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Numero do processo: 13830.720200/2008-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 22 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO.
O VTN médio extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados nas DITR de outros contribuintes, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel.
Numero da decisão: 2201-001.930
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
Eduardo Tadeu Farah Relator
Assinado Digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Ewan Teles Aguiar (Suplente convocado), Pedro Paulo Pereira Barbosa e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Gustavo Lian Haddad.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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ARBITRAMENTO. O VTN médio extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados nas DITR de outros contribuintes, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah – Relator Assinado Digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Ewan Teles Aguiar (Suplente convocado), Pedro Paulo Pereira Barbosa e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Gustavo Lian Haddad. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 72 02 00 /2 00 8- 17 Fl. 219DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2003, consubstanciado na Notificação de Lançamento (fls. 01/05), pela qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 19.205,49, relativo ao imóvel rural inscrito na Receita Federal sob o nº 0.249.9223, localizado no município de Marília SP. A fiscalização alterou o VTN declarado de R$ 1.267.728,00 para R$ 3.871.896,80 com base no SIPT, conforme demonstrativo de fl. 18. Cientificado do lançamento, o interessado apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: ... conforme Decretos Municipais, o valor da terra nua definido para fins de recolhimento de ITBI, difere em considerável monta do valor apurado no procedimento fiscal. Argumenta que deveria ser considerada a legislação municipal como parâmetro para cálculo do ITR. Sustenta que a autoridade fiscal apurou um valor que não corresponde à realidade fática. Afirma que embora não tenha sido possível atender a intimação em tempo hábil, apresenta com a impugnação o Laudo Técnico de Avaliação solicitado. Solicita que seja acatado o valor do laudo, de R$ 1.517,32 por ha. A 1ª Turma da DRJ em Campo Grande/MS julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado na ementa abaixo transcrita: VALOR DA TERRA NUA. O valor da terra nua, apurado pela fiscalização, em procedimento de ofício nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, não é passível de alteração, quando o contribuinte não apresentar elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor. Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeira instância em 09/02/2011 (fl. 182), Ivan Moret Stecca apresenta Recurso Voluntário em 04/03/2011 (fls. 183 e seguintes), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Segundo se colhe dos autos a autoridade fiscal, em função da subavaliação do imóvel fiscalizado, alterou o VTN da propriedade rural declarada de R$ 1.267.728,00 para R$ 3.871.896,80, com base no SIPT Sistema de Preços de Terra praticados no município de Marília/SP (fl. 18). Fl. 220DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 13830.720200/200817 Acórdão n.º 2201001.930 S2C2T1 Fl. 3 3 Em sua peça recursal alega o suplicante que o laudo técnico apresentado, por ocasião da Impugnação, atende os requisitos da NBR 14.653 da ABNT, com fundamentação e precisão grau II e III, portanto, o referido documento não poderia ser ignorado pela Delegacia de Julgamento. Pois bem, quanto ao Valor da Terra Nua considerou a autoridade fiscal que o VTN declarado pelo recorrente estava subavaliado, tendo em vista os valores constantes do Sistema de Preço de Terras (SIPT), instituído pela Receita Federal em consonância ao art. 14, caput, da Lei n° 9.393/1996: Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. (grifei) Por sua vez, o art. 12, §1º, inciso II, da Lei no 8.629/1993, cuja redação vigente à época da edição da Lei no 9.393/1996 determina: Art. 12. Considerase justa a indenização que permita ao desapropriado a reposição, em seu patrimônio, do valor do bem que perdeu por interesse social. §1o A identificação do valor do bem a ser indenizado será feita, preferencialmente, com base nos seguintes referenciais técnicos e mercadológicos, entre outros usualmente empregados: I valor das benfeitorias úteis e necessárias, descontada a depreciação conforme o estado de conservação; II valor da terra nua, observados os seguintes aspectos: a) localização do imóvel; b) capacidade potencial da terra; c) dimensão do imóvel. § 2º Os dados referentes ao preço das benfeitorias e do hectare da terra nua a serem indenizados serão levantados junto às Prefeituras Municipais, órgãos estaduais encarregados de avaliação imobiliária, quando houver, Tabelionatos e Cartórios de Registro de Imóveis, e através de pesquisa de mercado. (grifei) Fl. 221DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH 4 Com efeito, o Fisco dispõe da prerrogativa estipulada em Lei de não aceitar informações prestadas pelo sujeito passivo, como a de que cuidam estes autos, sempre que tais valores não mereçam fé. Todavia, impõese que o Fisco ao fazêlo se precavenha, fazendo apoiar suas pretensões em parâmetros previstos pelo legislador, inclusive capacidade potencial da terra, informados pelas Secretarias de Agricultura dos Estados e Municípios. Contudo, não é o que ocorre nestes autos. O arbitramento se baseou única e exclusivamente na média de VTN declarados por outros contribuintes, como se verifica do extrato de fl. 18, cuja utilização não atende às exigências legais, fundamentalmente, nas informações disponíveis em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. Neste mesmo sentido é o voto da lavra da Conselheira Maria Lucia Moniz de Aragão Calomino Astorga, no acórdão 220200.722: Conjugando os dispositivos acima transcritos, inferese que o sistema a ser criado pela Receita Federal para fins de arbitramento do valor da terra nua deveria observar os critérios estabelecidos no art. 12, 1º, inciso II, da Lei no 8.629, de 1993, quais sejam, a localização, a capacidade potencial da terra e a dimensão do imóvel, assim como considerar os levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. Nesse contexto, foi aprovado o Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal – SIPT, pela Portaria SRF nº 447, de 28 de março de 2002, alimentado com os valores de terras e demais dados recebidos das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas, e com os valores da terra nua da base de declarações do ITR (art. 3º da Portaria SRF nº 447, de 2002). Para se contrapor ao valor arbitrado com base no SIPT, deve o contribuinte apresentar Laudo Técnico, com suficientes elementos de convicção, elaborado por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado de ART, e que atenda às prescrições contidas na NBR 146533, que disciplina a atividade de avaliação de imóveis rurais. (...) Entretanto, embora presentes os elementos que autorizam o arbitramento, o valor do VTN atribuído pela fiscalização deve ser revisto, pois houve um erro na sua apuração. A fiscalização utilizou para arbitrar o VTN do imóvel da recorrente o valor do VTN médio/ha declarado pelos contribuintes do mesmo município (R$495,76/ha), extraído das informações contidas no SIPT (fl. 79), multiplicado pela área total do imóvel (9.846,7ha), obtendo o valor final de R$ 4.881.599,99. Ressaltese, entretanto, que o VTN médio declarado por município, obtido com base nos valores informados na DITR, constitui um parâmetro inicial, mas não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. Isso porque esta informação não é contemplada na declaração, que contém apenas o valor global atribuído a propriedade, sem levar em conta as características intrínsecas e extrínsecas da terra que determinam Fl. 222DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 13830.720200/200817 Acórdão n.º 2201001.930 S2C2T1 Fl. 4 5 o seu potencial de uso. Assim, o valor arbitrado deve ser obtido com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. (grifei) Nessa conformidade, penso que não foram respeitados os requisitos previstos em Lei para a prática do arbitramento e, portanto, não deve prevalecer o VTN arbitrado pela autoridade fiscal. Ante ao exposto, voto por dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 223DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH 6 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA CÂMARA DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº: 13830.720200/200817 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3º do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovados pela Portaria Ministerial nº 256, de 22 de junho de 2009, intimese o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto a Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão nº 2201001.930. Brasília/DF, 22 de janeiro de 2013 Assinado Digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente Ciente, com a observação abaixo: (......) Apenas com ciência (......) Com Recurso Especial (......) Com Embargos de Declaração Data da ciência: _______/_______/_________ Procurador(a) da Fazenda Nacional Fl. 224DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/03/2013 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 14337.000023/2010-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2005 a 30/02/2006
Ementa: CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADOS A empresa está obrigada a arrecadar, mediante desconto, as contribuições devidas pelos segurados empregados que lhe prestaram serviços, e recolher a quantia arrecadada à Previdência Social no prazo legal. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA Não há que se falar em nulidade por cerceamento de defesa quando os relatórios que integram o AI trazem todos os elementos que motivaram a sua lavratura e expõem, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, elencando todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento. TAXA SELIC –INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI A utilização da taxa de juros SELIC encontra amparo legal no artigo 34 da Lei 8.212/91. Impossibilidade de apreciação de inconstitucionalidade da lei no âmbito administrativo. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN).
Não há que se falar na aplicação do art. 35-A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991
Numero da decisão: 2301-002.932
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator; Leonardo Henrique Pires Lopes.
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2005 a 30/02/2006 Ementa: CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADOS A empresa está obrigada a arrecadar, mediante desconto, as contribuições devidas pelos segurados empregados que lhe prestaram serviços, e recolher a quantia arrecadada à Previdência Social no prazo legal. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA Não há que se falar em nulidade por cerceamento de defesa quando os relatórios que integram o AI trazem todos os elementos que motivaram a sua lavratura e expõem, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, elencando todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento. TAXA SELIC –INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI A utilização da taxa de juros SELIC encontra amparo legal no artigo 34 da Lei 8.212/91. Impossibilidade de apreciação de inconstitucionalidade da lei no âmbito administrativo. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35-A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator; Leonardo Henrique Pires Lopes.
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AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA Não há que se falar em nulidade por cerceamento de defesa quando os relatórios que integram o AI trazem todos os elementos que motivaram a sua lavratura e expõem, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, elencando todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento. TAXA SELIC –INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI A utilização da taxa de juros SELIC encontra amparo legal no artigo 34 da Lei 8.212/91. Impossibilidade de apreciação de inconstitucionalidade da lei no âmbito administrativo. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Fl. 205DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 2 Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator; Leonardo Henrique Pires Lopes. MARCELO OLIVEIRA Presidente. BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Relator. Leonardo Henrique Pires Lopes Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antônio de Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Leonardo Henrique Lopes Ausência momentânea: MAURO JOSE SILVA Fl. 206DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 2 3 Relatório Tratase de crédito previdenciário lançado contra a entidade acima identificada, referente à diferença de contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte do segurado empregado, incidente sobre sua remuneração. Conforme Relatório Fiscal (fls. 33), constituem fatos geradores das contribuições previdenciárias lançadas o pagamento de remuneração aos segurados empregados, sendo que as bases de cálculos foram verificadas na escrita contábil e os valores lançados não foram declarados nas GFIPs. A autoridade lançadora esclarece que os valores que compõe este AIOP se referem apenas às diferenças entre os valores verificados na escrita contábil e aqueles declarados na GFIP. Informa que, em observância ao disposto no art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, comparouse o valor da multa aplicada na forma da legislação vigente à época do fato gerador com aquele resultante da aplicação da legislação vigente à época da lavratura do Auto de Infração, concluindo que, para as competências em que a multa anterior é a mais favorável ao contribuinte, o AIOP cobra a multa de oficio e é lavrado auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, mas naquelas competências em que a multa atual é a mais benéfica, não se lavrou o AIOA. Segundo ainda relato fiscal, a empresa não apresentou os comprovantes referentes aos benefícios de salário maternidade e salário família, motivo pelo qual os valores pagos a esse título foram glosados. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0123.635, da 5a Turma da DRJ/BEL (fls. 141), julgou a impugnação procedente em parte, mantendo parcialmente o crédito tributário. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 159), alegando, em síntese, o que se segue. Inicialmente, faz um relato dos fatos ocorridos desde o início da ação fiscal até a apresentação do recurso, e conclui que não há como concordar com os fundamentos apresentados no Acórdão recorrido, em relação aos capítulos não acolhidos, entendendo que permaneceram incólumes as matérias preliminares e de mérito aguidas em sede de impugnação, além da nulidade surgida por ocasião do próprio julgamento da defesa, uma vez que não houve a devida apreciação dos documentos apresentados, anexos à impugnação, configurando violação direta do princípio da ampla defesa. Em preliminar, alega nulidade do AI por ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que não foram analisados os documentos disponibilizados pela recorrente à fiscalização e que inexiste a obrigação de apresentação dos documentos na sede da Receita Federal. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 4 Afirma que, embora a autoridade julgadora tenha justificado que o dever de apresentação de documentos na sede da Receita Federal decorra do art. 32, III, da Lei 8.212/91, com redação dada pela Lei 11.941, de 28.05.2009, data posterior ao primeiro termo de intimação fiscal, e de a recorrente entender que, de fato, não está obrigada a entregar a documentação na referida repartição, não se deve confundir tal situação como se a recorrente tivesse se furtando a entregar os documentos. Cita os motivos que tornaram inviável o atendimento de todas as requisições do auditor, quais sejam, o grande volume de documentos solicitados e o pedido de apresentação dos livros contábeis numa plataforma digital que o software não permite sua conversão. Observa que a autoridade julgadora, de um lado, afirma que a documentação juntada na impugnação serve para comprovar que o tempo concedido era suficiente para apresentar os documentos e, por outro lado, ao analisar o mérito, assevera que a documentação juntada não tem nenhuma relação como os autos, o que, no seu entendimento, é uma contradição, pois ou a documentação se presta para comprovar o que foi solicitado ou não, não podendo, simplesmente, servir de mote para afastar uma nulidade e, por outro, não servir para reconhecer a procedência do pedido. Sustenta que a recorrente não é obrigada a converter os dados de um software para outro apenas para satisfazer a autoridade julgadora, não apenas por falta de previsão legal para tanto, mas também pelo fato de que essa impossibilidade de conversão serve para própria segurança da guarda das informações. Reitera que a fiscalização, ao exigir a documentação, ao invés de indicar os documentos e determinar que os mesmos ficassem a sua disposição, exigiu que os mesmos lhe fossem entregues na sede da Receita Federal em Belém, ressaltando que a lista enumera nada menos que cinqüenta itens, entre livros contábeis e qualquer recibo emitido pela recorrente, sendo que, ao invés de serem protocolados na Receita Federal, deveriam ser entregues exclusivamente à pessoa do auditor, em sua sala e, conforme primeira intimação, em um prazo exíguo de dez dias, o que não pode ser cumprido tendo em vista o grande volume de documentos exigidos. Relata que, após os representantes da empresa informarem que isso não seria possível e que a documentação estava à disposição do fiscal na sede da empresa, o auditor requisitou os livros contábeis em meio digital, e afirmou que tão logo necessitasse requisitaria outros documentos. Informa que, apesar de a empresa ter se disponibilizado a apresentar os livros em meio magnético, mas no formato do programa que possui, uma vez que não está obrigada a apresentálos no formato solicitado pelo auditor, e de ter apresentado a íntegra dos livros em papel, os lançamentos contábeis que, de alguma forma, estavam amparados em documentos, como os descontos do Salário Família e Maternidade e a não realização de retenção nos pagamentos realizados a autônomos, foram considerados irregulares, tendo sido tributados pela contribuição, e acrescidos de multa e juros. Frisa que a desconsideração da documentação mantida pela recorrente constitui flagrante ilegalidade e inconstitucionalidade, o que eiva de nulidade o presente lançamento, por desrespeitar o procedimento de fiscalização legalmente previsto, assim como os Princípios Constitucionais do Contraditório e da Ampla Defesa. Fl. 208DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 3 5 Transcreve o dispositivo legal no qual está embasado o AINF para tentar demonstrar que não há qualquer determinação de que a empresa deve levar sua contabilidade para a Receita Federal, destacando que os normativos vigentes apenas atribuem ao contribuinte a obrigação de manter a documentação contábil necessária, e disponibilizála à fiscalização, garantido à autoridade fiscalizadora amplo acesso às dependências da empresa. Alega nulidade da decisão recorrida, que deixou de valorar a documentação apresentada em momento oportuno, qual seja, na impugnação, negando, dessa forma, vigência ao art. 16, § 4o, do Decreto 70.235/72, e utilizando ainda de argumento como inversão do ônus da prova, mas, em contrapartida, negando validade aos documentos apresentados. Entende que, no presente caso, a busca da verdade real foi vilipendiada, não apenas quando o auditor fiscal lavrou o auto de infração, deixando de perquirir as informações e solicitar os documentos que reconheceriam o direito da recorrente, mas também quando a DRJ deixou de apreciar adequadamente, ainda que de forma parcial, os documentos apresentados. Assevera que todos os documentos apresentados na impugnação se prestam a corroborar a inexigibilidade das contribuições previdenciárias, porque não havia motivo para glosa dos valores referentes a saláriofamília ou maternidade, na medida que referidas exações já haviam sido devidamente recolhidas. Defende que, se houvesse dúvida quanto à conexão dos fatos com os documentos contábeis, deveria a autoridade julgadora ter baixado o feito em diligência, ou ter requisitado informações diretamente à recorrente, já que havia dificuldade em identificar o nexo da documentação apresentada com os fatos apurados. Argumenta que, apesar de a decisão negar validade a apenas alguns dos documentos que ela julgou desconexos, ela deveria ter acolhido ao menos aquelas que se prestaram a confirmar o período, e não deixar de avaliar um a um, cada documento, para fazer valer os que realmente tinham conexão com os fatos apurados. No mérito, reitera que todos os pagamentos de verbas trabalhistas efetuados pela empresa foram, sim, objeto de retenção e recolhimento, sendo que toda a documentação comprobatória do efetivo recolhimento foi mantida na sede da empresa e integralmente disponibilizada ao auditor que, no entanto, recusouse a examinála. Enumera os documentos apresentados na impugnação, ressaltando que a sua apresentação não importa renúncia ao pleito de declaração de nulidade do AI, e sim decorre do princípio da eventualidade, tendo como finalidade a comprovação da boa fé da recorrente, e a veracidade dos fatos por ela narrados. Reconhece que, efetivamente, há valores que não foram retidos e recolhidos, mas que são irrisórios se comparados ao absurdo da autuação, e destaca que o Relatório de Lançamento resumese a copiar os lançamentos constantes da contabilidade, não tendo a autoridade fiscalizadora se preocupado em diferenciar a natureza dos lançamentos, tributando em 20% despesas com pagamento de exames médicos e de rotina, Táxi, uniformes de empregados, plano de saúde e até valetransporte com expressa exclusão legal. Discorre sobre o princípio da Tipicidade Cerrada para concluir que “não há como tributar os fatos mencionados no AINF, pois eles não se adéquam à previsão legal”. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 6 Ressalta que a não análise dos documentos provocou sério equívoco em relação aos valores recolhidos, uma vez que, em algumas competências, houve a retificação da GFIP e complementação dos pagamentos, e que a fiscalização considerou recolhido apenas o valor da última retificação, como por exemplo, há meses em que foi paga a importância de mais de R$40.000,00 na GFIP, e posterior complementação de R$100,00, mas que, ao que parece, o auto considerou pagos apenas a importância do complemento, exigindo novamente o valor pago anteriormente. Reafirma que a documentação referente a esses benefícios foi integralmente disponibilizada ao auditor fiscal, que se omitiu na sua análise, e assim continua, e apresentada por ocasião de sua impugnação, por amostragem. Justificase argumentando que apresentar toda a documentação sem ser por amostragem é humanamente inviável, na medida em que se trata de inúmeros documentos a serem arregimentados em prazos exíguos. Requer que seja reconhecida a improcedência das glosas ilegais dos valores referentes aos Salários Família e Maternidade e da multa por descumprimento de obrigações acessórias e principais, destacando que, uma vez demonstrado que não houve descumprimento da obrigação principal, concluise pela total improcedência das multas de mora e de ofício. Tenta demonstrar que está incorreta a aplicação da alíquota de 75% para o cálculo da multa de ofício, entendendo que ela estaria limitada a 20%, nos termos do art. 32 A, da Lei 8.212/91, e que é improcedente a cobrança de multa de mora, como também é ilegal a cobrança de juros SELIC sobre valor já atualizado do débito. Finaliza requerendo que seja dado provimento ao recurso. É o relatório. Fl. 210DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 4 7 Voto Vencido Conselheira Bernadete de Oliveira Barros O recurso é tempestivo e não há óbice para seu conhecimento. Da análise do recurso apresentado, registro o que se segue. Em preliminar, alega nulidade do AI por ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que não foram analisados os documentos disponibilizados pela recorrente à fiscalização e que inexiste a obrigação de apresentação dos documentos na sede da Receita Federal. Contudo, não há como acolher a alegação da recorrente de ofensa ao contraditório ou à ampla defesa, pois os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitória, não se sujeitando ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somente depois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo é que se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido, já decidiu o antigo Conselho de Contribuintes atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF): NORMAS PROCESSUAIS NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃOA fase de investigação e formalização da exigência, que antecede à fase litigiosa do procedimento, é de natureza inquisitorial, não prosperando a argüição de nulidade do auto de infração por não observância do princípio do contraditório. Assim também a mesma argüição, quando fundada na alegação de falta de motivação do ato administrativo, que, de fato, não ocorreu.(Acórdão 10193425) Sem que fique demonstrado que, após o início do litígio, houve ofensa ao contraditório ou à ampla defesa, não há como acatar a pretensão da recorrente de nulidade. Ressaltese que a fase fiscalizatória, dada sua natureza inquisitorial, não se constitui em requisito essencial que deva preceder o lançamento. Caso a autoridade fiscal disponha de elementos suficientes para realizar o lançamento, nos moldes do art. 142 do CTN, poderá fazêlo sem que qualquer intimação ao contribuinte seja feita. No caso em tela, verificase que a empresa se encontrava sob ação fiscal e, nos termos do art. 32, III, da Lei 8.212/91, ela estava obrigada à prestar ao órgão fiscalizador, seja o INSS, Receita Previdenciária ou Secretaria da Receita Federal do Brasil, dependendo da redação vigente à época das lavraturas dos TIFs, todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma estabelecida pela autoridade fiscal que, no caso, estabeleceu o local para que a documentação listada nos TIFs fosse apresentada. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 8 Assim, o lançamento, como ato administrativo, é válido, pois precedido de MPF válido, e o fiscal, a quem compete o lançamento, ao constatar o descumprimento da obrigação principal, lavrou o AI, em observância aos ditames legais. Ademais, conforme o art. 14, do Decreto 70.235/72, é a impugnação da exigência que instaura a fase litigiosa do procedimento. Nesse sentido, não há que se falar em nulidade do AI por cerceamento de defesa, já que foram observados, no presente processo administrativo, os mandamentos estabelecidos pelo Decreto 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal. Não se vislumbra, portanto, motivo para nulidade do lançamento. A recorrente afirma que não se furtou a entregar os documentos e elenca os motivos que tornaram inviável o atendimento de todas as requisições do auditor, quais sejam, o grande volume de documentos solicitados e o pedido de apresentação dos livros contábeis numa plataforma digital que o software não permite sua conversão, ressaltando sempre que não é obrigada a converter os dados de um software para outro apenas para satisfazer a autoridade julgadora, por falta de previsão legal. Contudo, não consta, dos autos, provas de que a fiscalização tenha deixado de analisar os livros contábeis por se encontrarem em plataforma digital diferente do por ela exigido. Pelo contrário, a autoridade lançadora deixou claro, no Relatório do AI, que os valores lançados foram apurados com base na diferença constatada entre os valores constantes da escrita contábil e aqueles declarados na GFIP. Dessa forma, totalmente inócua, para os presentes autos, a afirmação da recorrente de que a empresa autuada não apresentou a contabilidade na plataforma digital solicitada pela fiscalização, pois tal fato não impediu a apuração das diferenças de contribuições devidas e lançadas por meio do AI ora discutido. Ou seja, não é objeto do AI discutido por meio do presente processo administrativo fiscal a não apresentação dos Livros Contábeis em meio digital, e sim a diferença da contribuição devida pelos segurados empregados a serviço da recorrente, registrado em sua escrita contábil. A recorrente alega que o curto prazo concedido pela fiscalização para entrega da documentação e o grande volume de documentos solicitados tornaram inviável o atendimento da requisição fiscal. Todavia, constatase que a recorrente foi inicialmente intimada a apresentar os documentos por meio do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 22), em 03/04/2009, tendo sido cientificada da lavratura do AI apenas em 29/01/2010. Portanto, não há que se falar em prazo exíguo para apresentação dos documentos e nem em ausência de sua indicação, pois, da análise do Termo citado acima, verificase que a fiscalização solicitou documentações do salário família e maternidade. E, apesar da intimação, segundo relato fiscal, a empresa não apresentou os comprovantes referentes aos benefícios de salário maternidade e salário família, motivo pelo qual os valores pagos a esse título foram glosados. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 5 9 Consta, inclusive, o Termo de Intimação Fiscal nº 1201 (fls. 27), por meio do qual a autoridade fiscal informa a existência de divergência GFIP x GPS, juntando telas do sistema de arrecadação, possibilitando ao contribuinte fazer o batimento entre o valor das contribuições informadas em GFIP e as GPS, concedendolhe prazo para a apresentação das guias regularizadas. A recorrente entende que houve contradição no acórdão recorrido, na medida que a autoridade julgadora, de um lado, afirma que a documentação juntada na impugnação serve para comprovar que o tempo concedido era suficiente para apresentar os documentos e, por outro lado, ao analisar o mérito, assevera que a documentação juntada não tem nenhuma relação como os autos. Entretanto, não se verifica a contradição alegada, pois a autoridade julgadora de primeira instância apenas afastou os argumentos de nulidade por prazo exíguo para a entrega de documentos, demonstrando que a empresa teve mais de nove meses para sua apresentação, como também, ao analisar o mérito da questão, verificou que os documentos apresentados na impugnação não foram suficientes para afastar totalmente a exigência fiscal. Observase que o Acórdão recorrido demonstra a convicção dos julgadores diante dos fatos e argumentos que lhes foram apresentados, seja pela auditoria fiscal, seja pela autuada. A autuada insiste em afirmar que sua documentação foi desconsiderada e que a fiscalização se esqueceu de indicar os documentos e determinar que os mesmos ficassem a sua disposição, Entretanto, não prova o alegado. Não consta que a documentação da recorrente tenha sido desconsiderada, e a fiscalização solicitou, sim, por meio dos TIPF, os documentos relacionados com os benefícios de salário maternidade e salário família. A recorrente alega que a lista constante dos Termos enumera nada menos que cinqüenta itens, que deveriam ser apresentados à fiscalização, na Repartição, conforme primeira intimação, em um prazo exíguo de dez dias, o que não pode ser cumprido tendo em vista o grande volume de documentos exigidos. Contudo, reiterase, para retificar ou até mesmo afastar a exigência fiscal, bastava a empresa trazer aos presentes autos a documentação relativa aos salários maternidade e família, específicas para as seis competências objeto do lançamento ora discutido, quais sejam, 02/05, 05/05, 11/05, 12/05, 01/06 e 02/06, uma vez que todas as alegações feitas pela recorrente poderiam ser comprovadas por meio da juntada de prova documental, conforme disposto no relatório IPC (fls. 02/03), lembrando que o contribuinte ainda dispunha do prazo de recurso para a apresentação de outros elementos. Porém, a empresa não trouxe outros elementos para serem analisados por este Conselho. Apenas alega, mas não prova, que todos os valores devidos foram recolhidos. Porém, não basta alegar. A parte que não produz prova, convincentemente, dos fatos alegados, sujeitase às conseqüências do sucumbimento, porque não basta alegar. E a convicção da autoridade julgadora advém, no processo administrativo fiscal, dos elementos probatórios carreados pela fiscalização e pela recorrente. Daí a necessidade de se juntar aos autos elementos comprobatórios dos fatos alegados. Fl. 213DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 10 Há mandamento expresso na Lei 9.784/99 quanto ao ônus probatório, conforme segue: ART 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. E sendo o lançamento um ato vinculado, a fiscalização a quem compete o lançamento, ao verificar, da análise dos registros contábeis da recorrente, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária e o não recolhimento integral da contribuição devida, agiu corretamente lavrando o presente AI, em estrita observância aos ditames legais. Dessa forma, entendo que, ao contrário do que afirma a recorrente, o AI foi lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente autuante demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, fazendo constar, nos relatórios que compõem o Auto de Infração, os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas. O Relatório Fiscal traz todos os elementos que motivaram a lavratura do AI, e o relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD, encerra todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento, separados por assunto e período correspondente, garantindo, dessa forma, o exercício do contraditório e ampla defesa à autuada. A autuada alega que a decisão recorrida deixou de valorar a documentação apresentada na impugnação, em afronta ao art. 16, § 4o, do Decreto 70.235/72, utilizando ainda de argumento como inversão do ônus da prova e, em contrapartida, negando validade aos documentos apresentados. Todavia, entendo que não houve afronta ao mencionado dispositivo legal. Ocorre que, ao analisar a documentação juntada aos autos pela recorrente, a autoridade julgadora observou que nem todos os documentos guardam relação com os fatos geradores objetos do AI em discussão, e os que guardam são insuficientes para ilidir totalmente o lançamento fiscal. Verificase que a autuada reconhece que parte da contribuição lançada é de fato devida, conforme ela própria afirma em seu recurso. Observase que, ao contrário do que afirma a recorrente, em nenhum momento a autoridade julgadora da DRJ afirmou que os documentos apresentados não foram analisados. Constatase que a DRJ, apreciou, sim, os documentos apresentados, elaborando, inclusive, uma planilha com os dados apurados a partir da análise da documentação apensada, retificando o valor do débito com a exclusão das quantias relativas à glosa de salário família e maternidade para os quais a empresa apresentou elementos comprobatórios. Dessa forma, entendo que houve, sim, a busca da verdade real pela autoridade julgadora de primeira instância, que apreciou adequadamente a documentação da recorrente e concluiu pela sua insuficiência para desconstituir totalmente o crédito lançado. A autuada defende que, se houvesse dúvida quanto à conexão dos fatos com os documentos contábeis, deveria a autoridade julgadora ter baixado o feito em diligência, ou ter requisitado informações diretamente à recorrente, já que havia dificuldade em identificar o nexo da documentação apresentada com os fatos apurados. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 6 11 Contudo, não havia dúvida a ser sanada, já que o Relatório Fiscal está claro e o AI muito bem fundamentado. A fiscalização deixou claro, nos relatórios integrantes do Auto, quais os valores da base de cálculo utilizada na apuração da contribuição lançada, as alíquotas aplicadas, e indicou, com riqueza de detalhes, as contas contábeis que registraram os fatos geradores. Já a autuada se defende de forma genérica, reconhecendo que de fato deixou de recolher parte da contribuição lançada, mas sem apontar, especificamente, quais os valores entende estarem equivocados, como também foi genérica a acusação de que a fiscalização considerou recolhido apenas o valor da última retificação da GFIP, pois usa expressões como “(...) há meses em que foi paga a importância de...” e “Ao que parece, o auto considerou...”. Contudo, não aponta quais seriam esses meses, fazendo apenas suposições de que foram exigidos novamente importâncias pagas anteriormente. Entretanto, da análise dos relatórios RADA, observase que em todas as competências foram apropriados valores recolhidos acima de R$30.000,00, o que demonstra que a suposição, feita pela recorrente, de que foram considerados, para algumas competências, apenas o valor da complementação de R$100,00, carece de fundamentação. Observase, ainda, que os valores retidos da remuneração do empregado constam dos registros contábeis, nas contas denominadas “INSS A RECOLHER DESCONTADO DOS SEGURADOS“ indicadas no Relatório de Lançamentos (fls. 17) e foi a diferença constante entre esses registros e os recolhidos e informados em GFIP é que ensejou a lavratura do AI em tela. Assim, entendo que não procede a alegação de que a fiscalização tributou em 20% despesas com pagamento de exames médicos e de rotina, Táxi, uniformes de empregados, plano de saúde e até valetransporte com expressa exclusão legal, uma vez que os valores utilizados foi extraídos da conta contábil 2105 INSS A RECOLHER DESCONTADO DOS SEGURADOS, sendo que a diferença lançada se refere à glosa de salário família e salário maternidade. Tomase, por exemplo, a competência 02/2005, para qual o SC Empregado foi de R$428.690,23. Verificase que, para essa competência, o INSS a recolher descontado dos segurados, registrado pela própria recorrente na conta 2105, de sua contabilidade, equivale a um montante de 36.541,73, sendo que o valor apropriado para esse levantamento e para essa competência foi de R$32.901,03, conforme RADA de fls 08, resultando na diferença lançada de R$3.604,70. Portanto, improcedente a acusação feita pela autuada de que tenha sido tributada em verbas que não sofrem incidência de contribuição, uma vez que, vale reiterar, os valores foram apurados a partir dos registros lançados na contabilidade da recorrente no título INSS A RECOLHER DESCONTADO DOS SEGURADOS, e a diferença entre os valores registrados e os informados em GFIP ensejou a lavratura do AI em comento. Quanto à alegação de que a aplicação da alíquota de 75% para o cálculo da multa de ofício está incorreta, uma vez que ela estaria limitada a 20%, nos termos do art. 32 A, da Lei 8.212/91, e que é improcedente a cobrança de multa de mora, como também é ilegal a Fl. 215DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 12 cobrança de juros SELIC sobre valor já atualizado do débito, cumpre observar que nos critérios para aplicação desses acréscimos e cálculo de seus valores foram observadas rigorosamente as disposições legais aplicáveis, indicadas pela autoridade fiscal no auto de infração. Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade de tais exações, vez que a sua cobrança possui amparo legal. Conforme nos ensina Hans Kelsen: “ partindo da premissa unidade lógica da ordem jurídica, tenta impôr concordância apriorística entre a lei e a Constituição, que acabe por negar não apenas a possibilidade jurídica da sanção da nulidade, mas da própria noção de inconstitucionalidade "lato sensur": "A afirmação de que uma lei válida é "contrária à constituição" (anticonstitucional) é uma "contradictio in adejecto", pois uma lei somente pode ser válida com fundamento na Constituição. Quando se tem fundamento para aceitar a validade de uma lei, o fundamento da sua validade tem de residir na Constituição. De uma lei invalida não se pode, porem, afirmar que ela é contraria à Constituição, pois uma lei invalida não é sequer uma lei, porque não é juridicamente existente e, portanto, não é possível qualquer afirmação jurídica sobre ela. Se a afirmação, corrente na jurisprudência tradicional, de que uma lei é inconstitucional há de ter um sentido jurídico possível, não pode ser tomada ao pé da letra. O seu significado apenas pode ser o de que a lei em questão, de acordo com a Constituição, pode ser revogada não só pelo processo usual, quer dizer, por uma outra lei, segundo o principio lex posterior "derogat priori", mas também através de um processo especial, previsto pela Constituição. Enquanto, porém, não for revogada, tem de ser considerada válida; e, enquanto for válida, não pode ser inconstitucional" (KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, 2. ed., trad. João Baptista Machado, São Paulo, Martins Fontes, 1987, p287). Cabe destacar, ainda, que a atividade administrativa é plenamente vinculada ao cumprimento das disposições legais. Nesse sentido, o ilustre jurista Alexandre de Moraes ( curso de direito constitucional, 17ª ed. São Paulo. Editora Atlas 2004.314) colaciona valorosa lição: “o tradicional princípio da legalidade, previsto no art. 5º, II, da CF, aplicase normalmente na administração pública, porém de forma mais rigorosa e especial, pois o administrador público somente poderá fazer o que estiver expressamente autorizado em lei e nas demais espécies normativas, inexistindo, pois, incidência de vontade subjetiva. Esse principio coadunase com a própria função administrativa, de executor do direito, que atua sem finalidade própria, mas sem em respeito à finalidade imposta pela lei, e com a necessidade de preservarse a ordem jurídica” Quanto às alegações de inconstitucionalidade da taxa aplicada para atualização de débitos tributários, cumpre observar que, conforme entendimento fixado no Parecer CJ 771/97, “o guardião da Constituição Federal é o Supremo Tribunal Federal, cabendo a ele declarar a inconstitucionalidade de lei ordinária. Se o destinatário de uma lei sentir que ela é inconstitucional, o Pretório Excelso é o órgão competente para tal declaração. Já o administrador ou servidor público não pode se eximir de aplicar uma lei porque o seu destinatário entende ser inconstitucional quando não há manifestação definitiva do STF a respeito”. Dessa forma, o foro apropriado para questões dessa natureza não é o administrativo. Fl. 216DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 7 13 É oportuno salientar que a utilização da Taxa SELIC para atualizações e correções dos débitos apurados encontra respaldo no art. 34, da Lei 8.212/91, e a multa encontrase amparada no art. 35 do mesmo diploma legal, vigente até 11/2008, e no art. 35A, vigente após 12/2008. E o Conselho Pleno, no exercício de sua competência, uniformizou a jurisprudência administrativa sobre tais matérias, por meio dos Enunciados 02/2007 e 03/2007, transcritos a seguir: Enunciado nº 02: O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Enunciado nº 03: É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic para títulos federais. Cabe destacar ainda que a multa sobre o valor das contribuições previdenciárias ficará sujeita a cálculo de acordo com a nova regra trazida pela MP 449/08, convertida na Lei 11.941/2009, por ocasião do pagamento ou do trânsito em julgado administrativo, se mais benéfico ao sujeito passivo, por força do art. 106, inc. II, alínea "c", do CTN. Nesse sentido, Considerando tudo mais que dos autos consta, VOTO no sentido de CONHECER do recurso para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO É como voto. Bernadete de Oliveira Barros – Relatora Voto Vencedor Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes Redator Da multa aplicada Fl. 217DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 14 A autuação em comento referese ao descumprimento pelo contribuinte da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária dentro do prazo previsto em lei. Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigiase à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP nº 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei nº 11.941/2009: Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos Fl. 218DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 8 15 geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei nº 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei nº 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei nº 9.430/1996). Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP nº 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 16 Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta seria sim prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 destinavase a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relacionase com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vinculase à ação fiscal. Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35A da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art. 32, §4º e 5º e no revogado art. 35 ambos da Lei nº 8.212/1991. Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificandoas. Nesses casos, concluindose pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominarlhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verificase a edição de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei nº 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP nº 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Fl. 220DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 14337.000023/201015 Acórdão n.º 2301002.932 S2C3T1 Fl. 9 17 Revogado o art. 35 da Lei nº 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 22/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/09/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 18/10/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 06/10/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
score : 1.0
Numero do processo: 10166.908088/2009-17
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3803-003.487
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: ALEXANDRE KERN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Fl. 55DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2012 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por A LEXANDRE KERN 2 (assinado digitalmente) Alexandre Kern Presidente e Relator Participaram ainda do presente julgamento os conselheiros Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani e Jorge Victor Rodrigues. Relatório BAR E WISKERIA BRASÍLIA LTDA. transmitiu, em 28/11/2006, a Declaração de Compensação – DComp nº 13378.60502.281106.1.3.042428, visando à extinção de débito de Cofins, PA set/2006, com indébito de PIS, no valor de R$ 106,23. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico nº 841929786, não homologando a compensação porque o pagamento indigitado foi integralmente utilizado para quitação de débito de PIS do PA mai/2004, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DComp. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante esclareceu que atua no ramo de restaurante, com grande volume de venda de chopp, cervejas e refrigerantes e alegou que, de janeiro de 2004 a fevereiro de 2006, pagou as contribuições sociais sobre toda a receita de venda de mercadorias, sem a exclusão da base de cálculo da receita de venda dos produtos com tributação monofásica, razão pela qual entende ter pagado PIS a maior. Aduziu ter apresentado Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica DIPJ retificadora do período, corrigindo as informações referentes ao PIS e Cofins, passando a compensar os valores pagos a maior na quitação do PIS e Cofins dos meses seguintes a partir de março/2006, por meio de PER/DCOMP, e, após a ciência do referido DDE, apresentou também DCTF retificadora. A DRJ/BSB4ª Turma julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente. O Acórdão nº 03047.864, de 16 de abril de 2012, fls. 19 a 22, teve ementa vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 56DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2012 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por A LEXANDRE KERN Processo nº 10166.908088/200917 Acórdão n.º 3803003.487 S3TE03 Fl. 56 3 Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cuidase agora de recurso voluntário contra a decisão da 4ª Turma da DRJ/BSB. O arrazoado de fls. 27 a 33, após protesto de tempestividade e síntese dos fatos relacionados com a lide, lembra que o processo administrativo fiscal é informado pelos princípios da legalidade e da verdade material, transcrevendo ementa de julgados que ilustrariam essa orientação processual. Na continuação, resume a técnica de tributação concentrada dos produtos que comercializa (água, cerveja, chopp e refrigerante), explicando que, em decorrência da incidência da norma do art. 50 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, os mesmos são tributados à alíquota zero. Novamente, ilustra sua explanação com ementa de jurisprudência. Diz anexar ao recurso cópia de notas fiscais e os livros Registro de Entrada e Registro de Saída do período de interesse, que demonstraria o enquadramento dos produtos nessa situação especial. Retoma então a alegação de erro na apuração da contribuição social devida, ao calculála sobre toda a receita, sem a segregação da receita oriunda da comercialização dos referidos produtos. Acrescenta que o erro foi contornado mediante apresentação de DCTF e DIPJ retificadoras. Insiste no existência de direito creditório compensável, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro e 2005, e conforme jurisprudência que transcreve. Ainda segundo o recorrente, as Planilhas de Levantamento que instruem a peça recursal demonstrariam (a) a entrada do produto (bebidas) sujeito à tributação monofásica do Pis e da Cofins; (b) a saída desta mercadoria com alíquota zero; e (c) o direito creditório apurado com base na diferença entre a DIPJ/DCTF Original (tributação e pagamento sobre a totalidade das receitas auferidas) e a DIPJ/DCTF Retificadora (excluídas as receitas sujeitas a alíquota zero). Pede provimento, para o efeito de reconhecimento do direito creditório e homologação da compensação declarada. O processo administrativo correspondente foi materializado na forma eletrônica, razão pela qual todas as referências a folhas dos autos pautarseão na numeração estabelecida no processo eletrônico. É o Relatório. Fl. 57DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2012 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por A LEXANDRE KERN 4 Voto Conselheiro Alexandre Kern, Relator Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 27 a 33 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJBSB4ª Turma nº 03047.864, de 16 de abril de 2012. O recorrente, in limine, invoca o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito repetitório seja proposto sem a minudente demonstração e comprovação da existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Com essa introdução, pretendo afastar a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta Turma Recursal esteja constrangida a conhecer dos documentos que instruem o recurso: há evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF: o momento processual da apresentação da reclamação1. A decisão recorrida não acolheu a exceção de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação da DIPJ para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de reclamação administrativa, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia. No recurso voluntário, o interessado aporta aos autos novos documentos, que não haviam sido oferecidos à autoridade julgadora de primeira instância. A possibilidade de conhecimento desses novos documentos, não oferecidos à instância a quo, deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal. O PAF, assim dispõe, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será 1 A reclamação é o termo genérico empregado pelo art. 151, inc. III, do CTN para referirse às petições dirigidas à primeira instância julgadora administrativa. A Impugnação, referida pelo art. 14 do Decreto nº 70.235, de 1972, é a reclamação que controverte lançamento de ofício, em processos administrativos fiscais para formalização de constituição e exigência de créditos tributários. A Manifestação de Inconformidade, que interessa ao presente caso, é a reclamação contra Despacho Decisório que denega pedido de compensação, não homologa compensação, indefere pedidos de restituição ou ressarcimento de créditos ou que não reconhece direito à imunidade, á suspensão, à isenção e à redução de tributos e contribuições. Fl. 58DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2012 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por A LEXANDRE KERN Processo nº 10166.908088/200917 Acórdão n.º 3803003.487 S3TE03 Fl. 57 5 apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997).’ De acordo com as normas processuais, com aplicação analógica determinada pelo § 4º do art. 66 da Instrução Normativa RFB no 900, de 30 de dezembro de 2008, é no momento processual da reclamação que a lide é demarcada e o processo administrativo propriamente dito tem início, com a instauração do litígio, não se permitindo, a partir daí, a abertura de novas teses de defesa ou a apresentação de novas provas, a não ser nas situações legalmente excepcionadas. A este respeito, Marcos Vinícius Neder de Lima e Maria Tereza Martínez López2 asseveram que “a inicial e a impugnação fixam os limites da controvérsia, integrando o objeto da defesa as afirmações contidas na petição inicial e na documentação que a acompanha”. Antônio da Silva Cabral, no seu livro “Processo Administrativo Fiscal” (Ed. Saraiva: São Paulo, 1993, p. 172), assim se manifestou sobre o assunto: ‘O termo latino é muito feliz para indicar que a preclusão significa impossibilidade de se realizar um direito, quer porque a porta do tempo está fechada, quer porque o recinto onde esse direito poderia exercerse também está fechado. O titular do direito achase impedido de exercer o seu direito, assim como 2 Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado. São Paulo: Dialética, 2002, p. 67. Fl. 59DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2012 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por A LEXANDRE KERN 6 alguém está impedido de entrar num recinto porque a porta está fechada.’ Na página seguinte, o mesmo autor, reportandose aos órgãos julgadores de segunda instância, completa: ‘Se o tribunal acolher tal espécie de recurso estará, na realidade, omitindo uma instância, já que o julgador singular não apreciou a parte que só é contestada na fase recursal.’ Cintra, Grinover e Dinamarco, no livro Teoria Geral do Processo, assim se posicionam sobre a preclusão: ‘o instituto da preclusão ligase ao princípio do impulso processual. Objetivamente entendida, a preclusão consiste em um fato impeditivo destinado a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar o seu recuo para as fases anteriores do procedimento. Subjetivamente, a preclusão representa a perda de uma faculdade ou de um poder ou direito processual; as causas dessa perda correspondem às diversas espécies de preclusão[..]’ Ensinam, também, estes doutrinadores que: ‘A preclusão não é sanção. Não provém de ilícito, mas de incompatibilidade do poder, faculdade ou direito com o desenvolvimento do processo, ou da consumação de um interesse. Seus efeitos confinamse à relação processual e exauremse no processo.’ As alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, porquanto, embora o ato seja instituído em seu favor, não sendo praticado no tempo certo, surgem para a parte conseqüências gravosas, dentre elas a perda do direito de fazêlo posteriormente, pois operase, nesta hipótese, o fenômeno da preclusão, isto porque o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. De acordo com o § 4º do art. 16 do PAF, supratranscrito, só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: 1) relativas a direito superveniente; 2) competir ao julgador delas conhecer de ofício, a exemplo da decadência; ou 3) por expressa autorização legal. O § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. No caso desses autos, o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Fl. 60DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2012 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por A LEXANDRE KERN Processo nº 10166.908088/200917 Acórdão n.º 3803003.487 S3TE03 Fl. 58 7 No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. O recorrente tampouco comprovou a ocorrência de qualquer das hipóteses das alíneas “a” a “c” do § 4º do art. 16 do PAF, que justificasse a apresentação tão tardia dos referidos documentos. Desta forma, deixo de considerálos no julgamento da presente lide. A propósito dos documentos que instruem a peça recursal (planilha de levantamento do direito creditório pleiteado, cópia de extrato dos livros Registro de Entrada e Registro de Saída e cópia de 5 (cinco) notas fiscais que caracterizaria o auferimento de receita sujeita a alíquota zero), devese sublinhar que os mesmos não são suficientes para atestar liminarmente a liquidez e a certeza do crédito oposto na compensação declarada e demandariam a reabertura da dilação probatória, o que, de regra, como já visto, não se admite na fase recursal do processo. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação de documentos contábeis e/ou fiscais que patenteassem que o valor da contribuição do período de apuração de interesse (01/05/2004 a 31/05/2004) não atingiu o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito) e na DIPJ retificadora, de caráter meramente informativo. Como tal documentação não foi juntada no momento processual oportuno, quedou sem comprovação a certeza e liquidez dos créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Com essas considerações, nego provimento ao recurso. Sala das Sessões, em 25 de setembro de 2012 Alexandre Kern Fl. 61DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2012 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por A LEXANDRE KERN
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Numero do processo: 13877.000039/2005-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004
RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA.
A atualização monetária de ressarcimento de créditos do IPI merece indeferimento, uma vez que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, acompanhando jurisprudência do STJ, já decidiu que a atualização monetária somente seria devida quando houvesse oposição injustificada ao ressarcimento pela autoridade fiscal. Assim é que cabível a correção pela taxa Selic quando a oposição do Fisco se der em relação ao valor do crédito principal, e não quando houver oposição ao valor referente à atualização monetária.
Numero da decisão: 3101-001.340
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário.
Henrique Pinheiro Torres - Presidente.
Corintho Oliveira Machado - Relator.
EDITADO EM: 26/02/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Luiz Roberto Domingo, Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro e Corintho Oliveira Machado e Leonardo Mussi da Silva.
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. A atualização monetária de ressarcimento de créditos do IPI merece indeferimento, uma vez que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, acompanhando jurisprudência do STJ, já decidiu que a atualização monetária somente seria devida quando houvesse oposição injustificada ao ressarcimento pela autoridade fiscal. Assim é que cabível a correção pela taxa Selic quando a oposição do Fisco se der em relação ao valor do crédito principal, e não quando houver oposição ao valor referente à atualização monetária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Henrique Pinheiro Torres - Presidente. Corintho Oliveira Machado - Relator. EDITADO EM: 26/02/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Luiz Roberto Domingo, Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro e Corintho Oliveira Machado e Leonardo Mussi da Silva.
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ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. A atualização monetária de ressarcimento de créditos do IPI merece indeferimento, uma vez que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, acompanhando jurisprudência do STJ, já decidiu que a atualização monetária somente seria devida quando houvesse oposição injustificada ao ressarcimento pela autoridade fiscal. Assim é que cabível a correção pela taxa Selic quando a oposição do Fisco se der em relação ao valor do crédito principal, e não quando houver oposição ao valor referente à atualização monetária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Henrique Pinheiro Torres Presidente. Corintho Oliveira Machado Relator. EDITADO EM: 26/02/2013 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 87 7. 00 00 39 /2 00 5- 82 Fl. 138DF CARF MF Impresso em 11/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 28/03 /2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Luiz Roberto Domingo, Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro e Corintho Oliveira Machado e Leonardo Mussi da Silva. Relatório Adoto o relato do órgão julgador de primeiro grau até aquela fase: Trata o presente de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição de valores que o contribuinte calculou a título de correção monetária incidente sobre ressarcimentos já concedidos, por falta de previsão legal. A manifestante defende seu suposto direito com base em sua interpretação da legislação, a qual seria respaldada pelos princípios constitucionais e julgados que cita. A DRJ em RIBEIRÃO PRETO/SP julgou a Manifestação de Inconformidade Improcedente, ficando a ementa do acórdão com a seguinte dicção: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 RESSARCIMENTO DO IPI. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. Inexiste previsão legal para abonar atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes à taxa SELIC a valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório não Reconhecido. Discordando da decisão de primeira instância, a interessada apresentou recurso voluntário, no qual sustenta que o ressarcimento tem a mesma natureza da compensação e da restituição, aponta decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais que teria uniformizado a jurisprudência, acórdão publicado em 1998, e ao final requer a reforma do acórdão a quo, para que seja reconhecido seu direito creditório. Ato seguido, a Repartição de origem encaminhou os presentes autos para apreciação do órgão julgador de segundo grau. Relatados, passo a votar. Fl. 139DF CARF MF Impresso em 11/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 28/03 /2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 13877.000039/200582 Acórdão n.º 3101001.340 S3C1T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Relator O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Por várias vezes este Colegiado enfrentou essa discussão atualização monetária de ressarcimento de créditos do IPI com resultados diversos, dependendo da formação. Bem por isso deixo de analisar as duas teses trazidas (Fisco e contribuinte), por considerálas ambas bastante razoáveis, e estou por buscar a solução no último pronunciamento de que tenho notícia na mais alta instância deste Tribunal administrativo a Câmara Superior de Recursos Fiscais. A 3ª Turma da CSRF, em 18 de outubro de 2012, na apreciação do Processo nº 10935.002594/200276, da 9ªRF/DRF/Cascavel, por maioria dos votos, deu provimento ao recurso especial do Fazenda Nacional, decisão nº 9303002.172, contra o Acórdão nº 203 11.632 da 1ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes. Tratase de processo por meio do qual se discutia a atualização pela Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) de valores a serem ressarcidos pela Fazenda Pública. Naquela oportunidade, a CSRF, acompanhando jurisprudência do STJ, decidiu que a atualização monetária somente seria devida quando houvesse oposição injustificada ao ressarcimento pela autoridade fiscal. Acrescentou ainda que só era cabível a correção pela taxa Selic quando a oposição do Fisco fosse em relação ao valor do crédito principal e não quando houvesse oposição ao valor referente à atualização monetária. Assim, o recurso especial da Fazenda Nacional foi provido, por maioria dos votos, vencidos os Conselheiros: Nanci Gama, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Maria Teresa Martínez López. Ante o exposto, voto por DESPROVER do recurso voluntário, prejudicados os demais argumentos. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 11/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 28/03 /2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 4 Sala das Sessões, em 27 de fevereiro de 2013. CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Fl. 141DF CARF MF Impresso em 11/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 28/03 /2013 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S
score : 1.0
Numero do processo: 11065.002074/2005-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS
Período de Apuração: 01/12/2002 a 30/09/2004
BASE DE CÁLCULO DO PIS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Nos termos do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
No presente caso, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado na sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil, entendeu que o alargamento da base de cálculo do PIS, pelo art. 3º da Lei nº 9.718/98, é inconstitucional por alterar o conceito de faturamento devidamente consagrado no direito privado.
BASE DE CÁLCULO. PIS. CONCEITO DE RECEITA BRUTA. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RECUPERAÇÃO DE CUSTO DE EXPORTAÇÃO.
O conceito de crédito presumido de IPI relaciona-se, em casos de operações de exportação, com recuperação dos custos incorridos pelo contribuinte exportador.
Dessa forma, não pode ser qualificado como receita na medida em que tais ingressos financeiros têm como causa recuperação de despesa anteriormente suportada pelo contribuinte, neutralizando-se a anterior diminuição patrimonial.
CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS.
A cessão de créditos de ICMS não se constitui em base de cálculo da contribuição, por se tratar esta operação de mera mutação patrimonial, não representativa de receita.
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 3202-000.500
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Vencidos os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres e Charles Mayer de Castro Souza, que davam provimento parcial.
Nome do relator: GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS Período de Apuração: 01/12/2002 a 30/09/2004 BASE DE CÁLCULO DO PIS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Nos termos do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado na sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil, entendeu que o alargamento da base de cálculo do PIS, pelo art. 3º da Lei nº 9.718/98, é inconstitucional por alterar o conceito de faturamento devidamente consagrado no direito privado. BASE DE CÁLCULO. PIS. CONCEITO DE RECEITA BRUTA. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RECUPERAÇÃO DE CUSTO DE EXPORTAÇÃO. O conceito de crédito presumido de IPI relaciona-se, em casos de operações de exportação, com recuperação dos custos incorridos pelo contribuinte exportador. Dessa forma, não pode ser qualificado como receita na medida em que tais ingressos financeiros têm como causa recuperação de despesa anteriormente suportada pelo contribuinte, neutralizando-se a anterior diminuição patrimonial. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS. A cessão de créditos de ICMS não se constitui em base de cálculo da contribuição, por se tratar esta operação de mera mutação patrimonial, não representativa de receita. Recurso voluntário provido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS Período de Apuração: 01/12/2002 a 30/09/2004 BASE DE CÁLCULO DO PIS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Nos termos do art. 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil, entendeu que o alargamento da base de cálculo do PIS, pelo art. 3º da Lei nº 9.718/98, é inconstitucional por alterar o conceito de faturamento devidamente consagrado no direito privado. BASE DE CÁLCULO. PIS. CONCEITO DE RECEITA BRUTA. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RECUPERAÇÃO DE CUSTO DE EXPORTAÇÃO. O conceito de crédito presumido de IPI relacionase, em casos de operações de exportação, com recuperação dos custos incorridos pelo contribuinte exportador. Dessa forma, não pode ser qualificado como receita na medida em que tais ingressos financeiros têm como causa recuperação de despesa anteriormente suportada pelo contribuinte, neutralizandose a anterior diminuição patrimonial. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 2 2 A cessão de créditos de ICMS não se constitui em base de cálculo da contribuição, por se tratar esta operação de mera mutação patrimonial, não representativa de receita. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres e Charles Mayer de Castro Souza, que davam provimento parcial. Irene Souza da Trindade Torres Presidente Gilberto de Castro Moreira Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer Castro Souza e Wilson Sampaio Sahade Filho. Relatório Para melhor elucidação dos fatos ora analisados, transcrevo o relatório da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (“DRJ/POA”), como constante às fls. 120/123 que negou provimento à Impugnação da Recorrente, havendo por bem manter o lançamento consubstanciado no Auto de Infração e Imposição de Multa ora guerreado: Relatório Contra a empresa qualificada em epígrafe foi lavrado auto de infração de fls. 72 a 87 em virtude da apuração de falta de recolhimento do PIS, abrangendo o período de dezembro de 2002 a setembro de 2004, exigindo selhe o crédito tributário no valor total de R$ 34.851,80. O enquadramento legal encontrase a fls. 83, 84 e 86 Cientificada, a interessada apresentou, tempestivamente, a impugnação de fls. 91 a 116, na qual alegou, em síntese: Fl. 4DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 3 3 1 – Que as operações de transferência de créditos de ICMS para terceiros não se enquadram no conceito de receita ou faturamento e sequer a cessão destes créditos se realizaria a título oneroso. Explica que não ocorreria uma venda ICMS mas sim uma troca de ativos entre as empresas, sendo uma credora e outra devedora de ICMS junto ao estado do Rio Grande do Sul; 2 – Que careceria de fundamentação legal o procedimento da autuação em tributar as receitas oriundas dos ressarcimentos de crédito presumido de IPI, que seriam redutores de custos advindos do PIS/COFINS cobrados nas etapas anteriores pelos seus fornecedores. Acrescenta que, desta forma, estaria correto o lançamento contábil destes créditos, feito pela empresa como "Débito Ativo a Recuperar e Crédito Custos de produtos vendidos"; 3 – Que o Auto de Infração teria sido elaborado na forma indevida, pois o valor total das irregularides apuradas pela fiscalização teria sido descontado dos saldos credores apurados pela empresa nos processos de ressarcimento e compensação de n°s 13055.000040/2004 08, 13055.000039/200475, 13055.000038/200421, 13055.000037/2004 86, 13055.000036/200431, 13055.000058/2004 00, 13055.000138/200457, 13055.000003/200572, formalizandose a cobrança apenas do saldo restante. Afirma que o valor do presente Auto estaria irremediavelmente comprometido, pois a empresa já teria se utilizado daqueles valores objeto dos processos acima referidos, que foram abatidos do total das irregularidades apuradas. Questiona, também, tais descontos sobre valores dos referidos processos, sem o julgamento final deste auto de infração, o que sujeitaria o Contribuinte a penalidades junto à SRF. 4 – Questiona a legalidade e a constitucionalidade do alargamento do conceito de Faturamento, base de cálculo das exações do PIS/PASEP e da COFINS, promovido pelas Leis 9.718/98, 10.637/2002 e 10.833/2003. Conclui que também por este argumento, seria indevida a tributação de PIS sob se as transferências de ICMS e sobre os ressarcimentos de IPI incidente nos insumos exportado; 5 – Com relação aos juros de mora calculados pela taxa Selic, alegou que a Lei 9.065/95, que instituiu esta taxa para autilização no cálculo de juros de mora seria inconstitucional e não teria validade, acrescenta que a capitalização mensal de juros, com a qual trabalha a Selic, seria expressamente vedada pelo antigo Decreto 22.626/33 e pelo disposto na Sum 121 do STF. 6 – Que os dispositivos legais citados no Auto de Infração não seriam específicos e adequados para amparar a pretensão fiscal de que os ressarcimentos de crédito presumido de IPI devam ser considerados Fl. 5DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 4 4 como receitas, bem como sobre a incidência de PIS nas transferências de créditos de ICMS. Volta a comentar que o valor do presente Auto estaria irremediavelmente comprometido, pelas mesmas razões apontadas no item 3 anterior. Ao final, requer a baixa e o arquivamento total do auto de infração atacado, que a SRF não efetive quaisquer retificações dos processos de ressarcimento e compensação elencados, até a decisão final administrativa deste auto de infração e o recálculo dos demais valores de PIS remanescentes, após a decisão final, devido aos questionamentos da sua impugnação referentes à incidência do PIS sobre as receitas oriundas das transferências de créditos de ICMS e dos ressarcimentos de crédito presumido de IPI. A decisão de fls. 130/133, proferida pela DRJ/POA, foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2004 BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. O crédito presumido de IPI, previsto na Lei n° 9.363/96, integra a base de cálculo da contribuição, a partir de 02/1999. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DE PIS/PASEP E COFINS. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do Contribuinte, sendo base de cálculo para o PIS/PASEP e a COFINS até a vigência dos arts.7°, 8° e 9° da Medida Provisória 451, de 15 de dezembro de 2008. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. A autoridade julgadora de instância administrativa não é competente para apreciar a legalidade ou constitucionalidade das normas tributárias regularmente editadas. Lançamento Procedente Inconformada com a decisão da DRJ/Campinas, a qual decidiu por manter o crédito tributário lançado pela autoridade fiscal, a Recorrente apresentou o presente Recurso Voluntário de fls. 134/152, objetivando reformar a decisão em tela, alegando, em breve síntese, o que segue: a. Preliminarmente, a existência de vício formal irreparável, pela ausência de fundamentação legal para o procedimento da autuação, já que no relatório fiscal e no auto de infração não constaria base legal, a qual sequer existiria de fato, capaz de amparar o entendimento da fiscalização de que os créditos presumidos de IPI devam ser considerados como receitas operacionais, pois Fl. 6DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 5 5 na verdade tais créditos jamais deveriam estar incluídos na receita bruta da empresa por se tratarem de uma recuperação de custos da exportação; b. O crédito presumido de IPI foi instituído com a finalidade de eliminar o chamado "Custo Brasil" e representa um ressarcimento do PIS e da Cofins cobrados pelos fornecedores nas etapas anteriores à sua produção, assim, não havendo sentido em tributar novamente estes custos de produção devolvidos, o que inclusive contrariaria os objetivos do incentivo fiscal; c. A inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS, conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal e corroborado, no caso da Recorrente, pela decisão judicial proferida no processo 2005.71.08.0079376, transitada em julgado. É o relatório. Voto Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos de admissibilidade. Desta forma, dele tomo conhecimento e passo a analisar as questões de mérito. Por primeiro, no que respeita ao enquadramento legal, não há reparos a fazer, conforme se depreende da correta tipificação legal estatuída às fls. 11. Não procede, nesta parte, a argumentação da Recorrente. ALARGAMENTO DA BASE DO PIS No tocante ao alargamento da base de cálculo do PIS, é de se destacar, inicialmente, que o Excelso Supremo Tribunal Federal já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543B do Código de Processo Civil, ou seja, através de análise sob a sistemática de repercussão geral. O precedente proferido tem a seguinte ementa: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso Fl. 7DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 6 6 improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235/MG, Relator: Min. Cézar Peluso, julgado em 10/09/2008) Com isso, restou consolidado no âmbito do Excelso Pretório o entendimento de que é inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62 A: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B.} § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 7 7 Verificase, assim, que a referida decisão do Excelso Supremo Tribunal Federal deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No caso em questão, verificase que a autuação da Recorrente se deu com base no conceito de faturamento dado pelo artigo 3º da Lei nº 9.718/98, declarado inconstitucional pelo Pretório Excelso, na medida em que altera o conceito de faturamento, devidamente consagrado no direito privado brasileiro. Concluise, portanto, que, para efeitos do cálculo do PIS, devese considerar não o conceito de faturamento, dado pelo artigo 3º da Lei nº 9.718/98, mas sim o conceito de receita bruta, o que exclui o crédito presumido de IPI, senão vejamos. BASE DE CÁLCULO DO PIS. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. A questão ora analisada, ademais, remonta à delimitação da base de cálculo do PIS, devendose verificar sobre quais receitas tal exação deve incidir. Primeiramente, devese destacar que até 28 de maio de 2009, quando foi publicada a Lei n° 11.941/09, que em seu artigo 79, inciso XII, revogou o parágrafo 1º do artigo 3º da Lei n° 9.718/98, a base de cálculo da PIS era a mesma tanto para os regimes cumulativos e nãocumulativos. Para ambos os regimes do PIS incidia sobre o faturamento mensal dos contribuintes, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação contábil. Isto significa que, na sistemática antiga, objeto da presente discussão, as totalidades das receitas compunham a base de cálculo do PIS, incluindose também receitas de atividades não compreendidas no objeto social do Contribuinte, tais como receitas financeiras. Tal fato se deve na medida em que, em 1998, a Emenda Constitucional n° 20 (“EC 20/98) modificou a norma de competência instituidora do PIS, autorizando a sua incidência sobre “receita ou faturamento”, ampliando a base de cálculo da referida contribuição para o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação contábil, conforme anteriormente mencionado. Verificase que esta foi a sistemática adotada pela legislação infraconstitucional instituidora do PIS, conforme se depreende da análise dos artigos 2º e 3º da Lei n° 9.718/98, senão vejamos: Lei n° 9.718/98 Fl. 9DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 8 8 Art. 2°. As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3°. O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1°. Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.(...) Todavia, conforme já mencionado, o Excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 585.235, decidiu pela inconstitucionalidade do alargamento da base do PIS, na medida em que o artigo 3º da Lei nº 9.718/98 altera o conceito de faturamento devidamente consagrado no direito privado brasileiro. Portanto, que, para efeitos do cálculo do PIS, devese considerar não o conceito de faturamento, dado pelo artigo 3º da Lei nº 9.718/98, mas sim o conceito de receita bruta, qual seja, a totalidade das receitas auferidas pelo contribuinte, independentemente do tipo de atividade exercida ou a classificação contábil adotada pela pessoa jurídica para estas receitas. Dessa forma, para que haja a incidência do PIS, devese verificar quais são os ingressos de caixa que se enquadram neste conceito de receita. No caso ora analisado, a matéria de fundo diz respeito a verificação se os créditos presumidos de IPI se enquadram ou não no conceito de receita bruta e, conseqüentemente, ensejam a incidência do PIS. Conforme afirmado pela Recorrente em seu Recurso Voluntário, os créditos presumidos de IPI são, em realidade, incentivos fiscais concedidos pela lei para compensação ou ressarcimento de despesas com IPI, incorridas pelos Contribuintes, quando da industrialização de produtos destinados à exportação. Desta forma, é incorreto o enquadramento dos créditos resumidos de IPI como receita bruta, devendo ser encarados como recuperação de despesas anteriormente incorridas pelo Contribuinte. Em uma recuperação de despesa, não há que se falar na existência de receita. O Professor Marco Aurélio Greco, no artigo "Cofins na Lei nº 9.718/98 Variações cambiais e regime de alíquota acrescida" (Revista Dialética de Direito Tributário nº 50, p. 131) cuja passagem ora se transcreve, deixa muito claro que redução de despesa não é receita: "Ao atribuir competência para alcançar receitas, a CF/88 automaticamente, exclui do campo da tributação as 'despesas' (=feição negativa) (em sentido lato, abrangendo custos, dívidas etc.) realizadas pela pessoa jurídica. Assim, Fl. 10DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 9 9 o universo das receitas se opõe ao universo das despesas e este último não foi qualificado pela norma constitucional. (...) Em suma, os conceitos de receita e faturamento têm em comum abrangerem figuras positivas e não vicissitudes das despesas. Eventos que reduzam despesas, embora repercutam patrimonialmente, não configuram receitas e, portanto, não integram a respectiva base de cálculo da contribuição ao PIS e Cofins."(30) No mesmo sentido é o entendimento de José Antonio Minatel: "5.4. RECUPERAÇÃO DE CUSTO/DESPESA NÃO É RECEITA. Não se qualifica como receita o ingresso financeiro que tem como causa o ressarcimento, ou recuperação de despesa e de custo, anteriormente suportado pela pessoa jurídica, enquanto se revele suficiente para neutralizar a anterior diminuição patrimonial. Equiparase aos efeitos da indenização e, portanto, com essa natureza o valor recebido não ostenta qualidade para ser rotulado de receita, pela ausência do conteúdo material que a possa identificar. Assim, o valor recebido com a função de reembolsar despesa ou custo anteriormente suportado não pode ser qualificado como receita, ainda que com essa designação seja o evento indevidamente relatado pela escrituração contábil da pessoa jurídica, com a função de neutralizar a apuração do resultado, compensando o dispêndio que continua figurando equivocadamente no grupo da despesa. Mais uma vez, digase que não é o registro contábil que dá natureza aos fatos e, dessa forma, não pode ser qualificado como receita o ingresso que não revela qualquer contraprestação por exercício de atividade, nem mesmo remuneração em negócio jurídico que possa indicar cessão temporária e onerosa de direitos, além de faltar o ânimus para obtenção de disponibilidade de nova riqueza." (Conceito de Receita e Regimes de Apuração da COFINS. Porto Alegre: TRF 4ª Região, 2006 Currículo Permanente. Caderno de Direito Tributário: módulo 1, p. 19) No Dicionário de Termos Contábeis (São Paulo: Ed. Atlas, 1999), de autoria dos Professores Sérgio de Iudicíbus, José Carlos Marion e Elias Pereira, "RECEITA" tem a seguinte definição: "(1) representa a entrada de ativos, sob forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços... (2) receita de uma empresa durante um período de tempo representa uma mensuração do valor de troca dos produtos (bens e serviços) de uma empresa durante aquele período. (3)... (4) expressão monetária conferida pelo mercado à produção de bens e serviços da entidade, em sentido amplo, em determinado período..." Fl. 11DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 10 10 Em ambas os conceitos, a definição de receita está intrinsecamente relacionada à venda de bens e serviços que, via de regra, constituise no objeto da maioria das empresas Contribuintes. Vêse, dessa forma, que nem tudo o que contabilmente é considerado receita pode sêlo para fins de tributação do PIS. Isso porque ao conceber o conceito de receita para fins tributários, o legislador denotou uma necessidade de revelação de riqueza, o que não ocorre no caso em tela, na medida em que não se pode classificar um valor lançado a título de recuperação de despesa uma "Receita". Neste sentido, cumpre destacar os seguintes julgados do Colendo Superior Tribunal de Justiça que, analisando caso análogo, assim decidiu: TRIBUTÁRIO – CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI – LEIS 9.363/96 E 10.276/2001 – NATUREZA JURÍDICA – NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. 1. O STJ e o STF já definiram que: a) a base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, que equivale à receita bruta, resultado da venda de bens e serviços pela empresa; b) a Lei 9.718/98, ao ampliar a base de cálculo do PIS e da COFINS e criar novo conceito para o termo "faturamento", para fins de incidência da COFINS, com o objetivo de abranger todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, invadiu a esfera da definição do direito privado; c) a noção de faturamento inscrita no art. 195, I, da CF/1988 (na redação anterior à EC 20/98) não autoriza a incidência tributária sobre a totalidade das receitas auferidas pelos Contribuintes, não sendo possível a convalidação posterior de tal imposição, ainda que por força da promulgação da EC 20/98; d) é inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 (base de cálculo do PIS e da COFINS), o que impede a incidência do tributo sobre as receitas até então não compreendidas no conceito de faturamento da LC nº 70/91; e) desnecessária, no caso específico, lei complementar para a majoração da alíquota da COFINS, cuja instituição se dera com base no art. 195, I, da Carta Magna. 2. O legislador, com o crédito presumido do IPI, buscou incentivar as exportações, ressarcindo as contribuições de PIS e de COFINS embutidas no preço das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos pelo fabricante para a industrialização de produtos exportados. O produtorexportador apropriase de créditos do IPI que serão Fl. 12DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 11 11 descontados, na conta gráfica da empresa, dos valores devidos a título de IPI. 3. O crédito presumido do IPI tem natureza jurídica de benefício fiscal, não se constituindo receita, seja do ponto de vista econômicofinanceiro, seja do ponto de vista contábil, devendo ser contabilizado como “Recuperação de Custos". Portanto, não pode integrar a de cálculo do PIS e da COFINS. 3. Ainda que se considerasse receita, incabível a inclusão do crédito presumido do IPI na base de cálculo do PIS e da COFINS porque as receita decorrentes de exportações são isentas dessas contribuições. 4. Recurso especial não provido. (REsp 807.130/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/06/2008, DJe 21/10/2008) TRIBUTÁRIO – CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI DECORRENTE DE EXPORTAÇÕES – LEIS 9.363/96 E 10.276/2001 – NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. 1. Incabível a inclusão do crédito presumido do IPI na base de cálculo do PIS e da COFINS porque as receitas decorrentes de exportações são isentas dessas contribuições. Precedentes. 2. Recurso especial não provido. (REsp 1.096.429/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2009) Este mesmo entendimento também foi adotado pelo Conselho de Contribuintes, conforme pode ser verificado nos acórdãos abaixo transcritos: ASSUNTO: CONTRIBIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/10/2003, 31/12/2003, 31/01/2004, 31/08/2004, 31/07/2005, 31/10/2005, 31/12/2005 (...) BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI, NÃO INCLUSÃO. Não compõe o faturamento ou receita bruta, para fins de tributação da Cofins e do PIS, o valor do Crédito Presumido do IPI pela Lei nº 9.363/96, cuja natureza é de credito escritural incentivado do IPI. (...) Recurso Provido em Parte Fl. 13DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 12 12 (CARF, 3ª Seção de Julgamento, 4ª Câmara, 1ª Turma, Processo nº 12963.000015/200753, Recurso nº 241.775, Relator Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, julgado em 01/10/2009) Destaquese que o conselheiro relator Emanuel Carlos Dantas de Assis diz expressamente em seu voto que o crédito presumido de IPI deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS, mesmo após a Lei nº 9.719/98. Portanto, a única conclusão possível é pela impossibilidade de se caracterizar crédito presumido de IPI como receita, impossibilitando a procedência do lançamento ora analisado. Inclusive após a entrada em vigor da Lei 10.637/02, em dezembro de 2002. BASE DE CÁLCULO DO PIS. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS. No que tange a cessão de créditos de ICMS, entendo também caber razão ao Recorrente. Devese levar em consideração o fato de que, nos termos da sistemática tributária em questão, o ICMS é, por, expressa determinação constitucional, imposto não cumulativo, devendo se compensar em cada operação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado. Assim, na condição de imposto não cumulativo, o ICMS, eventualmente pode gerar saldos credores continuados na escrita fiscal do Contribuinte. Diversas são as hipóteses que podem ocasionar essa situação, tais como, saídas desoneradas do imposto com autorização para se manter os créditos, alíquota aplicável na saída menor do que a de aquisição, entre outras. O fato é que o crédito acumulado de ICMS gerado por um Contribuinte não pode ser enquadrado no conceito de receita supra mencionado e nem, tampouco pode ser equiparado a tal eis que tem natureza meramente contábil. De acordo com o Manual de Contabilidade da FIPECAFI, "o ICMS é um imposto incidente sobre o valor agregado em cada etapa do processo de industrialização e comercialização da mercadoria, até chegar ao consumidor final. O valor do imposto a ser pago pelas empresas é representado pela diferença entre o imposto incidente nas vendas e o imposto pago na aquisição das mercadorias que integram o processo produtivo, ou para serem revendidas. Por definição legal, o ICMS integra o preço de venda a ser cobrado do comprador". Ao final, está concluído que mesmo que não haja recolhimento do ICMS, em razão da apuração de saldo credor, "em nada isso altera o resultado, já que, conforme foi visto, o ICMS não é receita nem despesa". Quando a Contribuinte não encontra meios para realizar seu saldo de créditos, desde que atendidas às condições constantes do Regulamento do ICMS do respectivo Fl. 14DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 13 13 Estado Membro, o legislador previu, dentre outras, a possibilidade de transferência de créditos acumulados de ICMS para outra pessoa jurídica, que pode ser estabelecimento fornecedor, nas operações de compras de matériaprima, material secundário ou de embalagem máquinas, aparelhos e equipamentos industriais, isso quando o saldo de crédito supera os seus débitos. Assim, é muito comum que na existência de saldo de créditos acumulados de ICMS, os contribuintes realizem operações de cessão de créditos, mormente com seus fornecedores. Analisandose estas operações contabilmente, verificase que não há transito em contas de resultado, não representando ingresso de receita para a contribuinte. Ao contrário, tratase de pagamento de insumos via cessão de crédito. Não há circulação de dinheiro, tão somente a transferência de um direito que, no caso do ICMS será feita por meio da emissão de Nota Fiscal. A operação é escritural, sendo a transferência regida pela legislação de cada EstadoMembro. A cessão de créditos não pode ser comparada a uma venda de mercadorias, isto porque se trata de operação fiscal no qual a contribuinte possuidora dos créditos cede o direito de utilização a uma outra empresa, operação essa sem cunho comercial. Neste sentido, podese citar o recente julgado da E. Câmara Superior de Recursos Fiscais (“CSRF”) que, ao analisar o tema, proferiu a seguinte decisão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2001 a 16/02/2005 CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. A cessão de créditos de ICMS não se constitui em base de cálculo da contribuição, por se tratar esta operação de mera mutação patrimonial, não representativa de receita. Recurso Especial do Procurador Negado. (CSRF, Acórdão n° 0203.783, 2ª Turma, Processo n° 13005.000684/2005 64 Recurso n° 202137.936, Sessão de 11 de fevereiro de 2009, Recorrente: FAZENDA NACIONAL, Interessado: CALÇADOS MAJOLO LTDA.) No mesmo sentido é o acórdão 340300.708 da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 3ª Seção, em que foi relator o conselheiro Winderley Morais Pereira, cabendo destaque o seguinte excerto de seu voto: “A operação de transferência dos créditos ocorre normalmente com um repasse em valores ou mercadorias das empresas recebedoras dos créditos Fl. 15DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 11065.002074/200565 Acórdão n.º 3202000.500 S3C2T2 Fl. 14 14 as empresas cedentes. Entendo serem os valores recebidos em razão das transferências destes créditos de ICMS, operações de alteração patrimonial, visto que, os créditos não utilizados se constituem em direitos da empresa. Ao ceder os créditos, o valor recebido substitui no patrimônio, o valor ocupado anteriormente pelos créditos a serem recuperados que foram objeto da transferência. Portanto, temos uma simples permuta de contas do ativo, não gerando receitas. Conseqüentemente, os valores recebidos nas operações de transferência não sofrem a incidência do PIS e da COFINS por sua natureza jurídica não se revestir de receita. A matéria já foi enfrentada pela Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes no Acórdão nº 20218.714, na sessão do dia 12 de fevereiro de 2008, com relatoria do e. Conselheiro Antonio Zomer, quando foi decidido pela não incidência das contribuições sobre as receitas obtidas com a transferência de créditos de ICMS a terceiros.” Portanto, a contribuinte simplesmente deixou de utilizar as reservas de seu caixa para efetuar o pagamento, sem que isso passe a ser fato gerador das contribuições sociais. Além disso, aplicável também ao tema é a decisão do Excelso Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral (RE 585.235), que decidiu pela inconstitucionalidade do alargamento da base do PIS, na medida em que o artigo 3º da Lei nº 9.718/98 altera o conceito de faturamento devidamente consagrado no direito privado brasileiro. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente, reformandose a decisão da DRJ/POA, para excluir o crédito presumido de IPI, bem como as operações de cessão de crédito de ICMS para fins de incidência do PIS. Gilberto de Castro Moreira Junior Fl. 16DF CARF MF Impresso em 04/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente e m 03/09/2012 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIO, Assinado digitalmente em 09/09/2012 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES
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Numero do processo: 10768.008260/2002-85
Turma: Quinta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 1997, 1998
GLOSA DE DESPESAS. ACUSAÇÃO FISCAL DE PERDAS FORJADAS PARA REDUZIR O LUCRO REAL. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. Cumpre ao fisco fazer prova cabal da fraude imputada ao contribuinte que teria implicado na geração de perdas para reduzir os resultados tributáveis da empresa. Diante da insuficiência de provas, resta confirmar a decisão de 1a. instância que exonerou a exigência.
Recurso de Oficio Negado.
Numero da decisão: 1402-001.323
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Antônio José Praga de Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
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ACUSAÇÃO FISCAL DE PERDAS FORJADAS PARA REDUZIR O LUCRO REAL. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. Cumpre ao fisco fazer prova cabal da fraude imputada ao contribuinte que teria implicado na “geração” de perdas para reduzir os resultados tributáveis da empresa. Diante da insuficiência de provas, resta confirmar a decisão de 1a. instância que exonerou a exigência. Recurso de Oficio Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 82 60 /2 00 2- 85 Fl. 1145DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.146 2 Relatório A 6a. TURMA DRJ NO RIO DE JANEIRO I RJ, com fulcro no artigo 34 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF), recorreu a este Conselho em face da decisão de primeira instância, que julgou improcedente a exigência constituída contra a empresa ANGRA PARTICIPACOES LTDA, no valor total de R$ 2.866.609,83 (consectarios legais até maio de 2002, incluso a multa de oficio qualificada de 150%). O recurso foi apreciado pela 5a. Câmara do 1o. Conselho de Contribuintes que na assentada de 8/11/2006 proferiu o acórdão 10516.118, anulou a decisão recorrida, determinando que nova fosse proferida. Aludido acórdão traz a seguinte ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL RECURSO DE OFÍCIO SUPRIMENTO DE OMISSÃO NA APRECIAÇÃO DOS ARGUMENTOS DE LANÇAR PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO Tendo a decisão recorrida se omitido na apresentação do exame das razões de mérito 'relativamente a períodos não alcançados pela decadência ou qualquer outra preliminar, é de se repetir o julgamento para sanar a omissão por outro julgamento limitado à omissão, tornando assim possível a apreciação do recurso necessário. A DRJ proferiu então nova decisão, mantendo a exoneração integral do credito tributário, fls. 894 e seguintes, sendo que, em razão de sua pertinência, transcrevo o relatório da decisão recorrida: 1. Em decorrência da ação fiscal determinada pela DEINF/RJ, foram lavrados dois autos de infração para exigir da interessada: 1.1. no primeiro (fls. 564/568), imposto sobre a renda de R$ 420.905,09 (IRPJ), juros de mora e multa agravada; e 1.2. no segundo (fls. 569/573), contribuição social sobre o lucro líquido de R$ 393.438,46 (CSLL), juros de mora e multa agravada. 2. O auto de infração que exige IRPJ decorreu da glosa de perdas ocorridas nos anoscalendário de 1996 e 1997, em função de serem, segundo o autuante, oriundas de operações simuladas com opções flexíveis de dólar. 3. Alicerçouse a glosa das perdas nos artigos 195, 197, 242 e 243 do Regulamento do Imposto sobre a Renda aprovado pelo Decreto nº 1.041, de 11.01.1994 (RIR/1994). 4. A exigência da CSLL, fundada também na falta de comprovação das mesmas perdas, decorreu meramente do auto de infração que exige IRPJ, e se embasou no art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988, no art. 19 da Lei nº 9.249, de 1995, alterado pelo art. 2º da Emenda Constitucional nº 10, de 1996, nos artigos 1º e 2º da Lei nº 9.316, de 1996, e no art. 28 da Lei nº 9.430, de 1996. 5. No termo de verificação fiscal de fls. 518/563 (TVF), o autuante: 5.1. inicialmente, presta informações sobre a forma de constituição da interessada e os seus objetivos; Fl. 1146DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.147 3 5.2. registra o seu entendimento acerca do mercado de opções, de derivativos e de opções flexíveis de dólar; 5.3. conceitua “hedge”; 5.4. diz que, após analisar o patrimônio da interessada, não verificou a existência de riscos que justificassem a contratação de operações de opções flexíveis a título de “hedge” no volume em que foi contratado; e 5.5. depois, relata, em síntese: 5.5.1. que, com base no Razão e nas notas de negociação e no relatório de movimentação, ambos emitidos pela Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F (fls. 148/166), verificou a ocorrência de nove operações realizadas entre 29.01.1996 e 23.01.1997; 5.5.2. que o ativo objeto de oito dessas operações, segundo um demonstrativo apresentado no próprio termo de verificação fiscal (fls. 532), era o dólar americano, e o da operação restante era o IBV; 5.5.3. que, exceto a última, realizada em janeiro de 1997 e cuja contraparte foi uma empresa denominada Vic Ltda., as demais foram intermediadas pelas corretoras Quality e Somartec, e tiveram como contraparte essas mesmas corretoras; 5.5.4. que a terceira e a oitava operações apresentadas no referido demonstrativo foram realizadas em mercado de balcão e contabilizadas com base nas notas de negociação emitidas pela corretoras que as intermediaram; as demais foram registradas na BM&F, conforme comprova o relatório de fls. 130/133; 5.5.5. que, pelo fato de a interessada ter computado, como despesas dedutíveis, as perdas apuradas nas operações, decidiu verificar se os ganhos auferidos pelas contrapartes foram oferecidos à tributação; 5.5.6. que diligências realizadas na Quality e Somartec revelaram que elas intermediaram tais operações por conta de Swap Com. Imp. Exp., Maranduba Comercial, Construdino Eng. e Construções, Montreal Assessoria, Multipar Empreendimentos, Santa Juliana Construções e Empril Assessoria; 5.5.7. que os sistemas informatizados da então Secretaria da Receita Federal revelaram: a) que essas empresas se encontravam em situação não regular (por jamais ter apresentado declaração de rendimentos ou feito qualquer tipo de recolhimento) ou inapta (ausência de declarações desde o exercício de 1997); b) que não se localizavam e talvez jamais tenham se localizado nos endereços fornecidos à Secretaria da Receita Federal; e c) que não foram encontrados nem os seus proprietários nem as pessoas que constavam nos cadastros da SRF como seus representantes legais; 5.5.8. que, desse modo, tornouse impossível comprovar o registro e a tributação dos ganhos obtidos pelas contrapartes nos negócios que, em contrapartida, resultaram em perdas para a interessada; 5.5.9. que a ação fiscal foi deflagrada por uma representação da Delegacia de Instituições Financeiras em São Paulo, para investigar os envolvidos na CPI dos Títulos Públicos; 5.5.10. que, de acordo com as investigações procedidas pela Polícia Federal, várias empresas foram constituídas de forma fictícia, com o intuito de desviar recursos públicos; Fl. 1147DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.148 4 5.5.11. que o resultado de tais investigações é mais uma prova de que a interessada, em 1996 e 1997, tinha pleno conhecimento de que as contrapartes das operações em questão eram inidôneas; 5.5.12. que essas operações, embora revestidas de uma série de formalidades, tais como boletos de operação, registros nos arquivos da BM&F e intermediação de corretoras de valores, nunca ocorreram de fato e tiveram como exclusivo objetivo apenas forjar prejuízos dedutíveis na apuração do imposto de renda e transferir recursos para terceiros; 5.5.13. que é bastante ilustrativo da premeditação do prejuízo, o fato de uma experiente instituição financeira, como era a interessada, perder R$ 448.000,00 que, à época, representavam em torno de US$ 448.000,00 em negócios financeiros realizados com empresas comerciais, de participação, de assessoria e até mesmo de construção, quando o corriqueiro é ocorrer exatamente o contrário; ou seja, nas vezes em que empresas não financeiras se aventuram nos mercados de risco, elas, em geral, acabam amargando prejuízos; e 5.5.14. que o dolo está caracterizado, ao menos em tese, pelo fato de a interessada, apesar de conhecer detalhadamente os procedimentos de registro e as características das operações de opções flexíveis, contratar operações desse tipo com pessoas inidôneas, para simultaneamente estabelecer um fluxo de pagamentos a terceiros não identificados e registrar uma despesa cuja conseqüência é a redução do recolhimento de impostos e contribuições. 6. Cientificada das exigências em 21.05.2002, a interessada as impugnou no dia vinte do mês seguinte (fls. 595/661). Alegou, em síntese: 6.1. que, por serem o IRPJ e a CSLL tributos submetidos a lançamento por homologação e terem os seus fatos geradores ocorrido nos meses de dezembro de 1996 e de 1997, já havia se expirado, à época da lavratura e ciência dos autos de infração maio de 2002, o prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN, pelo menos quanto aos fatos geradores ocorridos em 1996; 6.2. que ainda que se entenda que a suposta infração que lhe foi imputada estivesse eivada de dolo, fraude ou simulação, também já teria se consumado a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo a 1996; 6.3. que, verificado o dolo, a fraude ou a simulação em relação a tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a jurisprudência administrativa entende que a regra de decadência se desloca do § 4º do art. 150 do CTN para uma das hipóteses do art. 173 do mesmo código, como demonstram as ementas que transcreveu; 6.4. que, de acordo com o referido art. 173, operase a decadência, como regra geral, no prazo de cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, e que, caso já tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento, o prazo de decadência se inicia na data dessa notificação; 6.5. que a jurisprudência administrativa se consolidou no sentido de que a entrega da declaração de rendimentos é medida indispensável à constituição do lançamento e, por conseguinte, que o prazo decadencial do IRPJ e da CSLL se inicia na data da sua entrega e não no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; 6.6. que, no presente caso, como a sua declaração de rendimentos relativa ao períodobase de 1996 foi apresentada em 28.04.1997 (fls. 733), o direito à Fl. 1148DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.149 5 constituição do crédito tributário referente aos fatos geradores ocorridos naquele período decaiu em 28.04.2002; e 6.7. que, assim, o lançamento lavrado em 16.05.2002, do qual ela tomou ciência no dia vinte e um seguinte, foi fulminado pela decadência. 7. No que tange ao mérito, argumentou basicamente: 7.1. que, do início de 1996 a janeiro de 1997, acreditava na desvalorização do real frente ao dólar; 7.2. que, por isso, adquiriu, por meio de operações com opções flexíveis de câmbio, o direito de comprar dólares por valores previamente ajustados; 7.3. que, frustrandose a sua expectativa, deixou de exercer o direito de comprar a moeda norteamericana e, assim, sofreu perdas correspondentes aos prêmios pagos; 7.4. que tais perdas foram glosadas sob o argumento de que elas não eram necessárias e que decorreram de operações simuladas com opções flexíveis registradas na Bolsa de Mercadorias e de Futuros (BM&F); 7.5. que eram desnecessárias para suas atividades, segundo o autuante, porque: a) as opções tinham natureza de cobertura de riscos (hedge) e ela não corria riscos que justificassem a proteção; e b) que as perdas com opções não guardaram qualquer correlação lógica com os resultados positivos da sua atividade principal, a de intermediação financeira de títulos e valores mobiliários; 7.6. que foram simuladas as operações porque ela conhecia as contrapartes das operações e porque havia indícios de que as operações foram realizadas com fins outros que não os normais; 7.7. que o conhecimento das contrapartes por ela foi inferido a partir de declaração de representante da BM&F de que, nas operações com opções flexíveis sem garantia, os contratantes se conhecem; 7.8. que a presunção de que as operações não foram realizadas para seus fins normais partiu: a) da improbabilidade das perdas sofridas, uma vez que a sua experiência no mercado financeiro seria muito maior que a das contrapartes, empresas comerciais; b) do fato de não ter exigido qualquer tipo de garantia das contrapartes para efeito de recebimento de eventual ganho auferido nas operações; e c) da convicção de que elas, empresas inidôneas e inativas, não ofereceram à tributação os ganhos auferidos nas operações; 7.9. que, nesse particular, o auto é também improcedente, pois: 7.9.1. as operações com opções flexíveis não se prestam apenas a “hedge”; podem ser também especulativas; 7.9.2. as operações em questão tiveram finalidade especulativa, e essa é uma atividade típica das instituições de mercado, como é o seu caso, razão pela qual as respectivas perdas são inerentes ao seu negócio, conforme reconhecido em lei; 7.9.3. em decorrência do princípio da legalidade, a ocorrência do fato gerador do tributo deve ser provada, e não apenas presumida pela autoridade administrativa, como o foi; e 7.9.4. além de não ter havido a prova, as suposições do autuante foram extraídas de premissas equivocadas, haja vista: a) que ela não conhecia as contrapartes das operações, as quais foram liquidadas por intermédio de corretoras; b) que não auferiu nenhum benefício com as operações, uma vez que os prêmios pagos não lhe Fl. 1149DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.150 6 foram restituídos nem mesmo indiretamente; c) que as operações foram efetuadas com o propósito normal de lucro, e o prejuízo sofrido decorreu do risco inerente à natureza especulativa do negócio; d) que as opções adquiridas foram regulares, tanto que foram objeto de registro na BM&F, e não apresentaram parâmetros artificiais nem nenhuma outra característica encontrada em operações fraudulentas; e e) que a dedutibilidade das perdas não está nem poderia estar condicionada à tributação dos ganhos auferidos pelas contrapartes nas operações. 8. Depois de dizer que o autuante argüiu que as operações contratadas não eram necessárias às suas atividades porque as opções flexíveis têm natureza de cobertura de riscos (“hedge”) e ela não corria riscos que justificassem essa cobertura, houve por bem a interessada explicar: 8.1. que as operações com opção flexível podem ser praticadas não só com finalidade de proteção, mas também com fins especulativos; 8.2. que “hedge” e especulação são propósitos antagônicos, mas podem legitimamente justificar a celebração de contratos de opção; 8.3. que foi exatamente o que ela fez sem qualquer simulação; 8.4. que a perda sofrida com a negociação de uma opção com fins de “hedge” é tão dedutível quanto uma com fins especulativos, não havendo lei que faça tal distinção; 8.5. que, muito pelo contrário, no caso de instituições de mercado, como ela era, há lei que permite deduzir as perdas sofridas nas operações de renda variável realizadas em bolsa ou no mercado de balcão, independentemente de terem fins de “hedge” ou de especulação; 8.6. que, com efeito, assim dispõem os artigos 76 e 77 da Lei nº 8.981, de 1995, com as alterações introduzidas pelas Leis nº 9.065 e nº 9.249, ambas de 1995: "Art. 76. O Imposto sobre a Renda retido na fonte sobre os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável, ou pago sobre os ganhos líquidos mensais, será: § 4° Ressalvado o disposto no parágrafo anterior, as perdas apuradas nas operações de que tratam os arts. 72 a 74 somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o limite dos ganhos auferidos em operações previstas naqueles artigos. Art. 77. O regime de tributação previsto neste Capítulo não se aplica aos rendimentos e ganhos líquidos: I em aplicações financeiras de renda fixa de titularidade de instituição financeira, inclusive sociedade de seguro, previdência e capitalização, sociedade corretora de títulos, valores mobiliários e câmbio, sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários ou sociedade de arrendamento mercantil. III nas operações de renda variável realizadas em bolsa, no mercado de balcão organizado, autorizado pelo órgão competente, ou através de fundos de investimento, para a carteira própria das entidades citadas no inciso I; V em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsa de valores, de mercadoria e de futuros ou no mercado de balcão"; 8.7. que, no caso de “hedge”, as perdas sofridas em operações de bolsa ou de balcão são dedutíveis sem qualquer restrição tanto para as pessoas jurídicas nãofinanceiras Fl. 1150DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.151 7 quanto para as instituições de mercado (art. 77, V). Todavia, em relação às perdas sofridas em operações especulativas realizadas em bolsa ou no mercado de balcão, a lei dispensou tratamento tributário diferenciado às instituições de mercado, até mesmo às distribuidoras de títulos e valores mobiliários, como era o seu caso; enquanto para as empresas nãofinanceiras tais perdas somente são dedutíveis até o limite dos ganhos auferidos em operações realizadas nos mesmos mercados (art. 76, § 4º), para as instituições de mercado tais perdas são dedutíveis na determinação do lucro real sem qualquer restrição (art. 77, III); e 8.8. que o autuante reconheceu o caráter especulativo das suas operações, na medida em que não identificou, nos seus saldos patrimoniais, riscos a serem cobertos por operações de “hedge”, mas equivocouse ao imaginar que a finalidade das operações com opções flexíveis seria, pelo fato de ela não possuir riscos, a de simular perdas. 9. Em seguida, a interessada passou a atacar a acusação de que teria havido simulação nas operações por ela realizadas. Assim, alegou, em resumo: 9.1. que, segundo o autuante, tais operações foram simuladas, uma vez que o seu real objetivo foi transferir recursos a terceiros e simultaneamente aumentar suas perdas dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL; 9.2. que, considerando que ninguém desembolsaria cem por cento (correspondentes às perdas) para auferir benefício tributário de apenas quarenta e oito por cento (correspondentes à aplicação das alíquotas do IRPJ e da CSLL, vigentes à época, sobre as perdas incorridas), cabia ao autuante provar que os respectivos prêmios não foram pagos ou que lhe foram de alguma forma, direta ou indiretamente, restituídos, para demonstrar a simulação existente nas operações realizadas com opções flexíveis; não há, porém, uma única prova nesse sentido nas quarenta e seis páginas do TVF; 9.3. que, ao contrário, constatase que as operações realizadas estão amparadas por documentação que comprova a sua efetividade e regularidade bem como a efetividade da respectiva liquidação financeira, a qual é sempre feita por intermédio das corretoras que representam os investidores; 9.4. que as operações foram intermediadas pelas corretoras Quality, Somartec e Liquidez, com a devida obediência às regras e aos parâmetros expedidos pela BM&F; 9.5. que todas elas estão suportadas por notas de negociação (fls. 738/747); 9.6. que, exceto a realizada em 29.05.1996, as demais constam do relatório emitido pela BM&F (fls. 749/752), que comprova o registro das operações naquela entidade; 9.7. que, nesse particular, cumpre ressaltar que o registro das operações na BM&F é de responsabilidade exclusiva das corretoras que as intermedeiam, e que a eventual falta de registro de uma operação não pode justificar a glosa da respectiva perda, considerandose que o prêmio referente à compra da opção foi pago por meio da corretora interveniente; 9.8. que a operação realizada em 29.01.1996 foi liquidada por meio de cheque em favor da Quality (fls. 754) e sacado por ela, conforme comprova o extrato bancário de fls. 756; 9.9. que as demais operações, até mesmo a não registrada na BM&F por omissão da corretora, foram liquidadas por intermédio da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP), conforme os documentos de fls. 758/766; Fl. 1151DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.152 8 9.10. que, dos documentos acostados à impugnação, inferese que apenas as corretoras tinham relação direta com os investidores ditos inidôneos; 9.11. que o autuante afirmou que ela conhecia as contrapartes das operações com base na carta de fls. 469, na qual a BM&F declara que, nas operações com opções flexíveis sem garantia, as partes se conhecem; 9.12. que, no entanto, em uma outra carta (fls. 769 e 770), a BM&F, ao ser indagada se podem as corretoras intermediar, registrar e levar a termo as operações com opções flexíveis sem garantia e efetuar a liquidação sem que seus respectivos clientes se conheçam, respondeu que “tratandose de operações sem garantia que, portanto, oferecem risco de crédito para os contratantes, as partes devem se conhecer. Todavia, podem ocorrer situações em que as partes não se conhecem. Essas situações ocorrem quando uma corretora, em face do mandato que lhe é outorgado no contrato de intermediação corretora/cliente (administração da corretora), age por conta e ordem do cliente”; 9.13. que um ponto crucial da nova carta da BM&F, o qual não constava da carta anterior, a de fls. 469, é o de que o conhecimento recíproco entre os contratantes não pode ser atestado quando há corretora atuando por conta e ordem de cliente; e 9.14. que, assim, resta demonstrado que, em operações realizadas por corretoras por conta e ordem de seus clientes, não é obrigatório nem indispensável que as partes se conheçam, e que, de resto, a simples possibilidade de os contratantes não se conhecerem já é suficiente para impedir que se repute provada uma das premissas em que se baseou o autuante para presumir simuladas as operações. 10. No que tange à regularidade das operações em questão, ponderou a interessada, em suma: 10.1. que as perdas decorreram de uma estratégia especulativa centrada na expectativa de que o dólar iria se valorizar acima dos parâmetros da política cambial vigente à época; 10.2. que tal expectativa decorria, por sua vez, de diversos fatores macroeconômicos e até mesmo: a) da crise do México ocorrida em 1995, em razão da qual o Brasil alterou sua política monetária, aumentando a taxa de juros; e b) da introdução do sistema de bandas cambiais, sem um compromisso firme do Governo Federal em sustentar tal política cambial; 10.3. que, no entanto, a esperada desvalorização só veio a ocorrer tempos depois; 10.4. que, como argumento adicional para demonstrar a ausência de artificialismos nas operações realizadas, deve ser registrado que as perdas sofridas derivaram de pequena variação do dólar, pois, caso o real tivesse se desvalorizado acima dos percentuais de 1,73%, 0,63%, 0,41%, 0,74%, 1,10%, 0,43% e 2,81% quando da liquidação das operações cujos vencimentos ocorreram em março, junho, julho, agosto, outubro, novembro e dezembro de 1996, respectivamente, ela teria auferido lucros, por ter adquirido as opções; 10.5. que o fato de ela não exigir garantia quando da contratação das opções não serve como prova de simulação porque a exigência ou não de garantias depende exclusivamente da política de risco de cada investidor; 10.6. que, a propósito, ela não recebia nem oferecia garantias em suas operações de intermediação financeira; 10.7. que a sua garantia residia, em última análise, nas corretoras que atuavam por conta e ordem das contrapartes e não nestas últimas, que ela sequer conhecia; Fl. 1152DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.153 9 10.8. que também obteve ganhos em operações com opções flexíveis (fls. 749/752), os quais lhe foram creditados pelas corretoras intervenientes; 10.9. que o fato de as contrapartes estarem em situação irregular perante a Receita Federal e não terem oferecido à tributação os ganhos obtidos não serve para demonstrar o intuito de fraude que, segundo o autuante, motivou as operações com opções flexíveis; 10.10. que é absurda a glosa das perdas sofridas, sob o fundamento de que os ganhos auferidos pelas contrapartes não foram oferecidos à tributação, porque, nos termos da legislação tributária, a eliminação de determinada despesa somente é justificada pela falta de comprovação ou pela desnecessidade dela; e 10.11. que, assim, restou demonstrado que os indícios levantados pelo autuante não são fatos comprovados e, portanto, não revelam irregularidade alguma nas operações discutidas nem caracterizam a alegada simulação das perdas. 11. A interessada reclamou também do procedimento fiscal, por ele ter desrespeitado, segundo ela, o princípio da legalidade e da tipicidade. Alegou, em síntese: 11.1. que o lançamento tributário só é válido se demonstrada a ocorrência do fato gerador do imposto, pois a exação baseada em mera possibilidade dessa ocorrência ofende os princípios da legalidade e da tipicidade; 11.2. que, no entanto, a autuação decorreu de presunção simples, que é aquela que parte de um fato conhecido (indício) e, depois de estabelecer uma relação de causalidade, chega a um fato desconhecido que é o resultado lógico de um encadeamento de fatos; 11.3. que, quando essa relação de causalidade é prevista em lei, a presunção é classificada como legal; 11.4. que, nestes autos, o autuante presumiu simuladas as operações realizadas a partir das premissas de que ela conhecia as contrapartes e de que tais operações foram praticadas com fins outros que não os normais; e 11.5. que, como essa presunção não está prevista em lei e não foi comprovada a relação de causalidade exclusiva entre as premissas e a simulação da perda, o procedimento fiscal não pode prevalecer. 12. Também reclamou a interessada: 12.1 que não foi considerada, na determinação da matéria tributável do IRPJ do anocalendário de 1996, a CSLL apurada de ofício; e 12.2. que a jurisprudência administrativa é no sentido de que tal contribuição era, até o anobase de 1996, dedutível na apuração do IRPJ, conforme comprovam as ementas de acórdãos do Conselho de Contribuintes transcritas na impugnação. 13. Por fim, a interessada investiu contra o auto de infração que lhe exige CSLL. Disse: 13.1. que, em razão da decorrência do de IRPJ, ele é improcedente pelas mesmas razões expostas contra aquele outro; 13.2. que, todavia, mesmo no caso de o auto de infração principal ser declarado procedente, a exigência da CSLL reflexa deve ser modificada, de forma que a alíquota empregada no seu cálculo seja igual à aplicável às pessoas jurídicas não financeiras e, assim, seja respeitado o princípio da isonomia; e Fl. 1153DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.154 10 13.3. que o aumento da CSLL pela Emenda Constitucional nº 10, de 04.03.1996, ofendeu: a) a forma federativa de estado e o princípio da legalidade, uma vez que emenda constitucional não é lei da União Federal nem instrumento legislativo idôneo para aumento de tributos federais; e b) os princípios da anterioridade e da irretroatividade da lei, pois foi cobrado sobre fatos geradores iniciados em 01.01.1996. 14. Ao julgar os autos de infração, esta Turma de Julgamento, que, à época, tinha outra composição, proferiu o acórdão nº 8.893, de 17.11.2005 (fls. 815/817), assim ementado: “IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir crédito tributário relativo ao imposto de renda decai em cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, salvo ocorrência comprovada de dolo, fraude ou simulação, em virtude de, desde o advento da Lei nº 8.383, de 1991, ser por homologação o lançamento do referido tributo”. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. DESPESAS OPERACIONAIS. NEGÓCIOS COM OPÇÃO FLEXÍVEL DE DÓLAR. PERDAS. COMPROVAÇÃO. Descabe a glosa das perdas verificadas em negócios com opção flexível de dólar, se a fiscalização não logra comprovar que tais perdas foram forjadas para reduzir a base de cálculo do tributo. Lançamentos Improcedentes” 15. Ao apreciar o recurso de ofício interposto pelo presidente da Turma de Julgamento, a Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes houve por bem: a) anular o referido acórdão, sob o argumento de que a decisão recorrida se omitiu “na apresentação do exame das razões de mérito relativamente a períodos não alcançados pela decadência ou qualquer outra preliminar”; e b) determinar a repetição do julgamento, com a recomendação de que ele deve se limitar à omissão. 16. Cientificada do acórdão em 15.03.2007, a interessada apresentou, na mesma data, a petição de fls. 870 e 871, na qual informou que não apresentará recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais por confiar que a total improcedência do lançamento será confirmada pela nova decisão de 1ª instância a ser proferida. 17. À petição ela anexou memorial dirigido aos conselheiros da câmara que julgou o recurso de ofício (fls. 872/875) e um parecer econômico de autoria da Tendências Consultoria Integrada sobre as suas operações com opções flexíveis realizadas em 1996 e 1997. A nova decisão recorrida. está assim ementada: LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir crédito tributário relativo ao imposto de renda decai em cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, salvo ocorrência comprovada de dolo, fraude ou simulação, em virtude de, desde o advento da Fl. 1154DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.155 11 Lei nº 8.383, de 1991, ser por homologação o lançamento do referido tributo. CUSTOS OPERACIONAIS. NEGÓCIOS COM OPÇÃO FLEXÍVEL DE TAXA DE CÂMBIO. PERDAS. COMPROVAÇÃO. As efetivas perdas em negócios com opção flexível de taxa de câmbio são admissíveis como operacionais, por serem inerentes e normais ou usuais nas atividades das instituições financeiras, e reduzem regularmente, portanto, o seu lucro real, de acordo com o art. 242 do RIR/1994. DESPESAS OPERACIONAIS. NEGÓCIOS COM OPÇÃO FLEXÍVEL DE TAXA DE CÂMBIO. PERDAS. COMPROVAÇÃO. Descabe a glosa das perdas verificadas em negócios com opção flexível de taxa de câmbio quando não há comprovação de que tais perdas foram forjadas para reduzir a base de cálculo do tributo. Transcrevese os fundamentos do voto condutor do acórdão em tela: Mesmo suspeitando que o emprego da expressão “em tese” decorreu da orientação do referido manual, não deixa de ser sintomática a insistência do autuante em mencionála nos três primeiros parágrafos do tópico 2.11.3 do termo de verificação fiscal, dedicado ao assunto dolo. Ela é o primeiro sinal da desconcertante escassez de provas e da imensa fragilidade dos indícios de simulação reunidos durante a auditoria que ele tenta suprir com abundantes considerações e suposições. Nem mesmo a constatação de que a Swap Com. Imp. Exportação, a Maranduba Comercial, a Construdino Engenharia e as demais pessoas jurídicas indicadas no quadro de fls. 534 não passam de empresas de fachada, por assim dizer, constitui vestígio de que houve simulação nas operações examinadas, porque o autuante, afinal, nem conseguiu reunir dados que estabelecessem qualquer liame entre elas e a interessada. Provas há, no entanto, de que tais empresas eram clientes das corretoras Quality, Somartec e Liquidez e que as negociações foram realizadas entre a interessada e aquelas corretoras (fls. 738/747). Observo ainda que o autuante nem conseguiu apurar quem foi a verdadeira beneficiária dos lucros derivados das operações suspeitas, a qual, por sinal, teria que ser direta ou indiretamente a interessada, para se justificar a autuação. Afinal, não é admissível supor que alguém suporte despesa apenas com o fito de aproveitar a redução do ônus tributário que a sua escrituração implica, haja vista que este é significativamente menor que a própria despesa. Abro parêntesis aqui para registrar que estes autos são bastante semelhantes, quase idênticos, aos do processo nº 10768.011073/200289 cujo objeto é um auto de infração lavrado pela mesma Delegacia Especial de Instituições Financeiras no Rio de Janeiro (DEINF/RJ), acompanhado também de um termo de verificação fiscal. Naqueles autos, assim como nestes, a interessada especulou com opções flexíveis de taxa de câmbio em 1996, amargou perdas com tais operações e os ganhos produzidos em contrapartida foram colhidos por empresas de fachada, já que elas não foram encontradas nos endereços fornecidos à Receita Federal, ninguém as conhecia, não apresentavam declarações de rendimentos, etc. Coubeme relatar aquele processo quando ainda integrava a 9ª Turma desta Delegacia de Julgamento. No voto condutor ao acórdão nº 2.614, de 20 de dezembro de 2002, no qual aquela Turma acordou unanimemente julgar improcedente o lançamento, deixei claro que não ficou comprovado, nos autos, que foram forjadas Fl. 1155DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.156 12 as perdas amargadas pela instituição financeira. O ponto central da acusação de que teria havido simulação nas operações que implicaram as perdas era a certeza do autuante de que a interessada naquele processo conhecia as clientes da corretora Quality, a qual figurava como contraparte naquelas operações. Tal certeza provinha de uma informação contida na carta enviada pela BM&F à DEINF/RJ da qual uma cópia se encontra às fls. 469 deste processo. Essa informação era a de que, na modalidade sem garantia como se operaram as opções flexíveis negociadas parte e contraparte se conhecem. Talvez pelo fato de eu nutrir um certo interesse pelo mercado financeiro, de me sentir atraído pela Bolsa de Mercadorias e Futuros e pela Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) a ponto de me aventurar em operações nesta última, por não ser, enfim, totalmente leigo nesse assunto, não reputei convincente a informação prestada pela BM&F. Ela não era peremptória e não me pareceu muito segura nem sei bem por quê. Não posso negar que me chamou a atenção o fato de ela ter sido assinada por um advogado, profissional que, em geral e sem nenhum preconceito, não morre de amores pelo mercado financeiro e tampouco pelas vísceras das Bolsas de Valores e de Mercadorias. Estou certo, porém, que não foi essa a razão da minha suspeição. Como, nas minhas incursões pelo mercado de capitais, seja no pregão, seja no mercado de balcão, eu não sei quem me vende ações e opções nem quem compra as minhas posso saber apenas quais são as corretoras envolvidas nas negociações resisti a confiar nessa informação, a qual, para mim, longe de ser uma prova cabal, era apenas um indício, não mais que um simples indício de que nas operações flexíveis sem garantia parte e contraparte se conheciam. Assim, ela não foi suficiente para me convencer da simulação das operações, até porque não havia nada mais nos autos que sugerisse que a interessada e as empresas de fachada se conheciam. (...) à vista das informações contidas na nova carta da BM&F esta firmada pelo seu diretor geral (fls. 769/770) e autenticada, conforme documento de fls. 814 ratificariam aquela decisão. Merece memorização o seguinte trecho daquela carta: “Tratandose de operações sem garantia que, portanto, oferecem risco de crédito para os contratantes, as partes devem se conhecer. Todavia, podem ocorrer situações em que as partes não se conhecem. Essas situações ocorrem quando uma corretora, em face do mandato que lhe é outorgado no contrato de intermediação corretora/cliente (administração da corretora), age por conta e ordem do cliente (o negrito não é do original). Como bem acentuou a interessada na impugnação, um ponto crucial da nova carta da BM&F é o de que o conhecimento recíproco entre os contratantes não pode ser atestado quando há corretora atuando por conta e ordem de cliente. E provas há, nos autos, de que corretoras intermediaram as operações (fls. 738/766). Diante do exposto, querme parecer que ruiu o alicerce do acórdão proferido pela 5ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes e que a resposta à indagação formulada no início deste voto deve ser “Não. Não há prova nos autos de que houve dolo, fraude ou simulação”. Desse modo, insisto que a norma a ser aplicada aqui é sem dúvida a do art. 150, § 4º, do CTN, o que conduz à conclusão segura de que, à época do lançamento do imposto de renda, já havia decaído o direito de a Fazenda Pública lançálo relativamente aos fatos geradores ocorridos até 31.12.1996. (...) “No que tange à operação realizada em 23.01.1997, é certo que o lançamento efetuado não é extemporâneo. Contudo, não tendo sido comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação na sua realização, consoante o que Fl. 1156DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.157 13 se viu acima, reputoo também improcedente, porque as despesas computadas no resultado do exercício correspondem a efetivas perdas inerentes às atividades da interessada à época do fato gerador e, dessa forma, reduziram regularmente o seu lucro real, de acordo com o art. 242 do RIR/1994. Observei que essa operação foi a única cuja nota de negociação (fls. 747) aponta, como contraparte, a Vic Indústria e Comércio, uma das empresas de fachada. Esse fato, porém, não é suficiente para comprovar que ela e a interessada se conheciam, porque a operação foi intermediada pela corretora Liquidez e, como disse a BM&F, as partes, nesses casos, podem não se conhecer. Quanto à CSLL, não se trata de decadência do direito de constituir crédito tributário, pois, no seu caso, esse direito decai somente com o decurso do prazo de dez anos, conforme estabelece o art. 45 da Lei nº 8.212, de 1991. Todavia, por não ter sido comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação nas operações examinadas, consoante o que se viu acima, o lançamento é também improcedente”. Admito que, na apreciação do mérito, fui bem simples, bem rápido e bem objetivo. Aliás, no meu modesto entendimento, assim deveriam ser todas as apreciações. Todavia, observo que tive até mesmo o cuidado de iniciar o antepenúltimo parágrafo advertindo que, no que tange à operação realizada em 23.01.1997, é certo que o lançamento efetuado não é extemporâneo. Em outras palavras, quis dizer que o fato gerador deflagrado pela operação realizada em 23.01.1997 não foi alcançado pelo instituto da decadência; ou seja, que não era a decadência que determinava a rejeição do lançamento, mas, sim, o fato de as despesas corresponderem a efetivas perdas inerentes às atividades da interessada à época do fato gerador, uma vez que não houve a comprovação da simulação apontada. Assim, o custo dos ativos adquiridos (as opções de compra de taxa de câmbio) não poderia ser desprezado, uma vez que reduziu regularmente o seu lucro real, de acordo com o art. 242 do RIR/1994, por ter se convertido em perda. É bom lembrar, por oportuno, que se não for atacada a documentação comprobatória da compra ou da venda de um ativo, só mesmo a comprovação de ter havido simulação no negócio autoriza a rejeição dos respectivos valores, para efeitos tributários. No tocante à CSLL, aí mesmo é que não tem cabimento a afirmação de que não apreciei o mérito da autuação. Afinal, ao iniciar o parágrafo que trata dessa matéria, afastei, de plano, a hipótese de decadência, e no mínimo deixei implícito que a falta de comprovação da simulação me obrigava a reputar regular a perda computada no resultado do exercício, uma vez que ela decorria dos negócios aos quais a interessada se dedicava à época do fato gerador. Exatamente por isso julguei o lançamento da CSLL também improcedente. O processo retornou a 5a. Câmara do 1CC e na sessão de 16/04/2008 foi convertido em diligencia, consoante Resolução 10501.382, cujo relatório e voto abaixo transcrevo parcialmente: Relatório (...) A ciência da decisão acima se deu por Edital (fls. 852) publicado no DOU em 26.01.2006 (fls. 853, retificado o Edital em 30.01.2006 (fls. 854). Fl. 1157DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.158 14 Em 15.03.2006 a empresa protocolou petição sob a forma de Memorial reiterando suas razões impugnatórias, reafirmando a preliminar de decadência e juntando Parecer Econômico da Tendência Consultoria Integrada. A decisão Relativa à nova apreciação dos fatos prolatada pela 6a Turma da DRJ (I) do Rio de Janeiro, RJ, cancelou a exigência sob ementa (fls. 894): (...) Considerando alterações na composição desta 5a Câmara, procedo à leitura em plenário do relatório e voto correspondentes à decisão contida no Acórdão n° 105 16.118, para conhecimento de todos acerca dos antecedentes do processo. A nova decisão ensejadora do presente recurso de ofício confirmou a decisão anterior, tendo apreciado inicialmente a preliminar de decadência, necessitou examinar a situação caracterizada pela aplicação da multa qualificada de 150%, que corresponderia à excludente de aplicação do § 4o, do artigo 150 do CTN. São datas que interessam: • Ciência dos autos de infração em 21.05.2002; fls. 564 IRPJ e 569 CSLL; • Fatos Geradores: 31.12.96 e 31.12.97; O voto esclarece que após a Lei n° 8.383/91, tanto o IRPJ quanto a CSLL estão regidas pelas disposições do artigo 150 do CTN, submetidas à homologação e, portanto se aplica o prazo estabelecido no seu parágrafo 4o. Esclarece ainda que oito das nove operações que deram causa às glosas de despesas foram realizadas no anocalendário de 1996 e apenas uma no anocalendário de 1997. O relator repete em sua grande maioria o voto da decisão anteriormente formalizada, apenas inovando nos parágrafos derradeiros (fls. 924 em diante). O voto reitera as queixas contra a decisão prolatada por esta 5a Câmara no processo n° 10768.011073/200289, que deixo de apreciar por se referir a outro processo, inclusive de outro contribuinte, admitindo apenas ser possível existir a analogia informada pelo Sr. Relator. Reitera também as afirmativas de ser o relator um conhecedor de operações de mercado e nelas embasa sua decisão. Informa o relator (fls. 926), que: "No tocante à CSLL, aí mesmo é que não tem cabimento a afirmação de que não apreciei o mérito da autuação. Afinal, ao iniciar o parágrafo que trata dessa matéria, afastei, de plano, a hipótese de decadência, e no mínimo deixei explicito que a falta de comprovação da simulação me obrigava a refutar regular a perda computada no resultado do exercício, uma vez que ela decorria dos negócios aos quais a interessada se dedicava à época do fato gerador". Isso demonstra que o questionamento alinhavado acerca da expressão "... em tese ficou demonstrada a prática de ilícito que justifica a formalização da Representação", conduziu o relator a entender que, em não havendo fraude ou dolo, as operações inquinadas eram legítimas e portanto, plenamente dedutíveis. O relator entendeu que a correspondência da BM&F endereçada à DEINF/RJ (fls. 469) não era peremptória e não lhe pareceu muito segura, e que poderia servir apenas como um indício, longe de ser uma prova cabal de que nas operações flexíveis sem garantia parte e contraparte se conheciam, e por isso não se convencia Fl. 1158DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.159 15 da simulação das operações, até porque não havia nada mais nos autos que sugerisse que a autuada e as empresas de fachada se conheciam. Foi formalizada declaração de voto vencido (fls. 928 e 929), com base no entendimento de discordância quanto à empresa, que não saberia quem estava na outra ponta das operações. No caso, intermediadas pelas corretoras Quality e Somartec.. Não fica a argumentação do voto vencido nisso, como se expõe (fls. 928 e 929): "Entretanto, devo discordar de tal entendimento. Se a análise do dolo dependesse apenas do conhecimento recíproco das partes, com efeito tal situação não ficou comprovada nos autos e não se poderia cogitat da ocorrência de dolo. Porém, o conjunto probatório aponta para o fato de que a interessada apresentou prejuízos consideráveis exatamente em favor de nove empresas inidôneas, cujos endereços e responsáveis não foram localizados, apesar das diligências, digase de passagem, insistentes, do autuante, como descrito no TVF. A interessada alega ainda que o autuante se baseou em presunção não autorizada por lei, uma vez que não apresentou provas da irregularidade que a ela atribui. Entretanto, no presente caso o autuante se amparou em um conjunto probatório formado pela reincidência das operações com nove empresas fictícias ou inidôneas. Ou seja, não se amparou ou autuante em apenas uma operação com uma empresa inidônea, mas em nove situações semelhantes. O fato de a interessada contar com a intermediação de corretoras em nada releva o conteúdo doloso das operações, caracterizado pela contratação de contrapartes fictícias. Tanto é assim que a interessada, em sua extensa impugnação, não produziu nenhum argumento que contrariasse o fato de que negociou com empresas que ela própria não encontraria para cobrar caso fosse ganhadora, visto que as operações não eram garantidas pelas corretoras intermediadoras das operações. Os alegados pagamentos à corretora nada atestam a licitude das operações questionadas ou que a estas se destinavam, uma vez que não ficou comprovada a destinação do desembolso, além de não haver coincidência de datas e valores. Desse modo, entendo ser procedente a glosa levada a efeito, tendo em vista a ocorrência de dolo nas operações contratadas pela interessada nos anos de 1996 e 1997. Nessa linha, não teria se operado a decadência quanto aos fatos geradores ocorridos em 1996, uma vez que a contagem do prazo decadencial se daria na forma do art. 173,1, do CTN." Tudo isso posto, diante da modificação da composição desta 5a Câmara, leio em plenário o relatório e voto por mim elaborado quando do julgamento anterior, na sessão de 08 de novembro de 2006. Assim se apresenta o processo para julgamento. Voto (...) Com relação à observação contida no início do voto condutor da decisão recorrida, de que, apesar da determinação desta Câmara para que fosse apreciado o mérito questão, e que iria ampliar o exame a todas as Fl. 1159DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.160 16 É de se adotar a mesma seqüência de análise adotada pela autoridade recorrida, qual seja antecipar a preliminar pela apreciação da qualificação da multa para se concluir sobre a excludente contida no § 4o, do Artigo 150 do CTN. A repetição da decisão de Io grau não produziu os efeitos esperados, mas entendo que o prolator do voto condutor da decisão recorrida pretendeu apenas reafirmar seus argumentos genéricos acerca da exigência, não sem indicar suas razões de decidir, contrapostas por outras razões trazidas na declaração de voto. Parece que importante prova a ser apreciada é a correspondência de fls. 469. Tratase de correspondência expedida pela BM&F, em 17.07.2000, ao Sr. Leonardo de Andrade Couto em atendimento a termo de diligência MPF 2000 00082 4, de 13 de julho de 2000. Trago a exame o teor da correspondência (fls. 469 e 470): "Ref: Termo de Diligência MPF 2000 00082 4, de 13 de julho de 2000. Prezados Senhores: Em atendimento ao Termo de Diligência em epígrafe, seguem, abaixo, os esclarecimentos solicitados por V.Sas.: As operações de Opções Flexíveis ocorrem no mercado de balcão, nas modalidades com e sem garantia. Na modalidade "com garantia”, as partes não se conhecem e a Corretora intermédia a operação, registrandoa com outra Corretora ou com ela mesma. Na modalidade "sem garantia", onde parte e contraparte se conhecem, após o acordo quanto às características da operação, tais como o preço de exercício, prazo, data de pagamento do prêmio, etc., ambas as partes escolhem uma ou duas Corretoras para registrarem o negócio no Sistema Eletrônico da BM&F. Nessa modalidade, a(s) Corretora(s) somente presta(m) o serviço de registro, estando eximida(s) de quaisquer responsabilidades financeiras, bem como o(s) respectivo(s) Membro(s) de Compensação e a própria Bolsa. Em qualquer circunstância a corretora estará, sempre, agindo por conta e ordem do cliente. Para complementar os esclarecimentos, encaminhamos, em anexo, cópias das Especificações do Contrato de Opções de Compra e de Venda Flexíveis de Taxa de Câmbio de Reais por Dólar dos Estados Unidos e cópia do Contrato de Intermediação Corretora/Cliente. 5. Com relação às operações relacionadas em seu Termo de Diligência de 04/07/1996, referido em epígrafe, temos a esclarecer que a sua formalização foi realizada diretamente entre as partes, que informaram os dados às corretoras para registro. No período de janeiro a março de 1996, a BM&F permitia que as Corretoras cadastrassem clientes por conta, ou seja, se, identificação do nome perante a BM&F, com a obrigação de, "quando solicitadas, identificarem os clientes para a Bolsa. A partir de dezembro de 1996, a BM&F reestruturou seu Sistema de Cadastro, tornando obrigatória a identificação dos clientes. 5. Anexamos, ainda, cópia da regulamentação para cadastro de clientes das corretoras associadas à BM&F. Sendo o que se apresentava para o momento, e permanecendo à disposição dessa Delegacia para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários, subscrevemonos," Fl. 1160DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.161 17 O item 3., contém a afirmativa de que as operações relacionadas no termo de diligência de 04.07.96 foram realizadas diretamente entre as partes, que informaram os dados às corretoras para registro (destaquei). Observei que na correspondência de fls. 469 e 470 não consta o elenco de operações mencionadas no item 3., da correspondência e que o termo de intimação respondido é datado de 13.07.2000. Portanto, a correspondência deve se referir a outro termo de intimação. Na montagem do processo estão alocados a fls. 466 a 475 documentos relativos à diligência junto à BM&F, sendo o MPF de n° 2000 00082 4. Entre eles não encontrei qualquer termo de diligência com a data de 04.07.1996 mencionada na correspondência da BM&F, o que dificulta a correlação documental. Com relação a essa prova, que entendo ser fundamental ao deslinde da questão, é visível que dentro da sistemática descrita na correspondência, as partes podem se conhecer, porém a afirmativa explícita acerca de uma relação de operações elencada em um termo de diligência identificado como sendo datado de 04.07.1996, faz com que a concretização da afirmativa seja identificada com as operações ali elencadas. E, não consegui localizar no processo o termo de diligência nem outro documento oferecido formalmente à BM&F que contivesse a relação de operações que possam fazer conexão entre o termo de diligência de 04.07.1996 e o rol de operações sob questionamento. Entre as hipóteses a avaliar ocorreme ser possível que eu não tenha encontrado, entre as 563 primeiras páginas do processo, que antecedem os autos de infração o referido termo de diligência; ter constado na correspondência da BM&F a data equivocada; não ter o referido termo de diligência sido inserido no processo; A importância da correspondência de fls. 469 fica patente no relatório da fiscalização que, a fls. 557: "o que está descrito no parágrafo anterior é tão notório, que além de declarar textualmente o que aqui relatamos, a BM&F não exigia para a operação nenhum tipo de garantia, servindo como mero agente de registro da operação. Conforme a Bolsa de Mercadorias e Futuros mesmo declarou em atendimento a um de nossos Termos de Diligência "na modalidade sem garantia, onde parte e contraparte se conhecem, quanto às características da operação, tais como preço de exercício, prazo, data de pagamento do prêmio, etc., ambas as partes escolhem uma ou duas corretoras para registrarem o negocio no sistema eletrônico da BM&F. (grifas nossos)" (fls. 469). Não estamos tratando de uma interpretação do contrato de opções flexíveis, e sim de uma declaração expressa do agente responsável pelo registro da operação aqui em questão." Assume, portanto, capital importância a confirmação de que as operações questionadas são aquelas a que se refere a correspondência da BM&F (fls. 469), mas a declaração nela contida carece de adequação, quanto aos detalhes nela contidos. Enquanto a descrição genérica das operações instala razoável possibilidade de as partes se conhecerem, a afirmativa contida na correspondência pode traduzir certeza acerca disso, eliminando tergiversações e conflito de entendimentos, como aquele verificado no julgamento de primeiro grau. Conflito esse que só ocorreu por não ter a decisão recorrida atacado objetivamente as provas trazidas pela fiscalização e as alegações expressas da impugnante. Fl. 1161DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.162 18 Assim, entendo que o deslinde da questão será revestido de maior segurança e baseado em prova concreta se o julgamento for convertido em diligência para que o processo retorne á repartição de origem e a autoridade administrativa indique objetivamente se o termo de diligência mencionado na correspondência da BM&F se encontra no processo (não o encontrei) e, seja solicitado explicitamente à BM&F para que relacione objetivamente quais as operações a que se refere em sua correspondência de fls. 469 e 470 do processo. Caso tenha ocorrido equívoco de data, que seja restabelecida a correlação mediante consideração comprovada da data correta. Tudo isso visando o esclarecimento das questões levantadas acima, elaborandose relatório circunstanciado a ser levado à ciência da recorrente, para, querendo, manifestese no prazo de 30 dias, para após retornar o processo a este colegiado para prosseguir o julgamento. Assim, diante do que consta do processo, voto por conhecer do recurso de oficio e converter o julgamento em diligencia. Os novos trabalhos de diligência resultaram no relatório de fls. 965 e seguintes, abaixo reproduzido: Atendendo à solicitação do Primeiro Conselho de Contribuintes da Quinta Câmara do Ministério da Fazenda, constante às fls 940 a 946, que converteram o julgamento do processo acima mencionado em diligência, objetivando esclarecer as informações da BM&F prestadas através da correspondência 177/00 JUR de 17/07/2000. Cabe esclarecer que em julho de 2000 INTIMAMOS a BM&F para esclarecer como ocorriam as Operações no Mercado de Opções Flexíveis. Em sua resposta a BM&F informa que estas operações ocorriam no mercado de balcão, nas modalidades COM E SEM GARANTIAS. Sendo que na modalidade "Com Garantia", as partes não se conhecem e a Corretora intermedia a operação, registrandoa com outra Corretora ou com ela mesma. Enquanto, na modalidade "SEM GARANTIAS" a BM&F de uma forma bem clara afirma que a parte e contraparte se conhecem, e após o acordo quanto às características da operação, tais como o preço de exercício, prazo, data de pagamento do prêmio, etc., ambas as partes escolhem uma ou duas Corretoras para registrarem o negócio no Sistema Eletrônico da BM&F. Acrescentando ainda, que nesta modalidade "SEM GARANTIAS" a Corretora(s) somente presta(m) o serviço de registro, estando eximida(s) de quaisquer responsabilidades financeiras, bem como o(s) respectivo(s) Membro(s) de Compensação e a própria Bolsa. Portanto, de uma forma bem clara a BM&F afirmou em sua correspondência (fls. 469), que as operações no Mercado de Opções Flexíveis, ocorridas no Mercado de Balcão, na modalidade Sem Garantia, a parte e a contraparte se conhecem e procuram uma ou duas Corretoras só para registrarem o negócio previamente acertado pelos comitentes. Cabe esclarecer aos ilustres conselheiros que tanto a nossa pergunta através de termo de intimação, assim como, a resposta da Bolsa se referem as operações realizadas de um modo geral nas modalidades Com e Sem Garantia. E como regra geral, qualquer operação no mercado de renda variável, onde não existe Garantia jamais uma Corretora de Mercadorias ou a própria BM&F iriam se responsabilizar pela sua liquidação, o que faz todo sentido a explicação desta Bolsa, que afirma que ambas as instituições financeiras estão eximidas de quaisquer responsabilidade financeira na sua liquidação, e que as partes se conhecem. Fl. 1162DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.163 19 Em outras palavras nenhum cliente estaria disposto a efetuar negócios futuros (Opções Flexíveis) com elevado nível de risco, sem nenhuma garantia se não conhecesse o cliente contraparte na operação, visto que, a Corretora interveniente e a BM&F se eximem de quaisquer responsabilidade pela liquidação financeira do negócio. Visando atender solicitação dos ilustres conselheiros intimamos a para que com base na correspondência entregue a fiscalização em 17/07/2000 177/00JUR, informasse se as operações listadas a seguir foram realizadas no mercado de Opções Flexíveis na modalidade COM ou SEM GARANTIA. Operações de Opções Flexível da Angra Participação no Mercado de Balcão Número do Contrato de Opção Data Ativo Corretora Interveniente Valor da Operação 601023781 29.01.1996 Dólar Qualiy 61.600,00 605129504 28.05.1996 Dólar Qualiy 164.500,00 605031649 29.05.1996 Dólar Qualiy 66.300,00 607010754 11.07.1996 IBV Qualiy 399.900,00 607020504 25.07.1996 Dólar Qualiy 448.000,00 610015435 16.10.1996 Dólar Qualiy 220.000,00 610020137 18.10.1996 Dólar Qualiy 92.500,00 610019295 18.10.1996 Dólar Qualiy 100.000,00 701029935 23.01.1997 Dólar Qualiy 195.000,00 TOTAL 1.747.800,00 Em sua resposta em 19/08/2008 a BM&F (fls ), através da correspondência 269/2008DIDJU afirma que as operações anteriormente listadas foram registradas no mercado de balcão, na modalidade "SEM GARANTIA". Adicionalmente mais uma vez como já havia feito através da correspondência 177/00 de 17/07/00 a Bolsa esclarece que não dispõe de dados sobre a sua liquidação, confirmando que não teve nenhuma participação na sua liquidação financeira, por se tratar de operação na modalidade sem garantia, portanto, fica claro que a Bolsa somente registrou a operação que previamente teria sido montada entre as partes. Adicionalmente, cabe esclarecer que a BM&F não estabelece um tipo de contrato para cada operação, com características inerentes às operações que são realizadas. Assim, na modalidade de Opções Flexíveis há duas possibilidades: a) Com Garantias e b) Sem Garantias. Dadas as características só há uma conclusão possível e imaginável o contrato celebrado entre as partes tem como pressuposto o conhecimento prévio e o acordo prévio entre as partes. Ademais, os procedimentos de auditoria realizados nas empresas contrapartes, em relação a todos os contratos celebrados indicaram sempre as mesmas conclusões: a) por uma enorme coincidência os contribuintes que teoricamente auferiram os ganhos, em contraponto com as perdas registradas e deduzidas pela Angra, não puderam ser localizados através das diligências realizadas pela Receita Federal e pela Polícia Federal; b) em todos os casos das perdas relatadas, uma experiente instituição financeira como a Angra DTVM chega em alguns casos a perder em uma única operação o valor de R$ 448.000,00 (lembrando que naquela época vivíamos na política da âncora cambial, quando a cotação do Real em relação ao Dólar era de Fl. 1163DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.164 20 aproximadamente 1 para 1) para empresas comerciais, de participação, de assessoria e até mesmo de construção; c) vastos eram os contratos existentes no mercado financeiro que proporcionariam o mesmo tipo de perspectiva de rentabilidade procurado pela Angra, porém ela só direciona seus recursos para contratos Sem Garantias e com empresas inidôneas, que provavelmente nunca negociariam na modalidade Com Garantias, pois teriam que efetuar depósitos na BM&F e não teriam Capital de Giro para efetuálos; d) a Angra DTVM andando na contramão das demais Instituições Financeiras procura especificamente realizar operações sem liquidez e de altíssimo risco no mercado de balcão, em que a contraparte não proporciona nenhum tipo de garantia. Em função do exposto sugerimos o envio do presente processo aos ilustres Conselheiros da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, e permanecendo à disposição para quaisquer outros esclarecimentos que se mostrarem necessários. Cientificada da diligência, a contribuinte apresentou manifestação de fls. 972 a 979, aduzindo que: 1. Desrespeito. É o mínimo que se pode dizer da diligência fiscal que culminou no referido Termo de fls. 964 a 967 (doravante "Termo de Conclusão da Diligência"). 2. Desrespeito às determinações da Resolução n° 1051.382 desta E. 5a Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes. Desrespeito ao direito de defesa da RECORRIDA. Desrespeito aos mais elementares princípios, inclusive os de ordem lógica, que visam a busca da verdade e a promoção da Justiça. 3. Com efeito, a Resolução n° 1051.382, de 16.04.2008, desta E. 5 Câmara determinou a realização de diligência para: (...) 4. Vejase o propósito da diligência fiscal nas exatas palavras do Conselheiro Relator JOSÉ CARLOS PASSUELLO: (...) 5. Portanto, era de se esperar que a fiscalização diligenciasse no sentido de cumprir essas duas determinações da 5a.Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes. 6. Contudo, não foi o que ocorreu. 7. Quanto à primeira determinação, o fiscal não informou se consta dos autos deste processo o termo de diligência de 04.07.1996 referido no item 3. da carta da BM&F 177/00JUR, de 17.07.2000, que não foi encontrado pelo Conselheiro Relator. Ficou a dúvida quanto à própria existência de tal termo. 8. Pior, o fiscal não intimou a BM&F a esclarecer se as operações objeto da carta BM&F 177/00JUR, de 17.07.2 000 são especificamente as operações realizadas pela RECORRIDA e objeto da autuação de que trata este processo. 9. Em vez de cumprir a Resolução n° 1051.382, o fiscal simplesmente perguntou à BM&F o que é fato incontroverso e totalmente irrelevante ao deslinde do caso: se as operações realizadas pela RECORRIDA eram da modalidade "sem garantia" (vide fls. 951 a 953 dos autos). As operações serem "com garantia" ou "sem garantia" nada provam quanto ao conhecimento prévio das partes contratantes nem, muito menos, se as mesmas teriam, de forma espúria, prédeterminado perdas para a RECORRIDA. Fl. 1164DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.165 21 Como não poderia deixar de ser, a BM&F confirmou que as operações eram "sem garantia", o que, repitase, não se discute, e o fiscal, então, aproveitou o Termo de Conclusão da Diligência para reiterar suas convicções pessoais totalmente equivocadas de que nas operações "sem garantia" as partes necessariamente se conhecem e que, no caso, a RECORRIDA teria prédeterminado, fabricado, as suas perdas com as contrapartes das operações. 0 fiscal que realizou a diligência foi o próprio fiscal que lançou o auto de infração contra a RECORRIDA, e o Termo de Conclusão da Diligência nada mais é do que uma repetição de argumentos que já foram rejeitados pela Decisão de Ia Instância, que, com todo o acerto, cancelou o auto. Os equívocos do fiscal são evidentes. Vejase, em primeiro lugar, o seguinte trecho do Termo de Conclusão da Diligência: (...) 14. O fiscal concluiu que havia um prévio acordo espúrio entre as partes porque as operações eram da modalidade "sem garantia" e a BM&F não participou da liquidação financeira das operações. 15. Como já visto, o fato de as operações serem "sem garantia" nada prova quanto ao conhecimento entre as partes. 0 fator relevante é, sim, terem as partes contratado diretamente ou por intermédio de sociedades corretores, agindo por conta e ordem de clientes cuja identidade não é revelada à contraparte da operação. 16. No caso, as operações realizadas pela RECORRIDA foram intermediadas por uma sociedade corretora (Quality, Liquidez ou Somartec, conforme o caso) agindo por conta e ordem do seu cliente. E, mais, todas as operações foram liquidadas financeiramente através do CETIP. Isso também é fato incontroverso, provado documentalmente nos autos. Ou seja, não houve contratação direta nem sequer contato entre as partes nem mesmo na liquidação financeira das operações. 17. A propósito, também nas operações “com garantia" a BM&F não participa da liquidação financeira das operações, que igualmente ocorre através das corretoras que intermediaram o negócio. Ademais, a RECORRIDA realizou um enorme número de operações “sem garantia", que era a modalidade da maioria das suas operações (e não apenas das operações objeto da autuação), sem que isso jamais tivesse sido aventado contra si como indício de qualquer irregularidade. 18. E, mais ainda, nas operações "sem garantia" intermediadas por corretora, esta passa a ser o risco de crédito da contraparte da operação, e não o cliente por conta e ordem de quem a referida corretora está agindo. Esse ponto foi destacado em parecer do Sr. Gustavo Loyola, exPresidente do Banco Central do Brasil (DOC. 01), nos seguintes termos: “Na Seção 4, concluise que, em operações com opções flexíveis, em que não são exigidas garantias, mas que a corretora atua "por conta e ordem" do comitente vendedor, o lançador não pode ser identificado pela parte detentora da opção de compra. Ademais, a liquidação das transações se dá entre as corretoras, seja diretamente, seja por meio de entidades como a CETIP. Quando estas condições se verificam, as corretoras que atuaram "por conta e ordem" do lançador tornamse responsáveis pela liquidação dos montantes apurados pela compensação da BM&F. Como conseqüência, o risco de crédito incorrido pelo comprador da opção é transferido, do cliente final para a corretora que atuou "por sua conta e ordem".(páginas 15 e 16 do parecer.) Fl. 1165DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.166 22 19. Basta a leitura desinteressada da carta 269/2008DIDJU, de 19.08.2008, para ver que a BM&F não disse que, no caso, a liquidação financeira teria ocorrido diretamente entre as partes porque as mesmas se conheciam. Disse a BM&F: “esta Bolsa não dispõe de dados sobre a sua liquidação, que pode ter sido efetuada, conforme o caso, diretamente entre as partes ou entre cada uma das contrapartes e o intermediário envolvido (a sociedade corretora)" (fl. 965 dos autos.) 20. A BM&F pode mencionar, em tese, uma e outra forma de liquidação. Mas o fiscal não poderia ter deixado de considerar que, no caso concreto, as operações da RECORRIDA foram liquidadas por intermédio das corretoras, através do CETIP, conforme prova constante dos autos. 21. Depois de apresentar a sua equivocada conclusão, o fiscal aduz argumentos já rechaçados pela Decisão de Ia Instância. A rigor, ilações e suposições, nem sempre jurídicas, tais como a de que uma experiente instituição financeira como a RECORRIDA não poderia perder dinheiro para empresas comerciais. Ilações e suposições nada condizentes com o que se esperava da diligência requerida pela E. 5a Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes. Tais ilações e suposições sequer merecem novos comentários por parte da RECORRIDA, que simplesmente reitera, aqui, todos os argumentos desenvolvidos em sua impugnação e memoriais constantes dos autos deste processo. Em suma, a diligência realizada nada esclareceu, nada provou, nada contribuiu para o julgamento do caso. 24. Mas o retrato da diligência é ainda pior. 25. Em 18.07.2008, a RECORRIDA peticionou para requerer que o fiscal, aproveitando a intimação que fazerseia da BM&F, incluísse dois quesitos que pudessem colaborar com o julgamento do caso. A RECORRIDA junta cópia da referida petição protocolada na Receita Federal (DOC. 02). Pois bem, o fiscal intimou a BM&F em 14.08.2008 (portanto, quase um mês após o protocolo da referida petição) e não incluiu os quesitos solicitados pela RECORRIDA. Nenhuma surpresa, pois, afinal, o fiscal não atendeu a Resolução da própria 5a Câmara, como visto acima. E nem se diga que o fiscal não atendeu a RECORRIDA porque considerou os seus quesitos inapropriados. Fosse essa a razão, mesmo que o fiscal não tivesse a delicadeza de comunicar o indeferimento à RECORRIDA, ele deveria, no mínimo, ter mencionado no Termo de Conclusão da Diligência a existência da petição e a sua motivação para desprezála. Antevendo a resistência do fiscal em verdadeiramente diligenciar atrás de esclarecimentos para o julgamento do caso, a RECORRIDA enviou carta diretamente à BM&F (DOC. 03). 29. Em resposta, a RECORRIDA recebeu da BM&F a carta 318/2008DIDJU, de 16.09.2008 (DOC. 04), na qual é esclarecido que as operações referidas na carta BM&F 177/00 JUR, de 17.07.2000, são os contratos de opção de n2s. 601.014936, de 17.01.1996, e 603.009867, de 11.03.1996. 30. Tais contratos nada têm a ver com a RECORRIDA ou este processo. Os números e as datas dos contratos mostram que não são operações envolvendo a RECORRIDA. Só para facilitar a comparação das datas e números, segue abaixo a relação das operações realizadas pela RECORRIDA e objeto da autuação: Fl. 1166DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.167 23 Opção N° do Contrato Data Ativo Corretora Perda em RS 1 601.023781 29.01.96 Dólar Quality 61.600,00 2 605.129504 28.05.96 Dólar Quality 164.500,00 3 605.031649 29.05.96 Dólar Quality 66.300,00 4 607.010754 11.07.96 IBV Quality 399.900,00 5 607.020504 25.07.96 Dólar Quality 448.000,00 6 610.015435 16.10.96 Dólar Quality 220.000,00 7 610.020137 18.10.96 Dólar Quality 92.500,00 8 610.019295 18.10.96 Dólar Somartec 100.000,00 9 701.029935 23.01.97 Dólar Liquidez 195.000,00 TOTAL 1.747.800,00 31. Portanto, mesmo diante da falha da diligência fiscal, a RECORRIDA traz aos autos a resposta da BM&F aguardada pelo Conselheiro Relator JOSÉ CARLOS PASSUELLO: as operações referidas na carta BM&F 177/00JUR, de 17.07.2000 não são as realizadas pela RECORRIDA, objeto deste processo, mas sim outras operações completamente estranhas ao caso sob análise. Mas não é só. A nova carta da BM&F serve para reiterar o que já constava de outra carta constante dos autos deste processo: a carta BM&F 194/2002DG, de 12.06.2002, anexada como DOC. 11 da impugnação apresentada pela RECORRIDA, justamente para eliminar as dúvidas que haviam sido suscitadas pela carta BM&F 177/00JUR, de 17.07.2000. Tanto a carta BM&F 194/2002DG, de 12.06.2002, quanto a nova carta da BM&F (318/2008DIDJU, de 16.09.2008), ressaltam que nas operações "sem garantia" as partes contratantes podem não se conhecer quando existe a intermediação de uma corretora, agindo por conta e ordem de cliente. Transcrevase:"tratandose de operações sem garantia que, portanto, oferecem risco de crédito para os contratantes, as partes devem se conhecer. Todavia, podem ocorrer situações em que as partes não se conhecem. Essas situações ocorrem quando uma corretora, em face do mandato que lhe é outorgado no contrato de intermediação corretora/cliente (administração da corretora), age por conta e ordem do cliente." {negrito da RECORRIDA.) 34. Em operações realizadas com o intermédio de corretoras agindo por conta e ordem de seus clientes (como é o caso das operações celebradas pela RECORRIDA) não é obrigatório nem indispensável que as partes conheçam uma a outra. Tal fato foi reconhecido expressamente pela BM&F e, ainda, pelo Sr. FRANCISCO DA COSTA E SILVA, exPresidente da Comissão de Valores Mobiliários CVM, e pelo Sr. GUSTAVO LOYOLA, ex Presidente do Banco Central do Brasil, em pareceres elaborados a pedido da RECORRIDA e juntados aos autos deste processo. 35. Portanto, a conclusão baseada nos esclarecimentos prestados pela BM&F é oposta a que chegou o fiscal no seu Termo de Conclusão da Diligência. A conclusão é que sequer podese afirmar que, nas operações realizadas pela RECORRIDA, que contaram com a intermediação de corretora (Quality, Liquidez ou Somartec) agindo por conta e ordem do cliente, as partes se conheciam. Muito menos que as partes teriam artificialmente engendrado perdas para beneficiar fiscalmente a RECORRIDA. Enfim, as provas são contrárias às suposições e ilações feitas pelo fiscal quando da autuação e, agora, repetidas vaziamente por ocasião da diligência. Não há qualquer prova de que as partes se conheciam nem, muito menos, de que fabricaram perdas para favorecer fiscalmente a RECORRIDA. Ao contrário, há provas de que as operações foram regularmente registradas na BM&F e liquidadas Fl. 1167DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.168 24 financeiramente via CETIP, através de contas das corretoras, demonstrando que, de fato e de direito, a RECORRIDA incorreu nas perdas que deduziu para fins de apuração do seu lucro real. 38. E nunca é demais lembrar: considerando que ninguém desembolsaria 100%, correspondente às perdas, para auferir benefício tributário de apenas 48% (correspondente à aplicação das alíquotas do IRPJ e da CSL, vigentes à época, sobre as perdas incorridas), caberia à fiscalização, a fim de pela RECORRIDA, provar que os respectivos prêmios não foram efetivamente pagos pela RECORRIDA ou que os mesmos lhe foram de alguma forma, direta ou indiretamente, restituídos. No entanto, nas quase 1.000 páginas deste processo, não há e nem poderia haver uma única prova nesse sentido. 39. Por essas razões, a RECORRIDA confia na imediata subida dos autos à 5ft Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, que, no julgamento, negará provimento ao recurso de ofício. O processo retornou a pauta em 25/02/2011, tendo sido baixado novamente em diligência, mediante resolução 140200.044, nos seguintes termos: Segundo informou o representante da contribuinte, tratarseia do arquivamento da investigação criminal contra a empresa, Inquérito Policial Federal No. 2003.51.01.5013156, cuja origem seria a representação fiscal para fins penais de que trata o presente processo. Aliás, no Relatório Fiscal e nos autos são citados outros Inquérito Policial Federal, este de São Paulo, de No. 97.01050207 (fl.453) e 120082/97 (fl. 460), ambos relativo a chamada “operação Monte Cristo” da Policia Federal. Este processo está em curso há quase 9 anos e foi objeto de uma diligência fiscal determinada por este Conselho, cujos objetivos a meu ver foram incipientes e os resultados não forma e dificilmente seriam conclusivos. Isso porque penso que não teria tanta relevância saber se a contribuinte e as demais empresas parte nas operações se conheciam. Ora, ainda que ficasse comprovado esse conhecimento dificilmente seria em uma profundidade que indicasse relações estreitas das partes. Todas as empresas existiam formalmente, tanto que foram cadastradas pela Corretora. Logo, os dirigentes da contribuinte até poderia conhecelas, mas daí a saber que eram apenas empresas de fachada... Afinal quantas pessoas e empresas realizam operações com pessoas jurídicas dessa natureza, tentam se cercar de cuidados mínimos, e acabam nem sabendo dessa condição. Ora, um ponto incontroverso nos autos é que os pagamentos foram mesmo realizados, logo, há que ser possível determinar o destino de ao menos parte desses 1,7 milhões de reais. No meu entendimento, além das peças dos 3 inquéritos acima citados, o que poderá também elucidar a questão é o rastreamento dos valores pagos pela contribuinte nessas operações. Consta às fls. 33 e 34 da peça impugnatória, fls. 628629 dos autos, que : 8.23. A operação de n° 1 foi liquidada através de cheque n° 001155 do Banco Dimensão S.A., de 29.01.1996, cruzado em preto em favor da QUALITY (DOC. 08) . Tal valor foi devidamente sacado pela QUALITY, conforme atestam os anexos extratos bancários (DOC. 09). As demais operações foram Fl. 1168DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.169 25 liquidadas através da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP), inclusive a operação n° 3 eventualmente não registrada na BM&F por omissão da corretora, conforme comprovam os relatórios emitidos pela própria CETIP, que indicam os saldos liquidados pela IMPUGNANTE em cada data de pagamento dos prêmios das opções flexíveis (DOC. 10). Diante do exposto, voto no sentido de converter novamente o julgamento em diligência para que a fiscalização: 1) Oficie às autoridades pertinentes para obter e juntar aos autos cópias dos citados inquéritos policiais que possam elucidar a questão, se possível o inteiro teor; 2) Solicite autorização judicial e/ou colaboração policial para rastrear os pagamentos feitos pela empresa. Ao menos 3, o primeiro feito em cheque e outros 2 via CETIP. Tal rastreamento deve ter como objetivo verificar se há prova se os recursos voltaram à empresa, ainda que parcialmente. Sei da dificuldade do procedimento, ainda mais 15 anos depois, por outro lado os Bancos guardam microfilmes dos cheques e transferências e uma vez identificadas as contas dos envolvidos, a exemplo da conta que a Quality depositou o cheque emitido pela contribuinte, há possibilidade de verificar o destino dos recurso. Aliás, há possibilidade de os próprios inquéritos policiais da operação “Monte Cristo” conterem alguma informação quanto a isso. 3) A Fiscalização pode fazer outras verificações e procedimentos, em estrita consonância com o escopo da diligencia visando seu êxito, qual seja, elucidar nos autos o destino mediato dos pagamentos efetuados pela autuada. Ao final, deverá lavrar termo consubstanciado e cientificar a contribuinte para, caso deseje, manifestarse no prazo de 30 dias. A nova diligência fiscal resultou na juntada dos documentos de fls. elaboração do relatório de fls. 1022 a 1043, bem como na informação fiscal de fls. 1044 e seguintes. Intimado, o contribuinte se manifestou às fls. 1120 e seguintes. É o relatório. Fl. 1169DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.170 26 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Consoante extenso relato, em litígio a veracidade de operações, com opções flexíveis de dólar, que a contribuinte teria realizado nos anos de 1996 e 1997, com expressivas perdas, que segundo a fiscalização seriam simuladas, tendo aplicado a multa qualificada de 150%. Tanto a recorrente quanto o ilustre julgador, relator do voto condutor do acórdão recorrido, centraram suas alegações e fundamentos em 2 pontos: 1o. Não há prova cabal nos autos de que a contribuinte conhecia as empresas com a quais realizou as operações, haja vista que todas foram intermediadas por corretoras e que, segundo a própria BMF: "tratandose de operações sem garantia que, portanto, oferecem risco de crédito para os contratantes, as partes devem se conhecer. Todavia, podem ocorrer situações em que as partes não se conhecem. Essas situações ocorrem quando uma corretora, em face do mandato que lhe é outorgado no contrato de intermediação corretora/cliente (administração da corretora), age por conta e ordem do cliente." 2o. Embora as empresas beneficiárias jamais tenham existido de fato. Os pagamentos das operações pela Angra foram feitos por intermédio do sistema CETIP, ou seja, foram realizados de fato, e não há prova nos autos, qualquer que seja, de que os valores voltaram para a recorrente ou pessoas ligadas. Logo, segundo a recorrente e o lançamento estaria calcado apenas em presunção. Em que pese a contribuinte e o julgador terem razão quanto esses dois pontos, não foram apenas esses que levaram a convicção fiscal. O Auditor trouxe aos autos uma série de indícios ou provas indiretas que levaram a concluir de que as operações foram simuladas, logo, fazse necessário apreciar todo esse conjunto indiciário, e a partir daí formar convencimento quanto a procedência ou não da acusação fiscal. A partir dessas premissas apreciarei as operações de que tratam o presente processo. Mérito Do Termo de Verificação Fiscal, de fls. 518 a 540, parte integrante do auto de infração, extraise os pontos que entendo relevantes: (...) 2 Fato Apurado em Decorrência dos Procedimentos de Auditoria Fl. 1170DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.171 27 2.10 que foi apurado Perdas (custos) não comprovados pela instituição, com "opções flexíveis" no montante de R$ 1.552.800,00 (Um Milhão Quinhentos e Cinqüenta e Dois Mil e Oitocentos Reais), referente ao resultado apurado no anocalendário de 1996 e no montante de R$ 195.000,00 (Cento e Noventa e Cinco Mil Reais) relativamente ao anocalendário de 1997. (...) .2.2 O Mercado de Opções O Mercado de Opções é um instrumento do mercado de derivativos que garante este tipo de proteção, conhecido como "hedge". Neste mercado, se o investidor tiver adquirido uma opção de compra de um determinado ativo (ações, por exemplo) ele estará exercendo uma modalidade denominada "posição comprada", neste caso, no futuro ele poderá comprar o ativo (ações no nosso exemplo) pelo preço anteriormente predefinido. A título de exemplo, seria o caso de um determinado investidor adquirir hoje uma opção de compra das ações de uma determinada industria para vencimento em 60 dias, pelo valor de R$ 1,00. Decorridos o prazo predeterminado, independente do valor da ação na bolsa de valores (maior ou menor do que R$ 1,00) ele terá o direito a comprar a ação pelo valor previamente definido ou seja, R$ 1,00. (...) 2.2.3 Opções Flexíveis de Dólar Estas opções são ditas flexíveis como o próprio nome diz, porque são menos rígidas do que as demais opções, sendo tradicionalmente negociadas nos pregões da Bolsa de Mercadorias e de Futuros BM&F e nas Bolsas de Valores. Seus parâmetros não são padronizados. Ao contrário, sua maleabilidade permite às partes estabelecerem, livremente, a dimensão e ordem de grandeza dos contratos e seus preços de exercício, negociar a formatação de prêmios específicos, inclusive diferíndo os no tempo, bem como estabelecer prazos e datas de liquidação totalmente compatíveis com as estratégias individuais e específicas. A abertura é tão ampla a ponto de que nas opções "sem garantias" a parte e a contraparte se conhecem e escolhem uma ou duas Corretoras para registrar o negócio no Sistema Eletrônico da BM&F. Nesta modalidade de operação a Corretora somente presta o serviço de registro, estando eximida de quaisquer responsabilidades financeiras, assim como a própria Bolsa. A liquidação do contrato não está garantida pelo sistema de liquidação da BM&F, sendo realizada diretamente entre as partes. As especificações acima transmitidas de forma simples e resumidas podem ser aprofundadas através do documento emitido pela BM&F denominado "Especificações do Contrato de Opções de Compra Flexíveis de Taxa de Câmbio de Reais por Dólar dos Estados Unidos" 2.3 O que é "HEDGE" Conforme foi abordado no tópico anterior, uma das principais funções do mercado de opções é ser um instrumento de proteção, normalmente conhecido como "hedge". Cabe então explicar de forma simples o que é uma operação de "hedge". Fl. 1171DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.172 28 Pela legislação tributária "Hedge" é uma operação de cobertura, realizada em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão, destinado, exclusivamente, à proteção contra riscos inerentes às oscilações de preços e taxas. (...) 2.4 A necessidade de "hedge" da Angra DTVM. Efetuamos uma análise dos saldos patrimoniais mensais (ativos e passivos), mantidos pela instituição durante todo anocalendário de 1996 e não identificamos contratos, operações ou quaisquer outros riscos que justificassem a contratação de Operações de Opções Flexíveis como Instrumento de "hedge" no volume em que foi negociado pela Instituição Financeira sob fiscalização. (...) 2.6 Das Receitas e Despesas contabilmente registradas pela Angra D.T.V.M. Conforme anteriormente mencionado nosso trabalho de auditoria é conseqüência da representação efetuada pela Delegacia de Instituições Financeiras de São Paulo (fls jfâJlâ) que solicita a verificação do adequado tratamento tributário de uma operação realizada pela Angra Distribuidora em 11 de julho de 1996, no valor de R$ 399.900,00 e tendo como contraparte a empresa Montreal Assessoria Consultoria e Planejamento S/C Ltda., sendo esta última a empresa que obteve todo o lucro da operação em contrapartida do mesmo valor registrado como perda na Angra Distribuidora. Como passo inicial, intimei o contribuinte a apresentar os balancetes do ano calendárío de 1996 (fls.... ). De posse dos balancetes, elaboramos as planilhas a seguir apresentadas, com as principais receitas e despesas diretamente relacionadas com a atividade do contribuinte no anocalendário de 1996. As seguintes constatações podem ser efetuadas com base na análise dos resultados operacionais (receitas e despesas diretamente relacionadas com a atividade típica de uma instituição financeira): • As contas de rendas de aplicações interfinanceiras de liquidez e as de despesas de captação, ao longo de todos os meses do ano de 1996 demonstram que a principal atividade da Angra DTVM é a intermediação financeira de títulos e valores mobiliários. Ainda com relação a evolução dos resultado da atividade de intermediação financeira de títulos e valores mobiliários (receitas menos despesas), podemos observar que estas guardam durante todo o ano uma relação percentual lógica, ou seja, quando comparamos um mês com o mês anterior e constatamos uma elevação no volume das receitas, o mesmo aumento é verificado em relação ao montante das despesas de captação e viceversa. O fato dos resultados mensais da atividade de intermediação financeira de títulos e valores mobiliários apresentar uma relação lógica ao longo do exercício demonstra que a instituição, neste caso, está trabalhando dentro do esperado para esta atividade, ou seja, o resultado líquido das operações é o "spread" que representa a margem de lucro na intermediação financeira. (...) Conclusão: a análise anterior revelou uma grande distorção entre resultado da intermediação financeira (principal atividade da instituição) e as perdas ocorridas com ativos financeiros. Para o melhor entendimento do que aqui quero demonstrar basta observar a relação percentual mensal entre o resultado Fl. 1172DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.173 29 da intermediação financeira (rendas de aplicações interfinanceíras de liquidez e as de despesas de captação) e resultados negativos com ativos financeiros. Os números acima, além de começar a revelar a possibilidade de registro de custos não comprovados em linha com o conteúdo dos textos da Deliberação CVM N° 14, de 23 dezembro de 1983 e com Pareceres Normativos N° 28/83 e N°46/87, demonstraram também a probabilidade do contribuinte ter efetuado outras operações com ativos financeiros que foram objeto de representação por parte da Delegacia de Instituições Financeiras de São Paulo. Sendo assim, efetuei um trabalho de auditoria mais detalhado para as contas que registraram as perdas com ativos financeiros, principalmente nos meses de janeiro, maio, julho e outubro. 2.7 Da auditoria das perdas com ativos financeiros nos meses de janeiro, maio, julho e outubro. Com base nas minhas intimações (fls...) e na documentação apresentada pelo contribuinte como resposta (razão contábil fls...) notas de negociação (fls. ...) relatório de movimentação emitido pela Bolsa de Mercadorias & Futuros BM&F fls....) identifiquei as operações a seguir relacionadas que julgamos a princípio, serem merecedoras de testes detalhados de auditoria. (...) Diante dos fatos e com objetivo de identificar as empresas contrapartes (queoem todos os casos auferiram ganho nas operações) relacionadas com as operações n°s 1, 2, 3, 5, 6, 7, e 8 decidi então, efetuar procedimentos de diligência diretamente na Quality Corretora de Mercadorias Ltda. e Somartec Corretora de Mercadorias & Futuros Ltda. Tal procedimento foi adotado em virtude da Quality e Somartec, com base na documentação apresentada pela Angra Distribuidora, terem intermediado e na maioria dos casos, terem registrado junto a BM&F as operações com ativos financeiros objetos de nossa fiscalização. (...) 2.8 Diligências nas Instituições Financeiras Quality Corretora de Mercadorias Ltda. e Somartec Corretora de Mercadorias & Futuros Ltda. Intermediadora das operações realizadas pela Angra DTVM. Realizei trabalho de diligências na Qualjty Corretora e Somartec Corretora através dos termos de fiscalização (fls...) onde intimei as instituições a apresentar toda a documentação suporte das operação realizadas com a Angra Distribuidora. Com base na documentação apresentada e nos procedimentos efetuados no estabelecimento da Quality Corretora e Somartec Corretora, verifiquei que todas as operações constantes do quadro apresentado no item 2.7 deste termo, foram efetivamente intermediadas pelas Corretoras e tiveram como contraparte as empresas relacionadas no quadro a seguir: (...) . 2.9 Dos procedimentos de auditoria efetuados nos contribuintes que receberam valores a título de ganhos nas operações realizadas com Angra Distribuidora. (...) Fl. 1173DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.174 30 Concluímos: que os procedimentos de auditoria já relatados nas empresas diligenciadas neste termo, foi por mim considerado suficiente para demonstrar ser impossível comprovar o registro e a posterior tributação dos ganhos com as operações com ativos financeiros na empresa Empril Assessoria Consultoria e Planejamento S/C Ltda., cujas perdas em contrapartida, foram contabilizadas e deduzidas para fins de pagamento dos tributos na Angra Distribuidora. 2.10 Dos Procedimentos executados pela Polícia Federal (...)as investigações efetuadas pela Polícia Federal caminharam no mesmo sentido do nosso trabalho, sendo mais uma prova de que o contribuinte Angra DTVM em 1996 e1997, já tinha pleno conhecimento de que as contrapartes das operações com opções flexíveis eram empresas inidôneas. Solicitamos então, ao Ministério Público o envio de cópias do inquérito policial n° 97.01050207 para a melhor instrução do presente processo. Várias outras empresas, além das que aqui foram citadas faziam parte, segundo a Polícia Federal, de um grupo chamado grupo Monte Cristo chefiado pelo aqui já citado Sr. Samir Assad. Porém as peças que aqui serão juntadas serão aquelas que guardam intima relação com as operações com opções flexíveis efetuadas pelo contribuinte Angra DTVM. Entre os vários procedimentos policiais executados, destaquei os que se seguem: Em 24 de junho de 1997 os policiais federais compareceram ao endereço da empresa Montreal Assessoria Consultoria Planejamento Ltda. e constaram que póJocal funcionava de forma regular a Casa de Repouso Monte Sião (fls. ... ); Ainda em 26 de julho de 1997 a polícia esteve no endereço da empresa Vic Comercial Importação e Exportação Ltda. e verificou que o imóvel, estava a venda e que nunca havia sido utilizado para fins comerciais (fls. ); A Polícia Federal verifica ainda, em 26 de junho de 1997, que o imóvel localizado na Rua Henrique Martins n° 394, funcionava a empresa Master Engenharia e Construções Ltda e que provavelpnenie seria o local sede de todas as operações do grupo Monte Cristo (fls. ); Em 10 de setembro de 1997 o agente policial conclui parte dos trabalhos de investigação demonstrandoa inexistência fática de mais 30 empresas do Grupo Monte Cristo (fls. ); A 16 de outubro de 1997, na Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais da Polícia Federal em São Paulo, a Sra. Maria Delfina Fazzani Nicoli presta depoimento, onde declara ter sido tesoureira do Grupo Monte Cristo por vinte anos tendo presenciado diversas operações ilegais do grupo, sendo algumas delas ligadas ao desvio de recursos de titulos públicos com a interveniência de algumas instituições financeiras (fls..... ). As investigações da Polícia Federal em São Paulo além de acarretaram um inquérito que visa a apuração de crime, comprovam a falta de idoneidade das empresas com quem a Angra DTVM mantinha um próximo relacionamento comercial. Fl. 1174DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.175 31 Pois bem, analisei os elementos trazidas aos autos e constatei que são insuficientes para comprovar que operações realizadas pelo contribuinte, objeto da glosa, foram mesmo simuladas, no intuito de produzir perdas e, consequentemente, reduzir os tributos devidos. De fato, a empresa vinha, durante o ano de 1996, obtendo registrando razoáveis, constantes e seguros ganhos em suas operações normais de corretagem, conforme cabalmente comprovado pela fiscalização. Na Declaração do Imposto de Renda relativa àquele ano, fl. 65/67, as receitas contabilizadas e declaradas de suas operações financeiras e serviços totalizaram 7,8 milhões de Reais. Por sua vez, as despesas totais foram de 7,6 milhões de Reais, incluindo tais perdas, chegando ao lucro liquido de 186mil Reais (fl.s 67/68). Sem as aludidas perdas, o resultado da empresa é de 1,7milhões de Reais de lucro tributável. Alem disso, as únicas perdas expressivas da empresa foram com nessas operações de compras de opções flexíveis de taxas de cambio de Real x Dólar, isso em 1996, quando o cambio no Brasil era fixo, controlado pelo Banco Central. Obviamente a empresa perdeu em todas as operações. Todas essas perdas foram em operações realizadas com empresas comprovadamente inexistentes, consoante provado em diligencias da Receita Federal e Policia Federal, sendo que as operações foram sem garantia, ou seja, na remota hipótese da contribuinte lograr êxito em sua “aposta” certamente nada receberia. É possível que a contribuinte não tivesse conhecimento de que as empresas eram de fachadas, conforme certificou a BMF e insiste a recorrente, haja vista que as operações foram intermediadas por corretoras. A fiscalização efetuou análise dos saldos patrimoniais mensais (ativos e passivos) mantidos pela instituição durante todo anocalendário de 1996 e não identificou contratos, operações ou quaisquer outros riscos que justificassem a contratação de Operações de Opções Flexíveis como Instrumento de "hedge" no volume em que foi negociado pela empresa. Ou seja, a fiscalização provou que a contribuinte não necessitava dessas operações como Hedge. Conforme asseverado pela fiscalização, vastos eram os contratos existentes no mercado financeiro que proporcionariam o mesmo tipo de perspectiva de rentabilidade procurado pela Angra, enquanto “aposta” porém ela só direciona seus recursos para contratos Sem Garantias e com empresas inidôneas, que provavelmente nunca negociariam na modalidade Com Garantias, pois teriam que efetuar depósitos na BM&F e não teriam Capital de Giro para efetuálos. Angra DTVM andando na contramão das demais Instituições Financeiras procurou especificamente realizar operações sem liquidez e de altíssimo risco no mercado de balcão, em que a contraparte não proporciona nenhum tipo de garantia. Porém, é certo que a fiscalização não trouxe aos autos prova material cabal de que houve contato. Mas isso não é o usual nesse tipo de operação, conforme também atestado pela BMF. E mais, foram infrutíferos os esforços da fiscalização par provar que as “perdas”da Angra retornaram aos seus sócios ou pessoas ligadas, haja vista que as operações não foram liquidadas pelo sistema CETIP (via corretoras), sendo certo que os pagamentos ocorreram, ainda que destinados a empresas inexistentes de fato. Fl. 1175DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10768.008260/200285 Acórdão n.º 1402001.323 S1C4T2 Fl. 1.176 32 Além disso na nova diligencia, relatório às fls. 1044 e seguintes, foi realmente constatado que o Inquérito policial foi arquivado e, por sua vez, a Fiscalização reconheceu a impossibilidade de fazer prova de que de alguma forma os recursos, ou parte deles, voltaram para a contribuinte ou seus sócios. Assim, diante da insuficiência de provas, resta mesmo cancelar as exigências. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de oficio. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 1176DF CARF MF Impresso em 15/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/03/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
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Numero do processo: 10830.002340/2011-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO PARA PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE.
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda Pública de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a decadência do direito de lançar.
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO.
A propositura de ação judicial pelo sujeito passivo por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto de demanda administrativa, implica renúncia ou desistência de eventual recurso interposto em via administrativa e inibe o conhecimento da matéria oferecida à apreciação da instância judicial.
Quando diferentes os objetos do processo judicial do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona à matéria diferenciada.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO.
Perde o direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o §7º do art. 195 da CF/88 a Entidade Beneficente de Assistência Social que deixar de atender a qualquer dos requisitos arrolados nos incisos I a V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, desde a data em que deixar de atendê-los, consignada no respectivo Ato Cancelatório, ficando tal entidade, desde então, sujeita ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91, até que novo pedido de isenção de contribuições previdenciárias lhe seja deferido.
AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA.
As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91.
Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, c do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.
RFFP. CABIMENTO.
A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-002.341
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, dar-lhe provimento parcial, devendo a penalidade a ser aplicada ao sujeito passivo mediante o Auto de Infração nº 31.314.639-6 ser recalculada, tomando-se em consideração as disposições inscritas no art. 32-A, I da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, c do CTN.
Liége Lacroix Thomasi Presidente Substituta.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente Substituta de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vice-presidente de turma), Adriana Sato, André Luis Mársico Lombardi, Bianca Delgado Pinheiro e Arlindo da Costa e Silva.
Ausência Momentânea: Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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LANÇAMENTO PARA PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda Pública de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a decadência do direito de lançar. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. A propositura de ação judicial pelo sujeito passivo por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto de demanda administrativa, implica renúncia ou desistência de eventual recurso interposto em via administrativa e inibe o conhecimento da matéria oferecida à apreciação da instância judicial. Quando diferentes os objetos do processo judicial do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona à matéria diferenciada. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO. Perde o direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o §7º do art. 195 da CF/88 a Entidade Beneficente de Assistência Social que deixar de atender a qualquer dos requisitos arrolados nos incisos I a V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, desde a data em que deixar de atendêlos, consignada no respectivo Ato Cancelatório, ficando tal entidade, desde então, sujeita ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91, até que novo pedido de isenção de contribuições previdenciárias lhe seja deferido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 23 40 /2 01 1- 17 Fl. 470DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. RFFP. CABIMENTO. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, darlhe provimento parcial, devendo a penalidade a ser aplicada ao sujeito passivo mediante o Auto de Infração nº 31.314.6396 ser recalculada, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. Liége Lacroix Thomasi – Presidente Substituta. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente Substituta de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), Adriana Sato, André Luis Mársico Lombardi, Bianca Delgado Pinheiro e Arlindo da Costa e Silva. Ausência Momentânea: Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior. Relatório Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 Data da lavratura do Auto de Infração: 21/02/2011. Data da ciência do Auto de Infração: 21/02/2011. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 471 3 Tratase de crédito tributário lançado em desfavor da Entidade acima identificada, consistente em contribuições previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao financiamento da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados e segurados contribuintes individuais, bem como pelo descumprimento de obrigação tributária acessória, em razão da declaração indevida em GFIP do código FPAS 639, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 28/35. Informa a fiscalização que a Instituição recorrente teve a sua condição de entidade beneficente de assistência social isenta cancelada a partir de 01/01/2005, conforme Ato Cancelatório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais nº 21.424.1/005/2005, a fl. 47, e mantido em última instância administrativa pelo Conselho de Recursos da Previdência Social, nos termos do Acórdão 317/2007 da 4ª CaJ, a fls. 39/46. Inconformado com o lançamento, o sujeito passivo ofereceu impugnação a fls. 136/150, 156/171 e 177/188. A Delegacia da Receita Previdenciária em Campinas/SP lavrou decisão administrativa aviada no Acórdão a fls. 377/391, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 12/09/2011, conforme Aviso de Recebimento a fl. 393. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário a fls. 395/412, 417/439 e 441/4630 respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos termos que adiante se vos seguem: · Nulidade do Auto de Infração em razão de vício insanável de legalidade, eis que se houve por lavrado sob a égide dos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, não mais existentes em nosso ordenamento jurídico; · Que o Auto de Infração deve ser anulado, em razão de o crédito tributário estar suspenso por força do art. 151, V do CTN; · Que na constituição do crédito tributário para se salvaguardar a decadência é inaplicável a multa de ofício; · Que o Recorrente é entidade imune e isenta quanto a contribuições previdenciárias, razão pela qual o Auto de Infração deve ser julgado insubsistente · Que o Auto de Infração é improcedente em razão de sua precocidade. Argumenta que não há decisão final transitada em julgado acerca da matéria debatida nos Autos de Infração nº 37.314.6400 e 37.314.6418; Fl. 472DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 · Impossibilidade jurídica de se encaminhar Representação Fiscal para Fins Penais; · Impossibilidade jurídica de se efetuar o lançamento tributário, em razão da existência de ação declaratória de imunidade pendente de decisão terminativa transitada em julgado; · Nulidade do lançamento ante a ausência de prova da ilicitude ao art. 55, IV e V da Lei nº 8.212/91. Aduz que, em momento algum, foi realizada fiscalização junto à empresa para se apurar ilegalidades no período 2006/2007; · Que é assegurada à Recorrente imunidade tributária incondicionada; · Que tem direito, também, à imunidade condicionada, pois é legitimo possuidor do CEBAS, além de ser declarado de utilidade pública federal, estadual e municipal; Ao fim, requer a declaração de improcedência do lançamento. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 12/09/2011. Havendo sido o recurso voluntário postado na agência dos correios em 11/10/2011, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. 1.2. DO CONHECIMENTO DO RECURSO O Recorrente alega ser entidade imune e isenta quanto a contribuições previdenciárias, razão pela qual o Auto de Infração deve ser julgado insubsistente. Fl. 473DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 472 5 Aduz ter assegurada imunidade tributária incondicionada, assim como imunidade condicionada, pois é legitimo possuidor do CEBAS, além de ser declarado de utilidade pública federal, estadual e municipal. Com efeito, a Entidade Recorrente ajuizou Ação Declaratória nº 1999.61.05.0085071SP perante a 8ª Vara Federa da 5ª subseção Judiciária em Campinas/SP, visando à declaração de imunidade referente a contribuições previdenciárias. Assentado que a citada medida judicial versa, em parte, sobre a mesma matéria tratada no presente Processo Administrativo Fiscal, e que a decisão proferida na Instância Judicial subjuga qualquer outra exarada na esfera administrativa, adquirindo inclusive o atributo da coisa julgada formal e material, resulta que, qualquer que seja o veredictum proferido por esta Corte Administrativa, acerca da matéria objeto do litígio, será tido como letra morta diante da decisão judicial transitada em julgado. A releitura da norma encartada no §3º do art. 126 da Lei nº 8.213/91, numa interpretação sistemática e teleológica com os princípios da eficiência e da economia processual, conduz ao entendimento de que a propositura de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo, importa renúncia dos beneficiários acobertados pelos resultados de tal demanda ao direito de recorrer na esfera administrativa e à desistência do eventual recurso interposto. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) (...) 3º A propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de ação que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Registrese, por relevante, que o Recorrente ab initio invoca em seu favor os efeitos do provimento judicial obtido na Instância Inaugural, inclusive em relação à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Diante desse quadro, atraindo para si o Recorrente os efeitos da demanda judicial, qualquer que seja a decisão proferida na esfera Administrativa, esta não surtirá qualquer consequência perante o provimento judicial. De outro eito, cumpre esclarecer, eis que pertinente, que o Recurso Voluntário consubstanciase num instituto processual a ser manejado para expressar, Fl. 474DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 no curso do processo, a inconformidade do sucumbente em face de decisão proferida pelo órgão julgador a quo que lhe tenha sido desfavorável, buscando reformála. Não exige o dispêndio de energias intelectuais no exame da legislação em abstrato a conclusão de que o recurso pressupõe a existência de uma decisão precedente, dimanada por um órgão julgador postado em posição processual hierarquicamente inferior. Dessarte, não tendo o Órgão Julgador de 1ª Instância conhecido da impugnação na parte atinente à imunidade pretendida pelo Entidade, inexistindo consequentemente decisão anterior a respeito do tema em pauta, não pode o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não conhecida, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. A matéria em apreço já foi enfrentada, em situações pretéritas idênticas, por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, dando ensejo à edição da Súmula nº 1, cujo Verbete transcrevemos adiante: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante desse quadro, versando a Demanda Judicial invocada pelo Recorrente sobre o direito à isenção de que trata o art. 55 da Lei nº 8.212/91, correta foi a decisão proferida pelo órgão a quo ao não conhecer, em sede de impugnação administrativa, de idêntica matéria, restringindo a sua análise às questões não incluídas na ação judicial em realce. Dessarte, pugnamos igualmente pelo não conhecimento dos temas levados à apreciação do Poder Judiciário, e reiterados no vertente Instrumento Recursal interposto perante este Colegiado, em razão da renúncia tácita às instâncias administrativas, com fundamento no preceito insculpido no art. 126, §3º da Lei nº 8.213/91, em interpretação sistemática e teleológica com os princípios da eficiência e da economia processual. A renúncia ora em voga independe de ato volitivo da parte, ou mesmo da vontade psicológica do Autuado. Ela decorre ex lege, e de forma objetiva, independentemente do motivo ou do tempo em que a demanda tenha sido ajuizada perante o poder judiciário. Tal conclusão não colide com as diretivas positivadas no art. 35 da Portaria RFB nº 10.875/2007, in verbis: Portaria RFB n°10.875, de 16 de agosto de 2007. Art. 35. A propositura de ação judicial pelo sujeito passivo, por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, Fl. 475DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 473 7 importa em renúncia às instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto. Parágrafo único. Quando diferentes os objetos do processo judicial e do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona à matéria diferenciada. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço parcialmente. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DO LANÇAMENTO VISANDO À PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. Alega o Recorrente que o Auto de Infração deve ser anulado, em razão de o crédito tributário estar suspenso por força do art. 151, V do CTN. Defende, igualmente, a impossibilidade jurídica de se efetuar o lançamento tributário, em razão da existência de ação declaratória de imunidade pendente de decisão terminativa transitada em julgado. A razão não lhe sorri, todavia. Com efeito, os incisos IV e V do art. 151 do CTN determinam que o crédito tributário terá sua exigibilidade suspensa havendo a concessão de medida liminar em mandado de segurança ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial. Código Tributário Nacional CTN Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Por força de tais dispositivos legais, fica o Fisco impedido de realizar atos tendentes à sua cobrança judicial, tais como a inscrição do crédito tributário em dívida ativa ou o ajuizamento de execução fiscal, mas não lhe é vedado promover o lançamento desse crédito. A polêmica em torno do tema já exigiu o pronunciamento formal do Superior Tribunal de Justiça, cuja Primeira Seção, dirimindo a divergência existente entre as duas Turmas de Direito Público, manifestouse no sentido da possibilidade de a Fazenda Pública realizar o lançamento do crédito tributário, mesmo quando verificada uma das hipóteses previstas no citado art. 151 do CTN. Na ocasião do julgamento do EREsp 572.603/PR, entendeu aquele órgão julgador que "a suspensão da exigibilidade do crédito tributário impede a Administração de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança do seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à sua regular constituição para prevenir a decadência do direito de lançar ", conforme dessai da eloquência de sua ementa: "TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. PRAZO QÜINQÜENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DO PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, conta se o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, §4º, do CTN), que é de cinco anos. 2. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. 3. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a decadência do direito de lançar. 4. Embargos de divergência providos." (EREsp 572.603/PR, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 05/09/2005) Nesse mesmo sentido, colacionamos, ainda, os seguintes precedentes: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. MEDIDA LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. DECADÊNCIA CONFIGURADA. 1. A ordem judicial suspensiva da exigibilidade do crédito tributário não atinge a sua regular constituição, não estando, por conseguinte, a Fazenda Pública impedida de efetuar o respectivo lançamento. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 474 9 2. Recurso especial conhecido e provido." (REsp 216.298/SP, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 1º/8/2005) "TRIBUTÁRIO PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA OBSTÁCULO JUDICIAL. 1. A constituição do crédito tributário, nos termos do CTN, não sofre interrupção ou suspensão, iniciandose o prazo na data da ocorrência do fato gerador. 2. A partir do fato gerador, dispõe a Fazenda do prazo de cinco anos para constituir o seu crédito, não estando inibida de fazêlo se houver suspensão da exigibilidade, nos termos do art. 150, §4º do CTN. 3. A liminar concedida em mandado de segurança (art. 151, IV, CTN), bem assim as demais hipóteses do mesmo art. 151, não impedem que a Fazenda constitua o seu crédito e aguarde para efetuar a cobrança. 4. Ocorrência da decadência, porque constituído o crédito após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 173, I, CTN). 5. Recurso especial conhecido em parte e provido." (REsp 575.991/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 22/8/2005) Conforme demonstrado, o entendimento prevalecente no Superior Tribunal de Justiça aponta unicamente no sentido de que o lançamento deve ser efetuado, visando a prevenir decadência, mesmo diante de uma causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Isso porque o lançamento não se configura como ato de exigibilidade do crédito tributário, mas, sim, procedimento administrativo da sua formal constituição. Conforme cediço, o lançamento ostenta natureza jurídica dúplice: declaratória da obrigação tributária e constitutiva do crédito dela decorrente. Assim, antes de realizado o lançamento inexiste crédito tributário, mas, tão somente, obrigação tributária, a qual é inexigível, eis que se encontra à calva dos atributos indispensáveis da liquidez e certeza. Assim, para que haja suspensão do crédito tributário é necessário que haja crédito tributário constituído, e não pendente de constituição (obrigação tributária), circunstância que somente sói ocorrer com a efetivação do lançamento. Por outro viés, as hipóteses de suspensão do art. 151 do CTN não suspendem o prazo decadencial para efetivação do lançamento, mas tão somente o prazo prescricional para a cobrança judicial do crédito tributário. Em outras palavras, o Fisco não poderá inscrever em dívida ativa ou ajuizar execução fiscal de crédito que esteja com sua exigibilidade suspensa, mas poderá efetuar o lançamento, exercendo o seu direito potestativo, nos termos do artigo 142 do CTN. Fl. 478DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 Nesse particular, mostrase valiosa a referência ao precedente do STJ adiante transcrito: “RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ART. 151 DO CTN. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE O FISCO REALIZAR ATOS TENDENTES À SUA COBRANÇA, MAS NÃO DE PROMOVER O SEU LANÇAMENTO. ERESP 572.603/PR. RECURSO DESPROVIDO. 1. O Art. 151, IV, do CTN determina que o crédito tributário terá sua exigibilidade suspensa havendo a concessão de medida liminar em mandado de segurança. Assim, o Fisco fica impedido de realizar atos tendentes à sua cobrança, tais como inscrevêlo em dívida ativa ou ajuizar execução fiscal, mas não lhe é vedado promover o lançamento desse crédito. 2. A primeira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, dirimindo a divergência existente entre as duas Turmas de Direito Público, manifestouse no sentido da possibilidade de a Fazenda Pública realizar o lançamento do crédito tributário, mesmo quando verificada uma das hipóteses previstas no citado art. 151 do CTN. Na ocasião do julgamento dos ERESP 572.603/PR, entendeuse que a “suspensão da exigibilidade do crédito tributário impede a Administração de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança do seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à sua regular constituição para prevenir a decadência do direito de lançar” (Rel. Min. Castro Meira, DJ de 5/09/2005). 3. Recurso especial desprovido (grifos nossos). (RESP 736.040/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJ 11/06/2007) A jurisprudência em torno do tema encontrase pacificada nas ordens do STJ, consoante dessai do julgamento dos Embargos de Divergência no REsp 572.603/PR, DJ 05/09/05, de cujo voto condutor extraímos o seguinte excerto, ad perpetuam rei memoriam : “(...) No que se refere à segunda questão, o entendimento segundo o qual a Fazenda está impedida de efetivar o lançamento do tributo, cuja exigibilidade encontrase suspensa em decorrência de ordem judicial, implica admitirse a interrupção do prazo decadencial, o que não se coaduna com a natureza do instituto. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário impede a Administração de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança do seu crédito, tais como inscrição em dívida ativa, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à sua regular constituição para prevenir a decadência do direito de lançar.” Fl. 479DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 475 11 Diante de tal exposição, mesmo ocorrendo a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de decisão judicial, seja mediante medida liminar concedida em Mandado de Segurança ou Cautelar, seja por antecipação de tutela em outras espécies de demandas judiciais, inexiste óbice legal para a efetivação da constituição do crédito tributário visando à prevenção da decadência, mediante lançamento de ofício, nos termos do art. 149 do CTN. 2.2. DAS ALEGAÇÕES DE NULIDADE Alega o Recorrente nulidade do Auto de Infração nº 37.314.6396 em razão de vício insanável de legalidade, eis que se houve por lavrado sob a égide dos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, não mais existentes em nosso ordenamento jurídico. A argumentação acima postada demonstra uma necessidade urgente de reciclagem sobre legislação tributária, em meio a requintes de plena intimidade com os preceitos inscritos no art. 144 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. (grifos nossos) §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Data máxima venia, referindose o Auto de Infração em foco ao descumprimento de obrigações tributárias acessórias ocorridas nas competências de janeiro/2006 a dezembro/2007, aplicável ao lançamento será a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, por força do preceito inscrito no transcrito art. 144 do CTN, ainda que o preceito a lhe emprestar fundamentação jurídica já se encontre revogado à data da lavratura do Auto de Infração, sem prejuízo, por óbvio, da eventual incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN. No caso presente, a imputação infligida ao Recorrente decorreu do descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº Fl. 480DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 8.212/91, sujeitando o infrator à penalidade pecuniária assinalada no §5º do mesmo dispositivo legal, ambos na redação conferida pela Lei nº 9.528/97, observado, se for o caso, o art. 106 do CTN. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528//97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97). 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). Registrese que a eventual e casuística incidência de retroatividade de lei posterior mais benéfica ao infrator não inquina de vício de nulidade um lançamento tributário realizado segundo o mandamento primário encapsulado no art. 144 do CTN. Também não merece maiores sorrisos a alegação de nulidade do lançamento ante pela ausência de prova da ilicitude ao art. 55, IV e V da Lei nº 8.212/91. Fl. 481DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 476 13 Isso porque o lançamento não se fundamenta na estrita alegação de ilicitude aos citados incisos IV e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91. Essa questão, no período em debate, já se encontra decidida juridicamente na esfera administrativa, conforme decisão aviada no Acórdão 317/2007, de 27/02/2007, a fls. 39/46, proferida pela 4ª CaJ do CRPS, com fundamento na qual houvese por expedido o Ato Cancelatório de Reconhecimento de Isenção de contribuições sociais nº 21.424.1/005/2005, a fl. 47. O debate sobre o descumprimento dos requisitos assinalados no art. 55 houvese por apreciado e resolvido no processo administrativo descrito no parágrafo precedente, não possuindo este Colegiado competência para reapreciar a matéria e reformar a decisão proferida pela 4ª CaJ naqueles autos. O vertente lançamento tem por fundamento, justamente, a carência de direito do Recorrente à isenção pretendida, eis que tal isenção houvese por cancelada desde 01/01/2005. Assim, assentado que a Entidade em pauta encontrase despida do direito à isenção de que trata o art. 55 da Lei nº 8.212/91, ela se sujeita à observância e ao adimplemento de todas as obrigações tributárias previstas na Legislação Previdenciária, tais como o recolhimento das contribuições sociais fixadas no art. 22, I e II da Lei nº 8.212/91, e no art. 3º da Lei nº 11.941/2009, estando vedada de declarar nas GFIP do período em apreço o código FPAS 639, uma vez que este é exclusivo das Entidades Beneficentes de Assistência Social em pleno gozo de isenção previdenciária. Daí a desnecessidade de realização minuciosa na empresa, para se apurar ilegalidades no período 2006/2007, para a formalização do vertente lançamento. A irregularidade se manifesta diretamente dos documentos entregues à RFB, nas circunstâncias objetivas do caso concreto. Conforme salientado alhures, o Recorrente, mesmo ciente de que não era mais sujeito de direito à isenção de que trata o art. 55 da Lei nº 8.212/91, mesmo assim continuou declarando em GFIP o código FPAS 639 e deixando de recolher as contribuições sociais patronais destinadas ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a Outras Entidades e Fundos, como se ainda fosse detentor do direito em tela. Nesse contexto, a fiscalização, constatando o nãorecolhimento total ou parcial das contribuições sociais fixadas em Lei, não declaradas na forma do art. 32 da Lei nº 8.212/91, assim como o descumprimento de obrigação acessória, promoveu a lavratura de ofício dos competentes autos de infração, com espeque no art. 37 da Lei nº 8.212/91 c.c. artigos 142 e 149 do CTN. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial das contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art. 32 desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou o Fl. 482DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 descumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de infração ou notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Código Tributário Nacional CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Fl. 483DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 477 15 Vencidas as preliminares, passamos ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano consignar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho. 3.1. DA MULTA DE OFÍCIO Alega o Recorrente, em defesa quanto à lavratura do Auto de Infração nº 31.314.6396, que na constituição do crédito tributário para se salvaguardar a decadência é inaplicável a multa de ofício, conforme assim dispõe o art. 63 da Lei nº 9.430/96. O Recorrente está coberto de razão. De fato, o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pel MP nº 449/2008, dispõe de maneira categórica que, nos casos de lançamento de ofício das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei de Custeio da Seguridade Social, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, aplicarseá a multa de ofício prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art.35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996. (Incluído pela Medida Provisória nº 449/2008) Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 484DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I (revogado); II (revogado); III (revogado); IV (revogado); V (revogado); §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Com efeito, conforme muitíssimo bem observado pelo Recorrente, o art. 63 da Lei nº 9.430/96 dispõe, de maneira isenta de dúvidas, que na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 478 17 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001) §1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. §2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Ocorre, todavia, que a alegação levantada pelo Recorrente referese a Auto de Infração lavrado em decorrência do descumprimento de obrigação acessória e não a Auto de Infração de Obrigação Principal. Nestes, ao promoverem o lançamento de ofício das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei de Custeio da Seguridade Social, é aplicável a multa de ofício prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430/96. Naqueles, somente é cabível a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento da obrigação acessória respectiva. No caso presente, em razão do descumprimento da obrigação acessória prevista no art. 32, IV da Lei nº 8.212/91, houvese por aplicada a penalidade pecuniária fixada no §5º do mesmo dispositivo legal, e não a multa de ofício estatuída no art. 44 da Lei nº 9.430/96, como assim entendeu o Recorrente. Por outra vertente, conforme já assinalado anteriormente, o Direito Tributário segue os ditames do princípio tempus regit actum, conforme assentado no art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. No caso em estudo, o lançamento levado a efeito pela fiscalização não se sujeita ao preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserido pela MP nº 449/2008, que remete à multa de ofício, mas, sim, pela norma tributária encartada nos artigos 34 e 35 da citada Lei de Custeio da Seguridade Social, que não preveem a inflição da multa de ofício, mesmo apara os casos de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Fl. 486DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. Parágrafo único. O percentual dos juros moratórios relativos aos meses de vencimentos ou pagamentos das contribuições corresponderá a um por cento. Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (...) II Para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) §4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). 3.2. DA CONEXÃO COM OS AUTOS DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Pondera o Recorrente que o Auto de Infração é improcedente em razão de sua precocidade. Aduz inexistir decisão final transitada em julgado acerca da matéria debatida nos Autos de Infração nº 37.314.6400 e 37.314.6418. Fl. 487DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 479 19 De fato, as obrigações tributárias principais associadas ao vertente Auto de Infração são objeto dos AIOP nos 37.314.6400 e 37.314.6418 lavradas na mesma ação fiscal. Conforme já salientado em preliminar, o mérito relativo aos Autos de Infração mencionados no parágrafo anterior não pode ser discutido no presente Processo Administrativo Fiscal, em virtude da renúncia tácita do Recorrente às instâncias administrativas. Por outro viés, conforme já demonstrado alhures, a propositura de ação judicial não representa óbice à constituição do crédito tributário visando à prevenção da decadência do direito da Fazenda Pública. Nessa prumada, sagrandose vencedor o Recorrente na demanda judicial por ele ajuizada perante a 5ª Subseção Judiciária de Campinas/SP, os Auto de Infração integrantes do vertente PAF perderão seu objeto. De outra parte, sucumbindo, procedentes serão os Autos de Infração de Obrigação Principal acima aludidos, assim como o Auto de Infração de Obrigação Acessória a eles associado. 3.3. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS O Recorrente alega impossibilidade jurídica de se encaminhar Representação Fiscal para Fins Penais. A razão, porém, não lhe assiste, O art. 66 do Decretolei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 lei das contravenções penais – qualifica como “Omissão de Comunicação de Crime” o comportamento perpetrado por servidor público consistente na não comunicação à autoridade competente de conduta que represente, em tese, crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública. DecretoLei nº 3.688 de 3 de outubro de 1941 OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE CRIME Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente: I crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a ação penal não dependa de representação; II crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal: Fl. 488DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 Pena multa. Calcando nas mesmas teclas, o art. 16 da Lei nº 8.137/90, a qual define os crimes contra a ordem tributária, estatui que qualquer pessoa, aqui incluídos, por óbvio, os agentes públicos, poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nessa lei, fornecendolhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990 Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos crimes descritos nesta lei, fornecendolhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995) Nessa perspectiva, revelase a Representação Fiscal para Fins Penais – RFFP mera peça processual de informações, coletadas no curso da ação fiscal, a ser elaborada pelo agente público sempre que se deparar com conduta que represente, em tese, crime contra a ordem tributária, devendo conter, dentre outros elementos, exposição minuciosa do fato e os elementos caracterizadores do ilícito; indícios de prova material do ilícito ou qualquer outro documento sob suspeição que tenha sido apreendido no curso da ação fiscal; cópia autenticada do auto de infração e de termos fiscais lavrados; termos lavrados de depoimentos, declarações, perícias e outras informações obtidas de terceiros, utilizados para fundamentar a constituição do crédito tributário ou a apreensão de bens sujeitos à pena de perdimento; a qualificação completa das pessoas físicas responsáveis; a qualificação completa da pessoa ou das pessoas físicas a quem se atribua a prática do delito, mesmo que o fiscalizado seja pessoa jurídica; A identificação completa, se for o caso, da pessoa jurídica autuada, cópia dos contratos sociais e suas alterações, ou dos estatutos e atas das assembleias; qualificação completa das pessoas que possam ser arroladas como testemunhas; cópia das declarações de rendimentos, relativas ao período em que se apurou ilícito, da pessoa ou das pessoas físicas representadas e da pessoa jurídica envolvida, no caso de crime contra a ordem tributária; etc. No âmbito da legislação previdenciária, o art. 616 da IN SRP nº 3/2005 impõe ao auditor fiscal o dever funcional de formalizar a RFFP sempre que este, no exercício de suas atribuições institucionais, tiver conhecimento da ocorrência de comportamento omissivo ou comissivo que configure, em tese, crime de ação penal pública que não dependa de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça, bem como qualquer contravenção penal. Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005 Art. 616. Por disposição expressa no art. 66 do DecretoLei nº 3.688, de 1941 (Lei de Contravenções Fl. 489DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 480 21 Penais), o AFPS formalizará RFFP sempre que, no exercício de suas funções internas ou externas, tiver conhecimento da ocorrência, em tese, de:(Revogado pela IN RFB nº 851, de 28 de maio de 2008) I crime de ação penal pública que não dependa de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça; II contravenção penal. Parágrafo único. Considerase, nos termos do DecretoLei nº 3.914, de 1941 (Lei de Introdução ao Código Penal e à Lei de Contravenções Penais): I crime, a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; II contravenção, a infração penal a que a lei comina isoladamente pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Art. 617. São crimes de ação penal pública, dentre outros, os previstos nos arts. 15 e 16 da Lei nº 7.802, de 1989, alterada pela Lei nº 9.974, de 2000, nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 8.137, de 1990, nos arts. 54 a 56, 60 e 61 da Lei nº 9.605, de 1998, e os a seguir relacionados, previstos no DecretoLei nº 2.848, de 1940 (Código Penal):(Revogado pela IN RFB nº 851, de 28 de maio de 2008) I homicídio culposo simples ou qualificado, com previsão nos §§ 3º e 4º do art. 121; II exposição ao risco, com previsão no art. 132; III a apropriação indébita previdenciária, com previsão no art. 168A; IV o estelionato, com previsão no art. 171; V a falsificação de selo ou de sinal público, com previsão no art. 296; VI a falsificação de documento público, com previsão no art. 297; VII a falsificação de documento particular, com previsão no art. 298; VIII a falsidade ideológica, com previsão no art. 299; IX o uso de documento falso, com previsão no art. 304; X a supressão de documento, com previsão no art. 305; XI a falsa identidade, com previsão nos arts. 307 e 308; XII o extravio, a sonegação ou a inutilização de livro ou documento, com previsão no art. 314; XIII o emprego irregular de verbas ou rendas públicas, com previsão no art. 315; Fl. 490DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 XIV a prevaricação, com previsão no art. 319; XV a violência arbitrária, com previsão no art. 322; XVI a resistência, com previsão no art. 329; XVII a desobediência, com previsão no art. 330; XVIII o desacato, com previsão no art. 331; XIX a corrupção ativa, com previsão no art. 333; XX a inutilização de edital ou de sinal, com previsão no art. 336; XXI a subtração ou a inutilização de livro ou de documento, com previsão no art. 337; XXII a sonegação de contribuição social previdenciária, com previsão no art. 337A. Art. 618. São contravenções penais, entre outras:(Revogado pela IN RFB nº 851, de 28 de maio de 2008) I recusar dados sobre a própria identidade ou qualificação, com previsão no art. 68 do Decretolei nº 3.688, de 1941 (Lei das Contravenções Penais); II deixar de cumprir normas de higiene e segurança do trabalho, com previsão no § 2º do art. 19 da Lei nº 8.213, de 1991. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, apreciando pedido de concessão de liminar postulado na ADIn nº 1.571, proclamou que o art. 83 da Lei 9.430/96 não estipulou uma condição de procedibilidade da ação penal por delito tributário. Consignou o STF que tal dispositivo dirigiuse apenas a atos da administração fazendária, prevendo o momento em que a notitia criminis acerca de delitos contra a ordem tributária, descritos nos arts. 1º e 2º da Lei 8.137/90 deveriam ser encaminhada ao Ministério Público. (Informativo STF n. 64, 1728 mar. 97, p. 1 e 4). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. (grifos nossos) Parágrafo único. As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, aplicamse aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a denúncia pelo juiz. Ao contrário do tipo penal previsto no art. 2º, I, da Lei 8.137/90, consoante clássica diferenciação, pertence à categoria denominada delito formal, isto é, descreve o resultado naturalístico (supressão de pagamento de tributo) mas não o exige para a consumação formal do delito, os delitos previstos no art. 1º da Lei 8.137/90 são qualificados como crimes materiais, havendo a necessidade de se aguardar a decisão administrativa, para somente então poder ser intentada a ação Fl. 491DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 481 23 penal. Dessarte, não havendo Notificação Fiscal ou Auto de Infração válido e/ou definitivo, não se pode dar, em tese, por caracterizado o crime, nem sequer excogitar sua materialidade, pois o artigo 142 do CTN estatui ser competência privativa da autoridade administrativa a constituição do crédito tributário pelo lançamento; Por outro lado, o artigo 5º, inciso LV, da CF, garante, ademais, a todo e qualquer contribuinte o direito de impugnar o lançamento tributário; Ademais, o art. 34 da Lei 9.249/95 concede ao sujeito passivo a alternativa de pagar o tributo devido e seus acessórios antes da denuncia, para ver extinta a punibilidade dos crimes descritos nos artigos 1º e 2º da Lei n. 8.137/90; Nesse contexto, o Pretório Excelso, por maioria, acolheu e aprovou proposta de edição da Súmula Vinculante nº 24, com o seguinte teor: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. Diante desse quadro, constituise dever funcional do auditor fiscal a elaboração, ainda no curso da ação fiscal, da Representação Fiscal para Fins Penais, sempre que, no exercício de suas atribuições institucionais, tiver conhecimento da ocorrência de comportamento omissivo ou comissivo que configure, em tese, crime de ação penal pública que não dependa de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça, bem como qualquer contravenção penal. A representação acima referida, instruída com os elementos de prova e demais informações pertinentes, constituirseá de autos apartados e permanecerá sobrestada no âmbito da administração tributária até decisão definitiva na esfera administrativa que paute pela procedência total ou parcial do lançamento, quando, então, poderá ser encaminhada ao órgão do Ministério Público, para a devida instauração da persecução penal. Cumpre ressaltar, por relevante, que a prestação da RFFP ao Ministério Público não se consubstancia hipótese de quebra de sigilo fiscal, conforme se depreende dos termos insculpidos no art. 198, §3º, I do CTN: Código Tributário Nacional CTN Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) §3º Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Assim esculpido o arcabouço legislativo/jurisprudencial, podemos afirmar inexistir qualquer irregularidade da formalização da RFFP em destaque, eis que o seu encaminhamento ao Ministério Público somente se dará após o Trânsito em Fl. 492DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 Julgado administrativo dos Autos de Infração em julgo, mesmo assim, na estrita hipótese da procedência total ou parcial do lançamento levado a efeito pela Autoridade Lançadora. 3.4. DA RETROATIVIDADE BENIGNA Malgrado não haja sido suscitada pelo Recorrente, a condição intrínseca de matéria de ordem pública nos autoriza a examinar, ex officio, a questão relativa à penalidade pecuniária aplicada à infração em exame, em honra ao preceito encartado no art. 106, II, ‘c’ do CTN. Conforme já salientado anteriormente, vigora no Direito Tributário o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 493DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 482 25 Ocorre, no entanto, que as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de Fl. 494DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº 449/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstanciase infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu art. 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 495DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 483 27 II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Óbvio está que os dispositivos selecionados encartados na IN RFN nº 1.027/2010 extravasaram o campo reservado pela CF/88 à atuação dos órgãos administrativos, que não podem ultrapassar o âmbito da norma que rege a matéria ora em relevo, tampouco inovar o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessória, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré. A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno pois, como já afirmado alhures, tratase de obrigação acessória que é absolutamente independente de qualquer obrigação principal. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº Fl. 496DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. De outro eito, mas trigo de outra safra, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir, sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106, II, ‘c’ do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação Fl. 497DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 484 29 penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória. Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e viceversa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. É mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos Fl. 498DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu, a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em flagrante violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei Fl. 499DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10830.002340/201117 Acórdão n.º 2302002.341 S2C3T2 Fl. 485 31 nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Assim, estando contido no presente lançamento Auto de Infração de Obrigação Acessória lavrado em razão da entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo a penalidade a ser aplicada ao sujeito passivo mediante o Auto de Infração nº 31.314.6396 ser recalculada, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. É como voto. Arlindo da Costa e Silva. Fl. 500DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 15/03/ 2013 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 10580.008436/2001-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Período de apuração: 1990 a 1996
PIS DECRETOS NO. 2.445 E 2.449/89. ART. 170A
DO CTN.
Não podem ser objeto de compensação créditos decorrentes de ação judicial não transitada em julgado quando opostos posteriormente ao art. 170A do CTN
COMPENSAÇÃO. ART. 168, I DO CTN. AÇÃO JUDICIAL.
CONCOMITÂNCIA
Não é possível apreciação pelo CARF de matéria submetida ao poder
Judiciário de acordo como Decreto no. 70.235/72
Numero da decisão: 3302-001.572
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: GILENO GURJAO BARRETO
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ART. 170A DO CTN. Não podem ser objeto de compensação créditos decorrentes de ação judicial não transitada em julgado quando opostos posteriormente ao art. 170A do CTN COMPENSAÇÃO. ART. 168, I DO CTN. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA Não é possível apreciação pelo CARF de matéria submetida ao poder Judiciário de acordo como Decreto no. 70.235/72 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado Digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (Assinado Digitalmente) Gileno Gurjão Barreto Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva (Presidente), José Evande Carvalho, Fabiola Cassiano Keramidas, Alexdandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto (Relator) Relatório Fl. 697DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 18/07/201 2 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 10580.008436/200114 Acórdão n.º 330201.572 S3C3T2 Fl. 2 2 Adotase o relatório da decisão recorrida, por bem refletir a contenda: Tratase de Manifestação de Inconformidade (fls. 533/541) da interessada contra o Despacho Decisório n° 423, de 30 de abril de 2007 (fls. 528/530), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador (DRF/SDR), que não homologou compensações solicitadas. O presente processo contém um Pedido de Restituição protocolado em 14/11/2001 (fl. 01), diversos Pedidos de Compensação entregues entre 14/11/2001 e 15/09/2002 (fls. 02, 246, 248, 250, 252, 260, 287, 290, 515/519), e diversas Declarações de Compensação entregues entre 14/11/2002 e 15/05/2003 (fls 262, 264, 266, 268, 274, 279, 520, 521, 522). Os pleitos de compensação de créditos relativos à contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) com débitos referentes a tributos diversos se fundamentaram no Mandado de Segurança n° 2000.33.00.0337034 (fls. 22/51 e 295/324). O processo ficou aos cuidados do Grupo de Ações Judiciais (GAJ) da DRF/SDR, conforme despacho à folha 259. Apenas em 2003, com o trânsito em julgado da referida ação judicial, é que este processo administrativo retornou ao Serviço de Tributação (Seort) da DRF/SDR, conforme despacho à folha 273. No Seort o pedido da interessada foi então analisado à luz da decisão definitiva da Justiça, sendo exarado o referido despacho decisório, contra o qual a interessada interpôs a manifestação de inconformidade em tela. No despacho decisório a autoridade fiscal informou que o direito da contribuinte aos créditos pleiteados já se extinguira, e que, portanto, descabia a homologação das compensações solicitadas relacionadas a esse crédito. Cientificada do despacho decisório em 09/07/2002 (fl. 552), a contribuinte apresentou a Manifestação de Inconformidade em tela, sendo essas as razões de sua defesa, em síntese: • Que o entendimento mais recente do Superior Tribunal de Justiça é de que o prazo para exercer o direito ao pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação seria de dez anos (tese dos cinco mais cinco); • Que os pedidos de compensação protocolados há mais de cinco anos da decisão proferida no Despacho Decisório já se encontram homologados tacitamente. Todavia, os membros da 4ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, indeferiram a solicitação, julgando improcedente a Manifestação de inconformidade, não homologando as compensações apresentadas. Intimada em 25.02.2008, irresignada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 18.03.2008. É o relatório Fl. 698DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 18/07/201 2 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 10580.008436/200114 Acórdão n.º 330201.572 S3C3T2 Fl. 3 3 Voto Conselheiro GILENO GURJÃO BARRETO, Relator O presente recurso preenche os requisitos de admissibilidade em parte, por isso dele conheço também parcialmente. O Recorrente pleiteou que fossem homologadas dos pedidos de compensações protocolados no período de 2002, ou seja há mais de 5 (cinco) anos, tendo em vista ter sido obrigada a recolher a Contribuição ao PIS, sob a égide dos malsinados Decretos Leis nº 2.445/88 e 2.449/88. Nos termos do artigo 170 do CTN: “A lei, pode nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública”. Posteriormente, sobreveio o artigo 74, da Lei nº 9.430/96 que autorizou a compensação para quitação de quaisquer tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal. Em conformidade com os artigos supracitados, foi editada a Instrução Normativa nº 21/97, posteriormente revogada pela Instrução Normativa nº 210/2002, que passou a disciplinar acerca da compensação administrativa, nos seguintes termos: “Art. 21. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da SRF. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante o encaminhamento à SRF da "Declaração de Compensação". § 2o A compensação declarada à SRF extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento.” No caso concreto, conquanto tenha obtido medida liminar necessária e suficiente para requerer a restituição do tributo, o Acórdão de fls. 233 e ss. cassou a segurança sob o argumento direto de que haveria a prescrição qüinqüenal in casu, posto que o prazo para requererse tal direito extinguirase outubro de 2000. Daí a controvérsia passa a ser se teríamos que aplicar recente decisum dos tribunais superiores no sentido de que, requerido o direito anteriormente a 2005, nos termos da Lei Complementar 118 ou se aplicável a decisão judicial que, verificamos, ainda não transitou em julgado. Isso posto, resumindo – os créditos em si estão submetidos ao Judiciário, assim como a eventual prescrição do direito de compensálos nos termos do art. 168, I do CTN, estando presente nesse processo exclusivamente a homologação das compensações realizadas. Ora, nesse sentido, considerando o anteriormente exposto, e que as compensações o foram posteriores ao Art. 170A do CTN, que o trânsito em julgado das lides Fl. 699DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 18/07/201 2 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 10580.008436/200114 Acórdão n.º 330201.572 S3C3T2 Fl. 4 4 para que os tributos fossem passíveis de compensação. Mais – caso não aufira a sua pretensão, inexistirão créditos a serem compensados, pois que decorrentes dos Decretos no. 2.445 e 2.449/89, auferíveis até o exercício findo em 1996. Nesse sentido, voto por não conhecer do Recurso na matéria submetida ao Poder Judiciário, qual seja, quanto à prescrição, e por negar provimento ao recurso voluntário quanto à homologação das compensações, posto que desde o início não poderiam ter ocorrido, independentemente da lide ainda não conclusa. É como voto. Sala das Sessões, em 26 de abril de 2012 (Assinado Digitalmente) GILENO GURJÃO BARRETO Fl. 700DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 18/07/201 2 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por GILENO GURJAO BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10425.001134/2010-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006
AUTO DE INFRAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARTIGO 32, INCISO II, LEI Nº 8.212/91.
Constitui fato gerador de multa deixar o contribuinte de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas contribuições previdenciárias, os montantes das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos.
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
Nos termos dos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-002.902
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARTIGO 32, INCISO II, LEI Nº 8.212/91. Constitui fato gerador de multa deixar o contribuinte de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas contribuições previdenciárias, os montantes das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos dos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire - Presidente Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira - Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARTIGO 32, INCISO II, LEI Nº 8.212/91. Constitui fato gerador de multa deixar o contribuinte de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas contribuições previdenciárias, os montantes das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos dos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 42 5. 00 11 34 /2 01 0- 91 Fl. 146DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10425.001134/201091 Acórdão n.º 2401002.902 S2C4T1 Fl. 145 3 Relatório J MACEDO ENGENHARIA LTDA., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 7a Turma da DRJ em Recife/PE, Acórdão nº 1134.729/2011, às fls. 116/120, que julgou procedente a autuação fiscal lavrada contra a empresa, com fulcro no artigo 32, inciso II, da Lei nº 8.212/91, c/c artigo 225, inciso II e §§ 13 a 17, do RPS, por ter deixado de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, os montantes das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos por estabelecimento, em relação ao período 01/2005 a 12/2006, conforme Relatório Fiscal da Infração, às fls. 05/06, e demais documentos constantes dos autos. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 30/07/2010, nos termos do artigo 293 do RPS, contra a contribuinte acima identificada, constituindose multa no valor de R$ 14.317,78 (Quatorze mil, trezentos e dezessete reais e setenta e oito centavos), com base nos artigos 283, inciso II, alínea “a”, e 373, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99. De conformidade com o Relatório Fiscal, a autoridade lançadora constatou que os fatos geradores das contribuições previdenciárias relativos às remunerações pagas a titulo de saldo de salário e 13o salário proporcional, constantes em termos de rescisão de contrato de trabalho, foram escriturados numa única conta, impropriamente intitulada Indenização Trabalhista, de forma não discriminada, juntamente com as verbas indenizatórias pagas a titulo de férias vencidas e proporcionais, impossibilitando assim identificar clara e precisamente as rubricas integrantes ou não do salário de contribuição. Inconformada com a Decisão recorrida, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às fls. 122/135, procurando demonstrar a improcedência do lançamento, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases e fatos ocorridos no decorrer do processo administrativo fiscal, pugna pela decretação da nulidade do lançamento, por entender que o fiscal autuante, ao constituir o presente crédito previdenciário, não logrou motivar/comprovar os fatos alegados de forma clara e precisa na legislação de regência, contrariando o disposto no artigo 142 do CTN, em total preterição do direito de defesa e do contraditório da autuada, conforme se extrai da doutrina e jurisprudência, baseando a autuação em meras presunções. Insurgese contra a exigência consubstanciada na peça vestibular do feito, requerendo novamente a apresentação de prova pericial e escrituração contábil da empresa, uma vez que esta é a técnica mais justa e adequada para aferir a idoneidade das atividades desenvolvidas pelo contribuinte e questionadas pelo fisco. Assevera que a contribuinte nunca se recusou a prestar os esclarecimentos e documentos solicitados pela fiscalização no decorrer da ação fiscal, não se justificando a constituição do crédito previdenciário a partir de presunções (arbitramento) em detrimento da Fl. 148DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 4 documentação ofertada pela autuada (livros diários, GFIP’s, etc...), sendo dever do fisco comprovar a efetiva ocorrência do fato gerador do tributo ora lançado. Contrapõese ao lançamento fiscal em comento, especialmente em relação à aferição indireta procedida, argumentando que referido procedimento somente poderá ser utilizado em situações extremas, quando inexistir escrita contábil ou outros casos devidamente dispostos na legislação de regência, o que não se vislumbra na hipótese dos autos. Em defesa de sua pretensão traz à colação doutrina e jurisprudência a propósito da matéria, corroborando seu entendimento. Opõese à multa aplicada, por considerála confiscatória e desproporcional, sendo, por conseguinte, ilegal e/ou inconstitucional, devendo ser excluída do débito em questão, sobretudo por violar o princípio da capacidade contributiva. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 149DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10425.001134/201091 Acórdão n.º 2401002.902 S2C4T1 Fl. 146 5 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR NULIDADE LANÇAMENTO Em suas razões recursais, em suma, pretende a recorrente a reforma da decisão recorrida, a qual manteve a exigência fiscal em sua plenitude, propugnando pela decretação da nulidade do feito, sob o argumento de que a autoridade lançadora não logrou motivar/fundamentar o ato administrativo do lançamento, de forma a explicitar clara e precisamente os motivos e dispositivos legais que embasaram a autuação, contrariando a legislação de regência, notadamente o artigo 142 do CTN e, bem assim, os princípios da ampla defesa e do contraditório. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com o presente lançamento. A simples leitura dos anexos da autuação, especialmente o “Relatório da Infração”, às fls. 05, e Relatório Fiscal da Aplicação da Multa, às fls. 06, não deixa margem de dúvida, recomendando o não acolhimento da nulidade suscitada, uma vez informarem que a contribuinte deixou de lançar em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores das contribuições previdenciárias ocorridos durante o período fiscalizado, infringindo o disposto no artigo 32, inciso II, Lei nº 8.212/91, c/c artigo 225, inciso II, do RPS, constituindose crédito previdenciário decorrente de multa aplicada com arrimo no artigo 283, inciso II, alínea “a”, do Decreto nº 3.048/99, nos seguintes termos: “ Lei n º 8.212/91 Art. 32. A empresa é também obrigada a: [...] II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos;” “ Decreto nº 3.048/99 RPS Art. 225. A empresa é também obrigada a: [...] Fl. 150DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 6 II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos [...] Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis n os 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: [...] II a partir de R$ 6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: a) deixar a empresa de lançar mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos;” Verificase, que a recorrente não apresentou a documentação exigida pela Fiscalização na forma que determina a legislação previdenciária, incorrendo na infração prevista nos dispositivos legais supratranscritos, o que ensejou a aplicação da multa, nos termos do Regulamento da Previdência Social, como procedeu, corretamente, o fiscal autuante, não se cogitando na improcedência do lançamento ou mesmo em presunções. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover o lançamento demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhe suportaram, ou melhor, o fato gerador da penalidade imposta, não se cogitando na nulidade do procedimento. Melhor elucidando, os cálculos dos valores objetos do lançamento e a conclusão fiscal foram extraídos das informações constantes dos sistemas previdenciários e fazendários, bem como dos documentos contábeis e demais esclarecimentos fornecidos pela própria recorrente, rechaçando qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento adotado pelo fiscal autuante, como procura demonstrar à autuada, uma vez que agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência. DA APRECIAÇÃO DE QUESTÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES/ILEGALIDADES NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Relativamente às questões de inconstitucionalidades arguidas pela contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como a multa ora exigida encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Notese, que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas Fl. 151DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10425.001134/201091 Acórdão n.º 2401002.902 S2C4T1 Fl. 147 7 vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. A própria Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é por demais enfática neste sentido, impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.” Observese, que somente nas hipóteses contempladas no parágrafo único e incisos do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E, segundo o artigo 72, e parágrafos, do Regimento Interno do CARF, as Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação obrigatória por este Conselho. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: I – processar e julgar, originariamente: Fl. 152DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 8 a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; [...]” Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram o presente lançamento. Neste sentido, não se cogita em improcedência do feito, tendo em vista que o fiscal autuante agiu da melhor forma, com estrita observância da legislação tributária aplicável à espécie, impondo a manutenção da decisão recorrida em sua plenitude. No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo à extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Relativamente às demais alegações da contribuinte que, em parte sequer guarda relação com a presente autuação, deixaremos de abordálas, porquanto incapazes de ensejar a reforma da decisão recorrida e/ou macular o crédito previdenciário ora exigido, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente debatidas/rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Assim, escorreita a decisão recorrida devendo nesse sentido ser mantido o lançamento na forma ali decidida, uma vez que a contribuinte não logrou infirmar os elementos colhidos pela Fiscalização que serviram de base para constituição do crédito previdenciário, atraindo para si o ônus probandi dos fatos alegados. Não o fazendo razoavelmente, não há como se acolher a sua pretensão. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 153DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 28/03/2 013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 05/03/2013 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 11065.002177/2009-59
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2008
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. PRELIMINAR DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. DECADÊNCIA DE PARTE DO LANÇAMENTO.
Acato o argumento contido na preliminar, não pela suposta ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mas pelo enquadramento do fato às determinações da Súmula CARF nº 76.
O lançamento, como bem delineado no acórdão recorrido (fls. 1.150) foi realizado no âmbito da estrita competência do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.
A fundamentação legal utilizada pela fiscalização, o art. 89 da Lei nº 8.212/91 c/c o § 6º do art. 44 da Instrução Normativa RFB nº 900/2008, demonstra a correção quando da constituição do crédito tributário.
No que se refere à discussão da decadência em face da competência 08/2004, discordo do posicionamento do julgador a quo, tendo em vista que nos autos não se discutiu os recolhimentos dos segurados efetivamente contratados pela recorrente, situação que indica ter havido, sim, recolhimentos no período aferido. Assim sendo, reconheço a decadência relativamente à competência 08/2004, com base no § 4º do art. 150 do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2803-002.074
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a), para acatar a preliminar, não pela suposta ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mas pelo enquadramento do fato às determinações da Súmula CARF nº 76 e reconher a decadência relativamente à competência 08/2004.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima Presidente
(Assinado digitalmente)
Amílcar Barca Teixeira Júnior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato e Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR
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CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. PRELIMINAR DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. DECADÊNCIA DE PARTE DO LANÇAMENTO. 1. Acato o argumento contido na preliminar, não pela suposta ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mas pelo enquadramento do fato às determinações da Súmula CARF nº 76. 2. O lançamento, como bem delineado no acórdão recorrido (fls. 1.150) foi realizado no âmbito da estrita competência do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. 3. A fundamentação legal utilizada pela fiscalização, o art. 89 da Lei nº 8.212/91 c/c o § 6º do art. 44 da Instrução Normativa RFB nº 900/2008, demonstra a correção quando da constituição do crédito tributário. 4. No que se refere à discussão da decadência em face da competência 08/2004, discordo do posicionamento do julgador a quo, tendo em vista que nos autos não se discutiu os recolhimentos dos segurados efetivamente contratados pela recorrente, situação que indica ter havido, sim, recolhimentos no período aferido. Assim sendo, reconheço a decadência relativamente à competência 08/2004, com base no § 4º do art. 150 do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 21 77 /2 00 9- 59 Fl. 1238DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 11065.002177/200959 Acórdão n.º 2803002.074 S2TE03 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a), para acatar a preliminar, não pela suposta ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mas pelo enquadramento do fato às determinações da Súmula CARF nº 76 e reconher a decadência relativamente à competência 08/2004. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima – Presidente (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato e Natanael Vieira dos Santos. Fl. 1239DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 11065.002177/200959 Acórdão n.º 2803002.074 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) lavrado em desfavor do contribuinte acima identificado, relativamente à contribuição previdenciária patronal, destinada à seguridade social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, incidente sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados e também a contribuição previdenciária patronal destinada à seguridade social, incidente sobre o total das remunerações pagas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais. O Contribuinte devidamente notificado apresentou defesa tempestiva. A impugnação foi julgada em 29 de junho de 2011 e ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2008 Auto de Infração – AI 37.205.5192 CONSTITUCIONALIDADE E LEGALIDADE. A constitucionalidade e a legalidade das leis são vinculadas para a Administração Pública. DECADÊNCIA. As contribuições previdenciárias impagas estão sujeitas aos prazos decadenciais estabelecidos no Código Tributário Nacional. Decadência não configurada. RECOLHIMENTO. APROVEITAMENTO. Não há que se falar em recolhimento de contribuição quando não efetuado no CNPJ da autuada. NULIDADE. Não há nulidade do auto de infração quando identificado o respectivo sujeito passivo e demonstradas, de forma suficiente, a origem e a composição dos valores lançados, inclusive no que respeita às respectivas bases legais. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que, formal ou documentalmente, possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva beneficiária do trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. MULTA DE OFÍCIO. É correta a incidência da mula de ofício de 75%, sobre o valor das contribuições apuradas quando mais favorável ao contribuinte. DILIGÊNCIA E PERÍCIA. Considerase não formulado pedido de diligência ou perícia feito em desacordo com a determinação contida na legislação vigente. Fl. 1240DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 11065.002177/200959 Acórdão n.º 2803002.074 S2TE03 Fl. 5 4 COMUNICAÇÃO PROCESSUAL. A comunicação processual será feita ao sujeito passivo em seu domicílio tributário, conforme legislação disciplinadora da matéria. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com resultado do julgamento da primeira instância administrativa, o Contribuinte apresentou recurso tempestivo, onde alega, em síntese, o seguinte: Em preliminar o contribuinte alega ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, na medida em que desconsidera os já efetuados – e regular – recolhimentos das contribuições patronais e ao SAT efetuadas por Hanyvery Calçados Ltda. Com argumentos fundados em análises superficiais, sem provar a efetiva ocorrência (por documentos ou qualquer outro meio que não sejam consolidados com base em meras conjecturas) do fato jurídico tributário ou o procedimento do sujeito passivo que se configure como infração à legislação tributária, teve desconsiderada a relação jurídica, por suposta simulação na terceirização de atividades produtivas, a ora recorrente, sendo equivocadamente autuada. Sobreveio decisão, consubstanciada no acórdão da 7ª Turma da DRJ/POA (fls. 1.141 – 1.152), no sentido de julgar improcedente a impugnação interposta, mantendo a exação fiscal – com o que não concorda a contribuinterecorrente, eis que, além das demais ilegalidades, sequer restou considerado, que este Auto de Infração, lança – novamente – valores já corretamente recolhidos, referentes aos descontos efetuados dos respectivos empregados, a título de contribuição previdenciária. Os serviços prestados por pessoas jurídicas não podem ser desconsiderados sem prova robusta e concreta da presença dos requisitos caracterizados da relação de emprego, pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação. Sem eles, não há como reconhecer os segurados de Hanyvery Calçados Ltda como empregados da recorrente. Digase, ainda, que tal competência pertence ao Auditor do Trabalho vinculado ao M.T.E. A competência 08/2004 foi alcançada pela decadência. O lançamento é equivocado e desmedido. Não há razão de fato, e nem de direito, que dê guarida a desconsideração da relação jurídica entre a prestadora de serviço e a recorrente. É direito/dever do contribuinte, até para fazer frente ao mercado externo, escolher, dentre as várias alternativas legais, a menos onerosa no planejamento de sua produção industrial. Houve recolhimento válido à previdência social e que não foi considerado pelo fisco. Fl. 1241DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 11065.002177/200959 Acórdão n.º 2803002.074 S2TE03 Fl. 6 5 As multas aplicadas são incoerentes. Ante o todo exposto, requer: a) O recebimento das presentes razões recursais – eis que tempestivas e de direito da parte que as interpõe, e; b) Seja analisada a preliminar de ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, pelo fato de o acórdão nº 1032.267, da 7ª Turma – DRJ/POA, não ter considerado o recolhimento de contribuições previdenciárias validamente operado – impondo se a reforma do julgado e a decretação de nulidade do AI que deu origem ao feito; c) Seja declarado o advento da decadência no que toca à competência de 08/2004 no AI DEBCAD nº 37.205.5192; d) Por ocasião do julgamento do mérito, seja dado total provimento ao presente recursos voluntário, reformandose integralmente o Acórdão nº 1032.267 – 7ª Turma da DRJ/POA, com o fito de que seja declarado totalmente nulo o Auto de Infração DEBCAD nº 37.205.5192 (inclusive no que concerne a juros, correção monetária e multa), processo nº 11065.002.177/200959. Reforçamse todos os fundamentos e postulações já veiculados na impugnação e resposta à diligência constantes dos autos. Não apresentadas as contrarrazões. É o relatório. Fl. 1242DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 11065.002177/200959 Acórdão n.º 2803002.074 S2TE03 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Amílcar Barca Teixeira Júnior, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Em preliminar o contribuinte alega ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, na medida em que o fisco desconsidera os já efetuados – e regular – recolhimentos das contribuições patronais e ao SAT, efetuadas por Hanyvery Calçados Ltda. Acato o argumento contido na preliminar não pela suposta ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mas pelo enquadramento do fato às determinações da Súmula CARF nº 76, verbis: Súmula CARF nº 76: Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. Vêse, contudo, não ser o caso de efetiva exclusão do Simples, mas de constatação, pela fiscalização (Relatório Fiscal, fls. 34 a 39), e demais elementos de provas carreados aos autos, de quem seria o efetivo empregador dos trabalhadores supostamente contratados pela empresa Hanyvery Calçados Ltda, in casu, a ora recorrente. Como a matéria diz respeito a um mesmo grupo de segurados a serviço da recorrente, não resta dúvida de que no cômputo final do devido, deve ocorrer o aproveitamento da parte já recolhida pela empresa interposta, devendo a empresa autuada recolher a diferença apurada. Destarte, quando da apuração do devido, a autoridade administrativa incumbida desse mister deve se ater às determinações contidas na Súmula CARF nº 76. Com efeito, não vislumbro nestes autos, a caracterização de decisão lastreada em análise superficial, sem provar a efetiva ocorrência do fato jurídico tributário ou de procedimento do sujeito passivo que se configure como infração à legislação tributária, como alega a recorrente. O lançamento, como bem delineado no acórdão recorrido (fls. 1.150) foi realizado no âmbito da estrita competência do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. A fundamentação legal utilizada pela fiscalização, o art. 89 da Lei nº 8.212/91 c/c o § 6º do art. 44 da Instrução Normativa RFB nº 900/2008, demonstra a correção quando da constituição do crédito tributário. Portanto, não há que se falar em lançamento equivocado e desmedido. Fl. 1243DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 11065.002177/200959 Acórdão n.º 2803002.074 S2TE03 Fl. 8 7 No que se refere à discussão da decadência em face da competência 08/2004, discordo do posicionamento do julgador a quo, tendo em vista que nos autos não se discutiu os recolhimentos dos segurados efetivamente contratados pela recorrente, situação que indica ter havido, sim, recolhimentos no período aferido. Se teve recolhimento de contribuições, a regra a ser adotada para efeito da decadência é a do § 4º do art. 150 do CTN e não a do inciso I do art. 173 do mesmo diploma legal. Assim sendo, reconheço a decadência relativamente à competência 08/2004, com base no § 4º do art. 150 do CTN. A questão de ser ou não direito do contribuinte valerse de alternativas legais e menos onerosa no planejamento de sua produção industrial não se aplica à situação vertente, tendo em vista que a opção adotada malfere a legislação em vigor, conforme bem explicitado no relatório fiscal e na decisão recorrida. Na parte da multa aplicada também não vislumbro qualquer falha da fiscalização, considerando que o assunto foi objeto de Informação Fiscal (fls. 1.120), situação de pleno conhecimento / manifestação do contribuinte. Ademais, no tópico “Da multa aplicada” às fls. 1.151 da decisão recorrida, o julgador de primeira instância administrativa descreve com riqueza de detalhes o cotejo da situação mais vantajosa para o contribuinte, nos moldes da alínea “c” do inciso II do art. 106 do CTN. No ponto, não vislumbro qualquer possibilidade de alteração do acórdão recorrido. Por último, as matérias que foram objeto da impugnação e não aventadas no recurso não serão apreciadas, em face do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 que estabelece que “considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante”. CONCLUSÃO. Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO. Acato a preliminar não pela suposta ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mas pelo enquadramento do fato às determinações da Súmula CARF nº 76 e reconheço a decadência relativamente à competência 08/2004. É como voto. (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator. Fl. 1244DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 11065.002177/200959 Acórdão n.º 2803002.074 S2TE03 Fl. 9 8 Fl. 1245DF CARF MF Impresso em 13/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 2 6/02/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR
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