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Numero do processo: 10882.904956/2012-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 28/02/2007
COMPENSAÇÃO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA.
A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO.
É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.898
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que não conhecia do recurso.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 28/02/2007 COMPENSAÇÃO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Negado.
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EFEITOS Recorrente MOINHO CANUELAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 28/02/2007 COMPENSAÇÃO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que não conhecia do recurso. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 49 56 /2 01 2- 08 Fl. 261DF CARF MF 2 convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Declaração de Compensação para o aproveitamento de crédito de COFINS decorrente de pagamento indevido ou a maior. Em razão da aparente inexistência do crédito, vez que o DARF não foi localizado no sistema, foi transmitido Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação declarada. A empresa apresentou Manifestação de Inconformidade intempestiva, com prequestionamento de tempestividade. Através do Acórdão nº 02061.849, a DRJ não conheceu da defesa por intempestiva. Cientificada desta decisão, a empresa apresentou o Recurso Voluntário ora em apreço, tempestivamente, sustentando a existência do direito creditório e a necessidade de aplicação ao presente processo do princípio da verdade real e material. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.886, de 28 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10882.904939/201262, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402005.886): "Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas negolhe provimento, pelas razões a seguir expostas. Pela análise do presente processo, trazida no relatório acima, depreendese que o contencioso no presente processo não foi regularmente instaurado, vez que intempestiva a Manifestação de Inconformidade apresentada pela empresa em 18/12/2012, mais de 30 (trinta) dias após sua regular intimação do Despacho Decisório Eletrônico, ocorrida em 14/11/2012 (e fl. 69). O art. 74, § 9º da Lei n.º 9.430/96, na redação dada pela Lei n.º 10.833/2003, prevê defesa própria a ser apresentada pelo sujeito passivo na hipótese de não homologação de pedido de compensação: a Manifestação de Inconformidade. Esta defesa deve ser apresentada no prazo de 30 (trinta) dias contados da Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10882.904956/201208 Acórdão n.º 3402005.898 S3C4T2 Fl. 3 3 ciência do despacho denegatório, previsto no §7º daquele mesmo dispositivo legal: "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimá lo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003)" (grifei) No presente caso, a intempestividade é patente, vez que, intimado em 14/11/2012 (quartafeira), o prazo fatal para a apresentação da Manifestação de Inconformidade encerrouse em 14/12/2012 (sextafeira). Essa questão já foi analisada em distintas oportunidades por este CARF1, inclusive em processos semelhantes do mesmo sujeito passivo, nos Acórdãos 3202003.041, 3202003.042, 3202003.043, 3202003.044 3802003.046, 3802003.047 e 3802003.048 publicados em 27/08/2014. Naqueles julgados, os Recursos Voluntários apresentados pela empresa não foram providos pelo Relator Cláudio Augusto Gonçalves Pereira em razão da mesma mácula no procedimento (intempestividade da Manifestação de Inconformidade originária): "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2000 Ementa: Manifestação de Inconformidade Intempestiva Efeitos 1 Vide ainda: Processo n.º 15374.902473/200919 Data da Sessão 08/12/2015 Relator Frederico Augusto Gomes de Alencar Acórdão n.º 1402001.974 Fl. 263DF CARF MF 4 A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito, porque dela não se conhece. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do presente recurso e negarlhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado." (grifei) Ora, todas as questões passíveis de análise nesta seara administrativa seriam pormenorizadas quando do julgamento da primeira Manifestação de Inconformidade. Não tendo sido conhecida esta defesa por patente intempestividade, evidente a preclusão do direito processual da Recorrente, cujas razões trazidas no Recurso Voluntário não merecem análise e provimento. Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas por negarlhe provimento em razão da preclusão, face a intempestividade da Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório Eletrônico." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma (houve apresentação intempestiva da Manifestação de Inconformidade), de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas por negarlhe provimento em razão da preclusão, face a intempestividade da Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório Eletrônico. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 264DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.910044/2009-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MAIOR OU INDEVIDAMENTE. COMPENSAÇÃO ANTES DO FINAL DO PERÍODO DE APURAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84. AFASTAMENTO DA VEDAÇÃO PELA IN SRF Nº 600/05. POSSIBILIDADE. INDÉBITO CARACTERIZADO. DEMANDA DE NOVA ANÁLISE.
Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa.
Verificada a legalidade da manobra de compensação pretendida pelo contribuinte, afastando-se entendimento anterior pela sua vedação, devem ser, materialmente, analisadas a procedência e a quantificação do crédito pretendido antes da sua homologação.
Numero da decisão: 1402-003.435
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com base na Súmula CARF nº 84, para afastar a vedação da compensação pretendida pela Contribuinte, determinando o retorno à Unidade Local para a prolatação de novo Despacho Decisório, considerando a materialidade e a quantificação do crédito utilizado na compensação, analisando a documentação já acostada aos autos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15374.910035/2009-24, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado), Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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COMPENSAÇÃO ANTES DO FINAL DO PERÍODO DE APURAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84. AFASTAMENTO DA VEDAÇÃO PELA IN SRF Nº 600/05. POSSIBILIDADE. INDÉBITO CARACTERIZADO. DEMANDA DE NOVA ANÁLISE. Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. Verificada a legalidade da manobra de compensação pretendida pelo contribuinte, afastandose entendimento anterior pela sua vedação, devem ser, materialmente, analisadas a procedência e a quantificação do crédito pretendido antes da sua homologação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com base na Súmula CARF nº 84, para afastar a vedação da compensação pretendida pela Contribuinte, determinando o retorno à Unidade Local para a prolatação de novo Despacho Decisório, considerando a materialidade e a quantificação do crédito utilizado na compensação, analisando a documentação já acostada aos autos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 15374.910035/200924, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado), AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 91 00 44 /2 00 9- 15 Fl. 116DF CARF MF Processo nº 15374.910044/200915 Acórdão n.º 1402003.435 S1C4T2 Fl. 3 2 Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento a quo, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, mantendo o r. Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pretendida, por entender que estimativas recolhidas a maior/indevidamente só podem ser objeto de compensação ao final ou após o período de apuração do IRPJ e da CSLL. Em sua Manifestação de Inconformidade, em suma, alegou a ora Recorrente que a Lei nº 9430/96 garante a compensação de quaisquer indébitos, fruto de recolhimento indevido ou maior, não se sustentando legalmente a impossibilidade invocada pela Autoridade Fiscal. Traz excertos jurisprudenciais e doutrinários. Também pugna pela inconstitucionalidade da Instrução Normativa nº 600/05 e invoca do princípio da busca pela verdade material. Ao seu turno, a DRJ a quo proferiu o v. Acórdão, ora recorrido, deixando de conhecer a matéria constitucional invocada e, na parte conhecida, negando provimento à defesa, por entender haver vedação expressa no art. 10 da IN nº 600/05 que impediria essa pretensão compensatória da Contribuinte. Ressaltase lá a vinculação daqueles N. Julgadores aos entendimentos da Receita Federal do Brasil. Diante de tal revés, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário, agora sob análise, em suma, abandonando as alegações de inconstitucionalidade, mas reiterando e frisando a legalidade da compensação das estimavas, no mesmo período em que apurado o indébito, trazendo novos julgados deste E. CARF que corroboram sua pretensão e infirmam o posicionamento do v. Acórdão combatido. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.428, de 20/09/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15374.910035/2009 24, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 15374.910044/200915 Acórdão n.º 1402003.435 S1C4T2 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.428): "O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Ausentes alegações preliminares, passase ao mérito da demanda. O tema exclusivo agora sob análise é a possibilidade legal da Contribuinte utilizar em compensação, via DCOMP, crédito oriundo de estimativas recolhidas indevidamente, ainda no mesmo período de apuração. Como fica muito claro nos autos, o único fundamento para a denegação da compensação foi a suposta vedação da manobra intentada, como se verifica tanto no r. Despacho Decisório como, posteriormente, no v. Acórdão, ora recorrido, que expressamente invocam o art. 10 da IN SRF nº 600/05, vigente à época da transmissão da DCOMP. Registrese que não houve qualquer análise da materialidade do crédito ou da sua quantificação, ainda que a Recorrente tenha carreado documentação aos autos, sendo a motivação da não homologação da compensação exclusivamente jurídica. Pois bem, tal matéria sob apreço é tema há muito debatido neste E. CARF (e no predecessor E. Conselho de Contribuintes), sendo, desde 10 de dezembro de 2012, objeto da Súmula CARF nº 84, a qual, recentemente, em sessão de 03 de setembro de 2018, pela composição do Pleno da C. Câmara Superior de Recursos Fiscais, foi mantida e teve sua redação revisada: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Como se observa da leitura de tal entendimento sumular, da mesma forma como defende a Recorrente, é autorizada a compensação de estimativas recolhidas a maior (indébito) a partir do seu pagamento. Logo, o óbice imposto à Contribuinte não deve prevalecer, em obediência a tal enunciado. Inclusive, não há qualquer limitação temporal da aplicabilidade da Súmula nº 84, mostrandose, no entender deste Conselheiro, irrelevante qual normativo interno da Receita Federal do Brasil regulava a matéria à época do pleito de compensação. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 15374.910044/200915 Acórdão n.º 1402003.435 S1C4T2 Fl. 5 4 Contudo, apenas para robustecer o presente julgamento, esclarecese que existem inúmeros precedentes desta C. 1ª Seção que, especificamente, abordam e afastam a vedação contida no art. 10 da IN nº 600/05, para promover a devida e mandatória aplicação da referida Súmula. Nesse sentido, ilustrando aquilo acima consignado, confirase o recente Acórdão nº 1301003.233, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta C. 1ª Seção, de relatoria do I. Conselheiro Nelso Kichel, publicado em 30/08/2018: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DCOMP. AFASTAMENTO DO ÓBICE DO ART. 10 DA IN SRF Nº 460/04 E REITERADO PELA IN SRF Nº 600/05. SÚMULA CARF Nº 84. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação, desde que comprovado o erro de fato e desde que não utilizado no ajuste anual. Não comprovado o erro de fato, mas existindo eventualmente pagamento a maior de estimativa mensal em relação ao valor do débito apurado no encerramento do respectivo anocalendário, cabível a devolução do saldo negativo no ajuste anual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar os óbices da IN SRF 600 (Súmula CARF nº 84) no que diz respeito à possibilidade de indébito relativo a pagamento de estimativas em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomandose, a partir daí, o rito processual habitual. (destacamos) Desse modo, merece reforma o v. Acórdão (assim como r. Despacho Decisório, digase), vez que lícita e viável a postura procedimental da Contribuinte. Porém, como já esclarecido, em momento algum houve investigação sobre a existência e quantificação do crédito empregado, fruto do alegado recolhimento a maior/indevido de estimativa (por consequência lógica do afastamento sumário da regularidade da postura da Recorrente, não havendo, então, em se falar de lapso nos julgamentos pretéritos). Fl. 119DF CARF MF Processo nº 15374.910044/200915 Acórdão n.º 1402003.435 S1C4T2 Fl. 6 5 De forma reversa, agora, uma vez aceita a circunstância jurídica da compensação, mister proceder à devida análise de materialidade do valor utilizado. Todavia, tal análise não deve ser direta e imediatamente feita por esta C. 2ª Instância, sobre pena de supressão do iter regular processual, bem como do próprio direito de defesa da Contribuinte, devendo os autos serem remetidos à Unidade Local competente para a análise da documentação acostada ao feito e de sistemas de informação internos, proferindose novo Despacho Decisório, com o prosseguimento do regular do processo (garantida, inclusive, a apresentação de nova Manifestação de Inconformidade, Recurso Voluntário e todos outros apelos contemplados pela legislação). Diante de todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com base na Súmula CARF nº 84, para afastar a vedação da compensação pretendida pela Contribuinte, invocada tanto no r. Despacho Decisório, como no v. Acórdão recorrido. Devem ser os autos encaminhados à D. Unidade Local competente para a prolatação de novo Despacho Decisório, considerando a materialidade e a quantificação do crédito utilizado na compensação, analisando a documentação já acostada aos autos e sistemas de informações internos da RFB. Deverá também ser retomado o curso natural e ordinário do processo administrativo após tal nova decisão." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com base na Súmula CARF nº 84, para afastar a vedação da compensação pretendida pela Contribuinte, determinando o retorno à Unidade Local para a prolatação de novo Despacho Decisório, considerando a materialidade e a quantificação do crédito utilizado na compensação, analisando a documentação já acostada aos autos. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 120DF CARF MF
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Numero do processo: 10314.722870/2016-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não tomar conhecimento do Recurso Voluntário nesta Terceira Seção para declinar da competência à Primeira Seção de Julgamento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Ávila (suplente convocado).
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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COM. E EXPORTAÇÃO DE AUTO PEÇAS LTDA ME FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não tomar conhecimento do Recurso Voluntário nesta Terceira Seção para declinar da competência à Primeira Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Ávila (suplente convocado). Relatório 1. Por bem retratar o caso em questão, emprego aqui parte do relatório desenvolvido pela DRJ de Ribeirão Preto/SP quando da lavratura do acórdão recorrido (acórdão n. 1468.078 fls. 1.430/1.507), o que passo a fazer nos seguintes termos: Tratase de auto de infração, às fls. 979997, lavrado em 21/12/2016, relativo ao IPI, anocalendário de 2012, no valor total de R$ RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 14 .7 22 87 0/ 20 16 -2 9 Fl. 1812DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.813 2 8.105.756,07 (discriminado à fl. 979), inclusos multa de oficio de 150% e juros de mora à taxa Selic, calculados até dezembro/2016. (...). A Fiscalização atribuiu responsabilidade solidária aos seguintes contribuintes: (...). I) DA AUTUAÇÃO As irregularidades apontadas pela Fiscalização encontramse descritas no Relatório Fiscal (TVF), integrante dos autos de infração, as fls. 406428. "(...) Segundo informações constantes da DIPJ 2013 apresentada em 26/06/2013 (ND 950338), o sujeito passivo indicou a opção pelo lucro real TRIMESTRAL para apurar o Imposto de Renda e Contribuição Social devidos durante o ano de 2012 (no caso, o lucro real não era uma opção, pois a receita bruta da empresa em 2011 superou R$ 48.000.000,00, portanto, ela estava OBRIGADA AO LUCRO REAL). Nessa declaração foram informados como zero todos os valores a serem preenchidos (“declaração zerada”, como se costuma chamar esse tipo de informação prestada ao fisco). Não foi apresentada declaração retificadora. Ocorre que o exame de informações extraídas dos sistemas da RFB permitiram constatar que a empresa emitiu notas fiscais eletrônicas conforme discriminado a seguir (os totais apresentados consideram os valores TOTAIS das notas fiscais relacionadas às operações de venda cujos CFOP são: 5.101; 5.124; 5.401;5.501; 6.101; 6.109; 6.401; e 6.501). (...). DA AÇÃO FISCAL Em vista de tais inconsistências, foi determinada a realização de Diligência Fiscal, cujo TDPF recebeu o número de 08.1.65.002014 011979. Assim, em 15/09/2014 foi encaminhada correspondência para o domicílio eleito do sujeito passivo, tal qual informado no cabeçalho desse Termo. Essa correspondência foi (...). Em 23/09/2014, em diligência realizada no imóvel da rua Susana, 190 – Jardim Independência – São Paulo, local onde deveria funcionar a empresa fiscalizada, foi confirmada a informação dos Correios, ou seja, a empresa não mais operava naquele endereço. No local, esta autoridade fiscal foi recebida pela representante da empresa EMBREPAR, Sra. Fernanda D. Barbosa Oliveira, que disse ter conhecimento de que, naquele local, funcionou, anteriormente, a empresa NYTRON. Foime apresentada o contrato de locação do imóvel, em nome de EMBREPAR, datado de 25/05/2013. Fl. 1813DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.814 3 Em face do que foi apurado até aquele momento, foi publicado Edital nº 58 (afixado na repartição fiscal em 01/10/2014) para dar ciência do início da diligência fiscal. Tendo em vista que o edital foi publicado com erro no nome do Termo, ele foi retificado pelo Edital nº 61 (afixado em 17/10/2014). Em seguida, foi lavrada representação fiscal para declaração de inaptidão da empresa em razão de não ter sido localizada (processo 10314.727629/201424). O Ato Declaratório Executivo n° 37, de 23 de outubro de 2014 foi publicado no D.O.U em 27/10/2014. Desde então, a empresa não logrou regularizar a situação de seu cadastro junto à Receita Federal do Brasil. Considerando a severidade do caso, a ação fiscal de diligência foi convertida em fiscalização e recebeu novo número (TDPF 08.1.6500 2014.013602). O Termo de Início de Ação Fiscal desse novo procedimento fiscal foi encaminhado para o endereço do sujeito passivo, conforme previsto no artigo 23, inciso I, do Decreto n° 70.235/1972 para, em seguida à devolução pelos Correios, ser publicado o edital. A correspondência foi encaminhada em 20/10/2014 e sua devolução deuse em 29/10/2014 (muito embora, nesse caso, houve recepção indevida pela empresa EMBREPAR, que devolveu o envelope fechado nos Correios). O Edital n° 62, exarado para dar ciência do indigitado Termo de Início, foi publicado em 03/11/2014. DAS CONSTATAÇÕES Em razão da não localização da empresa em seu domicílio fiscal, passouse ao exame de questões relacionadas aos responsáveis pela pessoa jurídica. Para tanto, foram examinados o cadastro do CNPJ e os registros na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP). As informações obtidas foram as seguintes: (...). Na Ficha Completa obtida no sítio da JUCESP na internet ainda foi possível constatar que em 31/01/2014 (portanto após a alteração da composição societária) houve bloqueio das quotas de Luiz Marcos de Paulo em razão de decisão judicial prolatada no processo 013845619 2003.8.26.0100. Posteriormente, em 03/03/2015, constou que o juízo da 8ª Vara Cível do Foro Central da Capital de São Paulo/SP tornou nula a transferência de quotas, portanto, Wolney Lopes não pode ser considerado sócio da fiscalizada. Em que pese a decisão judicial que anulou a transferência de quotas, cumpre examinar se a transferência de titularidade das quotas é uma operação usual ou simulada, pois verificouse que tanto Wolney Lopes quanto José Anselmo não teriam capacidade financeira para participar da sociedade fiscalizada em face do valor se seu capital social (R$ 250.000,00), conforme asseguram informações prestadas em suas declarações de rendimento. Inclusive, em um dos casos, para justificar a aquisição do patrimônio, foi registrado um empréstimo do sócio que estava transferindo as quotas no exato valor da sua aquisição. No outro caso, sequer foi declarada a aquisição das quotas (dados que Fl. 1814DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.815 4 são, propositadamente, informados de forma genérica em razão da garantia do sigilo fiscal). Também cumpre notar que José Anselmo da Silva Filho constou como funcionário da empresa QUIRINO’S BOCA A BOCA GRILL LTDA. – ME (09.211.101/000186), cujo sócio é Yuri Garcia de Paula (370.502.00808), filho de Luiz Marcos de Paula (sócio majoritário da fiscalizada), no período de 01/04/2012 a 17/06/2015 na função de porteiro (517405), conforme dados do Portal CNIS. Havendo fortes indícios de que Wolney Lopes e José Anselmo da Silva Filho são interpostas pessoas, particularmente considerando a falta de capacidade econômica e a relação de emprego de José Anselmo da Silva Filho numa empresa que tem por sócio o filho de Luiz Marcos de Paula, foram buscados outros elementos que pudessem informar sobre a situação que envolveu a transferência de titularidade das quotas da fiscalizada. Resumese, a seguir, alguns dos elementos encontrados: (...). Em face de todos os elementos apresentados acima, vislumbrouse a possibilidade da ocorrência da seguinte situação: 1. A empresa METALÚRGICA SOLANO LTDA, embora uma sociedade com personalidade própria, funcionava, na prática, como uma filial da fiscalizada. Sua operação era absolutamente vinculada à operação da fiscalizada, para quem produzia e remetia ou vendia quase a totalidade da produção; 2. Embora a METALÚRGICA SOLANO LTDA tivesse, segundo seu quadro social, o controle exercido por Cristina Aparecida Garcia de Paula, quem estava a frente do negócio era o sócio da fiscalizada, LUIZ MARCOS DE PAULA, ao menos era assim que se mostrava, pois foi ele quem recebeu premiação recebida em nome a SOLANO em cerimônia realizada na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para entrega do Prêmio Exporta Brasil 2010. Outrossim, a imprensa local de ItapiraSP (onde, inclusive, foi diretor do clube de futebol da cidade) o reconhecia como “exdono da Solano”, conforme trecho a seguir extraído do sítio da “A Gazeta Itapirense”: (..). Em vista das possibilidades que se apresentaram, foram realizadas diligências vinculadas na METALÚRGICA SOLANO LTDA (TDPF 08.1.65.002014014137), na DAYCO POWER TRANSMISSION LTDA (TDPF 08.1.65.002014014129), e dos sócios responsáveis pela empresa no ano de 2012: LUIZ MARCOS DE PAULA (TDPF 08.1.65.002014014080) e LUIZ APARECIDO RODRIGUES (TDPF 08.1.65.002014014099) e nos seus sucessores: JOSÉ ANSELMO DA SILVA FILHO (TDPF 08.1.65.00 2014014102) e WOLNEY LOPES (TDPF 08.1.65.002014014110). Uma vez encaminhados os Termo de Início de Diligência Fiscal a cada uma das pessoas vinculadas, conforme acima relacionadas, a correspondências em nome de LUIZ MARCOS DE PAULA foi devolvida pelos Correios. Posteriormente, mediante contato com o Fl. 1815DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.816 5 advogado do intimado, Sr. Regilnado Pellizari, tal qual descrito no Termo de Constatação e Intimação 01, houve ciência pessoal de LUIZ MARCOS DE PAULA. Em breve resumo, os pontos questionados pela fiscalização a cada um dos intimados estavam relacionados aos pontos suscitados nos dezesseis itens arrolados acima como circunstância da transferência de titularidade das quotas da empresa fiscalizada para pessoas sem capacidade econômica. As supostas pessoas interpostas na sociedade fiscalizada como sócios (JOSÉ ANSELMO e WOLNEY) não atenderam a intimação. Os sócios alienantes (LUIZ MARCOS e LUIZ APARECIDO) apresentaram respostas bastante semelhantes. Ambos alegaram que não havia relação de industrialização por encomenda ou contrato de representação entre a fiscalizada e a METALÚRGICA SOLANO LTDA. Alegam que havia apenas prestação de serviços. Em relação à cessão da marca NYTRON, alegam que o ativo intangível foi dado em pagamento por serviços prestados (sem detalhes sobre valores ou apresentação de provas). Quanto à transferência de quotas para JOSÉ ANSELMO e WOLNEY, ambos alegam que o valor acordado foi pago à vista ou mediante dação em pagamento de ferramentas e moldes para produção de trólebus. Enfim, ambos desconhecem as informações do sítio da empresa fiscalizada na internet e a atribuem à empresa DAYCO, tais informações. LUIZ APARECIDO chega a dizer que a DAYCO adquiriu a METALÚRGICA SOLANO e a marca NYTRON. (...) A METALÚRGICA SOLANO LTDA, através do escritório Demarest Advogados, apresentou os documentos solicitados e esclareceu que as marcas da NYTRON foram transferidas para a METALÚRGICA SOLANO LTDA. a título gratuito, o que comprovou mediante apresentação de contratos de cessão de direito assinados por LUIZ APARECIDO RODRIGUES, LUIZ MARCOS DE PAULA em nome da fiscalizada e CRISTINA APARECIDA GARCIA DE PAULA e novamente LUIZ APARECIDO RODRIGUES em nome da METALÚRGICA SOLANO. Por fim, a DAYCO POWER TRANSMISSION LTDA afirmou que não adquiriu as participações na METALÚRGICA SOLANO LTDA, mas sim a empresa DAYCO POWER PARTICIPAÇÕES AUTOPEÇAS LTDA, razão pela qual deixou de apresentar os documentos relacionados ao investimento. Em relação às informações do sítio da empresa, que constaria como responsável pelo sítio da NYTRON na internet, alega que desconhecia os fatos. (...) DAS INFRAÇÕES À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 1. Arbitramento do Resultado Muito embora o sujeito passivo tenha apurado seu resultado com base no lucro real trimestral, conforme opção exercida em sua DIPJ 2013 bem como pela confissão de débitos de IRPJ relativamente ao 2º trimestre de 2012 sob o código 3373 – IRPJ – NÃO OBRIGADAS AO LUCRO REAL– BALANÇO Fl. 1816DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.817 6 TRIMESTRAL constantes da DCTF transmitida por ele, o contribuinte não possui contabilidade, ou se tem, não apresentou à fiscalização. Segundo dispõe o artigo 530, incisos I a III, do RIR/99, tanto a inexistência de contabilidade como a falta de apresentação de livros da escrita comercial são motivos para que a autoridade tributária promova o arbitramento do lucro. A inexistência de contabilidade resta caracterizada pela falta de transmissão de arquivos do SPEDECD. Ademais, não consta que o sujeito passivo possua livros comerciais registrados na JUCESP relativamente ao ano de 2012 e tampouco a empresa, onde deveriam estar guardados os registros contábeis, foi localizada. Os representantes, regularmente intimados, também não entregaram esses livros. (...) O sujeito passivo ainda transmitiu sua DIPJ 2013 sem informar qualquer registro, seja a título de custos ou despesas, seja de receita, ou seja, apresentou declaração “zerada”, o que torna impossível identificar o resultado do período ou mesmo verificar sua correção. Conquanto tenha apresentado DIPJ “zerada”, confessou débitos de IRPJ e de CSLL relativamente ao 2º trimestre de 2012 nos montantes discriminados abaixo. No entanto, não é possível saber somo se chegou a esses valores, tornando impossível a manutenção da opção pelo lucro real: 3373 IRPJ NAO OBR LUC REALBAL TRIM R$ 1.700.257,80 6012 CSLL DEMAIS BAL TRIM R$ 614.252,81 Uma vez inviabilizada a verificação da apuração do lucro real, resta examinar quais elementos estão disponíveis para determinação da base de cálculo do lucro arbitrado. No caso, estão disponíveis no repositório nacional do Sistema Público de Escrituração Digital todas as notas fiscais emitidas pelo sujeito passivo no período sob fiscalização. Também estão disponíveis nos sistemas da Receita Federal do Brasil os rendimentos de aplicações financeiras informados por terceiros em DIRF. Desse modo, é possível determinar a receita bruta de vendas (inclusive excluindo os valores de vendas canceladas devoluções de venda – e de tributos como IPI e ICMS por substituição tributária) e os valores de receitas financeiras. 2. Apuração da Base de Cálculo do Lucro Arbitrado A base de cálculo do lucro arbitrado, quando conhecida a receita bruta, deve ser o percentual previsto para o lucro resumido acrescido de vinte por cento. Assim dispõe o artigo 532 do RIR/99. (...). 3. Reflexos do Arbitramento O arbitramento do lucro para fins de apuração do IRPJ implica ainda na apuração do tributo reflexo CSLL, cujo coeficiente de arbitramento é de 12%, conforme previsto no artigo 88, inciso I, da Instrução Normativa RFB nº 390/2004. A alíquota aplicável é a da regra geral Fl. 1817DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.818 7 para as empresas não financeiras, ou seja, 9%. O demonstrativo da apuração da CSLL consta do Auto de Infração respectivo. Além do reflexo de CSLL, o arbitramento de ofício do sujeito passivo que optara pelo lucro real TRIMESTRAL ainda implica na mudança de regime de tributação das contribuições incidentes sobre a receita bruta, que passa do não cumulativo (disciplinado pelas Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003) para o cumulativo, com alíquotas de 3% para a COFINS e de 0,65% para o PIS, sem direito a crédito de operações anteriores, conforme previsto na Lei nº 9.718/1998. A apuração das bases de cálculo da COFINS também consta do Anexo 1 a esse Termo, sendo as apurações dos tributos demonstradas nos respectivos Autos de Infração. 4. IPI – Insuficiência de Recolhimento e Saída sem Destaque do Imposto Ao examinar as DCTF para verificar os valores declarados a serem aproveitados no lançamento de ofício, foi constatado que o sujeito passivo também deixou de recolher tributos apurados em sua escrita fiscal (SPEDEFD). Foram impressos os RAIPI gerados a partir dos arquivos transmitidos pelo sujeito passivo e foi observado que os valores apurados em diversos meses não foram oferecidos à tributação. A partir de tal constatação, foram examinadas as entradas registradas nos SPEDEFD em confronto com as notas fiscais emitidas por terceiros, sendo confirmados quase a totalidade dos valores informados. Foram feitas algumas glosas pelas razões explicitadas no Anexo 2 a este Termo. Basicamente, as glosas dizem respeito a valores não destacados nos documentos fiscais e tampouco mencionados no campo observação (particularmente nos casos de devolução de produto quando o remetente não é contribuinte do IPI); notas fiscais não localizadas na base do SPEDNFe; documentos com divergências; e notas fiscais em duplicidades. As glosas de créditos totalizaram R$ 11.355,13 e constam, de forma individualizada, da aba “Relação DOC SPED EFD” do Anexo 2, quando filtrada a coluna “Análise de Créditos” pela cor laranja. Também foram observadas diversas NCM com alíquotas incorretas. Nesse caso, foram examinadas as observações das NFe e constatado que, em sua maior parte, dizem respeito a vendas feitas com suspensão do imposto (vendas para Amazônia Ocidental, Zona de Franca Manaus com regime de substituição tributária – CFOP 6401; vendas no regime automotivo etc). Nos casos em que as observações não se mostraram suficientes para comprovar a saída com suspensão de IPI, foram consideradas saídas sem destaque do imposto. A relação das NFe sem destaque do imposto consta da aba “NFe sem Destaque de IPI” do Anexo 2 a este Termo. No Anexo 2 ainda estão relacionadas todas as NFe que possuem IPI destacado na Observações – aba “NFe com IPI nas Observações”. Os CFOP apontados nas NFe são 5411, 5949, 6202, 6411 e 6949. Fl. 1818DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.819 8 (...). 2. Devidamente intimado da lavratura do auto de infração, o contribuinte e sos responsabilizados apresentaram as suas respectivas impugnações, sendo a defesa da empresa NYT INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE AUTOPEÇAS LTDA. ("NYT") julgada procedente para excluíla do polo passivo da presente exigência fiscal.. Referida decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2012 IPI. INSUFICIÊNCIA NA APURAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO E FALTA DE DESTAQUE EM SAÍDAS TRIBUTADAS. Apuradas irregularidades no destaque do IPI nas Notas Fiscais de saídas, bem como insuficiências nas apurações do tributo, correto o lançamento de ofício aplicandose as penalidades cabíveis, sendo que cumpre ao contribuinte fazer prova da efetiva exportação e saídas para Zona Franca de Manaus. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. Comprovada a prática de fraude tributária, sistemática e reiterada, bem como atos visando ocultar do Fisco o conhecimento da obrigação tributária, aplicase a multa de oficio de 150%. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. Não compete ao julgador administrativo conhecer de pretensa ilegalidade ou inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em pleno vigor, portanto é cabível a exigência de tributos e penalidades aplicadas com estrita observância das normas vigentes. TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros à taxa Selic a partir de seu vencimento. SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA PASSIVA. RESPONSÁVEIS E SUCESSORES. IRREGULARIDADES E FRAUDES COMPROVADAS EM PARTE. Correto o procedimento fiscal que imputa sujeição tributária às pessoas responsáveis por atos fraudulentos em sucessão empresarial visando a sonegação dos tributos devidos pela empresa sucedida, bem como de outras e pessoas que se beneficiaram dessas irregularidades em detrimento da Fazenda Nacional, todavia, deve ser excluído do pólo passivo pessoa jurídica cuja responsabilidade e benefícios não restou suficientemente comprovada. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido. Fl. 1819DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.820 9 3. Diante de tal quadro, a aludida decisão foi submetida a recurso de ofício em relação à empresa NYT, o que se deu por conta da sua exclusão do polo passivo da demanda. Não obstante, as pessoas de Cristina Aparecida Garcia de Paula, Luiz Marcos de Paula e Luiz Aparecido Rodrigues apresentaram seus recursos, respectivamente, as fls. 1.668/1.686 e 1.776/1.806. 4. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 5. Da análise dos autos é possível perceber que o presente processo enquadrase, perfeitamente, no conceito de processo reflexo, estampado no art. 6o, §1º, inciso III do Anexo II do RICARF, in verbis: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: (...). III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. 6. Isso porque, o presente procedimento fiscal é fruto do mesmíssimo MPF n. 08.1.65.002014013602, veiculado no âmbito do 10314.722904/201685, o qual apresentas as mesmíssimas provas produzidas no presente processo e que, atualmente, encontra o seguinte andamento processual: Fl. 1820DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.821 10 7. Assim, em situações como a aqui tratada, este colegiado tem decido pelo declínio da competência para a 1a Seção, nos termos do art. 2º, IV, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria n.º 343/2015, na redação dada pela Portaria MF nº 152/2016: Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: (...) IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016); (grifei) (...). 8. Elucidando o tema, assim manifestouse a Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, no âmbito das resoluções 3402000.836 e 3402000.837: Registro que a distribuição de competências efetuada pelo RICARF, via ato administrativo infralegal, deve ser observada da mesma forma que as normas cogentes de qualquer outra superior hierarquia legal (Constituição, leis em sentido estrito, etc), como adverte Cássio Scarpinella Bueno1 ao comentar o artigo 44 do NCPC2. Sendo então as competências das Seções do CARF absolutas, inclusive a competência da 1ª Seção para o julgamento de processos de PIS/COFINS reflexos de IRPJ, não são passíveis de modificação, devendo ser conhecida de ofício eventual incompetência, (mesmo que diminutos os ideais de economia e eficiência processual, como ocorre in casu, por ter sido o processo principal já anteriormente julgado). Assim ensinam os Professores Cândido Rangel Dinamarco, Ada Pellegrini Grinover e Antonio Carlos de Araújo Cintra:3 Nos casos de competência determinada segundo o interesse público (competência de jurisdição, hierárquica, de juízo, interna), em princípio o sistema jurídicoprocessual não tolera modificações nos critérios estabelecidos, e muito menos em virtude da vontade das partes. Tratase aí de competência absoluta, isto é, competência que não pode jamais ser modificada. Iniciado o processo perante o juiz incompetente, este pronunciará a incompetência ainda que nada aleguem as partes (CPC, art 113; CPP art. 109), enviando os autos ao juiz competente (...) Destaco que este Colegiado vem decidindo pelo declínio de competência em casos análogos ao presente (PIS/COFINS reflexos de processo de IRPJ já julgado por turma ordinária da 1ª Seção do 1 Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2016, 2ª ed, p. 88. 2 "Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados." 3 Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 2007, 23ª ed, p. 257. Fl. 1821DF CARF MF Processo nº 10314.722870/201629 Resolução nº 3402001.474 S3C4T2 Fl. 1.822 11 CARF), como se verifica dos Acórdãos referentes aos Processos 13116.722753/201266 e 19515.722975/201262. Afinal, quando o artigo 2º, inciso V do RICARF avoca para a 1ª Seção a competência para o julgamento dos processos reflexos do IRPJ, o faz incondicionalmente, não sendo possível, dessarte, que o intérprete crie condição limitativa (pelo momento processual em que se encontram os processos) dessa competência. Por fim, com relação ao §5º do artigo 6º do RICARF,4 tratase de ordem que tem aplicação em maior escala a processos decorrentes e, no que tange aos processos reflexos, guiando situações em que, por exemplo, o processo reflexo que é de competência da 3ª Seção (PIS/COFINS) depende de solução a ser dada em processo principal pela 2ª Seção (Contribuição Previdenciária), a qual, diferentemente da 1ª Seção, não foi erguida pelo RICARF como competente para o julgamento de processos reflexos daqueles tributos que são da sua competência original. Foi assim decidido por este Colegiado no julgamento do Processo n. 13855.721609/201411. Ademais, vejase que, pretender aplicar o artigo 6º, §5º do RICARF a casos como o presente significaria esvaziar totalmente a avocação de competência da 1ª Seção, posta no artigo 2º, inciso IV de nosso Regimento Interno, pois sempre seria o caso de sobrestamento do julgamento do processo na Câmara aguardando o julgamento do processo principal, e nunca de declínio de competência em favor da 1ª Seção, a qual simplesmente deixaria de existir. Desse modo, voto pelo não conhecimento dos presentes recursos voluntário e de ofício, devendo o processo ser encaminhado à 1ª Seção, competente para o julgamento do Processo principal de n. 10380.729795/201391. (g.n.) 9. Ex positis, ante a incompetência desta Turma para o julgamento do presente processo, proponho seja declinada a competência para a 1ª Seção de Julgamento deste Conselho. 10. É a resolução. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro. 4 "§ 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal." Fl. 1822DF CARF MF
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Numero do processo: 10872.720198/2017-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2013
ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE.
A adoção do regime de tributação pelo lucro arbitrado só é aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido (artigos 529 a 539 do RIR). Quanto à eleição da base de cálculo aplicável o teor da Súmula CARF nº97.
COMPROVAÇÃO DE RECOLHIMENTO. IRPJ E CSLL.
Se a documentação apresentada pela contribuinte demonstra o devido recolhimento de tributos e contribuições no ano-calendário autuado, o crédito exigido deve ser exonerado no montante correspondente aos valores comprovados.
LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL.
Dada a íntima relação de causa e efeito, aplica-se aos lançamentos reflexos o decidido no principal.
Numero da decisão: 1201-002.669
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli, Ailton Neves da Silva (Suplente convocado), Ba´rbara Santos Guedes (Suplente convocada), Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose´ Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2013 ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. A adoção do regime de tributação pelo lucro arbitrado só é aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido (artigos 529 a 539 do RIR). Quanto à eleição da base de cálculo aplicável o teor da Súmula CARF nº97. COMPROVAÇÃO DE RECOLHIMENTO. IRPJ E CSLL. Se a documentação apresentada pela contribuinte demonstra o devido recolhimento de tributos e contribuições no anocalendário autuado, o crédito exigido deve ser exonerado no montante correspondente aos valores comprovados. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL. Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos reflexos o decidido no principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 2. 72 01 98 /2 01 7- 92 Fl. 476DF CARF MF Processo nº 10872.720198/201792 Acórdão n.º 1201002.669 S1C2T1 Fl. 3 2 Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli, Ailton Neves da Silva (Suplente convocado), Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada), Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro José Carlos de Assis Guimarães. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente de auto de infração lavrado para a cobrança de IRPJ e CSLL, referentes ao anocalendário de 2013, no montante de R$ 18.295.783,20, incluídos a multa proporcional e os juros de mora devidos até 04/2017, conforme planilha abaixo: Imposto/ Contribuição Juros de Mora Multa Proporcional TOTAL IRPJ 6.174.717,24 2.633.198,33 4.631.037,91 13.438.953,48 CSLL 2.231.538,21 951.637,86 1.673.653,65 4.856.829,72 18.295.783,20 2. Por economia processual e por bem retratar as circunstâncias fáticas da presente ação fiscal, adoto como parte deste trechos do relatório constante da decisão de piso: “Tratase de ação fiscal efetuada no contribuinte acima identificado, doravante denominado FISCALIZADO, autorizada pelo Termo de Distribuição do Procedimento Fiscal TDPF, N° 07.1.09.002016003031, para verificar o cumprimento das obrigações tributárias relativas ao Imposto Renda Pessoa Jurídica e seus reflexos, no anocalendário de 2013. No ano calendário de 2013, exercício de 2014, apresentou à Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB Declaração de Informações EconômicasFiscais de Pessoa Jurídica DIPJ, optando pela tributação com base no Lucro Presumido. A ação fiscal iniciouse em 07/06/2016, com a ciência, via postal, do Termo de Início e Intimação de Procedimento Fiscal, datado de 01/06/2016, no qual intimava à apresentação de documentos, entre os quais, a escrituração contábil ou Livro Caixa do anocalendário de 2013. Em resposta, datada de 17/06/2016, apresentou parte da documentação intimada solicitando mais 30 dias de prazo para apresentação dos demais documentos ainda não entregues. A prorrogação foi deferida por meio do Termo de Prorrogação, datado de 17/06/2016, cientificado pessoalmente na mesma data. Fl. 477DF CARF MF Processo nº 10872.720198/201792 Acórdão n.º 1201002.669 S1C2T1 Fl. 4 3 Após diversas novas prorrogações de prazo o contribuinte foi reintimado especificamente a respeito da escrituração contábil ou Livro Caixa. Foi informado ao contribuinte que a não apresentação dos mesmos implicaria no arbitramento”. 3. A ausência de apresentação da escrituração contábil ou livro caixa fez com que a autoridade fiscal apurasse o lucro com base nos critérios do lucro arbitrado, dispostos no artigo 530, inciso III, do RIR/99. 4. Conforme consta no Relatório Fiscal (fls. 105/111), anexo aos autos de infração, a base de cálculo corresponde a 40% do valor das compras de mercadorias efetuadas em cada mês, excluídas as notas fiscais canceladas, conforme determina o artigo 535, do Regulamento do Imposto de Renda RIR, por se tratar de receita não conhecida, uma vez que não foram apresentados documentos capazes de comprovar a receita bruta auferida pela contribuinte. 5. De acordo com arquivo extraído pela fiscalização por meio do programa Receitanet BX SPED NFe (destinatário), a contribuinte adquiriu mercadorias de terceiros no valor de R$ 61.987.172,91, excluídas as notas fiscais canceladas, conforme discriminado mensalmente na planilha abaixo transcrita: Mês Valor Trimestre Base de Cálculo (40%) jan/13 R$ 2.053.756,37 R$ 821.502,55 fev/13 R$ 2.919.466,66 R$ 1.167.786,66 mar/13 R$ 7.966.123,44 R$ 3.186.449,38 1º Trimestre R$ 5.175.738,59 abr/13 R$ 6.976.695,06 R$ 2.790.678,02 mai/13 R$ 6.305.497,49 R$ 2.522.199,00 jun/13 R$ 6.805.565,26 R$ 2.722.226,10 2º Trimestre R$ 8.035.103,12 jul/13 R$ 5.414.893,77 R$ 2.165.957,51 ago/13 R$ 3.867.347,16 R$ 1.546.938,86 set/13 R$ 3.758.155,39 R$ 1.503.262,16 3º Trimestre R$ 5.216.158,53 out/13 R$ 4.490.857,93 R$ 1.796.343,17 nov/13 R$ 8.557.024,53 R$ 3.422.809,81 dez/13 R$ 2.871.789,85 R$ 1.148.715,94 4º Trimestre R$ 6.367.868,92 Total R$ 61.987.172,91 R$ 24.794.869,16 6. Para a apuração do IRPJ foi aplicada a alíquota de 15% e do adicional de 10% sobre a receita trimestral excedente a R$ 60.000,00 e apuração da CSLL foi efetuada mediante a aplicação de 9% sobre a receita bruta trimestral. 7. Devidamente intimada (Termo de Ciência de Lançamentos em 27/04/2017, fls. 243/244), a contribuinte apresentou impugnação ao lançamento (fls. 248/257), na qual trouxe as seguintes razões de defesa: (i) a fiscalização teria escolhido a forma mais Fl. 478DF CARF MF Processo nº 10872.720198/201792 Acórdão n.º 1201002.669 S1C2T1 Fl. 5 4 gravosa de apuração; (ii) alega que não teria pago diversas notas fiscais e, portanto, os valores correspondentes não devem ser considerados omissão de receita; e (iii) por não ostentar a previsão legal relativa à omissão de receitas, a omissão de compras precisa de mais lastro probatório. 8. Em sessão de 22 de janeiro de 2018 a 8ª Turma da DRJ/BSB, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, nos termos do voto relator, Acórdão nº 0378.496 (fls. 411/415), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo, verbis: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2013 ARBITRAMENTO DO LUCRO RECEITA NÃO CONHECIDA Para a realização de arbitramento do lucro do contribuinte nas hipóteses de receita bruta não conhecida, o agente fiscal pode escolher qualquer uma das alternativas previstas no art. 535 do RIR/99. O referido dispositivo não determina ordem sequencial ou de preferência entre as alternativas nele arroladas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido”. 9. Cientificada da decisão em 26/01/2018, a contribuinte interpôs o Recurso Voluntário (fls. 433/448) em 25/02/2018, no qual reitera as razões já expostas sede de Impugnação (item 6) e complementa sua defesa com os seguintes pontos: (i) deve ser considerado e exonerado o montante já recolhido a título de IRPJ e CSLL – anexados os documentos arrecadatórios; e (ii) de acordo com a jurisprudência do CARF, a ausência da devida escrituração e decorrente informação na declaração das compras perpetradas, faz nascer um indício de uma possível omissão de receitas, mas a falta de escrituração de forma isolada não está apta a suportar um lançamento dela oriundo. Por fim, requer que o crédito tributário exigido seja cancelado. É o relatório. Voto Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora 10. O Recurso Voluntário interposto é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade, dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Questões de Mérito I. Do Arbitramento do Lucro 11. Inicialmente, cumpre consignar que a adoção do regime de tributação pelo lucro arbitrado só é aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido (artigo 530 do Regulamento de Imposto de Renda): Fl. 479DF CARF MF Processo nº 10872.720198/201792 Acórdão n.º 1201002.669 S1C2T1 Fl. 6 5 “Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando: I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; IV o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; V o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior (art. 398); VI o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. (grifos nossos) Art. 527. A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter (Lei nº 8.981, de 1995, art. 45): I escrituração contábil nos termos da legislação comercial; II Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do anocalendário; III em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Parágrafo único. O disposto no inciso I deste artigo não se aplica à pessoa jurídica que, no decorrer do anocalendário, mantiver Livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária (Lei nº 8.981, de 1995, art. 45, parágrafo único)”. (grifos nossos) Fl. 480DF CARF MF Processo nº 10872.720198/201792 Acórdão n.º 1201002.669 S1C2T1 Fl. 7 6 12. Conforme relatado, apesar de ser devidamente intimada, a contribuinte não entregou a documentação comercial e fiscal solicitada, o que ensejou a apuração do lucro com base nos critérios do lucro arbitrado, dispostos no artigo 530, inciso III, do RIR/99. 13. Em análise dos autos, considero que a fiscalização aplicou corretamente o arbitramento do lucro, diante do desconhecimento da receita bruta, para os créditos tributários do anocalendário de 2013. 14. Diferente do que foi alegado pela Recorrente, o arbitramento não foi realizado em face de uma omissão de receitas, mas sim por ser a única forma possível diante da não apresentação de documentos. Nesse sentido, considero irreparáveis as razões expostas no voto condutor da r. decisão da DRJ, verbis: “Primeiramente o contribuinte parece ter entendido que o lançamento teria sido por presunção, que teria havido omissão de compras. Na verdade como explanado a apuração do lucro da contribuinte foi baseado no arbitramento previsto no art. 530 do RIR (art. art. 47 da Lei no 8.981, de 1995) cominado com o art. 535 do RIR (art. 51 da Lei no 8.981, de 1995), e não na presunção de compras do art. 40 do RIR/99. Dessa forma, aqui não há nenhuma presunção. A base de cálculo para a apuração do Imposto de Renda e da CSLL foi escolhida pela Autoridade fiscal baseada na SPEDNF, excluídas as notas fiscais canceladas. A impugnante tenta demonstrar que não teria pagado todas aquelas notas fiscais, este argumento não se presta no caso de arbitramento, mas sim se houvesse a presunção de omissão de receitas, conforme já explanado. A impugnante poderia questionar uma nota cancelada ou outra que não tivesse sido considerada, contudo, isso ela não fez. Na verdade, a fiscalização afirmou que excluiu as notas fiscais canceladas. Quanto a valores de compras por ventura constates na DIPJ, como dito antes, seriam de grande valia se houvesse uma presunção de omissão de receitas, coisa que não ocorre nestes autos. Pois nesse caso aquelas compras não teriam sido omitidas. Novamente afirmase que no caso dos autos não há omissão de compras (omissão de pagamentos), mas apenas apuração da base de cálculo para fins de apuração dos tributos (Inciso V do art. 535 do RIR/99). Inclusive o fato de ter pagado ou não ter pagado as notas é completamente irrelevante, pois se a contribuinte deve estas notas ou não, isso não afeta a apuração de sua base de cálculo”. 15. Para que não restem dúvidas, em se tratando de arbitramento do lucro, as alegações de ausência de comprovação de pagamento das aquisições e de equívoco no cálculo de compras omitidas não são relevantes para a presente autuação. Fl. 481DF CARF MF Processo nº 10872.720198/201792 Acórdão n.º 1201002.669 S1C2T1 Fl. 8 7 16. Quanto à eleição da base de cálculo, a Recorrente contesta a opção feita pela fiscalização em razão desta não ser a menos gravosa à contribuinte. Entretanto, conforme a Súmula CARF nº 97, cabe à fiscalização a escolha de qualquer uma das alternativas quando não conhecida a receita bruta, verbis: SÚMULA CARF Nº 97: O arbitramento do lucro em procedimento de ofício pode ser efetuado mediante a utilização de qualquer uma das alternativas de cálculo enumeradas no art. 51 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, quando não conhecida a receita bruta. 17. Vejam que, a jurisprudência colacionada pela ora Recorrente em nada ajuda, pois referese à omissão de compras/pagamentos (artigo 40, da Lei nº 9.430/1996). 18. De outra parte, a contribuinte sustenta que a aplicação do artigo 6º, da Lei 8.021/1990, o beneficiaria, mas tal dispositivo nada tem a ver com o arbitramento aqui discutido (constante do artigo 530 e seguintes do RIR/99). 19. Por fim, a ora Recorrente apresenta memorais na sessão de julgamento e acrescenta, intempestivamente, o seguinte argumento: "E se a receita não é desconhecida, o arbitramento deve ser feito não com base no artigo 535, mas com base no artigo 532". 20. Notese que, tal argumento não muda em nada o racional, as premissas e a razão de decidir trabalhadas no presente julgado. 21. Diante do exposto, afasto as alegações da Recorrente por considerar que o arbitramento e a eleição da base de cálculo foram realizados nos termos da lei. II. Da Exoneração dos Valores Pagos 22. Outro ponto enfrentado pela Recorrente em seu Recurso Voluntário é a suposta desconsideração, por parte da fiscalização, dos valores recolhidos a título de IRPJ e CSLL declarados em DIPJ. 23. Cumpre ressaltar que, a DIPJ não é instrumento hábil para demonstrar quais valores foram recolhidos, mas sim apontar os valores apurados. Ainda assim, a fiscalização poderia ter cuidado de verificar a existência ou não dos recolhimentos constantes da DIPJ. 24. Em virtude da inércia das autoridades fiscal e julgadora, a Recorrente apresentou, em sede de Recurso Voluntário, os DARFs relativos aos recolhimentos de IRPJ e CSLL no anocalendário de 2013 (fls. 418/432), conforme planilha abaixo: DARF (Nº do Documento) CONTRIBUIÇÃO Fls. Data de Arrecadação Período Apuração Valor 10134104513770197 CSLL DEMAIS 418 30/04/2013 31/03/2013 R$ 5.442,44 10134104534324456 CSLL DEMAIS 419 31/05/2013 31/03/2013 R$ 5.496,86 10134104554362997 CSLL DEMAIS 420 28/06/2013 31/03/2013 R$ 5.529,51 10134104577453349 CSLL DEMAIS 421 31/07/2013 30/06/2013 R$ 8.308,73 10123705694277685 CSLL DEMAIS 422 30/08/2013 30/06/2013 R$ 8.391,81 Fl. 482DF CARF MF Processo nº 10872.720198/201792 Acórdão n.º 1201002.669 S1C2T1 Fl. 9 8 10134104620423651 CSLL DEMAIS 423 30/09/2013 30/06/2013 R$ 8.450,80 10123705851329477 CSLL DEMAIS 424 31/01/2014 31/12/2013 R$ 8.520,54 10134104726280107 CSLL DEMAIS 425 28/02/2014 31/12/2013 R$ 8.605,74 10134104745307982 CSLL DEMAIS 426 31/03/2014 31/12/2013 R$ 8.673,05 TOTAL R$ 67.419,48 DARF (Nº do Documento) IMPOSTO Fls. Data de Arrecadação Período Apuração Valor 10134104577453352 IRPJ Lucro Presumido 427 30/07/2013 30/06/2013 R$ 16.760,96 10123705694277686 IRPJ Lucro Presumido 428 30/08/2013 30/06/2013 R$ 16.928,56 10134104620423654 IRPJ Lucro Presumido 429 30/09/2013 30/06/2013 R$ 17.047,57 10123705851329473 IRPJ Lucro Presumido 430 31/01/2014 31/12/2013 R$ 17.904,41 10134104726280109 IRPJ Lucro Presumido 431 28/02/2014 31/12/2013 R$ 18.083,45 10134104745307985 IRPJ Lucro Presumido 432 31/03/2014 31/12/2013 R$ 18.224,89 TOTAL R$ 104.949,84 25. Diante das provas acostadas aos autos, constato que foram atendidas as condições necessárias para comprovar o recolhimento do IRPJ e da CSLL. Portanto, acolho parcialmente o pedido da Recorrente para descontar/exonerar os montantes de R$ 104.949,84, relativo ao IRPJ e de R$ 67.419.48, relativo à CSLL. III. Lançamento Reflexo de CSLL 26. Ao auto de infração relativos à CSLL aplicouse o quanto delineado no voto relativo ao IRPJ, o que coaduna com a jurisprudência desse Egrégio Conselho. 27. Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento reflexo o decidido no principal. Conclusão 28. Diante do exposto, VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO VOLUNTÁRIO interposto e, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para deduzir do crédito tributário exigido os valores recolhidos correspondentes aos DARFs de fls. 418/432, relacionados no item 24. É como voto. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 483DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720765/2013-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.889
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento em diligência, á Unidade de Origem, para que elabore relatório onde se demonstre o critério de rateio adotado para os créditos a serem descontados.
assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Presidente.
Assinado digitalmente
Ari Vendramini - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini (Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
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Assinado digitalmente Ari Vendramini Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini (Relator) Relatório Conselheiro Ari Vendramini (Relator) 1. Por bem descrever os fatos, adoto os dizeres do Relatório do Acórdão nº 09 49386, exarado pela 2ª Turma da DRJ/JUIZ DE FORA : Contra o interessado foi lavrado auto de infração de MULTA REGULAMENTAR por pedido de ressarcimento e compensação RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 86 .7 20 76 5/ 20 13 -2 6 Fl. 1761DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.762 2 indevida efetuada em declarações apresentadas com falsidade no valor total de R$ 40.703.740,83 (fls. 1.474/1.490), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Enceramento de Ação Fiscal (TEAF) de fls. 1.406/1.473. A empresa apresentou impugnação de fls. 1.495/1.553, na qual alega, em síntese, que: a) em preliminar: a.1) do julgamento em conjunto; a.2) da imprecisão da apuração fiscal; b) dos fatos, do despacho decisório e do auto de infração; c) da improcedência do lançamento; c.1) da inaplicabilidade do artigo 18, da Lei nº 10.833/2003, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007, em virtude da correção das informações prestadas nas PER/DCOMP’s, o que afasta qualquer hipótese de “falsidade de declaração”; c.2) da improcedência da multa isolada qualificada. Da ausência de provas de que a Impugnante tenha agido com dolo ou máfé; c.3) do não cabimento da multa isolada, por infrigência aos arts. 97, V, e 113, do Código Tributário Nacional; c.4) do não cabimento das multas isoladas referentes às DCOMP’s não homologadas, por se tratar de hipótese que já comportaria anterior cobrança de multa moratória de 20%, sendo vedada a cumulatividade de penalidades; c.5) do não cabimento da cobrança das multas isoladas no percentual de 100%, sobre os PER’s indeferidos; c.6) da ilegítima ocorrência da hipótese de BIS IN IDEM, em virtude da aplicação da multa isolada sobre o mesmo montante, o qual fora objeto de pedidos de ressarcimento e compensação; c.7) da impossibilidade de extensão em face da impugnante dos efeitos dos atos praticados no âmbito da denominada “Operação Broca”; c.8) dos fundamentos jurídicos de validade e correção dos créditos de PIS e Cofins não cumulativos auferidos pela impugnante; É o breve relatório. 4. Assim restou ementada a decisão da DRJ/JUIZ DE FORA, materializada no retrocitado Acórdão : ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário:2008, 2009 CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. Não cabe ao julgador administrativo se manifestar quanto à constitucionalidade de leis. MULTA REGULAMENTAR O destino da multa regulamentar está intimamente ligado ao dos processos que guardam os PER/Dcomps. Ou seja, se o indeferimento e/ou a não homologação for mantida naqueles processos, a multa há que ser mantida. Se for derrubada total ou parcialmente, a multa deve acompanhar esta decisão. MULTA ISOLADA SOBRE O VALOR DE DÉBITOS Fl. 1762DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.763 3 INDEVIDAMENTE COMPENSADOS. Aplicase a multa isolada de 150% sobre o valor do débito indevidamente compensado quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. MULTA ISOLADA SOBRE O VALOR DE CRÉDITO OBJETO DE PEDIDO RESSARCIMENTO INDEFERIDO OU INDEVIDO. Aplicase a multa isolada de 100% sobre o valor do crédito objeto de Ressarcimento quando se comprove falsidade no pedido apresentado pelo sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 5. Irresignada com tal decisão, a empresa interpôs Recurso Voluntário, tempestivamente, onde, em suas razões de defesa, repisa os argumentos expendidos na impugnação como segue : I – Breve histórico dos fatos inerentes á presente lide administrativa II – Preliminarmente a) Do julgamento em conjunto b) Da imprecisão da apuração fiscal III – Da improcedência do lançamento a0 Da inaplicabilidade do artigo 18, da Lei nº 10.833/2003, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007, em virtude da correção das informações prestadas nas PER/DCOMPs, o que afasta qualquer hipótese de “falsidade de declaração” b) Da improcedência da multa isolada qualificada. Da ausência de provas de que a Recorrente tenha agido com dolo ou máfé. c) Do não cabimento da multa isolada, por infringência aos arts. 97,V e 113, do Código Tributário Nacional. d) Do não cabimento da cobrança das multas isoladas referentes ás DCOMPs não homologadas, por se tratar de hipótese que já comportaria anterior cobrança de multa moratória de 20%, sendo vedada a cumulatividade de penalidades. e) Do não cabimento da cobrança das multas isoladas no percentual de 100%, sobre os PER indeferidos. f) Da ilegítima ocorrência da hipótese de BIS IN IDEM, em virtude da aplicação da multa isolada sobre o mesmo montante, o qual fora objeto de pedidos de ressarcimento e compensação. g) Da impossibilidade de extensão em face da Recorrente dos efeitos dos atos praticados no âmbito da denominada “ Operação Broca”. h) Dos fundamentos jurídicos de validade e correção dos créditos de PIS e COFINS não cumulativos auferidos pela Recorrente. IV – Conclusão – requer a recorrente o afastamento por completo da exigência, face aos equívocos do lançamento, culminando com a sua consequente improcedência e com o arquivamento do auto de infração. É o relatório. Voto 6. Peço vênia para reproduzir alguns excertos do voto do julgador da DRJ, que bem sintetizou as complexas operações envolvidas na autuação Fl. 1763DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.764 4 Os autos de infração foram lavrados tendo em vista que a empresa apurou créditos indevidos para as contribuições em comento e usou parte desses créditos como dedução do valor a pagar no mês respectivo. A autoridade administrativa glosou parte dos citados créditos e indeferiu o pedido de ressarcimento respectivo e/ou não homologou as compensações correspondentes. Assim, as contribuições devidas foram declaradas a menor na DCTF relativa ao mês de apuração tendo em vista as deduções efetuadas com os créditos glosados. Essas diferenças foram lançadas nos autos de infração ora em análise. Registrase que os PER/Dcomps que deram origem às citadas glosas, constam dos processos abaixo;. PROCESSO CONTRIBUIÇÃO PERÍODO 10783.906589/201297 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2008 10783.906590/201211 COFINS NÃO CUMULATIVA 1º TRIMESTRE/2009 10783.906593/201255 COFINS NÃO CUMULATIVA 2º TRIMESTRE/2009 10783.906594/201208 COFINS NÃO CUMULATIVA 3º TRIMESTRE/2009 10783.906597/201233 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2009 10783.906599/201222 COFINS NÃO CUMULATIVA 1º TRIMESTRE/2010 10783.906601/201263 COFINS NÃO CUMULATIVA 2º TRIMESTRE/2010 10783.906603/201252 COFINS NÃO CUMULATIVA 3º TRIMESTRE/2010 10783.906605/201241 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2010 10783.906588/201242 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2008 10783.906591/201266 PIS NÃO CUMULATIVO 1º TRIMESTRE/2009 10783.906592/201219 PIS NÃO CUMULATIVO 2º TRIMESTRE/2009 10783.906595/201244 PIS NÃO CUMULATIVO 3º TRIMESTRE/2009 10783.906596/201299 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2009 10783.906598/201288 PIS NÃO CUMULATIVO 1º TRIMESTRE/2010 10783.906600/201219 PIS NÃO CUMULATIVO 2º TRIMESTRE/2010 10783.906602/201216 PIS NÃO CUMULATIVO 3º TRIMESTRE/2010 10783.906604/201205 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2010 As manifestações de inconformidade apresentadas pela empresa em face dos processos acima, foram julgadas nesta mesma sessão de julgamento tendo sido prolatados acórdãos que as consideraram improcedentes, conforme voto deste mesmo relator (fls. 1.611 dos autos digitais) ............................................................................................................... Desde a implantação do regime de apuração nãocumulativa doPIS/Pasep e da Cofins, temos notícias de que grandes empresas do ramo cafeeiro vêm realizando operações irregulares com o objetivo de apurar e acumular créditos das citadas contribuições que poderão ser ressarcidos e/ou usados em compensação se o produto for exportado. A estratégia adotada passa pela criação de empresas intermediárias,caracterizadas como agroindústrias. O café adquirido por essas empresas tem origem em produtores rurais (pessoas físicas) ou em cerealistas que ao vender seus produtos conferem ao adquirente o direito de descontar créditos presumidos com percentual de 3,238% do valor das aquisições, ou seja, 35% do crédito ordinário (normal). Fl. 1764DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.765 5 Posteriormente, empresas exportadoras e/ou grandes atacadistas adquirem o café dessas empresas intermediárias, apurando créditos no montante de 9,25% (1,65% + 7,6%) de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativa. Até este momento, pelo menos aparentemente, não existe nenhuma ilegalidade. O grande problema está no fato de que essas “empresas intermediárias”, criadas com a conivência de grandes exportadoras e/ou grandes atacadistas, são, em regra, constituídas por interpostas pessoas, e não pagam os tributos devidos (muitas delas sequer apresentam as declarações a que estão sujeitas). Significa dizer: são empresas de fachada ou empresas laranjas. Em geral, essas empresas de fachada apresentam algumas características em comum. A saber: não possuem estrutura física condizente com as atividades que dizem exercer, visto que o mínimo que se espera de uma empresa atacadista de café é a existência de áreas de armazenagem além de estrutura que a capacite movimentar grandes volumes de café; os endereços que fornecem como sendo o de sua sede, quando existem, não passam de simples “portas de garagem” e não raro os vizinhos nunca ouviram falar de tal empresa; seus sócios, quando encontrados, não possuem capacidade econômica financeira para serem proprietários de empresa deste porte. Muitas vezes não possuem sequer qualificação profissional e/ou intelectual para tal;incompatibilidade entre volume financeiro movimentado e total de tributos recolhidos, acompanhado de situação de omissão contumaz. Quando apresentam as declarações exigidas pela legislação muitas delas declaram não estar em atividade ou apresentam todos os quadros zerados. Resumindo, são empresas criadas unicamente com o objetivo de gerar créditos indevidos sem pagar os tributos correspondentes. A aplicação do regime de apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins no setor agropecuário é complexa. A maior parte das operações com o café é multifásica. A primeira fase ocorre quando um produtor (pessoa física) vende seus produtos a uma pessoa jurídica (comercial atacadista, comercial varejista, agroindustrial ou cooperativa). Se a pessoa jurídica adquirente dos produtos estiver submetida ao regime de apuração nãocumulativa, deveria ter direito de apurar e deduzir os créditos do PIS/Pasep e da Cofins, que corresponderão, via de regra, às mesmas contribuições pagas na fase anterior. Ocorre que o produtor rural (pessoa física) não é contribuinte, e sendo assim não havia pagamento de contribuições que permitisse apurar crédito a ser descontado na fase posterior. Portanto, as compras de produtos e mercadorias de pessoas físicas não geravam o direito de creditamento. A aplicação do regime da forma acima relatada provocava uma distorção no mercado agropecuário. As pessoas jurídicas desse setor, que estivessem inseridas no regime de apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, rejeitavam a aquisição de produtos e mercadorias diretamente dos produtores pessoas físicas, porque estas aquisições provocavam um aumento do custo tributário de suas operações. Para tentar corrigir essas distorções, o art. 25 da Lei nº 10.684/2003, inseriu os § 10 e 11 no art. 3º da Lei nº 10.637/2002, instituindo crédito presumido para o setor agropecuário. Ao criar este tipo de crédito, o Fl. 1765DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.766 6 legislador buscou equilibrar,ou pelo menos reduzir, as pressões mercadológicas produzidas pelo novo regime de apuração. Esse crédito presumido foi aperfeiçoado quando da publicação da Lei nº 10.833/2003, cujo § 5º do art. 3º possibilitava a apuração destes créditos também em relação à Cofins. Por fim, a Lei nº 10.925/2004 revogou os dispositivos acima mencionados, e em seus arts. 8º e 9º disciplinou a matéria, verbis: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: (Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013) I – (...) II – (...) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 1766DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.767 7 § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. § 5o (...) § 6o Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). § 7o O disposto no § 6o deste artigo aplicase também às cooperativas que exerçam as atividades nele previstas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). § 8o (...) Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1o do art. 8o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1o O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) O citado art. 9º suspendeu a incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos relacionados no art. 8º, quando efetuada por:cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM pessoas jurídicas que exerçam cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; ou pessoas jurídicas que desenvolvam atividades agropecuárias e cooperativas de Fl. 1767DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.768 8 produção agropecuária, nas vendas de insumos para produção das mercadorias mencionadas no caput do art. 8º. Em conseqüência, a possibilidade de apuração e desconto dos créditos presumidos foi expandida para as aquisições efetuadas com a suspensão de incidência estabelecida pelo art. 9º.Vale ressaltar o fato de que o crédito presumido, além de ser em valor inferior ao chamado crédito ordinário, não pode ser objeto de ressarcimento e nem de compensação, sendo especificamente destinado à dedução com débitos tributários da mesma espécie contributiva apurados em fases posteriores. Este entendimento foi formalizado por meio do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 15/2005, cujos arts 1º e 2º não permitem a compensação ou ressarcimento. Uma vez que o crédito presumido, além de ser em valor menor que o normal, não pode ser ressarcido e nem compensado, a exportação dos produtos adquiridos com esse tipo de crédito deixa de oferecer a possibilidade de ressarcimento ou compensação que ocorre em relação aos créditos normais, e, assim, ao final, os grandes prejudicados são o pequeno produtor rural e a pessoa jurídica que vende produtos com suspensão de incidência. Assim sendo, as grandes empresas exportadoras passaram à prática de adquirir produtos e mercadorias de empresas “intermediárias” (que na sua grande maioria, como já se disse, são empresas de fachada) porque essas são (em tese) contribuintes da do PIS/Pasep e da Cofins em relação às receitas de vendas desses produtos e mercadorias. E as contribuições que deveriam ser pagas por essas “intermediárias”, na fase anterior, geram o crédito ordinário de 9,25% ao invés do crédito presumido de 3,238% sobre o valor das aquisições. Os pequenos produtores, para não ficar fora do mercado, são compelidos a vender para estas “intermediárias”, cuja única finalidade é produzir créditos apurados com base no percentual de 9,25%, os quais serão ressarcidos nas exportações. No ramo do café, onde as exportações atingem um grande percentual da produção, este fato produz montantes realmente muito elevados de créditos que podem ser ressarcidos e/ou compensados. Os expedientes até aqui descritos trazem para as empresas que deles se valem duas vantagens cumulativas: além da majoração indevida do crédito gerado, permitem a burla da restrição à compensação e ao ressarcimento imposta aos créditos presumidos. Outra estratégia usada consiste no fato de se adquirir o café de cooperativas e cerealistas como se fossem para revenda. Assim, nos termos da legislação de regência, as vendas devem ser efetuadas sem a suspensão das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins prevista no art. 9º acima, ou seja, o vendedor fica obrigado ao pagamento dessas contribuições. No entanto, a empresa vendedora (muitas vezes uma cooperativa), mesmo informando na nota fiscal que efetuou a venda “sem suspensão”, ao preencher o Dacon respectivo considera a venda como se fosse “com suspensão”, ou seja, como se fosse para industrialização e não para revenda, não pagando a contribuição devida. Quando questionada por uma autoridade fiscal ela simplesmente responde que errou ao emitir a nota fiscal. A questão é que esse fato se repete em praticamente todas as notas fiscais emitidas para um determinado grupo de empresas, todas elas grandes exportadoras, o que induz a se acreditar na existência de acordo escuso entre vendedores e compradores no sentido de se produzir ilegalmente Fl. 1768DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.769 9 créditos a serem ressarcidos, o que gera enorme prejuízo aos cofres públicos. Tais conclusões ultrapassam a condição de meras conjecturas na medida que as irregularidades apuradas demonstram no caso concreto semelhante modus operandi ao constatado em esquema de vantagens tributárias ilegais entre empresas comerciantes, exportadoras e torrefadoras de café do Espírito Santo (ES) e em Minas Gerais (MG). Esquema desvendado por operações deflagradas pela Receita Federal, Ministério Público Federal e Polícia Federal (Tempo de Colheita e Broca), amplamente divulgado na mídia conforme excerto abaixo, extraído da Revista Cafeicultura, reportagem de 02/06/2010 (http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=3284 3): Na manhã desta terçafeira (1º), foi deflagrada uma operação, no Espírito Santo, baseada em investigações que sobre um esquema de obtenção de vantagens tributárias ilícitas por parte de empresas especializadas na exportação e na torrefação de café. A fraude teria resultado em um prejuízo aos cofres públicos de R$ 280 milhões. Documentos, computadores e armas foram apreendidos. As investigações apontam 39 empresas exportadoras, ao menos 23 atacadistas laranjas envolvidas no esquema. Na operação conjunta da Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão em 74 locais. Já foram 25 prisões na operação até o momento, dos 32 mandados expedidos Sete pessoas ainda não foram encontradas. Buscas foram realizadas em 74 endereços entre empresas e residências dos investigados, nos municípios de Colatina, Domingos Martins, Linhares, São Gabriel da Palha, Viana, Vila Velha Vitória e também em Manhuaçu (MG). Cerca de 20 homens foram ao Palácio do Café, na Enseada do Suá, em Vitória, de onde a operação foi desdobrada para outros dois prédios, o Arábica e o Conilon, também na Enseada. No Palácio do Café oito salas foram vistoriadas. Por volta das 9h agentes saíram com dois malotes contendo documentos apreendidos. A operação, denominada \"Broca\", conta com 337 homens da Polícia Fedral, com apoio de agentes de outros estados, além de 107 fiscais da Receita Federal Esquema. As firmas de exportação e torrefação envolvidas no esquema utilizavam empresas laranjas como intermediárias fictícias na compra do café dos produtores. As empresas beneficiárias da fraude eram as verdadeiras compradoras da mercadoria, mas formalmente quem aparecia nessas operações eram as empresas laranjas, que na verdade tinham como única finalidade a venda de notas fiscais, o que garantia a obtenção ilícita de créditos tributários. As empresas exportadoras conseguiam, por meio de criação de empresas laranjas, créditos de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Essas empresas de exportação e torrefação usavam esses créditos para quitar seus próprios débitos tributários ou até mesmo para pedir ressarcimento junto ao Fisco. As empresas fictícias, no entanto, não recolhiam esses impostos, até porque não tinham lastro econômico para isso, uma vez que eram laranjas, criadas somente para \"guiar\" com suas notas fiscais o café para os verdadeiros compradores e gerar os créditos tributários. O Fl. 1769DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.770 10 creditamento para exportadores e torrefadores, portanto, era indevido, já que eram ressarcidos de valores que jamais entraram nos cofres públicos. As empresas, apesar de registradas como atacadistas, não tinham armazéns e funcionavam em pequenas salas. Para o Ministério Público Federal (MPF), está claro que as empresas exportadoras não só tinham conhecimento da fraude, mas também ditavam suas regras. Ao todo existem 300 empresas no Espírito Santo registradas no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) como atacadistas de café. Segundo a delegada da Receita Federal, Laura Gadelha, grande parte delas foi criada para o esquema de fraudes. Algumas, inclusive, com vida útil em torno de um ano. ................. Crimes seriam praticados desde 2003 As investigações, realizadas em conjunto pela Delegacia da Receita Federal em Vitória, pelo MPF e pela PF, começaram em outubro de 2007 com a deflagração da Operação Tempo de Colheita, quando auditores fiscais da Receita fiscalizavam o setor de comércio de café, inicialmente em empresas localizadas nas regiões Noroeste e Norte do estado. A prática criminosa, ainda segundo o MPF, vem ocorrendo desde 2003. Há indícios consistentes da existência dos crimes de formação de quadrilha, crime contra a ordem tributária, falsidade ideológica e estelionato. Mais recentemente, foi desencadeada a operação denominada de “Robusta”, que culminou na prisão de sete empresários, tendo em vista que “as investigações do MPES e da Receita Estadual apontam que empresas utilizavam notas fiscais irregulares e simulavam a compra de café de outras 25 empresas de fachadas, localizadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro”. (notícia extraída do Portal G1/RJ de 09/04/2013). Ao constatar o tamanho da evasão de divisas em funçãonesse tipo de esquema fraudulento, e, segundo noticiado pela imprensa nacional, a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), e visando acabar com essas operações de geração de créditos irregulares foi editada a Medida Provisória nº 545/2011,convertida na Lei 12.599/2012 que introduz nova sistemática de apuração de créditos do PIS/Pasep e da Cofins nos casos de exportação de café. Reportagem sobre a citada MP nº 545/2011 publicada no jornal Valor Econômico, edição de 10/02/2012, de autoria de Carine Ferreira, relata que “segundo os defensores do novo regime, como a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a tributação anterior gerava fraudes, irregularidades e favoreciam algumas poucas empresas”. Quando autuadas pela Receita Federal do Brasil ou quando o pedido de ressarcimento dos créditos apropriados indevidamente é indeferido, via de regra, as beneficiárias apresentam defesa nas quais alegam basicamente as mesmas razões: são compradoras de boa fé; não tinham conhecimento que as vendedoras eram “laranjas” e não podiam apurar esse fato; e a operação mercantil foi realizada. Ora, mesmo tendo em mente a presunção de boa fé das adquirentes, causa profunda estranheza o fato de, ao comprar café de fornecedores estabelecidos em cidades não muito grandes, essas empresas não Fl. 1770DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.771 11 saibam que aquelas das quais compram grande parte do café que exportam são empresas de fachada. Afinal, considerando o volume das operações efetuadas, para se concretizar a compra seus dirigentes precisariam ir até a sede da vendedora quando e onde certamente constatariam a precariedade ou inexistência de suas instalações. Da mesma forma teriam que se relacionar com os funcionários dessas “laranjas” e se cientificariam de que na verdade não existem. Também, é de se supor, iriam querer ter contato com os sócios das intermediárias e poderiam certamente ver que, quando encontrados, são pessoas sem as mínimas qualificações necessárias para atuar na direção de uma empresa. ................................................................................................................... ......................... Pelo contrário; no presente caso, a autoridade fiscal demonstra, por meio do PARECER FISCAL GAB903/ DRF/VIT/ES nº 007/2013 anexo, que a manifestante adquiriu o café que exporta de empresas que se enquadram perfeitamente na descrição das empresas de fachadas acima. ................................................................................................................. No entanto, como a autoridade fiscal explica no citado PARECER FISCAL GAB903/ DRF/VIT/ES nº 007/2013, “entre os documentos que fundamentam o presente Parecer estão aqueles carreados ao longo da investigação TEMPO DE COLHEITA .– como declarações prestadas a termo por produtores rurais/maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada. 7. Tanto nas preliminares da sua impugnação, como nas suas razões recursais a recorrente alega que " a autoridade fazendária não trouxe aos autos os elementos necessários para demonstrar como foram apurados os ‘rateios’ dos valores por ela discriminados nas Tabelas constantes do referido Parecer, os quais foram utilizados pela mesma como base para a aplicação dos percentuais das glosas sobre as aquisições efetuadas pela Impugnante, falha esta que a prejudica em seu regular e legítimo direito de defesa, inclusive impossibilitando a de infirmar com precisão os supostos débitos indicados pela fiscalização 8. Verificando o Parecer Fiscal GAB903/DRF/VIT/ES nª 007/2013, (fls. 1.095 a 1.344 dos autos digitais), encontramos ás fls.1.331 o item II.6.4 RECOMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO A DESCONTAR APÓS GLOSAS EFETUADAS PELA FISCALIZAÇÃO, E ÁS FLS. 1.333 encontramos a LETRA (G) RATEIO DO CRÉDITO PASSÍVEL RESSARCIMENTO, onde os Auditores Fiscais esclarecem ; " o rateio dos créditos a descontar da linha (F) foi efetuado com base na proporção da receita de vendas de bens e serviços : receita mercado interno (tributada) e receita de exportação" 9. Ás fls. 1.077 encontrase o Demonstrativo PIS NÃOCUMULATIVO DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS A DESCONTAR , com os quadros F e G respectivamente F) TOTAL DE CRÉDITOS APURADO NO MÊS SUJEITO AO RATEIO VALOR AJUSTADO PELA FISCALIZAÇÃO Rateio apenas Crédito Integral e (G) Rateio do crédito a descontar com base na proporção da Receita Bruta auferida Receita de Vendas de Mercadorias no Mercado interno (tributada) , Receita de Vendas de Mercadorias p/ o Mercado Externo (Exceto Compra Fim Específio Exportação) Créditos vinculados às operações no Mercado interno , Créditos vinculados às operações no Mercado Externo . Fl. 1771DF CARF MF Processo nº 15586.720765/201326 Resolução nº 3301000.889 S3C3T1 Fl. 1.772 12 10. Entendemos assistir razão á recorrente quando afirma não estar claro o critério utilizado pela fiscalização para o rateio dos créditos a serem descontados, pois que examinando os quadros citados não se vislumbra o critério adotado de forma clara detalhadamente demonstrada, o que pode ser interpretado pela recorrente como um cerceamento de defesa, pois esta alega que teria dificuldade em entender tal rateio. 11. Diante destas considerações, proponho que os autos sejam encaminhados á DRF/VITÓRIA/ES para que, em diligência fiscal : a) seja elaborado relatório onde se demonstre o critério de rateio adotado para os créditos a serem descontados, especificando os detalhes de como foram encontrados os valores do demonstrativo Demonstrativo PIS NÃOCUMULATIVO DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS A DESCONTAR , com os quadros F e G respectivamente F) TOTAL DE CRÉDITOS APURADO NO MÊS SUJEITO AO RATEIO VALOR AJUSTADO PELA FISCALIZAÇÃO Rateio apenas Crédito Integral e (G) Rateio do crédito a descontar com base na proporção da Receita Bruta auferida Receita de Vendas de Mercadorias no Mercado interno (tributada) , Receita de Vendas de Mercadorias p/ o Mercado Externo (Exceto Compra Fim Específio Exportação) Créditos vinculados às operações no Mercado interno , Créditos vinculados às operações no Mercado Externo . b) seja dada ciência deste relatório á recorrente, facultandolhe manifestação em até 30 dias da data da ciência 12. Após, sejam os autos retornados a este CARF para julgamento dos recursos voluntários apresentados neste e nos processos em apenso. 13. É como voto. Assinado digitalmente Ari Vendramini Relator Fl. 1772DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.000341/2009-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005, 2006
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NOVO PRONUNCIAMENTO PARA SUPRIR OMISSÕES.
Constatado que há omissão no acórdão embargado, prolata-se nova decisão para sanar tal vício.
IPI. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
Confirma a omissão de receitas com base em depósitos bancários, exige-se o IPI correspondente, independentemente de levantamento fiscal específico.
OMISSÃO DE RECEITAS. IPI. ALÍQUOTA APLICÁVEL.
Apurada omissão de receitas cuja origem não pôde ser comprovada, e sendo o contribuinte fabricante de produtos sujeitos a alíquotas distintas, correta a formalização da exigência com base na alíquota mais elevada. Inteligência dos §§ 1º e 2º do art. 108 da Lei nº 4.502/64.
Numero da decisão: 1402-003.426
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios exclusivamente em relação à matéria previamente admitida para, sem efeitos infringentes, sanar omissões no Acórdão nº 1402-001.732, confirmando a decisão de negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente
(assinado digitalmente)
Evandro Correa Dias - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Evandro Correa Dias, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Marco Rogerio Borges, Paulo Mateus Ciccone (Presidente), Eduardo Morgado Rodrigues e Edgar Braganca Bazhuni (Suplentes Convocados).
Nome do relator: EVANDRO CORREA DIAS
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NOVO PRONUNCIAMENTO PARA SUPRIR OMISSÕES. Constatado que há omissão no acórdão embargado, prolatase nova decisão para sanar tal vício. IPI. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Confirma a omissão de receitas com base em depósitos bancários, exigese o IPI correspondente, independentemente de levantamento fiscal específico. OMISSÃO DE RECEITAS. IPI. ALÍQUOTA APLICÁVEL. Apurada omissão de receitas cuja origem não pôde ser comprovada, e sendo o contribuinte fabricante de produtos sujeitos a alíquotas distintas, correta a formalização da exigência com base na alíquota mais elevada. Inteligência dos §§ 1º e 2º do art. 108 da Lei nº 4.502/64. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios exclusivamente em relação à matéria previamente admitida para, sem efeitos infringentes, sanar omissões no Acórdão nº 1402001.732, confirmando a decisão de negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 00 03 41 /2 00 9- 07 Fl. 2671DF CARF MF Processo nº 15868.000341/200907 Acórdão n.º 1402003.426 S1C4T2 Fl. 2.672 2 (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Evandro Correa Dias, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Marco Rogerio Borges, Paulo Mateus Ciccone (Presidente), Eduardo Morgado Rodrigues e Edgar Braganca Bazhuni (Suplentes Convocados). Fl. 2672DF CARF MF Processo nº 15868.000341/200907 Acórdão n.º 1402003.426 S1C4T2 Fl. 2.673 3 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos por FUGA COUROS JALES LTDA e FUGA COUROS S/A – coobrigado. Transcrevo excertos da informação em embargos prestadas pelo Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto e acatadas pelo Presidente da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento quando da admissão parcial dos embargos: Tratase de embargos de declaração opostos em 11 de maio de 2015 por FUGA COUROS S/A coobrigado (fls. 2.6102.620) e FUGA COUROS JALES LTDA (fl. 2.6242.636) em face do acórdão nº 1402001.732 julgado na sessão de 29 de julho de 2014. Ambos os recursos possuem o mesmo teor. A decisão embargada possui a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006 OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Com o advento da Lei 9.430/96, a presunção de omissão de rendimentos calcada em depósitos bancários adquiriu status legal e só é infirmada pela apresentação de documentação específica para cada depósito. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTERPOSTA PESSOA. MULTA QUALIFICADA. As inúmeras provas colhidas pela autoridade fiscal são congruentes com a acusação de que o autuado movimentou recursos à margem de sua escrituração em contas de terceiros, o que legitima, uma vez não comprovada a origem dos recursos, o lançamento tributário com base em omissão presumida de receita, bem como a aplicação da sanção punitiva no seu patamar majorado. As empresas resultantes de cisão ou as que absorverem parte do patrimônio advindos dessas operações de reorganização societária respondem solidariamente pelos créditos tributários relativos a fatos geradores pretéritos. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CISÃO. As empresas resultantes de cisão ou as que absorverem parte do patrimônio advindos dessas operações de reorganização societária respondem solidariamente pelos créditos tributários relativos a fatos geradores pretéritos. LANÇAMENTO REFLEXO. Tratandose de omissão receita, a relação de causa e efeito ante a confirmação do lançamento principal deve prevalecer na exigência reflexa. Recursos Negados. Fl. 2673DF CARF MF Processo nº 15868.000341/200907 Acórdão n.º 1402003.426 S1C4T2 Fl. 2.674 4 Crédito Tributário Mantido. O coobrigado tomou ciência do acórdão em 06 de maio de 2015 (fl. 2.607), apresentando tempestivamente embargos cinco dias após sua ciência (11 de maio de 2015 fls. 2.6102.620). Já o contribuinte, FUGA COURO JALES LTDA, foi intimado da decisão da DRJ em 04 de maio de 2015 (f. 2.605), uma segundafeira, e interpôs os embargos de fls. 2.6242.636 tempestivamente em 11 de maio de 2015. A lide tratada nos autos diz respeito a lançamento de IPI referente a omissão de receitas, cujo processo principal (nº 15868.000111/200930), em relação à matéria de fato, qual seja, a própria omissão de receitas, mantevese integralmente a exigência. Segundo o Embargante, o acórdão conteria vícios, contradição/erro que necessitariam ser sanados, sendo que os vícios apontados seriam de tal monta que ensejariam a nulidade do acórdão embargado. Eis os vícios apontados pelo Embargante: Omissão 1 o Embora se trate de lançamento de IPI reflexo, decorrente de omissão de receitas, não teriam sido analisadas as questões específicas relativas ao IPI colacionadas no tópico “IV.3 – Da necessidade de levantamento fiscal” – itens 27 e 28 (sobre a necessidade de levantamento fiscal para o lançamento e o fato de que depósitos bancários não seriam aptos a sustentar a acusação); Omissão 2 o Não se analisou a questão relativa à suposta “inaceitável presunção da presunção” (itens 19 a 26), relativa à aplicação da maior alíquota quando a pessoa jurídica comercializa produtos tributados, produtos não tributados e produtos isentos, aduzindo que o lançamento deveria respeitar tal proporcionalidade; [...] É o relatório. Passo à análise do preenchimento dos pressupostos para sua admissibilidade. DOS PRESSUPOSTOS PARA ADMISSIBILIDADE DOS EMBARGOS Pois bem, assim dispõe o art. 65 do Anexo II do RICARF/2015: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. § 1° Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de cinco dias contado da ciência do acórdão: [...] Conforme já relatado, os embargos são tempestivos. Fl. 2674DF CARF MF Processo nº 15868.000341/200907 Acórdão n.º 1402003.426 S1C4T2 Fl. 2.675 5 Convém ressaltar que no julgamento do acórdão embargado fui designado redator do voto vencedor, o que me confere legitimidade para proposição acerca da admissão dos embargos, nos termos do § 2º do art. 65 do Anexo II do RICARF/2015. Em razão de a redação original do RICARF/2015 (Portaria MF nº 343/2015) não mais contemplar o IPI lançado como reflexo de omissão de receitas na competência desta 1ª Seção, os autos foram despachados para a 3ª Seção para análise da admissibilidade dos embargos. Contudo, com a edição da Portaria MF nº 152/2016, restabeleceuse a competência da 1ª Seção para análise dos lançamentos de IPI como reflexo em infrações de omissão de receitas, retornando os autos para minha análise. De volta ao cerne do imbróglio, analiso os argumentos da Embargante sob o ponto de vista de vícios que poderiam ensejar nova manifestação do colegiado: Omissões 1 e 2 Conforme relatado, argumenta a Recorrente que questões específicas relativas ao lançamento de IPI deveriam ser enfrentadas no voto condutor do aresto (sobre a necessidade de levantamento fiscal para o lançamento, sobre o fato de que depósitos bancários não seriam aptos a sustentar a acusação e sobre a aplicação da maior alíquota de IPI quando a pessoa jurídica comercializa produtos tributados, produtos não tributados e produtos isentos, aduzindo que o lançamento deveria respeitar tal proporcionalidade). Em relação a tais omissões, procedem as alegações da Recorrente. De fato, ao redigir o voto vencedor, me ative às discussões tratadas durante a sessão de julgamento e não atentei para os questionamentos específicos em relação à exigência de IPI. Por essas razões, entendo que deva haver novo pronunciamento do colegiado a respeito do tema. [...] PROPOSTA Desse modo, constatada a ocorrência de uma omissão das duas apontadas pela Embargante, entendo que os embargos devam ser PARCIALMENTE ADMITIDOS, uma vez que as alegações da Embargante mostramse procedentes em parte. Isso posto, proponho ao Presidente da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF que os embargos opostos por FUGA COUROS JALES LTDA e FUGA COUROS S/A sejam PARCIALMENTE ADMITIDOS, devendo o colegiado se manifestar única e exclusivamente sobre a necessidade de levantamento fiscal para o lançamento de IPI, sobre o fato de que depósitos bancários não seriam aptos a sustentar a acusação e sobre a alíquota aplicável de IPI, nos termos descritos alhures. Acatada a proposta, o Presidente da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF devolveu os autos para relato e inclusão em pauta de julgamentos. É o relatório. Fl. 2675DF CARF MF Processo nº 15868.000341/200907 Acórdão n.º 1402003.426 S1C4T2 Fl. 2.676 6 Voto Conselheiro Evandro Correa Dias, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE Os embargos já foram parcialmente admitidos pelo Presidente da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção. 2 DAS OMISSÕES Conforme já relatado, a lide diz respeito, em resumo diz respeito a lançamento de IPI referente a omissão de receitas, cujo processo principal (nº 15868.000111/200930), em relação à matéria de fato, qual seja, a própria omissão de receitas, mantevese integralmente a exigência. Em resumo, o acórdão embargado manteve a exigência, pois, tratandose de auto de infração reflexo em razão de omissão de receitas apurado em fiscalização de IRPJ, mantida a exigência principal quanto à ocorrência de receitas omitidas, tal conclusão também se estender ao IPI. Os embargos foram parcialmente admitidos tão somente para que o colegiado se pronunciasse sobre: (i) a necessidade de levantamento fiscal para o lançamento de IPI; (ii) sobre o fato de que depósitos bancários não seriam aptos a sustentar a acusação; e (iii) a alíquota aplicável de IPI, que, segundo a Recorrente, deveria ser apurada por meio de “média”, de acordo com as alíquotas aplicáveis nas vendas de produtos industrializados no período de apuração respectivo. Em relação aos primeiros dois pontos, é importante frisar que o art. 42 da Lei 9.430/96 dispõe tão somente de um meio de prova indireta de receitas, ou seja, de uma presunção juris tantum que autoriza a Fiscalização a concluir pela existência de receitas omitidas, e somente na hipótese de o contribuinte não lograr êxito em demonstrar a origem de ingressos na sua conta bancária. Tratase, assim, de uma presunção relativa, cabendo prova em contrário, o que não foi realizado a contento pela Recorrente, tanto que a exigência de IRPJ foi mantida em julgamento no CARF. É importante ainda ressaltar que o art. 42 da Lei 9.430/96 é apenas um meio de prova da existência de receitas omitidas, aplicandose a todos os tributos federais, pois não trata de um aspecto da hipótese de incidência do IRPJ. Conforme já abordado, embora tal presunção legal admitisse a prova em contrário, a Recorrente nada trouxe aos autos que pudesse comprovar a origem dos ingressos nas suas contas bancárias, restando configurada a omissão de receitas. Portanto, cumpridas as exigências previstas no art. 42 da Lei 9.430/96 a fim de apurar receitas omitidas, não há necessidade de se fazer levantamento fiscal distinto para apuração do IPI, sendo que eventual incorreção no lançamento poderia ser alvo de demonstração por parte da Recorrente, o que não ocorreu no caso concreto. Fl. 2676DF CARF MF Processo nº 15868.000341/200907 Acórdão n.º 1402003.426 S1C4T2 Fl. 2.677 7 Tal entendimento não é novidade no âmbito do CARF, como se pode observar em inúmeros julgados (por exemplo, Acórdão 1302001.483 de relatoria do Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior). A bem da verdade, o único ponto específico questionado pela Recorrente foi a alíquota aplicável. Contudo, com base no disposto nos parágrafos §§ 1º e 2º do art. 108 da Lei nº 4.502/641, uma vez que foram apuradas receitas cuja origem não foi comprovada (§ 1º), e sendo o contribuinte fabricante de produtos sujeitos a alíquotas distintas, a autoridade fiscal formalizou a exigência com base na alíquota mais elevada (§ 2º), no caso 10%. Observase ainda o cuidado da Fiscalização ao constatar que no período de maio de 2004 a abril de 2005 só houve saída de produtos com alíquota zero, não fazendo qualquer exigência de IPI no período. Desse modo, conforme se observa, a exigência foi realizada em absoluto compasso com a legislação vigente, sendo que a aplicação da maior alíquota de IPI no período baseouse em expressa disposição de lei, não havendo que se falar em apuração de “média” para fins de determinação da alíquota de IPI, critério esse que seria frontalmente contrário ao disposto nos §§ 1º e 2º do art. 108 da Lei nº 4.502/64. Assim sendo, o lançamento mostrase irretocável, devendo ser mantido em sua integralidade. 1 Art . 108. Constituem elementos subsidiários para o cálculo da produção o correspondente pagamento do impôsto de consumo dos estabelecimentos industriais, o valor ou quantidade da matériaprima ou secundária adquirida e empregada na industrialização dos produtos, o das despesas gerais efetivamente feitas, o da mãode obra empregada e o dos demais componentes do custo da produção, assim como as variações dos estoques de matériasprimas ou secundárias. § 1º Apurada qualquer diferença, será exigido o respectivo impôsto de consumo, que, no caso, de fabricante de produtos sujeitos a alíquotas diversas, será calculado com base na mais elevada quando não fôr possível fazer a separação pelos elementos da escrita do contribuinte. § 2º Apuradas, também, receitas cuja origem não seja comprovada, será sôbre elas, exigido o impôsto de consumo, mediante adoção do critério estabelecido no parágrafo anterior. Fl. 2677DF CARF MF Processo nº 15868.000341/200907 Acórdão n.º 1402003.426 S1C4T2 Fl. 2.678 8 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por acolher os embargos declaratórios exclusivamente em relação à matéria previamente admitida para, sem efeitos infringentes, sanar omissões no Acórdão nº 1402001.732, confirmando a decisão de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Fl. 2678DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.675282/2009-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3401-001.568
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifeste-se, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Relatório
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifeste-se, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. Relatório
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifestese, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 75 28 2/ 20 09 -3 5 Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10880.675282/200935 Resolução nº 3401001.568 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de Pedido de Ressarcimento de COFINS realizado através de PER/DCOMP, referente pagamento à maior que o devido A DERAT São Paulo proferiu Despacho Decisório (eletrônico), indeferindo o Pedido de Restituição por inexistência de crédito. Tomando por base o DARF discriminado no PER/DCOMP, constatou que fora integralmente utilizado para quitação de débito declarado para o mesmo período. Irresignada a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, sob os seguintes argumentos: (i) que cometeu equivoco no preenchimento do PER/DCOMP, que o crédito é oriundo de recolhimento indevido de PIS e COFINS, conforme demonstrado no DACON, repete que o crédito efetivamente existe e é suficiente para quitar os débitos compensados; (ii) que conforme planilha que anexa, verificase facilmente que o crédito a que a empresa teria direito é bastante superior ao valor das compensações realizadas; (iii) que a SRFB possui diversos documentos para comprovar se os créditos existem e caso considere insuficientes, pode ainda baixar o presente processo em diligência para que tal comprovação seja feita através de análise mais minuciosa; (iv) apela para o princípio da verdade material, por tratarse de atividade humana, tanto o preenchimento de declarações quanto o ato de lançamento estão sujeitos a erros e equívocos e que nesse contexto, é natural que se cogite uma revisão da glosa da compensação com o objetivo de afastar cobrança indevida; (v) requer que após realização de diligência seja declarada homologada a compensação realizada, cancelando se a cobrança do tributo, de juros e de multa; (vi) ao final, por economia processual, requer ainda, que sejam julgados conjuntamente diversos processos que relaciona. Em Primeiro Grau a DRJ/SP1 julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, nos termos do Acórdão nº 16034.075. O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário contra a decisão de primeiro grau, sustentando que o crédito teve origem em levantamento contábil das receitas auferidas e de nova apuração das contribuições devidas, considerando que suas receitas se submetem a tributação tanto no regime cumulativo quanto no não cumulativo; que por um mero equivoco na interpretação da legislação atinente a PIS/COFINS, a Recorrente entendia que todas as receitas por ela auferidas deveriam estar sujeitas à sistemática cumulativa, que assim foram declaradas em DCTF e quitadas via DARF.; que retificou o DACON; que a falta de DCTF retificadora não tem o condão de legitimar a cobrança de tributo, levandose em consideração toda a documentação disponibilizada ao Fisco, vindo ao encontro da jurisprudência do CARF sobre o assunto; apela novamente para o princípio da verdade material e a possibilidade de conversão do julgamento em diligência. É o relatório. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 10880.675282/200935 Resolução nº 3401001.568 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3401001.559, de 26 de novembro de 2018, proferida no julgamento do processo 10880.675272/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3401001.559 "O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A manifestação inicial da interessada envolve em suas razões de defesa todo o período do levantamento de crédito a ser ressarcido e passível de compensação, composto por uma série de processos, requerendo inclusive, o ajuntamento dos mesmos para que sejam julgados de forma unificada. Diante da negativa colocada pela DRJ/SP1 para julgamento único, por se tratar de créditos envolvendo períodos de apuração distintos, passa então, a Recorrente, em seu recurso, a tratar do crédito pleiteado para o período de apuração 05/2004, destacandose os seguintes pontos: que a atividade explorada pela Recorrente é diversificada, conforme se depreende da cópia do Contrato Social anexada aos autos e tem por atividade empresarial, precipuamente, o desenvolvimento e a exploração do ramo de hotelaria, restaurantes e bares, o desenvolvimento de empreendimentos turísticos em geral, incluída a área de convenções e a prestação de serviços relativos a área de alimentação, bebidas, incluindo banquetes e serviços correlatos, entre outras atividades; que as receitas auferidas com a prestação de serviços de hotelaria permanecem submetidas a apuração cumulativa do PIS, nos moldes da Lei nº 9.718/1998, sob a alíquota de 0,65% e todas as demais receitas estão submetidas ao regime não cumulativo com incidência do PIS sob a alíquota de 1,65%; que toda a segregação de valores das receitas auferidas no mês de maio de 2004, com identificação de sua natureza estão detalhadas no Livro Razão Analítico (anexo), além de ter sido alteradas no DACON retificador, também trazido aos autos; reconhece não ter observado o prazo de 5(cinco) anos para retificar informações declaradas em DCTF, mas todos os dados e informações pertinentes podem ser conferidos pela documentação trazida aos autos (Livro Razão Analítico, Balancete, DACON retificador e planilha de controle de impostos; Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10880.675282/200935 Resolução nº 3401001.568 S3C4T1 Fl. 5 4 O que se depreende dos fatos aqui discutidos, são questões de procedimento de atribuição da contribuinte, quanto a correta apuração da Contribuição devida ao PIS/PASEP do período de apuração 05/2004. Inicialmente a Recorrente, conforme manifestação expressa, havia submetido a totalidade de seu faturamento do período mencionado (05/20054), a sistemática cumulativa (código 8109), quando parte desse faturamento estava sujeito a sistemática não cumulativa. O cálculo de incidência cumulativa deveria atingir somente a receita de serviços de hotelaria, conforme previsto na Lei 10.833/2003, art. 10, XXI e as demais receitas ficariam sujeitas a incidência não cumulativa, a teor do art.15, V,.da mesma lei. A princípio, as provas carreadas aos autos dão conta do que está sendo sustentado pela Recorrente, inclusive, com relação a ausência de DCTF retificadora. Eventuais erros de conduta formal do contribuinte não lhe retiram o direito ao princípio da busca pela verdade material no processo administrativo e da busca pela aproximação entre a realidade factual e sua representação formal. Casos semelhantes e recorrentes transitam pelo CARF, cujos julgados nos fornecem diretrizes de procedimento, como se colhe da decisão em destaque: Portanto, erro de preenchimento de DCTF não retira o direito ao crédito quando há outros elementos de prova que podem ser alcançadas em busca da verdade material no processo administrativo tributário. Ante o exposto, resolvem os membros do Colegiado em converter o julgamento em diligência para a repartição de origem de modo que seja informado e providenciado o seguinte: Confirmar se os valores informados no DACON Retificador do Período de Apuração Maio/2004, conferem com a realidade contábil da Contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; Fl. 274DF CARF MF Processo nº 10880.675282/200935 Resolução nº 3401001.568 S3C4T1 Fl. 6 5 Após o confronto do item 1, identificar a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP nº 23370.59930.200206.1.3.040283 e promover a compensação de débitos na forma requerida; Elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento a Recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, manifestarse, retornando, em seguida, os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que seja informado e providenciado o seguinte: · Confirmar se os valores informados no DACON Retificador do Período de Apuração em referência, conferem com a realidade contábil da Contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; · Após o confronto do item 1, identificar a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP em apreço e promover a compensação de débitos na forma requerida; · Elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento a Recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, manifestarse, retornando, em seguida, os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento." (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 275DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11891.000476/2007-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 21/12/2005
COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. CONCOMITÂNCIA ENTRES AS ESFERAS ADMINISTRATIVAS E JUDICIAL.
Conhece-se de recurso nas matérias não concomitantes com ação judicial. O processo judicial julgado extinto, sem exame de mérito, antes do lançamento, não instaura possibilidade de conflito de decisões, ratio essendi das normas que evitam a concomitância.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3201-004.305
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a DRJ, afastada a concomitância, aprecie o mérito do litígio.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinatura digital)
Marcelo Giovani Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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DE FÁTIMA E BEN. PORT. DE ARARAQUARA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 21/12/2005 COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. CONCOMITÂNCIA ENTRES AS ESFERAS ADMINISTRATIVAS E JUDICIAL. Conhecese de recurso nas matérias não concomitantes com ação judicial. O processo judicial julgado extinto, sem exame de mérito, antes do lançamento, não instaura possibilidade de conflito de decisões, ratio essendi das normas que evitam a concomitância. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a DRJ, afastada a concomitância, aprecie o mérito do litígio. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 89 1. 00 04 76 /2 00 7- 54 Fl. 151DF CARF MF 2 Relatório Reproduzo relatório de primeira instância: Trata o presente processo dos autos de infração de fls. 01/13, constituídos para cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados, Cofins e Pis/Pasep, vinculados à importação, acrescidos das respectivas multas de oficio e juros de mora, perfazendo, na data da autuação, um valor de R$ 201.646,89. Na descrição dos fatos, a fiscalização consignou: Falta de recolhimento em tempo legal de tributos na importação do equipamento constante da Declaração de Importação n° 05/13932 784, registrada em 21/12/2005. O contribuinte em epígrafe impetrou mandado de segurança preventivo na 3ª Vara da Justiça Federal em Minas Gerais, processo judicial n° 2005.38.00.0454486, com pedido de liminar para fins de declaração da imunidade em prol da Impetrante, para não recolher os tributos incidentes na importação, IPI, COFINS e PIS. A liminar foi deferida em 19/12/2005. No entanto, em sentença de 1° grau proferida em 09/03/2006, o Juiz julgou extinto o processo sem julgamento de mérito pela ilegitimidade passiva da autoridade impetrada, nos termos do artigo 267, VI do CPC, cassando a liminar anteriormente concedida. Tendo em vista a cassação da liminar e não havendo o recolhimento ou o depósito do montante integral do crédito tributário suspendendo a exigibilidade dos tributos, lavro o presente Auto de Infração para a cobrança dos referidos tributos e seus acréscimos legais devidos. Cientificado em 13/11/2007 dos autos de infração por meio do Aviso de Recebimento (AR) de fl. 36, o interessado apresentou, em 13/12/07 (data aposta no envelope de fl. 42), a impugnação de fls. 43/63, onde, numa apertada síntese, afirma que: é uma instituição filantrópica de saúde, sem fins lucrativos, destinada a prestar assistência médicohospitalar, assim como manter meios de assistência e/ou beneficência. Sua finalidade não lucrativa e exclusivamente filantrópica foi formalmente reconhecida como de utilidade pública federal, estadual e municipal pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), nos termos da Resolução n° 172/99; achase acobertada pela imunidade em relação aos impostos federais, estaduais e municipais, consoante o disposto no art. 150, inc. VI, letra “c”, § 4°, da Constituição da República, que veda a instituição de impostos por parte da União, Estados e Municipios, sobre patrimônio, renda ou serviços relacionados Fl. 152DF CARF MF Processo nº 11891.000476/200754 Acórdão n.º 3201004.305 S3C2T1 Fl. 3 3 com as finalidades essenciais das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos; as entidades beneficentes de assistência social são igualmente imunes às contribuições sociais, em conformidade com o art. 195, § 7°, da Lei Maior, e de acordo com a Lei n° 10.865/04, essas mesmas entidades encontramse ao amparo da não incidência do PIS/PASEP e da COFINS na importação de bens (art. 2°, VII), desde que observem as limitações impostas pela dita norma quanto à transferência de propriedade ou à cessão de uso dos bens (art. 10); a Recorrente presta contas ao Ministério Público e ao CNAS, órgão responsáveis em fiscalizála, de forma periódica, com o fito de garantir, fielmente, a eficácia no cumprimento de seus objetivos institucionais; a entidade procedeu à importação do aparelho de RAIOX 9800 PLUS, única e exclusivamente com o intuito da melhoria em seu sistema de atendimento. Sendo seu objetivo maior, o de, munida com um aparelho de 1ª geração, proceder a um atendimento melhor a seus usuários, melhorando assim, sobremaneira, a qualidade dos serviços e não é e nunca foi sua intenção vender tal aparelho. Como reforço argumentativo, a impugnante colaciona respeitáveis opiniões doutrinárias e jurisprudenciais e assim conclui sua defesa: Pelo exposto, ao de notar Vossas Senhorias que não houve “má fé” por parte da instituição ora Recorrente. Razão pela qual, não infringiu a mesma os dispositivos alencados e descritos junto ao Auto de Inƒração Vossas Senhorias entenderão pelo retro exposto e mais pelos documentos à esta apensados que, em momento algum houve a intenção de contrariar as normas fiscais da conceituada Receita Federal, visto que a quase noventa e cinco (95) anos, a SANTA CASA _DE MISERICÓRDL4 NOSSA SENIIORA DE FÁTIIWA E BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE ARARAQUARA, instituição sem fins lucrativos, exclusivamente filantrópica, destinada a prestar assistência médicohospitalar, vem pautando sua administração pela obediência constante às exigências fiscais existentes. Assim e', que respeitosamente, requeremos de Vossas Senhorias, a relevação do Auto de Infração e Imposição de Multa em referência, rogando ainda a Vossas Senhorias a RECONSIDERAÇÃO da infração e determinando em ato contínuo o seu ARQUIVAMENTO, na certeza de que, ao dispensarem a peculiar atenção às razões de nosso pedido, estarão agindo com a mais lidima justa e perfeita JUSTIÇA. [sic] A DRJ/Fortaleza/CE, por meio do Acórdão 0819.517, de 08/12/2010, não conheceu da Impugnação. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 153DF CARF MF 4 Data do fato gerador: 21/12/2005 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÁNCIAS ADMINISTRATIVAS. OCORRÊNCIA. A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial – por qualquer modalidade processual antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas. É irrelevante, na espécie, que o processo tenha sido extinto, no Judiciário, sem julgamento do mérito. A entidade então apresentou Recurso Voluntário, reforçando os argumentos de defesa. Acrescenta que a decisão recorrida deveria ter conhecido a Impugnação, pois a autação ocorreu depois da decisão judicial, após o trânsito em julgado do Mandado de Segurança, e a recorrente não invoucou o Poder Judiciário para analisar o Auto de Infração. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O recurso é tempestivo. Verifico preliminarmente que é caso de anular a decisão recorrida, posto que não cumpriu o dever de analisar o mérito do processo, fundada na regra de unicidade de jurisdição, isto é, a decisão recorrida não conheceu da Impugnação por concomitância entre a instância administrativa e a judicial. Ora, não houve concomitância, porque o processo judicial, conforme relatado, foi extinto sem exame de mérito, e ainda antes do lançamento. O motivo da extinção sem exame do mérito foi a ilegitimidade passiva da autoridade coatora apontada. A razão jurídica das normas que tratam da concomitância (Súmula Carf 1, ADN Cosit 3/96, art. 38, §único da Lei 6.830/80) é justamente evitar o conflito de decisões, ou antes, o desperdício de esforços no âmbito administrativo, vez que sempre prevalecerá a decisão judicial sobre a mesma matéria. No caso de extinção do processo judicial, sem exame do mérito, não resulta qualquer decisão judicial efetiva que possa alterar a norma entre as partes, e portanto, será impossível o conflito de decisões. Incabível, pois, deixar de conhecer as razões da Impugnante, que ficaria sem possibilidade de defesa, em ofensa clara ao artigo 59, II, do PAF. Pelo exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para, superando a preliminar de concomitância, que a decisão recorrida enfrente o mérito. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator Fl. 154DF CARF MF Processo nº 11891.000476/200754 Acórdão n.º 3201004.305 S3C2T1 Fl. 4 5 Fl. 155DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.000914/2010-12
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
Numero da decisão: 2002-000.394
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
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DEDUÇÃO. DESPESA MÉDICA. Recorrente RENATA JORGE CARLOMAGNO GUIMARAES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 09 14 /2 01 0- 12 Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10840.000914/201012 Acórdão n.º 2002000.394 S2C0T2 Fl. 93 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (fls. 5/9), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual do contribuinte acima identificado, relativa ao exercício de 2009. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a restituir declarado de R$3.449,54 para saldo de imposto a pagar de R$2.514,54. A notificação noticia a dedução indevida de despesas médicas no valor de R$3.400,00, consignando que a contribuinte, devidamente intimada a comprovar o efetivo pagamento das despesas relativas a Olívio Beltrame Jr, comprovou apenas a quantia de R$4.480,00, por meio de extratos bancários. Impugnação Cientificada à contribuinte em 31/5/2010, a NL foi objeto de impugnação, em 11/6/2010, à fl. 2/23 dos autos, assim sintetizada na decisão de piso: Alega que foi intimada a comprovar o efetivo pagamento da despesa médica de R$ 7.880,00, referente ao prestador Olívio Beltrame Jr, CRM 26.283. Apresentou extratos bancários e canhotos de cheques que comprovam o pagamento de R$ 7.880,00, mas foi glosado R$ 3.400,00. Junta novamente o extrato onde destaca o valor glosado de R$3.400,00 (R$ 1.000,00, cheque nº 00093 de 7/4/08 + R$ 2.400,00, cheque 000105 de 7/5/08). A somatória dos 8 cheques é R$ 7.880,00, todos compensados e contabilizados. Pede seja restabelecido o imposto a restituir declarado de R$ 3.449,54, corrigido conforme legislação. A impugnação foi apreciada na 7ª Turma da DRJ/BHE que, por unanimidade, julgoua improcedente, em decisão assim ementada (fls. 70/73): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. EFETIVO PAGAMENTO. Somente são admitidas as despesas médicas pleiteadas com a observância da legislação tributária e que estejam devidamente comprovadas nos autos, inclusive quanto à efetividade do pagamento do serviço prestado. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10840.000914/201012 Acórdão n.º 2002000.394 S2C0T2 Fl. 94 3 Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 2/3/2016 (fl. 75), a contribuinte, em 31/3/2016 (fl. 77), apresentou recurso voluntário, às fls. 77/86, no qual alega estar juntando documentação suficiente a afastar a falha apontada na decisão de piso, de ausência da data completa nos extratos juntados. Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito O litígio recai sobre despesas médicas declaradas pela contribuinte e parcialmente glosadas na autuação, pela falta de comprovação do efetivo pagamento. Em sua impugnação, a recorrente juntara recibo do profissional (fl.10), canhotos de cheques (fls. 11) e extratos bancários (fls. 12/22). Registrese que, no curso da ação fiscal, a contribuinte já apresentara esses documentos (fls.53/62). Na apreciação desses elementos, o colegiado de primeira instância registrou: O recibo emitido pelo profissional, CRM 26.283, encontrase anexado às fls. 27. Foi emitido em 22/12/2008, referente a honorários médicos no ano de 2008. Informa que em abril o valor pago foi de R$ 1.000,00 e, em maio, R$ 2.400,00. A contribuinte junta o extrato bancário do Bradesco, fls. 53/54, Ag. 0130, Conta 01028383, de titularidade de Renata Jorge Carlomagno Guimarães. Neste extrato, consta a compensação do cheque 0093 em 8/4, no valor de R$ 1.000,00 e cheque nº 0105, de R$2.400,00, em 7/5. No entanto, não há como se saber o ano a que se refere o extrato. Consta do documento, somente a data em que foi retirado da internet (20/4/10). Ressaltando que as despesas teriam sido pagas no ano de 2008. Já os canhotos dos cheques, anexados às fls. 62, vêse os cheques 0093 e 0105 e as informações ali descritas foram apostas pela contribuinte (data, valor e nome), notese que são todos da mesma instituição financeira, pois trazem o mesmo número de telefone do banco, mas não identificam o nome do Banco. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10840.000914/201012 Acórdão n.º 2002000.394 S2C0T2 Fl. 95 4 Os extratos bancários de fls. 53/61 são todos do banco Bradesco, mas de duas agências diferentes. Embora a contribuinte tenha juntado o extrato de fls. 53/54, com a compensação de dois cheques que totalizam R$ 3.400,00 (R$1.000,00 + R$ 2.400,00), não ficou demonstrado o ano da compensação dos cheques. Poderia ter sido apresentada a cópia do cheque, como determina a legislação acima transcrita para dirimir a dúvida da efetividade do pagamento da despesa. Agora, em seu recurso, além dos extratos consignando os eventos ocorridos em 2008 (fls. 79/81), a recorrente junta cópias dos cheques emitidos, nominais ao profissional declarado (fls. 82/85). Dessa feita, comprovado o efetivo pagamento da despesa médica declarada, a glosa deve ser cancelada. Conclusão Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 95DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.722512/2016-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 31/01/2012 a 23/01/2013
IOF. INCIDÊNCIA. CONTRATO DE CONTA CORRENTE. MÚTUO. CARACTERIZAÇÃO.
A entrega ou colocação de recursos financeiros à disposição de terceiros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, havendo ou não contrato formal e independente da nomenclatura atribuída em contrato, consubstancia hipótese de incidência do IOF, mesmo que constatada a partir de registros ou lançamentos contábeis, ainda que sem classificação específica, mas que, pela sua natureza, importem colocação ou entrega de recursos à disposição de terceiros.
Numero da decisão: 3401-005.298
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, e, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos o relator e os Cons. Tiago Guerra Machado, André Henrique Lemos e Cássio Schappo. Designado para redigir o voto vencedor o Cons. Marcos Roberto da Silva.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Roberto da Silva - Redator designado.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Período de apuração: 31/01/2012 a 23/01/2013 IOF. INCIDÊNCIA. CONTRATO DE CONTA CORRENTE. MÚTUO. CARACTERIZAÇÃO. A entrega ou colocação de recursos financeiros à disposição de terceiros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, havendo ou não contrato formal e independente da nomenclatura atribuída em contrato, consubstancia hipótese de incidência do IOF, mesmo que constatada a partir de registros ou lançamentos contábeis, ainda que sem classificação específica, mas que, pela sua natureza, importem colocação ou entrega de recursos à disposição de terceiros.
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INCIDÊNCIA. CONTRATO DE CONTA CORRENTE. MÚTUO. CARACTERIZAÇÃO. A entrega ou colocação de recursos financeiros à disposição de terceiros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, havendo ou não contrato formal e independente da nomenclatura atribuída em contrato, consubstancia hipótese de incidência do IOF, mesmo que constatada a partir de registros ou lançamentos contábeis, ainda que sem classificação específica, mas que, pela sua natureza, importem colocação ou entrega de recursos à disposição de terceiros. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, e, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos o relator e os Cons. Tiago Guerra Machado, André Henrique Lemos e Cássio Schappo. Designado para redigir o voto vencedor o Cons. Marcos Roberto da Silva. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 25 12 /2 01 6- 76 Fl. 4897DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.898 2 (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Redator designado. Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório 1. Tratase de auto de infração, situado às fls. 02 a 06, lavrado com o objetivo de formalizar a cobrança de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro IOF, referente ao período de apuração compreendido entre 31/01/2012 a 23/01/2013, acrescido de multa de ofício de 75% e juros, totalizando, assim, o valor histórico de R$ 88.675.660,81. 2. Segundo se depreende do termo de verificação fiscal, situado às fls. 09 a 17, narra a autoridade fiscal que o procedimento constatou falta de recolhimento do IOF sobre operações de: (i) "Crédito Rotativo”, e (ii) "Crédito Fixo – Mútuo”, uma vez que as contas correntes que deveriam operar com as atividades típicas, voltadas a facilitar as relações comercias entre empresas, por meio de administração de contas a pagar e a receber, na verdade, se mostraram como instrumento de financiamento das atividades da “gestora dos recursos”. 3. A contribuinte apresentou impugnação, situada às fls. 3.447 a 3.510, na qual argumentou, em síntese: (i) nulidade do auto de infração lavrado em virtude de erro na identificação do sujeito passivo, uma vez que, ainda que se considerem as operações como de mútuo, a contribuinte ora recorrente seria mutuária dos recursos, e não mutuante, mesmo porque não fez qualquer aporte ao caixa único que pudesse enquadrála como correntista, além de gestora dos contratos, o que a impediria de ser credora de quem quer que fosse; (ii) os contratos de conta corrente se distinguem dos contratos de mútuo, nos termos do art. 13 da Lei nº 9.779/1999 e do art. 63 do Código Tributário Nacional, sendo lícito às partes estipular contratos atípicos como é o de conta corrente, nos termos do art. 425 do Código Civil, em tudo diverso do contrato de mútuo, este sim típico, conforme preceitua o art. 586 da codificação de 2002; (iii) a não sujeição dos contratos de conta corrente ao IOF pois, ainda que o Código Tributário Nacional refira, em seu art. 63, a operações de crédito, a Lei nº 9.779/1999 se limitou a captar as operações de mútuo; (iv) ter havido erro de interpretação das cláusulas do contrato por parte da autoridade fiscal, o que a levou, equivocamente, a vislumbrar estar diante de operações de mútuo, enquanto que, na verdade, o contrato em apreço é misto, consistente na adesão, de todas as correntistas, ao modelo contratual de conta corrente, bem como manutenção e administração de um caixa único por parte da empresa autuada, voltado a reunir e gerir de maneira uniforme e mais eficiente os recursos das empresas do grupo, de modo a evitar a multiplicação de departamentos financeiros na organização e a reduzir os custos; (v) a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei nº 9.779/1999, questão com repercussão geral reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 590.186 (tema 14); e (vi) a extinção dos créditos de IOF sobre as operações de mútuo (crédito fixo), o que comprova por meio dos contratos de mútuo realizados com as empresas EHT BIO PARTICIPAÇÕES S/A e ARENA ITAQUERA S/A, planilha de cálculo com os valores de IOF devido, extratos de Fl. 4898DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.899 3 transferência bancária comprobatórios da entrega dos valores mutuados, bem como as respectivas DCTFs e DComps por meio das quais busca demonstrar a extinção dos tributos por meio de compensação. 4. Em 26/05/2017, a 03ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC), proferiu o Acórdão DRJ nº 0739.805, situado às fls. 4.108 a 4.132, de relatoria do AuditorFiscal Cláudio de Andrade Camerano, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, mantendo em parte o crédito tributário exigido, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 31/01/2012 a 23/01/2013 OPERAÇÃO DE MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS. EXISTÊNCIA DE REGISTROS CONTÁBEIS E TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS QUE IMPORTEM ENTREGA DE RECURSOS A DISPOSIÇÃO DE TERCEIROS. CONFIGURAÇÃO. Para fim de incidência do IOF, caracterizase operação de mútuo de recursos financeiros a operação de crédito representada pelo registro ou lançamento contábil que, pela sua natureza, importe colocação ou entrega de recursos financeiros à disposição de terceiros, independentemente de ser pessoa ligada ou não. MÚTUO ENTRE EMPRESAS LIGADAS. CONTA CORRENTE CONTÁBIL. CRÉDITO ROTATIVO. INCIDÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. CONTRATO DE MÚTUO. Os aportes de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ligadas, sem prazo e valor determinado, realizado por meio de lançamentos em conta corrente contábil, caracterizam as operações de crédito correspondentes a mútuo, independente da formalização de contrato, cuja base de cálculo do IOF é o somatório dos saldos devedores diários apurados no último dia de cada mês. IOF. CONTRATO DE MÚTUO. CRÉDITO FIXO. DÉBITOS LANÇADOS MAS DECLARADOS EM DCOMP. IMPROCEDÊNCIA. Devem ser cancelados os débitos de IOF lançados em Auto de Infração se os mesmos já constavam em DCOMP transmitidas anos antes da autuação, uma vez que as DCOMP são consideradas confissões de dívida. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 4899DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.900 4 5. Diante da exoneração do crédito tributário, o acórdão foi submetido à apreciação deste Conselho por recurso de ofício, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de1997, e art. 1º da Portaria do Ministério da Fazenda nº 3, de 3 de janeiro de 2008. 6. A contribuinte, intimada da decisão em 31/05/2017, pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), por meio da opção "Consulta Comunicados/Intimações", em conformidade com o termo de ciência situado à fl. 4.138, interpôs, em 30/06/2017, em conformidade com o termo de solicitação de juntada situado à fl. 4.139, recurso voluntário, situado às fls. 4.141 a 4.206, no qual reiterou as razões de sua impugnação. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 7. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 8. Denotase, do termo de verificação fiscal, que "(...) as operações com coligadas/controladas correspondiam à modalidade de 'crédito rotativo', nas quais (...) não fica definido o valor do principal disponibilizado, havendo a possibilidade de, até o termo final fixado, ocorrerem contínuas amortizações e reutilizações do crédito" e, no caso concreto, as operações estavam respaldadas por contrato denominado “INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONTACORRENTE E DE CAIXA ÚNICO" no qual a empresa ODEBRECHT S/A consta como gestora dos recursos que integravam um caixa único, controlado na conta “121102 Caixa Único”, cujos recursos supriam o capital de giro de outras empresas do grupo. Com base em tal informação, a autoridade fiscal considerou configurada a materialidade do IOF sobre os créditos disponibilizados às pessoas jurídicas ligadas por vislumbrar típica operação de mútuo. 9. Entendeu a decisão ora objurgada que o contrato de contacorrente contábil é aquele segundo o qual duas pessoas convencionam fazer remessas recíprocas de valores, registrando os créditos e débitos daí resultantes em uma conta para posterior verificação do saldo exigível: o negócio jurídico firmado estabelece o fluxo financeiro entre as partes controlado por conta própria, sendo que os saldos só são exigíveis após o término do prazo fixado, sendo que os valores cedidos são registrados a débito da conta de ativo representativa do negócio e os retornos financeiros a crédito. Resta incontroverso, ainda, que, entre os contratos analisados, não há qualquer cláusula que limite os valores disponibilizados às participantes em função da contribuição inicial de cada uma delas ao caixa único, não havendo a obrigatoriedade de que, ao longo do período, as pactuantes tenham em seu favor Fl. 4900DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.901 5 algum crédito: "(...) se tiverem, os valores acrescem o caixa único, mas, se não, a dívida total é quitada por cada devedora somente ao final do acordo". Em que pese o próprio julgador realizar tais afirmações, em seguida conclui no seguinte sentido: Se a autuada quis alegar que os saldos que foram objeto de tributação correspondiam a valores de propriedade das próprias participantes, administrados pela interessada e disponibilizados a elas conforme necessidade, cumpre dizer que não há nos autos nada que comprove tais afirmações. Destaquese que o próprio contrato firmado faz menção expressa à instituição de contacorrente e descreve operações que em sua materialidade a eles se identificam. 10. Assim, a questão em disputa se volta à análise dos efeitos tributários de remessas entre empresas ligadas fundados em contrato de conta corrente sob regime de caixa único, ou, dito de outra forma, se o aplicador está ou não diante de um negócio jurídico com natureza de mútuo. Cabe, desta feita, em primeiro lugar, delimitar o recorte normativo que deu conta da matéria, que deve ser o ponto de partida para a investigação e, neste sentido, o inciso V do art. 153 da Constituição de 1988 conferiu competência à União Federal para instituir imposto sobre operações de crédito, cabendo ao art. 63 do Código Tributário Nacional coligir as normas gerais aplicáveis à espécie, em especial ao dispor, em seu inciso I, que o fato gerador das operações de crédito consistirá na entrega ou colocação à disposição do valor que constitua o objeto da obrigação, cujo montante, consistente em principal acrescido dos juros, será considerado a base de cálculo respectiva. 11. O tributo encontra disciplina na alínea 'c' do inciso I do art. 2º e nos arts. 11 a 13 do Decreto nº 6.306/2007 (RIOF), que preceitua a sua incidência em operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas, devendo ser considerado o fato gerador a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado e o aspecto temporal de sua exteriorização a data da entrega, o momento de liberação de cada parcela, a data do adiantamento a depositante, assim considerado o saldo a descoberto em conta de depósito, a do registro efetuado em conta devedora por crédito liquidado no exterior ou da novação, composição, consolidação, confissão de dívida e assemelhados, ou do lançamento contábil em relação às operações e às transferências internas que não tenham classificação específica, mas que, pela sua natureza, se enquadrem como operações de crédito. Por fim, nos termos do inciso I do art. 150 da Constituição Federal, é necessário lei ordinária para a instituição ou majoração de tributos, salvo nos casos de exigência de lei complementar, e, no caso do imposto sobre operações de crédito (IO/Crédito), coube à Lei nº 8.894/1994 tal incumbência. Constituição de 1988 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) V. operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários. Código Tributário Nacional Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e Fl. 4901DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.902 6 seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; II quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este; III quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável; IV quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável. Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito. Art. 64. A base de cálculo do imposto é: I quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros. Decreto nº 6.306/2007 (RIOF) Art. 2º O IOF incide sobre: I operações de crédito realizadas: a) por instituições financeiras; b) por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física; II operações de câmbio; III operações de seguro realizadas por seguradoras; IV operações relativas a títulos ou valores mobiliários; V operações com ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial. (...) Fl. 4902DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.903 7 Art.3º O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado § 1o Entendese ocorrido o fato gerador e devido o IOF sobre operação de crédito: I. na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado; II. no momento da liberação de cada uma das parcelas, nas hipóteses de crédito sujeito, contratualmente, a liberação parcelada; III. na data do adiantamento a depositante, assim considerado o saldo a descoberto em conta de depósito; IV. na data do registro efetuado em conta devedora por crédito liquidado no exterior; V. na data em que se verificar excesso de limite, assim entendido o saldo a descoberto ocorrido em operação de empréstimo ou financiamento, inclusive sob a forma de abertura de crédito; VI. na data da novação, composição, consolidação, confissão de dívida e dos negócios assemelhados, observado o disposto nos §§ 7o e 10 do art. 7o; VII. na data do lançamento contábil, em relação às operações e às transferências internas que não tenham classificação específica, mas que, pela sua natureza, se enquadrem como operações de crédito. §2o O débito de encargos, exceto na hipótese do § 12 do art. 7o, não configura entrega ou colocação de recursos à disposição do interessado. § 3o A expressão “operações de crédito” compreende as operações de: I. empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito e desconto de títulos (DecretoLei no 1.783, de 18 de abril de 1980, art. 1o, inciso I); II. alienação, à empresa que exercer as atividades de factoring, de direitos creditórios resultantes de vendas a prazo (Lei no 9.532, de 1997, art. 58); III. mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física 12. A leitura desinente do termo de verificação fiscal revela, por seu turno, que a acusação fiscal toma como ponto de partida tais normas para entender os "CONTRATOS DE CONSTAS CORRENTES E CAIXA ÚNICO" como ensejadores da incidência do Fl. 4903DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.904 8 tributo em apreço, o que demanda a análise de tais instrumentos, voltados a concentrar os recursos financeiros do GRUPO ODEBRECHT em uma única estrutura administrativa com o objetivo de promover eficiência administrativa, reduzir cursos e conferir melhores condições de captação de dinheiro no mercado por meio da gestão de um caixa único. Tais fatos são incontroversos e a autoridade fiscal os confirma ao longo do arrazoado que lastreia o lançamento de ofício: cada empresa do grupo fazia uso de tal caixa único para fazer frente a seus dispêndios no exercício de suas atividades sociais e, para materializar e viabilizar o controle dos valores, foram firmados contratos de contas correntes por meio dos quais se pactuava que uma parte não exigiria o valor correspondente da outra até o vencimento/fechamento. Assim, a contribuinte recorrente, como descreve a autoridade fiscal, lançava a débito e a crédito os valores movimentados na conta 121102 (CAIXA ÚNICO), e cada empresa detinha subconta específica junto a ela. Assim, todos os contratos de contas correntes se encontram vinculados ao "contrato de caixa único", de forma a se conformar um núcleo de recursos financeiros composto da contribuição de todos os participantes do GRUPO ODEBRECHT. 13. Denotase, ainda, a existência de duas contas: (i) a mera circulação de recursos financeiros entre as empresas do grupo eram lançadas na conta 121102 (CAIXA ÚNICO), enquanto que (ii) os valores correspondentes a veros empréstimos entre as demais empresas e a ora recorrente eram lançados na conta 121153 (MÚTUOS) e, sobre tais operações, procedeuse ao recolhimento do IO/Crédito respectivo. O procedimento fiscalizatório, como se percebe, voltouse especificamente à conta 121102 (CAIXA ÚNICO), tendo a autuada apresentado os retrorreferidos "CONTRATOS DE CONSTAS CORRENTES E CAIXA ÚNICO" no momento da coleção probatória por parte da autoridade fiscal, que os interpretou como mútuos, pois equiparados a créditos rotativos ofertados por instituições financeiras: "(...) foram elaborados demonstrativos com vistas a apuração do IOF baseada nos critérios de “crédito rotativo”, haja vista as informações prestadas pelo Sujeito Passivo, ao longo dos trabalhos de auditoria fiscal, especialmente, os Contratos de Contas Correntes e de Caixa Único e seus aditivos, planilhas com detalhamento das operações de Contas Correntes e de Caixa Único juntamente com os documentos relativos a essas operações e a escrituração contábil. Os demonstrativos relativos a cada mutuário se encontram em anexo ao presente termo, juntamente com o “DEMONSTRATIVO CONSOLIDADO DE IOF APURADO 1.2.1.10.1191.121102 CAIXA ÚNICO CONTAS CORRENTES” (seleção e grifos nossos). 14. Cabe indagar, assim, se as contas correntes operaram ou não com as atividades típicas que lhes são próprias, ou se sob tal denominação foram praticadas operações de crédito correspondentes a mútuo, nos termos do art. 13 da Lei nº 9.779/1999, cujo preceptivo normativo se voltou a estatuir a categoria jurídicoeconômica específica do mútuo como núcleo material da incidência: Lei nº 9.779/1999 Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às Fl. 4904DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.905 9 operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. 15. Observese que, após a publicação da Lei nº 9.779/1999, foi expedido o Ato Declaratório SRF nº 07/1999 consolidando entendimento da Receita Federal a respeito de mútuos realizados por meio de contacorrente: Ato Declaratório SRF nº 07/1999 1. No caso de mútuo entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física, sem prazo, realizado por meio de contacorrente, o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF, devido nos termos do art. 13 da Lei n ° 9.779, de 19 de janeiro de 1999: a) incide somente em relação aos recursos entregues ou colocados à disposição do mutuário a partir de 1 ° de janeiro de 1999; 16. A título de complemento, o ato declaratório em referência revogado pela Instrução Normativa RFB nº 907, de 09/01/2009, também anterior aos fatos geradores em disputa, que passou a dispor nos seguintes termos: Instrução Normativa RFB nº 907, de 09/01/2009 Art. 7º O IOF incidente sobre operações de crédito concedido por pessoas jurídicas não financeiras, de que trata o art. 13 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, incide somente sobre operações de mútuo que tenham por objeto recursos em dinheiro, disponibilizados sob qualquer forma. § 1º O imposto de que trata o caput tem como: I contribuinte, o mutuário, pessoa física ou jurídica; II fato gerador, a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do mutuário; e III base de cálculo, o valor entregue ou colocado à disposição do mutuário. § 2º Nas operações de crédito realizadas por meio de conta corrente sem definição do valor de principal, a base de cálculo será o somatório dos saldos devedores diários, apurado no último dia de cada mês. § 3º Nas operações de crédito realizadas por meio de conta corrente em que fique definido o valor do principal, a base de cálculo será o valor de cada principal entregue ou colocado à disposição do mutuário. (...) § 5º É responsável pela cobrança e pelo recolhimento do IOF a pessoa jurídica mutuante. Fl. 4905DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.906 10 17. Ao compreender as operações de conta corrente como crédito rotativo, i.e., voltadas a financiar as contratantes, concluiu a autoridade fiscal que os contratos em disputa têm natureza de mútuo e, como tal, merecem ser oferecidos à tributação do IO/Crédito, com ancoramento positivo no art. 13 da Lei nº 9.779/1999 e no RIOF. Tal entendimento, no entanto, encontrase em dissonância com o posicionamento correto acerca da matéria, pois, em primeiro lugar, o contrato de conta corrente é contrato típico com características próprias, previsto já nos arts. 253 e 432 do Código Comercial de 1850 e no art. 4º da na Lei nº 7.357/1985 ("Lei do Cheque"), que também expressamente dispõe a respeito da "conta corrente contratual", entre outros, como se denota de belíssima reconstrução, merecedora de elogios, realizada pelo Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto no Acórdão CARF nº 3402005.232, proferido em sessão de 22/05/2018: "(...) alegar a ausência de disposições expressas sobre seu regime jurídico é uma afirmação de todo equivocada, como bem apontou Fran Martins (Ob.Cit., p.367368), ao apontar a existência de regulação no art.4º do Decreto nº 22.626/33 (a chamada Lei da Usura), revogado por Decreto de 25/04/1991, mas revigorado em seguida, por Decreto de 29/11/1991, estando vigente atualmente, in verbis: "É proibido contar juros de juros: esta proibição não compreende a acumulação dos juros vencidos aos saldos liquidados em conta corrente de ano a ano." Poderseia argumentar que nunca um texto legislativo trouxe expresso as minúcias do regime jurídico do contrato em comento mas isto não é suficiente (além de ser equivocado, como demonstramos nos parágrafos anteriores) para negar a tipicidade do mesmo haja vista que uma peculiaridade do Direito Comercial e Civil é o caráter de fonte que assumem os "usos e costumes", inclusive positivado no art.113 do atual Código Civil ao tratar da parte geral dos Negócios Jurídicos (Art.113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boafé e os usos do lugar de sua celebração.). A previsão típica do contrato na Lei de Cheque, complementado pelos dispositivos mencionados e os usos e costumes de sua prática longínqua, desde o Tribunal de Comércio da Corte no Brasil, lhe dá o timbre de um CONTRATO TÍPICO com elementos necessários para a sua caracterização que devem, por força do art.109 do Código Tributário Nacional, serem observados no momento de qualificação dos fatos geradores. É dizer, uma vez que a Lei de Cheque traz nomeadamente o contrato de conta corrente, tornao típico o nome traz consigo a prática e a convenção sobre ele. Todos os usos e costumes relacionados àquela espécie de contrato são recepcionados pela remissão expressa e nominal que a supramencionada lei traz. Na pior das hipóteses, poderseia dizer que se trata de contrato socialmente típico, da mesma forma que outros como factoring, franchising, shopping center etc., que são, em regra, invariavelmente praticados por empresários no exercício de sua atividade, e, por consequência, se submetem aos princípios, Fl. 4906DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.907 11 regras e métodos do Direito Empresarial, tendo seu regime jurídico recebido tutela dos tribunais como se legalmente típicos fossem. Uma vez ultrapassada a questão da tipicidade que imediatamente conduz à obrigatoriedade da Administração Tributária observar seus elementos típicos devese tratar aqui das suas características principais. Em definições de consagradas autores brasileiros e estrangeiros fica evidente que não se trata de uma invenção recente, mas de uma forma contratual historicamente consolidada (...). No mesmo sentido é a lição de Gianinni, expoente italiano do tema, e Paulo de Lacerda, comercialista brasileiro responsável pela obra maior acerca do contrato de conta corrente: "[o contrato de conta corrente é] um contrato pelo qual duas pessoas convêm em concederse crédito recíproco a respeito de operações realizadas entre si e por igual duração de tempo de modo a que, ao fim do prazo, a diferença entre as duas somas de crédito represente um crédito exigível" (GIANINNI, Torquato. I contratti di conto corrente. Firenze, 1895. P.59) O nome do contrato é contacorrente, a qual abrese quando se estabelece entre os correntistas ou correspondentes, alimentase pelas recíprocas remessas a debito e credito, formando no exercício do contrato as sucessivas parcellas, verbas, artigos ou lançamentos das partidas de deve e haver; sujeita se a encerramentos, balanços ou liquidações periódicos, para de tempos a tempos ser acertada a mesma contacorrente e extrahindose o saldo periódico a se levar ao seguinte período de conta corrente, até o fechamento ou encerramento final quando, feito o balanço definitivo, se apurar o saldo final possível de pronunciase contra um qualquer dos dois correntistas e portanto a favor do outro. (LACERDA, Paulo de. Do Contrato de ContaCorrente, Editor Jacinto Ribeiro, 2ª edição, 1928, P.2425) Em um esforço sistematizador, e recorrendo às lições de J. X. Carvalho de Mendonça, Waldirio Bulgarelli (Contratos Mercantis, 4ªed. São Paulo: Atlas, 1987. P.555) e Fran Martins (Ob.cit., P.369370) trazem uma sistematização das características desse contrato: 1) O contrato de conta corrente supõe uma série de operações sucessivas e recíprocas entre as partes. Essas operações são anotadas nas contas, como partidas de débito e de crédito, e somente ao final do prazo convencionado, ou com a manifestação de uma das partes, se não houver período estabelecido, somamse as partidas de débito e as de crédito, Fl. 4907DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.908 12 verificandose o saldo final. 2) Só entram na conta corrente os créditos resultantes das operações a elas destinadas. 3) Durante a vigência da conta corrente não pode um dos correntistas julgarse credor ou devedor, pois esse status só lhe será atribuídos após o encerramento da conta. 4) Enquanto vigente o contrato, as remessas constituem uma massa homogênea cujo resultado só pode ser conhecido com o balanço final, destacandose a indivisibilidade e unidade das remessas. 5) Em razão da perda da individualidade das remessas, não podem dar causa a ação particular sobre elas, nem ser objeto de execução. Prosseguindo na caracterização desta espécie contratual, é preciso classificála nas categorias tradicionais do Direito Privado: I) Tratase de um contrato bilateral, com obrigações recíprocas para as partes que nele se vinculam, devendo cada um dos contraentes fazer crédito ao outro pelas remessas a que procederem. II) É contrato oneroso, por envolver vantagens econômicas para ambos os contratantes. Frise que o contrato tem essa natureza não porque a conta corrente faz decorrer juros recíprocas, pois estes podem ser excluídos contratualmente (Cf. LACERDA. Ob.Cit., p.111; e GIANINNI, ob.cit., §10º), mas pela concessão de crédito recíproco. III) É contrato comutativo, pela reciprocidade de obrigações; IV) É contrato consensual, formandose pelo simples consentimento das partes sobre esta última característica precisamos dedicar mais alguma análise. Paulo de Lacerda faz extenso histórico da discussão sobre o conteúdo desse contrato, que pretendemos resumir brevemente aqui (Ob. Cit., p.113 e ss.). Durante o séc.XIX, especialmente pela lavra de Delamarre e Lepoitvin, o contrato de conta corrente era definido como um contrato real, exigindo para sua perfeição a realização de pelo menos a primeira remessa. Essa afirmação, todavia, sofreu inúmeras críticas da doutrina e da jurisprudência, vindo a ser abandonada universalmente. O equívoco da consideração como contrato real está em colocar em antítese a convenção de conta corrente com a própria conta corrente, quando, em rigor, pouco importa as características individuais da remessa, vez que remetida através da convenção, ele perde sua individualidade. Não apenas isso, fosse o contrato Fl. 4908DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.909 13 real, o estorno da primeira remessa por qualquer motivo que seja implicaria a rescisão do contrato, o que não se verifica, pela possibilidade de outras remessas posteriores permanecerem. Enfim, em perfeita síntese, Paulo de Lacerda (ob.cit., p.121) pontua que os contratos em regra são consensuais, sendo reais apenas aqueles em que se obriga a parte a dar retorno ao mesmo objeto que recebe, ou outro da mesma espécie o que não acontece com o contrato de conta corrente, pois a intenção das partes está em criar uma massa homogênea das transações recíprocas, para gozar das vantagens que daí resultam. (...) O fato das remessas se iniciarem imediatamente após o contrato é mera contingência, haja vista que enquanto permanecer válido o contrato a conta corrente será válido meio para as remessas. Em síntese: o seu ponto central é a convenção, e não a tradição. Sobre a temporalidade do contrato, as partes podem convencionar um prazo de duração, mas Gianinni (Ob.cit., §87) observa que um limite convencional de tempo é coisa supérflua em contratos de contacorrente, frisando que é pouco usado na verdade, poucas vezes se apresentará uma hipótese do contrato de conta corrente com prazo determinado, sendo facultado aos correntistas romper o contrato quando quiserem. Além disso, não há obrigatoriedade de realização de balanços provisórios mas podendo ser estipulado contratualmente dentro de prazos determinados sendo essencial à forma contratual apenas o balanço definitivo, quando da sua extinção (Cf. LACERDA, Paulo M. de. Ob.Cit. P.267271). O que também não impede que o saldo apurado em uma liquidação periódica seja transportado para nova conta ou seja logo pago, a critério da estipulação dos contratantes. Um último ponto essencial à sua caracterização diz respeito à forma de sua contabilização, que demanda uma atenção especial. A escrituração se faz nos mesmos moldes da conta corrente contábil, não devendo ser confundidos o contrato e a sua escrituração (MARTINS, ob.cit., p.367). Sobre a escrituração contábil do contrato de conta corrente, é feita como qualquer conta corrente, mas há distinção entre a conta corrente de contrato e a mera conta corrente derivada apenas de procedimento escritural, como veremos logo abaixo. Não obstante, face ao regime jurídico próprio do contrato de conta corrente, impõese que a escrituração derivada dele seja feita à parte de outras contas correntes meramente contábeis, assim como se impõe a sua separação em relação a outros débitos e créditos das duas partes envolvidas no contrato, débitos e créditos estes que não estejam abrangidos pelo Fl. 4909DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.910 14 contrato, segundo suas disposições quanto ao seu objeto" (seleção nossa, grifos do original). 18. Assim, o que se observa é um típico contrato de conta corrente (sweep account) utilizado pelo GRUPO ODEBRECHT como caixa único ("cash pooling" ou "master account") voltado a prover concretude a um acordo de liquidez baseado em um centro de controle financeiro gerido de maneira centralizada pela recorrente que racionaliza e procede ao registro dos repasses e recebimentos. Daí a distinção necessária com relação ao mútuo: apenas no caso de a compensação de liquidez se mostrar insuficiente para a manutenção da capacidade operacional das empresas ligadas é que passa a ser necessário o empréstimo: "Tal prática, cada vez mais comum no Direito Societário, tem recebido guarida legislativa nos países mais desenvolvidos, a exemplo da Alemanha, que promulgou a Gesetz zur Modernisierung des GmbHRechts und zur Bekämpfung von Missbräuchen (Lei de modernização do direito societário e de combate ao abuso), cujo §30 explicitamente aprova a prática do cash pooling, regulando suas condições e limites. Da mesma forma, a Áustria recentemente aprovou o EigenkapitalersatzGesetz (EKEG) que também cuidou de dar as linhas mestras de operação do cash pooling dentro do âmbito de um grupo econômico. Assim, as controladas e a controladora criam contas correntes nas quais são registrados débitos e créditos decorrentes de transferências que serão, ao final de um período, liquidadas, com a apuração de saldo credor ou devedor de uma em relação às outras, que deverá ser pago, com incidência de juros. Não há, nesse caso, empréstimo de valores, mas uma concentração do caixa do grupo em uma única empresa, de modo que todas as aquisições da controlada o sejam à partir de recursos da controladora e gestora do caixa único, ao passo que todos os recebimentos serão igualmente destinados, automaticamente, ao caixa da controladora. (...) O primeiro cuidado que se deve ter ao contrastar o Contrato de Conta Corrente e o de Mútuo é observar que ambos são contratos típicos, como cuidamos de demonstrar cabalmente no tópico anterior. Esta distinção não é necessária apenas para verificação das possíveis incidências tributárias sobre a movimentação econômica e financeira decorrente do contrato, mas principalmente, e até mesmo antes daquelas, para que as partes possam ser exigidas no cumprimento das suas obrigações e possam exercer os seus direitos de acordo com a efetiva natureza jurídica do contrato" (seleção e grifos nossos). 19. De fato, o mútuo é o empréstimo de bem fungível para ser restituído ao mutuante na mesma quantidade, gênero e qualidade, sob os auspícios dos arts. 586 e Fl. 4910DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.911 15 seguintes do Código Civil, e, diverso do contrato de conta corrente, o mútuo é um contrato real (re contrahitur obligatio, velut mutui datione) divisível e individualizado (e não indivisível, tratado como coisa homogênea, como aquele praticado pela recorrente com suas partes ligadas), e unilateral, gerando obrigação ao mutuário, que adquire o dever de devolver a coisa mutuada, eventualmente com juros, que podem ser cobrados imediatamente após a tradição. A distinção ficou competentemente sedimentada no encomioso voto em referência: 20. O contrato de conta corrente, portanto, não implica a abertura de um crédito e muito menos a prática de um mútuo, mas simplesmente se estabelece "(...) o destino de créditos futuros entre dois sujeitos, adotando uma conta na qual vão sendo lançados débitos e créditos que se excluem mutuamente e cujo saldo só é exigível quando se dá o vencimento do contrato ou mediante [sua] extinção voluntária". Neste sentido, de fato cabível a citação a Antônio da Silva Cabral, "(...) jurista que integrou os quadros da SRF e foi por vários anos presidente da 3ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes e, como tal, membro da Câmara Superior de Recursos Fiscais, notabilizandose por seu rigor técnico e por sua cultura jurídica" no sentido de que no contrato de mútuo não há crédito, pois, nas palavras deste autor, o objeto é específico: "(...) não se faz um mútuo nem se abre um crédito, mas se convenciona o que fazer com créditos passados, presentes e futuros (...) do contrato de conta corrente não se irradiam relações jurídicas creditícias (...) mas apenas o dever de lançar e anotar os créditos de um e de outro". Assim, assevera nos seguintes termos: Fl. 4911DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.912 16 "É um erro, freqüentemente encontrado na escrituração de empresas e em atos normativos do Fisco, encararse a conta corrente como se esta representasse uma dação recíproca de empréstimo, quando o importante seria analisaremse os negócios jurídicos que motivaram os débitos ou créditos em conta corrente (...). Em homenagem à sabedoria do Mestre, transcrevo o que disse PONTES DE MIRANDA (Tratado de Direito Privado, 3ª. ed., 1984, vol. LXII, pág. 132): ‘MÚTUO E CONTRATO DE CONTA CORRENTE – O que mais caracteriza o contrato de conta corrente é que as prestações prometidas são atividades computísticas e contabilísticas. Não há mútuo, nem promessa de mútuo. Quando se fecha a conta corrente ocorre o reconhecimento é que se estabelece nova relação jurídica, pois os créditos constantes dos saldosexpedientes, sobre os quais se pode convencionar fluírem juros, são créditos com pretensões paralisadas, por sua função meramente contábil. A falta de atenção de muitos juristas à exterioridade, em relação aos créditos entrados, do conteúdo e da função do contrato de conta corrente, levou ao desespero, a ponto de ter um jurista francês afirmado haver sujeito (ente moral) na conta corrente. Não há, tãopouco, abertura recíproca de crédito, porque os créditos entrados ficam sem pretensão eficaz e sem ação eficaz, mesmo no que se refere aos saldos expedientes" (seleção nossa). 21. Assim, no contrato de conta corrente não há a consciência prévia da extensão do objeto implicado: em que pese os aportes e depósitos, as frações ali apostas comporão um universo indecomponível, ainda que controlado e registrado em conta gráfica, não havendo sequer uma cláusula nos contratos firmados pelas empresas do GRUPO ODEBRECHT com a recorrente que torne exigíveis as parcelas, pois não há dívida a bem da verdade, pois a causa típica do acordo de vontades é a gestão da massa informe dos recursos, a racionalização dos fluxos traduzidos em créditos e débitos, não havendo, portanto, que se falar na hipótese veiculada pelo art. 13 da Lei nº 9.779/1999 para os contratos de conta corrente, o que aponta para a mais flagrante ilegalidade do Ato Declaratório 07/1999, em desacordo com o art. 110 do Código Tributário Nacional, questão, ademais, que não é nova à jurisprudência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 22. Observese que o contrato de conta corrente não tem natureza real, mas convencional: não envolve necessariamente transferência de bens, mas, antes, tratase de acordo por meio do qual as partes abrem mão de receber e pagar valores entre si devidos e se comprometem a apôlos em seus registros contábeis como créditos e débitos não imediatamente liquidáveis, mas com liquidação diferida ao vencimento do contrato ou data préfixada. Assim, os valores que integram a "master account" do grupo não são transferidos Fl. 4912DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.913 17 para a recorrente a título de mútuo, uma vez que continua a consubstanciar caixa da correntista. 23. No contrato de conta corrente, implicado com a gestão de um caixa único, o correntista pode contribuir para o caixa comum e dele usufruir sem que um ou outro partícipe da relação adquira a condição de mutuante, o que indica a natureza consensual do pacto, que não está ligado a outros contratos, ainda que deles derive são meros lançamentos de crédito ou de débito. No momento em que a conta for zerada (vencimento contratual), apurase saldo exigível que originará dívida correspondente à diferença líquida entre as contas, a ser saldada nos termos contratados; por outro lado, diante de eventual inexistência de saldo, processase a quitação recíproca. Tal ocorre justamente porque o objeto do contrato é o estabelecimento de uma obrigação de não fazer (não se cobrarem) e de fazer (registrarem mutuamente débitos e créditos), havendo, ainda, também diferentemente daquilo que ocorre no mútuo, transferência de recursos de maneira eventual, que inclusive pode ou não ocorrer. Assim, no caso do conta corrente, as partes exibem idênticas posições em relação a deveres (lançar as operações recíprocas em suas respectivas escriturações contábeis e impossibilidade de cobrar qualquer pagamento antes do encerramento da conta) e direitos (exigir comportamento idêntico da contraparte na operação ), enquanto que no caso do mútuo se está diante de contrato unilateral, em que apenas o mutuário contrai obrigações, uma vez cumprida o único dever do mutuante (entregar a coisa mutuada). 24. Verificase que não se trata de empréstimo a pessoa jurídica do mesmo grupo e, logo, não há que se falar em contratos de mútuos, salvo se houvesse prova nos autos de que tais dispêndios não estavam relacionados à finalidade precípua do conta corrente, o que não logrou demonstrar a autoridade fiscal. Muito pelo contrário, a transcrição das cláusulas contratuais apenas confirma se estar diante de típica operação de conta corrente, a elaboração de um sistema de gerenciamento de recursos financeiros. 25. Assim, não se comunga com a ideia de que os contratos de conta corrente não possam conviver com operações de concessão de crédito e, nestes casos, instaura se o vínculo jurídico tributário, em estreita consonância com o quanto vem decidindo, ademais, o Superior Tribunal de Justiça, como no Recurso Especial nº 1.239.101/RJ: “(...) o contrato de mútuo, longe de ser a única espécie contratual a ser tributada, é tido por um modelo cujas características essenciais devem ser buscadas em outras espécies de contrato que envolvam operações de crédito para que possam ser alcançadas pela hipótese de incidência do IOF”, o que se identifica, ademais, com o entendimento de longa data deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, como se extrai do Acórdão nº 3302000.616, de relatoria do Conselheiro Gileno Gurjão Barreto, e do Acórdão 3301002.282, de relatoria do Conselheiro Antonio Lisboa Cardoso. Assim, tampouco socorre à pretensão da autoridade fiscal a prefalada decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, que, como se viu, voltase a afirmar a incidência de IO/Crédito sobre concessões de créditos, o que, como se demonstrou, não é o caso corrente. Digase, ademais, que o caso tratado pelo Poder Judiciário se voltava a apreciar o contrato de abertura de crédito, sobre o qual, por evidente, incide o tributo em debate. 26. Neste sentido, desnecessário inclusive se aventar a ilegalidade da Instrução Normativa RFB nº 907, de 09/01/2009, uma vez que o seu art. 7º determina a incidência do IOF incidente sobre operações de crédito concedido por pessoas jurídicas não financeiras, de que trata o art. 13 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, incidente somente sobre operações de mútuo que tenham por objeto recursos em dinheiro, disponibilizados sob qualquer forma. Em igual sentido, os desdobramentos do caput seguem o mesmo percurso Fl. 4913DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.914 18 racional: em seus §§ 2º e 3º, é possível se denotar que incidirá o tributo, textualmente, nas operações de crédito realizadas por meio de conta corrente, sendo responsável pelo recolhimento a pessoa jurídica mutuante. Inexiste ilegalidade uma vez que a previsão é voltada especificamente para operações de crédito, nas quais a conta corrente é mero instrumento, e não para típicos contratos de conta corrente (em que não há crédito). 27. Assim, o importante ao aplicador é a correta identificação da natureza das transações financeiras: se de mútuo ou de conta corrente. Impende ressaltar que mesmo nos casos de adiantamentos para futuro aumento de capital (AFAC) a Receita Federal já se manifestou acerca da aplicação do art. 21 do DecretoLei nº 2.065: tanto o Parecer Normativo CST nº 17, de 20/08/1984, como a Instrução Normativa nº 127, de 08/09/1988, reconheceram que o AFAC não configura mútuo desde que atendidos os requisitos aplicáveis, dos quais já tratamos em outras oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401004.365, proferido em sessão de 30/01/2018. 28. Como se pode perceber, é rica a construção em torno do mútuo, esta especialíssima figura do direito privado prevista pelo art. 586 do Código Civil, para fins de determinação do montante correspondente à renda, como faz o mencionado Parecer Normativo CST nº 17, de 20/08/1984, a começar pelos limites da dedutibilidade dos juros passivos em condições usuais de mercado, conforme disciplinado pelo Parecer Normativo CST nº 138/1975, havendo, para tanto, a exigência de contrato, juros que não excedam a taxa legal e que os recursos sejam empregados na própria atividade principal da mutuária. Nem por isso seria possível se cogitar que o não preenchimento de tais requisitos caracterizadores da condição de despesa dedutível implicariam a incidência ou não incidência de outro tributo, pois diferentes os âmbitos de aplicação de cada sistema normativo. Cabe, ainda, trazer à análise a legislação civil pertinente ao instituto do mútuo: Lei nº 10.406/2002 (Código Civil) Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. (...) Art. 591. Destinandose o mútuo a fins econômicos, presumemse devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual. Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: I. Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; II. De trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; III. Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. 29. Na oportunidade do julgamento do Acórdão CARF nº 3401004.365, assim nos pronunciamos: Fl. 4914DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.915 19 "O art. 591, como se percebe, não obriga ou condiciona tal figura à cobrança de juros, mas unicamente o presume no caso de se tratar de negócio jurídico celebrado com fins econômicos, limitando, ainda, a sua cobrança à taxa legal. Tampouco a ausência de prazo o desnatura, pois, em complemento à regra dos incisos do art. 592, o § 14 do art. 7º do Decreto nº 6.306/2007 prevê expressamente a operação de crédito contratada por prazo indeterminado. Por outro lado, em um esforço de análise estratigráfica da legislação, apontase que a previsão da possibilidade do aumento futuro de capital tem tímida previsão no inciso I do art. 84 da Lei nº 6.404/1976 (LSA), já tendo sido a figura do adiantamento para futuro aumento de capital (AFAC) identificada por parte da doutrina como aquela descrita pelo inciso II do art. 170 da lei societária, em que pese a discussão acima contextualizada. A distinção mais notável entre os institutos residiria no compromisso das partes com a finalidade da transferência/entrega de coisa fungível: (i) no caso do mútuo, a futura restituição de coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, e (ii) no caso do AFAC, o futuro emprego dos recursos no aumento de capital. Em um caso, restituise, e, no outro, capitalizase. Enquanto a natureza do mútuo se investiga a partir do art. 586 da codificação civil, o AFAC mantém estreito diálogo com o art. 1.081 da lei civil e com o art. 166 da LSA, que preveem a possibilidade do aumento do capital. Partindo deste pressuposto, é possível se investigar a definição de sua natureza pela finalidade dada à coisa fungível entregue pelos investidores à investida, e um não se confunde com o outro para fins tributários. O primeiro é fato gerador do IO/Crédito; o segundo não se coaduna com a materialidade de tal exação, o que não é algo novo à jurisprudência administrativa, conforme se depreende do quanto decidido pelo Acórdão nº 20180.220, proferido em sessão de 25/04/2007 pela extinta 1º Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Período de apuração: 31/01/2000 a 31/12/2003 Ementa: (...) ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. Por falta de amparo legal, não procede o lançamento de IOF incidente sobre adiantamento para futuro aumento de capital. Recurso de oficio negado. Em igual sentido, a distinção que fizemos logo acima entre o mútuo e o AFAC restou sedimentada, apenas com outras palavras, no acórdão proferido em 19/05/2005 no curso do Processo Administrativo nº 10768.001867/9283 pela extinta 2ª Fl. 4915DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.916 20 Turma Ordinária da 3ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: "Da lapidar definição posta no art. 1.256 do Código Civil revogado, reproduzida no art. 586 do Código Civil de 2002, se extrai que o mútuo é o contrato pelo qual alguém transfere a propriedade da coisa fungível a outrem, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Sendolhe transferido o domínio da coisa emprestada, pode o mutuário darlhe o destino que lhe aprouver, inclusive consumila, obrigandose, no entanto, a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, pois a obrigação de restituição é da essência e da estrutura do contrato de mútuo. Enquanto que, nos negócios jurídicos de adiantamento para aumento de capital, os recursos recebidos pela empresa de seus acionistas ou quotistas somente podem ser utilizados para este fim, não comportando restituição” (seleção e grifos nossos). Traçadas tais premissas, há, ainda, de se assentir para o fato de que o próprio Poder Judiciário vem dispensando, inclusive, o contrato escrito de AFAC para o seu reconhecimento, uma vez que a sua contabilização como tal e sua posterior utilização no aumento de capital da empresa será mais do que suficiente para comproválo, não havendo, na legislação societária, prazo para ocorrer a assembleia convocada para o fim específico de aumento de capital: EMENTA: TRIBUTÁRIO. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL AFAC. INCABIMENTO DA INCIDÊNCIA DO IOF – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS. Tratase de remessa oficial e apelação de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, para anular parcialmente os créditos tributários constituídos no processo administrativofiscal nº 10510.003371/200641, considerando a não incidência do IOF sobre a parte de valores repassados como adiantamento para futuro aumento de capital – AFAC. O AFAC adiantamento para futuro aumento de capital corresponde a valores recebidos pela empresa de seus acionistas ou quotistas destinados a Fl. 4916DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.917 21 serem utilizados como futuro aporte de capital. Na hipótese, a autora informou ter realizado em favor de suas empresas coligadas o adiantamento para futuro aumento de capital, demonstrando não ter a operação configuração de mútuo para fins de incidência do IOF, sobre parte do crédito constituído no processo administrativo nº 10510.003371/200641. Não se faz obrigatória à comprovação do adiantamento para futuro aumento de capital mediante a celebração de contrato escrito, podendo ser demonstrado por meio de registro nas escrituras fiscais da empresa. IV. No caso de não haver autorização no estatuto (art. 166, II c/c o art. 168 da Lei nº 6.404/76), o aumento do capital será realizado em assembleia geral extraordinária, a qual não possui prazo para acontecer. Também na legislação societária não se verifica prazo para que o aumento do capital ocorra. Honorários advocatícios mantidos em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), nos termos do art. 20, §§ 3º e4º, do CPC, diante do trabalho exercido pelo causídico da autora. Remessa oficial e apelação improvidas. (Processo 000096612.2011.4.05.8500, 4ª Turma do TRF5, DES. FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO, 20/11/2012) 30. Sob diversa perspectiva, verificase que a empresa ODEBRECHT S/A consta como gestora dos recursos que integravam um caixa único, controlado na conta “121102 Caixa Único”, cujos recursos supriam o capital de giro de outras empresas do grupo, de maneira a segregar a circulação de recursos financeiros, lançadas na conta 121102 (CAIXA ÚNICO), dos valores correspondentes a veros empréstimos entre as demais empresas e a ora recorrente, lançados na conta 121153 (MÚTUOS), não tendo havido notícia de alteração da escrita. Neste sentido, é possível se trazer à colação o art. 923 do RIR, que dispõe que "a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais". Não pode nem deve ser desconsiderada sem uma produção probatória prévia a escrita fiscal utilizada, inclusive, para lastrear a própria fiscalização, sob pena de se incorrer em um jogo de relativismo cético que colocaria em disputa os próprios valores utilizados como base da imposição. 31. Os dois sentidos da presunção de veracidade/legitimidade dos registros contábeis emergem de legislação de caráter nacional, conforme se depreende da leitura do art. 417 da Lei nº 13.105/2015, o novo Código de Processo Civil, segundo o qual "os Fl. 4917DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.918 22 livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos". Assim, tendo a autoridade fiscal tomado como ponto de partida para a sua interpretação do direito a escrita contábil e fiscal da contribuinte, não apenas se presume verdadeiro o quanto declarado (art. 408) como também se prova o não questionado (art. 428), pois, como se extrai do art. 419, a escrituração é una, tanto para o favorável como para o desfavorável: Lei nº 13.105/2015 (Código de Processo Civil) Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em conjunto, como unidade. 32. Por outro lado, nada impede a autoridade fiscal de descortinar, por meio de provas, a intenção simulatória perpetrada pelo particular. Assim, caso se demonstre que os lançamentos não resultam dos fatos, mas de um ardil, neste caso alcançase a realidade reconstruída no curso do procedimento fiscalizatório para que produza seus efeitos tributários típicos. No entanto, no caso concreto, além de inexistir tal acusação, ou seja, de o auto de infração em nenhum momento questionar a validade das operações ou buscar tornálas intangíveis para fins fiscais, as informações declaradas se encontram respaldadas por contrato denominado “INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONTACORRENTE E DE CAIXA ÚNICO". Sob tal contrato de adesão, constituise um pacto misto de conta corrente e gestão de caixa único por parte da recorrente, que, segundo os contratantes, é aquela que detém a maior solidez e prestígio no mercado, bem como maior capacidade para captação de recursos no mercado financeiro, conforme se depreende da leitura das “consideranda”: 33. Observese, ainda, a menção reveladora do próprio objeto (causa concreta) do pacto firmado: objetivase a utilização centralizada das disponibilidades financeiras na consecução dos interesses particulares de cada parte individualmente considerada e também comuns ao grupo, uma vez que tal estrutura negocial permite maior celeridade nas ações das partes, bem como lhes acarreta menores custos financeiro operacionais, desvelandose, assim, o escopo contratual: ganho de eficiência e redução de custos por meio da reunião dos caixas, o que se encontra em harmonia com a cláusula 9ª: Fl. 4918DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.919 23 34. Passase, assim, à apreciação da constituição e do funcionamento do caixa único, constituído por recursos das empresas do grupo de contratantes que os confiam à recorrente que, na qualidade de gestora, assume o dever de bem administrálos, devendo prestar contas às contratantes, sendo que tais saldos não representam direito ou obrigação da recorrente perante as demais correntistas: 35. Em contrapartida à gestão do caixa único, a recorrente faz jus não apenas ao reembolso dos custos e despesas incorridos na administração, bem como a uma remuneração correspondente: Fl. 4919DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.920 24 36. Assim, em síntese, cada contratante remete recursos próprios para a formação do caixa e, concomitantemente, pode retirar valores na medida de suas necessidades, sendo que o controle de entradas e saídas é realizado por meio de contascorrentes: não meros lançamentos contábeis, mas registros recíprocos em que as partes se obrigam mutuamente a lançar créditos e débitos: Fl. 4920DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.921 25 37. Cada participante detém, segundo o quanto preceituado pelo instrumento, um contacorrente com a recorrente sob idênticas cláusulas e condições, e os recursos do caixa único são creditados e debitados nos contascorrentes, sendo que os saldos das contas correntes das demais correntistas e da própria recorrente não se comunicam entre si, não havendo de se falar em qualquer obrigação individual, subsidiária ou solidária, de qualquer correntista perante a gestora relativamente aos contratos de conta corrente das outras correntistas: Fl. 4921DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.922 26 38. Ponto que merece relevo é que as partes se comprometem a não cobrar, umas das outras, nem os valores a elas entregues, nem os saldos parciais entre créditos e débitos: 39. De acordo com tal natureza contratual, bem como com a própria prática de mercado, os créditos e débitos não serão exigidos reciprocamente até o encerramento do prazo, quando se apura o saldo final. Somente a partir deste marco é que a parte devedora deve pagar à credora o saldo existente. Em outras palavras, apenas no vencimento dos contas correntes é que eventual saldo entre a recorrente e a correntista passará a ser exigível pelo credor, que deverá pagar a diferença havida no prazo de 10 (dez) dias sob pena de atualização pela Selic: 40. As relações firmadas entre recorrente e correntistas não podem ser interpretadas, portanto, como mútuo de crédito rotativo, uma vez que as notas contratuais acima analisadas se coadunam com um conta corrente, que existe para viabilizar a execução do caixa único, contrato associativo que visa obter ao grupo ganhos de escala e de eficiência em que cada participante contribui e retira recursos sob gestão da recorrente. Ressaltase, ainda, que as partes expressamente pactuam a obrigação de não exercerem qualquer direito ao recebimento dos valores que lhes forem creditados e debitados nas contas correntes até o vencimento do contrato, não havendo acréscimo de juros ou qualquer remuneração de capital Fl. 4922DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.923 27 sobre os valores lançados contabilmente em virtude dos contas correntes, o que aponta novamente para inexistência de operação de crédito. 41. A remuneração da recorrente evidencia também distância com relação ao mútuo, por meio do qual o credor cobra do devedor juros pelo tempo em que perdurar a obrigação. No caso em apreço, diferentemente, não há remuneração do capital, mas sim da gestão (prestação de serviço). Observese que a base para a cobrança se baseia, ainda, nos efetivos custos incorridos com a gestão. 42. Diante de não haver previsão de trânsito de recursos diretamente de uma parte para outra sem vinculação ao gestor único (recorrente), estabelecese que só haverá passagem entre cada parte e gestor único. Assim, há contas correntes unicamente entre gestor e partes, individualmente consideradas, sem comunicação direta entre elas. Os contratos de conta corrente e o de gestão de caixa única têm idêntico vencimento, data na qual se apurará eventual saldo existente em nome de cada correntista. Durante sua vigência, a única obrigação entre os contratantes é de que realizem anotação contábil recíproca de créditos e débitos. Todas estas conclusões encontram lastro no acervo documental trazido à colação. 43. De um lado, a tentativa de equiparação de contratos de conta corrente a obrigações de mútuo revelam desconhecimento dos institutos de direito privado, bem como da vedação do § 1º do art. 108 do Código Tributário Nacional, pois ao tratar uma operação como aquela praticada pelo GRUPO ODEBRECHT como se outra fosse, pois semelhante, aperfeiçoase o flerte analógico merecedor de reprimenda, e o fundamento legal da acusação no art. 13 da Lei nº 9.779/1999 não prospera diante da análise mais atenta. Por outro lado, o resgate da escrituração contábil, acima mencionado, revela que, para além da analogia, outra constatação deve ser tratada com igual censura: em nenhum momento a autoridade fiscal questiona a validade jurídica das cláusulas contratuais firmadas pelos particulares e, assim, esta deve ser a base para a decisão. 44. Assim, voto por conhecer e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário interposto. 45. O recurso de ofício preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 46. Recorto, abaixo, por pertinente, o respectivo trecho sujeito à reanálise obrigatória da decisão recorrida: Relembrando, argumentou a Impugnante: 4. A suposta falta de recolhimento do IOF sobre crédito fixo; conforme relatado no início, pretende o fisco exigir débitos de IOF incidentes sobre os contratos de mútuo efetivamente contratados entre a impugnante e outras empresas de seu grupo, os quais supostamente teriam deixado de ser recolhidos pela impugnante; todavia, à exceção do débito de R$ 629.943,45, referente a fato gerador ocorrido em 30.3.2012 e em relação ao qual a impugnante reconhece a existência do seu não recolhimento, os Fl. 4923DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.924 28 demais valores exigidos pela fiscalização foram devidamente recolhidos, conforme se passa a demonstrar; para cada contrato a seguir mencionado, a impugnante informa que está acostando aos autos os seguintes documentos: os respectivos contratos de mútuo, planilha de cálculo com os valores do IOF devido sobre os valores entregues, planilha de cálculo do IOF devido sobre os juros incidentes, extrato de transferência bancária comprobatórios da entrega dos valores mutuados, e as respectivas DCTFs e Dcomps, nas quais se pode ver que os débitos de IOF foram extintos por meio de compensação de créditos tributários detidos pela impugnante; São os seguintes os valores de IOF: R$ 3.167.987,50: Conforme Dcomp n. 40987.32599.120712.1.3.020202 transmitida em 12/07/2012, consta o débito de IOF no valor de R$ 1.607.837,50, em Documento Comprobatório 08 e Conforme Dcomp n. 06659.28067.120712.1.3.022508, transmitida em 12/07/2012, consta o débito de IOF no valor de R$ 1.560.150,00, em Documento Comprobatório 09. R$ 12.017,64: Conforme Dcomp n. 17063.69450.251012.1.3.02.2965, transmitida em 25/10/2012, consta o débito de IOF no valor de R$ 12.088.86, em Documento Comprobatório 10. R$ 86.947,13 (R$ 27.890,00 + R$ 54.064,00 + R$ 4.993,13): Documentos apresentados, Dcomp e/ou DCTF, não apresentam os valores que compõe este débito, de dezembro de 2012 (consta um DARF no valor de R$ 54.064,00 apresentado na Impugnação – Documento Comprobatório 10, entretanto não há comprovante de pagamento e nem data de pagamento). R$ 270.447,20: Documentos apresentados, Dcomp e/ou DCTF, não apresenta o valor que compõe este débito, de dezembro de 2012. R$ 27.890,00: Documentos apresentados, Dcomp e/ou DCTF, não apresenta o valor que compõe este débito, de janeiro de 2013. DARF / IOF /Pagamento Consta também nos autos, o pagamento de R$ 629.943,45, efetivado pela Impugnante em 19/05/2016, dentro do prazo de 30 dias da ciência da autuação, com pagamento de multa de ofício (reduzida em 50%) de R$ 236.228,79 e juros (DARF, fls.4.068 a 4.069). Crédito Tributário: Retificação Fl. 4924DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.925 29 47. Assim, diante da competente análise fáticodocumental realizada pelo julgador a quo neste particular, e diante da comprovação da extinção parcial do crédito tributário que restou incontroverso e definitivo, voto por conhecer e negar provimento ao recurso de ofício pelos próprios fundamentos da decisão recorrida. 48. Assim, com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício, e dar provimento integral ao recurso voluntário interposto. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Voto Vencedor Conselheiro Marcos Roberto da Silva, Redator designado Considerando os costumeiros e excelentes votos do ilustre Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, ouso divergir do entendimento relacionado a incidência do IOF sobre as operações de créditos ocorridas por intermédio do sistema de fluxo financeiro denominado conta corrente. Iniciemos a análise da presente matéria pela reprodução do art. 13 da Lei no 9.779/99: “Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. § 1º Considerase ocorrido o fato gerador do IOF, na hipótese deste artigo, na data da concessão do crédito. § 2º Responsável pela cobrança e recolhimento do IOF de que trata este artigo é a pessoa jurídica que conceder o crédito. Fl. 4925DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.926 30 § 3º O imposto cobrado na hipótese deste artigo deverá ser recolhido até o terceiro dia útil da semana subseqüente à da ocorrência do fato gerador.” Na mesma percepção da decisão de piso, a interpretação das ‘operações de crédito’ insculpida no art. 13 da Lei nº 9.779/99 deve ser analisada em seu sentido amplo e não restrito. Conquanto, nas operações de crédito o fato gerador do IOF fica caracterizado pela entrega total ou parcial do crédito ou a sua colocação à disposição do beneficiário nos termos do art. 63, do CTN, in verbis: Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I. quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; Existem duas espécies do gênero “conta corrente”, uma relacionada à conta corrente bancária que necessariamente envolve uma instituição financeira. E uma segunda, que se relaciona à modalidade contábil, qual seja, a adotada pelo contribuinte no presente caso. Diante desta distinção, insta assegurar que a conta corrente contábil resta caracterizada quando duas ou mais pessoas convencionam efetuar remessas financeiras recíprocas, na qual ocorre a disponibilização mútua conforme as necessidades dos contratantes. Com isso, necessário se faz a realização de um controle de entradas e saídas de valores, de modo a identificar os saldos credores e devedores das operações. Efetuando uma análise do modos operandi deste sistema de conta corrente, percebese que, ao final do contrato, excluídas as despesas relacionadas com as operações pactuadas, os correntistas devem liquidar a conta conforme os respectivos quinhões que foram aportados no sistema. Entretanto, havendo utilização por parte de determinado contratante/correntista em valor superior àquele em que lhe coube em termos de contribuição na formação do saldo da conta, entendo restar caracterizado o empréstimo de coisa fungível nos termos do art. 586 do Código Civil. Reforçando uma passagem retro citada, a materialidade do fato gerador é a realização de operações de crédito, seja pela entrega total ou parcial dos recursos ou pela sua simples disponibilização para livre utilização por parte do terceiro interessado, dispensandose assim um ajuste formal para sua caracterização conforme destaca o §13 do art. 7º do Decreto no 6.306/07: “§ 13. Nas operações de crédito decorrentes de registros ou lançamentos contábeis ou sem classificação específica, mas que, pela sua natureza, importem colocação ou entrega de recursos à disposição de terceiros, seja o mutuário pessoa física ou jurídica, as alíquotas serão aplicadas na forma dos incisos I a VI, conforme o caso” (grifo da reprodução) Entendo ser pertinente a reprodução de partes da Solução de Consulta COSIT no 50 de 26/02/2015 em virtude de se encontrar alinhada com o entendimento deste redator acerca da incidência de IOF sobre as operações de créditos ocorridas por intermédio do sistema de fluxo financeiro denominado conta corrente. Fl. 4926DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.927 31 8 O Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007, que regulamenta o IOF, disciplina, em seu art. 3º, § 3º, III, que a expressão ‘operações de crédito’ compreende, dentre outras, as operações de mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física. 9 Na realidade esse dispositivo tem como fundamento legal o art. 13 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, que estendeu a incidência do imposto sobre o mútuo de recursos financeiros às operações dessa natureza envolvendo qualquer pessoa jurídica, ainda que não financeira: (...) 10 Em relação à nova hipótese de incidência estabelecida pelo dispositivo acima, o art. 1º do Ato Declaratório SRF nº 30, de 24 de março de 1999, frisou que ‘o IOF previsto no art. 13 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, incide somente sobre operações de mútuo que tenham por objeto recursos em dinheiro, disponibilizados sob qualquer forma, e quando o mutuante for pessoa jurídica’. Vêse que, nos termos da legislação regente, para a incidência do IOF sobre as operações de mútuo de que trata o comando legal mencionado, importa apenas a entrega ou disponibilização do recurso financeiro pela pessoa jurídica mutuante, pouco importando a forma pela qual ela se dê. 11 Mútuo é espécie do gênero empréstimo. Nos termos do art. 586 do Código Civil de 2002 (CC), no mútuo, uma parte cede a outra coisa fungível, tendo a outra parte a obrigação de restituir igual quantidade de bens do mesmo gênero e qualidade. 12 Paralelamente, a consulente menciona o mecanismo denominado de conta corrente, que teria como objetivo viabilizar um ‘fluxo financeiro bidirecional’ entre ela e suas controladas. Essa sistemática estabelecida entre duas pessoas jurídicas é comumente utilizada para registrar a movimentação de recursos financeiros que transitam reciprocamente entre os dois patrimônios. Por esse instrumento de registro de débitos e créditos recíprocos, os recursos eventualmente disponibilizados por uma das partes podem perfeitamente ser restituídos pela outra também em recursos da mesma espécie. 13 Depreendese que a sistemática de conta corrente de forma alguma se mostra como algo incompatível com uma operação de mútuo, tendo o condão de descaracterizála por si só. Aliás, pelo contrário. Essa sistemática se amolda com perfeição ao fim de instrumentalizar operações de mútuo financeiro haja vista a facilidade que representa (principalmente quando envolvidas pessoas vinculadas), no que tange ao empréstimo do recurso, por uma das partes, e a posterior restituição, pela outra parte, por intermédio da mera sistemática de débitos e créditos em conta corrente. 14 Importante notar que a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) de certa forma já possui disciplina acerca da incidência do IOF sobre operações de mútuo realizadas por meio de conta corrente. O art. 7º da Instrução Normativa RFB nº 907, de 9 de janeiro de 2009, além de reiterar que a incidência do imposto prevista no art. 13 da Lei nº 9.779, de 1999, independe da forma pela qual os recursos financeiros são disponibilizados, regulamenta a determinação da base de cálculo, nas hipóteses de operações de mútuo realizadas por intermédio de conta corrente, nos casos em que o valor da operação seja ou não previamente definido: (...) Fl. 4927DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.928 32 15 Claro está que, para fins da incidência do IOF instituída pelo art. 13 da Lei nº 9.779, de 1999, devese verificar tão somente se estão presentes, no caso concreto, as características essenciais do mútuo, sendo irrelevantes aspectos formais mediante os quais a operação se materializa, bem como a natureza de vinculação entre as partes. Dessa forma, uma vez identificados os atributos inerentes a essa espécie de empréstimo (art. 586 do CC), a operação deve sujeitarse a incidência do imposto, independentemente de o crédito estar sendo entregue ou disponibilizado por meio de conta corrente ou por qualquer outra forma. (...)” (grifos da reprodução) O Superior Tribunal de Justiça também já se manifestou sobre a matéria, na mesma linha interpretativa deste redator, por intermédio do REsp nº 1.239.101/RJ cuja ementa segue abaixo reproduzida: Resp 1.239.101/RJ TRIBUTÁRIO. IOF. TRIBUTAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO CORRESPONDENTES A MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. ART. 13, DA LEI N. 9.779/99. 1. O art. 13, da Lei n. 9.779/99 caracteriza como fato gerador do IOF a ocorrência de "operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas " e não a específica operação de mútuo. Sendo assim, no contexto do fato gerador do tributo devem ser compreendidas também as operações realizadas ao abrigo de contrato de conta corrente entre empresas coligadas com a previsão de concessão de crédito. 2. Recurso especial não provido. Reproduzo também relevantes trechos do voto do Eminente Min. Mauro Campbell sobre o tema em questão: “Com efeito, o que a lei caracteriza como fato gerador do IOF é a ocorrência de "operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas " e não a específica operação de mútuo. (...) Sendo assim, o contrato de mútuo, longe de ser a única espécie contratual a ser tributada, é tido por um modelo cujas características essenciais devem ser buscadas em outras espécies de contrato que envolvam operações de crédito para que possam ser alcançadas pela hipótese de incidência do IOF. É por esse motivo que o §1°, do art. 13, da lei citada considera ocorrido o fato gerador do tributo na data da concessão do crédito. O contrato de abertura de crédito que a recorrente celebra estabelece que a controladora disponibiliza créditos às controladas, que poderão utilizálos total ou parcialmente. A remuneração do capital emprestado são os juros sobre o capital da controladora disponibilizado às controladas. Nesse sentido, não resta dúvida que as operações realizadas ao abrigo de contrato de conta corrente entre empresas coligadas, com a previsão de concessão de crédito, são verdadeiras operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros, na medida em que, em todos os casos, é Fl. 4928DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.929 33 disponibilizado numerário de forma imediata para pagamento futuro a depender do saldo existente. Assim sendo, alinhandose com as disposições contidas no art. 13 da Lei no 9.779 reproduzido alhures, sobre as operações de créditos caracterizada como mútuo de recursos financeiros operados entre pessoas jurídicas por intermédio do sistema conta corrente incide IOF. Este entendimento também se encontra firmado em outros precedentes deste CARF conforme as ementas dos acórdãos abaixo reproduzidas: IOF. INCIDÊNCIA. CONTRATO DE CONTA CORRENTE. MÚTUO. CARACTERIZAÇÃO. A entrega ou colocação de recursos financeiros à disposição de terceiros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, havendo ou não contrato formal e independente do nomen juris que se atribua ao ajuste, consubstancia hipótese de incidência do IOF, mesmo que constatada a partir de registros ou lançamentos contábeis, ainda que sem classificação específica, mas que, pela sua natureza, importem colocação ou entrega de recursos à disposição de terceiros. (CARF Acórdão 3401004.340, 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 30/01/18). MÚTUO ENTRE EMPRESAS LIGADAS. CONTA CORRENTE CONTÁBIL. CRÉDITO ROTATIVO. INCIDÊNCIA. CONTRATO DE MÚTUO. INEXIGIBILIDADE. Os aportes de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ligadas, sem prazo e valor determinado, realizado por meio de lançamentos em conta corrente contábil, caracterizam as operações de crédito correspondentes a mútuo, independente da formalização de contrato, cuja base de cálculo do IOF é o somatório dos saldos devedores diários apurados no último dia de cada mês. (CARF Acórdão 3302005.801, 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 30/08/18). Por fim, necessário rebater ao questionamento sobre a inconstitucionalidade do debatido art. 13 da Lei no 9.779/99, em face de ter sido reconhecida a repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal sobre a matéria no Recurso Extraordinário no 590.1866/RS. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não tem competência para se manifestar sobre inconstitucionalidade de quaisquer normas nos termos do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343/15, que assim dispõe: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; Fl. 4929DF CARF MF Processo nº 10580.722512/201676 Acórdão n.º 3401005.298 S3C4T1 Fl. 4.930 34 b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento de 2016)” Este entendimento encontrase pacificado no contencioso administrativo por meio da Súmula CARF nº 2, abaixo reproduzida: Súmula CARF nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. A alegação sobre a repercussão geral da matéria objeto da presente análise serve tão somente como mero informativo em seu Recurso Voluntário, tendo em vista que o citado RE ainda pende de decisão final de mérito para poder implicar sua reprodução obrigatória aos Conselheiros do CARF. Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida no que se refere ao lançamento de Imposto sobre Operações Financeiras incidentes sobre as operações de créditos caracterizada como mútuo de recursos financeiros operados entre pessoas jurídicas por intermédio do sistema conta corrente. (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Redator designado Fl. 4930DF CARF MF
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