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Turma Camara- Quarta Câmara (40)
- ROSALDO TREVISAN (41)
- 2015 (41)
- 2015 (41)
Numero do processo: 14033.000577/2009-95
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/1988 a 30/09/1995
COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PROCESSO DIVERSO.
Na apreciação de compensações decorrentes de direito creditório discutido definitivamente em outro processo administrativo, não cabe a reabertura da discussão de mérito sobre o direito creditório, devendo apenas ser analisado o cabimento das compensações.
COMPENSAÇÃO. DUPLICIDADE DE ANÁLISE. ANULAÇÃO.
Verificando-se que houve duplicidade de análise das mesmas DCOMP em processos diferentes, cabível a anulação da segunda decisão, se a primeira foi regularmente proferida.
Numero da decisão: 3403-003.663
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PROCESSO DIVERSO. Na apreciação de compensações decorrentes de direito creditório discutido definitivamente em outro processo administrativo, não cabe a reabertura da discussão de mérito sobre o direito creditório, devendo apenas ser analisado o cabimento das compensações. COMPENSAÇÃO. DUPLICIDADE DE ANÁLISE. ANULAÇÃO. Verificandose que houve duplicidade de análise das mesmas DCOMP em processos diferentes, cabível a anulação da segunda decisão, se a primeira foi regularmente proferida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 03 3. 00 05 77 /2 00 9- 95 Fl. 507DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre 40 DCOMP apresentadas pela empresa (ainda com o nome de BRAVESA Brasília Veículos LTDA) nos anos de 2003, 2004 e 2005, listadas às fls. 444/445 (cópias às fls. 9 a 48)1, em virtude de créditos decorrentes de ação judicial referente a FINSOCIAL, com trânsito em julgado (processo no 1999.34.00.0333668), no valor total de R$ 2.478.081,10. Por meio do despacho decisório de fls. 86 a 90 (proferido em 31/08/2009), afirmase que: (a) foi apresentada a DCOMP de fls. 9 a 12 e, posteriormente, diversas outras DCOMP (fls. 7 e 8) requerendo a compensação de diversos débitos com pretendo crédito informado no processo administrativo no 10166.013352/9881 (lançamento de ofício), relativo aos meses de outubro a dezembro de 1999; (b) as DCOMP são tempestivas, posto que transmitidas a partir de 09/09/2004 e referentes a créditos decorrentes de sentença com trânsito em julgado em 02/12/2001; (c) uma das DCOMP (final 0992) foi analisada no processo administrativo no 14033.001579/200730 (e não homologada, cf. despacho decisório de fls. 79 a 81, pela inexistência do crédito); (d) o crédito reconhecido no processo no 10166.015352/98 81 foi totalmente utilizado (fls. 49 a 78) em procedimento de compensação de ofício expressamente autorizado pela contribuinte (fl. 82), não constando entre os compensados os valores informados em algumas DCOMP relacionadas à fl. 86; (e) outras DCOMP relacionadas no processo administrativo no 10166.015352/9881 foram tacitamente homologadas (as transmitidas antes de setembro de 2004 fls. 88/89). Cientificada do despacho decisório em 25/09/2009 (AR à fl. 94), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 27/10/2009 (fls. 96 a 104), alegando, em síntese, que: (a) alguns pontos, mesmo tendo sido objeto do pedido de revisão do processo administrativo no 10166.001933/200514, não foram considerados pelas autoridades fiscais; (b) eram dois os processo judiciais que amparavam o crédito: um referente a FINSOCIAL (no 1999.34.00.0333668, que gerou o processo de restituição no 10166.015352/9881) e outro referente a PIS (no 1999.34.00.0056164), mas por erro de fato as DCOMP contiveram somente o número do processo de FINSOCIAL; (c) há equívoco de valor no processo de restituição; e (d) conforme arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997, a compensação poderia se dar de ofício, sendo um dever da Fazenda verificar/acompanhar os processos judiciais da empresa. Em 26/02/2010 a empresa desiste da manifestação de inconformidade apresentada, acatando o teor do despacho decisório e renunciando a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundamenta o referido recurso (fl. 131), por adesão ao parcelamento da Lei no 11.941/2009. O fisco, em despacho datado de 25/03/2011 (fl. 164), afirma que as DCOMP de fls. 9 a 45 já haviam sido analisadas no processo administrativo no 14033.001618/200707, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 508DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 508 3 propondo sua exclusão do sistema de cobrança, tendo sido o processo arquivado em 04/01/2012. Tendo em vista que as DCOMP foram analisadas em duplicidade, excluiuse o presente processo do sistema (sendo os débitos em cobrança decorrentes do processo administrativo no 14033.001618/200707 transferidos para o processo administrativo no 18208.067271/201145 para fins de controle do parcelamento, ou encaminhados à PFN). Foi, por consequência, anulado o despacho decisório proferido às fls. 86 a 90 (fls. 253/254), com ciência à empresa em 13/04/2012 (AR à fl. 256), e arquivado o processo (fl. 258). A empresa apresenta então o recurso administrativo de fls. 259 a 279 (reiterado às fls. 363 a 366), em 24/04/2012, narrando que: (a) obteve crédito de FINSOCIAL em decorrência de ação judicial, gerando o processo de restituição no 10166.015352/9881; (b) em 21/02/2008 foi intimada de despacho decisório exarado no processo no 14033.001618/200707, que relacionava em tabela as DCOMP não homologadas (fls. 262/263); (c) em 24/03/2008 apresentou manifestação de inconformidade, alegando equívoco de cálculo pelo fisco; (d) em 25/09/2009, recebeu carta cobrança emitida no presente processo (no 14033.000577/200995), também relacionando diversas DCOMP em tabela (fl. 264), que foram inseridas em parcelamento; (e) no presente processo, foram tacitamente homologadas DCOMP que constavam como não homologadas na tabela anterior (processo no 14033.001618/200707); (f) sendo comunicada de que havia sido anulado o despacho decisório proferido no presente processo (por analisar DCOMP já analisadas em processo anterior); (g) a empresa foi intimada do despacho decisório referente ao presente processo em 25/09/2009, ou seja, depois da ciência do despacho decisório no processo no 14033.001618/200707), que analisava as mesmas DCOMP (21/02/2008) e, assim, imaginou que teriam sido analisadas as mesmas DCOMP do outro processo e homologadas, tendo por isso solicitado desistência da manifestação de inconformidade no processo no 14033.001618/200707, em 17/12/2009; (h) a anulação do despacho decisório cerceia o direito de defesa em relação às compensações que estariam tacitamente homologadas, não havendo razão para que se anule exatamente o despacho decisório que reconheceu a ocorrência das homologações tácitas; (i) a descoberta da duplicidade não decorreu da autoridade administrativa, mas de questionamento da própria empresa; (j) está equivocado o despacho proferido no processo no 14033.001618/200707, e a empresa precisa ter seu direito a defesa restabelecido; e (k) os débitos foram inscritos em dívida ativa antes mesmo de ser anulado o despacho decisório. Pede, por fim, que seja revisto o despacho decisório que anulou o anteriormente proferido no presente processo, homologando se (novamente) as compensações referidas na tabela de fls. 88/89, e, alternativamente, que seja reaberto o prazo para defesa no processo no 14033.001618/200707, no qual a empresa foi induzida à desistência, ou seja apreciada a manifestação de inconformidade à época apresentada (cessandose os efeitos da desistência). O recurso é encaminhado à DISIT/SRRF01 (fls. 410 a 412) destacandose que à data do despacho decisório proferido no processo no 14033.001618/200707 efetivamente não se configurava homologação tácita, e que a manifestação de inconformidade em ambos os processos possuía idêntico teor, sendo o direito creditório discutido exclusivamente no processo no 10166.015352/9881. Amparado no parecer de fls. 416 a 426, o Superintendente da SRRF01 decide não conhecer do recurso, que entendeu estar sujeito ao rito do Decreto no 70.235/1972, cientificando a recorrente em 11/06/2013 (AR à fl. 430). A DRJ aprecia a manifestação de inconformidade, proferindo julgamento de primeira instância em 29/08/2014 (fls. 434 a 445), no qual se acorda unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os argumentos de que: (a) a autoridade local, ao perceber ter emitido dois despachos decisórios para as mesmas DCOMP, verificou Fl. 509DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 não haver erro no primeiro, sendo o segundo, por consequência, equivocado; (b) é razoável facultar à contribuinte eventual rescisão de sua desistência no processo no 14033.001618/2007 07; (c) como admitido pela própria empresa, o direito creditório indicado nas DCOMP e informado no processo no 10166.015352/9881 não se mostrou suficiente para as compensações, sendo correto o despacho decisório emitido no processo no 14033.001618/200707; (d) a compensação com créditos de outra ação (PIS) demandada com base nos arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997, fica condicionada à apresentação de cópia daquele processo (cf. art. 17 da mesma norma). Cientificada do acórdão da DRJ em 10/09/2014 (AR de fl. 449), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 09/10/2014 (fls. 451 a 480), alegando basicamente que: (a) foram anexados nos processos cópias integrais das sentenças proferidas em ambos os processos judiciais, pelo que não se admite a alegação da DRJ de que seria necessário juntar peças processuais; (b) peticionou administrativamente a restituição em 10/12/1998 (processo no 10166.015352/9881) de créditos de FINSOCIAL recolhidos indevidamente, e depois ingressou em juízo com o MS no 1999.34.00.0333668 (referente a FINSOCIAL); (c) a compensação foi realizada com créditos originários do processo administrativo no 10166.015352/9881; (d) as DCOMP foram apreciadas no processo administrativo no 14033.001618/200707, tendo a empresa sido cientificada do despacho decisório (denegatório) em 21/02/2008, apresentando manifestação de inconformidade, demandado que fosse reconhecido também o crédito de processo judicial referente a PIS (no 1999.34.00.0056164), que não foi citado nas DCTF e DCOMP por erro de fato, mas nunca foi utilizado, destacando ter havido ainda erro de atualização; (e) antes do julgamento da manifestação de inconformidade no processo administrativo no 14033.001618/200707, a empresa recebeu outro despacho decisório referente às mesmas DCOMP (acompanhado de carta de cobrança), que faz parte do presente processo administrativo (no 14033.000577/200995), no qual algumas DCOMP eram consideradas tacitamente homologadas e outras não homologadas (tendo sido estas incluídas em parcelamento); e (f) após ter desistido da manifestação de inconformidade no processo no 14033.001618/200707, houve a comunicação de que teria sido anulado o segundo despacho decisório (que considerava homologadas tacitamente diversas compensações), à empresa, em 13/04/2012, sendo a recorrente prejudicada em ambos os processos, o que deseja ver suprido, com a análise dos créditos referentes à ação judicial que versava sobre “PIS”, e a rescisão do pedido de desistência no processo no 14033.001618/2007 07, além da suspensão da inscrição em dívida ativa (efetuada em 13/03/2012, quando ainda estavam homologados os débitos, sequer existindo a anulação levada a cabo em 29/03/2012, e levada a cabo no processo no 3024324.2012.4.01.3400, distribuído perante a 19a Vara Federal do DF) dos débitos referentes ao processo no 14033.001618/200707. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 509 5 Como houve e continua havendo confusão em relação aos diversos processos citados tanto por parte da Administração quanto por parte da recorrente, é preciso esclarecer quais as diferenças entre os processos, de modo até a permitir que reste indubitável o que de fato se deve julgar neste processo. Do processo referente ao direito de crédito O processo administrativo que trata do direito de crédito é o de no 10166.015352/9881, no qual se efetua pedido de restituição (fl. 4)2 em 10/12/1998 com base em recolhimentos indevidos de FINSOCIAL (de 14/11/1989 a 20/05/1992 detalhamento à fl. 6), pedido indeferido em 01/02/2000 (com ciência em 10/02/2000 fl. 52). Apresentada manifestação de inconformidade em 17/02/2000 (fls. 53 a 62), a DRJ a julga improcedente em 15/05/2000 (fls. 66 a 70, com ciência em 25/08/2000 fl. 72), em razão de ter decaído o direito de pleitear a restituição. Interposto recurso voluntário em 22/09/2000 (fls. 73 a 85), o então Conselho de Contribuintes, no Acórdão no 20174.513, de 18/04/2001 (fls. 88 a 96), decide, por unanimidade, dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito da contribuinte em ter restituídas ou compensadas as quantias recolhidas em montante superior ao decorrente da aplicação da alíquota de 0,5% (meio por cento) nos recolhimento a titulo de FINSOCIAL, sem prejuízo da atualização monetária (cf. Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n. 8, de 27/06/1997, aplicandose a norma contida no artigo 66 da Lei n. 8.383/1991). Depois do julgamento, a empresa foi intimada para manifestarse sobre compensação de ofício dos créditos daquele processo com débitos constantes em sistemas da RFB e da PGFN em 22/05/2003 (fl. 102), autorizando expressamente a compensação em 20/06/2003 (fl. 105). Em 03/11/1999 a empresa ingressou com ação judicial para compensar FINSOCIAL nos valores pagos com alíquota superior a 0,5% também entre 1989 e 1992 (MS no 1999.34.00.0333668), tendo sido a sentença (em 23/02/2000) no sentido de concessão parcial, autorizando a empresa a compensar créditos de FINSOCIAL eventualmente existentes, sujeitos a verificação mediante prévia solicitação administrativa. A decisão foi mantida em segunda instância (pelo TRF1, em 07/08/2001), com trânsito em julgado em 03/12/2001. Ainda no bojo do processo administrativo no 10166.015352/9881, verificase que, com a ação judicial, o fisco refaz as compensações, adequandoas ao decidido em juízo (em 27/10/2006). Em relação à liquidação administrativa, a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 15/12/2006 (fls. 480 a 485), onde requer que seja tomado em conta também crédito decorrente da ação judicial referente a “PIS” (no 1999.34.00.0056164), por erro fato na informação em DCTF e nas DCOMP (que poderia ser superado com compensações de ofício, na forma dos arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997) e seja recalculada a atualização de valor que entende incorreta. Em despacho de 21/11/2007, a DRJ (fls. 843/844) informa ser incabível a manifestação de inconformidade, estando extinta a fase administrativa referente ao processo (com ciência à empresa em 27/11/2007 fl. 846). Em 21/12/2007 a empresa apresenta nova manifestação de inconformidade, de teor idêntico à anterior (trazendo cópia de peças do MS no 1999.34.00.0056164: inicial, sentença concedendo segurança para deferir o pedido de compensação do que for cobrado a maior da autora, a titulo da contribuição ao PIS, nos termos dos DecretosLeis no 2.445/88 e 2.449/88, com débitos vindouros não só do próprio PIS, como também da COFINS; decisão mantida no TRF1 e restrita, no STJ, a 2 Todos os números de folhas indicados neste item do voto são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos) n. 10166.015352/9881. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 compensações com o próprio “PIS”). A nova manifestação de inconformidade também foi objeto de despacho da DRJ, que informou novamente não haver mais tema administrativo a discutir no processo, em fase de liquidação (fl. 1227, com ciência em 22/01/2009 fl. 1229). Encerrada a discussão administrativa, os débitos foram encaminhados para inscrição em dívida ativa, tendo posteriormente sido acolhido pedido de parcelamento. Em suma, foi esgotada a discussão sobre o direito de crédito, não cabendo ser esta retomada em processo diverso, como o presente, que trata de compensações invocando tal crédito, como se vê a seguir. Dos processos (relevantes) referentes a compensações Há dois processos administrativos referentes a compensações que são relevantes na análise a ser aqui empreendida; o presente (no 14033.000577/200995) e o de no 14033.001618/200707. Como já se destacou, ambos acabaram, por um lapso da fiscalização, analisando as mesmas 40 DCOMP (transmitidas de 30/05/2003 a 31/01/2005). A primeira análise ocorre no processo de no 14033.001618/200707, com o despacho decisório de fls. 314 a 316 (com ciência em 21/02/2008), no qual as 40 DCOMP não são homologadas, visto não haver restado crédito do processo no 10166.015352/9881. Diante da decisão, a empresa interpõe manifestação de inconformidade em 24/03/2008 (fls. 326 a 332), com as mesmas alegações expressas no processo referente ao crédito (tomada em conta de crédito da ação de “PIS”, que por erro de fato não constou nas DCTF/DCOMP e erro de cálculo na atualização). Antes que fosse julgado o processo de no 14033.001618/200707, as 40 DCOMP foram novamente analisadas, desta vez no bojo do presente processo administrativo (no 14033.000577/200995), chegando o despacho decisório, proferido em 31/08/2009 (fls. 86 a 90), à conclusão de que teria havido homologação tácita (art. 74, § 5o da Lei no 9.430/1996) em relação a 30 DCOMP (registradas de 30/05/2003 a 04/08/2004). No mérito, o despacho adota os mesmos fundamentos que o anteriormente proferido em 21/02/2008 (data em que ainda não havia operado homologação tácita para nenhuma DCOMP). Cientificada do despacho decisório em 25/09/2009 (AR à fl. 94), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 27/10/2009 (fls. 96 a 104), com as mesmas alegações utilizadas tanto no processo no 10166.015352/9881 quanto no processo no 14033.001618/200707. Em 18/12/2009 (fl. 311) a empresa desiste da manifestação de inconformidade apresentada no processo no 14033.001618/200707. E em 26/02/2010 (fl. 131), desiste da manifestação de inconformidade apresentada no presente processo (no 14033.000577/200995). Aparentemente não restaria o que julgar em ambos os processos que, recorde se, tratam de análise das mesmas 40 DCOMP. Mas a duplicidade é verificada no despacho de fl. 164, proferido em 25/03/2011. Como providência saneadora, mantémse o primeiro despacho decisório, corretamente emitido no processo no 14033.001618/200707, anulandose o segundo despacho decisório (com ciência à empresa em 13/04/2012), emitido no presente processo, com exclusão dos débitos no sistema de cobrança, e arquivamento. Foram os débitos do processo no 14033.001618/200707 transferidos para o processo administrativo no 18208.067271/201145, ocorrendo a inscrição em dívida ativa em 13/03/2012. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 510 7 O processo no 14033.001618/200707 não foi juntado ao presente, e no sistema eprocessos (verificado em nome da verdade material) percebese que o último despacho proferido (datado de 15/03/2012) é o seguinte: “considerando que os créditos já se encontram inscritos, determino o encaminhamento à atividade ‘Acompanhar processo inscrito’”. Do que resta a discutir no presente processo Tendo em conta que o processo referente ao crédito (no 10166.015352/9881) já é findo administrativamente, não resta dúvida quanto à inexistência de direito creditório. A alegação de que existiria crédito de ação judicial diversa, não invocada tempestivamente por erro de fato, sem que se detalhe especificamente a certeza e a liquidez de tal crédito, ofende o requisito exigido pelo art. 170 do CTN. Não pode haver compensação de ofício se o crédito sequer foi atestado ou quantificado pelo postulante. A compensação de ofício só ocorre quando o crédito resta inequivocamente certificado e quantificado. Ademais, já não se está aqui, nestes autos, a discutir o direito creditório, tema enfrentado no referido processo findo. O processo no 14033.001618/200707 e o presente tratam de análise de compensações invocando tal crédito. Ausente o direito ao crédito, incabíveis as compensações. E o despacho decisório proferido no processo no 14033.001618/200707 não apresenta nenhum erro, sendo ainda correta a inscrição em dívida ativa, diante da desistência da manifestação de inconformidade. Ademais, qualquer contestação ao decidido em tal processo deve ser travada no bojo dele, e não nos presentes autos. Resta então verificar que matéria resta a ser julgada. A última decisão proferida neste processo, que ensejou a peça recursal, foi a anulação do despacho decisório inicialmente proferido, porque analisava matéria que já havia sido objeto de decisão administrativa. Correta assim a anulação, que produz efeitos ex tunc (ao contrário da revogação). Ainda que a DRJ tenha entendido como cabível a rescisão unilateral do pedido de desistência, restariam a analisar somente dois temas: o direito creditório e a homologação tácita. Em relação ao direito creditório, reiterese: já foi objeto de análise em processo findo administrativamente, versando o presente contencioso somente sobre a utilização dos créditos eventualmente deferidos nas 40 DCOMP transmitidas. E no que se refere à homologação tácita, reiterese que é correta a anulação do despacho decisório proferido neste processo, pois não havia transcorrido o prazo de cinco anos quando da apreciação das mesmas 40 DCOMP no processo no 14033.001618/200707. Assim, não se operou homologação tácita de compensação alguma. E a anulação do despacho decisório inicialmente proferido no presente processo (por duplicidade) implica afirmar que não existirá outro despacho a ser proferido, prevalecendo aquele que figura no processo no 14033.001618/200707. Fl. 513DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 O destino do presente processo deve ser, então, o arquivamento. Isso porque o direito de crédito já foi definitivamente discutido nos autos do processo no 10166.015352/98 81, e as compensações já foram analisadas no processo no 14033.001618/200707, atualmente em fase de cobrança. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 514DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 13855.721018/2013-62
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/11/2008
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. REQUISITOS. MOTIVAÇÃO ESPECÍFICA.
Para qualificação da multa de ofício, é necessária a configuração do intuito doloso ensejador de ao menos uma das situações descritas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. E, no caso de a conduta imputada ser a do art. 73, é preciso que se esclareça a qual dos demais artigos/incisos/verbos está vinculado o objetivo buscado com o conluio.
RECAP. REQUISITOS. DESCUMPRIMENTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Comprovado o descumprimento de requisitos do RECAP, deve ser efetuado o correspondente lançamento de ofício, com dispõe o art. 14 da Lei no 11.196/2005.
Numero da decisão: 3403-003.582
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para afastar a qualificação da multa de ofício, deixando-a no patamar de 75%. Sustentou pela recorrente o Dr. Rogério Pinto Lima Zanetta, OAB/SP no 253.977.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 01/07/2008 a 30/11/2008 MULTA. VALOR ADUANEIRO. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO INSTRUTIVO DE DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. A aplicação da multa prevista no art. 70, II, “b” da Lei no 10.833/2003, por não ter a empresa entregue à fiscalização, quando solicitados, documentos instrutivos de declarações de importação, independe de ter a ausência de apresentação prejudicado o procedimento fiscal. Ademais, na ausência de tais documentos é precipitado concluir que eles não prejudicaram ou prejudicariam o procedimento fiscal. RECAP. REQUISITOS. DESCUMPRIMENTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Comprovado o descumprimento de requisitos do RECAP, deve ser efetuado o correspondente lançamento de ofício, com dispõe o art. 14 da Lei no 11.196/2005. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2008 a 30/11/2008 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. REQUISITOS. MOTIVAÇÃO ESPECÍFICA. Para qualificação da multa de ofício, é necessária a configuração do intuito doloso ensejador de ao menos uma das situações descritas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. E, no caso de a conduta imputada ser a do art. 73, é preciso que se esclareça a qual dos demais artigos/incisos/verbos está vinculado o objetivo buscado com o conluio. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para afastar a qualificação da multa de ofício, deixandoa no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 72 10 18 /2 01 3- 62 Fl. 891DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 patamar de 75%. Sustentou pela recorrente o Dr. Rogério Pinto Lima Zanetta, OAB/SP no 253.977. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 08/04/2013 (fls. 3 a 7, 8 a 21, e 22 a 35, com ciência em 11/04/2013, cf. fls. 3, 9 e 23)1 para exigência de: (a) multa proporcional ao valor aduaneiro, por não apresentar, após intimação e reintimação, os documentos instrutivos de importações solicitados (no valor de R$ 795.163,50), com base no art. 70, II, “b” da Lei no 10.833/2003; (b) COFINSimportação, por falta de recolhimento em importações ao amparo de RECAP (Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras), de agosto a novembro de 2008 (em valor total de R$ 4.534.562,37, já com juros e multa qualificada de 150%), tendo em vista que importou efetivamente para outra empresa que não era beneficiária do regime; e (c) Contribuição para o PIS/PASEP importação, pelos mesmos motivos e nos mesmos períodos (em valor total de R$ 984.477,31, já com juros e multa qualificada de 150%). No Relatório Final de Fiscalização (RFF) de fls. 38 a 88, narrase que: (a) a fiscalização verificou que a empresa MINERVA S.A. importou, com suspensão da exigência da COFINSimportação e da Contribuição para o PIS/PASEPimportação ao amparo do RECAP bens de capital (máquinas e equipamentos) não para si própria (pois sabia que não pertenciam a seu processo produtivo), mas para revenda, que foi efetuada à empresa MINERVA DAWN FARMS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PROTEÍNAS S.A. (MDF), controlada do grupo MINERVA; (b) o RECAP foi instituído pela Lei no 11.196/2005 (arts. 12 a 16), regulamentado pelo Decreto no 5.649/2005, e disciplinado pela Instrução Normativa SRF no 605/2006, sendo condições para fruição do regime a habilitação prévia da empresa e a incorporação dos bens importados ao ativo imobilizado da empresa habilitada; (c) a fiscalização foi iniciada com intimação para que a empresa (MINERVA S.A.) apresentasse 24 Notas Fiscais de entrada, com a documentação referente às importações correspondentes, e 20 Notas Fiscais de saída (em 10/04/2012), e verificação do processo produtivo da empresa (na qual se presenciou abate de bovinos, sangria, retirada de couro, obtenção de carcaças, desossa das carcaças e embalagem a vácuo dos “cortes de açougue obtidos”); (d) na mesma data, foi efetuada diligência nas dependências da empresa MDF, sendo tiradas fotografias das máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo (que compreende processamento de proteína 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 892DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13855.721018/201362 Acórdão n.º 3403003.582 S3C4T3 Fl. 892 3 animal, para produto final cozido e congelado), a maioria delas retratando os bens de capital adquiridos pela MINERVA S.A. ao amparo do RECAP; (e) as empresas estão localizadas em áreas contíguas, próximas uma da outra, com fácil acesso entre elas; (f) em resposta à intimação, foram entregues parte dos documentos solicitados (relacionados às fls. 44 a 48), sendo a empresa reintimada em 28/05/2012 a apresentar os documentos restantes; (g) após esgotado o prazo para apresentação dos documentos demandados na reintimação, são entregues documentos adicionais, ainda restando alguns sem apresentação; (h) ao analisar detalhadamente as 18 declarações de importação (fls. 49 a 76), a fiscalização apura as irregularidades constantes da tabela a seguir, concluindo que vários bens forma revendidos antes da conversão em alíquota zero, descumprindo as condições do RECAP; (i) a multa qualificada se deve ao fato de a empresa saber antecipadamente que os produtos importados não se prestavam ao seu ativo, ou ao seu processo produtivo, mas ao da MDF (que também era habilitada ao RECAP, mas, por estar em início de atividades, não teria, como efetivamente não manteve, receita bruta de exportação em ao menos 70% da receita bruta total de venda), configurando conclui entre as empresas para prejudicar o fisco federal; e (j) tendo em vista a não apresentação dos documentos instrutivos das importações demandados, foi ainda aplicada a multa prevista no art. 70, II, “b” da Lei no 10.833/2003. Declaração de Importação (fls.) Verificações/Irregularidades DI no 08/10789161 (fls. 49/50) Situação 1: DI anterior à habilitação ao RECAP, desembaraçada em canal verde, com recolhimento integral. Mercadoria contabilizada na MINERVA, e vendida à MDF. Não foram apresentadas fatura comercial e romaneio (packing list). No campo “consignatário” do Conhecimento de Carga que “não deixa de ser um contrato de compra e venda de mercadorias” (sic) constava como parte a ser notificada (“NOTIFY”) a empresa MDF. DI no 08/11361840 (fls. 50/51) Idem à situação 1. DI no 08/13043152 (fls. 51/52) Situação 2: DI ao amparo do RECAP, com suspensão das contribuições, desembaraçada em canal verde. Mercadoria contabilizada na MINERVA, e vendida à MDF. Não foram apresentadas fatura comercial e romaneio (packing list). No campo “consignatário” do Conhecimento de Carga constava como parte a ser notificada (“NOTIFY”) a empresa MDF. DI no 08/13051627 (fls. 52/54) Situação 3: DI ao amparo do RECAP, com suspensão das contribuições, desembaraçada em canal verde. Mercadoria contabilizada na MINERVA, e vendida à MDF. Não foi apresentado romaneio (packing list). DI no 08/13771360 (fls. 54/55) Idem à situação 2. Há ainda um conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. DI no 08/13795154 (fls. 55/56) Idem à situação 3, com a diferença de que foi apresentado o romaneio, mas não a fatura, e havia conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. DI no 08/14084669 (fls. 57/58) Idem à situação 3, com a diferença de que não foi apresentado o romaneio nem a fatura, e havia conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. DI no 08/14365820 (fls. 58/59) Idem à situação 3, com a diferença de que foi apresentado o romaneio, mas não a fatura, e havia conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. Fl. 893DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 DI no 08/14368934 (fls. 59/61) Situação 4: DI ao amparo do RECAP, com suspensão das contribuições, desembaraçada em canal amarelo. Mercadoria contabilizada na MINERVA, e vendida à MDF. Na fatura comercial que instruiu o despacho de importação consta como comprador e destinatário a MDF. Não foi apresentado o romaneio. Há ainda um conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. DI no 08/15062090 (fls. 61/63) Idem à situação 3, com a diferença de que não foi apresentado o romaneio nem a fatura, e havia conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF, e fatura proforma indicando a MDF como adquirente. DI no 08/15570001 (fls. 63/65) Idem à situação 4, com a diferença de que não foi apresentada fatura nem romaneio, e não se menciona nenhum indício em conhecimento de transporte. DI no 08/15865532 (fls. 65/67) Idem à situação 3. Há ainda um conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. DI no 08/16665022 (fls. 67/69) Idem à situação 3. Há ainda um conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. DI no 08/16692577 (fls. 69/70) Idem à situação 3, com a diferença de que não foram apresentados nem fatura, nem romaneio, nem conhecimento. DI no 08/16909070 (fls. 70/72) Idem à situação 3, com a diferença de que não foram apresentados nem fatura, nem romaneio, nem conhecimento. Há ainda uma ordem de serviço de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. DI no 08/17110148 (fls. 72/73) Idem à situação 3, com a diferença de que não foram apresentados nem fatura, nem romaneio, nem conhecimento. DI no 08/17121050 (fls. 73/74) Idem à situação 4, com a diferença de que não foram apresentados nem fatura, nem romaneio, nem conhecimento, e não se menciona nenhum indício em conhecimento de transporte. DI no 08/17934264 (fls. 74/76) Idem à situação 3. Há ainda um conhecimento de transporte rodoviário tendo como remetente e destinatário a empresa MDF. A empresa apresenta impugnação em 10/05/2013 (fls. 714 a 723), alegando, em síntese, que: (a) quando da venda à empresa MDF, todos os tributos suspensos na importação foram recolhidos; (b) é incontroverso que a MDF é empresa que pertence ao mesmo grupo empresarial, e não possuía condições de realizar as operações de importação, por não possuir habilitação no SISCOMEX à época; (c) não houve qualquer simulação para diminuição de tributos no âmbito do RECAP (como demonstra o fisco, antes mesmo do RECAP já haviam sido realizadas operações de importação para posterior venda à MDF, com recolhimento integral); (d) é incabível a qualificação da multa, pois a operação foi realizada de forma transparente, e restou ausente a comprovação de fraude; e (e) é improcedente a multa aplicada pela falta de guarda de documentos e não apresentação à fiscalização, pois a fiscalização, com os documentos apresentados, teve plena condição de auferir a verdade material do caso. Em 20/08/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 852 a 861), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, nos seguintes termos: (a) a empresa não contesta o fato de que os bens foram revendidos antes da conversão em alíquota zero; (b) no período em que ocorreram as vendas a empresa não efetuou qualquer recolhimento a título das contribuições, não foram pagas as contribuições devidas, que não se confundem com as contribuições incidentes na venda, conforme DACON juntado ao processo; (c) a qualificação deve ser mantida, pois os bens eram exclusivos ao processo produtivo da MDF, os Fl. 894DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13855.721018/201362 Acórdão n.º 3403003.582 S3C4T3 Fl. 893 5 documentos de importação demonstravam a efetiva destinação, e a MDF não possuía habilitação/limites que lhe permitissem as importações, e a própria empresa reforça tais alegações, tipificandose as hipóteses de “fraude, sonegação e conluio”, previstas na Lei no 4.502/1964; e (d) a multa por não apresentação de documentos é devida independente de a ausência de tais documentos ter prejudicado ou não a ação fiscal. Cientificada da decisão da DRJ em 02/09/2014 (fl. 865), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 01/10/2014 (fls. 868 a 882), basicamente reiterando as considerações externadas em sua impugnação, mas passando a afirmar que nas vendas à MDF os tributos foram recolhidos “mediante compensação” (ao invés de simplesmente recolhidos, como alegava na impugnação), partindo de informação do julgamento de piso, retirando o item 13 da impugnação, que afirmava ter havido “recolhimento integral dos tributos incidentes”. Acrescenta ainda discussão sobre a conduta de conluio imputada, prevista no art. 73 da Lei no 4.502/1964. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. São basicamente três os tópicos controversos: (a) a multa aplicada com base no art. 70, II, “b” da Lei no 10.833/2003; (b) o (des)cumprimento do RECAP; e (c) a qualificação da multa de ofício aplicada. Da multa prevista no art. 70, II, “b” da Lei no 10.833/2003 A fiscalização aplica a multa prevista no art. 70, II, “b” da Lei no 10.833/2003, por não ter a empresa entregue à fiscalização, quando solicitados, documentos instrutivos de declarações de importação. A recorrente, por seu turno, reconhece a não apresentação, mas afirma não ter havido prejuízo à fiscalização, que foi realizada a contento mesmo sem os documentos. Vejase o que dispõe o comando legal referente à multa: “Art. 70. O descumprimento pelo importador, exportador ou adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, da obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou Fl. 895DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando exigidos, implicará: (...) II se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras: (...) b) a aplicação cumulativa das multas de: 1. 5% (cinco por cento) do valor aduaneiro das mercadorias importadas; e 2. 100% (cem por cento) sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado. (...) § 6o A aplicação do disposto neste artigo não prejudica a aplicação das multas previstas no art. 107 do DecretoLei no 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pelo art. 77 desta Lei, nem a aplicação de outras penalidades cabíveis.” (grifo nosso) A simples leitura do dispositivo legal basta para que se compreenda a irrelevância de terem ou não os documentos guardados/apresentados prejudicado o procedimento fiscal. Ademais, na ausência de tais documentos é precipitado concluir que eles não prejudicaram ou prejudicariam o procedimento fiscal. A penalidade poderia, inclusive, ser aplicada se a fiscalização obtivesse outra via do documento junto a outro interveniente (por exemplo, o despachante aduaneiro). E poderia inclusive ser aplicada a mais de um interveniente, pela não apresentação de um mesmo documento (caso ambos tivessem a obrigação de guardar diferentes vias do referido documento). A infração e a pena previstas na legislação são claras, e perfeitamente adequadas à situação concreta narrada nos autos, pelo que deve ser mantido o lançamento neste tópico. Do descumprimento do RECAP O RECAP (Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras), foi instituído pelo art. 12 da Lei no 11.196/2005, sendo disciplinado nos arts. 13 (exigência de que o beneficiário seja empresa preponderantemente exportadora), 14 (suspensão da exigência das contribuições), 15 (exigência de regularidade fiscal) e 16 (indicação de que os bens beneficiados seriam relacionados em regulamento). O Decreto no 5.649/2005 regulamentou o regime, tratando ainda da disciplina procedimental a Instrução Normativa SRF no 605/2006. Analisando o art. 13 da Lei no 11.196/2005, percebese que a recorrente não só cumpria os requisitos de empresa preponderantemente exportadora, como era habilitada ao RECAP, ao passo que a empresa MDF não cumpria (por estar ainda em fase embrionária). Fl. 896DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13855.721018/201362 Acórdão n.º 3403003.582 S3C4T3 Fl. 894 7 No que se refere à suspensão, dispõe o art. 14 da Lei no 11.196/2005: “Art. 14. No caso de venda ou de importação de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, fica suspensa a exigência: (...) II da Contribuição para o PIS/PasepImportação e da Cofins Importação, quando os referidos bens forem importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do Recap para incorporação ao seu ativo imobilizado. (...) § 4o A pessoa jurídica que não incorporar o bem ao ativo imobilizado, revender o bem antes da conversão da alíquota a 0 (zero), na forma do § 8o deste artigo, ou não atender às demais condições de que trata o art. 13 desta Lei fica obrigada a recolher juros e multa de mora, na forma da lei, contados a partir da data da aquisição ou do registro da Declaração de Importação DI, referentes às contribuições não pagas em decorrência da suspensão de que trata este artigo, na condição: I de contribuinte, em relação à Contribuição para o PIS/Pasep Importação e à CofinsImportação; (...) § 5o Na hipótese de não ser efetuado o recolhimento na forma do § 4o deste artigo, caberá lançamento de ofício, com aplicação de juros e da multa de que trata o caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 6o Os juros e multa, de mora ou de ofício, de que trata este artigo serão exigidos: (...) II juntamente com as contribuições não pagas, nas hipóteses em que a pessoa jurídica não incorporar o bem ao ativo imobilizado, revender o bem antes da conversão da alíquota a 0 (zero), na forma do § 8o deste artigo, ou desatender as demais condições do art. 13 desta Lei. (...) § 8o A suspensão de que trata este artigo convertese em alíquota 0 (zero) após: I cumpridas as condições de que trata o caput do art. 13, observado o prazo a que se refere o inciso I do § 2o deste artigo; II cumpridas as condições de que trata o § 2o do art. 13 desta Lei, observado o prazo a que se refere o inciso II do § 2o deste artigo; Fl. 897DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 III transcorrido o prazo de 18 (dezoito) meses, contado da data da aquisição, no caso do beneficiário de que trata o inciso II do § 3o do art. 13 desta Lei. (...)” (grifo nosso) Relacionamos, ao início do voto, tópicos controversos. Mas há tópicos incontroversos que são igualmente relevantes para o deslinde do feito. Tanto a empresa como o fisco reconhecem que os bens objeto da autuação foram vendidos à empresa MDF, do mesmo grupo, que estava em fase de construção de seu parque industrial. Também não é objeto de contestação pela recorrente a afirmação do fisco de que os produtos importados não eram para o seu ativo imobilizado (por serem incompatíveis com seu processo produtivo). Pelo contrário, a prévia destinação é atestada por diversos documentos acostados aos autos, como conhecimentos de carga e conhecimentos rodoviários de transporte. Assim, a questão é basicamente pouco controversa no mundo dos fatos: a recorrente realizou 18 importações (16 delas ao amparo do RECAP) de produtos que na verdade se destinavam a terceira empresa, do mesmo grupo: a MDF. E a linha seguida pelo fisco foi de identificar as 16 importações (as outras duas, nas quais houve recolhimento integral, não são objeto da autuação neste tópico), carreando aos autos elementos que revelassem que os bens importados, na verdade, destinavamse à empresa MDF. E nem precisou o fisco deterse muito no tema, porque a própria diferenciação de processo produtivo denota que há flagrante descumprimento dos requisitos para a suspensão de que trata o inciso II do art. 14 da Lei no 11.196/2005: a recorrente, de fato, não importou diretamente mercadorias para incorporação a seu ativo imobilizado. Isso se verifica não só pelos documentos descritos no relatório (na tabela individualizada de declarações de importação), como pela ausência de refutação da defesa em relação ao assunto. Aliás, a empresa destaca em sua defesa (fl. 719): Vejase que não se está a tratar nestes autos de uma empresa beneficiária de RECAP que adquiriu produtos com suspensão para seu ativo imobilizado e, depois de algum tempo, por alguma razão decidiu revendêlos a terceiro. No presente processo claramente se demonstra que no momento das importações já se sabia que os produtos se destinavam a terceiro, e que sequer são compatíveis com o processo industrial da beneficiária do RECAP. E, ainda, que, de fato, a revenda ocorreu antes da conversão em alíquota zero a que se refere o § 8o do art. 14 da Lei no 11.196/2005. E é essa a imputação objetivamente efetuada pelo fisco (irregularidade 6.1 descrita no RFF fls. 76/77). E a recorrente confirma a revenda antes do prazo, mas afirma inicialmente que recolheu todos os tributos devidos. Após a DRJ confirmar que não havia recolhimentos no período, mas verificar descontos de crédito em relação às contribuições, a recorrente passa a alegar que efetuou recolhimentos na modalidade de compensação. Fl. 898DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13855.721018/201362 Acórdão n.º 3403003.582 S3C4T3 Fl. 895 9 Retornese ao texto da lei (§ 4o do art. 14 da Lei no 11.196/2005): a empresa, no caso de descumprimento dos requisitos do RECAP, fica obrigada a recolher, na qualidade de contribuinte, a Contribuição para o PIS/PASEPImportação e a COFINSImportação, com acréscimos de juros e multa de mora, na forma da lei, contados a partir do registro da Declaração de Importação DI. E, caso não recolha, está sujeita a lançamento de ofício, como o efetuado no presente processo. Não vejo nos autos nenhuma prova de que efetivamente tenham sido recolhidos a Contribuição para o PIS/PASEPImportação e a COFINSImportação, tributos diversos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre vendas (como se percebe facilmente pelo próprio desmembramento em incisos do art. 14 da Lei no 11.196/2005). As alegações de desconto de créditos, digase, sequer efetuadas na impugnação, foram suscitadas somente pela DRJ, de forma inconclusiva, no julgamento de piso. E, no recurso voluntário, a empresa apegouse a tal informação da DRJ para afirmar que houve “compensação”, sem carrear aos autos qualquer documentação que efetivamente ampare sua tese. Não há como acolher, assim, a alegação de que tenha havido recolhimento ou mesmo “compensação”, diante da ausência de prova do alegado. Cabível, pelo exposto, a manutenção do lançamento também neste tópico. Da qualificação da multa de ofício aplicada A fiscalização trata da qualificação da multa no item 6.2 do RFF (fls. 78 a 82), sustentando ter havido “conluio”, retomando o fato de que a recorrente e a empresa MDF possuem processos produtivos distintos, e os bens importados pela recorrente somente se prestavam ao processo produtivo da empresa MDF. Teria, assim, havido importações pela recorrente de produtos que já se sabia que seriam destinados à MDF, que se situa em área geograficamente contígua. A fiscalização endossa suas conclusões com os conhecimentos de carga e de transporte rodoviário, e ainda com a afirmação de que a recorrente sequer tinha espaço para armazenar os produtos importados em suas instalações. E como é incontroverso que a MDF não possuía habilitação no SISCOMEX e não conseguiria cumprir os requisitos de RECAP, à época, cristalina se encontra a questão da existência de uma simulação para que a MDF, ainda que não pudesse importar nem obter os benefícios do RECAP, lograsse ter em seu parque produtos importados com os benefícios do RECAP. Não há aparas, assim, a fazer à afirmação do fisco (fl. 81) de que: Fl. 899DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Verificada, assim, a existência de conluio, na acepção em que é utilizada no Direito Penal. No entanto, como a multa aplicada toma por base os arts. 71 a 73 da Lei no 4.502/1964, cabe verificar se a conduta se amolda à definição ali estabelecida de conluio (art. 73), atrelada ao ajuste doloso visando à sonegação ou à fraude, tal qual definidas nos art.s 71 e 72 da mesma lei: “Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” (grifo nosso) Acordamos ter havido ajuste doloso entre a recorrente e a empresa MDF, mas há que se verificar se visou o ajuste a algum efeito descrito nos arts. 71 e 72 da Lei no 4.502/1964: “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.” (grifo nosso) E, neste ponto, deficiente é o trabalho da fiscalização. Sequer se indica em qual verbo ou qual dispositivo (inciso/artigo) incidiu a recorrente. A remissão é genérica a todos, sem detalhamento de qual o impedimento/retardo, restando ausente a subsunção que possibilita a verificação da adequação da norma infracional ao caso concreto. Fl. 900DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13855.721018/201362 Acórdão n.º 3403003.582 S3C4T3 Fl. 896 11 A DRJ parece ter aderido à imputação genérica e múltipla a todos os artigos/incisos, afirmando (fl. 859) que: “Diante desse contexto, entendemos que razão assiste ao fisco ao qualificar a multa, uma vez que toda a operação foi conduzida intencionalmente por ambas as empresas de forma a evitar o pagamento de tributos incidentes nas operações, o que tipifica as hipóteses de fraude, sonegação e conluio, tal como previstas pela Lei nº 4.502/64, in verbis:” (grifo nosso) Acrescentese ainda que tanto a argumentação da fiscalização (no RFF) quanto a da DRJ ancoram o dolo no fato de a recorrente saber antecipadamente que os bens importados se destinavam à MDF. Disso não se discorda, mas a conduta imputada sobre a qual se está a exigir a multa é a do item 6.1 do RFF: “revenda antes da conversão em alíquota zero”, e não a própria descaracterização do RECAP, pelo fato de o bem ser diretamente destinado à MDF. Em síntese, parece o fisco desejar qualificar a multa por revenda antes da conversão em alíquota zero com outra conduta igualmente presente no § 4o do art. 14 da Lei no 11.196/2005 (a inexistência de incorporação a seu ativo imobilizado). Para qualificação da multa de ofício, é necessária a configuração do intuito doloso ensejador de ao menos uma das situações descritas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. E, no caso de a conduta imputada ser a do art. 73, é preciso que se esclareça a qual dos demais artigos/incisos está vinculado o objetivo buscado com o conluio. Assim já decidiu unanimemente esta Terceira Turma: MULTA QUALIFICADA. REQUISITO. Para qualificação da multa de ofício em relação ao IPI, é necessária a configuração do intuito doloso ensejador de uma das situações descritas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502/1964.” (Acórdão no 3403001.822, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 25.out.2012) MULTA QUALIFICADA. REQUISITOS. A qualificação da multa de ofício a que se refere o art. 44 da Lei no 9.430/1996 requer a precisa configuração de uma das situações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. (Acórdão no 3403003.112, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 23.jul.2014) Restaram comprovados o conluio e o dolo (na acepção do Direito Penal), mas faltou ao fisco laborar no sentido de apontar qual a ação (ou omissão) específica tendente a impedir (ou retardar) o conhecimento da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais do contribuinte, ou ainda a ocorrência do fato gerador (ou excluir ou modificar suas características essenciais). Em outras palavras, faltou à fiscalização dar maior atenção ao tipo infracional imputado, narrando como as irregularidades detectadas a eles se amoldam. Assim, afastase a qualificação não por inexistência de dolo ou por ser a operação transparente, como deseja a recorrente, mas pelo simples fato de não ter o fisco vinculado especificamente as irregularidades detectadas a qualquer dos tipos previstos nos arts. 71 e 72 da Lei no 4.502/1964, limitandose a afirmar que houve conluio. Fl. 901DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso, para afastar a qualificação da multa de ofício, deixandoa no patamar de 75%. Rosaldo Trevisan Fl. 902DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11070.721845/2013-58
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS.
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. A título exemplificativo, não constituem insumos, no caso em análise, as despesas com comunicação, seguros, despesas de viagens, assistência social, propaganda e publicidade, publicações legais, alimentação de empregados, jornais, despesas com exposições, impostos e taxas, representação social, despesas com marcas e patentes, e despesas com denominações genéricas que não permitam a verificação de vínculo com o processo produtivo.
A partir de 01/04/1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela RFB são devidos, no período de inadimplência, à taxa SELIC.
Numero da decisão: 3403-003.549
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011 NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. A título exemplificativo, não constituem insumos, no caso em análise, as despesas com comunicação, seguros, despesas de viagens, assistência social, propaganda e publicidade, publicações legais, alimentação de empregados, jornais, despesas com exposições, impostos e taxas, representação social, despesas com marcas e patentes, e despesas com denominações genéricas que não permitam a verificação de vínculo com o processo produtivo. A partir de 01/04/1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela RFB são devidos, no período de inadimplência, à taxa SELIC.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. ANÁLISE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 2/CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA 4/CARF. A partir de 01/04/1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela RFB são devidos, no período de inadimplência, à taxa SELIC. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. A título exemplificativo, não constituem insumos, no caso em análise, as despesas com comunicação, seguros, despesas de viagens, assistência social, propaganda e publicidade, publicações legais, alimentação de empregados, jornais, despesas com exposições, impostos e taxas, representação social, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 72 18 45 /2 01 3- 58 Fl. 852DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 despesas com marcas e patentes, e despesas com denominações genéricas que não permitam a verificação de vínculo com o processo produtivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. A título exemplificativo, não constituem insumos, no caso em análise, as despesas com comunicação, seguros, despesas de viagens, assistência social, propaganda e publicidade, publicações legais, alimentação de empregados, jornais, despesas com exposições, impostos e taxas, representação social, despesas com marcas e patentes, e despesas com denominações genéricas que não permitam a verificação de vínculo com o processo produtivo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração lavrados em 19/08/2013 (fls. 415 a 474 e 475 a 5341) contra a recorrente, para exigência da Contribuição para o PIS/PASEP (de 31/08/2008 a 31/12/2011) e da COFINS (no mesmo período), na sistemática da não cumulatividade, acrescidas de juros de mora e multa de ofício (em alguns casos qualificada), 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 853DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11070.721845/201358 Acórdão n.º 3403003.549 S3C4T3 Fl. 853 3 nos valores consolidados de R$ 618.175,53 (Contribuição para o PIS/PASEP) e de R$ 3.641.648,98 (COFINS). As infrações descritas na autuação são insuficiência de recolhimento (30/11/2008 e 31/12/2008) e descontos indevidos de crédito (31/08/2008 a 31/12/2011), e são detalhadas em Termo de Constatação Fiscal (TCF). No TCF (fls. 403 a 413), narrase que: (a) em procedimentos fiscal, verificou se que a empresa utilizouse indevida e sistematicamente de créditos intitulados “outras deduções”, informados em DACON, nas fichas 15B, linhas 26 e 28, e 25B, linha 28; (b) ao atender intimações para prestar esclarecimentos, a empresa informa que o saldo credor das contribuições se encontrava “zerado” em 30/06/2008, justificando as “outras deduções” como “créditos extemporâneos compensados e sujeitos à (sic) posterior homologação do fisco, referente aos valores do ICMS que estavam embutidos nas bases de cálculo das exações PIS e COFINS pagas em exercícios anteriores, e compensados em todo o período requerido e apropriados e compensados também créditos decorrentes de majoração da alíquota da COFINS, de 2% para 3%, matéria discutida no âmbito judicial pelos contribuintes brasileiros”, com apoio no art. 66 da Lei no 8.383/1991 e legislação superveniente (visto que optou por não demandar judicialmente, nem apresentar declarações de compensação, “por não se constituírem créditos tributários”, nem hipóteses de ressarcimento ou restituição), e que a opção por este modelo de compensação “não teve o condão de extinguir o crédito tributário”, e “deuse pela necessidade de a empresa estruturarse financeiramente para enfrentar dificuldades”; (c) a compensação em decorrência da majoração de alíquota (de 2% para 3%) é descabida por inexistência de crédito, visto não ter sido o art. 8o da Lei no 9.718/1998 declarado inconstitucional; (d) no que se refere à exclusão do ICMS sobre as vendas, também não encontra amparo na legislação vigente, sendo inexistente o crédito; (e) com o advento da Lei no 9.430/1996, art. 74, a compensação passou a demandar a entrega de declaração específica; (f) “diante da falta de critérios na operacionalização das compensações pela fiscalizada, nos (sic) permite afirmar que a contribuinte fez uma aposta na não análise dessas compensações e, por consequência, veria a homologação tácita das irregularidades por decurso de prazo”, evitando a cobrança e o posterior envio dos débitos para inscrição em Dívida Ativa, amoldandose a situação, em tese, à conduta tipificada como fraude no art. 72 da Lei no 4.502/1964; (g) não foi apresentado memorial de cálculo das contribuições para comprovar a origem dos efetivos créditos e sua relação com as alegações da empresa, e, analisandose a escrituração da empresa, percebese que as contas que controlaram/escrituraram os referidos créditos não possuem qualquer relação com a apuração com a apuração de créditos de tributos por pagamento a maior ou indevido, nem com compensação de tributos; (h) verificouse ainda que a empresa busca créditos em itens de despesas que não possuem respaldo legal, detalhados na “planilha de glosas de créditos por falta de previsão legal” (fls. 333/334); e (i) as multas forma aplicadas nos patamares de 75 % (em relação a créditos sem respaldo legal) e 150% (nas hipóteses de créditos fictícios, utilizados indevidamente para diminuir o montante das contribuições devidas, no evidente intuito de fraude), tendo sido ainda efetuada a representação fiscal para fins penais. Cientificada das autuações em 28/08/2013 (fls. 415 e 475), a empresa apresenta impugnação (em relação a ambas as contribuições) em 26/09/2013 (fls. 550 a 595), alegando que: (a) a autuação é nula porque em momento algum indica quais créditos entende por ilegítimos, relacionando sua natureza/identificação, não tendo sido possível localizar as planilhas de fls. 333/334 e outros documentos nos autos, o que resulta em trabalho fiscal às avessas, ferindo o art. 142 do CTN, no qual se apura a procedência de determinados créditos, glosandose os demais; (b) há ainda nulidade no fato de a autoridade administrativa, ferindo princípios constitucionais (contraditório, ampla defesa e publicidade), cientificar o sujeito Fl. 854DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 passivo da autuação, informando que se assim esse desejasse, poderia tomar ciência dos processos na repartição, em face do disposto no art. 9o do Decreto no 70.235/1972 (e arts. 25 e 39 do Decreto no 7.574/2011); (c) é ilegal e inconstitucional a inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, havendo razões sólidas para o procedimento adotado pela empresa; (d) é apto a gerar créditos das contribuições, na qualidade de “insumo”, todo e qualquer custo necessário para a formação de receita (faturamento) e que tenha sido objeto de tributação pelas contribuições (ou todos os dispêndios necessários ao seu processo produtivo, como vem decidindo o CARF), sendo ilegais as restrições efetuadas ao conceito de insumos pelas IN SRF no 247/2002 e no 404/2004, inspiradas na legislação do IPI; (e) assim, constituem insumos aptos a gerar créditos as despesas com “água e esgoto, seguros, despesas com viagens, custos com pesquisas, comunicação, gastos com marcas e patentes, despesas exposições, publicações legais, livros, propaganda e publicidade, assistência social, alimentação empregados, custos vários suprimentos etc., impostos e taxas, despesas com causas judiciais, representação social etc.”; (f) a água é necessária para banhos em partes e peças do maquinário, e como forma de reter os resíduos vaporosos da tinta, servindo como filtro para purificação do ar; (g) as despesas para financiar feiras e exposições são inerentes à atividade da impugnante, assim como outras relacionadas na planilha de glosas (seguros, viagens ...); (h) o auto de infração não logrou demonstrar qualquer indício de fraude ou sonegação cometida pela empresa, tendo ocorrido no máximo mero inadimplemento do tributo, sendo indevida a qualificação da multa, invocando ainda a Súmula CARF no 14 e precedente administrativo (Acórdão no 3403002.256), e devendo ser sobrestada a representação fiscal para fins penais; (i) as multas aplicadas são confiscatórias e ferem a capacidade contributiva; e (j) é ilegal e inconstitucional a aplicação da Taxa SELIC. Em 21/03/2014 (fls. 760 a 793), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela procedência parcial da autuação, afastando a qualificação da multa, no caso de créditos intitulados “outras deduções”, reduzindoa ao patamar de 75% (havendo declaração de voto em sentido contrário). Decidese ainda que: (a) não houve impugnação em relação à falta de pagamento e declaração em DCTF relativa aos meses de novembro de dezembro de 2008, restando definitiva nesse ponto a exigência; (b) não houve nulidade, nos termos do art. 59 do Decreto no 70.235/1972; (c) a defesa em relação aos créditos intitulados “outras deduções” é restrita à exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições (que encontra expressa previsão legal), silenciando sobre a majoração de alíquota de COFINS inicialmente alegada pela empresa; (d) ainda que existisse legitimidade aos créditos intitulados “outras deduções”, o caminho adotado pela empresa não observou as disposições legais sobre a matéria (art. 74 da Lei no 9.430/1996); (e) o termo “insumo” se refere a bens e serviços que sejam, em razão de ação direta sobre o produto em elaboração, consumidos, desgastados, ou percam propriedades físicas ou químicas; (f) a forma incorreta de compensação não pode ser a motivação preponderante para a qualificação da multa de ofício, pois a empresa correu o risco de sofrer a glosa de tais deduções; (g) não cabe ao julgador administrativo a análise de constitucionalidade de lei tributária; e (h) a Taxa SELIC é aplicável ao caso. Não menciona o julgador de piso a existência de recurso de ofício em relação à quantia exonerada. Cientificada da decisão em 16/04/2014 (AR à fl. 802), a empresa apresenta recurso voluntário em 15/05/2014 (fls. 804 a 849), reiterando a argumentação no sentido de que o lançamento padece de nulidade (pelo não detalhamento das glosas em espécie), de que o ICMS não faz parte da base de cálculo das contribuições, de que o conceito de insumos é mais amplo que adotado pela fiscalização, abarcando os itens glosados, e de que a aplicação da Taxa SELIC é incabível. Acrescenta ainda que é nula (por afronta ao art. 151, III do CTN) a decisão de piso ao considerar não impugnada e determinar a cobrança imediata da a parcela referente à falta de pagamento e declaração em DCTF relativa aos meses de novembro de dezembro de 2008, e restringe a argumentação sobre confisco à multa de 75% (tendo em vista o afastamento da multa de 150% pelo julgador de piso). Fl. 855DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11070.721845/201358 Acórdão n.º 3403003.549 S3C4T3 Fl. 854 5 É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. De início, cabe destacar dúvida que brotou da análise dos montantes afastados pela DRJ, com a redução da multa (de 150% para 75%). Verificando o demonstrativo consolidado do crédito tributário constante no processo (fl. 414), percebese que o montante exigido a título de multas (seja de 75% ou de 150%) totaliza originariamente R$ 2.203.858,04. Ao restringir a análise à multa de 150%, por período, obtémse: Período COFINS Contribuição para o PIS/PASEP nov/09 R$ 109.660,26 R$ 23.807,81 dez/09 R$ 35.420,75 R$ 7.690,04 jan/10 R$ 67.308,79 R$ 5.944,45 fev/10 R$ 18,76 R$ 162,58 mar/10 R$ 15.809,04 R$ 3.433,47 abr/10 R$ 43.020,08 R$ 9.339,88 mai/10 R$ 14.553,75 R$ 3.159,41 jun/10 R$ 27.814,66 R$ 6.038,70 jul/10 R$ 26.615,28 R$ 5.778,30 ago/10 R$ 16.160,91 R$ 3.508,59 set/10 R$ 106.176,54 R$ 3.523,83 out/10 R$ 111.000,00 R$ 24.096,46 nov/10 R$ 98.761,29 R$ 21.439,71 dez/10 R$ 69.350,50 R$ 15.054,66 jan/11 R$ 1.820,46 R$ 395,23 abr/11 R$ 1.823,75 R$ 395,95 mai/11 R$ 64.938,84 R$ 14.748,30 jun/11 R$ 16.651,64 R$ 3.615,16 Período (continuação) COFINS Contribuição para o PIS/PASEP jul/11 R$ 26.795,24 R$ 5.817,40 ago/11 R$ 2.511,72 R$ 774,35 set/11 R$ 30.284,20 R$ 6.574,51 out/11 R$ 80.412,93 R$ 17.457,65 nov/11 R$ 81.816,32 R$ 17.762,24 dez/11 R$ 37.491,31 R$ 8.138,97 TOTAL R$ 1.086.217,02 R$ 208.657,65 Fl. 856DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Multa de 75% R$ 814.662,77 R$ 156.493,24 TOTAL GERAL R$ 971.156,00 Assim, chegase a um valor afastado pela DRJ de R$ 971.156,00, em tese inferior ao limite para interposição de recurso de ofício constante do art. 1o da Portaria MF no 3/2008 (isso se considerados os valores originais de multa, sem acréscimo de juros de mora, na linha que vem sendo adotada em alguns julgados deste CARF). Crêse, assim, que andou nesse sentido o presidente de turma da DRJ, ao não recorrer de ofício da decisão da turma. Não consta nenhum demonstrativo de valor exonerado na decisão de piso, nem atualização de valores das multas no processo. A intimação ao contribuinte sobre a decisão da DRJ (fls. 795 a 801) inclui ao final a seguinte nota: “Os valores acima correspondem a valores originais. O pagamento deverá ser efetuado com os acréscimos legais cabíveis”. Assumese, assim, que não houve a interposição de recurso de ofício, na forma do art. 1o da Portaria MF no 3/2008, seguindose aqui tão somente na análise do recurso voluntário interposto pela empresa. Das preliminares de nulidade Insurgese a empresa em relação à ausência de identificação individualizada da natureza das glosas em relação a bens não considerados como insumos. Alega que não lhe foi dada ciência da “planilha de glosas de créditos por falta de previsão legal” (fls. 333/334), sendo apenas informado que o processo estava à sua disposição na unidade da RFB. Pelos documentos de fls. 415 e 475, percebese que responsável pela empresa declara expressamente estar ciente do “Auto de Infração e seus anexos”, dos quais recebeu cópia (em 28/08/2013). E a planilha de fls. 333/334, ao que consta, é um anexo da autuação. Sem embargo, ainda que não tivesse recebido a planilha, há documento nos autos de que atesta que a empresa solicitou cópia digital do processo em 05/09/2013 (fl. 542), não havendo registro de retardo no atendimento do pleito. Não há, assim, desconformidade do procedimento adotado pela fiscalização em relação ao previsto no art. 9o do Decreto no 70.235/1972, ou nos arts. 25 e 39 do Decreto no 7.574/2011. As glosas efetuadas pelo fisco em relação a créditos de bens/despesas pleiteados na qualidade de insumos, por falta de previsão legal, estão detalhados na referida planilha de fls. 333/334, tendo informado o fisco na autuação que reconheceu os créditos em relação a combustíveis, lubrificantes, consertos e reparos, despesas de veículos. Segundo a recorrente, isso caracteriza trabalho fiscal às avessas, ferindo o art. 142 do CTN, no qual se apura a procedência de determinados créditos, glosandose os demais. Não compartilhamos do entendimento da recorrente, tendo em vista que restam, conta a conta, detalhadas as glosas na planilha de fls. 333/334, anexa à autuação. As planilhas serão aqui integralmente reproduzidas no tópico referente à análise dos itens glosados, atestando não só o detalhamento, como a compreensão das glosas pela recorrente. Ademais, as glosas derivam da própria escrita fiscal da recorrente, que deve reunir a documentação de amparo necessária a seus controles. Fl. 857DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11070.721845/201358 Acórdão n.º 3403003.549 S3C4T3 Fl. 855 7 Ausentes, assim, quaisquer das nulidades alegadas em relação à autuação. No recurso voluntário a empresa acrescenta que é também nula a decisão de piso, por afronta ao art. 151, III do CTN, ao considerar não impugnada e determinar a cobrança imediata da a parcela referente à falta de pagamento e declaração em DCTF relativa aos meses de novembro de dezembro de 2008. Transcrevase o excerto questionado do julgamento de piso (fl. 775): “Da delimitação do contencioso administrativo Inicialmente, deve ser destacado que a impugnante não apresentou qualquer questionamento em relação a infração decorrente da falta de pagamento e de declaração em DCTF dos valores a pagar de PIS e Cofins apurados no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), relativos aos meses de novembro e dezembro de 2008, doc. de fls. 335/390. Nesse sentido, nos termos do art. 17 do Decreto no 70.235/72 (PAF), a matéria que não for expressamente contestada pelo contribuinte não deve ser considerada como impugnada, a saber: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Nesse sentido, não se instaura o contencioso administrativo no tocante à citada infração, caracterizandose, portanto, como matéria preclusa, passível de exigência imediata, nos termos de demonstração a ser realizada na conclusão desse Voto.” (grifo nosso) De fato, a matéria referida pela DRJ não foi objeto de impugnação específica pela empresa, operandose a preclusão, nos termos do art. 17 do Decreto no 70.235/1972, sendo possível efetivamente apartar o procedimento, de modo a prosseguirse na cobrança da parcela correspondente (o que não ofende, de modo algum, o art. 151, III do CTN, porque se opera a definitividade da decisão em relação àquela parcela (do mesmo modo que se opera a definitividade dos valores afastados pela DRJ, se inferiores ao limite de alçada). E a motivação que a recorrente apresenta para afirmar que questionou expressamente o tema na sua impugnação, nos termos do citado art. 17, fala por si só (fl. 811): Por óbvio, questionou a empresa nulidades, juros de mora e a multa de ofício, mas não expressamente a falta de pagamento e declaração em DCTF relativa aos meses de novembro de dezembro de 2008 (item I da autuação). Fl. 858DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 Pelo exposto, novamente ausente qualquer vestígio de nulidade. Dos créditos decorrentes de “outras deduções” Como narra o fisco no TCF a empresa justificou os créditos intitulados de “outras deduções” como “créditos extemporâneos compensados e sujeitos à (sic) posterior homologação do fisco, referente aos valores do ICMS que estavam embutidos nas bases de cálculo das exações PIS e COFINS pagas em exercícios anteriores, e compensados em todo o período requerido e apropriados e compensados também créditos decorrentes de majoração da alíquota da COFINS, de 2% para 3%, matéria discutida no âmbito judicial pelos contribuintes brasileiros”, com apoio no art. 66 da Lei no 8.383/1991 e legislação superveniente (visto que optou por não demandar judicialmente, nem apresentar declarações de compensação, “por não se constituírem créditos tributários”, nem hipóteses de ressarcimento ou restituição), e que a opção por este modelo de compensação “não teve o condão de extinguir o crédito tributário”, e “deuse pela necessidade de a empresa estruturarse financeiramente para enfrentar dificuldades”. Em relação à majoração de alíquota (de 2% para 3%) o fisco informa que é descabida por inexistência de crédito, visto não ter sido o art. 8o da Lei no 9.718/1998 declarado inconstitucional, e a empresa sequer discute o tema em suas peças de defesa. No que se refere à base de cálculo das contribuições, sustenta a recorrente que o valor do ICMS não compõe a receita, tampouco o faturamento, e por isso deve ser excluído. Sobre o tema, é de se destacar que as leis que regulam a matéria (no regime não cumulativo, que é o tratado nos autos) são as de no 10.637/2002 e no 10.833/2003, que dispunham, à época dos fatos, em seus arts. 1o: “Art. 1o A contribuição (...) tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2o A base de cálculo da contribuição (...) é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: (...) III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; (...) VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Fl. 859DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11070.721845/201358 Acórdão n.º 3403003.549 S3C4T3 Fl. 856 9 Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” (grifo nosso) O texto normativo apresenta a base de cálculo no § 2o de seu art. 1o, a partir do conceito de faturamento do caput, detalhado no § 1o. E no § 3o são relacionadas as exclusões, entre as quais não se encontra menção ao ICMS pago (apesar de haver menção expressa de exclusão à transferência onerosa a terceiros de ICMS originado de operações de exportação). Assim, por ausência de previsão legal, descabe a exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições. Entender de forma diversa da expressa na lei, acrescentando a hipótese de exclusão, em face de princípios de ordem constitucional, implicaria análise administrativa de constitucionalidade, o que é vedado a esta corte administrativa, conforme assenta a Súmula CARF no 2. Nesse sentido decidiu de forma unânime esta turma (inclusive com a atual formação): “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep.” (Acórdão n. 3403001.774. Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.set.2012) “EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. Até que o Supremo Tribunal Federal venha a decidir definitivamente em Repercussão Geral o Recurso Extraordinário nº 574.706 e a Ação Direta de Constitucionalidade nº 18, em que há medida liminar deferida pelo plenário do STF, quando, a partir de então, a decisão será oponível contra todos e à própria administração, sendo ela positiva ou negativa aos contribuintes, não há como dar guarida ao pedido da Recorrente.” (Acórdão n. 3403003.045. Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, unânime, sessão de 29.mai.2014) CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. EXCLUSÃO PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP. Contudo, não integra a base de cálculo o valor das próprias contribuições. (Acórdão n. 3403003.449. Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 10.dez.2014) O simples motivo de não haver supedâneo normativo algum para os créditos da recorrente intitulados “outras deduções” já é suficiente para manutenção do lançamento neste tópico. Mas é de se registrar ainda que a forma adotada, de se creditar imediatamente das contribuições na escrita, sem apresentação declaração de compensação, mesmo após o advento da Lei no 9.430/1996, sob a justificativa assumida de que a opção “deuse pela necessidade de a Fl. 860DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 empresa estruturarse financeiramente para enfrentar dificuldades” merece veemente rechaço. Isso sem recordar que não restou comprovado a contento qualquer vínculo entre os valores tomados como “outras deduções” e as justificativas apresentadas. Inegável, assim, a procedência do lançamento referente a “outras deduções”. Das glosas de “créditos sem previsão legal” No TCF a fiscalização narra que a empresa busca ainda créditos em itens de despesas que não possuem respaldo legal, detalhados na “planilha de glosas de créditos por falta de previsão legal” (fls. 333/334), informando que acolheu os créditos em relação a combustíveis, lubrificantes, consertos e reparos, despesas de veículos. A empresa, por sua vez, defendese alegando nulidade por não detalhamento das glosas em espécie (matéria já tratada neste voto em sede de preliminares), e sustentando que é apto a gerar créditos das contribuições, na qualidade de “insumo”, todo e qualquer custo necessário para a formação de receita (faturamento) e que tenha sido objeto de tributação pelas contribuições (ou todos os dispêndios necessários ao seu processo produtivo, como vem decidindo o CARF), sendo ilegais as restrições efetuadas ao conceito de insumos pelas IN SRF no 247/2002 e no 404/2004, inspiradas na legislação do IPI. Entende a recorrente, assim, que constituem insumos aptos a gerar créditos as despesas com “água e esgoto, seguros, despesas com viagens, custos com pesquisas, comunicação, gastos com marcas e patentes, despesas exposições, publicações legais, livros, propaganda e publicidade, assistência social, alimentação empregados, custos vários suprimentos etc., impostos e taxas, despesas com causas judiciais, representação social etc.”. Ao explicar a utilidade dos itens no processo produtivo, informa que a água é necessária para banhos em partes e peças do maquinário, e como forma de reter os resíduos vaporosos da tinta, servindo como filtro para purificação do ar, e que as despesas para financiar feiras e exposições são inerentes à atividade da impugnante, assim como outras relacionadas na planilha de glosas (seguros, viagens ...). Sobre a amplitude do conceito de insumos na legislação que rege as contribuições, cabe destacar que esta Terceira Turma já tem posicionamento assentado. O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI Fl. 861DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11070.721845/201358 Acórdão n.º 3403003.549 S3C4T3 Fl. 857 11 é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas efetuadas estão detalhadas na planilha de fls. 333/334, reproduzida a seguir (e fundada na escrituração da recorrente): Fl. 862DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 Fl. 863DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11070.721845/201358 Acórdão n.º 3403003.549 S3C4T3 Fl. 858 13 Verificando as rubricas glosadas, diante do conceito de insumos assentado no bojo desta Terceira Turma, descartase de plano que despesas como comunicação, seguros, despesas de viagens, assistência social, propaganda e publicidade, publicações legais, Fl. 864DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 alimentação de empregados, jornais, despesas com exposições, impostos e taxas, representação social e despesas com marcas e patentes possam ser ensejadoras de créditos segundo a legislação de regência das contribuições. Não há conexão de tais despesas com processo produtivo (e a recorrente, em sua peça de defesa, destaca a importância de alguns itens, mas não sua vinculação ao processo produtivo). Analisando detalhadamente as tabelas, somente pairaria dúvidas em relação a dois itens: água e esgoto (para o qual se esboça uma justificativa na peça recursal, mas sem qualquer amparo documental), e “custo pesquisas”. Mas tais itens, ao lado de outros descritos genericamente (v.g., “custos vários”), não permitem a certeza necessária ao reconhecimento do direito creditório, afastando as razões da autuação. Poderia a empresa, que tem exato domínio das rubricas sobre as quais pleiteia créditos, ter apresentado documentação hábil, seja durante o curso da fiscalização, ou do contencioso, de modo a atestar a certeza de seu direito. Mas o que se vê é que a empresa sequer se preocupa em detalhar documentadamente seu processo produtivo, ou permitir a convicção deste julgador sobre a aplicação efetiva dos itens glosados em sua produção. Persistem, assim, sem fundamento os créditos descontados em relação a tais operações, devendo ser, nesse tema, mantido o lançamento. Considerações finais No que se refere às alegações de que a multa de ofício (já em seu patamar de 75%, reduzido pela DRJ) é confiscatória, cabe destacar que a penalidade aplicada é expressamente a prevista na legislação (art. 44 da Lei no 9.430/1996), e sua dosagem não está ao alvitre do julgador. Ademais, eventual alegação de inconstitucionalidade não pode encontrar guarida neste tribunal, que já sumulou a matéria: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Também já se encontra sumulada neste tribunal a questão referente à possibilidade de aplicação da Taxa SELIC a título de juros de mora: “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Assim, também essas alegações finais da empresa são improcedentes. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 865DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11070.721845/201358 Acórdão n.º 3403003.549 S3C4T3 Fl. 859 15 Fl. 866DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10925.907013/2011-02
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso em análise: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, assim especificados pela empresa.
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO.
O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.637/2002, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.551
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer o crédito também em relação a uniformes. O Conselheiro Domingos de Sá Filho votou pelas conclusões quanto aos pallets e aos fretes entre estabelecimentos. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. Esteve presente ao julgamento o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ no 32.641.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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(Sucessora de SADIA S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso em análise: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, assim especificados pela empresa. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 70 13 /2 01 1- 02 Fl. 5019DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.637/2002, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer o crédito também em relação a uniformes. O Conselheiro Domingos de Sá Filho votou pelas conclusões quanto aos pallets e aos fretes entre estabelecimentos. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. Esteve presente ao julgamento o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ no 32.641. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre PER de no 36353.19863.131008.1.1.086828 (fls. 4620 a 4623)1, transmitido em 13/10/2008, para demandar crédito de Contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa / Exportação (§ 1o do art. 6o da Lei no 10.833/2003) relativo ao 3o trimestre de 2008, no valor de R$ 7.589.441,87. As declarações de compensação (DCOMP) correspondentes constam às fls. 4624 a 4986 (e são relacionadas no quadro de fls. 4687/4688). Na Informação Fiscal de fls. 4687 a 4729, que se presta ainda à análise da COFINS (processo administrativo no 10925.9070123/201150) no mesmo trimestre, e culmina na lavratura de auto de infração para exigência de multa isolada, levado a cabo no processo administrativo no 11516.722096/201308, narrase que: (a) foram glosados nas linhas 02 (“Bens Utilizados como Insumos”) e 03 (“Serviços Utilizados como Insumos”) das fichas 06A e 16A os créditos contabilizados nas contas contábeis indicadas na tabela de fl. 4695 a 4697, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 5020DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.967 3 individualizados no relatório “02NICTBNF” (“cuja contabilização indica não se enquadrarem no conceito de insumo ou serviço com direito a crédito”), e os materiais de ativo permanente (glosados por conta e listados exemplificativamente às fls. 4697 a 4700), com informações individualizadas (item a item) nas planilhas arroladas às fls. 4700/4701; e (b) nos casos de duplicidade de registro nas linhas 02/03 (v.g., aluguéis, foi considerado o crédito nas linhas 05 e 06. A síntese das glosas é detalhada na tabela que figura após o relato da manifestação de inconformidade (coluna da esquerda). A fiscalização encontrou ainda incorreção no rateio proporcional de receitas tributadas no mercado interno, não tributadas no mercado interno e de exportação, por não terem sido consideradas as vendas para a Zona Franca de Manaus e algumas receitas tributadas (mas não efetuou correções, admitindo o declarado, tendo em vista que após as glosas, a totalidade de créditos foi insuficiente para pagamento dos débitos informados em DACON, restando saldo devedor lançado em autuação). Com base na Informação Fiscal é proferido o Despacho Decisório de fls. 4730 a 4732, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando as compensações vinculadas. Cientificada do despacho decisório em 15/07/2013 (AR à fl. 4749), a empresa apresenta manifestação de inconformidade postada em 14/08/2013 (fls. 4836, e 4751 a 4794) sustentando que o conceito de insumos na legislação que rege as contribuições é mais amplo que o presente na legislação do IPI, e abarca “todas e quaisquer aquisições para emprego na produção de bens e serviços objeto da atividade fim, bem como os custos incorridos e as despesas necessárias ao processo produtivo”, conforme jurisprudência do CARF (o que abrange, v.g., a indumentária de utilização obrigatória na agroindústria). Em relação às glosas em espécie, as razões de defesa estão expostas, por razões didáticas, na coluna da direita na planilha a seguir. Cabe ainda registrar a demanda por perícia (fls. 4792/4793), para possibilitar investigação mais apurada, tendo em vista aspectos técnicos envolvidos no processo industrial, e a solicitação para juntada posterior de laudo técnico. GLOSAS DEFESA Fl. 5021DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 FICHA 16A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4701/4708) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., pallet, luva de látex, avental); b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 2, por se tratarem de gastos para manutenção predial e aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado; c) aquisições de pessoas físicas, sem direito a crédito na linha 2; d) fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa, tendo sido oportunizado o detalhamento de contas que tratavam indiscriminadamente de fretes de produtos acabados e matériasprimas; e) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003; f) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito; e g) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições, em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006. FICHA 16A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4766 a 4773, 4775/4779, e 4790/4791) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo: os custos com uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular) e materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação) são obrigatórios pelas normas do Ministério da Saúde, em relação a estabelecimentos que industrializam alimentos para o consumo humano. Da mesma forma, são imprescindíveis as despesas com aquisição de produtos para utilização no laboratório, para análise de controle de qualidade. No que se refere a “pallets”, também são essenciais às atividades da empresa, tendo em vista as rigorosas normas de higienização e manutenção da qualidade. Também sustenta a empresa que as aquisições de combustíveis (como GLP e lenha para combustão) são ensejadores de créditos, conforme disposição expressa da lei de regência das contribuições. b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 2, no que se refere a aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado: pedese a reformulação da decisão, para que seja tomada em consideração na glosa a parcela de depreciação dos bens do ativo imobilizado (1/24), conforme art. 3o, § 1o, I das leis de regência. (...) d) fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa: os produtos industrializados são perecíveis, necessitando de permanente refrigeração, e estando sujeitos a normas de higiene sanitária, cabendo o crédito com base no art. 3o, IX das leis de regência, conforme já entendeu o CARF, devendo ser ainda reconhecido o crédito em relação a custos com armazenagem. e) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero: em tais aquisições, a empresa faz jus ao crédito presumido de que trata a Lei no 10.925/2004. E quanto ao demais produtos, a não manutenção do crédito fere o princípio da nãocumulatividade. (...) g) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições: a suspensão somente se tornou obrigatória com a Instrução Normativa RFB no 977/2009, que incluiu o vocábulo “obrigatória”. E ao menos o crédito presumido deve ser reconhecido, com base no art. 8o da Lei no 10.925/2004. Fl. 5022DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.968 5 FICHA 16A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fls. 4708/4710) a) aquisições de serviços que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., válvula, transporterefeições); b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 3, por se tratarem de gastos para manutenção predial, aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado, ou sem relação com o processo produtivo; c) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens ou serviços nem outra operação com direito a crédito; e d) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003, e de a linha 03 tratar de serviços. FICHA 16A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fl. 4789) (...) b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 3: a empresa se insurge contra glosas referentes a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, manutenção e suporte de software e manutenção predial, por entendê las como essenciais ao processo produtivo. (...) FICHA 16A LINHA 05 Despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica (fls. 4710/4711) aluguéis pagos a pessoas físicas e pagamentos a restaurantes e centros esportivos. (...) FICHA 16A LINHA 06 Despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (fls. 4711/4712) aluguéis de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos etc) e locação de software, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, Sky TV por assinatura etc. FICHA 16A LINHA 06 Despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (fls. 4779/4780) a exigência legal de que o bem seja “utilizado nas atividades da empresa” não implica, como entendeu o fisco, que estejam necessariamente vinculados ao setor de produção da empresa. FICHA 16A LINHA 10 Bens do Ativo Imobilizado com base no valor de aquisição ou construção (fl. 4712/4715) aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos (glosandose somente as diferenças em relação ao que seria a depreciação correta), bens erroneamente classificados como ativo imobilizado (v.g., óleo lubrificante sintético, locação andaime, diárias serviços gerais), e bens cuja descrição não permite a identificação (tendo a empresa sido intimada a detalhar os bens, sem retorno). FICHA 16A LINHA 10 Bens do Ativo Imobilizado com base no valor de aquisição ou construção (fl. 4773/4775, e 4790) aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos: a empresa sustenta que a legislação ampara seu direito expressamente no art. 3o, § 1o, III das leis de regência, e que a Lei no 11.488/2007 (art. 6o) proporcionou ainda a opção pela depreciação à razão de 1/24 (não havendo impedimento para o crédito em tais moldes a partir de janeiro de 2007). Fl. 5023DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 FICHA 16A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 4715/4721) crédito solicitado com base no inciso incorreto do § 3o do art. 8o da Lei no 10.925/2004, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos, e notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, não havendo crédito presumido em operações para revenda. FICHA 16A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 4781/4789) de acordo com a Exposição de Motivos da Medida Provisória convertida na Lei no 10.925/2004, o crédito presumido tem por finalidade anular os efeitos da incidência das contribuições nas etapas anteriores. Portanto, legítimo o crédito ainda que os produtos tenham sido adquiridos com alíquota zero. E o valor do direito aos créditos presumidos é conferido pelos percentuais (60%, 50% e 35%) do valor das alíquotas “cheias”, dependendo da classificação do produto fabricado. Assim, o crédito é calculado pela aplicação dos percentuais do valor do insumo adquirido, sendo que o percentual a ser aplicado depende da NCM do produto elaborado, conforme jurisprudência do CARF. Sobre as aquisições para revenda, informa que geram direito a crédito, conforme inciso I do art. art. 3o da Lei no 10.833/2003. FICHA 16B LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4721/4722) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., ventilador, engrenagem, gerador); e b) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003. (...) Em 05/02/2014 (fls. 4857 a 4913), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) o conceito de insumo é o estabelecido nas Instruções Normativas no 247/2002 e no 404/2004, que apenas esclareceram o conteúdo das leis de regência; (b) nos processo administrativos relativos a ressarcimento/compensação, o ônus probatório é do postulante, não tendo se desincumbido de tal ônus a empresa, em relação a diversos itens; (c) para reconhecimento do crédito pelos encargos de depreciação, a empresa deveria ter registrado os itens glosados como ativo imobilizado, em linha própria do DACON (ou efetuada a retificação correspondente); (d) não existe previsão normativa para tomada de créditos em relação a fretes de produtos acabados entre estabelecimento da empresa; (e) é vedada a tomada de créditos em aquisições com alíquota zero, não cabendo a análise pela DRJ de demanda que sequer consta no DACON correspondente (crédito presumido); (f) o fato de as vendas à empresa terem sido efetuadas sem a suspensão da contribuição prevista em lei não permitem a tomada de créditos pelo adquirente, novamente descabendo a análise de pedido alternativo não expresso em DACON; (g) não há previsão para tomada de créditos em relação a aluguéis de veículos; (h) o § 14 do art. 3o da Lei no 10.833/2003 não se aplica a edificações e benfeitorias, e o REIDI (Lei no 11.488/2007) somente se aplica a pessoas jurídicas previamente habilitadas pela RFB; (i) para fins de aproveitamento do crédito presumido da agroindústria, o percentual a ser aplicado depende do produto adquirido; (j) a legislação não prevê crédito presumido no caso de bens para revenda; e (k) os elementos constantes dos autos são suficientes ao julgamento, sendo prescindível a perícia demandada. Fl. 5024DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.969 7 Cientificada da decisão de piso em 17/03/2014 (fl. 4923), a empresa apresenta recurso voluntário em 09/04/2014 (fls. 4925 a 4963), reiterando os argumentos expressos na manifestação de inconformidade, e acrescentando jurisprudência e considerações no sentido de que: (a) não pode ser negado o direito ao crédito sob o simples fundamento de que houve equivocado preenchimento de DACON (erro no cumprimento de obrigação acessória); (b) a DRJ entende ter havido ausência de contestação em relação a diversos itens que a empresa expressamente trata em sua manifestação de inconformidade; e (c) não é crível sustentar que alguns combustíveis (como hexano, óleo de xisto, diesel e GLP) sejam utilizados veículos para transporte de pessoas. No mais, não renova os questionamentos em relação a energia elétrica e material para laboratório, e insere discussão nova sobre embalagens de transporte. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe de início destacar que verifiquei que a análise referente aos três primeiros trimestres de 2007, em relação à mesma empresa, e basicamente às mesmas matérias, foi efetuada em 24/09/2013, no âmbito desta Terceira Turma, em nove processos, todos sob minha relatoria, assim detalhados: Período Processos Acórdãos 1o trimestre de 2007 10925.720046/201212 (auto de infração); 10925.905351/201100 (DCOMPPIS); e 10925.905352/201146 (DCOMPCOFINS) 3403002.469, 3403 002.472 e 3403002.473, respectivamente 2o trimestre de 2007 10925.720686/201222 (auto de infração); 10925.905353/201191 (DCOMPPIS); e 10925.905355/201180 (DCOMPCOFINS) 3403002.470, 3403 002.474 e 3403002.476, respectivamente 3o trimestre de 2007 10925.721257/201272 (auto de infração); 10925.905354/201135 (DCOMPPIS); e 10925.905356/201124 (DCOMPCOFINS) 3403002.471, 3403 002.475 e 3403002.477, respectivamente As ementas dos acórdãos correspondentes asseveraram que: “DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. Fl. 5025DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Para a empresa agroindustrial, constituem insumos: materiais de limpeza e desinfecção; embalagens utilizadas para transporte; combustíveis; lubrificantes e graxa; fretes entre estabelecimentos da própria empresa (entre estabelecimentos do ciclo produtivo); fretes de transporte de combustível; e serviços de transporte de sangue e armazenamento de resíduos. Por outro lado, não constituem insumos: uniformes, artigos de vestuário, equipamentos de proteção de empregados e materiais de uso pessoal; bens do ativo, inclusive ferramentas e materiais utilizados em máquinas e equipamentos; fretes de transporte urbano de pessoas; fretes de transportes em geral, sem indicação precisa; fretes referentes a nota fiscal requisitada e não apresentada; bens não sujeitos ao pagamento das contribuições (o que inclui a situação de alíquota zero); e bens adquiridos em que a venda é feita com suspensão das contribuições, com fundamento no art. 9o da Lei no 10.925/2004. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS. ENERGIA ELÉTRICA. ABRANGÊNCIA. Não são classificáveis como despesas com energia elétrica as aquisições de serviços de comunicação e compras de bem para o ativo imobilizado. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS. ALUGUEL. ARMAZENAGEM. FRETES. PESSOA FÍSICA. IMPOSSIBILIDADE. É vedado o creditamento da contribuição em relação a despesas de aluguéis de prédios, maquinas e equipamentos, ou ainda de armazenagem ou fretes, pagos a pessoa física. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. ENCARGOS. DEPRECIAÇÃO. ATIVO. VEDAÇÃO. É vedado o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1o do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30/04/2004. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em Fl. 5026DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.970 9 função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtê lo.”(Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, exceto em relação a lavagem de uniformes e incidência de juros de mora sobre multa de ofício, este último tema presente apenas nas autuações, sessão de 24.set.2013) (grifo nosso) Tal verificação é relevante e pertinente, pois as matérias analisadas nestes autos são majoritariamente as mesmas, e sob os mesmos fundamentos, resguardadas algumas especificidades que serão anotadas ao longo deste voto. E, de lá para cá, alteramos nosso posicionamento somente em relação a um tópico, como também se destaca no voto. 1. Considerações iniciais sobre ônus probatório nos processos referentes a ressarcimento/compensação As presentes considerações inicias sobre o ônus probatório nos processos de ressarcimento/compensação são necessárias à análise da demanda por diligência, e de alguns itens para os quais a empresa não tratou de carrear aos autos documentos que amparariam seu direito a crédito. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de ressarcimento/compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante, e é dever dele carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, inclusive, no caso de insumos, a forma de vinculação dos bens ao processo produtivo. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador, cabível seria a demanda pericial. No entanto, não se pode acolher pedido de perícia para produzir no processo elementos probatórios a cargo de uma das partes (no caso, a postulante do crédito), elementos esses que já deveriam figurar nos autos, e cuja ausência tem por implicação a negativa de reconhecimento dos créditos correspondentes. Assim vem decidindo unanimemente esta Terceira Turma, inclusive nos citados processos da mesma recorrente: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” Fl. 5027DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.470, 471, 474, 475, 476 e 477, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Desse modo, incabível acolher o pleito de realização de diligência, pois restam claras nos autos as motivações das glosas, que foram compreendidas a contento pela recorrente, que, por sua vez, ao invés de trazer ao processo elementos probatórios de seu direito, inclusive no que se refere ao processo produtivo, posterga a discussão para eventual diligência. Assim, tendo em conta as considerações iniciais sobre o ônus probatório em processos do gênero, indeferese a realização de diligência/perícia. 2. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP Também a título de considerações preliminares, pois a matéria só é alegada de forma transversa nas peças recursais, incumbe esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Fl. 5028DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.971 11 Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei desbordou do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. 3. Do conceito de insumos na COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. Fl. 5029DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem também unanimemente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. A recorrente é empresa agroindustrial, tendo por objeto social a atividade de frigorífico para abate de suínos, aves, fabricação de produtos de carne, preparação de subprodutos para abate, fabricação de alimentos para animais, pintos de um dia, ovos, extração de madeiras, comércio atacadista de alimentos em geral, entre outras. Não há dúvida, por exemplo, ao afirmarse que a matériaprima utilizada nos alimentos industrializados pela empresa constitui insumo. Contudo, entre a zona de certeza positiva e a de certeza negativa (uma cesta de natal entregue pela empresa a um funcionário certamente não constitui um insumo) existe uma zona de “penumbra” (usando a terminologia empregada por GENARO CARRIÓ2), na qual só a análise do caso concreto (à luz dos elementos trazidos aos autos sobre o processo produtivo da empresa) permitirá um enquadramento mais preciso. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos. Seguiremos a ordem das glosas constante em nosso relatório, apenas alterandoa para reunir o primeiro e o último tema, que guardam identidade: bens utilizados como insumos (fichas 16A e 16B do DACON). E, sobre tal ordem, acrescentaremos os argumentos de defesa, nos tópicos em que eles efetivamente tiverem sido apresentados. Por 2 In Notas Sobre Derecho y Lenguaje. 5 ed. Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2006, p. 55 e ss. Fl. 5030DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.972 13 exclusão (em verdade, por preclusão), deixam de ser reconhecidos os direitos de crédito em relação a matérias e itens sequer especificamente questionados pela recorrente. 4. Das glosas em espécie As glosas em espécie, como relatado de início, foram subdivididas, de acordo com as fichas do DACON, em seis grupos: bens utilizados como insumos; serviços utilizados como insumos; despesas de aluguéis e prédios; despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos; bens do ativo imobilizado; e crédito presumido de atividade industrial. 4.1. Bens utilizados como insumos Em relação aos bens glosados por não se enquadrarem no conceito de insumos adotado pelo fisco (relacionados nas planilhas de fls. 308 a 536, 537 a 1346, 1347 a 1359, 1360 a 1410, e 1411 a 2021), a recorrente questiona apenas alguns: custos com uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular) e materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação). Assevera que ambos são obrigatórios pelas normas do Ministério da Saúde, em relação a estabelecimentos que industrializam alimentos para o consumo humano. Em manifestação de inconformidade chega ainda a questionar despesas com aquisição de produtos para utilização no laboratório, para análise de controle de qualidade, mas não mantém o tema contencioso em seu recurso voluntário. E questiona ainda a glosa sobre pallets, acrescentando no recurso voluntário argumentação sobre a improcedência das glosas em relação a embalagens de transporte (tema que não restou especificamente contencioso em sua manifestação de inconformidade), versando ainda sobre combustíveis. Assim, diante da preclusão que opera em relação às matérias que não foram devidamente questionadas tanto na instância de piso quanto na peça recursal após a decisão da DRJ, passase a analisar somente a pertinência das glosas em relação a uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular), materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação), pallets e combustíveis, assim como temas específicos (v.g., aquisições com alíquota zero e fretes de transferência entre estabelecimentos). Cabe destacar ainda que há ainda um tópico da defesa destinado a questionar as glosas sobre bens importados utilizados como insumos, nos quais se confunde a motivação das glosas externadas pelo fisco. Não há nenhuma glosa no presente processo que tenha sido motivada pelo simples fato de os bens serem importados. As glosas estão ligadas a razões como o não enquadramento no conceito de insumos ou ao fato de a aquisição ser efetuada com alíquota zero (todos temas a serem tratados neste tópico 4.1). Incumbe derradeiramente esclarecer que a DRJ, ao delimitar a lide, ao início do voto condutor do acórdão de piso, efetivamente relacionou itens sobre os quais a empresa não se manifesta especificamente em sua peça inaugural de defesa. No recurso voluntário, alegase que a empresa teria efetivamente se defendido em relação aos temas. Contudo, não era Fl. 5031DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 aos temas que se referia a DRJ, mas aos itens específicos dentro dos temas (a empresa não questiona, por exemplo, especificamente, itens da glosa de notas fiscais com CFOP que não representam aquisições de bens ou outras operação com direito a crédito). Portanto, estão as partes a conversar sobre coisas diferentes. Esclareçase, assim, que todos os temas e itens efetivamente tratados na manifestação de inconformidade foram enfrentados pela DRJ, não havendo qualquer prejuízo à defesa. 4.1.1 Uniformes Os itens glosados especificamente questionados pela recorrente nesta categoria são: vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular. A recorrente entende que tais bens são essenciais e aplicados diretamente na atividade produtiva, e evitam contaminações, seguindo determinação da ANVISA. Os precedentes do CARF em favor de tal argumento estão longe de constituir posicionamento dominante no tribunal. Vejase, a título ilustrativo, acórdão decidido por maioria, em turma especial desta terceira sessão, e acórdão, também por maioria, da Câmara Superior de Recursos Fiscais (vencidos os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Marcos Aurélio Pereira Valadão e Otacílio Dantas Cartaxo): “Tratandose de prestação de serviços de catering e de handling, ensejam o creditamento os gastos com uniformes, serviços de lavanderia, de remoção e incineração de resíduos e análises laboratoriais, por guardarem relação de essencialidade e pertinência a tais processos produtivos.” (Acórdão no 3803 004.025, Rel. Cons. Alexandre Kernvencido, maioria em relação ao tema, sessão de 19.mar.2013) “Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis do PIS não cumulativo, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo.” (Acórdão no 930301.741, Rel. Cons. Nanci Gama, maioria, sessão de 9.nov.2011) Esta terceira turma não tem comungado de tal entendimento, e negou recentemente, por unanimidade, o direito a creditamento das contribuições em relação a uniformes e equipamentos de proteção tanto em relação a industrial calçadista (Acórdãos no 3403.001.893 a 896, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30.jan.2013), quanto em relação a fabricante de fertilizantes (Acórdãos no 3403.001.937 a 944, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânimeem relação ao tema, sessão de 19.mar.2013). E negou também unanimemente o direito ao crédito sobre luva, avental, respirador, bota, botina, protetor auricular, máscara, meia, óculos, sapato, touca, capacete e japona nos nove processos da mesma recorrente aqui citados, referentes a períodos anteriores (Acórdãos no 3403002.469 a 477). Fl. 5032DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.973 15 No caso concreto, a nosso ver, todos os bens relacionados podem até ter relação indireta com a produção (seja pela exigência sanitária, ou por poder sua ausência afetar a qualidade do produto final, ou a segurança dos funcionários), mas não são diretamente empregados no processo produtivo/fabril, ou necessários à obtenção do produto final. Correta, assim, a glosa efetuada para tais bens. 4.1.2. Materiais de limpeza, desinfecção e higienização Alega a recorrente que os materiais de limpeza, desinfecção e higienização se prestam à manutenção das condições exigidas pela legislação no processo produtivo. Nesse caso, embora também ainda não haja posição assentada neste CARF, entendese que merece prosperar a argumentação da recorrente, pois diante da ausência de limpeza e desinfecção, é improvável que se possa chegar ao produto final. E, em relação às despesas com higienização, matéria na qual fui vencido nos processos anteriormente julgados por esta Terceira Turma, revejo meu posicionamento, acordando com o colegiado que efetivamente sem a higienização também dificilmente se chegaria ao produto final fabricado pela empresa. Assim, deve ser afastada a glosa efetuada pelo fisco em relação a materiais de limpeza, desinfecção e higienização. 4.1.3. Pallets Ativo Imobilizado A recorrente sustenta que os pallets são essenciais às atividades da empresa, tendo em vista as rigorosas normas de higienização e manutenção da qualidade, e afirma que os pallets, além de exercerem função primordial para a movimentação de cargas, são fundamentais para impedir o contato do produto com a superfície do chão”. Narra também que os pallets “são ainda utilizados no processo produtivo, pois nas diversas das suas etapas são necessários para o deslocamento das matériasprimas, em condições de higiene, sendo ainda utilizados para armazenagem de produtos acabados, até que sejam transportados para comercialização”. Há que se destacar, contudo, nossa acordância com entendimento já externado nesta turma pela Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel, de que os pallets são bens a serem contabilizados no ativo não circulante: “Relativamente aos “paletes de madeira” “tábuas” e “barrotes de eucalipto” utilizados para movimentação interna dos produtos industrializados, entendo que não se enquadram no conceito de insumo tal como previsto no inciso II do artigo 3o da Lei 10.833/03, até porque pelo valor e tempo de vida útil desses bens eles não podem ser deduzidos com despesa operacional e devem ser contabilizados no ativo não circulante (art. 301 do RIR/99) sujeitandose à depreciação, cuja despesa dela decorrente pode ser aproveitada para crédito do PIS e da Fl. 5033DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 COFINS não cumulativos, nos termos do inciso III do § 1o do artigo3o da mesma Lei 10.833/03. Nesse sentido há diversas soluções de consulta da Secretaria da Recita Federal do Brasil (...)”(Acórdão no 3403.001.935, Rel. Cons. Raquel Motta Brandão Minatel, maioria, sessão de 20.mar.2013) Assim, da mesma forma em que decidido unanimemente por este colegiado nos nove processos citados, mantémse a glosa em relação aos pallets. E o raciocínio externado em relação a pallets se aplica ainda aos demais bens considerados como insumos pela recorrente e que constituem, na verdade, aquisições destinadas ao ativo imobilizado. Não se pode admitir o crédito integral em relação a tais bens, por absoluta carência de amparo normativo. E avaliar o pedido alternativo de crédito proporcional equivale a ignorar a própria escrituração da empresa, e a analisar pedido diverso daquele que ensejou o despacho decisório (peça cuja ciência deu início ao contencioso). Nesse sentido a decisão unânime da turma nos multicitados nove processos da mesma empresa julgados em 2013: “A nosso ver, restaria preliminarmente bem explicada a utilização no processo produtivo, cabendo o creditamento, não fosse o fato de constituírem os bens/semoventes (como informa a própria recorrente) ativo imobilizado. E não parece seguir em sentido diferente o julgador de primeira instância, que refuta o enquadramento como insumo tãosomente pelo fato de constar o bem no ativo imobilizado. E, estando no ativo imobilizado, o enquadramento seria no inciso VI, e não no inciso II do art. 3o das leis que tratam do creditamento para as contribuições (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003): “VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços” (grifo nosso) É preciso alertar, contudo, que a forma/quantificação de creditamento do inciso VI é diferente daquela constante do inciso II, como esclarece o § 1o do art. 3o das leis: “§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês;” Como destaca o julgador a quo, tal posicionamento deveria ter sido informado em DACON pela recorrente, antes do procedimento fiscal. Flexibilizando tal entendimento do julgador de piso, em nome da verdade material, consideramos que uma alteração da DACON, mesmo posteriormente ao procedimento fiscal (o que, destaque Fl. 5034DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.974 17 se, não obsta as penalidades eventualmente disso decorrentes), desde que acompanhada de documentos comprobatórios do alegado, deveria ser tomada em conta pelo fisco. Contudo, não é o que se vê no presente caso. Vale, assim, a mesma máxima expressa no tópico anterior: ou os bens são enquadrados no inciso II, como insumos (e aí não devem constar do ativo imobilizado), ou constam do ativo imobilizado, aplicandose a regra do inciso VI. Assim, procedente a glosa em relação a tais bens/semoventes.” Pelo exposto, são também mantidas as glosas em relação a bens indicados, escriturados e declarados ao fisco como insumos (inciso II do art. 3o das leis de regência) que na verdade se tratavam de aquisições destinadas ao ativo imobilizado. 4.1.4. Combustíveis Em relação às glosas de combustíveis, sustenta a empresa que as aquisições de combustíveis como GLP e lenha para combustão são ensejadores de créditos, conforme disposição expressa da lei de regência das contribuições. A DRJ mantém as glosas diante da impossibilidade de se saber se os combustíveis foram efetivamente utilizados no processo produtivo. No recurso voluntário, a empresa revela que não é crível sustentar que alguns combustíveis (como hexano, óleo de xisto, diesel e GLP) sejam utilizados veículos para transporte de pessoas. Há, aqui, que se acordar com a empresa em relação ao hexano, ao óleo de xisto e a GLP, seja pela dificuldade em imaginar utilizações outras para tais bens que não no processo produtivo, seja pela descrição de como se utiliza cada bem na peça recursal (fl. 4942). No mesmo sentido nosso raciocínio sobre a lenha. E, em relação ao diesel, parece pouco crível também que seja utilizado em veículos de transporte de pessoas. Nesse sentido, essa Terceira Turma já decidiu unanimemente, em caso no qual havia dúvidas sobre a utilização de combustíveis em veículos de propriedade de empresa: “Pelo teor do recurso voluntário, notase que a empresa possui um caminhão Mercedes Benz placa IND 4688, um GOLF placa IYM 2222, e uma KOMBI placa IMH 3302. E utilizou os veículos locados de placas ILS 3241, IMS 2985, ILX 0497, IMA 4137, IND 8997 e INL 8932. A empresa afirma que “todos os veículos são ou foram utilizados nas operações de transporte de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem entre os diversos estabelecimentos da empresa e por empregados vinculados aos departamentos comercial e industrial”. E acrescenta que “em alguns períodos, o GOLF e a KOMBI também são utilizados Fl. 5035DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 para o transporte de funcionários da produção, que fazem horas extras”. Como a empresa não detalha quais são os veículos locados, referindose no recurso somente a suas placas, efetuei, em nome da verdade material, buscas às referidas placas, na web, em sítio que informa dados do DETRANRS (www.checkmeucarro.com.br), obtendo os seguintes resultados: placa ILS 3241 (YAMAHA/YBR 125K Roxa, à gasolina, ano 2003/2004), placa IMS 2985 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006), placa ILX 0497 (GM/Celta 3 portas branco, gasolina, ano 2004/2004), placa IMA 4137 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina, ano 2004/2005), placa IND 8997 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2006/2006) e placa INL 8932 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006). Não se entende como atividade relacionada ao processo produtivo, necessária à obtenção do produto final, o transporte de passageiros (ainda que funcionários da empresa, e ainda que eventualmente) pelas KOMBIS, nem aqueles efetuados por veículos de passeio e motocicletas. Assim recentemente decidiu esta turma, de forma unânime (Acórdãos no 3403002.783, e 784). Por carência probatória (detalhamento da forma de utilização no processo produtivo), então, afastase o direito creditório em relação ao combustível utilizado para abastecer tais veículos. No entanto, é perfeitamente crível que o caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688 (Mercedes Benz/MBAtego 2425, azul, diesel, ano 2006/2006), movido a óleo diesel, tenha efetivamente sido utilizado para transportar materiais necessários à obtenção do produto final gerado pela empresa. Assim, afastase somente a glosa referente às despesas de abastecimento do caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688. Como não se tem detalhamento preciso dos abastecimentos nos presentes autos, incumbe à autoridade responsável pela liquidação intimar a empresa a apresentar as referidas notas de abastecimento, que só poderão ser computadas para efeito de crédito se vinculadas estritamente a óleo diesel ou ao citado caminhão.” (Acórdãos no 3403000.912 a 917, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, 24.abr.2014) Assim, incumbe afastar as glosas em relação a hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente (escrituração, notas fiscais de aquisição do período etc.). Caso a documentação da recorrente trate genericamente de “despesas de combustíveis”, incabível o direito ao crédito, pela ausência de comprovação do direito, conforme esclarecido no tópico 1, referente a ônus probatório. 4.1.5. Aquisições de pessoas físicas Também clara a ausência de fundamento normativo para demanda de créditos de aquisições de pessoas físicas com base no inciso II do art. 3o das leis de regência. E a recorrente não questiona especificamente tal item, restringindo sua argumentação a pedido Fl. 5036DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.975 19 alternativo para que se acate o crédito presumido da agroindústria de que trata a art. 8o da Lei no 10.925/2004. O pedido alternativo e inovador, além de contradizer a escrituração e a declaração da empresa prestada ao fisco, e o pedido de ressarcimento que motiva o despacho decisório (peça cuja ciência inaugura este contencioso), demandaria análise de pertinência individualizada das aquisições ao regramento (requisitos e condições) estabelecidos no art. 8o da Lei no 10.925/2004. E essa correspondência individualizada e documentada estava a cargo da recorrente, ao demandar o pedido alternativo, não havendo nos autos vestígios de tal comprovação. Assim, múltiplos são os motivos para manutenção das glosas em relação a aquisições de pessoas físicas que demandaram crédito com base no inciso II do art. 3o das leis de regência, mantendo a linha unânime já adotada quando da apreciação dos nove processos da mesma empresa aqui reiteradas vezes citados. 4.1.6. Fretes entre estabelecimentos São glosados os fretes de transferência de produtos entre unidades da empresa (em conta relacionada a produtos acabados). E narra o fisco que oportunizou à empresa detalhara se se tratavam de fretes de matériasprimas, produtos intermediários ou produtos acabados. E a empresa não logrou comprovar que os fretes glosados se tratavam de operações com direito a crédito. Assim, a glosa é por carência probatória. Em sua defesa, a empresa alega que os produtos industrializados são perecíveis, necessitando de permanente refrigeração, e estando sujeitos a normas de higiene sanitária, cabendo o crédito com base no art. 3o, IX das leis de regência, conforme já entendeu o CARF, devendo ser ainda reconhecido o crédito em relação a custos com armazenagem. Contudo, não detalha nem comprova a quais vendas se referem os fretes. Persiste, assim, a carência probatória ensejadora da glosa, que deve ser mantida. 4.1.7. Aquisições com alíquota zero As glosas em relação a tais aquisições são motivadas pela vedação expressa constante no art. 3o, § 2o da Lei no 10.637/2002. A empresa, em sua defesa, sustenta que em tais aquisições, a empresa faz jus ao crédito presumido de que trata a Lei no 10.925/2004. E, quanto ao demais produtos, a não manutenção do crédito fere o princípio da nãocumulatividade. Em relação à primeira alegação, remetase às razões para negativa expressas no tópico 4.1.5 deste voto, que trata das aquisições de pessoas físicas, diante de pedido inovador do crédito presumido em sede contenciosa. Recordese que haveria necessidade de análise de pertinência individualizada das aquisições ao regramento (requisitos e condições) estabelecidos no art. 8o da Lei no 10.925/2004. E essa correspondência individualizada e Fl. 5037DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 20 documentada estava a cargo da recorrente, ao demandar o pedido alternativo, não havendo nos autos vestígios de tal comprovação. No que se refere à segunda alegação, reiterese que não há possibilidade de, em nome da nãocumulatividade, afastar dispositivo legal vigente (em função da Súmula CARF no 2), como já exposto no tópico 2 deste voto. Devem ser mantidas, então, as glosas em relação a aquisições com alíquota zero, também na linha do que já decidiu unanimemente a turma nos nove processos anteriores da mesma empresa. 4.1.8. Aquisições com suspensão A fiscalização aponta que as notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições, em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006, não são ensejadoras de créditos. A recorrente, por sua vez, alega que a suspensão somente se tornou obrigatória com a Instrução Normativa RFB no 977/2009, que incluiu o vocábulo “obrigatória”. E ao menos o crédito presumido deve ser reconhecido, com base no art. 8o da Lei no 10.925/2004. Tanto o apontamento do fisco quanto as razões de defesa são idênticos aos presentes nos citados nove processos da mesma empresa já apreciados por esta Terceira Turma, aos quais remetemos: “Foram ainda glosados créditos de aquisições de insumos cuja venda é feita com suspensão das contribuições, com fundamento no art. 9o da Lei no 10.925/2004, assim como os fretes a elas correspondentes, pela sujeição somente ao crédito presumido de atividades agroindustriais. Em relação a tal tópico, informa a recorrente que até o advento da Instrução Normativa RFB no 977, de 14/12/2009, não era obrigatória a suspensão, e, diante da faculdade, as aquisições dos produtos ocorreram com tributação, sem a suspensão (não estando nas Notas Fiscais detalhada a suspensão), sendo legítimo o crédito. No julgamento de piso, esclarecese que: “Em relação à situação posta, observa se que a impugnante não questiona o fato de que os produtos adquiridos enquadramse nas situações previstas no art. 9o da Lei n o 10.925/2004, que prevê a suspensão da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Já no que tange à obrigatoriedade da receita da venda destes produtos ser efetuada com suspensão de incidência, esclarecese que, ao contrário do alegado pela contribuinte, desde a edição da Instrução Normativa SRF n o 636, de 24 de março de 2006, com a efetiva implementação de termos e condições, a suspensão da incidência é obrigatória, independente de o contribuinte ter ou não destacado em suas notas fiscais a suspensão.” Fl. 5038DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.976 21 De fato, a Instrução Normativa de 2006 já estabelecia a suspensão (com a expressão “fica suspensa”, que não parece, nem de longe, estabelecer uma faculdade). Não há que se falar, assim, em aproveitamento de créditos, sendo procedente a glosa.” Aliás, em diversos julgados recentes (e unânimes) desta Terceira Turma, inclusive com a formação atual do colegiado, concluise que a suspensão é aplicada bem antes da Instrução Normativa RFB no 977/2009: “SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada.” (Acórdão no 3403003.507, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 28.jan.2015) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403003.337, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 15.out.2014) Não há, assim, o direito de aproveitamento do crédito em relação à operação, diante das disposições normativas vigentes. 4.2. Serviços utilizados como insumos As considerações efetuadas ao longo do tópico 4.1 deste voto por certo se alastram à disciplina dos serviços como insumos. Por decorrência, são serviços compatíveis com o conceito de insumos aqueles que são necessários ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Não há, nas peças de defesa, questionamentos específicos em relação aos itens glosados com enquadramento de serviços utilizados co mo insumos, mas as considerações sobre aquisições com alíquota zero, CFOP incompatível e não enquadramento no conceito são idênticas às expostas no tópico 4.1., não demandando qualquer complementação. E nos únicos itens questionados especificamente no que se refere a serviços (glosas referentes a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, manutenção e suporte de software e manutenção predial), a empresa se defende com a alegação de que tais serviços são essenciais ao processo produtivo. Em relação a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, não faz prova a recorrente de que efetivamente as máquinas e equipamentos são utilizados no processo produtivo. Sequer cita uma glosa específica para documentar eventual equívoco do fisco. Limitase a laborar a defesa de forma genérica, crendo que todo e qualquer gasto registrado como manutenção de máquinas e equipamentos, e não detalhado, seria ensejador do crédito integral, o que não é admissível. Fl. 5039DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 22 E é da mesma forma genérica que a defesa questiona as glosas referentes a manutenção e suporte de software e manutenção predial, ainda mais distantes, e igualmente de vínculo não comprovado ao processo produtivo. No que se refere às despesas com manutenção predial, é preciso destacar que o fisco glosou aquelas nas quais a própria empresa demandou crédito integral (com base no inciso II do art. 3o das leis de regência), não estando o presente item a tratar do crédito a que se refere o inciso VII do art. 3o das leis de regência (que trata de créditos com base nos encargos de depreciação). Assim, corretas as glosas em relação a serviços utilizados como insumos. 4.3. Despesas de Aluguéis de máquinas e equipamentos Não havendo questionamento específico na defesa em relação à motivação das glosas sobre despesas de aluguéis de prédios (aluguéis pagos a pessoas físicas e pagamentos a restaurantes e centros esportivos), trata o presente tópico somente das despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica, efetuadas sob o fundamento de que os aluguéis de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos etc) e locação de software, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, Sky TV por assinatura etc. não constituem gastos com “máquinas e equipamentos” utilizados nas atividades da empresa de que trata o inciso IV do art. 3o das leis de regência. Na Informação Fiscal que ampara o despacho decisório o fisco afirma que as condições para a tomada de crédito, no caso, são duas: a primeira relativa à natureza do bem locado (máquina ou equipamento) e a segunda com relação à utilização (utilizado nas atividades da empresa). E que diante da descrição genérica das contas, intimou a empresa a esclarecer seu conteúdo, tendo sido, após as respostas, glosadas (fl. 4712): “notas fiscais relativas a aluguel de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos, etc), fretes, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, entre outros, por não se enquadrarem na condição de serem máquinas ou equipamentos e máquina de café, Sky tv por assinatura, entre outros, por não serem utilizados nas atividades da empresa”. (grifo nosso) Em relação ao primeiro motivo de glosa (não ser máquina ou equipamento), aplicável a veículos e toalhas, som, guincho etc., sequer se manifesta a empresa no recurso voluntário, mesmo após as considerações específicas sobre o tema efetuadas pela DRJ. No que se refere à segunda motivação (aplicável às glosas de máquina de café, Sky tv por assinatura etc.), a recorrente se defende no sentido de que a exigência legal de que o bem seja “utilizado nas atividades da empresa” não implica, como entendeu o fisco, que estejam necessariamente vinculados ao setor de produção da empresa. Há que se acordar, nesse aspecto, com a recorrente, no sentido de que a expressão utilizada no inciso IV do art. 3o das leis de regência é “aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa”. A expressão não se confunde, por exemplo, coma a empregada no inciso VI do mesmo artigo: “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou Fl. 5040DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.977 23 fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Utilizar “na atividade da empresa” não se confunde, de fato, com utilizar “na produção”. Ademais, por certo, seria difícil um prédio, por exemplo, ser efetivamente utilizado na produção. A diferença seria clara se o bem glosado, por exemplo, fosse uma impressora ou uma máquina fotocopiadora locada. Por certo, tal equipamento seria utilizado nas atividades da empresa (mas não no setor produtivo). Mas não é isso que se vê pelos bens glosados: locação de máquina de café e pagamento de TV por assinatura “Sky”. Além de tais “equipamentos” não se destinarem a atividades produtivas da empresa, também não se destinam a atividades da empresa. Não vejo necessidade de a atividade de uma empresa agroindustrial incluir uma máquina de café ou TV por assinatura (ou ainda outros bens relacionados na lista de glosas de fls. 4615 a 4619, não questionados especificamente pela recorrente, como “mesas Totobol” e “mesas jogos”). Assim, corretas as glosas efetuadas pelo fisco, que devem ser mantidas. 4.4. Bens do Ativo Imobilizado As glosas efetuadas em relação ao ativo imobilizado se referem a aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos (glosandose somente as diferenças em relação ao que seria a depreciação correta), bens erroneamente classificados como ativo imobilizado (v.g., óleo lubrificante sintético, locação andaime, diárias serviços gerais), e bens cuja descrição não permite a identificação (tendo a empresa sido intimada a detalhar os bens, sem retorno). Não há questionamento específico em relação às razões das glosas para incorreta classificação como ativo imobilizado e bens cuja descrição não permite a identificação. No que se refere à depreciação de 1/48, a recorrente sustenta que a legislação ampara seu direito expressamente no art. 3o, § 1o, III das leis de regência, e que a Lei no 11.488/2007 (art. 6o) proporcionou ainda a opção pela depreciação à razão de 1/24 (não havendo impedimento para o crédito em tais moldes a partir de janeiro de 2007). Vejamos o conteúdo (na redação vigente à época) do referido art. 3o da Lei no 10.833/2003, aplicável à Contribuição para o PIS/PASEP por força do art. 15 da mesma lei: “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2 o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 5041DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 24 (...) §1o Observado o disposto no §15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; (...) §14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1o deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. § 15. O crédito, na hipótese de aquisição, para revenda, de papel imune a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Federal, quando destinado à impressão de periódicos, será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no § 2o do art. 2 o desta Lei.” (grifo nosso) Cristalino, pelo texto do artigo, que a depreciação de 1/48 aplicase a máquinas e equipamentos, e não a edificações e benfeitorias, como pretende a recorrente. Assim, não há a opção que a empresa acredita existir, da depreciação prevista no § 14 do art. 3o. E a depreciação normal, no caso, já foi reconhecida pela fiscalização. Por fim, a demanda recursal pela aplicação da depreciação prevista na Lei no 11.488/2007 dependeria de prova de que a empresa faz jus a tal benefício, cumprindo os diversos requisitos estabelecidos em tal lei, o que sequer é ventilado no presente processo pela recorrente, que novamente não se desincumbe de seu ônus probatório. Também nesse tópico, então corretas as glosas, que devem ser mantidas. 4.5. Crédito presumido agroindústria Em relação a créditos presumidos da agroindústria, previstos no art. 8o da Lei no 10.925/2004, a fiscalização alega que a demanda foi efetuada com fundamento no inciso incorreto do § 3o do art. 8o, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos. E informa ainda que há notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, e não há crédito presumido em operações para revenda. Sobre este último tema, defendese a recorrente indicando que a base para o crédito na revenda é o inciso I do art. 3o das leis de regência. Confunde, assim, os créditos básicos (nos quais incidem diversas vedações, como em relação a aquisições de pessoas físicas, etc) com os créditos presumidos de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004. Se houvesse demandado créditos básicos, e comprovado que cumpre os requisitos para obtêlos, cabível seria a tomada em relação a revenda, por força do invocado inciso I. Mas não é o que consta no presente processo, em que a empresa demanda crédito presumido com base no art. 8o da Lei no Fl. 5042DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.978 25 10.925/2004 (sequer cogitando de comprovar que não incide nas vedações para a obtenção de créditos básicos). Assim, corretas as glosas de notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados. No que se refere ao argumento do fisco de que teria a recorrente demandado o crédito com fundamento no inciso incorreto do § 3o do art. 8o, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos, a questão merece melhor detalhamento. Tanto o fisco quanto a recorrente reproduzem o mesmo dispositivo legal (art. 8o da Lei no 10.925/2004), cada um afirmando que sua própria interpretação é a correta. A fiscalização defende que a alíquota aplicável (ou o inciso com a alíquota aplicável) varia em função dos insumos, enquanto que a recorrente defende que é em função dos produtos elaborados/fabricados. Vêse que aqui a discussão não envolve aspectos probatórios, sendo a matéria exclusivamente ligada à interpretação do art. 8o da Lei no 10.925/2004. O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) Fl. 5043DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 26 § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.” (a Lei no 11.488/2007 incluiu um inciso, com alíquota de 50%, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI) (grifo e atualização nossos) A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi originalmente empreendida por esta turma em junho de 2013, que unanimemente chegou à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até antiisonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo Fl. 5044DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.979 27 percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. (...) Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicálo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através (sic) do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores Fl. 5045DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 28 da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” E nos nove processos da mesma recorrente julgados em setembro de 2013 chegou a turma à mesma conclusão: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo.” (Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 24.set.2013) A endossar o entendimento da turma a Lei no 12.865, de 09/10/2013, que acrescentou (art. 33) o seguinte § 10 ao art. 8o da Lei no 10.925/2004: “§ 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Contudo, desnecessário cogitar de interpretação benigna retroativa da Lei no 12.865/2013, pois esta turma já entendia, antes do avento da referida Lei, que as alíquotas são aplicadas em função do produto fabricado, e não do insumo adquirido. Concluise, então, neste tópico, que deve ser reconhecido o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Rosaldo Trevisan Fl. 5046DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.980 29 Fl. 5047DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 11543.001112/2006-61
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
Ementa:
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.669
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista, que reconheceram a nulidade total da decisão de primeira instância. Sustentou pela recorrente o Dr. Renato Silveira, OAB/SP no 222.047.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 11 12 /2 00 6- 61 Fl. 4783DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Sawaya Batista, que reconheceram a nulidade total da decisão de primeira instância. Sustentou pela recorrente o Dr. Renato Silveira, OAB/SP no 222.047. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre pedido para tratamento manual de declarações de compensação DCOMP (relacionadas à fl. 148)1 transmitidas de 16/02/2006 a 11/10/2006 (de crédito de COFINS relativo ao 4o trimestre de 2004, no valor total de R$ 1.231.790,05, com débitos diversos, ressarcindose o saldo remanescente cf. PER). Fundandose no parecer de fls. 147 a 154, é emitido em 16/10/2009 o despacho decisório de fls. 154/155, reconhecendo direito creditório no montante de R$ 512.204,98, homologando as compensações e deferindo o ressarcimento na medida dos créditos acatados (após compensação de ofício de débitos existentes). As glosas efetuadas se referem a: (a) apuração de créditos em relação a corretagem nas intermediações de café e soja, e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio); e (b) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação. Cientificada da decisão em 20/01/2010 (cf. AR de fl. 163), a empresa apresenta petição em 03/02/2010 (fls. 166 a 168), opondose à compensação de ofício, por entender não existir débito pendente a ser satisfeito (informando que o referido débito estava extinto por meio de compensações e parcelamento). Em 18/02/2010 a empresa apresenta ainda manifestação de inconformidade (fls. 228 a 251), afirmando que: (a) discute em juízo a aplicação da Taxa SELIC na atualização dos créditos; (b) no que se refere a serviços de corretagem, assessoria técnica comercial e despesas com condomínio, as glosas se referem a equivocada acepção do termo “insumos”, derivada da indevida analogia com a legislação do IPI, mas para as contribuições, “insumo” deve ser entendido como todo gasto que colabora direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora de receitas tributáveis; (c) as despesas de fretes não foram segregadas pela empresa por não haver tempo hábil, tendo sido o prazo adicional por ela solicitado (60 dias) indeferido pelo fisco, não podendo este glosar todos os fretes de transferência/remessa por presunção, pela ausência de segregação; e (d) a grande maioria das despesas de frete se refere a exportação indireta (transportes dos produtos saídos diretamente de seus fornecedores com destino aos portos para exportação, por conta e ordem da empresa juntando documentos de venda e transporte fls. 313 a 4583). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 4784DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.784 3 Em 15/03/2012 (fls. 4585 a 4597), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) os créditos demandados em relação a fretes não se referem a nenhuma das hipóteses permitidas na lei de regência (art. 3o, incisos I, II e IX), e os documentos apresentados se referem a aquisições com fim específico de exportação, que não geram créditos, por expressa vedação legal (art. 15, III da Lei no 10.833/2003 c/c art. 6o, III e § 4o da mesma lei); e (b) os insumos tem que ser efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto, ou na prestação de serviço desenvolvida pala empresa, sendo a corretagem/comissão em fase anterior ao processo produtivo, e não atendendo ao conceito de insumo ainda as despesas com assessoria técnica comercial e despesas com condomínio. Cientificada do acórdão da DRJ em 16/05/2012 (fl. 4601), a empresa apresenta recurso voluntário em 31/05/2012 (fls. 4669 a 4700), sustentando que: (a) cabe a atualização monetária do crédito, não tendo a empresa contestado o assunto na manifestação de inconformidade porque discutia o tema judicialmente; (b) a decisão recorrida é nula, por inovar a fundamentação adotada originalmente pelo despacho decisório, em patente supressão de instância administrativa, no que se refere aos fretes; (c) a não cumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS é de caráter constitucional, não podendo ser mitigada pela legislação infraconstitucional; (d) a DRJ superou o entendimento do despacho decisório de que os fretes de remessa/transferência não gerariam créditos, mas ainda assim negou o pleito sob o novo fundamento de que haveria vedação legal (inexistente) ao crédito de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação; (e) no que se refere a corretagem/comissão, despesas com assessoria técnica comercial e despesas com condomínio, os créditos permitidos na sistemática não cumulativa para as referidas contribuições (em relação a “insumos”) devem refletir todos os gastos que colaboram direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora das receitas. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Esclareçase de início que a questão referente à compensação de ofício deve ser analisada pela unidade local da RFB, em rito próprio, com observância ao decidido em relação a eventual demanda judicial interposta pela empresa. E o pedido efetuado inauguralmente em sede de recurso voluntário (referente à atualização monetária do crédito), submetido à apreciação judicial, não constitui exatamente “fato novo”, mas fato motivador da não apreciação do tema por este tribunal administrativo, em face da unidade de jurisdição (consagrada na Súmula no 1 deste CARF), devendo a unidade local efetivamente cumprir o que restou decidido em juízo na liquidação do julgamento administrativo. Fl. 4785DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 No presente processo, a matéria contenciosa se resume a glosas efetuadas pela fiscalização em relação a apuração de créditos sobre: (a) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação; e (b) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio). Passase a seguir à análise das glosas efetuadas, cabendo trazer antecipadamente algumas delimitações conceituais e normativas necessárias. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Incumbe de início esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei poderia ter desbordado do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer Fl. 4786DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.785 5 despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2 (“O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”). Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. Do conceito de insumos para a Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Fl. 4787DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem também unanimemente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos, já adiantando a existência de substancial obstáculo, residente no fato de sequer se demonstrar a existência de processo industrial nos autos. Das glosas em espécie Conforme relatado, em relação ao despacho decisório, as glosas são referentes a: (a) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação; e (b) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio). Em relação a corretagem e outros “serviços”, como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio, resta claro que nenhum destes itens se amolda ao conceito aqui trazido para insumos, na legislação que rege as contribuições. Nem se vislumbra enquadramento possível de tais rubricas em outros incisos do art. 3o da lei de regência, de modo que resta carente de fundamento normativo o direito de crédito. No que se refere aos fretes, cabe destacar que a negativa de crédito, no despacho decisório, era fundada em carência probatória (fls. 152/153): Fl. 4788DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.786 7 E, ao contrário do que parece crer a recorrente, a DRJ, ao apreciar tais documentos, apresentados na manifestação de inconformidade, certamente poderia verificar que estes não amparam o crédito, porque encontram obstáculo normativo. Assim, a fundamentação de carência probatória alterase para ausência de permissão legal. E se isso ocasionasse, como postula a recorrente, nulidade por alteração de fundamento, a DRJ não poderia sequer apreciar os documentos, bastando sua apresentação (ainda que em oposição às normas que regem a matéria) para que fosse afastada a autuação. Mantido esse entendimento, nenhuma empresa apresentaria mais os documentos na fase fiscalizatória, postergando a apresentação sempre à manifestação de inconformidade, quando já não poderia ser analisada qualquer matéria em relação aos documentos apresentados que não a sua simples apresentação. Nada mais absurdo. Por certo que se o documento só foi apresentado na manifestação de inconformidade, o julgador de piso pode (em verdade, deve) analisálo quanto ao cumprimento da legislação que rege a matéria. Afasto assim a nulidade suscitada. No mérito, a própria empresa (assim como os documentos anexados) esclarece que os fretes de remessa/transferência se referem ao transporte de mercadorias adquiridas com fim específico de exportação, até armazéns gerais localizados em Santos (que não são estabelecimentos da recorrente). Bem esclareceu a DRJ ao analisar a matéria (fl. 4383): Fl. 4789DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 A DRJ não encontra enquadramento para a operação descrita nos documentos da empresa: fretes de remessa de mercadoria adquirida com fim específico de exportação para armazéns gerais que não são da recorrente, em cidade portuária. E aponta ainda vedação legal ao crédito, presente no art. 6o, III e § 4o c/c art. 15, III da Lei no 10.833/2003, concluindo que (fl. 4594): Temos aqui que a DRJ, apesar de partir da discutível premissa de que a operação de frete não é tributada (a nosso ver não é a ausência ou não de tributação de tal operação o fator de relevância na presente análise), suscita dispositivo (aplicável à COFINS por força do art. 15, III da Lei no 10.833/2003) que merece aqui transcrição e exegese o art. 6o (III e § 4o) da mesma Lei no 10.833/2003: “Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: (...) § 4o O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1o não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação.” (grifo nosso) Além de, no caso em análise, o crédito não ser propriamente vinculado a “receita de exportação” (visto que a “receita de exportação” se refere à empresa que vendeu à comercial exportadora, para que não se opere duplicidade de cômputo), há vedação expressa à utilização de créditos básicos previstos no art. 3o (facilmente decorrente da leitura dos §§ 1o e 4o do art. 6o da Lei no 10.833/2003), como vem entendendo este CARF (v.g., Acórdãos no 3401002.886 a 892, no 3302002.216, no 3302002.654 e no 3302002.655). Transcrevase excertos deste último julgamento, unânime em relação à matéria: “DESPESAS COM MERCADORIAS ADQUIRIDAS COM O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. É vedado ao exportador de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação creditarse de PIS em relação às despesas vinculadas a esta operação. (...) Fl. 4790DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.787 9 Não resta nenhuma dúvida de que todos os créditos da Cofins relativos aos custos, despesas e encargos incorridos pelo vendedor, e incluído no preço da mercadoria vendida com o fim específico de exportação, são de fruição exclusiva do vendedor da mercadoria e, por esta razão, o adquirente e exportador direto da mercadoria não pode se creditar da Cofins, por força do que dispõe § 4º, do art. 6º c/c inciso III, do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03, abaixo reproduzidos. (...) Supondo, por exemplo, que a recorrente seja exclusivamente uma empresa comercial exportadora e tenha incorrido nas mesmas despesas de frete de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação. Nestas condições, e à luz do dispositivo legal acima, teria a recorrente direito ao creditamento das despesas com frete e armazenagem? Entendo que não. E não o tem porque a norma de regência (§ 4º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, acima reproduzido) é clara ao proibir a apuração de crédito vinculado à receita de exportação das mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação, independente de haver ou não, para o tipo de despesa incorrida, previsão legal de creditamento, quando vinculada às demais receitas. O fato de a recorrente auferir receita de exportação com a venda de produtos de sua fabricação e de produtos fabricados por terceiros, adquiridos com o fim específico de exportação, em nada afeta a proibição legal de apuração de crédito vinculados a receita de exportação de mercadorias adquiridas de terceiros.” (Acórdão no 3302002.655, Rel. Cons. Walber José da Silva, unânime em relação ao tema, sessão de 23.jul.2014) (grifo nosso) Acordamos, então, com a aplicação ao caso narrado nestes autos do dispositivo de vedação mencionado pela DRJ, que é mais amplo do que parece entender a recorrente, que o restringe a mercadorias (amplitude que é a nosso ver incompatível com a expressão constante ao final do referido § 4o do art. 6o: “vinculados”). Ademais, acordase ainda com a dificuldade expressa pelo julgador de piso em enquadrar o frete tratado nestes autos em uma das categorias permitidas na lei de regência (incisos I, II ou IX do art. 3o), pois não se comunga do entendimento que a remessa de mercadoria para armazémgeral em cidade portuária constitua propriamente um frete de venda (ainda que houvesse eventualmente sido comprovada no processo a assunção de tais despesas de transporte integralmente pela recorrente). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 4791DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Fl. 4792DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 12585.000030/2010-51
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO.
O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO.
A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.
LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27.
É válido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo.
RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA.
A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo.
Numero da decisão: 3403-003.629
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. Sustentou pela recorrente a Dra. Marina Vieira de Figueiredo, OAB/SP no 257.056.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27. É válido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo.
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(Incorporadora de BERTIN S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PEDIDOS DE RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27. É válido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 00 30 /2 01 0- 51 Fl. 445DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Sustentou pela recorrente a Dra. Marina Vieira de Figueiredo, OAB/SP no 257.056. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre PER (retificador) de no 34994.71679.300708.1.5.09 5451 (fls. 5 a 7)1, transmitido em 30/07/2008, para demandar crédito de COFINS não cumulativa / Exportação (§ 1o do art. 6o da Lei no 10.833/2003) relativo ao 1o trimestre de 2008, no valor de R$ 31.370.885,28. As declarações de compensação (DCOMP) correspondentes são listadas à fl. 8 (DACON às fls. 10 a 59, e 69 a 122, e DIPJ às fls. 64 a 66). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 446DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 446 3 A verificação iniciada em 26/11/2010, após diversas prorrogações, é encerrada “sem exame”, em função da comunicação de incorporação da BERTIN S.A. pela JBS S.A. (fl. 67). No Termo de Verificação de Infração Fiscal (TVIF) de fls. 126 a 152 (que trata da COFINS e da Contribuição para o PIS/PASEP de outubro de 2007 a dezembro de 2009), narrase que: (a) a fiscalização deriva de diversos pedidos de ressarcimento analisados em diferentes processos administrativos, e obtevese autorização expressa para novo exame, com ciência ao sujeito passivo (em que pese o procedimento anterior ter sido encerrado “sem exame”); (b) as autuações decorrentes, em relação a ambas as contribuições, no período correspondente ao 1o trimestre de 2008, foram lavradas no bojo do processo administrativo no 15868.720063/201203 (cópia da autuação referente à COFINS às fls. 153 a 157); (c) os pedidos de ressarcimento referentes a COFINS são analisados no presente processo, e os referentes a Contribuição para o PIS/PASEP, no processo administrativo no 12585.000035/201084; (d) o fisco optou por realizar verificações por trimestre, em ordem cronológica, iniciando os trabalhos relativos ao 1o trimestre de 2008 em 03/02/2012, com intimação à recorrente para fornecimento de documentos; (e) no período anterior (4o trimestre de 2007), houve problemas, não tendo a empresa conseguido compor os números declarados e informados pelos administradores, informando esta não ser possível naquele momento avaliar a solicitação de retificação dos DACON referentes ao período; (f) para minimizar tais dificuldades, a fiscalização, a partir dos arquivos digitais apresentados pela empresa, compôs três planilhas (referentes a janeiro, fevereiro e março de 2008) com o total de aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, bens adquiridos para revenda, devoluções de vendas e importações de bens utilizados como insumos, antes da análise da fiscalização, que foram enviadas à empresa para conferência juntamente com a planilha 4, que lista os documentos a serem apresentados (demandandose ainda esclarecimentos a questões surgidas na análise inicial dos DACON fls. 130/133); (g) mesmo depois de intimado e reintimado, o sujeito passivo “não apresentou nenhuma planilha ou qualquer outro documento equivalente contendo a memória de cálculo demonstrativa da forma de apuração dos valores das aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, de gado bovino de pessoas físicas, bem como das devoluções de vendas, por ele considerados e informados nos DACONs, para apuração dos créditos” das contribuições, nem “arquivos digitais complementares do PIS/COFINS”; (h) diante do exposto, restou apurar os créditos a partir dos arquivos digitais dos registros fiscais que foram apresentados pelo sujeito passivo (e das citadas planilhas correspondentes, tendo sobre elas o sujeito passivo informado que “não era possível avaliar os dados constantes das referidas planilhas”); (i) em função de o contribuinte ter apresentado novos arquivos digitais, alterando as informações anteriormente prestadas, as planilhas 1, 2 e 3 foram substituídas pelas planilhas 6, 7 e 8, que foram utilizadas pela fiscalização (diante da falta de interesse da empresa em apresentar os demais elementos exigidos pela fiscalização); (j) a partir de tais planilhas foram elaboradas as planilhas 9 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços utilizados como insumos), 10 (registros em duplicidade), 11 (gado bovino adquirido de pessoas físicas), 12 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas para revenda), 13 (devoluções de vendas), 14 (serviços utilizados como insumos), 15 (aquisições para revenda), 16 a 18 (insumos que dão direito a crédito presumido agroindústria, por mês), 19 (despesas de energia elétrica), e 20 a 22 (resumos); (k) nas planilhas referentes a glosas (9 a 12), as razões pelas quais não foram considerados os créditos estão descritas de forma sintética ao final de cada planilha; (l) as planilhas foram todas entregues ao contribuinte e compõem o processo no 15868.720063/201203; (m) após as apurações, foram elaborados pela fiscalização DACON completos para o período, indicando os Fl. 447DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 valores que devem constar em todas as fichas, chegandose ao total de glosas constante na tabela de fl. 144; e (n) em decorrência das glosas, serão afastados os correspondentes valores a ressarcir nos processos administrativos (entre os quais o aqui analisado e o de no 12585.000035/201084, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP), sem prejuízo dos lançamentos de ofício (levados a cabo no processo no 15868.720063/201203). Com base no TVIF é proferido o Despacho Decisório de fls. 162 a 166, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando as compensações vinculadas. A empresa apresenta manifestação de inconformidade em 11/07/2012 (fls. 171 a 191) sustentando preliminarmente as seguintes nulidades: (a) há incompetência da DRF/Araçatuba para promover a fiscalização, sendo tanto a BERTIN S.A. quanto a incorporadora JBS S.A. sediadas na cidade de São Paulo; (b) a autorização para reexame de período já fiscalizado nada diz sobre a transferência de competência para outra região fiscal ou unidade descentralizada; (c) a emissão de MPF para a fiscalização é nula, porque não foi feita na disciplina da Portaria RFB no 3.014/2011; e (d) houve cerceamento de defesa, pois a unidade que promoveu a fiscalização dista aproximadamente 600 Km da recorrente, o que dificulta a entregar documentos e dirimir dúvidas sobre a fiscalização. Afirma ainda a defesa que: (e) incide sobre o caso o art. 135, III do CTN, sendo pessoalmente responsáveis os administradores da empresa à época (que relaciona à fl. 179), porque agiram com infração à lei (e que o não recolhimento das contribuições, por si, já demonstra clara infração à lei) e ao estatuto social (que previa “expressamente a necessidade de orientação, controle e fiscalização dos negócios da companhia pelo conselho de administração e da diretoria”); e (f) o procedimento fiscal teve início antes da incorporação da BERTIN S.A. pela JBS S.A., demonstrando que a não entrega de documentos se deu única e exclusivamente pelos administradores da empresa incorporada. No mérito, a empresa alega que: (g) a BERTIN S.A., em 2007, adquiriu a BERTIN LTDA, com diversos estabelecimentos, e grande parte dos valores escriturados pela BERTIN S.A. no período fiscalizado “podem ser provenientes de aquisições cujos documentos fiscais foram emitidos em nome da antiga proprietária dos estabelecimentos”, sendo que, em atenção ao princípio da verdade material, independente das notas fiscais em questão terem sido emitidas em nome da antiga proprietária, o fato é que as aquisições eram insumos para a adquirente; e (h) houve má interpretação, pelo agente fiscal, do art. 8o da Lei no 10.925/2004, e de seu § 3o, sendo a alíquota referente ao produto fabricado, e não ao adquirido (citando precedente do CARF), e afirmando que ainda que desconsiderado tal entendimento, as aquisições seriam de “carne”. Ao fim da peça de defesa, demandase diligência para análise dos documentos fiscais da empresa, inclusive intimandose os antigos administradores da incorporada. Em 28/02/2013 (fls. 323 a 343), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) os procedimentos são válidos mesmo que formalizados por servidor competente (AFRFB) de unidade diversa da do domicílio do sujeito passivo, como expressamente prevê o art. 9o, § 2o do Decreto no 70.235/1972; (b) a ação fiscal teve autorização em MPF do Superintendente da 8a Região Fiscal, que jurisdiciona todo o Estado de São Paulo, que detém autorização regimental para transferência de competências entre as unidades jurisdicionadas (art. 307 do Regimento Interno da RFB aprovado pela Portaria MF no 587/2010); (c) não cabe falar em cerceamento de defesa em etapa que antecede o contraditório, mas ainda assim a empresa foi reiteradamente intimada a apresentar documentos e teve acesso aos documentos dos autos, não se constatando qualquer empecilho relativo a produção de provas; (d) em relação à responsabilidade dos sócios da incorporada, cabe destacar que o presente procedimento fiscal não é um auto de infração, mas uma análise de pedido de ressarcimento da empresa, mas ainda assim se aplica ao caso o art. 132 do CTN, que trata de incorporação; (e) no mérito, a fiscalização examinou a contabilidade conforme encaminhada Fl. 448DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 447 5 pela empresa, assim como a documentação posteriormente encaminhada, tendo ocorrido reiteradas negativas de atendimento a intimações pelo sujeito passivo (enumeradas exemplificativamente às fls. 336/337), não tendo a empresa trazido “qualquer documento contábil ou fiscal anexo à peça recursal para comprovar o seu direito ao crédito de ressarcimento”, falhando assim em seu ônus processual; (f) quanto ao crédito presumido da agroindústria, a matéria foi disciplinada na Instrução Normativa no 660/2006, que endossa o entendimento do fisco em seu art. 8o, § 1o. Por fim, rejeita a DRJ o pedido de diligência e a demanda para que se enviem intimações ao endereço do patrono da causa, assim como para que este realize sustentação oral na instância de piso. Cientificada da decisão em 18/04/2013 (AR à fl. 443), a empresa apresenta recurso voluntário em 17/05/2013 (fls. 347 a 380), reiterando as considerações sobre nulidades relativas a competência da unidade fiscalizadora e cerceamento de defesa, suscitando ainda nulidade da decisão de piso por não analisar o argumento acerca da responsabilidade direta e exclusiva dos administradores da incorporada (que reitera, afirmando que o fisco não fez qualquer esforço para obter as informações junto aos exadministradores, em atenção à verdade material). No mérito, também reitera as considerações expressas em sua manifestação de inconformidade, e a demanda por diligência. Agrega, ao final, tópico sobre impossibilidade de sucessão de multas e juros, que, provavelmente figura por engano na peça recursal, visto não tratar o presente processo de autuação. Após o recurso voluntário a empresa acrescenta ainda, em 20/03/2014, a peça de fls. 416 a 426, noticiando o advento da Lei no 12.865/2013, que acrescenta um § 10 ao art. art. 8o da Lei no 10.925/2004, defendendo sua aplicação retroativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe de início destacar que verifiquei que a autuação correspondente ao mesmo período (1o trimestre de 2008), da mesma empresa, abarcando a COFINS (com pedido de ressarcimento e compensações analisados nestes autos) e a Contribuição para o PIS/PASEP (com pedido de ressarcimento e compensações analisados no processo administrativo no 12585.000035/201084), lavrada no processo administrativo no 15868.720063/201203 (cópia da autuação referente à COFINS às fls. 153 a 157), foi apreciada recentemente por esta Terceira Turma, em 23/04/2014, com quatro dos atuais componentes do colegiado, no Acórdão no 3403002.906, assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 COFINS NÃOCUMULATIVO. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. Na apuração de PIS/Cofins não cumulativo, a prova da existência do direito de crédito incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração por parte do contribuinte, deve a Fiscalização promover o lançamento com os dados que se encontram ao seu alcance. LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ÔNUS DA PROVA. PERÍCIA. Depois de realizado o lançamento com base nos dados fornecidos pelo próprio contribuinte, tornase dever do contribuinte apresentar as provas e fazer a demonstração pontual dos erros em que porventura teria incorrido a Fiscalização na apuração, demonstrando o valor que entenderia ser o correto para o direito de crédito. A realização de perícia submetese ao critério de necessidade do julgador, de maneira que, não havendo nenhuma prova contundente em sentido contrário ao da apuração procedida, e entendendo o julgador pela existência de elementos de prova suficientes para formar sua convicção, pode e deve deixar de realizar a perícia, promovendo desde logo o julgamento. RESPONSABILIDADE PESSOAL EXCLUSIVA DOS DIRIGENTES DA EMPRESA SUCEDIDA. NÃO CONFIGURAÇÃO. A apuração equivocada do tributo, em si mesmo, não configura infração de lei ou do estatuto social, capaz de configurar a hipótese de responsabilidade pessoal exclusiva prevista no art. 135, III, do CTN. MULTA DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. INCORPORAÇÃO. A sucessão por incorporação implica na transferência da responsabilidade em relação ao crédito tributário como um todo, incluindo a multa de ofício e os juros de mora, independente do lançamento ter ocorrido antes ou depois da sucessão. Inteligência do art. 132 c/c art. 129 do CTN. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. A alegação de erro no lançamento em relação à forma de cálculo do crédito presumido foi argüida de maneira inédita no recurso voluntário, razão pela qual não pode ser apreciada, por restar configurada a preclusão, visto que tal matéria não foi alegada na impugnação. Sua análise também implicaria em supressão de instância, pois a questão não foi submetida ao julgamento de Primeira Instância. Recurso negado. (Acórdão no 3403002.906, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, exceto em relação à multa e aos juros de mora em razão da sucessão, matéria na qual a Conselheira Adriana Ribeiro, em substituição ao Conselheiro Domingos de Sá Filho, votou pelo provimento, sessão de 23.abr.2014) (grifo nosso) Tal verificação é relevante e pertinente, pois as matérias analisadas nestes autos são praticamente as mesmas, e sob os mesmos fundamentos, resguardadas algumas especificidades que serão anotadas ao longo deste voto. Das preliminares de nulidade Fl. 450DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 448 7 Alega a recorrente que há incompetência da DRF/Araçatuba para promover a fiscalização, sendo tanto a BERTIN S.A. quanto a incorporadora JBS S.A. sediadas na cidade de São Paulo, existindo nulidade na emissão de MPF para a fiscalização, porque não foi feita na disciplina da Portaria RFB no 3.014/2011. Protesta ainda quanto à autorização para reexame de período já fiscalizado, que nada diz sobre a transferência de competência para outra ou unidade descentralizada. Compulsando os autos, percebese que havia MPF para a realização da fiscalização (reproduzido no próprio recurso voluntário fl. 350), assinado por quem detém competência normativa para representar o Superintendente da Receita Federal na 8a Região Fiscal, que jurisdiciona tanto a capital São Paulo quanto Araçatuba. E em tal MPF, entre os AuditoresFiscais encarregados encontramse aqueles que realizam a análise fiscal e assinam o Termo de Verificação de Infração Fiscal. Não existe (nem a recorrente aponta) qualquer comando normativo que obrigue o Superintendente a declinar no MPF a unidade de lotação de tais auditores. Mas, por óbvio, se eles foram designados, o foram onde quer que estejam lotados. Não há, assim, nenhuma irregularidade na emissão do MPF, sendo ainda logicamente reprovável o raciocínio a contrario sensu em relação a súmula rejeitada pelo CARF. É evidente que uma súmula rejeitada não produz o efeito de aprovação (ou de confirmação) de uma súmula de teor contrário. Cabível, sim invocar súmulas efetivamente aprovadas pelo CARF, que vinculam o julgador administrativo, como a de no 27: Súmula CARF no 27: É válido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. Aliás, como atesta o julgador de piso, isso já estava claro no art. 9o, § 2o do Decreto no 70.235/1972. Ainda que não se esteja neste processo tratando de lançamento, mas de análise de direito de crédito (análise que, por certo, acabou implicando o lançamento em relação ao mesmo período, que já foi inclusive objeto de julgamento por esta Terceira Turma, como noticiado ao início deste voto), é de se revelar que, no caso em apreço, o MPF regularmente emitido por autoridade competente atribuiu a fiscalização a determinados AuditoresFiscais, que, lotados em unidade da RFB sob jurisdição do Superintendente, realizaram o trabalho. A crítica à data da Portaria de Delegação de competência revela confusão da recorrente entre o ato de delegação de competência e a Portaria que disciplina o MPF. O Mandado de Procedimento Fiscal foi inicialmente disciplinado pela Portaria SRF no 3.007/2001, depois pela Portaria RFB no 4.328/2005, depois pela Portaria SRF no 6.087/2005, depois pela Portaria RFB no 4.066/2007, depois pela Portaria RFB no 11.371/2007, depois pela Portaria RFB no 3.014/2011 (citada na peça recursal), depois pela Portaria RFB no 1.687/2014, que o extinguiu, criando a figura do “termo de distribuição de procedimento fiscal”, expressão mais apropriada para um instrumento que, de “mandado”, efetivamente nunca teve nada (conforme atesta reiterada jurisprudência deste CARF, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais), diante da competência legalmente atribuída aos AuditoresFiscais para lançamento: Fl. 451DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 “NULIDADE. IRREGULARIDADES NA EMISSÃO DE MPF. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é simples instrumento de controle interno da Administração Tributária, não se constituindo em elemento essencial de validade do correspondente auto de infração. Também aí entendese pertinente o posicionamento do julgador a quo, que esclareceu que o MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades fiscais, e eventuais irregularidades em seu trâmite não invalidam o auto de infração decorrente do procedimento fiscal relacionado.” 2 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O MPF é ato interna corporis de controle interno e eventuais vícios são consideradas meras irregularidades, que não têm efeito de contaminar de nulidade o crédito constituído pelo lançamento de ofício.” 3 “MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O MPF Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração” 4 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF Eventual irregularidade na emissão do MPF ou o descumprimento do prazo previsto no MPF para realização da ação fiscal não induzem a nulidade do ato jurídico praticado pelo auditor fiscal pois o MPF é mero instrumento de controle da atividade fiscal e não um limitador da competência do agente público.” 5 “NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração.” 6 Assim, no presente caso, que, destaquese, teve MPF regularmente emitido, a delegação de competência operada em 2004 (e criticada pela defesa) obviamente ampara o MPF de 2011. Sustentar o contrário equivaleria ao absurdo entendimento de que cada vez que fosse editada uma nova norma sobre MPF (ou sobre qualquer outra matéria) deveriam ser editadas nas dez Superintendências da RFB do País (isso para não falar das demais autoridades citadas nas portarias) novas portarias de delegação de competência para emissão de um mesmo instrumento, já existente, de mesma denominação MPF. 2 CARF, Acórdão 1401000.740, 4a Câmara, 1a Seção, Rel. Cons. Fernando Luis Gomes de Matos, unanimidade, Sessão de 15.mar.2012. 3 CARF, Acórdão 1801001.018, 3a Turma Especial, 1a Seção, Rel. Cons. Carmen Ferreira Saraiva, unanimidade, Sessão de 10.mai.2012. 4 CARF, Acórdão 3102001.669, 1a Câmara, 3a Seção, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, unanimidade, Sessão de 27.nov.2012. 5 CARF, Acórdão 2403002.353, 3a Câmara, 2a Seção, Rel. Cons. Carlos Alberto Mees Stringari, unanimidade, Sessão de 20.nov.2013. 6 CSRF, Acórdão 9101001.798, Rel. Cons. Marcos Aurélio Pereira Valadão, maioria, Sessão de 19.nov.2013. Fl. 452DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 449 9 Também no que se refere ao exame de período fiscalizado, autorizado pelo Superintendente Substituto da 8a Região Fiscal, não existe (nem a recorrente aponta) qualquer norma que obrigue constar no documento a unidade responsável. Pelo contrário, a DRJ relaciona ato normativo que permite ao Superintendente otimizar a carga de trabalho em sua jurisdição, distribuindoa em unidades que não constituem necessariamente o domicílio do fiscalizado. E, por fim, não resta configurado cerceamento de defesa pelo fato de estar a unidade fiscalizadora distante 600 Km da empresa. Isso não prejudicou a comunicação (sendo as reiteradas negativas de resposta a intimação por parte da interessada devidas a fatores outros que não a distância, como resta patente nos autos), nem a apresentação de documentos ou o esclarecimento de dúvidas. Na era da internet e do telefone, não aponta a recorrente sequer um fato concreto em que tenha havido obstáculo efetivo a sua defesa pela distância. Em relação à nulidade do julgamento de piso, suscitada pela recorrente, pelo fato de não ter sido analisado seu argumento acerca da responsabilidade direta e exclusiva dos administradores da incorporada, cabe destacar que a DRJ o analisou, não se confundindo a negativa de acolhimento com a omissão. Para o esclarecimento, basta a leitura dos três parágrafos iniciais da decisão da DRJ que tratam do assunto (fl. 332): “Informese que o presente processo não trata de auto de infração, mas sim de Despacho Decisório proferido pela DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA EM SÃO PAULO DERAT/SP, que tratou de pedido de ressarcimento e também da não homologação de compensações a ele vinculadas. Contudo, frisese que os créditos tributários informados como débitos nas Dcomp não estão em discussão, mas tãosomente o pedido de ressarcimento, eis que se não homologadas as compensações, os débitos informados nas Dcomp devem ser cobrados. Tendo em vista o mister de julgador, não nos furtaremos de analisar a argumentação trazida na peça recursal, entendendo tratarse de equívoco da contribuinte, pois a cobrança dos débitos informados em Dcomp não comporta discussão em sede de recurso conforme se apresenta, uma vez que, foram declarados e confessados pela própria contribuinte.” (grifo nosso) A partir desse parágrafo, o julgador está, a nosso ver, a se pronunciar desnecessariamente sobre o tema (como ele próprio admite, ao dizer que, no dever de julgador, não se furtará a analisar a argumentação, ainda que equivocada, do contribuinte). Reiterese: nestes autos se aprecia pedido de ressarcimento (cumulado com compensação). E, sobre o tema, há que se aclarar que o ônus probatório é do postulante ao crédito. Fl. 453DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Não se está aqui tratando de uma “autuação”, mas de um pedido de crédito, no qual o solicitante tem o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidido esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Se não houver prova do direito ao crédito, ele não será concedido. Isso porque não se discute, nem se pode discutir nestes autos, a exigência do crédito decorrente da negativa do ressarcimento ou da não homologação das compensações. Desse modo, não faz sentido algum seguir na análise do argumento da empresa, que pretende atribuir “responsabilidade” a administradores da incorporada. Responsabilidade pelo pagamento de algo? Mas não se está exigindo nada nestes autos, estáse negando ressarcimento. Parece a recorrente desejar que os antigos administradores (que ela afirma terem agido com infração a lei e ao estatuto) lhe assegurem com tal conduta um direito a crédito. Inexistente, assim, a nulidade apontada. E aproveitamos as considerações e os precedentes sobre o ônus probatório para indeferir a perícia solicitada, pois a perícia não se presta à finalidade pleiteada pela recorrente, que consiste em um verdadeiro novo exame da matéria, trazendo, sem motivo justificado nos autos, novas pessoas à lide. A diligência serve ao esclarecimento de dúvidas do julgador em relação ao material já trazido nos autos pelas partes. E a ausência de substância no material de defesa constante nos autos do presente processo opera contra aquele que tem o ônus de provar seu direito de crédito: a recorrente. Ainda que invocada a verdade material, é necessário esclarecer, na linha dos ensinamentos de JAMES MARINS, que a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): Fl. 454DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 450 11 “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 7 E o que se vê no presente processo é a significativa ausência de colaboração por parte do contribuinte, levando o fisco a recompor DACON com base em registros digitais da própria empresa. Da responsabilidade de dirigentes / da incorporada Aproveitase ainda o exposto no tópico anterior, no que se refere ao pronunciamento da DRJ sobre a responsabilidade de dirigentes da incorporada, ou desta, para analisar a argumentação reiterada em sede de recurso voluntário no sentido de que incide sobre o caso o art. 135, III do CTN, sendo pessoalmente responsáveis os administradores da empresa à época (que relaciona) porque agiram com infração à lei (e que o não recolhimento das contribuições, por si, já demonstra clara infração à lei) e ao estatuto social (que previa “expressamente a necessidade de orientação, controle e fiscalização dos negócios da companhia pelo conselho de administração e da diretoria”). A argumentação, como exposto no tópico anterior, é desconectada da realidade destes autos, nos quais se discute o direito ao crédito, que deve ser provado pelo postulante. Daí informarmos, inclusive, no relatório, que o tópico agregado ao final do recurso voluntário (inexistente na manifestação de inconformidade) sobre impossibilidade de sucessão de multas e juros provavelmente figura por engano na peça recursal, visto não tratar o presente processo de autuação (não havendo imputação de multa ou juros). De qualquer modo, esta Terceira Turma (no julgamento da autuação) já se pronunciou sobre o tema, esclarecendo que a atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social. “2. Responsabilidade pessoal exclusiva dos dirigentes da empresa sucedida. A apuração equivocada do tributo, em si mesmo, não configura infração de lei ou do estatuto social, não configurando a hipótese de responsabilidade prevista no art. 135, III, do CTN. A atribuição de responsabilidade exclusiva do dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social. 7 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. Fl. 455DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 Se o simples fato de deixar de recolher tributo não configura a violação de lei prevista no referido dispositivo do CTN, conforme jurisprudência reiterada do Superior Tribunal de Justiça, então muito menos se configurará no caso de apuração e recolhimento realizados de forma equivocada, sem a demonstração de qualquer conduta dolosa dos dirigentes ou administradores da pessoa jurídica. A propósito do tema, esta Turma já manifestou o seguinte entendimento: (...) CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SÓCIOS E MANDATÁRIOS DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PESSOAL. EXISTÊNCIA DE DOLO. NECESSIDADE. A responsabilidade pessoal inserta no art. 135, III do Código Tributário Nacional, para sua aplicação, exige a comprovação do caráter doloso da conduta daqueles agentes quando pratiquem atos com excesso de poder ou que infrinjam a lei, contrato social ou estatutos da pessoa jurídica lançada, não se qualificando como doloso o simples inadimplemento de obrigação tributária, como remansoso na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. (...) (Acórdão 340300.530, PA 13312.000587/200417, Relator Cons. Robson José Bayerl, j. 26/08/2010) Entendo, por isso, que não se pode cogitar da aplicação do art. 135, III, do CTN. (Acórdão no 3403002.906, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, exceto em relação à multa e aos juros de mora em razão da sucessão, matéria na qual a Conselheira Adriana Ribeiro, em substituição ao Conselheiro Domingos de Sá Filho, votou pelo provimento, sessão de 23.abr.2014) (grifo nosso) (grifo nosso) Não há, assim, como atribuir, ainda mais na realidade do presente processo, que trata de ressarcimento, a responsabilidade aos sócios da (ou à) empresa incorporada pela recorrente. Improcedente, assim, a argumentação externada pela defesa. Das glosas referentes a insumos Como relatado de início, em função de o contribuinte ter apresentado apenas arquivos digitais, alterados ao longo da fiscalização, as planilhas 1, 2 e 3 inicialmente confeccionadas pelo fisco, exclusivamente com base nas informações prestadas, antes de qualquer ajuste pela fiscalização, foram substituídas pelas planilhas 6, 7 e 8, utilizadas pela fiscalização (diante da falta de interesse da empresa em apresentar os demais elementos exigidos pela fiscalização). A partir de tais planilhas foram elaboradas as planilhas 9 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços utilizados como insumos), 10 (registros em duplicidade), 11 (gado bovino adquirido de pessoas físicas), 12 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas para revenda), 13 (devoluções de vendas), 14 (serviços utilizados como insumos), 15 (aquisições para revenda), 16 a 18 (insumos que dão direito a crédito presumido agroindústria, por mês), 19 (despesas de energia elétrica), e 20 a 22 (resumos). Nas planilhas referentes a glosas (9 a 12), as razões pelas quais não foram considerados os créditos estão descritas de forma sintética ao final de cada planilha, cabendo destacar que as planilhas foram todas entregues ao contribuinte e compõem o processo de autuação no 15868.720063/201203 (aquele já apreciado por esta Terceira Turma). Após as Fl. 456DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 451 13 apurações, foram elaborados pela fiscalização DACON completos para o período, indicando os valores que devem constar em todas as fichas, chegandose ao total de glosas constante na tabela de fl. 144. Sobre a amplitude do conceito de insumos na legislação que rege as contribuições, cabe destacar que esta Terceira Turma já tem posicionamento assentado. O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o Fl. 457DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. No entanto, apesar de a fiscalização detalhar minuciosamente as glosas, em favor do direito de defesa da recorrente, não há nenhum questionamento específico de glosa de insumos nas peças recursais, limitandose a recorrente a afirmar que a BERTIN S.A., em 2007, adquiriu a BERTIN LTDA, com diversos estabelecimentos, e grande parte dos valores escriturados pela BERTIN S.A. no período fiscalizado “podem ser provenientes de aquisições cujos documentos fiscais foram emitidos em nome da antiga proprietária dos estabelecimentos”, sendo que, em atenção ao princípio da verdade material, independente das notas fiscais em questão terem sido emitidas em nome da antiga proprietária, o fato é que as aquisições eram insumos para a adquirente. Vejase que poderia a recorrente na peça de defesa demonstrar que cada um dos bens glosados (ou ao menos um, de forma documentada) é efetivamente utilizado em seu processo produtivo, possibilitando o direito ao crédito. Mas a afirmação de que detém o direito é sempre genérica, o que denota o claro equívoco da recorrente em relação ao ônus probatório em processos de ressarcimento, tema já esclarecido em tópico anterior deste voto. Portanto, diante da ausência de qualquer elemento comprobatório, inexistente o direito ao crédito. Das glosas referentes a créditos presumidos agroindústria Afirma o fisco no TVIF (fl. 141) que: A recorrente, por sua vez, sustenta que houve má interpretação, pelo agente fiscal, do art. 8o da Lei no 10.925/2004, e de seu § 3o, sendo a alíquota referente ao produto fabricado, e não ao adquirido (citando precedente do CARF), e afirmando que ainda que desconsiderado tal entendimento, as aquisições seriam de “carne”. Vêse que aqui reside uma das poucas discussões que não envolve aspectos probatórios, sendo a matéria exclusivamente ligada à interpretação do art. 8o da Lei no 10.925/2004. E tal matéria não foi enfrentada no julgamento da autuação relativa ao mesmo período, por esta Terceira Turma, porque naqueles autos havia operado preclusão em relação ao assunto. Fl. 458DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 452 15 O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.” (a Lei no 11.488/2007 incluiu um inciso, com alíquota de 50%, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI) (grifo e atualização nossos) Fl. 459DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 No caso, o fisco afirma textualmente que aplicou as alíquotas conforme os insumos adquiridos. E a recorrente alega que o cômputo da alíquota deve ser feito em relação ao produto fabricado e não em relação ao insumo adquirido. A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi originalmente empreendida por esta turma em junho de 2013, que unanimemente chegou à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até antiisonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. (...) Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém Fl. 460DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 453 17 o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicálo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através (sic) do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” Fl. 461DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 Em processos julgados em setembro de 2013 chegou a turma à mesma conclusão: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo.” (Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 24.set.2013) A endossar o entendimento da turma a Lei no 12.865, de 09/10/2013, que acrescentou (art. 33) o seguinte § 10 ao art. 8o da Lei no 10.925/2004: “§ 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Assim, desnecessário cogitar de interpretação benigna retroativa da Lei no 12.865/2013, pois esta turma já entendia, antes do avento da referida Lei, que as alíquotas são aplicadas em função do produto fabricado, e não do insumo adquirido. Concluise, então, neste tópico, que deve ser reconhecido o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Em função do reconhecimento do crédito, deve a unidade local da RFB tomar as providências para alastrar as consequências desta decisão a lançamentos e/ou compensações decorrentes. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Rosaldo Trevisan Fl. 462DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10280.901060/2012-48
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 10 60 /2 01 2- 48 Fl. 492DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição PER de no 37041.64348.130809.1.1.084048 (fls. 2 a 4)1, com transmissão em 13/08/2009, referente a créditos de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa exportação/1o trimestre de 2008, em valor de R$ 9.742.929,58 (com base no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002), sendo o montante utilizado em compensações R$ 9.450.000,00 (DCOMP de fls. 5 a 8). A análise efetuada pela fiscalização culmina no parecer de fls. 333 a 337 (emitido em 22/03/2012), no qual são informadas as glosas de créditos efetuadas pelo fisco (detalhadas em planilhas anexas): (a) produtos/bens que não são aplicados diretamente no processo produtivo (como o ácido sulfúrico, que é material de limpeza), ou descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento do crédito; (b) serviços considerados pela fiscalização como não utilizados na produção dos bens (Alumina, que é o produto final); e (c) bens do ativo imobilizado, considerando as glosas efetuadas no processo administrativo no 10280722272/200965 (com depreciação de 1/48 para as aquisições de maio/2004 a dezembro/2005, e de 1/12 para as aquisições de fevereiro a dezembro/2007). Com base no parecer é emitido o Despacho Decisório de fl. 339 (com ciência à empresa em 16/05/2012, cf. AR de fl. 341), deferindose crédito no montante de R$ 7.066.333,76, homologandose parcialmente a DCOMP, e exigindose o pagamento em relação aos débitos indevidamente compensados, com acréscimos legais. A empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 14/06/2012 (fls. 343 a 387), sustentando que: (a) na não cumulatividade (que não foi restrita pelo texto constitucional), geram créditos os custos, despesas e encargos relativos à receita de exportação, e consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 493DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 493 3 todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços; (b) não foi feita qualquer visita na empresa, dificultando a análise da efetiva aplicação dos bens no processo produtivo; (c) os custos com transporte de rejeitos são geradores de créditos, pois inerentes às atividades produtivas da empresa, assim como os custos de transporte dos insumos considerados glosados; (d) constituem insumos o óleo BPF (destinado à queima em fornos adequados para calcinação de hidrato e geração de vapor nas caldeiras), o ácido sulfúrico (para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, na neutralização de efluentes cáusticos), inclusive glosado em duplicidade, e o inibidor de corrosão (que forma uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento); (e) há previsão expressa para desconto de créditos em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, ainda que não enquadrados como insumos (incisos VI e VII da Lei no 10.637/2002), embora no caso concreto tais bens sejam efetivamente utilizados na produção de alumina, e o aproveitamento possa ser feito em bases diferenciadas (1/12) para os equipamentos descritos no RECAP e depreciação acelerada para aquisições de bens de capital por empresas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE, cabendo ainda destacar que o fisco considerou indevidamente (sem justificativa) como edificações algumas máquinas e equipamentos; e (f) não houve violação ao REIDI, que reduziu para 24 meses o prazo mínimo para utilização dos créditos decorrentes da aquisição de edificações. Demanda, por fim, produção de prova pericial, via auditagem suplementar. Em 26/03/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 420 a 437), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os argumentos de que: (a) o conceito de insumos para as contribuições deriva do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e da IN SRF no 404/2004 (bens com ação direta sobre o produto em fabricação); (b) somente os serviços prestados por pessoa jurídica contribuinte geram créditos, desde que utilizados diretamente na linha de produção da empresa; (c) não há qualquer glosa, nos autos, de óleo BPF ou carvão energético; (d) as glosas em relação ao ativo imobilizado alcançam, de forma geral, produtos não utilizados na produção de bens destinados a venda e bens considerados como edificações, perfeitamente individualizados; e (e) o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado. Cientificada do acórdão da DRJ em 03/06/2013 (AR de fl. 439), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 03/07/2013 (fls. 441 a 486), basicamente reiterando as considerações expostas na manifestação de inconformidade, e acrescentando que: (a) ao contrário do que entendeu a fiscalização, o ácido sulfúrico é utilizado para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, sendo a limpeza fundamental para manter a eficiência de troca térmica e a estabilidade do licor para garantir a produtividade da planta; (b) não há disposição normativa que restrinja o aproveitamento dos encargos de depreciação/amortização a partir da utilização do bem; e (c) são relevantes as decisões administrativas/judiciais trazidas aos autos. É o relatório. Voto Fl. 494DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como relatado de início, o presente processo se refere exclusivamente à Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao 1o trimestre de 2008. Cabe destacar que o processo congênere (de no 10280.901059/201213, referente à COFINS relativa ao 1o trimestre de 2008) foi apreciado por esta Terceira Turma recentemente, acordandose pela baixa em diligência (Resolução no 3403000.545), em virtude de não constarem naquele processo as planilhas referidas no parecer que contém a motivação e a fundamentação do despacho decisório. Assim, cabe, preliminarmente, verificar se tais planilhas estão presentes no processo em análise. No parecer de fls. 333 a 337 fazse referência à “Planilha Insumos Glosas, item outros insumos”, no qual são indicados os itens glosados e a uma “Planilha Serviços Glosas”. Em relação a ativo imobilizado, há simples remissão ao processo administrativo no 10280722272/200965. Às fls. 9 a 130, há planilha inominada (aparentemente se referindo às glosas de bens efetuadas) contendo quatro colunas (“descrição do fornecedor/número da nota fiscal”; “nome do fornecedor”, “valor da nota fiscal” e “período”), destacandose que há sobreposição de linhas em vários itens (embora sem prejuízos substanciais à leitura). Às fls. 131 a 252, aparentemente se encontram a quinta e a sexta colunas (“descrição da nota fiscal” e “insumo”) da mesma planilha, o que dificulta sobremaneira (embora não impossibilite) a identificação individualizada das glosas efetuadas. Às fls. 253 a 269 há nova planilha inominada, com três colunas (“descrição do fornecedor/número da nota fiscal”; “nome do fornecedor” e “valor da nota fiscal”), havendo na última coluna algumas linhas com valores positivos, e outras com valores negativos destacados em vermelho. Às fls. 270 a 286, aparentemente se encontram a quarta e a quinta colunas (“período” e “descrição da nota fiscal”) da mesma planilha. Contudo, as descrições não são de serviços, mas de bens, inclusive o óleo BPF. Às fls. 287 a 293, encontrase uma terceira planilha inominada (aparentemente tratando de serviços glosados), tendo duas colunas “descrição do fornecedor” e “valor da nota fiscal”). E a terceira e a quarta colunas (“período” e “descrição”) de tal planilha se encontram às fls. 294 a 300. Há, ainda, às fls. 301 a 310, vários “resíduos” de planilhas (provavelmente continuações de textos das planilhas anteriores). Por fim, às fls. 311 a 318 surge nova planilha inominada com três colunas (“descrição do fornecedor”, “valor da nota fiscal” e “período”), sendo a quarta coluna (“descrição”) presente às fls. 319 a 332. Temos, assim, logo de início, caracterizada uma situação lamentável, na qual o fisco anexa planilhas aos autos sem qualquer preocupação em relação a seu manuseio pela recorrente (e pelo próprio julgador). Diante de documentos sem nome, linhas sobrepostas, planilhas que começam e recomeçam a cada dezena de páginas, sem indicação do número da linha correspondente (isso sem falar nos “resíduos de texto”, dificilmente passíveis de vinculação a alguma linha das planilhas, na forma em que estão dispostos), certo que há maior Fl. 495DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 494 5 dificuldade à análise (mas não impedimento, como no caso do processo congênere, no qual sequer constavam as planilhas). Como a empresa, tanto em sua manifestação de inconformidade quanto em seu recurso voluntário sequer suscita dificuldades no manejo de tais planilhas, ou alega ter existido empecilho para saber exatamente quais as glosas, não vemos prejuízo à continuidade da análise do processo. Os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados pela turma em diversos processos da mesma empresa: (a) aspectos constitucionais da não cumulatividade; (b) delimitação do conceito de insumo para as contribuições; (c) glosas de bens considerados como insumos (v.g., ácido sulfúrico); (d) glosas de serviços considerados como insumos (transporte de rejeitos); e (e) glosas em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12). Preliminarmente a tais questões, no entanto, cabe efetuar considerações sobre o ônus probatório nos processos referentes a compensação, como o presente. 1. Considerações iniciais O ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Fl. 496DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante o procedimento de fiscalização. Incumbe à empresa a apresentação de prova de vínculo dos bens e serviços ao seu processo produtivo, sendo a visita às instalações da empresa medida que se faz necessária somente no caso de haver dúvidas em relação ao conteúdo probatório apresentado. Da mesma forma, a diligência se presta a esclarecer dúvida do julgador, e não à complementação probatória. Feitos estes esclarecimentos, indeferese, por desnecessária, a realização de perícia no caso concreto. Aproveitase ainda este tópico preliminar para aclarar que as decisões administrativas e judiciais prestamse a auxiliar na formação de convicção de julgador administrativo, mas apenas em alguns casos excepcionais (v.g., as proferidas nas sistemáticas citadas no art. 62A do Regimento Interno deste CARF) efetivamente exercem efeito vinculante no julgamento por este colegiado. Assim, indubitavelmente se toma em conta a jurisprudência apresentada na presente análise, ainda que dela se discorde eventualmente. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF de eventual tese que sustente ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à contribuição, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Fl. 497DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 495 7 Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 3.1. Bens utilizados como insumo Fl. 498DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 Em relação a bens utilizados como insumos, o texto que trata da justificativa para as glosas (fls. 334/335) é extremamente sintético, pelo que merece ser integralmente transcrito: 13) CRÉDITOS DECORRENTES DE BENS INFORMADOS COMO INSUMOS, OBJETO DE GLOSA: Em primeiro lugar cabe realçar que a legislação em vigor estabelece que a pessoa jurídica poderá creditarse em relação a aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, inclusive combustíveis e lubrificantes (art 3º da Lei 10.637/2002).Todavia o bem para ser considerado insumo deve guardar relação com o conceito estabelecido no artigo 8º da IN 404/2004 que considera insumo a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. O contribuinte apresentou uma extensa relação de bens adquiridos utilizados para crédito de PIS. Destacamos da Planilha Insumos Glosas os itens considerados MATÉRIA PRIMA (MP) pelo contribuinte, mas que não cabem no conceito de Insumo para gerar direito a crédito como o ÁCIDO SULFÚRICO que é utilizado como material de limpeza. As glosas demonstradas na Planilha Insumos Glosas, item OUTROS INSUMOS são de bens que não se enquadram como Insumos ou são descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento de crédito. Exemplo: MATERIAIS DIVERSOS.” Vejase que o conceito de insumo adotado pelo fisco (derivado da legislação do IPI) não corresponde ao aclarado no tópico anterior do presente voto. Assim, fazse necessário verificar se os bens glosados são efetivamente necessários à produção de alumina (produto final fabricado pela empresa). O fisco justifica expressamente somente dois itens glosados, a título exemplificativo: o ácido sulfúrico (que afirma ser material de limpeza, e não bem destinado ao processo produtivo) e os bens relacionados como “materiais diversos”, que, pela descrição, não permitem concluir se são destinados ao processo produtivo. E não junta aos autos nenhuma explicação em relação ao processo produtivo da empresa ou a outros elementos que afirma terem sido apresentados pela fiscalizada à fl. 333. Em relação ao segundo item (“materiais diversos”), estamos de acordo que a descrição impossibilita a obtenção de crédito, pois não resta comprovado pelo postulante a utilização como insumo na produção de alumina. No que se refere ao ácido sulfúrico, no entanto, o fisco simplesmente afirma que constitui “material de limpeza”. Na manifestação de inconformidade (fl. 347), a empresa literalmente afirma que o ácido sulfúrico é utilizado para “limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina”, e que tal limpeza “é fundamental para manter a eficiência de troca térmica e a estabilidade do licor para garantir a produtividade da planta”. E a informação é reiterada em sede recursal (fl. 444). Ou seja, não se está aqui a tratar de limpeza do chão, ou de mesas e cadeiras, mas da limpeza de trocadores de calor, inseridos no processo produtivo. Fl. 499DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 496 9 Não se sabe ao certo de onde o fisco tira a informação de que o ácido sulfúrico constitui simples “material de limpeza” (pois a fiscalização não anexa aos autos nenhuma resposta de intimação efetuada à recorrente, nem efetua visita à empresa, como se atesta na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário). Mas, se peca o fisco em relação ao ácido sulfúrico, a heresia por parte da empresa é ainda maior em relação a todos os demais itens da planilha, sequer questionados especificamente. A empresa contentase em alegar em sua defesa que se consideram insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços (sobre o tema, remetemos ao entendimento já exarado neste voto a respeito da delimitação do conceito de insumos para as contribuições, reiterando que o insumo gerador de créditos deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final). Acrescentese que esta Terceira Turma já apreciou diversos outros processos da mesma empresa, em relação a idêntico processo produtivo, restando configurado que o ácido sulfúrico se enquadra no conceito de insumo: “A fiscalização considerou o ácido sulfúrico como material de limpeza e consignou na planilha 10 que o inibidor de corrosão e o dispersante de sais são aplicados no tratamento de água potável e no resfriamento de água. (...) A descrição do processo produtivo revela que o ácido sulfúrico tem outras utilidades, além se servir como desincrustante. A limpeza de dutos e trocadores de calor, assim como a desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes são procedimentos necessários para assegurar a eficiência das instalações fabris e a proteção do meioambiente. A empresa incorre em custos ao adotar esses procedimentos. E é inequívoco que esses custos estão umbilicalmente correlacionados com o processo produtivo da alumina, enquadrandose na disposição do art. 290, I do RIR/99. Assim, devem ser afastadas as glosas relativas ao ácido sulfúrico e aos respectivos fretes, uma vez que são insumos que integram o custo de produção (art. 290, I, do RIR/99). Integrando o custo de produção, o valor desses insumos deve ser considerado no cálculo do crédito da contribuição, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03. Quanto aos demais bens descritos na planilha 10 A, tidos pela recorrente como insumos, verificase que em sua maioria não são relacionados ao processo produtivo. (...) Segundo o critério do Fisco, realmente tais produtos não são insumos aptos a gerarem créditos das contribuições, mas pelo critério do custo de produção, que vem sendo adotado pelo CARF, tais produtos poderiam ensejar a tomada do crédito, caso Fl. 500DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 a recorrente tivesse apresentado algum elemento capaz de elidir a glosa efetuada. Caberia à recorrente ter comprovado na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário onde são aplicados e quais as funções desempenhadas pelos produtos, pois a teor do art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72 a impugnação deve ser específica e vir acompanhada dos elementos de prova necessários ao convencimento do julgador. Tendo em vista, que não houve contestação específica em relação aos demais bens relacionados na planilha 10 – A e que os elementos existentes nos autos não permitem identificar nem a função e nem onde são aplicados aqueles produtos, há que se manter a glosa efetuada pela fiscalização.”(voto condutor do Acórdão no 3403001.955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação à matéria, sessão de 20.mar.2013) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.954 e 956) “O Ácido Sulfúrico, conforme explica o Recorrente, é empregado na limpeza dos caloríficos por onde circula o licor enriquecido de alumina, dependendo deste procedimento a manutenção do sistema de trocas térmicas e a estabilidade dos reagentes. (...) Entendo que o contribuinte demonstrou de maneira satisfatória, por meio de sua explicação, a participação destes três bens no processo produtivo. A atuação destes três bens configura o conceito de insumo para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, pois atuam e colaboram no processo produtivo da indústria de alumina, devendose reconhecer o crédito pela sua aquisição. (...) Quanto às demais aquisições de bens, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo precluindo a oportunidade de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário , deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização..” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403002.765) Na linha que já vem adotando esta turma, assim, entendese que são improcedentes as glosas em relação às aquisições de ácido sulfúrico (assim como dos correspondentes fretes). E, ainda acompanhando a recorrente jurisprudência da turma, mantém se a glosa em relação aos demais itens, não questionados especificamente nas peças de defesa. 3.2. Serviços utilizados como insumo Fl. 501DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 497 11 Em relação a serviços utilizados como insumo, são igualmente sintéticas as motivações das glosas (fl. 335), aqui integralmente transcritas: “15) CRÉDITOS DECORRENTENTES (sic) DOS SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS: Serviços glosados por não serem considerados como utilizados diretamente na produção da Alumina (produto final) conforme Planilha Serviços Glosas em anexo.” Mas é novamente genérica a defesa. Sem embargo, no único serviço especificamente questionado assiste razão à recorrente, conforme também já assentado unanimemente por esta turma recentemente. Transcrevase excerto do julgamento que resultou no Acórdão no 3403002.764, no qual passamos a acolher a possibilidade de crédito em relação à remoção de resíduos, reformando posicionamento anterior, adotado nos Acórdãos no 3403 001.954, 955 e 956: “Deve ser reconhecido o direito de crédito em relação ao pagamento pela prestação de serviço de remoção de rejeitos industriais, visto que tal atividade deve ser considerada como inserida no contexto da produção, tal como sustenta o Recorrente (fl. 464/465). Entendo que assiste razão ao Recorrente, pois os serviços de transporte dos resíduos industriais configuram atos que viabilizam e integram a atividade produtiva. Não apenas o transporte de matériaprima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime nãocumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Walber José da Silva, j. 02.06.2008). Entendo, pois, que deve ser reconhecido o direito de crédito em relação aos serviços de remoção de resíduos em questão. Quanto às demais aquisições de serviços, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo –precluindo a oportunidade Fl. 502DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário, deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização.” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) Assim, novamente mantenho o entendimento externado pela turma, reconhecendo o direito ao crédito em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais, mantendose a glosa em relação aos serviços não especificamente questionados pela defesa. 3.3. Bens do ativo imobilizado Em relação ao ativo imobilizado, além de ser sintética a justificativa (fl. 335), novamente transcrita de forma integral, remetese a outro processo administrativo (que teve o recurso voluntário recentemente apreciado por esta turma): “16) CRÉDITOS DECORRENTES DO ATIVO IMOBILIZADO: O contribuinte apurou crédito de depreciação em duas modalidades: 1/48 avos para bens adquiridos de Maio/2004 a Dezembro/2005 e 1/12 avos para as aquisições posteriores. Consideramos as glosas realizadas em procedimento fiscal formalizado no Processo 10280.722272/200965 para as aquisições de Maio/2004 a Dezembro/2005 (1/48 avos) e de fevereiro a dezembro de 2007 (1/12 avos) da seguinte forma (...)” Não há assim propriamente uma glosa, mas uma decorrência de glosa efetuada em outro processo da mesma empresa. A recorrente não questiona a simples remissão ao outro processo, sem detalhamento da motivação nestes autos, e parece compreender bem a motivação quando se defende da mesma forma que naquele processo, discutindo os dois mecanismos de depreciação (1/48 e 1/12). Mas a defesa é novamente genérica, com reprodução de diversos dispositivos normativos e decisões, sem a eficaz vinculação à situação concreta narrada nos autos. E a regra de que o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado encontra expressa guarida no art. 305, § 2o do RIR (por sua vez derivado de disposição legal art. 57, § 8o da Lei no 4.506//1964): “[A] quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir”. E, reiterese, esta mesma Terceira Turma já apreciou aquele processo administrativo, exatamente em relação à matéria, concluindo que: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04 Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados Fl. 503DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 498 13 à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. (...) Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3º, VI, da Lei nº 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação a terceiros ou o emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, (...). É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. (...) O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; Nindica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCDindica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREBindica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo.” (Acórdão no 3403001.954, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.955 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do terceiro e do primeiro trimestres de 2007) Mantémse, assim, novamente o entendimento já firmado na turma, restando hígidas neste tópico as glosas decorrentes efetuadas pelo fisco. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido Fl. 505DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 499 15 sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Rosaldo Trevisan Fl. 506DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10280.722269/2009-41
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.517
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 22 69 /2 00 9- 41 Fl. 666DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição PER de no 21996.40489.281107.1.1.089072 (fls. 5 a 8)1, com transmissão em 28/11/2007, referente a créditos de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa exportação/3o trimestre de 2007, em saldo de R$ 9.129.079,32 (com base no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002), sendo o montante utilizado em compensações (DCOMP de fls. 9 a 16, nos valores de R$ 8.484.421,82 e R$ 350.000,00). Iniciada a ação fiscal tendente a verificar o direito creditório demandado, em 03/09/2010 (fls. 19/20), a empresa é intimada a apresentar documentos e esclarecimentos, culminando a análise fiscal no relatório de fls. 415 a 419, no qual são relacionadas as glosas de créditos efetuadas pelo fisco (detalhadas em planilhas anexas ao relatório): (a) produtos/bens que não são aplicados diretamente no processo produtivo; (b) produtos/bens considerados como ativo imobilizado; (c) produtos/bens que não contêm descrição detalhada ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo; (d) fretes referentes aos produtos/bens glosados; (e) serviços considerados pela fiscalização como não utilizados na produção dos bens; e (f) bens do ativo imobilizado que não se enquadram como máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda e edificações. Com base no relatório da fiscalização é emitido o Despacho Decisório de fl. 422 (em 05/12/2011), deferindose crédito no montante de R$ 6.679.236,12, e o Auto de Infração de fl. 420 (com ciência à empresa em 15/12/2011), no valor glosado, de R$ 2.449.840,29. Em relação às compensações (homologadas parcialmente, o despacho decisório figura à fl. 424. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 667DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 667 3 A empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 11/01/2012 (fls. 442 a 477), sustentando que: (a) na não cumulatividade (que não foi restrita pelo texto constitucional), geram créditos os custos, despesas e encargos relativos à receita de exportação, e consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços; (b) não foi feita qualquer visita na empresa, dificultando a análise da efetiva aplicação dos bens no processo produtivo; (c) os custos com transporte de rejeitos são geradores de créditos, pois inerentes às atividades produtivas da empresa, assim como os custos de transporte dos insumos considerados glosados; (d) constituem insumos o óleo BPF (destinado à queima em fornos adequados para calcinação de hidrato e geração de vapor nas caldeiras), o ácido sulfúrico (para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, na neutralização de efluentes cáusticos), inclusive glosado em duplicidade, e o inibidor de corrosão (que forma uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento); (e) há previsão expressa para desconto de créditos em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, ainda que não enquadrados como insumos (incisos VI e VII da Lei no 10.637/2002), embora no caso concreto tais bens sejam efetivamente utilizados na produção de alumina, e o aproveitamento possa ser feito em bases diferenciadas (1/12) para os equipamentos descritos no RECAP e depreciação acelerada para aquisições de bens de capital por empresas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE, cabendo ainda destacar que o fisco considerou indevidamente (sem justificativa) como edificações algumas máquinas e equipamentos; e (f) não houve violação ao REIDI, que reduziu para 24 meses o prazo mínimo para utilização dos créditos decorrentes da aquisição de edificações. Demanda, por fim, produção de prova pericial, via auditagem suplementar. Ainda em 11/01/2012 apresenta a empresa impugnação à autuação (fls. 505 a 540), basicamente sob as mesmas razões utilizadas para desconstituir as glosas. Em 08/02/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 577 a 595), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade e da impugnação (e pela improcedência da demanda por perícia), sob os argumentos de que: (a) o conceito de insumos para as contribuições deriva do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e da IN SRF no 404/2004 (bens com ação direta sobre o produto em fabricação); (b) somente os serviços prestados por pessoa jurídica contribuinte geram créditos, desde que utilizados diretamente na linha de produção da empresa; (c) em relação a ativo imobilizado, as glosas estão todas especificamente motivadas (DT05 glosados em virtude da data de aquisição/emissão nota fiscal ser anterior à previsão legal, que só reconheceu o beneficio para bens adquiridos a partir de 2006; EDIF06 glosados por serem considerados como edificações do ano de 2006; EDIF07 glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007; N glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não serem empregados no processo produtivo do adquirente; NCD glosados por não estarem relacionados no Decreto no 5.789/2006, mencionados no Decreto no 5.988/2006; e NREB glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito), não havendo cerceamento de defesa; (d) o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado; (e) as glosas em relação ao ativo imobilizado não alcançam a totalidade dos valores pleiteados, havendo a autoridade fiscal primeiramente identificado cada uma das glosas efetuadas para, na sequência, refazer o cálculo das parcelas que deveriam ser levadas à base de cálculo do direito creditório, consideradas as depreciações adotadas pelo sujeito passivo; e (f) as glosas em relação a “bens considerados como edificações” estão com a perfeita e Fl. 668DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 individualizada identificação do bem ou serviço glosado (v.g., bens e serviços explicitamente destinados ao setor administrativo ou caracterizados como obras civis, passando por gaveteiros, armários, poltronas, colchões, leitos, serviços de paisagismo e de fornecimento de refeições). Cientificada do acórdão da DRJ em 15/02/2012 (AR de fl. 596), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 16/03/2012 (fls. 598 a 641), basicamente reiterando as considerações expostas na manifestação de inconformidade, e acrescentando que: (a) não há disposição normativa que restrinja o aproveitamento dos encargos de depreciação/amortização a partir da utilização do bem; (b) a Lei no 11.488/2007 não vedou nem autorizou o aproveitamento de créditos em relação ao óleo BPF (ou outro óleo combustível), que já era autorizado pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003; e (c) são relevantes as decisões administrativas/judiciais trazidas aos autos. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como relatado de início, a ação fiscal buscou verificar o direito creditório demandado neste processo e em outros (referentes a “PIS não cumulativo” e a “COFINS não cumulativa”, de 2005 a 2007). O presente processo se refere exclusivamente à Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao 3o trimestre de 2007. Cabe destacar que o processo congênere (de no 10280.722274/200954, referente à COFINS relativa ao 3o trimestre de 2007) foi apreciado por esta Terceira Turma recentemente, acordandose que: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. CRÉDITOS. ÁCIDO SULFÚRICO, FRETES, SERVIÇOS DE REMOÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS. É legítima a tomada de crédito da contribuição nãocumulativa em relação às aquisições de ácido sulfúrico e respectivos fretes e serviços de remoção de lama vermelha, areia e crosta, por integrarem o custo de produção do produto exportado (alumina).”(Acórdão no 3403001.955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, maioria, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.954 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, maioria, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, Fl. 669DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 668 5 respectivamente, da COFINS do quarto e do primeiro trimestres de 2007) (nos três julgamentos fui vencido quanto ao reconhecimento de créditos em relação à remoção de resíduos, ao lado do Cons. Robson José Bayerl) Assim, prosseguese na análise do presente processo, destacandose que os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados pela turma nos Acórdãos mencionados: (a) aspectos constitucionais da não cumulatividade; (b) delimitação do conceito de insumo para as contribuições; (c) glosas de bens considerados como insumos (v.g., ácido sulfúrico); (d) glosas de serviços considerados como insumos (transporte de rejeitos); e (e) glosas em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12). Preliminarmente a tais questões, no entanto, cabe efetuar considerações sobre o ônus probatório nos processos referentes a compensação, como o presente. 1. Considerações iniciais O ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante o procedimento de fiscalização. Incumbe à empresa a apresentação de prova de vínculo dos bens e serviços ao seu processo produtivo, sendo a visita às instalações da empresa medida Fl. 670DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 que se faz necessária somente no caso de haver dúvidas em relação ao conteúdo probatório apresentado. Da mesma forma, a diligência se presta a esclarecer dúvida do julgador, e não à complementação probatória. Feitos estes esclarecimentos, indeferese, por desnecessária, a realização de perícia no caso concreto. Aproveitase ainda este tópico preliminar para aclarar que as decisões administrativas e judiciais prestamse a auxiliar na formação de convicção de julgador administrativo, mas apenas em alguns casos excepcionais (v.g., as proferidas nas sistemáticas citadas no art. 62A do Regimento Interno deste CARF) efetivamente exercem efeito vinculante no julgamento por este colegiado. Assim, indubitavelmente se toma em conta a jurisprudência apresentada na presente análise, ainda que dela se discorde eventualmente. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF de eventual tese que sustente ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à contribuição, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda Fl. 671DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 669 7 conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 3.1. Bens utilizados como insumo Em relação a bens utilizados como insumos, as glosas efetuadas foram (fl. 416): “10.1 Glosas efetuadas em produtos/bens por não serem aplicados diretamente no processo produtivo; Fl. 672DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 10.2 Glosas efetuadas nos produtos/bens por serem considerados como ativo imobilizado; 10.3 Glosas efetuadas em produtos/bens por não conterem descrição detalhada do bem ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo; 10.4 Glosa dos fretes referentes aos produtos/bens glosados.” Na planilha 10 (fls. 350 a 355) são detalhadas as glosas de bens, que abrangem: produto químico (para tratamento de óleo BPF remoção de asfaltenos e graxas), ácido sulfúrico (para limpeza ácida dos trocadores de calor e neutralização de efluentes líquidos), e inibidor de corrosão e dispersante (para tratamento de água potável e resfriamento de água). São ainda glosados os fretes relativos ao transporte de ácido sulfúrico. A empresa alega em sua defesa que consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços. Sobre o tema, remetemos ao entendimento já exarado neste voto a respeito da delimitação do conceito de insumos para as contribuições, reiterando que o insumo gerador de créditos deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. E, nesse contexto, cabe destacar que esta Turma já analisou todos os itens sobre os quais se defende a empresa (em relação ao mesmo período), concluindo unanimemente que dois deles (óleo BPF e ácido sulfúrico) são enquadrados no conceito de insumos adotado: “A descrição do processo produtivo permite identificar que o óleo BPF é aplicado no processo produtivo como fonte de energia para a calcinação do hidrato; a areia é utilizada no processo produtivo como elemento filtrante e depois de tratada é descartada como rejeito industrial; a lama vermelha se origina do processamento do underflow e é descartada como rejeito industrial, após ser devidamente tratada; e o ácido sulfúrico é utilizado para desincrustar linhas e trocadores de calor, para neutralizar efluentes e para desmineralizar a água das caldeiras. Na descrição do processo produtivo não foi possível verificar onde são aplicados e nem a função desempenhada pelos produtos inibidor de corrosão, antiespumante e aditivo dispersante. O exame da planilha 10 revela que neste processo administrativo a fiscalização só glosou créditos decorrentes das aquisições de ácido sulfúrico, dos respectivos fretes, do inibidor de corrosão e do dispersante de sais inorgânicos. A motivação para a glosa dos fretes foi a mesma utilizada para o ácido, ou seja, o frete foi glosado porque o material transportado, sob a ótica da fiscalização, não tinha aptidão para gerar crédito da contribuição. A fiscalização considerou o ácido sulfúrico como material de limpeza e consignou na planilha 10 que o inibidor de corrosão e o dispersante de sais são aplicados no tratamento de água potável e no resfriamento de água. Fl. 673DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 670 9 Na descrição do processo produtivo, no item denominado “ÁREA 46”, está especificado que existem dois tipos de água, a potável e a industrial. Os produtos inibidor de corrosão e do dispersante de sais inorgânicos são aplicados no tratamento da água potável e, portanto, não são utilizados no processo produtivo. Tendo em vista que a recorrente não contestou especificamente a motivação relativa a esses produtos, deve prevalecer a glosa efetuada. A descrição do processo produtivo revela que o ácido sulfúrico tem outras utilidades, além se servir como desincrustante. A limpeza de dutos e trocadores de calor, assim como a desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes são procedimentos necessários para assegurar a eficiência das instalações fabris e a proteção do meioambiente. A empresa incorre em custos ao adotar esses procedimentos. E é inequívoco que esses custos estão umbilicalmente correlacionados com o processo produtivo da alumina, enquadrandose na disposição do art. 290, I do RIR/99. Assim, devem ser afastadas as glosas relativas ao ácido sulfúrico e aos respectivos fretes, uma vez que são insumos que integram o custo de produção (art. 290, I, do RIR/99). Integrando o custo de produção, o valor desses insumos deve ser considerado no cálculo do crédito da contribuição, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03. Quanto aos demais bens descritos na planilha 10 A, tidos pela recorrente como insumos, verificase que em sua maioria não são relacionados ao processo produtivo. Após a leitura da descrição do processo de fabricação da alumina, é de clareza vítrea que torneiras para jardim, ferramentas manuais, ferramentas intercambiáveis, trenas, tábuas de passar, lixeiras para a sala de RH, pilha alcalina AAA, bateria automotiva, etc, não são insumos aplicados no processo produtivo, não sendo aptos a gerarem créditos da contribuição. A mesma planilha relaciona alguns poucos bens que geram dúvidas quanto a integrarem ou não o custo de produção. Entretanto, a descrição do processo produtivo não permitiu identificar onde esses bens são aplicados e nem a função que desempenham. Estão nesta classe de produtos: a espuma de poliuretano e guarnição esponjosa, a roda cortadora para aço e ferro, disjuntores e transformador de comando. A fiscalização considerou que esses produtos não são insumos porque não se desgastam ou perdem suas propriedades físicas ou químicas mediante ação direta do produto em fabricação. Segundo o critério do Fisco, realmente tais produtos não são insumos aptos a gerarem créditos das contribuições, mas pelo critério do custo de produção, que vem sendo adotado pelo CARF, tais produtos poderiam ensejar a tomada do crédito, caso Fl. 674DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 a recorrente tivesse apresentado algum elemento capaz de elidir a glosa efetuada. Caberia à recorrente ter comprovado na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário onde são aplicados e quais as funções desempenhadas pelos produtos, pois a teor do art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72 a impugnação deve ser específica e vir acompanhada dos elementos de prova necessários ao convencimento do julgador. Tendo em vista, que não houve contestação específica em relação aos demais bens relacionados na planilha 10 – A e que os elementos existentes nos autos não permitem identificar nem a função e nem onde são aplicados aqueles produtos, há que se manter a glosa efetuada pela fiscalização.”(voto condutor do Acórdão no 3403001.955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação à matéria, sessão de 20.mar.2013) Em relação ao terceiro item (inibidor de corrosão e dispersante), a glosa é fundamentada no fato de a aplicação ser em água potável, e não em água destinada ao processo produtivo. Na manifestação de inconformidade a empresa até alega (fl. 446) que o inibidor de corrosão é utilizado para “formar uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento”. Mas sequer esta informação é renovada em sede de recurso voluntário, restando carente de questionamento específico tal item. Assim, mantenho o entendimento externado pela turma no referido julgamento, reconhecendo o direito ao crédito em relação às aquisições de ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte). Não havendo questionamento específico, mantémse a glosa em relação aos demais itens. 3.2. Serviços utilizados como insumo Em relação a serviços utilizados como insumo, as glosas são as seguintes (fl. 416): “CRÉDITOS DECORRENTES DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS (Ficha 06A/03): Pela análise dos arquivos magnéticos recebidos, referente a aquisição de serviços, constatamos a existência de Serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção dos bens, conforme detalhamento das glosas relacionadas nas planilhas 08 e 09, anexas.” Na planilha 8 (fls. 345 a 347) são detalhadas as glosas de serviços, que abrangem manutenção de elevadores, e montagem/desmontagem de andaimes, entre outros, não questionados especificamente pela defesa, restrita aos serviços de transporte de rejeitos industriais. E no único serviço especificamente questionado assiste razão à recorrente, conforme também já assentado unanimemente por esta turma recentemente. Transcrevase excerto do julgamento que resultou no Acórdão no 3403002.764, no qual passamos a acolher a possibilidade de crédito em relação à remoção de resíduos, reformando posicionamento anterior, adotado nos Acórdãos no 3403001.954, 955 e 956: Fl. 675DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 671 11 “Deve ser reconhecido o direito de crédito em relação ao pagamento pela prestação de serviço de remoção de rejeitos industriais, visto que tal atividade deve ser considerada como inserida no contexto da produção, tal como sustenta o Recorrente (fl. 464/465). Entendo que assiste razão ao Recorrente, pois os serviços de transporte dos resíduos industriais configuram atos que viabilizam e integram a atividade produtiva. Não apenas o transporte de matériaprima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime nãocumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Walber José da Silva, j. 02.06.2008). Entendo, pois, que deve ser reconhecido o direito de crédito em relação aos serviços de remoção de resíduos em questão. Quanto às demais aquisições de serviços, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo –precluindo a oportunidade de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário, deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização.” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) Assim, novamente mantenho o entendimento externado pela turma, reconhecendo o direito ao crédito em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais, mantendose a glosa em relação aos serviços não especificamente questionados pela defesa. 3.3. Bens do ativo imobilizado Em relação ao ativo imobilizado, as motivações para as glosas (efetuadas em relação a bens com depreciação de 1/48 e de 1/12 foram, respectivamente (fls. 417/418): Fl. 676DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4 (quatro anos) correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem (Lei no 10.833/2003, art 3o , § 14, introduzido pela Lei no 10.865, art. 21 e Instrução Normativa SRF no 457/2004, art. 1, inciso I do § 2o e art. 2o, § 2o, e inciso II do caput). Através (sic) dos arquivos magnéticos referentes a aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como maquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separandoos em duas categorias: 1) Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados à venda. 2) Máquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. (...) Em relação à construção da Expansão II, o contribuinte informou que a mesma (sic) só entrou em operação a partir de janeiro de 2006 e a Expansão III somente em 2008. (...) 13.2 Por aproveitamento do crédito no prazo de 12 (doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a l/12 (um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam. (Lei 11.196/2005, art 31, e Decreto no 5.988/2006). Após analise dos arquivos contendo listagem dos bens com aproveitamento de crédito no prazo de 12 (doze) meses, constatamos diversas irregularidades na utilização dos referidos créditos. Elaboramos a Planilha 07D onde constam todas as glosas efetuadas e as planilhas 07E, 07F e 07G resumindo os valores glosados. Abaixo segue codificação adotada para as glosas efetuadas na planilha 07D: DT05 Glosados em virtude da data de aquisição(emissão nota fiscal) ser anterior a previsão legal que só reconheceu o benefício para bens adquiridos a partir de 2006 EDIF06 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2006. EDIF07 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007. N Glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo do adquirente. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 672 13 NCD Glosados por não estarem relacionados no Decreto 5.789/2006 mencionado no Decreto no 5.988/2006. NREB Glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito.” (grifo nosso) O primeiro grupo de glosas (depreciação de 1/48 Lei no 10.833/2003, art. 3o, § 14) é detalhado nas planilhas 01 a 07B (fls. 80 a 188). De fato, compulsando as planilhas percebese que os objetos das glosas são bens destinados a atividades administrativas (v.g., mesa de reunião, gaveteiro, armário, colchão, leitos e poltronas) ou tratamse de obras civis, não atendendo aos pressupostos da matriz legal (serem máquinas e equipamentos e destinarem se ao processo produtivo). No segundo grupo de glosas (depreciação de 1/12 Lei no 11.196/2005, art. 31), a fiscalização expõe que ocorreram diversas irregularidades, detalhadas nas planilhas de fls. 189 a 344, dividindoas em seis grupos: aquisição anterior à vigência da base legal; edificações de período posterior (2006 e 2007); ausência de qualificação como bens do ativo imobilizado ou empregados no processo produtivo; falta de previsão no decreto regulamentador; e vendas equiparadas a exportações. E a recorrente, em ambos os casos, apresenta defesa genérica, não apontando objetivamente elementos que levariam a comprovar a adequação ao comando legal, ou sequer suscitar dúvida quanto ao registrado pelo fisco. São reproduzidos diversos dispositivos normativos e decisões, mas a defesa não consegue vinculálos de forma eficaz à situação concreta narrada nos autos. Como destacou o julgador de piso, “não foi a autoridade fiscal, mas sim a contribuinte que não se desincumbiu do ônus mínimo de demonstrar razões de fato e de direito que pudessem corroborar suas afirmações”. E a regra de que o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado encontra expressa guarida no art. 305, § 2o do RIR (por sua vez derivado de disposição legal art. 57, § 8o da Lei no 4.506//1964): “[A] quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir”. Também em relação a tal tema já se manifestou esta Turma no processo congênere de COFINS relativa ao mesmo período, chegando às mesmas conclusões que aqui externamos: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04 Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. (...) Fl. 678DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3º, VI, da Lei nº 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação a terceiros ou o emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, (...). É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. (...) O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos Fl. 679DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 673 15 anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; Nindica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCDindica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREBindica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo.” (Acórdão no 3403001.955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.954 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do quarto e do primeiro trimestres de 2007) Mantémse, assim, novamente o entendimento já firmado na turma, restando hígidas neste tópico as glosas efetuadas pelo fisco. 4. Considerações finais Cabe destacar derradeiramente que o presente processo inclui ainda um Auto de Infração (fl. 420). A autuação, no montante de R$ 2.449.840,29 (não há indicação de multas ou juros) só é mencionada na referida folha, e foi expressamente lavrada “em obediência ao Fl. 680DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 disposto no art. 9o, § 4o do Decreto no 70.235/72”. Tal dispositivo, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009, dispõe: “Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (...) § 4o O disposto no caput deste artigo aplicase também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário”. Matematicamente, o valor da autuação (R$ 2.449.840,29) deveria corresponder exatamente ao crédito pleiteado no PER de fls. 5 a 8 (R$ 9.129.079,32) subtraído do valor homologado das compensações pelo despacho de fl. 422 (R$ 6.679.236,12). Mas não é o que ocorre, visto que no documento referente ao despacho decisório inserese como valor pleiteado R$ 9.129.076,41 (valor diferente do que consta no PER transmitido R$ 9.129.079,32, aparentemente sem justificativa). Como tanto o valor glosado quanto o valor reconhecido constaram em despachos da autoridade local, e a “autuação” não terá maiores efeitos no presente processo, como se destaca a seguir, temse que a diferença de R$ 2,91 não afetará o resultado do julgamento. E se a empresa não detém os créditos, a providência a ser adotada pelo fisco é a não efetivação do ressarcimento ou da restituição. Caso já tenham os créditos sido utilizados em compensação declarada, mas não homologada, ainda assim não haveria que se falar em lançamento, mas na providência referida no art. 74, §§ 6o a 9o da Lei no 9.430/1996 (encaminhamento para inscrição em dívida ativa). Assim, entendese que, pelo próprio fundamento adotado (art. 9o, § 4o do Decreto no 70.235/72), não se está efetivamente exigindo crédito tributário, mas tão somente registrando o valor glosado. Não trata, portanto, o presente processo de exigência de crédito tributário, mas de análise de PER (no montante de R$ 9.129.079,32) e de DCOMP (valores de R$ 8.484.421,82 e R$ 350.000,00), com parcial deferimento na unidade local, como exposto. Entendimento diverso levaria ou a duplicidade de exigência ou a exigência via lançamento de crédito confessado. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Rosaldo Trevisan Fl. 681DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.722269/200941 Acórdão n.º 3403003.517 S3C4T3 Fl. 674 17 Fl. 682DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10209.000104/2006-35
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 01/09/2000 a 13/09/2002
DRAWBACK-SUSPENSÃO. COMPETÊNCIAS. SÚMULA CARF N. 100.
O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil tem competência para fiscalizar o cumprimento dos requisitos do regime de drawback na modalidade suspensão, aí compreendidos o lançamento do crédito tributário, sua exclusão em razão do reconhecimento de beneficio, e a verificação, a qualquer tempo, da regular observação, pela importadora, das condições fixadas na legislação pertinente.
DRAWBACK-SUSPENSÃO. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO FORMAL. NÃO AFETAÇÃO DA VERIFICAÇÃO DE REQUISITO MATERIAL.
A vinculação em uma Declaração de Importação a mais de um Ato Concessório, por si, não autoriza a imediata desconsideração de seu conteúdo, cabendo à fiscalização verificar se tal descumprimento de requisito formal afeta ou até impossibilita que se verifique o cumprimento de requisito material (como o adimplemento do compromisso de exportar).
Numero da decisão: 3403-003.624
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 01/09/2000 a 13/09/2002 DRAWBACKSUSPENSÃO. COMPETÊNCIAS. SÚMULA CARF N. 100. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil tem competência para fiscalizar o cumprimento dos requisitos do regime de drawback na modalidade suspensão, aí compreendidos o lançamento do crédito tributário, sua exclusão em razão do reconhecimento de beneficio, e a verificação, a qualquer tempo, da regular observação, pela importadora, das condições fixadas na legislação pertinente. DRAWBACKSUSPENSÃO. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO FORMAL. NÃO AFETAÇÃO DA VERIFICAÇÃO DE REQUISITO MATERIAL. A vinculação em uma Declaração de Importação a mais de um Ato Concessório, por si, não autoriza a imediata desconsideração de seu conteúdo, cabendo à fiscalização verificar se tal descumprimento de requisito formal afeta ou até impossibilita que se verifique o cumprimento de requisito material (como o adimplemento do compromisso de exportar). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 20 9. 00 01 04 /2 00 6- 35 Fl. 759DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração lavrados em 13/02/2006 (com ciência em 13/02/2006 fls. 6 e 18)1 para exigência de Imposto de Importação (no valor de R$ 246.691,42 a título de principal fls. 5 a 16) e de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI vinculado à importação (no valor de R$ 9.579,18 a título de principal fls. 17 a 24), em virtude do inadimplemento do compromisso de exportar no regime de drawback, modalidade suspensão. Narra a fiscalização que: (a) a auditoria iniciada em 18/05/2005 (termo às fls. 500/501) buscou efetuar a revisão aduaneira em relação aos Atos Concessórios de Drawback AC no 177800/0000376 (documentos às fls. 40 a 220) e no 177800/0001305 (documentos às fls. 221 a 499), com base em informações enviadas pelo Banco do Brasil, em documentos existentes nos arquivos da unidade da RFB, e em registros em sistemas informatizados do órgão; (b) em 29/06/2001 foi emitido aditivo (no 177801/0002169) alterando o prazo de validade constante do item 29 do Ato Concessório no 177800/0001305 (de 28/08/2001 para 24/02/2002), tendo sido emitido um novo aditivo (no 177802/0000592) após expirado o prazo, em 27/02/2002, que não pode ser aceito pelo fisco, assim como os aditivos subsequentes; (c) a Declaração de Importação DI no 00/02845304 (registrada em 31/03/2000) foi vinculada a dois AC, o que é vedado pela legislação que rege a matéria, e implicou a glosa da mercadoria descrita na adição 2 (“hidróxido de sódio”, vinculado ao AC no 177800/0000376); (d) a DI no 01/07524435 (registrada em 30/07/2001) foi igualmente vinculada a dois AC, glosandose a mercadoria escrita na adição 1 (“hidróxido de sódio”, vinculado ao AC no 177800/0001305); (e) a DI no 01/08227574 (registrada em 17/08/2001) também foi vinculada a dois AC, glosandose a mercadoria escrita na adição 2 (“tecido tela filtrante, em propileno, utilizado no filtro rotativo de tambor”, vinculado ao AC no 1778 00/0001305); (f) o Registro de Exportação RE no 00/1056919001 (fl. 208, referente a exportação vinculada ao AC no 177800/0000376) está em nome de pessoa jurídica diversa do beneficiário do regime, sendo glosado; e (g) verificando o que foi importado e o que foi exportado ao amparo dos AC, e utilizando o método PEPS (“primeiro que entra primeiro que sai”) a fiscalização lançou ainda o crédito referente aos tributos devidos na importação de bens que não foram utilizados para adimplemento do regime. No Relatório de Auditoria Fiscal de fls. 581 a 611 são ainda relacionados os requisitos para fruição do regime e as competências dos órgãos concedente (Secretaria de Comércio Exterior SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e fiscalizador (Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, do Ministério da Fazenda), esclarecendose que o prazo decadencial tomado em consideração foi contado a partir do 1o dia do ano seguinte ao da emissão do relatório de comprovação pela SECEX, e cotejandose os montantes efetivamente importados e exportados 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 760DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10209.000104/200635 Acórdão n.º 3403003.624 S3C4T3 Fl. 760 3 com os autorizados/previstos no AC. São apontadas ao final de tal relatório 39 irregularidades verificadas pela fiscalização. A empresa apresenta sua impugnação em 14/03/2006 (fls. 613 a 642), sustentando que: (a) em relação aos aditivos desconsiderados, a solicitação foi feita dentro do prazo, em 05/12/2001 (fls. 658/659), sendo o atraso causado pelo Banco do Brasil (e não pela recorrente), e, com isso, devem ser consideradas as exportações realizadas até as datas previstas nos respectivos aditivos; (b) os demonstrativos elaborados pela fiscalização devem ser reparados, pois houve troca de “alumina calcinada” por “hidrato de alumina” no demonstrativo que apura o consumo de “hidróxido de sódio”, e não são relatadas as exportações em “hidrato de alumina”; (c) as DI vinculadas a mais de um AC (cada qual referente a uma Licença de Importação LI) se justificam pois a empresa estava encerrando um AC e iniciando outro, sendo a DI referente a ambas as situações, o que não causa qualquer prejuízo à fiscalização, constituindo obrigação acessória; (d) o RE no 00/1056919001 realmente não é vinculado ao AC, e sequer se encontra registrado no sistema SISCOMEX, sendo o RE correto o de no 00/1056818001 (fl. 653); (e) como a fiscalização considerou a glosa referente a tal RE e não considerou a exportação de “hidrato de alumina” (“hidróxido de alumínio”), acabou por apurar diferença inexistente de fato no saldo de floculante sintético; (f) em relação ao saldo de “coque calcinado de petróleo” apurado, incorre em erro o fisco porque se reporta ao produto final “alumínio”, ao invés de “alumina” (o coque não faz parte da cadeia produtiva da alumina); (g) ocorreu decadência em relação à DI no 00/02845304 (registrada em 31/03/2000 e retificada em 13/04/2000, com desembaraço em 14/04/2000), pois decorridos mais de 5 anos do prazo para lançamento (homologação); (h) “a única regra material para a obtenção do regime de suspensão na importação é a que prevê importação de mercadoria em quantidade e qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado, conforme determina o art. 314, I do RA” (Regulamento Aduaneiro de 1985, então vigente); (i) o drawback “é concedido pela autoridade de comércio exterior e somente por ela pode ser cassado”, e não tem cabimento exigir obrigação não exigida quando da concessão do regime; (j) a autuação decorre de normas infralegais, ofendendo o “princípio da reserva legal”, visto que não houve inadimplemento do dever de exportar (toda a produção da empresa é exportada, não apresentando o fisco notas de venda no mercado interno) nem diferenças entre os totais das importações compromissadas e efetivamente realizadas, havendo ausência de tipificação legal expressa para a situação narrada, concluindo o fisco que não ocorreu a exportação por presunção; (k) a forma não deve prevalecer sobre o principal, devendo ser observado o “princípio da equivalência”, não tendo havido prejuízo ao fisco; e (l) não cabe multa em relação aos tributos exigidos, conforme já decidiu o Conselho de Contribuintes. Requerse, por fim, a realização de diligências para que “sejam considerados nos cálculos da fiscalização os aditivos glosados, pois os mesmos (sic) foram protocolizados no prazo”. Em 30/08/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 662 a 690), no qual se decide unanimemente pela rejeição da arguição de decadência e das nulidades levantadas, assim como pela desconsideração da demanda por perícia, e pela parcial procedência da autuação, sob os fundamentos de que: (a) a concessão do drawback pela SECEX não chancela atos do contribuinte nem afasta a competência da RFB para fiscalizar o cumprimento dos requisitos do regime; e (b) as infrações apuradas encontram tipificação nas normas relacionadas no enquadramento legal da autuação, não havendo violação à legalidade estrita ou à tipicidade. No mérito, decide por maioria a turma julgadora que: (c) comprovada a tempestividade do pedido de prorrogação do AC no 177800/0001305, devem ser consideradas as prorrogações concedidas no cômputo do adimplemento do regime, o que altera a quantidade Fl. 761DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 de “hidróxido de sódio” autorizada, além de valor e prazo; (d) dos dispositivos normativos vigentes à época, concluise efetivamente que as DI deveriam abranger somente um AC, condição que não foi respeitada pela empresa, o que ocasiona o lançamento, visto que a importação anteriormente efetuada ao amparo do regime descumprido passa a ser considerada uma importação comum, sendo devidos os tributos incidentes; (e) com a comprovação do erro em relação à informação do RE no 00/1056919001 e a juntada do RE correto (no 00/1056818 001), deve ser afastada a parcela correspondente da autuação; (f) verificando as informações prestadas pela empresa, considerase adimplida a quantidade compromissada em relação a floculante sintético, havendo ainda equívoco na autuação quando esta se reporta a “coque calcinado” (a remissão, na verdade, era a “floculante sintético”, e não resulta em prejuízo à empresa); e (g) a multa de ofício aplicada encontra expressa previsão legal (art. 44, I da Lei no 9.430/1996). Na declaração de voto de fls. 688 a 690), manifestase dissidência em relação ao resultado do julgamento exclusivamente no que se refere às consequências do descumprimento de requisitos formais do regime, entendendose que não há amparo na legislação para descaracterização do regime de drawback com base em descumprimento de obrigação acessória. Cientificada do acórdão da DRJ em 30/10/2012 (AR de fl. 696), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 28/11/2012, conforme se informa no despacho de fl. 698, tendo sido a peça recursal juntada aos presentes autos somente após baixa em diligência, efetuada pela Resolução no 3403000.606, de 29/01/2015. Na peça de defesa (fls. 704 a 737), alegase basicamente que: (a) a autuação se deve ao descumprimento de obrigações acessórias, visto que não se comprovou ter a empresa “internalizado” (ou deixado de exportar) os produtos importados ao amparo de drawback; (b) houve nulidade por cerceamento de defesa, em virtude de não ter sido determinada diligência para atestar que a empresa somente opera com exportação de seus produtos; (c) houve decadência do direito de lançar em relação à DI no 00/02845304, que foi desembaraçada em 14/04/2000; (d) deixouse de aplicar o Comunicado DECEX no 30/1997 (item 26.2), que se coaduna com o art. 319 do Regulamento Aduaneiro; (e) “o drawback é concedido pela autoridade de comércio exterior e somente por ela pode ser cassado”; (f) houve ofensa ao princípio da reserva legal (arts. 5o, II e 150, I da CF/1988 e art. 97 do CTN), porque a autuação foi pelo descumprimento de normas infralegais, e não há disposição legal que atribua a perda do regime a tal descumprimento / não há tipificação legal para a infração detectada, nem para a exigência de tributos; (g) ao efetuar as glosas por ausência de informação nos Registros de Exportação (RE) a fiscalização presumiu que os produtos não foram exportados, mesmo após a SECEX ter aceito os RE (e aditivos protocolizados antes do vencimento dos Atos Concessórios); (h) pelo “princípio da equivalência” (a forma não deve prevalecer sobre o principal), e não havendo prejuízo à Fazenda Pública, não há como desqualificar o regime, sem que efetivamente se comprove não ter havido as exportações; e (i) não incide multa, no caso, em função do art. 59 da Lei no 8.383/1991. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 762DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10209.000104/200635 Acórdão n.º 3403003.624 S3C4T3 Fl. 761 5 Após o julgamento de piso, que afasta o lançamento em relação ao RE vinculado a outra pessoa jurídica2 e ao floculante sintético3, além de tema a ser tratado novamente neste voto, para fins didáticos (tempestividade dos aditivos), restam apenas a analisar as “glosas” em relação a três declarações de importação, motivadas pela vinculação a mais de um ato concessório. A matéria controversa se refere ao regime aduaneiro especial brasileiro denominado de drawback, na modalidade suspensão.4 O drawbacksuspensão tem, no Brasil, seu fundamento legal no art. 78, II do DecretoLei no 37, de 18/11/1966: “Art. 78. Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: (...) II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; 2 Narra o fisco que o Registro de Exportação (RE) no 00/1056919001 (fl. 208, referente a exportação vinculada ao AC no 177800/0000376) está em nome de pessoa jurídica diversa do beneficiário do regime, pelo que foi glosado. Em sua impugnação, a empresa alega que o RE realmente não é vinculado ao AC, e sequer se encontra registrado no sistema SISCOMEX, sendo o RE correto o de no 00/1056818001 (fl. 653), e que como a fiscalização considerou a glosa referente a tal RE e não considerou a exportação de “hidrato de alumina” (“hidróxido de alumínio”), acabou por apurar diferença inexistente de fato no saldo de floculante sintético, o que é atestado pela DRJ, que afasta a glosa. 3 Informa o fisco ainda que por meio do AC no 177800/0000376 foram importados 113.020 Toneladas de polímero de poliacrilamida (floculante sintético) e exportados, efetivamente 426.939,97 Toneladas de Óxido de Alumínio (alumina calcinada). Mas aplicando o fator de multiplicação 4.091,65302/0,0002444 (declarado em laudo técnico), deveriam ter sido exportadas 462.438,62 Toneladas de alumina calcinada.Como consequência, temse que 35.498,65 Toneladas de alumina calcinada deixaram de ser exportadas, o que equivale a dizer que 8.675 Toneladas de floculante sintético não foram aplicados no processo produtivo destinado à exportação. O mesmo ocorre em relação ao AC no 177800/0001305, resultando em 12.565 Toneladas de floculante sintético não aplicados em exportações. Em ambos os casos, o fisco utiliza o método PEPS (“primeiro que entra primeiro que sai”) para efetuar o lançamento. A DRJ, após computar as transferências na DI no 00/10225271, reconhece como adimplidos os compromissos em relação a floculante sintético. 4 Concordamos com LOPES FILHO quando este afirma que, apesar de a regulamentação do art. 78 da Lei Aduaneira denominar as três modalidades ali previstas como drawback, devese entender que o drawback corresponde tãosomente à “restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada” (inciso I do art. 78), caracterizandose as modalidades previstas nos incisos II e III do artigo, respectivamente, como beneficiamento ativo e reposição de estoques (LOPES FILHO, Osíris de Azevedo. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983, p. 9192). Contudo, preferimos a designação aperfeiçoamento ativo, que veio a se consagrar depois da obra do exSecretário da Receita Federal, para a modalidade prevista no inciso II. Temos, assim, que: a) o ‘drawbackisenção’ constitui, como o próprio nome sugere, uma hipótese de isenção (conhecida como reposição de estoques) como tantas outras decorrentes de lei ou acordo internacional, compiladas no art. 136 do atual Regulamento Aduaneiro; b) o ‘drawbackrestituição’, ou simplesmente ‘drawback’, nome pelo qual é conhecido no restante do mundo, é uma hipótese de restituição que busca incentivar as exportações; e c) o ‘drawbacksuspensão’ (único que constitui propriamente um regime aduaneiro) é, em realidade, um aperfeiçoamento ativo. No entanto, a inadequação terminológica não macula, hoje, a aplicação de nenhuma das três ‘modalidades de drawback’ no Brasil, pois, relevandose os nomes, todas possuem supedâneo legal. Fl. 763DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 (...) § 3o Aplicamse a este artigo, no que couber, as disposições do § 1o do art. 75.” (grifo nosso) E, à época dos Atos Concessórios analisados no presente processo, a matéria estava disciplinada no Decreto no 91.030/1985, que aprovava o Regulamento Aduaneiro então vigente. O Regulamento Aduaneiro de 1985 disciplinava o regime nos artigos 314 a 334. Os principais dispositivos de tal regulamentação que se relacionam com o caso aqui analisado são os arts. 319, 324 e 325 (estes dois últimos sequer relacionados como enquadramento da autuação): “Art. 319. As mercadorias admitidas no regime que, em seu todo ou em parte, deixem de ser empregadas no processo produtivo de bens, conforme estabelecido no ato concessório, ou que sejam empregadas em desacordo com este, ficam sujeitas ao seguinte procedimento:5 I no caso de inadimplemento do compromisso de exportar, no prazo de até trinta dias da expiração do prazo fixado para exportação: a) devolução ao exterior ou reexportação; b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado; c) destinação para consumo interno das mercadorias remanescentes. II no caso de descumprimento de outras condições previstas no ato concessório, deverá ser requerida a regularização junto ao órgão concedente, a critério deste; III no caso de renúncia ao benefício, deverá ser adotado, no momento da renúncia, um dos procedimentos previstos no inciso I. Parágrafo único. Na hipótese da alínea “c”, inciso I, deste artigo, os tributos suspensos deverão ser pagos com os acréscimos legais devidos.” (...) Art. 324. A Comissão de Política Aduaneira estabelecerá prazos para a habilitação ao benefício. Parágrafo único. Esgotados os prazos estabelecidos decairá o direito ao benefício. Art. 325. A utilização do benefício previsto neste Capítulo será anotada no documento comprobatório da exportação. (grifo nosso) 5 Artigo com redação dada pelo Decreto nº 636/92. A redação original dispunha: "Art. 319 Na hipótese de se vencer o prazo de suspensão previsto na alínea "d" do artigo 317 sem se efetivar a exportação, o beneficiário deverá liquidar o débito correspondente em 30 (trinta) dias." Fl. 764DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10209.000104/200635 Acórdão n.º 3403003.624 S3C4T3 Fl. 762 7 Ou seja, a empresa beneficiária do regime importava mercadorias com suspensão do pagamento dos tributos devidos, com a condição de que as empregasse em produto a ser exportado, de acordo com o autorizado em Ato Concessório. No caso em análise, os Atos Concessórios são os de no 177800/0000376 (documentos às fls. 40 a 220) e no 177800/0001305 (documentos às fls. 221 a 499). O segundo foi objeto de aditivo (no 177801/0002169) em 29/06/2001, alterando o prazo de validade constante do item 29 do Ato Concessório no 177800/0001305 (de 28/08/2001 para 24/02/2002), tendo ainda sido emitido um novo aditivo (no 177802/0000592 fl. 235) após expirado o prazo, em 27/02/2002, que o fisco não aceitou, invocando os arts. 16 e 18, I da Portaria SECEX no 4/1997 e os itens 8.8, 8.9 e 8.9.1 do Título 8 do Capítulo III do Comunicado DECEX no 21/1997. Vejamos o que dispõe tais comandos normativos: “Portaria SECEX no 4/1997 (...) Art. 16. A empresa beneficiária poderá solicitar alterações das condições gerais estabelecidas quando da concessão do Regime, desde que devidamente justificado e dentro do prazo de validade do Ato Concessório de Drawback. Art. 18. O prazo de validade do Ato Concessório de Drawback será determinado: I) na modalidade de suspensão, pela datalimite estabelecida para a efetivação das exportações vinculadas ao regime; (...)” (grifo nosso) “Comunicado DECEX no 21/1997 (...) 8.8. O prazo de validade do Ato Concessório de Drawback é determinado pela datalimite estabelecida para a efetivação das exportações vinculadas e será compatibilizado ao ciclo produtivo do produto a exportar, com o objetivo de permitir a exportação no menor prazo possível. 8.9. Qualquer alteração das condições concedidas pelo Ato Concessório de Drawback deverá ser solicitada, dentro do prazo de sua validade, por meio do formulário Aditivo ao Pedido de Drawback. 1. Os pedidos de alteração somente serão passíveis de análise quando formulados até o último dia de validade do Ato Concessório de Drawback ou no primeiro dia útil subseqüente, caso o vencimento tenha ocorrido em dia não útil. (...)” (grifo nosso) Não há em nenhum desses textos qualquer menção ao prazo para análise, pelo órgão competente, da solicitação da alteração efetuada (essa sim devendo ser efetuada dentro do prazo de validade do Ato Concessório), restando claro que há prazo terminal para a solicitação de alteração, e não para sua análise e aprovação. Parece ter o fisco confundido o prazo para solicitar a alteração com o prazo para que o órgão competente se manifestasse sobre ela, prorrogando efetivamente o Ato Fl. 765DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 Concessório. Isso porque não consta na autuação qualquer menção à data em que foi solicitada a alteração pela empresa (focando o auto somente na data em que esta foi atendida: três dias após a expiração da validade do Ato Concessório). Em sua impugnação, a empresa afirma que solicitou a alteração em 05/12/2001 (portanto, meses antes de expirar o prazo de validade do Ato Concessório, cf. documento anexado à fl. 658), tendo o Banco do Brasil, órgão à época responsável pela análise, ocasionado o atraso na emissão do aditivo. Como consequência, a DRJ acertadamente afasta a desconsideração dos aditivos tidos como intempestivos pelo fisco, por ser equivocado o fundamento utilizado para a glosa, remanescendo a controvérsia somente em relação à existência, em duas diferentes adições, de uma única declaração de importação (DI), de mercadorias vinculadas a Atos Concessórios (AC) distintos, afirmando que isso é vedado pelo Comunicado SECEX no 2/2000 (item 19.4 do Título 19 do Capítulo V): “19.4. Os documentos utilizados nas importações e exportações amparadas pelo Regime de Drawback deverão estar vinculados a apenas um Ato Concessório.” (equivalente ao art. 31 da Portaria Secex no 4/1997) As declarações de importação e respectivos vínculos, assim como as providências adotadas pelo fisco, foram as seguintes (fls. 9/10): Declaração de Importação (DI) Adição Ato Concessório vinculado Providência tomada pelo fisco 001 hidróxido de sódio 000199/0000603 00/02845304 (31/03/2000) canal amarelo 002 hidróxido de sódio 177800/0000376 “Glosada” a adição 002 001 hidróxido de sódio 177800/0001305 01/07524435 (30/07/2001) canal amarelo 002 hidróxido de sódio 177800/0001090 “Glosada” a adição 001 001 tecido filtrante... 177800/0001090 01/08227574 (17/08/2001) canal vermelho 002 tecido filtrante... 177800/0001305 “Glosada” a adição 002 Confesso que não encontro no texto infralegal colacionado um comando que autorize expressamente a “glosa” (simples desconsideração de importação comprovadamente efetuada de uma mercadoria que também deveria ser empregada em produto a exportar ao amparo do regime), e menos ainda que possibilite identificar o critério utilizado na escolha de qual adição “glosar” (não explicado na autuação). Faltou ainda explicar em que consiste efetivamente a “glosa” (v.g., em entendimento de que ambas as adições da DI correspondem a um AC, ou de que uma das adições foi de fato uma importação comum, sem suspensão): o drawbacksuspensão é formado por entradas de mercadorias importadas e saídas de produtos exportados a partir destas (o que dificulta a compreensão de como a glosa da mercadoria entrada efetivamente operou negativamente no resultado inadimplemento do compromisso de exportar). E crêse que a maioria destas dúvidas se deve exatamente à ausência de disciplina em relação ao que se deve fazer diante da situação detectada pelo fisco. Fl. 766DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10209.000104/200635 Acórdão n.º 3403003.624 S3C4T3 Fl. 763 9 A DRJ, invocando o art. 35 da Portaria SECEX no 1/2000, que revogou a Portaria citada pelo fisco (no 4/1997, art. 31), dispondo que “na comprovação ou habilitação ao Regime de Drawback, os documentos eletrônicos registrados no SISCOMEX utilizarão somente um Ato Concessório de Drawback”, e o art. 35 da Portaria SECEX no 4/1997, que dispõe que a DI é um documento hábil para comprovação do regime, mantém a “glosa”. Entretanto, é de se destacar que no julgamento de piso ninguém tenha efetivamente acordado exatamente com as razões do relator, tendo sido três votos pelas conclusões e um pela improcedência total do lançamento (aclarando motivação em declaração de voto). Concordo com a DRJ no sentido de que devem ser respeitados, além dos requisitos materiais de cumprimento do regime, os requisitos formais (ainda que estabelecidos em normas infralegais). Mas chego a tal conclusão por razões diversas, por entender que se está aqui tratando de controle aduaneiro, e não de obrigação tributária acessória (matéria tributária), como parecem entender DRJ e recorrente. Descarto assim as discussões sobre “obrigação tributária acessória” (em que pese admitir que deveres instrumentais, sejam eles tributários ou aduaneiros, efetivamente possam ser criados por norma infralegal, sem ofensa a dispositivo do CTN ou da Constituição Federal), e passo a analisar o tema sob o ponto de vista aduaneiro. A medida de controle aduaneiro estabelecida na norma infralegal (individualização de DI por AC) busca afastar eventuais tentativas de se utilizar uma declaração de importação, à conveniência do importador, como correspondência a mais de um ato concessório, gerando eventuais duplicidades (ainda mais à época dos Atos Concessórios em análise, na qual os controles ainda eram manuais), dificultando que o fisco saiba exatamente qual importação se vincula a qual exportação. Contudo, se for possível discernir a que ato se vincula cada parcela da DI, “glosar” a operação seria reconhecer que o requisito formal supera em importância o material (o que não se pode conceber). Diferente seria a situação se o descumprimento do requisito formal impedisse a verificação do cumprimento do requisito material (a ausência de menção ao drawback no documento de exportação pode ensejar, por vezes, o direcionamento para parâmetro de conferência na exportação no qual jamais se saberá com certeza se foi cumprido o regime). Contudo, no caso em análise, além de a fiscalização não encontrar guarida normativa para os procedimentos adotados em decorrência da constatação de haver mais de um AC descrito nas DI, o descumprimento formal não afetou a substância da verificação do cumprimento material do regime (inadimplemento do compromisso de exportar art. 319, I do RA/1985). Assim, devem ser afastadas as “glosas”. E, afastandose as glosas, não resta tributo a recolher, e, por consequência, multa de ofício ou juros de mora, não havendo ainda que se analisar a suscitada decadência. Das demais alegações recursais relevantes, convém destacar (ainda que não afete o resultado do julgamento) que: (a) não se percebe nos autos cerceamento de defesa na ausência de acolhida da demanda por diligência, visto que efetuada à margem da legislação, sendo ainda dispensável (mesmo que fosse regularmente efetuada, à vista dos elementos constantes do processo); e (b) a competência para concessão do drawbacksuspensão (hoje da SECEX/MDIC) não se confunde com a competência para fiscalização (da RFB/MF), sendo a matéria já sumulada no âmbito deste CARF (Súmula no 100): Fl. 767DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 “Súmula CARF no 100: O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil tem competência para fiscalizar o cumprimento dos requisitos do regime de drawback na modalidade suspensão, aí compreendidos o lançamento do crédito tributário, sua exclusão em razão do reconhecimento de beneficio, e a verificação, a qualquer tempo, da regular observação, pela importadora, das condições fixadas na legislação pertinente.” Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 768DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 15254.000024/2009-09
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/08/2004
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA.
Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO.
A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.
Numero da decisão: 3403-003.489
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o lançamento decorrente das glosas efetuadas em relação à camisa 59240940000 e ao frete referente a sua aquisição. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer também o direito de crédito em relação ao eixo pinhão, itens diversos e sobre a despesa de depreciação à taxa normal, em relação aos bens classificáveis no imobilizado. Vencido o Conselheiro Ivan Allegretti apenas quanto ao reconhecimento do crédito sobre a despesa de depreciação de bens classificáveis no imobilizado. Sustentou pela recorrente a Dra. Ariene D'Arc Diniz e Amaral, OAB/DF no 20.928.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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FOSFERTIL) FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 31/08/2004 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITOS INTEGRAIS. BENS CLASSIFICADOS NO ATIVO IMOBILIZADO. VEDAÇÃO. É vedada a apropriação de créditos sobre o custo de aquisição em relação a bens classificados no ativo imobilizado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 31/08/2004 COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. COFINS. CRÉDITOS INTEGRAIS. BENS CLASSIFICADOS NO ATIVO IMOBILIZADO. VEDAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 25 4. 00 00 24 /2 00 9- 09 Fl. 4555DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 É vedada a apropriação de créditos sobre o custo de aquisição em relação a bens classificados no ativo imobilizado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 31/08/2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o lançamento decorrente das glosas efetuadas em relação à “camisa 59240940000” e ao frete referente a sua aquisição. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer também o direito de crédito em relação ao “eixo pinhão”, “itens diversos” e sobre a despesa de depreciação à taxa normal, em relação aos bens classificáveis no imobilizado. Vencido o Conselheiro Ivan Allegretti apenas quanto ao reconhecimento do crédito sobre a despesa de depreciação de bens classificáveis no imobilizado. Sustentou pela recorrente a Dra. Ariene D'Arc Diniz e Amaral, OAB/DF no 20.928. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 30/01/2009 (fls. 563 a Fl. 4556DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.556 3 568, e 569 a 574, com ciência em 13/02/2009, cf. AR de fl. 578)1 para exigência, respectivamente, de COFINS (de julho a agosto de 2004, acrescida de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 3.140.545,08), e de Contribuição para o PIS/PASEP (referente ao mesmo período, com acréscimo de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 770.774,41). Ambas as contribuições são exigidas na sistemática da nãocumulatividade, disciplinada nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. No Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 511 a 523, narra a fiscalização que em procedimento de análise de direito creditório, foram efetuadas diversas intimações (relacionadas às fls. 511 a 513), nem sempre atendidas, tendo sido efetuadas glosas a diversas rubricas (fretes nas operações de empréstimo e devolução de insumos, fretes nas operações de transferência de produtos acabados, gastos ativáveis, outros gastos não previstos na legislação, e documentos fiscais não apresentados, créditos nas importações, aluguéis pagos a pessoa física, e divergências na base de cálculo). Em virtude das glosas, foram recompostas fichas dos DACON de julho e agosto de 2004, ocasionando a lavratura da autuação por “utilização indevida de créditos no mês de julho de 2004 e apuração incorreta da base de cálculo do mês de agosto de 2004”. A empresa apresenta impugnações em 16/03/2009 (fls. 587 a 621, e 638 a 672), argumentando, em síntese, que não são procedentes as glosas, discutindoas de forma individualizada (despesas com fretes: empréstimos e devolução de insumos/rocha fosfática fls. 591 a 596, e 642 a 647; despesas com fretes: transferência de produtos acabados fls. 596 a 599, e 647 a 650; despesas financeiras fls. 599 a 601, e 650 a 652; aquisições de partes e peças de reposição como insumos de produção fls. 601 a 610, e 652 a 661; aquisição de material de construção e obras e serviços de engenharia fl. 611, 662; outros gastos não previstos na legislação fls. 611 a 612, e 662 a 663; serviços fls. 612 a 616, e 663 a 667; itens diversos fls. 616 a 617, e 667 a 668; aquisições suportadas em documentos fiscais não apresentados fls. 617 a 618, e 668 a 669; e rateio para apuração dos créditos vinculados a vendas com alíquota zero fls. 618 a 620, e 669 a 671). Por fim, comunica ainda que efetuou pagamento em relação aos valores incontroversos; demanda diligência fiscal visando à comprovação das alegações expostas na impugnação; e requer “seja reconhecida e declarada a improcedência do lançamento fiscal no que tange à matéria impugnada, garantindose o direito ao aproveitamento dos créditos de PIS e COFINS ora glosados”. Às fls. 695/696 há ainda solicitação de juntada posterior de documentos. Em 29/02/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 4308 a 4319), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência da impugnação, nos seguintes termos: (a) não faz a empresa prova de seu direito creditório em relação a despesas com fretes/empréstimos e devolução de insumos, transferência de produtos acabados, itens diversos, e aquisições suportadas em documentos não apresentados; (b) não geram créditos: os fretes de rocha fosfática entre diferentes empresas, as perdas em operações de hedge, os bens ativáveis (como insumos), os reparos e manutenções em edificações e maquinários de grande porte; os serviços glosados (exceto o de movimentação e manuseio de gesso, que pode ser considerado insumo aplicado na produção do subproduto gesso); e (c) deve ser revertida a glosa referente a rateio para apuração dos créditos vinculados a vendas com alíquota zero. Em função do montante exonerado, recorre a DRJ de ofício em relação às glosas afastadas. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 4557DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 Cientificada do acórdão da DRJ em 04/09/2012 (cf. AR à fl. 4325), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 04/10/2012 (fls. 4327 a 4369), defendendo que: (a) se equivoca o acórdão ao mencionar que a defesa da recorrente não foi detalhada como a autuação; (b) a documentação apresentada por amostragem demonstra que o frete de amônia contratado pela recorrente se refere à aquisição de insumo (importado pela “FOSFÉRTIL”/recorrente, mas emprestado à “ULTRAFÉRTIL”); (c) equivocase o acórdão recorrido ao entender que o frete de empréstimo/devolução de rocha fosfática a/de outras empresas do grupo é um “transporte entre estabelecimentos de empresas diferentes”, porque a legislação permite o crédito em relação a frete na aquisição de insumos, independente da origem; (d) a documentação apresentada por amostragem demonstra que o frete na transferência de produtos acabados corresponde a gastos incorridos com transporte de produtos industriais com destino a estabelecimentos comerciais (frete de venda); (e) para que se possa assegurar a incidência não cumulativa das contribuições, é imperativo que se permita o crédito sobre as despesas financeiras, entre elas as perdas em operações de hedge, conforme expressamente previa o art. 84 da Lei no 10.833/2003; (f) as justificativas para as glosas em relação a partes e peças foram pautadas essencialmente em aspectos contábeis e escriturais sem atentar para a utilização dos bens, que são “insumos que se destinam à substituição de itens que, inseridos em máquinas ou equipamentos, sofrem necessariamente o desgaste físico no processo produtivo” (detalhando as utilidades às fls. 4354 a 4356), destacando que a amplitude do conceito de insumo para as contribuições extrapola o restrito conceito da legislação do IPI, e que ainda que fossem os bens ativáveis, deveria ser determinada a realização de diligência para, a partir da reclassificação dos itens glosados, permitir créditos à taxa de depreciação de 1/48 ao mês; (g) que, por meio de diligência, é perfeitamente possível verificar que os bens glosados como materiais de construção e obras e serviços de construção civil, na verdade são para manutenção de equipamentos industriais; (h) os itens glosados como serviços são empregados como insumo no processo produtivo, notadamente como serviços de manutenção e de movimentação de matériasprimas, (i) a glosa dos “itens diversos”, como parafusos, porcas, ferramentas, graxa e materiais elétricos, que são “peças e partes destinadas à reposição e manutenção de equipamentos utilizados no processo produtivo” foi feita sem qualquer fundamento, calcada em pretensa “falta de previsão legal”; (j) as glosas referentes a aquisições suportadas em documentos fiscais não apresentados referemse a bens essenciais para o processo produtivo da recorrente (listados à fl. 4366); e (k) o acórdão de piso ignorou o pedido de diligência efetuado nas impugnações, e o que se pretende com a diligência é justamente “comprovar, por todos os meios, o direito ao creditamento pleiteado, afastando as verificações realizadas pela fiscalização”, em nome da verdade material. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. 1. Considerações iniciais Fl. 4558DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.557 5 Percebese, já de início, que a autuação nitidamente deriva da recomposição da base de cálculo das contribuições em função de glosas efetuadas na análise de solicitações de crédito da recorrente. Isso fica nítido no próprio Termo de Verificação Fiscal, no tópico no qual se descrevem as infrações (fl. 521): Percebese, assim, que no mês de julho de 2004 não houve divergência em relação às contribuições apuradas (tendo em vista que o valor declarado pela empresa é exatamente o apurado pela fiscalização), residindo as diferenças tão somente nos valores glosados em procedimento fiscal específico. Sobre o tema, convém alertar que o presente processo não está a apreciar o direito creditório da recorrente, mas a procedência (ou não) da autuação lavrada. Aclarase isso já de início para que não se frustre a expectativa da recorrente em seu pedido, ao final do recurso voluntário (fl. 4369): Fl. 4559DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 É preciso recordar que o processo referente ao direito creditório (pedidos de ressarcimento/compensação) é distinto do processo de autuação dele decorrente (embora possam tratar de matérias que guardam identidade). Naquele se discute se há ou não o direito ao crédito. Neste, se a fiscalização pode ou não exigir as quantias lançadas de ofício. Assim, eventual afastamento da autuação, aqui, não implica direito creditório, mas tão somente a impossibilidade de que o fisco exija as quantias lançadas. Sob tais premissas, remetese à discussão sobre as glosas, efetuada nos subitens do item 3 deste voto. No entanto, no mês de agosto de 2004 foi efetivamente verificada discrepância entre o valor declarado e aquele apurado pelo fisco, que impactou no montante a pagar (tanto a título de Contribuição para o PIS/PASEP quanto de COFINS), não havendo diferença nos valores apurados como crédito. Sobre tal discrepância, informa a fiscalização que: “Da análise da base de cálculo das contribuições constatamos divergência na exclusão a título de ‘Receitas Sujeitas à Alíquota Zero’ no mês de agosto de 2004 em que foi excluído a mais o valor de R$ 123.980,73. 0 contribuinte foi cientificado dessa divergência em 06112007 (Termo de Constatação e de Intimação Fiscal de 05112007 , fls. 4955) e em 29012008 (Termo de Constatação e de Intimação Fiscal de 25012008 fls. 133158) e prestou esclarecimentos em 26112007 e em 18022008 (fls. 107109 e 159176). Elaboramos no mês de agosto/2004 a recomposição das fichas 05 e 07 do Dacon, conforme demonstrativo denominado Recomposição das Fichas de Cálculo das Contribuições no Dacon Agosto/2004 (fls. 557). Os valores apurados nessa recomposição serão objeto de lançamento em virtude da impossibilidade de aproveitamento de ofício de créditos vinculados a receitas não tributadas auferidas no mercado interno objeto de Pedido de Ressarcimento (PER) ou Compensação (DCOMP).” (grifo nosso) Fl. 4560DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.558 7 A divergência constatada, que resulta em exclusão indevida de R$ 123.980,73 da base de cálculo, está detalhada à fl. 57 (na qual se apresenta planilha com as diferenças entre o declarado em DACON e o apurado em relação a vendas, produto por produto), como anexo ao Termo de Intimação de 05/11/2007, solicitandose esclarecimentos à empresa. Os esclarecimentos (fl. 110) foram no sentido de que a diferença se refere “ao valor de Pis e Cofins tributado indevidamente em julho de 2007, relativos as vendas CFOP 5116 vendas de produção estabelecimento originada de encomenda de entrega futura” (sic). Depois a empresa confirmou que cometeu equívoco, e que o valor apurado pela fiscalização era correto. Nas palavras da empresa (fl. 164 da numeração eletrônica, equivalente à fl. 161na versão manual): Resta, então, incontroversa a diferença, devendo ser mantido o lançamento a ela relativo. 2. Das preliminares Alega a recorrente que o acórdão de piso ignorou o pedido de diligência efetuado nas impugnações, e o que se pretende com a diligência é justamente “comprovar, por todos os meios, o direito ao creditamento pleiteado, afastando as verificações realizadas pela fiscalização”, em nome da verdade material. De fato, a DRJ não rejeita expressamente o pedido de diligência. E nem precisa necessariamente fazêlo de forma literal, se ao longo da decisão ficar clara a motivação da rejeição. E o julgador, no caso, por quatro vezes esclarece que: “A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior”. (fl. 4308) (grifo nosso) “Os documentos anexados pela empresa não são suficientes para fazer prova de seu direito e quanto aos demais documentos, para os quais ele requer 30 dias de prazo para sua apresentação, temos que, ainda que possa estar configurada a previsão do item ‘a’ do § 4º do art. 16 do Decreto 70.235/72 que Fl. 4561DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 estabelece que “a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior”, a impugnação foi apresentada em 16/03/2009 (fl. 587) e até a presente data tais documentos não foram apresentados. Assim, a análise do item fica prejudicada e a glosa deve ser mantida. (fl. 4311) (grifo nosso) “Como no item Empréstimo e devolução de insumos, os documentos anexados pela empresa não são suficientes para fazer prova de seu direito e quanto aos demais documentos, para os quais ele requer 30 dias de prazo para sua apresentação, temos que, ainda que possa estar configurada a previsão do item ‘a’ do § 4º do art. 16 do Decreto 70.235/72 que estabelece que “a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior”, a impugnação foi apresentada em 16/03/2009 (fl. 587) e até a presente data tais documentos não foram apresentados. Assim, a análise do item fica prejudicada e a glosa deve ser mantida.” (fl. 4312) (grifo nosso) “Como já consta de tópicos acima, quanto aos documentos para os quais se requer 30 dias de prazo para sua apresentação, temos que, ainda que possa estar configurada a previsão do item ‘a’ do § 4º do art. 16 do Decreto 70.235/72 que estabelece que “a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior”, a impugnação foi apresentada em 16/03/2009 (fl. 587) e até a presente data tais documentos. Assim, a análise do item fica prejudicada e a glosa deve ser mantida.” (fl. 4317) (grifo nosso) Ou seja, reiteradamente entendeu o julgador que a recorrente não se desincumbiu de seu ônus probatório. E que a prova deve ser feita na impugnação, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, o que, destaquese, não ocorreu neste processo. A documentação comprobatória vem sendo solicitada à empresa desde 09/02/2007, em reiteradas intimações (em 10/05/2007, 03/07/2007, 09/07/2007, 13/07/2007, 18/09/2007). Narra a fiscalização (fl. 512) que “em virtude das sucessivas prorrogações de prazo e do não atendimento integral do Termo de 13/07/2007, foi lavrado Termo de Constatação e de Intimação Fiscal de 22/11/2007”). Novas intimações foram efetuadas em 25/01/2008, 04/04/2008, 07/04/2008, 28/05/2008 e 15/07/2008. Tudo isso na fase pré contenciosa. Iniciado o contencioso de que trata o presente processo em 13/02/2009, com a ciência da autuação, a empresa passou a dispor ainda de 30 dias para apresentação de elementos que comprovassem suas alegações. Absolutamente despropositado, assim, no caso, o pedido de diligência para fazer prova de suas alegações, ainda que em nome da verdade material. Fl. 4562DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.559 9 Recordese que o presente processo deriva de solicitação de direito creditório, no qual o ônus de provar a liquidez e a certeza do direito é do postulante, como reiteradamente vem decidindo esta turma: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes.” (Acórdãos n. 3403002.469, 470 e 471, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Como ensina JAMES MARINS, a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 2 Não se pode em nome da verdade material promover uma dilação probatória ad infinitum, com conversões em diligência ou demandas de perícia para que a recorrente apresente detalhamentos ou documentos que já lhe eram demandados durante o procedimento de fiscalização. Daí a importância do disposto no art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. Assim, era equivocado o pedido de diligência na impugnação, assim como o é (até em maior proporção) no recurso voluntário, pois a diligência, como tem reiteradamente decidido esta turma, não se presta a suprir deficiência probatória, como já referido nos precedentes transcritos neste item. Não se vê, assim, mácula na decisão de piso sob tal aspecto. 2 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. Fl. 4563DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Mas a recorrente insurgese ainda em relação ao fato de ter a DRJ mencionado que sua impugnação não foi detalhada como a autuação. Nas palavras do julgador (fl. 4311): “Registrese que, nas diversas planilhas que fazem parte dos “Termo de Constatação e de Intimação Fiscal” de 15/07/2008 e “Termo de Verificação Fiscal” de 30/01/2009, a fiscalização enumera cada item glosado e especifica o motivo da glosa, enquanto a impugnante, na maioria das vezes, apenas argumenta que determinado item ou grupo de itens devem gerar crédito, sem detalhar, nas planilhas, quais seriam estes itens.” Mais uma vez improcedente a argumentação da recorrente, que, de fato, mesmo no recurso voluntário, continua a questionar genericamente as glosas específicas da fiscalização, acreditando que pode comprovar o alegado por amostragem, ou postergar a prova por meio de diligência. Vejamse, por exemplo, os seguintes excertos da peça recursal (fl. 4332, 4338 e 4358): Fl. 4564DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.560 11 Acordase, desde já, com a decisão da DRJ, em manter o lançamento no que se refere à decorrência das glosas efetuadas às rubricas frete na transferência de amônia, frete na transferência de produtos acabados, e materiais de construção e obras e serviços de construção civil, em relação às quais a recorrente continua a não fazer prova suficiente para afastar as razões do lançamento, recorrendo aos expedientes da defesa exemplificativa, ou da demanda por diligência para suprir seu ônus probatório. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: Fl. 4565DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma (v.g. Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784), inclusive com a formação atual: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI (como pareceu entender o fisco ao efetuar algumas glosas), nem com a derivada da legislação do IR. Os lançamentos em discussão decorrem das glosas em relação aos seguintes temas (afora os já tratados no item 2 deste voto, nos quais se manteve o lançamento carência probatória da defesa): frete de empréstimo/devolução de rocha fosfática; despesas financeiras; partes e peças; outros gastos não previstos na legislação (serviços e “itens diversos”, como parafusos, porcas, ferramentas, graxa e materiais elétricos); e aquisições suportadas em documentos fiscais não apresentados. 3.1. Frete de empréstimo/devolução de rocha fosfática Em relação à amônia, também emprestada/devolvida, recordese que não consegue a recorrente reunir arsenal probatório para comprovar o que alega às fls. 4332 a 4336, principalmente no que se refere ao detalhamento documental individualizado das sucessivas etapas descritas às fls. 4332/4333. E que o fisco já havia admitido o crédito em relação a operações comprovadas (conforme se esclarece à fl. 515). A mesma carência probatória é revelada no que se refere a frete de produtos acabados, pois a recorrente busca socorro em julgado que defende a existência de crédito “quando houver prova de que se referem efetivamente a operações de venda”, mas não faz tal prova. No que se refere aos fretes de rocha fosfática, o fisco narra (fl. 514) que sequer foram justificados na fase fiscalizatória (précontenciosa). Daí as glosas, pois nenhuma Fl. 4566DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.561 13 operação foi comprovada, possibilitando o enquadramento nas hipóteses legalmente contempladas para o desconto de créditos. Em sua impugnação, a empresa alega que a rocha fosfática é matériaprima aplicada na fabricação de fertilizantes, e que quando há baixa nos estoques, são realizados empréstimos entre empresas do mesmo grupo econômico, com estabelecimentos em diversos Estados, sendo necessária a contratação de fretes. Mas não documenta suas alegações, individualizando as operações glosadas e apresentando para cada uma delas prova de que efetivamente ocorreu o que afirma. A DRJ mantém o lançamento afirmando que se trata de transporte entre empresas diferentes, e não entre estabelecimentos da mesma empresa (fl. 4312), o que é refutado no recurso voluntário, ao argumento de que a legislação permite o crédito em relação a frete na aquisição de insumos, independente da origem (fl. 4336). Nesse aspecto, a DRJ sequer ingressou na discussão probatória, e pareceu mais rigorosa que a própria fiscalização, que admitiu as operações comprovadas em relação à amônia. Não nos parece que a motivação predominante da glosa tenha sido simplesmente o fato de ter havido/empréstimo devolução, mas sim o fato de que tal operação não restou individualizadamente comprovada, para as operações glosadas. Daí não haver fundamento legal para a glosa. E a carência probatória persiste em sede de recurso voluntário. Deveria a recorrente, além de descrever a operação, documentála, de modo a afastar o lançamento decorrente da glosa. Novamente, em função de não ter a defesa apresentado provas que afastassem a motivação do lançamento, este deve mantido. 3.2. Despesas financeiras Não há no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 511 a 523 nenhuma menção específica a despesas financeiras. Mas o TVF faz, à fl. 521, menção ao “Termo de Constatação e de Intimação Fiscal de 15072008” (TCIF) e a seus “Anexos I a XI”. O TCIF está às fls. 230 a 246, e os Anexos às fls. 247 a 363. E no TCIF (fls. 233/234) realmente se trata de “despesas financeiras”, esclarecendose que a legislação (Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003) permitia o desconto de créditos em relação a “despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e contraprestações de arrendamento mercantil de pessoas jurídicas”, antes da revogação pela Lei no 10.865/2004. Mas a empresa apurou créditos em relação a “juros e encargos financ. s/Aquisição de Contr”, “despesas bancárias”, “descontos concedidos”, “juros de mora”, “outra despesas financeiras”, “perdas reais hedge e swap” e “v. monetárias neg. s/Emprést.AquisiçãoC” (informando todas na Ficha 13 “outras operações com direito a crédito”). Assim, não havia fundamento legal para os créditos. Na impugnação, a empresa se defende afirmando que se ocorreu a tributação das receitas financeiras naquele período, para que se possa assegurar a incidência não cumulativa das contribuições, é imperativo que se permita o crédito decorrente, especialmente em relação a perdas em operações de hedge, conforme expressamente previa o art. 84 da Lei no 10.833/2003, argumentação que reitera em sede de recurso voluntário. Fl. 4567DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 De início, cabe acordar com a DRJ, no sentido de que nenhuma das rubricas apontadas configura “despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e contraprestações de arrendamento mercantil de pessoas jurídicas”. Assim, correta a glosa. No que se refere à operação de hedge, caberia a priori, a nosso ver, examinar a menção ao art. 84 da Lei no 10.833/2003, que expressamente prevê a possibilidade de crédito para COFINS (embora não integral, mas à alíquota de 4,6%, e ainda limitado “às operações que atendam as normas e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal”). Mas tal exame logo se revela desnecessário, seja porque tal artigo já estava revogado pela Lei no 11.051/2004, desde abril de 2004, seja porque a glosa para hedge foi somente em relação à Contribuição para o PIS/PASEP. Assim, mantémse o lançamento decorrente da glosa. 3.3. Partes e peças As glosas em relação a partes e peças (classificadas pela recorrente como “insumos”) se devem basicamente ao fato de que os itens deveriam ter sido ativados em razão de seu custo de aquisição, vida útil e natureza, consoante determina a legislação do imposto de renda (fl. 516). No TCIF (fls. 237 a 241) a fiscalização detalha os itens glosados e a motivação: 3 porque foram ativados (não procedendo a alegação da empresa de que eram para reparo e manutenção), 6 porque ainda estavam em estoque três anos após a aquisição (o que descaracterizaria a situação de peças de reparo e manutenção), 2 itens utilizados em 2004 com apenas mais uma aquisição (com valorização do ativo), 6 itens utilizados em 2004 sem outras aquisições (com valorização do ativo), 2 itens não justificados, e 6 bens de natureza permanente. O posicionamento é corroborado pela DRJ, que afirma que todos os bens devem ser ativados, por terem vida útil superior a um ano. Na impugnação (e no recurso voluntário) a empresa alega que as justificativas para as glosas foram pautadas essencialmente em aspectos contábeis e escriturais sem atentar para a utilização dos bens, que são “insumos que se destinam à substituição de itens que, inseridos em máquinas ou equipamentos, sofrem necessariamente o desgaste físico no processo produtivo” (detalhando as utilidades às fls. 4354 a 4356), destacando que a amplitude do conceito de insumo para as contribuições extrapola o restrito conceito da legislação do IPI, e que ainda que fossem os bens ativáveis, deveria ser determinada a realização de diligência para, a partir da reclassificação dos itens glosados, permitir créditos à taxa de depreciação de 1/48 ao mês. Inicialmente, cabe destacar que os bens ativáveis efetivamente geram créditos de COFINS não cumulativa com fundamento no inciso VI (e não no inciso II) do art. 3o da Lei no 10.833/2003, desde que utilizados no processo produtivo: “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes (...) (...) Fl. 4568DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.562 15 VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (...) § 1o (...) o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos (...) II do caput , adquiridos no mês; (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI (...) incorridos no mês; (...) § 14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1o deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. (...)” (grifo nosso) Assim, há duas questões a analisar. A primeira se refere a ser o bem efetivamente utilizado no processo produtivo. Se o for, é garantido o direito de crédito (ainda sem discutir se será integral). A segunda se refere a ser ou não o bem do ativo imobilizado. Se o for, o crédito será em função dos encargos de depreciação e amortização (ou do cálculo alternativo de que trata o § 14), e não integral. No presente caso, merece aparas a visão do fisco de que o conceito de insumo é atrelado à legislação do IPI, em virtude do já exposto ao início do item 3 deste voto. Mas merece também aparas a visão da recorrente, que parece entender ter sempre direito ao crédito integral, inclusive para bens ativáveis, o que se revela equivocado diante do texto da lei que acabamos de transcrever (e inclusive busca salvaguardar esse entendimento com amparo em Soluções de Consulta que fazem ressalva expressa a bens do ativo imobilizado). É preciso, para apurar e quantificar o crédito, além de checar se o bem é efetivamente utilizado no processo produtivo, verificar se é de ativação obrigatória, o que se faz a partir do art. 301 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto no 3.000/1999): “Art. 301. O custo de aquisição de bens do ativo permanente não poderá ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a trezentos e vinte e seis reais e sessenta e um centavos, ou prazo de vida útil que não ultrapasse um ano (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, Lei nº 8.218, de 1991, art. 20, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). Fl. 4569DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 § 1º Nas aquisições de bens, cujo valor unitário esteja dentro do limite a que se refere este artigo, a exceção contida no mesmo não contempla a hipótese onde a atividade exercida exija utilização de um conjunto desses bens. § 2º Salvo disposições especiais, o custo dos bens adquiridos ou das melhorias realizadas, cuja vida útil ultrapasse o período de um ano, deverá ser ativado para ser depreciado ou amortizado (Lei nº 4.506, de 1964, art. 45, §1º).” (grifo nosso) Há que se rever, então, as rubricas glosadas, à luz do exposto tanto em relação ao conceito de insumos quanto no que se refere ao crédito sobre bens ativáveis, na linha do que vem entendendo unanimemente esta Terceira Turma de julgamento: “CRÉDITOS. BENS CLASSIFICADOS NO ATIVO IMOBILIZADO. É vedada a apropriação de créditos sobre o custo de aquisição em relação a bens classificados no ativo imobilizado. (...) Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2002, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produção) e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/99. Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas.” (Acórdão no 3403002.648, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação à matéria, sessão de 27.nov.2013) (grifo nosso) No caso concreto, a defesa somente se preocupa em cumprir a primeira etapa da jornada, de vincular o bem ao processo produtivo. E ainda assim, somente para 6 itens: 1 em estoque há mais de três anos (“camisa 59240940000”, que consistem em um revestimento de eixos), 1 item com apenas uma aquisição adicional em 2004 (“válvula guilhotina 16IN 150LB KGDMH”, usada em manutenções nas baterias de ciclone, regulando a vazão da polpa de minério), 2 itens utilizados em 2004 sem outras aquisições (“demister style 338/HE”, que é um filtro utilizado na produção de ácido sulfúrico, e “kit juntas fabr parada manut”, que são juntas de vedação de conexões em unidades de produção de ácido sulfúrico, 1 item não justificado (“eixo pinhão aerofall mills”, eixo motor integrante do equipamento moinho de bolas), e 1 item permanente (“filtro eliminador de névoa DF762/97000”, filtro aplicado diretamente na torre de secagem, na produção de ácido sulfúrico, para reter as gotas menores de ácido sulfúrico”). A nosso ver, resta cumprida para cinco desses seis itens, a primeira etapa da jornada, de vincular o bem ao processo produtivo. Contudo, se o bem deve ser ativado, o crédito não pode ser efetuado com base no inciso II do art. 3o da Lei no 10.833/2003, como pleiteado. 3.3.1. Item em estoque Fl. 4570DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.563 17 Em relação à “camisa 59240940000”, a conclusão do fisco de que a permanência em estoque por prazo elevado impossibilita acolher o bem como peça de reparo, reposição ou manutenção merece reforma, visto que se encontra desamparada de supedâneo normativo. Um bem destinado a reposição pode muito bem permanecer em estoque durante anos. Vejase, a título exemplificativo, que a própria Receita Federal disciplina regimes aduaneiros especiais, como o Depósito Afiançado, que permitem expressamente a permanência por até cinco anos com suspensão da exigibilidade de tributos incidentes: “Art.488. O regime aduaneiro especial de depósito afiançado é o que permite a estocagem, com suspensão do pagamento dos impostos federais, da contribuição para o PIS/PASEP Importação e da COFINSImportação, de materiais importados sem cobertura cambial, destinados à manutenção e ao reparo de embarcação ou de aeronave pertencentes a empresa autorizada a operar no transporte comercial internacional, e utilizadas nessa atividade (DecretoLei n o 37, de 1966, art. 93, com a redação dada pelo DecretoLei n o 2.472, de 1988, art. 3 o ; e Lei n o 10.865, de 2004, art. 14). (...) Art.490. O prazo de permanência dos materiais no regime será de até cinco anos, contados da data do desembaraço aduaneiro para admissão.” (Decreto no 6.759/2009 Regulamento Aduaneiro) (grifo nosso) Entendese, assim, cabível o crédito em relação à “camisa 59240940000”, pelo que deve ser afastado o lançamento decorrente de tal glosa, e da relativa ao frete correspondente a sua aquisição. 3.3.2. Itens utilizados / outras aquisições e item permanente Em relação ao item com apenas uma aquisição adicional em 2004 (“válvula guilhotina 16IN 150LB KGDMH”), e aos 2 itens utilizados em 2004 sem outras aquisições (filtro “demister style 338/HE” , e “kit juntas fabr parada manut”), apesar de restar satisfatória a explicação sobre a forma de utilização na produção, o bem é de ativação obrigatória segundo os critérios do art. 301 do Regulamento do Imposto de Renda, sendo incabível o crédito com base no inciso II do art. 3o da Lei no 10.833/2003, como pleiteado. O mesmo comentário se aplica ao item permanente (“filtro eliminador de névoa DF762/97000”, filtro aplicado diretamente na torre de secagem, na produção de ácido sulfúrico, para reter as gotas menores de ácido sulfúrico”). A discussão sobre ser a depreciação contábil diferente da depreciação física, sobre o valor parâmetro (adotado pelo fisco para a amostragem, de forma mais generosa que o próprio art. 301 citado), e sobre a alteração no valor contábil dos bens aos quais as peças são acopladas, assim, assumem valor secundário, que beira à irrelevância. Fl. 4571DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 Há comando normativo expresso (art. 301 do Regulamento do Imposto de Renda) que implica a ativação dos bens, impossibilitando o crédito integral. E tal comando não pode ser afastado em virtude das discussões sobre eventual valorização do ativo ou caracterização de depreciação física. Contudo, há que se destacar que a recorrente pleiteia alternativamente que a fiscalização (ou o julgador), em nome da verdade material, reclassifique os itens de modo a permitir o crédito com base na taxa de depreciação. Ao que tudo indica, a recorrente solicita que seja aplicado de ofício o mecanismo de que trata o § 14 art. 3o da Lei no 10.833/2003, que, como aqui já transcrito, trata de opção a ser externada pela empresa, irretratável, conforme art. 7o da IN SRF no 457/2004, que disciplina o mecanismo, em atendimento à parte final do § 14 da Lei. Nessa esfera recursal, não se vê a possibilidade de atendimento do pleito, que comumente é analisado durante o próprio procedimento fiscal, ainda na fase précontenciosa, até pela impossibilidade de visualizar as consequências da alteração demandada (que equivale à substituição da fundamentação utilizada para demanda do crédito). Assim, deve ser mantido o lançamento efetuado em decorrência da glosa. 3.3.3. Item não justificado No que se refere ao item não justificado (“eixo pinhão aerofall mills”), entendemos não restar comprovada a forma de utilização na produção. A justificativa que a empresa apresenta em suas peças de defesa é a mesma que apresentou à fiscalização durante o procedimento précontencioso, de que o bem seria um eixo motor integrante do equipamento moinho de bolas. Mas como narra o fisco (fl. 240): “Quanto ao eixo pinhão , o contribuinte informou que foi utilizado em 07/2004 no ativo n 0 331752, denominado "MOINHO DE BOLAS", adquirido no período de 12/1976 a 11/1979 e totalmente depreciado à época. Apresentou nota fiscal n 0 25907 da Açoforja, para comprovar aquisição de idêntica peça. Entretanto, os produtos constantes da referida nota possuem classificação fiscal distinta e custo de aquisição extremamente inferior, conforme demonstramos abaixo (...)” Deve, então, ser mantido o lançamento efetuado em decorrência da glosa. 3.4. Outros gastos não previstos na legislação No item do TVF denominado “outros gastos não previstos na legislação” (fls. 516 a 518), encontramse predominantemente glosas em relação a serviços (v.g. sondagem efetuada em unidade que ainda não é produtiva, lavagem de vagão, expedição de fertilizantes e TSPROP, “manutenção complementar” sem especificação, manutenção em linhas de transmissão e em subestação elétrica, serviços de carga e descarga sem especificação, e gastos de dragagem da lagoa). No mesmo tópico, no TCIF (fls. 242 a 244), a lista é mais detalhada, e inclui ainda outros itens. Fl. 4572DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.564 19 Transcrevese abaixo a lista das fls. 242 a 244 (já destacando que as listas completas, de forma individualizada, com os valores glosados e os respectivos motivos, figuram nos anexos nos Anexos I, III, IV, V, VI e VII): Fl. 4573DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 20 Como se percebe na leitura da relação, na maioria dos casos (v.g. adolescentes do Probem, alimentação, bebedouro, assinatura de jornais e tv, cestas de café, cursos de inglês...) não é preciso muito esforço para perceber que não se enquadram os bens/serviços na delimitação estabelecida para o conceito de insumo pelo fisco, nem na aclarada por nós (mais ampla), ao início deste item 3. Em outros casos, no entanto, o enquadramento como insumo dependerá da explicação sobre o emprego do bem/serviço no processo produtivo. E é essa explicação que foi reiteradamente demandada pelo fisco no processo précontencioso, sem atendimento a contento. Na impugnação e no recurso voluntário, a empresa afirma que os itens glosados como serviços são empregados como insumo no processo produtivo, notadamente como serviços de manutenção e de movimentação de matériasprimas. Mas ambas as peças recursais mantêm a argumentação a título exemplificativo. Tal linha de defesa é suficiente para explicar alguns itens (por exemplo os “serviços de remoção de gesso”, como reconhece a DRJ), mas não se presta a extensão analógica a outros serviços listados. Assim, é preciso analisar efetivamente em relação a quais serviços a recorrente apresenta justificativas específicas, para que se possa analisar se são suficientes para afastar o lançamento decorrente da glosa. E, verificando a argumentação de fls. 4358 a 4363, percebese que a simples afirmação de que é necessário efetuar transporte e armazenagem interna de insumos conceito que para a recorrente parece ser mais alargado do que o adotado neste voto sem detalhamento das operações é insuficiente para afastamento do lançamento, ocorrendo o mesmo problema em relação aos demais serviços citados: expedição de produtos acabados, lavagem de vagão, limpeza de equipamentos por jateamento, manutenção de iluminação, manutenção nas linhas de ferrovia e manutenção de linhas de transmissão (neste caso, usando indevidamente precedente de empresa que tem atividade por ocupação, para firmar que goza do direito ao crédito). Em relação aos serviços prestados pela empresa “Terragama do Brasil E.C. LTDA”, afirma a recorrente que demonstrou o direito ao crédito em sede de impugnação, tendo sido o argumento desconsiderado pela DRJ, apesar de o contrato demonstrar claramente que os serviços de manutenção ali pactuados são aplicados como insumo na produção, vez que “têm por escopo preservar as condições normais de uso dos equipamentos, sem qualquer agregação de valor ou melhoria que justifique a pretendida ativação”. Efetivamente, ao verificar o contrato, percebese que os serviços ali pactuados guardam, em regra, vínculo com o processo produtivo da empresa. Como reproduz a empresa em sua impugnação (fl. 614), o contrato tem por objeto: Fl. 4574DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15254.000024/200909 Acórdão n.º 3403003.489 S3C4T3 Fl. 4.565 21 Contudo, no recurso voluntário (fl. 4361) a empresa apresenta outro excerto do contrato, que trata de “engenharia de manutenção e inspeção dinâmica”, mais genérico, o que nos faz crer que há serviços prestados pela “Terragama” que podem não estar inseridos no comando do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 11.833/2003. Analisando o contrato com a “Terragama” (fls. 4096), percebese claramente o objeto, identificado com a argumentação expressa na impugnação: E no Anexo II do contrato (fls. 4121 a 4144) são especificados detalhadamente os serviços, mas ali verificamos que está incluído o transporte de produtos acabados, que não é ensejador de crédito (a menos que na qualidade de frete de venda, provada a operação), assim como a lavagem de vagões, ou a dragagem de lagoa. Assim, não basta para afastar o lançamento que o pagamento tenha sido efetuado à “Terragama” em decorrência do contrato. Há que se detalhar especificamente qual o serviço prestado. E são exatamente em relação a tais temas as glosas, como se percebe do Anexo V (fl. 325). Assim, deve ser mantido o lançamento decorrente das glosas. Em relação a “itens diversos” (entre os quais relaciona parafusos, porcas, ferramentas, graxa e materiais elétricos), sustenta que são “peças e partes destinadas à reposição e manutenção de equipamentos utilizados no processo produtivo”, e que a glosa foi feita sem qualquer fundamento, calcada em pretensa “falta de previsão legal”. Eis o fundamento para a glosa: falta de previsão legal. Bastaria à recorrente afastar o fundamento, passando os bens para os quais pleiteia o crédito pelos dois testes propostos no item 3.3 do voto, verificando se o bem foi efetivamente utilizado no processo produtivo, e se é do ativo imobilizado. Fl. 4575DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 22 Em relação à graxa, único item sobre o qual discorre especificamente a recorrente, informando que é utilizada na lubrificação dos equipamentos industriais, a argumentação vem desacompanhada de detalhamento. Por certo que um tipo específico de graxa, destinado a equipamentos industriais, deveria gerar créditos. Mas a simples menção a “graxa”, sem especificação, pode referir inclusive a bens não utilizados na lubrificação de equipamentos industriais, mas de veículos que transportam passageiros, ou mesas/cadeiras do refeitório. Daí a necessidade de a empresa apresentar a documentação detalhada que lhe é solicitada desde a fase précontenciosa. Assim, pelo fato de a recorrente não fazer prova suficiente para afastálo, permanece hígido o lançamento. 3.5. Aquisições suportadas por documentos fiscais não apresentados O fisco afirma (fl. 518) que alguns dos documentos não apresentados por ocasião da elaboração do TCIF o foram antes da elaboração do TVF, pelo que foi reduzido o número de glosas. A recorrente informa que há itens glosados que são bens essenciais para o processo produtivo da recorrente (listados à fl. 4366). O problema é que essa não é a matéria em discussão, que se restringe à falta de apresentação de documentos, ainda parcialmente não suprida. Na impugnação a empresa solicitou prazo adicional para apresentação de documentos, negado, sendo que na peça recursal junta quatro notas fiscais. Contudo, nesta fase processual, tal prova é extemporânea, de acordo com o Decreto no 70.235/1972 (art. 16), sequer cabendo sua análise. Sobre o tema, remetemos à discussão travada no item 2 deste voto, sobre ônus probatório e dilação, recordando que a documentação comprobatória vem sendo solicitada à empresa desde 09/02/2007, em reiteradas intimações (em 10/05/2007, 03/07/2007, 09/07/2007, 13/07/2007, 18/09/2007, 22/11/2007, 25/01/2008, 04/04/2008, 07/04/2008, 28/05/2008 e 15/07/2008), apenas na fase précontenciosa. Então, novamente procedente o lançamento, tendo em vista que a recorrente não faz prova suficiente para afastálo, dentro das regras do processo administrativo