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Numero do processo: 12466.722121/2014-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 06/07/2011 a 24/10/2012
Ementa:
INTIMAÇÃO POR EDITAL. EXCEPCIONALIDADE. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL PROFÍCUA.
A intimação por edital é admitida apenas excepcionalmente, desde que improfícuos um dos meios: pessoal, postal ou outro meio com prova de recebimento, ou eletrônico com prova de recebimento, previstos nos incisos I a III do artigo 23 do Decreto nº 70.235/1972. Tendo a intimação por via postal sido profícua, ela prevalece sobre a intimação por edital.
Recurso de Ofício Não Conhecido.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-005.469
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e em não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 06/07/2011 a 24/10/2012 Ementa: INTIMAÇÃO POR EDITAL. EXCEPCIONALIDADE. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL PROFÍCUA. A intimação por edital é admitida apenas excepcionalmente, desde que improfícuos um dos meios: pessoal, postal ou outro meio com prova de recebimento, ou eletrônico com prova de recebimento, previstos nos incisos I a III do artigo 23 do Decreto nº 70.235/1972. Tendo a intimação por via postal sido profícua, ela prevalece sobre a intimação por edital. Recurso de Ofício Não Conhecido. Recurso Voluntário Não Conhecido. Crédito Tributário Mantido.
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EXCEPCIONALIDADE. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL PROFÍCUA. A intimação por edital é admitida apenas excepcionalmente, desde que improfícuos um dos meios: pessoal, postal ou outro meio com prova de recebimento, ou eletrônico com prova de recebimento, previstos nos incisos I a III do artigo 23 do Decreto nº 70.235/1972. Tendo a intimação por via postal sido profícua, ela prevalece sobre a intimação por edital. Recurso de Ofício Não Conhecido. Recurso Voluntário Não Conhecido. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 21 21 /2 01 4- 21 Fl. 7220DF CARF MF Processo nº 12466.722121/201421 Acórdão n.º 3302005.469 S3C3T2 Fl. 7.221 2 Relatório Trata o presente de Auto de Infração para aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria não localizada, ou que tiver sido consumida, ou revendida, por não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de importação, bem como pelo uso de documento falso no despacho aduaneiro. As importação aqui tratadas foram registradas pela Multimex como importações por encomenda de LOLMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO EIRELLI, no período de 29/01/2010 a 03/11/2010 (efl. 64/65). A fiscalização iniciou o procedimento fiscal, efetuando vários termos de intimação e reintimação, cujo descumprimento parcial e reiterado ensejou a inclusão da recorrente no procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002. Da análise da escrituração, a fiscalização concluiu pela imprestabilidade da escrituração contábil, uma vez que havia omissão de registros contábeis, especialmente a inexistência de lançamentos relativos às movimentações bancárias. O lançamento foi efetuado em face da MULTIMEX S/A, e de LOLMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO EIRELLI e, ao final, elaborada representação fiscal para fins penais. A MULTIMEX S/A apresentou impugnação, alegando, preliminarmente, a nulidade do procedimento fiscal por vício no Mandado de Procedimento Fiscal e a não comprovação dos fatos indiciários da presunção de interposição fraudulenta de terceiros por não comprovação do origem, disponibilidade e transferência dos recursos. No mérito, alega a licitude das operações e sua capacidade financeira, a ausência de provas do fato presuntivo, a ofensa ao princípio da verdade material, a inexistência da falsidade ideológica e a inexistência da simulação de negócio jurídico, a ausência de demonstração do dolo específico de fraudar, a ausência de dano ao erário em razão do não cometimento das infrações imputadas, ausência de dano ao erário em face do recolhimento dos tributos incidentes, a aplicação de penalidade equivocada em vista do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. A responsável solidária LOLMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO EIRELLI apresentou impugnação alegando cerceamento de defesa por falta de acesso ao inteiro teor do processo, a ilegitimidade passiva por falta de demonstração de ação ou omissão da recorrente que pudesse contribuir para a capacidade financeira da MULTIMEX. A Vigésima Terceira Turma da DRJ/SP1 em São Paulo proferiu o Acórdão nº 16069.237, julgando procedente a impugnação de NEUSA MOREIRA FERREIRA, excluindo a solidária TAICON INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ELETRO ELETRÔNICOS LTDA do polo passivo e, consequentemente, as exsócias administradoras, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 09/09/2014 Dano ao erário por infração de não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas importações. Fl. 7221DF CARF MF Processo nº 12466.722121/201421 Acórdão n.º 3302005.469 S3C3T2 Fl. 7.222 3 Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. A presunção decorre de lei e implica na inversão do ônus da prova, atribuindo ao importador a responsabilidade da demonstração da forma de financiamento de suas importações. A incidência do artigo 33 da Lei 11.488/2007 é específica para a prática EFETIVA da interposição fraudulenta de terceiros onde o importador de fato (SUJEITO PASSIVO OCULTO / REAL COMPRADOR) está identificado. Dado princípio da PERSONALIDADE, a o importador e o encomendante são entidades distintas. Logo, não é plausível exigir que o encomendante tenha conhecimento e muito menos qualquer gerência sobre o fato da contabilidade do importador ser imprestável. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido. Por ter ultrapassado o limite de alçada vigente à DRJ recorreu de ofício. Inconformada, a MULTIMEX interpôs recurso voluntário, reprisando as alegações efetuadas em sua impugnação. Por sua vez, a solidária LOLMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO EIRELLI não se manifestou após ter sido cientificada da decisão que a excluía do polo passivo. Em 18/12/2017, mediante petição juntada às efls. 7185, a MULTIMEX pediu a distribuição por dependência com o processo 12466.722113/201485. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. Inicialmente, analisase a petição de distribuição por dependência ao processo nº 12466.722113/201485. A recorrente alegou que este último processo seria o principal e o processo em julgamento seria reflexo daquele. O referido processo 12466.722113/201485 tratou, segundo a recorrente, do mesmo fundamento da autuação aqui realizada, ou seja, nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de importação, porém, referindose a importações por conta própria, enquanto estes autos tratam de importações por encomenda. Não localizei a peça acusatória do alegado processo principal, mas admitindo tratarse do mesmo fundamento fático e jurídico, constatase que não se trata de processos Fl. 7222DF CARF MF Processo nº 12466.722121/201421 Acórdão n.º 3302005.469 S3C3T2 Fl. 7.223 4 principal e reflexo, mas de processos conexos que tratam de exigência de multa fundamentada em fatos idênticos, nos termos do artigo 6º do Anexo II do RICARF, abaixo reproduzido: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. Não há uma obrigatoriedade de se realizar a conexão, embora seja desejável para se evitar decisões conflitantes. Porém, o processo alegado como principal estava na carga do Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, o qual não mais compõe o quadro de conselheiros do CARF, o que resultou na devolução de todos os processos para nova distribuição, não havendo, pois, prevenção em relação a esse relator. Portanto, afasto o pedido da recorrente. Recurso de Ofício O conhecimento de recurso de ofício deve ser realizado tendo como limite de alçada o vigente na data de sua apreciação, nos termos da Súmula CARF nº 103, a seguir reproduzida: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. O recurso foi interposto em razão de exoneração de sujeito passivo da multa no valor de R$ 1.170.578,91, superando o limite de alçada de que tratava a Portaria MF nº 3/2008. Referida portaria foi revogada pela Portaria MF nº 63/2017, que estabeleceu novo limite, conforme transcrito abaixo: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. Fl. 7223DF CARF MF Processo nº 12466.722121/201421 Acórdão n.º 3302005.469 S3C3T2 Fl. 7.224 5 § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União. Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. O novo limite deve ser observado para efeito de conhecimento do recurso de ofício. Portanto, sendo o crédito relativo à multa lançado inferior ao novo limite de alçada, não conheço do recurso de ofício, tornandose definitiva a exclusão do sujeito passivo LOLMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO EIRELLI. Recurso Voluntário A tempestividade da peça recursal foi questionada pela autoridade administrativa, ao lavrar o termo de perempção à efl. 7180. No caso, a recorrente fora intimada por via postal com Aviso de Recebimento, recebido em 11/07/2015 e por edital com afixação em 03/07/2014. Por sua vez, a recorrente postou o recurso voluntário em 20/08/2015, conforme doc de efl. 7177/7178, considerada esta data como data de entrega da peça recursal, nos termos do ADN nº 19/1997. A recorrente alega que o prazo a ser considerado seria o do edital e que, portanto, o recurso seria tempestivo. Sem razão a recorrente. O artigo 10 do Decreto nº 7.574/2011 (artigo 23 do Decreto nº 70.235/1972) dispõe que a intimação por edital será realizada quando resultarem improfícuas as intimações pessoal, por via postal ou outro meio com prova do recebimento no domicílio tributário e a por meio eletrônico com prova de recebimento, conforme abaixo transcrito: Art. 10. As formas de intimação são as seguintes: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar (Decreto no 70.235, de 1972, art. 23, inciso I, com a redação dada pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 67); II por via postal ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 23, inciso II, com a redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997, art. 67); III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo (Decreto no 70.235, de 1972, art. 23, inciso III, com a redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005, art. 113); ou Fl. 7224DF CARF MF Processo nº 12466.722121/201421 Acórdão n.º 3302005.469 S3C3T2 Fl. 7.225 6 IV por edital, quando resultar improfícuo um dos meios previstos nos incisos I a III do caput ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, publicado (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 23, § 1º, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, art. 25): (grifos nossos) a) no endereço da administração tributária na Internet; b) em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou c) uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. No caso, a intimação por via postal com AR se mostrou eficaz, tendo a recorrente recebido a correspondência em 11/07/2015, considerada a ciência em 13/07/2015 e o prazo final em 12/08/2015, implicando a intempestividade da peça recursal. Esclareçase que, ainda que se considerasse o edital como o meio correto, o recurso também seria intempestivo. O edital fora afixado em 03/07/2015, com ciência considerada ocorrida quinze dias após a afixação, ou seja, 18/07/2015, conforme artigo 11, inciso IV do referido decreto: Art.11. Considerase feita a intimação: (Redação dada pelo Decreto nº 8.853, de 2016) [...] IV se por edital, quinze dias após a sua publicação (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 23, § 2º, inciso IV, com a redação dada pela Lei no 9.532, de 1997, art. 67, e pela Lei no 11.196, de 2005, art. 11 A respeito da contagem deste prazo, esclarecem Marcos Vinícius Néder e Maria Teresa Martínez López1: COMENTÁRIOS II.58. Intimação Postal e Editalícia Data do Recebimento Constava da redação original: "III trinta dias após a publicação ou afixação do edital, se este for o meio utilizado". Caso seja mantida a data do recebimento da correspondência, considerase efetivada a intimação 15 dias após a data da sua expedição. Para essa contagem, não se aplicam as normas gerais de contagem de prazo processual do PAF, eis que se inicia sempre no dia seguinte ao da expedição, mesmo se esta data recair em dia não útil. Seu termo final é o décimo quinto dia seguinte, sendo dia útil ou não. No caso do edital, a metodologia de contagem é a mesma descrita acima, considerase o contribuinte intimado 15 dias após a publicação ou afixação do edital, com a contagem iniciada no dia seguinte à publicação e termianda, impreterivelmente, 15 dias depois." 1 Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado. 2º ed. São Paulo: Dialética, 2004, p. 296. Fl. 7225DF CARF MF Processo nº 12466.722121/201421 Acórdão n.º 3302005.469 S3C3T2 Fl. 7.226 7 Como 18/07/2015 foi um sábado, a contagem se iniciou em 20/07/2015, encerrandose o prazo de trinta dias em 18/08/2015. Assim, tendo a postagem sido feita em 20/08/2015, o recurso voluntário também seria intempestivo levandose em conta o edital afixado. Diante do exposto, voto para não conhecer o recurso de ofício e não conhecer o recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 7226DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.000044/2006-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF
Período de apuração: 04/08/1999 a 27/03/2002
DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE Nº 08. PRAZO DECADENCIAL CTN. CABIMENTO.
Comprovado o recolhimento parcial, adota-se o prazo previsto no artigo 150, § 4º do CTN, cujo termo inicial é a data do fato gerador.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE RECOLHIMENTO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA.
Inexistindo nos autos referência quanto à manifestação contrária da contribuinte à retenção, requisito estabelecido pelo artigo 45 da Medida Provisória nº 2.158, de 2001, restando afastada a responsabilidade supletiva.
Numero da decisão: 3302-005.378
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, que dava-lhe provimento parcial, reconhecendo a sujeição passiva da recorrente.
[assinado digitalmente]
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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ementa_s : Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF Período de apuração: 04/08/1999 a 27/03/2002 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE Nº 08. PRAZO DECADENCIAL CTN. CABIMENTO. Comprovado o recolhimento parcial, adota-se o prazo previsto no artigo 150, § 4º do CTN, cujo termo inicial é a data do fato gerador. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE RECOLHIMENTO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA. Inexistindo nos autos referência quanto à manifestação contrária da contribuinte à retenção, requisito estabelecido pelo artigo 45 da Medida Provisória nº 2.158, de 2001, restando afastada a responsabilidade supletiva.
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SÚMULA VINCULANTE Nº 08. PRAZO DECADENCIAL CTN. CABIMENTO. Comprovado o recolhimento parcial, adotase o prazo previsto no artigo 150, § 4º do CTN, cujo termo inicial é a data do fato gerador. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE RECOLHIMENTO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA. Inexistindo nos autos referência quanto à manifestação contrária da contribuinte à retenção, requisito estabelecido pelo artigo 45 da Medida Provisória nº 2.158, de 2001, restando afastada a responsabilidade supletiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, que davalhe provimento parcial, reconhecendo a sujeição passiva da recorrente. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 00 44 /2 00 6- 61 Fl. 928DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados de forma minudente, adoto o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: Tratase de impugnação a exigência fiscal relativa à Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de Natureza Financeira CPMF, formalizada no auto de infração de fls. 11/41. O feito, relativo a fatos geradores ocorridos entre agosto de 1999 e março de 2002, constituiu crédito tributário no montante de R$ 850.046,20, incluídos principal, multa de ofício e juros de mora. No TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL de fl. 10, a autoridade autuante relata que os valores exigidos referemse à CPMF não recolhida à época dos fatos geradores por força de medida judicial, posteriormente revogada. Os débitos foram apurados com base nas informações fornecidas pelas instituições financeiras, junto as quais a fiscalizada mantinha conta corrente, em atendimento ao disposto no art. 45 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001. Cientificada da exigência em 16/01/2006, em 14/02/2006, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 45/66, na qual alega em síntese que: 1. a impugnação deve ser analisada em seu inteiro teor já que não existiria coincidência entre as matérias tratadas nas esferas administrativa e judicial; 2. por se tratar a CPMF de tributo sujeito a lançamento por homologação, nos termos do art. 150, §4° do Código Tributário Nacional, à data da lavratura do auto de infração, 16/01/2006, estaria expirado o direito de a Fazenda Pública promover a constituição do crédito tributário cujos fatos geradores ocorreram antes de 16/01/2001, pelo transcurso do prazo de cinco anos contados dos fatos geradores; 3. a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento da CPMF que não fora paga tempestivamente, nos termos da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, recai exclusivamente sobre as instituições financeiras; 4. somente ocorreria a exclusão da responsabilidade da instituição bancária pela retenção do tributo somente no caso de manifestação contrária a retenção firmada pelo titular da movimentação financeira, nos termos do art. 45, II, da MP n° 2.158, de 2001; 5. como a impugnante jamais se manifestou contrariamente à retenção e ao recolhimento da CPMF a quaisquer das Fl. 929DF CARF MF Processo nº 19515.000044/200661 Acórdão n.º 3302005.378 S3C3T2 Fl. 674 3 instituições financeiras com as quais mantinha movimentação financeira, não há base legal para lhe atribuir a obrigação de efetuar o pagamento da CPMF acrescida de juros de mora e multa de oficio; não houve também insuficiência de fundos em conta corrente 6. a MP n° 2.15835, de 2001, inovou no que concerne à responsabilidade das instituições financeiras em relação ao tratamento dado pela Lei n° 9.311, de 1996; Diz a interessada. (..) a MP 2.15835 criou uma situação especial com relação à responsabilidade das instituições financeiras, pois estabeleceu a obrigação das instituições financeiras acompanharem a situação de seus clientes de modo a apurarem a situação das respectivas medidas judiciais e procederem à retenção e ao recolhimento da CPMF à medida que os estágios das ações judiciais permitissem, sem que houvesse nos arts. 44 a 46, da MP 2.158 qualquer referência à responsabilidade supletiva do titular da movimentação financeira. Assim, a MP 2.158 criou outra hipótese de responsabilização da instituição financeira de maneira tal que excluiu o titular da movimentação financeira da relação tributária nesses casos, nos moldes previstos na primeira parte do caput do art. 128 do CTN. Logo, a MP 2.158 tem status de lex especialis em relação à lei 9.311/96 no que tange ao estabelecimento da responsabilidade tributária das instituições financeiras. É de se notar que a MP 2.158 somente autoriza a consideração da responsabilidade supletiva do contribuinte (titular da movimentação financeira) e 0 conseqüente lançamento de oficio contra este quando ficar comprovado que houve manifestação expressa contra a retenção e recolhimento da CPMF (art. 45, inciso IV e parágrafo único, MP 2.158). Como não consta dos autos qualquer documento demonstrando que a associação impugnante manifestouse contrariamente à retenção e recolhimento da CPMF (..) é forçoso concluir pela total improcedência do presente auto de infração por identificação equivocada do sujeito passivo da relação jurídico tributária. é ilegal e inconstitucional a utilização da taxa Selic como parâmetro para o cálculo dos juros de mora. ` Em documento de fls. 155/162 apresentado em 20/10/2006 com o fim de levar a tributária informações complementares quanto ao lançamento, alega a impugnante em síntese que: 1. as informações adicionais devem ser considerados no âmbito do julgamento administrativo, sob pena de nulidade do acórdão, uma vez que, na época da apresentação da impugnação não era possível à impugnante apresentar tais informações devido ao volume de documentos a serem analisados, o que se encaixa na hipótese autorizativa do art. 16, §4º letra a do Decreto n° 70.235, de 1972; Fl. 930DF CARF MF 4 2. há erros no levantamento fiscal que precisam ser corrigidos em obediência ao princípio da verdade material. Prosseguindo, a contribuinte detalha as conclusões advindas da análise que empreendeu nos extratos de movimentação bancária junto aos Bancos Banespa, Nossa Caixa, Banco do Brasil. Segundo a impugnante teria havido cobrança indevida da contribuição, no período de 17/01/2001 a 31/03/2002 (foi desconsiderada a análise sobre o período que, a seu ver, já estaria decaído), no importe de R$ 137.817,19. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sintetizou, na ementa a seguir transcrita , a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Data do fato gerador: 25/08/1999 DECADÊNCIA. CPMF. PRAZO. O prazo decadencial da CPMF é de dez anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte em que O crédito poderia ter sido constituído. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INFORMAÇÕES FORNECIDAS POR INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. FALTA DE RECOLHIMENTO. Informada à Administração Tributária a falta de retenção/recolhimento da contribuição correta formalização da exigência, com os acréscimos legais, contra O sujeito passivo na sua qualidade de responsável supletivo pela obrigação. Improcedente, contudo, a parcela infirmada por documentação apresentada pelo contribuinte. JUROS DE MORA. SELIC. A aplicação de juros com base na taxa Selic decorre de lei, não tendo a autoridade administrativa competência para afastála. Lançamento Procedente em Parte Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após ciência em 26/01/2009, conforme AR de fl. 859, apresenta em 10/11/2008, fl. 862/890 Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, onde repisa os argumentos já colacionados em sede impugnatória, a seguir resumidos, quanto ao pedido, para que seja : 1.Reconhecida a improcedência do lançamento com relação aos fatos geradores anteriores a 17/01/01, uma vez que o direito da Fazenda Pública foi atingido pela decadência prevista no art. 150, § 4° do CTN; Fl. 931DF CARF MF Processo nº 19515.000044/200661 Acórdão n.º 3302005.378 S3C3T2 Fl. 675 5 2. Reconhecida ilegitimidade da associação recorrente de compor o pólo passiva da. presente relação jurídico tributária, uma vez que a MP 2.158 atribui a exclusiva responsabilidade das instituições financeiras na retenção e recolhimento da CPMF nos casos envolvendo medida judicial revogada; . 3. Reconhecida improcedência do lançamento em relação ao Banco Nossa Caixa, por violação aos aspectos material e temporal da CPMF, ofensa ao art.144 do CTN e violação do princípio da ampla defesa; 4.Improcedência da aplicação da Taxa Selic como juros de mora. Conforme despacho de fl.838, houve revisão de ofício quanto ao prazo decadencial, em face da Súmula Vinculante n° 08, que declarou inconstitucional o parágrafo único do artigo 5° do DecretoLei nº 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212, de 1991. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Existindo discussão judicial quanto ao mérito, a lide administrativa prendese às seguintes questões. Da decadência Quanto à decadência, cabe destacar que após a decisão de piso, em revisão de ofício foi aferida a questão do prazo decadencial, conforme despacho de fl.838, em face da Súmula Vinculante n° 08, que declarou inconstitucional o parágrafo único do artigo 5° do DecretoLei 1.569, de 1977 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212, de 1991, no entanto, reapreciase a questão quanto ao prazo decadencial, haja vista que estando o processo submetido ao rito do Processo Administrativo Fiscal, conforme normas estabelecidas pelo Decreto nº 70.235, de 1972, visto que a impugnação instaura a fase litigiosa (art. 14 do Decreto nº 70.235, de 1972), e estando à época o processo em fase de intimação do resultado julgamento de primeira instância, naquele lapso temporal, competia à unidade tão somente os atos de administração do 1processo com vistas à ciência da citada decisão. Após transcorrido o prazo de trinta dias, sem que tivesse sido interposto o recurso voluntário, encerraria a via contenciosa, cabendo à unidade promover os atos que se fizessem necessários, por força das disposições do artigo 145 do CTN, abaixo transcrito: Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: 1 Art. 24. O preparo do processo compete à autoridade local do órgão encarregado da administração do tributo. Fl. 932DF CARF MF 6 I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.(grifei). Resta consignado no referido despacho: No presente processo, em decorrência de pagamento parcial antecipado, aplicase o parágrafo 4°, art. 150, do CTN que determina o prazo decadencial de cinco anos, contados da ocorrência dos fatos geradores. Assim, tendo o contribuinte tomado ciência do lançamento em 16/01/2006, a constituição dos créditos tributários referentes aos fatos geradores de CPMF de 01/08/ 1999 a 10/01/2001 estaria alcançada pelo instituto da decadência.(grifei). Ocorre que após a ciência da decisão de piso, promoveu a recorrente a apresentação da peça recursal, cuja matéria está arguida, no entanto, mesmo que não estivesse, por ser preceito de ordem pública, caberia sua apreciação de ofício. Postos esses esclarecimentos, analisase a seguir a questão do transcurso do prazo decadencial: No caso concreto, tendo a ciência do auto de infração ocorrido em 16/01/2006, fl.45, existindo pagamento parcial, conforme relatado e em se tratando de fatos geradores ocorridos de agosto de 1999 a março de 2002, aplicase o disposto no 2artigo 150, § 4º , do CTN, uma vez que se encontra pacificada na jurisprudência deste E. CARF, quanto à contagem do prazo decadencial, que acolhe o entendimento da decisão do STJ, na apreciação do 3REsp nº 973.333SC, na sistemática de recursos repetitivos, para reconhecer a decadência dos fatos ocorridos até 10/01/2001. 2 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. 3 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). (...). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Fl. 933DF CARF MF Processo nº 19515.000044/200661 Acórdão n.º 3302005.378 S3C3T2 Fl. 676 7 Da ilegitimidade passiva Quanto à ilegitimidade passiva arguida, importa ressaltar as quanto à responsabilidade tributária, dispostas no artigo 128 do CTN: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.(grifei) Em consonância com as referidas prescrições, dispôs a Lei n° 9.311, de 1996: Art. 5o É atribuída a responsabilidade pela retenção e recolhimento da contribuição: 1 às instituições que efetuarem os lançamentos, as liquidações ou os pagamentos de que tratam os incisos I, II e III do art. 2º; II às instituições que intermediarem as operações a que se refere o inciso V do art. 2o; III àqueles que intermediarem operações a que se refere o inciso VI do art. 2o. § 1º A instituição financeira reservará, no saldo das contas referidas no inciso I do art. 2o, valor correspondente à aplicação da alíquota de que trata o art. 7o sobre o saldo daquelas contas, exclusivamente para os efeitos de retiradas ou saques, em operações sujeitas à contribuição, durante o período de sua incidência. § 2a Alternativamente ao disposto no parágrafo anterior, a instituição financeira poderá assumir a responsabilidade pelo pagamento da contribuição na hipótese de eventual insuficiência de recursos nas contas. § 3º Na falta de retenção da contribuição, fica mantida, em caráter supletivo, a responsabilidade do contribuinte pelo seu pagamento.(grifei). Cabe ressaltar que no caso em apreço o parágrafo único do artigo 45 da Medida Provisória 2158, de 2001, ressalva a possibilidade de lançamento de ofício contra o correntista nos casos de impossibilidade de retenção, pela instituição bancária, depois da cassada a medida judicial que impedia o débito, em conta corrente, da CPMF devida, situação fática dos autos. Assim dispõe o referido artigo 45: Art. 45. As instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da CPMF deverão: Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199).(Grupo). Fl. 934DF CARF MF 8 I apurar e registrar os valores devidos no período de vigência da decisão judicial impeditiva da retenção e do recolhimento da contribuição; II efetuar o débito em conta de seus clientescontribuintes, a menos que haja expressa manifestação em contrário: a) no dia 29 de setembro de 2000, relativamente às liminares, tutelas antecipadas ou decisões de mérito, revogadas até 31 de agosto de 2000;b) no trigésimo dia subseqüente ao da revogação da medida judicial ocorrida a partir de 1o de setembro de 2000; III recolher ao Tesouro Nacional, até o terceiro dia útil da semana subseqüente à do débito em conta, o valor da contribuição, acrescido de juros de mora e de multa moratória, segundo normas a serem estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal; IV encaminhar à Secretaria da Receita Federal, no prazo de trinta dias, contado da data estabelecida para o débito em conta, relativamente aos contribuintes que se manifestaram em sentido contrário à retenção, bem assim àqueles que, beneficiados por medida judicial revogada, tenham encerrado suas contas antes das datas referidas nas alíneas do inciso II, conforme o caso, relação contendo as seguintes informações: a) nome ou razão social do contribuinte e respectivo número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ;b) valor e data das operações que serviram de base de cálculo e o valor da contribuição devida. Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV deste artigo, a contribuição não se sujeita ao limite estabelecido no art. 68 da Lei no 9.430, de 1996, e será exigida do contribuinte por meio de lançamento de ofício.(grifei). Destaca a recorrente: É de se notar que a MP 2.158 somente autoriza a consideração da responsabilidade supletiva do contribuinte (titular da movimentação financeira) e o conseqüente lançamento de ofício contra este, quando ficar .comprovado que houve manifestação expressa contra a retenção e recolhimento da CPMF (art. 45, inciso IV e parágrafo único, da MP 2.158) não consta dos autos qualquer documento demonstrando que a associação manifestouse contrariamente à retenção e recolhimento da CPMF nem poderia constar, pois tal manifestação, não' existe é forçoso concluir pela total improcedência do presente auto de infração por identificação equivocada do.sujeito passivo da relação jurídico tributária.(grifei). Com relação à matéria, assim destacou a decisão de piso: Ainda com relação à responsabilidade, importa destacar que a MP 2.15835, de 2001, não inovou em relação à Lei n° 9.311, de 1996. Vejase que o próprio parágrafo único do artigo 45 daquela Medida Provisória ressalva a possibilidade de lançamento de ofício contra o correntista nos casos de Fl. 935DF CARF MF Processo nº 19515.000044/200661 Acórdão n.º 3302005.378 S3C3T2 Fl. 677 9 impossibilidade de retenção, pela instituição bancária, depois da cassada a medida judicial que impedia o débito, em conta corrente, da CPMF devida. Tendo em vista que não há qualquer referência no auto de infração quanto à manifestação contrária da contribuinte à retenção, restando por consequência a impossibilidade da referida retenção pela instituição bancária e considerando ainda que a decisão de piso abordou a questão apenas quanto ao fundamento legal sem adentrar ao aspecto específico trazido na impugnação, considero procedente as razões trazidas pela recorrente, visto que há um requisito estabelecido no citado diploma legal, que no caso em apreço não ficou demonstrado nos autos, restando afastada a responsabilidade supletiva. Assim, pelos fundamentos acima aduzidos, ficam prejudicadas as demais questões quanto à multa de ofício e juros de mora. Ante o exposto, VOTO POR DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO, nos termos acima fundamentados. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Fl. 936DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002585/2008-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2004
IPI. SERVIÇO GRÁFICO POR ENCOMENDA E PERSONALIZADO.INCIDÊNCIA. SÚMULAS 143 DO TFR E 156 DO STJ. INAPLICABILIDADE.
A prestação de serviço gráfico, personalizado e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita ao Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, visto que a LC nº 116, de 2003, apenas afasta a incidência cumulativa de ISS e ICMS, inexistindo na referida lei qualquer determinação quanto à não incidência do IPI.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2004
MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE . MATÉRIA SUMULADA NO CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3302-005.417
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad que lhe davam provimento integral. Os Conselheiros Fenelon Moscoso Almeida e Vinícius Guimarães não participaram da votação em razão dos votos definitivamente proferidos pelos Conselheiros José Fernandes do Nascimento e Maria do Socorro Ferreira Aguiar na sessão de 17/04/2018, às 9:00h. Nos termos do Art. 58, §13 do RICARF, foi designado pelo Presidente de Turma de Julgamento como redator ad hoc para este julgamento, o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède para formalizar o acórdão
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Redator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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COFINS Recorrente DISKPAR LOGÍSTICA E AUTOMAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2004 IPI. SERVIÇO GRÁFICO POR ENCOMENDA E PERSONALIZADO.INCIDÊNCIA. SÚMULAS 143 DO TFR E 156 DO STJ. INAPLICABILIDADE. A prestação de serviço gráfico, personalizado e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, visto que a LC nº 116, de 2003, apenas afasta a incidência cumulativa de ISS e ICMS, inexistindo na referida lei qualquer determinação quanto à não incidência do IPI. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2004 MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE . MATÉRIA SUMULADA NO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad que lhe davam provimento integral. Os Conselheiros Fenelon Moscoso Almeida e Vinícius Guimarães não participaram da votação em razão dos votos definitivamente proferidos pelos Conselheiros José Fernandes do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 25 85 /2 00 8- 33 Fl. 1699DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.700 2 Nascimento e Maria do Socorro Ferreira Aguiar na sessão de 17/04/2018, às 9:00h. Nos termos do Art. 58, §13 do RICARF, foi designado pelo Presidente de Turma de Julgamento como redator ad hoc para este julgamento, o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède para formalizar o acórdão (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Redator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo. Relatório Na condição de redator ad hoc, designado para formalizar o voto, passo a transcrever o relatório elaborado na minuta do voto proferido pela Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar na sessão de 17/04/2018, às 9:00h. "Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados de forma minudente, adoto o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: Tratase de auto de infração (fls. 861/881) lavrado em 07/08/2008 para exigir o crédito tributário de R$ 1.446.721,59, correspondente ao IPI, inclusos multa de ofício e juro de mora, e multa sobre IPI não lançado com cobertura de crédito, por ter o estabelecimento industrial promovido a saída de produtos tributados, com falta de lançamento de imposto e por erro de classificação fiscal, em relação aos produtos relacionados no Termo de Verificação Fiscal de fls. 853/860. Regularmente notificada do auto de infração, a contribuinte tempestivamente apresentou a impugnação de fls. 885/904, instruída com os documentos de fls.905/1049, alegando, em síntese, que: 1. Em preliminar, aponta que nos moldes do art. 168, inciso I c/c art. 150, §4° do CTN, ocorreu a decadência no tocante aos meses de janeiro a julho de 2003; 2. A empresa é do ramo de prestação de serviços gráficos e realiza preponderantemente, atividade de impressão de bobinas de papel personalizadas, produzidas sob encomenda, o que excluiria tais produtos do conceito de industrialização, pois os serviços de composição gráfica seriam tributados exclusivamente pelo ISS, não se sujeitando ao IPI; 3. Disse que seus produtos personalizados e produzidos sob encomenda dos clientes, se não viessem a ser faturados àqueles encomendantes originais, tornarseiam absolutamente inúteis; 4. Não é estabelecimento industrial, mas sim prestador de serviços gráficos, não se sujeitando ao IPI, conforme remansosa jurisprudência sumulada e doutrina atinente à espécie; 5. No tocante ao equívoco quanto à Fl. 1700DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.701 3 classificação fiscal, fato é que o Decreto n° 4.070/01, que revogou o dispositivo anterior, manteve não só a classificação fiscal pretendida pelo agente fiscalizador, como também aquelas utilizadas pelo sujeito passivo; 6. Ainda que houvesse uma classificação específica para o caso sob exame, o que há de ser observado diz respeito, tão somente, à absoluta isenção ou aplicação de alíquota zero sobre as operações de impressão de bobinas sob encomenda, que deverão prevalecer sempre, independentemente do código de classificação utilizado; 7. Ao final, invoca jurisprudência do STJ, em especial a Sumula 156, e julgados administrativos do Conselho de Contribuinte. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sintetizou, na ementa a seguir transcrita , a decisão proferida. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2004 IPI. FATO GERADOR. SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA PERSONALIZADOS. SÚMULAS 143 DO TFR E 156 DO STJ. INAPLICABILIDADE. Os serviços de composição e impressão gráficas, personalizados, previstos no 8°, § 1°, do DL n° 406, de 1968, estão sujeitos à incidência do IPI e do ISS. LANÇAMENTO. ERRO CLASSIFICAÇÃO FISCAL. A falta de pagamento do imposto, por erro de classificação fiscal/alíquota inferior à devida, justifica o lançamento de ofício do IPI, com os acréscimos legais cabíveis. Cientificada da decisão de primeira instância em 14/06/2010, fls.1070/1073), a interessada interpôs Recurso Voluntário em 23/06/2010, fls.1.076/ss), onde repisa os mesmos argumentos trazidos em sua impugnação, acrescentando comentários sobre a decisão recorrida e requerendo a reunião de todos os autos de infração lavrados sobre a mesma matéria face à conexão entre eles e também quanto à dependência do processo originário de habilitação dos créditos pleiteados e compensados nos PER/DCOMP. Através da Resolução Carf nº 3202000.182, de 30/01/2014, fls.1.460/1.463, o julgamento foi convertido em diligência nos seguintes termos: Compulsandose os autos do processo verificase que ainda restam dúvidas em relação a fatos relatados pela fiscalização quanto ao processo produtivo da empresa, nos seguintes termos (vide efolha nº 865): O sujeito passivo é indústria gráfica fabricante de bobinas de papel para automação bancária e comercial. Adquire as bobinas de papel e as converte em bobinas menores, para utilização em máquinas registradoras, calculadoras, aparelhos Fl. 1701DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.702 4 de "facsimile" (fax), equipamentos emissores de cupom fiscal, extratos, comprovantes bancários, "tickets" para estacionamento, cupons de pedágio, comprovantes de cartão de crédito e recibos em geral. O sujeito passivo produz bobinas personalizadas com ou sem impressão. A personalização, que transforma a bobina em produto de uso exclusivo do encomendante, compreende principalmente a impressão nas bobinas de logotipo e razão social/marca do encomendante, textos explicativos, nome do impresso, etc.(negritei) Destarte, entendo que deve ser propiciada a ampla oportunidade para as partes esclarecerem os fatos, através da juntada de documentação probante suficiente para demonstrar o seu direito, em atendimento aos princípios da ampla defesa e do contraditório. Em face do acima exposto, nos termos dos artigos 18 e 29 do Decreto n° 70.235/72, no intuito de se identificar perfeitamente o processo produtivo da empresa proponho que os autos retornem à DRF – Osasco SP para a realização de perícia técnica, a ser elaborada por peritos credenciados junto à Receita Federal ou instituição de renomada reputação técnica (IPT, INT, UNICAMP, ou outra similar), a ser contratada pela Recorrente, quando deverão ser respondidos os seguintes quesitos: 1º Explicar detalhadamente o processo produtivo relacionado às operações objeto do presente litígio. 2º Informar quais os insumos (matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem) são utilizados no processo produtivo da empresa para a elaboração dos produtos relacionados ao presente litígio. 3º Informar quais são os produtos finais resultantes do processo produtivo da empresa relacionados com o presente litígio. Em decorrência da diligência foi emitida a Informação Fiscal de fls.2.181/2.184. Após ciência em 02/02/2015, conforme Termo de Abertura de Documento de fl. 1.475, a interessada juntou aos autos o laudo Técnico de fls. 1.477/1.478 Em 19/09/2016, através do Termo de Solicitação de Juntada, fl.1.505 apresenta petição solicitando celeridade no julgamento." É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator ad hoc. Fl. 1702DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.703 5 Na condição de redator ad hoc, designado para formalizar o voto, passo a transcrever o voto proferido pela Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar na sessão de 17/04/2018, às 9:00h. "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Da inexistência de decadência Observase que a questão da decadência trazida na impugnação já foi abordada pela decisão de piso, no entanto reitera o recorrente, arguindo ao final também quanto a suposta prescrição ocorrida. Verificase dos autos, que o período de apuração abrangido pela ação fiscal, corresponde ao lapso temporal de 01/01/2004 a 30/09/2004, tendo a ciência do auto de infração ocorrido em 08/08/2008, fl.1.025, logo, concluise que o auto de infração foi lavrado dentro do prazo quinquenal que dispõe a Fazenda Pública para fazêlo. Nesse sentido, assim se manifesta a decisão de piso: Inicialmente, a contribuinte alegou que ocorreu a decadência no tocante aos meses de janeiro a julho de 2003, entretanto, trata a presente lide sobre períodos de apuração de janeiro a setembro de 2004. Portanto, a presente questão levantada pela contribuinte, por não ser pertinente à discussão, não será apreciada.(grifei). Tampouco há se falar em prescrição, visto que conforme o artigo 174 do CTN, prescrição é a ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, cujo termo inicial da contagem do prazo prescricional é a data da constituição definitiva do crédito tributário, que se dá quando não mais cabível recurso ou após o transcurso do prazo para sua interposição na esfera administrativa. Da impossibilidade de reunião dos processos Quanto ao pleito de reunião dos processos indicados no recurso voluntário, resta impossibilitada essa medida, primeiro por falta de previsão regimental, haja vista que as hipóteses de processos vinculados, previstos no artigo 6º do RICARF, não correspondem à situação dos autos; segundo porque em pesquisa ao sistema eprocesso, constatase que além de referidos processos estarem em fases processuais bastante distintas, tais como: em procedimento de parcelamento, com desistência do recurso voluntário apresentado, em diligência à unidade e para ciência da decisão da CSRF, não são necessários ao deslinde da presente lide, visto que o julgamento darseá pelo colegiado em vista das disposições legais e suporte probatório dos autos. Fl. 1703DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.704 6 MÉRITO Esclarece o Termo de Verificação Fiscal TVF, fls.1017/1021, que o sujeito passivo é indústria gráfica fabricante de bobinas de papel para automação bancária e comercial. Adquire as bobinas de papel e as converte em bobinas menores, para utilização em máquinas registradoras, calculadoras, aparelhos de "facsimile" (fax), equipamentos emissores de cupom fiscal, extratos, comprovantes bancários, "tickets" para estacionamento, cupons de pedágio, comprovantes de cartão de crédito e recibos em geral. Destaca que o sujeito passivo produz bobinas personalizadas com ou sem impressão. A personalização, que transforma a bobina em produto de uso exclusivo do encomendante, compreende principalmente a impressão nas bobinas de logotipo e razão social/marca do encomendante, textos explicativos, nome do impresso, etc. Ressalta ainda o TVF: 2.1 Entradas para Industrialização no Estabelecimento O principal insumo utilizado na produção das bobinas consiste em papel classificável em três tipos: autocopiativo, térmico ou termossensível e outros. Além dos papéis os insumos compreendem principalmente tubos rígidos de plástico ou papelão e caixas de papelão para embalagem.(grifei). Com base nos arquivos magnéticos fornecidos pelo sujeito passivo apuramos os valores das entradas para industrialização. As entradas compreendem as compras para industrialização efetuadas junto a fornecedores e entradas decorrentes de transferências para industrialização.(grifei). Os valores apurados foram utilizados na Reconstituição da Escrita Fiscal contribuinte, a fim de apurarmos o montante do IPI devido. 2.2 Vendas de Produção do Estabelecimento Com base nas Notas Fiscais de Saída de CFOP 5.101, 5.910, 5.949, 6.101, 6.910 e 6.949, verificamos que os produtos industrializados pelo sujeito passivo, no período fiscalização, deveriam estar classificados conforme abaixo: Fl. 1704DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.705 7 Constatamos que a principal razão pela qual o sujeito passivo apura saldo credor do IPI deriva do tratamento fiscal adotado na venda de produtos, utilizando classificação e alíquota incorretas. As bobinas personalizadas são, em sua maioria, classificadas pelo sujeito passivo com o código 4911.99.00, cuja alíquota do IPI, vigente no período fiscalização, era de 0% (zero por cento). Adicionalmente, o sujeito passivo considera venda de bobinas personalizadas como prestação de serviços e emite notas fiscais com CF0Ps 5.949 e 6.949 (Outras Saídas), e Natureza da Operação: 0.S. Prestação Serviços e O.S. Prestação de Serviços Interestaduais, respectivamente. 2.4 A atividade gráfica e a tributação do IPI O Parecer Normativo do Coordenador do Sistema de Tributação PN CST n° 127/71 assim dispôs: "1. O processo gráfico de impressão constitui operação de industrialização, salvo se tratar de impressão por encomenda direta do usuário ou consumidor, efetuada na residência do confeccionador ou preparador ou em oficina que forneça, preponderantemente, trabalho profissional (RIPI Decreto n° 61.514/67, art. 1°, § 4°, inc.V).(grifei). 2. Entenderseá como oficina — para os fins previstos no Regulamento — o estabelecimento que possuir até 5 (cinco) operários (Instrução Normativa n° 3, de 12/ 09/ 1969, n° 18). Esse entendimento vem sendo confirmado ao longo do tempo e mais recentemente, por meio do Ato Declaratório Normativo COSIT (ADN) n° 18, de 27/09/00, dispondo sobre o percentual de determinação do lucro presumido aplicável à atividade gráfica, o CoordenadorGeral do Sistema de Tributação esclareceu que: "I A atividade gráfica pode configurarse como industrial, comercial ou de prestação de serviços. Consideramse como prestação de serviços as operações realizadas por encomenda, nos termos do art. 5°, V, c/ c art. 7°, II, do Decreto n° 2.637, de 1988." (RIPI 98, esclarecimento nosso) Após a Resolução Carf, foi elaborado o Laudo do Instituo de Pesquisas Tecnológicas IPT, fls. 1.477/1.498, cujos técnicos do referido instituto, em 19/09/2014, em visita às dependências da Diskpar Logística e Automação Ltda., descrevem o processo de impressão de bobinas personalizadas de papel termossensível, da seguinte forma: Para impressão de bobinas personalizadas de papel, a Diskpar utiliza como matériaprima basicamente papel termossensivel, também denominado papel térmico, tinta de impressão e tubetes. Para o acondicionamento das bobinas personalizadas de papel termossensivel produzidas, a Diskpar utiliza caixas de papelão Fl. 1705DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.706 8 (...) O processo de impressão das bobinas personalizadas de papel termossensível envolve: a definição da arte a ser impressa; a impressão do lado não revestido do papel térmico; a rebobinagem do papel impresso gerando bobinas de tamanhos definidos; a embalagem das bobinas produzidas e sua expedição. Arte a ser impressa Os textos e imagens a serem impressos na face não revestida do papel termossensível são definidos pelo cliente que solicitou os serviços de impressão. Impressão do papel termossensível Nesta etapa, as bobinas de papel termossensível adquiridas pela Diskpar, denominadas bobinas jumbo, são colocadas em máquinas impressoras, onde o lado do papel oposto ao que tem revestimento termossensível é impresso com textos e imagens definidos, respectivamente, pelos clientes solicitantes do serviço. Das impressoras saem bobinas impressas, que têm a mesma largura das bobinas jumbo.(grifei). (...) Observase que o laudo produzido, em que pese a técnica e os detalhes esclarecidos, não mudou substancialmente a compreensão do processo de impressão das bobinas personalizadas de papel, demonstrado pelo TVF, antes citado. Por sua vez, destaca o recorrente que é empresa do ramo de prestação de serviços gráficos e realiza preponderantemente, atividade de impressão de bobinas de papel produzidas sob encomenda; personalizadas, para uso exclusivo de seus clientes. Ressalta ainda que não industrializa o papel utilizado nas bobinas personalizadas que vende, haja vista que, tão somente o adquire, efetua o corte na largura e no comprimento necessário, insere as características gráficas solicitadas pelos encomendantes e efetua sua rebobinagem para, em seguida, faturálas ao solicitante nos termos do contrato firmado. Conclui ao final que está clara a absoluta insubsistência do auto de infração, sobretudo porque, a atividade de impressão gráfica, em especial na forma realizada pela recorrente, isto é, com natureza e uso personalíssimos, encontrase sujeita ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza — ISSQN, de competência municipal, excluindose por absoluto, qualquer possibilidade de incidência do IPI, conforme remansosa jurisprudência sumulada e a uníssona doutrina atinente à espécie. Invoca a Súmula 156 do STJ e precedentes administrativos citados. Fl. 1706DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.707 9 Diante do contexto fático, observase que a matéria nuclear consiste em verificar se nesse processo referido há a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI. O 1art. 153 da CF/88 ao dispor que compete à União instituir impostos sobre produtos industrializados, indica que o critério material da hipótese de incidência tributária é a execução de uma operação de industrialização. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I,II, III (...); IV produtos industrializados;(grifei). Nesse contexto, dispõem os artigos 3º e 4º do RIPI/2002 (Decreto nº 4.544/2002) Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e Decretolei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). (...) Art. 3º Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida neste Regulamento como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária. Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único): I a que, exercida sobre matériasprimas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); (...) Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados.(grifei). (...) Art. 34. Fato gerador do imposto é (Lei nº 4.502, de 1964, art. 2º): 1 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I,II, III (...); IV produtos industrializados; Fl. 1707DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.708 10 (...) II a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial. Das disposições acima transcritas verificase que para que haja incidência do IPI é necessária a existência de um produto resultante de uma operação de industrialização e que haja a saída do referido produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial. Nesse sentido, apropriadamente fundamenta a decisão de piso: No caso dos autos, os clientes do autuado, ao encomendarem as bobinas, estão em verdade encomendando uma prestação de serviço, nos termos do art. 8° do DL n° 406/68. Para que a encomenda possa ser executada, o autuado é obrigado a adquirir insumos no mercado interno e a transformá los em um novo produto que, posteriormente, sairá do estabelecimento no momento da entrega ao cliente (arts. 40, I e 34, II do RIPI/2002). Finalmente, ao consumar a prestação do serviço, mediante a tradição da coisa e do recebimento do preço, promove a circulação de uma mercadoria (art. 2°, I, da LC n° 87/96). É inequívoco, portanto, que neste caso, a prestação de serviço (obrigação de fazer algo) não pode existir sem a execução de uma operação de industrialização, seguida da entrega de uma mercadoria (obrigação de dar). Logo, para poder prestar o serviço o autuado pratica os fatos geradores dos três impostos, IPI, ISS e ICMS, tudo dentro de uma mesma operação econômica.(grifei). Tendo em vista já está demonstrado o processo de impressão das bobinas personalizadas, inferese que para que os clientes possam ser atendidos, a Recorrente adquire insumos (papel, tubos rígidos de plástico ou papelão, caixas de papelão para embalagem e tinta) no mercado interno e os transforma em um novo produto industrializado que, posteriormente, dará saída do estabelecimento industrial do contribuinte, restando assim caracterizada, uma operação de industrialização, visto que a transformação é uma das modalidades da industrialização. Ocorrendo a incidência tributária, nasce portanto a obrigação tributária, cuja natureza é ex lege, conforme preveem o § 1º do art. 113 e o artigo 114 do C.T.N Estando assim a cobrança de tributo permeada pelo princípio da legalidade, e constatado no caso em apreço a ocorrência de uma operação de industrialização e o consequente fato gerador do IPI, inferese que só seria possível excluir a incidência do IPI se houvesse previsão expressa em lei excluindo, da hipótese de incidência a atividade de artes gráficas, no entanto verificase Fl. 1708DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.709 11 que a lei de regência da matéria não traz essa exclusão em seu texto. Com efeito, inexistindo por expressa determinação legal exclusão da hipótese de incidência, no caso da operação gráfica de impressão, tampouco se caracterizando a espécie dos autos como encomenda direta do usuário ou consumidor, nos termos do 2art. 5º, V, c/c art. 7º, II, do RIPI/2002 efetuada na residência do confeccionador ou preparador ou em oficina que forneça, preponderantemente, trabalho profissional, hipótese em que estaria descaracterizada a operação como industrialização, dessumese que há incidência do IPI na operação ora em lide. Ultrapassada essa questão, resta analisar se o ordenamento jurídico abriga a tributação pelo IPI e ISS na operação sub examine, em face da jurisprudência colacionada pelo recorrente. Constatase que o ISS, defendido pela recorrente como único imposto exigível no caso dos autos, tem como fato gerador a prestação de serviços conforme lista anexa à a Lei Complementar nº 116, (LC), de 2003, não estando referidos serviços sujeitos ao ICMS, ainda que a prestação envolva fornecimento de mercadorias, conforme dicção do artigo 31º e § 2º do referido texto legal, inferindose portanto que existem serviços que contemplam também o fornecimento de mercadorias, cuidando nesse caso a lei de expressamente excluir o ICMS, no entanto, quanto ao IPI, como vimos, ainda que haja uma operação de industrialização que contemple também uma prestação de serviços, não há essa expressa determinação legal e desse modo, sendo a obrigação tributária, ex lege, como já ressaltado, não é possível por um mero raciocínio lógico inferir se que também está excluído o IPI. Dispõe a Lei Complementar nº 116, (LC), de 2003, acima referida: 2 Art. 5º Não se considera industrialização: (...) V o preparo de produto, por encomenda direta do consumidor ou usuário, na residência do preparador ou em oficina, desde que, em qualquer caso, seja preponderante o trabalho profissional; Art. 7º Para os efeitos do art. 5º: (...) II nos casos dos seus incisos IV e V: a) oficina é o estabelecimento que empregar, no máximo, cinco operários e, caso utilize força motriz, não dispuser de potência superior a cinco quilowatts; b) trabalho preponderante é o que contribuir no preparo do produto, para formação de seu valor, a título de mãodeobra, no mínimo com sessenta por cento. 3 Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. § 1oO imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País. § 2oRessalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias.(grifei). Fl. 1709DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.710 12 Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. (...) § 2º Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias.(grifei). Repisese que conforme acima disposto, a Lei Complementar (LC) n° 116, de 31 de julho de 2003, apenas determina, em seu art. 1º, § 2º, que os serviços contemplados na lista anexa à referida LC, ressalvadas as exceções expressas na própria lista, não estão sujeitos ao imposto ICMS, ou seja, referida lei apenas afasta a incidência cumulativa de ISS e ICMS, inexistindo assim, na referida lei qualquer determinação quanto à não incidência do IPI. Nesse mister, verificase inaplicável ao caso o enunciado da Súmula 156 do STJ, visto que os precedentes que embasaram a interpretação sumulada se referem expressamente quanto ao conflito de competências no âmbito do ISS e ICMS. Importa destacar para a conclusão da presente análise os seguintes dispositivos do CTN: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (...). Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.(grifei) Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;(grifei). Ante os comandos acima, considerando o substrato fático dos autos e as normas de regência do IPI, reproduzidas acima na parte que importa à interpretação da lide, tendo o IPI como fato gerador a industrialização e saída, do estabelecimento industrial, a ocorrência do pressuposto fático, de uma operação Fl. 1710DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.711 13 de industrialização, como é o caso dos autos, sem que exista dispositivo legal excluindo essa hipótese do campo de incidência, implica a incidência do referido imposto. Na esteira do raciocínio exposto, citamse os precedentes abaixo: Acórdão CSRF nº 9303002.265, de 09/05/2013: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 30/04/2003 IPI. INCIDÊNCIA. OPERAÇÃO MENCIONADA NA LISTA ANEXA AO DECRETOLEI 406/68 E NA ANEXA À LEI COMPLEMENTAR 116/2003. CABIMENTO Consoante a melhor dicção do art. 156 da Carta Política, apenas está constitucionalmente impedida a incidência sobre a mesma operação, conceituada como serviço, do ISS e do ICMS. Assim, tanto o decretolei nº 406/68, recepcionado como Lei Complementar até a edição da Lei Complementar nº 116/2003, quanto esta última, ao regularem tal dispositivo, apenas estão afastando a incidência cumulativa de ISS e ICMS, nada regulando quanto ao IPI. Para a incidência deste último, basta que a operação realizada se enquadre em um dos conceitos de industrialização presentes na Lei 4.502/64. Acórdão 3802003.433, de 20/08/2014: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 31/12/2000 IPI. SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA (BOBINAS PERSONALIZADAS). Os serviços de composição gráfica, personalizados, previstos no art. 8°, § 1°, do DL n°406, de 1968, estão sujeitos à incidência do IPI e do ISS. Recurso ao qual se nega provimento. Acórdão 3302005.285, de 2003/2018: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 31/01/2009 a 31/12/2009 IPI. SERVIÇO GRÁFICO POR ENCOMENDA E PERSONALIZADO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS 143 DO TFR E 156 DO STJ. INAPLICABILIDADE. A prestação de serviço gráfico, personalizado e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, visto que a LC nº 116, de 2003, apenas afasta a incidência cumulativa de ISS e Fl. 1711DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.712 14 ICMS, inexistindo na referida lei qualquer determinação quanto à não incidência do IPI. Em que pesem as respeitáveis decisões, judiciais e administradas apresentadas pelo recorrente, as quais não vinculam essa instância administrativa, tomo de empréstimo mais uma vez excertos da decisão de piso que pertinentemente asseverou: Só seria jurídico excluir a incidência do IPI se houvesse previsão expressa em lei excluindo do conceito de industrialização a atividade de artes gráficas, a exemplo do que ocorre com os casos elencados no art. 5°, do RIPI/2002 (exclusões ao conceito de industrialização), sendo que a existência de alguns julgados neste sentido não autoriza a aplicação do mesmo entendimento ao caso presente, porque o Tribunal não está impedido de rever este equivocado entendimento.(grifei). Quanto às classificação fiscal adotada pela fiscalização, o recorrente não contestou expressamente, limitandose a arguir a inconstitucionalide, no caso de existir classificação fiscal específica para o caso dos autos, com alíquota diferente de zero. Com fulcro no art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação da Lei nº 9.532, de 1997, [Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997)]. Com relação à suposta inconstitucionalidade da classificação fiscal adotada pelo agente fiscal, é vedado ao julgador administrativo a análise dessa matéria, com matiz constitucional, por força do artigo 62 do RICARF, bem como em face da Súmula CARF nº 2, aplicada no tocante a essa matéria como razão de decidir: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Ante os fundamentos acima, tendo em vista a natureza da obrigação tributária, ex lege, o C.T.N. submeteu o lançamento a princípios expressos de vinculação e obrigatoriedade administrativa, como assinala a doutrina dominante, de sorte que uma vez ocorrido o fato gerador, que corresponde à concretização da hipótese legal e faz nascer a obrigação tributária, tem a autoridade administrativa o dever de proceder ao lançamento, que é a formalização do crédito como requisito prévio e necessário para a cobrança administrativa, ex vi do parágrafo único do art. 142 do C.T.N., litteris: "Art.142. (...) Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional." Fl. 1712DF CARF MF Processo nº 10882.002585/200833 Acórdão n.º 3302005.417 S3C3T2 Fl. 1.713 15 Ante as razões expostas, constatase que não há reparos no presente feito. Ante o exposto, VOTO POR CONHECER PARCIALMENTE O RECURSO VOLUNTÁRIO E NA PARTE CONHECIDA, REJEITAS AS PRELIMINARES E NO MÉRITO NEGARLHE PROVIMENTO. É o voto. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1713DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.721343/2014-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2010 a 31/12/2010
ESPONTANEIDADE. EXCLUSÃO.
O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo.
AÇÃO FISCAL. PROGRAMA ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO DE DÉBITOS. PAGAMENTO À VISTA.
A Lei 12.996/2014 reabriu o prazo estabelecido na Lei 11.941/2009, tendo sido permitida a adesão no caso de ação fiscal já iniciada, com inclusão dos respectivos débitos. Os débitos pagos à vista no âmbito do referido programa, nos prazos e condições da legislação, poderiam ser feitos com reduções de 100% na multa de ofício e 45% nos juros de mora.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/2010 a 31/12/2010
LANÇAMENTOS DE PIS/PASEP E COFINS SOBRE MATÉRIA TRIBUTÁVEL IDÊNTICA
Aplica-se ao PIS/Pasep a ementa elaborada para a Cofins em razão de os lançamentos referirem à idêntica matéria tributável.
Numero da decisão: 3302-005.455
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/2010 a 31/12/2010 ESPONTANEIDADE. EXCLUSÃO. O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo. AÇÃO FISCAL. PROGRAMA ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO DE DÉBITOS. PAGAMENTO À VISTA. A Lei 12.996/2014 reabriu o prazo estabelecido na Lei 11.941/2009, tendo sido permitida a adesão no caso de ação fiscal já iniciada, com inclusão dos respectivos débitos. Os débitos pagos à vista no âmbito do referido programa, nos prazos e condições da legislação, poderiam ser feitos com reduções de 100% na multa de ofício e 45% nos juros de mora. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/02/2010 a 31/12/2010 LANÇAMENTOS DE PIS/PASEP E COFINS SOBRE MATÉRIA TRIBUTÁVEL IDÊNTICA Aplica-se ao PIS/Pasep a ementa elaborada para a Cofins em razão de os lançamentos referirem à idêntica matéria tributável.
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EXCLUSÃO. O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo. AÇÃO FISCAL. PROGRAMA ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO DE DÉBITOS. PAGAMENTO À VISTA. A Lei 12.996/2014 reabriu o prazo estabelecido na Lei 11.941/2009, tendo sido permitida a adesão no caso de ação fiscal já iniciada, com inclusão dos respectivos débitos. Os débitos pagos à vista no âmbito do referido programa, nos prazos e condições da legislação, poderiam ser feitos com reduções de 100% na multa de ofício e 45% nos juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2010 a 31/12/2010 LANÇAMENTOS DE PIS/PASEP E COFINS SOBRE MATÉRIA TRIBUTÁVEL IDÊNTICA Aplicase ao PIS/Pasep a ementa elaborada para a Cofins em razão de os lançamentos referirem à idêntica matéria tributável. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 13 43 /2 01 4- 43 Fl. 1468DF CARF MF Processo nº 19515.721343/201443 Acórdão n.º 3302005.455 S3C3T2 Fl. 1.468 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Tratamse de Autos de Infração de PIS/Pasep e Cofins sobre regime não cumulativo, no período de 02/2010 a 12/2010 sobre glosa de pagamentos por direitos autorais por licença de uso de softwares (infração I), glosa de créditos sobre bens importados utilizados como insumos por duplicidade de utilização (infração II) e glosa de despesas de transporte incluídas em faturas de despesas de aluguel de veículos para transporte de funcionários. Em impugnação, a contribuinte informou ter efetuado o pagamento referente às infrações II e III, bem como informou ter aderido aos benefício do Refis da Lei nº 11.941/2009, por pagamento integral à vista, retificado todas as declarações, sem inclusão de multa de mora e com redução de 45% nos juros de mora. Em prosseguimento, a DRJ converteu o julgamento em diligência, para que a unidade de origem esclarecesse aspectos atinentes ao cumprimento das condições de reabertura do parcelamento especial da Lei nº 11.941/2009, nos seguintes termos: Providenciar a ciência do presente despacho de diligência; Verificar e se pronunciar sobre o cumprimento das exigências dos benefícios para pagamento à vista da Lei 12.996/2014, combinada com a Lei 11.941/2009, que não se refiram a espontaneidade do contribuinte, inclusive a suficiência dos recolhimentos, efetuados em 21/08/2014 (conforme cópia nos autos, nas páginas supracitadas), em relação aos débitos, individualmente verificados, de PIS e Cofins lançados e cujo saldo se mantém sob o controle do presente processo; Prestar outras informações, caso entenda ou forem constatados elementos que possam ser úteis à solução da lide, fazendo constar nos autos; Produzir relatório de diligência, informando as conclusões obtidas; Dar ciência do resultado desta Resolução/Diligência ao contribuinte, facultandolhe a oportunidade de contestação no processo, tão somente quanto às questões aqui tratadas, no prazo de 30 (trinta) dias, se assim o desejar Realizada a diligência, a autoridade fiscal elaborou relatório, apreciando ponto a ponto relacionado com a adesão à reabertura do parcelamento especial da Lei nº 11.941/2009, não identificando qualquer descumprimento das exigências. Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte não se manifestou. Apreciando a impugnação, a DRJ julgou a impugnação procedente em parte, no sentido de manter o lançamento quanto aos tributos originais, exonerandose a multa de Fl. 1469DF CARF MF Processo nº 19515.721343/201443 Acórdão n.º 3302005.455 S3C3T2 Fl. 1.469 3 ofício e determinando que a unidade de origem proceda à imputação dos pagamentos realizados no âmbito da reabertura do parcelamento especial de que trataram as Leis nº 12.996/2014 e nº 11.941/2009, de modo a evitar a duplicidade de cobrança dos valores transmitidos em DCTF retificadora. Por ultrapassar o limite de alçada estabelecido na Portaria MF nº 3/2008, houve interposição de recurso de ofício. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento, uma vez que a multa de ofício exonerada ultrapassa o novo limite de alçada de R$ 2.500.000,00 estabelecido na Portaria MF nº 63/2017, de acordo com o extrato de processo de efls. 1447 a 1453. Conforme verificase nos autos, o lançamento original foi impugnado apenas parcialmente, em relação à infração I glosa de serviços utilizados como insumos relativos a pagamentos de royalties sobre direitos autorais, tendo a contribuinte efetuado o pagamento relativo às demais infrações. Porém, sobre a infração I, impugnou o lançamento em razão de, durante a ação fiscal, ter aderido à reabertura do parcelamento especial de acordo com as Leis nº 12.996/2014 e 11.941/2009, tendo efetuado pagamento à vista dos débitos que foram, posteriormente ,constituídos neste lançamento. Para verificar a correção dos procedimentos efetuados pela contribuinte no âmbito da reabertura do parcelamento especial, a DRJ converteu o julgamento em diligência, cujo resultado foi de que a contribuinte cumprira as exigências do parcelamento e que os valores recolhidos compreendiam as parcelas de PIS/Pasep e Cofins lançadas de ofício neste processo, com direito à redução da multa de ofício de 100% e redução nos juros de mora de 45%. Tendo em vista as informações, a DRJ exonerou a multa de ofício lançada, mantendose o lançamento relativo à primeira infração, uma vez que a adesão e os pagamentos foram efetuados sob ação fiscal, não havendo que se falar em denúncia espontânea de que trata o artigo 138 do CTN. Não há reparos a se fazer na decisão da DRJ. Uma vez comprovados os requisitos de adesão à reabertura do parcelamento de que trataram as Leis nº 12.996/2014 c/c a 11.941/2009, mediante o pagamento integral à vista, conforme analisado no relatório de diligência de efls. 1418/1423, a contribuinte obteve o direito à exoneração de 100% da multa de ofício e à redução de 45% nos juros de mora, cabendo à unidade de origem proceder à consolidação dos pagamentos efetuados no âmbito do parcelamento especial com os débitos originais aqui lançados, de modo a evitar a duplicidade de cobrança dos valores declarados na Fl. 1470DF CARF MF Processo nº 19515.721343/201443 Acórdão n.º 3302005.455 S3C3T2 Fl. 1.470 4 DCTF retificadora. Destarte, adoto o voto proferido na decisão recorrida como razão de decidir nos termos do artigo 50, §1º1 da Lei nº 9.784/1999. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 1 § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato Fl. 1471DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13306.000023/2002-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.727
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1779; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1.724 1 1.723 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13306.000023/200200 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3302000.727 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 17 de abril de 2018 Assunto IPI COMPENSAÇÃO Recorrente PAQUETÁ CALÇADOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de Pedido de Ressarcimento de crédito presumido do IPI (fl. 10) do terceiro trimestre de 2001, no valor de R$ 1.065.254,26, utilizado na compensação dos débitos discriminados nos Pedidos de Compensação de fls. 64/68. Por meio do Despacho Decisório de fl. 224, a autoridade fiscal competente da unidade da Receita Federal da jurisdição do contribuinte indeferiu o valor integral do crédito pleiteado, ao acatar os fundamentos aduzidos na Informação Fiscal de fls. 202/203, de que o (i) total dos créditos referentes aos insumos consumidos na fabricação de produtos eram ilegítimos e (ii) “a verificação dos elementos comprobatórios do pleito na demanda original, mais a manifestação da autoridade fiscalizadora, desqualificaram a priori o cabimento do favor fiscal, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 33 06 .0 00 02 3/ 20 02 -0 0 Fl. 1725DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.725 2 vez que as exigências preliminares para o atendimento do pedido não foram saciadas suficientemente.” As conclusões exaradas na referida Informação Fiscal foram baseadas nas informações extraídas do Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 73/84. Por bem descrever os demais fatos, reproduzse a seguir os trechos extraídos do relatório fiscal integrante da decisão recorrida: 2. A Fiscalização da DRF Fortaleza emitiu Termo de Verificação (fls. 57/64), no qual analisa diversos pedidos referentes aos anos de 2001 e 2002, incluído o presente, informando haver intimado a empresa por três vezes (30.04.2007, 29.05.2007 e 05.06.2007) a apresentar os elementos imprescindíveis à verificação dos créditos alegados, conforme histórico abaixo (restringese o relatório às informações referentes ao presente processo ano 2002): a) Em 17.05.2007, a empresa enviou resposta afirmando haverem, para o ano de 2002 a empresa passou a apurar crédito presumido com base na Lei n° 10.276, de 2001, afirmando utilizar serviços de produção terceirizada, contradizendose em seguida ao afirmar que não realizou produção por encomenda no período; b) Ainda que restritas aos estabelecimentos F25 e F40, as informações trazidas estariam inconsistentes, segundo a Unidade. Conforme planilhas apresentadas pelo estabelecimento F25 teria este realizado industrialização própria, permanecendo, no entanto, com parte de seu processo terceirizado. Segundo as planilhas do estabelecimento F40, este também permaneceu industrializando parte da produção por encomenda; c) Alertada sobre as inconsistências acima, a empresa apresentou pedido de retificação das planilhas, da seguinte forma: I) Cód. 1.31/2.31 excluídos por se referirem a "devolução de venda de produção de estabelecimento"; II) Cód. 1.13/2.13 alegando erro na interpretação do requerimento, em virtude da empresa entender que não executa produção completa por encomenda, mas tão somente alguns serviços feitos em atelier de costura e curtumes especializados; d) A empresa ainda excluiu da planilha referente às entradas de PJ contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins, do estabelecimento F25 (matriz), aquelas anteriormente declaradas, todas sob o Cód. 2.13, incluindo um grande número de entradas Cód. 1.11 e 2.11, mantendo, entretanto, sua afirmação de que não industrializa por encomenda e que por isso não lhe caberia comprovar, através de documentação hábil, o processo industrial que realiza por terceiros, do envio de insumos ao industrializador por encomenda ao retorno do produto industrializado, acompanhado da devolução simbólica dos insumos enviados, utilizados e não utilizados na produção; e) A Fiscalização informa que a empresa não apresentou a planilha de entradas, oriundas de contribuintes de PIS/Pasep e Cofins, de produtos não acabados ou não vendidos, afirmando que as informações estariam disponíveis no "Registro de Inventário (PEPS)". Entende o Fisco que, além de tais informações não responderem à intimação fiscal, restringemse ao estabelecimento matriz; Fl. 1726DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.726 3 f) Ainda segundo a Unidade, a interessada informa haver ajustado as receitas de exportação direta (linha "Ajuste Cambial até Embarque"), procedimento não previsto para o cálculo do crédito presumido, que deve ser feito com o valor das notas emitidas, segundo a Fiscalização, a qual alerta ainda poder ser considerado inidôneo o certificado de registro de comercial exportadora entregue ao Fisco, por estar rasurado; g) Também não foram apresentados os itens relativos à descrição do processo produtivo, relação de produtos de fabricação do estabelecimento e relação das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem. No que diz respeito ao processo produtivo, a empresa restringiuse a entregar documentos que definem o processo dentro da norma ISO 9001, sem uso para a Fiscalização; h) Quanto à relação de MP, PI e ME, a empresa apresentou arquivo magnético, que a Fiscalização verificou ser referente a uma espécie de fluxo de consumo referente ao estabelecimento F40 e a outro denominado F35, não incluído pela empresa dentre aqueles cujas informações teriam servido de base para o cálculo do crédito. Aponta para a inclusão nas informações prestadas pela empresa de fichas de "Controle de Qualidade do Sapato Pronto" referentes a novos estabelecimentos até então não citados (F43 e F44), inclusive com dados atinentes a embarques de 2006 e 2007, períodos esses estranhos ao ora objeto de análise; i) Relativamente à relação de produtos de fabricação, a empresa apresentou listagem denominada "Planilha de Produtos de Fabricação do Estabelecimento", onde descreve vários de seus produtos, sem, no entanto, identificar o período em que foram fabricados e em que estabelecimento; j) Aduz a Unidade haver encerrado a Fiscalização sem conhecer o processo de industrialização dos estabelecimentos da interessada pelo não atendimento das intimações; k) Aponta, a partir da análise do Livro de Apuração do IPI do estabelecimento matriz (F 25), único recebido, uma série de dados e informações que demonstram a complexa operação de industrialização realizada pela empresa, que envolve estreita relação entre seus estabelecimentos e destes com terceiros, em processos de industrialização por encomenda, o que demandaria o devido controle das MP, PI e ME que entram e saem dos estabelecimentos da empresa; l) Cita exemplos de que o estabelecimento F25 (matriz) realizou industrialização por encomenda, para terceiros, como industrializador (item 12.1 fl. 61) e como encomendante (item 12.2 fls. 61/62); m) Da mesma forma, dá exemplos de registros de entradas de mercadorias importadas sob o Regime Aduaneiro Especial de Drawback, as quais não podem ser utilizadas no cálculo do crédito presumido, mesma vedação para o caso de mercadorias adquiridas que são posteriormente vendidas (ver item 13 fl. 62); Fl. 1727DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.727 4 n) Ressalta estar incorreto o entendimento da empresa que não considera industrialização o beneficiamento do couro, feito em curtumes terceirizados, citando legislação, juntamente com pareceres normativos da Receita Federal e publicação sobre o IPI; o) Conclui não haver a empresa comprovado seu direito, motivo pelo qual propõe o indeferimento do pleito, o que foi acatado no Despacho Decisório de fl. 188, sendo negado o pedido de ressarcimento e consideradas nãohomologadas as compensações apresentadas. 3. Cientificada em 15.08.2007 (AR fl. 189) a interessada apresentou, tempestivamente, em 11.09.2007, manifestação de inconformidade (fls. 208/261) na qual, após solicitar a suspensão da cobrança dos débitos objeto das declarações de compensação e requerer a juntada de documentos que diz terem sido recusados ou não anexados pela Fiscalização, alega haver apresentado seu pedido em formato determinado pela RF, anexando folhas do Livro de Registro de Apuração do IPI, onde observa que as compras para industrialização provenientes de outros Estados são significativamente superiores às entradas de aquisição de serviços ou de materiais de uso ou consumo; que as saídas para exportação são bem mais elevadas que as para o Estado ou interestaduais; que o estabelecimento matriz realiza transferências de mercadorias adquiridas de terceiros, seja de entradas ou de saídas, não tributadas, não tendo ocorrido dedução do IPI em virtude da manutenção de saldo credor desse imposto. 4. Reclama não ter havido uniformidade das matérias tratadas na ação fiscal, a qual englobava pedidos de ressarcimento na forma original (Lei n° 9.363, de 1996) e na forma alternativa (Lei n° 10.276, de 2001), tendo a empresa promovido um tipo de apuração para cada caso, que detalha. 5. Observa que a técnica de Fiscalização: a) pretendeu segregar, através de seus pedidos, as operações para cada estabelecimento, "não obstante a legislação comum às duas técnicas de apuração consagrarem a apuração centralizada"; b) pretendeu também segregar compras sem a incidência de PIS/Pasep e Cofins; c) optou por impedir a exclusão do ICMS do cálculo da receita operacional bruta; d) "ao exigir a discriminação de quantidades, demonstra o entendimento de que a fiscalização verificará, fisicamente, o consumo das MP, PI e ME no produto industrializado"; e) apesar das normas tratarem da apuração centralizada, ordenou a segregação de entradas e saídas por estabelecimento. 6. Afirma que entregou os documentos, "como se vê em protocolos apresentados aos 04/05/2007, 17/05/2007, 31/05/2007 e 11/06/2007", que não teriam sido recebidos e juntados aos autos por decisão do Fiscal responsável, prejudicando a empresa por se fazer necessária nova juntada. 7. Procura descrever o processo produtivo da empresa, afirmando que na época centralizava a compra de matériasprimas no estabelecimento matriz e no de extensão 000537, repassando aos demais, anexando amostras de notas fiscais de compra e de transferência (Anexo I). Prossegue informando que o couro semi acabado era enviado para beneficiamento em curtumes através de Fl. 1728DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.728 5 notas fiscais de "saída para industrialização por encomenda", e retornavam posteriormente para a empresa, estando tais registros no Livro de Apuração do IPI. Anexa amostras de notas fiscais dessas operações (Anexo II). 8. O Anexo III possui cópias de notas fiscais de exportação. 9. No Anexo IV junta documento denominado "Processo Produtivo Unidade ItapajéCE", que afirma haver sido recusado, no qual descreve o processo produtivo dos calçados da empresa, acrecentando que também não foi recebida pelo fiscal a ficha técnica do calçado apresentado como padrão. Indica também no mesmo Anexo o "relatório Roteiro de Produção Referência" e a "Classificação dos modelos por famílias", onde são descritos quinze tipos de calçados. 10. No Anexo V encontrase a "Planilha de Insumos Consumidos" apresentada para atendimento ao Termo de Inicio da Ação Fiscal. No Anexo VI a "Planilha de Produtos de Fabricação do Estabelecimento", além planilhas auxiliares, tal como solicitadas pela Fiscalização, segundo modelos: Anexo VII Entradas PJ Contribuintes PIS/Pasep e Cofins; Anexo VIII Entradas PF e PJ não contribuintes do PIS/Pasep e Cofins (sem lançamentos); Anexo IX Entradas PJ Contribuintes PIS/Pasep e Cofins Produtos não acabados ou não vendidos (sem lançamento, por estar a informação disponível no Relatório "Registro de Inventário PEPS"); Anexo X Entradas PJ Contribuintes PIS/Pasep e Cofins produtos não vendidos (sem lançamento); Anexo XI Saídas exportação; Anexo XII Saídas Vendas. No Anexo XIII há a informação de que não houve transferência de crédito presumido. 11. No que diz respeito ao Anexo XII (fls. 1234/1527), cabe ressaltar que a empresa apresentou dados misturados, sem ordem cronológica, referentes a todo o ano de 2002, sendo em muito menor número aqueles relativos ao segundo trimestre, de interesse do presente processo. 12. Apresenta planilhas de apuração do crédito, ressaltando haver procedido à elaboração das mesmas de forma centralizada, conforme "regras incidentes na Lei 10.276, de 2001, a IN SRF 315/2003 e a IN SRF 420/2004", sendo importante essa observação "porque o formato de planilhas sugerido pelo auditor fiscal condutor do procedimento sugeria o contrário, desautorizando a apuração centralizada, o que redundou em divórcio entre a percepção do auditor e a legislação". 13. Rebate as conclusões da Fiscalização, entendendo haver provado a qualificação dos bens como insumos e sua integração ao processo produtivo, assim como a quantificação dos valores . das.entradas. 14. Avalia que o fiscal não comprendeu as entradas registradas no CFOP 2.13, justificando: "(..) a empresa não atuou como contratada para fabricar calçados por encomenda para terceiros. Conforme demonstrado com as notas fiscais de remessa para beneficiamento, e de retorno de beneficiamento, a empresa é contratante de serviços de beneficiamento de couro, (..)". Continua, no parágrafo seguinte afirmando, que: "(..) adquire a mercadoria através do CFOP 1.11 Compras para industrialização e 2.11 Compras para industrialização. Remete a mercadoria, registrando a saída através do CFOP Saídas Fl. 1729DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.729 6 para industrialização por encomenda. A mercadoria retorna, sendo registrada ao CFOP 2.99 Outras entradas e/ou aquisições de serviços não especificadas pelo valor da mercadoria, e pelo CFOP 2.13 Industrialização efetuada por outras empresas o valor do serviço". 15. Aduz que somente os valores dos retornos não foram computados para fins de determinação do custo, apresentando planilha de cálculo do crédito presumido onde demonstra haverem sido computados os CFOP 1.13 e 2.13 e afirma que em 2002, acumulado ao primeiro trimestre somente foram pagos por serviços de encomendas R$ 254.541,70, não podendo todo o restante ser glosado em função desse valor. 16. Reconhece que o couro e os sintéticos somente podem ser usados como insumos após beneficiamento, citando decisões do Conselho de Contribuintes que determinaram a inclusão do valor pago pelo beneficiamento de matériasprimas no cálculo do crédito presumido. 17. Novamente afirma que o fiscal desconsiderou a prova material das notas fiscais e resolveu não comprender os registros contábeis, bem como os dados postos na planilha de entradas para solicitar a comprovação do processo industrial realizado por terceiros. Reforça que tal providência seria apenas para impedir o uso dos valores de entradas CFOP 1.13 e 2.13. 18. Afirma que o "detalhamento do processo produtivo de terceiros" não foi objeto de solicitação, tendo o fiscal aventado essa necessidade apenas ao elaborar a informação fiscal, não podendo o contribuinte ser penalizado por isso. 19. Da mesma forma, diz: "O mesmo procedimento de deixar de solicitar informações ao contribuinte e criticar a ausência da informação não solicitada ocorre quando o auditor afirma que a planilha 'Produtos de Fabricação do Estabelecimento' deixa de indicar o período em que foram fabricados e o estabelecimento fabricante. Tal especificidade não consta do item 5.5 do Termo de Início de Ação Fiscal". 20. Aborda a reclamação feita pelo fiscal, referindose ao item 4 da Informação, acerca "do procedimento da interessada, a qual valeuse de seu registro de inventário elaborado conforme a regra PEPS", alegando que deve ser levado em conta o inciso III do art. 40 da IN 420/2004, que transcreve. 21. Aponta como outro motivo da glosa total a questão do ajuste cambial, argumentando que, por ser tema pontual, redundaria somente na vedação dos valores que compõem tal receita, a qual foi negativa neste trimestre. Cita a Portaria MF n° 356, de 1988, para afirmar que a variação cambial ativa integra a receita bruta e julgado do Conselho de Contribuintes nesse sentido. 22. Ressalta que as entradas CFOP 1.21 Transferências para industrialização não influenciaram o custo, o mesmo sendo aplicado às saídas para industrialização por encomenda, retorno simbólico de insumos utilizados na industrialização por encomenda e importações. Fl. 1730DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.730 7 23. Cita julgado do Conselho que admite o uso do valor de insumo adquirido e posteriormente transferido a outro estabelecimento da mesma empresa, o qual postula o ressarcimento, desde que não aproveitado (o que fez a transferência. Segue tal citação a seguinte explicação: "Inclusive, a fiscalização sequer afirmou esse fato de replica ção de valores, mas pôs sob suspeita sem sequer juntar indícios, bem como desconsiderando os documentos postos pelo contribuinte. E, julgou a simples menção às operações como motivo para a glosa do crédito quando deveria aprofundar a fiscalização para sugerir, de forma consistente, uma eventual glosa de créditos". 24. Tece comentários sobre a necessidade do Fisco comprovar a inveracidade dos fatos registrados na escrita fiscal, citando acórdãos do Conselho que tratam de tributação com base em presunção e doutrina sobre ônus da prova. 25. Por fim, requer: a) o recebimento da manifestação com a suspensão dos débitos compensados; b) a juntada dos documentos que acompanham a manifestação; c) ter como matéria impugnada a lista constante das fls. 259/260, não se admitindo a presunção posta ao art. 17 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972 Processo Administrativo Fiscal (PAF) a essas matérias e temas conexos e constantes da defesa, tal como a regra do art. 302, III do CPC; d) que sejam avaliados os documentos e reformada a decisão; e d) caso sejam considerados insuficientes os documentos, seja feita perícia para acendimento aos quesitos de fls. 260/261, juntamente com o perito indicado. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 1597/1610), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi indeferida, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. A ausência de provas nos autos que indiquem a certeza e a liquidez do crédito pleiteado, impõe o indeferimento do pleito. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos Conselhos de Contribuintes não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão aquela objeto da decisão, na forma do art. 100 do CTN. PEDIDO DE PERÍCIA. Deve ser indeferido o pedido de perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. Fl. 1731DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.731 8 A interessada foi cientificada da decisão de primeira instância em 11/11/2008 (fl. 1614). Em 9/12/2008, protocolou o recurso voluntário de fls. 1615/1675, em que reafirmou as razões de defesa apresentadas na peça impugnatória e, alternativamente, reiterou o pedido de realização de perícia, acompanhado de quesitos, caso não fossem avaliados os documentos apresentados e reformada a decisão recorrida. Em aditamento, alegou que: a) a decisão de primeiro grau não guardava inferência direta ao caso julgado, pois suscitara que não existiam nos autos as provas que indicavam a certeza e liquidez do crédito pleiteado e, ao mesmo tempo, em que indeferira o pedido de realização de perícia, para atender ao elevado grau de certeza proclamado pelo órgão julgador; b) o julgado recorrido não apreciara todas as questões suscitadas na manifestação de inconformidade, tendo se limitado a tratar apenas alguns temas, em detrimento de outros. Ademais, os temas analisados representavam interpretações particulares sobre situações pontuais, em relação às quais poderseia suscitar, por hipótese, apenas uma glosa parcial dos créditos, jamais a glosa total; c) a apuração dos créditos fora realizada de forma centralizada e não fora intimada a apresentar os livros fiscais das filiais, o que tornava sem efeito a afirmação contida no voto condutor da decisão recorrida de que a não apresentação dos livros fiscais de outros estabelecimentos filiais seria suficiente para invalidar todos os demais fatos e provas apresentados nos autos; d) fizera chegar aos autos um CD contendo os dados das análises (CD que foi entregue a fiscalização no curso do procedimento de fiscalização direcionado para sete procedimentos distintos), porém, como o auditor deixou de copiálo, a recorrente procedera a sua juntada aos autos por ocasião da manifestação de inconformidade; e) o órgão julgador preferira apresentar argumentos pontuais desfavoráveis a recorrente, para deixar de analisar a documentação por ela coligida aos autos, procedimento semelhante ao que fora adotado no curso da fiscalização, ao não juntar aos autos os documentos entregues; f) o voto condutor do julgado sustentara a tese de que a inclusão de valores de ajuste cambial (pouco representativo no montante do crédito em discussão) seria um motivo para a glosa total do crédito, o que era um raciocínio insustentável e injusto. O que poderia ocorrer, em tese, seria apenas a glosa parcial do crédito com base nesse fundamento; g) o julgado recorrido não apreciara várias pontos suscitados na defesa, tais como: h.1) o fato de a recorrente ser uma pessoa jurídica preponderantemente exportadora; h.2) o fato dos valores de “compra para industrialização provenientes de outros estados” (CFOP 2.11) serem significativamente superiores às entradas de aquisição de serviços de industrialização (CFOP 2.13) ou de materiais para uso ou consumo (CFOP 1.97 e 2.97); h.3) a comprovação da entrega dos documentos solicitados, que a fiscalização recusara juntar aos autos; h.4) não foram analisadas as notas fiscais de compras realizadas pela matriz e de transferências para as filiais (Anexo I), juntadas por amostragem, que comprovava a centralização das compras da matéria prima no estabelecimento matriz e no de extensão de CNPJ 000537, que depois era repassada aos demais estabelecimentos da empresa; h.5) não foram analisadas as notas fiscais de remessa para beneficiamento e o respectivo retorno (Anexo II), juntadas por amostragem, que comprovava a remessa para beneficiamento em curtumes; h.6) não foram analisados a documentação que descrevia o processo produtivo (Anexo IV) e Fl. 1732DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.732 9 que não fora recepcionada pela fiscalização; e h.7) não foi apreciada a planilha que identificava os produtos consumidos (Anexo V); h) sem análise dos autos, a fiscalização sugerira que a empresa teria deixado de apresentar provas de que efetivamente comprara MP, PI e ME, incorpora aos produtos industrializados e procedera a exportação de substancial parte dos produtos industrializados, mas que não fora isso que ocorrera; l) diferentemente do que foi mencionado no voto condutor da decisão recorrida, a interessada havia apresentado o Livro de Registro de Inventário durante o curso do procedimento de fiscalização, conforme comprovava os documentos de fls. 141/156; m) quanto aos produtos em fabricação, asseverou que apresentara tais documentos (Anexo VI), ressaltando que os produtos foram fabricados na época do período de apuração do crédito, e que tais documentos se completava com os dados da planilha 1.6 (Anexos XI e XII), a qual versava sobre os produtos vendidos; n) havia apresentado as planilhas auxiliares para apuração do crédito presumido, conforme modelo determinado pela fiscalização (Anexos VII a XIII) e modelo elaborado própria recorrente (Anexo XIV); o) apresentara a planilha 2.2 Cálculo dos Custo dos Insumos Adquiridos de Não Contribuintes do PIS/PASEP e COFINS Utilizados em Produtos Exportados (Anexo XV); p) entregara a planilha 2.3 Receita de Exportação, Receita Operacional Bruta, Utilização e Transferencia de Crédito (Anexo XVI), a qual sintetiza os dados por mês; e procedera a elaboração das planilhas em apuração centralizada, tal como determinavam as várias regras incidentes na Lei 9.363/1996, a Portaria MF 38/97; e as planilhas sobre compras indicavam as notas fiscais referentes aos insumos utilizados; as planilhas sobre saídas indicavam os valores exportados; e as planilhas sobre custo e receitas consolidadas confirmavam o valor informado no Demonstrativo de Crédito Presumido; e os elementos principais de prova, quais seja a qualificação dos bens como insumo e a sua integração ao processo produtivo, foram efetivamente provados, elementos essenciais que demonstravam a existência do direito do crédito pleiteado. Em 11 de novembro de 2011, por meio da Resolução nº 3102000.187, o julgamento do recurso foi convertido em diligência, para que recorrente fosse intimada a sanar o erro de qualificação da parte presente no recurso voluntário, bem como a juntar aos autos documentos aptos a demonstrar a concessão de poderes aos advogados que subscreveram a peça recursal. Em 15/1/2013, a recorrente foi cientificada da referida Resolução e da Notificação de fl. 1682, em que intimada a apresentar cópia autenticada do original, do aditivo ou ato que comprove a legitimidade da incorporação da Disport Nordeste Ltda. pela Paquetá Calçados Ltda. Por meio da petição de fl. 1684, a recorrente apresentou cópias autenticadas das Alterações de Contrato Social de Paquetá Calçados Ltda. e de Disport Nordeste Ltda. (fls. 1685/1700). Fl. 1733DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.733 10 Em 31/8/2016, a recorrente juntou aos autos a petição de fls. 1704/1707, em que alegou que, em casos semelhantes ao dos presentes autos, as Turmas de Julgamento deste Conselho têm convertido o julgamento em diligência, para a fiscalização analise a documentação apresentada e que interessa ao caso concreto, a fim de apurar o valor do crédito presumido do IPI pleiteado pela interessada, inclusive, tal determinação ocorrera por ocasião do julgamento do processo nº 13306.000076/200131, onde a Paquetá Calçados Ltda. apresentara pedido de ressarcimento de crédito presumido do IPI do 3º trimestre de 2001. É o relatório. Voto O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia cingese à glosa integral do valor do saldo de créditos presumido do IPI apurado no 2º trimestre de 2002. E segundo o delineado no relatório precedente, o motivo apresentado, no questionado Despacho Decisório, para o indeferimento integral do valor do crédito pleiteado, fora a falta de apresentação de documentos comprobatórios hábeis da “origem dos valores efetivamente utilizados no cálculo do benefício previsto na legislação”, conforme consignado, in fine, na Informação Fiscal exarada com base no citado TVF. Em sede de manifestação de inconformidade, contrariando a alegação da fiscalização e da autoridade julgadora da unidade de origem da Receita Federal, a interessada afirmou que apresentara a documentação solicitada, que fora recepcionada pela fiscalização ainda no curso do procedimento fiscal (fls. 111/197). No entanto, segunda a interessada, em vez de analisar os referidos documentos, a autoridade fiscal desconsiderara e sequer procedera a juntada de todos eles aos autos. E para comprovar que a referida documentação atendia os requisitos da legislação, na fase de manifestação de inconformidade, a interessada trouxe à colação dos autos os documentos de fls. 290/1575, que compreende, senão integralmente, certamente, grande parte dos documentos e informações solicitados pela fiscalização no curso do procedimento fiscal. A propósito, é pertinente consignar que há provas nos autos que confirmam a entrega dos citados documentos à fiscalização no curso do procedimento fiscal, porém, tais documentos não foram analisados nem juntados, na sua integralidade, aos autos pela fiscalização, conforme alegou a recorrente e a consulta aos autos confirma o asseverado. No caso em tela, o titular do direito creditório, induvidosamente, tem a obrigação de manter a escrituração contábil e fiscal exigida pela legislação, bem como os controles extracontábeis que permitam a fiscalização confirmar a existência do crédito presumido do IPI pleiteado, bem como a obrigatoriedade de apresentar a fiscalização, quando solicitada, a documentação hábil e idônea que confirme os registros da escrituração fiscal e contábil. Com base nessa premissa, compulsando os referidos documentos coligidos aos autos pela recorrente, na fase de manifestação de inconformidade, diferentemente da Turma de Julgamento de primeiro grau, chegase a conclusão diferente, ou seja, que eles, ainda que não Fl. 1734DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.734 11 atendam todas as exigências apresentadas pela fiscalização, certamente, atendem parcialmente os requisitos estabelecidos na legislação que rege a matéria. Além disso, não há qualquer prova colacionada aos autos que comprove que tais documentos eram inidôneos e que os dados apresentados nas diversas planilhas apresentadas pela recorrente são inverossímeis. A simples alegação de que tais documentos não atendem os requisitos da legislação, sem suporte em qualquer outro elemento probatório idôneo, que corrobore tal assertiva, certamente, não se reveste de condição suficiente para que tais provas sejam integralmente desconsideradas e o valor total do crédito informado glosado. Da mesma forma, a alegação de que era complexa as operação de industrialização realizada pela recorrente, vez que realizadas, simultaneamente, pelo estabelecimento matriz e pelos estabelecimentos filiais, também não pode ser utilizado como fundamento para justificar a glosa integral dos valores dos créditos presumidos do IPI, calculados sobre os insumos utilizados pela recorrente, principalmente, tendo em conta que há provas nos autos de que a recorrente exerce, efetivamente, a atividade de fabricação de calçados de couro (CNAE 15.31901) e que se trata de empresa preponderantemente exportadora do referido produto. Além disso, na fase de manifestação inconformidade, foram colacionados aos autos elementos probatórios suficientes para compreensão do processo produtivo e dos tipos de insumos utilizados na fabricação dos produtos, senão de todos estabelecimentos, pelo menos do estabelecimento industrial de Itapajé/CE, conforme documentos integrantes do Anexo IV da citada manifestação. Nesse contexto, glosar integralmente os valores dos insumos adquiridos pela recorrente, sob o argumento de que não fora apresentada a documentação completa solicitada no curso do procedimento fiscal, referente a todas filiais, a meu ver, implicaria apego exagerado ao formalismo em detrimento da relevância das provas que foram colacionadas aos autos pela recorrente, tanto na fase de procedimento, quanto na fase de manifestação de inconformidade, principalmente, tendo em conta que as compras dos insumos eram centralizadas na matriz e na filial com o CNPJ de extensão 000537, conforme faz provas as notas fiscais de compras e de transferências para as filiais juntadas aos autos, por amostragem relevante, e que integram os Anexos I e II da manifestação de inconformidade. Também o fato de a recorrente ter apresentado, por amostragem, as notas fiscais de venda para exportação, que integram o Anexo III da manifestação de inconformidade, consiste em prova cabal de que ele auferiu receita de exportação no citado trimestre, portanto, em relação aos insumos aplicados nos produtos exportados, inequivocamente, ela faz jus aos créditos apropriados sobre os insumos neles aplicados. Além disso, os dados apresentados nas planilhas de insumos utilizados e de produtos fabricados precisam ser analisados e somente se não amparados por documentação fiscal hábil e idônea, é que tais documentos devem ser desconsiderados, o que ainda não restou demonstrado nos presentes autos. Por todas essas razões, votase por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a unidade de origem da RFB proceda a análise da documentação anexadas na fase de manifestação inconformidade (Anexos I a XVI), com a finalidade de apurar o valor do crédito presumido do 2º trimestre de 2002. E caso tais documentos revelem se insuficientes para apuração do valor do crédito em apreço, que a autoridade fiscal encarregada do trabalho de diligência proceda a intimação da interessada para apresentar ou Fl. 1735DF CARF MF Processo nº 13306.000023/200200 Resolução nº 3302000.727 S3C3T2 Fl. 1.735 12 complementar as provas indispensáveis à confirmação/apuração do crédito presumido do IPI do citado período. E ao término do procedimento de diligência, a autoridade fiscal deverá elaborar relatório fiscal conclusivo que deverá conter, no mínimo, o valor do crédito total ou parcialmente reconhecido, ou, se for o caso, o valor total ou parcial do crédito glosado, acompanhado dos fundamentos fáticojurídicos pertinentes. Deste relatório, a recorrente deverá ser cientificado, para, se desejar, no prazo de 30 (trinta) dias, manifestarse a respeito. Após essas providências, os autos deverão retornar a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 1736DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004112/2010-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008
COFINS. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. RECEITAS. CARÁTER CONTRAPRESTACIONAL.
Não estão sujeitas à incidência da Cofins as receitas de caráter contraprestacional, auferidas por entidades sem fins lucrativos, posto que referidas receitas são decorrentes de atividades próprias da pessoa jurídica constituída, nos termos de seu estatuto social e, em consonância com seus objetivos sociais, sendo aplicável ao caso a norma de isenção prevista no artigo 14, inciso X, da MP 2.158-35/2001.
DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. RETENÇÕES. EQUIPARAÇÃO.
As retenções de PIS/Pasep e Cofins, equiparam-se a pagamentos antecipados para efeito de aplicação do prazo decadencial estabelecido no artigo 150, §4º do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 3302-005.490
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a decadência dos períodos de setembro a novembro de 2005 e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Déroulède que davam provimento parcial para manter os lançamentos relativos à conta 311060003 - "cessão de uso de restaurante" no período de dezembro/2005 a dezembro/2008.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. RECEITAS. CARÁTER CONTRAPRESTACIONAL. Não estão sujeitas à incidência da Cofins as receitas de caráter contraprestacional, auferidas por entidades sem fins lucrativos, posto que referidas receitas são decorrentes de atividades próprias da pessoa jurídica constituída, nos termos de seu estatuto social e, em consonância com seus objetivos sociais, sendo aplicável ao caso a norma de isenção prevista no artigo 14, inciso X, da MP 2.15835/2001. DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. RETENÇÕES. EQUIPARAÇÃO. As retenções de PIS/Pasep e Cofins, equiparamse a pagamentos antecipados para efeito de aplicação do prazo decadencial estabelecido no artigo 150, §4º do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a decadência dos períodos de setembro a novembro de 2005 e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Déroulède que davam provimento parcial para manter os lançamentos relativos à conta 311060003 "cessão de uso de restaurante" no período de dezembro/2005 a dezembro/2008. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 41 12 /2 01 0- 48 Fl. 423DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. Relatório Por descrever e retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão de piso nº 0436.748, de fls. 378388: Tratase de impugnação apresentada contra lançamento que, apurando falta de recolhimento de Cofins, formalizou a exigência de crédito tributário no montante de R$ 649.090,84, compreendendo tributo, multa e juros, tendo por fundamento legal o art. 3º da Lei nº 10.833/2003 e demais dispositivos indicados no auto de infração de fls. 207 a 222. Entendeu a autoridade lançadora que a contribuinte, por ser associação cultural sem fins lucrativos, é isenta de COFINS relativamente às receitas derivadas de suas atividades próprias, considerando como tais somente as doações, subvenções e outras formas de ajuda. No entanto, a par dessas receitas, constatou a autoridade administrativa que a contribuinte, no período fiscalizado, também auferiu receitas provenientes da cessão de uso do restaurante, de vendas, de bilheteria e outras de caráter contraprestacional, sobre as quais incide Cofins não cumulativa. Entretanto, essas receitas foram subtraídas da base de cálculo do tributo, resultando na ausência de recolhimento, que é o motivo da autuação. Não resignada, a contribuinte impugnou o lançamento. Preliminarmente, arguiu a decadência parcial do direito de constituir o crédito tributário. Disse que a autuação tem por objeto o período de setembro de 2005 a dezembro de 2008, mas a notificação do lançamento deuse apenas em 01/12/2010. A impugnante fora cientificada da exação depois de cinco anos da ocorrência dos supostos fatos geradores, que são mensais. Portanto, o crédito tributário deve ser tido como insubsistente, pois constituído fora do prazo fixado no §4º, do art. 150, do Código Tributário Nacional – CTN. Sobre a decadência, ressaltou que o pagamento antecipado não é pressuposto para aplicação do §4º do art. 150 do CTN, que exige apenas que o sujeito passivo, observando o procedimento regular, apresente as declarações relativas ao tributo. No mérito, alegou que são isentas de Cofins, de acordo com o art. 14, inciso X, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, as receitas das atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13 do mesmo diploma legal. Este dispositivo, por sua vez, contempla, dentre outras, as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações (inciso IV do art. 13), a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532/1997. Tais dispositivos autorizam a concluir que a isenção da Cofins alcança, de forma ampla, todo ingresso inerente às atividades das instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural ou científico e das associações civis. Não obstante, Fl. 424DF CARF MF Processo nº 19515.004112/201048 Acórdão n.º 3302005.490 S3C3T2 Fl. 3 3 a Fiscalização considerou que cinco espécies de ingressos obtidos pela impugnante teriam sido auferidos a partir de operações estranhas às suas atividades. Para chegar a essa conclusão, partiu a autoridade lançadora da premissa de que, sendo a impugnante uma associação cultural sem fins lucrativos, a isenção estaria limitada apenas a doações, subvenções e outras formas de ajuda. O fundamento de tal exegese seria o §2º, do art. 47, da Instrução Normativa SRF 247/2002. Essa interpretação, no entanto, estaria em desacordo com a norma contida no inciso X, do art. 14, da MP 2.15835. Os valores tributados no lançamento decorreriam do exercício de atividades inerentes a um museu de arte. Nesse sentido, sustentou que o art. 14, inciso X, da MP 2.15835, tem amplo campo de incidência, contemplando todas as receitas advindas das atividades próprias as instituições ali relacionadas, uma vez que essas entidades, organizadas por particulares, visam desenvolver, em caráter complementar, atividades que primordialmente competem ao Poder Público. Assim, tendo em vista que os serviços executados pela impugnante não buscam fins lucrativos e são dever do Estado, a legislação fiscal determina que os resultados obtidos sejam tratados como receita isenta da Cofins. Portanto, deve ser dada ao dispositivo legal a mesma interpretação ampla que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal STF emprestou à imunidade do art. 150, inciso VI, letras “b” e “c”, da Constituição Federal, inclusive no que concerne a receitas de aluguel. Prosseguindo na defesa, a impugnante questionou cada uma das verbas incluídas na base de cálculo da Cofins. Em relação às verbas de bilheteria, disse que são valores cobrados dos visitantes, destinandose à manutenção de seu funcionamento e ao financiamento de exposições permanentes e temporárias. As taxas de empréstimos de obras de arte são ingressos decorrentes da cessão temporária de peças de seu acervo a outras organizações congêneres. Tratase, pois, de procedimento usual entre museus e instituições artísticas. As receitas com escola se originam de cursos oferecidos pela impugnante sobre temas ligados a artes. O valor arrecadado remunera os profissionais que ministram as aulas. Já as receitas de venda de mercadorias decorrem da comercialização de boletins, revistas, catálogos e livros, de cunho cultural ou artístico, em stands mantidos nas dependências da impugnante. Por último, quanto às receitas oriundas da cessão de uso do restaurante, afirmou que o propósito de manter o restaurante era atrair maior número de frequentadores às dependências do museu. Porém, como se trata de atividade não vinculada a seu objeto, a administração foi cedida a terceiro, que remunera a impugnante pelo uso do espaço. A receita assim obtida qualificase como ingresso destinado ao fundo social. No que concerne às receitas de ensino, disse que, de acordo com o art. 10, inciso XIV, da Lei nº 10.833, tais ingressos permanecem sujeitos ao regime de incidência cumulativa da Cofins. Por último, na hipótese de ser mantida a tributação no regime não cumulativo, pleiteou a impugnante que lhe fosse concedido o saldo credor de Cofins, acumulado, desde a introdução da sistemática não cumulativa, o que não foi observado pela Fiscalização, que se limitou a verificar os créditos passíveis de apropriação a partir do mês em que efetuou o lançamento de ofício. Fl. 425DF CARF MF 4 Com esses fundamentos, pediu que fosse cancelada integralmente a autuação. A DRJ julgou improcedente a impugnação nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 COFINS. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA. PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE. O prazo decadencial para constituição de crédito tributário sujeito a lançamento por homologação, na ausência de pagamento antecipado, é o estabelecido no artigo 173, inciso I, do CTN, com início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. COFINS. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. RECEITAS. CARÁTER CONTRAPRESTACIONAL. TRIBUTABILIDADE. Estão sujeitas à incidência da Cofins as receitas de caráter contraprestacional, auferidas por entidades sem fins lucrativos, a despeito da isenção, pois esta se limita a doações, subvenções e ajudas. COFINS NÃO CUMULATIVA. RECEITAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CURSOS LIVRES. APLICABILIDADE. Permanecem sujeitas à COFINS cumulativa as receitas decorrentes de prestação de serviços de educação infantil, ensinos fundamental e médio e educação superior, nelas não se enquadrando as receitas oriundas de cursos livres, não sujeitos à disciplina e regulamentação do Poder Público. COFINS NÃO CUMULATIVA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. SALDO DE CRÉDITO DE PERÍODOS ANTERIORES. EFETIVA APURAÇÃO DO DÉBITO. REQUISTO ESSENCIAL. No lançamento de ofício de Cofins não cumulativa, o desconto do saldo credor transferido de períodos anteriores tem como requisito essencial a efetiva apuração do débito dos mesmos períodos. Cientificada da decisão recorrida em 29.01.2015 (fls. 398), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 27.02.2015 (fls. 399420), reproduzindo, em síntese, os argumentos apresentadas em sede impugnatória. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 08.02.2013 (fls.660) e protocolou Recurso Voluntário em 11.03.2013 (fls.662672) dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 426DF CARF MF Processo nº 19515.004112/201048 Acórdão n.º 3302005.490 S3C3T2 Fl. 4 5 II Prejudicial de Mérito: Decadência A Recorrente alega que efetuou o recolhimento parcial do tributo, juntando, para comprovar suas alegações, cópia dos DARF´S de fls. 284289, do período de agosto a novembro de 2005, código de receita 5952: "RETENÇÃO CONTRIBUIÇÕES PAGT DE PJ A PJ DIR PRIV CSLL/COFINS/PIS", não obstante o período de agosto de 2005 esteja fora da autuação. Em função disso, pede a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN, para a exigência dos tributos relativos ao período de setembro, outubro e novembro de 2005, considerando que foi intimada do Auto de Infração em 01.12.2010. Como se vê, o recolhimento noticiado pela Recorrente não se confunde com o tributo exigido neste processo que trata da COFINS nãocumulativa, código 5477, incidente sobre as receitas auferidas pelo contribuinte e, que não foram incluídas na base de cálculo da referida contribuição. Com efeito, os pagamentos informados pela Recorrente se referem a retenção da fonte em razão da prestação de serviços por ela contratada e, em tese, não poderiam ser consideradas como pagamento da COFINS para fins de incidência do artigo 150, §4º, do CTN, conforme pleiteou o contribuinte. Entretanto, nos termos da orientação prevista na IN SRF 459, de 2004, as retenções sofridas serão consideradas como antecipação de pagamento, ensejando, assim, a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN, senão vejamos: Art. 1º Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas de direito privado a outras pessoas jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mãodeobra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços profissionais, estão sujeitos à retenção na fonte da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição para o PIS/Pasep. ... Tratamento dos Valores Retidos Art. 7º Os valores retidos na forma do art. 2º serão considerados como antecipação do que for devido pelo contribuinte que sofreu a retenção, em relação às respectivas contribuições. (grifos não originais) § 1º Os valores retidos na forma desta Instrução Normativa poderão ser deduzidos, pelo contribuinte, das contribuições devidas de mesma espécie, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção. § 2º O valor a ser deduzido, correspondente a cada espécie de contribuição, será determinado pelo próprio contribuinte mediante a aplicação, sobre o valor bruto do documento fiscal, das alíquotas respectivas às retenções efetuadas. Por sua vez, a Lei nº 11.727, de 2008, em seu artigo 5º, dispôs: Fl. 427DF CARF MF 6 Art. 5º Os valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando não for possível sua dedução dos valores a pagar das respectivas contribuições no mês de apuração, poderão ser restituídos ou compensados com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria. (Regulamento) (grifos não originais) § 1º Fica configurada a impossibilidade da dedução de que trata o caput deste artigo quando o montante retido no mês exceder o valor da respectiva contribuição a pagar no mesmo mês. § 2º Para efeito da determinação do excesso de que trata o § 1ª deste artigo, considerase contribuição a pagar no mês da retenção o valor da contribuição devida descontada dos créditos apurados naquele mês. § 3ª A partir da publicação da Medida Provisória nº 413, de 3 de janeiro de 2008, o saldo dos valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados em períodos anteriores poderá também ser restituído ou compensado com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma a ser regulamentada pelo Poder Executivo. É de se ver que as disposições da IN SRF nº 459, de 2004 e do 5º da Lei nº 11.727, de 2008, conferem à retenção a natureza de pagamento antecipado, devendo ser deduzida no mês de apuração, após os descontos dos créditos da nãocumulatividade, ou restituída/compensada. Neste sentido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF EXERCÍCIO: 1997 IRPF. DECADÊNCIA. O imposto de renda da pessoa física, no ano calendário 1996, é tributo sujeito ao regime denominado lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para a constituição de créditos tributários é de cinco anos contados do fato gerador, que no caso ocorreu em 31 de dezembro de 1996. Ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de oficio, operase a decadência e o crédito tributário é extinto. Retificação de declaração.inadmissível a retificação da declaração de ajuste anual para pleitear restituição após o prazo decadencial de restituição. Restituição. Decadência. O direito de pleitear a restituição do imposto de renda pessoa física extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos a contar da extinção do crédito tributário pelo pagamento antecipado. Equipara se ao pagamento antecipado a retenção do imposto na fonte. (Acórdão nº 280200.268) *** ASSUNTO: DCOMP DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ANOSCALENDÁRIO: 1998, 1999 E 2002 EMENTA: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PROVA DOS VALORES RETIDOS NA FONTE. FISCALIZAÇÃO QUANTO AO OFERECIMENTO DOS RENDIMENTOS À TRIBUTAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL QUE TEM INÍCIO NA DATA DO FATO GERADOR. Apresentado o pedido de compensação, a fazenda Fl. 428DF CARF MF Processo nº 19515.004112/201048 Acórdão n.º 3302005.490 S3C3T2 Fl. 5 7 nacional tem 05 (cinco) anos para homologar, sob pena de homologação tácita. Este prazo, contudo, não desloca o inicio do prazo decadencial que, nos casos em que há pagamento, aqui compreendido, entre outros, o IRRF e as estimativas mensais, tem como marco inicial a data do fato gerador. No procedimento de compensação, para extinguir débito com crédito oriundo de saldo negativo de IRPJ decorrente de retenções de imposto de renda retido na fonte ou recolhimento de estimativas em valor superior ao imposto apurado, a autoridade fiscal tem a prerrogativa de verificar, a qualquer tempo, a efetividade das retenções ou do recolhimento das estimativas que contribuem na formação do saldo negativo do irpj. Confirmada a existência do IRRF ou do recolhimento das estimativas, decorridos mais de cinco anos do fato gerador, não pode a autoridade fiscal glosar estes valores sob o fundamento de que os rendimentos que geraram o IRRF não foram oferecidos à tributação. tal procedimento implicaria, por meios transversos, contornar o transcurso do prazo decadencial para rever a apuração do lucro real do contribuinte. (Acórdão nº140200.601) Assim, ao sofrer o ônus da retenção, a contribuinte antecipa parte do que seria devido. Aliás, o objetivo da retenção é justamente garantir aos cofres públicos parte do pagamento que deveria ser antecipado pelo contribuinte, atribuindo a terceiro a obrigação de fazêlo, além de possibilitar a verificação da receita auferida pela Administração Fazendária. Nestes termos, concluise pelo reconhecimento da decadência relativa aos períodos de setembro, outubro e novembro de 2005. III Mérito Nos termos do relatório de fls. 153159, a fiscalização com fulcro nos artigos 15, da Lei nº 9.532/972, inciso X, do artigo 143, e inciso IV, do artigo 134, da MP nº 2.158 35/2001 e, §2º, do artigo 475, da Instrução Normativa SRF nº 247, de 21/11/2002, concluiu que parte das receitas auferidas pela Recorrente devem ser tributadas pela COFINS com base nos seguintes argumentos: 2 Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) 3 Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. 4 Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; 5 Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. Fl. 429DF CARF MF 8 O contribuinte em questão por ser uma associação cultural sem fins lucrativos é isento da COFINS em relação as receitas derivadas de suas atividades próprias caracterizadas pelas doações, subvenções e outras formas de ajudas. No entanto apresenta várias receitas provenientes de atividades não próprias como, por exemplo, as provenientes da cessão de uso do restaurante, de vendas e de bilheteria, todas com natureza contraprestacional e sobre as quais incidem o COFINS não cumulativo. (...) Tendo em vista o não atendimento da intimação acima descrita, esta fiscalização efetuou o levantamento dos valores de receita decorrentes de atividades não próprias do contribuinte através da escrituração contábil apresentada. Foram verificadas as contas contábeis abaixo listadas, e no anexo 2 são apresentados, mensalmente, os valores de receita verificados. Observamos a existência de receitas financeiras, porém como estas apresentam aliquota zero no período verificado, não foram considerados nos levantamentos efetuados. Em resumo, a fiscalização, aplicando ao caso a orientação da IN 247/02, entendeu que por ser a Recorrente uma associação cultural sem fins lucrativos, a isenção prevista no inciso X, do artigo 14, da MP nº 2.15835/2001, estaria limitada às contribuições, doações, subvenções e outras formas de ajuda, sendo que as demais receitas, por terem natureza contraprestacional, deveriam sofrer a incidência da COFINS, posto que fora do conceito de atividade própria. Ou seja, a IN 247/02, excluiu do conceito de receita própria as receitas de natureza contraprestacional que, no presente caso dizem respeito aos seguintes lançamentos : Código da conta contábil Descrição 31104 RECEITA DE BILHETERIA 311040004 Acervo/Outras Exposições 310040005 Exposição Darwin 310040014 Exposição Degas 31106 RECEITAS DIVERSAS 311060003 Cessão de Uso do Restaurante 311060002 Receita Loja 311060015 Gratuidade (catálogo/livros) 311060005 Recuperação de despesas 311060016 Outras Receitas Operacionais 311060001 Receita com Escola 311060014 Taxa Empréstimo Obra de Arte 311060009 Empréstimo Cromos/Reproduções 311060013 Concertos 311060011 Receitas eventuais 311060007 Projeto Violão 31110 VENDAS LOJA 31110002 Venda Mercadoria em Consignação 3110001 Vendas Mercadorias Em relação a isenção da COFINS, prevista no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/ 2001), incidente sobre as receitas decorrentes de atividades próprias das entidades sem fins lucrativos e da ilegalidade da restrição prevista na Fl. 430DF CARF MF Processo nº 19515.004112/201048 Acórdão n.º 3302005.490 S3C3T2 Fl. 6 9 IN nº 247/2002 da Secretaria da Receita Federal, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) no julgamento do recurso especial nº 1353111 / RS, pela sistemática dos recursos repetitivos (art. 543C do Código de Processo Civil de 1973, então vigente), já se pronunciou no sentido de que (i) a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.158 35/2001), se aplicam as receitas auferidas pelas instituições de ensino sem fins lucrativos decorrentes de "atividades próprias da entidade"; (ii) é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão, a saber: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/ 2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.158 35/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF: Processo n. 19515.002921/200639, Acórdão n. 20312738, 3ª TURMA / CSRF / CARF / MF / DF, Rel. Cons. Rodrigo Cardozo Miranda, publicado em 11/03/2008; Processo n. 10580.009928/200461, Acórdão n. 3401002.233, 1ªTO / 4ª CÂMARA / 3ª SEJUL / CARF / MF, Rel. Cons. Emanuel Carlos Dantas de Assis, publicado em 16/08/2013; Processo n. 10680.003343/200591, Acórdão n. 3201001.457, 1ªTO / 2ª CÂMARA / 3ª SEJUL / CARF / MF, Rel. Cons. Mércia Helena Trajano Damorim, Rel. designado Cons. Daniel Mariz Gudiño, publicado em 04/02/2014; Processo n. 13839.001046/200558, Acórdão n. 3202000.904, 2ªTO / 2ª CÂMARA / 3ª SEJUL / CARF / MF. Rel. Cons. Thiago Moura de Albuquerque Alves, publicado em 18/11/2013; Processo n. 10183.003953/200414 acórdãos 930301.486 e 9303 Fl. 431DF CARF MF 10 001.869, 3ª TURMA / CSRF, Rel. Cons. Nanci Gama, julgado em 30.05.2011; Processo n. 15504.019042/201009, Acórdão 3403002.280, 3ªTO / 4ª CÂMARA / 3ª SEJUL / CARF / MF, Rel. Cons. Ivan Allegretti, publicado em 01/08/2013; Processo: 10384.003726/200775, Acórdão 3302001.935, 2ªTO / 3ª CÂMARA / 3ª SEJUL / CARF / MF, Rel. Cons. Fabiola Cassiano Keramidas, publicado em 04/03/2013; Processo: 15504.019042/201009, Acórdão 3403002.280, 3ªTO / 4ª CÂMARA / 3ª SEJUL / CARF / MF, Rel. Cons. Ivan Allegretti, julgado em 25.06.2013; Acórdão 9303001.869, Processo: 19515.002662/200484, 3ª TURMA / CSRF / CARF / MF, Rel. Cons. Julio Cesar Alves Ramos, Sessão de 07/03/2012. 5. Precedentes em sentido contrário: AgRg no REsp 476246/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ 12/11/2007, p. 199; AgRg no REsp 1145172/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 29/10/2009; Processo: 15504.011242/201013, Acórdão 3401002.021, 1ªTO / 4ª CÂMARA / 3ª SEJUL / CARF / MF, Rel. Cons. Odassi Guerzoin Filho, publicado em 28/11/2012; Súmula n. 107 do CARF: "A receita da atividade própria, objeto de isenção da COFINS prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP n. 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei n. 9.532, da 1997". 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.158 35/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. No presente caso, as receitas aqui tratadas, ao contrário da decisão proferida pelo STJ, não se restrigem apenas as mensalidades pagas por alunos, mais também dizem respeito aquelas derivadas de venda de mercadorias e serviços outros não vinculados à educação. No entanto, em pese a referida decisão tratar apenas de uma espécie de receita, fato é que o Superior Tribunal de Justiça afastou a restrição da IN 247/02 em relação ao conceito de receita própria, cujo conclusão do relator do voto transcrevo: Desse modo, não resta dúvida alguma que o conceito extraível da expressão "atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13", contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), é bem mais amplo que o conceito estabelecido no art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002 e que aquele trabalhado no âmbito do Parecer Normativo CST n. 5, de 22 de abril de 1992, abarcando algumas, não todas, as atividades contraprestacionais das referidas entidades. Reforça essa compreensão o fato de que com a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei n. 9.718/98 pelo STF em repercussão geral no RE 585.235 RGQO, a vingar o entendimento restritivo da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, restaria totalmente inócuo o art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), já que estaria concedendo isenção para algo que já estaria fora do campo de incidência da COFINS por força do RE 585.235 RGQO. Aplico, assim, a decisão do STJ para afastar a restrição imposta pela fiscalização com base na orientação prevista no §2º, do artigo 47, da IN 247/02. Fl. 432DF CARF MF Processo nº 19515.004112/201048 Acórdão n.º 3302005.490 S3C3T2 Fl. 7 11 Não subsistindo a restrição imposta pela fiscalização, cumpre analisar se as receitas sob análise são decorrentes de atividade própria da Recorrente para o fim de aplicar a isenção prevista no artigo 14, inciso X, da MP 2.15835/2001. Pois bem. Segundo a Recorrente as receitas incluídas de ofício na base de cálculo pela fiscalização estão relacionados à sua atividade institucional e, por esse motivo não devem sofrer incidência da COFINS, cujos argumentos, em síntese, se reproduzem abaixo: a) "Bilheteria" e subcontas "acervo/outras exposições", "exposição Darwin", "exposição Degas", "bilheteriaProjeto Violão e "bilheteriaconcertos" o que configura a atividade primária do Recorrente e visa, inequivocamente, o atendimento de sua finalidade institucional de divulgar e incentivar a cultura; b) "Taxa empréstimo de obra de arte" e "empréstimo cromo/reproduções": Dentre as atividades inseridas no Estatuto do Recorrente como medias necessárias ao incentivo e à divulgação das artes há a previsão de "intercâmbio com organizações congêneres do pais e do estrangeiro" (item "h" do "caput" do art. 2º). Nessa medida, o Recorrente, seguindo a prática comum dos museus do Brasil e do exterior, cobra uma quantia por ceder temporariamente obras de seu acervo para serem expostas em outros museus e associações artísticas, sendo a receita derivada da locação do seu material artístico e cultural destinada ao seu fundo social (art.6º, "caput", do Estatuto) também se subsumindo às atividades relacionadas à finalidade do Recorrente; c) "Receita com escola": O Recorrente, no exercício da sua função estatutária de promoção cultural, pode "oferecer cursos que versem sobre assuntos relacionados, direta ou indiretamente a artes e que inclusive permitam ao público em geral um melhor conhecimento do acervo do MASP (item "b" do "caput" do art.2º) esta, exatamente, a hipótese de que cuida o repetitivo acima reproduzido e, portanto, inequivocamente a salvo da incidência da COFINS; d) "Receita loja", "venda de mercadorias", "venda de mercadorias em consignação" e "cessão de uso do restaurante": são receitas vinculadas à comercialização de material com cunho cultural e/ou artístico, produzidos e comercializados em atendimento à finalidade da instituição e receitas que são diretamente aplicadas nas finalidades institucionais do Recorrente, motivo pelo qual também estão abrangidas pela isenção, conforme julgado do STJ. Do Estatuto Social da Recorrente carreado às fls. 272280, extraise dos artigos 2º e 6º as atividades por ele desenvolvidas, saber: ARTIGO 2° O MASP tem por finalidade incentivar, divulgar e amparar, por todos os meios ao seu alcance, as artes de um modo geral e, em especial, as artes plásticas, visando ao desenvolvimento e ao aprimoramento cultural do povo brasileiro. Para esse fim, deverá: a) manter pinacoteca, biblioteca, fototeca, filmoteca, videoteca, discoteca; b) oferecer cursos que versem sobre assuntos relacionados, direta ou indiretamente a artes e que inclusive permitam ao público em geral um melhor conhecimento do acervo do MASP; de instituir bolsas de estudo; d) promover exposições de trabalhos de artistas nacionais e estrangeiros; e) promover conferências, congressos e visitas de personalidades de renome no campo das artes; fl patrocinar trabalhos de pesquisa cientifica relacionados com o objetivo social; g) promover exibições de filmes e concertos musicais de interesse artístico e cultural; h) manter intercâmbio com organizações congêneres do país e do estrangeiro; i) Fl. 433DF CARF MF 12 publicar, boletins, revistas, catálogos e livros; j) páginas de internet (websites), stands ou estabelecimentos afins, internos ou externos, para a distribuição, a titulo gratuito ou oneroso, de material artístico, reproduções, gravuras, esculturas e outros materiais de cunho cultural, com a finalidade de divulgação e promoção das diversas atividades do MASP, bem como para arrecadação de fundos para a consecução dos objetivos sociais. ARTIGO 6° 0 fundo social é constituído de doações já efetuadas, das que venham a ser feitas e, ainda, das contribuições, subvenções e dos auxílios concedidos pelos poderes públicos, por particulares e pelos associados, e das receitas provenientes de cobrança de ingressos, de projetos e manifestações artísticas sob o patrocínio de terceiros, da venda de livros, catálogos e publicações em geral, da prestação de serviços de restauro e, ainda, das receitas decorrentes da distribuição de materiais artísticos ou culturais e derivadas de locações e de aplicações financeiras ou valores mobiliários. Do cotejo entre as atividades sociais desenvolvidas pela Recorrente e as receitas sob análise, entendo que o lançamento fiscal não deve subsistir, posto que referidas receitas são decorrentes de atividades próprias da pessoa jurídica constituída sem fins lucrativos, nos termos de seu estatuto social e, em consonância com seus objetivos sociais, sendo aplicável ao caso a norma de isenção prevista no artigo 14, inciso X, da MP 2.158 35/2001. Com efeito, o demonstrativo abaixo confirma, no entendimento deste relator, que as receitas são decorrentes de atividades próprias da Recorrente, estando sobre o manto da referida norma, senão vejamos: Receitas Estatuto Social "Bilheteria" e subcontas "acervo/outras exposições", "exposição Darwin", "exposição Degas", "bilheteriaProjeto Violão e "bilheteriaconcertos ARTIGO 2° d) promover exposições de trabalhos de artistas nacionais e estrangeiros; e) promover conferências, congressos e visitas de personalidades de renome no campo das artes; f) g) promover exibições de filmes e concertos musicais de interesse artístico e cultural; "Taxa empréstimo de obra de arte" e "empréstimo cromo/reproduções" ARTIGO 6° 0 fundo social é constituído de doações já efetuadas, das que venham a ser feitas e, ainda, das contribuições, subvenções e dos auxílios concedidos pelos poderes públicos, por particulares e pelos associados, e das receitas provenientes de cobrança de ingressos, de projetos e manifestações artísticas sob o patrocínio de terceiros, da venda de livros, catálogos e publicações em geral, da prestação de serviços de restauro e, ainda, das receitas decorrentes da distribuição de materiais artísticos ou culturais e derivadas de locações e de aplicações financeiras ou valores mobiliários. "Receita com escola" ARTIGO 2° O MASP tem por finalidade incentivar, divulgar e amparar, por todos os meios ao seu alcance, as artes de um modo geral e, em especial, as artes plásticas, visando ao desenvolvimento e ao aprimoramento cultural do povo brasileiro. Para esse fim, deverá: a) manter pinacoteca, biblioteca, fototeca, filmoteca, videoteca, discoteca; b) oferecer cursos que versem sobre assuntos relacionados, direta ou indiretamente a artes e que inclusive permitam ao público em geral um melhor conhecimento do acervo do MASP; de instituir bolsas de estudo; (ACRESCENTADO AO CASO DA DECISÃO DO STJ RESP 1353111/RS) Fl. 434DF CARF MF Processo nº 19515.004112/201048 Acórdão n.º 3302005.490 S3C3T2 Fl. 8 13 "Receita loja", "venda de mercadorias", "venda de mercadorias em consignação" e "cessão de uso do restaurante" ARTIGO 6° 0 fundo social é constituído de doações já efetuadas, das que venham a ser feitas e, ainda, das contribuições, subvenções e dos auxílios concedidos pelos poderes públicos, por particulares e pelos associados, e das receitas provenientes de cobrança de ingressos, de projetos e manifestações artísticas sob o patrocínio de terceiros, da venda de livros, catálogos e publicações em geral, da prestação de serviços de restauro e, ainda, das receitas decorrentes da distribuição de materiais artísticos ou culturais e derivadas de locações e de aplicações financeiras ou valores mobiliários. III Conclusão Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto Relator. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 435DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.001485/2009-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/1992 a 30/11/1995
COISA JULGADA. OBSERVÂNCIA. IMUTABILIDADE.
1. A autoridade fiscal, quando executa, aquilo que foi decidido em seara judicial, deve circunscrever-se e observar o que foi decidido, não podendo conceder uma interpretação extensiva sob pena de descumprimento de ordem judicial
2. Existe uma autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito, não cabendo à autoridade fiscal fornecer uma interpretação extensiva, quando a sentença assim não o fez.
CRÉDITO DECORRENTE DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. PEDIDO/DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO APRESENTADO DENTRO PRAZO DE CINCO ANOS CONTADO DA HABILITAÇÃO DO CRÉDITO. PRESCRIÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
1. O direito de restituição/compensação de crédito oriundo de ação judicial extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos contados da data do trânsito em julgado da ação judicial que reconheceu o indébito.
2. Não há prescrição do direito creditório se o Pedido/Declaração de Compensação for apresentado antes de concluído o prazo quinquenal de prescrição, contado a partir da data do deferimento do pedido de habilitação do crédito.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-005.287
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito de a recorrente compensar o crédito informado em todas declarações de compensação colacionadas aos autos, até o limite do valor do crédito reconhecido, vencida a Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza (Relatora), que dava provimento integral ao recurso voluntário e o Conselheiro Paulo G. Déroulède que convertia o julgamento em diligência. Os Conselheiros Walker Araujo e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Diego Weis Jr (Suplente convocado) não participou do julgamento em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza.
((assinatura digital)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinatura digital)
Raphael Madeira Abad - Redator ad hoc
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/1992 a 30/11/1995 COISA JULGADA. OBSERVÂNCIA. IMUTABILIDADE. 1. A autoridade fiscal, quando executa, aquilo que foi decidido em seara judicial, deve circunscrever-se e observar o que foi decidido, não podendo conceder uma interpretação extensiva sob pena de descumprimento de ordem judicial 2. Existe uma autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito, não cabendo à autoridade fiscal fornecer uma interpretação extensiva, quando a sentença assim não o fez. CRÉDITO DECORRENTE DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. PEDIDO/DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO APRESENTADO DENTRO PRAZO DE CINCO ANOS CONTADO DA HABILITAÇÃO DO CRÉDITO. PRESCRIÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INOCORRÊNCIA. 1. O direito de restituição/compensação de crédito oriundo de ação judicial extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos contados da data do trânsito em julgado da ação judicial que reconheceu o indébito. 2. Não há prescrição do direito creditório se o Pedido/Declaração de Compensação for apresentado antes de concluído o prazo quinquenal de prescrição, contado a partir da data do deferimento do pedido de habilitação do crédito. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito de a recorrente compensar o crédito informado em todas declarações de compensação colacionadas aos autos, até o limite do valor do crédito reconhecido, vencida a Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza (Relatora), que dava provimento integral ao recurso voluntário e o Conselheiro Paulo G. Déroulède que convertia o julgamento em diligência. Os Conselheiros Walker Araujo e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Diego Weis Jr (Suplente convocado) não participou do julgamento em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza. ((assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Raphael Madeira Abad - Redator ad hoc (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Redator Designado Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Walker Araujo.
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OBSERVÂNCIA. IMUTABILIDADE. 1. A autoridade fiscal, quando executa, aquilo que foi decidido em seara judicial, deve circunscreverse e observar o que foi decidido, não podendo conceder uma interpretação extensiva sob pena de descumprimento de ordem judicial 2. Existe uma autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito, não cabendo à autoridade fiscal fornecer uma interpretação extensiva, quando a sentença assim não o fez. CRÉDITO DECORRENTE DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. PEDIDO/DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO APRESENTADO DENTRO PRAZO DE CINCO ANOS CONTADO DA HABILITAÇÃO DO CRÉDITO. PRESCRIÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INOCORRÊNCIA. 1. O direito de restituição/compensação de crédito oriundo de ação judicial extinguese com o decurso do prazo de cinco anos contados da data do trânsito em julgado da ação judicial que reconheceu o indébito. 2. Não há prescrição do direito creditório se o Pedido/Declaração de Compensação for apresentado antes de concluído o prazo quinquenal de prescrição, contado a partir da data do deferimento do pedido de habilitação do crédito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 14 85 /2 00 9- 35 Fl. 349DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito de a recorrente compensar o crédito informado em todas declarações de compensação colacionadas aos autos, até o limite do valor do crédito reconhecido, vencida a Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza (Relatora), que dava provimento integral ao recurso voluntário e o Conselheiro Paulo G. Déroulède que convertia o julgamento em diligência. Os Conselheiros Walker Araujo e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Diego Weis Jr (Suplente convocado) não participou do julgamento em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza. ((assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinatura digital) Raphael Madeira Abad Redator ad hoc (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Walker Araujo. Relatório Conselheiro Raphael Madeira Abad, redator "ad hoc". Na condição de redator "ad hoc" para formalização desta decisão, passo a transcrever o relatório constante da minuta do voto da relatora Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza. "Por bem transcrever os fatos e ser sintético, adotase o relatório da DRJ/Belo Horizonte, fls. 193 e seguintes1: A contribuinte acima identificada transmitiu Per/Dcomp listadas à fl. 134, com crédito de valores recolhidos a título de PIS. O crédito originase da Ação Judicial de nº 2002.38.00.0066884, impetrada sob o argumento de ter sido pago o PIS nos termos dos Decretoslei nº 2.445 e 2.449, de 1988, julgados inconstitucionais, quando deveria prevalecer o regime da Lei Complementar nº 07/70. O trânsito em julgado ocorreu em 08/06/2004, conforme certidão de fls. 128/1129. A DRF Divinópolis não calculou o direito creditório por entender que, como os comprovantes de pagamentos juntados aos autos eram da filial e esta não figurara como parte na ação judicial, “não há qualquer crédito a ser apurado em seu favor”. Além disto, em relação ao PER nº 1 Todas as páginas, referenciadas no voto, correspondem ao eprocesso. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10665.001485/200935 Acórdão n.º 3302005.287 S3C3T2 Fl. 350 3 17706.71260.230409.1.2.573599, posicionouse pelo seu indeferimento ainda que houvesse crédito a apurar, em razão de ter sido obtido na Justiça apenas a compensação e não a restituição. E ainda, quanto a cinco Dcomp’s que faz citar, considerou extinto o direito por terem sido transmitidas após cinco anos do trânsito em julgado. Irresignada com o indeferimento do seu pedido, do qual teve ciência em 19/11/2009 (fl. 139), a interessada apresenta em 16/12/2009 (fl. 140), a manifestação de inconformidade de fls. 140/154, com as argumentações abaixo sintetizadas: “Entendeu o Fisco que, como a ação foi ajuizada pelo estabelecimento matriz, e os comprovantes de pagamento são do estabelecimento filial, os valores consignados em tais comprovantes não podem ser restituídos ou compensados, já que a matriz, pelo principio da autonomia dos estabelecimentos, não possui legitimidade para, isoladamente, demandar em juízo em nome da filial. Ao entender deste modo, o primeiro erro grave que cometeu o Fisco foi desrespeitar decisão judicial, no caso, a sentença proferida nos autos do Processo n° 2002.38.00.0066884. Isto porque, como se pode ver dos citados autos e como se afirma no próprio despacho decisório, a manifestante juntou as guias da filial, servindo estas de prova para o pedido daquela. Como o juiz proferiu sentença favorável à manifestante, sem qualquer objeção às guias de pagamento da filial juntadas aos autos, fica claro que ele considerou tal fato como não impeditivo para a sentença favorável, ou seja, para o juiz a manifestante tem direito ao crédito pleiteado pela matriz cujas notas se referem à filial.” (...) “Assim, não cabe mais discussão sobre o assunto, bem como sobre qualquer outro que se refira ao direito concedido na sentença. Se os comprovantes da filial foram juntados aos autos, ou seja, serviram como prova para o pedido da manifestante, e mesmo assim o juiz não considerou tais comprovantes para negar o pedido, é porque ele, juiz, entendeu tacitamente que o estabelecimento matriz pode pleitear em nome do estabelecimento filial.” Cita, neste sentido, jurisprudência judicial, inclusive Acórdão do STJ em que o entendimento de que em se tratando do PIS e da Cofins, somente a Matriz possui legitimidade para ajuizar Ação referente a tais Contribuições, pois Faturamento e Receita Bruta (Base de Cálculo Dessas Contribuições) são globais, não podendo ser separados por Estabelecimento. Cita, ainda, processo judicial em que este entendimento foi defendido pela própria Fazenda Federal. Fl. 351DF CARF MF 4 Sobre o indeferimento do pedido de restituição argumenta que “é impossível haver compensação sem restituição, pois, como é noção básica, aquela é espécie desta”. Cita, neste sentido, o Código Civil e o Art. 170 do CTN, concluindo que para se ter compensação há que se ter, antes, créditos líquidos e certos. Cita ainda jurisprudência judicial onde se afirma que a compensação é espécie do gênero restituição. Afirma que não existem as compensações prescritas, como afirma o Despacho Decisório. Cita o § 4º do art. 71 da IN RFB n° 900/2008 para esposar o entendimento de que “o prazo de prescrição deve ser contado considerando a data do protocolo do pedido de habilitação, e não a data da transmissão das compensações, como quer o despacho decisório”. “Sendo assim, não ocorreu a prescrição do crédito utilizado nas compensações da manifestante, pois o pedido de habilitação de crédito desta foi protocolado no prazo de cinco anos do trânsito em julgado da sentença, como se aufere dos presentes autos. E mais, o inciso IV do § 4º do art. 71 da IN RFB 900/2008, ao dispor sobre o prazo para o requerimento do crédito, utiliza o conectivo ‘ou’, que significa alternância, e não o conectivo ‘e’, que significa adição, soma de requisitos. Quer dizer, o pedido de habilitação pode ser formalizado tanto no prazo de cinco anos da data do trânsito em julgado da decisão como da data da homologação da desistência da execução do titulo judicial. Tendo ocorrido a homologação da desistência da execução do titulo executivo, no presente caso, no ano de 2009, como se pode auferir de tal documento, juntado obrigatoriamente aos autos deste processo, por mais esta razão não procede a não homologação das declarações de compensação, pois o pedido de habilitação da manifestante poderia ser protocolado até o ano de 2014, conseqüentemente só podendo ser alegada a prescrição do crédito da manifestante no indicado ano.” requer, por fim, a reforma do Despacho Decisório, garantindo a homologação total das compensações realizadas pela empresa o deferimento do pedido de restituição. A DRJ/Belo Horizonte considerou a manifestação, parcialmente, procedente e a ementa é transcrita abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/1992 a 30/11/1995 AÇÃO JUDICIAL COISA JULGADA. A sentença definitiva em ação judicial produz efeitos nos estritos termos em que foi passada. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS RECONHECIDOS EM AÇÃO JUDICIAL. PRESCRIÇÃO. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10665.001485/200935 Acórdão n.º 3302005.287 S3C3T2 Fl. 351 5 O prazo prescricional para pleitear a compensação extinguese em cinco anos, contados da data do trânsito em julgado da ação judicial. A contribuinte, irresignada, apresentou dois Recursos Voluntários, fls. 214 e seguintes, fls. 230 e seguintes, onde repisou a argumentação, apresentada em sede de manifestação. É o relatório." Voto Vencido Conselheiro Raphael Madeira Abad, Redator ad hoc. Na condição de redator "ad hoc" para formalização desta decisão, passo a transcrever o voto constante da minuta do proferido em Sessão pela nobre Conselheira da relatora Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, que segue integralmente transcrito: " 1. Dos requisitos de admissibilidade e do Recurso Voluntário analisado O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 10 de janeiro de 2013, fls. 210, e o primeiro recurso voluntário foi protocolado em 06 de fevereiro de 2013, fls. 214, e o segundo recurso voluntário foi apresentando em 08 de fevereiro de 2013, fls. 230 e seguintes. Tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Recurso Voluntário fls. 214 e seguintes 2.1. Do pedido na ação judicial e da coisa julgada A Recorrente pleiteia pela restituição do indébito e argumenta no sentido de que o Judiciário já reconheceu a faculdade de escolha pelo contribuinte entre a restituição e a compensação, quando esta última é autorizada. Afirma que quando o indivíduo pede a compensação está implícita a ideia de restituição, cita precedente deste Tribunal Administrativo e entende que a compensação é gênero da restituição. Ela esclarece que optou por fazer antes o pedido de restituição, pois seus débitos são muito pequenos, e se fosse utilizar tão somente as compensações iria demorar mais de dez anos para compensar todo o crédito. Inicialmente, cabe esclarecer que os créditos, que foram objetos do pedido de restituição, foram reconhecidos por meio de processo judicial, transitado em julgado. Da certidão, fls. 128, temse um resumo dos fatos: CERTIFICA, a pedido de parte interessada, que consta dos registros deste Juízo, a ação classe 1100 AÇÃO ORDINÁRIA Fl. 353DF CARF MF 6 autos n. 2002.38.00.0066884, autuada em 08/03/2002, movida por SUPER TRANSPORTES RODOVIÁRIOS S/A em face da UNIÃO FEDERAL objetivando, em síntese: a) sejam declarados compensáveis, com o próprio PIS, os recolhimentos a maior de PIS realizados conforme as normas dos DDLL 2445/2449, reconhecendo que os mesmos deveriam ter sidos recolhidos nos termos do art. 6° da LC 07/70; (...) Sentença proferida, As fls. 251/256, com o seguinte dispositivo "Ante o exposto, julgo procedente a ação para declarar inconstitucionalidade da cobrança do PIS na forma instituída pelos Decretosleis nºs 2.445 e 2.449, de 1988, devendose aplicar a disciplina da Lei Complementar n° 7/70 para o período. Declaro o direito da autora de compensar o que pagou indevidamente com as parcelas vencidas ou vincendas de outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, devendose proceder a atualização monetária dos valores a serem restituídos a cada recolhimento e sob os mesmos índices e critérios adotados pela ré Unido Federal na cobrança de seus créditos, sujeitandose a posterior fiscalização por parte do fisco quanto ao cumprimento dos termos delineados na sentença. (...) Trânsito em julgado certificado às fls. 309, em 08/06/2004. Autos recebidos do TRF1ª Região em 06/07/2004 (fl. 310). (sublinhados não constam no original) Observase que tanto no pedido, elaborado pela Recorrente, quanto na sentença, proferida pelo magistrado, que deve se circunscrever ao pedido do autor sob pena de a sentença ser extrapetita ou ultrapetita, não se mencionou o termo "restituição". É bem verdade que o indébito pode ser objeto de compensação ou restituição, contudo, entender que os dois são sinônimos é impossível, pois se apresentam com procedimentos totalmente distintos. Enquanto a compensação é uma das espécies do gênero "extinção do crédito tributário", o ressarcimento é uma modalidade de restituição em pecúnia daquilo que se pagou indevidamente. Quanto se pleiteia pela restituição em seara judicial, esta deve ocorrer nos moldes do artigo 100, da Constituição Federal, que prevê: Constituição Federal Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, farseão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10665.001485/200935 Acórdão n.º 3302005.287 S3C3T2 Fl. 352 7 Pleitear pela restituição, em seara administrativa, quando se pediu, em seara judicial, pela compensação é tentar burlar o sistema de precatório, o que não é permitido dentro do ordenamento jurídico. A autoridade fiscal, quando executa, aquilo que foi decidido em seara judicial, deve circunscreverse e observar o que foi decidido, não podendo conceder uma interpretação extensiva sob pena de descumprimento de ordem judicial. Ademais, a coisa julgada deve ser observada e garantida, vide preceito constitucional: Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXVI a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; O Código de Processo Civil prevê o seguinte conceito para a coisa julgada: Código de Processo Civil Art. 502. Denominase coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Existe uma autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito, não cabendo à autoridade fiscal fornecer uma interpretação extensiva, quando a sentença assim não o fez. Para se discutir a coisa julgada, devese ajuizar ação própria para isso denominada ação rescisória. Por tal motivação, indeferese o pedido e mantémse o que foi decido pela DRJ/Belo Horizonte. 3. Recurso Voluntário fls. 230 e seguintes 3.1. Da restituição A Recorrente fundamenta que o artigo 74, do Código Tributário Nacional, trata em primeiro lugar do crédito que é passível de restituição ou de ressarcimento, para depois tratar da compensação e afirma que é nítido o direito à restituição do indébito. Argumenta que a sentença que reconhece a compensação, consequentemente, reconhece a restituição. Cita solução e instrução normativa da Receita Federal. Fl. 355DF CARF MF 8 Conforme já decidido anteriormente, a sentença não reconheceu a possibilidade de restituição, mas tão somente compensação. 3.2. Procedimento Afirma a Recorrente que na data de 23 de abril de 2009 procedeu exatamente nos termos das normas da IN SRF nº 900, ou seja, dentro do prazo de cinco, sendo que o trânsito em julgado ocorreu em 08 de junho de 2009 [08/06/2004, conforme certidão de fls. 128/129], não havendo que se falar em prescrição quinquenal. Ela diz que além do pedido de restituição ter sido computado dentro do prazo de cinco anos, contados da data do trânsito em julgado, também transmitiu a DCOMP no prazo, transmitiu o pedido de restituição em 23 de abril de 2009, às 17h35min41 e a declaração de compensação às 17h44min12. É necessário realizar uma análise sobre os PER/DCOMPs apresentados e que não foram homologados nem em fase de despacho decisório, tampouco no julgamento da manifestação de inconformidade: Número do PER/DCOMP Valor 17706.71260.230409.1.23599 R$ 486.005,71 39980.32942.240609.1.2.571051 R$ 1.345,17 22403.52709.240709.1.3.571857 R$ 1.791,67 02963.17011.250809.1.3.579055 R$ 4.622,30 31276.07260.250909.1.3.570300 R$ 4.270,34 13143.18130.231009.1.3.572377 R$ 4.533 Observase que o crédito de R$ 486.005,71 foi apresentado em um pedido de restituição e não pode ser aceito, pois a decisão judicial se refere à compensação. Ocorre que na primeira DCOMP, apresentada pelo contribuinte, qual seja a PER/DCOMP 28076.35209.230409.1.3.579470, apresentada em 23 de abril de 2009, fls. 21, o valor do crédito compensado é de R$ 1.418,10 e o valor do crédito pleiteado é de R$ 486.005,71 e nesse sentido, há precedente deste Tribunal Administrativo que entende no seguinte sentido: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1989 a 30/04/1991 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. O direito de restituição/compensação de crédito oriundo de ação judicial extinguese com o decurso do prazo de cinco anos contados da data do trânsito em julgado da ação judicial que Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10665.001485/200935 Acórdão n.º 3302005.287 S3C3T2 Fl. 353 9 reconheceu o indébito. Apresentado o total do crédito no primeiro PER/DCOMP, cumprese o prazo e o crédito pode ser objeto de posteriores pedidos de compensação. (Acórdão 3301002.566; Relator: Andrada Marcio Canuto Natal; Data do julgamento: 24.02.2015) Extraise de trechos do referido acórdão: O contribuinte alega ainda que o indébito reconhecido judicialmente é uno, indivisível, razão pela qual, quando do protocolo da 1ª DCOMP em 30/09/2003, submeteu todo o seu direito à homologação administrativa. De fato, na sua primeira DCOMP o contribuinte indica um crédito superior ao compensado decorrente da referida ação judicial. Portanto, entendo que ele realmente submeteu aquele valor solicitado à homologação administrativa dentro do período de cinco anos após o trânsito em julgado de sua decisão judicial. Neste sentido, a meu modo de ver, estando correto o valor do seu crédito, não há prejuízo para a fazenda pública em que ele efetue a compensação em data posterior, na forma em que foi efetuada. Neste sentido, transcrevo ementa do Acórdão nº 3803 005.293,de 29/11/2014: No caso em análise, a Recorrente apresentou o total do crédito no primeiro PER/DCOMP, apresentado em 23 de abril de 2009, portanto, cumpriu o prazo e, pode o crédito ser objeto de compensações posteriores. Nesse sentido, reformase o acórdão da DRJ/Belo Horizonte para reconhecer que a contribuinte apresentou o valor dentro do prazo de cinco anos até o trânsito em julgado, que ocorreu em 08 de junho de 2009. 3. 3. Débitos confessados no REFIS A Recorrente afirma que integra o Programa de Recuperação Fiscal REFIS instituído pela Lei n° 9.964/2000 e que, apesar de ter cumprido todas as obrigações concernentes ao parcelamento, foi surpreendida, em setembro de 2009, com a Notificação SACAT/DIV, citando inadimplência de Pagamento do REFIS, fato que culminou na exclusão do programa. Relata que, como a irregularidade mencionada no despacho decisório (falta de pagamento em dobro nos meses de janeiro a junho/2001) não ocorreu, buscou, administrativamente, a sua reinclusão sem sucesso. Ato continuou ajuizou ação ordinária com pedido de antecipação de tutela, distribuída sob o número 40007 32.2011.4.01.3800 e deferida. Por fim, afirma que tendo em vista que o crédito objeto do Pedido de Restituição deverá ser valorado nos termos da sentença judicial, a Recorrente expressa desde já sua concordância com a compensação de ofício, cujo valor Fl. 357DF CARF MF 10 será suficiente para liquidar o débito consolidado no REFIS (Lei n° 9.964/00). Tal matéria é estranha aos autos, portanto, dela não se conhece. 4. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer o recurso voluntário e, no mérito, conceder provimento integral. Era o que tinha a relatar." (assinatura digital) Raphael Madeira Abad Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Previamente, cabe esclarecer que há plena concordância em relação aos fundamentos e conclusões apresentados pela nobre Relatora sobre a impossibilidade de utilização do indébito para fins de restituição, bem como no que tange ao não conhecimento da manifestação sobre a concordância da compensação de ofício do indébito em referência com débitos consolidado no âmbito do REFIS de que trata a Lei 9.964/2000. Com devida vênia da nobre Relatora, no essencial, ousase discordar apenas sobre os fundamentos e a conclusão apresentada no seu brilhante voto sobre o prazo decadencial/prescricional do direito de compensar o indébito em comento, pelas as razões que serão seguir aduzidas. Portanto, o único ponto que será aqui analisada cingese ao prazo de decadência/prescrição do direito de a recorrente compensar o crédito reconhecido por decisão judicial, informada nas 5 (cinco) DComp apresentadas após 8/6/2009, ou seja, após o transcurso do prazo quinquenal de decadência/prescrição. Previamente, é pertinente esclarecer que, na data em que apresentadas as referidas DComp encontravase vigente Instrução Normativa RFB 900/2008, que condicionava a apresentação/recepção da DComp, em que informada a compensação de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a prévia habilitação do crédito perante a unidade da RFB com jurisdição sobre o domicílio tributário do contribuinte. A referida exigência encontravase estabelecida, especificamente, no art. 71, parcialmente, reproduzido a seguir: Art. 71. Na hipótese de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a Declaração de Compensação, o pedido de restituição, o pedido de ressarcimento e o pedido de reembolso somente serão recepcionados pela RFB após prévia habilitação do crédito pela DRF, Derat ou Deinf com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. [...] III na hipótese de ação de repetição de indébito, bem como nas demais hipóteses em que o crédito esteja amparado em título Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10665.001485/200935 Acórdão n.º 3302005.287 S3C3T2 Fl. 354 11 judicial passível de execução, cópia da decisão que homologou a desistência da execução do título judicial e a assunção de todas as custas e honorários advocatícios referentes ao processo de execução ou cópia da petição de renúncia à execução do título judicial protocolada na Justiça Federal; [...] § 4º O pedido de habilitação do crédito será deferido pelo titular da DRF, Derat ou Deinf, mediante a confirmação de que: I o sujeito passivo figura no pólo ativo da ação; II a ação tem por objeto o reconhecimento de crédito relativo a tributo administrado pela RFB; III houve reconhecimento do crédito por decisão judicial transitada em julgado; IV o pedido foi formalizado no prazo de 5 (cinco) anos da data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do título judicial; e V na hipótese de ação de repetição de indébito, bem como nas demais hipóteses de crédito amparado em título judicial passível de execução, houve a homologação pelo Poder Judiciário da desistência da execução do título judicial ou a comprovação da renúncia à sua execução, e a assunção de todas as custas e dos honorários advocatícios referentes ao processo de execução. § 5º Será indeferido o pedido de habilitação do crédito nas seguintes hipóteses: I as pendências a que se refere o § 2º não forem regularizadas no prazo nele previsto; ou II não forem atendidos os requisitos constantes do § 4º. § 6º O deferimento do pedido de habilitação do crédito não implica homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, de ressarcimento ou de reembolso nem alteração do prazo prescricional qüinqüenal do título judicial referido no inciso IV do § 4º. (grifos não originais). De acordo com o preceito normativo em apreço, na hipótese de utilização no procedimento compensatório de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a formalização da Declaração de Compensação perante à Administração tributária somente poderá ocorrer após a prévia habilitação do referido crédito, nos termos do art. 71 em destaque. Assim, com base na premissa de fluência do prazo decadencial/prescricional somente ocorrerá nos casos de inércia do titular do direito a exercido, chegase a conclusão que, somente a partir da data em que efetivada tal habilitação, o contribuinte poderá apresentar as DComp. Portanto, se antes da referida data o contribuinte não poderia formalizar as suas compensações perante a RFB, inequivocamente, a fluência do prazo decadencial/prescricional quinquenal não poderia ocorrer. Nessa circunstância, o citado prazo somente fluirá a partir da data do deferimento da referida habilitação. Fl. 359DF CARF MF 12 E no caso em tela, noticia o despacho decisório de fls. 134/138 que, em 5/3/2009 foi protocolado o “Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado”, o qual foi deferido pelo titular da unidade de origem da RFB por meio de despacho exarado em 27/3/2009. Logo, a recorrente poderia realizar a compensação do referido crédito até 26/3/2014. Dessa forma, como a DComp mais recente foi apresentada em 23/10/2009, certamente, não se consumou a alegada decadência/prescrição suscitada pelo titular da unidade da RFB de origem e mantida pelo órgão de julgamento de primeiro grau. Por todo o exposto e com a devida vênia da nobre Relatora, votase pelo provimento parcial do recurso, para reconhecer o direito de a recorrente compensar o crédito informado em todas DComp colacionada aos autos, até o limite do valor do crédito reconhecido pela unidade de origem da RFB. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 360DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15165.723691/2012-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 17/08/2007, 27/08/2007, 06/09/2007, 21/09/2007, 10/10/2007, 13/11/2007, 28/12/2007, 25/01/2008, 22/02/2008, 17/03/2008, 04/04/2008, 21/05/2008, 28/05/2008, 03/06/2008, 27/08/2008, 22/09/2008, 24/09/2008
RECURSO DE OFÍCIO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. EXCLUSÃO DA ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE POR SOLIDARIEDADE. ART.34 DO PAF.
1. Excluir a responsabilidade do sujeito passivo solidário equivale, de fato e de direito, a exonerá-lo do pagamento do tributo em sua integralidade, e portanto, configura exoneração sujeita ao recurso de ofício.
2. Sendo o caso de interposição de recurso de ofício e não tendo este sido formalizado, a decisão de primeiro grau deverá ser anulada, para que outra seja prolatada com observância dessa formalidade.
PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS IMPUGNANTES. CIÊNCIA DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. OBRIGATORIEDADE.
No caso de pluralidade de sujeitos passivos, caracterizados na formalização da exigência, que tenham impugnado a exigência fiscal, todos deverão ser cientificados da decisão de primeira instância, com abertura de prazo para que todos eles apresentem recurso voluntário ou contrarrazões ao recurso de ofício, conforme o caso.
Decisão de Primeiro Grau Anulada.
Numero da decisão: 3302-005.384
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 17/08/2007, 27/08/2007, 06/09/2007, 21/09/2007, 10/10/2007, 13/11/2007, 28/12/2007, 25/01/2008, 22/02/2008, 17/03/2008, 04/04/2008, 21/05/2008, 28/05/2008, 03/06/2008, 27/08/2008, 22/09/2008, 24/09/2008 RECURSO DE OFÍCIO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. EXCLUSÃO DA ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE POR SOLIDARIEDADE. ART.34 DO PAF. 1. Excluir a responsabilidade do sujeito passivo solidário equivale, de fato e de direito, a exonerálo do pagamento do tributo em sua integralidade, e portanto, configura exoneração sujeita ao recurso de ofício. 2. Sendo o caso de interposição de recurso de ofício e não tendo este sido formalizado, a decisão de primeiro grau deverá ser anulada, para que outra seja prolatada com observância dessa formalidade. PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS IMPUGNANTES. CIÊNCIA DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. No caso de pluralidade de sujeitos passivos, caracterizados na formalização da exigência, que tenham impugnado a exigência fiscal, todos deverão ser cientificados da decisão de primeira instância, com abertura de prazo para que todos eles apresentem recurso voluntário ou contrarrazões ao recurso de ofício, conforme o caso. Decisão de Primeiro Grau Anulada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 72 36 91 /2 01 2- 50 Fl. 4925DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório integrante do acórdão recorrido, que segue transcrito: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para constituição de crédito tributário no valor total de R$ 8.101.963,38 referentes Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, COFINS – Importação, PIS/PASEP – Importação, Multa Proporcional Qualificada (150%), Juros de Mora – calculados até 31/10/2012 e Multa Equivalente ao Valor Aduaneiro das Mercadorias. Relata a fiscalização, (“Relatório de Fiscalização” fls. 3.618 a 3.802), que a Empresa KOMPORT COMERCIAL IMPORTADORA S.A. registrou diversas declarações de importação (listadas a folhas 3.625) por conta e ordem da Empresa KOMLOG IMPORTAÇÃO LTDA. (CNPJ 06.114.935/000185), onde declarou a importação de diversas mercadorias estrangeiras voltadas para o mercado da engenharia eletrônica (equipamentos eletrônicos de medição, ferramentas para a indústria eletrônica, acessórios como sensores, antenas e cabos, etc). Tais mercadorias seriam trazidas ao País por interesse da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. (CNPJ 04.219.792/000140), Empresa ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. (CNPJ 06.271.069/000136) e Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. (CNPJ 09.205.909/000150). Estas empresas, em conjunto com a Empresa ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. (CNPJ 04.230.314/000131), segundo a ótica fiscal, compõem de fato um grupo econômicofinanceiro denominado de “GRUPO TOYO”, que, então, utilizava interpostas empresas (Empresa KOMPORT COMERCIAL IMPORTADORA S.A. e Empresa KOMLOG IMPORTAÇÃO LTDA.) para fins de formalização dos respectivos despachos de importação perante a autoridade aduaneira. Registra a fiscalização que as autuações em apreço decorrem de documentos encontrados e retidos por ocasião de diligências realizadas na Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. e na Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. em 12/08/2010. Fl. 4926DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.926 3 Com vistas a sustentar a caracterização do “GRUPO TOYO”, a fiscalização, à folhas 3.631 a 3.683, apresenta os motivos que ratificam a sua conclusão. Em síntese: Que, pesquisas na internete demonstram a coexistência de endereços e unicidade operacional, o que indica o funcionamento das empresas como um corpo único. Cita a localização de orçamentos elaborados pela Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA., mas encontrados nas dependências da Empresa PELCO COMERCIAL LTDA; Que, registros em documentos e correspondências eletrônicas comerciais (emails) comprovam que havia esforço comum para consecução de objetivos, e em especial, a coordenação da atividades das diversas empresas por funcionários da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. que repassavam informações, instruções e ordens às demais empresas. Correspondência eletrônica comercial indica que o sócio da Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. solicitava até mesmo extrato de sua empresa ao sócio da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. para fins de formalização contábil; Que, os sistemas de dados das empresas pertencentes ao “GRUPO TOYO” estavam concentrados num mesmo servidor de dados. Correspondências comerciais eletrônicas ratificam a informação, além da própria apreensão do equipamento por ocasião da diligência. Registro de acesso das pessoas que se conectaram ao servidor (objeto de apreensão em diligência) indicam que o mesmo fora acessado tanto pela Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. quanto pela Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA.; Que, as mercadorias objeto de importação eram rateadas entre as empresas pertencentes ao “GRUPO TOYO” seguindo parâmetros prédefinidos, conforme correspondências comerciais eletrônicas encaminhadas por funcionário da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA; Que, houve formalização de transferências de funcionários entre empresas pertencentes ao grupo, movimentação realizada em acordo com as necessidades operacionais e interesses do grupo. Registra a fiscalização que a prática de compartilhamento de mãodeobra pode ser atestada em razão da presença de empregados de outras empresas do grupo, desenvolvendo suas atividades em sede de empresa diligenciada. Diversos empregados registrados em outra empresa do grupo prestaram depoimento perante o Poder Judiciário sobre os fatos ocorridos em referida diligência; Que, o cartão de visitas do Gerente Comercial da Empresa ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. tem por endereço o da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA., contudo o gerente, à época da diligência (agosto de Fl. 4927DF CARF MF 4 2010) era funcionário da Empresa PELCO COMERCIAL LTDA.; Que, documentos encontrados, por ocasião da diligência à Empresa PELCO COMERCIAL LTDA., possuíam como destinatário a Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA., bem como boletos bancários do sócio daquela empresa possuíam endereço da segunda empresa; Que, documentos digitais encontrados no servidor de dados trazem referência às empresas e pessoas, sócios e funcionários de todas as empresas do “GRUPO TOYO”; Que, pesquisa na internete revelou que a Empresa ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. indica endereço que já foi da Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. e atual telefone da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. Os sítios eletrônicos das empresas ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. e TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. possuem elementos e formatação semelhante, sendo que ambos os sítios encaminham emails para as mesmas pessoas (a depender do assunto) pertencentes a alguma das empresas do “GRUPO TOYO”; Que, noticias de participação da Empresa ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. em feiras e eventos revelam que os funcionários que a representam estão registrados em outras empresas do “GRUPO TOYO”; Que, análise dos domínios (serve para localizar e identificar computadores na internete) registrados pelas Empresas ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. e TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. revelam que a primeira está vinculada à segunda e ambas possuem como responsável o Sr. ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS (CPF 006.576.329 70) sócio da segunda, sendo que, posteriormente (em 19/08/2011), o Sr. MURILO MONCONILL PINHEIRO (CPF 063.451.37880) sócio da Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. passou a ser o responsável. Os endereços eletrônicos estão fisicamente localizados em uma mesma empresa de São Paulo (Locaweb Serviços de Internet S/A.), sendo que alguns dos pagamentos foram feitos com cheques emitidos pela Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. ; Que, o “GRUPO TOYO” realizava planejamento estratégico (fl. 3.657), os seus principais representantes desempenhavam atividades estratégicas coordenadas e objetivas. Destaque para a participação do Sr. JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET (CPF 007.039.94921), que mesmo sem vínculo formal com as empresas do grupo exerce o controle da mãode obra das empresas do grupo, trata de relacionamento com fornecedor estrangeiro e interfere na área comercial. A fiscalização traz informações extraídas de atas e registros de reuniões com a presença das pessoas que exercem o controle do grupo; Fl. 4928DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.927 5 Que, quanto à movimentação financeira, a fiscalização informa que foram localizados dezenas de documentos nos arquivos da sede da Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. que demonstram a ocorrência de pagamentos de despesas da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. e Empresa ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA., bem como de sócios e do Sr. JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET. Tais pagamentos teriam sido suportados, indistintamente pelas Empresas PELCO COMERCIAL LTDA. e TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA., demonstrando tratarse na verdade de um caixa único (fato reforçado pelo preenchimento de cheques de empresas diversas, mas com a letras da mesma pessoa – fl. 3.663); Que, os Srs. MURILO MONCONILL PINHEIRO (sócio da Empresa PELCO COMERCIAL LTDA.) e JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET se identificam em chinês como representantes da Empresa ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA., o primeiro como engenheiro eletrônico, o segundo como diretor; Que, o Sr. ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS e o Sr. JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET participam ativamente do processo de compra de mercadorias do exterior, interagindo com exportadores em nome da Empresa ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA., da Empresa ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. ou da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA.; Que, o controle de fato, do “GRUPO TOYO”, é exercido em unicidade por Sr. ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS e sua esposa, Sra. SILVIA CARINA GERZVOLF , Sr. MURILO MONCONILL PINHEIRO e Sr. JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET; Que, a concentração das informações fiscais contábeis das empresas PELCO COMERCIAL LTDA., ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. e TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. era realizada por meio de programa específico de computador que registrava no servidor de dados, em local específico (fl. 3.676), as informações relacionadas a cada empresa; Que, informações encontradas no servidor de dados demonstram que os funcionários das empresas, em diversos documentos, embora registrado numa empresa agiam em nome de outra; Segundo explicitado pela fiscalização, as mercadorias eram declaradas com valores subfaturados, o que reduzia a carga tributária incidente sobre as operações de importação. Em face da formalização realizada perante a autoridade aduaneira as empresas do grupo se eximiam do cumprimento de algumas obrigações previstas na legislação tributária e, ainda, “blindavam” o respectivo patrimônio. Entre as provas acostadas aos autos, a fiscalização chama a atenção para aquelas relacionadas à diligência realizada na Fl. 4929DF CARF MF 6 sede da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. e que foram objeto de duas ações, por parte da empresa, perante o Poder Judiciário (Mandado de Segurança n° 5011604 21.2010.404.7000 – concessão em 17/08/2010 e Ação Ordinária n° 501631654.2010.404.7000/PR). O Mandado de Segurança teve extinto o processo sem julgamento do mérito em 03/11/2010, já Ação Ordinária foi objeto de concessão de Antecipação de Tutela em 27/10/2010 (suspendeu o andamento de qualquer procedimento oriundo da apreensão de documentos e computadores por parte do Fisco). Revogada em 29/06/2012 a Tutela Antecipada, o procedimento fiscal teve prosseguimento. À folhas 3.627 a 3.631 a fiscalização traz informações relacionadas à constituição das empresas, sua localização, quadro societário, grau de parentesco entre os sócios e entre estes e sócios de outras empresas que já foram objeto de fiscalização, bem como um breve histórico das ocorrências aduaneiras envolvendo as empresas. Indica que a Empresa ICEL INSTRUMENTOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS LTDA. embora tenha um site na internete ativo e atualizado, perante a Receita Federal do Brasil está inativa (no INPI há registro da marca “ICEL Manaus 1971”). Segundo a fiscalização os pedidos de compras no Exterior são enviados por Sr. ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS ou Sr. JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET. Destaca que o exportador (e fabricante) indicado nas declarações de importação não são os reais intervenientes da operação, traz o exemplo da declaração de importação n° 07/13851249 (Fatura instrutiva da ELETRADE INTERNATIONAL LIMITED com valores inferiores aos encontrados na respectiva planilha de controle interno que foi retida por ocasião da diligência realizada). Orientações eram repassadas ao fabricantes no Exterior com vistas a não deixar evidenciado o real operador da importação, o real fabricante ou o valor efetivamente transacionado na operação de compra e venda. Neste sentido são citadas correspondências comerciais eletrônicas (fls. 3.696 a 3.698) Com vistas a aparentar um pedido de compra no mercado interno, após o desembaraço aduaneiro são encaminhados pedidos de compra à Empresa KOMLOG IMPORTAÇÃO LTDA. O destaque é que referidos pedidos informam exatamente o valor pelo qual as notas fiscais deveriam ser emitidas pela empresa vendedora. A fiscalização anexou aos autos planilha contendo levantamento do fluxo físico das importações (fls. 1.628 a 1.632) visando uma melhor compreensão dos fatos jurídicos . À folhas 3.700 e 3.701 traz a fundamentação de cada uma das colunas indicadas no documento. O relatório indica que todas as mercadorias importadas foram repassadas, em sua totalidade, para as empresas do “GRUPO TOYO”. Quanto ao fluxo financeiro relacionado às operações de compra (remessa de divisas), diferentemente do que seria o normal, Fl. 4930DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.928 7 foram encontrados documentos que amparam a remessa de valores que, a princípio, deveriam restringirse unicamente à relação exportador/importador, mas que estavam na posse da Empresa TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. Arquivos eletrônicos demonstram a existência de controle específico. A fiscalização cita ainda exemplo onde os reais fornecedores (UNITREND e SUJUN ELECTRONIC) não foram declarados no despacho aduaneiro, receberam os recursos, todavia o exportador declarado era unicamente uma empresa diversa (ELETRADE INTERNATIONAL LIMITED). Correspondência comercial eletrônica ratifica a existência de remessa de diferença de valores ao real exportador, via escritório em Miami (EUA), que mediante bancos diversos realiza os pagamentos (fl. 3.705). Com vistas a detalhar o “modus operandi” utilizado pelo “GRUPO TOYO” para a prática de ocultação do real exportador, ocultação do real adquirente, modificação das características das mercadorias e, subfaturamento, a fiscalização apresenta exemplos à folhas 3708 a 3.719, bem como indica os documentos instrutivos, os percentuais de subfaturamento, as modificações realizadas, os números de controle/referência interna para a operação de importação, e ainda, os dados dos registros e controles informatizados (planilhas) utilizados pelos envolvidos. Considerando o “modus operandi” e a identificação de planilhas eletrônicas (ORDER SHA (ou HKG) 2007 (ou 2008).xls) de controle dos valores e produtos relativos às ordens de compra do “GRUPO TOYO” (diligência – servidor de dados), e ainda, a localização de outros documentos, a fiscalização afastou a valoração aduaneira declarada em razão da existência de fraude e, aplicou o disposto no artigo 84 do Decreto n° 4.543/02, fazendo a ressalva de que, no caso concreto, foi possível a apuração do preço efetivamente praticado. Assim, com base nos fatos descritos, a fiscalização autuou, além da Empresa KOMPORT COMERCIAL IMPORTADORA S.A. (importador declarado) e da Empresa KOMLOG IMPORTAÇÃO LTDA. (real adquirente declarado), as Empresas PELCO COMERCIAL LTDA., ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. e TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. (“GRUPO TOYO” – real adquirente de fato), arrolados como responsáveis solidários. À folhas 3.755 a fiscalização esclarece que, considerando os fatos descritos em seu relatório, a Empresa PELCO COMERCIAL LTDA. nada mais é do que uma cisão de parte do grupo que criou uma “nova” empresa para as novas operações que se iniciavam pelo uso de operações de importação via empresas KOMPORT COMERCIAL IMPORTADORA S.A. e KOMLOG IMPORTAÇÃO LTDA. (cita então a responsabilidade dos sucessores prevista no Código Tributário Nacional). Fl. 4931DF CARF MF 8 Considerando os fatos e provas acostados aos autos, os sócios e gerentes das empresas do “GRUPO TOYO” foram considerados pessoalmente responsáveis (atos com infração da lei). Também foi atribuída à estas pessoas a solidariedade prevista no Decreto n° 4.543/02, artigo 603, inciso I (concorreram para a prática da infração e dela se beneficiaram); assim, foram adicionados ao pólo passivo das autuações o. Sr. ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS, o Sr. MURILO MONCONILL PINHEIRO, a Sra. SILVIA CARINA GERZVOLF e, o Sr. JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET, administradores de fato do “GRUPO TOYO”. Foram considerados responsáveis solidários os sócios da empresa não localizada ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA., o Sr. NILTON FERREIRA OLIMPIO (CPF 460.973.50759) e a Sra. JACIRA OLÍMPIA FERREIRA (CPF 636.190.75700). Em razão da prática de fraudes, simulações e conluios foi aplicada a multa de ofício qualificada (150% sobre o tributo devido). Aduz a fiscalização que as declarações de importação e os correspondentes documentos instrutivos dos despachos, produzidos com o intuito de burlar os controles exercidos pelo Estado, são ideologicamente falsos, notadamente pela falsidade do real exportador, modificação da descrição das mercadorias visando ludibriar as autoridades aduaneiras em sede de conferência física, subfaturamento dos valores declarados e ocultação do real adquirente das mercadorias. Assim, seja em razão da falsidade documental, seja em razão da ocultação, seja em razão da interposição fraudulenta de terceiros, a fiscalização, em razão da não localização das mercadorias aplicou a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias que seriam objeto de pena de perdimento se as mesmas fossem apresentadas para efetiva retenção. À folhas 3.622 a fiscalização registra que realizou a competente Representação Fiscal para Fins Penais. Cientificada, a Empresa ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. apresentou impugnação de folhas 3.837 a 3.924, anexando o documento de folhas 3.925. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, seu sócio majoritário, e gestor, Sr. Nilton Ferreira Olímpio faleceu em 22/02/2012; Que, o crédito tributário relacionado às declarações de importação registradas anteriormente à dezembro de 2007 não pode ser exigido em razão da decadência. Cita o artigo 150 do Código Tributário Nacional e aduz ainda que de deve ser aplicado o disposto no DecretoLei n° 37/66 combinado com o Decreto n° 4.543/02 vez que a matéria e trato está relacionada com a “revisão aduaneira”; Que, intimada às partes da Sentença relacionada à Ação Ordinária, a impugnante apresentou Recurso de Apelação (fl. 3.849) em 20/07/2012, recurso este que foi recebido em Fl. 4932DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.929 9 29/08/2012 em seu duplo efeito (Devolutivo e Suspensivo). Portanto, não poderia ter havido a deslacração do computador e a utilização de suas informações para a instrução do presente auto. A União interpôs embargos de declaração, o qual somente foi acolhido em 25/09/2012, logo não poderia ter deslacrado em data anterior; Que, a Receita, em total descumprimento de determinação judicial, procedeu com a deslacração em 14/07/2012 e utilizou, indevidamente, as informações no presente processo, o que causa nulidade absoluta do auto de infração. Se até o presente momento não existe uma firme decisão judicial definitiva em relação à licitude das provas, ou seja, com trânsito em julgado, todas as “provas” aqui utilizadas não se prestam para embasar o presente auto de infração, pois carente de certeza quanto a sua licitude. Traz a teoria dos “Frutos da Árvore Envenenada” contaminação decorrente de prova ilícita originária. Não sendo declarada a nulidade, deve o processo administrativo fiscal ser suspenso até que haja uma decisão judicial em definitivo; Que, inexiste a apontada formação de grupo econômico, tratam se de empresas distintas, com capital e administração próprias. Podese constatar nos contratos sociais que as empresas são situadas em endereços distintos, com estrutura financeira e patrimônio próprios, não havendo a mesma administração e nem ao menos sócios em comum. Nunca houve qualquer fusão, cisão ou incorporação entre as empresas, não há qualquer prova nos autos que uma empresa controle as demais; Que, não basta a comprovação da existência do grupo econômico, a atribuição da responsabilidade depende ainda da constatação de que a impugnante, através de seu sócio gestor, teve participação na situação configuradora do fato gerador. Contudo, os autos confirmam que adquiriu mercadorias no mercado interno; Que, a autoridade apresenta nos autos questões de ordem financeira interna, e de cunho organizacional, que nada se relacionam com o suposto subfaturamento de mercadorias ou dita interposição fraudulenta; Que, é preciso nexo de causalidade entre os atos supostamente cometidos pelas “ditas” sociedades do grupo, inexistindo este, apenas a sociedade infratora pode ser penalizada; Que, inexiste a solidariedade tributária atribuída às pessoas físicas, o Fisco faz confusão de pessoas física e jurídica, aplicando erroneamente a desconsideração da personalidade jurídica. Não há prova concreta do abuso da personalidade jurídica; Que, para que haja solidariedade com supedâneo no artigo 124 do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da Fl. 4933DF CARF MF 10 obrigação tributária. O fato gerador praticado pela sociedade não atinge o sócio; Que, os fiscais se baseiam em alguns email’s e documentos apreendidos para chegar a conclusão de que todos os arrolados no pólo passivo são responsáveis tributários, todavia, a prova da responsabilidade deve ser robusta e indene de dúvidas, não pode haver presunção. O preceituado no artigo 135 do CTN tem natureza subsidiária (aplicado após o esgotamento prévio dos bens da pessoa jurídica) e, desde que provado o dolo ou culpa na prática do ilícito. Em tese quem praticou o fato gerador da importação e que cometeu, ao mesmo tempo, infração tributária consubstanciada pelo suposto subfaturamento foi a sociedade; Que, as alegadas constatações da autoridade fiscal se baseiam, unicamente, em meros indícios e presunções, carentes de provas e elementos que dêem robustez e fidúcia. A autuação é nula; Que, não houve o adequado e devido exame de valoração aduaneira das mercadorias em questão, calcando as supostas provas de subfaturamento em meras “planilhas”, obtidas junto ao computador ilegalmente exigido e subtraído de uma das impugnantes. O fato da Invoice WL08011 possuir os mesmo valores da respectiva planilha, não significa que estes sejam os referidos “valores reais da transação”, o que a autoridade realiza por mera presunção. Poderíamos ter um terceiro valor dentro de tais constatações, decorrente da correta valoração aduaneira; Que, mesmo que se entenda que em relação às DI’s n° 08/07883837 e 08/07464893 fosse dispensada a valoração, e que estas seriam supostos “paradigmas”, não se pode deixar de salientar que não há de se admitir o elastecimento ou condenação em cadeia. Necessário o Exame Conclusivo de valor aduaneiro; Que, as relações de compra e venda entre as referidas empresas e a encomendante no exterior das mercadorias, por mais que, eventualmente, tenham deixado de atender a certos requisitos formais, foram realizadas de modo idôneo. A participação do consumidor junto à importadora em relação aos produtos por esta importados, aspectos técnicos, não pode ser considerada interposição fraudulenta. É irrelevante a participação do encomendante nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. A participação da impugnante no processo de importação se deu de modo a apenas colaborar com os processo de compra e de negociação pelas importadoras, efetivas adquirentes de tais mercadorias. Não houve ausência de capacidade financeira ou de origem de recursos nos processos de importação; Que, as mercadorias foram integralmente comercializadas, através de sua revenda. Tal hipótese (revenda) só passou a existir com a Lei n° 12.350/10. Também a “falsidade ideológica” somente teve nascimento com o Decreto n° 6.759/09. A lei não pode retroagir; Fl. 4934DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.930 11 Que, é inaplicável o agravamento da multa de ofício, haveria que restar demonstrada a prova inequívoca do “evidente intuito de fraude”, o que não foi o caso dos autos. Há evidente caráter confiscatório; Que, a multa de ofício não poderia ter sido aplicada de forma cumulativa com a multa do valor aduaneiro das mercadorias. Ninguém pode ser punido duas vezes pela mesma infração; Que, há inconstitucionalidade da inclusão do PIS/COFINS importação realizadas junto ao auto, com fundamento na Lei n° 10.865/04 e Instrução Normativa n° 572/05. Tais autuações são desprovidas da correta e adequada base de cálculo, portanto nulas; Que, não podem ser aplicados os juros calculados à Taxa Selic sobre o crédito tributário, há enriquecimento ilícito da União. Requer que os juros de mora sejam calculados a razão de 1% ao mês, na forma do CTN. Há ilegalidade no regramento da Selic por meio de regulamento editado pelo BACEN; Requer: seja apresentada decisão fundamentada e motivada; analisadas as questões preliminares, se vencidas o mérito julgando improcedente o auto de infração; a decisão seja comunicada aos autuados, advogados e procuradores e; deferida a produção de provas no curso do processo administrativo fiscal. Cientificado, o Sr. ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS apresentou impugnação de folhas 3.926 a 4.004. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, o crédito tributário relacionado às declarações de importação registradas anteriormente à dezembro de 2007 não pode ser exigido em razão da decadência. Cita o artigo 150 do Código Tributário Nacional e aduz ainda que de deve ser aplicado o disposto no DecretoLei n° 37/66 combinado com o Decreto n° 4.543/02 vez que a matéria e trato está relacionada com a “revisão aduaneira”; Que, intimada às partes da Sentença relacionada à Ação Ordinária, a impugnante apresentou Recurso de Apelação em 20/07/2012, recurso este que foi recebido em 29/08/2012 em seu duplo efeito (Devolutivo e Suspensivo). Portanto, não poderia ter havido a deslacração do computador e a utilização de suas informações para a instrução do presente auto. A União interpôs embargos de declaração, o qual somente foi acolhido em 25/09/2012, logo não poderia ter deslacrado em data anterior; Que, a Receita, em total descumprimento de determinação judicial, procedeu com a deslacração em 14/07/2012 e utilizou, indevidamente, as informações no presente processo, o que causa nulidade absoluta do auto de infração. Se até o presente momento não existe uma firme decisão judicial definitiva em relação à licitude das provas, ou seja, com trânsito em julgado, todas as “provas” aqui utilizadas não se prestam para embasar Fl. 4935DF CARF MF 12 o presente auto de infração, pois carente de certeza quanto a sua licitude. Traz a teoria dos “Frutos da Árvore Envenenada” – contaminação decorrente de prova ilícita originária. Não sendo declarada a nulidade, deve o processo administrativo fiscal ser suspenso até que haja uma decisão judicial em definitivo; Que, não existe fundamento legal, nem motivação fática para a imposição da responsabilidade atribuída ao impugnante; Que, inexiste a apontada formação de grupo econômico, tratam se de empresas distintas, com capital e administração próprias. Podese constatar nos contratos sociais que as empresas são situadas em endereços distintos, com estrutura financeira e patrimônio próprios, não havendo a mesma administração e nem ao menos sócios em comum. Nunca houve qualquer fusão, cisão ou incorporação entre as empresas, não há qualquer prova nos autos que uma empresa controle as demais; Que, não basta a comprovação da existência do grupo econômico, a atribuição da responsabilidade depende ainda da constatação de que a impugnante, através de seu sócio gestor, teve participação na situação configuradora do fato gerador. Contudo, os autos confirmam que adquiriu mercadorias no mercado interno; Que, a autoridade apresenta nos autos questões de ordem financeira interna, e de cunho organizacional, que nada se relacionam com o suposto subfaturamento de mercadorias ou dita interposição fraudulenta; Que, é preciso nexo de causalidade entre os atos supostamente cometidos pelas “ditas” sociedades do grupo, inexistindo este, apenas a sociedade infratora pode ser penalizada; Que, inexiste a solidariedade tributária atribuída às pessoas físicas, o Fisco faz confusão de pessoas física e jurídica, aplicando erroneamente a desconsideração da personalidade jurídica. Não há prova concreta do abuso da personalidade jurídica; Que, para que haja solidariedade com supedâneo no artigo 124 do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (ausência de interesse comum). O fato gerador praticado pela sociedade não atinge o sócio; Que, o preceituado no artigo 135 do CTN determina que reste provado o dolo na prática do ilícito. A autuações carecem de provas e especificação da conduta que teria sido praticada pelo impugnante; Que, os fiscais se baseiam em alguns email’s e documentos apreendidos para chegar a conclusão de que todos os arrolados no pólo passivo são responsáveis tributários, todavia, a prova da responsabilidade deve ser robusta e indene de dúvidas, não pode haver presunção. O preceituado no artigo 135 do CTN tem Fl. 4936DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.931 13 natureza subsidiária (aplicado após o esgotamento prévio dos bens da pessoa jurídica); Que, as alegadas constatações da autoridade fiscal se baseiam, unicamente, em meros indícios e presunções, carentes de provas e elementos que dêem robustez e fidúcia. A autuação é nula; Que, não houve o adequado e devido exame de valoração aduaneira das mercadorias em questão, calcando as supostas provas de subfaturamento em meras “planilhas”, obtidas junto ao computador ilegalmente exigido e subtraído de uma das impugnantes. O fato da Invoice WL08011 possuir os mesmo valores da respectiva planilha, não significa que estes sejam os referidos “valores reais da transação”, o que a autoridade realiza por mera presunção. Poderíamos ter um terceiro valor dentro de tais constatações, decorrente da correta valoração aduaneira; Que, mesmo que se entenda que em relação às DI’s n° 08/07883837 e 08/07464893 fosse dispensada a valoração, e que estas seriam supostos “paradigmas”, não se pode deixar de salientar que não há de se admitir o elastecimento ou condenação em cadeia. Necessário o Exame Conclusivo de valor aduaneiro; Que, as relações de compra e venda entre as referidas empresas e a encomendante no exterior das mercadorias, por mais que, eventualmente, tenham deixado de atender a certos requisitos formais, foram realizadas de modo idôneo. A participação do consumidor junto à importadora em relação aos produtos por esta importados, aspectos técnicos, não pode ser considerada interposição fraudulenta. É irrelevante a participação do encomendante nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. A participação da impugnante no processo de importação se deu de modo a apenas colaborar com os processo de compra e de negociação pelas importadoras, efetivas adquirentes de tais mercadorias. Não houve ausência de capacidade financeira ou de origem de recursos nos processos de importação; Que, as mercadorias foram integralmente comercializadas, através de sua revenda. Tal hipótese (revenda) só passou a existir com a Lei n° 12.350/10. Também a “falsidade ideológica” somente teve nascimento com o Decreto n° 6.759/09. A lei não pode retroagir; Que, é inaplicável o agravamento da multa de ofício, haveria que restar demonstrada a prova inequívoca do “evidente intuito de fraude”, o que não foi o caso dos autos. Há evidente caráter confiscatório; Que, a multa de ofício não poderia ter sido aplicada de forma cumulativa com a multa do valor aduaneiro das mercadorias. Ninguém pode ser punido duas vezes pela mesma infração; Fl. 4937DF CARF MF 14 Que, há inconstitucionalidade da inclusão do PIS/COFINS importação realizadas junto ao auto, com fundamento na Lei n° 10.865/04 e Instrução Normativa n° 572/05. Tais autuações são desprovidas da correta e adequada base de cálculo, portanto nulas; Que, não podem ser aplicados os juros calculados à Taxa Selic sobre o crédito tributário, há enriquecimento ilícito da União. Requer que os juros de mora sejam calculados a razão de 1% ao mês, na forma do CTN. Há ilegalidade no regramento da Selic por meio de regulamento editado pelo BACEN; Requer: seja apresentada decisão fundamentada e motivada; analisadas as questões preliminares, se vencidas o mérito julgando improcedente o auto de infração com a sua exclusão do pólo passivo; a decisão seja comunicada aos autuados, advogados e procuradores e; deferida a produção de provas no curso do processo administrativo fiscal. Cientificada, a Sra. SILVIA CARINA GERZVOLF apresentou impugnação de folhas 4.006 a 4.086. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, o crédito tributário relacionado às declarações de importação registradas anteriormente à dezembro de 2007 não pode ser exigido em razão da decadência. Cita o artigo 150 do Código Tributário Nacional e aduz ainda que de deve ser aplicado o disposto no DecretoLei n° 37/66 combinado com o Decreto n° 4.543/02 vez que a matéria e trato está relacionada com a “revisão aduaneira”; Que, intimada às partes da Sentença relacionada à Ação Ordinária, a impugnante apresentou Recurso de Apelação em 20/07/2012, recurso este que foi recebido em 29/08/2012 em seu duplo efeito (Devolutivo e Suspensivo). Portanto, não poderia ter havido a deslacração do computador e a utilização de suas informações para a instrução do presente auto. A União interpôs embargos de declaração, o qual somente foi acolhido em 25/09/2012, logo não poderia ter deslacrado em data anterior; Que, a Receita, em total descumprimento de determinação judicial, procedeu com a deslacração em 14/07/2012 e utilizou, indevidamente, as informações no presente processo, o que causa nulidade absoluta do auto de infração. Se até o presente momento não existe uma firme decisão judicial definitiva em relação à licitude das provas, ou seja, com trânsito em julgado, todas as “provas” aqui utilizadas não se prestam para embasar o presente auto de infração, pois carente de certeza quanto a sua licitude. Traz a teoria dos “Frutos da Árvore Envenenada” – contaminação decorrente de prova ilícita originária. Não sendo declarada a nulidade, deve o processo administrativo fiscal ser suspenso até que haja uma decisão judicial em definitivo; Que, não existe fundamento legal, nem motivação fática para a imposição da responsabilidade atribuída à impugnante. Seu nome é citado apenas uma vez no relatório fiscal. Detinha apenas 4% do capital social da empresa autuada, o que lhe retira a amplitude de poderes decisórios que se pretende dar, Fl. 4938DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.932 15 não participou da gestão da empresa nem das operações em trato; Que, inexiste a apontada formação de grupo econômico, tratam se de empresas distintas, com capital e administração próprias. Podese constatar nos contratos sociais que as empresas são situadas em endereços distintos, com estrutura financeira e patrimônio próprios, não havendo a mesma administração e nem ao menos sócios em comum. Nunca houve qualquer fusão, cisão ou incorporação entre as empresas, não há qualquer prova nos autos que uma empresa controle as demais; Que, não basta a comprovação da existência do grupo econômico, a atribuição da responsabilidade depende ainda da constatação de que a impugnante, através de seu sócio gestor, teve participação na situação configuradora do fato gerador. Contudo, os autos confirmam que adquiriu mercadorias no mercado interno; Que, é preciso nexo de causalidade entre os atos supostamente cometidos pelas “ditas” sociedades do grupo, inexistindo este, apenas a sociedade infratora pode ser penalizada; Que, para que haja solidariedade com supedâneo no artigo 124 do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (ausência de interesse comum). O fato gerador praticado pela sociedade não atinge o sócio; Que, o preceituado no artigo 135 do CTN determina que reste provado o dolo na prática do ilícito. A autuações carecem de provas e especificação da conduta que teria sido praticada pelo impugnante; Que, atos de cunho administrativo de rotina interna da empresa, participação em reuniões, ou realização de um pagamento a um fornecedor não pode ser considerado ato suficiente para a inclusão no pólo passivo, todavia, a prova da responsabilidade deve ser robusta, não pode haver presunção. O preceituado no artigo 135 do CTN tem natureza subsidiária (aplicado após o esgotamento prévio dos bens da pessoa jurídica); Que, as alegadas constatações da autoridade fiscal se baseiam, unicamente, em meros indícios e presunções, carentes de provas e elementos que dêem robustez e fidúcia. A autuação é nula; Que, não houve o adequado e devido exame de valoração aduaneira das mercadorias em questão, calcando as supostas provas de subfaturamento em meras “planilhas”, obtidas junto ao computador ilegalmente exigido e subtraído de uma das impugnantes. O fato da Invoice WL08011 possuir os mesmo valores da respectiva planilha, não significa que estes sejam os referidos “valores reais da transação”, o que a autoridade realiza por mera presunção. Poderíamos ter um terceiro valor dentro de tais constatações, decorrente da correta valoração aduaneira; Fl. 4939DF CARF MF 16 Que, mesmo que se entenda que em relação às DI’s n° 08/07883837 e 08/07464893 fosse dispensada a valoração, e que estas seriam supostos “paradigmas”, não se pode deixar de salientar que não há de se admitir o elastecimento ou condenação em cadeia. Necessário o Exame Conclusivo de valor aduaneiro; Que, as relações de compra e venda entre as referidas empresas e a encomendante no exterior das mercadorias, por mais que, eventualmente, tenham deixado de atender a certos requisitos formais, foram realizadas de modo idôneo. A participação do consumidor junto à importadora em relação aos produtos por esta importados, aspectos técnicos, não pode ser considerada interposição fraudulenta. É irrelevante a participação do encomendante nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. A participação da impugnante no processo de importação se deu de modo a apenas colaborar com os processo de compra e de negociação pelas importadoras, efetivas adquirentes de tais mercadorias. Não houve ausência de capacidade financeira ou de origem de recursos nos processos de importação; Que, as mercadorias foram integralmente comercializadas, através de sua revenda. Tal hipótese (revenda) só passou a existir com a Lei n° 12.350/10. Também a “falsidade ideológica” somente teve nascimento com o Decreto n° 6.759/09. A lei não pode retroagir; Que, é inaplicável o agravamento da multa de ofício, haveria que restar demonstrada a prova inequívoca do “evidente intuito de fraude”, o que não foi o caso dos autos. Há evidente caráter confiscatório; Que, a multa de ofício não poderia ter sido aplicada de forma cumulativa com a multa do valor aduaneiro das mercadorias. Ninguém pode ser punido duas vezes pela mesma infração; Que, há inconstitucionalidade da inclusão do PIS/COFINS importação realizadas junto ao auto, com fundamento na Lei n° 10.865/04 e Instrução Normativa n° 572/05. Tais autuações são desprovidas da correta e adequada base de cálculo, portanto nulas; Que, não podem ser aplicados os juros calculados à Taxa Selic sobre o crédito tributário, há enriquecimento ilícito da União. Requer que os juros de mora sejam calculados a razão de 1% ao mês, na forma do CTN. Há ilegalidade no regramento da Selic por meio de regulamento editado pelo BACEN; Requer: seja apresentada decisão fundamentada e motivada; analisadas as questões preliminares, se vencidas o mérito julgando improcedente o auto de infração com a sua exclusão do pólo passivo; a decisão seja comunicada aos autuados, advogados e procuradores e; deferida a produção de provas no curso do processo administrativo fiscal. Cientificados, o Sr. MURILO MONCONILL PINHEIRO apresentou impugnação de folhas 4.088 a 4.166. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Fl. 4940DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.933 17 Que, o crédito tributário relacionado às declarações de importação registradas anteriormente à dezembro de 2007 não pode ser exigido em razão da decadência. Cita o artigo 150 do Código Tributário Nacional e aduz ainda que de deve ser aplicado o disposto no DecretoLei n° 37/66 combinado com o Decreto n° 4.543/02 vez que a matéria e trato está relacionada com a “revisão aduaneira”; Que, intimada as partes da Sentença relacionada à Ação Ordinária, a Tektoyo apresentou Recurso de Apelação em 20/07/2012, recurso este que foi recebido em 29/08/2012 em seu duplo efeito (Devolutivo e Suspensivo). Portanto, não poderia ter havido a deslacração do computador e a utilização de suas informações para a instrução do presente auto. A União interpôs embargos de declaração, o qual somente foi acolhido em 25/09/2012, logo não poderia ter deslacrado em data anterior; Que, a Receita, em total descumprimento de determinação judicial, procedeu com a deslacração em 14/07/2012 e utilizou, indevidamente, as informações no presente processo, o que causa nulidade absoluta do auto de infração. Se até o presente momento não existe uma firme decisão judicial definitiva em relação à licitude das provas, ou seja, com trânsito em julgado, todas as “provas” aqui utilizadas não se prestam para embasar o presente auto de infração, pois carente de certeza quanto a sua licitude. Traz a teoria dos “Frutos da Árvore Envenenada” – contaminação decorrente de prova ilícita originária. Não sendo declarada a nulidade, deve o processo administrativo fiscal ser suspenso até que haja uma decisão judicial em definitivo; Que, não existe fundamento legal, nem motivação fática para a imposição da responsabilidade atribuída ao impugnante; Que, inexiste a apontada formação de grupo econômico, tratam se de empresas distintas, com capital e administração próprias. Podese constatar nos contratos sociais que as empresas são situadas em endereços distintos, com estrutura financeira e patrimônio próprios, não havendo a mesma administração e nem ao menos sócios em comum. Nunca houve qualquer fusão, cisão ou incorporação entre as empresas, não há qualquer prova nos autos que uma empresa controle as demais; Que, não basta a comprovação da existência do grupo econômico, a atribuição da responsabilidade depende ainda da constatação de que a impugnante, através de seu sócio gestor, teve participação na situação configuradora do fato gerador. Contudo, os autos confirmam que adquiriu mercadorias no mercado interno; Que, é preciso nexo de causalidade entre os atos supostamente cometidos pelas “ditas” sociedades do grupo, inexistindo este, apenas a sociedade infratora pode ser penalizada; Que, para que haja solidariedade com supedâneo no artigo 124 do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse Fl. 4941DF CARF MF 18 focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (ausência de interesse comum). O fato gerador praticado pela sociedade não atinge o sócio; Que, o preceituado no artigo 135 do CTN determina que reste provado o dolo na prática do ilícito. A autuações carecem de provas e especificação da conduta que teria sido praticada pelo impugnante; Que, os fiscais se baseiam em alguns email’s e documentos apreendidos para chegar a conclusão de que todos os arrolados no pólo passivo são responsáveis tributários, todavia, a prova da responsabilidade deve ser robusta e indene de dúvidas, não pode haver presunção. O preceituado no artigo 135 do CTN tem natureza subsidiária (aplicado após o esgotamento prévio dos bens da pessoa jurídica); Que, as alegadas constatações da autoridade fiscal se baseiam, unicamente, em meros indícios e presunções, carentes de provas e elementos que dêem robustez e fidúcia. A autuação é nula; Que, não houve o adequado e devido exame de valoração aduaneira das mercadorias em questão, calcando as supostas provas de subfaturamento em meras “planilhas”, obtidas junto ao computador ilegalmente exigido e subtraído de uma das impugnantes. O fato da Invoice WL08011 possuir os mesmo valores da respectiva planilha, não significa que estes sejam os referidos “valores reais da transação”, o que a autoridade realiza por mera presunção. Poderíamos ter um terceiro valor dentro de tais constatações, decorrente da correta valoração aduaneira; Que, mesmo que se entenda que em relação às DI’s n° 08/07883837 e 08/07464893 fosse dispensada a valoração, e que estas seriam supostos “paradigmas”, não se pode deixar de salientar que não há de se admitir o elastecimento ou condenação em cadeia. Necessário o Exame Conclusivo de valor aduaneiro; Que, as relações de compra e venda entre as referidas empresas e a encomendante no exterior das mercadorias, por mais que, eventualmente, tenham deixado de atender a certos requisitos formais, foram realizadas de modo idôneo. A participação do consumidor junto à importadora em relação aos produtos por esta importados, aspectos técnicos, não pode ser considerada interposição fraudulenta. É irrelevante a participação do encomendante nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. A participação da impugnante no processo de importação se deu de modo a apenas colaborar com os processo de compra e de negociação pelas importadoras, efetivas adquirentes de tais mercadorias. Não houve ausência de capacidade financeira ou de origem de recursos nos processos de importação; Que, as mercadorias foram integralmente comercializadas, através de sua revenda. Tal hipótese (revenda) só passou a existir com a Lei n° 12.350/10. Também a “falsidade ideológica” somente teve nascimento com o Decreto n° 6.759/09. A lei não pode retroagir; Fl. 4942DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.934 19 Que, é inaplicável o agravamento da multa de ofício, haveria que restar demonstrada a prova inequívoca do “evidente intuito de fraude”, o que não foi o caso dos autos. Há evidente caráter confiscatório; Que, a multa de ofício não poderia ter sido aplicada de forma cumulativa com a multa do valor aduaneiro das mercadorias. Ninguém pode ser punido duas vezes pela mesma infração; Que, há inconstitucionalidade da inclusão do PIS/COFINS importação realizadas junto ao auto, com fundamento na Lei n° 10.865/04 e Instrução Normativa n° 572/05. Tais autuações são desprovidas da correta e adequada base de cálculo, portanto nulas; Que, não podem ser aplicados os juros calculados à Taxa Selic sobre o crédito tributário, há enriquecimento ilícito da União. Requer que os juros de mora sejam calculados a razão de 1% ao mês, na forma do CTN. Há ilegalidade no regramento da Selic por meio de regulamento editado pelo BACEN; Requer: seja apresentada decisão fundamentada e motivada; analisadas as questões preliminares, se vencidas o mérito julgando improcedente o auto de infração com a sua exclusão do pólo passivo; a decisão seja comunicada aos autuados, advogados e procuradores e; deferida a produção de provas no curso do processo administrativo fiscal. Cientificados, o Sr. JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET e a Sra. JACIRA OLÍMPIA FERREIRA apresentaram impugnação conjunta de folhas 4.181 a 4.262. Em síntese apresentam os seguintes argumentos: Que, o crédito tributário relacionado às declarações de importação registradas anteriormente à dezembro de 2007 não pode ser exigido em razão da decadência. Cita o artigo 150 do Código Tributário Nacional e aduz ainda que de deve ser aplicado o disposto no DecretoLei n° 37/66 combinado com o Decreto n° 4.543/02 vez que a matéria e trato está relacionada com a “revisão aduaneira”; Que, intimada as partes da Sentença relacionada à Ação Ordinária, a Tektoyo apresentou Recurso de Apelação em 20/07/2012, recurso este que foi recebido em 29/08/2012 em seu duplo efeito (Devolutivo e Suspensivo). Portanto, não poderia ter havido a deslacração do computador e a utilização de suas informações para a instrução do presente auto. A União interpôs embargos de declaração, o qual somente foi acolhido em 25/09/2012, logo não poderia ter deslacrado em data anterior; Que, a Receita, em total descumprimento de determinação judicial, procedeu com a deslacração em 14/07/2012 e utilizou, indevidamente, as informações no presente processo, o que causa nulidade absoluta do auto de infração. Se até o presente momento não existe uma firme decisão judicial definitiva em relação à licitude das provas, ou seja, com trânsito em julgado, Fl. 4943DF CARF MF 20 todas as “provas” aqui utilizadas não se prestam para embasar o presente auto de infração, pois carente de certeza quanto a sua licitude. Traz a teoria dos “Frutos da Árvore Envenenada” – contaminação decorrente de prova ilícita originária. Não sendo declarada a nulidade, deve o processo administrativo fiscal ser suspenso até que haja uma decisão judicial em definitivo; Que, não existe fundamento legal, nem motivação fática para a imposição da responsabilidade atribuída aos impugnantes; Que, JOSE YOHNNY GROSZ BENADERET nunca foi sócio, nem gestor ou administrador de qualquer das empresas arroladas no pólo passivo, e jamais teve qualquer poder neste sentido. Era mero prestador de serviços: comprador e consultor, participava de reuniões comerciais e esporadicamente atuava como tradutor. Nunca foi empregado, gerente ou sócio de nenhuma empresa. Os cartões de visita mencionados no auto serviram apenas para o impugnante ter o devido acesso e se apresentar perante terceiros, porém sem qualquer vinculo de ordem administrativa ou societária com as empresas; Que, quanto à pessoa de JACIRA OLÍMPIA FERREIRA (e por oportuno NILTON FERREIRA OLIMPIO) a autuação não cita qualquer indício ou responsabilidade pessoal ou atos materiais, sendo silente o auto de infração em relação a tal pessoa. A Sra. JACIRA sequer era sócia gerente, sendo mera quotista. O sócio NILTON faleceu, fato que resulta na impossibilidade material e jurídica de sua manutenção no pólo passivo na condição de responsável pessoalmente solidário; Que, para que haja solidariedade com supedâneo no artigo 124 do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (ausência de interesse comum). O fato gerador praticado pela sociedade não atinge o sócio; Que, o preceituado no artigo 135 do CTN determina que reste provado o dolo na prática do ilícito. A autuações carecem de provas e especificação da conduta que teria sido praticada pelo impugnante; Que, os fiscais se baseiam em alguns email’s e documentos apreendidos para chegar a conclusão de que todos os arrolados no pólo passivo são responsáveis tributários, todavia, a prova da responsabilidade deve ser robusta e indene de dúvidas, não pode haver presunção. O preceituado no artigo 135 do CTN tem natureza subsidiária (aplicado após o esgotamento prévio dos bens da pessoa jurídica); Que, inexiste a apontada formação de grupo econômico, tratam se de empresas distintas, com capital e administração próprias. Podese constatar nos contratos sociais que as empresas são situadas em endereços distintos, com estrutura financeira e patrimônio próprios, não havendo a mesma administração e nem ao menos sócios em comum. Nunca houve qualquer fusão, cisão ou incorporação entre as empresas, não há qualquer prova nos autos que uma empresa controle as demais; Fl. 4944DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.935 21 Que, não basta a comprovação da existência do grupo econômico, a atribuição da responsabilidade depende ainda da constatação de que a impugnante, através de seu sócio gestor, teve participação na situação configuradora do fato gerador. Contudo, os autos confirmam que adquiriu mercadorias no mercado interno; Que, é preciso nexo de causalidade entre os atos supostamente cometidos pelas “ditas” sociedades do grupo, inexistindo este, apenas a sociedade infratora pode ser penalizada; Que, as alegadas constatações da autoridade fiscal se baseiam, unicamente, em meros indícios e presunções, carentes de provas e elementos que dêem robustez e fidúcia. A autuação é nula; Que, não houve o adequado e devido exame de valoração aduaneira das mercadorias em questão, calcando as supostas provas de subfaturamento em meras “planilhas”, obtidas junto ao computador ilegalmente exigido e subtraído de uma das impugnantes. O fato da Invoice WL08011 possuir os mesmo valores da respectiva planilha, não significa que estes sejam os referidos “valores reais da transação”, o que a autoridade realiza por mera presunção. Poderíamos ter um terceiro valor dentro de tais constatações, decorrente da correta valoração aduaneira; Que, mesmo que se entenda que em relação às DI’s n° 08/07883837 e 08/07464893 fosse dispensada a valoração, e que estas seriam supostos “paradigmas”, não se pode deixar de salientar que não há de se admitir o elastecimento ou condenação em cadeia. Necessário o Exame Conclusivo de valor aduaneiro; Que, as relações de compra e venda entre as referidas empresas e a encomendante no exterior das mercadorias, por mais que, eventualmente, tenham deixado de atender a certos requisitos formais, foram realizadas de modo idôneo. A participação do consumidor junto à importadora em relação aos produtos por esta importados, aspectos técnicos, não pode ser considerada interposição fraudulenta. É irrelevante a participação do encomendante nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. A participação da impugnante no processo de importação se deu de modo a apenas colaborar com os processo de compra e de negociação pelas importadoras, efetivas adquirentes de tais mercadorias. Não houve ausência de capacidade financeira ou de origem de recursos nos processos de importação; Que, as mercadorias foram integralmente comercializadas, através de sua revenda. Tal hipótese (revenda) só passou a existir com a Lei n° 12.350/10. Também a “falsidade ideológica” somente teve nascimento com o Decreto n° 6.759/09. A lei não pode retroagir; Que, é inaplicável o agravamento da multa de ofício, haveria que restar demonstrada a prova inequívoca do “evidente intuito Fl. 4945DF CARF MF 22 de fraude”, o que não foi o caso dos autos. Há evidente caráter confiscatório; Que, a multa de ofício não poderia ter sido aplicada de forma cumulativa com a multa do valor aduaneiro das mercadorias. Ninguém pode ser punido duas vezes pela mesma infração; Que, há inconstitucionalidade da inclusão do PIS/COFINS importação realizadas junto ao auto, com fundamento na Lei n° 10.865/04 e Instrução Normativa n° 572/05. Tais autuações são desprovidas da correta e adequada base de cálculo, portanto nulas; Que, não podem ser aplicados os juros calculados à Taxa Selic sobre o crédito tributário, há enriquecimento ilícito da União. Requer que os juros de mora sejam calculados a razão de 1% ao mês, na forma do CTN. Há ilegalidade no regramento da Selic por meio de regulamento editado pelo BACEN; Requer: seja apresentada decisão fundamentada e motivada; analisadas as questões preliminares, se vencidas o mérito julgando improcedente o auto de infração com as suas exclusões do pólo passivo; a decisão seja comunicada aos autuados, advogados e procuradores e; deferida a produção de provas no curso do processo administrativo fiscal. Cientificadas, as Empresas PELCO COMERCIAL LTDA. e TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. apresentaram impugnação conjunta de folhas 4.399 a 4.486. Em síntese apresentam os seguintes argumentos: Que, o crédito tributário relacionado às declarações de importação registradas anteriormente à dezembro de 2007 não pode ser exigido em razão da decadência. Cita o artigo 150 do Código Tributário Nacional e aduz ainda que de deve ser aplicado o disposto no DecretoLei n° 37/66 combinado com o Decreto n° 4.543/02 vez que a matéria e trato está relacionada com a “revisão aduaneira”; Que, intimada às partes da Sentença relacionada à Ação Ordinária, a impugnante apresentou Recurso de Apelação em 20/07/2012, recurso este que foi recebido em 29/08/2012 em seu duplo efeito (Devolutivo e Suspensivo). Portanto, não poderia ter havido a deslacração do computador e a utilização de suas informações para a instrução do presente auto. A União interpôs embargos de declaração, o qual somente foi acolhido em 25/09/2012, logo não poderia ter deslacrado em data anterior; Que, a Receita, em total descumprimento de determinação judicial, procedeu com a deslacração em 14/07/2012 e utilizou, indevidamente, as informações no presente processo, o que causa nulidade absoluta do auto de infração. Se até o presente momento não existe uma firme decisão judicial definitiva em relação à licitude das provas, ou seja, com trânsito em julgado, todas as “provas” aqui utilizadas não se prestam para embasar o presente auto de infração, pois carente de certeza quanto a sua licitude. Traz a teoria dos “Frutos da Árvore Envenenada” – contaminação decorrente de prova ilícita originária. Não sendo Fl. 4946DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.936 23 declarada a nulidade, deve o processo administrativo fiscal ser suspenso até que haja uma decisão judicial em definitivo; Que, inexiste a apontada formação de grupo econômico, tratam se de empresas distintas, com capital e administração próprias. Podese constatar nos contratos sociais que as empresas são situadas em endereços distintos, com estrutura financeira e patrimônio próprios, não havendo a mesma administração e nem ao menos sócios em comum. Nunca houve qualquer fusão, cisão ou incorporação entre as empresas, não há qualquer prova nos autos que uma empresa controle as demais; Que, não basta a comprovação da existência do grupo econômico, a atribuição da responsabilidade depende ainda da constatação de que a impugnante, através de seu sócio gestor, teve participação na situação configuradora do fato gerador. Contudo, os autos confirmam que adquiriu mercadorias no mercado interno; Que, a autoridade apresenta nos autos questões de ordem financeira interna, e de cunho organizacional, que nada se relacionam com o suposto subfaturamento de mercadorias ou dita interposição fraudulenta; Que, é preciso nexo de causalidade entre os atos supostamente cometidos pelas “ditas” sociedades do grupo, inexistindo este, apenas a sociedade infratora pode ser penalizada; Que, inexiste a solidariedade tributária atribuída às pessoas físicas, o Fisco faz confusão de pessoas física e jurídica, aplicando erroneamente a desconsideração da personalidade jurídica. Não há prova concreta do abuso da personalidade jurídica; Que, para que haja solidariedade com supedâneo no artigo 124 do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. O fato gerador praticado pela sociedade não atinge o sócio; Que, os fiscais se baseiam em alguns email’s e documentos apreendidos para chegar a conclusão de que todos os arrolados no pólo passivo são responsáveis tributários, todavia, a prova da responsabilidade deve ser robusta e indene de dúvidas, não pode haver presunção. O preceituado no artigo 135 do CTN tem natureza subsidiária (aplicado após o esgotamento prévio dos bens da pessoa jurídica) e, desde que provado o dolo ou culpa na prática do ilícito. Em tese quem praticou o fato gerador da importação e que cometeu, ao mesmo tempo, infração tributária consubstanciada pelo suposto subfaturamento foi a sociedade; Que, as alegadas constatações da autoridade fiscal se baseiam, unicamente, em meros indícios e presunções, carentes de provas e elementos que dêem robustez e fidúcia. A autuação é nula; Fl. 4947DF CARF MF 24 Que, não houve o adequado e devido exame de valoração aduaneira das mercadorias em questão, calcando as supostas provas de subfaturamento em meras “planilhas”, obtidas junto ao computador ilegalmente exigido e subtraído de uma das impugnantes. O fato da Invoice WL08011 possuir os mesmo valores da respectiva planilha, não significa que estes sejam os referidos “valores reais da transação”, o que a autoridade realiza por mera presunção. Poderíamos ter um terceiro valor dentro de tais constatações, decorrente da correta valoração aduaneira; Que, mesmo que se entenda que em relação às DI’s n° 08/07883837 e 08/07464893 fosse dispensada a valoração, e que estas seriam supostos “paradigmas”, não se pode deixar de salientar que não há de se admitir o elastecimento ou condenação em cadeia. Necessário o Exame Conclusivo de valor aduaneiro; Que, as relações de compra e venda entre as referidas empresas e a encomendante no exterior das mercadorias, por mais que, eventualmente, tenham deixado de atender a certos requisitos formais, foram realizadas de modo idôneo. A participação do consumidor junto à importadora em relação aos produtos por esta importados, aspectos técnicos, não pode ser considerada interposição fraudulenta. É irrelevante a participação do encomendante nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. A participação da impugnante no processo de importação se deu de modo a apenas colaborar com os processo de compra e de negociação pelas importadoras, efetivas adquirentes de tais mercadorias. Não houve ausência de capacidade financeira ou de origem de recursos nos processos de importação; Que, as mercadorias foram integralmente comercializadas, através de sua revenda. Tal hipótese (revenda) só passou a existir com a Lei n° 12.350/10. Também a “falsidade ideológica” somente teve nascimento com o Decreto n° 6.759/09. A lei não pode retroagir; Que, é inaplicável o agravamento da multa de ofício, haveria que restar demonstrada a prova inequívoca do “evidente intuito de fraude”, o que não foi o caso dos autos. Há evidente caráter confiscatório; Que, a multa de ofício não poderia ter sido aplicada de forma cumulativa com a multa do valor aduaneiro das mercadorias. Ninguém pode ser punido duas vezes pela mesma infração; Que, há inconstitucionalidade da inclusão do PIS/COFINS importação realizadas junto ao auto, com fundamento na Lei n° 10.865/04 e Instrução Normativa n° 572/05. Tais autuações são desprovidas da correta e adequada base de cálculo, portanto nulas; Que, não podem ser aplicados os juros calculados à Taxa Selic sobre o crédito tributário, há enriquecimento ilícito da União. Requer que os juros de mora sejam calculados a razão de 1% ao mês, na forma do CTN. Há ilegalidade no regramento da Selic por meio de regulamento editado pelo BACEN; Fl. 4948DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.937 25 Requer: seja apresentada decisão fundamentada e motivada; analisadas as questões preliminares, se vencidas o mérito julgando improcedente o auto de infração; a decisão seja comunicada aos autuados, advogados e procuradores e; deferida a produção de provas no curso do processo administrativo fiscal. Cientificada, a Empresa KOMPORT COMERCIAL IMPORTADORA S.A. apresentou impugnação de folhas 4.265 a 4.305. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, o auto de infração fundase nas informações obtidas através da apreensão de computador da empresa TEKTOYO (realizada de forma ilícita e sem autorização judicial). O feito foi questionado judicialmente e aguarda decisão final (transito em julgado). A ausência de autorização judicial implica na ilicitude da prova e na nulidade de todas as conclusões tomadas a partir dela (teoria dos frutos da árvore envenenada). Se não for declarado nulo, seria prudente o sobrestamento do auto de infração ora impugnado; Que, em razão do disposto no Decreto n° 4.543/02 (e Decreto Lei n° 37/66), parte das declarações de importação não poderiam ser objeto de revisão aduaneira (registradas a mais que cinco anos da data de notificação da autuação), tendo ainda ocorrido a decadência para os fatos geradores ocorridos em data anterior a 04 de dezembro de 2007 (tributos e infrações); Que, a conclusão da autoridade fiscal está lastreada em amostragem inferior a 10% das operações do período fiscalizado – 2 anos (2 declarações de importação registradas em datas próximas). Não se pode presumir que, de acordo com as operações ocorridas em uma semana do mês de maio de 2008, todas as operações de importação realizadas pela Impugnante ao longo de dois anos contam com as mesmas características e foram efetuadas da mesma forma. Não houve individualização, 90% das declarações não foram analisadas no auto de infração. A conclusão da prática de subfaturamento deuse por presunção; Que, a pena de perdimento foi aplicada concomitantemente com o arbitramento da base de cálculo e lançamento suplementar dos tributos aduaneiros (ao final, se realizado o pagamento integral dos tributos, o dano ao Erário desaparecerá e, conseqüentemente, a pena de perdimento perderá seu fundamento legal; Que, houve violação às regras de valoração aduaneira, não houve obediência ao disposto no Instrução Normativa SRF n° 327/03. A Receita Federal não tem competência para arbitrar “preço ou valor de transação” sem que tenha realizado a prévia valoração aduaneira (contraditório antes do exame conclusivo). Vícios encontrados: valor de transação não se baseou em informações fornecidas pelas partes envolvidas nas operações; as regras e métodos substitutivos de apuração do valor aduaneiro foram ignorados e; os preços apurados não levaram em conta as quantidades envolvidas na compra. Há cerceamento do seu direito de defesa; Fl. 4949DF CARF MF 26 Que, o caso descrito na autuação é de aplicação do artigo 33 da Lei n° 11.488/07 e não de aplicação de pena de perdimento, já que a acusação é de que a impugnante cedeu seu nome para a ocultação de terceiros. Ninguém pode ser condenado a “perder”, ou melhor, ter subtraído do seu patrimônio bem ou direito que nunca o compôs. Não pode haver responsabilização solidária no caso de aplicação da pena de perdimento (cita a Constituição Federal artigo 5º, inciso XLV); Que, o lançamento de PIS e COFINS na importação apresenta erros em sua base de cálculo, há ilegalidade e inconstitucionalidade no dispositivo legal (Lei n° 10.865/04). A Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região emitiu decisão paradigmática e vinculante; Requer, sejam acolhidas as preliminares ou alternativamente seja provida a impugnação em razão dos argumentos ofertados e, sejam os advogados intimados da decisão. Cientificada, a Empresa KOMLOG IMPORTAÇÃO LTDA. apresentou impugnação de folhas 4.320 a 4.361, anexando os documentos de folhas 4.362 a 4.398. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, o auto de infração fundase nas informações obtidas através da apreensão de computador da empresa TEKTOYO (realizada de forma ilícita e sem autorização judicial). O feito foi questionado judicialmente e aguarda decisão final (transito em julgado). A ausência de autorização judicial implica na ilicitude da prova e na nulidade de todas as conclusões tomadas a partir dela (teoria dos frutos da árvore envenenada). Se não for declarado nulo, seria prudente o sobrestamento do auto de infração ora impugnado; Que, em razão do disposto no Decreto n° 4.543/02 (e Decreto Lei n° 37/66), parte das declarações de importação não poderiam ser objeto de revisão aduaneira (registradas a mais que cinco anos da data de notificação da autuação), tendo ainda ocorrido a decadência para os fatos geradores ocorridos em data anterior a 04 de dezembro de 2007 (tributos e infrações); Que, a conclusão da autoridade fiscal está lastreada em amostragem inferior a 10% das operações do período fiscalizado – 2 anos (2 declarações de importação registradas em datas próximas). Não se pode presumir que, de acordo com as operações ocorridas em uma semana do mês de maio de 2008, todas as operações de importação realizadas pela Impugnante ao longo de dois anos contam com as mesmas características e foram efetuadas da mesma forma. Não houve individualização, 90% das declarações não foram analisadas no auto de infração. A conclusão da prática de subfaturamento deuse por presunção; Que, a pena de perdimento foi aplicada concomitantemente com o arbitramento da base de cálculo e lançamento suplementar dos tributos aduaneiros (ao final, se realizado o pagamento integral dos tributos, o dano ao Erário desaparecerá e, conseqüentemente, a pena de perdimento perderá seu fundamento legal; Fl. 4950DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.938 27 Que, houve violação às regras de valoração aduaneira, não houve obediência ao disposto no Instrução Normativa SRF n° 327/03. A Receita Federal não tem competência para arbitrar “preço ou valor de transação” sem que tenha realizado a prévia valoração aduaneira (contraditório antes do exame conclusivo). Vícios encontrados: valor de transação não se baseou em informações fornecidas pelas partes envolvidas nas operações; as regras e métodos substitutivos de apuração do valor aduaneiro foram ignorados e; os preços apurados não levaram em conta as quantidades envolvidas na compra. Há cerceamento do seu direito de defesa; Que, o caso descrito na autuação é de aplicação do artigo 33 da Lei n° 11.488/07 e não de aplicação de pena de perdimento, já que a acusação é de que a impugnante cedeu seu nome para a ocultação de terceiros. Ninguém pode ser condenado a “perder”, ou melhor, ter subtraído do seu patrimônio bem ou direito que nunca o compôs. Não pode haver responsabilização solidária no caso de aplicação da pena de perdimento (cita a Constituição Federal artigo 5º, inciso XLV); Que, o lançamento de PIS e COFINS na importação apresenta erros em sua base de cálculo, há ilegalidade e inconstitucionalidade no dispositivo legal (Lei n° 10.865/04). A Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região emitiu decisão paradigmática e vinculante. Há que se respeitar a ordem judicial emanada nos autos da Ação Declaratória de Inexigibilidade de Crédito Tributário c/ Pedido de Tutela Antecipada n° 2009.72.00.0104423 proposta pela impugnante; Requer, sejam acolhidas as preliminares ou alternativamente seja provida a impugnação em razão dos argumentos ofertados e, sejam os advogados intimados da decisão. Despacho da unidade preparadora à folhas 4.595 encaminha as impugnações indicando o contribuinte e responsáveis solidários, consideradas tempestivas, para julgamento. Contudo, relativamente ao caso do Sr. NILTON FERREIRA OLIMPIO se constata que não houve apresentação de impugnação por parte de seu espólio ou sucessores. O que de fato existe nos autos é a comunicação do seu falecimento em 22/02/2012 (Empresa ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. – fl. 3.838) com a apresentação de cópia da respectiva Certidão de Óbito à folhas 3.925. De acordo com referido documento o falecido é filho da Sra. JACIRA OLÍMPIA FERREIRA (também considerada responsável solidária nos autos). Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, (i) a impugnação da pessoa jurídica ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. foi julgada parcialmente procedente, para excluir do polo passivo o Sr. NILTON FERREIRA OLIMPIO; (ii) a impugnação da Srª. JACIRA OLÍMPIA FERREIRA foi julgada procedente, para excluíla do polo passivo da autuação; e (iii) as demais impugnações foram julgadas improcedentes. Os fundamentos da referida decisão encontramse resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: Fl. 4951DF CARF MF 28 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 17/08/2007, 27/08/2007, 06/09/2007, 21/09/2007, 10/10/2007, 13/11/2007, 28/12/2007, 25/01/2008, 22/02/2008, 17/03/2008, 04/04/2008, 21/05/2008, 28/05/2008, 03/06/2008, 27/08/2008, 22/09/2008, 24/09/2008 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real responsável pela operação de importação, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 17/08/2007, 27/08/2007, 06/09/2007, 21/09/2007, 10/10/2007, 13/11/2007, 28/12/2007, 25/01/2008, 22/02/2008, 17/03/2008, 04/04/2008, 21/05/2008, 28/05/2008, 03/06/2008, 27/08/2008, 22/09/2008, 24/09/2008 BASE DE CÁLCULO. PREÇO EFETIVAMENTE PRATICADO. FRAUDE. ARBITRAMENTO. Constatado que os preços das mercadorias consignados nas declarações de importação e correspondentes faturas não correspondem à realidade das transações e são inferiores aos preços efetivamente praticados fica caracterizado o subfaturamento. Portanto, exigíveis os tributos aduaneiros devidos decorrentes deste fato. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. Cabível a multa de ofício agravada, de 150% sobre o tributos apurados. Constatada a fraude na importação é aplicável a multa agravada de lançamento de ofício dos tributos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 17/08/2007, 27/08/2007, 06/09/2007, 21/09/2007, 10/10/2007, 13/11/2007, 28/12/2007, 25/01/2008, 22/02/2008, 17/03/2008, 04/04/2008, 21/05/2008, 28/05/2008, 03/06/2008, 27/08/2008, 22/09/2008, 24/09/2008 ÓBITO DO RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO. AUTUAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE Atribuída a responsabilidade solidária a pessoa diversa daquela que deveria estar no pólo passivo, e não restando caracterizado o redirecionamento da responsabilidade ao espólio ou sucessores, deve o falecido ser excluído do pólo passivo. Ato administrativo formalizado após o falecimento do responsável solidário. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação Fl. 4952DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.939 29 principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. De outra sorte, não restando comprovado o interesse comum ou o benefício com a prática da infração deve a responsabilidade solidária ser afastada. OBSTÁCULO JUDICIAL. PROCEDIMENTO FISCAL. DECADÊNCIA. A existência de obstáculo judicial, que impeça a ação das autoridades fiscais para início ou prosseguimento do procedimento fiscal e conseqüente formalização da exigência tributária, impede ou suspende o curso do prazo previsto para a prática do ato administrativo relacionado ao exercício do direito de constituir o crédito tributário relacionado a tributos ou penalidades. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Os seguintes impugnantes foram cientificados da referida decisão nas datas a seguir especificadas: KOMPORT COMERCIAL IMPORTADORA S/A., em 8/9/2014; KOMLOG IMPORTACÃO LTDA., em 7/8/2014; TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. EPP, em 21/8/2014; TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA., em 14/8/2014; JOSÉ YOHNNY GROSZ BENADERET, em 22/8/2014; ZENGRA COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA. e Srª. JACIRA OLÍMPIA FERREIRA, em 13/8/2014; e PELCO COMERCIAL LTDA., em 15/10/2014. Não foram localizados, nos autos, os documentos comprobatórios da ciência do acórdão recorrido das seguintes pessoas físicas impugnantes, arroladas no polo passivo como responsáveis solidários: ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS; MURILO MONCONILL PINHEIRO e SILVIA CARINA GERZVOLF. Tempestivamente, apresentaram recurso voluntário as pessoas jurídicas KOMLOG IMPORTACÃO LTDA. (fls. 4621/4722) e TEKTOYO ELETRÔNICA LTDA. EPP (fls. 4734/4820) e a pessoa física JOSÉ YOHNNY GROSZ BENADERET (fls. 4821/4902). Nos referidos recursos, os recorrentes repisaram as razões de defesa apresentadas nas respectivas peças impugnatórias. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relatório. Os presentes recursos voluntários não se encontra em condições de ser julgado, por dois motivos: a) não há provas nos autos de que todas as pessoas arroladas no polo passivo da autuação e que apresentaram impugnação foram cientificadas da decisão recorrida; e b) não houve interposição de recurso de ofício contra a decisão que excluiu do polo passivo sujeito passivo arrolado como responsável solidário. Fl. 4953DF CARF MF 30 Da falta de intimação Em relação aos atos praticados no âmbito do processo administrativo fsical, , sabese que, no caso de pluralidade de sujeitos passivos, todos deverão ser cientificados do auto de infração ou da notificação de lançamento, conforme expressamente determina o art. 56, § 3º, do Decreto 7.574/2011, que segue transcrito: Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). [...] § 3º No caso de pluralidade de sujeitos passivos, caracterizados na formalização da exigência, todos deverão ser cientificados do auto de infração ou da notificação de lançamento, com abertura de prazo para que cada um deles apresente impugnação. [...] Ainda no caso de pluralidade de sujeitos passivos, de modo geral, todos os impugnantes ou manifestantes deverão ser cientificados dos atos decisórios prolatados no processo, com abertura de prazo para cada um deles apresentar defesa, se esta for admitida, sob pena de grave prejuízo contraditório e ao direito de defesa do sujeito passivo. Quanto à necessidade/obrigatoriedade de ciência a todos os sujeitos passivos do resultado do julgamento de primeiro grau, embora não haja previsão expressa no referido Decreto, bem como no Decreto 70.235/1972, a leitura combinada dos arts. 311 e 332 deste último Decreto revela que uma das finalidades precípuas dessa providência é proporcionar ao sujeito passivo impugnante ou manifestante a oportunidade de apresentação perante este Conselho, no prazo de trinta dias, de recurso voluntário contra a decisão que lhe tenha sido desfavorável. Assim, a falta de intimação ou ciência de um ou de alguns dos impugnantes ou manifestantes do resultado do julgamento de primeiro grau, configura grave irregularidade processual, com evidente prejuízo ao contraditório e ao direito de defesa das pessoas impugnantes ou manifestantes não cientificadas, que, uma vez constatada em qualquer fase processual, deve ser prontamente sanada, consoante expressa determinação do art. 60 do Decreto 70.235/1972, que segue transcrito: Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. 1 "Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)" 2 "Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão." Fl. 4954DF CARF MF Processo nº 15165.723691/201250 Acórdão n.º 3302005.384 S3C3T2 Fl. 4.940 31 No caso em tela, embora tenha apresentado impugnação não há, nos autos, prova da ciência das pessoas físicas ROBERTO ANTONIO MIERES BARRIOS; MURILO MONCONILL PINHEIRO e SILVIA CARINA GERZVOLF, arroladas no polo passivo das autuações e que apresentaram impugnação. Dada essa grave irregularidade, a necessidade de saneamento se impõe, segundo exige o art. 60 do Decreto 70.235/1972. Da ausência de interposição de recurso de ofício No caso de pluralidade de sujeitos passivos, caracterizados na formalização da exigência, sempre que a decisão de primeiro grau excluir o sujeito passivo de autuação, cuja exigência seja em valor superior ao fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário, a autoridade julgadora competente de primeira instância deverá interpor o recurso de ofídico perante este Conselho, por força do que determina o art. 70, § 3º, do Decreto 7.574/2011, a seguir transcrito: Art. 70. O recurso de ofício deve ser interposto, pela autoridade competente de primeira instância, sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda, bem como quando deixar de aplicar a pena de perdimento de mercadoria com base na legislação do IPI (Decreto no 70.235, de 1972, art. 34, com a redação dada pela Lei no 9.532, de 1997, art. 67). § 1o O recurso será interposto mediante formalização na própria decisão. § 2º Sendo o caso de interposição de recurso de ofício e não tendo este sido formalizado, o servidor que verificar o fato representará à autoridade julgadora, por intermédio de seu chefe imediato, no sentido de que seja observada aquela formalidade. § 3º O disposto no caput aplicase sempre que, na hipótese prevista no § 3º do art. 56, a decisão excluir da lide o sujeito passivo cuja exigência seja em valor superior ao fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. (Incluído pelo Decreto nº 8.853, de 2016) No caso em tela, foram excluídos do polo passivo da autuação o Sr. NILTON FERREIRA OLIMPIO (falecido) e Srª. JACIRA OLÍMPIA FERREIRA e montante do exigido nas presentes autuações superam em muito o limite, no valor de R$ 2.500.000,00, fixado pelo Ministro de Estado da Fazenda no art. 1º da Portaria MF 63/2017, que segue reproduzido: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. Fl. 4955DF CARF MF 32 § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Assim, uma vez configurada a obrigatoriedade de interposição de recurso de ofício e não tendo sido este formalizado na respectiva decisão, por lapso manifesto, esta deve ser anulada, para que outra seja proferida em boa e devida forma, nos termos do art. 273 da Portaria MF 341/2011. Da conclusão Por todo o exposto, votase por declarar a nulidade da decisão de recorrida, para que outra seja proferida em boa e devida forma, para que dela conste a interposição do recurso de ofício, bem como dela sejam cientificados todos os sujeitos passivos arrolados no polo passivo das autuações, especialmente os que apresentaram impugnação, com exceção do falecido Sr. NILTON FERREIRA OLIMPIO, por razão óbvia. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 3 "Art. 27. O requerimento da autoridade incumbida da execução do acórdão ou do sujeito passivo, para correção de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e a erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, será rejeitado por despacho irrecorrível do Presidente da Turma, quando não demonstrar, com precisão, a inexatidão ou o erro." Fl. 4956DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.941516/2012-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.708
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do redator designado, vencidos os Conselheiros Sarah Maria L. de A. Paes de Souza (Relatora), José Fernandes do Nascimento e Maria do Socorro F. Aguiar que davam provimento parcial ao recurso voluntário. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Diego Weis Jr (Suplente convocado) não participou do julgamento em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza
Nome do relator: José Renato Pereira de Deus - Redator "ad hoc".
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Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do redator designado, vencidos os Conselheiros Sarah Maria L. de A. Paes de Souza (Relatora), José Fernandes do Nascimento e Maria do Socorro F. Aguiar que davam provimento parcial ao recurso voluntário. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Diego Weis Jr (Suplente convocado) não participou do julgamento em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus - Redator "ad hoc". (assinado digitalmente) Walker Araujo - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Junior (suplente convocado) e Raphael Abad. Relatório Fl. 2853DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 2 2 Conselheiro José Renato Pereira de Deus, redator "ad hoc". Na condição de redator "ad hoc" para formalização desta decisão, passo a transcrever o relatório constante da minuta do voto da relatora Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza. "Trata-se de recurso voluntário, que adveio de acórdão de manifestação de inconformidade, nos procedimentos fiscais com vistas a verificar a regularidade dos valores constantes dos pedidos de ressarcimento de créditos de PIS e COFINS não-cumulativos, vinculados às vendas efetuadas no mercado interno, formalizados por intermédio dos PER (pedidos de ressarcimento) dos meses de julho de 2010 a setembro de 2011, com declarações de compensação DCOMP a ele vinculadas, neste processo especificamente, créditos da COFINS não-cumulativa do terceiro trimestre de 2010. A contribuinte, retrata a fiscalização, fls. 18/19 da informação fiscal 1 , possui uma ampla gama de atividades, in litteris: Comércio, a indústria, a importação e a exportação de produtos de limpeza e higiene doméstica; A exploração da indústria e do comércio de produtos alimentícios e bebidas em geral (laticínios, cereais, adoçantes etc.); a fabricação, o transporte, o armazenamento, a distribuição, a importação e a comercialização de medicamentos, de produtos para saúde e de produtos farmacêuticos alopáticos, fitoterápicos e homeopáticos para uso humano; a fabricação, o transporte, o armazenamento, a distribuição, a importação e a comercialização de produtos de higiene pessoal, toucador, cosméticos e perfumes; a fabricação, o comércio por atacado, a importação e a exportação de lubrificantes; o comércio, a indústria, a importação e a exportação de produtos desinfetantes para controle de insetos e roedores, inseticidas e defensivos agrícolas; a confecção, comercialização, importação e exportação de fraldas descartáveis, absorventes higiênicos, absorventes hospitalares e hastes flexíveis com algodão nas extremidades. Do acórdão da DRJ/Rio de Janeiro, fls. 3/5 do acórdão, extraem-se trechos que explicam como ocorre o sistema de tributação da Recorrente: Em razão da multiplicidade de atividades desenvolvidas pela Hypermarcas, parte de suas receitas (oriunda do seguimento de cosméticos e medicamentos) é tributada de forma concentrada. Ou seja, quando a Hypermarcas vende cosméticos e medicamentos fabricados por ela, está obrigada a tributar essas vendas com alíquotas diferenciadas do PIS e da Cofins, tendo em vista que a tributação é concentrada no fabricante. 1 Os números correspondem ao número no documento físico. Fl. 2854DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 3 3 A sistemática de tributação do regime não-cumulativo, bem como da tributação diferenciada (também conhecida como incidência monofásica ou concentrada), possui diversas especificidades em razão do produto produzido (Cosméticos, Medicamentos, Alimentos etc.), destinação das vendas (Mercado Interno, Zona Franca de Manaus, Exportação, etc.), característica da contribuinte (Fabricante, Importadora, Atacadista/Varejista etc.), dentre outras, que tornam o sistema de apuração dos créditos e débitos uma tarefa muito complexa.. Ou seja, os fabricantes de produtos sujeitos às alíquotas diferenciadas também poderão descontar créditos em relação às aquisições de produtos de outra pessoa jurídica, produtora ou importadora, para revenda no mercado interno, desde que a pessoa jurídica adquirente seja fabricante dos produtos relacionados no § 1º do art. 2º da Lei nº 10.833 (produtos relacionados no inciso I, do art. 1° da lei n° 10.147/00). No caso citado acima, a Hypermarcas adquire produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal de outro fabricante para revenda. Como ela também fabrica produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal, ela tem o direito de se creditar do PIS e da Cofins. Por outro lado, nesse tipo de operação (aquisição de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal para revenda), as vendas (revendas) efetuadas pela Hypermarcas são tributadas pelo PIS e Cofins com alíquotas diferenciadas, pois conforme visto, a regra geral (art. 2° da Lei n° 10.147/2000) determina que se a pessoa jurídica não for fabricante a venda deverá ser feita com alíquota zero. (...) Entretanto, verificamos que a Hypermarcas, nas operações de aquisição de produtos submetidos à incidência monofásica, está apropriando créditos, sem, contudo, apurar os débitos nas revendas destes produtos (está aplicando a alíquota zero nessas revendas). Isso ocorreu em virtude de a Hypermarcas ter se considerado fabricante no momento da aquisição para revenda (para ter direito ao crédito) e atacadista no momento da revenda (para revender com alíquota zero), fato que é inadmissível, pois ela só teve direito ao crédito porque também é fabricante dos produtos dos produtos relacionados no § 1º do art. 2º da Lei nº 10.833. Portanto, restou comprovado que nas aquisições de produtos submetidos à tributação monofásica, a Hypermarcas poderá se creditar dos bens adquiridos, e DEVERÁ oferecer à tributação do PIS/COFINS as receitas oriundas das revendas destes produtos. (...) Cumpre esclarecer que o artigo 3°, da Lei n° 10.147/2000, concedeu um crédito presumido relativo às contribuições PIS e COFINS não cumulativos. O crédito será determinado mediante a aplicação das Fl. 2855DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 4 4 alíquotas estabelecidas na alínea “a”, do inciso I, do art. 1º da Lei 10.147/2000, sobre a receita bruta decorrente da venda de medicamentos, sujeitas a prescrição médica e identificados por tarja vermelha ou preta, relacionados pelo Poder Executivo. (...) Posteriormente, há informações sobre as glosas. Observa-se que a fiscalização realizou uma apuração minuciosa em linha por linha da DACON, sendo transcrito abaixo tão somente as glosas efetuadas, que serão mais detalhadamente analisadas no transcorrer do voto: Linha 01-DACON- NACIONAIS Nesta linha do DACON estão compreendidos os créditos oriundos da aquisição de bens para revenda. (...) COMPRA DE MATERIAL DE CONSUMO FABRIL – CFOP n°s 1.556 e 2.556 (VALOR TOTAL IGUAL A R$21.448.823,74) Os créditos relativos às compras de materiais de consumo fabril foram apropriados pela fiscalizada nas linhas 01 e 02 do DACON Analisando o arquivo entregue, percebemos que a maioria dos produtos adquiridos é utilizada em centros de custos que não fazem parte do processo de fabricação da empresa. Que dizer, estas aquisições não são utilizadas como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. (...) Com efeito, serão glosados os créditos relativos às aquisições de bens de uso e consumo que não foram empregados nos setores de produção da Hypermarcas. (...) LINHA 02 – DACON – NACIONAIS Nesta linha do DACON estão compreendidos os créditos oriundos da aquisição de bens utilizados como insumos. (...) Portanto, os produtos tributados com alíquota reduzida a 0 (zero), adquiridos pela Hypermarcas, não podem gerar crédito em razão da vedação imposta pelo art. 3°, §2°, da Lei n° 10.833/2003. (...) – BRINDES AO CONSUMIDOR FINAL (VALOR TOTAL IGUAL A R$ 6.298.618,72) (...) - MATERIAIS PROMOCIONAIS (VALOR TOTAL IGUAL A R$19.706.386,92) (...) Fl. 2856DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 5 5 - CAMPANHAS PRÊMIOS - CONSUMIDOR (VALOR TOTAL IGUAL A R$747.676,20) (...) – CRÉDITO EXTEMPORÂNEO (DETALHAMENTO NO ITEM 2 DA RESPOSTA À INTIMAÇÃO N° 03) - (VALOR TOTAL IGUAL A R$5.334.086,54) (...) LINHA 03 – DACON – NACIONAIS (...) – ANÁLISE LABORATORIAL - (VALOR TOTAL IGUAL A R$7.844.419,50) (...) - ANÚNCIOS E PUBLICAÇÕES - (VALOR TOTAL IGUAL A R$69.922,18) (...) - COMISSÃO PAGA A PESSOA JURÍDICA - (VALOR TOTAL IGUAL A R$6.092.625,17) (...) -CONSULTORIA - (VALOR TOTAL IGUAL A R$3.049.825,67) (...) – ESTADIA – TRANSPORTADORA DE MERCADORIA - (VALOR TOTAL IGUAL A R$352.557,12) (...) – FEIRAS - (VALOR TOTAL IGUAL A R$556.485,88) (...) -INFORMÁTICA - (VALOR TOTAL IGUAL A R$5.313.948,44) (...) - MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA - (VALOR TOTAL IGUAL A R$2.028.382,62) (...) – OUTROS GASTOS COM PROPAGANDA - (VALOR TOTAL IGUAL A R$1.187.854,88) (...) – PATROCÍNIO DE EVENTOS - (VALOR TOTAL IGUAL A R$41.555,72) (...) Fl. 2857DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 6 6 -PESQUISA DE MERCADO - (VALOR TOTAL IGUAL A R$9.502.440,11) (...) – PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO - (VALOR TOTAL IGUAL A R$308.381,33) (...) – PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE EMBALAGEM - (VALOR TOTAL IGUAL A R$1.847.501,95) (...) – PROMOÇÕES DE VENDAS - (VALOR TOTAL IGUAL A R$32.945,36) (...) – PROMOÇÕES E EVENTOS DE MARKETING - (VALOR TOTAL IGUAL A R$3.151.777,22) (...) – PROMOTORES - (VALOR TOTAL IGUAL A R$5.500,00) (...) – PUBLICIDADE PRODUÇÃO - (VALOR TOTAL IGUAL A R$27.877.706,47) (...) – PUBLICIDADE VEICULAÇÃO - (VALOR TOTAL IGUAL A R$174.050.987,06) (...) - SERVIÇOS DE ARMAZENAGEM DE PRODUTOS - (VALORES TOTAIS IGUAIS A R$4.125.357,26 E 2.500,00) (...) – SERVIÇO DE PALETIZAÇÃO/REACONDICIONAMENTO DE PRODUTO - (VALOR TOTAL IGUAL A R$487.583,58) (...) – SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO - (VALOR TOTAL IGUAL A R$150,00) (...) LINHA 06 – DACON – NACIONAIS Nesta linha do DACON estão compreendidos os créditos oriundos das despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica. (...) Fl. 2858DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 7 7 Em razão da não apresentação do demonstrativo de composição da base de cálculo, estes créditos relativos aos dispêndios de locação estão sendo glosados pela fiscalização. LINHA 07 – DACON – NACIONAIS Nesta linha do DACON estão compreendidos os créditos oriundos das despesas de armazenagem e fretes nas operações de venda (base de cálculo igual a R$196.726.177,27) - 1.185/1.694 e 499: (...) Destarte, não bastasse a Hypermarcas não ter direito ao crédito extemporâneo não restou outra alternativa à fiscalização em também não aceitar o crédito em função da não vinculação das despesas com as operações de venda, já que somente geram direito ao crédito as despesas de armazenagem nas operações de venda. Pelo exposto, os créditos extemporâneos, cuja base de cálculo soma R$13.716.997,66 também serão glosados. LINHA 08 – DACON – NACIONAIS (...) Quanto aos créditos extemporâneos apropriados no mês de outubro de 2010 (R$508.418,54), estes serão glosados em razão da falta de retificação das declarações entregues (DACON, DIPJ e DCTF). (...) LINHAS 09, 10 E 11 – DACON – NACIONAIS (...) Destarte, os encargos de depreciação e/ou aquisição de bens, aplicados nos centros de custo cujos bens, integrantes do ativo imobilizado, não são utilizados na produção não geram créditos relativos às contribuições PIS/COFINS por expressa vedação legal. Por fim, também constatamos que a Hypermarcas está se creditando de encargos de depreciação relativo a bens integrantes do ativo imobilizado adquiridos antes de 30/04/2004. Estas aquisições também não geram direito ao crédito de PIS/COFINS não-cumulativas. (...) LINHA 13 – DACON – NACIONAIS (...) – CRÉDITO EXTEMPORÂNEO (DETALHAMENTO NOS ITENS 2 E 8 DA RESPOSTA À INTIMAÇÃO 03) – VALOR TOTAL IGUAL A R$172.502.051,77. (...) LINHA 26 – DACON – NACIONAIS Nesta linha do DACON estão compreendidos os créditos calculados sobre insumos de origem vegetal. (...) Verificamos que a fiscalizada, à época que produzia gêneros alimentícios, no período de março de 2006 a dezembro de 2011, Fl. 2859DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 8 8 utilizou o disposto no artigo citado acima, adquirindo tomate in natura (NCM 0702.00.00) e milho verde in natura (NCM 0709.90.19) e industrializando produtos como, por exemplo, molhos de tomate e extrato de tomate (ambos com NCM 2103.20.10: Ketchup e outros molhos d/tom.inf. a 1kg Inc.). Todavia, produtos da Posição 2103 – preparações para molhos e molhos preparados; condimentos e temperos, do Capítulo 21 – preparações alimentícias diversas, não estão citados no caput do artigo 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, razão pela qual não há previsão legal para o crédito presumido pretendido pelo contribuinte, sendo, portanto, glosado na sua totalidade. (...) Da manifestação de inconformidade, extrai-se em síntese: - Preliminarmente: i) Solicita, primeiramente, o sobrestamento do feito, a fim de ser verificada a decisão no processo administrativo sob número 16004.720187/2014-75, no qual foram lançados os créditos de contribuição ao PIS e à COFINS, que foram consideradas insuficientes para compensação; ii) Pleiteia pela legitimidade dos créditos, aproveitados pela Recorrente nas aquisições de produtos sujeitos à tributação monofásica para revenda; iii) Não aproveitamento de determinados créditos mencionados na Informação Fiscal no Período do despacho decisório – 3º trimestre de 2010; iv) Violação ao contraditório e à ampla defesa, pois embora os agentes fiscais tenham segregado a análise da legitimidade dos créditos, levando em consideração a sua origem (e analisado item por item das linhas da DACON da requerente) deferindo ou indeferindo o aproveitamento, esquivaram-se de trazer uma discriminação precisa dos valores e da natureza dos créditos glosados originários do Pedido de Ressarcimento para indeferir as compensações. Os agentes deveriam ter realizado uma análise estritamente do período objeto do Pedido de Ressarcimento em análise e feito uma recomposição dos créditos, listando os valores deferidos e indeferidos, a respectiva origem, dentro do período pertinente. - No mérito: i) Indevida glosa de créditos na apuração do PIS/COFINS. Defende que o saldo credor pode ser apurado nos meses subsequentes. Ademais, que os créditos extemporâneos aproveitados pela requerente referem-se a operações com produtos submetidos à alíquota zero das contribuições ao PIS e à COFINS. O pedido de ressarcimento foi uma forma da requerente exercer o seu direito constitucional e legal de reaver os créditos não aproveitados anteriormente. ii) Realiza considerações sobre o regime da não-cumulatividade no sistema da contribuição ao PIS e à COFINS; Fl. 2860DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 9 9 iii) Argumenta que o conceito de insumo das instruções normativas é mais restrito que o da lei e, assim, não pode ser lido; iv) Defende a possibilidade de creditamento de PIS e COFINS sobre as despesas de publicidade e propaganda/marketing; v) Argumenta o direito ao crédito no que concerne ao frete, a transferência de mercadorias ou insumos de uma unidade para outra; a entrega de mercadorias que foram dadas em bonificação aos clientes, e a retirada de mercadorias devolvidas pelos clientes e/ou logística reversa, que são de responsabilidade da impugnante são despesas intrínsecas à geração de receitas da impugnante; vi) Pleiteia pelo direito ao crédito na estocagem e armazenagem; v) No que concerne aos créditos relativos a encargos de depreciação, defende que além da industrialização possui forte atuação nas operações de revenda de mercadorias produzidas por terceiros, as quais incorreram em diversos custos com esforço de vendas, tais como pesquisas de mercado, ações de publicidade, estoque, logística e toda uma complexa estrutura administrativa para que seus produtos sejam disponibilizados e vendidos em todo Brasil. Toda essa complexa estrutura demanda aquisições de ativos imobilizados necessários ao desenvolvimento de sua atividade empresarial, tais como empilhadeiras utilizadas nos centros de distribuição para movimentação de estoque, plataformas hidráulicas, equipamentos utilizados na análise de qualidade de produto, entre outros. vi) Quanto à glosa de aluguel de máquinas e equipamentos, que a fiscalização fundamentou que não foi apresentado o demonstrativo da base de cálculo e o centro de custos, encontra-se anexo à impugnação os contratos de aluguel e a base de cálculo, que poderia ser obtida do SPED; vii) Quanto à manutenção de máquinas e equipamentos, a fiscalização glosou o crédito sob alegação de que não houve esclarecimento quanto à divergência na base de cálculo. Ocorre que a interessada alega que os dados foram disponibilizados conforme IN SRF 86/01 dos pedidos de ressarcimento; viii) No que se refere à compra de consumo fabril, a contribuinte alega que os produtos glosados são exigências da ANVISA, tratando-se de equipamentos de segurança dos profissionais que atuam nos setores fabris e laboratoriais; ix) Pleiteia pela concessão de créditos junto a serviços de análise laboratorial, consultoria, produção e desenvolvimento de embalagem e informática, bem como nas comissões pagas às pessoas jurídicas e a mão-de-obra temporária; x) Solicita pela concessão de créditos na compra de insumos agrícolas, que adquire o produto in natura de pessoa física ou cooperado pessoa física e procede a industrialização o que reforça a possibilidade de tomada de crédito presumido pela impugnante; xi) Alega que os produtos adquiridos à alíquota zero se sujeitaram à incidência em cascata deste tributo nas etapas anteriores da circulação. Fl. 2861DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 10 10 Sobreveio, então, decisão da DRJ/Rio de Janeiro, cuja ementa é colacionada abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010 NULIDADE. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não padece de nulidade o despacho decisório lavrado por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para o sobrestamento do julgamento de processo de ressarcimento, mesmo na hipótese de o crédito vinculado estar sendo discutido em outro processo sem decisão definitiva na esfera administrativa. A administração pública tem o dever de impulsionar o processo, em respeito ao Princípio da Oficialidade. APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO . A apuração não cumulativa implica em diferença entre débitos da contribuição e créditos da não-cumulatividade. Assim sendo, a alteração na base de cálculo da contribuição, com a consequente apuração de maior valor de débito acarretará em uma redução dos créditos disponíveis. MATÉRIA JÁ APRECIADA EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DIVERSO. Incabível nova apreciação de matéria já analisada em processo administrativo diverso, relativo aos mesmos fatos, ao mesmo período de apuração e ao mesmo tributo. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010 RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. Não pode ser objeto de ressarcimento ou compensação o crédito de não-cumulatividade relativo à aquisição no mercado interno vinculado à receita tributada no mercado interno. RESSARCIMENTO. ÚNICO TRIMESTRE DO ANO-CALENDÁRIO. Cada pedido de ressarcimento deverá referir-se a um único trimestre- calendário; e ser efetuado pelo saldo credor remanescente no trimestre-calendário, líquido das utilizações por desconto ou compensação. A Recorrente interpôs recurso voluntário, onde reafirmou as considerações da manifestação de inconformidade, com a apresentação de algumas novas preliminares que serão analisadas no transcorrer do voto. Fl. 2862DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 11 11 Estão apensos ao presente processo administrativo, os seguintes processos: 10120.727124/2014-37 e 10880.723365/2014-13. É o relatório." Voto Vencedor Conselheiro Walker Araujo, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos da ilustre relatora, divirjo de seu entendimento quanto à solução a ser dada no presente caso, pelos motivos a seguir: Dentre as diversas matérias à serem apreciadas nestes processo, restou duvidoso, na sessão de julgamento, duas questões no processo que merecem esclarecimentos. A primeira sobre os débitos apurados pela fiscalização com base nos fatos e fundamentos apresentados nos itens 4.2 e 4.3 do Termo de Descrição dos Fatos carreados aos autos. Isto porque, de um lado, a fiscalização afirma categoricamente que a Recorrente não teria direito à aplicação da alíquota zero do PIS e da COFINS na revenda dos produtos farmacêuticos, de perfumaria, de higiene pessoal e de toucador, por entender que a sua atuação também como fabricante de outros produtos farmacêuticos, de perfumaria, de higiene pessoal e de toucador afastaria o regime monofásico na revenda de mercadorias, a saber: Conforme relatado, para alguns seguimentos da economia, dentre os quais destacamos o de cosméticos e medicamentos, que fazem parte do objeto social da fiscalizada, o legislador deu um tratamento fiscal diferenciado em relação à sistemática da não-cumulatividade, de forma à obtenção de uma praticidade na tributação. Para estes seguimentos foi estabelecida a tributação diferenciada, também conhecida por incidência monofásica ou concentrada, uma vez que neste regime o ônus tributário de toda a cadeia de comercialização de um determinado produto recai em seu fabricante ou importador. Justamente por esta concentração da tributação no fabricante ou importador, esses contribuintes aplicam sobre as receitas auferidas na venda de tais produtos alíquotas maiores que as usuais. Vejamos a redação da Lei 10.147/2000, com as alterações das Leis 10.548/2002 e 10.865/2004: Art. 1º A contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização ou à importação dos produtos classificados nas posições 30.01, 30.03, exceto no código 3003.90.56, 30.04, exceto no código 3004.90.46 e 3303.00 a 33.07, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2 e nos códigos 3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10, 3006.60.00, 3401.11.90, 3401.20.10 e 9603.21.00, todos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados - TIPI, aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001, serão calculadas, respectivamente, com base nas seguintes alíquotas: I - incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: a) produtos farmacêuticos classificados nas posições 30.01, 30.03, exceto no código 3003.90.56, 30.04, exceto no código 3004.90.46, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2 e nos códigos 3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10, 3006.60.00: 2,1% (dois inteiros e um décimo por cento) e 9,9% (nove inteiros e nove décimos por cento); Fl. 2863DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 12 12 b) produtos de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, classificados nas posições 33.03 a 33.07 e nos códigos 3401.11.90, 3401.20.10 e 96.03.21.00: 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento) e 10,3% (dez inteiros e três décimos por cento); Em contrapartida, os demais contribuintes da cadeia de comercialização (atacadistas e varejistas) são beneficiados com redução a zero das alíquotas conforme estabelece o art. 2º da Lei nº 10.147, de 2000: Lei nº 10.147, de 21 de dezembro de 2000 Art. 2o São reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art. 1o, pelas pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador. (grifei) (...) Nesse caso, a Hypermarcas fabrica os produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal, sujeitos à tributação monofásica/concentrada, motivo pelo qual está obrigada ao pagamento do PIS e da Cofins com as alíquotas diferenciadas. Ou seja, toda a tributação do PIS e da Cofins está concentrada na venda efetuada pela Hypermarcas. A partir daí, as operações subsequentes (vendas efetuadas pelos atacadistas e varejistas) estão sujeitas à alíquota zero. Por outro lado, a Recorrente alega que todas as operações nas quais houve o afastamento da alíquota zero, a Recorrente procedeu à mera revenda dos produtos sujeitos à incidência monofásica, inexistindo, qualquer processo de industrialização, nos moldes do artigo 4º, do Regulamento do IPI. Segundo a Recorrrente,"...a Autoridade Fiscal elaborou, com base em todas as notas fiscais eletrônicas e no Sped Fiscal da Requerente (fls. 17 e 18 do TVF/1.731 e 1.732 dos autos), 16 planilhas (fls. 27 do TVF/1.741 dos autos e fls. 1.167 a 1.182 dos autos), as quais contêm a relação de todos os produtos de perfumaria e farmacêuticos sujeitos ao regime monofásico vendidos no período objeto deste processo (07/2010 a 09/2011)". E, afirma:"...que as referidas planilhas reproduzem todas as informações das notas fiscais da Requerente e são, portanto, extremamente detalhadas, contendo, dentre outras informações, descrição individualizando cada um dos produtos, bem como seu valor de venda e a identificação se estes foram objeto de (a) produção própria1 ou (b) adquiridos de terceiros (revenda)2. Cumpre mencionar ainda que as referidas planilhas foram utilizadas pela Autoridade Fiscal para quantificar o crédito tributário objeto deste processo administrativo." Analisando o processo, não há como auferir corretamente - entenda-se, com base em todo suporte documental carreado aos autos- , se nas referidas planilhas que deram suporte ao cálculo do montante exigido, há apenas produtos que foram objeto de produção própria ou produtos adquiridos de terceiros para revenda que são também fabricados pela recorrente (produtos coincidentes) ou produtos que foram revendidos e que não são fabricados pela recorrente. Tal fato é de suma importância para o deslinde do processo, posto que, partindo da premissa de que a Recorrente não industrializa os produtos que ela revende, fica afastado seu enquadramento no artigo 1º, da Lei nº 10.147/2000, do contrário, correto o lançamento fiscal. Fl. 2864DF CARF MF Processo nº 10880.941516/2012-43 Resolução nº 3302-000.708 S3-C3T2 Fl. 13 13 Neste ponto, entendo que há necessidade de converter o processo em diligência, para que seja comprovado/esclarecido pelas partes, se os produtos revendidos indicados na planilha foram também objeto de produção própria ou não. A segunda questão diz respeito ao fato de que na primeira autuação, objeto do processo administrativo nº 16004.7220544/2013-14, a fiscalização glosou créditos sem questionamento da aplicação da alíquota zero, ao passo que neste processo, os mesmos fiscais acolheram expressamente o aproveitamento de créditos e tributaram a revenda com a aplicação das alíquotas diferenciadas. Ou seja, há dúvidas quanto aos critérios jurídicos adotados e quanto à situação fática considerada pela fiscalização em ambos processos, merecendo, assim, esclarecimentos quanto a diferença de tratamento. Diante do exposto, proponho a conversão do julgamento em diligência para: i) À recorrente: - Especificar os produtos revendidos que também são produzidos pela recorrente. A autoridade fiscal deve atestar e, em caso de discordância, apresentar a relação dos produtos que entende serem produzidos e revendidos pela recorrente, separando dos que são revendidos, mas não são produzidos pela recorrente, juntando suporte documental comprobatório das divergências consideradas; ii) À autoridade fiscal: - esclarecer a distinção entre a situação fática autuada no processo 16004.720544/2013-14, no qual houve glosa de créditos e não cobrança de débitos, e este processo, já que tratam de períodos imediatamente subsequentes, tendo a recorrente afirmado em ambas fiscalizações que atuava na fabricação e revenda de produtos mencionados no artigo 1º da Lei 10.147/2000. Após, intime-se a Recorrente para, querendo, apresentar sua manifestação, nos termos do artigo 35, do Decreto nº 7.574/2011. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 2865DF CARF MF
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Numero do processo: 13161.001791/2008-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições.
ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA.
A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial.
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE.
1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro.
2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições.
VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes.
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho - Relator
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelecese o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 17 91 /2 00 8- 50 Fl. 435DF CARF MF 2 Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANOCALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir anocalendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do anocalendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.15835/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 436DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 49 3 Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Fl. 437DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário em razão do Acórdão que negou o direito ao crédito pleiteado referente aos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, e, manteve o indeferimento parcial da pretensão do reconhecimento do direito creditório relativo ao PIS/PASEP e a COFINS, conforme se vê do voto. Em sede de Embargos Declaratórios foram acolhidos os argumentos da Embargante, aqui Recorrente, para o exame da Manifestação de Inconformidade em toda a sua plenitude, diante de omissão quando da análise procedida que resultou num Acórdão da 2ª Turma da DRJ/CGE. Em sendo assim, está em exame o Acórdão de nº 3302003.295. O pleito foi deferido parcialmente pelos motivos elencados no relatório fiscal, o que restou acolhido pelo julgador de piso. Em sua conclusão resume os ajustes nos cálculos realizados pela contribuinte: “I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); Fl. 438DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 50 5 IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a matéria circunscrevese a questão se Recorrente é considerada agroindustrial ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); VI. Deferimento dos créditos básicos vinculados às operações de exportações realizados no período.” Do relatório fiscal constatas as razões das glosas: 1. CRÉDITO BÁSICO 1.1 AQUISIÇÃO DE INSUMOS No período em análise a contribuinte registrou créditos integrais da não comutatividade das contribuições para o Pis e da Cofins sobre as compras de pessoa jurídica. Através do Termo de Intimação Fiscal 003, por amostragem, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição registradas na memória de cálculo do Dacon. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.2 FRETES / DESPESAS DE ARMAZENAGEM O contribuinte apurou créditos da contribuição para Pis e da Cofins sobre os fretes de operações de venda/armazenagem, transferência e compras de mercadorias. Conforme será demonstrado, apenas os fretes vinculados a operações de venda geram direito a apuração de crédito da contribuição para Pis e da Cofins. 1.2.1 FRETE SOBRE OPERAÇÕES DE VENDAS / ARMAZENAGEM Nas operações com fretes sobre vendas somente existe direito ao crédito da nãocumulatividade das contribuições para o Pis e da Cofins se for comprovado que o ônus foi suportado pelo vendedor (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IX c/c art. 15, inciso II e art. 93) Através do Termo de Intimação Fiscal 003 a contribuinte foi intimada a apresentar cópia digitalizada dos comprovantes de pagamento a título de fretes sobre venda/despesa de armazenagem as pessoas jurídicas. Fl. 439DF CARF MF 6 Pela análise da documentação solicitada, a contribuinte comprovou que, no período entre agosto de 2004 e dezembro de 2007, foi a responsável pelo pagamento dos serviços de fretes contratados. Portanto, atende ao requisito legal para apuração do crédito, ou seja, o ônus foi suportado pela vendedora. 1.2.2 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA As transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte implicam em mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores. Portanto, não integram a “operação de venda” referida no art. 3º, inciso IX da Lei nº 10.833/2003. Somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias para o consumidor final, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, gera direito ao crédito do PIS/PASEP e da Cofins. Cumpre registrar que somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes é que geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, consoante entendimento da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), exarado na Solução de Divergência nº 11, de 27 de setembro de 2007, cuja ementa está disponível no sítio da RFB na internet. A exclusão das transferências de mercadorias foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.2.3 FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA Os fretes sobre compras, quando por conta do comprador, integram o custo dos bens. Se tais bens geram direito a crédito de PIS e Cofins, logo, indiretamente, o frete incidente na compra dos mesmos também gerará. Porém, se a aquisição destes bens não gerarem crédito, o frete sobre a compra também não gerará direito ao crédito. As mercadorias transportadas nos fretes das operações de compra foram fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero (conforme, inciso I e III do art. 1º da Lei 10.925/2004). Portanto, nos fretes de operações de compra não existe a apuração do crédito. A exclusão dos valores relativos a estas operações foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.3 ENERGIA ELÉTRICA Fl. 440DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 51 7 As despesas com energia elétrica geram créditos da cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins contratadas com pessoa jurídica domiciliada no País, incorridas a partir do período de apuração de fevereiro de 2004 (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso III e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IX do caput). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição conforme os registros da memória de cálculo do Dacon apresentado pelo contribuinte. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.4 ALUGUÉIS PESSOA JURÍDICA É permitida a apropriação de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o Pis e da Cofins sobre os valores relativos as despesas utilizadas na atividade da empresa, em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica domiciliada no Pais, utilizados na atividade da empresa (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IV e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IV). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos decorrentes de despesa com aluguéis. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04) 1.5 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A partir do mês de agosto 2004 é possível calcular créditos da não cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins somente em relação: a máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao Ativo Imobilizado, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País ou importados, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, incisos VI do caput e inciso II do § 3º). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos de aquisição de imobilizado. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04). 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA A luz do dispositivo transcrito, o enquadramento legal para utilização do crédito presumido decorre das seguintes condições: que as mercadorias produzidas estejam classificadas na(s) NCM(s) estabelecidas pela lei; que a contribuinte exerça a atividade de produção de mercadoria (agroindústria); e, que os produtos fabricados sejam destinados à alimentação humana ou animal. Fl. 441DF CARF MF 8 2.1 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 estabeleceu os capítulos de classificação na NCM dos produtos de origem animal ou vegetal que dão direito ao crédito presumido da atividade agroindustrial. No caso em tela, conforme a memória de cálculo do DACON, no período em análise, os produtos exportados pela contribuinte foram soja NCM 1201.90.00 e milho NMC 1005.90.10. Assim, referidos produtos estão classificados entre os capítulos 8 a 12 da NCM, conforme a determinação do art. 8º da Lei 10.925/2004, com a regulamentação reproduzida na alínea d, inciso I, do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 660. 2.2 AGROINDÚSTRIA A Lei nº 10.925, de 2004, não faz nenhuma menção explícita a atividade de agroindústria. O art. 8º do referido diploma legal aponta a necessidade de produção de mercadorias para apuração do crédito presumido, nos seguintes termos: “Art. 8º As pessoas jurídicas […] que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal […]”. Grifouse O termo agroindústria foi definido no art. 6º da IN RFB 660/2006, abaixo transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) Grifouse Conforme os aludidos dispositivos legais, somente possui direito de apurar o crédito presumido em análise a pessoa jurídica que produza mercadoria. O inciso III, § 1º, art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, estabelece que o direito de apurar o crédito presumido nele previsto aplicase também nas aquisições efetuadas de pessoa de cooperativa de produção agropecuária. 3.3 DESTINAÇÃO À ALIMENTAÇÃO HUMANA OU ANIMAL Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em resposta a intimação fiscal a contribuinte limitouse a reproduzir o disposto no Regulamento Técnico Anexo a Instrução Normativa nº 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como, a afirmar que “ Como visto, conforme padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, as mercadorias relacionadas no Caput do Art. 8º da lei 10.925/2004, produzidas pela contribuinte estão dentro nos padrões a serem destinadas a alimentação humana ou animal, atendendo todos os requisitos para apuração do Crédito Presumido de Pis e Cofins. A comprovação dos requisitos destinação a alimentação humana ou animal é ônus da agroindústria interessada. A exportação, na maior parte dos casos pode inviabilizar a comprovação de tal Fl. 442DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 52 9 requisito, se a venda se der, por exemplo, para comerciantes no exterior (Solução de Consulta nº 24 – SRRF09/Disit). 2.3 UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para dedução da Contribuição para o PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência não cumulativa. Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Vigência) Grifouse 3. CRÉDITOS MERCADO INTERNO NÃO TRIBUTADO Os créditos relativos ao mercado interno não tributado estão vinculados as seguintes operações: vendas suspensas; vendas com alíquota zero e exclusões de base de cálculo permitidas as sociedades cooperativas. Como se demonstrará, nestas situações não existe o direito a manutenção do crédito previsto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Desta maneira, os créditos vinculados a operações não tributadas no mercado interno foram integralmente indeferidos. 4.1 – VENDAS SUSPENSAS Conforme analisado no subitem 3.2, a Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista. Assim, nas operações realizadas no período a contribuinte faz jus a suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (art. 9º), mas deve providenciar o respectivo estorno dos créditos da não cumulatividade (inciso II, § 4o, art. 8º Tabela 04). 4.2 VENDAS COM ALÍQUOTA ZERO A partir do mês de agosto/2004 os insumos vendidos pela contribuinte aos associados (adubos, fertilizantes e sementes) tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero (art. 1º da Lei 10.925/2004). Entretanto, a venda de insumos a associados deve ser registrada como exclusão de base de cálculo nos termos da MP nº 2.158, de 24 de Fl. 443DF CARF MF 10 agosto de 2001 e não como uma venda não tributada sujeita à alíquota zero. O art. 17 da Lei nº 11.033 garantiu o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a operações com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o Pis e da Cofins. Portanto, ao registrar indevidamente as exclusões de base de cálculo como vendas sujeitas à alíquota zero, houve a manutenção indevida dos créditos vinculados a estas operações. O valor do crédito vinculado as operações de venda com alíquota zero foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) 4.3 EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO O legislador estabeleceu tratamento diferenciado para operações praticadas pela sociedade cooperativas. Em referidas operações, o procedimento previsto é o de excluir os valores respectivos das bases de cálculo do PIS e da Cofins. Nesta sistemática, NÃO existe previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo. O direito a manutenção do crédito nas operações não tributadas foi estipulado pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. No presente caso, conforme a memória de cálculo de Dacon, a contribuinte manteve indevidamente o direito a crédito nas operações de entradas vinculadas as exclusões de base de cálculo permitidas as cooperativas (art 15 MP 215835/01 e art 17 leis 10.684/03). O valor do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo admitidas as cooperativas foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) O julgado encontrase resumido a ementa: ACÓRDÃO. OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Deve ser apreciada como embargos de declaração a manifestação do contribuinte na qual se alegue omissão quanto a questões suscitadas na defesa ou impugnação, acerca das quais o órgão julgador deveria ter se pronunciado. COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. Não se homologa compensação quando o direito creditório não ficar comprovado. RESSARCIMENTO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O reconhecimento do direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de PIS e Cofins depende da comprovação documental do respectivo direito. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 53 11 CRÉDITO PRESUMIDO. COOPERATIVAS. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. REQUISITO. O crédito presumido destinado às cooperativas agroindustriais beneficiam apenas aquelas entidades que realizam algum processo que possa ser consideração como industrialização, observadas nas exclusões contidas na lei. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 10.925/2004, ARTS 8º E 15. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO. O crédito presumido previsto nos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004 só pode ser utilizado para deduzir o PIS e a Cofins apurados no regime de incidência nãocumulativa, vedada a compensação ou o ressarcimento do valor do crédito presumido. JUROS. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos de IPI, de PIS e de Cofins, bem como na compensação dos referidos créditos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte.” Em sede recursal debate a contribuinte em relação aos tópicos: 1. Créditos de aquisições de insumos, comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 2. Créditos de aquisições de energia elétrica – comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 3. Fretes sobre a transferência de insumos entre estabelecimentos; 4. Fretes sobre compras de fertilizantes e sementes; 5. Créditos Presumido sobre aquisições de pessoas físicas, processo produtivo; 6. Forma de utilização do crédito presumido, restrições da colocadas pela Receita Federal ao ressarcimento; 7. Manutenção dos créditos vinculados as receitas com suspensão de incidência de PIS e Cofins; 8. Receitas sujeitas a alíquotas zero, reclassificação indevidas das vendas efetuadas pela fiscalização considerando como venda de bens a associados; Fl. 445DF CARF MF 12 9. Ressarcimento de créditos vinculados as receitas sem incidência de PIS e Cofins, exclusões permitidas as sociedades Cooperativas; 10. Previsão legal para incidência da SELIC. Inicialmente, faz introdução quanto aquisições de matéria prima e do processo produtivo: “O critério da nãocumulatividade permite a realização de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, tudo descrito no Art. 3o das respectivas Leis (10.637 e 10.833). Para o exercício regular de suas atividades, dentre os custos, despesas e encargos suportados, a contribuinte adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços utilizados como insumos (Inciso II do Art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) para a produção de mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 8 a 12, constantes do Caput do artigo 8 o da lei 10.925/2004. Estes bens e serviços utilizados como insumos (Inc. II do art. 3 das Leis) decorrem de uma extensa e complexa cadeia produtiva, onde vários itens ao longo da mesma estão sujeitos à incidência das denominadas Contribuições ao Fundo de Participação no Programa de Integração Social PIS (Lei Complementar n° 7, de 7.9.70) , e Contribuição Social sobre o Faturamento COFINS (Lei Complementar n° 70, de 30.12.91), exemplo: óleo diesel, caminhões, colhedeiras, máquinas, peças, ferramentas, etc. Daí, o direito ao crédito sobre as aquisições de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com suspensão, ser presumido, conforme constante nas Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e no art. 8 o da Lei 10.925/2004. Os créditos sobre os bens e serviços utilizados como insumos conforme descritos no inciso II do art. 3 o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 devem ser apurados no mês da aquisição, conforme Inciso I do parágrafo 1 o do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o parágrafo 2o do art. 8o da lei 10.925/2004, independente da finalidade que se dará a mercadoria produzida, ou seja, do momento da venda.” Considerando que estes 56 (cinqüenta e seis) processos estão vinculados ao MPF 0140200.2011.00053 e: a) que possuem igual teor, pois o mérito discutido é o mesmo em todos os processos; b) considerando os princípios da economia e celeridade processual; c) o propósito de evitar o desperdício de recursos (papel, cópias, impressões, tempo utilizados pelos agentes fiscais para digitalização e vinculação das informações apresentadas para cada processo); d) o tempo utilizado pelo julgador para análise individual de cada processo; e) a possibilidade de julgamento simultâneo. Optou a Contribuinte ao invés de anexar em cada processo (56 vezes), os mesmos documentos que intencionam evidenciar seu direito, discorrer longamente em cada processo em 56 Fl. 446DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 54 13 manifestações de inconformidade idênticas, contendo 73 páginas cada uma, sobre os fundamentos que entende lhe assegurar o direito a crédito complementar; em ANEXAR todos os documentos, bem assim, EM APRESENTAR na versão estendida da manifestação de inconformidade todos os fundamentos legais que entende assegurar o melhor direito para todos os processos mencionados na página inicial, no processo n. 13161.001928/200795, conforme consta anexado nas folhas 84 à 267 do referido processo” Em síntese argumenta em suas razões que: III DAS RAZÕES DE REFORMA Fundamentos legais, discorre sobre o tema: “DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS DIREITO AO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS 3.1.1 DAS PREMISSAS DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS E SUA INTERPRETAÇÃO Para o adequado enfrentamento dos importantes temas aqui versados, cumprenos trazer a baila, as premissas que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins, marcos históricos de enunciação do direito positivo, constantes respectivamente das Justificativas dos Senhores Ministros da Fazenda, por ocasião dos Projetos de Medidas Provisórias que resultaram nas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) 3.1.2 – DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS DE EXPORTAÇÕES Tanto a lei 10.637/2002 quanto a lei 10.833/2003, determinam que as empresas poderão descontar, dos seus débitos apurados, créditos calculados sobre os itens relacionados no Art. 3o de ambas as Leis. Sendo inicialmente autorizado o ressarcimento dos créditos vinculados as exportações conforme disposto para o PIS no Art. 5 o da Lei 10.637/02 e para a COFINS no Art. 6 o da Lei 10.833/03. Portanto, partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não comutatividade e também, evitar a incidência das Contribuições quando da realização de Exportações, ainda que indiretamente. Ao contrário, importaria em afirmar que incidem as referidas contribuições quando da realização de exportações, pois, não teria o Contribuinte o direito de ressarcir o montante pleno que incidiu nas etapas anteriores ao ato de exportar, o que representaria custo, ônus tributário, o que é vedado pelo Legislador Constitucional e, que contraria a prática internacional de não exportar tributos. 3.1.3 DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS NO MERCADO INTERNO. Fl. 447DF CARF MF 14 Inicialmente, na introdução do sistema não cumulativo, o Saldo de crédito de PIS e Cofins remanescente após o aproveitamento com os débitos das próprias contribuições, somente poderia ser utilizado para ressarcimento ou compensação, a parcela de créditos proporcional às receitas de exportação, imunidade, ao que as Leis (10.637 e 10.833) denominaram de isenção conforme disposto art. 5o da lei 10.637/2002 para o PIS e art. 6 o da lei 10.833/2003 para a Cofins. Na seqüência, mediante evolução legislativa, visando esclarecer dúvidas relativas a interpretação da legislação do PIS e Cofins, conforme consta no item 19 da exposição de motivos 111 MF, foi editada a medida provisória 206/2004, posteriormente convertida na lei 11.033/2004 que assim dispõem em seu art.17. Portanto, resta muito claro que o art. 17 da lei 11.033/2004 confirmou o direito a manutenção dos créditos apurados na forma do art. 3 o das 10.637/2002 e 10.833/2003 e vinculados às receitas nele mencionadas. Assim, também partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não cumulatividade, evitando o efeito cascata, ou seja, a cumulatividade. Portanto, as leis não deixam dúvidas quanto a possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos (saldo credor), mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins, acumulados a partir de 09 de agosto de 2004. 3.1.4 DA MATERIALIDADE DO PIS E COFINS Ainda cabe destacar que a não cumulatividade do PIS e Cofins, possuiu sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI. No caso, não estamos tratando de apuração de créditos IPI, estamos diante de créditos de PIS e Cofins, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e Cofins é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de créditos de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. IV Análise do Relatório/Despacho Decisório da RFB No período analisado, em conformidade com o art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a contribuinte apurou créditos sobre insumos utilizados na produção adquiridos de pessoas jurídicas e, sobre a energia elétrica consumida em seus estabelecimentos. Porém, ao julgar o tema entendeu a 2 a Turma da DRJ/CGE que o direito ao crédito sobre estes itens não poderia ser deferido, pois Fl. 448DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 55 15 segundo seu entendimento, o direito não teria sido comprovado devendo ser considerada encerrada a fase probatória. Todavia, não concorda a contribuinte, pois estas aquisições como se demostrará a seguir, estão efetivamente comprovadas. Ressaltase, que a fiscalização durante sua análise teve várias maneiras e oportunidades de efetivamente comprovar a existência destas aquisições, uma vez que todos os livros e registos contábeis estavam em seu poder, conforme apresentado em atendimento as diversas intimações, sejam por meio dos documentos físico ou digital. Assim, considerando que para o caso em questão há documentos que comprovam a efetiva aquisição, entende a contribuinte que o crédito deve ser deferido, em observância ao principio da verdade material. 4.1.1 AQUISISÕES DE INSUMOS Mencionase que a fiscalização indeferiu parte dos créditos apurados sobre as aquisições de insumos utilizados na produção, sob o argumento que parte destas aquisições não foram comprovadas, uma vez que, segundo seu entendimento, não teriam sido apresentadas pela contribuinte, as notas fiscais (documento físico) relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuia ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, e que ora, para melhor análise do colegiado, novamente seguem anexo ao recurso. Ocorre, que o direito ao crédito apurado sobre estas aquisições não pode ser desconsiderado, pelo simples fato de a Contribuinte não ter conseguido encontrar parte destas notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização. Registrese que estas aquisições, constam registradas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. Assim, considerando que estas Notas Fiscais de aquisições de insumos foram devidamente registradas e escrituradas, a fiscalização poderia considerar estes meios para confirmar estas aquisições, uma vez que, estas informações estão relacionadas em documentos, tais como: livros digitais de entradas e saídas, razões contábeis, arquivos contábeis, arquivos digitais de entradas e saídas formato SINTEGRA, todos apresentados a fiscalização pela contribuinte em atendimento as intimações recebidas. Para além disso, todos os comprovantes que evidenciam a ocorrência da efetiva aquisição dos insumos referente as notas Fl. 449DF CARF MF 16 fiscais relacionadas Tabela 05 elaborada pela fiscalização anexa ao Relatório Fiscal, seguiram no ANEXO I da manifestação de inconformidade então protocolada para melhor análise da DRJ, onde foram anexados, cópia das notas fiscais n° 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos de demais registros, conforme podese observar nos documentos constantes nas folhas 166 a 225 do processo 13161.001928/200795, e que ora, para melhor analise deste colegiado, novamente são apresentados anexo a este recurso, confirmando o direito ao crédito. Portanto, considerando que estão comprovadas as aquisições de insumos anteriormente desconsideradas pela fiscalização, conforme relação constante na Tabela 05, que seguiu anexa ao Relatório Fiscal para ciência, requer a contribuinte a manutenção do crédito sobre estas as aquisições. 4.1.2 DA ENERGIA ELÉTRICA Relativo às despesas de energia elétrica, da mesma forma que manifestou entendimento sobre as aquisições de insumos, entendeu a fiscalização que algumas aquisições não estariam comprovadas, argumentando que não teriam sido apresentadas pela contribuinte as faturas relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuja ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, indeferindo desta forma, o crédito apurado sobre estas faturas. Todavia s.m.j., o argumento da fiscalização está equivocado, pois tais notas fiscais, foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentou cópia digitalizada destes documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004 onde a contribuinte apresentou os originais destes documentos, sendo que estas faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Ademais, evidenciado o equivoco da fiscalização, comprovado a existência destes documentos, juntamente com manifestação de inconformidade então protocolada para melhor analise da DRJ, contribuinte apresentou novamente as faturas de energia elétrica, que foram desconsideradas pela fiscalização (Tabela 05 elaborada pela fiscalização), conforme pode ser verificado nos documentos (ANEXO II) constantes nas folhas 226 a 267 do processo 13161.001928/200795, e que ora, em virtude de não terem sido considerados no julgamento da DRJ, no intuito de facilitar a análise deste colegiado a contribuinte novamente os apresenta, anexo, a este recurso. Assim, considerando o principio da verdade material, uma vez que existem os comprovantes das despesas de energia elétrica e, que foram desconsideradas pela fiscalização sob o argumento de Fl. 450DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 56 17 não apresentação da documentação, requer a contribuinte a manutenção do crédito de PIS e Cofins apurados sobre a totalidade das despesas com Energia Elétrica. 4.2 DOS FRETES SOBRE OPERAÇÃO DE TRANFERÊNCIAS DE MERCADORIAS Dentre os custos, despesas e demais encargos elencados no Art. 3o das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no inciso IX do art. 3o estão relacionados ás despesas de armazenagem e frete na operação de venda. Todavia, ao efetuar a verificação dos créditos apurados pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que não seria possível apurar créditos sobre os fretes, relativo às transferências de insumos, mercadorias entre estabelecimentos, entendendo que estas operações não integrariam as operações de venda, argumentando se tratar de mero deslocamento das mercadorias. Ocorre que este "deslocamento" como denominado pela fiscalização, não se dá pela simples vontade da contribuinte em transferir a mercadoria de um estabelecimento para outro, mas decorre da necessidade de se realizar esta operação, em virtude de diversos fatores interligados a operação de produção e venda destas mercadorias. O fato é que estas transferências representam custos necessários a atividade da contribuinte, sendo certo que se houvesse alguma forma de evitar o ônus destes custos, certamente seriam evitados, pois nenhuma empresa almeja ter seus custos e despesas majorados sem que realmente seja estritamente necessário. Portanto, os fretes relativos a transferências entre estabelecimentos também fazem parte dos custos de produção necessários à atividade, pois sem eles não haveria como concluir todas as etapas de produção, não podendo a mercadoria ser comercializada, enviada para o destino. 4.3 DOS FRETES SOBRE COMPRAS DE FERTILIZANTES E SEMENTES A contribuinte no período analisado, adquiriu mercadorias para revenda, dentre as quais fertilizantes e sementes sujeitas a alíquota 0% de PIS e Cofins. Sobre a aquisição de sementes e fertilizantes não houve aproveitamento de crédito, pois a contribuinte observou o disposto no § 2o do art. 3° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que veda o aproveitamento de crédito sobre as aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Todavia, ao adquirir os fertilizantes e as sementes para revenda, é necessário que estas mercadorias sejam transportadas do Fl. 451DF CARF MF 18 estabelecimento do fornecedor até o estabelecimento do comprador, para isso, é preciso contratar os serviços de transportes de uma terceira empresa que realizará o frete destas mercadorias até o seu destino. Logo, quando o ônus desta despesa é suportado pelo adquirente, (caso da recorrente) esta despesa será agregada ao custo da mercadoria adquirida. Estes fretes (serviços), são onerados pelas contribuições para o PIS e Cofins, uma vez que estes fretes foram tributados na etapa anterior, pois para a pessoa jurídica que prestou o serviço de frete, estas operações representam sua receita/faturamento, portanto base de calculo das contribuições nesta fase da operação. Ademais, o frete não é aquisição com alíquota zero ou suspensão e, sim, operação regularmente tributada de PIS e Cofins, daí a não cumulatividade prever o direito ao crédito pelo adquirente. Ou seja, uma coisa é a mercadoria outra coisa é o frete. Que apesar de ser custo de aquisição, todavia, são operações distintas, de fornecedores igualmente distintos, mediante Notas Fiscais específicas. O fundamento utilizado pelo Agente Fiscal para vedar o crédito nas aquisições de fretes aplicados no transporte de mercadorias tributadas a alíquota zero não tem Isto porque, fundou seu entendimento no Inciso II do Parágrafo 2 o do art. 3 o da Lei 10.833/2003. Neste fundamento, claro está à vedação do direito ao crédito na aquisição de mercadorias ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Definitivamente, este não é o caso. Posto que, os fretes são alcançados pelas Contribuições. O fato de a mercadoria adquirida ser tributada a alíquota zero, não autoriza a extensão da interpretação no sentido de afastar o direito ao crédito nos serviços contratados (fretes) e aplicados no transporte daquelas mercadorias. 4.4 DO CRÉDITO PRESUMIDO ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL – PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS DE ORIGEM VEGETAL CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM. A Contribuinte diante da mecânica do PIS e da COFINS não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, com fundamento, no inciso II do artigo 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do Art.3° da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3o da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8o da lei 10.925/2004. Todavia entendeu a fiscalização que a contribuinte não se enquadraria como empresa produtora, por conseguinte e não faria jus a apuração do referido crédito. Mas vejamos mais informações. 4.4.1 ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL CONCEITO PROCESSO PRODUTIVO. Fl. 452DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 57 19 A Recorrente de acordo com o inciso I do artigo 6 o da IN SRF 660 exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no artigo 5º da referida IN. 4.4.3 AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO A Contribuinte adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural insumos, utilizados no processo produtivo em conformidade com o inciso II do art.3 o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e art. 7 o da IN SRF 660. Ressaltamos que os produtos agropecuários resultantes da atividade rural, são adquiridos pela contribuinte, são os insumos (daí o Inciso II do Art. 3 o das Leis) que após processo produtivo atividade agroindustrial (definição da IN 660, art. 6), resultam nas mercadorias classificadas nos capítulos 10, e 12 da NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL (§ 10 do Art. 3 o da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3 o da Lei 10.833/2003 e Caput do art. 8 o da Lei 10.925 e Inciso II do art. 3o das Leis 10.637 e 10.833). Portanto, faz jus a Contribuinte ao crédito de PIS e COFINS, calculados sobre estes insumos, considerando as disposições da Lei e IN, nas alíquotas previstas na legislação. 4.4.4 DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL. O contribuinte é equiparado a estabelecimento produtor de acordo com o artigo 4 o da lei 4.502/65: Art. 4o Equiparamse a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: IV os que efetuem vendas por atacado de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo DecretoLei n° 34, de 1966) (grifo acrescido) Por conseguinte, realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para o comércio.” Submetido a julgamento, a Turma decidiu, em razão do apelo da contribuinte, confirmado pelo patrono em sustentação oral, a necessidade de se baixar o feito em diligência para que fosse anexada cópia integral dos autos do processo administrativo 13161.001928/200795, ao argumento de que as provas capazes de nortear a decisão teriam sido carreadas, por essa razão os autos retornaram a origem. Fl. 453DF CARF MF 20 Retorna os autos para apreciação das matérias, registrase, em que pese a diligência determinada, restou esclarecido, posteriormente, que os documentos objeto da determinação tinham sido anexados pela própria Recorrente. Era o que tinha a relatar, sendo essa a matéria a ser apreciada. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Cuidase de recurso tempestivo, atendido os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido. O debate encontra focado em glosas. No tocante aos créditos básicos oriundos de aquisição de insumos, o indeferimento decorre de falta de comprovação. O deferimento parcial dos créditos se refere aos insumos: ENERGIA ELÉTRICA, ALUGUÉIS PAGOS A PESSOAS JURÍDICAS, FRETE e AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO. GLOSA DE CRÉDITO DE INSUMOS TRIBUTADOS ALÍQUOTA ZERO, EXTORNO DE CRÉDITO VENDA MERCADO INTERNO, ETC. A fiscalização reconhece o direito a apropriação de créditos para as contribuições do PIS e da COFINS. Afirma que a solicitação dos comprovantes das aquisições de insumos aconteceu por meio do “Termo de Intimação – 003”, atendido, o contribuinte apresentou diversos documentos, entretanto, insuficientes a comprovar totalidade do crédito almejado, cabendo glosar parte. É cristalino o direito de tomar crédito relativo as contribuições a descontar referentes ao PIS e a COFINS é o que se extraí do relatório fiscal. Em resposta a Interessada sustenta que os livros de registros de entrada estavam à disposição e foram examinados pelo Fisco, além do que, anexou com o recurso os documentos a justificar a totalidade do crédito pretendido. Registrase, na fase inicial o julgador de piso determinou diligência no sentido de apurar a existência dos créditos desejados em razão da negativa total pelo fato da contribuinte deixar de apresentar documentação ao fundamento da incapacidade de pessoal, vez que a mesma encontrava e encontra em processo de liquidação. Concluído os trabalhos fiscais, o resultado mostrou existência de crédito o que foi reconhecido, tanto para o PIS quanto para a COFINS. Insatisfeita por diversas razões advém o voluntário, o que passase a examinar item a item: 1. DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS BÁSICOS. As glosas em sua totalidade, como se vê do relatório fiscal aconteceu por insuficiência documental a título de comprovação. Há enorme dificuldade de aferir com precisão se os documentos colecionados junto com o voluntário fazem parte do rol da documentação examinado pela fiscalização em trabalhos diligenciais, visto que, o relatório fiscal menciona o número das planilhas (tabela), entretanto, essas planilhas não encontram nos autos. Fl. 454DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 58 21 Considerando que a Recorrente cuidou de trazer com o voluntário cópia das faturas de energia, bem como, aquisição de insumos básicos adquiridos, soja, trigo e sementes, cujo crédito foi glosado, devese reconhecer o direito de descontar crédito das contribuições com ressalvas, visto que, no caso da energia o relatório fiscal menciona ter reconhecido parcialmente com base da documentação apresentada, em sendo assim, o reconhecimento ao direito de apurar credito se restringe se as faturas anexadas aos autos, não sendo as mesmas aferidas pela fiscalização. Assim, sou inclinado reconhecer o direito a tomada do crédito das notas de aquisições de insumos colecionada aos autos referente às aquisições ali mencionadas por serem pertinentes a atividade da cooperativa, bem como, relacionadas com as faturas de energia, desde que não sejam as mesmas incluídas no rol daquelas que serviram para deferimento parcial pela fiscalização. 1.1 DA GLOSA DOS INSUMOS. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição dos insumos de produção foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF FORNECEDOR VALOR 23/03/05 10161 EURO GRAOS LTDA 281.400,00 14/04/05 467141 AGROPECUARIA ESCALADA DO NORTE 493.884,30 26/04/05 7771 KAZU CEREAIS LTDA 290.000,00 26/04/05 13951 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 286.000,00 08/08/05 40721 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 269.898,44 13/10/05 288801 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 650.000,00 19/12/05 29481 D'OESTE CEREAIS LTDA 409.500,00 15/03/06 112421 PROCOMP AGROPECUARIA LTDA 271.238,49 20/03/06 3097301 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 416.800,00 14/03/07 18731 KAZU CEREAIS LTDA 273.400,00 11/04/07 73311 KASPER E CIA LTDA 1.490.000,00 20/04/07 658241 LR AGROPECUARIA LTDA 363.635,39 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre tais aquisições não podia ser desconsiderado, pelo simples fato de a contribuinte não ter conseguido encontrar parte das notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização, haja vista que as respectivas operações de aquisição constavam registradas na sua escrituração contábil e fiscal, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. A recorrente asseverou ainda que anexada à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 166/225), as cópias das notas fiscais de nºs 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos, referente às demais aquisições. E para melhor análise, anexara tais documentos aos presentes autos. Com efeito, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que foram apresentados os referidos documentos. Porém, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, as demais cópias de documentos apresentados não se prestam para comprovar a respectiva operação de aquisição de insumos, por não serem os documentos hábeis e idôneos a Fl. 455DF CARF MF 22 comprovar as supostas operações de aquisição. A cópia da nota fiscal de nº 2948 não fora localizada nos autos. Assim, os créditos relativos as notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331 devem ser restabelecidos. 1. 2 GLOSA DE ENERGIA. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição de energia elétrica foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF CNPJ FORNECEDOR VALOR 09/08/04 27643 15.413.826/000150 12.632,67 13/08/04 273527 15.413.826/000150 14.016,00 19/08/04 28157 15.413.826/000150 35.147,35 19/08/04 28159 15.413.826/000150 31.133,05 20/08/04 28160 15.413.826/000150 10.689,13 01/09/04 28444 15.413.826/000150 40.973,62 09/09/04 616170 15.413.826/000150 14.040,33 14/09/04 28948 15.413.826/000150 42.539,70 14/09/04 28950 15.413.826/000150 29.725,81 14/09/04 910115 15.413.826/000150 17.213,00 06/12/04 758100 15.413.826/000150 12.143,06 10/12/04 841834 15.413.826/000150 11.270,00 14/12/04 987063 15.413.826/000150 32.906,66 21/12/04 92633 15.413.826/000150 30.573,39 07/01/05 406656 15.413.826/000150 11.001,64 15/03/05 58958 15.413.826/000150 21.085,00 16/03/05 149601 15.413.826/000150 20.394,47 16/03/05 149599 15.413.826/000150 19.717,11 06/06/05 604193 15.413.826/000150 18.076,86 06/07/05 541925 15.413.826/000150 14.470,31 26/09/05 317457 15.413.826/000150 20.696,10 03/10/05 579804 15.413.826/000150 19.708,12 04/10/05 579814 15.413.826/000150 34.273,16 08/09/06 576517 03.747.565/000125 19.361,01 19/02/07 233576 15.413.826/000150 10.158,24 08/03/07 1924 15.413.826/000150 10.123,00 19/03/07 151839 15.413.826/000150 30.148,74 10/04/07 605375 03.747.565/000125 10.026,33 08/05/07 316013 15.413.826/000150 11.167,38 20/07/07 24102 15.413.826/000150 10.043,49 21/08/07 19789 15.413.826/000150 10.132,90 21/08/07 19928 15.413.826/000150 10.076,62 01/10/07 41729 15.413.826/000150 30.678,69 3389 15.413.826/000150 13.561,00 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre valor de aquisição da energia elétrica acobertado pelas notas fiscais discriminadas na referida Tabela não podia ser desconsiderado, porque tais documentos foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentara cópia digitalizada dos citados documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004, em que apresentara os originais dos citados documentos, inclusive as faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Fl. 456DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 59 23 A recorrente asseverou ainda que anexara à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 226/267), as cópias das notas fiscais discriminadas na citada Tabela. E para melhor análise, anexara tais notas fiscais aos presentes autos. De fato, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925, as demais foram apresentadas. Assim, deve ser mantida a glosa apenas dos créditos calculados sobre o valor das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925. 1.3 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA. O motivo da glosa deuse ao fundamento de que tratase de meras transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, implicaria em mero deslocamento com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores, motivo pelo qual, entendeu não integrar operação de venda. Ao contrário da posição do fisco, sustenta o contribuinte tratarse de transferência necessárias a atividade, afirma, se houvesse meios de evitar o ônus destes custos, não há dúvida de que seriam evitados. Não há como ignorar que algumas atividades a armazenagem dos insumos são necessários, bem como, o seu remanejamento posterior. É de conhecimento notório, constantemente divulgado pelos veículos de comunicação o déficit de locais de armazenamento das safras de grão. A imprensa, repetidamente, divulga que no auge da colheita de grãos os produtores são obrigados a estocar os grãos em carrocerias de caminhões e em outros locais muitas vezes inusitados. Acontece, ainda, venda para exportação antecipada por falta de local adequado a estocagem, ninguém dúvida disso, pois essas notícias são facilmente comprovadas por intermédio das publicações dos periódicos. Essa Turma é sensível ao entendimento da necessidade de estocagem de insumos e sua transferência posteriormente para outro estabelecimento, desde que, não se revele transferência pura e simples estratégica de comercialização. Em outras oportunidades já reconheceu essa necessidade de se estocar em determinado local e o remanejamento para sede e ou outro estabelecimento industrial da mesma pessoa jurídica, nesses casos os custos de transferência configura insumo necessário a atividade da empresa. Bem afirmou a Recorrente, o frete nesses casos de transferência possui o único objetivo é de concluir todas as etapas de produção, pois a soja colhida no campo e adquirida pela Interessada ainda não está pronta a comercialização, precisa passar por processo industrial, seja aquela destinada ao mercado interno, quanto as destinadas a exportação. Não pode esquecer, que tratase de agroindústria, cuja atividade industrial se refere ao processo de beneficiamento de grãos, seja de soja, trigo e milho, a secagem, limpeza, padronização e classificação dos grãos, deixa os produtos prontos a exportação, bem como, ao consumo humano ou animal. Fl. 457DF CARF MF 24 Considerando que a razão da glosa foi simplesmente pelo fato de tratarse de transferência entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, sem análise apurada quanto ao destino dos insumos, inclino no sentido de afastar a glosa e reconhecer o direito quanto aos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06” que se refere a exclusão de transferência conforme demonstrado pela fiscalização. 1.4 – GLOSA DE VALOR PAGO DE FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA DE INSUMO QUE NÃO GERA DIREITO A CRÉDITO. Tratase de glosa de crédito oriundo do frete de transporte de mercadoria pago a pessoa jurídica nacional. No entendimento da fiscalização o fato dos insumos objeto do transporte não gerarem o direito a tomada, consequentemente, o frete também não pode gerar o direito. O motivo preponderante para glosar é simplesmente por tratarse de frete de operações de aquisições de fertilizantes e sementes submetidos à alíquota zero, inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Penso diferente, o evento da aquisição de produtos sujeitos à alíquotas zero não veda o direito de tomar crédito dos custos relativamente ao transporte desses produtos. Se a legislação prevê incidência à alíquota zero, mas não tem a amplitude de vedar outros créditos decorrentes de operações e prestações adquiridas por parte da Recorrente, que, por sua vez, está sujeita ao regime não cumulativo. Não se pode perder de vista que o inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004 realmente fixa alíquota igual a zero, sendo assim, para aqueles insumos veda o crédito de produto adquirido justamente porque essa operação não é tributada pelo PIS/COFINS, o que não ocorre com outras operações autônomas, e.g., frete e armazenagem, que são regularmente tributadas, não havendo razão jurídica nenhuma para não outorgarem o direito ao crédito. A esse respeito, calha trazer à colação ementa de decisão havida na Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Terceira Seção, veiculada no Acórdão no 3402 002.513, de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, que mediante raciocínio semelhante ao do presente processo, admitiu o crédito de frete e armazenagem de contribuinte que adquiriu tais prestações em cuja operação de venda estava sujeita ao regime monofásico: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele Fl. 458DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 60 25 suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. A transferência direcionada a estabelecimentos da mesma pessoa jurídica com o objetivo de processamento gera direito a tomada de crédito sobre o dispêndio a título de frete, bem como, o frete decorrente da entrega de mercadorias vendidas, no caso resta patente que o ônus foi da cooperativa recorrente. Recentemente, em voto impa proferido pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, 2ª T. 3ª Câmara, 2ª Seção, processo administrativo nº 10925.720202/201415, afastou glosa em caso semelhante. Considerando à ausência das “tabelas 04 e 06 nestes autos, confiante na consignação da fiscalização, afasto também glosa, para reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete. 1.5 ALUGUEIS PESSOA JURÍDICA. A glosa procedida decorreu de análise da documentação apresentada e julgada insuficiente a comprovar todo custo de aluguéis registrados no DACON. A fiscalização elaborou a “TABELA 04””, concluiu tratarse de valores inferiores ao montante declarado pela Interessada. Nestes autos não se enxerga resistência a glosa, sendo assim, mantémse intacta a decisão de piso nesta parte. 1.6 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A glosa ocorreu em decorrência da ausência de comprovação total do crédito pleiteado. Segundo consta do relatório fiscal, que o contribuinte fez prova apenas de parte dos créditos registrados no DACON provenientes de aquisição de imobilizado. Também não se vê resistência e tampouco irresignação com referência a essa glosa. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. O crédito presumido apontado pelo contribuinte restou glosado ao fundamento da inexistência de comprovação da atividade agroindustrial, e, pela ausência de comprobação da destinação, isso é, se era para alimentação humana e/ou animal, conforme dispõe o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Consta que o contribuinte teria sido intimado para comprovar se os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em síntese teria a recorrente sido considerada tãosó cooperativa de produção agropecuária, para a qual existe a suspensão das contribuições, obrigandoa proceder o estorno dos créditos da não cumulatividade, e, não podendo apurar crédito presumido nos moldes ocorrido. Fl. 459DF CARF MF 26 Em resposta a posição do fisco, afirmou tratarse de produtos classificados no CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL, por essa razão é considerada agroindústria. Endossa seu entendimento de que todas as Pessoas Jurídicas que produzam as mercadorias classificadas nas posições da NCM descritas no caput do art. 8º da Lei nº 10.825/2004, gozam do direito de descontar o crédito oriundo das aquisições de insumos, para tanto, basta produzir as mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que classificadas conforme determina o art. 8º do mencionado diploma legal. A Interessada justifica sua condição agroindústria, sustentando tratarse de exportação de produtos submetidos a processo industrial, impõe, assim, buscarse a saber se o beneficiamento dispensado a soja, milho e o trigo enquadram no rol das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, da NCM. Não há dúvida de que os produtos agrícolas, soja, trigo e milho, passam por procedimento tecnológico de beneficiamento, embora em sua maior parte sejam exportados in natura. O beneficiamento de grãos e sementes é realizado por máquinas projetadas com base em uma ou mais características físicas do produto e dos contaminantes a serem retirados. O processo de secagem dos grãos visa melhor qualidade dos produtos, mantendo as propriedades físicoquímicas, permitindo acondicionamento e armazenagem resguardar qualidade. A pesquisa universitária divulgada notícias que o beneficiamento se revela etapa importante na qualidade dos grãos e sementes: “´´E na unidade de beneficiamento que o produto adquire, após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos; sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas etc., as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões e qualidade.” No processo de beneficiamento surge a padronização e classificação, essa última configura prática obrigatória em todos os segmentos de marcado, seja interno ou externo. A comercialização do produto depende do tratamento após colheita, tornando indispensável. Essa melhora busca a certificação, que constitui documento hábil para todas as transações. Em trabalho elaborado pela professora Maria A. B. Regitano d’Arce, Depto. Agroindústria e Nutrição ESALQ/USP, intitulado “PÓS COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS” , colhe informação de suma importância: “Nos países desenvolvidos, os problemas de colheita, armazenamento e manuseio (secagem, limpeza, movimentação, etc.)de grãos, constituem objeto de estudo permanente, visando prolongar a vida comercial dos produtos. Uma prioridade das nações mais pobres deve ser a redução do trágico desperdício que se verifica a partir das colheitas, porfalta de silos adquados, secagem mal processada, transporte inadequado, controle de qualidade, etc. ...” Recentemente foi noticiado pela imprensa a união das duas maiores indústrias de beneficiamento da América Latina, Camil Alimentos, beneficiadora de arroz e Fl. 460DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 61 27 feijão e Cosan Alimentos, dona das marcas de varejo de açúcar união e da Barra, e, capitaneadas pela Gávea Investimentos. O destaque dáse em razão da união de duas maiores indústrias de beneficiamento, como se vê o beneficiamento é parte do processo industrial, necessariamente os produtos não precisam passar por transformações e resultar em produto novo. Sendo assim, não dúvida alguma de as atividades desenvolvidas pela Recorrente enquadraa na qualidade agroindústria e o benefício do art. 8º da Lei 10.925/2004. As informações trazidas colaboram para formação de juízo, não estão sujeitos a provas, os fatos que possuem presunção de legalidade, portanto, o beneficiamento configura uma etapa da industrialização, motivo pelo qual deve a interessada ser considerada agroindústria. De modo que resta assegurado pelo legislador ordinário o direito ao crédito presumido da Contribuição ao PIS e a COFINS em favor agroindústria, que realizar exportações, podendo compensar os referidos créditos com os débitos das contribuições ou com outros tributo dos desde que seja administrados pela Receita Federal. Nesse sentido os Acórdãos nºs 3102.002.231; 3402.002.113, que reconhece o direito, desnecessário tecer outros fundamentos, pois essa matéria encontra pacificado perante o CARF. Assim, reverter as glosas dos créditos procedido pela fiscalização. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS DE AQUISIÇÕES VINCULADO VENDA COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PIS/COFINS. Outro ponto de discórdia se refere ao direito a manutenção do crédito previsto pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A glosa encontra consubstanciada ao fato de que a Lei 10.925/2004 exclui do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal, por essa razão foram consideradas típicas de cerealista. Sustenta a Interessada, passado apenas cinco dias do inicio da vigência do parágrafo 4º do art. 8º da lei 10.925/2004, dispositivo que vedava às pessoas jurídicas o aproveitamento do crédito, foi derrogado pela Medida Provisória nº 206, de 06 de agosto de 2004, publicada em 09.08.2004. É verdade, a vedação foi afastada pela novel norma introduzida pela MP 206, convertida em Lei nº 11.033/2004, art. 17: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/P ASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Em sendo, assim, inexiste óbice a manutenção de crédito proveniente de aquisições com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS. Fl. 461DF CARF MF 28 Assim, impõe restabelecer esse direito de manutenção de crédito a Recorrente. DIREITO DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITO VENDA A ASSOCIADOS INCLUSÃO À BASE DE CÁLCULO No que tange a manutenção do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins referentes a Repasses aos associados, a fiscalização sustenta inexistência de previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações, razão pela qual ocorreu a glosa. É de conhecimento geral com o advento da Medida Provisória 2.15835 de 2001, a sociedades cooperativas passaram a ser tributadas sobre a totalidade de suas receitas conforme encontra disciplinado pela Lei nº 9.718 de 1998. Restou assegurado, tanto pela Lei nº 9718, bem como, as seguintes, o direito de excluir da base de cálculo uma série de itens. Exclusão de receitas da base de cálculo só deve acontecer quando encontrar respaldada por permissivo legal, por essa razão a lei descreve minunciosamente os caso em que se autoriza as exclusões. Nesse mesmo sentido o conjunto de leis norteadoras da incidência da Contribuição Social para o PIS/PASEP e a COFINS, são explícitas em relação aos créditos, não deixam dúvida que só podem ser utilizados para desconto dos valores da contribuição apurados sobre as receitas sujeitas à incidência não cumulativa. Todas as vezes que a intenção do legislador foi no sentido de se manter o crédito, menciona com clareza, pois os créditos em si não ensejam compensação ou restituição, salvo expressa disposição legal. O exemplo mais comum é o crédito apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, manifestamente a legislação pertinente autoriza. No caso específico tratase negócio com o associado da cooperativa, também possui caráter de alienação, assim sendo, encontra respaldo legal na norma prevista pelo art. 17º da Lei 11.033/2004, que se refere a operação de venda: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Sendo assim, é cabível se cogitar da possibilidade de manutenção de créditos nessas operações tendo por base o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, a manutenção de créditos da contribuição, nas hipóteses autorizadas por lei, tem por pressupostos necessários a possibilidade legal do respectivo crédito, é vedado quando não se verificando esses pressupostos. Assim, dou provimento para modificar a decisão recorrida e assegurar o direito de manutenção do crédito. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC DECORRENTE DE ÓBICE DA ADMINISTRAÇÃO. No tocante à aplicação da taxa SELIC sobre os créditos após o ingresso do pedido de compensação, não há, na legislação, dispositivo que reconheça aludido direito, mas o Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Especial no 1.037.847RS, julgado na Fl. 462DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 62 29 sistemática dos Recurso Repetitivos (artigo 543C do CPC), reconheceu a correção monetária dos créditos quando há oposição do Fisco, in verbis: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IP. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização direto de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direto pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo lídima necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: REsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09205, DJ 10.205; REsp 613.97/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.1205, DJ 05.1205; REsp 495.3/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09206, DJ 23.10206; REsp 52.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.1206, DJ 24.09207; REsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03208, DJe 07.4208; e REsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavscki, julgado em 12.1208, DJe 24.1208). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido a regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/208. Desse modo, tendo havido oposição do Fisco à compensação, sendo que houve o reconhecimento de um item controverso em favor da Recorrente, devese aplicar a correção monetária sobre os créditos da Recorrente, em conformidade com o julgado cuja ementa foi acima transcrita, resultante de julgamento de Recurso Repetitivo, que o CARF está obrigado a observar, por conta de seu Regimento Interno. Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento parcial para: 1 em relação a glosa dos créditos básicos, restabelecer somente o direito aos valores dos créditos calculados sobre o custo de aquisição (i) dos insumos, relativos às notas Fl. 463DF CARF MF 30 fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, e (ii) da energia de elétrica, exceto das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925; 2 afastar, também, glosa dos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06”, que se refere à exclusão de transferência entre estabelecimento, conforme demonstrado pela fiscalização; 3 reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete, cujos insumos adquiridos não geram créditos; 4 – reconhecer o direito do credito presumido, por tratarse de agroindústria; 5 afastar glosa e manter o crédito proveniente de aquisições vinculado a venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS; 6 – tornar sem efeito glosa dos créditos das aquisições de mercadorias vendidas aos associados da cooperativa; 7 – reconhecer o direito aplicação da Taxa Selic tendo em razão ter havido oposição do Fisco à compensação/restituição. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, cabe consignar que a controvérsia cingese (i) a glosa de créditos básicos e agroindustriais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, (ii) restrições quanto a forma de utilização do crédito presumido agroindustrial e (iii) não incidência de taxa Selic sobre a parcela do crédito pleiteado. A) DA ANÁLISE DOS CRÉDITO GLOSADOS As glosas dos créditos básicos foram motivadas por falta de comprovação, falta de cumprimento de requisitos legais e por falta de amparo legal, conforme a seguir demonstrado. De acordo com a conclusão apresentada no Relatório Fiscal colacionado aos autos, a seguir parcialmente reproduzida, os créditos não admitidos foram motivados por: I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); Fl. 464DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 63 31 III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 Tabela 03 e 04); [...]. O órgão colegiado de primeiro grau manteve, integralmente, as referidas glosas, com base nos mesmos fundamentos aduzidos na citado relatório fiscal. Inconformada com o resultado do citado julgamento, no recurso voluntário em apreço, a recorrente contesta a manutenção das referidas glosas. Assim, uma vez apresentadas as razões gerais da controvérsia, a seguir serão apreciadas apenas as questões específicas, para as quais este Conselheiro foi designado redator, a saber: a) em relação aos créditos básicos, a totalidade da glosa das despesas com fretes relativos às operações de transferência entre estabelecimentos e de compras sujeitas à alíquota zero; b ) crédito presumido agroindustrial. I) DA GLOSA DOS CRÉDITOS BÁSICOS. A glosa parcial dos créditos básicos realizada pela fiscalização está relacionada a: a) parte das aquisições de bens utilizados como insumos de fabricação de bens destinados à venda não comprovadas; b) parte do custo de aquisição de energia elétrica não comprovada; c) parte das despesas com aluguéis da pessoa jurídica não comprovada; d) a totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, por falta de amparo legal; e e) parte dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado não comprovada. Aqui será analisada apenas a questão referente à totalidade da glosa das despesas com fretes nas operações de (i) transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte e (ii) de compras de mercadorias que não geraram direito a crédito das referidas contribuições (compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero). De acordo com citado relatório fiscal, por falta de amparo legal, a fiscalização procedeu a glosa da totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, discriminadas nas Tabelas de nº 04 e 06, integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado. No entendimento da fiscalização, gera direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias diretamente para entrega ao consumidor final e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, Fl. 465DF CARF MF 32 bem como os gastos com frete sobre as operações de compras de bens que geram direito a crédito, quando o comprador assume ônus com o frete, cujo valor integra o custo de aquisição dos bens. De outra parte, não gera direito a crédito os gastos com frete relativos aos serviços de transportes prestados: a) nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, que implicam mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores; e b) nas compras de mercadorias que não geram direito a crédito das referidas contribuições, no caso, nas operações de compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero, conforme art. 1º, I e III, da Lei 10.925/2004. O entendimento da fiscalização está em consonância com o entendimento deste Relator explicitado no voto condutor do acórdão nº 3302003.207, de onde se extrai os excertos pertinentes, que seguem transcritos: No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20031, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...]§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 1 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 64 33 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. [...] Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou Fl. 467DF CARF MF 34 fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. 2 Com base nesse entendimento, rejeitase as alegações da recorrente de que gerava direito ao crédito das referidas contribuições o custo com o frete no transporte relativo a: a) transferências das mercadorias entre estabelecimentos, porque representava uma etapa intermediária da operação de venda e para exportação, logo, tais despesas, quando suportadas pela recorrente, eram complementares as despesas com fretes sobre vendas no ato da entrega da mercadoria ao adquirente; e b) das compras das mercadorias sujeitas a alíquota zero, porque os fretes sobres essas compras estavam oneradas pelas citadas contribuições, estando desta forma onerado o custo final da aquisição da mercadoria, pelos gravames na proporção do custo com fretes sobre tais aquisições. Por essas considerações, por falta de amparo legal, deve ser mantida integralmente as glosas dos referidos créditos, conforme determinado pela fiscalização. II) DA GLOSA DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. A falta de amparo legal foi o motivo da glosa do valor integral do crédito presumido agroindustrial apropriado pela recorrente no período fiscalizado. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia a atividade de cooperativa de produção agroindustrial e não comprovara que os produtos por ela exportados foram destinados à alimentação humana ou animal, conforme exigência determinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que segue transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2 BRASIL. CARF. 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção. Ac. 3302003.207, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, Sessão de 19 mai 2016. Fl. 468DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 65 35 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM;3 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] Da leitura do referido preceito legal, extraise que não são todos os produtos de origem animal ou vegetal nele relacionados que proporcionam o direito de apropriação de crédito presumido agroindustrial, mas apenas aqueles destinados à alimentação humana ou animal. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária, uma vez que a sua atividade econômica limitavase a “limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura”, atividade típica de cerealista, que a própria Lei 10.925/2004 havia excluído do conceito de agroindústria. Para melhor análise, transcrevese os excertos pertinentes extraídos do relatório fiscal: Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que exerceu a atividade de produção de mercadorias (agroindústria). Em resposta a intimação fiscal, a contribuinte descreveu o processo produtivo realizado que pode 3 A atual redação do inciso é a seguinte: "I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);" (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 469DF CARF MF 36 ser sintetizado nas seguintes etapas: 1º ETAPA: Recebimento e Classificação; 2º ETAPA – Descarga das Mercadorias; 3º ETAPA – Prélimpeza dos Grãos; 4º ETAPA – Secagem; 5º ETAPA – Póslimpeza; 6º Armazenagem e Controle de Qualidade; 7º ETAPA Expedição. As etapas produtivas descritas subsumemse as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura. A própria Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista, sendolhe vedado apurar o mencionado crédito presumido (§ 4º, art. 8º da Lei 10.925/2004). Para a fiscalização, para que fosse considerada cooperativa de produção agroindustrial, a recorrente deveria receber a produção de seu cooperado, industrializála e vender o produto industrializado, o que não fora feito. De outra parte, a contribuinte alegou que desenvolve o processo produtivo/atividade econômica de beneficiamento, por meio do qual eram alteradas as características originais e obtidos os grãos aperfeiçoados/beneficiados a serem comercializados/exportados. Nos excertos a seguir transcritos, a recorrente expõe as razões pelas quais entende que fazia jus ao crédito presumido em questão: As aquisições de matériasprimas (produtos resultantes da atividade rural) realizadas junto a pessoas físicas ou jurídicas com suspensão, são os insumos necessários para a obtenção das mercadorias soja beneficiada, trigo beneficiado, e milho beneficiado, classificados na NCM respectivamente nos capítulos 12 e 10. Não há que se falar em mercadorias classificadas nos capítulos 12, 10, da NCM, sem que tenhamos as matériasprimas provenientes da atividade rural, que são o principal "insumo" destas mercadorias. Como se vê, as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente são por ela produzidas. E, diante de mecânica do PIS e da COFINS nãocumulativa, tem fundamento para apuração o crédito presumido, no inciso II do artigo 3º das leis 10.637/2002 e art. 3º da lei 10.833/2003 combinado com o Caput do artigo 8º da lei 10.925/2004. Do cotejo entre o entendimento da fiscalização e o da recorrente, fica evidenciado que o cerne da controvérsia reside no tipo da atividade exercida pela recorrente, ou seja, se a atividade por ela exercida era de produção agroindustrial ou, simplesmente, de produção agropecuária. A Lei 10.925/2004 não contém a definição da atividade de produção agroindustrial nem da atividade de cooperativa de produção agropecuária, no entanto, nos termos do art. 9º, § 2º, atribuiu à RFB a competência para regulamentar a matéria. E com base nessa competência, por meio da Instrução Normativa SRF 660/2006, o Secretário da RFB definiu a atividade de produção agroindustrial no art. 6º, I, da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: Fl. 470DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 66 37 I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e [...] As atividades de produção de que trata o art. 2º4 da Lei 8.023/1990, são as atividades rurais típicas, não exercidas pela recorrente, conforme se infere dos elementos coligidos aos autos. E as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente encontramse mencionadas no art. 5º, I, “d”, da citada Instrução Normativa, que, no período de apuração dos créditos, tinha a seguinte redação: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; 5 [...](grifos não originais) No período de apuração dos créditos presumidos em apreço, os produtos exportados pela recorrente foram grãos de milho, classificados no código NCM 1005.90.10, e grãos de soja, classificados no código NCM 1201.90.00. Portanto, inequivocamente, produtos pertencentes aos capítulos 8 a 12 da NCM. Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na 4 "Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas." (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) 5 A redação autualmente vigente tem o seguinte teor: "d) nos capítulos 8 a 12, e 15, exceto os códigos 0901.1 e 1502.00.1;" (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 471DF CARF MF 38 condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Aliás, em relação ao IPI, a vedação de apropriação de créditos sobre insumos utilizados na produção de produtos com a anotação NT na TIPI foi objeto da Súmula CARF nº 20, que tem o seguinte teor, in verbis: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.” Assim, por se tratar de comercialização/exportação de produto in natura, a atividade de produção realizada pela recorrente representa típica atividade de beneficiamento de produtos agropecuários, que não se caracteriza como operação de industrialização, conforme definido na legislação do IPI, mas atividade de beneficiamento de produtos in natura de origem vegetal (grãos), conforme definição estabelecida no art. 3º, § 1º, III, da Instrução Normativa SRF 660/2006, a seguir transcrito: Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...] (grifos não originais) Assim, com base nas referidas definições e tendo em conta que a atividade da recorrente limitase a mero beneficiamento dos grãos de milho e soja exportados, chegase a conclusão de que a recorrente não exerce a atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária. E no âmbito da cooperativa de produção agropecuária, a diferenciação entre a atividade de beneficiamento e atividade de industrialização encontrase nitidamente Fl. 472DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 67 39 evidenciada, por exemplo, no art. 15, IV, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir reproduzido: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] (grifos não originais) Outro dado relevante que ratifica a conclusão de que a recorrente exercia a atividade de produção agropecuária, em vez da atividade de produção agroindustrial, está no fato de ela ter declarado, nos respectivos Dacon do período de apuração (fls. 131/154 do citado processo nº 10010.031138/041361), as receitas de venda no mercado interno dos referidos produtos de origem vegetal sob regime de suspensão6, regime de tributação não aplicável às cooperativas de produção agroindustrial, mas às cooperativas de produção agropecuária, nos termos do art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Assim, se acatada a pretensão da recorrente, o que se admite apenas por hipótese, ela seria duplamente beneficiada, pois, além de não submeter a tributação das referidas contribuições a receita da venda dos produtos de origem vegetal comercializados no mercado interno, ainda se apropriaria, indevidamente, do valor do crédito normal vinculado às referidas receitas, o que é expressamente vedado pelo art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004, a seguir analisado. Não se pode olvidar que a dedução de tais créditos somente é assegurada às cooperativas de produção agroindustrial, cujas receitas de venda dos produtos fabricados com 6 Os valores e o percentual de participação da receita submetida ao regime de suspensão encontramse discriminados na Tabelas de nº 03 (fls. 644/645), integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), apenso a este processo. Fl. 473DF CARF MF 40 insumos de origem vegetal, realizadas no mercado interno, sujeitamse ao regime de tributação normal das citadas contribuições. Também não procede a alegação da recorrente de que processo produtivo de grãos encontravase disciplinado na Lei 9.972/2000 e regulamentado pelo Decreto 6.268/2007 e pelas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois, diferentemente do alegado, os referidos diplomas normativos não tratam de processo produtivo de grãos, mas da classificação dos produtos vegetais, incluindo a classificação dos grãos. Dada essa finalidade específica, certamente, tais preceitos normativos não têm qualquer relevância para a definição do tipo de processo produtivo realizado pela recorrente, para fins de atribuição da forma de incidência das referidas contribuições. Portanto, fica demonstrado que se trata de alegação estranha ao objeto da controvérsia em apreço. Dessa forma, por se caracterizar como cooperativa de produção agropecuária, independentemente da destinação dos produtos produzidos e comercializados (se destinada ou não à alimentação humana ou animal), a recorrente não faz jus ao aproveitamento do crédito presumido em apreço, conforme determina o art. 8º, § 4º, I, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º [...] § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos presumidos agroindustriais, indevidamente apropriados pela recorrente. III) DO INDEFERIMENTO DOS CRÉDITOS VINCULADAS ÀS OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS REALIZADAS NO MERCADO INTERNO. De acordo com relatório fiscal e os dados apresentados nas Tabelas de nºs 03 e 04 (fls. 643/653), integrantes do processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a fiscalização propôs o deferimento apenas dos valores dos créditos básicos vinculados às receitas de exportação. No que tange aos créditos básicos vinculados às receitas de venda realizadas no mercado interno, a fiscalização manifestouse pelo indeferimento integral, sob o argumento de que tais operações de aquisição estavam vinculadas às receitas de venda no mercado interno não sujeitas à tributação, especificamente, as receitas de venda com suspensão e sujeitas à Fl. 474DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 68 41 alíquota zero, bem como as exclusões da base de cálculo permitidas, exclusivamente, às sociedades cooperativas, efetivamente utilizadas. Aqui serão analisadas apenas as questões atinentes às receitas (i) das vendas com suspensão e (ii) das vendas excluídas da base de cálculo. III.1) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas das Vendas Com Suspensão. Segundo a fiscalização, na condição de cooperativa agropecuária de produção, as operações de venda realizadas pela recorrente no mercado interno estavam amparadas pela regime de suspensão da incidência da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, em decorrência, ela deveria ter providenciado o estorno dos correspondentes créditos, conforme determinação expressa no inciso II do § 4º do art. 8º do citado diploma legal. Art. 8º [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a restrição contida no citado preceito legal fora revogada pelo art. 17 da Lei 11.033/2004, nos termos do § 1º do art. 2º da Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), a seguir transcrito: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem razão a recorrente, porque, embora tenha entrado em vigor posteriormente, o novo preceito legal não é incompatível e tampouco regula inteiramente a matéria disciplinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que instituiu o crédito presumido agroindustrial e as vedações às manutenções tanto do referido crédito presumido quanto dos créditos vinculados as receitas de venda efetuadas com suspensão por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e por cooperativa de produção agropecuária. Diferentemente do alegado, como o citado art. 17 da Lei 11.033/2004 instituiu norma de nítido caráter geral sobre manutenção, pelo vendedor, dos créditos Fl. 475DF CARF MF 42 vinculados às operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, ao caso em apreço, aplicase o disposto no § 2º do art. 2º da Lei 4.657/1942, que determina que a lei nova não revoga nem modifica a lei anterior. Dessa forma, uma vez demonstrado que o inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 estava em plena vigência no período de apuração dos créditos em questão e ainda se encontra em vigor, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1972 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), aprovado pela Portaria MF 343/2015, aos membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Com base nessas considerações e tendo em conta que ficou anteriormente demonstrado que a recorrente, no período de apuração dos créditos, exercia atividade de cooperativa de produção agropecuária, com respaldo no inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados as receitas de venda com suspensão. III.2) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas de Venda Excluídas da Base de Cálculo. De acordo com relatório fiscal, no período analisado, a contribuinte registrou exclusões de base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no art 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, em relação as quais não lhe eram assegurado a manutenção dos créditos vinculados, sob o argumento de que como o ato cooperativo, definido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não representava operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, logo, não existia “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS”, conforme estabelece o art. 17 da Lei 11.033/2004. Por decorrência, não havia suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo. Já a recorrente alegou que o conceito de ato cooperativo, contido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não influenciava na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porque, atualmente, o cálculo das ditas contribuições independiam de tal conceito, uma vez que tanto a base de cálculo e o fato gerador destas contribuições correspondiam ao faturamento total, independente da denominação e classificação contábil, conforme determinado pelo art. 1º das Leis 10.637/2003 e 10.833/2004. Para a recorrente, posteriormente ao advento da Medida Provisória 1.858 6/1999, cuja redação definitiva foi mantida na vigente Medida Provisória 2.15835/2001, os dispositivos que asseguravam isenção das citadas contribuições foram revogados, passando desde então as sociedades cooperativas a serem tributadas sobre a totalidade de suas receitas da mesma forma que as demais pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998. Em decorrência, todos os fatos que não tinham a aptidão de gerar tributos integravam o campo da não incidência, logo o resultado obtido das exclusões da base de cálculo permitidas às sociedades cooperativas, efetuadas pela contribuinte, correspondiam as receitas sem incidência das referidas contribuições, em virtude de não gerar receita tributável. Não assiste razão à recorrente. No caso em tela, a não tributação das referidas contribuições não decorreu do fato de as receitas auferidas não serem submetidas à incidência das referidas contribuições, ou em razão das respectivas operações de venda estarem fora do campo incidência das referidas contribuições, conforme alegado pela recorrente, mas pelo fato Fl. 476DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 69 43 de não existir base cálculo ou a base de cálculo ter sido zerada, após efetivadas as exclusões, especificamente, asseguradas à recorrente na condição de sociedade cooperativa de produção agropecuária. E a falta de tributação motivada pela inexistência de base cálculo, certamente, não se enquadra em nenhuma das hipóteses de manutenção do crédito das referidas contribuições, previstas no art. 17 da Lei 11.033/2004. Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados à base cálculo zerada, em razão das exclusões da base de cálculo das referidas contribuições, autorizadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, e efetuadas pela recorrente no curso do período da apuração dos créditos glosados. IV) DA ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: Fl. 477DF CARF MF 44 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.7 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a sua pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. VI) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, em relação às questões aqui analisadas, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 7 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 478DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 70 45 Voto Vencedor 2 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à reversão total da glosa relativa aos créditos vinculados às vendas de adubos, fertilizantes e sementes pela recorrente aos seus associados, as quais tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero pelo art. 1º da Lei 10.925/2004. Salientase que tais créditos foram glosados originalmente por falta de apresentação de documentos, como todos os demais créditos solicitados. Porém em diligência requerida pela DRJ, restou consignado em relatório fiscal a manutenção da referida glosa em razão de tais valores consistirem em exclusões da base de cálculo das cooperativas, nos termos do artigo 15 da MP nº 2.15835/2001: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; [...] No tópico seguinte "EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO", a autoridade fiscal justificou a glosa dos créditos vinculados a exclusões do artigo 15 da MP nº 2.158 35/2001, em razão da não previsão da manutenção de créditos vinculados à exclusões de base de cálculo na redação do artigo 17 da Leinº 11.033/2004, a seguir transcrito: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Acrescentou ainda que tais operações são atos cooperativos conforme definição contida no artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e, portanto, não configurariam operações de compra e venda, conforme extraise do excerto abaixo do relatório fiscal: "O conceito de ato cooperativo está disposto na Lei nº 5.764/71 (que “define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas”): Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Grifouse. Fl. 479DF CARF MF 46 A luz do dispositivo legal, o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Portanto, não existe “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). Por decorrência, não há suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo." Verificase, de fato, que as operações consideradas como vendas de adubos, fertilizantes e sementes aos associados se subsumem à definição de ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e neste sentido, impende8 reproduzir a recente decisão do STJ no REsp nº 1.164.716/MG, transitado em julgado em 22/06/2016 e submetido à sistemática de recursos repetitivos, na qual restou decidido que os atos cooperativos não implicam operações de compra e venda, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 480DF CARF MF Processo nº 13161.001791/200850 Acórdão n.º 3302003.295 S3C3T2 Fl. 71 47 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. Sustentaram, oralmente, a Dra. HERTA RANI TELES, pela recorrente, e o Dr. JOÃO CAETANO MUZZI FILHO, pela interessada: ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS OCB Brasília/DF, 27 de abril de 2016 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Assim, tais operações não podem ser consideradas como mercantis, e, portanto, não se tratam de vendas, configurando operações não incidentes e não receitas de vendas não incidentes. Salientase que o artigo 17 da Lei 11.033/2004 dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. Destarte, entendo ser inaplicável o referido artigo para efeito de vinculação de créditos a estas parcelas. Porém, a glosa pura e simples dos créditos vinculados a estas operações, conforme realizada pela autoridade fiscal, pareceme equivocada. É que tais créditos referemse a custos, despesas e encargos comuns que foram vinculados a estas parcelas mediante rateio entre receitas. Assim, não sendo tais operações receitas de vendas, também não podem compor o rateio para vinculação de créditos tomados sobre custos, despesas e encargos comuns (por exemplo, energia elétrica), devendo tal rateio ser refeito, excluindo estas operações de seu denominador, e redistribuindo os créditos comuns às demais parcelas de receitas consideradas, devendo ser reanalisada a possibilidade de desconto, compensação ou ressarcimento, de acordo com a nova natureza e conforme o decidido neste julgamento. Frisese que a decisão não se refere às aquisições específicas de adubos, sementes e fertilizantes, as quais não geraram créditos, pois que sujeitaramse à alíquota zero, como, inclusive, confirmado pelo patrono da recorrente em sustentação oral. É como voto. Fl. 481DF CARF MF 48 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 482DF CARF MF
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