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Numero do processo: 10746.904178/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-004.279
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
José Henrique Mauri - Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO
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EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 41 78 /2 01 2- 11 Fl. 954DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 0352.827, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.552. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante dessa Resolução, em parte: Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor o suficiente para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. Concluso (sic) foram os autos para pronunciamento pela 4ª Turma da DRJ/BSB, que por meio do Acórdão nº 0352.827, em 27/06/2013, julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório, nos termos da ementa transcrita a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 955DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 955 3 Ano Calendário: 2007 APRESENTAÇÃO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A restituição de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Em apertada síntese, a título de esclarecimento, menciona o relator que o direito à isenção alegado pela contribuinte na comercialização de seus produtos (sucos) e não aproveitado do benefício quando da apuração das contribuições, o que levaria ao recolhimento a maior que o devido, se referiu à tributação monofásica, que reduz a 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos especificados nos arts. 58A e 58B, da Lei nº 10.833/03. Assim o direito creditório que a contribuinte alegou possuir seria proveniente de apuração de valor devido a menor, apurado em data posterior à época da entrega das declarações originais. Concluiu o voto condutor que a simples entrega de declarações retificadoras, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento efetuado a maior, que teria originado o crédito pleiteado pela contribuinte em seu pedido de restituição; que tais retificações deveriam ter ocorrido anteriormente a qualquer procedimento administrativo ou notificação de lançamento, conforme dispõem o parágrafo único do art. 39 e o § 1º do art. 147, ambos do CTN; e que não comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição, não há o que ser reconsiderado na decisão contida no despacho decisório. Fl. 956DF CARF MF 4 Após ser cientificado do decidido no Acórdão nº (sic), por meio de AR, conforme subscrição em 11/11/13, contra o mesmo se insurgindo a contribuinte protocolou o seu recurso voluntário na repartição preparadora em 20/12/13, aduzindo sucintamente: Verificou que um de seus produtos vendidos (bebida: refresco e energético) pertenciam à sistemática monofásica de PIS e Cofins, enquadradas no sistema NBH/SH 22.02, e na NCM 2202.10.00 e NCM 22012.90.00, como também que recolheu a maior valores atinentes a essas contribuições, razão pela qual transmitiu a Per/DComp em 30/12/10, pleiteando a restituição que entendeu lhe era devida (PAF 10746.904200/201215). Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos prova documental qual seja: Livri (sic) Diário anos 2007 a 2010, Livro Razão anos 2007 a 2010, Livros Fiscais ( Entrada, Saída e Apuração de ICMS dos anos de 2007 a 2010), Notas Fiscais de entrada dos anos 2007 a 2010, Blocos fiscais dos anos 2007 a 2010, Livro de Registros de Inventário correspondente aos anos de 2007 a 2010 e Notas Fiscais Eletrônicas de Saída dos anos 2007 a 2010. No que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, mencionando que a contribuinte apresentou o recurso voluntário acompanhado dos documentos acima descritos em 05/12/2013 e que ante a impossibilidade de juntar aos autos digitais os originais dos documentos entregues, foi o mesmo intimado TIF SAORT nº 180/2013 para apresentação dos itens discriminados no TIF em mídia eletrônica (arquivo digital), ou alternativamente, juntamente com os originais, cópia de cada um dos documentos a serem protocolados. Consta ainda desse despacho as seguintes informações: Em 17/01/2014, em resposta ao termo de intimação, o interessado apresentou um DVDR contendo vários arquivos, os quais não possuem as características necessárias ao processamento no ambiente do Sistema do Processo Digital da RFB (alguns arquivos de tamanho superior a 15 megabytes). Além disso, não foram entregues os relatórios/recibos do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, conforme orientação constante do Anexo I do termo de Intimação Fiscal SAORT nº 108/2013. Portanto, em princípio, os arquivos não foram gerados com o auxílio do SVA o que torna impossível a validação e a autenticação dos mesmos. Assim, não obstante ter sido devidamente orientado, o interessado não atendeu os termos da intimação. Dessa forma, proponho que os autos sejam encaminhados ao CARF sem os elementos apresentados em mídia digital (arquivos constantes do DVDR) para análise do recurso. Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 956 5 Complemento o relato, com trechos do voto da Resolução, na qual se decidiu pela diligência, apoiandose na busca pela verdade material: A regra geral contida no art. 16 do Dec. nº 70.235/72 informa que o momento de apresentação das provas atinentes ao direito alegado é o mesmo da formalização da manifestação de inconformidade/impugnação. Destarte o dispositivo no § 4º deste mandamus, c/c o art. 38 e §§, da Lei nº 9.784/99, veio a propiciar à modulação dos efeitos dessa regra, sinalizando com a possibilidade da apresentação de prova noutro momento processual. Este também é o entendimento pacífico cristalizado por meio da jurisprudência administrativa emanada do CARF, notadamente quando a prova, mesmo que juntada a destempo é imprescindível para o deslinde da querela, [...] Portanto não há se falar em preclusão temporal neste caso. Ao contrário, os exemplos mencionados servem para demonstrar a possibilidade de se imprimir maior celeridade ao julgamento do feito, com a oportunidade criada a partir da colação desses documentos aos autos, a permitir que dúvidas por ventura existentes possam ser sanadas, sem a necessidade de remessa dos autos à repartição preparadora. Até mesmo por ser a opção pelo acolhimento da prova apresentada a destempo, uma discricionariedade do julgador, notadamente o relator dos autos, como auxílio para firmar a sua convicção pessoal ao caso sob análise. No caso vertente a recorrente trouxe aos autos na fase recursal novos elementos materiais de prova, dando conhecimento à autoridade administrativa de sua iniciativa. Essa autoridade limitouse a alegar a impossibilidade de juntar aos autos digitais os originais dos documentos que lhe foram entregues, intimando a Recorrente a reapresentar os documentos, desta feita na forma de arquivo digital, por meio de mídia eletrônica, concedendolhe o prazo de 20 dias para o cumprimento do desiderato. Em atenção à intimação que lhe fora endereçada a contribuinte em 17/01/2014 apresentou um DVDR contendo vários arquivos, que segundo a fiscalização, não possuem as características necessárias ao processamento no ambiente do sistema de Processo Digital da RFB, além de não haver sido entregue os relatórios/recibos do Sistema de Validação e /autenticação de Arquivos Digitais, conforme orientação constante do Anexo I do Termo de Intimação Fiscal SAORT nº 180/2013, endereçado à ora Recorrente. Conclui a autoridade administrativa que os arquivos não foram gerados com o auxílio do SVA o que torna impossível a validação e a autenticação dos mesmos. Mister esclarecer que a Recorrente não se furtou de reapresentar os documentos em meio magnético, entretanto em plataforma diversa daquela orientada pela fiscalização. Fl. 958DF CARF MF 6 Igualmente ao apresentar na repartição preparadora os documentos originais para protocolo (cópia de cada documento), a recorrente o fez sob amparo da regra contida no § 7º do art. 2º e art. 8º da Portaria MF nº 527/2010, que autoriza a formalização de recursos mediante a apresentação de documentos em papel, como sendo uma opção do contribuinte. A persecução da verdade material no âmbito do processo administrativo tributário, como dito, deve funcionar para ambos os lados, portanto, pugno pela conversão deste julgamento em diligência à repartição de origem, para que sejam analisados todos os documentos indicados pela Recorrente no recurso voluntário, com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido para, posteriormente facultarlhe a oportunidade , mediante a concessão de tempo razoável, para comparecer aos autos se assim lhe aprouver. Por fim, reproduzo trecho da informação emanada da dita diligência: 1. [...]No Quadro 01, estão as informações relativas ao PER transmitido pela interessada. [...] 8. Conforme legislação explanada no item 7 (sobretudo, art. 58B da Lei 10.833, de 2003, combinado com os arts. 58A e 58V, do mesmo diploma legal) e considerando a vigência dos atos nela inserida, os comerciantes varejistas e atacadistas dos produtos classificados nos códigos 21.06.90.10 Ex 02, 22.01, 22.02, exceto os Ex 01 e Ex 02 do código 22.02.90.00, e 22.03 da Tabela de Impostos sobre Produtos Industrializados TIPI (Quadro 02) podem aplicar a alíquota reduzida a zero sobre a receita de tais vendas. Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 957 7 9. Consoante documentos fiscais (notas fiscais de saída e levantamento digital de dados) acostados ao processo administrativo fiscal em comento, a interessada planilhou as suas mercadorias vendidas em cada período de apuração, identificandoas no tocante à descrição da NCM/TIPI. Para explicitar o batimento entre as informações constantes no DACON e as decorrentes dos documentos fiscais supracitados, ambas vinculadas ao PER constante no Quadro 01, optouse por expor tais informações nos Quadros 03, 04 e 05. Fl. 960DF CARF MF 8 CONCLUSÃO 10. Diante dos fatos expostos e dos autos constantes no processo epigrafado, considerando QUE a contribuinte está sujeita às penas da Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, e da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, caso as informações prestadas em seu PER e na resposta à Intimação Fiscal não correspondam à expressão da verdade, QUE foi observado o prazo prescricional de extinção do direito creditório (inciso I do artigo 168 do CTN), QUE foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), a autoridade fiscal, in fine subscrita, propõe, perante o CARF, o deferimento parcial do PER sob nº 01179.52590.291210.1.2.046407, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original de R$ 14,76 (quatorze reais e setenta e seis centavos). (Grifos do original). Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte veio "declarar que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente". Foime distribuído o presente processo para relatar e pautar. É o relatório. Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 958 9 Voto Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Relator. A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Fl. 962DF CARF MF 10 Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo "deferimento parcial do PER sob nº 01179.52590.291210.1.2.04 6407, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original de R$ 14,76" (grifos do original), com o que concordo. Assim, por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário. Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator (assinado digitalmente) Fl. 963DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 959 11 Fl. 964DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.900185/2012-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ.
Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno.
Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.403
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno. Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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ICMS NA BASE DE CÁLCULO. Recorrente QUÍMICA AMPARO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno. Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 01 85 /2 01 2- 95 Fl. 120DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 06051.720, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba. Por meio de Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal de Jundiaí foi indeferido o pleito constante do Pedido Eletrônico de Restituição – PER transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. Em referido ato administrativo, a autoridade fiscal indeferiu o pleito da interessada tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para quitação do débito de COFINS cumulativa/o, não restando saldo de crédito disponível para o reconhecimento do crédito solicitado. A contribuinte foi cientificada do citado despacho decisório e apresentou, tempestivamente, a Manifestação de Inconformidade cujo conteúdo é resumido a seguir. A interessada defende, em apertada síntese, o direito ao crédito solicitado com a alegação de ter incluído de forma indevida o ICMS na base de cálculo da contribuição recolhida. Diz que o ato administrativo foi proferido de forma precipitada e com flagrante desrespeito à legislação tributária, notadamente a que trata da necessidade de lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional). Sustenta a legitimidade do indébito tributário informado no pedido de restituição alegando que no presente caso não existe óbice à restituição, nos termos do art. 165, do Código Tributário Nacional, uma vez que houve um erro na composição da base de cálculo da contribuição e que a vinculação do DARF, pago indevidamente, a um débito declarado em DCTF, constituise em uma mera informação. Relata que está juntando ao processo planilha por meio da qual se pode constatar a existência do pagamento a maior do que o devido e que este documento faz a prova necessária para confirmar o indébito alegado. Acrescenta que em caso de dúvida quanto ao crédito o julgamento pode ser convertido em diligência para que a interessada seja intimada a demonstrar, através de outros elementos, o crédito vindicado. Defende a tese relativa a improcedência da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição alegando que referido tributo não integra o conceito de faturamento (receita bruta), pois tratase de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF, consoante o voto proferido pelo Ministro Marco Aurélio no Recurso Extraordinário nº 240.785/MG, entendeu que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo das contribuições Fl. 121DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 4 3 (PIS e Cofins). Sustenta que a interpretação da autoridade tributária relacionada com a questão da inclusão do ICMS nas receitas dos contribuinte (interpretação do art. 3º da Lei 9.718, de 1988) é contrária ao art. 110 do CTN, uma vez que não se caracteriza como juízo de inconstitucionalidade, mas sim como controle administrativo interno dos atos administrativos. Aduz, por fim, que a declaração de inconstitucionalidade (exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição) em referido RE é iminente e que o proferimento dela pelo Supremo Tribunal Federal tornará sua observância obrigatória pela Administração Tributária. Diante do exposto, requer a interessada o acolhimento da manifestação para o fim de afastar o Despacho Decisório questionado e deferir integralmente o pedido de restituição. O citado acórdão decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento, em síntese, que falece ao julgador da esfera administrativa competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária e pela impossibilidade de exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição. Inconformada com a improcedência da manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs recurso voluntário, basicamente, repetindo os argumentos trazidos em sede de manifestação. Ao final, pugna pela reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.397, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.900183/201204, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.397): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. O núcleo da discussão em pauta é a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O acórdão recorrido enumera diplomas legais de regência, concluindo não haver previsão legal para a exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins: Pelas argumentações trazidas em sua manifestação de inconformidade, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, na forma aduzida pela interessada, já que esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário. De fato. A Lei Complementar nº 7, de 1970, a Lei Complementar nº 70, de 1991, a Lei nº 9.715, de 1998 (que resultou da conversão da Medida Provisória nº 1.212, de 1995 e suas reedições), a Lei nº 9.718, de 1998, e, mais recentemente, as Leis 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, ao longo de seus dispositivos, definem expressamente todos os aspectos das hipóteses de incidência vinculadas ao PIS e à Cofins. As citadas normas definem os sujeitos passivos da relação tributária, os casos de nãoincidência, a alíquota, a base de cálculo, o prazo de recolhimento, etc., e submetem as contribuições às normas do processo administrativo fiscal, além do que, para os casos de atraso de pagamento e penalidades, as 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 123DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 6 5 subordina, de forma subsidiária, à legislação do imposto de renda. Como se percebe, nada resta a definir. Os atos legais descrevem expressamente todas as feições das exações instituídas, nada deixando ao alvedrio do intérprete. Quando remetem atribuições a normas de outro tributo, o fazem estabelecendo com precisão os limites da remissão; limites estes, aliás, que, in concreto, jamais se estendem sobre a definição das bases de cálculo das contribuições. O conceito de faturamento tem sua extensão perfeitamente delimitada pela explicitação de seu conteúdo e pela expressa enumeração das exclusões passíveis de serem efetuadas, não havendo dentre essas, como se vê, qualquer referência ao ICMS devido pela venda de mercadorias. Caso pretendesse o legislador excluir o ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, estaria a hipótese expressamente prevista como uma das exclusões da receita bruta. Sobre o tema, o STJ decidiu, em recurso especial sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, já com trânsito em julgado. Já o STF entendeu pela sua não inclusão, em recurso extraordinário sob a sistemática da repercussão geral, mas em caráter não definitivo, pois pende de decisão sobre embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional. É o que detalha decisão recente deste Conselho: PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Decisão STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática do recurso repetitivo, art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado (CARF, 3º Seção, 4º Câmara, 2º Turma Ordinária, Ac. 3402 004.742, de 24/10/2017, rel. Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire). Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 7 6 Assim, transitada em julgado decisão do STJ, em recurso especial, sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, deve este Conselho observála, nos termos do seu Regimento Interno, descabendo analisar argumentos trazidos aos autos sobre o tema. A decisão do STF, em sentido contrário, em recurso extraordinário de repercussão geral, mas de caráter não definitivo, não tem o mesmo efeito. Nos ditos embargos, a Fazenda Nacional requer a modulação dos efeitos da decisão embargada, para que produza efeitos ex nunc, apenas após o julgamento dos embargos. Ora, se há pedido de modulação dos efeitos, tratase de atividade satisfativa, incluíndose na solução de mérito nos termos do art. 487 do atual CPC. E se assim é, podese afirmar que não houve ainda decisão definitiva de mérito, independentemente do transito em julgado. A embargante ainda suscita, entre outras questões, haver erro material ou omissão, por ter a corrente vencedora prestado ao art. 187 da Lei 6.404/76 efeito que ele não possui: estabelecer conceito de receita bruta: 7. Observese que, no caso dos autos, alguns votos da corrente vencedora2 [...] concederam grande relevância ao fundamento de que “receita bruta”, expressão a que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao longo de inúmeros julgados, equiparou ao vocábulo “faturamento” (art. 195, I, b, da Constituição), possui um sentido próprio no direito privado, definido no art. 187, I, da Lei 6.404/76. 8. No entanto, cumpre destacar que há um equívoco evidente em tal linha de argumentação: o mencionado dispositivo legal não estabelece qualquer conceito para receita bruta. Apenas disciplina que, na demonstração do resultado do exercício, deverá estar descrita a “receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos”. A assertiva, simplesmente, permite concluir que tais expressões se referem a grandezas diferentes, mas não afirma que uma não esteja contida na outra. Levanta também, na mesma toada que os votos vencedores "deixaram de considerar o disposto no art. 12 do DecretoLei 1.598/77, reiteradamente citado pelos votos vencidos", que dá pela inclusão dos tributos na receita bruta: art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (...) III tributos sobre ela incidentes; e Fl. 125DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 8 7 (...) § 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 5o Na receita bruta incluemse os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o. (Grifos do original). Ainda que sejam três os pilares da argumentação da corrente vencedora, apenas um deles tratando do conceito de receita, tratase evidentemente de questão meritória. A recorrente traz aos autos planilha na qual recalcula a base de cálculo da Cofins "sem o ICMS", com a qual, juntamente como os documentos mencionados na seqüência, pretende provar o seu direito ao crédito em discussão: (...) Instrui o recurso voluntário com relatórios "NOVA GIA" a demonstrarem a apuração do ICMS, referente apenas a novembro de 2011, como também o balancete referente apenas a este período. O acordão recorrido assim se manifestou quando lhe fora levada dita planilha: "não sendo hábil para a comprovação do direito à repetição do indébito, uma simples planilha, desacompanhada de documentação contábil e fiscal que lhe conceda suporte e validade.A planilha segue abaixo". Tais elementos não demonstram o direito ao crédito sem que a questão de direito que defende, de não inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, prospere. A planilha mencionada também não se fez acompanhar de documentos que lhe fizessem prova, para todos os períodos. Assim, também, a diligência que requer, para, eventualmente, "atestar in loco a regularidade da escrituração e do crédito", somente mereceria provimento, em caso de demonstração da exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins. Insurgese a recorrente contra a afirmação do acórdão de piso de que "o débito de Cofins cumulativa, do período de apuração de nov/2002 (para o qual consta alocado o pagamento objeto do pedido de restituição), foi constituído, nos termos do art. 142 do CTN, através de [...] DCTF apresentada pela interessada, posto que essa declaração constituí confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito tributário, conforme prevê o § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984". Ainda que se apliquem tais normas, há decisões deste Conselho que têm entendido pela relativização de tal meio de prova, com as quais concordo, privilegiandose o princípio da verdade material: Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 9 8 COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÕES CONSTANTES DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. LIQUIDEZ E CERTEZA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O direito creditório pleiteado não pode ser vinculado a requisitos meramente formais, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional. Assim, ainda que a DCTF seja instrumento de confissão de dívida, a comprovação por meio de outros elementos contábeis e fiscais que denotem erro na informação constante da obrigação acessória, acoberta a declaração de compensação, em apreço ao princípio da verdade material Recurso Voluntário Provido (CARF, 3º Seção, 3º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 3301 002.678, de 08/12/2015, rel. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas). O acórdão de piso entendeu não ter se configurado qualquer das hipóteses do art. 165 do CTN, aquele que estabelece o direito à restituição de tributo, especialmente por que "não existe a comprovação de que tenha ocorrido, em face da legislação aplicável, pagamento da contribuição em valor a maior do que o devido"; como também porque "não foi demonstrada a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a existência de indébito tributário (relativamente ao pagamento apontado no pedido de restituição – PER) que diga respeito à inclusão indevida do ICMS na base de cálculo da contribuição. não havendo decisão". Argumenta a recorrente ter havido erro na composição da base de cálculo da Cofins, visto que "a Recorrente considerou inadvertidamente o ICMS como componente de sua receita bruta", nos termos do inciso II, do dito artigo. Mais uma vez, somente com a demonstração do direito ao crédito, o que não ocorre, poderseia falar no dito erro. Assim, pelo exposto voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 127DF CARF MF Processo nº 13839.900185/201295 Acórdão n.º 3301004.403 S3C3T1 Fl. 10 9 Fl. 128DF CARF MF
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Numero do processo: 10882.900038/2008-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003
COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL.
Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170-A do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966.
O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte.
Numero da decisão: 3301-004.611
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
José Henrique Mauri - Presidente Substituto.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques DOliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado, Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente Substituto).
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003 COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170-A do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte.
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AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170A do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) José Henrique Mauri Presidente Substituto. (ASSINADO DIGITALMENTE) Liziane Angelotti Meira Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 00 38 /2 00 8- 15 Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10882.900038/200815 Acórdão n.º 3301004.611 S3C3T1 Fl. 152 2 Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D’Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado, Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente Substituto). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório elaborado pela decisão recorrida (fls. 63/71), abaixo transcrito: O sujeito passivo em referência manifesta sua inconformidade contra a decisão que não homologou a compensação declarada na Per/Dcomp nº 24119.47994.301104.1.7.040918, por meio da qual pretendia extinguir o débito de R$ 7.916,41 referente ao Pis de outubro de 2003. O crédito que alega possuir tem origem em DARF utilizado para pagamento de PIS relativo ao período de apuração 30/06/2003. O Despacho Decisório atacado foi proferido com base na seguinte constatação: A partir das características do DARF discriminado no PER/DECOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DECOMP. Alega o interessado que impetrou o Mandado de Segurança nº 2003.61.00.0023490 com o objetivo de recolher a contribuição ao PIS na forma prevista na Lei Complementar nº 7, de 1970, qual seja, tributo calculo à razão de 5% sobre o valor do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. A liminar pleiteada não foi deferida, mas a decisão de primeira instância foi reformada em sede do agravo de instrumento interposto ao TRF da 3ª Região, decidindose favoravelmente à recorrente. Sustenta que houve erro de fato no recolhimento promovido em 15/07/2003, uma vez que providenciou dois recolhimentos no valor de R$ 332.205,54, na modalidade conhecida como PIS repique e PISdedução, quando deveria ter realizado dois recolhimentos de R$ 10.664,27. Os valores devidos decorrem da aplicação da alíquota de 5% sobre o valor de R$ 213.285,44 (estimativa do IRPJ incidente em 15% sobre a receita bruta de R$ 1.421.902,91). Todavia, cada recolhimento foi indevidamente calculado com base em 5% do Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10882.900038/200815 Acórdão n.º 3301004.611 S3C3T1 Fl. 153 3 Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – Lucro Real provisionado (R$ 11.071.517,93). Percebido o erro de fato, declarou, em 30/11/2004, a compensação objeto do Despacho Decisório combatido. Como, na DCTF original, não ficou evidenciado o recolhimento a menor, noticia ter transmitido, em 20/11/2007, DCTF retificadora na qual informou que, do débito apurado a título de PIS, R$ 21.328,54 estariam extintos por pagamento e R$ 994.666,76 estariam com exigibilidade suspensa. Informa que, em 27/11/2007, a tutela concedida foi cassada, o que o levou a promover, dentro do prazo previsto no artigo 63 da Lei nº 9.430, de 1996, o recolhimento no valor de R$ 28.846.704,12, diferença entre as contribuições previstas na Lei nº 10.637, de 2003, e a Lei Complementar nº 7, de 1970. Requer que a DCTF retificadora seja efetivamente processada e que o despacho decisório combatido seja reformado, homologandose a compensação. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA), julgou improcedente, conforme Acórdão nº 1532.0124ª Turma da DRJ/SDR (fls 63/64), com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003 COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170A do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Foi apresentado Recurso Voluntário às fls. 77/148, no qual a Recorrente apresenta suas razões organizadas nos seguintes tópicos, que serão detidamente analisados no voto: 1 EXISTÊNCIA DO CRÉDITO DIREITO À COMPENSAÇÃO; 2 INAPLICABILIDADE AO CASO DO ARTIGO 170a DO CTN, COMO JÁ RECONHECIDO PELO CARF. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10882.900038/200815 Acórdão n.º 3301004.611 S3C3T1 Fl. 154 4 É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. 1 EXISTÊNCIA DO CRÉDITO DIREITO À COMPENSAÇÃO Informou a Recorrente que efetuou recolhimento a maior no período de apuração de junho de 2003, deixando de aplicar liminar que lhe era favorável. Apresenta a seguinte tabela: E concluiu que "não resta dúvida de que houve recolhimento a maior no montante de R$ 321.541,27, para o período originário do crédito." Conforme observouse na decisão de piso, para o contribuinte do IRPJ pelo lucro real, no ano de 2003, a norma legal que disciplinava as contribuições para o PIS era a Lei nº 10.637, de 2002. Esta lei instituiu o regime nãocumulativo do PIS. No entanto, em mandado de segurança impetrado, a Recorrente requereu que fosse submetida à sistemática da arrecadação do PIS em sua modalidade PISrepique e PIS dedução, na forma estabelecida pelo artigo 3º da Lei Complementar nº 7, de 1970. A Recorrente não obteve liminar, mas o o TRF da 3ª Região lhe concedeu a tutela antecipada. Essa tutela foi revogada com a sentença judicial de primeira instância, publicada em 26/10/2007 (conforme extrato constante da decisão recorrida) Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10882.900038/200815 Acórdão n.º 3301004.611 S3C3T1 Fl. 155 5 Posto isto, considerando tudo o mais que dos autos consta, ausentes os pressupostos legais, DENEGO A SEGURANÇA requerida. Honorários advocatícios indevidos nos termos da Súmula n.º 512, do Egrégio Supremo Tribunal Federal. Comuniquese a Excelentíssima Senhora Desembargadora Federal Relatora do Agravo de Instrumento n.º 2003.03.00.0007108, a respeito do teor desta decisão. Após o trânsito em julgado, convertamse os depósitos judiciais em receita a favor da União Federal.Custas e demais despesas ex lege.P. R. I. Oficiese. O contribuinte não logrou êxito em sua apelação, visto que a decisão recorrida foi mantida em 16/10/2008, pelo Tribunal competente (conforme extrato constante da página 67): CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO AO PIS. RECEPÇÃO, ART. 239 CF. POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO VIA DE LEI ORDINÁRIA. LEI 10.637/02. CONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES. APELAÇÃO DA IMPETRANTE IMPROVIDA. I – A contribuição ao PIS foi expressamente recepcionada pelo art. 239 da CF, a ela não se opondo as restrições constantes dos arts. 154, I e 195, §, 4º da mesma Carta. (STF ADIN MC 14170/ DF, Rel. Min. Octávio Gallotti, Pleno, v. u., j. 02/08/99). II – A contribuição ao Pis pode ser validamente alterada por lei ordinária, não se tratando de contribuição social nova. Ausente hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, mas sim reserva material posta na CF (art. 146) III – Constitucionalidade da Lei 10.637. O tratamento diferenciado no que pertine à alíquotas e bases de cálculo em razão da diversidade quanto às atividades econômicas desenvolvidas pelos contribuintes encontra respaldo no próprio Texto Constitucional, art. 195, §§ 9º e 12. IV – Precedentes (TRF – 3ª Região, AG nº 2003.03.00.0110618, Rel. Des. Fed. Fábio Prieto, j. 16/11/05, p. DJU 08/03/06; TRF – 4ª Região, AMS nº 2005.72.08.0045630, Rel. Des. Fed. Vivian Josete Pantaleão Caminha, j. 13/12/06, p. de 30/04/07; TRF – 2ª Região, AC nº 2003.51.01.0037080, Rel. Des. Fed. Alberto Nogueira, j. 05/09/06, p. DJU 16/11/06) V – Apelação improvida. A decisão desfavorável à Recorrente transitou em julgado em 02/07/2010, segundo informação obtida na página eletrônica do TRF da 3ª Região, o que levou à baixa definitiva dos autos em 10/08/2011. Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10882.900038/200815 Acórdão n.º 3301004.611 S3C3T1 Fl. 156 6 Portanto, verificase que, mesmo no interregno de tempo em que havia liminar favorável à Recorrente, ainda não era ela titular de crédito líquido e certo e não podia, portanto, efetuar a compensação. Em resumo, a Recorrente deixou de recolher nos termos da decisão judicial (tutela antecipada) e recolheu em montante que correspondia ao entendimento do Fisco. Segundo a Recorrente tal recolhimento a maior se deu por "erro de fato". 2 INAPLICABILIDADE AO CASO DO ARTIGO 170A DO CTN, COMO JÁ RECONHECIDO PELO CARF. Defende a Recorrente que a vedação do art. 170A do CTN referese a fatos passados, a pagamentos objeto de ação judicial, ao passo que seu caso se refere ao recolhimento de PIS no transcurso da ação, tendo por objeto efeitos futuros de uma decisão judicial, nos seguintes termos: Ou seja, não se pode aplicar a vedação do art. 170A do Código Tributário Nacional, criada para impedir que contribuintes compensem antes do trânsito em julgado créditos apurados em períodos anteriores e decorrentes de pagamentos indevidos ou seja, crédito já extinto por pgamento indevido utilizado para quitar tributos devidos em períodos posteriores a situações em que e a "compensação" diz respeito à apuração da base de cálculo e, portanto, à constituição do crédito tributário. Seguimos o entendimento da decisão recorrida de não há qualquer direito ao ressarcimento deferido pela decisão judicial e, mesmo que houvesse, esse direito somente poderia operar seus efeitos após o trânsito em julgado de sentença favorável à Recorrente, fato que não ocorreu, ou melhor, houve decisão transitada em julgado desfavorável à Recorrente. De acordo com o art. 170A do CTN, é defeso efetuar compensações de débitos mediante aproveitamento de tributo objeto de contestação judicial em trâmite, ou seja, ainda não julgado definitivamente. Ou seja, só há crédito oponível à Fazenda Pública com o desfecho em definitivo favorável ao particular da demanda judicial. Colacionase ainda disposição análoga do artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996, ao permitir a compensação de crédito discutido judicialmente apenas após o trânsito em julgado da decisão judicial: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (...) II em que o crédito: (...) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; (grifouse) Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10882.900038/200815 Acórdão n.º 3301004.611 S3C3T1 Fl. 157 7 Conforme se concluiu na decisão recorrida: No caso concreto, mesmo não pretendendo agir deste modo, o contribuinte acabou por pagar tributo com exigibilidade suspensa. Como a validade do tributo estava em discussão, o crédito do contribuinte não pode ser considerado certo, não sendo, por conseguinte, passível de compensação nos termos do artigo 170 do CTN." Situação semelhante, asseverase na decisão recorrida, ocorre com o depósito judicial, o qual, uma vez efetivado em valores suficientes para garantir a extinção do crédito em eventual vitória do Fisco, não pode ser objeto de restituição até o encerramento da lide judicial, nos termos do § 2º do artigo 32 da Lei nº 6.830, de 1980: § 2º. Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do Juízo competente. A planilha juntada aos autos que trata das parcelas que compõem o valor recolhido de R$ 28.846.704,12 indica que o crédito com exigibilidade suspensa relativo ao período de apuração 06/2003 restou recolhido. Deste modo, se recolhimento a maior houve, ele teria ocorrido, quando muito, em 27/11/2007, não em 15/07/2003. Correto, portanto, despacho decisório que considerou não liberado o PIS Dessarte, o direito pretendido com a ação judicial somente será liquido e certo quando a sentença, se favorável ao contribuinte, transitar em julgado e operar seus efeitos. Por outro lado, mesmo que se concordasse com a Recorrente, contrariamente a determinação expressa da legislação, que ela poderia utilizar créditos com fulcro em decisão judicial não transitada em julgado, ela estaria sujeita à habilitação do seu crédito, o que não efetuou. O cumprimento dessa obrigação acessória é imprescindível para que o Fisco tenha conhecimento e controle deste crédito e é condição para o exercício do direito de creditamento. Portanto, ainda que se adotasse este entendimento, defendido pela Recorrente o qual não adotamos deveria ser mantida a glosa. Diante do exposto, proponho manter integralmente a decisão recorrida e voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10882.900038/200815 Acórdão n.º 3301004.611 S3C3T1 Fl. 158 8 Fl. 158DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.909624/2011-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/05/2002
PIS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entende-se por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS e da COFINS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social.
RECEITA DE SUBVENÇÃO DA LEI N° 9.479/1997. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. A receita da subvenção concedida pela Lei n° 9.479/1997 às usinas beneficiadoras de borracha integra a base de cálculo do PIS e da COFINS, por se tratar de subvenção para custeio.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-004.605
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Renato Vieira de Avila (Suplente convocado), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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RESTITUIÇÃO. ALARGAMENTO DA BC. Recorrente Braslatex Indústria e Comércio de Borrachas Ltda. Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/05/2002 PIS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entendese por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS e da COFINS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social. RECEITA DE SUBVENÇÃO DA LEI N° 9.479/1997. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. A receita da subvenção concedida pela Lei n° 9.479/1997 às usinas beneficiadoras de borracha integra a base de cálculo do PIS e da COFINS, por se tratar de subvenção para custeio. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Renato Vieira de Avila (Suplente convocado), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 96 24 /2 01 1- 06 Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 3 2 Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF de São José do Rio Preto (SP), por meio do despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte. Cientificada do despacho, a empresa apresentou a manifestação de inconformidade, nesses termos: · Preliminarmente, requer a reunião deste processo com outros que tratam da mesma matéria e têm os mesmos fundamentos; · No mérito, defende que o recolhimento indevido decorre da inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/1998, já declarada pelo STF em sede de repercussão geral; · Alega que a autoridade administrativa não analisou a causa do recolhimento indevido (a inconstitucional ampliação da base de cálculo pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718); · Sustenta que a decisão do STF, no RE nº 585.235, deve ser observada, obrigatoriamente, pela autoridade administrativa; · Reiterou que é devido o crédito pleiteado no PER/DCOMP, por se tratar de PIS/COFINS calculado sobre receita que não integra o seu faturamento. Anexou à sua manifestação de inconformidade: planilha demonstrativa do pagamento indevido de PIS/COFINS sobre receitas financeiras, cópia de parte do livro diário e termos de abertura e encerramento. A 4ª Turma da DRJ/POR indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 14042.501. A DRJ rejeitou a reunião de processos solicitada, por dois motivos: para pedidos de restituição, a reunião de processos em um só deve ser realizada apenas quando tenham por base o mesmo crédito, o que não é o caso dos processos relacionados pela interessada, pois cada um se refere a um determinado período de apuração, implicando em créditos distintos e os elementos de prova são distintos para cada fato gerador, ou seja, as provas de um processo não aproveitam aos demais. Quanto ao mérito, a negativa do reconhecimento do crédito se deu em virtude da ausência de prova do pagamento indevido; da nãovinculação da autoridade administrativa ao RE nº 585.235; da ausência de DCTF retificadora e da cópia parcial do livro diário apresentada, que não permitiria apurar a base de cálculo com as exclusões pretendidas, para se chegar ao valor devido e comparálo com o valor recolhido. Em seu recurso voluntário, a empresa: Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 4 3 · Reitera o pedido de reunião deste processo com outros 38 processos que tratam da mesma matéria: recolhimentos indevidos de PIS e COFINS, apurados em diversos meses, decorrentes da majoração da base de cálculo pelo art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. · Alega que é inconteste que a DCTF não é o único meio de prova da existência de crédito passível de restituição, nem o art. 165 do CTN nem o art. 74 da Lei nº 9.430/96 condicionam o reconhecimento do crédito à retificação de declarações. · Faz a juntada do seu livro razão, que entende ser suficiente para comprovar o recolhimento indevido. · Sustenta que a base de cálculo do PIS e da COFINS deveria ter sido composta por valores correspondentes ao seu faturamento, ou seja, os ingressos que correspondem às suas receitas de vendas de mercadorias e prestação de serviços e não por suas receitas financeiras. Esta Turma de Julgamento converteu o julgamento em diligência, Resolução n° 3301000.394, de 28 de junho de 2017, para verificar os argumentos da Recorrente no tocante à inclusão das receitas financeiras na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nessa oportunidade, foi solicitado à Unidade de Origem que: examinasse a escrita fiscal da Recorrente, para identificar a indevida inclusão das receitas financeiras indicadas no Livro Diário, na base de cálculo do PIS e da COFINS, em decorrência da aplicação do cálculo do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 e apontasse a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada. Na informação fiscal resultante da diligência, esclarece a autoridade fiscal que o valor da receita apontada pelo contribuinte como indevidamente tributada pela contribuição seria a Receita de Subvenção da Lei n° 9.479/1997. Cientificado do encerramento da diligência, não houve manifestação da empresa. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.594, de 18 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10850.906106/201122, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.594): Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 5 4 "O recurso voluntário é tempestivo e reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. No tocante à reunião dos processos, entendo que não há nada a se deferir, pois 20 (vinte) dos processos listados foram convertidos em diligência (publ. 21/07/2014) e julgados em acórdãos de procedência para a Recorrente (publ. 27/03/2015), tendo em vista a confirmação dos créditos. Os demais processos citados pela Recorrente em seu recurso são repetitivos, que estão vinculados ao julgamento deste presente processo (paradigma), em decorrência do § 2º do art. 47 do anexo II da Portaria MF nº 343/2015. MÉRITO Inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Observese outros precedentes da Corte Suprema: RE 683.334 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJ 13/08/2012, RE 390.840, Rel. Min. Marco Aurelio, DJ 15/08/2006 e ainda, no mesmo sentido: RE 608.830 AgR; RE 621.652AgR; RE 371.258AgR; AI 716.675AgR AgR; AI 799.578 AgR; RE 656.284; ARE 643.823/PR; AI 776; ARE 645.618; RE 630.728; 621.675; RE 390.840; RE 654.840 e RE 641.052. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico da Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 6 5 atividade empresarial estatutária (operacional), que constitui a base de cálculo do PIS. O art. 62, § 1º, I, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343 de 9 de junho de 2015, dispõe que: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos detratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; Logo, o entendimento do STF deve ser aplicado no presente caso, para afastar a tributação do PIS e da COFINS exigida com base no disposto no art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Nesse contexto, esta Turma converteu o julgamento em diligência para verificar a indevida inclusão das receitas nãooperacionais na base de cálculo do PIS, conforme reclamado pela Recorrente. Todavia, a diligência demonstrou que a receita supostamente não integrante do faturamento é Receita de Subvenção da Lei n° 9.479/1997. Dessa forma, entendo que não assiste razão ao apelo, porquanto considero tal receita operacional, logo integrante do faturamento da Recorrente. É do que trato a seguir. Receita de Subvenção da Lei n° 9.479/1997 Afirmou a Recorrente que o valor de R$ 30.705,00 foi recebido em maio de 1999 na qualidade de usina beneficiadora credenciada, nos termos da Lei n° 9.479/1997. A Lei nº 9.479/1997 concedeu subvenção econômica a produtores de borracha natural. Confirase: Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a conceder subvenção econômica aos produtores nacionais de borracha natural, com o objetivo de incentivar a comercialização da produção nacional. § 1º A subvenção corresponderá à diferença entre os preços de referência das borrachas nacionais e os dos produtos congêneres no mercado internacional, acrescidos das despesas de nacionalização. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 7 6 § 2º Os preços de referência das borrachas nacionais, para efeito de cálculo da subvenção econômica, serão aqueles fixados pelo Poder Executivo e em vigor na data da publicação desta Lei, podendo ser revistos periodicamente. § 3º Os preços dos produtos congêneres no mercado internacional serão apurados e divulgados periodicamente pelo Poder Executivo, com base nas cotações das principais bolsas de mercadorias internacionais. Art. 2º A subvenção econômica de que trata o artigo anterior: I terá a duração de oito anos; II será de até R$ 0,90 (noventa centavos de real) por quilograma de borracha do tipo Granulado Escuro Brasileiro nº 1 (GEB1), sendo que, para os demais tipos de borracha, este teto sofrerá os ágios e deságios correspondentes; III sofrerá rebates, respectivamente, de vinte por cento, quarenta por cento, sessenta por cento e oitenta por cento, a partir do final do quarto, do quinto, do sexto e do sétimo anos de vigência desta Lei, sobre o teto de que trata o inciso anterior. Parágrafo único. Os rebates referidos no inciso III deste artigo só poderão ser aplicados à subvenção incidente sobre a borracha oriunda de seringais nativos da região amazônica na medida em que forem implantados pelo Poder Executivo os programas de que trata o art. 7º. As condições operacionais para pagamento e controle da subvenção foram dispostas pelo Decreto n° 2.348/1997: Art. 1º A subvenção econômica de que trata a Lei nº 9.479, de 12 de agosto de 1997, corresponderá à diferença entre: I os preços de referência das borrachas nacionais fixados na Portaria nº 187, de 29 de junho de 1995, do Ministério da Fazenda, publicada no Diário Oficial da União em 30 de junho de 1995; e II os preços dos produtos congêneres no mercado internacional, tomandose como base referencial o da borracha tipo Standard Malaysian Rubber nº 10 (SMR 10), acrescidos das despesas de nacionalização. § 1º O Ministério da Agricultura e do Abastecimento, responsável pelo pagamento da subvenção econômica, publicará o valor da subvenção devida por quilograma de cada um dos tipos de borracha constantes da Portaria de que trata o inciso I deste artigo, tendo em conta: a) a média aritmética das cotações médias diárias da borracha natural do tipo Standard Malaysian Rubber nº 10 (SMR10), equivalente ao tipo Granulado Escuro Brasileiro nº 1º (GEB1), nas bolsas de mercadorias de Singapura, Kuala Lumpur e Fl. 243DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 8 7 Londres nos quinze dias anteriores ao da publicação dos preços, com as respectivas cotações das moedas de negociação em dólar americano; b) que a conversão cambial do dólar americano de que trata a alínea anterior, para a moeda brasileira, deverá ser realizada com base na cotação daquela moeda na véspera da publicação dos preços; c) as despesas de nacionalização relativas a impostos, encargos sociais, seguros, frete, adicional de frete, armazenagem e outras prevalentes à época de apuração e publicação dos preços. § 2º Os valores das subvenções publicados pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento prevalecerão até a véspera da publicação dos novos valores. Art. 2º A subvenção econômica de que trata o artigo anterior: I terá a duração de oito anos; II será de até R$0,90 (noventa centavos de real) por quilograma de borracha do tipo Granulado Escuro Brasileiro nº 1 (GEB1), sendo que, para os demais tipos de borracha, este teto sofrerá os ágios e deságios correspondentes; Ill sofrerá rebates, respectivamente, de vinte por cento, quarenta por cento, sessenta por cento e oitenta por cento, a partir do final do quarto, do quinto, do sexto e do sétimo anos de vigência da Lei nº 9.479, de 1997, sobre o teto de que trata o inciso anterior, observado o que dispõe o parágrafo único do art. 2º da mencionada Lei; IV para efeito de cálculo dos ágios e deságios e dos correspondentes rebates nos preços dos demais tipos de borracha, conforme estabelecem os incisos I e Il anteriores, será tomado como referencial o preço da borracha tipo GEB 1 e guardada a correlação de preços constantes da Portaria de que trata o inciso I do art. 1º deste Decreto. Art. 3º São beneficiárias da subvenção econômica de que trata este Decreto os extrativistas, cultivadores ou beneficiadores, sejam pessoas físicas ou jurídicas, dedicados à produção de borracha natural no País. Parágrafo único. A fruição do benefício a pessoas jurídicas fica condicionada à comprovação, junto ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, de sua capacidade jurídica e regularidade fiscal. Art. 4º O pagamento da subvenção econômica aos beneficiários será feito por intermédio das usinas beneficiadoras credenciadas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, mediante: I apresentação do pedido de ressarcimento da subvenção ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, acompanhado de relação contendo o nome do produtor, seu Cadastro de Pessoas Fl. 244DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 9 8 Físicas CPF ou Cadastro Geral de Contribuinte CGC, local de produção ou de extração, tipo da borracha natural correspondente, quantidade do produto adquirido, em quilogramas, o preço respectivo pago ao produtor, os números e as datas das notas fiscais representativas das transações efetivadas; II cópia das notas fiscais de venda da borracha beneficiada às indústrias consumidoras do produto, acompanhada da comprovação do aceite e da certificação do tipo de borracha comercializado, fornecida pela compradora final. § 1º O pagamento de que trata este artigo será efetivado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento no prazo de dez dias, contados a partir da data de recebimento do pedido, respeitados os limites por tipo de borracha comercializado prevalentes na data de efetivação da transação, considerada para esse efeito a data constante da nota fiscal respectiva. § 2º O pagamento de subvenção relativa à compra de borracha de pessoas jurídicas produtoras estará condicionado à satisfação da condição estabelecida no parágrafo único do artigo anterior. Art. 5º As usinas beneficiadoras, credenciadas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, manterão em seus arquivos uma via das notas fiscais emitidas pelos produtores de borracha natural, ou documento legal equivalente, contendo no verso o atestado do beneficiário de recebimento da subvenção econômica correspondente. Parágrafo único. Os documentos comprobatórios de que trata este artigo serão conservados pelas usinas beneficiadoras em boa ordem, no próprio lugar onde forem contabilizadas as operações, à disposição dos agentes incumbidos do controle interno e externo e dos órgãos ou entidades responsáveis pela subvenção. Art. 6º O Ministério da Agricultura e do Abastecimento: I estabelecerá, em ato normativo, as condições para credenciamento das usinas beneficiadoras de borracha; II orientará as pessoas jurídicas sobre a forma de apresentação da comprovação de que trata o parágrafo único do art. 3º deste Decreto; III registrará e controlará os pagamentos efetuados e gerenciará o provimento dos recursos necessários à concessão da subvenção; IV estabelecerá normas complementares de controle, visando a boa e regular aplicação dos recursos. Parágrafo único. Dentre as condições para credenciamento das usinas beneficiadoras constará a de comprovação de sua capacidade jurídica e regularidade fiscal. Fl. 245DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 10 9 A subvenção era paga ao beneficiador de borracha natural, pessoa física ou jurídica, cadastrado junto à Secretaria de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, que comprovasse a compra da borracha natural bruta do produtor e posterior exportação ou venda da borracha beneficiada para empresas da indústria consumidora final. E quanto ao pagamento da subvenção, o montante correspondia à quantidade de produto comercializado e comprovado, multiplicado pelo valor unitário da subvenção definida pelo Ministério da Agricultura. Nos termos da Resolução CFC nº 1.305, de 25 de novembro de 2010, por meio da qual o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou a NBC TG 07 (R1), “Subvenção governamental é uma assistência governamental geralmente na forma de contribuição de natureza pecuniária, mas não só restrita a ela, concedida a uma entidade normalmente em troca do cumprimento passado ou futuro de certas condições relacionadas às atividades operacionais da entidade”. A subvenção deve ser tratada como receita pela entidade beneficiada: 12. Uma subvenção governamental deve ser reconhecida como receita ao longo do período e confrontada com as despesas que pretende compensar, em base sistemática, desde que atendidas as condições desta Norma. A subvenção governamental não pode ser creditada diretamente no patrimônio líquido. Entendo que apenas as subvenções para investimento podem ser consideradas nãooperacionais. É o dispõe o art. 44 da Lei n° 4.506/64: Art. 44. Integram a receita bruta operacional: I O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II O resultado auferido nas operações de conta alheia; III As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; IV As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. Por sua vez, o Parecer Normativo CST nº 112, de 29 de dezembro de 1978 (DOU de 11/01/1979), distingue subvenção de custeio e subvenção para investimento: 2.11 – Uma das fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo CST nº 2/78 (DOU de 16.01.78). Fl. 246DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 11 10 No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria a destinada à aplicação em bens ou direitos. Já no item 7, subentendese um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST nº 143/73 (DOU de 16.10.73), sempre que se refere a investimento complementao com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá la, não nas suas despesas, mas sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2º do art. 38 do DL 1.598/77. 2.12 – Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o “animus” de subvencionar para investimento. Impõe se, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimento não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. (...) 3.6 Há, também, uma modalidade de redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), utilizada por vários Estados da Federação como incentivo fiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. A mecânica do benefício fiscal consiste no depósito, em conta vinculada, de parte do ICM devido em cada mês. Os depósitos mensais, obedecidas as condições estabelecidas, retornam à empresa para serem aplicados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Em alguns casos que tivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subvenção é sempre previsto em lei, da qual consta expressamente a sua destinação para o investimento; o retorno das parcelas depositadas só se efetiva após comprovadas as aplicações no empreendimento econômico; e o titular do empreendimento é o beneficiário da subvenção. (...) I – As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram a resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado não operacional. Fl. 247DF CARF MF Processo nº 10850.909624/201106 Acórdão n.º 3301004.605 S3C3T1 Fl. 12 11 Do exposto, concluise que a subvenção da Lei n° 9.479/1997 é de custeio, porquanto a Recorrente recebeu em dinheiro, por kg de borracha beneficiada vendida. A atividade do contribuinte, conforme cláusula quarta de seu contrato social, é a indústria de látex e produtos de borracha, comércio, importação e exportação de produtos de borracha. Ao contrário do que alega, tal receita não pode ser classificada como receita financeira, porque não decorre da aplicação de recursos financeiros. Isso porque o Decreto nº 3.000/1999, no art. 373 c/c art. 375, parágrafo único, elenca como “receitas financeiras” os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, além das variações monetárias, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual. Em suma, na qualidade de usina beneficiadora credenciada, a receita da subvenção concedida pela Lei n° 9.479/1997 é receita operacional tributável pelo PIS. Conclusão Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário" Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado tanto à COFINS quanto à Contribuição para o PIS/Pasep. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 248DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.904194/2012-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.340
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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PIS/COFINS. Recorrente JOÃO ALVES DE ALMEIDA GOIANO EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 41 94 /2 01 2- 04 Fl. 1046DF CARF MF Processo nº 10746.904194/201204 Acórdão n.º 3301004.340 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 03052.843, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. A 4ª Turma da DRJ/BSB julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório sob o fundamento, em síntese, que não foi comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição. Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte protocolou recurso voluntário e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos documentação comprobatória, e no que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.568. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, em cumprimento ao procedimento de Diligência Fiscal, através da Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, no qual foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), onde propôs o indeferimento total do Pedido de Restituição. Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte veio "declarar que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Fl. 1047DF CARF MF Processo nº 10746.904194/201204 Acórdão n.º 3301004.340 S3C3T1 Fl. 4 3 Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente"(sic). É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.331, de 20 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10746.904181/201227, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.331): "A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e Fl. 1048DF CARF MF Processo nº 10746.904194/201204 Acórdão n.º 3301004.340 S3C3T1 Fl. 5 4 idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Fl. 1049DF CARF MF Processo nº 10746.904194/201204 Acórdão n.º 3301004.340 S3C3T1 Fl. 6 5 Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o desacerto das valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o "indeferimento total do PER sob nº 01296.07698.291210.1.2.049025" (grifos do original), com o que concordo. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o resultado da diligência demonstrou o desacerto dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o indeferimento total do PER apresentado, com o que concordo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 1050DF CARF MF
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Numero do processo: 13839.914393/2011-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001
PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ.
Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno.
Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.452
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ICMS NA BASE DE CÁLCULO. Recorrente QUÍMICA AMPARO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001 PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno. Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 91 43 93 /2 01 1- 91 Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 06051.769, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba. Por meio de Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal de Jundiaí foi indeferido o pleito constante do Pedido Eletrônico de Restituição – PER transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. Em referido ato administrativo, a autoridade fiscal indeferiu o pleito da interessada tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para quitação do débito de PIS cumulativa/o, não restando saldo de crédito disponível para o reconhecimento do crédito solicitado. A contribuinte foi cientificada do citado despacho decisório e apresentou, tempestivamente, a Manifestação de Inconformidade cujo conteúdo é resumido a seguir. A interessada defende, em apertada síntese, o direito ao crédito solicitado com a alegação de ter incluído de forma indevida o ICMS na base de cálculo da contribuição recolhida. Diz que o ato administrativo foi proferido de forma precipitada e com flagrante desrespeito à legislação tributária, notadamente a que trata da necessidade de lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional). Sustenta a legitimidade do indébito tributário informado no pedido de restituição alegando que no presente caso não existe óbice à restituição, nos termos do art. 165, do Código Tributário Nacional, uma vez que houve um erro na composição da base de cálculo da contribuição e que a vinculação do DARF, pago indevidamente, a um débito declarado em DCTF, constituise em uma mera informação. Relata que está juntando ao processo planilha por meio da qual se pode constatar a existência do pagamento a maior do que o devido e que este documento faz a prova necessária para confirmar o indébito alegado. Acrescenta que em caso de dúvida quanto ao crédito o julgamento pode ser convertido em diligência para que a interessada seja intimada a demonstrar, através de outros elementos, o crédito vindicado. Defende a tese relativa a improcedência da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição alegando que referido tributo não integra o conceito de faturamento (receita bruta), pois tratase de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF, consoante o voto proferido pelo Ministro Marco Aurélio no Recurso Extraordinário nº 240.785/MG, entendeu que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo das contribuições Fl. 120DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 4 3 (PIS e Cofins). Sustenta que a interpretação da autoridade tributária relacionada com a questão da inclusão do ICMS nas receitas dos contribuinte (interpretação do art. 3º da Lei 9.718, de 1988) é contrária ao art. 110 do CTN, uma vez que não se caracteriza como juízo de inconstitucionalidade, mas sim como controle administrativo interno dos atos administrativos. Aduz, por fim, que a declaração de inconstitucionalidade (exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição) em referido RE é iminente e que o proferimento dela pelo Supremo Tribunal Federal tornará sua observância obrigatória pela Administração Tributária. Diante do exposto, requer a interessada o acolhimento da manifestação para o fim de afastar o Despacho Decisório questionado e deferir integralmente o pedido de restituição. O citado acórdão decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento, em síntese, que falece ao julgador da esfera administrativa competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária e pela impossibilidade de exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição. Inconformada com a improcedência da manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs recurso voluntário, basicamente, repetindo os argumentos trazidos em sede de manifestação. Ao final, pugna pela reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.397, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.900183/201204, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.397): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. O núcleo da discussão em pauta é a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O acórdão recorrido enumera diplomas legais de regência, concluindo não haver previsão legal para a exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins: Pelas argumentações trazidas em sua manifestação de inconformidade, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, na forma aduzida pela interessada, já que esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário. De fato. A Lei Complementar nº 7, de 1970, a Lei Complementar nº 70, de 1991, a Lei nº 9.715, de 1998 (que resultou da conversão da Medida Provisória nº 1.212, de 1995 e suas reedições), a Lei nº 9.718, de 1998, e, mais recentemente, as Leis 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, ao longo de seus dispositivos, definem expressamente todos os aspectos das hipóteses de incidência vinculadas ao PIS e à Cofins. As citadas normas definem os sujeitos passivos da relação tributária, os casos de nãoincidência, a alíquota, a base de cálculo, o prazo de recolhimento, etc., e submetem as contribuições às normas do processo administrativo fiscal, além do que, para os casos de atraso de pagamento e penalidades, as 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 122DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 6 5 subordina, de forma subsidiária, à legislação do imposto de renda. Como se percebe, nada resta a definir. Os atos legais descrevem expressamente todas as feições das exações instituídas, nada deixando ao alvedrio do intérprete. Quando remetem atribuições a normas de outro tributo, o fazem estabelecendo com precisão os limites da remissão; limites estes, aliás, que, in concreto, jamais se estendem sobre a definição das bases de cálculo das contribuições. O conceito de faturamento tem sua extensão perfeitamente delimitada pela explicitação de seu conteúdo e pela expressa enumeração das exclusões passíveis de serem efetuadas, não havendo dentre essas, como se vê, qualquer referência ao ICMS devido pela venda de mercadorias. Caso pretendesse o legislador excluir o ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, estaria a hipótese expressamente prevista como uma das exclusões da receita bruta. Sobre o tema, o STJ decidiu, em recurso especial sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, já com trânsito em julgado. Já o STF entendeu pela sua não inclusão, em recurso extraordinário sob a sistemática da repercussão geral, mas em caráter não definitivo, pois pende de decisão sobre embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional. É o que detalha decisão recente deste Conselho: PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Decisão STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática do recurso repetitivo, art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado (CARF, 3º Seção, 4º Câmara, 2º Turma Ordinária, Ac. 3402 004.742, de 24/10/2017, rel. Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire). Fl. 123DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 7 6 Assim, transitada em julgado decisão do STJ, em recurso especial, sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, deve este Conselho observála, nos termos do seu Regimento Interno, descabendo analisar argumentos trazidos aos autos sobre o tema. A decisão do STF, em sentido contrário, em recurso extraordinário de repercussão geral, mas de caráter não definitivo, não tem o mesmo efeito. Nos ditos embargos, a Fazenda Nacional requer a modulação dos efeitos da decisão embargada, para que produza efeitos ex nunc, apenas após o julgamento dos embargos. Ora, se há pedido de modulação dos efeitos, tratase de atividade satisfativa, incluíndose na solução de mérito nos termos do art. 487 do atual CPC. E se assim é, podese afirmar que não houve ainda decisão definitiva de mérito, independentemente do transito em julgado. A embargante ainda suscita, entre outras questões, haver erro material ou omissão, por ter a corrente vencedora prestado ao art. 187 da Lei 6.404/76 efeito que ele não possui: estabelecer conceito de receita bruta: 7. Observese que, no caso dos autos, alguns votos da corrente vencedora2 [...] concederam grande relevância ao fundamento de que “receita bruta”, expressão a que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao longo de inúmeros julgados, equiparou ao vocábulo “faturamento” (art. 195, I, b, da Constituição), possui um sentido próprio no direito privado, definido no art. 187, I, da Lei 6.404/76. 8. No entanto, cumpre destacar que há um equívoco evidente em tal linha de argumentação: o mencionado dispositivo legal não estabelece qualquer conceito para receita bruta. Apenas disciplina que, na demonstração do resultado do exercício, deverá estar descrita a “receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos”. A assertiva, simplesmente, permite concluir que tais expressões se referem a grandezas diferentes, mas não afirma que uma não esteja contida na outra. Levanta também, na mesma toada que os votos vencedores "deixaram de considerar o disposto no art. 12 do DecretoLei 1.598/77, reiteradamente citado pelos votos vencidos", que dá pela inclusão dos tributos na receita bruta: art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (...) III tributos sobre ela incidentes; e Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 8 7 (...) § 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 5o Na receita bruta incluemse os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o. (Grifos do original). Ainda que sejam três os pilares da argumentação da corrente vencedora, apenas um deles tratando do conceito de receita, tratase evidentemente de questão meritória. A recorrente traz aos autos planilha na qual recalcula a base de cálculo da Cofins "sem o ICMS", com a qual, juntamente como os documentos mencionados na seqüência, pretende provar o seu direito ao crédito em discussão: (...) Instrui o recurso voluntário com relatórios "NOVA GIA" a demonstrarem a apuração do ICMS, referente apenas a novembro de 2011, como também o balancete referente apenas a este período. O acordão recorrido assim se manifestou quando lhe fora levada dita planilha: "não sendo hábil para a comprovação do direito à repetição do indébito, uma simples planilha, desacompanhada de documentação contábil e fiscal que lhe conceda suporte e validade.A planilha segue abaixo". Tais elementos não demonstram o direito ao crédito sem que a questão de direito que defende, de não inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, prospere. A planilha mencionada também não se fez acompanhar de documentos que lhe fizessem prova, para todos os períodos. Assim, também, a diligência que requer, para, eventualmente, "atestar in loco a regularidade da escrituração e do crédito", somente mereceria provimento, em caso de demonstração da exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins. Insurgese a recorrente contra a afirmação do acórdão de piso de que "o débito de Cofins cumulativa, do período de apuração de nov/2002 (para o qual consta alocado o pagamento objeto do pedido de restituição), foi constituído, nos termos do art. 142 do CTN, através de [...] DCTF apresentada pela interessada, posto que essa declaração constituí confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito tributário, conforme prevê o § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984". Ainda que se apliquem tais normas, há decisões deste Conselho que têm entendido pela relativização de tal meio de prova, com as quais concordo, privilegiandose o princípio da verdade material: Fl. 125DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 9 8 COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÕES CONSTANTES DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. LIQUIDEZ E CERTEZA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O direito creditório pleiteado não pode ser vinculado a requisitos meramente formais, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional. Assim, ainda que a DCTF seja instrumento de confissão de dívida, a comprovação por meio de outros elementos contábeis e fiscais que denotem erro na informação constante da obrigação acessória, acoberta a declaração de compensação, em apreço ao princípio da verdade material Recurso Voluntário Provido (CARF, 3º Seção, 3º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 3301 002.678, de 08/12/2015, rel. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas). O acórdão de piso entendeu não ter se configurado qualquer das hipóteses do art. 165 do CTN, aquele que estabelece o direito à restituição de tributo, especialmente por que "não existe a comprovação de que tenha ocorrido, em face da legislação aplicável, pagamento da contribuição em valor a maior do que o devido"; como também porque "não foi demonstrada a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a existência de indébito tributário (relativamente ao pagamento apontado no pedido de restituição – PER) que diga respeito à inclusão indevida do ICMS na base de cálculo da contribuição. não havendo decisão". Argumenta a recorrente ter havido erro na composição da base de cálculo da Cofins, visto que "a Recorrente considerou inadvertidamente o ICMS como componente de sua receita bruta", nos termos do inciso II, do dito artigo. Mais uma vez, somente com a demonstração do direito ao crédito, o que não ocorre, poderseia falar no dito erro. Assim, pelo exposto voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13839.914393/201191 Acórdão n.º 3301004.452 S3C3T1 Fl. 10 9 Fl. 127DF CARF MF
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Numero do processo: 10746.904232/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2009 a 30/09/2009
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-004.311
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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PIS/COFINS. Recorrente JOÃO ALVES DE ALMEIDA GOIANO EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2009 a 30/09/2009 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 42 32 /2 01 2- 11 Fl. 643DF CARF MF Processo nº 10746.904232/201211 Acórdão n.º 3301004.311 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 03052.880, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. A 4ª Turma da DRJ/BSB julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório sob o fundamento, em síntese, que não foi comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição. Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte protocolou recurso voluntário e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos documentação comprobatória, e no que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.605. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, em cumprimento ao procedimento de Diligência Fiscal, através da Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, no qual foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente no montante ali expresso. Fl. 644DF CARF MF Processo nº 10746.904232/201211 Acórdão n.º 3301004.311 S3C3T1 Fl. 4 3 Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte declarou que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO constante nos autos. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.279, de 20 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10746.904178/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.279): "A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Fl. 645DF CARF MF Processo nº 10746.904232/201211 Acórdão n.º 3301004.311 S3C3T1 Fl. 5 4 Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo "deferimento parcial do PER sob nº 01179.52590.291210.1.2.046407, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original de R$ 14,76" (grifos do original), com o que concordo. Fl. 646DF CARF MF Processo nº 10746.904232/201211 Acórdão n.º 3301004.311 S3C3T1 Fl. 6 5 Assim, por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o deferimento parcial do PER apresentado, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original expresso na Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO constante nos autos, com o que concordo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu dar provimento parcial ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 647DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.917745/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.542
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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PIS/COFINS. Recorrente Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada do despacho, a empresa apresentou a manifestação de inconformidade, aduzindo que o crédito apurado é legítimo em virtude do reconhecimento de inconstitucionalidade do § 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98. Logo, a base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim entendido como a totalidade das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, excluindo "outras receitas". RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 17 74 5/ 20 11 -5 1 Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10830.917745/201151 Resolução nº 3301000.542 S3C3T1 Fl. 3 2 A 2ª Turma da DRJ/BHE indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 02054.426. A negativa do reconhecimento do crédito pela DRJ se deu em virtude da ausência de prova do pagamento indevido; da ausência de DCTF retificadora e outros documentos que comprovassem as alegações da Recorrente. Em seu recurso voluntário, a empresa: · Defende que o recolhimento indevido decorre da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, já declarada pelo STF; · Sustenta que a base de cálculo do PIS e da COFINS deveria ter sido composta por valores correspondentes ao seu faturamento, ou seja, os ingressos que correspondem às suas receitas de vendas de mercadorias e prestação de serviços e não por suas receitas extraordinárias; · Reiterou que é devido o crédito pleiteado no PER/DCOMP, por se tratar de PIS/COFINS calculado sobre receita que não integra o seu faturamento; · Anexou planilha demonstrativa do pagamento indevido de PIS/COFINS sobre “outras receitas” (inclusive as receitas financeiras), DCTF, DIPJ e cópia de parte do livro razão analítico. · Ao fazer a juntada do seu livro razão, entende ser suficiente para conferência e comprovação do recolhimento indevido sobre “outras receitas”. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.538, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10830.904018/201124, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.538): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10830.917745/201151 Resolução nº 3301000.542 S3C3T1 Fl. 4 3 Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. O art. 62, § 1º, I, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343 de 9 de junho de 2015, dispõe que: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos detratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; Logo, o entendimento do STF deve ser aplicado no presente caso, para afastar a tributação do PIS e da COFINS exigida com base no disposto no art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Com isso, é obrigatória a observância da decisão proferida no RE nº 585.235/MG, nos termos do RICARF. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10830.917745/201151 Resolução nº 3301000.542 S3C3T1 Fl. 5 4 Todavia, a Recorrente juntou documentos apenas em seu Recurso Voluntário DCTF, DIPJ e livro razão , justificando: Diante da plausibilidade da alegação da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pelo PIS sobre outras receitas (inclusive as financeiras). Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente: DCTF, DIPJ, livro razão, planilha e guia de pagamento; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas nãooperacionais e receitas financeiras (chamadas pela empresa de “receitas extraordinárias”), na base de cálculo do PIS, em decorrência da aplicação do cálculo do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98; c) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; d) Intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos que entender necessários; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Por fim, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente: DCTF, DIPJ, livro razão, planilha e guia de pagamento; Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10830.917745/201151 Resolução nº 3301000.542 S3C3T1 Fl. 6 5 b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas nãooperacionais e receitas financeiras (chamadas pela empresa de “receitas extraordinárias”), na base de cálculo do PIS/COFINS, em decorrência da aplicação do cálculo do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98; c) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; d) Intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos que entender necessários; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Por fim, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 131DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.923843/2011-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/12/2003
VALIDADE DA INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO FISCAL. CIÊNCIA.
De acordo com a Súmula CARF nº 9 considera-se válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/12/2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.376
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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PIS/COFINS. ÔNUS DA PROVA. Recorrente PLÁSTICOS MACHINI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/12/2003 VALIDADE DA INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO FISCAL. CIÊNCIA. De acordo com a Súmula CARF nº 9 considerase válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/12/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 38 43 /2 01 1- 32 Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 02052.715, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Manifestação de Inconformidade, não conhecendo do direito creditório postulado e não homologando a compensação em litígio. O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresentou manifestação de inconformidade, tendo indicado endereço para onde deverão ser enviadas todas as notificações e intimações referentes ao presente processo. Também aduziu que o débito decorrente da não homologação da compensação está com a sua exigibilidade suspensa, consoante legislação especificada, alegando ainda, em síntese: "Em preliminar, argumenta que recebeu o despacho decisório questionado, mas o Aviso de Recebimento (AR) não foi juntado aos autos, como instrumento de prova, pelo fato de a Receita Federal não entregar cópia do documento em tempo hábil, apesar de solicitado pelo manifestante. Requer a anexação do termo de assinatura do AR pelos motivos que passa a discorrer. Alega que o despacho decisório teria sido recebido por pessoa não autorizada para recebimento da sua correspondência e que apenas o sócio, o representante legal da empresa ou qualquer pessoa legitimada poderiam ter recebido a correspondência que trata de intimação com aviso de recebimento. Transcreve doutrina relativa ao Código de Processo Civil que sustenta que as citações de pessoas jurídicas devem ser feitas aos seus representantes designados nos estatutos. No processo administrativo, expõe, as intimações devem ser realizadas de modo a garantir a ciência do interessado. Dada a importância da citação inicial e das repercussões de tal ato na lide e com vistas a garantir o pleno exercício do direito ao contraditório, conclui que, no caso de pessoas jurídicas, ela seja feita ao representante legal. Em não sendo observada a formalidade defendida, pugna pela nulidade dos atos processuais por cerceamento ao direito de defesa. Defende que os princípios da verdade material e da legalidade impõem à Administração rever seus atos contrários ao ordenamento jurídico, o que a leva a requerer a anulação da notificação do despacho decisório. Na possibilidade de que não ser acolhida a preliminar suscitada, passa a discorrer sobre o mérito da compensação. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 4 3 Nas questões de fato, alega que efetuou compensação em conformidade com o disposto no artigo 66 da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991, tendo feito menção ainda ao Código Tributário Nacional (CTN) e às instruções normativas que regularam a matéria. O sistema, na hipótese de crédito proveniente de decisão judicial, apenas aceita a compensação se corretamente informada a data do trânsito em julgado da decisão judicial que reconheceu o direito creditório. Entende ser descabida tal exigência, na medida em que as compensações são realizadas dentro da sistemática do lançamento por homologação, na qual o contribuinte apura por sua conta e risco o valor devido ao Fisco. Argui que o processo eletrônico a impede de esclarecer a origem do crédito (“declaração expressa de inconstitucionalidade do STF”) e de exercer seu direito constitucional de petição, a qual somente pode ser providenciada com a interposição da manifestação de inconformidade. Na parte que trata dos fundamentos legais, assevera que recolheu a Cofins na forma prevista pela Lei no 9.718, de 1998, a qual majorou a alíquota do tributo de 2% para 3%, inconstitucionalmente a seu ver, pois a Lei Complementar no 70, de 1991, previa a alíquota de 2%. Assim, se viu obrigado a recuperar os valores indevidamente recolhidos por meio da compensação. Destaca que o legislador editou a Lei Complementar 70, de 1991, que descreveu minuciosamente a regra matriz da hipótese de incidência da Cofins, sendo sua base de cálculo o faturamento. Em seguida, o Poder Executivo, por meio da Medida Provisória no 1.724, de 1998, teria alterado a base de cálculo da Cofins para receita bruta e majorado a alíquota para 3%, em afronta ao disposto no artigo 155 da Magna Carta, pois a tributação deveria recair apenas sobre o “faturamento”. Argumenta ainda que a inclusão das receitas financeiras no cálculo da Cofins somente foi permitida com a edição da Emenda Constitucional no 20, de 1998. Contudo, a Lei no 9.718, de 1998 foi editada em data anterior à emenda, e deveria ter respeitado o antigo texto do art. 195 da Constituição Federal, que não previa a cobrança de contribuições à seguridade social sobre receitas financeiras. Portanto, totalmente inconstitucional a alteração da base de cálculo da Cofins por lei ordinária, que não se convalida com a superveniência da Emenda Constitucional. Alega que a MP no 1.724, de 1998, convertida na Lei no 9.718, de 1998, que dispõe sobre a cobrança adicional de 1% da Cofins, fere o princípio da equidade na participação do custeio da seguridade social, tendo a Lei estabelecido que o acréscimo de 1% da Cofins deveria ser pago por todas as empresas, mas poderia ser compensado com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com isso, as empresas altamente lucrativas não sofreram os efeitos do aumento da carga tributária; somente as empresas que tiveram prejuízos ou lucro baixo, como o manifestante, é que arcaram com a majoração da Cofins. Passa, na continuação, a tratar do prazo prescricional para a repetição do indébito tributário. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 5 4 Defende que, para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a extinção do crédito tributário se dá com a homologação, expressa ou tácita, do Fisco. Adotada esta premissa, o prazo prescricional para a recuperação de valores indevidamente recolhidos deveria ter início cinco anos após a data do efetivo pagamento (a chamada tese dos cinco mais cinco). Salienta que a empresa “efetuou a restituição do COFINS dentro do prazo prescricional” (sic), em conformidade com as jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho de Contribuintes, tendo o manifestante dez anos para pedir de volta o que foi pago indevidamente. Assevera que, para fundamentar sua decisão, o julgador monocrático aduziu que a Lei Complementar 118/05, dispondo sobre a interpretação do inciso I do art. 168, descreveu que a extinção do credito tributário nos tributos com lançamento por homologação ocorre no pagamento, entendimento que considera equivocado, uma vez que a lei interpretativa deve esclarecer o significado de texto legal controverso, o que não foi o caso, posto que a interpretação posta foi inovadora e contrária à jurisprudência. Ao final, requer o provimento da presente manifestação de inconformidade, para o fim de reformar o Despacho Decisório. Pede ainda que seja mantida vinculada a compensação ao processo, nos moldes da MP 135/03 transformada na Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, em seu art 17, § 11, e deste modo os valores compensados estarão suspensos conforme legislação pertinente." Tendo em vista a decisão consubstanciada no Acórdão ora recorrido, o Contribuinte ingressou com Recurso Voluntário para que seja reformada a referida decisão. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.364, de 21 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.675899/200951, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.364): "O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0252.701, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 6 5 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/03/2003 VALIDADE DA INTIMAÇÃO É válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/03/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O Contribuinte, por meio do ora analisado Recurso Voluntário, visa reformar o Acórdão referido por compreender que (i) há liquidez e certeza do crédito discutido; (ii) não foi respeitado o devido processo legal, no que diz respeito ao contraditório, uma vez que a notificação não foi feita na pessoa de seus sócios ou administradores; e (iii) deve ser excluído o valor devido de ICMS da base de cálculo das contribuições PIS/COFINS. Como a questão da (i) liquidez e certeza do crédito tributário tem reflexos na discussão acerca (iii) da exclusão ou não do ICMS da base de cálculo das contribuições PIS/COFINS, enfrentarseá primeiro a discussão do ponto sobre o (ii) devido processo legal e a ofensa ao contraditório no que tange a notificação, para posteriormente em conjunto tratar dos dois outros pontos. Do devido processo legal e contraditório O Contribuinte alega que houve violação ao devido processo legal, mais especificamente no seu direito ao contraditório, uma vez que a notificação não se deu na pessoa de seus sócios ou administradores, o que segundo ele, acaba por trazer a nulidade ao Despacho Decisório (fl. 2) em questão. Acerca deste argumento percebese, por meio do voto no Acórdão ora recorrido, que o Contribuinte, ciente do referido Despacho, foi capaz de apresentar sua Manifestação de Inconformidade (fls. 12 a 29) de forma tempestiva para questionar o objeto da Intimação. Cito a seguir trecho do voto do acórdão recorrido, como razões para decidir, que bem esclarece os fatos acerca da notificação e da alegada nulidade do Despacho Decisório por não respeitar o devido processo legal e contraditório (fls. 71 a 73): Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 7 6 Quanto à arguição de nulidade do Despacho Decisório, uma vez que teria sido recebido por pessoa não autorizada pela empresa, cumpre destacar o que prescreve o inciso II do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: Art. 23. Farseá a intimação: [...] II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; Exige a norma legal que a entrega da intimação seja efetuada no domicílio eleito pelo sujeito passivo. Não se impõe que o sócio ou representante legal do sujeito passivo pessoa jurídica tenha diretamente recebido a intimação cientificada por via postal. Acerca do assunto em pauta, vale ressaltar também o entendimento expresso na Súmula nº 9 editada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), nos seguintes termos: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Em consulta aos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), foi possível extrair o AR correspondente à ciência do Despacho Decisório ora contestado, que comprova que o documento foi entregue no domicílio tributário do sujeito passivo à época da intimação: (...) Conforme se vê, o contribuinte, ciente do Despacho Decisório, foi capaz de apresentar, tempestivamente, sua manifestação de inconformidade, questionando o ato administrativo objeto da intimação. As argumentações apresentadas pelo manifestante demonstram que a intimação cumpriu sua finalidade de cientificálo acerca da não homologação da compensação e consequente exigência do débito que não foi extinto, concedendolhe prazo para apresentar sua contestação. Tendo sido válida a intimação e analisada a manifestação de inconformidade no presente ato, não ficou configurada nenhuma hipótese de cerceamento do direito de defesa, devendo ser afastada a tese de nulidade do Despacho Decisório. Nesse sentido, considerando que a notificação sobre o Despacho Decisório se deu de forma legal, de acordo inclusive com o previsto na Súmula CARF nº 9, sem prejuízo ao direito ao contraditório, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário neste ponto. Da liquidez e certeza do crédito discutido e do ICMS integrar a base de cálculo de PIS/COFINS Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 8 7 O Contribuinte aduz que não é pressuposto para admissão da ação a definição sobre a liquidez e certeza do crédito discutido. Para tanto o Contribuinte cita o art. 170 do CTN, que, segundo ele e a doutrina colada aos autos, estabelece como requisito de liquidez e certeza se referem apenas a créditos da União e não do Contribuinte. Alega também que o valor de ICMS na sua nota fiscal é simplesmente para fins contábeis e que não devem ser incluídos na base de cálculo das contribuições PIS/COFINS, uma vez que não configura faturamento e que se caso assim fosse feriria o princípio da capacidade contributiva e teria como efeito o confisco. Em que pese os argumentos trazidos pelo Contribuinte acerca destas duas matérias, resta prejudicada a discussão acerca do ICMS integrar ou não a base de cálculo das contribuições, se não ficar demonstrado a liquidez e certeza do crédito discutido. Nesse sentido cito trechos do voto do acórdão recorrido que bem elucidam a discussão, bem como, as razões para decidir (fl. 74): (...) Para as pessoas jurídicas que se sujeitam ao regime cumulativo e apuram as contribuições com base na Lei nº 9.718, de 1998, o conceito de receita bruta deve ser entendido como proveniente das receitas oriundas da venda de mercadorias, de serviços ou da venda de mercadorias e prestação de serviços. Porém, cabe salientar que, no Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria relativamente aos processos de restituição ou compensação, por isso utilizase a existente no CPC. Em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do PER/DCOMP, de tal sorte que, se a RFB resistir à pretensão do interessado, indeferindo o pedido ou não homologando a compensação, incumbirá a ele – o contribuinte –, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Na situação dos autos, o contribuinte não apresentou nenhuma prova de que, na apuração da Cofins do período analisado, incluiu receitas financeiras na base de cálculo, de forma a caracterizar o pagamento indevido ou a maior de tributo. É bom lembrar ainda que a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170), princípio este que também se aplica a pedido de restituição. Concluise, portanto, que deve a RFB indeferir o pedido ou não homologar a compensação, se ficar configurada a falta de certeza e liquidez, como evidenciado no caso em comento. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 9 8 (...) (Grifouse) Com o intuito de verificar a miúde se o Contribuinte fez prova em seu Recurso Voluntário, de que tenha feito o recolhimento a maior, cabe citar suas alegações (fls. 84 e 85): Portanto, constatase que como não foi comprovado a liquidez e certeza do crédito alegado, tanto na Impugnação, quanto no Recurso Voluntário, sendo Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10880.923843/201132 Acórdão n.º 3301004.376 S3C3T1 Fl. 10 9 requisito legal para a concessão da compensação e restituição, fica prejudicada a discussão e análise acerca do ICMS integrar ou não a base de cálculo das contribuições. Assim voto por negar provimento ao Recurso Voluntário no que tange a comprovação da liquidez e certeza do crédito e restando prejudicado a questão concernente a composição da base de cálculo da Cofins. Conclusão De acordo com os autos do processo e da legislação vigente, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar a liquidez e certeza do direito creditório pleiteado, restando prejudicada a questão concernente a composição da base de cálculo do PIS/COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 95DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19311.720294/2015-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013
PRODUTOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU AO REGIME MONOFÁSICO. CREDITAMENTO.
Não há previsão legal autorizadora de tomada de créditos sobre compras de produtos sujeitos à alíquota zero ou monofásicos (art. 2° e 3° das Leis n° 10.637/2003 e 10.833/2003).
NÃO-CUMULATIVIDADE. GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram direito a crédito.
NÃO-CUMULATIVIDADE. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E UNIFORMES. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. As despesas com aquisição de equipamentos de proteção individual e uniformes para empregados geram direito a crédito no regime de apuração não-cumulativa, por se enquadrarem no conceito de insumos aplicados ou consumidos na prestação dos serviços pela empresa.
NÃO-CUMULATIVIDADE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÕES DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os custos com taxas de administração de cartões de crédito não geram direito a crédito, por não se enquadrarem na definição de insumo estabelecida na legislação de regência.
NÃO-CUMULATIVIDADE. DESPESAS DE ARMAZENAGEM DE MERCADORIAS E DESPESAS ADUANEIRAS. POSSIBILIDADE. Há direito a crédito de armazenagem de mercadoria e despesas aduaneiras, salvo os dispêndios pagos a despachantes pessoas físicas.
NÃO-CUMULATIVIDADE. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado somente geram crédito quando utilizados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços. Não se aplica a comércio varejista de mercadorias.
NÃO-CUMULATIVIDADE. IPTU. FUNDAMENTO DO PAGAMENTO PELO LOCATÁRIO. CLÁUSULA CONTRATUAL DE LOCAÇÃO. VALORES PAGOS PELO LOCATÁRIO. NATUREZA JURÍDICA DE DESPESA DE ALUGUEL. POSSIBILIDADE. Os valores recolhidos pelo locatário a título de IPTU das lojas alugadas com supedâneo em cláusula do contrato de locação não têm natureza jurídica de tributo, mas compõem, neste caso, as despesas de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, podendo, nessa rubrica ser realizado o desconto do crédito correspondente.
NÃO-CUMULATIVIDADE. ICMS-ST. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O ICMS-ST não dá direito a crédito para o adquirente por não constituir custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo substituído na saída.
NÃO-CUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E LOJAS. POSSIBILIDADE. Os fretes entre centros de distribuição e lojas, ainda que de produtos acabados (caso típico de rede de supermercados), constitui elemento essencial à venda desses produtos, enquadrando-se, assim, para fins de crédito no disposto no inciso I, c/c inciso IX, da Lei10.833/2003.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. A prova da existência do direito de crédito indicado na DACON incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização efetuar as glosas e lançar de ofício com os dados que se encontram ao seu alcance.
ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DA AUTUAÇÃO. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação, no caso, a legitimidade do crédito alegado em contraposição ao lançamento.
MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. A multa de ofício de 75% sobre o imposto devido e não recolhido é prescrita pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Constatada a ausência de recolhimento, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. A análise da caracterização da multa com efeito confiscatório ou desproporcional implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 1.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013
PRODUTOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU AO REGIME MONOFÁSICO. CREDITAMENTO.
Não há previsão legal autorizadora de tomada de créditos sobre compras de produtos sujeitos à alíquota zero ou monofásicos (art. 2° e 3° das Leis n° 10.637/2003 e 10.833/2003).
NÃO-CUMULATIVIDADE. GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram direito a crédito.
NÃO-CUMULATIVIDADE. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E UNIFORMES. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. As despesas com aquisição de equipamentos de proteção individual e uniformes para empregados geram direito a crédito no regime de apuração não-cumulativa, por se enquadrarem no conceito de insumos aplicados ou consumidos na prestação dos serviços pela empresa.
NÃO-CUMULATIVIDADE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÕES DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os custos com taxas de administração de cartões de crédito não geram direito a crédito, por não se enquadrarem na definição de insumo estabelecida na legislação de regência.
NÃO-CUMULATIVIDADE. DESPESAS DE ARMAZENAGEM DE MERCADORIAS E DESPESAS ADUANEIRAS. POSSIBILIDADE. Há direito a crédito de armazenagem de mercadoria e despesas aduaneiras, salvo os dispêndios pagos a despachantes pessoas físicas.
NÃO-CUMULATIVIDADE. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado somente geram crédito quando utilizados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços. Não se aplica a comércio varejista de mercadorias.
NÃO-CUMULATIVIDADE. IPTU. FUNDAMENTO DO PAGAMENTO PELO LOCATÁRIO. CLÁUSULA CONTRATUAL DE LOCAÇÃO. VALORES PAGOS PELO LOCATÁRIO. NATUREZA JURÍDICA DE DESPESA DE ALUGUEL. POSSIBILIDADE. Os valores recolhidos pelo locatário a título de IPTU das lojas alugadas com supedâneo em cláusula do contrato de locação não têm natureza jurídica de tributo, mas compõem, neste caso, as despesas de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, podendo, nessa rubrica ser realizado o desconto do crédito correspondente.
NÃO-CUMULATIVIDADE. ICMS-ST. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O ICMS-ST não dá direito a crédito para o adquirente por não constituir custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo substituído na saída.
NÃO-CUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E LOJAS. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os fretes entre centros de distribuição e lojas, ainda que de produtos acabados (caso típico de rede de supermercados), constitui elemento essencial à venda desses produtos, enquadrando-se, assim, para fins de crédito no disposto no inciso I, c/c inciso IX, da Lei10.833/2003.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. A prova da existência do direito de crédito indicado na DACON incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização efetuar as glosas e lançar de ofício com os dados que se encontram ao seu alcance.
ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DA AUTUAÇÃO. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação, no caso, a legitimidade do crédito alegado em contraposição ao lançamento.
MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. A multa de ofício de 75% sobre o imposto devido e não recolhido é prescrita pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Constatada a ausência de recolhimento, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. A análise da caracterização da multa com efeito confiscatório ou desproporcional implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 1.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Recurso voluntário parcialmente provido.
Numero da decisão: 3301-004.483
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: I - por unanimidade de votos, para: a) negar provimento ao pedido de desconto de créditos sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero das contribuições; b) manter as glosas dos dispêndios com manutenção de equipamentos e instalações; c) manter a glosa dos dispêndios com depreciação de ativos; d) manter a glosa dos dispêndios com ICMS-ST; e) manter a glosa de créditos sobre serviços utilizados como insumos, por ausência de comprovação; f) negar provimento ao pedido de ilegitimidade da multa de ofício; g) reverter as glosas referentes às aquisições de gás liquefeito de petróleo, óleo diesel, Equipamento de Proteção Individual (EPI) e uniformes; h) reverter a glosa das despesas com armazenagens efetuadas com a empresa REFRIO - Armazéns Gerais Frigoríficos S/A; e i) reverter a glosa de dispêndios com armazenagem de produtos importados e com despesas aduaneiras (salvo os valores referentes a despachante, pessoa física, por expressa vedação legal); e II - por maioria de votos: a) manter as glosas referentes aos dispêndios com tarifas de cartão de crédito e de compras. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada); b) negar provimento ao pedido de exclusão de juros de mora sobre a multa aplicada. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada); c) reverter a glosa dos dispêndios com IPTU. Vencidos os Conselheiros Valcir Gassen e Antonio Carlos Cavalcanti Filho; e d) reverter a glosa com dispêndios com fretes entre centros de distribuição e outros estabelecimentos. Vencido o Conselheiro Antonio Carlos Cavalcanti Filho.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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IMPOSSIBILIDADE. Os custos com taxas de administração de cartões de crédito não geram direito a crédito, por não se enquadrarem na definição de insumo estabelecida na legislação de regência. NÃO-CUMULATIVIDADE. DESPESAS DE ARMAZENAGEM DE MERCADORIAS E DESPESAS ADUANEIRAS. POSSIBILIDADE. Há direito a crédito de armazenagem de mercadoria e despesas aduaneiras, salvo os dispêndios pagos a despachantes pessoas físicas. NÃO-CUMULATIVIDADE. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado somente geram crédito quando utilizados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços. Não se aplica a comércio varejista de mercadorias. NÃO-CUMULATIVIDADE. IPTU. FUNDAMENTO DO PAGAMENTO PELO LOCATÁRIO. CLÁUSULA CONTRATUAL DE LOCAÇÃO. VALORES PAGOS PELO LOCATÁRIO. NATUREZA JURÍDICA DE DESPESA DE ALUGUEL. POSSIBILIDADE. Os valores recolhidos pelo locatário a título de IPTU das lojas alugadas com supedâneo em cláusula do contrato de locação não têm natureza jurídica de tributo, mas compõem, neste caso, as despesas de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, podendo, nessa rubrica ser realizado o desconto do crédito correspondente. NÃO-CUMULATIVIDADE. ICMS-ST. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O ICMS-ST não dá direito a crédito para o adquirente por não constituir custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo substituído na saída. NÃO-CUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E LOJAS. POSSIBILIDADE. Os fretes entre centros de distribuição e lojas, ainda que de produtos acabados (caso típico de rede de supermercados), constitui elemento essencial à venda desses produtos, enquadrando-se, assim, para fins de crédito no disposto no inciso I, c/c inciso IX, da Lei10.833/2003. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. A prova da existência do direito de crédito indicado na DACON incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização efetuar as glosas e lançar de ofício com os dados que se encontram ao seu alcance. ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DA AUTUAÇÃO. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação, no caso, a legitimidade do crédito alegado em contraposição ao lançamento. MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. A multa de ofício de 75% sobre o imposto devido e não recolhido é prescrita pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Constatada a ausência de recolhimento, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. A análise da caracterização da multa com efeito confiscatório ou desproporcional implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 1. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013 PRODUTOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU AO REGIME MONOFÁSICO. CREDITAMENTO. Não há previsão legal autorizadora de tomada de créditos sobre compras de produtos sujeitos à alíquota zero ou monofásicos (art. 2° e 3° das Leis n° 10.637/2003 e 10.833/2003). NÃO-CUMULATIVIDADE. GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram direito a crédito. NÃO-CUMULATIVIDADE. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E UNIFORMES. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. As despesas com aquisição de equipamentos de proteção individual e uniformes para empregados geram direito a crédito no regime de apuração não-cumulativa, por se enquadrarem no conceito de insumos aplicados ou consumidos na prestação dos serviços pela empresa. NÃO-CUMULATIVIDADE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÕES DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os custos com taxas de administração de cartões de crédito não geram direito a crédito, por não se enquadrarem na definição de insumo estabelecida na legislação de regência. NÃO-CUMULATIVIDADE. DESPESAS DE ARMAZENAGEM DE MERCADORIAS E DESPESAS ADUANEIRAS. POSSIBILIDADE. Há direito a crédito de armazenagem de mercadoria e despesas aduaneiras, salvo os dispêndios pagos a despachantes pessoas físicas. NÃO-CUMULATIVIDADE. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado somente geram crédito quando utilizados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços. Não se aplica a comércio varejista de mercadorias. NÃO-CUMULATIVIDADE. IPTU. FUNDAMENTO DO PAGAMENTO PELO LOCATÁRIO. CLÁUSULA CONTRATUAL DE LOCAÇÃO. VALORES PAGOS PELO LOCATÁRIO. NATUREZA JURÍDICA DE DESPESA DE ALUGUEL. POSSIBILIDADE. Os valores recolhidos pelo locatário a título de IPTU das lojas alugadas com supedâneo em cláusula do contrato de locação não têm natureza jurídica de tributo, mas compõem, neste caso, as despesas de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, podendo, nessa rubrica ser realizado o desconto do crédito correspondente. NÃO-CUMULATIVIDADE. ICMS-ST. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O ICMS-ST não dá direito a crédito para o adquirente por não constituir custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo substituído na saída. NÃO-CUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E LOJAS. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os fretes entre centros de distribuição e lojas, ainda que de produtos acabados (caso típico de rede de supermercados), constitui elemento essencial à venda desses produtos, enquadrando-se, assim, para fins de crédito no disposto no inciso I, c/c inciso IX, da Lei10.833/2003. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. A prova da existência do direito de crédito indicado na DACON incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização efetuar as glosas e lançar de ofício com os dados que se encontram ao seu alcance. ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DA AUTUAÇÃO. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação, no caso, a legitimidade do crédito alegado em contraposição ao lançamento. MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. A multa de ofício de 75% sobre o imposto devido e não recolhido é prescrita pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Constatada a ausência de recolhimento, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. A análise da caracterização da multa com efeito confiscatório ou desproporcional implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 1. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Recurso voluntário parcialmente provido.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 34; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2217; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2.201 1 2.200 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19311.720294/201507 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301004.483 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de março de 2018 Matéria Contribuição para o PIS/Pasep Embargante Wal Mart Brasil Ltda. Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013 PRODUTOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU AO REGIME MONOFÁSICO. CREDITAMENTO. Não há previsão legal autorizadora de tomada de créditos sobre compras de produtos sujeitos à alíquota zero ou monofásicos (art. 2° e 3° das Leis n° 10.637/2003 e 10.833/2003). NÃOCUMULATIVIDADE. GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram direito a crédito. NÃOCUMULATIVIDADE. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E UNIFORMES. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. As despesas com aquisição de equipamentos de proteção individual e uniformes para empregados geram direito a crédito no regime de apuração não cumulativa, por se enquadrarem no conceito de insumos aplicados ou consumidos na prestação dos serviços pela empresa. NÃOCUMULATIVIDADE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÕES DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os custos com taxas de administração de cartões de crédito não geram direito a crédito, por não se enquadrarem na definição de insumo estabelecida na legislação de regência. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS DE ARMAZENAGEM DE MERCADORIAS E DESPESAS ADUANEIRAS. POSSIBILIDADE. Há direito a crédito de armazenagem de mercadoria e despesas aduaneiras, salvo os dispêndios pagos a despachantes pessoas físicas. NÃOCUMULATIVIDADE. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado somente geram crédito quando utilizados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços. Não se aplica a comércio varejista de mercadorias. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 02 94 /2 01 5- 07 Fl. 2201DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.202 2 NÃOCUMULATIVIDADE. IPTU. FUNDAMENTO DO PAGAMENTO PELO LOCATÁRIO. CLÁUSULA CONTRATUAL DE LOCAÇÃO. VALORES PAGOS PELO LOCATÁRIO. NATUREZA JURÍDICA DE DESPESA DE ALUGUEL. POSSIBILIDADE. Os valores recolhidos pelo locatário a título de “IPTU das lojas alugadas” com supedâneo em cláusula do contrato de locação não têm natureza jurídica de tributo, mas compõem, neste caso, as despesas de “aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica”, podendo, nessa rubrica ser realizado o desconto do crédito correspondente. NÃOCUMULATIVIDADE. ICMSST. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O ICMSST não dá direito a crédito para o adquirente por não constituir custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo substituído na saída. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E LOJAS. POSSIBILIDADE. Os fretes entre centros de distribuição e lojas, ainda que de produtos acabados (caso típico de rede de supermercados), constitui elemento essencial à venda desses produtos, enquadrandose, assim, para fins de crédito no disposto no inciso I, c/c inciso IX, da Lei10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. A prova da existência do direito de crédito indicado na DACON incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização efetuar as glosas e lançar de ofício com os dados que se encontram ao seu alcance. ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DA AUTUAÇÃO. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação, no caso, a legitimidade do crédito alegado em contraposição ao lançamento. MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. A multa de ofício de 75% sobre o imposto devido e não recolhido é prescrita pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Constatada a ausência de recolhimento, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. A análise da caracterização da multa com efeito confiscatório ou desproporcional implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 1. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013 PRODUTOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU AO REGIME MONOFÁSICO. CREDITAMENTO. Não há previsão legal autorizadora de tomada de créditos sobre compras de produtos sujeitos à alíquota zero ou monofásicos (art. 2° e 3° das Leis n° 10.637/2003 e 10.833/2003). Fl. 2202DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.203 3 NÃOCUMULATIVIDADE. GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram direito a crédito. NÃOCUMULATIVIDADE. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E UNIFORMES. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. As despesas com aquisição de equipamentos de proteção individual e uniformes para empregados geram direito a crédito no regime de apuração não cumulativa, por se enquadrarem no conceito de insumos aplicados ou consumidos na prestação dos serviços pela empresa. NÃOCUMULATIVIDADE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÕES DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os custos com taxas de administração de cartões de crédito não geram direito a crédito, por não se enquadrarem na definição de insumo estabelecida na legislação de regência. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS DE ARMAZENAGEM DE MERCADORIAS E DESPESAS ADUANEIRAS. POSSIBILIDADE. Há direito a crédito de armazenagem de mercadoria e despesas aduaneiras, salvo os dispêndios pagos a despachantes pessoas físicas. NÃOCUMULATIVIDADE. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado somente geram crédito quando utilizados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços. Não se aplica a comércio varejista de mercadorias. NÃOCUMULATIVIDADE. IPTU. FUNDAMENTO DO PAGAMENTO PELO LOCATÁRIO. CLÁUSULA CONTRATUAL DE LOCAÇÃO. VALORES PAGOS PELO LOCATÁRIO. NATUREZA JURÍDICA DE DESPESA DE ALUGUEL. POSSIBILIDADE. Os valores recolhidos pelo locatário a título de “IPTU das lojas alugadas” com supedâneo em cláusula do contrato de locação não têm natureza jurídica de tributo, mas compõem, neste caso, as despesas de “aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica”, podendo, nessa rubrica ser realizado o desconto do crédito correspondente. NÃOCUMULATIVIDADE. ICMSST. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O ICMSST não dá direito a crédito para o adquirente por não constituir custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo substituído na saída. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E LOJAS. DIREITO A CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os fretes entre centros de distribuição e lojas, ainda que de produtos acabados (caso típico de rede de supermercados), constitui elemento essencial à venda desses produtos, enquadrandose, assim, para fins de crédito no disposto no inciso I, c/c inciso IX, da Lei10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. A prova da existência do direito de crédito indicado na DACON incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização efetuar as glosas e lançar de ofício com os dados que se encontram ao seu alcance. Fl. 2203DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.204 4 ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DA AUTUAÇÃO. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação, no caso, a legitimidade do crédito alegado em contraposição ao lançamento. MULTA DE OFÍCIO. LEGITIMIDADE. A multa de ofício de 75% sobre o imposto devido e não recolhido é prescrita pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Constatada a ausência de recolhimento, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. A análise da caracterização da multa com efeito confiscatório ou desproporcional implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 1. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Recurso voluntário parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: I por unanimidade de votos, para: a) negar provimento ao pedido de desconto de créditos sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero das contribuições; b) manter as glosas dos dispêndios com manutenção de equipamentos e instalações; c) manter a glosa dos dispêndios com depreciação de ativos; d) manter a glosa dos dispêndios com ICMSST; e) manter a glosa de créditos sobre serviços utilizados como insumos, por ausência de comprovação; f) negar provimento ao pedido de ilegitimidade da multa de ofício; g) reverter as glosas referentes às aquisições de gás liquefeito de petróleo, óleo diesel, Equipamento de Proteção Individual (EPI) e uniformes; h) reverter a glosa das despesas com armazenagens efetuadas com a empresa REFRIO Armazéns Gerais Frigoríficos S/A; e i) reverter a glosa de dispêndios com armazenagem de produtos importados e com despesas aduaneiras (salvo os valores referentes a despachante, pessoa física, por expressa vedação legal); e II por maioria de votos: a) manter as glosas referentes aos dispêndios com tarifas de cartão de crédito e de compras. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada); b) negar provimento ao pedido de exclusão de juros de mora sobre a multa aplicada. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada); c) reverter a glosa dos dispêndios com IPTU. Vencidos os Conselheiros Valcir Gassen e Antonio Carlos Cavalcanti Filho; e d) reverter a glosa com dispêndios com fretes entre centros de distribuição e outros estabelecimentos. Vencido o Conselheiro Antonio Carlos Cavalcanti Filho. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Fl. 2204DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.205 5 Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório A Recorrente teve em seu desfavor a lavratura dos Autos de Infração de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, dos períodos de apuração de janeiro de 2011 a dezembro de 2013, em 04/12/2015, no montante de R$ 266.200.659,25. A empresa tem por atividade econômica o comércio varejista de gêneros alimentícios, utensílios domésticos, produtos de limpeza e armarinhos, equipamentos de informática, eletroeletrônicos e baterias automotivas, dentre outros. O Termo de Verificação Fiscal, efls. 13491505, informa que, na análise da Escrituração Contábil Digital, da Escrituração Fiscal Digital – EFD – Contribuições e dos Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – DACON do contribuinte, a fiscalização constatou equívocos na apuração do PIS e da Cofins: 6. Conforme se depreende da leitura da legislação, o fiscalizado, na condição de comerciante varejista e sujeito ao regime nãocumulativo, deve tributar suas receitas de revenda de produtos às alíquotas de 1,65% do PIS e 7,6% da Cofins, com exceção das mercadorias sujeitas à alíquota zero dessas contribuições ou de tributação concentrada no fabricante (monofásicas). Por outro lado, tem direito a descontar créditos do PIS e da Cofins sobre bens adquiridos para revenda, exceto de alíquota zero ou monofásicos, aluguéis de imóveis utilizados nas atividades da empresa, leasing mercantil, fretes nas compras, fretes e armazenagem nas vendas e energia elétrica. 7. Entretanto, na análise da Escrituração Contábil Digital, da Escrituração Fiscal Digital – EFD – Contribuições e dos Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – DACON do contribuinte, a fiscalização constatou os seguintes procedimentos adotados na apuração do PIS e da Cofins, que estão em desacordo com a legislação que rege a matéria: a) Cálculo à alíquota zero sobre a receita de venda de produtos que estão sujeitos às alíquotas de 1,65% do PIS e 7,6%, tais como monitores de computadores, esteiras elétricas, óleo de soja (antes de 08/03/2013), açúcar (antes de 08/03/2013), fogão, biscoitos, bombons, refrigeradores, achocolatados em pó, azeites (antes de 08/03/2013), fraldas, meias, cafeteiras, café (antes de 08/03/2013), toalhas, absorventes íntimos, aspiradores de pó, detergentes, Fl. 2205DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.206 6 filmadoras, aparelhos de som, cartuchos de tinta, combo 300 fotos, “joypad”, taças para bebidas, creme de leite, leite condensado, notebook marca Asus, modelo S400, importado, tablet marca Acer, modelo 7, importado, tablet marca Sony, modelo SGPT112, importado, sucos de frutas da posição 20.09, néctar de frutas da posição 2202.90.00, ex 02, pizzas da posição NCM 1905.90.90, tortas, doces e mousses; b) Utilização na linha 08. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP APURADA NO MÊS da ficha 07B dos Demonstrativos de Apuração das Contribuições – DACON de valores inferiores aos escriturados na conta contábil de resultado 301203 – PIS SOBRE FATURAMENTO; c) Utilização na linha 08. TOTAL DA COFINS APURADA NO MÊS DA FICHA 17B dos Demonstrativos de Apuração das Contribuições – DACON de valores inferiores aos escriturados na conta contábil de resultado 301207 – COFINS SOBRE FATURAMENTO; d) Desconto de créditos sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero das contribuições (leite integral, leite em pó e açúcar de NCM 17011400 após 08/03/2013); e) Desconto de créditos sobre aquisição de produtos monofásicos (álcool de uso doméstico, baterias automotivas e shampoo condicionador para cabelos, este último classificado incorretamente na EFD – Contribuições com o NCM 82121020); f) Desconto de créditos sobre aquisição para consumo próprio de gás liquefeito de petróleo, óleo diesel, equipamentos de proteção individual e uniformes; g) Desconto de créditos sobre dispêndios com tarifas de cartão de crédito e de compras (“charge cards”), manutenção de equipamentos e instalações, depreciação de ativos, Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, ICMS Substituição Tributária, fretes entre centro de distribuição (CD) e outros estabelecimentos do fiscalizado, armazenagem de produtos importados e despesas aduaneiras; h) Desconto de créditos sobre “Serviços Utilizados como Insumos”, informados nas linhas 03 das fichas 06A e 16A do Dacon de março/2011, não especificados na escrituração contábil, nem identificados pelo contribuinte, apesar de intimado e reintimado a respeito. Fl. 2206DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.207 7 Em sua impugnação, a empresa insurgiuse contra o lançamento, com argumentação que se volta a: a – “Erro na apuração da Cofins devida em novembro de 2013: divergência entre o valor indicado no TVF e o valor lançado no Auto de Infração” Alega, com base nas planilhas acostadas ao Termo de Verificação Fiscal, que a fiscalização errou ao transcrever o valor total das glosas de Cofins do mês de novembro de 2013. Diz que o valor correto, segundo as citadas planilhas, é de R$ 2.659.870,01, resultante da soma das glosas de créditos de Cofins sobre as compras de mercadorias, no valor de R$ 196.755,64, e das glosas de créditos sobre serviços e outros dispêndios, no valor de R$ 2.463.114,37, mas que no auto de infração a glosa foi lançada com o valor de R$ 2.859.870,01, representando um lançamento indevido no valor de R$ 200.000,00; b – “Erro na apuração dos valores de PIS e Cofins em relação a suposta utilização no DACON de valores inferiores aos escriturados em conta contábil de resultado PIS e Cofins sobre faturamento” – (itens “7.b” e “7.c” do Termo de Verificação Fiscal) Alega, em síntese, que a fiscalização, para o período de janeiro a junho de 2011, partiu de premissa equivocada ao comparar, de forma simplificada e sem uma apuração mais detalhada, as contas de PIS e Cofins sobre faturamento (301203 e 301207) com as linhas 08 das fichas 07B e 17B dos DACON. Diz que os valores que compõem as citadas contas contábeis e linhas dos DACON não são os mesmos, pois “Nestas fichas, os valores informados são compostos pelas contábeis 301203 e 301207 e outros valores que também compõem a base das contribuições (Outras Receitas, Receitas de aluguéis por exemplo), bem como de contas redutoras (Inclusão Digital e ICMSST.”). Para comprovação de seus argumentos a interessada juntou ao processo o demonstrativo 03, que mostra as diferenças apontadas pela fiscalização entre a escrituração (digital) e os DACON, e o demonstrativo 04, que demonstra as apurações do PIS e da Cofins do período. Por fim, a contribuinte sustenta que os lançamentos jamais poderiam ter sido realizados com a simples comparação entre o EFD (Escrituração Fiscal Digital) e os DACON e que a fiscalização deveria ter realizado a apuração das contribuições (PIS e Cofins, dos períodos em questão) para poder efetivar os lançamentos. c – “Erro no cálculo do montante do tributo devido: violação ao art. 142 do CTN” – Sustenta, como prejudicial de mérito, que houve erro nos lançamentos tributários, uma vez que foi deixado de observar o regime não cumulativo na apuração das contribuições. Argumenta que, diante das infrações detectadas (insuficiência no recolhimento e creditamento indevido) e em respeito ao regime não cumulativo do PIS e da Cofins, a fiscalização deveria ter refeito a apuração das contribuições, conforme prevêem os art. 3º das Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03, de forma a levar em conta os créditos e débitos apurados. Alega que o procedimento de aplicação direta das alíquotas das contribuições (PIS 1,65% e Cofins 7,6%) sobre as infrações detectadas, além de violar o disposto no art. 147, § 2º do CTN, afronta a regra de proporcionalidade prevista nos §§ 7º e 8º, art. 3º de mencionadas leis. Alega que com adoção de referido procedimento a fiscalização erra no cálculo do montante dos tributos devidos, fazendo com que os lançamentos contenham erro de concepção, o qual constituise em vício insanável. Requer, em razão dos argumentos expostos, o cancelamento dos autos de infração; d – “Itens ‘a’, ‘d’ e ‘e’ do Termo de Verificação Fiscal: ausência de repercussão tributária quanto às supostas infrações apontadas pela fiscalização.” – Alega que os possíveis erros cometidos na aplicação da legislação, na venda dos produtos constantes dos itens citados, não ocasionaram qualquer repercussão tributária, uma vez que: Fl. 2207DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.208 8 “para os produtos em relação aos quais a fiscalização acusa aplicação da alíquota zero quando as alíquotas seriam de 1,65% para o PIS e 7,6% para a Cofins, não houve crédito pelas aquisições”; e “quanto aos créditos em relação aos quais a fiscalização acusa desconto indevido porque estariam sujeitos ao regime monofásico ou suas alíquotas seriam zero, as receitas de vendas foram incluídas na base de cálculo das contribuições”. Explica que isto ocorre porque sistemas de informática da empresa sempre estiverem parametrizados para aplicar sobre o produto adquirido o mesmo regime (tributado, alíquota zero, monofásico, isento e etc) tanto na compra quanto na venda. e – “Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: nem todos os produtos apontados eram tributados.” – Defende que dentre os itens relacionados pela fiscalização em citado item (com aplicação das alíquotas de 1,65% PIS e 7,6% Cofins) constam produtos cujas alíquotas foram reduzidas a zero pela Lei 11.196, de 2005 (Lei do Bem). Explica que o procedimento da empresa era o de considerar todas as saídas de produtos de informática como não tributáveis (alíquota zero) para então, só depois, realizar, de forma manual, a classificação dos produtos que deveriam estar sujeitos à tributação. Diz, também, que o documento 05 evidencia citado procedimento para os meses de outubro a dezembro de 2011. Por fim, pugna pela exoneração do lançamento quanto aos produtos sujeitos a Lei do Bem (alíquota zero). f – “Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: divergência entre a apuração da Impugnante, com base na qual as contribuições foram recolhidas, e a EFD (ajustes no EFD não considerados pela fiscalização).” – Alega que a fiscalização cometeu dois equívocos em referido item: “O primeiro se refere ao fato de que apesar de determinados itens terem sido classificados como sujeitos à alíquota zero na obrigação acessória, foram sim tributados na real apuração dessas contribuições (controle fiscal da Impugnante). O segundo equívoco referese a não considerar/verificar que existem ajustes na EFDContribuições (sejam credores ou devedores) que estão relacionados a diferenças entre a apuração (real da Impugnante) e a obrigação acessória.”. Acrescenta que no início do período de implantação da EFDContribuições foram necessários diversos ajustes (a crédito ou a débito) para adequar a obrigação acessória ao tributo apurado e pago. Nesse sentido diz que, apesar de na obrigação fiscal acessória (EFDContribuições) os produtos do item “a” (com exceção dos produtos de informática – Lei do Bem – do tópico anterior) constarem como sujeitos à alíquota zero, em seu sistema fiscal eles encontravamse parametrizados para serem tributados, havendo, de fato, a efetiva tributação pela venda e a tomada de créditos pela compra. Para demonstração e comprovação de suas alegações a contribuinte anexa à impugnação, de forma amostral, telas do cadastro em sistema fiscal (documento 06) e planilha extraída do sistema fiscal (documento 07), na qual são informados, por ano, os valores vendidos e os valores de débito das contribuições (PIS e Cofins). g – “Itens “a”, “d”, “e”, “f”, “g” e “h” do Termo de Verificação Fiscal: considerações gerais sobre a nãocumulatividade do PIS e da Cofins” – Nesse tópico a interessada, por meio de um longo arrazoado, com a reprodução de algumas posições doutrinárias e jurisprudenciais, sustenta que a legislação infraconstitucional não pode mitigar o princípio da não cumulatividade insculpido no § 12, art. 195 da Carta Magna de 1988. Defende, também, que todas as despesas necessárias a geração da receita/faturamento devem ser passíveis de creditamento e que o rol de despesas constantes dos artigos 3º das Lei nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, é apenas exemplificativo. h – “Itens “f” e “g” do TVF: a fiscalização glosa créditos contabilizados pela Impugnante sobre aquisição de bens e serviços relacionados diretamente com a sua atividade” – Argumenta que a glosa efetuada em referidos itens contraria a aplicação Fl. 2208DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.209 9 da sistemática da não cumulatividade, em face de os bens e serviços deles constantes estarem diretamente relacionados com sua atividade. h1. “Aquisição de gás liquefeito de petróleo e óleo diesel” – Defende que as despesas com o gás liquefeito de petróleo e o óleo diesel utilizados nos geradores de energia elétrica das lojas devem ser enquadradas no dispositivo legal que oportuniza os contribuintes a tomarem crédito sobre o consumo de energia elétrica. Argumenta que para efeitos do crédito não existe diferença entre gerar e consumir energia elétrica e que o entendimento da fiscalização destoa do contexto econômico/social (crise energética) pelo qual o país passa. Diz, também, que existe outro dispositivo legal que autoriza a tomada de créditos sobre combustíveis, ficando clara, portanto, a possibilidade do crédito aventado. Para demonstração de seus argumentos junta, por amostragem, documentos comprobatórios de compra de vários grupos de geradores de energia elétrica (documento 09) e de cópia de notas fiscais de compra de GLP, utilizado nos geradores. h2 – “Aquisição de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e Uniformes.” – Defende que os gastos com referidos itens são fundamentais para o desenvolvimento de suas atividades, principalmente no comércio varejista de produtos alimentícios, e que a legislação trabalhista brasileira prevê a obrigatoriedade de fornecimento de equipamentos de proteção individual bem como de uniformes para os funcionários da empresa. h3 – “Dispêndios com tarifas de cartão de crédito e de compras (charges cards)” Argumenta que as despesas relativas ao pagamento de taxas cobradas pelas operadoras de cartões (de débito e de crédito) demonstramse essenciais e indissociáveis da geração de receitas da empresa, uma vez que uma parte significativa do faturamento decorre de pagamentos realizados por referido meio (cartão). Em reforço ao entendimento favorável à tomada do crédito, salienta que as taxas cobradas pelas administradoras de cartão estão sujeitas ao pagamento das contribuições. h4 – “Dispêndios com manutenção de equipamentos e instalações” – Defende que essa rubrica referemse às despesas de armazenagem efetuadas com a empresa REFRIO – Armazéns Gerais Frigoríficos S/A (documento 12) e outros fornecedores, para as quais existe disposição expressa em lei para a tomada do crédito. h5 – “Dispêndios com depreciação de ativos” – Argumenta que os gastos efetuados nesse item referemse a bens do ativo permanente (como por exemplo: gôndolas, equipamentos de refrigeração, equipamentos de padaria, geladeiras, empilhadeiras e estantes de armazenagem dos CD) essenciais para a atividade comercial da empresa. Diz, também, que existe dispositivo legal expresso que autoriza o creditamento e que juntou, por amostragem (documento 13), cópia de notas fiscais de compra dos bens cujas despesas com depreciação foram glosadas. h6 – “Dispêndios com IPTU” – Defende que as despesas de aluguéis de prédios englobam todos os valores pagos pelo locatário ao locador. Para essa tese, utiliza o posicionamento do STJ e da Solução de Consulta RFB nº 45, de 26 de abril de 2002, que entendem que o valor relativo ao IPTU, pago pelo locatário, integra o rendimento bruto do locador. Nesse sentido, sustenta que a previsão legal de tomada de créditos sobre o valor dos aluguéis de prédios engloba os valores de IPTU pagos pelo locador ao locatário. Para demonstrar a pertinência de seus argumentos junta, por amostragem, cópia dos contratos de locação de imóveis nos quais suas lojas funcionam e para as quais efetuou o pagamento de IPTU. h7 – “Dispêndios com ICMSST” – Sustenta que os impostos não recuperáveis (como no caso do ICMS – Substituição tributária), em consonância com o art. 289, § 3º, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/99), compõem o custo de aquisição das mercadorias, sendo legítima, portanto, a inclusão dessa rubrica na base de cálculo dos créditos de PIS e Cofins a serem tomados. Argumenta, em reforço ao Fl. 2209DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.210 10 seu entendimento, que nem nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003 e nem na Instrução Normativa SRF nº 404/2004 consta disposição expressa de que o ICMSST não integra a base de cálculo das contribuições, devendose entender, portanto, que ele faz parte de referidas bases de cálculo dos produtos comprados e, consequentemente, que concedem direito ao crédito das contribuições. h8 – “Dispêndios com fretes entre CD e outros estabelecimentos” – Argumenta que as despesas com fretes entre filiais são passíveis de crédito por dois motivos. Primeiramente, em razão da aplicação do princípio da não cumulatividade, anteriormente defendido, e, em segundo, por que entende que a legislação autoriza a tomada de crédito. Diz que a interpretação da legislação deve ser realizada de forma conjunta, entendendose que no custo de aquisição das mercadorias destinadas à revenda devem ser considerados todos os custos de transporte, inclusive aqueles realizados dentro da própria empresa. Para comprovação dos créditos tomados, junta, por amostragem (documento 15), conhecimentos de transportes de fretes realizados entre os estabelecimentos da empresa. h9 – “Dispêndios com armazenagem de produtos importados e com despesas aduaneiras” – Nesse item a interessada defende as despesas de armazenagem de produtos importados argumentando que em seus controles inexiste distinção entre este tipo de armazenagem e aquela realizada para produtos nacionais (item h.4). Nesse sentido, diz que cabem aqui os mesmos argumentos trazidos no item precedente. Em relação às despesas aduaneiras sustenta que elas integram o valor do custo da mercadoria importada e que a própria RFB, por meio da Solução de Consulta nº 93, de 20 de abril de 2006, já reconheceu a possibilidade de creditamento sobre elas. i – “Item ‘h’ do TVI: ‘Desconto de créditos sobre serviços utilizados como insumos, informados na linha 03 das fichas 06A e 16A do DACON de março de 2011, não especificados na escrituração contábil nem identificados pelo contribuinte” – Nesse item a contribuinte informa que os valores glosados se referem basicamente a despesas aduaneiras e tarifas de cartões de crédito ou de compra ‘charge cards’ e reafirma a defesa sustentada em tópicos anteriores, tendo em vista que esses créditos já foram discutidos em itens h.3 e h.9. j – “Ilegitimidade da multa de ofício” – Argumenta, primeiramente, que a multa de ofício deve ser afastada, tendo em vista o entendimento de que a autoridade lançadora, ao teor do que dispõe o art. 142 do CTN, somente propõe a aplicação da multa de ofício. Defende, também, a necessidade de se individualizar a pena (multa punitiva) de acordo com a conduta praticada no caso concreto e de aplicarlhe os princípios da isonomia e da proporcionalidade. Nesse sentido, afirma que a autoridade julgadora deve levar em conta o histórico da empresa (empresa idônea que não possui pecha de sonegador), que existem argumentos plausíveis para o não recolhimento das contribuições e que a interpretação da legislação, relativamente aos créditos, é legítima, sendo necessária a aplicação da equidade e dos princípios da isonomia e da proporcionalidade para individualizar a multa a ser aplicada. Adicionalmente, sustenta, com base em acórdãos de tribunais, que a vedação ao confisco se aplica às multas fiscais e que confiscatoriedade da multa deve ser aplicada ao caso concreto, de forma a dosar (proporcionalizar) a multa ao ilícito cometido. k – “Não incidência de juros de mora sobre a multa aplicada” – Defende, de forma preventiva, que o art. 61 da Lei nº 9.430/96 não concede o suporte necessário para que ocorra a incidência de juros de mora sobre o valor da multa de ofício aplicada. Acrescenta que a Câmara Superior de Recursos Fiscais já pacificou o entendimento no sentido da ilegalidade da mencionada incidência. Fl. 2210DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.211 11 Ao final, requer a improcedência dos lançamentos contestados, e subsidiariamente, o afastamento ou redução da multa de ofício e a aplicação dos juros de mora somente sobre os valores das contribuições lançadas. E, por fim, pede que seja atribuída à legislação a interpretação que lhe for mais favorável, em obediência ao art. 112 do CTN. A 3ª Turma da DRJ/CTA converteu o julgamento em diligência para que a unidade de origem esclarecesse e/ou corrigisse, 3 (três) pontos relativos à argumentação/documentação apresentada em sede de impugnação, nos termos do despacho de diligência (efls. 1.961 a 1.965): Analisandose a legislação de regência da matéria, bem como os documentos juntados ao processo, constatase, em relação às argumentações constantes dos itens de (A) a (C), que: (a) – ‘Erro na apuração dos valores de PIS e Cofins em relação a suposta utilização no DACON de valores inferiores aos escriturados em conta contábil de resultado PIS e Cofins sobre faturamento’ – (itens ‘7.b’ e ‘7.c’ do Termo de Verificação Fiscal) Aparentemente o documento nº 04 (fls. 1764), em consonância com alegações da interessada, indica que pode existir erro nas contas das contribuições (PIS 301203 e Cofins – 301207) dos meses de janeiro a junho de 2011, constantes da Escrituração Fiscal Digital – Contribuições, uma vez que referido documento demonstra a existência de ajustes relativos a inclusões e exclusões de receitas que impactariam na apuração dos valores das bases de cálculo e, consequentemente, nos valores dos débitos das contribuições. (b) – ‘Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: nem todos os produtos apontados eram tributados.’ – (item ‘7.a’ do Termo de Verificação Fiscal) Aparentemente o documento nº 05 (fls. 1766 a 1768) indica que a contribuinte, ao realizar a apuração das contribuições, levou em conta as receitas relativas aos produtos de informática (‘inclusão digital’) que não estavam sujeitos à aplicação da alíquota zero e que pode, portanto, ter havido um lançamento indevido sobre referidos valores de receita. Ainda, em relação à venda de produtos relacionados no art. 28 da Lei nº 11.196, de 2005 (computadores, notebook e tablet), os quais poderiam estar sujeitos à aplicação da alíquota zero, constatase que não é possível determinar, somente com a planilha elaborada pela fiscalização (‘DETALHAMENTO DAS VENDAS DE MERCADORIAS CALCULADAS À ALÍQUOTA ZERO, MAS SUJEITAS À 1,65% DE PIS E 7,6% DE COFINS’, constante às fls. 1371 a 1476), se referidas vendas estão de acordo com as exigências do Decreto nº 5.602, de 6 de dezembro de 2005, que estabelece limite de valor de venda individual para cada tipo de produto vendido, posto que em citada planilha as glosas foram realizadas pelo valor total de venda mensal de cada produto. (c) – ‘Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: divergência entre a apuração da Impugnante, com base na qual as contribuições foram recolhidas, e a EFD (ajustes no EFD não considerados pela fiscalização).’ – (item ‘7.a’ do Termo de Verificação Fiscal) Aparentemente os documentos nº 06 e 07 (fls. 1769 a 1781) indicam que parte dos produtos informados na Escrituração Fiscal Digital – Contribuições como sujeitos à alíquota zero podem ter sido tributados pela contribuinte quando da apuração das contribuições devidas, demonstrandose que as informações constantes da obrigação acessória (ECDContribuições), em conformidade com alegações da interessada, devem ser ajustadas pelos lançamentos contábeis que tenham, porventura, modificado os valores das bases de cálculo e, consequentemente, os valores dos débitos das contribuições. Assim, diante dos fatos acima relatados e considerando: que o procedimento fiscal teve como base a escrituração contábil digital ECD da contribuinte; que a análise realizada pela autoridade a quo referese a um período de 3 (três) anos de atividade de um hipermercado com diversas filiais espalhadas pelo país, com uma enorme quantidade de lançamentos e documentos contábeis; Fl. 2211DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.212 12 que a fiscalização, em decorrência dos dois itens precedentes, juntou ao processo somente planilhas que resumem o trabalho fiscal realizado; que a interessada, seguindo o mesmo modo de operação utilizado pela fiscalização, juntou ao processo unicamente planilhas, desacompanhadas de qualquer documentação contábil ou fiscal, com extrações e detalhamentos específicos relativos aos pontos de discordância; e que é impossível, somente com os documentos juntados ao processo, que essa autoridade administrativa se posicione sobre as alegações constantes dos itens (A) a (C); proponho o retorno do processo a unidade de origem para que a escrituração digital da contribuinte seja analisada de forma a considerar as alegações dos itens (A) a (C) e as constatações dos itens (a) a (c) e, se for o caso, para que se efetue o recálculo da insuficiência de recolhimento das contribuições (PIS e Cofins). A diligência foi realizada e no relatório ficou consignado que: Durante os trabalhos foram apreciados os argumentos apresentados pelo contribuinte na impugnação e revisados os procedimentos da fiscalização, bem como os DACON, a Escrituração Contábil Digital – ECD e a Escrituração Fiscal Digital – EFD – Contribuições, chegandose às conclusões a seguir relacionadas. Quanto ao item (A) – “Erro na apuração dos valores de PIS e Cofins em relação a suposta utilização no DACON de valores inferiores aos escriturados em conta contábil de resultado PIS e Cofins sobre faturamento”, não assiste razão ao impugnante, tendo em vista que a variação dos saldos mensais das contas contábeis de resultado 301203 – PIS SOBRE FATURAMENTO e 301207 – COFINS devem sim ser coincidentes, para efeito da apuração dessas contribuições, com os montantes informados na linha 01. Receita de Vendas de Bens e Serviços – alíquota de 1,65% da ficha 07B – Cálculo para a Contribuição do PIS/Pasep – Regimes NãoCumulativo e NãoCumulativo do DACON, e na linha 01. Receita de Vendas de Bens e Serviços – alíquota de 7,6% da ficha 17B – Apuração da Cofins. Os valores menores que os apurados nas mencionadas contas contábeis considerados no Dacon implicaram em cálculo e recolhimento do PIS e da Cofins em valores menores que os efetivamente devidos, o que motivou lançamento de ofício do crédito tributário. A alegação de que as contas contábeis incluiriam outras receitas, tais como as auferidas com aluguéis e outros ajustes, não pode ser aceita, uma vez que as mencionadas contas referemse ao PIS e à Cofins deduzidos das receitas das revendas de mercadorias para efeito do resultado. A esse respeito, segue anexo a este relatório o ARQUIVO NÃO PAGINÁVEL – BALANCETES, que demonstram como estão contabilizadas as receitas do contribuinte. Quanto ao item (B) – “Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: nem todos os produtos apontados eram tributados.”, assiste em parte razão ao contribuinte, uma vez que uma vez que os tablets relacionados no “Detalhamento das Vendas de Mercadorias Calculadas à Alíquota Zero, mas sujeitas a 1,65% de PIS e a 7,65 de Cofins” do demonstrativo anexo ao Termo de Verificação Fiscal (fls. 1349 e seguintes deste processo), que o impugnante tributou indevidamente à alíquota zero das contribuições, são totalmente importados, e nada tem a ver com os benefícios fiscais previstos para o processo básico produtos de informática com produção parcial ou total no país. A esse respeito, vide o ARQUIVO NÃO PAGINÁVEL – INFORMÁTICA IMPORTADOS, onde consta nas notas fiscais eletrônicas de compras, especificamente no campo “Origem da Mercadorias”, que tratam se de produtos de importação direta e, portanto, comercializados sem qualquer processo de industrialização em território nacional. Já os notebooks marca Asus, modelo S400, tem o benefício fiscal do Programa de Inclusão Digital previsto na Lei nº 11.196, de 2005, e por esse motivo os correspondentes lançamentos dos PIS e da Cofins foram cancelados, Fl. 2212DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.213 13 conforme consta no ARQUIVO NÃO PAGINÁVEL – LANÇAMENTOS RECALCULADOS. Vale ainda lembrar que os monitores de computador, revendidos isoladamente, não são contemplados pelos benefícios fiscais da legislação que rege o Programa de Inclusão Digital. Quanto C) – “Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: divergência entre a apuração da Impugnante, com base na qual as contribuições foram recolhidas, e a EFD (ajustes no EFD não considerados pela fiscalização) – não assiste razão ao contribuinte, porque, em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal nº 0005, de 18/03/2015 (fls. 25 do PAF), relacionou vários produtos revendidos sujeitos à alíquota de 1,65% do PIS e a 7,6% da Cofins compondo as receitas de vendas consideradas à alíquota zero na apuração das contribuições, conforme consta nas linhas 08. Receita Tributada à alíquota Zero das fichas 07B e 17B dos DACON e, confrontado com esse fato, admitiu à fiscalização, na resposta ao Termo de Constatação Fiscal nº 0001 (fls. 30/32 e 43 do PAF) que “verificamos que em algumas lojas e em períodos determinados os itens tiveram sua saída sem tributação por problemas de carga de regras fiscais em POS de lojas”. Cabe destacar quanto aos itens (B) e (C) que os valores do PIS e da Cofins foram apurados pelo contribuinte nos DACON e os valores devidos declarados como débitos nas correspondentes DCTF – Declaração de Contribuições e Tributos Federais (vide fls. 58 a 499 do PAF). Dessa forma, aqueles produtos cujas receitas de vendas foram erroneamente classificadas à alíquota zero pelos sistemas informatizados do contribuinte ou na Escrituração Fiscal Digital – EFD Contribuições, permaneceram nessa situação na apuração demonstrada nos DACON, isto é, compondo os montantes informados nas linhas 08. Receita Tributada à Alíquota Zero das fichas 07B e 17B e, consequentemente, não ocorreu qualquer ajuste manual para compensar tais diferenças. Cientificada do resultado da diligência, a Recorrente apontou o desacerto da fiscalização: Item (A) Argumenta que os lançamentos efetuados pela fiscalização partiram de premissa equivocada, ao comparar os valores dos lançamentos registrados nas contas nº 301203 (PIS sobre o faturamento) e nº 301207 (Cofins sobre o faturamento) com os valores informados nos Dacon (Receita da Venda de Produtos e Serviços + Demais Receitas) nas fichas 07B e 17B, respectivamente. Diz que a suposta diferença encontrada referese aos valores de PIS e de Cofins apurados sobre receitas do regime cumulativo, sobre outras receitas, sobre receitas de produtos sujeitos à alíquotas diferenciadas e receitas de produtos cobrados por unidade ou medida de produto, as quais foram informadas nas diversas fichas/linhas dos Dacon. Ressalta, nesse sentido, que as mencionadas contas contábeis registram todos os valores de PIS e de Cofins devidos, calculados sobre as receitas das atividades próprias da empresa (comércio e prestação de serviços). Diz, em outras palavras, que os valores das contribuições (para o PIS e para a Cofins), decorrentes de qualquer modalidade de regime/tributação (cumulativo, não cumulativo, alíquotas diferenciadas ou alíquotas por unidade ou medida de produto) são todos registrados nas citadas contas contábeis. Reclama que a fiscalização, na realização da diligência solicitada pela DRJ, insistiu no lançamento de valores que não se coadunam com a legislação, uma vez que, além de não se dignar a intimar a interessada para o esclarecimento dos fatos indicados e justificados na impugnação, reafirma uma premissa comprovadamente equivocada, de comparação entre os valores informados nas linhas 3 das fichas 07B e 17B dos Dacon com as contas contábeis nº 301203 e 301207. Acrescenta que, no período de janeiro a maio de 2011, uma parte das receitas contabilizadas nas mencionadas contas, relativa à venda de equipamentos de informática, não são tributáveis, por estarem abrangidos pela alíquota zero, prevista na Fl. 2213DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.214 14 Lei 11.196, de 2005, conforme já devidamente comprovado pelo doc. 04, apresentado em conjunto com a impugnação. Por último, insurgese contra as glosas de crédito sobre os valores de ICMSST, efetuados nos períodos de abril a junho de 2011. Diz que com a referida glosa, na prática, a fiscalização acaba por “cobrar/lançar” os valores excluídos pela interessada da base de cálculo em duplicidade, conforme ficou evidenciado no item “g” da impugnação apresentada. Item (B) Nesse item a interessada explica, novamente, que como os seus sistemas não estavam preparados para efetuar a distinção entre os produtos vendidos em combo (monitor, teclado, mouse e CPU) e os vendidos de forma separada, todos os produtos de informática eram classificados inicialmente como sendo não tributáveis e, manualmente, eram separadas as vendas que não se qualificavam na Lei do Bem, incluindolhes a rubrica “Inclusão Digital”. Sustenta, assim, sobre a venda de monitores de computador, que nem todos eles foram tributados à alíquota zero. Para demonstração de que observava a necessária tributação quanto ocorria a venda de um monitor que não estava sujeito à aplicação da alíquota zero, reproduz telas de seu sistema de contabilização (SAP), dos meses de outubro e novembro e tela do razão, referentes à apuração dos valores de PIS e Cofins das vendas dos produtos da “Inclusão Digital”. Junta, também, arquivo não paginável denominado “Retificação Wal Mart Valores do Lançamento.XLS, por meio do qual realiza a confrontação dos valores lançados pela fiscalização com os valores apurados pela interessada. Item (C) Em relação a esse item a interessada sustenta que a fiscalização deveria analisar as operações de forma global, considerando que: (i) se houve equívocos em relação a aplicação da alíquota zero nas vendas efetuadas, por outro lado não houve a tomada de crédito para essas mesmas mercadorias; (ii) se houve creditamento indevido na entrada, também houve a tributação indevida na venda da mesma mercadoria; e (iii) que esse problema, quando existente, restringiuse em algumas lojas da empresa. Afirma, também, que a apuração correta das contribuições (PIS e Cofins), foi realizada pelo sistema fiscal da empresa, exatamente de acordo com as regras fiscais vigentes, tanto para o creditamento quanto para a tributação das vendas. Nesse sentido, traz como o exemplo o produto de código 471769 (Leite Condensado Itambé – NCM 04029900), informado na obrigação acessória como sendo de alíquota zero. Por meio de telas do razão e sistemas, tenta demonstrar que referido produto, no mês de dezembro de 2013, sofreu a tributação das contribuições. A 3ª Turma da DRJ/CTA deu provimento parcial à impugnação para: Cancelar os lançamentos das contribuições de PIS e de Cofins, conforme a Tabela 1 abaixo reproduzida, linhas Vlr relativo aos Notebook, bem como as respectivas multas de oficio e os juros legais, relativos à infração Insuficiência de Recolhimento da Contribuição, ressaltandose que os valores dos créditos tributários que permanecem exigíveis são os constantes da linha Valor Final Julgamento. Fl. 2214DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.215 15 Cancelar o valor de R$ 200.000,00 do lançamento de Cofins de novembro de 2013, bem como a respectiva multa de oficio e os juros legais, relativo à infração Créditos Descontados Indevidamente na Apuração da Contribuição, de forma a alterar o valor do crédito tributário exigível para o valor de R$ 2.659.870,01 (= R$ 2.859.870,01 – R$ 200.000,00). O acórdão n° 0605.000 restou assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2011 a 31/12/2013 CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. A autoridade administrativa não tem competência para, em sede de julgamento, negar validade às normas vigentes. NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. PROVAS. INSUFICIÊNCIA. A mera arguição de direito, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do contribuinte, não é suficiente para demonstrar a ocorrência dos fatos alegados na impugnação. GLOSA. ERRO DE TRANSCRIÇÃO. CANCELAMENTO Comprovado o erro de fato na transcrição do valor de glosa de crédito da contribuição, é de se cancelar o valor lançado indevidamente. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO CONFISCATÓRIO. RAZOABILIDADE. PROPORCIONALIDADE. Fl. 2215DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.216 16 Os princípios constitucionais da proporcionalidade, razoabilidade e vedação ao confisco são dirigidos ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2011 a 31/12/2013 TRIBUTAÇÃO. PRODUTOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU AO REGIME MONOFÁSICO. CONDIÇÕES. A aplicação da alíquota zero ou do regime monofásico deve ser realizada nos estritos termos previstos na legislação, inexistindo autorização legal que permita que o contribuinte: realize o desconto de créditos de produtos sujeitos ao regime monofásico ou à alíquota zero porque na revenda destes as receitas foram incluídas na base de cálculo das contribuições; ou aplique a alíquota zero na venda de determinados produtos porque não houve apropriação de créditos nas aquisições. TRIBUTAÇÃO. PRODUTOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. CANCELAMENTO. Tendo sido identificado, em diligência efetuada pela autoridade a quo, que determinados equipamentos estavam sujeitos ao benefício fiscal do programa de inclusão digital (Lei do Bem) e, por consequência, à aplicação de alíquota zero, devese cancelar os lançamentos efetuados, relativos às respectivas receitas de vendas. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ROL EXAUSTIVO. O conceito e o alcance da não cumulatividade encontramse inteiramente determinados na legislação, em elenco exaustivo e prédeterminado, não sendo todo e qualquer custo, despesa ou dispêndio, ainda que necessário à atividade econômica exercida pelo contribuinte, que pode gerar o direito ao crédito. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA. COMBUSTÍVEIS. IMPOSSIBILIDADE. O direito ao crédito sobre a aquisição de energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica não abrange os dispêndios com aquisição de combustíveis (gás ou óleo diesel) utilizados para a geração de energia. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. CONDIÇÕES. O direito ao crédito da contribuição sobre a aquisição de combustíveis somente é possível quando esses são utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Fl. 2216DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.217 17 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. ATIVO IMOBILIZADO. CONDIÇÕES. O crédito não cumulativo da contribuição calculado sobre encargos de depreciação de máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado somente é possível quando estes são adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. ARMAZENAGEM DE MERCADORIA E FRETE. CONDIÇÕES. Para ter direito ao crédito não cumulativo sobre os dispêndios de armazenagem de mercadoria e de frete estes serviços devem ter sidos contratados de pessoa jurídica domiciliada no país, estar vinculados a operação de venda e ter o ônus suportado pelo contribuinte. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE O ICMS substituição tributária (ICMSST) não constitui custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo contribuinte substituído na operação de saída da mercadoria, assim, sobre a respectiva parcela não há previsão de apuração de créditos de PIS ou de Cofins para fins de desconto da contribuição devida calculada no regime da não cumulatividade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS (...) Em recurso voluntário, o contribuinte repisou os mesmos argumentos de sua impugnação, acrescentado a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância em virtude do cerceamento do amplo direito de defesa É o relatório. Voto O recurso voluntário é tempestivo e reúne os requisitos para sua admissibilidade, devendo ser conhecido. Nulidade da decisão de primeira instância em virtude do cerceamento do amplo direito de defesa Alega a nulidade da decisão de piso, por cerceamento de defesa, com base no art. 59, II do Decreto 70235/72. São seus argumentos: Fl. 2217DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.218 18 Observase que a fiscalização, consciente de que no ramo da atividade econômica da Recorrente (Supermercados), o volume de operações de compra e venda não comportam uma análise caso a caso, entendeu por bem efetuar o lançamento com base em análise por amostragem. Tal fato, em si não configura maiores problemas, desde que as suas consequências não acarretem prejuízos para a defesa da Recorrente. É que ao elaborar a sua defesa e a sua manifestação acerca da diligência (aditamento à impugnação), da mesma forma que a fiscalização ao efetuar o lançamento, a Recorrente também se utilizou de amostragens para demonstrar os fatos ocorridos, que demonstravam os equívocos laborados pela fiscalização, que acabaram por macular o lançamento. Ocorre que ao analisar tanto o Auto de infração lavrado pela fiscalização quanto à defesa apresentada pela Recorrente, a DRJCTA aplicou dois pesos e duas medidas. Ao analisar o Auto de infração, que nas próprias palavras do Auditor Fiscal, foi lavrado com base em análise por amostragem, a DRJ entendeu que lá estava contida demonstração das infrações. Por outro lado, ao analisar a defesa da Recorrente, mesmo reconhecendo que existe consistência de argumentação e dos documentos apresentados, esses não conseguem comprovar que a premissa adotada pela fiscalização estaria errada. Ou seja, a maneira utilizada pela fiscalização para comprovar a ocorrência dos fatos foi acatada como bastante pela DRJ, mas quando a mesma forma foi utilizada pela Recorrente, a DRJ entendeu que esta não se prestava para comprovar a tese defendida, no sentido de refutar as premissas da fiscalização. Tal cenário é observado ao longo de todo o acórdão proferido pela DRJCTA, que a todo o momento afasta as demonstrações efetuadas pela Recorrente, por entender que não seriam suficientes para demonstrar a sua tese. Caso a Turma Julgadora fosse coerente, ao acatar a forma utilizada pela fiscalização para efetuar o lançamento, deveria também assim acatar para a demonstração de que tal premissa era equivocada. Como não o fez, acarretou claro prejuízo para a Recorrente, motivo pelo qual deve ser anulada a decisão recorrida, por preterição do direito de defesa da Recorrente. Poderia, inclusive, ter a Turma Julgadora solicitado ao Auditor Diligenciante que verificasse (ou “fosse mais a fundo”) nas alegações da Recorrente. Fl. 2218DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.219 19 Não vislumbro nulidade na decisão proferida pela DRJ, uma vez que analisou os pontos suscitados pela defesa do contribuinte, para concluir que o mesmo não logrou êxito em ilidir a constituição dos fatos jurídicotributários pelos autos de infração. Todos os argumentos foram justificados e acompanhados de suporte nos dispositivos legais correspondentes. No caso, tratase de inconformismo quanto ao resultado do julgamento, o que não se confunde com nulidade por cerceamento de defesa. MÉRITO A Recorrente, ao discordar da DRJ, repisa os exatos termos da impugnação e do aditivo à impugnação. Assim, considerando que os argumentos da Recorrente são os mesmos já enfrentados pela diligência e pela DRJ, entendo não haver necessidade de nova conversão do feito em diligência. Diante disso e por concordar com os termos da decisão recorrida, proponho a adoção de seus fundamentos, e façoo com suporte no art. 57, § 3º, do RICARF, com redação da Portaria n° 329, de 2017. A seguir, adotase a fundamentação da recorrida (efls. 20322037), no tocante à insuficiência no recolhimento das contribuições, verbis: Mérito A fiscalização, consoante o Termo de Verificação Fiscal e os autos de infração, efetuou o lançamento das contribuições, com a aplicação das alíquotas de 1,65 / 7,6 % (PIS e Cofins), em dois tipos de infração. A primeira relativa à insuficiência no recolhimento das contribuições, dividida em: venda de mercadorias sujeitas à alíquota de 1,65 / 7,6 %, para as quais foi aplicada a alíquota 0%; e diferenças de PIS/Cofins sobre vendas entre ECD e Dacon. E a segunda relativas às glosas: de créditos sobre compras de produtos sujeitos à alíquota zero ou monofásicos; e de créditos sobre serviços por falta de previsão legal. Destaquese que nos autos de infração o primeiro tipo foi lançado como infração relativa à Insuficiência de Recolhimento da Contribuição (para o PIS e para a Cofins) e a segunda como infração relativa a Créditos Descontados Indevidamente na Apuração da Contribuição. Da Insuficiência no Recolhimento das Contribuições A mencionada infração referese: Consoante o item “7.a” do Termo de Verificação Fiscal, a venda de mercadorias que estavam sujeitas à alíquota de 1,65 / 7,6% mas que tiveram as contribuições calculadas à alíquota de 0%, nos períodos de apuração de 2011 a dezembro de 2013. Sustenta a fiscalização que houve a aplicação indevida de alíquota zero na revenda de produtos como: monitores de computadores, esteiras elétricas, óleo de soja (antes de 08/03/2013), açúcar (antes de 08/03/2013), fogão, biscoitos, bombons, refrigeradores, achocolatados em pó, azeites (antes de 08/03/2013), fraldas, meias, cafeteiras, café (antes de 08/03/2013), toalhas, Fl. 2219DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.220 20 absorventes íntimos, aspiradores de pó, detergentes, filmadoras, aparelhos de som, cartuchos de tinta, combo 300 fotos, “joypad”, taças para bebidas, creme de leite, leite condensado, notebook marca Asus, modelo S400, importado, tablet marca Acer, modelo 7, importado, tablet marca Sony, modelo SGPT112, importado, sucos de frutas da posição 20.09, néctar de frutas da posição 2202.90.00, ex 02, pizzas da posição NCM 1905.90.90, tortas, doces e mousses. Conforme justificado nos itens “7.b” e “7.c” do Termo de Verificação Fiscal, a diferenças de PIS/Cofins sobre vendas entre ECD e Dacon, nos meses de janeiro a junho de 2011. Alega a autoridade a quo que a contribuinte informou nos campos dos Dacon valores inferiores aos escriturados nas contas contábeis de resultado 301203 – PIS sobre faturamento e 301207 – Cofins sobre faturamento. Aplicação Indevida da Alíquota Zero Em relação a essa infração a interessada apresentou os argumentos constantes dos itens: “d” “Itens ‘a’, ‘d’ e ‘e’ do Termo de Verificação Fiscal: ausência de repercussão tributária quanto às supostas infrações apontadas pela fiscalização.”; “e” “Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: nem todos os produtos apontados eram tributados.”; e “f” “Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: divergência entre a apuração da Impugnante, com base na qual as contribuições foram recolhidas, e a EFD (ajustes no EFD não considerados pela fiscalização). Notese, também, que os últimos dois itens mencionados (“e” e “f”) foram objetos da diligência (solicitada no Despacho nº 2, desta 3º turma da DRJ) realizada pela autoridade a quo, conforme o Relatório de Diligência Fiscal apensado às fls. 1.974 a 1.978. Primeiramente, no tocante a alegada ausência de repercussão tributária nos procedimentos aplicados pela interessada, devese dizer que inexiste na legislação qualquer previsão legal que autorize as “compensações” almejadas: no sentido de aplicar indevidamente a alíquota zero na venda de determinados produtos porque não houve apropriação de créditos nas aquisições: ou de autorizar o desconto de créditos de produtos sujeitos ao regime monofásico ou à alíquota zero porque na revenda destes as receitas foram incluídas na base de cálculo das contribuições. Portanto, em que pese os procedimentos mencionados, a princípio, não ocasionarem prejuízo à Fazenda Nacional, o fato é que, em razão do princípio da legalidade, não se pode admitir que eles sejam adotados. Em segundo, quanto aos produtos de informática, constatase que, após a realização da diligência, restaram para discussão de mérito os lançamentos sobre as vendas de tablets e monitores (relacionados no “Detalhamento das Vendas de Mercadorias Calculadas à Alíquota Zero, mas sujeitas a 1,65% de PIS e a 7,65 de Cofins” do demonstrativo anexo ao Termo de Verificação Fiscal), já que a fiscalização reconheceu que os notebooks marca Asus, modelo S400, estavam sujeitos ao benefício fiscal do Programa de Inclusão Digital previsto na Lei nº 11.196, de 2005, e por esse motivo indicou a necessidade de alteração dos lançamentos (de PIS e Cofins), conforme o ARQUIVO NÃO PAGINÁVEL – LANÇAMENTOS RECALCULADOS. Assim, quanto à receita de vendas dos notebook mencionados, é de se adotar as alterações propostas pela autoridade a quo, de forma a excluílas dos lançamentos, alterandose o total da infração relativa à Insuficiência de Recolhimento das Contribuições (PIS e Cofins), conforme a Tabela 1 abaixo transcrita. (...) No tocante aos tablets, a fiscalização esclarece (na diligência efetuada) que eles não estavam sujeitos à alíquota zero, disposta no art. 28 da Lei nº 11.196, de 2005, pois tratamse de produtos importados que não foram submetidos a processo Fl. 2220DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.221 21 produtivo básico. Nesse sentido, apensa ao processo o ARQUIVO NÃO PAGINÁVEL – INFORMÁTICA IMPORTADOS, do qual constam as notas fiscais eletrônicas de compras que demonstram, especificamente no campo “Origem da Mercadorias”, que os tablets em questão foram objeto de importação direta e, obviamente, comercializados sem qualquer processo de industrialização em território nacional. Ao se analisar a legislação de regência da matéria e os documentos juntados ao processo, constatase que a autoridade a quo tem razão. Relativamente aos períodos para os quais foram realizados lançamentos tributários sobre a receita da venda de tablets (de setembro/2012 a dezembro/2013, conforme o “Detalhamento das Vendas de Mercadorias Calculadas à Alíquota Zero, mas sujeitas a 1,65% de PIS e a 7,65 de Cofins”, anexo ao Termo de Verificação Fiscal) o art. 28 da Lei 11.196 dispunha: “Art. 28. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta de venda a varejo: (...) § 1º Os produtos de que trata este artigo atenderão aos termos e condições estabelecidos em regulamento, inclusive quanto ao valor e especificações técnicas. (...)” (Grifos Nossos) Por seu turno, no mesmo período, a regulamentação exigida pela lei acima encontravase disposta no Decreto nº 5.602, de 06 de dezembro de 2005, com as alterações efetivadas pelo Decreto nº 7.715, de 3 de abril de 2012, que previa: Art. 1º Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda, a varejo, de: (...) VI máquinas automáticas de processamento de dados, portáteis, sem teclado, que tenham uma unidade central de processamento com entrada e saída de dados por meio de uma tela sensível ao toque de área superior a 140 cm2 e inferior a 600 cm2, e que não possuam função de comando remoto (Tablet PC) classificadas na subposição 8471.41 da TIPI. (Incluído pelo Decreto nº 7.715, de 2012) (…) Art. 2ºA. No caso do inciso VI do caput do art. 1º e observado o disposto no inciso VI do art. 2o, a redução a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS alcança somente os Tablets PC produzidos no País conforme processo produtivo básico estabelecido em Portaria Interministerial dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Ciência, Tecnologia e Inovação. (Incluído pelo Decreto nº 7.715, de 2012) (...) (Grifos Nossos) Vejase, portanto, que, no período tratado, os tablets importados não estavam sujeitos à norma acima transcrita, uma vez que a aplicação da alíquota zero das contribuições era restrita aos equipamentos produzidos no país conforme processo produtivo básico (estabelecido em ato conjunto dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e da Ciência, Tecnologia e Inovação). Na questão documental, vêse que inexistem dúvidas quanto à origem dos equipamentos revendidos. Além de a fiscalização ter demonstrado que os tablets objetos dos lançamentos são importados (por meio de documento juntado na diligência), destacase que a interessada, em seu aditamento, não traz qualquer contestação a esse respeito, dando a entender que, de fato, não se tratam de tablets produzidos no país, nos termos exigidos pelo Decreto nº 5.602/2005. Fl. 2221DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.222 22 No tocante aos monitores de computador, é de se dizer que os documentos juntados ao processo (telas do sistema da empresa e do razão e planilhas, apresentados na impugnação e no aditamento) não fazem prova inequívoca de que eles foram vendidos em conjunto, com teclado mouse e CPU. Consoante o disposto na legislação, para aplicação da alíquota zero sobre a receita destes produtos, a contribuinte necessitaria demonstrar: (i) que houve de fato a venda conjunta dos equipamentos (monitor, teclado, mouse e CPU); (ii) e que houve o registro contábil dessas operações de venda. Os documentos apresentados, por si sós, auxiliam na demonstração, mas não fazem a prova cabal dos fatos alegados. De igual forma rebatemse os argumentos dispendidos no item “f” da impugnação (“Item ‘a’ do Termo de Verificação Fiscal: divergência entre a apuração da Impugnante, com base na qual as contribuições foram recolhidas, e a EFD (ajustes no EFD não considerados pela fiscalização)). Verificase que os documentos juntados à impugnação e ao aditamento não fazem a comprovação fatal: (i) de que determinados itens, apesar de terem sido classificados como sujeitos à alíquota zero na obrigação acessória, foram sim tributados na real apuração das contribuições; e de que a fiscalização não considerou/verificou a existência de ajustes na EFDContribuições (sejam credores ou devedores) que estão relacionados a diferenças entre a apuração (real da impugnante) e a obrigação acessória. Conforme se verifica pela leitura do relatório: na impugnação a contribuinte dignouse somente a apresentar telas e planilhas de um período amostral, desacompanhadas de comprovação documental, contábil e fiscal, as quais, de per si, não fazem prova dos fatos alegados sequer para o período da amostra; e no aditamento à impugnação, a interessada trouxe apenas um exemplo, desacompanhado de documentação comprobatória efetiva (apenas telas de sistemas e do razão), o qual não demonstra sequer a corretude do procedimento de tributação do Leite Condensado Itambé – NCM 04029900. Acrescentese, também, que as justificativas da autoridade a quo constantes do Termo de Diligência, relativas a tributação das mercadorias (nas alíquotas de 1,65 / 7,6 %) para as quais houve a aplicação de alíquota zero, não foram derrubadas pela contribuinte em seu aditamento à impugnação. Com efeito, constatase que a fiscalização, após intimar a contribuinte (Termo de Intimação nº 0005, fls. 25) para que fossem apresentadas, em meio digital e por período mensal de apuração, as bases de cálculo das mercadorias revendidas sujeitas à aplicação da alíquota zero das contribuições (PIS e Cofins), identificou nos arquivos digitais apresentados (em 29/04/2015, conforme o expediente de fls. 27) a existência de vários produtos que estavam sujeitos à aplicação das alíquotas de 1,65 / 7,6 %. Notase, também, que referida descoberta foi consignada no Termo de Constatação Fiscal nº 0001 (juntado às fls. 30 a 32), com demonstrativo dos produtos que não estavam sujeitos à aplicação de alíquota zero, e que a contribuinte foi intimada para apresentar, no prazo de 20 (vinte) dias, justificativas ou explicações a esse respeito. No entanto, em resposta (no curso da ação fiscal) a contribuinte apresentou unicamente o expediente de fls. 43, cujo conteúdo é reproduzido abaixo. “Conforme constatamos em nossos sistemas e através dos relatórios gravados no CD em anexo os itens em questão estão tendo suas vendas tributadas para PIS e Cofins, porém verificamos que algumas lojas e em períodos determinados os itens tiveram sua saída sem tributação por problemas de carga de regras fiscais em POS de lojas.” (Grifos nossos) Fl. 2222DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.223 23 Posteriormente, no aditamento à impugnação, a interessada rebateu as justificativas constantes do Termo de Diligência com alegações genéricas ou com argumentos injustificáveis. Afirma, sem qualquer comprovação e ou documentos, que a apuração das contribuições (PIS e Cofins) foi realizada de forma correta no sistema fiscal da empresa, que a fiscalização deveria considerar a alegada ausência de repercussão tributária nos procedimentos adotados e, também, que os erros nas tributações de mercadorias vendidas, quando existentes, restringiramse a algumas lojas da empresa. Ora, como já dito anteriormente, a autoridade tributária não pode basear suas decisões em fatos hipotéticos, não comprovados. Não pode, também, deixar de aplicar a legislação, válida e vigente à época dos fatos, pela alegada ausência de “repercussão tributária” ou porque o erro na tributação ficou restrito a alguns estabelecimentos da pessoa jurídica. Assim, como se vê, não há como discordar da fiscalização, que demonstrou, com base nos arquivos fornecidos pela própria interessada, a improcedência da aplicação da alíquota zero em produtos que estavam sujeitos à aplicação das alíquotas normais das contribuições. Diferenças entre a ECD e os Dacon Ainda em relação à infração de insuficiência no recolhimento das contribuições, conforme descrito acima, a autoridade a quo apontou (nos itens “7.b” e “7.c” do Termo de Verificação Fiscal), nos meses de janeiro a junho de 2011, a existência de diferenças sobre vendas entre a ECD e Dacon. A impugnante apresentou os argumentos constantes do item “b” “Erro na apuração dos valores de PIS e Cofins em relação a suposta utilização no DACON de valores inferiores aos escriturados em conta contábil de resultado PIS e Cofins sobre faturamento”, o qual foi objeto da diligência, conforme o Relatório de Diligência Fiscal apensado às fls. 1.974 a 1.978. Ao se analisar o processo, bem como os argumentos e documentos apresentados pelos dois lados, chegase à conclusão que se deve dar razão à fiscalização. Esta última, conforme se verifica no documento ARQUIVO NÃO PAGINÁVEL – BALANCETES (juntado ao processo quando da realização da diligência), demonstrou que, de fato, em relação aos meses de janeiro a junho de 2011, existe a diferença apontada entre os valores das contribuições (PIS e Cofins) registrados na contabilidade da empresa, nas contas contábeis de resultado 301203 – PIS sobre faturamento e 301207 – Cofins sobre faturamento, e os valores dessas mesmas contribuições informados nos respectivos Dacon. Por seu turno, a contribuinte, em que pese a consistência da argumentação apresentada com os demonstrativos 03 e 04 (apresentados em conjunto com a impugnação), não conseguiu comprovar de forma inequívoca que a premissa adotada pela fiscalização está errada. Apresentou, primeiramente, demonstrativos, que sozinhos, desacompanhados de documentação fiscal e contábil, não fazem prova cabal dos fatos alegados. E, posteriormente, no aditamento à impugnação, diante do documento comprobatório juntado na diligência, simplesmente repetiu a argumentação anterior sem ao menos apresentar um documento sequer que pudesse derrubar as conclusões da fiscalização. No tocante à argumentação (apresentada no aditamento), de que parte das receitas de mencionadas contas contábeis, relativa a venda dos equipamentos de informática, não são tributáveis, destacase que a matéria foi analisada no tópico anterior (Aplicação Indevida da Alíquota Zero) e, como visto, foi reconhecida parcial razão à interessada. Fl. 2223DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.224 24 Por último, é de se dizer que não procede a argumentação de que é possível realizar o creditamento sobre os valores de ICMSST nas aquisições de mercadorias, pois como se verá adiante, no tópico Das Glosas, subtópico Dispêndios com ICMS –ST, esse tipo de crédito não é legalmente possível, estando correta, portanto, a glosa efetuada pela fiscalização. Dos Créditos Descontados Indevidamente na Apuração da Contribuições (Glosas) Ressaltese novamente as glosas efetuadas pela fiscalização: d) Desconto de créditos sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero das contribuições (leite integral, leite em pó e açúcar de NCM 17011400 após 08/03/2013); e) Desconto de créditos sobre aquisição de produtos monofásicos (álcool de uso doméstico, baterias automotivas e shampoo condicionador para cabelos, este último classificado incorretamente na EFD – Contribuições com o NCM 82121020); f) Desconto de créditos sobre aquisição para consumo próprio de gás liquefeito de petróleo, óleo diesel, equipamentos de proteção individual e uniformes; g) Desconto de créditos sobre dispêndios com tarifas de cartão de crédito e de compras (“charge cards”), manutenção de equipamentos e instalações, depreciação de ativos, Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, ICMSSubstituição Tributária, fretes entre centro de distribuição (CD) e outros estabelecimentos do fiscalizado, armazenagem de produtos importados e despesas aduaneiras; h) Desconto de créditos sobre “Serviços Utilizados como Insumos”, informados nas linhas 03 das fichas 06A e 16A do Dacon de março/2011, não especificados na escrituração contábil, nem identificados pelo contribuinte, apesar de intimado e reintimado a respeito. Passo a analisálas. Quanto às glosas de créditos sobre compras de produtos sujeitos à alíquota zero ou monofásicos, argumenta a Recorrente que a fiscalização deveria considerar a ausência de repercussão tributária, posto que também houve, para os mesmos produtos, a tributação das receitas de venda. Entendo que não há razão no argumento, uma vez que não há previsão legal autorizadora de tais creditamentos (art. 2° e 3° das Leis n° 10.637/2003 e 10.833/2003). No tocante às demais glosas (itens “f”, “g” e “h” do Termo de Verificação Fiscal), o contribuinte aduz que a nãocumulatividade para o PIS e a COFINS é ampla, permitindo o crédito referente a todas as despesas necessárias à geração da receita/faturamento. Fl. 2224DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.225 25 Aquisição de gás liquefeito de petróleo e óleo diesel Esta glosa referese ao crédito relativo à despesa da Recorrente com o GLP e óleo diesel que são utilizados nos geradores de energia das lojas. Alega a Recorrente que os combustíveis são utilizados para gerar energia elétrica consumida em suas lojas, ou seja, para garantir o funcionamento de sua atividade econômica. Compra o GLP para abastecer os geradores que irão ser utilizados para gerar energia elétrica, isso porque nas lojas existem os setores de padaria (fabricação de pães, bolos, etc), frios (beneficiamento de queijos, presuntos, etc.) e açougue (beneficiamento de carnes). Na impugnação, a Recorrente juntou documentação comprovando a compra de vários grupos geradores de energia elétrica que equipam cada loja, bem como notas fiscais de GLP, adquirido para servir de combustível para os motores dos grupos geradores de energia elétrica. A glosa deve ser revertida, com supedâneo no art. 3o, II, da Lei nº 10.833/2003. Como bem fundamentou o relator do acórdão n° 3301003.874, Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, julgado recentemente por esta Turma: “GLP é sabidamente um combustível apto a gerar energia, se tal energia for "destinado ao setor de padaria para fabricação dos pães e bolos que serão posteriormente vendidos", como registrou a recorrente, é atividade fabril, ainda que o comércio seja a atividade preponderante da recorrente.” Aquisição de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e Uniformes A glosa referiuse à aquisição de EPIs e uniformes para os funcionários da Recorrente. Aduz a empresa que, para cada setor específico das lojas a legislação trabalhista brasileira prevê a obrigatoriedade do fornecimento de equipamentos de proteção individual (Norma Regulamentadora 06 do Ministério do Trabalho – NR6 c/c art. 166 da CLT), bem como de uniformes para os seus funcionários. Fez a juntada aos autos de documento da política interna de gestão e utilização de EPI. Entendo que assiste razão à Recorrente, devendo as glosas serem revertidas, com base no art. 3°, II, das Leis n° 10.637/2003 e 10.833/2003. Nesse sentido, o precedente desta turma, de relatoria do Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira, acórdão n° 3301004.049: DIREITO AO CRÉDITO. UNIFORMES E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO Uniformes e equipamentos de segurança permitem que os empregados operem as máquinas e manuseiem os insumos, garantindo a qualidade e integridade do produto final, notadamente de produtos de origem alimentícia. Assim, devem ser considerados como insumos (inciso II do art. 3° da Lei n° Fl. 2225DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.226 26 10.833/03) e, por conseguinte, admitidos os créditos correspondentes. Dispêndios com tarifas de cartão de crédito e de compras (charge cards) A glosa referese aos créditos tomados em relação a despesas com taxa de administração de cartões de crédito e compras (charge cards). A Recorrente pleiteia o crédito com base no inciso II, do art. 3º das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03: “É notório que os serviços prestados pela administradora de cartões de crédito e de compras incrementam sobremaneira as atividades de vendas da Recorrente, representando, portanto, despesa diretamente relacionada à sua atividade fim”. A glosa deve ser mantida, pois o crédito não encontra guarida na legislação de regência. Nesse sentido, cito o trecho do voto do Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, acórdão n° 3301003.874: Ora, a regra geral de creditamento de valores de insumos vale considerar que a primeira parte do art. 3o, II, da Lei nº 10.637 prevê o desconto de créditos de " bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda [...] ", não havendo assim previsão de desconto de insumo em atividade meramente comercial, distinta da produção e da prestação de serviço. Dispêndios com manutenção de equipamentos e instalações Alega a Recorrente que tais glosas se referem às despesas com armazenagens efetuadas com a empresa REFRIO – Armazéns Gerais Frigoríficos S/A e outros fornecedores. Alega a Recorrente que a REFRIO – Armazéns Gerais Frigoríficos S.A. armazena os itens que precisam ser mantidos em refrigeradores, juntou notas fiscais dessa prestadora de serviço no doc. 12 da Impugnação. Cabe o creditamento com base no art. 3°, I e IX das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03, apenas para as despesas com armazenagem de mercadoria, ou seja, a estrita de guarda de mercadoria. Logo, devem ser revertidas as glosas dos créditos relativos APENAS às despesas com a REFRIO – Armazéns Gerais Frigoríficos S.A, desde que comprovadas na contabilidade da empresa. Quanto aos demais fornecedores, não constam nos autos a amostragem de notas fiscais, logo não é possível verificar se se trata de armazenagem ou manutenção de equipamentos e instalações. Fl. 2226DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.227 27 Dispêndios com depreciação de ativos A glosa referese aos créditos tomados em relação a bens adquiridos para o ativo permanente. Entende a Recorrente que são essenciais para a sua atividade operacional (gôndolas, equipamentos de refrigeração, equipamentos de padaria, geladeiras, empilhadeiras, estantes de armazenagens dos CD’s, dentre outros). Entendo que a glosa deve ser mantida, por força dos art. 3º, VI e VII, já que se trata de atividade preponderantemente comercial (supermercado). Isso porque as máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, com exceção das edificações e benfeitorias, somente geram crédito quando utilizados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços e, no caso da Recorrente, sua atuação é no comércio varejista de mercadorias em geral. Dispêndios com IPTU A Recorrente pleiteia o crédito com dispêndios de IPTU, com base no art. 3º, IV, das Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003: “IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa”. Entendo que assiste razão à Recorrente, porquanto os valores pagos a título de aluguel de imóvel englobam os dispêndios com os tributos referentes ao bem, que são encargos contratuais do locatário. Nesse sentido, adoto o voto da Conselheira Liziane Angelotti Meira, no acórdão já citado, n° 3301003.874: A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que o locatário não integra a relação jurídico tributária relativa do IPTU e, consequentemente, tanto o crédito fiscal não lhe pode ser exigido quanto ele prescinde do direito de solicitar repetição de indébito ou de impugnar o lançamento fiscal. O entendimento é que o fundamento jurídico do dever de o locatário paga o valor relativo ao IPTU não é de natureza tributária, mas civil, especificamente, a cláusula do contrato de aluguel que contempla essa obrigação. Colacionamse ementas de acórdãos do STJ (...) Destarte, considerando que a natureza jurídica dos institutos não se determina pela sua denominação, mas pelo seu fulcro legal; considerando a jurisprudência consolidada do STJ sobre essa matéria; considerando que o fundamento do pagamento pelo locatário do valor relativo ao IPTU é a previsão expressa em cláusula contratual de locação; considerando que valores pagos pelo locatário em decorrência de contrato de locação têm natureza jurídica de despesa de aluguel; concluise que os valores recolhidos pelo locatário a título de "IPTU das lojas alugadas” não têm natureza jurídica de tributo, mas compõem, neste caso, as despesas de “aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos,pagos a pessoa jurídica”,“aluguéis de prédios, Fl. 2227DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.228 28 máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica”, podendo, nessa rubrica, ser utilizado o respectivo crédito. Assim, nessa questão, dáse provimento ao recurso voluntário, cancelandose a glosa dos créditos relativos ao “IPTU das lojas alugadas.” Portanto, devem ser revertidas as glosas referentes a dispêndios com IPTU. Dispêndios com ICMSST A glosa referese aos créditos do PIS e da COFINS sobre o ICMS substituição tributária (ICMSST) pago na aquisição de mercadorias. Para a Recorrente, não sendo o ICMSST tributo recuperável, compõe o custo de aquisição em consonância com o art. 289, § 3º, do RIR/99, de forma que deve ser incluído na base de cálculo do crédito do PIS e da COFINS a ser descontado. A glosa deve ser mantida, pois o ICMSST não integra a base de cálculo das operações praticadas pelo vendedor, não sofrendo incidência das contribuições sobre tais valores, logo não há como se admitir crédito para o adquirente. Nesse sentido, esta Turma já se manifestou no acórdão n° 3301002.978, cujos fundamentos do voto da Relatora, Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, são aqui adotados: Entendo que não assiste razão ao contribuinte. Isso porque, independentemente de o ICMSST ter composto ou não a base de cálculo das contribuições por parte do fornecedor, tal montante não poderia gerar direito a crédito para o adquirente por não constituir custo de aquisição, mas sim uma antecipação do imposto devido pelo substituído na saída. Em outras palavras, se o imposto não tivesse sido recolhido antecipadamente, decerto que não daria direito a crédito, visto que incidiria apenas na saída do produto, pelo que não se justifica a concessão do crédito em tais situações. O crédito deve decorrer do custo atinente à aquisição do produto, não podendo ser adicionado a tal valor o custo relativo à operação subsequente de venda, em relação à qual o ICMSST está relacionado. Este Conselho, inclusive, já se manifestou nesse sentido em ocasiões anteriores, consoante se extrai de passagem da decisão proferida nos autos do Proc. n. 10435.720387/201391 (Acórdão n. 340102.855 de 27.01.2015), a seguir transcrita: ICMSSUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O ICMSsubstituição tributária não integra o valor das aquisições de mercadorias para revenda, para fins de cálculo do crédito a ser descontado do PIS/PASEP e da Cofins, por não constituir custo de aquisição, mas uma antecipação do imposto devido pelo contribuinte substituído, na saída das mercadorias. Fl. 2228DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.229 29 Nessa linha, entendo que o art. 289 do RIR/99, que dispõe sobre a composição do custo da mercadoria, apontado pelo contribuinte em seu recurso, não se aplica ao caso vertente. Isso porque, o referido dispositivo legal dispõe que "não se incluem no custo os impostos recuperáveis através de créditos na escrita fiscal". Acredito, contudo, que o referido dispositivo legal esteja tratando dos impostos incidentes na operação anterior, e não aos impostos que deveriam incidir na operação subsequente, mas recolhidos antecipadamente em razão da substituição tributária. A discussão sobre o ICMSST ser recuperável ou não apresentase, pois, desnecessária à solução da presente demanda. Dispêndios com fretes entre CD e outros estabelecimentos Entende a Recorrente que as despesas de “fretes para filiais” são passíveis de crédito, com base no art. 3º, IX, da Lei n° 10.833/03, uma vez que: “Para atingir o seu objetivo principal que é vender, a Recorrente precisa estar próximo aos seus clientes (isso se dá através de suas lojas), portanto, as mercadorias necessitam chegar nas lojas para que se consiga vender. Assim, o frete de transferência é, portanto, de fundamental importância e apresentase como um longa manus para se atingir a venda ao cliente”. A glosa deve ser revertida, porque os fretes entre os centros de distribuição e outros estabelecimentos da Recorrente é essencial às atividades de venda de produtos (art. 3°, I c/c IX da Lei n° 10.833/2003). Nesse sentido, novamente, socorrome do precedente desta Turma, o voto da Conselheira Liziane Angelotti Meira, no acórdão já mencionado, n° 3301 003.874: O Conselho Administrativo Fiscal tem consolidada a posição de que insumo corresponde a elemento diretamente responsável pela produção de bens ou produtos destinados à venda, nos seguintes termos: PIS/COFINS NÃOCUMULATIVO. HIPÓTESES DE CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMO. APLICAÇÃO E PERTINÊNCIA COM AS CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE PRODUTIVA. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. (Acórdão nº 9303004.918 3ª Turma. Sessão de 10 de abril de 2017). Nessa esteira de entendimento, os fretes entre CD e lojas, ainda que de produtos acabados (caso típico de rede de supermercados), constitui elemento essencial às atividades da empresa, a saber, venda desses produtos, enquadrandose, assim, para fins de Fl. 2229DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.230 30 crédito no disposto no inciso IX, c/c inciso I, da Lei 10.833, para fins de enquadramento do crédito. Dispêndios com armazenagem de produtos importados e com despesas aduaneiras Para a Recorrente, as despesas de armazenagem de produtos importados não se distinguem da armazenagem de produtos nacionais. Já as despesas aduaneiras correspondem aos créditos relativos às despesas que integraram o valor do custo de mercadorias importadas, tais como os valores desembolsados com despachante, o manuseio de contêiner, a movimentação com empilhadeiras, a armazenagem, a amarração e a desamarração de navio, entre outras despesas essenciais para nacionalização da mercadoria estrangeira. Defende o creditamento com base no art. 3º, IX, da Lei n° 10.833/03. Entendo que lhe assiste razão. Explico. Quanto à armazenagem, tal creditamento se dá com base no inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, para a Cofins, e no inciso II do art. 15 da Lei nº 10.833, de 2003, para a Contribuição para o PIS/Pasep. Tratase de previsão genérica de crédito em relação a despesas com armazenagem, abrangendo tanto a de mercadorias nacionais quanto a de importadas, todavia a única exigência é a constante no § 3º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003: a despesa com armazenagem deve ser derivada de aquisição do serviço junto à pessoa jurídica domiciliada no País. Por sua vez, as despesas aduaneiras também podem ser objeto de creditamento, nos termos do inciso II do art. 3° das leis de regência, salvo os valores pagos a despachante, pessoa física, por expressa vedação legal. Nesse sentido, cito o acórdão n° 3201003.170, Rel. Marcelo Giovani Vieira, julg. 27/09/2017: NÃOCUMULATIVIDADE. DISPÊNDIOS COM OPERAÇÕES FÍSICAS EM IMPORTAÇÃO. Os dispêndios com desestiva, descarregamento, movimentação e armazenagem de insumos, na importação, compõem o conceito de custo dos insumos, e como tais, geram direito ao crédito de Pis e Cofins no regime nãocumulativo. Portanto, devem ser revertidas as glosas de despesas com armazenagem de produtos importados e despesas aduaneiras (salvo valores pagos a despachantes pessoas físicas), desde que derivadas de aquisição do serviço junto à pessoa jurídica domiciliada no País, o que deve ser apurado em sede de liquidação deste acórdão. Desconto de créditos sobre serviços utilizados como insumos, informados na linha 03 das fichas 06A e 16A do DACON de março de 2011, não especificados na escrituração contábil nem identificados pelo contribuinte Fl. 2230DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.231 31 As glosas se deram pelo fato de os insumos não terem sido especificados na escrituração contábil, nem identificados pelo contribuinte, apesar de intimado e reintimado a respeito. Em seu recurso, a empresa alega que os valores glosados pela fiscalização, que foram informados na linha 03 das fichas 06A e 16A do DACON de março de 2011 se referem basicamente a despesas aduaneiras e tarifas de cartões de crédito “charge cards”. Na apuração de PIS/Cofins nãocumulativo, a prova da existência do direito de crédito indicado em DACON incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização efetuar as glosas e lançar de ofício com os dados que se encontram ao seu alcance. Regra geral considerase que o ônus de provar recai sobre quem alega o fato ou o direito: CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor É do próprio contribuinte o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Diante disso, as glosas devem ser mantidas, por falta de comprovação. Ilegitimidade da multa de ofício Alega a Recorrente: In casu, o Fisco simplesmente impõe à Recorrente a multa de 75%, sem verificar que no caso concreto há razoáveis argumentos para não ter recolhido o tributo exigido pelo Fisco. Há, pois, dúvida razoável, de forma que a situação não pode ser comparada àquela em que se deixa de recolher tributo por deixar, sem qualquer motivo para tanto. Por isso é que é necessária a individualização da pena, em obediência, repisese, aos princípios da proporcionalidade e da isonomia. E não existindo na Lei 9.430/96 elementos para tanto, essa individualização deve ser feita de acordo com a equidade, tal como dispõe o art. 108, IV, c/c art. 112, ambos do CTN. E, no caso, a equidade impõe que, havendo dúvida razoável, seja excluída a responsabilidade (numa espécie de anistia).] (...) Fl. 2231DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.232 32 Sobre as características de contribuinte idôneo que é a Recorrente, não há dúvida. Atua no mercado entre os maiores contribuintes e nenhuma mácula foi levantada na sua imagem. Não há qualquer taxação de ser sonegador, muito menos contumaz. Por isso é que, ainda que mantido o lançamento fiscal, pedese a dosimetria ou mesmo o afastamento da multa imposta, o que faz pelas razões supra. Não há razão no pleito. A aplicação da multa é devida em virtude de expressa previsão legal na legislação, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. O art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 prevê a aplicação de multa no percentual de 75% do imposto devido e não recolhido. É exatamente o caso em comento. Logo, ao constituir o crédito tributário pelo lançamento, a autoridade fiscal deve fazêlo com todos os acréscimos decorrentes do inadimplemento da obrigação no prazo legal, nos termos do art. 142 do CTN. Assim, constatada a ausência de recolhimentos, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento. Por fim, a análise da caracterização da multa com efeito confiscatório ou desproporcional implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 1. Não incidência de juros de mora sobre a multa aplicada Para a Recorrente, “a regra veiculada pelo art. 61 da Lei n° 9.430/96 referese à incidência de acréscimos moratórios sobre ‘débitos decorrentes de tributos e contribuições’, sendo certo que a penalidade pecuniária não decorre de tributo ou contribuição, mas do descumprimento do dever legal de declarálo e/ou pagálo, de onde se extrai a conclusão de ser inaplicável os juros de mora a taxa Selic sobre a multa de oficio”. Prescreve o art. 113 do CTN, que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato jurídico tributário e tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. A Lei nº 9.430/1996 dispõe que os débitos com a União, decorrentes de tributos e contribuições, com fato gerador ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos no vencimento, serão acrescidos de juros de mora à taxa Selic (art. 61): Multas e Juros Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, Fl. 2232DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.233 33 serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou sobre a incidência dos juros sobre a totalidade do crédito tributário, nos seguintes termos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012 DJe 10/12/2012. Por isso, correta a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício. Conclusão Do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para: a) negar provimento ao pedido de desconto de créditos sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero das contribuições ou monofásicos; b) manter as glosas dos dispêndios com: manutenção de equipamentos e instalações; depreciação de ativos; ICMSST; serviços utilizados como insumos, por ausência de comprovação e tarifas de cartão de crédito; c) reverter as glosas referentes a: aquisição de gás liquefeito de petróleo; óleo diesel; Equipamento de Proteção Individual (EPI) e uniformes; despesas com armazenagens efetuadas com a empresa REFRIO Armazéns Gerais Frigoríficos S/A; armazenagem de produtos importados e despesas aduaneiras (salvo os valores referentes a despachante, pessoa física, por expressa vedação legal); dispêndios com IPTU e dispêndios com fretes entre centros de distribuição e outros estabelecimentos; d) negar provimento ao pedido de ilegitimidade da Fl. 2233DF CARF MF Processo nº 19311.720294/201507 Acórdão n.º 3301004.483 S3C3T1 Fl. 2.234 34 multa de ofício e e) negar provimento ao pedido de exclusão de juros de mora sobre a multa aplicada. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 2234DF CARF MF
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