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Turma Camara- Quarta Câmara (58)
- ROSALDO TREVISAN (59)
- 2015 (59)
Numero do processo: 10925.907013/2011-02
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso em análise: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, assim especificados pela empresa.
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO.
O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.637/2002, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.551
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer o crédito também em relação a uniformes. O Conselheiro Domingos de Sá Filho votou pelas conclusões quanto aos pallets e aos fretes entre estabelecimentos. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. Esteve presente ao julgamento o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ no 32.641.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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(Sucessora de SADIA S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso em análise: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, assim especificados pela empresa. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 70 13 /2 01 1- 02 Fl. 5019DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.637/2002, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer o crédito também em relação a uniformes. O Conselheiro Domingos de Sá Filho votou pelas conclusões quanto aos pallets e aos fretes entre estabelecimentos. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. Esteve presente ao julgamento o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ no 32.641. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre PER de no 36353.19863.131008.1.1.086828 (fls. 4620 a 4623)1, transmitido em 13/10/2008, para demandar crédito de Contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa / Exportação (§ 1o do art. 6o da Lei no 10.833/2003) relativo ao 3o trimestre de 2008, no valor de R$ 7.589.441,87. As declarações de compensação (DCOMP) correspondentes constam às fls. 4624 a 4986 (e são relacionadas no quadro de fls. 4687/4688). Na Informação Fiscal de fls. 4687 a 4729, que se presta ainda à análise da COFINS (processo administrativo no 10925.9070123/201150) no mesmo trimestre, e culmina na lavratura de auto de infração para exigência de multa isolada, levado a cabo no processo administrativo no 11516.722096/201308, narrase que: (a) foram glosados nas linhas 02 (“Bens Utilizados como Insumos”) e 03 (“Serviços Utilizados como Insumos”) das fichas 06A e 16A os créditos contabilizados nas contas contábeis indicadas na tabela de fl. 4695 a 4697, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 5020DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.967 3 individualizados no relatório “02NICTBNF” (“cuja contabilização indica não se enquadrarem no conceito de insumo ou serviço com direito a crédito”), e os materiais de ativo permanente (glosados por conta e listados exemplificativamente às fls. 4697 a 4700), com informações individualizadas (item a item) nas planilhas arroladas às fls. 4700/4701; e (b) nos casos de duplicidade de registro nas linhas 02/03 (v.g., aluguéis, foi considerado o crédito nas linhas 05 e 06. A síntese das glosas é detalhada na tabela que figura após o relato da manifestação de inconformidade (coluna da esquerda). A fiscalização encontrou ainda incorreção no rateio proporcional de receitas tributadas no mercado interno, não tributadas no mercado interno e de exportação, por não terem sido consideradas as vendas para a Zona Franca de Manaus e algumas receitas tributadas (mas não efetuou correções, admitindo o declarado, tendo em vista que após as glosas, a totalidade de créditos foi insuficiente para pagamento dos débitos informados em DACON, restando saldo devedor lançado em autuação). Com base na Informação Fiscal é proferido o Despacho Decisório de fls. 4730 a 4732, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando as compensações vinculadas. Cientificada do despacho decisório em 15/07/2013 (AR à fl. 4749), a empresa apresenta manifestação de inconformidade postada em 14/08/2013 (fls. 4836, e 4751 a 4794) sustentando que o conceito de insumos na legislação que rege as contribuições é mais amplo que o presente na legislação do IPI, e abarca “todas e quaisquer aquisições para emprego na produção de bens e serviços objeto da atividade fim, bem como os custos incorridos e as despesas necessárias ao processo produtivo”, conforme jurisprudência do CARF (o que abrange, v.g., a indumentária de utilização obrigatória na agroindústria). Em relação às glosas em espécie, as razões de defesa estão expostas, por razões didáticas, na coluna da direita na planilha a seguir. Cabe ainda registrar a demanda por perícia (fls. 4792/4793), para possibilitar investigação mais apurada, tendo em vista aspectos técnicos envolvidos no processo industrial, e a solicitação para juntada posterior de laudo técnico. GLOSAS DEFESA Fl. 5021DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 FICHA 16A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4701/4708) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., pallet, luva de látex, avental); b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 2, por se tratarem de gastos para manutenção predial e aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado; c) aquisições de pessoas físicas, sem direito a crédito na linha 2; d) fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa, tendo sido oportunizado o detalhamento de contas que tratavam indiscriminadamente de fretes de produtos acabados e matériasprimas; e) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003; f) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito; e g) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições, em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006. FICHA 16A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4766 a 4773, 4775/4779, e 4790/4791) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo: os custos com uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular) e materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação) são obrigatórios pelas normas do Ministério da Saúde, em relação a estabelecimentos que industrializam alimentos para o consumo humano. Da mesma forma, são imprescindíveis as despesas com aquisição de produtos para utilização no laboratório, para análise de controle de qualidade. No que se refere a “pallets”, também são essenciais às atividades da empresa, tendo em vista as rigorosas normas de higienização e manutenção da qualidade. Também sustenta a empresa que as aquisições de combustíveis (como GLP e lenha para combustão) são ensejadores de créditos, conforme disposição expressa da lei de regência das contribuições. b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 2, no que se refere a aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado: pedese a reformulação da decisão, para que seja tomada em consideração na glosa a parcela de depreciação dos bens do ativo imobilizado (1/24), conforme art. 3o, § 1o, I das leis de regência. (...) d) fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa: os produtos industrializados são perecíveis, necessitando de permanente refrigeração, e estando sujeitos a normas de higiene sanitária, cabendo o crédito com base no art. 3o, IX das leis de regência, conforme já entendeu o CARF, devendo ser ainda reconhecido o crédito em relação a custos com armazenagem. e) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero: em tais aquisições, a empresa faz jus ao crédito presumido de que trata a Lei no 10.925/2004. E quanto ao demais produtos, a não manutenção do crédito fere o princípio da nãocumulatividade. (...) g) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições: a suspensão somente se tornou obrigatória com a Instrução Normativa RFB no 977/2009, que incluiu o vocábulo “obrigatória”. E ao menos o crédito presumido deve ser reconhecido, com base no art. 8o da Lei no 10.925/2004. Fl. 5022DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.968 5 FICHA 16A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fls. 4708/4710) a) aquisições de serviços que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., válvula, transporterefeições); b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 3, por se tratarem de gastos para manutenção predial, aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado, ou sem relação com o processo produtivo; c) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens ou serviços nem outra operação com direito a crédito; e d) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003, e de a linha 03 tratar de serviços. FICHA 16A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fl. 4789) (...) b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 3: a empresa se insurge contra glosas referentes a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, manutenção e suporte de software e manutenção predial, por entendê las como essenciais ao processo produtivo. (...) FICHA 16A LINHA 05 Despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica (fls. 4710/4711) aluguéis pagos a pessoas físicas e pagamentos a restaurantes e centros esportivos. (...) FICHA 16A LINHA 06 Despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (fls. 4711/4712) aluguéis de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos etc) e locação de software, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, Sky TV por assinatura etc. FICHA 16A LINHA 06 Despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (fls. 4779/4780) a exigência legal de que o bem seja “utilizado nas atividades da empresa” não implica, como entendeu o fisco, que estejam necessariamente vinculados ao setor de produção da empresa. FICHA 16A LINHA 10 Bens do Ativo Imobilizado com base no valor de aquisição ou construção (fl. 4712/4715) aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos (glosandose somente as diferenças em relação ao que seria a depreciação correta), bens erroneamente classificados como ativo imobilizado (v.g., óleo lubrificante sintético, locação andaime, diárias serviços gerais), e bens cuja descrição não permite a identificação (tendo a empresa sido intimada a detalhar os bens, sem retorno). FICHA 16A LINHA 10 Bens do Ativo Imobilizado com base no valor de aquisição ou construção (fl. 4773/4775, e 4790) aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos: a empresa sustenta que a legislação ampara seu direito expressamente no art. 3o, § 1o, III das leis de regência, e que a Lei no 11.488/2007 (art. 6o) proporcionou ainda a opção pela depreciação à razão de 1/24 (não havendo impedimento para o crédito em tais moldes a partir de janeiro de 2007). Fl. 5023DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 FICHA 16A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 4715/4721) crédito solicitado com base no inciso incorreto do § 3o do art. 8o da Lei no 10.925/2004, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos, e notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, não havendo crédito presumido em operações para revenda. FICHA 16A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 4781/4789) de acordo com a Exposição de Motivos da Medida Provisória convertida na Lei no 10.925/2004, o crédito presumido tem por finalidade anular os efeitos da incidência das contribuições nas etapas anteriores. Portanto, legítimo o crédito ainda que os produtos tenham sido adquiridos com alíquota zero. E o valor do direito aos créditos presumidos é conferido pelos percentuais (60%, 50% e 35%) do valor das alíquotas “cheias”, dependendo da classificação do produto fabricado. Assim, o crédito é calculado pela aplicação dos percentuais do valor do insumo adquirido, sendo que o percentual a ser aplicado depende da NCM do produto elaborado, conforme jurisprudência do CARF. Sobre as aquisições para revenda, informa que geram direito a crédito, conforme inciso I do art. art. 3o da Lei no 10.833/2003. FICHA 16B LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4721/4722) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., ventilador, engrenagem, gerador); e b) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003. (...) Em 05/02/2014 (fls. 4857 a 4913), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) o conceito de insumo é o estabelecido nas Instruções Normativas no 247/2002 e no 404/2004, que apenas esclareceram o conteúdo das leis de regência; (b) nos processo administrativos relativos a ressarcimento/compensação, o ônus probatório é do postulante, não tendo se desincumbido de tal ônus a empresa, em relação a diversos itens; (c) para reconhecimento do crédito pelos encargos de depreciação, a empresa deveria ter registrado os itens glosados como ativo imobilizado, em linha própria do DACON (ou efetuada a retificação correspondente); (d) não existe previsão normativa para tomada de créditos em relação a fretes de produtos acabados entre estabelecimento da empresa; (e) é vedada a tomada de créditos em aquisições com alíquota zero, não cabendo a análise pela DRJ de demanda que sequer consta no DACON correspondente (crédito presumido); (f) o fato de as vendas à empresa terem sido efetuadas sem a suspensão da contribuição prevista em lei não permitem a tomada de créditos pelo adquirente, novamente descabendo a análise de pedido alternativo não expresso em DACON; (g) não há previsão para tomada de créditos em relação a aluguéis de veículos; (h) o § 14 do art. 3o da Lei no 10.833/2003 não se aplica a edificações e benfeitorias, e o REIDI (Lei no 11.488/2007) somente se aplica a pessoas jurídicas previamente habilitadas pela RFB; (i) para fins de aproveitamento do crédito presumido da agroindústria, o percentual a ser aplicado depende do produto adquirido; (j) a legislação não prevê crédito presumido no caso de bens para revenda; e (k) os elementos constantes dos autos são suficientes ao julgamento, sendo prescindível a perícia demandada. Fl. 5024DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.969 7 Cientificada da decisão de piso em 17/03/2014 (fl. 4923), a empresa apresenta recurso voluntário em 09/04/2014 (fls. 4925 a 4963), reiterando os argumentos expressos na manifestação de inconformidade, e acrescentando jurisprudência e considerações no sentido de que: (a) não pode ser negado o direito ao crédito sob o simples fundamento de que houve equivocado preenchimento de DACON (erro no cumprimento de obrigação acessória); (b) a DRJ entende ter havido ausência de contestação em relação a diversos itens que a empresa expressamente trata em sua manifestação de inconformidade; e (c) não é crível sustentar que alguns combustíveis (como hexano, óleo de xisto, diesel e GLP) sejam utilizados veículos para transporte de pessoas. No mais, não renova os questionamentos em relação a energia elétrica e material para laboratório, e insere discussão nova sobre embalagens de transporte. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe de início destacar que verifiquei que a análise referente aos três primeiros trimestres de 2007, em relação à mesma empresa, e basicamente às mesmas matérias, foi efetuada em 24/09/2013, no âmbito desta Terceira Turma, em nove processos, todos sob minha relatoria, assim detalhados: Período Processos Acórdãos 1o trimestre de 2007 10925.720046/201212 (auto de infração); 10925.905351/201100 (DCOMPPIS); e 10925.905352/201146 (DCOMPCOFINS) 3403002.469, 3403 002.472 e 3403002.473, respectivamente 2o trimestre de 2007 10925.720686/201222 (auto de infração); 10925.905353/201191 (DCOMPPIS); e 10925.905355/201180 (DCOMPCOFINS) 3403002.470, 3403 002.474 e 3403002.476, respectivamente 3o trimestre de 2007 10925.721257/201272 (auto de infração); 10925.905354/201135 (DCOMPPIS); e 10925.905356/201124 (DCOMPCOFINS) 3403002.471, 3403 002.475 e 3403002.477, respectivamente As ementas dos acórdãos correspondentes asseveraram que: “DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. Fl. 5025DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Para a empresa agroindustrial, constituem insumos: materiais de limpeza e desinfecção; embalagens utilizadas para transporte; combustíveis; lubrificantes e graxa; fretes entre estabelecimentos da própria empresa (entre estabelecimentos do ciclo produtivo); fretes de transporte de combustível; e serviços de transporte de sangue e armazenamento de resíduos. Por outro lado, não constituem insumos: uniformes, artigos de vestuário, equipamentos de proteção de empregados e materiais de uso pessoal; bens do ativo, inclusive ferramentas e materiais utilizados em máquinas e equipamentos; fretes de transporte urbano de pessoas; fretes de transportes em geral, sem indicação precisa; fretes referentes a nota fiscal requisitada e não apresentada; bens não sujeitos ao pagamento das contribuições (o que inclui a situação de alíquota zero); e bens adquiridos em que a venda é feita com suspensão das contribuições, com fundamento no art. 9o da Lei no 10.925/2004. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS. ENERGIA ELÉTRICA. ABRANGÊNCIA. Não são classificáveis como despesas com energia elétrica as aquisições de serviços de comunicação e compras de bem para o ativo imobilizado. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS. ALUGUEL. ARMAZENAGEM. FRETES. PESSOA FÍSICA. IMPOSSIBILIDADE. É vedado o creditamento da contribuição em relação a despesas de aluguéis de prédios, maquinas e equipamentos, ou ainda de armazenagem ou fretes, pagos a pessoa física. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. ENCARGOS. DEPRECIAÇÃO. ATIVO. VEDAÇÃO. É vedado o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1o do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30/04/2004. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em Fl. 5026DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.970 9 função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtê lo.”(Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, exceto em relação a lavagem de uniformes e incidência de juros de mora sobre multa de ofício, este último tema presente apenas nas autuações, sessão de 24.set.2013) (grifo nosso) Tal verificação é relevante e pertinente, pois as matérias analisadas nestes autos são majoritariamente as mesmas, e sob os mesmos fundamentos, resguardadas algumas especificidades que serão anotadas ao longo deste voto. E, de lá para cá, alteramos nosso posicionamento somente em relação a um tópico, como também se destaca no voto. 1. Considerações iniciais sobre ônus probatório nos processos referentes a ressarcimento/compensação As presentes considerações inicias sobre o ônus probatório nos processos de ressarcimento/compensação são necessárias à análise da demanda por diligência, e de alguns itens para os quais a empresa não tratou de carrear aos autos documentos que amparariam seu direito a crédito. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de ressarcimento/compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante, e é dever dele carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, inclusive, no caso de insumos, a forma de vinculação dos bens ao processo produtivo. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador, cabível seria a demanda pericial. No entanto, não se pode acolher pedido de perícia para produzir no processo elementos probatórios a cargo de uma das partes (no caso, a postulante do crédito), elementos esses que já deveriam figurar nos autos, e cuja ausência tem por implicação a negativa de reconhecimento dos créditos correspondentes. Assim vem decidindo unanimemente esta Terceira Turma, inclusive nos citados processos da mesma recorrente: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” Fl. 5027DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.470, 471, 474, 475, 476 e 477, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Desse modo, incabível acolher o pleito de realização de diligência, pois restam claras nos autos as motivações das glosas, que foram compreendidas a contento pela recorrente, que, por sua vez, ao invés de trazer ao processo elementos probatórios de seu direito, inclusive no que se refere ao processo produtivo, posterga a discussão para eventual diligência. Assim, tendo em conta as considerações iniciais sobre o ônus probatório em processos do gênero, indeferese a realização de diligência/perícia. 2. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP Também a título de considerações preliminares, pois a matéria só é alegada de forma transversa nas peças recursais, incumbe esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Fl. 5028DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.971 11 Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei desbordou do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. 3. Do conceito de insumos na COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. Fl. 5029DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem também unanimemente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. A recorrente é empresa agroindustrial, tendo por objeto social a atividade de frigorífico para abate de suínos, aves, fabricação de produtos de carne, preparação de subprodutos para abate, fabricação de alimentos para animais, pintos de um dia, ovos, extração de madeiras, comércio atacadista de alimentos em geral, entre outras. Não há dúvida, por exemplo, ao afirmarse que a matériaprima utilizada nos alimentos industrializados pela empresa constitui insumo. Contudo, entre a zona de certeza positiva e a de certeza negativa (uma cesta de natal entregue pela empresa a um funcionário certamente não constitui um insumo) existe uma zona de “penumbra” (usando a terminologia empregada por GENARO CARRIÓ2), na qual só a análise do caso concreto (à luz dos elementos trazidos aos autos sobre o processo produtivo da empresa) permitirá um enquadramento mais preciso. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos. Seguiremos a ordem das glosas constante em nosso relatório, apenas alterandoa para reunir o primeiro e o último tema, que guardam identidade: bens utilizados como insumos (fichas 16A e 16B do DACON). E, sobre tal ordem, acrescentaremos os argumentos de defesa, nos tópicos em que eles efetivamente tiverem sido apresentados. Por 2 In Notas Sobre Derecho y Lenguaje. 5 ed. Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2006, p. 55 e ss. Fl. 5030DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.972 13 exclusão (em verdade, por preclusão), deixam de ser reconhecidos os direitos de crédito em relação a matérias e itens sequer especificamente questionados pela recorrente. 4. Das glosas em espécie As glosas em espécie, como relatado de início, foram subdivididas, de acordo com as fichas do DACON, em seis grupos: bens utilizados como insumos; serviços utilizados como insumos; despesas de aluguéis e prédios; despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos; bens do ativo imobilizado; e crédito presumido de atividade industrial. 4.1. Bens utilizados como insumos Em relação aos bens glosados por não se enquadrarem no conceito de insumos adotado pelo fisco (relacionados nas planilhas de fls. 308 a 536, 537 a 1346, 1347 a 1359, 1360 a 1410, e 1411 a 2021), a recorrente questiona apenas alguns: custos com uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular) e materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação). Assevera que ambos são obrigatórios pelas normas do Ministério da Saúde, em relação a estabelecimentos que industrializam alimentos para o consumo humano. Em manifestação de inconformidade chega ainda a questionar despesas com aquisição de produtos para utilização no laboratório, para análise de controle de qualidade, mas não mantém o tema contencioso em seu recurso voluntário. E questiona ainda a glosa sobre pallets, acrescentando no recurso voluntário argumentação sobre a improcedência das glosas em relação a embalagens de transporte (tema que não restou especificamente contencioso em sua manifestação de inconformidade), versando ainda sobre combustíveis. Assim, diante da preclusão que opera em relação às matérias que não foram devidamente questionadas tanto na instância de piso quanto na peça recursal após a decisão da DRJ, passase a analisar somente a pertinência das glosas em relação a uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular), materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação), pallets e combustíveis, assim como temas específicos (v.g., aquisições com alíquota zero e fretes de transferência entre estabelecimentos). Cabe destacar ainda que há ainda um tópico da defesa destinado a questionar as glosas sobre bens importados utilizados como insumos, nos quais se confunde a motivação das glosas externadas pelo fisco. Não há nenhuma glosa no presente processo que tenha sido motivada pelo simples fato de os bens serem importados. As glosas estão ligadas a razões como o não enquadramento no conceito de insumos ou ao fato de a aquisição ser efetuada com alíquota zero (todos temas a serem tratados neste tópico 4.1). Incumbe derradeiramente esclarecer que a DRJ, ao delimitar a lide, ao início do voto condutor do acórdão de piso, efetivamente relacionou itens sobre os quais a empresa não se manifesta especificamente em sua peça inaugural de defesa. No recurso voluntário, alegase que a empresa teria efetivamente se defendido em relação aos temas. Contudo, não era Fl. 5031DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 aos temas que se referia a DRJ, mas aos itens específicos dentro dos temas (a empresa não questiona, por exemplo, especificamente, itens da glosa de notas fiscais com CFOP que não representam aquisições de bens ou outras operação com direito a crédito). Portanto, estão as partes a conversar sobre coisas diferentes. Esclareçase, assim, que todos os temas e itens efetivamente tratados na manifestação de inconformidade foram enfrentados pela DRJ, não havendo qualquer prejuízo à defesa. 4.1.1 Uniformes Os itens glosados especificamente questionados pela recorrente nesta categoria são: vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular. A recorrente entende que tais bens são essenciais e aplicados diretamente na atividade produtiva, e evitam contaminações, seguindo determinação da ANVISA. Os precedentes do CARF em favor de tal argumento estão longe de constituir posicionamento dominante no tribunal. Vejase, a título ilustrativo, acórdão decidido por maioria, em turma especial desta terceira sessão, e acórdão, também por maioria, da Câmara Superior de Recursos Fiscais (vencidos os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Marcos Aurélio Pereira Valadão e Otacílio Dantas Cartaxo): “Tratandose de prestação de serviços de catering e de handling, ensejam o creditamento os gastos com uniformes, serviços de lavanderia, de remoção e incineração de resíduos e análises laboratoriais, por guardarem relação de essencialidade e pertinência a tais processos produtivos.” (Acórdão no 3803 004.025, Rel. Cons. Alexandre Kernvencido, maioria em relação ao tema, sessão de 19.mar.2013) “Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis do PIS não cumulativo, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo.” (Acórdão no 930301.741, Rel. Cons. Nanci Gama, maioria, sessão de 9.nov.2011) Esta terceira turma não tem comungado de tal entendimento, e negou recentemente, por unanimidade, o direito a creditamento das contribuições em relação a uniformes e equipamentos de proteção tanto em relação a industrial calçadista (Acórdãos no 3403.001.893 a 896, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30.jan.2013), quanto em relação a fabricante de fertilizantes (Acórdãos no 3403.001.937 a 944, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânimeem relação ao tema, sessão de 19.mar.2013). E negou também unanimemente o direito ao crédito sobre luva, avental, respirador, bota, botina, protetor auricular, máscara, meia, óculos, sapato, touca, capacete e japona nos nove processos da mesma recorrente aqui citados, referentes a períodos anteriores (Acórdãos no 3403002.469 a 477). Fl. 5032DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.973 15 No caso concreto, a nosso ver, todos os bens relacionados podem até ter relação indireta com a produção (seja pela exigência sanitária, ou por poder sua ausência afetar a qualidade do produto final, ou a segurança dos funcionários), mas não são diretamente empregados no processo produtivo/fabril, ou necessários à obtenção do produto final. Correta, assim, a glosa efetuada para tais bens. 4.1.2. Materiais de limpeza, desinfecção e higienização Alega a recorrente que os materiais de limpeza, desinfecção e higienização se prestam à manutenção das condições exigidas pela legislação no processo produtivo. Nesse caso, embora também ainda não haja posição assentada neste CARF, entendese que merece prosperar a argumentação da recorrente, pois diante da ausência de limpeza e desinfecção, é improvável que se possa chegar ao produto final. E, em relação às despesas com higienização, matéria na qual fui vencido nos processos anteriormente julgados por esta Terceira Turma, revejo meu posicionamento, acordando com o colegiado que efetivamente sem a higienização também dificilmente se chegaria ao produto final fabricado pela empresa. Assim, deve ser afastada a glosa efetuada pelo fisco em relação a materiais de limpeza, desinfecção e higienização. 4.1.3. Pallets Ativo Imobilizado A recorrente sustenta que os pallets são essenciais às atividades da empresa, tendo em vista as rigorosas normas de higienização e manutenção da qualidade, e afirma que os pallets, além de exercerem função primordial para a movimentação de cargas, são fundamentais para impedir o contato do produto com a superfície do chão”. Narra também que os pallets “são ainda utilizados no processo produtivo, pois nas diversas das suas etapas são necessários para o deslocamento das matériasprimas, em condições de higiene, sendo ainda utilizados para armazenagem de produtos acabados, até que sejam transportados para comercialização”. Há que se destacar, contudo, nossa acordância com entendimento já externado nesta turma pela Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel, de que os pallets são bens a serem contabilizados no ativo não circulante: “Relativamente aos “paletes de madeira” “tábuas” e “barrotes de eucalipto” utilizados para movimentação interna dos produtos industrializados, entendo que não se enquadram no conceito de insumo tal como previsto no inciso II do artigo 3o da Lei 10.833/03, até porque pelo valor e tempo de vida útil desses bens eles não podem ser deduzidos com despesa operacional e devem ser contabilizados no ativo não circulante (art. 301 do RIR/99) sujeitandose à depreciação, cuja despesa dela decorrente pode ser aproveitada para crédito do PIS e da Fl. 5033DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 COFINS não cumulativos, nos termos do inciso III do § 1o do artigo3o da mesma Lei 10.833/03. Nesse sentido há diversas soluções de consulta da Secretaria da Recita Federal do Brasil (...)”(Acórdão no 3403.001.935, Rel. Cons. Raquel Motta Brandão Minatel, maioria, sessão de 20.mar.2013) Assim, da mesma forma em que decidido unanimemente por este colegiado nos nove processos citados, mantémse a glosa em relação aos pallets. E o raciocínio externado em relação a pallets se aplica ainda aos demais bens considerados como insumos pela recorrente e que constituem, na verdade, aquisições destinadas ao ativo imobilizado. Não se pode admitir o crédito integral em relação a tais bens, por absoluta carência de amparo normativo. E avaliar o pedido alternativo de crédito proporcional equivale a ignorar a própria escrituração da empresa, e a analisar pedido diverso daquele que ensejou o despacho decisório (peça cuja ciência deu início ao contencioso). Nesse sentido a decisão unânime da turma nos multicitados nove processos da mesma empresa julgados em 2013: “A nosso ver, restaria preliminarmente bem explicada a utilização no processo produtivo, cabendo o creditamento, não fosse o fato de constituírem os bens/semoventes (como informa a própria recorrente) ativo imobilizado. E não parece seguir em sentido diferente o julgador de primeira instância, que refuta o enquadramento como insumo tãosomente pelo fato de constar o bem no ativo imobilizado. E, estando no ativo imobilizado, o enquadramento seria no inciso VI, e não no inciso II do art. 3o das leis que tratam do creditamento para as contribuições (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003): “VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços” (grifo nosso) É preciso alertar, contudo, que a forma/quantificação de creditamento do inciso VI é diferente daquela constante do inciso II, como esclarece o § 1o do art. 3o das leis: “§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês;” Como destaca o julgador a quo, tal posicionamento deveria ter sido informado em DACON pela recorrente, antes do procedimento fiscal. Flexibilizando tal entendimento do julgador de piso, em nome da verdade material, consideramos que uma alteração da DACON, mesmo posteriormente ao procedimento fiscal (o que, destaque Fl. 5034DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.974 17 se, não obsta as penalidades eventualmente disso decorrentes), desde que acompanhada de documentos comprobatórios do alegado, deveria ser tomada em conta pelo fisco. Contudo, não é o que se vê no presente caso. Vale, assim, a mesma máxima expressa no tópico anterior: ou os bens são enquadrados no inciso II, como insumos (e aí não devem constar do ativo imobilizado), ou constam do ativo imobilizado, aplicandose a regra do inciso VI. Assim, procedente a glosa em relação a tais bens/semoventes.” Pelo exposto, são também mantidas as glosas em relação a bens indicados, escriturados e declarados ao fisco como insumos (inciso II do art. 3o das leis de regência) que na verdade se tratavam de aquisições destinadas ao ativo imobilizado. 4.1.4. Combustíveis Em relação às glosas de combustíveis, sustenta a empresa que as aquisições de combustíveis como GLP e lenha para combustão são ensejadores de créditos, conforme disposição expressa da lei de regência das contribuições. A DRJ mantém as glosas diante da impossibilidade de se saber se os combustíveis foram efetivamente utilizados no processo produtivo. No recurso voluntário, a empresa revela que não é crível sustentar que alguns combustíveis (como hexano, óleo de xisto, diesel e GLP) sejam utilizados veículos para transporte de pessoas. Há, aqui, que se acordar com a empresa em relação ao hexano, ao óleo de xisto e a GLP, seja pela dificuldade em imaginar utilizações outras para tais bens que não no processo produtivo, seja pela descrição de como se utiliza cada bem na peça recursal (fl. 4942). No mesmo sentido nosso raciocínio sobre a lenha. E, em relação ao diesel, parece pouco crível também que seja utilizado em veículos de transporte de pessoas. Nesse sentido, essa Terceira Turma já decidiu unanimemente, em caso no qual havia dúvidas sobre a utilização de combustíveis em veículos de propriedade de empresa: “Pelo teor do recurso voluntário, notase que a empresa possui um caminhão Mercedes Benz placa IND 4688, um GOLF placa IYM 2222, e uma KOMBI placa IMH 3302. E utilizou os veículos locados de placas ILS 3241, IMS 2985, ILX 0497, IMA 4137, IND 8997 e INL 8932. A empresa afirma que “todos os veículos são ou foram utilizados nas operações de transporte de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem entre os diversos estabelecimentos da empresa e por empregados vinculados aos departamentos comercial e industrial”. E acrescenta que “em alguns períodos, o GOLF e a KOMBI também são utilizados Fl. 5035DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 para o transporte de funcionários da produção, que fazem horas extras”. Como a empresa não detalha quais são os veículos locados, referindose no recurso somente a suas placas, efetuei, em nome da verdade material, buscas às referidas placas, na web, em sítio que informa dados do DETRANRS (www.checkmeucarro.com.br), obtendo os seguintes resultados: placa ILS 3241 (YAMAHA/YBR 125K Roxa, à gasolina, ano 2003/2004), placa IMS 2985 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006), placa ILX 0497 (GM/Celta 3 portas branco, gasolina, ano 2004/2004), placa IMA 4137 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina, ano 2004/2005), placa IND 8997 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2006/2006) e placa INL 8932 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006). Não se entende como atividade relacionada ao processo produtivo, necessária à obtenção do produto final, o transporte de passageiros (ainda que funcionários da empresa, e ainda que eventualmente) pelas KOMBIS, nem aqueles efetuados por veículos de passeio e motocicletas. Assim recentemente decidiu esta turma, de forma unânime (Acórdãos no 3403002.783, e 784). Por carência probatória (detalhamento da forma de utilização no processo produtivo), então, afastase o direito creditório em relação ao combustível utilizado para abastecer tais veículos. No entanto, é perfeitamente crível que o caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688 (Mercedes Benz/MBAtego 2425, azul, diesel, ano 2006/2006), movido a óleo diesel, tenha efetivamente sido utilizado para transportar materiais necessários à obtenção do produto final gerado pela empresa. Assim, afastase somente a glosa referente às despesas de abastecimento do caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688. Como não se tem detalhamento preciso dos abastecimentos nos presentes autos, incumbe à autoridade responsável pela liquidação intimar a empresa a apresentar as referidas notas de abastecimento, que só poderão ser computadas para efeito de crédito se vinculadas estritamente a óleo diesel ou ao citado caminhão.” (Acórdãos no 3403000.912 a 917, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, 24.abr.2014) Assim, incumbe afastar as glosas em relação a hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente (escrituração, notas fiscais de aquisição do período etc.). Caso a documentação da recorrente trate genericamente de “despesas de combustíveis”, incabível o direito ao crédito, pela ausência de comprovação do direito, conforme esclarecido no tópico 1, referente a ônus probatório. 4.1.5. Aquisições de pessoas físicas Também clara a ausência de fundamento normativo para demanda de créditos de aquisições de pessoas físicas com base no inciso II do art. 3o das leis de regência. E a recorrente não questiona especificamente tal item, restringindo sua argumentação a pedido Fl. 5036DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.975 19 alternativo para que se acate o crédito presumido da agroindústria de que trata a art. 8o da Lei no 10.925/2004. O pedido alternativo e inovador, além de contradizer a escrituração e a declaração da empresa prestada ao fisco, e o pedido de ressarcimento que motiva o despacho decisório (peça cuja ciência inaugura este contencioso), demandaria análise de pertinência individualizada das aquisições ao regramento (requisitos e condições) estabelecidos no art. 8o da Lei no 10.925/2004. E essa correspondência individualizada e documentada estava a cargo da recorrente, ao demandar o pedido alternativo, não havendo nos autos vestígios de tal comprovação. Assim, múltiplos são os motivos para manutenção das glosas em relação a aquisições de pessoas físicas que demandaram crédito com base no inciso II do art. 3o das leis de regência, mantendo a linha unânime já adotada quando da apreciação dos nove processos da mesma empresa aqui reiteradas vezes citados. 4.1.6. Fretes entre estabelecimentos São glosados os fretes de transferência de produtos entre unidades da empresa (em conta relacionada a produtos acabados). E narra o fisco que oportunizou à empresa detalhara se se tratavam de fretes de matériasprimas, produtos intermediários ou produtos acabados. E a empresa não logrou comprovar que os fretes glosados se tratavam de operações com direito a crédito. Assim, a glosa é por carência probatória. Em sua defesa, a empresa alega que os produtos industrializados são perecíveis, necessitando de permanente refrigeração, e estando sujeitos a normas de higiene sanitária, cabendo o crédito com base no art. 3o, IX das leis de regência, conforme já entendeu o CARF, devendo ser ainda reconhecido o crédito em relação a custos com armazenagem. Contudo, não detalha nem comprova a quais vendas se referem os fretes. Persiste, assim, a carência probatória ensejadora da glosa, que deve ser mantida. 4.1.7. Aquisições com alíquota zero As glosas em relação a tais aquisições são motivadas pela vedação expressa constante no art. 3o, § 2o da Lei no 10.637/2002. A empresa, em sua defesa, sustenta que em tais aquisições, a empresa faz jus ao crédito presumido de que trata a Lei no 10.925/2004. E, quanto ao demais produtos, a não manutenção do crédito fere o princípio da nãocumulatividade. Em relação à primeira alegação, remetase às razões para negativa expressas no tópico 4.1.5 deste voto, que trata das aquisições de pessoas físicas, diante de pedido inovador do crédito presumido em sede contenciosa. Recordese que haveria necessidade de análise de pertinência individualizada das aquisições ao regramento (requisitos e condições) estabelecidos no art. 8o da Lei no 10.925/2004. E essa correspondência individualizada e Fl. 5037DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 20 documentada estava a cargo da recorrente, ao demandar o pedido alternativo, não havendo nos autos vestígios de tal comprovação. No que se refere à segunda alegação, reiterese que não há possibilidade de, em nome da nãocumulatividade, afastar dispositivo legal vigente (em função da Súmula CARF no 2), como já exposto no tópico 2 deste voto. Devem ser mantidas, então, as glosas em relação a aquisições com alíquota zero, também na linha do que já decidiu unanimemente a turma nos nove processos anteriores da mesma empresa. 4.1.8. Aquisições com suspensão A fiscalização aponta que as notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições, em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006, não são ensejadoras de créditos. A recorrente, por sua vez, alega que a suspensão somente se tornou obrigatória com a Instrução Normativa RFB no 977/2009, que incluiu o vocábulo “obrigatória”. E ao menos o crédito presumido deve ser reconhecido, com base no art. 8o da Lei no 10.925/2004. Tanto o apontamento do fisco quanto as razões de defesa são idênticos aos presentes nos citados nove processos da mesma empresa já apreciados por esta Terceira Turma, aos quais remetemos: “Foram ainda glosados créditos de aquisições de insumos cuja venda é feita com suspensão das contribuições, com fundamento no art. 9o da Lei no 10.925/2004, assim como os fretes a elas correspondentes, pela sujeição somente ao crédito presumido de atividades agroindustriais. Em relação a tal tópico, informa a recorrente que até o advento da Instrução Normativa RFB no 977, de 14/12/2009, não era obrigatória a suspensão, e, diante da faculdade, as aquisições dos produtos ocorreram com tributação, sem a suspensão (não estando nas Notas Fiscais detalhada a suspensão), sendo legítimo o crédito. No julgamento de piso, esclarecese que: “Em relação à situação posta, observa se que a impugnante não questiona o fato de que os produtos adquiridos enquadramse nas situações previstas no art. 9o da Lei n o 10.925/2004, que prevê a suspensão da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Já no que tange à obrigatoriedade da receita da venda destes produtos ser efetuada com suspensão de incidência, esclarecese que, ao contrário do alegado pela contribuinte, desde a edição da Instrução Normativa SRF n o 636, de 24 de março de 2006, com a efetiva implementação de termos e condições, a suspensão da incidência é obrigatória, independente de o contribuinte ter ou não destacado em suas notas fiscais a suspensão.” Fl. 5038DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.976 21 De fato, a Instrução Normativa de 2006 já estabelecia a suspensão (com a expressão “fica suspensa”, que não parece, nem de longe, estabelecer uma faculdade). Não há que se falar, assim, em aproveitamento de créditos, sendo procedente a glosa.” Aliás, em diversos julgados recentes (e unânimes) desta Terceira Turma, inclusive com a formação atual do colegiado, concluise que a suspensão é aplicada bem antes da Instrução Normativa RFB no 977/2009: “SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada.” (Acórdão no 3403003.507, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 28.jan.2015) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403003.337, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 15.out.2014) Não há, assim, o direito de aproveitamento do crédito em relação à operação, diante das disposições normativas vigentes. 4.2. Serviços utilizados como insumos As considerações efetuadas ao longo do tópico 4.1 deste voto por certo se alastram à disciplina dos serviços como insumos. Por decorrência, são serviços compatíveis com o conceito de insumos aqueles que são necessários ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Não há, nas peças de defesa, questionamentos específicos em relação aos itens glosados com enquadramento de serviços utilizados co mo insumos, mas as considerações sobre aquisições com alíquota zero, CFOP incompatível e não enquadramento no conceito são idênticas às expostas no tópico 4.1., não demandando qualquer complementação. E nos únicos itens questionados especificamente no que se refere a serviços (glosas referentes a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, manutenção e suporte de software e manutenção predial), a empresa se defende com a alegação de que tais serviços são essenciais ao processo produtivo. Em relação a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, não faz prova a recorrente de que efetivamente as máquinas e equipamentos são utilizados no processo produtivo. Sequer cita uma glosa específica para documentar eventual equívoco do fisco. Limitase a laborar a defesa de forma genérica, crendo que todo e qualquer gasto registrado como manutenção de máquinas e equipamentos, e não detalhado, seria ensejador do crédito integral, o que não é admissível. Fl. 5039DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 22 E é da mesma forma genérica que a defesa questiona as glosas referentes a manutenção e suporte de software e manutenção predial, ainda mais distantes, e igualmente de vínculo não comprovado ao processo produtivo. No que se refere às despesas com manutenção predial, é preciso destacar que o fisco glosou aquelas nas quais a própria empresa demandou crédito integral (com base no inciso II do art. 3o das leis de regência), não estando o presente item a tratar do crédito a que se refere o inciso VII do art. 3o das leis de regência (que trata de créditos com base nos encargos de depreciação). Assim, corretas as glosas em relação a serviços utilizados como insumos. 4.3. Despesas de Aluguéis de máquinas e equipamentos Não havendo questionamento específico na defesa em relação à motivação das glosas sobre despesas de aluguéis de prédios (aluguéis pagos a pessoas físicas e pagamentos a restaurantes e centros esportivos), trata o presente tópico somente das despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica, efetuadas sob o fundamento de que os aluguéis de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos etc) e locação de software, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, Sky TV por assinatura etc. não constituem gastos com “máquinas e equipamentos” utilizados nas atividades da empresa de que trata o inciso IV do art. 3o das leis de regência. Na Informação Fiscal que ampara o despacho decisório o fisco afirma que as condições para a tomada de crédito, no caso, são duas: a primeira relativa à natureza do bem locado (máquina ou equipamento) e a segunda com relação à utilização (utilizado nas atividades da empresa). E que diante da descrição genérica das contas, intimou a empresa a esclarecer seu conteúdo, tendo sido, após as respostas, glosadas (fl. 4712): “notas fiscais relativas a aluguel de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos, etc), fretes, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, entre outros, por não se enquadrarem na condição de serem máquinas ou equipamentos e máquina de café, Sky tv por assinatura, entre outros, por não serem utilizados nas atividades da empresa”. (grifo nosso) Em relação ao primeiro motivo de glosa (não ser máquina ou equipamento), aplicável a veículos e toalhas, som, guincho etc., sequer se manifesta a empresa no recurso voluntário, mesmo após as considerações específicas sobre o tema efetuadas pela DRJ. No que se refere à segunda motivação (aplicável às glosas de máquina de café, Sky tv por assinatura etc.), a recorrente se defende no sentido de que a exigência legal de que o bem seja “utilizado nas atividades da empresa” não implica, como entendeu o fisco, que estejam necessariamente vinculados ao setor de produção da empresa. Há que se acordar, nesse aspecto, com a recorrente, no sentido de que a expressão utilizada no inciso IV do art. 3o das leis de regência é “aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa”. A expressão não se confunde, por exemplo, coma a empregada no inciso VI do mesmo artigo: “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou Fl. 5040DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.977 23 fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Utilizar “na atividade da empresa” não se confunde, de fato, com utilizar “na produção”. Ademais, por certo, seria difícil um prédio, por exemplo, ser efetivamente utilizado na produção. A diferença seria clara se o bem glosado, por exemplo, fosse uma impressora ou uma máquina fotocopiadora locada. Por certo, tal equipamento seria utilizado nas atividades da empresa (mas não no setor produtivo). Mas não é isso que se vê pelos bens glosados: locação de máquina de café e pagamento de TV por assinatura “Sky”. Além de tais “equipamentos” não se destinarem a atividades produtivas da empresa, também não se destinam a atividades da empresa. Não vejo necessidade de a atividade de uma empresa agroindustrial incluir uma máquina de café ou TV por assinatura (ou ainda outros bens relacionados na lista de glosas de fls. 4615 a 4619, não questionados especificamente pela recorrente, como “mesas Totobol” e “mesas jogos”). Assim, corretas as glosas efetuadas pelo fisco, que devem ser mantidas. 4.4. Bens do Ativo Imobilizado As glosas efetuadas em relação ao ativo imobilizado se referem a aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos (glosandose somente as diferenças em relação ao que seria a depreciação correta), bens erroneamente classificados como ativo imobilizado (v.g., óleo lubrificante sintético, locação andaime, diárias serviços gerais), e bens cuja descrição não permite a identificação (tendo a empresa sido intimada a detalhar os bens, sem retorno). Não há questionamento específico em relação às razões das glosas para incorreta classificação como ativo imobilizado e bens cuja descrição não permite a identificação. No que se refere à depreciação de 1/48, a recorrente sustenta que a legislação ampara seu direito expressamente no art. 3o, § 1o, III das leis de regência, e que a Lei no 11.488/2007 (art. 6o) proporcionou ainda a opção pela depreciação à razão de 1/24 (não havendo impedimento para o crédito em tais moldes a partir de janeiro de 2007). Vejamos o conteúdo (na redação vigente à época) do referido art. 3o da Lei no 10.833/2003, aplicável à Contribuição para o PIS/PASEP por força do art. 15 da mesma lei: “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2 o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 5041DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 24 (...) §1o Observado o disposto no §15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; (...) §14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1o deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. § 15. O crédito, na hipótese de aquisição, para revenda, de papel imune a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Federal, quando destinado à impressão de periódicos, será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no § 2o do art. 2 o desta Lei.” (grifo nosso) Cristalino, pelo texto do artigo, que a depreciação de 1/48 aplicase a máquinas e equipamentos, e não a edificações e benfeitorias, como pretende a recorrente. Assim, não há a opção que a empresa acredita existir, da depreciação prevista no § 14 do art. 3o. E a depreciação normal, no caso, já foi reconhecida pela fiscalização. Por fim, a demanda recursal pela aplicação da depreciação prevista na Lei no 11.488/2007 dependeria de prova de que a empresa faz jus a tal benefício, cumprindo os diversos requisitos estabelecidos em tal lei, o que sequer é ventilado no presente processo pela recorrente, que novamente não se desincumbe de seu ônus probatório. Também nesse tópico, então corretas as glosas, que devem ser mantidas. 4.5. Crédito presumido agroindústria Em relação a créditos presumidos da agroindústria, previstos no art. 8o da Lei no 10.925/2004, a fiscalização alega que a demanda foi efetuada com fundamento no inciso incorreto do § 3o do art. 8o, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos. E informa ainda que há notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, e não há crédito presumido em operações para revenda. Sobre este último tema, defendese a recorrente indicando que a base para o crédito na revenda é o inciso I do art. 3o das leis de regência. Confunde, assim, os créditos básicos (nos quais incidem diversas vedações, como em relação a aquisições de pessoas físicas, etc) com os créditos presumidos de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004. Se houvesse demandado créditos básicos, e comprovado que cumpre os requisitos para obtêlos, cabível seria a tomada em relação a revenda, por força do invocado inciso I. Mas não é o que consta no presente processo, em que a empresa demanda crédito presumido com base no art. 8o da Lei no Fl. 5042DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.978 25 10.925/2004 (sequer cogitando de comprovar que não incide nas vedações para a obtenção de créditos básicos). Assim, corretas as glosas de notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados. No que se refere ao argumento do fisco de que teria a recorrente demandado o crédito com fundamento no inciso incorreto do § 3o do art. 8o, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos, a questão merece melhor detalhamento. Tanto o fisco quanto a recorrente reproduzem o mesmo dispositivo legal (art. 8o da Lei no 10.925/2004), cada um afirmando que sua própria interpretação é a correta. A fiscalização defende que a alíquota aplicável (ou o inciso com a alíquota aplicável) varia em função dos insumos, enquanto que a recorrente defende que é em função dos produtos elaborados/fabricados. Vêse que aqui a discussão não envolve aspectos probatórios, sendo a matéria exclusivamente ligada à interpretação do art. 8o da Lei no 10.925/2004. O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) Fl. 5043DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 26 § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.” (a Lei no 11.488/2007 incluiu um inciso, com alíquota de 50%, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI) (grifo e atualização nossos) A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi originalmente empreendida por esta turma em junho de 2013, que unanimemente chegou à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até antiisonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo Fl. 5044DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.979 27 percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. (...) Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicálo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através (sic) do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores Fl. 5045DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 28 da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” E nos nove processos da mesma recorrente julgados em setembro de 2013 chegou a turma à mesma conclusão: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo.” (Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 24.set.2013) A endossar o entendimento da turma a Lei no 12.865, de 09/10/2013, que acrescentou (art. 33) o seguinte § 10 ao art. 8o da Lei no 10.925/2004: “§ 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Contudo, desnecessário cogitar de interpretação benigna retroativa da Lei no 12.865/2013, pois esta turma já entendia, antes do avento da referida Lei, que as alíquotas são aplicadas em função do produto fabricado, e não do insumo adquirido. Concluise, então, neste tópico, que deve ser reconhecido o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Rosaldo Trevisan Fl. 5046DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.980 29 Fl. 5047DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11543.001112/2006-61
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
Ementa:
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.669
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista, que reconheceram a nulidade total da decisão de primeira instância. Sustentou pela recorrente o Dr. Renato Silveira, OAB/SP no 222.047.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 11 12 /2 00 6- 61 Fl. 4783DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Sawaya Batista, que reconheceram a nulidade total da decisão de primeira instância. Sustentou pela recorrente o Dr. Renato Silveira, OAB/SP no 222.047. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre pedido para tratamento manual de declarações de compensação DCOMP (relacionadas à fl. 148)1 transmitidas de 16/02/2006 a 11/10/2006 (de crédito de COFINS relativo ao 4o trimestre de 2004, no valor total de R$ 1.231.790,05, com débitos diversos, ressarcindose o saldo remanescente cf. PER). Fundandose no parecer de fls. 147 a 154, é emitido em 16/10/2009 o despacho decisório de fls. 154/155, reconhecendo direito creditório no montante de R$ 512.204,98, homologando as compensações e deferindo o ressarcimento na medida dos créditos acatados (após compensação de ofício de débitos existentes). As glosas efetuadas se referem a: (a) apuração de créditos em relação a corretagem nas intermediações de café e soja, e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio); e (b) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação. Cientificada da decisão em 20/01/2010 (cf. AR de fl. 163), a empresa apresenta petição em 03/02/2010 (fls. 166 a 168), opondose à compensação de ofício, por entender não existir débito pendente a ser satisfeito (informando que o referido débito estava extinto por meio de compensações e parcelamento). Em 18/02/2010 a empresa apresenta ainda manifestação de inconformidade (fls. 228 a 251), afirmando que: (a) discute em juízo a aplicação da Taxa SELIC na atualização dos créditos; (b) no que se refere a serviços de corretagem, assessoria técnica comercial e despesas com condomínio, as glosas se referem a equivocada acepção do termo “insumos”, derivada da indevida analogia com a legislação do IPI, mas para as contribuições, “insumo” deve ser entendido como todo gasto que colabora direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora de receitas tributáveis; (c) as despesas de fretes não foram segregadas pela empresa por não haver tempo hábil, tendo sido o prazo adicional por ela solicitado (60 dias) indeferido pelo fisco, não podendo este glosar todos os fretes de transferência/remessa por presunção, pela ausência de segregação; e (d) a grande maioria das despesas de frete se refere a exportação indireta (transportes dos produtos saídos diretamente de seus fornecedores com destino aos portos para exportação, por conta e ordem da empresa juntando documentos de venda e transporte fls. 313 a 4583). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 4784DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.784 3 Em 15/03/2012 (fls. 4585 a 4597), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) os créditos demandados em relação a fretes não se referem a nenhuma das hipóteses permitidas na lei de regência (art. 3o, incisos I, II e IX), e os documentos apresentados se referem a aquisições com fim específico de exportação, que não geram créditos, por expressa vedação legal (art. 15, III da Lei no 10.833/2003 c/c art. 6o, III e § 4o da mesma lei); e (b) os insumos tem que ser efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto, ou na prestação de serviço desenvolvida pala empresa, sendo a corretagem/comissão em fase anterior ao processo produtivo, e não atendendo ao conceito de insumo ainda as despesas com assessoria técnica comercial e despesas com condomínio. Cientificada do acórdão da DRJ em 16/05/2012 (fl. 4601), a empresa apresenta recurso voluntário em 31/05/2012 (fls. 4669 a 4700), sustentando que: (a) cabe a atualização monetária do crédito, não tendo a empresa contestado o assunto na manifestação de inconformidade porque discutia o tema judicialmente; (b) a decisão recorrida é nula, por inovar a fundamentação adotada originalmente pelo despacho decisório, em patente supressão de instância administrativa, no que se refere aos fretes; (c) a não cumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS é de caráter constitucional, não podendo ser mitigada pela legislação infraconstitucional; (d) a DRJ superou o entendimento do despacho decisório de que os fretes de remessa/transferência não gerariam créditos, mas ainda assim negou o pleito sob o novo fundamento de que haveria vedação legal (inexistente) ao crédito de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação; (e) no que se refere a corretagem/comissão, despesas com assessoria técnica comercial e despesas com condomínio, os créditos permitidos na sistemática não cumulativa para as referidas contribuições (em relação a “insumos”) devem refletir todos os gastos que colaboram direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora das receitas. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Esclareçase de início que a questão referente à compensação de ofício deve ser analisada pela unidade local da RFB, em rito próprio, com observância ao decidido em relação a eventual demanda judicial interposta pela empresa. E o pedido efetuado inauguralmente em sede de recurso voluntário (referente à atualização monetária do crédito), submetido à apreciação judicial, não constitui exatamente “fato novo”, mas fato motivador da não apreciação do tema por este tribunal administrativo, em face da unidade de jurisdição (consagrada na Súmula no 1 deste CARF), devendo a unidade local efetivamente cumprir o que restou decidido em juízo na liquidação do julgamento administrativo. Fl. 4785DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 No presente processo, a matéria contenciosa se resume a glosas efetuadas pela fiscalização em relação a apuração de créditos sobre: (a) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação; e (b) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio). Passase a seguir à análise das glosas efetuadas, cabendo trazer antecipadamente algumas delimitações conceituais e normativas necessárias. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Incumbe de início esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei poderia ter desbordado do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer Fl. 4786DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.785 5 despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2 (“O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”). Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. Do conceito de insumos para a Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Fl. 4787DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem também unanimemente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos, já adiantando a existência de substancial obstáculo, residente no fato de sequer se demonstrar a existência de processo industrial nos autos. Das glosas em espécie Conforme relatado, em relação ao despacho decisório, as glosas são referentes a: (a) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação; e (b) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio). Em relação a corretagem e outros “serviços”, como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio, resta claro que nenhum destes itens se amolda ao conceito aqui trazido para insumos, na legislação que rege as contribuições. Nem se vislumbra enquadramento possível de tais rubricas em outros incisos do art. 3o da lei de regência, de modo que resta carente de fundamento normativo o direito de crédito. No que se refere aos fretes, cabe destacar que a negativa de crédito, no despacho decisório, era fundada em carência probatória (fls. 152/153): Fl. 4788DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.786 7 E, ao contrário do que parece crer a recorrente, a DRJ, ao apreciar tais documentos, apresentados na manifestação de inconformidade, certamente poderia verificar que estes não amparam o crédito, porque encontram obstáculo normativo. Assim, a fundamentação de carência probatória alterase para ausência de permissão legal. E se isso ocasionasse, como postula a recorrente, nulidade por alteração de fundamento, a DRJ não poderia sequer apreciar os documentos, bastando sua apresentação (ainda que em oposição às normas que regem a matéria) para que fosse afastada a autuação. Mantido esse entendimento, nenhuma empresa apresentaria mais os documentos na fase fiscalizatória, postergando a apresentação sempre à manifestação de inconformidade, quando já não poderia ser analisada qualquer matéria em relação aos documentos apresentados que não a sua simples apresentação. Nada mais absurdo. Por certo que se o documento só foi apresentado na manifestação de inconformidade, o julgador de piso pode (em verdade, deve) analisálo quanto ao cumprimento da legislação que rege a matéria. Afasto assim a nulidade suscitada. No mérito, a própria empresa (assim como os documentos anexados) esclarece que os fretes de remessa/transferência se referem ao transporte de mercadorias adquiridas com fim específico de exportação, até armazéns gerais localizados em Santos (que não são estabelecimentos da recorrente). Bem esclareceu a DRJ ao analisar a matéria (fl. 4383): Fl. 4789DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 A DRJ não encontra enquadramento para a operação descrita nos documentos da empresa: fretes de remessa de mercadoria adquirida com fim específico de exportação para armazéns gerais que não são da recorrente, em cidade portuária. E aponta ainda vedação legal ao crédito, presente no art. 6o, III e § 4o c/c art. 15, III da Lei no 10.833/2003, concluindo que (fl. 4594): Temos aqui que a DRJ, apesar de partir da discutível premissa de que a operação de frete não é tributada (a nosso ver não é a ausência ou não de tributação de tal operação o fator de relevância na presente análise), suscita dispositivo (aplicável à COFINS por força do art. 15, III da Lei no 10.833/2003) que merece aqui transcrição e exegese o art. 6o (III e § 4o) da mesma Lei no 10.833/2003: “Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: (...) § 4o O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1o não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação.” (grifo nosso) Além de, no caso em análise, o crédito não ser propriamente vinculado a “receita de exportação” (visto que a “receita de exportação” se refere à empresa que vendeu à comercial exportadora, para que não se opere duplicidade de cômputo), há vedação expressa à utilização de créditos básicos previstos no art. 3o (facilmente decorrente da leitura dos §§ 1o e 4o do art. 6o da Lei no 10.833/2003), como vem entendendo este CARF (v.g., Acórdãos no 3401002.886 a 892, no 3302002.216, no 3302002.654 e no 3302002.655). Transcrevase excertos deste último julgamento, unânime em relação à matéria: “DESPESAS COM MERCADORIAS ADQUIRIDAS COM O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. É vedado ao exportador de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação creditarse de PIS em relação às despesas vinculadas a esta operação. (...) Fl. 4790DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.787 9 Não resta nenhuma dúvida de que todos os créditos da Cofins relativos aos custos, despesas e encargos incorridos pelo vendedor, e incluído no preço da mercadoria vendida com o fim específico de exportação, são de fruição exclusiva do vendedor da mercadoria e, por esta razão, o adquirente e exportador direto da mercadoria não pode se creditar da Cofins, por força do que dispõe § 4º, do art. 6º c/c inciso III, do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03, abaixo reproduzidos. (...) Supondo, por exemplo, que a recorrente seja exclusivamente uma empresa comercial exportadora e tenha incorrido nas mesmas despesas de frete de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação. Nestas condições, e à luz do dispositivo legal acima, teria a recorrente direito ao creditamento das despesas com frete e armazenagem? Entendo que não. E não o tem porque a norma de regência (§ 4º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, acima reproduzido) é clara ao proibir a apuração de crédito vinculado à receita de exportação das mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação, independente de haver ou não, para o tipo de despesa incorrida, previsão legal de creditamento, quando vinculada às demais receitas. O fato de a recorrente auferir receita de exportação com a venda de produtos de sua fabricação e de produtos fabricados por terceiros, adquiridos com o fim específico de exportação, em nada afeta a proibição legal de apuração de crédito vinculados a receita de exportação de mercadorias adquiridas de terceiros.” (Acórdão no 3302002.655, Rel. Cons. Walber José da Silva, unânime em relação ao tema, sessão de 23.jul.2014) (grifo nosso) Acordamos, então, com a aplicação ao caso narrado nestes autos do dispositivo de vedação mencionado pela DRJ, que é mais amplo do que parece entender a recorrente, que o restringe a mercadorias (amplitude que é a nosso ver incompatível com a expressão constante ao final do referido § 4o do art. 6o: “vinculados”). Ademais, acordase ainda com a dificuldade expressa pelo julgador de piso em enquadrar o frete tratado nestes autos em uma das categorias permitidas na lei de regência (incisos I, II ou IX do art. 3o), pois não se comunga do entendimento que a remessa de mercadoria para armazémgeral em cidade portuária constitua propriamente um frete de venda (ainda que houvesse eventualmente sido comprovada no processo a assunção de tais despesas de transporte integralmente pela recorrente). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 4791DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Fl. 4792DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 12585.000030/2010-51
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO.
O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO.
A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.
LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27.
É válido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo.
RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA.
A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo.
Numero da decisão: 3403-003.629
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. Sustentou pela recorrente a Dra. Marina Vieira de Figueiredo, OAB/SP no 257.056.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27. É válido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo.
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(Incorporadora de BERTIN S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PEDIDOS DE RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27. É válido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 00 30 /2 01 0- 51 Fl. 445DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Sustentou pela recorrente a Dra. Marina Vieira de Figueiredo, OAB/SP no 257.056. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre PER (retificador) de no 34994.71679.300708.1.5.09 5451 (fls. 5 a 7)1, transmitido em 30/07/2008, para demandar crédito de COFINS não cumulativa / Exportação (§ 1o do art. 6o da Lei no 10.833/2003) relativo ao 1o trimestre de 2008, no valor de R$ 31.370.885,28. As declarações de compensação (DCOMP) correspondentes são listadas à fl. 8 (DACON às fls. 10 a 59, e 69 a 122, e DIPJ às fls. 64 a 66). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 446DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 446 3 A verificação iniciada em 26/11/2010, após diversas prorrogações, é encerrada “sem exame”, em função da comunicação de incorporação da BERTIN S.A. pela JBS S.A. (fl. 67). No Termo de Verificação de Infração Fiscal (TVIF) de fls. 126 a 152 (que trata da COFINS e da Contribuição para o PIS/PASEP de outubro de 2007 a dezembro de 2009), narrase que: (a) a fiscalização deriva de diversos pedidos de ressarcimento analisados em diferentes processos administrativos, e obtevese autorização expressa para novo exame, com ciência ao sujeito passivo (em que pese o procedimento anterior ter sido encerrado “sem exame”); (b) as autuações decorrentes, em relação a ambas as contribuições, no período correspondente ao 1o trimestre de 2008, foram lavradas no bojo do processo administrativo no 15868.720063/201203 (cópia da autuação referente à COFINS às fls. 153 a 157); (c) os pedidos de ressarcimento referentes a COFINS são analisados no presente processo, e os referentes a Contribuição para o PIS/PASEP, no processo administrativo no 12585.000035/201084; (d) o fisco optou por realizar verificações por trimestre, em ordem cronológica, iniciando os trabalhos relativos ao 1o trimestre de 2008 em 03/02/2012, com intimação à recorrente para fornecimento de documentos; (e) no período anterior (4o trimestre de 2007), houve problemas, não tendo a empresa conseguido compor os números declarados e informados pelos administradores, informando esta não ser possível naquele momento avaliar a solicitação de retificação dos DACON referentes ao período; (f) para minimizar tais dificuldades, a fiscalização, a partir dos arquivos digitais apresentados pela empresa, compôs três planilhas (referentes a janeiro, fevereiro e março de 2008) com o total de aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, bens adquiridos para revenda, devoluções de vendas e importações de bens utilizados como insumos, antes da análise da fiscalização, que foram enviadas à empresa para conferência juntamente com a planilha 4, que lista os documentos a serem apresentados (demandandose ainda esclarecimentos a questões surgidas na análise inicial dos DACON fls. 130/133); (g) mesmo depois de intimado e reintimado, o sujeito passivo “não apresentou nenhuma planilha ou qualquer outro documento equivalente contendo a memória de cálculo demonstrativa da forma de apuração dos valores das aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, de gado bovino de pessoas físicas, bem como das devoluções de vendas, por ele considerados e informados nos DACONs, para apuração dos créditos” das contribuições, nem “arquivos digitais complementares do PIS/COFINS”; (h) diante do exposto, restou apurar os créditos a partir dos arquivos digitais dos registros fiscais que foram apresentados pelo sujeito passivo (e das citadas planilhas correspondentes, tendo sobre elas o sujeito passivo informado que “não era possível avaliar os dados constantes das referidas planilhas”); (i) em função de o contribuinte ter apresentado novos arquivos digitais, alterando as informações anteriormente prestadas, as planilhas 1, 2 e 3 foram substituídas pelas planilhas 6, 7 e 8, que foram utilizadas pela fiscalização (diante da falta de interesse da empresa em apresentar os demais elementos exigidos pela fiscalização); (j) a partir de tais planilhas foram elaboradas as planilhas 9 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços utilizados como insumos), 10 (registros em duplicidade), 11 (gado bovino adquirido de pessoas físicas), 12 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas para revenda), 13 (devoluções de vendas), 14 (serviços utilizados como insumos), 15 (aquisições para revenda), 16 a 18 (insumos que dão direito a crédito presumido agroindústria, por mês), 19 (despesas de energia elétrica), e 20 a 22 (resumos); (k) nas planilhas referentes a glosas (9 a 12), as razões pelas quais não foram considerados os créditos estão descritas de forma sintética ao final de cada planilha; (l) as planilhas foram todas entregues ao contribuinte e compõem o processo no 15868.720063/201203; (m) após as apurações, foram elaborados pela fiscalização DACON completos para o período, indicando os Fl. 447DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 valores que devem constar em todas as fichas, chegandose ao total de glosas constante na tabela de fl. 144; e (n) em decorrência das glosas, serão afastados os correspondentes valores a ressarcir nos processos administrativos (entre os quais o aqui analisado e o de no 12585.000035/201084, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP), sem prejuízo dos lançamentos de ofício (levados a cabo no processo no 15868.720063/201203). Com base no TVIF é proferido o Despacho Decisório de fls. 162 a 166, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando as compensações vinculadas. A empresa apresenta manifestação de inconformidade em 11/07/2012 (fls. 171 a 191) sustentando preliminarmente as seguintes nulidades: (a) há incompetência da DRF/Araçatuba para promover a fiscalização, sendo tanto a BERTIN S.A. quanto a incorporadora JBS S.A. sediadas na cidade de São Paulo; (b) a autorização para reexame de período já fiscalizado nada diz sobre a transferência de competência para outra região fiscal ou unidade descentralizada; (c) a emissão de MPF para a fiscalização é nula, porque não foi feita na disciplina da Portaria RFB no 3.014/2011; e (d) houve cerceamento de defesa, pois a unidade que promoveu a fiscalização dista aproximadamente 600 Km da recorrente, o que dificulta a entregar documentos e dirimir dúvidas sobre a fiscalização. Afirma ainda a defesa que: (e) incide sobre o caso o art. 135, III do CTN, sendo pessoalmente responsáveis os administradores da empresa à época (que relaciona à fl. 179), porque agiram com infração à lei (e que o não recolhimento das contribuições, por si, já demonstra clara infração à lei) e ao estatuto social (que previa “expressamente a necessidade de orientação, controle e fiscalização dos negócios da companhia pelo conselho de administração e da diretoria”); e (f) o procedimento fiscal teve início antes da incorporação da BERTIN S.A. pela JBS S.A., demonstrando que a não entrega de documentos se deu única e exclusivamente pelos administradores da empresa incorporada. No mérito, a empresa alega que: (g) a BERTIN S.A., em 2007, adquiriu a BERTIN LTDA, com diversos estabelecimentos, e grande parte dos valores escriturados pela BERTIN S.A. no período fiscalizado “podem ser provenientes de aquisições cujos documentos fiscais foram emitidos em nome da antiga proprietária dos estabelecimentos”, sendo que, em atenção ao princípio da verdade material, independente das notas fiscais em questão terem sido emitidas em nome da antiga proprietária, o fato é que as aquisições eram insumos para a adquirente; e (h) houve má interpretação, pelo agente fiscal, do art. 8o da Lei no 10.925/2004, e de seu § 3o, sendo a alíquota referente ao produto fabricado, e não ao adquirido (citando precedente do CARF), e afirmando que ainda que desconsiderado tal entendimento, as aquisições seriam de “carne”. Ao fim da peça de defesa, demandase diligência para análise dos documentos fiscais da empresa, inclusive intimandose os antigos administradores da incorporada. Em 28/02/2013 (fls. 323 a 343), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) os procedimentos são válidos mesmo que formalizados por servidor competente (AFRFB) de unidade diversa da do domicílio do sujeito passivo, como expressamente prevê o art. 9o, § 2o do Decreto no 70.235/1972; (b) a ação fiscal teve autorização em MPF do Superintendente da 8a Região Fiscal, que jurisdiciona todo o Estado de São Paulo, que detém autorização regimental para transferência de competências entre as unidades jurisdicionadas (art. 307 do Regimento Interno da RFB aprovado pela Portaria MF no 587/2010); (c) não cabe falar em cerceamento de defesa em etapa que antecede o contraditório, mas ainda assim a empresa foi reiteradamente intimada a apresentar documentos e teve acesso aos documentos dos autos, não se constatando qualquer empecilho relativo a produção de provas; (d) em relação à responsabilidade dos sócios da incorporada, cabe destacar que o presente procedimento fiscal não é um auto de infração, mas uma análise de pedido de ressarcimento da empresa, mas ainda assim se aplica ao caso o art. 132 do CTN, que trata de incorporação; (e) no mérito, a fiscalização examinou a contabilidade conforme encaminhada Fl. 448DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 447 5 pela empresa, assim como a documentação posteriormente encaminhada, tendo ocorrido reiteradas negativas de atendimento a intimações pelo sujeito passivo (enumeradas exemplificativamente às fls. 336/337), não tendo a empresa trazido “qualquer documento contábil ou fiscal anexo à peça recursal para comprovar o seu direito ao crédito de ressarcimento”, falhando assim em seu ônus processual; (f) quanto ao crédito presumido da agroindústria, a matéria foi disciplinada na Instrução Normativa no 660/2006, que endossa o entendimento do fisco em seu art. 8o, § 1o. Por fim, rejeita a DRJ o pedido de diligência e a demanda para que se enviem intimações ao endereço do patrono da causa, assim como para que este realize sustentação oral na instância de piso. Cientificada da decisão em 18/04/2013 (AR à fl. 443), a empresa apresenta recurso voluntário em 17/05/2013 (fls. 347 a 380), reiterando as considerações sobre nulidades relativas a competência da unidade fiscalizadora e cerceamento de defesa, suscitando ainda nulidade da decisão de piso por não analisar o argumento acerca da responsabilidade direta e exclusiva dos administradores da incorporada (que reitera, afirmando que o fisco não fez qualquer esforço para obter as informações junto aos exadministradores, em atenção à verdade material). No mérito, também reitera as considerações expressas em sua manifestação de inconformidade, e a demanda por diligência. Agrega, ao final, tópico sobre impossibilidade de sucessão de multas e juros, que, provavelmente figura por engano na peça recursal, visto não tratar o presente processo de autuação. Após o recurso voluntário a empresa acrescenta ainda, em 20/03/2014, a peça de fls. 416 a 426, noticiando o advento da Lei no 12.865/2013, que acrescenta um § 10 ao art. art. 8o da Lei no 10.925/2004, defendendo sua aplicação retroativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe de início destacar que verifiquei que a autuação correspondente ao mesmo período (1o trimestre de 2008), da mesma empresa, abarcando a COFINS (com pedido de ressarcimento e compensações analisados nestes autos) e a Contribuição para o PIS/PASEP (com pedido de ressarcimento e compensações analisados no processo administrativo no 12585.000035/201084), lavrada no processo administrativo no 15868.720063/201203 (cópia da autuação referente à COFINS às fls. 153 a 157), foi apreciada recentemente por esta Terceira Turma, em 23/04/2014, com quatro dos atuais componentes do colegiado, no Acórdão no 3403002.906, assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 COFINS NÃOCUMULATIVO. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. Na apuração de PIS/Cofins não cumulativo, a prova da existência do direito de crédito incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração por parte do contribuinte, deve a Fiscalização promover o lançamento com os dados que se encontram ao seu alcance. LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ÔNUS DA PROVA. PERÍCIA. Depois de realizado o lançamento com base nos dados fornecidos pelo próprio contribuinte, tornase dever do contribuinte apresentar as provas e fazer a demonstração pontual dos erros em que porventura teria incorrido a Fiscalização na apuração, demonstrando o valor que entenderia ser o correto para o direito de crédito. A realização de perícia submetese ao critério de necessidade do julgador, de maneira que, não havendo nenhuma prova contundente em sentido contrário ao da apuração procedida, e entendendo o julgador pela existência de elementos de prova suficientes para formar sua convicção, pode e deve deixar de realizar a perícia, promovendo desde logo o julgamento. RESPONSABILIDADE PESSOAL EXCLUSIVA DOS DIRIGENTES DA EMPRESA SUCEDIDA. NÃO CONFIGURAÇÃO. A apuração equivocada do tributo, em si mesmo, não configura infração de lei ou do estatuto social, capaz de configurar a hipótese de responsabilidade pessoal exclusiva prevista no art. 135, III, do CTN. MULTA DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. INCORPORAÇÃO. A sucessão por incorporação implica na transferência da responsabilidade em relação ao crédito tributário como um todo, incluindo a multa de ofício e os juros de mora, independente do lançamento ter ocorrido antes ou depois da sucessão. Inteligência do art. 132 c/c art. 129 do CTN. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. A alegação de erro no lançamento em relação à forma de cálculo do crédito presumido foi argüida de maneira inédita no recurso voluntário, razão pela qual não pode ser apreciada, por restar configurada a preclusão, visto que tal matéria não foi alegada na impugnação. Sua análise também implicaria em supressão de instância, pois a questão não foi submetida ao julgamento de Primeira Instância. Recurso negado. (Acórdão no 3403002.906, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, exceto em relação à multa e aos juros de mora em razão da sucessão, matéria na qual a Conselheira Adriana Ribeiro, em substituição ao Conselheiro Domingos de Sá Filho, votou pelo provimento, sessão de 23.abr.2014) (grifo nosso) Tal verificação é relevante e pertinente, pois as matérias analisadas nestes autos são praticamente as mesmas, e sob os mesmos fundamentos, resguardadas algumas especificidades que serão anotadas ao longo deste voto. Das preliminares de nulidade Fl. 450DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 448 7 Alega a recorrente que há incompetência da DRF/Araçatuba para promover a fiscalização, sendo tanto a BERTIN S.A. quanto a incorporadora JBS S.A. sediadas na cidade de São Paulo, existindo nulidade na emissão de MPF para a fiscalização, porque não foi feita na disciplina da Portaria RFB no 3.014/2011. Protesta ainda quanto à autorização para reexame de período já fiscalizado, que nada diz sobre a transferência de competência para outra ou unidade descentralizada. Compulsando os autos, percebese que havia MPF para a realização da fiscalização (reproduzido no próprio recurso voluntário fl. 350), assinado por quem detém competência normativa para representar o Superintendente da Receita Federal na 8a Região Fiscal, que jurisdiciona tanto a capital São Paulo quanto Araçatuba. E em tal MPF, entre os AuditoresFiscais encarregados encontramse aqueles que realizam a análise fiscal e assinam o Termo de Verificação de Infração Fiscal. Não existe (nem a recorrente aponta) qualquer comando normativo que obrigue o Superintendente a declinar no MPF a unidade de lotação de tais auditores. Mas, por óbvio, se eles foram designados, o foram onde quer que estejam lotados. Não há, assim, nenhuma irregularidade na emissão do MPF, sendo ainda logicamente reprovável o raciocínio a contrario sensu em relação a súmula rejeitada pelo CARF. É evidente que uma súmula rejeitada não produz o efeito de aprovação (ou de confirmação) de uma súmula de teor contrário. Cabível, sim invocar súmulas efetivamente aprovadas pelo CARF, que vinculam o julgador administrativo, como a de no 27: Súmula CARF no 27: É válido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. Aliás, como atesta o julgador de piso, isso já estava claro no art. 9o, § 2o do Decreto no 70.235/1972. Ainda que não se esteja neste processo tratando de lançamento, mas de análise de direito de crédito (análise que, por certo, acabou implicando o lançamento em relação ao mesmo período, que já foi inclusive objeto de julgamento por esta Terceira Turma, como noticiado ao início deste voto), é de se revelar que, no caso em apreço, o MPF regularmente emitido por autoridade competente atribuiu a fiscalização a determinados AuditoresFiscais, que, lotados em unidade da RFB sob jurisdição do Superintendente, realizaram o trabalho. A crítica à data da Portaria de Delegação de competência revela confusão da recorrente entre o ato de delegação de competência e a Portaria que disciplina o MPF. O Mandado de Procedimento Fiscal foi inicialmente disciplinado pela Portaria SRF no 3.007/2001, depois pela Portaria RFB no 4.328/2005, depois pela Portaria SRF no 6.087/2005, depois pela Portaria RFB no 4.066/2007, depois pela Portaria RFB no 11.371/2007, depois pela Portaria RFB no 3.014/2011 (citada na peça recursal), depois pela Portaria RFB no 1.687/2014, que o extinguiu, criando a figura do “termo de distribuição de procedimento fiscal”, expressão mais apropriada para um instrumento que, de “mandado”, efetivamente nunca teve nada (conforme atesta reiterada jurisprudência deste CARF, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais), diante da competência legalmente atribuída aos AuditoresFiscais para lançamento: Fl. 451DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 “NULIDADE. IRREGULARIDADES NA EMISSÃO DE MPF. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é simples instrumento de controle interno da Administração Tributária, não se constituindo em elemento essencial de validade do correspondente auto de infração. Também aí entendese pertinente o posicionamento do julgador a quo, que esclareceu que o MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades fiscais, e eventuais irregularidades em seu trâmite não invalidam o auto de infração decorrente do procedimento fiscal relacionado.” 2 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O MPF é ato interna corporis de controle interno e eventuais vícios são consideradas meras irregularidades, que não têm efeito de contaminar de nulidade o crédito constituído pelo lançamento de ofício.” 3 “MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O MPF Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração” 4 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF Eventual irregularidade na emissão do MPF ou o descumprimento do prazo previsto no MPF para realização da ação fiscal não induzem a nulidade do ato jurídico praticado pelo auditor fiscal pois o MPF é mero instrumento de controle da atividade fiscal e não um limitador da competência do agente público.” 5 “NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração.” 6 Assim, no presente caso, que, destaquese, teve MPF regularmente emitido, a delegação de competência operada em 2004 (e criticada pela defesa) obviamente ampara o MPF de 2011. Sustentar o contrário equivaleria ao absurdo entendimento de que cada vez que fosse editada uma nova norma sobre MPF (ou sobre qualquer outra matéria) deveriam ser editadas nas dez Superintendências da RFB do País (isso para não falar das demais autoridades citadas nas portarias) novas portarias de delegação de competência para emissão de um mesmo instrumento, já existente, de mesma denominação MPF. 2 CARF, Acórdão 1401000.740, 4a Câmara, 1a Seção, Rel. Cons. Fernando Luis Gomes de Matos, unanimidade, Sessão de 15.mar.2012. 3 CARF, Acórdão 1801001.018, 3a Turma Especial, 1a Seção, Rel. Cons. Carmen Ferreira Saraiva, unanimidade, Sessão de 10.mai.2012. 4 CARF, Acórdão 3102001.669, 1a Câmara, 3a Seção, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, unanimidade, Sessão de 27.nov.2012. 5 CARF, Acórdão 2403002.353, 3a Câmara, 2a Seção, Rel. Cons. Carlos Alberto Mees Stringari, unanimidade, Sessão de 20.nov.2013. 6 CSRF, Acórdão 9101001.798, Rel. Cons. Marcos Aurélio Pereira Valadão, maioria, Sessão de 19.nov.2013. Fl. 452DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 449 9 Também no que se refere ao exame de período fiscalizado, autorizado pelo Superintendente Substituto da 8a Região Fiscal, não existe (nem a recorrente aponta) qualquer norma que obrigue constar no documento a unidade responsável. Pelo contrário, a DRJ relaciona ato normativo que permite ao Superintendente otimizar a carga de trabalho em sua jurisdição, distribuindoa em unidades que não constituem necessariamente o domicílio do fiscalizado. E, por fim, não resta configurado cerceamento de defesa pelo fato de estar a unidade fiscalizadora distante 600 Km da empresa. Isso não prejudicou a comunicação (sendo as reiteradas negativas de resposta a intimação por parte da interessada devidas a fatores outros que não a distância, como resta patente nos autos), nem a apresentação de documentos ou o esclarecimento de dúvidas. Na era da internet e do telefone, não aponta a recorrente sequer um fato concreto em que tenha havido obstáculo efetivo a sua defesa pela distância. Em relação à nulidade do julgamento de piso, suscitada pela recorrente, pelo fato de não ter sido analisado seu argumento acerca da responsabilidade direta e exclusiva dos administradores da incorporada, cabe destacar que a DRJ o analisou, não se confundindo a negativa de acolhimento com a omissão. Para o esclarecimento, basta a leitura dos três parágrafos iniciais da decisão da DRJ que tratam do assunto (fl. 332): “Informese que o presente processo não trata de auto de infração, mas sim de Despacho Decisório proferido pela DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA EM SÃO PAULO DERAT/SP, que tratou de pedido de ressarcimento e também da não homologação de compensações a ele vinculadas. Contudo, frisese que os créditos tributários informados como débitos nas Dcomp não estão em discussão, mas tãosomente o pedido de ressarcimento, eis que se não homologadas as compensações, os débitos informados nas Dcomp devem ser cobrados. Tendo em vista o mister de julgador, não nos furtaremos de analisar a argumentação trazida na peça recursal, entendendo tratarse de equívoco da contribuinte, pois a cobrança dos débitos informados em Dcomp não comporta discussão em sede de recurso conforme se apresenta, uma vez que, foram declarados e confessados pela própria contribuinte.” (grifo nosso) A partir desse parágrafo, o julgador está, a nosso ver, a se pronunciar desnecessariamente sobre o tema (como ele próprio admite, ao dizer que, no dever de julgador, não se furtará a analisar a argumentação, ainda que equivocada, do contribuinte). Reiterese: nestes autos se aprecia pedido de ressarcimento (cumulado com compensação). E, sobre o tema, há que se aclarar que o ônus probatório é do postulante ao crédito. Fl. 453DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Não se está aqui tratando de uma “autuação”, mas de um pedido de crédito, no qual o solicitante tem o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidido esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Se não houver prova do direito ao crédito, ele não será concedido. Isso porque não se discute, nem se pode discutir nestes autos, a exigência do crédito decorrente da negativa do ressarcimento ou da não homologação das compensações. Desse modo, não faz sentido algum seguir na análise do argumento da empresa, que pretende atribuir “responsabilidade” a administradores da incorporada. Responsabilidade pelo pagamento de algo? Mas não se está exigindo nada nestes autos, estáse negando ressarcimento. Parece a recorrente desejar que os antigos administradores (que ela afirma terem agido com infração a lei e ao estatuto) lhe assegurem com tal conduta um direito a crédito. Inexistente, assim, a nulidade apontada. E aproveitamos as considerações e os precedentes sobre o ônus probatório para indeferir a perícia solicitada, pois a perícia não se presta à finalidade pleiteada pela recorrente, que consiste em um verdadeiro novo exame da matéria, trazendo, sem motivo justificado nos autos, novas pessoas à lide. A diligência serve ao esclarecimento de dúvidas do julgador em relação ao material já trazido nos autos pelas partes. E a ausência de substância no material de defesa constante nos autos do presente processo opera contra aquele que tem o ônus de provar seu direito de crédito: a recorrente. Ainda que invocada a verdade material, é necessário esclarecer, na linha dos ensinamentos de JAMES MARINS, que a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): Fl. 454DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 450 11 “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 7 E o que se vê no presente processo é a significativa ausência de colaboração por parte do contribuinte, levando o fisco a recompor DACON com base em registros digitais da própria empresa. Da responsabilidade de dirigentes / da incorporada Aproveitase ainda o exposto no tópico anterior, no que se refere ao pronunciamento da DRJ sobre a responsabilidade de dirigentes da incorporada, ou desta, para analisar a argumentação reiterada em sede de recurso voluntário no sentido de que incide sobre o caso o art. 135, III do CTN, sendo pessoalmente responsáveis os administradores da empresa à época (que relaciona) porque agiram com infração à lei (e que o não recolhimento das contribuições, por si, já demonstra clara infração à lei) e ao estatuto social (que previa “expressamente a necessidade de orientação, controle e fiscalização dos negócios da companhia pelo conselho de administração e da diretoria”). A argumentação, como exposto no tópico anterior, é desconectada da realidade destes autos, nos quais se discute o direito ao crédito, que deve ser provado pelo postulante. Daí informarmos, inclusive, no relatório, que o tópico agregado ao final do recurso voluntário (inexistente na manifestação de inconformidade) sobre impossibilidade de sucessão de multas e juros provavelmente figura por engano na peça recursal, visto não tratar o presente processo de autuação (não havendo imputação de multa ou juros). De qualquer modo, esta Terceira Turma (no julgamento da autuação) já se pronunciou sobre o tema, esclarecendo que a atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social. “2. Responsabilidade pessoal exclusiva dos dirigentes da empresa sucedida. A apuração equivocada do tributo, em si mesmo, não configura infração de lei ou do estatuto social, não configurando a hipótese de responsabilidade prevista no art. 135, III, do CTN. A atribuição de responsabilidade exclusiva do dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social. 7 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. Fl. 455DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 Se o simples fato de deixar de recolher tributo não configura a violação de lei prevista no referido dispositivo do CTN, conforme jurisprudência reiterada do Superior Tribunal de Justiça, então muito menos se configurará no caso de apuração e recolhimento realizados de forma equivocada, sem a demonstração de qualquer conduta dolosa dos dirigentes ou administradores da pessoa jurídica. A propósito do tema, esta Turma já manifestou o seguinte entendimento: (...) CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SÓCIOS E MANDATÁRIOS DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PESSOAL. EXISTÊNCIA DE DOLO. NECESSIDADE. A responsabilidade pessoal inserta no art. 135, III do Código Tributário Nacional, para sua aplicação, exige a comprovação do caráter doloso da conduta daqueles agentes quando pratiquem atos com excesso de poder ou que infrinjam a lei, contrato social ou estatutos da pessoa jurídica lançada, não se qualificando como doloso o simples inadimplemento de obrigação tributária, como remansoso na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. (...) (Acórdão 340300.530, PA 13312.000587/200417, Relator Cons. Robson José Bayerl, j. 26/08/2010) Entendo, por isso, que não se pode cogitar da aplicação do art. 135, III, do CTN. (Acórdão no 3403002.906, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, exceto em relação à multa e aos juros de mora em razão da sucessão, matéria na qual a Conselheira Adriana Ribeiro, em substituição ao Conselheiro Domingos de Sá Filho, votou pelo provimento, sessão de 23.abr.2014) (grifo nosso) (grifo nosso) Não há, assim, como atribuir, ainda mais na realidade do presente processo, que trata de ressarcimento, a responsabilidade aos sócios da (ou à) empresa incorporada pela recorrente. Improcedente, assim, a argumentação externada pela defesa. Das glosas referentes a insumos Como relatado de início, em função de o contribuinte ter apresentado apenas arquivos digitais, alterados ao longo da fiscalização, as planilhas 1, 2 e 3 inicialmente confeccionadas pelo fisco, exclusivamente com base nas informações prestadas, antes de qualquer ajuste pela fiscalização, foram substituídas pelas planilhas 6, 7 e 8, utilizadas pela fiscalização (diante da falta de interesse da empresa em apresentar os demais elementos exigidos pela fiscalização). A partir de tais planilhas foram elaboradas as planilhas 9 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços utilizados como insumos), 10 (registros em duplicidade), 11 (gado bovino adquirido de pessoas físicas), 12 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas para revenda), 13 (devoluções de vendas), 14 (serviços utilizados como insumos), 15 (aquisições para revenda), 16 a 18 (insumos que dão direito a crédito presumido agroindústria, por mês), 19 (despesas de energia elétrica), e 20 a 22 (resumos). Nas planilhas referentes a glosas (9 a 12), as razões pelas quais não foram considerados os créditos estão descritas de forma sintética ao final de cada planilha, cabendo destacar que as planilhas foram todas entregues ao contribuinte e compõem o processo de autuação no 15868.720063/201203 (aquele já apreciado por esta Terceira Turma). Após as Fl. 456DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 451 13 apurações, foram elaborados pela fiscalização DACON completos para o período, indicando os valores que devem constar em todas as fichas, chegandose ao total de glosas constante na tabela de fl. 144. Sobre a amplitude do conceito de insumos na legislação que rege as contribuições, cabe destacar que esta Terceira Turma já tem posicionamento assentado. O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o Fl. 457DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. No entanto, apesar de a fiscalização detalhar minuciosamente as glosas, em favor do direito de defesa da recorrente, não há nenhum questionamento específico de glosa de insumos nas peças recursais, limitandose a recorrente a afirmar que a BERTIN S.A., em 2007, adquiriu a BERTIN LTDA, com diversos estabelecimentos, e grande parte dos valores escriturados pela BERTIN S.A. no período fiscalizado “podem ser provenientes de aquisições cujos documentos fiscais foram emitidos em nome da antiga proprietária dos estabelecimentos”, sendo que, em atenção ao princípio da verdade material, independente das notas fiscais em questão terem sido emitidas em nome da antiga proprietária, o fato é que as aquisições eram insumos para a adquirente. Vejase que poderia a recorrente na peça de defesa demonstrar que cada um dos bens glosados (ou ao menos um, de forma documentada) é efetivamente utilizado em seu processo produtivo, possibilitando o direito ao crédito. Mas a afirmação de que detém o direito é sempre genérica, o que denota o claro equívoco da recorrente em relação ao ônus probatório em processos de ressarcimento, tema já esclarecido em tópico anterior deste voto. Portanto, diante da ausência de qualquer elemento comprobatório, inexistente o direito ao crédito. Das glosas referentes a créditos presumidos agroindústria Afirma o fisco no TVIF (fl. 141) que: A recorrente, por sua vez, sustenta que houve má interpretação, pelo agente fiscal, do art. 8o da Lei no 10.925/2004, e de seu § 3o, sendo a alíquota referente ao produto fabricado, e não ao adquirido (citando precedente do CARF), e afirmando que ainda que desconsiderado tal entendimento, as aquisições seriam de “carne”. Vêse que aqui reside uma das poucas discussões que não envolve aspectos probatórios, sendo a matéria exclusivamente ligada à interpretação do art. 8o da Lei no 10.925/2004. E tal matéria não foi enfrentada no julgamento da autuação relativa ao mesmo período, por esta Terceira Turma, porque naqueles autos havia operado preclusão em relação ao assunto. Fl. 458DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 452 15 O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.” (a Lei no 11.488/2007 incluiu um inciso, com alíquota de 50%, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI) (grifo e atualização nossos) Fl. 459DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 No caso, o fisco afirma textualmente que aplicou as alíquotas conforme os insumos adquiridos. E a recorrente alega que o cômputo da alíquota deve ser feito em relação ao produto fabricado e não em relação ao insumo adquirido. A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi originalmente empreendida por esta turma em junho de 2013, que unanimemente chegou à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até antiisonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. (...) Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém Fl. 460DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 453 17 o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicálo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através (sic) do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” Fl. 461DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 Em processos julgados em setembro de 2013 chegou a turma à mesma conclusão: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo.” (Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 24.set.2013) A endossar o entendimento da turma a Lei no 12.865, de 09/10/2013, que acrescentou (art. 33) o seguinte § 10 ao art. 8o da Lei no 10.925/2004: “§ 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Assim, desnecessário cogitar de interpretação benigna retroativa da Lei no 12.865/2013, pois esta turma já entendia, antes do avento da referida Lei, que as alíquotas são aplicadas em função do produto fabricado, e não do insumo adquirido. Concluise, então, neste tópico, que deve ser reconhecido o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Em função do reconhecimento do crédito, deve a unidade local da RFB tomar as providências para alastrar as consequências desta decisão a lançamentos e/ou compensações decorrentes. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Rosaldo Trevisan Fl. 462DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 18471.002198/2007-60
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003
AUTO DE INFRAÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA. IMPROCEDÊNCIA.
Não havendo no processo elementos probatórios que sustentem as afirmações efetuadas na autuação, esta deve ser declarada improcedente. Ainda mais quando as afirmações externadas na autuação sequer são objeto de efetiva investigação durante o procedimento fiscal.
Numero da decisão: 3403-003.526
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CARÊNCIA PROBATÓRIA. IMPROCEDÊNCIA. Não havendo no processo elementos probatórios que sustentem as afirmações efetuadas na autuação, esta deve ser declarada improcedente. Ainda mais quando as afirmações externadas na autuação sequer são objeto de efetiva investigação durante o procedimento fiscal. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 21 98 /2 00 7- 60 Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa o presente sobre auto de infração lavrado em 04/01/2008 (fls. 72 a 78, com ciência à empresa na mesma data, cf. fl. 721), para exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), referente ao período de janeiro a dezembro de 2003, acrescido de juros de mora e de multa de ofício de 75%, perfazendo total de R$ 1.734.716,11, por saída de produto do estabelecimento com emissão de nota fiscal sem o lançamento do imposto. Na autuação, narra o fisco que se promoveu a saída de produtos do estabelecimento da empresa (equiparado a industrial), e que tais produtos haviam sido importados pela própria empresa ou pela empresa “YIN'S Brasil Comércio Internacional LTDA” (de propriedade dos mesmos sócios), havendo transferências entre ambas por valores iguais ou até menores que os constantes nos documentos de importação “com o objetivo de tentar descaracterizar os fatos geradores do IPI nas operações de venda seguintes dos produtos, a preços de mercado”. Havendo impedimento para apurar os reais valores das mercadorias (em função de estarem ilegíveis as notas fiscais apresentadas e não haver registro magnético), foram utilizados os valores dos faturamentos mensais da contribuinte constantes da sua DIRPJ, como “Receita de Revenda de Mercadorias”, adotandose a alíquota de 10% (a maior que se apurou como aplicável). Em sua impugnação (fls. 95 a 108), apresentada em 31/01/2008, alega a empresa que: (a) sua escrituração não é imprestável; (b) lavrou todas as notas fiscais (de entrada e saída) com destaque de IPI; (c) não há uma só nota fiscal ilegível (juntandoas por amostragem às fls. 468 a 744); (d) as Declarações de Importação (DI) fls. 129 a 443 permitem a individualização das mercadorias, não se justificando a imposição generalizada da alíquota de 10%; (e) a empresa apurou e recolheu o IPI devido pelas saídas, conforme Livro de Registro de Apuração do IPI (fls. 1133 a 1242), sendo certo que os recolhimentos se encontram registrados nas contascorrentes bancárias, devidamente identificadas nos Livros Diário e Razão (fls. 745 a 1010); (f) a empresa não se utilizou de interposta pessoa (como aventado e não demonstrado no relatório fiscal), tendo importado diretamente os produtos; (g) durante a fiscalização, passaramse meses sem que fosse lavrado qualquer termo de intimação pela fiscalização (resumo das intimações e procedimentos à fl. 99); (h) é dever da fiscalização reconhecer os créditos da empresa (cf. tabela de fl. 104), levantando o imposto recolhido (cf. tabela de fl. 106), atinente aos produtos saídos do estabelecimento importador, o que foi desconsiderado na autuação; (i) o período de apuração do IPI é decendial, e não mensal, devendo reportarse o lançamento à data do fato gerador; (j) a apuração do imposto, com os respectivos batimentos entre créditos e débitos, apontou saldos devedores apenas em alguns períodos, com regular recolhimento (comprovantes às fls. 444 a 467); e (k) é incabível o arbitramento do valor tributável, pois os fatos geradores e as bases de cálculo são perfeitamente identificáveis. Em 17/06/2011 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 1812 a 1824), no qual se acorda unanimemente pela total improcedência do lançamento (recorrendose de ofício a este CARF), tendo em vista que no procedimento fiscal foram observadas inconsistências que maculam fatalmente o lançamento: (a) não são apontados quais os documentos que permitiram ao autuante afirmar que aqueles exatos produtos foram transferidos para a pessoa jurídica relacionada, que as comercializou a preços de mercado, descaracterizando fatos geradores do IPI; (b) a autoridade lançadora mescla operações tributadas com operações de transferência/revenda posteriores; (c) as bases de cálculo tomadas pela autoridade não foram correspondentes às operações de saída em transferência (à empresa relacionada), mas de saída efetuadas a título de revenda , ao preço de mercado, de produtos recebidos em transferência da empresa relacionada (o que pressupões que tenha havido uma 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18471.002198/200760 Acórdão n.º 3403003.526 S3C4T3 Fl. 1.837 3 simulação, mas sequer se busca caracterizar a ocorrência de simulação no procedimento fiscal); e (d) as bases de cálculo, assim, não se revelam consentâneas com o fato gerador do IPI decorrente das saídas de mercadorias importadas pela empresa, nem com o art. 136, I do Regulamento do IPI (RIPI). A empresa foi cientificada da decisão de piso em 09/04/2012 (AR à fl. 1829). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cremos que é possível verificar se assiste razão à DRJ em declarar a total improcedência da autuação a partir de dados internos ao próprio procedimento fiscal. Conforme termo de fl. 53, a ação fiscal foi iniciada em 15/03/2007, intimandose a empresa a apresentar diversos livros e documentos referentes ao ano de 2003 no prazo de cinco dias. Em 11/04/2007 a fiscalização atesta o recebimento dos livros e documentos relacionados à fl. 54. Em 31/07/2007 é lavrado termo simplesmente para comunicar que os trabalhos de fiscalização continuam (fl. 56), com ciência à empresa atestada pelo AR de fls. 57/58 (com data de recebimento sem preenchimento e data de postagem de 31/07/2007). Em 05/10/2007 a empresa é intimada a apresentar arquivos magnéticos (“tendo em vista que grande parte das notas fiscais entregues pelo contribuinte estão ilegíveis”) e a reescriturar os Livros Diário e Razão conforme as normas estabelecidas nos arts. 258 e 259 do Regulamento do Imposto de Renda (fl. 59). Em 23/10/2007 a empresa é intimada a apresentar cópias dos documentos de importação e das notas fiscais relacionados à fl. 61, sendo efetuada na mesma data a devolução dos Livros Diário e Razão (fl. 62). Em resposta, a empresa afirma que as notas e documentos já haviam sido entregues ao fisco (fl. 63), endossando, no entanto, que poderia atender a intimação se julgado necessário. No dia 31/07/2007 a empresa é novamente intimada, destacando o fisco que algumas notas e documentos não foram entregues e que a maioria das notas fiscais estava totalmente ilegível, e que se não apresentados os arquivos digitais, todas as notas fiscais ilegíveis seriam consideradas inidôneas (fls. 65/66). Em 07/11/2007 são enviados arquivos magnéticos, com recebimento atestado pela fiscalização (fl. 67). Ao analisar os arquivos entregues em CD, o fisco verifica que havia na mídia somente sete arquivos compactados (“impossíveis de serem descompactados”), e com tamanhos (de 6 e 5 Kbytes) que demonstram impossibilidade material de ali estarem as Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 informações solicitadas, reintimando a empresa a apresentar os arquivos magnéticos em 29/11/2007 (fl.68). Em resposta (recebida em 03/12/2007 fl. 69), a empresa informa que “em virtude da impossibilidade de recuperar os arquivos magnéticos solicitados”, solicita a compreensão do fisco e a concessão de prazo maior, dentro do qual tentaria resolver o problema solicitando à Secretaria Estadual de Fazenda os respectivos arquivos. Em 10/12/2007, o fisco comunica que não acata a prorrogação de prazo, e constata que “a contribuinte, em razão de seus próprios atos omissivos, impediu o desenvolvimento regular da fiscalização” (fl. 71). Na sequência, lavrase a autuação aqui analisada, com descrição dos fatos tão sintética que merece ser integralmente transcrita: “Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, foram apuradas infrações abaixo descritas, aos dispositivos legais mencionados. 001 PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO A INDUSTRIAL COM EMISSÃO DE NOTA FISCAL IPI NÃO LANÇADO EQUIPARADO A INDUSTRIAL Arbitramento do Imposto sobre Produtos Industrializados devido pelas saldas de produtos tributados do estabelecimento da contribuinte, caracterizado como equiparado a industrial, por promover a saída de produtos por ele mesmo importados, ou através (sic) da interposta pessoa jurídica YIN'S Brasil Comércio Internacional Ltda., inscrita no CNPJ sob o no 02.462.686/000168, de propriedade dos mesmos sócios, já que, as duas, logo após a importação, transferiram entre si as mercadorias por elas importadas por valores iguais ou, até mesmo, inferiores aos constantes das respectivas DI, com o objetivo de tentar descaracterizar os fatos geradores do IPI nas operações de venda seguintes dos produtos, a preços de mercado. Foi utilizada no cálculo do tributo devido a alíquota de 10% (dez por cento), a maior que se apurou como aplicável, e, como base de cálculo do IPI, os valores dos faturamentos mensais da contribuinte constantes da sua DIRPJ, como "Receita de Revenda de Mercadorias", das fichas de cálculo da Contribuição para o PIS, tendo em vista que as vias das Notas Fiscais por ela apresentadas estão ilegíveis e não possui arquivos magnéticos com os registros das suas Notas Fiscais, e as cópias das Notas Fiscais apresentadas pela YIN'S Brasil Comércio Internacional Ltda. também encontramse ilegíveis, o que nos impediu, por culpa única e exclusiva das próprias contribuintes, a apuração dos valores reais das mercadorias transferidas de uma para a outra, e suas respectivas alíquotas. Anotese, também, a impossibilidade de se efetuar qualquer apuração através (sic) dos Livros Contábeis das duas contribuintes, porque escriturados em partidas mensais, e não reescriturados, embora Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18471.002198/200760 Acórdão n.º 3403003.526 S3C4T3 Fl. 1.838 5 para tanto tenham sido intimadas, razão que também nos obrigou o arbitramento dos seus lucros.” (grifo nosso) Por certo que a empresa não apresentou toda a documentação solicitada, nem os arquivos magnéticos. Havia ainda impossibilidade de adoção da escrita, na forma pela empresa efetuada. Isso, por si, já configuraria a situação que motivou o termo de constatação de fl. 71, sendo razoável crer que a empresa impediu o desenvolvimento regular da fiscalização (o que ocasionaria autuação diversa da aqui apreciada). Fosse a autuação por obstaculizar a fiscalização haveria efetivamente um nexo causal entre as constatações e o lançamento. É preciso destacar, contudo, que a partir da configuração da falta de colaboração da empresa gerase um salto lógico, no qual o autuante conclui (não se justifica como) que havia situação de interposição (sequer desenvolvida ao longo dos trabalhos fiscais) na qual se buscava descaracterizar os fatos geradores do IPI. Tal afirmação, se comprovada, ensejaria inclusive a qualificação da multa de ofício (e não sua manutenção no patamar de 75% como lavrou o autuante). Mas, no presente processo, restou totalmente ao desamparo de prova a alegação do fisco. Não há sequer uma venda na qual o fisco se dedique a comprovar o que alega. Mesmo com a dificuldade documental, parecenos que as declarações de importação (todas totalmente disponíveis no SISCOMEX, sistema interno da própria RFB) aliadas a algumas das notas fiscais de venda (as centenas de notas fiscais acostadas aos autos parecem dificultar a tese do fisco de que todas ou a maioria estavam ilegíveis) poderiam render ao menos um caso em que o fisco demonstrasse o que alega. Da mesma forma em que o contribuinte não impugna a contento uma autuação apenas apresentando caixas de documentos desconexos, o autuante não lança a contento crédito tributário se não demonstra materialmente a circunstância que faz nascer a obrigação tributária, quantificandoa corretamente, a partir dos elementos disponíveis. Ao que parece, a fiscalização, no momento em que lavrou o auto de infração, tinha o procedimento fiscal ainda cru, a demandar aprofundamento para caracterizar a situação de interposição e quantificar corretamente a quantia devida. Mas, ao invés de continuar os trabalhos de apuração, o fisco contentouse em lavrar a autuação apresentando como elementos de prova os dois parágrafos aqui integralmente reproduzidos. Entendese, assim, que assiste razão ao julgador de piso ao afastar totalmente o lançamento, por carência de base de sustentação perante o ordenamento jurídico do imposto, razão à qual acrescentase ainda a carência de nexo causal entre o conteúdo transcrito do procedimento fiscal e as conclusões externadas na autuação. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. Rosaldo Trevisan Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11613.000074/2009-09
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Data do fato gerador: 09/03/2009
CIDE-COMBUSTÍVEIS. IMPORTAÇÃO. REDUÇÃO. CENTRAIS PETROQUÍMICAS. RESTRIÇÃO NORMATIVA AUSENTE NAS NORMAS APONTADAS NA AUTUAÇÃO.
A dispensa de pagamento (redução de alíquotas) da CIDE-Combustíveis, de acordo com as disposições da Lei no 10.336/2001 (e alterações posteriores), do Decreto no 4.940/2003 (e alterações posteriores) e do art. 10-A da IN SRF no 442/2004, não é aplicável unicamente a importações efetuadas diretamente por centrais petroquímicas.
Numero da decisão: 3403-003.552
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Marcos Vinícius Neder, OAB/SP no 309.388. Julgado no dia 24/02/2015, com a participação do Conselheiro Jorge Freire.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PETROBRÁS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 09/03/2009 CIDECOMBUSTÍVEIS. IMPORTAÇÃO. REDUÇÃO. CENTRAIS PETROQUÍMICAS. RESTRIÇÃO NORMATIVA AUSENTE NAS NORMAS APONTADAS NA AUTUAÇÃO. A “dispensa de pagamento” (redução de alíquotas) da CIDECombustíveis, de acordo com as disposições da Lei no 10.336/2001 (e alterações posteriores), do Decreto no 4.940/2003 (e alterações posteriores) e do art. 10 A da IN SRF no 442/2004, não é aplicável unicamente a importações efetuadas diretamente por centrais petroquímicas. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Marcos Vinícius Neder, OAB/SP no 309.388. Julgado no dia 24/02/2015, com a participação do Conselheiro Jorge Freire. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 3. 00 00 74 /2 00 9- 09 Fl. 390DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente sobre auto de infração, lavrado em 16/05/2009 (fls. 6 a 11, com ciência em 25/05/2009, cf. fl. 7)1 para exigência de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre Combustíveis (CIDECombustíveis), em relação à importação registrada na declaração (DI) no 09/02872561, no valor original (a título de principal) de R$ 5.395.201,74. Narra a fiscalização, na autuação, que: (a) diante da irresignação contra o pagamento efetuado no momento do desembaraço, e diante de liminar em mandado de segurança determinando o desembaraço sem o recolhimento em caso similar, deixouse para lavrar a autuação “após a nacionalização da mercadoria”; (b) “o importador não é uma central petroquímica e produz principalmente gasolina e diesel, produtos excluídos do benefício da alíquota zero pelo Decreto no 4.940/2003, em seu art. 1o”; (c) a nafta, apesar de inserida no texto do decreto, não tem destino certo, ainda que o importador alegue que é para comercialização imediata com uma central petroquímica, defendendo que isso o habilita à alíquota zero; (d) a discussão central é interpretativa, e reside em saber se a estatal, que refina petróleo e distribui derivados, enquadrase no dispositivo de alíquota zero para nafta quando adquire o produto para comercializálo; e) com base em permissão contida no Decreto, a RFB regulou a matéria na IN no 422/2004, aclarando que o benefício fica sujeito a duas condições resolutivas: ser o importador uma central petroquímica e haver uma declaração expressa na DI sobre a produção residual de gasolina e diesel; (f) a importação com o benefício pretendido colocaria em posição não isonômica a estatal, cuja produção de gasolina e diesel é obviamente ampla, em relação a uma central petroquímica, que ao importar estaria sujeita às limitações de que a produção de gasolina e diesel não superasse 12%, não sendo relevante a existência de contrato prévio; e (g) a situação é bem melhor enquadrada na Lei no 10.336/2001, com a redação dada pelas Leis no 10.833/2003 e no 11.196/2005 (art 8oA, §§ 1o e 2o), que prevê a possibilidade de compensação na comercialização da CIDECombustíveis recolhida na importação. A empresa apresenta impugnação em 23/06/2009 (fls. 43 a 64), alegando, em síntese, que: (a) registrou a DI no 09/02872561, referente a nafta petroquímica (NCM 2710.11.41), observando rigorosamente a legislação em vigor; (b) em análise da origem da Lei no 10.336/2001, e de sua disciplina inicial na IN SRF no 107/2001, revela que havia isenção objetiva, com objetivo de manter a neutralidade tributária, da CIDECombustíveis para a nafta petroquímica, importada ou adquirida no mercado interno, destinada à elaboração, por central petroquímica, nos termos e condições estabelecidos na ANP, havendo ainda presunção de destinação no caso de não comprovação; (c) com a revogação dos dispositivos pela Lei no 10.833/2003, houve nova disciplina, passando o Poder Executivo a poder dispensar o pagamento da CIDECombustíveis sobre as correntes de hidrocarbonetos destinadas à formulação de gasolina ou diesel, nos termos e condições que estabelecer, sendo também este benefício de caráter objetivo (em relação ao produto, somente sendo possível afastar o benefício se comprovado que a nafta não foi utilizada no processo petroquímico); (d) no presente caso, o produto foi devidamente destinado a uma central petroquímica, com que a empresa possui contrato, havendo inclusive menção nas notas de venda à destinação a ser dada ao produto; (e) há ainda redução a zero das alíquotas da CIDECombustíveis incidente sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação de gasolina ou diesel, entre 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 391DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11613.000074/200909 Acórdão n.º 3403003.552 S3C4T3 Fl. 391 3 eles a nafta petroquímica (Decreto no 4.940/2003); (f) a IN SRF no 422/2004, de forma inapropriada, ignorou as modificações introduzidas na Lei no 10.336/2001 pela Lei no 10.833/2003; (g) diante da nova redação conferida ao Decreto no 4.940/2003 pelo Decreto no 6.683/2008, a RFB publicou a IN no 905/2008, alterando a IN SRF no 422/2004, mantendo o caráter objetivo do benefício, apesar de cometer algumas impropriedades, como menções a artigo revogado, cabendo destacar que o caput do art. 10A trata da redução de alíquota em geral, e os parágrafos que o seguem tratam somente das centrais petroquímicas; (h) a RFB não tem a competência para restringir a aplicação de benefício fiscal concedido de forma objetiva; e (i) falta de isonomia haveria se a operação fosse tributada, sendo a etapa seguinte comercialização isenta, cf. art. 10A, § 4o da IN SRF no 422/2004. Anexa à impugnação as notas de venda com a informação de que a nafta não seria destinada à produção de gasolina ou diesel, cláusula contratual que prevê o destino da nafta vendida, e declaração da adquirente (BRASKEM, que é quem deveria responder em caso de descumprimento) sobre o destino da nafta. Sobre a compensação, cogitada ao final da autuação, afirma a empresa que se aplica à situação em que eventualmente os hidrocarbonetos acabem não sendo destinados à formulação de gasolina ou diesel. Por fim, defende a empresa a inaplicabilidade da multa de ofício, com base no ADI SRF no 13/2002, demandando perícia contábil para comprovar que toda a nafta importada de que trata a autuação foi vendida à BRASKEM. Em 25/03/2011 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 200 a 242), no qual se decide, por voto de qualidade, pela improcedência da impugnação, nos seguintes termos: (a) em análise histórica da legislação, percebese que houve diferentes tratamentos tributários, da isenção à redução de alíquota e à possibilidade de compensação/dedução, cabendo verificar em que hipótese se enquadra o caso em análise; (b) não se aplica ao presente caso a isenção disciplinada no § 4o do art. 5o da Lei no 10.336/2001, que já não estava em vigor; (c) “se o contribuinte não pode deduzir a Cide paga na importação quando a mercadoria não for utilizada como insumo”, nos termos do art 8oA da Lei no 10.833/2003, “não há que se falar em dispensa do recolhimento do tributo, uma vez que, se houvesse dispensa de pagamento, não haveria motivos para não se permitir a dedução”; (d) “a atribuição de responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa depende de expressa previsão normativa”; e (e) o ADI SRF no 13/2002 não se aplica ao caso analisado, por tratar do imposto de importação. Consta ao final do julgamento declaração de voto dos julgadores que externaram entendimento diverso. A primeira, no sentido de que: (a) o controle da destinação deveria ser efetuado por marcação (cf. Resolução ANP no 13/2009); (b) a redução a zero das alíquotas diz respeito aos produtos elencados e não à qualidade do sujeito passivo; e (c) o código NCM da nafta petroquímica (2710.11.41) está sujeito a licenciamento nãoautomático, tendo como órgão anuente a ANP, que só autoriza a importação se “destinada ao uso exclusivo como matériaprima para o processo produtivo de Central de MatériaPrima Petroquímica” (Portaria ANP no 32/2000 e Portaria SECEX no 10/2010), não procedendo ainda a afirmação da autuação de que “o destino é incerto”. E a segunda, acrescendo considerações sobre a inexistência de nexo causal entre o § 3o do art. 5o e o art 8oA da Lei no 10.833/2003, e informando que as efetivas condições a serem satisfeitas pelo importador (deferimento da LI e menção na DI à produção residual) não são objeto da autuação. Há ainda, derradeiramente, declaração de voto sobre a negativa de acatamento da diligência demandada. Cientificada da decisão da DRJ em 09/09/2011 (fl. 242), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 23/09/2011 (fls. 251 a 268), basicamente reiterando as considerações externadas em sua impugnação (à luz das considerações expostas nas declarações de voto dos julgadores que divergiram do voto vencedor), destacando que a autuação “fundamentouse única e exclusivamente no fato de a recorrente não constituir uma central petroquímica, Fl. 392DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 classificandoa como produtora de combustíveis”, e acrescentando que houve nulidade da decisão de piso por cerceamento do direito de defesa, diante da negativa de deferimento à perícia contábil (e da existência de deferimentos em outros processos com o mesmo objeto discutido nos autos, cf. exemplos que relaciona às fls. 269 a 280 e 281 a 292). Neste CARF, o processo foi sorteado em março de 2013 à Conselheira Silvia de Brito Oliveira, que não mais faz parte deste colegiado, tendo sido, por consequência, novamente sorteado em setembro de 2014, quando passei a receber a incumbência pela análise. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Há que se esclarecer, de início, que parece haver consenso nos autos (em que pese alguma confusão terminológica) de que não se está aqui a tratar das isenções previstas nos §§ 4o e 5o do art. 5o da Lei no 10.336/2001, revogados desde 2003, mas da aplicação da legislação vigente em 09/03/2009, data de registro da declaração de importação (DI) no 09/02872561, sendo as considerações sobre o histórico da legislação efetuadas apenas com cunho ilustrativo da evolução da disciplina legal e infralegal da matéria. O regramento legal vigente no momento da autuação estabelece (Lei no 10.336/2001): “Art. 5 o A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado interno, as seguintes alíquotas específicas:(Redação dada pela Lei no 10.636, de 2002) (...) §3 o O Poder Executivo poderá dispensar o pagamento da Cide incidente sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação de gasolina ou diesel, nos termos e condições que estabelecer, inclusive de registro especial do produtor, formulador, importador e adquirente. (Redação dada pela Lei no 10.833, de 2003) § 4o Os hidrocarbonetos líquidos de que trata o § 3o serão identificados mediante marcação, nos termos e condições estabelecidos pela ANP. (Redação dada pela Lei no 10.833, de 2003)” (grifo nosso) E, em disciplina ao § 3o do art. 5o da Lei no 10.336/2001 surge o Decreto no 4.940/2003: “Art. 1o Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDECombustíveis) Fl. 393DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11613.000074/200909 Acórdão n.º 3403003.552 S3C4T3 Fl. 392 5 incidente na importação e na comercialização sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinadas à formulação de gasolina ou diesel, constantes da seguinte relação: § 1o Para os efeitos do caput , a produção residual de gasolina ou diesel, a partir de nafta petroquímica importada ou adquirida no mercado interno por centrais petroquímicas, não caracteriza destinação para formulação desses combustíveis. (Incluído pelo Decreto no 6.683, de 9 dezembro de 2008) § 2o A CIDECombustíveis incidirá na venda da gasolina ou diesel decorrentes da produção residual de que tratam os §§ 1o e 3o.(Incluído pelo Decreto no 6.683, de 9 dezembro de 2008) § 3o A produção residual de gasolina ou diesel em volume igual ou superior a doze por cento do volume total de produção decorrente da nafta adquirida implicará a incidência da CIDE Combustíveis nas operações de importação ou de aquisição no mercado interno de nafta petroquímica. (Incluído pelo Decreto no 6.683, de 9 dezembro de 2008) § 4o A incidência de que trata o § 3o darseá na operação de importação ou aquisição no mercado interno efetuada após a data em que for excedido o limite, proporcionalmente ao percentual de combustíveis produzidos em relação ao volume total de produção. (Incluído pelo Decreto no 6.683, de 9 dezembro de 2008) § 5o A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá disciplinar a aplicação das disposições de que trata este artigo. (Incluído pelo Decreto no 6.683, de 9 dezembro de 2008)” (grifo nosso) (na relação, logo no primeiro item figura a NCM 2710.11.41, relativa a nafta petroquímica, que é a mercadoria discutida no presente processo) Por sua vez, disciplinando o § 5o do art. 1o do Decreto no 4.940/2003 é publicada a Instrução Normativa SRF IN SRF no 422/2004, que dispõe, em seu art. 10A (com a redação dada pela IN RFB no 905/2008): “Art. 10A. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE Combustíveis) incidente na importação e na comercialização sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinadas à formulação de gasolina ou diesel, constantes da relação do art. 1o do Decreto no 4.940, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 1o A produção residual de gasolina ou diesel, a partir da nafta petroquímica importada ou adquirida no mercado interno por Centrais Petroquímicas, não caracteriza destinação para formulação desses combustíveis quando seu volume for inferior a 12% (doze por cento) do volume total de produção decorrente da nafta importada ou adquirida. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) Fl. 394DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 § 2o A produção residual de gasolina ou diesel, em volume igual ou superior a 12% (doze por cento) do volume total de produção decorrente da nafta adquirida, implicará na (sic) incidência da CIDECombustíveis nas operações de importação ou aquisição no mercado interno efetuadas após a data em que for excedido o limite, tendo por base de cálculo o valor da nafta petroquímica correspondente ao volume empregado na produção de combustíveis. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 3o A CIDECombustíveis incidirá na venda da gasolina ou diesel decorrentes da produção residual de que tratam os §§ 1o e 2o.(Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 4o As Centrais Petroquímicas, nas aquisições no mercado interno, declararão ao fornecedor que o volume de combustíveis produzido é inferior a 12% (doze por cento) do volume total de produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 5o Na hipótese de importação, a Central Petroquímica fará constar da Declaração de Importação ou documento equivalente que o volume de combustíveis residualmente produzido de que trata o § 1o do art. 1o do Decreto no 4.940, de 2003, é inferior a 12% (doze por cento) do volume total da produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 6o Na hipótese de a produção residual de gasolina ou diesel ser igual ou superior a 12% (doze por cento) do volume total de produção, a Central Petroquímica deverá, em cada importação ou aquisição no mercado interno, declarar esta situação e anexar cópia do documento de recolhimento da CIDE Combustíveis apurado na forma do § 2o do art. 1o.(Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 7o Para fins do disposto nesta Instrução Normativa, a dedução de que trata o art. 7o da Lei no 10.336, de 19 de dezembro de 2001, tem valor: (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) I nulo, nas hipóteses do caput e do § 1o; (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008 ) II igual ao valor da CIDECombustíveis pago nas hipóteses previstas nos §§ 2o e 3o deste artigo. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008)” (grifo nosso) A autuação (para exigência de CIDECombustíveis/importação, com multa de ofício e juros de mora) decorre da falta de recolhimento na referida DI no 09/02872561 (adição 001, referente a “naftas para petroquímica”, NCM 2710.11.41), sustentando o fisco que a recorrente não é uma central petroquímica e produz principalmente gasolina e diesel, sendo por isso excluída da redução de alíquota (a zero) estabelecida pelo Decreto no 4.940/2003 (redução exclusiva para produtos, entre os quais a nafta, não destinados à formação de gasolina ou diesel). Argumentase que apesar de a nafta descrita na referida declaração de importação estar contemplada pela redução, seu destino é incerto no momento da importação. E que o Decreto não faz nenhuma referência explícita ao caso de refinarias/distribuidoras, como a Fl. 395DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11613.000074/200909 Acórdão n.º 3403003.552 S3C4T3 Fl. 393 7 recorrente, mas deixa a cargo da RFB a disciplina da aplicação de suas disposições, sendo que a Instrução Normativa SRF no 422/2003, em seu art. 10A, § 5o, com a redação dada pela Instrução Normativa RFB no 905/2008, estabelece que na hipótese de importação, a central petroquímica deve fazer constar na declaração de importação que o volume de combustíveis residualmente produzido de que trata o § 1o do art. 1o do Decreto no 4.940/2003 é inferior a 12% do volume total da produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo. Conclui assim o fisco que: (a) a redução só se aplica, na importação, às centrais petroquímicas; e (b) deve haver declaração expressa na DI sobre a produção residual de gasolina ou diesel. Alega ainda o fisco que interpretação diversa seria não isonômica, sendo irrelevante que a recorrente (uma refinaria) tenha contrato prévio de venda a central petroquímica. Na impugnação (e, basicamente, no recurso voluntário) , sustentase que a redução é de natureza objetiva, à nafta petroquímica, e fica condicionada à destinação na elaboração de produtos petroquímicos. Assim, só se qualificaria a dispensa do pagamento se a autoridade fiscal comprovasse que a nafta não foi utilizada no processo petroquímico. E no presente caso, após a importação, o produto foi destinado a central petroquímica (BRASKEM), em virtude de contrato, estando nas notas de venda a ressalva quanto à destinação do produto. Defendese ainda que os parágrafos do art. 10A da Instrução Normativa SRF no 422/2003 disciplinam o caso particular das centrais petroquímicas, mas não se aplicam às refinarias e distribuidoras (para as quais se aplica o comando geral objetivo do caput do artigo), não podendo a autoridade autuante, com visão limitada do princípio da isonomia, restringir o teor da lei. E a DRJ, tratando dos arts. 7o e 8o da Lei no 10.336/2001 (que sequer são relacionados no enquadramento legal da autuação fl. 11), e combinandoos com o art. 8oA da mesma lei (que é usado na autuação somente para informar onde “a situação é melhor enquadrada”), e com os dispositivos legais aqui também reproduzidos (§ 3o do art. 5o da Lei no 10.336/2001, art 1o do Decreto no 4.940/2003, e art. 10A da Instrução Normativa SRF no 422/2004) conclui que o tratamento tributário da CIDECombustíveis recebeu regramentos diferentes ao longo do tempo (tributação, isenção e alíquota zero). Em que pese trazer à baila enquadramentos sequer suscitados na autuação, não creio que haja discordância em relação à conclusão, até pelo seu caráter óbvio. E, como disposto ao início deste voto, resta também incontroverso que não se está aqui tratando das isenções revogadas. Assim, a apreciação de mérito da DRJ restringese ao tópico denominado “dispensa de pagamento” (fls. 211 a 214). Já de início, o julgador reconhece que ao se examinar isoladamente o art 1o do Decreto no 4.940/2003, poderia se concluir, à primeira vista, que a recorrente está dispensada do pagamento da CIDECombustíveis na importação em análise, persistindo dúvida somente em relação à aplicabilidade do dispositivo no momento da importação. Na sequência, o julgador amplia a análise ao art. 8oA da Lei no 10.336/2001, que dispõe compensação de valores de CIDECombustíveis incidentes na importação de hidrocarbonetos líquidos (efetuando análise de seus parágrafos, também inexistente na autuação), para concordar que, com base no princípio da isonomia, incide o tributo nas importações em análise. Nas palavras do julgador (fl. 213): Fl. 396DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 Parece assim, no primeiro parágrafo reproduzido, que o julgador de piso acorda fortemente com um dos argumentos da autuação: o de que em função da isonomia, e diante do art. 8oA da Lei no 10.336/2001, que trata de compensação, deveria incidir o tributo. Em relação ao argumento de que necessariamente a importadora deve ser uma central petroquímica, a acordância é mais tímida, no segundo parágrafo reproduzido). A DRJ parece ter analisado o Decreto no 4.940/2003 (expressamente referido na autuação), concluindo preliminarmente pela dispensa de pagamento. Mas, ao comparar o Decreto com os comandos do art. 8oA da Lei no 10.336/2001 (apenas referido na autuação para indicar onde “a situação é melhor enquadrada”) e do Decreto no 5.987/2006 (ausente na autuação), que tratam de compensação, conclui ser devido o pagamento, sem sequer precisar analisar a Instrução Normativa SRF no 422/2004 (que é exatamente o motivo de o autuante afirmar, às fls. 8/9, que): Fl. 397DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11613.000074/200909 Acórdão n.º 3403003.552 S3C4T3 Fl. 394 9 Ao que tudo indica o julgamento de piso mantém o lançamento divergindo da autuação em relação aos fundamentos. Na autuação, a Instrução Normativa, tida como irrelevante no julgamento, é protagonista, o que se depreende pelo excerto transcrito do auto de infração. E, assim, deixa de analisar a aplicação da Instrução Normativa SRF no 422/2004. O artigo 10A de tal norma, transcrito ao início deste voto, será aqui novamente reproduzido, em parte, para fins didáticos: “Art. 10A. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE Combustíveis) incidente na importação e na comercialização sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinadas à formulação de gasolina ou diesel, constantes da relação do art. 1o do Decreto no 4.940, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 1o A produção residual de gasolina ou diesel, a partir da nafta petroquímica importada ou adquirida no mercado interno por Centrais Petroquímicas, não caracteriza destinação para formulação desses combustíveis quando seu volume for inferior a 12% (doze por cento) do volume total de produção decorrente da nafta importada ou adquirida. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) § 2o A produção residual de gasolina ou diesel, em volume igual ou superior a 12% (doze por cento) do volume total de produção decorrente da nafta adquirida, implicará na (sic) incidência da CIDECombustíveis nas operações de importação ou aquisição no mercado interno efetuadas após a data em que for excedido o limite, tendo por base de cálculo o valor da nafta petroquímica correspondente ao volume empregado na produção de combustíveis. (Incluído pela IN RFB no 905, de 30 de dezembro de 2008) (...)” (grifo nosso) Não consigo ler neste dispositivo que somente as Centrais Petroquímicas podem importar com a redução estabelecida pelo art. 1o do Decreto no 4.940/2003. Vejo, sim, que caso sejam as centrais petroquímicas as importadoras, elas devem cumprir as regras estabelecidas nos parágrafos do art. 10A da Instrução Normativa. E, ainda que seguisse o raciocínio de atribuir a todos os importadores os requisitos dos parágrafos, percebese que a exigência da CIDECombustíveis na importação recairia sobre as operações após a data em que houvesse excedido limite (discussão que não é cogitada no processo). Isso não quer dizer, necessariamente, que a “dispensa” de que trata o § 3o do art. 5o da Lei no 10.336/2001 seja de caráter objetivo, como alega a recorrente, pois o próprio texto do parágrafo afirma textualmente que os termos e condições a serem fixados pelo Poder Executivo podem abarcar registro especial do produtor, formulador, importador e adquirente. Mas estamos certos de que os parágrafos do art. 10A da Instrução Normativa não tratam de tais registros especiais, que restringiriam o universo de sujeitos. Fl. 398DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Assim, seja pela improcedência da argumentação constante na autuação, centrada na crença de que a redução de alíquota é apenas às centrais petroquímicas, seja pela inovação argumentativa na decisão de primeira instância (aliada ao art. 59, § 3o do Decreto no 70.235/1972), com a qual não se concorda (exigência de tributo com base em raciocínio a contrario sensu, a partir de norma de compensação), entendo que deve ser afastado o lançamento. Enquanto laboraram o autuante e o julgador de piso em águas rasas, ignorando importantes dispositivos legais (como o § 4o do art. 5o da Lei no 10.336/2001, que trata da marcação) e regulamentares (como os parágrafos do Decreto no 4.940/2003, inspiradores dos parágrafos do art. 10A da IN SRF no 442/2004, incluídos pela IN RFB no 905/2008), mergulharam em águas mais profundas os votos dissidentes externados no julgamento de piso, levantando matérias que de fato deveriam ter sido objeto de análise na autuação, para que esta pudesse a contento discutir a exigibilidade da CIDECombustíveis no caso concreto. Pareceu antever essa deficiência o despacho de encaminhamento do processo da unidade local para este CARF, após a apresentação do recurso voluntário (fl. 293): “Encaminhamos o presente processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, para recebimento e provimento do recurso interposto pela interessada.” (grifo nosso) Ademais, esta Terceira Turma já apreciou caso idêntico (ressalvado o fato de que naqueles autos acatouse a baixa em diligência), em relação à mesma empresa, no qual o colegiado majoritariamente afastou a autuação. Na ocasião, acordei com o relator, externando o detalhamento da motivação da acordância em declaração de voto, em conjunto com o Conselheiro Ivan Allegretti (guardando a declaração de voto substancial similitude com o voto condutor presente neste processo): “A autuação (para exigência de CIDE Combustíveis/importação, com multa de ofício e juros de mora) decorre da falta de recolhimento na declaração de importação no 09/09232525 (referente a nafta), sustentando o fisco que a recorrente não é uma central petroquímica e produz principalmente gasolina e diesel, sendo por isso excluída da redução de alíquota (a zero) estabelecida pelo Decreto no 4.940/2003 (redução exclusiva para produtos, entre os quais a nafta, não destinados à formação de gasolina ou diesel). Argumentase que apesar de a nafta descrita na referida declaração de importação estar contemplada pela redução, seu destino é incerto no momento da importação. E que o Decreto não faz nenhuma referência explícita ao caso de refinarias/distribuidoras, como a recorrente, mas deixa a cargo da RFB a disciplina da aplicação de suas disposições, sendo que a Instrução Normativa SRF no 422/2003, em seu art. 10A, § 5o, com a redação dada pela Instrução Normativa RFB no 905/2008, estabelece que na hipótese de importação, a central petroquímica deve fazer constar na declaração de importação que o volume de combustíveis residualmente produzido de que trata o § 1o do art. 1o do Decreto no 4.940/2003 é inferior a 12% do volume total da produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo. Conclui assim o fisco que: (a) a redução só se aplica, na importação, às centrais petroquímicas; e (b) deve haver declaração expressa na DI Fl. 399DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11613.000074/200909 Acórdão n.º 3403003.552 S3C4T3 Fl. 395 11 sobre a produção residual de gasolina ou diesel. Alega ainda o fisco que “se admitida a interpretação que pretende o importador, de gozar o benefício da alíquota zero, chegase na (sic) absurda falta de isonomia quanto às exigências para o controle do tributo”, sendo irrelevante que a recorrente (uma refinaria) tenha contrato prévio de venda a central petroquímica. Na impugnação (e, basicamente, no recurso voluntário) , sustentase que a redução é de natureza objetiva, à nafta petroquímica, e fica condicionada à destinação na elaboração de produtos petroquímicos. Assim, só se qualificaria a dispensa do pagamento se a autoridade fiscal comprovasse que a nafta não foi utilizada no processo petroquímico. E no presente caso, após a importação, o produto foi destinado a central petroquímica (BRASKEM), em virtude de contrato, estando nas notas de venda a ressalva quanto à destinação do produto. Defendese ainda que os parágrafos do art. 10A da Instrução Normativa SRF no 422/2003 disciplinam o caso particular das centrais petroquímicas, mas não se aplicam às refinarias e distribuidoras (para as quais se aplica o comando geral objetivo do caput do artigo), não podendo a autoridade autuante, com visão limitada do princípio da isonomia, e com base na dificuldade de fiscalização, restringir onde nem a lei, nem as normas infralegais o fizeram. O órgão julgador de primeira instância decide inicialmente pela realização de diligência, para apurar, entre outros, se as importações e vendas estão contabilmente registradas, qual o destino dado à totalidade da nafta importada, se o produto importado foi marcado, conforme determina o art. 5o, § 4o da Lei no 10.336/2001, e art. 1o, I da Resolução ANP no 274, de 01/11/2001, e porque não foi utilizada a modalidade de importação por encomenda a que se refere a Instrução Normativa SRF no 634/2006. Veja que estes dois últimos itens, sequer levantados na autuação, acabam constituindo complementação do auto de infração (embora, a depender da resposta, pudessem realmente auxiliar na defesa da recorrente). Tal “complementação da autuação” parece estar configurada no seguinte excerto do voto condutor do acórdão de primeira instância: “Todavia, cabe observar que o processo está devidamente instruído com a prova documental suficiente para julgamento da lide, tornandose prescindível a realização da perícia solicitada; até mesmo em virtude da diligência já realizada, após a qual foram acrescentados diversos elementos de prova ao processo, dos quais a defendente teve conhecimento, manifestandose a contento a respeito deles. Agora, no atual estágio, os autos contêm prova de inquestionável valor para a elucidação dos fatos, de modo que referidos documentos ...” (grifo nosso) Fl. 400DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 Manifestandose sobre a diligência, a recorrente sustenta que praticamente todos os documentos solicitados (v.g. notas de venda) já constavam dos autos, e que não poderia ter marcado o produto, pois a Resolução ANP no 274, de 01/11/2001 não estabelece quem seriam as empresas fornecedoras do marcador, o que só vem a ser feito pela Resolução ANP no 13, de 09/06/2009, que estabelece os requisitos necessários para cadastrar tais empresas fornecedoras, sendo que não havia nenhuma cadastrada ao tempo do desembaraço da declaração de importação. No julgamento de piso, a DRJ entende, por maioria, em análise histórica/analógica de isenção revogada, que a redução de alíquota é específica às centrais petroquímicas (subjetiva), pois para estas se admitiria a “presunção de que não utilizarão a nafta para produção de gasolina ou diesel”, o que teria sido endossado pelo Decreto no 6.683/2008, que acrescentou parágrafos ao art. 1o do Decreto no 4.940/2003 tratando exclusivamente de centrais petroquímicas. Em nome da verdade material, o julgador admitiria que a recorrente comprovasse que a nafta importada foi efetivamente destinada na forma prevista em norma, contudo, tal prova não estaria presente nos autos, pelo que inexiste “razoável certeza quanto à não destinação da nafta à produção de combustíveis, o que daria o direito à redução de alíquota à impugnante”. Por fim, usa a DRJ para manter a autuação os argumentos surgidos inauguralmente no pedido de diligência (ausentes na autuação) referentes à marcação do combustível (descaracterizando a argumentação da recorrente de que não havia possibilidade de marcação pela ausência de fornecedores) e à importação por encomenda. Há, assim, um aparente conflito entre a motivação utilizada na autuação e a apresentada pela DRJ para manter a própria autuação. No julgamento de primeira instância, concluise que “A Instrução Normativa SRF no 422/2004, conforme esclarece seu art. 1o, foi editada com o único objetivo de regulamentar e consolidar a legislação de regência da matéria, definindo procedimentos para apuração da Cide, não tendo o propósito de alterar normas legais e nem poderia ser diferente. Assim, independentemente da referida Instrução Normativa e até mesmo se jamais viesse a ser publicada, chegarseia à conclusão de que é devida a Cide nas importações relacionadas no auto de infração, o que demonstra que a citada Instrução Normativa não interfere na presente análise.” Na autuação, no entanto, centrase a discussão no fato de ser a recorrente uma refinadora (e não uma central petroquímica) – aliás, essa é a motivação do voto dissidente na DRJ, que prega a nulidade da autuação pelo vício na edificação do lançamento. Na autuação, a Instrução Normativa, tida como irrelevante no julgamento, é protagonista, o que se depreende pelo seguinte excerto do auto de infração: “Assim, ficou estabelecido, para as centrais petroquímicas, um percentual de 12% do total produzido pela planta, para a Fl. 401DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11613.000074/200909 Acórdão n.º 3403003.552 S3C4T3 Fl. 396 13 produção de gasolina e diesel, acima do que qualquer aquisição de nafta sofrerá a incidência da CIDE. 9. Não obstante a preocupação em bem delimitar a incidência sobre a nafta adquirida por uma Central Petroquímica, a norma não fez nenhuma referência explícita ao caso de uma refinaria/distribuidora, como a Petrobrás, adquirir a nafta para comercializar. Assim, a partir, tão somente, da leitura do Decreto 4.940/2003, com as alterações feitas em 2008, não há como se esclarecer a questão. Persiste, portanto, até este ponto da análise, a impressão de que, de fato, o importador parece fazer jus à alíquota zero. 10. Mas o assunto ainda não se encontra vencido. O parágrafo 5o do Decreto sub oculi delega poder à RFB para regulamentar o assunto, o que foi feito com a IN 422/2004, com alterações posteriores, em função das novas disposições trazidas ao Decreto supramencionado 11. O § 5o , do art. 10A, da citada IN 422/2003, determina que, na hipótese de importação, as Centrais Petroquímicas farão constar na DI que o volume de combustíveis residualmente produzido de que trata o § 1° do art. Io do Decreto n° 4.940, de 2003, é inferior a 12% (doze por cento) do volume total da produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo. 12. Assim, tudo leva a crer que a dúvida do contribuinte poderia ter sido resolvida a partir de uma apreciação mais apurada do parágrafo 5° do art. 10A da IN SRF 422/2004, pois só aí se vê a preocupação da RFB em regulamentar a alíquota zero da CIDE na aquisição de nafta via importação. Reza o dispositivo a possibilidade de a Central Petroquímica importadora fazer jus à alíquota zero, desde que, in literis, "faça constar na DI que o volume de combustíveis residualmente produzido de que trata o § 1° do art. 1° do Decreto n° 4.940, de 2003, é inferior a 12% (doze por cento) do volume total da produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo. Ou seja, o benefício fica sujeito a duas condições resolutivas: 1. ser o importador uma Central Petroquímica; 2. haver uma declaração expressa na DI sobre a produção residual de gasolina e diesel.” (grifo nosso) Assim, seja pela improcedência da argumentação constante na autuação, centrada na crença de que a redução de alíquota é apenas às centrais petroquímicas, seja pela inovação argumentativa na decisão de primeira instância (aliada ao art. 59, § 3o do Decreto no 70.235/1972), voto pelas conclusões, acolhendo o recurso voluntário. Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti” (grifos no original, DV no Acórdão no 3403002.047, Rel. Cons.Domingos de Sá Filho, maioria, vencido o Cons. Alexandre Kern) Fl. 402DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 403DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10494.000582/2007-58
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/05/2007
CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Numero da decisão: 3403-003.612
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso em virtude de concomitância com o processo judicial.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso em virtude de concomitância com o processo judicial. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 49 4. 00 05 82 /2 00 7- 58 Fl. 876DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 10/10/2007 (fls. 4/5, 6/7, 8/9 e 10/11, com ciência em 25/10/2007, cf. fls. 5, 7, 9 e 11)1 para exigência de Imposto de Importação (R$ 194.283,31, a título de principal), acrescido de juros e de multa de ofício (75%); multa proporcional ao valor aduaneiro (1%) por erro de classificação (dividida em dois períodos, conforme a possibilidade ou não de redução R$ 6.500 passível de redução e R$ 20.057,06 não passível de redução); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPIImportação no valor de R$ 152.257,29, a título de principal); COFINSImportação (no valor de R$ 4.201,41, a título de principal); e Contribuição para o PIS/PASEPimportação (no valor de R$ 912,14, a título de principal). Na descrição dos fatos e fundamentos legais da autuação (fls. 12 a 23, com demonstrativos de cálculo às fls. 24 a 191), narrase que: (a) foi efetuada revisão aduaneira em 55 declarações de importação (DI) da empresa (relacionadas às fls. 12 a 14, e com documentos/extratos/catálogos e laudos reproduzidos às fls. 229 a 737), relativas a “displays (mostradores) de cristal líquido (LCD)”, registradas entre 01/01/2003 e 31/05/2007, verificandose falta de recolhimento em virtude de desclassificação dos modelos de LCD “de caracteres”, que tiveram sua classificação fiscal definida, indicada ou sinalizada para a empresa (consulente) em soluções de consulta no âmbito da RFB; (b) a empresa importadora informou que a totalidade dos produtos é revendida no estado em que foi importada, e apresentou catálogos do fabricante chinês “Winstar Display Co. Ltd.” (fls. 193 a 210); (c) em resposta a intimação, a empresa informou que a partir de 01/06/2007 passou a emitir notas fiscais com a classificação 8531.20.00, embora acreditasse que a classificação 9013.80.10 seja a mais adequada, inclusive como entendiam outras unidades da RFB (Decisão DIANA no 443/1997, que foi tornada insubsistente pela Solução de Consulta DIANA no 11, de 29/01/2003 fls. 749 a 754); (d) todos os modelos de “displays de cristal líquido (LCD)” importados nas 55 DI foram classificados no código NCM 9013.80.10; (e) os LCD “de caracteres”, por constituírem “aparelhos elétricos restritos àquelas funções de sinalização visual mais simples (geralmente caracteres alfanuméricos ou símbolos simples), devido a suas limitações operacionais” (cf. Solução de Consulta DIANA no 32/2007), tiveram sua classificação definida, indicada ou sinalizada para o próprio consulente no código 8531.20.00 da NCM (cf. Decisão SRRF/10aRF/DIANA no 160, de 02/09/1998 fls. 219 a 221; e Solução de Consulta DIANA no 32, de 03/05/2007 fls. 225 a 228); (f) a consulente não atendeu ao disposto nas consultas, deixando de recolher o crédito tributário devido em trinta dias da ciência das soluções; (g) o Decreto no 70.235/1972 (art. 46) e a Lei no 9.430/1996 (art. 50) facultam ao contribuinte formalizar consulta sobre classificação de mercadorias, mas uma vez formalizada a consulta, o consulente se obriga ao cumprimento da decisão que a solucionar, e a Administração é vinculada pelas decisões proferidas nos processos de consulta; (h) foram assim lançados os tributos correspondentes à reclassificação dos LCD “de caracteres”, com capacidade de exibição de no máximo 32 caracteres, especificações compatíveis com as constantes nos processos de consulta (modelos enumerados às fls. 17/18); (i) a alíquota do imposto de importação para o código NCM 9013.80.10 é 0%, e para o código NCM 8531.20.00 variou de 18% a 12% ao longo do período verificado (cf. tabela de fls. 19/20), sendo cabível a exigência das diferenças em relação ao imposto (com fundamento nas Decisões/Soluções de Consulta e nas RG1texto da posição 8531 e 6texto da subposição 8531.20), acrescidas de juros e da multa de ofício de que trata o art. 44 da Lei no 9.430/1996 (75% da diferença); (j) idêntico procedimento foi adotado em relação aos demais tributos lançados, com as bases já recompostas pelo imposto de importação; e (k) foi aplicada ainda a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, prevista no art. 84, I da Medida Provisória no 2.15835/2001, de forma diferenciada 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 877DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10494.000582/200758 Acórdão n.º 3403003.612 S3C4T3 Fl. 877 3 em função da data de ocorrência dos fatos geradores, e da legislação superveniente, em especial a Lei no 10.833/2003. A empresa apresenta impugnação em 22/11/2007 (fls. 758 a 774), alegando que: (a) importou, no período, o produto em questão no código NCM 9013.80.10, com amparo na Decisão DIANA no 443/1997, da 8a Região Fiscal; (b) nas sucessivas operações de importação instalaramse controvérsias sobre a classificação dos produtos importados, que levaram a empresa a provocar a Administração a manifestarse sobre o tema (processo administrativo de consulta no 10521.000044/200799), obtendose como resultado que a classificação correta seria no código NCM 8531.20.00; (c) a decisão administrativa equivocou se ao apontar a classificação da mercadoria, por adotar interpretação restritiva, impondo discricionariamente que as mercadorias são próprias para sinalização visual, quando na verdade isto não se verifica pelos pareceres técnicos trazidos à colação; (d) a interpretação correta deve ser extensiva, ampliando o sentido da norma, indo além da interpretação restritiva; (e) não resta a menor dúvida de que existem potencialmente duas possibilidades de classificação: na NCM 8531.20.00 (“painéis indicadores com dispositivos de cristais líquidos LCD ou de diodos emissores de luz (LED), e 9013.80 (outros dispositivos, aparelhos e instrumentos subposição 10 dispositivos de cristais líquidos LCD); (f) a classificação sustentada pela empresa resta perfeitamente prevista na “Codificação”, estando corroborada na NESH da posição 9013; (g) a partir das características encontradas no Parecer Técnico no AT 19269/96, vêse a similitude com o texto da NESH da posição 9013; (h) na análise das posições em confronto, a única que descreve o produto sob análise é a posição 9013, e pela regra 2b)a referência a uma matéria em determinada posição diz respeito a essa matéria, quer em estado puro, quer misturada ou associada a outras matérias, logo a posição 9013 é a mais precisa; (h) examinase ainda a “Nota Explicativa da Regra 2”, a “Regra 1”, concluindose que “voltando à regra 2b), ficou provado que por aplicação da Regra 1” a posição correta é a 9013, mas alternativamente, argumentase ainda que se obtém o mesmo resultado pela regra 3; (i) há uma enorme diferença entre um “dispositivo de LCD” e um “painel indicador composto de dispositivo de cristal líquido” (havendo erro do fisco porque o produto somente será um painel quando importado para tal fim); (j) a fiscalização “esqueceuse que a codificação TEC segue como único critério de classificação a praticidade”; (k) deve imperar o bom senso e a razoabilidade, resguardandose as atitudes do contribuinte permeadas de boafé, sendo forçoso reconhecer o inegável caráter de confiança existente nas relações mantidas entre a autoridade aduaneira e os importadores; e (l) as multas não são aplicáveis, porque o acessório segue o principal, e a classificação adotada é correta. Em 11/01/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 792 a 803), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, nos seguintes termos: (a) na Decisão DIANA no 443/1997, da 8a Região Fiscal, a consulente não era a recorrente, e tal decisão foi tornada insubsistente pela Solução de Consulta DIANA no 11/2003; (b) o código NCM é obtido a partir das Regras Gerais de Interpretação (RGI) do Sistema Harmonizado e das Regras Gerais Complementares (RGC), sendo subsidiariamente utilizadas as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH); (c) a utilização da RGI3, não sendo possível a utilização da RGI1 nem da RGI2Regra 2a, é para os casos em que pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições , por aplicação da Regra 2b ou por qualquer outras razão; (d) a mercadoria está perfeitamente identificada, não havendo divergência de que se trata de mercadoria vulgarmente conhecida como “display de cristais líquidos (LCD) ou dispositivos de cristais líquidos”, e o fisco acrescenta que servem para exibição de, no máximo, 32 caracteres; (e) “a posição 9013 , de fato, abrange os dispositivos de cristais líquidos, os quais são constituídos por uma porção de cristal líquido encerrada entre duas placas ou folhas Fl. 878DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 de vidro ou de plástico, com ou sem condutores elétricos, em peça ou recortados em formas determinadas, e que não consistam em artefatos compreendidos mais especificamente em outras posições da Nomenclatura”; (f) “entretanto, atualmente o LCD vem acoplado a uma placa de circuito impresso (PCI), contendo driver LSI, passando a ser conhecido como módulo de display de cristal líquido (LCM) ou módulo de LCD”, como se verifica na foro do produto no catálogo do fabricante, objeto da Solução de Consulta SRRF/10aRF/DIANA no 32/2007, sendo que o laudo técnico elaborado pelo engenheiro eletricista atesta que se trata de LCM (LCD já com o driver); (g) assim, definitivamente não é adequada a posição pretendida pela empresa, “pois o módulo de LCD (LCM) importado não é um dispositivo de cristal líquido na acepção dada àquela posição somente a porção de cristal líquido encerrada entre duas placas transparentes, com condutores elétricos”, e o texto da posição 9013 expressamente afirma que nela se classificam os dispositivos de cristais líquidos que não constituam artigos compreendidos mais especificamente em outras posições, e “os visores de cristais líquidos classificamse, pela função que exercem, normalmente na posição 8531, onde estão compreendidos, dentre (sic) outros, os aparelhos elétricos de sinalização visual”; e (h) sendo incorreta a classificação adotada pela empresa, e correta a adotada pelo fisco, cabível a multa de ofício, que seria inclusive duplicada se existente máfé, e cabível a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, com fato gerador diverso (erro de classificação, independente de consequências tributárias). Cientificada da decisão da DRJ em 08/02/2013 (AR à fl. 820), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 07/03/2013 (fls. 822 a 829), informando que, em decorrência da autuação, ajuizou ação declaratória objetivando o reconhecimento do direito de ver seus produtos (módulo LCD) classificados no código 9013.80.10, em vez de 8531.20.00, sendo que a ação está tramitando na 1a Vara Tributária Federal de Porto Alegre/RS, sob o no 2009.71.00.0206242, estando em fase de prolação da sentença, fazendo referências a laudo pericial produzido no âmbito do processo judicial, que atestaria a escorreição da classificação adotada pela empresa, e a outros laudos que alega seguirem no mesmo sentido. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso é tempestivo, passando a serem analisados os demais requisitos de admissibilidade. Diante da comunicação, em sede de recurso voluntário, de que a empresa submeteu a questão ao Poder Judiciário, resta analisar, preliminarmente, em função da unidade de jurisdição, se a ação judicial tem o mesmo objeto do processo administrativo. A recorrente, no entanto, não anexa aos autos a petição inicial da ação judicial. Verificando o sítio web da Justiça Federal no Rio Grande do Sul, a primeira decisão que encontro no processo é datada de 17/08/2009, no seguinte sentido: Fl. 879DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10494.000582/200758 Acórdão n.º 3403003.612 S3C4T3 Fl. 878 5 “Tratase de ação na qual a parte autora objetiva a declaração definitiva do direito de classificar o módulo LCD modelo WH1602A no código 9013.80.10 do SHNCMTIPI/Tabela de Incidência do IPI, com a geração de todos os efeitos legais, inclusive na utilização da alíquota de 5% para recolhimento de IPI. Atribui à causa o valor de R$ 1.000,00. Porém, uma vez que o valor dado à causa não fica à vontade das partes e deve refletir o conteúdo econômico da ação, mesmo que por estimativa, deixo de acolher a manifestação juntada à fl. 403/404. Deste modo, defiro o prazo de 10(dez) dias para que a parte autora retifique o valor atribuído à causa, devendo fazêlo justificadamente por meio de demonstrativo de cálculo, na forma do art. 258 do CPC. Intimese. Porto Alegre, 17 de agosto de 2009.” (grifo nosso) (disponível em: http://www.jfrs.jus.br/processos/acompanhamento; acesso em 13.fev.2015) Percebese, já de início, que a demanda judicial, a priori, não se volta diretamente à autuação já lavrada, e nem trata de todos os produtos descritos na autuação (fls. 17/18): A ação judicial, ao que indica a manifestação do juízo, é centrada no produto WH1602A, exatamente aquele sobre o qual se manifestou a Solução de Consulta SRRF/10aRF/DIANA no 32/2007, no sentido de que a classificação correta é no código 8531.20.00 da NCM. Fl. 880DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Após alteração do valor da causa para R$ 8.074, 58, é julgada (e indeferida) a antecipação de tutela pleiteada (publicação em 17/12/2009): “Inicialmente, recebo as petições e documentos de fls. 403405, 410419, 420444, 446447, 448449 e 456484 como emendas à inicial. Tratase de ação de rito ordinário em que a parte autora pretende, em sede de antecipação de tutela, autorização para que possa “importar e comercializar módulo de LCD, modelo WH1602A, com o código 901380.10 do SHNCMTIPI, com as conseqüências legais a ele vinculadas, impedindo o demandado de autuar ou de determinar a modificação do código nas Declarações de Importação” (fl. 28). Afirma, em síntese, que efetua importações de componentes equipamentos eletrônicos, dentre os quais os módulos de LCD ou LCM (Liquid Cristal Module), que vinham sendo por ela classificados na Tabela do IPI (TIPI) com o código 901380.10, cuja previsão de alíquota é de 05%. No entanto, menciona que foi autuada pela demandada “por classificar erroneamente o LCD, determinando que o código correto seja o 8531.20.00 Painéis indicadores com dispositivos de cristais líquidos (LCD) ou de diodos emissores de luz (LED) na TIPI, na qual a alíquota do IPI é de 15%” (fl. 03). Informa, ainda, que se cercou de laudos/pareceres formulados por diversos especialistas, sendo, de forma unânime, manifestado o mesmo entendimento, qual seja, o acerto da classificação adotada pela demandante. Postula, ainda, na inicial, a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a documental e a pericial. Vieram os autos conclusos. Decido. Cingese a controvérsia dos autos em saber qual a classificação fiscal correta da mercadoria "módulo de LCD ou LCM (Liquid Cristal Module)" De um lado, defende a demandante a classificação no código SHNCMTIPI 901380.10, em contraposição ao enquadramento adotado pela UNIÃO, qual seja, no código 8531.20.00. A antecipação de tutela é instituto processual conferido desde que presentes os requisitos elencados no artigo 273 do Código de Processo Civil. Dentre os pressupostos concorrentes para o deferimento da medida estão a prova inequívoca e a verossimilhança da alegação, consubstanciandose como pressupostos alternativos o “periculum in mora” ou atos protelatórios do réu. Examinandose a questão posta nos autos, verificase que, se de um é extensa a argumentação da demandante, anexando pareceres a corroborar a classificação pretendida, de outro, não há como se furtar dos fundamentos alinhados em diversos processos de consulta acostados na inicial, em que a administração defende como equivocada a classificação eleita pela parte autora. Assim, constatase que entre a classificação fiscal atribuída pela parte autora e aquela adotada pela parte ré há divergência de Fl. 881DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10494.000582/200758 Acórdão n.º 3403003.612 S3C4T3 Fl. 879 7 ordem técnica, a qual demanda dilação probatória, providência esta que não se coaduna com a concessão da medida liminar na forma como pretendida. Ante o exposto, indefiro a antecipação de tutela. (i) Intimemse. (ii) Citese. (iii) Sobrevindo contestação, dêse vista à parte autora pelo prazo de dez dias. (iv) Ato contínuo, fica aberto o prazo sucessivo de dez dias para que indiquem as provas que pretendem produzir, especificandoas e justificandoas, ou se concordam com o julgamento antecipado do feito. Porto Alegre, 10 de dezembro de 2009.” (grifo nosso) (disponível em: http://www.jfrs.jus.br/processos/acompanhamento; acesso em 13.fev.2015) Vejase que agora já há indicação que o pedido é para que a parte não seja autuada em decorrência da adoção da classificação entendida como correta. Foi determinada, na sequência, a realização de perícia, em 17/09/2010, por engenheiro elétrico designado pelo juízo: “Acolho o pedido de realização de perícia, conforme requerida pela parte autora. Nomeio como perito para atuar no feito LAURON AREND Registro: 136377CREA/RS, com endereço na Rua Barão Do Gravataí, 388, Apto 402 Menino Deus Porto Alegre/RS CEP: 90050330. Fone: (55) 32215798 Email: lauronarend@yahoo.com.br. Especialidade: Engenharia Elétrica. Intimemse as partes para que apresentem quesitos e indiquem assistentes técnicos no prazo sucessivo de dez dias, a começar pela parte autora. Após, intimese a perito nomeado para apresentar proposta de honorários periciais. Da proposta, vista à parte autora; concordando, deve efetuar e comprovar o recolhimento dos honorários no prazo de dez dias. Comprovado o recolhimento, intimese a perito para que informe a data em que será iniciada a perícia, com antecedência mínima de vinte dias, fixandose, desde já, o prazo de 40 dias para a sua conclusão. Liberese, ainda, 50% dos honorários em favor da expert. Informada a data, intimemse as partes com urgência. Não havendo concordância com a proposta de honorários apresentada pelo perito, venham os autos conclusos. Porto Alegre, 17 de setembro de 2010.” (disponível em: http://www.jfrs.jus.br/processos/acompanhamento; acesso em 13.fev.2015) Fl. 882DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 O laudo pericial (única peça da ação juntada ao presente processo administrativo, às fls. 830 a 845) é elaborado em abril de 2012, e juntado ao processo judicial em junho de 2012: “Dêse vista às partes do laudo pericial juntado às fls. 570 e seguintes, pelo prazo de 10 (dez) dias. Não havendo quesitos complementares a serem respondidos, na forma do artigo 435 do CPC, expeçase o alvará dos honorários periciais residuais. Intimemse. Após, tornemse os autos conclusos para sentença. Porto Alegre, 21 de junho de 2012.” (disponível em: http://www.jfrs.jus.br/processos/acompanhamento; acesso em 13.fev.2015) Não tendo as partes formulado quesitos complementares, foi proferida a sentença de primeiro grau em 06/02/2014 (com publicação em 14/02/2014): “I Relatório Tratase de ação ordinária, com pedido de antecipação da tutela, em que a autora objetiva “a declaração definitiva do direito de classificar o módulo de LCD modelo WH1602A no código 9013.80.10 do SH/NCM, gerando os efeitos legais a ela inerentes, inclusive na utilização da alíquota de 05% para recolhimento de IPI fixada na TIPI”. Relata ser pessoa jurídica que desenvolve atividade de importação e comercialização de componentes e equipamentos eletrônicos, entre estes os módulos de LCD ou LCM. Afirma que, com base em pareceres de peritos, o produto vinha sendo classificado no código 9013.80.10 Dispositivos de Cristais Líquidos (LCD), incidindo a alíquota de 05%. A Fazenda Pública, contudo, entendeu que o código correto seria 8531.20.00 Painéis indicadores com dispositivos de cristais líquidos (LCD) ou de diodos emissores de luz (LED), incidindo a alíquota de 15%. No mérito, afirma que o Brasil adota a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), com origem no Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH). Discorre sobre as características do produto importado, defendendo a classificação feita com base nas regras de interpretação. Juntou documentos e recolheu custas (fls. 29399). Distribuído o processo, foi intimada a parte para explicitar a forma de atribuição do valor da causa e comprovar o recolhimento de diferença de custas (fl. 400). A autora apresentou emenda à inicial esclarecendo que o valor atribuído (R$ 1.000,00) decorre da difícil mensuração (fls. 403 404), não sendo acolhida sua alegação (fl. 406). Tal decisão foi atacada por agravo de instrumento (fls. 410 419), não sendo provido o recurso (traslado de fls. 451453). Fl. 883DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10494.000582/200758 Acórdão n.º 3403003.612 S3C4T3 Fl. 880 9 Requereu a parte a retificação do valor da causa para R$ 8.074,58, demonstrando a forma de apuração deste valor. Recolheu custas (fls. 420449). Ante o valor, foi intimada a parte para esclarecer se é micro ou pequena empresa para fins de análise sobre da competência (fl. 450). A parte informou não se enquadrar nestas definições, juntando documentos aos autos (fls.456484). Indeferiuse pedido de antecipação da tutela (fl. 485). A decisão foi agravada pela autora (fls. 485500), sendo convertido em retido o agravo de instrumento interposto (traslado de fls. 507 509). Citada, a União apresentou contestação alegando em preliminar a falta de interesse processual, porquanto pendente decisão administrativa. No mérito, afirmou ser correta a classificação do produto no código 8531.20.00, em razão da ressalva feita à posição 9013, pois aquela seria mais específica (fls. 513525). Houve réplica (fls. 528536). Foi deferida a produção de prova pericial (fls. 539). Apresentados quesitos pelas partes (fls. 542545 e 547548) e comprovado o depósito dos honorários periciais (fls. 559560), foi intimado o perito. Laudo às fls. 571603. Manifestaramse as partes (fls. 609639 e 641644). Vieram os autos conclusos. É o relatório. Decido. II Fundamentação Preliminar falta de interesse Fora hipóteses excepcionais, o prévio requerimento e o esgotamento da via administrativa não são requisitos para ingresso em juízo. Neste sentido: EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. MOLÉSTIA GRAVE. DESNECESSIDADE DE PEDIDO NA VIA ADMINISTRATIVA. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. CABIMENTO. 1. Descabe o argumento de falta de interesse processual, porquanto a realização de pedido na via administrativa, fora hipóteses excepcionais, não é requisito indispensável para que o demandante provoque a prestação jurisdicional. 2. Ademais, o exercício do direito de ação não está condicionado à prévia busca administrativa, bastando que se possa verificar a resistência do réu, o que, in casu, já se configura só pelo fato de se tratar de repetição de indébito tributário. (TRF4, AC 505573822.2013.404.7100, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Joel Ilan Paciornik, D.E. 04/11/2013) Fl. 884DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Além disso, como se verifica da contestação lançada aos autos, a ré contesta o próprio mérito da demanda, circunstância que demonstra sua resistência à pretensão da parte, sendo o bastante para caracterizar o interesse da parte. Desse modo, inviável acolher a preliminar, sob pena de violação ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, Mérito A controvérsia cingese à classificação fiscal da mercadoria Módulo LCD modelo WH1602A. Sustenta a autora que esta deve ser enquadrada no código nº 9013.80.10, enquanto a Receita Federal enquadra no nº 8531.20.00. Sobre o Módulo LCD modelo WH1602A explicou o perito: "(...) tratase de uma Matriz de LCD de caracteres 16 colunas por 2 linhas construída sobre uma placa eletrônica em conjunto com um drive de controle (controlador). Seu funcionado é feito em conjunto com os demais componentes eletrônicos formando um sistema eletrônico, sendo a interface visual entre o usuário e o equipamento. Nele é possível visualizar letras e números que representam grandezas a serem medidas por outros componentes ou alguma informação necessária as utilizações do usuário" (fl. 578). Com relação à utilização deste, esclarece que "é muito utilizado em sistemas de reconhecimento de telefones (binas), calculadoras, cartão ponto, impressoras e muitas aplicações na eletrônica" (fl. 578). A Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), nos mencionados códigos, prevê: 85.31 Aparelhos elétricos de sinalização acústica ou visual (por exemplo, campainhas, sirenes, quadros indicadores, aparelhos de alarme para proteção contra roubo ou incêndio), exceto os das posições 85.12 ou 85.30 8531.20.00 Painéis indicadores com dispositivos de cristais líquidos (LCD) ou de diodos emissores de luz (LED) 15 90.13 Dispositivos de cristais líquidos que não constituam artigos compreendidos mais especificamente noutras posições; laser, exceto diodos laser; outros aparelhos e instrumentos de óptica, não especificados nem compreendidos noutras posições do presente Capítulo. 9013.80 Outros dispositivos, aparelhos e instrumentos 9013.80.10 Dispositivos de cristais líquidos (LCD) 5 As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado prevêem que deve prevalecer a regra mais específica (regra 3, 'a'). Dispõem ainda que "As mercadorias que não possam ser classificadas por aplicação das Regras acima enunciadas classificamse na posição correspondente aos artigos mais semelhantes" (Regra 4). Cito ainda as notas constantes das seções XVI Capítulo 85 e XVIII capítulo 90, naquilo que importa para definir a classificação da mercadoria em análise: Seção XVI 2. Ressalvadas as disposições da Nota 1 da presente Seção e da Nota 1 dos Capítulos 84 e 85, as partes de máquinas (exceto as partes dos artefatos das posições 84.84, 85.44, 85.45, Fl. 885DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10494.000582/200758 Acórdão n.º 3403003.612 S3C4T3 Fl. 881 11 85.46 ou 85.47) classificamse de acordo com as regras seguintes: a) As partes que constituam artefatos compreendidos em qualquer das posições dos Capítulos 84 ou 85 (exceto as posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66, 84.73, 84.87, 85.03, 85.22, 85.29, 85.38 e 85.48) incluemse nessas posições, qualquer que seja a máquina a que se destinem; b) Quando se possam identificar como exclusiva ou principalmente destinadas a uma máquina determinada ou a várias máquinas compreendidas numa mesma posição (mesmo nas posições 84.79 ou 85.43), as partes que não sejam as consideradas na alínea a) anterior, classificamse na posição correspondente a esta ou a estas máquinas ou, conforme o caso, nas posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66, 84.73, 85.03, 85.22, 85.29 ou 85.38; todavia, as partes destinadas principalmente tanto aos artefatos da posição 85.17 como aos das posições 85.25 a 85.28, classificamse na posição 85.17; c) As outras partes classificamse nas posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66, 84.73, 85.03, 85.22, 85.29 ou 85.38, conforme o caso, ou, não sendo possível tal classificação, nas posições 84.87 ou 85.48. Seção XVIII 2.Ressalvadas as disposições da Nota 1 acima, as partes e acessórios para máquinas, aparelhos, instrumentos ou outros artefatos do presente Capítulo, classificamse de acordo com as seguintes regras: a) As partes e acessórios que consistam em artefatos compreendidos em qualquer das posições do presente Capítulo ou dos Capítulos 84, 85 ou 91 (exceto as posições 84.87, 85.48 ou 90.33) classificamse nas respectivas posições, quaisquer que sejam as máquinas, aparelhos ou instrumentos a que se destinem; b) Quando se possam identificar como exclusiva ou principalmente destinadas a uma máquina, instrumento ou aparelho determinados, ou a várias máquinas, instrumentos ou aparelhos, compreendidos numa mesma posição (mesmo nas posições 90.10, 90.13 ou 90.31), as partes e acessórios que não sejam os considerados na alínea a) anterior, classificamse na posição correspondente a essa ou a essas máquinas, instrumentos ou aparelhos; (grifos meus) Não resta dúvida que a mercadoria deve ser classificada no código mais específico, contudo, o Módulo LCD modelo WH1602A não pode ser classificado entre os "Aparelhos elétricos de sinalização acústica ou visual (por exemplo, campainhas, sirenes, quadros indicadores, aparelhos de alarme para proteção contra roubo ou incêndio)" previstos no 8531.20.00. Isto porque a referida mercadoria não é aparelho (painel), mas apenas parte integrante de outros, como evidencia a prova Fl. 886DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 produzida. Neste sentido, o perito definiu dispositivos de cristais líquidos como peças básicas, sem utilidade aos usuários finais. De outra banda, "os painéis indicadores com dispositivos de cristais líquidos são os dispositivos compostos que utilizam do dispositivo de cristal líquido descrito acima junto com os demais componentes eletrônicos para dar funcionamento a sua utilização" (fl. 580), sendo estes utilizados pelo usuário final. Mais. As notas das seções da TIPI evidenciam a preocupação em classificar partes e acessórios destinados a um produto específico no mesmo código deste. Ou seja, se determinada mercadoria 'x' é destinada apenas à industrialização do produto 'y', se não for compreendida em outra posição, será equiparada ao produto 'y'. No caso, o Módulo LCD não é aparelho (final), nem é destinada a produto específico, mas sim parte integrante destinada à produção de diversos equipamentos eletrônicos (calculadores, cartãoponto, telefones etc.). Nesta senda, concluiu o perito: A legislação (tabelas TIPI SH/NCM de classificação de produtos referentes a aplicação do IPI em importação) prevê duas possíveis classificações onde o produto pode ser entendido seu enquadramento, na classificação do código 8531.20.00 pode ser entendido que trata de 'painéis' e na classificação de código 9013.80.10 pode ser entendido trata da 'peça/dispositivo' que é utilizada em painéis. A dificuldade de classificação do produto em questão neste processo esta em compreender se o produto entendido como módulo pode ser classificado em 'painel' ou apenas como 'peça/dispositivo'. Como explicado nas respostas dos quesitos anteriores, há peças mais puras que este módulo, que seriam dispositivos de cristal líquido ao qual seria facilmente classificado no código 9013.80.10. Também há os painéis com dispositivo de cristal líquido como mostradores de bancos ou telão de estádio, estes facilmente classificados no código 8531.20.00. Entendo esse posicionamento acima, temse a idéia de que a legislação, no intuito de preservar a indústria nacional, esta aplicando alíquotas maiores àqueles produtos que não sofrerão mais industrialização alguma dentro do Brasil. Como os dispositivos de LCD importados e em foco no presente processo precisam obrigatoriamente passar por alguma industrialização de montagem e agrupamento a outros dispositivos para só então poder ser vendido ao usuário final, de forma que este possa utilizar e ter uma aplicação, logo, sendo assim não pode ser chamado ou classificado como um painel. (fl. 580581) Corrobora com esta conclusão a redação da TIPI. O capítulo 85 diz respeito a "aparelhos elétricos de sinalização", citando, como exemplo, campainhas, sirenes, quadros indicadores, aparelhos de alarme para proteção contra roubo ou incêndio. Fl. 887DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10494.000582/200758 Acórdão n.º 3403003.612 S3C4T3 Fl. 882 13 Trata, portanto, de produtos finais. De outra banda capítulo 90 trata de "dispositivos de cristais líquidos". A possibilidade de duplo enquadramento é apenas aparente, por se tratarem das duas menções na TIPI a LCD. O módulo de LCD WH1602A, contudo, não é painel indicador, mas dispositivo de cristal líquido, componente destinado a outros aparelhos. Destarte, a interpretação da União quanto à aplicação do código 8531.20.00, em razão da aplicação subsidiária do código 9013.80.10 ("Dispositivos de cristais líquidos que não constituam artigos compreendidos mais especificamente noutras posições"), é equivocada, pois o dispositivo em análise não pode ser equiparado aos aparelhos de sinalização do capítulo 8531. É procedente a pretensão autoral. III – Dispositivo Ante o exposto, julgo procedente o pedido para declarar o direito da autora a classificar o Módulo de LCD Modelo WH1602A no código 9013.80.10 da TIPI, forte no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil. Condeno a União a arcar com as despesas processuais e ao pagamento de honorários advocatícios em favor da autora, os quais fixo em R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil. Publiquese. Registrese. Intimemse, inclusive de que, em caso de recurso que enseje o envio do processo ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, os autos serão digitalizados e passarão a tramitar no meio eletrônico (sistema eProc), sendo obrigatório o cadastramento dos advogados na forma do artigo 5º da Lei nº 11.419, de 2006, para esse fim, por força do disposto na Resolução nº 49, de 2010, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Em homenagem aos princípios da instrumentalidade, celeridade e economia processual, eventuais apelações interpostas pelas partes restarão recebidas em ambos os efeitos legais (art. 520 do CPC), salvo no caso de intempestividade ou ausência de preparo, que serão oportunamente certificados pela Secretaria. Interposto(s) o(s) recurso(s), caberá à Secretaria abrir vista à parte contrária para contrarrazões, e, na sequência, remeter os autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Após o trânsito em julgado, dêse baixa nos registros e arquivemse os autos. Porto Alegre, 06 de fevereiro de 2014.” (grifo nosso) A parte dispositiva da sentença declara “o direito da autora a classificar o módulo de LCD Modelo WH1602A no código 9013.80.10”. E isso sem dúvidas afeta o presente processo. Há inclusive menção, no relatório, à alegação da União de pendência de Fl. 888DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 decisão administrativa, que é refutada no voto sob o fundamento da inafastabilidade de jurisdição. Isso reforça a tese da existência de identidade de objeto: tanto o processo administrativo quanto o judicial discutem a correta classificação na NCM (ou na TIPI, que tem a NCM por base) do Modelo WH1602A, que não é considerado pelo juízo “um painel indicador”, mas “dispositivo de cristal líquido”. E as duas aparentes divergências entre as discussões administrativa e judicial, que seriam temporal (pois parecia ser a ação judicial prospectiva e a autuação pretérita) e de amplitude (restringindose a ação judicial a um único produto o modelo WH1602A), sucumbem ambas diante do comando do art. da Lei no10.833/2003: “Art. 68. As mercadorias descritas de forma semelhante em diferentes declarações aduaneiras do mesmo contribuinte, salvo prova em contrário, são presumidas idênticas para fins de determinação do tratamento tributário ou aduaneiro. Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput, a identificação das mercadorias poderá ser realizada no curso do despacho aduaneiro ou em outro momento, com base em informações coligidas em documentos, obtidos inclusive junto a clientes ou a fornecedores, ou no processo produtivo em que tenham sido ou venham a ser utilizadas.” (grifo nosso) O artigo cria presunção de que as mercadorias descritas de forma semelhante (como no caso em análise, os módulos de fls. 17/18, que foram descritos como “display de cristal líquido”) são presumidas idênticas para fins de tratamento tributário e aduaneiro (inclusive no que se refere a classificação, podendo haver retroação, dentro do período decadencial), salvo prova em contrário (o que não se apresenta plausível nos autos, visto que a própria fiscalização se aproveita da Solução de Consulta em relação ao modelo WH1602A para estender a conclusão aos demais). Assim, passa a haver total identidade nas discussões administrativa e judicial. A única diferença seria em relação às multas, mas o recurso voluntário sequer as questiona, e elas decorrem obviamente todas da divergência entre as classificações adotadas pelo fisco e pela recorrente. Cabe então destacar que, apesar de ser livre o acesso ao Poder Judiciário, a empresa não pode discutir o mesmo tema administrativa e judicialmente. Efetuada a opção pela via judicial, ocorre renúncia à discussão administrativa, como já assentado historicamente no CARF (a ponto de se refletir na primeira súmula do tribunal): “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” (grifo nosso) Não se pode, assim, discutir no presente processo administrativo o que já está sob a tutela judicial, em função da unidade de jurisdição, ou do “princípio da inafastabilidade da jurisdição” expressamente mencionado na sentença de primeiro grau na ação no Fl. 889DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10494.000582/200758 Acórdão n.º 3403003.612 S3C4T3 Fl. 883 15 2009.71.00.0206242. Houvesse a análise administrativa, estarseia diante do risco de provimentos (administrativo e judicial) contraditórios. Diante do exposto, voto no sentido de não tomar conhecimento do recurso voluntário apresentado, por existir concomitância com processo judicial. Rosaldo Trevisan Fl. 890DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10280.722263/2009-74
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte), óleo combustível BPF, e serviços de transporte de rejeitos industriais.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.513
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e de óleo combustível BPF, e em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte), óleo combustível BPF, e serviços de transporte de rejeitos industriais. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte), óleo combustível BPF, e serviços de transporte de rejeitos industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 22 63 /2 00 9- 74 Fl. 549DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e de óleo combustível BPF, e em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição PER (retificador) de no 18649.26810.030107.1.5.085827 (fls. 5 a 8)1, com transmissão em 03/01/2007, referente a créditos de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa exportação/3o trimestre de 2006, em saldo de R$ 4.368.795,33 (com base no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002), sendo o montante utilizado em compensações (DCOMP de fls. 10 a 25, nos valores de R$ 444.735,60, R$ 451.462,73, R$ 2.700.000,00 e R$ 500.000,00). Iniciada a ação fiscal tendente a verificar o direito creditório demandado, em 25/10/2010 (fl. 50), a empresa é intimada a apresentar documentos e esclarecimentos, culminando a análise fiscal no relatório de fls. 291 a 296, no qual são relacionadas as glosas de créditos efetuadas pelo fisco (detalhadas em planilhas anexas ao relatório): (a) combustíveis e carvão energético utilizados como energia térmica no aquecimento de caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a Lei no 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007 (os combustíveis/carvão energético utilizados na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agirem diretamente no processo produtivo; (b) produtos/bens que não são aplicados diretamente no processo produtivo; (c) produtos/bens considerados como ativo imobilizado; (d) produtos/bens que não contêm descrição detalhada ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo; (e) fretes referentes aos produtos/bens glosados; (f) serviços considerados pela fiscalização como não utilizados na produção dos bens; e (g) bens do ativo imobilizado que não se enquadram como máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda e edificações. Com base no relatório da fiscalização é emitido o Despacho Decisório de fl. 297 (em 03/11/2011), deferindose crédito no montante de R$ 1.618.701,73, e o Auto de Infração de fl. 290 (com ciência à empresa em 15/12/2011), no valor glosado, de R$ 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 550DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 550 3 2.750.093,60. Em relação às compensações (homologadas parcialmente, o despacho decisório figura à fl. 299. A empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 11/01/2012 (fls. 392 a 429), sustentando que: (a) o Parecer SEORT que ampara o despacho decisório é nulo por não identificar com clareza e precisão qual o número do processo e do despacho decisório; (b) na não cumulatividade (que não foi restrita pelo texto constitucional), geram créditos os custos, despesas e encargos relativos à receita de exportação, e consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços; (c) não foi feita qualquer visita na empresa, dificultando a análise da efetiva aplicação dos bens no processo produtivo; (d) os custos com transporte de rejeitos são geradores de créditos, pois inerentes às atividades produtivas da empresa, assim como os custos de transporte dos insumos considerados glosados; (e) constituem insumos o óleo BPF (destinado à queima em fornos adequados para calcinação de hidrato e geração de vapor nas caldeiras), o ácido sulfúrico (para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, na neutralização de efluentes cáusticos), inclusive glosado em duplicidade, e o inibidor de corrosão (que forma uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento); (f) há previsão expressa para desconto de créditos em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, ainda que não enquadrados como insumos (incisos VI e VII da Lei no 10.637/2002), embora no caso concreto tais bens sejam efetivamente utilizados na produção de alumina, e o aproveitamento possa ser feito em bases diferenciadas (1/12) para os equipamentos descritos no RECAP e depreciação acelerada para aquisições de bens de capital por empresas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE, cabendo ainda destacar que o fisco considerou indevidamente (sem justificativa) como edificações algumas máquinas e equipamentos; e (g) não houve violação ao REIDI, que reduziu para 24 meses o prazo mínimo para utilização dos créditos decorrentes da aquisição de edificações. Demanda, por fim, produção de prova pericial, via auditagem suplementar. Ainda em 11/01/2012 apresenta a empresa impugnação à autuação (fls. 321 a 356), basicamente sob as mesmas razões utilizadas para desconstituir as glosas. Em 08/02/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 458 a 477), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade e da impugnação (e pela improcedência da demanda por perícia), sob os argumentos de que: (a) o conceito de insumos para as contribuições deriva do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e da IN SRF no 404/2004 (bens com ação direta sobre o produto em fabricação); (b) somente os serviços prestados por pessoa jurídica contribuinte geram créditos, desde que utilizados diretamente na linha de produção da empresa; (c) em relação a ativo imobilizado, as glosas estão todas especificamente motivadas (DT05 glosados em virtude da data de aquisição/emissão nota fiscal ser anterior à previsão legal, que só reconheceu o beneficio para bens adquiridos a partir de 2006; EDIF06 glosados por serem considerados como edificações do ano de 2006; EDIF07 glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007; N glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não serem empregados no processo produtivo do adquirente; NCD glosados por não estarem relacionados no Decreto no 5.789/2006, mencionados no Decreto no 5.988/2006; e NREB glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito), não havendo cerceamento de defesa; (d) o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado; (e) as glosas em relação ao ativo imobilizado não alcançam a totalidade dos valores Fl. 551DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 pleiteados, havendo a autoridade fiscal primeiramente identificado cada uma das glosas efetuadas para, na sequência, refazer o cálculo das parcelas que deveriam ser levadas à base de cálculo do direito creditório, consideradas as depreciações adotadas pelo sujeito passivo; e (f) as glosas em relação a “bens considerados como edificações” estão com a perfeita e individualizada identificação do bem ou serviço glosado (v.g., bens e serviços explicitamente destinados ao setor administrativo ou caracterizados como obras civis, passando por gaveteiros, armários, poltronas, colchões, leitos, serviços de paisagismo e de fornecimento de refeições). Cientificada do acórdão da DRJ em 15/02/2012 (AR de fl. 478), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 16/03/2012 (fls. 480 a 523), basicamente reiterando as considerações expostas na manifestação de inconformidade, e acrescentando que: (a) não há disposição normativa que restrinja o aproveitamento dos encargos de depreciação/amortização a partir da utilização do bem; (b) a Lei no 11.488/2007 não vedou nem autorizou o aproveitamento de créditos em relação ao óleo BPF (ou outro óleo combustível), que já era autorizado pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003; e (c) são relevantes as decisões administrativas/judiciais trazidas aos autos. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como relatado de início, a ação fiscal buscou verificar o direito creditório demandado neste processo e em outros (referentes a “PIS não cumulativo” e a “COFINS não cumulativa”, de 2005 a 2007). O presente processo se refere exclusivamente à Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao 3o trimestre de 2006. Cabe destacar que um processo congênere (de no 10280.004605/200628, referente à COFINS relativa a julho de 2006) foi apreciado pela Primeira Turma da Primeira Câmara desta Terceira Seção recentemente, resolvendose pela baixa em diligência para que fossem respondidos os seguintes quesitos: “Os referidos insumos e serviços glosados sob avaliação têm afetação sobre o processo produtivo? De que forma? Levandose em conta o papel exercido pelos insumos e serviços glosados pela fiscalização no processo produtivo da Recorrente, podese afirmar que estes são intrínsecos à atividade produtiva e, portanto, a essa está indissociáveis? Considerando a estrutura da Recorrente e a sua produção seria possível produzir todos os produtos finais comercializados sem a utilização dos insumos e serviços glosados? Os insumos e serviços glosados se mostram essenciais, isto é, se são indispensáveis aos processos produtivos desenvolvidos pela Recorrente? Fl. 552DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 551 5 Os bens adquiridos pela Recorrente e que foram glosados podem ser enquadrados ou não como máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados à venda? Tal quesito deverá possibilitar a determinação do prazo de depreciação em questão nos autos.”(Resolução no 3101000.394, Rel. Cons. Valdete Aparecida Marinheiro, unânime, sessão de 12.nov.2014) Contudo, como se exporá a seguir, diverso é o nosso posicionamento. A fiscalização não efetuou as glosas à luz da necessidade do insumo na obtenção do produto final, mas simplesmente pelo critério do “contato físico” (derivado da legislação do IPI, adaptada às contribuições pelas Instruções Normativas no 247/2002 e no 404/2004). Assim, eram irrelevantes ao fisco os critérios apontados pelos quesitos. Ademais, constam no presente processo elementos que permitem a apreciação imediata do feito, verificando a aplicação dos bens e serviços glosados ao processo produtivo (v.g., descrição do processo produtivo às fls. 58 a 90), como entendeu esta Terceira Turma em diversos outros processos relativos aos mesmos temas e ao mesmo sujeito passivo em relação a períodos diversos: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005. COFINS NÃOCUMULATIVO. HIPÓTESES DE CRÉDITO. ART. 3º, II, DAS LEIS 10.637/2002 E 10.833/2003. CONCEITO DE INSUMO. APLICAÇÃO E PERTINÊNCIA COM AS CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE PRODUTIVA. DEMONSTRAÇÃO. O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte. A falta desta demonstração impede o reconhecimento do direito de crédito. INDÚSTRIA DE ALUMINA. BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMO NA PRODUÇÃO. Em relação à atividade industrial de produção de alumina, deve ser reconhecido o direito de crédito pela aquisição de óleo combustível BPF, ácido sulfúrico e inibidor de corrosão, bem como de transporte de remoção de rejeitos e resíduos, por se tratarem de bens e serviços aplicados na produção. MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E OUTROS BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E EDIFICAÇÕES. ART. 3º, VI e VII, e § 1º, III, DA LEI 10.833/2003. Nada obstante se esteja tratando de situações previstas pela Lei como hipóteses de creditamento, tratase de hipóteses em que a Lei não permite o creditamento pelo valor da aquisição, mas na proporção dos encargos de depreciação e amortização. ATIVO IMOBILIZADO. FALTA DE IMPUGNAÇÃO CONCRETA DOS BENS ENVOLVIDOS. DEPRECIAÇÃO ACELERADA PREVISTA NA LEI 11.196/2005. ATENDIMENTO Fl. 553DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 DOS REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. Para a fruição da depreciação acelerada prevista na Lei nº 11.196/2005 é necessário demonstrar o atendimento de seus requisitos.”(Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403002.765, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, sessão de 25.fev.2014, que tratava da Contribuição para o PIS/PASEP do mês de outubro de 2006) “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. CRÉDITOS. ÁCIDO SULFÚRICO, FRETES, SERVIÇOS DE REMOÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS. É legítima a tomada de crédito da contribuição nãocumulativa em relação às aquisições de ácido sulfúrico e respectivos fretes, aditivo dispersante e serviços de remoção de lama vermelha, areia e crosta, por integrarem o custo de produção do produto exportado (alumina).”(Acórdão no 3403001.954, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, maioria, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.955 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, maioria, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do terceiro e do primeiro trimestres de 2007) (nos três julgamentos fui vencido quanto ao reconhecimento de créditos em relação à remoção de resíduos, ao lado do Cons. Robson José Bayerl) Assim, prosseguese na análise do presente processo, destacandose que os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados pela turma nos Acórdãos mencionados: (a) aspectos constitucionais da não cumulatividade; (b) delimitação do conceito de insumo para as contribuições; (c) glosas de bens considerados como insumos (óleo BPF, ácido sulfúrico e inibidor de corrosão); (d) glosas de serviços considerados como insumos (transporte de rejeitos); e (e) glosas em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12). Preliminarmente a tais questões, no entanto, cabe efetuar considerações sobre o ônus probatório nos processos referentes a compensação, como o presente. 1. Considerações iniciais O ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime: Fl. 554DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 552 7 “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante o procedimento de fiscalização. Incumbe à empresa a apresentação de prova de vínculo dos bens e serviços ao seu processo produtivo, sendo a visita às instalações da empresa medida que se faz necessária somente no caso de haver dúvidas em relação ao conteúdo probatório apresentado. Da mesma forma, a diligência se presta a esclarecer dúvida do julgador, e não à complementação probatória. Feitos estes esclarecimentos, indeferese, por desnecessária, a realização de perícia no caso concreto. Aproveitase ainda este tópico preliminar para aclarar que as decisões administrativas e judiciais prestamse a auxiliar na formação de convicção de julgador administrativo, mas apenas em alguns casos excepcionais (v.g., as proferidas nas sistemáticas citadas no art. 62A do Regimento Interno deste CARF) efetivamente exercem efeito vinculante no julgamento por este colegiado. Assim, indubitavelmente se toma em conta a jurisprudência apresentada na presente análise, ainda que dela se discorde eventualmente. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF de eventual tese que sustente ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas Fl. 555DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à contribuição, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: Fl. 556DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 553 9 “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 3.1. Bens utilizados como insumo Em relação a bens utilizados como insumos, as glosas efetuadas foram (fl. 292): “10.1 Combustíveis e Carvão Energético utilizados como energia térmica no aquecimento de caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a lei 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007. A utilização de combustíveis/carvão energético utilizados na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agir diretamente no processo produtivo; 10.2 Glosas efetuadas em produtos/bens por não serem aplicados diretamente no processo produtivo; 10.3 Glosas efetuadas nos produtos/bens por serem considerados como ativo imobilizado; 10.4 Glosas efetuadas em produtos/bens por não conterem descrição detalhada do bem ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo; 10.5 Glosa dos fretes referentes aos produtos/bens glosados.” Na planilha 10 (fls. 273 a 278) são detalhadas as glosas de bens, que abrangem: ácido sulfúrico (para limpeza ácida dos trocadores de calor e neutralização de efluentes líquidos), óleo combustível BPF (para geração de vapor das caldeiras para o processo de calcinação do hidrato), antiespumante (para limpeza ácida e tratamento de efluente); inibidor de corrosão (para tratamento de água potável e resfriamento de água), e Fl. 557DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 floculante (para decantação de lama). São ainda glosados os fretes relativos ao transporte de ácido sulfúrico. A empresa alega em sua defesa que consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços. Sobre o tema, remetemos ao entendimento já exarado neste voto a respeito da delimitação do conceito de insumos para as contribuições, reiterando que o insumo gerador de créditos deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. E, nesse contexto, cabe destacar que esta Turma já analisou, em cinco ocasiões, os itens sobre os quais se defende especificamente a empresa, concluindo unanimemente que o ácido sulfúrico e o óleo BPF são enquadrados no conceito de insumos adotado pelo colegiado. Transcrevase excerto do julgamento mais recente: “O Recorrente explicou que o óleo BPF é utilizado como combustível, sendo aplicado no funcionamento de fornos em que ocorre a calcinação de hidrato e para a geração de vapor nas caldeiras, e assim, participando diretamente do processo de produção de alumina. O Ácido Sulfúrico, conforme explica o Recorrente, é empregado na limpeza dos caloríficos por onde circula o licor enriquecido de alumina, dependendo deste procedimento a manutenção do sistema de trocas térmicas e a estabilidade dos reagentes. Quanto aos Inibidores de Corrosão, são destinados a formar uma película protetora que inibe o desgaste das tubulações de água de resfriamento, que por sua vez é essencial para evitar o superaquecimento do maquinário. Entendo que o contribuinte demonstrou de maneira satisfatória, por meio de sua explicação, a participação destes três bens no processo produtivo. A atuação destes três bens configura o conceito de insumo para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, pois atuam e colaboram no processo produtivo da indústria de alumina, devendose reconhecer o crédito pela sua aquisição. Também assiste razão ao Recorrente quando sustenta que a aquisição do óleo BPF não pode ser confundida com a hipótese de aquisição de energia térmica, prevista no inciso IX do art. 3º das Lei nºs 10.637/2002, introduzido pela Lei nº 11.488/2007, com efeitos apenas a partir de 15/06/2007. Com efeito, o referido inciso IX coloca ao lado da energia elétrica a energia térmica, assegurando o direito de crédito para as duas modalidades de energia, o que não se confunde, contudo, com a operação de aquisição de combustível. A aquisição de combustível gera direito de crédito por força do art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, bastando que seja aplicado no contexto da atividade produtiva, independente de ser utilizado como fonte de calor ou de geração de energia elétrica. Fl. 558DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 554 11 Assim, a aquisição de óleo combustível não está fundada no inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.637/2002, não se lhe aplicando a referida restrição temporal. Quanto às demais aquisições de bens, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo –precluindo a oportunidade de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário , deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização..” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) Vejase, contudo, que em relação ao inibidor de corrosão, a glosa é fundamentada no fato de a aplicação ser em água potável, e não em água destinada ao processo produtivo. Na manifestação de inconformidade a empresa até alega (fl. 398) que o inibidor de corrosão é utilizado para “formar uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento”. Mas sequer esta informação é renovada em sede de recurso voluntário, restando carente de questionamento específico tal item. Assim, mantenho o entendimento externado pela turma nos referidos julgamentos, reconhecendo o direito ao crédito em relação às aquisições de ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e óleo combustível BPF. Não havendo questionamento específico, mantémse a glosa em relação aos demais itens (inclusive o inibidor de corrosão). 3.2. Serviços utilizados como insumo Em relação a serviços utilizados como insumo, as glosas são as seguintes (fl. 214): “CRÉDITOS DECORRENTES DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS (Ficha 06A/03): Pela análise dos arquivos magnéticos recebidos, referente a aquisição de serviços, constatamos a existência de Serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção dos bens, conforme detalhamento das glosas relacionadas nas planilhas 08 e 09, anexas.” Na planilha 8 (fls. 267 a 190) são detalhadas as glosas de serviços, que abrangem: manutenção de elevadores, montagem e desmontagem de andaimes, manutenção de instalações elétricas, entre outros, não questionados especificamente pela defesa, restrita aos serviços de transporte de rejeitos industriais. E no único serviço especificamente questionado assiste razão à recorrente, conforme também já assentado unanimemente por esta turma recentemente. Transcrevase excerto do julgamento que resultou no Acórdão no 3403002.764, no qual passamos a acolher a possibilidade de crédito em relação à remoção de resíduos, reformando posicionamento anterior, adotado nos Acórdãos no 3403001.954, 955 e 956: Fl. 559DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 “Deve ser reconhecido o direito de crédito em relação ao pagamento pela prestação de serviço de remoção de rejeitos industriais, visto que tal atividade deve ser considerada como inserida no contexto da produção, tal como sustenta o Recorrente (fl. 464/465). Entendo que assiste razão ao Recorrente, pois os serviços de transporte dos resíduos industriais configuram atos que viabilizam e integram a atividade produtiva. Não apenas o transporte de matériaprima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime nãocumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Walber José da Silva, j. 02.06.2008). Entendo, pois, que deve ser reconhecido o direito de crédito em relação aos serviços de remoção de resíduos em questão. Quanto às demais aquisições de serviços, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo –precluindo a oportunidade de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário, deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização.” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) Assim, novamente mantenho o entendimento externado pela turma no referido julgamento, reconhecendo o direito ao crédito em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais, mantendose a glosa em relação aos serviços não especificamente questionados pela defesa. 3.3. Bens do ativo imobilizado Em relação ao ativo imobilizado, as motivações para as glosas (efetuadas em relação a bens com depreciação de 1/48 e de 1/12 foram, respectivamente (fls. 298/299): Fl. 560DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 555 13 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4 (quatro anos) correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem (Lei no 10.833/2003, art 3o , § 14, introduzido pela Lei no 10.865, art. 21 e Instrução Normativa SRF no 457/2004, art. 1, inciso I do § 2o e art. 2o, § 2o, e inciso II do caput). Através (sic) dos arquivos magnéticos referentes a aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como maquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separandoos em duas categorias: 1) Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados à venda. 2) Máquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. (...) Em relação à construção da Expansão II, o contribuinte informou que a mesma (sic) só entrou em operação a partir de janeiro de 2006 e a Expansão III somente em 2008. (...) 13.2 Por aproveitamento do crédito no prazo de 12 (doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a l/12 (um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam.(Lei 11.196/2005, art 31, e Decreto no 5.988/2006). Após analise dos arquivos contendo listagem dos bens com aproveitamento de crédito no prazo de 12 (doze) meses, constatamos diversas irregularidades na utilização dos referidos créditos, Elaboramos a Planilha 07D onde constam todas as glosas efetuadas e as planilhas 07E, 07F e 07G resumindo os valores glosados. Abaixo segue codificação adotada para as glosas efetuadas na planilha 07D: DT05 Glosados em virtude da data de aquisição(emissão nota fiscal) ser anterior a previsão legal que só reconheceu o benefício para bens adquiridos a partir de 2006 EDIF06 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2006. EDIF07 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007. Fl. 561DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 N Glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo do adquirente. NCD Glosados por não estarem relacionados no Decreto 5.789/2006 mencionado no Decreto no 5.988/2006. NREB Glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito.” (grifo nosso) O primeiro grupo de glosas (depreciação de 1/48 Lei no 10.833/2003, art. 3o, § 14) é detalhado nas planilhas 01 a 07B (fls. 91 a 199). De fato, compulsando as planilhas percebese que os objetos das glosas são bens destinados a atividades administrativas (v.g., mesa de reunião, gaveteiro, armário, colchão, leitos e poltronas) ou tratamse de obras civis, não atendendo aos pressupostos da matriz legal (serem máquinas e equipamentos e destinarem se ao processo produtivo). No segundo grupo de glosas (depreciação de 1/12 Lei no 11.196/2005, art. 31), a fiscalização expõe que ocorreram diversas irregularidades, detalhadas nas planilhas de fls. 202 a 266, dividindoas em seis grupos: aquisição anterior à vigência da base legal; edificações de período posterior (2006 e 2007); ausência de qualificação como bens do ativo imobilizado ou empregados no processo produtivo; falta de previsão no decreto regulamentador; e vendas equiparadas a exportações. E a recorrente, em ambos os casos, apresenta defesa genérica, não apontando objetivamente elementos que levariam a comprovar a adequação ao comando legal, ou sequer suscitar dúvida quanto ao registrado pelo fisco. São reproduzidos diversos dispositivos normativos e decisões, mas a defesa não consegue vinculálos de forma eficaz à situação concreta narrada nos autos. Como destacou o julgador de piso, “não foi a autoridade fiscal, mas sim a contribuinte que não se desincumbiu do ônus mínimo de demonstrar razões de fato e de direito que pudessem corroborar suas afirmações”. E a regra de que o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado encontra expressa guarida no art. 305, § 2o do RIR (por sua vez derivado de disposição legal art. 57, § 8o da Lei no 4.506//1964): “[A] quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir”. Também em relação a tal tema já se manifestou esta Turma em três ocasiões (processos referentes a COFINS, da mesma empresa, com idêntica descrição dos fatos), chegando às mesmas conclusões que aqui externamos: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04 Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. (...) Fl. 562DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 556 15 Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3º, VI, da Lei nº 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação a terceiros ou o emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, (...). É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. (...) O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: Fl. 563DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; Nindica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCDindica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREBindica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo.” (Acórdão no 3403001.954, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.955 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do terceiro e do primeiro trimestres de 2007) Mantémse, assim, novamente o entendimento já firmado na turma, restando hígidas neste tópico as glosas efetuadas pelo fisco. 4. Considerações finais Cabe destacar derradeiramente que o presente processo inclui ainda um Auto de Infração (fl. 290). A autuação, no montante de R$ 2.750.093,60 (não há indicação de multas ou juros) só é mencionada na referida folha, e foi expressamente lavrada “em obediência ao Fl. 564DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722263/200974 Acórdão n.º 3403003.513 S3C4T3 Fl. 557 17 disposto no art. 9o, § 4o do Decreto no 70.235/72”. Tal dispositivo, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009, dispõe: “Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (...) § 4o O disposto no caput deste artigo aplicase também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário”. Matematicamente, percebese que o valor da autuação (R$ 2.750.093,60) corresponde exatamente ao crédito pleiteado no PER de fls. 5 a 8 (R$ 4.368.795,33) subtraído do valor homologado das compensações pelo despacho de fl. 297 (R$ 1.618.701,73). Ou seja, equivale ao valor glosado de créditos. E se a empresa não detém os créditos, a providência a ser adotada pelo fisco é a não efetivação do ressarcimento ou da restituição. Caso já tenham os créditos sido utilizados em compensação declarada, mas não homologada, ainda assim não haveria que se falar em lançamento, mas na providência referida no art. 74, §§ 6o a 9o da Lei no 9.430/1996 (encaminhamento para inscrição em dívida ativa). Assim, entendese que, pelo próprio fundamento adotado (art. 9o, § 4o do Decreto no 70.235/72), não se está efetivamente exigindo crédito tributário, mas tão somente registrando o valor glosado. Não trata, portanto, o presente processo de exigência de crédito tributário, mas de análise de PER (no montante de R$ 4.368.795,33) e de DCOMP (valores de R$ 444.735,60, R$ 451.462,73, R$ 2.700.00,00 e R$ 500.00,00), com parcial deferimento na unidade local, como exposto. Entendimento diverso levaria ou a duplicidade de exigência ou a exigência via lançamento de crédito confessado. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e de óleo combustível BPF, e em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais. Rosaldo Trevisan Fl. 565DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 Fl. 566DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 14033.000577/2009-95
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/1988 a 30/09/1995
COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PROCESSO DIVERSO.
Na apreciação de compensações decorrentes de direito creditório discutido definitivamente em outro processo administrativo, não cabe a reabertura da discussão de mérito sobre o direito creditório, devendo apenas ser analisado o cabimento das compensações.
COMPENSAÇÃO. DUPLICIDADE DE ANÁLISE. ANULAÇÃO.
Verificando-se que houve duplicidade de análise das mesmas DCOMP em processos diferentes, cabível a anulação da segunda decisão, se a primeira foi regularmente proferida.
Numero da decisão: 3403-003.663
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PROCESSO DIVERSO. Na apreciação de compensações decorrentes de direito creditório discutido definitivamente em outro processo administrativo, não cabe a reabertura da discussão de mérito sobre o direito creditório, devendo apenas ser analisado o cabimento das compensações. COMPENSAÇÃO. DUPLICIDADE DE ANÁLISE. ANULAÇÃO. Verificandose que houve duplicidade de análise das mesmas DCOMP em processos diferentes, cabível a anulação da segunda decisão, se a primeira foi regularmente proferida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 03 3. 00 05 77 /2 00 9- 95 Fl. 507DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre 40 DCOMP apresentadas pela empresa (ainda com o nome de BRAVESA Brasília Veículos LTDA) nos anos de 2003, 2004 e 2005, listadas às fls. 444/445 (cópias às fls. 9 a 48)1, em virtude de créditos decorrentes de ação judicial referente a FINSOCIAL, com trânsito em julgado (processo no 1999.34.00.0333668), no valor total de R$ 2.478.081,10. Por meio do despacho decisório de fls. 86 a 90 (proferido em 31/08/2009), afirmase que: (a) foi apresentada a DCOMP de fls. 9 a 12 e, posteriormente, diversas outras DCOMP (fls. 7 e 8) requerendo a compensação de diversos débitos com pretendo crédito informado no processo administrativo no 10166.013352/9881 (lançamento de ofício), relativo aos meses de outubro a dezembro de 1999; (b) as DCOMP são tempestivas, posto que transmitidas a partir de 09/09/2004 e referentes a créditos decorrentes de sentença com trânsito em julgado em 02/12/2001; (c) uma das DCOMP (final 0992) foi analisada no processo administrativo no 14033.001579/200730 (e não homologada, cf. despacho decisório de fls. 79 a 81, pela inexistência do crédito); (d) o crédito reconhecido no processo no 10166.015352/98 81 foi totalmente utilizado (fls. 49 a 78) em procedimento de compensação de ofício expressamente autorizado pela contribuinte (fl. 82), não constando entre os compensados os valores informados em algumas DCOMP relacionadas à fl. 86; (e) outras DCOMP relacionadas no processo administrativo no 10166.015352/9881 foram tacitamente homologadas (as transmitidas antes de setembro de 2004 fls. 88/89). Cientificada do despacho decisório em 25/09/2009 (AR à fl. 94), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 27/10/2009 (fls. 96 a 104), alegando, em síntese, que: (a) alguns pontos, mesmo tendo sido objeto do pedido de revisão do processo administrativo no 10166.001933/200514, não foram considerados pelas autoridades fiscais; (b) eram dois os processo judiciais que amparavam o crédito: um referente a FINSOCIAL (no 1999.34.00.0333668, que gerou o processo de restituição no 10166.015352/9881) e outro referente a PIS (no 1999.34.00.0056164), mas por erro de fato as DCOMP contiveram somente o número do processo de FINSOCIAL; (c) há equívoco de valor no processo de restituição; e (d) conforme arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997, a compensação poderia se dar de ofício, sendo um dever da Fazenda verificar/acompanhar os processos judiciais da empresa. Em 26/02/2010 a empresa desiste da manifestação de inconformidade apresentada, acatando o teor do despacho decisório e renunciando a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundamenta o referido recurso (fl. 131), por adesão ao parcelamento da Lei no 11.941/2009. O fisco, em despacho datado de 25/03/2011 (fl. 164), afirma que as DCOMP de fls. 9 a 45 já haviam sido analisadas no processo administrativo no 14033.001618/200707, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 508DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 508 3 propondo sua exclusão do sistema de cobrança, tendo sido o processo arquivado em 04/01/2012. Tendo em vista que as DCOMP foram analisadas em duplicidade, excluiuse o presente processo do sistema (sendo os débitos em cobrança decorrentes do processo administrativo no 14033.001618/200707 transferidos para o processo administrativo no 18208.067271/201145 para fins de controle do parcelamento, ou encaminhados à PFN). Foi, por consequência, anulado o despacho decisório proferido às fls. 86 a 90 (fls. 253/254), com ciência à empresa em 13/04/2012 (AR à fl. 256), e arquivado o processo (fl. 258). A empresa apresenta então o recurso administrativo de fls. 259 a 279 (reiterado às fls. 363 a 366), em 24/04/2012, narrando que: (a) obteve crédito de FINSOCIAL em decorrência de ação judicial, gerando o processo de restituição no 10166.015352/9881; (b) em 21/02/2008 foi intimada de despacho decisório exarado no processo no 14033.001618/200707, que relacionava em tabela as DCOMP não homologadas (fls. 262/263); (c) em 24/03/2008 apresentou manifestação de inconformidade, alegando equívoco de cálculo pelo fisco; (d) em 25/09/2009, recebeu carta cobrança emitida no presente processo (no 14033.000577/200995), também relacionando diversas DCOMP em tabela (fl. 264), que foram inseridas em parcelamento; (e) no presente processo, foram tacitamente homologadas DCOMP que constavam como não homologadas na tabela anterior (processo no 14033.001618/200707); (f) sendo comunicada de que havia sido anulado o despacho decisório proferido no presente processo (por analisar DCOMP já analisadas em processo anterior); (g) a empresa foi intimada do despacho decisório referente ao presente processo em 25/09/2009, ou seja, depois da ciência do despacho decisório no processo no 14033.001618/200707), que analisava as mesmas DCOMP (21/02/2008) e, assim, imaginou que teriam sido analisadas as mesmas DCOMP do outro processo e homologadas, tendo por isso solicitado desistência da manifestação de inconformidade no processo no 14033.001618/200707, em 17/12/2009; (h) a anulação do despacho decisório cerceia o direito de defesa em relação às compensações que estariam tacitamente homologadas, não havendo razão para que se anule exatamente o despacho decisório que reconheceu a ocorrência das homologações tácitas; (i) a descoberta da duplicidade não decorreu da autoridade administrativa, mas de questionamento da própria empresa; (j) está equivocado o despacho proferido no processo no 14033.001618/200707, e a empresa precisa ter seu direito a defesa restabelecido; e (k) os débitos foram inscritos em dívida ativa antes mesmo de ser anulado o despacho decisório. Pede, por fim, que seja revisto o despacho decisório que anulou o anteriormente proferido no presente processo, homologando se (novamente) as compensações referidas na tabela de fls. 88/89, e, alternativamente, que seja reaberto o prazo para defesa no processo no 14033.001618/200707, no qual a empresa foi induzida à desistência, ou seja apreciada a manifestação de inconformidade à época apresentada (cessandose os efeitos da desistência). O recurso é encaminhado à DISIT/SRRF01 (fls. 410 a 412) destacandose que à data do despacho decisório proferido no processo no 14033.001618/200707 efetivamente não se configurava homologação tácita, e que a manifestação de inconformidade em ambos os processos possuía idêntico teor, sendo o direito creditório discutido exclusivamente no processo no 10166.015352/9881. Amparado no parecer de fls. 416 a 426, o Superintendente da SRRF01 decide não conhecer do recurso, que entendeu estar sujeito ao rito do Decreto no 70.235/1972, cientificando a recorrente em 11/06/2013 (AR à fl. 430). A DRJ aprecia a manifestação de inconformidade, proferindo julgamento de primeira instância em 29/08/2014 (fls. 434 a 445), no qual se acorda unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os argumentos de que: (a) a autoridade local, ao perceber ter emitido dois despachos decisórios para as mesmas DCOMP, verificou Fl. 509DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 não haver erro no primeiro, sendo o segundo, por consequência, equivocado; (b) é razoável facultar à contribuinte eventual rescisão de sua desistência no processo no 14033.001618/2007 07; (c) como admitido pela própria empresa, o direito creditório indicado nas DCOMP e informado no processo no 10166.015352/9881 não se mostrou suficiente para as compensações, sendo correto o despacho decisório emitido no processo no 14033.001618/200707; (d) a compensação com créditos de outra ação (PIS) demandada com base nos arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997, fica condicionada à apresentação de cópia daquele processo (cf. art. 17 da mesma norma). Cientificada do acórdão da DRJ em 10/09/2014 (AR de fl. 449), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 09/10/2014 (fls. 451 a 480), alegando basicamente que: (a) foram anexados nos processos cópias integrais das sentenças proferidas em ambos os processos judiciais, pelo que não se admite a alegação da DRJ de que seria necessário juntar peças processuais; (b) peticionou administrativamente a restituição em 10/12/1998 (processo no 10166.015352/9881) de créditos de FINSOCIAL recolhidos indevidamente, e depois ingressou em juízo com o MS no 1999.34.00.0333668 (referente a FINSOCIAL); (c) a compensação foi realizada com créditos originários do processo administrativo no 10166.015352/9881; (d) as DCOMP foram apreciadas no processo administrativo no 14033.001618/200707, tendo a empresa sido cientificada do despacho decisório (denegatório) em 21/02/2008, apresentando manifestação de inconformidade, demandado que fosse reconhecido também o crédito de processo judicial referente a PIS (no 1999.34.00.0056164), que não foi citado nas DCTF e DCOMP por erro de fato, mas nunca foi utilizado, destacando ter havido ainda erro de atualização; (e) antes do julgamento da manifestação de inconformidade no processo administrativo no 14033.001618/200707, a empresa recebeu outro despacho decisório referente às mesmas DCOMP (acompanhado de carta de cobrança), que faz parte do presente processo administrativo (no 14033.000577/200995), no qual algumas DCOMP eram consideradas tacitamente homologadas e outras não homologadas (tendo sido estas incluídas em parcelamento); e (f) após ter desistido da manifestação de inconformidade no processo no 14033.001618/200707, houve a comunicação de que teria sido anulado o segundo despacho decisório (que considerava homologadas tacitamente diversas compensações), à empresa, em 13/04/2012, sendo a recorrente prejudicada em ambos os processos, o que deseja ver suprido, com a análise dos créditos referentes à ação judicial que versava sobre “PIS”, e a rescisão do pedido de desistência no processo no 14033.001618/2007 07, além da suspensão da inscrição em dívida ativa (efetuada em 13/03/2012, quando ainda estavam homologados os débitos, sequer existindo a anulação levada a cabo em 29/03/2012, e levada a cabo no processo no 3024324.2012.4.01.3400, distribuído perante a 19a Vara Federal do DF) dos débitos referentes ao processo no 14033.001618/200707. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 509 5 Como houve e continua havendo confusão em relação aos diversos processos citados tanto por parte da Administração quanto por parte da recorrente, é preciso esclarecer quais as diferenças entre os processos, de modo até a permitir que reste indubitável o que de fato se deve julgar neste processo. Do processo referente ao direito de crédito O processo administrativo que trata do direito de crédito é o de no 10166.015352/9881, no qual se efetua pedido de restituição (fl. 4)2 em 10/12/1998 com base em recolhimentos indevidos de FINSOCIAL (de 14/11/1989 a 20/05/1992 detalhamento à fl. 6), pedido indeferido em 01/02/2000 (com ciência em 10/02/2000 fl. 52). Apresentada manifestação de inconformidade em 17/02/2000 (fls. 53 a 62), a DRJ a julga improcedente em 15/05/2000 (fls. 66 a 70, com ciência em 25/08/2000 fl. 72), em razão de ter decaído o direito de pleitear a restituição. Interposto recurso voluntário em 22/09/2000 (fls. 73 a 85), o então Conselho de Contribuintes, no Acórdão no 20174.513, de 18/04/2001 (fls. 88 a 96), decide, por unanimidade, dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito da contribuinte em ter restituídas ou compensadas as quantias recolhidas em montante superior ao decorrente da aplicação da alíquota de 0,5% (meio por cento) nos recolhimento a titulo de FINSOCIAL, sem prejuízo da atualização monetária (cf. Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n. 8, de 27/06/1997, aplicandose a norma contida no artigo 66 da Lei n. 8.383/1991). Depois do julgamento, a empresa foi intimada para manifestarse sobre compensação de ofício dos créditos daquele processo com débitos constantes em sistemas da RFB e da PGFN em 22/05/2003 (fl. 102), autorizando expressamente a compensação em 20/06/2003 (fl. 105). Em 03/11/1999 a empresa ingressou com ação judicial para compensar FINSOCIAL nos valores pagos com alíquota superior a 0,5% também entre 1989 e 1992 (MS no 1999.34.00.0333668), tendo sido a sentença (em 23/02/2000) no sentido de concessão parcial, autorizando a empresa a compensar créditos de FINSOCIAL eventualmente existentes, sujeitos a verificação mediante prévia solicitação administrativa. A decisão foi mantida em segunda instância (pelo TRF1, em 07/08/2001), com trânsito em julgado em 03/12/2001. Ainda no bojo do processo administrativo no 10166.015352/9881, verificase que, com a ação judicial, o fisco refaz as compensações, adequandoas ao decidido em juízo (em 27/10/2006). Em relação à liquidação administrativa, a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 15/12/2006 (fls. 480 a 485), onde requer que seja tomado em conta também crédito decorrente da ação judicial referente a “PIS” (no 1999.34.00.0056164), por erro fato na informação em DCTF e nas DCOMP (que poderia ser superado com compensações de ofício, na forma dos arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997) e seja recalculada a atualização de valor que entende incorreta. Em despacho de 21/11/2007, a DRJ (fls. 843/844) informa ser incabível a manifestação de inconformidade, estando extinta a fase administrativa referente ao processo (com ciência à empresa em 27/11/2007 fl. 846). Em 21/12/2007 a empresa apresenta nova manifestação de inconformidade, de teor idêntico à anterior (trazendo cópia de peças do MS no 1999.34.00.0056164: inicial, sentença concedendo segurança para deferir o pedido de compensação do que for cobrado a maior da autora, a titulo da contribuição ao PIS, nos termos dos DecretosLeis no 2.445/88 e 2.449/88, com débitos vindouros não só do próprio PIS, como também da COFINS; decisão mantida no TRF1 e restrita, no STJ, a 2 Todos os números de folhas indicados neste item do voto são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos) n. 10166.015352/9881. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 compensações com o próprio “PIS”). A nova manifestação de inconformidade também foi objeto de despacho da DRJ, que informou novamente não haver mais tema administrativo a discutir no processo, em fase de liquidação (fl. 1227, com ciência em 22/01/2009 fl. 1229). Encerrada a discussão administrativa, os débitos foram encaminhados para inscrição em dívida ativa, tendo posteriormente sido acolhido pedido de parcelamento. Em suma, foi esgotada a discussão sobre o direito de crédito, não cabendo ser esta retomada em processo diverso, como o presente, que trata de compensações invocando tal crédito, como se vê a seguir. Dos processos (relevantes) referentes a compensações Há dois processos administrativos referentes a compensações que são relevantes na análise a ser aqui empreendida; o presente (no 14033.000577/200995) e o de no 14033.001618/200707. Como já se destacou, ambos acabaram, por um lapso da fiscalização, analisando as mesmas 40 DCOMP (transmitidas de 30/05/2003 a 31/01/2005). A primeira análise ocorre no processo de no 14033.001618/200707, com o despacho decisório de fls. 314 a 316 (com ciência em 21/02/2008), no qual as 40 DCOMP não são homologadas, visto não haver restado crédito do processo no 10166.015352/9881. Diante da decisão, a empresa interpõe manifestação de inconformidade em 24/03/2008 (fls. 326 a 332), com as mesmas alegações expressas no processo referente ao crédito (tomada em conta de crédito da ação de “PIS”, que por erro de fato não constou nas DCTF/DCOMP e erro de cálculo na atualização). Antes que fosse julgado o processo de no 14033.001618/200707, as 40 DCOMP foram novamente analisadas, desta vez no bojo do presente processo administrativo (no 14033.000577/200995), chegando o despacho decisório, proferido em 31/08/2009 (fls. 86 a 90), à conclusão de que teria havido homologação tácita (art. 74, § 5o da Lei no 9.430/1996) em relação a 30 DCOMP (registradas de 30/05/2003 a 04/08/2004). No mérito, o despacho adota os mesmos fundamentos que o anteriormente proferido em 21/02/2008 (data em que ainda não havia operado homologação tácita para nenhuma DCOMP). Cientificada do despacho decisório em 25/09/2009 (AR à fl. 94), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 27/10/2009 (fls. 96 a 104), com as mesmas alegações utilizadas tanto no processo no 10166.015352/9881 quanto no processo no 14033.001618/200707. Em 18/12/2009 (fl. 311) a empresa desiste da manifestação de inconformidade apresentada no processo no 14033.001618/200707. E em 26/02/2010 (fl. 131), desiste da manifestação de inconformidade apresentada no presente processo (no 14033.000577/200995). Aparentemente não restaria o que julgar em ambos os processos que, recorde se, tratam de análise das mesmas 40 DCOMP. Mas a duplicidade é verificada no despacho de fl. 164, proferido em 25/03/2011. Como providência saneadora, mantémse o primeiro despacho decisório, corretamente emitido no processo no 14033.001618/200707, anulandose o segundo despacho decisório (com ciência à empresa em 13/04/2012), emitido no presente processo, com exclusão dos débitos no sistema de cobrança, e arquivamento. Foram os débitos do processo no 14033.001618/200707 transferidos para o processo administrativo no 18208.067271/201145, ocorrendo a inscrição em dívida ativa em 13/03/2012. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 510 7 O processo no 14033.001618/200707 não foi juntado ao presente, e no sistema eprocessos (verificado em nome da verdade material) percebese que o último despacho proferido (datado de 15/03/2012) é o seguinte: “considerando que os créditos já se encontram inscritos, determino o encaminhamento à atividade ‘Acompanhar processo inscrito’”. Do que resta a discutir no presente processo Tendo em conta que o processo referente ao crédito (no 10166.015352/9881) já é findo administrativamente, não resta dúvida quanto à inexistência de direito creditório. A alegação de que existiria crédito de ação judicial diversa, não invocada tempestivamente por erro de fato, sem que se detalhe especificamente a certeza e a liquidez de tal crédito, ofende o requisito exigido pelo art. 170 do CTN. Não pode haver compensação de ofício se o crédito sequer foi atestado ou quantificado pelo postulante. A compensação de ofício só ocorre quando o crédito resta inequivocamente certificado e quantificado. Ademais, já não se está aqui, nestes autos, a discutir o direito creditório, tema enfrentado no referido processo findo. O processo no 14033.001618/200707 e o presente tratam de análise de compensações invocando tal crédito. Ausente o direito ao crédito, incabíveis as compensações. E o despacho decisório proferido no processo no 14033.001618/200707 não apresenta nenhum erro, sendo ainda correta a inscrição em dívida ativa, diante da desistência da manifestação de inconformidade. Ademais, qualquer contestação ao decidido em tal processo deve ser travada no bojo dele, e não nos presentes autos. Resta então verificar que matéria resta a ser julgada. A última decisão proferida neste processo, que ensejou a peça recursal, foi a anulação do despacho decisório inicialmente proferido, porque analisava matéria que já havia sido objeto de decisão administrativa. Correta assim a anulação, que produz efeitos ex tunc (ao contrário da revogação). Ainda que a DRJ tenha entendido como cabível a rescisão unilateral do pedido de desistência, restariam a analisar somente dois temas: o direito creditório e a homologação tácita. Em relação ao direito creditório, reiterese: já foi objeto de análise em processo findo administrativamente, versando o presente contencioso somente sobre a utilização dos créditos eventualmente deferidos nas 40 DCOMP transmitidas. E no que se refere à homologação tácita, reiterese que é correta a anulação do despacho decisório proferido neste processo, pois não havia transcorrido o prazo de cinco anos quando da apreciação das mesmas 40 DCOMP no processo no 14033.001618/200707. Assim, não se operou homologação tácita de compensação alguma. E a anulação do despacho decisório inicialmente proferido no presente processo (por duplicidade) implica afirmar que não existirá outro despacho a ser proferido, prevalecendo aquele que figura no processo no 14033.001618/200707. Fl. 513DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 O destino do presente processo deve ser, então, o arquivamento. Isso porque o direito de crédito já foi definitivamente discutido nos autos do processo no 10166.015352/98 81, e as compensações já foram analisadas no processo no 14033.001618/200707, atualmente em fase de cobrança. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 514DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10280.901359/2012-01
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte).
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.519
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte). Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte). ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 13 59 /2 01 2- 01 Fl. 956DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte). Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição PER de no 11720.34692.301109.1.1.087226 (fls. 2 a 5)1, com transmissão em 30/11/2009, referente a créditos de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa exportação/2o trimestre de 2008, em valor de R$ 8.664.242,51 (com base no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002), sendo o montante utilizado em compensações R$ 8.403.119,41 (DCOMP de fls. 6 a 9). A análise efetuada pela fiscalização culmina no parecer de fls. 10 a 15 (emitido em 22/05/2012), no qual são informadas as glosas de créditos efetuadas pelo fisco (detalhadas em planilhas anexas): (a) produtos/bens que não são aplicados diretamente no processo produtivo ou são descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento do crédito; (b) serviços considerados pela fiscalização como não utilizados na produção dos bens (Alumina, que é o produto final); (c) bens do ativo imobilizado, considerando as glosas efetuadas no processo administrativo no 10280722272/200965 (com depreciação de 1/48 para as aquisições de maio/2004 a dezembro/2005, e de 1/12 para as aquisições de fevereiro a dezembro/2007); (d) em relação aos meses de abril a junho de 2008, bens que não compõem o ativo imobilizado, bens que não são utilizados diretamente na produção de alumina e bens com descrição incompleta, que não permita a vinculação ao ativo ou ao processo produtivo; e (e) nas notas enquadradas como custos de edificações, foi aplicada sem fundamento a taxa de depreciação de 1/12 (ao invés de 1/24, conforme art. 6 da Lei no 11.488/2007). Com base no parecer é emitido Despacho Decisório (extrato à fl. 738, com ciência à empresa em 18/07/2012, cf. AR de fl. 739), deferindose crédito no montante de R$ 6.388.301,47, homologandose parcialmente a DCOMP, e exigindose o pagamento em relação aos débitos indevidamente compensados, com acréscimos legais. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 957DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901359/201201 Acórdão n.º 3403003.519 S3C4T3 Fl. 957 3 A empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 16/08/2012 (fls. 740 a 789), anexando material explicativo do processo produtivo de alumina (fls.742 a 749, aclarando a função do óleo BPF, do ácido sulfúrico, do oxigênio e da cal, entre outros, além dos serviços portuários e de transporte de rejeitos industriais) e sustentando que: (a) na não cumulatividade (que não foi restrita pelo texto constitucional), geram créditos os custos, despesas e encargos relativos à receita de exportação, e consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços; (b) não foi feita qualquer visita na empresa, dificultando a análise da efetiva aplicação dos bens no processo produtivo; (c) as glosas em relação ao ativo imobilizado sob o fundamento de que a empresa não teria observado as exigências constantes da Lei no 11.196/2005 (depreciação de 1/12 somente em relação às máquinas e equipamentos adquiridos sob o RECAP) não procedem, visto que a empresa, “por uma questão de tempo real de depreciação das máquinas e equipamentos aplicados em seu processo de industrialização, não se apropria de tais créditos automaticamente, de modo que pelas especificidades da impugnante, é evidente que a conduta apontada no parecer seria, como é, impraticável”, e não há por parte do fisco a indicação de quais seriam os prazos corretos; (d) não há uma clara indicação da razão as glosas do ativo imobilizado, nem quais seriam os itens específicos, ao menos referidos em planilha que permita à postulante compreender o porquê da desconsideração; (e) o ativo imobilizado compreende todo o complexo de bens e direitos /ativo patrimonial imprescindível a que a sociedade empresária se mantenha em operação, abarcando edificações, equipamentos, maquinário, e também benfeitorias em locação ou arrendamento, e móveis, utensílios, entre outros, havendo previsão expressa para desconto de créditos em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, ainda que não enquadrados como insumos (incisos VI e VII da Lei no 10.637/2002); e (f) não há disposição normativa que restrinja o aproveitamento dos encargos de depreciação/amortização a partir da utilização do bem. Demanda, por fim, produção de prova pericial, via auditagem suplementar. Em 04/12/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 865 a 877), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade (e da demanda pericial), sob os argumentos de que: (a) o conceito de insumos para as contribuições deriva do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e da IN SRF no 404/2004 (bens com ação direta sobre o produto em fabricação); (b) somente os serviços prestados por pessoa jurídica contribuinte geram créditos, desde que utilizados diretamente na linha de produção da empresa; (c) as glosas em relação ao ativo imobilizado alcançam, de forma geral, produtos não utilizados na produção de bens destinados a venda e bens considerados como edificações, perfeitamente individualizados; e (d) o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado, e às taxas previstas na legislação de regência. Cientificada do acórdão da DRJ em 03/01/2014 (AR de fl. 879), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 30/01/2014 (fls. 880 a 924), basicamente reiterando as considerações expostas na manifestação de inconformidade, acrescentando que: (a) da análise do processo produtivo da empresa e de disposições normativas expressas temse que são considerados como insumos os bens aplicados diretamente na produção (como alumina e fluorita em pó), os combustíveis e lubrificantes (como óleo BPF e GLP) e as partes e peças (de reposição), e os serviços diretamente aplicados ou consumidos no processo produtivo, e de manutenção de máquinas e equipamentos; e (b) insumo é, assim, tudo aquilo que concorre na composição do processo produtivo. Fl. 958DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como relatado de início, o presente processo se refere exclusivamente à Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao 2o trimestre de 2008. Os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados pela turma em diversos processos da mesma recorrente (em que pese existir nos presentes autos haver uma melhor descrição do processo produtivo da empresa): (a) aspectos constitucionais da não cumulatividade; (b) delimitação do conceito de insumo para as contribuições; (c) glosas de bens considerados como insumos; (d) glosas de serviços considerados como insumos; e (e) glosas em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12). Preliminarmente a tais questões, no entanto, cabe efetuar considerações sobre o ônus probatório nos processos referentes a compensação, como o presente. 1. Considerações iniciais O ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Fl. 959DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901359/201201 Acórdão n.º 3403003.519 S3C4T3 Fl. 958 5 Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante o procedimento de fiscalização. Incumbe à empresa a apresentação de prova de vínculo dos bens e serviços ao seu processo produtivo, sendo a visita às instalações da empresa medida que se faz necessária somente no caso de haver dúvidas em relação ao conteúdo probatório apresentado. Da mesma forma, a diligência se presta a esclarecer dúvida do julgador, e não à complementação probatória. Feitos estes esclarecimentos, indeferese, por desnecessária, a realização de perícia no caso concreto. Aproveitase ainda este tópico preliminar para aclarar que as decisões administrativas e judiciais prestamse a auxiliar na formação de convicção de julgador administrativo, mas apenas em alguns casos excepcionais (v.g., as proferidas nas sistemáticas citadas no art. 62A do Regimento Interno deste CARF) efetivamente exercem efeito vinculante no julgamento por este colegiado. Assim, indubitavelmente se toma em conta a jurisprudência apresentada na presente análise, ainda que dela se discorde eventualmente. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF de eventual tese que sustente ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à contribuição, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias Fl. 960DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. Fl. 961DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901359/201201 Acórdão n.º 3403003.519 S3C4T3 Fl. 959 7 3.1. Bens utilizados como insumo Em relação a bens utilizados como insumos, o texto que trata da justificativa para as glosas (fls. 11/12) é extremamente sintético, pelo que merece ser integralmente transcrito: 13) CRÉDITOS DECORRENTES DE BENS INFORMADOS COMO INSUMOS, OBJETO DE GLOSA: Em primeiro lugar cabe realçar que a legislação em vigor estabelece que a pessoa jurídica poderá creditarse em relação a aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, inclusive combustíveis e lubrificantes (art 3º da Lei 10.637/2002).Todavia o bem para ser considerado insumo deve guardar relação com o conceito estabelecido no artigo 8º da IN 404/2004 que considera insumo a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. O contribuinte apresentou uma extensa relação de bens adquiridos utilizados para crédito de PIS. As glosas demonstradas nas planilhas de glosas de Insumos do arquivo correspondente em anexo, são de bens que não se enquadram como Insumos ou são descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento de crédito. Exemplo: Materiais Diversos e Frete. Nota da Planilha Insumos: N Glosa por não enquadramento no conceito de insumo; NSD Glosa por não apresentar descrição ou descrição incompleta; S Crédito aceito.” Vejase que o conceito de insumo adotado pelo fisco (derivado da legislação do IPI) não corresponde ao aclarado no tópico anterior do presente voto. Assim, fazse necessário verificar se os bens glosados são efetivamente necessários à produção de alumina (produto final fabricado pela empresa). Na planilha referente a glosas de bens (fls. 235 a 351 e 352 a 468 abril; fls. 469 a 595 maio; e fls. 596 a 713 junho)2, são relacionados como não enquadrados no conceito de insumos (N): ácido sulfúrico (CFOP compra para industrialização ou produção rural); inibidor de corrosão para tratamento de água potável, dispersante; acetileno, oxigênio, gás argônio, Conhec. Transp. aprovada Ger. Marcílio Santana (CFOP serviço de transporte); Ctrc. Ref. Fornec. Eletrotecnica Wilson (CFOP serviço de transporte); Ctrc. Ref. Fornec. Carbomil Química S/A (CFOP serviço de transporte); thinner e tinta de acabamento (CFOP material de uso e consumo); avental, luvas, lentes para óculos, chuveiro, tonner e cartuchos para impressoras; adesivos, cabos, bicicleta caloi barra forte, alicate, chave de fenda, rolamentos, parafusos, arruelas, e outros materiais de uso e consumo. Na mesma planilha, são ainda glosados por conter descrição incompleta (NSD) os 2 Confessese que é preciso muito boa vontade para verificar a qual categoria está vinculado cada bem no mês de abril, pois a coluna da planilha com o detalhamento da categoria (N, S ou NSD)está em página diferente da referente à descrição do bem. Os bens relacionados à fl. 235, por exemplo, são categorizados à fl. 352. Os relacionados à fl. 236 são categorizados à fl. 353, e assim por diante. Fl. 962DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 bens descritos como: “frete” (sem especificação); “materiais diversos”; e bens sem qualquer descrição. Por certo que em relação a itens descritos como “materiais diversos”, ou “fretes”, ou ainda sequer descritos, resta inviável a identificação com o processo produtivo, tornando carente de comprovação o direito de crédito (a menos que fornecidos pela postulante elementos adicionais, o que não ocorre nestes autos). Também em relação aos materiais de escritório (como cartuchos para impressoras ) e de uso/consumo (como ferramentas ou vestes) não há dúvidas de que assiste razão ao fisco nas glosas. Há que se ter, também, alguma criatividade para imaginar como uma bicicleta caloi barra forte é indispensável à produção de alumina. Expurgando ainda algumas siglas pouco decifráveis (em regra se referindo a fretes não identificados precisamente), restam a analisar somente os produtos químicos: ácido sulfúrico, inibidor de corrosão, dispersante, acetileno, oxigênio e gás argônio. Em todo o arrazoado da empresa sobre seu processo produtivo, no entanto, somente há questionamento específico em relação ao ácido sulfúrico. E entendemos que assiste razão à recorrente, como tem reiteradamente decidido esta Terceira Turma, que já apreciou diversos outros processos da mesma empresa, em relação a idêntico processo produtivo, restando configurado que o ácido sulfúrico se enquadra no conceito de insumo: “A fiscalização considerou o ácido sulfúrico como material de limpeza e consignou na planilha 10 que o inibidor de corrosão e o dispersante de sais são aplicados no tratamento de água potável e no resfriamento de água. (...) A descrição do processo produtivo revela que o ácido sulfúrico tem outras utilidades, além se servir como desincrustante. A limpeza de dutos e trocadores de calor, assim como a desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes são procedimentos necessários para assegurar a eficiência das instalações fabris e a proteção do meioambiente. A empresa incorre em custos ao adotar esses procedimentos. E é inequívoco que esses custos estão umbilicalmente correlacionados com o processo produtivo da alumina, enquadrandose na disposição do art. 290, I do RIR/99. Assim, devem ser afastadas as glosas relativas ao ácido sulfúrico e aos respectivos fretes, uma vez que são insumos que integram o custo de produção (art. 290, I, do RIR/99). Integrando o custo de produção, o valor desses insumos deve ser considerado no cálculo do crédito da contribuição, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03. Quanto aos demais bens descritos na planilha 10 A, tidos pela recorrente como insumos, verificase que em sua maioria não são relacionados ao processo produtivo. (...) Fl. 963DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901359/201201 Acórdão n.º 3403003.519 S3C4T3 Fl. 960 9 Segundo o critério do Fisco, realmente tais produtos não são insumos aptos a gerarem créditos das contribuições, mas pelo critério do custo de produção, que vem sendo adotado pelo CARF, tais produtos poderiam ensejar a tomada do crédito, caso a recorrente tivesse apresentado algum elemento capaz de elidir a glosa efetuada. Caberia à recorrente ter comprovado na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário onde são aplicados e quais as funções desempenhadas pelos produtos, pois a teor do art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72 a impugnação deve ser específica e vir acompanhada dos elementos de prova necessários ao convencimento do julgador. Tendo em vista, que não houve contestação específica em relação aos demais bens relacionados na planilha 10 – A e que os elementos existentes nos autos não permitem identificar nem a função e nem onde são aplicados aqueles produtos, há que se manter a glosa efetuada pela fiscalização.”(voto condutor do Acórdão no 3403001.955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação à matéria, sessão de 20.mar.2013) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.954 e 956) “O Ácido Sulfúrico, conforme explica o Recorrente, é empregado na limpeza dos caloríficos por onde circula o licor enriquecido de alumina, dependendo deste procedimento a manutenção do sistema de trocas térmicas e a estabilidade dos reagentes. (...) Entendo que o contribuinte demonstrou de maneira satisfatória, por meio de sua explicação, a participação destes três bens no processo produtivo. A atuação destes três bens configura o conceito de insumo para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, pois atuam e colaboram no processo produtivo da indústria de alumina, devendose reconhecer o crédito pela sua aquisição. (...) Quanto às demais aquisições de bens, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo precluindo a oportunidade de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário , deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização..” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403002.765) Assim, na linha que já vem adotando esta turma, entendese que são improcedentes as glosas em relação às aquisições de ácido sulfúrico (assim como dos correspondentes fretes, desde que identificados). E, ainda acompanhando a recorrente Fl. 964DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 jurisprudência da turma, mantémse a glosa em relação aos demais itens, não questionados especificamente nas peças de defesa. 3.2. Serviços utilizados como insumo Em relação a serviços utilizados como insumo, são igualmente sintéticas as motivações das glosas (fl. 12), aqui integralmente transcritas: “15) CRÉDITOS DECORRENTENTES (sic) DOS SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS: Serviços glosados por não serem considerados como utilizados diretamente na produção da Alumina (produto final) conforme Planilha de glosas, em anexo.” Entre os serviços glosados (planilha de fls. 714 a 737) estão: revisão em parafusadeira; serviços de hotelaria aos empregados da Alunorte; e serviço descrito como “Secretaria da Receita Federal”. Mas é novamente genérica a defesa. E os únicos serviços especificamente questionados (remoção de resíduos e operações portuárias) não foram objeto de glosa. Diante da ausência de questionamento específico em relação aos itens glosados, considerase, neste tópico, improcedente o recurso voluntário. 3.3. Bens do ativo imobilizado Em relação ao ativo imobilizado, a justificativa da glosa (fls. 12/14), novamente transcrita de forma integral, remete parcialmente a outro processo administrativo (que teve o recurso voluntário recentemente apreciado por esta turma): “16) CRÉDITOS DECORRENTES DO ATIVO IMOBILIZADO: O contribuinte apurou crédito de depreciação em duas modalidades: 1/48 avos para bens adquiridos de Maio/2004 a Dezembro/2005 e 1/12 avos para as aquisições posteriores. Para o trimestre em análise efetuamos glosas da seguinte maneira: a) Considerando glosas realizadas em procedimento fiscal anterior formalizado no Processo 10280.722272/200965 para as aquisições de Maio/2004 a Dezembro/2005 (1/48 avos) e de fevereiro a dezembro de 2007 (1/12 avos) conforme demonstrado abaixo: (...) b) Glosas efetuadas nos meses Abril, Maio e Junho de 2008 (art. 3º da Lei 10.637/2002) Efetuamos glosas conforme planilha DEPRECIAÇÃO em anexo. Referemse tais Notas Fiscais a aquisições de bens enquadrados nas seguintes situações: bens que não compõem o ativo imobilizado, bens do ativo imobilizado que não são utilizados diretamente na produção da Alumina, bens que não foram provados pertencerem ao ativo imobilizado para utilização na produção da Alumina ou com descrição incompleta. Fl. 965DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901359/201201 Acórdão n.º 3403003.519 S3C4T3 Fl. 961 11 Com relação às Notas Fiscais enquadradas como custos de EDIFICAÇÕES embora haja previsão para crédito de PIS no artigo 3º da Lei 10.637/2002 o contribuinte aplicou aos mesmos a taxa de depreciação na modalidade 1/12 avos sem fundamentação legal para tanto. A taxa de depreciação, neste caso, deve ser aplicada em função da vida útil da edificação (§ 1º do Art. 1º da IN 457/2004) ou na modalidade 1/24 avos na hipótese de edificações incorporadas ao ativo imobilizado, adquiridas ou construídas para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (art. 6º da Lei 11.488/2007).” (grifo nosso) Na planilha de fls. 126 a 234, as glosas são codificadas da seguinte forma: NP (para bens do ativo imobilizado que não são utilizados diretamente na produção da Alumina); NA (para bens que não compõe o ativo imobilizado); NSD (para bens em relação aos quais não se provou a configuração de ativo imobilizado para utilização na produção da Alumina ou com descrição incompleta); e EDIF (para edificações). A recorrente não questiona a simples remissão ao outro processo, sem detalhamento da motivação da parcela correspondente das glosas nestes autos, e parece compreender bem a motivação quando se defende da mesma forma que naquele processo, discutindo os dois mecanismos de depreciação (1/48 e 1/12). Mas a defesa é novamente genérica, com reprodução de diversos dispositivos normativos e decisões, sem a eficaz vinculação à situação concreta narrada nos autos. E, reiterese, esta mesma Terceira Turma já apreciou aquele processo administrativo, exatamente em relação à matéria, concluindo que: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04 Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. (...) Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3º, VI, da Lei nº 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação a terceiros ou o Fl. 966DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, (...). É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. (...) O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; Nindica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCDindica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREBindica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não Fl. 967DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901359/201201 Acórdão n.º 3403003.519 S3C4T3 Fl. 962 13 contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo.” (Acórdão no 3403001.954, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.955 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do terceiro e do primeiro trimestres de 2007) Mantémse, assim, novamente o entendimento já firmado na turma, restando hígidas neste tópico as glosas decorrentes efetuadas pelo fisco. Nos itens referentes aos meses de abril a junho de 2008, não assiste melhor sorte à recorrente. Pela simples leitura das listas de glosas (com as correspondentes codificações), percebese que os bens relacionados enquadramse objetivamente em cada uma das categorias descritas pelo fisco (NP, NA, NSD e EDIF). E, ao contrário da fiscalização, que detalha e individualiza as glosas, a recorrente não traz qualquer questionamento específico de item glosado. Quanto às taxas de depreciação para edificações, devem ser aplicadas na forma do art. 3o da Lei no 10.637/2002 (art. 1o, § 1o da IN SRF no 457/2004) ou do art. 6o da Lei no 11.488/2007 (art. 1o, § 2o da IN SRF no 457/2004). A recorrente, em suas peças de defesa, ao invés de discernir as máquinas e equipamentos adquiridos sob o RECAP, simplesmente afirma ser “impraticável” a conduta apontada no parecer, em virtude das especificidades da empresa. Por fim, a regra de que o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado encontra expressa guarida no art. 305, § 2o do RIR (por sua vez derivado de disposição legal Fl. 968DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 art. 57, § 8o da Lei no 4.506//1964): “[A] quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir”. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte). Rosaldo Trevisan Fl. 969DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10280.722268/2009-05
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte), óleo combustível BPF, e serviços de transporte de rejeitos industriais.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.516
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e de óleo combustível BPF, e em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte), óleo combustível BPF, e serviços de transporte de rejeitos industriais. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte), óleo combustível BPF, e serviços de transporte de rejeitos industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 22 68 /2 00 9- 05 Fl. 663DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e de óleo combustível BPF, e em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição PER de no 35361.91866.230807.1.1.086264 (fls. 5 a 8)1, com transmissão em 16/08/2007, referente a créditos de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa exportação/1o trimestre de 2007, em saldo de R$ 6.442.070,58 (com base no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002), sendo o montante utilizado em compensações (DCOMP de fls. 9 a 36, nos valores de R$ 4.867.500,13, R$ 1.266.290,39, R$ 10,33, R$ 1.128,43, R$ 19.278,18, R$ 8.969,73 e R$ 2.043,42). Iniciada a ação fiscal tendente a verificar o direito creditório demandado, em 03/09/2010 (fls. 40/41), a empresa é intimada a apresentar documentos e esclarecimentos, culminando a análise fiscal no relatório de fls. 411 a 415, no qual são relacionadas as glosas de créditos efetuadas pelo fisco (detalhadas em planilhas anexas ao relatório): (a) combustíveis e carvão energético utilizados como energia térmica no aquecimento de caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a Lei no 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007 (os combustíveis/carvão energético utilizados na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agirem diretamente no processo produtivo; (b) produtos/bens que não são aplicados diretamente no processo produtivo; (c) produtos/bens considerados como ativo imobilizado; (d) produtos/bens que não contêm descrição detalhada ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo; (e) fretes referentes aos produtos/bens glosados; (f) serviços considerados pela fiscalização como não utilizados na produção dos bens; e (g) bens do ativo imobilizado que não se enquadram como máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda e edificações. Com base no relatório da fiscalização é emitido o Despacho Decisório de fl. 421 (em 05/12/2011), deferindose crédito no montante de R$ 2.606.465,92, e o Auto de Infração de fl. 419 (com ciência à empresa em 15/12/2011), no valor glosado, de R$ 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 664DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 664 3 3.835.604,67. Em relação às compensações (homologadas parcialmente, o despacho decisório figura à fl. 423. A empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 11/01/2012 (fls. 510 a 545), sustentando que: (a) na não cumulatividade (que não foi restrita pelo texto constitucional), geram créditos os custos, despesas e encargos relativos à receita de exportação, e consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços; (b) não foi feita qualquer visita na empresa, dificultando a análise da efetiva aplicação dos bens no processo produtivo; (c) os custos com transporte de rejeitos são geradores de créditos, pois inerentes às atividades produtivas da empresa, assim como os custos de transporte dos insumos considerados glosados; (d) constituem insumos o óleo BPF (destinado à queima em fornos adequados para calcinação de hidrato e geração de vapor nas caldeiras), o ácido sulfúrico (para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, na neutralização de efluentes cáusticos), inclusive glosado em duplicidade, e o inibidor de corrosão (que forma uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento); (e) há previsão expressa para desconto de créditos em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, ainda que não enquadrados como insumos (incisos VI e VII da Lei no 10.637/2002), embora no caso concreto tais bens sejam efetivamente utilizados na produção de alumina, e o aproveitamento possa ser feito em bases diferenciadas (1/12) para os equipamentos descritos no RECAP e depreciação acelerada para aquisições de bens de capital por empresas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE, cabendo ainda destacar que o fisco considerou indevidamente (sem justificativa) como edificações algumas máquinas e equipamentos; e (f) não houve violação ao REIDI, que reduziu para 24 meses o prazo mínimo para utilização dos créditos decorrentes da aquisição de edificações. Demanda, por fim, produção de prova pericial, via auditagem suplementar. Ainda em 11/01/2012 apresenta a empresa impugnação à autuação (fls. 439 a 474), basicamente sob as mesmas razões utilizadas para desconstituir as glosas. Em 08/02/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 574 a 592), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade e da impugnação (e pela improcedência da demanda por perícia), sob os argumentos de que: (a) o conceito de insumos para as contribuições deriva do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e da IN SRF no 404/2004 (bens com ação direta sobre o produto em fabricação); (b) somente os serviços prestados por pessoa jurídica contribuinte geram créditos, desde que utilizados diretamente na linha de produção da empresa; (c) em relação a ativo imobilizado, as glosas estão todas especificamente motivadas (DT05 glosados em virtude da data de aquisição/emissão nota fiscal ser anterior à previsão legal, que só reconheceu o beneficio para bens adquiridos a partir de 2006; EDIF06 glosados por serem considerados como edificações do ano de 2006; EDIF07 glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007; N glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não serem empregados no processo produtivo do adquirente; NCD glosados por não estarem relacionados no Decreto no 5.789/2006, mencionados no Decreto no 5.988/2006; e NREB glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito), não havendo cerceamento de defesa; (d) o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado; (e) as glosas em relação ao ativo imobilizado não alcançam a totalidade dos valores pleiteados, havendo a autoridade fiscal primeiramente identificado cada uma das glosas Fl. 665DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 efetuadas para, na sequência, refazer o cálculo das parcelas que deveriam ser levadas à base de cálculo do direito creditório, consideradas as depreciações adotadas pelo sujeito passivo; e (f) as glosas em relação a “bens considerados como edificações” estão com a perfeita e individualizada identificação do bem ou serviço glosado (v.g., bens e serviços explicitamente destinados ao setor administrativo ou caracterizados como obras civis, passando por gaveteiros, armários, poltronas, colchões, leitos, serviços de paisagismo e de fornecimento de refeições). Cientificada do acórdão da DRJ em 15/02/2012 (AR de fl. 593), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 16/03/2012 (fls. 595 a 638), basicamente reiterando as considerações expostas na manifestação de inconformidade, e acrescentando que: (a) não há disposição normativa que restrinja o aproveitamento dos encargos de depreciação/amortização a partir da utilização do bem; (b) a Lei no 11.488/2007 não vedou nem autorizou o aproveitamento de créditos em relação ao óleo BPF (ou outro óleo combustível), que já era autorizado pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003; e (c) são relevantes as decisões administrativas/judiciais trazidas aos autos. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como relatado de início, a ação fiscal buscou verificar o direito creditório demandado neste processo e em outros (referentes a “PIS não cumulativo” e a “COFINS não cumulativa”, de 2005 a 2007). O presente processo se refere exclusivamente à Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao 1o trimestre de 2007. Cabe destacar que o processo congênere (de no 10280.722277/200998, referente à COFINS relativa ao 1o trimestre de 2007) foi apreciado por esta Terceira Turma recentemente, acordandose que: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. CRÉDITOS. ÁCIDO SULFÚRICO, FRETES, SERVIÇOS DE REMOÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS. É legítima a tomada de crédito da contribuição nãocumulativa em relação às aquisições de ácido sulfúrico e respectivos fretes, óleo BPF utilizado como combustível e serviços de remoção de lama vermelha, areia e crosta, por integrarem o custo de produção do produto exportado (alumina).”(Acórdão no 3403001.956, Fl. 666DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 665 5 Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, maioria, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.954 e 955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, maioria, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do quarto e do terceiro trimestres de 2007) (nos três julgamentos fui vencido quanto ao reconhecimento de créditos em relação à remoção de resíduos, ao lado do Cons. Robson José Bayerl) Assim, prosseguese na análise do presente processo, destacandose que os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados pela turma nos Acórdãos mencionados: (a) aspectos constitucionais da não cumulatividade; (b) delimitação do conceito de insumo para as contribuições; (c) glosas de bens considerados como insumos (v.g., óleo BPF e ácido sulfúrico); (d) glosas de serviços considerados como insumos (transporte de rejeitos); e (e) glosas em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12). Preliminarmente a tais questões, no entanto, cabe efetuar considerações sobre o ônus probatório nos processos referentes a compensação, como o presente. 1. Considerações iniciais O ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Fl. 667DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante o procedimento de fiscalização. Incumbe à empresa a apresentação de prova de vínculo dos bens e serviços ao seu processo produtivo, sendo a visita às instalações da empresa medida que se faz necessária somente no caso de haver dúvidas em relação ao conteúdo probatório apresentado. Da mesma forma, a diligência se presta a esclarecer dúvida do julgador, e não à complementação probatória. Feitos estes esclarecimentos, indeferese, por desnecessária, a realização de perícia no caso concreto. Aproveitase ainda este tópico preliminar para aclarar que as decisões administrativas e judiciais prestamse a auxiliar na formação de convicção de julgador administrativo, mas apenas em alguns casos excepcionais (v.g., as proferidas nas sistemáticas citadas no art. 62A do Regimento Interno deste CARF) efetivamente exercem efeito vinculante no julgamento por este colegiado. Assim, indubitavelmente se toma em conta a jurisprudência apresentada na presente análise, ainda que dela se discorde eventualmente. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF de eventual tese que sustente ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à contribuição, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Fl. 668DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 666 7 Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 3.1. Bens utilizados como insumo Fl. 669DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 Em relação a bens utilizados como insumos, as glosas efetuadas foram (fl. 412): “10.1 Combustíveis e Carvão Energético utilizados como energia térmica no aquecimento de caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a lei 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007. A utilização de combustíveis/carvão energético utilizados na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agir diretamente no processo produtivo; 10.2 Glosas efetuadas em produtos/bens por não serem aplicados diretamente no processo produtivo; 10.3 Glosas efetuadas nos produtos/bens por serem considerados como ativo imobilizado; 10.4 Glosas efetuadas em produtos/bens por não conterem descrição detalhada do bem ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo; 10.5 Glosa dos fretes referentes aos produtos/bens glosados.” Na planilha 10 (fls. 346 a 353) são detalhadas as glosas de bens, que abrangem: óleo combustível BPF (para geração de vapor das caldeiras para o processo de calcinação do hidrato), ácido sulfúrico (para limpeza ácida dos trocadores de calor e neutralização de efluentes líquidos), e inibidor de corrosão (para tratamento de água potável e resfriamento de água). São ainda glosados os fretes relativos ao transporte de ácido sulfúrico. A empresa alega em sua defesa que consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços. Sobre o tema, remetemos ao entendimento já exarado neste voto a respeito da delimitação do conceito de insumos para as contribuições, reiterando que o insumo gerador de créditos deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. E, nesse contexto, cabe destacar que esta Turma já analisou dois dos itens sobre os quais se defende a empresa (em relação ao mesmo período), concluindo unanimemente que estes são enquadrados no conceito de insumos adotado: “A descrição do processo produtivo permite identificar que o óleo BPF é aplicado no processo produtivo como fonte de energia para a calcinação do hidrato; a areia é utilizada no processo produtivo como elemento filtrante e depois de tratada é descartada como rejeito industrial; a lama vermelha se origina do processamento do underflow e é descartada como rejeito industrial, após ser devidamente tratada; e o ácido sulfúrico é utilizado para desincrustar linhas e trocadores de calor, para neutralizar efluentes e para desmineralizar a água das caldeiras. Na descrição do processo produtivo não foi possível verificar onde são aplicados e nem a função desempenhada pelos produtos inibidor de corrosão, antiespumante e aditivo dispersante. Entretanto, a fiscalização consignou na planilha 10 que a função do aditivo dispersante é eliminar borras do óleo combustível pesado. Fl. 670DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 667 9 O exame da planilha 10 revela que neste processo administrativo a fiscalização só glosou créditos decorrentes das aquisições de ácido sulfúrico, dos respectivos fretes e do óleo BPF. A motivação para a glosa dos fretes foi a mesma utilizada para o ácido, ou seja, o frete foi glosado porque o material transportado, sob a ótica da fiscalização, não tinha aptidão para gerar crédito da contribuição. A fiscalização considerou o ácido sulfúrico como material de limpeza. A descrição do processo produtivo revela que o ácido sulfúrico tem outras utilidades, além se servir como desincrustante. A limpeza de dutos e trocadores de calor, assim como a desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes são procedimentos necessários para assegurar a eficiência das instalações fabris e a proteção do meioambiente. A empresa incorre em custos ao adotar esses procedimentos. E é inequívoco que esses custos estão umbilicalmente correlacionados com o processo produtivo da alumina, enquadrandose na disposição do art. 290, I do RIR/99. Assim, devem ser afastadas as glosas relativas ao ácido sulfúrico e aos respectivos fretes, uma vez que são insumos que integram o custo de produção (art. 290, I, do RIR/99). Integrando o custo de produção, o valor desses insumos deve ser considerado no cálculo do crédito da contribuição, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03. Relativamente ao óleo BPF, não se questiona que ele é aplicado no processo produtivo para calcinar o hidrato. O que se questiona é que sendo ele fonte de energia térmica, a previsão legal para a tomada de crédito só surgiu a partir de junho de 2007 com a publicação da Lei nº 11.488/2007. Não há como se concordar com os argumentos lançados pela autoridade administrativa e nem pela ilustre Procuradora da Fazenda Nacional, pois a interpretação acima é fruto de um equívoco que consiste em confundir a fonte da energia com a própria energia. Vejamos. É certo que a redação original do art. 3º, III, da Lei nº 10.833/03 só previa o crédito em relação à energia elétrica. Entretanto, o art. 3º, II, na mesma redação original, estabelecia o direito de crédito em relação a combustíveis, in verbis: “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) I – omissis...; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes; Fl. 671DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 III energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica;” (Grifei) Com a nova redação do art. 3º da Lei nº 10.833/03, introduzida pela Lei nº 10.488/2007, o inciso III passou a prever o direito de crédito em relação à “energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica.” A empresa, ao adquirir o óleo BPF, está adquirindo um combustível previsto no art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03 e não a energia térmica que passou a ser prevista no inciso III a partir de junho de 2007. E isto é assim porque o óleo BPF para poder gerar o calor necessário à calcinação do hidrato, deve sofrer uma reação química com o oxigênio denominada combustão. É a combustão do combustível (óleo BPF), que se dá na presença do comburente (oxigênio presente na atmosfera), que gera a energia térmica necessária ao processo produtivo. O inciso III na redação da Lei nº 11.488/2007 prevê o direito de crédito em relação à aquisição da energia e não em relação à fonte de energia. Eis aí o equivoco cometido pela fiscalização e pela ilustre Procuradora da Fazenda Nacional. Tratandose as aquisições de óleo BPF de aquisições de combustível e não de energia térmica, o crédito no trimestre em questão tem amparo no art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03 na redação vigente à época dos fatos, devendo ser revertida a glosa efetuada pela fiscalização. Quanto aos demais bens descritos na planilha 10 A, tidos pela recorrente como insumos, verificase que em sua maioria não são relacionados ao processo produtivo. Após a leitura da descrição do processo de fabricação da alumina, é de clareza vítrea que torneiras para jardim, ferramentas manuais, ferramentas intercambiáveis, trenas, tábuas de passar, lixeiras para a sala de RH, pilha alcalina AAA, bateria automotiva, etc, não são insumos aplicados no processo produtivo, não sendo aptos a gerarem créditos da contribuição. A mesma planilha relaciona alguns poucos bens que geram dúvidas quanto a integrarem ou não o custo de produção. Entretanto, a descrição do processo produtivo não permitiu identificar onde esses bens são aplicados e nem a função que desempenham. Estão nesta classe de produtos: a espuma de poliuretano e guarnição esponjosa, a roda cortadora para aço e ferro, disjuntores e transformador de comando. A fiscalização considerou que esses produtos não são insumos porque não se desgastam ou perdem suas propriedades físicas ou químicas mediante ação direta do produto em fabricação. Segundo o critério do Fisco, realmente tais produtos não são insumos aptos a gerarem créditos das contribuições, mas pelo critério do custo de produção, que vem sendo adotado pelo CARF, tais produtos poderiam ensejar a tomada do crédito, caso a recorrente tivesse apresentado algum elemento capaz de elidir a glosa efetuada. Fl. 672DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 668 11 Caberia à recorrente ter comprovado na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário onde são aplicados e quais as funções desempenhadas pelos produtos, pois a teor do art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72 a impugnação deve ser específica e vir acompanhada dos elementos de prova necessários ao convencimento do julgador. Tendo em vista, que não houve contestação específica em relação aos demais bens relacionados na planilha 10 A e que os elementos existentes nos autos não permitem identificar nem a função e nem onde são aplicados aqueles produtos, há que se manter a glosa efetuada pela fiscalização.” (voto condutor do Acórdão no 3403001.956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação à matéria, sessão de 20.mar.2013) Em relação ao terceiro item (inibidor de corrosão), a glosa é fundamentada no fato de a aplicação ser em água potável, e não em água destinada ao processo produtivo. Na manifestação de inconformidade a empresa até alega (fl. 514) que o inibidor de corrosão é utilizado para “formar uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento”. Mas sequer esta informação é renovada em sede de recurso voluntário, restando carente de questionamento específico tal item. Assim, mantenho o entendimento externado pela turma no referido julgamento, reconhecendo o direito ao crédito em relação às aquisições de ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e óleo combustível BPF. Não havendo questionamento específico, mantémse a glosa em relação aos demais itens. 3.2. Serviços utilizados como insumo Em relação a serviços utilizados como insumo, as glosas são as seguintes (fl. 412): “CRÉDITOS DECORRENTES DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS (Ficha 06A/03): Pela análise dos arquivos magnéticos recebidos, referente a aquisição de serviços, constatamos a existência de Serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção dos bens, conforme detalhamento das glosas relacionadas nas planilhas 08 e 09, anexas.” Na planilha 8 (fls. 342 e 343) são detalhadas as glosas de serviços, que abrangem troca de telha e montagem/desmontagem de andaimes, entre outros, não questionados especificamente pela defesa, restrita aos serviços de transporte de rejeitos industriais. E no único serviço especificamente questionado assiste razão à recorrente, conforme também já assentado unanimemente por esta turma recentemente. Transcrevase excerto do julgamento que resultou no Acórdão no 3403002.764, no qual passamos a acolher a possibilidade de crédito em relação à remoção de resíduos, reformando posicionamento anterior, adotado nos Acórdãos no 3403001.954, 955 e 956: Fl. 673DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 “Deve ser reconhecido o direito de crédito em relação ao pagamento pela prestação de serviço de remoção de rejeitos industriais, visto que tal atividade deve ser considerada como inserida no contexto da produção, tal como sustenta o Recorrente (fl. 464/465). Entendo que assiste razão ao Recorrente, pois os serviços de transporte dos resíduos industriais configuram atos que viabilizam e integram a atividade produtiva. Não apenas o transporte de matériaprima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime nãocumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Walber José da Silva, j. 02.06.2008). Entendo, pois, que deve ser reconhecido o direito de crédito em relação aos serviços de remoção de resíduos em questão. Quanto às demais aquisições de serviços, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo –precluindo a oportunidade de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário, deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização.” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) Assim, novamente mantenho o entendimento externado pela turma, reconhecendo o direito ao crédito em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais, mantendose a glosa em relação aos serviços não especificamente questionados pela defesa. 3.3. Bens do ativo imobilizado Em relação ao ativo imobilizado, as motivações para as glosas (efetuadas em relação a bens com depreciação de 1/48 e de 1/12 foram, respectivamente (fls. 413/414): 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4 (quatro anos) correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de Fl. 674DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 669 13 aquisição do bem (Lei no 10.833/2003, art 3o , § 14, introduzido pela Lei no 10.865, art. 21 e Instrução Normativa SRF no 457/2004, art. 1, inciso I do § 2o e art. 2o, § 2o, e inciso II do caput). Através (sic) dos arquivos magnéticos referentes a aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como maquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separandoos em duas categorias: 1) Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados à venda. 2) Máquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. (...) Em relação à construção da Expansão II, o contribuinte informou que a mesma (sic) só entrou em operação a partir de janeiro de 2006 e a Expansão III somente em 2008. (...) 13.2 Por aproveitamento do crédito no prazo de 12 (doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a l/12 (um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam. (Lei 11.196/2005, art 31, e Decreto no 5.988/2006). Após analise dos arquivos contendo listagem dos bens com aproveitamento de crédito no prazo de 12 (doze) meses, constatamos diversas irregularidades na utilização dos referidos créditos. Elaboramos a Planilha 07D onde constam todas as glosas efetuadas e as planilhas 07E, 07F e 07G resumindo os valores glosados. Abaixo segue codificação adotada para as glosas efetuadas na planilha 07D: DT05 Glosados em virtude da data de aquisição(emissão nota fiscal) ser anterior a previsão legal que só reconheceu o benefício para bens adquiridos a partir de 2006 EDIF06 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2006. EDIF07 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007. Fl. 675DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 N Glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo do adquirente. NCD Glosados por não estarem relacionados no Decreto 5.789/2006 mencionado no Decreto no 5.988/2006. NREB Glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito.” (grifo nosso) O primeiro grupo de glosas (depreciação de 1/48 Lei no 10.833/2003, art. 3o, § 14) é detalhado nas planilhas 01 a 07B (fls. 99 a 210). De fato, compulsando as planilhas percebese que os objetos das glosas são bens destinados a atividades administrativas (v.g., mesa de reunião, gaveteiro, armário, colchão, leitos e poltronas) ou tratamse de obras civis, não atendendo aos pressupostos da matriz legal (serem máquinas e equipamentos e destinarem se ao processo produtivo). No segundo grupo de glosas (depreciação de 1/12 Lei no 11.196/2005, art. 31), a fiscalização expõe que ocorreram diversas irregularidades, detalhadas nas planilhas de fls. 211 a 341, dividindoas em seis grupos: aquisição anterior à vigência da base legal; edificações de período posterior (2006 e 2007); ausência de qualificação como bens do ativo imobilizado ou empregados no processo produtivo; falta de previsão no decreto regulamentador; e vendas equiparadas a exportações. E a recorrente, em ambos os casos, apresenta defesa genérica, não apontando objetivamente elementos que levariam a comprovar a adequação ao comando legal, ou sequer suscitar dúvida quanto ao registrado pelo fisco. São reproduzidos diversos dispositivos normativos e decisões, mas a defesa não consegue vinculálos de forma eficaz à situação concreta narrada nos autos. Como destacou o julgador de piso, “não foi a autoridade fiscal, mas sim a contribuinte que não se desincumbiu do ônus mínimo de demonstrar razões de fato e de direito que pudessem corroborar suas afirmações”. E a regra de que o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado encontra expressa guarida no art. 305, § 2o do RIR (por sua vez derivado de disposição legal art. 57, § 8o da Lei no 4.506//1964): “[A] quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir”. Também em relação a tal tema já se manifestou esta Turma no processo congênere de COFINS relativa ao mesmo período, chegando às mesmas conclusões que aqui externamos: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04 Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. (...) Fl. 676DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 670 15 Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3º, VI, da Lei nº 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação a terceiros ou o emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, (...). É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. (...) O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: Fl. 677DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; Nindica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCDindica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREBindica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo.” (Acórdão no 3403001.956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.954 e 955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do quarto e do terceiro trimestres de 2007) Mantémse, assim, novamente o entendimento já firmado na turma, restando hígidas neste tópico as glosas efetuadas pelo fisco. 4. Considerações finais Cabe destacar derradeiramente que o presente processo inclui ainda um Auto de Infração (fl. 419). A autuação, no montante de R$ 3.835.604,67 (não há indicação de multas ou juros) só é mencionada na referida folha, e foi expressamente lavrada “em obediência ao Fl. 678DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 3403003.516 S3C4T3 Fl. 671 17 disposto no art. 9o, § 4o do Decreto no 70.235/72”. Tal dispositivo, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009, dispõe: “Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (...) § 4o O disposto no caput deste artigo aplicase também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário”. Matematicamente, percebese que o valor da autuação (R$ 3.835.604,67) corresponde exatamente (em verdade, com diferença de um centavo) ao crédito pleiteado no PER de fls. 5 a 8 (R$ 6.442.070,58) subtraído do valor homologado das compensações pelo despacho de fl. 421 (R$ 2.606.465,92). Ou seja, equivale ao valor glosado de créditos. E se a empresa não detém os créditos, a providência a ser adotada pelo fisco é a não efetivação do ressarcimento ou da restituição. Caso já tenham os créditos sido utilizados em compensação declarada, mas não homologada, ainda assim não haveria que se falar em lançamento, mas na providência referida no art. 74, §§ 6o a 9o da Lei no 9.430/1996 (encaminhamento para inscrição em dívida ativa). Assim, entendese que, pelo próprio fundamento adotado (art. 9o, § 4o do Decreto no 70.235/72), não se está efetivamente exigindo crédito tributário, mas tão somente registrando o valor glosado. Não trata, portanto, o presente processo de exigência de crédito tributário, mas de análise de PER (no montante de R$ 6.442.070,58) e de DCOMP (valores de R$ 4.867.500,13, R$ 1.266.290,39, R$ 10,33, R$ 1.128,43, R$ 19.278,18, R$ 8.969,73 e R$ 2.043,42), com parcial deferimento na unidade local, como exposto. Entendimento diverso levaria ou a duplicidade de exigência ou a exigência via lançamento de crédito confessado. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e de óleo combustível BPF, e em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais. Rosaldo Trevisan Fl. 679DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 Fl. 680DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
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