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Turma Camara- Quarta Câmara (81)
- ROSALDO TREVISAN (81)
- 2016 (81)
Numero do processo: 13804.000537/2005-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA. INCORREÇÃO. CONTROLE INTERNO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é instrumento de controle interno da Administração. A ausência de emissão ou e emissão com incorreção não eivam de nulidade o lançamento efetuado em decorrência do procedimento fiscal, pois não maculam a competência da autoridade fiscal.
NULIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CASOS. OUTRAS IRREGULARIDADES.
As nulidades no processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário são aquelas arroladas no art. 59 do Decreto no 70.235/1972 (vinculadas a incompetência e a cerceamento de defesa). Fora destes casos, conforme art. 60 do mesmo decreto, as irregularidades, incorreções e omissões não importarão em nulidade, sendo sanadas quando resultarem em prejuízo ao sujeito passivo, salvo se por este ocasionadas, ou se não influírem na solução do litígio.
VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO.
A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA.
Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
Numero da decisão: 3401-003.131
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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AUSÊNCIA. INCORREÇÃO. CONTROLE INTERNO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é instrumento de controle interno da Administração. A ausência de emissão ou e emissão com incorreção não eivam de nulidade o lançamento efetuado em decorrência do procedimento fiscal, pois não maculam a competência da autoridade fiscal. NULIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CASOS. OUTRAS IRREGULARIDADES. As nulidades no processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário são aquelas arroladas no art. 59 do Decreto no 70.235/1972 (vinculadas a incompetência e a cerceamento de defesa). Fora destes casos, conforme art. 60 do mesmo decreto, as irregularidades, incorreções e omissões não importarão em nulidade, sendo sanadas quando resultarem em prejuízo ao sujeito passivo, salvo se por este ocasionadas, ou se não influírem na solução do litígio. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 05 37 /2 00 5- 89 Fl. 412DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento (PER) de saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP, na sistemática da não cumulatividade, relativo a receitas de exportação do primeiro trimestre de 2004, no valor de R$ 5.640.885,16 (fls. 2/3)1, complementado pelas Declarações de Compensação (DCOMP) relacionadas às fls. 263/264, em diversos processos administrativos. No Parecer de fls. 263 a 271, que embasa o Despacho Decisório (DD) proferido em 02/09/2009 (fls. 272 a 274), informase que: (a) iniciados os procedimentos de reexame, com a devida autorização,a empresa foi intimada a apresentar documentos e responder a intimações e reintimações, mas, após cinco meses da primeira intimação, só apresentou escrituração contábil em meio magnético e diversas cópias de contas de energia elétrica de fevereiro de 2004, tendo sido lavrado auto de embaraço à fiscalização; (b) em processo administrativo anterior (de no 19679.006025/200323), também houve negativa de apresentação de documentos e ausência de resposta a intimações, inviabilizando a verificação do crédito pleiteado; (c) a interessada deve manter a documentação comprobatória de seus registros, conforme art. 195 do Código Tributário Nacional (CTN), e cabe a ela a prova dos fatos constitutivos do direito de crédito que pleiteia; (d) nas declarações examinadas foram verificados pontos que requerem maior detalhamento (v.g., indicação de aquisições de insumos de pessoa física, aquisições de controlada), mas após dez intimações a contribuinte não logrou comprovar a maior parte do crédito pleiteado (apenas as despesas de energia elétrica e as devoluções de vendas foram passíveis de verificação pela fiscalização); (d) a não apresentação dos documentos solicitados implica o indeferimento do direito creditório e a não homologação 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 413DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13804.000537/200589 Acórdão n.º 3401003.131 S3C4T1 Fl. 413 3 das compensações vinculadas, sendo considerado procedente pela fiscalização o crédito de R$ 154.993,86, que foi utilizado integralmente para desconto de parte do débito de Contribuição para o PIS/PASEP apurado no 1o trimestre de 2004. Ciente do despacho decisório em 08/09/2008 (AR à fl. 276), a empresa apresenta Manifestação de Inconformidade em 25/09/2009 (fls. 278 a 299), sustentando, em síntese, que: (a) o procedimento fiscal é nulo, pois não foi observado o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), que estabelecia apenas o endereço da impugnante como o local indicado para a realização dos trabalhos, e várias das intimações foram feitas por apenas um dos fiscais encarregados, não havendo ainda menção no MPF a eventual delegação de competência da DERAT/SP pára a DRF/Araçatuba; (b) o procedimento é ainda nulo porque o MPF deveria ter sido emitido pelo Superintendente da RFB; (c) o despacho decisório é nulo porque constitui um ato normativo que foi emitido por autoridade incompetente (chefe da SAORT de Araçatuba), e só o Delegado da DERAT/SP poderia emitilo, em função do domicílio da requerente, sendo indelegável a competência, conforme art. 13 da Lei no 9.784/1999; (d) não houve intimação da empresa para se manifestar sobre o fim da instrução, conforme estabelece o art. 44 da Lei no 9.784/1999; (e) os fiscais receberam os documentos solicitados e, ao invés de solicitar novos esclarecimentos, emitiram parecer denegando o crédito; (f) não obstante a vontade da recorrente em fornecer os documentos solicitados, a fiscalização agiu sem razoabilidade e contrariando diversos dispositivos legais constantes da Lei no 9.784/1999; (g) a empresa reitera sua intenção de apresentar todos os documentos fiscais e esclarecimentos que se fizerem necessários; (h) o despacho decisório é nulo porque não existe legislação garantindo a possibilidade de indeferimento do Pedido de Ressarcimento pelo motivo descrito em seu texto; (i) a empresa é uma das maiores do setor do agronegócio brasileiro, e entendeu a fiscalização que não teria nenhum crédito da contribuição no período, mesmo havendo flagrante demonstração da existência das operações e interesse da empresa em apresentar documentos fiscais; (j) o crédito foi negado totalmente como e a empresa não adquirisse insumos para sua produção, havendo erro e falta de motivação necessária para a validade jurídica do despacho decisório; (k) o levantamento fiscal foi precário, desconsiderando documentos da empresa, e violando a ampla defesa e a verdade material; (l) a empresa, no mérito, junta alguns documentos na manifestação de inconformidade, afirmando que vários outro, por serem em grande quantidade, estão disponíveis em seu estabelecimento; (m) houve homologação tácita do direito de ressarcimento (e das compensações); e (n) no ressarcimento deve ser assegurada atualização pela Taxa SELIC. Por fim, demanda perícia e diligência para que seja constatada a existência do direito creditório, e junta à impugnação os seguintes documentos: (a) procuração (fls. 300/301), comprovante de inscrição no CNPJ (fl. 302), alteração de contrato social (fls. 303 a 314), cópia de ciência do despacho decisório (fl. 315), planilha de "apuração de PIS" (fl. 316), "resumo para apuração de ICMSentradas" (fls. 317 a 321), e cópias de DACON (fls. 322 a 324). Na decisão de primeira instância, proferida em 27/08/2010 (fls. 328 a 341), a DRJ acorda unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) as intimações devem ser efetuadas no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (b) o MPF constitui mera ordem administrativa para execução de atividades, e eventuais irregularidades em seu preenchimento ou emissão não possuem o condão de afastar ou anular o lançamento; (c) no caso concreto nem haveria necessidade de emissão de MPF, e não há previsão para que todos os auditores encarregados tenham que assinar as intimações; (d) a Lei no 9.784/1999 é de aplicação apenas subsidiária ao processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário, regido pelo Decreto no 70.235/1972; (e) a transferência de competências está expressamente prevista no regimento Fl. 414DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 interno da RFB; (f) a prova do direito de crédito, no caso, incumbe à recorrente, e a RFB pode condicionar o crédito à comprovação mediante documentação hábil, conforme art. 24 da Instrução Normativa SRF no 460/2004, vigente à época do pedido; (g) a empresa foi intimada por diversas vezes a apresentar documentos e esclarecimentos, havendo, por duas oportunidades, diligência na sede da empresa, para obter documentos (sem sucesso, visto que o representante da empresa alegava que não dispunha dos elementos requeridos); (h) as parcelas de crédito para as quais foi possível a fiscalização atestar liquidez e certeza foram concedidas; (i) os documentos apresentados na impugnação (cópias quase ilegíveis do livro de entrada e de DACON) não estavam entre os solicitados pela fiscalização; (j) a empresa teve tempo e oportunidades suficientes para apresentar os documentos; (k) não houve decadência, não tratando tal instituto de documentos para comprovar saldo credor, nem homologação tácita das DCOMP; e (l) diante do exposto, revelase desnecessária a realização de diligência ou perícia. Após ciência ao acórdão de primeira instância (AR à fl. 344) em 27/10/2010, apresentase o recurso voluntário de fls. 345 a 363 (em 23/11/2010), que se limita a reproduzir o teor da manifestação de inconformidade anteriormente interposta. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Praticamente todos os argumentos da recorrente são em sede preliminar, restando quase nada a discutir sobre o mérito do despacho decisório. Sobre as alegações referentes ao Mandado de Procedimento Fiscal (em relação ao endereço da empresa, ou a quem o assina, ou ainda sobre que assina intimações), não se observa nenhum descumprimento das normas que regem a matéria. Por certo, por exemplo, que as intimações podem ser assinadas por apenas um dos fiscais encarregados (da mesma forma que a manifestação de inconformidade interposta pela empresa pode ser assinada por apenas um dos advogados mencionados na procuração, e o recurso voluntário por outro dois advogados). Não há nenhuma previsão nas normas que regem o MPF para que todos os fiscais tenham que assinar em conjunto todos os documentos (o que beiraria o absurdo com a mesma intensidade da obrigatoriedade, digase, inexistente, de que todos os advogados mencionados na procuração tenham que assinar todas as peças processuais). A recorrente parece não compreender a finalidade do MPF. É necessário aqui, de início, aclarar que a competência do AuditorFiscal, seja para o exame ou a apreensão de documentos, seja para levar a cabo qualquer outro procedimento fiscal, não deriva de norma infralegal, mas de lei. Fl. 415DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13804.000537/200589 Acórdão n.º 3401003.131 S3C4T1 Fl. 414 5 Assim, o AuditorFiscal da RFB, autoridade administrativa de que trata, v.g., o art. 142 do CTN (mencionado pelo julgador de piso), tem competência legal para (art. 6o, I, “c” da Lei no 10.593/2002) “executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados”. Reparese que o art. 6o da referida Lei não possibilita que o Poder Executivo em ato infralegal retire ou mitigue a competência, consentindo somente com a regulamentação das competências ali estabelecidas (art. 6o, § 3o da Lei no 10.593/2002). O Mandado de Procedimento Fiscal é um instrumento de controle administrativo, e não um documento que atribua competência (e nem poderia, pois a competência já foi legalmente atribuída). Na interpretação do Decreto que inova no ordenamento jurídico disciplinando o Mandado de Procedimento Fiscal, poderseia trilhar dois caminhos. O primeiro é o de que estabeleceram as normas infralegais condição de validade do ato administrativo, mitigando ou retirando (em verdade, transferindo ao administrador de plantão) a competência do AuditorFiscal legalmente estabelecida. Essa linha, que parece ser adotada na defesa da recorrente (ao entender que somente determinada autoridade pode assinálo, ou que deve indicar o endereço "a" ou "b"), encontra numerosos obstáculos de ordem legal e constitucional, pois está a restringir a lei, alterando atribuições por ela estabelecidas, sem autorização, em prejuízo do Poder Público (e até do Erário). Não se tem dúvidas que tal linha levaria à conclusão pela ilegalidade (e, inclusive, pela inconstitucionalidade) dos Decretos instituidores do MPF. É corolário da hermenêutica que entre as interpretações de determinado ato normativo, deve prevalecer a que não conduza ao absurdo, à ilegalidade, ao abuso, ao desrespeito a atos de hierarquia superior. E é nesse sentido, alicerçado pelo art. 26A do Decreto no 70.235/1972 (que impede o julgador de negar vigência a decreto sob fundamento de inconstitucionalidade), que se busca interpretação que não afronte o sistema ao qual tal norma é vinculada. Assim, para que os decretos que tratam do MPF sejam tidos como legais e constitucionais, devem ser lidos não como mitigadores ou saqueadores de competência, mas como instrumento de controle da Administração, de caráter interna corporis. É desta forma que o MPF tem sido encarado unanimemente de forma recorrente por este CARF, inclusive pela Câmara Superior de Recursos Fiscais: “NULIDADE. IRREGULARIDADES NA EMISSÃO DE MPF. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é simples instrumento de controle interno da Administração Tributária, não se constituindo em elemento essencial de validade do correspondente auto de infração. Também aí entendese pertinente o posicionamento do julgador a quo, que esclareceu que o MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades fiscais, e eventuais irregularidades em seu trâmite não invalidam o auto de infração decorrente do procedimento fiscal relacionado.” 2 2 CARF, Acórdão 1401000.740, 4a Câmara, 1a Seção, Rel. Cons. Fernando Luis Gomes de Matos, unanimidade, Sessão de 15.mar.2012. Fl. 416DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O MPF é ato interna corporis de controle interno e eventuais vícios são consideradas meras irregularidades, que não têm efeito de contaminar de nulidade o crédito constituído pelo lançamento de ofício.” 3 “MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O MPF Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração” 4 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF Eventual irregularidade na emissão do MPF ou o descumprimento do prazo previsto no MPF para realização da ação fiscal não induzem a nulidade do ato jurídico praticado pelo auditor fiscal pois o MPF é mero instrumento de controle da atividade fiscal e não um limitador da competência do agente público.” 5 “NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração.” 6 Acrescentese, a título de esclarecimento, que tal figura (MPF) nem mais existe em nosso ordenamento, tendo sido o Decreto no 3.724/2001 substancialmente alterado pelo Decreto no 8.303/2014, que passou a tratar não de um “mandado” (denominação que veio a gerar grande parte da confusão perceptível nos autos), mas de um “termo de distribuição” do procedimento fiscal. Improcedentes, assim, as alegações de nulidade atreladas ao MPF, suscitadas na peça de defesa. Faz confusão ainda a recorrente sobre a norma de estatura legal que regula o processo de determinação e exigência de créditos tributários (Decreto no 70.235/1972), ao reiteradamente invocar a Lei no 9.784/1999 para tratar de delegação de competência normativa e nulidades, ou para impor restrições inexistentes na norma específica sobre o tema em análise. No processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário, as hipóteses de nulidade estão arroladas no art. 59 do Decreto no 70.235/1972 (vinculadas a incompetência e a cerceamento de defesa). Fora destes casos, conforme art. 60 do mesmo decreto, as irregularidades, incorreções e omissões não importarão em nulidade, sendo sanadas quando resultarem em prejuízo ao sujeito passivo, salvo se por este ocasionadas, ou se não influírem na solução do litígio. 3 CARF, Acórdão 1801001.018, 3a Turma Especial, 1a Seção, Rel. Cons. Carmen Ferreira Saraiva, unanimidade, Sessão de 10.mai.2012. 4 CARF, Acórdão 3102001.669, 1a Câmara, 3a Seção, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, unanimidade, Sessão de 27.nov.2012. 5 CARF, Acórdão 2403002.353, 3a Câmara, 2a Seção, Rel. Cons. Carlos Alberto Mees Stringari, unanimidade, Sessão de 20.nov.2013. 6 CSRF, Acórdão 9101001.798, Rel. Cons. Marcos Aurélio Pereira Valadão, maioria, Sessão de 19.nov.2013. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13804.000537/200589 Acórdão n.º 3401003.131 S3C4T1 Fl. 415 7 Sobre a competência da autoridade que proferiu o despacho decisório, resta cristalinamente delineada ao início do ato (fl. 272): E o comando do art. 13 da Lei no 9.784/1999 não se aplica ao ato em questão, sendo incabível a interpretação alargada (mesclada com a confusão entre 'norma" e "ato normativo") levada a cabo pela defesa, que levaria a impossibilidade de delegação de qualquer ato, e que gera incompatibilidade entre os próprios inciso do citado art. 13. Não havendo vício de competência, há que se verificar se houve cerceamento de defesa, também alegado pela recorrente. De início, alertese que por mais que a intimação sobre o encerramento da instrução seja providência prevista no art. 44 da Lei no 9.784/1999, e não no Decreto no 70.235/1972, ela existiu no presente processo. Por meio do AR de fl. 144, a recorrente teve ciência do encerramento da fiscalização referente ao primeiro trimestre de 2004. E, durante o contencioso, não houve nenhum ato que impedisse ou dificultasse a defesa da empresa. No entanto, para analisar as alegações de violação à verdade material, de falta de razoabilidade por parte da fiscalização, e verificar de que forma a empresa colaborou com a fiscalização, necessário se faz retornar ao procedimento fiscalizatório, que antecede o contencioso. Dando início aos procedimentos de fiscalização, foi entregue em 19/01/2009 (cf. AR de fl. 70) à empresa a intimação de fls. 67 a 69, na qual são solicitados arquivos digitais e a disponibilização de livros, balancetes e notas fiscais. Sobre os créditos demandados, a fiscalização solicita (fl. 68): Em 09/02/2009 a empresa responde à intimação informando que a documentação solicitada disponibilizaria os documentos em sua sede (fl. 71). Fl. 418DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 A fiscalização se dirigiu, então, à sede da empresa, em 19/02/2009 (cf. Termo de fl. 72), mas lá chegando, foi informada pelo procurador de que tais elementos não estavam disponíveis, tendo a empresa sido, então, reintimada: Ao final de tal documento, figura a recordação de que os procedimentos referentes a demanda de crédito são de interesse da empresa, e que a prova do direito a ela incumbe: Como a empresa sequer respondeu à segunda intimação, a fiscalização compareceu novamente à empresa, em 05/03/2009, obtendo CDR que o procurador dizia tratar dos arquivos contábeis do primeiro trimestre de 2004: Quanto às planilhas solicitadas (itens 2 e 3 da primeira intimação), o procurador informou que elas não são elaboradas na matriz, e sim na filial de Lins. Em 23/03/2009 a empresa informa a entrega da planilha referida no item 3 da intimação inicial (fl. 80 a 82). E, em 31/03/2009 ocorre a retenção, pelo fisco, de Livros Díário (fl. 83). Em 14/04/2009, a fiscalização, a o examinar a planilha entregue, detecta que não tende à intimação, e reintima novamente a empresa, agora de forma mais específica (relacionando os documentos detalhadamente às fls. 84 a 87): Fl. 419DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13804.000537/200589 Acórdão n.º 3401003.131 S3C4T1 Fl. 416 9 Cientificada da intimação em 17/04/2009 (cf. AR de fl. 95), a empresa, em 20/04/2009, demanda prazo adicional de 20 dias para atendimento da intimação (fl. 96), tendo em vista a quantidade de documentos solicitada, que é concedido pela fiscalização (fls. 97/98), estendendo o prazo a 11/05/2009. Em 14/05/2009, a empresa, em resposta à intimação (fls. 101 a 103), faz menção a lançamentos em DACON, e especifica despesas com energia elétrica e financeiras. No mais, responde que: Ainda em 14/05/2009, a fiscalização devolve os Livros Diário e reintima a empresa novamente. Em resposta, em 26/05/2009, a empresa informa que anexa dois CDR com arquivos digitais do período de janeiro a junho de 2004. Em 27/05/2009, é lavrado termo de constatação e reintimação (fls. 108 a 112), no qual a fiscalização novamente demanda detalhadamente documentos, recordando que vários deles já haviam sido solicitados desde a primeira intimação (por exemplo, as planilhas com detalhamento dos bens adquiridos como insumos): Fl. 420DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 Ao analisar os dois CDR com arquivos digitais, a fiscalização detectou que algumas pastas estavam "zeradas", e que os arquivos não atendiam ao demandado pela fiscalização, realizando nova intimação, para complementação das informações, em 01/06/2009 (fls. 114 a 116). Cientificada das intimações em 02/06/2009 e 05/06/2009 (AR às fls. 113 e 117), a empresa sequer respondeu a qualquer delas. Não é preciso seguir adiante (e adiante não encontrará o atendimento das intimações pela recorrente) para perceber que, diante do exposto, merece pouca credibilidade a alegação da recorrente, neste momento processual, de que colaborou com a fiscalização, ou de que houve desrespeito à verdade material. Como ensina JAMES MARINS, a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 7 E faltou com seu dever duplamente a recorrente: primeiro, pela inconsistência entre suas próprias declarações e pedidos, destacada pelo fisco, e segundo, pela ausência de apresentação de documentos comprobatórios do crédito, desde a etapa inicial do processo. Reiterese que o ônus probatório em processos desta natureza é da postulante ao crédito. Assim vem reiteradamente decidindo este CARF: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação 7 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13804.000537/200589 Acórdão n.º 3401003.131 S3C4T1 Fl. 417 11 jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Não há dúvidas sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. Não se pode em nome da verdade material promover uma dilação probatória ad infinitum, com conversões em diligência ou demandas de perícia para que a recorrente apresente detalhamentos ou documentos que já deveria ter apresentado desde o início do processo. Daí a importância do disposto no art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. Assim, incabível a solicitação de diligência para que a própria recorrente junte ao processo provas que já poderia ter juntado desde o início do contencioso (ou melhor, inclusive antes do contencioso). E a simples leitura dos quesitos apresentados à fl. 364 permite concluir que todos os questionamentos efetuados seriam respondidos a partir de documentos que a recorrente reiteradamente foi intimada, sem sucesso, a apresentar. E a edição do despacho decisório denegando o crédito (digase, parcialmente, porque foram aceitas as poucas comprovações feitas pela recorrente) tem por fundamento exatamente a falta de comprovação do direito, diante da inércia da principal interessada: a recorrente. Por certo que não se pode conceder crédito ao desamparo de prova. Nenhuma ilegalidade, assim, no referido despacho. E a falta de colaboração da recorrente se estende até o presente momento: tanto na manifestação de inconformidade quanto no recurso voluntário há a mesma menção que perseguiu toda a narrativa aqui sintetizada sobre as intimações, de que estariam na empresa, à disposição do fisco. Daí a quase totalidade da defesa calcarse em preliminares. Mesmo no item intitulado "do mérito", em sua peça recursal, vejase o que alega a empresa (fl. 362): Fl. 422DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 12 Como bem sublinhou a DRJ, sobre os documentos apresentados na manifestação de inconformidade (fl. 339): Em síntese, a recorrente indubitavelmente não fez prova de seu direito de crédito, o que, logicamente, ocasiona a negativa do ressarcimento e a não homologação de compensações vinculadas, corretamente empreendidas pela unidade local. No que se refere às alegações de decadência e homologação tácita, absolutamente genéricas, sem indicação precisa de qual foi exatamente a violação, há que se concordar com o decidido no âmbito da DRJ, não havendo que se falar em decadência na análise do crédito, e destacando que as compensações foram analisadas dentro do período legalmente previsto. Também acordase com o julgamento de piso no que se refere à suspensão da exigibilidade dos débitos que são objeto da compensação, de caráter meramente informativo, assim como no que tange à impossibilidade de ciência em escritório de advocacia, em face de disposição expressa do art. 23 do Decreto no 70.235/1972, que não pode ser afastada por este CARF (conforme Súmula no 2 do tribunal administrativo). Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 423DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10860.900286/2008-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/10/2003
Ementa:
COMPENSAÇÃO. NEGATIVA MOTIVADA POR NÃO LOCALIZAÇÃO DE PAGAMENTO. PAGAMENTO LOCALIZADO E DISPONÍVEL. RECONHECIMENTO.
Não homologada a compensação por falta de comprovação de pagamento, e efetuada a prova do pagamento, atestada pela própria RFB a disponibilidade do valor, deve ser reconhecido o direito de crédito correspondente.
Numero da decisão: 3401-003.130
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 15/10/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. NEGATIVA MOTIVADA POR NÃO LOCALIZAÇÃO DE PAGAMENTO. PAGAMENTO LOCALIZADO E DISPONÍVEL. RECONHECIMENTO. Não homologada a compensação por falta de comprovação de pagamento, e efetuada a prova do pagamento, atestada pela própria RFB a disponibilidade do valor, deve ser reconhecido o direito de crédito correspondente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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(Sucessora de MAXION SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/10/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. NEGATIVA MOTIVADA POR NÃO LOCALIZAÇÃO DE PAGAMENTO. PAGAMENTO LOCALIZADO E DISPONÍVEL. RECONHECIMENTO. Não homologada a compensação por falta de comprovação de pagamento, e efetuada a prova do pagamento, atestada pela própria RFB a disponibilidade do valor, deve ser reconhecido o direito de crédito correspondente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 90 02 86 /2 00 8- 14 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Relatório Versa o presente sobre declaração de compensação (DCOMP) eletrônica efetuada pela empresa Maxion Sistemas Automotivos LTDA, CNPJ nº 00.736.859/000163. O pedido de fls. 3 a 71 (transmitido em 23/1/2004) indica um crédito proveniente de DARF pago em 15/10/2003 (no valor de R$ 26.050,58). No Despacho Decisório (eletrônico) de fl. 13, datado de 24/04/2008, não é homologada a compensação, por não ter sido confirmada a existência do crédito indicado, em virtude de não localização do pagamento nos sistemas da RFB. Cientificada da decisão (fls. 15), a empresa apresenta a Manifestação de Inconformidade de fls. 17 a 27, alegando, em síntese, que a não homologação se refere ao fato de não terem sido retificadas as DCTF que identificam os pagamentos efetuados em 2003 e janeiro de 2004. Apresenta então declarações retificadoras (fls. 31 a 37), dispondo que devem substituir as originalmente entregues. A decisão de primeira instância, proferida em 27/6/2011 (fls. 47 a 50) é pela improcedência da manifestação de inconformidade, por não ter sido devidamente comprovado o recolhimento do montante que gerou o crédito que se deseja compensar. No que tange às DCTF retificadoras, a DRJ informou que não surtem efeito contra o despacho decisório que lhes é anterior, e que demandariam retificação também das DCOMP, sujeitas a procedimento próprio. Após ciência ao acórdão de primeira instância (AR à fl. 55) em 30/8/2011, apresentase o recurso voluntário de fls. 56 a 59 (em 28/9/2011), no qual se afirma que: (a) a empresa Iochpe Maxion S.A., CNPJ nº 61.156.113/000175, é sucessora por incorporação da empresa Maxion Sistemas Automotivos LTDA; e (b) a pendência se refere à comprovação do pagamento do débito de “PIS” relativo ao período de apuração de janeiro de 2003, efetuado em fevereiro de 2003, conforme comprovante obtido no sítio da RFB (fl. 70). Solicitase por fim o reconhecimento do direito creditório e a consequente compensação, acrescidos os créditos da Taxa SELIC. Por meio da Resolução no 3403000.417, de 29/01/2013, houve conversão do julgamento em diligência, para que a unidade local informasse conclusivamente se o pagamento indicado no recurso voluntário estava disponível para a compensação solicitada. No relatório de fls. 123/124, a unidade local informa que há saldo disponível de R$ 15.380,80, mas que conforme as DCOMP no 16863.10613.120804.1.3.047723 e no 38927.35394.040804.1.3.048669, e a tabela de fls. 124, a "utilização (reserva) do pagamento está incorreta". Cientificada o teor do relatório em 08/07/2015, conforme termo de fl. 127, a recorrente sobre ele não se manifestou, retornando os autos a este tribunal administrativo, para prosseguimento. Tendo sido a Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção do CARF extinta, conforme art. 6o, III da Portaria MF no 343/2015, que aprova o Regimento 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 132DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10860.900286/200814 Acórdão n.º 3401003.130 S3C4T1 Fl. 132 3 Interno do CARF (RICARF), o presente processo foi incluído em pauta na turma à qual pertence atualmente o relator, de acordo com o art. 49, § 5º do citado regimento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Quando da baixa em diligência, registrouse que a motivação para a não homologação da compensação é inequívoca: “não localização do pagamento nos sistemas da RFB”. O crédito indicado na DCOMP (fl. 5) decorre de pagamento de R$ 26.050,58, com arrecadação em 15/10/2003. À folha 7, voltase a indicar na DCOMP que a arrecadação do referido montante, com vencimento em 14/02/2003, ocorreu em 15/10/2003. Na fundamentação do despacho decisório, o DARF com pagamento não localizado nos sistemas da RFB (cód. 8109 R$ 26.050,58) aparece com vencimento em 14/02/2003 e arrecadação em 15/10/2003. Na manifestação de inconformidade, a empresa, ao invés de comprovar o pagamento (em que pese este poder ser verificado em apreciação pela unidade local), apresentou DCTF retificadoras, não tomadas em consideração pelo julgador a quo. E, em sede de recurso voluntário, anexou o comprovante de pagamento extraído do próprio sítio da RFB, indicando que o recolhimento dos R$ 26.050,58 (código 8109) foi realmente efetuado em 14/02/2003. Daí se ter perguntado à unidade local se o pagamento foi utilizado para cobertura de outros débitos da empresa, ou se restaria disponível para a compensação pleiteada. A unidade local traz ainda aos autos cópias de processos referentes a outras DCOMP da mesma empresa (fls 78/98 processo no 10860.900360/200801, DCOMP no 16863.10613.120804.1.3.047723; e fls 99/119 processo no 10860.900362/200891, DCOMP no 38927.35394.040804.1.3.048669), demonstrando a existência de saldo disponível de R$ 15.308,80, e informando que a "utilização (reserva) do pagamento está incorreta", tendo sido reservado R$ 3.272,12 a maior na DCOMP de final 8669. Corrigindo as reservas, restariam disponíveis para a DCOMP aqui analisada os R$ 18.580,92 pleiteados. Assim, pouco resta a analisar no presente processo, seja porque o valor pleiteado efetivamente está disponível, como atesta a própria RFB, seja porque a motivação do despacho decisório (ausência de localização do pagamento) foi afastada. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário apresentado. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 Rosaldo Trevisan Fl. 134DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10650.001046/2005-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE.
Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado.
Numero da decisão: 3401-003.133
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos apresentados, nos termos do voto. Houve sustentação oral, pela advogada Tatiana Zuconi Viana Maia, OAB/DF no 15.539.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos apresentados, nos termos do voto. Houve sustentação oral, pela advogada Tatiana Zuconi Viana Maia, OAB/DF no 15.539. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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(nova denominação de FERTILIZANTES FOSFATADOS S.A. FOSFERTIL) Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. Os embargos de declaração prestamse ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos apresentados, nos termos do voto. Houve sustentação oral, pela advogada Tatiana Zuconi Viana Maia, OAB/DF no 15.539. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 00 10 46 /2 00 5- 68 Fl. 634DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 556 a 567)1 opostos pela empresa, em relação ao Acórdão nº 3403003.488 (fls. 496 a 522), por mim relatado, no qual foi dado provimento parcial ao recurso voluntário pelo voto de qualidade. Alega a embargante que a decisão é omissa: em relação: (a) às razões que levaram a turma a entender que bens seriam de ativação obrigatória; (b) à impossibilidade de reclassificação de itens de modo a permitir o crédito com base na taxa de depreciação; e (c) à análise e consideração dos documentos apresentados pela embargante e à necessidade de realização de diligência. Figuram ainda no presente processo recurso especial interposto pela Fazenda (fls. 531 a 538), com exame de admissibilidade às fls. 540 a 543, e contrarrazões do contribuinte (fls. 571 a 580). Os embargos foram admitidos pelo despacho de fls. 632/633, e o processo foi a mim distribuído para inclusão em pauta de julgamento e apreciação pelo colegiado, no mérito. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de fls. 632/633, passase diretamente à análise das omissões objetivamente apontadas. Importante destacar que no exame de admissibilidade não se estava a verificar efetivamente se houve omissões, mas se estas haviam sido objetivamente apontadas. Relevante ainda informar que com o novo RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015, mais precisamente com seu art. 65, § 8º, passou a existir expressa previsão de sustentação oral pelas partes no julgamento de embargos de declaração. Como relatado, são três as omissões apontadas, em relação: (a) às razões que levaram a turma a entender que bens seriam de ativação obrigatória; (b) à impossibilidade de reclassificação de itens de modo a permitir o crédito com base na taxa de depreciação; e (c) à Fl. 635DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10650.001046/200568 Acórdão n.º 3401003.133 S3C4T1 Fl. 635 3 análise e consideração dos documentos apresentados pela embargante e à necessidade de realização de diligência. Sobre o primeiro tema, entendeu a embargante (às fls. 559/561) que, em relação "a (i) item ativado; (ii) itens utilizados em outras aquisições; e (iii) serviços utilizados como insumo; o acórdão embargado reconheceu que os bens/serviços foram efetivamente utilizados no processo produtivo", e que por serem tais bens e serviços de ativação obrigatória, restaria impossibilitado o crédito integral. No entanto, faltaria, no acórdão, justificativa / motivação que levasse à conclusão de que os bens seriam de ativação obrigatória, e não haveria manifestação sobre "as razões expostas pela embargante ao longo do processo administrativo, de que os itens não seriam de ativação obrigatória, uma vez que as partes e peças utilizadas na manutenção de seus equipamentos industriais não prolongam a vida útil dos bens". Verificando o acórdão embargado, percebese que não procede a alegação de omissão. Vejase que o item 2.1.2 do acórdão embargado ("gastos ativáveis" fls. 509 a 511) trata detalhadamente do tema, destacando qual o conceito de insumos adotado (que, reiterese, não coincide com o adotado pela embargante, nem com o adotado pelo fisco). E, nas subdivisões de tal item (2.1.2.1 a 2.1.2.4 fls. 512 a 515), o acórdão embargado trata, individualizadamente, sobre a motivação de cada uma das matérias discutidas, inclusive afastando as glosas em alguns casos (como o referente a 11 itens em estoque), e sobre a necessidade de ativação, fazendo expressa remissão aos dispositivos normativos que a determinam. A mesma afirmação é válida para serviços (fl. 517 do acórdão embargado). Assim, parece buscar a recorrente, apontando a omissão inexistente de fato, simplesmente rediscutir a matéria julgada, o que não se admite em sede de embargos. A segunda omissão indicada pela empresa se refere à impossibilidade de reclassificação de itens de modo a permitir o crédito com base na taxa de depreciação. Entende a empresa que, mesmo diante da manutenção das glosas, deveriam os itens ser "reclassificados de ofício em nome da verdade material", e o acórdão embargado entendeu que tal reclassificação não seria possível "sem, contudo, trazer qualquer justificativa plausível para tanto", sendo que o art. 7o da IN SRF no 457/2004, utilizado pelo acórdão para fundamentar a ausência de reclassificação, não se aplica ao caso. Não é preciso muito esforço para perceber que também em tal item está a embargante, de fato, simplesmente discordando de uma das justificativas constantes do acórdão embargado (relativa à IN SRF no 457/2004), não existindo omissão, mas inconformidade. Novamente, há que se destacar que o manejo de embargos não se destina a atacar discordâncias em relação ao entendimento expresso no julgamento. Por fim, a terceira omissão apontada se refere à análise e consideração dos documentos apresentados pela embargante e à necessidade de realização de diligência. Sobre tal tema, há também expressa menção no voto condutor do acórdão embargado (fls. 503/506), cabendo aqui transcrever excertos bastante esclarecedores do entendimento externado pela turma de julgamento: Em relação à afirmação de que o ônus probatório em processos desta natureza é da postulante ao crédito, temos que é absolutamente correta. Não se está aqui tratando de uma “autuação” (como afirmava inicialmente a manifestação de Fl. 636DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 inconformidade da empresa), mas de um pedido de crédito, no qual o solicitante tem o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. (...) Não se pode em nome da verdade material promover uma dilação probatória 'ad infinitum', com conversões em diligência ou demandas de perícia para que a recorrente apresente detalhamentos ou documentos que já lhe eram demandados durante o procedimento de fiscalização. Daí a importância do disposto no art. 16, § 4o do Decreto n o 70.235/1972. Com tais observações, partese para o terceiro motivo alegado pela recorrente para suscitar a nulidade do acórdão de piso: a negativa de atendimento do pedido de diligência. Em relação a tal pedido, cabe a transcrição do correspondente excerto na manifestação de inconformidade do presente processo (fl. 130): “Por oportuno, a Requerente postula que, caso seja considerado necessário por este órgãos julgador, seja determinada a realização de diligência fiscal visando à comprovação das alegações expostas na presente Manifestação de Inconformidade” Aliás, o argumento é reiterado no Recurso Voluntário (fls. 485/486), requerendo a recorrente: “(...) a nulidade do acórdão recorrido para que outro seja proferido com a análise de todos os argumentos de fato e de direito expostos na peça de defesa, inclusive para a realização de diligência fiscal naquelas hipóteses em que se entendeu pela insuficiência dos documentos apresentados, sob pena de ofensa aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da legalidade e da verdade material.” Há, aqui, um equívoco manifesto por parte da recorrente: a diligência, como tem reiteradamente decidido esta turma, não se presta a suprir deficiência probatória, como já referido nos precedentes transcritos neste item. A postulante deve carrear ao processo os documentos necessários à comprovação da certeza e liquidez do crédito. E sua falha nesse desiderato implica negativa de acolhida do crédito. Destarte, jamais seria nula uma decisão da DRJ por rejeitar a realização de diligência demandada para suprir eventual deficiência probatória, pois a diligência definitivamente não se presta a tal propósito." (grifo nosso) Também a terceira omissão, assim, não passa de uma discordância em relação ao entendimento externado no acórdão. Parece, em síntese, a embargante, simplesmente desejar rediscutir, no mérito, o decidido pela turma, discordando da conclusão externada no acórdão. E, repitase, tal rediscussão não se encontra no universo permitido ao manejo de embargos de declaração. Fl. 637DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10650.001046/200568 Acórdão n.º 3401003.133 S3C4T1 Fl. 636 5 Pelo exposto, restaram ausentes na decisão embargada as omissões apontadas, e os embargos de declaração, recordese, prestamse a questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Voto, portanto, no sentido de rejeitar os embargos de declaração apresentados. Rosaldo Trevisan Fl. 638DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10108.721108/2011-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 01/06/2009 a 31/05/2011
Ementa:
DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL.
Nos artigos 23 e 24 do Decreto-Lei no 1.455/1976 enumeram-se as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei.
PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. INAPLICABILIDADE NA EXPORTAÇÃO ANTES DA MP 497/2010.
A multa substitutiva do perdimento, prevista no § 3o do artigo 23 do Decreto-Lei no 1.455/1976, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002, é inaplicável à exportação, por trazer base imponível relacionada estritamente à importação (valor aduaneiro). A multa substitutiva do perdimento passa a ser devida, na exportação, somente a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010, que dá nova redação ao citado § 3o.
OCULTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE.
A ocultação mediante interposição fraudulenta, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. Na exportação, a interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está exportando não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (artigo 23, § 2o do Decreto-Lei no 1.455/1976), configura-se a interposição e aplica-se o perdimento (ou a multa que o substitui - § 3o). Segue-se, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no artigo 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. Não sendo identificado o ocultado, na operação, a penalidade é aplicada ao ocultante, responsável pela operação.
MULTA LEGALMENTE ESTABELECIDA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA.
Com fulcro na Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei (no caso, do artigo 23, § 2o do Decreto-Lei no 1.455/1976).
Numero da decisão: 3401-003.243
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para excluir a multa correspondente às notas fiscais emitidas no período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que davam provimento em maior extensão para excluir, também, as vendas que não ultrapassassem o limite de US$ 2.000,00 (dois mil dólares americanos). Sustentou pela recorrente o advogado Bruno Padovan, OAB/DF no 28.460, na reunião de abril/2016.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Período de apuração: 01/06/2009 a 31/05/2011 Ementa: DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos artigos 23 e 24 do Decreto-Lei no 1.455/1976 enumeram-se as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. INAPLICABILIDADE NA EXPORTAÇÃO ANTES DA MP 497/2010. A multa substitutiva do perdimento, prevista no § 3o do artigo 23 do Decreto-Lei no 1.455/1976, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002, é inaplicável à exportação, por trazer base imponível relacionada estritamente à importação (valor aduaneiro). A multa substitutiva do perdimento passa a ser devida, na exportação, somente a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010, que dá nova redação ao citado § 3o. OCULTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE. A ocultação mediante interposição fraudulenta, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. Na exportação, a interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está exportando não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (artigo 23, § 2o do Decreto-Lei no 1.455/1976), configura-se a interposição e aplica-se o perdimento (ou a multa que o substitui - § 3o). Segue-se, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no artigo 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. Não sendo identificado o ocultado, na operação, a penalidade é aplicada ao ocultante, responsável pela operação. MULTA LEGALMENTE ESTABELECIDA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Com fulcro na Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei (no caso, do artigo 23, § 2o do Decreto-Lei no 1.455/1976).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para excluir a multa correspondente às notas fiscais emitidas no período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que davam provimento em maior extensão para excluir, também, as vendas que não ultrapassassem o limite de US$ 2.000,00 (dois mil dólares americanos). Sustentou pela recorrente o advogado Bruno Padovan, OAB/DF no 28.460, na reunião de abril/2016. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos artigos 23 e 24 do DecretoLei no 1.455/1976 enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. INAPLICABILIDADE NA EXPORTAÇÃO ANTES DA MP 497/2010. A multa substitutiva do perdimento, prevista no § 3o do artigo 23 do Decreto Lei no 1.455/1976, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002, é inaplicável à exportação, por trazer base imponível relacionada estritamente à importação (valor aduaneiro). A multa substitutiva do perdimento passa a ser devida, na exportação, somente a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010, que dá nova redação ao citado § 3o. OCULTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE. A ocultação mediante interposição fraudulenta, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. Na exportação, a interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está exportando não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (artigo 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976), configurase a interposição e aplicase o perdimento (ou a multa que o substitui § 3o). Seguese, então, a declaração de inaptidão da empresa, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 10 8. 72 11 08 /2 01 1- 56 Fl. 675DF CARF MF 2 com base no artigo 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. Não sendo identificado o ocultado, na operação, a penalidade é aplicada ao ocultante, responsável pela operação. MULTA LEGALMENTE ESTABELECIDA. CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Com fulcro na Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei (no caso, do artigo 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para excluir a multa correspondente às notas fiscais emitidas no período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que davam provimento em maior extensão para excluir, também, as vendas que não ultrapassassem o limite de US$ 2.000,00 (dois mil dólares americanos). Sustentou pela recorrente o advogado Bruno Padovan, OAB/DF no 28.460, na reunião de abril/2016. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 4 a 751, com ciência ao sujeito passivo em 22/03/2012 (fl. 5), para exigência de multa substitutiva do perdimento, no valor original de R$ 8.700.936,00, pela falta de comprovação da origem lícita, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos utilizados nas operações de comércio exterior, e da própria integralização de capital social, com fundamento no inciso IV e no § 2o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. A multa substitutiva se aplica em função de a mercadoria sujeita a perdimento não ser localizada, ou ter sido consumida ou revendida, conforme § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. No Relatório Fiscal de fls. 76 a 182, narra a fiscalização que: (a) após procedimento fiscal anterior realizado na fronteira com a Bolívia, foi detectado volume constante e significativo de vendas de frios com destino àquele país, amparandose as 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 676DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 676 3 operações apenas em notas fiscais, sem os correspondentes despachos de exportação, selecionandose para procedimento especial de controle aduaneiro a recorrente, em 14/06/2011, devido a indícios de incompatibilidade entre capacidade financeira e volume transacionado; (b) a empresa entregava as mercadorias (produtos frigorificados) na Bolívia, com base unicamente na nota fiscal, alegando fundamento na Instrução Normativa no 118/1992 (que não acoberta mercadorias em valor total acima de US$ 2.000,00, nem mercadorias sujeitas a controle específico de outros órgãos da Administração, como o MAPA Ministério da Agricultura, Pecuárias e Abastecimento), fugindo aos parâmetros de risco e seletividade do SISCOMEX, além dos controles do MAPA, mantendo suas operações de exportação fora da base de dados da RFB; (c) os compradores das mercadorias são sempre as mesmas empresas bolivianas e existem várias notas fiscais emitidas no mesmo dia e, às vezes, com o mesmo produto, para os mesmos compradores, comprovando o fracionamento de carga para exportação irregular (v.g., lista de fls. 94/96); (d) a responsável pela empresa, Sra. Ferial Mali da Silva, contraiu, nos anos de 2009 e 2010, empréstimos no valor total de R$ 1.055.000, tendo saldado apenas R$ 435.000,00 destes, e não possui rendimentos e bens para tomar emprestado tais montantes; (e) intimada a comprovar a origem dos recursos, a empresa respondeu que a Sra. Ferial Mali "é a titular da empresa fiscalizada e quando necessário realizava o empréstimo de valores a empresa, sem que houvesse formalização através de contrato mútuo" (sic), não havendo ainda comprovação da integralização do capital social da empresa, nem lastro suficiente de recursos à Sra. Ferial Mali para que esta efetuasse empréstimos à empresa; (f) a empresa, até 2009, apresentava lucros contábeis e vendia para o mercado interno e para o mercado externo (por meio de DSE Declaração Simplificada de Exportação, e mediante fracionamento, com utilização de nota fiscal), mas, diante da dificuldade em obter autorização do MAPA, conforme reconhece a responsável pela empresa, passou a exportar exclusivamente por meios irregulares, tendo recorrentes prejuízos contábeis (tabela à fl. 108); (g) intimada a apresentar contratos de câmbio das exportações, a empresa alegou que não firmava contratos de câmbio, visto que as vendas eram em reais, em espécie, nunca tendo sido feitas transferências nem depósitos de terceiros na conta da empresa, cabendo destacar que 99% das vendas da empresa são para a Bolívia; (h) entre as exportações com nota fiscal, há várias que superam o limite permitido para tal (US$ 2.000,00), conforme exemplos listados à fl. 92; (i) os pagamentos a fornecedores efetuados pela empresa, em sua grande maioria, eram feitos em dinheiro "na boca do caixa"; (j) a movimentação bancária da empresa de 2006 a 2009 (R$ 2.550.000,00) é substancialmente inferior à receita bruta (R$ 20.960.000,00), havendo forte indício de recebimento em contas de terceiros; (k) o capital social da empresa é de R$ 20.000,00, que a Sra. Ferial Mali alega ter sido integralizado com "economias pessoais", sem maiores esclarecimentos; (l) há confusão patrimonial entre pessoa física e jurídica, comprovada por despesas de cartão de crédito e aquisição de veículo; (m) há ainda fortes indícios de venda de mercadoria sem emissão de nota fiscal; e (n) caracterizada a interposição fraudulenta, pela não comprovação da origem lícita, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações listadas às fls. 118 a 178, foi lavrada a autuação, proposta a declaração de inaptidão do CNPJ da empresa, e representado para a fiscalização de tributos internos, e para fins penais, tendo ainda sido efetuado arrolamento de bens. A empresa apresenta Impugnação em 10/04/2012 (fls. 489 a 526), argumentando, em síntese, que: (a) há iliquidez no montante lançado, pois foi computado pelo fisco o valor das notas fiscais, enquanto que o enquadramento da infração determina que seja utilizado o valor aduaneiro, havendo ainda inconsistência entre o relatório fiscal e o demonstrativo; (b) há ilegitimidade passiva da autuada, pois ela vende para compradores bolivianos, que comparecem pessoalmente na empresa, em Corumbá, e fazem as compras, sendo o caso de subsidiariedade, e não de solidariedade; (c) tratandose de firma individual, o Fl. 677DF CARF MF 4 patrimônio serve tanto à pessoa física quanto à jurídica, não havendo razão para existir contrato de mútuo entre ambas; (d) não houve simulação ou interposição, e não há qualquer prova nesse sentido, nem de máfé; (e) há preclusão da possibilidade de o fisco questionar a integralização do capital social havida em 27/06/2001, 12 anos depois da integralização; (f) a empresa está autorizada a fazer venda interna de mercadorias, ainda que a bolivianos, sem que haja necessidade de fechamento de contrato de câmbio; (g) houve interpretação arbitrária da Instrução Normativa no 118/1992, e não há provas de que a empresa é que levava as mercadorias à Bolívia, tendo havido venda no mercado interno, e não exportação; (h) não há venda fracionada, mas vendas regulares, pois a mercadoria comercializada é perecível; (i) somente poderia ser tomado em conta o valor da nota fiscal, na exportação, a partir da Medida Provisória no 497, de 27/07/2010, que perdeu sua eficácia antes da conversão na Lei no 12.350/2010; (j) a interposição fraudulenta exige como pressuposto um ilícito antecedente; e (k) a multa aplicada é confiscatória. Em 03/12/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 593 a 612), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) o cálculo foi efetuado com base na nota fiscal, e não no valor aduaneiro, sendo líquido; (b) não há que se falar nem em solidariedade nem em subsidiariedade, no caso; (c) resta claro que a empresa, diante de problemas com autorização do MAPA, passou a deixar de realizar exportações formais; (d) notas fiscais confirmam diferentes vendas para as mesmas empresas bolivianas, em um único dia, caracterizando o fracionamento; (e) também a falta de lastro para os empréstimos representa mais um elemento de prova de que a empresa não escriturava nem justificava a origem de seus recursos financeiros; (f) a nova redação do artigo 23, § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976 se aplica de imediato, conforme artigo 144, § 1o do Código Tributário Nacional ; e (g) não compete a análise de constitucionalidade a tribunais administrativos, conforme Súmula CARF no 2. Cientificada do acórdão da DRJ em 09/12/2014 (AR à fl. 636), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 05/01/2015 (fls. 638 a 672), basicamente reiterando as alegações expostas em sua impugnação. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 674). O processo foi pautado para as sessões de abril de 2016, tendo sido solicitada vista pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. O processo foi novamente pautado para as sessões de maio de 2016, sendo retirado de pauta por motivo de falta de tempo para julgamento. Em junho, houve pedido de vista do Cons. Júlio Cesar Alves Ramos, após o voto do relator, pelo provimento parcial, para excluir a multa para fatos geradores compreendidos entre 01/06/2009 e 27/10/2010, acompanhado pelos Cons. Robson José Bayerl e Augusto Fiel Jorge D'Oliveira. Os Cons. Eloy Eros da Silva Nogueira e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco votaram pelo provimento também das vendas que não ultrapassassem o limite da IN SRF no 118/1992. Nos meses de julho e agosto, o processo foi retirado de pauta por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Fl. 678DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 677 5 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Da multa substitutiva do perdimento e sua base de cálculo, na exportação No presente processo, discutese o cabimento da aplicação de multa de "conversão"/substituição da pena de perdimento, pela impossibilidade de apreensão de mercadoria exportada irregularmente entre junho de 2009 e maio de 2011, com enquadramento no artigo 23, V e §§ 1o a § 3o do DecretoLei no 1.455/1976: “Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (...) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias.(Incluído pela Lei n o 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. (Incluído pela Lei no 10.637, de 30.12.2002, na redação vigente à data da prática de parte das infrações) Tendo em vista alteração posterior efetuada no § 3o do artigo 23 do Decreto Lei no 1.455/1976, pela Lei no 12.350/2010, cabe indagar de início se tal questão eventualmente afeta o presente processo. Fl. 679DF CARF MF 6 A previsão de multa, como "conversão" da pena de perdimento, no caso de impossibilidade de aplicação de tal pena, surgiu, no Brasil, na Medida Provisória no 66, de 29/08/2002, convertida na Lei no 10.637/2002.2 A leitura das alterações promovidas pela Lei no 10.637/2002 ao art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976 deixa clara sua inserção em um contexto de combate à interposição fraudulenta. Contudo, o texto da redação dada ao § 3o do DecretoLei no 1.455/1976 apresentou algumas imperfeições, materiais e processuais. As imperfeições processuais acabaram sanadas tanto no artigo 73 da Lei no 10.833/2003 quanto no artigo 41 da Lei no 12.350/2010, dirimindo dúvidas acerca do rito e da competência para apreciação dos processos referentes à matéria. A imperfeição material, que apresenta impacto direto no presente processo, também foi sanada no artigo 41 da Lei no 12.350/2010, e se refere à base de cálculo da multa, que, por certo, nada tem de processual ou formal. Vejase que o texto do § 3o dispõe que a pena de perdimento se converte em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada. A expressão “valor aduaneiro” tem um significado próprio na legislação aduaneira (nacional e internacional). Internacionalmente, corresponde à base de cálculo do imposto de importação, conforme acordado no Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT conhecido como “Acordo de Valoração Aduaneira do GATT AVA/GATT”, resultante da Rodada Uruguai do GATT. Tal acordo foi incorporado a nosso ordenamento jurídico mediante aprovação pelo Decreto Legislativo no 30, de 15/12/1994, e promulgação pelo Decreto no 1.355, de 30/12/1994. No Brasil, igualmente, a expressão “valor aduaneiro” se refere à base de cálculo do imposto de importação, conforme se extrai do artigo 2o, II do DecretoLei no 37/1966, e dos artigos 75 a 89 do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009).3 Quando se está a tratar de exportação, incabível falar em “valor aduaneiro”, sendo a base de cálculo do imposto de exportação “o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato da CAMEX” (conforme artigo 2o do DecretoLei no 1.578/1977, com a redação dada pela MP no 2.15835/2001). Vejase que o próprio Regulamento Aduaneiro, ao classificar multas incidentes sobre o “valor aduaneiro”, as insere no Capítulo de “Multas na Importação” (artigos 702 a 717), não havendo nenhuma multa que tenha por base o "valor aduaneiro" no capítulos referentes a "Multas na Exportação" (artigos 718 a 724) e a "Multas Comuns à Importação e à Exportação" (artigos 725 a 731). Endossando tudo o que foi aqui exposto, o legislador alterou o § 3o do DecretoLei no 1.455/1976, em 2010, abolindo o termo “conversão”, e possibilitando a aplicação da multa às exportações. O texto originalmente constante do art. 19 da Medida 2 Em verdade, cabe ressaltar que o que surgiu foi o nome ("conversão"), pois já havia a possibilidade de aplicação de multa equivalente ao valor comercial da mercadoria no caso de consumo ou entrega a consumo, de produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente (art. 83, I da Lei n. 4.502/1964). A mesma lei, em seu art. 87, previa a perda da mercadoria, em tal hipótese. Assim, o art. 83, I acabou constituindo a multa cabível na impossibilidade de aplicação da perda. 3 Artigos 75 a 89. também no Regulamento Aduaneiro anterior (Decreto n. 4.543/2002). Fl. 680DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 678 7 Provisória no 497, de 27/07/2010, hoje consta na lei de conversão, Lei no 12.350/2010, em seu art. 41: “Art. 41. Os arts. 23, 28, 29 e 30 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, passam a vigorar com a seguinte redação: " Art. 23. (...) (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (...)” (NR)(grifo nosso) Assim, a partir de 28/07/2010, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010, passou a ser possível exigir, na impossibilidade de apreensão da mercadoria sujeita à pena de perdimento, na exportação, uma multa equivalente ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente. A recorrente alega ainda que a Medida Provisória no 497/2010 perdeu sua eficácia desde a edição, porque o Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional no 31/2012, que a prorrogou por sessenta dias, em 24/09/2010, produziu efeitos até 24/11/2010, tendo a conversão ocorrido somente em 21/12/2010, data de publicação da Lei no 12.350. De fato, a prorrogação efetuada pelo Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional no 31/2012, por sessenta dias, não implica contagem a partir da data do próprio ato, mas da que se encerrou o período inicial de vigência da MP. Assim, a prorrogação foi de 01/10/2010 a 29/11/2010, devendo ser corrigido o entendimento da defesa. Nos sítios "web" da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, onde é possível verificar cada passo do trâmite legislativo, atestase que, depois de não ter sido apreciada por cancelamento da ordem do dia, em 05/10/2010, por falta de quorum, em 03/11/2010, e por acordo de líderes, em 09/11/2010 e 10/10/2010, a MP foi aprovada na Câmara dos Deputados em 17/11/2010, e enviada ao Senado, onde foi aprovada com emenda de redação, em 24/11/2010, seguindo para sanção presidencial. A aprovação foi publicada no Diário do Senado, de 25/11/2010, p. 52307 a 52335, sem qualquer emenda ao artigo aqui em discussão. Não evidenciei, assim, mácula no processo legislativo que pudesse levar à perda da eficácia da Medida Provisória, que foi apreciada pelo parlamento no prazo constitucionalmente estabelecido, havendo tão somente envio posterior a sanção presidencial, que se deu em 21/12/2010, com veto parcial, também a dispositivo diverso do aqui analisado. Ademais, ainda que houvesse a situação descrita no § 3o do artigo 62 da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional no 32/2001, como defende a recorrente, a ausência de edição de decreto legislativo provocaria a consequência descrita no § 11 do mesmo artigo 62: "as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a sua vigência" conservarseiam "por ela regidas". Fl. 681DF CARF MF 8 Retomando a conclusão sobre a aplicação da multa que aqui se analisa, temos que só é aplicável, na exportação, a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010. A alegação de iliquidez, para o período de 01/06/2009 a 27/07/2010, é, então procedente, visto que a autuação utiliza base de cálculo em desacordo com a legislação vigente à época dos fatos. Entender que a multa seria aplicável a tal período é retroagir in pejus, o que é condenado em praticamente todos os ordenamentos jurídicos do mundo, inclusive o nosso. E a matéria, repitase, está longe de ser meramente processual, como pareceu sustentar a DRJ. Tratase de base de cálculo de penalidade. Pelo exposto, devem ser afastados do lançamento os valores referentes a notas fiscais do período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Da multa substitutiva do perdimento e sua aplicação, na exportação Em relação às notas fiscais do período restante, de 28/07/2010 a 31/05/2011, não há que se falar em iliquidez, pois os valores respeitam o comando da redação dada ao § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. Não há dúvidas, também, de que o teor do inciso V ou o § 2o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976 sejam aplicáveis à exportação, pois tal aplicação decorre de expressa disposição, no texto legal. Se uma mercadoria nacional for exportada mediante ocultação, inclusive a interposição fraudulenta, cabível a multa, sendo que a interposição fraudulenta é presumida pela nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior. A única questão que comportaria alguma discussão jurídica, na aplicação da presunção estabelecida no § 2o, é se os recursos para a compra, no mercado interno, da mercadoria a ser exportada, seriam efetivamente "recursos empregados na operação de comércio exterior", devendo ser comprovada sua origem, disponibilidade e transferência. Na importação, a empresa que alega ser a efetiva importadora deve demonstrar que possui recursos para efetuar o pagamento das mercadorias e dos tributos devidos, recursos esse que são, indubitavelmente "empregados na operação de comércio exterior". Entendo que na exportação, do mesmo modo, a empresa que alega ser a efetiva exportadora deveria demonstrar que possui recursos para adquirir (ou mesmo capacidade operacional para produzir) a mercadoria que está a exportar, ou demonstrar, de alguma forma, está simplesmente operando em consignação, ou coisa do gênero. E seguir entendimento contrário acabaria por esvaziar o conteúdo da multa, na exportação, negando a possibilidade legalmente prevista. Ademais, soaria absurdo exigir que uma empresa comprove que tem recursos para realizar uma operação pela qual receberá, ao invés de pagar (tanto do ponto de vista da compra e venda, quanto do ponto de vista tributário, por haver créditos decorrentes de exportação). Assim, entendo pela possibilidade de aplicação da penalidade na exportação, por ausência de comprovação dos recursos empregados na compra da mercadoria a ser exportada, o que redunda na própria possibilidade de ser o exportador o efetivo proprietário da Fl. 682DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 679 9 mercadoria que está a exportar. Em ambas as concepções, haverá simulação, pois é cediço que ninguém vende o que sequer possui, ou no que não comprova possuir. Ainda no plano jurídico, é de se adicionar que a conduta imputada não pressupõe um ilícito no antecedente, nem a prova de dano ao Erário. Não se está a imputar, na autuação, nada além do que estabelece o inciso V e os §§ 1o a § 3o do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976, aqui já transcritos no início do voto. É cristalino que o texto (essencialmente no caput e no § 1o) não está a dizer que só quando ocasionarem dano ao Erário as infrações ali referidas serão punidas com o perdimento. Ele está, sim, trazendo claramente duas afirmações: (a) as infrações ali relacionadas consideramse dano ao Erário; e (b) o dano ao Erário é punido com o perdimento. Disso, silogisticamente, podese afirmar que as infrações ali relacionadas são punidas com o perdimento. Não há margem para discussão se houve ou não dano ao Erário, no caso concreto. Seria improdutivo discutir, v.g., o dano ao Erário no caso de abandono de mercadorias pelos importadores (conduta tipificada no inciso II do art. 23). Aliás, as disposições do DecretoLei surgem exatamente para regulamentar dispositivo constitucional (art. 150, § 11 da Constituição de 1967): “Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ou confisco, salvo nos casos de guerra externa psicológica adversa, ou revolucionária ou subversiva nos termos que a lei determinar. Esta disporá também, sobre o perdimento de bens por danos causados ao Erário, ou no caso de enriquecimento ilícito no exercício de cargo, função ou emprego na Administração Pública, Direta ou Indireta”, como se depreende de sua Exposição de Motivos (item 17): “17. Nos artigos 23 e 24, com fulcro no artigo 153 da Lei Magna, enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento dos bens. De fato, todas as hipóteses arroladas, quase todas já existentes em legislação anterior, representam um comprometimento a dano de nossas reservas cambiais e uma inadimplência de obrigações tributárias essenciais.”(grifo nosso) Assim, é inócua a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei (em verdade, decretolei, com força de lei). E por mais que se sustentasse eventual inconstitucionalidade da norma, careceria este tribunal de competência para avaliar a matéria, em face da Súmula CARF no 2. Nesse sentido tenho votado em diversos processos recentes, sempre com acolhida unânime do colegiado.4 E nesse sentido decidiu unanimemente esta turma recentemente, já em sua composição atual.5 Sobre a necessidade de existência de ilícito antecedente, recordese que a penalidade aplicada foi em função da presunção de interposição pela não comprovação da 4 Acórdão n. 3403002.255, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 23.mai.2013; Acórdão n. 3403 002.435, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 24.set.2013; Acórdão n. 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 30.jan.2014; Acórdão n. 3403002.842, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 25.mar.2014; Acórdão n. 3403002.865, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 26.mar.2014; e Acórdão n. 3403003.188, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 20.ago.2014. 5 Acórdão n. 3401003.092, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânimeem relação à matéria, Sessão de 23.fev.2016. Fl. 683DF CARF MF 10 origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior. Não havendo a comprovação, a interposição fraudulenta é presumida, por disposição legal, sem qualquer demanda probatória adicional, visto que a empresa sequer conseguiu comprovar que tem condições de adquirir a mercadoria que exporta. Assim, improcedentes as alegações da recorrente sobre a necessidade de identificação de ilícito antecedente ou dano ao Erário. Das peculiaridades do caso concreto aspectos fáticos Seguindo para o plano fático, é de se reconhecer que, no caso em análise, são fartas as demonstrações de que a empresa não tem condição financeira de realizar as operações que realiza, de aquisições de mercadoria para exportação. A inexistência de capacidade financeira resta indubitavelmente comprovada, e chega a ser, a nosso ver, inconteste. A empresa não consegue justificar a contento as inconsistências identificadas pela fiscalização, sobre empréstimos não pagos nem comprovados; ausência absoluta de rendimentos que permitam contrair ou saldar os empréstimos não comprovados; incompatibilidade entre volume de vendas e movimentação financeira; ou pagamentos a fornecedores efetuados pela empresa, em sua grande maioria, em dinheiro "na boca do caixa". Como atesta o fisco, a própria empresa, em resposta a intimação, afirma que "as transações comerciais eram feitas em Real (R$ moeda corrente) que o produto comercializado era pago na própria sede em espécie, nunca foi feito transferência e nem depósito de terceiros em conta da empresa". Sobre o fato de se tratar de uma exportação, e de ser inaplicável a IN SRF no 118/1992 ao caso, também se recorre a declaração da própria empresa autuada, de que parou de realizar exportações registradas formalmente por conta de "de exigências feitas pelo Ministério da Agricultura para emissão de licenças para exportação”. Não resta dúvidas de que a empresa, que vende 99% de seus produtos para bolivianos, não só tinha conhecimento de que a operação é de exportação, mas sabia que na forma prevista na legislação não conseguiria realizála. Ainda que houvesse o fracionamento, para adaptarse à citada IN SRF no 118/1992, esbarraria a operação na vedação constante do inciso II do artigo 1o da norma, por estar a mercadoria sujeita a controle por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Assim, as alegações de defesa de que houve interpretação arbitrária da Instrução Normativa no 118/1992, de que seria necessária prova de que a empresa efetivamente cruzava a fronteira portando as mercadorias, e de que ocorria uma venda no mercado interno, não fracionada, são avessas às provas presentes nos autos. E as alegações (de que, tratandose de firma individual, o patrimônio serve tanto à pessoa física quanto à jurídica, não havendo razão para existir contrato de mútuo entre ambas, e de que há preclusão da possibilidade de o fisco questionar a integralização do capital social) sobre a falta de comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior, que, digase, persiste, estão longe de elidir a presunção legalmente estabelecida. Ainda que inexistente o mútuo e relevada a questão da integralização, continua inconciliável o volume transacionado com a comprovação dos recursos correspondentes. Mais eficaz seria a defesa se a empresa, ao invés de tais alegações, Fl. 684DF CARF MF Processo nº 10108.721108/201156 Acórdão n.º 3401003.243 S3C4T1 Fl. 680 11 que fogem ao cerne da questão, comprovasse o fluxo financeiro correspondente às operações, cronologicamente, indicando as origens dos recursos, elidindo a presunção. No mérito, assim, deve ser mantida a autuação. Da responsabilidade de da alegação de confisco Sendo a empresa a ocultante, na operação de comércio exterior, em decorrência de interposição fraudulenta presumida, clara a sua responsabilização, pelo próprio texto do artigo 23 do DecretoLei no 1.455/1976. Vejase que não se está, no presente processo, a discutir responsabilidade de sócios ou de terceiros. Quem pratica a conduta é a própria autuada. Como já dispusemos em julgamento anterior, com acolhida unânime da turma, embora se tratasse de importação o que, como aqui exposto, não altera a conclusão: A interposição, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. (...) A interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está importando não o faz para ela própria, pois não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (art. 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976), configurase a interposição e aplicase o perdimento. Seguese, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no art. 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. A interposição comprovada é caracterizada por um acobertamento no qual se sabe quem é o acobertante e quem é o acobertado. A penalidade de perdimento afeta materialmente o acobertado (em que pese possa a responsabilidade ser conjunta, conforme o art. 95 do DecretoLei no 37/1966), embora a multa por acobertamento (Lei no 11.488/2007) afete somente o acobertante, e justamente pelo fato de “acobertar”. (grifo nosso) (Acórdão no 3403 002.865, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.mar.2014) No caso em análise, evidenciouse a interposição fraudulenta presumida na operação de exportação, pelo exposto no tópico anterior deste voto. Na exportação, a interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está exportando não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (art. 23, § 2o do DecretoLei no 1.455/1976), configurase a interposição e aplica se o perdimento (ou a multa que o substitui § 3o). Seguese, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no art. 81, § 1o da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.637/2002. Não sendo identificado o ocultado, na operação, a penalidade é aplicada ao ocultante, responsável pela operação. Fl. 685DF CARF MF 12 Sequer se está tratando, assim, de solidariedade ou subsidiariedade, sendo improcedentes as alegações da recorrente.. Por fim, no que se refere à alegação de que a mula aplicada é confiscatória, cabe advertir: (a) que o princípio da vedação ao confisco, constitucionalmente estabelecido (artigo 150, IV), se refere a tributos; e (b) que este tribunal não detém competência para a análise de constitucionalidade de lei vigente, em face da Súmula CARF no 2: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E a multa aplicada, como se expôs de início, encontra expressa previsão no artigo 23, § 3o do DecretoLei no 1.455/1976. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para afastar do lançamento as multas correspondentes às notas fiscais do período de 01/06/2009 a 27/07/2010. Rosaldo Trevisan Fl. 686DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13807.002282/99-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 1989, 1990, 1991
UNIDADE DE JURISDIÇÃO. MATÉRIA SUMETIDA AO PODER JUDICIÁRIO. SÚMULA CARF N. 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Nas matérias submetidas ao crivo do Poder Judiciário, prevalece o entendimento externado em definitivo pelo juízo competente.
UFIR. CONVERSÃO EM REAIS. VALOR A SER UTILIZADO.
Os valores constantes da legislação tributária, expressos em quantidade de UFIR, serão convertidos em Reais pelo valor da UFIR vigente em 1o de janeiro de 1996.
IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTOS. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Na imputação de pagamentos em matéria tributária não se aplica a legislação civil, mas a legislação tributária.
Numero da decisão: 3401-003.222
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito de crédito levantado no relatório de diligência e para garantir a aplicação, ao caso, do disposto no artigo 30 da Lei no 9.249/1995, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que convertia o julgamento em diligência. Declarou-se impedido o Conselheiro Rodolfo Tsuboi. Fez sustentação oral, pela recorrente, Natanael Martins, OAB-DF no 60.723.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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GRUPO ITAUTEC (Incorporada por ITAUTEC S.A. GRUPO ITAUTEC) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 1989, 1990, 1991 UNIDADE DE JURISDIÇÃO. MATÉRIA SUMETIDA AO PODER JUDICIÁRIO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Nas matérias submetidas ao crivo do Poder Judiciário, prevalece o entendimento externado em definitivo pelo juízo competente. UFIR. CONVERSÃO EM REAIS. VALOR A SER UTILIZADO. Os valores constantes da legislação tributária, expressos em quantidade de UFIR, serão convertidos em Reais pelo valor da UFIR vigente em 1o de janeiro de 1996. IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTOS. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. Na imputação de pagamentos em matéria tributária não se aplica a legislação civil, mas a legislação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito de crédito levantado no relatório de diligência e para garantir a aplicação, ao caso, do disposto no artigo 30 da Lei no 9.249/1995, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que convertia o julgamento em diligência. Declarouse impedido o Conselheiro Rodolfo Tsuboi. Fez sustentação oral, pela recorrente, Natanael Martins, OABDF no 60.723. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 7. 00 22 82 /9 9- 31 Fl. 1418DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Pedido de Restituição de FINSOCIAL (fl. 5)1, em função de decisão judicial com trânsito em julgado (no processo no 93.0030.1411 cópias das peças judiciais figuram às fls. 43 a 88), apresentado em 09/04/1999, com fundamento na Instrução Normativa SRF no 21/1997, e cumulado com pedidos de compensação. Os pedidos foram preliminarmente analisados em 10/02/2000, demandando se documentos adicionais à empresa complementação das informações referentes ao processo judicial (fls. 172 a 176), tendo sido anexadas as peças às fls. 182 a 347. Por meio do Despacho Decisório de fls. 348 a 351, proferido em 19/07/2000, o pedido de restituição foi indeferido, por falta de amparo legal, sob os seguintes fundamentos: (a) requerse a "utilização de crédito para compensar débitos inclusive de outras empresas", decorrente de decisão judicial, não havendo especificação do valor pleiteado, mas somente remissão a mapa anexo, no qual se indica, na parte inicial, diferença pela utilização de alíquota superior à legalmente autorizada, de 0,5%, apontando crédito de 6.479.515,2987 UFIR, para o período de apuração de setembro de 1989 a outubro de 1991; (b) parcela do crédito, no valor de 2.016.399,74 UFIR, seria carreada à compensação de débito próprio de contribuições (PIS e COFINS), relativa ao período de novembro de 1991 a março de 1992, e setembro de 1993 a outubro de 1993, sendo o saldo destinado a compensação de débitos de terceiros; (c) a ação judicial mencionada objetivou a concessão de medida liminar para compensação de valores indevidos recolhidos a título de FINSOCIAL com contribuições da mesma espécie; (d) foi concedida liminar para compensação nos termos da Lei Complementar no 70/1991, "sem prejuízo da atividade fiscalizadora tendente a verificar a exatidão das compensações efetivamente realizadas", confirmada pelo TRF da 3a Região; (e) não foi apresentada certidão de objeto e pé, nem cópia da prova do trânsito em julgado da sentença, tendo sido o interessado intimado a complementar a documentação de amparo às compensações, mas fornecido respostas apenas parciais, não satisfazendo aos requisitos estabelecidos no artigo 17 da Instrução Normativa SRF no 21/1997; (f) foi ultrapassado o prazo de decadência referido no artigo 168 do Código Tributário Nacional, na apresentação do pedido, em 09/04/1999; e (g) na documentação comprobatória apresentada sequer constam os dados relativos à base de cálculo da contribuição compreendida no período entre setembro de 1989 a agosto de 1990. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1419DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13807.002282/9931 Acórdão n.º 3401003.222 S3C4T1 Fl. 1.352 3 Cientificada da decisão em 19/02/2001 (fl. 353), a empresa apresenta Manifestação de Inconformidade em 16/03/2001 (fls. 360 a 370), argumentando, em síntese, que: (a) recolheu as contribuições para o FINSOCIAL atendendo às disposições do artigo 9o da Lei no 7.894/1989 e do artigo 1o da Lei no 8.147/1990; (b) em setembro de 1993, diante da declaração de inconstitucionalidade, pelo plenário do STF, em relação à majoração de alíquota de 0,5% para 2%, impetrou o mandado de segurança no 93.0030.1411 para compensar valores recolhidos a maior com tributos da mesma espécie, até o limite da extinção do crédito, tendo sido reconhecido o direito ao crédito pelo TRF da 3a Região, com a correção monetária pleiteada, com trânsito em julgado em 12/04/1999; (c) diante da decisão, protocolizou pedido de restituição no valor de R$ 4.065.005,65, para compensação com tributos próprios e de terceiros, instruindo o pedido com demonstrativo no qual relacionava a base de cálculo efetiva e o valor do FINSOCIAL recolhido a maior, em conformidade com a Instrução Normativa SRF no 21/1997; (d) o despacho decisório é nulo e cerceia direito líquido e certo, por estar impondo restrições inexistentes na referida instrução normativa, e sequer debater acerca da compensação propriamente dita, desprezando a decisão judicial, principalmente quanto à forma de correção monetária; (e) é inconstitucional a exigência do FINSOCIAL no que excede a alíquota de 0,5%, como assentou o STF no RE no 150.7641/PE, tendo o Poder Executivo, no Decreto no 1.601/1995, disposto sobre a dispensa de interposição de recurso pela Fazenda nos casos de manifestação jurisprudencial uniforme daquela corte; (f) o direito de compensar é assegurado pelo artigo 170 do Código Tributário Nacional, e o artigo 66 da Lei no 8.383/1991, fundamento da instrução normativa mencionada, assegurou e estabeleceu todas as regras que devem presidir o pedido de restituição e a consequente compensação; (g) decisões administrativas têm confirmado o direito de compensação do que foi recolhido em excesso à alíquota de 0,5% a título de FINSOCIAL; (h) estando provado o recolhimento a maior, e estando presentes os requisitos estipulados na Lei no 8.383/1991 e na Instrução Normativa SRF no 21/1997, temse o direito líquido e certo à restituição, e às compensações, com a correção monetária judicialmente estabelecida; (i) deveria a autoridade fiscal ter feito diligência fiscal prévia no estabelecimento da empresa, de modo a verificar, face à sua escrituração contábil, a veracidade dos valores a restituir e das compensações; (j) está solicitando desarquivamento do processo judicial para juntada de cópía de "capa a capa"; e (k) não há que se falar em decadência, pois o trânsito em julgado da ação judicial, data de início da contagem do prazo decadencial, deuse em 12/04/1999. Em 08/03/2002, a DRJ devolve os autos à unidade local (fls. 714 a 717), por não deter competência regimental para análise de manifestação de inconformidade contra indeferimento de pedidos de compensação. A empresa tomou ciência da decisão em 21/02/2003 (fl. 717). Em 15/10/2002 noticiase nos autos a obtenção de efeito suspensivo em Agravo de Instrumento interposto contra medida liminar em Mandado de Segurança (fls. 719 a 724). A unidade local reencaminha, então, o processo para julgamento da DRJ, visto que se tratava de pedido de restituição (fl. 728). Em 12/02/2004 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 742 a 752), no qual se decide unanimemente pela não acolhida da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) não cabe qualquer discussão a respeito da compensação autorizada pelo Poder Judiciário, mas apenas sobre a análise de pertinência do pedido de restituição de fl. 1; (b) os artigos 165, I, e 168, do Código Tributário Nacional, informam que o prazo decadencial contase da data de extinção do crédito tributário, entendimento confirmado no Parecer PGFN/CAT no 1.538/1999, e no Ato Declaratório SRF no 96/1999; (c) tendo sido o Fl. 1420DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 pedido de restituição protocolizado em 09/04/1999, e tendo sido os pagamentos efetuados até 31/10/1991, operouse, no caso, a decadência; (d) o crédito assegurado em juízo pode ser demandado, também em juízo, mas ao ser demandado administrativamente, deve atender às regras estabelecidas nas normas correspondentes; e (e) a decisão judicial definitiva reconhecendo o direito de crédito impõe à autoridade administrativa o cumprimento do julgado, mas não influi no julgamento do processo administrativo no tocante a matéria que não foi apreciada pelo Poder Judiciário. Cientificada da decisão da DRJ em 25/03/2004 (fl. 754), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 08/04/2004 (fls. 757 a 775), basicamente reiterando as razões expressas em sua impugnação, e acrescentando que: (a) a DRJ também cerceou o direito líquido e certo de restituir o FINSOCIAL recolhido a maior, e que deveria ser compensado na forma assegurada em juízo, e também sequer analisou a compensação propriamente dita, com base em equivocada deliberação da PGFN, contrariando o Parecer COSIT no 58/1998, cujo entendimento deveria prevalecer, estando o parecer em vigor na data do pedido, em 09/04/1999; e (b) diante da decisão do STF e do trânsito em julgado, no TRF da 3a Região, asseguram à empresa o direito de restituir, e, consequentemente, compensar o que foi recolhido a maior a título de FINSOCIAL. Em 14/06/2005, por meio do Acórdão no 30236.865 (fls. 830 a 848), foi afastada a decadência, retornando os autos à DRJ para que apreciasse as demais questões de mérito. A DRJ, então, em 29/03/2006, retorna o processo à unidade preparadora, para verificação do "atendimento das demais exigências previstas na legislação de regência, saneando o processo se entender necessário", pronunciandose sobre o mérito do pedido (fls. 864/865). A unidade preparadora se manifesta às fls. 905 a 916, em 14/03/2008, pelo deferimento do pedido de restituição no montante de R$ 3.251.023,80 (saldo remanescente após as compensações), e pela convalidação das compensações dos débitos de FINSOCIAL nos períodos de apuração novembro de 1991 a março de 1992, e de COFINS, dos períodos de setembro a novembro de 1993, considerando não declarada a compensação de final 9719, cientificandose a recorrente da decisão em 08/05/2008 (fl. 916). Noticia ainda que: (a) o processo administrativo no 13814.000074/9312, apenso, relativo a auto de infração de COFINS, referente ao período de setembro a novembro de 1993, estava sendo apreciado em conjunto, na manifestação; (b) que os débitos de terceiros, controlados nos processos administrativos mencionados à fl. 909, foram inscritos em dívida ativa, à exceção da empresa "ADIBOARD S.A.", incorporada por ITAUTEC. S.A., para a qual foram inscritos "somente os débitos de PIS de 02/99 e 03/99", sendo os demais débitos controlados no processo administrativo no 13839.001344/200114, também em apenso; e (c) a empresa transmitiu, após a decisão da unidade, em 28/04/2000, a DCOMP eletrônica de no 16018.77600.050307.1.7.04 9719, com a qual pretendeu compensar débitos de IRPJ, de janeiro de 2007, no montante original de R$ 6.126.249,60, devendo tal compensação ser considerada não declarada, pois foi apresentada após a ciência do despacho de indeferimento do pedido de restituição. A empresa, ainda em 05/05/2008, havia se manifestado, no documento de fls. 930 a 933, no sentido de que deve ser reconhecido seu direito de restituição e compensação, e acrescenta planilha por ela atualizada, com os efetivos montantes de indébitos tributários. À fl. 980, noticiase a incorporação de "ITAUTEC INFORMÁTICA S.A. GRUPO ITAUTEC PHILCO" por "ITAUTEC S.A. GRUPO ITAUTEC PHILCO", apresentando a empresa recurso, em 19/05/2008 (fls. 980 a 995), em relação à nova decisão da Fl. 1421DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13807.002282/9931 Acórdão n.º 3401003.222 S3C4T1 Fl. 1.353 5 unidade preparadora, alegando que: (a) a decisão da unidade local por considerar não declarada a DCOMP de final 9719, e por manter as inscrições em dívida ativa por entender que a manifestação de inconformidade e o recurso voluntário não teriam efeito suspensivo se deu de forma ilegal e inconstitucional; (b) a negativa de efeito suspensivo implica violação ao devido processo legal e à ampla defesa, sendo a matéria ainda tratada nos artigos 56 e 61 da Lei no 9.784/1999; (c) as decisões inicialmente proferidas pela unidade local e pela DRJ não apreciaram o mérito do pedido, restringindose à análise de decadência; (d) a própria unidade local reconheceu créditos suficientes para a homologação de todas as compensações formuladas pela recorrente, no que se inclui a DCOMP de final 9719, e aquelas nas quais os débitos estão inscritos em dívida ativa, sendo a finalidade da norma infralegal evitar que sejam realizadas compensações com créditos, de fato, inexistentes; (e) o despacho que entende como não declarada a DCOMP de final 9719 afronta os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da moralidade administrativa; e (f) o entendimento da unidade local de que não havia efeito suspensivo em relação à manifestação de inconformidade, motivador da manutenção das inscrições em dívida ativa, não está conforme a jurisprudência administrativa (citando os Acórdãos no 30334202, no 30332136 e no 10615615), visto que com a nova redação do artigo 74 da Lei no 9.430/1996, a manifestação de inconformidade apresentada, mesmo antes da MP no 135/2003, tem o condão de provocar a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários. Consta ainda manifestação de inconformidade, às fls. 1014 a 1041, interposta em 09/06/2008, na qual se acrescenta que: (a) foi indevidamente deduzido do crédito da recorrente o valor de NCZ$ 195.522.956,00 relativo à COFINS de 1993, como se o valor tivesse sido compensado, quando houve desistência da compensação e pagamento da referida quantia conforme comprovante de recolhimento que anexa; (b) na conversão dos valores em UFIR foi utilizada a UFIR de dezembro de 1995, quando o correto seria utilizar a de janeiro de 1996, conforme artigo 2o da Lei no 9.250/1995; e (c) o critério de imputação de pagamento adotado na compensação, pela administração tributária, não tem base legal, e, diante do silêncio do legislador tributário, cabível a observância dos preceitos da legislação civil artigo 354 do Código Civil brasileiro. Em 29/07/2008, às fls. 1058 a 1064, a Divisão de Tributação (DISIT) da Superintendência da 8a Região Fiscal se manifesta sobre a compensação eletrônica considerada não declarada, entendendo que deveria a unidade têla analisado, e nega provimento ao recurso hierárquico apresentado, por entender que efetivamente não havia efeito suspensivo na manifestação de inconformidade apresentada, em relação às compensações com débitos de terceiros. A unidade considera, então, parcialmente homologada a DCOMP de final 9719, até o limite do direito de crédito reconhecido no despacho decisório, cientificandose a empresa em 05/08/2008 (fl. 1068). Intimada a se manifestar sobre compensação de ofício (fl. 1074 e 1097), em relação a débitos em aberto e/ou inscritos em dívida ativa, a empresa responde (fls. 1070 e 1106) que não está de acordo, por restarem os créditos com exigibilidade suspensa. Em 18/11/2008 ocorre novo julgamento de primeira instância (fls. 1108 a 1121), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) em relação à compensação considerada não declarada, a competência para análise não é da DRJ, mas da Superintendência da Receita Fl. 1422DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 Federal jurisdicionante, conforme a Lei no 9.784/1999; (b) descabe, ainda, às DRJ, tratar sobre suspensão da exigibilidade do débito, avisos de cobrança, inscrição em dívida ativa, por ser a matéria afeta às unidades da RFB não julgadoras, como assentado na jurisprudência administrativa; (c) os débitos inscritos em dívida ativa sequer são administrados pela RFB, mas pela PGFN, e caberia, em princípio, a compensação de ofício; (d) não procede a alegação de erro de cálculo, estando expresso no DARF correspondente que houve compensação de 695.440,00 UFIR; (e) não houve estorno da compensação em 1993, mas somente no ano seguinte, e não se deveu a erro ou mudança de critério contábil; (f) sobre a taxa de conversão da UFIR, a recorrente não relaciona a legislação citada, que trata de IRPJ, ao caso em análise, e a pretensão em utilizar a UFIR de 1996 acarretaria aumento indevido do crédito, visto que a partir de 1996 o crédito passou a ser legalmente acrescido da Taxa SELIC; e (g) a aplicação do código civil às imputações em caso foi expressamente afastada pela Lei no 10.677/2003, e há comandos sobre o tema no Código Tributário v.g., artigos 163 e 167. Cientificada da nova decisão da DRJ em 18/02/2009 (fl. 1123), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 20/03/2009 (fls. 1124 a 1154), alegando que: (a) a DCOMP de final 9719 foi considerada declarada pela Superintendência da Receita Federal da 8a Região Fiscal, pelo que devem os valores nela constantes permanecer com exigibilidade suspensa até decisão definitiva no presente processo; (b) a manutenção das inscrições em dívida ativa, com base no entendimento de que não havia efeito suspensivo nos recursos apresentados, anteriores à MP no 135/2003, é avessa à jurisprudência administrativa (fazendo menção aos três acórdãos já citados: no 30334202, no 30332136 e no 10615615, e agregando o de no 30334677); (c) com a decisão inicial do Conselho de Contribuintes, restabelecendo o direito de crédito postulado, o processo de restituição voltou à estaca zero, sendo incontroversa a inexigibilidade dos débitos apontados como inscritos em dívida ativa, tanto que para outras compensações, ainda não remetidas a dívida ativa, reconheceuse a possibilidade de compensação de ofício, como no caso da "ADIBOARD S.A."; (d) o crédito calculado pela unidade local é mais do que suficiente para a homologação de todas as compensações, inclusive as referentes a débitos inscritos em dívida ativa; (e) se os valores inscritos em dívida ativa podem ser objeto de "Pedido de Revisão", pela própria RFB, que, posteriormente, solicita o cancelamento da dívida, podem também ser questionados no bojo de defesas administrativas; (f) o crédito indevidamente deduzido, no valor de NCZ$ 195.522.956,00, relativo à COFINS de 1993, decorre de desistência da compensação, com pagamento em fevereiro de 1994, devidamente atualizado, tendo sido estornado em sua contabilidade; (g) a utilização indevida da UFIR de dezembro de 1995, nos cálculos da fiscalização, contraria, inclusive, a Norma de Execução COSIT/COSAR no 08/1997 e o Parecer PGFN/CRJ no 2.601/2008, sendo a Lei no 9.250/1995, ao tratar do tema, aplicável a todas as conversões, não só as referentes a IRPJ; e (h) o critério de imputação de pagamento adotado na compensação, pela administração tributária, não tem base legal, e os artigos 163 e 167 do Código Tributário Nacional não trazem qualquer regra sobre imputação de juros e principal nas compensações, assim como a revogação do artigo 374 do Código Civil não prejudica a aplicação do disposto no artigo 354, do mesmo código civil, ao caso. Em 20/03/2013, por meio da Resolução no 3202000.092 (fls. 1217 a 1223), o julgamento foi convertido em diligência, para que a unidade preparadora verificasse se houve o alegado pagamento de COFINS de novembro de 1993, com os devidos acréscimos legais e se foi realizado estorno da compensação nos registros contábeis da empresa, efetuandose, se necessário, novos cálculos. A unidade preparadora se manifesta às fls. 1247 a 1249, afirmando que: (a) o recolhimento efetuado em atraso, em 07/02/1994, não incluiu multa e juros de mora; (b) foi efetuado novo cálculo para o período de apuração de novembro de 1993, considerando como pagamento o recolhimento em atraso, incluindo dos saldos de DARF de fls. 869/870, utilizados Fl. 1423DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13807.002282/9931 Acórdão n.º 3401003.222 S3C4T1 Fl. 1.354 7 para amortizar o débito do período; e (c) após os cálculos, apurouse saldo de pagamento de R$ 453.289,85, para a data base de 31/12/1995, devendo tal valor ser acrescentado ao direito de crédito reconhecido. Cientificada da manifestação da unidade preparadora em 01/04/2014 (fl. 1260), a recorrente apresenta, em 29/04/2014, a peça de fls. 1262 a 1265, na qual defende que, em relação ao pagamento, agiu acertadamente a autoridade responsável pela diligência, mas, no que se refere à afirmação de que não houve o estorno das compensações, "não assiste razão à autoridade fiscal, vez que as cópias do Livro Diário de fls. 989/997 se prestam a comprovar que o estorno foi realizado no passivo, a fim de que fosse reconhecida a dívida, e, por conseguinte, efetuado o pagamento", juntando a recorrente novamente os documentos comprobatórios. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 1350). O processo foi pautado para as sessões de junho e julho de 2016, sendo retirado de pauta por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Da delimitação da lide O pedido de restituição que se está a apreciar no presente processo é assim motivado (fl. 5), pela empresa, em 09/04/1999: E, no referido processo judicial, obtevese decisão assegurando (fl. 43) o direito líquido e certo de proceder à compensação, nos termos das leis de regência, daquilo que foi pago acima da alíquota de 0,5% a título de FINSOCIAL, desconsiderando as alterações de alíquotas e base de cálculo da legislação superveniente, determinandose que a compensação fosse feita com parcelas vincendas da Contribuição Social criada pela Lei no 70/1991, observada a prescrição quinquenal, e com os índices de correção judicialmente estabelecidos. O Acórdão que foi objeto de trânsito em julgado em 12/04/1999 assim dispôs: Fl. 1424DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 Há que se respeitar, assim, o que foi judicialmente assegurado, tanto no que se refere ao direito de compensar, quanto no que atine à correção dos créditos. Como a primeira apreciação da unidade local e a primeira apreciação da DRJ culminaram em reconhecimento de decadência, entendimento afastado por decisão do CARF, no Acórdão no 30236.865 (fls. 830 a 848), em 14/06/2005, a matéria que é agora objeto de recurso voluntário centrase na segunda rodada de apreciações, que se inicia com o despacho de fls. 905 a 916, em 14/03/2008, no qual é deferido o pedido de restituição, e são convalidadas as compensações, exceto as efetuadas com débitos de terceiros (na ocasião da nova apreciação, já inscritos em dívida ativa), e a DCOMP de final 9719, transmitida posteriormente à decisão do CARF. No entanto, após manifestação da DISIT/SRRF08, a unidade local reavalia a decisão sobre a DCOMP de final 9719, homologandoa parcialmente, até o limite do direito de crédito reconhecido no despacho decisório. Remanesce, assim, o contencioso, apenas em relação aos montantes inscritos em dívida ativa e àqueles consignados na DCOMP de final 9719 para os quais o crédito reconhecido foi, a priori, insuficiente. Dos fundamentos fiscais para a não homologação das compensações Cabe arrolar, já de início, as razões adotadas pela unidade local para o indeferimento do direito de crédito, e a consequente não homologação das compensações, desde o início do trâmite do processo. Inicialmente, o despacho decisório negou o direito não só pelo entendimento de que houve "decadência", mas por não se atender à norma procedimental de regência sobre o tema, a IN SRF no 21/1997, que demandava cópia de inteiro teor do processo judicial e da desistência da execução do título judicial, com assunção das custas correspondentes, e não serem apresentados documentos comprobatórios da liquidez do crédito (como os referentes às bases de cálculo do período de set/89 a ago/90 fls. 348/351). A DRJ, em seu primeiro julgamento (fls. 745/752), identificou que o processo judicial versa apenas sobre a compensação, à luz da Lei no 8.383/1991, silenciando sobre restituição, pelo que não caberia nenhuma análise administrativa sobre o direito de Fl. 1425DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13807.002282/9931 Acórdão n.º 3401003.222 S3C4T1 Fl. 1.355 9 compensar, mas somente sobre o direito de restituição, sobre o qual entendeu haver operado "decadência", endossando ainda que a ação judicial não opera efeitos sobre o processo administrativo de restituição, pois não foram atendidos os requisitos do artigo 17 da IN SRF no 21/1997 (cópia de inteiro teor e prova da desistência da execução judicial). De todos os argumentos externados para a negativa, o Terceiro Conselho de Contribuintes afasta apenas o referente à "decadência" (fls. 836/846), retornando os autos à DRJ para apreciação dos demais. Decidiu o Terceiro Conselho de Contribuintes que "o dies a quo para a contagem do prazo decadencial do direito de pedir restituição de valores pagos a maior é a data em que o contribuinte viu seu direito reconhecido pela administração tributária, no caso a da publicação da MP no 1.110/95, que se deu em 31/08/1995", e que tal prazo decadencial, de cinco anos, estendeuse até 31/08/2000. A DRJ, entendendo estarem atendidos os requisitos referentes à cópia do processo judicial e à desistência da execução (fls. 864/865), enviou o processo à unidade local para que verificasse o atendimento das demais exigências previstas na legislação de regência, e apreciasse, no mérito, o pedido. No retorno do processo à unidade local, esta se manifesta (fls. 348/351) em relação à restituição (e aos processos apensos de no 13814.000074/9322 e no 13839.001344/200114, referentes, respectivamente, a auto de infração relativo a COFINS e a pedidos de compensação da "ADIBOARD S.A.") no sentido de convalidar as compensações dos débitos de FINSOCIAL de 11/91 a 03/92 e de COFINS de 09/93 a 11/93, e as referentes à empresa "ADIBOARD S.A.", incorporada por ITAUTEC. S.A., em parte inscritos em dívida ativa (Contribuição para o PIS/PASEP de 02/99 e 03/99, controlados no processo administrativo no 13839.500948/200734), e em parte não inscritos, e controlados no processo administrativo no 13839.001344/200114, apenso. Assim, são afastados, pela própria unidade, os obstáculos referentes à não apresentação de peças judiciais e à não comprovação de desistência de execução. Caso contrário, sequer seria deferida qualquer parcela do direito de crédito. Também não se rechaça qualquer das compensações originalmente apresentadas em nome próprio, ou por incorporadas, ainda que estivessem os débitos inscritos em dívida ativa. Isso também endossa a conclusão de que a inscrição em dívida ativa não se constituiu em óbice intransponível, no caso de débitos próprios, inclusive de incorporadas (com fundamento no artigo 34 da IN SRF no 600/2005), sendo legalmente vedada a compensação com débitos de terceiros. A decisão fez ainda o encontro de contas entre os créditos e os débitos com compensação assegurada judicialmente, nos termos da decisão com trânsito em julgado (metodologia explicada à fl. 914), chegando a um valor a restituir, após as compensações, de R$ 3.251.023,80. E, em relação à DCOMP 16018.77600.050307.1.7.049719, transmitida em 05/03/2007, após a decisão do CARF que afastou a decadência (fls. 17 a 20 do processo no 10880.721242/200891, apenso), entendeu a unidade que deveria ser considerada como não declarada, decisão esta que foi revertida na Superintendência jurisdicionante, culminando na consideração também dos débitos nela inscritos. E a segunda decisão da DRJ, que motiva a apresentação do recurso voluntário em análise, revela o entendimento de que não cabe discussão sobre as inscrições em dívida ativa, nem sobre a suspensão, nos presentes autos, pois, sendo o débito regularmente inscrito, goza dos atributos de certeza e liquidez, incompatíveis com a alegada extinção pela compensação, e de que a matéria afeta à compensação posteriormente efetuada também não seria de competência regimental das DRJ. Fl. 1426DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 Das inscrições em dívida ativa de débitos de terceiros Entre as DCOMP apresentadas originalmente, as únicas que não são objeto de homologação por parte da autoridade local, no despacho decisório datado de 19/07/2000, complementado pelo proferido em 14/03/2008, são aquelas que se referem a débitos de terceiros. No despacho de 2008, no qual já havia sido superada a questão referente à decadência, a autoridade local afirma que ao tempo em que foi apresentada a manifestação de inconformidade (16/03/2001), a legislação de regência expressamente determinava a inscrição em dívida ativa dos débitos que restassem em aberto após o despacho decisório, e que "por expressa disposição legal, é vedada a compensação com débitos de terceiros" (fl. 913). A DRJ, como exposto, endossa que a legislação de regência, à época, determinava a regular inscrição em dívida ativa, não cabendo mais àquele colegiado a análise do contencioso sobre a matéria. Em sua peça recursal, alega a empresa que (a) a manutenção das inscrições em dívida ativa, com base no entendimento de que não havia efeito suspensivo nos recursos apresentados, anteriores à MP no 135/2003, é avessa à jurisprudência administrativa (fazendo menção aos Acórdãos no 30334202, no 30332136, no 10615615 e no 30334677); (b) com a decisão inicial do Conselho de Contribuintes, restabelecendo o direito de crédito postulado, o processo de restituição voltou à estaca zero, sendo incontroversa a inexigibilidade dos débitos apontados como inscritos em dívida ativa, tanto que para outras compensações, ainda não remetidas a dívida ativa, reconheceuse a possibilidade de compensação de ofício, como no caso da "ADIBOARD S.A."; (c) o crédito calculado pela unidade local é mais do que suficiente para a homologação de todas as compensações, inclusive as referentes a débitos inscritos em dívida ativa; (d) se os valores inscritos em dívida ativa podem ser objeto de "Pedido de Revisão", pela própria RFB, que, posteriormente, solicita o cancelamento da dívida, podem também ser questionados no bojo de defesas administrativas. É de se destacar, de início, que, a nosso ver, o contencioso não "voltou à estaca zero", como pretende a recorrente. O CARF não anulou o despacho decisório inicialmente proferido. Apenas afastou uma de suas fundamentações, a decadência, demandando complementação da análise. E as questões assumidas como incontroversas, em verdade não o são, não se podendo afirmar conclusivamente, na análise dos autos, nem que o débito inscrito em dívida ativa poderia ser objeto de compensação (em verdade, a unidade local textualmente afirma que não poderia, por ser de terceiro, havendo vedação legal), nem que o crédito é suficiente para a homologação de todas as compensações apresentadas. Também a solicitação de revisão de inscrição em dívida ativa, matéria alheia ao contencioso de competência deste colegiado, mas normativamente prevista, está longe de ser idêntica como afirma a recorrente a uma revisão de inscrição em dívida ativa de débito de terceiro. Restaria apenas a discutir se a peça recursal apresentada a título de manifestação de inconformidade, em 16/03/2001, antes da Medida Provisória no 135/2001, teria o condão de suspender a exigibilidade do crédito, impedindo a inscrição em dívida ativa. Sobre o tema, há que se destacar que, apesar dos quatro precedentes administrativos colacionados pela empresa em seu favor, dos anos de 2005, 2006 e 2007, que, adiantese, não vinculam o presente julgamento, entendemos que razão não assiste à recorrente, não pelos motivos externados na decisão da DRJ, sobre o efeito constitutivo (e não declaratório) do dispositivo correspondente, na Medida Provisória, mas porque a matéria foi expressamente submetida ao crivo do Poder Judiciário, em assunto que acabou marginalizado nas decisões posteriores, e que aqui se resgata. Fl. 1427DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13807.002282/9931 Acórdão n.º 3401003.222 S3C4T1 Fl. 1.356 11 Às fls. 720 a 723, são transcritas peças do Mandado de Segurança no 2002.03.00.0335338/SP, nas quais se dá conta de que a recorrente buscou guarida judicial sustentando o caráter suspensivo do recurso administrativo, que impediria a inscrição em dívida ativa, não encontrando decisão favorável, cf. sentença proferida em 19/09/2002: No caso concreto, a impetrante alegou haver protocolado junto à Secretaria da Receita Federal, pedido de compensação administrativa com crédito de terceiro, na forma do art. 15 da IN n° 21/97, dando inicio ao procedimento administrativo n.° 13807.001192/9913. Esclareceu que o crédito pertencente a terceiro, que seria utilizado para compensação, com seus débitos, consubstanciase objeto de pedido de restituição (p.a. n.° 13807.002282/9931), o qual foi indeferido. Contra esta decisão, afirmou ter sido interposta impugnação administrativa de forma a suspender a exigibilidade de seus débitos, a teor do disposto no art. 151, 111, do Código Tributário Nacional. Sustentou, por fim, estar a Receita Federal violando os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, constitucionalmente assegurados, ao exigir o pagamento dos débitos envolvidos no procedimento de compensação, sob pena de inscrição na divida ativa. (...) Assim, impõese verificar se procede a assertiva da impetrante de encontraremse os créditos tributários com a exigibilidade suspensa. por força do disposto no art. 151, III, do Código tributário Nacional. (...) Considerando a cognição sumária desenvolvida neste momento de apreciação de efeito suspensivo ao recurso, tenho que a hipótese prevista no art. 151, III, do CTN não tem a extensão e abrangência pretendida pela impetrante, de molde a suspender a exigibilidade de todo e qualquer crédito tributário envolvido no pedido de compensação. Com efeito, a impugnação administrativa interposta nos autos do pedido de restituição não tem o condão de afastar a legitimidade dos créditos tributários já consolidados, com os quais se pretende efetuar a compensação. A reclamação que suspende a exigibilidade do crédito tributário é a impugnação apresentada pelo contribuinte contra o lançamento do crédito tributário. O indeferimento do pedido de compensação não se insere na hipótese do art. 151, III, do CTN. E, não se encontrando configurada nenhuma das hipóteses normativamente previstas a ensejar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não há óbice a que seja incluído o nome da agravada no CADIN. (fls. 721/722 grifo nosso) Consultando o processo no sítio do Tribunal Regional Federal da 3a Região (http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/451754), encontrase Fl. 1428DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 12 decisão posterior, de 06/04/2010, dando provimento à apelação da União Federal e à remessa oficial e negando provimento à apelação da impetrante, assim ementada: TRIBUTÁRIO COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO COM DÉBITOS DE TERCEIROS MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE IMPOSSIBILIDADE. 1. A compensação no âmbito da administração pública constitui meio excepcional de extinção de obrigação, admissível apenas e nos moldes legalmente fixados. Sobrepõem os princípios da indisponibilidade do bem público e da prevalência do interesse público sobre o particular. 2. Ausência de direito líquido e certo a ensejar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário objeto do pedido de compensação, porquanto não se aplicam ao caso presente o artigo 74, § 2º da Lei n.º 9.430/96, nem o artigo 21, § 2º da IN/SRF 210/02. 3. A hipótese prevista no art. 151, III, do CTN não tem a extensão e abrangência pretendida pela impetrante, de molde a suspender a exigibilidade de todo e qualquer crédito tributário envolvido no pedido de compensação. 4. A reclamação que suspende a exigibilidade do crédito tributário é a impugnação apresentada pelo contribuinte contra o lançamento do crédito tributário. O indeferimento do pedido de restituição de créditos de terceiros não se insere na hipótese do art. 151, III, do CTN. 5. Não se encontrando configurada nenhuma das hipóteses normativamente previstas a ensejar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não há óbice a que seja incluído o nome da agravada no CADIN. Após tal andamento, o processo foi definitivamente baixado, na origem, conforme consulta ao sítio da Justiça Federal de São Paulo (http://www.jfsp.jus.br/foruns federais/). Assim, em função da unidade de jurisdição, não há que se sustentar, administrativamente, que seria existente a suspensão já afastada pelo juízo, para o mesmo caso. Tal entendimento é absolutamente conforme a Súmula CARF no 1: Súmula CARF no 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Deve, então, no caso, prevalecer o entendimento judicialmente firmado de que a manifestação de inconformidade inicialmente apresentada não suspendeu a exigibilidade do crédito, sendo correta a inscrição em dívida ativa. E, sendo correta a inscrição em dívida ativa, não cabe agora, em sede de contencioso administrativo, o reexame da matéria. Assim, eventual crédito remanescente apenas poderia ser objeto de alocação àquelas compensações que objetivavam débitos de Fl. 1429DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13807.002282/9931 Acórdão n.º 3401003.222 S3C4T1 Fl. 1.357 13 terceiros, já inscritos em dívida ativa, em procedimento alheio à competência deste colegiado administrativo. Improcedente, destarte, o recurso voluntário no que se refere ao assunto. Da DCOMP de final 9719 e das demais alegações recursais Após a decisão da segunda instância administrativa, pelo afastamento da decadência, e depois de a DRJ ter retornado o processo à unidade, para a complementação da apreciação, a recorrente transmitiu a DCOMP no 16018.77600.050307.1.7.049719, em 05/03/2007, cf. fls. 17 a 20 do processo no 10880.721242/200891, apenso. A unidade local inicialmente entendeu que tal compensação deveria ser considerada como não declarada, mas, atendendo a decisão da Superintendência jurisdicionante, acabou por considerar também os débitos nela inscritos, compensandoos com os créditos ainda disponíveis. No entanto, os créditos disponíveis revelaramse, a priori, insuficientes. Apesar do disposto no tópico anterior, em relação a ação judicial impetrada, sem êxito, buscando efeito suspensivo, não consta que a autoridade administrativa tenha negado a atribuição de efeito suspensivo aos débitos próprios indicados na DCOMP de final 9719, transmitida após o advento da Medida Provisória no 135/2001, pelo que a reclamação recursal padece de vínculo com a realidade dos autos. Sobre erros de cálculo, alega ainda a recorrente que: (a) o crédito indevidamente deduzido, no valor de NCZ$ 195.522.956,00, relativo à COFINS de 1993, decorre de desistência da compensação, com pagamento em fevereiro de 1994, devidamente atualizado, tendo sido estornado em sua contabilidade; (b) a utilização indevida da UFIR de dezembro de 1995, nos cálculos da fiscalização, contraria, inclusive, a Norma de Execução COSIT/COSAR no 08/1997 e o Parecer PGFN/CRJ no 2.601/2008, sendo a Lei no 9.250/1995, ao tratar do tema, aplicável a todas as conversões, não só as referentes a IRPJ; e (c) o critério de imputação de pagamento adotado na compensação, pela administração tributária, não tem base legal, e os artigos 163 e 167 do Código Tributário Nacional não trazem qualquer regra sobre imputação de juros e principal nas compensações, assim como a revogação do artigo 374 do Código Civil não prejudica a aplicação do disposto no artigo 354, do mesmo código civil, ao caso. Sobre a primeira alegação de erro de cálculo, é de se recordar que ao crédito já reconhecido, e que se revelou insuficiente, foi agregada ainda parcela reconhecida em sede de diligência (fls. 1247 a 1249), derivada do pagamento efetuado. No relatório da diligência, informase (fl. 1247): Em relação à cópia do Diário apresentada às fls. 989/997 e fls 1.124/1.130 foram verificados os lançamentos efetuados para os 03 Darfs. das fls.1120...1122, (recolhidos em atraso), os quais foram identificados manualmente, pelo contribuinte, no Diário, com os códigos " 1 " , "2" e " 3 " e constatouse que os lançamentos efetuados referemse exclusivamente aos recolhimentos efetuados para a Cofins; portanto não se trata de Fl. 1430DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 14 estorno de compensação. Assim, no primeiro lançamento fora levado a débito da conta 2.061.003 Finsocial e a crédito da conta 2.067.001 Outros trânsitos Passivos, o valor CR$ 255.220.863,93. Na seqüência fora debitado a conta 2.067.001 e creditado a conta 2.066.009 Impostos a Recolher no valor de CR$ 255.220.863,93. Ao efetuar o recolhimento para os 03 Darfs fora efetuado o lançamento a débito da conta 2.066.009 Impostos a Recolher no valor de CR$ 255.220.863,93 e da conta 3.140.020 CM s/impostos no valor de CRS 220.326.853,86 e a crédito da conta 1.002.145 BCM ITAU CRS conta 009079 no valor de CRS 475.547.717,79. Ao final da diligência, a própria unidade local reconhece, em despacho, o direito de crédito correspondente, o que não nos impede de aqui registrar que decorrem de parcial procedência (agora incontroversa) do recurso voluntário apresentado. No entanto, a recorrente questiona, mesmo após a diligência, a existência de estornos, afirmando que apresenta cópias do Diário que se prestam a irrefutavelmente comprovar a operação (fls. 1298/1305). Compulsando tais documentos, não identifiquei os atributos de certeza e liquidez necessários à comprovação do direito de crédito, pelo que endosso o teor da diligência, que contou, como exposto, com a participação e com o fornecimento de dados da própria recorrente. A segunda alegação de erro de cálculo utilização incorreta da UFIR para conversão foi assim efetuada na manifestação de inconformidade (fl. 1031): O julgador de piso entendeu que o artigo 2o da Lei no 9.250/1995 versava sobre imposto de renda de pessoas físicas, não se aplicando ao caso em análise, no que lhe assiste razão. A empresa, no entanto, em seu recurso voluntário, ao invés de reconhecer que usou apenas o dispositivo errado (artigo 2o da Lei no 9.250/1995, ao invés de artigo 30 da Lei no 9.249/1995) em sua manifestação de inconformidade, simplesmente afirma (fl. 1138), que: Fl. 1431DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13807.002282/9931 Acórdão n.º 3401003.222 S3C4T1 Fl. 1.358 15 Analiso o dispositivo legal trazido inauguralmente no recurso voluntário (artigo 30 da Lei no 9.249/1995) apenas por entender tratarse de matéria de ordem pública, registrando que a RFB deve cumprimento a seus ditames. Por mais que não tenha a recorrente objetivamente apontado de que forma houve erro de conversão, no cálculo, sequer indicando em que páginas ou planilhas ocorrem, e se limite a afirmar que "analisando os cálculos da DERAT, percebese que no momento da conversão de tais valores em UFIR a DERAT acabou utilizando, equivocadamente, a UFIR de dezembro de 1995 (0, 7952) ao invés de quantificar o crédito com a UFIR de 1o de janeiro de 1996 (0,8267)", insistindo na aplicação do artigo 2o da Lei no 9.250/1995, há que se registrar à unidade local que, na liquidação do presente julgado, certifiquese de que houve cumprimento ao disposto no artigo 30 da Lei no 9.249/1995. Também tal matéria, aqui, será considerada como provimento parcial ao recurso, com a ressalva de que tal provimento assegura tãosomente a garantia de cumprimento ao disposto no artigo 30 da Lei no 9.249/1995, na liquidação administrativa do julgado, e não o reconhecimento de que tenha havido, de fato, erro no cálculo da conversão da UFIR. Por fim, aponta ainda a recorrente erro na imputação dos pagamentos, defendendo que o critério de imputação de pagamento adotado na compensação, pela administração tributária, não tem base legal, e os artigos 163 e 167 do Código Tributário Nacional não trazem qualquer regra sobre imputação de juros e principal nas compensações, assim como a revogação do artigo 374 do Código Civil não prejudica a aplicação do disposto no artigo 354, do mesmo código civil, ao caso. Sobre o tema, há que se salientar que o Código Civil não se aplica ao caso, por haver disposição específica na legislação tributária, a começar pela própria codificação (artigo167), e a ser complementado (cf. artigo 163) pelas disposições infralegais procedimentais, para implementação da proporcionalidade referida no Código Tributário Nacional. Por mais que possa parecer óbvio, há que se registrar que na imputação de pagamentos em matéria tributária não se aplica a legislação civil, mas a legislação tributária. Das conclusões Fl. 1432DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 16 Pelo exposto, voto pelo provimento parcial do recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito de crédito levantado no relatório de diligência e para garantir a aplicação, ao caso, do disposto no artigo 30 da Lei no 9.249/1995. Rosaldo Trevisan Fl. 1433DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 11543.001113/2006-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3401-003.101
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em (a) afastar nulidade do acórdão da DRJ por fundamentação insuficiente, suscitada de ofício pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, e (b) dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o crédito em relação às aquisições de café das empresas listadas à fl. 219, no parecer que ampara o despacho decisório, à exceção da empresa JOSÉ MARIA GONÇALVES, vencidos em ambas as matérias os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e Hélcio Lafetá Reis; e, por unanimidade de votos, em (c) afastar a preliminar de nulidade do julgamento da DRJ por alteração de fundamento, e (d) negar provimento ao recurso voluntário em relação aos demais itens. O presidente substituto, Conselheiro Robson José Bayerl, declarou-se impedido, substituindo-o na presidência o Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator e membro do colegiado há mais tempo no CARF. Compôs ainda o colegiado o Conselheiro suplente Hélcio Lafetá Reis. Houve sustentação oral efetuada pelo advogado Daniel Lacasa Maia.
ROSALDO TREVISAN - Relator, e Presidente de Turma Substituto, no julgamento.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (relator, e presidente de turma substituto, no julgamento), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em (a) afastar nulidade do acórdão da DRJ por fundamentação insuficiente, suscitada de ofício pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, e (b) dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o crédito em relação às aquisições de café das empresas listadas à fl. 219, no parecer que ampara o despacho decisório, à exceção da empresa JOSÉ MARIA GONÇALVES, vencidos em ambas as matérias os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e Hélcio Lafetá Reis; e, por unanimidade de votos, em (c) afastar a preliminar de nulidade do julgamento da DRJ por alteração de fundamento, e (d) negar provimento ao recurso voluntário em relação aos demais itens. O presidente substituto, Conselheiro Robson José Bayerl, declarou-se impedido, substituindo-o na presidência o Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator e membro do colegiado há mais tempo no CARF. Compôs ainda o colegiado o Conselheiro suplente Hélcio Lafetá Reis. Houve sustentação oral efetuada pelo advogado Daniel Lacasa Maia. ROSALDO TREVISAN - Relator, e Presidente de Turma Substituto, no julgamento. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (relator, e presidente de turma substituto, no julgamento), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente).
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INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO. INTERPOSIÇÃO. Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 11 13 /2 00 6- 13 Fl. 1383DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em (a) afastar nulidade do acórdão da DRJ por fundamentação insuficiente, suscitada de ofício pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, e (b) dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o crédito em relação às aquisições de café das empresas listadas à fl. 219, no parecer que ampara o despacho decisório, à exceção da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, vencidos em ambas as matérias os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e Hélcio Lafetá Reis; e, por unanimidade de votos, em (c) afastar a preliminar de nulidade do julgamento da DRJ por alteração de fundamento, e (d) negar provimento ao recurso voluntário em relação aos demais itens. O presidente substituto, Conselheiro Robson José Bayerl, declarouse impedido, substituindoo na presidência o Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator e membro do colegiado há mais tempo no CARF. Compôs ainda o colegiado o Conselheiro suplente Hélcio Lafetá Reis. Houve sustentação oral efetuada pelo advogado Daniel Lacasa Maia. ROSALDO TREVISAN Relator, e Presidente de Turma Substituto, no julgamento. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (relator, e presidente de turma substituto, no julgamento), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente). Relatório Versa o presente sobre pedido para tratamento manual de declaração de compensação DCOMP (no 39807.46552.160206.1.3.081276 fls. 4 a 10)1 transmitida em 16/02/2006 (de crédito de Contribuição para o PIS/PASEP relativo ao 3o trimestre de 2003, no valor de R$ 123.243,43, com débitos de referentes a IRRF), decorrente de pedido de ressarcimento PER (no 19681.19924.160206.1.1.089876 fls. 11 a 15, no valor de R$ 299.990,47), de 16/02/2006. Fundandose no parecer de fls. 212 a 223, é emitido em 27/07/2009 o despacho decisório de fls. 223/224, reconhecendo direito creditório no montante de R$ 148.271,93, homologando a compensação e deferindo o ressarcimento na medida dos créditos acatados (após compensação de ofício de débitos existentes). As glosas efetuadas se referem a: (a) ausência de inclusão na base de cálculo de receitas de variação cambial; (b) apuração de créditos sobre despesas financeiras; (c) apuração de créditos em relação a corretagem nas intermediações de café e soja, e outros serviços (como assessoria técnica comercial e fretes/despesas comerciais de venda); (d) apuração de créditos sobre amortização do diferido; e (e) aquisições de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1384DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.379 3 Cientificada da decisão em 17/09/2009 (cf. AR de fl. 236), a empresa apresenta petição em 02/10/2009 (fls. 237 a 242), opondose à compensação de ofício, por entender não existir débito pendente a ser satisfeito (informando que o referido débito estava extinto por meio de compensação (DCOMP no 01934.56888.261206.1.3.020600, de 26/12/2006). Em 19/10/2009 a empresa apresenta ainda manifestação de inconformidade (fls. 286 a 321), afirmando que: (a) não há na legislação vedação ao aproveitamento de créditos da contribuição no caso de não recolhimento desse tributos pela pessoa jurídica fornecedora de bens ou serviços, nem se registra que a regularidade cadastral dos fornecedores seja condição sine qua non para possibilitar a apropriação dos créditos; (b) as operações realizadas com as empresas ditas “inativas” foram efetuadas antes de estas serem consideradas “baixadas” ou “inaptas” pela Receita Federal, e houve ainda operações com empresas “ativas”, cabendo a cobrança destes contribuintes, e não da empresa; (c) as compras destas empresas foram todas acobertadas com notas fiscais regularmente emitidas, e que atendem aos requisitos da legislação estadual; (d) no que se refere a serviços de corretagem, assessoria técnica comercial e manutenção e conservação de máquinas, equipamentos e instalações, e fretes e transportes nacionais, e despesas de fretes, as glosas se referem a equivocada acepção do termo “insumos”, derivada da indevida analogia com a legislação do IPI, mas para as contribuições, “insumo” deve ser entendido como todo gasto que colabora direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora de receitas tributáveis; (e) há expressa previsão legal (até agosto de 2004) para desconto de créditos da contribuição em relação a despesas financeiras; e (f) a ausência de previsão legal expressa para desconto de créditos em relação à amortização de diferido não pode obstar o desconto de créditos, em face da não cumulatividade constitucionalmente assegurada. Em 08/08/2011 (fls. 373/374), a DRJ converte o julgamento em diligência, para que a unidade local verificasse a situação dos fornecedores de café apontados nas glosas. Em resposta, a unidade local emite o Relatório Fiscal de fls. 503 a 564, no qual informa que: (a) a diligência atende ao presente processo e a outros 12 da mesma empresa, e fundase em operações especiais (“TEMPO DE COLHEITA”/2007 e “BROCA”/2010) fruto de parceria entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal; (b) a empresa “COIMEX” (recorrente) utilizouse de empresas “laranjas” como “intermediárias fictícias na compra de café de produtores”, nos períodos citados no processo; e (c) o modus operandi do esquema consistia em exigir que o produtor (pessoa física) “guiasse” o produto para pessoa jurídica “laranja” (mera intermediária financeira, conforme demonstram as declarações e fotos constantes do relatório), que emitia nota de venda aos compradores, o que era prática reiterada no mercado de café. Do Relatório a empresa toma ciência em 02/08/2013 (fl. 567), apresentando em 02/09/2013 a manifestação de fls. 569 a 592), no sentido de que: (a) a motivação das glosas no despacho decisório foi a ausência de recolhimento e a suposta irregularidade cadastral; (b) o relatório de diligência é superficial, genérico, incompleto e tendencioso, cabendo destacar que a empresa “COIMEX” e seus representantes sequer foram mencionados nas operações “TEMPO DE COLHEITA” e “BROCA”, que originaram a Ação Penal no 2008.50.05.0005383, nem no próprio relatório, não podendo a fiscalização a partir de tais procedimentos concluir que a empresa utilizouse de “laranjas”; e (c) a empresa não negociou com pessoas supostamente envolvidas no “esquema”, mas com corretores, que identificavam fornecedores no mercado e intermediavam a negociação, sendo adquirente de boafé. A empresa junta ainda aos autos novos documentos buscando comprovar a regularidade das aquisições de café. Fl. 1385DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 4 Em 13/11/2013 (fls. 676 a 708), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) não assiste razão ao despacho decisório quando nega o direito ao crédito simplesmente porque não houve pagamento de tributo no elo anterior da cadeia, mas os documentos emitidos pelas empresas declaradas “INAPTAS” podem ser reputados como inidôneos, tributariamente ineficazes, autorizando a glosa dos custos na escrita fiscal (salvo comprovação do pagamento pelo preço da mercadoria e do real ingresso desta no estabelecimento industrial, prova que incumbe ao postulante do crédito), e produzem igual efeito em relação à documentação a comprovação direta ou indireta de “não ter havido a transação a que se referem”; (b) algumas das principais fornecedoras da empresa foram constituídas no período da reforma da legislação que rege as contribuições, que passou a conceder crédito em apenas parcial nas aquisições de pessoas físicas; (c) os fornecedores da empresa não recolheram nenhum tributos em 2003, e nenhuma das empresas diligenciadas possui patrimônio ou capacidade operacional, funcionário contratado ou estrutura logística, sendo tão somente empresas com existência “fantasmagórica” do ponto de vista tributário, meros vendedores de notas fiscais; (d) a fiscalização agiu corretamente ao admitir que as vendas, em verdade, foram feitas por pessoas físicas, que é o que ocorreu de fato; (e) os insumos tem que ser efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto, ou na prestação de serviço desenvolvida pala empresa, sendo a corretagem e a armazenagem em fase anterior ao processo produtivo, e não atendendo ao conceito de insumo ainda as despesas comerciais com aluguel de garagem, despesas de estacionamento, conservação de edifício, aluguel de quadra e taxas de condomínio; (f) não eram todas as despesas financeiras que geravam créditos até 31/07/2004, mas apenas as decorrentes de “empréstimos e financiamentos de pessoa jurídica” não optante pelo SIMPLES; e (g) não há previsão legal para o cálculo de créditos sobre despesas de amortização do ativo diferido. Cientificada do acórdão da DRJ em 12/12/2013 (AR à fl. 712), a empresa apresenta recurso voluntário em 10/01/2014 (fls. 720 a 783), sustentando que: (a) cabe a atualização monetária do crédito, não tendo a empresa contestado o assunto na manifestação de inconformidade porque discutia o tema judicialmente; (b) a decisão recorrida é nula, por inovar (de forma confessada) a fundamentação adotada originalmente pelo despacho decisório, em patente supressão de instância administrativa; (c) a não cumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS é de caráter constitucional, não podendo ser mitigada pela legislação infraconstitucional; (d) os créditos permitidos na sistemática não cumulativa para as referidas contribuições (em relação a “insumos”) devem refletir todos os gastos que colaboram direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora das receitas; (e) no momento da prolação do despacho decisório a DRF/Vitória tinha amplo conhecimento dos fatos investigados na Operação “TEMPO DE COLHEITA” e não qualificou as aquisições da recorrente como fraudulentas ou simuladas, fundando a negativa de crédito somente no fato de as empresas fornecedoras não terem recolhido as contribuições e serem “inaptas, omissas ou sem receita declarada”; (f) no terceiro trimestre de 2003 as pessoas jurídicas indicadas no despacho decisório estavam com a situação cadastral regular perante a Receita Federal; (g) em atendimento a diligência da DRJ, que já mostrava discordar da fundamentação da autuação, foi juntado pela unidade local relatório genérico, incompleto, inconclusivo e tendencioso, sugerindo a participação da recorrente em “esquema fraudulento”, que levou a DRJ a apreciar casos diversos, em períodos diversos, estendendo as conclusões à recorrente, sem prova alguma, no período narrado nos autos; (h) a empresa sequer foi citada no relatório ou na Ação Penal relativa às operações especiais; (i) o despacho decisório não questionou a existência e a efetividade das aquisições de café, tendo sido as aquisições de boafé, o que demanda a aplicação do disposto no parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.430/1996; (j) em razão da alteração da sede da empresa para São Paulo, os créditos das contribuições de 2006 a 2008 foram analisados pela DRF/São Paulo, que os acatou, inclusive em relação a algumas das Fl. 1386DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.380 5 mesmas empresas fornecedoras (cf. despachos decisórios que anexa); e (k) pela abrangência adotada para o termo “insumos”, devem ainda ser acatados os créditos referentes a gastos incorridos com frete, assessoria técnica e comercial, comissões, corretagens, condomínio, despesas financeiras, amortização do diferido e depreciação. Às fls. 899 a 909 apresentase ainda cópia de decisão judicial no processo no 001484208.2014.403.6100 (Mandado de Segurança petição às fls. 910 a 921), proferida em 22/08/2014, concedendo medida liminar para determinar que a autoridade impetrada (DERAT/SP) aprecie em 10 dias a manifestação sobre a discordância apresentada da compensação de ofício em 02/10/2009 nos autos deste processo administrativo, e para que essa mesma autoridade não promova a compensação de ofício de débitos que estejam com exigibilidade suspensa, devendo em 30 dias realizar a restituição dos créditos que foram reconhecidos no processo administrativo de ressarcimento, desde que presentes as condições para tanto e que os débitos indicados na inicial continuem com a exigibilidade suspensa. Apresenta ainda a recorrente (fls. 922 a 964) vários documentos referentes a pedidos de parcelamento, e cópia de petição em Mandado de Segurança Preventivo impetrado em 2009 (Apelação Cível no 2009.50.01.0017871 fls. 988 a 1014) para correção de valores a restituir/compensar pela Taxa SELIC (o que foi negado em primeira instância e no TRF2 fls. 1087 a 1094, e depois revertido em sede de embargos fls. 1096 a 1101, tendo o STF negado provimento ao agravo da União fls. 1102 a 1106, com trânsito em julgado em 22/04/2014 fl. 1107). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Esclareçase de início que a questão referente à compensação de ofício deve ser analisada pela unidade local da RFB, em rito próprio, com observância ao decidido em relação à demanda judicial interposta pela empresa. E o pedido efetuado em sede de recurso voluntário (referente à atualização monetária do crédito), submetido à apreciação judicial, não constitui exatamente “fato novo”, mas fato motivador da não apreciação do tema por este tribunal administrativo, em face da unidade de jurisdição (consagrada na Súmula no 1 deste CARF), devendo a unidade local efetivamente cumprir o que restou decidido em juízo, na liquidação do julgamento administrativo. No presente processo, a matéria contenciosa se resume a glosas efetuadas pela fiscalização em relação a apuração de créditos sobre: (a) aquisições de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada; (b) despesas financeiras; (c) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e fretes/despesas comerciais de venda); e (d) amortização do diferido. Fl. 1387DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 6 Das aquisições de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada Nesse tópico paira inicialmente acusação da defesa de que teria havido inovação da fundamentação para negativa do crédito pela DRJ. Assim, incumbe verificar quais os fundamentos adotados pelo despacho decisório da unidade local para o indeferimento parcial dos créditos, especificamente no que se refere a aquisições “de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada”. Vejamos os fundamentos da unidade local (fl. 219) para a negativa do direito de crédito em relação à rubrica: E segue o parecer que ampara o despacho decisório, à fl. 220, no sentido de que: Após a transcrição de doutrina sobre a matéria, concluise no referido parecer (fl. 222) que: Fl. 1388DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.381 7 Esses os fundamentos adotados para a negativa de crédito, e que foram submetidos a julgamento pela DRJ, diante das alegações expressas pela empresa em sua manifestação de inconformidade. A DRJ, antes da apreciação da lide, promoveu a baixa em diligência (fl. 373) para que a unidade local promovesse verificações, tendo em vista “o que consta às fls. 4817/4818”: Apesar de não encontrar no processo folhas de número 4817/4818 (o processo, no estágio em que se encontra, sequer chegou à metade dessa numeração), e nem menção às referidas operações especiais (“TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”), é de se compreender que o julgador, que provavelmente já tinha contato com diversos casos advindos Fl. 1389DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 8 das referidas operações, desejava saber se também os fornecedores indicados no despacho decisório eram efetivamente “laranjas” ou “inexistentes de fato”, e se registraram em sua contabilidade as vendas, havendo instrumentos firmados para as vendas de café. Por mais que se possa discordar das razões da diligência, é legítimo entender que o julgador, diante da iminência de afastar a principal motivação das glosas (ausência de pagamento na etapa anterior), desejava saber se efetivamente tendo ultrapassado tal motivação, restaria comprovado o direito de crédito. Recordese que não se está aqui a tratar de autuação, mas de pleito de crédito, que só pode ser atendido se o postulante fizer prova do direito correspondente. E o afastamento da motivação principal da glosa não assegura necessariamente o direito. Vejase por exemplo caso frequente neste CARF (e que ainda enfrentaremos neste voto) de glosa de créditos relativos a insumos porque o fisco adota conceito derivado da legislação do IPI, restritivo, enquanto a postulante ao crédito adota conceito amplo do IR. No momento em que este CARF (usando conceito intermediário) afasta o critério adotado pelo fisco de utilização da legislação do IPI ele não assegura a totalidade do crédito, mas passa à análise de adequação ao critério adotado, se necessário com baixa em diligência para que se apure de que forma cada insumo é necessário à obtenção do produto final. Pelo exposto, não interpretamos que a DRJ, com a diligência, buscava alterar a fundamentação das glosas, mas sim verificar se a empresa efetivamente detinha o direito de crédito, ultrapassada a premissa do fisco, entendida por aquele julgador como equivocada, de que bastava o não pagamento na etapa anterior. Da mesma forma age este CARF quando, ultrapassando o conceito de insumo do IPI frequentemente usado pela fiscalização para as contribuições (igualmente visto como equivocado), determina diligência para verificar se existe direito ao crédito com base no que se entende no tribunal administrativo por insumo. Assim, entendemos não existir a nulidade apontada pela recorrente quando afirma que a DRJ alterou a fundamentação, abandonando o fundamento de ausência de pagamento e adotando razões diversas para a negativa. Da mesma forma não existiria a nulidade se este CARF, ao rechaçar o conceito de insumo da legislação do IPI, ainda assim negasse em parte ou no todo o direito ao crédito por não ser o bem adquirido necessário à obtenção do produto final. O que se vê, nestes autos, é que a DRJ parece desejar identificar com a diligência se seria possível à recorrente saber de antemão que tal pagamento sequer seria efetuado na etapa anterior, com base nas experiências que já possuía ao apreciar casos derivados das operações “TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”, mas com foco nos fornecedores listados no presente processo. Mas o relatório fiscal de fls. 503 a 564 não restringe seu escopo aos fornecedores citados no presente processo, tratando inclusive de empresas e de períodos diferentes. É um relatório efetivamente “genérico”, e que se presta a este e a mais doze processos administrativos, indicados à fl. 503. “Genérico” no sentido de trazer informações sobre as operações especiais (“TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”), e não especificamente sobre as empresas fornecedoras relacionadas no presente processo. O relatório fiscal demonstra entender apenas parte do que lhe foi perguntado na diligência, logo ao início (fl. 504): Fl. 1390DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.382 9 Vejase que após fazer referência expressa à COIMEX (recorrente), o relatório volta a ser “genérico”, tratando da existência de um “esquema fraudulento” que alcançou “renomadas empresas atacadistas”. E a sequência do relatório busca demonstrar o modus operandi do esquema e como a prática de vendas de notas fiscais e de interposição de empresas “laranjas” era prática generalizada no mercado de café (sem voltar a mencionar a empresa recorrente). Há ainda menção no relatório a diversas empresas “laranjas” (v.g. COLÚMBIA, ACÁDIA, DO GRÃO, L&L, V. MUNALDI), e a pessoas físicas, sem que se fizesse a necessária correlação com o presente processo. A tabela de fls. 533/534 aponta supostas fornecedoras que atuaram de 2003 a 2007, constituindo um dos poucos vínculos no relatório a empresas mencionadas no presente processo. A seguir, transcrevese a parte da tabela que trata efetivamente de empresas mencionadas pela fiscalização no presente processo: Fl. 1391DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 10 Das 11 empresas relacionadas na tabela de glosas da fiscalização (reproduzida ao início deste voto), 3 são também mencionadas no relatório: ADAR COMÉRCIO LTDA, G. FERREIRA e SANTA MARTA COMÉRCIO LTDA. E o relatório fiscal segue apresentando lista de pessoas jurídicas declaradas inaptas pela DRF/GVS/MG por serem inexistentes de fato (fl. 535). Também são transcritos abaixo os excertos de tal lista que correspondem às empresas que são apontadas como fornecedoras no presente processo: Assim, acrescese à lista de fornecedores mencionados no relatório uma quarta empresa: a CAMIFRA COMÉRCIO LTDA. E no curso do relatório é mencionada ainda uma quinta empresa fornecedora: a JOSÉ MARIA GONÇALVES (fls. 551/552): Fl. 1392DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.383 11 Afora o aqui reproduzido, não há nada no relatório fiscal que tenha vínculo específico com o presente processo. A nosso ver, aparentemente não teria sido efetuada uma verdadeira diligência para atender ao demandado pela DRJ, mas apenas juntado um relatório que se prestaria à formação de convicção de que a fraude era prática generalizada no mercado de café, sem a preocupação de tratar especificamente (embora o relatório acabasse por resvalar em alguns) dos fornecedores mencionados nas glosas do fisco. A DRJ aprecia o tema, e logo ao início de seu voto deixa extremamente clara a situação que estava a apreciar antes da diligência (fl. 687), reconhecendo literalmente que “a glosa se deveu não à falta de confirmação documental da transação, mas à inexistência de recolhimento de tributo”: E segue o julgador (ainda à fl. 687) afirmando, sobre a documentação apresentada pela empresa, que: Mas na sequência a DRJ expressamente afasta a razão alegada como 1o argumento para as glosas (fl. 688): E depois de afastar a razão constante como 1o argumento para as glosas, e à luz dos arts. 80 a 82 da Lei no 9.430/1996, a DRJ prossegue afirmando que após a declaração de inaptidão “os documentos fiscais emitidos pelas empresas declaradas inaptas podem ser reputados como inidôneos e, assim, tributariamente ineficazes, autorizando a glosa dos custos Fl. 1393DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 12 na escrita fiscal do terceiro interessado, salvo comprovação do pagamento pelo preço da mercadoria e do real ingresso desta no estabelecimento industrial”. Mas já na sequência do voto (fl. 692) o julgador de piso recorda que o despacho decisório sequer falava em inaptidão, tema que só foi mencionado no relatório resultante da diligência: Em tal confuso excerto da decisão da DRJ, após se reconhecer que o despacho decisório não cogitou de inaptidão, tema só suscitado na diligência, concluise que no “Parecer” não havia qualquer outra prova nesse sentido, e que isso “seria suficiente para afastar o aproveitamento pela empresa interessada dos valores registrados como custo”, dispensando a produção de provas pela autoridade fiscal. Logo depois, ampliase a argumentação para firmar que “independentemente da declaração de inaptidão”, a documentação poderia ter sido considerada tributariamente ineficaz quando comprovado (direta ou indiretamente) não ter havido a transação. Assim, depois de rechaçar o primeiro argumento utilizado para a glosa (de que teria que existir pagamento na etapa anterior) a DRJ passa a analisar o segundo argumento (de que as compras eram de empresas inativas, omissas ou com receita nula, ou, nas suas palavras, “pseudoatacadistas” fl. 692): E, na sequência, logra êxito o julgador de piso, a nosso ver, em comprovar que havia efetivamente um esquema fraudulento nas compras de café, detectado nas operações especiais “TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”. Contudo, é absolutamente deficiente a vinculação da recorrente a tais fraudes, não havendo qualquer disposição específica que vincule a recorrente ou mesmo seus fornecedores, à exceção de cinco deles, como se descreve a seguir. Fl. 1394DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.384 13 À fl. 693, o julgador anexa tabela, afirmando ser relativa a fornecedores da recorrente: Contudo, das dez empresas constantes na tabela apresentada pelo julgador apenas uma (a “AGAR COMÉRCIO LTDA”) consta como fornecedora da recorrente no parecer que ampara o despacho decisório (fl. 219) ou em seu anexo (fls. 199 a 202). À fl. 696 é apresentada nova tabela, por amostragem, de empresas que seriam fornecedoras da recorrente, indicando que várias não recolheram nenhum tributo em 2003. Em tal tabela, reproduzida a seguir, percebese novamente que das dez empresas, somente uma (a “CAMIFRA COMÉRCIO LTDA”) consta como fornecedora da recorrente no parecer que ampara o despacho decisório (fl. 219) ou em seu anexo (fls. 199 a 202): Fl. 1395DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 14 Ao que parece, o órgão julgador está tratando das fornecedoras da recorrente com base em documentos diversos dos que ensejaram as glosas (e, por consequência, o presente contencioso), acrescentando informações que não podem ser agora verificadas, e que são difusas/generalizadas, pois extraídas em diferentes momentos, em relação a diferentes fornecedores de diferentes empresas, sem vínculo necessário e preciso com o presente processo. A generalização se estende ao excerto seguinte do voto (fl. 696), no qual as conclusões são estendidas a todas as fornecedoras (sem qualquer elemento probatório): É certo que nas operações especiais foi possível atestar tal quadro caótico e preocupante em relação a diversas empresas, mas restam ausentes as vinculações específicas em relação às fornecedoras mencionadas no despacho decisório denegatório no bojo deste processo. O caráter paradoxalmente inconclusivo das “conclusões” da DRJ é refletido no excerto seguinte do voto (ainda à fl. 696): Não se pode, com base em “indícios que militam a favor de uma tese”, concluir que a tese é aplicável a todos os casos. Deveria o julgador ter observado os elementos probatórios que são especificamente pertinentes ao processo que estava a julgar, e não a outras situações, generalizando as conclusões. E, ainda que utilizasse elementos de outras fiscalizações, deveria efetuar vínculo específico com o presente processo. Vejase, por exemplo, a informação de que “há no parecer diversos exemplos, com fotografias de estabelecimentos de diversos fornecedores da empresa manifestante” (fl. 696). Como já se esclareceu aqui, de todas as fotos do relatório resultante da diligência, somente uma (a da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, reproduzida neste voto) se refere a fornecedor da recorrente. Essa precariedade probatória é perceptível nas próprias expressões usadas pelo julgador. Além de apreciar o caso conclusivamente com base em “indícios que militam”, o julgador usa ainda outras expressões de pouca força afirmativa, como o “tudo indica” (de fl. 696): Fl. 1396DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.385 15 Ademais, na parte em que o julgador tenta apresentar provas que endossem os indícios (fls. 697 a 700) , as menções são a empresas e pessoas que sequer são mencionadas como fornecedoras da recorrente no presente processo (v.g., COLÚMBIA e V. MUNALDI). Em suma, a nosso ver a DRJ efetivamente fracassa em sua tese de abstrair as conclusões do relatório de diligência a todas as empresas fornecedoras. E, mesmo em relação às cinco empresas citadas, só vemos nestes autos elementos suficientes para manutenção das glosas em relação à empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, visto que seu próprio proprietário reconhece, como aqui transcrito, que pratica o modus operandi descrito pela fiscalização. Diante da confissão, não há lugar à tese de que a recorrente adquiriu bens de “JOSÉ MARIA GONÇALVES” como terceiro de boafé. Cabe, em adição, destacar a irrelevância, para o presente processo, das decisões não vinculantes prolatadas por unidades locais da RFB em processos diversos e do fato de a COIMEX não figurar na ação penal referente às operações especiais. Pelo exposto, voto pela manutenção das glosas apenas em relação às aquisições efetuadas da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, afastando as demais por não haver nos autos elementos que desconstituam a boafé da recorrente nas aquisições de que especificamente trata o presente processo. Adicionese que uma nova baixa em diligência, para verificar a situação das empresas a que se refere o presente processo ao tempo das ocorrências (há cerca de uma década), suprindo as deficiências do "relatório genérico" extraído das operações especiais, e aceito pela DRJ, poucos efeitos práticos surtiria, diante da ausência de motivação para o afastamento da boafé da recorrente, à época das aquisições. Analisada a presente matéria, à qual se dedica praticamente toda a defesa (61 das 63 páginas do recurso voluntário), passase a analisar as demais glosas efetuadas, em relação a gastos incorridos com frete, assessoria técnica e comercial, comissões, corretagens, manutenção, condomínio, despesas financeiras, amortização do diferido e depreciação, cabendo trazer antecipadamente algumas delimitações conceituais e normativas necessárias. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Incumbe de início esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) Fl. 1397DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 16 (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei poderia ter desbordado do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2 (“O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”). Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. Do conceito de insumos para a Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que Fl. 1398DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.386 17 não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como venho reiterando em processos relatados no âmbito deste CARF, com acolhida unânime: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos, já adiantando a existência de substancial obstáculo, residente no fato de sequer se demonstrar a existência de processo industrial nos autos. Fl. 1399DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 18 Das glosas em espécie Conforme relatado, em relação ao despacho decisório, as glosas são referentes a: (a) ausência de inclusão na base de cálculo de receitas de variação cambial; (b) apuração de créditos sobre despesas financeiras; (c) apuração de créditos em relação a corretagem nas intermediações de café e soja, e outros serviços (como assessoria técnica comercial e fretes/despesas comerciais de venda); e (d) apuração de créditos sobre amortização do diferido. Mas na peça recursal (fls. 778/779) argumentase unicamente que: Como já se adiantava no tópico anterior, o inciso no qual se ampara a recorrente para demandar os créditos (inciso II do art. 3o) trata de insumos para prestação de serviços ou produção/fabricação de bens ou produtos destinados à venda, e não à simples venda/revenda de bens adquiridos. Totalmente carente de base legal, assim, o pleito. E, ainda que o fundamento fosse diverso, como parecia ser inicialmente a demanda referente às despesas financeiras e à amortização do diferido, persistiria a total inadequação aos comandos legais, que, repitase, são de observância obrigatória por este colegiado em função da citada Súmula CARF no 2. Fl. 1400DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.387 19 Assim, seja por não fazer prova a postulante do crédito em relação à existência de processo de produção/fabricação ou de prestação de serviços, ou ainda da adequação específica dos bens e serviços alegadamente apontados como “insumos” a tais processos ou prestações, incabível o direito ao crédito. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o crédito em relação às aquisições de café das empresas listadas à fl. 219, no parecer que ampara o despacho decisório, à exceção da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”. Para efeito de implementação do julgado pela unidade local da RFB, e para que se evite duplicidade de concessão de créditos, esclarecese que o reconhecimento do crédito efetuado nestes autos, que se dá unicamente em relação às aquisições de café, opera em detrimento do reconhecimento de crédito presumido para as mesmas operações. Assim, deve a unidade, na admissão dos créditos decorrentes deste julgamento, afastar o reconhecimento dos créditos presumidos de aquisições de pessoas físicas em relação às mesmas operações. Rosaldo Trevisan Fl. 1401DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10768.000320/2005-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/12/2004
CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO.
A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA.
Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado.
Numero da decisão: 3401-003.087
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (presidente da turma), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2004 a 31/12/2004 CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2272; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 536 1 535 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10768.000320/200564 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.087 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2016 Matéria DCOMPPISAÇÃO JUDICIAL Recorrente CGG DO BRASIL PARTICIPAÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2004 a 31/12/2004 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. DIREITOS E OBRIGAÇÕES. TAXA DE CÂMBIO. VARIAÇÕES MONETÁRIAS. ART. 9o DA LEI N. 9.718/1998. As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. APLICAÇÃO DO ART. 10, XI DA LEI N. 10.833/2003. Aplicase à Contribuição para o PIS/PASEP o disposto no art. 10, XI da Lei no 10.833/2003, por força do art. 15 da mesma lei, que produz efeitos a partir de 01/02/2004. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2004 a 31/12/2004 CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 03 20 /2 00 5- 64 Fl. 536DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (presidente da turma), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Declarações de Compensação apresentadas em formulário (fls. 2 a 98)1, referentes a crédito relativo à Contribuição para o PIS/PASEP, apurado nos meses de março a dezembro de 2004, no valor total de R$ 1.498.642,62, com débitos referentes à própria contribuição, dos mesmos períodos de apuração. No Parecer Conclusivo de fls. 143 a 147, que embasa o Despacho Decisório (DD) proferido em 26/05/2009 (fl. 148), informase que do exame dos pedidos e da DIPJ e dos DACON percebese que se trata de crédito oriundo de retenções sofridas por ocasião do recebimento de receitas por prestação de serviços a órgão público, matéria disciplinada no art. 64, § 3o da Lei no 9.430/1996, que considera as retenções na fonte como antecipação do devido por quem sofreu a retenção, não podendo ser consideradas como crédito passível de restituição ou compensação, mas como dedução do montante devido a mesmo título ao final do período de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 537DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.000320/200564 Acórdão n.º 3401003.087 S3C4T1 Fl. 537 3 apuração. A possibilidade de restituição/compensação surge apenas com o art. 5o da Medida Provisória no 413/2008, convertida na Lei no 11.727/2008. Como as Declarações de Compensação foram apresentadas em 14/01/2005, os valores retidos não eram passíveis de restituição, devendo as compensações serem consideradas como não declaradas, conforme estabelece o inciso VIII do § 3o do art. 26 c/c o inciso I do art. 31 da Instrução Normativa SRF no 460/2004, vigente à época. Entretanto, devem ser reconhecidas as deduções, conforme demonstrativo de fl. 146, destacandose que não cabe manifestação de inconformidade, por força do art. 66, § 8o da Instrução Normativa SRF no 900/2008 e art. 74, § 16 da Lei no 9.430/1996. Após ciência à empresa (cf. AR de fl. 155), os débitos são inscritos em Dívida Ativa (cf. termo de fls. 169 a 171). Por força de decisão judicial (antecipação dos efeitos da tutela recursal para que a manifestação de inconformidade apresentada no presente processo administrativo seja analisada pela DRJ), o delegado de julgamento envia o ofício de fl. 173 à PGFN, pedindo remessa dos autos à RFB, e cancelamento da inscrição em Dívida Ativa. No entanto, na sentença judicial (fls. 208/209), a segurança foi denegada, retornando o processo à PGFN. Tendo a apelação no MS no 2009.51.01.02349752006 sido recebida no duplo efeito, com antecipação dos efeitos da tutela recursal, pelo TRF2, a inscrição em Dívida Ativa foi alterada para a situação "suspensão de exigibilidade decisão judicial", retornando os autos à RFB (fls. 243/244), para que a DRJ apreciasse a manifestação de inconformidade apresentada. Na Manifestação de Inconformidade (fls. 3 a 35 do processo apensado, de no 15374.002422/200995), a empresa alega que: (a) emite notas fiscais referentes a serviços de estudos a clientes, como a Petrobrás, que retém os tributos (Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS), desobrigando a empresa em relação às parcelas retidas; (b) nas declarações de compensação a empresa buscava compensar os valores retidos na fonte com seus débitos; (c) não há disposição legal que considere as compensações como não declaradas, nem vedação às compensações; (d) a manifestação de inconformidade deve ser analisada; e (e) não se pode admitir a cobrança de tributo indevido decorrente de erro manifesto na prestação de informações ao fisco (opção por declarações de compensação ao invés de compensação escritural), devendo ser aceita retificação da compensação E, na sequência, detalha, para os meses de março a dezembro, a composição do faturamento.2 Na decisão de primeira instância, proferida em 27/01/2012 (fls. 288 a 322), a DRJ não conheceu dos argumentos relativos à admissibilidade da manifestação e das alegações de falta de amparo legal para que fossem consideradas não declaradas as compensações, diante da unidade de jurisdição, por estarem ambas as matéria submetidas ao crivo do Poder Judiciário, e, em relação à inexistência de saldo devedor nos meses de março, maio, agosto e dezembro, reconheceu a parcial procedência da manifestação de inconformidade, conforme tabela de fl. 322. Abaixo, as considerações da DRJ individualizadas por mês: Mês MI Composição da base de cálculo DRJ Decisão de piso Março Emissão de duas notas fiscais (no 251 e 252 Petrobrás). Apuração cumulativa (art. 10, XI da Lei n. 10.833/2003). Quitação com A fundamentação alegada pela empresa não se aplica à Contribuição para o PIS/PASEP, mas somente à COFINS. Deve ser mantido o DD. 2 A tabela com o detalhamento das razões será aqui didaticamente reproduzida em quadro contendo também as observações da DRJ, para que já se insira o que decidiu aquele órgão julgador em relação a cada mês. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 retenções. Abril Não foram emitidas notas fiscais, motivo pelo qual não há faturamento. Em abril foi emitida a nota fiscal no 253, informada pelo contribuinte em DACON e DIPJ. Deve ser mantido o DD. Maio Emissão de duas notas fiscais (no 254 e 255 Petrobrás), pagas somente em 21/06/2004 e 17/06/2004, respectivamente (apuração cumulativa). Assim, as retenções não foram utilizadas para abater débitos de maio. Quitação com DCOMP de final 5620, restando crédito. A fundamentação alegada pela empresa não se aplica à Contribuição para o PIS/PASEP, mas somente à COFINS, e a compensação informada (conforme o SIEF) já foi concluída. Deve ser mantido o DD, deduzindo o valor extinto pela DCOMP de final 5620. Junho Emissão da nota fiscal no 256 (Petrobrás) cumulatividade. Compensação com créditos de retenções de meses anteriores. A fundamentação alegada pela empresa não se aplica à Contribuição para o PIS/PASEP, mas somente à COFINS. Deve ser mantido o DD. Julho Emissão de três notas fiscais (no 257, 258 e 259 Petrobrás), pagas em 29/07/2004 (apuração cumulativa). Compensação com créditos de retenções do próprio mês. A fundamentação alegada pela empresa não se aplica à Contribuição para o PIS/PASEP, mas somente à COFINS. Deve ser mantido o DD, e considerado o valor retido na nota fiscal no 256. Agosto Emissão de duas notas fiscais (no 260 e 261 Petrobrás), com valor reduzido em decorrência de variações cambiais no pagamento de faturas escrituradas na DACON como vendas canceladas. Apuração não cumulativa. Quitação com créditos da não cumulatividade, retenções e DCOMP de final 5620 (saldo). As informações prestadas na MI divergem das declaradas na DCOMP. Não constam vendas canceladas nem na DACON nem na DIPJ, não havendo prova sobre a alegação nos autos. E as despesas financeiras em função de variação cambial não se enquadram nas hipóteses de dedução da base de cálculo. Há ainda outras alegações não comprovadas, como a referente a créditos da não cumulatividade. Deve ser mantido o DD (com a diferença de saldo em função do valor retido na nota fiscal no 256). Setembro Emissão de cinco notas fiscais (no 262 BPBrasil, e no 263 a 266 Petrobrás), com valor reduzido em decorrência de variações cambiais no pagamento de faturas tidas como vendas canceladas. As notas no 262 e 263 eram de contratos anteriores a out/2003 apuração cumulativa. Quitação com créditos da não cumulatividade (parcela), retenções, DCOMP de final 5620 (saldo) e DARF. Idem, acrescentandose que a fundamentação alegada pela empresa não se aplica à Contribuição para o PIS/PASEP, mas somente à COFINS. Outubro Emissão de cinco notas fiscais (no 267, 270 e 271 BPBrasil, e no 268 e 269 Petrobrás). As notas no 268 e 269 eram de contratos anteriores a out/2003 apuração cumulativa. Quitação com créditos da não cumulatividade (parcela), retenções e DCOMP de final 5620 (saldo). Deve ser considerado o valor retido, e também a DCOMP de final 5620 (saldo), cabendo as mesmas observações já externadas sobre a fundamentação referente à cumulatividade, a divergências nas declarações e a carência probatória. Novembro Emissão de três notas fiscais (no 273, 274 e 275 Petrobrás), pagas em 29/07/2004 (apuração cumulativa), com valor reduzido em decorrência de variações cambiais no pagamento de faturas tidas como vendas canceladas. Apuração não cumulativa. Quitação com créditos da não cumulatividade (parcela), retenções e Manutenção parcial da cobrança, considerando a alegação sobre a inexistência de valor retido, mas reconhecendo a carência probatória em relação a créditos da não cumulatividade e vendas canceladas. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.000320/200564 Acórdão n.º 3401003.087 S3C4T1 Fl. 538 5 DCOMP de final 5620 (saldo). Dezembro Emissão de sete notas fiscais (no 280 BPBrasil, e no 276 a 279, 281 e 282 Petrobrás), com valor reduzido em decorrência de variações cambiais no pagamento de faturas. Apuração não cumulativa. Quitação com créditos da não cumulatividade (parcela), retenções e DCOMP de final 5620 (saldo). Manutenção parcial da cobrança, considerando a existência de valor retido e a DCOMP. Há carência probatória em relação a créditos da não cumulatividade e vendas canceladas. Após ciência ao acórdão de primeira instância (AR à fl. 333) em 16/06/2012, apresentase o recurso voluntário de fls. 336 a 363 (em 17/07/2012), no qual se argumenta que: (a) há impossibilidade de se entender a variação cambial como despesa financeira no presente caso (oscilação da taxa de câmbio entre a emissão da nota fiscal e sua efetiva quitação), tendo a DRJ tratado o assunto como se a variação cambial fosse decorrente de investimento em moeda estrangeira; (b) há clara existência dos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP, v.g., para energia elétrica, devendo o processo ser baixado em diligência para que o contribuinte possa comprovar os créditos com documentação hábil; e (c) o art. 10, XI da Lei no 10.833/2003 se aplica à Contribuição para o PIS/PASEP, conforme expressa disposição do art. 15, V da mesma lei, cabendo ainda destacar o disposto no art. 2o da Instrução Normativa no 658/2006. Sobre as bases de cálculo mensais, questiona os meses de março, maio, junho e julho (mormente em função da aplicação do art. 10, XI da Lei no 10.833/2003 letra "c" deste parágrafo), agosto, setembro e novembro (pelas razões descritas nas letras "a", "b" e "c" deste parágrafo), outubro (pelas razões expressas nas letras "b" e "c" deste parágrafo), e dezembro (pelas razões descritas nas letras "a" e "b" deste parágrafo). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado é tempestivo. Os demais requisitos de admissibilidade restam atendidos apenas em função da existência de decisão judicial (nos autos do Mandado de Segurança no 2009.51.01.0234975) determinando a apreciação da manifestação de inconformidade, como destacado na decisão de piso (fl. 289): "Cientifiquese a Interessada, mediante entrega de cópia do presente Acórdão, de que deverá recolher o crédito tributário, bem como os acréscimos legais pertinentes, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência, ressalvandolhe o direito à interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais no prazo de trinta dias, conforme facultado pelo art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, alterado pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, em cumprimento à decisão proferida, em 22/02/2010, no Agravo de Fl. 540DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 Instrumento nº 2009.02.01.0186840 interposto pela Interessada contra decisão do MM. Juiz da 23ª VF/RJ, nos autos do processo Mandado de Segurança nº 2009.51.01.0234975." (grifo nosso) Verificandose o andamento da referida ação judicial no sítio web do TRF2, percebese que estão os autos com conclusão para despacho no gabinete da Dra. Lana Maria Fontes Regueira desde 13/12/2012. Assim, reiteramse as considerações expressas no julgamento de piso sobre unidade de jurisdição e impossibilidade de análise por este colegiado administrativo das questões levadas ao Poder Judiciário (no caso, as discussões sobre admissibilidade da peça recursal e falta de amparo legal para considerar as compensações como não declaradas). Ademais, neste CARF a matéria é inclusive plasmada na primeira súmula do tribunal administrativo: “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Passase, então, aqui, a analisar o restante das argumentações de defesa, que se concentra em três teses, que impactam, conjunta ou isoladamente, a constituição da base de cálculo da contribuição ao longo dos meses de março a dezembro de 2004: (a) da clara existência de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP; (b) da impossibilidade de se entender a variação cambial como despesa financeira; e (c) da aplicação do art. 10, XI da Lei no 10.833/2003 à Contribuição para o PIS/PASEP. Da existência de créditos da não cumulatividade É de se recordar, já de início, que as DCOMP foram registradas alegando créditos referentes a retenções na fonte relativas a contratos com entes públicos. No entanto, a empresa, em sua manifestação de inconformidade, por diversas vezes, admite ter cometido erros no pedido e no registro das informações, demandando em nome da verdade material que fossem analisados não conforme solicitou, mas considerando também saldos e créditos decorrentes da não cumulatividade (créditos básicos). Contudo, não apresenta qualquer prova de que efetivamente se enquadra nas situações que ensejam a tomada de tais créditos. A DRJ, tomando em conta as argumentações de existência de erros nos pedidos da empresa, passa a analisar, também em nome da verdade material, a existência de tais créditos, chegando à conclusão de que as alegações se encontram desprovidas de prova e de que caberia à empresa apresentar a prova de seu crédito no momento da impugnação/manifestação de inconformidade, conforme arts. 15 e 16 do Decreto no 70.235/1972. Em seu recurso voluntário, a empresa, novamente, ao invés de fazer prova da existência dos créditos, limitase a alegar (fl. 346) que: Fl. 541DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.000320/200564 Acórdão n.º 3401003.087 S3C4T1 Fl. 539 7 Olvidase, no entanto, a empresa, de seu ônus probatório, buscando genericamente informar que todas as empresas incorrem ao menos em despesas com energia elétrica e aluguéis, para concluir que teria direito ao menos parcial ao crédito, devendo o fisco abrir, nesta etapa (final) do processo administrativo, em nome da verdade material, a possibilidade de que a contribuinte venha a trazer (em oportunidade posterior) ao processo documentos que já podia ter trazido desde o pedido de compensação. Como ensina JAMES MARINS, a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 3 E faltou com seu dever duplamente a recorrente: primeiro, pela inconsistência entre suas próprias declarações e pedidos, e segundo, pela ausência de apresentação de documentos comprobatórios do crédito, desde a etapa inicial do processo. Reiterese que o ônus probatório em processos desta natureza (DCOMP) é da postulante ao crédito. Assim vem reiteradamente decidindo este CARF: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO 3 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. Fl. 542DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 8 INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. Não se pode em nome da verdade material promover uma dilação probatória ad infinitum, com conversões em diligência ou demandas de perícia para que a recorrente apresente detalhamentos ou documentos que já deveria ter apresentado desde o início do processo. Daí a importância do disposto no art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. Assim, incabível a solicitação de diligência para que a própria recorrente junte ao processo provas que já poderia ter juntado desde o início do contencioso. É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado. Não havendo tal prova, resta desatendido o art. 170 do CTN, sendo incabível a compensação. Nesse tópico, portanto, deve ser negado provimento ao recurso voluntário interposto. Da variação cambial Também em relação à variação cambial ocorre equívoco no pedido. Na manifestação de inconformidade alega a empresa que o crédito se refere a "variações cambiais no pagamento de faturas escrituradas na DACON como vendas canceladas" ou "tidas como vendas canceladas". A DRJ verifica que, além de não haver registro ou comprovação de vendas canceladas, a variação cambial, no caso, constitui uma despesa financeira (fl. 307): "74. Primeiramente, cabe registrar que, ao contrário do alegado, não consta do DACON (fl. 133 VOL.I) qualquer informação sobre a existência de vendas canceladas nesse Fl. 543DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.000320/200564 Acórdão n.º 3401003.087 S3C4T1 Fl. 540 9 período. Tal informação também não consta da DIPJ (fl. 124 VOL.I). 75. Não foi anexada aos autos documentação que pudesse comprovar a existência de vendas canceladas nesse valor. O único documento trazido foi a cópia de email (fl. 80 VOL.II proc. apens.) por meio do qual a Petrobrás comunica a CGG do Brasil Participações Ltda. que, em conformidade com o item “7.5” do contrato nº 198.2.004.039 estaria providenciando Nota de Débito no valor de R$ 57.320,16 referente à variação da taxa cambial da emissão do BM2 e a taxa cambial do pagamento. A Nota de Débito mencionada deve ser a ND 257, informada na planilha que acompanhou a DCOMP (fl. 50, VOL.I). 76. Da leitura do referido email, inferese que, por cláusula contratual, a diferença apurada entre o valor pago com base na conversão efetuada na data da emissão do Boletim de Medição e o valor devido pela conversão efetuada na data do pagamento, deveria ser complementada pela Petrobrás ou debitada da empresa contratada, conforme o caso. No caso em análise, a diferença de R$ 57.320,16 deveria ser debitada da empresa, por ser a taxa cambial do dia do pagamento menor que a taxa cambial da emissão do Boletim de Medição. 77. Como pode ser observado, o caso em análise não trata de venda cancelada, já que o serviço foi executado e pago conforme instrumento contratual (fl. 69, VOL.II, proc. apens.), ou seja, não houve cancelamento do serviço contratado. O que se tem nesse caso é uma despesa financeira em função da variação da taxa de câmbio, a qual não se incluí dentre as hipóteses de dedução da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins." (grifo nosso) E, no recurso voluntário, já não fala mais a recorrente em "venda cancelada" na sua argumentação, mas simplesmente em "variação cambial", defendendo que não constitui, no caso, uma despesa financeira, pois não se está a tratar de investimentos em moeda estrangeira, mas de ajuste no preço contratado. No entanto, quando junta jurisprudência para corroborar sua tese, o único julgado com ementa transcrita versa sobre "devoluções e vendas canceladas", e em nenhum momento menciona "variação cambial". E a recorrente continua a não fazer prova específica individualizada dos referidos "ajustes" de preço. O que se percebe é uma mutação constante do pedido espelhado inicialmente em DCOMP como "crédito decorrente de retenções na fonte" ao longo do presente contencioso. Já não se está a julgar aquela solicitação, mas outra(s) nascidas no contencioso, após a recorrente reconhecer equívocos no pedido, em DACON, em DIPJ, entre outros. Não se vê presentes neste processo, mesmo com as explicações prestadas em sede de recurso voluntário, a liquidez e a certeza dos créditos, demandadas pelo art. 170 do CTN, para que se possa acatar as compensações. Ademais, como conclui a DRJ, e determina o art. 9o da Lei no 9.718/1998: "as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual Fl. 544DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 10 serão consideradas, para efeitos da legislação (...) da contribuição PIS/PASEP (...), como receitas ou despesas financeiras (...)". Não há, assim, como se opor ao comando legal neste tribunal administrativo, em função da Súmula CARF no 2. Assim, tanto pela ausência de comprovação quanto pela expressa disposição legal, devese negar provimento ao recurso voluntário neste item. Do art. 10, XI da Lei no 10.833/2003 Alega a recorrente que o art. 10, XI da Lei no 10.833/2003 se aplica também à Contribuição para o PIS/PASEP, conforme expressa disposição do art. 15, V da mesma lei, cabendo ainda destacar o disposto no art. 2o da Instrução Normativa no 658/2006. A DRJ, por sua vez, entendeu o dispositivo aplicável somente à COFINS. Recordese que o art. 10, XI da Lei no 10.833/2003 estabelece a permanência da sistemática cumulativa as receitas relativas a determinados contratos firmados anteriormente a 31/10/2013 (como os relativos a construção por empreitada ou fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data). A Lei no 10.833/2003 trata de COFINS, mas seu art. 15 (vigente e produzindo efeitos a partir de 01/02/2004) estabeleceu algumas hipóteses de aplicação também à Contribuição para o PIS/PASEP: "Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto nos incisos I e II do § 3o do art. 1o, nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1o, incisos II e III, 10 e 11 do art. 3o, nos §§ 3oe 4odo art. 6o, e nos arts. 7o, 8o, 10, incisos XI a XIV, e 13." (grifo nosso) 4 Como se percebe da simples leitura do dispositivo legal, está expressamente contemplado o inciso XI, em discussão no presente processo. Assim, não se vê razão para que o julgador de piso tenha afastado a aplicação do dispositivo no caso em análise. Nesse item, deve ser dado provimento ao recurso voluntário, diante da flagrante previsão legal. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer os créditos decorrentes da aplicação do art. 10, XI da Lei no 10.833/2003 à Contribuição para o PIS/PASEP. Rosaldo Trevisan 4 A previsão foi mantida no inciso V do art. 15 pela nova redação dada ao artigo pelas Leis n. 10.865/2004 e 11.051/2004. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.000320/200564 Acórdão n.º 3401003.087 S3C4T1 Fl. 541 11 Fl. 546DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
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Numero do processo: 13854.000255/2004-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. TEMA SOBRE O QUAL DEVERIA O COLEGIADO SE MANIFESTAR. MANIFESTAÇÃO IMEDIATA. MÉRITO. PONTO OMISSO.
Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento omissão sobre tema em relação ao qual deveria o colegiado se manifestar, e não a questionamentos sobre temas colaterais ou secundários ao julgamento do processo. Apurada, no entanto, a omissão, cabe a manifestação imediata, pelo colegiado, do mérito em relação ao ponto omisso.
Numero da decisão: 3401-003.079
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração apresentados, no que se refere à omissão relativa à análise da alegação de erro da fiscalização na glosa de créditos decorrentes de aquisições de insumos de pessoas físicas, e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar as glosas existentes neste processo decorrentes de notas fiscais de complemento de preços emitidas em fevereiro e março de 2004.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (presidente da turma), Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. TEMA SOBRE O QUAL DEVERIA O COLEGIADO SE MANIFESTAR. MANIFESTAÇÃO IMEDIATA. MÉRITO. PONTO OMISSO. Os embargos de declaração prestamse ao questionamento omissão sobre tema em relação ao qual deveria o colegiado se manifestar, e não a questionamentos sobre temas colaterais ou secundários ao julgamento do processo. Apurada, no entanto, a omissão, cabe a manifestação imediata, pelo colegiado, do mérito em relação ao ponto omisso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração apresentados, no que se refere à omissão relativa à análise da alegação de erro da fiscalização na glosa de créditos decorrentes de aquisições de insumos de pessoas físicas, e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar as glosas existentes neste processo decorrentes de notas fiscais de complemento de preços emitidas em fevereiro e março de 2004. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 4. 00 02 55 /2 00 4- 13 Fl. 531DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (presidente da turma), Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 502 a 519) opostos pela empresa, em relação ao Acórdão nº 3403003.601, de 26/02/2015, no qual fui designado como redator em relação ao tema do cômputo, nas receitas de exportação da empresa (utilizada para o rateio proporcional), das receitas de exportações de terceiros (mercadorias adquiridas com fim específico de exportação, e remetidas ao exterior), em período posterior a 1o de fevereiro de 2004. Alega a embargante que a turma de julgamento incorreu em omissão em relação à alegação de erro da fiscalização na glosa de créditos decorrentes de aquisições de insumos de pessoas físicas, vez que tais valores não compuseram o cálculo do crédito presumido de junho de 2004, e também no que se refere às provas por ela colacionadas de que apurou perdas cambiais em contratos de CAA, PPE e mútuos. Os embargos foram admitidos pelo despacho de fls. 529/530, em 10/08/2015, e a mim distribuídos para inclusão em pauta de julgamento e apreciação pelo colegiado, no mérito. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de fls. 529/530, passase diretamente à análise das omissões objetivamente apontadas. Como se destacou no exame de admissibilidade, lá não se estava a verificar efetivamente se houve omissões, mas se estas haviam sido objetivamente apontadas. Relevante ainda destacar que em tal exame se recordou que com o novo RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015, mais precisamente com seu art. 65, § 8º, passou a existir expressa previsão de sustentação oral pelas partes no julgamento de embargos de declaração. São duas as omissões apontadas pela empresa como ensejadoras dos embargos interpostos: uma referente às provas por ela colacionadas e outra sobre a alegações de erro da fiscalização na glosa referente a aquisições de pessoas físicas. Destaco, por oportuno, que nenhuma delas se refere ao voto vencedor de minha lavra (como redator designado), mas a temas unanimemente ou majoritariamente acordados pela turma. Não há margem para identificar qualquer omissão no voto condutor em relação ao primeiro tema, que é irrelevante para o julgamento, conforme se extrai do excerto de fls. 488/489: Fl. 532DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13854.000255/200413 Acórdão n.º 3401003.079 S3C4T1 Fl. 532 3 "Enquadramento ou não como receitas financeiras de títulos na base de cálculo da COFINS A Recorrente insurgese contra o enquadramento realizado pela Autoridade Fazendária de valores correspondentes a variações monetárias ativas, que a Recorrente denomina como receitas financeiras relativas a adiantamentos de contratos de câmbio, pré pagamento de exportação e mútuos realizados com controlada no exterior. A Autoridade Fazendária julga esse tema em conjunto com a alegação de imunidade, observando que a Recorrente adota o regime de competência na contabilização das variações monetárias ativas e passivas em função da taxa de câmbio, e que por essa razão, diversamente do alegado pela Recorrente, o resultado não deve ser observado somente na liquidação da operação. Observa ainda que não há como reconhecerse tais variações monetárias como receita de exportação justamente porque, como constou na Decisão de primeira instância, as receitas de exportação são apurados até o momento do embarque e, por essa razão, que a Decisão considerou o complemento cambial havido entre a data da saída do estabelecimento e a data do embarque como receita de exportação, o que, inclusive contrariaria a própria tese defendida pela Recorrente, adverte. Pois bem. O Parágrafo 1, do artigo 30 da Medida Provisória n. 1.85810/99 (atual art. 20 da Medida Provisória n. 2.15835, de 2001) dispõe sobre a possibilidade do (sic) contribuinte adotar o regime de caixa ou de competência na apuração das receitas de variação cambial: (...) Contudo, restou demonstrado nos autos, e a Recorrente sequer discute tal ponto, que ela adota o regime de competência na apuração das variações monetárias ativas e passivas, sujeitandose, ao registro como receita das variações monetárias ativas, e despesa, das passivas. Por outro lado, a tese defendida pela Recorrente de que a variação cambial positiva não importaria receita, não traduzindo riqueza nova, apenas espelhando a mutação de seu direito de crédito, não posso deixar de observar que o artigo 9o da Lei n 9.718/1998 a enquadra como receita ou despesa financeira, conforme o caso: (...) Por essa razão, qualquer reconhecimento, ainda que tangencial à tese da Recorrente, implicaria na negativa de vigência a dispositivo de Lei em vigor, o que é expressamente vedado ao CARF. Dessa forma, os valores relativos à variação monetária de direitos e obrigações detidos pela Recorrente constitui, por determinação legal, receita financeira para fins de cálculo das Contribuições ao PIS e COFINS." (grifo nosso) Fl. 533DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 Pelo excerto transcrito, percebese nitidamente que não é relevante para o julgamento se os lançamentos decorrentes de ajustes cambiais e contratos constituíam contabilmente e de fato receitas, visto que o art. 9o da Lei no 9.718/1998, comando legal que não pode ser afastado pelo julgador administrativo, expressamente os classifica juridicamente como tal. Assim, desnecessária qualquer análise sobre a planilha apresentada pela empresa, que segundo ela "demonstra a variação cambial em alguns contratos existentes no período" (fl. 362). Não há, assim, uma omissão a respeito de tema que devesse ser objeto de análise no julgamento que resultou no acórdão embargado. Devem assim ser rejeitados os embargos em relação a este tópico. Sobre a outra omissão, em relação à alegação de erro fiscal na glosa de créditos decorrentes de aquisições de insumos de pessoas físicas, vez que tais valores não compuseram o cálculo do crédito presumido de junho de 2004, registrase aqui que o acórdão embargado efetivamente traz o assunto só no relatório (fls. 480/481): "Sobre a exclusão do complemento do preço das laranjas adquiridas de pessoas físicas antes de 1o/02/2004, alegou que a fiscalização não teria mencionado o período em que os valores constantes no Demonstrativo das Notas Fiscais de Complemento de Preço das Aquisições de Insumos (Laranjas) de Pessoas Físicas para Industrialização Entregues até 31/01/2004, foram excluídos da base de cálculo do crédito presumido. Contudo, da análise do quadro demonstrativo (‘Demonstrativo de Apuração de Créditos da Contribuição para o COFINS Não Cumulativa’), inferese que tal ajuste ocorreu no mês de junho de 2004. Isso porque os ajustes realizados pela fiscalização, no cálculo do crédito presumido, nos meses de abril e maio de 2004, limitaram se tão somente à aplicação do percentual existente entre a receita de exportação e a receita bruta total, sobre o valor das aquisições de laranjas informado pela requerente. Deduz que, na determinação da base de cálculo do crédito presumido, relativo ao mês de junho de 2004, o Sr. AFRFB procedeu a exclusão de R$ 2.080.338,38, por entender que esse valor se refere a aquisições de matéria prima realizadas antes da entrada em vigor do art. 3o, parágrafo 5o, da Lei n. 10833/03. Ocorre que o argumento da fiscalização está equivocado, uma vez que os valores glosados se referem a notas fiscais, que não compuseram o cálculo do crédito presumido, apurado no mês de junho de 2004. Para tanto, basta verificar a anexa planilha elaborada pela requerente, na qual estão relacionadas as notas fiscais que entraram naquele cálculo. Com efeito, se se comparar os dados das notas fiscais, que constam no demonstrativo da fiscalização e na anexa planilha, verificar que o valor glosado não integrou o cálculo do crédito presumido, referente ao período em questão.(sic) Por outro lado, a somatória das notas fiscais relacionadas no documento elaborado pela requerente corresponde, exatamente, Fl. 534DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13854.000255/200413 Acórdão n.º 3401003.079 S3C4T1 Fl. 533 5 a R$ 5.142.946,66, que foi o montante considerado na apuração da base de cálculo do referido crédito. Observese que todas as notas fiscais, que compõem a base de cálculo do crédito presumido, relativo ao mês de junho de 2004, correspondem a matérias primas adquiridas de pessoas físicas após 31.1.2004, ou seja, na vigência da Lei no 10833. Desse modo, não procede a alegação fiscal de que, no cálculo do crédito presumido da requerente, foram considerados valores correspondentes ao complemento de prego das matérias primas adquiridas de produtores rurais, pessoas físicas, em período anterior à vigência daquela lei." No voto, o relator, provavelmente por equívoco, decorrente da análise de múltiplos processos semelhantes da mesma recorrente, trata de tema diverso do especificamente questionado pela empresa, fazendo menção ao momento em que os contratos se aperfeiçoam (fls. 485 a 488): "A Decisão da DRJ manteve o procedimento adotado pela Fiscalização, que excluiu do cálculo do crédito presumido os valores relativos às aquisições de insumos de pessoas físicas, inclusive produtores rurais, por terem sido realizadas anteriormente à vigência da Lei n 10.833/2003. Por entender que o complemento de preço pago pela Recorrente aos produtores rurais, no mês de julho de 2004, referiase às matériasprimas, laranjas, adquiridas antes de 31 de dezembro de 2004, o Fisco procedeu à exclusão do correspondente crédito presumido, previsto originalmente no parágrafo 5 , do artigo 3 da Lei n 10.833/2003. De acordo com a Recorrente, a Fiscalização não analisou os contratos relativos a tais aquisições, que contêm regras acerca da determinação do preço da laranja, ocorrida apenas em momento futuro, sujeitas ao momento da comercialização ou da industrialização da laranja. Segundo a Recorrente, seria apenas nesse momento que a compra e venda se completaria, pois o preço final do produto seria de conhecimento de comprador e vendedor e, por essa razão, como o preço final das caixas de laranja da safra 2003/2004 foi determinado em julho de 2004, momento em que a aquisição se torna efetiva, não haveria justificativa válida nem para a Fiscalização e sequer para a Decisão negarem o crédito presumido sobre os respectivos valores. (...) Dessa maneira, a aquisição das caixas de laranja entregues anteriormente a 31 de janeiro de 2004, não se materializou em julho de 2004, que se refere apenas à determinação final do preço da laranja, mas sim anteriormente, quando as partes acordaram acerca das obrigações contrapostas de entregar a laranja antes mesmo da própria entrega da laranja e de pagar o preço avençado." Fl. 535DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 Assim, há que se reconhecer que o voto foi omisso em relação à matéria. Buscando sanar tal omissão, passase, a seguir, à análise do tema. A Informação Fiscal que embasa o despacho decisório que denegou o crédito em discussão dá conta de que (fls. 207/208): "8 CRÉDITO PRESUMIDO RELATIVO AS AQUISIÇÕES DA AGROINDÚSTRIA. Inclusão indevida na determinação da base de cálculo de créditos de insumos adquiridos até 31/01/2004 (antes de vigência da Lei n° 10.833/2003): Laranja adquirida de pessoa física: A fiscalização, com suporte nos livros e documentos fiscais apresentados pela contribuinte, constatou, nos termos do Inciso I, do artigo 93, da Lei no 10.833/2003, que a empresa computou, indevidamente, na base de cálculo dos créditos para a COFINS nãocumulativa, bem como apurou e utilizou o crédito presumido decorrente de aquisições de insumos (laranjas adquiridas de pessoas físicas) da agroindústria, efetuadas antes da instituição da contribuição para a COFINS incidência nãocumulativa. Os valores dos insumos, conforme constam nas notas fiscais, correspondem ao complemento de preços de frutas (laranjas) adquiridas antes da instituição da COFINS incidência não cumulativa. Na data de 25/08/2009, mediante Termo de Intimação Fiscal (fls. 53/56), a empresa foi intimada a apresentar Demonstrativo em meio magnético (planilha excel), com totais mensais, contendo a relação das notas fiscais de complemento de preços relativamente às aquisição de insumos (laranjas) de Pessoas Físicas para Industrialização entregues até 31/01/2004 e cópia, por amostragem, das referidas notas fiscais de complemento de preços. Junto ao documento datado de 01/09/2009, a fiscalizada apresentou o demonstrativo e os documentos solicitados (fls. 68 e 166/185). Da análise dos documentos e informações apresentadas pela contribuinte, constatase que os valores constantes do demonstrativo de fls. 166/185, referemse a complemento de preço na aquisição de laranja de produtores pessoas físicas, efetuadas até a data de 31/01/2004, portanto, antes da vigência da Lei no 10.833/2003. Considerando, nos termos do Inciso I, do artigo 93, da Lei no 10.833/2003, que o cálculo de créditos da COFINS incidência nãocumulativa tem vigência a partir de FEVEREIRO de 2004, concluise, que o direito ao crédito decorrente de aquisições de insumos empregados na industrialização tem como termo inicial a data de 01/02/2004. As Notas Fiscais relativas ao complemento de preço de laranjas encontramse discriminadas no demonstrativo de fls. 166/185. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13854.000255/200413 Acórdão n.º 3401003.079 S3C4T1 Fl. 534 7 Anexamos à fls. 104/110, por amostragem, cópia das referidas notas fiscais de complemento de preço. Tendo em vista os fatos relatados, em cumprimento aos mandamentos da legislação vigente, esta fiscalização efetuou os devidos ajustes e recalculou os valores dos créditos presumidos da COFINS devidos sobre as aquisições de insumos da agroindústria, conforme demonstrativos de fls.144/185 e 194." E a empresa se defende em relação à matéria, junto à instância de piso, alegando que (fls. 254/255): "De acordo com a informação fiscal, o complemento do preço das laranjas adquiridas de pessoas físicas, antes de 1o.2.2004, não pode ser considerado no cálculo do crédito presumido, de que trata o parágrafo 5o do art. 3o da Lei n. 10833/03. No entanto, a fiscalização não mencionou, em suas informações, o período em que os valores constantes no "Demonstrativo das Notas Fiscais de Complemento de Prego das Aquisições de Insumos (Laranjas) de Pessoas Físicas para Industrialização Entregues até 31/01/2004" (fls. 166 a 185) foram excluídos da base de cálculo do crédito presumido. Contudo, da análise do quadrodemonstrativo de fls. 194 ("Demonstrativo de Apuração de Créditos da Contribuição para o COFINS NãoCumulativa"), inferese que tal ajuste ocorreu no mês de junho de 2004. Isso porque os ajustes realizados pela fiscalização, no cálculo do crédito presumido, nos meses de abril e maio de 2004, limitaramse tão somente à aplicação do percentual existente entre a receita de exportação e a receita bruta total, apurado no quadro "Cálculo de proporcionalidade entre a Receita de Mercado Interno (planilha 1), Receita de Exportação Total (planilha 2 + planilha 3) e Receita Bruta Total (planilha 1 + planilha 2 + planilha 3)" (fl. 190), sobre o valor das aquisições de laranjas informado pela requerente. Deduzse que, na determinação da base de cálculo do crédito presumido, relativo ao mês de junho de 2004, o Sr. AFRFB procedeu a exclusão de R$ 2.080.338,38, por entender que esse valor se refere a aquisições de matériaprima realizadas antes da entrada em vigor do art. 3o, parágrafo 5o, da Lei n. 10833/03. Ocorre que o argumento da fiscalização está equivocado, uma vez que os valores glosados se referem a notas fiscais, que não compuseram o cálculo do crédito presumido, apurado no mês de junho de 2004. Para tanto, basta verificar a anexa planilha elaborada pela requerente (doc. 31), na qual estão relacionadas as notas fiscais que entraram naquele cálculo. Com efeito, se se comparar os dados das notas fiscais, que constam no demonstrativo da fiscalização (fls. 166 a 185) e na anexa planilha (doc. 31), verificarseá que o valor glosado não integrou o cálculo do crédito presumido, referente ao período em Fl. 537DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 8 questão. Por outro lado, a somatória das notas fiscais relacionadas no documento elaborado pela requerente corresponde, exatamente, a R$ 5.142.946,66, que foi o montante considerado na apuração da base de cálculo do referido crédito. Observese que todas as notas fiscais, que compõem a base de cálculo do crédito presumido, relativo ao mês de junho de 2004, correspondem a matériasprimas adquiridas de pessoas físicas após 31.1.2004, ou seja, na vigência da Lei n. 10833. Desse modo, não procede a alegação fiscal de que, no cálculo do crédito presumido da requerente, foram considerados valores correspondentes ao complemento de preço das matériasprimas adquiridas de produtores rurais, pessoas físicas, em período anterior à vigência daquela lei. Diante disso, forçoso reconhecer que deve ser modificado o r. despacho decisório, determinandose a inclusão dos valores excluídos pela fiscalização, constantes no demonstrativo de fls. 166 a 185, no cálculo do crédito presumido do mês de junho de 2004." (grifo nosso) Vêse, assim, que a linha de defesa não se refere ao momento de aperfeiçoamento do contrato, mas efetivamente a quais notas foram utilizadas na composição da base de cálculo no mês de junho de 2004. E, principalmente, percebese que a empresa não mostra conclusividade alguma em suas observações, afirmando que da planilha "inferese" ou "deduzse" que houve a exclusão, sem qualquer demonstração numérica que aponte precisamente o alegado. A DRJ aprecia o tema, ainda que sucintamente, e conclui que os valores relativos a complemento de preço foram fornecidos pela própria empresa, e que o fato de a fiscalização ter deduzido o crédito no mês de junho não ocasiona prejuízo algum ao contribuinte (fl. 334): "(...) o valor relativo ao complemento de preço de insumos adquiridos até 31/01/2004 foi fornecido pela própria contribuinte, e não foi objeto de contestação na manifestação. A insurgência da interessada limitouse à alegação de que a fiscalização deduziu tais valores do crédito presumido do mês de junho de 2004, sendo que as referidas notas fiscais (de complemento de preço de aquisições) não teriam composto a apuração desse crédito presumido. Para comprovar, apresentou uma relação de notas fiscais que teria servido de base para tal apuração, na qual não estariam as referidas notas de complemento. Ocorre que a apuração do direito creditório passível de ressarcimento tem como base valores trimestrais. Assim, os valores relativos a complemento de preço de aquisições anteriores a 1o/02/2004 compuseram as apurações de crédito presumido dos períodos do primeiro e segundo trimestres, uma vez que são acumulados mês a mês até sua utilização. Portanto, a exclusão desses valores no final do segundo trimestre, para o qual está sendo solicitado o ressarcimento, não implica em (sic) prejuízo algum para a contribuinte, pois se eles compuseram o crédito presumido de meses anteriores, ao fim e ao cabo estavam Fl. 538DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13854.000255/200413 Acórdão n.º 3401003.079 S3C4T1 Fl. 535 9 incluídos no crédito objeto do pedido de ressarcimento, sendo procedente a exclusão efetuada pela fiscalização." Percebase que a DRJ sequer verifica de fato se realmente ocorreu o abatimento integral das notas de complemento (fev/2004 a abr/2004) em junho de 2004, limitandose a informar que não haveria irregularidade em tal abatimento. Em seu recurso voluntário, a empresa reitera as alegações externadas na manifestação de inconformidade sobre o tema, agregando ainda que (fls 357/358): Analisando o Razão Analítico apresentado (fls. 406 a 450), confesso não ter encontrado vestígios da observação da empresa no sentido de que foram excluídos em junho/2004 os R$ 2.080.338,38 indicados na planilha que trata das notas fiscais de complemento de preço (fls. 166 a 185 originais, ou 170 a 189 da numeração eletrônica). Não encontrei tal montante, nem seus valores mensais parciais, no referido livro. A própria empresa, no entanto, afirma textualmente que o valor total de R$ 2.080.338,38 foi utilizado para apuração de crédito presumido de períodos anteriores a junho/2004, e que "apenas o valor de R$ 18.215,88 foi aproveitado pela recorrente para apuração do crédito presumido objeto da análise no presente processo". Assim, tornase Fl. 539DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 10 incontroversa essa parcela, visto que se trata de valor referente ao próprio trimestre que a empresa utilizou indevidamente como crédito recordando que o acórdão inequivocamente decidiu que "que o crédito não se dá quando da liquidação ou pagamento da operação, mas sim quando a operação de compra e venda, da qual decorre a aquisição, pelo titular do crédito, se concretiza" (fl. 487). A admissão expressa pela empresa de que utilizou o montante de R$ 2.080.338,38 para apuração de crédito presumido (R$ 1.941.077,75 em fevereiro de 2004, R$ 121.044,82 em março de 2004, e R$ 18.215,88 em abril de 2004) chocase com a conclusão expressa no voto, que revela ser indevido tal crédito, derivado de notas fiscais de complemento de preços de operações realizadas em período anterior a 31/01/2004. Assim, após as alegações expressas no recurso voluntário, e que são reiteradas nos embargos de declaração, é possível visualizar de forma mais precisa que efetivamente a empresa utilizou créditos presumidos referentes a complementos de preço de operações realizadas em períodos anteriores. E tais utilizações se deram nos meses de fevereiro, março e abril de 2004, meses diversos daquele para o qual a indica a empresa que fiscalização promoveu as exclusões (junho de 2004). Revelese, no entanto, que no presente processo se analisa somente o segundo trimestre de 2004 (abril a junho), tendo sido o primeiro trimestre objeto de fiscalização e de processo administrativo específico (de no 13854.000161/200436). Em nome da verdade material, informase que o processo no 13854.000161/200436 (relativo ao primeiro trimestre de 2004) foi objeto de julgamento pela mesma turma e na mesma sessão de 26/02/2015, chegandose ao Acórdão no 3403003.600, que resulta no provimento parcial do recurso voluntário, somente para exclusão dos valores referentes a venda de ativo imobilizado. Já no início do voto do relator (neste aspecto, acolhido pela turma), percebese que a questão referente a complementação de preços, naquele processo, sequer foi analisada, em função de preclusão: Antes de adentrar nas matérias acima relacionadas, não posso deixar de tratar do questionamento levando (sic) pela Recorrente, de que pelo princípio da verdade material as complementações de receitas constituiriam receita de exportação, não alegadas em sua Manifestação de Inconformidade, e por essa razão poderiam ser analisadas no presente Recurso Voluntário. Como efeito, incidiu a preclusão sobre essa matéria, que não pode ser objeto de inovação nessa fase recursal, vez que a Recorrente não se dignou a discutir a natureza das receitas, limitandose a questionar pontos específicos do despacho decisório tratados como "acusação", o que implica aceitação da matéria não contestada que deixa de ser objeto de litígio. Em virtude da preclusão operada sobre tal matéria, deixo de analisar o argumento da Recorrente de que, na realidade, tais valores se referem a complemento de receita de exportação e que, por essa razão, devem ser incluídos no cálculo do crédito de PIS a ser ressarcido. (voto do relator no Acórdão n. 3403 003.600 fls. 254 e 255 do processo n. 13854.000161/200436) Assim, não se tem dúvida de que a empresa não possui os referidos créditos, referentes a complemento de preços, seja em relação aos meses de fevereiro e março de 2004 Fl. 540DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13854.000255/200413 Acórdão n.º 3401003.079 S3C4T1 Fl. 536 11 (em matéria sequer discutida no processo no 13854.000161/200436, por ter operado preclusão), seja em relação ao mês de abril de 2004, no qual expressamente se entende indevido o crédito. Daí ter a DRJ afirmado que a exclusão desses valores no final do segundo trimestre, para o qual está sendo solicitado o ressarcimento, não implicou prejuízo algum para a contribuinte. Não estamos, no entanto, necessariamente, de acordo com tal afirmação da DRJ, nem matemática nem juridicamente. Matematicamente, não resulta comprovado que a exclusão no mês de junho das notas fiscais de complemento resulte no mesmo montante de crédito que seria cabível se a exclusão fosse feita ao final de cada trimestre (na periodicidade que a própria fiscalização decidiu adotar, em processos distintos), com as consequentes repercussões nos cálculos de rateio. Ademais, reiterese que não se logrou demonstrar matematicamente que os valores referentes a créditos decorrente de notas fiscais de complemento de preço de fevereiro, março e abril de 2004 foram efetivamente abatidos em junho de 2004. E, juridicamente, estáse aqui a analisar somente os créditos apurados no segundo trimestre de 2004. Apesar de a turma ter deixado claro neste processo que considera indevido o crédito apurado no segundo trimestre de 2004 em relação a complemento de preço (no caso, referente às notas fiscais que totalizam R$ 18.215,88, em abril de 2004), o processo não versa sobre créditos apurados no primeiro trimestre (matéria tratada no processo no 13854.000161/200436). E é no bojo de tal processo, referente ao primeiro trimestre, que deveria ter sido excluído o crédito decorrente das notas fiscais de complemento de preço emitidas em fevereiro e março de 2004. Tudo aponta, assim, para ter o fisco efetuado equivocadamente glosas em relação a créditos apurados no primeiro trimestre de 2004, no bojo do presente processo, que trata do segundo trimestre de 2004, especificamente em relação a créditos decorrentes de notas fiscais de complemento de preços emitidas em fevereiro (notas em valor total de R$ 1.941.077,75) e março de 2004 (notas em valor total de R$ 121.044,82). Tais glosas equivocadas, existindo de fato, devem ser afastadas na execução/liquidação do julgamento pela unidade local. Pelo exposto, restou ausente a primeira omissão apontada (referente às provas colacionadas), que, em verdade, tratavase de questionamento sobre tema colateral ou secundário ao julgamento do processo, e configurouse efetivamente a segunda omissão (relativa à análise da alegação de erro da fiscalização na glosa de créditos decorrentes de aquisições de insumos de pessoas físicas). Voto, assim, pela rejeição dos embargos em relação ao primeiro tópico, referente às provas colacionadas. No mérito, apreciando o ponto sobre o qual o colegiado foi omisso, voto pelo provimento parcial do recurso voluntário, para afastar as glosas existentes neste processo decorrentes de notas fiscais de complemento de preços emitidas em fevereiro e março de 2004. Rosaldo Trevisan Fl. 541DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 12 Fl. 542DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
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Numero do processo: 10314.722738/2013-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 21/07/2009 a 30/03/2011
Ementa:
INCOMPATIBILIDADE. FATOS. FUNDAMENTOS. CONCLUSÕES. NULIDADE.
Havendo incompatibilidade entre a descrição dos fatos, os fundamentos legais e a conclusão firmada na peça constitutiva do crédito tributário acerca da infração imputada ao sujeito passivo, impõe-se a nulidade da autuação.
Numero da decisão: 3401-003.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício interposto.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Período de apuração: 21/07/2009 a 30/03/2011 Ementa: INCOMPATIBILIDADE. FATOS. FUNDAMENTOS. CONCLUSÕES. NULIDADE. Havendo incompatibilidade entre a descrição dos fatos, os fundamentos legais e a conclusão firmada na peça constitutiva do crédito tributário acerca da infração imputada ao sujeito passivo, impõe-se a nulidade da autuação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício interposto. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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FATOS. FUNDAMENTOS. CONCLUSÕES. NULIDADE. Havendo incompatibilidade entre a descrição dos fatos, os fundamentos legais e a conclusão firmada na peça constitutiva do crédito tributário acerca da infração imputada ao sujeito passivo, impõese a nulidade da autuação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício interposto. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 27 38 /2 01 3- 74 Fl. 3753DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 7061, com ciência à empresa em 28/03/2013 (fl. 2204), para exigência de multa substitutiva do perdimento de mercadoria (valor de R$ 75.709.795,87), imposto de importação (R$ 12.276.405,25), Contribuição para o PIS/PASEPimportação (R$ 826.722,89) e COFINSimportação (R$ 3.807.935,75), sendo os tributos acrescidos ainda de juros de mora e de multa de ofício qualificada (150%). Narra a fiscalização, na descrição dos fatos constante da autuação (fl. 79 a 218), que: (a) o procedimento é motivado pela constatação de fraude no peso informado em declarações de importação; (b) verificouse, inicialmente, que para três contêineres da empresa, referentes às Declarações de Importação (DI) no 11/07565636, no 11/07565644 e no 11/07565652, foi detectada substancial diferença de peso bruto (respectivamente, 56%, 53% e 59%); (c) a partir de desova parcial das três unidades de carga, constatouse que, qualitativamente, as cargas eram as informadas nas DI, mas, quantitativamente, havia diferença de peso; (d) apurandose a relação entre peso bruto e peso líquido (90%), foram calculados os tributos devidos para a parte não declarada, além da multa substitutiva do perdimento as mercadorias, por uso de documento necessário ao embarque ou desembaraço falsificado ou adulterado (art. 105, VI e XI do DecretoLei no 37/1966 c/c art. 23, IV e § 3o do DecretoLei no 1.455/1976); (e) cotejando os pesos declarados em outras 357 DI da empresa com os extraídos das pesagens realizadas regularmente nos recintos alfandegados, percebeuse que havia diferenças semelhantes, cf. tabela de fls. 83 a 96; (f) apesar de a grande maioria das DI ter sido desembaraçada em canal vermelho e amarelo, a partir dos relatórios das verificações físicas (RVF) percebeuse que havia apenas checagem de amostras, sem pesagem, o que impossibilitava a efetiva verificação da fraude; (g) com as diferenças de peso, houve falta de recolhimento do imposto de importação e dos demais tributos devidos, falta de sujeição da mercadoria a licença de importação (LI) e falta de registro de passagem da mercadoria pela zona primária; e (h) "é ingênuo admitir que as 360 importações da CAEDU foram registradas com peso aproximadamente 50% inferior por mero erro do importador", e que os aspectos citados, somados à sistematicidade com que os registros foram feitos "levam à real e convicta conclusão de que houve fraude nos registros das importações", "fraude esta que pressupõe o dolo do importador, e não sua mera culpa". A empresa apresenta Impugnação em 26/04/2013 (fls. 2207 a 2271), argumentando, em síntese, que: (a) na autuação que antecedeu o procedimento fiscal, lavrada no processo no 11128.720328/201197, a imputação foi de falsidade nas faturas comerciais e nos packing list, falseando o preço real da mercadoria, afetando a relação FOB US$/Kg; (b) em tal autuação, que foi submetida a pedido anulatório na via judicial, o parecer conclusivo do grupo de julgamento de processos da própria Alfândega afirmou que eventual diferença de peso não interfere no montante dos tributos recolhidos, tampouco na emissão das LI; (c) não ocorreu dano ao Erário ante ao regular recolhimento de tributos; (d) houve erro substancial da fiscalização, pois foi inserido como "peso bruto", nas planilhas de fls. 83 a 95, o "peso líquido constante das DI", comprometendo a indicação do fato gerador e a determinação da matéria tributável, entre outros; (e) as 357 DI exibem o número exato de peças adquiridas pela empresa, que é o mesmo número de peças verificadas nos contêineres pela fiscalização (181 DI em canal vermelho e 171 em canal amarelo), nas LI obtidas, nos conhecimentos de carga, escrituradas contabilmente, e sob o qual incidiu toda a carga tributária; (f) se houvesse produto 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 3754DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10314.722738/201374 Acórdão n.º 3401003.095 S3C4T1 Fl. 3.754 3 em quantidade maior que a declarada, ad argumentandum, o pagamento dos tributos teria incidido na saída, sobre o preço de venda; (g) não se aceita que a equivocada diferença de peso apontada na autuação implique a existência de produto não declarado; (h) a fiscalização adota critério equivocado para cálculo das estimativas de peso dos itens agregados e embalagens, inclusive desconsiderando fatores como a umidade, peso do contêiner, tara e calibração de balança; (i) somente 1,4% das DI foi liberada em canal verde, sendo as demais objeto de efetiva fiscalização pela Aduana, que nada detectou de erro, e a alteração de critério jurídico posteriormente (com checagem de peso) representa abuso e afronta ao art. 146 do Código Tributário Nacional (CTN) e aos princípios da preservação da confiança, da segurança jurídica e da boafé objetiva; (j) o erro apontado na autuação é de valoração jurídica (direito) e não de fato, pois todos os dados relativos à importação estavam disponíveis à fiscalização à época do desembaraço; e (k) a fiscalização não se desincumbiu do ônus de provar o evidente intuito de fraude. A DRJ, em 08/10/2013 (fls. 3646 a 3659) promove a baixa em diligência, basicamente, para que a unidade fiscalizadora anexe cópias do processo judicial mencionado na impugnação e manifestese sobre a alegação da empresa de existência de erro na coluna "peso bruto", e sobre o mecanismo de pesagem de contêineres (tara, descontos, aferição da balança etc.). Em atendimento à determinação de diligência, a unidade fiscalizadora informa, em 01/07/2014 (fls. 3662 a 3670) que: (a) com efeito, os valores que constam da planilha do AI na coluna "peso bruto informado" correspondem aos pesos líquidos, mas isso não comprometeu os cálculos para o lançamento, visto que o "peso bruto verificado na pesagem do contêiner" na mesma planilha, também indicou pesos líquidos, mantendo a relação entre ambos idêntica; (b) assim, todos os pesos indicados já são líquidos, não havendo que se descontar tara de contêiner; e (c) o peso do contêiner é padronizado, e a tara dos veículos é sempre aferida, sendo a balança do recinto alfandegado aferida por instituição acreditada pelo INMETRO. A empresa foi cientificada do resultado da diligência em 04/07/2014 (fl. 3681) e intimada a apresentar a documentação referente à ação judicial em 11/06/2014 (fl. 3689), mas não apresentou qualquer documento nem questionou os resultados da diligência. Em 28/11/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 3699 a 3724), no qual se decide unanimemente declarar nulo, por vício formal, os lançamentos. A DRJ denega o pedido de notificação no endereço da procuradora e afasta nulidades suscitadas na impugnação (referentes a "erro substancial" na planilha, após os resultados da diligência; a alteração de critério jurídico, em virtude de não ser o desembaraço ato que homologa o lançamento e de existência de previsão legal para revisão aduaneira; e a ausência de prática reiterada), reconhecendo existir vício formal no lançamento, visto que não há prova de que exista quantidade a maior de mercadorias, por meio de verificação da mercadoria, mas somente de peso a maior. Assim, as conclusões a que chegou a fiscalização não decorrem logicamente dos fatos narrados, e divergem, inclusive, daquelas a que chegou o fisco em relação ao procedimento anterior (em relação aos citados três contêineres). Afirma ainda a DRJ que, "de forma diversa do que deduz a fiscalização, tudo contribui para que se possa concluir que a declaração de peso abaixo do real teve o propósito de manipular para menos o preço da mercadoria, com o objetivo de manter artificialmente a relação preço/peso e, assim, passar desapercebido nos critérios de seleção parametrizada para fins de licenciamento e despacho aduaneiro". Tendo em vista o valor exonerado, é interposto recurso de ofício a este CARF. É o relatório. Fl. 3755DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso de ofício apresentado resta enquadrado nas hipóteses normativamente previstas para interposição, e, portanto, dele se toma conhecimento. A autuação lavrada para exigência de multa substitutiva do perdimento de mercadoria (em razão de não ter esta sido apresentada quando solicitada), além de imposto de importação, Contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação, deriva da detecção, em procedimento diverso (fiscalização de três cargas), de diferença de peso entre o declarado e o efetivamente medido na balança do recinto alfandegado, que é aferida por entidade acreditada pelo INMETRO. Naquele procedimento (cópia de parecer às fls. 3695 a 3698) registrase que "... apesar de as quantidades unitárias informadas estarem corretas, o peso das roupas existentes no interior das três unidades de carga é muito superior a informada (sic) à Aduana". No presente processo, o que fez a fiscalização, sem qualquer verificação efetiva das mercadorias, que já estavam desembaraçadas e entregues ao importador, foi estender tais conclusões a outras 357 declarações de importação da mesma empresa. Isso porque os pesos declarados também divergiam dos registrados na balança do recinto alfandegado. Não apresenta o autuante qualquer elemento que leve à conclusão de que, nas 357 DI havia efetivamente uma quantidade a maior de mercadorias. A conclusão é tão somente de que havia mais peso do que o declarado. Peca, assim, a autuação, na forma de aplicação da legislação que rege a matéria, crendo (sem qualquer elemento que o indique) que havia mercadorias não declaradas, quando tudo leva à conclusão de que, como no caso anterior (dos três contêineres) o que havia era peso a maior, com a mesma quantidade de mercadoria, afetando substancialmente a relação preço por quilo, burlando controles aduaneiros. E isso é motivo que leva a compreender porque tantas declarações de importação foram desembaraçadas em canal vermelho: quando a mercadoria era verificada, a contagem de caixas, volumes, peças etc., indicava exatamente o que estava declarado na DI. Só a pesagem (que, como descrito na autuação, não era prática corriqueira nas verificações) poderia detectar a infração. Assim, há que se acordar com o decidido na instância de piso, no sentido de que há incompatibilidade entre a descrição dos fatos, os fundamentos legais e a conclusão firmada na peça constitutiva do crédito tributário acerca da infração imputada ao sujeito passivo. E como a situação de fato está claramente descrita (detecção em 357 DI de peso a maior que o declarado nas importações), residindo o vício da autuação exclusivamente em sua exteriorização, acordamos ainda com a conclusão pela existência de vício formal. Fl. 3756DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10314.722738/201374 Acórdão n.º 3401003.095 S3C4T1 Fl. 3.755 5 Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício interposto, mantendo a decisão de piso. Rosaldo Trevisan Fl. 3757DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10074.000510/2010-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 09/01/2007 a 23/07/2009
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. FUNDAMENTO. SISTEMA HARMONIZADO (SH). NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM).
Qualquer discussão sobre classificação de mercadorias deve ser feita à luz da Convenção do SH (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição), se referente aos primeiros seis dígitos, e com base no acordado no âmbito do MERCOSUL em relação à NCM (Regras Gerais Complementares e Notas Complementares), no que se refere ao sétimo e ao oitavo dígitos.
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. LAUDO TÉCNICO. RECONHECIDA INSTITUIÇÃO. ACOLHIDA.
Solicitado pelo CARF laudo técnico por reconhecida instituição, buscando possibilitar a precisa identificação da função de um dos elementos que compõem a mercadoria que é objeto de contencioso sobre classificação, tendo a própria recorrente acrescentado quesitos aos formulados pelo colegiado, legítima a acolhida dos resultados do laudo correspondente para a correta classificação da mercadoria.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO. COFINS-IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SC-RG.
Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-importação e da COFINS-importação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno.
Numero da decisão: 3401-003.221
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar as penalidades e os juros de mora, e determinar, de ofício, a exclusão das parcelas referentes ao ICMS e às próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-importação e da COFINS-importação, na autuação, em função do RE no 559.607/SC, julgado sob o rito da repercussão geral. Fez sustentação oral, pela recorrente, Adriano da Silva Pereira, documento identidade no 08/49350-4-DETRAN/RJ.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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(nova deominação de ALL NATIONS COMÉRCIO EXTERIOR LTDA) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 09/01/2007 a 23/07/2009 CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. FUNDAMENTO. SISTEMA HARMONIZADO (SH). NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). Qualquer discussão sobre classificação de mercadorias deve ser feita à luz da Convenção do SH (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição), se referente aos primeiros seis dígitos, e com base no acordado no âmbito do MERCOSUL em relação à NCM (Regras Gerais Complementares e Notas Complementares), no que se refere ao sétimo e ao oitavo dígitos. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. LAUDO TÉCNICO. RECONHECIDA INSTITUIÇÃO. ACOLHIDA. Solicitado pelo CARF laudo técnico por reconhecida instituição, buscando possibilitar a precisa identificação da função de um dos elementos que compõem a mercadoria que é objeto de contencioso sobre classificação, tendo a própria recorrente acrescentado quesitos aos formulados pelo colegiado, legítima a acolhida dos resultados do laudo correspondente para a correta classificação da mercadoria. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEPIMPORTAÇÃO. COFINS IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SCRG. Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP importação e da COFINSimportação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 4. 00 05 10 /2 01 0- 57 Fl. 1232DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar as penalidades e os juros de mora, e determinar, de ofício, a exclusão das parcelas referentes ao ICMS e às próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINS importação, na autuação, em função do RE no 559.607/SC, julgado sob o rito da repercussão geral. Fez sustentação oral, pela recorrente, Adriano da Silva Pereira, documento identidade no 08/493504DETRAN/RJ. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 5711, lavrado em 20/04/2010, para exigência de imposto de importação, imposto sobre produtos industrializados, contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação, acrescidos de juros de mora e multa de ofício, e de multa por erro de classificação da mercadoria (1 % do valor aduaneiro inciso I do artigo 711 do Regulamento Aduaneiro), totalizando o valor de R$ 16.223.218,24. No Relatório de Verificação Fiscal de fls. 572 a 598, anexo à autuação, narra a fiscalização que: (a) objetivava apurar a correção da classificação fiscal adotada pela empresa nas importações de produtos descritos como "placa de vídeo" e "placa de aceleração gráfica", entre 01/2007 e 07/2009 (a empresa adotou o código NCM 8473.30.43, quando o código correto, segundo a fiscalização, seria 8471.80.00); (b) a empresa, mesmo intimada, não apresentou manuais, folhetos e amostras dos produtos importados, limitandose a prestar esclarecimentos genéricos e declarações sem prova documental (fls. 635 a 638, e 656 a 665), e a anexar laudo pericial (fls. 647 a 655 fotos às fls. 795 a 824); (c) o próprio laudo pericial apresentado pela empresa reconhece não haver relevante diferença entre as placas importadas, denominadas indistintamente de "placas de vídeo" e "aceleradoras gráficas", e provenientes dos fabricantes estrangeiros ASUS TECHNOLOGY, DIAMOND MULTIMEDIA, HONG FUI TAI PRECISION ELETRONICS, JU LOGIC, MAINTEK, PEGATRON CORP, PINE TECHNOLOGY, POINT OF VIEW, POWERCOLOR e TUL CORP; (d) a empresa considerou as placas como "acessório destinado a microcomputadores" (posição 8473, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1233DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.233 3 subposição 3); (e) na Solução de Divergência no 6, de 20/07/2009, proferida pela COANA (CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira), foi examinada a classificação de placas de vídeo tanto semelhantes quanto idênticas (ZOGIS 8600 GT 512 MB) a placas importadas pela empresa, concluindose ser correta a classificação no código 8471.80.00; e (f) a mercadoria não constitui "acessório", mas "unidade" de máquina para processamento de dados (posição 8471), conforme Nota 5, "c" do Capítulo 84, Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH) da posição 8471, o que é endossado pela própria Organização Mundial de Aduanas (OMA), criadora e responsável pela atualização da nomenclatura do Sistema Harmonizado, em seu Parecer no 8471.80/2, constante da coletânea introduzida no ordenamento brasileiro pela Instrução Normativa (IN) RFB no 873/2008. Cientificada da autuação em 29/04/2010 (fls. 169, 325, 441 e 555), a empresa apresentou Impugnação em 24/05/2010 (fls. 731 a 748), argumentando, em síntese, que: (a) há impossibilidade de mudança de critério jurídico em sede de revisão aduaneira, havendo violação ao princípio da segurança jurídica, pois o fisco "verificou, conferiu e concordou com a classificação utilizada" pela empresa; (b) a empresa não apresentou, conforme alega o fisco, "respostas genéricas e evasivas", mas respostas "de forma clara e embasada em farto conjunto documental, que inclui laudo pericial emitido por perito nomeado pela Receita Federal, declarações emitidas por fabricante e resposta de consulta emitida pela própria Receita Federal; (c) as mercadorias foram classificadas no código NCM 8473.30.43 entre janeiro de 2007 e julho de 2009 com base em laudos de fabricantes, de perito oficial, e da Solução de Consulta no 210, de 08/08/2008, sendo que a Solução de Divergência apontada pelo fisco operou efeitos a partir de 22/07/2009, e foi respeitada pela empresa, que passou a classificar as mercadorias no código 8471.80.00; (d) as placas importadas não são de "captura de vídeo", como se descreve na IN RFB no 873/2008, o que foi atestado em perícia solicitada em relação à declaração de importação (DI) no 08/17755432, registrada em 07/11/2008, e desembaraçada com exigência fiscal para que a descrição fosse alterada para de "placa de vídeo" para "placa de aceleração gráfica"; (e) a empresa nunca entendeu que as placas de vídeo são acessórios, mas sim partes de máquinas da posição 8471; (f) a Nota 5, "c" do Capítulo 84 define critérios para que a mercadoria seja considerada "parte", e não "unidade" de um sistema de processamento de dados, pois preenche todos os requisitos para ser considerada uma "parte" (é exclusivamente utilizada em um sistema automático para processamento de dados, é conectável à unidade central de processamento através de slot na placa mãe, e é capaz de receber ou fornecer dados de imagens utilizáveis pelo sistema), sendo que o próprio autuante, às fls 585/589 faz prova em favor da recorrente nesse sentido; e (g) a definição de "parte" adotada na autuação carece de fundamento. Em 13/12/2011 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 842 a 860), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) a discordância entre as partes se resume à interpretação da Nota 5, "b" e "c", do Capítulo 84, no que se refere a ser a mercadoria uma "unidade" ou uma "parte" de um sistema de processamento; (b) a classificação se dá pela Solução de Divergência no 6/2009, da qual o julgador transcreve excertos, sendo endossada pelo Parecer da OMA constante da IN RFB no 873/2008; (c) a leitura da Nota, itens "b" a "d", permite concluir que até produtos menos complexos, como teclados, quando apresentados isoladamente, são classificados como "unidades", não devendo ser o tratamento diferente para placas de vídeo; (d) a Solução de Consulta no 210/2008 aplicase exclusivamente à consulente, como esclarece o artigo 48 do Decreto no 70.235/1972; (e) os procedimentos administrativos realizados no curso do despacho de importação não têm efeito homologatório, e a tese de que a revisão aduaneira configura mudança de critério jurídico é desprovida de qualquer amparo jurídico; e (f) é desnecessária Fl. 1234DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 diligência ou perícia, visto que há consenso sobre a natureza, estrutura e finalidade da mercadoria. Cientificada da decisão da DRJ em 10/01/2012 (fl. 896), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 09/02/2012 (fls. 905 a 926), reiterando parte das alegações externadas na peça impugnatória (no que se refere à existência de laudo; à equivocada interpretação da NESH, por não preencher o produto os requisitos estabelecidos na Nota 5, "c" do Capítulo 84 para enquadramento na posição 8471; e à aplicação retroativa da Solução de Divergência no 6/2009), e acrescentando que: (a) o julgador afirma que há consenso sobre a natureza, estrutura e finalidade da mercadoria, o que não corresponde ao conteúdo dos autos, havendo divergência sobre ser o produto "mero auxiliador no processamento de dados de vídeo", e sobre este ser "parte" exclusivamente destinada às máquinas da posição 8471; (b) o exemplo citado pelo julgador de piso (referente a teclados) é inadequado, sendo o teclado uma "unidade", sem a qual o computador pode funcionar, e não uma "parte", indispensável para o funcionamento; (c) uma vez que a unidade de processamento não opera sem uma "placa de vídeo", esta é uma "parte intrínseca", na dicção da Nota 5, "b", confirmando a classificação na posição 8473; (d) o texto das NESH, se corretamente interpretado, leva à conclusão de que as placas de vídeo não são unidades exclusivas ou principalmente utilizadas em um sistema automático para processamento de dados, sendo apenas partes de uma unidade de processamento de dados; (e) o enquadramento das placas de vídeo na posição 8471 é expressamente vedado pela Nota 5, "d" do Capítulo 84 (NESH), pois as placas de vídeo são usadas para "transmissão de imagens"; (f) a Solução de Consulta no 210/2008 (fls. 984 a 988) aplicase também à consulente, pelo princípio da isonomia, conforme precedentes administrativos que colaciona; (g) a Solução de Divergência no 6, de 20/07/2009 (fls. 990 a 1002) redefine "placa de vídeo" como uma unidade de máquina de processamento de dados, mas o mais grave é que ao se analisar o inteiro teor da solução, percebese que o produto analisado é uma "placa de captura", que desempenha função totalmente diferente da placa de vídeo; e (h) o entendimento da empresa é amparado por laudos periciais (doc. 6 fls. 1016 a 1019, e 1021 a 1042) e em decisões judiciais (doc. 8 fls. 1059 a 1070, 1072 a 1076, e 1078 a 1080), mas, por diligência, a empresa vem seguindo o entendimento do fisco após a referida Solução de Divergência. Em 23/05/2013, por meio da Resolução no 3202000.102 (fls. 1158 a 1163), o julgamento foi convertido em diligência pela Segunda Turma da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF, para que a unidade local demandasse perícia técnica para responder ao menos aos seguintes quesitos, a serem eventualmente complementados pelas partes: (1) Identificar detalhadamente os produtos importados relacionados nas declarações de importação objeto do presente litígio. Justifique e fundamente. (2) Qual a estrutura dos produtos importados? Justifique e fundamente. (3) Qual a função, uso ou emprego dos produtos importados? Justifique e fundamente. (4) Os produtos importados têm a função própria de processamento de dados ou de auxiliar o processador central no processamento de imagens? Justifique e fundamente. (5) Os produtos importados servem de interconexão entre a unidade central de processamento e a unidade de saída de vídeo, adaptando o sinal recebido para exibição em uma unidade de saída? Justifique e fundamente. (6) Os produtos importados apresentamse de forma isolada do processador central do sistema? Justifique e fundamente. (7) Os produtos importados são do tipo exclusivamente ou principalmente utilizados em um sistema automático para processamento de dados? Justifique e fundamente. (8) Os produtos importados são conectáveis à unidade central de processamento, diretamente ou por intermédio de uma ou de várias outras unidades? Justifique e fundamente. (9) Os produtos importados são capazes de receber ou fornecer dados em forma (códigos ou sinais) utilizável pelo sistema? Justifique e fundamente. (10) Os produtos podem ser considerados meros componentes de um sistema de computador, do tipo um canal de entrada/saída? Justifique e fundamente. Fl. 1235DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.234 5 O Instituto Nacional de Tecnologia (INT), no Parecer de fls. 1182 a 1198, responde aos quesitos formulados pelo CARF, e ainda a outros elaborados pela recorrente, concluindo que: (a) as placas identificadas são "placas de vídeo" ou "placas de aceleração gráfica", que, basicamente, possuem a mesma função básica de servir de interface entre a unidade de processamento e a unidade de saída, sendo responsáveis pelas funções de entrada/saída de sinais de vídeo, conversão de sinais analógicos em digitais, e processamento de gráficos em 2D e 3D; (b) as placas possuem algumas funções próprias de processamento de imagens, mas seu funcionamento depende obrigatoriamente da unidade de processamento central para realizar as tarefas; (c) as placas servem de interconexão entre a unidade central de processamento e a unidade de saída de vídeo, e não se apresentam de forma isolada do processador central do sistema, sendo caracterizados como dispositivos básicos de entrada e saída; (d) as placas são do tipo exclusivamente ou principalmente utilizados em sistema automático de processamento de dados, sendo encaixadas na placamãe do computador, sendo conectáveis à unidade central de processamento; (e) as placas são capazes de receber ou fornecer dados em forma (códigos ou sinais) utilizáveis pelo sistema, via microprocessador; (f) as placas são meros componentes de um sistema de computador, do tipo canal de entrada/saída; (g) o computador não funciona sem placa de vídeo conectada; (h) as placas não transmitem imagens diretamente e não funcionam sem a interligação a um computador; porém, transmitem dados que são convertidos em imagens pelas unidades de saída (monitores); (i) as placas são de microprocessamento com dispositivo de dissipação de calor; e (j) as placas são parte de uma máquina ou sistema automático completo para processamento de dados (microcomputador). A recorrente se manifesta sobre o Parecer às fls. 1177 a 1181, e 1201 a 1205, no sentido de que: (a) seu entendimento, de classificação no código NCM 8473.30.43, é endossado pelas respostas ao quarto quesito (onde se atesta que os produtos auxiliam o processador central e seu funcionamento depende obrigatoriamente da unidade de processamento central, não se constituindo em máquinas automáticas); (b) as respostas aos quesitos 7,8 e 9 mostram que os produtos preenchem as três condições da Nota 5, "c", mas isso não demonstra por si só que o produto deva ser classificado na posição 8471, visto que placas mãe e placas de rede também as atendem e são classificadas na posição 8473; (c) a resposta ao sexto quesito ratifica que o produto não se apresenta de forma isolada do processador central do sistema, afastando a classificação na posição 8471, conforme a mesma Nota 5, "c"; (d) os produtos não recebem e fornecem dados, o que também afasta a posição 8471, pela Nota 5, "d", 2; (e) o INT conclui que as placas são "partes" e não aparelho independente; e (f) a decisão equivocada de reclassificar o produto se baseou em Parecer da OMA, que analisou produto completamente diferente: placas de captura que se conectam a filmadoras e videocassetes. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 1231). O processo foi pautado para as sessões de maio, de junho e de julho de 2016, sendo retirado de pauta, em todas as ocasiões, por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Fl. 1236DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. A discussão central, no presente processo, é sobre a classificação de "placas de vídeo" / "placas de aceleração gráfica". Basicamente, a empresa sustenta a correção do código NCM 8473.30.43, enquanto a fiscalização alega ser correto o código NCM 8471.80.00. Da classificação da mercadoria A RFB havia externado, na Solução de Consulta no 210/2008 (fls. 984 a 988), da SRRF09, em 08/08/2008, o entendimento de que a classificação das placas de vídeo deveria ser efetuada no código 8473.30.43 (exatamente o utilizado pela empresa): Não entendemos, assim, que a consulta operasse efeito "erga omnes" por isonomia, à época. Isso por expressa disposição normativa dos artigos 46 a 53 do Decreto no 70.235/1972 e dos artigos 48 a 50 da Lei no 9.430/1996, que não pode ser afastada por este tribunal em nome da isonomia por força da Súmula CARF no 2. No entanto, ainda que não alastrasse seus efeitos à recorrente, a Solução de Consulta (SC) é relevante para que se saiba quais as razões de o fisco outrora ter entendido que a classificação correta da mercadoria se dava em tal código, visto que não temos dúvida sobre a identidade de características entre as mercadorias tratadas na autuação e aquelas objeto da solução de consulta (Zogis GE FORCE 8600GT). E tais razões brotam logo ao início da SC: Após usar as Regras Gerais de Interpretação no 1 e no 6 do Sistema Harmonizado, e a Regra Geral Complementar no 1, editada no âmbito do MERCOSUL (a solução menciona ainda subsídios da NESH, sem indicálos especificamente), concluise que: Fl. 1237DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.235 7 É na revisão do entendimento externado em tal SC, pela Solução de Divergência no 6, de 20/07/2009, que se agrega a análise da Nota Legal 5, "c" do Capítulo 84 (fls. 990 a 1002): A Solução de Divergência (SD) parte do pressuposto de que apesar de ter a solução de consulta classificado as placas de vídeo como "acessório", não se pode descartar a hipótese de considerálas como "unidades" de máquinas automáticas para processamento de dados, o que levaria ao texto da posição 8471 ("máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades"...). A descrição do item 10 da SD permite saber que se está a tratar de produtos como os descritos nestes autos (inclusive pelas respostas aos quesitos elaborados na conversão em diligência): E é na leitura jurídica da Nota Legal 5, "c", do Capítulo 84, que reside o cerne da controvérsia. O próprio texto da Nota usa tanto a expressão abraçada pela recorrente ("parte") quanto a defendida pelo fisco ("unidade"): "C) Ressalvadas as disposições das alíneas D) e E) abaixo, considerase como fazendo parte dum sistema automático para Fl. 1238DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 processamento de dados, qualquer unidade que preencha simultaneamente as seguintes condições: 1º) Ser do tipo exclusiva ou principalmente utilizado num sistema automático para processamento de dados; 2º) Ser conectável à unidade central de processamento, seja diretamente, seja por intermédio de uma ou de várias outras unidades; 3º) Ser capaz de receber ou fornecer dados em forma códigos ou sinais utilizável pelo sistema. As unidades de uma máquina automática para processamento de dados, apresentadas isoladamente, classificamse na posição 84.71. Contudo, os teclados, os dispositivos de entrada de coordenadas x, y e as unidades de memória de discos, que preencham as condições referidas nas alíneas C) 2º) e C) 3º) acima, classificamse sempre como unidades na posição 84.71. D) A posição 84.71 não compreende os aparelhos a seguir indicados quando apresentados isoladamente, mesmo que estes cumpram todas as condições referidas na Nota 5 C): 1º) As impressoras, os aparelhos de copiar, os aparelhos de telecopiar (fax), mesmo combinados entre si; 2º) Os aparelhos para emissão, transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos para comunicação em redes por fio ou redes sem fio (tal como uma rede local (LAN) ou uma rede de área estendida (WAN)); 3º) Os altofalantes (altofalantes) e microfones; 4º) As câmeras de televisão, as câmeras fotográficas digitais e as câmeras de vídeo; 5º) Os monitores e projetores que não incorporem aparelhos de recepção de televisão. E) As máquinas que incorporem uma máquina automática para processamento de dados ou que trabalhem em ligação com ela e que exerçam uma função própria que não seja o processamento de dados, classificamse na posição correspondente à sua função ou, caso não exista, numa posição residual." (grifo nosso) No entanto, em tal Nota, como se percebe de sua simples leitura, não se encontra expresso o conceito de "unidade", mas somente quais as condições para que uma "unidade" possa ser considerada como fazendo "parte" de um "sistema automático para processamento de dados". Mais útil para saber o conteúdo da expressão "unidade" é a Nota Explicativa do Sistema Harmonizado (NESH) da posição 8471, também referida na SD, e veiculada, em língua portuguesa, à época, no anexo da Instrução Normativa SRF no 807/2008: "A. MÁQUINAS AUTOMÁTICAS PARA PROCESSAMENTO DE DADOS (...) Fl. 1239DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.236 9 As máquinas automáticas para processamento de dados podem compreender num mesmo invólucro a unidade central de processamento, uma unidade de entrada (por exemplo, um teclado ou um leitor) e uma unidade de saída (por exemplo, uma unidade de visualização), ou podem comporse de várias unidades distintas interligadas. Neste último caso, as unidades constituem um “sistema”, desde que este compreenda, pelo menos, a unidade central de processamento, uma unidade de entrada e uma unidade de saída (ver a Nota 1 de Subposições do presente Capítulo). As interligações podem realizarse por meios filares (por exemplo, cabos) ou por meios não filares. Um sistema automático completo para processamento de dados compreende pelo menos: (...) Estes sistemas podem compreender unidades periféricas diferentes das unidades de entrada e de saída, que se destinam a aumentar a capacidade do conjunto, especialmente reforçando a função de um ou mais dos dispositivos da unidade central (ver a parte B, a seguir). Estas diversas unidades inseremse entre a unidade de entrada e a unidade de saída, que delimitam o sistema, com exclusão das unidades de adaptação (adaptadores de canal a canal) ou de conversão (conversores de sinais) que, às vezes, se ligam antes da unidade de entrada ou depois da unidade de saída. (...) B. UNIDADES APRESENTADAS ISOLADAMENTE Ressalvadas as disposições das Notas 5 D) e E) deste Capítulo, a presente posição compreende também as diversas unidades constitutivas dos sistemas para processamento de dados apresentadas isoladamente. Estas podem apresentarse na forma de máquinas alojadas em um gabinete ou invólucro distinto ou na forma de unidades sem gabinete ou invólucro distinto, concebidas para serem introduzidas em uma máquina (por exemplo, no circuito principal de uma unidade central de processamento). Consideramse como unidades constitutivas destes sistemas as unidades definidas na parte A acima e nas alíneas seguintes, como fazendo parte de sistemas completos. Um aparelho só pode classificarse na presente posição como uma unidade para um sistema automático para processamento de dados se: a) exerce uma função de processamento de dados; b) preenche as condições seguintes referidas na Nota 5 C) do presente Capítulo: 1ª) ser do tipo exclusiva ou principalmente utilizado num sistema automático para processamento de dados; Fl. 1240DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 2ª) ser conectável à unidade central de processamento, quer diretamente, quer por intermédio de uma ou várias outras unidades; e 3ª)ser capaz de receber ou de fornecer dados sob uma forma – códigos ou sinais – utilizável pelo sistema. c) não é excluído pelas disposições previstas nas Nota 5 D) e E) do presente Capítulo. De acordo com o último parágrafo da Nota 5 C) do presente Capítulo, os teclados, os dispositivos de entrada de coordenadas XY e as unidades de memória de discos que preencham as condições referidas nas alíneas b) 2ª) e 3ª) acima são sempre considerados como unidades constitutivas de sistemas para processamento de dados. Se a unidade exerce uma função própria que não seja o processamento de dados, classificase na posição correspondente à sua função ou, caso não exista, em uma posição residual (ver Nota 5 E) deste Capítulo). Se um aparelho não preenche as condições enunciadas na Nota 5 C) do presente Capítulo ou não exerce uma função de processamento de dados, deve classificarse segundo as suas características próprias, por aplicação da Regra Geral Interpretativa 1, combinada, se necessário, com a Regra Geral Interpretativa 3 a). Então, cabe, de imediato, questionar se as placas de vídeo, apresentadas isoladamente, cumprem os requisitos para serem consideradas "unidades", na acepção da posição 8471. Como destaca a fiscalização (fl. 588), "a primeira condição é que o produto exerça uma função de processamento de dados". Quanto a isso, cabe referenciar a resposta do INT ao quesito no 4 elaborado pelo CARF (fls. 1191/1192): A recorrente argumenta resposta lhe favoreceria, pois atestaria que os produtos não são "máquinas automáticas" (fl. 1203): Fl. 1241DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.237 11 No entanto, o requisito estabelecido na NESH não é esse, de ser "máquina automática", mas simplesmente de exercer uma função de processamento de dados, ainda que auxiliar, o que se entende atendido pela resposta do INT. O segundo, o terceiro e o quarto requisitos são atrelados à Nota 5, "c", e seu atendimento é indiscutivelmente atestado pelas respostas do INT aos quesitos no 6, 7 e 8 elaborados pelo CARF (fls. 1192/1193). E nem é necessário alongar a discussão em relação ao tema, visto que a própria recorrente o reconhece, ainda que entenda que isso, por si só, não demonstra que o produto deva ser classificado na posição 8471 (fl. 1179): Por certo que o atendimento aos requisitos da Nota 5, "c" não são suficientes, por si, para a classificação na posição 8471. Por isso estamos a analisálos dentro de um contexto, aliados a outros requisitos. E, prosseguindo na análise, há ainda que se verificar se as placas de vídeo estariam inseridas na Nota 5, "d", ou 5, "e" do Capítulo 84, o que seria uma motivação para não enquadramento na posição 8471. É exatamente o caso, por exemplo, das placas de rede, expressamente mencionadas na Nota 5, "d", 2: "2º) Os aparelhos para emissão, transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos para comunicação em redes por fio ou redes sem fio (tal como uma rede local (LAN) ou uma rede de área estendida (WAN);" Sobre tal Nota, afirma ainda a recorrente (fl. 1179) que: No entanto, cabe destacar o conteúdo da resposta do INT ao referido quesito no 9: Fl. 1242DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 12 É preciso ler com cautela a motivação para exclusão com base na Nota 5, "d", 2. Tratase ali de aparelhos "para" emissão, transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados, não sendo suficiente que o aparelho possa transmitir... (ainda que com as limitações e com a condicionante expressas na resposta do INT, e que não constam na pergunta do CARF), mas que seja um "aparelho para transmitir...". Ademais, recordese a resposta à pergunta 3, acrescentada pela própria recorrente àquelas formuladas pelo CARF: Também não se evidencia a situação prevista na Nota 5, "e", pelo que não se vê a motivação para exclusão da mercadoria da posição 8471. Quanto à afirmação da recorrente de que a resposta ao sexto quesito formulado pelo CARF ratificaria que os produtos objeto do litígio não se apresentam de forma isolada, o que excluiria o enquadramento na posição 8471, conforme a Nota 5, "c", crêse que Fl. 1243DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.238 13 resulta de leitura equivocada da NESH do Capítulo 84, pois a conclusão da empresa é a ela oposta. Por fim, ainda centrando as atenções no Parecer do INT que constitui o resultado da conversão em diligência, cabe destacar que a recorrente adicionou quatro perguntas de sua lavra a serem respondidas, tendo entendido que a resposta do Instituto à segunda e à terceira lhe favoreceriam (fl. 1179). Iniciemos pela segunda pergunta: Vejase que a resposta de forma alguma leva ao entendimento externado pela empresa. Não há nenhuma relação causal ou lógica entre o fato de a placa ser auxiliar da função de processamento e sua classificação na posição 8473. E a interpretação dada à resposta da terceira pergunta da recorrente, pelo INT, revela preocupante desconhecimento das Regras do Sistema Harmonizado, pois a empresa parte diretamente do texto da subposição. É cediço que é pelo texto da posição (e das Notas de Seção e de Capítulo) que se inicia o procedimento de classificação de uma mercadoria, conforme esclarece a própria RGI1: "Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes: (...)" (grifo nosso) Apenas após determinar a posição de uma mercadoria é que se pode seguir para os demais desmembramentos, como estabelece a RGI6 e a RGC1. Iniciar a classificação por um texto de desmembramento é atropelar as regras de classificação, realizandoa por aproximação, por tentativa e erro, e não como se previu no acordo internacional que regula a matéria, a Convenção do “Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias" (SH), aprovada em 1983, e que entrou em vigor internacional em 1o de janeiro de 1988. A Convenção do SH é hoje aplicada em âmbito mundial, não só entre os 153 países signatários, mas em suas relações com terceiros. No Brasil, a referida convenção foi Fl. 1244DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 14 aprovada pelo Decreto Legislativo no 71, de 11/10/1988, e promulgada pelo Decreto no 97.409, de 23/12/1988, com depósito internacional do instrumento de ratificação em 08/11/1988. Desde 1o de janeiro de 1989, a convenção é plenamente aplicável no Brasil, tendo, segundo entendimento dominante em nossa suprema corte, "status" de paridade com a lei ordinária.2 Qualquer discussão sobre classificação de mercadorias deve ser feita à luz da Convenção do SH (com suas Regras Gerais Interpretativas, Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição), se referente aos primeiros seis dígitos, e com base no acordado no âmbito do MERCOSUL em relação à NCM (Regras Gerais Complementares e Notas Complementares), no que se refere ao sétimo e ao oitavo dígitos. Assim, não se pode subverter os fundamentos da Convenção, usando metodologia alternativa. E, apesar de acordarmos com a recorrente no sentido de ser equivocada a menção ao Parecer da OMA sobre as placas de captura de vídeo (produtos distintos) tanto na autuação quanto na Solução de Divergência no 6/2009, tal menção, em ambas as ocasiões, vem antecedida da expressão "a fim de reforçar...", denotando que não constitui a causa da classificação, mas um endosso, de modo que seu afastamento pouco efeito produz no resultado do contencioso. Temos, então, como correta a classificação adotada pela fiscalização, sendo insubsistentes todos os argumentos de mérito utilizados pela recorrente para refutála. Ademais, as respostas dadas pelo INT confirmam o entendimento da fiscalização. Solicitado pelo CARF laudo técnico por reconhecida instituição, buscando possibilitar a precisa identificação da função de um dos elementos que compõem a mercadoria que é objeto de contencioso sobre classificação, tendo a própria recorrente acrescentado quesitos aos formulados pelo colegiado, legítima a acolhida dos resultados do laudo correspondente para a correta classificação da mercadoria. Acrescentese ainda, a título ilustrativo, posicionamento recente pela classificação de placas de vídeo no código adotado pelo fisco, externada na Solução de Consulta no 46, de 26/04/2016, já na nova sistemática de apreciação colegiada, instituída Pela IN RFB no 1.464/2014): ASSUNTO: Classificação de Mercadorias EMENTA: Código NCM: 8471.80.00. Mercadoria: Unidade de processamento gráfico constituída de placa de circuito impresso com processador próprio (GPU) e outros elementos elétricos e eletrônicos montados, dotado de dispositivo de dissipação de calor, especialmente concebida para processar os sinais digitais de informações de vídeo em uma máquina automática de processamento de dados, comercialmente denominada placa de vídeo. DISPOSITIVOS LEGAIS: RGI 1 (texto da posição 84.71 e da Nota 5, C) do Capítulo 84) e RGI 6 (texto da subposição 8471.80), da TEC, aprovada pela Resolução Camex nº 94, de 8 de dezembro de 2011, e da Tipi, aprovada pelo Decreto nº 7.660, de 23 de dezembro de 2011; e em subsídios extraídos das Nesh, aprovadas pelo Decreto nº 435, de 27 de janeiro de 1992, e 2 Sobre a estatura de paridade dos tratados internacionais regularmente incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro com as leis, vejase a ADIn n. 1.480DF. Fl. 1245DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.239 15 atualizadas pela IN RFB nº 807, de 11 de janeiro de 2008, e alterações posteriores. Fixada a correção da reclassificação efetuada, há que se discutir as demais matérias de defesa suscitadas pela recorrente, já destacando, de início, as secundárias ou irrelevantes para o deslinde do presente contencioso: (a) existência de decisões administrativas ou judiciais, ou de entendimentos externados por outra classificação, pois não vinculam o julgamento deste colegiado; (b) o fato de ter a empresa apresentado ou não respostas genéricas a intimações, pois não houve agravamento de multa em função disso; e o fato de o julgador de piso ter entendido se havia ou não consenso sobre a natureza da mercadoria, visto que ao longo do contencioso, restou bem esclarecido de que mercadorias se estava a tratar; e (c) eventual exemplo equivocado que tenha usado o julgador de piso (sobre teclados), que, por ser exatamente um exemplo, e não um fundamento, não afeta a decisão. Seguese, assim, com os tópicos de defesa que são relevantes ao desfecho da lide. Da "revisão" aduaneira Alegou a empresa em sede de impugnação que há impossibilidade de mudança de critério jurídico em sede de revisão aduaneira, havendo violação ao princípio da segurança jurídica, pois o fisco "verificou, conferiu e concordou com a classificação utilizada" pela empresa. No entanto, o argumento não foi renovado em sede de recurso voluntário, pelo que se deixa de analisálo, entendendo ter a empresa acordado com o decidido na instância de piso, não havendo contestação expressa. Ademais, esta turma já vem decidindo majoritariamente a matéria no sentido de que "o desembaraço aduaneiro não representa lançamento efetuado pela fiscalização nem homologação, por esta, de lançamento "efetuado pelo importador". Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita). A homologação expressa, por meio da "revisão aduaneira" de que trata o art. 54 do Decretolei no 37/1966, com a redação dada pelo Decretolei no 2.472/1988, em que pese a inadequação terminológica, derivada de atos infralegais, não representa, efetivamente, nova análise, mas continuidade da análise empreendida, ainda no curso do despacho de importação, que não se encerra com o desembaraço. Não se aplicam ao caso, assim, o art. 146 do CTN (que pressupõe a existência de lançamento) nem a Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que afirma que "a mudança de critério adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento" (Acórdão no 3401003.136, proferido em 16 de março de 2016). Da alegação de respeito aos posicionamentos externados pela RFB Argumenta a recorrente que as mercadorias foram classificadas no código NCM 8473.30.43 entre janeiro de 2007 e julho de 2009 com base em laudos de fabricantes, de perito oficial, e da Solução de Consulta no 210, de 08/08/2008, sendo que a Solução de Divergência apontada pelo fisco operou efeitos a partir de 22/07/2009, e foi respeitada pela empresa, que passou a classificar as mercadorias no código 8471.80.00. Fl. 1246DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 16 De fato, ainda que a Solução de Consulta no 210, de 08/08/2008, não vinculasse a recorrente, é de se admitir que operava como um parâmetro para a fiscalização. Assim, as declarações de importação da recorrente provavelmente foram desembaraçadas sem exigências pelo simples fato de a própria fiscalização tomar em conta a SC, em prática reiterada. Não se trata de isonomia (embora pudesse ser explorada sua vertente atrelada à livre concorrência), como aqui já mencionado, mas de critério de fiscalização, que generaliza, na praxe, os efeitos da consulta até que alguém dela divirja tecnicamente, submetendo a questão a solução de divergência. Tratamse de práticas reiteradas, na dicção do artigo 100, III do Código Tributário Nacional (CTN), que acabam por excluir não a incidência de tributos, mas a imposição de penalidades diante da observância. E percebese, nos autos, que a empresa sempre observou as soluções de consulta e divergência proferidas pela RFB sobre o tema, ainda que destinadas a terceiros, e quer coincidissem ou não com o seu próprio entendimento sobre a matéria. Esse respeito não só é louvável, mas correspondido/"recompensado" pela legislação. Tanto o artigo 100 do CTN quanto o artigo 101 do Decretolei no 37/1966 resguardam o comportamento da empresa que respeita os entendimentos externados pelo fisco, ainda que destinados a terceiros, ou como práticas reiteradas. É o caso dos autos, no qual é visível que a empresa observou ambos os entendimentos externados (em SC e SD), em comportamento que revela observância dos posicionamentos oficiais (reveladora de "compliance"). Pelo exposto, com base em tais dispositivos, voto por excluir a aplicação das penalidades e dos juros de mora, no lançamento em análise, restringindoo à exigência dos tributos que deixaram de ser recolhidos, na linha do que vem entendendo este CARF (de forma unânime, por exemplo, nos Acórdãos no 3201002.026, e no 3401003.107, este último proferido por esta turma de julgamento, já em sua composição atual, dando extensão aos citados comandos normativos inclusive maior do que a aqui outorgada). Ademais, por ser a matéria de cumprimento compulsório por este CARF (art. 62, § 2o do Anexo II do Regimento Interno do colegiado), ainda que tal argumento não figure expressamente nas razões de defesa da recorrente, a base de cálculo das contribuições (COFINSimportação e Contribuição para o PISPASEPimportação) deve respeitar o que ficou decidido definitivamente pelo SRF no Recurso Extraordinário (RE) no 559.607/SC, com repercussão geral reconhecida. O citado RE versa sobre a questão da inclusão (ou não) do ICMS e do valor das próprias contribuições na base de cálculo da COFINSimportação e da Contribuição para o PIS/PASEPimportação, tema a respeito do qual o STF reconheceu a existência de Repercussão Geral (tema no 01) em 26/09/2007. Conforme DJE de 16/10/2013 (publicado em 17/10/2003), o STF reconheceu em plenário a inconstitucionalidade do acréscimo do ICMS e das próprias contribuições à base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, sendo o Min. Dias Toffoli encarregado de redigir o acórdão, rejeitandose questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional que suscitava que fossem modulados os efeitos da decisão: “Prosseguindo no julgamento, o Tribunal negou provimento ao recurso extraordinário para reconhecer a inconstitucionalidade da expressão “acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Fl. 1247DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10074.000510/201057 Acórdão n.º 3401003.221 S3C4T1 Fl. 1.240 17 Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições”, contida no inciso I do art. 7º da Lei nº 10.865/04, e, tendo em conta o reconhecimento da repercussão geral da questão constitucional no RE 559.607, determinou a aplicação do regime previsto no § 3º do art. 543B do CPC, tudo nos termos do voto da Ministra Ellen Gracie (Relatora). Redigirá o acórdão o Ministro Dias Toffoli. Em seguida, o Tribunal rejeitou questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional que suscitava fossem modulados os efeitos da decisão. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 20.03.2013” (grifo nosso) Em consulta ao sítio web do STF, atestase que a Fazenda apresentou embargos de declaração em 12/11/2013, que foi juntada petição em 23/01/2014, e que os autos estavam conclusos para o relator desde 04/02/2014. Em 17/09/2014 os embargos foram rejeitados. E em 14/10/2014 foi publicado o acórdão em relação aos embargos: “Embargos de declaração no recurso extraordinário. Tributário. Pedido de modulação de efeitos da decisão com que se declarou a inconstitucionalidade de parte do inciso I do art. 7º da Lei 10.865/04. Declaração de inconstitucionalidade. Ausência de excepcionalidade. 1. A modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade é medida extrema que somente se justifica se estiver indicado e comprovado gravíssimo risco irreversível à ordem social. As razões recursais não contém indicação concreta, nem específica, desse risco. 2. Modular os efeitos no caso dos autos importaria em negar ao contribuinte o próprio direito de repetir o indébito de valores que eventualmente tenham sido recolhidos. 3. A segurança jurídica está na proclamação do resultado dos julgamentos tal como formalizada, dandose primazia à Constituição Federal. 4. Embargos de declaração não acolhidos.” (grifo nosso) O processo teve trânsito em julgado em 24/10/2014, passando a vincular os julgamentos deste colegiado, por força art. 62, § 2o do Anexo II do Regimento Interno do CARF, devendo esta corte administrativa reproduzir a decisão definitiva de mérito proferida pelo STF na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil. Assim, devem ser excluídos, da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, nas autuações, as parcelas referentes ao ICMS e às próprias contribuições. Fl. 1248DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 18 Das conclusões Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar as penalidades e os juros de mora, e de reconhecer, de ofício, a necessidade de exclusão das parcelas referentes ao ICMS e às próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, na autuação, em função do RE no 559.607/SC, julgado, com repercussão geral, pelo STF, e do art. 62, § 2o do RICARF. Rosaldo Trevisan Fl. 1249DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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