Busca Facetada
Turma Camara- Terceira Câmara (2,252)
- Quarta Câmara (1)
- Terceira Seção De Julgame (2,250)
- Primeira Seção de Julgame (3)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,257)
- de (2,250)
- do (2,250)
- e (2,250)
- os (2,250)
- assinado (2,249)
- conselheiros (2,249)
- digitalmente (2,249)
- julgamento (2,249)
- membros (2,249)
- presidente (2,249)
- participaram (2,248)
- relator (2,239)
- walker (2,213)
- colegiado (2,194)
- por (2,144)
Numero do processo: 11020.903303/2012-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/02/2008 a 28/02/2008
RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO
Direitos creditórios pleiteados via Declaração de Compensação - Nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, essencial a comprovação da liquidez e certeza dos créditos para a efetivação do encontro de contas, comprovação esta que é ônus do contribuinte, sendo incabível a transferência da responsabilidade ao Fisco.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-005.629
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2008 a 28/02/2008 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Direitos creditórios pleiteados via Declaração de Compensação - Nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, essencial a comprovação da liquidez e certeza dos créditos para a efetivação do encontro de contas, comprovação esta que é ônus do contribuinte, sendo incabível a transferência da responsabilidade ao Fisco. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11020.903303/2012-14
anomes_publicacao_s : 201809
conteudo_id_s : 5904873
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.629
nome_arquivo_s : Decisao_11020903303201214.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 11020903303201214_5904873.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede.
dt_sessao_tdt : Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7430737
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:26:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050869720678400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1339; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.903303/201214 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.629 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de julho de 2018 Matéria RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente MECANICA COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/2008 a 28/02/2008 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Direitos creditórios pleiteados via Declaração de Compensação Nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, essencial a comprovação da liquidez e certeza dos créditos para a efetivação do encontro de contas, comprovação esta que é ônus do contribuinte, sendo incabível a transferência da responsabilidade ao Fisco. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 33 03 /2 01 2- 14 Fl. 145DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido e aproveitar esse crédito com débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB. Por meio de Despacho Decisório Eletrônico, a compensação pleiteada não foi homologada ante a ausência/insuficiência de créditos oponíveis contra a Fazenda Pública, uma vez que o pagamento indicado foi encontrado, encontrandose, todavia, totalmente alocado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado da decisão o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade alegando em sede de preliminar sua nulidade. No mérito, insurgiuse contra o caráter confiscatório da multa exigida, bem como contra a taxa Selic. A Delegacia Regional de Julgamento de Porto Alegre por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 10 049.310. Cientificada da Decisão da Delegacia Regional de Julgamento, a impugnante ingressou com RECURSO VOLUNTÁRIO junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, alegando, em síntese, que: ü A Decisão ora atacada deve ser de plano anulada por esta Colenda Câmara, uma vez que não respeitou os mais basilares princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos, pois ainda que levantados tais pontos na manifestação, os mesmos não foram devidamente apreciados, razão pela qual se impõe sejam eles devidamente analisados nesta instância de julgamento; ü A decisão elaborada não se presta a dar início ao contraditório administrativo, eis que, como visto, carente de fundamentação; ü Não houve qualquer diligência por parte da Fiscalização com o intuito de verificar a natureza do crédito postulado, sendo seu proceder tão somente na injustificada negativa do crédito pretendido e na retórica imposição do ônus da prova do crédito à Contribuinte; ü Pelo exposto, resta claro o prejuízo aos direitos da Contribuinte ao exercício de sua defesa, vez que impossibilitada de defenderse da forma apregoada no Texto Magno. Neste contexto, não pairam quaisquer dúvidas quanto ao direito dos administrados à ampla defesa Fl. 146DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 4 3 no processo administrativo, sendo este verdadeiro critério de validação dos atos e processos administrativos; ü A decisão recorrida, como visto, teve como fundamento a inexistência de crédito, porquanto o ônus da prova, quanto ao crédito, seria da Contribuinte. Nada mais equivocado, uma vez que, como veremos, o processo administrativo pautase pela verdade material ou verdade real, não havendo espaço para presunções legais ou mesmo de ‘verdades’ processuais decorrentes de eventual distribuição do ônus da prova; ü O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei ou melhor, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte; ü A inaplicabilidade da TAXA SELIC aos supostos débitos como juros de mora e a limitação dos juros de mora dada pelo código tributário nacional; ü A possibilidade do enfrentamento pelo tribunal administrativo do argumento de inconstitucionalidade de norma legal. DO PEDIDO Pelo exposto, requer a Recorrente seja dado integral provimento ao presente Recurso Voluntário, a fim de que sejam homologadas as compensações declaradas, reconhecendose a relevância dos fundamentos de fato e de direito ora encaminhados ao seu elevado crivo, com a consequente reforma do Acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.615, de 23 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.903279/201213, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.615): "Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a empresa MECÂNICA COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA foi cientificada Acórdão n° 1049.299, em 15/04/2014, via Aviso de Recebimento, às folhas 76 do processo digital. A empresa MECÂNICA COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA apresentou o seu Recurso Voluntário em 09/05/2014, às folhas 78 do processo digital. O recurso é tempestivo. Da controvérsia. Não respeito aos princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos; A decisão elaborada é carente de fundamentação; Ausência der diligência por parte da Fiscalização; A inexistência de crédito e o ônus da prova; O valor lançado a título de multa fere o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade; A inaplicabilidade da TAXA SELIC; O enfrentamento do argumento de inconstitucionalidade. Das preliminares. Não respeito aos princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos É alegado às folhas 03 do Recurso Voluntário: Fl. 148DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 6 5 A Decisão ora atacada deve ser de plano anulada por esta Colenda Câmara, uma vez que não respeitou os mais basilares princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos, pois ainda que levantados tais pontos na manifestação, os mesmos não foram devidamente apreciados, razão pela qual se impõe sejam eles devidamente analisados nesta instância de julgamento. Assim, de forma mais pormenorizada, passaremos em seguida a expor que a decisão que não homologou as compensações pretendidas pela ora Recorrente deixou de atender o requisito constitucional da fundamentação do ato administrativo, além de ferir os princípios também constitucionais da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal. Sem razão a Recorrente. O Acórdão n° 1049.299, ora guerreado, de pronto explicita o motivo pelo qual a Administração não homologou a compensação: os pagamentos tidos como indevidos foram localizados, mas já se encontram “integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp”. Portanto, a fiscalização aponta um fato preciso, certo e determinado que fulmina as pretensões da então impugnante. Reafirmando a própria argumentação do Voto exarado no Acórdão n° 1049.299, a fundamentação fática a pouco transcrita explicita o indeferimento do pleito, não necessitando de esclarecimento adicional, uma vez que os controles de conta corrente exercido pela autoridade administrativa indicavam a alocação para outro débito do suposto crédito oponível pela interessada. De outra sorte, a Recorrente não explicita o porquê que os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal foram desrespeitados. Assim sendo, por ora, tomase essa argumentação como mera retórica. A decisão elaborada é carente de fundamentação. É alegado às folhas 04 do Recurso Voluntário: Ora, Nobres Julgadores, como pode afirmar a Fiscalização que é inexistente o crédito que a Contribuinte pretende compensar se sequer possui meios de determinar qual seria a natureza deste crédito e sua origem??? Ademais, em atenção ao princípio processual administrativo da verdade material, o procedimento correto da Fiscalização, no caso em tela, seria intimar a Contribuinte para que prestasse informações sobre qual a origem do crédito postulado, bem como seu fundamento de validade. Isto porque não pode a Administração ‘presumir’ a inexistência de crédito e de plano não homologar as compensações declaradas pela Contribuinte. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 7 6 Todavia, este foi o nefasto procedimento da Administração que, desta maneira, emitiu decisão desprovida da necessária fundamentação que deve conter o Ato Administrativo. Digase ainda que a necessidade de fundamentação ou motivação dos atos administrativos é obrigatória para o exame de sua legalidade, finalidade e da moralidade administrativa. A argumentação esposada não guarda sintonia com o texto do Acórdão n° 1049.299, a começar pela motivação presente no Voto do Acórdão n° 10 49.299: os pagamentos tidos como indevidos foram localizados, mas já se encontram “integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp”. Portanto, o Acórdão n° 1049.299 contém uma fundamentação explicita que inaugura o próprio voto. No mais, depreendese da própria fundamentação transcrita que os créditos apontados pela empresa MECÂNICA COMERCIAL existem! Tanto é que já se encontram integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, e por esse motivo não se prestam a atender a pretensão pleiteada. Quanto à alegação de que o procedimento correto da Fiscalização, no caso em tela, seria intimar a Contribuinte para que prestasse informações sobre qual a origem do crédito postulado, digase, em tempo, que esse é o propósito tanto da Manifestação de Inconformidade como do próprio Recurso Voluntário e em ambos os casos a empresa MECÂNICA COMERCIAL se limitou a se valer de retórica, sem trazer fatos concretos que suportassem sua argumentação e/ou desabonassem a fundamentação trazida no Voto do Acórdão n° 1049.299. Em tempo, há que se diga, que o Voto do Acórdão n° 1049.299 já faz essa advertência ao então impugnante, empresa MECÂNICA COMERCIAL, ao citar e transcrever os artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72. Ausência de diligência por parte da Fiscalização. É alegado às folhas 11 do Recurso Voluntário: Frisase novamente que não houve qualquer diligência por parte da Fiscalização com o intuito de verificar a natureza do crédito postulado, sendo seu proceder tão somente na injustificada negativa do crédito pretendido e na retórica imposição do ônus da prova do crédito à Contribuinte. Desta maneira, resta prejudicado o contraditório administrativo e, consequentemente, o devido processo legal e, ainda, a ampla e irrestrita defesa da Contribuinte. A decisão da DRJ deveria exprimir o entendimento Fiscal quanto ao crédito postulado pelo Contribuinte, deixando claro qual o Juízo de Valor utilizado para sua não aceitação. Não houve qualquer diligência nesse sentido, porque a Delegacia Regional de Julgamento se convenceu da existência de fato preciso, certo e determinado que fulmina as pretensões da então impugnante. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 8 7 E como o Recurso Voluntário é árido em trazer elementos de prova que desabonem esse entendimento, não se percebe a necessidade de qualquer diligência, tomando essa demanda como uma tentativa de procrastinar o presente processo. Do mérito. A inexistência de crédito e o ônus da prova É alegado às folhas 11 do Recurso Voluntário: A decisão recorrida, como visto, teve como fundamento a inexistência de crédito, porquanto o ônus da prova, quanto ao crédito, seria da Contribuinte. Nada mais equivocado, uma vez que, como veremos, o processo administrativo pautase pela verdade material ou verdade real, não havendo espaço para presunções legais ou mesmo de ‘verdades’ processuais decorrentes de eventual distribuição do ônus da prova. Neste sentido, o artigo 333 do Código de Processo Civil, invocado pelo Juízo administrativo a quo, é manifestamente inaplicável ao procedimento administrativo. A comprovação dos fatos é o próprio objeto do processo administrativo, não havendo que se distribuir o ônus probatório entre as partes. (Negrito próprio) Como já mencionado em questão enfrentada alhures: os créditos apontados pela empresa MECÂNICA COMERCIAL existem! Tanto é que já se encontram integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, e por esse motivo não se prestam a atender a pretensão pleiteada. Por esse motivo, não paira para a fiscalização qualquer dúvida quanto à existência, qualidade, valor e destinação do crédito, não havendo motivos para a realização de diligência. Quanto à solicitação de perícia, o artigo 36 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, assim explicita: Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto no 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 1o Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder, e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de Fl. 151DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 9 8 complexidade dos trabalhos a serem executados (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 2o Indeferido o pedido de diligência ou de perícia, por terem sido consideradas prescindíveis ou impraticáveis, deverá o indeferimento, devidamente fundamentado, constar da decisão (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 18 e 28, com as redações dadas pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 3o Determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusarse de cumprilas. A Lei 9.874 que se aplica subsidiariamente ao Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, assim dispõe: Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. A relevância do fato é caracterizada por haver correspondência entre este e a situação enfocada no processo, bem como por seu reconhecimento desencadear efeitos jurídicos peculiares. A pertinência, por sua, vez, diz respeito ao relacionamento entre o fato e a lide instalada. O mesmo se pode dizer da concludência, entendida como a possibilidade de conduzir o julgador à conclusão acerca dos fatos discorridos no processo. Fato concludente, nessa concepção, não significa o enunciado que, por si só, seja suficiente para formar a convicção do julgador, mas todo fato que, ao lado de outros, possa atuar como argumento para a procedência ou improcedência da demanda, em nada se distinguindo do chamado fato pertinente. Considerado fato inconcludente aquele que leva ao convencimento da ocorrência ou inocorrência de situações não envolvidas na discussão processual (fato impertinente), sua prova seria totalmente inócua. Nesse ponto, notase o intrínseco relacionamento entre os requisitos do fato susceptível de ser objeto de prova e a função que a prova assume no sistema jurídico: sendo destinada ao convencimento do julgador, só tem cabimento a realização de enunciação probatória relativa a fatos que possam levar a essa persuasão. Não foi apresentado qualquer fato, motivo ou justificativa relevante que propiciasse a realização da perícia, a luz do que já foi exposto, mesmo porque toda perícia tem por objetivo auxiliar o julgador na formação de sua melhor convicção racional e na busca da verdade material, ação que já se processou. Das penalidades. Da arguição de confisco e desrespeito aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 10 9 Quanto ao princípio do nãoconfisco, e por conseguinte o princípio da razoabilidade – proporcionalidade, agasalhase o entendimento o de que vem a ser essa uma limitação imposta pelo Legislador constituinte ao Legislador infraconstitucional (ordinário), portanto, não se podendo dizer que o princípio esteja direcionado à Administração Tributária. A inaplicabilidade da TAXA SELIC Sobre o assunto, o art. 161, § 1º, do CTN, abaixo reproduzido, outorga à lei a faculdade de estabelecer os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento, fixando o percentual de 1% na hipótese de a lei não dispor de forma diversa. Art. 161 O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantias previstas nesta Lei ou em lei tributária”. §1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês. Em atenção a tal dispositivo, a Lei nº 9.430/96, em seu art. 61, § 3º, estabeleceu expressamente, para o cálculo dos juros de mora, a aplicação da taxa Selic. Oportuno registrar, conforme reconhecido pela interessada, que, sobre o assunto, já existe Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (antiga súmula do Conselho de Contribuintes, renumerada pela Portaria CARF nº 106, de 21/12/2009), como segue: Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, estando a exigência devidamente fundamentada, conforme já anteriormente mencionado, não cabe a este órgão administrativo perquirir da legalidade ou inconstitucionalidade dessa norma, uma vez que, enquanto esta não é declarada inconstitucional pelos órgãos competentes do Poder Judiciário e não é expungida do sistema normativo, tem presunção de validade, presunção esta que é vinculante para a administração pública. Portanto, é defeso aos órgãos administrativos jurisdicionais, de forma original, reconhecer alegação de ilegalidade ou inconstitucionalidade de disposições que fundamentam o lançamento, ainda que sob o pretexto de deixar de aplicálas ao caso concreto. Nesse mesmo sentido, está, como já citado, o art. 26A do Decreto nº 70.235/72. Confirmando este posicionamento, já foi editada Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (antiga súmula do Conselho de Contribuintes, renumerada pela Portaria CARF nº 106, de 21/12/2009), dispondo, in verbis: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 11 10 Todavia, ainda que nos fosse possível enveredar por tais caminhos, cumpririanos lembrar que a jurisprudência do STJ já há muito se consolidou no sentido da legitimidade da aplicação da SELIC nos créditos tributários, como é possível depreender dos julgados abaixo: AgRg no Ag 932732 PRIMEIRA TURMA – Julgado em 18/12/2008: “1. Os créditos tributários recolhidos extemporaneamente, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1995, a teor do disposto na Lei 9.065/95, são acrescidos dos juros da taxa SELIC, operação que atende ao princípio da legalidade.(...)” REsp 1028724 PRIMEIRA TURMA – Julgado em 06/05/2008: “(...) 10. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários.(...)” REsp 1086308 SEGUNDA TURMA – Julgado em 09/12/2008: “(...) 2. É legítima a utilização da taxa Selic como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07).(...)” Diante da mais recente jurisprudência, não haveria como considerar de outra forma. E, como argumento de reforço no sentido da aplicação justa, vale observar que o STJ posicionase no sentido da aplicação da SELIC tanto a favor da Fazenda Pública, quanto a favor dos contribuintes, como se depreende do julgado abaixo: AgRg no Ag 599960 – SEGUNDA TURMA – Julgado em 07/12/2004: “(...)A Primeira Seção deste egrégio Superior Tribunal de Justiça, na assentada de 14.05.2003, consolidou o entendimento no sentido da aplicação da Taxa SELIC, na restituição/compensação de tributos, a partir da data da entrada em vigor da lei que determinou sua incidência no campo tributário, conforme dispõe o artigo 39 da Lei n. 9.250/95.(...)” Também não merece prosperar a alegação de que o CTN, no art. 161 §1o, estabelece taxa de 1% e que uma norma com força de lei complementar não poderia ser contrariada ou modificada por uma lei ordinária, pois que o próprio texto do código já excepciona sua aplicabilidade: CTN Art. 161 § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (grifo nosso) Passando à questão da revogação dos arts. 34 e 35 da Lei 8.212/91 pela MP 449/08, temos que, inicialmente, estabelecer a natureza dos juros de mora ora revogados. Há de se explicitar que os juros de mora não têm caráter punitivo, mas sim, de compensação pela falta de disponibilidade dos recursos por parte da Fazenda. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 12 11 Destarte, no que tange a retroatividade, as regras de aplicação da legislação tributária previstas art. 106 inciso II do CTN não alcançam os juros de mora, fazendo valer a regra geral de aplicação temporal das leis tributárias prevista no art. 144 do mesmo diploma legal: CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Inobstante o fato de a mudança trazida pela nova legislação ser muito pouco significante (diferença de apenas 1% aplicável no mês do recolhimento) tal mudança não se opera retroativamente, continuando a valer a metodologia vigente à época do fato gerador. Não há, portanto, como acatar o afastamento da taxa Selic no cálculo dos juros de mora. O enfrentamento do argumento de inconstitucionalidade. A presente questão relacionase com as hipóteses de aplicação, pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, de norma declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso, quando não há resolução do Senado Federal ou ato do Secretário da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RF), dispensando a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional. No Brasil, em regra, o controle de constitucionalidade de leis e atos normativos compete ao Poder Judiciário e pode realizarse por duas vias distintas: a concentrada (controle abstrato) e a difusa (controle concreto). Na via concentrada, a constitucionalidade da norma é examinada em tese e o que se busca é expelir do sistema jurídico o ato inconstitucional. Não se cuida do julgamento de uma relação concreta, mas sim da validade de uma norma em abstrato frente à Constituição. É por isso que, nesse âmbito, a declaração de inconstitucionalidade tem eficácia objetiva (erga omnes), o que impossibilita a aplicação da norma viciada pelos órgãos de julgamento administrativo. Por outro lado, no controle difuso, o autor da ação não procura a tutela do Poder Judiciário preocupado com a inconstitucionalidade da lei em tese. Seu objetivo é a efetivação de determinado direito subjetivo concreto, exigível em face de alguém. A questão constitucional é apreciada apenas de forma acessória, incidental, a fim de que o Poder Judiciário possa decidir o mérito da causa, reconhecendo ou não o direito subjetivo do autor. Disso se extrai que, na via difusa, a declaração de inconstitucionalidade de ato normativo proferida no bojo de decisão judicial definitiva só alcança as partes do processo (eficácia inter partes) e, por consequência, não vincula objetivamente os órgãos de julgamento administrativo – a não ser na hipótese prevista no art. 52, inciso X, da Constituição Federal (resolução do Senado Federal), ou, no caso das Delegacias de Julgamento da Receita Federal do Brasil, na hipótese prevista no art. 4º, parágrafo único, do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. Essa última exceção merece maior detalhamento, pois se relaciona diretamente com a questão apresentada. O art. 77 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, autorizou o Poder Executivo a disciplinar as hipóteses em que a Administração Tributária federal Fl. 155DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 13 12 pode afastar a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional por decisão definitiva do STF: Art. 77. Fica o Poder Executivo autorizado a disciplinar as hipóteses em que a administração tributária federal, relativamente aos créditos tributários baseados em dispositivo declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, possa: I absterse de constituílos; II retificar o seu valor ou declarálos extintos, de ofício, quando houverem sido constituídos anteriormente, ainda que inscritos em dívida ativa; III formular desistência de ações de execução fiscal já ajuizadas, bem como deixar de interpor recursos de decisões judiciais. A regulamentação de tal dispositivo legal veio com o referido Decreto nº 2.346/1997, que, em seu art. 4º, estabeleceu o seguinte: Art. 4º Ficam o Secretário da Receita Federal e o Procurador Geral da Fazenda Nacional, relativamente aos créditos tributários, autorizados a determinar, no âmbito de suas competências e com base em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal que declare a inconstitucionalidade de lei, tratado ou ato normativo, que: I não sejam constituídos ou que sejam retificados ou cancelados; II não sejam efetivadas inscrições de débitos em dívida ativa da União; III sejam revistos os valores já inscritos, para retificação ou cancelamento da respectiva inscrição; IV sejam formuladas desistências de ações de execução fiscal. Parágrafo único. Na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, na hipótese de o Secretário da Receita Federal do Brasil determinar o afastamento da aplicação de lei, tratado ou ato normativo federal declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso, os julgadores das DRJs ficam vinculados a essa determinação. Tratase aqui de interpretação do parágrafo único do dispositivo à vista do caput. No entanto, a Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, alterou o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, retirando a vedação antes existente de afastamento de aplicação de acordo internacional, lei ou decreto, sob o fundamento de inconstitucionalidade, somente para os casos em que a norma já tenha sido declarada inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 14 13 Tal alteração gerou divergência de entendimento acerca da possibilidade de extensão dos efeitos subjetivos de declaração de inconstitucionalidade aos processos administrativos em curso na RFB nas hipóteses em que não se verificam as mencionadas vinculações objetivas, ou seja, fora dos casos previstos no art. 52, inciso X, da Constituição Federal, e no art. 4º, parágrafo único, do Decreto nº 2.346/1997. De um lado, estão os que defendem que sim, que, em determinados casos, os julgadores das DRJs podem afastar a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso. Fundamentamse, para tanto, na interpretação do §6º, inciso I, do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (redação dada pela Lei nº 11.941/2009): Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; Entendem, portanto, que tal dispositivo, por ser posterior ao Decreto nº 2.346/1997, tacitamente revogou o seu art. 4º, que exigia a edição de ato do Secretário da RFB que autorizasse a não aplicação de norma declarada inconstitucional, com base em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Argumentam também que persistir na aplicação de dispositivos legais cuja inconstitucionalidade vem sendo reiteradamente declarada incidentalmente pelo STF traria prejuízos futuros à Fazenda Pública, em razão de eventuais ônus sucumbenciais. A rigor, o caput do artigo 26A do Decreto nº 70.235/72 veda aos órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação de ato normativo sob fundamento de inconstitucionalidade. No entanto, o inciso I do §6º desse mesmo artigo, dispõe que tal vedação não se aplica a ato normativo “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do STF”. A par disso, para a primeira corrente temse que é perfeitamente cabível o entendimento de que o inciso I do §6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 estaria circunscrito às decisões tomadas em controle concreto ou difuso de constitucionalidade. Não se vislumbra possível interpretar a vedação de que trata o caput do artigo 26A no sentido de que estaria se referindo às decisões proferidas em controle abstrato ou concentrado de constitucionalidade, porquanto isso significaria esvaziálo de conteúdo, em afronta ao postulado hermenêutico de que não se deve interpretar uma norma de modo a negarlhe aplicabilidade. Afinal, não se pode perder de vista que as declarações de inconstitucionalidade em abstrato excluem a norma viciada do mundo jurídico (em regra, com efeitos ex tunc). Nesse sentido, referida norma não poderia mais ser aplicada pelos órgãos de julgamento administrativo, independentemente do disposto no inciso I do §6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 Ademais, importa salientar que não se quer dizer que o inciso I do §6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 determina que os órgãos de julgamento Fl. 157DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 15 14 administrativo neguem aplicação a ato normativo “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do STF” em controle difuso. O que ele faz é afastar a vedação prevista no caput do artigo. Assim, concluindo, para esta corrente o inciso I do §6º permite que os órgãos de julgamento administrativo deixem de aplicar ato normativo “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do STF” em controle difuso. Por outro lado, tem os que são contrários à possibilidade de os julgadores das DRJs afastarem a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso. Defendem que, em face do princípio da legalidade, nenhuma autoridade administrativa pode negar aplicação a norma vigente; que, para tal negativa, fazse necessário que referida norma seja devidamente excluída do ordenamento jurídico – quer por sua revogação, quer por declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, quer ainda na hipótes2e do art. 52, inciso X, da Constituição Federal –, ou que seja ela objeto do ato do Secretário da RFB previsto no art. 4º do Decreto nº 2.346/1997. Em reforço, os adeptos dessa segunda corrente mencionam a Solução de Consulta Interna nº 5 Cosit, de 03 de março de 2009, que consigna em seu parágrafo 17 e 18: 17. Diante desse fato, a Administração Tributária Federal deve reconhecer que, uma vez declarada a inconstitucionalidade das disposições contidas no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, mesmo que em decisão de controle difuso pelo STF, também está prejudicado o comando previsto no art. 10 do Decreto nº 4.524, de 2002, na parte em que define o faturamento (receita bruta) como sendo a totalidade das receitas auferidas pelas pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas exercidas e da classificação contábil adotada para a escrituração das receitas, em relação às pessoas jurídicas detentoras de declaração de inconstitucionalidade prolatada pelo Poder Judiciário, por ser o mencionado Decreto norma de caráter apenas regulamentar. 18. Entretanto, as pessoas jurídicas enquadradas no regime cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, que não possuam quaisquer medidas judiciais declaratórias da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo promovida pelo disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, continuam obrigadas aos recolhimentos mensais das referidas contribuições, tendo como base de cálculo o montante do faturamento (receita bruta) entendido como a totalidade das receitas auferidas, sendo irrelevantes o tipo de atividade por elas exercida e a classificação contábil adota para as receitas. (o grifo é do original) É de se registrar que, recentemente, foram aprovados pelo Ministro da Fazenda os Pareceres PGFN/CRJ nº 492/2010, de 22 de março de 2010, e o Parecer PGFN/CDA nº 2.025, de 27 de outubro de 2011. O primeiro concluiu no sentido de que a PGFN: (i) não mais apresente recursos, ordinários ou extremos, contra as decisões judiciais, desfavoráveis à Fazenda Nacional, que se mostrarem consentâneas com precedente judicial formado sob a nova sistemática de julgamento prevista nos arts. 543B e 543C do CPC; (ii) não mais interponha RESP/RE contra acórdãos proferidos em consonância com jurisprudência reiterada e pacífica do STF/STJ (indicada em lista elaborada e divulgada, periodicamente, pela CASTF/CRJ); (iii) não mais interponha agravo regimental contra decisões monocráticas de Relator (dos TRF´s, do STJ ou do Fl. 158DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 16 15 STF) que, com respaldo em jurisprudência reiterada e pacífica daqueles Tribunais Superiores (indicada em lista elaborada e divulgada, periodicamente, pela CASTF/CRJ), também adotada pela respectiva Turma, neguem seguimento a recursos, nos termos do art. 557 do CPC; (iv) não mais apresente impugnação/contestação contra pedido(s) formulado(s) com respaldo em precedente judicial oriundo de julgamento submetido à sistemática prevista nos arts. 543B e 543C do CPC. Por seu turno, o Parecer PGFN/CDA nº 2.025/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda, estabeleceu orientações a serem observadas pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pelos demais órgãos do Ministério da Fazenda, quando caracterizada hipótese de dispensa de contestação e recursos, bem como desistência dos já interpostos, de que trata a Portaria PGFN nº 294/ 2010. Em resumo, como conseqüência da aprovação dos referidos Pareceres pelo MF, a Receita Federal do Brasil passa a estar vinculada às decisões do STJ e STF nas causas repetitivas julgadas na forma dos arts. 543B e 543C do CPC, quando não houver ressalvas por parte da PGFN. No entanto, discutese, ainda, se essa vinculação ocorre para as atividades de julgamento, considerandose que o Parecer PGFN/CDA nº 2.025/2011 trata de aplicação às atividades de constituição e cobrança de créditos no âmbito da RFB, nada mencionando sobre a hipótese de julgamento administrativo. Observase que, até a edição da Lei nº 11.941/2009, que introduziu o § 6º do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, a posição majoritária na Primeira Instância do contencioso administrativo era no sentido de não afastar a aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso. A partir dessa alteração legal, essa tendência já não se confirma, uma vez que são identificadas várias decisões que defendem o afastamento da aplicação de ato normativo quando o caso se subsume ao disposto no § 6º, I, do art. 26A do Decreto nº 70.235/72. Decisões favoráveis ao não afastamento aplicação de ato normativo declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso: Trecho de ementa: CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES. A decisão do STF em sede de controle difuso de constitucionalidade tem efeito apenas entre as partes, ou seja, não beneficia terceiros não integrantes da lide; para que essa decisão tenha efeitos erga omnes deve haver edição de Resolução do Senado suspendendo a execução do dispositivo declarado inconstitucional, ou, em outra hipótese, para que decisões da espécie obriguem a administração pública ao seu cumprimento, carece que a inconstitucionalidade seja declarada em controle concentrado ou que o STF edite súmula vinculante, nos termos da Lei nº 11.417, de 2006. (Acórdão DRJ/CTA nº 06 34.502, 24/11/2011) Trecho de ementa: EFEITOS DE DECISÕES JUDICIAIS. INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. SÚMULA VINCULANTE. As decisões judiciais produzem efeitos somente às partes envolvidas. A declaração incidental de inconstitucionalidade possui efeito erga omnes quando advinda de Resolução do Senado Federal ou mediante Súmula Vinculante Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11020.903303/201214 Acórdão n.º 3302005.629 S3C3T2 Fl. 17 16 do Supremo Tribunal Federal. (Acórdão DRJ/FNS nº 0726.431, de 27/10/2011) Trecho de ementa: ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. (Acórdão DRJ/FNS n° 07 19.634, de 23/04/2010) Trecho de ementa: COISA JULGADA MATERIAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO DO SENADO. SEGURANÇA JURÍDICA. INAFASTABILIDADE. A segurança jurídica, como direito fundamental, é limite que não permite a anulação do julgado, sobretudo na esfera administrativa, ainda que a norma legal que serviu de pressuposto à decisão judicial tenha sido posteriormente acoimada de inconstitucionalidade, em decisão do STF. (Acórdão DRJ/CTA nº 0615.022, 15/08/2007) Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Contribuinte. É como voto." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 160DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.004019/2010-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 02/06/2009
Ementa:
MULTA POR CESSÃO DE NOME - ART. 33 DA LEI 11.488/2007
A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com intuito de ocultar os reais intervenientes ou beneficiários sujeita-se à multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo esta ser inferior a R$ 5.000,00, nos termos do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007.
Numero da decisão: 3302-006.012
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Vinícius Guimaraes (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201809
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 02/06/2009 Ementa: MULTA POR CESSÃO DE NOME - ART. 33 DA LEI 11.488/2007 A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com intuito de ocultar os reais intervenientes ou beneficiários sujeita-se à multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo esta ser inferior a R$ 5.000,00, nos termos do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 29 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10920.004019/2010-87
anomes_publicacao_s : 201810
conteudo_id_s : 5920628
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 30 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-006.012
nome_arquivo_s : Decisao_10920004019201087.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10920004019201087_5920628.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Vinícius Guimaraes (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
id : 7482818
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:29:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050869728018432
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1729; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 307 1 306 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.004019/201087 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.012 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de setembro de 2018 Matéria Interposição Fraudulenta na Importação Recorrente D&A COMERCIO E SERVICOS IMP E EXP LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 02/06/2009 Ementa: MULTA POR CESSÃO DE NOME ART. 33 DA LEI 11.488/2007 A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com intuito de ocultar os reais intervenientes ou beneficiários sujeitase à multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo esta ser inferior a R$ 5.000,00, nos termos do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Vinícius Guimaraes (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Tratase de Auto de Infração para aplicação de multa igual ao valor comercial da mercadoria de que trata o artigo 83, I da Lei nº 4.502/1964 (artigo 704 do RA/2009), multa de 1% do valor aduaneiro pela omissão e prestação de informação inexata ou incompleta de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 40 19 /2 01 0- 87 Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10920.004019/201087 Acórdão n.º 3302006.012 S3C3T2 Fl. 308 2 natureza administrativotributária e a multa de 10% por cessão de nome de que trata o artigo 33 da Lei 11.488/2007, por ocultação do real adquirente em importação declarada como própria pela D&A, ocultando a suposta real adquirente PLANET INDÚSTRIA METALMECANICA LTDA. Em impugnação, a recorrente aduziu que: 1. Preliminarmente, a nulidade da autuação por falta de competência da autoridade fiscal, por não haver MPFF específico de Revisão Aduaneira; a nulidade por excesso de prazo na conclusão procedimental; a nulidade por aplicação da multa prevista no artigo 704 do RA/2009, quando deveria ter aplicado a pena de perdimento, uma vez que não havia prova do consumo da mercadoria e por ser penalidade mais específica; a necessidade de comprovação do consumo da mercadoria; ilegitimidade passiva, uma vez que a pena de perdimento deveria ser aplicada em face do real adquirente e não do importador ostensivo; nulidade da autuação por erro no enquadramento legal para aplicação da multa de 10%; 2. No mérito, as premissas fáticas adotadas pela fiscalização são errôneas, visto que a recorrente não omitiu o CNPJ do encomendante, mas foi impedida pelo sistema de incluílo; na modalidade por encomenda, o limite do RADAR deve ser computado como de importador e não do encomendante; a habilitação simplificada para pequena monta limita apenas as importações próprias, mas não as por encomenda; 3. A recorrente cumpriu todos os requisitos do ADI nº 7/2002, para a caracterização da recorrente como adquirente da mercadoria, tratandose de importação própria para revenda a encomendante prédeterminado; 4. Não houve a comprovação da interposição fraudulenta, por não ter havido a comprovação da indisponibilidade financeira da recorrente; 5. A ausência do elemento danoso e falta de recolhimento do tributo; 6. A relevação da pena de perdimento; 7. A aplicação do artigo 112 do CTN; 8. Caso se mantenha a multa aplicada, esta deve ser reduzida ao seu valor aduaneiro. A responsável solidária foi cientificada (efl. 135), mas não consta a peça impugnatória nos autos. Apresentada a impugnação, a DRJ proferiu o Acórdão nº 1650.676, julgando parcialmente procedente a impugnação, afastando a aplicação da multa de 1% sobre o valor aduaneiro de que trata o inciso III do artigo 711 do RA/2009 e a multa regulamentar do IPI de que trata o artigo 83, inciso I da Lei nº 4.502/1964, mantendo, por outro lado, a multa por cessão de nome de que trata o artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: 1. A nulidade do Auto de Infração por ausência de Mandado de Procedimento Fiscal específico para a revisão aduaneira; Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10920.004019/201087 Acórdão n.º 3302006.012 S3C3T2 Fl. 309 3 2. A necessidade de comprovação do consumo para aplicação da multa do artigo 704 do RA; 3. A caracterização da importação por encomenda, não havendo ocultação do encomendante; 4. A ausência do elemento danoso; 5. A necessidade de aplicação da penalidade mais favorável, ou seja, a aplicação da multa de 1% por prevista no inciso III do artigo 711 do RA; 6. A inocorrência de ocultação do real encomendante, a ausência de cessão, a nulidade de fundamentação para aplicação da multa de 10%, a vedação ao confisco concernente à penalidade aplicada. Na sessão de 24/05/2017, esta turma, em outra composição, converteu o julgamento em diligência para que o setor SEDOC/CARF juntasse o documento que atestasse a tempestividade da peça recursal, tendo sido respondido que o envio da peça processual via malote encaminhado pela unidade da RFB não continha o documento requerido. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso voluntário interposto pela D&A COMERCIO E SERVICOS IMP E EXP LTDA atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Destaca se que a responsável solidária PLANET INDÚSTRIA METALMECANICA LTDA não apresentou impugnação ao lançamento, sendo considerada revel. Antes de adentrarmos na análise das razões recursais, é necessário delimitar o litígio. A decisão de primeira instância julgou o Auto de Infração parcialmente procedente, mantendo a multa por cessão de nome no valor de R$ 5.000,00 (originais) e afastando a exigência da multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria, com capitulação no inciso III, do artigo 711 do Regulamento Aduaneiro Decreto 6759/2009 e da multa regulamentar do IPI com capitulação no art. 83, inciso I, da Lei no 4.502/64, não havendo recurso de ofício interposto. Assim, a alegação concernente à necessidade de comprovação de consumo para aplicação da multa do artigo 704 do RA/2009 perdeu seu objeto, uma vez que tal multa foi exonerada pela decisão recorrida. Quanto às demais alegações, embora se refiram a todo o momento à pena de perdimento, este voto apenas abordará os argumentos da recorrente que se vincularem à infração de cessão de nome, já que as demais infrações foram exoneradas. Preliminarmente, a recorrente pugnou pela incompetência da autoridade fiscal e nulidade da autuação por ausência do MPF específico para revisão aduaneira. Ocorre Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10920.004019/201087 Acórdão n.º 3302006.012 S3C3T2 Fl. 310 4 que no Termo de Verificação Fiscal restou consignado que houve a emissão de MPF para revisão aduaneira, conforme excerto abaixo extraído da efl. 114: "Ultrapassada a possibilidade de aplicação da pena de perdimento, e em vista das informações coletadas no procedimento fiscal que permitiram concluir pela simulação continuada de importações por conta própria, o procedimento fiscal foi estendido e convertido em revisão aduaneira pelo MPF n° 09202002010005320 REGIONAL, código de acesso 1937696. Ademais, salientase que o MPF é um instrumento administrativo, cujo descumprimento poderia levar a efeitos administrativofuncionais, mas não é requisito essencial do lançamento, nem altera a competência do auditor fiscal para a lavratura do Auto de Infração, cuja atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do parágrafo único do artigo 142 do CTN. Destacase ainda que a Lei nº 10.593/2002, em seu artigo 6º, dispõe sobre a competência do auditor fiscal, estabelecendo que o Poder Executivo poderia regulamentar as atribuições, o que foi efetivado pelo Decreto nº 6.641/2008, que em seu artigo 2º1 dispôs sobre a competência para constituir o crédito tributário e praticar os atos relacionados ao controle aduaneiro etc. Já a Portaria RFB nº 11.371/2007, instituidora do MPF, disciplinou apenas a forma como seriam emitidos os procedimentos fiscais, não se imiscuindo na competência legal conferida ao auditor fiscal, nem configurando requisito essencial do lançamento, nos termos do artigo 10 do Decreto nº 70.935/1972. Neste sentido, citase Acórdão nº 9101001.798, proferido em 19/11/2013, pela Câmara Superior de Recurso Fiscais, cuja ementa, parcialmente, transcrevese: NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração. Ainda em preliminares, a recorrente invocou a nulidade da autuação por erro na fundamentação legal, citando diversos artigos do RA/2009 relativos a exportações, perdimento de moeda etc. Todavia, o Auto de Infração deixa evidente que a aplicação da multa por cessão de nome no valor de R$ 5.000,00 foi aplicada com fulcro no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, conforme disposto na efl. 122. 1 Art. 2o São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições [...] c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10920.004019/201087 Acórdão n.º 3302006.012 S3C3T2 Fl. 311 5 No mérito, a recorrente, essencialmente, refuta a ocorrência de ocultação do real adquirente, como causa para a infração de cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários. A acusação fiscal é de que houve interposição fraudulenta na operação que culminou no registro da DI nº 09/06912380, em 02/06/2009. Afirmou a fiscalização que a recorrente realizou diversas importações por conta e ordem da PLANET DENIM como real adquirente, no período de 26/02/2008 a 24/01/2010, sendo que mercadorias similares às objeto da importação em julgamento foram importadas desde 29/05/2008, inclusive do mesmo fornecedor OEM Collecting Industrial Co Limited da China, em julho e setembro de 2009. Na escrituração contábil, a recorrente registrou os valores depositados pela PLANET DENIM como adiantamentos de importações por conta e ordem nos dias 02/06/2009, 03/06/2009 e 04/06/2009. As demais importações ocorridas antes e depois desta DI indicavam a PLANET DENIM como real adquirente e as mercadorias como estoque em poder de terceiros, ao passo que as mercadorias importadas pela DI em análise foram escrituradas como mercadorias para revenda, tendo a entrada e saída ocorridas no mesmo dia 15/07/2009. Diante destes fatos, a fiscalização acusou a recorrente de burla ao controle aduaneiro, ao não informar o CNPJ da PLANET DENIM em campo próprio como real adquirente ou encomendante e que a importação fora indevidamente registrada como por conta própria. Em sua defesa, a recorrente aduziu que a operação foi de importação por encomenda, tendo havido firmado contrato específico para tanto, feito habilitação no RADAR para ambas empresas, indicado o importador e encomendante nos documentos de despacho e informado na DI tratarse de importação por encomenda no campo "informações complementares", operado com recursos próprios, que cumpriu todos os requisitos do ADN nº 7/2002 para se caracterizar como proprietário, alegando tratarse importação própria para revenda a encomendante. Alegou, ainda, que a autoridade fiscal não fez a acusação de interposição fraudulenta, embora tenha afirmado haver a ocultação dos reais intervenientes, não investigou a capacidade econômicofinanceira das empresas e, uma vez, que havia capacidade financeira do importador, não há que se falar em interposição fraudulenta ou ocultação dos reais intervenientes, sendo descabida a pena de perdimento, inclusive, pela ausência de elemento danoso, uma vez que não houve falta de recolhimento de tributos incidentes na importação. Pediu, ainda, a aplicação da denúncia espontânea do artigo 102 do Decretolei nº 37/1996. Continuando, pugnou pela aplicação da penalidade mais favorável, a multa de 1% prevista no artigo 711, inciso III do RA/2009, conforme disposto no artigo 112 do CTN, que a multa de 10% é inaplicável em razão dos argumentos já tecidos e que houve julgamento favorável à recorrente em outro processo com os mesmos fatos. O primeiro ponto da defesa diz respeito à informação nos documentos relacionados à DI nº nº 09/06912380 consta o nome da encomendante. Porém, nos "dados Complementares" da DI, efl. 88, não consta a informação de que a operação se tratava de importação por encomenda, nem consta no nome da PLANET DENIM como emcomendante neste campo ou no campo "Adquirente da Mercadoria", que, ao contrário, informa a recorrente como adquirente. Não localizei outros documentos nos autos que corroboram as afirmações da recorrente quanto à indicação da PLANET DENIM como encomendante. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10920.004019/201087 Acórdão n.º 3302006.012 S3C3T2 Fl. 312 6 Afirma ainda que operou com recursos próprios, mas na efl. 109, constam lançamentos com histórico de "Adiantamento Importação por Conta e Ordem" relativo aos valores dos tributos e despesas incidentes na importação e o valor da mercadoria, nas datas de 02/06/2009 e 03/06/2009, antes portanto da emissão da nota fiscal de venda ocorrida em 15/07/2009, configurando o adiantamento de recursos para o custeamento da operação de importação. Quanto ao cumprimento do disposto no ADI nº 7/2002, verificase que a IN SRF 225/2002 data de 18/10/2002, posterior ao ato interpretativo mencionado, estabelecendo a pena de perdimento, para a inserção de informação nos documentos de instrução da DI que não traduzam a realidade das operações, afastando, portanto, a caracterização da propriedade pela informação constante nos documentos referidos, quando a situação fática indica a ocorrência de simulação. Concernente à falta de recolhimento de tributos e inexistência de dano ao erário, tal alegação é estranha ao objeto do litígio que se restringiu à aplicação do artigo 33 da Lei nº11.488/2007, multa por cessão de nome para acobertar os reais intervenientes ou beneficiários e não multa equivalente ao valor aduaneiro em razão de mercadorias consumidas, substituta da pena de perdimento, que não foi aplicada. Também não há que se falar em denúncia espontânea prevista no artigo 1022 do Decretolei nº 37/1966, uma vez que não há provas nos autos de que a recorrente tenha informado a condição de operação por encomenda com a PLANET DENIM às autoridades fiscais, antes de qualquer procedimento de ofício. Constatase, ademais, que a recorrente informou a PLANET DENIM em diversas importações por conta e ordem, desde 26/02/2008 a 14/01/2010, escriturando na contabilidade os produtos como estoque de terceiros, mas para a DI em questão, embora ciente da necessidade de informála como encomendante em campo próprio e da existência do adiantamento de recursos para arcar com os custos da importação, preferiu informar a operação como por conta própria, acobertando o real beneficiário, que era a PLANET DENIM. Deste modo, as multas que deveriam ser aplicadas seriam a multa equivalente ao valor aduaneiro de que trata o §3º do artigo 23 do Decretolei nº 1.455/1976 e a multa por cessão de nome de que trata o artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, sendo que no lugar da multa equivalente foi aplicada a multa do artigo 83, I da Lei nº 4.502/1964, exonerada na decisão de primeira instância, remanescendo a aplicação da multa de cessão de nome. 2 Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Medida Provisória nº 497, de 2010) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10920.004019/201087 Acórdão n.º 3302006.012 S3C3T2 Fl. 313 7 Destarte, não há que falar em aplicação de penalidade mais favorável ou o artigo 112 do CTN, uma vez que o fato se subsume à norma tipificada no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Já no que se refere à decisão da DRJ proferida no processo nº 10920.005216/200980, uma vez que os fatos são distintos, pois naquele processo restou caracterizado que a encomendante e a modalidade da importação foram informadas no campo 'Dados Complementares", os documentos que ampararam as importações indicavam a encomendante e que não se comprovou que os recursos vieram das encomendantes, fatos distintos dos aqui verificados. Por fim, a recorrente pediu o afastamento do limite mínimo da multa por cessão de nome prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, em razão de seu caráter confiscatório. Esclareçase, porém, que a argüição de inconstitucionalidade de atos normativos deve ser formulada perante o Poder Judiciário, em vista da competência constitucional prevista nos artigos 97 e 102 da Carta Magna, sendo vedado a este conselho conhecer desta alegação, conforme artigo 59 do Decreto nº 7.574/2011, exceto nas hipóteses previstas no artigo 623 d Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Neste sentido, foi publicada a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante de todo o exposto, voto para negar provimento aos recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 3 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10920.004019/201087 Acórdão n.º 3302006.012 S3C3T2 Fl. 314 8 Fl. 314DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003504/2004-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/1999
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF.
CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. FASE DE FISCALIZAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA. IMPUGNAÇÃO. INÍCIO DA FASE LITIGIOSA.
Não há ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa na fase de fiscalização, uma vez o processo administrativo fiscal somente se inicia com a impugnação.
MPF - MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA
O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento.
DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
O prazo decadencial para constituição do crédito tributário relativo às contribuições para a Seguridade Social rege-se pelo art. 150, §4º do CTN, quando constatados pagamentos antecipados e a inocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme julgamento proferido pelo STJ, no REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543-C do antigo CPC, cuja decisão definitiva deve ser reproduzida no âmbito do CARF.
Numero da decisão: 3302-005.929
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinícius Guimaraes (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201809
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/1999 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. FASE DE FISCALIZAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA. IMPUGNAÇÃO. INÍCIO DA FASE LITIGIOSA. Não há ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa na fase de fiscalização, uma vez o processo administrativo fiscal somente se inicia com a impugnação. MPF - MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. O prazo decadencial para constituição do crédito tributário relativo às contribuições para a Seguridade Social rege-se pelo art. 150, §4º do CTN, quando constatados pagamentos antecipados e a inocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme julgamento proferido pelo STJ, no REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543-C do antigo CPC, cuja decisão definitiva deve ser reproduzida no âmbito do CARF.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 30 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 19515.003504/2004-41
anomes_publicacao_s : 201810
conteudo_id_s : 5921341
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 31 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.929
nome_arquivo_s : Decisao_19515003504200441.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 19515003504200441_5921341.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinícius Guimaraes (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7483635
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:30:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050872311709696
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2084; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 515 1 514 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.003504/200441 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.929 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2018 Matéria PIS/Pasep Recorrente ASPRO PLASTIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ARTIGOS PLÁSTICOS E FERRAMENTARIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/1999 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. FASE DE FISCALIZAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA. IMPUGNAÇÃO. INÍCIO DA FASE LITIGIOSA. Não há ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa na fase de fiscalização, uma vez o processo administrativo fiscal somente se inicia com a impugnação. MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. O prazo decadencial para constituição do crédito tributário relativo às contribuições para a Seguridade Social regese pelo art. 150, §4º do CTN, quando constatados pagamentos antecipados e a inocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme julgamento proferido pelo STJ, no REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543C do antigo CPC, cuja decisão definitiva deve ser reproduzida no âmbito do CARF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 35 04 /2 00 4- 41 Fl. 515DF CARF MF Processo nº 19515.003504/200441 Acórdão n.º 3302005.929 S3C3T2 Fl. 516 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinícius Guimaraes (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Trata o presente processo de Autos de Infração para constituição de créditos tributários relativos ao PIS/Pasep e Cofins, no período de janeiro a dezembro de 1999, em razão de diferenças apuradas entre valores escriturados no Livro Registro de Saídas e os valores declarados, conforme Termos de Verificação Fiscal TVF de efls. 178/181 e 394/397. Em impugnação, a recorrente aduziu a decadência do direito de constituir o crédito tributário, a natureza confiscatória da multa de ofício aplicada e sua redução a 30%, a suspensão da exigibilidade dos créditos constituídos, uma vez que foram objeto de pedido de parcelamento PAES. Ao final, pede o cancelamento da autuação. A Quinta Turma da DRJ/RJO II proferiu o Acórdão nº 1317.504, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/1999 PIS/COFINS. DECADÊNCIA. Tendo sido constituído o crédito tributário dentro do prazo de dez anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, não se caracteriza a decadência. MULTA DE OFÍCIO. VEDAÇÃO AO CONFISCO. INAPLICÁVEL A multa de ofício é uma penalidade pecuniária aplicada pela infração cometida, não se lhe aplicando o prescrito no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal de 1988, que, ao tratar das limitações do poder de tributar, proibiu ao legislador utilizar tributo com efeito de confisco. PIS/COFINS. LANÇAMENTO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NO PAES. Mantémse o lançamento de crédito tributário devido e não incluído no Parcelamento Especial PAES. IMPUGNAÇÃO. ELEMENTOS DE PROVA. Fl. 516DF CARF MF Processo nº 19515.003504/200441 Acórdão n.º 3302005.929 S3C3T2 Fl. 517 3 A prova deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, por força do artigo 16, § 4°, do Decreto n° 70.235/72. Lançamento Procedente Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, tempestivamente, reiterando as alegações de decadência e de natureza confiscatória da multa de ofício aplicada, porém inovando quanto à alegação de desrespeito ao princípio do contraditório e ampla defesa, irregularidades procedimentais no MPF, uma vez que previa a fiscalização apenas de IRPJ, necessidade de o fisco provar a existência de saldo credor de caixa ou passivo fictício, necessidade de comprovar a falta de emissão de documento fiscal pois tratamse de presunções simples. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso interposto atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Em preliminares de mérito, a recorrente inovou sua defesa, alegando desrespeito ao princípio do contraditório e ampla defesa, irregularidades procedimentais no MPF, uma vez que previa a fiscalização apenas de IRPJ. Tais argumentações dizem respeito ao cerceamento de defesa e incompetência da autoridade fiscal, que, em tese procedentes, acarretariam nulidades. Assim, ainda que alegados após a impugnação, considero tratar de matéria de ordem pública e deles tomo conhecimento. A primeira alegação é de ofensa ao princípio do contraditório e ampla defesa durante o procedimento fiscal, pelo fato de a fiscalização não ter aguardado o retorno dos documentos que estavam em poder da fiscalização da Fazenda do Estado de São Paulo. Ocorre que o contraditório e a ampla defesa são garantias constitucionais do processo administrativo, que, no entanto, somente se inicia com a fase litigiosa, a partir da entrega de impugnação ao lançamento, nos termos do artigo 14 do Decreto nº 70.235/19721,. A fase de fiscalização é um etapa de natureza inquisitória, na qual, embora ainda não haja processo, mas apenas procedimento fiscal, normalmente, são produzidos termos e intimações para obter esclarecimentos/documentos sobre os fatos apurados. No caso concreto, o contraditório e a ampla defesa foram exercidos pela recorrente mediante a apresentação dos recursos administrativos, não havendo que se falar em ofensa a tais princípios constitucionais. Quanto à irregularidade apontada no MPF concernente à falta de indicação de outros tributos a serem fiscalizados, que não o IRPJ, verificase que é improcedente, pois o Mandado de Procedimento Fiscal juntado às efls. 4 dispõe expressamente que o procedimento abrange as verificações obrigatórias de todos os tributos nos últimos cinco anos, abarcando, portanto, o PIS/Pasep e a Cofins no ano de 1999: 1 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Fl. 517DF CARF MF Processo nº 19515.003504/200441 Acórdão n.º 3302005.929 S3C3T2 Fl. 518 4 VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS: correspondência entre os valores declarados e os valores apurados pelo sujeito passivo em sua escrituração contábil e fiscal, em relação aos tributos e contribuições ad ministrados pela SRF, nos últimos cinco anos. Ademais, salientase que o MPF é um instrumento administrativo, cujo descumprimento poderia levar a efeitos administrativofuncionais, mas não é requisito essencial do lançamento, nem altera a competência do auditor fiscal para a lavratura do Auto de Infração, cuja atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do parágrafo único do artigo 142 do CTN. Destacase ainda que a Lei nº 10.593/2002, em seu artigo 6º, dispõe sobre a competência do auditor fiscal, estabelecendo que o Poder Executivo poderia regulamentar as atribuições, o que foi efetivado pelo Decreto nº 6.641/2008, que em seu artigo 2º2 dispôs sobre a competência para constituir o crédito tributário e praticar os atos relacionados ao controle aduaneiro etc. Já a Portaria RFB nº 11.371/2007, instituidora do MPF, disciplinou apenas a forma como seriam emitidos os procedimentos fiscais, não se imiscuindo na competência legal conferida ao auditor fiscal, nem configurando requisito essencial do lançamento, nos termos do artigo 10 do Decreto nº 70.935/1972. Neste sentido, citase Acórdão nº 9101001.798, proferido em 19/11/2013, pela Câmara Superior de Recurso Fiscais, cuja ementa, parcialmente, transcrevese: NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração. Em prejudicial de mérito, a recorrente alegou decadência do direito de constituir o crédito tributário, por ter a ciência da lavratura dos Autos de Infração (data de 30/12/2004) ter ultrapassado cinco anos dos fatos geradores, correspondentes aos meses de janeiro a dezembro de 1999. Concernente ao prazo decadencial das contribuições para a Seguridade Social, foi editada a Súmula Vinculante nº 8, pelo Supremo Tribunal Federal, de observância obrigatória pela administração pública federal, nos termos do art. 2º da Lei nº 11.417, de 2006: 2 Art. 2o São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições [...] c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; Fl. 518DF CARF MF Processo nº 19515.003504/200441 Acórdão n.º 3302005.929 S3C3T2 Fl. 519 5 São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Portanto, o prazo decadencial para as referidas contribuições sujeitase às regras gerais dos artigos 150 e 173 do CTN. A matéria encontrase pacificada no STJ, com o julgamento do REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543C do anteriro CPC (recursos repetitivos), cuja decisão definitiva deve ser reproduzida nos julgamentos deste Conselho, por força da aplicação do §2º do artigo 62 do Anexo II do RICARF. Transcrevese a ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos Fl. 519DF CARF MF Processo nº 19515.003504/200441 Acórdão n.º 3302005.929 S3C3T2 Fl. 520 6 previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Assim, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário dos tributos sujeitos a pagamento antecipado (lançamento por homologação) regese pelo art. 150, §4º do CTN, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em dolo, fraude ou simulação. Inexistindo pagamento ou ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo passa a ser regido pelo art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), ou seu parágrafo único, se verificada a existência de medidas preparatórias indispensáveis ao lançamento. No caso, a recorrente defende que as declarações em DCTF consistem em pagamento antecipado. Nas DCTFs juntadas aos autos (efls. 44/67 e 260/284), constam informações de pagamentos de PIS/Pasep e Cofins nos meses de março, julho, agosto, setembro/1999 (efl. 49, 59, 60, 265, 275, 276 e 277), ao passo que nos demais meses, os débitos apurados de PIS/Pasep e Cofins correspondem ao saldos a pagar, não tendo havido qualquer informação a título de pagamento. A possível existência de recolhimentos em DARF nos meses março, julho, agosto, setembro/1999 deslocaria a verificação da decadência para o artigo 150, §4º do CTN e implicaria seu reconhecimento, uma vez que os Autos de Infração foram cientificados à recorrente em 30/12/2004, portanto, mais de cinco anos dos fatos geradores. Para os demais períodos, não haveria pagamento e o prazo decadencial seria regido pelo artigo 173, I do CTN, o que implicaria o afastamento da alegação de decadência, pois que para janeiro/1999, a aplicação do artigo 173, I levaria o termo final para 31/12/2004, posterior à ciência da lavratura. Porém, a informação na DCTF não é prova do recolhimento em DARF, não tendo a recorrente juntado qualquer prova de tal recolhimento, não se desincumbindo do ônus que lhe cabia. Fl. 520DF CARF MF Processo nº 19515.003504/200441 Acórdão n.º 3302005.929 S3C3T2 Fl. 521 7 Concernente à alegação da natureza confiscatória e de ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, reiterase a impossibilidade de conhecimento por este Conselho de argüições de inconstitucionalidade, a teor da Súmula CARF nº 2 e que a aplicação da multa de ofício no percentual de 75% decorre da falta de recolhimento do tributo devido, conforme as disposições do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, sendo sua aplicação atividade vinculada e obrigatória por parte da autoridade fiscal, nos termos do artigo 1423 do CTN. Quanto às demais matérias referentes à necessidade de o fisco provar a existência de saldo credor de caixa ou passivo fictício, necessidade de comprovar a falta de emissão de documento fiscal e de que se tratam de presunções simples, além de estarem preclusas por não terem sido deduzidas em impugnação, infringindo os artigos 16 e 17 do Decreto nº 70.235/1972, são matérias estranhas a este processo, que trata de Autos de Infração de PIS/Pasep e Cofins e que não abordaram qualquer infração a respeito do alegado. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 3 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Fl. 521DF CARF MF Processo nº 19515.003504/200441 Acórdão n.º 3302005.929 S3C3T2 Fl. 522 8 Fl. 522DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720236/2013-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jun 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
Ementa:
DCTF RETIFICADORA. VALORES DEVIDOS ZERADOS. CONDUTA DOLOSA. MULTA QUALIFICA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
A apresentação de DCTF retificadora zerando os valores que são devidos, de forma reiterada e com caracterização de pleno conhecimento da conduta e suas conseqüências, enquadra-se na hipótese prevista no art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, e conseqüentemente, na hipótese de qualificação da multa de ofício prevista no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-002.591
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Gileno Gurjão Barreto (Vice-Presidente); Fabíola Cassiano Keramidas, Mônica Elisa de Lima, Maria da Conceição Arnaldo Jacó e Paulo Guilherme Déroulède..
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 Ementa: DCTF RETIFICADORA. VALORES DEVIDOS ZERADOS. CONDUTA DOLOSA. MULTA QUALIFICA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A apresentação de DCTF retificadora zerando os valores que são devidos, de forma reiterada e com caracterização de pleno conhecimento da conduta e suas conseqüências, enquadra-se na hipótese prevista no art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, e conseqüentemente, na hipótese de qualificação da multa de ofício prevista no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 09 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 19515.720236/2013-17
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5352059
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 09 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3302-002.591
nome_arquivo_s : Decisao_19515720236201317.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 19515720236201317_5352059.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Gileno Gurjão Barreto (Vice-Presidente); Fabíola Cassiano Keramidas, Mônica Elisa de Lima, Maria da Conceição Arnaldo Jacó e Paulo Guilherme Déroulède..
dt_sessao_tdt : Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
id : 5481807
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:22:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046812486533120
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1751; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 292 1 291 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720236/201317 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302002.591 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de maio de 2014 Matéria Cofins Recorrente ARTARATROP INDUSTRIAL COMERCIAL, IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 Ementa: DCTF RETIFICADORA. VALORES DEVIDOS ZERADOS. CONDUTA DOLOSA. MULTA QUALIFICA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A apresentação de DCTF retificadora zerando os valores que são devidos, de forma reiterada e com caracterização de pleno conhecimento da conduta e suas conseqüências, enquadrase na hipótese prevista no art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, e conseqüentemente, na hipótese de qualificação da multa de ofício prevista no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 02 36 /2 01 3- 17 Fl. 292DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 293 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Gileno Gurjão Barreto (VicePresidente); Fabíola Cassiano Keramidas, Mônica Elisa de Lima, Maria da Conceição Arnaldo Jacó e Paulo Guilherme Déroulède. . Relatório Tratase de Auto de Infração decorrente de revisão interna de Dacon, relativo aos períodos de apuração de janeiro a dezembro de 2009, resultando na constituição de crédito tributário da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins. Por bem retratar a realidade dos fatos, transcrevese o relatório do acórdão ora recorrido: “Tratase de auto de infração lavrado contra a contribuinte em epígrafe, relativo à falta/insuficiência de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins (fls. 209/216), no montante total de R$ 3.679.980,36, referente aos períodos de apuração janeiro/2009 a dezembro/2009. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 205/208), o auditor fiscal fundamentou a lavratura do auto de infração no fato de a contribuinte ter entregado, em 17/11/2011, DCTFs retificadoras dos 1º e 2º semestres do anocalendário 2009 zerando os valores declarados de Cofins. O autuante disse ainda que os valores informados nas outras retificadoras entregues em 22/11/2012, no curso da ação fiscal, não seriam considerados como declarados e lançados, de acordo com o art. 7º, § 2º, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, mas que essas informações seriam utilizadas na ação fiscal, para o cálculo do valor devido, no qual foram considerados os maiores valores informados de débitos da Cofins nos Dacons e nas DCTFs entregues sob ação fiscal. O auditor fiscal qualificou a multa de ofício aplicada, em conformidade com o disposto no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com o seguinte fundamento: O contribuinte em 17/11/2011 apresentou DCTF’s retificadoras zerando todos os débitos anteriormente declarados. Intimado o contribuinte informou que tais declarações, SEM CONHECIMENTO DA EMPRESA, haviam sido substituídas por outras sem declararse os créditos tributários (débitos do contribuinte). O contribuinte alega que terceiros retificou as suas DCTF’s. A transmissão da DCTF só é possível mediante o uso de certificado emitido por Autoridade Certificadora integrante da Infraestrutura de chaves Pública Brasileira – ICP Brasil, que não tenha sido revogado e que ainda esteja dentro de seu prazo de validade. Para a transmissão da DCTF, o contribuinte poderá optar pela utilização do Certificado Digital emitido em nome da Fl. 293DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 294 3 pessoa jurídica, em nome do responsável pela pessoa jurídica ou em nome de procurador habilitado no Cadastro de Procurações da RFB, que está disponível na página da RFB na Internet. Além disso é necessário fornecer o número de recibo da DCTF a ser retificada. Portanto, a referida alegação não é plausível, porque retificação das referidas DCTF’s só é possível com o consentimento do contribuinte. A guarda do certificado e da DCTF a ser retificada é responsabilidade do contribuinte. As DCTF’s entregues em 22/11/2012, no curso da presente ação fiscal, não terão os valores informados como declarados e lançados, de acordo com art. 7º, § 2º, do Decreto nº 70.235/72. Entretanto estas informações serão utilizadas na presente ação fiscal. As DCTF’s retificadoras entregues em 17/11/2011 com os débitos da COFINS zerados caracteriza a ação dolosa do contribuinte de retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária dos valores devidos de COFINS nos meses do ano calendário 2009. Ao final, o autuante informa que, diante dos fatos relatados que configuram crime contra a ordem tributária, definido pelo art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, foi feita a representação fiscal para fins penais por meio do processo administrativo nº 19515.720237/201361. Cientificada do auto de infração em 28/02/2013 (fl. 218), a contribuinte apresentou impugnação em 27/03/2013 (fls. 222/235), na qual alega que: * na época própria, havia cumprido todas as obrigações acessórias da Cofins, o que incluía a entrega de Dacons e DCTFs em absoluta conformidade umas com as outras. Tal como manifestado na resposta ao Termo de Intimação nº 001, até então não tinha ciência de que DCTFs retificadoras haviam sido indevidamente transmitidas em seu nome, contrariando as informações anteriores e corretamente lançadas em Dacons. Percebendo tal incongruência, cuidou de imediatamente gerar novas DCTFs retificadoras em 22/11/2012, a fim de sanar o problema; * a multa imposta resulta da duplicação do percentual previsto no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Contudo, não é o caso de aplicação dessa multa, mesmo que não fosse duplicada. Com efeito, esse dispositivo é destinado apenas para as situações em que ocorra lançamento de ofício e, não obstante estarmos diante de auto de infração, o fato é que não houve lançamento de ofício, pois, segundo confissão do próprio agente público, considerouse para a ação fiscal os débitos da Cofins lançados nos Dacons e nas DCTFs entregues durante a ação fiscal. Ou seja, não foi a autoridade administrativa que, observando os critérios trazidos pelo art. 142 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, procedeu à constituição Fl. 294DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 295 4 do crédito tributário. A fiscalização cuidou simplesmente de aceitar a apuração do tributo informada pela própria contribuinte em Dacons e DCTFs, consistindo a atividade administrativa em mera homologação expressa do lançamento, nos termos do art. 150 do CTN; * a pretensão de encarar o ato administrativo em questão como lançamento de ofício não encontra guarida em nenhuma das hipóteses previstas pelo art. 149 do CTN; * mesmo que a fiscalização queira entender que já havia se perdido o benefício da espontaneidade quando da entrega das DCTFs retificadoras, não pode entender que houve falta de declaração do valor do tributo devido. A perda da espontaneidade neste caso pode, quando muito, ocasionar as sanções impostas pelo art. 7º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002; * a irregularidade na entrega da DCTF é passível de punição com outra penalidade, isto é, a multa moratória, consoante o art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, devendo também ser trazido à baila o art. 112 do CTN; * qualquer DCTF retificadora deve ser acompanhada da retificação do respectivo Dacon ou da respectiva DIPJ, inclusive por expressa disposição do art. 9º, § 6º, da Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 2010. E a teor do art. 9ºA desse mesmo normativo, as DCTFs retificadoras que zeraram indevidamente as operações não poderiam produzir efeitos. Assim, as que sempre valeram foram as precedentes, entregues em absoluta conformidade com os Dacons, não procedendo, pois, a aplicação da multa de 150%; * as indigitadas DCTFs zeradas não podem ser tidas como ação dolosa para retardar o conhecimento da autoridade fazendária, já que tal meio seria absolutamente imprestável para tal fim. Isso porque haveria divergência entre elas e os respectivos Dacons, que permitiam à autoridade fiscal não só que tivesse conhecimento da ocorrência do fato gerador, da base de cálculo e da efetiva apuração do tributo, como também notasse, como de fato notou, a incongruência com as DCTFs que indevidamente zeraram tais informações. Vale dizer que o termo de verificação fiscal originouse de procedimento de revisão interna do Dacon; * fosse o intento de sonegar, a retificação deveria ter se operado em todas as obrigações acessórias; * o contexto fático implica em necessária descaracterização do propósito de sonegar, tendo em vista que houve apresentação de DCTFs corretas antes e depois em consonância com os Dacons, que sempre espelharam a realidade contábil, não havendo razão para se duplicar o percentual da multa. No final, a contribuinte requer a reparação do auto de infração para que a multa seja apenas a moratória e aquela prevista no art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002, ou, caso não seja esse o Fl. 295DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 296 5 entendimento, que a multa prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, não seja qualificada, ou que, mantendo o auto de infração como lançado, a manifestação seja expressa sobre cada um dos pontos tratados em sua impugnação, como forma de viabilizar a ampla defesa de seus direitos perante o Poder Judiciário.” A Sexta Turma da DRJ/SP1 proferiu o Acórdão nº 1652.465, no qual decidiuse pela improcedência da impugnação e pela manutenção integral do lançamento, nos termos da ementa que abaixo transcrevese: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 Lançamento de Ofício. Divergência entre DCTF e Dacon/ Recolhimentos. Constatadas diferenças entre os valores informados em Dacon e os confessados em DCTF ou recolhidos, devem ser formalizados de ofício os correspondentes créditos tributários. DCTF retificadora. Valores devidos zerados. Multa qualificada. A apresentação de DCTF retificadora zerando os valores que são devidos enquadrase na hipótese prevista no art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, e consequentemente na hipótese de qualificação da multa de ofício prevista no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte interpôs recurso voluntário, alegando em síntese: 1. Descaracterização do pretenso lançamento de ofício: o auto de infração em comento não caracteriza lançamento de ofício nos termos do art. 149, pelo fato de o auditor ter se valido das informações prestadas na DCTF retificadora e que isto configuraria homologação expressa do lançamento, nos termos do art. 150 do CTN; 2. Perda da espontaneidade na entrega da DCTF: a perda acarretaria apenas a aplicação da multa prevista no art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002 ou a multa moratória prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996. Não seria caso de aplicação da multa prevista no art. 44 do mesmo diploma legal, pois não haveria falta de declaração ou declaração inexata, já que a fiscalização utilizouse das próprias declarações da recorrente; 3. Aplicação do artigo 112 do CTN; 4. Desconsideração das DCTF´s retificadoras, apresentadas zeradas em 17/11/2011; 5. Inocorrência da sonegação fiscal. Fl. 296DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 297 6 Ao final, pede que a multa a ser aplicada seja apenas a moratória e a prevista no art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002, ou, eventualmente, a não duplicação da multa prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O auto de infração foi lavrado em virtude da falta de recolhimento/declaração de Cofins, tendo como indício a diferença verificada entre os Dacon´s entregues e as DCTF/DARF´s conhecidos. A recorrente se insurge apenas contra a multa de ofício aplicada no percentual de cento e cinqüenta por cento (150%), não havendo lide sobre o tributo lançado, nem sobre os juros de mora. A multa foi fundamentada no §1º do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, entendendo a fiscalização ter ocorrido a conduta de sonegação definida no art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964. Inicialmente, a recorrente argumenta que a multa aplicada não deveria ser a do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, pois o ato administrativo em julgamento não seria lançamento de ofício, em razão de ter a autoridade fiscal utilizado os valores informados em DCTF, considerando a atividade exercida pela autoridade fiscal como homologação expressa do lançamento, nos termos do artigo 150 do CTN e que o ato realizado não encontraria guarida no art. 149 do CTN. Sem razão a recorrente. A autoridade fiscal considerou como incontroversos o maior dentre os valores informados pela própria recorrente no Dacon e na retificação das DCTF efetuada em 22/11/2012, no curso da ação fiscal iniciada em 12/11/2012, nas quais são informados valores muito próximos dos Dacon´s outrora entregues. O fato de utilizar os valores informados como verdadeiros é apenas um reflexo da convicção do auditor acerca da veracidade das informações prestadas pela recorrente. A utilização destes valores no auto de infração não caracteriza homologação expressa do lançamento. De fato, o procedimento de fiscalização não se confunde com a homologação expressa do lançamento previsto no art. 150 do CTN, que se opera em relação aos pagamentos antecipados dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, que, no presente caso, simplesmente nunca ocorreria, pois que não foram identificados quaisquer pagamentos referentes aos períodos lançados. Frisese que o lançamento aqui efetuado foi, justamente, o de ofício, de acordo com as disposições do art. 149, incisos V e VII do CTN. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 298 7 Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: ... V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; ... VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação A inexistência de pagamentos, bem como a ausência de débitos declarados, acarretam a omissão e inexatidão a que se refere o inciso V do art. 149. Quanto ao dolo ou fraude, verseá adiante. Seguindo em seus argumentos, a recorrente alega que a perda da espontaneidade não acarretaria a desconsideração das DCTF retificadoras, não havendo a falta de declaração dos tributos, mas ocasionaria as multas previstas no art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002. Salientase que não há dúvidas quanto à perda da espontaneidade, nos termos do art. 7º1 do Decreto 70.235, de 1972. O início da ação fiscal ocorreu em 12/11/2012 e as DCTF´s retificadoras, com valores corretos, foram entregues em 22/11/2012. Voltando ao art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002: Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; 1 Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas Fl. 298DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 299 8 II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; III de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo; e (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas A multa a que se refere o art. 7º acima transcrito resulta da inobservância das regras para cumprimento da obrigação acessória consistente na entrega de DCTF. São penalidades resultantes da inobservância das condições estipuladas pela administração tributária para cumprimento da obrigação acessória. Visam coibir o descumprimento da obrigação acessória, no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos, conforme preceito do artigo 113, §2º do CTN. Pontuese que estas penalidades não foram exigidas no presente auto de infração. Por sua vez, a multa referida no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, vinculase à inobservância da obrigação principal, relativa à falta de pagamento ou recolhimento. Vincula se ao tributo exigido no lançamento de ofício, sendo, portanto, a situação verificada nos presentes autos e expressamente definida no art. 44: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Também não é caso de aplicação da multa moratória prevista no caput do art. 612 da Lei nº 9430, pois que incidente sobre os débitos decorrentes de tributos não pagos nos 2 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos Fl. 299DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 300 9 prazos de vencimento estabelecidos na legislação, mas apurado espontaneamente pelo contribuinte e não em lançamento de ofício, exceto na hipótese estabelecida no art. 473 do mesmo diploma. O fato em comento subsumese exatamente na hipótese o artigo 44 acima, não sendo aplicável , outrossim, o artigo 112 do CTN. Ainda relativamente às DCTF´s retificadoras entregues em 17/11/2011, a recorrente afirma que devem ser obrigatoriamente desconsideradas, em razão da não retificação dos Dacon´s, conforme previsão do art. 9º e 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, abaixo transcritos: Art. 9 º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1 º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2 º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. ... § 6 º A pessoa jurídica que apresentar DCTF retificadora, alterando valores que tenham sido informados: na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) 3 Art. 47. A pessoa física ou jurídica submetida a ação fiscal por parte da Secretaria da Receita Federal poderá pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, os tributos e contribuições já declarados, de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável, com os acréscimos legais aplicáveis nos casos de procedimento espontâneo. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Fl. 300DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 301 10 I na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deverá apresentar, também, DIPJ retificadora; e II no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), deverá apresentar, também, Dacon retificador. Art. 9ºA As DCTF retificadoras poderão ser retidas para análise com base na aplicação de parâmetros internos estabelecidos pela RFB. ( Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012 ) § 1º A pessoa jurídica ou o responsável pelo envio da DCTF retida para análise será intimado a prestar esclarecimentos ou apresentar documentos sobre as possíveis inconsistências ou indícios de irregularidade detectados na análise de que trata o art. 7º. ( Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012 ) § 2º A intimação para o sujeito passivo prestar esclarecimentos ou apresentar documentação comprobatória poderá ser efetuada de forma eletrônica, observada a legislação específica, prescindindo, neste caso, de assinatura. ( Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012 ) § 3º O não atendimento à intimação no prazo determinado ensejará a não homologação da retificação. ( Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012 ) § 4º Não produzirão efeitos as informações retificadas: ( Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012 ) I enquanto pendentes de análise; e ( Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012 ) II não homologadas. ( Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012) A DCTF retificadora possui a mesma natureza da original e não produzirá efeitos nas hipóteses previstas no §2º, incisos I e II e a partir de 14/03/2012, também na hipótese prevista no §4º do art. 9ºA, incluído pela IN RFB nº 1.258, de 2012. Não há qualquer prova nos autos de que as retificadoras entregues em 17/11/2011 se enquadrariam nas situações elencadas nos incisos I ou II do §2º do art. 9 ou do §4º do art. 9ºA, o qual nem havia sido instituído quando apresentadas. Portanto, as retificadoras entregues em 17/11/2011 devem produzir efeitos, possuindo a mesma natureza das originais. Por fim, alega que estas retificadoras “zerando” os débitos não podem ser tidas como dolosa para retardar o conhecimento da autoridade fazendária, pois a entrega dos Dacon´s possibilitaria o conhecimento da ocorrência do fato gerador, ciência da base de cálculo e efetiva apuração do tributo, como, de fato, ocorreu, já que a fiscalização originouse de procedimento interno de revisão do Dacon. O intuito de sonegar deveria ter se operado em todas as obrigações acessórias. Alega, ainda, que a apresentação das DCTF originais e as retificadoras em 22/11/2012, em consonância com os Dacon´s, espelhando a realidade contábil, descaracterizam o propósito de sonegar. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 302 11 O auditor fundamentou a aplicação da multa qualificada no §1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Por seu turno, o art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, assim definiu a sonegação: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. A recorrente inicia suas razões, item IV da peça recursal, afirmando que houve entrega indevida de DCTF´s retificadoras em nome da recorrente. Constatase, entretanto, que para a entrega das retificadoras é necessária a informação do número do recibo da declaração que se quer retificar, conforme fls. 21 a 24 da numeração digital, cuja guarda é, obviamente, responsabilidade da recorrente. Tanto na impugnação quanto no recurso voluntário, a recorrente não traz qualquer indício ou prova que possa infirmar a autoria da entrega das retificadoras em 17/11/2011. Firmado isto, devese perquirir se o fato se subsume à norma do art. 71 acima referido, ou seja, se está caracterizada a ação dolosa e se houve impedimento ou retardamento do conhecimento da ocorrência do fato gerador, sua natureza ou circunstâncias materiais ou das condições pessoais da recorrente, conforme descrito nos incisos I e II do art. 71. O dolo se refere à ao elemento subjetivo da conduta, seu elemento psicológico. No dizer de Fernando Capez4: 4 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, vol. 1: parte geral. 10º ed. rev e atual. São Paulo: Saraiva. 2006. p.198. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 303 12 “Conceito de dolo: é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta” Elementos do dolo: consciência (conhecimento do fato que constitui a ação típica) e vontade (elemento volitivo de realizar esse fato.” No caso, a constatação da ação dolosa reside no conhecimento das informações verdadeiras sobre a Cofins devida (caracterizada pela escrituração correta de seus valores e sobretudo pela entrega dos Dacon´s, o que infirma qualquer alegação de desconhecimento dos corretos valores devidos) e na conduta reiterada de alterar as informações de valores devidos para “zero”, por doze meses seguidos, afastando, assim, qualquer argumento de mero erro na retificação das declarações. A segunda parte definidora da conduta consiste em elemento finalístico, ou seja, a ação praticada deve impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária quanto à ocorrência do fato gerador. Verificase que ao retificar as DCTF´s para valores zerados, a recorrente suprime o conhecimento da existência de débitos e sua conseqüente cobrança, revelando ter pleno conhecimento que a conduta praticada atingiria seu fim. De fato, a recorrente obrigou a Administração Fazendária a agir para constituir créditos que deveriam estar constituídos pelo cumprimento da obrigação acessória, a qual foi alterada, intencionalmente, com o objetivo de retardar este conhecimento e, conseqüentemente, sua cobrança. No caso presente, a conduta se revela ainda mais grave que a simples omissão de entrega (também punível se caracterizado o dolo), pois que houve alteração para zero de valores informados anteriormente, acarretando a necessidade de refazimento de verificações internas das informações e, conseqüente, reduzindo a eficiência exigida constitucionalmente da administração pública. Salientase que a imposição da multa qualificada visa coibir as condutas dolosas, diferenciandoas do mero erro ou da interpretação divergente. Não se deve perder de vista que o Dacon é um demonstrativo que não possui a natureza de confissão de dívida e sua entrega não supre o dever de informar os débitos em DCTF, cuja cumprimento escorreito evitaria o agir desnecessário da Administração. Se o contribuinte provoca deliberadamente este agir, implicando o retardamento do conhecimento da existência do tributo devido e, conseqüente, da cobrança do tributo, deve sua conduta ser coibida pela qualificação da multa aplicada no lançamento de ofício. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 303DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19515.720236/201317 Acórdão n.º 3302002.591 S3C3T2 Fl. 304 13 Fl. 304DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 11020.002099/2007-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006
DRAWBACK SUSPENSÃO. ATO CONCESSÓRIO. REGISTRO DE EXPORTAÇÃO. VINCULAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fins de comprovação do adimplemento das condições exigidas para exoneração tributária decorrente da concessão do Regime Aduaneiro Especial de Drawback, é obrigatória a anotação do número do Ato Concessório no Registro de Exportação.
Numero da decisão: 3302-005.605
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que dava-lhe provimento parcial..
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 DRAWBACK SUSPENSÃO. ATO CONCESSÓRIO. REGISTRO DE EXPORTAÇÃO. VINCULAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fins de comprovação do adimplemento das condições exigidas para exoneração tributária decorrente da concessão do Regime Aduaneiro Especial de Drawback, é obrigatória a anotação do número do Ato Concessório no Registro de Exportação.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11020.002099/2007-47
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5894166
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.605
nome_arquivo_s : Decisao_11020002099200747.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 11020002099200747_5894166.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que dava-lhe provimento parcial.. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7401461
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050585055363072
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1674; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 18.239 1 18.238 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.002099/200747 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.605 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de julho de 2018 Matéria Drawbacksuspensão Recorrente SUSPENSYS SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 DRAWBACK SUSPENSÃO. ATO CONCESSÓRIO. REGISTRO DE EXPORTAÇÃO. VINCULAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fins de comprovação do adimplemento das condições exigidas para exoneração tributária decorrente da concessão do Regime Aduaneiro Especial de Drawback, é obrigatória a anotação do número do Ato Concessório no Registro de Exportação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que davalhe provimento parcial.. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Tratamse de Autos de Infração de Imposto de Importação II, Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, PIS/PasepImportação e Cofins/Importação, no período de 2003 a 2006, por não ter utilizado os bens importados no processo produtivo e por não ter AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 20 99 /2 00 7- 47 Fl. 18240DF CARF MF Processo nº 11020.002099/200747 Acórdão n.º 3302005.605 S3C3T2 Fl. 18.240 2 procedido à exportação dos produtos fabricados, bem como por não ter tomado nenhuma das providências do artigo 342 do RA/2002. Em impugnação, a recorrente alegou que realizou todas as exportações necessárias para cumprir os compromissos assumidos nos atos concessórios, mas que por falha interna, não realizou os devidos lançamentos nem vinculou os Registros de Exportação aos respectivo atos concessórios; que eventual falha não impediria a fruição do benefício, pois que realizou as exportações necessárias; que a comprovação do cumprimento do regime deve ser feita pela análise de fluxos financeiros, nos termos do artigo 339 do RA/2002; que importou via drawbackintermediário; que as jurisprudências administrativa e judicial têm decidido no sentido de eventual descumprimento de formalidades é superado pela comprovação efetiva da exportação; por fim, pede a realização de perícia com indicação de quesitos e perito. Na sessão de 11/09/2014, a DRJ converteu o julgamento em diligência para juntada de arquivo digital mencionado na impugnação, saneamento da numeração do processo, realização de auditoria dos documentos apresentados pela impugnante, apresentação do laudo pericial solicitado pela impugnante e a apresentação dos arquivos de baixa dos atos concessórios perante o SECEX, relativos às DI´s objeto da autuação. A recorrente apresentou o laudo pericial de efls. 1588 e ss, no qual afirmou se que as mercadorias importadas foram integralmente utilizadas no processo produtivo da recorrente e, posteriormente, incorporados aos produtos finais e exportados, em sua grande parte, pelas empresas Master, Random Automotive e Random Participações; que os Registros de Exportação dos produtos tem vinculação com os Atos Concessórios vinculados às DI´s objeto da autuação e que nem todos os embarques ocorreram dentro do prazo de validade dos atos concessórios, anexando 15.899 folhas de documentação. Apreciando a documentação, a fiscalização concluiu pela não comprovação do compromisso de exportação, detectando várias irregularidades, sendo a principal, a falta de vinculação do Registro de Exportação ao Ato Concessório, até a data limite para averbação de embarque, quando o controle aduaneiro ainda poderia ser realizado. Em contraposição, a recorrente reiterou a observância do princípio da verdade material, aduzindo que o laudo pericial confirma a efetiva exportação e cumprimento dos atos concessórios e que irregularidades formais não são suficientes para se manter a autuação. Apreciando a defesa da empresa, a Sétima Turma da DRJ em Fortaleza julgou improcedente a impugnação, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004, 2005 PEDIDO DE PERÍCIA. CONVICÇÃO DO JULGADOR. DADOS DO PERITO. ALTERAÇÃO POSTERIOR. RAZOABILIDADE. DEFERIMENTO. O pedido de perícia dirigese ao julgador, que pode ou não acatálo, desde que atendidos os requisitos constantes do art. 16, IV, do Decreto nº 70.235, de 1972, e qualquer alteração nos Fl. 18241DF CARF MF Processo nº 11020.002099/200747 Acórdão n.º 3302005.605 S3C3T2 Fl. 18.241 3 dados anteriormente formulados deve ser previamente comunicada ao julgador. Contudo, em homenagem ao princípio da razoabilidade, deferese a substituição do perito quando o lapso temporal decorrido entre o pedido e a apreciação pelo órgão julgador seja muito longo. JUNTADA DE DOCUMENTOS. INFORMAÇÕES VAGAS. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. LAUDO PERICIAL INCONCLUSIVO. A mera juntada de documentos, acompanhada de laudo pericial com informações vagas, não comprova a constituição do direito da defendente, devendo ser preservada a presunção de legitimidade e veracidade do lançamento tributário. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. EXPORTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. É ônus do contribuinte comprovar o adimplemento do compromisso relativo ao drawback, mediante a demonstração de que ocorreram exportações vinculadas ao regime e ao correspondente ato concessório e que os produtos exportados decorrem da industrialização da matériaprima importada ao amparo do Drawback. DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. INADIMPLEMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EXPORTAÇÕES. EFEITOS. Somente comprovam o adimplemento do Drawback Registros de Exportação que contenham o código de operação específico desse regime e estejam vinculados ao correspondente ato concessório. Inexistindo prova de que os Registros de Exportação apresentados pelo interessado acobertam produtos em cuja industrialização tenham sido empregadas mercadorias importadas sob o regime Drawback, cabe ao Fisco exigir os impostos que ficaram suspensos por ocasião da importação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, reiterando as razões aduzias em impugnação. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Fl. 18242DF CARF MF Processo nº 11020.002099/200747 Acórdão n.º 3302005.605 S3C3T2 Fl. 18.242 4 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. A recorrente reconhece em suas peças recursais que não houve vinculação dos Registros de Exportação aos Atos Concessórios objeto da autuação, mas que a perícia elaborada demonstraria a utilização das mercadorias importadas no processo produtivo da recorrente, sua venda para a industrialexportadora e a exportação dos produtos, com o consequente cumprimento do compromisso de exportar. Tal reconhecimento corrobora a afirmação no relatório fiscal de efls. 18162 de que todos os Registros de Exportação apresentados pela recorrente ou não foram vinculados aos atos concessórios ou a vinculação ocorreu após a averbação da exportação, não se prestando como prova do cumprimento do compromisso. Ressaltase que a vinculação do RE ao ato concessório para efeito de comprovação do adimplemento do compromisso é requisito essencial, conforme previsto na Portaria SECEX nº 4/1997, que assim dispunha em seu artigo 37, inserido dentro da item VII COMPROVAÇÃO: Art. 37 – Somente poderão ser aceitos para comprovação do Regime de Drawback, modalidade suspensão, Registro de Exportação (RE) devidamente vinculado a Ato Concessório de Drawback, na forma da legislação em vigor. Do mesmo modo, o Comunicado DECEX nº 21/1997 dispunha em seu Capítulo V COMPROVAÇÕES: CAPÍTULO V COMPROVAÇÕES TÍTULO 19 MODALIDADE SUSPENSÃO 19.1. Para comprovação do Regime de Drawback, modalidade suspensão, os documentos utilizados na importação e na exportação deverão abranger apenas um Ato Concessório de Drawback, bem como não poderão estar vinculados à comprovação de outros Regimes Aduaneiros ou incentivos à exportação. [...] 19.3. Somente serão aceitos Declaração de Importação e Registro de Exportação (RE) devidamente vinculados ao Ato Concessório de Drawback. No mesmo sentido a Portaria SECEX nº 14/2004: Seção III Modalidade Suspensão Art. 139. Na modalidade suspensão, as empresas deverão comprovar as importações e exportações vinculadas ao Regime, Fl. 18243DF CARF MF Processo nº 11020.002099/200747 Acórdão n.º 3302005.605 S3C3T2 Fl. 18.243 5 por intermédio do módulo específico Drawback do Siscomex, no prazo de até 60 (sessenta) dias contados a partir da data limite para exportação. [...] Art. 141. As DI e os RE indicados no módulo específico Drawback do SISCOMEX deverão estar necessariamente vinculados ao Ato Concessório em processo de comprovação. Salientase que, por se tratar de suspensão de crédito tributário que se resolve em isenção (ou isenção condicionada), os dispositivos legais sobre Drawbacksuspensão devem ser interpretados literalmente, a teor do artigo 1111 do CTN. Ademais, a vinculação do RE ao AC permite à autoridade aduaneira conhecer que se trata de uma exportação destinada à cumprir um regime de benefício fiscal isentivo, permitindo a adoção de medidas de controle aduaneiro adequadas, de modo a possibilitar eventual controle do emprego e destinação dos bens objeto do regime de Drawback. Ressalta se, ainda, que a falta de vinculação de um RE a um AC possibilita sua utilização em diversos atos, impossibilitando o controle aduaneiro efetivo. Neste sentido, citamse os Acórdão nº 9303000.544 e 9303004.139, proferido pela CSRF, cujas ementas seguem abaixo: Acórdão nº 9303000.544: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Exercício: 1993, 1994 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO II. DRAWBACKSUSPENSÃO. Registros de exportação não vinculados ao ato concessório não são aceitos pela Receita Federal do Brasil, para fins de comprovação do regime de drawback. A vinculação de registros de exportação ao ato concessório após o início do procedimento fiscal, momento em que se encontra excluída a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores, não pode ser considerada para fins de descaracterização de infrações já consumadas. Recurso Especial da Fazenda provido. Recurso Especial do Contribuinte negado. Acórdão nº 9303004.139: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS 1 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Fl. 18244DF CARF MF Processo nº 11020.002099/200747 Acórdão n.º 3302005.605 S3C3T2 Fl. 18.244 6 Período de apuração: 23/01/2007 a 12/12/2007 DRAWBACK SUSPENSÃO. EXPORTAÇÕES NÃO VINCULADAS A REGIME DE DRAWBACK. DESATENDIMENTO A REQUISITOS FORMAIS QUE IMPEDEM A VINCULAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES A ATO CONCESSÓRIO DO REGIME. INADIMPLEMENTO. Cabe ao sujeito passivo beneficiário do regime de drawback suspensão o controle atinente à vinculação, material e formal, quanto ao emprego dos insumos importados na industrialização e exportação das mercadorias compromissadas no ato concessório correspondente. A absoluta ausência de qualquer informação acerca do regime de drawback, ou de eventual vinculação a ato concessório do regime no Registro de Exportação, não autoriza sua utilização para comprovação do adimplemento das exportações compromissadas. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. O excerto do voto vencedor elaborado neste último é esclarecedor, conforme a seguir: "A modalidade de drawback objeto da lide – drawback suspensão – como a própria denominação permite antever, contempla a suspensão do pagamento dos tributos incidentes na importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outro produto a ser exportado. Nesse diapasão, os produtos importados pelo beneficiário deverão ser efetivamente àqueles utilizados nas mercadorias exportadas, obrigatoriedade esta que caracteriza o denominado princípio da vinculação física, exigido, em regra, em todas as modalidades de drawback. Com efeito, referido princípio está embasado, historicamente, nos artigos 314, 315 e 317 do Regulamento Aduaneiro de 1985 – RA/85 (aprovado pelo Decreto nº 91.030/85) – vigente à época dos fatos –, nos artigos 335, 336, 341, 342, 345, 346 e 349 do já revogado Regulamento Aduaneiro de 2002 (Decreto nº 4.543/2002), assim como nos artigos 171, 383, 384, 389, 390, 393, 394 e 397 do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto nº 6.759, de 05/02/2009). [...] A necessária observação do princípio da vinculação física traz como consequência a obrigatoriedade de serem adotadas medidas de controle de estoque compatíveis com a efetiva demonstração de que os insumos adquiridos no mercado externo foram realmente empregados nos produtos exportados sob a guarida do regime em apreço. Com efeito, o inciso II do art. 78 do DecretoLei n° 37/66, raiz legal do art. 314, inciso I, do RA/85, bem como do artigo 335, inciso I, do RA/2002, e do artigo 383, inciso I, do RA/2009, ao estabelecer que referida modalidade envolve a “suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a Fl. 18245DF CARF MF Processo nº 11020.002099/200747 Acórdão n.º 3302005.605 S3C3T2 Fl. 18.245 7 ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada” (grifos nossos), exige que as mercadorias exportadas estejam acondicionadas, contenham ou tenham sido elaboradas com os insumos efetivamente importados para tal fim. E não poderia ser de outra forma, posto que a não utilização dos insumos importados nos produtos compromissados a exportar representaria desvio de finalidade do incentivo, com prejuízos para a Fazenda Pública e à livre concorrência nacional, retratada na aquisição de mercadorias do exterior, pelo beneficiário do incentivo, em condições bem mais favoráveis que a concorrência, pois sobre tais mercadorias não haveria a incidência normal de tributos sobre os bens importados. Exatamente por tais razões é que, no regime aduaneiro especial de drawback, deve ser observado o princípio da vinculação física. Sobre essa questão, o Parecer Normativo CST n° 126/72, ao se reportar ao art. 78, inciso II, do Decretolei n° 37/66, afirma, em seu item 10, que “[...] somente a mercadoria importada na modalidade constante do inciso II, do texto legal em referência [drawback suspensão], é que tem destinação específica, devendo ser exportada numa das formas previstas, sob pena de tornarem se exigíveis as obrigações tributárias anteriormente suspensas”. Ressaltese que o item 9 do parecer em tela, ao abordar a sistemática do drawback isenção, assevera que, na referida modalidade, “[...] a mercadoria é importada com isenção tributária em substituição a uma outra igualmente importada que, em quantidade e qualidade equivalente, foi utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado”. Posteriormente, o Parecer Normativo CST n° 12, de 12/03/1979 (DOU de 19/03/1979) – citado no voto recorrido como justificativa à flexibilização da vinculação física no drawback suspensão (fls. 327) –, embora tendo se reportado a outra matéria (hipóteses de isenção do II e do IPI para empresas fabricantes de produtos manufaturados que tiveram Programa Especial de Exportação nos termos do art. 1° do Decretolei n° 1.219, de 15/05/1972), abordou, justamente, a questão relativa à necessidade de observação da vinculação física, tanto no drawback suspensão como no drawback isenção, conforme excertos do citado parecer, abaixo reproduzidos: " Defluise, assim, que a vinculação do RE ao ato concessório é requisito essencial e sua ausência impede a realização do controle aduaneiro apropriado, não havendo que se falar em cumprimento do compromisso de exportação. Diante do exposto voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 18246DF CARF MF Processo nº 11020.002099/200747 Acórdão n.º 3302005.605 S3C3T2 Fl. 18.246 8 Fl. 18247DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.934225/2008-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jul 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1998
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CIÊNCIA VIA POSTAL. SÚMULA CARF Nº 9.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1998
TRIBUTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO . RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL.
Na hipótese de pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido, o direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário (CTN, artigo 165, inciso I; LC nº 118/2005; RE 566.621/RS; e Súmula CARF nº 91)
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.506
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.914320/2010-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CIÊNCIA VIA POSTAL. SÚMULA CARF Nº 9. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1998 TRIBUTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO . RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. Na hipótese de pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido, o direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário (CTN, artigo 165, inciso I; LC nº 118/2005; RE 566.621/RS; e Súmula CARF nº 91) Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jul 19 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.934225/2008-12
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5880026
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 19 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.506
nome_arquivo_s : Decisao_10880934225200812.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10880934225200812_5880026.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.914320/2010-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7363600
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:22:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050586118619136
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1617; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.934225/200812 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.506 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2018 Matéria PERDCOMP. PRESCRIÇÃO. Recorrente AUTO PECAS PORTO EIXO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1998 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CIÊNCIA VIA POSTAL. SÚMULA CARF Nº 9. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1998 TRIBUTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO . RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. Na hipótese de pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido, o direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário (CTN, artigo 165, inciso I; LC nº 118/2005; RE 566.621/RS; e Súmula CARF nº 91) Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.914320/201014, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 93 42 25 /2 00 8- 12 Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.934225/200812 Acórdão n.º 3302005.506 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido e aproveitar esse crédito com débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB. Por meio de Despacho Decisório Eletrônico, a compensação pleiteada não foi homologada, sob o fundamento de que, analisadas as informações prestadas no PER/DCOMP, não foi confirmada a existência do crédito informado, pois o DARF nele discriminado não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. Cientificado da decisão o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese: · Em preliminar, a falta de eficácia da intimação e sua validade, acarretando nulidade da notificação do despacho decisório; · No mérito, a Inconstitucionalidade das disposições da Lei n 9.718/98, sobre a COFINS e dos DecretosLei 2.445/98 e 2.449/98 quanto ao PIS; · Sobre a prescrição, o prazo prescricional para repetição do indébito tributário é de 5 (cinco) anos da homologação e como normalmente esta ocorre tacitamente somada mais com 5 (cinco) anos, a manifestante tem 10 (dez) anos do pagamento para restituir o que foi pago indevidamente; · Requer a reforma do Despacho Decisório, e que se mantenha vinculada a compensação ao processo, nos moldes da MP 135/03 transformada na Lei 10833/03, em seu Art. 17º § 11 (sic), e deste modo, os valores compensados estarão suspensos. A decisão de primeira instância foi pelo não provimento da manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 16034.250. Após ciência ao acórdão de primeira instância, apresentou recurso voluntário , em essência, reprisando a manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.934225/200812 Acórdão n.º 3302005.506 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.493, de 24 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.914320/201014, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.493): "O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como visto do relatório, tratase Declaração de Compensação DCOMP nº 01594.54905.270906.1.3.049320 (fls. 01/05), transmitida, em 27/09/2006, para a compensação de débitos de IRPJ lucro presumido (PA 06/2006) com créditos tributários (PA 04/1999) relativos à COFINS cumulativa, de que trata a Lei nº 9.718/98. PRELIMINAR Reitera a ora recorrente que a intimação para instaurar processo administrativo foi recebido e assinado por pessoa não credenciada e não habilitada para receber qualquer correspondência da empresa manifestante e sendo seu sócio gerente seu representante legal, somente ele poderia ter recebido a correspondência. Direito ao ponto, pela perfeita subsunção dos fatos alegados ao enunciado da Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Não há de se falar em retroação dos efeitos do supracitado enunciado, visto, simplesmente consolidar jurisprudência1, antiga e pacífica, nos antigos Conselhos de Contribuintes e no atual CARF, baseadas na legalidade, especificamente do art. 23, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972, justificada que a ênfase dada pelo caput a que a intimação seja provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, não tem o rigor que suponha necessária a pessoalidade do ato, sendo que a maioria das notificações e das intimações administrativas são promovidas por via postal, 1 Acórdãos nºs 20168026, de 20/05/1992; 20209572, de 14/10/1997; 20171773, de 02/06/1998; 20306545, de 09/05/2000; 10707076, de 20/03/2003; 20208457, de 21/05/2003; 10807562, de 16/10/2003; 10614266, de 21/10/2003; 10246574, de 01/12/2004; 10420408, de 26/01/2005. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10880.934225/200812 Acórdão n.º 3302005.506 S3C3T2 Fl. 5 4 com prova de recebimento (AR) e que a entrega da intimação no domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo é o quanto basta para que a relação processual se tenha completado, sendo irrelevante se o recibo foi assinado por quem não era representante legal do contribuinte. Tida como válida a ciência, por conveniente, refuto, também, a alegação de ter sido rasgada as regras dos princípios constitucionais e administrativos, como sugere o recorrente, haja vista a definição das normas impostas pelo Decreto nº 70.235/72, não havendo porque afastarse a aplicação ou deixar de observar leis válidas, estando, mesmo, vedado aos Conselheiros do CARF fazê lo, sob fundamento de inconstitucionalidade (art. 62, da Portaria MF nº 343 de 09/06/15RICARF/15), no mesmo sentido do enunciado da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em face de todo o exposto, voto por não acatar as preliminares argüidas. MÉRITO A ora recorrente, manifestou inconformidade ao não reconhecimento do direito creditório, defendendo que efetuou recolhimentos a maior em DARF, em razão das ilegalidade e inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo e majoração da alíquota, de 2% à 3%, da COFINS, pela Lei nº 9.718/98. Diante desses argumentos, entendeu a decisão recorrida, improcedente a manifestação de inconformidade, por considerar prescrito o direito de pleitear a repetição do indébito; e por entender não socorrer o interessado eventuais efeitos da declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 9.718/98. Quanto ao fundamento do indébito estar em possíveis inconstitucionalidades da Lei nº 9.718/98, entendo não ser papel dos órgão julgadores administrativos discorrer sobre direitos em tese, visto não existir nos autos uma única prova sequer da natureza do indébito, limitandose a ora recorrente a protestar pela posterior juntada de outros documentos e demonstrativos que comprovariam o direito alegado, desnecessários pelos efeitos da patente questão prejudicial de mérito (prescrição) que segue. Quanto à prescrição, o crédito tributário pleiteado via DCOMP nº 01594.54905.270906.1.3.049320 (fls. 02/05), transmitida em 27/09/2006, diz respeito à COFINS cumulativa do Período de Apuração PA 04/1999. Notase, nas informações constantes da DCOMP, que o interessado informou data de arrecadação em 30/04/2002 (fls. 02), porém, conforme consta no DARF (fl. 40), o recolhimento foi efetuado em 10/05/1999. Sobre a repetição de indébito tributário, o Código Tributário Nacional CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), assim dispõe: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10880.934225/200812 Acórdão n.º 3302005.506 S3C3T2 Fl. 6 5 ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; (...) Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3º da LCp nº 118, de 2005) Sobre o prazo para repetição de indébito tributário, o Supremo Tribunal Federal STF, no julgamento do RE 566.621/RS, com fundamento na sistemática da repercussão geral, do art. 543B, do CPC, firmou o seguinte entendimento: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10880.934225/200812 Acórdão n.º 3302005.506 S3C3T2 Fl. 7 6 pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Tratandose de DCOMP transmitida em 27/09/2006 e inexistindo medida judicial, prévia à 09/06/2005, individualizando a garantia do direito ao interessado, aplicase o prazo reduzido para repetição ou compensação de indébitos, fixado pela LC nº 118/2005, prescrevendo o direito de pleitear administrativamente a restituição de valores recolhidos indevidamente, em 5(cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário, conforme inciso I, do artigo 165, do CTN, e entendimentos firmados pelo RE 566.621/RS e pelo enunciado da Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10(dez) anos, contado do fato gerador. Portanto, conforme consta no DARF (fl. 40), ao recolhimento efetuado em 10/05/1999, encontravase prescrito o direito à repetição do alegado indébito, pedido via DCOMP transmitida em 27/09/2006, por força do inciso I, do artigo 165, do CTN, do RE 566.621/RS e da Súmula CARF nº 91. Pelo exposto, voto em negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 82DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720648/2015-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013
BASE DE CÁLCULO DA COFINS. CORRETORA DE VALORES. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RECEITAS OPERACIONAIS.COSIF.
As rendas operacionais do Plano Cosif consistem em receitas das atividades típicas, regulares e habituais das corretoras de valores e se sujeitam à incidência do PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do RE 585.235-1/MG.
Numero da decisão: 3302-005.680
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recuso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013 BASE DE CÁLCULO DA COFINS. CORRETORA DE VALORES. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RECEITAS OPERACIONAIS.COSIF. As rendas operacionais do Plano Cosif consistem em receitas das atividades típicas, regulares e habituais das corretoras de valores e se sujeitam à incidência do PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do RE 585.235-1/MG.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 16327.720648/2015-48
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5893415
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.680
nome_arquivo_s : Decisao_16327720648201548.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 16327720648201548_5893415.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recuso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7396643
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050586225573888
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1763; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 355 1 354 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.720648/201548 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.680 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de julho de 2018 Matéria Pis/Pasep e Cofins Recorrente TOV CORRETORA DE CÂMBIO, TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013 BASE DE CÁLCULO DA COFINS. CORRETORA DE VALORES. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RECEITAS OPERACIONAIS.COSIF. As rendas operacionais do Plano Cosif consistem em receitas das atividades típicas, regulares e habituais das corretoras de valores e se sujeitam à incidência do PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do RE 585.2351/MG. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recuso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Trata o presente processo de Autos de Infração para constituição de créditos tributários relativos à Cofins, no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013, relativos à tributação das receitas operacionais, previstas na legislação, exceto a referente às registradas na conta 7.1.7.00.009 – Rendas de Prestação de Serviços, pois já tributadas pela recorrente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 06 48 /2 01 5- 48 Fl. 355DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 356 2 Em impugnação a recorrente aduziu que nem todas receitas que aufere são receitas típicas de sua atividade empresarial; que é incabível a aplicação de multa de ofício em constituição de crédito tributário para prevenir a decadência; que o posionamento do STF quanto à incidência de PIS/Pasep e Cofins sobre as receitas oriundas das atividades empresariais típicas não permite entender que todas as receitas operacionais da recorrente, mas apenas as receitas que tenham relação direta com as atividades típicas da recorrente e concomitantemente se ocorrerem em decorrência da relação comercial ou de serviços com terceiros; que o Parecer PGFN nº 2.773/2007 não se aplica ao caso; que as demais receitas autuadas decorrem de aplicações financeiras obrigatórias com recursos de seu capital próprio para atendimento às exigências do Banco Central do Brasil, Bolsa de Valores e necessidade de mercado. Ao final, pediu o cancelamento do Auto de Infração por falta de subsunção do fato à norma, nulidade do Auto de Infração por cerceamento do direito de defesa, em razão de a fiscalização não ter do porquê e quais receitas efetivamente se enquadram no conceito de faturamento, que o saldo eventual mantido seja mantido com exigibilidade suspensa, em razão de liminar em mandado de segurança, que seja afastada a multa de ofício, em razão da decisão obtida em mandado de segurança, a não sujeição das receitas autuadas à incidência da Cofins. A Sexta Turma da DRJ em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1673.674, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013 BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. OBJETO SOCIAL. A declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do parágrafo 1º do art. 3º da Lei 9.718, de 1998, não teve implicação no fato de que as receitas financeiras que são resultado da atividade econômica empresarial vinculada ao objeto social da contribuinte compõem a base de cálculo do PIS/Pasep. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, deduzindo: 1. A nulidade do Auto de Infração por ausência de elementos fáticas que comprovem que as receitas financeiras são derivadas de atividades típicas da recorrente, estando ausente a comprovação de sua motivação, causando o cerceamento de defesa; 2. Que as receitas financeiras auferidas pela recorrente não são decorrentes de suas atividades típicas, razão pela qual se enquadram no alargamento da base de cálculo previsto no revogado §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998, declarado inconstitucional pelo STF no RE 585.235/MG; 3. Que as aplicações financeiras não são atividades típicas, uma vez que a recorrente não possui como atividade típica a aplicação de capital próprio; Fl. 356DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 357 3 4. Que a decisão do TRF 3º Região no Mandado de Segurança nº 0020273.14.2000.4.03.6100/SP manteve a inexigibilidade da Cofins sobre as receitas não provenientes das atividades típicas da recorrente; 5. A impossibilidade de aplicação do Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, já que este tratou de bancos e seguradoras, mas não de corretoras de valores; 6. A não incidência de multa de ofício e juros de mora; Ao final, pediu que seja garantido o direito à sustentação oral e que as intimações sejam endereçadas aos advogados e à recorrente. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso interposto atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Em preliminar, a recorrente pugna pela nulidade da autuação, por não conter os elementos fáticos que demonstrassem que as receitas autuadas decorrem de suas atividades típicas. Os requisitos para a lavratura do Auto de Infração constam do art. 10 do Decreto 70.235/72: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Quanto à nulidade, o referido decreto dispõe em seu artigo 59: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 357DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 358 4 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Constatase, porém, que não houve qualquer violação aos pressupostos legais para a lavratura do Auto de Infração, pois foi lavrado por pessoa competente, ou seja, auditor fiscal da Receita Federal do Brasil, e contém toda descrição pormenorizada dos fatos, cálculo dos valores da contribuição devida, dos juros e da multa de ofício e indicação dos enquadramentos legais. No que tange à consideração das receitas que compõem as atividades típicas, a fiscalização interpretou que a decisão proferida pelo TRF 3º Região no Mandado de Segurança nº 2000.61.00.0202734/SP de "manter a inexigibilidade da Cofins apenas quanto às receitas não provenientes das atividades típicas" equivaleria à sujeição de todas as receitas operacionais da recorrente, com as exclusões e deduções previstas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998 Assim, a fiscalização apurou as receias operacionais, as exclusões e deduções, a partir dos balancetes contábeis da recorrente, demonstrando o cálculo no arquivo não paginável contido na efl. 132. A análise do conteúdo da decisão, bem como das receitas que compuseram a base de cálculo autuada é matéria de mérito. Destarte, afasto a apreliminar arguida e passo à apreciação do mérito. A matéria de mérito em litígio resumese à caracterização das receitas autuadas, especialmente as financeiras decorrentes de aplicações de recursos próprios, como decorrentes de atividades típicas, ou não, das corretoras de valores. A recorrente impetrou o Mandado de Segurança nº 2000.61.00.0202734/SP, objetivando o direito de não efetuar o recolhimento da Cofins nos moldes da Lei nº 9.718/1998, mas conforme a LC nº 70/1991 (certidão efl. 142). Obteve sentença obtendo o direito de não ser compelida ao recolhimento da Cofins, nos moldes do artigo 3º, §1ª da Lei nº 9.718/98, em razão do inconstitucional alargamento da base de cálculo, devendo observar a base de cálculo prevista na LC nº 70/91, mantida as demais disposições da Lei nº 9.718/98. Em julgamento da remessa oficial e apelações, o TRF 3º Região deu provimento parcial à remessa oficial e apelação da União, para manter a inexigibilidade da Cofins apenas quanto às receitas não provenientes das atividades típicas e negou provimento quanto à apelação da impetrante. A decisão proferida pelo TRF 3º Região trouxe os seguintes excertos e ementa (fl. 158/ do arquivo não paginável de efl. 29): Fl. 358DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 359 5 E M E N T A MANDADO DE SEGURANÇA. COFINS. LEI 9.718/98. ISENÇÃO LC 70/91. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E SOCIEDADES EQUIPARADAS. RECEITAS OPERACIONAIS TÍPICAS. PRESCRIÇÃO LC 118/2005. REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO DA UNIÃO FEDERAL PARCIALMENTE PROVIDAS. APELAÇÃO DA IMPETRANTE IMPROVIDA. Ajuizamento da ação anterior à LC 118/2005. Prazo Decenal. Recurso Extraordinário 444.601 posicionamento restrito quanto aos efeitos do reconhecimento da inconstitucionalidade do § 1°, do artigo 3 o , da Lei 9.718/98, no que tange às instituições financeiras e demais sociedades equiparadas (artigo 22, § I o , da Lei 8.212/91). O conceito faturamento acatado pelo STF exclui tão somente as receitas não operacionais, aquelas não decorrentes da atividade regular explorada pela sociedade contribuinte. A incidência é afastada apenas quanto às receitas não provenientes das atividades típicas e características de intermediação financeira. No caso concreto, as atividades desenvolvidas pela impetrante, conforme descrito na cláusula segunda fls.14, inseremse nas atividades anteriormente elencadas, e enquadramse no conceito de faturamenlo. Dado provimento parcial à Remessa oficial e apelação da União Federal. Apelação da impetrante improvida. Excertos: "O conceito faturamento acatado pelo STF exclui tão somente as receitas não operacionais, aquelas não decorrentes da atividade regular explorada pela sociedade contribuinte. A incidência é afastada apenas quanto às receitas não provenientes das atividades típicas e características de intermediação financeira. No caso concreto, integra o faturamento da impetrante todas as receitas típicas da atividade de intermediação financeira e da prestação de serviços de natureza financeira, tais como: empréstimos, financiamentos, colocação c negociação de títulos e valores mobiliários e arrendamento mercantil. Desta forma, no caso concreto, as atividades desenvolvidas pela impetrante, conforme descrito na cláusula segunda fls.14, inseremse nas atividades anteriormente elencadas, e enquadramse no conceito de faturamento. Ainda em relação às instituições financeiras, o parágrafo 5o , do artigo 3 o , da Lei 9.718/98, dispõe: § 5o Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § Io do art. 22 da Lei nn 8.212, de 24 de julho de 1991.. serão admitidas, para os efeitos da COFINS. as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para ao PIS/PASEP. Fl. 359DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 360 6 Por outro lado, o parágrafo 6o do art. 3o da Lei 9.718/98, com a redação dada pelo art. 2o da MP 2.15835/2001, assim dispõe: § 6o Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1° do art. 22 da lei n°8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito. a) despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; b) despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; c) deságio na colocação de títulos; d) perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge. Da análise da legislação, concluise que, em relação às instituições financeiras ou entidades a ela equiparadas, o reconhecimento da inconstitucionalidade do § Io , do artigo 3o , da Lei 9.718/98 pelo Supremo Tribunal Federal, não afasta, pura c simplesmente a incidência da COFINS, mas tão somente em relação às atividades típicas e características de intermediação financeira. Ao julgar os Embargos de Declaração no Recurso Extraordinário 444.601, opostos por entidade de previdência privada, o Supremo Tribunal Federal deixou claro seu posicionamento restrito quanto aos efeitos do reconhecimento da inconstitucionalidade do § I o , do artigo 3 o , da Lei 9.718/98, no que tange às instituições financeiras e demais sociedades equiparadas (artigo 22, § I o , da Lei 8.212/91): [...] Ressalto que a questão é objeto de apreciação pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, nos autos dos Embargos Declaratórios opostos no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n° 400.479, divulgando o informativo STF 556 o voto do Ministro Cezar Peluso, 19/08/2009, nos seguintes termos: [...] Esta Corte em relação à incidência da COFINS sobre as atividades típicas desenvolvidas por instituições financeiras, manifestouse nos seguintes termos Fl. 360DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 361 7 TRIBUTÁRIO. COFINS. ART. 3o, §1°, DA LEI N° 9718/98. INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. RECEITAS OPERACIONAIS TÍPICAS. CONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES. [...] Esse o entendimento que melhor harmonizase com a Lei Maior. A idéia de faturamento está intrinsecamente relacionada no resultado financeiro decorrente do exercício das atividades principais das empresas, ou seja, aquelas vinculadas ao seu objeto e que se referem, em regra, à maior parcela da entrada de valores da pessoa jurídica, em respeito aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva e também aos que regem a seguridade social, como da universalidade, solidariedade e equidade na forma de participação do custeio. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. ACOLHIMENTO. COFINS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ART. 3°, §§ 5" E 6", DA LEI N. PREJUD1CIALIDADE DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DA ^AUTORA. I Acórdão deixou de considerar que a Autora é corretora de valores mobiliários, cujo recolhimento da COFINS submetese a uma sistemática específica, distinta das demais pessoas jurídicas. II Existência de contradição entre a matéria devolvida a esta Corte, e a apreciada pelo acórdão, cuja correção é cabível mediante embargos de declaração, nos termos do arl. 535, I, do Código de Processo Civil. III Reconhecida a inconstitucionalidade do § 1°, do arl, 3". da Lei 9.718/98, no julgamento do RE 346084/PR. Tese reafirmada no julgamento do RE 585235 RGQO, de relatoria do Min. Cezar Peluso, j. 10.09.08, DJe 28.11.08, submetido ao rito previsto no ar/. 543B, do Código de Processo Civil. IV Contudo, a declaração de inconstitucionalidade do arl. 3°, § 1º da Lei n. 9.718/98, não aproveita à Autora que, na condição de instituição financeira, possui tratamento diferenciado, recolhendo aludida contribuição por força dos parágrafos 5" e 6", do mesmo artigo. V Para as instituições financeiras, a receita financeira constitui receita inerente à sua atividade intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros (art. 17, Lei 4595/64) ocasionando que sua receita bruta operacional corresponda ao faturamento. VI Inexistindo crédito a compensar, restam prejudicados os embargos declaratórios da Autora. VII Embargos de declaração da União acolhidos, contradição sanada, efeitos infringentes emprestados, e embargos de declaração da Autora prejudicados. (TRF 3" Região, SEXTA TURMA, APELREEX 0025492 42.1999.4.03.6100, Rei. DESEMBARGADORA FEDERAL Fl. 361DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 362 8 REGINA COSTA, julgado em 26/05/2011, eDJF3 Judicial 1 DATA:02/06/2011 PÁGINA: 1596) TRIBUTÁRIO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. LEI N. 9.718/1998. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. RECEITA BRUTA DECORRENTE DO EXERCÍCIO DO OBJETO SOCIAL. [...] Quando do julgamento dos Recursos Extraordinários mencionados, a Suprema Corte reconheceu a sinonímia existente entre os termos faturamento e receita bruta, para fins de incidência da COFINS. Entretanto, a realidade alcançada pelos termos citados não se limita simplesmente às operações de venda de mercadorias e de prestação de serviços, notadamente nos dias atuais, em que as atividades empresariais assumem formas as mais diversas, de modo que, mediante uma interpretação teleológica, o termo faturamento, assim como a receita bruta, abrange a totalidade das receitas decorrentes do exercício do objeto social. [...] Ante o exposto, dou parcial provimento.à remessa oficial e à apelação da União Federal para manter a inexigibilidade da C COFINS apenas quanto às receitas não provenientes das atividades típicas, e nego provimento à apelação da impetrante, consoante fundamentação. " Verificase que a decisão proferida pelo TRF 3º Região considerou que a recorrente é instituição financeira e que "integra o faturamento da impetrante todas as receitas típicas da atividade de intermediação financeira e da prestação de serviços de natureza financeira, tais como: empréstimos, financiamentos, colocação c negociação de títulos e valores mobiliários e arrendamento mercantil". A decisão considerou, também, que todas as receitas decorrentes das atividades expressas na Cláusula Segunda do Contrato Social se inseriam no conceito de faturamento, excetuandose apenas as não operacionais, ou seja, as não decorrentes da exploração da atividade regular da recorrente. O acórdão utilizou ainda de jurisprudência sobre outra corretora de valores, na qual restou expressa a inserção da corretora de valores na condição de instituições financeiras, para as quais, a aplicação de recursos próprios consiste em receita operacional. Reproduzo novamente o excerto: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. ACOLHIMENTO. COFINS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ART. 3°, §§ 5" E 6", DA LEI N. PREJUD1CIALIDADE DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DA ^AUTORA. [...] Fl. 362DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 363 9 V Para as instituições financeiras, a receita financeira constitui receita inerente à sua atividade intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros (art. 17, Lei 4595/64) ocasionando que sua receita bruta operacional corresponda ao faturamento. [...] (TRF 3" Região, SEXTA TURMA, APELREEX 0025492 42.1999.4.03.6100, Rei. DESEMBARGADORA FEDERAL REGINA COSTA, julgado em 26/05/2011, eDJF3 Judicial 1 DATA:02/06/2011 PÁGINA: 1596) Constatase, destarte, que não cabe mais discussão na esfera administrativa sobre a consideração de que a recorrente é uma instituição financeira e que suas receitas operacionais, inclusive, a aplicação de recursos próprios, são receitas operacionais típicas das atividades empresariais destas entidades, uma vez que a decisão judicial proferida pelo TRF 3º Região no Mandado de Segurança nº 2000.61.00.0202734/SP deixou expressa tal caracterização. Para que não paire dúvidas sobre a natureza das demais receitas autuadas, esclareçase que o artigo 17 da Lei nº 4.595/1964 definiu a instituição financeira nos termos abaixo, consistindo a atividade de aplicação de recursos próprios em atividade típica destas entidades: Art. 17. Consideramse instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparamse às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual. Disciplinando as normas gerais de contabilidade a serem observadas pelas instituições financeiras, o Banco Central do Brasil publicou a Circular nº 1.273/1987. Referida circular dispôs em seu no preâmbulo que "2. As normas consubstanciadas no COSIF aplicam– se aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de arrendamento mercantil, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo, caixas econômicas e cooperativas de crédito." (grifei) Já no item 2 da Seção Princípios Gerais, Capítulo Normas Básicas, determinou que as normas e procedimentos, bem como as demonstrações financeiras padronizadas ali previstas, eram de uso obrigatório para as instituições financeiras ali descritas, a saber: 2 – As normas e procedimentos, bem como as demonstrações financeiras padronizadas previstas neste Plano, são de uso obrigatório para: Fl. 363DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 364 10 a) os bancos comerciais; b) os bancos de desenvolvimento; c) as caixas econômicas; d) os bancos de investimento; e) as sociedades de crédito, financiamento e investimento; f) as sociedades de crédito imobiliário e associações de poupança e empréstimo; g) as sociedades de arrendamento mercantil; (grifei) h) as sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e câmbio; i) as sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários; j) as cooperativas de crédito. Por sua vez, na Seção 17 Receitas e Despesas, dentro do Capítulo de Normas Básicas, destacamse os esclarecimentos: 1. Para fins de registros contábeis e elaboração das demonstrações financeiras, as receitas e despesas se classificam em Operacionais e Não Operacionais. 2. As receitas, em sentido amplo, englobam as rendas, os ganhos e os lucros, enquanto às despesas correspondem as despesas propriamente ditas, as perdas e os prejuízos. 3. As rendas operacionais representam remunerações obtidas pela instituição em suas operações ativas e de prestação de serviços, ou seja, aquelas que se referem a atividades típicas, regulares e habituais. (grifei) 4. As despesas operacionais decorrem de gastos relacionados às atividades típicas e habituais da instituição. 5. As receitas não operacionais provêm de remunerações eventuais, não relacionadas com as operações típicas da instituição. Concluise, portanto, que as rendas operacionais consistem, para as instituições financeiras, em receitas relativas à sua atividade típica, regular e habitual. O elenco de contas do COSIF classifica as receitas operacionais dentro do grupo 7 Contas de Resultado Credoras, conforme estrutura abaixo1: II PASSIVO 7 CONTAS DE RESULTADO CREDORAS 7.1 RECEITAS OPERACIONAIS CÓDIGOS TÍTULOS CONTÁBEIS ATRIBUTOS E P 7.1.0.00.008 RECEITAS OPERACIONAIS UBDKIFJACTSWE ROLMNHZ 705 7.1.1.00.001 Rendas De Operacoes De Credito UBDKIFJACTSWE ROLMNHZ 711 7.1.2.00.004 Rendas De UBDKIFASWELMN 711 1 Fonte: http://www.bcb.gov.br/htms/cosif/default.asp. Início » Sistema Financeiro Nacional » Informações cadastrais e sobre Contabilidade » Informações sobre Contabilidade » Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF) Fl. 364DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 365 11 Arrendamento Mercantil Z 7.1.3.00.007 Rendas De Cambio UBIFCTOLMNZ 711 7.1.4.00.000 Rendas De Aplicacoes Interfinanceiras De Liquidez UBDKIFJACTSWE ROLMNHZ 711 7.1.5.00.003 Rendas Com Titulos E Valores Mobiliarios E Instrumentos Financeiros Derivativos UBDKIFJACTSWE ROLMNHZ 711 7.1.7.00.009 Rendas De Prestacao De Servicos UBDKIFJACTSWE RLMNHZ 711 7.1.8.00.002 Rendas De Participacoes UBDKIFACTSWER LMNHZ 711 7.1.9.00.005 Outras Receitas Operacionais UBDKIFJACTSWE ROLMNHZ 711 Destacase que as contas autuadas pela fiscalização constam dos demonstrativos do arquivo paginável de efl. 132 e se referem às contas 7.1.0.00.008, 7.1.3.00.007, 7.1.3.30.008, 7.1.4.00.000, 7.1.5.00.003, 7.1.5.80.009, 7.1.5.90.006, 7.1.7.00.009, 7.1.8.00.002, 7.1.9.00.005, 7.1.9.90.008, considerando como exclusões as contas 7.1.5.80.212, 7.1.5.80.391, 7.1.5.90.006, 7.1.8.00.002, 7.1.9.00.008, como deduções as contas 8.1.1.00.008, 8.1.5.00.000 e 8.1.4.00.007, bem como excluindo os lucros e dividendos de investimentos (conta 7079), ou seja, considerando as receitas operacionais e as exclusões e deduções previstas no §6º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998 e incisos I a III do artigo 1º da Lei nº 9.701/1998, o que está de acordo com o disposto na decisão judicial proferida pelo TRF 3º Região. Referidas receitas estão, outrossim, de acordo com a Resolução Banco Central nº 1.655/1989, que disciplinou a constituição, a organização e o funcionamento das sociedades corretoras de valores mobiliários. O art. 2º desse Regulamento dispõe sobre o objeto social dessas sociedades, que corresponde à Cláusula Segunda do Contrato Social (e fls.148/149): Art. 2º A sociedade corretora tem por objeto social: I operar em recinto ou em sistema mantido por bolsa de valores; II subscrever, isoladamente ou em consórcio com outras sociedades autorizadas, emissões de títulos e valores mobiliários para revenda; III intermediar oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado; IV comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros, observada regulamentação baixada pela Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil nas suas respectivas áreas de competência; V encarregarse da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários; VI incumbirse da subscrição, da transferência e da autenticação de endossos, de desdobramento de cautelas, de recebimento e pagamento de resgates, juros e outros proventos de títulos e valores mobiliários; VII exercer funções de agente fiduciário; Fl. 365DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 366 12 VIII instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento; IX constituir sociedade de investimento capital estrangeiro e administrar a respectiva carteira de títulos e valores mobiliários; X exercer as funções de agente emissor de certificados e manter serviços de ações escriturais; XI emitir certificados de depósito de ações; XII intermediar operações de câmbio; XIII praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes; XIV praticar operações de conta margem, conforme regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários; XV realizar operações compromissadas; XVI praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e de terceiros, nos termos da regulamentação baixada pelo Banco Central do Brasil; XVII operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros, observada regulamentação baixada pela Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil nas suas respectivas áreas de competência; XVIII prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, em operações e atividades nos mercados financeiro e de capitais; XIX exercer outras atividades expressamente autorizadas, em conjunto, pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários. (grifo acrescido) Concernente à aplicação do Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, as conclusões ali expostas se coadunam com o entendimento exarado na decisão judicial, não havendo qualquer antinomia entre suas conclusões. Por fim, a recorrente pede o cancelamento da multa de ofício e dos juros de mora. Porém, a autuação versou sobre as receitas sujeitas à incidência da Cofins e, portanto, não amparadas pelo provimento judicial na parte favorável à recorrente. Decorre, pois, que a aplicação da multa de ofício possui fundamento na falta de declaração/recolhimento da contribuição, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96. Sobre a legitimidade da taxa Selic como juros moratórios, previstos no artigo 61, §3º2 da Lei nº 9.430, de 1996, descabem maiores considerações, conforme decidido no REsp 879.844/MG, julgado em 11/11/2009 (recursos repetitivos), e no RE 582.461/SP, submetido à repercussão geral, julgado em 18/05/2011, e de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 4: 2 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) ... § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 366DF CARF MF Processo nº 16327.720648/201548 Acórdão n.º 3302005.680 S3C3T2 Fl. 367 13 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 367DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.001116/2010-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 31/05/2005 a 31/05/2007, 30/11/2008 a 31/12/2009
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. PISOS PLÁSTICOS PARA SUINOCULTURA..
Classificam-se sob o código 3918.90.00 artefatos plásticos para pavimentos confeccionados em forma de painéis vazados, dotados de encaixes laterais, próprios para cobertura de superfícies planas, cuja principal finalidade consiste em permitir o escoamento de dejetos provenientes da suinocultura.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF.
MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
A aplicação da multa de ofício no percentual de setenta e cinco por cento na constituição de crédito tributário de IPI é legítima e possui previsão legal no artigo 80, inciso I, da Lei nº 4.502/1964.
JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04.
Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, conforme enunciado da Súmula CARF nº 04.
Numero da decisão: 3302-005.695
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 31/05/2005 a 31/05/2007, 30/11/2008 a 31/12/2009 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. PISOS PLÁSTICOS PARA SUINOCULTURA.. Classificam-se sob o código 3918.90.00 artefatos plásticos para pavimentos confeccionados em forma de painéis vazados, dotados de encaixes laterais, próprios para cobertura de superfícies planas, cuja principal finalidade consiste em permitir o escoamento de dejetos provenientes da suinocultura. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A aplicação da multa de ofício no percentual de setenta e cinco por cento na constituição de crédito tributário de IPI é legítima e possui previsão legal no artigo 80, inciso I, da Lei nº 4.502/1964. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04. Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, conforme enunciado da Súmula CARF nº 04.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11020.001116/2010-24
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5893920
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 21 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.695
nome_arquivo_s : Decisao_11020001116201024.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 11020001116201024_5893920.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7399944
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050587691483136
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1931; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 460 1 459 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.001116/201024 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.695 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de julho de 2018 Matéria IPI Recorrente INDÚSTRIA MECÂNICA NTC LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 31/05/2005 a 31/05/2007, 30/11/2008 a 31/12/2009 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. PISOS PLÁSTICOS PARA SUINOCULTURA.. Classificamse sob o código 3918.90.00 artefatos plásticos para pavimentos confeccionados em forma de painéis vazados, dotados de encaixes laterais, próprios para cobertura de superfícies planas, cuja principal finalidade consiste em permitir o escoamento de dejetos provenientes da suinocultura. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A aplicação da multa de ofício no percentual de setenta e cinco por cento na constituição de crédito tributário de IPI é legítima e possui previsão legal no artigo 80, inciso I, da Lei nº 4.502/1964. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04. Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, conforme enunciado da Súmula CARF nº 04. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 11 16 /2 01 0- 24 Fl. 459DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 461 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, em razão de erro na classificação fiscal do produtos pisos para suinocultura, classificados pela recorrente no código 3925.20.00, enquanto a autoridade fiscal os reclassificou para o código 3918.90.00, por aplicação das Regra Geral 1 e Regra Geral 6. Em impugnação, a recorrente alegou que o produto é de encaixe com estrutura de madeira ou metal, cuja classificação mais acertada é Caixilhos Plásticos para Suíno, no código 3925.20.00, por aplicação da nota 11 do Capítulo 39, pede a aplicação do artigo 112, arguiu que a posição adotada é mais específica, que a reclassificação fiscal fere os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, a falta de incentivos do Governo Federal à suinocultura e a intervenção negativa do Estado ao reclassificar seu produto, a inaplicabilidade da taxa Selic, a natureza confiscatória da multa de ofício de 75%, pede a aplicação do ADN nº 10/1997 e pugna pela redução da multa a 30% em consonância com entendimento do STF. Por sua vez, a Terceira Turma da DRJ em Belo Horizonte julgou a impugnação improcedente, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 31/05/2005 a 31/05/2007, 30/11/2008 a 31/12/2009 CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. PISOS PLÁSTICOS PARA SUINOCULTURA. ART. 16 DO DECRETO N. 4.544, DE 2002. Consoante art. 16 do Decreto n. 4.544, de 2002 Regulamento do IPI, a classificação de mercadorias no âmbito da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM é realizada com o emprego das seis Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado RGI, como também das duas Regras Gerais Complementares RGC e das Notas Complementares NC. A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada pelos textos destas subposições e das notas de subposição respectivas, entendendose que apenas são Fl. 460DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 462 3 comparáveis subposições de mesmo nível. Classificamse sob o código 3918.90.00 artefatos plásticos para pavimentos confeccionados em forma de painéis vazados, dotados de encaixes laterais, próprios para cobertura de superfícies planas, cuja principal finalidade consiste em permitir o escoamento de dejetos provenientes da suinocultura. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/05/2005 a 31/05/2007, 30/11/2008 a 31/12/2009 MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 471 E 488, I, DO DECRETO N. 4.544, DE 2002. Em obediência ao art. 471 do Decreto n. 4.544, de 2002, sobre os débitos relativos ao IPI, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, incidem juros de mora calculados à taxa referencial do Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o último dia do mês anterior ao do recolhimento, e de um por cento no mês de recolhimento. A multa de ofício resta imposta por meio do art. 488, I, do precitado Decreto, segundo o qual a falta de destaque do valor, total ou parcial, do imposto na respectiva nota fiscal, a falta de recolhimento do imposto destacado ou o recolhimento, após vencido o prazo, sem o acréscimo de multa moratória, sujeitará o contribuinte à multa de setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido, ou que houver sido recolhido após o vencimento do prazo sem o acréscimo de multa moratória. Às autoridades administrativas, de seu turno, não é dado apreciar questões que importem na negação da eficácia de preceitos normativos, em especial as que versem acerca da consonância de tais preceitos com a Constituição da República, de inarredável competência do Poder Judiciário, seu intérprete qualificado. MULTA DE OFÍCIO. PEDIDO DE EXCLUSÃO. ATO NORMATIVO DECLARATÓRIO COSIT N. 10, DE 1997. Limitase o Ato Normativo Declaratório Cosit n. 10, de 1997, à aplicabilidade, no curso do despacho aduaneiro, das penalidades de que trata o art. 4.º da Lei n. 8.128, 1991, e o art. 44 da Lei n. 9.430, 1996. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, reiterando as razões aduzidas em impugnação. Na forma regimental, o recurso foi distribuído a este relator. É o relatório. Fl. 461DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 463 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O litígio reside na classificação de pisos plásticos para suínos (nome vulgar), ou piso plástico para suíno, piso creche, piso maternidade, piso vitasui (nome comercial) ou piso elevado para suínos (nome científico), conforme descrição técnica apresentada pela recorrente. A fiscalização utilizou as RG1 e a RG6 para classificar os produtos, ou seja, o texto da posição 3918 e o texto da subposição 3918.90. A classificação de mercadorias é efetuada a partir das regras gerais de interpretação do Sistema Harmonizado, da regra geral complementar relativa à classificação em âmbito regional (Mercosul) e ainda da regra geral complementar da TIPI, abaixo transcritas, conforme artigo 161 do Decreto nº 4.544/2002: REGRAS GERAIS PARA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO 1 Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes. 2. a) Qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características essenciais do artigo completo ou acabado. Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se apresente desmontado ou por montar. b Qualquer referência a uma matéria em determinada posição diz respeito a essa matéria, quer em estado puro, quer misturada ou associada a outras matérias. Da mesmo forma, qualquer referência a obras de uma matéria determinada abrange as obras constituídas inteira ou parcialmente dessa matéria. A classificação destes produtos misturados ou artigos compostos efetuase conforme os princípios enunciados na Regra 3. 3 Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2"b" ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma 1 Art. 16. Farseá a classificação de conformidade com as Regras Gerais para Interpretação (RGI), Regras Gerais Complementares (RGC) e Notas Complementares (NC), todas da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), integrantes do seu texto (Decretolei nº 1.154, de 1º de março de 1971, art. 3º). Fl. 462DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 464 5 delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3"a", classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3"a" e 3"b" não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. 4 As mercadorias que não possam ser classificadas por aplicação das Regras acima enunciadas classificamse na posição correspondente aos artigos mais semelhantes. 5 Além das disposições precedentes, as mercadorias abaixo mencionadas estão sujeitas às Regras seguintes: a) Os estojos para aparelhos fotográficos, para instrumentos musicais, para armas, para instrumentos de desenho, para jóias e receptáculos semelhantes, especialmente fabricados para conterem um artigo determinado ou um sortido, e suscetíveis de um uso prolongado, quando apresentados com os artigos a que se destinam, classificamse com estes últimos, desde que sejam do tipo normalmente vendido com tais artigos. Esta Regra, todavia, não diz respeito aos receptáculos que confiram ao conjunto a sua característica essencial. b) Sem prejuízo do disposto na Regra 5"a", as embalagens contendo mercadorias classificamse com estas últimas quando sejam do tipo normalmente utilizado para o seu acondicionamento. Todavia, esta disposição não é obrigatória quando as embalagens sejam claramente suscetíveis de utilização repetida. 6 A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, "mutatis mutandis", pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. REGRA GERAL COMPLEMENTAR (RGC) Fl. 463DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 465 6 1 (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. REGRA GERAL COMPLEMENTAR DA TIPI (RGC/TIPI) 1 (RGC/TIPI1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar, no âmbito de cada código, quando for o caso, o "Ex" aplicável, entendendose que apenas são comparáveis "Ex" de um mesmo código. Destacamse, ainda, as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado – NESH – que representam a interpretação oficial do Sistema Hamonizado, oriunda da Organização Mundial das Alfândegas – OMA. O parágrafo único do art. 1º do Decreto nº 435, de 1992 dispôs que as NESH “constituem elementos subsidiários de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulos, posições e subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado, anexas à Convenção Internacional de mesmo nome”. Abaixo transcrevemse os textos relativos às duas classificações: 39.18 Revestimentos de pavimentos (pisos), de plásticos, mesmo auto adesivos, em rolos ou em forma de ladrilhos ou de mosaicos; revestimentos de paredes ou de tetos, de plásticos, definidos na Nota 9 do presente Capítulo. 3918.10.0 0 De polímeros de cloreto de vinila 5 3918.90.0 0 De outros plásticos 5 39.25 Artefatos para apetrechamento de construções, de plásticos, não especificados nem compreendidos em outras posições. 3925.10.0 0 Reservatórios, cisternas, cubas e recipientes análogos, de capacidade superior a 300 litros 0 3925.20.0 0 Portas, janelas, e seus caixilhos, alizares e soleiras 0 3925.30.0 0 Postigos, estores (incluídas as venezianas) e artefatos semelhantes, e suas partes 5 3925.90.0 0 Outros 5 Por sua vez, as notas explicativas para a posição 39.19 mencionam: "A primeira parte desta posição abrange os plásticos dos tipos normalmente utilizados como revestimentos de pavimentos, em rolos ou em forma de ladrilhos ou de placas. Deve notarse que os revestimentos para pavimentos autoadesivos classificamse nesta posição." Já na posição 39.25, está disposto que: Fl. 464DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 466 7 "A presente posição abrange unicamente os artigos referidos na Nota 11 do presente Capítulo." A referida nota 11 é alegada pela recorrente como fundamento para classificação dos pisos, ao considerar que seriam caixilhos. A nota 11 dispõe: 11. A posição 39.25 aplicase exclusivamente aos seguintes artefatos, desde que não se incluam nas posições precedentes do Subcapítulo II: a) Reservatórios, cisternas (incluindo as fossas sépticas), cubas e recipientes análogos, de capacidade superior a 300 l; b) Elementos estruturais utilizados, por exemplo, na construção de pisos (pavimentos), paredes, tabiques, tetos ou telhados; c) Calhas e seus acessórios; d) Portas, janelas, e seus caixilhos, alizares e soleiras; e) Gradis, balaustradas, corrimões e artigos semelhantes; f) Postigos, estores (incluindo as venezianas) e artefatos semelhantes, suas partes e acessórios; g) Estantes de grandes dimensões destinadas a serem montadas e fixadas permanentemente, por exemplo, em lojas, oficinas, armazéns; h) Motivos decorativos arquitetônicos, tais como caneluras, cúpulas, etc.; ij) Acessórios e guarnições, destinados a serem fixados permanentemente em portas, janelas, escadas, paredes ou noutras partes de construções, tais como puxadores, maçanetas, aldrabas, suportes, toalheiros, espelhos de interruptores e outras placas de proteção. A recorrente classifica o produto no código 3925.20.00, cujo texto é "Portas, janelas, e seus caixilhos, alizares e soleiras, descrição contida na alínea "d" da nota 11. Porém, defende em seu recurso que o produto corresponde a elementos estruturais utilizados na construção de pisos. Nem um nem outro. Em primeiro lugar, os caixilhos a que se referem são armações de portas e janelas e não se referem a pisos. Em segundo lugar, as estruturas referidas na alínea "b" não seriam classificadas no código adotado pela recorrente de alíquota zero, mas no código 3925.90.00 de alíquota 5%, como fora classificado após 11/06/2006. Constatase, de fato, que o produto objeto da lide são estrados de plástico ou pisos de plástico, descritos corretamente pela autoridade fiscal nos seguintes termos: "Tratase de revestimentos de plástico, para pavimentos apresentado na forma de painéis vazados, dotados de encaixes nas laterais, próprios para a cobertura de superfícies planas, com a finalidade de permitir o escoamento de líquidos, sujeiras e detritos, tais como os existentes em vestuários, saunas e na suinocultura, deixando o piso limpo e seco. Segundo informações Fl. 465DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 467 8 do sujeito passivo (fl. 78) estes produtos são conhecidos pelos nomes "Piso plástico para suínos, estrados para suínos, piso plástico para leitão", comercialmente denominado "piso vitasui, piso plástico para suíno, piso creche, piso creche light e piso maternidade" e nome cientifico de "Piso elevado para suínos". Composto por 93,0% de polipropileno copolimero (plástico), 5,0% de carga mineral (carbono de cálcio CaCo3) e 2,0% de pigmento (corante) (fl. 82). A descrição corresponde ao texto da posição 39.18, classificandose no código 3925.90.00 por não se tratar de polímeros de cloreto de vinila. Não se tratam de estruturas estruturais utilizados na construção de pisos, mas dos próprios pisos, que utilizam sim elementos estruturais de suporte, mas de metal ou madeira, como exposto nas peças recursais (efls. 317,425). Portanto, correta a classificação fiscal. Concernente à alegação da natureza confiscatória da multa de ofício e de ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, reiterase a impossibilidade de conhecimento por este Conselho de argüições de inconstitucionalidade, a teor da Súmula CARF nº 2 e que a aplicação da multa de ofício no percentual de 75% decorre da falta de recolhimento do tributo devido, conforme as disposições do artigo 80 da Lei nº 4.502/642, sendo sua aplicação atividade vinculada e obrigatória por parte da autoridade fiscal, nos termos do artigo 1423 do CTN. No que tange à aplicação do ADN nº 10/1997, tal ato foi revogado pelo ADI SRF nº 13/2002, retirando a expressão "classificação tarifária errônea" das hipóteses de exclusão da multa prevista no art. 44 da Lei nº 9430/96. Além disso, sua aplicação restringese ao despacho aduaneiro ou ao ato de revisão aduaneira, não sendo o caso destes autos, como se depreende de seu conteúdo: O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o item II da Instrução 2 Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal, a falta de recolhimento do imposto lançado ou o recolhimento após vencido o prazo, sem o acréscimo de multa moratória, sujeitará o contribuinte às seguintes multas de ofício: (Redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996) (Vide Mpv nº 303, de 2006) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) I setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido ou que houver sido recolhido após o vencimento do prazo sem o acréscimo de multa moratória; (Redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996) Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) 3 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 468 9 Normativa n° 34, de 18 de setembro de 1974, e tendo em vista o disposto no art. 112 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n° 91.030, de 5 de março de 1985, e art. 107, inciso 1, do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados aprovado pelo Decreto n° 87.981, de 23 de dezembro de 1982, Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que não constitui infração punível com as multas previstas no art. 4° da Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a solicitação, feita no despacho aduaneiro, de reconhecimento de imunidade tributária, isenção ou redução do imposto de importação e preferência percentual negociada em acordo internacional, quando incabíveis, bem assim a classificação tarifária errônea ou a indicação indevida de destaque (ex), desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante. 2. Nos casos acima, os tributos devidos em razão de falta ou insuficiência de pagamento, exigidos no curso do despacho ou em ato de revisão aduaneira, serão acrescidos dos encargos legais, nos termos da legislação em vigor, a partir da data do registro da Declaração de Importação, relativamente ao Imposto de Importação, e do desembaraço aduaneiro, relativamente ao Imposto sobre Produtos Industrializados vinculado à importação. 3. Ficam revogados os Atos Declaratórios (Normativos) COSIT n°s 38, de 24 de junho de 1994, e 36, de 5 de outubro de 1995. Por fim, quanto à utilização da taxa Selic como juros moratórios, prevista no artigo 61, §3º4 da Lei nº 9.430/1996, descabem maiores considerações, conforme decidido no REsp 879.844/MG, julgado em 11/11/2009 (recursos repetitivos), e no RE 582.461/SP, submetido à repercussão geral, julgado em 18/05/2011, e de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à 4 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) ... § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 467DF CARF MF Processo nº 11020.001116/201024 Acórdão n.º 3302005.695 S3C3T2 Fl. 469 10 taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 468DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915300/2008-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/01/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA.
O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolando-se em definitiva a decisão de primeira instância administrativa exarada.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.519
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.915297/2008-61, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/01/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA. O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolando-se em definitiva a decisão de primeira instância administrativa exarada. Recurso Voluntário Não Conhecido Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.915300/2008-46
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5880598
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.519
nome_arquivo_s : Decisao_10880915300200846.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10880915300200846_5880598.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.915297/2008-61, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7364234
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:22:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050588337405952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1487; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.915300/200846 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.519 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2018 Matéria DCOMP Recorrente JS DISTRIBUIDORA DE PECAS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/01/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA. O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolandose em definitiva a decisão de primeira instância administrativa exarada. Recurso Voluntário Não Conhecido Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.915297/200861, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 53 00 /2 00 8- 46 Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10880.915300/200846 Acórdão n.º 3302005.519 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. Na apreciação do pleito, manifestouse a Delegacia da Receita Federal da Administração Tributária em São Paulo/SP pela não homologação da compensação declarada, fazendoo com base na constatação da inexistência do crédito informado, uma vez que o valor recolhido já havia sido integralmente utilizado para extinção do débito relativo ao período de apuração a que se referia, não restando crédito disponível para compensação dos valores informados na Dcomp. Inconformada com a não homologação da compensação, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alega, em síntese, que os valores referentes ao período foram recolhidos a maior gerando direito a compensar, sendo que os dados da DCTF foram corrigidos posteriormente por meio de DCTF retificadora, sendo os débitos devidamente compensados, requerendo o acolhimento da manifestação de inconformidade e homologação da compensação declarada. A decisão de primeira instância foi pelo não provimento da manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 16031.381. Após ciência ao acórdão de primeira instância apresentou o recurso voluntário , sem argüições preliminares, no que concerne à tempestividade. É o relatório. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10880.915300/200846 Acórdão n.º 3302005.519 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.517, de 24 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.915297/200861, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.517): "Examinando os elementos componentes dos autos, constato que a ciência da decisão recorrida efetuouse por via postal em 17/06/2011, sexta feira, com o Aviso de Recebimento AR de fl. 108. O recurso voluntário, por seu turno, foi protocolado em 21/07/2011 (fl. 53), quintafeira. Procedendo à contagem do prazo recursal na forma dos arts. 5º e 23 do Decreto nº 70.235/72, verifico que o prazo legal de 30 (trinta) dias esgotouse em 19/07/2011, na terçafeira anterior, ao do protocolo recursal, em 21/07/2011. Nesta senda, inobservado o prazo estipulado pelo art. 33 do já referido Decreto nº 70.235/72, resta indiscutível a intempestividade da peça interposta. Em face de todo o exposto, considerando que a peça não atende a requisito essencial de admissibilidade, a tempestividade, voto por não conhecê la." Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo restou configurada a intempestividade do Recurso Voluntário não atendendo a requisito essencial de admissibilidade. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 126DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11618.001024/2005-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 10/01/2000 a 30/09/2002
ARGAMASSA PARA REJUNTE. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO 3214.10.10
Argamassa para rejuntamento (Rejunte), resultante da mistura de cimento, pedra britada e moída (carbonato de cálcio), aditivo para hidratação do cimento (retentor de água), pigmento (corante), impermeabilizante (hidrofugante) e polímero, que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para rejuntar placas cerâmicas, pastilhas, granitos, mármores e porcelanatos, em áreas internas e externas. Apresenta-se em pó seco e é empregada na construção civil. Classifica-se no Item 3214.10.10 da NBM/TIPI, então vigente.
ARGAMASSA PARA REVESTIMENTO. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO 3824.50.00
Argamassa para revestimento (Massa única), não refratária, resultante da mistura de cimento, cal hidratada, areia e aditivos (retentor de água e incorporador de ar), que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para reboco e chapisco de paredes e tetos, assentamento de blocos de concreto e regularização de pisos, em áreas internas ou externas. Apresenta-se em pó seco e é empregada na construção civil. Classifica-se na Subposição 3824.50.00 da NBM/TIPI, então vigente.
GLOSA DE CRÉDITO. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOSO IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos, e porconseqüência, é obrigação de cada estabelecimento comprovar a legitimidade dos créditos recebidos em transferência, e utilizados para compensar débitos do imposto.
Numero da decisão: 3302-005.611
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato de Almeida, Diego Weis Jr e Raphael Madeira Abad que davam provimento parcial para afastar a reclassificação fiscal efetuada.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 10/01/2000 a 30/09/2002 ARGAMASSA PARA REJUNTE. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO 3214.10.10 Argamassa para rejuntamento (Rejunte), resultante da mistura de cimento, pedra britada e moída (carbonato de cálcio), aditivo para hidratação do cimento (retentor de água), pigmento (corante), impermeabilizante (hidrofugante) e polímero, que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para rejuntar placas cerâmicas, pastilhas, granitos, mármores e porcelanatos, em áreas internas e externas. Apresenta-se em pó seco e é empregada na construção civil. Classifica-se no Item 3214.10.10 da NBM/TIPI, então vigente. ARGAMASSA PARA REVESTIMENTO. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO 3824.50.00 Argamassa para revestimento (Massa única), não refratária, resultante da mistura de cimento, cal hidratada, areia e aditivos (retentor de água e incorporador de ar), que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para reboco e chapisco de paredes e tetos, assentamento de blocos de concreto e regularização de pisos, em áreas internas ou externas. Apresenta-se em pó seco e é empregada na construção civil. Classifica-se na Subposição 3824.50.00 da NBM/TIPI, então vigente. GLOSA DE CRÉDITO. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOSO IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos, e porconseqüência, é obrigação de cada estabelecimento comprovar a legitimidade dos créditos recebidos em transferência, e utilizados para compensar débitos do imposto.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11618.001024/2005-67
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5894168
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.611
nome_arquivo_s : Decisao_11618001024200567.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 11618001024200567_5894168.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato de Almeida, Diego Weis Jr e Raphael Madeira Abad que davam provimento parcial para afastar a reclassificação fiscal efetuada. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7401466
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050588915171328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2037; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1.136 1 1.135 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11618.001024/200567 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.611 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de julho de 2018 Matéria Classificação Fiscal Recorrente POLIMASSA ARGAMASSAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/01/2000 a 30/09/2002 ARGAMASSA PARA REJUNTE. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO 3214.10.10 Argamassa para rejuntamento (Rejunte), resultante da mistura de cimento, pedra britada e moída (carbonato de cálcio), aditivo para hidratação do cimento (retentor de água), pigmento (corante), impermeabilizante (hidrofugante) e polímero, que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para rejuntar placas cerâmicas, pastilhas, granitos, mármores e porcelanatos, em áreas internas e externas. Apresentase em pó seco e é empregada na construção civil. Classificase no Item 3214.10.10 da NBM/TIPI, então vigente. ARGAMASSA PARA REVESTIMENTO. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO 3824.50.00 Argamassa para revestimento (Massa única), não refratária, resultante da mistura de cimento, cal hidratada, areia e aditivos (retentor de água e incorporador de ar), que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para reboco e chapisco de paredes e tetos, assentamento de blocos de concreto e regularização de pisos, em áreas internas ou externas. Apresentase em pó seco e é empregada na construção civil. Classificase na Subposição 3824.50.00 da NBM/TIPI, então vigente. GLOSA DE CRÉDITO. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOSO IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos, e porconseqüência, é obrigação de cada estabelecimento comprovar a legitimidade dos créditos recebidos em transferência, e utilizados para compensar débitos do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 8. 00 10 24 /2 00 5- 67 Fl. 1136DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.137 2 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato de Almeida, Diego Weis Jr e Raphael Madeira Abad que davam provimento parcial para afastar a reclassificação fiscal efetuada. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, no período de janeiro/2000 a setembro/2002, em razão de erro na classificação fiscal de argamassas para revestimento e argamassa para rejuntamento e de glosa de 50% dos créditos transferidos da filial para a matriz, conforme relatório fiscal de efls. 859/872, resultando em lançamento de saldos devedores de IPI e multa por falta de destaque de IPI nas notas fiscais. A recorrente adotou a classificação 3214.90.00 ex 01, enquanto a fiscalização entendeu que as argamassas para revestimento deveriam ser classificadas no código 3824.50.00 e as argamassas para rejuntamento no código 3214.10.10. Em impugnação, a recorrente refutou as reclassificações fiscais, bem como o crédito glosado na transferência recebida pela matriz. A Sexta Turma da DRJ em Recife julgou a impugnação improcedente, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 10/01/2000 a 30/09/2002 Classificação incorreta de produto industrializado na NBM/TIPI As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado, as Regras Gerais Complementares e a Regra Geral Complementar da TIPI são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializado (TIPI). Argamassa para rejuntamento (Rejunte), resultante da mistura de cimento, pedra britada e moída (carbonato de cálcio), aditivo para hidratação do cimento (retentor de água), pigmento (corante), impermeabilizante (hidrofugante) e polímero, que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para rejuntar placas cerâmicas, pastilhas, granitos, mármores e porcelanatos, em áreas internas e externas. Apresentase em pó seco e é Fl. 1137DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.138 3 empregada na construção civil. Classificase no Item 3214.10.10 da NBM/TIPI, então vigente. Argamassa para revestimento (Massa única), não refratária, resultante da mistura de cimento, cal hidratada, areia e aditivos (retentor de água e incorporador de ar), que, adicionada de água, forma uma massa utilizada para reboco e chapisco de paredes e tetos, assentamento de blocos de concreto e regularização de pisos, em áreas internas ou externas. Apresentase em pó seco e é empregada na construção civil. Classificase na Subposição 3824.50.00 da NBM/TIPI, então vigente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/01/2000 a 30/09/2002 Recolhimento insuficiente de IPI. Imposto não destacado nas Notas Fiscais de Saída. Constatado que os produtos deram saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial, com a emissão de Notas Fiscais, sem destaque do IPI, em decorrência de erro de classificação e, consequente incorreção de alíquota (que foi agravada de 0% para 10%), cabe o lançamento de ofício desse imposto, acrescido dos juros de mora. Diferença do IPI exigível juntamente com a Multa de Ofício. Com relação aos períodos para os quais, após o ajuste fiscal, resultou apurado saldo devedor de IPI, cabe exigir, juntamente com a diferença do imposto não recolhida, a multa de ofício pela falta de recolhimento dessa parcela do tributo. Falta de destaque do IPI nas Notas Fiscais de Saída. Multa de Ofício isolada. Relativamente aos períodos de apuração para os quais, mesmo após o ajuste fiscal, ainda resultou saldo credor de IPI, cabe a exigência da multa isolada de 75% pela falta de destaque do IPI nas respectivas Notas Fiscais de Saída. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, aduzindo as razões, a seguir, sintetizadas: 1. Que laudo técnico requerido pelo CARF em outros processos foi elaborado pelo Professor Givanildo Alves de Azeredo, do Laboratório de Ensaios de Materiais e Estruturas (LABEME) do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal da Paraíba, designado pela DRF/João Pessoa, tendo concluído que os produtos em análise tratavamse de indutos e que continham pelo menos duas das substâncias referidas no ex tarifário 01 do código 3214.90.00; Fl. 1138DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.139 4 2. Que a Opinião Classificatória produzida por especialista do Centro Profissional de Comércio Exterior converge com as conclusões produzidas no laudo do LABEME, atestando que as argamassas são indutos e não mastiques; 3. Que os mástiques são destinados a preencher fendas e que as juntas de assentamento não são fendas; 4. Que o ex tarifário prevalece sobre a classificação em outra posição, ainda que distinta da do ex tarifário; 5. Que a solução de consulta utilizada como fundamento da autuação foi publicada em 8/6/2004, quando não mais existia o ex tarifário, abolido em 2002, não tendo a referida solução enfrentado a questão relativa ao ex tarifário; 6. Que a regra do artigo 148 do RIPI, utilizada como fundamento da glosa dos créditos transferidos para a matriz referese a uma relação comercial, não existente entre filial e matriz, e que houve apenas transferência de insumos da filial para a matriz, uma vez que a simples passagem pela filial não poderia resultar na glosa de 50% do crédito, uma vez que a filial seria estabelecimento filial, a teor do artigo 9º do RIPI/1998; 7. A reunião deste processo com os demais relativos aos pedidos de ressarcimento. Na sessão de 24/09/2013, esta turma, em outra composição, converteu o julgamento em diligência para que a unidade administrativa de origem juntasse o laudo técnico e a informação fiscal produzidos no processo 11618.002225/0079. Em cumprimento da diligência, a unidade juntou o laudo técnicocientífico produzido pela LABEME – Laboratório de Ensaios de materiais e Estruturas da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba – FUNAPE, o qual concluiu que as argamassas podem ser consideradas como indutos e não como mástiques; que as argamassas analisadas continham pelo menos dois produtos discriminados no ex tarifário 01 do código 3214.90.00; que pedra britada não significa carbonato de cálcio. A informação fiscal refutou as conclusões do laudo técnico, explicitando a incompetência do perito para interpretar as notas do Sistema Harmonizado, que o grupo mástique não está restrito ao exposto no laudo, que a argamassa de rejuntamento não é argamassa utilizada para assentamento de ladrilhos e azulejos, e que as argamassas de revestimentos não são consideradas revestimento definitivo, justamente por não conferir boa aparência e por não cumprir a função de ser impermeável à umidade. Em manifestação sobre a informação fiscal, a recorrente refutou as conclusões fiscais e reiterou os argumentos e pedidos efetuados em recurso voluntário. Na forma regimental, o recurso foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. Fl. 1139DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.140 5 O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente pugna pela reunião deste processo com os relativos aos pedidos de ressarcimento listados na peça recursal. Embora seja evidente a conexão entre tais processos, a teor do artigo 6º, §1º, inciso I do Anexo II do RICARF, tal providência não será necessária, pois referidos pedidos de ressarcimento estão com resolução proferida no sentido de se aguardar o julgamento deste processo, a exemplo da Resolução nº 3801000.648 prolatada no processo nº 11618.001479/200230, cujo conclusão segue abaixo transcrita: "Nesse sentido, voto por julgar converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, para que a autoridade preparadora aguarde o julgamento definitivo do processo n.º 11618.001024/200567 e após junte aos autos a decisão final do auto de infração supra referido, para posterior apreciação do mérito deste recurso." Assim, este processo servirá de paradigma para a solução dos demais. A primeira questão diz respeito à reclassificação fiscal de argamassa para rejunte e argamassa de revestimento. A recorrente adotou a classificação 3214.90.00 ex 01, enquanto a fiscalização entendeu que as argamassas para revestimento deveriam ser classificadas no código 3824.50.00 e as argamassas para rejuntamento no código 3214.10.10. Inicialmente, destacase que a classificação de mercadorias é efetuada pela aplicação das Regras Gerais Interpretativas para o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (RGISH), constantes do Anexo à Convenção Internacional de mesmo nome, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 71/1988, e promulgada pelo Decreto nº 97.409/1988, com posteriores alterações aprovadas pelo Secretário da Receita Federal do Brasil, por força da competência que lhe foi delegada pelo art. 2º do Decreto nº 766/1993, bem assim como das Regras Gerais Complementares (RGC) à Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), constante da Tarifa Externa Comum (TEC) e da Tabela de Incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (TIPI), abaixo transcritas, conforme artigo 161 do Decreto nº 4.544/2002, também reproduzido nos artigos 16 e 17 do Decreto nº 2.367/1998: REGRAS GERAIS PARA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO 1 Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes. 2. a) Qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características 1 Art. 16. Farseá a classificação de conformidade com as Regras Gerais para Interpretação (RGI), Regras Gerais Complementares (RGC) e Notas Complementares (NC), todas da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), integrantes do seu texto (Decretolei nº 1.154, de 1º de março de 1971, art. 3º). Fl. 1140DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.141 6 essenciais do artigo completo ou acabado. Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se apresente desmontado ou por montar. b Qualquer referência a uma matéria em determinada posição diz respeito a essa matéria, quer em estado puro, quer misturada ou associada a outras matérias. Da mesmo forma, qualquer referência a obras de uma matéria determinada abrange as obras constituídas inteira ou parcialmente dessa matéria. A classificação destes produtos misturados ou artigos compostos efetuase conforme os princípios enunciados na Regra 3. 3 Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2"b" ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3"a", classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3"a" e 3"b" não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. 4 As mercadorias que não possam ser classificadas por aplicação das Regras acima enunciadas classificamse na posição correspondente aos artigos mais semelhantes. 5 Além das disposições precedentes, as mercadorias abaixo mencionadas estão sujeitas às Regras seguintes: a) Os estojos para aparelhos fotográficos, para instrumentos musicais, para armas, para instrumentos de desenho, para jóias e receptáculos semelhantes, especialmente fabricados para conterem um artigo determinado ou um sortido, e suscetíveis de um uso prolongado, quando apresentados com os artigos a que se destinam, classificamse com estes últimos, desde que sejam do tipo normalmente vendido com tais artigos. Esta Regra, todavia, não diz respeito aos receptáculos que confiram ao conjunto a sua característica essencial. Fl. 1141DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.142 7 b) Sem prejuízo do disposto na Regra 5"a", as embalagens contendo mercadorias classificamse com estas últimas quando sejam do tipo normalmente utilizado para o seu acondicionamento. Todavia, esta disposição não é obrigatória quando as embalagens sejam claramente suscetíveis de utilização repetida. 6 A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, "mutatis mutandis", pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. REGRA GERAL COMPLEMENTAR (RGC) 1 (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. REGRA GERAL COMPLEMENTAR DA TIPI (RGC/TIPI) 1 (RGC/TIPI1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar, no âmbito de cada código, quando for o caso, o "Ex" aplicável, entendendose que apenas são comparáveis "Ex" de um mesmo código. Destacamse, ainda, as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado – NESH – que representam a interpretação oficial do Sistema Hamonizado, oriunda da Organização Mundial das Alfândegas – OMA. O parágrafo único do art. 1º do Decreto nº 435, de 1992 dispôs que as NESH “constituem elementos subsidiários de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulos, posições e subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado, anexas à Convenção Internacional de mesmo nome”. A partir destas considerações, é necessário expor o entendimento sobre o alcance do laudo técnico apresentado. A recorrente defende que o laudo técnico do LABEME deve ser seguido, pois identificou a natureza e a classificação fiscal dos produtos em questão. Porém, há um equívoco na afirmação. Os laudos técnicos serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada sua improcedência e que a classificação fiscal não se considera aspecto técnico, conforme disposto no artigo 30, caput e §1º, do Decreto nº 70.235/1972. Verificando o laudo técnico juntado às efls. 1046/1062, constatase que o primeiro quesito disse respeito à definição se os produtos em análise eram indutos ou mástiques. O perito concluiu que se tratavam de indutos, pela interpretação dos textos das posições, das notas de capítulo e seção, bem como das NESH. Ora, o perito nada fez além de interpretar os textos e notas do Sistema Harmonizado para se concluir que se tratava de induto, ou seja, realizou atividade inerente à classificação fiscal, que é de competência da RFB, a teor Fl. 1142DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.143 8 do revogado Decreto nº 3.366/2000 (e nos que se sucederam), cujo artigo 7º do Anexo I dispunha: Art. 7º À Secretaria da Receita Federal compete:: [...] XVIII dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relacionadas com nomenclatura, classificação fiscal e origem de mercadorias, inclusive representando o país em reuniões internacionais sobre a matéria; Assim, as conclusões obtidas pelo perito não são aspectos técnicos de área de competência a serem adotados, mas efetiva classificação fiscal, atividade inserta na competência da RFB e do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, razão pela qual este julgador não está adstrito à conclusão tomada pelo perito, o que não implica considerar que as conclusões estejam ipso facto equivocadas. Já em relação às afirmações da presença de pelo menos dois dos materiais mencionados no ex tarifário 01 do código 3214.90.00 e de que pedra britada não significa carbonato de cálcio, de fato, são aspectos técnicos a serem adotados, tendo em vista a inexistência de qualquer laudo em sentido contrário que comprove a improcedência de tais afirmações. Outra consideração importante concerne ao entendimento defendido pela recorrente de que o ex tarifário prevaleceria sobre qualquer outra classificação. Ocorre que a Regra Geral Complementar da TIPI (RGC/TIPI) dispõe que: 1 (RGC/TIPI1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar, no âmbito de cada código, quando for o caso, o "Ex" aplicável, entendendose que apenas são comparáveis "Ex" de um mesmo código. Destarte, a aplicação das regras gerais de interpretação serão aplicáveis no âmbito de cada código, ou seja, o enquadramento no ex tarifário, necessariamente, pressupõe o enquadramento prévio no código do qual faz parte e somente são comparáveis os ex de um mesmo código. Vale dizer o alcance do ex tarifário não é mais amplo que o alcance do código ao qual está inserido. No caso, a posição 3214 possuía a seguinte descrição à época dos fatos: 32.14 MÁSTIQUE DE VIDRACEIRO, CIMENTOS DE RESINA E OUTROS MÁSTIQUES; INDUTOS UTILIZADOS EM PINTURA; INDUTOS NÃO REFRATÁRIOS DO TIPO DOS UTILIZADOS EM ALVENARIA 3214.10 Mástique de vidraceiro, cimentos de resina e outros mástiques; indutos utilizados em pintura 3214.10.10 Mástique de vidraceiro, cimentos de resina e outros mástiques 10 3214.10.20 Indutos utilizados em pintura 10 Fl. 1143DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.144 9 3214.90.00 Outros 10 Ex 01 Mistura de cimento e/ou cal hidratada com pelo menos um dos seguintes elementos: saibro, areia, quartzo, pedrisco, pedra britada, pó ' de pedra e semelhantes, adicionada ou não de água, corante ou impermeabilizante 0 O fato de o produto se encaixar na composição do ex 01 não implica dizer que todos os produtos que se encaixarem neste posição devam ser enquadrados no código 3214.90.00. Exemplo são as argamassas das posições 3816 e 3824 que certamente possuem em sua composição cimento e areia e nem por isso devem ser classificadas no código 3214.90.00. Destacase, ainda, que o argumento subsidiário de improcedência da autuação por ter se fundamentado na Solução de Consulta nº 8/2004, processo 10425.000512/200390, não merece prosperar. A referida solução, embora de 2004 e utilizando a TIPI aprovada pelo Decreto nº 4.542/2002 (após os fatos geradores deste processo), foi fundamentada nos textos das posições analisadas e na interpretação das NESH relativas ás referidas posições e que possuíam a mesma redação das NESH aprovadas pelo Decreto nº 435/1992. Destarte, a interpretação dada pela Solução de Consulta sobre os textos não é invalidada pelo fato de ter sido produzida em 2004, quando os textos estão vigentes desde 1992. Ademais, o fato de o ex tarifário estar revogado quando da publicação da referida solução não a invalida, pois, como já se viu, para se aplicar o ex tarifário, é necessário que o produto esteja classificado no código, subposição e posição, nos quais o ex tarifário está inserido. Voltando às textos das posições e notas do Sistema Harmonizado, o primeiro produto reclassificado foi a argamassa de rejuntamento do código 3214.90.00 ex 01 (adotado pela recorrente) para o código 3214.10.10. O produto foi assim especificado no Relatório Fiscal: "2) ARGAMASSAS PARA REJUNTAMENTO (REJUNTES POLIMASSA) — são fabricados rejuntes com e sem resina, como também com silicone. 0 produto é composto de cimento cinza ou branco, carbonato de cálcio, retentor de água, hidrofugante, bactericida, resina polimero flexibilizante e pigmentos (fls.63). Função — é uma argamassa destinada ao rejuntamento de placas cerâmicas, pastilhas, granitos, mármores e porcelanatos em áreas internas e externas (fls.64). Uso — é produto aplicado na construção civil. 0 REJUNTE POLIMASSA é apresentado no estado de pó seco devendose, para aplicálo, adicionar água, fazendo a mistura, para, em seguida, aplicálo sobre a superficie a ser rejuntada (embalagem). Na efl. 67 consta a seguinte informação da recorrente: ARGAMASSAS PARA REJUNTAMENTO Fl. 1144DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.145 10 Argamassa Colorida para rejuntamento de placas cerâmicas, pastilhas, granitos, mármores e porcelanatos em Areas internas e externas. • REJUNTE COMUM Todas as cores, sem resina • REJUNTE FLEXÍVEL Todas as cores, com resina • REJUNTE FLEXÍVEL SILICONADO Todas as cores, com resina siliconado P/ rejuntamento externo, interno e porcelanato A divergência reside na definição da subposição. No caso, a posição 3214 possuía a seguinte estrutura: 32.14 MÁSTIQUE DE VIDRACEIRO, CIMENTOS DE RESINA E OUTROS MÁSTIQUES; INDUTOS UTILIZADOS EM PINTURA; INDUTOS NÃO REFRATÁRIOS DO TIPO DOS UTILIZADOS EM ALVENARIA 3214.10 Mástique de vidraceiro, cimentos de resina e outros mástiques; indutos utilizados em pintura 3214.10.10 Mástique de vidraceiro, cimentos de resina e outros mástiques 10 3214.10.20 Indutos utilizados em pintura 10 3214.90.00 Outros 10 Ex 01 Mistura de cimento e/ou cal hidratada com pelo menos um dos seguintes elementos: saibro, areia, quartzo, pedrisco, pedra britada, pó ' de pedra e semelhantes, adicionada ou não de água, corante ou impermeabilizante 0 As notas explicativas desta posição explicitam: Os mástiques e indutos da presente posição são preparações de composição muito variável, que se caracterizam essencialmente pela sua utilização. Estas preparações apresentamse freqüentemente sob forma mais ou menos pastosa, endurecendo, geralmente, após sua aplicação. Algumas delas apresentamse sob forma solida ou pulverulenta, e são tornadas pastosas no momento da aplicação, quer por tratamento térmico (fusão, por exemplo), quer por adição de um líquido (água, por exemplo). Em geral, os mástiques e indutos aplicamse por meio de pistola, de espátula, de trolha, de desempenadeira ou de ferramentas semelhantes. Fl. 1145DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.146 11 I. MÁSTIQUE DE VIDRACEIRO (MASSA DE VIDRACEIRO), CIMENTOS DE RESINA E OUTROS MÁSTIQUES Os mástiques utilizamse especialmente para obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou a aderência de peças. Diferem das colas e de outros adesivos porque se aplicam em camadas espessas. Convém todavia notar que este grupo de produtos abrange igualmente os mástiques utilizados sobre a pele dos pacientes em volta dos estomas e das fístulas. Este grupo compreende, entre outros: 1) As mástiques a óleo, constituídas essencialmente por óleo sicativos, matérias de carga que reagem com o óleo ou inertes, e agentes endurecedores. Destas mástiques a mais comum é a mástique de vidraceiro (massa de vidraceiro). 2) As mástiques à cera (cera para calafetar; cera de calafate), constituídas por ceras (de qualquer espécie), às quais, frequentemente, se adicionam resinas, gomalaca, borracha, ésteres resínicos, etc., que lhes aumentam as propriedades adesivas. Também se consideram mástiques à base de cera, aquelas em que a cera se substitui, parcial ou totalmente, por produtos tais como álcool cetílico ou álcool esteárico. Entre estas preparações podem citarse as mástiques para enxertias e as empregadas em tanoaria. 3) Os cimentos de resinas, constituídos por resinas naturais (gomalaca, damar, colofônia) ou plástico (resinas alquídicas, poliésteres, resinas de cumaronaindeno, etc.) misturados entre si e mais, frequentemente, adicionados de outras matérias, tais como ceras, óleos, betumes, borracha, pó de tijolo, cal, cimento ou qualquer outra carga mineral. Deve fazer notarse que algumas destas mástiques se encontram já compreendidas noutras mástiques, especialmente aquelas à base de plástico ou de borracha. As mástiques desta categoria têm múltiplas aplicações: utilizamse, por exemplo, como massas de enchimento, na indústria eletrotécnica e para fixação de vidro, de metais ou de artigos de porcelana. Em geral, aplicamse depois de se terem tornado fluidos por fusão. 4) As mástiques à base de vidro solúvel, que se preparam geralmente no momento da aplicação, misturandose dois componentes. Um destes é constituído por uma solução aquosa de silicato de sódio e de silicato duplo de potássio e sódio, o outro por matérias de carga (quartzo em pó, areia, fibra de amianto, etc.). Estas mástiques utilizamse, principalmente, na montagem de velas de ignição, para tornar estanques os blocos e cárteres de motores, os canos de descarga (tubos de escape*), radiadores, etc., ou para vedar algumas juntas. 5) As mástiques à base de oxicloreto de zinco, que se obtêm a partir do óxido de zinco e do cloreto de zinco, a que se adicionam agentes retardadores e, às vezes, matérias de carga. Empregamse para calafetar madeira, matérias cerâmicas e outras matérias. Fl. 1146DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.147 12 6) As mástiques à base de oxicloreto de magnésio, que se obtêm a partir do cloreto de magnésio e do óxido de magnésio, a que se adicionam matérias de carga (por exemplo, farinhas de madeira). Utilizamse, principalmente, para vedação de fendas em artigos de madeira. 7) As mástiques à base de enxofre, constituídas por enxofre misturado com cargas inertes. São sólidas e usamse em vedações duras, estanques e resistentes aos ácidos, bem como para fixação de peças. 8) As mástiques à base de gesso, e que se apresentam em pó fibroso e flocoso, constituída por uma mistura de cerca de 50% de gesso e de produtos tais como fibra de amianto, celulose de madeira, fibra de vidro, areia, e que, tornadas pastosas pela adição de água, são utilizadas para fixar parafusos, pinos, cavilhas, ganchos, etc. 9) As mástiques à base de plástico (por exemplo, resinas poliésteres, poliuretanos, silicones e epóxidos) mesmo adicionadas numa proporção elevada (até 80 %) de matérias de carga muito variadas, tais como argila, areia e outros silicatos, dióxido de titânio e pós metálicos. Algumas destas mástiques empregamse depois da adição de um endurecedor. Algumas destas mástiques não endurecem e mantêmse macias e aderentes após aplicação (um selante acústico, por exemplo). Outras endurecem por evaporação de solventes, no arrefecimento (mástiques termofusíveis), por reação após contato com a atmosfera ou por reação de diferentes compostos misturados simultaneamente (mástiques multielementos). Os produtos desta natureza permanecem nesta posição apenas quando são inteiramente formulados para ser utilizados como mástiques. As mástiques podem ser utilizadas para assegurar a estanqueidade de certas juntas na construção ou efetuar reparações domésticas; para assegurar a estanqueidade ou a reparação de artigos em vidro, em metal ou em porcelana; como mástique para trabalhos de carroçarias ou no caso dos selantes adesivos, para fixar várias peças ao mesmo tempo. 10) As mástiques à base do óxido de zinco e glicerol, que se empregam na fabricação de revestimentos resistentes aos ácidos, para fixação de peças de ferro em porcelana ou para ligação de tubos. 11) As mástiques à base de borracha, constituídas, por exemplo, por um tioplástico adicionado de matérias de carga (grafita, silicatos, carbonatos, etc.) e, em alguns casos, de um solvente orgânico. Utilizamse, por vezes, depois de se lhes adicionar um endurecedor, na fabricação de revestimentos protetores maleáveis, suscetíveis de resistir aos agentes químicos e aos solventes, e em calafetagem. Estas mástiques podem, também, consistir em uma dispersão aquosa de borracha adicionada de matéria corante, plastificantes, matérias de carga, aglutinantes ou de antioxidantes. São utilizadas para fechar hermeticamente latas. Fl. 1147DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.148 13 12) As mástiques destinadas a serem utilizadas sobre a pele. Podem ser constituídos, por exemplo, por carboximetilcelulose de sódio, por pectina, por gelatina e por poliisobutileno, em um solvente orgânico tal como o álcool isopropílico. São utilizados, por exemplo, como produtos de vedação para assegurar a estanqueidade em torno dos estomas e das fístulas, entre a pele dos pacientes e a bolsa destinada a recolher as excreções. Eles não têm propriedades terapêuticas ou profiláticas. 13) Os lacres, constituídos essencialmente por uma mistura de matérias resinosas (gomalaca, colofônia, por exemplo), de cargas minerais e de matérias corantes, estas duas últimas incorporadas em proporção geralmente elevada. Utilizamse para encher cavidades, para se conseguir a estanqueidade de aparelhos de vidro, para selar documentos, etc. II. INDUTOS UTILIZADOS EM PINTURA; INDUTOS NÃO REFRATÁRIOS DO TIPO DOS UTILIZADOS EM ALVENARIA Os indutos distinguemse dos mástiques porque se aplicam sobre superfícies, em geral, mais importantes. Por outro lado, diferenciamse das tintas, vernizes e produtos semelhantes, por possuírem teor elevado de matérias de carga e, em certos casos, de pigmentos, sendo este teor habitualmente muito superior ao dos aglutinantes e solventes ou ao dos líquidos de dispersão. A) INDUTOS UTILIZADOS EM PINTURA. 32.14 VI32143 Os indutos utilizados em pintura empregamse na preparação de superfícies (por exemplo, paredes interiores), a fim de lhes eliminar as irregularidades, vedarlhes as fendas e orifícios e, também, eliminarlhes a porosidade. Depois de endurecidos e lixados servem de suporte à pintura. Pertencem a esta categoria os indutos à base de óleo, borracha, cola, etc. Os indutos à base de plástico cuja composição é comparável à de algumas mástiques da mesma espécie, utilizamse como indutos para carroçarias, etc. B) INDUTOS NÃO REFRATÁRIOS DO TIPO DOS UTILIZADOS EM ALVENARIA. Os indutos não refratários do tipo dos utilizados em alvenaria aplicamse nas fachadas, paredes interiores, pavimentos e tetos de prédios, nas paredes e fundos de piscinas, etc., de modo a tornálos impermeáveis à umidade e a darlhes boa aparência. Em geral, depois de aplicados, formam o revestimento definitivo dessas superfícies. Este grupo compreende, entre outros: 1) Os indutos em pó, constituídos por gesso e areia, em partes iguais, e por plastificantes. 2) Os indutos pulverulentos à base de quartzo em pó e de cimento, adicionados de uma pequena quantidade de plastificantes e utilizados, por exemplo, depois de se lhes adicionar água, para assentamento de ladrilhos e azulejos. Fl. 1148DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.149 14 3) Os indutos pastosos, que se obtêm impregnando matérias de carga minerais (granalha de mármore, quartzo ou misturas de quartzo e sílica, por exemplo) com um aglutinante (plástico ou resina), e adicionados de pigmentos e, em certos casos, de uma certa quantidade de água ou de solvente. 4) Os indutos líquidos, constituídos, por exemplo, por uma borracha sintética ou por polímeros acrílicos, por fibra de amianto misturada com um pigmento e água. Aplicados, especialmente, em fachadas por meio de pincel ou à pistola, formam uma camada muito mais espessa do que a obtida com uma tinta. Relativamente a alguns dos produtos acima mencionados, a mistura dos diferentes elementos ou adição de alguns deles deve efetuarse na ocasião do seu emprego. Estes produtos mantêm a sua classificação na presente posição, desde que os diferentes elementos constitutivos sejam simultaneamente: 1º) dado o seu modo de acondicionamento, perfeitamente reconhecíveis como destinandose a serem utilizados em conjunto, sem prévio reacondicionamento; 2º) apresentados ao mesmo tempo; 3º) reconhecíveis tanto no que respeita à sua natureza, como às quantidades respectivas, como complementares uns dos outros. Todavia, no caso de produtos a que se deva adicionar um endurecedor no momento da utilização, o fato de este último não se apresentar ao mesmo tempo não exclui da presente posição estes produtos, desde que, em virtude da sua composição e acondicionamento, se reconheça perfeitamente que se destinam a serem utilizados na preparação de mástiques ou de indutos. Esta posição não compreende: a) A resina natural, denominada em alguns países, mástique, gomamástique ou resinamástique (posição 13.01). b) O gesso, a cal e os cimentos (posições 25.20, 25.22 e 25.23). c) Os mástiques de asfalto e outros mástiques betuminosos (posição 27.15). d) Os cimentos e outros produtos para obturação dentária (posição 30.06). e) O breu (pez) para a indústria de cerveja e os outros produtos da posição 38.07. f) Os cimentos e argamassas refratárias (posição 38.16). g) Os aglutinantes preparados para moldes e núcleos de fundição (posição 38.24). Fl. 1149DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.150 15 Da análise das notas explicativas, depreendese que os mástiques e os indutos se diferenciam essencialmente pela sua utilização e não pela composição química ou modo de aplicação. Os mástiques utilizamse especialmente para obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou a aderência de peças. Já os indutos se diferenciam dos mástiques por serem aplicados em superfícies mais importantes. No caso de indutos para pintura, destinamse a preparar as superfícies, de modo a eliminar as irregularidades, vedarlhes as fendas e orifícios e, também, eliminarlhes a porosidade, servindo de suporte à pintura. No caso de indutos não refratários dos tipos utilizados em alvenaria são aplicados em paredes, pisos e tetos de modo a tornálos impermeáveis e darlhes boa aparência, geralmente, formando o revestimento definitivo das superfícies. O rejunte destinase a preencher o espaçamento entre as placas de cerâmica, porcelanato, granitos, mármores, conferindo uma função de impermeabilização e de estética à superfície, bem como formando o revestimento definitivo das paredes, juntamente com as placas de cerâmica, porcelanato, etc. A fiscalização entendeu que seria mástique por ser aplicado nas juntas entre as placas cerâmicas ou porcelanato e não em toda a superfície como a argamassa colante. Observase que na nota II.A sobre indutos para pintura, há também a função de vedar fendas e orifícios, bem como o induto para alvenaria possui a função de impermeabilidade. A diferença então reside no local a ser aplicado. O induto é aplicado em superfícies mais importantes, ou seja, em superfícies maiores e mais abrangentes, razão pela qual a fiscalização considerou o produto como mástique, uma vez que destinase à aplicação apenas nas juntas de assentamento. No caso, com razão a fiscalização. De fato, a argamassa de rejunte não é aplicada como revestimento de fachadas, pisos ou tetos, mas sobre as juntas de cerâmicas, porcelanatos etc. Observase que as fendas a que se refere a nota explicativa engloba também as juntas, como expressamente exposto na nota I.9, abaixo transcrita: 9) Os mástiques à base de plásticos (por exemplo, resinas poliésteres, poliuretanos e epóxidos) adicionados de elevada proporção (até 80%) de matérias de carga muito variadas, tais como argila, areia e outros silicatos, bióxido de titânio e pós metálicos. Alguns destes mástiques empregamse depois da adição de um endurecedor. Utilizamse para se conseguir a estanqueidade de certas juntas, tais como mástiques para carroçarias, para reparar peças metálicas ou para as fixar a outras matérias, etc. A segunda reclassificação se refere a argamassas para revestimento, identificado pela recorrente como massa única Polimassa e destinada a utilização como reboco, contrapiso, chapisco, assentamento. O produto foi assim especificado pela fiscalização: "3 ARGAMASSAS PARA REVESTIMENTO (Massa Única) conforme informação do fabricante (fls.63) e descrito no item V DOS PRODUTOS, tratase de argamassas compostas de cimento, cal, areia, carbonato de cálcio, retentor de água, incorporador de ar que ao adicionar água forma uma argamassa para assentamento de blocos de concreto ou cerâmico, para revestimentos de paredes e tetos, em áreas Fl. 1150DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.151 16 internas e externas, para ponte de aderência entre base e revestimento, para regularização de pisos e lajes revestimento. Tratase de uma argamassa não refratária que está abrangida na posição 3824 (produtos químicos e preparações das indústrias químicas ou das indústrias conexas, incluídos os constituídos por misturas de produtos naturais, não especificados nem compreendidos em outras posições), tendo uma subposição especifica, sem desdobramentos, a 3824.50.00 (Argamassas e concretos (betões), não refratários). Na efl. 66/67, constam as seguintes informações da recorrente: Massa Única Polimassa Cimento, cal, areia, carbonato de cálcio, retentor de água, incorporador de ar. Reboco Pronto Contrapiso ( exceto cal e incorporador de ar ) Chapisco ( exceto cal e incorporador de ar ) Assentamento Assentamento Cola ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO • ASSENTAMENTO PRONTO Polimassa ARG II ( Saco com 30 kg ) Classificação Normatizada: ABNT — NBR 13281/95 II — alta — b Argamassa pronta para assentamento de blocos de concreto ou cerâmico • REBOCO PRONTO Polimassa ARG II ( Saco com 30 kg) Externo e int Classificação Norrnatizada: ABNT — NBR 13281/95 II — alta — a Argamassa de revestimentos de paredes e tetos, em Areas internas e externas. • CHAPISCO PRONTO Polimassa ARG III ( Saco com 30 kg ) Classificação Normatizada: ABNT — NBR 13281/95 III — normal — b Argamassa pronta para ponte de aderência entre base e revestimento. • CONTRAPISO PRONTO Polimassa ARG III ( Saco com 30 kg )Classificação Normalizada: ABNT— NBR 13281/95 III — alta — a Argamassa pronta para regularização de pisos e lajes. Os referidos produtos foram reclassificados do código do código 3214.90.00 ex 01 (adotado pela recorrente) para o código 3824.50.00. O texto da posição 38.24 dispõe que: 38.24 AGLUTINANTES PREPARADOS PARA MOLDES OU PARA NÚCLEOS DE FUNDIÇÃO; PRODUTOS QUÍMICOS E PREPARAÇÕES DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS OU DAS INDÚSTRIAS CONEXAS (INCLUÍDOS OS CONSTITUÍDOS POR Fl. 1151DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.152 17 MISTURAS DE PRODUTOS NATURAIS), NÃO ESPECIFICADOS NEM COMPREENDIDOS EM OUTRAS POSIÇÕES [...] [...] 3824.50.00 Argamassas e concretos (betões), não refratários 10 As notas explicativas trazem a seguinte informação para a questão: Desde que não contrariem as disposições acima, podem citarse entre os produtos químicos e preparações aqui compreendidos: [...] 3) Os aditivos preparados para cimentos, argamassas ou concreto (betão), por exemplo, as preparações antiácidas à base de silicatos de sódio ou de potássio e de fluorsilicatos de sódio ou de potássio, e as preparações destinadas a adicionaremse aos cimentos para os impermeabilizar (mesmo contendo sabão), por exemplo, as preparações à base de óxido de cálcio, ácidos graxos (gordos*), etc. 4) As argamassas e o concreto (betão), não refratários. Verificase, assim, que tratase de uma posição residual, ou seja, serão classificados aqui, desde que não especificados ou compreendidos em outras posições do SH. A questão então é saber se estamos diante de um induto de que trata a posição 3214 ou de outras argamassas não refratárias, de que trata a posição 3824. Neste ponto, diversas soluções de consulta diferenciam e definem indutos nos seguintes termos: SC SRRF 4ª RF nº 2/2005, SC SRRF 5º RF nº 33/2010: 5. A NCM divide os indutos em dois tipos básicos. Aqueles do tipo convencional, utilizados na construção civil, nas superfícies de paredes, tetos etc, como suporte, preparação dessas superfícies para as pinturas que serão nela realizadas posteriormente. Esses indutos, voltados para a pintura, eliminam dessas superfícies irregularidades, fendas, orifícios e porosidades, porventura existentes e elas, assim preparadas, são, então, lixadas, tornandose aptas para receber a pintura. Esses são os chamados indutos utilizados em pintura, o que não é o caso do produto submetido à presente Consulta. 6. O segundo tipo de indutos utilizados na construção civil são os não refratários, que têm como objetivo o preparo das superfícies, não contra a ação do calor (por isso são NÃO REFRATÁRIOS), mas contra a ação e os efeitos da umidade provocada por líquidos (água da chuva ou água clorada, por exemplo), fazendo isso através da impermeabilização dessas superfícies. Por outro lado, esses indutos, muitas vezes, já formam o revestimentos definitivo dessas superfícies, dandolhes muito boa aparência. Esses indutos são tratados e denominados pela nomenclatura de indutos do tipo dos utilizados em Fl. 1152DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.153 18 alvenaria, e são aplicados em fachadas, paredes interiores, pavimentos e tetos de prédios, em paredes e fundos de piscinas etc. É exatamento o caso do produto submetido à Consulta sob estudo. SC SRRF 10º RF nº 11/2010, SC SRRF 5º RF nº 33/2010: 5.1 Induto, segundo o “Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa”, dezembro de 2001, é, na sua segunda acepção, o mesmo que indumento (‘envoltório’). E indumento, segunda acepção, por extensão de sentido, é o que encobre, disfarça; envoltório, induto, indúvia, revestimento. 5.2 Esta definição encontra respaldo no “Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete”, 3ª edição brasileira, 1974: induto, s.m. revestimento, guarnição; emboço; invólucro. 5.3 Na versão oficial em inglês do Sistema Harmonizado (SH), do qual provém a Nomenclatura Comum do Mercosul e, por aposição das alíquotas do IPI, a TIPI, indutos não refratários do tipo dos utilizados em alvenaria vertemse em “nonrefractory surfacing preparations for façades, indoor walls, floors, ceilings or the like”, isto é, em tradução livre, preparações não refratárias para revestimento de paredes externas e internas, pisos, tetos, etc. 5.4 E na versão também oficial em francês do SH, a expressão em comento vertese em “enduits non réfractaires des types utilisés en maçonnerie”. 6. À vista de todo o exposto no item 5 acima, e levando em consideração as especificações do “Revestimento Cimentício Rústico”, conforme o Relatório, concluise que o mesmo se trata de uma preparação não refratária para revestimento de paredes de alvenaria, com finalidade principalmente decorativa, devendo classificarse, por aplicação da Regra Geral Interpretativa nº 1 (RGI1) do SH, na posição 3214, como induto não refratário do tipo dos utilizados em alvenaria. 6.1 Na posição 3824, e em especial na subposição 3824.50 (argamassas e concretos, não refratários), classificam se, por exclusão, aquelas argamassas e concretos, não refratários, cuja função principal não seja o revestimento de alvenaria, mas especialmente o assentamento dos blocos de construção (tijolos, por exemplo). Não sendo esta a função principal do “Revestimento Cimentício Rústico”, seguese que o mesmo não se classifica na subposição 3824.50, como entende o interessado. Percebese que as argamassas de assentamento não possuem a finalidade de revestimento, sendo, de plano, classificáveis no código 3824.50.00. Já as demais argamassas possuem função de preparação para recebimento do revestimento final, como o reboco pronto que pode receber um induto de pintura (massa corrida) ou um induto de alvenaria (revestimento cimentício, por exemplo) ou revestimentos cerâmicos (mediante a utilização de Fl. 1153DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.154 19 um induto de alvenaria (argamassa colante), como o chapisco que serve de aderência entre a alvenaria/laje e o reboco ou emboço e como o contrapiso que serve de preparação para recebimento do revestimento final de cerâmica, porcelanato ou mesmo uma pintura. Além disso, não tornam a superfície impermeável à umidade e não formam o revestimento definitivo destas superfícies. Destarte, mantenho a reclassificação das argamassas de revestimento. A segunda matéria em litígio foi a glosa de 50% dos créditos de IPI transferidos da filial para a matriz, em razão de que a filial não era contribuinte do IPI. A recorrente alega que a filial era equiparada a industrial e que o crédito deveria ser integral. A recorrente citou o artigo 9º, inciso III do RIPI/1998, como fundamento para a equiparação a industrial: Art. 9º Equiparamse a estabelecimento industrial: [...] III as filiais e demais estabelecimentos que exercerem o comércio de produtos importados, industrializados ou mandados industrializar por outro estabelecimento do mesmo contribuinte, salvo se aqueles operarem exclusivamente na venda a varejo e não estiverem enquadrados na hipótese do inciso anterior (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso II, e § 2º, DecretoLei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 1º, e Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 37, inciso I); Porém, não há qualquer prova de que a recorrente tenha comercializado produtos importados ou industrializados ou mandados industrializar pelo estabelecimento matriz. Não houve também a apresentação do Livro Registro de Apuração de IPI ou recolhimentos efetuados pela filial que indicassem a sua condição de equiparado a industrial e contribuinte do IPI. Além disso, os extratos de CNPJ às efls. 72/73 indicam que a filial atua no comércio varejista de materiais de construção. Nesta condição, o estabelecimento comercial poderia ter exercido a opção de se equiparar a estabelecimento industrial, nos termos dos artigos 11 do RIPI/1998: Equiparados a Industrial por Opção Art. 11. Equiparamse a estabelecimento industrial, por opção (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso IV, e DecretoLei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 1ª): I os estabelecimentos comerciais que derem saída a bens de produção, para estabelecimentos industriais ou revendedores; Opção e Desistência Art. 12. O exercício da opção de que trata o artigo anterior será formalizado mediante alteração dos dados cadastrais do estabelecimento, no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ, para sua inclusão como contribuinte do imposto. Fl. 1154DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.155 20 Parágrafo único. A desistência da condição de contribuinte do imposto será formalizada, também, mediante alteração dos dados cadastrais, conforme definido no caput deste artigo. Art. 13. Aos estabelecimentos optantes cumprirá, ainda, observar as seguintes normas: I ao formalizar a sua opção, o interessado deverá relacionar, no livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência modelo 6, os produtos que possuía no dia imediatamente anterior àquele em que iniciar o regime de tributação ou anexar ao mesmo relação dos referidos produtos; II o optante poderá creditarse, no livro Registro de Apuração do IPI, pelo imposto constante da relação mencionada no inciso anterior, desde que, nesta, os produtos sejam discriminados pela classificação fiscal, seguidas dos respectivos valores; III formalizada a opção, o optante agirá como contribuinte do imposto, obrigandose ao cumprimento das normas legais e regulamentares correspondentes, até quando formalizar a desistência; IV a partir da data de desistência perderá o seu autor a condição de contribuinte, mas não ficará desonerado das obrigações tributárias decorrentes dos atos que haja praticado naquela qualidade. Porém, não há qualquer indicação de equiparação por opção no extrato referido acima. Assim, à vista dos elementos dos autos, não há qualquer indicação de que o estabelecimento seja equiparado a industrial. A recorrente aduz, ainda, que a glosa fere o princípio da nãocumulatividade, pois as operações são meras transferências e os dois estabelecimentos são da mesma pessoa jurídica. Neste ponto, o direito de creditamento estava disposto no artigo 147 do antigo RIPI/1998, conforme abaixo: Art. 147. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo se, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; II do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, quando remetidos a terceiros para industrialização sob encomenda, sem transitar pelo estabelecimento adquirente; Fl. 1155DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.156 21 III do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, recebidos de terceiros para industrialização de produtos por encomenda, quando estiver destacado ou indicado na nota fiscal; IV do imposto destacado em nota fiscal relativa a produtos industrializados por encomenda, recebidos do estabelecimento que os industrializou, em operação que dê direito ao crédito; V do imposto pago no desembaraço aduaneiro; VI do imposto mencionado na nota fiscal que acompanhar produtos de procedência estrangeira, diretamente da repartição que os liberou, para estabelecimento, mesmo exclusivamente varejista, do próprio importador; VIl do imposto relativo a bens de produção recebidos por comerciantes equiparados a industrial; VIII do imposto relativo aos produtos recebidos pelos estabelecimentos equiparados a industrial que, na saída destes, estejam sujeitos ao imposto, nos demais casos não compreendidos nos incisos V a VII; IX do imposto pago sobre produtos adquiridos com imunidade, isenção ou suspensão quando descumprida a condição, em operação que dê direito ao crédito; X do imposto destacado nas notas fiscais relativas a entregas ou transferências simbólicas do produto, permitidas neste Regulamento. Parágrafo único. Nas remessas de produtos para armazémgeral e depósito fechado, o direito ao crédito do imposto, quando admitido, é do estabelecimento depositante. Destacase que as hipóteses dos incisos VII e VIII poderiam ensejar o crédito para a recorrente, porém, conforme já exposto, não há elementos que indiquem que o estabelecimento filial era equiparação a industrial. É de bom alvitre salientar que vige no IPI o princípio da autonomia dos estabelecimentos, de acordo com o artigo 51 do CTN e do artigo 291 do antigo RIPI/1998: CTN: Art. 51. Contribuinte do imposto é: I o importador ou quem a lei a ele equiparar; II o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; IV o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Fl. 1156DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.157 22 Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considerase contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante. Autonomia dos Estabelecimentos Art. 291. Cada estabelecimento, seja matriz, sucursal, filial, agência, depósito ou qualquer outro, manterá o seu próprio documentário, vedada, sob qualquer pretexto, a sua centralização, ainda que no estabelecimento matriz (Lei nº 4.502, de 1964, art. 57). Destarte, cabe a cada estabelecimento realizar sua apuração de IPI, de modo que os estabelecimento são tratados como contribuintes autônomos, sendo que o direito ao creditamento somente ocorre nas hipóteses estabelecidas legalmente. Portanto, o fato de os estabelecimentos pertencerem à mesma pessoa jurídica não afasta a autonomia dos mesmos para fins de tributação do IPI. Neste sentido, os seguintes acórdãos: Acórdão nº 3201003.153: [...] GLOSA DE CRÉDITO. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS O IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos, e por conseqüência, é obrigação de cada estabelecimento comprovar a legitimidade dos créditos recebidos em transferência, e utilizados para compensar débitos do imposto. [...] Acórdão nº 3402003.796: [...] CRÉDITOS ESCRITURAIS. TRANSFERÊNCIA. AUSÊNCIA DEPREVISÃO LEGAL. AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. Para fins de incidência do IPI rege o princípio da autonomia dos estabelecimentos, nos termos do art. 51, parágrafo único do CTN. Nessa esteira, também determina a legislação tributária que a utilização dos créditos do IPI deve ser feita por estabelecimento. Assim, salvo em alguns casos indicados expressamente na legislação, é incabível a transferência de créditos escriturais do estabelecimento filial para a matriz. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1157DF CARF MF Processo nº 11618.001024/200567 Acórdão n.º 3302005.611 S3C3T2 Fl. 1.158 23 Fl. 1158DF CARF MF
score : 1.0