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Numero do processo: 10580.008358/2007-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2007 a 31/12/2007
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO ERÁRIO.
Tratando-se de infração de natureza precipuamente formal, a multa por descumprimento de obrigação acessória prescinde tanto do elemento volitivo do agente quanto da constatação de prejuízo ao Erário para sua verificação.
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE EXIBIR LIVROS E DOCUMENTOS. CFL 38. PERÍODO DECAÍDO.
A multa por descumprimento da obrigação acessória de deixar de exibir livros e documentos relacionados com as contribuições previdenciárias submete-se a lançamento de ofício, não subsistindo se os fatos geradores relativos aos documentos demandados já foram fulminados pela decadência.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-005.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2007 a 31/12/2007 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO ERÁRIO. Tratando-se de infração de natureza precipuamente formal, a multa por descumprimento de obrigação acessória prescinde tanto do elemento volitivo do agente quanto da constatação de prejuízo ao Erário para sua verificação. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE EXIBIR LIVROS E DOCUMENTOS. CFL 38. PERÍODO DECAÍDO. A multa por descumprimento da obrigação acessória de deixar de exibir livros e documentos relacionados com as contribuições previdenciárias submete-se a lançamento de ofício, não subsistindo se os fatos geradores relativos aos documentos demandados já foram fulminados pela decadência. Recurso Voluntário Provido.
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AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO ERÁRIO. Tratandose de infração de natureza precipuamente formal, a multa por descumprimento de obrigação acessória prescinde tanto do elemento volitivo do agente quanto da constatação de prejuízo ao Erário para sua verificação. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE EXIBIR LIVROS E DOCUMENTOS. CFL 38. PERÍODO DECAÍDO. A multa por descumprimento da obrigação acessória de deixar de exibir livros e documentos relacionados com as contribuições previdenciárias submetese a lançamento de ofício, não subsistindo se os fatos geradores relativos aos documentos demandados já foram fulminados pela decadência. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 83 58 /2 00 7- 35 Fl. 297DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10580.008358/200735 Acórdão n.º 2402005.500 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (BA) DRJ/SDR, que julgou procedente auto de infração DEBCAD nº 37.116.4540 (fls. 2/23), referente à obrigação tributária acessória prevista no art. 33, §§ 2° e 3°, da Lei 8.212/91, combinado com os artigos 232 e 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, por ter deixado a empresa de exibir os documentos relacionados a seguir; bem como ter apresentado documentos ou livros de forma deficiente, conforme ocorrências abaixo reproduzidas. Documentos não exibidos: Contratos de Trabalho, em todo o período fiscalizado. Documentação completa relacionada ao pagamento do salário família: Termos de Responsabilidade de todos os empregados que perceberam o benefício; Certidões de nascimento: Jairo de Oliveira percebeu 2 cotas e foi apresentada apenas 1 certidão; Nilo Sérgio Rocha percebeu 1 cota e não foi apresentada certidão; Eliseu dos Santos percebeu 4 cotas e foram apresentadas 3 certidões; Raimundo Nonato Santos percebeu 4 cotas e foram apresentadas apenas 2 certidões; Marcos Alves percebeu 1 cota e não foi apresentada certidão; Carteiras de vacinação obrigatória, a partir de 29/11/ 1999, dos filhos menores de 7 anos; Comprovação da freqüência escolar, a partir de 2000, para os filhos maiores de 6 anos. Petição inicial da Reclamatória Trabalhista 012.97.l98301, movida pelo empregado Carlos Alberto Alves. Recibos de salário do empregado Adenilson Urpia. Em relação à apresentação de recibos de salário, ressaltase que a empresa arquiva estes documentos nas pastas funcionais dos empregados, sendo que não foi entregue à fiscalização a pasta de Adenilson Urpia, registrado no Livro de Empregados 01, às folhas 15. O empregado permaneceu em folha de pagamento até 06/1998. Documentos apresentados de forma deficiente (livros Diário e Razão dos exercícios 1997, 1998 e 1999): Foram encontrados recibos de pagamento de remuneração do Sr. Jair Alexandre Lopes, empregado registrado na empresa Mazana Ltda, do mesmo grupo econômico, por serviços prestados em shows na função de técnico de som e iluminação, nos Fl. 299DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 meses de 09 e 11/1997, ll e 12/1998, O3, 05 e 06/1999, não incluídos nas folhas de pagamento mensais e também não declarados nas GFIP. Foram encontrados recibos de pagamento de salário do funcionário Sérgio Nepomuceno, relativos aos meses ll/1998 e 2* parcela do 13° salário do mesmo ano, no cargo Segurança, sem inclusão em folha de pagamento. Foram encontrados recibos de pagamento de remuneração de Erivaldo da Anunciação e Antônio Fernando Neves, dos meses 03 e 06/1999, respectivamente, sendo que nos recibos assinados não há discriminação do tipo do serviço prestado. Não há inclusão em folha de pagamento da parcela paga através do cheque 656702, no mês 01/1998, no valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), decorrente do Acordo entre as partes nos autos da Reclamatória Trabalhista 0l2.97.l98301, movida pelo empregado Carlos Alves. Em 26/01/1998 no livro Razão 07 da empresa Mazana Ltda, do mesmo grupo econômico, consta o registro da compensação do cheque 656702 a débito da conta Ativo l.2.01.00l.01 Chiclete com Banana crédito de coligadas e controladas. No entanto, a despesa com pagamento de indenização não foi registrada na Contabilidade da empresa CCB LTDA, tendo figurado apenas o registro da entrada de numerário na conta Caixa, como pode ser observado às folhas O2 do livro Diário 07 O contribuinte em sua impugnação alegou, em síntese (fls. 145/148): que a infração constatada não trouxe qualquer tipo de prejuízo à arrecadação e fiscalização do INSS, bem como os fatos articulados não ocorreram por culpa ou dolo da empresa na tentativa de evasão de recursos; que está apresentando todos os documentos faltantes, sanando definitivamente a irregularidade apontada, pedindo a relevação da multa. Correção da falta antes de esgotado o prazo de apresentação da defesa. que estava decaído o prazo para lançamento da infração. Mantida a exigência no julgamento de primeiro grau (fls. 242/252), o autuado interpôs recurso voluntário em 12/3/2008 (fls. 268/272), defendendo a nulidade do julgamento contestado dada a necessidade de apreciação conjunta com Notificação de Lançamento nº 37.116.4516, referente à obrigação principal, e reiterando, no mais, os argumentos da impugnação. Em petição protocolizada em 3/7/2008 (fls. 274/277), postula o recorrente, ainda, a aplicação da Súmula Vinculante nº 8 do STF ao caso vertente. É o relatório. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10580.008358/200735 Acórdão n.º 2402005.500 S2C4T2 Fl. 109 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. A nulidade aventada pelo contribuinte inexiste. Deve ser esclarecido que a infração contestada teve por fundamento o descumprimento de obrigação acessória, e possui, no caso, completa autonomia relativamente à eventual infração relativa a obrigação principal. A não exibição dos documentos solicitados, bem como a apresentação de documentos ou livros de forma deficiente, deuse no curso do procedimento fiscal e implica no não cumprimento do dever de colaboração com a administração tributária, não estando portanto condicionada ou vinculada ao destino da NFLD nº 37.116.4516, que veiculou a obrigação principal. Melhor sorte não favorece à ilação de que não teria havido prejuízo ao Erário, pois a infração guerreada tem natureza meramente formal, independe do resultado efetivamente ocorrido, da vantagem obtida, da eventual falta de recolhimento de tributo ou da extensão da lesão ao Fisco. Não cogitou o legislador sobre o elemento volitivo subjacente à conduta, como estabelecido no art. 136 do Código Tributário Nacional: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Destarte, a investigação, seja de antecedente elemento volitivo, seja de prejuízo verificável, tornase irrelevante tanto para a tipificação da infração como para eventual afastamento da penalidade aplicada. Constatada a conduta em desconformidade com o disposto na legislação, cabe ao Fisco, mediante atuação vinculada, constituir o respectivo crédito tributário. Despicienda, também, a cogitada necessidade de demonstração de prejuízo ao Fisco ou de intenção para a imputação do gravame, por não estarem tais requisitos previstos na norma de regência. Verificada a conduta omissiva estipulada na hipótese legal, impõese a cominação da sa Noutro giro, cabe observar que não prospera a alegação de necessidade de observância à Súmula Vinculante STF nº 8, visto que a multa em comento é apurada, necessariamente, mediante procedimento de ofício, em nada se confundindo com tributo sujeito a lançamento por homologação. Dessa feita, submetese ao prazo de cinco anos contados nos termos do art. 173, inciso I do CTN. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Contudo, deve ser frisado que, no processo 10580.008859/200711, foi declarada a decadência do DEBCAD nº 37.116.4516, relativo à obrigação principal. Dessa maneira, quando demandados os documentos que findaram por não terem sido apresentados no curso do procedimento, em 2007, já estava decaído o direito do Fisco de constituir o crédito tributário no que concerne aos fatos geradores a serem examinados, visto que estes referiamse a períodos compreendidos entre os anoscalendário 1997 e 1999. Nessa esteira, resta insubsistente a autuação ora combatida, pois não mais havia fundamento para a exigência de documentação, a qual era relativa a contribuições previdenciárias cuja prazo para constituição via lançamento de ofício já havia transcorrido. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e darlhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 14/10/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 13896.721452/2012-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO.
Não havendo o responsável solidário impugnado a exigência perante o Colegiado de primeira instância, precluso restou o seu direito de contestá-la.
RECURSO DE OFÍCIO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DOAÇÃO
Na apuração do ganho de capital quando da alienação de bem recebido por doação, o custo de aquisição tem por base o valor constante na declaração de ajuste do doador, conforme entendimento da administração tributária.
PARCELAMENTO DO DÉBITO PELO SUJEITO PASSIVO. CONHECIMENTO DOS RECURSOS DOS COOBRIGADOS.
Não obstante o crédito tributário tenha sido objeto de parcelamento, persiste o interesse a legitimar a interposição de recurso voluntário pelos responsáveis solidários.
PARCELAS COMPLEMENTARES AO PREÇO DE ALIENAÇÃO. TRIBUTAÇÃO.
As parcelas complementares ao preço de alienação do bem, cujo pagamento está sujeito a condições que podem ou não se verificarem, não sofrem a incidência do imposto sobre ganho de capital, devendo ser tributadas nos termos dos arts. 3º, §§ 1º e 4º, e 7º da Lei nº 7.713/88.
JUROS DE MORA E MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CTN E LEGISLAÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES STJ.
A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício encontra fulcro em diversos dispositivos do CTN e da legislação tributária federal, sendo acolhida também nas decisões do STJ a respeito do tema.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA.
Cabe a aplicação da multa qualificada, quando restar comprovado que o envolvido na prática da infração tributária conseguiu o objetivo de deixar de recolher, intencionalmente, impedir ou retardar a apuração do crédito tributário por meios de atos ou omissão de fatos visando os objetivos mencionados.
VÍNCULO DE SOLIDARIEDADE. CONSTATAÇÃO.
A responsabilidade é pessoal ao agente quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular da administração, mandato função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa por quem de direito, e são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.
Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.385
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, por não conhecer do recurso voluntário interposto por Marcelo Alberto Costa e por dar provimento parcial aos recursos voluntários interpostos por Amauri Antônio Alves Pereira, Mauro Alves Pereira e Eduardo Antonio Pires Cardoso, para fins de reduzir o imposto apurado sobre a omissão de ganhos de capital na alienação de ações não negociadas em bolsa do ano-calendário 2007 para o valor de R$9.617.132,15, e cancelar as demais exigências.
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. Não havendo o responsável solidário impugnado a exigência perante o Colegiado de primeira instância, precluso restou o seu direito de contestá-la. RECURSO DE OFÍCIO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DOAÇÃO Na apuração do ganho de capital quando da alienação de bem recebido por doação, o custo de aquisição tem por base o valor constante na declaração de ajuste do doador, conforme entendimento da administração tributária. PARCELAMENTO DO DÉBITO PELO SUJEITO PASSIVO. CONHECIMENTO DOS RECURSOS DOS COOBRIGADOS. Não obstante o crédito tributário tenha sido objeto de parcelamento, persiste o interesse a legitimar a interposição de recurso voluntário pelos responsáveis solidários. PARCELAS COMPLEMENTARES AO PREÇO DE ALIENAÇÃO. TRIBUTAÇÃO. As parcelas complementares ao preço de alienação do bem, cujo pagamento está sujeito a condições que podem ou não se verificarem, não sofrem a incidência do imposto sobre ganho de capital, devendo ser tributadas nos termos dos arts. 3º, §§ 1º e 4º, e 7º da Lei nº 7.713/88. JUROS DE MORA E MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CTN E LEGISLAÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES STJ. A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício encontra fulcro em diversos dispositivos do CTN e da legislação tributária federal, sendo acolhida também nas decisões do STJ a respeito do tema. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Cabe a aplicação da multa qualificada, quando restar comprovado que o envolvido na prática da infração tributária conseguiu o objetivo de deixar de recolher, intencionalmente, impedir ou retardar a apuração do crédito tributário por meios de atos ou omissão de fatos visando os objetivos mencionados. VÍNCULO DE SOLIDARIEDADE. CONSTATAÇÃO. A responsabilidade é pessoal ao agente quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular da administração, mandato função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa por quem de direito, e são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, por não conhecer do recurso voluntário interposto por Marcelo Alberto Costa e por dar provimento parcial aos recursos voluntários interpostos por Amauri Antônio Alves Pereira, Mauro Alves Pereira e Eduardo Antonio Pires Cardoso, para fins de reduzir o imposto apurado sobre a omissão de ganhos de capital na alienação de ações não negociadas em bolsa do ano-calendário 2007 para o valor de R$9.617.132,15, e cancelar as demais exigências. Kleber Ferreira de Araújo - Presidente Ronnie Soares Anderson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2284; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 41 1 40 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.721452/201285 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2402005.385 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 12 de julho de 2016 Matéria Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Recorrentes THEREZA COELHO PEREIRA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. Não havendo o responsável solidário impugnado a exigência perante o Colegiado de primeira instância, precluso restou o seu direito de contestála. RECURSO DE OFÍCIO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DOAÇÃO Na apuração do ganho de capital quando da alienação de bem recebido por doação, o custo de aquisição tem por base o valor constante na declaração de ajuste do doador, conforme entendimento da administração tributária. PARCELAMENTO DO DÉBITO PELO SUJEITO PASSIVO. CONHECIMENTO DOS RECURSOS DOS COOBRIGADOS. Não obstante o crédito tributário tenha sido objeto de parcelamento, persiste o interesse a legitimar a interposição de recurso voluntário pelos responsáveis solidários. PARCELAS COMPLEMENTARES AO PREÇO DE ALIENAÇÃO. TRIBUTAÇÃO. As parcelas complementares ao preço de alienação do bem, cujo pagamento está sujeito a condições que podem ou não se verificarem, não sofrem a incidência do imposto sobre ganho de capital, devendo ser tributadas nos termos dos arts. 3º, §§ 1º e 4º, e 7º da Lei nº 7.713/88. JUROS DE MORA E MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CTN E LEGISLAÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES STJ. A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício encontra fulcro em diversos dispositivos do CTN e da legislação tributária federal, sendo acolhida também nas decisões do STJ a respeito do tema. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 14 52 /2 01 2- 85 Fl. 2525DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Cabe a aplicação da multa qualificada, quando restar comprovado que o envolvido na prática da infração tributária conseguiu o objetivo de deixar de recolher, intencionalmente, impedir ou retardar a apuração do crédito tributário por meios de atos ou omissão de fatos visando os objetivos mencionados. VÍNCULO DE SOLIDARIEDADE. CONSTATAÇÃO. A responsabilidade é pessoal ao agente quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular da administração, mandato função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa por quem de direito, e são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, por não conhecer do recurso voluntário interposto por Marcelo Alberto Costa e por dar provimento parcial aos recursos voluntários interpostos por Amauri Antônio Alves Pereira, Mauro Alves Pereira e Eduardo Antonio Pires Cardoso, para fins de reduzir o imposto apurado sobre a omissão de ganhos de capital na alienação de ações não negociadas em bolsa do anocalendário 2007 para o valor de R$9.617.132,15, e cancelar as demais exigências. Kleber Ferreira de Araújo Presidente Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 2526DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 42 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) – DRJ/SP1, que julgou parcialmente procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), exigindo crédito tributário no valor total de R$ 43.212.458,58 relativo aos anoscalendário 2007, 2008, 2009 e 2010 (fls. 1688/1769), sendo o objeto da inconformidade o lançamento referente à infração omissão de ganhos de capital na alienação de ações não negociadas em bolsa de valores. Em 13/7/2007 a contribuinte adquiriu, pelo preço total de R$ 3.920.000,00, 3.920.000 ações ordinárias, sem valor nominal, da sociedade anônima de capital fechado Cientificalab Produtos Laboratoriais e Sistemas S.A., doravante denominada "Cientificalab". A transação, envolvendo 98% (noventa e oito por cento) do capital social da empresa, foi formalizada por meio do "Instrumento Particular de Cessão e Transferência de Ações de Sociedade Anônima", celebrado entre as partes contratantes. Constaram como "cedentes" das ações os sócios Eduardo Antonio Pires Cardoso, doravante denominado "Eduardo", e Marcelo Alberto Costa, doravante denominado "Marcelo". Nos termos da cláusula 2.1 do referido instrumento particular, foi acordado que a contribuinte pagaria o valor de R$ 3.920.000,00 por meio de uma nota promissória, em caráter "pró soluto", no prazo máximo de 180 dias a contar da data da assinatura do instrumento, ou seja, até a data de 9/1/2008. Em 16/7/2007 a contribuinte recebeu uma bonificação em ações da Cientificalab, correspondente a 6.860.000 novas ações ordinárias nominativas, sem valor nominal, resultantes de sua participação no aumento do capital social da empresa, mediante a incorporação de lucros acumulados. O montante total de lucros acumulados capitalizado foi de R$ 7.000.000,00, cabendo ao sujeito passivo 98% (noventa e oito por cento) desse valor, correspondente a R$ 6.860.000,00. O aumento de capital foi aprovado pela Ata da Assembléia Geral Extraordinária dos acionistas da Cientificalab realizada na data de 16/7/2007. Em decorrência dessa bonificação a contribuinte tornouse proprietária de 10.780.000 ações ordinárias nominativas da Cientificalab (3.920.000 + 6.860.000 = 10.780.000), representando 98% (noventa e oito por cento) da totalidade do capital da empresa. Em 19/7/2007 a contribuinte alienou a totalidade das ações da Cientificalab que possuía para a Diagnósticos da América S.A., doravante denominada "DASA", conforme "Instrumento de Compra e Venda", complementado por sete instrumentos aditivos, sem a apuração de ganho de capital na operação. De acordo com o disposto na cláusula 2.1 do Instrumento de Compra e Venda o preço da transação seria pago em 8 (oito) parcelas, sendo que a primeira, descontada da parcela retida, foi paga em 19/07/2007, cabendo à contribuinte, conforme letra "i" da cláusula 2.1, o valor de R$ 74.490.780,00. Ainda, conforme dispõe a cláusula 3.1 do Instrumento de Compra e Venda, o valor total da parcela retida foi fixado em R$ 3.000.000,00, cabendo à autuada o montante retido de R$ 2.940.000,00, correspondente à sua participação de 98% (noventa e oito por cento) na quantidade total de ações alienadas. Fl. 2527DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 As demais sete parcelas do preço de aquisição seriam pagas anualmente, a partir do anocalendário de 2008, desde que as condições contratualmente acordadas para sua implementação viessem a ocorrer, conforme disposto nas cláusulas 2.2 a 2.11 do Instrumento de Compra e Venda. Ou seja, o pagamento das parcelas 2ª a 8ª do preço de aquisição era condicional, subordinandose a eventos futuros e incertos, que poderiam vir a ocorrer ou não. As parcelas 2ª a 7ª dependiam de a receita bruta recebida pela Cientificalab, nos períodos de apuração determinados, atingirem certos montantes. Caso estes não fossem alcançados, nada seria devido pela DASA aos vendedores, como estabelecem as cláusulas 2.2 a 2.4.2 do Instrumento de Compra e Venda. A parcela 8ª do preço de aquisição estava condicionada à celebração de novo contrato de prestação de serviços, ou renovação do atual, entre a Cientificalab e a Prefeitura Municipal de São Paulo, por período de 60 (sessenta) meses, como estabelece a cláusula 2.5 do Instrumento de Compra e Venda Em 27/8/2007 a compradora pagou R$ 799.740,85, por liberalidade, a título de adiantamento da segunda parcela do preço de aquisição, que pelas cláusulas 2.2.1 e 2.2.2 do contrato, poderia ser paga até 30/9/98, caso as condições para tanto se implementassem. Foram pagos a título de complementação da primeira parcela do preço de aquisição R$ 4.617.760,00 e R$ 2.597.000,00, respectivamente em 3/9/2007 e 18/9/2007, totalizando R$ 7.214.760,00 As segundas e terceiras parcelas do preço de aquisição, nos valores de R$ 18.065.250,39 e 962.091,69 foram quitadas por meio de transferências bancárias efetuadas em 15/10/2008 e 15/4/2009, respectivamente. Já a quarta parcela foi paga por meio das remessas de R$ 1.297.631,56, em 15/4/2010, e R$ 621.014,38, em 30/9/2010. O ganho de capital relativo à primeira parcela considerou que, quanto ao preço de aquisição, seu valor total foi determinado em R$ 79.011.000,00, sendo composto pelo valor de R$ 76.011.000,00, pago em 19/07/07, e pela parcela retida, no valor de R$ 3.000.000,00, a ser paga em 19/7/2013, ou à medida em que forem pagas pela compradora as contingências exigidas. À contribuinte coube a proporção de 98% (noventa e oito por cento) desses montantes, correspondente à sua participação na quantidade total de ações alienadas, ou seja, o valor total de R$ 77.430.780,00, formado pela quantia de R$ 74.490.780,00, recebida em 19/7/07, e R$ 2.940.000,00 a receber. Pela aplicação do disposto no art. 31 da IN SRF n° 84/01, o ganho de capital relativo ao montante recebido da primeira parcela de aquisição apurado pela fiscalização foi o seguinte: Ganho de Capital Total = Valor Total da Alienação Custo de Aquisição, portanto corresponde a R$ 77.430.780,00 R$ 6.860.000,00 = R$ 70.570.780,00. A partir desse valor, foi calculado o imposto devido conforme a fórmula Ganho de Capital Total / Valor Total da Alienação X Valor Recebido X 15%, totalizando R$ 10.183.634,53. No tocante à complementação da primeira parcela do preço, bem como às parcelas segunda, terceira e quarta, a fiscalização entendeu que eles não correspondiam ao recebimento de parcelas a prazo desse preço, como definido no art. 31 da IN SRF n° 84/01, uma vez que seu recebimento era condicional, podendo ocorrer ou não, como já relatado. Correspondiam ao próprio valor do ganho de capital adicional recebido pelo sujeito passivo e sobre esses valores aplicarseia a alíquota de 15% (quinze por cento), diretamente. Com base nesse pressuposto, foi calculado o imposto devido relativo aos demais recebimentos, a saber: R$ 692.664,00 em 3/9/2007 e R$ 389.550,00 em 18/9/2007, no que se refere à complementação da primeira parcela; R$ 2.829.748,68 em 15/10/2008, Fl. 2528DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 43 5 atinentes à segunda parcela; R$ 144.313,75 à terceira; e R$ 194.644,73, em 15/4/2010 e 93.152,16 em 30/9/2010, relativos à quarta parcela. A multa de ofício foi qualificada, dado que o acréscimo patrimonial ocasionado pelo ganho de capital foi ocultado mediante a sucessiva inserção em DIRPF de dívidas inexistentes, sendo tal acréscimo justificado posteriormente pela "criação de falsos rendimentos isentos e nãotributáveis na DIRPF do anocalendário 2009". Como relatado no subitem 4.2 do Termo de Verificação Fiscal, intitulado "Das Demais Fraudes e do Conluio para as Fraudes", apresentouse o conjunto de elementos comprobatórios de que o sujeito passivo, Eduardo, Marcelo, Mauro Alves Pereira (doravante Mauro) e Amauri Antônio Alves Pereira (doravante Amauri), estes dois últimos filhos da autuada, atuaram dolosamente, e em conluio, na prática de fraudes: a) simularam que os reais proprietários das ações da Cientificalab alienadas ao sujeito passivo, num primeiro momento, e posteriormente à DASA, seriam os sócios Eduardo e Marcelo quando, na realidade, os reais proprietários eram Mauro e Amauri. A alienação das ações à DASA resultou em vultuoso ganho de capital, cujo efeito tributário não alcançou Mauro e Amauri e b) simularam que Eduardo e Marcelo alienaram onerosamente as ações da Cientificalab à autuada quando, na realidade, foi uma alienação sem ônus, ou seja, uma doação, de maneira a reduzir ilicitamente o ganho de capital obtido com a subsequente alienação das ações para a DASA. Com base no exposto, foram lavrados Termos de Sujeição Passiva Pessoal e Solidária em nome de Mauro, Amauri, Eduardo e Marcelo, relativamente aos créditos constituídos decorrentes do imposto de renda sobre os ganhos de capital obtidos pelo sujeito passivo com a alienação de ações da Cientificalab para a DASA. A contribuinte em epígrafe impugnou o lançamento às fls. 1932/2043, e os responsáveis Mauro, Amauri e Eduardo o fizeram às fls. 1855/1929, 2016/2113, 1802/1852, respectivamente. A decisão a quo (fls. 2122/2171), destacou inicialmente não ter sido contestada a infração de omissão do ganho de capital obtido na alienação de equipamentos e veículos à DASA, que foi objeto, inclusive, de parcelamento. Já no que se refere à omissão de ganhos de capital na alienação de ações não negociadas em bolsa de valores, foi mantida a exigência, com exceção do cálculo do custo de aquisição relativo à primeira parcela recebida. Tal cálculo foi tido por incorreto, levando à exoneração de R$ 1.416.255,94 no anocalendário 2007, o que ensejou a interposição de recurso de ofício, nos termos do art. 34 do Decreto nº 70.235/72. A contribuinte interpôs recurso voluntário em 18/3/2013 (fls. 2428/2485), entretanto apresentou petição em 17/12/2013 (fls. 2489/2493), informando que, nos termos da Lei nº 11.941/09, bem como de acordo com a Lei nº 10.522/02, realizou o parcelamento dos débitos em comento, desistindo do recurso voluntário. Salientou, contudo, que não desistiu nem renunciou à matéria tratada no recurso de ofício, relativa à parte do auto de infração cancelada pelo acórdão da DRJ/RJ1. Os responsáveis Amauri e Mauro apresentaram seus recursos voluntários em 18/3/2013 (fls. 2194/2254 e 2367/2427), trazendo as mesmas razões, as quais principiam por atacar a responsabilidade solidária imputada, não havendo provas de que seriam efetivos beneficiários dos recursos recebidos pela Sra. Thereza, na venda da alienação das ações da Fl. 2529DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Cientificalab, nem que eles tenham praticado atos ou negócios que tenham afetado, negativamente, a obrigação tributária da qual aquela pessoa seria o sujeito passivo, razão pela qual não se verifica a presença dos requisitos que justificariam a suas responsabilidades. Alegam que não deram ensejo "direta" e "pessoalmente" ao fato gerador, nem figuraram na relação jurídico material correspondente à venda das ações, seja como comprador, seja como vendedor, não possuindo, portanto, "interesse comum" nessa operação, inexistindo, outrossim evidente intuito de fraude. Acrescentam que, caso ocorrida a suposta fraude, a utilização de interpostas pessoas não teria implicada a redução do imposto sobre ganhos de capital. Pleiteiam, ainda, que as razões do recurso voluntário apresentado pela autuada, o qual colacionam, sejam consideradas parte integrante de suas defesas. Tais razões são abaixo sintetizadas: No momento em que foi firmado o Instrumento Particular de Compra e Venda de Ações e Outras Avenças, o valor de alienação das ações da contribuinte não se encontrava determinado, na medida em que parte desse valor correspondia a percentual da receita bruta dessa sociedade, relativa a períodos futuros; Em situações como esta, de acordo com as orientações do próprio Fisco, a apuração do ganho de capital deve ser feita quando restar determinado o preço efetivo e integral de alienação das ações, que no caso, coincidirá com o pagamento da oitava e última parcela; Por conseguinte, não se pode acusar a autuada de ter descumprido as suas obrigações fiscais, tendentes ao recolhimento do imposto sobre ganhos de capital, sendo improcedente o auto de infração; Tendo agido a contribuinte de acordo com a orientação fiscal constante de decisão proferida em processo de consulta e de ato interpretativo baixado pelas autoridades fiscais, não lhe pode ser imposta qualquer penalidade, devendo a multa de ofício ser integralmente afastada, nos termos do art. 76, inciso II, alíneas "a" e "c", da Lei n° 4.502/64; Mas, ainda que não se entenda dessa forma, o que se admite apenas para argumentar, no caso dos autos, não restou caracterizada a ocorrência de sonegação, fraude ou conluio, tendente a impedir a ocorrência do fato gerador do imposto sobre ganhos de capital ou a reduzir o correspondente valor, visto que os atos praticados foram amplamente divulgados pelas partes envolvidas, além de ter sido comunicado pela impugnante, em suas DIRPF, os fundamentos pelos quais não estaria sendo pago o imposto, razão pela qual é indevida a qualificação da multa; e Por absoluta ausência de previsão legal, não se pode aplicar os juros de mora sobre a multa de ofício. Por sua vez, os responsáveis Eduardo e Marcelo (fls. 2255/2310 e 2311/2366) vertem seus recursos voluntários também em 18/3/2013, não contestando o vínculo de responsabilidade, mas requerendo sejam consideradas os argumentos recursais da autuada parte integrante de sua postulação pelo cancelamento da exigência. É o relatório. Fl. 2530DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 44 7 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator Os recursos são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, deles conheço, à exceção do recurso voluntário interposto por Marcelo Alberto Costa, CPF nº 077.859.70831. Isso porque o referido, ainda que devidamente cientificado da autuação (fl. 1782), não impugnoua perante o colegiado de primeira instância, havendo restado precluso o direito de recorrer de seus termos, consoante regra o art. 15 do Decreto nº 70.235/72 c/c o art. 223 do Código de Processo Civil (CPC). Do recurso de ofício. A fiscalização considerou que as ações da Cientificalab não foram efetivamente adquiridas pela contribuinte, mas sim a ela doadas pelos seus filhos Amauri e Mauro, mediante as interpostas pessoas Marcelo e Eduardo, sócios formais daquela empresa. E, nos termos do art. 3º da Lei nº 7.713/88, a doação é operação que importa alienação de bens ou direitos. Nessa toada, e tendo em vista a apuração do ganho de capital da ulterior alienação das ações da Cientificalab, de propriedade da contribuinte, à DASA, foi realizado pela autoridade fiscal o cômputo do custo de aquisição dessas participações societárias. No que tange às ações recebidas em bonificação derivada da capitalização de lucros ocorrida em 16/7/2007, o aresto vergastado entendeu correto o custo de aquisição no montante de R$ 6.860.000,00, atribuído no lançamento com base no § 2º do art. 16 da Instrução Normativa SRF nº 84/01, dispositivo que tem por supedâneo legal o art. 10 da Lei nº 9.249/95. Já no atinente ao custo de aquisição das ações de Cientificalab em decorrência da doação constatada, a autoridade lançadora aplicou a prescrição contida no parágrafo único do art. 5º da Lei nº 10.451/02, considerandoo igual a zero: Art. 5o Na hipótese de doação de livros, objetos fonográficos ou iconográficos, obras audiovisuais e obras de arte, para os quais seja atribuído valor de mercado, efetuada por pessoa física a órgãos públicos, autarquias, fundações públicas ou entidades civis sem fins lucrativos, desde que os bens doados sejam incorporados ao acervo de museus, bibliotecas ou centros de pesquisa ou ensino, no Brasil, com acesso franqueado ao público em geral: (...) Parágrafo único. No caso de alienação dos bens recebidos em doação, será considerado, para efeito de apuração de ganho de capital, custo de aquisição igual a zero. Fl. 2531DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 Sem embargo, tal disposição não se aplica ao particular, pois deve ser lembrado, como regra básica de hermenêutica, que o parágrafo de um artigo de lei, contém exceções ou especificações relativas ao caput, tendose no caso norma específica para o cômputo do custo de aquisição na hipótese de doação de livros, objetos fonográficos e demais discriminados a órgãos públicos e afins. Para os casos genéricos de transferência de propriedade envolvendo doação, o diploma sobre custo de aquisição que prevalece, ainda que trate de doação em adiantamento da legítima, é o art. 23 da Lei nº 9.532/97 o esteio do posicionamento da própria administração tributária sobre a matéria, expresso nas disposições do art. 20 da IN SRF nº 84/01: Art. 20. Na transferência de propriedade de bens e direitos, por sucessão causa mortis, a herdeiros e legatários; por doação, inclusive em adiantamento da legítima, ao donatário; bem assim na atribuição de bens e direitos a cada excônjuge ou ex convivente, na hipótese de dissolução da sociedade conjugal ou união estável, os bens e direitos são avaliados a valor de mercado ou considerados pelo valor constante na Declaração de Ajuste Anual do de cujus, doador, excônjuge ou ex convivente declarante, antes da dissolução da sociedade conjugal ou união estável. (...) § 2o O valor relativo à opção por qualquer dos critérios de avaliação a que se refere este artigo, que independe da avaliação adotada para efeito da partilha ou do pagamento do imposto de transmissão, deve ser informado na declaração: (...) II do doador e donatário, correspondente ao anocalendário do recebimento da doação; (...) § 3o Se a transferência for efetuada por valor superior ao constante na Declaração de Ajuste Anual referida no caput, ou do custo de aquisição referido no § 1o, a diferença a maior constitui ganho de capital tributável.(grifei) Assim sendo, com razão a decisão da DRJ/RJ1 ao utilizar o § 2º do art. 20 da IN SRF nº 84/01 para a aferição do custo de aquisição no caso em comento, conforme descrito nas fls. 2156/2157, resultando no valor de R$ 9.617,132,15 como imposto devido sobre o ganho de capital relativo ao montante recebido na primeira parcela de aquisição, motivo pelo qual não merece prosperar o recurso de ofício. Dos recursos voluntários. A autuada, como relatado, parcelou o crédito tributário veiculado no presente processo, desistindo do recurso interposto. Não obstante, perseveraram em sua irresignação os responsáveis solidários Amauri, Mauro e Eduardo, devendo ser enfrentadas as razões recursais por eles vertidas, até mesmo porque o parcelamento firmado pela contribuinte epigrafada pode ser rescindido, e a responsabilização patrimonial dos referidos, persistir. Nesse sentido, Acórdão nº 3202001.588 (j. 26/2/2015), do qual transcrevo o seguinte trecho da ementa: Fl. 2532DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 45 9 PARCELAMENTO. LEI Nº 11.941/2009. ADESÃO. PEDIDO DE DESISTÊNCIA. O pedido de desistência do recurso voluntário, realizado pela COTIA, TRADING deve ser homologado, uma vez que essa empresa aderiu ao parcelamento da Lei nº 11.941/2009, na modalidade de dívidas não parceladas anteriormente art.1° demais débitos no âmbito da RFB. Quanto aos demais recursos voluntários, interpostos pelas pessoas jurídica e físicas apontadas como responsáveis solidárias, persiste o interesse desses de vêlos julgados, não podendo a adesão ao parcelamento da COTIA TRADING interferir no justo empenho dos mencionados particulares de ver apreciadas as questões de fato e de direito trazidas por eles para o CARF, em grau recursal. O recurso interposto por um dos autuados a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Nesse rumo, devem ser acolhidos e devidamente analisados os recursos em questão, a despeito do parcelamento do débito pelo sujeito passivo. Passando à legislação de regência, temse que o art. 2º da Lei nº 7.713/88 determina que o imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Por seu turno, o § 3º do art. 3º desse diploma legal estabelece que na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. Nesse diapasão, regra o art. 117 e § 2º do Decreto nº 3.000/99, Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), que está sujeita ao pagamento do imposto a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza devendo os ganhos serem apurados no mês em que forem auferidos. O caso trata de alienação realizada pela contribuinte mediante do Instrumento de Compra e Venda datado de 19/7/2007 (fls. 48/80), cuja cláusula 2.1 regrava que o preço da transação será pago em 8 (oito) parcelas, sendo que a primeira parcela, descontada da parcela retida, foi paga em 19/07/2007, sendo retida uma parcela para pagamento posterior. As sete parcelas restantes da aquisição seriam pagas anualmente, a partir do anocalendário de 2008, desde que as condições contratualmente acordadas para sua implementação viessem a ocorrer, conforme dispõem as cláusulas 2.2 a 2.11 do Instrumento de Compra e Venda. Ou seja, o pagamento das parcelas 2ª a 8ª do preço de aquisição era condicional, subordinandose a eventos futuros e incertos, podendo vir a ocorrer ou não. As parcelas 2ª a 7ª dependiam de a receita bruta recebida pela Cientificalab, nos períodos de apuração determinados, atingirem certos montantes. Caso estes não fossem alcançados, nada seria devido pela DASA aos vendedores, como estabelecem as cláusulas 2.2 a 2.4.2 do Instrumento de Compra e Venda. Por exemplo, o pagamento da segunda parcela seria Fl. 2533DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 equivalente a 85% (oitenta e cinco por cento) vezes o resultado da diferença entre a receita bruta recebida pela sociedade no período de 1º/7/2007 a 30/6/2008 e o montante de R$ 97.000.000,00 (noventa e sete milhões de reais); observese a existência de aditivos a tais cláusulas, mas, não houve alteração da essência da avença. Já a parcela 8ª do preço de aquisição estava condicionada à celebração de novo contrato de prestação de serviços, ou renovação do atual, entre a Cientificalab e a Prefeitura Municipal de São Paulo, por período de 60 (sessenta) meses, como estabelecido na cláusula 2.5 do Instrumento de Compra e Venda. Impende, neste átimo, trazer à colação o regramento da apuração do ganho de capital nas alienações a prazo, sendo que a Lei nº 7.713/1988 assim dispõe: Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver.(grifei) E o art. 140 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda, RIR/99), detalha: Art.140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver (Lei nº 7.713, de 1988, art. 21). §1ºPara efeito do disposto no caput, deverá ser calculada a relação percentual do ganho de capital sobre o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida. §2ºO valor pago a título de corretagem poderá ser deduzido do valor da parcela recebida no mês do seu pagamento. (grifei) Ora, tendo em vista tais disposições, não há como tratar a situação abordada como venda a prazo, em que se pressupõe a existência de parcelas determinadas do preço às quais, então, se pode atribuir, proporcionalmente, parcelas do custo de aquisição, em cálculo efetuado como sendo venda à vista. De fato, a venda à prazo se caracteriza pela determinação dos valores envolvidos na operação, ainda que eles possam variar, por exemplo, em função da correção por determinado índice de preços ou ainda, sendo o contrato estabelecido em dólar, pela flutuação da cotação dessa moeda. No particular, o que houve foi o recebimento do preço de aquisição em 19/7/2007, parte em dinheiro (R$ 74.490.780,00) e parte retida e aplicada em fundo de investimento de renda fixa no Banco Alfa em nome da contribuinte (R$ 2.940,000,00), fl. 58. As demais parcelas, ainda que denominadas no contrato de "parcela do preço de aquisição", são na verdade parcelas complementares desse preço, sendo pagas nas datas acordadas tãosomente se implementadas as condições previstas contratualmente. Mister notar que, não sendo verificada a ocorrência dessas condições, poderia não ser paga quantia alguma como "parcela do preço". Ilustrando, se a receita bruta da empresa alienada não alcançasse, entre de 1º/7/2007 a 30/6/2008, cifra superior a R$ 97 milhões, nada ia ser pago a título de 2ª parcela do preço. Fl. 2534DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 46 11 Ainda assim, a venda da Cientificalab já estava devidamente perfectibilizada, não sendo exigível qualquer direito de regresso ou reparação caso a performance de vendas da companhia não viesse a atender às expectativas existentes no momento da avença. Vale ponderar, como seria calculado o ganho de capital, sendo este a diferença positiva entre o valor da alienação e o respectivo custo de aquisição (§ 2º do art. 3º da Lei nº 7.713/88), referente a uma parcela que, no momento dessa alienação, além de não estar definida, tem a sua própria existência sujeita a substanciais incertezas? Ganhos de capital são mensurados a partir do cotejo entre o valor da alienação e o custo de aquisição de um ativo, cômputo que não foi realizado pela autoridade lançadora no que se refere às parcelas em relevo. Com efeito, o quadro que se descortina é que tais parcelas se caracterizavam como complementos ao preço de venda, cujo pagamento estava condicionado, como visto, ao desempenho das receitas e da geração de negócios da empresa nos períodos subsequentes à alienação. Caso atendidas tais expectativas, decerto bastante relevantes para o acerto do negócio jurídico firmado, a compradora desembolsaria quantias adicionais, tendo em vista os resultados alcançados pela companhia adquirida. Não atendidas, o único risco concreto do vendedor era não receber esse "plus" no preço. Sob esse prisma, não socorre as pretensões da recorrente a ilação de que teria pautado sua conduta com base nas orientações constantes no item nº 530 do Perguntas e Respostas IRPF relativo ano anocalendário 2007, exercício 2008, pois as prescrições ali constantes dizem respeito àquelas situações em que o preço de alienação não pode ser determinado, a saber, "Quando não houver valor determinado, por impossibilidade absoluta de quantificálo de imediato", do que não se trata. E, relativamente à Decisão Disit SRRF 8ª Região nº 75/1998, não serve ela de escusa para qualquer procedimento adotado pela contribuinte, por referirse a terceiros e não lhe sendo concedido, normativamente, nenhum efeito vinculante que alcançasse outros contribuintes. Na espécie, o preço de venda foi perfeitamente estabelecido e pactuado entre as partes, não se confundindo os montantes auferidos pela contribuinte posteriormente a alienação com prestações ou frações desse preço, por se constituírem, como visto à saciedade, em parcelas a ele complementares. Esses acréscimos no valor do preço pactuado deveriam ter sido tributados em separado do ganho de capital, na fonte, em razão de a alienação ter se realizada para pessoa jurídica, e na Declaração de Ajuste Anual correspondente ao ano de seu recebimento, conforme gizam os arts. 3º, §§ 1º e 4º, e 7º da Lei nº 7.713/88: Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei.(Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) Fl. 2535DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...) Art. 7º Ficam sujeito à incidência do imposto de renda na fonte, calculado de acordo com o disposto no art. 25 desta Lei:(Vide Lei nº 8.134, de 1990)(Vide Lei nº 8.383, de 1991)(Vide Lei nº 8.848, de 1994)(Vide Lei nº 9.250, de 1995)) (...) II os demais rendimentos percebidos por pessoas físicas, que não estejam sujeitos à tributação exclusiva na fonte, pagos ou creditados por pessoas jurídicas. A par disso, vale registrar que o § 3º do art. 19 da IN SRF nº 84/01 determina: Art. 19. Considerase valor de alienação: (...) § 3o Os valores recebidos a título de reajuste, no caso de pagamento parcelado, qualquer que seja sua designação, a exemplo de juros e reajuste de parcelas, não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados à medida de seu recebimento, na fonte ou mediante o recolhimento mensal obrigatório (Carnê Leão), quando a alienação for para pessoa jurídica ou para pessoa física, respectivamente, e na Declaração de Ajuste Anual. O raciocínio veiculado no dispositivo supra guarda similaridades com a questão ora enfrentada, pois também versa sobre ajustes (ou "reajustes") no preço de alienação; na IN, realizados sobre as parcelas da venda a prazo; no caso dos autos, via recebimentos adicionais do comprador, sopesadas certas condições a serem preenchidas, ou não, ulteriormente. O tratamento, em ambos os casos, dada a necessidade de coerência normativa, deve ser o mesmo, a saber, a tributação efetivandose na medida da percepção dos valores adicionais, quer se consubstanciem em reajustes em parcelas préestabelecidas, quer sejam parcelas complementares ao preço de venda. Nesse contexto, resta patente o equívoco da fiscalização em considerar as 2ª a 8ª parcelas adicionais ao preço ajustado no contrato em comento, bem como os complementos da primeira parcela recebidos em 3/9/2007 e 18/9/2007, como "correspondentes ao próprio valor do ganho de capital adicional recebido pelo sujeito passivo". Esses valores deveriam ter sido tributados como complementações ao preço de alienação quando de sua percepção, forte nos arts. 3º, §§ 1º e 4, e 7º da Lei nº 7.713/88. Destarte, restam insubsistentes os lançamentos efetuados a título de ganho de capital relativos às aludidas complementações de preço da primeira parcela verificadas em set/2007 (fl. 2129 imposto devido de R$ 692.664,00 + R$ 389.550,00, total de R$ 1.082.214,00), e às parcelas subsequentes. Fl. 2536DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 47 13 Em síntese, deve ser dado parcial provimento aos recursos voluntários interpostos por Eduardo, Amauri e Mauro, para fins de reformar o acórdão guerreado para que conste, como imposto mantido no anocalendário 2007, o valor de R$ 9.617,132,15, sendo exonerados os lançamentos atinentes aos anoscalendário 2008, 2009 e 2010. Da qualificação da multa de ofício. Não divergindo meu entendimento sobre a matéria do manifestado pelo Colegiado de primeira instância, peço a devida vênia para transcrevêlo, de modo que passe a integrar esta fundamentação: Sobre o imposto correspondente, foi aplicada a multa qualificada de 150%, prevista no art. 4º, inciso II, da Lei nº 8.218/1991 e no art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07, caracterizando a sonegação e a fraude, definidos nos ats. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. A norma legal que determina a aplicação da multa de ofício aplicável nos casos em que restar evidenciado o intuito de fraude é o artigo 44, I, §1°, da Lei 9.430/96, transcrito abaixo: (...) Como se percebe, nos casos de lançamento de ofício, a regra é aplicar a multa de 75%, estabelecida no inciso I do artigo 44, da Lei 9.430/96. Excepciona a regra a comprovação pela autoridade lançadora da conduta dolosa do contribuinte no cometimento da infração segundo as definições da Lei 4.502/64. O conceito de dolo encontrase no inciso I do art. 18 do Decretolei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, que dispõe ser o crime doloso aquele em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo. A doutrina decompõe, ainda, o dolo em dois elementos: o cognitivo, que é o conhecimento do agente do ato ilícito; e o volitivo, que é a vontade de atingir determinado resultado ou em assumir o risco de produzilo. A correta identificação do elemento subjetivo, intencional quando do cometimento do fato típico, é indispensável à configuração tanto da fraude quanto da sonegação e tratase de elemento que deve restar plenamente comprovado nos autos. Por seu turno, o impugnante argumenta que agiu de acordo com o entendimento das autoridades fiscais, refletido na pergunta n° 530 do Perguntas e Respostas IRPF, relativo ao anocalendário 2007, exercício 2008, e reafirmado pela Decisão n° 75, de 28/04/1998, da Divisão de Tributação da 8a "legião Fiscal. Explica, é fato incontroverso que a impugnante deixou de recolher o imposto em decorrência da interpretação fiscal constante do Perguntas e Respostas e de decisão administrativa, proferida em processo de consulta. Prossegue o impugnante dizendo que, em situações como esta, não cabe a aplicação de penalidade, mas apenas a exigência da exação devida, acrescida dos juros moratórios. É o que determina o inciso II do art. 76 da Lei n° 4.502, de 30/11/1964. A redação desse dispositivo legal é inequívoca. O sujeito passivo que age seguindo a interpretação fiscal, consubstanciada em decisões definitivas de processos administrativos fiscais, inclusive de consulta, seja ou não parte, bem como em atos interpretativos baixados por autoridades fiscais, não pode ser penalizado, razão pela qual não se lhe aplicam as penalidades previstas na legislação tributária. Fl. 2537DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 14 Sendo assim, conclui, deve ser integralmente cancelada a multa de ofício, pois a sua cobrança contraria a norma inserta no art. 76, inciso II, alíneas "a" e "c", da Lei n° 4.502/64. Pelo acima exposto, vêse que o impugnante contesta a multa de ofício sob o argumento de que agiu em cumprimento a orientação da Secretaria da Receita Federal consignada na pergunta n° 530 do Perguntas e Respostas IRPF, relativo ao anocalendário 2007, exercício 2008, e reafirmado pela Decisão n° 75, de 28/04/1998, em sendo assim, em caso de lançamento de ofício, defende incabível exigência de multa. No tocante a orientação exarada pela Secretaria da Receita Federal consignada na resposta à pergunta n° 530 do Perguntas e Respostas IRPF, anocalendário 2007, e pela Decisão n° 75, de 28/04/1998, tratase de aspecto já analisado neste voto, sendo que o conteúdo da Decisão nº 75/1998 não é passível de análise uma vez tratarse de processo de consulta de terceiros, cuja decisão não tem efeito “erga omnes”, já quanto ao conteúdo da resposta à pergunta nº 530, constatouse que a orientação é exatamente no sentido contrário àquele que o contribuinte adotou para si. A orientação exarada no Perguntas e Respostas IRPF é a de que na alienação de participações societárias quando não houver valor determinado, o ganho de capital deve ser tributado à medida em que o preço for determinado e as parcelas pagas, sendo cada etapa tratada como única1 . Dessa forma, o comportamento do contribuinte não está alcançado pelo prescrito no art. 100, inciso II, combinado com o parágrafo único, do Código Tributário Nacional, tampouco pela Lei 4.502/64, art. 76, II, alíneas “a” e “c”, citada pelo impugnante. Adicionalmente, o impugnante questiona a qualificação da multa de ofício aplicada, defende que a conduta do sujeito passivo que expõe à fiscalização os atos por ele praticados não se amolda aos conceitos de simulação, fraude e conluio, previstos nos art. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, os quais trazem ínsita a idéia de ações ou omissões dolosas tendentes a ocultar, esconder, elidir a ocorrência do fato gerador. No que tange a identificação do elemento subjetivo, intencional quando do cometimento do fato típico, temse que, o fato de o contribuinte inserir no campo “Discriminação de Bens e Direitos”, de suas Declarações de Ajuste Anuais, suposta justificativa totalmente desvinculada do fato jurídico concreto, torna evidente a intenção do contribuinte camuflar a ocorrência do fato gerador do imposto, com o objetivo de passar despercebido ao controle do Fisco e ter uma “desculpa” em caso de ser questionado pela autoridade fiscal. Ainda, sob o aparente ponto de vista do contribuinte, tal procedimento não seria suficiente para desviar a atenção do Fisco, necessário seria justificar aritmeticamente o alto valor acrescido ao seu patrimônio com a venda das ações da Cientificalab, assim, o contribuinte, com o propósito de justificar a nova disponibilidade financeira, nos anos de 2007 e 2008 inseriu em suas Declarações de Ajuste a falsa informação de contração de “Dívidas e ônus Reais”, sendo que em 2007 registrou R$ 82.068.841,29 a esse título e em 2008 R$ 101.388.790,39. 1 Registro, quanto a esse ponto específio, que o entendimento exposto no presente voto em julgamento de recurso voluntário é, como mais acima explicado, que a indigitada orientação constante no Perguntas e Respostas trata de situações em que o preço não é determinável, não de casos similares aos dos autos, em que o preço de alienação é conhecido e as posteriores complementações de preço é que podem vir ou não a serem pagas, dependendo de certas condições. Fl. 2538DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 48 15 Questionado através do Termo de Início da Ação Fiscal a respeito do valor declarado na DIRPF/2008 a título de dívidas e ônus reais em 31/12/2007, em especial, quanto ao valor devido a Diagnósticos da América S/A em 31/12/2007, em resposta, o contribuinte em epígrafe informou que “Esse valor foi informado erroneamente na declaração para que fosse identificada a origem dos recursos da evolução patrimonial”. A intenção dolosa do contribuinte tornase indisfarçável ao se constatar que ele, com o objetivo de camuflar os rendimentos obtidos da Diagnósticos da América S/A e consequente acréscimo patrimonial em 2007, compensaos declarando uma falsa dívida para com a própria Diagnósticos da América S/A quando da DIRPF/2008, ou seja, uma entrada real de recursos foi compensada com uma falsa dívida contraída. Mas não parou por aí a estratégia do contribuinte para encobrir o ganho de capital pela alienação das ações da Cientificalab, pois, nos recebimentos das parcelas seguintes, que estavam sujeitas a condição suspensiva, à medida que a condição era implementada e os valores pagos, as Declarações de Ajuste correspondentes eram apresentadas, sempre, com alguma forma aritmética astuciosa visando encobrir o ganho de capital. Assim ocorreu no ano seguinte, 2008, que em decorrência das disposições do 3º aditivo do Instrumento de Cessão e Transferência de Ações, a Diagnósticos da América S/A pagou ao sujeito passivo, em 15/10/2008, a quantia de R$ 18.065.250,39, mediante Transferência Eletrônica Disponível – TED, creditada na contacorrente de sua titularidade. O contribuinte, por sua vez, a exemplo do que ocorreu no ano de 2007 (DIRPF/2008), consignou um acréscimo da falsa “Dívida e ônus Reais”, sendo que o total declarado foi de R$ 101.388.790,39, ou seja, a falsa dívida junto à Diagnósticos da América S/A foi aumentada do valor de R$ 82.048.540,00, informado em 31/12/2007, para a quantia de R$ 100.113.790, resultando acréscimo de dívida inexistente de R$ 18.065.250,30, valor este equivalente ao ganho de capital obtido no ano. No ano de 2009 se deu o recebimento da terceira parcela do preço relativo à alienação das ações da Cientificalab, a partir da implementação da condição suspensiva, no valor de R$ 962.091,69, em 15/04/2009, mediante Transferência Eletrônica Disponível – TED, creditada na contacorrente de sua titularidade. Na Declaração de Ajuste de 2010 (referente ao ano de 2009) o contribuinte decidiu modificar a forma pela qual maquiaria o ganho de capital, pois, criou uma fonte de recursos fictícia no quadro Rendimentos Isentos e Não Tributáveis no valor de R$ 101.075.882,08, informado na linha "Outros" e com o seguinte complemento descritivo: "CORREÇÃO DO LANÇAMENTO REF QDO DIVIDAS". O montante de R$ 101.075.882,08 corresponde ao valor da falsa dívida junto à Diagnósticos da América S/A em 31/12/08, total de R$ 100.113.790,39, “zerada” em 31/12/2009, adicionado do valor recebido em 2009 a título de pagamento da terceira parcela do preço de alienação, correspondente a R$ 962.091,69 (R$ 100.113.790,39 + R$ 962.091,69 = R$ 101.075.882,08). Conforme se observa, o contribuinte, primeiramente, informa falsa contração de dívida para justificar o aumento patrimonial, resultante de ganho de capital na alienação das ações da Cientificalab, com o propósito de suprimir a exigência do imposto sobre ganho de capital devido; num segundo momento, visando “zerar” a dívida fictícia e ocultar recebimento de ganho de capital com a 3ª parcela do preço de alienação, informa falso recebimento de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, deixando tudo “acertado”, aritmeticamente falando. Fl. 2539DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 16 No ano de 2010 constatouse o recebimento da quarta parcela do preço de alienação das ações, tendo ocorrido de forma fracionada. Do extrato bancário consta que a Diagnósticos da América S/A pagou ao sujeito passivo, mediante Transferência Eletrônica Disponível TED, creditada na contacorrente de sua titularidade, a quantia de R$ 1.297.631,56 em 15/04/10, e a quantia de R$ 621.014,38 em 30/09/10, totalizando o montante de R$ 1.918.645,94. O recibo de quitação do pagamento da quarta parcela do preço de aquisição, firmado pelo sujeito passivo em 30/09/10, também confirma o recebimento desses valores. Entretanto, o contribuinte não declarou, sob modalidade alguma de rendimento, os valores correspondentes à quarta parcela, no valor de R$ 1.918.645,94. Enfim, nesse ano de 2010 o contribuinte assumiu que deveria omitir totalmente os rendimentos recebidos já que tinha “acertado” as suas pendências contidas nas Declarações de Ajuste dos anos de 2007 e 2008, ou seja, não havia mais dívidas e ônus reais pendentes e não havia mais indícios do suposto “diferimento do ganho de capital”. Pelo exposto, não há como mitigar o dolo escancarado em cada etapa acima relatada. Ao eliminar da DIRPF do anocalendário 2009 o falso passivo declarado de R$ 100.113.790,39 e, simultaneamente, atribuir como rendimentos isentos e não tributáveis os valores recebidos pela alienação da Cientificalab, de 101.075.882,08 (R$ 100.113.790,39 + R$ 962.091,69), o contribuinte afastou qualquer possibilidade de ter ocorrido interpretação errônea da legislação tributária quanto ao tratamento tributário que ele deveria adotar em relação aos rendimentos recebidos em 2007 e 2008. Não se tratou, obviamente, de simples erro. Ao informar dívida e ônus inexistente (anos de 2007 e 2008), classificar os valores recebidos em 2009 (R$ 962.091,69) como rendimentos isentos e não tributáveis, sem amparo ou fundamento legal para tanto, adicionando a tal classificação outro valor fictício (R$ 100.113.790,39), e omitir os valores recebidos em 2010 (R$ 1.918.645,94), o contribuinte demonstrou o intuito doloso, pois tratam de ações planejadas visando, nitidamente, impedir o conhecimento da autoridade fazendária da ocorrência dos fatos geradores do tributo. A forma falseada como as informações foram declaradas nas Declarações de Ajuste impedia a constatação por parte do Fisco de que o contribuinte obteve rendimentos de ganho de capital tributáveis, só tendo sido possível essa constatação a partir de diligências junto a Diagnósticos da América S/A. Por fim, concluise que o sujeito passivo agiu com real intenção de sonegar o tributo, conforme definido no art. 71, inciso I, da Lei nº 4.502/64, pois, sonegou quando omitiu dolosamente a ocorrência dos ganhos de capital na alienação de ações da Cientificalab. Acrescentese, o sujeito passivo também cometeu fraude ao inserir falsas informações, reiteradamente, nas DIRPF para descaracterizar a ocorrência dos ganhos de capital na alienação de ações da Cientificalab, nos termos do art. 72 da Lei nº 4.502/64. Portanto, em face de todo o exposto, correta a aplicação da multa qualificada no presente lançamento. Acrescentese, ainda, que não possuem qualquer substância os argumentos recursais no sentido de que a suposta utilização da epigrafada como laranja pelos seus filhos não implicou em redução do imposto sobre ganhos de capital. Esse gravame não foi pago, assim como os demais rendimentos sujeitos à tributação, por consequência direta da conduta dolosa da contribuinte, verificada no preenchimento sucessivo de DIRPFs em total dissonância com a realidade dos fatos, sequer escoradas nas orientações administrativas aludidas, consoante explicado à minúcia na decisão de primeiro grau, linhas acima reproduzida. Dos juros de mora sobre a multa de ofício Fl. 2540DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 49 17 O caput do art. 161 do CTN assim dispõe: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Na sistemática do CTN, a obrigação tributária principal é de ínsita natureza pecuniária, sendo composta por tributo e multa, nos termos do seu art. 113 e §§. Os arts. 139 e 142 do Código deixam claro que o crédito tributário tem a mesma natureza da obrigação principal, podendo ser assim, composto tanto por tributo quanto por multa. Destarte, o art. 161 supra, quando trata do crédito tributário, está tratando da obrigação principal revestida de exigibilidade, a qual, não paga no vencimento, está sujeita a juros de mora. Portanto, a incidência dos juros em apreço sobre as multas que porventura componham o crédito tributário é preceito estabelecido no CTN. O legislador ordinário respeitou os parâmetros da lei complementar, ao regrar no art. 61 da Lei nº 9430/96, que os débitos decorrentes de tributos e contribuições sofrem incidência de juros de mora. A saber, o termo"decorrente" significa consequente, ou seja, além do tributo propriamente dito, os débitos que lhe dele são resultantes, ainda que não necessariamente, tais como as multas de ofício proporcionais, as quais também deverão ser acrescidas dos juros. Em consonância com esse entendimento, vale lembrar que o § 8º do art. 84 da Lei nº 8.981/1995 reza que os juros de mora se aplicam aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, categoria na qual se incluem, logicamente, as multas de ofício, sejam proporcionais ou lançadas isoladamente. A jurisprudência do STJ consolidouse nesse sentido, conforme se depreende da leitura da ementa do acórdão do AgRg no REsp nº 1.335.688/PR (1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 10/12/2012) : PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (grifei) Do REsp nº 1.129.990/PR (2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 14/9/2009) convém colacionar o seguinte trecho do Voto condutor, aclarando a questão: De maneira simplificada, os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o Fl. 2541DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 18 inadimplemento do tributo, advém a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento. Em suma, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. Da sujeição passiva solidária. O responsável solidário Eduardo cingiuse a reportarse às razões da epigrafada como fundamentação de sua inconformidade, havendo sido dado provimento parcial ao recurso voluntário por ele interposto, nos termos da fundamentação parágrafos acima. No que tange aos responsáveis Amauri e Mauro, filhos da autuada, foram por eles manejados argumentos atinentes ao vínculo de responsabilização propriamente dito. Então, ainda que na questão de mérito seus recursos tenham parcialmente prosperado, devem ser eles ser eles analisados conjuntamente, visto que são em tudo semelhantes nos respectivos recursos. Faço, de início, a ressalva de que a conclusão deste voto no sentido de que a operação examinada não se trata de venda parcelada, mas sim envolve complementações do preço acordado, permanece coerente frente à análise da responsabilidade tributária levada a efeito pela decisão atacada. Nessa esteira, e novamente não dissentindo das percucientes razões ventiladas naquele julgado quanto ao assunto, passo a reproduzilas de modo a que façam parte do corpo desta fundamentação: O impugnante, entretanto, acrescenta que, ainda que fosse cabível a constituição do crédito tributário em questão, não se verifica, no caso dos autos, os elementos que autorizariam a pretendida alegação fiscal de que ao impugnante deve ser imputada a responsabilidade solidária pelo recolhimento do Imposto em discussão, nestes autos. Diz que o Sr. Auditor Fiscal não demonstrou que o impugnante participou, direta ou indiretamente, da situação de fato descrita em lei como necessária e suficiente à ocorrência do fato gerador do imposto sobre ganhos de capital. Afirma que não há qualquer indício, muito menos elementos de prova, de que o impugnante seria o efetivo beneficiário dos recursos recebidos pela Sra. Thereza, na venda da alienação das ações da Cientificalab, nem que ele tenha praticado atos ou negócios que tenham afetado, negativamente, a obrigação tributária da qual aquela pessoa seria o sujeito passivo, razão pela qual não se verifica a presença dos requisitos que justificariam a sua responsabilidade solidária. Prossegue o impugnante alegando que não deu ensejo "direta" e "pessoalmente" ao fato gerador, nem figurou na relação jurídico material correspondente à venda das ações, seja como comprador, seja como vendedor, não possuindo, portanto, "interesse comum" nessa operação. Destaca que no caso dos autos, não cabe a cominação da multa de ofício pelo Sr. AFRFB, pois inexiste efetiva e concreta comprovação do "evidente intuito de fraude", exigido para aplicação de multa desta natureza. Diante do exposto, requerse a exclusão do impugnante do pólo passivo do presente processo administrativo fiscal, uma vez que, não se configuram as hipóteses Fl. 2542DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 50 19 legais para que ele figure como responsável solidário pelo tributo supostamente devido em razão da alienação das ações da Cientificalab. No que diz respeito à impugnação da Sra. Thereza e todos os elementos nela contidos, através do presente voto houve a devida análise e conclusão, conforme se constata da leitura do mesmo, nada mais havendo a ser adicionado. Quanto a configuração legal da sujeição passiva, constatase que do processo constam inúmeros elementos que vinculam os Srs. Amauri e Mauro aos fatos geradores aqui analisados, de pronto, podese destacar o fato de que os Srs. Amauri e Mauro são filhos do sujeito passivo, que este não detinha capacidade financeira, que os Srs. Eduardo, Marcelo, Mauro, Amauri e o sujeito passivo encontramse envolvidos em uma rede de negócios, muitos deles escusos, conforme detalhadamente levantados pela fiscalização e devidamente descritos no Termo de Verificação Fiscal, em relação aos quais destacarseão alguns itens a fim de que se deixe evidenciada a sujeição passiva questionada. Quanto a hipossuficiência financeira da Sra. Thereza, mãe de Amauri e Mauro, destaquese que, relativamente ao anocalendário de 2003, o sujeito passivo apresentou declaração anual simplificada, na qual declarou a ocupação principal com o código 120, correspondente a "Dirigente, Presidente e Diretor de Empresa Industrial, Comercial e Prestadora de Serviços". Todavia não declarou a percepção de rendimentos de qualquer espécie nesse período, conforme pode ser constatado na cópia dessa declaração, assim como constatamos que as linhas da declaração relativas a bens e direitos e dívidas e ônus reais, nas datas de 31/12/02 e 31/12/03, apresentavamse com os valores "zerados". No que concerne aos três anoscalendário imediatamente anteriores ao período inicial sob fiscalização, ou seja, no período de 2004 a 2006, o sujeito passivo declarouse isento, apresentando a declaração anual pertinente DAI, conforme extrato contendo a relação de declarações processadas do sujeito passivo, em anexo. Ainda, em consulta ao Cadastro Nacional de Informações Sociais CNIS, constatase que o sujeito passivo recebe benefício de aposentadoria por idade desde 27/11/03, por ter sido filiado como autônomo, na atividade de comercial. Em 31/12/06 o sujeito passivo informou ter bens e direitos no valor de R$ 0,00 (zero reais) e sua única fonte de rendimentos declarada originavase nos proventos de aposentadoria por idade recebidos do Instituto Nacional do Seguro Social. Conforme informações prestadas pelas instituições financeiras à RFB o sujeito passivo apresentou inexpressiva movimentação financeira nos anos calendário de 2004 a 2006, representada pelo volume de débitos em contas correntes bancárias sujeitos à incidência da CPMF (movimentação financeira: 2004=R$3.383,05; 2005=R$3.700,05; 2006=R$4.345,00). No anocalendário de 2007, em que completou a idade de 65 anos, o sujeito passivo informou na DIRPF ter recebido a quantia de R$ 4.820,00 a título de aposentadoria. Os dados analisados demonstram que o sujeito passivo, ainda que tivesse recorrido às disponibilidades de recursos do seu cônjuge, não possuía condições financeiras ou econômicas em 13/07/07 para adquirir a participação acionária na Cientificalab, assumindo a dívida no valor de R$ 3.920.000,00 para com os sócios alienantes Eduardo e Marcelo como se fez parecer. Fica demonstrada, portanto, a hipossuficiência financeira e econômica do sujeito passivo para empreender a Fl. 2543DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 20 aquisição das ações da Cientificalab, o que corrobora a conclusão de que Eduardo e Marcelo simularam a alienação onerosa das ações para o sujeito passivo quando, na realidade, o negócio jurídico realizado correspondeu a uma doação. Da análise do emaranhado de negócios realizados por e entre Eduardo, Marcelo, Amauri, Mauro e o sujeito passivo, conforme minuciosamente descritos no Termos de Verificação Fiscal, leva à constatação de que, a alienação da Cientificalab na forma como foi realizada tinha como propósito fazer com que o produto da venda das ações para a Diagnósticos da América S.A DASA ficasse na posse do sujeito passivo, que vem a ser a mãe e interposta pessoa dos sócios ocultos da Cientificalab, os irmãos Mauro e Amauri, com o objetivo de continuar a ocultar os maiores beneficiários dos ganhos de capital obtidos e eximilos de pagar os tributos devidos sobre esses fatos geradores de tributos. A razão para a utilização dessas estratégias por parte de Amauri e Mauro está, principalmente, nos processos criminais que ambos respondem, inclusive mediante bloqueio de bens. Houve denúncia de que Mauro teria tentado subornar o ex secretário da saúde da prefeitura de São Paulo, no ano 2000, e as investigações da prática de "caixa dois" e superfaturamento nas vendas da Matmed às cooperativas do PAS/Sims, nos anos de 1998 a 2000, levaram o Ministério Público Estadual de São Paulo a solicitar e obter o bloqueio judicial de bens de Mauro e Amauri. A indisponibilidade dos seus bens, a publicidade negativa gerada pelo noticiário à época, e a mudança de governo da prefeitura de São Paulo ocorrida em 2001, em que Marta Suplicy, do Partido dos Trabalhadores PT, sucedeu ao prefeito Celso Pitta, eleito pelo então Partido Progressista Brasileiro PPB, acarretando mudanças na gestão do sistema de saúde do município, levando Mauro e Amauri a desativar operacionalmente a Matmed, como demonstrado no subitem 4.2.5. do Termo de Verificação. Com a participação de Eduardo, com quem já possuíam relacionamento anterior na empresa Cirúrgica Ônix, conforme detalhado no Termo de Verificação FiscalTVF, subitem 4.2.7, e Marcelo, constituíram no segundo semestre de 2001 a Cientificalab, para operar no mesmo segmento em que atuava a Matmed, dando continuidade aos negócios. Todavia, Mauro e Amauri nunca figuraram como sócios ostensivos da Cientificalab, cuja propriedade pertencia formalmente apenas a Eduardo e a Marcelo. Essa providência é explicada pela necessidade de descaracterizar a Cientificalab como sucessora da Matmed, caso contrário poderia tornála responsável tributária dessa última, que se achava sob fiscalização da Secretaria da Fazenda de São Paulo. Da mesma forma, protegia o patrimônio de Mauro e Amauri de futuros pedidos de indisponibilidade de bens e da execução dos créditos tributários que viessem a ser constituídos contra a Matmed, a exemplo das ações mencionadas no subitem 4.2.4. do TVF. Constatouse que a Cientificalab atuava, inicialmente, no mesmo segmento de negócios da Matmed. Nos anos iniciais de funcionamento da Cientificalab a mesma empregava significativo número de funcionários egressos da desativada Matmed. Constatouse que as pessoas responsáveis pelo preenchimento das DIRPJ da Matmed e da Cientificalab, no período de 2001 a 2007 foram as mesmas, como demonstrado no subitem 4.2.9. do TVF. O sujeito passivo, mãe de Mauro e Amauri, como demonstrado no subitem 4.2.1 do TVF, simulou adquirir onerosamente a Cientificalab de Eduardo e Marcelo, como relatado no subitem 4.2.10 do TVF. Três dias após a "compra" o sujeito passivo recebe lucros retidos da Cientificalab no valor de 175% do preço de aquisição das ações, sob a forma de bonificação. E, decorridos outros três dias, o sujeito passivo aliena essas ações para a DASA por um preço inicial correspondente a 19 vezes o valor nominal de compra. Se for consideradas as parcelas complementares do preço de venda recebidos pelo sujeito passivo em 2007, verifica Fl. 2544DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 51 21 se que o mesmo recebeu quantia superior a 21 vezes o preço de aquisição, como apontado no subitem 4.2.12. do TVF. Visto por outro ângulo, se o sujeito passivo obteve um resultado excepcional com a transação, Eduardo e Marcelo, que teriam construído a empresa ao longo de seis anos e conduzindoa para ser líder de mercado em seu setor de atuação, como demonstrado no subitem 4.2.10 do TVF, fizeram um péssimo negócio. Para se acreditar que o negócio se passou como formalmente se apresenta, é preciso acreditar que as tratativas com a DASA para alienação das ações da Cientificalab foram conduzidas pelo sujeito passivo, no intervalo de tempo inferior a uma semana, e com o desconhecimento de Eduardo e Marcelo dos valores negociados. Se não foi dessa forma, como justificar que Eduardo e Marcelo venderam 98% da participação acionária que detinham por um valor correspondente a cerca de 4% do valor que poderiam ter obtido se houvessem alienado as ações diretamente à DASA. Aliás, Eduardo e Marcelo lograram vender à Diagnósticos da América S.ADASA, nas mesmas condições de preço obtidas pelo sujeito passivo, apenas a fração correspondente a 2% do capital da Cientificalab, que, em seis dias antes, era formalmente 100% de sua propriedade. Tudo se passou como uma alienação graciosa das ações da Cientificalab de propriedade de Eduardo e Marcelo para o sujeito passivo, mãe dos sócios ocultos Mauro e Amauri, o qual não dispunha de nenhuma capacidade financeira ou econômica para adquirir as ações de Eduardo e Marcelo, conforme demonstrado anteriormente. Assim, se prestaram, nessa transação, a possibilitar que o patrimônio fosse transferido para a mãe dos reais donos da empresa, Mauro e Amauri, a qual então passou a atuar como interposta pessoa de seus filhos, papel anteriormente desempenhado por Eduardo e Marcelo. Outro indício de que Mauro e Amauri eram os reais controladores da Cientificalab é a forma como figuraram no Instrumento de Compra e Venda. Denominados de Intervenientes Anuentes, assumiram obrigações e fizeram declarações perante a Diagnósticos da América S.A.DASA, compradora da Cientificalab, em pé de igualdade com os sócios ostensivos, incompatíveis com a condição de responsáveis apenas pela implantação do denominado Projeto de Expansão da empresa, conforme detalhado no subitem 4.2.14. do TVF. Destaquese que Mauro e Amauri se responsabilizaram até por eventuais contingências da Cientificalab que porventura viessem ser apuradas. Nesse mesmo sentido, conforme informado no subitem 4.2.15 do TVF, Amauri e sua mulher foram fiadores da Cientificalab em pelo menos dois contratos de locação de imóveis, que foram utilizados em períodos distintos como sede da empresa. Ambos os contratos estavam em vigor por ocasião da alienação das ações à DASA, razão pela qual a mesma se obrigou a substituir as fianças prestadas por Amauri e sua mulher. Um dos contratos estava em vigor desde 28/02/03 e o outro desde 25/11/05, atestando o envolvimento contínuo de Amauri com a Cientificalab. Da mesma forma, conforme subitem 4.2.16 do TVF, restou comprovado que Amauri e sua mulher prestaram garantia hipotecária a favor da Cientificalab no valor inicial de R$ 4.100.000,00. A escritura da hipoteca foi lavrada em 21/08/03, mas garante um contrato celebrado em 08/01/01, ou seja, no início do funcionamento da Cientificalab. A garantia hipotecária foi novamente prestada em 31/03/06, para garantir obrigações da Cientificalab no valor de R$ 884.500,00. A prestação das fianças e garantias hipotecárias são indícios adicionais de que Amauri era um dos verdadeiros proprietários da empresa, dispondose a garantir Fl. 2545DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 22 com seus bens pessoais obrigações da Cientificalab, medida que nem mesmo os sócios ostensivos Eduardo e Marcelo se dispuseram fazer. A forma como Mauro e Amauri intervieram no Instrumento de Compra e Venda é demonstrativa também de que a parte compradora, ou seja, a DASA, tinha total ciência de quem eram os reais vendedores e de quão relevante era obter as declarações e garantias prestadas pelos mesmos no referido instrumento. Não resta dúvida de que Mauro e Amauri sempre foram os reais proprietários majoritários da Cientificalab. Utilizaram as interpostas pessoas de Eduardo e Marcelo para constituir a empresa, em função do noticiário negativo que envolveu Mauro e a Matmed nas denúncias de suborno, prática de "caixa dois" e superfaturamento, no ano de 2000, e para proteger seu patrimônio do resultado das ações de iniciativa do Ministério Público Estadual de São Paulo e da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Por ocasião da alienação da Cientificalab para a DASA estruturaram uma etapa precedente, na qual Eduardo e Marcelo simularam a venda das ações para o sujeito passivo, mãe de Mauro e Amauri, que as revendeu à DASA. O sujeito passivo, atuando dolosamente como interposta pessoa de Mauro e Amauri, "adquiriu" as ações de Eduardo e Marcelo, para blindar o patrimônio dos filhos contra as execuções fiscais ainda em curso e evitar serem considerados contribuintes do imposto sobre ganho de capital na alienação subsequente, caracterizando a fraude tributária. Mauro, Amauri, Eduardo e Marcelo simularam que os únicos sócios da Cientificalab eram Eduardo e Marcelo, os quais atuaram por si próprios e como interpostas pessoas de Mauro e Amauri. Eduardo, Marcelo e o sujeito passivo agiram em conluio para simular a operação de compra e venda de ações da Cientificalab, quando na verdade a mesma consistiu numa doação. Ou seja, atuaram em conluio para modificar dolosamente as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária, o que caracteriza uma fraude. Por ocasião da alienação das ações à Diagnósticos da América S.A. o sujeito passivo atuou dolosamente como interposta pessoa de Mauro e Amauri e, em conluio com ambos, aufere o produto da venda para impedir totalmente a ocorrência do fato gerador do imposto de renda sobre ganho de capital para seus filhos, o que também caracteriza fraude. Por todo o exposto, a conclusão não pode ser outra senão a de que as condutas do sujeito passivo, Eduardo, Marcelo, Mauro e Amauri não podem ser vistas como involuntárias, meros equívocos ou erros. Foram condutas conscientes, planejadas, abusivas e sistemáticas para evitar a ocorrência dos fatos geradores de obrigações tributárias e/ou reduzir seus montantes. Nos termos do art. 124, inciso I, do CTN, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Conforme art. 137, inciso I, do CTN, a responsabilidade é pessoal ao agente quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa por quem de direito. Portanto, em decorrência, Mauro, Amauri, Eduardo e Marcelo tem responsabilidade passiva solidária com o sujeito passivo, no que se refere aos créditos tributários constituídos em função das infrações objeto de lançamento. Considerando, também, que as simulações praticadas mediante conluio pelo sujeito passivo, Eduardo, Marcelo, Mauro e Amauri constituem fraudes e que o Fl. 2546DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13896.721452/201285 Acórdão n.º 2402005.385 S2C4T2 Fl. 52 23 emprego de fraude para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo, constitui em tese crime contra a ordem tributária, a teor do que dispõe o art. 2o, inciso I, da Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1.990, conseqüentemente, cabe também a responsabilização pessoal de Eduardo, Marcelo, Mauro e Amauri pelos créditos tributários constituídos no lançamento. Concluise, então, perfeita a inclusão dos Senhores Amauri Antonio Alves Pereira e Mauro Alves Pereira no pólo passivo do presente processo administrativo fiscal uma vez que configuraram as hipóteses legais para que eles figurem como responsáveis solidários pelo tributo devido em razão da alienação das ações da Cientificalab. Quanto a concreta comprovação do “evidente intuito de fraude”, restou claramente demonstrado, conforme apontado neste voto. Correta, portanto, a manutenção dos recorrentes como responsáveis solidários pelo crédito tributário objeto dos presentes autos. Ante o exposto, voto no sentido de: não conhecer do recurso interposto por Marcelo Alberto Costa; negar provimento ao recurso de ofício; e DAR PARCIAL PROVIMENTO aos recursos voluntários interpostos por Amauri Antônio Alves Pereira, Mauro Alves Pereira e Eduardo Antonio Pires Cardoso, para fins de reduzir o imposto apurado sobre a omissão de ganhos de capital na alienação de ações não negociadas em bolsa do ano calendário 2007 para o valor de R$ 9.617.132,15, e cancelar as demais exigências, nos termos deste voto. Ronnie Soares Anderson. Fl. 2547DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 35011.003985/2006-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
RECURSOS ESTATAIS. TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS À ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA MANTENEDORA DE EQUIPE DE FUTEBOL PROFISSIONAL. INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.
Consoante a legislação de regência, os recursos repassados a título de patrocínio, sob qualquer forma, por entidade a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, devem sofrer a retenção da contribuição patronal destinada a seguridade social.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.387
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade e no mérito, em negar provimento ao recurso.
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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FUTEBOL PROFISSIONAL. Recorrente SECRETARIA DE ESTADO DA JUVENTUDE DESPORTO E LAZER Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 RECURSOS ESTATAIS. TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS À ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA MANTENEDORA DE EQUIPE DE FUTEBOL PROFISSIONAL. INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. Consoante a legislação de regência, os recursos repassados a título de patrocínio, sob qualquer forma, por entidade a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, devem sofrer a retenção da contribuição patronal destinada a seguridade social. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 01 1. 00 39 85 /2 00 6- 84 Fl. 186DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade e no mérito, em negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo Presidente Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 35011.003985/200684 Acórdão n.º 2402005.387 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra DecisãoNotificação nº 03.401.4/0283/2006 datada de 26/9/2006, que julgou procedente NFLD DEBCAD 35.812.077 2 (fls. 1/23), lavrada em 17/5/2005 em decorrência de auditoria realizada junto à Secretaria da Juventude, Desporto e Lazer do Estado do Amazonas AM, que constatou a celebração de convênios com associações desportivas que mantém equipe de futebol profissional. Segundo o relatório fiscal, esses convênios transferiram recursos aos clubes de futebol profissional, constituindose em forma de patrocínio nos termos dos §§ 6º e 9º da Lei nº 8.212/91, devendo ter sido retido 5% à título de contribuição patronal pela entidade pagadora, o que não aconteceu, dando azo ao lançamento contestado. Foram juntados os convênios em questão e respectivos extratos de empenho (fls. 26/42), bem como Pareceres da Procuradoria Geral do Estado do Amazonas (fls. 41/66) elaborados no ano de 2004, no sentido de ser indevida a retenção exigida pelo INSS. Noutro sentido, foi anexada Nota Técnica da Procuradoria do INSS em prol da retenção guerreada (fls. 68/70). O Estado do Amazonas impugnou a exigência às fls. 75/101, a qual foi mantida pela indigitada DecisãoNotificação nº 03.401.4/0283/2006 (fls. 106/110), motivo pelo qual foi interposto recurso voluntário (fls. 118/124) arguindose, em síntese: a existência de vício formal por não ter sido juntado à NFLD o Parecer da PFE/INSS, o que acarretou violação aos princípios do contraditório e ampla defesa; e a inocorrência do fato gerador, visto que o aporte de recursos financeiros via convênio pelo Estado do Amazonas não se iguala a patrocínio, sendo na verdade "a concretização de uma política pública necessária para o desenvolvimento das práticas desportivas". Mediante a prolação do Acórdão nº 240200.671, esta Turma proferiu em 22/3/2010 decisão anulando o processo por vício material (fls. 130/134). Tal decisão foi reformada na data de 25/3/2014, após recurso especial (fls. 134/144) interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), pelo Acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) de nº 9202003.098, que determinou o retorno dos autos à Câmara de origem para apreciação das demais matérias constantes no recurso voluntário do contribuinte. É o relatório. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator O recurso já foi admitido pelo CARF, razão pela qual passo ao exame das questões levantadas pelo autuado. Inicialmente, cabe refutar de plano as alegações do contribuinte no sentido de que a ausência do "Parecer da PFE/INSS" na verdade, Nota Técnica/CONSU/AM Nº 140/2004 seria causa de vício formal na autuação. A mera leitura do Relatório Fiscal de fls. 17/23 revela que o lançamento está assentado em discriminação adequada e suficiente dos fatos e fundamentação jurídica envolvidos, sendo que a consulta formulada apenas corroborou o entendimento da autoridade fiscal pela incidência da tributação, não lhe servindo de amparo fundamental, como sugere o recorrente. Dito Parecer encontrase nos autos às fls. 68/70, havendo sido franqueada oportunidade de o autuado enfrentar seus termos desde o início do contencioso administrativo. Nessa linha, não resta demonstrado qual o prejuízo para a defesa capaz de ensejar a pretensa nulidade postulada, sendo que o contribuinte recorre do lançamento evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. No tocante à questão de fundo, temse que o art. 195 da Constituição Federal (CF), preconiza que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, direta e indiretamente, mediante, dentre outras fontes, as contribuições sociais. Atendendo os objetivos da equidade na forma de participação de custeio, e da diversidade da base de financiamento insculpido nos inciso V e VI do art. 194 da CF, a alínea 'b' do inciso I do art. 195 estabeleceu a contribuição do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, incidente sobre a receita ou faturamento. O art. 22 da Lei nº 8.212/91 veiculou a norma de regência que implementou tal previsão constitucional, cabendo reproduzilo no que interessa aos fatos em apreço: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) § 6º A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional destinada à Seguridade Social, em substituição à prevista nos incisos I e II deste artigo, corresponde a cinco por cento da receita bruta, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos. (...) Fl. 189DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 35011.003985/200684 Acórdão n.º 2402005.387 S2C4T2 Fl. 109 5 § 9º No caso de a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional receber recursos de empresa ou entidade, a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos, esta última ficará com a responsabilidade de reter e recolher o percentual de cinco por cento da receita bruta decorrente do evento, inadmitida qualquer dedução, no prazo estabelecido na alínea "b", inciso I, do art. 30 desta Lei. (grifei) O art. 205 e § 3º do Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social RPS) reflete essas prescrições legais: Art.205. A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, destinada à seguridade social, em substituição às previstas no inciso I do caput do art. 201 e no art. 202, corresponde a cinco por cento da receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participe em todo território nacional, em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos. (...) §3º Cabe à empresa ou entidade que repassar recursos a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos, a responsabilidade de reter e recolher, no prazo estabelecido na alínea "b" do inciso I do art. 216, o percentual de cinco por cento da receita bruta, inadmitida qualquer dedução.(grifei) O § 9º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 explicita que a entidade, seja pública ou privada que transfere recursos a título de patrocínio, sob qualquer forma, à associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, deve reter sobre tais aportes 5% a título de contribuição empresarial. Patrocínio, conforme passagem colacionada pelo recorrente à fl.81 e transcrita do Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 1283, possui a seguinte definição: patrocínio [Do lat. Patrocinu] S.m. 1. Proteção, amparo, auxílio, patronagem, patronato. 2. Custeio de um programa de televisão, rádio, etc, para fins de propaganda. O autuado procurou enfatizar o sentido constante no item 2 do verbete supra, para fins de restringir o alcance do conceito de patrocínio contido nas normas focadas, porém tal intento não possui substância, na medida em que o próprio § 6º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 deixa expresso que o legislador quis abarcar, para fins de incidência das contribuições destinadas à seguridade social, "qualquer forma de patrocínio". Fl. 190DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 À luz do dispositivo legal resta claro então que a conceituação de patrocínio ventilada na norma se aproxima muito mais da definição do item 1 do verbete em tela, abrangendo toda e qualquer forma de amparo ou auxílio vertido em favor da associação desportiva mantenedora de equipe de futebol, desde que passível de ser traduzida, por óbvio, em termos monetários. Tal exegese se coaduna com os anseios do constituinte, pois insere verbas dessa natureza no âmbito do financiamento da seguridade social. Com efeito, as normas aplicáveis ao tema, acima reproduzidas, visam carrear para esse intento todos as receitas e ingressos destinados às associações desportivas de futebol profissional. Superando a abordagem meramente semântica acerca do significado da palavra "patrocínio" no contexto em evidência, mister reproduzir o correspondente trecho da Exposição de Motivos nº 114, de 11/10/19961, que acompanhou a edição da MP nº1.59614/97, depois convertida na Lei nº 9.528/97, que introduziu as disposições legais ora examinadas na Lei de Custeio: No caso da alteração da base de incidência da contribuição empresarial dos clubes de futebol profissional, busca a Previdência Social instituir sistemática que permita que a receita oriunda deste segmento se aproxime daquela que potencialmente seria arrecadada caso a contribuição incidisse sobre a folha de salários. Estimativas realizadas pela Previdência referentes aos últimos exercícios apontam que a arrecadação obtida dos clubes de futebol, mediante aplicação da alíquota de cinco por cento sobre o borderô de espetáculos esportivos, representa apenas quinze por cento do valor que seria obtido caso a base de incidência fosse a folha de pagamento. Considerando, entretanto, que a base de folha não é funcional para este segmento de atividade, optouse por ampliar a atual base de incidência, que passa a incluir não apenas a renda arrecadada do público pagante de espetáculo esportivo, mas também o conjunto da receita bruta abrangendo a base de cálculo já mencionada entre outros, os valores decorrentes da venda de passes, sessão de jogadores, mensalidades sociais e direitos de arena.Com esta medida, pretendese assegurar um fluxo de receita em montante equivalente ao que seria obtida com base na folha de salário. (grifei) Importa notar que as verbas repassadas pelo Estado do Amazonas à entidade esportiva de futebol profissional, conforme notas de empenho de fls. 26/42, visam "incrementar sua participação no Campeonato Amazonense de 2004, conforme Projeto Básico, parte integrante deste instrumento". Assim, verificase que tal transferência de recursos públicos, passíveis de serem expendidos tanto em despesas correntes quanto em investimento, traduzse em contribuição corrente ou auxílio, respectivamente, cabendo colacionar a definição desses conceitos, juntamente com o de subvenção social, veiculada na Nota Técnica nº 19/11 da Câmara dos Deputados: Subvenção Social – tratase de transferência de recursos a título de despesas correntes, nos termos do art. 16 da Lei no 4.320, de 1964, destinada a “entidades privadas sem fins lucrativos que exerçam atividades de natureza continuada nas áreas de assistência social, saúde ou educação, prestem atendimento direto ao público e tenham certificação de entidade beneficente de assistência social, nos termos da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009 (art. 30 da LDO 2012) 1 Diário do Congreso Nacional de 2/12/1997, pp. 17863//17864. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 35011.003985/200684 Acórdão n.º 2402005.387 S2C4T2 Fl. 110 7 Contribuição Corrente – tratase de transferência de recursos correntes a entidades privadas sem fins lucrativos que exerçam atividades nas demais áreas, ou seja, nos setores não abrangidos pela subvenção social (art. 31 da LDO 2012). Auxílios – nos termos do art. 12, §6º, da Lei nº 4.320, de 1964, são as transferências realizadas para atendimento de despesas de capital derivadas “diretamente da Lei de Orçamento” para entidades privadas sem fins lucrativos que atendam outros requisitos previstos na LDO (art. 33 da LDO 2012) E, consoante Resolução CFC nº 1.005/2004 que estabelece os critérios e procedimentos contábeis a serem seguidos por entidades de futebol profissional, e outras ligadas à exploração da atividade desportiva profissional tais transferências consubstanciam se em item pertinente a outras receitas, ao lado de patrocínios e recuperação de despesas. No mesmo sentido, o Pronunciamento Técnico CFC nº 07 (R1 Subvenções e Assistências Governamentais, que assevera: (...) assim como os tributos são despesas reconhecidas na demonstração de resultado, é lógico registrar a subvenção governamental que é, em essência, uma extensão da política fiscal, como receita na demonstração do resultado. Tratandose o auxílio, subvenção ou contribuição repassado em receita da entidade desportiva (e despesa pública para o ente municipal), o fato desses aportes terem se efetuado com lastro em convênios previamente firmados, os quais têm por escopo formalizado a conjugação de recursos técnicos e financeiros para as associações desportivas incrementarem sua participação em campeonatos de futebol não afasta, por si só, a incidência das contribuições previdenciárias, à míngua de previsão normativa ensejando tal conclusão. De sua parte, o convênio é apenas o instrumento formal rotineiro mediante o qual esses gêneros de transferência de recursos públicos se realiza, pois, conforme explica Conceição Maria Cordeiro Campos2: Os repasses de recursos públicos, a título, dentre outros, de fomento social, de auxílios, de ajudas, de contribuições correntes, de subvenções sociais e de bolsas, são, em princípio, viabilizados através de convênios da Administração Pública, congêneres e/ou por ajustes e procedimentos de natureza convenial. Assim, os repasses financeiros realizados caracterizamse, à toda vista, em auxílio, contribuição, suporte, patrocinado pelo Estado do Amazonas e destinado aos clubes de futebol, independente da forma jurídica que tenha se entendido mais conveniente para sua efetivação. Ademais, ainda que tais transferências possam auxiliar na consecução do objetivo constitucional de fomentar do Estado de fomentar as práticas desportivas, dado o disposto no inciso II do art. 217 da CF, tal feito não interfere no âmbito de incidência das contribuições à seguridade social, igualmente fincadas no seio do ordenamento constitucional. Repitase que o simples fato de que se tratam de recursos estatais não dá azo a colocar tais repasses à margem da tributação, valendo registrar, por exemplo, que diversos tipos de doações e subvenções estatais são notoriamente submetidas ao imposto de renda pessoa jurídica e contribuição social sobre o lucro líquido. 2 Disponível em www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6586, consulta realizada em 5/7/2016. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 Diante desse contexto, deve ser mantida a exigência. Ante o exposto, voto no sentido de afastar a nulidade suscitada, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 13888.720162/2012-13
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2008
COMPROVAÇÃO DAS DESPESAS DEDUZIDAS NA DIRPF. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. ROUBO. AUSÊNCIA DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA.
Compete ao contribuinte comprovar as despesas deduzidas na DIRPF, sendo que a alegação de que os respectivos documentos comprobatórios ficaram inutilizados por força de roubo residencial deve ser atestada mediante a apresentação de boletim de ocorrência no qual reste consignado que tais documentos tenham sido subtraídos ou inutilizados naquela ocasião.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2802-003.275
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, justificadamente, a Conselheira Julianna Bandeira Toscano.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007, 2008 COMPROVAÇÃO DAS DESPESAS DEDUZIDAS NA DIRPF. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. ROUBO. AUSÊNCIA DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA. Compete ao contribuinte comprovar as despesas deduzidas na DIRPF, sendo que a alegação de que os respectivos documentos comprobatórios ficaram inutilizados por força de roubo residencial deve ser atestada mediante a apresentação de boletim de ocorrência no qual reste consignado que tais documentos tenham sido subtraídos ou inutilizados naquela ocasião. Recurso Voluntário Negado.
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ÔNUS DO CONTRIBUINTE. ROUBO. AUSÊNCIA DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA. Compete ao contribuinte comprovar as despesas deduzidas na DIRPF, sendo que a alegação de que os respectivos documentos comprobatórios ficaram inutilizados por força de roubo residencial deve ser atestada mediante a apresentação de boletim de ocorrência no qual reste consignado que tais documentos tenham sido subtraídos ou inutilizados naquela ocasião. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, justificadamente, a Conselheira Julianna Bandeira Toscano. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 01 62 /2 01 2- 13 Fl. 202DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) – DRJ/SP1 que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 36.437,89 relativo aos anoscalendário 2006 e 2007. O lançamento se deu em virtude da glosa de deduções realizadas a título de previdência privada e Fapi, despesas médicas e com instrução, por falta de comprovação. Na impugnação o contribuinte fez referências ao princípio da legalidade, e alegou que o valor lançado no demonstrativo consolidado do crédito tributário do processo é muito alto, não possuindo ele condição de pagar, demandando a redução do valor para que pudesse parcelar. Afirmou ainda que não foi o responsável pela elaboração da Declaração, e que por conta de seu estado de saúde debilitado, não pôde se dedicar a levantar os dados verificados pela Receita e que ficou evidente um erro primário de lançamento no VGBL do Banco Santander S/A. Diante do seu quadro financeiro e da saúde precária, só lhe restou solicitar o parcelamento do débito num prazo mínimo de sessenta meses, com as atenuantes estabelecidas na legislação vigente, para ficar em dia com as obrigações tributárias junto à Fazenda Nacional. A instância de primeiro grau manteve o lançamento, consubstanciando seu entendimento no acórdão assim ementado: MULTA E JUROS REDUÇÃO IMPOSSIBILIDADE. Os acréscimos legais incidentes sobre o valor do imposto apurado são os previstos na legislação pertinente, não havendo previsão legal para a redução. PARCELAMENTO POSSIBILIDADE. O crédito Tributário constituído através do lançamento pode ser extinto através de uma das hipóteses previstas em lei, dentre as quais, o parcelamento. O autuado interpôs recurso voluntário em 19/7/2012, afirmando ter sido demitido de autarquia municipal e que sofreu enfarto do miocárdio em 2008. Também diz ter sido roubado em sua residência em 3/7/2008, e que no episódio três assaltantes "jogaram tudo para o chão, inutilizando toda minha documentação nas quais estavam arquivados o meu Imposto de Renda". Após fazer menção aos princípios da legalidade, do contraditório e da ampla defesa, conclui dizendo que "requer a este órgão Colegiado a reforma da decisão". É o relatório. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13888.720162/201213 Acórdão n.º 2802003.275 S2TE02 Fl. 202 3 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo, sendo oportuno observar que a irresignação do contribuinte quanto ao lançamento deve atender a requisitos formais mínimos indicados nos arts. 15 e seguintes do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, dentre os quais se destaca o disposto no inciso III do seu art. 16: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; É ônus do contribuinte, por conseguinte, apresentar a causa de pedir do recurso, ou seja, apontar os fatos jurídicos que, a seu ver, são capazes de gerar a reforma ou a invalidação do decisão atacada; tratase de pressuposto de admissibilidade do recurso que impede a formulação de negação ou impugnação de caráter genérico. Insuficiente, nesse passo, fazer referências aos princípios da legalidade, do contraditório e da ampla defesa sem apontar em que medida tais princípios teriam sido violados pela fiscalização ou pelo acórdão recorrido, ou, ainda, como eles favoreceriam os argumentos de inconformidade. Por sua vez, o pedido genérico de reforma da decisão a quo não condiz com os princípios a que alude o recorrente, pois prejudica a própria delimitação do litígio e a possibilidade de adequada motivação, por parte da autoridade julgadora, quando do exame da controvérsia. Apesar disso, o contribuinte alega que os documentos do imposto de renda foram inutilizados no curso de assalto à sua residência, argumento o qual, em aplicação do princípio do informalismo moderado, reconhecese como motivo de fato apto a possibilitar o conhecimento do recurso. Sem embargo, não há razão suficiente para amparar o pedido do recorrente. Como prova do referido assalto, há nos autos apenas a colação de página de jornal, na qual consta notícia do evento em questão na residência de advogado com as iniciais do contribuinte (fl. 24). Não foi apresentado boletim de ocorrência, no qual estivessem consignados os objetos e/ou documentos subtraídos, dentre os quais impunha constar, para proveito daquele, os comprovantes das deduções glosadas. O próprio autuado aduz que os assaltantes "jogaram tudo para o chão, inutilizando toda minha documentação nas quais estavam arquivados o meu Imposto de Renda". Ora, não há uma correlação necessária entre os documentos serem arremessados ao chão e sua suposta inutilização. Poderia, por exemplo, ter o contribuinte reorganizado os referidos de modo a possibilitar seu uso e consulta posterior. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 E, havendo a perda ou estrago em algum deles, poderia o contribuinte ter tomado as providências para a obtenção de uma segunda via dos que restassem faltantes. Como fecho, merece ser lembrado que compete ao contribuinte manter em boa guarda os documentos que lastreiam as deduções pleiteadas para fins de sua comprovação junto à autoridade lançadora, a teor do disposto nos §§ 3º e 4º do art. 11 do Decretolei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943, no art. 7º da Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, e no art.4º do Decretolei nº 352 de 17 de junho de 1968, o que não se verificou no caso concreto. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 205DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720237/2015-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012
NULIDADE. LANÇAMENTO.
Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o amparam, e não verificado cerceamento de defesa, carecem motivos para decretação de sua nulidade.
PRINCÍPIO DA COERÊNCIA E DA VEDAÇÃO AO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. RELAÇÃO JURÍDICA CONTINUADA.
Frente ao princípio de vedação ao comportamento contraditório e dever de coerência a ser observado pela administração pública, deve o Fisco guardar harmonia na qualificação dos fatos relativos a relações jurídicas continuadas, salvo comprovada mudança das circunstâncias envolvidas.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.
O direito do Fisco apurar e constituir seus créditos, no lançamento por homologação, extingue-se após 5 anos, contados da ocorrência do fato gerador, que, no caso da contribuição previdenciária, aperfeiçoa-se ao final da competência a que se destina.
PLR. COMISSÃO PARITÁRIA. AUSÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO. RECUSA SEM MOTIVOS PLAUSÍVEIS.
1. O Sindicato foi intransigente e, mesmo após cientificado e intimado, simplesmente se recusou a indicar um representante para participar da comissão paritária.
2. A recusa jamais poderia obstaculizar os direitos dos trabalhadores ao recebimento da PLR e, por consequência, servir de fundamento para a tributação.
PLR. PERIODICIDADE. DESCUMPRIMENTO. TRIBUTAÇÃO DAS PARCELAS EXCEDENTES.
Quando se observa que o sujeito passivo não cumpriu a periodicidade legal para pagamento da PLR, deve-se tributar apenas as parcelas pagas em desconformidade com a Lei 10101/00.
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. VALOR RECEBIDO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO QUANDO DA RENÚNCIA A CARGO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
O montante percebido a título de indenização por ex-presidente de sociedade anônima, face à cláusula de não concorrência e de confidencialidade quando da renúncia àquele cargo, não se consubstancia remuneração apta a atrair a incidência de contribuições previdenciárias.
JUROS DE MORA E MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CTN E LEGISLAÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES STJ.
A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício encontra fulcro legal em diversos dispositivos do CTN e da legislação tributária federal, sendo acolhida também nas decisões do STJ a respeito do tema.
RELATÓRIO DE CO-RESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. CARÁTER INFORMATIVO. SÚMULA CARF Nº 88.
Consoante enuncia a Súmula CARF nº 88, "A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa".
Numero da decisão: 2402-005.872
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, afastar a decadência e a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, por maioria, dar -lhe provimento parcial para excluir os Levantamentos PA e NC e, do levantamento PL, as parcelas que obedeçam a periodicidade estabelecida legalmente. Vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson (Relator), Waltir de Carvalho e Mário Pereira de Pinho Filho que davam provimento em menor extensão e o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo que mantinha o Levantamento NC. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo, Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator
(assinado digitalmente)
João Victor Aldinucci, Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Waltir de Carvalho, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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Recorrente BANCO ABC BRASIL S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 NULIDADE. LANÇAMENTO. Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o amparam, e não verificado cerceamento de defesa, carecem motivos para decretação de sua nulidade. PRINCÍPIO DA COERÊNCIA E DA VEDAÇÃO AO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. RELAÇÃO JURÍDICA CONTINUADA. Frente ao princípio de vedação ao comportamento contraditório e dever de coerência a ser observado pela administração pública, deve o Fisco guardar harmonia na qualificação dos fatos relativos a relações jurídicas continuadas, salvo comprovada mudança das circunstâncias envolvidas. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O direito do Fisco apurar e constituir seus créditos, no lançamento por homologação, extinguese após 5 anos, contados da ocorrência do fato gerador, que, no caso da contribuição previdenciária, aperfeiçoase ao final da competência a que se destina. PLR. COMISSÃO PARITÁRIA. AUSÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO. RECUSA SEM MOTIVOS PLAUSÍVEIS. 1. O Sindicato foi intransigente e, mesmo após cientificado e intimado, simplesmente se recusou a indicar um representante para participar da comissão paritária. 2. A recusa jamais poderia obstaculizar os direitos dos trabalhadores ao recebimento da PLR e, por consequência, servir de fundamento para a tributação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 02 37 /2 01 5- 52 Fl. 1440DF CARF MF 2 PLR. PERIODICIDADE. DESCUMPRIMENTO. TRIBUTAÇÃO DAS PARCELAS EXCEDENTES. Quando se observa que o sujeito passivo não cumpriu a periodicidade legal para pagamento da PLR, devese tributar apenas as parcelas pagas em desconformidade com a Lei 10101/00. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. VALOR RECEBIDO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO QUANDO DA RENÚNCIA A CARGO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. O montante percebido a título de indenização por expresidente de sociedade anônima, face à cláusula de não concorrência e de confidencialidade quando da renúncia àquele cargo, não se consubstancia remuneração apta a atrair a incidência de contribuições previdenciárias. JUROS DE MORA E MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CTN E LEGISLAÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES STJ. A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício encontra fulcro legal em diversos dispositivos do CTN e da legislação tributária federal, sendo acolhida também nas decisões do STJ a respeito do tema. RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. CARÁTER INFORMATIVO. SÚMULA CARF Nº 88. Consoante enuncia a Súmula CARF nº 88, "A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa". Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1441DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 3 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, afastar a decadência e a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, por maioria, dar lhe provimento parcial para excluir os Levantamentos PA e NC e, do levantamento PL, as parcelas que obedeçam a periodicidade estabelecida legalmente. Vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson (Relator), Waltir de Carvalho e Mário Pereira de Pinho Filho que davam provimento em menor extensão e o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo que mantinha o Levantamento NC. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo, Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator (assinado digitalmente) João Victor Aldinucci, Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Waltir de Carvalho, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 1442DF CARF MF 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) DRJ/RJ1, que julgou procedente auto de infração referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre os valores pagos a título de Participação nos Lucros ou Resultados – PLR em favor dos segurados empregados e contribuintes individuais, em desacordo com a legislação previdenciária, e sobre valor pago a título de indenização a expresidente do epigrafado. Por bem circunstanciar os termos da autuação e da impugnação, passo, com a devida permissão, a transcrever o relatório da decisão recorrida (fls. 872/881): 3. Aponta o Auditor Fiscal que se conclui que, de acordo com o estatuto, a Administração da Sociedade competia ao Conselho de Administração e à Diretoria, no período 01/01/2010 a 31/12/2012. Efetivamente, o contribuinte considera, exceção feita ao Conselho de Administração e ao Diretor Presidente, seus diretores como empregados, conforme se verifica nos documentos declaratórios (i) GFIP Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social e (ii) DIRF Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte. Ocorre que a realidade estatutária dá aos Diretores considerados empregados, por parte do contribuinte, o status de administradores. Eles são de fato Administradores da Sociedade, conforme se verifica no Estatuto. Os arts. 138, 145 e 146 da Lei 6.404/76 também são claros neste mister. 4. Muito embora os pagamentos tenham sido realizados aos Administradores da sociedade, eles foram registrados nas Folhas de Pagamento como se tivessem sido realizados a empregados, cabendo ressaltar que o contribuinte possui conta específica para as despesas com pagamentos a título de PLR feitos à diretoria (conta COSIF 8.9.7.10.20.000003.6 PLR DIRETORIA). 5. A existência ou não de contratos de trabalho na modalidade emprego, celebrados entre a Sociedade e os Diretores, não os afasta da condição de Administradores do Banco, visto as disposições legais às quais o banco se sujeita (Lei n° 6.404/76) e o seu próprio Estatuto. A Lei n° 6.404/76 determina que a administração da Sociedade compete ao Conselho de Administração e à Diretoria, ou somente à Diretoria, e o Estatuto do contribuinte prevê que a Administração da Sociedade compete ao Conselho de Administração e à Diretoria. 6. A caracterização como salário de contribuição das verbas pagas a título de PLR aos empregados foi baseada em: • Ausência de participação do sindicato nos programas próprios de 2009 (vigência prorrogada para 2010 e 2011); • Pagamentos em periodicidade inferior a um semestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano civil nos anos 2010, 2011 e 2012; • Existência de planos concomitantes para pagamentos da PLR nos anos de 2010, 2011 e 2012; • Ausência de regras claras nos planos dos anos 2010, 2011 e 2012. 7. Pagamento à título de indenização efetuado a membro do conselho de administração. Até 27/12/2010, o Sr. Tito Henrique da Silva Neto acumulava as Fl. 1443DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 4 5 funções de Diretor Presidente e membro do Conselho de Administração do Banco ABC; em 27/12/2010 o mesmo renunciou ao cargo de Diretor presidente. Em 28/12/10, o Conselho de Administração decidiu que o sr. Tito permaneceria como vicepresidente do mesmo, sendo elaborado um contrato de não concorrência, estando impedido de atuar na administração, ou mesmo de prestar serviços como consultor em outras instituições financeiras, de modo que o Sr. Tito direcione a sua experiência exclusivamente para os negócios da companhia, recebendo, a título de verba indenizatória, US$ 3.000.000,00 , contabilizado como despesa antecipada e está sendo diferido pelo prazo do contrato de não concorrência. Houve retenção de IRRF e cabe frisar que o Sr. Tito permanece membro do Conselho até hoje. Da impugnação 8. O autuado apresentou defesa administrativa em 31/03/2015, às fls. 340/411, na qual dispõe os argumentos, a seguir elencados de forma sintetizada. 8.1. Decadência para a competência 02/2010. A Impugnante realizou pagamentos de PLR no dia 25/02/2010 e, considerando que a intimação das autuações fiscais ocorreu apenas no dia 27/02/2015, não há dúvidas de que as contribuições previdenciárias supostamente incidentes sobre tais pagamentos estavam já extintas pela decadência. Da PLR aos Diretores 8.2. Os diretores do Impugnante, com exceção do seu presidente, ostentam a condição de empregados com vínculo regido pela CLT e a distribuição de lucros atendeu integralmente à Lei n° 10.101/00. A tese sustentada ofende o princípio da legalidade. Não existe na Lei n° 10.101/2000 uma disposição que trate especificamente de quem detenha posição de administrador da sociedade. Em nada se restringe quem sejam os destinatários da participação nos lucros ou nos resultados. 8.3. A Lei n° 10.101/2000 e a Lei n° 8.212/91 não criam nenhum critério de discrimen entre os empregados, a sustentar uma posição como a defendida pela Fiscalização, no sentido de que empregados com cargos ou que desempenhem funções de administradores não seriam sujeitos elegíveis à participação nos lucros e resultados na forma da Lei n° 10.101/2000. 8.4. Ausência de provas para a desconsideração dos efeitos do vínculo empregatício existente entre os diretores empregados e o Impugnante. O próprio fiscal afirma que a empresa considera seus diretores como empregados na GFIP e na DIRF. As consequências do vínculo empregatício foram desconsideradas, com base em disposições isoladas contidas no estatuto social. As autuações fiscais são insubsistentes, na medida em que não possuem suporte fático ou jurídico e são calcadas em mera presunção de que os diretores empregados seriam, na realidade, administradores sem vínculo empregatício. 8.5. Nenhum dos diretores empregados do Impugnante podem estabelecer seu planejamento de trabalho sem que sejam observadas as diretrizes fixadas pelo presidente e pelo conselho de administração. Remete ao Art. 19 do Estatuto. 8.6. Apenas o diretor presidente poderia vir a participar do Conselho de Administração, sem direito a voto, sendo inconteste a total subordinação dos demais diretores ao diretor presidente e a este órgão. Remete aos Arts. 143, 122 e 154 da Lei 6.404/76. Fl. 1444DF CARF MF 6 8.7. Cabe ao Diretor Presidente, dentre outras atribuições, "dirigir a execução das atividades relacionadas com o planejamento geral do Banco" e "exercer supervisão geral das atividades da Diretoria", conforme disposto no § 6º, do Artigo 20 do Estatuto, ficando clara a subordinação hierárquica dos diretores ao diretor presidente que, inclusive, não participa da distribuição de PLR nos termos da Lei n° 10.101/2000. Acosta as referidas CTPS e Fichas de Registro de Empregados. 8.8. A própria Receita Federal já reconheceu que os Diretores do Impugnante são seus empregados e constituiu crédito tributário referente ao não recolhimento de contribuições para terceiros nos autos do processo administrativo n° 16327.720131/201478. 8.9. A Fiscalização deveria demonstrar, por meio de provas contundentes, que os diretores do Impugnante não exerceriam as suas funções em regime de subordinação e vínculo empregatício. 8.10. A eleição de diretor estatutário, no que se refere à diretoria técnica, é uma exigência do Banco Central, que em nada interfere na efetiva subordinação ao comando hierárquico do diretor presidente. 8.11. Sem nenhum fundamento fático, a Fiscalização presume que toda a diretoria exerceria a função de administrar a sociedade. A diretoria empregada é subordinada ao diretor presidente e ao Conselho de Administração. 8.12. O fato de o Estatuto Social do Impugnante prever que os seus diretores possuíam poderes para administrar a sociedade não é, obviamente, suficiente para atestar que eles efetivamente exerceram as funções típicas de administradores. (Grifos nossos) 8.13. Considerando que o diretor eleito pela sociedade pode ser empregado em diversas hipóteses, as quais devem ser minuciosamente analisadas no caso concreto, não se pode admitir qualquer tipo de presunção nessa seara. 8.14. Invoca a aplicação da solução de consulta COSIT 368/14. 8.15. Ausência de autonomia do direito tributário para definição de institutos e conceitos próprios de outros ramos do direito. Invoca o Art. 110 do Código Tributário Nacional. O instituto do qual está se tratando, subordinação e condição de empregado, não nasce do direito tributário, não tem nele à sua origem, por isso não é possível dissociar o conceito jurídico de empregado com todas as consequências jurídicas para o caso presente, não se cogitando de um conceito de empregado administrador meramente para fins tributários. 8.16. Inexistência de previsão legal que autorize a desconsideração da natureza dos pagamentos efetuados aos diretores e a possibilidade de pagamento da PLR com base na Lei n° 10.101/2000. A Constituição Federal, em seu artigo 7º, que trata dos direitos dos trabalhadores, não restritos aos empregados contratados sob o regime CLT, garante, em seu inciso XI, a participação nos lucros ou resultados desvinculada da remuneração aos trabalhadores e não só aos empregados. Assim, ainda que os diretores não fossem empregados, eles são trabalhadores e, como tal, acolhidos pela norma constitucional e pela lei 10.101/00. 8.17. O Decreto n° 3.000/99 Regulamento do Imposto sobre a Renda, anteriormente à vigência da Lei n° 10.101/2000, já definia de forma clara e expressa a possibilidade de dedução ou não dos valores pagos a empregados e aos administradores. Também aduz o Art. 462 do mesmo diploma legal. 8.18. Violação ao princípio da estrita legalidade, exercício da atividade administrativa vinculada e a interpretação literal da norma isentiva. Art. 111 do CTN Fl. 1445DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 5 7 c/c 29, §9º, “j”, da Lei 8.212/91. O silêncio da Lei não permite que o intérprete venha a inserir conceitos sobre os quais a regra isentiva não se pronunciou. Se o legislador quisesse diferenciar expressamente o teria feito para constar na alínea “j” a seguinte redação: “na participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada aos empregados de acordo com lei específica". 8.19. As isenções previstas no artigo 28, § 9º se aplicam, tanto ao empregado, como ao contribuinte individual, exceto quando a norma isentiva especifique exatamente o seu destinatário. Da PLR paga aos Empregados 8.20. Presença do Representante do Sindicato na Celebração dos Programas Próprios de PLR para os períodos de 2010 e 2011. Esta ausência não pode desqualificar os programas de PLR, porque houve o convite ao representante, na forma do Art. 2º, I, da Lei 10.101/00, cujo sindicato recusouse a participar. A impugnante encaminhou carta à sede do Sindicato convocando este a enviar um representante para comparecer à reunião de negociação, o qual, entretanto, recusou a convocação feita. Encaminhou ao Sindicato a notificação extrajudicial n° 001.729.760 (vide carta datada de 29/12/2009), informando que havia procurado o Sindicato, porém, sem retomo e, a fim de resguardar o direito de seus empregados, prosseguiu com a discussão das metas e termos do Programa de PLR internamente com a Comissão de Empregados. 8.21. Com relação ao ano de 2011, o Impugnante igualmente notificou o Sindicato para que participasse das negociações, mas novamente recebeu sua recusa, sob a justificativa de que o Sindicato não concorda com o estabelecimento de programas próprios de PLR, por entender que são inconstitucionais. 8.22. Os Arts. 611 e seguintes da CLT tratam de negociações coletivas, dentre as quais não se incluem as previstas no Art. 2º, I, da Lei 10.101/00. Resta demonstrado que, independentemente da data de convocação, o Sindicato não participaria das negociações, por não concordar com a forma legal descrita no inciso I, do artigo 2º, da Lei n° 10.101/2000, mas não com o plano adotado pelo Impugnante. Na correspondência datada de 18/10/2011, eles se recusam a participar das negociações, por partirem da premissa equivocada de que a via da negociação prevista no artigo 2°, inciso I, da Lei n° 10.101/2000 seria inconstitucional. Remete à Ação Ordinária n° 001659653.2012.4.03.6100, em trâmite pela Justiça Federal de São Paulo. 8.23. Quanto à periodicidade do pagamento, a PLR, de acordo com o Art. 3º, §2º, somente pode ser paga duas vezes no ano, respeitado o lapso temporal mínimo de seis meses entre o pagamento de cada parcela. Os pagamentos foram feitos da seguinte forma: Ano de 2010: Convenção Coletiva e Programa Próprio 1 Fevereiro de 2010 pagamentos a empregados ativos referente à 2a parcela de PLR, com base no Programa Próprio e da participação prevista em Convenção Coletiva de 2009; 2 Março de 2010 pagamentos a empregados desligados referente à 2a parcela de PLR, com base no Programa Próprio e da participação prevista em Convenção Coletiva de 2009; Fl. 1446DF CARF MF 8 3 Agosto de 2010 pagamentos a empregados ativos referente à Ia parcela de PLR, com base no Programa Próprio e da participação prevista em Convenção Coletiva de 2010; 4 Setembro de 2010 pagamentos a empregados desligados referentes à Ia parcela de PLR, com base no Programa Próprio e da participação prevista em Convenção Coletiva de 2010; 5 Outubro de 2010 antecipação referente à Convenção Coletiva de Trabalho. 6 Novembro 2010 Adicional de empregados desligados. Ano de 2011: Convenção Coletiva e Programa Próprio 1 Fevereiro de 2011 pagamentos a empregados ativos referente à 2a parcela de PLR, com base no Programa Próprio e da participação prevista em Convenção Coletiva de 2010; 2 Março de 2011 pagamentos a empregados desligados referente à 2a parcela de PLR, com base no Programa Próprio e da participação prevista em Convenção Coletiva de 2010; 3 Agosto de 2011 pagamentos a empregados ativos referente à Ia parcela de PLR, com base no Programa Próprio e participação prevista em Convenção Coletiva de 2011; 4 Setembro de 2011 pagamentos a empregados desligados referentes à Ia parcela de PLR, com base no Programa Próprio e participação prevista em Convenção Coletiva de 2011; 5 Outubro de 2011 Antecipação referente à Convenção Coletiva de Trabalho, bem como pagamentos a empregados desligados que não haviam recebido participação nos lucros em agosto ou setembro. Ano de 2012: Convenção Coletiva e Programa Próprio 1 Fevereiro de 2012 pagamentos a empregados ativos referente à 2a parcela de PLR, com base no Programa Próprio e Convenção Coletiva celebrados em 2011; 2 Agosto de 2012 pagamentos a empregados ativos referente à Ia parcela de PLR, com base no Acordo Coletivo e Convenção Coletiva celebrados em 2012; 3 Setembro de 2012 pagamentos a empregados que não receberam em agosto a 1ª parcela de PLR, e.g., empregados desligados, com base no Acordo Coletivo e Convenção Coletiva de 2012. 8.24. Apenas os pagamentos relativos a 2010 relacionados, bem como os relativos a 2011, é que teriam excedido no ano civil mais de dois pagamentos, para cada empregado. Salvo as antecipações referentes a 2010 e 2011, cada empregado recebeu PLR apenas duas vezes no mesmo ano civil. 8.25. De fato, como se depreende do disposto pela cláusula 10ª do Programa celebrado em 2009, a segunda parcela do PLR relativo ao ano de 2009 seria paga aos empregados apenas em fevereiro de 2010. Ainda, em caso de desligamento do empregado, este pagamento seria realizado pelo Impugnante, somente aos empregados desligados, em março de 2010. Da mesma forma, conforme disposto no Programa de PLR do Impugnante relativo a 2010, foi realizado o pagamento da primeira parcela em agosto de 2010, sendo que os empregados desligados receberam o valor a título de PLR em setembro de 2010. A segunda parcela dos empregados ativos foi paga em fevereiro de 2011 e a dos desligados em março de 2011. Igualmente, conforme disposto no Programa de PLR do Impugnante relativo a 2011, foi realizado o pagamento da primeira parcela em agosto de 2011, sendo que os empregados desligados receberam o valor a título de PLR em setembro de 2011. A segunda parcela dos empregados ativos foi paga em fevereiro de 2012. Em agosto Fl. 1447DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 6 9 ou setembro de 2012, o Impugnante pagou a 1ª parcela da PLR prevista em Acordo Coletivo. Por fim, o Impugnante realizou também o pagamento de PLR aos seus empregados, no período autuado, referente à previsão contida em Convenção Coletiva de Trabalho celebrada entre o Sindicato representativo do Impugnante e o Sindicato representativo de seus empregos, relativamente ao ano de 2009, 2010, 2011 e 2012. 8.26. Conforme o CARF e a CSRF, mesmo que houvesse pagamentos acima da periodicidade, deveria haver apenas a tributação do excedente e não do todo. 8.27. Por se tratar de uma instituição financeira com perfis de profissionais muito heterogêneos, é necessário que haja essa diferenciação por instrumentos específicos, justamente para que seja possível cumprir a função constitucional da PLR. Alega a Fiscalização que não seria possível o pagamento de PLR com base em dois instrumentos, mas a Lei 10.101/00 permite. 8.28. Se há pagamento efetuado em decorrência de um instrumento que pode ser compensado com o de outro instrumento, fica evidente que a regra que limita o pagamento de PLR a uma vez por semestre ou duas vezes por ano deve ser aplicada para cada um dos instrumentos. 8.29. Quanto aos critérios, não prospera o fundamento adotado para as autuações, pois, (I) o programa foi previamente negociado com os empregados, que tinham amplo conhecimento das metas global e individual; (II) as metas a serem atingidas pelos empregados foram devidamente indicadas, de forma clara e objetiva, conforme Anexo I dos programas firmados; (III) a lei não impede que, dentro do modelo que sempre foi aprovado pela Comissão de Empregados, os empregados negociem metas com seus superiores; e, (IV) o fato de a Fiscalização reconhecer a existência de metas individuais negociadas entre empregados e superiores no início de cada semestre apenas deixa mais evidente que esses tinham pleno conhecimento das metas, pois eles mesmos as negociaram. Se os empregados entendessem que as metas não eram claras ou que prejudicavam seu direito à PLR, é evidente que, no mínimo, votariam por alterar parcialmente o formulário, o que nunca ocorreu. 8.30. Ainda que as metas fossem subjetivas, isto não invalidaria o acordo. Cita precedentes do CARF. Os requisitos de clareza e objetividade estabelecidos na legislação não se destinam ao Fisco Federal, mas, exclusivamente, para seus reais interessados: a empresa e seus empregados. Se esses dois personagens consideraram que as cláusulas dos Programas de PLR estão suficientemente claras e objetivas a ponto de permitirlhes a celebração dos Programas, o Fisco não tem qualquer poder ou competência para intervir nessas relações. Da indenização paga ao expresidente do Impugnante 8.31. O Sr. Tito, ao sair da presidência, poderia vir a integrar a administração de qualquer concorrente do Impugnante, o que seria prejudicial para o banco. Celebrouse contrato de não concorrência e o impugnante lhe pagou R$ 5.103.765,20. A motivação é falha, pois ao não justificar o motivo pelo qual a verba não é indenizatória e não indicar o pressuposto para que seja entendida como verba eventual, não cabe a não aplicação da regra isentiva do Art. 28, §9º, “e”, 7, da Lei 8.212/91, cabendo todas as consequências, como cerceamento de defesa etc. 8.32. Ao impedir o Sr. Tito de trabalhar para outras instituições financeiras, é evidente que o Impugnante, ao contrário do que sustenta a d. Fiscalização, gerou um dano ao Sr. Tito, passível de indenização, correspondente aos prejuízos advindos da Fl. 1448DF CARF MF 10 impossibilidade de exercer sua experiência profissional no mercado, por prazo determinado. 8.33. A indenização paga ao Sr. Tito com o intuito de compensálo pela perda de seu direito de trabalhar onde e com o que bem entendesse é valor correspondente ao que receberia pertencendo a outro Conselho de Administração, o que demonstra a razoabilidade da verba paga e afasta qualquer questionamento quanto a eventual caráter remuneratório. Aponta Acórdão do TRF da 3ª Região. 8.34. O fato de o Sr. Tito permanecer membro do Conselho de Administração não interfere em nada no caráter indenizatório da verba. Concluise que: (i) o Sr. Tito não foi indenizado pelo simples fato de ser detentor de prestígio, experiência e conhecimento do mercado bancário, mas sim por ter sido impedido de trabalhar pelo período de cinco anos; (ii) indenização não compõe a base de cálculo das contribuições sociais; e, (iii) não houve rescisão de vínculo trabalhista pelo simples fato deste nunca ter existido. Ademais, a impossibilidade pertencer ao Conselho de Administração de outras sociedades gerou evidente dano ao Sr. Tito. 8.35. Ainda que não se reconheça como uma indenização, o ganho é eventual e dotado de liberalidade, na forma do do Art. 28, §9º, “e”, 7, da Lei 8.212/91. Considerando que a verba paga ao Sr. Tito, por sua própria natureza, não havia sido paga anteriormente para ele, não tinha previsão contratual e nem mesmo é paga a todos os diretores e conselheiros que renunciam aos seus cargos, é evidente que seu recebimento decorreu de caso fortuito, tratandose, portanto, de um ganho eventual. O CARF entende que ganho eventual é aquele que não se repete mais de três vezes durante o contrato de trabalho. O STJ já reconheceu o caráter de mera liberalidade dos valores pagos em decorrência da Cláusula de Não Competição, ou seja, que não decorrem do contrato de trabalho. Invoca a aplicação da solução de consulta COSIT 341/14. 8.36. Indevida Inclusão dos Diretores do Impugnante no Relatório de Vínculos. Além disso, anotese, foram impugnados os juros incidentes sobre a multa de ofício. A exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 872/897), ensejando a interposição de recurso voluntário em 27/5/2016 (fls. 906/1010), no qual foram, de uma maneira geral, reprisados os argumentos e pedidos formulados na peça impugnatória. Também foi aludido, em especial, a existência de insegurança do critério jurídico adotado na autuação combatida, por ser diverso do anteriormente adotado pela fiscalização em situação similar, violando os termos do art. 146 do CTN, e a nulidade da decisão recorrido dado não ter examinado os documentos e esclarecimentos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 1449DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 7 11 Voto Vencido Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O contribuinte, conforme relatado, defende que a decisão vergastada baseou se no relatório fiscal, não abordando expressamente todas suas razões, o que se traduziria em cerceamento de defesa a acarretar a nulidade do recorrido. Não lhe assiste razão, contudo. O acórdão em tela analisou os principais pontos levantados na impugnação, o fazendo com suficiência tal que não é sustentável a inferência de que teriam restados omissos aspectos cruciais da situação, de modo a dar azo à nulidade por omissão ou mesmo supressão de instância. Ainda que se admitisse, a título argumentativo, ter ele se baseado em parte significativa nas conclusões do relatório fiscal, não há mácula alguma nisso, tratandose apenas de sinal de que as considerou mais apropriadas para a compreensão dos fatos do que as linhas traçadas pelo contribuinte. Ademais, o julgador não está obrigado a refutar, um a um, todos os argumentos deduzidos pelo recorrente, basta apreciar com clareza, ainda que de forma sucinta, as questões essenciais ao julgamento, conforme jurisprudência consolidada nas Cortes Superiores (EDcl no AgRg no REsp nº 1.338.133/MG, REsp nº 1.264.897/PE, AgRg no Ag 1.299.462/AL, EDcl no REsp nº 811.416/SP), a qual vem sendo respeitada mesmo após o advento do art. 489 do CPC, a teor do decidido no EDcl no MS 21.315, j. 8/6/2016. Impende registrar, outrossim, que não se vislumbra na espécie qualquer das hipóteses ensejadoras da decretação de nulidade do lançamento consignadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, havendo sido todos os atos do procedimento lavrados por autoridade competente, sem qualquer prejuízo ao direito de defesa do contribuinte, o qual recorre evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. Em sede de preliminar, o recorrente cogita também ter havido mudança de critério jurídico nos termos referidos no art. 146 do CTN, haja vista que fiscalização precedente, relativa ao anocalendário 2009 (processo nº 16327.720131/201478), teria considerado os diretores do recorrente como empregados para fins de distribuição de PLR, diversamente do que ocorreu no caso em tela, em que eles foram considerados estatutários. Ora, não se adequa à espécie o art. 146 do CTN. A doutrina de Ricardo Lodi Ribeiro é precisa ao explicar que tal disposição se aplica "a qualquer posicionamento da Fl. 1450DF CARF MF 12 administração que promova nova interpretação da norma fiscal em relação a fatos geradores já praticados1". Sem dúvida, os fatos geradores examinados em 2009 não poderiam estar sujeitos à adoção de novos critérios jurídicos pelo Fisco, mas temse, aqui, fatos geradores relativos a competências posteriores, anoscalendário 2010 a 2012. A prosperar a exegese recursal, uma vez a administração havendo tido, por exemplo, uma percepção equivocada da realidade em um determinado ano, estaria tolhida em seu poderdever de alterar o seu posicionamento nos anos posteriores, a despeito do princípio da legalidade, fosse em favor ou desfavor do sujeito passivo. À toda vista, não há como se partilhar de tal perspectiva. De todo modo, causa espécie, sem dúvida, que em procedimentos fiscais versando sobre a mesma empresa, e abarcando fatos que guardam entre si relação de continuidade, tenham as autoridades fiscais envolvidas chegado a conclusões tão díspares. Entendese, contudo, ser tal desconformidade matéria de mérito, e como tal será oportunamente enfrentada. Como último ponto prévio, o contribuinte afirma que, como a intimação da atuação deuse em 27/2/2015, e o pagamento de determinado PLR em 25/2/2010, estaria este último abrangido pela decadência. Andou bem a decisão de piso, porém, ao ressaltar que, consoante regram os arts. 22 e 30 da Lei nº 8.212/91, o fato gerador de contribuições previdenciárias é constituído do total de remunerações pagas, devidas ou creditas no decorrer do mês, no seu transcurso enfim, sendo então mensal e não em um dia certo, como entende o recorrente. Essa última situação corresponde a tributos diversos, tais como o IOF e IRRF, não às contribuições previdenciárias, motivo pelo qual deve ser rejeitada a pretensão. Dos diretores empregados. O inciso XI do art. 7º da Constituição Federal (CF) preconiza que dentre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, temse a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Essa norma está inserta no Capítulo II da Carta Maior, denominado "Dos Direitos Sociais", e visa a proteção não de qualquer trabalhador, mas sim daquele que apresenta vínculo de subordinação, como ressaltam Canotilho e Vital Moreira2: (...) a individualização de uma categoria de direitos e garantias dos trabalhadores, ao lado dos de caráter pessoas e político, reveste um particular significado constitucional, do ponto em que ela traduz o abandono de uma concepção tradicional dos direitos, liberdades e garantias como direitos do homem ou do cidadão genéricos e abstractos, fazendo intervir também o trabalhador (exactamete: o trabalhador subordinado) como titular de direitos de igual dignidade. 1 RIBEIRO, Ricardo Lodi (apud Direito Tributário Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e jurisprudência, Leandro Paulsen, 16ª edição, p.1163). A Proteção da Confiança Legítima do Contribuinte. RDDTnº 145, out/07, p.99. 2 CANOTILHO, J.J. Gomes, MOREIRA, Vital. Constituição dirigente e vinculação do legislador. Coimbra: Coimbra Editora, 1994, p. 285. Fl. 1451DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 8 13 Também o § 4º do art. 218 da CF veicula previsão de participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade, regrando que a lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. Diante desse quadro, descortinase, como decorrência lógica, que diretores não empregados não estão sob abrigo do instituto regrado pelo inciso XI do art. 7º, norma de eficácia limitada que passou a adquirir seus contornos mais definitivos com o advento da MP nº 794/1994. Por sua vez, o art. 2º da Lei nº 10.101/00, que a partir de sua edição passou a regrar a participação nos lucros e resultados constitucionalmente prevista, restringe, em consonância com o acima explicado, esse benefício apenas aos empregados. No caso concreto, contudo, estáse diante de diretores que mantém dois tipos de vínculos com a pessoa jurídica: o empregatício, atestado pelas respectivas anotações na carteira de trabalho, e o estatutário. São, então, funcionários da empresa que foram alçados à condição de diretores por força do estatuto social. A respeito do tema, e após o exame de reiterados casos similares ao enfrentado, a justiça laboral editou o seguinte enunciado sumular via Tribunal Superior do Trabalho: Súmula TST nº 269: O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. A conclusão do TST, então, é que nesses casos em geral prepondera o vínculo estatutário, estando o contrato de trabalho suspenso, preservandose o liame empregatício sob o aspecto meramente formal. Lembrese, nesse diapasão, que Maurício Godinho Delgado3 já explicava que praticamente todas as cláusulas contratuais laborais "não se aplicam durante a suspensão; não se presta serviço, não se paga salário, não se computa o tempo de serviço, não se produzem recolhimentos vinculados ao contrato, etc". A adução do recorrente no sentido de que a administração da empresa era efetuada tãosomente pelo Conselho de Administração e pelo Diretor Presidente não parece muito convincente. Notoriamente, sabese que conselhos de administração, a despeito do nome, são órgãos cuja incumbência é delinear a orientação geral dos negócios da companhia, sua estratégia, e eleger e fiscalizar o corpo de diretores, os quais sim, administram o dia a dia dos negócios, atuando com o poder de empregador. E, nos autos, não há elementos de prova no sentido de que a situação do autuado divirja dessa percepção, a despeito do que consta no art. 18 dos atos constitutivos da sociedade. 3 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 5ª Ed. São Paulo: LTr, 2006, p.1056. Fl. 1452DF CARF MF 14 Por essa via, a pretensão de se entender que toda a gestão de uma instituição financeira do porte da epigrafada, que possui carteira de ativos alcançando cifras de bilhões de reais, é de atribuição exclusiva do diretor presidente, carece do necessário grau de verossimilhança para convencer o julgador. A par disso, também o Estatuto Social do recorrente, por vários de seus dispositivos, em especial os arts. 20 a 23 (fls. 528 e ss), denota estarem as funções diretivas concentradas nos diretores, ainda que constem eles como empregados nas CTPS, e nestas serem lançadas anotações da férias, horário de trabalho, etc. Descabe, aliás, confundir a subordinação estatutária/societária naturalmente existente entre o conselho de administração/presidência, de um lado, que estabelecem as diretrizes de atuação da companhia, e os diretores que as implementam com a subordinação típica que advém no contexto de uma relação de emprego, como parece pretender a peça recursal. Ainda que não se partilhe de todo, assim, da versão do recorrente, temse, de modo inconteste, que a mesma unidade administrativa da Receita Federal, por meio de autoridades fiscais diversas, chegou a conclusões diametralmente distintas no que concerne a situações de fato que possuem um liame inequívoco de continuidade. No processo 16327.720131/201478 foi reconhecido que os diretores em foco possuíam típica relação de emprego, e que a instituição bancária não havia recolhido todos os tributos atinentes a tal vínculo, sendo por tal feito autuada no anocalendário 2009. E, para os três anoscalendário imediatamente subsequentes, sem sequer justificar o porquê de tal radical mudança na apreensão dos fatos, o Fisco considerou que a relação preponderante, para esses mesmos diretores, é a estatutária, conforme consta nos presentes autos. Importa asseverar que a Administração Pública deve observar o princípio da vedação às posturas contraditórias, projeção dos princípios da boafé e da segurança jurídica no que tange ao comportamento do Estado perante os administrados. Inaceitável, desse modo, que autoridades fiscais da mesma unidade administrativa fazendária tenham orientação diversa e contraditória acerca de circunstâncias de fato e de direito essencialmente similares, sem que seja veiculada qualquer justificativa para tal mudança. Se a própria fiscalização não tem uma percepção inequívoca sobre os fatos examinados, ou seja, deixa de estabelecer conclusivamente se a vigência do vínculo de emprego é ou não mera formalidade, e se existe subordinação ou não nesse contexto, não deve o contribuinte suportar o ônus decorrente de tal comportamento contraditório ou indeciso. Frente a tais considerações, mormente as especificidades apontadas, deve ser dada razão ao recorrente no sentido de considerarse ser prevalente, no que tange aos diretores em comento, a condição de empregados. E, tendo o levantamento PA "Participação Administradores" como pressuposto legal o entendimento de que esses diretores tratamse de contribuintes individuais, deve ser ele cancelado. Da participação nos lucros ou resultados paga aos empregados. Fl. 1453DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 9 15 Consoante narrado, a caracterização como salário de contribuição das verbas pagas a título de PLR aos empregados foi baseada nos seguintes fatos: • Ausência de participação do sindicato nos programas próprios de 2009 (vigência prorrogada para 2010) e 2011; • Pagamentos em periodicidade inferior a um semestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano civil nos anos 2010, 2011 e 2012; • Existência de planos concomitantes para pagamentos da PLR nos anos de 2010, 2011 e 2012; • Ausência de regras claras nos planos próprios dos anos 2010, 2011 e 2012. Realmente, o sindicato da categoria não participou do programa próprio de 2009, prorrogado para 2010, e também do programa de 2011, apesar de ter sido convidado para tanto mediante notificações extrajudiciais. Isso, porque considerou a via de negociação estabelecida no inciso I do art. 2º da Lei nº 10.101/00 inconstitucional (fls. 957 e ss). Contudo, não há como concordar com a assertiva do recorrente de que, diante de tal recusa, "se viu obrigado a prosseguir com a negociação diretamente com a Comissão de Empregados", pois reza o art. 2º da Lei nº 10.101/00 (edição vigente à época): Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. (...) §2oO instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. Diante desses preceitos, resta hialino que há dois tipos de procedimentos alternativos, igualmente válidos, para a negociação do PLR, quais sejam, comissão escolhida pelas partes ou convenção/acordo coletivo, havendo em ambos, necessariamente, a participação da entidade sindical. O exame da situação revela ser inverídica a ilação do contribuinte no sentido de que o sindicato se recusou "a tutelar o interesse de seus sindicalizados". Muito pelo contrário, buscou expressamente não prejudicálos pois, em observância aos ditames do inciso II do art. 2º da Lei nº 10.101/00, asseverou (fl. 959): Diante do exposto, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo propõe que o Programa de Participação nos Resultados seja disciplinado através de Acordo Coletivo de Trabalho, colocandose à disposição do Banco para implementar negociações efetivas, que viabilizem o acompanhamento e aferição dos critérios utilizados no Programa de Fl. 1454DF CARF MF 16 Participação nos Lucros e Resultados, garantindose inclusive a divulgação e participação dos trabalhadores do Banco ABC Brasil S/A. (grifei) Ou seja, quem se recusou a participar da negociação, à toda evidência, não foi o sindicato, que apontou forma alternativa e igualmente válida a produzir todos os efeitos para implementar o PLR, mas sim o contribuinte, que quedou renitente em não estabelecer negociação salvo se mediante comissão escolhida pelas partes, sua opção inicial. Respaldando constatação no mesmo sentido, acrescentese, merece ser conferido o documento de fl. 686. Houvesse o sindicato se recusado também a realizar acordo ou convenção, outra poderia ser a conclusão, mas não é o que está comprovado nos autos. Por conseguinte, não estando o procedimento escolhido pelo recorrente para implementação de seu PLR contemplado com a imprescindível participação do sindicato representante da categoria, os pagamentos de PLR lastreados em programas próprios sujeitam se ao recolhimentos das contribuições previdenciárias, tal como consta do lançamento. Com relação à periodicidade de pagamento, de pronto, há que se ressaltar que, na aferição do cumprimentos das regras de periodicidade de PLR, devem ser examinados todos os pagamentos efetuados a esse título, como bem firmado no § 2º do art. 2º mais acima transcrito, ainda que se verifique não possuam efetivamente tal natureza, como dantes foi constatado com relação aos pagamentos vinculados aos programas próprios do contribuinte. A partir dessa premissa, merece ser reparado que os pagamentos realizados em mar/10, set/10, nov/10, mar/11 e set/11 referemse a resíduos destinados a empregados desligados, de pequena monta e que não se prestam a aferir a observância da prescrição legal do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, que se transcreve: Art.3oA participação de que trata o art. 2onão substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1oPara efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Não obstante, verificase que em out/10, out/11 e set/12 foram realizados pagamentos a título de antecipação de PLR, os quais levaram ao não atendimento dos requisitos do § 2º encimado. E, com a devida vênia dos entendimentos em sentido diverso, tratase de critério claro e objetivo, segundo o qual, efetuados mais de dois pagamentos de PLR em dado ano civil, não há falar em aplicação da lei em tela. Como bem observado no recente Acórdão nº 9202004.342 (j. 24/8/2016): (...) não estamos tratando de limite de verba não tributada, mas sim de condição para fixação de sua natureza. Ora, o pagamento em menor periodicidade do que aquela definida em lei, tem o condão de dar natureza de complementação salarial à verba pretensamente paga a título de PLR. Fl. 1455DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 10 17 Em consonância com essa correta compreensão, deve ser excluída da autuação, para cada empregado, a exigência baseada nos pagamentos vinculados às convenções/acordos coletivos de trabalho, efetuados a título de PLR, desde que o total de pagamentos a esse título, independentemente do instrumento que lhes embase convenção, acordo ou programa próprio tenham sido efetuados com periodicidade de até duas vezes ao ano e periodicidade superior a um semestre, não sendo incluídos na verificação desse total, observese, os já mencionados pagamentos realizados em mar/10, set/10, nov/10, mar/11 e set/11, por referiremse a resíduos destinados a empregados desligados, de pequena monta. No tocante aos pagamentos terem sido realizados com base em dois planos, dissinto, entretanto, do entendimento da autoridade lançadora no sentido de que tal feito seria incompatível com os termos do caput do art. 2º da Lei 10.101/00, mais acima transcrito. Tal disposição, em que pese a compreensível divergência de entendimentos sobre sua exegese, não me parece veicular restrição ao número dos tipos de negociações a serem firmadas com vistas a pactuar o PLR, mas sim destinarse a estabelecer quais são esses tipos alternativos, sem entrar no juízo de serem necessariamente, reciprocamente excludentes, ou não. Vejase que é perfeitamente possível que certo plano, negociado em comissão, preveja o pagamento no primeiro semestre do anocalendário, enquanto em outro, plano acertado via acordo coletivo, prescrevase pagamento anual ao final desse mesmo ano. Tal situação, por si só, não parece ser o bastante para desconsiderar a efetividade de qualquer das duas avenças, respeitadas as demais condições previstas na legislação. Ademais, o § 3º do art. 3º da Lei nº 10.101/00 admite a compensação entre planos próprios de PLRs e os decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho, o que parece indicar, sem maiores lucubrações argumentativas, que a lei contempla, a princípio, a possibilidade de convivência de dois tipos de planos de PLR. Noutro giro, compreendese que a análise da clareza e objetividade das regras atinentes aos planos próprios de PLR resta prejudicada pela completa ausência de participação do sindicato seja na sua formulação, seja na anuência quanto aos seus termos. Reconhecese que nos documentos acostados aos autos (fls. 768/796) na impugnação há indicativos de que existiam metas quantitativas e qualitativas por setor e individuais. Estão previstos "contratos de metas estabelecido" entre o empregado e a respectiva chefia, conforme a realidade de cada setor da instituição (Anexo I), e metodologias de apuração e distribuição dos resultados para fins de posterior distribuição da participação, conforme Anexo II. Entendo que as metas acordadas, contudo, são genéricas e pouco claras, sujeitandose à eventual manipulação por parte do recorrente quando da especificação objetiva e concreta das metas individuais. No caso em espécie há que se chamar a atenção, além disso, que restar a fixação de metas a critério de negociação entre o funcionário e a respectiva chefia só seria admissível caso houvesse a efetiva participação do sindicato na negociação, admitindo e sancionando tal estipulação, o que não ocorreu. Observese que não há suporte para a tese de concordância tácita, insinuada pelo recorrente, face aos estritos comandos legais já mencionados. Fl. 1456DF CARF MF 18 Nesse rumo, não vêse como considerar que os planos próprios atenderiam os pressupostos firmados nos § 1º do art. 2º da Lei nº 10.101/00, também sob esse enfoque. Do valor pago ao expresidente do recorrente a título de indenização. O recorrente pagou quantia a título de indenização a Tito Henrique da Silva Neto, o qual era, ao mesmo tempo, DiretorPresidente do Banco e VicePresidente do Conselho de Administração. Renunciando ao cargo de DiretorPresidente, ainda continuou como Vice Presidente do Conselho de Administração. Sob qualquer das qualificações, é segurado obrigatório da previdência social como contribuinte individual, nos termos da alínea 'f' do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91. Anoto, de início, que as alegações de nulidade por falta de motivação do lançamento não merecem prosperar, por restar claro o entendimento da autoridade fiscal trataremse as verbas em questão de remuneração creditada a qualquer título no caso, indenizatório a contribuinte individual, e que enseja o recolhimento das contribuições previdenciárias. Quanto à verba em evidência, foi ela paga sob o pretexto de ser indenização ao referido quando de sua renúncia ao cargo de diretorpresidente do recorrente, face ao contrato de não concorrência e confidencialidade que lhe impediu de integrar o conselho de administração e/ou quadro de empregado de outros bancos, nos cinco anos seguintes. Não se confunde ela com os hiring bonus, pois nestes há a prestação de serviços a se realizar após a contratação, enquanto que no presente caso a prestação de serviços como contribuinte individual já ocorreu. Também não parece razoável associar tal recebimento à atuação da pessoa física no Conselho de Administração, à míngua de evidências nesse sentido. Quanto ao seu caráter indenizatório, também é fato que não recompõe patrimônio pré existente, do que decorre que o recebimento desses valores gera acréscimo patrimonial, tributável conforme legislação de imposto de renda. O STJ tem entendimento pacificado sobre a matéria, valendo citar recente acórdão prolatado no REsp nº 1.464.786/RS, j. 25/8/2015, no qual se reiterou incidir aquele tributo no caso de lucros cessantes. Sob o prisma das contribuições previdenciárias, contudo, não se vislumbra de que modo possa ser vinculada à prestação de serviços previamente realizada junto à instituição financeira, pois está documentalmente estabelecido (fls. 858 e ss) tratarse de compensação pelo fato de, a partir da renúncia ao cargo diretivo, não poder mais Tito Henrique da Silva Neto prestar serviços a outra empresa por determinado período de tempo, em virtude de cláusulas de nãoconcorrência e confidencialidade. Nesse compasso, não corresponde a remuneração, não adequandose ao conceito quer seja de salário, seja de ganho habitual em forma de utilidade ou de adiantamento, mas sim constituindose em valor eventual pago por liberalidade do recorrente, que se aproxima de indenização por perda de uma chance/lucros cessantes, e para a qual não há incidência de contribuições previdenciárias, por ausência de subsunção dos fatos às normas de regência desses tributos. Por conseguinte, devem ser excluídos do lançamento os correspondentes valores de contribuições previdenciárias. Dos juros de mora sobre a multa de ofício e do relatório de vínculos. Fl. 1457DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 11 19 O caput do art. 161 do CTN assim dispõe: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Na sistemática do CTN, a obrigação tributária principal é de ínsita natureza pecuniária, sendo composta por tributo e multa, nos termos do seu art. 113 e §§. Os arts. 139 e 142 do Código deixam claro que o crédito tributário tem a mesma natureza da obrigação principal, podendo ser assim, composto tanto por tributo quanto por multa. Destarte, o art. 161 supra, quando trata do crédito tributário, está tratando da obrigação principal revestida de exigibilidade, a qual, não paga no vencimento, está sujeita a juros de mora. Portanto, a incidência dos juros em apreço sobre as multas que porventura componham o crédito tributário é preceito estabelecido no CTN. O legislador ordinário respeitou os parâmetros da lei complementar, ao regrar no art. 61 da Lei nº 9430/96, que os débitos decorrentes de tributos e contribuições sofrem incidência de juros de mora. A saber, o termo"decorrente" significa consequente, ou seja, além do tributo propriamente dito, os débitos que lhe dele são resultantes, ainda que não necessariamente, tais como as multas de ofício proporcionais, as quais também deverão ser acrescidas dos juros. Em consonância com esse entendimento, vale lembrar que o § 8º do art. 84 da Lei nº 8.981/95, reza que os juros de mora se aplicam aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, categoria na qual se incluem, logicamente, as multas de ofício, sejam proporcionais ou lançadas isoladamente. A jurisprudência do STJ consolidouse nesse sentido, conforme se depreende da leitura da ementa do acórdão do AgRg no REsp nº 1.335.688/PR (1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 10/12/2012) : PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (grifei) Do REsp nº 1.129.990/PR (2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 14/9/2009) convém colacionar o seguinte trecho do Voto condutor, aclarando a questão: De maneira simplificada, os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o Fl. 1458DF CARF MF 20 inadimplemento do tributo, advém a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento. Em suma, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. Por fim, deve ser observado que não foi lavrado qualquer termo processual mediante o qual tenha sido imputada responsabilidade aos sócios do contribuinte; de sua parte, o relatório de vínculos combatido tem caráter meramente informativo, consoante entendimento aprovado pela Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais em sessão de 10/12/2012: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e darlhe parcial provimento, para: a) deve ser excluída da autuação, para cada empregado, a exigência baseada nos pagamentos vinculados às convenções/acordos coletivos de trabalho, efetuados a título de PLR, desde que o conjunto total de pagamentos realizados a esse título, independentemente do instrumento que lhes embase, tenham sido efetuados com periodicidade de até duas vezes ao ano e periodicidade superior a um semestre, nos termos prescritos no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, não sendo incluídos na verificação desse total os pagamentos realizados em mar/10, set/10, nov/10, mar/11 e set/11, discriminados neste voto; b) quanto aos valores associados à indenização paga ao expresidente do recorrente, excluílos do lançamento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1459DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 12 21 Voto Vencedor Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Redator Designado Como de costume, o voto do ilustre Conselheiro Ronnie Soares Anderson está muito bem fundamentado. Todavia, este Colegiado, após ampla discussão, divergiu do seu entendimento no tocante aos tópicos a serem tratados a seguir, tendo cabido a este Conselheiro a redação do voto vencedor. 1 Da ausência de participação do sindicato Nesse tocante, o eminente Relator entendeu ser inverídica a afirmação de que o sindicato teria se recusado "a tutelar o interesse de seus sindicalizados", pois, ao contrário, o sindicato teria apontado uma forma alternativa e igualmente válida para implementar a PLR. Pois bem. Conforme preleciona o art. 2º da Lei 10101/2000, que regulamentou, no plano infraconstitucional, a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, tal participação será objeto de negociação mediante comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; ou por convenção ou acordo coletivo. Para fins de ilustração, transcrevese o dispositivo: Art.2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) (Produção de efeito) II convenção ou acordo coletivo. Vejase que a lei não privilegia e nem cria nenhum tipo de hierarquia entre os procedimentos previstos (comissão paritária, convenção ou acordo coletivo), prevendo, a contrario sensu, a utilização de qualquer um deles ("mediante um dos procedimentos a seguir descritos"). Examinandose o caso concreto, mormente as provas colhidas pela fiscalização e também as produzidas pela recorrente já na peça de impugnação, é de fundamental importância observar que o Sindicato foi intransigente e que, mesmo após Fl. 1460DF CARF MF 22 cientificado e intimado, simplesmente se recusou a indicar um representante para participar da comissão paritária. De acordo com a lei, a comissão é formada por representantes de ambas as partes, inclusive dos trabalhadores, de maneira que a imposição sindical, de estabelecer as normas da PLR mediante acordo coletivo somente pode ser interpretada como intransigência. E mais, a afirmação do sindicato, de que a via eleita seria inconstitucional, não resiste ao fato de que o inc. I do art. 2º da Lei permanece sem qualquer declaração de inconstitucionalidade pelo órgão competente (o Judiciário), surtindo, pois, seus efeitos jurídicos no mundo fenomênico. Vale destacar, nesse contexto, os documentos 8 a 15, em anexo à impugnação, que demonstram a recusa da citada entidade em indicar um representante para participar da comissão. Mas não é só. A comissão paritária tem ampla possibilidade de estabelecer regras mais consentâneas com a realidade da empresa e de seus trabalhadores, uma vez que, estando próxima do seu cotidiano, pode inclusive ter melhores condições de prever os índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa, bem como os seus programas de metas, resultados e prazos. Por outro lado, a atitude do sindicato jamais poderia obstaculizar os direitos dos trabalhadores ao recebimento da PLR e, por consequência, servir de fundamento para a tributação. A participação do trabalhador nos lucros ou resultados da empresa não é apenas um instrumento de integração entre o capital e o trabalho, mas também um direito social do trabalhador. Os direitos sociais visam a criar as condições materiais necessárias ao alcance da igualdade real entre o dono do capital e o trabalhador. Segundo José Afonso da Silva, "são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais" (Curso de Direito Constitucional Positivo, 12ª ed., rev., Malheiros Editores, 1996, p. 277, com destaques). Buscando igualar o empregador e o trabalhador, a Constituição outorgou a este o direito à participação nos lucros ou resultados e na própria gestão da empresa. Não fosse a Constituição e a consequente regra imunizante, é óbvio que o trabalhador não teria as condições materiais necessárias para participar dos lucros ou resultados, os quais, por consectário lógico, decorrem do capital do qual ele não é dono. Toda interpretação, portanto, deve partir desse iniludível pressuposto, a fim de assegurar a máxima eficácia da norma constitucional. No bojo do PAF 13609.720205/201250, o ilustríssimo Conselheiro Cleberson Alex Friess, frisou que "a recusa do sindicato sem motivos plausíveis para participar da negociação, a despeito de ter havido comunicação pela empresa para a Fl. 1461DF CARF MF Processo nº 16327.720237/201552 Acórdão n.º 2402005.872 S2C4T2 Fl. 13 23 indicação de um representante a fim de integrar a comissão eleita, não autoriza que se reconheça, por si só, a invalidade do acordo firmado devido à falta de participação do sindicato da respectiva categoria". Logo, e por todos esses fundamentos, ousase divergir do voto do preclaro Relator neste ponto. 2 Da periodicidade dos pagamentos Nesse particular, o Relator entendeu que, para cada empregado, devem ser excluídos da autuação os pagamentos efetuados até duas vezes ao ano e com periodicidade mínima de seis meses, descaracterizandose como participação todos os pagamentos, por empregado, que não atendam a essa condição cumulativa. Entendese, todavia, que essa não é a interpretação mais adequada da lei. Vigente à época dos fatos geradores, assim dispunha o § 2º do art. 3º da Lei 10101/00: Art.3º A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. [...] §2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Como se vê, a PLR somente podia ser paga duas vezes por ano e desde que respeitasse um intervalo mínimo de seis meses. A norma, entretanto, em nenhum momento dispôs que o descumprimento da periodicidade permitiria a descaracterização de todo o plano, nem mesmo por empregado. Ademais, o que se disse no tópico anterior, quanto à máxima eficácia da norma constitucional, é igualmente aplicável nesse contexto. Em sendo assim, apenas as parcelas tidas por irregulares devem sofrer a tributação, e não todas as parcelas por empregado. O STJ já enfrentou essa matéria, tendoo feito nos seguintes termos: TRIBUTÁRIO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÍNIMA DE SEIS MESES. ART. 3º, § 2º, da Lei 10.101/2000 (CONVERSÃO DA MP 860/1995) C/C O ART. 28, § 9º, "j", DA LEI 8.212/1991. REDUÇÃO DA MULTA MORATÓRIA. ART. 27, § 2º, DA LEI 9.711/1998. EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO INTEGRAL. ART. 35 DA LEI 8.212/1991. REDAÇÃO DADA PELA LEI 9.528/1997. DISCUSSÃO ACERCA DA CONSTITUCIONALIDADE. NÃOCONHECIMENTO. Fl. 1462DF CARF MF 24 [...] 7. O Banco realizou pagamentos aos empregados de modo absolutamente contínuo durante nove meses, de outubro de 1995 a junho de 1996, o que implica submissão à contribuição previdenciária, nos termos do art. 3º, § 2º, da Lei 10.101/2000 (conversão da MP 860/1995) c/c o art. 28, § 9º, "j", da Lei 8.212/1991. [...] 12. Escapam da tributação apenas os pagamentos que guardem, entre si, pelo menos seis meses de distância. Vale dizer, apenas os valores recebidos pelos empregados em outubro de 1995 e abril de 1996 não sofrem a incidência da contribuição previdenciária, já que somente esses observaram a periodicidade mínima prevista no art. 3º, § 2º, da Lei 10.101/2000 (conversão da MP 860/1995). (REsp 496.949/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 31/08/2009) Deste Colegiado, pode ser citado o seguinte precedente: [...] PLR. PERIODICIDADE. DESCUMPRIMENTO DA LEI DE REGÊNCIA. TRIBUTAÇÃO DAS PARCELAS EXCEDENTES. Quando se observa que o sujeito passivo não cumpriu a periodicidade legal para pagamento da PLR, devese tributar apenas as parcelas pagas em desconformidade com a Lei n. 10.101/2000. [...] (CARF, PAF 16327.721264/201208, Acórdão 2402005.011, sessão de 17 de fevereiro de 2016, Relator Kleber Ferreira de Araújo). Expressandose de outra forma, para cada semestre civil, a tributação deve incidir apenas a partir do segundo pagamento efetuado a um mesmo segurado. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de excluir do lançamento relativo à PLR paga aos empregados as parcelas pagas em conformidade com a lei, acompanhandose o Relator nas demais matérias, nos termos deste voto. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 1463DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13984.721598/2012-31
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2008
GRAU DE UTILIZAÇÃO DA ÁREA APROVEITÁVEL.
Cabe ao contribuinte trazer os documentos necessários para a comprovação das áreas utilizadas na atividade rural.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - GLOSA
Quanto às áreas de preservação permanente é indispensável a apresentação do ADA para tornar regular a dedução das mesmas.
ITR - GLOSA DA DEDUÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL - NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO DA ÁREA RESPECTIVA JUNTO À MATRICULA DO IMÓVEL - PROVA QUE CABE AO CONTRIBUINTE
Para a dedução das áreas de reserva legal no cálculo do ITR necessária é a área declarada pelo contribuinte estar regularmente delimitada e averbada junto à matrícula do imóvel, sendo certo que esta prova deve ser feita pelo contribuinte.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 2802-002.998
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos CONHECER integralmente o recurso voluntário e NEGAR-LHE, PROVIMENTO, nos termos do relatório e votos integrantes do julgado. Vencidos, em preliminar os Conselheiros RONNIE SOARES ANDERSON (Relator) e JACI DE ASSIS JÚNIOR que votaram por não conhecer do recurso voluntário na parte referente à discussão sobre áreas de preservação permanente e de reserva legal, por preclusão, e negar provimento ao recurso voluntário. Ambos os Conselheiros vencidos em preliminar, votaram o mérito do recurso integralmente conhecido, negando-lhe provimento. No mérito, foram vencidos os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ e JULIANNA BANDEIRA TOSCANO que votaram por realização de diligência quanto à averbação da reserva legal. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro CARLOS ANDRÉ RIBAS DE MELLO.
(Assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
(Assinado digitalmente)
Carlos André Ribas de Mello, Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2008 GRAU DE UTILIZAÇÃO DA ÁREA APROVEITÁVEL. Cabe ao contribuinte trazer os documentos necessários para a comprovação das áreas utilizadas na atividade rural. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - GLOSA Quanto às áreas de preservação permanente é indispensável a apresentação do ADA para tornar regular a dedução das mesmas. ITR - GLOSA DA DEDUÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL - NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO DA ÁREA RESPECTIVA JUNTO À MATRICULA DO IMÓVEL - PROVA QUE CABE AO CONTRIBUINTE Para a dedução das áreas de reserva legal no cálculo do ITR necessária é a área declarada pelo contribuinte estar regularmente delimitada e averbada junto à matrícula do imóvel, sendo certo que esta prova deve ser feita pelo contribuinte. Recurso voluntário negado.
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Cabe ao contribuinte trazer os documentos necessários para a comprovação das áreas utilizadas na atividade rural. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE GLOSA Quanto às áreas de preservação permanente é indispensável a apresentação do ADA para tornar regular a dedução das mesmas. ITR GLOSA DA DEDUÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO DA ÁREA RESPECTIVA JUNTO À MATRICULA DO IMÓVEL PROVA QUE CABE AO CONTRIBUINTE Para a dedução das áreas de reserva legal no cálculo do ITR necessária é a área declarada pelo contribuinte estar regularmente delimitada e averbada junto à matrícula do imóvel, sendo certo que esta prova deve ser feita pelo contribuinte. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos CONHECER integralmente o recurso voluntário e NEGARLHE, PROVIMENTO, nos termos do relatório e votos integrantes do julgado. Vencidos, em preliminar os Conselheiros RONNIE SOARES ANDERSON (Relator) e JACI DE ASSIS JÚNIOR que votaram por não conhecer do recurso voluntário na parte referente à discussão sobre áreas de preservação permanente e de reserva legal, por preclusão, e negar provimento ao recurso voluntário. Ambos os Conselheiros vencidos em preliminar, votaram o mérito do recurso integralmente conhecido, negandolhe provimento. No mérito, foram vencidos os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 72 15 98 /2 01 2- 31 Fl. 91DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 23/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 MARTÍN FERNÁNDEZ e JULIANNA BANDEIRA TOSCANO que votaram por realização de diligência quanto à averbação da reserva legal. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro CARLOS ANDRÉ RIBAS DE MELLO. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. (Assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello, Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (MS) – DRJ/CGE, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Infração de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) do anocalendário de 2007, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 44.424,47 relativo ao imóvel rural denominado "Fazenda Coxilha Rica", com área de 203,4 ha, NIRF 1.381.301 3, localizado no município de Lages/SC. Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal a informação de que, após intimado, o contribuinte não comprovou o Valor da Terra Nua (VTN) declarado. Alegou, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal que não possui laudo porque a legislação proíbe aplicar reavaliação do imóvel para fins de ganho de capitais. Dada a ausência de comprovação do VTN declarado, demandou que este fosse substituído tendo por base as informações constantes do Sistema de Preços de Terras – SIPT, previsto para o município de localização do imóvel em 2008. O interessado impugnou o lançamento, sustentando que preencheu a DITR (Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) do exercício 2008 com erro, pois deixou de informar corretamente a distribuição da área do imóvel, equívoco que buscou sanar com as devidos dados de forma a adequar o Grau de Utilização do imóvel à realidade fática. Concordou com o VTN tributado, e afirmou que as Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal se encontram averbadas na matrícula do imóvel. Aduziu não ser obrigatória a apresentação do Ato Declaratório Ambiental – ADA para excluir essas áreas da base de cálculo do ITR, citando decisões administrativas e do Superior Tribunal de Justiça. Ao final, pleiteou fosse reformada a Notificação de Lançamento, com alíquota apropriada para o Grau de Utilização apurado. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 23/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13984.721598/201231 Acórdão n.º 2802002.998 S2TE02 Fl. 92 3 A instância de primeiro grau julgou a impugnação improcedente, consubstanciando seu entendimento no acórdão assim ementado: Retificação dos Dados Cadastrais Área Utilizada. Incabível a alteração da distribuição das áreas do imóvel informada no DIAT/2008 quando não restar comprovado, mediante prova documental hábil, o erro de fato no preenchimento da declaração. Áreas de Preservação Permanente/Reserva Legal. Tributação. ADA. Para a exclusão da tributação sobre áreas de preservação permanente e reserva legal, é necessária a comprovação efetiva da existência dessas áreas e apresentação de Ato Declaratório Ambiental (ADA) ao Ibama, no prazo previsto na legislação tributária. Para de reserva legal, é importante que a área esteja averbada na matrícula do imóvel na data de ocorrência do fato gerador do ITR, conforme dispõe a legislação tributária. Matéria não Impugnada Valor da Terra Nua. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, conforme legislação processual. Irresignado, o autuado interpôs recurso voluntário em 16/10/2013, no qual defende a análise das provas sob a égide dos princípios da verdade e da informalidade, de modo a ser reconhecido o justo valor do ITR a ser pago depois de utilizadas as informações quanto ao uso da terra ("GU/GUT"). Destaca que possui no imóvel em tela plantio de floresta exótica de pinus, requerendo a juntada de laudos técnicos realizados por engenheiros agrônomos dando conta do respectivo potencial madeireiro, e que, por outro lado, solicitou aos órgãos municipais e estaduais cópias de suas fichas de vacina e movimentação de gado, mas que até o momento não recebeu essas informações. Requer a juntada dos citados documentos, e a reforma do acórdão vergastado com "o reconhecimento do Grau de Utilização da Terra, com as devidas deduções legais aplicáveis na espécie, apurandose novo e justo valor a ser pago". É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 23/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 Como visto, a matéria objeto do recurso cingese ao Grau de Utilização da Terra, restando as questões atinentes à APP, à Reserva Legal e ao VTN preclusas, por não terem sido impugnadas. O Grau de Utilização da Terra é apurado como razão entre a área utilizada pela atividade rural e a área aproveitável do imóvel, servindo de referência para a definição da alíquota aplicável sobre o VTN tributável, para fins de cálculo do ITR devido. Na DITR 2008, os campos referentes à distribuição da áreas utilizadas na atividade rural constaram preenchidos zerados. Segundo o alegado na impugnação, ocorreu erro nessa informação, sendo os valores corretos os seguintes, com base em uma área aproveitável de 97,8 ha: Área de Produtos Vegetais – 34,0 ha; Área de Reflorestamento 23,3 ha; Área de Pastagens – 15,4 ha. Nenhum documento foi apresentado, que tivesse o condão de corroborar os números supra referidos. A comprovação da área utilizada nessas atividades requer a apresentação de Laudo Técnico elaborado por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado da Anotação Responsabilidade Técnica – ART, devidamente registrada no CREA, ou laudo de acompanhamento de projeto fornecido por instituições oficiais (Secretarias Estaduais de Agricultura, Banco do Brasil, Bancos e Órgãos Regionais e Estaduais de Desenvolvimento), nos quais deverão estar discriminadas as culturas e atividades desenvolvidas e as áreas com elas utilizadas, acompanhadas de notas fiscais de produtor rural, notas fiscais de compras de insumos, notas fiscais de comercialização de produtos, certificado de depósito, contratos ou cédulas de crédito rural. De outra parte, em se tratando da atividade pecuária, no laudo deverão estar discriminadas as áreas utilizadas com pastagem nativa, plantada e com forrageira de corte destinada à alimentação dos animais na propriedade, a quantidade de animais de grande e médio portes existente no imóvel, acompanhado das fichas de vacinação expedidas pelos órgãos competentes, demonstrativo de movimentação de gado (DMG/DMR) emitidos pelos Estados, notas fiscais de aquisição de vacinas, notas fiscais de produtor referente a venda/compra de gado. Pois bem, no que diz respeito à área de produtos vegetais, quedou silente o contribuinte. Quanto à área de pastagens, arrazoou ele que solicitou junto à Prefeitura e à Secretaria do Estado de Santa Catarina cópia de suas fichas de vacina e de movimentação, não havendo ainda obtido essas informações, porém não juntou qualquer protocolo ou documento do gênero que confirmasse ter, efetivamente, diligenciado nesse sentido. Acerca da área de reflorestamento, juntou laudos técnicos, o primeiro datado de 1/12/2006 e o segundo datado de 5/1/2007, bem como comprovantes dos respectivos pagamento de guias ART, no intento de lograr amparo para seus argumentos (fls. 76/87). Em nada lhe socorrem, entretanto, tais documentos. O imóvel ora sob exame, consoante narrado, é a Fazenda "Coxilha Rica", com área de 203,4 ha, NIRF 1.381.3013, localizada no Município de Lages/SC. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 23/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13984.721598/201231 Acórdão n.º 2802002.998 S2TE02 Fl. 93 5 Já os laudos em foco referemse à Gleba 01, localizada no Município de Otacílio Costa/SC, com área de 20,05 ha, e à Gleba 04, situada no Município de São José do Cerrito (Município Rio das Corredeiras, conforme o primeiro laudo), no local denominado Fazenda das Corredeiras, com área de 476,25 ha. Tratamse de laudos atinentes a imóveis distintos, portanto. Assim sendo, escorreita a Notificação de Lançamento, bem como a decisão a quo. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Voto Vencedor De início deve ser esclarecido que a motivação deste voto divergente nada tem que ver com o mérito do judicioso voto do I. Conselheiro Ronnie Soares Anderson, com o qual concordo integralmente. Em verdade não há divergência, mas acréscimo de fundamentos de mérito, pois o D. Relator entendeu por não conhecer a insurgência do Recorrente quanto à discussão sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, o que para este Redator fica bastante evidente às fls. 67. Assim, tendo a maioria do colegiado decidido por conhecer da irresignação do Recorrente quanto à exclusão da tributação das áreas de preservação permanente e de reserva legal, passase ao enfrentamento delas: Áreas de preservação permanente A apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA se tornou obrigatória, a partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, por força da Lei n° 10.165, de 28/12/2000. Referida lei acrescentou à Lei 6938/81 o artigo 170, que dispõe, verbis: "Art. 17O Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — 1TR, com base em Ato Declaratório Ambiental — ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei n° 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a titulo da Taxa de Vistoria § 1ºA A. Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA (incluído pela Lei nº 10.165, de 2000). § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. ( ) “ Fl. 95DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 23/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 Assim sendo, para que o sujeito passivo possa se beneficiar da isenção do ITR relativa às áreas de preservação permanente, a partir do exercício de 2001, deve apresentar o Ato Declaratório Ambiental ADA (ou, pelo menos, comprovar a protocolização do requerimento do mesmo no órgão competente na data legalmente estabelecida) Nos termos do art. 10, § 4º' da Instrução Normativa SRF n° 43, de 07/05/1997, com a redação dada pelo art. 1° da Instrução Normativa SRF n° 67, de 01/09/1997 e, para o exercício em questão, encontra se prevista na IN/SRF nº 256/2002, no Decreto nº 4.382/2002 – RITR (art. 10, § 3º, inciso I), tendo como fundamento o art. 17O da Lei 6.938/1981, em especial o caput e parágrafo 1º, cuja atual redação foi dada pelo art. 1º da Lei 10.165/2000, acima transcrito, o contribuinte teria o prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR, para protocolizar requerimento do ato declaratório junto ao lbama. No caso presente, a não apresentação do ADA relativo ao exercício em tela, devidamente protocolado no prazo legal, fato admitido pelo contribuinte, é por si só razão suficiente para afastar a pretensão de ver restabelecida a dedução da área de preservação permanente de que trata os autos. Áreas de reserva legal O Recorrente apenas afirma que a área de reserva legal está averbada junto à matrícula do imóvel, e até afirma no recurso (fls. 68) que apresentou cópia de tal escritura à autoridade fiscal, mas na verdade desde sua impugnação, em 2011, nunca apresentou tal documento. Em que pese a sugestão dos I. Conselheiros German Alejandro San Martín Fernandez e Julianna Bandeira Toscano de diligenciar a busca da existência do referido documento, entendo que o processo é um andar para frente, e que o contribuinte não poderia ter se desincumbido do ônus de produzir prova de seu único e exclusivo interesse. Portanto, inexistindo prova de tal averbação, é de se manter a glosa de tal dedução. Por todo o exposto, e pelas razões de mérito suscitadas pelo I. Conselheiro Ronnie Soares Anderson, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello – Redator designado. Fl. 96DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 23/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON
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Numero do processo: 10980.726654/2011-95
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010
DESPESAS MÉDICAS. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE.
Ao contribuinte compete comprovar as despesas médicas deduzidas na Declaração de Ajuste Anual, mediante a apresentação de documentos formalmente aptos para esse fim, podendo ser exigida, se devidamente fundamentada, a comprovação do efetivo pagamento e prestação de serviços.
DESPESAS MÉDICAS INEXISTENTES. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA.
A constatação de dedução de despesa médica inexistente, assim comprovada face à declaração do profissional negando a prestação do serviço, corroborada pelas contraditórias versões dos fatos apresentadas pelo contribuinte, dá azo à qualificação da multa de ofício relativamente a tais dispêndios.
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DECISÃO OU ACORDO JUDICIAL.
A dedução de pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia está condicionada a sua conformidade com os termos da decisão ou acordo judicial.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. DIFERENÇA APURADA COM BASE EM DOCUMENTAÇÃO DISPONIBILIZADA PELO CONTRIBUINTE.
Verificada por análise da prova documental disponibilizada pelo próprio contribuinte, que este auferiu rendimentos recebidos de pessoa física em montante maior que o declarado, procedente o lançamento da diferença apurada como omissão.
ART. 44 DA LEI 9.430/96. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE A PARTIR DO ADVENTO DA MP 351/2007.
Até o advento da MP nº 351/2007, não se aplica a multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96 em concomitância com a multa de ofício sobre diferenças no IRPF devido no ajuste anual, apurada em procedimento fiscal.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2802-003.267
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para afastar a exigência de multa isolada para os períodos de apuração compreendidos entre janeiro de 2005 a janeiro de 2007, inclusive, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Jaci de Assis Júnior que negava provimento.
(Assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, justificadamente, a Conselheira Julianna Bandeira Toscano.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. Ao contribuinte compete comprovar as despesas médicas deduzidas na Declaração de Ajuste Anual, mediante a apresentação de documentos formalmente aptos para esse fim, podendo ser exigida, se devidamente fundamentada, a comprovação do efetivo pagamento e prestação de serviços. DESPESAS MÉDICAS INEXISTENTES. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. A constatação de dedução de despesa médica inexistente, assim comprovada face à declaração do profissional negando a prestação do serviço, corroborada pelas contraditórias versões dos fatos apresentadas pelo contribuinte, dá azo à qualificação da multa de ofício relativamente a tais dispêndios. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DECISÃO OU ACORDO JUDICIAL. A dedução de pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia está condicionada a sua conformidade com os termos da decisão ou acordo judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. DIFERENÇA APURADA COM BASE EM DOCUMENTAÇÃO DISPONIBILIZADA PELO CONTRIBUINTE. Verificada por análise da prova documental disponibilizada pelo próprio contribuinte, que este auferiu rendimentos recebidos de pessoa física em montante maior que o declarado, procedente o lançamento da diferença apurada como omissão. ART. 44 DA LEI 9.430/96. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE A PARTIR DO ADVENTO DA MP 351/2007. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 66 54 /2 01 1- 95 Fl. 205DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Até o advento da MP nº 351/2007, não se aplica a multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96 em concomitância com a multa de ofício sobre diferenças no IRPF devido no ajuste anual, apurada em procedimento fiscal. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para afastar a exigência de multa isolada para os períodos de apuração compreendidos entre janeiro de 2005 a janeiro de 2007, inclusive, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Jaci de Assis Júnior que negava provimento. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, justificadamente, a Conselheira Julianna Bandeira Toscano. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba (PR) – DRJ/CTA que julgou procedente em parte Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 37.067,19 relativo aos anoscalendário 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009. O lançamento se deu em virtude da constatação da omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, dedução indevida de dependentes, despesas médicas, com instrução, e com pensão judicial, além da imposição de multa isolada sobre os rendimento recebidos. Por bem descrever os fatos sob exame, passo a reproduzir, com a devida vênia, o relatório da decisão recorrida: Cientificado em 16/12/2011 (fl. 123), o interessado apresentou, em 17/01/2012 fl. 140, por meio de representante (procuração à fl. 139), a impugnação de fls. 131/138, onde, em relação à omissão de rendimentos, alega que o valor tributável no anocalendário de 2005, somados os valores às fls. 21 e 22, foi de R$ 58.165,00, pois, em face de erro de digitação, teria inserido indevidamente no lugar do cifrão do real ($) o número (4) no valor recebido do Sr. Andrew Moro, o que gerou recebimento maior que o efetivo. Esse equivoco fica mais evidenciado quando se analisa o documento à fl. 21, em que foram lançados outros dois valores de R$ 780,00, um para Luciane Moro e outro para Gilmar Chiumento. Assim, inexiste o rendimento sonegado de R$ 507,00, e por conseguinte a multa referente ao ano calendário de 2005. O mesmo erro teria cometido no anocalendário de 2006, induzindo a autoridade lançadora a equívoco, a qual apurou rendimentos recebidos de R$ 66.079,00, quando o correto seria R$ 62.078,00, quantia maior que a declarada no IR, conforme documentos de fls. 29 e 34, assim há que ser afastada a Fl. 206DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.726654/201195 Acórdão n.º 2802003.267 S2TE02 Fl. 206 3 omissão de R$ 3.756,00. Relativamente ao anocalendário de 2008, alega não ter recebido a diferença entre o valor declarado e o constante dos documentos de fls. 43/47, devendo ser afastada a omissão de R$ 29.951,00. Quanto às despesas médicas, aduz que o contador teria lançado o valor de R$ 2.000,00 indevidamente como despesa médica, pois, na realidade, tratase de despesa de instrução própria paga a Instituição de Ensino que o Dr. Hassan Isber representa, e não a pessoa dele como dentista. Requer prazo de 15 dias para juntada do recibo para comprovar o erro cometido pelo contador, bem assim, para informar os dados do contador Celso para que seja possível a sua oitiva pela RF. No que tange à pensão alimentícia judicial afirma que as despesas são verdadeiras e que foram pagas efetivamente. Requer prazo de 15 dias para juntada dos recibos de pagamentos efetuados à mãe do menor. Sustenta que as despesas de instrução do filho Renan Regis Barata são verdadeiras e serão comprovadas nos autos. Os recibos às fls. 136/137, comprovam pagamentos de R$ 2.977,78 e R$ 2.152,81, nos anoscalendário de 2005 e 2006, respectivamente. Quanto aos anos de 2007 e 2008, requer prazo de 15 dias para juntada dos recibos. Aduz que a razão para não constar da Sentença obrigatoriedade de pagamento das despesas de instrução, é que à época o menino não estudava. “A lei exige não nova Sentença para incluir os valores gastos como instrução, para ter direito a dedução no Imposto de Renda”. Os pagamentos são verdadeiros e, portanto, dedutíveis em suas DIRPF. Relativamente à multa isolada por falta de recolhimento do carnêleão, alega improcedente por absoluta violação à norma legal, primeiro, porque são permitidas as deduções com previdência social, dependentes e pensão alimentícia. Aduz que pagava ao filho conforme comprovam a Certidão de Nascimento à fl. 06, ofício à fl. 12, e recibos de fls. 14/19, pensão alimentícia em média de no mínimo R$ 800,00 mensais. Como exemplo, cita os exercícios de 2009 e 2010, para argumentar que, se deduzida a pensão judicial, não restaria imposto a pagar e, por conseguinte, multa isolada. Segundo, porque o acordo judicial celebrado às fls. 7 a 10, comprovaria que a pensão alimentícia tinha como alvo a educação do filho Renan. Como a pensão era insuficiente para custear as despesas com educação e outras, passou a pagar as despesas de instrução do filho. Embora não tendo havido novo acordo o valor pago de aproximadamente R$ 300,00 mensais, é perfeitamente dedutível. Terceiro, a pensão teria sido fixada quando era funcionário público e estava limitada a 22% dos rendimentos, porém, com o término do Serviço Militar, o valor da pensão foi reduzida, porque as despesas com educação ficou a seu cargo. Quarto, somado o valor pago em dinheiro e as despesas escolares nos anos de 2009 e 2009 (sic), não restava carnêleão a pagar, bem assim, nos anos de 2006 e 2007. Quinto, a multa é devida apenas quando existe imposto a ser pago, o que existia em apenas alguns meses, porém a autoridade lançadora lançou em todos os meses. Sexto, a autoridade lançadora teria afirmado que, em quase todos os anos, teria ocorrido omissão de receitas e sobre as quantias aplicou a multa devida, com os acréscimos legais. Conclui afirmando que não pode ser aplicada a multa isolada, quando sobre a mesma quantia se aplicou a multa legal em decorrência da omissão de receita. Por fim, requer o acolhimento da impugnação, seja deferido prazo de 15 dias para juntada de documentos complementares e, no mérito, seja provido o recurso, nos termos pleiteados, anulando parcialmente o Auto de Infração, excluindo as quantias reconhecidas como indevidas. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 A instância de primeiro grau considerou o lançamento parcialmente procedente, consubstanciando seu entendimento no acórdão assim ementado: JUNTADA DE DOCUMENTOS. CONCESSÃO DE PRAZO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. As provas documentais devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, no prazo de trinta dias da ciência do lançamento, descabendo a concessão de período adicional, por falta de previsão legal. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. DEPENDENTES. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PARCIAL. Considerase não impugnada a exigência correspondente à matéria não contestada. DESPESAS MEDICAS. DEDUÇÃO INDEVIDA. Cabe manter a glosa das despesas médicas, quando o contribuinte não apresenta provas da sua alegação. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DECISÃO OU ACORDO JUDICIAL. COMPROVAÇÃO. São dedutíveis apenas as importâncias comprovadamente pagas a título de pensão alimentícia, inclusive a prestação de alimentos provisionais, conforme normas do Direito de Família, sempre em decorrência de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, de forma que as pensões pagas por mera liberalidade não são dedutíveis, por falta de previsão legal. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PARCIAL. NÃO OCORRÊNCIA. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. Comprovado nos autos que não ocorreu parte da omissão de rendimentos autuados, impõese excluir a parcela correspondente da base de cálculo do imposto. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. ÔNUS DA PROVA. A alegação da não percepção de rendimentos informados pelo próprio contribuinte à fiscalização, para ser acolhida como razão para modificar o lançamento regularmente efetuado, deve vir acompanhada da comprovação correspondente. INFRAÇÕES SUJEITAS À MULTA ISOLADA. É cabível a exigência da multa isolada, no caso de a pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) que deixar de fazêlo, independentemente da exigência da multa de ofício sobre o imposto de renda apurado no lançamento anual (declaração). MULTA ISOLADA. AJUSTE. Cabe ajustar a exigência da multa isolada quando se verifica incorreção nos valores apurados. O autuado interpôs recurso voluntário em 18/6/2012, reiterando os termos da impugnação, sem, todavia, o pedido de prazo adicional de 15 dias para juntada de documentos. É o relatório. Fl. 208DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.726654/201195 Acórdão n.º 2802003.267 S2TE02 Fl. 207 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Cumpre inicialmente esclarecer que, não obstante terem sido reiteradas na peça recursal examinada, as demandas do contribuinte relativas à omissão de rendimentos apurada nos anoscalendário 2005 e 2006 já foram acatadas no julgamento a quo, sendo que a verificada no anocalendário 2009 não foi objeto de pedido de reforma. O recurso voluntário interposto é parcial, portanto, tendo por escopo a infração de omissão de rendimentos relativa ao anocalendário 2008 e as glosas de despesas médicas do anocalendário 2005, de despesas com instrução dos anoscalendário 2005 e 2006, e de pensão judicial dos anoscalendário 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009, bem como a imposição de multa isolada no decorrer desses anos. Das despesas médicas. A dedução de despesas médicas e de saúde na declaração de ajuste anual tem como supedâneo legal o inciso II e o § 2º, inciso III do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, limitandose a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. O contribuinte foi intimado a comprovar despesa médica declarada como paga no exercício 2006 a Hassan Isber, odontólogo, no valor de R$ 2.000,00. Conforme a fiscalização (fl. 114), ele alegou verbalmente não dispor do recibo e apresentou cópia de extrato de contacorrente no Bank Boston (fl. 20), onde destacou um saque efetuado por meio de cheque em 22/8/2005, naquele valor. Porém o profissional de saúde, quando intimado a prestar esclarecimentos sobre o referido atendimento, não confirmou a prestação de serviços (fls. 52/61), o que deu azo à qualificação da multa de ofício por inclusão de despesa não efetivamente realizada. Não há reparos a fazer na autuação. Vejase que o contribuinte, em um primeiro momento, consignou que o recibo tinha sido extraviado e informou que pediria a 2ª via do recibo ao dentista ou cópia do cheque (fl. 20), o que não se verificou. Face à negativa de prestação do serviço pelo dentista, mudou sua versão quando da impugnação, dizendo que tal valor estava na verdade associado à despesa com pós graduação em instituição na qual o profissional era o "responsável", e que o erro era do contador. Ora, haviam várias maneiras de o contribuinte corroborar suas sucessivas versões: em um primeiro momento, poderia ter efetivamente providenciado cópia do cheque ou 2ª via do recibo, ou mesmo declaração junto ao mencionado profissional. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 Com relação à segunda versão, poderia ter fornecido detalhes acerca do suposto contador, solicitado a este declaração a respeito dos fatos focados ou comprovar ao menos que o odontólogo era efetivamente responsável por alguma instituição de ensino. Nada disso foi feito. Consequentemente, acertada a conclusão de que a despesa em comento não existiu na realidade, conforme já apontava a diligência realizada pela autoridade lançadora. Nessa linha deve ser mantida a glosa da despesa e a qualificação da multa de ofício, adequadamente fundamentada pela autoridade lançadora. Das despesas com pensão judicial e instrução. Dispõe o art. 78 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99): Pensão Alimentícia Art.78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei n º 9.250, de 1995, art. 4 º , inciso II). §1 º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. §2 º O valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. §3 º Caberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. O contribuinte acostou às fls. 7/10 dos autos decisão judicial em ação de divórcio consensual ratificando acordo segundo o qual consta, à fl. 9, que “Como contribuição para educação do filho menor, a título de pensão alimentícia, o cônjuge varão MARCELO LUIS BARATA, pagará, mensalmente, o percentual de 22% (vinte e dois por cento) de seus rendimentos líquidos (brutos menos descontos obrigatórios) descontados diretamente de seus vencimentos que recebe junto ao Ministério da Aeronáutica, excetuandose o valor referente as férias e ao 13º salário, ..." De acordo com o informado pelo contribuinte nas Declarações de Ajuste Anual dos anos de 2006 a 2009, ele não mais exercia nesses períodos suas atividades profissionais no Ministério da Aeronáutica. Conforme bem observado pela instância recorrida, não consta dos autos novo acordo homologado judicialmente ou sentença judicial ajustando os termos do acordo anterior e, assim, há que se considerar que os pagamentos efetuados decorreram de mera liberalidade do interessado. No entanto, o lançamento acolheu a dedução da pensão alimentícia comprovada por meio dos documentos de fls. 14/19, limitada ao patamar de 22% dos rendimentos declarados, movido, à evidência, sob a perspectiva da razoabilidade. Vale anotar Fl. 210DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.726654/201195 Acórdão n.º 2802003.267 S2TE02 Fl. 208 7 que a alteração da autuação em adstrição às normas de regência implicaria no seu agravamento, em afronta ao princípio do reformatio in pejus. Considerandose que o percentual mencionado destinavase à contribuição para educação do filho Renan Regis Barata (fl. 9), com acerto o acórdão atacado ao afirmar que "não há como acolher qualquer dedução adicional a título de pensão alimentícia ou despesas de instrução, por falta de previsão legal". Como visto, na realidade, o auto de infração acatou em suficiente medida, dadas as provas postas nos autos, as deduções da espécie declaradas pelo contribuinte. Não merece reparos, assim, a decisão recorrida no particular. Da omissão de rendimentos. Intimado a comprovar os rendimentos auferidos no anocalendário 2008, o contribuinte apresentou listagem de pacientes e valores recebidos que totalizavam R$ 62.969,00 (fls. 42/47), valor superior ao declarado na respectiva Declaração de Ajuste, R$ 33.018,00 (fl. 79), acarretando a apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas no montante de R$ 29.951,00. Em sua impugnação, disse simplesmente que "revendo seus rendimentos, o mesmo constata que apresentou relação de rendimentos maiores que o efetivamente recebido", reiterando no recurso voluntário que "efetivamente não recebeu conforme fls. 43/47". Tal alegação genérica não merece guarida, pois contraria os registros detalhadamente postos em documento de lavra do próprio contribuinte. Poderia ter ele ao menos apontado quais dos lançamentos de fls. 42/47 estariam equivocados, não correspondendo a efetiva prestação de serviços, ônus do qual não se desincumbiu. Acrescentese que o total de rendimentos lançado nas listagens desse ano é bastante compatível com os auferidos nos anos anteriores. Mantémse, assim, a infração apurada de ofício. Da multa isolada. Consoante giza o artigo 8º da Lei 7.713,de 22 de dezembro de 1988, c/c os arts. 4º e 6º da Lei nº 8.134, de 27 de dezembro de 1990, o rendimento do trabalho sem vínculo empregatício e o ganho de capital, recebido de pessoa física ou do exterior, quando em valor superior ao limite mensal de isenção, fica sujeito ao carnêleão mensal, a titulo de antecipação do que vier a ser apurado na Declaração de Ajuste Anual. Constatado pela fiscalização tributária que não ocorreu o recolhimento do carnêleão mensal em conformidade as normas de regência, verificase a infração de multa isolada sobre o respectivo imposto apurado mensalmente, nos termos previstos no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Esse artigo, em sua redação original, assim versava sobre essa multa: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: Fl. 211DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 8 1 de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II — de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito defraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...) § 1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: I — juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago; (...) III isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8° da lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazê lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste. (grifei) Tal enunciado legal padecia de uma melhor redação, por não deixar claro se as hipóteses constantes dos incisos I e III do § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/96 eram prescrições a incidirem de forma alternativa ou concomitante. Em decorrência, reiteradas decisões da segunda instância administrativa vêm reconhecendo que a leitura mais adequada desses preceitos é a de que se tratam de situações alternativas, por não ser concebível a aplicação simultânea de duas multas sobre os mesmos fatos. Entre outros argumentos, tais como ocorrência de bis in idem e falta de proporcionalidade, também foi considerado que tais incisos se referem, na verdade, a duas formas distintas de cobrança da multa. Ainda que não partilhe de uma forma mais ampla dos diversos óbices levantados à concomitância das multas, dos quais apenas se vislumbrou um estreito quadro, é forçoso reconhecer que tais empecilhos justificam a controvérsia instaurada, face à já mencionada precariedade da redação dos dispositivos em tela. Sendo assim, tenho por razoável e pertinente a invocação do art. 112 do Código Tributário Nacional (CTN), para comungar do entendimento majoritário das Turmas do CARF pela não concomitância da multa isolada e da multa de ofício, até o mês de janeiro do anocalendário 2007, razão pela qual devem ser canceladas, no caso concreto, as exigências de multa isolada até o referido período. A ressalva temporal é realizada porque com o advento do art. 14 da Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007, posteriormente convertida na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, o art. 44 da Lei nº 9.430/96 teve sua redação modificada nos seguintes termos: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 212DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.726654/201195 Acórdão n.º 2802003.267 S2TE02 Fl. 209 9 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (grifei) A partir de 2007, então, ficaram claramente apartadas no texto legal as hipóteses de incidência que motivam cada uma das multas. Para o imposto de renda de pessoa física, a multa proporcional é aplicada caso haja diferença a pagar decorrente do ajuste anual; já a multa isolada é cabível no descumprimento da obrigação de fazer o recolhimento das antecipações mensais a título de carnêleão. São hipóteses de fato distintas, cujo descumprimento gera sanções jurídicas também distintas; descabido, portanto, falar em bis in idem, dado que os fatos antecedentes às respectivas exigências tributárias são diversos, sob os aspectos temporal e quantitativo. Também não prospera raciocínio segundo o qual a multa isolada só seria passível de aplicação entre o momento do inadimplemento da obrigação de antecipação e o do ajuste, pois tal entendimento vai de encontro à prescrição da alínea 'a' do inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96, a qual regra expressamente que a multa em apreço deve ser aplicada mesmo que não tenha sido apurado imposto na declaração de ajuste, no caso da pessoa física. Já alertava o exegeta Carlos Maximiliano que se deve compreender as palavras da lei como tendo alguma eficácia, só sendo adequada a interpretação que encontra um significado útil e efetivo para cada expressão do texto normativo. Nesse contexto, oportuno anotar que eventual aplicação do princípio da consunção na espécie encontra severas dificuldades frente ao caráter patrimonial das respectivas obrigações jurídicas, segundo o qual o dever de pagar a antecipação independe da existência de imposto devido, e está vinculado à perspectiva de antecipação no ingresso de recursos com vistas à viabilização da atuação estatal, inexistindo, destarte, relação de meio e fim entre as exigências. À evidência, é perfeitamente possível que ocorra a falta de recolhimento do carnêleão mas que ao final do ajuste não haja imposto a pagar, ou até mesmo se verifique tributo a restituir. Da mesma forma, podem ser recolhidas todas as antecipações devidas e restar saldo de imposto a pagar, sujeito a lançamento de ofício. Exsurge, assim, não uma relação meiofim ou causa e efeito necessária entre o cometimento das infrações em comento, mas sim a independência entre elas. Com efeito, também frente ao disposto no art. 136 do CTN o entendimento pela aplicabilidade do referido princípio resta prejudicado, pois acabaria por condicionar a imposição da multa isolada aos efeitos ulteriores do ato, ou seja, a sanção em tela só incidiria caso se verificasse, posteriormente, excesso relativamente à multa de ofício aplicada no tocante ao imposto apurado no ajuste, este considerando as antecipações realizadas. Tal linha de Fl. 213DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 10 raciocínio, além de não se harmonizar com a lei complementar e não possuir respaldo legal, inviabilizaria, na prática, o recolhimento dessas antecipações tal como preconizado no regime da Lei nº 7.713/88. Noutro giro, quanto aos demais argumentos trazidos pelo contribuinte em seu recurso voluntário acerca da multa isolada, cabe, por não dissentir de suas bem colocadas razões, reproduzir o trecho do acórdão recorrido que os enfrenta, o qual, com a devida vênia, passa a integrar a fundamentação do presente julgado: Quanto à alegação de que na apuração da base de cálculo do carnê leão são permitidas as deduções com previdência social, dependentes e pensão alimentícia, de fato, são cabíveis essas deduções, além das despesas de livro caixa. Entretanto, tais despesas devem estar devidamente comprovadas. No caso presente, já foram consideradas as despesas de livro caixa pleiteadas nos anoscalendário de 2005 a 2007, sendo que nos anoscalendário de 2008 e 2009 não foi pleiteada qualquer dedução. Quanto à previdência social e dependentes, o interessado não comprovou fazer jus às referidas deduções, a primeira por falta de comprovação de qualquer pagamento, e a segunda por não ter comprovado qualquer relação de dependência. Por outro lado, a título de pensão alimentícia, cabe considerar na apuração da base de cálculo do carnêleão, os montantes acolhidos pelo lançamento de R$ 7.786,00 (fl. 14), no anocalendário de 2005; R$ 9.600,00 em cada um dos anos calendário de 2006 e 2007 (fl. 14/18). Para os anoscalendário de 2008 e 2009, além do valor efetivamente pago, deve ser respeitada a limitação estabelecida no acordo judicial equivalente a 22% dos rendimentos e acolhida pela fiscalização, cabendo, por conseguinte, as deduções de R$ 9.600,00 e R$ 8.135,38, respectivamente. Em suma, no que tange aos fatos geradores posteriores a janeiro de 2007, deve ser mantida a multa isolada tal como resultante dos ajustes efetuados pela instância a quo. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de afastar a exigência de multa isolada para os períodos de apuração compreendidos entre janeiro de 2005 a janeiro de 2007, inclusive. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 214DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 10980.722325/2012-56
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011
DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. RETENÇÃO NA FONTE.
A retenção de imposto de renda na fonte se traduz em antecipação de pagamento apta a atrair a incidência do § 4º do art. 150 do CTN, para fins de contagem do prazo decadencial.
DESPESAS MÉDICAS. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE.
Ao contribuinte compete comprovar as despesas médicas deduzidas na Declaração de Ajuste Anual, mediante a apresentação de documentos formalmente aptos para esse fim, podendo ser exigida, se devidamente fundamentada, a comprovação do efetivo pagamento e prestação de serviços.
DESPESAS MÉDICAS. SÚMULA ADMINISTRATIVA DE DOCUMENTAÇÃO TRIBUTARIAMENTE INEFICAZ. EXISTÊNCIA. DEVER DA FISCALIZAÇÃO.
Cabe ao Fisco comprovar a existência de Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz vinculada ao profissional emitente do recibo de despesas médicas, mediante a colação nos autos do respectivo Ato Declaratório da unidade da Receita Federal, ou, ao menos, de informações precisas acerca da publicação desse ato no Diário Oficial da União.
DESPESAS COM CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA PRIVADA DE DEPENDENTE. NECESSIDADE DE CONTRIBUIÇÃO CONCOMITANTE EM NOME DO DEPENDENTE AO RGPS, SOB PENA DE INDEDUTIBILIDADE NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL
O contribuinte pode deduzir as contribuições para a previdência privada realizadas em nome de seus dependentes, desde que elas estejam complementando, correspondentemente, contribuições ao regime geral vertidas em nome daqueles.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. SÚMULA CARF Nº 2.
Aplica-se a Súmula CARF nº 2 quando o questionamento da multa de ofício se atém à matéria de índole constitucional.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 28.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2802-003.268
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reconhecer a decadência e excluir do lançamento as infrações relativas ao ano-calendário 2006; afastar a exigência de multa qualificada quanto às deduções de despesas médicas vinculadas à Sandra Rosa Vasconcellos Costa; e restabelecer R$ 3.615,59 (três mil seiscentos e quinze reais e cinquenta e nove centavos) a título de dedução da contribuição à previdência privada realizada no ano-calendário de 2010, mantendo-se quanto aos demais aspectos do lançamento o disposto na decisão de primeira instância, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, justificadamente, a Conselheira Julianna Bandeira Toscano.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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PAGAMENTO ANTECIPADO. RETENÇÃO NA FONTE. A retenção de imposto de renda na fonte se traduz em antecipação de pagamento apta a atrair a incidência do § 4º do art. 150 do CTN, para fins de contagem do prazo decadencial. DESPESAS MÉDICAS. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. Ao contribuinte compete comprovar as despesas médicas deduzidas na Declaração de Ajuste Anual, mediante a apresentação de documentos formalmente aptos para esse fim, podendo ser exigida, se devidamente fundamentada, a comprovação do efetivo pagamento e prestação de serviços. DESPESAS MÉDICAS. SÚMULA ADMINISTRATIVA DE DOCUMENTAÇÃO TRIBUTARIAMENTE INEFICAZ. EXISTÊNCIA. DEVER DA FISCALIZAÇÃO. Cabe ao Fisco comprovar a existência de Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz vinculada ao profissional emitente do recibo de despesas médicas, mediante a colação nos autos do respectivo Ato Declaratório da unidade da Receita Federal, ou, ao menos, de informações precisas acerca da publicação desse ato no Diário Oficial da União. DESPESAS COM CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA PRIVADA DE DEPENDENTE. NECESSIDADE DE CONTRIBUIÇÃO CONCOMITANTE EM NOME DO DEPENDENTE AO RGPS, SOB PENA DE INDEDUTIBILIDADE NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL O contribuinte pode deduzir as contribuições para a previdência privada realizadas em nome de seus dependentes, desde que elas estejam complementando, correspondentemente, contribuições ao regime geral vertidas em nome daqueles. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 23 25 /2 01 2- 56 Fl. 291DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. SÚMULA CARF Nº 2. Aplicase a Súmula CARF nº 2 quando o questionamento da multa de ofício se atém à matéria de índole constitucional. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 28. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reconhecer a decadência e excluir do lançamento as infrações relativas ao anocalendário 2006; afastar a exigência de multa qualificada quanto às deduções de despesas médicas vinculadas à Sandra Rosa Vasconcellos Costa; e restabelecer R$ 3.615,59 (três mil seiscentos e quinze reais e cinquenta e nove centavos) a título de dedução da contribuição à previdência privada realizada no anocalendário de 2010, mantendose quanto aos demais aspectos do lançamento o disposto na decisão de primeira instância, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, justificadamente, a Conselheira Julianna Bandeira Toscano. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba (PR) – DRJ/CTA que julgou procedente em parte Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 47.887,89 relativo aos anoscalendário 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010. O lançamento se deu em virtude da constatação da dedução indevida de dependentes, despesas médicas, com instrução, e com contribuição à previdência privada/Fapi. As despesas médicas vinculadas à recibos emitidos por Sandra Rosa de Vasconcellos Costa Fl. 292DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.722325/201256 Acórdão n.º 2802003.268 S2TE02 Fl. 292 3 foram objeto de imposição de multa qualificada, face à alegada existência de Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz da DRF/CuritibaParaná. Por bem descrever os fatos sob exame, passo a reproduzir, com a devida vênia, o relatório da decisão recorrida: Cientificado, via postal, em 25/04/2012 (fl. 154), o interessado apresentou, em 24/05/2012, a impugnação de fls. 157/167, instruída com os documentos de fls. 168/244, onde, em preliminar, alega decadência do direito de lançamento referente aos fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2006, impossibilitando a realização de qualquer ato de lançamento complementar no procedimento ora atacado, visto que iniciado tão somente em 17/03/2012, devendo o auto de infração ser cancelado em sua totalidade. No mérito, em relação aos anoscalendário de 2007 a 2010, argumenta que todas as deduções são perfeitamente compatíveis com os rendimentos declarados, sugerindo capacidade de pagamento, sendo totalmente cabíveis, já que ao longo dos períodos foi acometido por doenças que exigiram acompanhamento médico intenso e elevados gastos, com destaque à cardiologia e psicologia. Quanto à glosa de dependente, a dedução pleiteada no anocalendário de 2008 referese ao seu pai – Sr. Samir Bona , CPF 163.934.14987, estando a dedução amparada nas disposições do art. 77 do RIR/1999, e o vínculo de parentesco comprovado pela Certidão de Nascimento e cópia de seu documento de identidade. No que concerne às despesas médicas, relaciona as despesas sobre as quais incidiu a multa de ofício de 75%, referentes aos anoscalendário de 2007 a 2010, para argumentar que os comprovantes de efetivo pagamento teriam sido apresentados, no entanto, restaram ignorados pela autoridade fazendária. Assevera que os efetivos pagamentos estariam respaldados por recibos e notas fiscais, não havendo razão para o afastamento das deduções. Relativamente às supostas despesas havidas com a psicóloga Sandra Rosa de Vasconcellos Costa, nos anoscalendário de 2007 a 2010, nos montantes de R$ 10.000,00, R$ 16.000,00, R$ 17.580,00 e R$ 20.000,00, respectivamente, argumenta que todos os gastos estariam lastreados em recibos, os quais comprovariam de modo eficaz o efetivo pagamento. Além disso, rechaça a situação de fraude indicada pela autoridade fazendária de que a referida profissional, de acordo com informações do Conselho Regional de Psicologia do Paraná – CRP/PR, estaria desprovida de habilitação para atuação na citada área profissional, em face do cancelamento de sua inscrição pela não entrega do diploma de graduação. Pergunta como poderia estar a mesma inscrita no referido Conselho no período de 23/06/1997 a 27/09/2002, sem a prévia apresentação do seu diploma. Afirma que a profissional é graduada em psicologia e, assim, possui habilitação para o exercício da profissão, e que o cancelamento da sua inscrição se deu em razão de débitos de anuidades junto ao Conselho e não pela alegada falta de diplomação, conforme carta expedida pelo CRP/PR à fl. 187. Para corroborar anexa declaração fornecida pelo psiquiatra Antonio Candido Carneiro da Cunha (Clínica Hebri Ey) comprovando a prescrição para que realizasse acompanhamento regular com psicólogo, a fim de complementar o tratamento médico, bem assim, declaração da profissional confirmando a efetiva prestação dos serviços, o recebimento dos valores conforme recibos apresentados e a ratificação de sua habilitação para o exercício da profissão; assim, se todos os elementos de prova não forem suficientes, hipótese admitida a título de argumentação, há que prevalecer a presunção da sua boafé, pois acreditava ser a profissional habilitada para tanto. Fl. 293DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 Relativamente às contribuições à previdência privada, esclarece que observou as informações contidas nos informe de rendimentos fornecidos pelo KSBC BANK BRASIL S/A, razão pela qual devem ser restabelecidas as deduções pleiteadas. Insurgese contra a exigência das multas aplicadas nos percentuais de 75% e 150%, por nítido caráter de confisco expressamente vedado pelo art. 150, IV da CF/1988, aplicado também às infrações., além de extrapolar limites razoáveis e a capacidade contributiva, sendo correto, para o caso, observar o limite de 20% previsto no art. 59 da Lei 8.383, de 1991. Impugna, ainda, a representação fiscal para fins penais, posto que nenhuma conduta delituosa restou devidamente comprovada, sendo as alegações totalmente infundadas e descabidas. A instância de primeiro grau considerou o lançamento parcialmente procedente, consubstanciando seu entendimento no acórdão assim ementado: PRAZO DE DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO No lançamento de ofício a contagem do prazo decadencial obedece à regra geral expressamente prevista no art. 173, I, do Código Tributário Nacional, iniciandose a contagem a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. DEDUÇÕES. ÔNUS DA PROVA. Havendo dúvidas quanto à regularidade das deduções, cabe ao contribuinte o ônus da prova. DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual está condicionada à comprovação hábil e idônea dos gastos efetuados, podendo ser exigida a demonstração do efetivo tratamento e pagamento. DEDUÇÃO. DEPENDENTE. COMPROVAÇÃO. Cabe restabelecer a dedução de dependente cuja relação de dependência restou comprovada. CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPROVAÇÃO PARCIAL. Comprovado o direito a parte das deduções glosadas no lançamento fiscal, cabe ajustálo aos parâmetros correspondentes MULTA QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA. A dedução de despesas médicas, para as quais há declaração de ineficácia dos recibos para fins de dedução de pagamento a título de despesas médicas, decorrente da Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz da DRF/CTAPR, associada a não apresentação de elementos probantes inequívocos dos efetivos pagamentos e prestação dos serviços pelo contribuinte, denota comportamento intencional, específico, de causar dano à fazenda pública, justificando a aplicação da multa qualificada prevista na legislação. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.722325/201256 Acórdão n.º 2802003.268 S2TE02 Fl. 293 5 MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. Tratandose de lançamento de ofício, é legítima a cobrança da multa de ofício de 75%, a qual é devida em face de infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal. O autuado interpôs recurso voluntário em 26/10/2012, reiterando os termos da impugnação, mas acrescentando, no que tange especificamente às despesas com contribuição à previdência privada, que não há exigência legal de que o dependente seja contribuinte do regime geral de previdência social para que possa fazer jus às deduções realizadas à previdência privada em nome daquele. Também diz que no anocalendário 2010 a dependente recolheu contribuições ao regime geral de previdência social por meio de retenções sobre prolabore recebidos, juntando documentos nesse sentido. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Da decadência. Cumpre inicialmente referir que a decadência do direito do Fisco constituir o crédito tributário é matéria que foi objeto de apreciação por parte da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no REsp nº 973.733/SC. Julgado em 12/8/2009, em sede de recurso repetitivo (art. 543C do Código de Processo Civil), o respectivo acórdão traz a seguinte ementa, parcialmente transcrita: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia Fl. 295DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel.Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). (...) Segundo as palavras extraídas do voto do relator, Ministro Luiz Fux: Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.(grifos do original) No que diz respeito aos casos em que há o referido pagamento antecipado, ainda que em montante menor que o devido, a fundamentação do acórdão supra reportase aos precedentes sobre os quais ele se assenta, citandose naquele, por exemplo, o REsp nº 766.050/PR (Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28/11/2007, DJe 25/2/2008): Por outro lado, a decadência do direito de lançar do Fisco, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, obedece a regra prevista na primeira parte do § 4º, do artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador: "Neste caso, concorre a contagem do prazo para o Fisco homologar expressamente o pagamento antecipado, concomitantemente, com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o correspondente lançamento tributário. Sendo assim, no termo final desse período, consolidamse simultaneamente a homologação tácita, a perda do direito de homologar expressamente e, conseqüentemente, a impossibilidade jurídica de lançar de ofício" (In Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad , pág. 170) (grifei) Bem esclarecidas as teses jurídicas de observância obrigatória para este Colegiado, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF (RICARF Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações da Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010), cabe passar à análise do caso concreto. O contribuinte defende ter ocorrido a decadência quanto ao crédito tributário atinente ao Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) do anocalendário 2006, tributo sujeito Fl. 296DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.722325/201256 Acórdão n.º 2802003.268 S2TE02 Fl. 294 7 ao lançamento por homologação. No que diz respeito aos rendimentos sujeitos ao ajuste anual, temse que o respectivo fato gerador se perfectibilizou em 31/12/1996. Por sua vez, reza o § 1º do art. 150 do CTN que a extinção do crédito tributário dáse pelo pagamento, sob condição resolutória de posterior verificação, pela fiscalização fazendária, da exatidão do valor recolhido. Na espécie, temse que o contribuinte sofreu retenções de imposto de renda na fonte no decorrer do anocalendário de 2006, sobre rendimentos tributáveis recebidos da pessoa jurídica HSBC Bank Brasil S/A., CNPJ nº 01.701.201/000189, no valor de R$ 7.537,50, de acordo com as informações constantes na Declaração de Ajuste do exercício 2007, não contestadas pela administração tributária (fls. 4/9). Como cediço, a retenção do imposto de renda na fonte é técnica de arrecadação pela qual se transfere a terceiro vinculado ao fato gerador da obrigação tributária a responsabilidade de arrecadar, antecipadamente, o referido tributo em nome do contribuinte. Não obstante a retenção ter sido efetuada por terceiro, ela se traduz para fins legais em pagamento realizado pelo próprio sujeito passivo, tanto que a ele aproveita, podendo ser compensado na declaração de ajuste. Por conseguinte, temse que nos casos em que se verifica a retenção do imposto de renda na fonte também ocorre o pagamento antecipado do tributo sujeito à sistemática de lançamento por homologação, traduzindose, à míngua da existência de dolo, fraude ou simulação, em hipótese na qual a contagem do prazo decadencial se dá nos termos preconizados pelo art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional, interpretado sob o lume do precedente estabelecido no mencionado julgamento do REsp nº 973.733/SC. No dia em que o contribuinte foi cientificado do auto de infração, 25/4/2012 (fl. 154), já haviam se passado mais de cinco anos desde 31/12/2006, data em que se completou o fato gerador do imposto de renda incidente sobre os rendimentos auferidos no decorrer do anocalendário 2006, e sobre os quais já havia sido parcialmente antecipado o pagamento do tributo via retenção na fonte. Constatase, assim, que à ocasião dessa ciência já havia se extinguido o direito do Fisco de constituir crédito tributário de imposto de renda pessoa física por meio de lançamento de ofício, no tocante ao fato gerador do anocalendário 2006, motivo pelo qual devem ser canceladas as exigências relativas a esse ano. Das despesas médicas. A dedução de despesas médicas e de saúde na declaração de ajuste anual tem como supedâneo legal os seguintes dispositivos do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: Fl. 297DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 8 a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário.(grifei) O autuado não apresentou alegações de fato ou de direito novas, relativamente às trazidas quando da impugnação, com relação às glosas das despesas médicas vinculadas a Cleverson Mauri Zanchi, à Clínica Henry Ltda e a Charles Murilo Bona, para as quais aduz, em síntese, que têm supedâneo em recibos ou notas fiscais que comprovam o pagamento dos respectivos valores, e que as pessoas físicas mencionadas têm habilitação profissional para o exercício de seus respectivos ofícios. Em que pese não constar no Termo de Verificação Fiscal arcabouço argumentativo mais elaborado para fins de justificar a exigência de comprovação do efetivo pagamento dessas despesas requerendose cópias de cheques, transferências bancárias, fatura de cartão de crédito é fato que o contribuinte sequer trouxe recibos ou comprovantes de qualquer espécie acerca de boa parte desses dispêndios. Ademais, vários dos recibos trazidos não se traduzem em prova do pagamento nos termos do inciso III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, pois padecem de sérios vícios formais. Tragase à baila excertos da decisão atacada, nos quais esses aspectos da questão foram adequadamente esmiuçados: Salientese que, mesmo sob o aspecto formal, os recibos trazidos às fls. 211/214 e 216/220 supostamente emitidos por Cleverson Mauri Zanchi, nos montantes de R$ 9.997,00 e R$ 10.000,00, nos anoscalendário de 2007 e 2008, respectivamente, não cumpririam os requisitos mínimos, porquanto limitamse a informações genéricas e inespecíficas, não indicam o paciente e o tipo de procedimento, não consta o endereço do suposto prestador dos serviços, além de ser notório os indícios de que, pela similaridade de grafia e caneta utilizada, foram Fl. 298DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.722325/201256 Acórdão n.º 2802003.268 S2TE02 Fl. 295 9 emitidos em série, como se o instrumento “recibo” não se prestasse justamente ao fim de retratar a correspondente entrega de numerário. É de se notar, ainda, que os referidos recibos sequer preenchem o requisito mais básico que é a identificação adequada do profissional, não constando o número de inscrição no órgão fiscalizador da profissão. (...) No que concerne às despesas havidas com a Clinica Henri Ey Ltda., verifica se que o interessado pleiteou despesas de R$ 1.300,00 (fl. 13), R$ 450,00 (fl. 19) e R$ 850,00 (fl. 26), das quais, comprovou R$ 130,00 (fl. 38), R$ 150,00 (fls. 54 e 215) e R$ 340,00 (fl. 56 e 221), já acolhidas pelo lançamento, conforme Termo de Verificação Fiscal à fl. 127. Assim, por falta de comprovação, há que se manter as glosas de R$ 1.170,00, R$ 300,00 e R$ 510,00, relativas aos anoscalendário de 2007 a 2009, respectivamente, sendo de se salientar que, relativamente ao anocalendário de 2007, embora a diferença não comprovada fora de R$ 1.170,00, o lançamento tributou apenas R$ 170,00, conforme fls. 127, 137 e 148). Do mesmo modo, em relação às despesas supostamente havidas com Charles Murilo Bona, constatase que o contribuinte pleiteou R$ 584,00 (2 x R$ 292,00) de despesas no anocalendário de 2010, entretanto, apresentou apenas o recibo de fl. 70 (reapresentado à fl. 222), cujo valor (R$ 292,00) já foi considerado pela fiscalização, conforme Termo de Verificação Fiscal à fl. 127, assim, por falta de comprovação, há que se manter a dedução indevida no valor de R$ 292,00, referente ao ano calendário de 2010. Não há portanto reparos a fazer na decisão recorrida, no particular. Quanto à dedução dos pagamentos efetuados à Sandra Rosa Vasconcellos Costa nos anoscalendário de 2007 a 2010, nos valores de R$ 10.000,00, R$ 16.000,00, R$ 17.580,00 e R$ 20.000,00, deve ser destacado, inicialmente, que a referida não estava inscrita, a época dos fatos examinados, no Conselho Regional de Psicologia da 8ª Região, consoante assevera declaração deste órgão, datada de 10/5/2012 (fl.187). O exercício da profissão de psicólogo é regrado pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de1971, a qual estabelece: Art. 10. Todo profissional de Psicologia, para exercício da profissão, deverá inscreverse no Conselho Regional de sua área de ação. Parágrafo único. Para a inscrição é necessário que o candidato: a) satisfaça às exigências da Lei nº 4.119, de 27 de agôsto de 1962; b) não seja ou esteja impedido de exercer a profissão; c) goze de boa reputação por sua conduta pública. (...) Fl. 299DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 10 Art. 14. Aceita a inscrição, serlheá expedida pelo Conselho Regional a Carteira de Identidade Profissional, onde serão feitas anotações relativas à atividade do portador. Art. 15. A exibição da Carteira referida no artigo anterior poderá ser exigida por qualquer interessado para verificar a habilitação profissional. Por sua vez, o Decreto nº 79.822, de 17 de junho de 1977, ao regulamentar a Lei nº 5.766/71, dispôs: Art. 1º O exercício da profissão de Psicólogo, nas suas diferentes categorias, em todo o território nacional, somente será permitido ao portador de Carteira de Identidade Profissional expedida pelo Conselho Regional de Psicologia da respectiva jurisdição. (grifei) Conforme ponderado pela instância a quo, cabia ao contribuinte verificar se a profissional de saúde que estava lhe prestando serviços tinha a devida habilitação para tanto, sendo irrelevante, para fins das normas tributárias, a eventual boafé que pautou sua conduta no sentido de não exigir tal comprovação, bem como o motivo pelo qual a inscrição da profissional foi cancelada. Noutro giro, temse que a autoridade lançadora consignou no Termo de Verificação Fiscal as seguintes considerações a respeito dos recibos emitidos por Sandra Rosa Vasconcellos Costa: Os recibos emitidos por SANDRA ROSA DE VASCONSELOS COSTA, CPF nº 418.205.92049, foram considerados ineficaz [sic] para fins de dedução de pagamento a título de despesas médicas, conforme consta do Processo Administrativo nº 10980.721.677/201294, decorrente de Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz da DRF/CTAPR. O processo decorrente da referida Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz permanecerá arquivado na EQCOI –Equipe de Controle Interno do Serviço de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Curitiba – PR, no original, e sempre para vista espontânea, pelos contribuintes alcançados por lançamentos de ofício fundados no consignado na súmula, desde que autorizados expressamente pela contribuinte SANDRA ROSA DE VASCONCELLOS COSTA – CPF 418.205.92049. Muito embora tais afirmações, não se encontra nos autos o necessário documento que ateste a existência da indigitada Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz da DRF/CTAPR, a saber, o Ato Declaratório Executivo dessa unidade da Receita Federal do Brasil. À míngua de documento desse jaez, sequer é possível identificar os períodos a que se refere tal Súmula. A mera alusão à existência de processo acessível ao contribuinte, tratando da matéria, não supre a carência de colação do Ato Declaratório por parte da fiscalização, prejudicando o direito de defesa do contribuinte na espécie, pois teria de ser obtido acesso junto a terceiro, não integrante deste litígio, para ter o devido conhecimento do conteúdo daqueles autos e em especial do mencionado ato administrativo. Por um dever de transparência, deveriam ter sido informados, ao menos os dados referentes à publicação de tal ato no Diário Oficial da União, o que não ocorreu no caso analisado. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.722325/201256 Acórdão n.º 2802003.268 S2TE02 Fl. 296 11 Por outro lado, com acerto a fiscalização ao reputar como insuficientes os extratos bancários apresentados às fls. 85/122 para fins de comprovar os pagamentos de despesas médicas, ainda mais quando estão envolvidos valores elevados como no caso em tela, pois o mero apontamento de saques em extratos bancários, sem coincidência nem sequer proximidade, seja em data, seja em valores, com os registros constantes nos recibos, não se consubstancia sequer em indício da existência dos aventados pagamentos. Nesse diapasão, diante da falta de habilitação profissional e da insuficiência na prova produzida acerca dos pagamentos alegadamente efetuados, deve ser mantida a glosa das respectivas deduções. Não obstante, a qualificação da multa de ofício imputada a essa infração não merece prosperar, por ter sido amparada, preponderantemente, em documento não constante nos presentes autos, não bastando a mera alusão à sua existência para respaldar a majoração da sanção em questão. Em suma, devem ser mantidas as glosas de despesas médicas levadas a efeito pela fiscalização relativas aos anoscalendário 2007 a 2010, cancelandose, contudo, a exigência de multa qualificada relativa aos pagamentos efetuados à Sandra Rosa Vasconcellos Costa. Das despesas com contribuição à previdência privada/Fapi. No mencionado Termo de Verificação Fiscal, a autoridade lançadora, como justificativa das glosas das deduções pleiteadas a título de despesas com contribuição à previdência privada/Fapi, disse apenas que dedução do gênero somente é admitida nas condições previstas no art. 74, inciso II, do Decreto nº 3.000/99, transcrevendo, na sequência, dito dispositivo (fls. 131/132). Já no corpo do Auto de Infração, estão assim referenciadas as normas jurídicas em que se baseou o lançamento: art. 11, § 3º do DecretoLei nº 5.844/43 e art. 4º, inciso V, da Lei nº 9.250/95; art. 11 da Lei nº 9.532/97; arts. 73, 82 e § 1º do RIR/99; e art. 61 da Medida Provisória nº 2.15835. De sua parte, a DRJ/CTA reconheceu como comprovados os valores constantes dos documentos de fls. 238, 234, 223, 227 e 230, realizando o respectivo recálculo da autuação. Sem embargo, rejeitou os documentos de fls. 244, 242 e 243, por serem atinentes a contribuições à previdência privada vertidas em prol de Catiane Eny Koprowski Bona, CPF nº 003.504.39974, nos anoscalendário 2008, 2009 e 2010, respectivamente R$ 250,00, R$ 3.512,75 e R$ 3.615,59. A razão para sua não aceitação devese ao fato de que não restara comprovado nos autos que Catiane Eny Koprowski Bona, nascida em 12/8/1981 conforme informado pelo próprio autuado, tenha contribuído para o regime geral de previdência social ou para regime próprio de previdência social de servidores públicos. Vale anotar que tais documentos foram apresentados somente quando da interposição da impugnação. Ao contrário do que aduz o recorrente, tal exigência não decorre apenas do art. 7º da Instrução Normativa SRF nº 588, de 21 de dezembro de 2005, o qual apenas regulamenta os termos da legislação (conforme regra o art. 100 do Código Tributário Nacional): Fl. 301DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 12 Art. 7º As contribuições para planos de previdência complementar e para Fapi, cujo titular ou quotista seja dependente, para fins fiscais, do declarante, podem ser deduzidas desde que o declarante seja contribuinte do regime geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observado o disposto no art. 6º. Parágrafo único. Na hipótese de dependente com mais de 16 anos, a dedução a que se refere o caput fica condicionada, ainda, ao recolhimento, em seu nome, de contribuições para o regime geral de previdência social, observada a contribuição mínima, ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Impende esclarecer que de acordo com o art. 195 da Constituição Federal, a seguridade social será financiada por toda a sociedade, sendo que nos termos do art. 1º da Lei Complementar nº 109, de 29 de maio 2001 o regime de previdência privada possui caráter complementar ao regime geral de previdência social. Essa complementaridade é condicionante para fins tributários, em especial para a dedutibilidade das contribuições efetuadas à planos de previdência privada, como se depreende da leitura dos arts. 4ª, V e parágrafo único, e 8º, II, 'e' da Lei 9.250/95: Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) V as contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas no País, cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social; (...) Parágrafo único. A dedução permitida pelo inciso V aplicase exclusivamente à base de cálculo relativa a rendimentos do trabalho com vínculo empregatício ou de administradores, assegurada, nos demais casos, a dedução dos valores pagos a esse título, por ocasião da apuração da base de cálculo do imposto devido no anocalendário, conforme disposto na alínea e do inciso II do art. 8º desta Lei. Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...) II das deduções relativas: (...) e) às contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas no País, cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social; Fl. 302DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10980.722325/201256 Acórdão n.º 2802003.268 S2TE02 Fl. 297 13 De sua parte, o caput do art. 11 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, condiciona a dedutibilidade dessas contribuições ao recolhimento concomitante para o regime geral de previdência social: Art. 11. As deduções relativas às contribuições para entidades de previdência privada, a que se refere a alínea e do inciso II do art. 8oda Lei no9.250, de 26 de dezembro de 1995, e às contribuições para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual Fapi, a que se refere a Lei no9.477, de 24 de julho de 1997, cujo ônus seja da própria pessoa física, ficam condicionadas ao recolhimento, também, de contribuições para o regime geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observada a contribuição mínima, e limitadas a 12% (doze por cento) do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na declaração de rendimentos.(Redação dada pela Lei nº 10.887, de 2004) (...) Em consonância com essa quadro normativo, assim regrou o art. 61 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art.61. A partir do anocalendário de 2001, poderão ser deduzidas, observadas as condições e o limite global estabelecidos no art. 11 da Lei no 9.532, de 1997, as contribuições para planos de previdência privada e para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual FAPI, cujo titular ou quotista seja dependente do declarante. Ora, a interpretação sistemática das normas de regência conduz à inequívoca conclusão de que, para que seja possibilitada a dedução da contribuição efetuada a planos de previdência privada em nome de dependente do declarante, é imprescindível que tenham sido vertidas contribuições também em nome desse dependente, voltadas ao financiamento dos benefícios do regime geral de previdência social. Sem isso, não há falar em complementaridade do plano de previdência privada para essa pessoa física, condicionante legal para tal dedutibilidade. Em outras palavras, o contribuinte pode deduzir as contribuições para a previdência privada realizadas em nome de seus dependentes, desde que elas estejam complementando, correspondentemente, contribuições ao regime geral vertidas em nome daqueles. Se estas últimas não se verificam, por decorrência lógica, inexiste relação de complementaridade entre elas. Sem razão, assim, o contribuinte nesse aspecto. Cabe notar, entretanto, que o contribuinte comprovou que a dependente Catiane Eny Koprowski Bona realizou contribuições para o regime geral de previdência social no anocalendário 2010, conforme demonstra o documento juntado ao recurso voluntário, à folha 286. Consequentemente, deve ser restabelecida a dedução da contribuição à previdência privada realizada nesse ano específico, no valor de R$ 3.615,59. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON 14 Da multa de ofício O autuado contesta a multa de ofício aplicada no valor de 75%, percentual que considera violar o princípio constitucional do não confisco. A alegação de caráter confiscatório da multa de ofício não prospera, por ingressar tal argumento na trilha da suposta inconstitucionalidade de seu suporte legal, o art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, o que atrai a incidência no caso do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e da Súmula CARF nº 2, esta por força do art. 72 do RICARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Cabe explicar, ainda, que art. 59 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, referido no recurso interposto, é preceito pertinente à multa de mora, não à multa de ofício contra a qual é levantada a inconformidade. Da representação fiscal para fins penais. A apreciação de pleito relativo à representação fiscal para fins penais é obstada pelo teor da Súmula CARF nº 28, c/c o art. 72 do RICARF: Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de: reconhecer a decadência e excluir do lançamento as infrações relativas ao anocalendário 2006; afastar a exigência de multa qualificada quanto às deduções de despesas médicas vinculadas à Sandra Rosa Vasconcellos Costa; e restabelecer R$ 3.615,59 (três mil seiscentos e quinze reais e cinquenta e nove centavos) a título de dedução da contribuição à previdência privada realizada no anocalendário de 2010, mantendose quanto aos demais aspectos do lançamento o disposto na decisão de primeira instância, nos termos explanados neste voto. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 304DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 10/12/20 14 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 13749.000873/2010-09
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. PEDIDO FORMULADO SEM RELAÇÃO COM O LITÍGIO POSTO NOS AUTOS.
Inexiste interesse recursal, quando o recurso interposto veicula pedido alheio ao litígio posto nos autos.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2802-003.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos NÃO CONHECER do recurso voluntário nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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PEDIDO FORMULADO SEM RELAÇÃO COM O LITÍGIO POSTO NOS AUTOS. Inexiste interesse recursal, quando o recurso interposto veicula pedido alheio ao litígio posto nos autos. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos NÃO CONHECER do recurso voluntário nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 9. 00 08 73 /2 01 0- 09 Fl. 45DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 11/09/20 14 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (MS), que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), exigindo crédito tributário no valor total de R$ 823,51 relativo ao anocalendário 2007. A autuação decorreu da constatação de omissão rendimentos identificada na Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirf) da fonte pagadora, e glosa de fonte não indicada nessa mesma Dirf. A contribuinte apresentou sua impugnação alegando, em síntese, que a omissão constatada pela autoridade fiscal referese a rendimentos isentos por ser ela beneficiária portadora de moléstia grave, conforme documento anexado e prova de aposentadoria desde 1992. A decisão de primeira instância cancelou o lançamento em relação aos rendimentos omitidos, em razão de terem sido percebidos por portadora de moléstia grave. No que tange ao imposto de renda retido na fonte, manteve em parte a autuação, traçando as seguintes considerações: Quanto ao imposto de renda retido na fonte glosado a impugnante não apresentou nenhuma prova da retenção na fonte utilizada em sua DIRPF no valor de R$ 480,39. Verificase, no entanto, que o imposto de renda retido na fonte efetivamente não existiu, mas, foi utilizado como forma de anular a tributação do imposto de renda apurado. Pelos motivos acima, voto no sentido de julgar procedente em parte a impugnação, não subsistindo qualquer valor a ser cobrado da contribuinte, da mesma forma que a restituição declarada na DIRPF também não deve subsistir. A contribuinte interpôs recurso voluntário em 14/2/2012, e, após frisar "Esclareço que não houve Imposto Retido na Fonte", alegou que "o que peço desde o processo inicial em 02/2009, é a RESTITUIÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RECOLHIDO referente ao exercício de 2008". É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo, porém não deve prosperar sua admissão. Não subsiste controvérsia acerca do imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 480,39, único objeto remanescente da autuação. Tal retenção não ocorreu, consoante a própria contribuinte expressamente admite no recurso voluntário, e a ausência de provas naquele sentido já evidenciava. A irresignação da autuada tem escopo diverso, qual seja, a restituição do imposto de renda recolhido referente ao exercício de 2008, que argumenta vem postulando desde fevereiro de 2009. Fl. 46DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 11/09/20 14 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 13749.000873/201009 Acórdão n.º 2802003.125 S2TE02 Fl. 46 3 Compulsando os autos no esforço de compreender o pleito formulado, pôde ser constatado que, quando da impugnação, a recorrente alegou que, por ser isenta do imposto de renda na condição de portadora de moléstia grave, fez "as Declarações Retificadoras e o Requerimento pedindo a Restituição do IR pago, então indevidamente, dos anos 2008, 2007, 2006, 2005 e 2004" (fl. 1). Nestes autos constam apenas os dados do sistema Comprot, do Ministério da Fazenda, atestando a existência de dois processos tendo como interessada a contribuinte, os de nos 13749.001098/200967 e 13749.001099/200910 (fls. 8/9). Ambos os processos versam, conforme consulta ao sistema eprocesso permite revelar, sobre impugnações de Notificações de Lançamento similares a ora examinada, ou seja, retenções na fonte informadas nas Declarações de Ajuste Anual sem respaldo em documentação probatória. Prova alguma foi apresentada da entrega das declarações retificadoras que dariam suporte ao aventado pedido de restituição. E, ainda que houvesse, inconformidade acerca desse pedido deveria ser vertida no correspondente processo administrativo, não no presente, que trata de tema diverso, a Notificação de Lançamento lavrada em 23/8/2010. Inexiste, então, interesse recursal a ser defendido pela contribuinte mediante a interposição do recurso voluntário ora examinado. O resultado que ela pretende alcançar não está sob o alcance do deslinde da controvérsia posta neste processo administrativo, tampouco poderia advir de reforma da decisão a quo. Em decorrência, ausente na espécie utilidade recursal, requisito indispensável para a admissão da irresignação. Ante o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 47DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 11/09/20 14 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
Numero do processo: 13871.000196/2010-13
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. HONORÁRIOS CONTRATUAIS.
Tratando-se os rendimentos tido como omitidos de honorários advocatícios contratuais, e não de sucumbência, não subsiste a exigência fiscal.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2802-003.038
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. HONORÁRIOS CONTRATUAIS. Tratando-se os rendimentos tido como omitidos de honorários advocatícios contratuais, e não de sucumbência, não subsiste a exigência fiscal. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
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HONORÁRIOS CONTRATUAIS. Tratandose os rendimentos tido como omitidos de honorários advocatícios contratuais, e não de sucumbência, não subsiste a exigência fiscal. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 87 1. 00 01 96 /2 01 0- 13 Fl. 180DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/08/20 14 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II (SP) – DRJ/SP2, que julgou parcialmente procedente Notificação de Lançamento de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 6.7281,28, relativo ao anocalendário 2007. O lançamento decorreu da constatação das seguintes infrações: omissão de rendimentos recebidos da Caixa Econômica Federal (CEF), CNPJ nº 00.360.305/000104, no montante de R$ 12.000,00, e compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) no valor de R$ 209,00. A instância recorrida restabeleceu a dedução do IRRF, porém considerou que não restara comprovado que o montante de R$ 12.000,00 correspondia a honorários pagos para o recebimento de ação trabalhista, como defendido pelo contribuinte. Consubstanciou seu entendimento, no particular, no seguinte trecho de ementa: OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE AÇÃO TRABALHISTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente em função de ação judicial, poderá ser excluído, para efeito de tributação na declaração de ajuste anual, o valor das respectivas despesas judiciais necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário em 8/4/2011, defendendo, em síntese, que o valor de R$ 12.000,00 pago referese a honorários contratuais, não de sucumbência, e que preencheu corretamente a Declaração de Ajuste Anual (DAA). É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O contribuinte ajuizou Ação de Revisão de Benefício Previdenciário contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), processo nº 286/97, tendo por objetivo o recálculo da renda mensal inicial e o seu reajuste, demanda que foi julgada improcedente no primeiro grau. Foi dado, entretanto, provimento à apelação pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em decisão na qual foram fixados honorários advocatícios de sucumbência na proporção de 10% sobre o valor da condenação apurado na sentença (fls. 14/23). Como consequência desse processo, o interessado foi autorizado pelo Juízo a proceder o levantamento da quantia junto à CEF, havendo sido creditado em 2/5/2007 o valor de R$ 39.181,65 referentes ao respectivo alvará, na conta nº 83.314 da Agência nº 0364 daquela instituição (fls. 55), já líquidos do Imposto de Renda Retido na Fonte no montante de R$ 1.211,85 (fls. 54 e 56). No dia seguinte, 3/5/2007, foram realizados diversos créditos com o histórico "HONORÁRIOS REF. AÇÃO REVIS. BENEF. INSS AUTOR: ALTINO GREGÓRIO DE Fl. 181DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/08/20 14 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 13871.000196/201013 Acórdão n.º 2802003.038 S2TE02 Fl. 181 3 SANTANA" (fls. 3/9), em contas mantidas na Agência nº 2742, em uma cifra total de R$ 12.000,00, a saber: R$ 1.500,00 na conta nº 1986, de titularidade de Antônio Carlos Polini (OABSP nº 91.096); R$ 1.500,00 na conta nº 491, de titularidade de Francisco Antônio Zem Peralta (OABSP nº 56.708); R$ 3.000,00 na conta nº 013000004989, de titularidade de Carlos R. Guermandi Filho (OABSP nº 143.590); e R$ 6.000,00 na conta nº 8685, de titularidade de Raul Gonzalez (OAB SP nº 41.397). Diante desse quadro, não há como sustentar, o que parece ser a tese defendida pela instância recorrida, que os valores em comento corresponderiam a honorários de sucumbência, por simples incompatibilidade lógica. Se o poder judicante estabeleceu os honorários sucumbenciais em 10% da condenação, e o valor a esta associado, com as devidas correções de praxe e somado ao IRRF atinge R$ 40.393,50, como poderiam ditos honorários alcançar a cifra de R$ 12.000,00? Noutro giro, os documentos já referenciados, bem como os recibos colacionados às fls. 10/12, perfazem um conjunto probatório suficiente para concluirse que o contribuinte, após ser creditado em 2/5/2007 dos valores referentes à causa em que se consagrou como parte vencedora, transferiu no dia seguinte R$ 12.000,00 aos advogados que nela laboraram, a título de pagamento de honorários contratuais. Vale anotar, por fim, que a decisão recorrida já havia reconhecido serem os acima referidos causídicos os patronos da causa em razão da qual foram pagos os honorários controversos (fl. 166), motivo pelo qual eventual questionamento acerca do tema se encontra precluso. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 182DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/08/20 14 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 Fl. 183DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 18/08/20 14 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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