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Numero do processo: 10437.720018/2014-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
NULIDADES. INOCORRÊNCIA.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento.
Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos.
Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito.
IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES.
Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização.
DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE.
Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontram-se nos autos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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INOCORRÊNCIA. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 7. 72 00 18 /2 01 4- 69 Fl. 2221DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.222 2 seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização. DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE. Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontramse nos autos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração (fl. 2.098) relativo ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, do exercício de 2010, ano calendário de 2009, no valor de R$ 8.335.104,93, acrescido de multa de ofício proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora calculados pela taxa Selic, onde são apontadas duas infrações à legislação tributária: I Omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido da empresa distribuidora e II Acréscimo Patrimonial a Descoberto. Narra a Autoridade Fiscal responsável, no seu Termo de Verificação Fiscal (fl. 2.087), que: Fl. 2222DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.223 3 1 O contribuinte fora intimado a comprovar todos os valores recebidos a título de rendimentos tributáveis, isentos e de tributação exclusiva na fonte, apresentar movimentação patrimonial, extratos bancários, comprovantes de despesas e outros gastos. A solicitação foi atendida parcialmente, o que levou à emissão de outros termos de intimação. Além das informações prestadas por ele, foram observadas outras fontes como DIRPF dele e do cônjuge; DIPJ, livros contábeis e demonstrações da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., e documentos apresentados pelo cônjuge. 2 Analisando a DIPJ da empresa supracitada, constatouse a opção pelo regime de tributação do Lucro Presumido. Consta a informação de que o lucro distribuído a Walter Zagari foi de R$ 13.179.807,45, o que diverge do valor aposto em sua DIRPF. De acordo com a legislação, a empresa poderia distribuir lucro até o limite do lucro presumido apurado, diminuído de todos os impostos e contribuições. Acima desse valor, para distribuição de lucros sem incidência do imposto de renda, poderseia fazer até o limite do lucro contábil efetivo, "desde que seja demonstrado via escrituração contábil de acordo com as leis comerciais, que este lucro é maior que o lucro presumido." Analisando a documentação, concluiu que a empresa envolvida não cumpriu as formalidades legais para sua escrituração contábil, o que levou a fiscalização a desconsiderála e considerar como isentos na DIRPF somente o valor correspondente ao lucro presumido, declarado na respectiva DIPJ, diminuído dos impostos e contribuições, reclassificando a parcela excedente. 3 Constatouse ainda a existência de acréscimo patrimonial a descoberto, a partir da elaboração de um fluxo de análise patrimonial e financeira, computado em conjunto com a cônjuge, que apresentou, naquele ano, declaração em separado (ambos utilizaram em suas declarações o modelo simplificado). Foi verificado excesso de aplicações sobre as origens de recursos, não respaldado por rendimentos declarados, nos meses de janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. A tributação foi feita em separado, na proporção de 50% para cada cônjuge. 4 Foram considerados como "recursos" na análise da evolução patrimonial e financeira os rendimentos omitidos apurados pela fiscalização referentes à parcela de lucros distribuídos excedente ao limite do lucro presumido, acima tratada. O contribuinte apresentou impugnação, conforme folha 2.112, alegando em resumo que não concordava com a exigência fiscal pois a empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., embora tenha optado pelo regime do lucro presumido, possui contabilidade idônea e suficiente para comprovar que foi auferido, no ano de 2009, lucro superior ao presumido, viabilizando as distribuições ao impugnante. Fala em razoabilidade, proporcionalidade e verdade material. Além disso, quanto ao outro ponto da autuação, a apuração da variação patrimonial não poderia ser mensal, mas sim anual. Havia outras fontes que não foram consideradas pela fiscalização em sua apuração. Houve também a consideração indevida de saldos no exterior, que, caso excluídos, revertem os valores da planilha. Essa manifestação de inconformidade foi analisada pela DRJ em São Paulo/SP, que, em suma, assim dispôs: a) preliminarmente: não se verifica qualquer nulidade na autuação, uma vez que obedecidos os ditames do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não havendo enquadramento em nenhuma das hipóteses do artigo 59, do mesmo diploma legal; os valores de aplicações e contas mantidas no exterior estão devidamente suportados por documentos que constam destes autos, conforme indicado; as leis nº 7.713, de 1988, e nº 8.134, de 1990, determinam a apuração do imposto mensalmente, à medida em que os rendimentos forem Fl. 2223DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.224 4 auferidos. Portanto, a análise da evolução patrimonial está correta, na forma como efetuada, mês a mês; b) para que a distribuição de valor excedente ao lucro presumido seja isenta do imposto, necessário se faz que a empresa demonstre, por meio de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo de sua opção; caso contrário, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, devendo submeterse ao ajuste anual do imposto devido pela pessoa física beneficiária. A apuração do lucro efetivo, conforme previsto pela norma, deve seguir as mesmas regras estabelecidas para a apuração do lucro real. Assim, há necessidade de que essa demonstração seja feita com observância às formalidades exigidas em relação aos livros obrigatórios. Não cumpridas todas as formalidades exigidas pela legislação, a escrituração contida nesse livro não possui o condão de fazer prova da apuração do lucro efetivo da pessoa jurídica. c) na apuração da variação patrimonial, cabe ao contribuinte, se pretende refutar a presença da omissão de rendimentos estabelecida contra ele, provar por meio de documentação hábil e idônea a existência dos recursos, ao passo que ao Fisco compete provar a aplicação destes. o impugnante alega que foi distribuída a quantia de R$ 600.000,00 no dia 20/01/2009. Entretanto, o contribuinte não aponta a transferência desses recursos para suas contas correntes, limitandose a argumentar que estaria comprovada nos autos. Os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 6712326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá, em março e abril de 2009. Quanto ao acréscimo patrimonial apurado nos meses de agosto e setembro de 2009, argumenta o contribuinte que no mês de agosto de 2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do contribuinte, referente a empréstimo bancário tomado da empresa da qual é sócia majoritária. não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). d) é prescindível e meramente protelatória a realização da diligência solicitada, pelo que indeferese o seu pedido. Decidiuse, assim, pela improcedência da impugnação. Cientificado dessa decisão em 12/09/2014 (sexta feira), conforme Aviso de Recebimento na fl. 2.178, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 13/10/2014, com protocolo na folha 2.189. Em sede de recurso, em síntese, alega que: 1 Em 2009 recebeu da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda. o valor de R$ 31.843.324,44 a título de lucros e dividendos, rendimentos isentos e não tributáveis. Comprovou o valor através de cópias do Livro Razão Analítico bem como de recibos de retirada. Entretanto, a fiscalização constatou que não obstante toda a escrituração estivesse correta, o Livro Diário fora registrado a destempo. Ignorando os demais documentos, desconsiderou a existência de lucro maior que o apurado pelo regime de tributação presumido, declarado em DIPJ. Insiste que a contabilidade é hábil e idônea a demonstrar a existência desse lucro que poderia ser distribuído. Repete a impugnação. Fala de ofensa à verdade material e de proporcionalidade, razoabilidade e motivação. Pede, se for o caso, a conversão do julgamento Fl. 2224DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.225 5 em diligência para que seja apurado efetivamente o lucro auferido pela empresa em questão, no ano de 2009. 2 Insiste que a apuração do acréscimo patrimonial deve darse de forma anual e não mensal. Mesmo assim, não existe tal infração, uma vez que em janeiro os dispêndios são cobertos por R$ 600.000,00 que foram recebidos em conta de titularidade do casal. A aplicação de recursos no exterior em março e abril é "impossível de compreender" e não estão identificadas nos extratos bancários. Ainda, em agosto deixouse de considerar uma entrada financeira decorrente de empréstimo de sua esposa junto à empresa da qual é sócia majoritária. Considerandose isso, haveria uma "sobra de caixa" e não acréscimo a descoberto. PEDE que seja reformada a decisão recorrida, extinguindose o crédito tributário em questão. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR Em termos preliminares, as alegações de nulidade da autuação e do procedimento fiscal não procedem. O recurso repete a impugnação em seus fundamentos, em grande parte não levando em conta as considerações feitas pela Autoridade Julgadora de 1ª instância. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda deve ser feita a partir de fluxo mensal de receitas e despesas e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Vejamos: Lei 7.713, de 1988 Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Lei nº 8.134, de 1990 Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11. Não há porque pretender que a apuração seja em base anual, citando posições externadas em votos vencidos no antigo Conselho de Contribuintes. Vejamos, em contrário: Acórdão 9202003.687 – CSRF 2ª Turma Sessão de 27 de janeiro de 2016 Fl. 2225DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.226 6 Exercício: 2003 IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO. A variação patrimonial do contribuinte pode ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributamse na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais a descoberto apontados na apuração mensal, conforme interpretação sistemática dos enunciados das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90. Tal sistemática não é incompatível com o exercício da atividade rural pelo contribuinte. Recurso especial provido.(destaquei) Acórdão 2202003.147 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara Sessão de 15/02/2016 (...) PLANILHAS DE FLUXO FINANCEIRO. ELABORAÇÃO. APURAÇÃO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. COMPROVAÇÃO DOS RECURSOS. Para apuração de variação patrimonial a descoberto devem ser elaboradas planilhas de fluxo financeiro mensal, considerandose as origens e aplicações de recursos existentes em cada mês, computandose os saldos positivos de um no mês seguinte. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um anocalendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens e/ou comprovados pelo contribuinte. A transferência de recursos de um ano para outro é admitida quando há prova inconteste da efetiva disponibilidade da quantia requerida, mediante extratos bancários, por exemplo.(destaquei) No que diz respeito a terem sido consideradas aplicações e resgates em contas mantidas no exterior, sem documentação comprobatória ou indicação específica, o que inviabilizaria a defesa do contribuinte, já indicara a DRJ em sua decisão, sem que o recorrente tenha contradito esse ponto, apenas repetindo os mesmos termos da impugnação, que (fl. 2165): Para as contas bancárias mantidas no exterior, foram computados mensalmente como “recursos” na análise da Evolução Patrimonial e Financeira os valores efetivamente resgatados. E foram computados mensalmente como dispêndios, os valores aplicados. E ao contrário do alegado pelo interessado, há sim documentação comprobatória dessas aplicações. As fls. 2.048 a 2.050, encontramse, discriminado em planilhas, os valores aplicados e os valores resgatados em contas no exterior, com identificação do Banco e n.º das contas. Ademais, as fls. 792/804 consta a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior, apresentada pelo cônjuge do contribuinte e documentos bancários de movimentação de contas Fl. 2226DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.227 7 no exterior. Também as fls. 828/917 e 1.123/1.174 encontramse extratos bancários de contas mantidas no exterior. Na declaração de bens e direitos da DIRPF/2010, do Sr, Walter Zagari estão registradas as contas mantidas no exterior (fls. 1.179 a 1.188). E, especificamente na parte em que trata do acréscimo patrimonial a descoberto, novamente foi indicado no Voto condutor que (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que a planilha de fl. 2.049 discrimina mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantida no Banco RBC Dominion Securities Inc.(destaquei) No mais, observo que não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. MÉRITO I No que diz respeito à infração capitulada como omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido, temos que a Lei nº 9.249, de 1995 trouxe a seguinte disposição: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.(grifei) Tratase de uma isenção legalmente prevista, para os rendimentos que se enquadrem no dispositivo. Façamos ainda breve digressão sobre o instituto da isenção tributária: CTN Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e Fl. 2227DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.228 8 requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração Conforme art. 175, caput, a isenção exclui o crédito tributário, ou seja, surge a obrigação, mas o respectivo crédito não será exigível; logo, o cumprimento da obrigação resta dispensado. Citese: Para Rubens Gomes de Souza, favor legal consubstanciado na dispensa do pagamento de tributo. Para Alfredo Augusto Becker e José Souto Maior Borges, hipótese de não incidência da norma tributária. Para Paulo de Barros Carvalho, o preceito de isenção subtrai parcela do campo de abrangência do critério antecedente ou do conseqüente da norma tributária, paralisando a atuação da regra matriz de incidência para certos e determinados casos.(PAULSEN. Leandro, Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 10 ed – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora; ESMAFE, 2008, p.1179) O dispositivo legal não estabelece limites à distribuição do lucro, podendo ser todo ele distribuído, mesmo, no caso, a parcela que exceda ao apurado pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Mas, como um "favor legal", existem condições para a isenção. No caso, é preciso que se conheça o lucro da pessoa jurídica, para se saber quanto poderia ser distribuído à pessoa física, na condição de isento. Se a empresa apura o lucro de forma "presumida", a existência da parcela excedente deve ser efetivamente demonstrada. Regulamentando tal interpretação, temos a Instrução Normativa SRF nº 93/1997, citada pela DRJ, que foi substituída pela Instrução Normativa nº 1.515, de 2014, mas onde permanecem as exigências para que se considere isenta a parcela dos lucros distribuídos que exceder ao lucro presumido. Vejamos: IN/SRF 1.515/2014 Art. 141. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 16 de setembro de 2013. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Fl. 2228DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.229 9 IN SRF 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999: Art. 258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º). § 1º Admitese a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 3º). (...) § 4º Os livros ou fichas do Diário, bem como os livros auxiliares referidos no § 1º, deverão conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei nº 3.470, de 1958, art. 71, e Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 2º). Na exposição de motivos do Projeto de Lei nº 913, de 1995 (convertido na Lei nº 9.249/95, disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei924926 dezembro1995349062exposicaodemotivos149781pl.html), o então Ministro Pedro Malan afirma, dirigindose ao Presidente da República: Fl. 2229DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.230 10 “2. A reforma objetiva simplificar a apuração do imposto, reduzindo as vias de planejamento fiscal, uniformizar o tratamento tributário dos diversos tipos de renda, integrando a tributação das pessoas físicas e jurídicas, ampliar o campo de incidência do tributo, com vistas a alcançar os rendimentos auferidos no exterior por contribuintes estabelecidos no País e, finalmente, articular a tributação das empresas com o Plano de Estabilização Econômica. [....] 12. Com relação à tributação dos lucros e dividendos, estabelecese a completa integração entre a pessoa física e a pessoa jurídica, tributandose esses rendimentos exclusivamente na empresa e isentandoos quando do recebimento pelos beneficiários. Além de simplificar os controles e inibir a evasão, esse procedimento estimula, em razão da equiparação de tratamento e das alíquotas aplicáveis, o investimento nas atividades produtivas.”(grifei) A isenção em comento, portanto, não é sem causa ou desmedida. Visa, concentrando a tributação na pessoa jurídica, "simplificar controles e inibir evasão". Por óbvio que devam, portanto, existir controles e por isso se impõe a observância estrita da apuração do lucro da pessoa jurídica que distribui os dividendos na forma da legislação contábil e comercial, para cujos efeitos na seara tributária, como estatui o Regulamento do Imposto de Renda acima transcrito, é imprescindível a existência do Livro Diário, escriturado e registrado em época devida. Buscouse, com o estabelecimento dessa sistemática que enfim redundou em não tributação dos dividendos distribuídos na apuração das pessoas físicas, não uma redução de carga tributária, mas, repito, concentrar controles e inibir evasão. O que a lei define é o momento da tributação da renda, ou seja, o imposto já é pago, pela empresa, quando da apuração do lucro, e não quando da sua distribuição ao sócio. Tratase, simplesmente, da escolha do momento em que se dará a tributação da renda. No sentido da consecução das finalidades legais, citese: “O postulado da proporcionalidade exige que o Poder Legislativo e o Poder Executivo escolham, para a realização de seus fins, meios adequados, necessários e proporcionais. Um meio é adequado se promove o fim. Um meio é necessário se, dentre todos aqueles meios igualmente adequados para promover o fim, for o menos restritivo relativamente aos direitos fundamentais. E um meio é proporcional, em sentido estrito, se as vantagens que promove superam as desvantagens que provoca”. (ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição á aplicação dos princípios jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 102) Razoável e proporcional que seja demonstrado o efetivo lucro, no caso, e que essa demonstração deva se revestir de formalidades a fim de possibilitar controles e inibir evasão. Fl. 2230DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.231 11 Neste caso, observase que o imprescindível Livro Diário, e isso está inquestionável, não fora registrado em momento devido, ou seja, não se pode precisar nem mesmo quando foi escriturado. Disse a fiscalização (fl. 2090): Analisando a documentação verificamos que o Livro Diário do ano calendário de 2009 somente foi registrado no órgão de registro competente (JUCESP) em 14/11/2012. (...) Ressaltese que o presente procedimento fiscal iniciouse em 23/04/2012 e a ciência da intimação pela empresa em questão para apresentação dos livros contábeis ocorreu em 11/10/2012. Observouse ainda que a DIPJ entregue pela pessoa jurídica que distribuiu os lucros apresentou um total de receita bruta declarada de R$ 16.533.913,42, no ano de 2009 (Termo de Verificação fiscal, fl. 2090). Ora, uma empresa que teve receita bruta total de R$ 16,5 milhões não pode, em hipótese alguma, ter um lucro de R$ 31 milhões para distribuir, independentemente de apurar, para fins fiscais, esse lucro de forma real, presumida ou arbitrada. Então não se tratou apenas de um esquecimento de registrar o Livro Diário, uma vez que a declaração entre à Receita Federal também não espelhava a existência de tal montante de lucros para distribuir. De onde foram tirados os dados para se preencher a declaração entregue à Receita Federal? A escrituração estava correta e regular lá em 2009/2010, prescindindo apenas de "um mero" registro que só foi feito em 2012, após o início da fiscalização na pessoa física, detentora de 95% das quotas da sociedade? Concluise que não foi "só isso". Aqui, portanto, não se trata de mera formalidade, mas de condição razoável e proporcional que possibilite que a tributação vislumbrada pela lei se dê na forma escorreita, atingindose os objetivos do dispositivo legal, que tem por escopo não reduzir carga tributária, mas deslocar o momento da tributação, para o que são necessários controles estritos, na forma da lei aplicável. Nesse sentido, vem decidindo este CARF: Acórdão 2802003.256 – 2ª Turma Especial Sessão de 02 de dezembro de 2014 Exercício: 2006 Ementa IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. São tributáveis os rendimentos recebidos a titulo de lucros ou dividendos, na parte em que superam o lucro tributado e ajustado pelos impostos e contribuições correspondentes, se não é apresentada escrituração que corrobore a existência de resultado contábil a amparar a distribuição ocorrida. Fl. 2231DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.232 12 No caso, o recorrente limitouse a apresentar balanços e balancetes sem comprovar a transcrição em Livro Diário, os quais também não foram apresentados. Voto (...) A tese do recorrente depende da comprovação, com suporte na escrituração contábil feita com base na lei comercial, de que a empresa Advocacia ... S/C apurou lucros acima do valor do lucro presumido deduzido dos pagamentos de IRPJ e CSLL, como previsto no art. 48 da IN SRF nº 93/1997. Como o recurso voluntário é desacompanhado de documentos, a análise baseiase nos mesmos documentos apreciados pela instância a quo (fls. 247/261). Esta comprovação se faz por meio do Livro Diário, todavia, o contribuinte omite receitas da DIPJ e apresenta somente Balanços e Balancetes. (sublinhei) Acórdão 2101002.686 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de fevereiro de 2015 Ano calendário: 2008, 2009 Ementa DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. LUCRO PRESUMIDO. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Para a distribuição de lucros isentos além do percentual permitido pela legislação, é indispensável que o excesso de lucro esteja comprovado através de escrituração contábil em conformidade como art. 258 do Decreto 3000/1999. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. COMPROVAÇÃO. Para serem considerados como rendimentos isentos, os lucros e dividendos distribuídos devem estar registrados na escrituração contábil da empresa e o pagamento ao sócio efetivamente comprovado. Voto (...) Observo, contudo, que além da empresa ... (omiti o nome da empresa) não ter apresentado documentação contábil hábil e idônea para comprovar as atividades desenvolvidas (livros fiscais, etc.), observei que os livros fiscais (diário, razão) das empresas que distribuíram lucros à recorrente, acostados aos autos, também não possuem autenticação da Junta Comercial, conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999. (...) Fl. 2232DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.233 13 Apesar da possibilidade de existência de receita que comporte a distribuição dos lucros à contribuinte, este não pode ser considerado como rendimento isento e não tributável se não cumpridas as exigências formais legais, e se não demonstrado que tal lucro existiu conforme a escrituração da época dos fatos. Os rendimentos só são considerados isentos se cumpridas as exigências legais, o que não ocorreu. (destaquei/sublinhei) (...) Desta forma, considerando que não foram cumpridas as obrigações acessórias relativas à escrituração fiscal, e também quanto à legitimidade da comprovação do lucro a ser distribuído, e em observância ao disposto no art. 111 da Lei 5172/66, entendo que tais lucros não podem ser distribuídos isentos de tributação de imposto de renda. No que diz respeito a recibos assinados pelo contribuinte dizendo do recebimento dos lucros, como meio de prova, transcrevo e ratifico o entendimento exarado pela DRJ (fl. 2.169): Os demais documentos apresentados pelo contribuinte não se prestam para comprovar o lucro contábil auferido, sendo que os recibos de recebimento de dividendos, assinados apenas pelo contribuinte, que detém 95% de participação na pessoa jurídica, não podem ser aceitos como prova de lucro contábil, mas apenas dos valores recebidos. Reputase, então, como regular, apenas a distribuição de lucros na forma do inciso I, § 2º, do dispositivo abaixo transcrito, que regulamenta o artigo 10 da Lei nº 9.249, de 1995, conforme calculado pela Auditora Fiscal, na folha 2.090: IN SRF nº 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica;(destaquei) II No que tange à outra infração apontada, o acréscimo patrimonial a descoberto, foi realizada análise conjunta do fluxo de origens e dispêndios, no ano de 2009, do contribuinte e sua esposa, registrando que ambos entregaram DIRPF pelo modelo simplificado Fl. 2233DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.234 14 e em separado. As planilhas com a apuração estão nas folhas 2.037 a 2.040 e encontraram um valor de dispêndio/aplicação superior ao valor das origens/recursos em janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. O lançamento foi realizado na razão de 50% para cada cônjuge. O recurso aponta que no mês de janeiro além dos R$ 202.423,11 considerados como distribuição de lucros da empresa WZ Publicidade, haveria outros R$ 600.000,00 distribuídos no dia 20/01/2009, depositados na conta de titularidade do recorrente e sua esposa, no Citibank. Bem, a questão da distribuição de lucros já foi tratada no item anterior, juntamente com a imprestabilidade do Livro Diário que não foi registrado em seu devido tempo, o que, justamente, motivou a outra infração. Quanto à verificação da entrada do numerário na conta mantida junto ao Citibank, observo que na planilha de folha 2.045, intitulada "saldos iniciais e finais de conta corrente/poupança/investimento no Brasil" consta que no mês de janeiro de 2009 o saldo inicial no Citibank era de R$ 19.218,86 (fl. 84) e o saldo final de R$ 19.909,00 (fl. 88). Esses saldos, juntamente com os saldos das outras contas, foram totalizados e transportados para a planilha de apuração "demonstrativo mensal da evolução patrimonial e financeira" (fl. 2037 linha 5). É fato que no extrato de folha 86 consta uma entrada na conta do Citibank no valor R$ 600.000,00 no dia 20 de janeiro de 2009 com a rubrica “transf. Sem CPMF”. O contribuinte afirma que: Com relação ao suposto APD apurado em janeiro/2009, foi ocasionada por mero erro cometido pelo contador da empresa, que informou como distribuídos ao Recorrente apenas R$ 202.423,11, ignorando a quantia de R$ 600.000,00, recebida no dia 20/01/2009, como se verifica da cópia da fl. 02 do Livro Diário da empresa em conjunto com o extrato bancário da conta de titularidade do Recorrente e sua esposa no Citibank. De se ressaltar que a empresa possuía Lucros Acumulados de dezembro de 2008, conforme transferência constante da linha 02 da p. 02 de seu Livro Diário, no valor de R$ 13.873.102,64, tendo apurado em janeiro, ainda, lucro líquido de R$ 1.342.376,21, o que demonstra a total viabilidade da distribuição dos R$ 600.000,00.(destaques originais) Observandose a citada folha do Livro Diário, que o contribuinte traz como prova de suas alegações, que se encontra na folha 1.216, verificase que existe o registro de "transferência" R$ 600.000,00. É de se perquirir: "transferência" a que título? Pagamento de pro labore? Retirada feita pelo sócio? Como se pode concluir que seria uma distribuição de lucros e, mais especificamente, uma distribuição de lucros isenta, na forma da legislação aplicável? Porque para se considerar esse depósito de R$ 600.000,00 como origem de recursos, para fins de apuração de variação patrimonial, a fim de justificar uma aplicação, é Fl. 2234DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.235 15 preciso que seja comprovado que eles ou já foram tributados ou são rendimentos isentos ou não tributáveis. Não foram tributados porque não informados na declaração de rendimentos e não são isentos, justamente pelo todo que se expôs no tópico anterior em relação a lucros isentos, sendo que todo o montante que se poderia considerar como distribuição regular de lucros isentos já o foi assim considerado nas planilhas de apuração. Quanto a serem lucros de período anterior, passados para 2009, deveria ser apresentada documentação onde constasse "distribuição de lucros". E, mais, se demonstrasse com documentos do período correspondente, no caso 2008, que já haviam sido tributados na pessoa jurídica e poderiam ser regularmente distribuídos à pessoa física, sem tributação. Mas só a cópia do Livro Diário de janeiro de 2009 não permite chegar a essa conclusão. Observo que na folha 1275, onde consta cópia do Livro Razão Analítico, o registro a crédito na conta Banco Citibank dos R$ 600.000,00 foi feito apenas como "transferência", diferente, por exemplo, de um registro na mesma conta, no dia 09/02, onde se escriturou "retirada sobre lucro Aline", no valor de R$ 5.000,00. Ou como consta na fl. 1956, em relação à empresa Atrevida Produções Artísticas, "retirada sobre lucro Angelina". Em relação ao mês de abril, ainda, o recurso apenas repete o que dissera na impugnação, que "impossível compreender as apurações referentes a supostos depósitos e aplicações tidos por ocorridos em contas bancárias no exterior, já que apresentadas pela fiscalização de forma global, não individualizada..." (fl. 2136 e 2212). Referese a aplicações no banco RBC Dominion Securities Inc, em Toronto, Canadá. Pede que sejam desconsideradas essas aplicações na planilha de apuração, falando em cerceamento de defesa. A razão do pedido seria, então, a falta de individualização das aplicações e a demonstração de seus valores. Mas, simplesmente ignorou o que foi colocado pela DRJ. Vejamos (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Além disso, na planilha de folha 2049 estão especificadas as contas, os valores em dólar, a cotação da moeda estrangeira e o valor em reais, mês a mês. No TVF explicou a Auditora Fiscal que para contas mantidas no exterior, foram computados mensalmente como recursos os valores efetivamente resgatados e, em contrapartida, foram computados mensalmente como dispêndios os valores aplicados. Notese Fl. 2235DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.236 16 que na planilha de apuração da evolução patrimonial, de fato, na linha 7, constam como origens de recursos "resgates em contas mantidas no exterior" , mas o contribuinte não se manifesta quanto a essas origens, questiona apenas as aplicações, que foram retiradas dos mesmos documentos, conforme acima indicado desde o Acórdão de impugnação, o que não foi rebatido em sede recursal. Por exemplo, na planilha de folha 2049 consta que no mês de abril foram depositados na conta nº 6712326427, US$ 288.562,04, que convertidos pelo câmbio de 2,1775, representaram R$ 628.343,84. O extrato da conta está na folha 1148, onde consta "capital review", depósitos ("deposits") entre 1º de abril e 30 de junho US$ 288.562,04. Portanto, querendo, é possível identificar todos os valores e documentos, dentro do processo. Assim sendo, não há porque excluir tais valores da apuração, conforme pleiteado e não se alteram, por isso, saldos posteriores. Dispensável, ainda, a realização de diligência para esclarecer tal ponto, como também requereu o contribuinte. No mês de agosto, diz o recorrente que haveria uma entrada de R$ 3.593.745,68, não considerada pela fiscalização, na conta do Citibank, em 21/08/2009, decorrente de empréstimo obtido pelo cônjuge junto à empresa Atrevida Produções Ltda, da qual é sócia majoritária. Disse ele: ... em agosto/2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do Recorrente – em razão de seu regime matrimonial e de as contas bancárias serem conjuntas, a apuração do APD foi feita conjuntamente –, referente a empréstimo tomado da empresa da qual é sócia majoritária (“Atrevida Produções Artísticas e Culturais Ltda.” – CNPJ n.º 57.646.119/000153). Isto se comprova através do simples confronto entre as informações constantes do Livro Diário de mencionada pessoa jurídica e extrato da conta mantida junto ao Citibank, quando se verifica que no dia 21/08/2009 houve transferência do valor de R$ 3.593.745,68 da empresa para a sócia, referente a empréstimo por ela tomado. A DRJ já afirmara que (fl. 2172): Contudo, conforme já afirmado anteriormente, foram considerados como origens de recursos todos os saldos bancários em ContasCorrentes e Poupança no início de cada mês, tanto do contribuinte quanto de sua esposa, os quais englobariam tal valor depositado em suas contascorrentes. Ademais, não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). Bem, em relação à documentação acima criticada, o que está na folha 2150 (“extrato de uma conta corrente sem identificação do titular”, no dizer da DRJ, acima) é o Fl. 2236DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.237 17 mesmo que está na folha 172, onde estão os extratos completos, que indicam ser a conta de Angelina Maria e Walter Zagari. Mas em relação à natureza dessa retirada de dinheiro da empresa Atrevida Produções ser um "empréstimo", o que faria o valor ser não tributável, não há provas. O Livro Diário (fl. 1919) foi escriturado: "valor referente a classificar". E quando foi classificado como "empréstimo"? Quando foi pago o empréstimo? Porque na folha 1931 consta o Balanço Patrimonial da empresa Atrevida, encerrado em dezembro de 2009. O Ativo total era de R$ 811.654,46. Um empréstimo feito a um dos sócios deveria ser classificado como "direito a receber". Se não consta ali esse direito de receber o empréstimo de mais de R$ 3 milhões é porque ele foi pago no mesmo ano. Quando? Em que termos foi feito esse empréstimo, quando seria pago, qual a taxa de juros, em quantas prestações? Na realidade, parece existir uma confusão entre o patrimônio dos sócios e das pessoas jurídicas, o que é inaceitável em termos contábeis. A sócia retira um valor da empresa, deposita em sua conta corrente para fazer face a suas despesas e aplicações e diz que foi um "empréstimo". É isso que a documentação apontada pelo Recorrente demonstra: que houve uma transferência de valores entre a empresa e a contribuinte. Não se comprova, entretanto, que seja de fato um empréstimo. Para que esse valor fosse considerado na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, repito, deveria ser demonstrado que se refere a rendimentos já tributados ou que sejam isentos ou não tributados. DILIGÊNCIAS O contribuinte pleiteou realização de diligências para primeiro apurar qual foi o real lucro da empresa WZ Publicidade Ltda , empresa da qual é sócio com 95% do capital. Como se procurou demonstrar, tal é desnecessário porque indiscutivelmente foi descumprido um requisito legal para reconhecimento do lucro excedente que pretende considerar como distribuição isenta para a pessoa física. Segundo, para que se individualizassem e explicassem certas aplicações de recursos no exterior, em conta no Canadá. Também como se procurou demonstrar, é possível, dentro dos autos, indicar perfeitamente como se chegou ao valor das planilhas elaboradas pela fiscalização, tendo como base extratos bancários que constam do processo. Ademais, a DRJ já havia indicado os extratos e as folhas respectivas e o contribuinte nada contradisse, especificamente em relação a esses documentos. Assim, reputo desnecessária a realização de qualquer diligência. CONCLUSÃO Em conclusão, VOTO por rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 2237DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.238 18 Fl. 2238DF CARF MF
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Numero do processo: 10865.001313/2008-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2000 a 31/01/2008
DECADÊNCIA. RECURSO DE OFÍCIO.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN.
Verificando-se os Anexos integrantes dos autos RDA Relatório de Documentos Apresentados e RADA - Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados, revelam-se recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para o período em debate, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN. Assim, exclui-se, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa deu-se em 14/junho/2008.
ISENÇÃO. ATO CANCELATÓRIO. RECURSO VOLUNTÁRIO.
As contribuições previdenciárias patronais serão devidas a partir da decisão definitiva quanto ao Ato Cancelatório de Isenção.
A questão sobre o direito deste contribuinte à isenção de contribuições previdenciárias, objeto da lide que aqui se instaurou, já foi discutida e esgotada na esfera administrativa, não mais cabendo sua análise. Acórdão CARF nº 2402-000.991, Sessão de 06/07/2010, e despacho do Presidente da CSRF, que decidiu negar seguimento ao recurso especial do contribuinte em definitivo, não cabendo mais recurso, no bojo do processo 35407.000981/2006-09.
Recurso Voluntário Negado.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 2202-004.042
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento aos recursos voluntário e de ofício.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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RECURSO DE OFÍCIO. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Verificandose os Anexos integrantes dos autos — RDA — Relatório de Documentos Apresentados e RADA Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados, revelamse recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para o período em debate, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN. Assim, excluise, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa deuse em 14/junho/2008. ISENÇÃO. ATO CANCELATÓRIO. RECURSO VOLUNTÁRIO. As contribuições previdenciárias patronais serão devidas a partir da decisão definitiva quanto ao Ato Cancelatório de Isenção. A questão sobre o direito deste contribuinte à isenção de contribuições previdenciárias, objeto da lide que aqui se instaurou, já foi discutida e esgotada na esfera administrativa, não mais cabendo sua análise. Acórdão CARF nº 2402000.991, Sessão de 06/07/2010, e despacho do Presidente da CSRF, que decidiu negar seguimento ao recurso especial do contribuinte em definitivo, não cabendo mais recurso, no bojo do processo 35407.000981/200609. Recurso Voluntário Negado. Recurso de Ofício Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 13 13 /2 00 8- 24 Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 546 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento aos recursos voluntário e de ofício. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório De acordo com o Relatório Fiscal que consta das fls. 244 e seguintes, este processo contém o Auto de Infração DEBCAD 37.164.2132 e, resumidamente, trata da Contribuição Patronal à Seguridade Social, SAT/RAT e acréscimos legais, no período de 09/2000 a 01/2008: 0 presente levantamento, consolidado no Auto de Infração 37.164.2132, referese à apuração das contribuições constantes do artigo 22, incisos I, II e III da Lei n.°8.212/91, (...) Convém ressaltar que o presente débito foi lavrado em virtude da emissão do Ato Cancelatório de Isenção n.° 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006, que previu a perda da isenção das contribuições patronais, constante do artigo 55 da Lei n.°8.212/91, a partir de 01 de setembro de 2000. (...) ... estando o recurso administrativo apresentado pendente de julgamento no Segundo Conselho de Contribuintes, a exigibilidade do presente débito encontrase suspensa até o trânsito em julgado da decisão que põe termo ao processo administrativo mencionado. O contribuinte apresentou impugnação (fl. 332), que, em suma, foi assim tratada pela DRJ em Ribeirão Preto (SP), nas folhas 377 e seguintes: ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIARIAS. ATO CANCELATÓRIO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. AUTUAÇÃO. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. PREVENÇÃO DECADÊNCIA. Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 547 3 Fica isenta das contribuições apenas a entidade beneficente de assistência social que atenda, cumulativamente, aos requisitos dispostos na lei regente, cabendo seu cancelamento se verificado o descumprimento das condições legalmente estabelecidas. Devese lavrar o competente AutodeInfração para prevenir a decadência, tendo sua exigibilidade suspensa, enquanto não definitivamente julgado o ato cancelatório. PRAZO DECADENCIAL. OCORRÊNCIA EM PARTE. Nos tributos sujeitos ao regime de lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador. Quando não há pagamento antecipado, ou na hipótese de fraude, dolo ou simulação, aplica se a regra geral disposta no art. 173, I, do CTN. (...) 1 Em sua vasta Defesa, a Empresa concentra suas alegações em contestar o Ato Cancelatório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais, repetindo, inclusive, a mesma argumentação apresentada no Recurso contra o mencionado Ato, não citando qualquer arguição quanto ao crédito lançado no AI ora em comento. Apenas pede seu cancelamento em conseqüência de seu também pedido de anulação do Ato que cancelou sua condição de isenta das contribuições aqui incluídas. Não cabe a esta Julgadora qualquer manifestação quanto às razões do cancelamento da Empresa como entidade isenta, haja vista estarem sendo discutidas em processo distinto. (destaquei) 2 o art. 45 da Lei n° 8.212/91, vigente à época da lavratura do AIOP, dispunha que o direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguiase após 10 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Porém, em 20/junho/2008, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante n° 8, que trouxe a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91. Verificandose os Anexos integrantes dos autos — RDA — Relatório de Documentos Apresentados e RADA Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados revelam a existência de recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para esse período, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN. Dessa forma, excluise, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois, o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa em 14/junho/2008. (destaquei) 3 Demonstrado está que o AI foi lavrado com pleno embasamento legal e observância As normas vigentes, razão pela qual despontase inatacada a presunção de legalidade e legitimidade do ato administrativo que constituiu o crédito previdenciário, cabendo apenas a exclusão dos valores fulminados pelo novo prazo decadencial. 4 embora a Impugnação não verse sobre o tema, a multa moratória decorre do inadimplemento no recolhimento das contribuições. Tendo em vista que a Medida Provisória n° 44912008, transformada na Lei n° 11.941/2009, alterou de forma substancial as penalidades aplicáveis tanto para o descumprimento de obrigações, é necessário que se faça à verificação, por previsão do artigo 106, II, "c", do CTN, de qual legislação é mais benéfica ao contribuinte. Fl. 547DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 548 4 Cientificado dessa decisão em 26 de abril de 2010, conforme Aviso de Recebimento na fl. 391, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 26 de maio de 2010, com protocolo na folha 406. Em 16 de outubro de 2013, a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta Seção de Julgamento resolveu pela conversão do julgamento em diligência, na Resolução nº 2403 000.201 (fl. 480), considerando, em suma, que: a) Inconformada com a decisão da recorrida, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, onde combate fundamentadamente a decisão de primeira instância e reitera os argumentos deduzidos em sede de Impugnação. DA ISENÇÃO O Ato Cancelatório (Ato Cancelatório de Isenção (n° 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006 Fase Recursal n° 35407.000981/200609), que deu origem ao presente auto encontrase em andamento fase recursal gozando por ora das prerrogativas legais de isenção; Aplicação da Lei 12.101/2009 que revogou o art. 55, Lei 8.212/1991 Se a observância ao aludido dispositivo constituía condição sine qua non para que a manutenção da isenção restas'se configurada, e essa mesma norma encontrase devidamente revogada pela Lei n° 12.101/2009, a qual, por ser mais benéfica ao contribuinte retroage A data do fato praticado, seja pela aplicação de penalidade menos severa, seja pela inexistência de julgamento definitivo do ato que lhe dera causa, podese afirmar que a combatida isenção ainda encontrase em plena vigência e, por mero raciocínio silogístico, hão de contaminar de vicio os referidos Autos de Infração, estes sim, sem qualquer razão de ser. (...) 0 ato de cancelamento de isenção teve como fundamento o at. 55, § 6° da Lei 8.212/91, o qual não pode mais ser utilizado como fundamentação: primeiro, pelo parcelamento do débito (Refis) doc em anexo; segundo, pelo cumprimento integral de todas as outras obrigações, conforme podemos concluir das impugnações apresentadas; e terceiro, pela edição da Lei 12.101/2009, que revogou o mencionado dispositivo. Com a análise deste terceiro item concluímos pela improcedência do ato de cancelamento de isenção com a conseqüente manutenção desta. Isso porque o fato que dera ensejo ao cancelamento da isenção fora justamente a inobservância ao § 6°, do artigo 55, da Lei 8.212/91, o qual dispunha que "a inexistência de débitos em relação As contribuições sociais é condição necessária ao deferimento e A manutenção da isenção de que trata este artigo, em observância ao disposto no § 32 do art. 195 da Constituição". Entretanto, o art. 29, da Lei 12.101/2009, que revogou o dispositivo suso mencionado, disciplina que a entidade Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 549 5 beneficente somente fará jus A isenção se observar os seguintes requisitos: (...) Nem há que se argumentar que a Lei 12.101/2009, que revogou os dispositivos da lei 8.212/91, em especial o art. 55, não se aplica ao caso em tela. Sua aplicação é inconteste. (...) Com o advento do novel diploma legal, os fundamentos do Ato Cancelatório que resultou no ato infracional que ora se combate não mais permanecem por si só, pois conforme dito acima, não se encontra no art. 29, da Lei 12.101, qualquer dispositivo que se assemelhe ao § 6 ° art. 55, da Lei 8.212/91, atualmente revogado. Como se não fossem suficientes os argumentos acima descritos, a isenção poderá ser exercida desde a concessão de sua certificação como entidade Beneficente de Assistência Social, assim, podemos afirmar que nos termos do art. 31 e 32 da lei 12.101/2009, as entidades, como a recorrente, que possuam certificado de assistência social não perderam a isenção. b) O ponto central em discussão é o referente ao andamento do processo n° 35407.000981/200609, na qual se discute a revogação do Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais nº 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006. Ou seja, devese verificar a ocorrência, ou não, da decisão definitiva no âmbito administrativo do processo nº 35407.000981/200609. c) decidiuse CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do contribuinte: (i) informe a decisão definitiva no âmbito administrativo do processo nº 35407.000981/200609, ou seja, após o julgamento de todos os recursos no âmbito do CARF; (ii) no escopo do processo nº 35407.000981/200609, anexe aos autos as cópias dos Recursos impetrados pela Procuradoria da Fazenda Nacional, e ou pelo Contribuinte, bem como a cópia das respectivas decisões no âmbito do CARF. Vieram aos autos os documentos de folhas 493 e seguintes, especialmente as fls. 528, 530, 536 e 539. Assim, os autos retornaram ao CARF e foram redistribuídos para relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético (formato .pdf). Fl. 549DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 550 6 1. RECURSO DE OFÍCIO Entendo que andou bem, como de costume, o Julgador de 1ª instância, em sua análise sobre o lançamento por homologação e os termos de início da contagem do prazo decadencial (art. 150, § 4º e art. 173, I, ambos do CTN). Considerando que a DRJ atestou que: "Verificandose os Anexos integrantes dos autos — RDA — Relatório de Documentos Apresentados e RADA Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados revelam a existência de recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para esse período, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN"(destaquei) Considerando ainda a Súmula CARF nº 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. E que também atestou o Julgador recorrido que: ... excluise, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois, o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa em 14/junho/2008. (vide fls. 03) VOTO por Negar provimento ao Recurso de Ofício. 2. RECURSO VOLUNTÁRIO Conforme relatado e já bem analisado na citada Resolução nº 2403000.201, anterior, a discussão gira essencialmente sobre a situação do ato cancelatório de isenção nº 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006, referente ao processo n° 35407.000981/200609. Isso porque a lide inaugurada com a impugnação da exigência, conforme já delimitara a DRJ, em 1ª instância, resumese aos argumentos da Recorrente para "contestar o Ato Cancelatório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais, repetindo, inclusive, a mesma argumentação apresentada no Recurso contra o mencionado Ato, não citando qualquer arguição quanto ao crédito lançado no AI ora em comento." (destaquei) Bem, no Acórdão CARF nº 2402000.991, Sessão de 06/07/2010, no bojo do processo 35407.000981/200609, restou decidido que: ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ISENÇÃO REQUISITOS LEGAIS DESCUMPRIMENTO ATO CANCELATÓRIO. Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 551 7 Terá a isenção cancelada a entidade que descumprir os requisitos para usufruir da isenção das contribuições sociais A ausência do CEAS representa descumprimento ao inciso II do art. 55 da Lei n° 8212/91. Não cabe recurso contra a decisão que cancelar a isenção pela ausência de CEAS O direito adquirido mencionado no § 1° do art. 55 da Lei n. 8212/1991 referese unicamente ao direito da entidade isenta antes da referida lei continuaria a usufruir da isenção independente de novo pedido. Não há direito adquirido que dispense a entidade de cumprir os requisitos legais para o gozo de isenção, conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal RECURSO. MATÉRIA NÃO CONTIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSA. Considerase preclusa matéria trazida exclusivamente em sede de recurso, e que não tem qualquer repercussão na autuação. ISENÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITO, VIOLAÇÃO AO ART. 55 DA LEI 8.212/91. A empresa com débito relativos às contribuições sociais, viola o § 6° de art. 55 da Lei n. 8.212/91, devendo ser caçado o seu direito a isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias, RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO, No Relatório daquele Acórdão, esclarecese que: "Tratase de recurso voluntário interposto pela IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE LEME, contra decisão de fls. Retro, exarada pela extinta Secretaria da Receita Previdenciária, a qual acatando a informação fiscal de fls. 77 e s,, determinou o cancelamento do direito da recorrente a isenção da cota patronal das contribuições lançadas". Ou seja, a matéria relativa ao direito do contribuinte à isenção/imunidade sobre contribuições previdenciárias, que é exatamente o que pretende discutir nesta lide, já foi apreciada anteriormente neste Conselho, entendendose que esteve certa a Autoridade Administrativa ao cancelar seu direito à isenção. Na folha 533, o Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção do CARF, determinara o retorno dos autos à origem, citando o Decreto 7.237/2010, que regulamenta a Lei 12.101/2009, porque: "Ele prevê, em suas disposições transitórias, que os pedidos de isenção a os atos cancelatórios de isenção não definitivamente julgados sejam encaminhados à unidade competente para verificação do cumprimento dos requisitos de isenção." Na folha 529, o Delegado da Receita Federal em Limeira/SP, decidiu pela manutenção do cancelamento referido. Na folha 532, a DRF encaminha Intimação ao contribuinte, dandolhe ciência, e informando que o processo seria encaminhado ao CARF para exame de admissibilidade de recurso especial, contra a decisão exarada no Acórdão 2402 00.991. Na folha 536, o Presidente da 4ª Câmara, em exame de admissibilidade de recurso especial, concluiu, com base no Regimento Interno do CARF, que "...nego seguimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte ..." e envia os autos à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 551DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 552 8 Por fim, na folha 539, o Presidente da CSRF decide "negar seguimento ao recurso especial em definitivo, não cabendo mais recurso" e encaminha o processo de volta á DRF em Limeira/SP. CONCLUSÃO Portando, a questão sobre o direito deste contribuinte à isenção sobre contribuições previdenciárias já foi discutido e esgotado na esfera administrativa, não mais cabendo sua análise. Como este é o único tema que integra esta lide, VOTO por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Fl. 552DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.001479/2009-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PRAZO DECADENCIAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
Em se tratando de lançamento de ofício por descumprimento de obrigação acessória, o prazo decadencial, de cinco anos, é regido pelo art. 173, I, do CTN.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PLR. REQUISITOS LEGAIS.A Participação nos Lucros ou Resultados não é meio para empresa obter economia fiscal, isto é, não é mecanismo para substituir eventual pagamento de abono, prêmio, gratificação, comissão, etc., de forma a ocultar a natureza salarial. O pagamento de PLR regular e legítimo, previsto no artigo 7º, inciso XI, da CF/88, é aquele que observa, cumulativamente, todas as regras estabelecidas na Lei nº 10.101/2000.
No caso, as verbas pagas a título de "PLR" ferem dispositivos legais e são, na realidade, outras verbas que complementam o salário dos empregados e, portanto, estão alcançadas pela contribuição exigida nos autos.
VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA. SÚMULA CARF Nº 89.
A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia.
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.Considerando que esteve em desconformidade com a lei o pagamento de PLR, como consectário legal mantém-se a multa por deixar de declarar na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP, contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa e dos segurados, incidentes sobre pagamento de participação nos lucros e resultados.
CÁLCULO DA MULTA. LEI NOVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ARTIGO 106 DO CTN. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/08. MULTA EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), art. 106, II, "c", a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Em face da MP nº 449/08 (convertida na Lei nº 11.941/09), para o cálculo da multa mais favorável ao contribuinte, em relação às competências anteriores à 11/2008 (inclusive), deve-se somar a multa por falta de pagamento do tributo (aplicada com base na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91) com as multas por falta/inexatidão de GFIP (estipuladas na redação anterior do art. 32, §§ 4º, 5º, 6º, da Lei nº 8.212/91), e o resultado deve ser comparado com a multa prevista no art. 35-A, da Lei nº 8.212/91, na redação atual, que conduz ao art. 44, da Lei nº 9.430/96 (75%). Precedentes desta Turma. Acórdãos 2202-003.554, 2202-003.555.
MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF.
O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543-C, do revogado Código de Processo Civil, e já transitado em julgado em 04/06/2013, firmou a tese que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Tal tema gerou inclusive a Súmula 554/STJ, publicada em 15/12/2015, com o seguinte teor: na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.
Numero da decisão: 2202-004.037
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para manter a multa (CFL 68) apenas sobre a rubrica PLR (PL), aplicando a multa mais benéfica, conforme Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento parcial em maior extensão para aplicar a multa de acordo com o art. 32-A da Lei nº 8.212/91.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PRAZO DECADENCIAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Em se tratando de lançamento de ofício por descumprimento de obrigação acessória, o prazo decadencial, de cinco anos, é regido pelo art. 173, I, do CTN. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PLR. REQUISITOS LEGAIS.A Participação nos Lucros ou Resultados não é meio para empresa obter economia fiscal, isto é, não é mecanismo para substituir eventual pagamento de abono, prêmio, gratificação, comissão, etc., de forma a ocultar a natureza salarial. O pagamento de PLR regular e legítimo, previsto no artigo 7º, inciso XI, da CF/88, é aquele que observa, cumulativamente, todas as regras estabelecidas na Lei nº 10.101/2000. No caso, as verbas pagas a título de "PLR" ferem dispositivos legais e são, na realidade, outras verbas que complementam o salário dos empregados e, portanto, estão alcançadas pela contribuição exigida nos autos. VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA. SÚMULA CARF Nº 89. A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.Considerando que esteve em desconformidade com a lei o pagamento de PLR, como consectário legal mantémse a multa por deixar de declarar na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa e dos segurados, incidentes sobre pagamento de participação nos lucros e resultados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 14 79 /2 00 9- 03 Fl. 318DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 319 2 CÁLCULO DA MULTA. LEI NOVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ARTIGO 106 DO CTN. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/08. MULTA EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), art. 106, II, "c", a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Em face da MP nº 449/08 (convertida na Lei nº 11.941/09), para o cálculo da multa mais favorável ao contribuinte, em relação às competências anteriores à 11/2008 (inclusive), devese somar a multa por falta de pagamento do tributo (aplicada com base na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91) com as multas por falta/inexatidão de GFIP (estipuladas na redação anterior do art. 32, §§ 4º, 5º, 6º, da Lei nº 8.212/91), e o resultado deve ser comparado com a multa prevista no art. 35A, da Lei nº 8.212/91, na redação atual, que conduz ao art. 44, da Lei nº 9.430/96 (75%). Precedentes desta Turma. Acórdãos 2202003.554, 2202003.555. MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF. O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543C, do revogado Código de Processo Civil, e já transitado em julgado em 04/06/2013, firmou a tese que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Tal tema gerou inclusive a Súmula 554/STJ, publicada em 15/12/2015, com o seguinte teor: na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para manter a multa (CFL 68) apenas sobre a rubrica PLR (PL), aplicando a multa mais benéfica, conforme Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento parcial em maior extensão para aplicar a multa de acordo com o art. 32A da Lei nº 8.212/91. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Fl. 319DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 320 3 Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Este processo já foi submetido à análise desta Turma de Julgamento, por ocasião da Resolução nº 2202000.649, de 16 de fevereiro de 2016, quando foi decidido converter o julgamento em diligência. Daquele relatório (fl. 261), colho o seguinte: Tratase de Recurso Voluntário, interposto pela Recorrente contra Acórdão nº 1625.904 11ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo I SP que julgou procedente a autuação por descumprimento de obrigação acessória, Auto de Infração de Obrigação Acessória – AIOA nº. 37.265.8954 (CFL 68). Conforme o Relatório Fiscal da Infração, o Auto de Infração, Código de Fundamentação Legal – CFL 68, foi lavrado pela Fiscalização contra a Recorrente por ela ter apresentado as GFIP's (Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social), relativas ao ano de 2004, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, pois não foram informados os pagamentos a título de participação nos lucros e resultados — PLR, e vale transporte — VT, bem como as contribuições da parte da empresa e dos segurados empregados. (...) Houve também a comparação das multas, em função da Lei 11.941/2009 (conversão da MP 449/2008),, conforme informa o Relatório Fiscal da Infração (...) A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação (...) (...) Inconformada com a decisão de 1ª instância, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, onde combate fundamentadamente a decisão de primeira instância e reitera as argumentações deduzidas em sede de Impugnação. (i) Da Decadência aplicação do critério do art. 150, § 4º, CTN Fl. 320DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 321 4 (ii) Do Mérito. Da Natureza Jurídica do Plano de Participação nos Lucros e Resultados e a Não Incidência de Contribuições Previdenciárias sobre Tais Valores (iii) Da Não Incidência de Contribuições Previdenciárias sobre Verbas Pagas de Vale Transporte em Dinheiro (iv) Da ilegalidade da aplicação das multas Impossibilidade de sucessão da responsabilidade por infrações. Em seu voto, esclareceu o Relator, ainda, que: O período objeto do auto de infração conforme o Relatório Fiscal da Infração é de 01/2004 a 12/2004. A Recorrente teve ciência do auto de infração em 31.12.2009, às fls. 01. A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação, em virtude da retificação de ofício da multa aplicada, nos termos do Acórdão nº 1625.904 11ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo I SP. Observase que a decisão de primeira instância adotou o critério decadencial do art. 173, I, CTN, de forma a que não houve o reconhecimento de decadência. Conforme o protocolo do CARF de 09.12.2015, às fls. 166 a 168, anotese que a Recorrente atravessou petição nos autos anexando cópias de Guias de Recolhimentos GPS de janeiro a dezembro de 2004, às fls. 179 a 246, requerendo a aplicação decadencial do art. 150, § 4º, CTN para as competências 01/2004 a 11/2004, bem como da Súmula CARF 99 e do entendimento do STJ no REsp 973.733. Ainda assim, o contribuinte na Petição atravessada nos autos, informando que para a competência 12/2004, permanecendo a discussão administrativa. reitera os argumentos já deduzidos em sede de Recurso Voluntário no sentido da plena satisfação dos requisitos da Lei 10.101/2000, bem como em relação às verbas de vale transporte: (...) Entendeuse, porém, pela necessidade de confirmação dos recolhimentos, nos seguintes termos: ... a unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do contribuinte verifique e informe conclusivamente a este E. Conselho, observandose a abertura de prazo de 30 dias para Manifestação do contribuinte, com vistas ao contraditório e à ampla defesa: (i) se nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil, como por exemplo o PLENUS/CCOR, em quais competências, entre 01/2004 a 12/2004, há o registro de recolhimentos Fl. 321DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 322 5 relativos à contribuição social previdenciária feitos pela Recorrente. (ii) se, no conexo processo principal nº 16327.001473/200928, em relação ao recolhimento feito na competência 12/2004, com cópia da GPS às fls. 559, este recolhimento é suficiente para afastar a tributação incidente na competência 12/2004. (iii) se há processo judicial na qual a Recorrente seja parte, por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto do presente processo administrativofiscal A diligência foi cumprida, anexandose nas fls. 269 e seguintes a Informação Fiscal DICAT/DEINF, de 13 de maio de 2016. Regularmente intimado, o contribuinte manifestouse nas fls. 281 e seguintes. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro é a existente no processo digital, após a transformação em arquivo magnético (eprocesso). Conforme destacado no relatório, tratamos aqui de lançamento de ofício de multa por apresentar a empresa o documento a que se refere a Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV e paragráfo 3º, acrescentados pela Lei n. 9.528, de 10.12.97, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, IV e parágrafo 5º, uma vez que o Contribuinte não declarou na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa e dos segurados, incidentes sobre pagamento de participação nos lucros e resultados PLR e do vale transporte VT em espécie. A DRJ, ao julgar a impugnação, entendeu por negarlhe provimento. Considerando que a ciência do Auto de Infração deuse em 31/12/2009 (fl.02), o contribuinte vem, desde a impugnação, requerendo que seja reconhecida a decadência do lançamento. DECADÊNCIA. Conforme disposto no relatório, o período em questão estendese de 01/2004 a 12/2004 e o Auto de Infração foi regularmente cientificado ao sujeito passivo em 31/12/2009, conforme fl. 02. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 323 6 No voto no processo 16327.001473/200928, ao qual este está apensado, manifesteime pela aplicação do entendimento do seguinte Acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF): Acórdão 9202005.380, de 25 de abril de 2017. Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1995 a 31/12/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN. O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações. SÚMULA CARF nº 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No presente caso, existe, nos autos, evidência de recolhimento antecipado para algumas das competências lançadas, devendose assim aplicar, para fins de reconhecimento de eventual decadência dessas competências, o disposto no citado art. 150, § 4°, do CTN, mantendose a regra geral, insculpida no art. 173, I, do CTN para as demais competências. (destaquei) Entretanto, aqui se trata de multa por lançamento de ofício, não havendo porque ser aplicado o artigo 150 do CTN, que fala em lançamento por homologação. Assim, repisese o que foi dito no Acórdão 2202003.683, de 08 de fevereiro de 2017: PRAZO DECADENCIAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Em se tratando de crédito por descumprimento de obrigação acessória, o prazo decadencial, de cinco anos, é regido pelo art. 173, I, do CTN. voto (...)Portanto, no caso aqui sob análise, em relação ao DEBCAD nº ... AIOA, onde foi aplicada a multa por descumprimento da obrigação acessória prevista no Art.32, inciso IV, e § 5º, da Lei Fl. 323DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 324 7 8.212/91 (omissão de contribuições nas GFIP), o prazo decadencial começa a fluir a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.... Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado é 01 de janeiro de 2005 e tendo em conta que a ciência do lançamento deuse em 31/12/2009, não há que se falar em decadência do lançamento. É de se verificar, entretanto, se de fato houve infração à legislação tributária, em relação ao não reconhecimento da PLR e do Vale Transporte, enquanto verbas integrantes do salário de contribuição, porquanto não foram declaradas na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. MÉRITO I PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR) Este Conselho já vem tratando há tempos da questão da incidência das contribuições previdenciárias sobre pagamentos realizados pela empresa a seus empregados relativa à participação nos lucros e resultados (PLR). Observase que existe uma convergência de entendimentos no sentido de que o pagamento de PLR regular e legítimo é aquele que observa todas as regras estabelecidas na Lei nº 10.101/2000 (Acórdãos 2301003.531,2301 004.153, 2401004.216e 2402005.116, à guisa de exemplo, dentre muitos outros). Os requisitos devem coexistir. Necessário então estudar os contornos do instrumento legal: Lei nº 10.101/2000 Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: Fl. 324DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 325 8 I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ............................................................................................... Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. § 1º ... § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 3º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. § 4º A periodicidade semestral mínima referida no § 2o poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. § 5º As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto”. O que foi verificado no pagamento de PLR pelo Recorrente: 1 As datas que as Convenções apresentadas foram assinadas são 29 de Dezembro de 2003, 10 de Janeiro e 29 de Dezembro de 2005, respectivamente, já desclassifica tais Convenções como subsidiária para o pagamento da PLR, ou seja, não cumpriu o previsto no inciso II, §1 1 do art. 2 1 da Lei 10.101/2000. Sendo a data de assinatura posterior ao período de referência (Janeiro a Dezembro de cada ano) as regras estabelecidas não eram de conhecimento dos empregados previamente. 2 O critério adotado pelas Convenções é de tempo de vínculo (trabalhando ou em licença independente do motivo) na empresa, tratase, portanto, não de uma participação nos lucros ou resultados, mas sim de pagamento de gratificação por tempo de serviço. 3 Havia o pagamento de duas parcelas de PLR, porém a primeira parcela não tem vínculo em nenhum parâmetro, seja de produtividade, seja de lucro, conforme previsto Fl. 325DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 326 9 na Cláusula Segunda: "Independentemente da apuração do balanço do exercício encerrado em 31122003 e 31122004". 4 Quando o empregado não atingia as metas estabelecidas no programa próprio (que não são claras e objetivas e também não foram comprovadas na fiscalização) o mesmo recebia o valor estipulado pela Convenção Coletiva de PLR, ou seja, o empregado não deixa de receber valor referente a PLR; o que a torna uma gratificação, bonificação. 5 O item 5.2 do Relatório Fiscal apresenta o resultado da análise dos acordos coletivos de trabalho, e de pagamento de participação nos lucros e resultados (PLR), tendo sido constatado que os valores estipulados para pagamento de PLR estão vinculados aos aumentos salariais concedidos. No recurso, alegase que não há exigência legal de que os empregados conheçam previamente as regras para que possam receber PLR. Sublinhase a expressão "podendo ser adotados", no texto legal. Diz ainda que o relevante é que a celebração do acordo ocorra antes do pagamento e não antes da apuração do lucro a ser partilhado. Discordo desse entendimento e destaco que esta Turma, assim como outras Turmas desta Seção e a CSRF, já decidiu várias vezes que é necessário haver regras claras e objetivas para que os empregados possam cumprir e saber previamente que espécie de esforço, de empenho, devem fazer para receber uma participação nos eventuais lucros e resultados positivos da empresa. Essa é a intenção da lei. Se não há regras, se elas não são claras e objetivas ou se são estabelecidas/tratadas após o período em que o empregado deveria cumpri las, ou mesmo se não lhes é dada ciência prévia, em acordo que envolva a participação da representação sindical, o pagamento da PLR não atende os objetivos constitucionais e a regulamentação legal. Citemse (sublinho/destaco): Acórdão 2402005.819, de 10/05/2017 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PAGAMENTO DE PARCELA ADICIONAL NÃO PREVISTA NO ACORDO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. Incidem contribuições sociais sobre a parcela paga além do que ficou estabelecido no acordo firmado entre empregador e empregados para pagamento da PLR, uma vez que tal pagamento não foi efetuado com base em regras claras e objetivas pactuadas previamente. Acórdão 2201003.551, de 04/04/2017 PLR. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA. CRITÉRIOS CLAROS E OBJETIVOS. INEXISTÊNCIA. CARÁTER REMUNERATÓRIO DO PAGAMENTO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Estão sujeitos à incidência das contribuições previdenciárias os pagamentos realizados a título de PLR quando efetuados em desacordo com as regras estabelecidas na Lei nº 10.101, de 2010. Não atendem as exigências dessa lei acordos firmados ao fim do anocalendário de referência e que não contenham Fl. 326DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 327 10 regras claras e objetivas quanto aos critérios a serem adotados para o pagamento da verba. Acórdão 9202005.370, de 26/04/2017 PLR PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ACORDO FIRMADO AO FINAL DO EXERCÍCIO. Constitui requisito legal que as regras do acordo da PLR sejam estabelecidas previamente, de sorte que os acordos firmados ao final do exercício acarretam a inclusão dos respectivos pagamentos no saláriodecontribuição. Acórdão 9202005.254, de 28/03/2017 PLR PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NO LUCRO E NOS RESULTADOS. REQUISITOS. ACORDO PRÉVIO. Integra o saláriodecontribuição a parcela recebida pelo segurado empregado a título de participação no lucro ou nos resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com lei específica. Constitui requisito legal que as regras do acordo sejam estabelecidas previamente, portanto não há como acatarse instrumento firmado somente após o exercício a que se refere. Alegase ainda que haveria "regras claras e objetivas" estabelecidas nas CCT. Entretanto, do trecho transcrito no recurso, observo que têm razão a Autoridade Fiscal ao apontar que tais regras nada têm a ver com produtividade, que havia um "valor mínimo" a ser pago, ainda que não houvesse resultado positivo, e que mesmo empregados afastados com justificativa fariam jus aos pagamentos. Como relacionar regras assim à intenção da lei de que o empregado se empenhe, aumente sua produtividade e, dessa feita, "participe" de eventual sucesso da empresa? Onde está a integração entre capital e trabalho, na forma da lei? E o incentivo à produtividade? Lei nº 10.101/2000 Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Prosseguindo, o Recorrente diz ser ilegal a exigência de que as regras para pagamento da PLR sejam vinculadas ao cumprimento de metas. Mas reportamonos mais uma vez ao dispositivo acima transcrito, para discordar. Assim, deve haver metas, que sejam estabelecidas de forma clara ao empregado, relacionadas com sua produtividade, seu empenho e que sejam tratadas e fixadas previamente ao período de aferição do resultado, com participação do sindicato. Disse a Fiscalização: Fl. 327DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 328 11 Quando o empregado não atingia as metas estabelecidas no programa próprio (que não são claras e objetivas e também não foram comprovadas na fiscalização) o mesmo recebia o valor estipulado pela Convenção Coletiva de PLR, ou seja, o empregado não deixa de receber valor referente a PLR; o que a torna uma gratificação, bonificação. Vejamos a jurisprudência administrativa (sublinho): Acórdão 2201003.417, de 07/02/2017 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. APLICABILIDADE. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. Tais requisitos são aplicáveis aos segurados contribuintes individuais, não sendo permitido, porém a fixação de metas e resultados a serem atingidos unilateralmente, ou seja, sem a comprovação da participação dos trabalhadores e do sindicato. Acórdão 2301002.860, de 19/06/2012 PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PLR. VALOR FIXO PAGO DESVINCULADO DO ATINGIMENTO DE METAS OU RESULTADOS. IRREGULARIDADE. INCLUSÃO NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O Programa de Participação nos Lucros e Resultados PLR tem como finalidade integrar os empregados nos resultados positivos da empresa e incentivá los a buscar o melhor desempenho, sendo a previsão de metas ou alcance de lucro ou resultados, individuais ou coletivos, requisitos necessários à regularidade do PLR. A previsão de pagamento de um valor fixo desvinculado do atingimento de qualquer meta ou resultado configura se como remuneração para efeito de incidência da contribuição previdenciária, por não se coadunar com o propósito constitucional do instituto. Acórdão 2401004.219, de 08/03/2016 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PACTUAÇÃO PRÉVIA. A Lei n° 10.101/00 exige que haja negociação entre empresa e trabalhadores, da qual deverão resultar regras claras e objetiva e os índices, as metas, os resultados e os prazos devem ser estabelecidos previamente, sendo que o instrumento será arquivado na entidade sindical. A negociação e o estabelecimento das regras dela resultantes (índices, metas, resultados e prazos) somente têm sentido se concluídos previamente ao fim do período a que se referem os lucros ou resultados. Em que pese a vagueza do texto normativo, tal imprecisão não pode significar a impossibilidade de atuação do intérprete na Fl. 328DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 329 12 complementação da norma, sob pena de se reconhecer que lacunas inviabilizam a decisão do caso concreto e que todas os textos incompletos ou ambíguos serão, potencialmente, ineficazes. Também não se trata de relativizar o princípio da legalidade, mas de identificar onde e quando o Direito atribui ao aplicador a tarefa de definir os critérios diante do caso concreto, como, no caso, a definição da anterioridade da negociação, da pactuação e do arquivamento do instrumento na entidade sindical. A negociação, a pactuação e o arquivamento do instrumento na entidade sindical devem ocorrer antes da conclusão das metas e/ou resultados estabelecidos e em data distante do término do período a que se referem os lucros ou resultados, sob pena de se inviabilizar o próprio sentido de incentivo à produtividade. A análise do caso concreto deve levar em consideração fatores como o tipo de meta ou resultado estabelecido, a comprovação da anterioridade das negociações, o ajuste de PLR, em anos anteriores, com características semelhantes (o que por si só gera expectativa no trabalhador, de sorte a já incentivar a produtividade e, portanto, não desnaturar o pagamento), dentre outras peculiaridades que mereçam ser sopesadas. Portanto, o pagamento de PLR efetuado com base tanto nas CCT quanto nos chamados “programas próprios”, está em discordância com os estritos comandos legais, que devem sim ser observados. Em relação à competência 12/2004, temos que o contribuinte desistiu parcialmente do recurso em relação à infração que diz respeito ao pagamento de PLR (fl. 283), nos seguintes termos, conforme registrado na Informação Fiscal citada no Relatório (fl. 275): Foram confirmados os recolhimentos efetuados no valor de R$ 2.790,16 ( AIOP nº 37.265.7133 – 16327.001473/200928), R$ 1.256,08 (AIOP nº 37.265.8938 – 16327.001474/200972) e R$ 320,57 ( AIOP nº 37.265.8946 – 16327.001475/200917) todos efetuados em 30/10/2015 para a competência DEZ/2004, mas somente para os lançamentos decorrentes da base de cálculo “Participação nos Lucros e Resultados – PLR” como informado pelo contribuinte, através das telas do sistema AGUIA de fls. 1348 a 1351 do processo 16327.001473/200928 ( AIOP nº 37.265.713 3 – 16327.001473/200928), fls. 1359 e 1360, do processo 16327.001473/200928 (AIOP nº 37.265.8938 – 16327.001474/200972) e fls. 1361 e 1362, do processo 16327.001473/200928 (AIOP nº 37.265.8946 – 16327.001475/200917). Mas destaco que isso não afeta a multa por descumprimento da obrigação acessória, que permanece, nos termos aqui tratados. II VALE TRANSPORTE Fl. 329DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 330 13 A questão da infração relativa ao pagamento de Vale Transporte em pecúnia, é objeto da Súmula CARF nº 89: Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. Portanto, neste aspecto, correto o entendimento contábil/fiscal do contribuinte e não haveria porque receber a sanção (multa) pela falta do registro na GFIP. III APLICAÇÃO DA MULTA Entretanto, apesar da indevida exigência no que tange ao pagamento do Vale Transporte, subsiste, nos termos aqui analisados, a infração relativa à questão do pagamento da PLR. Extraio do relatório fiscal que consta das folhas 34 e ss. que: AI N. ° 37.257.7125 CFL 68. a) Em decorrência dos elementos verificados pela Auditoria Fiscal, constatouse que os pagamentos de PLR e VT foram em desacordo com a legislação, conforme demonstrado no Relatório do AI DECBAD 37.265.7133. b) Os valores referentes aos pagamentos de remunerações dos mencionados trabalhadores encontramse discriminados em planilha anexa ao AI DEBCAD 37.265.7133. c) O valor da multa, conforme preceitua o Regulamento da Previdência Social RPS aprovado pelo Dec.3.048199 em seu art. 284, II, corresponde às contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa, parte de segurados e Seguro de Acidentes do Trabalho — SAT, incidentes sobre as remunerações de trabalhadores, em cargos de Gerentes Delegados, considerados como expatriados pela empresa, e não declaradas em GFIP. d) Em face da multa, os valores foram lançados como participação nos lucros — PLR e vale transporte — VT com os códigos de levantamento PL e VT, que representam o período no qual a aplicação da multa nos moldes determinados pela legislação anterior à Lei 11.941/2009 é mais benéfica ao Contribuinte. Conforme planilhas de cálculos em anexo, o valor da multa corresponde a R$ 93.042,60 (noventa e três mil quarenta e dois reais e sessenta centavos). Observo as rubricas PL e VT, na planilha da folha 45. Mantenho, nestes caso, a posição que acompanhou o Voto vencedor da Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, no Acórdão 2202003.554, Sessão de 20 de setembro de 2016, desta Turma, que com clareza meridiana assim expôs a questão: As alterações trazidas à Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, pela Medida Provisória nº 449, de 03 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, provocaram mudanças significativas na forma de aplicação das multas no âmbito das contribuições previdenciárias. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 331 14 No regime anterior, a multa pela falta de pagamento do tributo estava prevista no art. 35, da Lei nº 8.212/91, da seguinte forma: (...) Como se vê, a legislação anterior, diante da ausência de pagamento da contribuição, estipulava uma multa em percentuais progressivos que poderiam chegar até a cem por cento do valor devido, a depender do momento e das circunstâncias em que se encontravam os débitos (não incluídos em lançamento fiscal, incluídos em lançamento fiscal e inscritos em dívida ativa). Assim, essa multa não só abrangia a prática do atraso no pagamento, mas também a situação em que havia lançamento de ofício das obrigações devidas ("créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento"). Nesse sentido, entendese que, enquanto a multa de mora pressupõe o recolhimento espontâneo do tributo pelo contribuinte, a multa de lançamento de ofício tem como premissa básica a atuação estatal. Logo, apesar da denominação de "multa de mora" expressa na legislação anterior, concluise ser "de ofício" a natureza jurídica da multa aplicada sobre as contribuições inseridas em lançamento fiscal. Com o advento da MP 449/08, convertida na Lei nº 11.941/09, o referido art. 35 da Lei nº 8.212/91 foi alterado e também houve a inclusão do art. 35A, trazendo uma terminologia mais adequada ao segmentar da multa de mora a multa aplicada em lançamento de ofício, como se transcreve a seguir: (...) Assim, quanto aos débitos em atraso, que não foram objeto de lançamento fiscal, a nova redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91, remete ao art. 61, da Lei nº 9.430/96, alterando a multa de mora para o percentual 0,33% ao dia, até o limite de 20% (art. 61), conforme abaixo: (...) Já para os débitos incluídos em lançamento fiscal e, portanto, sujeitos à multa de ofício, o art. 35A, na nova redação da Lei nº 8212/91, conduz ao art. 44 da Lei nº 9.430/96, determinando a incidência da multa na alíquota de 75%, nos seguintes termos:(...) Dessa forma, tendo ocorrido lançamento de ofício do tributo, entendese que a comparação da multa mais benéfica, para atendimento do art. 106, II, "c", do CTN, deve ser feita com o art. 35A, da Lei nº 8.212/91, que conduz ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (75%). Notase ainda que a multa decorrente do lançamento de ofício, prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, é única, no importe de 75% (se não duplicada), e visa apenar, de forma conjunta, tanto o não pagamento (parcial ou total) do tributo devido quanto a não apresentação da declaração ou a declaração inexata, sem Fl. 331DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 332 15 haver como mensurar o que foi aplicado para punir uma ou outra infração. Nesse aspecto, de se mencionar que as multas por descumprimento de obrigação acessória (que também são constituídas em lançamento de ofício) aplicadas na vigência da legislação anterior sobre as infrações relativas à falta/inexatidão de declarações (Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP) estavam previstas no art. 32, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei nº 8.212/91. Assim, para o cálculo da penalidade mais favorável, em relação às competências incluídas em lançamento fiscal anteriores à 11/2008 (inclusive), a multa por falta de pagamento do tributo (aplicada com base na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91) também deve ser somada às multas por falta/inexatidão de GFIP (estipuladas na redação anterior do art. 32, §§ 4º, 5º, 6º, da Lei nº 8.212/91), e o resultado deve ser comparado com a multa prevista no art. 35A, da Lei nº 8.212/91, na redação atual, que conduz ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (75%). Tal procedimento foi adotado pela autoridade fiscal, às fls. 77/78, e está previsto no art. 476A, da Instrução Normativa (IN) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 971/09. Assim vem decidindo a 2ª Turma da CSRF deste CARF. Vejamos: Acórdão 9202004.498, de 29 de setembro de 2016: Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2004 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA OMISSÃO EM GFIP MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C//C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal e acessórias lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício.(destaquei) AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, fazse necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior. No caso, se mais benéfico ao contribuinte, deverá ser adotada o disciplinado no art. 44, I da Lei no 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa nas NFLD correlatas, exceto nas competências cuja obrigação principal foi atingida pela Fl. 332DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 333 16 decadência, para as quais a multa ficará reduzida ao valor previsto no art. 32A da Lei n° 8.212, de 1991. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial para limitar o somatório das multas por descumprimento da obrigação principal e por descumprimento da obrigação acessória ao percentual de 75%, caso mais benéfico ao contribuinte .... Portanto, está correta a "comparação de multas" elaborada pelo Auditor Fiscal, conforme seu Relatório, deixando claro que a comparação dos efetivos valores de multa, para verificação da mais benéfica, será realizada quando do pagamento ou parcelamento dos créditos (Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009). Entretanto, considerando o provimento parcial em relação à questão do Vale Transporte (VT), a multa remanescente deve ser assim calculada somente sobre a parcela relativa à PLR (PL no código identificado pelo Auditor Fiscal). IV IMPOSSIBILIDADE DE SUCESSÃO DA RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES TRIBUTÁRIAS PELA RECORRENTE. Alega ainda a Recorrente que sendo sucessor por incorporação da UNIBANCO SEGUROS S/A, possui responsabilidade pelos tributos devidos até a data da aludida incorporação. No entanto, diz que a interpretação do artigo 132 do CTN, moldada no conceito de que a pena não deve passar da pessoa de seu infrator, leva a crer que a empresa incorporadora é responsável apenas pelos tributos/contribuições devidos pela empresa incorporada, uma vez que a norma não faz referência às multas por infração à legislação tributária. Na ATA Sumária da Assembléia Geral Extraordinária realizada no dia 28 de fevereiro de 2009, cuja cópia consta dos autos do processo 16327.001473/200928 (fl. 228), temos que: DELIBERAÇÕES TOMADAS POR UNANIMIDADE DOS PRESENTES: 1. Aprovado o Protocolo e Justificação de incorporação (" Protocolo e Justificação ), celebrado em 28 de fevereiro de 2009 pelos órgãos de administração da Sociedade e da UNIBANCO SEGUROS S.A., com sede em São Paulo (SP), na Avenida Eusébio Matoso n° 1.375, 8 4 andar, inscrita no CNPJ sob o n° 33.166.1581000195 (Anexo 1). O Protocolo e Justificação estabelece todos os termos e condições da incorporação da totalidade do patrimônio da UNIBANCO SEGUROS S.A. pela Sociedade ("incorporação"). Portanto, a incorporação só começou a ser tratada em 2009 e aqui falamos de fatos geradores ocorridos em 2004. Apliquese o entendimento proferido no Acórdão 2202003.437, de 14 de junho de 2016: Fl. 333DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 334 17 MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF. O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543C, do revogado Código de Processo Civil, e já transitado em julgado em 04/06/2013, firmou a tese que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Tal tema gerou inclusive a Súmula 554/STJ, publicada em 15/12/2015, com o seguinte teor: na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.(sublinhei) CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO por não reconhecer a decadência do lançamento e, no mérito, VOTO por dar provimento parcial ao recurso para manter a aplicação da multa (CFL 68) apenas sobre a rubrica PLR (PL), devendo a Unidade responsável elaborar a comparação dos efetivos valores de multa, dessa forma, para verificação da mais benéfica, quando do pagamento ou parcelamento dos créditos, conforme Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Fl. 334DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15463.001697/2009-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. RESSARCIMENTO.
Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos especificados e comprovados, efetuados, no ano-calendário, a médicos e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Na hipótese de pagamentos realizados no exterior, a conversão em moeda nacional será feita nos termos do § 2º do artigo 80 do RIR/1999. A possibilidade de dedução não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2202-003.946
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de dedução de despesas médicas no valor de R$ 19.386,30.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. RESSARCIMENTO. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos especificados e comprovados, efetuados, no anocalendário, a médicos e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Na hipótese de pagamentos realizados no exterior, a conversão em moeda nacional será feita nos termos do § 2º do artigo 80 do RIR/1999. A possibilidade de dedução não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de dedução de despesas médicas no valor de R$ 19.386,30. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 46 3. 00 16 97 /2 00 9- 11 Fl. 300DF CARF MF Processo nº 15463.001697/200911 Acórdão n.º 2202003.946 S2C2T2 Fl. 301 2 Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele utilizado por ocasião da Resolução nº 2202000.702, desta Turma Ordinária, complementandoo ao final (fl. 253): O contribuinte em epígrafe teve sua declaração de imposto de renda das pessoas físicas, do ano calendário de 2008, exercício de 2009 revista de ofício pela Autoridade Fiscal competente, tendo sido emitida a Notificação de Lançamento de folha 08 e seguintes, que reduziu o valor do imposto a restituir, pleiteado no ajuste, de R$ 13.147,38 para R$ 7.769,27. O procedimento decorreu da glosa de despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração, relativa a dois prestadores de serviços, um no Brasil e um nos EUA, conforme discriminado na folha 10. A Autoridade Fiscal que efetuou a revisão anotou que a glosa se dava por: "despesas não consideradas pois não foi apresentada planilha de reembolso." É que o contribuinte possui plano de saúde que lhe ressarcia parcialmente as despesas incorridas. O contribuinte apresentou impugnação à exigência, anexando documentos, para comprovar a efetividade das despesas médicas. A DRJ ao analisar a impugnação, deu provimento parcial ao pedido para considerar comprovadas as despesas com o prestador de serviços no Brasil e, em relação ao prestador de serviços no exterior, disse que (fl. 61): No que tange aos documentos de fls. 19 a 32, cabe esclarecer que a juntada de documentos redigidos em língua estrangeira, desacompanhados de tradução firmada por tradutor público juramentado, contraria o disposto no Parecer Normativo CST n.º 31, de 1977, e nos arts. 156 e 157 do Código de Processo Civil, não constituindo, dessa forma, elementos de prova hábeis a comprovar as razões do Impugnante. Os documentos de fls. 33 a 43 são extratos de faturas de cartão de crédito do contribuinte e revelamse, por si sós, insuficientes para comprovar despesas médicas próprias do contribuinte e de seus dependentes, nos termos previstos na legislação tributária. Cientificado dessa decisão em 11/02/2014 (fl. 66), o contribuinte apresentou recurso voluntário, mediante procuradores constituídos, em 12/03/2014 (fl. 69). Em sede de recurso alega que as despesas realizadas no exterior são dedutíveis na forma Fl. 301DF CARF MF Processo nº 15463.001697/200911 Acórdão n.º 2202003.946 S2C2T2 Fl. 302 3 da legislação aplicável e que anexa então toda a documentação comprobatória com tradução juramentada, que deve ser considerada em fase recursal, pelo princípio da verdade material. PEDE o provimento integral de seu recurso cancelandose a Notificação de Lançamento e efetuandose a restituição integral do imposto conforme declarado. Alternativamente, requer a conversão do julgamento em diligência para apuração dos fatos e provas. Ao analisar a questão, decidiuse pela conversão do julgamento em diligência em vista de faltarem alguns esclarecimentos necessários nos autos, encaminhandose à DRFB para que o interessado fosse intimado a apresentar: a) planilha com discriminação por datas dos valores pagos a título de despesas médicas ao Hospital Johns Hopkins, no ano de 2008, com indicação da folha destes autos que contém a cópia do documento comprobatório do pagamento correspondente, e a taxa de conversão para moeda nacional empregada, com a respectiva data, observando o disposto no RIR/1999, artigo 80, § 2º, a fim de que se possa chegar ao total declarado de R$ 25.716,28. b) na mesma planilha, indicar o valor ressarcido em relação a cada um dos pagamentos acima especificados, novamente com indicação da folha que contém a cópia do documento comprobatório, a fim de que se possa concluir que, de fato, o valor ressarcido foi somente aquele indicado na DIRPF (R$ 6.302,16). Podese, ainda, anexar declaração do Plano de Saúde com a discriminação dos valores ressarcidos naquele ano, onde seja possível identificar quais se referem à despesa com o Hospital aqui em caso. O contribuinte intimado manifestouse nas fls. 260 e seguintes. Cumprida a diligência, com anexação dos documentos de folhas 266 e seguintes, retornaram os autos para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. Também conforme foi delimitado no Voto que redundou na conversão do julgamento em diligência: Entendo que assiste razão ao recorrente quando pleiteia a consideração de documentos, no caso a tradução juramentada, que foram anexados somente na fase recursal. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 15463.001697/200911 Acórdão n.º 2202003.946 S2C2T2 Fl. 303 4 Além de estarse homenageando o princípio da verdade material, em busca da correta e precisa solução da lide, é de se considerar o que foi disposto pela DRJ, que exigiu tal procedimento, que, observese, não constou da Notificação de Lançamento originalmente, apesar de ter havido interlocução prévia com o contribuinte, como demonstra o Termo de Intimação Fiscal na folha 14. Assim, aplicase o disposto na alínea 'c', § 4º, artigo 16, do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Entretanto, mesmo analisando a documentação, com a devida tradução, continuase com dúvida sobre qual foi o valor ressarcido pelo Plano Bradesco Saúde S/A, em relação ao total de despesas com o Hospital Johns Hopkins, e mesmo qual foi o total das despesas efetivamente pagas a tal prestador de serviços, já que esses foram exatamente os pontos que motivaram o lançamento fiscal. A parte da autuação que aqui se discute referese à glosa de R$ 25.716,26 a título de despesas médicas informadas no Johns Hopkins Medicine International, com um reembolso por plano de saúde no Brasil, no valor de R$ 6.302,15. Esses foram, também, os valores informados pelo próprio contribuinte em sua DIRPF/2010, cuja cópia consta das fls. 48. As despesas teriam incorrido com o próprio declarante e com sua esposa e dependente Lilian Vianna (fl. 45). Assim, entendo que a lide que chega a esta instância recursal administrativa está limitada por esses valores acima especificados, não se podendo reconhecer despesas extra, além daquelas pleiteadas na declaração de ajuste, e que foram glosadas pela Autoridade Fiscal e constam da Notificação de Lançamento, pois isso transborda os seus limites. Segundo Marcos Vinicius NEDER e Maria Teresa Martinez LOPÉZ: “Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos respectivamente pelo ato de lançamento e pela impugnação....(grifei) A lei processual estabelece regras que deverão presidir as relações entre os intervenientes na discussão tributária. A atuação dos órgãos administrativos de julgamento pressupõe a existência de interesses opostos, expressos de forma dialética....Na lição de Calamandrei, “o processo se desenvolve como uma luta de ações e reações, de ataques e defesas, na qual cada um dos sujeitos provoca, com a própria atividade, o movimento dos outros sujeitos, e espera,depois, deles um novo impulso....”Se no curso deste processo, constatarse a concordância de opiniões, devese por fim ao processo, já que o próprio objeto da discussão perdeu o sentido. Da mesma forma, não há o que julgar se o contribuinte não contesta a imposição tributária que lhe é imputada.(NEDER, Marcos Vinícius e LOPEZ, Maria Teresa Martinez. Processo Administrativo Fiscal Comentado. 2ª ed,. Dialética, São Paulo, 2004, p. 265/266) Fl. 303DF CARF MF Processo nº 15463.001697/200911 Acórdão n.º 2202003.946 S2C2T2 Fl. 304 5 Portanto, impróprio o pedido de reconhecimento de valores além dos declarados, em sede deste recurso administrativo. Bem, com a diligência, vieram aos autos informações que especificam e sistematizam documentos que já constavam dos autos, esclarecendo a questão. Na tabela de fl. 263, o contribuinte lista uma série de despesas que foram incorridas no ano de 2008, com ele mesmo e com sua dependente. As informações conferem com o que consta dos autos e com a tradução juramentada. Está claro que nos meses de abril e novembro de 2008 o casal esteve nos EUA realizando exames e outros procedimentos médicos. Há recibos, cópias de exames, laudos e extratos de pagamento de cartão de crédito. Parte dessas despesas foi, no entanto, ressarcida por seguro de saúde no Brasil, conforme apontado no documento de fls. 294 e seguintes, emitido por Bradesco Saúde. Observo que pela sistemática do Plano, o contribuinte pagava as despesas que eram posteriormente ressarcidas, após a apresentação da comprovação de pagamento. Somando as despesas ressarcidas que constam na tabela elaborada pelo próprio contribuinte, na fl. 263, encontrase um total de R$ 6.329,96, valor um pouco superior ao informado na declaração de ajuste. CONCLUSÃO Em face do acima exposto, entendo que o contribuinte comprovou que teve despesas médicas no exterior e que essas despesas foram pagas por ele, relativas ao próprio tratamento ou de sua dependente, e que está determinado, pelo que consta dos autos, qual parcela foi ressarcida por plano de saúde localizado no Brasil. Dessa feita, VOTO por dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de dedução a título de despesas médicas no valor de R$ 19.386,30 (R$ 25.716,26 menos R$ 6.329,96). (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Fl. 304DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11444.000201/2009-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM.
Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente.
No caso, o contribuinte apresenta justificativa compatível em data e valor com o depósito, referindo-se à venda de um automóvel que esteve registrada em sua DIRPF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.055
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Wilson Antônio de Souza Correa, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente. No caso, o contribuinte apresenta justificativa compatível em data e valor com o depósito, referindo-se à venda de um automóvel que esteve registrada em sua DIRPF. Recurso Voluntário Provido.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1908; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 176 1 175 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11444.000201/200951 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.055 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 08 de dezembro de 2015 Matéria IRPF Recorrente EMERSON YUKIO IDE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente. No caso, o contribuinte apresenta justificativa compatível em data e valor com o depósito, referindose à venda de um automóvel que esteve registrada em sua DIRPF. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 44 4. 00 02 01 /2 00 9- 51 Fl. 176DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 177 2 Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Wilson Antônio de Souza Correa, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Autoridade julgadora de 1ª instância, que bem descreve os fatos (fl. 144), complementandoo ao final: Tratase de crédito tributário lançado pela fiscalização, mediante Auto de Infração, fls. 02/07, contra o contribuinte acima identificado, referente a imposto de renda suplementar, compreendendo multa de oficio de 75% e juros moratórios, tendo como fato gerador a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários em conta conjunta na instituição financeira Banco do Brasil S/A agência 00973, contacorrente n° 41.4727 (extratos em fls. 49/71), em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado (fls. 08/09, 38, 44/45 e 76), não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, incidindo na presunção legal do art. 42, da Lei n° 9.430/96. 1.1.Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 04/05), o procedimento teve origem na apuração da seguinte infração à legislação tributária: 1.1.1. Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada — Omissão de Rendimentos Caracterizada Por Depósitos Bancários Com Origem Não Comprovada. Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 30/11/2003 17.000,00 75 Enquadramento legal: art. 42 da Lei n° 9.430/96; art. 4° da Lei no 9.481/97; art. 10 da Medida Provisória n°22/2002, convertida na Lei n° 10.451/02; art. 849 do RIR/99. 2. 0 contribuinte tomou ciência por via postal do Auto de Infração em 17/03/2009 (AR de fls. 92), apresentando impugnação em 15/04/2009 através do instrumento de fls. 94/105, com os documentos de fls.107/111, por intermédio de procurador qualificado em fls. 37, alegando em síntese que: 2.1. Não tendo a fiscalização concedido tempo hábil para que buscasse a documentação necessária à comprovação dos depósitos bancários, o impugnante vem, agora, elucidar o caso em exame, sendo que o depósito efetuado no dia 11/11/2005, na conta 41.4727, mantida no Banco do Brasil S/A do sujeito passivo teve como origem a venda de um veiculo de sua propriedade, marca GM/CORSA ST, placa DEA 6683/SP, chassi 9BGSC80N01C231669, ano 2001, cor preta, Cód. RENAVAM 758509553 no valor de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais). Fl. 177DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 178 3 2.1.1. Referido veiculo teria sido adquirido por Marcelo de Almeida, CPF 259.679.56808, que efetuou um pagamento no valor de R$ 13.000,00 (treze mil reais), como entrada, e quitou o montante restante em 12 parcelas de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais), tendo a transferência do veiculo se efetivada somente em 15/12/2006, data da quitação total da venda do veiculo. 2.1.2. Comprovada e esclarecida a origem do depósito que adveio com a venda do veiculo, que constou na declaração do imposto de renda pessoa física exercício 2006 (sic), pois ocorreu somente nesta data a quitação das parcelas restantes, ocorre a perda de objeto do Auto de Infração, que deve ser arquivado. 2.2. A fiscalização fez incidir multa de 75% e 150% sobre o imposto de renda que considerou devido, o que constitui verdadeiro confisco, o que é vedado pela Constituição, trazendo em seu favor citações doutrinárias e jurisprudência. 2.3. Além da multa confiscatória já referida, a aplicação da taxa SELIC para cálculo dos juros moratórios devidos, agride o Código Tributário Nacional e a própria Constituição, devendo ser afastada. Ao analisar a Impugnação, o Julgador a quo, em resumo, explicou a presunção legal estabelecida no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, e a inversão do ônus da prova, em tese. No caso concreto, analisou a explicação dada para o depósito questionado e entendeu que a venda do automóvel apontada não se compatibilizava com a entrada do valor na conta corrente, reputando insuficiente as justificativas. Manteve a aplicação da multa de 75% e a correção do crédito tributário pela taxa Selic, defendendo a legalidade de ambas. Assim, deuse a decisão de 1ª instância, para considerar procedente o lançamento. Cientificado dessa decisão em 29/11/2010, conforme Aviso de Recebimento na folha 154, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 13/12/2010, com protocolo na folha 155. Em sede de recurso diz que por não ter tido "prazo hábil" e acesso a documentos, equivocouse na Impugnação, ao apontar a origem do depósito que deveuse à venda, na realidade, de outro veículo (diferente do que apontara na primeira instância), que identifica em data e valor. PEDE o afastamento da exigência fiscal, baseado nas alegações e documentos que indica. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Conheço do recurso, uma vez que tempestivo, conforme relatado, e com condições de admissibilidade. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 179 4 A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético. (formato .pdf) O procedimento fiscal teve início com requisição do Ministério Público Federal, que tinha autorização judicial para obter os dados bancários do Contribuinte. A Requisição de Movimentação Financeira RMF, foi empregada apenas para obter os extratos de novembro e dezembro do ano de 2005, não incluídos nos documentos enviados pelo Ministério Público, porque o Contribuinte, regularmente intimado, não os apresentou voluntariamente, após pedido de prorrogação de prazo, parcialmente deferido pela Autoridade Fiscal. Mas o recurso não questiona nenhuma preliminar, concentrandose em justificar o "depósito" com a venda de um automóvel (GM/Blazer) que constou de sua declaração de rendimentos DIRPF/2006. Primeiro, observo que não foi "um depósito" de R$ 17.000,00, mas o desbloqueio, na mesma data (14/11/2005), de dois depósitos distintos, sendo um de R$ 14.400,00 e outro de R$ 2.600,00. O número do documento e a origem, conforme extrato na folha 74, os distinguem. A Autoridade Fiscal, observando os limites impostos pelo § 3º do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, com alterações posteriores, ao realizar sua análise conforme planilhas de folhas 55/56, tratou de excluir todos os depósitos inferiores a R$ 12.000,00. Mas, tratando esses dois como se fosse um único, manteveos pelo montante do desbloqueio, de R$ 17.000,00. Lei nº 9.481, de 13 de agosto de 1997 (...) Art. 4º Os valores a que se refere o inciso II do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 , passam a ser de R$12.000,00 (doze mil reais) e R$80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. Não obstante à análise individualizada de cada depósito (art. 42, § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente), o Contribuinte apresenta uma justificativa, que é a venda de um carro. O automóvel consta em sua DIRPF/2006, como tendo sido vendido em 10/12/2005, por R$ 20.000,00. Não há uma coincidência de datas e valores, exatamente. Ele justifica que a efetiva transferência deuse dias depois, pela necessidade de comparecimento de comprador e vendedor em Cartório, para registrála. Quanto aos valores, observo que nos dias que se seguiram houve depósitos de R$ 1.300,00 e R$ 200,00, que foram desconsiderados pela Fiscalização por serem inferiores a R$ 12.000,00, que segundo o extrato tem a mesma "origem" do depósito de R$ 2.600,00, ou seja, o valor considerado como omissão foi de R$ 17.000,00 e a venda deuse por R$ 20.000,00 mas há outros valores que não foram considerados. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11444.000201/200951 Acórdão n.º 2202003.055 S2C2T2 Fl. 180 5 Portanto, não há no caso uma "exatidão" entre os depósitos e a origem apresentada, mas existe inegável compatibilidade entre ambos. Observo que de todos os extratos analisados, a Fiscalização encontrou base para lançamento apenas deste "único depósito", que como já se explicou foram dois, e a movimentação do contribuinte foi fundamentalmente justificada pela venda de um imóvel, já acatada pelo Auditor Fiscal. CONCLUSÃO Face ao exposto, entendo que a justificativa para os depósitos é hábil e idônea, uma vez que registrada em data e valor compatível, na declaração de rendimentos do interessado e VOTO por dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 13819.001107/2001-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000
NULIDADE. VICIO FORMAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO
É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Súmula CARF nº 21.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.215
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para anular o Auto de Infração, por vício formal, em conformidade com a Súmula CARF nº 21.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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VICIO FORMAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Súmula CARF nº 21. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para anular o Auto de Infração, por vício formal, em conformidade com a Súmula CARF nº 21. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 00 11 07 /2 00 1- 91 Fl. 65DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.001107/200191 Acórdão n.º 2202003.215 S2C2T2 Fl. 66 2 Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado Auto de Infração (fl. 21) relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, do ano calendário de 1999, exercício de 2000, onde foi exigido imposto no valor de R$ 3.717,18, crescido de multa proporcional, no percentual de 75%, importando em R$ 2.829,11 e mais juros de mora calculados com base na taxa Selic. Na autuação, narra a Autoridade Fiscal, em resumo, que constatou omissão de rendimentos tributáveis, recebidos da pessoa jurídica Autoport Transporte S/A, CNPJ: 39.314.968/000128, tendo, conseqüentemente, alterado o desconto simplificado e o imposto de renda retido na fonte. O comprovante de rendimentos e retenção na fonte emitido pela empresa está na folha 7. Irresignada, a Contribuinte apresentou Impugnação que consta da folha 2, onde apenas se manifesta em relação ao valor do imposto retido pela fonte, a título de antecipação, questionando que o lançamento fiscal considerara R$ 399,67, quando o correto seria R$ 3.399,67. Após despacho que determinou o saneamento do processo, com a anexação de documentos essenciais, como o completo Auto de Infração, a DRJ em Brasília/DF manifestouse destacando que a Contribuinte não impugnara a infração capitulada como "omissão de rendimentos" , mas que tinha razão em relação ao valor do imposto de renda retido na fonte. Assim, deuse provimento parcial a sua impugnação, para considerar o valor de R$ 3.399,67, conforme comprovante que consta dos autos. Cientificada dessa decisão em 18/10/2008 (fl. 40), a contribuinte interessada apresentou Recurso voluntário em 28/10/2008 (protocolo na folha 41). Em sede de recurso, diz que "já está pagando valores que não deve" à Receita Federal, porque o débito fora inscrito em dívida ativa; que foi vítima de erro de pessoa que se disse expert em imposto de renda, que nunca recebera os valores lançados como omissão de rendimentos, que na realidade pertenceriam a seu filho, que trabalha na empresa em questão. Diz ainda que não tem condições financeiras de pagar mais esta "multa", tratando de sua situação financeira. Anexa peças e decisões de outros processos administrativos fiscais. REQUER "uma resposta positiva para seu caso." É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.001107/200191 Acórdão n.º 2202003.215 S2C2T2 Fl. 67 3 A numeração de folhas a que me refiro é aquela existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético. (arquivo .pdf) A Delegacia de Julgamento já havia assentado que a Contribuinte, na impugnação, não questionara a omissão de rendimentos apurada pela Fiscalização, destacando a preclusão da matéria, com base no artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972, com o que concordo plenamente. Assim, tendo já sido sanada a divergência em relação ao valor do imposto de renda retido na fonte, dandose razão à Contribuinte, não haveria o que se julgar, em sede de recurso. Querer a contribuinte reavivar a matéria preclusa, alegando, sem nada provar, que os rendimentos que constam no comprovante emitido pela fonte não são seus, mas de seu filho, implicaria em princípio em supressão de instância processual, posto que não foi submetida á apreciação da DRJ, como deveria. Além dessa questão processual, destaco ainda que não traz a Recorrente provas de que o comprovante emitido pela fonte esteja errado. Observo que consta ela como beneficiária dos rendimentos e não seu filho. Entretanto, verifico que no Auto de Infração, cuja cópia consta da folha 21 e seguintes, não existe a identificação da autoridade lançadora. Os campos "nome", "matrícula" e "assinatura" estão em branco, bem como na cópia que foi enviada à Contribuinte, na folha 5. Ferese, portanto, a determinação obrigatória contida no inciso VI do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972. Tenho um entendimento pessoal, em interpretação finalística da norma, na seguinte linha, observando a doutrina de Leandro Paulsen: “Não há requisitos de forma que impliquem nulidade de modo automático e objetivo. A nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente ao contribuinte já por força do art. 5º, LV, da Constituição Federal. Isso porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Alegada eventual irregularidade, cabe, à autoridade administrativa ou judicial, verificar, pois, se tal implicou efetivo prejuízo à defesa do contribuinte. Daí falar se do princípio da informalidade do processo administrativo.” (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) Assim sendo, observase, nestes autos, que a ausência de indicação do nome e matrícula do autuante nenhum prejuízo trouxeram à defesa da Contribuinte, que impugnou e recorreu, demonstrando conhecer a matéria fática e legal nos prazos devidos e dentro de sua lógica dos fatos. Sequer percebeu que não constavam preenchidos tais campos, no Auto de Infração. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.001107/200191 Acórdão n.º 2202003.215 S2C2T2 Fl. 68 4 Por outro lado, em análise histórica, observo que o Decreto, de 1972, em plena ditadura militar, trazia exigências que se coadunavam com a situação então existente, onde não havia meios de acesso à informação que existem atualmente. Assim, era importante que o contribuinte pudesse identificar, apenas pelo "papel" da Notificação ou Auto, quem o autuara, o que hoje pode fazer mesmo pela internet, com acesso eletrônico. Caso assim não queira, a legislação e a administração pública atuais lhe garantem o pleno acesso a toda e qualquer informação que precisar, na garantia e defesa de seus direitos, se acaso entender imprescindível conhecer, por exemplo, o número da matrícula da autoridade que lavrou o auto de infração, para poder exercer sua ampla defesa. Apesar disso tudo, curvome, por determinação regimental, ao entendimento exposto na Súmula CARF nº 21, de observância obrigatória neste julgamento: "É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu." CONCLUSÃO Em conclusão, VOTO por dar provimento ao recurso, para anular, por vício formal, o Auto de Infração em discussão. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 68DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 11080.009224/2002-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1997
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. ESCLARECIMENTO. ALCANCE DA DECISÃO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos.
No caso, é preciso esclarecer a extensão da decisão embargada, especialmente no que se refere aos juros, haja vista que constam duas rubricas distintas, no Auto de Infração.
Embargos Acolhidos sem Efeitos Infringentes.
Numero da decisão: 2202-003.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2202-002.981, de 10/02/2015, esclarecer que permanecem em exigência os juros pagos a menor ou não pagos, no valor de R$ 31,90.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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CABIMENTO. ESCLARECIMENTO. ALCANCE DA DECISÃO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos. No caso, é preciso esclarecer a extensão da decisão embargada, especialmente no que se refere aos juros, haja vista que constam duas rubricas distintas, no Auto de Infração. Embargos Acolhidos sem Efeitos Infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2202002.981, de 10/02/2015, esclarecer que permanecem em exigência os juros pagos a menor ou não pagos, no valor de R$ 31,90. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 92 24 /2 00 2- 21 Fl. 469DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 470 2 Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Foi proferido o Acórdão nº 2202002.981, de 10 de fevereiro de 2015 (fl. 458), em resumo nos seguintes termos: EMENTA MATÉRIA DE FATO. DCTF. Colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento. (...) A questão cingese à auditoria interna na DCTF. Exigise débitos de IRRF declarados em DCTF como estando com exigibilidade suspensa em decorrência de depósitos judiciais. De acordo com o auto de infração eletrônico, os processos judiciais não teriam sido comprovados. Foram lançados também juros de mora isolados em decorrência de um pagamento efetuado em atraso. (...) Tendo o contribuinte apresentado os documentos às fls. 231/375, firmo o convencimento da existência dos processos judiciais nos quais teriam ocorridos os referidos depósitos judiciais. Deste modo aqueles valores questionados pela autoridade fiscal, como que não teriam sido comprovados, foi evidenciado a vinculação com depósitos em processos judiciais. Deste modo, colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento. Isto posto, o lançamento não se mantém no relativo ao juros pagos a menor.(destaquei) Os autos foram enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional que interpôs Embargos de Declaração tempestivos. Alega a Embargante que, como se colhe do trecho acima, o colegiado firmou o seu convencimento na efetiva existência dos processos judiciais para desconstituir o lançamento, inclusive em relação aos juros de mora. Ocorre que, segundo se depreende da leitura do Auto de Infração, os juros de mora em nada se relacionam com a acusação de falta de recolhimento do IRRF por não comprovação dos processos judiciais informados em DCTF. De acordo com o auto, os juros de mora foram lançados em razão do recolhimento intempestivo (fl. 464). Em 02 de maio de 2015, o Presidente da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara desta Seção de Julgamento admitiu os embargos opostos, nos seguintes termos (fl. 467): Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 471 3 Pelo que se vê, o voto condutor do v. Acórdão não foi preciso ao definir para o que se dava o provimento, podendo se entender que o lançamento como um todo deveria ser cancelado. Isso posto, entendo que deve ser acolhido os Embargos, no sentido de submeter os autos novamente à apreciação da Turma, com vistas a suprir a contradição/obscuridade apontada. Assim, os autos foram incluídos em pauta de julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético (arquivo .pdf). O Auto de Infração eletrônico que efetuou "batimento" da DCTF, no que diz respeito ao IRRF do ano calendário de 1997, encontrase nas fls. 196 e seguintes. É possível verificar no "demonstrativo de crédito tributário" que existem dois códigos distintos para tributação: um relativo a "imposto" (2932), no valor de R$ 145.856,96, com multa proporcional de ofício e juros de mora, e outro relativo a "juros pagos a menor" (6583), isolados, no valor de R$ 31,90. Em relação a essa última rubrica, a "descrição dos fatos" traz que: falta ou insuficiência de pagamento dos acréscimos legais (multa de mora e/ou juros de mora parcial ou total), remetendo ao "anexo IV" (fl. 202) onde se observa que para a terceira semana do mês de dezembro de 1997, cujo vencimento do imposto deuse em 24/12/1997, houve um pagamento com insuficiência de acréscimos legais (juros), que então exigese mediante Auto de Infração. Inconformado com a exigência tributária, o contribuinte apresentou impugnação que não tratou dessa pequena parte da matéria. Vejamos o que disse a DRJ (fl. 208 e ss.), ao analisála: AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO. MATÉRIA INCONTROVERSA. DEFINIT1VIDADE. Na ausência de impugnação expressa, restou incontroverso e tornouse definitivo no âmbito administrativo o lançamento de juros de mora isolados. (...) Tratase de auto de infração lavrado para exigir débitos de ÍRRF declarados em DCTF como estando com exigibilidade suspensa em decorrência de depósitos judiciais. De acordo com o auto de Fl. 471DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 472 4 infração eletrônico, os processos judiciais não teriam sido comprovados. Foram lançados também juros de mora isolados em decorrência de um pagamento efetuado em atraso. A autuada impugnou, sem fazer menção aos juros de mora isolados. (...) Em vista do exposto voto por julgar procedente em parte o lançamento, para: A) no tocante à matéria incontroversa, declarar a definitividade, no âmbito administrativo, do lançamento de juros de mora isolados; a) preliminarmente, rejeitar a arguição de nulidade e, por desnecessária, indeferir o pedido de perícia; e c) no mérito, manter a exigência dos débitos de IRRF e cancelar a multa de ofício a eles vinculada.(destaquei) Bem, conforme já admitido, o Acórdão embargado não foi claro sobre quais juros se referia, ao entender que estava comprovada a existência de processos judiciais nos quais teriam ocorrido depósitos judiciais do tributo em exigência. Voltando ao Auto de Infração na fl. 196, temos que: Imposto R$ 145.856,96 (Acórdão CARF nº 2202002.981 entendeu pela sua inexibilidade, fl.458 a 461) Multa de Ofício R$ 109.392,72 (Acórdão da DRJ nº 1013.502 entendeu pela sua inexigibilidade, fl. 208/9) Juros de Mora (calculados até 31/05/2002) R$ 131.722,60. A esses o Acórdão CARF, sob embargos, quis referirse, uma vez que não subsistindo a existência do imposto, conforme entendeu, não subsistem as correções a ele vinculadas (Acórdão CARF nº 2202002.981 entendeu pela sua inexibilidade, fl. 461). Ou seja, se não havia imposto a ser pago mediante lançamento de ofício, não pode haver juros, que servem para atualizar o valor monetário desse imposto. Juros pagos a menor ou não pagos R$ 31,90. Esses permanecem em exigência, uma vez que foram matéria não impugnada, conforme assentou o julgador de 1ª instância e estiveram fora do litígio julgado administrativamente. Em conclusão, VOTO no sentido de acolher os embargos declaratórios para, sanando o vício apontado, esclarecer que permanecem em exigência (Auto de Infração fl. 196) os Juros pagos a menor ou não pagos no valor de R$ 31,90. Permanecem em exigência, uma vez que foram matéria não impugnada, conforme assentou o julgador de 1ª instância, e estiveram fora do litígio julgado administrativamente. Assinado digitalmente Fl. 472DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 473 5 Marcio Henrique Sales Parada Fl. 473DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.721608/2012-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
DIRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. EXIGÊNCIAS. MOTIVAÇÃO
A base de cálculo do imposto, no ano calendário, poderá ser deduzida das despesas relativas aos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde, porém restringe-se a pagamentos efetuados pelo contribuinte, especificados e comprovados, nos termos da legislação pertinente, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, artigo 8º).
Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Tal faculdade deve ser concretizada por meio da lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionando-lhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado.
Hipótese em que a contribuinte foi regularmente intimada a comprovar o efetivo pagamento da despesa e não o fez.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.397
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Martin da Silva Gesto que deu provimento.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Márcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 DIRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. EXIGÊNCIAS. MOTIVAÇÃO A base de cálculo do imposto, no ano calendário, poderá ser deduzida das despesas relativas aos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde, porém restringe-se a pagamentos efetuados pelo contribuinte, especificados e comprovados, nos termos da legislação pertinente, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, artigo 8º). Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Tal faculdade deve ser concretizada por meio da lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionando-lhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Hipótese em que a contribuinte foi regularmente intimada a comprovar o efetivo pagamento da despesa e não o fez. Recurso Voluntário Negado.
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DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. EXIGÊNCIAS. MOTIVAÇÃO A base de cálculo do imposto, no ano calendário, poderá ser deduzida das despesas relativas aos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde, porém restringese a pagamentos efetuados pelo contribuinte, especificados e comprovados, nos termos da legislação pertinente, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, artigo 8º). Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Tal faculdade deve ser concretizada por meio da lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Hipótese em que a contribuinte foi regularmente intimada a comprovar o efetivo pagamento da despesa e não o fez. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Martin da Silva Gesto que deu provimento. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 72 16 08 /2 01 2- 44 Fl. 140DF CARF MF Impresso em 16/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13851.721608/201244 Acórdão n.º 2202003.397 S2C2T2 Fl. 141 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Márcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Relatório Em desfavor da contribuinte em epígrafe foi lavrada Notificação de Lançamento relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas, do exercício de 2010, ano calendário de 2009, onde lhe foi exigido o montante de R$ 5.737,87 a título de imposto, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e mais juros de mora calculados com base na taxa Selic. Na descrição dos fatos, fez constar a Autoridade fiscal autuante que a contribuinte fora intimada a comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas pleiteadas como dedutíveis, em sua DIRPF, e informou que pagava em moeda corrente, a partir de saques dos vencimentos recebidos do INSS. Foram glosadas despesas no valor de R$ 7.925,00 com a profissional Patrícia Helena Frare de Campos e R$ 12.940,00 com a profissional Thais Cristina Bernardi Frare, ambas filhas da recorrente. Na impugnação a contribuinte alegou que apresentara recibos contendo todos os requisitos exigidos pela legislação, fichas odontológicas, fichas médicas e comprovantes de saques. Ao Julgar a Impugnação apresentada pela contribuinte, a DRJ em São Paulo I/SP assim dispôs, em resumo: a) Os dispositivos legais pertinentes são expressos no sentido de que a possibilidade de dedução limitase a pagamentos comprovados e enumeram os requisitos formais dos quais os recibos devem ser revestidos. Esta norma, no entanto, não dá aos comprovantes, ainda que presentes todas estas formalidades, valor probante absoluto. A apresentação destes recibos, em muitos casos, deve servir apenas como ponto de partida para a comprovação das despesas declaradas, não podendo a autoridade fiscal se satisfazer apenas com eles. Quando opta por efetuar pagamentos em dinheiro, o contribuinte deve ter em conta que o pagamento de despesa médica não envolve apenas ele e o profissional de saúde, mas também o fisco caso haja intenção de se beneficiar desta dedução na declaração de rendimentos. E, por isso, deve se acautelar na guarda de elementos de prova da efetividade do pagamento e do serviço. Concluiu que a contribuinte não comprovou a efetividade da prestação de serviços e correspondente pagamento das despesas médicas, impondose a manutenção da glosa. Assim deuse o Julgamento de 1ª instância para considerar procedente o lançamento. Cientificada dessa decisão em 19/03/2013 (AR na folha 91), a contribuinte Fl. 141DF CARF MF Impresso em 16/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13851.721608/201244 Acórdão n.º 2202003.397 S2C2T2 Fl. 142 3 apresentou recurso voluntário em 18/04/2013, tempestivamente, como informa a Unidade preparadora, na folha 138. Em sede de recurso (fl. 93), apresenta, em resumo, as seguintes razões: efetuou os pagamentos em moeda corrente; o fato dos beneficiários serem parentes próximos demonstra sua preferência por profissionais de sua confiança; os valores então acobertados por recibos válidos; toda a documentação comprobatória está anexada, como radiografias e fotografias antesdepois; entende que assim está comprovada a efetividade do tratamento. Entende que se for mantida a autuação, será firmada a ideia de que não se pode pagar em dinheiro a profissionais de saúde que sejam parentes, sob pena de cairlhe sobre os ombros suspeita de inidoneidade. PEDE o cancelamento do débito fiscal reclamado. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as formalidades legais, dele tomo conhecimento. A controvérsia cingese à glosa de dedução com despesas médicas, no total de R$ 20.865,00 que teriam incorrido com apenas duas profissionais: Patrícia Helena Bernardi Frare e Thais Cristina Bernardi Frare, ambas filhas da contribuinte recorrente. Fora essas duas, declarou apenas despesas médicas com pagamento de plano de saúde, que foi aceito pela fiscalização. A motivação para a glosa, expressa pela Autoridade Fiscal na Notificação de Lançamento foi "falta de comprovação do efetivo pagamento", tendo a fiscalização ressaltado o fato dos beneficiários serem parentes próximos. Nada obsta que a Administração Tributária exija que o Interessado comprove o efetivo pagamento das despesas médicas realizadas, quando a Autoridade fiscal assim entender necessário, na linha do disposto no § 3º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 e no art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, assim descritos: DecretoLeinº 5.844/1943 Art. 11. (...) § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000/1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Fl. 142DF CARF MF Impresso em 16/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13851.721608/201244 Acórdão n.º 2202003.397 S2C2T2 Fl. 143 4 Observo, por oportuno, que tal faculdade deve ser concretizada por meio de um ato cuja materialização se dá com a lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Cito a jurisprudência que vem se observando neste CARF: Acórdão 2801003.769 – 1ª Turma Especial. Sessão de 9 de outubro de 2014 Exercício: 2004 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. GLOSA. RESTABELECIMENTO. A dedução de despesas médicas lançadas na declaração de ajuste anual pode ser condicionada, pela Autoridade lançadora, à comprovação do efetivo dispêndio, desde que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Hipótese em que não consta dos autos o termo que supostamente teria intimado o contribuinte a comprovar o efetivo pagamento. Recurso Voluntário Provido Nestes autos, observo que existe o termo de intimação fiscal de folha 59 intimando a contribuinte a apresentar os comprovantes do efetivo pagamento dos serviços, representados pelos recibos encaminhados. Transcrevo mais um Acórdão deste CARF, para ilustração: DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. POSSIBILIDADE. todas as despesas médicas estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova dos respectivos pagamentos. nessa hipótese, a apresentação tão somente de recibos, sem a prova do efetivo pagamento, é insuficiente para comprovar o direito à dedução pleiteada. multa de ofício. CARF 2a. Seção 1a. Turma Especial / ACÓRDÃO 280100.497 em 12.05.2010. Publicado DOU: 16.09.2010.(destaquei) Tenho sustentado que não é possível se fazer 'juízo sobre o juízo', ou seja, a faculdade conferida por lei à Autoridade Lançadora, para concluir se havia ou não motivos para que exigisse a comprovação do pagamento. Poderseia, apenas, verificar se o procedimento transcorreu na devida forma, oportunizando ao contribuinte a apresentação de documentos que façam prova a seu favor. Como já disse o Julgador de 1ª instância, o recibo não é prova inquestionável da efetividade do pagamento, para fins de comprovação junto ao Fisco, na verificação do cumprimento das obrigações tributárias. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 16/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13851.721608/201244 Acórdão n.º 2202003.397 S2C2T2 Fl. 144 5 Transcrevo algumas observações feitas pela Autoridade julgadora de 1ª instância, em seu voto: No presente caso, os recibos emitidos pelas profissionais Patrícia Helena Bernardi Frare (fls. 4) e Thais Cristina Bernardi Frare (fls. 5/7) não atendem a todos os requisitos contidos no art. 80, §1º, inciso III, do RIR/99, anteriormente transcrito – ausente o endereço. (...) A prova definitiva e incontestável da despesa médica é feita com a apresentação de documentos que comprovem a transferência de numerário (o pagamento) e de documentos que comprovem a realização do serviço (radiografias, receitas médicas, fichas clínicas, exames laboratoriais, notas fiscais de aquisição de remédios e outras). A apresentação de recibos, por si só não tem esta capacidade. (...) O pagamento em dinheiro/moeda corrente serve muito bem para quitar um débito, mas de difícil prova perante terceiros, como no caso da redução da base de cálculo do imposto de renda mediante deduções. Os documentos de fls. 9/15 provam que a impugnante recebe benefício previdenciário e seu saque, mas não são hábeis a comprovar as despesas médicas cuja dedução foi objeto de glosa. Quanto à documentação juntada ao recurso, nas folha 97 a 100 estão os recibos questionados. Nas folhas 101 e seguintes comprovantes de que a contribuinte recebe benefício do INSS e saca no Banco Santander. Na folha 107/8 (repetidos nas folha 124/5) existe um orçamento com cronograma de tratamento odontológico, sem carimbo ou identificação de quem o emitiu. Existem diversas figuras repetidas de rosto feminino com indicação de tratamento facial e nas folhas 109/111, várias "fotografias antes e depois do tratamento", que entretanto nada permitem verificar no tocante ao efetivo pagamento do serviço. Entendo que o pagamento sistemático, que deuse por três anos calendários seguidos, em quantias de significativa monta, a odontóloga e médica, ambas filhas da contribuinte, de fato justificam a exigência da autoridade fiscal na comprovação do efetivo pagamento, uma vez que tais quantias foram pleiteadas como dedutíveis, na apuração do imposto de renda. Não é proibido pagar em dinheiro, tampouco é vedado usar serviços médicos e afins de parentes próximos, até entendese a preferência por eles, em face da confiança, mas obviamente que perante o Fisco, ao se efetuar esse tipo de pagamento, devese acobertálo de cuidados, com um zelo adicional e os simples recibos, questionados, não fazem prova irrefutável do pagamento. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 16/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13851.721608/201244 Acórdão n.º 2202003.397 S2C2T2 Fl. 145 6 Entendo que esteve regular a exigência efetuada pela autoridade fiscal e que a contribuinte não logrou êxito em atendêla, não se demonstrando nestes autos a comprovação do efetivo pagamento das despesas pleiteadas. Assim sendo, os recibos questionados pela Autoridade lançadora, na forma do artigo 73 do RIR/1999, não são prova definitiva e inconteste da despesa médica e, não trazendo elementos requisitados pela fiscalização, é de ser mantida a glosa perpetrada. Assim sendo, VOTO por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 145DF CARF MF Impresso em 16/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /06/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10825.722195/2011-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.671
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada – Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte acima identificado foi lavrada Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, exercício de 2009, ano calendário de 2008, onde foi exigido o montante de R$ 3.020,18 a título de imposto, acrescido de multa de ofício proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora calculados pela taxa Selic. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 25 .7 22 19 5/ 20 11 -6 3 Fl. 66DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 12 /04/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/04/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10825.722195/201163 Resolução nº 2202000.671 S2C2T2 Fl. 67 2 Na "descrição dos fatos" (fl. 13), narra a Autoridade Fiscal responsável pelo feito que, confrontando o valor dos rendimentos tributáveis recebidos de Pessoa Jurídica declarados, com o valor dos rendimentos informados pelas fontes pagadoras em DIRF, constatou a omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 13.728,10. Inconformado com o lançamento, o Contribuinte apresentou primeiro uma SRL (solicitação de retificação de lançamento – fl. 19), que foi indeferida, e, posteriormente, Impugnação, onde alega ser portador de moléstia grave definida em lei e por isso beneficiário de isenção tributária, e que o problema residiria na questão da não apresentação de Laudo Oficial pericial, não apresentado em tempo à Receita Federal em razão de “burocracia”. Entretanto, naquela ocasião estava juntando tal documento. Ao julgar a manifestação da contribuinte, a DRJ São Paulo I/SP disse que o documento trazido aos autos relacionado à condição de ser portador de moléstia grave era o laudo médico pericial de fl. 04, que, ao informar como a doença se designa, não informava nominalmente nenhuma daquelas que constam no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 1988. O CID informado no Laudo (I 25) é relativo a “doença isquêmica do coração” e a lista constante da lei é exaustiva. Cientificado dessa decisão em 30/08/2012 (AR na folha 30), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 21/09/2012 (protocolo na folha 33) onde, em suma, repisa as mesmas alegações da Impugnação e acrescenta que sua moléstia é “cardiopatia grave”, que submeteuse a diversas perícias médicas, que o perito do INSS reconheceu sua condição e o direito à isenção do imposto de renda. Fala da CID 10, que engloba “as doenças isquêmicas do coração” e que a Receita Federal, ao invés de restituirlhe os valores “retidos indevidamente”, estavalhe cobrando “o mesmo tributo” com multa de ofício. REQUER que seja reconhecida a procedência de seu recurso e o direito à isenção do Imposto de Renda sobre os rendimentos de aposentadoria, restituindose os valores pagos indevidamente a título do imposto. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Nestes autos, não se discute que os rendimentos sejam provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão, mas está em litígio a questão da comprovação documental da moléstia, através de laudo médico com os requisitos previstos em lei, e a designação específica da doença, enquadrandoa nos estritos termos legais. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 12 /04/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/04/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10825.722195/201163 Resolução nº 2202000.671 S2C2T2 Fl. 68 3 Quando à questão de ser o Laudo emitido por serviço médico oficial, observo que o documento de folha 4 é um Laudo Médico Pericial assinado por um perito médico do INSS. Contudo, referindose tal documento a “isquemia miocárdica” e designando a moléstia como “doença isquêmica do coração CID 10: I 25”, entendeu o Julgador de 1ª instância que não era possível interpretar literalmente, conforme artigo 111 do CTN, tratarse da “cardiopatia grave” listada na lei isentiva. Contudo, antes de partir para a solução da controvérsia, observo que não consta dos autos a cópia da DIRF que serviu de base para o lançamento, uma vez que a infração baseiase exatamente na discrepância entre os rendimentos informados nessa declaração apresentada pela fonte pagadora e os rendimentos declarados em DIRPF pelo contribuinte, conforme descrito no relatório. Aliás, não localizei também cópia da DIRPF/2009, ano calendário de 2008, do contribuinte. Por que isso é necessário? Não são todos os rendimentos do contribuinte que são isentos do imposto de renda, apenas aqueles provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão. É possível que um contribuinte aposentado pelo INSS continue exercendo atividade laboral e recebendo rendimentos de outras fontes, na condição de rendimento do trabalho assalariado. Segundo, o Laudo médico do INSS expressamente fixa como data de diagnóstico da doença o dia 11/06/2008. Assim, de acordo com o artigo 39, § 5º, do Regulamento do Imposto de Renda, a isenção aplicase aos rendimentos recebidos a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificado no laudo pericial. Portanto, não são todos os rendimentos do contribuinte, percebidos no ano calendário de 2008, que têm o benefício da isenção, mas apenas aqueles decorrentes da aposentadoria ou seu complemento e recebidos a partir de junho de 2008, não se estendendo àqueles recebidos entre janeiro e maio. Mas não dispondo da cópia das DIRF e da DIRPF do contribuinte, não é possível fazer essa análise, principalmente porque a Notificação de Lançamento referese a uma omissão parcial, tendo o contribuinte declarado em parte os rendimentos recebidos da fonte pagadora Fundação Sistel de Seguridade Social (R$ 29.752,89, fl. 13) e também verifico no demonstrativo de folha 14, que essa não foi a única fonte de rendimentos do contribuinte em 2008, uma vez que o total dos rendimentos declarados importa em R$ 41.318,69. Assim, há outras fontes? Ao declarar, o contribuinte atentouse para o fato de que a isenção dos rendimentos, de acordo com a lei, só lhe é favorecida a partir de junho de 2008, e não pelo ano todo? O Lançamento já considerou isso? Pelo exposto, VOTO pela conversão do julgamento em diligência para que a Unidade responsável pela autuação providencie a anexação das DIRF com informação dos rendimentos, natureza e período, pagos ao contribuinte no ano de 2008, bem como a cópia da DIRPF/2009, ano calendário de 2008. Após, retornem os autos a este CARF para prosseguimento do julgamento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 68DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 12 /04/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/04/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 12326.005717/2010-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
DIRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
A base de cálculo do imposto, no ano calendário, poderá ser deduzida das despesas relativas aos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde, porém restringe-se a pagamentos efetuados pelo contribuinte, especificados e comprovados, nos termos da legislação pertinente (Lei nº 9.250, de 1995, artigo 8º).
Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°).
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECISÃO DA DRJ. ATO MOTIVADO. RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. FASES. PROCEDIMENTO.
"Procedimento é sinônimo de rito do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303). O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador.
Todo ato administrativo deve ser motivado. A motivação é a justificativa do ato. O motivo alegado é elemento que vincula o ato administrativo. Se o julgador de 1ª instância apresenta um expresso motivo para desconsiderar os recibos apresentados, a lide fica adstrita a essa motivação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.334
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 DIRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. A base de cálculo do imposto, no ano calendário, poderá ser deduzida das despesas relativas aos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde, porém restringe-se a pagamentos efetuados pelo contribuinte, especificados e comprovados, nos termos da legislação pertinente (Lei nº 9.250, de 1995, artigo 8º). Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECISÃO DA DRJ. ATO MOTIVADO. RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. FASES. PROCEDIMENTO. "Procedimento é sinônimo de rito do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303). O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Todo ato administrativo deve ser motivado. A motivação é a justificativa do ato. O motivo alegado é elemento que vincula o ato administrativo. Se o julgador de 1ª instância apresenta um expresso motivo para desconsiderar os recibos apresentados, a lide fica adstrita a essa motivação. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. A base de cálculo do imposto, no ano calendário, poderá ser deduzida das despesas relativas aos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde, porém restringese a pagamentos efetuados pelo contribuinte, especificados e comprovados, nos termos da legislação pertinente (Lei nº 9.250, de 1995, artigo 8º). Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECISÃO DA DRJ. ATO MOTIVADO. RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. FASES. PROCEDIMENTO. "Procedimento é sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo” (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303). O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Todo ato administrativo deve ser motivado. A motivação é a justificativa do ato. O motivo alegado é elemento que vincula o ato administrativo. Se o julgador de 1ª instância apresenta um expresso motivo para desconsiderar os recibos apresentados, a lide fica adstrita a essa motivação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 32 6. 00 57 17 /2 01 0- 34 Fl. 67DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 03 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12326.005717/201034 Acórdão n.º 2202003.334 S2C2T2 Fl. 68 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Autoridade Julgadora de 1ª instância (fl. 40), complementandoo ao final: Tratase de Notificação de Lançamento (fls. 26/31) em nome da contribuinte em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão da sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2008 (fls. 34/39), em que foi constatada a dedução indevida de despesas médicas no valor total declarado a esse título, de R$26.351,31, conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 28/29, sendo: R$ 51,31 relativos ao Comando do Exército, pela falta de apresentação de comprovantes; e R$ 26.300,00, por falta de identificação do paciente, assim compostos: R$12.000,00 relativos à profissional Cristiane Vieira de Oliveira; R$5.800,00 relativos à profissional Flavia Marques Tostes; R$3.500,00 relativos à profissional Amanda de Souza Pereira; e R$5.000,00 relativos ao profissional Juan Francisco Roca Vargas. Dessa constatação, resultou a alteração de imposto a pagar declarado de R$3.881,51 para saldo de imposto a pagar apurado de R$11.128,12, originando um imposto suplementar deR$7.246,61 (fl. 30), mais os acréscimos legais. Tendo tomado ciência da alteração, por via postal, em 23/07/2010 (fl. 21),a notificada apresentou impugnação (fls. 03/04), tempestivamente, em 18/08/2010, por sua Procuradora, devidamente constituída pelo instrumento de fl. 08, alegando, em Fl. 68DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 03 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12326.005717/201034 Acórdão n.º 2202003.334 S2C2T2 Fl. 69 3 resumo, que em todos os recibos apresentados consta a identificação da paciente, que é ela própria. Acrescenta estar anexando à impugnação cópia das declarações de Imposto de Renda de Cristiane Vieira de Oliveira, Flavia Marques Tostes e Juan Francisco Roca Vargas, em que pode ser confirmado o serviço a ela prestado, com a informação de seu CPF, além do Comprovante do Comando do Exército, e informa que em relação à profissional Amanda de Souza Pereira já teria apresentado os recibos. No mais, requer prioridade na análise de sua impugnação, com base na previsão contida no art. 71 da Lei nº 10.471/2003. À fl. 07, junta Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte emitido pelo Ministério da Defesa – Exército Brasileiro, referente ao ano calendário de 2007, em seu nome, como beneficiária de pensão. Junta ainda, de fls. 11 a 19, DIRPF’s do exercício 2008, ano calendário 2007, dos profissionais abaixo relacionados: Juan Francisco Roca Vargas, entregue à RFB em 30/04/2008 – fls. 11/13; Cristiane Vieira de Oliveira, entregue à RFB em 18/04/2008 – fls. 14/16; Flavia Marques Tostes, entregue à RFB em 16/04/2008 – fls. 17/19. Ao analisar a manifestação da contribuinte, o Julgador recorrido dispôs, em resumo, que o Comprovante de Rendimentos de fl. 07 comprova as despesas médicas, odontológicas e hospitalares no valor de R$51,31 (Comando do Exército). Quanto às demais despesas declaradas a título de despesas médicas, destacou que foram glosadas, conforme explicitado pela autoridade fiscal à fl.29, por falta de identificação do paciente. O fato de seus valores terem sido declarados como recebidos da Sra. Herme Madyanna Costa da Silva Novaes, pelos profissionais não faz prova de que a beneficiária de seus serviços tenha sido a impugnante, motivo por que se mantém a glosa desses valores. Em relação, à profissional Amanda de Souza Pereira, a contribuinte nada trouxe para comprovar que teria sido a beneficiária dos serviços prestados pela mesma. Assim, deuse a decisão de 1ª instância para considerar procedente em pequena parte a impugnação (R$ 51,31), mantendose o restante. Cientificada dessa decisão em 31/10/2012 (AR na folha 47), a contribuinte apresentou recurso voluntário em 26/10/2012, com protocolo na folha 50. Em sede de recurso, diz que anexa declarações dos profissionais emitentes dos recibos, a fim de comprovar que ela própria foi a beneficiária dos serviços médicos. Os documentos estão nas folhas 58 a 61. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 03 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12326.005717/201034 Acórdão n.º 2202003.334 S2C2T2 Fl. 70 4 O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as formalidades legais, dele tomo conhecimento. Na Notificação de Lançamento cuja cópia está na folha 27/29, o Auditor Fiscal consignou que a glosa das despesas que chegam a esta instância recursal (considerando que a despesa com o Comando do Exército já foi restabelecida pela DRJ), era motivada por não haver nos recibos a identificação do paciente. ("todos sem identificação do paciente"). Entendese, portanto, que os recibos foram apresentados. DecretoLei nº 5.844/1943 Art. 11. (...) § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000/1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). "Procedimento é sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo” (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303). O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Todo ato administrativo deve ser motivado. A motivação é a justificativa do ato. O motivo alegado é elemento que vincula o ato administrativo. Na Impugnação, a contribuinte apresenta cópia das declarações de imposto de Renda de Cristiane Vieira de Oliveira, Flavia Marques Tostes e Juan Francisco Roca Vargas, em que pode ser confirmado o pagamento do serviço, uma vez que os profissionais declararam os valores, informando seu nome e CPF (fls. 12, 15 e 18). Faltou apenas a de Amanda de Souza Pereira. A DRJ disse que tais documentos apenas comprovavam o recebimento dos valores pagos pela contribuinte aos profissionais, mas não quem fora o beneficiário dos serviços. Em relação à Amanda de Souza Pereira, disse que nenhum documento fora apresentado. Não se questionou, portanto, o efetivo pagamento nem a prestação dos serviços, mas sim quem fora o beneficiário dos mesmos. Após as indicações da DRJ, juntamente com seu recurso, o Recorrente apresenta novos documentos que merecem ser considerados, haja vista o disposto na alínea "c", § 4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, bem como em observância ao princípio da verdade material. Em sede de recurso, a contribuinte apresenta, a fim de complementar as informações, declarações emitidas pelos quatro profissionais, todos afirmando ter sido ela própria a beneficiária dos serviços. (Juan fl. 58, Cristiane fl. 59, Flávia fl. 60 e Amanda, fl. 61). Se o problema nos recibos era a falta de indicação do beneficiário do tratamento, além de entender que a documentação complementar acostada aos autos, como as Fl. 70DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 03 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12326.005717/201034 Acórdão n.º 2202003.334 S2C2T2 Fl. 71 5 declarações de rendimentos dos profissionais e as declarações complementares apresentadas por eles suprem a exigência, citese a Solução de Consulta Interna (SCI) da Coordenação Geral de Tributação Cosit nº 23, de 30 de agosto de 2013: Solução de Consulta Interna nº 23 Cosit Data 30 de agosto de 2013 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF DESPESAS MÉDICAS. IDENTIFICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO. São dedutíveis, da base de cálculo do IRPF, as despesas médicas realizadas pelo contribuinte, referentes ao próprio tratamento e de seus dependentes, desde que especificadas e comprovadas mediante documentação hábil e idônea. Na hipótese de o comprovante de pagamento do serviço médico prestado ter sido emitido em nome do contribuinte sem a especificação do beneficiário do serviço, podese presumir que esse foi o próprio contribuinte, exceto quando, a juízo da autoridade fiscal, forem constatados razoáveis indícios de irregularidades.(sublinhei) Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso para restabelecer despesas médicas no importe de R$ 26.300,00, no ano de 2007. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 71DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 03 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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