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Numero do processo: 10880.950255/2008-76
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Feb 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002
PER/DCOMP. SALDO CREDOR DO PERÍODO ANTERIOR. NÃO PASSÍVEL DE RESSARCIMENTO.
O saldo credor do período anterior ao período de apuração, deve ser igual ao saldo credor apurado ao final do trimestre-calendário imediatamente anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERD/COMP de trimestres anteriores. O saldo credor inicial não é passível de ressarcimento.
DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE.
É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou do erro em que se funde. Não havendo tal constatação, por meio de prova hábil e inconteste, os créditos que alega possuir são tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a insuficiência de saldo, cujos créditos constam declarados nos sistemas informatizados da RFB, para fins de quitar, integral ou parcialmente, os débitos informados em PERD/COMP.
Numero da decisão: 3001-000.172
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 PER/DCOMP. SALDO CREDOR DO PERÍODO ANTERIOR. NÃO PASSÍVEL DE RESSARCIMENTO. O saldo credor do período anterior ao período de apuração, deve ser igual ao saldo credor apurado ao final do trimestre-calendário imediatamente anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERD/COMP de trimestres anteriores. O saldo credor inicial não é passível de ressarcimento. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou do erro em que se funde. Não havendo tal constatação, por meio de prova hábil e inconteste, os créditos que alega possuir são tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a insuficiência de saldo, cujos créditos constam declarados nos sistemas informatizados da RFB, para fins de quitar, integral ou parcialmente, os débitos informados em PERD/COMP.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 PER/DCOMP. SALDO CREDOR DO PERÍODO ANTERIOR. NÃO PASSÍVEL DE RESSARCIMENTO. O saldo credor do período anterior ao período de apuração, deve ser igual ao saldo credor apurado ao final do trimestrecalendário imediatamente anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERD/COMP de trimestres anteriores. O saldo credor inicial não é passível de ressarcimento. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou do erro em que se funde. Não havendo tal constatação, por meio de prova hábil e inconteste, os créditos que alega possuir são tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a insuficiência de saldo, cujos créditos constam declarados nos sistemas informatizados da RFB, para fins de quitar, integral ou parcialmente, os débitos informados em PERD/COMP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 95 02 55 /2 00 8- 76 Fl. 137DF CARF MF 2 Cuidase de recurso voluntário (fls. 112 a 121) interposto contra o Acórdão 1055.148, da 3ª Turma Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS DRJ/POA, na sessão de julgamento realizada em 21.05.2015 (fls. 104 a 107), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Dos fatos Por bem sintetizar os fatos e com vista a elucidação do caso e a economia processual, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo em seguida: A menção a numeração das folhas diz respeito à versão digitalizada do processo. Tratase de manifestação de inconformidade ante o Despacho Decisório eletrônico da fl. 3, emitido em 24/11/2008 pelo Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo/SP, que deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento do saldo credor do IPI referente ao 4º trimestre de 2002, objeto do PER/DCOMP nº 14237.21256.130204.1.3.019386, reconhecendo o valor de R$ 1.902,23 do total solicitado/utilizado de R$ 25.872,61. Conforme o DDe, o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão dos seguintes motivos: ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos e constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Ainda, segundo o DDe, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados pelo sujeito passivo, razão pela qual foi homologada parcialmente a compensação declarada no PER/DCOMP: 14237.21256.130204.1.3.019386 e não homologada a compensação declarada no PER/DCOMP 18205.82309.080304.1.3.013406. Tais particularidades estão explicitadas nos demonstrativos de análise do crédito das fls. 6 a 8. Irresignada a manifestante, por meio do arrazoado das fls. 74 a 82, firmado por seus procuradores habilitados nos autos, vem expor as razões de sua inconformidade conforme resumido a seguir. Diz que de acordo com o Registro de Apuração do IPI da empresa, cuja informação foi corretamente registrada no PER/DCOMP, o valor do Saldo Credor do Período Anterior é de R$ 344.966,56, o que não confere e nada se assemelha aos R$ 6.710,33 que consta no Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível, aduzindo que se caso considerado o saldo correto, o valor do saldo credor deveria perfazer a quantia pleiteada, que é de direito do contribuinte. Argumenta que partindo de um saldo cujo valor não condiz com a realidade dos livros fiscais do contribuinte, o valor do saldo credor obviamente não será o mesmo que o calculado pelo programa PER/DCOMP. Alega que desta forma, o ato administrativo da Receita Federal definido pelo Despacho Decisório é carente de motivação, não Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10880.950255/200876 Acórdão n.º 3001000.172 S3C0T1 Fl. 138 3 possuindo portanto, fundamentação para justificálo, e conseqüentemente, carente de validade. Informa que o valor de R$ 25.872,61, pleiteado, foi calculado pelo próprio programa PER/DCOMP quando do momento do preenchimento da declaração, sendo que todas as informações lá inseridas espelham a realidade da empresa. Esclarece que o saldo credor em dezembro de 2003, conforme informado no PER/DCOMP era de R$ 380.713,13, assim, a empresa possuía, à época, saldo credor de IPI para compensação. Encerra requerendo que seja acolhida a manifestação de inconformidade, anulando o despacho decisório, deferindo em sua totalidade as compensações realizadas. É o relatório. Da decisão de 1ª instância Após a manifestação de inconformidade sobreveio, então, o acórdão da 3ª Turma da DRJ/POA, com decisão improcedente ao contribuinte, cuja ementa colacionase: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 PER/DCOMP. SALDO CREDOR DO PERÍODO ANTERIOR. NÃO RESSARCÍVEL. O saldo credor do período anterior para o primeiro período de apuração, será igual ao saldo credor apurado ao final do trimestrecalendário anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERD/COMP de trimestres anteriores. Esse saldo (saldo credor inicial) não é passível de ressarcimento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 MATÉRIA NÃO CONTESTADA. DEFINITIVIDADE. Considerase não impugnada, a matéria não expressamente contestada, tornandose definitiva na esfera administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário Irresignado ainda com o feito, o contribuinte interpôs recurso voluntário, onde repisa a argumentação da sua manifestação de inconformidade. É o que evidencia, sem margem para dúvida, seu item 3 "Do Pedido", que transcrevese: III DO PEDIDO Fl. 139DF CARF MF 4 No mérito, requer seja reformada a r. decisão proferida, HOMOLOGANDOSE AS COMPENSAÇÕES em sua totalidade acima mencionadas, considerando: I. O desrespeito ao princípio de motivação do ato administrativo, consubstanciada na ausência de fundamentação que esclareça o porquê da redução do saldo credor pleiteado; II. Que o próprio sistema do PER/DCOMP calcula saldo credor ressarcível do período; e III . Que o saldo credor no 3º trimestre de setembro de 2002 é de R$ 344.966,56 e não de R$ 6.710,33, como considerou a Receita Federal. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da Admissibilidade O sujeito passivo recorrente foi cientificado do acórdão vergastado em 22.10.2015 (terçafeira), ocasião em que acessou o acórdão de manifestação de inconformidade, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, no Portal eCAC, através da opção "Consulta Comunicados/Intimações ou Consulta Processos", que já se encontravam disponibilizados desde 28.09.2015 na sua "Caixa Postal", é o que depreendese do "Termo de Abertura de Documento Comunicado" de fl. 110. Em 18.11.2015 (quartafeira) é registrada a solicitação de juntada do recurso voluntário, conforme informa o "Termo de Análise de Solicitação de Juntada" acostado à fl. 135. Na hipótese dos autos, em face da legislação processual aplicável (Decreto 70.235 de 1972) e do disposto no RICARF de 2015, termo ad quem para a apresentação do recurso voluntário é 19.11.2015 (quintafeira). Portanto, o referido recurso voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação; de modo que dele conheço. Do Mérito De antemão esclareço que em face da clareza dos argumentos tecidos pelo relator do voto condutor do acórdão recorrido, utilizados para justificar o indeferimento do pleito, peço licença para reproduzilos naquilo que importa ao presente exame, em prestígio à objetividade, após sintetizar os argumentos já tecidos na fase recursal anterior. Da ausência de fundamentação O contribuinte reafirma que o Despacho Decisório Nº de Rastreamento 808269594 carece de motivação e, por conseguinte, de validade, pois não foi fundamentado. Quanto a este ponto o acórdão recorrido manifestouse nos seguintes termos: Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10880.950255/200876 Acórdão n.º 3001000.172 S3C0T1 Fl. 139 5 Não procede a alegação da manifestante de que o ato administrativo carece de fundamento pois está pormenorizado no Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível (fl. 6) que o saldo credor do período anterior (coluna “b”) “Para o primeiro período de apuração, será igual ao Saldo Credor apurado ao final do trimestrecalendário anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERDCOMP de trimestres anteriores. Esse saldo (saldo credor inicial) não é passível de ressarcimento”. Do saldo credor passível de ser ressarcido O contribuinte reafirma também que o valor de R$ 25.872,61, pleiteado, foi calculado pelo próprio programa PER/DCOMP, e que o saldo credor em DEZ/2003 era de R$ 380.713,13. Evidenciando que a empresa possuía saldo credor de IPI para compensação quando do preenchimento da respectiva declaração. Quanto a este ponto o acórdão recorrido manifestouse nos seguintes termos: Registrese que a primeira etapa da verificação da legitimidade do valor pleiteado pelo contribuinte consiste no cálculo do saldo credor passível de ressarcimento apurado ao fim do trimestrecalendário a que se refere o pedido, ao que se segue outra etapa, consistente em analisar se os créditos passíveis de ressarcimento apurados ao fim do trimestrecalendário a que se refere o pedido (saldo credor passível de ressarcimento), se mantêm na escrita até o período imediatamente anterior ao da transmissão do PER/DCOMP (devese verificar se os créditos apurados ao fim do trimestrecalendário foram utilizados para abater débitos informados no PER/DCOMP, ou apurados pela fiscalização). (...) A insurgente alega, no entanto sem fazer prova, ou seja, cópia de sua escrituração fiscal, que o saldo credor do período anterior corresponde a um valor superior ao calculado pelo Sistema de Controle de Créditos e Compensações (SCC) da Receita Federal do Brasil. O despacho decisório, conforme inclusive atesta o contribuinte, objetivamente atesta que o pagamento informado como indevido ou a maior foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte e que não sobrou crédito disponível para compensação do débito informado no PER/DCOMP originalmente transmitido. É fato inconteste também que a autoridade competente da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo/SP baseouse em dados constantes dos sistemas informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, que resultou na conclusão de que o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados pelo sujeito passivo, razão pela qual foi homologada parcialmente a compensação declarada no PER/DCOMP 14237.21256.130204.1.3.019386 e não homologada a compensação declarada no PER/DCOMP 18205.82309.080304.1.3.013406. Portanto, não se ter por provado o fato constitutivo do direito de crédito alegado, devese, com fundamento nos artigos 170 do CTN, considerar correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada. Fl. 141DF CARF MF 6 Neste passo, igualmente, concluo que o contribuinte, uma vez mais, deixou transcorrer a oportunidade de produzir provas que sustentassem suas alegações, cujo ônus que lhe competia, na medida em que no processo administrativo fiscal, tal qual ocorre no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, é o que prevê o artigo 36 da Lei 9.784 de 29.01.1099: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Em igual sentido, são os termos do artigo 333 do CPC (Lei 5.869 de 11.01.1973, reproduzido no artigo 373 da Lei 13.105 de 16.03.2015 Novo CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Desta feita, pela não comprovação da existência do pleiteado direito creditório, entendo que deve ser negado provimento ao presente recurso voluntário, mantendo se, nos seus exatos termos, a decisão que indeferiu sua manifestação de inconformidade. Da Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário e negolhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 142DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.001735/2007-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. FUNDEF. FUNDEB. BASE DE CÁLCULO.
Segundo dispõe a legislação de regência, a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP devida pelas pessoas jurídicas de direito público é o valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas, deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Os recursos recebidos, pelo Município, para a formação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) integram a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-004.821
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Larissa Nunes Girard (suplente) e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. FUNDEF. FUNDEB. BASE DE CÁLCULO. Segundo dispõe a legislação de regência, a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP devida pelas pessoas jurídicas de direito público é o valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas, deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Os recursos recebidos, pelo Município, para a formação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) integram a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. Recurso voluntário negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Larissa Nunes Girard (suplente) e Carlos Augusto Daniel Neto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1691; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 111 1 110 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10820.001735/200735 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.821 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de dezembro de 2017 Matéria PIS/PASEP Recorrente PREFEITURA MUNICIPAL DE BIRIGUI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. FUNDEF. FUNDEB. BASE DE CÁLCULO. Segundo dispõe a legislação de regência, a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP devida pelas pessoas jurídicas de direito público é o valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas, deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Os recursos recebidos, pelo Município, para a formação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) integram a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Presidente substituto. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 00 17 35 /2 00 7- 35 Fl. 373DF CARF MF 2 Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Larissa Nunes Girard (suplente) e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento ("DRJ") de Ribeirão Preto/SP, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do Acórdão recorrido in verbis: Trata o presente processo de Pedidos de Restituição (fls. 4/99) e Declaração(ões) de Compensação (fls. 100/213 e processos apensados) de crédito(s) da Contribuição para o Pasep recolhidos entre agosto de 2002 e setembro de 2006, no valor de R$502.032,86, com débito(s) da mesma contribuição de maio a agosto de 2007. A DRF de Araçatuba(SP), por meio do despacho decisório de fls. 268/276, indeferiu os pedidos de restituição e não homologou a(s) compensação(ões) declarada(s), em razão do suposto indébito ter se originado de exclusão indevida de repasses para o Fundef. A decisão está assim ementada: "PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO AO PASEP. Conforme dispõe a legislação de regência, a base de cálculo da contribuição devida ao PASEP pelas pessoas jurídicas de direito público é o valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas, deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. FUNDEF. REPASSES. RETENÇÃO. É vedada a exclusão da base de cálculo da Contribuição para o Pasep, incidente sobre as receitas dos Estados e Municípios, dos valores destinados ao Fundef, por não estarem inseridos no contexto das transferências a outras entidades públicas. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS. Não podem ser extintos débitos fiscais, mediante compensação, quando não sejam apresentados créditos que estejam revestidos dos pressupostos de certeza e liquidez." Cientificada do despacho, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 282/289, argumentando que a prefeitura colabora para o Fundef com 15% das transferências constitucionais do município, recebendo apenas o valor líquido após a retenção desse valor. No entanto, por força da Lei nº 4.320, de 1964, é obrigada a contabilizar a receita bruta, incluindo a retenção referida. Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10820.001735/200735 Acórdão n.º 3402004.821 S3C4T2 Fl. 112 3 Alega que a lei que disciplinou o Fundef (de nº 9.424, de 1996, e não 9.715, como constou na manifestação) determinou, em seu art. 2º, § 1º, que a distribuição dos recursos do fundo darseia entre o Governo estadual e os Governos Municipais na proporção de alunos matriculados nas respectivas redes de ensino, e que seu art. 3º dispôs que o recursos seriam creditados pela União em favor dos Governos Estaduais e Municipais, em contas específicas. Assim, os recursos são transferidos pela União, significando que estão sob sua guarda por terem sidos a ela transferidos para constituir o Fundef. Também o art. 1º da referida lei, ao estatuir que o Fundef seria criado no âmbito dos Governos Estaduais, e não no dos Municípios, reforça a circunstância de que o Município transferiu os recursos retidos em nome do Fundo para outros entes que efetuam sua gestão. Aduziu ainda que a consideração das receitas retidas para o Fundef na base de cálculo da contribuição significa duplo pagamento sobre a mesma base de cálculo, bitributação, pois as receitas do Fundo serão transferidas mais tarde para o Município segundo o número de alunos matriculados em sua rede de ensino. Assim, se já tiverem sido tributadas quando da retenção para o Fundef, serão novamente tributadas por ocasião da transferência corrente. O julgamento da manifestação de inconformidade resultou no Acórdão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, cuja ementa segue colacionada abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 PASEP. TRANSFERÊNCIAS PARA O FUNDEF. As transferências realizadas para o Fundef não podem ser excluídas da base de cálculo da contribuição, por não ser o destinatário da transferência entidade pública, mas sim um fundo de natureza meramente contábil. Ainda irresignada com a negativa do direito ao crédito, a Contribuinte recorre a este Conselho por meio de petição de fls 350 a 358, repisando os argumentos de sua manifestação de inconformidade. Reforça dois pontos: i) que a pretensão da fiscalização de manter os valores repassado do FUNDEF ao Município na base de cálculo da Contribuição ao PIS/PASEP significa bis in idem, já que quando da formação dos valor global do fundo pela retenção de tributos já ocorreria a tributação pela contribuição social; ii) sobre o conceito de receita na contabilidade pública, afirmando que no caso não existiria receita a ser tributada pela Contribuição ao PIS. É o relatório. Fl. 375DF CARF MF 4 Voto Conselheira Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz Notificado do julgamento a quo em 13 de outubro de 2011, conforme AR de 349, a Contribuinte apresentou seu recurso voluntário em 11 de novembro de 2008. Assim, o recurso é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Conforme se depreende do relato acima, o ponto nevrálgico do presente processo é a incidência ou não da Contribuição ao PIS/PASEP, devida pelas pessoas jurídicas de direito público interno (uma vez que a recorrente é um município), sobre os recursos destinados ao Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF, sucedido pelo FUNDEB mas sem alterações quanto a sua formação e natureza) criado pela Lei n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996, tendo vigência de 1998 a 2006,1 adveio no contexto da Constituição de 1988, mais especificamente a Emenda Constitucional n. 14/1996, que alterou o artigo 60, do ADCT,2 posteriormente alterado pela Emenda Constitucional n. 53/2006. 1 O FUNDEF foi sucedido pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), por meio da Lei 11.494, de 20 de julho de 2007, com vigência de 2007 a 2020, mas que não se aplica ao presente caso, em razão do período de apuração em questão. 2 Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta Emenda, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal, à manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do magistério. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 1º A distribuição de responsabilidades e recursos entre os Estados e seus Municípios a ser concretizada com parte dos recursos definidos neste artigo, na forma do disposto no art. 211 da Constituição Federal, é assegurada mediante a criação, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, de natureza contábil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 2º O Fundo referido no parágrafo anterior será constituído por, pelo menos, quinze por cento dos recursos a que se referem os arts. 155, inciso II; 158, inciso IV; e 159, inciso I, alíneas "a" e "b"; e inciso II, da Constituição Federal, e será distribuído entre cada Estado e seus Municípios, proporcionalmente ao número de alunos nas respectivas redes de ensino fundamental. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 3º A União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o § 1º, sempre que, em cada Estado e no Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ajustarão progressivamente, em um prazo de cinco anos, suas contribuições ao Fundo, de forma a garantir um valor por aluno correspondente a um padrão mínimo de qualidade de ensino, definido nacionalmente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 5º Uma proporção não inferior a sessenta por cento dos recursos de cada Fundo referido no § 1º será destinada ao pagamento dos professores do ensino fundamental em efetivo exercício no magistério. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 6º A União aplicará na erradicação do analfabetismo e na manutenção e no desenvolvimento do ensino fundamental, inclusive na complementação a que se refere o § 3º, nunca menos que o equivalente a trinta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 7º A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, sua fiscalização e controle, bem como sobre a forma de cálculo do valor mínimo nacional por aluno. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) Fl. 376DF CARF MF Processo nº 10820.001735/200735 Acórdão n.º 3402004.821 S3C4T2 Fl. 113 5 Tratase de fundo destinado à manutenção e ao desenvolvimento ao ensino, dando efetividade ao direito social à educação posto no artigo 6º da Constituição Federal, na forma da competência comum estabelecida no artigo 23, inciso V também do texto magno. O Fundef era formado por 15% dos recursos dos Estados e Municípios decorrentes da arrecadação do ICMS (incluindo as compensações por perdas decorrentes da desoneração de exportações – LC 87, de 1996), do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e dos Municípios (FPM), e do IPI proporcionalmente às exportações, conforme disposto no artigo 1º, §§1º e 2º da citada Lei n. 9.424/1996. Efetivamente, vêse que se trata de fundo para o qual todos os entes da federação contribuem, na forma da lei. Composto pelos citados recursos, os montantes do FUNDEF eram posteriormente submetidos a rateio entre os entes federados, para que cumprissem sua função de desenvolvimento e manutenção do ensino, conforme o artigo 2º, §1º da Lei n. 9.424/1996, a seguir transcrito: Art. 2º Os recursos do Fundo serão aplicados na manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental público, e na valorização de seu Magistério. (Vide Medida Provisória nº 339, de 2006). (Revogado pela Lei nº 11.494, de 2007) § 1º A distribuição dos recursos, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, darseá, entre o Governo Estadual e os Governos Municipais, na proporção do número de alunos matriculados anualmente nas escolas cadastradas das respectivas redes de ensino, considerandose para esse fim: (Vide Medida Provisória nº 339, de 2006). (Revogado pela Lei nº 11.494, de 2007) I as matrículas da 1ª a 8ª séries do ensino fundamental Pois bem. No caso concreto, o Parecer SAORT e Despacho Decisório de fls. 268/276 informam que: Fl. 377DF CARF MF 6 Verificase que a Recorrente excluiu da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP valores recebidos e destinados à formação do FUNDEF. Para saber se bem procedeu a Recorrente, deveser analisar a legislação tributária pertinente ao tema. Os dispositivos legais que tratam da incidência e da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP foram trazidos pela Lei n.º 9.715, de 25 de novembro dede 1998, nos seguintes moldes: Art. 2º A Contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: [...] III pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. [...] § 6º A Secretaria do Tesouro Nacional efetuará a retenção da contribuição para o PIS/PASEP, devida sobre o valor das transferências de que trata o inciso III. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 7º Excluemse do disposto no inciso III do caput deste artigo os valores de transferências decorrentes de convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere com objeto definido. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) (...) Art. 7º Para os efeitos do inciso III do art. 2º, nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Art. 8º A contribuição será calculada mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes alíquotas: [...] III um por cento sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. [...] Salientese que o §7º do artigo 2º somente foi incluído na disciplina legal em questão em 2013, com o advento da Lei n. 12.810, de modo que não se aplica aos fatos geradores discutidos nesse processo administrativo. Dito isto, da leitura do disposto na Lei n. 9.715/1998, constatase que a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP a ser pago por todos as pessoas jurídicas de direito público interno, dentre elas os Municípios, é o valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. O conceito de receitas correntes e de capital está definido no artigo 11 da Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, que apresenta as Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, in verbis: Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10820.001735/200735 Acórdão n.º 3402004.821 S3C4T2 Fl. 114 7 Art. 11 – A receita classificarseá nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) § 1º São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) § 2º São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. (Redação dada pelo Decreto Lei n. 1.939, de 20.5.1982) Observando o que determina a Portaria Conjunta STN/SOF n.º 3, de 2008, que aprova o Manual Técnico de Contabilidade aplicada ao Setor Público (anualmente reeditado no mesmo sentido), 3 as receitas recebidas pelos Municípios, referentes aos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB, o qual, lembrese, em nada difere da natureza e procedimentos em relação ao FUNDEF), são classificados contabilmente como Receitas de Transferências Correntes ou de Capital, conforme o caso. Eis, abaixo, a classificação contábil dessas receitas: 1000.00.00 Receitas Correntes [...] 1724.01.00 Transferências de Recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB Registra o valor total dos recursos de transferências recebidos diretamente do FUNDEB, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, independente do valor que foi deduzido no ente para a formação do FUNDEB Constituindo, portanto, as transferências de recursos da União e dos Estado para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios – para a cobertura das ações e serviços relacionados à educação, no caso do FUNDEF – transferências correntes recebidas, tais valores devem compor a base da cálculo da Contribuição ao PIS, nos termos do artigo 2º, inciso III da Lei nº 9.715/1998. Corroborando tal conclusão, vejase que o artigo 7º da Lei nº 9.715/1998, determina que, nas receitas correntes, são incluídas quaisquer receitas tributárias, não fazendo nenhuma distinção quanto à finalidade ou à vinculação delas. 3 Vejase: da PORTARIA CONJUNTA Nº 2, DE 8 DE AGOSTO DE 2007 à Portaria STN nº 840, de 21 de dezembro de 2016. Fl. 379DF CARF MF 8 Outro ponto a ser realçado sobre o artigo 7º da Lei nº 9.715/1998, é que ele permite que sejam deduzidas da base de cálculo apenas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. No entanto, o FUNDEF não é entidade pública. Tratase de fundo meramente contábil, nos termos da própria lei (artigo 1º da Lei n. 9.424/96), portanto, os recursos a ele transferidos/alocados não estão abrangidos pela hipótese de dedução prevista no artigo 7º da Lei nº 9.715/ 1998. Vale lembrar que as entidades públicas são as entidades da Administração Direta (pessoas jurídicas de direito público) e da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e alguns espécies decorrentes de contratos administrativos). Afinal, somente possui natureza de entidade da Administração Pública aquelas figuras dotadas de personalidade jurídica. Nesses moldes, à luz da Lei nº 9.715, de 1998, somente as transferências feitas a essas entidades é que poderiam ser excluídas da base de cálculo da entidade que realiza a transferência, o que não se aplica ao caso. Vejase que, por esse mecanismo, a apuração da contribuição acontece na entidade que aplica o recurso (que recebeu o repasse), exonerando aquela que o arrecadou (realmente auferiu a receita corrente) transferiu, evitando a incidência em duplicidade do tributo. É dizer, a exclusão somente é permitida quando um contribuinte da contribuição para o PIS/PASEP transfere recursos a outro contribuinte, de forma que os recursos transferidos irão integrar a base de cálculo da entidade que recebeu a transferência. Observese que a jurisprudência deste Conselho tem o mesmo entendimento acima exposto, da qual destaco as ementas abaixo, sendo a última inclusive oriunda de julgamento proferido por este Colegiado em sua antiga composição: Ementa Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2004 BASE DE CÁLCULO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. RETENÇÃO NA FONTE. DEDUÇÃO. A base de cálculo do PIS/Pasep devido pelas pessoas jurídicas de direito público interno é composta pelo valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebida, sendo possível a exclusão das rubricas previstas em lei. FUNDEF. BASE DE CÁLCULO. O fundo instituído pela Lei Federal 9.424/1996 não possui personalidade jurídica, não se qualificando como hipótese de dedução da base de cálculo da contribuição. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. Não cabe a esse Tribunal afastar lei ou tratado por vício de inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2 e artigo 62, do RICARF. AÇÃO JUDICIAL PENDENTE. A mera existência de ação judicial discutindo a constitucionalidade de tributo não suspende sua exigibilidade, devendo haver o enquadramento em uma das hipóteses previstas no artigo 151, do CTN. (Acórdão 3401 Fl. 380DF CARF MF Processo nº 10820.001735/200735 Acórdão n.º 3402004.821 S3C4T2 Fl. 115 9 003.816, Relator(a) Tiago Guerra Machado, Data da sessão 19/06/2017) Ementa Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2010, 2011 PASEP. BASE DE CÁLCULO. FUNDEF/FUNDEB. O Fundef/Fundeb não é entidade pública, mas um fundo contábil, de modo que as transferências para o fundo ou recebimentos do fundo não alteram o cálculo do Pasep, antes da Lei 12.810/2013. PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. A base de cálculo legal do Pasep é constituída pelas receitas correntes arrecadadas e transferências correntes e de capital recebidas. As exclusões permitidas, antes da Lei 12.810/2013, são as bases de cálculo em que tenha havido retenção de PASEP na fonte e as bases de cálculo já tributadas. (Acórdão 3201 002.812, Relator(a) MARCELO GIOVANI VIEIRA, Data da Sessão 26/04/2017) Ementa CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1996 a 30/11/1999 PASEP. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente à Contribuição para o Pasep é de 5 (cinco) anos, contado a partir da data da ocorrência do fato gerador. PASEP. GOVERNO DE ESTADO. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. VALORES RECEBIDOS EM TRANSFERÊNCIA DA UNIÃO E DESTINADOS À COMPOSIÇÃO DO FUNDEF. IMPOSSIBILIDADE. As transferências recebidas da União e destinadas a compor o Fundo de que cuida a Lei nº 9.424/96 não se excluem da base de cálculo da contribuição devida pelos Estados por não ter o referido fundo personalidade jurídica própria, não se podendo equiparar às entidades mencionadas no art. 7º da Lei nº 9.715/98. REP Negado e REC Provido. (Acórdão 9303002.137, Relator(a) Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Data da Sessão 16/10/2012) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2002, 2003, 2004 Fl. 381DF CARF MF 10 Ementa: PASEP. TRANSFERÊNCIAS PARA O FUNDEF. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Podem ser deduzidas da base de cálculo da contribuição para o Pasep as transferências realizadas pela contribuinte a outra entidade pública. Não é cabível essa dedução no caso de transferência para o Fundef Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, por não se caracterizar como entidade pública, mas um fundo de natureza meramente contábil. MULTA DE OFÍCIO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. NOVO ENTENDIMENTO. APLICAÇÃO. SEGURANÇA JURÍDICA. É incabível, por representar lesão à segurança jurídica, a exigência de multa de ofício relativamente à falta de recolhimento de tributo cujo fato gerador é anterior à publicação do entendimento que passou a considerar possível a aplicação de multa a outra pessoa jurídica de direito público. Recurso Voluntário provido em parte. (Acórdão 3402002.891, Relator(a) MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Data da Sessão 28/01/2016) Finalmente, com relação às alegações da Recorrente sobre bis in idem, a respeito da Contribuição ao PIS supostamente ter vinculação com o repasse de acordo com o número de matrícula de alunos na rede de ensino, peço licença para utilizar a precisa explanação do Conselheiro José Henrique Mauri, no Acórdão n. 3301004.080: Ocorre que, no entender de alguns entes municipais, haveria dúvida na base de cálculo do PASEP em relação a tais receitas, na medida em que os valores vertidos aos entes federados, pela União, não guardariam consonância com os valores efetivamente recebidos pelos mesmos, em decorrência dos critérios de distribuição estabelecidos pela Lei n. 11.494/2007. Advogam esses Municípios que os valores do Fundeb que compõem a base de cálculo da contribuição ao Pasep devem ser aqueles efetivamente recebidos e não a quantia alocada quando do repasse de verbas pela União. O ente municipal calca todo seu raciocínio na premissa de que o PASEP deve incidir sobre o valor que recebe do fundo e não sobre o valor alocado, o que levaria a uma retenção indevida pela União do tributo, que teria que ter sua base de cálculo reajustada. Ocorre que o fundamento acima não é sustentável em razão da sistemática do Fundeb, que não obedece à simples equação matemática pretendida pelos municípios. É fato que o valor vertido ao fundo guarda relação com o montante repassado pela União, de forma a compor a base de cálculo do Pasep, alimentada pelos recursos auferidos pelo ente público, seja via arrecadação, seja por transferência. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 10820.001735/200735 Acórdão n.º 3402004.821 S3C4T2 Fl. 116 11 Porém, não há correspondência, por obviedade matemática, entre o valor alocado, que o é genericamente por todos os municípios, e o valor recebido por cada ente municipal, proporcional ao número de alunos. Há de se esclarecer que o Fundeb tem como escopo o fomento da educação, guardando relação com índices que refletem justamente a situação educacional do município. Foi esse o critério utilizado pelo legislador no momento de distribuir os recursos do fundo em questão, entre os entes municipais. Nos ditames da Lei nº 11.494/07, em seu art. 8º, o valor que o Município recebe do fundo, que será destinado à educação, depende diretamente do número de alunos que possui em sua rede de educação básica. É esta grandeza que irá mensurar a fatia do Fundeb que cada município irá receber. (...) Assim, irá contribuir mais com o Pasep o ente que receber maiores recursos da União, alargando a base de cálculo da indigitada contribuição. De outra banda, o município que recebe poucos recursos da UNIÃO, terá baixa retenção ao Pasep. Contudo, isso não irá refletir necessariamente o quantum o ente efetivamente receberá da parcela dos recursos do Fundeb. Verificase a situação posta porque o parâmetro utilizado para o rateio do Fundeb a cada Município é diverso de mero cálculo aritmético encontrado pela quantificação do valor repassado pela União aos entes municipais e que é destinado à constituição do fundo. Referido valor é encontrado com base em grandeza trazida pelo texto legal, compondose do proporcional número de alunos que dado município possui matriculado nas redes de educação básica pública presencial. Portanto, um Município que recebe grande quantidade de recursos da União irá contribuir sobremaneira para o Fundeb, deduzindo a União tal fatia dos recursos que transfere ao ente municipal, e já retendo o percentual ao Pasep, mas, por possuir, p.ex., poucos alunos em sua rede de ensino, receberá uma pequena parcela dos recursos existentes no Fundeb. Ao contrário, podese vislumbrar o seguinte quadro: um município que recebe menor quantidade de recursos da União irá contribuir menos com o Pasep, mas poderá receber uma quantia maior dos recursos do Fundeb por ter maior número de alunos em sua rede de ensino. Eis o parâmetro eleito pela lei para a distribuição do Fundeb a cada município. Podese verificar na situação descrita uma eficiente forma de distribuição de renda, de maneira que municípios que recebem mais recursos federais, detendo potencialmente melhor situação educacional, contribuem mais para o Fundeb, sendo tal Fundo, por sua vez, objeto de distribuição em maiores proporções aos entes municipais com deficiência em recursos para verter em educação. Fl. 383DF CARF MF 12 O intuito da norma que cuida do critério de distribuição do Fundeb a cada Município é justamente amparar a educação básica, de forma a socorrer aqueles entes municipais com potencial deficiência educacional. De qualquer forma, a base de cálculo do PASEP há de ser o valor da receita transferida ao Município pela União e destinada ao Fundeb, por imediata dedução, por compor a definição legal da base de cálculo do referido tributo, e não o valor que efetivamente recebe o ente municipal, quando do rateio do Fundo, que guarda relação com outra grandeza, conforme delineado. Especificamente sobre a alegação da Recorrente de ter sofrido a tributação da Contribuição ao PIS tanto sobre (i) o valor retido para o FUNDEF com base nos repasses constitucionais compulsórios, (ii) quanto sobre a receita que lhe foi entregue pelo Fundo considerando o número de alunos (R$ 589.235,47), são necessários alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, como visto do trecho do Acórdão n. 3301004.080 transcrito acima,4 realmente a segunda situação (item ii) não pode ensejar o recolhimento da Contribuição social, e deveria ser levada em consideração nesse caso. Todavia, conforme se depreende dos autos (fls 270, 272) a Recorrente pretendeu nos seus pedidos de restituição e declarações de compensação utilizar crédito com base no item (i) do parágrafo anterior. Ou seja, equivocouse sobre qual seria o indébito e, consequentemente, fez requisição administrativa não do crédito que realmente seria devido, mas sim de montante sobre o qual não tem direito. Assim, deixou de mãos atadas os julgadores que não podem lhe conceder crédito que não foi requerido, tampouco analisado pela autoridade fiscal de origem, sendo necessário que a Recorrente se valha de novos pedidos de restituição, do crédito que efetivamente possui direito. Pelos esclarecimentos acima, fica claro que, como foi indevidamente excluído da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP os valores apontados no despacho decisório, não há razão para alterar as razões da não homologação das compensações efetuadas pela Recorrente. Dispositivo Ex positis, voto no sentido negar provimento ao recurso voluntário. 4 Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 Ementa: PASEP. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. BASE DE CÁLCULO. FUNDEB. A base de cálculo do PASEP devido pelas pessoas jurídicas de direito público interno será apurada com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas, nos termos do art. 2º, III, da Lei 9.715/98, excluindose as transferências efetuadas a outras entidades públicas. O ingresso de valores originários do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), posteriormente substituído pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), conta 1724.01.00 Transferência do FUNDEF, não integra a base de cálculo para apuração do Pasep devido pelas Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno. Referidos valores já foram tributados em momento anterior, quando do aporte para o fundo. Portanto eventual tributação dos valores recebidos pelo ente público da parcela que lhe couber do rateio do fundo, ocasionaria bitributação, vedada pela norma de regência. Recurso de Ofício Negado. Recurso Voluntário Provido Fl. 384DF CARF MF Processo nº 10820.001735/200735 Acórdão n.º 3402004.821 S3C4T2 Fl. 117 13 Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 385DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13975.000210/2005-45
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA.
Importa renúncia à instância administrativa a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF n° 1).
Numero da decisão: 9303-006.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para reconhecer a concomitância e reformar o acórdão recorrido.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia à instância administrativa a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF n° 1).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para reconhecer a concomitância e reformar o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia à instância administrativa a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF n° 1). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para reconhecer a concomitância e reformar o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 5. 00 02 10 /2 00 5- 45 Fl. 869DF CARF MF Processo nº 13975.000210/200545 Acórdão n.º 9303006.095 CSRFT3 Fl. 870 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, contra ao acórdão nº 3102002.049, proferido pela 1º Câmara/2º Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que decidiu em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário,para acatar a apuração de créditos a sobre os pagamentos de todos os serviços necessários para que a madeira seja extraída e ingresse no processo fabril Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de créditos da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS de que trata o art. 5º da Lei 10.637/2002, relativo ao primeiro trimestre de 2005. A DRF/BLUMENAU exarou o Despacho Decisório de fls. 568 a 596 deferindo parcialmente o pedido da interessada para reconhecer o direito creditório no valor de R$69.180,62, sendo R$1.937,34 a título de mercado interno e R$67.243,28 a título de mercado externo, referente ao saldo remanescente da apuração não cumulativa A decisão recorrida restou assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 INSUMO. DELIMITAÇÃO DO CONCEITO Para efeito de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, o termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que onere a atividade econômica, mas tão somente os que sejam diretamente empregados na produção de bens ou prestação de serviços. EXTRAÇÃO Os serviços necessários à extração da matériaprima empregada no processo produtivo enquadramse no conceito de insumo, para efeito de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social não cumulativos. Conseqüentemente, os gastos incorridos com tais serviços devem ser computados para efeito de cálculo das contribuições. FRETES E COMBUSTÍVEIS Fretes incorridos e o combustível comprovadamente gastos no transporte dos Fl. 870DF CARF MF Processo nº 13975.000210/200545 Acórdão n.º 9303006.095 CSRFT3 Fl. 871 3 insumos e dos produtos em industrialização devem ser considerados para efeito de cálculo. MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Despesas com a manutenção só geram crédito se, cumulativamente, digam respeito a máquinas e equipamentos empregados no processo produtivo e que não sejam empregadas peças com vida útil superior a um ano. Ausentes elementos que comprovem o cumprimento dessas condições, ao há como reconhecer o crédito. Recurso Voluntário Parcialmente Provido". Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, requerendo a reforma da decisão recorrida, mantendose a glosas efetuadas pela Fiscalização, tento em vista os serviços anteriores ao processo produtivo não se inserirem no conceito de insumo. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado, como paradigma, o Acórdão nº 3801001.885. O recurso teve seguimento nos termos do Despacho de Admissibilidade, fls. 858/861. A Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Conforme acima relatado, o Pedido de Restituição formulado pela Contribuinte, guerreado neste Conselho por meio do Processo Administrativo nº 13975.000210/200545, versa sobre a mesma matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, Processo nº 500358476.2013.404.7213/SC, o que configurou renúncia à esfera administrativa. Essa questão encontrase sumulada neste Conselho nos seguintes termos: Súmula CARF n° 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Referido entendimento do CARF se coaduna com a ordem constitucional pátria, em que se assegura a todos o acesso ao Poder Judiciário para defesa de direitos (art. 5°, Fl. 871DF CARF MF Processo nº 13975.000210/200545 Acórdão n.º 9303006.095 CSRFT3 Fl. 872 4 XXXV, da Constituição Federal), em razão do quê as decisões judiciais transitadas em julgado se revestem do caráter de definitividade e de imutabilidade, sendo, portanto, a ultima ratio na solução de conflitos. Uma vez submetida determinada matéria à apreciação do Poder Judiciário, cuja decisão prevalecerá na ordem jurídica, qualquer outra discussão paralela mostrase inoportuna e ineficaz, uma vez que suas conclusões, indubitavelmente, quedarseão ao decisum judicial manifesto ou a ser proferido. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido, de dar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, para reformar a decisão recorrida, resultando em recurso voluntário não conhecido, declarandose a concomitância de instância, tendo em vista que a matéria já foi submetida à apreciação do Poder Judiciário, configurandose renúncia à via administrativa. É como voto (Assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 872DF CARF MF Processo nº 13975.000210/200545 Acórdão n.º 9303006.095 CSRFT3 Fl. 873 5 Fl. 873DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10983.906317/2009-35
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004
DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO.
A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. Tendo sido o único motivo de indeferimento da compensação e ignorados os seus efeitos pela decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, há de ser acolhida e determinado novo exame da compensação pela Autoridade Fiscal.
Numero da decisão: 3001-000.101
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com a DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida, vencido o conselheiro Cleber Magalhães, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. Tendo sido o único motivo de indeferimento da compensação e ignorados os seus efeitos pela decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, há de ser acolhida e determinado novo exame da compensação pela Autoridade Fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com a DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida, vencido o conselheiro Cleber Magalhães, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
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POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindose em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. Tendo sido o único motivo de indeferimento da compensação e ignorados os seus efeitos pela decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, há de ser acolhida e determinado novo exame da compensação pela Autoridade Fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com a DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida, vencido o conselheiro Cleber Magalhães, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 63 17 /2 00 9- 35 Fl. 35DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 4ª Turma da DRJ/FNS, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. O Contribuinte, na data de 08/06/2005, transmitiu PER/DCOMP nº 02425.73241.080605.1.3.046754 declarando a compensação de débito da COFINS do período 12/2004, com crédito do mesmo tributo recolhido a maior que o devido através de DARF da competência 04/2004. A DRF de Florianópolis em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório (eFls. 6), pela não homologação da compensação pretendida, em face de inexistência do crédito informado, pois o valor do DARF discriminado na PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débito da contribuinte. Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.8), justificando que: Após confrontarmos os valores declarados na DCOMP 02425.73241.080605.1.3.046754 com a DIPJ 2005 entregue, percebemos que a DCTF 3.0 referente ao 2° trim./04 não havia sido retificada, o que ocasionou a não homologação do crédito. Informamos que entregamos em 30/6/09 DCTF retificadora corrigindo as informações com número de recibo 29.78.57.41.6800, assim sendo solicitamos o cancelamento do Despacho Decisório e a aceitação da DCTF anexa que demonstra o crédito utilizado na referida DCOMP. Encaminhado os autos à 4ª Turma da DRJ/FNS, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade com seus fundamentos assim sintetizados (fls.23): Salientese que não se está aqui a afirmar que o crédito pretendido contra a Fazenda Nacional existe ou não existe, dado que não é isto que importa para o caso concreto que aqui se tem. O que se afirma, isto sim, é que só a partir da retificação da Dctf é que a contribuinte passou a ter crédito contra a Fazenda devidamente conformado na forma da lei, razão pela qual a retificação já efetuada pode produzir efeitos em relação a Dcomp apresentadas posteriormente a esta, mas não para validar compensações anteriores. O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (fls. 26) contra a decisão de primeira instância administrativa, com o intuito de ver seu pedido atendido, destacandose em suas razões os seguintes pontos: 1 que a compensação declarada está em conformidade com o art. 66 da lei 8.383/91, o qual permite a utilização de valores pagos a maior ou indevido para compensar débitos de períodos subsequentes; Fl. 36DF CARF MF Processo nº 10983.906317/200935 Acórdão n.º 3001000.101 S3C0T1 Fl. 3 3 2 – que constatado o erro de declaração em DCTF prontamente a retificou, corrigindo o valor efetivamente devido da COFINS relativo ao 2º trimestre de 2004 no montante de R$ 8.655,29. Sendo o DARF de pagamento no valor de R$ 10.453,79 ocorreu pagamento a maior de R$ 1.798,50. 3 – que a retificação da DCTF ocorreu na forma da Instrução Normativa SRF nº 903, de 30 de setembro de 2008, art. 11, o qual atesta que a DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados em declarações anteriores; 4 – que a DIPJ entregue tempestivamente contempla o valor correto da COFINS devida, no item 40 da ficha 26ª – Cálculo da COFINS – Regime Cumulativo; Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A recorrente buscou através da transmissão eletrônica da PER/DCOMP nº 02425.73241.080605.1.3.046754, transmitida na data de 08 de junho de 2005, a compensação de COFINS (cód.2172) da competência 12/2004 atualizada com juros e multa, totalizando a quantia de R$ 67,80 com crédito, também, de COFINS (cód.2172) pelo recolhimento a maior que o devido da competência 04/2004. Valor original do crédito utilizado foi de R$ 58,54. Contudo, ao tomar conhecimento do Despacho Decisório desfavorável ao seu pedido, constatou que havia incorrido em erro quando da transmissão da DCTF para o período do 2º Trimestre de 2004. Imediatamente, na data de 30/06/2009, transmitiu DCTF retificadora corrigindo o valor devido de COFINS para o período de apuração 30/04/2004, de forma a evidenciar o valor de seu pagamento a maior que o devido, resultando daí o crédito utilizado para a compensação requerida. A DRJ/FNS fundamenta sua decisão que manteve a não homologação da compensação pleiteada, no fato de que o crédito apontado em DCTF retificadora não pode alcançar compensação anteriormente praticada. Sobre a liquidez e certeza do crédito levantado pela recorrente em DCTF Retificadora, em nenhum momento foi objeto de análise pelo competente órgão fazendário. Valhome aqui de julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303 005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante confirmaram decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar Fl. 37DF CARF MF 4 parcial provimento ao recurso voluntário, sendo entendimento daquele colegiado, “em síntese, que a DCTF retificadora, nas hipóteses admitidas por lei, tem os mesmos efeitos da original, podendo ser admitida para comprovação da certeza e liquidez do crédito, ainda que transmitida após a prolação do despacho decisório”. Oportuno destacar, também, parte do voto da Conselheira Relatora Vanessa Marini Cecconello (CSRF – T3), pelos seus comentários e associados ao Parecer Cosit nº 02/2015, nos orienta a dar o devido seguimento nesse julgado, “verbis”: O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior. Portanto, a apresentação da DCTF retificadora não é requisito indispensável à homologação da compensação, mas a certeza e liquidez do indébito tributário devem restar comprovadas por outros meios nos autos do processo administrativo. Nesse sentido, é o Parecer Cosit nº 02/2015, de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo Fl. 38DF CARF MF Processo nº 10983.906317/200935 Acórdão n.º 3001000.101 S3C0T1 Fl. 4 5 decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. (...) Vêse que a administração tributária em questão normativa, preocupada com o assunto, já havia se posicionado sobre o tema que diz respeito à possibilidade de ocorrer DCTF retificadora para demonstrar a existência de crédito passível de compensação. Como antes dito, a liquidez e certeza do crédito tributário não se encerra com a simples DCTF retificadora, há outros indicativos a serem seguidos, sendo um deles a DIPJ da recorrente, que de acordo com as razões recursais foi um dos parâmetros utilizados para atestar o erro de declaração cometido. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: "Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. Diante do que foi exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com a DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 39DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.002679/2003-59
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Jan 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 14/02/2003, 14/03/2003
RECEITAS DE VENDAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO. APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 111 E 177 DO CTN.
As receitas decorrentes de vendas a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus não configuram receitas de exportação e sobre elas incide a contribuição para o PIS, conforme exegese dos artigos 111 e 177 do Código Tributário Nacional.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 14/02/2003, 14/03/2003
RECEITAS DE VENDAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO. APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 111 E 177 DO CTN.
As receitas decorrentes de vendas a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus não configuram receitas de exportação e sobre elas incide a contribuição para o PIS, conforme exegese dos artigos 111 e 177 do Código Tributário Nacional.
Recurso Especial do Contribuinte negado.
Numero da decisão: 9303-005.451
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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COFINS. ZFM. ISENÇÃO Recorrente J. MACEDO S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 14/02/2003, 14/03/2003 RECEITAS DE VENDAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO. APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 111 E 177 DO CTN. As receitas decorrentes de vendas a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus não configuram receitas de exportação e sobre elas incide a contribuição para o PIS, conforme exegese dos artigos 111 e 177 do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 14/02/2003, 14/03/2003 RECEITAS DE VENDAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO. APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 111 E 177 DO CTN. As receitas decorrentes de vendas a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus não configuram receitas de exportação e sobre elas incide a contribuição para o PIS, conforme exegese dos artigos 111 e 177 do Código Tributário Nacional. Recurso Especial do Contribuinte negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 26 79 /2 00 3- 59 Fl. 463DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 280300.121, de 01/06/2009, proferido pela 3ª Turma Especial da Segunda Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 14/02/2003, 14/03/2003 VENDAS A SOCIEDADES LOCALIZADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. A isenção só é concedida mediante lei especifica, que regule exclusivamente tal exoneração ou o correspondente tributo ou contribuição. Inexiste, na legislação da contribuição, dispositivo expresso que estabeleça a isenção das receitas de vendas a sociedades empresárias estabelecidas na Zona Franca de Manaus. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 14/02/2003, 14/03/2003 VENDAS A SOCIEDADES LOCALIZADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. A isenção só é concedida mediante lei especifica, que regule exclusivamente tal exoneração ou o correspondente tributo ou contribuição. Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 440 3 Inexiste, na legislação da contribuição, dispositivo expresso que estabeleça a isenção das receitas de vendas a sociedades empresárias estabelecidas na Zona Franca de Manaus. Recurso negado. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido que não reconheceu a isenção do PIS/Cofins das receitas decorrentes de vendas a empresas localizadas na Zona Franca de Manaus ZFM. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 20216.587 e 20176.819. O exame de admissibilidade do recurso encontrase às fl. 418. Intimada, a Procuradoria apresentou contrarrazões ao recurso especial (fls. 420/437). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte deve ser conhecido. Com relação ao tema nele proposto, enquanto o acórdão recorrido entendeu que as receitas decorrentes de vendas a empresas localizadas na ZFM são isentas do PIS/Cofins, os paradigmas concluíram justo o inverso, conforme comprova a ementa do Acórdão nº 20176.819: PIS/PASEP. SEMESTRALIDADE. MUDANÇA DA LEI COMPLEMENTAR N° 7/70 ATRAVÉS DA MEDIDA PROVISÓRIA N' 1212/95. Com a retirada do mundo jurídico dos DecretosLeis n's 2.445/88 e 2.449/88, através da Resolução do Senado Federal n° 49/95, prevalecem as regras da Lei Complementar n° 7/70, em relação ao PIS. A regra estabelecido no parágrafo único do artigo 6° da Lei Complementar n° 7/70 diz respeito à base de cálculo e não a prazo de recolhimento, razão pela qual o PIS correspondente a um mês tem por base de cálculo o faturamento de seis meses atrás, sem correção monetária. Tal regra mantevese incólume até a Medida Provisória n° 1.212/95, de 28.11.95, a partir da qual a base de cálculo do PIS passou a ser o faturamento do mês. Tal mudança, no entanto, operouse a partir de 0 1 .03.96. VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO. Por força da liminar concedida na ADIN n° 23489 as vendas para a Zona Franca de Manaus equivalem a uma exportação e como tal estão isentas de PIS. JUROS. TAXA SELIC. O artigo 192, § 3°, da Constituição Federal depende de regulamentação para entrar em vigor conforme decisão do STF. Nos termos do art. 161, § 1°, do CTN, Fl. 465DF CARF MF 4 se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão calculados à taxa de um por cento ao mês. A Lei n° 9.430/96, que mandou aplicar a Taxa SELIC, dispôs de forma diversa e está de acordo com o CTN, não havendo reparos a fazer quanto aos juros cobrados no auto de infração. Recurso parcialmente provido. (g.n.) No mérito, conforme já expusemos nesta mesma Turma, entendemos não assistir razão à Recorrente. Como os motivos que fundamentam o nosso entendimento coincidem com o exposto no voto condutor do Acórdão nº 9303004.430, de 7/12/2016, de relatoria do il. Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, passamos a adotálo aqui como razão de decidir (advirtase que a divergência entre os períodos de apuração objeto dos autos e os referidos no voto em nada modificam o entendimento aqui firmado): Como relatado, a controvérsia decorre de divergência na interpretação da legislação tributária quanto à possibilidade de isenção do PIS e da Cofins nas vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus nos períodos de apuração referentes aos anos calendários de 2001 e 2002. De acordo com o contribuinte e o acórdão recorrido estas vendas são isentas com base no art. 4º do DecretoLei nº 288/67 e o art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT da Constituição Federal. Não concordo com esse entendimento. Vejamos o que dispõe o art. 4º do DL nº 288/67: Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. (destaquei). Observase que o dispositivo legal estabeleceu uma equivalência entre vendas de mercadorias de origem nacional para a Zona Franca de Manaus e exportação para o estrangeiro. Deixou claro porém que esta regra valia para todos os efeitos fiscais em relação à legislação em vigor na data de sua publicação em 1967. Esta regra não poderia ser aplicada ao PIS, que foi criado pela Lei Complementar 7/70, e à Cofins que foi criada pela Lei Complementar nº 70/91. Ambas contribuições não existiam na data da edição do DL nº 288/67 e, portanto, por ele não poderiam ser reguladas. Esta também é a dicção do disposto nos art. 177 do CTN, in verbis: Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 441 5 Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I – às taxas e às contribuições de melhoria; II – aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.(destaquei). Já o art. 40 do ADCT da CF/88, nada inovou no assunto. Somente estendeu o prazo de duração de um benefício fiscal no qual já não continha as isenções do PIS e da Cofins. Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Portanto, não há como acatar que o art. 4º do Decreto Lei nº 288/67 permitia qualquer isenção/imunidade de PIS e da Cofins nas vendas de produtos para empresas situadas na Zona Franca de Manaus. Nesta linha de raciocínio, não procede a argumentação de imunidade na incidência destas contribuições nas operações de venda para a ZFM, pois elas não foram equiparadas a exportação como defende o contribuinte, para efeito destas contribuições, portanto inaplicável a imunidade prevista no art. 149, § 2º, inc. I da CF. Resta analisar se a própria legislação destas contribuições permitia, no período solicitado, a exclusão destas receitas de sua base de cálculo. Sempre lembrando que se interpreta literalmente a lei que dispõe sobre outorga de isenção, nos termos do art. 111 do CTN. A Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, que trouxe diversas alterações relativas à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, não fez qualquer referência à exclusão de receitas de exportações ou à isenção das contribuições sobre tais receitas. Em seguida, foi publicada a Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, que em seu art. 14 dispôs sobre as regras de desoneração das contribuições em tela, nas hipóteses especificadas, tendo revogado expressamente todos os dispositivos legais relativos à exclusão de base de cálculo e isenção existentes até o dia 30 de junho de 1999: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da Cofins as receitas: (...) II – da exportação de mercadorias para o exterior; Fl. 467DF CARF MF 6 (...) § 1º. São isentas da contribuição para o P1S/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. § 2º. As isenções previstas no caput e no parágrafo anterior não alcançam as receitas de vendas efetuadas: I – a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; (...) (destaquei) Ressaltese que esta Medida Provisória foi objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIn nº 2.3489 (DOU de 18/12/2000), que requereu a declaração de inconstitucionalidade e ilegalidade da restrição feita à Zona Franca de Manaus. O Supremo Tribunal Federal – STF, nesta ação, deferiu medida cautelar suspendendo a eficácia da expressão "na Zona Franca de Manaus", disposta no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória Nº 2.03724/00, com efeitos ex nunc. Posteriormente, em 02/02/2005, foi prolatada decisão julgando prejudicada a ADIn, sendo o processo arquivado sem apreciação do mérito. Posteriormente à decisão liminar do STF na ADIn nº 2.3489, foi editada a Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, atual Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, a qual suprimiu a expressão "na Zona Franca de Manaus" do inciso I do § 2º do art. 14, acima citado, que vinha constando em suas edições anteriores. Desta forma, as exclusões da base de cálculo do PIS e da Cofins, no período solicitado no presente processo, anoscalendários de 2001 e 2002, eram as previstas no art. 14 da MP 2.158/200135, abaixo transcrito: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: I – dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista; II – da exportação de mercadorias para o exterior; III – dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; IV – do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; V – do transporte internacional de cargas ou passageiros; Fl. 468DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 442 7 VI – auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997; VII – de frete de mercadorias transportadas entre o País e o exterior pelas embarcações registradas no REB, de que trata o art. 11 da Lei nº 9.432, de 1997; VIII – de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IX – de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; X – relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. § 2º As isenções previstas no caput e no §1º não alcançam as receitas de vendas efetuadas: I – a empresa estabelecida na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; II – a empresa estabelecida em zona de processamento de exportação; (Revogado pela Lei nº 11.508, de 2007) III – a estabelecimento industrial, para industrialização de produtos destinados à exportação, ao amparo do art. 3º da Lei nº 8.402, de 8 de janeiro de 1992. Da leitura do dispositivo legal não é possível localizar que havia previsão legal para exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins, das receitas decorrentes de vendas de mercadorias para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus. Por óbvio não é possível aplicar a isenção constante do inc. II do caput, já que a Zona Franca de Manaus não é localizada no exterior e já proferimos o entendimento de que não é aplicável o disposto no art. 4º do DL nº 288/67. Somente a partir da edição da Medida Provisória nº 202/2004, que foi convertida na Lei nº 10.996/2004, é que foi reduzida a zero as alíquotas de PIS e Cofins sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus, nos termos do seu art. 2º, in verbis: Fl. 469DF CARF MF 8 Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus – ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. Necessário concluir que caso estas receitas já eram isentas/imunes das referidas contribuições sociais, seria totalmente inócua a edição desta lei reduzindo a alíquota para zero. Até porque não se poderia estabelecer alíquota zero para uma operação que estaria fora do campo de incidência das contribuições por força de imunidade constitucional. Ressalto que este colegiado, embora utilizando de fundamentação discretamente diferente, também vem decidindo assim. Transcrevese abaixo a ementa do Acórdão nº 9303 003934, cujo julgamento deuse em 07/06/2016: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2002 a 28/02/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 470DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 443 9 Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama No que tange à discussão acerca da isenção ou não do PIS e da Cofins nas vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus ZFM, peço vênia ao ilustre Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza para manifestar meu entendimento. Para melhor elucidar essa questão, importante trazer breve histórico da criação da Zona Franca de Manaus. Em junho de 1957, foi publicada a Lei 3.173/57, dispondo em seu art. 1º, que fica criada em Manaus, capital do Estado do Amazonas, uma zona franca para armazenamento ou depósito, guarda, conservação beneficiamento e retirada de mercadorias, artigos e produtos de qualquer natureza, provenientes do estrangeiro e destinados ao consumo interno da Amazônia, como dos países interessados, limítrofes do Brasil ou que sejam banhados por águas tributárias do rio Amazonas. Tal lei ainda explicitou que as mercadorias de procedência estrangeira, quando desembarcadas diretamente na área da zona franca de Manaus, e enquanto permanecerem dentro da mesma, não estarão sujeitas ao pagamento de direitos alfandegários ou quaisquer outros impostos federais, estaduais ou municipais que venham graválas, sendo facultado o seu beneficiamento e depósito na própria zona de sua conservação. Sendo assim, resta claro que a Zona Franca de Manaus foi criada, a rigor, para fins de se incentivar o desenvolvimento daquela Região, bem como reduzir as desigualdades sociais. Fl. 471DF CARF MF 10 Posteriormente, foi publicado o Decreto 47.757/60, que regulamentou o disposto na Lei 3.173/57, trazendo, entre outros (com as alterações do Decreto 51.114/61) – Grifos Meus: “ Art. V A Zona Franca de Manaus destinase a receber mercadorias, artigos e produtos de qualquer natureza de origem estrangeira, para armazenamento, depósito, guarda, conservação e beneficiamento, a fim de que sejam retirados para o consumo interno no Brasil ou para exportação observadas as prescrições legais. (Redação dada pelo Decreto nº 51.114, de 1961) § 1º A entrada dêsses produtos na Zona Franca, independerá de licença de importação ou documento equivalente. (Incluído pelo Decreto nº 51.114, de 1961) § 2º As mercadorias de origem e procedência brasileiras, depois de terem sido objeto de um processo regular de exportação perante a Carteira de Comércio Exterior e as demais autoridades do fisco federal e estadual, poderão utilizar o mesmo Tratamento outorgado às mercadorias estrangeiras e como tal serão consideradas, para efeito do presente Regulamento. (Incluído pelo Decreto nº 51.114, de 1961)” “ Art. VI. A Zona Franca de Manaus gozará de extraterritorialidade em relação ao pagamento do impôsto de importação e taxa aduaneira, bem como quanto a quaisquer outros impostos, ágios e tributos federais, estaduais e municipais que incidam sôbre as mercadorias importadas do exterior enquanto estas permanecerem em seus depósitos.” Tais dispositivos deixam claro que as mercadorias de origem brasileira devem observar um processo regular de exportação. O que, por óbvio, há que se entender que as vendas de mercadorias efetuadas à ZFM devem ser consideradas puramente como operação de exportação. Fl. 472DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 444 11 Continuando, posteriormente, tal Lei foi revogada pelo DecretoLei 288/67, conforme art. 48, § 2º (Grifos Meus): “ Art 48. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Fazenda, o crédito especial de NCr$ 1.000.000,00 (hum milhão de cruzeiros novos) para atender as despesas de capital e custeio da Zona Franca, durante o ano de 1967. § 1º O crédito especial de que trata êste artigo será registrado pelo Tribunal de Contas e distribuído automàticamente ao Tesouro Nacional. § 2º Fica revogada a Lei nº 3.173, de 6 de junho de 1957 e o Decreto nº 47.757, de 2 de fevereiro de 1960 que a regulamenta.” Não obstante, tal DecretoLei ter revogado a Lei 3.173/57 e o Decreto 47.75760, trouxe em seu art. 4º: “ Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” O que resta concluir que as receitas das vendas efetuadas a empresas sediadas na ZFM, por expressa determinação do art. 4º do DecretoLei 288/1967 c/c o art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT são equiparadas às exportações, de forma que as receitas delas decorrentes não devem ser tributadas pelo PIS e pela Cofins. Ora, sendo assim, desde a publicação do DecretoLei 288/1967, as vendas efetuadas a empresas sediadas na ZFN são equiparadas às exportações, não devendo ser tributadas pelas contribuições as receitas de vendas à ZFM. Fl. 473DF CARF MF 12 Ademais, é de se constatar que a Constituição Federal de 1988 ainda determinou a imunidade dessas receitas, conforme preceitua o art. 149, § 2º, inciso I dessa Carta: “ Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; [...]” O que, em respeito à Constituição Federal, quando da instituição do PIS e da Cofins, houve observância dessa desoneração. E, no que tange à discussão trazendo que o art. 4º do DecretoLei 288/67 ter sido publicado na vigência da Constituição Federal anterior a de 1988 – vêse que houve a manutenção dos benefícios à ZFM através do art. 40 do ADCT. E, relativamente à edição da MP 202/2004, que foi convertida na Lei nº 10.996/2004, que trouxe o art. 2º, in verbis: “ Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus – ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM.” Tal norma somente veio para explicitar que não há que se falar em tributação das receitas auferidas na venda de mercadorias à ZFM, podendo considerar que antes dessa MP, para fins de não se tributar a r. receita pelas contribuições, há que se observar o disposto Fl. 474DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 445 13 no art. 4º DecretoLei 288/67 c/c o art. 40 do ADCT e art. 149 da CF/88. Entendimento já pacificado pelo STJ. E, com o advento da MP 202/04, considerando a jurisprudência pacíficada dada pelo STJ e intentando a diminuição de litígios tributários, manter o procedimento de não se tributar tais receitas. Sendo assim, com essas breves considerações, já resta negar provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. Não obstante, independentemente do direito esposado, em respeito ao Novo Código de Processo Civil de 2015, não há como se ignorar também os precedentes favoráveis emanados pelos Tribunais. Em tempos atuais, inclusive, o novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/15 traz o respeito à “eficácia vinculante dos precedentes” em seus arts. 926 e 927, in verbis (Grifos meus): “ Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantêla estável, íntegra e coerente. § 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. § 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem aterse às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II os enunciados de súmula vinculante; Fl. 475DF CARF MF 14 III os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. § 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento neste artigo. § 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. § 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. § 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. § 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando os por questão jurídica decidida e divulgandoos, preferencialmente, na rede mundial de computadores.” Devese, assim, em respeito ao Princípio da Eficácia Vinculante dos precentes” – exposta “explicitamente” pelo Novo Código de Processo Civil NCPC, observar o entendimento emanado pelos tribunais. Não é demais lembrar que no processo administrativo há que se considerar e respeitar tais precedentes, conforme versa o art. 15 do NCPC Fl. 476DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 446 15 “ Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.” O Brasil adota como estrutura jurídica o “Civil Law” – que adota fontes de direito, dentre as quais, considera, além da Lei, como fonte direta, os precedentes jurisprudenciais. Sendo assim, inquestionável, a valorização dos precedentes. Até mesmo como forma de se conceder a segurança jurídica que tanto procura a administração fazendária e os sujeitos passivo. Ora, tal cultura de valorização de precedentes, que tora a jurisprudência no Brasil fonte direta da estrutura jurídica adotada pelo Brasil “Civil Law” – traz irrefutavelmente segurança jurídica ao buscar o respeito à unicidade da interpretação. O que, cabe trazer que as decisões do STF, STJ e TRF´s tem sido favoráveis aos contribuintes – pelo afastamento da cobrança do PIS e da Cofins sobre a receita da venda de mercadorias à ZFM – considerando, em síntese, como operação de exportação. Para melhor elucidar, cabe mencionar que o STF, por meio da ADI 310, pacificou o seu entendimento ao manifestar que o quadro normativo préconstitucional de incentivo fiscal à ZFM constitucionalizouse pelo art. 40 do ADCT, adquirindo, por força dessa regra transitória, natureza de imunidade tributária, persistindo vigente a equiparação procedida pelo art. 4º do DecretoLei 288/67: “ EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONVÊNIOS SOBRE ICMS NS. 01, 02 E 06 DE 1990: REVOGAÇÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS INSTITUÍDOS ANTES DO ADVENTO DA ORDEM CONSTITUCIONAL DE 1998, ENVOLVENDO BENS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. Fl. 477DF CARF MF 16 1. Não se há cogitar de inconstitucionalidade indireta, por violação de normas interpostas, na espécie vertente: a questão está na definição do alcance do art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a saer, se esta norma de vigência temporária teria permitido a recepção do elenco préconstitucional de incentivos à Zona Franca de Manaus, ainda que incompatíveis com o sistema constitucional do ICMS instituído desde 1988, no qual se insere a competência das unidades federativas para, mediante convênio, dispor sobre isenção e incentivos fiscais do novo tributo (art. 155, § 2º, inciso XII, letra ‘g’, da Constituição da República). 2. O quadro normativo préconstitucional de incentivo fiscal à Zona Franca de Manaus constitucionalizouse pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, adquirindo, por força dessa regra transitória, natureza de imunidade tributária, persistindo vigente a equiparação procedida pelo art. 4º do DecretoLei n. 288/1967, cujo propósito foi atrair a não incidência do imposto sobre circulação de mercadorias estipulada no art. 23, inc. II, § 7º, da Carta pretérita, desonerando, assim, a saída de mercadorias do território nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus. 3. A determinação expressa de manutenção do conjunto de incentivos fiscais referentes à Zona Franca de Manaus, extraídos, obviamente, da legislação préconstitucional, exige a não incidência do ICMS sobre as operações de saída de mercadorias para aquela área de livre comércio, sob pena de se proceder a uma redução do quadro fiscal expressamente mantido por dispositivo constitucional específico e transitório. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” É de se considerar que, em respeito ao art. 40 do ADCT, a saída de mercadorias do território nacional para a ZFM deve ser considerada como exportação de serviços – não podendose afastar nesse evento a natureza de imunidade tributária. Ainda que se trate especificamente de ICMS – o evento de per si é o mesmo discutido no caso vertente. Fl. 478DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 447 17 Vêse que os Tribunais Judiciais têm manifestado de forma pacífica entendimento favorável aos sujeitos passivos, explicitando que desde o advento do DecretoLei 288/67 as vendas efetuadas a empresas sediadas na ZFM são equiparadas às exportações, afastando, por conseguinte a tributação pelo PIS e pela Cofins das receitas provenientes dessas vendas. Frisese tal jurisprudência pacificada nos tribunais, o entendimento esposado pela 2ª Turma do STJ em recente julgado de 2.8.2016 quando da apreciação do REsp 874.887/AM (Grifos Meus): “ EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. VENDAS REALIZADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. DECRETOLEI 288/67. ISENÇÃO. SÚMULA 568/STJ. 1. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a venda de mercadorias para empresas situadas na Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro, em termos de efeitos fiscais, segundo interpretação do Decretolei 288/67, não incidindo a contribuição social do PIS nem da Cofins sobre tais receitas. 2. O benefício de isenção das referidas contribuições alcança, portanto, receitas oriundas de vendas efetuadas por empresa sediada na Zona Franca de Manaus a empresas situadas na mesma região. Agravo interno improvido.” Reforçamos tal jurisprudência o entendimento proferido pelo também STJ quando da apreciação do REsp 691.708 AM: “ PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DESONERAÇÃO DO PIS E DA COFINS. PRODUTOS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. Fl. 479DF CARF MF 18 EMPRESAS QUE VENDEM PRODUTOS PARA OUTRAS NA MESMA LOCALIDADE. RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. MULTA. CABIMENTO. 1. À luz da interpretação conferida por esta Corte ao DecretoLei n. 288/1967, a venda de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro, em termos de efeitos fiscais, não incidindo sobre tais receitas a contribuição social do PIS nem da COFINS. 2 . "O benefício fiscal também alcança as empresas sediadas na própria Zona Franca de Manaus que vendem seus produtos para outras na mesma localidade. Interpretação calcada nas finalidades que presidiram a criação da Zona Franca, estampadas no próprio DL 288/67, e na observância irrestrita dos princípios constitucionais que impõem o combate às desigualdades sócioregionais" (REsp 1276540/AM, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 05/03/2012). 3. O recurso manifestamente improcedente atrai a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, na razão de 1% a 5% do valor atualizado da causa. 4 . Agravo interno desprovido, com aplicação de multa.” É de se trazer, nesse caso, a transcrição parcial do voto do Ministro Gurgek de Faria (Grifos Meus): [...] Consoante anteriormente explicitado, quanto à suposta violação ao art. 4º do DecretoLei n. 288/1967, é de se destacar que o aresto combatido não diverge da orientação preconizada por este Tribunal Superior. Isso porque, à luz da interpretação conferida por esta Corte à legislação de regência, a venda de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro, em termos de efeitos fiscais, não incidindo sobre tais receitas a contribuição social do PIS nem da COFINS, ainda que as empresas sejam sediadas na própria Zona Franca de Manaus. A propósito: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. Fl. 480DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 448 19 PIS. COFINS. VERBAS PROVENIENTES DE VENDAS REALIZADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. NÃO INCIDÊNCIA. INTELIGÊNCIA DO DEC. LEI 288/67. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência desta Corte é pacificada no sentido de que as operações envolvendo mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus são equiparadas à exportação, para efeitos fiscais, conforme disposições do DecretoLei 288/67, não incidindo a contribuição para o PIS nem a Cofins sobre tais receitas. Precedentes: AgRg no REsp 1141285/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 26/05/2011; REsp 817.847/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 25/10/2010; REsp 1276540/AM, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 05/03/2012. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1400296/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/05/2012, DJe 14/05/2012). Grifos acrescidos. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. ARTS. 110, 111, 176 E 177, DO CTN. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DESONERAÇÃO DO PIS E DA COFINS. PRODUTOS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. ART. 4º DO DL 288/67. INTERPRETAÇÃO. EMPRESAS SEDIADAS NA PRÓPRIA ZONA FRANCA. CABIMENTO. 1. O provimento do recurso especial por contrariedade ao art. 535, II, do CPC pressupõe seja demonstrado, fundamentadamente, entre outros, os seguintes motivos: (a) a questão supostamente omitida foi tratada na apelação, no agravo ou nas contrarrazões a estes recursos, ou, ainda, que se cuida de matéria de ordem pública a ser examinada de ofício, a qualquer tempo, pelas instâncias ordinárias; (b) houve interposição de aclaratórios para indicar à Corte local a necessidade de sanear a omissão; (c) a tese omitida é fundamental à conclusão do julgado e, se examinada, poderia levar à sua anulação ou reforma; e (d) não há outro fundamento autônomo, suficiente para manter o acórdão. Esses requisitos são cumulativos e devem Fl. 481DF CARF MF 20 ser abordados de maneira fundamentada na petição recursal, sob pena de não se argumentos apresentados. [...] 5. As operações com mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus são equiparadas à exportação para efeitos fiscais, conforme disposto no art. 4º do DecretoLei 288/67, de modo que sobre elas não incidem as contribuições ao PIS e à Cofins. Precedentes do STJ. 6. O benefício fiscal também alcança as empresas sediadas na própria Zona Franca de Manaus que vendem seus produtos para outras na mesma localidade. Interpretação calcada nas finalidades que presidiram a criação da Zona Franca, estampadas no próprio DL 288/67, e na observância irrestrita dos princípios constitucionais que impõem o combate às desigualdades sócioregionais. 7. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (REsp 1276540/AM, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe 05/03/2012). Grifos acrescidos. Confiramse, ainda, os seguintes julgados desta Corte no mesmo sentido: AREsp 944269, Rel. Min. Assusete Magalhães, DJe 30/06/2016; AREsp 820600, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 17/02/2016; AREsp 708492, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/06/2015; AREsp 690708, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 11/06/2015; Ag 1417811, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 19/12/2013. Incide, portanto, a Súmula 83 do STJ. Assim, o recurso é manifestamente improcedente, o que atrai a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, na razão de 1% a 5% do valor atualizado da causa. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo interno e aplico multa à agravante de 1% sobre o valor atualizado da causa. [...]” Constatase que o voto do Ministro Gurgel de Faria ainda traz que no foi decidido pela Corte no mesmo sentido os seguintes julgados: · AREsp 944269, Rel. Min. Assusete Magalhães, DJe 30/06/2016; Fl. 482DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 449 21 · AREsp 820600, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 17/02/2016; · AREsp 708492, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/06/2015; · AREsp 690708, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 11/06/2015; · Ag 1417811, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 19/12/2013. Por isso, aquela Corte considera que esse entendimento pela não cobrança do PIS e da Cofins sobre tais receitas estaria pacificado. Além do entendimento proferido pelos Tribunais superiores, não se pode ignorar o entendimento no mesmo sentido exarado pelos TRF´s. Eis o que traz o TRF da 1ª Região julgado em 19.9.2016: “ CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. PIS E COFINS. ISENÇÃO SOBRE RECEITAS DECORRENTES DE OPERAÇÕES COMERCIAIS REALIZADAS NA ZONA FRANÇA DE MANAUS. POSSIBILIDADE. ART. 4º DO DL 288/67. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E DESTE REGIONAL. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ CONSTITUÍDA REJEITADA. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDAS. (...) 2. As operações com mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus são equiparadas a exportação para efeitos fiscais (art. 4º do DL 288/67), não devendo incidir sobre elas o PIS e a COFINS. Precedentes. (...)” (Apelação/Reexame Necessário nº 0001384 45.2014.4.01.3200/AM; 8ª Turma do TRF da 1ª Região; J: 19/09/2016; P: 14/10/2016) E, então, no mesmo sentido, o TRF da 2ª Região julgado em 08/04/2015: “ TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA, PIS/COFINS. ISENÇÃO. ART. 40 DO ADCT, E ART. 4º DO DECRETOLEI Nº 288/67. Fl. 483DF CARF MF 22 EXTENDESE AOS PRODUTOS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. PRECEDENTES STJ. 1. Os arts. 4º do DL 288/67 e 40 do ADCT preservam a Zona Franca de Manaus, enquanto área de livre comércio, o que se aplica às exportações destinadas a estabelecimentos situados naquela região, cujos benefícios fiscais compreendem as exportações ao estrangeiro. Desse modo, para efeitos fiscais, a exportação de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro. 2. 2. O art. 5º da Lei 7.714/88, com a redação que lhe foi dada pela Lei 9.004/95, bem como o art. 7º da lei Complementar 70/91, autorizam a exclusão, da base de cálculo do PIS e da COFINS, respectivamente, dos valores referentes às receitas oriundas de exportação de produtos nacionais para o estrangeiro. 3. Equiparandose os produtos destinados à Zona Franca de Manaus com aqueles exportados para o exterior, inferese que a isenção relativa à COFINS e ao PIS é extensiva à mercadoria destinada à Zona Franca. Precedentes do STJ (RESP 223.405 MT) [...]” Proveitoso ainda trazer o que entende o TRF da 3ª Região “ PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DO PIS E DA COFINS SOBRE OPERAÇÕES ORIGINADAS DE VENDAS DE PRODUTOS PARA EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS (ART. 4º DO DL 288/67). PRELIMINAR REJEITADA. INTERPRETAÇÃO. EMPRESAS SEDIADAS NA PRÓPRIA ZONA FRANCA. APLICABILIDADE. REMESSA OFICIAL PARCIALMENTE PROVIDA. [...] Cuidase de medida visando á compensação de crédito decorrente de indevido recolhimento da COFINS e do PIS, com base em legislação considerada inconstitucional pela Impetrante. O PIS e a COFINS NÃO INCDEM SOBRE AS RECEITAS DE VENDAS DE MERCADORIAS E SERVIÇOS PARA EMPRESAS SITUADAS NA Zona Franca de Manaus, uma vez que se trata de receitas de exportação para o exterior em razão de equiparação legal, Jurisprudência, firmouse nesse mesmo sentido. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 10380.002679/200359 Acórdão n.º 9303005.451 CSRFT3 Fl. 450 23 [...] (Apelação/Reexame Necessário nº 001678327.2013.4.03.6100/SP; 4ª Turma)” É de se trazer ainda que se encontra disponibilizado no sítio da PGFN o Parecer PGFN/CRJ 1743/2016: http://www.pgfn.fazenda.gov.br/legislacaoenormas/documentosportaria 502/Parecer%20CRJ%201743%202016.pdf Tal Parecer expressa que: “ Tributário. Não incidência de PIS/COFINS sobre receita decorrente de venda de mercadoria nacional destinada a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus. Jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça. Ressalvas pontuais. Aplicação do art. 19, II, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. Edição de Ato Declaratório com o propósito de vinculação da atuação da Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos termos dos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19 da Lei nº 10.522, de 2002.” Vêse que tal Parecer “sinaliza” o entendimento da Procuradoria da Fazenda Nacional. Digo “sinaliza”, pois não obtive sucesso na busca de Ato do Ministro da Fazenda ratificando os dizeres do r. parecer. Em vista de todo o exposto, visando a celeridade a ser observada nos tribunais, bem como a garantia da segurança jurídica que tanto merecem as partes e, principalmente, em respeito ao Novo CPC, é de se observar o Princípio da Eficácia Vinculante dos Precedentes para se afastar a tributação pelo PIS e pela Cofins das receitas auferidas na venda de mercadorias à ZFM desde o advento do DecretoLei 288/67, por serem equiparadas tais vendas à operação de exportação. O que, dessa forma, resta dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. Fl. 485DF CARF MF 24 É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 486DF CARF MF
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Numero do processo: 10280.003606/2006-55
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
PIS/PASEP E COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, busca-se a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte.
Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço.
ATIVIDADE DE MINERAÇÃO. INSUMOS. SERVIÇOS UTILIZADOS NA LAVRA DO MINÉRIO.
Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, são imprescindíveis à lavra do caulim os serviços relativos à terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e serviço de bombeamento de PIG no mineroduto, devendo, portanto, ser reconhecidos como insumos e concedido o direito ao crédito à Contribuinte.
Numero da decisão: 9303-006.103
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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Ressarcimento Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PARÁ PIGMENTOS S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PIS/PASEP E COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. ATIVIDADE DE MINERAÇÃO. INSUMOS. SERVIÇOS UTILIZADOS NA LAVRA DO MINÉRIO. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, são imprescindíveis à lavra do caulim os serviços relativos à terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e serviço de bombeamento de PIG no mineroduto, devendo, portanto, ser reconhecidos como insumos e concedido o direito ao crédito à Contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 00 36 06 /2 00 6- 55 Fl. 420DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 421 2 Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 302 a 322) com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 380302.780 (fls. 294 a 300) proferido pela 3ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, em 24/04/2012, no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito ao crédito de PIS/Pasep nãocumulativo relativo às despesas efetivamente comprovadas com serviços de terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e bombeamento. O acórdão recebeu ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que Fl. 421DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 422 3 viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Os serviços de terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e bombeamento guardam relação de pertinência e essencialidade com o processo de lavra, beneficiamento e embarque do caulim e ensejam o creditamento com base nos gastos efetivamente comprovados. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido Em face da referida decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial (fls. 296 a 314), alegando divergência jurisprudencial quanto ao reconhecimento do direito ao crédito de PIS/Pasep nãocumulativo com relação aos serviços antes enumerados. Colacionou como paradigma(s) o(s) acórdão(s) nº(s) 20312.448. Nas razões recursais, a Fazenda Nacional sustenta, em síntese, que deve ser adotado conceito mais restritivo de insumo, ficando adstrito às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem empregados diretamente na produção, não contabilizados no ativo permanente, e que sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto. Em síntese, requer seja adotado o conceito da legislação do IPI e restabelecidas as glosas realizadas pela Fiscalização. Foi admitido o recurso especial da Fazenda Nacional por meio do despacho s/nº, de 20 de julho de 2015 (fls. 343 a 346), proferido pelo ilustre Presidente da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por entender comprovada a divergência jurisprudencial. A Contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 352 a 399) postulando a negativa de provimento ao recurso especial. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Fl. 422DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 423 4 Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. A discussão principal posta nos autos referese ao conceito de insumos para determinação se pode ser utilizado pela Contribuinte como crédito de COFINS os gastos incorridos com os serviços de terraplanagem e topografia ligados à terraplanagem, realizado no curso da lavra da mina, sondagem, levantamento topográfico e os serviços de bombeamento de PIG no mineroduto. A priori, explicitase o conceito de insumos adotado no presente voto, para posteriormente adentrarse à análise dos itens individualmente. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda.1 O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. 2 A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). 1 Lei nº 10.637/2002 (PIS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; [...]. Lei nº 10.8332003 (COFINS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] 2 Constituição Federal de 1988. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...]§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (grifouse) Fl. 423DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 424 5 As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotar se o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da Fl. 424DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 425 6 carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processos, no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Fl. 425DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 426 7 Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das Fl. 426DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 427 8 instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifou se) Ainda no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema está novamente em julgamento no recurso especial nº 1.221.170 PR, pela sistemática dos recursos repetitivos, contendo votos pelo reconhecimento da ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério amplo/próprio na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. O julgamento não foi concluído até a presente data. A posição do Superior Tribunal de Justiça, para definição de insumo, mantémse pela adoção de critério próprio/amplo em função da receita, atendendo aos requisitos da pertinência, relevância e essencialidade. Embora existam casos isolados cujas decisões adotaram o critério restritivo (IPI), não há fato novo ou mudança de entendimento do Tribunal da Cidadania suficiente para acarretar mudança de posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Do contrário, estarseia adotando premissa de julgamento equivocada e, ainda, violando frontalmente o princípio da segurança jurídica. Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. De posse do critério a ser adotado para definição dos insumos aptos a gerar créditos de PIS e COFINS não cumulativos, adentrarseá a análise do caso concreto. A Contribuinte é pessoa jurídica mineradora, que tem como atividade econômica principal a extração do minério caulim, utilizado na produção de cerâmica, tintas, cimento, etc, e o seu beneficiamento, procedendo ao seu transporte da mina para a unidade industrial através de um mineroduto. Portanto, tem por objeto social: Artigo 2º: A Sociedade tem por objeto social a pesquisa de depósitos minerais, a realização do aproveitamento de jazidas minerais, através da exploração, extração, o beneficiamento de minérios, a transformação Fl. 427DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 428 9 industrial e comercialização de produtos minerais, no mercado doméstico e no exterior, a operacionalização de terminais portuários ou quaisquer outras atividades comerciais que se relacionarem com seu objeto social, podendo ainda participar de outras sociedades. Os custos de lavra, transporte ou de beneficiamento do minério não são investimentos, e por isso não estão contabilizados no ativo permanente da empresa. Tratase de gastos que integram a produção do capim caulim, devendo, portanto serem reconhecidos como insumos, gerando o direito ao crédito de PIS e de COFINS nãocumulativos. Além disso, a Contribuinte demonstrou a essencialidade/pertinência dos serviços de terraplanagem, topografia, sondagem e bombeamento no processo produtivo do minério caulim. Pertinente a transcrição de trechos dos laudos técnicos (fls. 283 a ) para demonstrar a relação dos serviços com o processo produtivo: LAUDO TÉCNICO – Uso atividades de Terraplanagem e Topografia na IPPSA [...] 3.0 Conclusão Para dar andamento às atividades acima enumeradas, e, portanto, para viabilizar a extração do minério destinado à produção, tornase imprescindível o uso de equipamentos de terraplanagem. A existência destes facilita e é necessário ao procedimento de lavra e ao movimento entre os vários pontos da mina em estradas bem regularizadas que reflete na economia de combustível e custo de manutenção. Sem esses equipamentos não poderíamos remover capeamento e lavrar minério na escala de produção que atendesse o processo industrial, uma vez que não há produção sem a matériaprima necessária. Da mesma forma a topografia. Sem ela não poderíamos avaliar com o grau de certeza exigido as quantidades removidas e transportadas por período de tempo de um plano de lavra. [...] LAUDO TÉCNICO – Processo de Sondagens e Topografia na IPPSA [...] 2.0. Sondagem Para atender a produção, precisamos lavrar grandes quantidades de minério cru e com ele fazer outras operações de processo de modo enviálo à usina de Barcarena, por se tratar de matériaprima indispensável para o processo de beneficiamento. A avaliação da quantidade de minério existente e do material não aproveitável como o capeamento e o estéril é feita por operações de sondagem. [...] 2.2. Operação de Sondagem Fl. 428DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 429 10 Com base em mapas de localização do minério é estabelecida rede de sondagem que norteará o trabalho. As malhas de sondagem são quadradas e as distâncias entre os furos dependem do grau de acerto que se quer saber sobre o minério. A topografia então lança em campo as picadas guias para marcação dos furos e acompanha os tratores de esteiras que abrem estradas de acesso exatamente sobre as picadas. Estas, depois de prontas têm os furos marcados, niveladas a cada 25 metros e abertas clareiras nos pontos de sondagem para movimentação de sondas e pipas. [...] 2.2.3 Topografia da Sondagem O trabalho de topografia que acompanha a sondagem é feito por equipe constituída por Topógrafo Agrimensor, acompanhado de funcionários destacados para este serviço. Tanto na marcação dos furos em campo como após sondagens conferir a verdadeira localização do furo em campo, precisou do trabalho de topografia. A avaliação da jazida tem como uma de suas bases a exatidão dos trabalhos de sondagem e de topografia. [...] 3.0 Conclusão As sondagens são atividades base para o trabalho de avaliação de um corpo mineral, necessárias para verificar a viabilidade de extração e utilização do minério como matériaprima ao processo de produção e beneficiamento. Desta forma, em a atividade de sondagem não seria possível a lavra e, consequentemente, a atividade de produção. O Ministério das Minas só autoriza a lavra se a instituição concessionária da área comprovar a existência de substancial quantidade de minério o suficiente para ser alvo de exploração econômica. Para tanto o modelamento geológico é feito com base nestas sondagens. Mesmo depois de concedida a lavra os trabalhos de sondagem não são paralisados. A cada avanço da mina um novo detalhamento é programado e concluído com auxílio insubstituível dos equipamentos de perfuração. LAUDO TÉCNICO [...] DAS PROTEÇÕES E MONITORAMENTO DO MINERODUTO Ao longo do percurso do mineroduto existem placas educativas contendo telefones da empresa e advertências contra escavações ou quaisquer tipos de ações que possam afetar a integridade da tubulação enterrada. Foram realizadas várias palestras durante a construção do mineroduto, visando, entre outros itens, informar a população sobre as obras que estavam sendo realizadas. O mineroduto é protegido e monitorado por sistema de proteção catódica, passagem de PIG inteligente que detectam corrosão, amassamentos e falhas Fl. 429DF CARF MF Processo nº 10280.003606/200655 Acórdão n.º 9303006.103 CSRFT3 Fl. 430 11 no revestimento e sistema de injeção de inibidor de corrosão e dosagem de agente químico antimicrobial no material bombeado na Mina. DA ASSEPSIA DO MINERODUTO Na entrada do mineroduto foi instalado lançador de PIG (material esponjoso utilizado em limpeza da tubulação). O PIG será utilizado em caso de entupimento da tubulação, sendo acionado (empurrado) através de bombeamento em alta pressão através das bombas de pistão e com o sistema de injeção de inibidor de corrosão e dosagem de agente químico antimicrobial durante o todo o procedimento. [...] Com base nessas considerações, devem ser considerados como insumos os gastos incorridos com os seguintes itens, por se integrarem ao processo produtivo do caulim: (a) Serviços de terraplanagem; (b) Serviços de sondagem; (c) Levantamento topográfico; e (d) Serviço de bombeamento de PIG no mineroduto da empresa Pará Pigmentos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendose o reconhecimento ao direito creditório da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 430DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.721810/2011-52
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2011
SIMPLES NACIONAL TERMO DE INDEFERIMENTO DÉBITOS
Não poderá recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que possua débitos com a Fazenda Pública Federal.
Numero da decisão: 1001-000.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Tratase de Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (efl. 04) para o ano calendário 2011, tendose em vista a existência de débito com a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, de natureza não previdenciária (IRRF, período de apuração 10/2008, no valor de R$ 179,09), cuja exigibilidade não estava suspensa, nos termos da Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso V. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 18 10 /2 01 1- 52 Fl. 105DF CARF MF 2 Após tomar ciência do contido do Termo de Indeferimento a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade. A decisão de primeira instância (efls. 35/40) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que os pagamentos comprovados não foram suficientes para a quitação de todos os débitos (no valor de R$ 179,09) de natureza não previdenciária: 15 Tanto para setembro, quanto para outubro, quanto para novembro de 2008, o interessado confessou, em DCTF, débitos de IRRF, cada qual de R$ 179,09, associandoos à forma de extinção por pagamento (fls.33): (...) 16 Ocorre que, com ou sem retificação de darf, o interessado só efetuou 2 (dois)pagamentos de R$ 179,09. 17 Prova disso é que um dos débitos de R$ 179,09 – o referido no indeferimento permanece sem pagamento, conforme “Informações de Apoio para Emissão de Certidão” (fls.27) e, consulta Sief às fls.32... Cientificada da decisão de primeira instância através de intimação em 28/10/2013 (efl. 28) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 11/11/2013 (e fl. 44), em que aduz, em resumo, que a exclusão ocorreu devido a não alocação do pagamento referente ao período 10/2008, que teria sido recolhido em 10/11/2008. Aduz também que efetuou três recolhimentos, correspondentes a setembro, outubro e novembro de 2008: Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso é tempestivo, portanto dele conheço. Tratase, nestes autos, exclusivamente do Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (efl. 04) para o ano calendário 2011. Cabe verificar o que dispõe o artigo 17 da Lei nº 123/2006, inciso V e XI, e o art. 7o, § 1ºA, da Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: “Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...) V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10805.721810/201152 Acórdão n.º 1001000.228 S1C0T1 Fl. 105 3 ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa”;(destaquei). (...)" A opção pelo Simples Nacional está regulamentada pela Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: Art. 7º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. (...) § 1ºA Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) Está comprovado e confirmado que o contribuinte recolheu a contribuição social no montante de R$ 179,09 para dois períodos (efl. 27), mas que havia três períodos com contribuição somando o mesmo valor. Logo, em 31/01/2011 o débito referente ao período de 10/2008 não estava quitado. Desta forma, concluo que havia impedimento para a adesão. Assim, voto para negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.001795/2010-31
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, busca-se a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte.
Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço.
COOPERATIVA PRODUTORA DE LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. PALLETS DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO STRETCH. PROCESSO DE "PALLETIZAÇÃO". DIREITO AO CRÉDITO.
Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. Assim, os pallets utilizados para armazenagem e movimentação das matérias-primas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, devem ser considerados como insumos. Da mesma forma, os materiais de acondicionamento e transporte - plástico de coberto e filme plástico do tipo "stretch" - são insumos pois indispensáveis ao adequado armazenamento e transporte das mercadorias produzidas pela Contribuinte, face ao tamanho reduzido das embalagens.
Numero da decisão: 9303-006.065
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CRÉDITO. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA SANTA CLARA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. COOPERATIVA PRODUTORA DE LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. “PALLETS” DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO “STRETCH”. PROCESSO DE "PALLETIZAÇÃO". DIREITO AO CRÉDITO. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. Assim, os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das matériasprimas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, devem ser considerados como insumos. Da mesma forma, os materiais de acondicionamento e transporte plástico de coberto e filme plástico do tipo "stretch" são insumos pois indispensáveis ao AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 17 95 /2 01 0- 31 Fl. 520DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 3 2 adequado armazenamento e transporte das mercadorias produzidas pela Contribuinte, face ao tamanho reduzido das embalagens. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 3802001.638, proferido em 28/02/2013, que possui ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO. INSUMO. CONCEITO. CUSTO DE PRODUÇÃO. DESPESAS DE VENDA. EXIGÊNCIAS REGULATÓRIAS INDISPENSÁVEIS AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. O conceito de insumo, ressalvadas as exceções expressamente previstas na Lei nº 10.833/2003, abrange o custo de produção (DecretoLei n. 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto n. 3.000/1999, arts. 290 e 291) e as despesas de venda do produto industrializado, quando incorridas para atender exigências regulatórias indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. Fl. 521DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 4 3 LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. AQUISIÇÃO DE “PALLETS” DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO “STRETCH”. INSUMO. DIREITO AO CRÉDITO RECONHECIDO. Não cabe, à luz das disposições da Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004, restringir o direito ao crédito às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. No segmento de laticínios, a paletização que envolve o acondicionamento no “pallet”, plástico de coberto e colocação do filme “strecht” não é realizada apenas para fins de transporte, mas para a própria estocagem do produto no estabelecimento industrial. Decorre ainda de normas de controle sanitário na área de alimentos (Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997), que exigem o acondicionamento dos produtos acabados em estrados (item 5.3.10), de forma a impedir a contaminação e a ocorrência de alteração ou danos ao recipiente ou embalagem (item 8.8.1). Tratandose, assim, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que decorre de exigências sanitárias, deve ser reconhecido o direito ao crédito. RECEITAS DECORRENTES DA VENDA DE PRODUTOS SUJEITO À ALÍQUOTA ZERO. CRITÉRIO DE RATEIO PROPORCIONAL. O critério de rateio proporcional, nos termos do art. 3º, §§ 7º e 8º, II, da Lei nº 10.883/2003, deve considerar a totalidade da receita bruta auferida no mês, e não apenas as receitas do estabelecimento produtor de bens sujeitos à alíquota zero. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Em face da referida decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial alegando divergência jurisprudencial quanto ao reconhecimento do direito de crédito das contribuições não cumulativas com relação a materiais de embalagem, acondicionamento e transporte – empregados na “palletização” – concedidos em sede de julgamento de recurso voluntário. Colacionou como paradigmas os acórdãos 3302002.027 e 310100.795. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido por meio de despacho proferido pelo Presidente da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época. A Cooperativa Santa Clara apresentou contrarrazões postulando a negativa de provimento ao recurso especial. Na mesma oportunidade apresentou recurso especial, que, todavia, teve o seguimento negado, razão pela qual não será objeto de exame por este Colegiado. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Fl. 522DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 5 4 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.045, de 12/12/2017, proferido no julgamento do processo 11020.001732/201085, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.045): "Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito A discussão principal posta nos autos referese ao conceito de insumos para determinação se pode ser utilizado pela Contribuinte como crédito de PIS/Pasep os gastos incorridos com os materiais utilizados para a “palletização” – material de embalagem, acondicionamento e transporte dos produtos finais para a venda. Cumpre observar ter sido deferido nos presentes autos o direito ao creditamento das aquisições de matérias de embalagem (pallets de madeira), plástico de coberto e filme plástico do tipo “stretch”, com fulcro na atividade econômica desempenhada pela Contribuinte; na essencialidade dos referidos insumos para a produção e, ainda, nas exigências sanitárias correspondentes para o processo produtivo e de transporte, além da própria estocagem no estabelecimento industrial. Para o reconhecimento do direito ao crédito e reforma da decisão proferida pela DRJ, o acórdão recorrido passou ao largo da apresentação de provas pela Contribuinte, razão pela qual esse aspecto encontrase superado na presente demanda. Portanto, a discussão a ser travada no recurso especial referese à possibilidade de deferimento de créditos de PIS/Pasep dos valores relativos à aquisição de “pallets” de madeira, plástico de coberto e colocação do plástico filme “stretch”. Inicialmente, explicitase o conceito de insumos adotado no presente voto, para posteriormente adentrarse à análise dos itens individualmente. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda.1 1 Lei nº 10.637/2002 (PIS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; [...]. Fl. 523DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 6 5 O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. 2 A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotarse o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas Lei nº 10.8332003 (COFINS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] 2 Constituição Federal de 1988. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...]§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (grifouse) Fl. 524DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 7 6 operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processo no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo Fl. 525DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 8 7 de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo únic o, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações Fl. 526DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 9 8 se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifouse) Ainda no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema está novamente em julgamento no recurso especial nº 1.221.170 PR, pela sistemática dos recursos repetitivos, contendo votos pelo reconhecimento da ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério amplo/próprio na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. O julgamento não foi concluído até a presente data. A posição do Superior Tribunal de Justiça, para definição de insumo, mantémse pela adoção de critério próprio/amplo em função da receita, atendendo aos requisitos da pertinência, relevância e essencialidade. Embora existam casos isolados cujas decisões adotaram o critério restritivo (IPI), não há fato novo ou mudança de entendimento do Tribunal da Cidadania suficiente para acarretar mudança de posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Do contrário, estarseia adotando premissa de julgamento equivocada e, ainda, violando frontalmente o princípio da segurança jurídica. Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. De posse do critério a ser adotado para definição dos insumos aptos a gerar créditos de PIS e COFINS não cumulativos, adentrarseá a análise do caso concreto. A Contribuinte é pessoa jurídica que, nos termos do art. 2º do seu Estatuto Social (fls. 41 a 63), exerce atividade econômica na área de alimentos e tem por objetivos sociais: Art. 2º A Sociedade objetiva, com base na colaboração recíproca a que se obrigam seus associados, promover: I o estímulo, o desenvolvimento e a defesa de suas atividades econômicas de caráter comum; II A importação, a exportação, a industrialização e a comercialização em comum de sua produção agrícola, produção animal em geral, pecuária e de hortifrutigranjeiros, industrializada ou em espécie, tais como carnes, ovos, peixes, frutas, cereais, verduras, legumes, gorduras, condimentos em geral; café e ervas para infusão, laticínios, margarinas e derivados de soja, massas alimentícias, farinhas e fermentos em geral; doces, pós para fabricação de doces, açúcar e adoçantes em geral, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, xaropes e sucos em geral; animais vivos e ovos para incubação; alimentos para animais; plantas e flores naturais, etc, nos mercados locais, nacionais ou internacionais; Fl. 527DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 10 9 [...] Em razão de sua atividade econômica, sujeitase a controles e exigências de diversos órgãos públicos, exemplificativamente: Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, Ministério da Agricultura, Serviço de Inspeção Federal, Ministério da Saúde. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. No que concerne às embalagens utilizadas para transporte no processo produtivo da Contribuinte, uma vez essenciais, pertinentes e relevantes para obtenção do produto final, há de se considerarem as mesmas como insumos. As embalagens são realmente necessárias à armazenagem/conservação do produto nas diversas fases do processo produtivo. Considerandose a atividade própria da Contribuinte, temse que os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das matériasprimas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, também devem ser considerados como insumos. Para atendimento das exigências sanitárias impostas pelos órgãos públicos responsáveis pelo controle e fiscalização, na movimentação e na armazenagem das matériasprimas e dos bens a serem utilizados na fabricação do produto final, e dos produtos finais em si, não pode haver contato com o chão, justamente para se evitar a contaminação por microorganismos, constituindose em mais uma das razões pelas quais é imprescindível a utilização dos “pallets” na cadeia produtiva. Levandose em conta a significativa quantidade de matériasprimas e produtos que serão empregados no processo produtivo e que precisam ser armazenados e transportados no ambiente fabril, é indispensável à Contribuinte utilizarse de mecanismos e ferramentas que, além de garantirem a observância das normas de higiene e limpeza, impostas pela ANVISA, otimizem o seu processo produtivo. Há de ser destacada, nesse aspecto, a desnecessidade do consumo do produto em contato direto com o bem produzido, admitindose o emprego indireto no processo de produção para caracterizarse determinado bem como insumo. Assim, os pallets guardam nítida relação de pertinência, relevância e essencialidade com a atividade produtiva do Sujeito Passivo, constituindose em insumos do processo produtivo e da fase de comercialização passíveis de creditamento de PIS e COFINS não cumulativos. Com relação a esse item, essa 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu decisão em casos análogos, nos processos administrativos nºs 10925.720046/2012 12 e 10925.720686/201222, na sessão realizada, em que receberam a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. A indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao processo produtivo e, como tal, gera direito a crédito DO PIS/COFINS. PIS/COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. ALÍQUOTA. Após a alteração veiculada pela Lei nº 12.865, de 2013, expressamente interpretativa, indiscutivelmente, os insumos da indústria alimentícia que processem produtos de origem animal classificados Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos Fl. 528DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 11 10 códigos 15.17 e 15.18, adquiridos de não contribuintes farão jus ao crédito presumido no percentual no percentual de 60% do que seria apurado em uma operação tributada. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS As leis instituidoras da sistemática nãocumulativa das contribuições PIS e COFINS, ao exigirem apenas que os insumos sejam utilizados na produção ou fabricação de bens, não condicionam a tomada de créditos ao "consumo" no processo produtivo, entendido este como o desgaste em razão de contato físico com os bens em elaboração. Comprovado que o bem foi empregado no processo produtivo e não se inclui entre os bens do ativo permanente, válido o crédito sobre o valor de sua aquisição. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. Nos termos do § 4º do art. 3º das Leis 10.637 e 10.833 "o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subsequentes". Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 TAXA SELIC. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. REP Provido em Parte e REC Provido em Parte Acordam os membros do Colegiado, por maioria, em dar provimento parcial aos recursos especiais da Fazenda Nacional e do sujeito passivo, nos seguintes termos: I) recurso especial da Fazenda Nacional: a) limpeza e desinfecção: por maioria, em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto; b) embalagens utilizadas para transporte: por maioria em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres e Carlos Alberto Freitas Barreto; c) despesas de períodos anteriores: por maioria, em negar provimento. Vencido o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres; d) serviços de lavagem de uniformes: pelo voto de qualidade, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e) percentual de crédito presumido: por unanimidade, em negar provimento; f) juros sobre multa de ofício: por maioria, em dar provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e II) recurso especial do sujeito passivo: a) indumentária: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator), Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas e Carlos Alberto Freitas Barreto; e b) pallets: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto. Designados para redigir os votos vencedores o Conselheiro Júlio César Alves Ramos em relação às letras "a", “b” e “c” do item I e letra “b” do item II; e o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho em relação à letra a do item II. (grifouse) Há, ainda, de se examinar a caracterização dos materiais de acondicionamento e transporte plástico de coberto e filme plástico do tipo “stretch” – como insumos passíveis de gerar crédito de PIS/Pasep. Na linha relacional traçada no presente voto, considerandose que as mercadorias para serem devidamente armazenadas e transportadas após a produção, até chegarem ao consumidor final, exigem a utilização do plástico de coberto e do filme plástico do tipo “stretch”, é nítida a relação de pertinência, relevância e essencialidade com o processo produtivo, sendo imprescindível o seu reconhecimento como insumo. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 11020.001795/201031 Acórdão n.º 9303006.065 CSRFT3 Fl. 12 11 Por fim, cumpre consignar que os itens, analisados no presente recurso especial, são empregados na “palletização” dos produtos a serem estocados e transportados pela Contribuinte, procedimento indispensável à correta armazenagem dos produtos face ao tamanho reduzido das embalagens individuais e, mais ainda, ao atendimento de exigências das normas de controle sanitário da área de alimentos, consoante Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) nº 326/1997. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendose o reconhecimento ao direito creditório da Contribuinte. " Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 530DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.101506/2005-30
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jan 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/10/1999 a 31/12/1999
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE.
A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Os paradigmas, para aplicar o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN, deram ênfase ao fato de o lançamento não envolver falta (ou insuficiência) de recolhimento, mas típico descumprimento de obrigação acessória (irregularidade na entrega da GFIP). Os paradigmas não generalizaram a ideia de que a aplicação de multa isolada enseja sempre a contagem da decadência pelo art. 173, I, do CTN, independentemente do tipo de obrigação que foi descumprida. Ao contrário, os paradigmas especificaram bem o contexto que, segundo eles, justificava a aplicação do referido prazo, e esse contexto não está presente na situação tratada pelo acórdão recorrido. Não há paralelo entre os paradigmas e o acórdão recorrido, que permita a caracterização de divergência a ser sanada mediante processamento de recurso especial. O contexto específico que justificou as decisões paradigmas não está presente na situação tratada pelo acórdão recorrido.
Numero da decisão: 9101-003.229
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Os paradigmas, para aplicar o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN, deram ênfase ao fato de o lançamento não envolver falta (ou insuficiência) de recolhimento, mas típico descumprimento de obrigação acessória (irregularidade na entrega da GFIP). Os paradigmas não generalizaram a ideia de que a aplicação de multa isolada enseja sempre a contagem da decadência pelo art. 173, I, do CTN, independentemente do tipo de obrigação que foi descumprida. Ao contrário, os paradigmas especificaram bem o contexto que, segundo eles, justificava a aplicação do referido prazo, e esse contexto não está presente na situação tratada pelo acórdão recorrido. Não há paralelo entre os paradigmas e o acórdão recorrido, que permita a caracterização de divergência a ser sanada mediante processamento de recurso especial. O contexto específico que justificou as decisões paradigmas não está presente na situação tratada pelo acórdão recorrido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego – Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 10 15 06 /2 00 5- 30 Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 3 2 Rafael Vidal de Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência jurisprudencial relativamente à contagem de prazo decadencial para o lançamento da multa isolada que era prevista no art. 44, I, da Lei 9.430/1996 (pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória). A recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 1102000.493, de 03/08/2011, por meio do qual a 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, por maioria de votos, negou provimento a recurso de ofício contra a decisão de primeira instância administrativa, para fins de manter a decadência contada pelo prazo do art. 150, §4º, do CTN. O acórdão recorrido contém a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999 PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO ARTIGO 150, § 4º DO CTN. A contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, com o recolhimento do tributo, é o constante na regra especial contida no § 4º do artigo 150 do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973733 / SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o “caput” do artigo 62A do Regimento Interno deste E. Conselho Administrativo Fiscal. A PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à lei tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outros processos, quanto à matéria acima referida. Para o processamento de seu recurso, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL para satisfazer a exigência de comprovação de dissídio jurisprudencial, invocamse precedentes que, no caso de auto de infração (multa), aplicam como termo inicial o disposto no art. 173 do CTN. Vejamos as ementas dos acórdãos paradigmas na forma do art. 67, §9° do RICARF: Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 4 3 Acórdão n° 20601.735 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32,1V, § 5° E ARTIGO 41 DA LEI N.° 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.° 3.048/99 OMISSÃO EM GFIP DECADÊNCIA QUINQUENAL SÚMULA VINCULANTE STF. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei no 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n° 8, "São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário". Tratandose de auto de infração, mesmo que decorrente da falta de informação do documento GFIP, aplicável o art. 173 do CTN. [...] Acórdão n° 240200.182 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/08/2006 GFIP. DADOS RELACIONADOS AOS FATOS GERADORES. INFRAÇÃO. Constitui infração, punível na forma da Lei, a apresentação de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações ã Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme disposto na Legislação. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 8, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. Recurso voluntário provido em parte. no tocante ao último paradigma, para que fique caracterizada a divergência, segue transcrição de parte do voto do Relator: "(...) Como não se trata de lançamento por homologação, pois não há recolhimentos há homologar, aplicase a regra do lançamento de oficio, já que por ser autuação e não lançamento sua natureza será sempre de oficio. Portanto: o direito de constituir o crédito extinguese em cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento." [...] Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 5 4 existe, portanto, identidade fática entre o acórdão recorrido e os citados paradigmas. Enquanto a e. Câmara a quo aplicou, para efeito de contagem do prazo decadencial do auto de infração, o Código Tributário Nacional — CTN, na forma do seu art. 150, §4°, a então Sexta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes e Segunda Turma da Quarta Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF manifestaram posição contrária, fazendo incidir, em hipótese semelhante, a norma do art. 173, I do CTN; dessa forma, estando demonstrada a divergência entre o aresto recorrido e as decisões paradigmas, encontramse presentes os requisitos de admissibilidade do presente recurso especial; DOS FUNDAMENTOS PARA A REFORMA DO R. ACÓRDÃO no presente feito, impende destacar que não houve pagamento antecipado, mesmo porque se trata de auto de infração (penalidade), cujo lançamento será sempre de oficio, não por homologação; por conta disso, aplicase como termo inicial da decadência o disposto no art. 173, inciso I do CTN; tratandose de lançamento de multa, por meio de auto de infração, cujo lançamento será sempre de oficio, e não por homologação, não existe dispositivo legal que autorize deslocar o termo inicial da decadência para o fato gerador, devendo ser aplicada a regra geral do artigo 173, I do CTN; assim, aplicando a regra do artigo 173, I, do CTN, concluise que não ocorreu decadência; DO PEDIDO em face do exposto, a Unido (Fazenda Nacional) requer o conhecimento e o provimento do presente recurso para que seja aplicado o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, o Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 18/03/2016, deu seguimento ao recurso com base na seguinte análise sobre a divergência suscitada: [...] Para melhor analisar o dissenso proclamado pela recorrente, impõese ver excertos dos votos condutores dos Acórdãos antepostos, com eventuais destaques acrescidos nesta propositura. No Acórdão recorrido, no qual a decadência foi aplicada pela Câmara a quo, pontuou o voto condutor: [...] Já o primeiro paradigma fixou: [...] Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 6 5 E, consoante voto condutor do 2º estalão paradigma: [...] Acrescentese, ainda, que o primeiro paradigma subiu à apreciação da CSRF que, por sua 2ª Turma, em sessão de 27/06/2012, proclamou o Acórdão nº 9202002.193, com o seguinte entendimento do voto vencedor em relação ao tema “decadência”: [...] Sem se aprofundar na discussão do tema, posto que inapropriado tal aprofundamento nesta análise cognitiva sumária, na qual só se visa aferir a existência de dissenso interpretativo da matéria, é de se concluir que a distensão invocada pela recorrente se fez presente, seja pela leitura das ementas dos arestos confrontados, seja, mais ainda, pelos pensamentos expostos nas razões de decidir de cada um deles, quando se visualiza a divergência de posições sobre a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou, 173, I, ambos do CTN. Pois bem, como o escopo do Recurso Especial é a uniformização da jurisprudência administrativa, e estando constatada a divergência suscitada, entendo cumpridos os preceitos estampados no artigo 67, do Anexo II, do vigente RICARF. Assim, satisfeitos os requisitos de sua admissibilidade em relação à mencionada matéria, proponho seja DADO SEGUIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional Em 11/04/2016, a contribuinte foi intimada do despacho que deu seguimento ao recurso especial da PGFN, e, tempestivamente, em 26/04/2016, ela apresentou as contrarrazões ao recurso, com os argumentos descritos a seguir: BREVE HISTÓRICO DOS FATOS trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigir da recorrida multa de ofício de 75% do valor do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica ("IRPJ") relativo ao 4º trimestre de 1999; conforme já demonstrado no curso do processo, a recorrida procedeu ao recolhimento do referido IRPJ em atraso e com o acréscimo de juros de mora, tendo comunicado tal ato à Receita Federal por meio de denúncia espontânea protocolada na Delegacia da Receita Federal do Rio de Janeiro em 24/11/2004 (processo administrativo nº 10070.002178/200457); segundo a fiscalização, a denúncia espontânea não teria o condão de excluir a incidência da multa de mora e a falta do seu recolhimento imporia a aplicação da multa de ofício prevista nos artigos 43 e 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, conforme redação vigente à época da lavratura do AUTO; a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro ("DRJ/RJ"), por unanimidade de votos, julgou o AUTO totalmente improcedente. De acordo com a DRJ/RJ: (i) o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para a exigência de eventual diferença entre os valores recolhidos pela recorrida e aqueles considerados devidos Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 7 6 pelas autoridades fazendárias teria se iniciado em 31/12/1999 (data do fato gerador) e terminado em 31/12/2004, conforme artigo 150, § 4º, do CTN3; e (ii) a recorrida somente teria sido intimada do AUTO em 07/10/2005; em face do referido acórdão, o Ilmo. Sr. Presidente da 2ª Turma da DRJ/RJ recorreu de ofício, tendo a 1ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, mantido a decisão de 1ª instância, nos seguintes termos (Acórdão nº 1102000.493, proferido em 03/08/2011): [...]; em 15/02/2013, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial sustentando, em síntese, que: (i) não houve pagamento antecipado, mesmo porque o processo trata de exigência de penalidade, cujo lançamento será sempre de ofício e não por homologação; e (ii) tratandose de lançamento de ofício (e não por homologação), deveria ser aplicada a regra geral de decadência prevista no artigo 173, inciso I, do CTN (e não aquela estabelecida pelo 150, § 4º, do CTN); DA NÃO OCORRÊNCIA DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL ESPECÍFICA AO PRESENTE CASO ERRO COMETIDO PELA PROCURADORIA NA INDICAÇÃO DO DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL os paradigmas analisaram autos de infração lavrados para exigir o recolhimento de multa isolada por apresentação de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados insuficientes ou incorretos. Em outras palavras, trataram de lançamentos efetuados por conta de suposto descumprimento de obrigação acessória (obrigação de fazer); nada que equivalha à situação fática tratada no presente processo; como já informado, a recorrida recolheu IRPJ relativo ao 4º trimestre de 1999 após o transcurso do prazo legal e sem considerar a incidência de multa de mora. A fiscalização entendeu que os valores recolhidos seriam insuficientes porque a denúncia espontânea efetuada pela recorrida não teria o condão de excluir a referida multa de mora; ora, é fácil perceber que a situação fática tratada pelo acórdão recorrido tem por fundamento o recolhimento a menor de valores devidos ao Fisco, isto é, referese a suposto descumprimento de uma obrigação de dar (pagar) e não de uma obrigação de fazer (acessória), como aquela analisada pelos paradigmas. O não recolhimento de multa de mora em razão de pagamento de tributo em atraso jamais poderia configurar descumprimento de obrigação acessória (obrigação de fazer); não se pode confundir a multa aplicada por mero descumprimento de obrigação relativa à entrega de GFIP (obrigação acessória) com aquela em que a penalidade foi aplicada porque, após a análise dos valores apurados ("lançados") e recolhidos pelo contribuinte, o Fisco entendeu que eles não seriam suficientes; notese, aliás, que os próprios votos proferidos pelos Conselheiros Relatores dos paradigmas são claros no sentido de que: (i) as multas analisadas não decorreriam do recolhimento a menor de valores, mas de descumprimento de obrigação acessória (obrigação de fazer); e (ii) por não haver análise (homologação) dos valores recolhidos pelo contribuinte (obrigação de dar), deveria ser aplicada a regra geral de decadência prevista no artigo 173, inciso I, do CTN (e não aquela estabelecida pelo 150, § 4º, do CTN, aplicável aos casos em que Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 8 7 há análise dos valores recolhidos pelo contribuinte). Vale transcrever os seguintes trechos dos votos proferidos pelos Relatores dos PARADIGMAS: [...]; em vista do acima exposto, resta claro que os paradigmas não guardam relação com a situação fática tratada no presente processo e, portanto, não podem ser utilizados para fundamentar a divergência arguida pela recorrente em seu recurso especial; assim, a recorrida requer, desde já, que seja reformada a decisão proferida pelo Ilmo. Sr. Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF com a consequente inadmissão do Recurso Especial interposto pela recorrente; DA DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO ainda que o recurso especial interposto pela recorrente venha a ser admitido, o que se faz apenas para argumentar, o acórdão recorrido deverá ser mantido por suas próprias razões; como já relatado, a recorrida efetuou o pagamento em atraso dos valores devidos a título de IRPJ/1999 (principal e juros de mora), deixando, todavia, de recolher qualquer valor a título de multa moratória por entender que dela estaria eximida em razão de sua denúncia espontânea (artigo 138 do CTN); o IRPJ é tributo sujeito a lançamento por homologação, isto é, no qual o sujeito passivo deve apurar e recolher antecipadamente os montantes que entenda devidos sob condição resolutória de ulterior homologação pelas autoridades fiscais; a recorrente alega que: (i) "não houve pagamento antecipado, mesmo porque se trata de auto de infração (penalidade), cujo lançamento será sempre de ofício, não por homologação"; e (ii) "por conta disso, aplicase como termo inicial da decadência o disposto no art. 173, inciso I do CTN" (e não o estabelecido pelo artigo 150, § 4º, do CTN); nada mais equivocado. Como exaustivamente demonstrado, a recorrida efetuou o pagamento do valor do tributo que entendia devido, acrescido dos correspondentes juros de mora. Não houve falta de pagamento ou de declaração por parte da recorrida; a multa exigida pelo AUTO foi aplicada porque, após a análise dos valores apurados e recolhidos pela recorrida, as autoridades fazendárias entenderam que eles não seriam suficientes. Tratase de típico processo de revisão de lançamento por homologação e, portanto, de aplicação do prazo decadencial previsto no artigo 150, § 4º, do CTN. Repitase, a multa exigida pelo AUTO decorre de suposto recolhimento a menor de valores devidos pelo contribuinte; a recorrente tenta sugerir que a exigência de multa de ofício decorreria de descumprimento de obrigação acessória, como nos casos colacionados como paradigmas para admissibilidade de seu Recurso Especial; não é demais repisar o que já se disse no capítulo anterior. É fácil perceber que a situação tratada no presente processo difere completamente da hipótese relativa à aplicação de multa por entrega de documentos com dados insuficientes ou incorretos. Em tais situações, não há nenhum procedimento de verificação dos valores apurados e recolhidos antecipadamente pelo contribuinte; Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 9 8 não se pode confundir a multa aplicada por mero descumprimento de obrigação acessória (obrigação de fazer) com aquela em que a penalidade foi aplicada porque houve suposto recolhimento a menor de valores apurados e devidos pelo contribuinte (obrigação de dar); notese, aliás, que o § 1º do artigo 113 do CTN é expresso ao afirmar que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto não só o pagamento do tributo, mas também de penalidade pecuniária; a multa de mora integra a obrigação principal, não podendo ser dela destacada. Uma vez que a multa de mora é um dos componentes (parcelas) da obrigação principal e esta foi declarada e paga espontaneamente pelo contribuinte, deve ser aplicado o prazo de decadência previsto no art. 150, § 4º, do CTN; o Superior Tribunal de Justiça ("STJ"), ao julgar o Recurso Especial nº 973.733/SC sob a sistemática dos recursos repetitivos de que trata o artigo 543C do antigo Código de Processo Civil ("CPC"), entendeu que, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, havendo pagamento pelo contribuinte, a contagem do prazo decadencial para lançamento de eventual diferença deve o seguir o que dispõe o artigo 150, § 4º, do CTN; importante ressaltar que, de acordo com o artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas proferidas pelo STJ na sistemática prevista no artigo 543C do CPC deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento de recursos no âmbito do CARF; assim, temse que o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para a exigência de eventual diferença entre os valores recolhidos pela recorrida e aqueles considerados devidos pelas autoridades fazendárias teve início em 31/12/1999 (data do fato gerador), encerrandose em 31/12/2004. Em razão de a recorrida somente ter sido intimada do AUTO em 07/10/2005, não há dúvida de que operouse a decadência do direito do Fisco de em efetuar o lançamento em exame, razão pela qual deve ser mantido o acórdão recorrido; CONSIDERAÇÕES FINAIS. MÉRITO. não obstante os argumentos acima expostos (Capítulos III e IV) e apenas para se resguardar da eventual possibilidade de este Colegiado aventar pronunciarse acerca da questão de mérito sustentada em sua impugnação (que não foi apreciada pela DRJ/RJ nem pelo CARF), a recorrida não se furtará de sintetizar a seguir a total improcedência da multa que lhe foi exigida; o artigo 138 do CTN é expresso ao determinar que a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, desde que acompanhada, se for o caso, pelo pagamento do tributo devido e dos correspondentes juros de mora; o referido artigo 138 do CTN não faz qualquer distinção entre a multa moratória e a de ofício. Além disso, é importantíssimo ressaltar que tanto a multa moratória como a de ofício têm a mesma finalidade, qual seja, a de punir o contribuinte faltoso. Ambas representam uma penalidade por descumprimento de obrigação tributária e, portanto, estão igualmente excluídas quando o contribuinte espontaneamente denuncia a sua infração; Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 10 9 esse é o entendimento pacífico do STJ. Vale transcrever, exemplificativamente, o seguinte trecho do voto proferido pelo Exmo. Ministro Herman Benjamin no julgamento do AgRg no AREsp nº 687.689RJ, ocorrido em 09/06/2015: [...]; no mesmo sentido é a Súmula CARF nº 31: "Descabe a cobrança de multa de ofício isolada exigida sobre os valores de tributos recolhidos extemporaneamente, sem o acréscimo da multa de mora, antes do início do procedimento fiscal"; notese, ainda, que o dispositivo legal que fundamentou o AUTO veio a ser posteriormente alterado para excluir a possibilidade de aplicação de multa de ofício no caso de o contribuinte efetuar o recolhimento de tributo após o vencimento do prazo e sem acréscimo de multa moratória; com efeito, eis a redação do artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996, vigente à época da lavratura do AUTO: [...]; o supra transcrito dispositivo legal foi expressamente alterado pela Lei nº 11.488, de 15/06/2007, passando a ter a seguinte redação: [...]; como se percebe, a Lei nº 11.488/2007 excluiu a possibilidade de imposição de multa de ofício pelo não pagamento da multa de mora no recolhimento extemporâneo de tributo; não obstante tal alteração legislativa ter ocorrido após a lavratura do AUTO, deve ser aplicado ao caso o princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106 do CTN: [...]; a jurisprudência do CARF já teve oportunidade de se manifestar nesse sentido, conforme se verifica da leitura do Acórdão nº 10616.761, cuja ementa é abaixo reproduzida: [...]; esse entendimento foi reiterado em diversos julgamentos posteriores, o que levou o CARF a editar a Súmula CARF nº 74: "Aplicase retroativamente o art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007, que revogou a multa de oficio isolada por falta de acréscimo da multa de mora ao pagamento de tributo em atraso, antes prevista no art. 44, § 1º, II, da Lei nº 9.430/96"; DO PEDIDO por todo o exposto, pede e espera a recorrida: (i) seja reformada a decisão proferida pelo Ilmo. Sr. Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, negandose seguimento ao Recurso Especial interposto pela recorrente ou; (ii) caso assim não se entenda, o que se faz apenas para argumentar, seja o referido recurso julgado improcedente e definitivamente cancelado o AUTO lavrado contra a recorrida. É o relatório. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 11 10 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Não há condições para conhecer do recurso especial da PGFN. É procedente a preliminar de não conhecimento que a contribuinte apresentou em sede de contrarrazões. No caso dos autos, a contribuinte efetuou recolhimento extemporâneo do IRPJ relativo ao 4º trimestre de 1999, sem o acréscimo da multa de mora. O presente processo abrange lançamento da multa isolada que era prevista no art. 44, I, da Lei 9.430/1996 (pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória). Quanto à referida preliminar, a contribuinte alega: que a fiscalização entendeu que os valores recolhidos seriam insuficientes porque a denúncia espontânea efetuada pela recorrida não teria o condão de excluir a referida multa de mora; que a situação fática tratada pelo acórdão recorrido tem por fundamento o recolhimento a menor de valores devidos ao Fisco, isto é, referese a suposto descumprimento de uma obrigação de dar (pagar) e não de uma obrigação de fazer (acessória), como aquela analisada pelos paradigmas; que o não recolhimento de multa de mora em razão de pagamento de tributo em atraso jamais poderia configurar descumprimento de obrigação acessória (obrigação de fazer); que não se pode confundir a multa aplicada por mero descumprimento de obrigação relativa à entrega de GFIP (obrigação acessória) com aquela em que a penalidade foi aplicada porque, após a análise dos valores apurados ("lançados") e recolhidos pelo contribuinte, o Fisco entendeu que eles não seriam suficientes; e que os votos proferidos pelos Conselheiros Relatores dos paradigmas são claros no sentido de que: (i) as multas analisadas não decorreriam do recolhimento a menor de valores, mas de descumprimento de obrigação acessória (obrigação de fazer); e (ii) por não haver análise (homologação) dos valores recolhidos pelo contribuinte (obrigação de dar), deveria ser aplicada a regra geral de decadência prevista no artigo 173, inciso I, do CTN (e não aquela estabelecida pelo 150, § 4º, do CTN, aplicável aos casos em que há análise dos valores recolhidos pelo contribuinte). Ao dar seguimento ao recurso especial, o despacho monocrático considerou como aspecto comum das decisões cotejadas, o fato de elas tratarem de aplicação de multa Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 12 11 isolada. O recorrido teria aplicado o prazo do art. 150, §4º, do CTN, enquanto os paradigmas teriam aplicado o prazo do art. 173, I, também do CTN. Ocorre que os paradigmas, para aplicar o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN deram ênfase ao fato de o lançamento não envolver falta (ou insuficiência) de recolhimento, mas típico descumprimento de obrigação acessória (irregularidade na entrega da GFIP), senão vejamos: Acórdão paradigma nº 20601.735 [...] No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Contudo, antecipar o pagamento de uma contribuição significa delimitar qual o seu fato gerador e em processo contíguo realizar o seu pagamento. Deve ser possível ao fisco, efetuar de forma, simples ou mesmo eletrônica a conferência do valor que se pretendia recolher e o efetivamente recolhido. Neste caso, a inércia do fisco em buscar valores já declarados, ou mesmo continuamente pagos pelo contribuinte é que lhe tira o direito de lançar créditos pela aplicação do prazo decadencial consubstanciado no art. 150, § 4°. Porém no Auto de Infração em questão, estamos falando de aplicação de decadência qüinqüenal em lançamento que não envolve em princípio recolhimento, mas cumprimento de obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, qual seja entregar o documento GFIP. Portanto, nos casos de lavratura de auto de infração não entendo cabível a aplicação do art 150 § 4°, nem mesmo análise de existir ou não recolhimento, visto que os mesmos não se confundem, consistindo o recolhimento em obrigação principal e a elaboração e entrega do documento cumprimento de obrigação acessória, neste casos, há de ser aplicada a tese do art. 173 do CTN. Acórdão paradigma n° 240200.182 [...] Como não se trata de lançamento por homologação, pois não há recolhimentos há homologar, aplicase a regra do lançamento de oficio, já que por ser autuação e não lançamento sua natureza sempre será de ofício. Portanto: o direito de constituir o crédito extinguese em cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. Os paradigmas não generalizaram a ideia de que a aplicação de multa isolada enseja sempre a contagem da decadência pelo art. 173, I, do CTN, independentemente do tipo de obrigação que foi descumprida. Ao contrário, os paradigmas especificaram bem o contexto que, segundo eles, justificava a aplicação do referido prazo, e esse contexto não está presente na situação tratada pelo acórdão recorrido. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10768.101506/200530 Acórdão n.º 9101003.229 CSRFT1 Fl. 13 12 No caso do acórdão recorrido, a multa isolada era tão associada à constatação de pagamento insuficiente, que hoje em dia, após as alterações implementadas pela Lei 11.488/2007, este tipo de lançamento se dá pela imputação proporcional do pagamento, e não mais pela aplicação da referida multa isolada. Aliás, se fosse o caso de conhecer do recurso, a multa isolada em questão não subsistiria, porque a lei a extinguiu. O CARF, inclusive, já editou duas súmulas a respeito disso: Súmula CARF nº 31 e Súmula CARF nº 74. Mas em relação ao não conhecimento, o que precisa ser destacado é que não há paralelo entre os paradigmas e o acórdão recorrido, que permita a caracterização de divergência a ser sanada mediante processamento de recurso especial. O contexto específico que justificou as decisões paradigmas não está presente na situação tratada pelo acórdão recorrido. Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 122DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.903022/2009-91
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/09/2000 a 30/09/2000
PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL.
As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-005.957
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. AÇÃO JUDICIAL. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BANCO TRIÂNGULO S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/09/2000 a 30/09/2000 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 30 22 /2 00 9- 91 Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10675.903022/200991 Acórdão n.º 9303005.957 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pela Fazenda Nacional, com fundamento no art. 67, do anexo II, do antigo regimento interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, em face do Acórdão nº 3402001.717, de 24/04/2012, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/09/2000 a 30/09/2000 BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. FATURAMENTO. Reconhecida a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS, essa contribuição deve incidir sobre o faturamento, entendido este como a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, nos termos da decisão judicial transitada em julgado. Para melhor contextualizar os fatos ocorridos, transcrevo parte do voto da decisão recorrida: "Notese que o deslinde do litígio instaurado neste processo requer tãosomente a interpretação da decisão transitada em julgado proferida nos autos do MS n° 2000.38.03.000.7782, cujo teor transcrevese: 1. Tratase de recurso extraordinário interposto contra acórdão que declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, relativo ao alargamento da base de cálculo do PIS. 2. Consistente o recurso. A tese do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf RE n° 346 084PR Rel orig Min ILMAR GALVÃO; RE n° 357 950RS, RE n° 358.273RS e RE n° 390.840MG, Rel. MM. MARCO AURÉLIO, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF n° 408, p. 1).(grifo aqui) Diante do exposto, e com fundamento no art. 557, § 1°A do CPC, conheço do recurso e doulhe provimento, para, concedendo a ordem, excluir, da base de incidência do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente, entendido esse nos termos já suso enunciados.Custas ex lege. Publiquese" Na decisão recorrida a Turma não incluiu as receitas financeiras decorrentes das operações bancárias na base de cálculo da contribuição. O provimento foi parcial apenas "devido à necessidade de a unidade preparadora destes autos aferir os cálculos para apuração do valor do indébito tributário (...)". A Fazenda Nacional apresentou, tempestivamente, recurso especial apontando paradigma e demonstrando a divergência quanto à base de cálculo das contribuições Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10675.903022/200991 Acórdão n.º 9303005.957 CSRFT3 Fl. 4 3 das instituições financeiras. Em apertada síntese, defendeu o entendimento no sentido de que para as instituições financeiras as receitas decorrentes de prestação de serviços abrangem tanto as advindas da cobrança de taxas e tarifas quanto aquelas de intermediação financeira. Aduz que não pode se depreender da declaração de inconstitucionalidade do STF que o conceito de faturamento é restrito. Isso porque a declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, não alterou, nesse particular, o critério definidor da base de incidência das contribuições como as receitas decorrentes das atividades empresariais típicas, e não somente a venda de mercadorias ou de serviços do contribuinte. Assim, por perfilar desse entendimento, afirma inexistir violação à coisa julgada formada nos autos da ação judicial proposta pelo contribuinte. O recurso especial foi admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento. O contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarrazões, pedindo que seja negado provimento ao recurso. Em resumo, defende que a incidência da Contribuição para o PIS/PASEP deve se dar sobre o faturamento, assim entendido a receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviço, com a consequente exclusão das receitas financeiras decorrentes das operações bancárias. Assim, no seu entender, a receita de prestação de serviços, que configura o faturamento das instituições financeiras e seguradoras, englobaria apenas as taxas, tarifas e comissões cobradas pelas instituições, sendo que as receitas da atividade financeira propriamente dita estariam fora do conceito de faturamento fixado pelo STF. Assevera ainda que adotar outro entendimento resultaria em ofensa direta à coisa julgada formada nos autos do Mandado de Segurança 2000.38.03.0007782, que, na sua compreensão, teria determinado que a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP fosse calculada com base no faturamento, entendido como a receita da venda de mercadorias e a prestação de serviços. Ressaltese que, em suas contrarrazçoes, o contribuinte não contestou aspectos relativos ao conhecimento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.944, de 28/11/2017, proferido no julgamento do processo 10675.720831/201001, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.944): Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10675.903022/200991 Acórdão n.º 9303005.957 CSRFT3 Fl. 5 4 "(...) No mérito, discutese entendimento sobre o que vem a ser “receita” para as instituições do mercado financeiro. Como relatado, a Recorrente obteve decisão judicial (Mandado de Segurança 2000.38.03.0007782,) para calcular o PIS utilizando o conceito de faturamento, cujo significado corresponde a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Esse entendimento ficou claro na fundamentação do voto constante da decisão judicial, conforme trechos acima transcritos no Relatório. Portanto, como se vê, a questão referese ao sentido a ser atribuído à expressão “o faturamento, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”, especificamente para a compreensão do que se entende por “receita de serviços” para as instituições financeiras. Pois bem. No meu entender, a referida decisão judicial efetivamente não adentrou no mérito da discussão sobre o que deve ser entendido por receita de serviços para as instituições financeiras. Logo, não há que se falar em desrespeito a coisa julgada: a decisão judicial apenas afastou a aplicação do §1º do art. 3º da Lei n.º 9.718/98, na esteira do que já restara assentado no Supremo Tribunal Federal, e definiu que a base de cálculo da contribuição deve ser o faturamento, “cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. E mais nada! Contudo, resta ainda a discussão sobre a conceito de “faturamento” para fins de incidência do PIS e da Cofins para as instituições financeiras, ou seja, sobre o que deve ser entendido por “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza” em relação às instituições financeiras. Como muito bem destacado no voto condutor do Acórdão CSRF nº 9303002940, julgado em 03/06/2014, que tratou especificamente sobre a mesma matéria deste litígio, a controvérsia teve início na promoção do alargamento do conceito de faturamento para efeito de cálculo das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, introduzido pela Lei 9.718/98, que incluiu na base de cálculo toda e qualquer receita, independentemente de sua classificação contábil. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar a matéria decidiu, em sistemática de Repercussão Geral, nos seguintes termos: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98.Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Decisão O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10675.903022/200991 Acórdão n.º 9303005.957 CSRFT3 Fl. 6 5 Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. RE 585.235QO, Min. Cezar Peluso Portanto, tanto a decisão judicial obtida pelo contribuinte quanto o julgado do STF que reconheceu a repercussão geral para a matéria, apenas afastou a aplicação do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, mas não adentrou no alcance das receitas financeiras, nem tampouco ventilou a possibilidade de exclusão da receita bruta operacional do faturamento. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal já fixou o conceito de receita bruta como sendo não somente aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas também à soma das receitas oriundas do exercício de atividades empresariais. Nesse sentido, vejamos o leading case RE 390.840/MG, onde o Ministro Cezar Peluzo delimita o conceito de faturamento nos seguintes termos: Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação”. (negritei) No mesmo sentido, vejamos os trechos dos pronunciamentos dos Ministros Marco Aurélio, Carlos Brito, Cezar Peluzo e Sepúlveda Pertence sobre a matéria, trazidos pela Procuradoria da Fazenda Nacional, na ocasião do julgamento do Pleno do STF dos Recursos Extraordinários nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR (leading cases): Min. Marco Aurélio (relator): Presidente, na condição de relator, permitame aos colegas escancarar a questão versada neste processo. Houve a edição da Lei 9.718/98, sob a égide da Carta da redação anterior a Emenda Constitucional nº. 20. O artigo 3º, cabeça, dessa lei preceituou algo que se mostrou consentâneo com o Diploma Maior: “art. 3º. O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde a receita bruta da pessoa jurídica.” O Tribunal estabeleceu a sinonímia “faturamento/receita bruta”, conforme decisão proferida na ADC nº 11/DF – receita bruta evidentemente apanhando a atividade precípua da empresa. O SR. MINISTRO CARLOS BRITO – Receita operacional. O SR. MINISTRO MARCO AURELIO (RELATOR) – Operacional. (...)” Min. Carlos Brito: Receita operacional consiste naquilo que já estava definido pelo DecretoLei 2397, de 1987, art. 22, § 1º, “a”, assim redigido – parece que o Min. Veloso acabou de fazer também essa remissão à lei: Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10675.903022/200991 Acórdão n.º 9303005.957 CSRFT3 Fl. 7 6 “a) a receita bruta das vendas de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda; Por isso, estou insistindo na sinonímia “faturamento” e “receita operacional”, exclusivamente, correspondente aqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional. Min. Cezar Peluso: “Quanto ao caput do art. 3º, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgado proferido no RE 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que , a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. Min. Sepúlveda Pertence: “(...) Lamentando não poder nada mais acrescentar a tudo que aqui foi dito hoje, acompanho o voto do Min. Cezar Peluso e, nos outros casos, o do Ministro Marco Aurélio.” Destarte, resta claro que o entendimento assentado no STF é de que faturamento não se restringe unicamente à venda de mercadorias e serviços, mas também às receitas decorrentes de outras atividades empresariais desempenhadas pelo sujeito passivo, como delimita objetivamente o Ministro Cezar Peluzo no RE 444.601ED: “O conceito de receita bruta sujeita à incidência da COFINS envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas também a soma das receitas oriundas do exercício de outras atividades empresariais." Em conclusão, no meu entender, em consonância com a jurisprudência do STF, o faturamento das instituições financeiras deve compreender não apenas as receitas de prestação de serviços (taxas e tarifas), mas também as demais receitas decorrentes de outras atividades empresariais da recorrente. Pois bem. E quais são as atividades empresariais típicas de um banco? A clara delimitação de quais são as atividades empresariais da Recorrente pode ser extraída do seu próprio Estatuto Social (efls. 79/ss), onde consta: Artigo 2º O objeto social do BANCO TRIÂNGULO S.A. é a prática de operações ativas, passivas e acessórias, inerentes à carteira comercial, à carteira de crédito, financiamento e investimento e à carteira de investimentos, de acordo com as disposições legais e regulamentares em vigor. Percebese, portanto, que o rol de atividades indicadas no objeto social da Recorrente (operações ativas e passivas inerentes às carteiras comercial, de crédito, financiamento e investimento) envolve necessariamente, de forma ampla, todas as receitas decorrentes e/ou provenientes da prestação de serviços de intermediação financeira, dentre as quais podemos citar os “spreads bancários”, prêmios, ágios/deságios na venda de moedas estrangeiras (receitas cambiais), juros oriundos da intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, financiamento bancário, negociação de títulos e valores mobiliários, etc..., em suma, todas as receitas ordinárias, típicas, provenientes da prestação de serviços geradas pelos bancos. A meu ver, não há como fazer uma interpretação restritiva para abarcar no conceito de receita bruta apenas aquelas decorrentes das receitas com “taxas e tarifas” cobradas pelas instituições para prestar serviços bancários, como pretende a Recorrente. Fl. 292DF CARF MF Processo nº 10675.903022/200991 Acórdão n.º 9303005.957 CSRFT3 Fl. 8 7 Categoricamente, todos sabem, o negócio principal de um banco não se restringe apenas em cobrar taxas ou tarifas pela prestação de serviços bancários (sobre a abertura ou manutenção de contascorrentes, pela emissão de talonário de cheques, pelo fornecimento de extratos bancários, etc...), até mesmo porque em muitos casos, após um determinado volume de movimentação financeira de seus clientes, estas taxas e tarifas são até mesmo isentadas. Estas últimas representam, a bem da verdade, atividades acessórias àquela principal. A essência da atividade bancária reside justamente na prática de operações ativas e passivas inerente à sua carteira comercial (desconto de duplicatas, com um percentual de deságio, p. ex.), carteira de crédito (os valores depositados por determinados clientes na instituição são oferecidos a outros clientes, por meio de empréstimos, cheques especiais, etc... devidamente remunerados pelos juros cobrados), etc... Aliás, são justamente essas atividades que constam como objeto social no Estatuto Social da Recorrente. Destarte, é de concluirse que as instituições financeiras têm como atividade principal a intermediação de recursos financeiros. Por conseguinte, as receitas oriundas de todas as operações bancárias (receitas operacionais), em sentido lato, aqui incluídas as receitas advindas da cobrança de taxas/tarifas (serviços bancários) e das operações de intermediação financeira, compõem o faturamento porque estão relacionadas ao exercício do objeto social dessas instituições. Por fim, registrese que a jurisprudência desta Câmara Superior tem decidido no mesmo sentido defendido neste voto (Acórdãos nº 9303002.962; 9303002.960, 9303 002.957, dentre outros). Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso especial. " No presente processo o recurso especial foi interposto pela Fazenda Nacional, de sorte que o resultado do julgamento deve ser pelo seu provimento, dado que o resultado do paradigma, no qual o recurso especial foi do contribuinte, foi por negar provimento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 293DF CARF MF
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