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Numero do processo: 16327.001346/2006-86
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 06 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002
LUCROS NO EXTERIOR AUFERIDOS EM 1996 E 1997 -DECADÊNCIA
A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada.
IRPJ - LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR -
TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS
Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados.
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL
Nos termos de manifestação advinda do Ministério da Fazenda no âmbito do veto parcial do Projeto de Lei de Conversão n. 30, de 2003 (art. 46 da MP 135/03), a tributação da variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo metido da equivalência patrimonial exigirá que antes, seja editada norma legal prevendo tal incidência.
CSLL. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR.
Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n° 9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão-somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL
Em se tratando de exigências calculadas com base no lançamento do imposto de renda da pessoa jurídica, a exigência para sua cobrança é reflexa e, assim, a decisão de mérito prolatada no processo principal constitui prejulgado quanto às matérias decorrentes.
Numero da decisão: 1202-000.273
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, preliminarmente, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de decadência. No mérito, DAR provimento ao recurso: por maioria de votos quanto aos itens 1 e 2 do auto de infração de IRPJ e CSLL, vencido o Conselheiro Carlos Alberto Donassolo; e, por unanimidade de votos quanto ao item 3 do auto de infração, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Valeria Cabaral Géo Verçoza
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002 LUCROS NO EXTERIOR AUFERIDOS EM 1996 E 1997 -DECADÊNCIA A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. IRPJ - LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR - TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL Nos termos de manifestação advinda do Ministério da Fazenda no âmbito do veto parcial do Projeto de Lei de Conversão n. 30, de 2003 (art. 46 da MP 135/03), a tributação da variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo metido da equivalência patrimonial exigirá que antes, seja editada norma legal prevendo tal incidência. CSLL. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n° 9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão-somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL Em se tratando de exigências calculadas com base no lançamento do imposto de renda da pessoa jurídica, a exigência para sua cobrança é reflexa e, assim, a decisão de mérito prolatada no processo principal constitui prejulgado quanto às matérias decorrentes.
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IRPJ - LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR - TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL Nos termos de manifestação advinda do Ministério da Fazenda no âmbito do veto parcial do Projeto de Lei de Conversão n. 30, de 2003 (art. 46 da MP 135/03), a tributação da variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo metido da equivalência patrimonial exigirá que antes, seja editada norma legal prevendo tal incidência. CSLL. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n° 9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão-somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 2 da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL Em se tratando de exigências calculadas com base no lançamento do imposto de renda da pessoa jurídica, a exigência para sua cobrança é reflexa e, assim, a decisão de mérito prolatada no processo principal constitui prejulgado quanto às matérias decorrentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do coleg,iado, preliminarmente, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de decadência. No mérito, DAR provimento ao recurso: por maioria de votos quanto aos itens 1 e 2 do auto de infração de IRPJ e CSLL, vencido o Conselheiro Carlos Alberto Donassolo; e, por unanimidade de votos quanto ao item 3 do auto de infração, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (19 fá ORLAN JOSE Ge • ALVES BUENO - Vice Presidente em exercício VALÉRIA CABRAL GÉO VERCOZA - Relatora EDITADO EM: 0 8 JIJL 2n Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Jose Gonçalves Bueno (Vice Presidente da Turma em exercício da Presidência), Carlos Alberto Donassolo, João Bellini Junior (Suplente Conyocado), Décio de Lima Jardim (Suplemente Convocado), Nereida de Miranda Finamore Horta, Valeria Cabral Géo Verçoza. Ausente justificadamente o Conselheiro Nelson Lósso Filho. 2 Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 3 Relatório Adoto o relatório de 1'. Instância por bem resumir os fatos em questão: A empresa qualificada em epígrafe foi autuada em virtude de falta de recolhimento de IRPJ e CSLL nos anos-calendário 2001 e 2002, decorrente da ausência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real, de lucros auferidos no exterior e disponibilizados por suas filiais, sucursais, coligadas ou controladas, tudo conforme Termo de Verificação Piscai às fls. 503/513. Da descrição dos fatos às fls. 484/485 e 492/493 e demonstrativos de fls. 478/482 e 486/489, constata-se que o autuante constituiu o crédito tributário no valor de R$ 14.643.780,03, sendo R$ 13.529.953,84 de IRPJ e R$ 1.113.826,19 de CSLL. A base legal do lançamento encontra-se descrita nas fls. 484/485 e 492/493. Devidamente cientificada em 04/09/2006, conforme declaração firmada no próprio corpo dos autos de infração às fls. 483 e 491, a interessada apresentou em 04/10/2006 a impugnação de fls. 519/550, na qual alegou, em síntese, o seguinte: Preliminarmente, aduz que parte do auto de infração não deve prosperar, pois engloba períodos em que já se operou a decadência. Isso porque a fiscalização admititu que as diferenças apuradas em cada ano (1996 a 2000) teriam que ser adicionadas em 31/12/2002, data da disponibilização compulsória de que trata o art. 74 da Medida Provisória n° 2.158/2001, e não em cada período de apuração do IRPJ e da CSLL, como feito pela impugnante. Assim, se adotasse o regime de competência, a autoridade fiscal não mais poderia efetuar o lançamento referente aos anos-calendário de 1996 a 2000, haja vista a ocorrência da decadência, nos termos do artigo 150, §4°, do CTN. Em socorro à sua tese, colaciona jurisprudência do Conselho de Contribuintes. No mérito, após descrever o procedimento por ela adotado na contabilização dos lucros apurados pelas investidas CCOL e SIL, afirma que a fiscalização cometeu dois equívocos que resultaram na lavratura dos autos de infração para os fatos geradores ocorridos em 31/12/2001: "1°) Deduziu que os lucros auferidos pelas investidas no exterior nos anos de 1996 a 2000 deveriam ser recalculados à TAXA DE CÂMBIO do dia em que ocorreu o fato gerador (31/12/2001); 2°) Considerou tributáveis as VARIAÇÕES CAMBIAIS calculadas sobre os valores dos lucros apurados no exterior entre 1996 e 2000." Ao aplicar a regra insculpida no art. 143 do CTN para a adoção da taxa de câmbio a ser utilizada na conversão de US$ para Reais, a fiscalização, indevidamente, deixou de aplicar a sistemática estabelecida na Lei n° 9.249/95, que é regra específica para o caso de que se cuida. Assim, deveria ter utilizado as taxas de câmbio vigentes no final de cada período de apuração dos tributos e não aquela vigente em 31/12/2001, data da disponibilização compulsória dos lucros. Traz excerto doutrinário que corroboraria o seu entendimento. Em relação à tributação das variações cambiais sobre investimentos em sociedades sediadas no exterior, aduz que a exigência fiscal foi efetuada sem amparo em qualquer disposição legal, já que os diplomas legais ou mesmo os dispositivos do Regulamento do Imposto de Renda referidos no Auto de Infração não contemplam 6) 3 Processo o° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão o.° 1202-00.273 Fl. 4 qualquer determinação no sentido de que o valor da variação cambial de investimentos no exterior seja adicionado ao lucro líquido para efeito de apuração da • base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Pelo contrário, a prova inequívoca de que a legislação do imposto de renda e da CSLL em vigor em 2001 não previa tal tributação reside no fato de que o Projeto de Lei de Conversão n° 30/2003, originário da MP n° 135/03 que deu origem à Lei n° 10.833/2003, teve seu art. 46 vetado pelo Pres. da República em 29 de dezembro de 2003, cujo dispositivo tinha por objetivo,. justamente, instituir a tributação da variação cambial do investimento no exterior avaliado pela equivalência patrimonial como receita ou despesa financeira; que tal veto deu-se por receio do Ministério da Fazenda, tendo em vista que os contribuintes poderiam pretender aplicar a norma já em 2003, o que não seria conveniente haja vista que naquele ano a variação cambial foi negativa na ordem de 15%; que efetivamente não existia no ano 2001 qualquer previsão legal no sentido de que fosse tributada a variação cambial de investimentos no exterior, sendo o Auto de Infração lavrado quanto a esta suposta infração manifestamente improcedente. Tal pretensão da fiscalização também discrepa totalmente do entendimento esposado em soluções de consulta da SRRF/9 a Região Fiscal (n.° 54 e 55, de 07/04/2003) e SRRF/2a Região Fiscal (n° 46, de 10/11/2003) e em acórdãos do Conselho de Contribuintes. Especificamente em relação aos fatos geradores ocorridos em 31/12/2002, prossegue sua exposição alegando o seguinte: 1°) O Item 002 do AI de IRPJ tem relação direta com o discutido anteriormente, ou seja, a tributação das variações cambiais sobre investimentos em sociedades sediadas no exterior foi efetuada ao arrepio da lei, já que não existe qualquer determinação no sentido de que o valor da variação cambial de investimentos no exterior seja adicionado ao lucro líquido para efeito de apuração da base de cálculo do 1RPJ e da CSLL. 2°) Quanto ao Item 003 do AI, afirma que o art. 7° da IN SRF 213/02, que fundamentou o referido lançamento, é completamente ilegal, pois além de não estar consagrado na MP 2.158-35/2001, colide com os demais diplomas legais que regem a matéria. Aduz, ainda, que o art. 250 do R1R199, arrolado como fundamento para a autuação, não é aplicável ao caso analisado, porque a fiscalizada cumpriu exatamente o que reza o art. 389, parágrafo 2°, c/c o art. 247, parágrafo 2°, ambos do RIR199. Aproveita para renovar todos os seus argumentos no sentido de que as variações cambiais de investimentos no exterior não são tributáveis. Em socorro à sua tese, colaciona trabalho de autoria da Dra. Marilene Talarico Martins Rodrigues acerca dos limites da legalidade tributária. Em 09/11/2006, a impugnante traz aos autos razões aditivas à sua impugnação (fls. 566/574), relacionadas à ilegalidade do Art. 74 da MP . n° 2.158-35/2001 quanto à tributação do IRPJ e da CSLL, à violação pela referida norma legal ao princípio da irretroatividade insculpido no Art. 105 da CF/88 e à não incidência da CSLL sobre lucros auferidos nos anos calendário de 1996 a 2000, tendo em vista que antes da MP n° 2.158-35/2001 não existia dispositivo legal que determinasse tal tributação. Requer, ao final, seja declarada a nulidade dos autos de infração ou a total improcedência do lançamento. Convém esclarecer que a competência para julgamento do presente processo foi transferida para a DRJ/Fortaleza, conforme Portaria SRF n° 75, de 17 de janeiro r, de 2007, publicada no Diário Oficial da União de 18/01/2007. , • 4-, 4 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 5 A 4a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Fortaleza, em 27 de fevereiro de 2007, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido. O acórdão restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002 DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR. DECADÊNCIA. A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por filiais, sucursais, coligadas ou controladas sediados no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização (data do fato gerador), e não a data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS. LUCROS DISPONIBILIZ4DOS POR FILIAIS, SUCURSAIS, COLIGADAS OU CONTROLADAS NO EXTERIOR. DATA DO FATO GERADOR. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. A data do fato gerador do lucro disponibilizado não se confunde com a data do auferimento do lucro, sendo assim, na apuração da exigência fiscal, aplica-se a legislação vigente à época da disponibilizaçã o dos lucros. -DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS. TAXA DE CÂMBIO APLICÁVEL. Inexistindo disposição de lei em contrário, a conversão para reais deve ser feita pela taxa de câmbio da data da disponibilização dos lucros auferidos no exterior, fato gerador da obrigação tributária. NORMAS JURÍDICAS. ILEGALIDADE. À esfera administrativa não cabe apreciar questões acerca de ilegalidade de normas jurídicas, competência exclusiva do Poder Judiciário. Por sua vez, o julgador deve observar o disposto no art. 116, III, da Lei n°8.112, de 1990, bem assim o entendimento da SRF expresso em atos normativos. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL Ano-calendário: 2001, 2002 • AUTOS REFLEXOS. CSLL. • Aplica-se ao lançamento de CSLL o que foi decidido em relação ao lançamento matriz, devido à estreita relação de causa e efeito existente entre eles. 5 Processo n° 16327.001346/2006-86 51-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 6 A fundamentação do voto condutor da decisão de 1'. Instância pode ser •resumida como segue: 1) quanto à decadência alegada pela contribuinte, a autoridade julgadora assim se manifestou: ... aplicando-se aos anos calendário de 1996 e 1997, o disposto no artigo 25 da Lei n° 9.249/95, c/c o artigo 2° da IN SRF n° 38/96, verifica-se que, ao contrário do que entende a impugnante, não houve, nesses períodos, a ocorrência do fato gerador do IRPJ ou da CSLL, e, conseqüentemente, não houve a alegada decadência relativa a tais períodos. A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização (data do fato gerador), e não a data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. os lucros auferidos a partir de 2002 passaram a ser tributáveis na data do balanço levantado pela controlada (caput do art. 74, MP 2.158-2001), e os lucros acumulados ate 31/12/2001, em 31/12/2002, podendo haver antecipação se disponibilizados antes dessa data ( § único do art. 74). Portanto, também com relação aos anos-calendário de 1998 a 2000, não houve a ocorrência do fato gerador do TRPJ ou da CSLL e, conseqüentemente, não houve a alegada decadência relativa a tais períodos, pelos motivos já explicitados acima. 2) No mérito tem-se os argumentos abaixo descritos: 2.1) Variação cambial — taxa de câmbio aplicável: A autoridade julgadora considerou que de acordo com o explicitado na IN SRF n° 38/96 e na Lei n° 9.532/97 a conversão dos valores em moeda estrangeira deve ser feita na data do fato gerador, que não coincide com a data das demonstrações financeiras da controlada no exterior em que foram apurados os lucros, mas com a data da sua disponibilização. • E continua: Assim, nos termos do artigo 143 do CTN, como não existe disposição de lei em contrário, a conversão para reais deve ser feita na data do fato gerador da obrigação tributária, ou seja, na data da disponibilização dos lucros auferidos no exterior. Considerou, portanto, correta a conversão dos lucros pela taxa de câmbio da data da disponibilização e não na do dia 31 de dezembro dos anos em que os mesmos foram auferidos. 2.2) Variações cambiais sobre investimentos em sociedades sediadas no exterior Procede a exigência fiscal sobre a diferença apurada, na conversão em moeda nacional dos lucros auferidos pela contribuinte no exterior, em razão da utilização de taxa de câmbio em desacordo com a legislação tributária, visto decorrer de express (17-' \-) Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 7 disposição legal, não cabendo o tratamento tributário dado ao resultado da equivalência patrimonial como quer fazer crer a impugnante. Portanto, não há também qualquer vício no auto de infração decorrente do enquadramento legal questionado pela defendente. 2.3) Ilegalidade da IN SRF 213/02 e do art. 74 da MP n° 2.158-35/2001 e violação a principio constitucional. Justifica a falta de apreciação dos argumentos em razão do que determina o artigo 7° da Portaria do Ministro da Fazenda n° 58/2006, que disciplina a constituição das turmas e do funcionamento das Delegacias da Receita Federal de Julgamentô bem como na Súmula n° 2 do 1° Conselho de Contribuintes que reconhece a própria incompetência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 2.4) CSLL Conforme dispõe o art.144 do Código Tributário Nacional: Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. No caso em tela, ocorre o fato gerador pura e simplesmente quando os rendimentos se tornam disponíveis, hipótese particularmente corroborada pela legislação que trata dos lucros oriundos do exterior. Convém frisar que, in casu, as sociedades estrangeiras controladas pela autuada não são os sujeitos passivos da obrigação tributária e os lucros delas não são propriamente o objeto do lançamento fiscal, mas sim, respectivamente, a impugnante, empresa sediada no Brasil, e os lucros por ela auferidos no exterior por meio de suas controladas. Para a impug,nante, tais lucros vieram a surgir somente quando se tornaram disponíveis, ainda que gerados anteriormente. Assim, quando os lucros vieram a se tornar disponíveis, já estava plenamente em vigor a MP 1.858-6/1999, a norma que previa a incidência da CSLL, visto que a data do fato gerador do lucro disponibilizado não se confunde com a data do auferimento do lucro. - Logo, correta é a tributação dos lucros no exterior pela referida contribuição, para o caso de que se cuida. Inconformada com a decisão de 1'• Instância, da qual foi intimada em 25/10/2007, apresentou recurso voluntário em 23/11/2007, aduzindo o que segue: Em primeiro lugar, chama atenção para o fato de que, em sua impugnação discordou tão somente da tributação dos valores das variações cambiais contabilizadas, relativas aos lucros auferidos nos anos-calendário de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000. Esclarece que ofereceu espontaneamente à tributação, em 31/12/2001, todos os valores relativos aos lucros auferidos pelos seus investimentos no exterior, apurados no período de 1996 a 2000, em virtude de os mesmos terem sido incorporados ao capital social das suas investidas, em 2001, motivo pelo qual a Autuada considerou-os disponibilizados em 31/12/2001, cumprindo assim integralmente o que determina o § 2°, "b", 4, do art. 1 0 da Lei n°9.532/97. E continua: 7 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 8 Sendo assim, é evidente que os valores relativos às variações cambiais contabilizadas, relativas aos lucros auferidos nos anos- calendário de 1996 a 2000, ainda que fossem tributáveis, já tinham sido atingidos pela decadência em 04/09/2006, data em que foram lavrados os autos de infração ora guerreados. No tocante à impossibilidade de a fiscalização recalcular os valores de competência de períodos já decaídos, a recorrente ratificou os argumentos da impugnação. No mérito abordou os tópicos abaixo elencados: a) Taxa de câmbio aplicável: Chama atenção para o fato de que o art. 143 do CTN só seria aplicável, como decidido pelo órgão julgador de P. Instância, se não houvesse previsão legal dispondo de modo diferente. Assim, em razão do determinado pela Lei n° 9.249195, artigo 25, § 4°, que estabelece como taxa de câmbio para conversão dos lucros das controladas no exterior aquela vigente no dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados tais lucros, a observância do CTN estaria afastada nessa hipótese. Afirma que o art. 6°, § 3° da IN SRF n°213/02 ratifica seu entendimento. b) Variações cambiais Questiona a qual "expressa disposição legal" os ilustres julgadores a quo se referiram na decisão recorrida, para argumentar o que segue: Em verdade, a legislação de regência (art. 389, § 2°, do 12.112J99 e art. 11 da IN 38/96) determina que: i) os valores das variações cambiais ativas dos investimentos no exterior não são tributáveis visto inexistir lei que determine a sua tributação; ii) as variações cambiais dos lucros auferidos por investidas no exterior faz parte integrante do resultado da avaliação pelo método da equivalência patrimonial; iii) o resultado positivo da equivalência patrimonial dos investimentos no exterior não é tributável. Cita ementas de acórdãos do antigo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda que reforçam seus argumentos. Reconhece que as soluções de consultas citadas na impugnação realmente só se aplicam às respectivas partes, mas ressalta que a própria Secretaria da Receita Federal se manifestou no sentido de que as variações cambiais em tela não são tributáveis. c) Ilegalidade do art. 7° da IN SRF 213/02 Critica a decisão recorrida que desprezou o texto do art. 389 do RIR199 para agarrar-se a um entendimento infundado da Administração Tributária esposado no art. 7° da 1N SRF 213/02. \\` ' 8 N'S. Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 9 Questiona: 'se a atividade da autoridade fiscal é vinculada à lei, como afirma a própria decisão recorrida, como o art. 389 do RIR/99 não foi considerado?" Cita o art. 389 do RIR199 para demonstrar que a variação cambial não é tributável. Além disso, cita decisões do 1° Conselho de Contribuintes que reconhecem ilegalidade de atos administrativos, contrariando a justificativa contida no voto condutor da decisão de P. Instância. d) Tributação pela CSLL A recorrente concorda com os dignos julgadores quando esclarecem, às fls. 592, que o início da incidência da CSLL sobre os lucros auferidos por coligadas e controladas no exterior ocorreu somente quando da vigência da Medida Provisória n° 1.858-6/1999. --- Por conseguinte, os lucros auferidos por coligadas e controladas no exterior, nos anos-calendário de 1996 a 1998, não sofrem a incidência da CSLL, devendo, conseqüentemente, ser cancelada a respectiva tributação de ofício, por absoluta falta de previsão e) Tributação reflexa A recorrente pede aos ilustres Conselheiros que, ao determinarem o cancelamento dos lançamentos relativos ao IR13.1 também determinem o cancelamento dos lançamentos • reflexos, relativos à CSLL. Ao final requer, preliminarmente, a reforma da decisão recorrida para declarar a nulidade dos lançamentos de oficio. Ultrapassada, se for o caso, a preliminar, pleiteia a reforma da decisão recorrida para determinar a total improcedência das exigências consubstanciadas nos Autos de Infração. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contra-razões de fls. 622 a 646 reforçando os argumentos da decisão de 1'. Instância, requerendo a negativa do provimento do recurso voluntário e a manutenção incólume da decisão de P. Instância. É o relatório. d) - \ 9 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n." 1202-00.273 Fl. 10 Voto Conselheira Valéria Cabral Géo Verçoza, Relatora O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. As matérias em litígio tratadas nos autos referem-se à decadência do direito de a Fazenda Nacional efetuar o lançamento para a tributação dos lucros apurados em controlada no exterior, nos anos-calendário de 1996 a 2000, à taxa de câmbio para a conversão para reais dos montantes de lucros disponibilizados por controlada no exterior, ao tratamento tributário da variação cambial dos investimentos no exterior em empresas controladas que utilizam o método da equivalência patrimonial, à impossibilidade de tributação da CSLL para lucros disponibilizados em 2001 apurados anteriormente a 3111211999. Decadência O assunto é recorrente no órgão administrativo de julgamento de 2 a Instância sendo que a corrente majoritária reconhece que a fixação do termo inicial para a contagem do prazo de decadência, na hipótese de lançamento sobre lucros apurados por empresa controlada sediada no exterior deve ter como referência a data em que considera ocorrida a sua disponibilização e não a data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. Rejeito a preliminar de decadência do direito de a Fazenda Nacional realizar o lançamento, haja vista que o fato gerador do tributo exigido pelo Fisco foi a disponibilização do lucro no ano de 2001, por meio do aumento de capital. A legislação tributária vigente à época do levantamento do lucro, 1996 e 1997, previa que a tributação ocorreria na data da apuração do lucro, entretanto, com a mudança legislativa processada em 1997 por meio da Lei n° 9.532, o momento da incidência do Imposto de Renda Pessoa Jurídica foi deslocado para a data na qual esse lucro tornou-se disponível para a empresa controladora. Assim, não há que falar em decadência quanto aos lucros apurados em 1996 e 1997, quando sua disponibilização aconteceu em 31 de dezembro de 2001 e o lançamento do IRPJ em 04 de setembro de 2006, portanto, há menos de cinco anos. Apenas para reforçar o entendimento aqui esposado, cito decisões do extinto 1 0. Conselho de Contribuintes: JRPJ — TERMO INICIAL — CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL —LUCRO DISPONIBILIZADO NO EXTERIOR POR EMPRESA CONTROLADA SEDIADA NO EXTERIOR A fixação do termo inicial para contagem do prazo de decadência, na hipótese de lançamento sobre lucros apurados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a sua disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. (Acórdão 108-09592, Recurso 155413, C; I o Processo n`' 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 11 Processo 16327.001359/2005-74, 8° Câmara, Recorrente: Marcep Corretagem de Seguros Ltda.) PRELIMINAR — DECADÊNCIA — O prazo decadencial se conta a partir do momento em que o Fisco poderia efetuar o lançamento, no caso da tributação de lucros auferidos por controlada no exterior, na data do momento temporal do fato gerador legalmente eleito. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — MOMENTO DO FATO GERADOR — A Lei 9.532/1997 não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas, tão-somente, deslocou o seu componente temporal, indicando o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação. (Acórdão 101- 96364, Recurso 155699, Processo 16327.002001/2005-69, 1". Câmara, Recorrente: Thyssen Krupp Metalúrgica Campo Limpo Ltda.) DECADÊNCIA - A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. (Acórdão 101-96652, Recurso 158959, Processo 16327.001116/2006-17, 1° Câmara, Recorrente: Banco Safra S.A) DECADÊNCIA — DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR — FATO GERADOR — ANOS-CALENDÁRIO 1996 E 1997 — A simples apuração de lucros por empresa controlada situada no exterior não implica, por si só, em disponibilização de lucros para a controladora no Brasil, condição necessária para caracterização da ocorrência do fato gerador do IRRI no regime implantado pelo art. 25 da Lei 9.249/95, nos anos-calendário 1996 e 1997. Descabido falar-se em decadência do direito de constituir o crédito tributário quando não ocorreu fato gerador. (Acórdão 103-22638, Recurso 149977, Processo 16327.001085/2005-13, 3". Câmara, Recorrente: International Paper do Brasil Ltda.) Taxa de Câmbio • No que diz respeito à taxa de câmbio a ser aplicada para a conversão para Reais dos lucros recebidos, razão assiste à recorrente, uma vez que a conversão dos mesmos se deu pela taxa de câmbio do dia das demonstrações financeiras que apurou os lucros disponibilizados nos respectivos anos-calendário de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000 em virtude do disposto no §4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, consolidado no § 7° do artigo 394 do RIR/99, assim redigido: "Art. 394. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de r) dezembro de cada ano (Lei n° 9.249, de 1995, art. 25). 11 • Processo ri° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00173 Fl. 12 § 70 Os lucros a que se referem os §§ 5° e 6° serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada e coligada (Lei n° 9.249, de 1995, art. 25, § 4°)." Portanto, incabível a exigência fiscal quanto à diferença de aplicação de taxa de câmbio entre a data da apuração do lucro e a data da sua disponibilização, devendo ser cancelada a exigência descrita nos itens 1 e 2 dos Autos de Infração, fls. 484 e 492. A jurisprudência do Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) é no sentido de que a taxa de conversão é aquela da data do balanço em que foi apurado o resultado. Vejamos algumas ementas: IRPJ — LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR — TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS — Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n°9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. (Acórdão 108-09592, Recurso 155413, Processo 16327.001359/2005-74, 8° Câmara, Recorrente: Marcep Corretagem de Seguros Ltda.) LUCROS NO EXTERIOR — TAXA DE CONVERSÃO PARA A MOEDA NACIONAL — A conversão para a moeda nacional dos lucros auferidos no exterior por coligadas ou controladas deve ser feita pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. (Acórdão 105-17124, Recurso 157672; Processo 16327.000276/2006-49, 5° Câmara, Recorrente: Duratex Comercial e Exportadora S.A) CONVERSÃO DE LUCROS NO EXTERIOR PARA MOEDA NACIONAL — TAXA DE CÂMBIO — Os lucros auferidos no exterior serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada ou coligada no exterior. (Acórdão 103-22638, Recurso 149977, Processo 16327.001085/2005-13, 3". Câmara, Recorrente: International Paper do Brasil Ltda) IRP.I — LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — CONVERSÃO —A teor do disposto no § 7° do art. 394 do RIR199, que reiterou o disposto no art. 25, § 4° da Lei 9.249/95, para efeito de conversão para o Real, os lucros auferidos no exterior devem ser convertidos pela taxa de câmbio, para venda, dos dias das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da controlada e coligada. (Acórdão 101-96318, Recurso 153732, Processo 16327.001967/2005-89, 1'. Câmara, Recorrente: Usina Barra Grande de Lençóis S.A) - Variação Cambial A questão da tributação da variação cambial foi brilhantemente analisada pelo Conselheiro Relator Valmir Sandri ao elaborar o voto condutor da decisão de 2'. Instância 12 NN. Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 13 no Recurso 153.731 consubstanciado no Acórdão 101-96317, sessão de julgamento realizada em 13/09/2007. Portanto, peço venha para adotar sua argumentação, a qual passo a transcrever: De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fl. 311/317), a suposta infração decorreu do fato da contribuinte ter excluído na determinação do lucro real e 'da base de cálculo da CSLL, os valores relativos ao resultado positivo da equivalência patrimonial no ano-calendário de 2002, mantido pela r. decisão recorrida, ao argumento de que a norma disposta no art. 7°. da IN SRF n. 213/2002, determina a sua tributação, independentemente de ser resultante de lucros apurados na investida ou decorrente de variação cambial. Por seu turno, alega a Recorrente que o disposto no § 1°. do art. 7 a . da IN SRF n. 213/2002, põe-se, à evidência, em conflito com regra regulamentar preexistente, que regulando a mesma matéria, dispõe em sentido diametralmente oposto, ou seja, que o resultado da equivalência patrimonial de investimentos no exterior não teve seu tratamento fiscal afetado em face das novas regras de tributação aplicáveis ao resultado de tais investimentos, o que implica em permissão para excluí-lo na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, tendo em vista o disposto no art. 389, caput e § 1°, do R1R199, e no art. 2°, § 1°., alínea c, inciso 1, da Lei n. 7.689/88. A propósito do tema, convém proceder à apreciação dos dispositivos que regem a matéria, a começar pelo artigo 25, § 2°, inciso II, da Lei n° 9.249, de 1995, que alterou a sistemática de tributação dos lucros auferidos no exterior, que dispõe: "Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas, correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano. § I ° omissis sç 2°. Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: 1 — as filiais, sucursais e controladas deverão demonstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus exercícios fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; II — os lucros a que se refere o inciso I serão adicionados ao lucro líquido da matriz ou controladora, na proporção de sua participação acionária, para apuração do lucro real." A interpretação do comando inserto no caput, conjugada com o disposto no § 2°, item II, do artigo 25 supra, nos conduz ao entendimento de que deverão ser adicionados ao lucro líquido da controladora, quando por ela auferidos, os lucros auferidos pela controlada no exterior, na proporção de sua participação acionária. A partir dessa assertiva, resta examinar se os resultados positivos da avaliação de investimentos, pelo método de equivalência patrimonial, enquadram-se no dispositivo acima. Para tanto, consideramos conveniente tecer algumas considerações preliminares sobre a legislação comercial e fiscal que cuida da avaliação de investimentos qualificados de relevantes. 13 Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 14 Em primeiro lugar, é importante sublinhar que a avaliação do investimento em sociedade coligada ou controlada, mediante a aplicação do método de equivalência patrimonial, antes de fundar-se em norma tributária, fora tomada obrigatória por imposição da Lei das Sociedades Anônimas - Lei n° 6.404, de 15/12/1976, artigo 248 -, com vistas à transparência das demonstrações financeiras das empresas, de sorte a que reflitam, com a maior fidelidade possível, o valor patrimonial desses investimentos. Essa legislação, portanto, dirige-se precipuamente ao interesse dos sócios, da empresa, e do próprio mercado. A par disso, para manter íntima coerência com essas disposições de direito privado, o legislador se viu compelido a dar-lhe conveniente e adequado tratamento perante o direito tributário, o que se fez mediante a reprodução dessas normas pelo Decreto-lei n° 1.598/77, artigo 67, inciso XI, alterado pelo Decreto-lei n° 1.648/78, sem maior relevância, a não ser a de declarar a intributabilidade do acréscimo de valor decorrente da avaliação do investimento acionário, consoante dispõem os Decretos-leis n's 1.598/77, arts. 23 e 33, parágrafo 2°, e 1.648/78, art. 1°, incisos IV e V, consolidados nos artigos 389 e 428 do R112/99, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99, que prescrevem, verbis: "Art. 389 — A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio liquido dos investimentos não será computada na determinação do lucro real". (Decretos-lei les 1.598/77, art. 23, e 1.648/78, art. 1 0, inciso IV) "Art. 428 — Não será computado na determinação do lucro real o acréscimo ou diminuição do valor do patrimônio liquido de investimentos, decorrente de ganho ou perda de capital por variação na percentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada." (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 33, ,§ 2°, e Decreto-Lei n. 1.648/78, art. 1°, inciso Essa expressa exclusão de incidência do imposto de renda objetivou exatamente neutralizar eventual tributação em cascata que pudesse advir da absoluta necessidade e conveniência de adaptação do conjunto do sistema de normas contábeis ao campo fiscal. O registro contábil do resultado do método de equivalência patrimonial na empresa investidora nada mais simboliza que a avaliação do valor do investimento segundo os resultados auferidos pela investida, sejam estes positivos ou negativos, de modo a refletir, fielmente, o valor patrimonial dos investimentos, o que propicia maior transparência das demonstrações financeiras das empresas. Por sua vez, a aplicação do referido método pode apontar resultado positivo, e nesse caso, a lei tributária houve por bem excluí-lo da tributação, mantendo, assim, identidade e coerência com outras normas, segundo as quais não se sujeitam ao imposto de renda, os rendimentos de participação societária, quando recebidos por pessoa jurídica. Essas normas foram consolidadas pelo R1R199, em seu artigo 379, parágrafo 1°, ad litteram: "Art. 379 — Ressalvado o disposto no artigo 380 e no .5Ç 10 do artigo 388, os lucros e dividendos recebidos de outra pessoa \.\ \\\ 14 Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 15 jurídica integrarão o lucro operacional (Decreto-lei n°1.598/77, arts. 11 e 19, inciso 11). § 1 0. Os rendimentos de que trata este artigo serão excluídos do lucro líquido, para determinar o lucro real, quando estiverem sujeitos à tributação nas firmas ou sociedades que os distribuíram (Decreto-Lei n°5.844, de 1943, art. 43, § 2°, alínea "c", e Lei n° 3.470, de 1958, art. 70)." Por seu turno, para manter uma coerência, os lucros e dividendos quando efetivamente recebidos, devem estes ser tomados como redução do valor do • investimento, conforme prescreve o parágrafo 1°, do artigo 388, do R11R199, verbis: Art. 388. omissis Parágrafo I° - Os lucros ou dividendos distribuídos pela coligada ou controlada deverão ser registrados pelo contribuinte como diminuição do valor de patrimônio líquido do investimento, e não influenciarão as contas de resultado (Decreto-Lei n°1.598/77, art. 22, parágrafo único)." Pelo que foi demonstrado acima, depreende-se que os resultados da avaliação dos investimentos, pelo método de equivalência patrimonial, segundo a legislação do Imposto de Renda, não se enquadram na categoria de lucros auferidos pela controladora sujeitos à incidência desse Imposto, vez que os mesmos são tributados, por ocasião de sua apuração, na sociedade investida. Com efeito, o Decreto-lei n° 1.598, de 1977, que introduziu a sistemática de avaliação de investimentos no campo tributário, excluiu, de forma expressa, a incidência tributária, não só das contrapartidas dos ajustes do valor dos investimentos • realizados no País (art. 23, caput), como também daqueles feitos em sociedades estrangeiras (art. 23, parágrafo único), in verbis: "Art. 23. omissis Parágrafo único. Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição, nem ganhos ou perdas de capital derivados de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País." Por seu turno, a Lei n° 9.249, de 1995, manteve expressamente a exclusão desses resultados da incidência tributária, consoante estabelecido no § 6°, do artigo 25, sob análise: "§ 6°. Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método de equivalência patrimonial, continuarão a ter o tratamento previsto na legislação vigente, sem prejuízo do disposto nos §§ 1°, 2° e 3°. " Nesse sentido, ao disciplinar a aplicação do mencionado dispositivo, o artigo 11, parágrafo único da Instrução Normativa SRF n° 38/96, afastou qualquer dúvida que ainda pudesse remanescer acerca da intributabilidade dos resultados em questão, esclarecendo, com todas as letras que os mesmos deverão ser excluídos (se positivos) ou adicionados (se negativos) quando da determinação o lucro real, ipsis litteris: 15 \I Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 16 "Art.11. A contrapartida do ajuste de investimento no exterior avaliado pelo método da equivalência patrimonial, não será computado na determinação do lucro real. Parágrafo único — Para efeito do disposto neste artigo, os resultados positivos decorrentes do referido ajuste, computados no lucro líquido da empresa no Brasil, poderão ser dele excluídos, enquanto que os resultados negativos deverão ser a ele adicionados, quando da determinação do lucro real." Resta mais que evidenciado, portanto que, não obstante as alterações introduzidas na tributação dos resultados auferidos no exterior por intermédio da Lei n° 9.249/95, bem como o disposto no artigo 1° da Lei n° 9.532/97, que alterou a citada lei (Lei n° 9.249/95), com vigência a partir de 10 de janeiro de 1998, que o tratamento tributário dispensado aos resultados de avaliação de investimentos no exterior manteve-se inalterado tão somente até o advento da MP 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, eis que a partir dali, por intermédio de seu artigo 74, ficou alterada a rega da disponibilização do lucro no exterior. Sendo assim, por não caber a esse órgão negar aplicação ao referido dispositivo legal (art. 74 da MP 2.158-35, de 2001), cumpre apenas analisar se o artigo 70 da IN SRF 213/2002 extrapolou a lei. É inquestionável que, a partir da Lei 9.249/95, os lucros obtidos por. intermédio das controladas ou coligadas no exterior são tributáveis na investidora no Brasil. O artigo 74 da MP 2.158-35, de 2001 define o momento da disponibilização, para efeito de tributação. Assim, uma vez que o resultado da equivalência patrimonial apenas atesta a apuração dos lucros pela coligada ou controlada, a determinação contida na IN SRF n° 213/02, para a inclusão na base de cálculo do lucro real e da CSLL do resultado positivo dessa equivalência, apenas concretiza o comando fixado pelo art. 74 da Medida Provisória n° 2.158-35/2001, que determina que os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, bem como, determina que os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Em sendo assim, agiu com acerto a r. decisão recorrida que manteve a exigência decorrente dos resultados positivos da equivalência patrimonial apurado pela Recorrente. Por seu turno, entendo que deve ser afastada da tributação, como exclusão, a parcela referente à variação cambial, eis que a mesma representa a expressão do valor em moeda estrangeira investida inicialmente, nada tendo em comum com os lucros gerados no exterior. De fato, essa questão já foi apreciada pela Superintendência da 9' Região - Fiscal, na solução das Consultas n° 54 e 55, tendo restado esclarecida a contrapartida de ajuste do valor do investimento em sociedades estrangeiras, coligadas ou controladas que não funcionem no pais, decorrente da variação cambial, a qual não será computada na determinação do lucro real. 16 \\"\ Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 17 Esta Câmara também enfrentou a matéria, que foi objeto do Acórdão 101- 94.747, de 2004, conduzido pelo voto do ilustre Conselheiro Mário Junqueira Franco Júnior, que anotou dever ser excluída da exigência a parcela referente à variação cambial. No seu voto, destacou o eminente Conselheiro : "O debate sobre esta assertiva poderia ser acirrado, não fosse o reconhecimento da própria Receita Federal, como nas Consultas 54 e 55 da 9a Região Fiscal, que possuem a seguinte ementa: "A contrapartida de ajuste do valor do investimento em sociedades estrangeiras, coligadas ou controladas que não funcionem no país, decorrente da variação cambial, não será computada na determinação do lucro real." E para por pá de cal na questão, transcrevo texto da mensagem de veto ao artigo 46 do projeto de conversão da MP 135/03, que, por sua vez, buscava criar tributação sobre a variação cambial de investimentos no exterior: "MENSAGEM Ir 795, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2003. Senhor Presidente do Senado Federal, Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § ldo art. 66 da Constituição, decidi vetar parcialmente, por contrariedade ao interesse público, o Projeto de Lei de Conversão rrg 30, de 2003 (MP n° 135/03), que "Altera a Legislação Tributária Federal e dá outras providências". Ouvido, o Ministério da Fazenda manifestou-se quanto ao seguinte dispositivo: Art. 46 "Art. 46. A variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo método da equivalência patrimonial é considerada receita ou despesa financeira, devendo compor o lucro real e a base de cálculo da CSLL relativos ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano-calendário." Razão do veto "Não obstante tratar-se de norma de interesse da administração tributária, a falta de disposição expressa para sua entrada em vigor certamente provocará diversas demandas judiciais, patrocinadas pelos contribuintes, para que seus efeitos alcancem o ano-calendário de 2003, quando se registrou variação cambial negativa de, aproximadamente, quinze por cento, o que representaria despesa dedutível para as pessoas jurídicas com controladas ou coligadas no exterior, provocando, assim, perda de arrecadação, para o ano de 2004, de significativa monta, comprometendo o equilíbrio fiscal." Esta, Senhor Presidente, a razão que me levou a vetar o dispositivo acima mencionado do projeto em causa, a qual ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional. , 17 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 18 Brasília, 29 de dezembro de 2003." Se não é despesa, também não pode ser receita." Ante o acima exposto, voto no sentido DAR provimento PARCIAL ao presente item para afastar (excluir) da tributação a parcela correspondente à variação cambial. As considerações acima aplicam-se ao caso presente, devendo, portanto, serem excluídos os itens 03 dos respectivos autos de infração (fls. 485 e 492) que se referem à variação cambial decorrente do resultado da equivalência patrimonial. Ilegalidade do art. 7° da IN SRF 213/02 Entendo ser aplicável à situação descrita nos autos o artigo 389 do RIR/99, cuja matriz legal são os Decretos-Lei n° 1.598/77 e n° 1.648/78. Vejamos o dispositivo legal do Regulamento do Imposto de Renda: Art. 389 - A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real (Decreto-Lei n2 1.598, de 1977, art. 23, e Decreto-Lei n 2 1.648, de 1978, art. 12, inciso M. §12 Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País (Decreto-Lei n2 1.598, de 1977, art. 23, parágrafo único, e Decreto-Lei n2 1.648, de 1978, art. 1 2, inciso IV). §22 Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior pelo método da equivalência patrimonial continuarão a ter o tratamento previsto nesta Subseção, sem prejuízo do disposto no art. 394 (Lei n2 9.249, de 1995, art. 25, §6-9. Tributação da CSLL Também em relação à tributação da CSLL adoto a argumentação do Conselheiro Valmir Sandri esposada no acórdão 101-96317, Recurso 153731, a saber: Com relação à contribuição social sobre o lucro líquido, é de se observar que a despeito de se tratar exigência calculada com base nas mesmas infrações apuradas no âmbito do imposto de renda da pessoa jurídica (lançamento decorrente), que por mais das vezes constitui prejulgado ao que foi decidido 730 processo principal (MV), entendo que no presente caso deve ser afastado da tributação os lucros auferidos no exterior até a vigência da MP ri. 1.858-8, de 27.08.99 (atual MP n. 2.158-35/01) - acrescido de 90 (noventa) dias em vista do prazo nonagesimal eis que até ali, os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior por pessoas jurídicas domiciliadas no " Brasil estavam sujeitos exclusivamente ao imposto de renda. \(7-, 18 Processo n° 16327.001346/2006-86 • S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 19 Cumpre salientar que várias decisões do Conselho de Contribuintes reconhecem que não é exigível a CSLL sobre lucros auferidos no exterior até o advento da MP 1.858-6, ou seja, até setembro de 1999. Citamos os seguintes acórdãos: CSLL — TRIBUTAÇÃO DE LUCROS, RENDIMENTOS E GANHOS DE CAPITAL AUFERIDOS NO EXTERIOR — Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior passaram a sofrer incidência da CSLL com o advento do art. 19 da MP 1.858-6/99, publicada no DOU de 30/06/99. (Acórdão 103-22638, Recurso 149977, Processo 16327.001085/2005-13, 3 a. Câmara, Recorrente: International Paper do Brasil Ltda) CSLL — LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n°9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão- somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999. ( Acórdão 108-09789, Recurso 158733, Processo 16327.001170/2006-62, 8a. Câmara, Recorrente: Companhia Agrícola Zillo) Finalmente, quanto à tributação reflexa da CSLL, tem-se que o decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada no dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente. Por todo o exposto, voto no sentido rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Sala das Sessões, em 06 de abril de 2010 I ) ou (.12 '2"-1',/ Ve7C(.V».9,-- Vaiéria Cabral Géo Verçoza 19 k$: . MINISTÉRIO DA FAZENDA s'fik1SN CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo : 16327.001346/2006-86 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 30 do artigo 81 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF n° 259/2009), intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF, a tomar ciência do inteiro ter do Acórdão n° 1202-00.273. Brasília - DF, em 08 de julho de 2010 José Roierto França Secretári6 da r Câmara da Primeira Seção CARF Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ ] Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional 1
score : 1.0
Numero do processo: 10120.004174/2005-51
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2000, 2001
ADIÇÃO DAS PARCELAS MÍNIMAS DO LUCRO INFLACIONÁRIO ACUMULADO - IRPJ COM SALDO A PAGAR - COMPENSAÇÃO COM SALDO NEGATIVO APURADO EM PERÍODO ANTERIOR
O aproveitamento em 2000 do saldo negativo de IRPJ apurado em 1999, via compensação na sistemática do art. 66 da Lei 8.383/1991 não poderia ocorrer depois de iniciada a ação fiscal. Não há nos autos nenhum elemento (lançamentos contábeis, DCTF, etc.) evidenciando que a compensação entre tributos de mesma espécie já havia ocorrido antes do inicio da fiscalização.
ADIÇÃO DAS PARCELAS MÍNIMAS DO LUCRO INFLACIONÁRIO ACUMULADO - APROVEITAMENTO DE ESTIMATIVAS - IRPJ COM SALDO A PAGAR
O aproveitamento de estimativas no próprio período a que correspondem não se dá por compensação, mas sim por mera dedução na DIPJ Elas representam antecipações do IRPJ anual. Não havendo estimativas no ano-calendário de 2000 em valor suficiente para quitar o IRPJ anual, após a adição da parcela mínima de realização do lucro inflacionário, há que ser mantido o lançamento para esse ano. Havendo estimativas suficientes para o
ano-calendário de 2001, deve ser cancelado o lançamento relativamente a esse outro período.
Numero da decisão: 1802-000.379
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Conselheiro Nelso Kichel declarou-se impedido de votar, por haver participado do julgamento em primeira instância, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: José de Oliveira Ferraz Corrêa
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Recorrida 2a TURMA/DRJ-BRASÍLIA/DF ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2000, 2001 ADIÇÃO DAS PARCELAS MÍNIMAS DO LUCRO INFLACIONÁRIO ACUMULADO - 1RPJ COM SALDO A PAGAR - COMPENSAÇÃO COM SALDO NEGATIVO APURADO EM PERÍODO ANTERIOR O aproveitamento em 2000 do saldo negativo de IRPJ apurado em 1999, via compensação na sistemática do art. 66 da Lei 8.383/1991 não poderia ocorrer depois de iniciada a ação fiscal. Não há nos autos nenhum elemento (lançamentos contábeis, DCTF, etc.) evidenciando que a compensação entre tributos de mesma espécie já havia ocorrido antes do inicio da fiscalização. ADIÇÃO DAS PARCELAS MÍNIMAS DO LUCRO INFLACIONÁRIO ACUMULADO - APROVEITAMENTO DE ESTIMATIVAS - IRPJ COM SALDO A PAGAR O aproveitamento de estimativas no próprio período a que correspondem não se dá por compensação, mas sim por mera dedução na DIRL Elas representam antecipações do IRPJ anual. Não havendo estimativas no ano- calendário de 2000 em valor suficiente para quitar o IRPJ anual, após a adição da parcela mínima de realização do lucro inflacionário, há que ser mantido o lançamento para esse ano. Havendo estimativas suficientes para o ano-calendário de 2001, deve ser cancelado o lançamento relativamente a esse outro período. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2' Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Conselheiro Nelso Kjchel declarou-se impedido de votar, por haver participado do julgamento em primeira instância, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. t ESTER MARQUES LINS DE OUSA — President . 01‘ „ J5EDEOLIVEIRAF " RREA — Relator. - EDITADO EM: -0 g AN, pnin re 8 ABA 2010 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente da Turma), João Francisco Bianco (Vice-Presidente), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Edwal Casoni de Paula Femandes Junior, Nelso Kichel e Sérgio Luiz Bezerra Presta (Suplente Convocado). 2 Processo n° 10120.00417412005-51 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.379 Fl. 2 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF, que considerou procedente o lançamento realizado para a constituição de crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica — IRPJ (fis. 81 a 91), no valor de R$ 16.686,83, estando incluído nesse montante a multa de oficio de 75% e os juros moratórios. O lançamento abrangeu os anos-calendário de 2000 e 2001. De acordo com a Fiscalização, a Contribuinte não promoveu nestes períodos a realização do lucro inflacionário acumulado, nos percentuais mínimos exigidos pela lei. Constam do auto de infração as seguintes informações: 001 — ADIÇÕES NÃO COMPUTADA NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO — REALIZAÇÃO MÍNIMA Ausência de adição ao lucro liquido do período, na determinação do lucro real apurado na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica — DIPJ, do lucro inflacionário realizado, sem observância do percentual de realização mínima previsto na legislação de regência. Intimado a justificar as divergências, o contribuinte confirmou que deixou de efetuar a realização mínima do lucro inflacionário e que apresentou DIPJ retificadora. Incluiu na DIPJ/2001 retificadora o "lucro inflacionário declarado a menor (ficha 09- Á, linha 16), e a outra acrescentando o valor de R$ 3.438,60 (três mil, quatrocentos e trinta e oito reais e sessenta centavos) na linha 16 da ficha 12-A, proveniente do imposto pago por estimativa, tendo em vista que no ano-calendário anterior (1999) houve pagamentos de imposto de renda por estimativa a maior, ...". Na D1PJ/2002 incluiu "o lucro inflacionário declarado a menor (ficha 09-A, linha 16), e outra efetuando-se o registro dos valores efetivamente pagos por estimativa a titulo de 1RPJ e CSLL" As DIPJ retificado ras foram apresentadas após a intimação para jUShlicar as divergências, já iniciado o procedimento fiscal. O valor do IRPJ a restituir/compensar apurado na Ficha 13A — Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real, DIPJ/2000, R$ 26.960,94, e o valor apurado e recolhido de estimativa, ano- calendário 2000, R$ 33.286,74, são insuficientes para justificar a retificação. Além disso, compensações deveriam ser informadas na DCTF. ç 3 O demonstrativo do Lucro Inflacionário, emitido pelo Sistema de Acompanhamento de Prejuízos e Lucro Inflacionário (SAPLI), apresenta a evolução do lucro inflacionário. Os valores declarados na(s) DIPJ(s) e revisados estão nas planilhas Demonstração do Lucro Real — IRPJ (o lucro real apurado nesta ficha é igual ao valor informado na DIPJ retificadora) e Cálculo do IR)'.! Sobre o Lucro ReaL No relatório da decisão de primeira instância consta que a Contribuinte apresentou a impugnação de fls. 97 a 99, alegando, em síntese, que em 13/06/2005, antes da lavratura do auto de infração, datado de 27/06/2005, enviou via internei declarações retificadoras, o que tornaria o lançamento improcedente, diante do disposto no art. 147, § 1°., in fine, do CIN, que est4 rffiproduzicloflo texto da petição. Conforme mencionado, a DRJ Brasília/DF considerou procedente o lançamento, expressando suas conclusões com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000, 2001 PERDA DA ESPONTANEIDADE. DIPJ RETIFICADORAS Não produzem efeito as declarações retificadoras apresentadas após o inicio do procedimento fiscal, quando excluída a espontaneidade do sujeito passivo. A Delegacia de Julgamento registrou que a Contribuinte, logo após ter sido intimada do início da fiscalização, em 03/06/2005 (fls. 05/07), apressou-se em apresentar DIPJ refificadoras, transmitidas via internei em 13/06/2005, intentando corrigir as insuficiências de realização mínima do saldo do lucro inflacionário e demonstrar, na apuração do saldo do imposto a pagar, que extinguiu tributo devido com compensações. Contudo, ainda segundo a DRJ, o procedimento saneador foi adotado tardia e extemporaneamente, não tendo o efeito de denúncia espontânea, nem podendo isentar o sujeito passivo da acusação de cometimento de infração à legislação tributária, em vista dos mandamentos constantes do art. 138 do CTN, do § 1° do art. 7° do Decreto 70.235/72 — PAF, e do art. 833 do RIR/99. Além disso, esclareceu que o disposto no art. 147, § 1°, do CTN, invocado pela impugnarde para pugnar pela validade das declarações retificadoras, aplica-se tão-somente à modalidade de lançamento por declaração, e não aos tributos enquadrados na modalidade de lançamento por homologação (CTN, art. 150), como é o caso do IRPJ. Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 12/01/2007, a Contribuinte apresentou em 13/02/2007 o recurso voluntário de fls. 117 e 118, onde alega que prestou tempestivamente todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados, efetuando a retificação das DIPJ dos anos-calendlirio 2000 e 2001, e que, deste modo, o Autuante não teria observado o art. 841, inciso II, do RI12199, dispositivo que foi por ele mesmo citado, quando enviou a primeira intimação à Contribuinte. Informa também que fez duas alterações na DIPJ do ano-calendário 2000, incluindo a realização do lucro inflacionário e acrescentando o valor de R$ 3.438,60 na linha 16 da ficha 12-A, proveniente do imposto a maior pago por estimativa no ano-calendário de 1999, e que poderia ser compensado nos exercícios seguintes. 4 Processo e 10120.00417412005-511 SI-TE02 Acórdão n.° 1802-00379 Fl. 3 Quanto ao ano-calendário 2001, reafirma que também fez duas alteração na DIPJ, uma delas para incluir a realização do lucro inflacionário, e outra para registrar os valores efetivamente pagos por estimativa a título de IPPJ e CSLL. Ao final, alega estar havendo enriquecimento ilícito por parte do Fisco, uma vez que a Contribuinte já incluiu o lucro inflacionário declarado a menor nas referidas DIPJ, o que resultaria em pagamento de imposto em duplicidade. Este é o Relatório. 13, 5 Voto Conselheiro JOSÉ DE OLIVEIRA FERRAZ CORRÊA, Relator O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme o relatório, a exigência de IRPJ resultou da realização de lucro inflacionário nos anos-calendário de 2000 e 2001, nos percentuais mínimos previstos em lei. . . Sobre essa realização não há controvérsia. A própria Contribuinte, após iniciada a ação fiscal, tentou promover a retificação de suas DIPJ, para adicionar ao lucro líquido destes períodos as parcelas de realização do lucro inflacionário acumulado. A controvérsia, no caso, se dá em relação aos efeitos destas retificações nas declarações DIPJ. O art. 841 do Rfit./99, invocado pela Recorrente, traz a seguinte redação: Art.841.0 lançamento será efetuado de oficio quando o sujeito passivo (Decreto-Lei n2 5.844, de 1943, art. 77, Lei n2 2.862, de 1956, art. 28, Lei n2 5.172, de 1966, art. 149, Lei n2 8.541, de 1992, art. 40, Lei n2 9.249, de 1995, art. 24, Lei n2 9.317, de 1996, art. 18, e Lei n2 9.430, de 1996, art. 42): I- não apresentar declaração de rendimentos; H- deixar de atender ao pedido de esclarecimentos que lhe for dirigido, recusar-se a prestá-los ou não os prestar satisfatoriamente; III- fizer declaração inexata, considerando-se como tal a que contiver ou omitir, inclusive em relação a incentivos fiscais, qualquer elemento que implique redução do imposto a pagar ou restituição indevida; IV- não efetuar ou efetuar com inexatidão o pagamento ou recolhimento do imposto devido, inclusive na fonte; V- estiver sujeito, por ação ou omissão, a aplicação de penalidade pecuniária; VI-omitir receitas ou rendimentos. ParágrafoUnico.Aplicar-se-á o lançamento de oficio, além dos casos enumerados neste artigo, àqueles em que o sujeito passivo, beneficiado com isenções ou reduções do imposto, deixar de cumprir os requisitos a que se subordinar o favor fiscal. Vê-se que além da hipótese prevista no inciso II, referente à não prestação de esclarecimentos, há várias outras situações que justificam o lançamento de oficio. Assim, mesmo não incorrendo o stijeito passivo no inciso II acima, pode ele incorrer em um dos outros dispositivos, de modo que seja não só pertinente, mas também obrigatório, a realização de lançamento de oficio. Processo n° 10120.004174/2005-51 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00379 Fl. 4 E foi exatamente isso o que aconteceu. A Autoridade Fiscal entendeu que as retificações nas DIPJ não configuravam medidas capazes para solucionar a insuficiência no recolhimento do imposto, e, por isso, ele foi exigido por meio de auto de infração. De fato, quanto ao IRPJ do ano-calendário 2000, cabe assinalar que o saldo negativo do IRPJ apurado em 1999, no valor de R$ 26.960,94, somado às estimativas de 2000, no valor de R$ 33.286,74, não eram suficientes para quitar todo o IRPJ apurado no período pela própria Contribuinte (R$ 82.774,21), restando realmente em aberto a parcela de IRPJ correspondente à realização mínima do lucro inflacionário neste período. Pelo que consta dos autos, a parcela em aberto seria inclusive maior do que o valor lançado, porque a Contribuinte informou em sua DIPJ estimativas no montante de R$ 80294,16, valor bem maior do que o efetivamente recolhido a este título, conforme extrato à fl. 72. Além disso, o aproveitamento no período subseqüente do saldo negativo apurado em 1999, via compensação na sistemática do art. 66 da Lei 8.383/1991, não poderia ocorrer da forma pretendida pela Contribuinte, depois de iniciada a ação fiscal E não há nos autos nenhum elemento (lançamentos contábeis, DCTF, etc.) evidenciando que a alegada compensação entre tributos de mesma espécie já havia ocorrido antes do início da fiscalização. Quanto ao ano-calendário de 2001, entretanto, concluo de maneira diversa. Vê-se que o auto de infração traz informações mais detalhadas sobre o ano-calendário de 2000, especialmente sobre o montante das estimativas a serem consideradas na apuração do saldo anual a pagar. Para o ano-calendário de 2001, mesmo diante das informações prestadas pela Contribuinte, a Fiscalização entendeu por bem realizar o lançamento com base na adição da parcela mínima de realização do lucro inflacionário, pelo fato de as compensações efetivadas nas DIPJ retificadoras não terem sido previamente informadas em DC1T, mediante ato espontâneo. Ocorre que o aproveitamento de estimativas no próprio período a que correspondem não se dá por compensação, mas sim por mera dedução na DIPJ. Elas representam antecipações do IRPJ anual. Nesse contexto, observo, pelo extrato de fls. 73 e 74, que a Contribuinte efetuou em 2001 recolhimento de estimativas no valor total de R$ 136.056,03, valor suficiente para quitar o IRPJ anual no valor de R$ 71.816,30, já adicionada a parcela de realização mínima do lucro inflacionário. Cabe afirmar que independentemente da retificação da DIPJ, e dos efeitos dela decorrentes, as estimativas do período deveriam ter sido consideradas pela Fiscalização. Pode-se dizer a mesma coisa em relação às duas instâncias administrativas de julgamento. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recuso, para exonerar a exigência relativa ao ano-calendário de 2001. 1, 7 Sala das Sessões, em 11 de março de 2010 a- osé de Oliveira Ferraz -rrea MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo : 10120.004174/2005-51 Recurso : 157834 Acórdão : 1802-00.379 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 30 do artigo 81 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF n° 259/2009), intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Primeira Seçã'o do CARF, a tomar ciência do inteiro ter do Acórdão n° 1802-00.379. Brasilia - DF, em 14 de abril de 2010 eLA José Roberto França_ Secretári da 2° Câmara da Primeira Seção CARI Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ ] Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional 1
score : 1.0
Numero do processo: 13808.000255/00-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 1996, 1997 Ementa: Verificada a omissão no acórdão proferido em sede de embargos, devem ser acolhidos os novos embargos para acrescentar à fundamentação da decisão embargada que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais está vedado a se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária, in casu, da lei que disciplina a multa aplicada.
Numero da decisão: 1301-000.599
Decisão: Acordam os membros da Turma, por unanimidade, receber e prover os embargos de declaração, para acrescentar ao Acórdão nº 1102-00.049, a fundamentação referente à impossibilidade deste Conselho de se pronunciar sobre a tese de defesa de que a multa aplicada ofende o art. 150, inciso IV, da Constituição Federal.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Alberto Pinto Souza Junior
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Embargante Instituto Iguatemi de Clínicas e Pronto Socorro S/A Interessado Fazenda Nacional Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 1996, 1997 Ementa: Verificada a omissão no acórdão proferido em sede de embargos, devem ser acolhidos os novos embargos para acrescentar à fundamentação da decisão embargada que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais está vedado a se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária, in casu, da lei que disciplina a multa aplicada. Acordam os membros da Turma, por unanimidade, receber e prover os embargos de declaração, para acrescentar ao Acórdão nº 110200.049, a fundamentação referente à impossibilidade deste Conselho de se pronunciar sobre a tese de defesa de que a multa aplicada ofende o art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. ﴾documento assinado digitalmente﴿ Alberto Pinto Souza Junior – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento: Alberto Pinto Souza Junior (Presidente), Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Waldir Veiga Rocha e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Relatório Na sessão plenária de 06 de dezembro de 2007, a QUINTA CÂMARA do extinto PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES julgou o Recurso nº 159.124 de interesse do INSTITUTO IGUATEMI DE CLÍNICAS E PRONTO SOCORRO S/A e, mediante Acórdão nº 10516.818, fls. 412 a 422, decidiu: “por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para afastar as exigências do PIS/REPIQUE e CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO relativos ao fato gerador ocorrido em 31 de março de 1995, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado”. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 20/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 7/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 Cientificada deste Acórdão em 10/09/2008, fls. 428v, a interessada apresentou Embargos de Declaração, em 12/09/2008, fls. 433 a 442. Em função destes embargos, a então PRIMEIRA CÂMARA DO PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, em sessão plenária realizada em 29/09/2009, proferiu o Acórdão nº 110200.049, fls. 447 a 449, que decidiu “por unanimidade de votos, ACOLHER OS EMBARGOS para reconhecer e suprir a omissão, e ratificar o acórdão embargado, nos termos do voto que passam a integrar o presente julgado.” Cientificada deste último Acórdão em 25/11/2010, a interessada junta aos presentes autos novos Embargos de Declaração, fls. 457 a 463, mediante a qual apresenta novas razões recursais, agora fazendo referência a ambos acórdãos mencionados anteriormente, fls. 457. Nessa oportunidade, sustenta, em resumo, que as decisões hostilizadas incorreram em omissão ao deixar de se manifestar sobre o cancelamento ou redução da multa por ofensa ao princípio do não confisco e sobre a aplicação da Taxa Selic como juros de mora, incidindo apenas sobre o principal sem multa. Voto Inicialmente, cabe esclarecer que os novos embargos de declaração só podem versar sobre omissões, contradições ou obscuridades cometidas pelo julgador no último acórdão, ou seja, naquele que julgou os primeiros embargos de declaração. Assim, não conheço dos embargos de declaração no que se refere à aplicação da da taxa selic como juros de mora, incidindo apenas sobre o principal sem multa, uma vez que a matéria não foi ventilada nos primeiros embargos de declaração (fls. 433 a 442), razão pela qual, não estava o julgador obrigado a se pronunciar sobre ela. Por outro lado, o Acórdão nº 10516.818, que julgou o recurso voluntário, não pode mais ser embargado, porque já ocorreu a preclusão consumativa com a apresentação dos primeiros embargos de declaração. Ad argumentadum tantum, o Acórdão nº 10516.818 enfrentou a matéria relativa à aplicação da taxa selic como juros de mora (vide fls. 421). No que tange à aplicação da taxa selic apenas sobre o principal, isso é matéria nova trazida apenas nestes novos embargos de declaração, razão pela qual, ainda que a decisão sobre o recurso voluntário pudesse ser embargada, não poderia ser por tais matérias. Conheço, porém, dos embargos de declaração no que toca à primeira matéria (cancelamento ou redução da multa por ofensa ao princípio do nãoconfisco), pois o recurso é tempestivo e a matéria, embora ventilada pelo contribuinte nos seus primeiros embargos, não foi objeto de pronunciamento pelo Conselheiro Relator do Acórdão nº 110200.049 (doc. fls. 447 a 449), razão pela qual passo a suprir a omissão. Com relação à tese da contribuinte de que a multa aplicada é confiscatória e que, assim, ofende o art. 150, inciso IV da Constituição Federal, cabe esclarecer que tal matéria não pode ser apreciada por este Tribunal Administrativo, já que discute a constitucionalidade de lei, in casu, daquelas indicadas como fundamento legal da multa aplicada (doc. às fls. 245 dos autos). A falta de competência desta instância de julgamento para apreciar tese de inconstitucionalidade de lei, hoje, já é objeto da Súmula CARF nº 2, a qual veda expressamente este Tribunal de se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante do acima exposto, voto no sentido de receber e prover os embargos, para acrescentar ao acórdão nº 110200.049, a fundamentação referente que este Conselho está Fl. 2DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 20/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 7/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.000255/0010 Acórdão n.º 1301000.599 S1C3T1 Fl. 2 3 vedado a se pronunciar sobre a tese de defesa de que a multa aplicada ofende o art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. ﴾documento assinado digitalmente﴿ Alberto Pinto S. Jr.. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 20/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 7/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 13433.000395/2005-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano-calendário: 2003
Ementa:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
Numero da decisão: 1302-000.863
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos, suprir a omissão, e dar-lhes efeitos infringentes para alterar a decisão de negar provimento ao recurso para não conhecer do recurso por perempto..
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: MARCOS RODRIGUES DE MELLO
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Numero do processo: 18471.002346/2003-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 1999
GLOSA DE DESPESA LASTREADA EM DOCUMENTO QUE NÃO INDIVIDUALIZA O BENEFICIÁRIO.
Não havendo a individualização do beneficiário, nos termos do 304 do RIR, é correta a glosa da despesa.
IRRF. PAGAMENTO A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO.
Sendo incerto o beneficiário do pagamento, nos termos do art. 674 do RIR, é correto o lançamento do IRRF.
Numero da decisão: 1302-000.418
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Eduardo de Andrade
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1999 GLOSA DE DESPESA LASTREADA EM DOCUMENTO QUE NÃO INDIVIDUALIZA O BENEFICIÁRIO. Não havendo a individualização do beneficiário, nos termos do 304 do RIR, é correta a glosa da despesa. IRRF. PAGAMENTO A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. Sendo incerto o beneficiário do pagamento, nos termos do art. 674 do RIR, é correto o lançamento do IRRF.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1999 GLOSA DE DESPESA LASTREADA EM DOCUMENTO QUE NÃO INDIVIDUALIZA O BENEFICIÁRIO. Não havendo a individualização do beneficiário, nos termos do 304 do RIR, é correta a glosa da despesa. IRRF. PAGAMENTO A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. Sendo incerto o beneficiário do pagamento, nos termos do art. 674 do RIR, é correto o lançamento do IRRF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) MARCOS RODRIGUES DE MELLO - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO DE ANDRADE - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Rodrigues de Mello (presidente da turma), Lavínia Moraes de Almeida Nogueira Junqueira (vice-presidente), Fl. 1DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP08.1018.16533.BXWJ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 Wilson Fernandes Guimarães, Daniel Salgueiro da Silva, Eduardo de Andrade e Guilherme Polastri Gomes da Silva. Relatório Por bem descrever os eventos ocorridos até o momento de seu relato, adoto o relatório produzido na DRJ. Trata o processo do auto de infração, com ciência em 03/10/2003, referente ao ano- calendário de 1999, através do qual é exigido da interessada o imposto sobre a renda de pessoa jurídica - IRPJ, no valor de R$ 11.924,66 (fls. 91/95), acrescido da multa de 75% e encargos moratórios. A exação de IRPJ teve como motivo as seguintes constatações, tendo como base o Termo de Verificação Fiscal, fls. 139/104, e a descrição do Auto de Infração: 1) Custos, Despesas Operacionais e Encargos não necessários. Conforme item 3 do Termo de Verificação, a interessada, depois de cientificada da Intimação Fiscal n° 04, apresentou como justificativa do lançamento da despesa de R$ 24.000,00 na Conta 51422-5 - Serv. Prof. P. Jurídica, a nota fiscal de n° 001, emitida em 05/10/1999 pela empresa CLEAN A. P. Participações LTDA-CNPJ. 72.421.829/0001-79, a título de "comissão pela venda de imóvel da Av, das Américas, n º 4.441". Entretanto, a interessada é a compradora do imóvel, cujo proprietário era o Banco Santander Meridional S.A., que deveria ter arcado com a despesa. Portanto, efetuou-se o lançamento decorrente de glosa de despesa por ser desnecessária à atividade da empresa. O enquadramento legal: art. 249, inciso I, 251 e § único, 299, 300 do RIR/99. 2)Pagamentos a Beneficiário Não Identificado. Conforme item 1 do Termo de Verificação, depois de cientificada do Termo de Intimação n° 01 e do Termo de Intimação n° 04, a interessada deixou de justificar as despesas contabilizadas, tendo apresentado comprovantes de pagamento supostamente efetuados a Raul de Vasconcellos ou Raul de Vasconcelos, sem informação de CPF e tampouco retenção de Imposto de Renda na Fonte. Desta forma, se sujeita a glosa do valor das despesas contabilizadas, bem como ao pagamento do Imposto de Renda, neste caso, sendo considerado o valor da despesa como "valor líquido pago a beneficiário não identificado". O enquadramento legal: art. 249, inciso I, 251 e § único, 299, 304 do RIR/99. 3) Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado — Excesso em função do bem. Conforme item 4 do Termo de Verificação, depois de cientificada do Termo de Intimação Fiscal n° 01, no qual era solicitada a apresentar os documentos de aquisição que dessem respaldo ao registro, em 01/01/1999, na conta 13202-0 - Veículos, do valor de RS 92.304,46, a interessada logrou apresentar somente dois documentos, de valor de R$ 34.000,000 e R$ 7,618,36, totalizando R$ 41.618,36. Desta forma, deixou a interessada de comprovar registro de valor igual a R$ 50.686,10 (54,91% do total). No decorrer do ano-calendário de 1999, ocorreu somente um registro na Conta 51712,7 - Despesas com Depreciação de Veículos, em 31/12/1999, no valor de RS 6.153,64. Em conseqüência, se sujeita à glosa de RS 3.378,96 (54,91% de RS 6.153,64) da despesa contabilizada. O enquadramento legal: art. 249, inciso I, 251 e § único, 299, 305 do RIR/99. Fl. 2DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP08.1018.16533.BXWJ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.002346/2003-12 Acórdão n.º 1302-00.418 S1-C3T2 Fl. 207 3 Em conseqüência, foi lavrado o auto de infração exigindo-lhe a CSLL no valor de R$ 5,329,82, acrescida de juros de mora e multa de oficio de 75%, fls. 96/100. O enquadramento legal: art. 2 o e §§ da Lei n° 7.689/88, art. 19 da Lei n° 9.249/95, art. 1º da Lei n° 9.316/96 e art. 38 da Lei n° 9.430/96; art. 6 o da MP n° 1.858/99 e reedições. Também foi lavrado auto de infração para cobrança do Imposto de Renda Retido na Fonte, no valor de RS 10.941,36, acrescida de juros de mora e multa de ofício de 75%, fls. 101/104. A exação decorre da constatação de pagamento a pessoa física sem a retenção do imposto, conforme o item 2 do Termo de Verificação Fiscal, fls. 89/91. Inconformada, a interessada ingressou com a impugnação relativa ao IRPJ, em 31/10/2003, de fls. 111/129, alegando, em síntese: Requer a nulidade do lançamento pois entende que foi indevido, abusivo e arbitrário. Afirma que havia farta documentação apresentada, e que não caberia a glosa de despesa. Afirma que houve inversão ônus da prova pelo fisco, transferindo-o ao sujeito passivo, embora sabendo que tal exação era de legitimidade no mínimo duvidosa. Alega também o cerceamento de defesa, pela impropriedade técnica da exação, indo de encontro ao CTN, ao Decreto 70.235/72 e IN SRF n° 94/97. 4)Quanto ao mérito, traz os seguintes argumentos. 4.1 ) Glosa de despesas - Pagamento a Beneficiário não Identificado. O auto do procedimento não levou a bom termo a auditoria, pois deixou de verificar dentre as 6 (seis) pessoas físicas se alguma delas havia recebido os valores em referência, deixando de esgotar o processo probatório, pois se trata de urna tarefa plausível. Caberia ao agente do Fisco a prova de que o pagamento não foi efetuado e que o serviço na foi prestado. Portanto, a imposição do Fisco é desprovida de algum elemento probante, decorrendo de meras presunções não amparadas na legislação. Como o fisco não comprovou que os pagamentos não foram efetuados e que os serviços não foram prestados, há que ser cancelada a exação. 4.2) Glosa de despesa - Comissão - Corretagem. A glosa decorre da afirmação do Fisco de que o pagamento da comissão pela venda é obrigação do vendedor. Entretanto, é uma premissa inaceitável e sem respaldo legal, posto que não há lei que determine a quem cabe pagar a comissão nesse tipo de negócio. Como prevalece o Princípio da Autonomia da Vontade, a comissão tanto pode ser paga ao intermediário pelo comprador, pelo vendedor ou, eventualmente, por ambos. Logo, o Fisco invadiu, sem base legal, o campo restrito à vontade das partes e determinou quem deve pagar a comissão na relação jurídica em comento, Aduz que nos artigos 722 a 729 do Código Civil, que trata da Corretagem, em nenhum deles se vê fixada a obrigação de pagamento da corretagem como atribuição única e exclusiva do vendedor do bem jurídico. Argumenta que talvez houve erro material constante no texto da nota fiscal "... comissão pela venda do imóvel", uma vez que a impugnante é a compradora, mas que não seria motivo para macular a real relação jurídica entre as partes, que ajustaram que, se a Clean A. P. Participações viabilizasse o negócio, receberia da interessada o valor da comissão de R$ 24.000,00. Portanto, não procede a desqualificação da despesa efetuada, visto que esta poderia ser efetuada pelo comprador e era necessária a seu objetivo. 4.3- Glosa de Depreciação - Depreciação Acumulada de Veículos Fl. 3DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP08.1018.16533.BXWJ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 É descabida a glosa efetuada, já que se acha fundamentada em um simples exercício matemático, pois competiria ao Fisco verificar, contabilmente, sobre que bens foi calculada a depreciação que alcançou a cifra de R$ 6.153,64. Ressalta que poderia lançar depreciação de 20%, que calculado sobre o valor aceito como comprovado de RS 41.618,36, teria o direito a depreciar R$ 8.323,67. Este fato, por si só, já seria mais que suficiente para recomendar um detido exame do cálculo da depreciação, antes de estabelecer meros percentuais para efeito da exação. A 7ª Turma da DRJ/RJOI, em sessão de julgamento, decidiu, por unanimidade, rejeitar as preliminares, e, no mérito, julgar parcialmente procedentes os lançamentos, com supedâneo nos seguintes fundamentos: - o auto de infração obedece aos termos do art. 142 do CTN, e não infringe os termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Assim, não há nulidade por cerceamento; - não comprovada a prestação de serviços que deu causa ao pagamento a “Raul Vasconcelos” ou “Raul Vasconcellos”, é correta a glosa do valor e o lançamento do IRRF por pagamento a beneficiário não identificado; - a legislação não obriga o vendedor a pagar a comissão sobre a compra e venda de imóvel, prevalecendo o princípio da autonomia das vontades. Assim, descabe alegação de que a despesa de R$ 24.000,00, relativa à comissão de vendas, paga à Clean A. P. Participações (que intermediou as negociações) não é necessária, porque teria ela figurado como compradora, devendo o lançamento ser cancelado, neste ponto; - de acordo com o art. 311 do RIR e IN SRF nº 162/98, os veículos poderiam ser depreciados à razão de 20% ao ano, totalizando R$ 11.039,45. Desta forma, a glosa de despesa de depreciação de veículos no valor de R$ 6.153,64 é descabida, porque menor que o valor permitido, calculado com base na legislação vigente. Irresignado, o recorrente interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, alegando, em síntese, que: - foi comprovado, através de recibos idôneos, embora emitidos pela própria recorrente, que houve o pagamento correspondente à prestação dos serviços e que eles foram efetivamente realizados; - o pagamento identificou o beneficiário. O auditor poderia tê-lo intimado a comprovar a prestação do serviço, pois estava na posse do recibo. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo de Andrade, Relator. O recurso é tempestivo, e portanto, dele conheço. Fl. 4DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP08.1018.16533.BXWJ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.002346/2003-12 Acórdão n.º 1302-00.418 S1-C3T2 Fl. 208 5 A fiscalização intimou o recorrente a apresentar os documentos que deram embasamento aos registros efetuados nas contas 51418-7 (gastos div) e 51421-7 (serv. Prest. PJ). Em resposta, a recorrente apresentou recibos de pagamento, os quais demonstravam que o pagamento era feito, ora a Raul Vasconcelos, ora a Raul Vasconcellos. O auditor-fiscal apurou que existem 5 homônimos “Raul Vasconcellos”, e apenas um “Raul Vasconcelos”, o qual consta com CPF cancelado por omissão. Assim, de primeiro, não procede a afirmativa da recorrente que o auditor poderia ter intimado o beneficiário para dele obter a confirmação do serviço, uma vez que pela multiplicidade de homônimos, era ele incerto. A aposição do CPF do beneficiário é medida que permite identificar e individualizar o beneficiário, devendo constar dos recibos de pagamento a pessoa física. Como bem observou o auditor, não foi também feita a retenção na fonte do pagamento, o que impossibilita a confirmação do pagamento junto à sua declaração de rendimentos. Desta forma, entendo correto o lançamento que efetuou a glosa, por não estar individualizado o beneficiário do pagamento, nos termos do art. 304 do RIR/99. Mesmo entendimento se aplica ao lançamento do IRRF por ocorrência de pagamento a beneficiário não identificado (art. 674, RIR/99). Assim, voto para negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo-se o quanto decidido na DRJ. Sala das Sessões, 11 de novembro de 2010. (assinado digitalmente) Eduardo de Andrade - Relator Fl. 5DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP08.1018.16533.BXWJ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por EDUARDO DE ANDRADE em 27/12/2010 21:17:22. Documento autenticado digitalmente por EDUARDO DE ANDRADE em 27/12/2010. Documento assinado digitalmente por: MARCOS RODRIGUES DE MELLO em 30/12/2010 e EDUARDO DE ANDRADE em 27/12/2010. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 08/10/2018. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP08.1018.16533.BXWJ Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: 15E9772E0DA64FDB985DFB92733DAA612034FD41 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Legislação e Processo". 3) Selecione a opção "e-AssinaRFB - Validar e Assinar Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 18471.002346/2003-12. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 19515.000736/2006-18
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001 PROVISÕES. ADIÇÕES AO LUCRO REAL Somente são dedutíveis, na determinação do lucro real, as provisões expressamente autorizadas pela legislação.
Numero da decisão: 1801-000.681
Decisão: Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
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ADIÇÕES AO LUCRO REAL Somente são dedutíveis, na determinação do lucro real, as provisões expressamente autorizadas pela legislação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fernandes. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Relatório Trata o presente processo de autos de infração à legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido – CSLL, que exigem da empresa acima qualificada o crédito tributário no montante total de R$ 738.499,82, aí incluídos o principal, a multa de ofício e os juros de mora calculados até a data da lavratura (fls. 95/107). De acordo com o relato constante do “Termo de Verificação de Irregularidades nº 1” de fls. 95/96, em procedimento de auditoria fiscal foram objeto de glosa, no anocalendário 2001, provisões não autorizadas pela legislação do IRPJ, relativas à constituição de fundo de reserva, cujo valor foi creditado na conta de passivo n° 2.1.5.1.01.021, em contrapartida ao débito registrado na conta de resultado 3.1.2.3.02.026. A exigência, no tocante ao IRPJ, foi fundamentada no artigo 13, inciso I, da Lei n° 9.249, de 1995, com as alterações do artigo 14, da Lei n° 9.430, de 1996, combinado com os artigos 249, inciso I, 251, e parágrafo único, 299 e 335, todos do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26/03/1999 (RIR/99). A CSLL foi lançada como reflexo. Cientificada em 20/04/2006, a contribuinte apresentou impugnações tempestivas, uma contra a exigência do IRPJ e outra contestando a CSLL (fls. 111 a 345). Nas razões de defesa, argúi, preliminarmente, a decadência relativamente aos fatos geradores ocorridos no primeiro trimestre de 2001 e, no mérito, contesta os lançamentos argumentando que estaria obrigada a constituir um fundo destinado a reposições e consertos dos bens dos proprietários dos imóveis por ela administrados (FFE), mantido em nome deles, em contas bancárias específicas, devendo entregarlhes eventuais saldos não utilizados. Inexistiria, assim, o aspecto material e o fato imponível da pretensa obrigação. Afirma não ser sujeito passivo de obrigação tributária na qualidade de contribuinte, nos termos da definição contida no CTN. A 4a. Turma da DRJ em Fortaleza/CE proferiu o Acórdão 0813.868 e julgou as exigências procedentes em parte (fls. 370/379). Em preliminar foi declarada a decadência do lançamento em relação aos fatos geradores ocorridos no 1o. trimestre de 2001. No mérito consignou que a natureza jurídica da empresa seria a de uma sociedade em conta de participação e, nessas condições, a administradora, impugnante, seria a sócia ostensiva enquanto que os proprietários das unidades seriam os sócios ocultos e que tal conclusão se coadunaria com os contratos apresentados. Fundamentou o voto no Ato Declaratório Interpretativo SRF n º 14/2004, para concluir que a autuada seria pessoa jurídica sujeita às regras de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas e, nesse sentido, a dedução na apuração do lucro líquido, do valor correspondente à constituição da provisão referente ao fundo FF&E, teria reduzido indevidamente o lucro. À fl. 391 encontrase o “Termo de Vista”, datado de 15/06/2009, assinado pela procuradora Viviane de Oliveira Barros, conforme substabelecimento de fl. 389. Às fls. 394 a 406 encontrase acostado o recurso voluntário protocolizado em 22/05/2009. Em sua defesa afirma a interessada que na consecução de suas atividades, firma contratos com os proprietários dos empreendimentos onde será desenvolvida a sua atividade hoteleira. Por força destes contratos, a recorrente teria como obrigação a constituição de um Fl. 2DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.000736/200618 Acórdão n.º 180100.681 S1TE01 Fl. 436 3 "fundo" denominado Furniture, Fixture and Equipment FF&E (móveis, permanentes e equipamentos), através da "alocação" de um percentual do faturamento de cada empreendimento hoteleiro. Esclarece que este valor permanece em conta corrente bancária criada especificamente para este fundo e que só pode ser utilizado pela recorrente, por conta e ordem do proprietário do imóvel, na atividade hoteleira do empreendimento, ou seja, a recorrente figuraria como mera depositária do fundo. Ao final do contrato de administração, a recorrente disponibilizaria o numerário, entregando o fundo FF&E para os proprietários, incidindo a retenção do imposto sobre a renda. Explica que a auditoria fiscal teria erroneamente glosado a retenção do fundo FF&E, presumindo que este numerário faria parte da sua renda, provento ou lucro e a decisão de 1a. instância, para manter a exigência, teria qualificado a relação jurídica entre a recorrente e os proprietários como uma sociedade em conta de participação. Afirma que os Decretosleis n º s 2.303 e 2.308, de 1986 em momento algum determinam que as administradoras e os proprietários devam constituir SCP e o ADI nº 14/2004 feriria princípios constitucionais básicos, pois teria criado obrigação não prevista em lei e que teria interpretação diversa o ADI nº 02/07, que determinaria fosse aplicado o tratamento de aluguel aos rendimentos auferidos das áreas comuns do empreendimento. Sustenta a dedutibilidade do fundo FF&E na apuração de seus resultados ao argumento de que não tem disponibilidade sobre tais valores diante das determinações contratuais já mencionadas. E explica, com suas palavras: Explicamos: contratualmente, a Recorrente retêm do valor que seria pago a título de aluguel uma fração a título de FF&E. Se o aluguel fosse pago integralmente (sem desconto do FF&E), a retenção do IRRF ocorreria sobre o total, por outro lado, se o aluguel é pago descontado o FF&E, a retenção do IRRF ocorre sobre o aluguel líquido, mas a fração retida não deixou de ser parte do aluguel que recebeu o nome de FF&E e permaneceu com a Recorrente (depositária). Chegando ao final do contrato, a Recorrente é obrigada a entregar o FF&E ao pool de proprietários, efetivando nesse momento a retenção do IRRF pelo pagamento do aluguel retido anteriormente. Lembramos que a retenção de IRRF contra as pessoas físicas ocorre pelo regime de caixa, ou seja, no pagamento, enquanto que a retenção de IRRF contra as pessoas jurídicas não é prevista em lei. ... A constituição do FF&E nada mais é do que uma forma contratual adotada pelas diversas administradoras de hotéis, aparthotéis, flats e outros, para assegurar que parte dos rendimentos de aluguéis dos pools de proprietários seja reinvestido nos empreendimentos, sem a necessidade do desembolso pelas administradoras. ... São consideradas provisões indedutíveis aquelas contingências que podem ou não ocorrer, ou seja, que dependam de algum fato futuro e incerto condições. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 No caso, a constituição do FF&E não se configura em provisão (de contingência), pois a sua constituição independe de evento futuro e incerto para se revestir de dedutibilidade. ... A dedutibilidade poderia ser questionada caso a realização do FF&E fosse incerta, mas não é a hipótese, vez que ele tem destinação certa (proprietário) e prazo determinado (final do contrato) inexistindo a possibilidade de uso ou gozo do FF&E pela Impugnante. Ao final pugna pela improcedência das autuações. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora Preliminarmente Não consta dos autos o AR de intimação da decisão de 1a. instância. Apenas o Termo de Vista datado de 15/06/2009 enquanto que o recurso voluntário tem data de protocolo em 22/05/2009. Para não haver prejuízos à defesa, tomo conhecimento do recurso voluntário interposto. Mérito Entendo que a discussão a respeito da natureza jurídica da sociedade empresária, ora recorrente, é irrelevante para o deslinde da questão. Seja qual for o tipo de sociedade constituída é certo que a empresa recorrente se submete às regras de tributação das pessoas jurídicas em geral. Especificamente no que diz respeito aos autos, em procedimento de auditoria fiscal constatouse que a recorrente, no anocalendário 2001, constituiu fundo de reserva, cujo valor foi creditado em conta de passivo (2.1.5.1.01.021), em contrapartida a débito registrado em conta de resultado (3.1.2.3.02.026), considerada como provisão não dedutível do lucro real apurado em cada período de apuração trimestral. Nesse contexto a legislação de regência veda a dedução de provisões, para efeito de apuração do lucro real. A respeito transcrevese o artigo 13 da Lei n º 9.249, de 26 de dezembro de 1995: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas Fl. 4DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.000736/200618 Acórdão n.º 180100.681 S1TE01 Fl. 437 5 as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimo terceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; Dessa forma, a legislação do imposto de renda somente admite a constituição, como custo ou despesa operacional, das seguintes provisões: 1) provisões constituídas para o pagamento de férias de empregados (RIR/1999, art. 337); 2) provisões para o pagamento de décimoterceiro salário (RIR/1999, art. 338); 3) provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida em lei especial a elas aplicável (RIR/1999, art. 336); Além daquelas expressamente previstas na legislação do imposto de renda (Lei no 9.249, de 1995, art. 13, I, e Lei no 9.430, de 1996, art. 14), a pessoa jurídica poderá continuar a constituir contabilmente as provisões que entenda serem necessárias à sua atividade ou aos seus interesses sociais. Todavia, na hipótese de a provisão constituída na contabilidade ser considerada indedutível para fins da legislação do imposto de renda, a pessoa jurídica deverá efetuar no Lalur parte A, a adição do respectivo valor ao lucro líquido do período, para a apuração do lucro real. No período em que a provisão for revertida contabilmente, ela poderá ser excluída do lucro líquido para fins de determinação do lucro real. Pouco importa, também, para efeito de aplicação das regras de dedutibilidade das provisões a denominação que a empresa recorrente dá ao fundo de reserva ou com qual objetivo especifico ele foi constituído. Como visto, as pessoas jurídicas não estão impedidas de constituir provisões na sua escrita contábil. Entretanto, uma vez constituídas provisões na contabilidade, a dedutibilidade dessas provisões, para efeito de apuração do lucro real, fica sujeita aos limites impostos pela legislação de regência. Nesse sentido já se encontra pacificada a jurisprudência deste Tribunal Administrativo: PROVISÕES. ADIÇÕES AO LUCRO REAL Somente são dedutíveis, na determinação do lucro real, as provisões expressamente autorizadas pela legislação. Provado que as provisões não permitidas expressamente pela legislação e impactantes no resultado do exercício, foram adicionadas à apuração do Lucro Real, não há que se falar em lançamento de ofício. Ac. 110200.043 – 2a. Turma Ordinária 1a. Câmara 1a. Seção – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 IRPJ CUSTOS/DESPESAS/DEDUTIBILIDADE FALTA DE ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO DE PROVISÕES INDEDUTÍVEIS Inexistindo o ajuste no lucro liquido na apuração do lucro real de resultados de períodos anteriores, referentes a taxas de depreciação realizadas extemporaneamente, correto o lançamento que recompôs o resultado tributável do período. Ac. 10808.781 –8a. Câmara 1o. Conselho de Contribuintes. PROVISÕES PARA CONTINGÊNCIAS CÍVEIS E TRABALHISTAS — INDEDUTIBILIDADE Provisões são valores futuros e incertos que não devem afetar a base do imposto sobre a renda, ressalvadas as provisões expressamente previstas em lei. Ac. 10194.596 – 1a. Câmara 1o. Conselho de Contribuintes. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 6DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 19515.003137/2006-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário:2001
Custos não Comprovados: Glosa de Custos. Retificação do Prejuízo Fiscal Nos termos do art. 923 do RIR/99, os fatos registrados na escrituração contábil devem ser comprovados por documentos hábeis. A não comprovação pelo contribuinte dos valores deduzidos a título de “Outros Custos” dá ensejo a glosa do valor declarado a esse título.
Tributação Reflexa: CSLL
Aplica-se à exigência reflexa o que foi decidido quanto ao lançamento do IRPJ.
Numero da decisão: 1401-000.543
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Alexandre Antônio Alkmim Teixeira
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Retificação do Prejuízo Fiscal Nos termos do art. 923 do RIR/99, os fatos registrados na escrituração contábil devem ser comprovados por documentos hábeis. A não comprovação pelo contribuinte dos valores deduzidos a título de “Outros Custos” dá ensejo a glosa do valor declarado a esse título. Tributação Reflexa: CSLL Aplicase à exigência reflexa o que foi decidido quanto ao lançamento do IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Presidente. (assinado digitalmente) Alexandre Antônio Alkmim Teixeira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Viviane Vidal Wagner (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Fl. 437DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR 2 Gomes De Mattos e Karem Jureidini Dias. Declarouse impedido o Conselheiro Maurício Pereira Faro. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 0814.815, proferido pela 4ª Turma da Delegada da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza. Por economia processual, adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância: Trata o presente processo de Auto de Infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ e respectivas partes integrantes (fls. 200/202), para ajuste da base de cálculo do referido imposto, decorrente da glosa de Custos (Outros Custos), no valor de R$ 31.433.085,92, referente ao anocalendário de 2001 (DIPJ/2002, Ficha 4A, linha 16 (fls. 36), resultando na alteração do prejuízo fiscal declarado pelo contribuinte, conforme circunstanciado em anexo próprio da referida peça impositiva (fls. 202). 2. Referida exigência originouse em função de ter sido detectada, conforme Auto de Infração do IRPJ, a seguinte irregularidade, cujo teor da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 202), c/c o Termo de Verificação Fiscal (fls. 196/199), aplicados à matéria, transcrevese abaixo: 2.1 — Custos ou Despesas Não Comprovadas: Glosa de Custos 2.1.1 Lançamento de ofício tendo em vista que o contribuinte contabilizou a deduziu como Custos (Outros Custos) o valor de R$ 31.433.085,92, referente ao ano calendário de 2001 (DIPJ/2002, Ficha 4A, linha 16 (fls. 36), sem, no entanto, comproválos com documentação hábil e idônea, razão pela qual a Fiscalização procedeu a glosa do referidovalor; 2.1.2 Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, c/c o Termo de Verificação Fiscal (fls. 196/199), partes integrantes e inseparáveis do presente Auto de Infração, apurou se no anocalendário sob exame o seguinte valor tributável: 2.1.3 Enquadramento Legal: arts. 249, inciso I; 251, parágrafo único; c/c o art. 300, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99 RIR/99 (fls. 202). Fl. 438DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR Processo nº 19515.003137/200648 Acórdão n.º 1401000.543 S1C4T1 Fl. 438 3 2.2 Lavrouse, também, pelo mesmo motivo, o Auto de Infração relativo à CSLL, desta feita para retificar a base de cálculo negativa da referida contribuição, nos seguintes termos: 2.2.1 Auto de Infração Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: CSLL (fls. 203/205), sem crédito tributário, somente para ajustar a base de cálculo da referida Contribuição, em decorrência da glosa de custos no mesmo valor descrito para o IRPJ, de R$ 31.433.085,92, cuja infração coube ao art. 2° e §§ da Lei n° 7.689/88; art. 19, da Lei n° 9.249/95; art. 1° da Lei n° 9.316/96; art. 28 da Lei n° 9.430/96, c/c o art. 6° da Medida provisória n° 1.858/99 e suas reedições, sendo apurados os novos valores da base tributável da CSLL, conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal atinentes à citada Contribuição, c/c o Termo de Verificação Fiscal e Demonstrativo de Compensação da CSLL (fls. 209); 3. Inconformado com as exigências, das quais tomou ciência em 27/12/2006 (fls. 200, 204, e 206), o contribuinte apresentou impugnação em 26/01/2007 (v. II, fls. 216/239). Alega, em síntese, que: 3.1 — sob o tópico Dos Fatos discorre sobre o procedimento adotado pela Fiscalização para glosar o valor dos custos declarados pela impugnante, contra o qual discorda, requerendo a nulidade do procedimento e no mérito sua improcedência, a teor dos itens subseqüentes; 3.2 — assim, argúi, em sede de preliminar, a nulidade do instrumento de autuação, passando então a demonstrar os motivos pelos quais entende que o Auto de Infração deve ser nulo, nos seguintes termos: 3.2.1 — embora conste no Relatório da Fiscalização que o limo Fiscal não examinou os documentos que deram respaldo aos lançamentos contábeis, dado que a impugnante não teria conseguido relacionar as contas que compuseram o valor indicado na linha 16 da Ficha 04A, por meio de seus registros e controles, a impugnante adota o sistema de custos por absorção; 3.2.2 — nesse sistema de custeio, os custos dos diversos produtos de fabricação da impugnante são apurados a medida em que os mesmos são consumidos, sendo, portanto, um sistema heterogêneo, dado que os mesmos têm periodicidades distintas (diário, semanal, quinzenal, mensal e bimestral), de sorte que ao final de cada mês o grupo Custos de Produção que recebe os débitos da Linha 16 da Ficha 04A, da DIPJ 2001/2002 é apropriado ao Estoque de Produtos em Processo e, pela conclusão dos produtos, ao estoque de Produtos Acabados, e deste são baixados para o Custo dos Produtos Vendidos; 3.2.3 — o sistema de custo por absorção ou custo médio é aceito pela legislação fiscal brasileira, tendo a Receita Federal, nesse sentido, baixado o PN CST 06/79, que, em seu item 2.1 dispõe Fl. 439DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR 4 que: "A avaliação de custo médio, embora não prevista na legislação anterior ao DL n° 1.598, tem sido admitida desde há muito tempo pela administração tributária. Consiste em avaliar o estoque a custo médio de aquisição, apurado em cada entrada de mercadoria ou matériaprima, ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anteriormente existentes..." 3.2.4 — todavia, o Ilmo Fiscal não entendeu ou não aceitou tal avaliação de custos, tendo simplesmente glosado o valor escriturado, sem, todavia, analisar a documentação que deu respaldo aos lançamentos contábeis, procedimento esse que contraria os arts. 923 e 924 do RIR199, aquele dispondo que a escrituração do contribuinte mantida com observância das disposições legais faz prova a se favor, enquanto este prescreve que cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do art. 923; 3.2.5 — com base, pois, nas regras previstas nos referidos comandos legais, todos os registros contábeis da impugnante e os documentos que o suportam fazem prova a seu favor, devendo o AuditorFiscal analisálos levando em conta a metodologia de apuração de custos da impugnante. Porém, ao discordar do método utilizado pelo contribuinte, caberia ao mesmo, à luz do art. 924 do RIR199, fazer prova da "inveracidade" dos lançamentos contábeis a fim de apurar eventual crédito tributário; 3.2.6 — aduz inda que, o Agente Fiscal sequer se deu ao trabalho de analisar os documentos que suportaram os lançamentos contábeis, limitandose apenas a análise do procedimento de apuração de custos, pois caberia ao mesmo demonstrar que os lançamentos contábeis não refletem o conteúdo dos documentos fiscais, não se admitindo a presunção para o afastamento da certeza veracidade que o artigo 923 do RIR/99 garante à escrituração feita pela impugnante. Reforça tal entendimento, trazendo à colação o teor da Ementa relativa ao Recurso n° 121.494, da 3a Câmara do 1° Conselho de Contribuintes, julgandose a peça acusatória improcedente quando no procedimento fiscal não se observar os requisitos para a utilização da prova emprestada, afrontarse o princípio da tipicidade e houver superficialidade da investigação; 3.2.7 causalhe espanto a conclusão tirada pela Fiscalização no sentido de que não seria possível à mesma formar a convicção acerca da regularidade do valor do custo deduzido do resultado se ela própria aceitou a explicação da impugnante nesse sentido, obtendo os custos por meio da fórmula CMV = El + C — EF, onde: CMV — Custo das Mercadorias Vendidas; EI — Estoque Inicial; C — Compras e EF Estoque Final; 3.2.8 — aduz ainda que, se a Própria Receita Federal aceitou o tipo de explicação, não havendo, assim, justificativa plausível na conduta do Fiscal em declarar a impossibilidade de exame fiscal dos documentos, aliado ao fato de que a Fiscalização não demonstrou que os lançamentos contábeis da impugnante estariam equivocados e, considerandose que sequer tais Fl. 440DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR Processo nº 19515.003137/200648 Acórdão n.º 1401000.543 S1C4T1 Fl. 439 5 documentos foram analisados, o Auto de Infração não procede sendo imperioso o acolhimento da presente preliminar, declarandose a sua nulidade, desde já requerida. 3.3 Sob o tópico do Mérito, argúi que: 3.3.1 — antes de adentrar ao mérito da questão e, com o propósito de demonstrar o direito que lhe assiste, necessário se faz a fixação de conceitos contábeis, discorrendo no item I/A — Conceituação Contábil e Fiscal da Apuração e Método de Custeio; Conceituação e classificação das contas contábeis, quanto ao conceito de estoques, as seguintes considerações: a) os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital circulante e da posição financeira das empresas industriais e comerciais, de sorte que sua correta determinação no início e no fim do período contábil é essencial para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício; b) nesse sentido, o momento de contabilização de compras de itens de estoque, assim como o de vendas à terceiros deve ser o da transmissão do direito de propriedade dos mesmos. Assim, para se saber se os itens integram ou não a conta de estoques, o importante não é sua posse física, mas sim o direito de propriedade, conforme dispõe a NPC — IBRACON (Estrutura Conceituai Básica de Contabilidade), ao definir o que é estoque (fls. 225); c) traz ainda à colação o conceito de "estoques", dado pela Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404/76), segundo a qual os estoques representam "os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matériasprimas, produtos em fabricação e bens do almoxarifado". Ressalta que, para as empresas industriais, como é o caso da impugnante, são necessárias diversas contas contábeis para a demonstração do seu conteúdo. Elenca como contas de Estoques, entre outras, as seguintes: Produtos Acabados, Mercadorias para Revenda, Produtos em Elaboração, Provisão para Perdas em Estoque, esclarecendo, também, o que cada conta comporta, engloba, representa (fls. 225/227); 3.3.2 — no item B do citado tópico (Critérios de Avaliação), argúi que: a) segundo o inciso II, do art. 183, da Lei das S/A, "Os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim, como matériasprimas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, serão avaliados pelo custo de aquisição ou produção, deduzido da provisão para ajustálo ao valor de marcado, quando este for inferior". Nesse sentido, a base elementar da contabilização dos estoques é o custo; b) o pronunciamento IBRACON n° 02/99 (itens 8, 11 e 26), que traz à colação, define o que é custo e como serão os Fl. 441DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR 6 procedimentos para o seu reconhecimento na contabilidade. Ressalta, quanto ao reconhecimento do custo ou gasto nos resultados que o custo relativo ao estoque deve ser feito pelo "custeio real por absorção", devendo ser incluídos todos os custos reais incorridos obtidos pela Contabilidade Geral e pelo sistema de absorção, o que significa a inclusão de todos os gastos relativos à produção, sejam os diretos (material, mãode obra e outros), sejam os indiretos (gatos gerais de fabricação); c) a inclusão de três elementos de custos definidos (Custos dos Materiais, Custo de MãodeObra Direta e Gastos Gerais de Fabricação), representa o custo por absorção, ou seja, o estoque em processo ou acabado "absorve" todos os custos incorridos, diretos ou indiretos, sendo esta a base de avaliação aceita conforme os Princípios Fundamentais da Contabilidade, bem como pela Lei das S/A e pela Legislação Fiscal; 3.3.3 — no item C do citado tópico (Apuração do Custo), argúi que: a) o custo dos produtos vendidos deve corresponder às receitas de vendas dos produtos e serviços reconhecidos no mesmo período. A apuração 'do CPV está diretamente relacionada aos estoques por vendas realizadas no período, decorrendo daí a fórmula de sua apuração, representada por: CPV = EI + CL — EF, onde: CPV — Custo dos Produtos Vendidos; EI — Estoque dos Produtos destinados à venda no início do período; CL — compras Líquidas ou Entradas no período; e EF — Estoque dos produtos destinados à venda no final do período; b) além de atuar como instrumento de controle e também servir de base para o orçamento, o custeio do produto representa um elemento essencial entre as atividades da contabilidade de uma empresa, o processo de custeio estabelece quanto de custo e despesa forma usados por um produto, um grupo de produtos, uma atividade específica ou um conjunto de atividades da empresa; c) o grupo de Custos de Produção é o que segrega na Contabilidade Geral todos os custos relacionados com o sistema produtivo, visando facilitar a apuração do custeio de produção, e que é utilizado pela contabilidade de custos para absorção e transferência aos Estoques de Produtos em Processo. Ressalta, neste nesse sentido, que os custos de seus produtos são representados basicamente pelas rubricas discriminadas às fls. 230 dos autos; d) assim, ao final de cada mês, o grupo de Custos de Produção que recebe os débitos expostos é apropriado ao Estoque de Produtos em Processo e, pela conclusão dos produtos, ao Estoque de Produtos Acabados, e deste são baixados para o Custo dos Produtos Vendidos, no resultado, conforme representado graficamente às fls. 321 dos autos; 3.4 Sob o tópico II do Mérito (Metodologia de Apuração de Custos na Impugnante), argúi que: 3.4.1 — aduz, em primeiro lugar, que a impugnante comercializa livros e periódicos (revistas) em todo o território nacional, cujo Fl. 442DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR Processo nº 19515.003137/200648 Acórdão n.º 1401000.543 S1C4T1 Fl. 440 7 componente editorial é totalmente desenvolvido por profissionais da Impugnante e impressos em agentes gráficos contratados. Esclarece que os custos de produção de um periódico são representados por matérias—primas, impressão gráfica, custos editoriais e gastos com salários e encargos; 3.4.2 — ressalta que a metodologia de custos adotada pela Impugnante leva em conta todas as etapas de um processo produtivo (matériaprima, produtos em elaboração, produtos semielaborados e produtos acabados), e que está representada pela aquisição de insumos de produção e matériasprimas — o critério de avaliação desses estoques é determinado pelo custo médio ponderado de aquisição, alocáveis à produção de maneira direta e indireta, sendo os custos indiretos absorvidos à produção por meio de critérios de rateios préestabelecidos; 3.4.3 — os custos indiretos, por sua vez, são classificados em fixos e variáveis e representam, basicamente, as despesas editoriais, salários e encargos. São absorvidos à produção através de rateios que são determinados por apontamentos de produção. Ressalta que, a princípio, esses custos são classificáveis em contas de resultado e, por meio da departamentalização, transferidos para Estoques em Processo e seqüencialmente, após o encerramento da etapa de produção, transferidos para a conta de Estoque dos Produtos Acabados; 3.4.4 — na metodologia utilizada, será exemplificada e evidenciado os gastos alocáveis em contas de estoques em elaboração, bem como o processo de departamentalização dos custos indiretos, contabilizados a resultado, associados a centros de custos produtivos, que serão absorvidos e apurados na produção; 3.4.5 — traz à colação um exemplo hipotético em que partindo dos valores iniciais para as contas de estoques e de resultado, apura o total do Ativo e do Passivo de R$ 224.775,00, e na Demonstração do Resultado do Período, para um total de Vendas de R$ 89.250,00, subtraindo os Custos das Vendas, obteve o resultado Líquido de R$ 26.775,00 (fls. 233/235); 3.4.6 — ressalta que o valor de R$ 62.475,00 representa o produto entre a quantidade vendida e o custo médio unitário, sendo que este valor não está claramente refletido nas aquisições de custos diretos, indiretos ou insumos de produção. Salienta, também, que, o processo de transformação das etapas produtivas contabilizou um novo referencial financeiro para o preço médio unitário; 3.4.7 — assim, para uma análise plena do montante de "Outros Custos", o Agente Fiscal deveria considerar, inclusive, os saldos inicial e final da conta de "Estoques em Processo", os saldos inicial e final, as entradas e os valores e baixas da conta "Produtos Acabados"; 3.4.8 — conforme o Manual de Contabilidade da g Sociedades por Ações em sua 6a edição, Capítulo 7 — Estoques, a conta Fl. 443DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR 8 contábil Produtos em Elaboração "representa a totalidade das matériasprimas já requisitadas que estão em processo de transformação e todas as cargas de custos diretos e indiretos relativos à produção não concluída na data do Balanço". Pelo término dos produtos, seus custos são transferidos para Produtos Acabados, sendo que recebe os débitos oriundos das cargas de apropriação dos custos de produção. O custo dos estoques de produtos em processo e acabados na data do Balanço deve ser feito pelo custeio real por absorção, ou seja, deve incluir todos os custos diretos (material, mãodeobra e outros) e indiretos (gastos gerais de fabricação), necessários para colocar o item em condições de venda"; 3.4.9 — assinala que, a inclusão dos três elementos de custos definidos (material, mãodeobra e gastos gerais de fabricação), representa o custeio por absorção, ou seja, o estoque em processo ou acabado "absorve" todos os custos incorridos, diretos ou indiretos. Como a impugnante tem diversas linhas de produtos com freqüência semanal, quinzenal, mensal e bimestral, à medida que os mesmos são fabricados são levados, ao mesmo tempo, à conta de "estoque produtos acabados" e, somente após serem vendidos os seus custos (diretos e indiretos) são assumidos a fim de comporem o resultado; 3.4.10 — reforça a importância do método do Custeio por Absorção, segundo o qual o lucro é determinado não apenas em função das vendas, pois o lucro será influenciado pela variação de estoques, cujo custo incluirá parcelas de custo fixo, além de custos variáveis; 3.4.11 — depreendese, assim, que o saldo desta conta é aumentado (debitado) em virtude dos gastos com matérias primas, mãodeobra direta e custos indiretos de fabricação necessários à produção, sendo diminuído (creditado) quando da conclusão do produto, com a sua transferência para a conta Estoque de Produtos Acabados. Em nenhum desses casos há o reconhecimento do custo dos produtos no resultado, sendo apropriado somente na venda, pela baixa da conta de Estoque de Produtos Acabados; 3.4.12 — traz à colação o Parecer da Ernest Young, segundo o qual a Impugnante adotou procedimento contábil correto quanto à apuração de seus resultados, de sorte que o Ilmo Fiscal antes de simplesmente glosar os custos da impugnante, deveria se ater ao método de apuração de custos por absorção, do qual a impugnante se utiliza e não ignorálo e glosar os custos sem justificativa; 3.4.13 — ressalta ainda que é uma das maiores editoras do Brasil, compondo um dos maiores conglomerados de mídia e comunicação do mundo e, nessa condição, não iria criar um procedimento de contabilização de custos não aceito pela legislação brasileira; 3.4.14 — ante o exposto e considerando a documentação que se encontra à disposição da Fiscalização nas dependências da Impugnante, requer seja refeito o procedimento de fiscalização, desta feita para realização de perícia, ocasião em que devem ser Fl. 444DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR Processo nº 19515.003137/200648 Acórdão n.º 1401000.543 S1C4T1 Fl. 441 9 analisados todos os documentos e o procedimento contábil da mesma, além de outros eu se façam necessários, para a instrução da nova decisão ser proferida; 3.4.15 — junta à presente defesa, a documentação que a Fiscalização exigiu ao longo do procedimento, informando que toda a documentação fiscal relativa aos lançamentos " contábeis, objeto do presente processo, se encontram à disposição da Fiscalização para averiguação. Ressalta, porém, que não a juntará na presente impugnação devido ao grande volume de documentos, pois ao mais de 10.000 (dez mil) folhas. Nesse sentido, reitera a disponibilização dos documentos à Fiscalização da DRF competente para a sua averiguação; 3.4.16 — levando em conta as divergências apontadas pela Fiscalização e constantes na contabilidade da Impugnante, requer no termos do art. 16, inciso IV, do Decreto n° 70.235/72, a produção de prova pericial para comprovar o correto lançamento do valor de R$ 31.586.427,24, na Linha 16 da Ficha 04A, da DIPJ 2001/2002; 3.4.17 — assim formula os seguintes quesitos ao Perito: a) a metodologia de apuração de custos adotada pela Impugnante, custos por absorção é correta? b) os valores relativos aos estoques custos do ano de 2001 da impugnante estão corretamente apurados e quantificados? c) o valor constante na Linha 16 da Ficha 04A da DIPJ 2001/2002 está correto? 3.4.18 — com base no mesmo dispositivo do Decreto n° 70.2235/72, informa o nome do Assistente Técnico, sua qualificação e endereço, a saber: Sr. Sidney Venezziani; profissão — contador; CPF n° 189.293.46804; Endereço: Pça. Padre Manoel da Nóbrega n° 21, 6° andar/61, centro — São Paulo; Telefone: (11) 3105 —5051; 3.4.19 — ante o exposto, requer: a) seja anulado o Auto de Infração, em face do procedimento falho da Fiscalização que não conseguiu elidir a veracidade da escrituração contábil da impugnante, razão pela qual deve a mesma ser aceita pela fiscalização; b) caso a preliminar levantada não seja acolhida, o que admite apenas para argumentar, com fundamento no art. 16, inciso IV do Decreto n° 70.235/72, requer a impugnante perícia em sua metodologia de apuração de custos, para a confirmação da veracidade dos seus lançamentos contábeis, com a conseqüente improcedência da autuação fiscal; 3.4.20 Ressaltese ainda que a competência desta DRJ/Fortaleza/CE para a apreciação do presente processo se acha definida pela Portaria RFB n° 336, de 22/02/2008, Fl. 445DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR 10 publicada no DOU de 25/02/2008, conforme despacho próprio (v. II, fls. 349). Posto o feito em julgamento, a decisão restou a assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 Custos não Comprovados: Glosa de Custos. Retificação do Prejuízo Fiscal A não comprovação pelo contribuinte dos valores deduzidos a título de Outros Custos, através de sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração, dá ensejo a glosa do valor declarado a esse título na DIPJ/2002 (Ficha 04A, Linha 16), com o conseqüente ajuste na base de cálculo do IRPJ, reduzindo deste o saldo de prejuízo fiscal declarado e, para a CSLL, a base de cálculo negativa .da referida contribuição. Nulidade do Lançamento. Não é caso de se declarar a nulidade do ato de lançamento por suposta inobservância dos arts. 923 e 924 do RIR199, quando a autoridade administrativa competente durante os trabalhos de fiscalização tiver levado em conta as regras constantes dos referidos dispositivos legais quanto ao valor de prova que a escrituração pode fazer a favor do contribuinte. Pedido de Perícia/Diligência. Apesar de ser facultado ao sujeito passivo o direito de solicitar a realização de diligências ou perícias, compete à autoridade julgadora decidir sobre sua efetivação, podendo ser indeferidas as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Tributação Reflexa: CSLL Aplicase à exigência reflexa o que foi decidido quanto ao lançamento do IRPJ, devido à íntima relação de causa e efeito entre elas. Assim, mantida plenamente a exigência referente ao IRPJ, o mesmo tratamento deve ser dado ao Auto de Infração reflexo. Lançamento Procedente. Ainda inconformada com os termos da decisão acima, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, no qual aduziu basicamente os mesmos fundamentos utilizados em sua impugnação, limitandose a alegar a legalidade do método de custeio por absorção. É o relatório Fl. 446DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR Processo nº 19515.003137/200648 Acórdão n.º 1401000.543 S1C4T1 Fl. 442 11 Voto Conselheiro Relator Alexandre Antônio Alkmim Teixeira O recurso reúne as condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento e passo a fundamentar o meu voto. A Recorrente alega, preliminarmente, que mantém escrituração contábil com observância das disposições legais e, portanto, caberia à Autoridade Fiscal provar a inveracidade dos fatos registrados. Tendo em vista que a Autoridade Fiscal assim não procedeu, a Recorrente alega a nulidade do Auto de Infração. Ocorre que, dispõe o art. 923 do RIR/99 que os fatos registrados na contabilidade devem ser comprovados por documentos hábeis. Confirase: Art.923.A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, §1º). (Sem destaques no original) Assim, caberia à Recorrente comprovar que sua escrituração contábil estava respaldada em documentos. Todavia, quando intimada a entregar a documentação contábil que fundamentava tais lançamentos contábeis, a Recorrente não os entregou e sequer os juntou à Impugnação ou ao presente Recurso. Portanto, não há que se falar em descumprimento dos arts. 923 e 924 do RIR/99 por parte da Autoridade Fiscal, vez que a Recorrente não comprovou por meio de documentação hábil que a escrituração mantinha correspondência aos fatos ocorridos. Em relação ao argumento exposto à fl. 407, o qual dispõe que “o Fisco simplesmente não aceitou a metodologia de custos por absorção utilizada pela Recorrente e, por esta razão, glosou, de forma arbitrária, os valores declarados por ela como “Outros Custos”, não deve prosperar pelas mesmas razões expostas linhas acima. De imediato, cumpre ressaltar que o que fundamentou a glosa dos custos, no Auto de Infração, foi a ausência de apresentação de documentação comprobatória dos custos escriturados. Conforme se depreende dos Termos de Intimação Fiscal, o Auditor Fiscal intimou a Recorrente a comprovar, com documentação hábil, os custos por ela escriturados na rubrica “Outros Custos”, cujo valor deduzido perfazia o montante de R$31.433.085,92: INTIMAMOS o contribuinte acima a entregar, sob protocolo, no prazo de 5 dias úteis, na Divisão de Fiscalização Indústria da DEFIC SP, endereço em epígrafe, os documentos contábeis que dão respaldo a cada um dos lançamentos contábeis e com a Fl. 447DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR 12 cópia do cheque correspondente para a comprovação do pagamento, relacionadas no anexo a este Termo (anexo este composto de 22 páginas, assinadas pelo AFRF). (Fl.87) Todavia, a Recorrente se limitou a apresentar os Razões Contábil, planilha relacionando a composição dos lançamentos contábeis e elucidar a metodologia de apuração dos custos (Custeio por absorção). Ou seja: o que fundamentou o presente Auto de Infração não foi qualquer crítica à metodologia de apuração de custos pela empresa, mas a ausência de documentação que comprovasse os referidos custos (notas fiscais de compras, comprovantes de pagamento etc.). Poderia, ainda, a Recorrente trazer aos autos a documentação comprobatória de seus custos. Porém, limitouse a afirmar a possibilidade de adoção do custeio por absorção (que em nenhum momento foi questionada), ressaltando, finalmente, que por se tratar de grande volume de documentos (mais de 10.000 – dez mil folhas), “é fisicamente inviável sua juntada aos autos.”. Em vista do exposto, não tendo a Recorrente apresentado documentação hábil que desse respaldo à dedutibilidade dos custos declarados, impõese a glosa de tais custos e, por conseguinte, no ajuste da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Pelo exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso, mantendo o ajuste das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL nos termos d lançamento. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Fl. 448DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Assinado digitalmente em 09/08/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 04/08/2011 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMI M TEIXEIR
score : 1.0
Numero do processo: 10580.010127/2005-20
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Anocalendário: 2000
DESPESAS DE PROPAGANDA. CONTRATO DE FRANQUIA.
As despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontramse sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/ 99 art. 366, IV.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Anocalendário: 2000
LANÇAMENTO DECORRENTE
Em se tratando de base de cálculo originária da infração que motivou o lançamento principal, deve ser observado para o lançamento decorrente o que foi decidido para o lançamento matriz, qual seja que as despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontram se sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 art. 366, IV.
Dado provimento ao Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 1803-000.819
Decisão: ACORDAM os membros da especial do primeira SEÇÃO DE JULGAMENTO,
dar provimento ao recurso voluntario para excluir as glosas efetuadas pela fiscalização referente às despesas com propagandas efetuadas no ano calendário de 2000 da base de calculo do IRPJ e CSLL, cancelando o lançamento tributário constante das fls. 4 a 18 dos autos.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Sérgio Luiz Bezerra Presta
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 DESPESAS DE PROPAGANDA. CONTRATO DE FRANQUIA. As despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontramse sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/ 99 art. 366, IV. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2000 LANÇAMENTO DECORRENTE Em se tratando de base de cálculo originária da infração que motivou o lançamento principal, deve ser observado para o lançamento decorrente o que foi decidido para o lançamento matriz, qual seja que as despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontram se sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 art. 366, IV. Dado provimento ao Recurso Voluntário.
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CONTRATO DE FRANQUIA. As despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontramse sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 art. 366, IV. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2000 LANÇAMENTO DECORRENTE Em se tratando de base de cálculo originária da infração que motivou o lançamento principal, deve ser observado para o lançamento decorrente o que foi decidido para o lançamento matriz, qual seja que as despesas com propaganda enviadas para o franqueador encontramse sob a tutela de dedutibilidade contida no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 art. 366, IV. Dado provimento ao Recurso Voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da especial do primeira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, dar provimento ao recurso voluntario para excluir as glosas efetuadas pela fiscalização referente às despesas com propagandas efetuadas no anocalendário de 2000 da base de calculo do IRPJ e CSLL, cancelando o lançamento tributário constante das fls. 4 a 18 dos autos. (assinado digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Relator Presidente Fl. 685DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (presidente da turma), Walter Adolfo Maresch, Sergio Rodrigues Mendes, Marcelo Fonseca Vicentini e enedicto Celso Benício Júnior. Fl. 686DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 3 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 649/682, interposto pela contribuinte SALCO COMÉRCIO DE ALIMENTOS S/A. contra decisão da 2a Turma da DRJ em SalvadorBA, de fls.635/640, que julgou improcedente a impugnação apresentada pela contribuinte. A controvérsia originouse de auto de infração lavrado em 08/11/2005, através do qual a autoridade administrativa identificou falta de recolhimento de IRPJ e CSLL no ano calendário de 2000 em decorrência, segundo a autoridade administrativa, “as despesas com propaganda, mesmo que fixadas em contrato de franquia, para serem aceitas como dedutíveis na apuração do lucro real, devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea”. Em razão de sua pertinência, transcrevo abaixo o relatório da decisão recorrida, o qual adoto: “Tratase de autos de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ (fls.03/08) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL (09/14), decorrentes da apuração de despesas não comprovadas, de acordo com a descrição dos fatos, que tem o seguinte teor, em síntese: conforme planilhas apresentadas pela empresa (fls. 17/29), a contribuinte pagou, a título de propaganda, a importância total, no ano de 2000, de R$730.315,95, correspondente a 5% do somatório das vendas deduzido dos impostos incidentes sobre essas vendas; a autuada, intimada a apresentar os comprovantes dos valores pagos,apresentou diversos boletos bancários, sem identificação de seus beneficiários; novamente intimada a apresentar os comprovantes, tais como notas fiscais e recibos emitidos pelos beneficiários, e após diversos pedidos de prorrogação de prazo, a interessada apresentou diversas notas fiscais. Da análise dessas notas, verificouse que não foram emitidas em nome da contribuinte e, também, que totalizavam R$1.483.355,05; com isso, concluiuse que a contribuinte não comprovou a despesa em questão, embora tenha sido intimada reiteradas vezes a fazêlo, impondo a lavratura dos autos de infração do IRPJ e da CSLL, decorrentes da glosa das despesas de propaganda escrituradas na conta 212012001; através da conferência dos valores escriturados com aqueles demonstrados nas planilhas elaboradas pela empresa, constatouse uma diferença no mês de janeiro de 2000, o que implicou na apuração de um total de despesa com propaganda Fl. 687DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 4 da ordem de R$730.517,77, correspondente ao valor tributável dos lançamentos em análise. A interessada tomou ciência dos lançamentos em 08/11/2005 e apresentou, em 07/12/2005, as impugnações de fls. 94/107 (CSLL) e 358/370 (IRPJ), acompanhadas dos documentos de fls. 108/357 e 371/619, respectivamente, com as seguintes alegações, em síntese: • o lançamento fiscal resulta de supostas irregularidades atribuídas à autuada, em decorrência do exercido de uma atividade empresarial (exploração de Restaurantes McDonald's), pautada em direitos e obrigações emergentes de Contratos de Franquia Empresarial celebrados entre a impugnante, como Franqueado, e a McDonald's Comércio de Alimentos Ltda., como Franqueador, anexados às fls.124/289, sendo um contrato para cada uma das cinco lojas; conforme Cláusula 5 do citado Contrato de Franquia, a impugnante (Franqueado) "comprometese a transferir mensalmente ao Franqueador importância equivalente a 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas (conforme definido adiante), importância essa que o Franqueador destinará à publicidade e à promoção das atividades desenvolvidas pelos Restaurantes McDonald's"; • a impugnante, no ano de 2000, efetuou os pagamentos a que estava obrigada por contrato, como comprovam os boletos bancários e a planilha demonstrativa dos valores pagos a título de propaganda, escriturados na conta 212102001 (fls. 291/344); • verificase que consta expressamente dos boletos bancários, como Cedente (beneficiário dos depósitos), o Franqueador McDonald's Comércio de Alimentos Ltda. O fato de alguns dos boletos do Banco Real estarem sem o nome do beneficiário não dificulta em nada a sua identificação, já que constam outros boletos do mesmo banco nos quais consta expressamente como Cedente o Franqueador (McDonald's Comércio de Alimentos Ltda.) e, o que é mais importante, com a expressa identificação da Agência/Código do Cedente (0689/8704451), que estão presentes em todos os boletos do Banco Real ora anexados; Além disso, consta nos boletos a expressão "ESTE BOLETO DESTINASE EXCLUSIVAMENTE PARA PAGAMENTO DE PROPAGANDA". Esta mensagem está aposta sobre a marca "M" do Sistema McDonald's; • finalmente, como prova irrefutável dos pagamentos e da identificação do seu beneficiário, a impugnante anexa uma declaração assinada pelo Diretor Financeiro da McDonald's Comércio de Alimentos Ltda. (fls. 345/350), na qual declara que a impugnante promoveu os pagamentos, a título de propaganda, no valor de R$730.517,78, referentes ao ano de 2000, valor este exatamente igual ao montante glosado pela fiscalização; • os dispositivos legais que respaldam o lançamento (arts. 249, I, 251 e parágrafo único, 299 e 300 do RIR/1999) são rigorosamente observados pela impugnante, que mantém, em perfeita regularidade, escrituração comercial e fiscal revestida das formalidades legais; Fl. 688DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 4 5 • esclareçase que não cabe à impugnante fiscalizar se a empresa encarregada da veiculação da propaganda do sistema McDonald's estaria ou não atendendo às exigências legais, tais como comprovação dos gastos efetivamente realizados, a título de propaganda. Tratase de prova a ser produzida por terceiro e que,conseqüentemente, não pode ser exigida da impugnante, cabendolhe, isso sim, demonstrar que atende ao requisito da essencialidade e observar o limite legal para a sua dedutibilidade; • a simples integração da impugnante ao Sistema McDonald's, com as obrigações e direitos que acarreta por força dos contratos firmados com o Franqueador, já constitui prova eloqüente de que as despesas de propaganda se afiguram necessárias à atividade da empresa (arts. 299 e 300 do RIR/1999). Por outro lado, o percentual de 5% de suas vendas, observado pela impugnante, conforme cláusula 5 do Contrato de Franquia, atende ao requisito de razoabilidade recomendado pela jurisprudência administrativa; • as despesas de propaganda glosadas pela fiscalização foram cobradas da impugnante no cumprimento de obrigação contratual expressa. Desse modo, não poderia a impugnante, na condição de Franqueada, deixar de cumprir o pactuado com a Franqueadora, sob pena de resilição do contrato e da resultante perda do direito à franquia, arcando com as conseqüências do inadimplemento contratual; • o que pode ser exigido da impugnante é, apenas, a prova de que o dispêndio em questão atende aos requisitos legais para sua dedutibilidade. E isso restou comprovado; • uma vez prevista no contrato a obrigação de ressarcir, pela forma pactuada,a Franqueadora pelos gastos realizados a título de propaganda, não cabe à impugnante exigir a prova documental dessas despesas, o que só pode ser feito através de exame na escrita contábil da empresa que houver efetuado o pagamento diretamente ao veículo de comunicação encarregado da publicidade; • a impugnante já foi autuada, no período de 1991 a 1994, sob o mesmo fundamento de agora, e teve seu direito reconhecido por decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho de Contribuintes, através do Acórdão n° CSRF/0104.629 (Processo n° 10580.003202/9616), de cujo inteiro teor se junta cópia (fls. 353/357); • o simples enunciado de sua ementa evidencia que o auto de infração não encontra respaldo na jurisprudência da mais alta corte administrativa (reproduz); • o citado acórdão deu provimento, por unanimidade, ao recurso especial manifestado naquela ocasião pela ora impugnante, reformando as decisões de primeira e segunda instâncias, no que tange à glosa de despesas com propaganda; Fl. 689DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 6 • o Relator, em seu voto, deixa claro o entendimento no sentido de ser legítima a dedução de despesas com propaganda e publicidade quando se trate de propaganda institucionalizada ou promocional, notadamente se tal obrigação decorre de contrato. É o relatório. Voto Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele conheço. Conforme relatado, tratase procedimento fiscal que teve como origem a autoridade administrativa identificou falta de recolhimento de IRPJ e CSLL no ano calendário de 2000 em decorrência, segundo a autoridade administrativa, “as despesas com propaganda, mesmo que fixadas em contrato de franquia, para serem aceitas como dedutíveis na apuração do lucro real, devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea” Para as empresas tributadas com base no lucro real, a definição das despesas dedutíveis é fator muito relevante. Em tese, todas as despesas são “necessárias” sob o aspecto contábil – até porque seria absurdo admitir “gastos desnecessários” na atividade empresarial, cuja finalidade é sempre a obtenção de lucro, a sim pagar os tributos que o tenham como fato gerador da obrigação tributária. Mas, o Regulamento do Imposto de Renda contém restrições e exigências no que se refere à autorização para a dedução de uma despesa efetivamente incorrida e regularmente escriturada. A grande questão, aqui, reside na subjetividade de conceitos. Vejamos o que diz o art. 299 do RIR/1999: “Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem.” O antigo Parecer Normativo CST nº 32/1981 declarou que o gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades, principais ou acessórias, que estejam vinculadas com as fontes produtoras de Fl. 690DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 5 7 rendimentos. O mesmo Parecer definiu que despesa normal é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária. E afirmou, ainda, que o requisito de usualidade da despesa deve ser interpretado na acepção de habitual na espécie de negócio. Porém, em muitos casos a autoridade fiscalizadora exagera ao rotular determinada despesa como “nãonecessária”, como é no presente caso onde o argumento é restritivo quanto à admissibilidade de despesas que aparentem não preencher o conceito de necessidade e usualidade. Observando o caso nos autos quero usar como parâmetro a legislação do Imposto de Renda, mais não o art. 299 e sim as determinações do art. 366 do Decreto 3.000/99 que assim determina: “Art. 366. São admitidos, como despesas de propaganda, desde que diretamente relacionados com a atividade explorada pela empresa e respeitado o regime de competência, observado, ainda, o disposto no art. 249, parágrafo único, inciso VIII (Lei nº 4.506, de 1964, art. 54, e Lei nº 7.450, de 1985, art. 54): I os rendimentos específicos de trabalho assalariado, autônomo ou profissional, pagos ou creditados a terceiros, e a aquisição de direitos autorais de obra artística; II as importâncias pagas ou creditadas a empresas jornalísticas, correspondentes a anúncios ou publicações; III as importâncias pagas ou creditadas a empresas de radiodifusão ou televisão, correspondentes a anúncios, horas locadas ou programas; IV as despesas pagas ou creditadas a quaisquer empresas, inclusive de propaganda; V – (...) § 1º Poderá ser admitido, a critério da Secretaria da Receita Federal, que as despesas de que trata o inciso V ultrapassem, excepcionalmente, os limites previstos na alínea "c", nos casos de planos especiais de divulgação destinados a produzir efeito além de um anocalendário, devendo a importância excedente daqueles limites ser amortizada no prazo mínimo de três anos, a partir do anocalendário seguinte ao da realização das despesas (Lei nº 4.506, de 1964, art. 54, parágrafo único). § 2º As despesas de propaganda, pagas ou creditadas a quaisquer empresas, somente serão admitidas como despesa operacional quando a empresa beneficiada for registrada no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica e mantiver escrituração regular (Lei nº 4.506, de 1964, art. 54, inciso IV). § 3º As despesas de que trata este artigo deverão ser escrituradas destacadamente em conta própria. Fl. 691DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 8 Confrontando o texto da norma legal e os documentos constante dos autos, observase que a Recorrente efetuou pagamentos, a titulo de verba para propaganda, ao seu franqueador, McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., sociedade inscrita no CNPJ sob n° 42.591.651/000143, em decorrência unicamente das determinações contidas no contrato de franquia, cuja cópia encontrase as fls. 126 a 226 dos autos; contrato que assim determina: “5. PUBLICIDADE 5.1 Para que o Franqueador possa proteger e preservar a imagem mundial da McDonald's e do Sistema McDonald's, como sinônimo de Restaurantes de serviço rápido, acolhedor, limpo e sadio, permanentemente apropriado para famílias, o Franqueado se obriga, sob pena de caracterização de infração de natureza grave (item 19.1 infra), a somente usar materiais publicitários e promocionais fornecidos e/ou previamente aprovados, expressamente e por escrito, pelo Franqueador. O fato do Franqueador aprovar o material publicitário e promocional do Franqueado ou fornecer esse material ao Franqueado, não acarreta a obrigação, para o Franqueador, direta ou indiretamente, de arcar com os custos relativos a tal publicidade ou promoção. 5.2 O Franqueado comprometese a transferir mensalmente ao Franqueador, importância equivalente a 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas (conforme definição adiante), importância essa que o Franqueador destinará à publicidade e promoção de atividades desenvolvidas pelos Restaurantes McDonald's. O Franqueador poderá, a seu exclusivo critério, proceder ajustes ou alterações nas importâncias devidas pelo Franqueado sob esta cláusula 5.2, fixando, inclusive, as datas e formas de pagamento, respeitado, entretanto, em qualquer hipótese, o limite de 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas”. Observando o que estabelece o contrato, quero trazer a tona alguns argumentos da Recorrente inseridos no recurso voluntário que ora analisamos, constantes das fls. 656 e 657 dos autos, “verbis”: “15. Como se verifica na Cláusula 5 do Contrato de Franquia (fls.), o Franqueado, no caso, a ora Recorrente "comprometese a transferir mensalmente ao Franqueador importância equivalente a 5% (cinco por cento) das Vendas Brutas (conforme definido adiante), importância essa que o Franqueador destinará à publicidade e promoção das atividades desenvolvidas pelos Restaurantes McDonald's". (grifos nossos). 16. Assim é que, no ano de 2000, objeto da ação fiscal, a ora Recorrente efetuou os pagamentos a que estava obrigada por contrato, consoante comprova boletos bancários e planilha demonstrativa dos valores pagos a titulo de propaganda escriturados na conta 212102001 (doc. 04 anexado à impugnação de fls.). A planilha traz, mês a mês, os valores pagos por cada uma das 5 (cinco) lojas franqueadas. 17. Verificase que consta expressamente dos referidos boletos bancários, como Cedente (beneficiário do depósito), o Franqueador McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA. Os boletos bancários são de duas instituições bancárias: Banco Real e BankBoston. O fato de alguns dos Fl. 692DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA Processo nº 10580.010127/200520 Acórdão n.º 180300.819 S1TE03 Fl. 6 9 boletos do Banco Real estarem sem o nome do beneficiário não dificulta em nada a sua identificação, já quie existem outros boletos do mesmo Banco Real nos quais consta expressamente como Cedente (beneficiário do depósito) o Franqueador McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA, e o que é mais importante, com a expressa identificação da Agência/Código do Cedente (0689/8704451), que estão presentes em todos os boletos do Banco Real anexados aos autos. 18. Além disso, consta nos boletos a mensagem que "ESTE BOLETO DESTINASE EXCLUSIVAMENTE PARA PAGAMENTO DE PROPAGANDA". Esta mensagem está aposta sobre a marca "M" do Sistema McDONALD's. 19. Finalmente, como prova irrefutável dos pagamentos e da identificação do seu beneficiário, a Recorrente anexou à sua impugnação uma Declaração assinada pelo Diretor Financeiro da McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA (doc. 05 anexado à impugnação), na qual ele declara que a Impugnante, ora Recorrente, promoveu os pagamentos, a titulo de propaganda, no valor de R$ 730.517,78, referentes ao ano de 2000. Detalhe: este valor é exatamente o valor glosado pela Fiscalização”. Assim, o que vejo ao me deparar com os argumentos lastrados na prova documental dos autos é que a Recorrente efetivamente pagou as verbas de propaganda para seu franqueador McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., sociedade inscrita no CNPJ sob n° 42.591.651/000143, e este último certamente efetivou, em nome da rede, as despesas de propaganda. Diante dessa realidade chego a uma pergunta: Será que quaisquer despesas com propaganda são dedutíveis? A minha resposta é definitivamente não! Isso porque a legislação tributária (§§ 2º e 3º do art. 366 do RIR/1999) fixou normas mais rígidas para que as referidas despesas sejam admitidas como dedutíveis; e, vejo que a Recorrente se enquadra nesses limites e parâmetros. Além do mais, o inciso IV do art. 366 do RIR/99 determina que são dedutíveis todas “as despesas pagas ou creditadas a quaisquer empresas, inclusive de propaganda”. Ora a Recorrente, por condição contratual expressa, pagou ao seu franqueador para que este efetivasse a contratação de propaganda e o repasse a verba para as empresas de propaganda em nome dos fraqueados. Isso não é receita do franqueador, mas é despesa dos fraqueados. E, não entender que tais despesas são dedutíveis para quem as suportou verdadeiramente (os fraqueados), sob argumento de falta de formalidade, é conceder ao franqueador, a empresa McDONALD's COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., inscrita no CNPJ sob n° 42.591.651/000143 a possibilidade de esta empresa poder deduzir da base de cálculo do IR e da CSLL os valores que foram repassados às empresas de propaganda, mas que efetivamente não foram suportados por ele. Assim não há como manter o lançamento tributário, sob pena de exagerar ao rotular a despesa de propaganda paga pela Recorrente como uma despesa como “não necessária”, simplesmente porque a Recorrente não pagou diretamente a uma empresa de Fl. 693DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA 10 propaganda e sim repassou tais valores, conforme determina o contrato de franquia, para o seu franqueador Diante do exposto voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntario para excluir as glosas efetuadas pela fiscalização referente às despesas com propagandas efetuadas no anocalendário de 2000 da base de calculo do IRPJ e CSLL, cancelando o lançamento tributário constante das fls. 4 a 18 dos autos. (assinado digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta Fl. 694DF CARF MF Emitido em 31/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Assinado digitalmente em 31/07/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/07/2011 por SERGIO LUIZ BEZERR A PRESTA
score : 1.0
Numero do processo: 11060.002331/2004-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 31 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO — Para que configure nulidade do Auto
de infração, se faz necessário a presença de, pelo menos, urna das hipóteses contidas no artigo 59 do Decreto 70.235 de 1972.
OMISSÃO DE RECEITA — SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO NÃO COMPROVADO - Para afastar a omissão de receita se faz necessário a comprovação da origem do numerário, bem como a efetiva entrega.
JUROS DE MORA — TAXA SELIC — POSSIBILIDADE. A Taxa Selic
como índice de correção 1 monetária dos juros de mora é perfeitamente
possível, nos termos do que restou consolidado na Súmula n" 4 deste E.
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais- CARF.
MULTA EXORBITANTE. AFRONTA AO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DO NÃO CONFISCO — A análise de afronta a
princípios constitucionais é de competência exclusiva do Poder Judiciário, sob pena de invasão de competência, nos termos da Súmula IV 2 do CARF.
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS - LIMITAÇÃO de 30%.
POSSIBILIDADE — A limitação de 30% para a compensação de prejuízos
fiscais encontra amparo nos artigos 42 e 58 da Lei 8.981/95, bem como artigo 15 da Lei 9065/95.
Numero da decisão: 1102-000.425
Decisão: Acordam os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: João Carlos de Lima Junior
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ementa_s : NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO — Para que configure nulidade do Auto de infração, se faz necessário a presença de, pelo menos, urna das hipóteses contidas no artigo 59 do Decreto 70.235 de 1972. OMISSÃO DE RECEITA — SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO NÃO COMPROVADO - Para afastar a omissão de receita se faz necessário a comprovação da origem do numerário, bem como a efetiva entrega. JUROS DE MORA — TAXA SELIC — POSSIBILIDADE. A Taxa Selic como índice de correção 1 monetária dos juros de mora é perfeitamente possível, nos termos do que restou consolidado na Súmula n" 4 deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais- CARF. MULTA EXORBITANTE. AFRONTA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO NÃO CONFISCO — A análise de afronta a princípios constitucionais é de competência exclusiva do Poder Judiciário, sob pena de invasão de competência, nos termos da Súmula IV 2 do CARF. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS - LIMITAÇÃO de 30%. POSSIBILIDADE — A limitação de 30% para a compensação de prejuízos fiscais encontra amparo nos artigos 42 e 58 da Lei 8.981/95, bem como artigo 15 da Lei 9065/95.
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AUTO DE INFRAÇÃO — Para que configure nulidade do Auto de infração, se faz necessário a presença de, pelo menos, urna das hipóteses contidas no artigo 59 do Decreto 70.235 de 1972. OMISSÃO DE RECEITA — SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO NÃO COMPROVADO - Para afastar a omissão de receita se faz necessário a comprovação da origem do numerário, bem como a efetiva entrega. JUROS DE MORA — TAXA SELIC — POSSIBILIDADE. A Taxa Selic como índice de correção 1 monetária dos juros de mora é perfeitamente possível, nos termos do que restou consolidado na Súmula n" 4 deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais- CARF. MULTA EXORBITANTE. AFRONTA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO NÃO CONFISCO — A análise de afronta a princípios constitucionais é de competência exclusiva do Poder Judiciário, sob pena de invasão de competência, nos termos da Súmula IV 2 do CARF. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS - LIMITAÇÃO de 30%. POSSIBILIDADE — A limitação de 30% para a compensação de prejuízos fiscais encontra amparo nos artigos 42 e 58 da Lei 8.981/95, bem como artigo 15 da Lei 9065/95. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. AS-PESSOA MONTE 0 / - Presidente IVETEy JOÃO CARLOS DE UM EDITADO EM: 23 NOV 201'1 OR - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro (Presidente da Turma ), João Carlos de Lima Júnior (Vice Presidente), José Sergio Gomes , Silvana Rescigno Guerra Barreto, Manoel Mota Fonseca (Suplente Convocado) e João Otavio Oppermann Thomé. Relatório Trata-se de auto de infração lavrado em 2004, visando a constituição e cobrança do IRPJ (fls. 08/24) e reflexos referentes aos períodos de 21/12/1999 a 31/12/2002, decorrente de omissão de receitas, no valor total de R$ 249.778,55 (duzentos e quarenta nove mil, setecentos e setenta e oito reais e cinqüenta e cinco centavos), incluindo o principal, os juros de mora e a multa de oficio no percentual de 75%, nos termos do art. 44, inciso 1, da Lei n°9.430/96. DC acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal a omissão de receitas, decorreu de suprimentos numerários feitos pelo sócio da empresa contribuinte, correspondente aos valores de: R$ 50.000,00, R$51.272,53, R$ 138.015,99 e R$ 60.601,57 ocorridos nos anos calendários de 1999 a 2002 respectivamente. Conforme Termo de Intirnação de fls 57-59, a Recorrente foi intimada a apresentar documentação hábil e idônea, que comprovassem a origem e a efetividade bancária dos valores dos empréstimos de caixa efetuados pela empresa ao sócio Sr. Vilson Hilesshein. Em atenção intimação, ntimação, em 06/11/03 a Recorrente apresentou esclarecimentos assinado pelo Sr. Nilton Roza Lopes, contador da empresa contribuinte, bem como outros documentos de fls. 68 a 141, quais sejam: Notas fiscais, Contratos de empréstimos e extratos bancários. Após a análise dos documentos apresentados pela Recorrente relacionados no demonstrativo de fls. 59, a Fiscalização entendeu que houve omissão de receitas, uma vez que os documentos apresentados não são hdbeis e idôneos para elucidar os suprimentos de caixa, lavrando, assim, os autos de infração de IRPJ e reflexos. Após a intimação da Recorrente, em 08/11/2004, ela apresentou suas impugnações de fls: 146 a 778, deduzindo, eM suma, as seguintes alegações: Que para chegar a conclusão de que ocorreu omissão de receita é imprescindível que ocorra a desqualificação da contabilidade do contribuinte. Se os valores estão devidamente registrados, sem qualquer anotação à margem, não é possível a fiscalização concluir que ocorreu omissão de receita, pois a contabilidade regular faz prova a favor do contribuinte. Que da simples leitura das ementas dos acórdãos do Conselho de Contribuintes percebe-se que, para caracterizar omissão de receita, é fundamental a ausência de escrituração, ou a contabilização irregular da operação. Que os suprimentos de numerários feitos pelos sócios da empresa são operações comuns e corriqueiras no mercado, que não pode ser objeto de qualquer indagação, principalmente quando os sócios comprovam a capacidade econômica, fruto de outra atividade empresari al. Que quanto ao empréstimo de R$ 51.272,53, de 26/10/1001, a origem está na venda de gado pelo Sr. Vilson para abate pela Cooperativa Agropecuária Sulcoop Ltda. e o fato dos documentos fiscais apontarem um valor urn pouco menor, não afasta a prova da capacidade econômica para realizar a operação de empréstimo. 3 Que com relação ao mútuo de R$50.000,00, há contratos formalizando a operação, e mais, recibos de pagamentos, os quais também são perfeitos, sem qualquer defeito formal ou jurídico apontado pelo auditor fiscal. Que em relação ao empréstimo de R$ 60.601,57, a Recorrente traz, em anexo, extrato bancário da conta corrente do 'Sr. Vilson, onde há débito de três valores, os quais somados totalizam a importância em questão. Concomitantemente, também é apresentado extrato da empresa, apontado o ingresso dos referidos valores. Que ainda foi autuada a iniportância de R$ 138.015,59, e que a empresa não cansa de repetir que não houve qualquer desclassificação do registro contábil, estando esta operação devidamente lançada nos livros fiseais. , Que na remotíssima hipotese de ser mantida a cobrança, cabe demonstrar a total improcedência de exigir juros de mora 'equivalentes A. taxa Selic uma vez que os juros de mora acabaram perdendo totalmente o caráter indenizatório, tendo característica de penalidade, eis que na apuração dos indices que medem a taxa Selic estão computadas as taxas de mercado utilizáveis para remuneração futura de ativos financeiros, trazendo um aumento real da obrigação, ferindo princípios do direito adquirido, da iiyetroatividade, da anterioridade, da estrita legalidade, da isonomia e dos não confisco. Por fim, que a multa de 75% é confiscatória, o que é vedado pelo art. 150, IV, da Constituição Federal, devendo ser reduzida para urn patamar que afaste a hipótese de confisco. Posteriormente, os autos foram remetidos â Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Santa Maria. que, por unanimidade de votos, rejeitou a preliminar de nulidade suscitada pela Recorrente e quanto ao mérito julgou procedentes em parte os lançamentos efetuados, mantendo os valores de R$ 47.316,12, R$ 1.230,37, R$ 17.035,96 e R$ 5.678,64, a titulo de cobrança do IRPJ, PIS, CSLL e COFINS, respectivamente, entendendo em suas razões que: A omissão de receita apurada em 01/06/1999, no valor de R$ 50.000,00, é incontroverso, uma vez que não foi contestado pela Recorrente e que, portanto, tal valor não seria mais objeto do litígio, permanecendo apenas os valores de R$ 51.272,53 R$ 60.601,57 e R$138.015,99. A preliminar de nulidade suscitada pela Recorrente é infundada, pois não ocorreu nenhuma das hipóteses de nulidade Previstas nos incisos I e II do art. 59 do Decreto n 70.235, de 6 de março de 1972 e, portanto, não merece ser acolhida. Em relação a omissão de receitas, esta restou caracterizada pela falta de comprovação da origem e/ou da efetiva entrega dos suprimentos, pois, de acordo com o art. 282 do RIR/1999, na hipótese de suprimentos de numerários efetuados pelas pessoas nele discriminadas, cabe â pessoa jurídica provar, corn documentos hábeis e idôneos, os registros de sua contabilidade, inclusive a efetiva entrega dos recursos no caixa da empresa, e sua origem, presumindo-se, quando não for produzida essa prova, que os recursos tiveram a origem em receita omitida na escrituração. A comprovação adequada implica a comprovação cumulativa e indissociável tanto da origem dos recursos na pessoa fisica dos supridores como o de sua efetiva entrega empresa, coincidentes em datas e valores. A'comprovação isolada da existência de numerdde 4 não da origem ou da efetiva entrega não são suficientes para desfazer a presunção de omissão de receita. Cabe a fiscalização efetuar o lançamento de acordo com a legislação aplicável, nos termos do artigo 142 do CTN, sob pena de responsabilidade funcional. Assim, existindo previsão legal que disciplina a presunção de omissão de receitas, cabe à fiscalização efetuar o lançamento e ao contribuinte provar a inexistência da imputada omissão. Após a análise dos autos, concluiu-se que somente restou comprovada a origem e a efetividade da entrega do suprimento de R$ 60.601,57 No que concerne ao valor de R$ 51.272,53 de 26/10/2001, as notas fiscais apresentadas provam que o sócio vendeu animais pelo valor de R$ 46.550,00, porém não comprovam que se destinou ao empréstimo. 0 extrato bancário de fls 185 não comprova a efetividade na entrega. Acerca do valor de R$ 138.015,99, a capacidade financeira do supridor não suficiente para comprovar a origem. Assim, as cópias das declarações de ajuste anual, Notas fiscais do Produtor e extrato bancários, não comprovam a origem dos recursos. As notas fiscais de pagamentos de despesas da empresa são l também insuficientes para comprovar que foram pagas efetivamente pelo sócio. Em relação aos argumentos em torno da inconstitucionalidade de leis e princípios constitucionais, cabe esclarecer que as questões relacionadas A suposta inconstitucionalidade de leis e aos princípios constitucionais alegados pela autuada, são questões que não podem ser analisadas pelo julgador da esfera administrativa. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. Por outro lado, cabe esclarecer que a aplicação das taxas de juros decorre de determinações de leis regulamente editadas, não havendo desobediência à Constituição Federal e/ou CTN, motivo pelo qual devem ser mantidos. Em relação à argumentação' de que a multa aplicada configura confisco, cabe esclarecer que a vedação à utilização de tribUto com efeito de confisco impede que o padrão de tributação seja insuportável ao contribuinte. E mais, dirige-se ao legislador, e não ao aplicador da lei. E por fim, .que em relação à afronta ao principio constitucional do não confisco a autoridade administrativa esta impedida de analisá-la, por se tratar de competência exclusiva do Poder Judiciário, sob pena de invasão de competência, o que fere a independências dos Poderes. Além disso, a vedação constitucional é quanto a utilização de tributos com efeito confiscatório, não se referindo à multa por atos ilícitos. Acrescenta-se, que a multa é penalidade pecuniária e ela, corno toda e qualquer penalidade, deve ser graduada na exata medida em que constranja o infrator a abster- se da prática da ilicitude que a penalidade visa coibir. Se o percentual fixado na lei parece exagerado, nem por isso pode ser conceituado como impagável, pois ninguém está obrigado a pagar tal multa, salvo se tiver infringido normas legais prévia e perfeitamente vigentes, como é o caso em pauta, motivo pelo qual a multa de oficio arbitrada em 75% deve ser mantida. 5 No tocante ao pedido de compensação dos prejuízos fiscais, o limite de 30% sobre o lucro liquido ajustado por compensação de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativas da CS LL está previsto nos artigos 42 e 58 da Lei n" 8.981. Por outro lado, no presente caso, é irrelevante a discussão sobre a matéria, pois a autuada não dispõe de saldo de prejuízos fiscais, nem de saldo de bases negativa de contribuição social para compensar. Por fim, com relação aos lançamentos decorrentes, tendo em vista que omissão de receita foi mantida parcialmente no IRPJ, os valores lançados a titulo de PIS, COFINS e CSLL também devem ser mantidos parcialmente. Intimada (fls. 800) da decisão que julgou procedentes em parte OS lançamentos, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário no dia 24/11/2006 (fls. 803/822), alegando, preliminarmente, que os autos deveriam ser remetidos A la Instância em razão da falta de apreciação da impugnação corn relação A receita no valor de R$ 50.000,00, considerada não contestada pela DRJ/STM, e no mérito, reiterou todas as razões expostas na impugnação. Em 17 de outubro de 2008, o Recurso apresentado foi apreciado por este Conselho que, por unanimidade de votos, anulou a decisão de primeira instância, remetendo os autos para novo julgamento. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Santa Maria, ao apreciar novamente o feito, manteve seu posicionainento, sanando a nulidade apontada e julgando procedente em parte os lançamentos. Inconformada, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 16 de fevereiro de 2010 repisando os mesmos argumentos utilizados em sua impugnação. É o relatório. 6 Voto Conselheiros JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Presentes as condições de admissibilidade do Recurso Voluntário, dele tomo conhecimento. Quanto â. preliminar de nulidade suscitada pela Recorrente por não haver nos autos prova da omissão de receita imputada, entendo que não assiste razão a Recorrente, uma vez que não vislumbro nos autos qualquer das hipóteses de nulidade previstas no artigo 59 do Decreto n° 70.235/72. A atuação foi procedida conforme as formalidades legais exigidas, especialmente aquelas contidas no artigo 10 Ido mesmo Decreto. Além do que, a ocorrência ou não da omissão de receita é questão de mérito, e será abordada a seguir. Diante do exposto, não iHierece ser acolhida a pretensão de nulidade dos Autos de Infração. No tocante a existência da omissão de receita, vejamos o que estabelece o artigo 282 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 - Decreto 3000/99: Art. 282. Provada a omissiio de receita, por indícios na escrituraçiio do contribuinte ou qualquer outro element() de prova, a autoridade tributária poderá arbitrá-la com base no valor dos recursos de caixa .fornecidos Cl empresa por administradores, sOcios da sociedade imio andnima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos nao forem comprovadamente demonstradas (Decreto-Lei n" 1.598, de 1977, art. 12, ,ss' 3', e Decreto-Lei n" 1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1", inciso II ). Da redação acima transcrita, resta claro que, para demonstrar a não ocorrência da omissão de receita deve o contribuinte comprovar a efetiva entrega como também a origem dos numerários, não bastando apenas a regular escrituração, conforme alega a Recorrente. Para tanto, a prova deve ser idônea, objetiva e precisa, apta a comprovar a razão dos valores movimentados em cada data, demonstrando a correlação lógica entre as datas e os valores apurados, a fim de dirimir qualquer dúvida quanto a proveniência das importâncias supridas. No que tange a omissão de receitas, em relação ao valor de R$ 50.000,00, os documentos trazidos pela Recorrente, quais sejam, o contrato de empréstimo de fis. 92 e 93 e os recibos de fis. 95 e 96, são insuficientes para comprovar a origem do recurso e a sua efetiva entrega. 0 mesmo ocorre em relação ao valor de R$ 51.272,53, em que as notas fiscais de fls. 181 e 182,0 contrato de empréstimo de fls. 98 e os extratos bancários de fls. 185, juntados aos autos pelo contribuinte, não são suficientes para comprovar a origem e a efetiva entrega dos suprimentos. 7 Oportuno se faz esclarecer que, o contrato de empréstimo somente demonstra haver uma relação jurídica entre o sócio e a empresa, e a existência de urn crédito, contudo, não é documento hábil para comprovar a real entrega do montante, bem corno sua origem. Quanto ao valor de R$ 138.015,99, as Declarações de Ajuste Anual, as notas fiscais de Produtor e os extratos bancários também são insuficientes para comprovar a origem do numerário, bem como a sua entrega. Isto posto, resta claro que a Recorrente não logrou êxito em comprovar a origem e a efetiva entrega dos suprimentos, ou seja, não demonstrou o equivoco da fiscalização quanto a imputação da omissão de receitas, razão pela qual deve ser mantida a autuação, bem como a cobrança dos valores mencionados. Em relação aos argumentos em torno da constitucionalidade da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — SELIC, cumpre esclarecer que o tema encontra-se sumulado por este Conselho, send() vejamos o disposto na Súmula n" 4 do CARP: A partir de 12 de abril de 1995, os juros moratários incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inaclimplencia, a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais Diante do exposto, os juros exigidos nos Autos de Infração devem ser mantidos. No que diz respeito à exorbitância da multa aplicada no percentual de 75%, que configura confisco e conseqüentemente fere o principio constitucional do não confisco, este Conselho já sumulou que é autoridade incompetente para analisar matéria constitucional, conforme se depreende da Súmula n" 2, a seguir transcrita: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributaria. Sendo assim, a multa de oficio dever ser mantida no percentual de 75%, não podendo ser afastada ou reduzida. No que se refere à limitação da compensação de prejuízos fiscais e da base de cálculo negativa da CSLL, a mesma encontra amparo legal nos artigos 42 e 58 da Lei 8.981/95, bem corno artigo 15 da Lei 9065/95, vejamos: Art. 42. A partir de 1" de janeiro de 1995, para efeito de clterminar o lucro real, o lucro liquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no nuiximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela clos prejuízos fiscais apurados ate 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão cio disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anos-calendário subseqüentes. Art. 58. Para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, o lucro liquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base de cálculo 8 corno voto. negativa, apurada cm períodos-base anteriores em, no máximo, trinta por cento. Artigo 15 da Lei 9065/95: Art. 15. 0 prejuízo fiscal apnrado a partir do encerramento do ano-calendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente coin os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro liquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro liquido ajustado. Sendo assim, a compensação de prejuízos fiscais e da base de cálculo negativa da CSLL está limitada legalmente ao percentual de 30% do lucro liquido ajustado, não podendo ser alterada. Por todo o exposto, voto pelo NÃO PROVIMENTO do Recurso Voluntário, mantendo o lançamento fiscal. JOÃO CARLOS IMA JUNIOR 9
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Numero do processo: 10820.002086/2003-66
Turma: Oitava Turma Especial
Câmara: Oitava Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Fri Jan 30 00:00:00 UTC 2009
Data da publicação: Fri Jan 30 00:00:00 UTC 2009
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 1999
EXCESSO NA DESTINAÇÃO AO FINOR
Como cediço, no processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que, busca-se descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação, é de se levar em conta, que a preclusão temporal, em razão dos princípios da busca da verdade material, da legalidade e da eficiência pode vir a ter sua aplicação mitigada nos julgamentos administrativos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 198-00.116
Decisão: ACORDAM os Membros da OITAVA TURMA ESPECIAL do PRIMEIRO CONSELHO de CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 1999 EXCESSO NA DESTINAÇÃO AO FINOR Como cediço, no processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que, busca-se descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação, é de se levar em conta, que a preclusão temporal, em razão dos princípios da busca da verdade material, da legalidade e da eficiência pode vir a ter sua aplicação mitigada nos julgamentos administrativos. Recurso Voluntário Provido.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2009-09-10T17:51:50Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-09-10T17:51:50Z; Last-Modified: 2009-09-10T17:51:50Z; dcterms:modified: 2009-09-10T17:51:50Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-09-10T17:51:50Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-09-10T17:51:50Z; meta:save-date: 2009-09-10T17:51:50Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-09-10T17:51:50Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-09-10T17:51:50Z; created: 2009-09-10T17:51:50Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2009-09-10T17:51:50Z; pdf:charsPerPage: 1217; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-09-10T17:51:50Z | Conteúdo => CCOI /798 Fls. te • MINISTÉRIO DA FAZENDA '31 hi •zt: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES OITAVA TURMA ESPECIAL Processo n• 10820.002086/2003-66 Recurso n" 156.170 Voluntário Matéria IRPJ - Ex(s): 1999 Acórdlo e 198-00.116 Sessão de 30 de janeiro de 2009 Recorrente LUIZ CAETANO PINO & CIA LTDA Recorrida 3* TURMA/DRJ-RIBEIRÃO PRETO/SP ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIDICA - IRPJ Exercício: 1999 EXCESSO NA DESTINAÇÃO AO FINOR Como cediço, no processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que, busca-se descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação, é de se levar em conta, que a preclusão temporal, em razão dos princípios da busca da verdade material, da legalidade e da eficiência pode vir a ter sua aplicação mitigada nos julgamentos administrativos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por LUIZ CAETANO PINO & CIA LTDA. ACORDAM os Membros da OITAVA TURMA ESPECIAL do PRIMEIRO CONSELHO de CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. MÁRIO SÉRGIO FERNANDES BARROSO Presidente Processo e 10820.002086/200346 CCOWT98 Acórdão n.• 19840.116 Fls 2 EDWAL CASONI Dirla ERNANDES JÚNIOR Relator FORMALIZADO EM: 23 MAR 2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JOSÉ DE OLIVEIRA FERRAZ CORRÊA e JOÃO FRANCISCO BIANC°70 . 2 Processo n° 10820.002086/2003-66 CC01/198 Acórdão n.° 198-00.116 Rs. 3 Relatório Cuida-se de Recurso Voluntário, apresentado pelo Recorrente acima qualificado, objetivando reformar a decisão 3 Turma da DRJ — Ribeirão Preto — SP, que julgou o lançamento procedente. O lançamento originou-se do Auto de Infração acostado às folhas 02 — 04, resultante de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias relatado à folha 03, do qual deprende-se que foram apuradas infrações quanto ao recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), recolhido a menor em razão do excesso na destinação de valores ao FINOR. Consoante relatório, temos que a Secretaria da Receita Federal analisou as informações referentes à opção de aplicação de parcela do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas nos sobreditos fundos de investimentos regionais, contidas na DIPJ, ano-calendário 1998, exercício de 1999, apresentadas pelo recorrente, sendo constatado que efetuou pagamentos no código específico do FINOR, com valores superiores àqueles pennitos pela Lei n°. 9.532/97. Relata ainda, que a ficha 16 da DIPJ99-AC 1998 (fl. 10), estampa valor de incentivo fiscal reconhecido pela SRF igual a R$ 11.917,46 (onze mil novecentos e dezessete reais e quarenta e seis centavos), e valor que foi considerado "recursos próprios" de R$ 1.954,57 (mil nove centos e cinqüenta e quatro reais e cinqüenta e sete reais). Naquela sede, destacou que a recorrente não solicitou a revisão de suas aplicações (Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais — PERC), e o prazo de fazê-lo findou-se em 28 de junho de 2002, de acordo com o Ato Declaratório Executivo CORAT n°. 32/2001. Diante disso, constatado-se excesso na destina* ao FINOR, resultou pagamento a menor do IRPJ devido, razão pela qual, com fundamento no artigo 4°, § 7°, da Lei n°. 9.532/97, lavrou-se os citados Autos de Infração lançando-se o crédito de oficio e se lhe aplicando multa no patamar de 75% (setenta e cinco por cento), mais juros de mora. Recorrente notificada em 12 de novembro de 2003 (fl. 18), apresentou Impugnação (fls. 20— 21), juntando documentos alegou, que em relação aos valores exigidos, procedeu verificação na DIPJ, ano-calendário/1998, exercício/1999 entregue em 30 de setembro de 1999 (fl. 39) e após análise detalhada das fichas 13 (fls. 40— 43), correspondentes ao cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real dos quatro trimestres de 1998, o total do IRPJ devido à alíquota de 15 % (quinze por centp), correspondeu a R$ 79.422,24 (setenta e nove mil quatrocentos e quarenta e dois reais e vinte e quatro centavos), sendo este o valor que serviu de base de cálculo para os incentivos fiscais, no caso, o FINOR. Com essas considerações, elaborou demonstrativo, pelo qual, concluiu que poderia ter destinado ao FINOR a quantia de R$ 14.296,00 (quatorze mil duzentos e noventa e seis reais), tendo recolhido R$ 13.872,03 (treze mil oitocentos e setenta e dois reais e três centavos). Processo n°10820.002086/2003-66 CCOI/T98 Acórdão n.• 198-00.116 Fls. 4 No mais, efetuou os recolhimentos nos prazos legais (fls. 44 — 46), e a SRF reconheceu apenas o valor e R$ 11.917,46 (onze mil novecentos e dezessete reais e quarenta e seis centavos), inexistindo a diferença apontada pelo Fisco, requerendo o cancelamento dos Autos de Infração. Impuganação conhecida. Lançamento julgado procedente nos termos do Acórdão de folhas 49 — 52, de inicio a eminente relatora esclarece à recorrente que a simples opção efetuada na declaração de rendimento e o recolhimento por meio da DARF, não garante o direito liquido e certo ao investimento no FINOR, tal procedimento sujeita-se ao crivo da malha cadastro, da qual resulta o extrato das aplicações em incentivos fiscais, que indica qual a situação do contribuinte em relação aos beneficios pretendidos. Do mencionado extrato, em havendo inconformismo, ao contribuinte resta apresentar à autoridade administrativa da Delagacia da Receita Federal de sua jurisdição, dentro do prazo fixado, Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais, momento em que poderia alegar e provar o que julgasse necessário. Com tais elucidações, a douta 3' Turma da DRJ de Ribeirão Preto, acordou que no caso proposto foi reconhecido à recorrente, para destinação no aludido FINOR a quantia de R$ 11.917,46 (onze mil novecentos e dezessete reais e quarenta e seis centavos), não R$ 13.872,03 (treze mil oitocentos e setenta e dois reais e três centavos) valor efetivamente recolhido, no entanto, a recorrente quedou-se, não apresentando pedido de revisão, o que acarretaria preclusão. Em razão disso, assentou, que aquela DRJ, apenas teria competência para apreciar Manifestação de Inconformidade da contribuinte contra decisão acerca do Pedido de Revisão. Com fundamento no artigo 4°, § 7°, da Lei n°. 9.532/97, julgou-se procedente o lançamento. Recorrente devidamente notificada em 15 de dezembro de 2006 (fl. 56), inconformou-se com a decisão, apresentando Recurso Voluntário, protocolizado em 29 de dezembro de 2006, subscrito por procurador regularmente habilitado, instrumento de mandato acostado à folha 65, Contrato Social às folhas 66 — 73. Das razões de recurso depreende-se, que a recorrente não concorda com a exigência dos valores estampados nos Autos de Infração, alegando, que estes há muito foram recolhidos e destinados ao fundo FINOR, e que suposto crédito tributário, deu-se em razão de divergências entre valores apurados pela SRF e os prestados nas DIPJ. Alegou ainda, que o Fisco preciptou-se, ao lançar o crédito com base tão somente em simples extrato emitido ao contribuinte, documento que alegou estar extraviado. No mais, reiterou que recolhera os valores com exatidão, sendo que, no quarto trimestre /1998, destinou quantia menor do que poderia fazê-lo, reiterando os argumentos expendidos em sede impugnatória, já relatados, alegou que a situção dos autos corresponde a bi tributação. Processo e 10820.00208612003-66 CCOUT98 Acórdão n.• 198-00.116 Fls. 5 Requerendo ao fim, que se declarare nulo o lançamento pela ocorrência da bi tributação, nulidade do Auto de Infração por assentar-se somente em preseunções, bem como, a insubsistência do crédito tributário. É o relatório. 9t( Processo n° 10820.002086/200346 CCOirrvs Acórdão n.°198-00.116 Eis. 6 Voto Conselheiro EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Relator • O recurso foi tempestivo e preenche as condições de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Como se pode extrair do relatório, aqui tratamos de lançamento de IRPJ recolhido a menor, em razão da destinação para o fundo FINOR em montante maior do que o reconhecido, acrescido de juros de mora e multa de oficio. Para o deslinde do feito, cumpre considerar, que ao recorrente foi destinado para aplicação nos fundos de investimentos regionais a quantia de R$ 11.917,46, (onze mil, novecentos e dezessete reais e quarenta e seis centavos), conforme estampado no extrato de folha 13, entretanto, destinou ao tal fundo a importância de R$ 13.827,03 (treze mil oitocentos e vinte e sete reais e três centavos). Não há como olvidar, que a Receita Federal reconheceu valor menor do que aquele efetivamente destinado, pelo que, ponderou o julgador do acórdão recorrido que cabia ao contribuinte insurgir-se por meio de Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (PERC), cujo prazo para apresentação encerrou-se em 28 de junho e 2002, de acordo com o Ato Declaratório Executivo CORAT n°. 32/2001, o próprio auditor fiscal já consignara, quando da lavratura do Auto de Infração, que o recorrente não apresentou a dita PERC. Em razão disso, o relator da decisão recorrida entendeu ocorrida preclusão do direito de o recorrente discutir na esfera administrativa a concessão do respectivo beneficio fiscal. Entretanto, vislumbro que assiste razão ao recorrente, quando este, aduz que o total do lucro real com incidência da alíquota de 15% (quinze por cento) é igual a R$ 79.422,24 (setenta e nove mil quatrocentos e vinte e dois reais e vinte quatro centavos), o que se constata com a soma dos valores do lucro real apurado trimestralmente, estampados nas DIPJ de folhas 91 —94. sendo, outrossim, passíveis de deduções, à luz do artigo 3 0, da Lei n°. 9.249/95, abaixo transcrito, in verbis: Artigo 3° - A alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas é de quinze por cento. § 1° - A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder o valor da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração sujeita-se à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. § 40 - O valor do adicional será recolhido intearalmente não sendo permitidas quaisquer deduções." (Grifei) Processo n• 10820.002086/2003-66 CCOlfr98 Acórdão n." 198-00.116 As. 7 É indiscutível que o incentivo fiscal de que tratamos nesses autos, se materializa mediante destinação de parte do valor do imposto para aplicação em fundo de investimento. A parcela destinada ao fundo, portanto, é deduzida do valor do imposto devido e não recolhida como receita da União, exatamente como fez o recorrente (vide DARF — fls. 95 — 96), por isso, nos termos da lei, apenas o adicional não integra a base de cálculo do incentivo, adicional este, que se apura na forma do artigo supracitado, e que no caso proposto não se verifica. Assim sendo, há que se levar em conta o que dispõe o artigo 4°, parágrafo 10, inciso 1, da Lei no. 9.532/97, vigente à época da destinação, com efeito, assim estabelece o dito artigo, litteris: • Artigo 4° - As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão manifestar a opção pela aplicação do imposto em investimentos regionais na declaração de rendimentos ou no curso do ano-calendário, nas datas de pagamento do imposto com base no lucro estimado, apurado mensalmente, ou no lucro real, apurado trimestralmente. (Revogado pela Medida Provisória n° 2.199-14, de 2001) § 1° A opção, no curso do ano-calendário, será manifestada mediante o recolhimento, por meio de documento de arrecadação (DARF) específico, de parte do imposto sobre a renda de valor equivalente a até: 1 - 18% para o F1NOR e FINAM e 25% para o FUNRES, a partir de janeiro de 1998 até dezembro de 2003; (grjfos meus) Do texto legal acima transcrito, resta evidenciado que ao contribuinte tributado com base no lucro real, facultava-se aplicar o imposto devido em investimentos regionais, que para o caso proposto (FINOR) poderiam ser alocados até 18 % (dezoito por cento), e como vimos, não há adicional sobre o qual não incida a dedução, pelo que, forçoso concluir como correta a destinação efetuada pelo contribuinte, com efeito, a tabela trazida pelo recorrente, abaixo reprisada, não nos permite verificação diversa, observe-se: TRIMESTRE IRPJ/15% FINOR/18% DESTINAÇÃO/FINOR 1° TRIM/1998 R$ 20.503,62 R$ 3.690,65 R$ 3.690,65 2° TR1M/1998 R$ 22.336,74 R$ 4.020,61 R$ 4.020,61 3° TRIM/1998 R$ 22.448,98 R$ 4.040,82 R$ 4.040,82 4° TRIM/1998 R$ 14.132,90 R$2.543,92 R$ 2.119,94 TOTAIS R$ 79.422,24 RS 14.296,00 R$ 13.872,03 Processo n° 10820.002086/2003-66 Cal /T98 Acórdão n.• 198-00.116 Fls. 8 Em se tratando dos valores efetivamente reconhecidos pela Receita Federal, e a não apresentação do pedido de revisão (PERC) por parte do recorrente, convém traçarmos duas considerações. Primeira delas respeita ao fato de não haver no documento de folha 13, por tratar-se de extrato da situação do contribuinte, como inferir o motivo pelo qual se reconheceu apenas o valor de RS 11.917,46, (onze mil, novecentos e dezessete reais e quarenta e seis centavos), sendo que, do lucro real auferido, estampados nas DIPJ, pode-se extrair valor superior, capaz de absorver a diferença lançada como IRPJ recolhido a menor, nos exatos termo da legislação então vigente. Segunda delas, trata-se de lançamento de oficio no qual este Conselho tem competência para analisar a regularidade do crédito tributário dessa forma como cediço, no processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que, busca-se descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação, é de se levar em conta, que a preclusão temporal, em razão dos princípios da busca da verdade material, da legalidade e da eficiência pode vir a ter sua aplicação mitigada nos julgamentos administrativos. Frente ao exposto, dou provimento ao recurso. Sala das Sessões - em 30 de janeiro de 2009. EDWAL CASONI RNANDES JUNIOR
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