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Turma Camara- Quarta Câmara (29)
- ROSALDO TREVISAN (36)
- 2012 (36)
Numero do processo: 11065.003746/2008-01
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 15/06/2004 a 15/07/2004
Ementa: COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. A legislação que regula a compensação é a vigente à data do encontro de contas entre os recíprocos débito e crédito, como reconhece a jurisprudência do STJ, materializada na data da transmissão da declaração de compensação (DCOMP). COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE TERCEIRO. VEDAÇÃO LEGAL. É legalmente vedada (art. 74 da a Lei no 9.430(1996) a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos aos tributos e contribuições administrados pela RFB, com créditos de terceiros.
Numero da decisão: 3403-001.746
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim - Presidente. Rosaldo Trevisan - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. A legislação que regula a compensação é a vigente à data do “encontro de contas” entre os recíprocos débito e crédito, como reconhece a jurisprudência do STJ, materializada na data da transmissão da declaração de compensação (DCOMP). COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE TERCEIRO. VEDAÇÃO LEGAL. É legalmente vedada (art. 74 da a Lei no 9.430/1996) a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos aos tributos e contribuições administrados pela RFB, com créditos de terceiros. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 37 46 /2 00 8- 01 Fl. 219DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente processo sobre declarações de compensação (DCOMP) com utilização de créditos decorrentes de Ação Judicial (no 2002.04.02.0034061 execução de precatório por terceiro empresa Pedrasul Construtora LTDA, CNPJ no 89.724.504/000168), tendo ocorrido reconhecimento judicial do crédito em ação impetrada pelo terceiro, com trânsito em julgado em 18/06/2001. As 2 DCOMP apresentadas (transmitidas em 15/6/2004, e 15/7/2004, e reproduzidas, respectivamente, às fls. 3 a 5, e 6 a 8) indicam ser o crédito decorrente de ação judicial (no 8700027308) que visou à recuperação de importâncias pagas a maior de IR e PIS, no exercício de 1983. O crédito decorrente da ação judicial (R$ 119.048,51) é utilizado para compensação com COFINS não cumulativa referente a mai/2004 (R$ 60.835,39), e a jun/2004 (R$ 58.475,74). A analisar as DCOMP, à luz da documentação apresentada pela recorrente (cópias das peças processuais judiciais às fls. 15 a 66), a Delegacia da Receita Federal em Novo Hamburgo entendeu, com base no Parecer DRF/NHO/SECAT no 67/2009 (fls. 67 a 70) ser ilegítima a compensação dos débitos da recorrente com com os créditos do terceiro, em função do disposto no art. 74 da Lei no 9.430/1996 (com a redação dada pela Lei no 10.637/2002), que restringe a compensação a débitos próprios. Cientificada da decisão em 17/3/2009 (AR às fls. 81), a recorrente apresenta em 15/4/2009 (fls. 82 a 99, com documentos anexos às fls. 100 a 173) Manifestação de Inconformidade, sustentando que: (a) adquiriu créditos advindos do processo no 8700027308, reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado; (b) os créditos adquiridos foram transferidos ao patrimônio da recorrente (cessionária), que passou a ser o sujeito ativo da relação processual (por decorrência, os créditos não são mais de terceiros); (c) houve o cancelamento do precatório (sem recurso interposto pela União) e a sua conversão em renda para a União Federal, a qual, portanto, já recebeu os valores, não podendo cobrar novamente o tributo da recorrente; (d) a cessão de créditos foi avalizada pelo Poder Judiciário, e os valores já estão de posse da União Federal; e (e) a legislação vigente à época do crédito (que não fazia restrição à compensação com créditos adquiridos por cessão) é que deve incidir para fins de autorização da compensação. A Manifestação de Inconformidade foi apreciada em 30/8/2011, pela DRJ/Porto Alegre (fls. 175 a 177), que concluiu, em síntese, que: Fl. 220DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11065.003746/200801 Acórdão n.º 3403001.746 S3C4T3 Fl. 220 3 (a) a compensação tributária é regida pela legislação vigente no momento do encontro de contas (no caso, transmissão das DCOMP), conforme assentado pelo STJ, e não pela vigente no momento do pagamento; (b) na decisão da ação originária do crédito, foi concedido o direito à impetrante (Pedrasul Construtora LTDA, CNPJ no 89.724.504/000168) de repetir o valor, não de compensar com outros tributos, muito menos débitos de terceiros; (c) o sujeito passivo, de acordo com a Lei no 9.430/1996, deve apurar o crédito e utilizálo na compensação de débitos próprios, e, conforme fartamente demonstado nos autos, a recorrente não apurou o crédito; e (d) a IN SRF no 210/2002, vigente à época da apresentação das DCOMP, já vedava expressamente, em seu art. 30, a compensação com créditos de terceiros, vedação mantida na legislação posterior. Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 189, com data de recebimento indicada como 7/10/2011), a autuada posta em 3/11/2011 seu RECURSO VOLUNTÁRIO (fls. 192 a 213), reiterando a argumentação exposta nas peças recursais anteriores, e adicionando que a Emenda Consitucional no 62/2009 convalidou todas as compensações já efetudas pelos credores (originários ou cessionários) com débitos vencidos até 31/10/2009. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. O presente contencioso trata basicamente: (a) da aplicação das leis tributárias no tempo, especificamente no caso de compensação; e (b) da possibilidade (ou impossibilidade) de compensação utilizandose de precatório decorrente de crédito tributário apurado por empresa diversa da recorrente. A seguir, são analisados estes dois tópicos essenciais à solução do litígio apresentado no presente processo. Da aplicação das leis tributárias no tempo, no caso de compensação Fl. 221DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 O STJ já definiu a questão da aplicação no tempo da legislação sobre compensação, na sistemática dos recursos repetitivos, ao analisar a possibilidade de superveniência de regra restritiva à compensação (especificamente a do art. 170A do CTN): “TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. LEI APLICÁVEL. VEDAÇÃO DO ART. 170A DO CTN. INAPLICABILIDADE A DEMANDA ANTERIOR À LC 104/2001. 1. A lei que regula a compensação tributária é a vigente à data do encontro de contas entre os recíprocos débito e crédito da Fazenda e do contribuinte. Precedentes. 2. Em se tratando de compensação de crédito objeto de controvérsia judicial, é vedada a sua realização "antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial", conforme prevê o art. 170A do CTN, vedação que, todavia, não se aplica a ações judiciais propostas em data anterior à vigência desse dispositivo, introduzido pela LC 104/2001. Precedentes. 3. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08.” 1 (grifos nossos) Aliás, o Ministro relator do processo aproveita o voto para esclarecer o que alguns vinham interpretando como mudança de entendimento da corte no que se refere à aplicação temporal dos critérios para compensação. Por isso, vale transcrever abaixo significativo excerto do voto do relator em tal processo: “É certo que o suporte fático que dá ensejo à compensação tributária é a efetiva existência de débitos e créditos recíprocos entre o contribuinte e a Fazenda, a significar que, inexistindo um desses pilares, não nasce o direito de compensar. Daí a acertada conclusão de que a lei que regula a compensação é a vigente à data do "encontro de contas", entre os recíprocos débito e crédito, como reconhece a jurisprudência do STJ (v.g.: EResp 977.083, 1ª Seção, Min. Castro Meira, DJe 10.05.10; EDcl no Resp 1126369, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJe de 22.06.10; AgRg no REsp 1089940, 1ª Turma, Min. Denise Arruda, DJe de 04/05/09). É importante não confundir esse entendimento com o adotado pela jurisprudência da 1ª Seção, a partir do Eresp 488.452 (Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 07.06.04), precedente que, às vezes, é interpretado como tendo afirmado que a lei aplicável à compensação é a da data da propositura da ação. Não foi isso o que lá se decidiu, até porque, para promover a compensação tributária, não se exige o ajuizamento de ação. O que se decidiu, na oportunidade, após ficar historiada a evolução legislativa ocorrida nos anos anteriores tratando da matéria de compensação tributária, foi, conforme registrou a ementa, simplesmente que: "6. É inviável, na hipótese, apreciar o pedido à luz do direito superveniente, porque os novos preceitos normativos, ao mesmo tempo em que ampliaram o rol das espécies tributárias compensáveis, condicionaram a realização da compensação a 1 REsp 1.164.452MG, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, unânime, julgado em 25.ago.2010. Fl. 222DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11065.003746/200801 Acórdão n.º 3403001.746 S3C4T3 Fl. 221 5 outros requisitos, cuja existência não constou da causa de pedir e nem foi objeto de exame nas instâncias ordinárias". Em outras palavras, o que se disse é que não se poderia julgar aquela causa, então em fase de embargos infringentes, à luz do direito superveniente à propositura da demanda. De modo algum se negou a tese de que a lei aplicável à compensação é a vigente à data do encontro de contas. Pelo contrário, tal tese foi, na oportunidade, explicitamente afirmada no item 4 do voto que proferi como relator. Mais: embora julgando improcedente o pedido, ficou expressamente consignada a possibilidade da realização da compensação à luz das normas (que não as da data da propositura da ação) vigentes quando da efetiva realização da compensação (ou seja, do encontro de contas). Assim, improcedente a argumentação da recorrente no sentido da aplicabilidade da legislação vigente à época do recolhimento indevido ou a maior. Ademais, endossese o posicionamento do julgador a quo no sentido de que “se fôssemos adotar a data de apuração do crédito, em 1983, boa parte da legislação citada pela própria empresa a fundamentar a compensação pleiteada não existiria”. Da impossibilidade de compensação com crédito de terceiro Ao tempo das declarações de compensação apresentadas, a matéria era basicamente disciplinada pelo art. 74 da a Lei no 9.430/1996 (com a redação dada pela Lei no 10.637/2002), transcrito abaixo, e pela Instrução Normativa SRF no 210/2002, cujo art. 30 também se reproduz abaixo: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.”(grifos nossos) “Art. 30. É vedada a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, com créditos de terceiros. Parágrafo único. A vedação a que se refere o caput não se aplica ao débito consolidado no âmbito do Refis ou do parcelamento a ele alternativo, bem assim aos pedidos de compensação formalizados perante a SRF até 7 de abril de 2000.”(grifos nossos) Não há como interpretar, a partir da leitura dos textos acima, que a recorrente tenha o direito à compensação, pois não foi ela quem apurou crédito (e sim um terceiro, a empresa Pedrasul Construtora LTDA, CNPJ no 89.724.504/000168). Fl. 223DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 O legislador expressamente vedou a compensação com créditos de terceiros. E tal vedação tem acolhida na jurisprudência do STJ: “COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. RECURSO DE INCONFORMIDADE. ART. 74, §11, DA LEI 9.430/96. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE TRIBUTÁRIA. ARTIGO 151, III, DO CTN. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. I Os artigos 151, III, do CTN e 74, § 11, da Lei nº 9.430/96, que determinam a suspensão da exigibilidade tributária quando houver manifestação de inconformidade do contribuinte, não se aplicam na hipótese de utilização de créditos tributários de terceiros, haja vista que as leis reguladoras do processo tributário não autorizam tal aproveitamento. Precedentes: REsp nº 653.553/MG, Rel. Min. DENISE ARRUDA, DJ de 13.09.2007 e REsp nº 677.874/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON , DJ de 24.04.2006. II "O art. 74 da Lei n. 9.430, de 1996, redação da Lei n. 10.037, de 2002, determina que os créditos apurados perante a Secretaria de Receita Federal só poderão ser utilizados na compensação de débitos próprios e não de terceiros". (REsp nº 939.651/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ de 27.02.2008). III O artigo 170 do CTN está plasmado no sentido de somente admitir que se proceda ao encontro de contas entre créditos fiscais com créditos do próprio sujeito passivo, não fazendo qualquer alusão à possibilidade do aproveitamento de créditos de terceiros na compensação tributária.” 2 (grifos nossos) “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. (...). COMPENSAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE NO MOMENTO DO ENCONTRO DE CONTAS. CRÉDITO DE TERCEIRO. CRÉDITOPRÊMIO DE IPI. CESSÃO. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. O processamento da compensação subordinase à legislação vigente no momento do encontro de contas, sendo vedada a apreciação de eventual pedido de compensação ou declaração de compensação com fundamento em legislação revogada ou superveniente. 3. Com o advento da Lei 10.637/02, passouse a utilizar a data da transmissão da declaração de compensação (PER/DCOMP), já que "[a] compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação" (art. 74, § 2º, da Lei 9.430/96). 4. No caso, buscase compensar crédito de terceiro, referente ao benefício fiscal do créditoprêmio de IPI. Incidência das alíneas "a" e "b" do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei 9.430/96, incluídas pela Lei 11.051, de 2004. 2 REsp 106.8830 RS, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, unânime, julgado em 12.ago.2008. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11065.003746/200801 Acórdão n.º 3403001.746 S3C4T3 Fl. 222 7 5. "A compensação de crédito tributário só pode ser feita pela empresa que obteve a sua certificação judicial. Impossível a sua utilização por terceiro, em conseqüência de negócio jurídico de cessão celebrado. O art. 74 da Lei n. 9.430, de 1996, redação da Lei n. 10.037, de 2002, determina que os créditos apurados perante a Secretaria de Receita Federal só poderão ser utilizados na compensação de débitos próprios e não de terceiros" (REsp 939.651/RS, Rel. Min. José Delgado, DJU 27.02.08).” (grifos nossos) 3 A acolhida se estende a esta Corte Administrativa, destacandose os seguintes julgados recentes: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 10/02/2004 Ementa: COMPENSAÇÃO. DÉBITOS PRÓPRIOS CRÉDITOS DE TERCEIROS. VEDAÇÃO É vedada a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, com créditos de terceiros. (...). Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido” 4 (grifos nossos) “(...) COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. CRÉDITOS OBJETO DE CESSÃO. MANTIDA NATUREZA DE TERCEIRA. IMPOSSIBILIDADE DE USO NOS PROCEDIMENTOS DE COMPENSAÇÃO. Os créditos referentes a obrigações tributárias oriundas de fatos geradores praticados por sujeito distinto daquele que os adquiriu por meio de cessão, por continuarem sendo de terceiros, não podem ser utilizados nos procedimentos de compensação tributária. A cessão de crédito, nos termos do Código Civil, não descaracteriza o crédito como sendo de terceiros para fins de compensação. Deve haver identidade subjetiva entre o contribuinte que deu causa ao fato gerador originário da obrigação tributário e aquele que pleiteia a compensação junto ao Fisco. O art. 74 da Lei nº 9.430/1996 veda expressamente a utilização de créditos de terceiros. (...)”. (grifos nossos) 5 Improcedente, assim, nesse aspecto, a compensação pleiteada. Por derradeiro, cabe analisar questão trazida aos autos no Recurso Voluntário, no sentido de que o art. 6o da Emenda Consitucional no 62/2009 teria convalidado todas as compensações já efetudas pelos credores (originários ou cessionários) com débitos vencidos até 31/10/2009. Vejase inicialmente o que dispõe o referido artigo: 3 REsp 112.1045RS, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, unânime, julgado em 6.out.2009. No mesmo sentido: STJ, REsp 993.925RS, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, unânime, julgado em 5.ago.2010); e STJ, AgRg no REsp 103.2091PR, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 24.mar.2009. 4 Acórdão 3803002.301, Terceira Turma Especial, Terceira Se~ção, Rel. Cons. João Alfredo Eduão Ferreira, Sessão de 24,jan.2012. 5 Acórdão 2301002.517, Terceira Câmara, Segunda Seção, Rel. Cons. Leonardo Henrique Pires Lopes, unânime em relação ao excerto, Sessão de 18.jan.2012. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 “Art. 6º Ficam também convalidadas todas as compensações de precatórios com tributos vencidos até 31 de outubro de 2009 da entidade devedora, efetuadas na forma do disposto no § 2º do art. 78 do ADCT, realizadas antes da promulgação desta Emenda Constitucional”. (grifo nosso) Observese, agora, o conteúdo do referido art. 78 do ADCT: “Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na data de promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000) (...) § 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)” (grifos nossos) A simples leitura conjunta dos dispositivos leva ao inequívoco entendimento de que não se está a tratar da situação narrada nestes autos. Vejase, v.g., que não consta no presente processo informação de que eventual prestação anual referente a precatórios tenha deixado de ser liquidada. Assim, de acordo com a legislação vigente à época da solicitação, não se pode autorizar a compensação pleiteada. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Rosaldo Trevisan Fl. 226DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 13896.000058/2007-42
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/08/2006
Ementa:
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS.
Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep.
AFASTAMENTO ADMINISTRATIVO DE NORMA INCONSTITUCIONAL. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS DE AUTORIZAÇÃO.
Há vedação ao afastamento administrativo de norma por inconstitucionalidade (art. 26-A do Decreto no 70.235/1972 e Súmula CARF no 2). Excepcionalmente, a norma inconstitucional pode ser administrativamente afastada nas hipóteses referidas no § 6o do art. 26-A do Decreto no 70.235/1972.
Numero da decisão: 3403-001.774
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em, negar provimento ao recurso.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. AFASTAMENTO ADMINISTRATIVO DE NORMA INCONSTITUCIONAL. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS DE AUTORIZAÇÃO. Há vedação ao afastamento administrativo de norma por inconstitucionalidade (art. 26A do Decreto no 70.235/1972 e Súmula CARF no 2). Excepcionalmente, a norma inconstitucional pode ser administrativamente afastada nas hipóteses referidas no § 6o do art. 26A do Decreto no 70.235/1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em, negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 00 58 /2 00 7- 42 Fl. 113DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre pedido de restituição e compensação referente a contribuições para o PIS/Pasep, que entende a recorrente ter recolhido indevidamente no período de outubro de 2004 a agosto de 2006, em virtude de inclusão do ICMS na base de cálculo da referida contribuição. A análise do pedido foi efetuada pelo Parecer SEORT/DRF/OSA no 74/2007 (fls. 37 a 45), no qual não se reconheceu o direito creditório e não se homologou quaisquer compensações feitas pelo contribuinte, sustentandose que: (a) o montante relativo ao ICMS compõe o faturamento, ou, digase, receita bruta da empresa, e dessa forma integra a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep; (b) se fosse aceita a tese da exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, estarseia alterando o conceito de faturamento para algo próximo ao conceito de lucro, transgredindo o exigido pelo art. 110 do CTN, que veda a alteração da definição, do conteúdo ou alcance dos institutos, conceitos e formas do direito privado utilizados na Constituição; (c) o pedido de restituição/compensação deve ser desconsiderado pois o contribuinte não utilizou o Programa PER/DCOMP para formulação (arts. 31 e 76 da IN SRF no 600/2005); e (d) a contribuição para o PIS/Pasep é tributo cujo encargo financeiro é transferido para terceiros (art. 166 do CTN), e que inexiste documento comprobatório de que a interessada assumiu o encargo financeiro relativo à contribuição, ou de que está expressamente autorizada por quem assumiu o referido encargo. Cientificado da decisão em 13/02/2007 (AR às fls. 47), o contribuinte apresenta manifestação de inconformidade (fls. 48 a 65) em 08/03/2007, pedindo a suspensão da exigibilidade dos débitos objeto das declarações de compensação anexadas aos autos e alegando, em síntese, que: (a) o fato gerador da contribuição para o PIS/Pasep é o faturamento e este deve ser restrito àquilo que o contribuinte fatura, não podendo ser ampliado o conceito para incluir o faturamento obtido por outra pessoa, como é o caso do ICMS que é faturado pelo Estado; Fl. 114DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13896.000058/200742 Acórdão n.º 3403001.774 S3C4T3 Fl. 113 3 (b) admitir que o ICMS faça parte da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep fere o princípio da capacidade contributiva e tem efeito confiscatório; (c) não pode a lei que instituiu a contribuição para o PIS/Pasep alterar o conceito de faturamento utilizado expressamente na Constituição Federal, conforme previsão do art. 110 do CTN; (d) fere o direito de petição previsto no art. 5o, XXXIV, “a”, da Constituição Federal, a desconsideração do pedido de restituição/compensação pela não utilização do programa PERD/COMP (art. 31 e 76 da IN SRF no 600/2005); e (e) contribuição para o PIS/Pasep é tributo direto, ao qual não se aplica o disposto no art. 166 do CTN. A manifestação de inconformidade foi apreciada em 23/10/2007, pela DRJ/Campinas (fls. 76 a 78), que não reconheceu o direito creditório em litígio e não homologou a compensação, mantendo a integralidade dos débitos, asseverando que: (a) a suspensão da exigibilidade dos débitos objeto do presente pleito independe de manifestação administrativa, posto que decorre de disposição legal; (b) apesar de o Parecer SEORT/DRF/OSA no 74/2007 ter proposto a desconsideração do pedido de restituição/compensação feito em desconformidade com a IN SRF no 600/2005, o Despacho Decisório de fls. 43/44 não fez referência a essa questão, indeferindo no mérito o pleito de restituição, e não homologando a compensação; (c) o contribuinte tem legitimidade para pedir a repetição de indébitos referentes à contribuição para o PIS/Pasep, pois essa contribuição não é um tributo que comporte, por sua natureza, transferência jurídica do respectivo encargo financeiro; (d) a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep é o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica, entendida esta como a totalidade das receitas auferidas, sendo irrelevantes o tipo de atividade exercida e a classificação contábil adotada (Leis no 9.718/1998, no 10.637/2002, e no 10.833/2003); (e) a Lei no 9.718/1998 expressamente permite a exclusão do ICMS Substituição da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, deixando claro, a contrario sensu, que o ICMS devido pela interessada compõe a base de cálculo da referida contribuição; e (f) é defeso aos órgãos administrativos apreciar a inconstitucionalidade de lei, ainda que sob o pretexto de deixar de aplicála ao caso concreto. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 Cientificada da decisão de primeira instância em 28/10/2008 (fls. 86), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 27/11/2008 (fls. 90 a 98), sustentando basicamente os mesmos argumentos expressos na Manifestação de Inconformidade, e defendendo a possibilidade de a administração pública deixar de aplicar legislação que afronte a Constituição Federal. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Após o julgamento de primeira instância, restam contenciosos o tema principal deste processo (se a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep engloba o ICMS) e um tema que o circunda: a possibilidade de afastamento pelo julgador administrativo de norma que afronte a Constituição Federal. Da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep Em relação à inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, é de se destacar que a Lei que regula a matéria (no regime não cumulativo, que é o tratado nos autos) é a de no 10.637/2002, que dispõe em seu art. 1o: “Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2º A base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: (...) III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; (...) VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de Fl. 116DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13896.000058/200742 Acórdão n.º 3403001.774 S3C4T3 Fl. 114 5 créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” (grifo nosso) O texto normativo apresenta a base de cálculo no § 2o de seu art. 1o, a partir do conceito de faturamento do caput, detalhado no § 1o. E no § 6o são relacionadas as exclusões, entre as quais não se encontra menção ao ICMS pago (apesar de haver menção expressa de exclusão à transferência onerosa a terceiros de ICMS originado de operações de exportação). Assim, por ausência de previsão legal, descabe a exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Entender de forma diversa da expressa na lei, face a princípios de ordem constitucional, implicaria análise administrativa de constitucionalidade que, como se informará adiante (no tópico intitulado “do afastamento administrativo de norma inconstitucional”), não é passível de execução na hipótese dos presentes autos. E, também, entender de forma diversa da expressa na lei com fundamento em jurisprudência relativa ao regime cumulativo não se afigura pertinente, como se trata a seguir. A contribuição para o PIS/Pasep sujeitase ao regime cumulativo (disciplinado pela Lei no 9.718/1998 e pela Medida Provisória no 2.15835/2001), ao regime não cumulativo (tratado nas Leis no 10.637/2002, no 10.833/2003, no 10.864/2004, e no 10.925/2004), ou ainda a regimes especiais (v.g., com bases de cálculo e/ou alíquotas diferenciadas ou substituição tributária, estabelecidos por legislação específica). Observandose a situação exposta e os documentos apresentados neste processo (v.g., os documentos de fls. 10 a 12), reiterase que se está aqui a tratar do regime não cumulativo. Descabe, assim, analisar a questão sob o prisma da legislação e dos entendimentos jurisprudenciais relacionados ao regime cumulativo da Lei no 9.718/1998. Aliás, assim já entendeu unanimemente esta mesma turma, há alguns meses: “A leitura do inteiro teor da sentença (fls. 154 a 157) e do acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (fls. 158 a 162) revela que, conquanto o mandado de segurança tenha sido ajuizado em 29/11/2006, seu objeto restringese à exclusão do ICMS das bases de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins apuradas no regime cumulativo, ou seja sob a égide da Lei nº 9.718/98 O RE nº 574.706 está submetido ao regime do art. 543B do CPC, conforme revela pesquisa efetuada na página sobre repercussão geral do STF (tema 69). Esta pesquisa revelou que a questão constitucional que será decidida tanto o RE nº 240.785, quanto no RE nº 574.706, versa sobre a inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições no regime cumulativo. É evidente que os limites objetivos deste mandado de segurança não abrangem a apuração das bases de cálculo do PIS e Cofins no regime não cumulativo, que é o caso dos autos. A empresa não poderá utilizar a norma individual e concreta emanada desta decisão judicial para excluir o ICMS das bases de cálculo das contribuições apuradas sob o regime das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 (...)1” (grifos no original) Do afastamento administrativo de norma inconstitucional A possibilidade de afastamento pelo julgador administrativo de norma que afronte a Constituição Federal é excepcionalmente reconhecida no § 6o do art. 26A do Decreto no 70.235/1972, com a redação conferida pela Lei no 11.941/2009, para as hipóteses ali relacionadas (que, destaquese, não se fazem presentes neste processo). Contudo, a regra geral é pela vedação de apreciação administrativa de constitucionalidade, como se percebe na redação do caput do referido artigo 26A: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993.” (grifo nosso) Impendese informar derradeiramente que neste CARF a matéria já está totalmente pacificada: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan 1 CARF, Acórdão 340301.480, 3a Seção, 4a Câmarea, 3a Turma Ordinária, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime, Sessão de 21.mar.2012. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13896.000058/200742 Acórdão n.º 3403001.774 S3C4T3 Fl. 115 7 Fl. 119DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 13807.006964/2004-60
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO.
O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido).
Numero da decisão: 3403-001.842
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO. O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido).
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OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO. O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 7. 00 69 64 /2 00 4- 60 Fl. 921DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Tratase de embargos de declaração opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional ao Acórdão nº 340301.737, de 22 de agosto de 2012, sob o fundamento de omissão. Alega a embargante que o voto condutor aduziu que “no julgamento do REsp 1.035.847, sob a relatoria do Ministro Luiz Fux, em procedimento previsto para os recursos repetitivos, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido de considerar que a resistência oposta pelo fisco em face da utilização do direito de crédito de IPI retira desse crédito a sua natureza escritural”. E que “para evitar o enriquecimento sem causa da Fazenda Nacional, exsurge a legitimidade da atualização dos créditos presumidos do IPI pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido”. Transcrevendo a ementa do julgado, sustenta a embargante que não houve o pressuposto que ensejou o julgado proferido pelo STJ (pois não houve qualquer ato de oposição estatal à utilização do crédito pleiteado pelo contribuinte, sequer mesmo de natureza legislativa). Afirma que o acórdão embargado é omisso, pois não aponta os fundamentos (fáticos) que assemelham o feito àquele no qual foi proferido o recurso especial repetitivo. Noutros termos, alega que o acórdão carece de fundamentação (vício da omissão) quando deixa de apontar o ato de oposição estatal, tendo em vista que “não restou configurada a oposição constante de ato estatal a que alude o julgado do STJ nem na forma de ação, tampouco na forma de omissão (mora na análise do pedido)”. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os embargos de declaração preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. A ementa do Acórdão embargado, exatamente no excerto objeto dos embargos, dispõe: “RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. CABIMENTO. O crédito referente a ressarcimento sujeitase a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos.” Analisandose a parte do voto no qual se discute a matéria em questão, percebese que também resta transcrita a ementa do julgamento do STJ sobre o tema, na sistemática dos recursos repetitivos: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. Fl. 922DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13807.006964/200460 Acórdão n.º 3403001.842 S3C4T3 Fl. 922 3 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” 1 (grifos nossos) Continuando a leitura do texto do voto condutor do acórdão, unanimemente acatado na parte que se refere à atualização monetária do ressarcimento, percebese que o julgamento do STJ cuja ementa foi transcrita “remete à oposição constante de ato estatal, que poderia ser interpretada tanto na forma de ação (indeferimento do pleito) quanto de omissão (mora na análise do pedido)” e que “isso exsurge da própria situação fática que enseja o acórdão, relatada pelo Min. Luiz Fux (vejase que não houve indeferimento no caso, mas mora na análise)”: “Noticiam os autos que MINUANO PNEUS E ADUBOS LTDA., em 29.06.2005, ajuizou ação ordinária em face da FAZENDA NACIONAL, pleiteando a restituição dos valores correspondentes à correção monetária desde a data de apuração do saldo credor de IPI até a data da efetiva compensação. Informou que requerera a restituição dos créditos do IPI do período de agosto de 2000 e outubro de 2001, mas somente no ano 2005 foi comunicada do deferimento do pedido. Destacou que apesar de terem sido reconhecidos os créditos, a autoridade fiscal apurou débitos do PIS e COFINS e 1 REsp 1.035.847RS, Primeira Seção, Rel. Ministro Luiz Fux, unânime, julgado em 24.jun.2009. Fl. 923DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 por esse motivo, iria proceder à compensação dos valores. Argumentou que os débitos das contribuições seriam atualizadas monetariamente, enquanto os créditos do IPI seriam utilizados no seu valor nominal, causando violação ao princípio da isonomia.” 2 (grifos nossos) A situação presente nestes autos não é diferente daquela tratada pelo STJ. Ilustrese com excerto do relatório do acórdão embargado: “Versa o presente processo sobre pedido de ressarcimento de IPI, referente ao 3o trimestre de 2003, apresentado por meio de PER/DCOMP transmitida em 30/01/2004 (fls. 2 a 37). Após decisão judicial interlocutória medida liminar em mandado de segurança impetrado pela recorrente, para que fossem apreciadas todas suas solicitações de ressarcimento em 30 dias (fls. 40 a 42), e a correspondente verificação fiscal, encerrouse a ação fiscal por meio do Termo de fls. 407, acompanhado do Relatório Fiscal de fls. 408 a 410.” “Por meio do despacho decisório de fls. 418 a 423, a Delegacia da Receita Federal da Administração Tributária em São Paulo (DERAT) concede parcialmente o ressarcimento, com as adequações e glosas indicados no Relatório Fiscal, e informando adicionalmente sobre a impossibilidade de atualização dos valores a serem ressarcidos, visto ser a medida um incentivo fiscal, e não meramente uma restituição de indébito”. (grifo nosso) Vejase que a empresa transmitiu seu pedido de ressarcimento em 30/01/2004, e teve que se socorrer de decisão judicial para que o fisco iniciasse a respectiva análise. Obtida a tutela jurisdicional (em setembro de 2004 fls. 40 a 42 do processo / ou fls. 529 a 531 do “arquivo pdf” constante no eprocessos), que determinou que o fisco analisasse o pedido em 30 dias, sob pena de multa diária, iniciouse o trabalho fiscal, que culminou no deferimento parcial do ressarcimento, negandose a atualização monetária (em janeiro de 2006 fls. 418 a 423 do processo / ou fls. 914 a 920 do “arquivo pdf” constante no eprocessos). Flagrante, assim, o ato de oposição estatal por mora na análise do pleito, tanto que ensejou a invocação da tutela jurisdicional para reparo, como descrito no relatório do acórdão embargado. Improcedente, então, a argumentação da embargante no sentido de que há omissão no acórdão porque “não restou configurada a oposição constante de ato estatal a que alude o julgado do STJ nem na forma de ação, tampouco na forma de omissão (mora na análise do pedido)”. O voto condutor aponta explicitamente que a oposição estatal caracterizase não só pela ação, mas pela mora na análise do pedido, que inegavelmente se faz presente nestes autos, como flagrado acima. Cristalina, assim, a similitude fática entre o caso em análise e o julgado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.035.847/RS), presente na simples leitura dos textos dos relatórios e votos condutores de ambos os acórdãos. Ausente a omissão apontada, voto pela rejeição aos embargos de declaração, mantendose o teor do Acórdão nº 340301.737, de 22 de agosto de 2012, que admite a atualização monetária do crédito a ser ressarcido, com os mesmos atributos da atualização dos 2 Idem. Fl. 924DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13807.006964/200460 Acórdão n.º 3403001.842 S3C4T3 Fl. 923 5 créditos administrados pela RFB, tendo como termo inicial a data de registro do pedido (transmissão da PER/DCOMP), e como termo final a data de sua efetiva utilização (seja mediante compensação, ou ressarcimento em espécie). Rosaldo Trevisan Fl. 925DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 11128.003005/2007-59
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do Fato Gerador: 3/3/2007 Ementa: NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal (Súmula CARF n. 11). DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA DE MANIFESTO E CONHECIMENTO PELO AGENTE DE CARGA A DESTEMPO. Não se opera a denúncia espontânea para excluir a multa prevista no art. 107, IV, “e” do Decreto-Lei n. 37/66, por descumprimento da obrigação de apresentar documentos na forma e no prazo estabelecidos pela RFB. Tal multa pode ser aplicada ao agente de carga.
Numero da decisão: 3403-001.655
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal (Súmula CARF n. 11). DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA DE MANIFESTO E CONHECIMENTO PELO AGENTE DE CARGA A DESTEMPO. Não se opera a denúncia espontânea para excluir a multa prevista no art. 107, IV, “e” do DecretoLei n. 37/66, por descumprimento da obrigação de apresentar documentos na forma e no prazo estabelecidos pela RFB. Tal multa pode ser aplicada ao agente de carga. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso Antonio Carlos Atulim Presidente. Fl. 157DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa a autuação a que se refere o presente processo sobre exigência de multa pela prestação em atraso de informações pelo agente de carga. No Auto de Infração, lavrado em 7/5/2007 (fls. 1 a 34), narrase basicamente que: (a) o agente de carga autuado protocolizou junto à Alfândega do Porto de Santos, no dia 5/3/2007, Registro de Manifesto de Carga Consolidada referente a 1 conhecimento de carga “Master”, e 10 conhecimentos de carga “House”, relativos a navio atracado naquele porto em 1/3/2007; (b) a Ordem de Serviço ALF/STS no 4, de 5/11/2001 estabelece que o agente deve entregar à autoridade aduaneira o manifesto acompanhado de cópias dos conhecimentos até o final do expediente do dia útil seguinte ao da efetiva atracação (ou seja, no caso concreto, dia 2/3/2007); (c) a base legal para a exigência dos documentos é o DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003; e (d) a base legal para aplicação da penalidade é o mesmo DecretoLei no 37/1966, art. 107, IV, “e”, também com a redação dada pela Lei no 10.833/2003. Cientificado em 21/5/2007 (fls. 37), o agente de carga, sujeito passivo da presente autuação, apresentou impugnação tempestiva em 18/6/2007 (fls. 38 a 48), alegando, em suma, que: (a) não houve a falta do manifesto, mas tãosomente atraso insignificante na entrega do manifesto de carga, antes do início de qualquer ação fiscal, caracterizandose a denúncia espontânea; (b) a penalidade desrespeita o princípio da reserva legal, pois a Ordem de Serviço não é lei em sentido estrito, e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade; Fl. 158DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 2 3 (c) o Terceiro Conselho de Contribuintes já reconheceu a inaplicabilidade da multa por atraso na entrega de manifesto; e (d) a multa foi enquadrada em valor incorreto, visto que o atraso ocorreu na entrga de um único manifesto, tendo a autoridade multiplicado o valor da multa fixa (R$ 5.000,00) pelo número de conhecimentos de carga “house”. A impugnação foi apreciada em 11/8/2011, pela DRJ/São Paulo II (fls. 111 a 120), que concluiu, em síntese, pela procedência em parte da autuação, mantendose uma única multa de R$ 5.000,00, em acolhimento ao destacado na letra “e” da síntese da impugnação aqui efetuada. Em relação aos demais tópicos, manifestouse o órgão julgador de primeira instância no sentido de que é ponto incontroverso o fato de o agente de carga ter entregue o Registro de Manifesto ao setor competente fora do prazo determinado pela legislação em vigor;e que o ato normativo editado pela Alfândega do Porto de Santos complementa o art. 107, IV, “e” do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003. Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 124, com data de recebimento indicada como 1/9/2011), a autuada apresenta RECURSO VOLUNTÁRIO tempestivo em 29/9/2011 (fls. 127 a 137), reiterando a argumentação exposta na impugnação, e adicionando que: (a) o lançamento é nulo, tendo em vista o decurso do prazo (360 dias) indicado no art. 24 da Lei no 11.457/2007 (a impugnação apresentada em 2007 só veio a ser julgada em 2011); (b) ocorreu prescrição intercorrente, de acordo com o disposto na Lei no 9.873/1999; (c) a recorrente tinha a intenção de prestar as informações no prazo regulamentar, não logrando êxito por circunstâncias superiores à sua vontade; e (d) não houve embaraço à atividade fiscal, tendo ocorrido o simples descumprimento de obrigação acessória, que pode ser abarcado pela denúncia espontânea, ou pela aplicação análoga do art. 736 do Decreto no 6.759/2009. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Fl. 159DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No recurso voluntário, apresentase questão preliminar, levantando eventual nulidade do lançamento, seguida de três discussões a respeito do conteúdo da autuação. Passa se, a seguir, à análise e manifestação sobre cada um dos tópicos apontados pela recorrente. Da preliminar de nulidade Sustenta a recorrente que o lançamento é nulo, tendo em vista a decorrência de aproximadamente 4 anos entre o protocolo de sua impugnação e o julgamento pelo órgão colegiado de primeira instância. Indica como amparo o art. 24 da Lei no 11.457/2007, que dispõe: “Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.” É cediço que o comando legal indicado inserese em um contexto que busca dotar de maior celeridade o processo administrativo, em consonância com os princípios constitucionais que regem a matéria. Contudo, é preciso reconhecer que não atribuiu o legislador efeito de nulidade ao processo em desacordo com o comando. E poderia têlo feito, se o desejasse, visto que a mesma Lei no 11.457/2007 promove alterações ao Decreto no 70.235/1972, que disciplina o processo administrativo fiscal. Neste Decreto é que se arrolam (art. 59) as causas de nulidade, entre as quais não se encontra a aqui indicada pela recorrente. Também é sabido que no processo há prazos próprios e impróprios, e que estes não acarretam consequências processuais, embora possam ensejar discussões sobre responsabilização funcional, caso o retardo não seja justificável. Vejase, a título ilustrativo, o art. 189 do Código de Processo Civil, que também tem por escopo a celeridade nos julgados: “Art. 189. O juiz proferirá: I os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias; II as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.” Embora se possa entender o escopo do artigo, afigurase irrazoável dele deduzir que um processo com decisão judicial proferida após dez dias seria objeto de nulidade. No mesmo sentido as observações em relação ao art. 4o do Decreto no 70.235/1972 e ao 24 da Lei no 11.457/2007. Ademais, o art. 24 da Lei no 11.457/2007 possuía dois parágrafos que foram vetados pelo Poder Executivo (veto mantido). Um deles exatamente porque atribuía efeitos ao processo no caso de descumprimento (o § 2o dispunha que “haverá interrupção do prazo, pelo período máximo de 120 dias, quando necessária à produção de diligências administrativas, que deverá ser realizada no máximo em igual prazo, sob pena de seus resultados serem presumidos favoráveis ao contribuinte”). Fl. 160DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 3 5 Na mensagem no 140, de 16/3/2007, são esclarecidas as razões do veto presidencial, proposto pelos Ministérios da Fazenda e da Justiça: “Razões do veto “Como se sabe, vigora no Brasil o princípio da unidade de jurisdição previsto no art. 5o, inciso XXXV, da Constituição Federal. Não obstante, a esfera administrativa tem se constituído em via de solução de conflitos de interesse, desafogando o Poder Judiciário, e nela também são observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual a análise do processo requer tempo razoável de duração em virtude do alto grau de complexidade das matérias analisadas, especialmente as de natureza tributária. Ademais, observase que o dispositivo não dispõe somente sobre os processos que se encontram no âmbito do contencioso administrativo, e sim sobre todos os procedimentos administrativos, o que, sem dúvida, comprometerá sua solução por parte da administração, obrigada a justificativas, fundamentações e despachos motivadores da necessidade de dilação de prazo para sua apreciação. Por seu lado, devese lembrar que, no julgamento de processo administrativo, a diligência pode ser solicitada tanto pelo contribuinte como pelo julgador para firmar sua convicção. Assim, a determinação de que os resultados de diligência serão presumidos favoráveis ao contribuinte em não sendo essa realizada no prazo de cento e vinte dias é passível de induzir comportamento não desejável por parte do contribuinte, o que poderá fazer com que o órgão julgador deixe de deferir ou até de solicitar diligência, em razão das conseqüências de sua não realização. Ao final, o prejudicado poderá ser o próprio contribuinte, pois o julgamento poderá ser levado a efeito sem os esclarecimentos necessários à adequada apreciação da matéria.” Derradeiramente, não devemos confundir a celeridade procedimental com a duração razoável do processo (ambas garantidas pelo Texto Constitucional): “Embora seja difícil conceituar precisamente a noção de razoável duração do processo, percebese que tal conceito não está relacionado única e exclusivamente ao “processo rápido” propriamente dito. O processo deve ser rápido o suficiente para dar a resposta apropriada à lide, porém adequadamente longo para garantir a segurança jurídica da demanda. Por tal motivo, o princípio da razoável duração do processo é dúplice, pois tanto a abreviação indevida como o alongamento excessivo são potencialmente danosos ao indivíduo.” 1 Rejeitase, assim, a preliminar de nulidade, passandose à análise de mérito. Da prescrição intercorrente 1 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.173. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 Alegase ainda no recurso voluntário que houve prescrição intercorrente, de acordo com o disposto na Lei no 9.873/1999. Não merece prosperar tal argumentação. A uma, por estar o processo tributário literalmente excluído do universo de aplicação da lei citada, em seu art. 5o: “Art.5oO disposto nesta Lei não se aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária.” (g.n.) E, derradeiramente, por já estar o tema sumulado no âmbito deste CARF: “Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal” Acórdãos paradigmas: Acórdão nº 10321113, de 05/12/2002 Acórdão nº 10419410, de 12/06/2003 Acórdão nº 10419980, de 13/05/2004 Acórdão nº 10515025, de 13/04/2005 Acórdão nº 10707733, de 11/08/2004 Acórdão nº 20207929, de 22/08/1995 Acórdão nº 20302815, de 23/10/1996 Acórdão nº 20304404, de 11/10/1997 Acórdão nº 20173615, de 24/02/2000 Acórdão nº 20176985, de 11/06/2003. Da denúncia espontânea Aduz a recorrente que entregou em atraso a documentação (manifesto de carga e conhecimentos de carga “master” e “house”) à autoridade aduaneira, mas o fez antes do início de qualquer procedimentos fiscal. E acrescenta que o atraso na prestação da informação não trouxe consequências ao Erário, e constituiu apenas descumprimento de obrigação acessória. Inicialmente, destaquese que a visão de que a ocupação da Secretaria da Receita Federal do Brasil nas importações é tributária reflete ideia vetusta e superada. A real finalidade de receber antecipadamente as informações e documentos referentes às cargas não é tributária, estritamente vinculada ao Erário, mas aduaneira, buscando efetuar uma verdadeira gestão prévia da informação de modo a possibilitar uma análise de risco e melhor seleção para conferência durante o despacho de importação. No final do século passado as Aduanas descobriram que não se pode esperar que as cargas cheguem ao País para agir. É preciso obter informações antecipadas para que se possa efetuar uma adequada gestão de risco, de modo a selecionar para conferência as mercadorias que efetivamente tenham um maior potencial de cometimento de irregularidades. Dada a impossibilidade de fiscalização de todo o universo de importações, é preciso selecioná las da melhor forma, e grande parte dos critérios de seleção demandam informação prévia. Daí a necessidade de informação antecipada sobre as cargas. A norma da Alfândega de Santos antecipa algo que veio a se estender ao País todo em 2008, com o início da produção de efeitos da Instrução Normativa RFB no 800/2007: a sistemática análise de risco nas importações, de modo a melhorar a seleção em matéria aduaneira. E quando se trata de matéria aduaneira, não se está envolvendo somente os tributos aduaneiros, mas a defesa da concorrência, do meio ambiente, da saúde, da segurança nacional. Assim, absoltamente improcedente a afirmação de que a não apresentação (ou a apresentação intempestiva) de uma informação antecipada sobre carga seja irrelevante. Pode sêlo sob a ótica do usuário, mas não de uma Aduana preocupada em, de posse de tal Fl. 162DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 4 7 informação, efetuar análise de risco para aprimoramento da seleção voltada à conferência aduaneira. O fato de a informação prestada constituirse em obrigação acessória, como argumentado pela recorrente, não lhe retira o grau de importância, tendo em vista o aqui já exposto. Da mesma forma, o descumprimento desta obrigação acessória de prestar a informação sobre a carga na forma e no prazo estabelecidos não se coaduna com o instituto tributário da denúncia espontânea. Daí o DecretoLei no 37/1966 disciplinar a denúncia espontânea, em seu art. 102, com enfoque sensivelmente diferente do art. 138 do Código Tributário Nacional. Da mesma forma, o Regulamento Aduaneiro: diante de diversas manifestações de tribunais administrativos e judiciais, e do Ato Normativo CST no 4, de 17/1/1986, o Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (Decreto no 4.543/2002), em seu art. 612, § 3o, dispunha que “depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador”. Endossese que este CARF já pacificou entendimento de que a denúncia espontânea não se aplica em caso semelhante (obrigação acessória): “Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração.” Assim, rechaçase a inclusão da situação apresentada (entrega intempestiva de documentos à autoridade aduaneira pelo agente de carga) no âmbito do instituto da denúncia espontânea. Da prestação de informações fora do prazo Tratase, por fim, do fato menos controverso destes autos: a prestação de informações, pelo agente de carga, fora dos prazos estabelecidos pela legislação. Desde a impugnação o autuado confirma a entrega dos documentos (manifesto de carga e conhecimentos de carga) fora do prazo normativamente estabelecido. No recurso voluntário, afirmase que “a recorrente tinha a intenção de prestar as informações no prazo regulamentar, não logrando êxito por circunstâncias superiores à sua vontade”. De início, argumentava o autuado que a conduta na qual incidiu era atípica, visto que não deixou de entregar as informações, mas apenas a entregou fora do prazo, o que a figura sancionatória não contemplava. Procedente seria tal argumentação se a infração tivesse ocorrido antes da vigência da Lei no 10.833/2003, que deu nova redação ao art. 107 do DecretoLei no 37/1966. A redação anterior do inciso VI do art. 107 (correpondente ao art. 522, III do Regulamento Aduaneiro de 1985, referido na jurisprudência trazida pela recorrente), com a redação dada pelo DecretoLei no 751/1969, era: “Art. 107... ... VI de NCr$ 50,00 a NCr$ 100,00 (cinqüenta cruzeiros novos a cem cruzeiros novos) por volume, na hipótese do art.102, pela falta de manifesto ou documento de efeito equivalente ou Fl. 163DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 ausência de sua autenticação, ou ainda, falta de declaração quanto à carga;” Contudo, a redação dada ao art. 107, IV, “e”, pela Lei no 10.833/2003 (que é a penalidade aplicada na autuação) abarca explicitamente a figura da prestação de informações a destempo: “Art. 107... ... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): ... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e A Lei no 10.833/2003 não estabelece só a penalidade, mas também a obrigatoriedade da prestação das informações, ao dar nova redação ao art. 37 do DecretoLei no 37/1966: “Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. ...” Assim, resta perfeitamente tipificada a conduta no enquadramento indicado na autuação, sendo o agente de carga sujeito passivo da relação tributária instaurada, e mantido o quantum objeto de análise pelo julgador a quo. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Rosaldo Trevisan Fl. 164DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 5 9 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 13807.006966/2004-59
Data da sessão: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003
CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ADMISSIBILIDADE. A Lei n. 9.363/1996 permite a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do IPI os valores referentes a aquisições de insumos para utilização no processo produtivo de bens destinados à exportação, independentemente de o fornecedor ser pessoa física (produtor rural) ou cooperativa. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos. CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. DEFINIÇÃO DE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO. RESTRIÇÃO A BENS NÃO INDUSTRIIALIZADOS. PROCEDÊNCIA. A definição de receita de exportação estabelecida nas Portarias do MF encontra expresso amparo no art. 6o da Lei no 9.363(1996. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. CABIMENTO. O crédito referente a ressarcimento sujeita-se a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos.
Numero da decisão: 3403-001.738
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: I) por unanimidade de votos, reconheceu-se o direito de o contribuinte incluir as aquisições de pessoas físicas e cooperativas no cálculo do crédito presumido, assim como o direito à correção do ressarcimento pela Taxa SELIC, a partir da data de protocolo do pedido; e II) por maioria de votos, negou-se provimento quanto à inclusão dos produtos NT no cálculo do crédito presumido. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho. Antonio Carlos Atulim - Presidente. Rosaldo Trevisan - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ADMISSIBILIDADE. A Lei n. 9.363/1996 permite a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do IPI os valores referentes a aquisições de insumos para utilização no processo produtivo de bens destinados à exportação, independentemente de o fornecedor ser pessoa física (produtor rural) ou cooperativa. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos. CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. DEFINIÇÃO DE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO. RESTRIÇÃO A BENS NÃO INDUSTRIIALIZADOS. PROCEDÊNCIA. A definição de receita de exportação estabelecida nas Portarias do MF encontra expresso amparo no art. 6o da Lei no 9.363(1996. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. CABIMENTO. O crédito referente a ressarcimento sujeita-se a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos.
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E EXPORTAÇÃO SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ADMISSIBILIDADE. A Lei n. 9.363/1996 permite a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do IPI os valores referentes a aquisições de insumos para utilização no processo produtivo de bens destinados à exportação, independentemente de o fornecedor ser pessoa física (produtor rural) ou cooperativa. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos. CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. DEFINIÇÃO DE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO. RESTRIÇÃO A BENS NÃO INDUSTRIIALIZADOS. PROCEDÊNCIA. A definição de “receita de exportação” estabelecida nas Portarias do MF encontra expresso amparo no art. 6o da Lei no 9.363/1996. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. CABIMENTO. O crédito referente a ressarcimento sujeitase a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: I) por unanimidade de votos, reconheceuse o direito de o contribuinte incluir as aquisições de pessoas físicas e cooperativas no cálculo do crédito presumido, assim como o direito à correção do ressarcimento pela Taxa SELIC, a partir da data de protocolo do pedido; e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 7. 00 69 66 /2 00 4- 59 Fl. 775DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 II) por maioria de votos, negouse provimento quanto à inclusão dos produtos NT no cálculo do crédito presumido. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre pedido de ressarcimento de IPI, referente ao 3o trimestre de 2003, apresentado por meio de PER/DCOMP transmitida em 12/05/2004 (fls. 2 a 31). Após decisão judicial interlocutória medida liminar em mandado de segurança impetrado pela recorrente, para que fossem apreciadas todas suas solicitações de ressarcimento em 30 dias (fls. 34 a 36), e a correspondente verificação fiscal, encerrouse a ação fiscal por meio do Termo de fls. 394, acompanhado do Relatório Fiscal de fls. 395 a 397. Em análise dos cálculos e crédito presumido para o período em referência, bem como da documentação de suporte, por amostragem, a autoridade fiscal concluiu (tal análise se refere não só ao pedido objeto deste processo, mas também a outros, da mesma empresa), em síntese: (a) pelo ajuste do valor das receitas de vendas no mercado interno, tendo em conta a existência de vendas para entrega futura e reversões de algumas delas, ICMS por substituição tributária e ICMS deduzido da receita; (b) pela desconsideração das vendas para o mercado externo de óleo destilado de soja / Tocopherol (1522.00.00) e outros grãos de soja, produtos não tributados (NT), no cálculo proporcional de receitas de exportação; (c) pela glosa de insumos adquiridos de pessoas físicas e de cooperativas; (d) pela adequação do cálculo do estoque ao disposto no art. 11 da IN SRF no 69/2001; e (e) pela elaboração, com base nas adequações e glosas efetuadas, de planilha de Demonstrativo de Cálculo do Crédito Presumido, com apuração do novo valor trimestral do crédito presumido em contraposição ao valor pleiteado. Fl. 776DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13807.006966/200459 Acórdão n.º 3403001.738 S3C4T3 Fl. 738 3 Em 5/12/2005, a recorrente solicita ainda a atualização pela taxa Selic dos valores a serem ressarcidos (fls. 400 e 401). Por meio do despacho decisório de fls. 405 a 411, a Delegacia da Receita Federal da Administração Tributária em São Paulo (DERAT) concede parcialmente o ressarcimento, com as adequações e glosas indicados no Relatório Fiscal, e informando adicionalmente sobre a impossibilidade de atualização dos valores a serem ressarcidos, visto ser a medida um incentivo fiscal, e não meramente uma restituição de indébito. Cientificada da decisão, a recorrente apresenta em 16/3/2006 (fls. 565 a 599) impugnação/manifestação de inconformidade, sustentando que: (a) tem direito à inclusão do valor dos insumos adquiridos de produtores rurais (pessoas físicas) e de cooperativas na base de cálculo do incentivo previsto nas Leis no 9.363/1996 e no 10.276/2001, pois o que era tratado anteriormente como um crédito fiscal (MP no 674/1994 até MP no 905/1995) passou a constituir, com a MP no 948/1995 (após algumas reedições, convertida na Lei no 9.363/1996) um crédito presumido, tendo as IN SRF no 23/1997 e no 103/1997 extrapolado os comandos da Lei no 9.363/1996, conforme reiterados entendimentos do CARF; (b) deve manterse no montante da receita de exportação a decorrente da exportação de produtos classificados como NT, pois a Lei no 9.363/1996 não restringiu as receitas que podem compor a receita de exportação da empresa, entendimento também assentado no CARF; e (c) deve ser aplicada a Taxa Selic aos valores a serem ressarcidos, seja porque o ressarcimento é uma espécie do gênero restituição, seja para evitar o enriquecimento sem causa da Fazenda (derivado exatamente da mitigação do incentivo fiscal por ela proposto), ou ainda para manter a isonomia com o tratamento dispensado pela Portaria MF no 38/1997 (pagamento em caso de crédito presumido aproveitado a maior ou indevidamente), entendimento que também encontra guarida no CARF. A Manifestação de Inconformidade foi apreciada em 22/10/2008, pela DRJ/Ribeirão Preto (fls. 644 a 652), que concluiu, em síntese, que: (a) a Lei estabelece que a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do IPI, como ressarcimento das contribuições (PIS/Pasep e Cofins) incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para Fl. 777DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 utilização no processo produtivo, e que não havendo incidência, não há o que ressarcir, como entende também a PGFN (Parecer PGFN/CAT no 3.092/2002); (b) a legislação (IN SRF no 23/1997) não permite a inclusão, no montante da receita de exportação, da receita decorrente da exportação de produtos classificados como NT, entendimento endossado pelo Parecer MF/SRF/COSIT/DITIP no 139/1996; (c) é incabível, por não estar normativamente determinada, a aplicação da Taxa Selic aos valores a serem ressarcidos, que constituem renúncia tributária, e não resultado de repetição de indébito. Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 653verso, com data de recebimento indicada como 20/12/2008), a autuada apresenta em 23/12/2008 seu RECURSO VOLUNTÁRIO (fls. 679 a 720), reiterando a argumentação exposta na manifestação de inconformidade. Em 25/4/2012 a matéria foi submetida à 3a Turma Especial desta 3a Seção de Julgamento (fls. 735 e 736), que não se manifestou sobre o mérito, tendo em vista ter sido extrapolado o limite de alçada a que se refere o parágrafo único do art. 8o do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22/6/2009. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. O presente contencioso trata basicamente: (a) da inclusão do valor dos insumos adquiridos de produtores rurais (pessoas físicas) e de cooperativas na base de cálculo do incentivo previsto nas Leis no 9.363/1996 e no 10.276/2001; (b) da inclusão da receita decorrente da exportação de produtos classificados como NT como receita de exportação; e (c) da atualização pela taxa Selic do montante a ser ressarcido a título de crédito presumido de IPI. A seguir, são analisados estes três tópicos essenciais à solução do litígio apresentado no presente processo. Da inclusão do valor dos insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas A questão pode ser analisada a partir do comando do caput do art. 1o da Lei no 9.363/1996: Fl. 778DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13807.006966/200459 Acórdão n.º 3403001.738 S3C4T3 Fl. 739 5 “Art. 1o A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo”.(grifos nossos) Enquanto sustenta a recorrente que as expressões “ressarcimento” e “incidentes” não são empregadas no texto em sua acepção técnica (alicerçada por diversas decisões deste colegiado), o julgador a quo manifesta que só há que se falar em crédito presumido quando houve incidência, em sua acepção técnica, endossando seu entendimento principalmente com o teor da Instrução Normativa SRF no 23/1997 e do Parecer PGFN/CAT no 3.092/2002. Contudo, não cabe alongarse no tratamento deste tópico, tendo em vista que a matéria já foi definida pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos (e, portanto, vincula as decisões deste órgão julgador, conforme art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22/6/2009). Assim acordou o Superior Tribunal de Justiça: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. (...) 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos Fl. 779DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Documento: 1028791 DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel.Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008;REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição" ; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais" ; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). (...) 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). (...) 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. 16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Fl. 780DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13807.006966/200459 Acórdão n.º 3403001.738 S3C4T3 Fl. 740 7 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” 1 (grifo nosso) Arrematese este tópico com excerto do voto do Relator no citado julgamento, que aponta exatamente o ditame da Instrução Normativa SRF no 23/1997 que extrapola o comando legal: “Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS ." Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. (...) Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS.”(grifo nosso) 1 REsp 993.164MG, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, unânime, julgado em 13.dez.2010, DJe de 17.dez.2010. Fl. 781DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 A situação aqui analisada, assim, inserese totalmente no contexto da decisão do STJ, pelo que se admite à recorrente o direito de apurar crédito presumido de IPI sobre as aquisições efetuadas de pessoas físicas (produtores rurais) e cooperativas, ou seja, de fornecedores não sujeitos à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS. Da inclusão da receita decorrente da exportação de produtos classificados como NT e não industrializados Nesse tema, sustenta a recorrente que o montante referente a “receitas de exportação” deve incluir as receitas decorrentes de exportação de produtos classificados como NT (também alicerçada em jurisprudência deste CARF), enquanto o julgador a quo expressa entendimento no sentido de que a legislação (IN SRF no 23/1997 e ADN COSIT no 13/1998) não permite a inclusão, o que já havia sido externado no Parecer MF/SRF/COSIT/DITIP no 139/1996. Mister preliminarmente retornarse ao teor da Lei no 9.363/1996, que estabelece a formatação do crédito presumido. Dispõem o caput do art. 2o e o art. 6o da referida Lei: “Art.2oA base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador.” Art.6oO Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador.” (grifo nosso) Atendendo ao comando legal, o Ministro da Fazenda efetivamente definiu receita (bruta) de exportação, no § 15 do art. 3o da Portaria MF no 38, de 27/2/1997: “§ 15. Para os efeitos deste artigo, considerase: I receita operacional bruta, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia; II receita bruta de exportação, o produto da venda para o exterior e para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, de mercadorias nacionais; III venda com o fim específico de exportação, a saída de produtos do estabelecimento produtor vendedor para embarque ou depósito, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente.” (grifo nosso) Na definição, não se vê impeditivo à consideração das exportações de produtos “NT” e não industrializados entre as “receitas de exportação”. E percebase que seria Fl. 782DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13807.006966/200459 Acórdão n.º 3403001.738 S3C4T3 Fl. 741 9 perfeitamente possível que a norma ministerial estabelecesse conceito mais restritivo de receita de exportação (pois há expressa autorização legal, conforme destacado acima). Ocorre que não o fez2. Daí o entendimento unânime externado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (em processo do ano de 2002, julgado em 2011), no qual o Cons. Julio Cesar Alves Ramos (relator) expressa em seu voto claro posicionamento sobre o tema: “Tenho entendimento firmado, há muito tempo, no sentido de que a parcela discutida integra ambas, tanto a receita de exportação quanto a receita operacional bruta. Isso porque, se é verdadeiro o argumento fazendário quanto à Receita Operacional Bruta, ele se aplica do mesmo modo à receita de exportação. De fato, não há na legislação do imposto de renda, nem na legislação comercial, qualquer exclusão a ser feita, seja entre produtos fabricados e não fabricados ou qualquer outro. Receita de exportação é simplesmente aquela que resulta da venda de produtos ou serviços no mercado externo, em nada interferindo a natureza do produto ou do serviço. Esse é, aliás, o conceito proposto no primeiro ato administrativo editado para regular o incentivo, a Portaria 38/97 do Sr. Ministro da Fazenda. Vale dizer que somente o Ministro de Estado recebeu autorização legal para tal regulamentação (art. 6º da Lei 9.363) carecendo, pois, de competência o autor do ato expedido e seguido pela fiscalização. De sorte que não me parece duvidoso que a decisão proferida não aplicou da melhor forma a legislação ao manter a exclusão daquela parcela da receita de exportação e determinar que ela fosse excluída também da Receita Operacional Bruta. Deveria, ao contrário, mantêla na Receita Operacional Bruta – como já feito no trabalho fiscal – e determinar que ela fosse igualmente computada na receita de exportação. Até porque essa fora a postulação do recurso.” 3 (grifos nossos) Contudo, a Portaria no 38, de 27/2/1997 foi revogada pela Portaria MF no 64, de 24/3/2003, que estabeleceu, no inciso II do § 12 de seu art. 3o: “§ 12. Para os efeitos deste artigo, considerase: (...) II receita bruta de exportação, o produto da venda para o exterior e para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, de produtos industrializados nacionais;” (grifos nossos) Tal comando, que modifica a definição de receita bruta de exportação, foi mantido no § 12 do art. 3o da Portaria MF no 93, de 27/4/2004, que atualmente disciplina a matéria. As Instruções Normativas SRF no 313, de 3/4/2003 (art. 17, II), e no 419, de 10/5/2004 2 Em que pese a edição do ADN COSIT 131998, por autoridade de hierarquia inferior. 3 Acórdão 9303001.725, Terceira Turma, Câmara Superior de Recursos Fiscais, Rel. Cons. Julio Cesar Alves Ramos, unânime, Sessão de 9.nov.2011. Fl. 783DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 10 (art. 17, II), regulamentaram, respectivamente, a Portarias MF no 64/2003 e no 93/2004, reproduzindo as definições de “receita bruta de exportação”. É de se destacar, aqui, que o pedido que dá ensejo a este processo (PER/DCOMP transmitida em 12/05/2004) ocorre já sob a égide da nova regra, na qual o Ministro da Fazenda usa regularmente da competência legalmente atribuída para estabelecer mais restritivamente a definição. Assim, não se pode admitir a inclusão dos produtos NT e não industrializados no cômputo da receita bruta de exportação. Aliás, esse é o entendimento explicitado pelo STJ, em julgados recentes: “TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVOS REGIMENTAIS NOS RECURSOS ESPECIAIS. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. LEI 9.363/96. FORMA DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES REFERENTES A AQUISIÇÕES DE COOPERATIVAS E PESSOAS FÍSICAS. POSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. TAXA SELIC. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO N. 993.164/MG. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NÃO TRIBUTADO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. O STJ já se manifestou pela legalidade da limitação imposta pelas IN SRF 313/2003 e 419/2004, de cômputo dos valores referentes a exportação de produtos não tributados na base de cálculo do crédito presumido do IPI, na medida em que, a própria Lei 9.363/96 admitiu a possibilidade de ampliação ou restrição do conceito de "receitas de exportação" por norma de hierarquia inferior. Precedentes: REsp 982.020/PE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 14/02/2011 e AgRg no REsp 1236305/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 16/05/2011. 2. Tendo em vista que, além do reconhecimento do direito da contribuinte a computar, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, os valores referentes aos insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas, houve o deferimento da pretensão de correção monetária de tais valores, concluise que houve o decaimento da Fazenda em maior proporção.” 4 (grifo nosso) Vejase que o STJ, ao mesmo tempo em que repele as negativas do Fisco nos outros dois temas tratados neste processo (crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas, e atualização de ressarcimento pela taxa Selic), expressamente afirma a regularidade da definição infralegal de “receita de exportação”: “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO DE PIS/COFINS. ARTS 1º, 2º E 6º, DA LEI N. 9.363/96. (...). ILEGALIDADE DO ART. 2º, §2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA 23/97. LEGALIDADE DO ART. 17, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 313/2003. CORREÇÃO MONETÁRIA. (...). 4 AgRg no REsp 1239952/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, unânime, julgado em 08/05/2012, DJe 14/05/2012. Fl. 784DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13807.006966/200459 Acórdão n.º 3403001.738 S3C4T3 Fl. 742 11 (...) 2. O art. 2º, § 2º, da Instrução Normativa n. 23/97, impôs limitação ilegal ao art. 1º da Lei n. 9.363/96, quando condicionou gozo do benefício do crédito presumido do IPI, para ressarcimento de PIS/PASEP e COFINS, somente às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições para o PIS/PASEP e COFINS. Tema já julgado pelo recurso representativo da controvérsia REsp. n.993.164/MG, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13.12.2010. 3. O art. 17, §1º, da IN SRF n. 313/2003, não viola o art. 2º, da Lei n. 9.363/96, pois encontra guarida no art. 6º, da mesma lei, que admitiu que o conceito de "receita de exportação" (componente da base de cálculo do benefício fiscal) ficaria submetido a normatização inferior, podendo, inclusive, ser restringido ou ampliado, conforme a teleologia do benefício e razões de política fiscal. 4. O tema da correção monetária dos créditos escriturais de IPI é matéria sumulada neste STJ (Súmula 411/STJ: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco") e já foi objeto de julgamento pela sistemática para recursos repetitivos prevista no artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008, no REsp. Nº 1.035.847 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24.6.2009. 5. A compensação tributária submetese ao regime em vigor na data do ajuizamento da demanda. Tema que já foi objeto de julgamento no recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.137.738 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9.12.2009.” 5 (grifo nosso) Improcedente, então, o recurso nesse aspecto, pois a definição de “receita de exportação” estabelecida nas Portarias do MF encontra expresso amparo no art. 6o da Lei no 9.363/1996. Da atualização do montante a ser ressarcido pela taxa Selic A questão a ser derradeiramente tratada nesta decisão já vem sendo tangenciada ao longo da exposição sobre os temas anteriores. Assim, remetese de plano à manifestação do STJ sobre o assunto, na sistemática dos recursos repetitivos (o que, como já referido, vincula este colegiado, por força de disposição regimental): “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE 5 REsp 982.020/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, unânime, julgado em 03/02/2011, DJe 14/02/2011. Fl. 785DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN 12 CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” 6 O julgamento remete à oposição constante de ato estatal, que poderia ser interpretada tanto na forma de ação (indeferimento do pleito) quanto de omissão (mora na análise do pedido). Isso exsurge da própria situação fática que enseja o acórdão, relatada pelo Min. Luiz Fux (vejase que não houve indeferimento no caso, mas mora na análise): “Noticiam os autos que MINUANO PNEUS E ADUBOS LTDA., em 29.06.2005, ajuizou ação ordinária em face da FAZENDA NACIONAL, pleiteando a restituição dos valores correspondentes à correção monetária desde a data de apuração do saldo credor de IPI até a data da efetiva compensação. Informou que requerera a restituição dos créditos do IPI do período de agosto de 2000 e outubro de 2001, mas somente no ano 2005 foi comunicada do deferimento do pedido. Destacou que apesar de terem sido reconhecidos os créditos, a autoridade fiscal apurou débitos do PIS e COFINS e por esse motivo, iria proceder à compensação dos valores. Argumentou que os débitos das contribuições seriam atualizadas monetariamente, enquanto os créditos do IPI 6 REsp 1.035.847RS, Primeira Seção, Rel. Ministro Luiz Fux, unânime, julgado em 24.jun.2009. Fl. 786DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13807.006966/200459 Acórdão n.º 3403001.738 S3C4T3 Fl. 743 13 seriam utilizados no seu valor nominal, causando violação ao princípio da isonomia.” 7 (grifos nossos) Pelo exposto, admitese a atualização monetária do crédito a ser ressarcido, com os mesmos atributos da atualização dos créditos administrados pela RFB. A atualização tem como termo inicial a data de registro do pedido (transmissão da PER/DCOMP), e como termo final a data de sua efetiva utilização (seja mediante compensação, ou ressarcimento em espécie). Pelo exposto, voto pelo provimento parcial do recurso, provimento este que se estende à (a) inclusão do valor dos insumos adquiridos de produtores rurais (pessoas físicas) e de cooperativas na base de cálculo do incentivo previsto nas Leis no 9.363/1996 e no 10.276/2001, e à (b) atualização monetária do montante a ser ressarcido a título de crédito presumido de IPI. A contrario sensu, voto pelo não provimento do pleito de inclusão da receita decorrente da exportação de produtos classificados como NT e não industrializados como “receita de exportação”. Rosaldo Trevisan 7 Idem. Fl. 787DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11543.004306/2003-75
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/1998 a 30/06/2003
Ementa:
RESPONSABILIDADE PESSOAL DE TERCEIROS.
Incabível a responsabilização pessoal de terceiros (art. 137, I do CTN), se a autuada não logra nem afastar a sua própria responsabilidade, nem vincular eventual ação dolosa de mandatários aos fatos narrados na autuação.
MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO.
Cabível a qualificação da multa de ofício a que se refere o art. 44 da Lei no 9.430/1996 se configurado o intuito doloso conformador da situação descrita no art. 72 da Lei no 4.502/1964.
MULTA QUALIFICADA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA.
Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (no caso, a Lei no 9.430/1996, art. 44).
PARCELAMENTO. PAES. EXCLUSÃO. APROVEITAMENTO DE PARCELAS PAGAS.
No caso de exclusão do PAES pela não desistência de recurso administrativo, as parcelas já pagas, se disponíveis, podem ser alocadas para quitação parcial dos débitos.
Numero da decisão: 3403-001.825
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/11/1998 a 30/06/2003 Ementa: RESPONSABILIDADE PESSOAL DE TERCEIROS. Incabível a responsabilização pessoal de terceiros (art. 137, I do CTN), se a autuada não logra nem afastar a sua própria responsabilidade, nem vincular eventual ação dolosa de mandatários aos fatos narrados na autuação. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a qualificação da multa de ofício a que se refere o art. 44 da Lei no 9.430/1996 se configurado o intuito doloso conformador da situação descrita no art. 72 da Lei no 4.502/1964. MULTA QUALIFICADA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (no caso, a Lei no 9.430/1996, art. 44). PARCELAMENTO. PAES. EXCLUSÃO. APROVEITAMENTO DE PARCELAS PAGAS. No caso de exclusão do PAES pela não desistência de recurso administrativo, as parcelas já pagas, se disponíveis, podem ser alocadas para quitação parcial dos débitos.
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COMISSÁRIA DE CAFÉ LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/1998 a 30/06/2003 Ementa: RESPONSABILIDADE PESSOAL DE TERCEIROS. Incabível a responsabilização pessoal de terceiros (art. 137, I do CTN), se a autuada não logra nem afastar a sua própria responsabilidade, nem vincular eventual ação dolosa de mandatários aos fatos narrados na autuação. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a qualificação da multa de ofício a que se refere o art. 44 da Lei no 9.430/1996 se configurado o intuito doloso conformador da situação descrita no art. 72 da Lei no 4.502/1964. MULTA QUALIFICADA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (no caso, a Lei no 9.430/1996, art. 44). PARCELAMENTO. PAES. EXCLUSÃO. APROVEITAMENTO DE PARCELAS PAGAS. No caso de exclusão do PAES pela não desistência de recurso administrativo, as parcelas já pagas, se disponíveis, podem ser alocadas para quitação parcial dos débitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 43 06 /2 00 3- 75 Fl. 322DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre Auto de Infração (fls. 110 a 1321), para exigência da Contribuição para o PIS/Pasep, referente aos períodos de apuração de 11/1998 a 6/2003, acrescida de multa de ofício qualificada e de juros de mora. No Relatório de Infrações Apuradas da autuação (fls. 110 a 116), afirmase que: a) durante o ano de 1998 a empresa passou a adquirir café de produtores pessoas físicas, determinando como local de entregaarmazenagem as dependências da Giucafé Exportação e Importação LTDA (e posteriormente da Giucafé Armazéns Gerais LTDA, ambas as empresas do grupo Giuberti), sendo que no momento da emissão das notas fiscais de venda para as empresas do grupo Giuberti, o café já se encontrava em suas dependências; b) foi constatado que grande parte dos pagamentos consignados na contabilidade da Giucafé como quitação das compras feitas na recorrente haviam sido pagos a outros beneficiários, inclusive à própria Giucafé e a pessoas físicas a ela ligadas (v.g. cheque 21756, pago ao Sr. Jonas Giuberti, mas contabilizado como pagamento à recorrente); c) a Sra. Marlene Giuberti Marcon, gerente financeira, com amplos poderes de administração dos negócios da Giucafé Exportação, é irmã dos sócios gerentes das empresas componentes do grupo Giuberti, e tem ainda procuração para abrir e movimentar contas bancárias em nome da recorrente em todos os estabelecimentos bancários do Espírito Santo; d) o Sr. Carlos Alberto Giuberti (um dos sócios gerentes das empresas componentes do grupo Giuberti), e o Sr. Sérgio Afonso Poltroniere (diretor comercial da Giucafé Exportação) também possuem procuração para representar a recorrente junto a todos os estabelecimentos bancários do Espírito Santo; 1 Toda numeração de folhas indicada nesta decisão se refere à paginação eletrônica no "eprocessos". Fl. 323DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.004306/200375 Acórdão n.º 3403001.825 S3C4T3 Fl. 323 3 e) as evidências apresentadas, cooperação financeira, operacional e unicidade de comando, demonstram que a recorrente (apesar de seu quadro societário distinto das empresas do grupo Giuberti) tem sua administração totalmente subordinada à Giucafé Exportação, sendo por ela controlada, em benefício das empresas do grupo Giuberti; f) em observância aos arts. 128 e 135, III do CTN, os créditos tributários lançados contra a ecorrente têm como coresponsáveis as empresas Giucafé Exportação, Giucafé Armazéns, que possuem idêntico quadro societário (composto pelo Sr. Alfredo Giuberti 50%; pelo Sr. Pedro Giuberti 20%, pelo Sr. Carlos Alberto Giuberti 20%, e pelo Sr. Augusto Giuberti 10%); g) em todo o período fiscalizado (1998 a 2002), a recorrente omitiu em suas declarações a totalidade das receitas de vendas de mercadorias, constando na documentação examinada somente as receitas de serviços; h) intimada (em 26/09/2003 fls. 10/11) a justificar a não inclusão nas declarações do referido período do total das receitas de vendas efetuadas em seu nome e apuradas pela fiscalização por meio dos livros fiscais, a recorrente informa (em 02/10/2003 fls. 12) que as diferenças, quando verificadas, foram confessadas à RFB, e parceladas (PAES), estando em dia os pagamentos das parcelas; i) a opção pelo PAES ocorreu em 16/07/2003 (fls. 158), portanto, após o início da fiscalização, que se deu em 20/06/2003 (fls. 2); j) confrontando os valores do faturamento escriturado nos livros fiscais com os declarados nas DIPJ e os débitos informados nas DCTF, verificase que os valores constantes nas DIPJ e DCTF são inferiores aos devidos a título de contribuição para o PIS/Pasep em todos os meses e anos sob ação fiscal; k) o levantamento das bases de cálculo da contribuição foi feito a partir de demonstrativos preenchidos pela recorrente, confirmados com os valores constantes dos livros contábeis, excluindose as exportações comprovadas; l) a consolidação das diferenças encontrase no Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada (fls. 104 a 109); e Fl. 324DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 m) além do lançamento de que trata este auto, foram ainda lançados crédito tributários referentes a COFINS, CSLL e IRPJ (na forma de apuração de lucro arbitrado), todos com juros de mora e multa qualificada de 150% (pelo evidente intuito de fraude ação ou omissão dolosa visando evitar ou diferir o pagamento de tributos devidos), e efetuada a correspondente representação fiscal para fins penais. Ciente da autuação em 10/11/2003 (fls. 118), a empresa apresenta solicitação de inclusão dos débitos referentes ao presente processo no PAES, em 14/11/2003 (fls. 156), e impugnação, em 18/11/2003 (fls. 169 a 180), alegando que: a) os débitos foram confessados à RFB por ocasião do pedido de parcelamento datado de 27/8/2003, conforme atesta o Termo de Adesão consoante a Lei no 10.684/2003, já tendo a empresa recolhido quatro parcelas mensais (30/7, 29/8, 30/9 e 30/10) em 2003; b) o parcelamento é modalidade suspensiva tanto da pretensão punitiva quanto da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, VI do CTN), constituindo obstáculo à validade do auto de infração lavrado, e resguardando a empresa quanto à caracterização de crime contra a ordem tributária (Lei no 8.137/1990); c) a empresa não tem quadro societário comum às do Grupo Giuberti, e não integra tal grupo, não estando as empresas relacionadas como coresponsáveis ligadas ao fato gerador da obrigação principal descritas nos autos (sendo elas responsáveis pelo recolhimento de tributos em relação a suas próprias operações comerciais); d) o próprio relatório fiscal relata que a entrega de produtos rurais ocorria na Giucafé Armazéns (em virtude de a recorrente não ter local apropriadao para armazenamento e conservação dos produtos); e) não é possível à autoridade fiscal atribuir responsabilidade ao sóciogerente da empresa, nem a terceiros, por não ser automática a aplicação do art. 135 do CTN e por não ter havido crime; f) os instrumentos de mandato que a fiscalização alega comprovarem a máfé foram efetuados por instrumento público, dentro da lei, e por período certo (1 ano); e g) não possui o agente autorização legal para aplicar penalidade que não lhe compete (referindose à representação para fins penais). Em 2/7/2007, é emitido despacho na DRF Vitória (fls. 234 e 235), informando que a solicitação de inclusão dos débitos do presente proceso no PAES (cf. Fl. 325DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.004306/200375 Acórdão n.º 3403001.825 S3C4T3 Fl. 324 5 solicitada pela recorrente em 13/11/2003), ocorreu sem a desistência de impugnação administrativa, como exige o art. 4o, II da Lei no 10.684/2003. No despacho, propõese a exclusão da empresa do PAES, o que é feito em 6/7/2007 (fls. 237). Em 22/8/2007, o órgão julgador de primeira instância envia o processo à DRF/Vitória (fls. 241), para que esta informe sobre a ciência e eventual interposição de recurso contra a decisão pela exclusão do PAES. No despacho de fls. 242 (11/9/2007), destacase que a empresa não foi excluída do PAES, mas apenas foram excluídos do parcelamento os débitos referentes ao presente processo, tendo em vista a continuidade da discussão administrativa. A ciência ocorre em 9/12/2009 (AR às fls. 246), e o envio à DRJ em 16/12/2010 (fls. 250). No julgamento de primeira instância, acordase que: a) não se considera instaurado o litígio em relação às empresas assinaladas como coresponsáveis nos termos dos arts. 128 e 135, e a ciência destas e a decorrente impugnação consta apenas do processo no 11543.004307/200310 (referente à autuação de IRPJ e CSLL); b) não se identificou cerceamento de defesa no processo, e a ausência de oitiva quanto à lavratura de representação fiscal para fins penais não enseja nulidade processual; c) o lançamento, em relação aos valores da contribuição, considerase não impugnado, limitandose a empresa a informar que solicitou o parcelamento de tais montantes; d) iniciado o procedimento fiscal (em 20/6/2003), o sujeito passivo perdeu a espontaneidade em relação à matéria, por ter feito a opção pelo PAES em 16/7/2003, e incluído os débitos do presente processo somente em 14/11/2003; e) o lançamento é correto, vez que os débitos em questão foram excluídos do PAES, conforme despacho da DRF/Vitória, em função de não ter sido formalizada a desistência de recurso administrativo; e f) a multa deve ser qualificada, pois o intuito doloso restou comprovado perante a autoridade fiscal a partir da repetição da mesma infração ao longo de todo o período fiscalizado (56 meses), consistente em não declarar as receitas auferidas, registradas na contabilidade da empresa, decorrentes da venda de mercadorias, atividade predominante exercida pela autuada, entendimento alinhado à jurisprudência do CARF. Fl. 326DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 Cientificada do resultado do julgamento em 27/10/2011 (AR às fls. 268), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 28/11/2011 (fls. 270 a 278), defendendo que: (a) aplicase ao caso descrito nos autos o art. 137, I do CTN, que responsabiliza pessoalmente o agente na prática de infrações que constituam crime; (b) a recorrente ajuizou prestação de contas em face de ditos agentes, tombada sob o no 024.05.0197367, objetivando reconhecer e declarar o ilícito praticado por estes (já havendo decisão transitada em julgado desde 2009 condenando as pessoas citadas a prestarem contas das movimentações financeiras realizadas durante o exercício dos poderes a elas concedidos); (c) a recorrente requer que seja reconhecida a responsabilidade pessoal de tais agentes para excluir a sua condição de sujeito passivo em relação à multa; (d) a recorrente é vítima, assim como o fisco, de ato doloso e de máfé praticado pelos Srs. Carlos Alberto Giuberti, Marlene Giuberti Marcon e Sérgio Afonso Poltronieri, que violaram acordo de vontades pactuado entre as partes e estampado pelos instrumentos procuratórios outorgados; (e) para aplicação da multa de 150% (qualificada), é necessário que se comprove o intuito doloso, o que não ocorre nos presentes autos, isso porque jamais houve por parte da recorrente o intuito de cometer tal ilícito; (f) a recorrente tomou ciência das irregularidades tão somente por conta do início do procedimento de fiscalização (em 20/6/2003) e um mês após fez opção pelo PAES, o que prova que não agiu com dolo, sendo tratada como mais um braço deste suposto esquema; (g) a multa de 150% se reveste de caráter confiscatório, pois no caso em comento não é proporcional aos atos da recorrente, que sequer tinha conhecimento dos atos e ilícitos cometidos pelos agentes e principalmente pelo Sr. Dálcio; e (h) os pagamentos efetuados no parcelamento em que a empresa foi excluída devem ser tomados em conta no presente processo. É o relatório. Voto Fl. 327DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.004306/200375 Acórdão n.º 3403001.825 S3C4T3 Fl. 325 7 Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. A controvérsia restringese a três tópicos: a) responsabilização de terceiros; b) qualificação da multa de ofício; e c) caráter confiscatório ou não da multa de ofício. Apresentase, ao fim, solicitação para que sejam tomados em consideração eventuais pagamentos efetuados (durante o período de inclusão no PAES) na execução administrativa da decisão proferida por este colegiado. Da responsabilização de terceiros Compulsando os autos, percebese que o Recurso Voluntário apresentado, no que se refere à responsabilização de terceiros, constitui substancial inovação argumentativa. Enquanto na impugnação apresentada ao julgador de primeira instância a empresa argumentava no sentido de expurgar a responsabilidade do chamado “Grupo Giuberti”, afirmando que este não tinha relação com o fato gerador da obrigação, e defendiase da outorga de poderes a pessoas ligadas a tal grupo (para movimentar contas bancárias da recorrente) sustentando que tinha ampla liberdade para fazêlo, agora, no Recurso Voluntário, afirma ter havido atuação com dolo exatamente por parte de tais mandatários, pedindo sua responsabilização pela prática das infrações. Vejamos, para maior clareza, os seguintes excertos da peça impugnatória apresentada ao julgador de primeira instância: “No caso da presente impugnação, a empresa peticionária obteve renda com a alienação e exportação de café captado por seus agentes, contudo, as demais empresas apontadas como co responsáveis encontramse no exercício de suas próprias operações mercantis, não estando diretamente ligadas ao fato gerador da obrigação principal. Destarte, não pode a responsabilidade tributária ser atribuída a outra empresa, posto que não é sua sucessora, sua adquirente, tampouco permanece na continuidade de suas atividades econômicas. [...] As hipóteses de responsabilidades tributárias previstas no art. 135 do CTN não se fundam no mero inadimplemento da sociedade, mas na conduta dolosa ou culposa especificamente apontada pelo legislador, que vem a ser a ocorrência de ato praticado com excesso de poder, infração a lei ou violação do contrato social, por parte do gestor da pessoa jurídica. Caberá, então, se for o caso, ao juiz competente tomar as cautelas de estilo, pela suposta prática de crime, respeitando os limites traçados na lei, não sendo possível ao fiscal ou qualquer outra autoridade administrativa atribuir ao sócio gerente da JD Comissária qualquer conduta criminal com vias a aplicação do art. 135 do CTN, tampouco pretender estender a responsabilidade tributária a terceiros, não sócios da empresa sob comento.” Fl. 328DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 No Recurso Voluntário, a empresa admite a responsabilidade pelos tributos, mas não pela multa, que propugna ser aplicável aos mandatários que livremente contratou, na forma do art. 137, I do CTN. Sobre tal artigo, sustenta a recorrente: “É neste sentido que o artigo 137 do CTN trata das excepcionais hipóteses de responsabilidade pessoal do agente. Transcreve o dispositivo: Art. 137. A responsabilidade é pessoal do agente: I quanto a infrações cometidas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular da administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;” [...] Tal dispositivo enumera situações em que a própria pessoa jurídica sofre os danos causados pela condenável ação daquele que atua em seu nome, de forma que a punição deve ser imposta ao agente, permanecendo a pessoa jurídica na condição de sujeito passivo do tributo, mas não da multa. Temos que o inciso I se relaciona com o presente caso, uma vez versar acerca de infrações mais graves, que, além de agressão à legislação tributária, configuram ilícitos penais. Conforme distinguimos, em matéria criminal, a regra é a punição das pessoas físicas, os agentes e não das entidades em nome das quais atuam. [...] Isto porque jamais houve por parte da recorrente o intuito de cometer tal ilícito, sendo necessário esclarecer que a mesma (sic), assim como o fisco, é vítima do ato doloso e de máfé praticado pelos Srs. Carlos Alberto Giuberti; Marlene Giuberti Marcon e Sérgio Afonso Poltronieri, que ao infringirem o ordenamento jurídico, infringiram de forma grave o acordo de vontades pactuado entre as partes e estampado pelos instrumentos procuratórios que lhe foram outorgados. Neste sentido, é novamente oportuno citarmos a ação de prestação de contas ajuizada pela recorrente em face dos demais, tombada sob o no 024.05.0197367 que objetiva declarar e reconhecer o ilícito praticado por aqueles, aproveitandose dos poderes que lhe foram outorgados, para ao final ser caracterizada (sic) o dolo e responsabilidade pessoal daqueles”. (grifo nosso) Analisandose o exposto pela recorrente, tãosomente em prol da verdade material, face à preclusão consumativa elencada no art. 17 do Decreto no 70.235/1972, temse que esta ou aquela argumentação são igualmente ineficazes para afastar a sua responsabilidade. Como informa a fiscalização, a empresa, em todo o período fiscalizado (1998 a 2002), omitiu em suas declarações a totalidade das receitas de vendas de mercadorias, constando na documentação examinada somente as receitas de serviços. Não há propriamente uma relação entre a ausência de declaração por parte da recorrente e as procurações outorgadas às citadas pessoas para movimentarem contas bancárias em nome da Fl. 329DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.004306/200375 Acórdão n.º 3403001.825 S3C4T3 Fl. 326 9 recorrente. Se tais pessoas agiram dolosamente prejudicando a empresa nas movimentações bancárias, compete à empresa civilmente buscar a reparação. Mas isso não tem nexo causal com a total falta de declaração das vendas por parte da recorrente (cuja principal atividade é a venda) durante cinco anos. As procurações foram tãosomente usadas pelo fisco como elemento de vinculação da recorrente ao chamado “Grupo Giuberti”, buscando demonstrar co responsabilidade. Contudo, na presente autuação, constou na sujeição passiva apenas a recorrente, como reconheceu o julgador a quo, que considerou não instaurado o litígio em relação à responsabilização tributária de terceiros envolvidos nos fatos apurados pela fiscalização. De qualquer sorte, a argumentação da recorrente não logra nem afastar a sua própria responsabilidade, nem vincular eventual ação dolosa de mandatários aos fatos narrados na autuação (principalmente a omissão sistemática/reiterada de receitas). Da qualificação da multa de ofício As hipóteses de qualificação da multa de ofício de que trata o art. 44 da Lei no 9.430/1996 estão intimamente ligadas à existência de evidente intuito de fraude (caracterizador das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502/1964, nas quais o elemento comum é o intuito doloso). As situações caracterizadoras do intuito doloso (e a fraude art. 72), apontadas pela autuação e pelo julgador a quo não são objeto de refutação no Recurso Voluntário, limitandose a recorrente a informar que não resta comprovado o dolo e que solicitou, logo após o início da fiscalização, a inclusão no PAES (o que comprovaria que não agiu com dolo). É preciso, aqui, reiterar que restou comprovado que a empresa omitiu em suas declarações todo o faturamento de vendas registrado em sua contabilidade em todo o período fiscalizado (anoscalendário de 1998 a 2002). Destaquese, ademais, que a atividade de venda é a principal atividade da empresa. Aliandose tais fatores aos elementos apontados na autuação, que indicam fortemente a ligação da empresa, à época, a pessoas e atividades do chamado “Grupo Giuberti” (pessoas essas que agora, no Recurso Voluntário, a recorrente vem a reconhecer como infratores), difícil afastar o elemento volitivo. Acrescentemse ainda dois outros excertos do Recurso Voluntário: “Destarte, requer seja reconhecida a ilegitimidade da recorrente no que diz respeito à aplicação da multa em comento, haja vista que esta sequer tinha conhecimento dos fatos na época em que o ilícito ocorreu, impossibilitandoa assim de ter atuado com o dolo tipificado nos artigos supramencionados. [...] conforme já demonstrado, sequer tinha conhecimento dos atos e ilícitos cometidos pelos agentes e principalmente pelo Sr. Dálcio não podendo ser autuada da mesma forma e rigidez que aqueles que evidentemente cometeram o ilícito com dolo”. Fl. 330DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 10 É de se reiterar que se afigura irrazoável crer que uma empresa que tenha como principal atividade a venda só tenha descoberto por um procedimento fiscal que não havia declarado nenhuma durante os cinco anos fiscalizados. Procedente, assim, a qualificação da multa de ofício, por estar configurado o intuito doloso conformador da situação descrita no art. 72 da da Lei no 4.502/1964 (fraude). Da natureza da multa qualificada A discussão sobre eventual caráter confiscatório e razoabilidade da multa legalmente prevista extrapola as competências desta corte administrativa, por buscar guarida constitucional para afastar a aplicação de comando legal. O tema já é sumulado no âmbito deste CARF: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Dos pagamentos efetuados no PAES A recorrente foi excluída do parcelamento (PAES) pela não desistência do recurso administrativo. No entanto, informa que já havia pago algumas parcelas antes da exclusão. Assim, requer que seja “deferida a compensação dos valores pagos a título de parcelamento com os valores que ainda são devidos à (sic) título de crédito tributário ora em análise”. O que a recorrente objetivou pagar no parcelamento foi exatamente parte do débito que se discute no presente processo. Assim, cabível a alocação destes pagamentos, se disponíveis, para a quitação parcial dos créditos com exigibilidade mantida no presente julgamento. Pelo exposto, voto pela improcedência do recurso voluntário, mantendose integralmente os créditos tributários exigidos na autuação, com os devidos acréscimos (juros de mora) e a multa qualificada, e reconhecendose a possibilidade de aproveitamento, na execução do acórdão, de eventuais parcelas disponíveis que tenham sido pagas em relação a estes mesmos créditos, no parcelamento do qual a empresa foi excluída (PAES). Rosaldo Trevisan Fl. 331DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11516.002174/2010-01
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PIS E COFINS Período de apuração: 2006 a 2008 Ementa: RECEITAS FINANCEIRAS. BONIFICAÇÕES. Não se considera receita financeira o montante recebido de fornecedores a título de bonificação pelo cumprimento de metas e ações. CRÉDITO. PIS. COFINS. TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. FRETE. Na tributação concentrada, há vedação legal ao creditamento de bens adquiridos para revenda, e do frete a eles relativo. CRÉDITO. PIS. COFINS. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. As embalagens que, ao invés de serem incorporadas ao produto durante o processo produtivo (embalagens de apresentação), o são apenas após sua conclusão, destinando-se tão-somente ao transporte dos produtos acabados (embalagens de transporte) não geram direito a creditamento em relação a suas aquisições. MULTA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE CONFISCO. A multa de ofício de 75% da diferença de tributos apurada, prevista no art. 44, I da Lei n o 9.430/1996, não se afigura como confiscatória.
Numero da decisão: 3403-001.683
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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BONIFICAÇÕES. Não se considera receita financeira o montante recebido de fornecedores a título de bonificação pelo cumprimento de metas e ações. CRÉDITO. PIS. COFINS. TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. FRETE. Na tributação concentrada, há vedação legal ao creditamento de bens adquiridos para revenda, e do frete a eles relativo. CRÉDITO. PIS. COFINS. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. As embalagens que, ao invés de serem incorporadas ao produto durante o processo produtivo (embalagens de apresentação), o são apenas após sua conclusão, destinandose tãosomente ao transporte dos produtos acabados (embalagens de transporte) não geram direito a creditamento em relação a suas aquisições. MULTA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE CONFISCO. A multa de ofício de 75% da diferença de tributos apurada, prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/1996, não se afigura como confiscatória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Presidente. Fl. 787DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Adriana Oliveira e Ribeiro, e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa a autuação a que se refere o presente processo sobre exigência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, acrescidas as contribuições da multa de ofício e dos juros de mora decorrentes. O Auto de Infração (fls. 141 a 155), lavrado em 2/7/2010, decorre de constatação pela autoridade fiscal (em Termo de Verificação e de Encerramento de Fiscalização, datado de 1/7/2010 fls. 132 a 140) de: a) divergência na apuração das receitas de revenda de bens sujeitas às alíquotas normais e às sujeitas à alíquota zero (produtos sujeitos a tributação concentrada monofásica); b) exclusão indevida de receitas recebidas classificadas como “outras receitas verbas”; c) utilização de créditos extemporâneos sem a devida retificação de Dacon e DCTF correspondentes; d) apuração indevida de crédito sobre compra de bens para revenda tributados pelo sistema concentrado (monofásico); e) desconto de crédito indevido de despesas de frete relativo a operações de revenda de produtos tributados pelo sistema concentrado (monofásico); e f) desconto de crédito indevido de compras de embalagens. Cientificado em 10/7/2010 (fls. 146 e 153), o sujeito passivo da autuação apresentou impugnação tempestiva em 4/8/2010 (fls. 170 a 183), alegando, em suma, que: a) a autuação impediu o exercício da ampla defesa, e inclusive o recolhimento de parcelas consideradas devidas, por não discriminar cada uma das parcelas exigidas e/ou glosadas, não atendendo ao dosposto nos arts. 9o e 10 do Decreto no 70.235/1972 e no art. 142 do CTN; Fl. 788DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11516.002174/201001 Acórdão n.º 3403001.683 S3C4T3 Fl. 2 3 b) não devem compor a base de cálculo do PIS e da COFINS as receitas decorrentes de depósitos em espécie contabilizados como “Receitas diversas verbas”, pois tais valores constituem verdadeiras receitas financeiras, em função do atingimento de determinadas metas, ou cumprimento de determinadas ações, como redução do valor de revenda dos produtos; c) ainda que admitida a possibilidade de tributação de PIS e COFINS sobre as “Receitas diversas verbas”, esta deveria ser feita proporcionalmente, tributandose 15% dos valores contabilizados na rubrica, e não 100% (em respeito à proporcionalidade entre a receita decorrente da venda de produtos monofásicos e de produtos com tributação normal); d) a recorrente tem direito ao crédito referente a embalagens e ao serviço de fretetransporte empregados na venda das mercadorias, em função do regime de não cumulatividade; e e) a multa de ofício (no percentual de 75%) é confiscatória, motivo pelo qual sua exigência deve ser afastada. A impugnação foi apreciada em 5/8/2011, pela DRJ/Florianópolis (fls. 193 a 200), que concluiu pela procedência da autuação, sustentando que: (a) não se configura cerceamento de defesa se o conhecimento do atos processuais pelo autuado e seu direito de resposta ou de reação se encontram plenamente assegurados; (b) as verbas recebidas de fornecedores decorrentes de bonificações por atendimento de metas são tributadas, por não se caracterizarem como receitas financeiras; (c) as despesas com fretes relativos a bens sujeitos à tributação concentrada adquiridos para revenda não geram direito a crédito; (d) as embalagens não incoporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas apenas depois de concluído o processo produtivo e que se destinam tãosomente ao transporte de produtos acabados (embalagens para transporte) não geram direito a creditamento relativo a suas aquisições; e (e) no regime da nãocumulatividade, o aproveitamento de créditos não declarados à época própria (créditos Fl. 789DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 extemporâneos) deve ser precedido de revisão da apuração do período ao qual pertencem tais créditos. Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 754, datado de 25/10/2011), a autuada apresenta RECURSO VOLUNTÁRIO tempestivo em 23/11/2011 (fls. 770 a 785), basicamente reproduzindo o texto apresentado na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No recurso voluntário, apresentase questão preliminar, referente a eventual nulidade do lançamento, pela alegação de cerceamento de defesa, e temas de fundo relativos à autuação. Passase, a seguir, à análise e manifestação sobre cada um dos tópicos apontados pela recorrente. Da preliminar pela nulidade A recorrente aponta nulidade, por cerceamento de defesa, visto que não foi detalhada pela fiscalização na autuação (especificamente no Termo de Verificação e de Encerramento de Fiscalização/TVEF fls. 132 a 140) a matéria tributável, pois não houve menção específica a cada uma das parcelas exigidas e/ou glosadas, afrontando o teor dos arts. 9o e 10 do Decreto no 70.235/1972 e do art. 142 do CTN. De início, destaquese estarem presentes na autuação todos os elementos constantes nos dispositivos normativos citados, não se vislumbrando qualquer mácula à defesa da empresa, que, de fato, vem sendo exercida para cada um dos tópicos referentes a irregularidades apontadas pela fiscalização. Ausentes, assim, os elementos caracterizadores de nulidade. É de se adicionar, por relevante, a este caso concreto, que a constatação de irregularidades pela fiscalização, e a comprovação de atendimento pela empresa em relação a alguns itens, foi levada a cabo antes mesmo da autuação. Durante todo o procedimento fiscal, as penddências constatadas pelo Fisco que foram objeto de comprovação de atendimento pela fiscalizada deixaram de figurar na autuação (vide, por exemplo, fls. 139 e 140). Não prospera, assim, a alegação de obstaculização à defesa, em ofensa aos comandos dos arts. 9o e 10 do Decreto no 70.235/1972 e do art. 142 do CTN. Das receitas contabilizadas como “Receitas diversas verbas” A recorrente contabilizou na rubrica em epígrafe receitas decorrentes de depósitos em espécie efetudos por fornecedores em função do atingimento de determinadas metas, ou cumprimento de determinadas ações, como redução do valor de revenda dos produtos. Sustenta ainda a recorrente que tais receitas são verdadeiramente financeiras. Fl. 790DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11516.002174/201001 Acórdão n.º 3403001.683 S3C4T3 Fl. 3 5 O tribunal a quo traz definição doutrinária de receitas financeiras (aquelas decorrentes de juros, desconto e atualização monetária prefixada, ou as oriundas de aplicações temporárias em títulos, v.g.). Complementa a definição com os arts. 373 e 375 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), Decreto no 3.000/1999: “Subseção I Receitas e Despesas Financeiras Receitas Art.373.Os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do período de apuração, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, §2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 11, §3º).” “Art.375. Na determinação do lucro operacional deverão ser incluídas, de acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito do contribuinte, assim como os ganhos cambiais e monetários realizados no pagamento de obrigações (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 18, Lei nº 9.249, de 1995, art. 8º). Parágrafo único.As variações monetárias de que trata este artigo serão consideradas, para efeito da legislação do imposto, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso (Lei nº 9.718, de 1998, art. 9º).” Fossem as receitas classificáveis como financeiras, aplicável seria o disposto no Decreto no 5.442/2005 (que sobrepôs a disciplina anterior, dada pelo Decreto no 5.164/2004), que trata da redução a zero das alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições. Contudo, no caso em análise, as receitas não guardam qualquer correlação com o atributo de “financeiras”. Ademais, como se destaca no TVEF (fls. 135), os documentos apresentados demonstram apenas que a empresa efetuou venda de alguns produtos com redução de preços, como uma das ações para aumentar as vendas de determinados produtos, não tendo tais receitas as características de receitas financeiras, tampouco caracterizandose como decorrentes de operações que sofreram tributação concentrada (monofásica). Endossando nosso entendimento, mencionese ilustrativamente ainda a Solução de Consulta no 128, de 7/5/2008, proferida pela DISIT/SRRF08 (DOU de 11/6/2008, pg. 42): “A redução de alíquotas disciplinada no Decreto no 5.164, de 2004, não se aplica aos créditos efetuados por fabricante de veículos em favor de comerciante varejista, a título de bônus ou incentivos de vendas, por não terem natureza de receita financeira”. Fl. 791DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Assim, as mencionadas “receitas diversas verbas” incluemse na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep (Lei no 10.637/2002, art. 1o) e da COFINS (Lei no 10.833/2003, art. 1o), não sendo procedente a argumentação da recorrente. No que se refere à sustentação da recorrente no sentido de que, ainda que admitida a possibilidade de tributação de PIS e COFINS sobre as “Receitas diversas verbas”, esta deveria ser feita proporcionalmente, tributandose 15% dos valores contabilizados na rubrica, e não 100% (em respeito à proporcionalidade entre a receita decorrente da venda de produtos monofásicos e de produtos com tributação normal), acordase novamente com o teor da decisão a quo, de que os valores não correspondem a produtos vendidos com alíquota zero decorrente de tributação concentrada, mas sim a receitas tributáveis a alíquotas irregulares. Dos créditos referentes a fretetransporte na venda Sustenta a recorrente ter direito ao crédito referente ao serviço de frete transporte na venda das mercadorias, em função do regime de nãocumulatividade. Recordese de plano que a recorrente atua na distribuição de produtos farmacêuticos, cosméticos, produtos de perfumaria e artigos de higiene, tendo efetuado revenda de produtos de incidência monofásica de PIS e COFINS (sujeitos à alíquota zero na revenda) e produtos com incidência nãocumulativa às alíquotas normais das contribuições. Verificandose a autuação, constatase que o contencioso restringese aos produtos submetidos a incidência monofásica. Vejase que as fundamentações legais da contribuição para o PIS/Pasep (Lei no 10.637/2002) e da COFINS (Lei no 10.833/2003), em cobrança nãocumulativa, estabelecem literalmente a impossibilidade de creditamento em relação a bens adquiridos para revenda na situação que aqui se analisa tributação concentrada (art. 2o, § 1o, II; e art. art. 3o, I, “b”). Em relação ao creditamento de frete na operação de venda, a legislação da COFINS (Lei no 10.833/2003) apresenta dispositivo que expressamente o reconhece, excepcionando, contudo, novamente a situação que aqui se analisa (art. 3o, IX). Por fim, destaquese que a Lei no 11.033/2004, em seu art. 17 (resultante da conversão da MP no 206/2004, no qual o dispositivo era tratado no art. 16), ao estabelecer que “as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações”, não inova materialmente, e não altera o tratamento anteriormente estabelecido, mas apenas o esclarece, diante de divergências interpretativas. A própria exposição de motivos da Medida Provisória (item 19) explicita que “as disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS”. Arrematese, sobre a impossibilidade de creditamento, que a DISIT da SRRF09 emitiu a Solução de Consulta no 199, de 2008, exatamente em resposta à empresa recorrente (fls. 20 a 27), concluindo que: “Não gera créditos para os fins previstos no art. 3o, I, da Lei nº 10.637, de 2002 e no art. 3o, I, da Lei nº 10.833, de 2003, a aquisição para revenda de produtos relacionados no art. 1o da Lei nº 10.147, de 2002, sendo, por conseguinte, impossível manterse créditos segundo a disposição do art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, dada a inexistência destes.” Fl. 792DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11516.002174/201001 Acórdão n.º 3403001.683 S3C4T3 Fl. 4 7 Ainda em relação ao frete, opõese a recorrente ao entendimento da fiscalização de que teria havido aproveitamento extemporâneo de créditos, em decorrência da não retificação de DACON e DCTF (IN RFB no 1.015/2010, art. 10), alegando que não havia à época, norma que obrigasse às citadas retificações. Novamente improcedentes as alegações, visto que as disposições do art. 10 da IN RFB no 1.015/2010 já constavam do art. 14 da IN RFB no 940/2009, e, antes, do art. 11 da IN RFB no 590/2005. Escorreitas, assim, as glosas efetuadas pelo Fisco. Dos créditos referentes a embalagens de transporte Sustenta ainda a recorrente ter direito ao crédito referente a embalagens empregadas na venda das mercadorias, em função do regime de nãocumulatividade. No julgamento efetuado em primeira instância, explicitouse a diferença entre “embalagens de apresentação” (incorporadas ao produto durante o processo de fabricação) e “embalagens de transporte” (as que se destinam tãosomente ao transporte dos produtos, em quantidades usualmente superiores às vendidas no varejo, como engradados, etc. ), à luz da definição de insumo, procedimentalizada nas Instruções Normativas SRF no 247/2002 e no 404/2004. As embalagens objeto da glosa são da categoria “embalagens de transporte”, e não são utilizadas na fabricação ou produção dos bens, não se enquadrando como insumo, para os efeitos do creditamento pleiteado (Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, art. 3o, II). Destarte, também improcedente a argumentação da recorrente. Da multa de ofício Discute a recorrente ainda a magnitude da multa de ofício de 75% da diferença de tributos apurada, prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/1996, classificandoa como confiscatória. De pronto, externese que a vedação constitucionalmente consagrada (art. 150, IV) é à utilização de “tributo” com efeito de confisco, não se referindo o texto magno a penalidade. Contudo, no que se refere à oposição a eventual comando constitucional, é de se destacar que o tema já está sumulado no âmbito deste tribunal administrativo: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Nas multas em que a lei fixa o valor ou percentual, é defeso ao julgador efetuar ponderações no sentido de redução. A questão é de lege ferenda. Não goza de acolhida, assim, a argumentação em relação a eventual caráter confiscatório da multa expressamente prevista no no art. 44, I da Lei no 9.430/1996. Pelo exposto, voto pelo não provimento do recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Fl. 793DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 Fl. 794DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 13808.004584/00-95
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/1995 a 31/03/2000
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
Incabíveis embargos de declaração se não estiver manifestada a omissão ou outra das situações previstas no art. 65 do Anexo II do RICARF.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO. NÃO CABIMENTO.
Incabíveis embargos de declaração para apresentação de fato novo.
Numero da decisão: 3403-001.854
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Incabíveis embargos de declaração se não estiver manifestada a omissão ou outra das situações previstas no art. 65 do Anexo II do RICARF. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO. NÃO CABIMENTO. Incabíveis embargos de declaração para apresentação de fato novo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 45 84 /0 0- 95 Fl. 611DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Tratase de embargos de declaração opostos pela Administradora e Construtora Soma LTDA ao Acórdão nº 340301.627, de 26 de junho de 2012, sob o fundamento de omissão. Aduz a embargante que alegou no curso do despacho a nulidade da autuação em razão da desconsideração por parte do fisco de DCTF retificadoras apresentadas em 12/4/2000, antes do início da fiscalização, tendo o CARF determinado a apuração do alegado, em diligência. Após o retorno da diligência, essa corte proferiu o acórdão embargado, entendendo que as DCTF retificadoras não poderiam ser consideradas por não constarem nos sistemas informatizados da RFB e estarem amparadas em documentos com características que impedem sejam tidos como idôneos, entendimento esse que “é fruto de evidente omissão no v. acórdão ora embargado”. Alega a embargante que a RFB havia se manifestado (conforme documento que anexa) nos autos do PA 13808.004585/0058 esclarecendo que as alegações de contribuintes que entregaram declarações naquele período, e extraviadas, devem ser consideradas como legítimas caso não haja nenhum indício claro de falsificação dos documentos ou carimbo, e que ocorreram problemas com bases do TRANSDADOS em 98/99. As DCTF retificadoras, assim, não podem ser desconsideradas em razão de meras insinuações inconclusivas da RFB, e é um absurdo exigir que o contribuinte saiba qual o tipo de carimbo usado na RFB. Por esse motivo, deveria ter se manifestado o CARF sobre o fato de a própria RFB ter reconhecido que os documentos da embargante devem ser considerados em razão de falha em seus sistemas informatizados. Alega a embargante, por fim, um fato novo (a publicação de acórdão do TRF 3ª Região nos autos de ação rescisória no 2007.03.00.0364531, ajuizada pela embargante, para afastar a cobrança da COFINS com a base de cálculo ampliada nos termos do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/98), sustentando que tal acórdão alardeia reflexos nos créditos tributários relativos aos períodos de apuração 04/1999, 07/1999, 10/1999 e 01/2000, devendo ser considerado pelo CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os embargos de declaração preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. A ementa do Acórdão embargado, exatamente no excerto objeto dos embargos, dispõe: “ESPONTANEIDADE. AUSÊNCIA DE DCTF. Não se considera espontânea a alteração indicada em DCTF se não comprovado seu regular registro na RFB.” Fl. 612DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13808.004584/0095 Acórdão n.º 3403001.854 S3C4T3 Fl. 612 3 Do voto condutor (acolhido unanimemente) do acórdão embargado, extraise ainda que: “A recorrente alega que foram apresentadas DCTF retificadoras antes do início do procedimento fiscal, não tomadas em consideração na autuação. Tais DCTF retificadoras são exatamente as que motivaram a baixa do processo em diligência, e se referem, como informado pela recorrente, à compensação em virtude de sentença judicial. Ocorre que a unidade preparadora, além de não localizar as DCTF retificadoras apresentadas nos sistemas informatizados da RFB (constatação que já era presente nestes autos), percebeu que os carimbos dos recibos não apresentam as mesmas características dos carimbos usados para recepção no período indicado. A partir daí, comunicou o fato à recorrente, solicitou documentos e elaborou Representação Fiscal para Fins Penais pela configuração, em tese, de conduta criminosa (art. 296 do Código Penal). Para o deslinde do presente feito importa predominantemente o fato de não se poder acolher as DCTF retificadoras mencionadas. A solução da presente contenda independe do que venha a ocorrer no processo criminal, que, digase, não versa sobre crime contra a ordem tributária e, portanto, não tem trâmite vinculado a estes autos. Assim, retomando a questão paralisada que motivou a baixa em diligência, concluise que as DCTF retificadoras não devem ser consideradas como válidas, tendo em vista: (a) não constarem nos sistemas informatizados da RFB; e (b) estarem amparadas por documentos com características (carimbos diferentes dos usados para recepção no período indicado) que impedem que sejam tidas como idôneas.” (grifo nosso) É de se recordar que o art. 65 do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256/2009, dispõe sobre as hipóteses ensejadoras de embargos de declaração: obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos, ou omissão de ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Assim, não é compatível com o instrumento a apresentação de fato novo pela embargante, visto que tal fato não é inerente à substância da decisão ou de seus fundamentos. Portanto, não merecem acolhida os embargos nesse aspecto. No que se refere à alegada omissão sobre ponto em relação ao qual entende a embargante que a turma devia se manifestar (“o fato de a própria RFB ter reconhecido que os documentos da embargante devem ser considerados em razão de falha em seus sistemas informatizados”), é de se destacar que reflete equivocada compreensão do conteúdo da decisão deste tribunal e do conteúdo do documento expedido pela RFB (e novamente acostado aos autos pela embargante). Fl. 613DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Em relação ao documento expedido pela RFB, acostado aos autos, sua simples leitura revela que a falta de registro nos sistemas da RFB não enseja necessariamente a aceitação do documento, como deseja a embargante: “Alegações de contribuintes, que entregaram declarações de Pessoa Física ou IRPJ, PJ em bancos ou na SRF e DIRF na SRF, sobre extravio devem ser consideradas como legítimas caso não haja nenhum indício claro de falsificação do documento ou carimbo.” Isto porque naqueles anos (98 e 99) ocorreram inúmeros problemas com bases dos TRANSDADOS nos Bancos e no próprio atendimento da SRF.” “Por esses fatos, não há como considerar ilegítima a impugnação de multas por atraso de entrega que alegam o extravio da original nos referidos anos, quando a operação envolve TRANSDADOS e o recibo não apresenta indícios de falsidade.” “No caso em questão, o carimbo apresentado na DCTF do contribuinte acima fl. 905 não apresenta as mesmas características de carimbo usado para recepcionar outras declarações entregues no mesmo período, fl. 906 e 907, já arquivadas no arquivo (sic) da DITEC/DERAT/SPO.” (grifo nosso) O acórdão embargado manifestase claramente sobre o entendimento externado pela RFB, entendimento esse que revela, diante de problemas identificados nos sistemas da RFB, a admissão de documentos originais apresentados pelos contribuintes desde que não haja indícios de falsidade. O problema é que, no presente caso, afiguraramse tais indícios. Não há, assim, omissão no acórdão embargado. No máximo, há inconformismo da embargante em relação ao teor do acórdão, tema que não é passível de ataque via embargos de declaração. Pelo exposto, voto pela rejeição aos embargos de declaração, mantendose intacto o teor do Acórdão nº 340301.627, de 26 de junho de 2012. Rosaldo Trevisan Fl. 614DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13808.004584/0095 Acórdão n.º 3403001.854 S3C4T3 Fl. 613 5 Fl. 615DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 13808.004587/00-83
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/1999 a 30/06/2000
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
Incabíveis embargos de declaração se não estiver manifestada a omissão ou outra das situações previstas no art. 65 do Anexo II do RICARF.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO. NÃO CABIMENTO.
Incabíveis embargos de declaração para apresentação de fato novo.
Numero da decisão: 3403-001.855
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Incabíveis embargos de declaração se não estiver manifestada a omissão ou outra das situações previstas no art. 65 do Anexo II do RICARF. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO. NÃO CABIMENTO. Incabíveis embargos de declaração para apresentação de fato novo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 45 87 /0 0- 83 Fl. 550DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Tratase de embargos de declaração opostos pela Administradora e Construtora Soma LTDA ao Acórdão nº 340301.628, de 26 de junho de 2012, sob o fundamento de omissão. Aduz a embargante que alegou no curso do despacho a nulidade da autuação em razão da desconsideração por parte do fisco de DCTF retificadoras apresentadas em 12/4/2000, antes do início da fiscalização, tendo o CARF determinado a apuração do alegado, em diligência. Após o retorno da diligência, essa corte proferiu o acórdão embargado, entendendo que as DCTF retificadoras não poderiam ser consideradas por não constarem nos sistemas informatizados da RFB e estarem amparadas em documentos com características que impedem sejam tidos como idôneos, entendimento esse que “é fruto de evidente omissão no v. acórdão ora embargado”. Alega a embargante que a RFB havia se manifestado (conforme documento que anexa) nos autos do PA 13808.004585/0058 esclarecendo que as alegações de contribuintes que entregaram declarações naquele período, e extraviadas, devem ser consideradas como legítimas caso não haja nenhum indício claro de falsificação dos documentos ou carimbo, e que ocorreram problemas com bases do TRANSDADOS em 98/99. As DCTF retificadoras, assim, não podem ser desconsideradas em razão de meras insinuações inconclusivas da RFB, e é um absurdo exigir que o contribuinte saiba qual o tipo de carimbo usado na RFB. Por esse motivo, deveria ter se manifestado o CARF sobre o fato de a própria RFB ter reconhecido que os documentos da embargante devem ser considerados em razão de falha em seus sistemas informatizados. Alega a embargante, por fim, um fato novo (a publicação de acórdão do TRF 3ª Região nos autos de ação rescisória no 2007.03.00.0364531, ajuizada pela embargante, para afastar a cobrança da contribuição com a base de cálculo ampliada nos termos do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/98), sustentando que tal acórdão alardeia reflexos nos créditos tributários relativos a todos os períodos constantes na autuação, devendo ser considerado pelo CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os embargos de declaração preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. A ementa do Acórdão embargado, exatamente no excerto objeto dos embargos, dispõe: “ESPONTANEIDADE. AUSÊNCIA DE DCTF. Não se considera espontânea a alteração indicada em DCTF se não comprovado seu regular registro na RFB.” Do voto condutor (acolhido unanimemente) do acórdão embargado, extraise ainda que: Fl. 551DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13808.004587/0083 Acórdão n.º 3403001.855 S3C4T3 Fl. 551 3 “A recorrente alega que foram apresentadas DCTF retificadoras antes do início do procedimento fiscal, não tomadas em consideração na autuação. Tais DCTF retificadoras são exatamente as que motivaram a baixa do processo em diligência, e se referem, como informado pela recorrente, à compensação em virtude de sentença judicial. Ocorre que a unidade preparadora, além de não localizar as DCTF retificadoras apresentadas nos sistemas informatizados da RFB (constatação que já era presente nestes autos), percebeu que os carimbos dos recibos não apresentam as mesmas características dos carimbos usados para recepção no período indicado. A partir daí, comunicou o fato à recorrente, solicitou documentos e elaborou Representação Fiscal para Fins Penais pela configuração, em tese, de conduta criminosa (art. 296 do Código Penal). Para o deslinde do presente feito importa predominantemente o fato de não se poder acolher as DCTF retificadoras mencionadas. A solução da presente contenda independe do que venha a ocorrer no processo criminal, que, digase, não versa sobre crime contra a ordem tributária e, portanto, não tem trâmite vinculado a estes autos. Assim, retomando a questão paralisada que motivou a baixa em diligência, concluise que as DCTF retificadoras não devem ser consideradas como válidas, tendo em vista: (a) não constarem nos sistemas informatizados da RFB; e (b) estarem amparadas por documentos com características (carimbos diferentes dos usados para recepção no período indicado) que impedem que sejam tidas como idôneas.” (grifo nosso) É de se recordar que o art. 65 do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256/2009, dispõe sobre as hipóteses ensejadoras de embargos de declaração: obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos, ou omissão de ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Assim, não é compatível com o instrumento a apresentação de fato novo pela embargante, visto que tal fato não é inerente à substância da decisão ou de seus fundamentos. Portanto, não merecem acolhida os embargos nesse aspecto. No que se refere à alegada omissão sobre ponto em relação ao qual entende a embargante que a turma devia se manifestar (“o fato de a própria RFB ter reconhecido que os documentos da embargante devem ser considerados em razão de falha em seus sistemas informatizados”), é de se destacar que reflete equivocada compreensão do conteúdo da decisão deste tribunal e do conteúdo do documento expedido pela RFB (e novamente acostado aos autos pela embargante). Em relação ao documento expedido pela RFB, acostado aos autos, sua simples leitura revela que a falta de registro nos sistemas da RFB não enseja necessariamente a aceitação do documento, como deseja a embargante: Fl. 552DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 “Alegações de contribuintes, que entregaram declarações de Pessoa Física ou IRPJ, PJ em bancos ou na SRF e DIRF na SRF, sobre extravio devem ser consideradas como legítimas caso não haja nenhum indício claro de falsificação do documento ou carimbo.” Isto porque naqueles anos (98 e 99) ocorreram inúmeros problemas com bases dos TRANSDADOS nos Bancos e no próprio atendimento da SRF.” “Por esses fatos, não há como considerar ilegítima a impugnação de multas por atraso de entrega que alegam o extravio da original nos referidos anos, quando a operação envolve TRANSDADOS e o recibo não apresenta indícios de falsidade.” “No caso em questão, o carimbo apresentado na DCTF do contribuinte acima fl. 905 não apresenta as mesmas características de carimbo usado para recepcionar outras declarações entregues no mesmo período, fl. 906 e 907, já arquivadas no arquivo (sic) da DITEC/DERAT/SPO.” (grifo nosso) O acórdão embargado manifestase claramente sobre o entendimento externado pela RFB, entendimento esse que revela, diante de problemas identificados nos sistemas da RFB, a admissão de documentos originais apresentados pelos contribuintes desde que não haja indícios de falsidade. O problema é que, no presente caso, afiguraramse tais indícios. Não há, assim, omissão no acórdão embargado. No máximo, há inconformismo da embargante em relação ao teor do acórdão, tema que não é passível de ataque via embargos de declaração. Pelo exposto, voto pela rejeição aos embargos de declaração, mantendose intacto o teor do Acórdão nº 340301.628, de 26 de junho de 2012. Rosaldo Trevisan Fl. 553DF CARF MF Impresso em 25/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10166.723956/2011-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Nov 04 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007, 2008
Ementa:
AUTO DE INFRAÇÃO. PROCEDIMENTO DECORRENTE DE AUTO IRPJ/CSLL. COMPETÊNCIA. PRIMEIRA SEÇÃO.
Compete à Primeira Seção do CARF o julgamento de recurso voluntário relativo a procedimento decorrente de fatos cuja apuração tenha servido para configuração da prática de infração à legislação do IRPJ (art. 2o, IV do RICARF).
Numero da decisão: 3403-001.805
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso, declinando-se da competência de julgamento à Primeira Seção do CARF.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2007, 2008 Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO. PROCEDIMENTO DECORRENTE DE AUTO IRPJ/CSLL. COMPETÊNCIA. PRIMEIRA SEÇÃO. Compete à Primeira Seção do CARF o julgamento de recurso voluntário relativo a procedimento decorrente de fatos cuja apuração tenha servido para configuração da prática de infração à legislação do IRPJ (art. 2o, IV do RICARF).
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PROCEDIMENTO DECORRENTE DE AUTO IRPJ/CSLL. COMPETÊNCIA. PRIMEIRA SEÇÃO. Compete à Primeira Seção do CARF o julgamento de recurso voluntário relativo a procedimento decorrente de fatos cuja apuração tenha servido para configuração da prática de infração à legislação do IRPJ (art. 2o, IV do RICARF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso, declinandose da competência de julgamento à Primeira Seção do CARF. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 39 56 /2 01 1- 13 Fl. 190DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa o presente processo sobre Auto de Infração para exigência da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, insuficientemente recolhida nos anoscalendário 2007 e 2008, acrescida de multa de ofício e juros de mora. O Auto de Infração (fls1. 2 a 14) foi lavrado em 12/07/2011 com base em Termo de Verificação Fiscal (fls. 17 a 19) no qual sustenta a autoridade administrativa que: a) o contribuinte apresentou declarações referentes aos anos calendário 2007 e 2008 optando indevidamente pelo lucro presumido, pois tendo auferido nos dois exercícios receita operacional bruta superior a R$ 48 milhões, estaria obrigado a apurar o imposto de renda pelo regime do lucro real (art. 46 da Lei no 10.637/2002); b) tendo em vista a apresentação pela empresa fiscalizada da escrituração contábil com observância das leis comerciais e fiscais nos anos em questão, a fiscalização efetuou o lançamento dos valores do IRPJ e CSLL pelo regime do lucro real, compensando os valores declarados em DCTF; e c) a fiscalização efetuou o lançamento da contribuição para o PIS e da Cofins (este sob análise nos presentes autos) com base nos respectivos registros contábeis, bem como nas planilhas elaboradas pelo contribuinte, tendo sido também tomados em conta os valores declarados em DCTF. Cientificada da autuação em 13/07/2011 (fls. 13), a recorrente apresenta impugnação (fls. 121 a 142) em 12/08/2011, solicitando, preliminarmente, que as impugnações aos autos de infração referentes ao IRPJ, à CSLL, à contribuição para o PIS e à Cofins sejam analisados conjuntamente, e argumentando que: a) é nulo o lançamento por se basear em dados bancários do contribuinte obtidos sem a devida autorização judicial; b) houve inobservância ao princípio contábil da competência, pois o fisco apurou o IRPJ e a CSLL devidos com base no lucro real considerando a receita operacional bruta, deduzindo apenas os valores informados em DCTF, sem o cômputo dos custos e despesas registrados nos livros e documentos apresentados durante a fiscalização, contrariando o disposto no art. 276 do RIR/99, o art. 142 do CTN e art. 24 da Lei no 9.249/95; c) no caso de o fisco desconsiderar a escrituração contábil do contribuinte, deveria proceder ao arbitramento do lucro para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, conforme o disposto nos artigos 148 do CTN, e 530 e 532 do RIR/99; d) lavrada a autuação sem observância das corretas bases de cálculo, houve ofensa aos artigos 44, 97, I e IV e 142 do CTN, 1 Toda numeração de folhas indicada nesta decisão se refere à paginação eletrônica no "eprocessos". Fl. 191DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10166.723956/201113 Acórdão n.º 3403001.805 S3C4T3 Fl. 191 3 e aos artigos 153, III, 195, I, “c” e 150, I da Constituição Federal; e) com relação à contribuição para o PIS e à Cofins, padecem de nulidade os lançamentos por erro na apuração da base de cálculo, mais precisamente na delimitação das receitas tributáveis; f) é submetida ao regime cumulativo de apuração das contribuições, cuja base de cálculo é o faturamento e que, atuando no ramo de supermercado, comercializa diversos produtos sujeitos à incidência monofásica das referidas contribuições (cujas alíquotas são zero nas vendas efetuadas pelos varejistas) e uma série de outros produtos que não sofrem a incidência das contribuições (seja por isenção, alíquota zero, substituição tributária ou suspensão da incidência), enumerando os produtos cuja venda não ensejaria o pagamento das contribuições; e g) em respeito ao princípio da verdade material e em atenção às especificidades desse segmento empresarial, deveria ter sido intimada a apresentar as informações contábeis com a devida segregação das receitas não tributáveis, e que não se pode argumentar que a autuação decorreu das informações prestadas pelo contribuinte, pois do fato de terem sido prestadas informações incorretas pela empresa não se impõe a exigibilidade das contribuições sobre receitas não tributadas. A decisão de primeira instância (fls. 160 a 168), proferida em 23/09/2011, julgou improcedente a impugnação e manteve a exigência do crédito tributário. Em síntese, acordouse que: a) as impugnações seriam apreciadas em conjunto, sendo os acórdãos e votos proferidos nos processos correspondentes a cada um dos tributos, no que passouse à análise dos argumentos referentes à Cofins (tributo objeto do presente processo); b) o auto de infração atende a todos os requisitos legais, não existindo violação ao princípio da legalidade ou a outros dispositivos enumerados pelo contribuinte, tendo sido oferecido à autuada o exercício do contraditório e da ampla defesa no momento processual propício; c) não houve quebra de sigilo bancário sem ordem judicial, uma vez que a autuação foi fundamentada na escrituração da empresa e não em informações bancárias, e que o agente fiscal sequer precisou recorrer às instituições financeiras para ter acesso à movimentação financeira da empresa, pois o próprio contribuinte lhe apresentou os extratos solicitados; Fl. 192DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 d) contrariamente ao alegado pela contribuinte (de que está sujeita ao regime cumulativo de apuração), verificouse que a empresa, em 24/06/2011 apresentou, em atendimento à intimação fiscal, os Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais DACON, relativos aos anoscalendário de 2007 e 2008, com informações referentes ao regime não cumulativo, bem como planilhas com bases de cálculo e apuração das contribuições consoante essa mesma sistemática; e) as contribuições não foram calculadas sobre a totalidade da receita bruta auferida, tendo sido considerados na autuação os demonstrativos e planilhas apresentados pela própria empresa, onde consta o montante passível de exclusão da base de cálculo, inclusive o relativo à comercialização de produtos sujeitos à incidência monofásica da Cofins e de produtos que não sofrem a incidência dessa contribuição (sob o título de “Vendas Isentas de PIS/Cofins”); e f) diante da alegação de erro nas apurações e informações fornecidas, tornase necessário que a contribuinte apresente provas do equívoco cometido, o que não ocorreu, tendo sido no curso da ação fiscal apresentadas provas de que houve falta de pagamento de tributos devidos, com base nas declarações transmitidas à RFB e na escrituração apresentada pela própria empresa. Cientificada da decisão em 17/11/2011 (AR às fls. 176), a recorrente apresenta, em 15/12/2011, Recurso Voluntário (fls. 177 a 186), no qual pede, preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do lançamento efetuado com base em informações obtidas mediante a quebra de sigilo bancário sem autorização judicial (art. 5o, XII, da Constituição Federal), e, no mérito, a improcedência do lançamento, ao menos em parte, por vício material, ou a conversão do julgamento em diligência para se apurar as verdadeiras receitas tributáveis, reiterando as argumentações anteriormente externadas e adicionando que o lançamento é improcedente com relação ao anocalendário de 2007, pois o lançamento principal (referente ao IRPJ e à CSLL), alicerçado nos mesmos fundamentos fáticos do lançamento decorrente (omissão de receitas), foi julgado improcedente com relação ao citado período. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator A matéria contenciosa restringese a: (a) preliminar de nulidade por possível quebra de sigilo bancário sem autorização legal; (b) possível afetação do presente processo pelo resultado do julgamento de processo de IRPJ/CSLL, que tem na origem a mesma base fática; e (c) possível erro na quantificação das receitas tributáveis. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10166.723956/201113 Acórdão n.º 3403001.805 S3C4T3 Fl. 192 5 Analisarseá aqui, inicialmente, o segundo tópico, pois nele paira discussão sobre a própria competência desta 3a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a Seção para o trato da matéria. A presente autuação, assim como as autuações tratadas no processo no 10166.723955/201161 (referente a PIS) 2, e no processo no 10166.723952/201127 (referente a IRPJ e CSLL) 3 decorrem de um mesmo procedimento de fiscalização, amparado pelo MPF no 0110100.2010.007684. Em decorrência, sustenta a recorrente que, por haver relação de causa e efeito entre os lançamentos, há que se decidir em relação ao lançamento em exame de forma idêntica ao decidido em relação ao que designa de “lançamento principal”, referente a IRPJ e CSLL. O lançamento de IRPJ e CSLL foi considerado em primeira instância parcialmente procedente. Em síntese, a discussão fundouse na interpretação dos arts 13, caput e 14, I da Lei no 9.718/1998, com a redação dada pelo art. 46 da Lei no 10.637/2002: “Art. 13. A pessoa jurídica cuja receita total, no anocalendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do anocalendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido. (...) Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I cuja receita total, no anocalendário anterior seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses;” (grifo nosso) Conforme as DIPJ 2008 e 2009 apresentadas, a recorrente apurou o IRPJ e a CSLL segundo as regras do lucro presumido nos anoscalendário 2007 e 2008. A fiscalização indica que, de acordo com os registros contábeis e demonstrações apresentados pela recorrente, a receita operacional bruta nos anoscalendário de 2007 e 2008 atingiu, respectivamente, R$ 117.236.990,61 e 122.463.642,12, montantes que entendeu superiores aos limites estabelecidos em lei para apuração pelo lucro presumido. O julgador de primeira instância, no processo no 10166.723952/201127, afastou de plano a exigência referente ao anocalendário de 2007, pela ausência de indicação na autuação do valor da receita bruta referente ao anocalendário de 2006 (o que impediu a verificação do enquadramento nos limites legalmente estabelecidos para a opção): “No caso em tela, verificase que, em relação a 2008, o agente fiscal procedeu corretamente, uma vez que, segundo a 2 Quando da elaboração deste voto, o processo se econtrava distribuído à DIDAUDívidaPRFN1, não tendo sido o Acórdão da DRJ objeto de recurso voluntário. 3 Quando da elaboração deste voto, o processo se encontrava distribuído a conselheiro relator da 1a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1a Seção do CARF, desde 12 de abril de 2012. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 demonstração de resultado apresentada pelo próprio contribuinte, a receita bruta total de 2007 foi superior ao limite de R$ 48.000.000,00, o que resultou na obrigatoriedade de apuração do tributo devido com base do lucro real no anocalendário seguinte. Entretanto, quanto aos fatos geradores relativos ao ano calendário de 2007, não consta dos autos qualquer informação relativa ao valor da receita bruta total do anocalendário de 2006, motivo pelo qual não há como prevalecer a consideração do fisco quanto à incorreção da opção pelo lucro presumido na DIPJ/2008. (...) Destarte, tendo em vista a fundamentação incorreta para a exigência do IRPJ e CSLL pelo lucro real no anocalendário de 2007, não há como prevalecer o lançamento relativamente a esse período.” (grifo nosso) No mesmo Acórdão, dispôs ainda o julgador administrativo em relação àquele processo (referente a IRPJ e CSLL): “... verificase que a base de cálculo utilizada no lançamento não foi a receita operacional e sim, o lucro apurado pelo contribuinte em sua demonstração trimestral de resultado. Percebese, da análise de tal documento, que, em sua escrituração contábil e comercial, o contribuinte efetuou a apuração do lucro real conforme preconizado pela legislação, mas, na DIPJ, efetuou a opção pelo lucro presumido de forma indevida, o que resultou na apuração incorreta do IRPJ e da CSLL. (...) A base de cálculo utilizada pelo fisco foi, portanto, exatamente aquela requerida pela impugnante em sua peça de defesa, ou seja, o lucro efetivamente auferido no período e apurado mediante o confronto entre as receitas e os custos e despesas, tendo sido respeitada, inclusive, a sua própria escrituração.” (grifo nosso) Em síntese, naquele processo o retoque efetuado pelo julgador a quo restringiuse ao anocalendário de 2007, e exclusivamente em relação ao IRPJ e à CSLL, tendo como fundamento as opções efetuadas em DIPJ. A discussão sobre a aplicabilidade dos arts 13, caput e 14, I da Lei no 9.718/1998, com a redação dada pelo art. 46 da Lei no 10.637/2002, foi o cerne da questão, e a motivação para a procedência parcial. Já no julgamento de primeira instância do processo que agora se analisa (referente a COFINS), entendeu o julgador a quo que: “Equivocouse, portanto, a interessada ao dizer que a autuação decorreu de apuração de omissão de receitas relativas a vendas de mercadorias, obtidas com base em informações bancárias, bem como ao afirmar que o fisco teria utilizado como base de cálculo, para apuração do IRPJ e da CSLL, a receita operacional do período, sem considerar os custos e despesas incorridas (sic). Fl. 195DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10166.723956/201113 Acórdão n.º 3403001.805 S3C4T3 Fl. 193 7 Da mesma forma, equivocouse a impugnante ao sustentar que a autuação relativa à contribuição para o PIS e à Cofins foi efetuada com mesmo embasamento fático do lançamento referente a IRPJ e à CSLL. Primeiramente, cumpre mencionar que, em contraposição ao sustentado pela impugnante em sua peça de defesa (que estaria submetida ao regime cumulativo de apuração), a empresa, em 24/06/2011 apresentou, em atendimento à intimação fiscal, os Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – DACON, relativos aos anoscalendário de 2007 e 2008, com informações referentes ao regime nãocumulativo, bem como planilhas com bases de cálculo e apuração das contribuições consoante essa mesma sistemática. Compulsandose os autos, especialmente as planilhas de fls. 15 e 16, verificase que o agente fiscal, para a apuração do tributo devido nos referidos anos, adicionou, ao montante do tributo declarado em DACON como devido, o tributo devido sobre a diferença entre o valor da receita bruta constante de sua demonstração de resultado do período e o valor da soma das bases de cálculo constantes das planilhas apresentadas (fls. 72 e seguintes). Do valor obtido, foi ainda deduzido o valor do débito declarado na DCTF correspondente.” (grifo nosso) É de se esclarecer que além dos tributos que incidem sobre faturamento (entre os quais podese citar a Contribuição para o PIS/PASEP e a Cofins) há impostos e contribuições incidentes sobre o lucro (como o IRPJ e a CSLL). Para estes, as empresas podem, dentro das regras legalmente estabelecidas, optar entre lucro presumido e lucro real. A um primeiro olhar, uma ou outra opção não teria relevância sobre a Cofins. Contudo, é de se atentar para o disposto no art. 8o da Lei no 10.637/2002, e no art. 10 da Lei no 10.833/2003, que vedam a cobrança nãocumulativa da Cofins (e da contribuição para o PIS/PASEP) a empresas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido (ou arbitrado). Assim, a opção pelo regime de apuração do lucro presumido (IRPJ e CSLL) é incompatível com a cobrança nãocumulativa da COFINS. Nem o contribuinte pode fazêlo, nem o fisco aceitálo. O contribuinte, embora tenha apresentado DIPJ optando pelo lucro presumido, efetuou os registros contábeis pela sistemática do lucro real, e, embora tenha apresentado DACON considerando a nãocumulatividade, afirma que a tributação a que está sujeito é a cumulativa. Ou seja, o que propugna o contribuinte é diametralmente oposto ao que ele contabiliza e documenta. A decisão da DRJ no processo no 10166.723952/201127 afastou a exigência de IRPJ e CSLL referente ao anocalendário de 2007 (ao argumento de que apenas foi comprovada a hipótese de vedação à opção pelo lucro presumido no anocalendário de 2008). Por consequência, correta estaria a cobrança não cumulativa de Cofins no período. A contrario sensu, ao admitir que não foi comprovada hipótese de vedação à opção feita pela empresa à tributação pelo lucro presumido no anocalendário de 2007, o julgador entendeu possível a Fl. 196DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 opção em tal período, e, portanto, a incompatibilidade com a cobrança nãocumulativa de Cofins. A confirmação ou não do julgamento de primeira instância no processo no 10166.723952/201127, assim, afeta o presente processo, pelo que se declina da competência para julgamento em favor da Primeira Seção deste CARF, na forma do art. 2o, IV do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256/2009. Assim, voto pelo não conhecimento do recurso voluntário, com o encaminhamento do presente à Primeira Seção deste CARF, para julgamento no contexto do processo referente a IRPJ/CSLL. Rosaldo Trevisan Fl. 197DF CARF MF Impresso em 04/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por ROSALDO TREVISAN
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