma operação de transferência com suspensão. E isso deixa claro que a irregularidade no preenchimento da nota fiscal apontada no despacho pode não constituir mera formalidade, mas elemento indicativo do tipo de operação que ampara (transferência com destaque ou transferência com suspensão). Resta dúvida, assim, sobre o potencial infracional de eventual erro cometido na nota fiscal. Essa dúvida, destaquese, não era presente em precedentes apresentados pela recorrente. Vejase o teor do Acórdão no 20217.100 (de 24.mai.2006, relatado pelo Cons. Antonio Zomer, com a participação de dois membros deste colegiado Antonio Carlos Atulim e Ivan Allegretti, no qual houve unanimidade em relação à matéria), que, a nosso ver, bem tratou da questão à luz da verdade material: “IPI. RESSARCIMENTO. LEI 149 9.779/99. CRÉDITOS BÁSICOS RELATIVOS A INSUMOS RECEBIDOS EM TRANSFERÊNCIA. A informação do valor total dos produtos, do IPI e da nota fiscal no quadro da nota fiscal destinado aos Dados Adicionais Informações Complementares, aliada à comprovação do lançamento a débito no livro de apuração do remetente, autoriza o creditamento do imposto pelo estabelecimento recebedor dos insumos transferidos.” (grifo nosso) No mesmo sentido o Acórdão no 20401.378 (de 24.mai.2006, relatado pelo Cons. Júlio César Alves Ramos, no qual também houve unanimidade em relação à matéria): “IPI. RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR TRIMESTRAL.INSUMOS TRANSFERIDOS, SEM DESTAQUE DO IMPOSTO, DE UM ESTABELECIMENTO PARA OUTRO DA MESMA FIRMA. Os créditos do IPI são escriturados vista do documento que lhes confira legitimidade. A indicação dos dados essenciais ao lançamento, inclusive do imposto devido pela saída, em campo diverso do previsto na norma não inviabiliza o crédito do adquirente, quando provado que o remetente reconheceu como débito o imposto incorretamente informado.” (grifo nosso) Fl. 153DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.001161/200565 Resolução nº 3403000.567 S3C4T3 Fl. 678 6 Assim, em nome da verdade material, para saber com segurança o tipo de operação configurado na transferência (ou compra) efetuada por meio das citadas notas fiscais, necessário se faz baixar os autos em diligência, para que a unidade local ateste conclusivamente se a unidade remetente reconheceu como débito o imposto informado nas notas fiscais glosadas. Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência. Rosaldo Trevisan Fl. 154DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 15586.720841/2012-12
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Apr 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
Ementa:
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÕES. ALTERAÇÕES. CIÊNCIA.
A prorrogação ou alteração do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) poderá ser efetuada por meio de registro eletrônico efetuado pela autoridade outorgante, divulgando a informação na internet, para ciência/acompanhamento do sujeito passivo.
SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO
Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. SÚMULA 2-CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária que institui penalidade.
Numero da decisão: 3403-002.893
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PRORROGAÇÕES. ALTERAÇÕES. CIÊNCIA. A prorrogação ou alteração do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) poderá ser efetuada por meio de registro eletrônico efetuado pela autoridade outorgante, divulgando a informação na internet, para ciência/acompanhamento do sujeito passivo. SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. SÚMULA 2CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária que institui penalidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Antonio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 08 41 /2 01 2- 12 Fl. 6185DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração (fls. 5653 a 5660 e 5661 a 5668)1 lavrados em 04/02/2013, para exigência de COFINS (no valor de R$ 4.757.629,44 a título de principal) e Contribuição para o PIS/PASEP (no valor de R$ 1.037.388,80 a título de principal), em decorrência de falta/insuficiência de recolhimento (pela utilização indevida de créditos oriundos de pesudoempresas atacadistas, interpostas nas operações de compra de café em grãos de produtor rural). No Termo de Verificação Fiscal de fls. 5302 a 5651, a fiscalização narra que: (a) o procedimento fiscal decorre das investigações originadas na operação fiscal “TEMPO DE COLHEITA”, deflagrada pela DRF Vitória/ES em outubro de 2007, em face de supostas empresas atacadistas de café em grãos, e complementa procedimento fiscal em relação aos períodos de 2006 a 2008 (levado a cabo no processo administrativo no 15586.000449/201091); (b) a fraude detectada consiste na simulação da participação de “pseudoatacadistas” nas operações de compra de café em grãos do produtor rural e/ou maquinista, gerando, ilicitamente, créditos integrais das contribuições em análise para a empresa adquirente; (c) a autuada tem como objeto social o beneficiamento e comercialização de produtos agrícolas, notadamente café em grãos, e ficou comprovado ao final do procedimento fiscal que se utilizou do mencionado esquema fraudulento via “pseudoatacadistas”; (d) como provas, são apresentados: declarações prestadas a termo por produtores rurais/maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada e documentos apresentados pelas “pseudoempresas” COLÚMBIA, ACÁDIA, DO GRÃO e L&L, documentos encaminhados pela Polícia Federal, entre outros (cf. detalhamento às fls. 5308 a 5311, 5451 a 5453, e 5454 a 5470); 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 6186DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15586.720841/201212 Acórdão n.º 3403002.893 S3C4T3 Fl. 6.186 3 (e) das 40 empresas fornecedoras da autuada, 28 tiveram suas notas fiscais glosadas (relação de empresas às fls. 5312/5313), desconsiderandose os créditos referentes às contribuições (o valor das notas dos “pseudoatacadistas”, em 2009, chega a R$ 113.914.229,00, que corresponde a 95,29% do montante das notas fiscais de saídas contabilizadas a título de pessoas jurídicas; (f) os responsáveis pelas empresas “IMPÉRIO Comércio de Café LTDA” (autuada comercial de café), “CHAPADÃO Armazéns Gerais LTDA” (armazém geral) e “STEF Comércio e Transportes LTDA” (transportadora), eram 4 membros da família STEFENONI: ARILDO, irmão de AMARILDO, e pai de HENRY e FRANCO, que são referência na comercialização de café em grãos na região de Marilândia e Colatina, no Espírito Santo; (g) a “IMPÉRIO” (autuada) tem no quadro societário ARILDO (98%) e HENRY (2%); a “CHAPADÃO”, ARILDO e AMARILDO, e a “STEF”, HENRY e FRANCO; (h) a operação “TEMPO DE COLHEITA” foi motivada pelo descompasso entre as movimentações financeiras e as receitas declaradas ao fisco federal, apurandose que, com o advento da nãocumulatividade das contribuições, passou a ser comum a comercialização por pequenas empresas sem armazéns ou depósitos, e sem funcionários ou qualquer estrutura logística, mas estrategicamente situadas próximas às maiores empresas comerciais (como exemplo, vejamse as fotos da empresa atacadista “CAFEEIRA COLATINA, que movimentou R$ 160 milhões de 2005 a 2007 fl. 5320); (i) várias empresas (entre elas COLÚMBIA, ACÁDIA, DO GRÃO e L&L) declararam ao fisco que não são e nunca foram empresas comercializadoras ou atacadistas de café, e sim, seus sócios e gestores sempre foram corretores pessoa física, transformados por imposição dos compradores em pessoa jurídica; (j) a partir da requisição de informações financeiras, nos termos do art. 6o da Lei Complementar no 105/2001, regulamentado pelo Decreto no 3.724/2001, e de instrumentos de procuração outorgando poderes para terceiros movimentarem contascorrentes, chegouse à conclusão de que em muitos casos as próprias pessoas jurídicas compradorasgrandes atacadistas é que, de Fl. 6187DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 fato, movimentavam as contascorrentes (v.g. HENRY e AMARILDO, que comprovadamente autorizaram seus funcionários a fazerem retiradas em contascorrentes de titularidade de uma “pseudoatacadista”, e geriram a conta da V. MUNALDI para pagar produtores rurais fls. 5355 a 5368); (k) o esquema fraudulento se comprova também pelas declarações de diversos corretores de café, maquinistas e/ou produtores rurais (fls. 5368 a 5426, e 5471 a 5510, com 8 exemplos de operações realmente efetivadas às fls. 5490 a 5500), inclusive produtores que negociaram com AMARILDO e HENRY (fls. 5426 a 5451), e por diligências realizadas em produtores e corretores de café (fls. 5510 a 5529) e corretores de café (fls. 5530 a 5620); (l) nos depoimentos dados por AMARILDO e ARILDO STEFENONI (fls. 5620/5621) descortinam o modus operandi de guiar café de produtor para a “IMPÉRIO”, usando “pseudoempresas”, e os depoimentos de HENRY STEFANONI (fls. 5622/5623) e FRANCO STEFANONI (fls. 5624/5625) confirmam que todos conheciam e utilizavam o esquema; (m) a empresa “IMPÉRIO” foi intimada a apresentar diversos documentos, para possibilitar a fiscalização, e, a partir dos documentos entregues, detectouse a apropriação indevida de créditos integrais das contribuições em análise, quando o correto seria apropriar créditos presumidos no percentual de 35% das respectivas alíquotas, porque as aquisições eram, de fato diretamente de pessoas físicas (produtores rurais/maquinistas); (n) foi, assim, glosado o crédito integral, e reconhecido o crédito presumido, resultando nas planilhas apontadas à fl. 5630, e nas glosas individualizadas constantes do item 17.3 do Relatório (fls. 5633/5634), bem como nas indicações de glosas por “pseudoatacadista” (fls. 5634 a 5637); (o) apurados os créditos a compensar após as glosas (integrais ajustados, e presumidos apurados pela fiscalização), e efetuado rateio (vendas para mercado interno x externo) com base na proporção da receita bruta auferida pela empresa, chegouse ao valor do lançamento de ofício (demonstrativo às fls. 5642 a 5646); e (p) a multa de ofício foi qualificada (utilizandose o percentual de 150% sobre os valores devidos) em virtude de configuração de sonegação (art. 71 da Lei no Fl. 6188DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15586.720841/201212 Acórdão n.º 3403002.893 S3C4T3 Fl. 6.187 5 4.502/1964), tendo a “IMPÉRIO” contabilizado e utilizado créditos sabidamente indevidos em todos os períodos de apuração de 2009, inserindo elementos inexatos em documentos fiscais, e utilizando documentos que sabia ou devia saber que são falsos, buscando eximirse de tributação. Nas impugnações de fls. 5676 a 5707 e 5708 a 5741 (com protocolo de 18/03/2013), a empresa sustenta que: (a) o fisco utilizou procedimento fiscal anterior, que embasou o processo administrativo no 15586.000449/201091 (que traz o mesmo Relatório Final de Auditoria); (b) a prática adotada, de adquirir o café via pessoas jurídicas, é lícita, e representa elisão fiscal ou planejamento tributário; (c) a empresa não responde pela regularidade fiscal da pessoa jurídica da qual efetuou a aquisição; (d) não há comprovação de que a empresa induziu pessoas a constituírem “pseudoempresas”; (e) se houve algum ilícito, tal aconteceu na sonegação do atacadista, e não no creditamento; (f) não houve intimação da empresa para fornecimento das informações referentes à movimentação financeira, como estabelece o art. 4o, § 2o do Decreto no 3.724/2001; (g) o fisco disponibilizou no Relatório Fiscal informações de terceiros, sigilosas, maculando o procedimento; (h) não houve ciência do MPF respectivo; (i) não foram incluídos no lançamento pessoas físicas, sócios, outras empresas do grupo ou empresas consideradas “laranjas”; (j) não há prova de que a empresa comprava/pagava por nota fiscal de empresas “laranjas”; (k) a maioria das pessoas ouvidas pelo fisco tentou esquivarse de sua responsabilidade, transferindoa à autuada; e (l) o auto de infração foi lavrado sem buscar a verdade sobre os fatos, glosandose todas as notas fiscais das empresas que prematuramente foram julgadas falsas, e ainda qualificou a multa, como se a empresa já estivesse condenada antes mesmo de se defender. Em 16/05/2013, a DRJ acorda unanimemente pela improcedência da impugnação (fls. 5780 a 5813), identificando a ausência de nulidade e de cerceamento de defesa, e a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim de afastar o pagamento de contribuição devida, mantendo a qualificação da multa de ofício. Cientificada da decisão da DRJ em 17/06/2013 (AR à fl. 5820), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 12/07/2013 (fls. 5822 a 5852), alegando, preliminarmente (fls. 5820 a 5838), que: (a) a obtenção de dados bancários deve ser feita em respeito aos comandos constitucionais que tratam de direitos e garantias fundamentais, e à segurança jurídica, ao contraditório e à ampla defesa, devendo haver prévia intimação da empresa, como atesta o art. 4o, § 2o do Decreto no 3.724/2001; (b) foram divulgados pela RFB dados sigilosos de terceiros, maculando o procedimento; (c) “caberia ao fisco individualizar e mensurar a participação da empresa recorrente ou seus respectivos sócios”, mas não tecer conclusão generalizada, tratando a empresa da mesma forma que os outros apontados nos autos do processo; e (d) o MPFF foi cientificado à recorrente em 14/01/2012, com validade de 120 dias, não tendo jamais havido ciência por parte da recorrente a MPF complementar dentro de tal prazo. No mérito, sustenta a recorrente que: (a) não aponta o fisco prova da participação da recorrente no suposto esquema fraudulento que, se existiu, era alheio aos negócios da empresa; (b) “se a recorrente se creditou de valores a título de PIS e COFINS, o fez com base no sistema legal inerente à espécie”, já que acreditava na existência da empresa atacadista indicada por corretores ou produtores de café”, que haviam sido autorizadas a operar pelo próprio fisco e estavam regulares em seus cadastros; (c) “por questões lícitas de planejamento tributário, a recorrente deixou de comprar de pessoas físicas e o fez, principalmente a partir da concessão legal retro mencionada, diretamente de pessoas jurídicas regularmente constituídas que, além Fl. 6189DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 da aparência de legalidade, eram chanceladas pela própria RFB; (d) as presunções do fisco tentam imputar à recorrente, “uma das poucas empresas sérias do Município”, erros de terceiros; (e) o ônus probatório é do fisco, que não o exerceu a contento, “e não se pode admitir que a não impugnação do contribuinte ou a juntada de documentos em qualquer momento do iter procedimental tenha o efeito de dar certeza a uma dúvida, sob pena de se estar criando tributo sem lei, ofendendo assim a verdade matéria, em benefício da verdade formal”; (f) o contribuinte de boafé não pode ser penalizado por fraudes praticadas por terceiros, como se assegura no REsp no 1.148.444/MG; e (g) a multa qualificada é injusta, expropriatória e confiscatória. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. São alegados em sede preliminar os seguintes obstáculos à autuação: irregularidades no Mandado de Procedimento Fiscal, e violação de sigilo em relação a dados da recorrente e de outras empresas, e No mérito, são levantadas argumentações predominantemente em relação a questão probatória. Do Mandado de Procedimento Fiscal Sustenta a recorrente que o Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF) foi cientificado à recorrente em 14/01/2012, com validade de 120 dias, não tendo jamais havido ciência por parte da recorrente a MPF complementar dentro de tal prazo, em ofensa ao Decreto no 70.235/1972 e ao art. 13, § 2o da Portaria RFB no 4.066/2006 (fls. 5834 a 5838). Incumbe destacar, de início, que o Decreto no 70.235/1972 não trata de MPF ou do prazo de 120 dias para conclusão de procedimento fiscal (o prazo de 120 dias está no art. 12, I da Portaria RFB no 4.066/2006, tratando o Decreto no 70.235/1972, em seu art. 7o, de prazos para ciência, que devem ser lidos em conjunto com as normas que regem o MPF, e que foram observados na fiscalização, conforme termos de fls. 4691, 5121 e 5124). Em relação ao art. 13, § 2o da Portaria RFB no 4.066/2006, reproduzse abaixo seu teor: “Art. 13. A prorrogação do prazo de que trata o artigo anterior poderá ser efetuada pela autoridade outorgante, tantas vezes quantas necessárias, observado, em cada ato, o prazo máximo de sessenta dias, para procedimentos de fiscalização, e de trinta dias, para procedimentos de diligência. § 1º A prorrogação de que trata o caput poderá ser feita por intermédio de registro eletrônico efetuado pela respectiva autoridade outorgante, cuja informação estará disponível na Internet, nos termos do art. 7 º , inciso VIII. § 2º Na hipótese do § 1º, o AFRFB responsável pelo procedimento fiscal fornecerá ao sujeito passivo, quando do Fl. 6190DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15586.720841/201212 Acórdão n.º 3403002.893 S3C4T3 Fl. 6.188 7 primeiro ato de ofício praticado junto ao mesmo após cada prorrogação, o Demonstrativo de Emissão e Prorrogação, contendo o MPF emitido e as prorrogações efetuadas, reproduzido a partir das informações apresentadas na Internet, conforme modelo constante do Anexo VI.” (grifo nosso) O Termo de Início de Ação Fiscal de fls. 4691 a 4695 cita o amparo no MPF F no 07.2.01.002011.018240. E, à fl. 4695, dispõe expressamente o Termo que: “O sujeito passivo poderá verificar a autenticidade do Mandado de Procedimento Fiscal utilizando o programa Consulta Mandado de Procedimento Fiscal, disponível na página da Secretaria da Receita Federal do Brasil na Internet, www.receita.fazenda.gov.br, onde deverá ser informado o número do CNPJ e o código de acesso 16552209.” (grifo nosso) No Termo há ainda um telefone para esclarecimento de dúvidas, tendo sido a ciência comprovada pelo AR de fl. 4696, em 20/01/2012. Bastava, assim, que a empresa, de posse das informações prestadas pelo fisco, consultasse no sítio web da RFB com seu número de CNPJ (32.460.008/000127) e a senha fornecida (16552209), para que atestasse a validade do MPF. É preciso ainda informar que ao tempo da emissão do MPF, a Portaria citada pela recorrente (Portaria RFB no 4.066/2006) já se encontrava revogada pela Portaria RFB no 11.371/2007, por sua vez revogada pela Portaria RFB no 3.014/2011, que dispõe, em seus arts. 11, 12 e 18: “Art. 11. Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade: I 120 dias, nos casos de MPFF (...). Art. 12. A prorrogação do prazo de que trata o art. 11 poderá ser efetuada pela autoridade emitente, tantas vezes quantas necessárias, observado, em cada ato, os prazos fixados nos incisos I e II do art. 11, conforme o caso. (...) Art. 18. Os MPF emitidos e suas alterações permanecerão disponíveis para consulta na Internet, mediante a utilização do código de acesso de que trata o parágrafo único do art. 4 º inclusive após a conclusão do procedimento fiscal correspondente.” Para verificar se houve registro das prorrogações na Internet, em nome da verdade material, efetuamos consulta ao sítio web da Receita Federal (conforme a recomendação acima). A consulta, que poderia ter sido efetuada pela empresa a qualquer tempo, apontou como resposta que o MPF foi emitido com base na Portaria RFB no 3.014/2011, e prorrogado por três vezes (até 10/08/2012, até 07/12/2012, e até 05/04/2013). Não há nenhuma irregularidade, assim, em relação ao MPF, que observou à risca as normas vigentes ao tempo de sua emissão. Fl. 6191DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 Em relação ao procedimento fiscal de fiscalização, cabe ainda esclarecer o equívoco da recorrente na interpretação das disposições do julgamento de piso, quando o julgador afirma que a etapa de fiscalização que precede a lavratura do auto de infração é inquisitória, dispensados o contraditório e o devido processo legal. A carga que a palavra “inquisitória” tem em nosso idioma por certo não representa a sequência de atos do procedimento fiscal, regida pela legalidade, e norteada por normas procedimentais em toda sua extensão, normas estas que foram, no presente processo, observadas, não tendo sido apontado e comprovado nenhum descumprimento. Do sigilo bancário e de informações A recorrente alega que a obtenção de dados bancários deve ser feita em respeito aos comandos constitucionais que tratam de direitos e garantias fundamentais, e à segurança jurídica, ao contraditório e à ampla defesa, devendo haver prévia intimação da empresa, como atesta o art. 4o, § 2o do Decreto no 3.724/2001 (fls. 5826 a 5834). Não se tem dúvidas de que, efetivamente, a obtenção de dados bancários deve ser feita em respeito aos comandos constitucionais que tratam de direitos e garantias fundamentais, e à segurança jurídica, ao contraditório e à ampla defesa. Isso é incontroverso nos autos, e não se ponta nenhuma mácula nesse sentido. A única violação explícita suscitada na peça de defesa, e, portanto, passível de análise por este colegiado, é a ausência da intimação a que se refere o art. 4o, § 2o do Decreto no 3.724/2001, que estabelece: “Art. 4o Poderão requisitar as informações referidas no § 5o do art. 2o as autoridades competentes para expedir o MPF. (...) § 2o A RMF será precedida de intimação ao sujeito passivo para apresentação de informações sobre movimentação financeira, necessárias à execução do MPF.” (grifo nosso) Como se descreve no Relatório Fiscal, o MPF aqui, inicia em 2012, e as movimentações financeiras analisadas se referem a procedimento fiscal anterior (item 6 do relatório fiscal, intitulado “Movimentação financeira das pseudoempresas atacadistas” fls. 5352 a 5368), e não tratam das contas da recorrente, mas de terceiros, como já havia constatado a DRJ (que informa também que os terceiros foram previamente intimados fls. 5791/5792). Assim, não há violação ao decreto que rege a matéria. Insurgese ainda a recorrente contra a divulgação pela RFB de dados sigilosos de terceiros, que maculariam o procedimento. No entanto, não indica individualmente quais seriam tais dados, a que folhas se encontram, ou por qual fundamento normativo específico maculariam o procedimento, limitandose a considerações principiológicas, sem apontar sua relação direta com a situação descrita os autos. É de se recordar que os dados constantes do relatório fiscal trazem diversas empresas investigadas em operação especial na qual se apurou que, de fato, tratavamse de “pseudoempresas”, artificialmente criadas, sem patrimônio e estrutura física, funcionários, que “guiavam” café a terceiros. E, no caso, o terceiro é justamente a recorrente, que comprava café de tais “pseudoempresas”. Clara, assim, a conexão com os dados de terceiros trasladados ao presente processo. Ausente, destarte, a mácula apontada. Fl. 6192DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15586.720841/201212 Acórdão n.º 3403002.893 S3C4T3 Fl. 6.189 9 Das provas Afastadas as questões preliminares, passase à matéria fulcral no presente processo: a questão probatória. Esse tópico é aquele ao qual o fisco dedica a maior parte das cerca de 350 páginas do Relatório Fiscal, trazendo resultados de diligências, depoimentos de dezenas de corretores, maquinistas, produtores rurais, registros bancários, e manifestações das empresas envolvidas na situação descrita nos autos. Tais provas, na medida em que se apresentarem relevantes/consistentes, serão tratadas adiante. Por outro lado, a autuada dedica pouco espaço de seu recurso voluntário à matéria (fls. 5838 a 5852, mais da metade delas com simples reproduções de doutrina, e não refutação de provas apresentadas na autuação). A recorrente parte do pressuposto de que realiza atividade lícita, decorrente de “planejamento tributário”, como se depreende dos seguintes excertos do recurso voluntário (fls. 5841/5842): “Nesse(sic) esteira de raciocínio, concluise que se houve fraude, esta pertence a quem efetivamente cometeu, mas não a (sic) Recorrente, que agiu dentro da lei aproveitando crédito lícito de empresas que foram habilitadas à (sic) comercializar pela própria Receita Federal do Brasil. (...) Frisase, por questões lícitas de planejamento tributário, a Recorrente deixou de comprar de pessoas físicas e o fez, principalmente a partir da concessão legal retro mencionada , diretamente de pessoas jurídicas regularmente constituídas que, além da aparência de legalidade, eram chanceladas pela própria RFB.” (grifos no original). A uma, confunde a recorrente o cadastro nacional de pessoas jurídicas (CNPJ) da RFB com “habilitação para comercializar”, ou com atestado de regularidade ou confiabilidade da empresa. A consulta a cadastros de empresas (CNPJ ou SINTEGRA) não se presta à verificação de idoneidade ou confiabilidade. Por óbvio tais registros/cadastros atestam tão somente que a empresa está “registrada/cadastrada”, e nada mais. Tanto o é que o resultado das diligências fiscais aponta 28 “pseudoempresas” que vendiam café à recorrente, representando 95,29% do montante das notas fiscais contabilizadas a título de pessoas jurídicas (em um montante de R$ 113.914.229,00): ADAME Café Imp. e Exp. LTDA (fls. 5611 a 5618); ANTHERO B. Marino ME (fls. 5605 a 5611); Café da MONTANHA Com. Exp. (fls. 5611 a 5618); Cafeeira GUANDU Comercial (fls. 5599/5600); CELBA Com. Imp. e Exp. LTDA (fls. 5601/5602); COFFEE TRADE do Brasil LTDA (fls. 5605 a 5611); COFFER SUL Comercial LTDA (fls. 5611 a 5618); COLUMBIA Com. de Café LTDA; CONILON Norte Café LTDA (fls. 5605 a 5611); ENSEADA Com. de Café e Sacar. (fls. 5595/5598); J. UBALDO Bernardo (fls. 5611 a 5618); L & L Com. Exp. de Café LTDA; LUIZ EMILIO Fachetti Pretti (fls. 5605 a 5611); M. BATISTA Coffeee Blend (fls. 5618/5619); MAIS Comércio de Café LTDA (fls. 5611 a 5618); MARACÁ Com. e Exp. de Café (fls. 5611 a 5618); MUNDIAL Com. Exp. de Café (fls. 5611 a 5618); NORTE Prod. Fl. 6193DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 10 Alimentícios LTD. (fls. 5603/5605); NOVA BRASÍLIA Com. de Café. (vide fotos da fachada às fls. 5582/5583); P.A. de CRISTO (fls. 5590/5592); PRINCESA do Norte Alim. LTDA (fls. 5605 a 5611); R. ARAÚJO Cafecol Mercantil; RADIAL Armazéns Gerais LTDA (fls. 5592/5594); RODRIGO Siqueira (fls. 5605 a 5611); ROMA Com. de Café e Sacaria (vide fotos da fachada à fl. 5543); W.G. de AZEVEDO; W. R. da SILVA; e YPIRANGA Comércio de Café (vide fotos da fachada às fls. 5504/5505). O administrador (e sócio, ao lado de seu filho) da COLÚMBIA (Antonio Gava) declarou ao fisco que “a COLUMBIA funciona como recebedora da nota fiscal do produtor e emissora da nota fiscal de saída, que vai para o real proprietário do café, ou melhor, o verdadeiro comprador do café”. A COLÚMBIA, de 2003 a 2009, apesar de movimentar centenas de milhões de reais em notas, nunca recolheu quaisquer valores em tributos federais (cf. extrato SINAL). O mesmo se passa com a empresa L & L (fl. 5331). Ambas as empresas, assim como diversas outras, não possuem imóveis, veículos, tampouco funcionários. E, quanto à origem dos recursos, afirmaram categoricamente que: “os recursos transitados pela conta da fiscalizada são dos compradores do café, sejam estes corretoras de contratos futuros, especuladores de mercado, indústrias, torrefadores, cerealistas, atacadistas ou exportadores”. As empresas asseveram ainda que NÃO são e NUNCA foram empresas comercializadoras ou atacadistas de café e sim, seus sócios e gestores sempre foram corretores pessoas física, transformados por imposição dos compradores em pessoa jurídica. O comprador exigia que o produtor “guiasse” o produto com nota de produtor para as empresas e elas, em contrapartida, emitiam uma nota fiscal de saída para o comprador. O esquema é notório na região e já foi objeto de diversas operações especiais. Alertaram ainda que estavam sendo constituídas novas empresas na região de Colatina, porque os compradores não mais queriam operar com as empresas “antigas”. Os “Gava” são ainda proprietários da empresa W. R. da SILVA, e justificam a criação da empresa da seguinte forma: “devido a problemas financeiro (sic) com alguns exportadores fomos forçados a transformar a empresa em uma firma de nota fiscal a fim de quitarmos nossa dívida com nota fiscal”. A W. R. SILVA foi comprada de fornecedor da “IMPÉRIO”, e os maquinistas, exportadores e torradores julgaram que a COLÚMBIA estava muito velha e tinha muito tempo de uso, havendo medo de fiscalização. Entre as contas correntes da W. R. da SILVA operadas por maquinistas, encontrase a de no 97160, operada por Américo José Mai, e usada para transações com a “IMPÉRIO”. Américo confirmou a utilização da conta para “guiar” café para os verdadeiros compradores, e revelou os locais onde eram efetuadas as trocas de notas fiscais do produtor (em Colatina mesmo ou no posto SHELL da João Neiva, com notas trazidas por motoboy). São ainda robustas as provas constantes nos numerosos depoimentos de corretores e produtores. Vejamse, por exemplo, os corretores Luiz Fernandes Alvarenga (que confirma que empresas eram guiadas para fornecer café à “IMPÉRIO”, e que o vendedor indicado nas notas fiscais é um artifício, citando as empresas (que constam de suas confirmações de pedido) COLÚMBIA, L&L, W. R. da SILVA, R. ARAÚJO, NOVA BRASÍLIA, YPIRANGA, e PA de CRISTO, entre outras. Um a um vão se seguindo os exemplos documentados de transações efetuadas com a “IMPÈRIO” onde se caracteriza a intermediação de “pseudoempresa” entre a compradora (“IMPÈRIO”) e o produtor pessoa física. E não se está aqui falando das dezenas de depoimentos testemunhais, tão rechaçados pela recorrente, mas de documentos neles juntados, ou discutidos, como os de fls. 5381 (pedido da “IMPÉRIO” para a Casa do Café Corretora, Fl. 6194DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15586.720841/201212 Acórdão n.º 3403002.893 S3C4T3 Fl. 6.190 11 corretora de empresas como COLÚMBIA, W. R. da SILVA, R. ARAÚJO, e NOVA BRASÍLIA, entre outras, envolvendo diretamente os sócios da “IMPÈRIO” e seus funcionários/funcionários de outras empresas do grupo “CHAPADÃO Armazéns Gerais LTDA” /armazémgeral e “STEF Comércio e Transportes LTDA” / transportadora), que atuavam constituindo “pseudoempresas”). Citemse ainda os documentos/exemplos de fls. 5358, 5359, 5360, 5431, 5433, 5434, 5440, 5441, 5449, 5490 a 5500, 5536 a 5541, 5572 a 5575, e alguns fornecidos pela Polícia Federal (fls. 5455/5456 e 5458/5459), pelo MPES (fls. 5463, 5465, e 5467 a 5470). São fartas provas de conexão entre os sócios da empresa recorrente e as “pseudoempresas”, o que afasta em absoluto a tese alegada pela empresa em seu recurso voluntário de que “não há qualquer afirmação destes senhores de que a recorrente participava ou tinha efetivo conhecimento da apontada fraude” (fl. 5839), ou de que “em nenhum deles (‘depoimentos’) há indicação da recorrente ou seus sócios” (5840). E torna surreal a tese de que havia planejamento tributário. O “planejamento” era, em verdade, para iludir o fisco mediante a utilização de interpostas pessoas jurídicas. As numerosas respostas de produtores (dezenas deles, aliadas a outras informações prestadas por dezenas de maquinistas/ corretores) afirmando que sequer preenchiam as notas de venda, sequer sabiam quais eram as empresas intermediárias, e que negociavam com o Sr. Amarildo Stefenoni, sócio da “IMPÉRIO” não parecem ser de partícipes de teoria conspiratória para denegrir o nome da recorrente, que se autointitula “uma das poucas empresas sérias do Município” (fl. 5842). Não há assim presunções (ou generalizações, tendo sido trazidos elementos probatórios em relação a cada uma das empresas que tiveram suas notas fiscais glosadas), mas provas (havendo satisfatório exercício do direito probatório por parte do fisco) que não são individualmente afastadas pela recorrente, que se limita a genericamente afirmar que não há provas, ao invés de se dedicar a refutálas. Não se caracteriza, ainda, a boafé a que se refere o REsp no 1.148.444/MG, pois resta, no caso aqui em análise, ausente a comprovação da veracidade da compra e venda efetuada: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE ICMS. APROVEITAMENTO (PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE). NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE DECLARADAS INIDÔNEAS. ADQUIRENTE DE BOAFÉ. 1. O comerciante de boafé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da nãocumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação (Precedentes das Turmas de Direito Público: EDcl nos EDcl no REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 11.03.2008, DJe 10.04.2008; REsp 737.135/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 14.08.2007, DJ Fl. 6195DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 12 23.08.2007; REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 07.08.2007, DJ 10.09.2007; REsp 246.134/MG, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 13.03.2006; REsp 556.850/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.04.2005, DJ 23.05.2005; REsp 176.270/MG, Rel.Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 27.03.2001, DJ 04.06.2001; REsp 112.313/SP, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, julgado em 16.11.1999, DJ 17.12.1999; REsp 196.581/MG, Rel. Ministro Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 04.03.1999, DJ 03.05.1999; e REsp 89.706/SP, Rel. Ministro Ari Pargendler, Segunda Turma, julgado em 24.03.1998, DJ 06.04.1998). 2. A responsabilidade do adquirente de boafé reside na exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do CTN, segundo o qual "salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato" (norma aplicável, in casu, ao alienante). 3. In casu, o Tribunal de origem consignou que: "(...)os demais atos de declaração de inidoneidade foram publicados após a realização das operações (f. 272/282), sendo que as notas fiscais declaradas inidôneas têm aparência de regularidade, havendo o destaque do ICMS devido, tendo sido escrituradas no livro de registro de entradas (f. 35/162). No que toca à prova do pagamento, há, nos autos, comprovantes de pagamento às empresas cujas notas fiscais foram declaradas inidôneas (f. 163, 182, 183, 191, 204), sendo a matéria incontroversa, como admite o fisco e entende o Conselho de Contribuintes." 4. A boafé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS. 5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento, na seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex tunc, o que afastaria a boafé do terceiro adquirente, máxime tendo em vista o teor do artigo 136, do CTN. 6. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.(REsp 1148444/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/04/2010, DJe 27/04/2010) Ademais, no caso concreto tratado nestes autos a compradora (recorrente) sabia (e concorreu para) o fato de que as notas fiscais não refletem verdadeira operação, mas a ocultação da aquisição de café de pessoas físicas, com a interposição de “pseudoempresas”. Cabível, assim, a exigência efetuada pelo fisco, sendo inaplicável ao caso, por absoluta falta de subsunção, o julgamento do STJ. Fl. 6196DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15586.720841/201212 Acórdão n.º 3403002.893 S3C4T3 Fl. 6.191 13 Da multa de ofício Alega o recorrente que a multa aplicada é injusta, expropriatória e confiscatória, não tecendo quaisquer outras considerações sobre a multa qualificada aplicada, prevista no art. 44, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 11.488/2007. Havendo previsão legal explícita para a multa, incabível o juízo de constitucionalidade (onde residiriam as discussões sobre injustiça, expropriação ou confisco) a seu respeito, por este tribunal administrativo, em face da Súmula CARF no 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Fl. 6197DF CARF MF Impresso em 15/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 13054.001682/2008-50
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu May 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
COFINS. CRÉDITOS DE ICMS CEDIDOS A TERCEIROS. NÃO INCIDÊNCIA. RE 606.107/RS-RG.
Não incidem a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sobre créditos de ICMS cedidos a terceiros, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 606.107/RS, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62-A de seu Regimento Interno.
COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos os combustíveis utilizados em caminhões da empresa para transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Por outro lado, não constituem insumos os combustíveis utilizados em veículos de passeio, motocicletas, e kombis que eventualmente transportam funcionários.
Numero da decisão: 3403-002.912
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer: (a) a não incidência da contribuição em relação a créditos de ICMS transferidos a terceiros (reproduzindo decisão definitiva do STF no RE no 606.107/RS-RG); e (b) os créditos da contribuição em relação ao óleo diesel utilizado para abastecer caminhão da frota da empresa, empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Ausente o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista. Sustentou pela recorrente o Dr. Dílson Gerent, OAB/RS no 22.484.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 COFINS. CRÉDITOS DE ICMS CEDIDOS A TERCEIROS. NÃO INCIDÊNCIA. RE 606.107/RS-RG. Não incidem a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sobre créditos de ICMS cedidos a terceiros, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 606.107/RS, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62-A de seu Regimento Interno. COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos os combustíveis utilizados em caminhões da empresa para transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Por outro lado, não constituem insumos os combustíveis utilizados em veículos de passeio, motocicletas, e kombis que eventualmente transportam funcionários.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer: (a) a não incidência da contribuição em relação a créditos de ICMS transferidos a terceiros (reproduzindo decisão definitiva do STF no RE no 606.107/RS-RG); e (b) os créditos da contribuição em relação ao óleo diesel utilizado para abastecer caminhão da frota da empresa, empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Ausente o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista. Sustentou pela recorrente o Dr. Dílson Gerent, OAB/RS no 22.484. ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
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CRÉDITOS DE ICMS CEDIDOS A TERCEIROS. NÃO INCIDÊNCIA. RE 606.107/RSRG. Não incidem a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sobre créditos de ICMS cedidos a terceiros, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 606.107/RS, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62 A de seu Regimento Interno. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos os combustíveis utilizados em caminhões da empresa para transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Por outro lado, não constituem insumos os combustíveis utilizados em veículos de passeio, motocicletas, e “kombis” que eventualmente transportam funcionários. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer: (a) a não incidência da contribuição em relação a créditos de ICMS transferidos a terceiros (reproduzindo decisão definitiva do STF no RE no 606.107/RSRG); e (b) os créditos da contribuição em relação ao óleo diesel utilizado para abastecer caminhão da frota da empresa, empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Ausente o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista. Sustentou pela recorrente o Dr. Dílson Gerent, OAB/RS no 22.484. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 4. 00 16 82 /2 00 8- 50 Fl. 246DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente processo sobre o Pedido de Ressarcimento (PER/DCOMP) de fls. 1 a 41, transmitido em 15/03/2007, referente a crédito da COFINSExportação (§ 1o do art. 6o da Lei no 10.833/2003) do 2o trimestre de 2006 (no total de R$ 416.689,06). No Relatório de Verificação Fiscal (RVF) de fls. 64 a 68, foram apontadas como irregularidades: (a) a não inclusão das receitas com créditos de ICMS transferidos a terceiros na apuração da base de cálculo da contribuição; (b) a inclusão indevida na base de cálculo dos créditos das despesas com combustível (“que não é integrado ao produto no processo produtivo”); e (c) bens e serviços adquiridos de pessoas físicas. Tal relatório serviu de base ao presente processo e aos processos administrativos no 13054.001680/200861 (1o trimestre/2006), no 13054.001686/200838 (3o trimestre/2006) e no 13054.001688/200827 (4o trimestre/2006). Com base no RVF, é proferido o despacho decisório de fl. 70 (em 25/02/2009), reconhecendo parcialmente o direito creditório, no valor de R$ 358.544,89. A empresa apresenta manifestação de inconformidade em 23/04/2009 (fls. 99 a 115), alegando que: (a) a expressão “receita bruta”, desde a entrada em vigor do DecretoLei no 1.598/1977, reproduzida no art. 279 do RIR/1999 e na Instrução Normativa SRF no 51/1978, excluindo expressamente o ICMS; (b) os combustíveis utilizados na frota de veículos (um caminhão, um veículo Golf e uma Kombi, e 6 veículos locados) utilizada nas atividades da empresa, objeto de glosa, estão expressamente contemplados no art. 3o da Lei no 10.637/2002; e (c) a afirmação de que a empresa teria descontado créditos em relação a bens e serviços adquiridos de pessoas físicas é parcialmente incorreta, conforme planilha que anexa, reconhecendo que computou equivocadamente parte da base de cálculo dos créditos da contribuição (R$ 95.263,00, devendo ser deduzido do crédito solicitado o valor de R$ 7.239,99), mas as restantes aquisições de pessoas físicas não foram computadas na base de cálculo dos créditos. Em 10/02/2011 (fls. 151/152), a DRJ competente solicitou baixa em diligência, para que se verificasse conclusivamente a questão referente aos créditos referentes a aquisições de pessoas físicas. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 247DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13054.001682/200850 Acórdão n.º 3403002.912 S3C4T3 Fl. 186 3 No Relatório de Diligência Fiscal de fl. 154, que se presta também a verificações referentes à COFINS do 3o e do 4o trimestres de 2006 (processos administrativos no 13054.001686/200838 e no 13054.001688/200827, respectivamente), e à Contribuição para o PIS/PASEP do 2o, do 3o e do 4o trimestres de 2006 (processos administrativos no 13054.001684/200849, no 13054.001685/200893 e no 13054.001687/200882, respectivamente), concluise ser correta a alegação da empresa (inclusive a admissão do erro cometido no 2o trimestre de 2006). O julgamento de primeira instância ocorre em 20/05/2011 (fls. 163 a 171), acordando unanimemente o tribunal administrativo pela parcial procedência da manifestação de inconformidade, afastandose a parcela incorreta da glosa que se referia a aquisições de pessoas físicas (R$ 44.868,38), e reconhecendose a glosa em relação à parcela admitida pela empresa (R$ 7.239,99). Quanto às receitas de transferência de créditos de ICMS, o julgador afirma que sua exclusão da base de cálculo só veio a ser reconhecida na Lei no 11.945/2009, com efeitos a partir de janeiro de 2009. E, no que se refere a combustíveis, os gastos devem ser vinculados às exportações (e não a operações no mercado interno), e o combustível utilizado pela frota da empresa não obedece ao conceito de insumo. Cientificada do resultado do julgamento em 16/09/2011 (AR de fl. 184), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 17/10/2011 (fls. 186 a 205), basicamente reiterando os argumentos expressos em sua manifestação de inconformidade, bem como a jurisprudência ali referida, e rechaçando a utilização do conceito de insumos da legislação do IPI para as contribuições. Por meio da Resolução no 3401000.712, de 22/05/2013 (fls. 242 a 244), relatada pelo Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis (que não mais faz parte deste CARF), houve sobrestamento do julgamento do processo para aguardar decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal no RE no 606.107/RS, que trata da inclusão (ou não) da receita de transferência de créditos de ICMS na base de cálculo das contribuições. Com o advento da Portaria MF no 545, de 18/11/2013, que revogou os §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, o presente processo passa a ser distribuído, para apreciação pelo colegiado, independente da decisão definitiva a ser proferida pelo STF no RE no 606.107/RS. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Há que se esclarecer de plano que dos três temas inicialmente controversos, um restou solucionado nestes autos: o referente à glosa pela utilização de créditos decorrentes de aquisição de pessoas físicas, que foi em parte afastada pela DRJ (R$ 44.868,38) e em parte reconhecida pelo sujeito passivo (R$ 7.239,99). Fl. 248DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 Assim, persistem contenciosos dois tópicos: a inclusão das receitas referentes a cessão de créditos de ICMS a terceiros (tema que ensejou o sobrestamento) e a glosa de despesas com combustíveis para veículos utilizados pela empresa (que demanda uma breve incursão inicial sobre o conceito de insumo na legislação que rege as contribuições). Da cessão de créditos de ICMS a terceiros A discussão sobre a inclusão ou não da receita decorrente de cessão de créditos de ICMS na base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS é frequente neste CARF. Contudo, não se pode afirmar que esteja assentado o posicionamento sobre a matéria. A recorrente aponta normas relativas ao Imposto de Renda (Decretolei no 1.598/77, art. 279 do Regulamento do Imposto de Renda e IN SRF no 51/78) como supedâneos para a conclusão de que a expressão “receita bruta” não abarca o crédito de ICMS registrado em seu ativo circulante. Adiciona precedentes jurisprudências administrativos e judiciais em seu favor. Analisandose julgados recentes (anos de 2011 e 2012) deste CARF, tribunal que substituiu o antigo Conselho de Contribuintes, encontramse tanto posicionamentos alinhados com o entendimento da recorrente2, quanto em sentido diverso3, pela incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre o resultado da cessão de créditos de ICMS a terceiros. Também judicialmente a matéria é controversa, tanto que foi reconhecida sua repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal em 01/07/2010, no RE no 606.107/RS: “RECURSO EXTRAORDINÁRIO. VALORES DA TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DE ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. 1. A questão de os valores correspondentes à transferência de créditos de ICMS integrarem ou não a base de cálculo das contribuições PIS e COFINS nãocumulativas apresenta relevância tanto jurídica como econômica. 2. A matéria envolve a análise do conceito de receita, base econômica das contribuições, dizendo respeito, pois, à competência tributária. 3. As contribuições em questão são das que apresentam mais expressiva arrecadação e há milhares de ações em tramitação a exigir uma definição quanto ao ponto. 4. Repercussão geral reconhecida4.(grifo nosso) Reconhecida a repercussão geral, a suprema corte vem determinando a devolução dos autos à origem, sobrestandoos (v.g. RE no 650.767/RS, RE no 641.035/RS, RE no 605.195/RS, RE no 631.574/DF, RE no 600.384/RS, e RE no 614.307/RS). Por isso, ocorreu o sobrestamento do julgamento, por determinação desta turma, conforme a Resolução no 3403 000.414. 2 Acórdãos no 3202000.498 e 499, ambos relatados pela Cons. Irene Souza da Trindade Torres (vencida), maioria, sessão de 23.mai.2012; e Acórdãos no 3801001.041 a 043, todos relatados pelo Cons. Jose Luiz Bordignon, unânime, sessão de 22.mar.2012. 3 Acórdãos no 3301001.373 a 376, todos relatados pelo Cons. Antonio Lisboa Cardoso (vencido), qualidade, sessão de 22.mar.2012; Acórdãos no 3801001.343 a 353, todos relatados pela Cons. Andrea Medrado Darze (vencida), qualidade, sessão de 15.fev.2012; Acórdãos no 3301000.916 a 920, todos relatados pelo Cons. José Adão Vitorino de Morais, unânime, sessão de 2.mai.2011; e Acórdão no 3402000.988, Cons. Júlio Cesar Alves Ramos, unânime, sessão de 3.fev.2011. 4 RE no 606.107/RS, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 1.jul.2010, public. Em 20/8/2010. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13054.001682/200850 Acórdão n.º 3403002.912 S3C4T3 Fl. 187 5 Contudo, dois eventos posteriores possibilitam (em verdade, obrigam) o retorno da análise, agora de forma definitiva, por este CARF. O primeiro é a revogação dos §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, pela Portaria MF no 545, de 18/11/2013, que permitia o sobrestamento administrativo dos processos sobre as matérias com repercussão geral reconhecida pelo STF, ainda não julgadas definitivamente pela corte suprema. Permaneceu vigente no referido art. 62A somente o comando do caput: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” (grifo nosso) O segundo evento é exatamente a decisão definitiva, pelo STF, em relação à matéria. Em 22/05/2013 (com publicação em 25/11/2013) o pleno da corte julgou o RE no 606.107/RS, acordando, por maioria de votos (vencido o Min. Dias Toffoli), que: “EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas Fl. 250DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuida se de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC.” (RE 606107, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe231 DIVULG 22112013 PUBLIC 2511 2013) (grifo nosso) Fl. 251DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13054.001682/200850 Acórdão n.º 3403002.912 S3C4T3 Fl. 188 7 Em consulta ao sítio web do STF, atestase que tal acórdão transitou em julgado ainda em dezembro de 2013. Aplicável, assim, o art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, devendo esta corte administrativa reproduzir a decisão definitiva de mérito proferida pelo STF na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil. Procedente, então, nesse tópico, o recurso voluntário. Do conceito de insumos para a contribuição O tópico restante a analisar trata da correta interpretação do conceito de insumos na legislação que rege a contribuição, pelo que se recomenda, inicialmente, tecer algumas considerações gerais sobre a matéria. O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF, cabendo ressaltar que ainda não há posicionamento assentado nesta corte administrativa sobre a matéria). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado na legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarse ia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) Fl. 252DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma (v.g. Acórdãos no 3403002.469 a 477; 3403001.893 a 896; 3403001.935; e 3403002.318 e 319). Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo da rubrica questionada no presente contencioso: despesas com combustíveis consumidos pelos veículos da frota da recorrente e locados. Das despesas com combustíveis A fiscalização alega que não pode haver crédito em relação a despesas com combustíveis, visto que tais combustíveis não se integram ao produto no processo produtivo. É nítida, assim, a aplicação da legislação do IPI à contribuição, em dissonância com as disposições gerais expostas no tópico anterior (conceito de insumos). Tal aplicação restritiva é corroborada pela decisão de piso. Incumbe já de início adequar tal raciocínio ao conceito de insumo compatível com a contribuição, seja porque a legislação expressamente relaciona os combustíveis na lista de insumos que podem ser aplicados no processo produtivo, ou mesmo porque é excepcional imaginar uma situação em que o combustível se integre ao produto, ou com ele entre em contato físico (não parecendo ter o comando a visão restritíssima que lhe dá a autoridade fiscal). Cabível, assim, a priori, o crédito em relação a despesas com combustíveis, desde que este seja necessário ao processo produtivo da empresa. Pelo teor do recurso voluntário, notase que a empresa possui um caminhão Mercedes Benz placa IND 4688, um GOLF placa IYM 2222, e uma KOMBI placa IMH 3302. E utilizou os veículos locados de placas ILS 3241, IMS 2985, ILX 0497, IMA 4137, IND 8997 e INL 8932. A empresa afirma que “todos os veículos são ou foram utilizados nas operações de transporte de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem entre os diversos estabelecimentos da empresa e por empregados vinculados aos departamentos comercial e industrial”. E acrescenta que “em alguns períodos, o GOLF e a KOMBI também são utilizados para o transporte de funcionários da produção, que fazem horasextras”. Como a empresa não detalha quais são os veículos locados, referindose no recurso somente a suas placas, efetuei, em nome da verdade material, buscas às referidas placas, na web, em sítio que informa dados do DETRANRS (www.checkmeucarro.com.br), obtendo os seguintes resultados: placa ILS 3241 (YAMAHA/YBR 125K Roxa, à gasolina, ano 2003/2004), placa IMS 2985 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006), placa ILX 0497 (GM/Celta 3 portas branco, gasolina, ano 2004/2004), placa IMA 4137 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina, ano 2004/2005), placa IND 8997 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2006/2006) e placa INL 8932 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006). Fl. 253DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13054.001682/200850 Acórdão n.º 3403002.912 S3C4T3 Fl. 189 9 Não se entende como atividade relacionada ao processo produtivo, necessária à obtenção do produto final, o transporte de passageiros (ainda que funcionários da empresa, e ainda que eventualmente) pelas KOMBIS, nem aqueles efetuados por veículos de passeio e motocicletas. Assim recentemente decidiu esta turma, de forma unânime (Acórdãos no 3403 002.783, e 784). Por carência probatória (detalhamento da forma de utilização no processo produtivo), então, afastase o direito creditório em relação ao combustível utilizado para abastecer tais veículos. No entanto, é perfeitamente crível que o caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688 (Mercedes Benz/MBAtego 2425, azul, diesel, ano 2006/2006), movido a óleo diesel, tenha efetivamente sido utilizado para transportar materiais necessários à obtenção do produto final gerado pela empresa. Assim, afastase somente a glosa referente às despesas de abastecimento do caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688. Como não se tem detalhamento preciso dos abastecimentos nos presentes autos, incumbe à autoridade responsável pela liquidação intimar a empresa a apresentar as referidas notas de abastecimento, que só poderão ser computadas para efeito de crédito se vinculadas estritamente a óleo diesel ou ao citado caminhão. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer: (a) a não incidência da contribuição em relação a créditos de ICMS transferidos a terceiros (reproduzindo decisão definitiva do STF no RE no 606.107/RS RG); e (b) os créditos da contribuição em relação ao óleo diesel utilizado para abastecer caminhão da frota da empresa, empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Rosaldo Trevisan Fl. 254DF CARF MF Impresso em 15/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10935.720828/2012-32
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Apr 03 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3403-000.538
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vice-presidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vicepresidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti. Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração (fl. 247 a 2541, com ciência em 26/04/2012 fl. 249), para exigência de multa no valor de R$ 1.289.716,32, por ressarcimento indevido de Contribuição para o PIS/PASEP, e no valor de R$ 6.073.926,75, por ressarcimento 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 35 .7 20 82 8/ 20 12 -3 2 Fl. 673DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10935.720828/201232 Resolução nº 3403000.538 S3C4T3 Fl. 674 2 indevido de COFINS, ambas com base no art. 74, § 15 da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pelo art. 62 da Lei no 12.249/2010. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 245/246, narrase que a empresa pleiteou ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, referentes ao período compreendido entre o primeiro trimestre de 2007 e o terceiro trimestre de 2010, apurandose que não detinha parcela dos créditos solicitados, o que se demonstra nos despachos decisórios no 30/2012 (processo administrativo no 10935.720416/201111 fls. 94 a 105), no 31/2012 (processo administrativo no 10935.720417/201166 fls. 106 a 117), no 32/2012 (processo administrativo no 10935.720439/201126 fls. 118 a 120) e no 33/2012 (processo administrativo no 10935.720438/201181 fls. 121 a 123), e em planilhas de cálculo vinculadas (fls. 124 a 243). Em suas impugnações (fls. 258 a 317 Contribuição para o PIS/PASEP, e fls. 322 a 381 COFINS), a empresa alega, basicamente, que: (a) enquanto estiver pendente o prazo para manifestação de inconformidade em relação aos despachos decisórios denegatórios, não pode ser lavrada autuação, sob pena de afronta ao art. 151, III do CTN, gerando nulidade da autuação; (b) há necessidade de sobrestamento do presente feito até a decisão administrativa definitiva nos processos de restituição; (c) há nulidade por carência de motivação ( e justa causa) na autuação, que se limita a informar que decorre da negativa em outros processos, sem detalhara as bases individualizadas da autuação; (d) a empresa possui imunidade em relação a receitas decorrentes de exportação (art. 150, § 2o, I da CF/1988), tendo direito ao crédito oriundo da compra de insumos; (e) insumo é tudo aquilo que é “necessário e utilizado na fabricação de bens destinados à venda”; (f) deve permanecer a alíquota utilizada pela empresa no cálculo dos créditos presumidos da agroindústria; (g) o aproveitamento de créditos extemporâneos não pressupõe a retificação da escrita nem o princípio contábil da competência; (h) em relação aos ajustes negativos de créditos, houve equívoco ao desconsiderar apenas os valores maiores relativos a erro do faturista; (i) houve violação à legalidade, à isonomia e à segurança jurídica; (j) a multa punitiva de 50% é confiscatória e representa uma limitação a direito, pois a empresa pode, ao invés de ver seu direito creditório reconhecido, ainda ser devedor; (k) em relação aos fatos geradores não declarados, há cumulatividade com a multa de ofício de mais a Taxa SELIC, de forma injusta e exploratória; e (l) há impossibilidade de utilizar a Taxa SELIC a título de juros moratórios. O julgamento de primeira instância ocorre em 23/01/2013 (fls. 533 a 542), decidindo a DRJ unanimemente pela improcedência das impugnações, conjuntamente analisadas pela identidade de argumentos. A DRJ não analisou os itens da impugnação especificamente atinentes aos ressarcimentos pleiteados nos quatro processos administrativos citados nos autos, limitandose à análise da multa de ofício isolada, objeto da autuação, concluindo que: (a) o art. 151, III do CTN foi e continua sendo observado, no contencioso; (b) o lançamento foi fundamentado, não sendo identificada nenhuma causa de nulidade processual relacionada no art. 59 do Decreto no 70.235/1972; (c) não cabe o sobrestamento, por falta de amparo legal; (d) tanto a exigência da multa de 50% quanto da de 75% sobre os valores de contribuição que deixaram de ser pagos está prevista em lei, sendo vedada ao julgador administrativo a apreciação de constitucionalidade de atos legais; e (e) no auto de infração não consta a Taxa SELIC. Cientificada da decisão da DRJ (em 04/02/2013, conforme AR de fl. 543), a empresa apresenta recursos voluntários em 06/03/2013 (fls. 545 a 607 e 608 a 670), basicamente reiterando as considerações expressas em suas impugnações. Fl. 674DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10935.720828/201232 Resolução nº 3403000.538 S3C4T3 Fl. 675 3 É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. Preliminarmente, fazse necessário tratar da suscitada dependência do resultado dos processos administrativos no 10935.720416/201111; no 10935.720417/201166; no 10935.720439/201126; e no 10935.720438/201181. Não se tem dúvidas de que o auto de infração lavrado não mereceria prosperar caso os ressarcimentos fossem todos acolhidos por decisão administrativa definitiva. Seria absurdo o fisco reconhecer o direito creditório e, por outro lado, exigir multa por não ter a empresa direito creditório. O auto de infração é incontestavelmente dependente do resultado do julgamento dos ressarcimentos. Daí restar clara a importância de os ressarcimentos serem apreciados primeiro, pois não dependem do resultado da autuação. Assim, efetuei consulta ao sistema “eprocessos”, obtendo a seguinte situação para os quatro processos referidos: (a) os processos no 10935.720416/201111 e no 10935.720417/201166 se encontram na atividade “para relatar”, tendo sido distribuídos ao Cons. João Calos Cassuli Júnior, da 2a Turma Ordinária desta 4a Câmara; e (b) os processos no 10935.720439/201126 e no 10935.720438/201181 se encontram na atividade “preparar e instruir processo”, na “CEGEPSUTRIRPOGO2”. Assim, precipitado seria apreciar no atual estágio a autuação. Pois, mantida a autuação, estarseia diante do risco de cobrar multa por ressarcimento indevido quando, posteriormente, poderseia atestar definitivamente que o ressarcimento é de fato devido. Diante do exposto, voto pela conversão em diligência, para que se aguarde a decisão administrativa definitiva nos processos administrativos no 10935.720416/201111, no 10935.720417/201166, no 10935.720439/201126 e no 10935.720438/201181, retornandose os autos a este colegiado para julgamento após serem proferidas as quatro decisões definitivas, que deverão ser juntadas ao presente processo. Rosaldo Trevisan Fl. 675DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 10314.725106/2012-81
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Apr 14 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011
NULIDADE. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. INEXISTÊNCIA.
Sendo a prova trazida na autuação, permitindo a defesa, não há nulidade processual. A insuficiência probatória não se relaciona à nulidade, mas a eventual insubsistência da autuação.
DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL.
Nos arts. 23 e 24 do Decreto-Lei no 1.455/1976 enumeram-se as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. ÔNUS PROBATÓRIO.
Nas autuações referentes ocultação comprovada (que não se alicerçam na presunção estabelecida no § 2o do art. 23 Decreto-Lei no 1.455/1976), o ônus probatório da ocorrência de fraude ou simulação (inclusive a interposição fraudulenta) é do fisco, que deve carrear aos autos elementos que atestem a ocorrência da conduta tal qual tipificada em lei.
Numero da decisão: 3403-002.842
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos recursos voluntários apresentados. Sustentou pela Honda Automóveis do Brasil LTDA o Dr. Pedro Lunardelli, OAB/SP no 106.769, e pela Fazenda Nacional o Dr. Frederico Souza Barroso. Esteve presente ao julgamento o Dr. Paulo Eduardo Mansin, OAB/SP no 272.179, advogado da responsável solidária Clarion do Brasil LTDA.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vice-presidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 NULIDADE. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. INEXISTÊNCIA. Sendo a prova trazida na autuação, permitindo a defesa, não há nulidade processual. A insuficiência probatória não se relaciona à nulidade, mas a eventual insubsistência da autuação. DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos arts. 23 e 24 do Decreto-Lei no 1.455/1976 enumeram-se as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. ÔNUS PROBATÓRIO. Nas autuações referentes ocultação comprovada (que não se alicerçam na presunção estabelecida no § 2o do art. 23 Decreto-Lei no 1.455/1976), o ônus probatório da ocorrência de fraude ou simulação (inclusive a interposição fraudulenta) é do fisco, que deve carrear aos autos elementos que atestem a ocorrência da conduta tal qual tipificada em lei.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2273; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T3 Fl. 1.856 1 1.855 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.725106/201281 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3403002.842 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 25 de março de 2014 Matéria AIADUANA Recorrente HONDA AUTOMÓVEIS DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 NULIDADE. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. INEXISTÊNCIA. Sendo a prova trazida na autuação, permitindo a defesa, não há nulidade processual. A insuficiência probatória não se relaciona à nulidade, mas a eventual insubsistência da autuação. DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos arts. 23 e 24 do DecretoLei no 1.455/1976 enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. ÔNUS PROBATÓRIO. Nas autuações referentes ocultação comprovada (que não se alicerçam na presunção estabelecida no § 2o do art. 23 DecretoLei no 1.455/1976), o ônus probatório da ocorrência de fraude ou simulação (inclusive a interposição fraudulenta) é do fisco, que deve carrear aos autos elementos que atestem a ocorrência da conduta tal qual tipificada em lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos recursos voluntários apresentados. Sustentou pela Honda Automóveis do Brasil LTDA o Dr. Pedro Lunardelli, OAB/SP no 106.769, e pela Fazenda Nacional o Dr. Frederico Souza Barroso. Esteve presente ao julgamento o Dr. Paulo Eduardo Mansin, OAB/SP no 272.179, advogado da responsável solidária Clarion do Brasil LTDA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 51 06 /2 01 2- 81 Fl. 1856DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vicepresidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti. Relatório Versa o presente sobre Auto de Infração (fls. 2 a 981), lavrado em 07/08/2012 (com ciências em 15/08/2012 fl. 212, e em 14/08/2012 fl. 214), para aplicação de multa de 100% do valor aduaneiro (total de R$ 66.292.633,28) pela impossibilidade de apreensão de mercadoria sujeita a perdimento, em função da detecção de interposição fraudulenta (para importações de 11/09/2007 a 24/08/2011). Na autuação, narrase que: (a) durante procedimento especial de fiscalização com base na Instrução Normativa SRF no 228/2002, foi verificado que a empresa CLARION DO BRASIL LTDA, CNPJ no 03.697.329/000141 (incluída como responsável solidária na autuação, em função do disposto no inciso VI do art. 95 do DecretoLei no 37/1966) ocultou a HONDA AUTOMÓVEIS DO BRASIL LTDA em operações de comércio exterior, restando comprovado que os produtos importados pela CLARION são fruto de encomenda (a CLARION realiza suas importações a partir de programa de compras estabelecido pela HONDA, conforme contratos prévios às importações, para o abastecimento de peças fls. 99 a 112, e conforme questionário respondido pela CLARION fls. 113 a 115), tendo a ocultante (CLARION) sido autuada para aplicação da multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007; (b) a CLARION informava nas declarações de importação que se tratavam de importações diretas, quando na verdade eram importações por encomenda da HONDA (detalhamento das declarações de importação às fls. 57 a 79); (c) as mercadorias importadas, sobre as quais recairia o perdimento, não foram apresentadas pela HONDA, quando solicitado pela fiscalização, cabendo a aplicação da multa substitutiva do perdimento (§ 3o do art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976); e (d) nos cálculos para aplicação da multa, foram utilizados os valores declarados nas respectivas importações. A empresa CLARION, em sua impugnação (fls. 227 a 271), alega, em síntese, que: (a) é uma empresa de origem japonesa, fundada na década de 40, com mais de 30 unidades espalhadas pelos 5 continentes do globo, que reúnem mais de 10.000 funcionários, e com situação financeira sólida; (b) a principal atividade produtora da empresa não é no Brasil, sendo que a CLARION dos países produtores exporta para a CLARION do Brasil (como se vê em 100% das operações autuadas); (c) no Brasil, a CLARION opera desde 2000, como importadora dos produtos da CLARION fabricados no exterior e como industrial, adequando os produtos importados aos modelos de automóveis fabricados pelos clientes (com maquinário próprio para isso), que são, basicamente, as grandes montadoras (RENAULT, FIAT, MAZDA, VOLKSWAGEN, PEUGEOT CITROEN, LAND ROVER, GM, SUBARU, MITSUBISHI 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1857DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10314.725106/201281 Acórdão n.º 3403002.842 S3C4T3 Fl. 1.857 3 MOTORS, HONDA, PORSCHE, SUZUKI, FORD, NISSAN, KIA, HYUNDAI, AUDI, entre outras) e estabelecimentos atacadistas e varejistas de equipamentos de som; (d) a fiscalização “foi asustadoramente simplista e genérica”, pautada exclusivamente em contrato de fornecimento entre a impugnante e outras autuadas (HONDA E MITSUBISHI), não existindo produção de prova em relação ao processo produtivo realizado pela CLARION antes da venda às montadoras, o que preteriu direito de defesa, gerando nulidade da autuação; (e) as importações da CLARION são na modalidade “direta” e não “por encomenda”, tendo em conta que a empresa pratica todos os atos de comércio internacional com independência, sendo a única responsável pela fase comercial, logística de transporte, desembaraço, pagamento de tributos, arcando com a contabilização, e, ainda, realiza operação industrial nos bens que vende à montadora (o que descaracteriza a existência de “revenda”); (f) o contrato foi equivocadamente interpretado pela fiscalização, pois é um contrato de fornecimento, e não para importação (no contrato consta inclusive que a CLARION presta serviços de garantia dos bens fornecidos); (g) a CLARION industrializa os bens importados (mediante beneficiamento, montagem e acondicionamento), de acordo com a necessidade de cada cliente; cf. laudos técnicos de fls. 367 a 431, 432 a 445, e 446 a 461), beneficiandose da suspensão do IPI nos termos do art. 5o da Lei no 9.826/1999, do art. 29 da Lei no 10.637/2002 e do art. 6o da IN SRF no 296/2003 (aplicável somente às operações “diretas”), e recolhendo Contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação em alíquotas superiores, por se tratar de fabricante de autopeças (anexando algumas telas de declarações de importação para comprovar o alegado); e (h) a fiscalização não logrou se desincumbir de seu ônus probatório, por não demonstrar qual a vantagem obtida com a suposta fraude, ou qual a fraude, a simulação, ou a ocultação, ou mesmo que houve dano ao Erário. Por fim, solicita a conversão em diligência, para que seja verificado mediante laudo técnico o processo produtivo da empresa. A empresa HONDA, em sua impugnação (fls. 1091 a 1127), sustenta, basicamente, que: (a) tem por objeto mormente a importação, fabricação e comercialização de automóveis da marca Honda, bem como de suas partes e peças; (b) os dispositivos citados na autuação se referem a fraude, simulação e sonegação, situações que não restaram comprovadas nos autos (que centraramse somente no contrato celebrado com a CLARION e em parte de questionário por tal empresa respondido); (c) não há no processo qualquer documento a respeito dos trabalhos do procedimento especial de fiscalização encerrado, no qual o fisco conclui pela cessão de nome; (d) tomou ciência do referido procedimento quando foi intimada a entregar as mercadorias para aplicação de perdimento; (e) não há “revenda”, pois os bens são industrializados no país, pela CLARION, antes da venda à HONDA, conforme se depreende do próprio contrato referido pelo fisco na autuação, e da Folha de Inspeção (como detalhamento de cada etapa do processo fabril), que anexa (fls. 1266 a 1283); (f) não há qualquer quebra na cadeia do IPI; e (g) a empresa é cumpridora exemplar de suas obrigações fiscais, o que lhe garante o atributo de “Linha Azul”, e a habilitação no regime de RECOF. No julgamento de primeira instância, em 27/03/2013 (fls. 1476 a 1522), acordase, por maioria, que o estabelecimento contratual de um programa de fornecimento contínuo de mercadorias, configurase a importação por encomenda, e que a não observância dos preceitos estabelecidos na legislação para tal modalidade de importação implica interposição fraudulenta de terceiros, apenada com o perdimento, sendo que o fato de os produtos serem beneficiados, montados e recondicionados no mercado interno pelo importador não descaracteriza essa situação. Acrescenta ainda que: (a) “o propósito da ação fiscal não foi o de apurar qualquer incidência tributária”, mas o de verificar se houve irregularidade aos controles aduaneiros em operações de comércio exterior; e (b) “quem não pode vender seus Fl. 1858DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 produtos livremente, por força contratual, não pode se intitular importador comum e fazer declarações às alfândegas como se fosse, de fato, o dono do negócio”. Cientificada da decisão da DRJ em 11/04/2013 (cf. AR de fl. 1583), a CLARION apresenta Recurso Voluntário em 08/05/2013 (fls. 1584 a 1622), basicamente reiterando a argumentação exposta em sede de impugnação. A empresa HONDA, por sua vez, cientificada da decisão de piso em 11/04/2013 (cf. AR de fl. 1582), interpõe Recurso Voluntário em 10/05/2013 (fls. 1625 a 1687), também reiterando, em síntese, as disposições da peça inicial de defesa, acrescentando considerações sobre os elementos apontados pela DRJ que seriam aptos à demonstração da ocorrência de simulação ou fraude (existência de simulação, de situação oculta ou fraudulenta a acobertar, de divergência intencional entre a vontade íntima e a declaração negocial externada, e de intenção em ludibriar a fiscalização para obter vantagem ou burlar controles aduaneiros fls. 1639 a 1646), e que ainda que houvesse importação por encomenda, a não indicação das declarações do encomendante não torna a operação fraudulenta, cabendo, no caso, apenas multa por incorreção na declaração de importação (fls. 1647 a 1650). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos interpostos pelas empresas CLARION DO BRASIL LTDA e HONDA AUTOMÓVEIS DO BRASIL LTDA preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento, cabendo destacar que, pela identidade de argumentos, serão conjuntamente analisados neste voto. Há que se verificar, de início, a conduta irregular imputada pela autuação. Da preliminar de nulidade A parte inicial da autuação é teórica, sem tecer qualquer consideração sobre o caso concreto, explicandose o que é e o que se busca (frutos) em uma ocultação do real adquirente, com simulação/falsidade ideológica, e dispondo sobre dano ao Erário, modalidades de importações e habilitação para operar no comércio exterior (fls. 22 a 41). Na parte intitulada “Da motivação da Ação Fiscal” (fls. 41 a 49), a fiscalização explica que durante procedimento especial efetuado na empresa CLARION, constatou que esta cedeu seu nome à HONDA para a realização de operações de comércio exterior, acobertandoa. Eis a conduta irregular imputada, capitulada no art. 23, V, c/c §§ 1o e 3o do DecretoLei no 1.455/1976: “Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10314.725106/201281 Acórdão n.º 3403002.842 S3C4T3 Fl. 1.858 5 comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias.(Incluído pela Lei n o 10.637, de 30.12.2002) (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)” (grifos nossos) Afirma a fiscalização que durante o citado procedimento especial: “ficou comprovado que os produtos importados pela CLARION para a HONDA são fruto de encomenda, tendo em vista a existência de contratos de fornecimento com programação, realizada anteriormente às importações, para o abastecimento de peças. Além disso, os produtos destinados às montadoras são desenvolvidos especificamente para cada modelo de carro e são sempre vendidos para a sua montagem na linha de produção. Existe ainda cláusula específica no contrato de que os mesmo (sic) não podem ser vendidos a terceiros sem autorização da HONDA”. (grifos no original) Como provas do alegado, a fiscalização transcreve excertos do contrato entre a HONDA e a CLARION, e questionário enviado à empresa CLARION, com respostas a sete perguntas. E seguese a conclusão: “Portanto, mediante análise dos contratos com as montadoras e das respostas apresentadas pela empresa, concluise que a CLARION DO BRASIL, mesmo sabendo que só poderia cumprir suas obrigações contratuais por meio da importação de empresas coligadas localizadas no exterior, optou por não registrar essas operações de importação como sendo por encomenda”. A partir da conclusão reproduzida, a fiscalização autua a empresa CLARION com multa por acobertamento (em procedimento diverso), e intima a empresa HONDA a apresentar as mercadorias importadas, para apreensão e aplicação da pena de perdimento (conforme se narra na parte 5 da autuação fls. 49 a 51). Diante da não apresentação, aplica a ambas a multa substitutiva do perdimento, discutida no presente processo. Há que se rechaçar assim, preliminarmente, a nulidade suscitada, por não ter a autuação detalhado a descrição do fato e dos dispositivos legais aplicáveis. Restam claras a descrição dos fatos e a imputação, assim como as provas trazidas pela fiscalização em relação ao que alega. Se a prova é insuficiente (como parece pleitear a defesa), não se caminharia no terreno da nulidade, mas da eventual insubsistência. Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 Das provas Ao tempo em que se afasta a nulidade, há que acordar com as recorrentes quando afirmam que a autuação fulcrase somente no contrato e na resposta ao questionário, não constando do presente processo nenhuma consideração em relação ao processo produtivo da empresa, ou efetiva diligência realizada a seu(s) estabelecimento(s). A única parte da autuação que trata de matéria probatória é a intitulada “Da motivação da Ação Fiscal” (fls. 41 a 49). Em tal tópico, não se questiona a capacidade financeira e operacional da CLARION (nem que não tenha sido ela a efetiva pagadora das importações, o que já descarta a presunção estabelecida no § 2o do art. 23 DecretoLei no 1.455/1976), e não se discute o valor aduaneiro das operações (que é acatado pelo fisco na autuação, sem questionamento ao vínculo entre as empresas importadora e exportadora), nem eventual ausência de recolhimento de tributos. Limitase o autuante a afirmar que “este tipo de infração pode ser usado como artifício para afastar obrigações tributárias principais e acessórias já citadas anteriormente”, e que interfere na avaliação de risco da operação, prejudicando a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior. Sobre a interferência na avaliação de risco, parece não guardar muita coerência lógica com o caso concreto, visto que a empresa tida como ocultada (HONDA) apresenta menor grau de risco que a tida como ocultante (CLARION), por estar habilitada à Linha Azul despacho aduaneiro expresso, que garante preferência de canal verde e tempos mais céleres para o despacho. Aliás, as empresas habilitadas à Linha Azul o são exatamente por se identificar em suas operações reduzido grau de risco. Mais sentido faria se a HONDA utilizasse os benefícios da Linha Azul para tornar mais céleres importações de empresas não habilitadas (em que pese, no RECOF, regime ao qual a HONDA é habilitada, isso ser possível, podendo o fornecedor da montadora obter as vantagens do regime sem ser habilitado, desde que autorizado pela montadora, cf. art. 59 da Lei no 10.833/2003 e Instrução Normativa RFB no 1.291/2012). Em relação ao dano ao Erário (e sua relação muitas vezes confusa com falta de recolhimento de tributos), há que se aparar arestas tanto na argumentação expendida na autuação quanto na levantada em sede recursal. A aplicação das penalidades previstas no art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976, não demanda demonstração de qual tenha sido o dano ao Erário. Uma leitura sistemática do referido art. 23 (aqui já transcrito) afasta o equívoco, pois é cristalino que o texto (essencialmente no caput e no § 1o) não está a dizer que só quando ocasionarem dano ao Erário as infrações ali referidas serão punidas com o perdimento. Ele está, sim, trazendo claramente duas afirmações: (a) as infrações ali relacionadas consideramse dano ao Erário; e (b) o dano ao Erário é punido com o perdimento. Disso, silogisticamente se pode afirmar que as infrações ali relacionadas são punidas com o perdimento. Não há margem para discussão se houve ou não dano ao Erário. Seria improdutivo discutir, v.g., o dano ao Erário no caso de abandono de mercadorias pelos importadores (conduta tipificada no inciso II do art. 23). Aliás, as disposições do DecretoLei surgem exatamente para regulamentar dispositivo constitucional (art. 150, § 11 da Constituição de 1967: “Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ou confisco, salvo nos casos de guerra externa psicológica adversa, ou revolucionária ou subversiva nos termos que a lei determinar. Esta disporá também, sobre o perdimento de bens por danos causados ao Erário, ou no caso de enriquecimento ilícito no exercício de cargo, função ou emprego na Administração Pública, Direta ou Indireta”), como se depreende de sua Exposição de Motivos (item 17): Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10314.725106/201281 Acórdão n.º 3403002.842 S3C4T3 Fl. 1.859 7 “17. Nos artigos 23 e 24, com fulcro no artigo 153 da Lei Magna, enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento dos bens. De fato, todas as hipóteses arroladas, quase todas já existentes em legislação anterior, representam um comprometimento a dano de nossas reservas cambiais e uma inadimplência de obrigações tributárias essenciais.”(grifo nosso) Assim, é inócua a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei (em verdade, decretolei, com força de lei). E por mais que se sustentasse eventual inconstitucionalidade da norma, careceria este tribunal de competência para avaliar a matéria, em face da Súmula CARF no 2. Nesse sentido tem acordado unanimemente esta turma.2 Passemos, então, ao conjunto probatório apresentado, inicialmente analisando as cláusulas do contrato celebrado entre a CLARION e a HONDA, cabendo destacar que a íntegra do contrato (com suas 31 cláusulas) consta às fls. 99 a 112. Cabe, já de início, destacar que o contrato traz a logomarca da HONDA no cabeçalho da primeira folha, e guarda características de contratopadrão para compra de peças e/ou insumos pela montadora, visto que os campos referentes à HONDA estão prépreenchidos e os da outra contratante (CLARION) são manuscritos. E a leitura do contrato não deixa dúvidas de que a HONDA (designada como COMPRADORA) estabelece requisitos para o fornecimento de peças e insumos para veículos pela VENDEDORA (no caso, a CLARION). São no contrato disciplinados temas como preço, entrega, embalagem e transporte, avaliação, faturamento e cobrança, especificações, garantias, confidencialidade, exclusividade, prazo e rescisão, e jurisdição. A autuação fundase em 7 cláusulas do contrato: “CLÁUSULA 6.1 A entrega das Peças ou Insumos, quando ocorrer continuidade do fornecimento, será estabelecida pela PROGRAMAÇÃO DE COMPRAS, que a COMPRADORA emitirá compradora emitirá automaticamente e consecutivamente, na medida de suas necessidade de suprimento. CLÁUSULA 6.2 A PROGRAMAÇÃO DE COMPRAS estabelece as quantidades consideradas como encomenda, firme ou previsão estimada, e os prazo e/ou datas de entrega, condições essas que fazem parte integrante da ORDEM DE COMPRA. CLÁUSULA 9.1 A fabricação e controles necessários das peças ficam vinculados às especificações e instruções entregues pela COMPRADORA, na ocasião da confirmação e envio da ORDEM DE COMPRA. CLÁUSULA 9.3 A VENDEDORA deverá entregar as Peças ou Insumos estabelecidos na ORDEM DE COMPRA e/ou na 2 Acórdão n. 3403002.255, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 23.mai.2013; Acórdão n. 3403 002.435, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 24.set.2013. Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 PROGRAMAÇÃO DE COMPRAS, somente após a aprovação, em documento próprio da COMPRADORA, autorizando a fabricação do lote de produção. CLÁUSULA 12.1 As Peças ou Insumos entregues à COMPRADORA pela VENDEDORA, deverão estar de acordo com cada um ou mais dos seguintes elementos: desenhos, especificações, normas de qualidade ou quaisquer outras normas e informações similares a serem designadas pela COMPRADORA (doravante referidos coletivamente como “Especificações”). CLÁUSULA 13.2 No caso de alterações nas especificações efetuadas pela COMPRADORA, as Peças ou Insumos anteriormente produzidas pela VENDEDORA e cobertas pelo PROGRAMA DE COMPRAS, deverão ser absorvidos pela COMPRADORA. CLÁUSULA 20.1 A VENDEDORA não deverá vender ou transferir a terceiros, nem fazer uso das peças que entrem em qualquer das categorias seguintes, por qualquer que seja o motivo, a menos que aprovado de outras maneira, por escrito, pela COMPRADORA. I) As Peças fabricadas de acordo com as especificações fornecidas pela compradora; ou II) As Peças marcadas com denominações comerciais ou marca registrada da COMPRADORA, ou que estão embrulhadas ou contidas em tais embalagens, pacotes ou recipientes marcados com quaisquer das denominações comerciais ou marca registrada da COMPRADORA.” A partir de tais cláusulas, o fisco afirma que “fica claro que os produtos vendidos pela CLARION DO BRASIL à HONDA são resultado de prévio acordo (encomenda)”, e que “o termo ‘encomenda’, inclusive, consta expressamente dos contratos” (referindose à Cláusula 6.2). Complementa concluindo que “quem não pode vender seus produtos livremente, como a CLARION DO BRASIL não pode se intitular importador comum e fazer declarações às alfândegas como se fosse, de fato, o dono do negócio”. Em sede recursal, argumentase que o contrato foi equivocadamente interpretado pela fiscalização, pois é um contrato de fornecimento, e não para importação (no contrato consta inclusive que a CLARION presta serviços de garantia dos bens fornecidos). É de se destacar que nesse aspecto assiste razão às recorrentes, pois a presença da palavra “encomenda”, no contrato, não parece ter sido inserida para fazer referência à “importação por encomenda”, mas a fornecimento sob encomenda (aliás, sequer há menção a importação no contrato). A HONDA contratou a CLARION para fornecerlhe mormente equipamentos de som automotivo segundo as especificações que estabeleceu, adequadas a seus veículos, sendo, pelo contrato, aparentemente irrelevante se tais aparelhos são ou não importados. Diante do modelo/padrão de contrato, não se crê que sejam diferentes as contratações com outros fornecedores da empresa (assim como não se crê que sejam diferentes as contratações de fornecimento desse e de outros fornecedores a outras montadoras). Em síntese, nada no contrato que sugira necessariamente a intenção de que alguém importe Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10314.725106/201281 Acórdão n.º 3403002.842 S3C4T3 Fl. 1.860 9 mercadorias no exterior sob encomenda da montadora, e/ou a oculte, mediante fraude ou simulação. Em sede recursal, sustentase que a CLARION importa aparelhos de som automotivos, entre outros, promove operações de industrialização, adequando tais aparelhos às especificações das montadoras (e de cada modelo de veículo), testa os equipamentos (alguns inclusive com apoio de equipamento externo, pois são aparelhos sem visor LCD, tendo em vista que os visores estarão centralizados no painel do carro ao qual serão acoplados), e depois os vende às montadoras, não podendo se falar aí que houve propriamente uma “revenda”, mas sim uma “venda”, pois o produto vendido não mais se encontra no estado em que foi importado, por ter passado por processo de industrialização. A fiscalização, ao agregar como prova o contrato e as respostas aos questionário, entendeuos suficientes, e parece não ter se preocupado em verificar se havia um processo industrial, sustentandose na autuação que a CLARION “importa produtos produzidos (sic) principalmente pela fábrica do México e revendendoos principalmente para as grandes montadoras de automóveis, como HONDA e MITSUBISH (sic), além de estabelecimentos atacadistas e varejistas de equipamentos de som”. Tal afirmação parece incongruente com a cláusula contratual 9.1, trazida na autuação, que dispõe que “a fabricação e os controles necessários das peças ficam vinculados às especificações e instruções entregues” pela HONDA, ou com a garantia de qualidade (cláusula 14, inclusive com a realização de testes em cada fase do processamento e fabricação 14.4). A documentação anexada desde a fase de impugnação (com laudos incluindo etapa a etapa de produção, acompanhados de fotos, explicações detalhadas de procedimentos, e de registros contábeis que atestam ter havido suspensão de IPI para operação de industrialização pela CLARION, no Brasil) torna inequívoca a existência de processo industrial, pela CLARION, após as importações, e antes do fornecimento do produto final à HONDA. A existência de processo industrial é inclusive acatada pelo julgador de piso, que, no entanto, a desconsidera, sob o seguinte argumento: “Os pareceres conclusivos apresentados para os diversos produtos importados já demonstram que são realizados processos industriais. (...) O fato de haver agregação física nas mercadorias objeto da autuação é irrelevante para descaracterizar a modalidade ‘importação por encomenda’. A empresa HONDA a (sic) responsável tanto pela importação, quanto pelo destino final do produto importado. A bem dizer os produtos eram beneficiados, montados e recondicionados no mercado interno pela CLARION DO BRASIL também por força de contrato, com a finalidade de atender a demanda da HONDA. A submissão dos bens importados a um processo de industrialização não descaracteriza o fato de ser uma importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante previamente determinado, face a legislação aplicável.” Fl. 1864DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 10 Adiciona o julgador de piso que “a dar azo à argumentação apresentada, seria muito simples e corriqueiro conseguir burlar toda construção legal de mais de uma década para a constituição de controles aduaneiros rigorosos em relação à pessoa jurídica importadora/exportadora no mercado nacional”, citando como exemplo uma operação em que o importador adquire o bem e o acondiciona em nova caixa, com sua etiqueta, “industrializando” os bens importados. Há que se aclarar que não é recomendável apreciar um comando normativo a partir de conjecturas sobre sua burla, assim como soaria extremado apresentar exemplos em que o grau de industrialização tornasse bizarro chamar a operação seguinte de “revenda”. É exatamente esse o papel da fiscalização: investigar, diligenciar, apurar, a ponto de desenquadrar o processo tido como “industrial”, mas que era somente de “maquiagem”. É preciso apurar qual é a sistemática utilizada nas contratações pelas montadoras, contextualizar os contratos, com leitura isenta. Lendo as mesmas normas sobre importação por encomenda relacionadas pelo autuante, não nos parece que palavra “revenda” possa ser empregada para uma venda de bem diverso daquele que foi importado, ou do bem importado após processo de industrialização, como sustenta o julgador de piso (que discorda da afirmação de que só há “revenda” se a mercadoria ainda estiver no estado em que foi importada). Endossese ainda que a matéria sequer é discutida na autuação, que toma a operação como “revenda” ao sequer averiguar se houve industrialização (ainda que o contrato e as respostas ao questionário para isso apontassem), e emprega indistintamente os termos “venda” (v.g. fl. 42) e “revenda” (v.g. fl. 43). Imaginar que o legislador, ao tratar de importação por encomenda, usou o termo “revenda” para abarcar também a “venda” não nos parece adequado, além de constituir alargamento do conteúdo da expressão para fins de penalização. Mas bastaria a fiscalização investigar o caso, eventualmente comprovando que de fato até a industrialização se tratava de uma simulação, para descaracterizar a operação, que seria uma efetiva “revenda”, disfarçada de “venda”. Repitase, sem embargo, que não foi essa a atitude tomada no presente processo, restando deficiente o arsenal probatório da fiscalização nesse sentido. A própria cláusula de exclusividade, que veda a revenda (ali também tratada com atecnia terminológica), largamente utilizada na autuação, foi lida de forma parcial, à luz do contrato de fornecimento. Lendo o texto da cláusula, percebese que nada impede a venda a terceiro de uma peça antes (ou fora) do atendimento das especificações (recordese que várias das especificações são cumpridas no País, durante o processo de industrialização pela CLARION), desde que não esteja marcada pela HONDA. A cláusula não ampara a “teoria do domínio do fato”, sustentada também com exclusividade no julgamento de piso (e sequer ventilada na autuação). O questionário, elaborado pela fiscalização, e que consiste nas seguintes perguntas efetuadas à CLARION, já adicionadas das respostas (excertos dos textos de fls. 45 a 47), constitui a segunda (e última fonte probatória indicada na autuação): “1) Descrever detalhadamente como funcionam as operações de importação da Clarion, especialmente as de peças automotivas destinadas as (sic) montadoras de veículos. Resposta: (...) Periodicidade: Os pedidos (plano de embarque) são realizados através (sic) de uma planilha Excel revisada semanalmente (toda sextafeira) e enviado por email para a pessoa responsável pela programação na fábrica. Essas revisões Fl. 1865DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10314.725106/201281 Acórdão n.º 3403002.842 S3C4T3 Fl. 1.861 11 periódicas e em um curto espaço de tempo se deve (sic) a oscilação de pedidos das montadoras). Desembaraço: todas as importações da Clarion são removidas (DTA) para um entreposto na cidade de Suzano (CRAGEA). Lá a importação é registrada através (sic) da DI e é liberada para entrega na Clarion em São Paulo. 2) Além das montadoras, a quem se destinam as mercadorias importadas pela Clarion? Resposta: Além das montadoras, alguns modelos de produtos são comercializados no setor de peças e acessórios (P&A) das próprias montadoras, aquelas que preferem que os produtos sejam montados por decisão dos seus clientes não na (sic) linha de produção. 3) As peças importadas para as montadoras são específicas para cada linha de automóvel ou são genéricas e podem ser utilizadas em qualquer veículo? As montadoras definem as especificações de cada produto que deseja (sic) adquirir? Resposta: Em relação às montadoras todos os produtos são desenvolvidos especificamente para cada modelo de carro que obedecem uma série de requisitos mínimos para serem homologados pelas mesmas (sic). Quanto ao mercado P&A esses produtos são mais genéricos e podem ser utilizados em quaisquer veículos. 4) Os produtos vendidos às montadoras destinamse à linha de produção de veículos novos ou ao mercado de reposição? Resposta: Em relação às montadoras, sempre vendidos para sua montagem na linha de produção. 5) Como são estabelecidos os preços dos produtos finais? Resposta: Seguem o critério de: custo do produto descarregado no Brasil adicionandose custos de produção, custos fixos, mais a margem de lucro desejada e os impostos, conhecido como ‘gross up’. 6) Como são feitos os pedidos de compras das montadoras à Clarion? Há alguma antecedência mínima ou existe um planejamento mensal com tipos e quantidades de mercadorias a serem entregues? Resposta: Forecast: Periodicamente (mensalmente ou bimestralmente) a montadora envia por email uma planilha com Excel com o Plano de Suprimentos (para o ano todo) com as alterações e variações realizadas no planejamento. Pedidos firmes são realizados semanalmente através (sic) de EDI (Electronic Data Interchange) Portal que facilita a troca (através sic de uma rede de dados) de documentos EDI entre parceiros comerciais. Fl. 1866DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 12 (...) 7) Quando são efetuados os pagamentos dos produtos vendidos pela Clarion? Há algum adiantamento? Resposta: Por termos 90% de nossas compras centralizadas nas empresas ELECTRONICA CLARION SA DE CV e CLARION TOKYO CO, todos os pagamentos obedecem aos prazos de 120 (cento e vinte) dias e 90 (noventa) dias, respectivamente, sem a prática de adiantamentos.” (grifos no original) Lendo as respostas da empresa CLARION às perguntas elaboradas pelo fisco, parece que as partes estavam preocupadas com coisas distintas. Vejase a pergunta 7, na qual o fisco parecia querer saber se as montadoras (v.g. HONDA) adiantavam recursos para as importações da CLARION. A empresa interpretou que a pergunta se referia aos pagamentos que ela (CLARION DO BRASIL) efetuava às empresas CLARION estrangeiras, sequer mencionando a montadora. Inconclusiva, assim, a resposta, a demandar aprofundamento, para o correto enquadramento de eventual autuação. As perguntas 1 a 4, e 6, buscam aprofundar o que já derivava do contrato de fornecimento, vinculando as operações de fornecimento a importações. De fato, a CLARION recebia pedidos das montadoras (contrato de fornecimento) e importava peças, desembaraçandoas ela própria, em seu nome, levandoas para seu estabelecimento. Como se depreende da resposta à pergunta 5, em seu estabelecimento havia processo industrial (caso contrário, não haveria que se falar em custos de produção). E, conforme resta documentado no presente processo, após o processo industrial a mercadoria era vendida à HONDA (ou a outras montadoras). Novamente a resposta demandaria aprofundamento, não efetuado pela fiscalização. Não pode o fisco, diante de casos que classifica como “interposição fraudulenta”, olvidarse de produzir elementos probatórios conclusivos. Devem os elementos de prova não somente insinuar que tenha havido nas operações um prévio acordo doloso, mas comprovar as condutas imputadas, o que não se vê no presente processo. Em suma, a autuação é extremamente feliz ao expor todo o histórico das construções legislativas visando a dificultar/coibir a ação fraudulenta de interpostas pessoas, mas não logra êxito em encaixar em tal arcabouço o caso concreto que analisa, e peca por não compreender a dimensão do ônus probatório que lhe incumbe, acomodandose em interpretar excertos (ainda assim de forma incompleta/descontextualizada) de contrato de fornecimento e de questionário enviado a uma das autuadas. Nas autuações referentes ocultação comprovada (que não se alicerçam na presunção estabelecida no § 2o do art. 23 DecretoLei no 1.455/1976), o ônus probatório da ocorrência de fraude ou simulação (inclusive a interposição fraudulenta) é do fisco, que deve carrear aos autos elementos que atestem a ocorrência da conduta tal qual tipificada em lei. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento aos recursos voluntários apresentados, sendo improcedente a autuação. Rosaldo Trevisan Fl. 1867DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10314.725106/201281 Acórdão n.º 3403002.842 S3C4T3 Fl. 1.862 13 Fl. 1868DF CARF MF Impresso em 14/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 10/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/04/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10920.000733/2005-39
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Apr 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 04/01/2000 a 01/02/2005
PENALIDADE ADUANEIRA. DECADÊNCIA.
Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o art. 139 do Decreto-Lei no 37/1966.
ERRO DE CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. EFEITOS. PENALIDADES.
O erro de classificação é sancionado com multa de 1 % do valor aduaneiro da mercadoria importada sendo absolutamente irrelevante o fato de ter havido recolhimento a maior ou a menor, ou de ter havido má-fé ou dolo, ou ainda de estar perfeitamente descrita a mercadoria na declaração de importação. Tal multa não prejudica a exigência dos tributos eventualmente decorrentes da reclassificação, nem a aplicação de penalidades pela falta de recolhimento de tais tributos.
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO. REVISÃO ADUANEIRA. POSSIBILIDADE.
É possível a revisão aduaneira da classificação de mercadorias, não constituindo necessariamente tal ato mudança de critério jurídico. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas com a revisão aduaneira (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita).
MULTAS. CONFISCO. RAZOABILIDADE. PROPORCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA.
Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, inclusive a que institua penalidades.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. ANÁLISE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 2/CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, ainda que haja repercussão geral reconhecida e julgamento não definitivo pelo pleno do STF.
Numero da decisão: 3403-002.782
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer a decadência em relação à multa por infração administrativa ao controle das importações referente às declarações de importação registradas até 31/08/2000.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vice-presidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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LEGALIDADE. É legítima a apreensão administrativa de documentos pela autoridade fiscal, nos estabelecimentos da empresa fiscalizada, não necessitando o fisco de autorização judicial para a tarefa. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. CONTROLE INTERNO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é instrumento de controle interno da Administração. As irregularidades em sua emissão não eivam de nulidade o lançamento efetuado em decorrência do procedimento fiscal, pois não maculam a competência da autoridade fiscal. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade, nem diminuição dos consectários legais do crédito tributário. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 04/01/2000 a 01/02/2005 PENALIDADE ADUANEIRA. DECADÊNCIA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o art. 139 do DecretoLei no 37/1966. ERRO DE CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. EFEITOS. PENALIDADES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 07 33 /2 00 5- 39 Fl. 3649DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 O erro de classificação é sancionado com multa de 1 % do valor aduaneiro da mercadoria importada sendo absolutamente irrelevante o fato de ter havido recolhimento a maior ou a menor, ou de ter havido máfé ou dolo, ou ainda de estar perfeitamente descrita a mercadoria na declaração de importação. Tal multa não prejudica a exigência dos tributos eventualmente decorrentes da reclassificação, nem a aplicação de penalidades pela falta de recolhimento de tais tributos. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO. REVISÃO ADUANEIRA. POSSIBILIDADE. É possível a revisão aduaneira da classificação de mercadorias, não constituindo necessariamente tal ato “mudança de critério jurídico”. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas com a revisão aduaneira (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita). MULTAS. CONFISCO. RAZOABILIDADE. PROPORCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, inclusive a que institua penalidades. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. ANÁLISE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 2/CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, ainda que haja repercussão geral reconhecida e julgamento não definitivo pelo pleno do STF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer a decadência em relação à “multa por infração administrativa ao controle das importações” referente às declarações de importação registradas até 31/08/2000. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vicepresidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti. Fl. 3650DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.650 3 Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração (fls. 2678 a 27741), lavrados em 01/09/2005 (e cientificados ao sujeito passivo na mesma data), para exigência do Imposto de Importação, acrescido de juros de mora e de multas por descumprimento de obrigações aduaneiras, totalizando originalmente R$ 10.678.832,90, do IPI (fls. 2775 a 2830), acrescido de juros de mora e multa de ofício qualificada, perfazendo originalmente o montante de R$ 3.551.317,68, e da COFINSimportação e da Contribuição para o PIS/PASEPimportação (fls. 2833 a 2854, e 2855 a 2860), acrescidas de juros de mora e multa de ofício qualificada, totalizando originalmente R$ 279.648,06 e R$ 64.895,27, respectivamente. Narrase nas autuações que: (a) o importador submetia a despacho aduaneiro de importação mercadoria estrangeira, pagando os tributos apenas em parte, mediante artifício doloso (utilização de fatura comercial com o valor da mercadoria importada abaixo do preço efetivamente pago ou a pagar); (b) a caracterização do artifício doloso é basicamente comprovada pela apreensão, no estabelecimento do importador, de: (b1) duas faturas comerciais para a mesma mercadoria, emitidas pelo fornecedor estrangeiro, uma com o valor da mercadoria importada abaixo do preço efetivamente praticado, utilizada como documento de instrução da declaração de importação registrada no Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX, outra com o preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, e de (b2) correspondências comerciais entre o importador e o fornecedor estrangeiro que demonstram o preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, bem assim o cronograma e a forma de pagamento; (c) ao submeter a despacho de importação chapas de poli(metacrilato de metila) e chapas de poli(tereftalato de etileno) PET, o importador as declara de forma genérica como lâminas acrílicas (classificandoas no código NCM 3920.59.00), e chapas de copolímero Vivak (classificandoas nos códigos NCM 3920.69.00, 3921.19.00, e 3921.90.90); (d) ao responder perguntas do fisco sobre a classificação, a empresa informa não saber as características do produto importado, mas várias das informações solicitadas foram encontradas de forma detalhada no próprio sítio web da empresa (www.acritec.com.br); (e) as lâminas acrílicas são na verdade chapas de poli(metacrilato de metila), classificadas no código NCM 3920.51.00 (para o qual há atributos de Nomenclatura de Valor e Estatística NVE), e as chapas de copolímero Vivak são na realidade chapas de poli(tereftalato de etileno) PET, classificadas no código NCM 3920.62.91; (f) o importador alegou que o preço das mercadorias era baixo porque a qualidade do material era inferior (do tipo CCC, e não AAA), mas tal informação não consta de nenhum documento que ampare o despacho de importação; (g) detectada a fraude (artifício doloso de utilizar faturas com preço menor que o efetivamente praticado), o preço foi apurado com observância do art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001; e (h) são exigidas, então, para as declarações de importação relacionadas na autuação, as diferenças relativas ao imposto de importação, a multa de ofício pela falta de recolhimento do tributo, qualificada pela situação descrita no art. 72 da Lei no 4.502/1964 (150% da diferença art. 44 da Lei no 9.430/1996), a multa pela diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado (100% da diferença art. 169, II do Decretolei no 37/1966 até 26/12/2002, e art. 88, parágrafo único da Medida Provisória no 2.15835/2001, a partir de 27/08/2001), a multa por 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 3651DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 classificação incorreta (1% do valor aduaneiro art. 84, I da Medida Provisória no 2.158 35/2001 até 29/12/2003, e combinado com os arts. 69 e 81, IV a partir de 30/12/2003); e as correspondentes diferenças a título de IPI, também acrescidas de multa qualificada (150%, da diferença art. 80, II da Lei no 4.502/1964). Em sua impugnação (fls. 3041 a 3162), a empresa alega que: (a) os agentes fazendários realizaram verdadeiro “arrastão” na empresa, abrindo gavetas, violando correspondências, obtendo acesso a informações estratégicas, vasculhando papéis e arquivos, sem ordem judicial (ou MPFD), portando apenas um MPFF, inclusive na sala da diretoria (que se constitui domicílio, pois não é aberta ao público), incorrendo em abuso de poder e autoridade, violando direitos constitucionais da empresa, sendo que os representantes legais da empresa não se encontravam no local, e os funcionários que lá estavam não tinham poderes para representar a empresa; (b) assim, os documentos resultantes da apreensão, obtidos por meio ilícito, são inadmissíveis como prova no processo, pelo que devem ser declarados nulos, e serem desentranhados do processo e devolvidos à impugnante; (c) o Mandado de Procedimento Fiscal limitavase ao imposto de importação e ao IPI, no período de 01/2001 a 01/2005, no entanto, houve autuações referentes ao ano de 2000 e em período posterior a 01/2005, abarcando ainda a Contribuição para o PIS/PASEPimportação e a COFINS importação; (d) há, no caso, infração continuada, no que se refere a classificação fiscal, devendo aplicarse uma única multa; (e) as classificações adotadas pela empresa estavam corretas, demandando perícia para melhor esclarecimento (já formulando quesitos e indicando assistente técnico), e após regular conferência da mercadoria pela autoridade fiscal, com o respectivo desembaraço, não se pode, em momento posterior, questionar a classificação ao tempo da importação; (f) as declarações de importação (DI) no 03/072955888, no 03/0458266 7, no 03/08684316 e no 03/10635966 devem ser desentranhadas da autuação, porque não puderam ser comprovados os valores efetivamente transacionados por documentos hábeis; (g) há vício formal no arbitramento, por ausência do contraditório a que se refere o art. 148 do CTN; (h) a exigência da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação é indevida, por não terem sido instituídos tais tributos por lei complementar, e por não ser constitucional o acréscimo de outros tributos ao valor aduaneiro, na base de cálculo (e, ainda que devida, não pode abarcar períodos anteriores à vigência da Lei no 10.865/2004); (i) as multas aplicadas são confiscatórias, e violam diversos princípios constitucionais; (j) deve ser descaracterizada a fraude, pois os documentos que a comprovariam foram obtidos por meio ilícito, o que obsta a aplicação tanto da multa de ofício qualificada (150% da diferença) quanto das multas referentes ao controle administrativo (100% da diferença); (k) não se deve atribuir várias infrações a um único fato, um verdadeiro bis in idem para penalidades; e (l) os juros de mora devem ser de 1%, conforme art. 161 do CTN, e não referenciados pela Taxa SELIC. Em 05/12/2005, a DRJ entende necessária a realização de perícia, formulando os quesitos de fls. 3189 a 3190. A empresa é intimada a providenciar a perícia em 15/02/2006 (fls. 3193/3194), acrescentandose ao processo o laudo de fls. 3200 a 3202, com a análise de fls. 3204/3205. Contudo, a DRJ reitera o pedido em 11/04/2006, solicitando que a perícia seja feita por técnico credenciado junto à RFB (fl. 3209), havendo nova intimação à empresa em 10/07/2006 (fls. 3212/3213). Anexase então ao processo o laudo (Parecer Técnico) de fls. 3229 a 3234, com o resultado de análise de fl. 3236 a 3243. No documento de fls. 3246/3247, a empresa acolhe o resultado do Parecer Técnico, solicitando que seja complementado para que se informe a correta classificação das mercadorias. Em 15/07/2007 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 3263 a 3336), no qual se acorda pela procedência da autuação, concluindose que: (a) é válida a citação feita na sede da empresa para a pessoa que se identifica como sua responsável, principalmente porque foi quem efetivamente acompanhou todo o desenvolvimento da ação fiscal; (b) não configura excesso de exação coletar, examinar e apreender todos os documentos julgados Fl. 3652DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.651 5 necessários à fiscalização ou necessários à efetivação de medida prevista na legislação tributária; (c) é dever do fiscalizado franquear os seus estabelecimentos, depósitos e dependências, bem assim veículos, cofres e outros móveis, na forma do artigo 94 e 95 da Lei no 4.502, de 1964, artigos 195 e 200 da Lei no 5.172, de 1966, e artigo 18 do Regulamento Aduaneiro, Decreto no 4.543, de 2002; (d) “os vícios ou a ausência do MPF não são capazes de provocar vício formal”, haja vista que, por definição legal, o vício de forma somente ocorre na violação de forma prescrita ou não defesa em lei e não em legislação infralegal; (e) na hipótese em que infrações apuradas, em relação a tributo ou contribuição contido no Mandado de Procedimento Fiscal, também configurarem, com base nos mesmos elementos de prova, infrações a normas de outros tributos ou contribuições, estes serão considerados incluídos no procedimento de fiscalização, independentemente de menção expressa; (f) o ingresso no estabelecimento do contribuinte fiscalizado, a retenção e/ou apreensão de livros e documentos, durante a ação fiscal, com vistas à defesa dos interesses da Fazenda Pública está amparada por normas legais e independe de ordem judicial ou de mandado de procedimento fiscal nesse sentido; (g) nos lançamentos por homologação, o direito de a Fazenda Nacional apurar e constituir seus créditos relativos aos tributos incidentes nas operações de comércio exterior extinguese depois de cinco da ocorrência do fato gerador (e a classificação fiscal de mercadorias encontrase no escopo das matérias atinentes ao despacho aduaneiro passíveis de revisão por parte do fisco); (h) as chapas de polimetacrilato de metila, por aplicação das RGI/SH no 1 e 6 classificamse no código NCM 3920.51.00, e as chapas de poliéster com glicol (PETG), por aplicação das RGI/SH no 1, 6 e RGC classificase no código NCM 3920.62.91; (i) por não possuir natureza técnicopericial, resta afastada a determinação da classificação fiscal de mercadorias (de competência exclusiva dos AFRFB, observadas as Regras do Sistema Harmonizado) via expedição de laudos e/ou pareceres emitidos por entidades técnicas; (j) não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da constitucionalidade ou legalidade da legislação tributária, pois se trata de competência privativa do Poder Judiciário; (k) a utilização de faturas comerciais inidôneas, visando a obter o desembaraço aduaneiro de mercadorias importadas caracteriza o evidente intuito de fraude; (l) as multas de oficio não possuem natureza confiscatória, constituindose antes em instrumento de desestímulo ao sistemático inadimplemento das obrigações tributárias, atingindo, por via de consequência, apenas os contribuintes infratores, em nada afetando o sujeito passivo cumpridor de suas obrigações fiscais; (m) constatado que a natureza jurídica das multas aplicadas por descumprimento das normas que regem o controle administrativo das importações é diversa, é de se afastar a afirmação da ocorrência de "bis in idem"; e (n) a cobrança dos juros de mora em percentual equivalente à taxa SELIC está em perfeito acordo com o que dispõe a legislação de regência. Após tentativa frustrada de cientificar a empresa no endereço informado à RFB (fl. 3345), ocorre a intimação por afixação de Edital na repartição (fl. 3347), em 20/09/2007 (devendo a interessada ser considerada cientificada em 05/08/2008, conforme 23, § 2o, IV do Decreto no 70.235/1972). Em 11/12/2007, os débitos foram encaminhados para inscrição em Dívida Ativa da União (fl. 3367). Na Execução Fiscal de no 2008.72.01.0015832/SC, a empresa opõe exceção de préexecutividade, acatado pelo juízo (fls. 3552/3553), no sentido de que ao não ser a empresa localizada no endereço informado à RFB, deveria o fisco ter notificado seus advogados constituídos nos autos, que já haviam informado endereço atualizado e requerido que as intimações fossem feitas em seu nome. A decisão foi confirmada pelo TRF da 4ª Região Fiscal (fls. 3554 a 3569), e transitou em julgado, tendo a PGFN retornado o processo à RFB, para reintimação (fl. 3596). Fl. 3653DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 Cientificada do teor da decisão de piso em 30/03/2011 (conforme se atesta à fl. 3639), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 18/04/2011 (fls. 3608 a 3636), reiterando considerações expressas em sede de impugnação sobre a ilicitude da prova obtida, a ausência de MPFD para apreensão dos documentos, ausência de MPFF para competências de 2000, e o caráter confiscatório das multas. Acrescenta ainda argumentação sobre decadência da multa por infração administrativa ao controle das importações, que não ostenta natureza tributária, sobre impossibilidade de reclassificação de mercadorias por mudança de critério jurídico, em ofensa aos arts. 145, III, 146 e 149 do CTN, e sobre a correção das classificações adotadas pela empresa (sendo vedado ao fisco adotar classificação desconforme o próprio laudo técnico solicitado), sendo que pela descrição correta das mercadorias (e não haver prejuízo ao Erário) restaria ainda inaplicável a multa por erro de classificação. Traz, por fim, a informação de que: (a) a matéria referente à confiscatoriedade das multas e à aplicação da Taxa SELIC teve repercussão geral reconhecida (RE no 582.461/SP); (b) houve revogação do art. 45 da Lei no 9.430/1996, que tratava de multa aplicada à empresa nos autos; (c) no REsp no 1.138.206/RS (julgado na sistemática dos recursos repetitivos), atribuise prazo máximo de 360 dias para análise dos pedidos, em conformidade com o art. 24 da Lei no 11.457/2007, e a impugnação da empresa foi protocolizada em 30/09/2005, devendo estancar no tempo a incidência dos consectários legais no prazo excedente ao referido lapso temporal; e (d) há necessidade de suspensão do processo tendo em vista a questão da análise da constitucionalidade da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, tendo em vista a repercussão geral da matéria (RE no 559.607/SC e RE no 565.886/PR), e o disposto no art. 62 A do Regimento Interno do CARF. Em 23/10/2013, esta turma unanimemente decide sobrestar o julgamento do recurso voluntário (pela Resolução no 3403000.516), tendo em vista a reconhecida repercussão geral no RE no 559.607/SC, e o disposto no art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF no 256/2009 (com a redação dada pela Portaria MF no 586/2010), no que se refere à base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep importação e da COFINSimportação. Com o advento da Portaria MF no 545, de 18/11/2013, que revogou os §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, o presente processo volta a ser distribuído, para apreciação pelo colegiado, independente da decisão definitiva a ser proferida pelo STF no RE no 559.607/SC. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. São matérias controversas em sede preliminar: (a) as considerações sobre ilicitude da prova obtida; (b) ausências de MPF; (c) prazo máximo para análise de pedidos pela Administração; e (d) decadência da multa por infração administrativa ao controle das importações. No mérito, a recorrente questiona: (a) a correção das classificações fiscais adotadas; (b) a impossibilidade de reclassificação de mercadorias por mudança de critério Fl. 3654DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.652 7 jurídico; (c) o caráter confiscatório das multas; (d) a revogação da multa prevista no art. 45 da Lei no 9.430/1996; (e) a necessidade de suspensão do processo em função de matéria de repercussão geral reconhecida. Das provas obtidas Na autuação, narrase que foram apreendidas no estabelecimento do importador duas faturas comerciais para a mesma mercadoria, emitidas pelo fornecedor estrangeiro, uma com o valor da mercadoria importada abaixo do preço efetivamente praticado, utilizada como documento de instrução da declaração de importação registrada no SISCOMEX; outra com o preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, além de correspondências comerciais entre o importador e o fornecedor estrangeiro que demonstram o preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, bem assim o cronograma e a forma de pagamento. A recorrente defende que a apreensão não poderia ser efetuada sem prévia autorização judicial, sobretudo pela ausência do representante legal da empresa, e que a inviolabilidade de domicílio constitucionalmente vincada estendese à sede das pessoas jurídicas. Não se vê aqui mácula no procedimento administrativo adotado, pois há normas legais expressamente autorizadoras da apreensão de documentos, como já destacou o julgador de piso (v.g. o próprio CTN, a Lei no 4.502/1964 e a Lei no 9.430/1996), e a análise de constitucionalidade de tais normas foge à competência dos tribunais administrativos, conforme já assentado na Súmula CARF no 2. A empresa possuía em seus arquivos, a título ilustrativo, mais de uma fatura para uma mesma mercadoria importada, e apresentava ao fisco por ocasião do despacho aduaneiro de importação a de valor menor. E não contesta tal imputação, limitandose a afirmar que as faturas (e outros documentos) não poderiam ter sido apreendidos sem autorização judicial. Ocorre que não há necessidade de autorização judicial para apreensão de documentos em estabelecimentos de empresas. Assim, improcedente a argumentação da recorrente nesse tópico. Do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) A recorrente afirma haver nulidade ainda pela ausência de MPFD (diligência) para apreensão dos documentos e de MPFF (fiscalização) para competências de 2000 (não abarcadas no MPFF no 09.2.02002005001400, e que não foram objeto de MPF complementar), em afronta à Portaria SRF no 3.007/2001, e ao art. 7o do Decreto no 70.235/1972, que dispõe: “Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. Fl. 3655DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos.” (grifo nosso) É necessário aqui, de início, aclarar que a competência do AuditorFiscal, seja para o exame ou a apreensão de documentos, seja para levar a cabo qualquer outro procedimento fiscal, não deriva de norma infralegal, mas de lei. Assim, o AuditorFiscal da RFB, autoridade administrativa de que trata, v.g., o art. 142 do CTN, tem competência legal para (art. 6o, I, “c” da Lei no 10.593/2002) “executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados”. Reparese que o art. 6o da referida Lei não possibilita que o Poder Executivo em ato infralegal retire ou mitigue a competência, consentindo somente com a regulamentação das competências ali estabelecidas (art. 6o, § 3o da Lei no 10.593/2002). O Mandado de Procedimento Fiscal é um instrumento de controle administrativo, e não um documento que atribua competência (e nem poderia, pois a competência já foi legalmente atribuída). A Portaria SRF no 3.007/2001 (vigente à época) tem por base o art. 196 do CTN (que dispõe que a autoridade responsável pela fiscalização lavrará os termos necessários para documentar o início do procedimento fiscal), o art. 6o da Medida Provisória que viria a ser convertida na Lei no 10.593/200, e o Decreto no 3.724/2001 (que, por sua vez, regulamenta o art. 6o da Lei Complementar no 105/2001, que disciplina requisição, acesso e uso de informações bancárias pelo fisco). Além de não haver base legal para mitigar ou retirar a competência legalmente estabelecida, a norma infralegal tem por base exatamente o comando que viria a figurar como art. 6o da Lei no 10.593/2002. Na interpretação do Decreto que inova no ordenamento jurídico disciplinando o Mandado de Procedimento Fiscal (Decreto no 3.724/2001), poderseia trilhar dois caminhos. O primeiro é o de que estabeleceram as normas infralegais condição de validade do ato administrativo, mitigando ou retirando (em verdade, transferindo ao administrador de plantão) a competência do AuditorFiscal legalmente estabelecida. Essa linha, que parece ser adotada na defesa da recorrente, encontra numerosos obstáculos de ordem legal e constitucional, pois está a restringir a lei, alterando atribuições por ela estabelecidas, sem autorização, em prejuízo do Poder Público (e até do Erário). Não se tem dúvidas que tal linha levaria à conclusão pela ilegalidade (e, inclusive, pela inconstitucionalidade) do Decreto no 3.724/2001. É corolário da hermenêutica que entre as interpretações de determinado ato normativo, deve prevalecer a que não conduza ao absurdo, à ilegalidade, ao abuso, ao desrespeito a atos de hierarquia superior. E é nesse sentido, alicerçado pelo art. 26A do Decreto no 70.235/1972 (que impede o julgador de negar vigência a decreto sob fundamento de inconstitucionalidade), que se busca interpretação do Decreto no 3.724/2001 que não afronte o sistema ao qual tal norma é vinculada. Fl. 3656DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.653 9 Assim, para que tal Decreto seja legal e constitucional, deve ser lido não como um mitigador ou saqueador de competência, mas como um instrumento de controle da Administração, de caráter interna corporis. É desta forma que o MPF tem sido encarado por este CARF, inclusive pela Câmara Superior de Recursos Fiscais: “NULIDADE. IRREGULARIDADES NA EMISSÃO DE MPF. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é simples instrumento de controle interno da Administração Tributária, não se constituindo em elemento essencial de validade do correspondente auto de infração. Também aí entendese pertinente o posicionamento do julgador a quo, que esclareceu que o MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades fiscais, e eventuais irregularidades em seu trâmite não invalidam o auto de infração decorrente do procedimento fiscal relacionado.” 2 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O MPF é ato interna corporis de controle interno e eventuais vícios são consideradas meras irregularidades, que não têm efeito de contaminar de nulidade o crédito constituído pelo lançamento de ofício.” 3 “MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O MPF Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração” 4 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF Eventual irregularidade na emissão do MPF ou o descumprimento do prazo previsto no MPF para realização da ação fiscal não induzem a nulidade do ato jurídico praticado pelo auditor fiscal pois o MPF é mero instrumento de controle da atividade fiscal e não um limitador da competência do agente público.” 5 “NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração.” 6 Improcedente, assim, a alegação de nulidade por ausência ou irregularidades na emissão do MPF. 2 CARF, Acórdão 1401000.740, 4a Câmara, 1a Seção, Rel. Cons. Fernando Luis Gomes de Matos, unanimidade, Sessão de 15.mar.2012. 3 CARF, Acórdão 1801001.018, 3a Turma Especial, 1a Seção, Rel. Cons. Carmen Ferreira Saraiva, unanimidade, Sessão de 10.mai.2012. 4 CARF, Acórdão 3102001.669, 1a Câmara, 3a Seção, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, unanimidade, Sessão de 27.nov.2012. 5 CARF, Acórdão 2403002.353, 3a Câmara, 2a Seção, Rel. Cons. Carlos Alberto Mees Stringari, unanimidade, Sessão de 20.nov.2013. 6 CSRF, Acórdão 9101001.798, Rel. Cons. Marcos Aurélio Pereira Valadão, maioria, Sessão de 19.nov.2013. Fl. 3657DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 10 Do prazo máximo para análise de pedidos pela Administração Sustenta a recorrente que já foi decidido pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos, que há obrigatoriedade de ser proferida decisão administrativa no prazo de 360 dias do protocolo dos pedidos (REsp no 1.138.206/RS). E, considerando que sua impugnação foi protocolizada em 30/09/2005, sendo o art. 24 da Lei no 11.457/2007 norma processual tributária, necessário aplicar o entendimento na presente controvérsia, estancando no tempo a incidência de todos os consectários legais ao crédito tributário. Dispõe o art. 24 da Lei no 11.457/2007: “Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.” É cediço que o comando legal indicado inserese em um contexto que busca dotar de maior celeridade o processo administrativo, em consonância com os princípios constitucionais que regem a matéria. Contudo, é preciso reconhecer que não atribuiu o legislador consequência (nulidade ou dispensa de atualização monetária) ao processo em desacordo com o comando. E poderia têlo feito, se o desejasse, visto que a mesma Lei no 11.457/2007 promove alterações ao Decreto no 70.235/1972, que disciplina o processo administrativo fiscal. Neste Decreto é que se arrolam, por exemplo, as causas de nulidade (art. 59). Também é sabido que no processo há prazos próprios e impróprios, e que estes não acarretam consequências processuais, embora possam ensejar discussões sobre responsabilização funcional, caso o retardo não seja justificável. Vejase, a título ilustrativo, o art. 189 do Código de Processo Civil, que também tem por escopo a celeridade nos julgados: “Art. 189. O juiz proferirá: I os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias; II as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.” Embora se possa entender o escopo do artigo, afigurase irrazoável dele deduzir que um processo com decisão judicial proferida após dez dias seria, por exemplo objeto de nulidade, ou subtração de custas ou atualizações. No mesmo sentido as observações em relação ao art. 24 da Lei no 11.457/2007. Ademais, o art. 24 da Lei no 11.457/2007 possuía dois parágrafos que foram vetados pelo Poder Executivo (veto mantido). Um deles exatamente porque atribuía efeitos ao processo no caso de descumprimento (o § 2o dispunha que “haverá interrupção do prazo, pelo período máximo de 120 dias, quando necessária à produção de diligências administrativas, que deverá ser realizada no máximo em igual prazo, sob pena de seus resultados serem presumidos favoráveis ao contribuinte”). Na mensagem no 140, de 16/3/2007, são esclarecidas as razões do veto presidencial, proposto pelos Ministérios da Fazenda e da Justiça: Fl. 3658DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.654 11 “Razões do veto “Como se sabe, vigora no Brasil o princípio da unidade de jurisdição previsto no art. 5o, inciso XXXV, da Constituição Federal. Não obstante, a esfera administrativa tem se constituído em via de solução de conflitos de interesse, desafogando o Poder Judiciário, e nela também são observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual a análise do processo requer tempo razoável de duração em virtude do alto grau de complexidade das matérias analisadas, especialmente as de natureza tributária. Ademais, observase que o dispositivo não dispõe somente sobre os processos que se encontram no âmbito do contencioso administrativo, e sim sobre todos os procedimentos administrativos, o que, sem dúvida, comprometerá sua solução por parte da administração, obrigada a justificativas, fundamentações e despachos motivadores da necessidade de dilação de prazo para sua apreciação. Por seu lado, devese lembrar que, no julgamento de processo administrativo, a diligência pode ser solicitada tanto pelo contribuinte como pelo julgador para firmar sua convicção. Assim, a determinação de que os resultados de diligência serão presumidos favoráveis ao contribuinte em não sendo essa realizada no prazo de cento e vinte dias é passível de induzir comportamento não desejável por parte do contribuinte, o que poderá fazer com que o órgão julgador deixe de deferir ou até de solicitar diligência, em razão das conseqüências de sua não realização. Ao final, o prejudicado poderá ser o próprio contribuinte, pois o julgamento poderá ser levado a efeito sem os esclarecimentos necessários à adequada apreciação da matéria.” Derradeiramente, não devemos confundir a celeridade procedimental com a duração razoável do processo (ambas garantidas pelo Texto Constitucional): “Embora seja difícil conceituar precisamente a noção de razoável duração do processo, percebese que tal conceito não está relacionado única e exclusivamente ao “processo rápido” propriamente dito. O processo deve ser rápido o suficiente para dar a resposta apropriada à lide, porém adequadamente longo para garantir a segurança jurídica da demanda. Por tal motivo, o princípio da razoável duração do processo é dúplice, pois tanto a abreviação indevida como o alongamento excessivo são potencialmente danosos ao indivíduo.” 7 Improcedente, assim, o pleito no sentido de atribuição de efeitos à inobservância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007. Reparese que nem a norma e nem o julgado na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.138.206/RS) objetivam as consequências da inobservância, como deseja a recorrente. Da decadência da multa por infração administrativa ao controle das importações 7 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.173. Fl. 3659DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 12 A recorrente alega ter ocorrido decadência da “multa do controle administrativo das importações”, que não tem natureza tributária. Alicerçase no entendimento expresso nos REsp no 1.105.442/RJ e no 1.112.557/SP, ambos emitidos sob a sistemática do art. 543 do CPC (recursos repetitivos), devendo ser observados pelo CARF por força do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. No primeiro REsp (no 1.105.442/RJ), acordouse que: “RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. RITO DO ARTIGO 543C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. MULTA ADMINISTRATIVA. EXECUÇÃO FISCAL. PRAZO PRESCRICIONAL. INCIDÊNCIA DO DECRETO Nº 20.910/32. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. 1. É de cinco anos o prazo prescricional para o ajuizamento da execução fiscal de cobrança de multa de natureza administrativa, contado do momento em que se torna exigível o crédito (artigo 1º do Decreto nº 20.910/32). 2. Recurso especial provido.” (REsp 1105442/RJ, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA SEÇÃO, maioria, julgado em 09/12/2009, DJe 22/02/2011) O segundo REsp (no 1.112.557/SP), no entanto, deve conter algum erro de digitação. No sítio web do STJ, consultandose tal número, chegase ao REsp no 1.112.557/MG, com acórdão sobre direito previdenciário, contendo a seguinte ementa, aparentemente sem conexão com a argumentação da recorrente: “RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 105, III, ALÍNEA C DA CF. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. POSSIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE DO BENEFICIÁRIO POR OUTROS MEIOS DE PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR FOR SUPERIOR A 1/4 DO SALÁRIO MÍNIMO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (...)” (REsp 1112557/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, unanimidade, julgado em 28/10/2009, DJe 20/11/2009) Há que se desfazer, de início a confusão sobre a multa aplicada. A penalidade que a recorrente chama de “multa administrativa” é, em verdade, aquela que a autuação (fls. 2752 a 2769) designa por “multa do controle administrativo das importações”, capitulada no art. 169, II do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 6.562/1978 (para fatos geradores entre 10/04/1985 e 26/12/2002 ou seja, durante a vigência do Regulamento Aduaneiro de 1985), e no art. 88, parágrafo único da Medida Provisória no 2.15835/2001 (a partir de 27/08/2001 durante a vigência do Regulamento Aduaneiro de 2002). Verificandose a base legal para o primeiro período (art. 169, II do Decreto Lei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 6.562/1978), suficiente para análise da argumentação de decadência, percebese que ambas as denominações (utilizadas na autuação e na defesa) estão incorretas para a “multa por infração administrativa ao controle das importações”: “Art.169. Constituem infrações administrativas ao controle das importações: Fl. 3660DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.655 13 (...) II subfaturar ou superfaturar o preço ou valor da mercadoria: Pena: multa de 100% (cem por cento) da diferença. (...) § 4o Salvo no caso do inciso II do caput deste artigo, na ocorrência simultânea de mais de uma infração, será punida apenas aquela a que for cominada a penalidade mais grave. § 5o A aplicação das penas previstas neste artigo: I não exclui o pagamento dos tributos devidos, nem a imposição de outras penas, inclusive criminais, previstas em legislação específica; (...) § 6o Para efeito do disposto neste artigo, o valor da mercadoria será aquele obtido segundo a aplicação da legislação relativa à base de cálculo do Imposto sobre a Importação.” (grifo nosso) A multa em discussão, assim, é tão administrativa quanto praticamente todas as multas tributárias. Ou seja, é administrativa porque aplicada pela Administração, e não pelo Poder Judiciário. Multa administrativa é gênero, do qual as multas tributárias são espécie. Temse assim uma “multa por infração administrativa ao controle das importações”, criada na norma brasileira que mais se aproximou de uma codificação aduaneira o DecretoLei no 37/1966, que entrou em vigor na mesma data do Código Tributário Nacional: 01/01/19678. O Código Tributário Nacional foi alçado à estatura de lei complementar naquilo que se refere a “normas gerais de direito tributário”. Contudo, nas matérias específicas referentes a cada espécie tributária (como o imposto de importação), as leis esparsas (categoria na qual se encontra o DecretoLei no 37/1966, quando trata de imposto de importação) continuam a ser aplicadas, mesmo que em detrimento do Código. Vejase, por exemplo, que o art. 20, II do Código Tributário Nacional estabelece que a base de cálculo do Imposto de Importação será: “quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, [...]”. Tal comando está em perfeita sintonia com a redação original do art. 2o do DecretoLei no 37/1966 (e com a chamada “Definição de Bruxelas”, acordo inspirador, mas jamais firmado pelo Brasil, e com disposições superadas pelos acordos de valoração aduaneira resultantes das Rodadas Tóquio/1979 e Uruguai/1994 do GATT). Contudo, o dispositivo do CTN citado não é aplicado no Brasil. A base de cálculo do imposto de importação, quando a alíquota for ad valorem, é aquela trazida pelo art. 2o, II do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472/1988: 8 Como revela a própria exposição de motivos do Decretolei, era nítida a intenção de criação de um Código Aduaneiro, o que só não aconteceu de forma disseminada porque, de certa forma, reduziase (e ainda se reduz) indevidamente o universo aduaneiro à temática tributária (TREVISAN, Rosaldo. Direito Aduaneiro e Direito Tributário distinções básicas. In: TREVISAN, Rosaldo. Temas Atuais de Direito Aduaneiro. São Paulo: Lex, 2008, p. 30). Fl. 3661DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 14 “A base de cálculo do imposto é (...) quando a alíquota for "ad valorem", o valor aduaneiro apurado segundo as normas do art. 7o do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT”. A autuação (e o Regulamento Aduaneiro, bem assim toda a doutrina nacional) corretamente usa a base de cálculo do DecretoLei no 37/1966 (derivada de acordo internacional), e não aquela estabelecida no Código Tributário Nacional, o que endossa a especificidade da matéria aduaneira, em detrimento de regras estabelecidas na codificação tributária. Mas a legislação ainda não atingiu o grau de coerência e amadurecimento para a perfeita visualização da distinção entre o aduaneiro e o tributário. O processo de aplicação da multa aqui tratada (qualquer que seja sua natureza, administrativa, aduaneira ou tributária) é o previsto no Decreto no 70.235/1972, que rege a determinação e a exigência de “crédito tributário”. E a discussão sobre a natureza da multa tornase menos relevante diante do tratamento específico dado à decadência pelo DecretoLei no 37/1966, no que se refere às penalidades aduaneiras (art. 139), que prevalece sobre as disposições do CTN: “Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração.” (grifo nosso) (o prazo a que se refere o art. 138 é de cinco anos) Ou seja, por disposição expressa de ordem legal, o direito de impor a “multa por infração administrativa ao controle das importações” extinguese em cinco anos da infração, ou seja da data do registro da declaração de importação, que é o momento no qual se configura a irregularidade. A ciência da autuação foi dada ao sujeito passivo em 01/09/2005 (fl. 2679). Assim, a autuação poderia abarcar apenas as “infrações administrativas ao controle das importações” posteriores a 31/08/2000. Deve ser então cancelada a “multa por infração administrativa ao controle das importações” referente às declarações de importação registradas até 31/08/2000: DI no 00/00047990 (registrada em 04/01/2000, multa de R$ 11.649,21); DI no 00/00849825 (registrada em 31/01/2000, multa de R$ 91.571,75); DI no 00/02106315 (registrada em 13/03/2000, multa de R$ 86.918,31); DI no 00/02913083 (registrada em 04/04/2000, multa de R$ 83.600,03); DI no 00/05128310 (registrada em 07/06/2000, multa de R$ 85.040,33); e DI no 00/07333425 (registrada em 08/08/2000, multa de R$ 81.515,61). Acolhese assim, a argumentação pela decadência suscitada pela recorrente, não pelo teor dos julgados apresentados, que não tratam da matéria versada na autuação, mas por disposição legal expressa constante no art. 139 do DecretoLei no 37/1966. Das classificações fiscais adotadas A recorrente declara as mercadorias importadas de forma genérica como lâminas acrílicas (classificandoas no código NCM 3920.59.00), e chapas de copolímero Vivak (classificandoas nos códigos NCM 3920.69.00, 3921.19.00, e 3921.90.90). A fiscalização narra que a empresa, ao responder perguntas do fisco sobre a classificação, informa não saber as características do produto importado(nem ter qualquer tipo de laudo que informe tais características), mas várias das informações solicitadas foram encontradas de forma detalhada no próprio sítio web da empresa (www.acritec.com.br). Chegou assim a fiscalização à Fl. 3662DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.656 15 conclusão (com base nas Regras Gerais no 1 e no 6 do Sistema Harmonizado) de que as lâminas acrílicas são na verdade chapas de poli(metacrilato de metila), classificadas no código NCM 3920.51.00 (para o qual há atributos de Nomenclatura de Valor e Estatística NVE), e as chapas de copolímero Vivak são na realidade chapas de poli(tereftalato de etileno) PET, classificadas no código NCM 3920.62.91. Daí a reclassificação e a aplicação das penalidades correspondentes. Após solicitação de perícia para esclarecimento, pelo julgador a quo, agrega se o Parecer Técnico de fls. 3229 a 3235, emitido por perito credenciado pela RFB. Nas respostas aos quesitos, o perito afirma que a descrição mais apropriada para o primeiro produto é “chapa de polimetacrilato de metila (PMMA)”, e que decorre da polimerização do metacrilato de metila (confirmando a autuação). Para o segundo produto, declarado como “chapas de copolímero Vivak”, afirma o perito que é “polietileno tereftalato glicol (PETG)”, obtido por reação de condensação entre o ácido tereftálico, etilenoglicol e 1,4 ciclohexano dimetanol” (rechaçando tanto a declaração da empresa quanto a conclusão do fisco de que o produto era “politereftalato de etilenoPET”). O julgador de piso, de posse de tais informações, entende que as chapas de polimetacrilato de metila, por aplicação das Regras Gerais no 1 e no 6 do Sistema Harmonizado, classificamse no código NCM 3920.51.00, e as chapas de poliéster com glicol (PETG), por aplicação das Regras Gerais no 1 e no 6 do Sistema Harmonizado e da Regra Geral Complementar MERCOSUL, classificase no código NCM 3920.62.91. Mantémse, assim, integralmente a classificação adotada na autuação. O fato de o segundo produto ser “polietileno tereftalato glicol (PETG)”, ao invés de “politereftalato de etileno (PET)”, assim, não altera a classificação”, no entender da DRJ. O laudo técnico não deixa a mínima dúvida sobre o que de fato são as mercadorias: “chapas de polimetacrilato de metila (PMMA)” e “chapas de polietileno tereftalato glicol (PETG)”. Resta somente classificálas na NCM, à luz das Regras do Sistema Harmonizado e do MERCOSUL. Tal tarefa é jurídica, e não técnica, e por isso não é inerente à competência dos peritos, que devem limitarse a responder os quesitos do fisco e da parte, possibilitando encontrar a única classificação correta. A unicidade de classificação é um pressuposto que norteia o Sistema Harmonizado: para toda mercadoria existente no universo (ou que ainda existirá) deve existir uma e tão somente uma classificação. E tal classificação é obtida a partir de regras internacionalmente acordadas. O Brasil A classificação é obtida mediante o emprego de regras acordadas internacionalmente, acrescidas a regras regionais (no âmbito do MERCOSUL) e atos normativos nacionais. O Conselho de Cooperação Aduaneira CCA (atualmente designado como Organização Mundial das Aduanas OMA), é o responsável pela concretização, em 1985, de uma convenção intitulada “Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias”. No Brasil, a convenção foi aprovada pelo Decreto Legislativo no 71, de 11/10/1988 e promulgada pelo Decreto no 97.409, de 23/12/1988. Por meio do artigo 2o do Decreto no 766, de 13/3/1993, que incorporou à legislação brasileira as primeiras alterações à Convenção, incumbiuse a Secretaria da Receita Federal (hoje RFB) da aprovação de futuras alterações decorrentes de atualizações na Nomenclatura do Sistema Harmonizado. Fl. 3663DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 16 O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH) é uma nomenclatura estruturada sistematicamente buscando assegurar a classificação uniforme das mercadorias no comércio internacional, e compreende seis Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição, e 21 seções, totalizando 96 capítulos, formando aproximadamente 5.000 grupos de mercadorias, identificados por um código de 6 dígitos, conhecido como Código SH. A Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), que serve de base à aplicação da Tarifa Externa Comum (TEC) acrescenta aos seis dígitos formadores do código do Sistema Harmonizado mais dois, um referente ao item (sétimo dígito) e outro ao subitem (oitavo dígito). A inclusão de um par de dígitos efetuada na NCM demandou ainda a edição de uma Regra Geral Complementar às seis Regras Gerais do SH (para disciplinar a interpretação no que se refere a itens e subitens) e de Notas Complementares. É com base nesse arcabouço, e nas publicações complementares (como as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado NESH, o índice alfabético do Sistema Harmonizado e das Notas Explicativas, publicado pelo CCAOMA, os pareceres de classificação emitidos pelo Comitê do Sistema Harmonizado, criado pela convenção, e os atos normativos emitidos por autoridades nacionais a respeito de classificação de mercadorias) que se classifica uma mercadoria. Assim, descartase de imediato a demanda por um perito classificador, visto que não é essa a função que a legislação nacional e internacional atribui ao perito, mas tão somente a de afirmar o que é a mercadoria, respondendo aos quesitos formulados (o que é feito a contento no presente processo, tornando inequívoco que as mercadorias são “chapas de polimetacrilato de metila (PMMA)” e “chapas de polietileno tereftalato glicol (PETG)”. Dispõe a Regra Geral no 1 do Sistema Harmonizado: “Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes.” (grifo nosso) No que se refere às “chapas de polimetacrilato de metila (PMMA)”, acordam fisco e recorrente sobre a posição a ser adotada: 3920. O texto de tal posição se refere a “outras chapas, folhas, películas, tiras e lâminas, de plásticos não alveolares, não reforçadas nem estratificadas, nem associadas de forma semelhante a outras matérias, sem suporte”. Resta agora identificar as subposições, utilizandose da “A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário.” (grifo nosso) As partes acordam em relação à subposição de primeiro nível (quinto dígito da classificação): 5 (“de polímeros acrílicos”). O fisco afirma que a subposição de segundo nível (sexto dígito) é 1 (“de polimetacrilato de metila”) enquanto a recorrente sustenta que é 9 “outras”. Resta aqui patente, pelo resultado do laudo técnico, que o produto é chapa de Fl. 3664DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.657 17 polimetacrilato de metila (PMMA), e que a classificação correta, por tanto, no Sistema Harmonizado é 3920.51. Pende agora a classificação tão somente do desdobramento regional, no âmbito do MERCOSUL. Para tanto se invoca a Regra Geral Complementar no 1: “As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível” (grifo nosso) No caso em análise, não havendo desdobramento regional, os complementos de item e subitem são zero (00). Assim, chegase à correta classificação da mercadoria: 3920.51.00. No que se refere às “chapas de polietileno tereftalato glicol (PETG)”, acordam fisco e recorrente tão somente sobre o capítulo: 39 (“plásticos e suas obras”). O fisco defende ser a posição correta 3920, enquanto que a recorrente às vezes classifica a mercadoria na posição 3920, às vezes na 3921 (o que, destaquese, é impossível para um mesmo produto, em face do próprio texto das posições). Vejase que o texto da posição 3921 (“outras chapas, folhas, películas, tiras e lâminas, de plásticos”) contrasta com o texto já transcrito da posição 3920. Como assevera a DRJ no julgamento de piso, há Nota Explicativa da posição 3921 atestando o caráter residual da posição, para produtos alveolares ou que tenham sido reforçados, estratificados, providos de suporte ou associados de forma semelhante a outras matérias. Apesar da comprovada impossibilidade de a mesma mercadoria ser classificada nos três códigos NCM adotados pela recorrente (3920.69.00, 3921.19.00, e 3921.90.90), não há qualquer argumentação justificativa do porquê das classificações diversas (sequer se sustentando no recurso que tenha havido alguma alteração no produto). Aliás, não há absolutamente nenhuma argumentação da recorrente no que se refere às regras para classificação no Sistema Harmonizado, ou em seu desdobramento regional (MERCOSUL). Com os mesmos fundamentos da DRJ (Nota Explicativa da posição 3921), assim, identificase como correta a posição 3920. Novamente, com base nas classificações defendidas pelo fisco e pela empresa, não haveria discordância em relação à subposição de primeiro nível (quinto dígito da classificação): 6 (“de polícarbonato, de resinas alquídicas, de poliésteres alílicos ou de outros poliésteres”). O fisco afirma que a subposição de segundo nível (sexto dígito) é 2 (“de tereftalato de polietileno”) enquanto a recorrente sustenta que é 9 “outras”. Utilizando a Nota 5 do Capítulo 39 e as Notas de Subposição 1.a e 3.a, a DRJ identifica a subposição de segundo nível pela irrelevância da modificação química do polímero (adição de glicol). Assim, ainda que o fisco não houvesse identificado a substância (glicol), detectada no laudo técnico, denominando a mercadoria de PET (politereftalato de etileno), o fato de esta ser em verdade PETG (polietileno tereftalato glicol) não afetou o sexto dígito, que é 2. Sabendose a espessura da chapa (o laudo técnico a informa 5,8 mm) chegase ao item (sétimo dígito): 9. Por fim, vendo as fotos constantes do laudo técnico percebese que a largura é superior a 12 cm, não havendo trabalho à superfície, chegase ao oitavo dígito (subitem): 1. Correta, assim, a classificação adotada pelo fisco: 3920.62.91 para as “chapas de polietileno tereftalato glicol (PETG)”, ainda que não tenha sido tomando em conta o glicol. Fl. 3665DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 18 Não há que se falar, assim, em interpretação mais benéfica (invocando os arts. 106, I e 112 do CTN), visto que identificada a correta classificação da mercadoria, a partir das informações do laudo técnico, não há dúvida ou retroatividade normativa. É de se destacar ainda que na multa por erro de classificação, é absolutamente irrelevante ter havido diferença de tributos a pagar (provavelmente é a isso que a recorrente se refere quando alega que não houve “dano ao Erário”). A multa não é por falta de recolhimento em virtude de classificação incorreta, mas por “erro de classificação”. É equivocado associar a classificação fiscal ao universo meramente tributário, destinado unicamente a identificar a alíquota aplicável aos direitos aduaneiros. A classificação fiscal envolve ainda os requisitos9 a serem cumpridos na importação. Um erro de classificação fiscal não é necessariamente tributário nem produz consequências necessariamente tributárias. O erro de classificação é sancionado com multa de 1 % do valor aduaneiro da mercadoria importada, sendo absolutamente irrelevante o fato de ter havido recolhimento a maior ou a menor, ou de ter havido máfé ou dolo. Tal multa não prejudica a exigência dos tributos eventualmente decorrentes da reclassificação, nem a aplicação de penalidades pela falta de recolhimento de tais tributos. Assim já decidiu unanimemente esta terceira turma no Acórdão no 3403002.555, em 23/10/2013. Por derradeiro, a argumentação de que a mercadoria estava corretamente descrita nos documentos de importação (ainda que procedente, o que não parece ocorrer nos presentes autos, pois na autuação narrase e exemplificase como a empresa declarava genericamente as mercadorias) não afasta a aplicação da multa por erro de classificação fiscal (1 % do valor aduaneiro). O entendimento de que a declaração correta afastava a multa, em determinadas circunstâncias, estava no Ato Declaratório Normativo COSIT no 10/1997, expressamente revogado pelo Ato Declaratório Interpretativo SRF no 13/2002. Assim, procedente a reclassificação efetuada pelo fisco, bem assim a aplicação das penalidades decorrentes. Da revisão aduaneira A recorrente sustenta ainda que há impossibilidade de reclassificação de mercadorias por mudança de critério jurídico, ocorrendo ofensa aos arts. 145, III, 146 e 149 do CTN. Tais artigos dispõem: “Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: (...) III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um 9 V.g.: sanitário, ambiental de licença prévia, ... (CARRERO, Germán Pardo. Tributación Aduanera. Colômbia: Legis Editores, 2009, p.226; ZOZAYA, Francisco Pelechá. Fiscalidad sobre el comercio exterior: el Derecho Aduanero Tributário. Madrid: Marcial Pons, 2009, p. 158). Fl. 3666DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.658 19 mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (...) Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.” (grifo nosso) Já tivemos a oportunidade de externar entendimento em relação ao tema em artigo publicado em 2012. Aproveitase para reproduzir excerto de tal estudo, plenamente aplicável ao caso aqui analisado: “O art. 638 do Regulamento Aduaneiro, com base no art. 54 do DecretoLei no 37, de 1966, com a redação com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, estabelece que revisão aduaneira “é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de Fl. 3667DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 20 benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação”. A revisão aduaneira assume crescente importância, na medida em que se está selecionando para conferência aduaneira, no despacho, um percentual cada vez menor de declarações de importação. Chegase até a cogitar a impropriedade da denominação do instituto, visto que o termo “revisão” sugere que já tenha havido uma primeira análise, o que nem sempre ocorre nas importações. No canal verde, por exemplo, sequer houve verificação da mercadoria ou exame documental; no amarelo, não ocorreu a verificação da mercadoria; e, mesmo no vermelho, pode ser que a verificação, feita por amostragem, não tenha abarcado especificamente o tópico que venha a ser discutido futuramente em procedimento de “revisão” aduaneira. Assim, a revisão aduaneira (cuja denominação fica cada vez mais inadequada), em verdade, tornase frequentemente a primeira oportunidade em que as informações prestadas pelo importador na declaração de importação são checadas pelo fisco. São numerosas as reclassificações de mercadorias desembaraçadas em canal verde (ou seja, sem qualquer intervenção humana).” 10 É de se acrescentar que nos presentes autos sequer se menciona em quais canais de conferência foi a mercadoria desembaraçada, e tal matéria não é objeto de controvérsia específica, alegando a recorrente (fl. 3619) simplesmente “erro de direito” para todas as mercadorias importadas mencionadas no auto de infração combatido. O imposto de importação é tributo sujeito a “lançamento por homologação”. O sujeito passivo (em regra, o importador) detalha em uma DI (declaração de importação) as mercadorias que está importando, suas classificações e seus valores, entre outras informações, e paga os tributos devidos segundo seus cálculos, independentemente de qualquer ato administrativo. A declaração é então sujeita a conferência, podendo ser desembaraçada em canal verde (sem qualquer ato da autoridade fiscal), amarelo (com verificação apenas dos documentos), vermelho (com verificação dos documentos e da mercadoria, por amostragem), ou cinza (com procedimento especial de controle aduaneiro). É míope e desconectada da realidade do comércio internacional a visão de que o desembaraço aduaneiro é um ato cujo objetivo central seja o crédito tributário. O crédito tributário é coadjuvante nesse processo, exatamente porque pode ser exigido pelo prazo previsto no Código Tributário Nacional, mediante revisão aduaneira. É difícil libertarse da vetusta cultura de uma Aduana voltada quase que exclusivamente à arrecadação, mas temos que encarar os desafios que o cenário atual apresenta. Nem sempre a alteração de classificação fiscal tem por escopo correção do tratamento tributário. São frequentes as reclassificações de mercadorias com reflexos não tributários, que implicam um código tarifário correto de mesma alíquota que o incorretamente 10 TREVISAN, Rosaldo. A revisão aduaneira de classificação de mercadorias na importação e a segurança jurídica: uma análise sistemática”. In: BRANCO, Paulo Gonet; MEIRA, Liziane Angelotti; CORREIA NETO, Celso de Barros. Tributação e Direitos Fundamentais conforme a jurisprudência do STF e do STJ. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 341376. Fl. 3668DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.659 21 indicado pelo declarante, como nos presente autos (ou até de alíquota menor, gerando restituição). Aqueles com visão exclusivamente tributarista perguntariam a motivação que leva a efetuar uma reclassificação se a alíquota é a mesma. A resposta: pode ser que para uma das classificações haja restrições à importação, ou afetação do critério de seletividade. Necessário assim desconectar o desembaraço aduaneiro da homologação do “autolançamento”. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas: a) com a revisão aduaneira (homologação expressa), ou b) com o decurso de prazo (homologação tácita). Nesse sentido recente decisão unanimemente acordada por esta terceira turma11. O fato de ter sido desembaraçada mercadoria, admitindose a classificação fiscal declarada pelo importador (seja por concordância, seja por sequer o fisco têla analisado), de forma alguma obsta a revisão de tal classificação, a menos que tenha havido efetiva modificação de critério jurídico. O erro na classificação ou no detalhamento da mercadoria pode e deve ser revisto pela autoridade aduaneira. O que esta não pode é alterar seu entendimento oficial e generalizado sobre a classificação de determinado produto e querer retroagir a nova interpretação a casos pretéritos. No presente processo, não havia qualquer entendimento oficial e generalizado sobre a classificação das mercadorias, não havendo que se falar em “mudança de critério jurídico”, ou mesmo em “erro de direito”, como sustentado pela recorrente. Assim, como se concluiu no artigo aqui referido12, a súmula 227 do TFR tem teor irretocável: em nome da segurança jurídica, não há argumento que fragilize a afirmação de que “a mudança de critério jurídico não autoriza a revisão do lançamento”. O problema é aplicar tal súmula em casos nos quais não houve necessariamente lançamento nem homologação, como o presente. Destarte, procedente a reclassificação. Do caráter confiscatório das multas A recorrente alega que as multas aplicadas são confiscatórias e desproporcionais/irrazoáveis, visto que a maior parte da autuação se refere a multas, e não a tributos. Afirma a recorrente que não propugna pela inconstitucionalidade das multas, mas por sua interpretação conforme a Constituição, sobretudo em seu art. 150, IV. Novamente confundese matéria tributária com matéria aduaneira. Esclareça se: a Aduana é o órgão da estrutura do Ministério da Fazenda responsável pela fiscalização e pelo controle do comércio exterior (art. 237 da Constituição Federal), e não um órgão responsável simplesmente pela arrecadação dos tributos de comércio exterior.A matéria tributária é coadjuvante, e não protagonista no Direito Aduaneiro. Podem ser verificadas dezenas de infrações aduaneiras sem que tenha deixado de ser pago tributo. 11 Acórdão 3403.002.555, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 23.out.2013. 12 TREVISAN, Rosaldo. A revisão aduaneira... op. cit, p. 374. Fl. 3669DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 22 Ademais, a alegação retórica de que não se está a propugnar pela inconstitucionalidade, mas pela interpretação conforme a Constituição, não foge ao obstáculo trazido pela Súmula no 2 deste CARF. “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” A discussão sobre eventual caráter confiscatório ou sobre a razoabilidade/proporcionalidade da multa legalmente prevista extrapola as competências deste órgão colegiado, por buscar guarida constitucional para afastar ou modificar a leitura de comando legal expresso. Por fim, a argumentação sobre a existência de repercussão geral em relação à matéria (RE no 582.461/SP, que, destaquese, trata de multa moratória, diversa das aplicadas na presente autuação) já não guarda relevância para o deslinde ou o sobrestamento do feito, tendo em vista o advento da Portaria MF no 545, de 18/11/2013, que revogou os §§ 1o e 2o do art. 62 A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. O aqui exposto se aplica igualmente à argumentação sobre a Taxa SELIC, que já tem sua aplicação assentada neste tribunal administrativo (Súmula no 4). Assim, improcedente a argumentação da recorrente também neste tópico. Da multa de ofício prevista no art. 45 da Lei n. 9.430/1996 A recorrente alega ainda que a multa prevista no art. 45 da Lei no 9.430/1996 foi revogada expressamente (o que é procedente), demandando retroatividade benigna com fulcro no art. 106, II, “a” do CTN (o que não procede, tendo em vista que a multa foi tão somente substituída por outra, de igual dimensão). A Lei no 11.488/2007, em seu art. 40, I, revoga o disposto no art. 45 da Lei no 9.430/1996. Tal artigo dispunha: “Art.45. O art. 80 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, com as alterações posteriores, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal, a falta de recolhimento do imposto lançado ou o recolhimento após vencido o prazo, sem o acréscimo de multa moratória,sujeitará o contribuinte às seguintes multas de ofício: I setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido ou que houver sido recolhido após o vencimento do prazo sem o acréscimo de multa moratória; II cento e cinquenta por cento do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido, quando se tratar de infração qualificada. (...)” (grifo nosso) Contudo, a mesma Lei no 11.488/2007, em seu art. 13, dá a seguinte redação ao art. 80 da Lei no 4.502/1964: “Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o Fl. 3670DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.660 23 contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. I (revogado); II (revogado); III (revogado). § 1o No mesmo percentual de multa incorrem: .......................................................... § 6º O percentual de multa a que se refere o caput deste artigo, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, será: I aumentado de metade, ocorrendo apenas uma circunstância agravante, exceto a reincidência específica; II duplicado, ocorrendo reincidência específica ou mais de uma circunstância agravante e nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 desta Lei. § 7o Os percentuais de multa a que se referem o caput e o § 6o deste artigo serão aumentados de metade nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. § 8o A multa de que trata este artigo será exigida: I juntamente com o imposto quando este não houver sido lançado nem recolhido; II isoladamente nos demais casos. § 9o Aplicase à multa de que trata este artigo o disposto nos §§ 3o e 4o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” (NR) (grifo nosso) Vejase, assim, que não há que se falar em retroatividade benigna, visto que a multa foi substituída por outra de igual dimensão. Improcedente, então, o recurso, sob tal aspecto. Da matéria com repercussão geral reconhecida Derradeiramente, propugna a recorrente pelo sobrestamento em face da reconhecida repercussão geral nos Recursos Extraordinários no 559.607/SC e no 565.886/PR, que tramitam no STF. E foi exatamente essa a causa do sobrestamento inicialmente efetivado no âmbito desta turma por meio da Resolução no 3403000.516. No Recurso Extraordinário no 559.607/SC, que tramita no STF, com reconhecida Repercussão Geral do tema (no 01), foi reconhecida em plenário (conforme DJE de 16/10/2013, publicado em 17/10/2003) a inconstitucionalidade do acréscimo do ICMS e das próprias contribuições à base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da Fl. 3671DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 24 COFINSimportação, sendo o Min. Dias Toffoli encarregado de redigir o acórdão, rejeitando se questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional que suscitava fossem modulados os efeitos da decisão. Em consulta ao sítio web do STF, atestase que a Fazenda apresentou embargos de declaração em 12/11/2013, que foi juntada petição em 23/01/2014, e que os autos estão conclusos para o relator desde 04/02/2014. Não há, assim trânsito em julgado da decisão. Até a revogação dos §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, este tribunal administrativo decidia pelo sobrestamento dos processos sobre as matérias com repercussão geral reconhecida pelo STF, ainda não julgadas definitivamente pela corte suprema. Contudo, após a revogação, permanece vigente apenas o caput do art. 62 A: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” (grifo nosso) E a decisão, como exposto, não é definitiva. O efeito da revogação dos §§ 1o e 2o do art. 62A (que permitia o sobrestamento de processos administrativos em decorrência da repercussão geral reconhecida pelo STF), aliado ao teor da súmula 2 deste CARF, ocasiona conclusão óbvia, que torna previsível a decisão administrativa. Vejase o teor dos parágrafos revogados pela Portaria MF no 545, de 18/11/2013: “§ 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes.” E complementese com o teor da Súmula 2 deste CARF (que comunga com o teor do art. 26A do Decreto no 70.235/1972): “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” O silogismo é inevitável: se o STF reconhece a repercussão geral, por óbvio que há discussão sobre constitucionalidade. E se há discussão sobre constitucionalidade, o CARF é incompetente para manifestarse negativamente, devendo acolher todas as leis tributárias como constitucionais. E, como não há mais a possibilidade de sobrestamento, o CARF deve julgar a matéria, sempre considerando as leis (cuja constitucionalidade o STF está a apreciar) como constitucionais. Fl. 3672DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10920.000733/200539 Acórdão n.º 3403002.782 S3C4T3 Fl. 3.661 25 Vejase que de forma alguma se está aqui a defender que o comando legal (art. 7o, I da Lei no 10.865/2004, em sua redação original) é constitucional (ou mesmo inconstitucional). Estáse, sim, simplesmente afirmando que há súmula dispondo que os julgamentos deste CARF não podem assumir o comando legal como inconstitucional. Houvesse decisão definitiva do STF no Recurso Extraordinário no 559.607/SC, ou mesmo uma das hipóteses previstas no art. 26A do Decreto no 70.235/1972, cabível seria o reconhecimento administrativo da inconstitucionalidade. É de se registrar também a alteração da redação do art. 7o, I da Lei no 10.865/2004 pelo art. 26 da Lei no 12.865, de 9/10/2013, excluindo da base de cálculo das contribuições exatamente as parcelas que o pleno do STF na decisão ainda não definitiva julgou inconstitucionais. A Lei no 12.865/2004 deriva de conversão da Medida Provisória no 615, de 17/05/2013, mas o texto do art. 26 não estava na MP, tendo surgido no processo de conversão, e entrado em vigor em 10/10/2013, data de publicação da lei (cf. art. 43, II). A Administração foi mais rápida que o STF em expurgar do ordenamento o comando original do art. 7o, I da Lei no 10.865/2004, mas fincou em lei o entendimento pela irretroatividade do novo comando posto em seu lugar. Poderseia sustentar que tal irretroatividade fere a decisão exarada pelo pleno do STF, que expressamente negou a modulação de efeitos, mas a análise dessa questão novamente esbarraria na Súmula CARF no 2, pois negaria vigência a dispositivo de ordem legal. Não se vê, assim, pelo exposto, possibilidade de a questão ser resolvida administrativamente em favor da recorrente, pois ambas as redações do art. 7o, I da Lei no 10.865/2004 (cada uma a seu tempo não havendo aqui que se falar em retroatividade benigna, por se tratar de determinação de base de cálculo) devem ser tidas pelo julgador administrativo como constitucionais. Improcedente, assim, a alegação de inconstitucionalidade da base de cálculo das contribuições. Aplicase o entendimento aqui exposto ainda ao Recurso Extraordinário no 565.886/PR, no qual se discute a necessidade de lei complementar para exigência da contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, pois também em tal RE ainda não há julgamento definitivo pelo STF. Recordese que a análise da necessidade de lei complementar equivale à análise de constitucionalidade da lei ordinária empregada para tal fim (Lei no 10.865/2004). Não se vê, assim, novamente, pelo exposto, possibilidade de a questão ser resolvida administrativamente em favor da recorrente. Cabe, por fim, observar que a solicitação para endereçamento de intimações e notificações ao advogado da recorrente encontra óbice de estatura legal: o art. 23 do Decreto no 70.235/1972. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer a decadência em relação à “multa por infração administrativa ao controle das importações” referente às declarações de importação registradas até 31/08/2000. Fl. 3673DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN 26 Rosaldo Trevisan Fl. 3674DF CARF MF Impresso em 03/04/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/03/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10283.720736/2007-15
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 27 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Jan 06 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 31/12/2002 a 31/03/2005
AUTO DE INFRAÇÃO. ELEMENTOS DE PROVA INDISPENSÁVEIS.
Incumbe à fiscalização, nas autuações, a apresentação dos termos, documentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação da irregularidade detectada (cf. art. 9o do Decreto no 70.235/1972).
Numero da decisão: 3403-002.623
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vice-presidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ELEMENTOS DE PROVA INDISPENSÁVEIS. Incumbe à fiscalização, nas autuações, a apresentação dos termos, documentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação da irregularidade detectada (cf. art. 9o do Decreto no 70.235/1972). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vicepresidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 07 36 /2 00 7- 15 Fl. 618DF CARF MF Impresso em 06/01/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/01/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa o presente sobre Auto de Infração cientificado ao sujeito passivo em 04/01/2008 (fls. 15 a 20)1, para exigência de Contribuição para o PIS/PASEP na sistemática não cumulativa (no montante de R$ 1.666.046,78, a título de principal), decorrente de diferença entre o valor escriturado e o declarado/pago, “consubstanciados, mormente, na desconsideração das receitas de subvenções auferidas pela empresa, em decorrência de fruição de benefício fiscal estadual, quando da elaboração das bases de cálculo da contribuição”. Segundo a autuação, o benefício fiscal previsto na Lei Estadual no 2.826, de 29/09/2003, compreende o aproveitamento de crédito estímulo no valor do débito, apurado na conta gráfica do ICMS, e constitui subvenção, devendo ser objeto de tributação pela contribuição (na linha do que se entendeu na Solução de Consulta no 06/2005 da SRRF02), pois a obrigação tributária dispensada pelo Estado implica ganho econômicofinanceiro para a empresa. Esclarecese, por fim, que os valores considerados no lançamento são os refletidos na conta 77903 (depois 7793000) – Benef. FiscaisICMS Restituível, referentes aos meses de fevereiro de 2002 a março de 2005. Às fls. 43 apresentase planilha demonstrativa das diferenças apuradas pela fiscalização (dez/2002 a set/2005). A empresa apresenta impugnação em 31/01/2008 (fls. 80 a 95), alegando que as receitas de subvenção foram informadas na linha 9 (“outras receitas”) da planilha que o fisco solicitou fosse preenchida, pois na planilha não havia linha própria para tais receitas, ocorrendo o mesmo com os DACON. A empresa exemplifica o exposto demonstrando a contabilização em “outras receitas” nos meses de janeiro/2003, janeiro/2004, e março/2005. Anexa planilha (Doc. 7 fls. 259 a 262) na qual alega demonstrar que em todos os meses considerados na autuação o valor da subvenção foi devidamente incluído na base de cálculo da contribuição (exceto em dezembro de 2002, resultando em recolhimento a menor de R$ 44.500,68). Aponta ainda dois equívocos a serem esclarecidos: (a) houve erro de preenchimento (inversão de linhas) por parte da empresa no mês de junho/2004, que não afetou o resultado da apuração; e (b) o valor considerado em relação a julho/2005 pelo fisco como receita de subvenção (R$ 2.283.652,86) está incorreto, sendo em verdade de R$ 2.823.652,86 (tendo provavelmente ocorrido erro de digitação). Ainda que a empresa (por ficção) não houvesse incluído as receitas de subvenção na base de cálculo da contribuição, não caberia a autuação, por estar o procedimento amparado em medida judicial Mandado de Segurança (MS) no 2005.32.00.0015280 impetrada por associação da qual faz parte, para afastar a incidência da contribuição em relação aos “incentivos fiscais recebidos do Estado do Amazonas a título de restituição e outorga de créditos de ICMS recebidos pelas associadas da Impetrante, referente a valores que já integraram o preço de mercadorias e serviços vendidos”. Assim, eventual autuação em relação aos R$ 44.500,68, referentes a dez/2002, poderia ser lavrada apenas para interromper o prazo prescricional, sem imposição de multa. A impugnante, mesmo amparada por medida judicial, optou por incluir as subvenções na base de cálculo das contribuições até o trânsito em julgado da decisão no MS. Ademais, a própria RF (Solução de Consulta SRRF07 no 225/2007) reconhece a não inclusão das subvenções na base de cálculo das contribuições, exceto quando aportadas em espécie. Isso tanto porque a recomposição de patrimônio, recuperação ou redução de custos ou despesas não representam auferimento de receita, quanto porque o valor devido aos cofres estaduais, posteriormente restituído, por ter integrado o preço das mercadorias vendidas, já foi tributado pela contribuição. A DRJ, diante dos argumentos trazidos na impugnação, toma como exemplo o mês de jan/2003, no qual se aponta a procedência, a priori, das alegações da empresa, e baixa o processo em diligência, para: 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 619DF CARF MF Impresso em 06/01/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/01/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10283.720736/200715 Acórdão n.º 3403002.623 S3C4T3 Fl. 573 3 “a) Verificar, por intermédio da análise dos livros fiscais e de outros documentos que entender necessários, a alegação do contribuinte de que as receitas de subvenção relativas ao incentivo fiscal do ICMS teriam sido incluídas na base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP na linha "Outras Receitas"; b) Apurar, utilizando os livros fiscais, os saldos das contas contábeis informadas pelo contribuinte como integrantes da linha "Outras Receitas", conforme planilha de fls. 256/259; c) Juntar aos autos toda a documentação que servir de suporte para as providências "a" e "b"; d) Apresentar quaisquer outras informações e anexar outros documentos que se considere úteis ou necessários ao prosseguimento do julgamento do presente processo;” A fiscalização, no relatório de diligência de fls. 539 a 541, esclarece que: (a) solicitou arquivos digitais contábeis e fiscais, em decorrência da facilidade de manejo das informações via software específico (CONTÁGIL) oficial da RFB; (b) na análise, constatou algumas divergências entre os demonstrativos (coincidentes com os DACON) e as notas fiscais, citando como exemplos a diferença de valor na linha 2 do mês de fev/2004 (receita de venda no mercado interno de produtos de fabricação própria), e a divergência entre notas fiscais e demonstrativos no mês de abr/2004, afirmando que “as divergências continuam pelos outros meses, impossibilitando assim a avaliação real entre os valores expressos nas notas fiscais e os declarados à fazenda nacional, no que tange às receitas de vendas dos produtos próprios, inclusive os contemplados pelo benefício fiscal do ICMS”. Adiciona o relatório que “no tocante a ‘outras receitas’, verificouse que os valores informados nos demonstrativos preenchidos pela diligenciada, não estão em consonância com o total das outras receitas tributáveis pelo PIS e pela COFINS, consignados na escrita comercial da diligenciada”. E segue afirmando que restou constatado que em alguns meses (março e junho de 2004) os valores totais das “outras receitas” foram menores que os valores da subvenção, instando observar “que as divergências apuradas se estendem também a outros períodos”. Em 20/03/2012, ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 557 a 563), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, por carência probatória. Pelo montante exonerado, recorrese de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 620DF CARF MF Impresso em 06/01/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/01/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 É de se recordar que a autuação, derivada de fiscalização que se estendeu de 20 de maio de 2004 a 29 de fevereiro de 2008 (conforme MPF de fl. 3), culminou na imputação à autuada da conduta de ter desconsiderado as receitas de subvenções auferidas pela empresa, em decorrência de fruição de benefício fiscal estadual, quando da elaboração das bases de cálculo da contribuição. E em sua impugnação a empresa informa que as considerou (na linha “outras receitas”), e apresenta demonstrativos que tornam plausível a alegação, a ponto de suscitar a dúvida no julgador de piso, que baixa o processo em diligência, buscando simplesmente verificar se o que o contribuinte alega tem respaldo nos livros fiscais. Contudo, o resultado da diligência fica distante de aclarar a tese da autuação, ou de sanar a dúvida do julgador. Além de tratar dos tópicos sempre a cunho exemplificativo (o que não parece sintonizarse com o objetivo de uma diligência), o relatório semeia mais dúvidas do que respostas. No único ponto em que busca confirmar que as subvenções não constavam do campo “outras receitas”, também a título exemplificativo, afirma o relatório que: “11 Com efeito, restou constatado pelos registros contábeis da diligenciada, que em alguns meses os valores totais das "outras receitas" foram menores que os valores da subvenção, expressa na conta 7793000 subvenção p/ custeio Icms/outros. Foi o que ocorreu, por exemplo, nos meses de mar/2004 e jun/2004. Isso forçosamente leva a inferir que, nestes meses ou não foi computado o valor da subvenção nas receitas tributáveis pelo PIS e pela COFINS, e foram consideradas apenas as outras receitas, ou apenas parte dela subvenção foi oferecida à tributação, deixando de lado as receitas, que deveriam compor as "outra receitas", dos demonstrativos.” As conclusões que se seguem, no entanto, só demonstram a falta de consistência na autuação, que, ao que tudo indica, sequer havia atentado para a linha “outras receitas”, e sua relação com as subvenções. “12. Assim é que no mês de março/2004, a contabilidade apresenta como valores a crédito da conta 7793000 subvenção p/ custeio Icms/outros, o montante de R$ 2.557.984,90, além de indicar crédito na conta de receita 9040000 Aluguéis Rec/Outras Rec, o valor de R$ 252.841,72. Estas contas, que somadas atingem o valor de R$ 2.810.826,62, deveriam integrar o montante das 'outras receitas", declarado no demonstrativo e no DACON do período, mas não constam dos mesmos, pois o valor informado nestes documentos apresentados pela diligenciada, montam apenas a quantia de R$ 2.413.114,34.” Vejase que ao mesmo tempo em que está o relatório buscando rechaçar exemplificativamente a argumentação da recorrente, está a por em dúvida a tese da autuação. Da mesma forma em que se aponta em dois meses que o valor das subvenções deve ter sido apenas parcialmente considerado nas bases de cálculo, endossase que estava sendo considerado (ou, se desconsiderado, haveria “outras receitas” para as quais a diligência não conseguiu identificar a origem). Fl. 621DF CARF MF Impresso em 06/01/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/01/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10283.720736/200715 Acórdão n.º 3403002.623 S3C4T3 Fl. 574 5 O elemento mais preocupante do relatório de diligência é a falta de conclusividade. E a recorrente aproximação efetuada na análise é justificada ao final do relatório da seguinte forma: “18 De maneira que, para que restasse comprovado que todas as receitas teriam sido oferecidas regularmente à tributação, deveria a diligenciada ter apresentado os arquivos digitais de notas fiscais, refletindo corretamente as vendas de todos os seus produtos fabricados e dos revendidos, inclusive os sujeitos ao benefício fiscal do ICMS, bem como, os valores expressos nos demonstrativos e DACONS como "outras receitas", deveriam estar compatíveis com as contas contábeis refletidoras das outras receitas sujeitas à tributação do PIS e da COFINS” Longe das conjecturas, apontase como seguro o caminho do cancelamento da autuação, por não restar comprovada a argumentação nela expressa, nem esclarecida a posteriori a dúvida do julgador, pois incumbe à fiscalização, nas autuações, a apresentação dos termos, documentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação da irregularidade detectada (cf. art. 9o do Decreto no 70.235/1972). E foi nesse sentido a decisão da DRJ, da qual se recorre de ofício. “LANÇAMENTO. DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO. O auto de infração deve estar instruído com as provas do fato jurídico tributário, nos termos do artigo 9°, caput, do Decreto n° 70.235/1972. Compete ao Fisco, ab initio, investigar, diligenciar, demonstrar e provar a ocorrência do fato jurídico tributário ou da prática de infração, como condição para que se realizem a legalidade, o devido processo legal, a verdade material, o contraditório e a ampla defesa.” É de se endossar, por fim, que a diligência efetuada amparou o julgamento de dois processos (este, em relação a Contribuição para o PIS/PASEP, e o processo no 10283.720737/200751, em relação a COFINS). E esse outro processo teve, recentemente, igual destino ao que se propõe para o presente: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS. Data do fato gerador: 28/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004, 31/01/2005, 28/02/2005, 31/03/2005 LANÇAMENTO. DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO. O auto de infração deve estar instruído com as provas do fato jurídico tributário, nos termos do artigo 9°, caput, do Decreto n° 70.235/1972. Compete ao Fisco, ab initio, investigar, diligenciar, demonstrar e provar a ocorrência do fato jurídico tributário ou da prática de infração, como condição para que se Fl. 622DF CARF MF Impresso em 06/01/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/01/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN 6 realizem a legalidade, o devido processo legal, a verdade material, o contraditório e a ampla defesa. Recurso de Ofício Negado.” (Acórdão n. 3301001.846, Rel. Cons. Bernardo Motta Moreira, unânime, sessão de 22.mai.2013) Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. Rosaldo Trevisan Fl. 623DF CARF MF Impresso em 06/01/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 04/01/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2013 por ROSALDO TREVISAN
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