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Numero do processo: 10380.013101/2002-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 27 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Thu Oct 28 00:00:00 UTC 2010
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL COFINS
Anocalendário:
1999, 2000
TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO PARA TERCEIROS APLICAÇÃO
IMEDIATA DA EXCLUSÃO PREVISTA NA LEI Nº 9.718/98 IMPOSSIBILIDADE.
O Egrégio Superior de Justiça firmou entendimento no sentido de que a
9.718/98, artigo 3º, § 2º, III, é norma de eficácia limitada, do que se
depreende que a ausência de regulamentação inviabiliza a aplicação do
dispositivo que reduzia a base de cálculo do PIS e Cofins, excluindo de seu
cômputo os valores referentes a receitas transferidas para terceiros.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-000.673
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999, 2000 TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO PARA TERCEIROS APLICAÇÃO IMEDIATA DA EXCLUSÃO PREVISTA NA LEI Nº 9.718/98 IMPOSSIBILIDADE. O Egrégio Superior de Justiça firmou entendimento no sentido de que a 9.718/98, artigo 3º, § 2º, III, é norma de eficácia limitada, do que se depreende que a ausência de regulamentação inviabiliza a aplicação do dispositivo que reduzia a base de cálculo do PIS e Cofins, excluindo de seu cômputo os valores referentes a receitas transferidas para terceiros. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Walber José da Silva Presidente Fabiola Cassiano Keramidas – Relatora EDITADO EM: 15/02/2011 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva (Presidente), José Antonio Francisco, Alexandre Gomes, Fabíola Cassiano Keramidas (Relatora), Alan Fialho Gandra e Gileno Gurjão Barreto. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/201 1 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 03/12/2011 por WALBER JOSE DA SILVA 2 Relatório Tratase de pedido de restituição relativo a crédito de COFINS – Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social. O Recorrente entende que realizou o recolhimento a maior em razão de não ter procedido à dedução, da base de cálculo do tributo pago nas competências de 02/99 a 09/00, dos valores transferidos a terceiros, fundamenta seu pedido no artigo 3º § 2º, inciso III, da Lei nº 9.718/98. Alega, ainda, que a falta de regulamentação da norma pelo poder Executivo não é suficiente para restringir seu direito (fls. 01/48). Por meio do Despacho Decisório de fls. 49/51, a Delegacia da Receita Federal em Fortaleza/CE negou o pleito da Recorrente. Inconformada, a Recorrente apresentou recurso às fls. 52/64 por meio do qual pugnou pelo deferimento de seu pedido esclarecendo que há previsão legal expressa para excluir da base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, as receitas decorrentes de valores transferidos a terceiros, que a norma é auto aplicável e a ausência de regulamentação não tem o condão de restringir o direito do contribuinte. Alega ainda a inconstitucionalidade do Ato Declaratório SRF nº 56, de 20 de julho de 2000, bem como a irretroatividade da Medida Provisória nº 199118/00 que, em seu artigo 74, inciso IV, letra ‘b’ revogou o inciso III, § 2º, do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Após analisar as razões apresentadas pela Recorrente, a Quarta Turma da Delegacia de Julgamento de Fortaleza proferiu o acórdão nº 0811933 (fls. 78/84), o qual indeferiu a restituição pretendida, tendo a decisão restado da seguinte forma ementada: “RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO.: DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Não assiste direito ao contribuinte deduzir da base de cálculo da COFINS e PIS, eventual exclusão da receita bruta que tenha sido feita a título de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica, quando o dispositivo legal que estabeleceu tal exclusão não tiver produzido os efeitos jurídicos que lhes são próprios, inclusive em face da revogação expressa de tal previsão legal, conforme teor do Ato Declaratório SRF nº 56/2000.” Mais uma vez a Recorrente recorreu da decisão – fls. 87/102 – reiterando as alegações previamente trazidas em sua inconformidade, especialmente que o normativo previsto no inciso III, § 2º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 é auto executável e que quando o regulamento é obrigatório, sua ausência não impede a aplicabilidade da lei na parte em que for possível. É o relatório. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/201 1 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 03/12/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10380.013101/200247 Acórdão n.º 330200.673 S3C3T2 Fl. 111 3 Voto Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas, Relatora O Recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Conforme se depreende da leitura do relatório, o presente processo tem por objeto única e exclusivamente o pedido de restituição dos valores recolhidos a título de COFINS, os quais decorrem da inclusão na base de cálculo do tributo, dos valores transferidos para outras pessoas jurídicas. Isto é, discutese a possibilidade de aplicação imediata da exclusão prevista no inciso III, §2º, artigo 3º, da Lei nº 9.718/98, a saber: “Art. 3º. O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. §1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. §2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º excluemse da receita bruta: (...) III – os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo poder executivo.” (destaquei) O indeferimento do pedido de restituição se deu em razão de a Secretaria da Receita Federal possuir opinião contrária ao entendimento da Recorrente. Tal posicionamento foi externado por meio do Ato Declaratório SRF nº 56/00, pro meio do qual se entende que o dispositivo acima exposto, para ser aplicado, necessita de regulamentação, e a falta de regulamentação inviabiliza a sua aplicação, a saber : “O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do § 2o do art. 3o da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.991 18, de 9 de junho de 2000; considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, declara: não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de 1° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/201 1 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 03/12/2011 por WALBER JOSE DA SILVA 4 eventual exclusão da receita bruta que tenha sido feita a título de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica.” (destaquei) Já a Recorrente entende que a lei é autoaplicável, até porque as normas regulamentadoras jamais poderiam diminuir o benefício fiscal concedido, posto que tais regras não têm o condão de dispor sobre a base de cálculo das contribuições. E menos ainda “normas regulamentadoras”, como atos administrativos de hierarquia inferior que são poderiam, com a sua ausência, alterar o aspecto quantitativo de qualquer tributo. A questão já foi dirimida pelo Superior Tribunal de Justiça, órgão máximo no tocante à interpretação das normas infraconstitucionais. “TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE RECEITAS TRANSFERIDAS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. LEI 9.718/91, ART. 3º, § 2º, III. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. 1. É de sabença que na dicotomia das normas jurídico tributárias, há as cognominadas leis de eficácia limitada ou condicionada. Consoante a doutrina do tema, "as normas de eficácia limitada são de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a eficácia.". Isto porque, "não revestem dos meios de ação essenciais ao seu exercício os direitos, que outorgam, ou os encargos, que impõem: estabelecem competências, atribuições, poderes, cujo uso tem de aguardar que a Legislatura, segundo o seu critério, os habilite a se exercerem". 2. A lei 9.718/91, art. 3º, § 2º, III, optou por delegar ao Poder Executivo a missão de regulamentar a aplicabilidade desta norma. Destarte, o Poder Executivo, competente para a expedição do respectivo decreto, quedouse inerte, sendo certo que, exercendo sua atividade legislativa constitucional, houve por bem retirar a referida disposição do universo jurídico, através da Medida Provisória 199118/2000, numa manifestação inequívoca de aferição de sua inconveniência tributária. 3. Conquanto o art. 3º, § 2º, III, da Lei supracitada tenha ostentado vigência, careceu de eficácia, ante a ausência de sua imprescindível regulamentação. Assim, é cediço na Turma que "se o comando legal inserto no artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 previa que a exclusão de crédito tributário ali prevista dependia de normas regulamentares a serem expedidas pelo Executivo, é certo que, embora vigente, não teve eficácia no mundo jurídico, já que não editado o decreto regulamentador, a citada norma foi expressamente revogada com a edição de MP 199118/2000". 4. Deveras, é lícito ao legislador, ao outorgar qualquer benefício tributário, condicionar o seu gozo. Tendo o legislador optado por delegar ao Poder Executivo a tarefa de estabelecer os contornos da isenção concedida, também essa decisão encontra amparo na sua autonomia legislativa. 5. Conseqüentemente, "não comete violação ao artigo 97, IV, do Código Tributário Nacional o decisório que em decorrência Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/201 1 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 03/12/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10380.013101/200247 Acórdão n.º 330200.673 S3C3T2 Fl. 112 5 deste fato, não reconhece o direito de o recorrente proceder à compensação dos valores que entende ter pago a mais a título de contribuição para o PIS e a COFINS. "In casu", o legislador não pretendeu a aplicação imediata e genérica da lei, sem que lhe fossem dados outros contornos como pretende a recorrente, caso contrário, não teria limitado seu poder de abrangência." 6. Recurso Especial provido.” (STJ REsp 507876 / RS, Ministro LUIZ FUX, Primeira Turma, DJ 15.03.2004 p. 161 – destaquei) De acordo com este raciocínio, o fato de a norma fazer referência a regras regulamentadoras, a transforma em norma de eficácia contida, condicionada a regulamentação para que produza efeitos. Neste sentido, a despeito de a regra ser válida e vigente, não possuiu o requisito da eficácia, suficiente para inviabilizar a sua aplicação. Ademais, o benefício fiscal que no entender do Superior Tribunal de Justiça sequer chegou a ser eficaz, perdeu sua vigência com a expedição da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000 (MP 1991). Tal fato é relevante em razão de a Recorrente solicitar a restituição dos pagamentos realizados entre 02/99 a 09/00, sendo que a partir de 9/06/00 a lei que conferia o benefício foi revogada. Registrase que o posicionamento difere do entendimento da recorrente de que a MP 1.991 traz regra nova, válida a partir de setembro/2000 em virtude da anterioridade nonagesimal. In casu, entendese que o benefício foi expressamente revogado a partir de junho/2000 e que antes não podia ser usufruído porque não era aplicável. Ante o exposto, CONHEÇO do presente recurso para fim de NEGARLHE provimento, mantendo a decisão de primeira instância administrativa. É como voto. Fabiola Cassiano Keramidas Fl. 5DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/201 1 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 03/12/2011 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 13502.000573/00-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: DENÚNCIA ESPONTÂNEA – ARTIGO 138 do CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL – CANCELAMENTO DE MULTA MORATÓRIA.
Deve ser reconhecida a aplicação do artigo 138 do Código Tributário
Nacional – CTN – nos casos em que, antes da ocorrência do procedimento de
fiscalização o contribuinte realiza a declaração do tributo até então não
recolhido, acompanhada de pagamento. Entendimento expressado pelo
Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 962.379, julgado em
caráter repetitivo).
Numero da decisão: 3302-000.826
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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ementa_s : DENÚNCIA ESPONTÂNEA – ARTIGO 138 do CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – CANCELAMENTO DE MULTA MORATÓRIA. Deve ser reconhecida a aplicação do artigo 138 do Código Tributário Nacional – CTN – nos casos em que, antes da ocorrência do procedimento de fiscalização o contribuinte realiza a declaração do tributo até então não recolhido, acompanhada de pagamento. Entendimento expressado pelo Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 962.379, julgado em caráter repetitivo).
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Recorrida DRJ Salvador/BA DENÚNCIA ESPONTÂNEA – ARTIGO 138 do CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – CANCELAMENTO DE MULTA MORATÓRIA. Deve ser reconhecida a aplicação do artigo 138 do Código Tributário Nacional – CTN – nos casos em que, antes da ocorrência do procedimento de fiscalização o contribuinte realiza a declaração do tributo até então não recolhido, acompanhada de pagamento. Entendimento expressado pelo Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 962.379, julgado em caráter repetitivo). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora. EDITADO EM: 16/05/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alan Fialho Gandra, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 2 Relatório Tratase de Pedido de Homologação de Denúncia Espontânea (fls, 01/08), acompanhado da comprovação do pagamento de valores de PIS e COFINS, que não haviam sido declarados nem pagos, em razão de erro no sistema de apuração de impostos do contribuinte, ora Recorrente. Conforme relatado na petição apresentada, tão logo constatado o equívoco na declaração dos tributos, e a correspondente ausência no recolhimento, o contribuinte promoveu a declaração e pagamento do valor de principal, acrescido de juros, mas sem computar qualquer penalidade, inclusive a multa moratória. A DRF ao analisar o pedido da Recorrente (fls. 10/11) indeferiu a homologação do pagamento, por entender que a denúncia espontânea não afasta a incidência da multa moratória. No entender do órgão a multa moratória não teria caráter punitivo – mas sim natureza compensatória, razão pela qual não poderia ser afastada, mesmo nos casos em que há denúncia espontânea. Irresignada a Recorrente apresentou sua manifestação de inconformidade (fls. 13/15), alegando, essencialmente, que a legislação (art. 138 do CTN) exclui a aplicação a responsabilidade pela infração, quando o contribuinte promove a denúncia espontânea de seus débitos, não fazendo qualquer distinção entre os tipos de multa, devendo, portanto, ser afastada a aplicação de qualquer multa – inclusive a moratória. Cita decisões do então Conselho de Contribuintes, que corroboram seu entendimento. Sobreveio a decisão da DRJ (fls. 36/40) que indeferiu a manifestação de inconformidade, por entender devida a multa moratória, mesmo nos casos em que ocorre a denúncia espontânea, pois tal multa teria caráter indenizatório e não punitivo. Apresentado Recurso Voluntário (fls. 46/52), no qual a Recorrente reitera seus argumentos, trazendo julgados da Câmara Superior de Recursos Fiscais e Superior Tribunal de Justiça, que corroboram seu entendimento de que toda multa – inclusive e especialmente a moratória – devem ser afastadas nos casos em que ocorre a denúncia espontânea. Os autos foram então distribuídos para o 1º Conselho de Contribuintes, que decidiu por declinar a competência, em favor desta Seção, tendo em vista tratarse de denúncia espontânea de valores de PIS e de COFINS (fls. 57/62). Vieramme os autos para análise (fls. 63), é o relatório. Voto Conselheira FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Fl. 65DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13502.000573/0006 Acórdão n.º 330200.826 S3C3T2 Fl. 2 3 O Recurso Voluntário é tempestivo e atende às demais exigências legais, razão pela qual dele conheço. Cingese a controvérsia à questão da aplicabilidade ou afastamento da multa moratória nos casos de denúncia espontânea, formalizada por contribuinte, antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório. De início importa ressaltar que nos autos não há qualquer discussão quanto à ocorrência ou não da denúncia espontânea. Vale dizer, não é caso de declaração de tributos desacompanhada de pagamento, o que poderia afastar a caracterização da denúncia espontânea, na esteira do que já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 962.379, julgado em caráter repetitivo). Ao contrário, em momento algum tal possibilidade foi sequer aventada, tendo a DRF e a DRJ reconhecido tratase de caso “clássico” de denúncia espontânea clássico, em que o contribuinte não havia realizado a declaração dos tributos, e o faz – acompanhada do pagamento de principal acrescido de juros moratórios – antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório. O que se discute nos autos, portanto, é se, diante do instituto da denúncia espontânea é cabível a aplicação da multa moratória. Feitas tais considerações iniciais, passase ao exame da matéria sob julgamento. O fundamento aplicado pelos julgadores administrativos de primeira instância para manter a exigência da multa moratória em casos de denúncia espontânea, é de que tal multa não pode ser considerada uma penalidade. São no seguinte sentido as afirmações da DRJ, verbis: “O instituto da denúncia espontânea exclui tãosomente a responsabilidade por infrações, o que significa afastar as penalidades aplicáveis ao contribuinte infrator que agiu espontaneamente. Contudo, como a multa de mora não tem natureza jurídica de sanção ou penalidade, e sim de indenização pelo atraso no pagamento, não cabe a exclusão de sua exigência nos casos de denúncia espontânea.” É evidente a confusão de conceitos por parte da Delegacia de Julgamento DRJ. De início a r. decisão ora atacada afirma que a denúncia espontânea afasta as penalidades aplicáveis ao contribuinte infrator que agiu espontaneamente. Neste ponto é irrepreensível o raciocínio traçado, afinal, o artigo 138 do CTN é claro em afastar a aplicação de quaisquer penalidades, nos casos de denúncia espontânea. Novamente, de se destacar que, no presente caso, não há dúvidas que se trata de denúncia espontânea. Logo, a conclusão lógica é de que, porque o caso sob análise é um caso de denúncia espontânea segundo a própria DRJ devem ser afastada a aplicação de quaisquer penalidades. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 4 O problema é que, na sequência, a decisão atacada apresenta uma afirmação descabida, ao asseverar que a multa de mora não é sanção ou penalidade (?!), mas sim uma forma de indenização. Ora, para clarear a questão, vejamos o que dizem os dicionários a respeito do vocábulo MULTA: “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: Multa: Ato ou efeito de multar 1.Rubrica: termo jurídico. Sanção pecuniária. Dicionário Michaelis: Multa: 1 Ato ou efeito de multar; coima, pena pecuniária a quem infringe leis ou regulamentos. 2 Condenação, pena. Pareceme claro que o conceito de multa nada mais é, do que o conceito de SANÇÃO. Multa é sempre uma penalidade! Não há qualquer dúvida quanto ao conceito, seja em sua literalidade, seja na aplicação do mesmo em toda legislação fiscal, doutrina e jurisprudência. Neste sentido, pareceme descabida a afirmação de que multa de mora não caracteriza sanção. Ainda mais complicado, é a classificação da multa de ofício como uma “sanção punitiva” e da multa moratória como uma “sanção compensatória”. Sanção punitiva é puro pleonasmo. Afinal, toda sanção é conceitual e literalmente uma punição. E ainda que se pretenda realizar uma digressão sobre a multa moratória ser ou não uma sanção compensatória, será, ainda assim, uma sanção. Ou seja, a multa moratória – ainda que se pretenda qualificála de qualquer outra forma – sempre será uma sanção, uma punição. A este respeito, destacase que a sanção, enquanto meio coercitivo, é o dever preestabelecido por uma regra jurídica que o Estado utiliza como instrumento jurídico para impedir ou desestimular diretamente um ato ou fato que a ordem jurídica proíbe1. Logo, sendo a sanção a conseqüência jurídica da desobediência de uma determinada norma jurídica, então, a natureza da sanção está diretamente relacionada com a natureza da norma jurídica desobedecida, melhor dizendo, com o ilícito que tenta impedir. No caso da multa moratória, buscase repreender o atraso no pagamento dos tributos, penalizando o contribuinte pelo descumprimento da obrigação de recolher o tributo na data legalmente estipulada. Nada tem, portanto, a multa moratória de caráter compensatório. É pura e simplesmente uma sanção aplicada em razão de o contribuinte terse colocado em estado de mora, frente ao dever jurídico de pagar o tributo. O Estado não aplica a multa moratória para se ver indenizado ou compensado de um delito do contribuinte. Indenizações são devidas quando há patrimônio a ser restabelecido, recomposto, em razão de determinado comportamento que ofendeu de alguma forma este patrimônio. 1 BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário.Carnaval Tributário. São Paulo: Saraiva, 1989, p556. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13502.000573/0006 Acórdão n.º 330200.826 S3C3T2 Fl. 3 5 No caso de tributos esta recomposicão patrimonial é efetuada por meio da cobrança dos juros moratórios – este sim com função de restabelecer o patrimônio do Estado, em razão do atraso no pagamento (recomposicão monetária do valor devido, e pago em atraso). Tanto assim que os juros moratórios não são afastados quando o pagamento da denúncia espontânea é efetuado – justamente porque afastase as multas, mas não se afasta a recomposição da moeda, que não decorre de responsabilidade, tampouco se relaciona à infração, mas ao mero atraso no pagamento, que deve ser compensado. Neste sentido, destacase o voto proferido pelo Ministro Castro Meira, em decisão que asseverou que a denúncia espontânea exclui a incidência de qualquer tipo de multa, verbis: “A expressão "multa punitiva" é até pleonástica, já que toda multa tem por objetivo punir, seja em razão da mora, seja por outra circunstância, desde que prevista em lei. Daí, a jurisprudência deste Superior Tribunal terse alinhado no sentido de que a denúncia espontânea exclui a incidência de qualquer espécie de multa, e não só a "punitiva", como quer o recorrente”. (Recurso Especial nº 1.029.364, Relator Min. Castro Meira, julgamento em 03/04 2008) De qualquer modo, mesmo a denominação adotada pela DRJ, no sentido de diferenciar multas “punitivas” de multas “compensatórias” (ou indenizatórias), nas quais se classificariam as multas moratórias, também não influencia no caso da denúncia espontânea. Isto porque tanto uma como a outra são afastadas nos casos em que o contribuinte, antes de qualquer procedimento fiscalizatório, promove extemporaneamente a declaração e pagamento de tributo. Isto porque o art. 138 do CTN é claro ao afastar a responsabilidade por infrações e, portanto, a aplicação de quaisquer multas – sejam ela punitivas, compensatórias, indenizatórias, ou quaisquer outras denominações que venham a ser criadas. Ou seja, tratandose de multa, qualquer que seja sua classificação – de ofício, isolada, moratória, punitiva, compensatória, indenizatória, etc. – quando se verificar a ocorrência de denúncia espontânea, a multa está afastada. A este respeito já se posicionou o Superior Tribunal de Justiça, verbis: “A distinção entre multa moratória e multa punitiva alegada no regimental é completamente desnecessária neste caso, em que, caracterizada a denúncia espontânea, ambas são excluídas.” (Ag Rg no Resp 919.886 – Humberto Martins – DJe 24/02/2010) Aliás, é firme a posição daquele tribunal a respeito do afastamento da multa moratória nos casos de denúncia espontânea, justamente porque, sendo uma multa (não importa de qual tipo), tem de ser afastada nos casos do art. 138 do CTN, verbis: “TRIBUTÁRIO – TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO – CONFISSÃO DA DÍVIDA ACOMPANHADA DO PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA (CTN, ART. 138) – CARACTERIZAÇÃO. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 6 1. O contribuinte, ao espontaneamente denunciar o débito tributário em atraso e recolher o montante devido, com juros de mora, ou seja, na integralidade, antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização fica exonerado de multa moratória. 2. O contribuinte, in casu, pagou o débito, integralmente, antes de qualquer procedimento fiscal, nos termos do disposto no artigo 138 do Código Tributário Nacional. Agravo regimental improvido.” (AgRg no REsp 936085 / SP, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 18/12/2007) “TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFIGURAÇÃO. MULTA MORATÓRIA. EXCLUSÃO. PRECEDENTE: RESP. 907.710/SP. (...) 4. Relativamente à natureza da multa moratória, esta Corte já se pronunciou no sentido de que "o Código Tributário Nacional não distingue entre multa punitiva e multa simplesmente moratória; no respectivo sistema, a multa moratória constitui penalidade resultante de infração legal, sendo inexigível no caso de denúncia espontânea, por força do artigo 138 (...)" (REsp 169877/SP, 2ª Turma, Min. Ari Pargendler, DJ de 24.08.1998). Precedente: AgRg nos EREsp 584.558/MG, Luiz Fux, Primeira Seção, DJ 20.03.2006.” (REsp 905056 / SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 11/12/2007). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO PAGAMENTO INTEGRAL ANTERIOR A QUALQUER PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E ANTES DA ENTREGA DA DCTF DENÚNCIA ESPONTÂNEA CARACTERIZADA (CTN, ART. 138). 1. Os Embargos de Declaração opostos pela parte têm nítido caráter infringente, e em face do Princípio da Fungibilidade Recursal, recebo os embargos como agravo regimental. 2. Ocorrendo o pagamento integral da dívida com juros de mora antes da entrega da DCTF e de iniciado qualquer procedimento administrativo ou de fiscalização, configurada está a denúncia espontânea pelo contribuinte, afastando a aplicação da multa moratória. Agravo regimental improvido.” (EDcl nos EDcl no AgRg no AgRg no REsp 977055 / PR, Relator Min. Humberto Martins, DJe de 03/05/2010) Na esteira da posição firmada pelo Superior Tribunal de Justiça a Câmara Superior de Recurso Fiscais (CSRF) também já se posicionou pelo afastamento da multa moratória nos casos de denúncia espontânea, verbis: “MULTAS DE OFICIO E DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA O contribuinte faz jus a tal benefício de exclusão da multa, seja de ofício ou de mora, por haver recolhido o imposto mais os juros devidos antes do início qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, nos termos do artigo 138 do Código Tributário Fl. 69DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13502.000573/0006 Acórdão n.º 330200.826 S3C3T2 Fl. 4 7 Nacional (CTN). Recurso especial negado.” (Acórdão CSRF/03 04.690, Relator: Carlos Henrique Klaser Filho, DOU de 08.08.2007) “DENÚNCIA ESPONTÂNEA INAPLICABILIDADE DA MULTA DE MORA:A denúncia espontânea de infração, acompanhada do pagamento do tributo em atraso e dos juros de mora, exclui a responsabilidade do denunciante pela infração cometida, nos termos do art. 138 do CTN, o qual não estabelece distinção entre multa punitiva e multa de mora sendo, portanto, inaplicável esta última. Recurso especial da Fazenda Nacional conhecido e não provido.” (Acórdão CSRF/0104.863, Relator José Carlos Passuelo, sessão de 16/02/2004). ‘DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA INFRAÇÃO. MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE. Se o débito é denunciado espontaneamente ao Fisco, acompanhado do correspondente pagamento do imposto corrigido e dos juros moratórios, é incabível a exigência de multa de mora, de vez que o art. 138 do CTN não estabelece distinção entre multa punitiva e multa moratória. MULTA DE OFÍCIO. Em decorrência, é descabida a imposição da multa de ofício em face do pagamento do tributo desacompanhado da multa de mora. Recurso especial provido”. (Acórdão CSRF/0305.102, Relatora Anelise Daudt Prieto, sessão de 06/11/2006) “TRIBUTÁRIO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA – CTN ART. 138 – MULTA DE MORA E MULTA DE OFÍCIO IMPROCEDÊNCIA. Tendo o contribuinte efetuado o recolhimento do imposto devido, corrigido monetariamente e com juros de mora, de forma voluntária e antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte de fisco, há de se lhe aplicar o benefício da denúncia espontânea estabelecido no art. 138, do Código Tributário Nacional, que alcança todas as penalidades, sejam punitivas ou compensatórias, decorrentes do descumprimento de obrigações principais e/ou acessórias, sem distinção. A MULTA DE MORA é, portanto, excluída pela denúncia espontânea, não se comportando, de forma alguma, a aplicação de multa de ofício, seja a prevista no art. 44 da Lei 9.430/96, ou qualquer outra.”(Acórdão CSFR/0304.145) Assim, como no presente caso não há dúvida quanto ao procedimento adotado pelo contribuinte – declarando e pagamento o tributo extemporaneamente, antes de qualquer procedimento fiscalizatório – tampouco resta qualquer dúvida quanto a estar configurada a denúncia espontânea, sendo, então, aplicável o artigo 138 do CTN. Deve, portanto, ser afastada qualquer penalidade, seja ela a multa de ofício, seja ela a multa Fl. 70DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 8 moratória, ou compensatória, ou indenizatória, conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e ampla jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário, para que seja reformada r. decisão proferida pela DRJ, tendo em vista que não há incidência de qualquer multa, em especial a multa de mora, nos casos em que se configura a denúncia espontânea. É como voto. Sala das Sessões, em 04 de fevereiro de 2011. FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 71DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 13502.000573/00-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Feb 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: DENÚNCIA ESPONTÂNEA – ARTIGO 138 do CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL – CANCELAMENTO DE MULTA MORATÓRIA.
Deve ser reconhecida a aplicação do artigo 138 do Código Tributário
Nacional – CTN – nos casos em que, antes da ocorrência do procedimento de fiscalização o contribuinte realiza a declaração do tributo até então não recolhido, acompanhada de pagamento. Entendimento expressado pelo Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 962.379, julgado em caráter repetitivo).
Numero da decisão: 3302-000.826
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do Colegiado,
por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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Recorrida DRJ Salvador/BA DENÚNCIA ESPONTÂNEA – ARTIGO 138 do CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – CANCELAMENTO DE MULTA MORATÓRIA. Deve ser reconhecida a aplicação do artigo 138 do Código Tributário Nacional – CTN – nos casos em que, antes da ocorrência do procedimento de fiscalização o contribuinte realiza a declaração do tributo até então não recolhido, acompanhada de pagamento. Entendimento expressado pelo Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 962.379, julgado em caráter repetitivo). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora. EDITADO EM: 16/05/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alan Fialho Gandra, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Fl. 64DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS 2 Relatório Tratase de Pedido de Homologação de Denúncia Espontânea (fls, 01/08), acompanhado da comprovação do pagamento de valores de PIS e COFINS, que não haviam sido declarados nem pagos, em razão de erro no sistema de apuração de impostos do contribuinte, ora Recorrente. Conforme relatado na petição apresentada, tão logo constatado o equívoco na declaração dos tributos, e a correspondente ausência no recolhimento, o contribuinte promoveu a declaração e pagamento do valor de principal, acrescido de juros, mas sem computar qualquer penalidade, inclusive a multa moratória. A DRF ao analisar o pedido da Recorrente (fls. 10/11) indeferiu a homologação do pagamento, por entender que a denúncia espontânea não afasta a incidência da multa moratória. No entender do órgão a multa moratória não teria caráter punitivo – mas sim natureza compensatória, razão pela qual não poderia ser afastada, mesmo nos casos em que há denúncia espontânea. Irresignada a Recorrente apresentou sua manifestação de inconformidade (fls. 13/15), alegando, essencialmente, que a legislação (art. 138 do CTN) exclui a aplicação a responsabilidade pela infração, quando o contribuinte promove a denúncia espontânea de seus débitos, não fazendo qualquer distinção entre os tipos de multa, devendo, portanto, ser afastada a aplicação de qualquer multa – inclusive a moratória. Cita decisões do então Conselho de Contribuintes, que corroboram seu entendimento. Sobreveio a decisão da DRJ (fls. 36/40) que indeferiu a manifestação de inconformidade, por entender devida a multa moratória, mesmo nos casos em que ocorre a denúncia espontânea, pois tal multa teria caráter indenizatório e não punitivo. Apresentado Recurso Voluntário (fls. 46/52), no qual a Recorrente reitera seus argumentos, trazendo julgados da Câmara Superior de Recursos Fiscais e Superior Tribunal de Justiça, que corroboram seu entendimento de que toda multa – inclusive e especialmente a moratória – devem ser afastadas nos casos em que ocorre a denúncia espontânea. Os autos foram então distribuídos para o 1º Conselho de Contribuintes, que decidiu por declinar a competência, em favor desta Seção, tendo em vista tratarse de denúncia espontânea de valores de PIS e de COFINS (fls. 57/62). Vieramme os autos para análise (fls. 63), é o relatório. Voto Conselheira FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Fl. 65DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS Processo nº 13502.000573/0006 Acórdão n.º 330200.826 S3C3T2 Fl. 2 3 O Recurso Voluntário é tempestivo e atende às demais exigências legais, razão pela qual dele conheço. Cingese a controvérsia à questão da aplicabilidade ou afastamento da multa moratória nos casos de denúncia espontânea, formalizada por contribuinte, antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório. De início importa ressaltar que nos autos não há qualquer discussão quanto à ocorrência ou não da denúncia espontânea. Vale dizer, não é caso de declaração de tributos desacompanhada de pagamento, o que poderia afastar a caracterização da denúncia espontânea, na esteira do que já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial nº 962.379, julgado em caráter repetitivo). Ao contrário, em momento algum tal possibilidade foi sequer aventada, tendo a DRF e a DRJ reconhecido tratase de caso “clássico” de denúncia espontânea clássico, em que o contribuinte não havia realizado a declaração dos tributos, e o faz – acompanhada do pagamento de principal acrescido de juros moratórios – antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório. O que se discute nos autos, portanto, é se, diante do instituto da denúncia espontânea é cabível a aplicação da multa moratória. Feitas tais considerações iniciais, passase ao exame da matéria sob julgamento. O fundamento aplicado pelos julgadores administrativos de primeira instância para manter a exigência da multa moratória em casos de denúncia espontânea, é de que tal multa não pode ser considerada uma penalidade. São no seguinte sentido as afirmações da DRJ, verbis: “O instituto da denúncia espontânea exclui tãosomente a responsabilidade por infrações, o que significa afastar as penalidades aplicáveis ao contribuinte infrator que agiu espontaneamente. Contudo, como a multa de mora não tem natureza jurídica de sanção ou penalidade, e sim de indenização pelo atraso no pagamento, não cabe a exclusão de sua exigência nos casos de denúncia espontânea.” É evidente a confusão de conceitos por parte da Delegacia de Julgamento DRJ. De início a r. decisão ora atacada afirma que a denúncia espontânea afasta as penalidades aplicáveis ao contribuinte infrator que agiu espontaneamente. Neste ponto é irrepreensível o raciocínio traçado, afinal, o artigo 138 do CTN é claro em afastar a aplicação de quaisquer penalidades, nos casos de denúncia espontânea. Novamente, de se destacar que, no presente caso, não há dúvidas que se trata de denúncia espontânea. Logo, a conclusão lógica é de que, porque o caso sob análise é um caso de denúncia espontânea segundo a própria DRJ devem ser afastada a aplicação de quaisquer penalidades. Fl. 66DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS 4 O problema é que, na sequência, a decisão atacada apresenta uma afirmação descabida, ao asseverar que a multa de mora não é sanção ou penalidade (?!), mas sim uma forma de indenização. Ora, para clarear a questão, vejamos o que dizem os dicionários a respeito do vocábulo MULTA: “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: Multa: Ato ou efeito de multar 1.Rubrica: termo jurídico. Sanção pecuniária. Dicionário Michaelis: Multa: 1 Ato ou efeito de multar; coima, pena pecuniária a quem infringe leis ou regulamentos. 2 Condenação, pena. Pareceme claro que o conceito de multa nada mais é, do que o conceito de SANÇÃO. Multa é sempre uma penalidade! Não há qualquer dúvida quanto ao conceito, seja em sua literalidade, seja na aplicação do mesmo em toda legislação fiscal, doutrina e jurisprudência. Neste sentido, pareceme descabida a afirmação de que multa de mora não caracteriza sanção. Ainda mais complicado, é a classificação da multa de ofício como uma “sanção punitiva” e da multa moratória como uma “sanção compensatória”. Sanção punitiva é puro pleonasmo. Afinal, toda sanção é conceitual e literalmente uma punição. E ainda que se pretenda realizar uma digressão sobre a multa moratória ser ou não uma sanção compensatória, será, ainda assim, uma sanção. Ou seja, a multa moratória – ainda que se pretenda qualificála de qualquer outra forma – sempre será uma sanção, uma punição. A este respeito, destacase que a sanção, enquanto meio coercitivo, é o dever preestabelecido por uma regra jurídica que o Estado utiliza como instrumento jurídico para impedir ou desestimular diretamente um ato ou fato que a ordem jurídica proíbe1. Logo, sendo a sanção a conseqüência jurídica da desobediência de uma determinada norma jurídica, então, a natureza da sanção está diretamente relacionada com a natureza da norma jurídica desobedecida, melhor dizendo, com o ilícito que tenta impedir. No caso da multa moratória, buscase repreender o atraso no pagamento dos tributos, penalizando o contribuinte pelo descumprimento da obrigação de recolher o tributo na data legalmente estipulada. Nada tem, portanto, a multa moratória de caráter compensatório. É pura e simplesmente uma sanção aplicada em razão de o contribuinte terse colocado em estado de mora, frente ao dever jurídico de pagar o tributo. O Estado não aplica a multa moratória para se ver indenizado ou compensado de um delito do contribuinte. Indenizações são devidas quando há patrimônio a ser restabelecido, recomposto, em razão de determinado comportamento que ofendeu de alguma forma este patrimônio. 1 BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário.Carnaval Tributário. São Paulo: Saraiva, 1989, p556. Fl. 67DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS Processo nº 13502.000573/0006 Acórdão n.º 330200.826 S3C3T2 Fl. 3 5 No caso de tributos esta recomposicão patrimonial é efetuada por meio da cobrança dos juros moratórios – este sim com função de restabelecer o patrimônio do Estado, em razão do atraso no pagamento (recomposicão monetária do valor devido, e pago em atraso). Tanto assim que os juros moratórios não são afastados quando o pagamento da denúncia espontânea é efetuado – justamente porque afastase as multas, mas não se afasta a recomposição da moeda, que não decorre de responsabilidade, tampouco se relaciona à infração, mas ao mero atraso no pagamento, que deve ser compensado. Neste sentido, destacase o voto proferido pelo Ministro Castro Meira, em decisão que asseverou que a denúncia espontânea exclui a incidência de qualquer tipo de multa, verbis: “A expressão "multa punitiva" é até pleonástica, já que toda multa tem por objetivo punir, seja em razão da mora, seja por outra circunstância, desde que prevista em lei. Daí, a jurisprudência deste Superior Tribunal terse alinhado no sentido de que a denúncia espontânea exclui a incidência de qualquer espécie de multa, e não só a "punitiva", como quer o recorrente”. (Recurso Especial nº 1.029.364, Relator Min. Castro Meira, julgamento em 03/04 2008) De qualquer modo, mesmo a denominação adotada pela DRJ, no sentido de diferenciar multas “punitivas” de multas “compensatórias” (ou indenizatórias), nas quais se classificariam as multas moratórias, também não influencia no caso da denúncia espontânea. Isto porque tanto uma como a outra são afastadas nos casos em que o contribuinte, antes de qualquer procedimento fiscalizatório, promove extemporaneamente a declaração e pagamento de tributo. Isto porque o art. 138 do CTN é claro ao afastar a responsabilidade por infrações e, portanto, a aplicação de quaisquer multas – sejam ela punitivas, compensatórias, indenizatórias, ou quaisquer outras denominações que venham a ser criadas. Ou seja, tratandose de multa, qualquer que seja sua classificação – de ofício, isolada, moratória, punitiva, compensatória, indenizatória, etc. – quando se verificar a ocorrência de denúncia espontânea, a multa está afastada. A este respeito já se posicionou o Superior Tribunal de Justiça, verbis: “A distinção entre multa moratória e multa punitiva alegada no regimental é completamente desnecessária neste caso, em que, caracterizada a denúncia espontânea, ambas são excluídas.” (Ag Rg no Resp 919.886 – Humberto Martins – DJe 24/02/2010) Aliás, é firme a posição daquele tribunal a respeito do afastamento da multa moratória nos casos de denúncia espontânea, justamente porque, sendo uma multa (não importa de qual tipo), tem de ser afastada nos casos do art. 138 do CTN, verbis: “TRIBUTÁRIO – TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO – CONFISSÃO DA DÍVIDA ACOMPANHADA DO PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA (CTN, ART. 138) – CARACTERIZAÇÃO. Fl. 68DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS 6 1. O contribuinte, ao espontaneamente denunciar o débito tributário em atraso e recolher o montante devido, com juros de mora, ou seja, na integralidade, antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização fica exonerado de multa moratória. 2. O contribuinte, in casu, pagou o débito, integralmente, antes de qualquer procedimento fiscal, nos termos do disposto no artigo 138 do Código Tributário Nacional. Agravo regimental improvido.” (AgRg no REsp 936085 / SP, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 18/12/2007) “TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFIGURAÇÃO. MULTA MORATÓRIA. EXCLUSÃO. PRECEDENTE: RESP. 907.710/SP. (...) 4. Relativamente à natureza da multa moratória, esta Corte já se pronunciou no sentido de que "o Código Tributário Nacional não distingue entre multa punitiva e multa simplesmente moratória; no respectivo sistema, a multa moratória constitui penalidade resultante de infração legal, sendo inexigível no caso de denúncia espontânea, por força do artigo 138 (...)" (REsp 169877/SP, 2ª Turma, Min. Ari Pargendler, DJ de 24.08.1998). Precedente: AgRg nos EREsp 584.558/MG, Luiz Fux, Primeira Seção, DJ 20.03.2006.” (REsp 905056 / SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 11/12/2007). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO PAGAMENTO INTEGRAL ANTERIOR A QUALQUER PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E ANTES DA ENTREGA DA DCTF DENÚNCIA ESPONTÂNEA CARACTERIZADA (CTN, ART. 138). 1. Os Embargos de Declaração opostos pela parte têm nítido caráter infringente, e em face do Princípio da Fungibilidade Recursal, recebo os embargos como agravo regimental. 2. Ocorrendo o pagamento integral da dívida com juros de mora antes da entrega da DCTF e de iniciado qualquer procedimento administrativo ou de fiscalização, configurada está a denúncia espontânea pelo contribuinte, afastando a aplicação da multa moratória. Agravo regimental improvido.” (EDcl nos EDcl no AgRg no AgRg no REsp 977055 / PR, Relator Min. Humberto Martins, DJe de 03/05/2010) Na esteira da posição firmada pelo Superior Tribunal de Justiça a Câmara Superior de Recurso Fiscais (CSRF) também já se posicionou pelo afastamento da multa moratória nos casos de denúncia espontânea, verbis: “MULTAS DE OFICIO E DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA O contribuinte faz jus a tal benefício de exclusão da multa, seja de ofício ou de mora, por haver recolhido o imposto mais os juros devidos antes do início qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, nos termos do artigo 138 do Código Tributário Fl. 69DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS Processo nº 13502.000573/0006 Acórdão n.º 330200.826 S3C3T2 Fl. 4 7 Nacional (CTN). Recurso especial negado.” (Acórdão CSRF/03 04.690, Relator: Carlos Henrique Klaser Filho, DOU de 08.08.2007) “DENÚNCIA ESPONTÂNEA INAPLICABILIDADE DA MULTA DE MORA:A denúncia espontânea de infração, acompanhada do pagamento do tributo em atraso e dos juros de mora, exclui a responsabilidade do denunciante pela infração cometida, nos termos do art. 138 do CTN, o qual não estabelece distinção entre multa punitiva e multa de mora sendo, portanto, inaplicável esta última. Recurso especial da Fazenda Nacional conhecido e não provido.” (Acórdão CSRF/0104.863, Relator José Carlos Passuelo, sessão de 16/02/2004). ‘DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA INFRAÇÃO. MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE. Se o débito é denunciado espontaneamente ao Fisco, acompanhado do correspondente pagamento do imposto corrigido e dos juros moratórios, é incabível a exigência de multa de mora, de vez que o art. 138 do CTN não estabelece distinção entre multa punitiva e multa moratória. MULTA DE OFÍCIO. Em decorrência, é descabida a imposição da multa de ofício em face do pagamento do tributo desacompanhado da multa de mora. Recurso especial provido”. (Acórdão CSRF/0305.102, Relatora Anelise Daudt Prieto, sessão de 06/11/2006) “TRIBUTÁRIO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA – CTN ART. 138 – MULTA DE MORA E MULTA DE OFÍCIO IMPROCEDÊNCIA. Tendo o contribuinte efetuado o recolhimento do imposto devido, corrigido monetariamente e com juros de mora, de forma voluntária e antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte de fisco, há de se lhe aplicar o benefício da denúncia espontânea estabelecido no art. 138, do Código Tributário Nacional, que alcança todas as penalidades, sejam punitivas ou compensatórias, decorrentes do descumprimento de obrigações principais e/ou acessórias, sem distinção. A MULTA DE MORA é, portanto, excluída pela denúncia espontânea, não se comportando, de forma alguma, a aplicação de multa de ofício, seja a prevista no art. 44 da Lei 9.430/96, ou qualquer outra.”(Acórdão CSFR/0304.145) Assim, como no presente caso não há dúvida quanto ao procedimento adotado pelo contribuinte – declarando e pagamento o tributo extemporaneamente, antes de qualquer procedimento fiscalizatório – tampouco resta qualquer dúvida quanto a estar configurada a denúncia espontânea, sendo, então, aplicável o artigo 138 do CTN. Deve, portanto, ser afastada qualquer penalidade, seja ela a multa de ofício, seja ela a multa Fl. 70DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS 8 moratória, ou compensatória, ou indenizatória, conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e ampla jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário, para que seja reformada r. decisão proferida pela DRJ, tendo em vista que não há incidência de qualquer multa, em especial a multa de mora, nos casos em que se configura a denúncia espontânea. É como voto. Sala das Sessões, em 04 de fevereiro de 2011. FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 71DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Assinado digitalmente em 16/05/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 29/05/2011 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS
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Numero do processo: 10735.001358/2002-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/1992 a 30/04/2002 PER/DCOMP. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. REPERCUSSÃO GERAL - ART. 543-C DO CPC. ART. 62-A DO RICARF - O instituto da denúncia espontânea não é aplicável quando se trata de mero atraso no pagamento de obrigações tributárias já conhecidas do órgão fazendário, sendo esse o entendimento consolidado nas decisões proferidas pelo STJ na sistemática da repercussão geral, portanto de aplicação obrigatória no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-001.371
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/1992 a 30/04/2002 PER/DCOMP. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. REPERCUSSÃO GERAL ART. 543C DO CPC. ART. 62A DO RICARF O instituto da denúncia espontânea não é aplicável quando se trata de mero atraso no pagamento de obrigações tributárias já conhecidas do órgão fazendário, sendo esse o entendimento consolidado nas decisões proferidas pelo STJ na sistemática da repercussão geral, portanto de aplicação obrigatória no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Fabíola Cassiano Keramidas, Helio Eduardo de Paiva Araújo e Gileno Gurjão Barreto. Fl. 378DF CARF MF Impresso em 16/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente e m 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por WALBER JO SE DA SILVA 2 Relatório Por bem relatar os fatos, transcrevo parte do relatório que instruiu a decisão recorrida, no Acórdão nº 1212.024, sessão de 05/10/2006, proferida pela Sétima Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (fls. 253/257): Em 11/04/2002, a interessada protocolou PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO, fls. 1 e 193, posteriormente convertido em DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO, na forma do art. 74, § 4°, da Lei n° 9.430/1996. De acordo com o pedido, a interessada pretende liquidar diversos débitos de COFINS, CSLL e IPI, mediante compensação com multa sobre recolhimento espontâneo de PIS, COFINS, CSLL, IRPJ, IRRF e IPI, no valor de R$ 405.464,57. Posteriormente, solicitou outro pedido de compensação, em 08/05/2002, fl. 227, que somente foi juntado aos autos em 12/01/2006. Em 03/06/2005, após análise, foi emitido Despacho Decisório pela DERAT/Rio de Janeiro, fl. 199 e Parecer conclusivo de fls. 194/198 com ciência da interessada em 16/01/2006, fl. 226, não reconhecendo o direito credit6rio e não homologando as compensações efetuadas pela interessada, que apenas considerou o primeiro pedido de compensação, com fundamento nas seguintes razões: . inexistência de crédito com requisitos de liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do CTN, pois o contribuinte não motivou nem comprovou que seus pagamentos foram indevidos para surgir o crédito pleiteado; . ao descrever seu crédito como multa sobre recolhimento espontâneo de tributos, leva a crer tratarse de recolhimentos de multa de mora, incidentes quando o tributo não foi pago na data de vencimento; conforme o entendimento da Coordenação Geral do Sistema de TributaçãoCOSIT/SRF, a multa de mora não é excluída pela denúncia espontânea; . se fosse cabível, grande parte dos valores relacionados já teriam sido alcançados pela decadência do direito de pleitear a repetição de indébito, que é de 5 anos; . assim, os pagamentos das multas foram devidos, não havendo o que restituir; Em função da juntada posterior aos autos da decisão do segundo pedido de compensação com débitos de CSLL e IPI, fl. 231, foram emitidos novo Parecer e Despacho Decisório complementares, ás fls. 232/236, ciência da interessada em 03/02/2006, fl. 238, mantendo os mesmos motivos iniciais de indeferimento. Inconformada com a referida decisão, a interessada apresentou, em 15/02/2006, a manifestação de inconformidade de fls. 239/250 (...). Fl. 379DF CARF MF Impresso em 16/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente e m 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por WALBER JO SE DA SILVA Processo nº 10735.001358/200299 Acórdão n.º 3302001.371 S3C3T2 Fl. 2 3 Consta do Pedido de Restituição (fls. 01) que o mesmo se refere a multa sobre recolhimento espontâneo de PIS, COFINS, CSLL, IRPJ, IRRF e IPI, e que estariam sendo anexadas planilhas demonstrando o cálculo da restituição, bem como 180 DARF’s. Nessas planilhas são relacionados os seguintes pagamentos que teriam sido efetuados a título de multa de mora, no período de janeiro de 1988 a dezembro de 2002: • Fls. 14 a 18: multa de mora sobre recolhimento do PIS, totalizando R$6.857,23; • Fls. 32 a 36: idem sobre recolhimentos relativos ao IPI, totalizando R$140.625,30; • Fls. 69 a 73: idem sobre recolhimentos relativos à COFINS, totalizando R$98.966,90; • Fls. 114 a 118: idem sobre recolhimentos relativos à CSLL, totalizando R$33.438,25; • Fls. 131 a 135: idem sobre recolhimentos relativos ao IRPJ, totalizando R$124.377,24, e • Fls. 160 a 164: idem sobre recolhimentos relativos ao IRRF, totalizando R$1.199,65. A decisão de primeiro grau está assim ementada (fls. 253): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/1992 a 30/04/2002 Ementa: DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA. Incabível a restituição/compensação da multa de mora recolhida quando da ocorrência de pagamento em atraso. Rest/Ress. Indeferido Comp. não homologada Cientificada dessa decisão em 20 de setembro de 2007 (AR de fls. 260) a interessada protocolizou recurso voluntário a este Conselho no dia 19 de outubro seguinte (fls. 261/288), apresentando, em síntese, os seguintes argumentos: que é absolutamente incabível o pagamento da multa de mora quando do recolhimento espontâneo de obrigações tributárias após a data de vencimento, à luz do art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN, que transcreve; que a doutrina de renomados tributaristas corrobora seu entendimento, fazendo citações, mediante transcrição, de textos desses doutrinadores; que a jurisprudência emanada dos tribunais superiores milita a seu favor, consoante referências feitas a alguns julgados do Supremo Tribunal Federal – STF; que também a Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF, órgão julgador pertencente ao CARF, se posiciona nessa mesma linha de entendimento, fazendo referência a julgados mediante transcrição; Fl. 380DF CARF MF Impresso em 16/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente e m 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por WALBER JO SE DA SILVA 4 conclui asseverando que uma vez atendidos os requisitos do art. 138 do CTN, quais sejam: pagamento do tributo antes do início de qualquer procedimento fiscal, devidamente acrescido dos juros moratórios, nenhuma penalidade adicional, incluindo multas moratórias, é devida. É o relatório. Fl. 381DF CARF MF Impresso em 16/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente e m 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por WALBER JO SE DA SILVA Processo nº 10735.001358/200299 Acórdão n.º 3302001.371 S3C3T2 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Relator. O recurso é tempestivo e assente em lei, devendo ser conhecido. Tratase de PER/DCOMP protocolizada em 11/04/2002, compreendendo alegados indébitos fiscais que teriam sido recolhidos no período compreendido entre janeiro de 1988 e dezembro de 2002, relativos a pagamentos espontâneos de tributos já vencidos, efetuados com o acréscimo de juros e de multa de mora, entendendo a interessada que tal multa de mora teria sido recolhida indevidamente, porquanto ao caso aplicarseia o instituto da denúncia espontânea disciplinada no art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN. Conforme enfatizado na decisão recorrida, parte desses pretensos indébitos fiscais, na data da formalização do pedido de restituição, já teria sido alcançada pela prescrição temporal, mesmo levandose em consideração o prazo prescricional de dez anos aplicável ao caso, já que a data de protocolização do pedido (11/04/2002) é anterior à vigência da Lei Complementar nº 118/2005 (a partir de 09/06/2005), caso em que a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior (dez anos), limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. Entretanto a discussão dessa matéria, que seria em sede de preliminar, deixa de ter relevância para o presente caso em face de o litígio ter condições de ser solucionado mediante apreciação da arguida ‘denúncia espontânea’ quanto ao seu mérito, cujo instituto, conforme já referido, está disciplinado pelo art. 138, do CTN, que assim dispõe: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Por definição, entendo que a denúncia somente faz sentido se se referir a algo que ainda não seja do conhecimento da pessoa ou instituição a quem a mesma é prestada, ou seja, não se pode falar que tenha havido denúncia de ato ou fato que já fosse do conhecimento de quem a recebera. A propósito, tomando emprestadas as bem lançadas referências feitas pela i. ex Conselheira Josefa Maria Coelho Marques, no voto condutor do Acórdão nº CSRF/0201.603, sessão de 22/03/2004, denunciar, na acepção empregada no art. 138 do CTN, significa dar a conhecer, revelar, noticiar, o que só faz sentido em se tratando de algo ou alguma coisa até então desconhecida e que merecesse ser levada ao conhecimento de quem de direito, de onde se infere a evidente conclusão de que o pagamento espontâneo, após o vencimento, de tributo cuja existência já seja do conhecimento do sujeito ativo da obrigação, não é suficiente para que, ao caso, se aplique o instituto da denúncia espontânea. Fl. 382DF CARF MF Impresso em 16/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente e m 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por WALBER JO SE DA SILVA 6 Esse entendimento foi consagrado pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, consoante decisões assim ementadas: • TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO DECLARADO E PAGO A DESTEMPO. NÃO CONFIGURAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, PROVIDO. 1. A ausência de prequestionamento da matéria relativa à prescrição atrai a incidência do óbice das Súmulas 282 e 356/STF. 2. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Resp 962.379, de relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, Dje 28/10/08, submetido ao rito dos processos repetitivos previsto no art. 543C do CPC, firmou entendimento de que, na hipótese de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o crédito declarado e constituído pelo contribuinte e pago a destempo não configura denúncia espontânea. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido para afastar a incidência da denúncia espontânea. (REsp 1063076 / PR, RECURSO ESPECIAL 2008/01219453, Relator(a) Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, Data do Julgamento 05/04/2011, Data da Publicação/Fonte DJe 11/04/2011) • TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO COM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. 2. Recurso especial desprovido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (RECURSO ESPECIAL Nº 962.379 RS (2007/01428689), RELATOR : MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI) Sendo assim, e em razão do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de Fl. 383DF CARF MF Impresso em 16/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente e m 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por WALBER JO SE DA SILVA Processo nº 10735.001358/200299 Acórdão n.º 3302001.371 S3C3T2 Fl. 4 7 22/06/2009, introduzido pela Portaria MF nº 586, de 22/12/2010, as decisões deste Tribunal Administrativo estão vinculadas ao entendimento emanado do STJ quanto aos seus julgados na sistemática da repercussão geral a que alude o art. 543C do Código de Processo Civil – CPC, conforme segue: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No seu recurso voluntário (fls. 264), assevera a recorrente que De fato, em decorrência de eventuais problemas de caixa, gerados pela atual conjuntura econômica, o recolhimento de alguns tributos e contribuições federais foi efetuado fora do prazo regularmente estabelecido, contudo, de forma espontânea, de onde se extrai que estamos diante do pagamento de obrigações que já se faziam conhecidas do órgão fazendário e que foram liquidadas após o data de vencimento, tendo o recolhimento sido efetuado com os acréscimos legais representados pelos juros e pela multa de mora, ou seja, tratase de mero atraso no pagamento de tributos, não havendo falarse de denúncia espontânea. Verificase, pois, que o caso moldase perfeitamente ao que foi decidido pelo STJ nos julgados acima referidos, razão pela qual nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz Fl. 384DF CARF MF Impresso em 16/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente e m 02/05/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por WALBER JO SE DA SILVA
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