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Numero do processo: 16643.000420/2010-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 09 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2202-000.727
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Márcio Henrique Sales Parada, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto, que determinavam a diligência em menor extensão..
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado).
Relatório
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Márcio Henrique Sales Parada, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto, que determinavam a diligência em menor extensão.. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SP1 , que sintetiza os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 0817100/00137/09 e prorrogações (fls.02 e 03) a Delegacia Especial de Maiores Contribuintes – DEMAC/SPO, apurou, no domicílio fiscal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 43 .0 00 42 0/ 20 10 -4 1 Fl. 1052DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.053 2 da contribuinte acima identificada, os seguintes fatos, conforme o Termo de Verificação Fiscal (fls. 217 a 228): No presente processo foi tratada a questão do cumprimento das obrigações tributárias do contribuinte em relação à CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMINIO ECONÔMICO SOBRE REMESSAS AO EXTERIORCIDE e IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTEIRRF, incidente sobre importâncias pagas, remetidas, entregues, empregadas a residente no exterior. O auditor fiscal fez , primeiramente resumo da historia da formação da fiscalizada: 07/04/1992 foi constituída a BCP S.A. ("Companhia"), companhia de capital fechado, com objeto social a implantação, operação e prestação de serviços de telecomunicações, na modalidade telefonia móvel, compreendendo a compra, venda, importação e exportação de equipamentos e prestação de serviços aos usuários. 17 /07/1997, a Companhia vence a licitação realizada para a concessão do serviço móvel celular para a área de concessão 1, compreendendo a cidade de São Paulo e 63 distritos e municípios próximos à capital, iniciando as operações a partir de maio de 1998. agosto de 2003, a Companhia passou a atuar sob o nome fantasia "CLARO", I denominação igualmente utilizada pelas demais empresas atuantes no mercado brasileiro de telecomunicações pertencentes ao grupo América Móvil S.A. de C.V. 29/09/2003 foi assinado o Termo de Autorização do Serviço Móvel Pessoal " SMP" entre a ANATEL e a Companhia, sendo ele efetivo a partir da publicação em Diário Oficial da União, ocorrido em 30 de setembro de 2003. A autorização para a prestação do Serviço Móvel Pessoal "SMP" tem prazo indeterminado. A migração para o Serviço Móvel Pessoal iniciouse em l5 de fevereiro de 2004, cumprindose todas as metas estabelecidas. A Companhia detém controle acionário das empresas BCP Ltd., BSE Ltd., ATL Cayman, Tess Ltd., e Tess Internet Services S.A. ("TIS"). 14/11/2003, a totalidade das ações e o controle acionário indireto foi transferido para a AMERICA MOVIL S.A. DE C.V. sociedade organizada de acordo com as leis do México. D.O.E. (Diário Oficial do Estado de São Paulo), de 18/11/2003. Durante os anos de 2004 e 2005, com a anuência da ANATEL, o Grupo Claro deu início ao plano de reorganização da estrutura de suas empresas e promoveu a criação da CLARO TELECOM PARTICIPAÇÕES S.A. ("CLARO PARTICIPAÇÕES"), para atuar como a holding central, e de início, ser a titular da participação nas operadoras e o veículo da participação estrangeira. Fl. 1053DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.054 3 26/10/2004 a controlada integral BCP SI S.A. teve seu acervo patrimonial líquido transferido para a Companhia, resultando na incorporação. 02/08/2005 o acionista controlador realizou a cessão de um montante consolidado de R$ 4.763.387 de créditos que ele detinha com suas empresas operadoras no Brasil, resultando em aumento de capital na holding brasileira CLARO TELECOM PARTICIPAÇÕES S.A. A partir desta data, a CLARO TELECOM PARTICIPAÇÕES passou a ser a credora dos saldos com as empresas operadoras. 08/09/2005 na Assembléia Geral Extraordinária realizada no dia 08 de setembro de 2005, os sócios da CLARO TELECOM PARTICIPAÇÕES S.A deliberaram a conversão em capital dos empréstimos assumidos pela companhia, em razão de contratos de reestruturação de dívida, no montante de R$ 174.360.952,89 (cento e setenta e quatro milhões, trezentos e sessenta mil, novecentos e cinqüenta e dois reais e oitenta e nove centavos), mediante a emissão de R$ 174.360.954 (cento e setenta e quatro milhões, trezentos e sessenta mil, novecentos e cinqüenta e quatro) ações ordinárias, a serem integralizadas e subscritas pela pessoa jurídica SERCOTEL S.A., de C.V. 31/12/2005 com a aprovação em Assembléia Geral Extraordinária dos acionistas, a BCP efetuou a incorporação dos acervos líquidos contábeis das empresas ligadas ATL Telecom Leste S.A, Tess S.A, Stemar Telecomunicações Ltda, BSE S.A. A partir de l5 de janeiro de 2006, a incorporadora BCP passou a operar nas áreas das respectivas empresas incorporadas na qualidade de sucessora. 27/12/2006 capital da sede alterado para $ 9.470.824.758,10 (nove bilhões, quatrocentos e setenta milhões, oitocentos e vinte quatro mil, setecentos e cinqüenta e oito reais e dez centavos), conforme A.G.E. A contribuinte foi intimada a apresentar a documentação que fundamentaria as remessas ao exterior a título de royalties e assistência técnica, bem os contratos de câmbio no BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN) e Demonstrativo detalhado com dados para apuração do IRRF; comprovantes de recolhimento ou de extinção do respectivo crédito tributário da CIDE REMESSAS AO EXTERIOR. Na hipótese de medida judicial, certidãodeobjetoepé do processo e comprovação e dados de depósitos judiciais; a fiscalizada foi intimada, também, a apresentar as respectivas composições dos valores das FICHA 05, LINHA 21 e da FICHA 06, LINHA 36 da DIPJ exercício 2006, acompanhadas do PLANO DE CONTAS para o período de julho de 2005 e dezembro de 2006. Após análise dos documentos recebidos, auditor fiscal intimou a contribuinte a apresentar: 1.Quanto ao IRRF, cópia dos contratos de mútuo que aparecem listados na abertura sintética da linha 36 da ficha 06 da DIPJ. Fl. 1054DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.055 4 2.Documentação relativa aos itens rebates, ajustes, descontos financeiros, comissões pagas para contas com saldo superior a R$ 500.000,00, listados na abertura sintética da linha 36 da ficha 06 da DIPJ. 3.Em arquivo digital, os lançamentos contábeis correspondentes ao reconhecimento das despesas para as contas com saldo superior a R$ 500.000,00. Também foi requisitada, pelo auditor fiscal a apresentação, em meio digital, das fichas do Livro Razão relativas às contas listadas na linha 36 da ficha 06 da DIPJ 2006. Do exame da documentação apresentada o auditor fiscal constatou que em 30/08/2006 houve um lançamento à título de redução de dívida de R$ 100.536.491,23 a débito na conta 2143010217 JUROS SERCOTEL tendo como contrapartida a conta 1111050143 TRANSIT ITAU 911 061125 CENTRALIZADORA CLARO, mas não se identificou o lançamento correspondente a título de IRRF e a contribuinte foi intimada a comprovar com documentação hábil e idônea a ao recolhimento do IRRF correspondente ou a justificar porque não o fez, sob o risco de ter todo o montante considerado como juros e sobre o valor reajustado ser calculado o IRRF. Em resposta, a contribuinte apresentou listagens do sistema informatizado do Banco Central e Cópia do contrato de cambio de saída de moeda estrangeira de juros em favor da SERCOTEL DE CV (fl. 202 a 206), e segundo alegou (fl. 199), os juros remetidos decorreriam de empréstimo contraído pela incorporada BSE S/A CNPJ N. 68.704.923/000168 e tais juros seriam isentos de IRRF, mas não especificou qual a base legal dessa isenção. O auditor relata que: “De posse dos arquivos digitais da contabilidade do contribuinte, anoscalendário 2005 e 2006, o AFRFB responsável, a partir da abertura da ficha 06 linha 36 apresentada pelo contribuinte, extraiu o Razão das contas de despesas com movimentação superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Atenção foi dada àquelas que poderiam originar remessas de juros de mútuos, comissões e encargos e portanto com incidência de IRRF. Foram examinadas as contas do passivo relativas a juros devidos a residentes no exterior, nomeadamente, contas 2143010217 JUROS SERCOTEL e 2214010202 JUROS AMLA, no período de junho de 2005 a dezembro de 2005, conforme o previsto no Mandado de Procedimento Fiscal. Assim, foram examinadas os lançamentos nas contas: 2143010217 JUROS SERCOTEL; 2143010214 JUROS M/E AMERICA MOVIL; 2143010215 JUROS AM LATIN AMERICA e as contas: Fl. 1055DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.056 5 2143010210 JUROS M/E CHASE TRUST; 2161010402 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE S/REM JUROS FIN; O intuito dessas verificações foi a detectar eventual ocorrência de fato gerador de IRRF SOBRE JUROS, COMISSÕES DE EMPRÉSTIMOS E MÚTUOS, código de receita 0481, assim como identificar o responsável pelo seu recolhimento. O art. 702 do Decreto n.3.000/99 elenca entre as hipóteses de incidência o abaixo exposto: "Art 702. Estão sujeitas à incidência do imposto na fonte, à alíquota de quinze por cento, as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, por fonte situada no País, a título de juros, comissões, descontos, despesas financeiras e assemelhadas (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 100, Lei ns 3.470, de 1958, art. 77, e Lei 9.249, de 1995, art. 28)." As remessas identificadas foram cotejadas com o IRRF creditado na conta 2161010402 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE S/REM JUROS FIN e esse por sua vez, comparado aos recolhimentos efetuados pelo contribuinte. 3) Conta 2143010217 JUROS SERCOTEL Verificouse que em 30/08/2006, houve um lançamento à título de redução de dívida de R$ 100.536.491,23 a débito na conta 2143010217 JUROS SERCOTEL tendo como contrapartida a conta 1111050143 TRANSIT ITAU 911061125 CENTRALIZADORA CLARO, mas não se identificou o lançamento correspondente a título de IRRF. Foi lavrado o TERMO DE CONSTATAÇÃO N. 0008 sobre o fato acima e o contribuinte foi intimado a comprovar o recolhimento do IRRF ou motivo da dispensa. Em resposta o contribuinte, apresentou listagens do sistema informatizado do Banco Central. As cópias de telas do sistema do BANCO CENTRAL DO BRASIL aparecem inicialmente o BANCO SUM1TOMO como credor, posteriormente na assunção da dívida aparece a SERCOTEL DE CV S/A, outra companhia vinculada à CLARO S/A como agente de pagamento. Pela documentação apresentada, não fica clara qual a relação entre as transações registradas no Banco Central do Brasil que constam das cópias de tela e o pagamento à SERCOTEL e em quais dispositivos legais se enquadraria o arranjo. Em consulta à legislação pertinente, os incisos VIII e IX e parágrafo § 4º do art. 691 do DECRETO N. 3.000/99 prescrevem alíquota zero de IRRF nas seguintes hipóteses: Art. 691. A alíquota do imposto na fonte incidente sobre os rendimentos auferidos no País, por residentes ou domiciliados no exterior, fica reduzida para zero, nas seguintes hipóteses (Lei n^ 9.481, de 1997, art. 1º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 20): Fl. 1056DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.057 6 VIII juros decorrentes de empréstimos contraídos no exterior, em países que mantenham acordos tributários com o Brasil, por empresas nacionais, particulares ou oficiais, por prazo igual ou superior a quinze anos, à taxa de juros do mercado credor, com instituições financeiras tributadas em nível inferior ao admitido pelo crédito fiscal nos respectivos acordos tributários; IX juros, comissões, despesas e descontos decorrentes de colocações no exterior, previamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil, de títulos de crédito internacionais, inclusive commecial papers, desde que o prazo médio de amortização corresponda, no mínimo, a 96 meses; §4º O aumento de capital mediante conversão das obrigações de que tratam os incisos VIII e IX poderá ser efetuado com manutenção da redução a zero da alíquota do Imposto de Renda incidente na fonte relativa aos juros, comissões, despesas e descontos já remetidos (Medida Provisória nº 1.75316, de 1999, art. 9S). Isso, se os dispositivos forem aplicáveis ao caso em tela. Cabível a indagação, pois a CLARO S/A em sua resposta não apontou quais dispositivos legais que fundamentariam sua alegação. Não fica evidente em qual dos dispositivos se enquadraria a remessa, uma vez que o art. 49 faz referencia aos incisos VIII e IX, e pelos os documentos apresentados, se a CLARO S/A e as transações efetuadas preencheriam os requisitos A conclusão é que à falta de comprovação que a operação é isenta de IRRF ou sujeita à alíquota zero, a transação é considerada tributável no ponto de vista do IRRF.” Assim, em 30/12/2010, foram efetuados os seguintes lançamentos: – Imposto de Renda Retido na FonteIRRF (fls. 230 e 231): Totais dos créditos tributários lançados, R$ 39.486.681,27, incluídos o tributo, multa de ofício e juros de mora, calculados até 30/11/2010. Fundamento legal: Arts. 18 e 28, da Lei n° 9.249/95; Art. 12 da Lei n° 9.718/98; Art. 2°, da Lei n° 10.168/2000, com a redação dada pela Lei 10.332/2001. Inconformada com o lançamento do qual foi cientificada no mesmo dia da lavratura do auto de infração (fls. 230), a contribuinte protocolizou em 28/01/2011, a impugnação (fls. 289 a 302), relativa ao lançamento fiscal, apresentando suas razões, em apertada síntese, a seguir: 2.1 Faz, primeiramente, resumo dos fatos ocorridos. 2.2 Alega seu direito à isenção de IRRF, citando o art. 1º da Lei nº 9.532/1997, que entende ter lhe garantido o direito à isenção de IRRF quando do pagamento de juros decorrentes de colocação no exterior de títulos de créditos internacionais, inclusive commercial papers com prazo médio de amortização de, no mínimo 96 meses. 2.3 Alega que essa regra teria valido até a edição da Lei nº 9.959/2000 que majorou a alíquota do IRRF para 15%, mas argumenta que a alíquota zero teria ficado mantida para os juros decorrentes dos Fl. 1057DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.058 7 contratos firmados ate 31/12/1999, como é o caso das notes emitidas pela impugnante, cujos contratos teriam permanecidos sujeitos ao tratamento tributário anterior, que estabelecia alíquota zero do IRRF sobre os respectivos juros. 2.4 Alega que está apresentando farta documentação comprobatória do seu direito ao enquadramento da alíquota zero. 2.5 Descreve a origem do juros remetidos ao exterior explicando que “Em 31.03.1998, a BSE S/A, incorporada à Claro S/A em 31.12.2005, emitiu títulos de créditos internacionais com vencimento em 31.03.2006, no valor de US$ 350.000.000,00. O título foi segregado em duas notes (RI e R2), nos seguintes valores: • RI US$ 175.000.000,00 (doe. 03); • R2 US$ 175.000.000,00 (doe. 04); O título de crédito internacional no valor de US$ 350.000.000,00 foi emitido através do "Note Purchase Agreement" datado de 31.03.1998 (doe. 05) com vencimento em 31.03.2006 e com juros referentes a Libor mais margem de valor agregado ou outro valor autorizado pelo Banco Central do Brasil. Os referidos títulos internacionais foram inicialmente adquiridos por Banco Safra Bahamas Limited e por BellSouth Brazil, Inc. A BSE era uma empresa espelho, criada para concorrer com as empresas de telefonia celular com operação no Nordeste. Depois de alguns anos de operação altamente endividada e com dificuldades de obter novos financiamentos, foi colocada à venda por seus acionistas controladores. A operação de aquisição da BSE S.A. pelo Grupo América Móvil ocorreu nesse contexto, em 2003, com o pagamento de determinado preço, em operação que envolveu não só a compra das ações da empresa, mas também a assunção de dívidas decorrentes das notes emitidas, dentre outras dívidas..” ........................................................................................................ ....................... Em cumprimento aos termos do Purchase Agreement, juntamente com o contrato de compra de ações, a América Móvil assumiu as notes adquiridas originalmente por Banco Safra Bahamas Limited (doe. 07) e por BellSouth Brazil, Inc. (doc. 08), através de dois "Assignment Agreement" (contratos de cessão). As notes originais foram substituídas, para substituir os credores originais pela América Móvil (doe. 09). Finalmente, a Sercotel adquiriu os créditos referentes aos notes da América Móvil, como atestam os documentos referentes ao "Purchase and Sale Agreement" datado de 07.10.2005, assinado entre as empresas com interveniência da BSE S.A. (doe. 10) Fl. 1058DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.059 8 2.6 Apresenta parte do que seria o "Purchase Agreement" datado de 05.03.2003 (doe. 06), em inglês com o que chama de “tradução livre” no rodapé da pagina. 2.7 Alega que a Receita Federal já teria emitido opinião no sentido de que a simples mudança de uma das partes não acarreta perda do benefício fiscal da alíquota zero prevista no inciso IX do artigo 691 do RIR/99, como se verificaria no Processo de Consulta n° 230/03 Superintendência Regional da Receita Federal SRRF / 8a Região Fiscal. 2.8 Afirma ainda que os títulos internacionais foram regidos pela Circular Bacen 2.384/93, que faria referência ao Comunicado FIRCE nº 10/69 que exigiria autorização prévia para emissão de fechamento de cambio, alegando que teria obtido tal autorização e cuja comprovação esta apresentado junto com a impugnação. 2.9 Alega que não restaria dúvidas “... que a dívida de US$ 350.000.000,00, que originou os juros no valor de US$ 47.116.173,60 sobre os quais se cobra o IRRF, decorre de notes emitidos no exterior com prazo médio de amortização superior a 96 meses, o que confirma o enquadramento do mesmo na hipótese de alíquota zero do IRRF prevista no inciso IX do artigo 691 do RIR/99, como inclusive sempre reconheceu o BACEN, nos registros relativos à operação.” 2.10 Protesta pela apresentação de provas em momento posterior à apresentação da impugnação e discorre a respeito de seu direito de assim proceder, citando ainda o princípio da verdade material e o Código Civil. 2.11 Conclui sumarizando : (i) os juros decorrem de títulos de crédito internacional (note) emitidos pela BSE S.A, com prazo médio de amortização de 96 meses; (ii) as notes foram emitidas pela BSE S.A. em 31.03.1998, ou seja, antes de 31.12.1999; (iii) os juros relacionados com as notes se enquadram na hipótese de alíquota zero do IRRF prevista no inciso IX do artigo 691 do RIR/99; (iv) a alíquota zero foi mantida mesmo com a Lei n° 9.959/00, porque os contratos eram anteriores a 31.12.1999; (v) a mudança no credor das notes não implica perda do benefício da alíquota zero; e (vi) a exigência de IRRF sobre os juros relacionados com as notes emitidas no exterior mostrase completamente improcedente. 2.12 Por fim, requer que o auto de infração seja julgado improcedente e a juntada posterior de documentos adicionais, inclusive traduzidos para língua portuguesa o que foram apresentados agora em língua inglesa. (destaques do original) Fl. 1059DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.060 9 A 5ª Turma da DRJ/SP1, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, cujo acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/08/2006 Ementa: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE IRRF REMESSA DE JUROS. TÍTULOS DE CRÉDITO INTERNACIONAIS. FLOATING RATE NOTES. ALÍQUOTA ZERO. CONTRATOS EM VIGOR EM 31/12/1999. PRAZO MÉDIO MÍNIMO 96 MESES COMPROVAÇÃO. Se a fiscalizada não logra comprovar que a remessa ao exterior efetuada em 29/08/2006 e tributada em IRRF pela Fiscalização, faria parte da remessa de juros prevista em contrato de operação de crédito firmado antes de 2000, é de se manter o lançamento Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão de primeira instância em 31/05/2011 (A.R. de fl. 656), a Contribuinte interpôs recurso voluntário em 28/06/2011 (fls. 658 a 751), no qual reitera os argumentos da impugnação e acrescenta as seguintes alegações: protocolou petição informando que a tradução dos documentos em língua estrangeira demandaria um prazo de 40 a 60 dias, em virtude da complexidade e morosidade do processo de tradução; a DRJ violou todos os princípios que regem o processo administrativo (verdade material, moralidade, ampla defesa, contraditório, dentre outros) ao julgar improcedente a impugnação sob o simplório argumento de que os documentos anexados não foram traduzidos por tradutor juramentado; a decisão recorrida aparentemente não conseguiu entender os documentos emitidos pelo Banco Central do Brasil; a BSE S/A, incorporada pela Recorrente, emitiu títulos internacionais no valor de US$ 350.000.000,00, cujo Certificado de Registro no Banco Central do Brasil ocorreu sob o nº 241/34434, o qual posteriormente foi retificado para passar a constar o ROF n° 145740; o ROF n° TA3/00000/93136, por sua vez, foi apenas um adendo ao ROF n° TA 145740 para amparar a modificação do credor original e que, dessa forma, a Sercotel passasse a constar como a credora dos títulos internacionais; as informações complementares nele constante deixam ainda mais claro que o ROF n° TA 145740 foi utilizado pelo próprio Banco Central para substituir o certificado de registro n° 241/34434 e os dados referentes ao imposto de renda não deixam dúvidas de que a operação é isenta; Fl. 1060DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.061 10 a única conclusão possível é a de que o ROF n° TA3/00000/93136 e o ROF n° TA145740 fazem parte da mesma operação, que consiste na colocação de títulos no exterior, sendo que a remessa dos juros vinculada a tais títulos enquadrase como operação sujeita à alíquota zero; caso ainda reste alguma dúvida da vinculação entre o ROF n° TA3/00000/93136 e o ROF n° TA145740, requerse a expedição de ofício ao Banco Central do Brasil requerendose a informação expressa neste sentido. Ao final, a Recorrente requer a anulação do auto de infração e, subsidiariamente, a nulidade da decisão de primeira instância para que a DRJ analise os documentos traduzidos, anexados ao Recurso Voluntário. Posteriormente, em nova petição, a Contribuinte presta esclarecimentos sobre o empréstimo que originou os juros remetidos ao exterior, assim como anexa documentos de registro de operação financeira (fls. 988 a 1.015). Cientificada das razões adicionais e documentos apresentados pela Contribuinte, a Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN) apenas requereu o prosseguimento do feito. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração relativo ao IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE IRRF, incidente sobre importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a residente no exterior. A autoridade fiscal tributou a remessa ao exterior, no valor de R$ 101.172.559,60 (US$ 47.116.173,60), para liquidação até 30/08/2006, constante no Registro de Operações de Câmbio de fl. 202, por considerar que a empresa fiscalizada não comprovou que a operação era isenta de IRRF. Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 217/228): Foi lavrado o TERMO DE CONSTATAÇÃO N. 0008 sobre o fato acima e o contribuinte foi intimado a comprovar o recolhimento do IRRF ou motivo da dispensa. Em resposta o contribuinte, apresentou listagens do sistema informatizado do Banco Central. As cópias de telas do sistema do BANCO CENTRAL DO BRASIL aparecem inicialmente o BANCO SUM1TOMO como credor, posteriormente na assunção da dívida aparece a SERCOTEL DE CV S/A, outra companhia vinculada à CLARO S/A como agente de pagamento. Pela documentação apresentada, não fica clara qual a relação entre as transações registradas no Banco Central do Brasil que constam das Fl. 1061DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.062 11 cópias de tela e o pagamento à SERCOTEL e em quais dispositivos legais se enquadraria o arranjo. Em consulta à legislação pertinente, os incisos VIII e IX e parágrafo § 4º do art. 691 do DECRETO N. 3.000/99 prescrevem alíquota zero de IRRF nas seguintes hipóteses: Art. 691. A alíquota do imposto na fonte incidente sobre os rendimentos auferidos no Pais, por residentes ou domiciliados no exterior, fica reduzida para zero, nas seguintes hipóteses (Lei nº 9.481, de 1997, art. 1º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 20): (...) VIII juros decorrentes de empréstimos contraídos no exterior, em países que mantenham acordos tributários com o Brasil, por empresas nacionais, particulares ou oficiais, por prazo igual ou superior a quinze anos, à taxa de juros do mercado credor, com instituições financeiras tributadas em nível inferior ao admitido pelo crédito fiscal nos respectivos acordos tributários; IX juros, comissões, despesas e descontos decorrentes de colocações no exterior, previamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil, de títulos de crédito internacionais, inclusive commercial papers, desde que o prazo médio de amortização corresponda, no mínimo, a 96 meses; (...) §4º O aumento de capital mediante conversão das obrigações de que tratam os Incisos VIII e IX poderá ser efetuado com manutenção da redução a zero da alíquota do Imposto de Renda incidente na fonte relativa aos juros, comissões, despesas e descontos já remetidos (Medida Provisória ns 1.75316, de 1999, art. 9º). (...) Isso, se os dispositivos forem aplicáveis ao caso em tela. Cabível a indagação, pois a CLARO S/A em sua resposta não apontou quais dispositivos legais que fundamentariam sua alegação. Não fica evidente em qual dos dispositivos se enquadraria a remessa, uma vez que o art. 4º faz referencia aos incisos VIII e IX, e pelos os documentos apresentados, se a CLARO S/A e as transações efetuadas preencheriam os requisitos prescritos. A conclusão é que à falta de comprovação que a operação é isenta de IRRF ou sujeita à alíquota zero, a transação é considerada tributável no ponto de vista do IRRF. A decisão da DRJ desconsiderou os documentos que não haviam sido traduzidos por tradutor juramentado por ocasião do julgamento naquela instância, conforme excerto do voto vencedor, abaixo: Portanto, os documentos trazidos aos autos pela contribuinte (documentos em língua estrangeira não traduzidos por tradutor juramentado) para seu direito a alíquota zero de IRRF não são aceitos e deles não se toma conhecimento. Cabe ressaltar também que o que chama singelamente de “tradução livre” é imprestável para servir como comprovação do que alega pelos motivos já expostos e também não será considerada. Fl. 1062DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.063 12 [...] A contribuinte apresentou os documentos de fls. 342 a 631, dos quais somente serão considerados os apresentados em português (fls. 483 e seguintes ) pelas razões já expostas acima. A decisão de primeira instância foi no sentido de manter o lançamento por entender que não restou comprovado pela Contribuinte que a remessa tributada faria parte do RDE 145740, que se originou em 1998 e que seria, portanto, isenta de IRRF sobre a remessa de juros ao exterior, de acordo com os seguintes trechos do voto condutor: Dos documentos apresentados acima, observase que, embora a contribuinte clame que a vasta documentação comprovaria indubitavelmente o seu direito a isenção, observase que o numero de registro indicado no contrato de cambio cujo valor foi objeto de tributação de IRRF de fls. 202 a 205 e com outra cópia constante as fls. 626 a 629, não encontra correspondência com nenhuma autorização emitida pelo Bacen para a operação de títulos relativa aos US$ 350.000.000,00. De fato, o contrato de câmbio , cuja remessa foi tributada pelo Auditor Fiscal, se refere ao RDE nº TA3/00000/93136 e todos os outros documentos se referem ao RDE TA 145740 que substituiu o Certificado de Registro nº 241/34434. A única referencia ao numero 93136 está no Registro de Operação Financeira do sistema SISCOMEX relativo a operação de nº TA 393136 de 18/09/2006, de fls. 617 a 624 que não faz, no entanto qualquer referencia ao TA 14540, cuja documentação foi apresentada. Esse documento de fls. 617 a 624 apresenta informações diversas das que constam no Certificado de Registro nº 241/34434, transformado no RDE 145740, e cujo registro de operação financeira se encontra as fls.483 a 487. [...] De qualquer modo, não restou comprovado pela contribuinte que a remessa tributada faria parte do RDE 145740, que se originou em 1998 e que seria, portanto, isento de IRRF sobre a remessa de juros ao exterior, sendo apenas constatado que essa remessa se referiu a operação de RDE TA 393136 cujo, Registro de operação financeira se encontra às fls 483 a 487, mas sem qualquer comprovação que se trataria da mesma operação iniciada em 1998. Uma vez que até a data presente, a fiscalizada não se preocupou em juntar qualquer outra comprovação do que alega, não se pode deferir o que pleiteia. Assim sendo e, por todo o exposto, VOTO por considerar improcedente a impugnação apresentada. Portanto, a controvérsia reside na comprovação de que a remessa ao exterior tributada pela Fiscalização referiase ao pagamento de juros relativos a títulos de crédito internacionais (floating rate notes), firmados por contrato de 31/03/1998. Fl. 1063DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.064 13 Verificase que a Contribuinte apresentou novos documentos junto ao Recurso Voluntário, assim como posteriormente, alegando a dificuldade de obtêlos oportunamente. Aduz a Recorrente que não foi possível a anexação dos contratos em língua estrangeira anteriormente em face da complexidade e morosidade do processo de tradução, assim como pela dificuldade de organizar documentos financeiros relativos a fatos que remontam há mais de 13 anos. A questão da apresentação de documentos após a fase de impugnação tem gerado discussões no âmbito do processo administrativo fiscal, tendo em vista a legislação específica que trata a matéria (art. 16 do Decreto nº 70.235/72 PAF) e os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material. A jurisprudência do CARF vem se consolidando no sentido de que a regra geral estabelecida pelo art. 16 do Decreto nº 70.235/72 PAF , para efeito de preclusão, não impede que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal, bem como se prestam a corroborar alegações suscitadas desde o início do processo. Nesse sentido os seguintes acórdãos da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: 9202002.587, 920201.633, 920202.162 e 920201.914. O Decreto 70.235/72 PAF assim dispõe sobre a apreciação da prova pela autoridade julgadora: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. No caso concreto, diante dos fatos, para evitar cerceamento de defesa e em respeito ao princípio da verdade material, entendo que os documentos acostados aos autos pela Contribuinte após a impugnação merecem ser apreciados, notadamente porque visa a corroborar seus argumentos desde a fase do procedimento fiscal e por se tratar de documentos antigos e que necessitavam de tradução. Entretanto, observo que o processo ainda não se encontra em condições de ter um julgamento justo e para que não reste qualquer dúvida no julgamento, penso serem necessários a análise e o pronunciamento da autoridade lançadora sobre a documentação apresentada. Portanto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a autoridade fiscal da DRF de origem tome as seguintes providências: 1 – analise toda a documentação apresentada pelo Recorrente até o momento e elabore um relatório circunstanciado e conclusivo, informando se resta comprovado que a remessa ao exterior tributada pela Fiscalização referiase ao pagamento de juros relativos a títulos de crédito internacionais (floating rate notes), firmados por contrato de 31/03/1998; 2 após, seja concedida vista do relatório ao Recorrente, com prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, se pronunciar. Fl. 1064DF CARF MF Processo nº 16643.000420/201041 Resolução nº 2202000.727 S2C2T2 Fl. 1.065 14 Vencido o prazo, os autos deverão retornar a esta Turma para inclusão em pauta de julgamento. É como voto. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 1065DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.695818/2009-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS.
Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência.
COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP
No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.415
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa, Maria Eduarda e Valcir Gassen, que davam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
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DCOMP TRANSMITIDA APÓS VENCIMENTO DO DÉBITO. Recorrente ESPN DO BRASIL EVENTOS ESPORTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa, Maria Eduarda e Valcir Gassen, que davam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 69 58 18 /2 00 9- 39 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 3 2 d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela SRF, com créditos de COFINS (código de receita 2172), decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio do Despacho Decisório emitido pela DERATSP, a compensação declarada foi homologada parcialmente, sob o fundamento de que constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP, reconhecendose o valor do crédito pretendido. Entretanto, o crédito reconhecido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado da decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, tempestivamente, alegando, em síntese, que: a) O valor original utilizado para a compensação, foi recolhido no mesmo prazo de vencimento dos créditos tributários compensados; b) Assim, não se apropriou de juros pela taxa Selic sobre os valores declarados no PER/DCOMP, e não imputou multa e juros sobre os créditos tributários compensados, pois são do mesmo período de apuração; c) Faz planilha para comparação dos períodos de apuração e datas de vencimento. d) Tratase de evidente cobrança equivocada, e apresenta como provas as cópia dos documentos relativos aos lançamentos contestados e a procuração de nomeação do representante legal que assina a manifestação de inconformidade; e) Demonstrada a insubsistência e improcedência do processo, requer seja cancelado o processo reclamado. A DRJ/SP1 indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 16038.192. O fundamento adotado foi o de que, na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos são acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrem a incidência de acréscimos legais até a data da entrega do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. A recorrente repetiu os argumentos da impugnação no recurso voluntário. É o relatório. Voto Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.231, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.667966/200963, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.231): "O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. Constatase que a controvérsia do processo permanece a mesma desde a 1ª instância, com a contribuinte alegando que o DARF utilizado como pagamento a maior para a compensação foi pago dentro do prazo de vencimento do tributo e por isso, não se conformando com a cobrança de acréscimos legais no momento da efetiva compensação. Entretanto, como veremos adiante, o valor do crédito foi insuficiente para quitar o débito, em função dos acréscimos legais ao débito compensado, atualizados até a data da apresentação do PER/DCOMP, em virtude do atraso entre seu vencimento e a formalização da compensação. A DCOMP em tela, foi formalizada pela interessada para compensar débito de COFINS – não cumulativa (código de receita 5856), vencido em 15/06/2004, com créditos de COFINS (código de receita 2172), cuja data de arrecadação foi 15/06/2004. De acordo com o Despacho Decisório emitido pela DERAT/SP, constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP. No entanto, o mesmo foi insuficiente para quitar os débitos informados em consequência da data de apresentação da DCOMP, e por este motivo a compensação foi homologada parcialmente. A recorrente alega que o valor original utilizado para a compensação foi recolhido no mesmo prazo de vencimento dos créditos tributários compensados, e sendo assim, não poderia haver multa e juros sobre os referidos créditos, pois são do mesmo período de apuração. Como bem dito no acórdão recorrido, a contribuinte equivocouse em relação à forma de valoração do crédito e do débito que informou em sua declaração de compensação, ao não efetuar os cálculos relativos aos acréscimos legais, o que gerou um saldo devedor, e consequentemente, a homologação parcial da compensação. Constatase que a data do envio do PER/DCOMP é quando se formaliza a extinção do débito por compensação, de acordo com o que dispõe a Lei nº 9.430/1996, abaixo transcrita: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 5 4 administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Portanto, a extinção do débito por compensação ocorre na data de envio do PER/DCOMP. No caso concreto, a interessada enviou a PER/DCOMP em 21/01/2007 para compensar débito cujo vencimento se deu em 15/06/2004, portanto, é fato que o débito já estava vencido quando foi extinto pela compensação. Assim, partir da data do vencimento passaram a incidir sobre o débito os acréscimos legais, quais sejam, multa de mora e juros, nos termos do artigo 61 da Lei 9.430/1996, abaixo transcrito: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º. A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º. Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. No recurso voluntário, a recorrente repete o argumento de que o pagamento utilizado para a compensação foi realizado no mesmo prazo de vencimento do débito compensado, mas tal fato não a socorre, pois a utilização do crédito tributário ocorre apenas com a apresentação do PER/DCOMP, que ocorreu após o vencimento do débito compensado. Assim, cumpre transcrever o artigo 28 da IN SRF nº 600/2005, em vigor à época da transmissão do PER/DCOMP: Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 6 5 Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 52 e 53 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. (...) Logo, os débitos vencidos, vinculados a PER/DCOMP, serão acrescidos de multa de mora, calculada a partir do primeiro dia subsequente à data de vencimento até a data da entrega do PER/DCOMP, quando se formaliza a compensação; bem como sofrerão a incidência de juros referentes à taxa SELIC, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em relação aos créditos utilizados na compensação, as regras para valoração vigentes à época da transmissão do PER/DCOMP estão contidas no artigo 52 da IN SRF nº 600/2005, também transcrita: Art. 52. O crédito relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição, será restituído ou compensado com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: (...) II – houver a entrega da Declaração de Compensação; (...) § 1º No cálculo dos juros Selic de que trata o caput, observarseá, como termo inicial de incidência: (...) III – na hipótese de pagamento indevido ou a maior: a) o mês de janeiro de 1996, se o pagamento tiver sido efetuado antes de 1º de janeiro de 1996; b) a data da efetivação do pagamento, se este tiver sido efetuado entre 1º de janeiro de 1996 e 31 de dezembro de 1997; ou c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; Por isso, foi apurado o saldo devedor indicado no Despacho Decisório e a compensação foi parcialmente homologada. Portanto, não se está desprezando o princípio da verdade material e nem está havendo enriquecimento sem causa do Fisco, como alega a recorrente. Simplesmente, está sendo cobrado o atraso entre a Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 7 6 data do vencimento do tributo e o seu necessário pagamento, que, no caso em tela, deuse no momento da apresentação da DCOMP. Assim, tendo em vista tudo o acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a DCOMP foi transmitida em data posterior à do vencimento do(s) débito(s) compensado(s). Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 102DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.912706/2012-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009
CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea d da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO.
A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei no 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.336
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea “d” da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei no 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 91 27 06 /2 01 2- 20 Fl. 76DF CARF MF Processo nº 11065.912706/201220 Acórdão n.º 3401003.336 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Versa o presente sobre o Pedido de Ressarcimento com Declaração de Compensação (PER/DCOMP), invocando crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), relativo ao período de apuração acima identificado. Por meio do Despacho Decisório exarado pelo Seort/DRF/ Novo Hamburgo, o pedido de restituição foi indeferido e a compensação não homologada, sob o fundamento de que o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado, por ter havido glosa em procedimento fiscal. Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: (a) não houve mandado de procedimento fiscal para o procedimento de análise do crédito, sendo inválido o ato administrativo; (b) a fundamentação para a negativa de crédito é improcedente e está centrada no fato de a empresa ser abrangida por imunidade objetiva; (c) para aplicação da não cumulatividade constitucionalmente assegurada, pouco importa se a última operação foi ou não onerada pelo IPI; e (d) não houve constituição do crédito tributário, e embora o documento da glosa seja intitulado de auto de infração, não se concretizou o lançamento, ensejando a impossibilidade de ser o crédito glosado. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto por intermédio do Acórdão 14 045.748, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 IPI. RESSARCIMENTO. PRODUTO N/T. Inexiste direito de crédito pela entrada de insumos para fabricação de produtos que estão fora do campo de incidência do imposto, pois neste caso o IPI deve ser contabilizado como custo Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada do acórdão da DRJ, a empresa apresenta Recurso Voluntário, sustentando que: (a) a juntada posterior de Mandado de Procedimento Fiscal não tem o condão de validar o ato praticado ao seu desabrigo; (b) o crédito não pode ser exigido por absoluta ausência de lançamento; e (c) a imunidade se constitui em cláusula pétrea inserida nas limitações constitucionais ao poder de tributar. Pede, ao fim, exame para fins de pré questionamento, mormente no que se refere aos artigos 142 e 149 do Código Tributário Nacional (CTN). É o relatório. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 11065.912706/201220 Acórdão n.º 3401003.336 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.313, de 25 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 11065.900523/201423, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.313): "O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No Despacho Decisório, a razão para o indeferimento do direito de crédito, e a consequente não homologação da compensação, é a seguinte (fl. 22): O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivos(s): Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Informações complementares da análise do crédito estão disponíveis na página Internet da Receita Federal, e integram este despacho. No próprio despacho decisório há orientações (aqui seguidas, em nome da verdade material) sobre como encontrar tais "informações complementares da análise de crédito", no sítio eletrônico da RFB (menu principal, opção "onde encontro" / "PERDCOMP" / "consulta despacho decisório", indicando o CNPJ da empresa e o número do PER/DCOMP. Nas informações complementares, percebo que há link para o relatório fiscal (Clique aqui para Download do arquivo: RELATORIO FISCAL GRUPO SINOS.PDF). Evidencio, então, que o Relatório Fiscal se presta a este e a outros nove processos administrativos de ressarcimento, e que ali realmente se encontram as razões detalhadas para as glosas: (a) a empresa tem como principal atividade a edição integrada à impressão de jornais, sendo detentora de registro especial de papel imune, e os produtos resultantes de seu processo de industrialização têm a classificação "NT" (não tributáveis) relativamente à incidência do IPI, em razão de benefício de imunidade constitucional; e (b) os créditos pleiteados se referem à aquisição de insumos utilizados para produção de jornais e revistas imunes, no período considerado, e, portanto, não encontram guarida normativa para fruição. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 11065.912706/201220 Acórdão n.º 3401003.336 S3C4T1 Fl. 5 4 Verificadas as motivações específicas para as glosas, cabe avaliar se as razões de defesa são aptas a afastálas, e a confirmar a regularidade do crédito. A primeira alegação de defesa se referia à ausência de Mandado de Procedimento Fiscal. No entanto, o Mandado de Procedimento Fiscal, como bem destacou o julgador de piso, foi emitido, havendo no próprio relatório da ação fiscal a informação de seu número (10.1.07.00 2014.002302) e a aposição de mensagem de que estava disponível para consulta no endereço <http://receita.fazenda.gov.br/aplicacoes/atpae/mpf/default.asp>, com a utilização do código de acesso 29365075. Também em nome da verdade material acessei o referido sítio, com a senha de acesso concedida na ação fiscal, verificando a existência do MPF, que sempre esteve disponível para consulta por parte da empresa. Improcedentes, assim, tanto a alegação de ausência de MPF, suscitada na manifestação de inconformidade, quanto a de que tal MPF teria sido juntado apenas posteriormente, presente no recurso voluntário. A segunda alegação da empresa, de que deveria ter havido lançamento para exigência do crédito, é absolutamente desconectada da realidade fática destes autos. Vejase que o presente processo não trata de lançamento para exigência de crédito, mas de reconhecimento de direito de crédito pleiteado pela empresa. As glosas efetuadas impedem a fruição do crédito, devendo a postulante do ressarcimento (e da compensação) carrear aos autos documentação que comprovem a liquidez e a certeza do crédito. Descabe, assim, a demandada análise (ainda que para fins de prequestionamento) dos artigos 142 e 149 do CTN, afetos ao lançamento. Cabe retomar, então, a análise no sentido de ter ou não havido prova apresentada pela empresa apta a afastar as razões de glosa (ausência de fundamento normativo para tomada de crédito em relação a insumos destinados a industrialização de jornais e revistas imunes). Sobre o tema, a empresa, em seu recurso voluntário, endossa que industrializa produtos imunes com os insumos adquiridos, mas entende que, por ser a imunidade cláusula pétrea, faz jus ao crédito. Tais alegações seriam relevantes se o fisco estivesse a exigir o IPI em relação aos produtos imunes, mas esse não é o caso em análise nestes autos, limitado a demanda de crédito, por parte da empresa, em relação à aquisição de insumos para fabricação de produtos imunes. Não se está, repitase, a analisar tributação de operação imune, mas a avaliar se a empresa faz jus a crédito sobre operação não tributada em função de imunidade. E, nesse sentido, cabível verificar o teor do artigo 11 da Lei no 9.779/1999: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado Fl. 79DF CARF MF Processo nº 11065.912706/201220 Acórdão n.º 3401003.336 S3C4T1 Fl. 6 5 à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. (grifo nosso) Vejase que o dispositivo legal expressamente assume a possibilidade de crédito em relação a insumos aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero (silenciando em relação aos imunes e não tributados). E vejase também que a fruição fica condicionada à observância das normas expedidas pela RFB. A RFB expediu, em relação ao tema, a Instrução Normativa no 33/1999, que, em seu artigo 4o, já não silenciou em relação a produtos imunes: Art. 4o O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei No 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1o de janeiro de 1999. (grifo nosso) Mas a própria RFB, no Ato Declaratório Interpretativo no 6/2008, esclareceu que: Art. 1o Os produtos a que se refere o art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais ao legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos.http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action ?idArquivoBinario=0 Art. 2o O disposto no art. 11 da Lei no 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5o do Decretolei no 491, de 5 de março de 1969, e no art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação "NT" (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5o do Decreto no 4.544, de 26 de dezembro de 2002 Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na TIPI que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior." (grifo nosso) Assim, a empresa poderia utilizar o saldo credor, na forma do artigo 11 da Lei no 9.779/1999, apenas se as aquisições de insumos fossem efetivamente para um processo industrial de fabricação de produto imune, destinado à exportação. No entanto, no presente processo, sequer se esforça a recorrente para demonstrálo, pecando em seu dever de Fl. 80DF CARF MF Processo nº 11065.912706/201220 Acórdão n.º 3401003.336 S3C4T1 Fl. 7 6 carrear ao processo elementos que atestem a liquidez e a certeza do direito de crédito. Ainda que se afaste a imperfeição, às vezes presente na Tabela de Incidência do IPI, de considerar como "NT" (não tributados) produtos que, em verdade, são efetivamente resultantes de um processo de industrialização, mas imunes, permanece sem amparo o direito de crédito, visto não se verificar, nos autos, ser o produto destinado à exportação. Nesse sentido tem decidido este CARF: CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO III, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. Não gera crédito de IPI a aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso III, alínea “d” da Constituição Federal. A previsão para manutenção dos créditos previsto no art. 11, da Lei no 9.779/99, alcança exclusivamente aqueles insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorrer da exportação. (Acórdão no 3201002.096, Rel. Cons. Charles Mayer de Castro Souza, unânime, sessão de 15 mar. 2016) (a menção deveria ser ao inciso VI e não ao inciso III do art. 150 da CF) (No mesmo sentido, e também unânime, o Acórdão no 3301 002.280, de 27 mar. 2014) Por derradeiro, destaquese que também o Superior Tribunal de Justiça tem leitura não alargada do artigo 11 da Lei no 9.779/1999 (REsp no 1.015.855/SP). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 81DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.013568/2006-36
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2002
MULTA DE AGRAVADA DE 150% . AUSÊNCIA DE PROVA TENDENTE A IMPEDIR OU RETARDAR O CONHECIMENTO DA AUTORIDADE FISCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO.GERADOR DO TRIBUTO. INAPLICABILIDADE.
A aplicação da multa qualificada exige-se prova e comprovação do evidente intuito de fraude na conduta da Contribuinte.
Não demonstrada a existência de dolo pela fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%.
Numero da decisão: 9303-004.613
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2002 MULTA DE AGRAVADA DE 150% . AUSÊNCIA DE PROVA TENDENTE A IMPEDIR OU RETARDAR O CONHECIMENTO DA AUTORIDADE FISCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO.GERADOR DO TRIBUTO. INAPLICABILIDADE. A aplicação da multa qualificada exigese prova e comprovação do evidente intuito de fraude na conduta da Contribuinte. Não demonstrada a existência de dolo pela fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 35 68 /2 00 6- 36 Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 688 2 Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional e Contribuinte, com fundamento no art. 7º, I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria n. o 147, de 25/06/2007, contra acórdão nº 20312.543, proferido pela 3º Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, que decidiu em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reduzir a multa ao percentual básico de 75% (setenta e cinco por cento) e para excluir do pólo passivo os responsáveis tributários pessoas físicas Márcio Vilefort Martins, Márcia Vilefort Martins, Antônio Vilcfort Martins e Virgílio Vilefort Martins e pessoa jurídica VAM Empreendimentos e Participações Ltda., mantendo como único sujeito passivo a CEMA Central Mineira Atacadista LTDA. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Trata o presente processo do Auto de Infração de fls. 12/18, relativo ao I0F, fatos geradores de 30/03/2002 a 31/12/2002, no valor de R$ 18.395,17, incluindo juros de mora e multa qualificada e agravada no percentual de 225%. 'Durante os procedimentos de verificações obrigatórias foi constatado que o contribuinte não efetuou o recolhimento (fl. 141) e nem a declaração em DCTF (fl. 140) do IOF devido sobre empréstimos concedidos (mútuos) às pessoas jurídicas BM Comercial Ltda', CNPJ 02232.089/000119 e Wilimport Comercial Ltda', CNPJ 04.697.064/000144, conforme datas e valores detalhados nos demonstrativos às fls. 27 a 46, elaborados com base no Livro Razão, cujas cópias estão às fls. 47 a 56. (...) Esta conduta, também dolosa e reiterada, uma vez que já foi objeto de autuação nos mesmos moldes, quanto ao ano calendário de 2001, processo 10680.004102/200640, visava impedir ou retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, da ocorrência dos fatos geradores das obrigações tributárias, enquadrandose no tipo criminal previsto no inciso Ido artigo 71 da Lei 4.502/64 Sonegação. (...) Aplicase, portanto, ao lançamento efetuado, a multa qualificada de 150%, com o agravamento previsto na legislação, que a eleva para 225%, em punição pela não apresentação dos arquivos magnéticos Mestre e Itens de Mercadorias solicitados nos Termos de Intimação de Nas 002, 004 e 006, conforme explanado no item Descrição dos Fatos. (...) Assevera que, segundo consta do TVF, os referidos Impugnantes firam trazidos à relação processual na qualidade de sócios da autuada, por terem Fl. 688DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 689 3 interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores, nos termos do art. 124,1, do CTN. Nessa parte da defesa, a empresa (lembrese aqui todos os signatários discriminados à It 278), fundamentalmente, não nega as operações de mútuo realizadas, mas discorda da forma de cálculo do IOF. 'A verdade é que toda a conduta fiscal baseouse na, data venia, equivocada idéia de que os empréstimos teriam sido realizados sem a determinação, no contrato, do valor do principal a ser utilizado pelo mutuário. Tanto é verdade que nos fundamentos legais do Auto de Infração é mencionado o art. 7°, inciso I, alínea 'a', 1, cio RIOF (Decreto n" 4.494/2002), que trata justamente dos empréstimos sem valor definido o que não traduz a realidade dos fatos. Conforme se comprova através das cópias de contratos em anexo, o valor do principal, dos encargos e a data de vencimento estão expressos, devendo os empréstimos em questão ser enquadrados no art. 7°, inciso 1, alínea 'h', do RIOF, ao contrário do que pretendeu a fiscalização. (...) os empréstimos com valores determinados em que não houve o pagamento no vencimento previsto em contrato, devem seguir a sistemática de cálculo prevista nos §§ 2' c 3", do art. 7", do RIOF, e não a forma de cálculo determinada pelo art. 7 0, inciso 1, alínea "a", I, desse mesmo regulamento, eis que essa última metodologia somente pode ser aplicada nos casos em que não estiver determinado o valor emprestado.' Da Multa Qualificada Inexistência de Dolo ou Qualquer outra Conduta Ilícita nos Fatos Envolvidos. Aduz, em relação ao enquadramento legal da multa qualificada, que a lei se refere a 'evidente fraude' como causa motivadora do tipo penal. Implica dizer que a evidência sugerida pela lei exige comprovações irrefutáveis pautadas em documentação idónea, afastando presunções, ficções ou qualquer outro meio de prava indireta. Argumenta, quanto à justificação da qualificação da multa feita pelo Fisco no TVF, que não deve prosperar com foro de juridicidade as alegações inferidas, especialmente quando em momento algum houve o intuito de sonegação. Por outro lado, o Acórdão recorrido, entendeu que não se aplica multa qualificada no presente caso. Vejamos: Para a qualificação da multa, carece seja demonstrado o dolo pela fiscalização, seja por meio de uma prova cabal, seja por meio de indícios veementes, cujo conjunto se constitua numa prova. E o contrário do que ocorre nas infrações objetivas, a exemplo do inadimplemento de tributo ou do descumprimento de obrigação acessória, em que cabe ao sujeito passivo provar não ter cometido o ato identificado pela Fiscalização Na autuação em tela a recorrente não efetuou o recolhimento do IOF nem o declarou em DCTF, alegando depois que o imposto não seria devido porque nos mútuos realizados inexiste participação de instituição Fl. 689DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 690 4 financeira. Como a incidência do tributo é induvidosa, a par da legislação aplicável aos fatos geradores do lançamento, a interpretação da empresa não se sustenta. Diante da justificativa apresentada (embora inconsistente à luz da legislação de regência, ressalto) e do atendimento às intimações da Fiscalização (a contribuinte forneceu todas as informações necessárias ao lançamento), tenho para mim que não restou caracterizado o dolo, a permitir a multa no percentual qualificado de 150%. Não me convence do contrário a reiteração da conduta (deixar de recolher o 1OF e de informá lo em DCTF durante dois anos seguidos: 2001 e 2002). A par das omissões encontradas nas DCTF e dos recolhimentos não efetuados, a multa a ser aplicada deve ser a de 75%. De acordo com as provas cantadas aos autos, nem se tem a conduta dolosa apenas vislumbrada pela Fiscalização, nem ocorreu simples elisão, já que o procedimento adotado pela contribuinte, de informar valores a menor ao Fisco e não recolhêlo, não encontra guarida na lei. A infração enquadra se na hipótese de evasão, consistente no recolhimento e na declaração ao Fisco federal de valores a menor que os devidos, de forma não permitida pela legislação tributária. Não demonstrada a existência de dolo pela Fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%, levandose em conta que a DRJ já retirou o agravamento (de 150% para 225%). O Acórdão restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2002 Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS. INCISO I DO ART. 124 DO CTN. 1NAPLICABILIDADE. ART. 135 DO CTN. NECESSIDADE DE DOLO. A solidariedade de fato, prevista no inciso I do art. 124 do CTN, não se aplica aos sócios de pessoa jurídica, que devem ser responsabilizados por débitos tributários desta com base nos mis. 134 e 135 do CTN, este último próprio das condutas dolosas. ENQUADRAMENTO LEGAL INCORRETO. DESCRIÇÃO COMPLETA DOS FATOS. COMPREENSÃO POR PARTE DO CONTRIBUINTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O simples erro no enquadramento legal da infração, sem acarretar mudança na matéria tributável ou na apuração da base de cálculo, não caracteriza cerceamento do direito de defesa a acarretar a anulação do auto de infração se comprovado, pela descrição dos fatos nele contida e pela contestação Fl. 690DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 691 5 apresentada pelo contribuinte, que toda a matéria fática e o direito correlato foram compreendidos pelo autuado. MULTA QUALIFICADA. REDUÇÃO. VALORES NÃO DECLARADOS EM DCTF. LANÇAMENTO EFETUADO COM BASE EM INFORMAÇÕES PRESTADAS PELO CONTRIBUINTE. DOLO NÃO DEMONSTRADO. Tendo o contribuinte, por um lado, apresentado uma justificativa para não declarar os valores do tributo em DCTF, porque segundo ele o IOF não seria devido em mútuo realizado entre pessoas jurídicas sem a intervenção de instituição financeira, e, por outro, fornecidas à Fiscalização todas as informações necessárias ao lançamento, tal conduta configurase como evasão, e não sonegação. Não demonstrada a existência de dolo pela fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA N° 3. A teor do art. 13 da Lei :V 9.065/95 e conforme a Súmula n" 3, do Segundo Conselho de Contribuintes, inclusive, e legitimo o emprego da taxa Selie como juros moratórios. Recurso provido em parte. Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, sustentando o restabelecimento da multa de ofício aplicada para modalidade qualificada no patamar 150% (cento e cinqüenta por cento) . O recurso foi admitido conforme consta no despacho de admissibilidade, fls. 610/611. especialmente quanto a matéria sobre a qualificação da multa, a questão quanto a sujeição passiva foi definitivamente decidida. Por outro lado, a Contribuinte também interpõe Recurso, fls. 624/635, alegando erro na capitulação do auto de infração referente a sistemática de cálculo. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado, como paradigma, o Acórdãos nº 10512.844, comprovado pela juntado do documento de fls.536. Na admissibilidade do Recurso, o Presidente da Câmara a época, Conselheiro Júlio César Alves Ramos, não admitiu o Recurso, com o seguinte fundamento: "contribuinte sustenta que o lançamento padeceria de vício insanável, pois adotou errôneas capitulação legal e fórmula de cálculo na lavratura do auto, com reflexos na quantificação do crédito tributário, no entanto aponta, como paradigma, um julgado que anulou lançamento complementar por ausência de requisitos básicos, como descrição da infração e capitulação legal, verbis: (...)“ A notificação de lançamento se encontra a fls. 37 e 38 e traz consigo apenas uma cópia da declaração de rendimentos do exercício de 1990, da Fl. 691DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 692 6 recorrente, sem conter qualquer demonstrativo de cálculos, sem descrever a infração e sem apontar sua capitulação legal. Traz apenas o enquadramento legal da multa, dos juros de mora e da atualização monetária (fls. 38). (grifado) Ora, definitivamente este não é o caso do presente processo, como demonstra o seguinte excerto do voto condutor: “ERRO NO ENQUADRAMENTO, SEM ALTERAÇÃO NA MATÉRIA TRIBUTÁRIA E NA APURAÇÃO DA DASE DE CÁLCULO E COM COMPREENSÃO PLENA DOS FATOS E DO DIREITO, POR PARTE DA CONTRIBUINTE: INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO Com relação à alegação abaixo (resumir), nada há a acrescentar à decisão recorrida, que já destacou terem tido os autuados compreensão plena dos fatos e do direito em tela, enquanto a Fiscalização utilizou corretamente a base de cálculo e alíquota, obtendo os valores corretos de I0F a pagar. Apenas não foi utilizado o enquadramento mais adequado à espécie. Ou seja, o lançamento reclamado, segundo a decisão sob vergasta, conteria apenas equívoco na indicação da capitulação legal e não ausência, como tenta fazer crer o recorrente, o que o faz diferir por completo daqueloutra situação. Com estas considerações, NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL e, desde logo, tendo em conta o disposto no art. 71 do Regimento Interno do CARF, submeto esta decisão ao Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais". É o relatório. Fl. 692DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 693 7 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, restando contudo investigar adequadamente o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade, prerrogativa, em última análise, da composição plenária da Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a qual tem competência para não conhecer de recurso especiais nos quais não estejam presentes os pressupostos de admissibilidade respectivos. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamada de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. Após essa breve introdução, passemos, então, ao exame de admissibilidade do Recurso Especial. Quanto ao Recurso da Fazenda, conheço especialmente a matéria atinente aplicação da multa ser ou não qualificada no patamar de 150%. Referente a sujeição passiva, a matéria encontrase definitivamente julgada. Já o Recurso da Contribuinte, conforme exposto no exame de admissibilidade, o acórdão paradigma apresentado, não se presta a comprovar divergência jurisprudencial, portanto, não conheço do Recurso. Passo ao mérito. Com efeito, compulsando os autos, verifico que a Fiscalização, ao tratar da qualificação da multa, enquadrou a Contribuinte no art. 71 da Lei nº 4.502/64, por considerar ter havido sonegação. Afirma que a "contribuinte não efetuou o recolhimento e nem a declaração em DCTF do IOF devido sobre empréstimos concedidos", e que essa conduta é também dolosa e reiterada, uma vez que foi objeto de autuação nos mesmos moldes, quanto ao anocalendário de 2001, processo 10680.004102/200640' (Termo de Verificação Fiscal, fls. 23/24). Conforme dispõe o art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, em combinado com os artigos 71, 72 e 73 da Lei n°4.502/64, que definem sonegação, fraude e conluio, Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 694 8 respectivamente, a multa qualificada é aplicada na hipótese de infrações subjetivas dolosas. Os respectivos artigos da Lei n° 4.502/64, versam sobre infrações subjetivas, em que o dolo, consiste na vontade do agente de praticar o ato dolo direto, ou de assumir os resultados da sua prática dolo indireto, a elementar do fato típico, descrito na hipótese de incidência da norma. Neste sentido, para qualificação da multa, o agente fiscal deve comprovar efetivamente dolo da Contribuinte, seja por meio de prova real ou por indícios que comprovem o não pagamento do imposto e o descumprimentos dos deveres instrumentais, em que pese,ao sujeito provar não ter cometido nenhum ato identificado pela Autoridade Fiscal. Como se observa, a Contribuinte não efetuou o pagamento do IOF, nem declarou em DCTF, entretanto, a Contribuinte entendeu de que não incidiria esse imposto nos mútuos realizados entre pessoas jurídicas sem a intervenção de instituições financeiras. Dessa forma, acreditouse, à época, que esse tributo não incidiria sobre as operações realizadas pelo sujeito passivo. Não vislumbro dolo nos procedimentos da Contribuinte, especialmente quanto ao intuito de sonegar, caso contrário, não teria escriturado as operações em sua contabilidade. Também não teria ao ser solicitada, prontamente ter apresentado à Fiscalização diversos documentos (contratos de mútuo, Contrato Social e alterações, Livros Diário, Livros Razão, Livros Registro de Entradas, Livros Registro de Saídas, etc). Portanto, no presente caso, entendo que não houve comprovação de quaisquer das circunstâncias qualificadoras, sendo que não houve nenhuma ação da Contribuinte tendente a impedir ou retardar o conhecimento da autoridade tributária da ocorrência do fato gerador, o que implicaria na sonegação. Neste sentido, esta E. Câmara Superior, por meio do Acórdão nº 9303004 563, entendeu que para aplicação da multa de ofício em 150%, exige a inequívoca comprovação do evidente intuito de fraude na conduta do sujeito passivo, ausente a prova inequívoca de intenção deliberada da contribuinte ocultar o fato gerador, não a que se falar em aplicação da multa qualificada de 150%. Vejamos: "Assunto: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 MULTA DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICATIVAS DA INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. INAPLICABILIDADE. A aplicação da multa de ofício em 150% (cento e cinqüenta por cento) exige a inequívoca comprovação do evidente intuito de fraude na conduta do sujeito passivo, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Ausente a prova inequívoca de intenção deliberada da contribuinte de ocultar o fato gerador das contribuições da Autoridade Fiscal, não há de se falar na aplicação da multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento). Fl. 694DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 695 9 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os Conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento". Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto é como penso. Demes Brito Fl. 695DF CARF MF
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Numero do processo: 13971.916336/2011-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2003
COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.958
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS ANOCALENDÁRIO: 2003 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 91 63 36 /2 01 1- 11 Fl. 70DF CARF MF 2 Relatório Por trazer clara síntese do processo até a interposição da Manifestação de Inconformidade, adoto o relatório da decisão de primeira instância, no Acórdão da DRJ em Florianópolis: "Trata o presente processo de Pedido de Restituição PER, apresentado pela contribuinte acima qualificada. Em análise do pedido, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC decidiu indeferilo (...), em razão de que o valor recolhido via DARF, indicado como fonte do crédito contra a Fazenda Nacional, já havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para restituição solicitada no PER. Inconformada com o não deferimento de seu Pedido de Restituição, a contribuinte esclarece, em síntese, que os créditos pleiteados se referem a pagamentos a maior originados da declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, pelo Supremo Tribunal Federal, em 9 de novembro de 2005. A contribuinte alega, ainda, a nulidade do Despacho Decisório, por ausência de diligência sobre o crédito pleiteado, nos termos do artigo 65 da Instrução Normativa nº 900/2008." (grifei) A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente naquela oportunidade, tendo sido o referido acórdão ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 PRELIMINAR. NULIDADE. AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. A autoridade competente para decidir sobre restituição poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos, bem como tem a faculdade de determinar a realização de diligência. Se pela DCOMP apresentada já é possível concluir que o crédito pleiteado carece de liquidez e certeza, desnecessária a realização de diligência. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Intimada pessoalmente desta decisão, foi apresentado Recurso tempestivo no qual a Recorrente alega, em síntese, a validade do crédito de COFINS objeto do Pedido de Restituição, vez que calculado com base nas receitas não operacionais auferidas pela empresa, que não podem ser consideradas como base de cálculo do PIS e da COFINS como reconhecido Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13971.916336/201111 Acórdão n.º 3402003.958 S3C4T2 Fl. 3 3 pelo Supremo Tribunal Federal nos Recursos Extraordinários 346.084, 358.273, 357.950 e 390.840. Alega ainda a nulidade do despacho decisório, por ausência de diligência prévia para verificação da validade do crédito. Anexou ao Recurso Voluntário cópia do livro razão e planilha com a composição do crédito apurado. Em seguida, os autos foram remetidos a esse Conselho. É o relatório. Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.923, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 13971.916330/201144, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.923): "Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, adentrando em suas razões. Em recente julgado desta turma relatado pela Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, foi reconhecimento o cabimento dos pedidos de restituição que, tal como o presente, se respaldam na inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98. Tratase do acórdão n.º 3402003.399, ementado nos seguintes termos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF." (Número do Processo 10980.911525/201010. Data da Sessão 29/09/2016 Relatora Thais de Laurentiis Galkowicz. Acórdão n.º 3402003.399) Fl. 72DF CARF MF 4 A situação trazida sob julgamento nos presente autos é idêntica àquela julgada naquela oportunidade, razão pela qual adoto integralmente as razões delineadas por aquela Ilustre Conselheira Relatora, à luz do art. 50, §1º da Lei n.º 9.784/99, cujo voto foi acompanhado por unanimidade por esta Turma: "A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13971.916336/201111 Acórdão n.º 3402003.958 S3C4T2 Fl. 4 5 COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; concluise pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento2. Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 74DF CARF MF 6 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, torna se imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13971.916336/201111 Acórdão n.º 3402003.958 S3C4T2 Fl. 5 7 O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de Fl. 76DF CARF MF 8 mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13971.916336/201111 Acórdão n.º 3402003.958 S3C4T2 Fl. 6 9 Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerê la em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Fl. 78DF CARF MF 10 Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." (grifos no original) Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei n.º 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS")." Importante consignar que os documentos analisados no julgamento do paradigma (razão e planilha de apuração) encontram correspondência com os documentos juntados ao presente processo, variando apenas o período de apuração e os valores envolvidos. 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 13971.916336/201111 Acórdão n.º 3402003.958 S3C4T2 Fl. 7 11 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei nº 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS"). assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.000098/2002-00
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1997 CONCOMITÂNCIA. ALCANCE DO LITÍGIO. Restando caracterizada a concomitância com a via judicial em qualquer momento processual, não se conhece do recurso, conforme preconiza a Súmula CARF n° 01.
Numero da decisão: 1803-001.119
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, não conhecer o recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes que dele conhecia.
Matéria: CSL - ação fiscal (exceto glosa compens. bases negativas)
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LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997 CONCOMITÂNCIA. ALCANCE DO LITÍGIO. Restando caracterizada a concomitância com a via judicial em qualquer momento processual, não se conhece do recurso, conforme preconiza a Súmula CARF n° 01. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, não conhecer o recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes que dele conhecia. (Assinado Digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 20/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10380.000098/200200 Acórdão n.º 180301.119 S1‐TE03 Fl. 112 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório Tratase o presente feito de auto de infração de CSLL em virtude de constatação de irregularidade de créditos vinculados, informados pela empresa recorrente na DCTF, mas não tendo sido comprovado o crédito decorrente do processo judicial n° 96.00151547, conforme "Anexo I — Demonstrativo dos Créditos Vinculados Não Confirmados", o mesmo foi lançado. Devidamente cientificada, a empresa recorrente apresenta impugnação em que alega, em apertada síntese, que em julho de 1996, juntamente com outras empresas, ingressou com o Mandado de Segurança Preventivo perante lª Vara da Secção Judiciária Federal do Ceará, protocolizado sob o número 96.00151547 (fls. 16/48), com o objetivo de que a Delegacia da Receita Federal em Fortaleza suspendesse a prática de qualquer ato tendente a impugnar a dedução efetuada a partir do lucro do ano base de 1996 daquelas empresas, bem como exigir os tributos respectivos (IRPJ e CSLL) relativos ao saldo devedor de correção monetária de balanço do ano base de 1994, correspondente a diferença entre a variação da UFIR e os reais índices inflacionários apurados pela variação do IPCM. Informa a recorrente a que medida liminar foi deferida (fls. 53/55) e a mesma ingressou com o pedido de litisconsórcio ativo (fls. 49/52). Atenta para o fato de que de tudo a autoridade coatora tomou ciência, tanto que prestou as informações e até recorreu quando a ação foi julgada em seu desfavor, sendo a autuação manifestadamente contraria ao que estabeleceu a medida judicial. Ressalta que não estando devendo o principal também não é devedora de multa e correção monetária, pois que ainda que venha a perder a demanda, a lei lhe confere o direito de pagar o crédito tributário sem multa no prazo de trinta dias após o trânsito em julgado da sentença. Por fim, a recorrente aduz que diante da comprovação de que o recolhimento do tributo nos meses de janeiro a março de 1997 se deu nos moldes e limites estabelecidos na Liminar deferida no Mandado de Segurança — processo n° 96.00151547, a mesma requer que seja julgado insubsistente na totalidade o auto de infração. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento entendeu por bem baixar em diligência para verificar se havia tutela jurisdicional reconhecendo, à recorrente, o direito de efetuar a compensação da CSLL, nos meses de janeiro a março de 1997, nos termos informados na DCTF do 1° Trimestre de 1997. Isso porque as informações constantes nos referidos documentos, carreados ao processo administrativo pela recorrente, não permitiam concluir se existia tutela jurisdicional favorável ao contribuinte reconhecendo crédito tributário em montante suficiente para compensar com os débitos da CSLL declarado na DCTF referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março de 1997. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 20/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10380.000098/200200 Acórdão n.º 180301.119 S1‐TE03 Fl. 113 3 Do retorno dessa diligência temse que em Primeiro Grau o juiz inicialmente concedeu a liminar, porém na sentença denegou a Segurança. Inconformada, a recorrente apelou ao TRF 5a Região, na qual a Primeira Turma por unanimidade negou o provimento a apelação. A contribuinte impetrou Embargos de Declaração que também foram negados. Da negativa do Tribunal, a mesma impetrou Recurso Extraordinário que foi admitido pelo presidente do TRF e enviado ao Supremo Tribunal Federal. O Relator, Ministro Sepulveda Pertence, negou segmento ao Recurso Extraordinário e a recorrente interpôs Agravo Regimental no Recurso Extraordinário, e até a presente data ainda se encontra pendente de julgamento. A Delegacia de Julgamento concluiu que, com o andamento da Ação, o crédito tributário constante deste processo é exigível e encaminhou cópia das informações para ciência da recorrente a fim de que esta apresentasse novas considerações de defesa no prazo de trinta dias. A autoridade de primeira instância julgou procedente em parte a autuação. Refere que o Mandado de Segurança Preventivo com Pedido de Liminar n° 96.00151547, liminar esta concedida em 08/07/1996, tem por objeto o reconhecimento do direito de a recorrente corrigir o balanço patrimonial do anobase de 1994 pelo real índice inflacionário decorrente da diferença entre os índices do IPCM e da UFIR divulgados para os meses de julho e agosto de 1994, e, por conseguinte confirmado o direito de deduzir no anobase de 1996 e seguintes, o saldo devedor de correção monetária do balanço do ano de 1994, com repercussão na exação relativa ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro. A decisão proferida no Mandado de Segurança foi desfavorável à recorrente, tendo sido confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, conforme se verifica pelo Relatório de Diligência Fiscal documentos em anexo. A autoridade julgadora tece algumas considerações sobre a obrigação funcional do agente fiscal, citando a legislação de regência, bem como sobre o procedimento de lançamento, constituição do crédito tributário e sua cobrança ordinária dentro do processo administrativo fiscal. Entende por bem esclarecer o procedimento administrativo tal como disposto no ordenamento legal, com fulcro de elucidar a ordem do procedimento tomado pela fiscalização. Expõe o julgador a quo que no presente caso o contribuinte, antes do lançamento, ingressou com o Mandado de Segurança Preventivo liminarmente com o fulcro de obter o reconhecimento do direito de corrigir o balanço patrimonial do anobase de 1994 pelo real índice inflacionário decorrente da diferença entre os índices do IPCM e da UFIR divulgados para os meses de julho e agosto de 1994, e, por conseguinte confirmado o direito de deduzir no anobase de 1996 e seguintes, o saldo devedor de correção monetária do balanço do ano de 1994, com repercussão na exação relativa ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro. Contudo a decisão proferida no Mandado de Segurança foi desfavorável à recorrente, tendo sido confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª' Região, não existindo impedimento judicial de a administração tributária proceder ao lançamento do IRPJ nos valores acatados pelo contribuinte, visto que são os mesmos indicados na DCTF do 1° trimestre de 1997. Atenta ainda a autoridade que a realização do lançamento, mesmo quando o sujeito passivo encontrese protegido por medida judicial, não implica violação de direito individual, apenas visa resguardar o crédito tributário, pois, do contrario, caso não se efetue o lançamento no curso do prazo de decadência e a ação judicial não seja decidida em definitivo Fl. 124DF CARF MF Impresso em 20/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10380.000098/200200 Acórdão n.º 180301.119 S1‐TE03 Fl. 114 4 nesse prazo, a Fazenda Nacional, mesmo que obtenha decisão favorável, não mais poderá lançar qualquer valor por já haver ocorrido a decadência do seu direito. Portanto, no caso sob análise, correto o lançamento para constituir o crédito tributário referente à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL, uma vez que o contribuinte, quando da ciência do auto de infração, não mais se encontrava albergado por tutela judicial que autorizasse a compensação informada na DCTF do 1° trimestre de 1997. Já no que diz respeito à multa de ofício, entendeu a autoridade julgadora de primeira instância que à luz do art.18 da Lei 10.833 de 2003, o lançamento de oficio de que trata o art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964. Desse modo, nos autos de infração oriundos de revisão de DCTF, cujo tributo devido foi regularmente declarado, embora não tenha sido pago, e não estando presentes as circunstâncias versadas no dispositivo ora transcrito, como no presente caso, descabe a exigência da multa de oficio, conforme entendimento expendido na Solução de Consulta Interna n° 3, de 8 de janeiro de 2004, acatando o disposto no art. 106, II, "c", do CTN, no julgamento de processos pendentes cujo crédito tributário tenha sido constituído com base no art. 90 da MP n°2.15835, de 2001. Devidamente cientificada, a recorrente apresenta suas razões de recurso voluntário em que refere, em síntese, que houve mudança nas balizas da autuação, haja vista que estas haviam sido fixadas previamente, tanto na autuação como no voto, e que foram modificadas na decisão a quo, segundo o seu entendimento. Isso porque a recorrente vislumbra uma mudança no critério de autuação, quando no auto de infração vem firmado o fundamento de que a tipificação da conduta foi exclusivamente em decorrência da não comprovação da existência do processo n° 90.05052848 e constata que o auto de infração restou lavrado por outros motivos dos quais ela sequer pode se defender. Prossegue a recorrente aduzindo que a mesma atevese ao fato da comprovação do processo judicial n. 90.05052848, tal como requisitou a autoridade, mas não se defendeu de outra coisa, exceto da imputação que lhe foi feita de que havia creditado erroneamente, pois não existia nos escaninhos da Receita Federal o processo n. 90.05052848. Salienta que a defesa restringiuse unicamente a abordar esta questão, eis que outra não lhe foi apresentada e complementa que a decisão não poderia extrapolar o que estava nos autos do processo administrativo, mas o fez, maculandoa de indiscutível injuridicidade, posto que tanto no processo administrativo, como no judicial, impera o axioma: “o que não está nos autos, não está no mundo” Entende a recorrente que se impunha um único resultado no presente feito qual seja: caso a empresa autuada não comprovasse a existência do processo, o auto deveria ser julgado procedente na totalidade. Comprovada a existência do processo judicial, como de fato ocorreu, o auto de infração jamais poderia ser homologado. Refere que o julgador monocrático "aproveitou" (sic) o lançamento tributário, e mesmo afastando a hipótese de incidência apontada no auto de infração, constituiu o crédito tributário por outro motivo, que a rigor não se sabe nem qual seria. Tal fato por si só, encerra gritante ilegalidade. Ainda, observa que Fl. 125DF CARF MF Impresso em 20/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10380.000098/200200 Acórdão n.º 180301.119 S1‐TE03 Fl. 115 5 caberia à União, reconhecendo a existência do processo, prevenir a decadência e lavrar o auto de infração com esta fundamentação, permitindo à empresa autuada defenderse desta imputação especifica, argüindo por exemplo, que o crédito já estava decaído e portanto, impossibilitada sua constituição, ou qualquer outra matéria de defesa que entenda pertinente. Cita o artigo 142 do CTN e jurisprudências desse Egrégio Conselho de Contribuintes. Por fim a recorrente requer a nulidade do auto de infração. É o relatório. Voto Tratase o presente feito de auto de infração de CSLL em virtude de constatação de irregularidade de créditos vinculados, informados pela empresa recorrente na DCTF, tendo em vista que não foi comprovado o crédito decorrente do processo judicial n° 96.00151547. A empresa recorrente argumenta que o processo administrativo deve ser julgado nulo, uma vez que houve mudança nas balizas da autuação feita. Isso porque segundo a compreensão da recorrente, o auto de infração foi lavrado porque não foi comprovada a existência do processo judicial n. 90.05052848 e uma vez tendo sido comprovada a sua existência a falha teria sido suprida. Ocorre que se olvidou, a empresa recorrente, de salientar que na realidade a autuação originouse na auditoria realizada na própria DCTF remetida pela empresa à Secretaria da Receita Federal do Brasil, na qual detinha irregularidades nos créditos vinculados e informados pela empresa. Certo de que os créditos estavam calcados no processo judicial, posto que a empresa recorrente fundamentava sua contabilidade também nos mesmo, é que a autoridade julgadora viu a necessidade de verificar a veracidade do processo judicial. No entanto, não vislumbro a mudança de balizas de autuação, ainda mais quando a própria autoridade intima a empresa contribuinte a complementar suas razões de impugnação e esta devidamente cientificada assim o deixa de proceder. Convém seguir o itinerário de datas, senão vejamos: a empresa apresenta a sua impugnação no dia 04.01.2002, a DRJ entende necessário baixar em diligência para verificar o andamento do processo judicial na data de 12.07.2002, a solução da Resolução se dá no dia 18.08.2008, a empresa recorrente é cientificada no dia 05.09.2008 para apresentar a complementação da sua impugnação, a decisão da DRJ é prolatada em 13.11.2008. Assim, verificase com clareza que a empresa teve oportunidade de defenderse, complementando a sua impugnação, sem comprometer a sua defesa, mas não o faz por motivos próprios e alheios ao processo. Já no que tange ao mérito da presente controvérsia, imperioso frisar que este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais está jungido à aplicação da Súmula n. 01 que versa: Fl. 126DF CARF MF Impresso em 20/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10380.000098/200200 Acórdão n.º 180301.119 S1‐TE03 Fl. 116 6 “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial” Assim, a recorrente ao ingressar com a ação judicial, cujo objeto da demanda envolve o mesmo objeto do presente processo administrativo, abriu mão da análise por essa esfera administrativa sobre o tema. Este Conselho não pode mais tomar conhecimento do que se discute no processo administrativo e também no processo judicial, abstendose de apreciar o fato e emitir juízo de valor. Desse modo, ainda que a empresa recorrente entenda que a Receita Federal esteja obrigada a aceitar os ditames determinados na sentença judicial, quando esta for julgada em definitivo, devendo pois cancelar o lançamento, isso somente poderá ser feito em seara de execução de sentença, através do processo judicial e não da esfera administrativa. A etapa em que se encontra o processo administrativo obriga que o recurso voluntário, proposto pela empresa recorrente, sequer seja conhecido, pela concomitância ocasionada com a ação judicial proposta pela mesma junto ao poder judiciário. Diante do exposto, julgo por não conhecer do recurso voluntário proposto. É como voto. (assinado digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora Fl. 127DF CARF MF Impresso em 20/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 16/03/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES
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Numero do processo: 19515.721194/2014-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2010
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE REGULAR INTIMAÇÃO. TRANSFERÊNCIA ENTRE CONTAS DE MESMA TITULARIDADE DE FATO. LANÇAMENTO INSUBSISTENTE.
Incabível o lançamento fundado na presunção legal de omissão de receitas por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, na situação em que uma parte dos depósitos bancários não foi objeto de intimação individualizada para comprovação de origem e outra parte consistiu em meras transferências entre contas de mesma titularidade de fato.
Numero da decisão: 1301-002.268
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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E OUTROS ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2010 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE REGULAR INTIMAÇÃO. TRANSFERÊNCIA ENTRE CONTAS DE MESMA TITULARIDADE DE FATO. LANÇAMENTO INSUBSISTENTE. Incabível o lançamento fundado na presunção legal de omissão de receitas por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, na situação em que uma parte dos depósitos bancários não foi objeto de intimação individualizada para comprovação de origem e outra parte consistiu em meras transferências entre contas de mesma titularidade de fato. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 11 94 /2 01 4- 12 Fl. 1042DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.043 2 Relatório ENGEPAR CONSTRUÇÕES LTDA. (contribuinte), CLÁUDIO TEIXEIRA, BENEDITO ACÁCIO LANG, NELSON RUIZ CONSENTINO e ENGEPAR HOLDING LTDA. (responsáveis tributários), já qualificados nestes autos, foram autuados e intimados a recolher crédito tributário no valor total de R$ 17.804.165,83, discriminado no Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo, à fl. 4. O ilícito tributário apontado foi omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários não contabilizados, de origem não comprovada, com base no art. 42 da Leinº 9.430/1996. Os fatos geradores de IRPJ e reflexos de CSLL, PIS e COFINS teriam ocorrido no anocalendário 2009 e a multa aplicada ao lançamento foi de 150%. Consta do Termo de Verificação Fiscal: [...] concluindo a análise da Movimentação Financeira da Pessoa do Sr. Nelson Ruiz Consentino, que gerou este procedimento fiscal; esta fiscalização forma convicção de que as contas correntes mencionadas acima são na verdade de propriedade da empresa Engepar Construções Ltda e prosseguimos na apuração de OMISSÃO DE RENDIMENTOS, caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme discriminado nos Demonstrativos de [sic] e resumido abaixo: [...] Os valores acima apurados serão tributados segundo o disposto no artigo 42 e seus parágrafos da Lei 9.430/96, e artigo 58, parágrafo 5º, da Lei 10.637/02. A multa punitiva foi agravada em face do previsto no § 1º do artigo 44 da Lei 9430/96: [...] A multa qualificada (de 150%) se justifica pelo fato da empresa ter agido, em tese, dolosamente com o franco intuito de impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador de IRPJ e seus reflexos, mantendo conta corrente bancária em nome de interposta pessoa. As operações, na verdade, tratamse de simulação de negócio jurídico com o fim específico de omissão de rendimentos . [...] Considerando que as operações de mútuo não passam de artifício com vistas à sonegação de tributos, e com objetivo de acobertar os pagamentos efetuados pela fiscalizada ao Sr. Nelson Marangoni e conseqüentemente tais valores foram tratados como pagamento sem causa, com apuração dos tributos devidos. Os sujeitos passivos apresentaram impugnação em conjunto, ao fim do que formularam seus pedidos: Fl. 1043DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.044 3 128. Por todo exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência do auto de infração, requer: (i) preliminarmente, seja acolhida a nulidade parcial do auto de infração em razão de atuação fora dos limites do MPF expedido; e (ii) no mérito, requer seja acolhida a presente impugnação administrativa, reconhecendose a nulidade do auto de infração porquanto (ii.1) não haja indicação clara, precisa e individual dos depósitos supostamente injustificados; (ii.2) tenha havido demonstração suficientemente robusta no sentido de que todos os valores objeto de autuação foram devidamente lançados pela IMPUGNANTE, conforme livro Razão, DIPJ, Balancete e Balanço apresentados, sob pena de bis in idem; (ii.3) inexiste motivo que enseja a aplicação de multa majorada; (ii.4) não cabe a responsabilização da pessoa jurídica e demais pessoas físicas incluídas como devedores solidários na presente autuação. (iii) Caso seja julgue necessário, requer seja convertido o julgamento em diligência para produção das provas necessárias à demonstração da regularidade dos lançamentos efetuados pela empresa. Por meio do Despacho Decisório nº 188 (fls. 963/964), o julgador de primeira instância determinou a realização de diligência para que, quanto à matéria litigiosa, a autoridade competente: a) demonstre ter havido, no curso da ação fiscal, a regular intimação de que trata o art. 42 da Lei nº 9.430/96; b) aponte nos autos a localização do demonstrativo que discrimina os depósitos bancários que foram presumidos como receita omitida, com as respectivas justificativas para considerar a origem do depósito não comprovada; Às fls. 968/969 encontrase o Relatório Fiscal de Diligência, no qual a autoridade diligenciadora, em síntese, assim esclareceu: Em relação ao item a, informamos que o contribuinte foi intimado através do Termo de Início de Procedimento Fiscal, TIPF lavrado em 25/08/2014, constantes as fls 5 e 6 do presente processo, sendo a ciência dada através do edital 99/2014, fixado em 04/09/2014 e desafixado em 22/09/2014, edital constante a fls 7 do referido processo, em cumprimento ao artigo 23 item III & 1 item II do Decreto 70.235/72. Por oportuno salientamos que a empresa teve sua inscrição no CNPJ declarada inapta, através do Ato Declaratório 34 de 03/09/2014, publicado no DOU de 04/09/2014, com efeitos a partir de 12/08/2014. Quanto ao item b, informamos que o demonstrativo que discrimina os depósitos bancários que foram presumidos como receita omitida, localizamse as fls 5 e 6 do processo, integrante do Termo de Inicio de Procedimentos Fiscal TIPF. O contribuinte foi regularmente intimado a esclarecer a origem dos depósitos bancários ali discriminados, porem nada apresentou a esta fiscalização, tendo se mantido silente durante todo o período em que transcorreu o procedimento fiscal, conforme pode se observar através da leitura das 967 paginas que compõe o referido processo. Os interessados, então, aduziram contrarrazões argumentando, em resumo, o seguinte: Fl. 1044DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.045 4 12. É fácil, então, observar que (i) a D. Fiscalização JAMAIS intimou a IMPUGNANTE para justificar os depósitos "supostamente omitidos" e que vieram a ser objeto do auto de infração, o que viola o disposto no art. 42 da Lei n9. 9.430/1996 e conduz à nulidade da autuação; (ii) a D. Fiscalização nem mesmo no auto de infração indicou de forma clara, precisa e individual os depósitos supostamente não justificados, sendo apenas apresentado o resultado pronto de um somatório depósitos não justificados em cada um dos meses do ano de 2009 e separado por contas bancárias apenas (fls. 455); (iii) a intimação de fls. 5/6 (mencionada pela a D. Fiscalização) não guarda nenhuma relação com o documento de fls. 455 e muito menos individualiza quais seriam os depósitos de origem não comprovada que vieram posteriormente a ser lançados de ofício pela Autoridade Competente; (iv) o demonstrativo de fls. 5 se relaciona a depósitos REALIZADOS pela IMPUGNANTE e não a receitas omitidas, daí ele não servir para dar suporte a um auto de infração lavrado por presunção de omissão de receitas; (v) a D. Fiscalização não indicou as datas e valores de depósitos não justificados, mas simplesmente um resultado pronto o que impediu a IMPUGNANTE demonstrar, de maneira precisa, que os valores tidos por não justificados integraram, sim, o lançamento bancário descrito no livro razão. [...] 14. Portanto, ratificandose todos os termos da impugnação administrativa, não tendo sido demonstrado pela D. Fiscalização a intimação de que trata o artigo 42 da Lei ns. 9.430/1996 e tampouco a localização de demonstrativo que discrimina os depósitos bancários que foram presumidos como receita omitida, com as respectivas justificativas para considerar a origem do depósito não comprovada, requer seja reconhecida a improcedência e nulidade do auto de infração porquanto (i.1) não haja indicação clara, precisa e individual dos depósitos supostamente injustificados; (i.2) tenha havido demonstração suficientemente robusta no sentido de que todos os valores objeto de autuação foram devidamente lançados pela IMPUGNANTE, conforme livro Razão, DIPJ, Balancete e Balanço apresentados, sob pena de bis in idem; (i.3) inexiste motivo que enseje a aplicação de multa majorada; (i.4) não cabe a responsabilização da pessoa jurídica e demais pessoas físicas incluídas como devedores solidários na presente autuação. A 1ª Turma da DRJ em Juiz de Fora/MG analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 0958.130, de 22/07/2015 (fls. 1016/1024), considerou improcedente o lançamento com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. REGULAR INTIMAÇÃO. Incabível o lançamento fundado na presunção legal de omissão de receitas por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, quando ausentes elementos essenciais para a formação dessa presunção, previstos no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, inclusive a intimação do titular ou dos titulares das contas bancárias. TRIBUTAÇÃO REFLEXA OU DECORRENTE. CSLL. PIS/PASEP. COFINS. Fl. 1045DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.046 5 Aplicase às exigências decorrentes, o mesmo tratamento dispensado ao lançamento da exigência principal, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Como os sujeitos passivos foram exonerados de crédito tributário (principal e multas) em valor superior ao limite de alçada (R$ 1.000.000,00), a Turma Julgadora recorreu de ofício a este Colegiado. À época, esse procedimento era disciplinado pelo art. 34 do Decreto nº 70.235/1972, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.532/1997, e, ainda, pela Portaria MF nº 3/2008. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator Quanto à admissibilidade do recurso de ofício, devese ressaltar a modificação introduzida pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, publicada no DOU de 10/02/2017, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. No caso em tela, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instância (fl. 4), verifico que superam o limite de dois milhões e meio de reais, estabelecido pela norma em referência. Portanto, mesmo com a alteração do limite de alçada, o recurso de ofício permanece cabível, e dele conheço. Quanto ao mérito, a decisão recorrida afastou exigências tributárias incidentes sobre receitas omitidas, apuradas com base na presunção estatuída pelo art. 42 da Lei nº 9.430/1996, qual seja, depósitos bancários de origem não comprovada. Entendeu o julgador a quo que não teriam sido cumpridas as formalidades essenciais para a caracterização da presunção legal, a saber, o sujeito passivo não foi intimado a comprovar os depósitos/créditos em sua conta corrente bancária, de forma individualizada. Compulsando os autos, constato que a decisão recorrida se sustenta por seus próprios fundamentos, que peço vênia para transcrever a seguir (grifos no original): Fl. 1046DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.047 6 No mérito, cabe observar o disposto no art. 42 da Lei n.º 9.430/96, que fundamentou o lançamento: Art. 42. Caracterizamse também como omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. [...] §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; [...]. [Grifei]. Consoante o dispositivo acima, o legislador estabeleceu de forma clara uma presunção legal e relativa de omissão de receita. À fiscalização cabe, então, a prova do fato indiciário, ou seja, que regularmente intimado o sujeito passivo não comprovou a origem dos valores creditados em suas contas bancárias. Além disso, os créditos devem ser analisados individualizadamente. Só então, quando comprovado o fato indiciário, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador do imposto de renda e das contribuições1, presumindose que os recursos depositados traduzem receitas omitidas pelo sujeito passivo. Ao ensejo: [...] Na espécie, em sede de diligência, a fiscalização informou que a intimação, a que alude o art. 42 da Lei nº 9.430/96, e o demonstrativo, que discrimina os depósitos bancários presumidos como receita omitida, constam do Termo de Início de Procedimento Fiscal, às fls. 5/6. Entretanto, a intimação que consta do Termo de Início trata de: 1 – depósitos efetuados pela própria Engepar Construções Ltda na conta corrente do Sr. Nelson Ruiz Consentino; 2 – pagamentos efetuados pelo Sr. Nelson Ruiz Consentino. Na verdade, assim como o primeiro MPFF (fl. 2), o Termo de Início trata de “fiscalização do Imposto de Renda Retido na Fonte”, conforme consignado em seu próprio corpo. Talvez, por esse motivo, tenha constado no TVF a menção de “pagamento sem causa, com apuração dos tributos devidos”, indevidamente, conforme esclarecido no Relatório de Diligência, uma vez que o presente processo trata de omissão de receitas. Não é sem razão que a relação de depósitos constante do Termo de Início não guarda qualquer congruência com a “Tabela de Depósitos Não Justificados” constante do TVF (fl. 455), a qual não discrimina individualmente os depósitos considerados como receitas omitidas. Ressalto que na impugnação foi demonstrada, 1 Por força do § 2º do art. 24 Lei n.º 9.249/95, a omissão de receita apurada com base na legislação do imposto sobre a renda deve ser considerada na determinação da base de cálculo no lançamento das contribuições. Fl. 1047DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.048 7 por amostragem, a incompatibilidade da Tabela supracitada com extratos bancários das contas auditadas. Resta claro, assim, que não estão preenchidos os pressupostos essenciais para a formação da presunção legal, versada no art. 42 da Lei nº 9.430/96. A fiscalização não se desencumbiu de seu ônus probandi, qual seja, a comprovação do fato indiciário que leva à presunção legal de omissão de receita por depósitos bancários de origem não comprovada. Por conseguinte, não há como prosperarem os lançamentos de ofício. Fica prejudicada a análise dos demais argumentos aduzidos na impugnação. Por fim, a título ilustrativo, trago à colação pronunciamentos do CARF corroborando o acima exposto: INFORMAÇÃO ANTES DA AUTUAÇÃO. ORIGEM DOS DEPÓSITOS. PRESUNÇÃO. Para a utilização da presunção, determinada pelo Art. 42, da Lei 9.430/1996, com a caracterização de receita ou de rendimento dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, são necessários os seguintes requisitos: a) regular intimação; b) ausência de comprovação, por documentação hábil e idônea, da origem dos recursos utilizados nessas operações. No presente caso o sujeito passivo, antes da autuação, informou ao Fisco detalhados dados sobre os depósitos (Nome, CPF, CNPJ) e ao Fisco caberia a checagem dessas informações, na busca da verdade material. Recurso Especial do Procurador Negado. [Acórdão CSRF 9202002.408, de 13/03/2013]. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA TITULAR DAS CONTAS BANCÁRIAS FALECIDO ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL LANÇAMENTO LAVRADO CONTRA O HERDEIRO IMPOSSIBILIDADE. O artigo 42 da Lei n° 9.430/96 encerra uma presunção de omissão de rendimentos que se aplica quando o contribuinte, devidamente intimado, não comprova mediante documentação hábil e idônea a origem dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento de que seja titular. Contudo, para a formação desta presunção de omissão de rendimentos, devem estar presentes todos os elementos previstos no caput do artigo 42 da Lei n° 9.430/96, inclusive a intimação do titular ou dos titulares (e não do espólio ou do responsável) das contas bancárias, a quem cabe, com exclusividade, o ônus probandi. No caso, em razão do falecimento do titular das contas bancárias em momento anterior ao início da ação fiscal, não pode prosperar o lançamento efetuado contra o herdeiro com fundamento no artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Recurso especial negado. [Acórdão CSRF 9202002.047, de 21/03/2012]. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. REGULAR INTIMAÇÃO. Incabível o lançamento fundado na presunção de omissão de receitas por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, se ausente a regular intimação para justificativa dos valores creditados em conta de depósito ou de Fl. 1048DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.049 8 investimento mantida junto a instituição financeira, conforme determina o artigo 42 da Lei n° 9.430/96. [...] TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Os lançamentos reflexos devem observar o mesmo procedimento adotado no principal, em virtude da relação de causa e efeito que os vincula. Recurso de ofício negado. [Acórdão 1401001.331, 21/10/2014]. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PRÉVIA. Para a caracterização de omissão de receita a partir dos valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, o titular deve ser regularmente intimado para comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Ante a falta dessa intimação, não cabe ao Fisco lançar o imposto com base na presunção legal de omissão de receitas caracterizada por "depósitos bancários de origem não comprovada". LANÇAMENTO REFLEXO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO, PIS/FATURAMENTO E COF1NS. A tributação reflexa deve, em relação ao respectivo Auto de infração, acompanhar o entendimento adotado quanto ao principal, em virtude da íntima relação dos fatos tributados. [...] [Acórdão 1202000.840, 14/01/2013]. A omissão de receitas por presunção legal exige que todas as formalidades previstas em lei sejam cumpridas para que se possa afirmar a ocorrência da omissão de receitas. Em especial, o contribuinte há de ser regularmente intimado a comprovar a origem dos valores depositados/creditados em sua conta bancária, e a relação dos depósitos deve ser individualizada, bem assim a resposta e as justificativas e comprovações que eventualmente venham a ser apresentadas. No presente caso, ao analisar a movimentação financeira nas contas bancárias de titularidade do Sr. Nelson Ruiz Consentino, o Fisco firmou convicção de que os valores que ali transitaram seriam, de fato, pertencentes à pessoa jurídica Engepar Construções Ltda., vide Termo de Verificação Fiscal, item 2, fl. 454. Na sequência, o Fisco considerou os depósitos efetuados nessas contas (formalmente da titularidade do Sr. Nelson Ruiz Consentino) como receitas omitidas pela pessoa jurídica, com base no art. 42 da Lei nº 9.430/1996, mas não encontro nos autos a indispensável intimação prévia ao titular (ainda que titular de fato) para comprovação individualizada da origem dos depósitos bancários. Em cumprimento da diligência determinada pelo julgador de primeira instância, a unidade de origem informou que essa intimação prévia seria aquela que se encontra às fls. 5/6 dos autos, a saber, o Termo de Início de Procedimento Fiscal. A intimada, de fato, foi a pessoa jurídica Engepar Construções Ltda. Os itens da intimação que poderiam, por análise preliminar, consistir na buscada intimação individualizada para comprovação de origem seriam os itens 2 e 3, a seguir transcritos. 2. Quais as motivação e justificativa para os depósitos efetuados pela empresa em conta corrente do Sr. Nelson Ruiz Consentino CPF nº 088.830.54865conforme discriminado abaixo: [...] Fl. 1049DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.050 9 3. Quais as motivação e justificativa para os pagamentos efetuados pela pessoa física Sr. Nelson Ruiz Consentino CPF nº 088.830.54865, através de suas contas correntes, de obrigações da empresa tais como as discriminadas abaixo: [...] Quanto ao item 3, observase que se trata de pagamentos efetuados pelo Sr. Nelson Ruiz Consentino, ou seja, débitos (saídas) em contascorrentes bancárias de titularidade daquela pessoa física, valores que em hipótese alguma se enquadrariam na presunção legal de depósitos (entradas) bancários de origem não comprovada. Quanto ao item 2, a tabela relaciona valores depositados pela pessoa jurídica Engepar Construções Ltda2 nas contascorrentes bancárias de titularidade do Sr. Nelson Ruiz Consentino, buscando justificativa e motivação para tais operações. Efetivamente, os valores ali especificados são reproduzidos no Termo de Verificação Fiscal, item 6 (fls. 440/442, em duas tabelas que totalizam respectivamente R$ 11.367.124,00 e R$ 2.255.886,72) e podese constatar que consistem em parcela do total (R$ 19.503.461,35, fls. 455/456) que foi objeto de autuação. Até aqui, poderseia pensar que uma parte dos depósitos bancários nas contascorrentes do Sr. Nelson Ruiz Consentino foi objeto de intimação individualizada para comprovação de origem. Mas há aqui um vício insuperável. É que o Fisco concluiu que os valores movimentados nas contascorrentes do Sr. Nelson Ruiz Consentino pertenceriam, de fato, à pessoa jurídica Engepar Construções Ltda. Em assim sendo, os valores objeto de intimação (tabelas totalizando R$ 11.367.124,00 e R$ 2.255.886,72), depositados pela mesma Engepar Construções Ltda., nada mais seriam do que transferências entre contas de mesma titularidade (de fato), impondose a exclusão de tais valores dos montantes tributáveis, a teor do inciso I do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Em assim sendo, seja porque uma parte dos depósitos bancários não foi objeto de intimação individualizada para comprovação de origem, seja porque outra parte consistiu em meras transferências entre contas de mesma titularidade de fato, o lançamento não pode subsistir, tal como decidiu o julgador a quo. Aos lançamentos reflexos aplicase o quanto decidido para o principal. Voto, assim, por negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha 2 De fato, a tabela especifica como depositante Engepar Engenharia Ltda., denominação anterior vigente até 17/06/2010 da mesma pessoa jurídica, que a partir dessa data passou a denominarse Engepar Construções Ltda. Vide Ficha Cadastral Completa, especialmente fls. 39 e 41 dos autos. Fl. 1050DF CARF MF Processo nº 19515.721194/201412 Acórdão n.º 1301002.268 S1C3T1 Fl. 1.051 10 Fl. 1051DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10315.000907/2006-82
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica e Outros
Exercícios: 2002 a 2005
Ementa: SIMPLES. EXCLUSÃO. REVISITAÇÃO DO ASSUNTO, POR CONTA DE RECURSO INTERPOSTO CONTRA A AUTUAÇÃO DO CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE.
Definitivamente decidida, noutra oportunidade, a manutenção do Ato Declaratório de Exclusão – ADE pertinente ao contribuinte, não pode este buscar reabrir a discussão, depois do prazo legal, por ocasião de recurso destinado a debater autuações mediatamente ligadas a seu desenquadramento.
ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS E DOS DOCUMENTOS CONTÁBILFISCAIS.
Uma vez desenquadrado o contribuinte do Simples, volta ele a ficar adstrito ao regime de apuração pelo lucro real, desde a data de geração dos efeitos do ato extrusor. A falta de apresentação, à fiscalização, dos livros e dos documentos da escrita comercial e fiscal acarreta o arbitramento do resultado
da pessoa jurídica, conforme previsto no artigo 530, inciso III, do RIR/99.
Numero da decisão: 1803-000.689
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de
Julgamento, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas- presunção legal Dep. Bancarios
Nome do relator: Benedicto Celso Benício Júnior
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DE MORAIS ME Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica e Outros Exercícios: 2002 a 2005 Ementa: SIMPLES. EXCLUSÃO. REVISITAÇÃO DO ASSUNTO, POR CONTA DE RECURSO INTERPOSTO CONTRA A AUTUAÇÃO DO CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. Definitivamente decidida, noutra oportunidade, a manutenção do Ato Declaratório de Exclusão – ADE pertinente ao contribuinte, não pode este buscar reabrir a discussão, depois do prazo legal, por ocasião de recurso destinado a debater autuações mediatamente ligadas a seu desenquadramento. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS E DOS DOCUMENTOS CONTÁBILFISCAIS. Uma vez desenquadrado o contribuinte do Simples, volta ele a ficar adstrito ao regime de apuração pelo lucro real, desde a data de geração dos efeitos do ato extrusor. A falta de apresentação, à fiscalização, dos livros e dos documentos da escrita comercial e fiscal acarreta o arbitramento do resultado da pessoa jurídica, conforme previsto no artigo 530, inciso III, do RIR/99. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Fl. 419DF CARF MF Emitido em 21/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 21/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR 2 (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Benedicto Celso Benício Júnior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Benedicto Celso Benício Júnior, Marcelo Fonseca Vicentini, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Rodrigues Mendes e Luciano Inocêncio dos Santos. Relatório Contra o sujeito passivo acima identificado foi lavrado o auto de infração de fls. 06/20, para formalização de cobrança do crédito tributário nele estipulado, relativo aos anoscalendários de 2001, 2002, 2003 e 2004, no valor total de RS 15.226,08, incluindo encargos legais calculados até 30/11/2006. Foi realizado arbitramento do lucro trimestral dos anoscalendário de 2001, 2002, 2003 e 2004, tendo em vista que o contribuinte, depois de excluído do Simples e de regularmente notificado a apresentar os livros e documentos da sua escrituração, com base no lucro real, deixou de fazêlo, conforme termos (fls.202, 218, 222, 241 e 243) e intimação (fls. 230). Depreendese dos autos que o contribuinte foi excluído do Simples, preteritamente, mediante o Ato Declaratório 06, de 24/11/2006, originado da constatação do não cumprimento da obrigação acessória de manter toda sua escrituração financeira, inclusive bancária, no livro Caixa, nos termos da Lei n° 9.317/96, art. 7º, § 1º. Regularmente intimada, a empresa não apresentou escrituração contábil de acordo com o lucro real, depois de operada dita extrusão. Foi utilizada, como base de cálculo do arbitramento, a receita constante das notas fiscais de saídas apresentadas, tendo sido efetuado o cálculo do IRPJ e dos reflexos, conforme detalhado em relatório fiscal (fls. 63/67), cujos fatos geradores e valores tributáveis encontramse discriminados às fls. 07/10. Cientificado do auto de infração em 22/12/2006, apresentou o contribuinte, em 18/01/2007, a impugnação de fls. 366 e ss., por meio da qual aduziu as seguintes ilações: “o auto de infração supracitado se fundamentou no fato de esta modesta firma haver sido excluído da sistemática do Simples, por intermédio do ato declaratório nº 06, de 24/11/2006, por conta do não cumprimento de obrigações acessórias, inclusive na escrituração do caixa (exigência do artigo 7°, 1° da Lei 9.317/96)”; Fl. 420DF CARF MF Emitido em 21/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 21/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 10315.000907/200682 Acórdão n.º 1803000.689 S1TE03 Fl. 2 3 “com o advento da Lei n° 9317/96, modificando para melhor o tratamento do pequeno comerciante, com a criação da sistemática do Simples, diferenciando as empresas de pequeno porte das empresas maiores, proporcionando, entre outros benefícios, o direito de participar de licitações para efetuar vendas a órgãos públicos, experimentamos consideráveis impulsos nas nossas receitas, principalmente nos anos de 2003 e 2004”; com isso, suas vendas cresceram, tendo inclusive ultrapassado o limite de micro empresa, em 2003, com vendas de R$ 212.608,95. A empresa foi fiscalizada pelo Estado até junho de 2003, oportunidade em que foram pagos os impostos complementares e, a partir de julho de 2003, passou a ser tributada como EPP, no âmbito do Simples Federal. Ressalta que, no ano de 2004, poderia ter retornado para o Simples como ME, no entanto continuou pagando, como EPP, a alíquota de 5,4% bem maior do que a alíquota devida a titulo de ME; conforme foi dito no apelo dirigido à Delegacia de Julgamento, o Ato Declaratório Executivo n° 06 deveria ser revogado, pois a empresa não infringiu nenhum item impeditivo constante do artigo 9° da Lei n° 9.317/96; foram apresentadas as declarações de ajuste pessoa jurídica simplificada, desde o ano de 1997 até o último exercício, sem qualquer restrições por parte do fisco federal; foram pagos, regularmente, todos os impostos devidos, inclusive contribuições do Simples, durante todos os anos de existência da sociedade; as receitas da peticionária são constituídas exclusivamente de vendas de mercadorias e, em nenhum dos anos anteriores, ultrapassou o limite estipulado pelo artigo 9° da Lei n° 9.317/96; não há débitos juntos aos órgãos públicos federal, estadual e municipal; não houve cometimento de ato doloso, no sentido de burlar o fisco, para reduzir impostos e contribuições; foram cumpridas as determinações constantes do artigo 8° da Lei n° 9.317/96, com exceção da escrituração do livro Caixa dos anos de 2001 e 2002, tendo em vista que o fisco estadual não exigia tal procedimento para firmas desse porte; nesse sentido, fez a empresa de tudo para permanecer gozando dos benefícios da Lei n° 9.317/96 – única maneira de continuar explorando seu pequeno negócio. Não é lídimo que a sociedade deixe de fruir do Simples, por força de uma simples falta de informação acessória, que não tem nada a ver com o fato gerador do imposto; o arbitramento do lucro da empresa – que tem um estoque aproximado de R$ 4.500,00 e vendeu, em 2005, mais ou menos R$ 27.500,00 – é uma maneira esdrúxula de exterminar um pequeno negócio, que constitui o único meio de vida de duas ou três famílias – inclusive a de dois funcionários que trabalham na empresa, graças aos benefícios proporcionados pela Lei n° 9.317/96; o valor dos impostos, contribuições e multa resultantes do arbitramento em lide, mesmo se reduzidos os valores pagos durante toda a existência da empresa, representa cerca de 4 a 5 vezes o valor do estoque em 31/12/2006; Fl. 421DF CARF MF Emitido em 21/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 21/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR 4 face ao exposto, e na esperança de que o Ato Declaratório seja revogado, solicita a reformulação do Auto de Infração ou o seu cancelamento, por ser um ato de inteira justiça. Foi anexado aos autos cópia da impugnação apresentada ao Ato Declaratório Executivo n° 06, de 24/11/2006, de exclusão do Simples, às fls. 370 a 373, bem como cópias dos Autos de Infração, às fls. 374 a 378. A 4ª TURMA – DRJ EM FORTALEZA – CE, ao julgar a impugnação formulada, manteve integralmente o lançamento debatido, ementando sua decisão nos seguintes termos: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: Arbitramento do Lucro. Ausência de Escrituração É cabível o arbitramento do lucro, quando o contribuinte excluído do SIMPLES, não mantiver escrituração contábil regular, bem como, deixar de manter a escrituração financeira inclusive bancária no livro caixa. Havendo possibilidade de conhecerse a receita bruta, inclusive a omitida, o arbitramento do lucro deve tomar por base esse elemento. Tributação Reflexa Contribuição para o PIS/PASEP, Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Aplicase às exigência ditas reflexas o que foi decidido quanto à exigência matriz, devido à intima relação de causa e efeito entre elas.” Cientificado da decisão em 13/02/2008, interpôs o contribuinte, em 12/03/2008, recurso a este conselho, erigindo arguições similares às produzidas no grau inferior e asseverando, ainda, ter apresentado os livros Caixa solicitados, ao contrário do declinado pela Fiscalização. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, Relator Fl. 422DF CARF MF Emitido em 21/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 21/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 10315.000907/200682 Acórdão n.º 1803000.689 S1TE03 Fl. 3 5 O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Dele conheço. Cuidase de auto de infração formalizado para cobrança de IRPJ e de seus reflexos, calcado em apuração do lucro exacionável por arbitramento, nos termos do artigo 530, inciso III, do RIR (Decreto nº 3.000/99): “Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando: (...) III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; (...)” Consoante se pode depreender dos autos, a empresa foi desenquadrada do Simples por força de Ato Declaratório de Exclusão – ADE a ela cientificado em 28/11/2006. O motivo da exclusão, segundo declinado pela autoridade emissora, teria sido, então, o fato de a sociedade não manter corretamente escriturado o livro Caixa, com a indispensável indicação da movimentação financeira e bancária dos períodos. O ADE em questão fora objeto, na época, de irresignação da excluída, manifestada em peça inconformista tempestivamente apresentada, ulteriormente indeferida pela autoridade julgadora competente. O próprio contribuinte, aliás, traz aos autos, em mais de uma oportunidade, cópia de sua manifestação, dando conta da circunstância de o ato extrusivo do Simples já ter sido objeto de debate e de decisão administrativa definitiva. Pareceme óbvio, nesse cenário, que o operado desenquadramento não pode ser revisto por este colegiado. O cerne do presente processo se restringe à lavratura dos AII’s encartados aos autos, fulcrados em procedimento arbitral desencadeado pela nãoapresentação, por parte do contribuinte, dos livros e documentos fiscais imanentes ao regime de apuração pelo lucro real – sistemática que se tornou imperiosa, desde o desenquadramento da empresa. Ocorre, todavia, que as alegações insertas no recurso em apreço tocam, justamente, à pretensa ilegitimidade do ADE formalizado. Repitase, porém, que este tópico não pode ser revisitado na presente seara, porquanto esgotadamente analisado, quanto ao mérito, no momento processual oportuno. Em todo caso, ainda que o arbitramento em si só tenha sido indiretamente enfrentado pela recorrente, é de se ressaltar, sobre o assunto, que também não há motivos que indiquem impertinência da conduta fiscal, frente às circunstâncias do caso concreto. Fl. 423DF CARF MF Emitido em 21/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 21/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR 6 A peticionária foi intimada (fl. 243) a apresentar cópias de seus livros contábeis obrigatórios, lado um, e do LALUR, lado outro, na forma determinada aos contribuintes sujeitos ao regime de apuração pelo lucro real. Estresidos papéis, a despeito disso, não foram entregues, conforme relato de fl. 244 – razão pela qual se realizou o arbitramento do lucro, mediante consideração das receitas brutas de vendas descritas em notas fiscais de saída, apresentadas pela empresa. Ademais disso, também não logrou a postulante justificar as divergências encontradas entre relatórios de vendas e as declarações de rendimentos por ela apresentadas. Por conta deste fato, foram adicionadas ao resultado, ainda, as receitas reputadas omitidas, na forma do artigo 537 do RIR, de forma a compor as bases de cálculo dos tributos ora lançados. Parece, face a tudo, que nada há a ser corrigido no procedimento autuante. As ilações recursais não descortinam qualquer vício que pudesse infirmar o labor fazendário. Aduções respeitantes à capacidade econômica da pessoa jurídica, também erigidas no instrumento de recurso, não podem, no mais, prevalecer sobre a imperiosa aplicação da legislação vigente, dado o caráter vinculado da atividade administrativa. Isto posto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sala das Sessões, em 10 de novembro de 2010 (assinado digitalmente) Benedicto Celso Benício Júnior Fl. 424DF CARF MF Emitido em 21/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 21/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/02/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 15540.000187/2009-58
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.969
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 00 01 87 /2 00 9- 58 Fl. 144DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 147DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 149DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 151DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 15540.000187/200958 Acórdão n.º 9202004.969 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 153DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.001383/2002-58
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2005
Ementa: Processo administrativo fiscal. Nulidade.
A descrição do fato tributado omitida no lançamento e sanada mediante a
lavratura de novo auto de infração com reabertura do prazo para impugnação
afasta a preliminar de nulidade do processo ab initio.
Normas gerais de Direito Tributário. Lançamento por homologação.
Na vigência da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, o contribuinte do ITR está obrigado a apurar e a promover o pagamento do tributo, subordinado o lançamento à posterior homologação pela Secretaria da Receita Federal. E
exclusivamente do sujeito passivo da obrigação tributaria o ônus da prova da veracidade de suas declarações enquanto não consumada a homologação.
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Reserva legal. Nao-incidência.
A falta de averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel, ou a averbação feita alguns meses após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, devendo-se acatar a área comprovada em laudo técnico.
Recurso parcialmente provido
Numero da decisão: 303-32.495
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Tarásio Campelo Borges, relator, que negava provimento. Designado para redigir o voto o Conselheiro Marciel Eder Costa
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: Tarasio Campelo Borges
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Nulidade. A descrição do fato tributado omitida no lançamento e sanada mediante a lavratura de novo auto de infração com reabertura do prazo para impugnação afasta a preliminar de nulidade do processo ab initio. Normas gerais de Direito Tributário. Lançamento por homologação. Na vigência da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, o contribuinte do ITR está obrigado a apurar e a promover o pagamento do tributo, subordinado o lançamento à posterior homologação pela Secretaria da Receita Federal. E exclusivamente do sujeito passivo da obrigação tributaria o ônus da prova da veracidade de suas declarações enquanto não consumada a homologação. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Reserva legal. Mao- incidência. A falta de averbação da area de reserva legal na matricula do imóvel, ou a averbação feita alguns meses após a data de ocorrência do fato gerador, não 6, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal area na apuração do valor do ITR, devendo-se acatar a area comprovada em laudo técnico. Recurso parcialmente provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Tarásio Campelo Borges, relator, que negava provimento. Designado para redigir o voto o Conselheiro Marciel Eder Costa. ANELISE DAUDT PRIETO Presidente DM MARCIEL E Relator designado Formalizado em: n FP/ "fY Processo n° Acórdão no : 13116.0013 : 303-32.495 72002-58 • Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Nanci Gama, Sérgio de Castro Neves, Silvio Marcos Barcelos Fiúza, Nilton Luiz Bartoli e Zenaldo Loibman. Esteve presente o Procurador da Fazenda Nacional Rubens Carlos Vieira. • O Processo no Acórdão n° : 13116.001383/2002-58 : 303-32.495 RELATÓRIO Os autos do presente processo tratam da exigência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) relativo ao fato gerador ocorrido em 10 de janeiro de 1998, bem como juros de mora e multa ex officio (75%), lançados por intermédio do auto de infração de folhas 2 a 7, oportunamente substituído pelo de folhas 52 a 57', inerentes ao imóvel denominado Fazendas Reunidas do Planalto, NIRF 3776950-2, localizado no município de Sao João d'Aliança (GO). Segundo a denúncia fiscal (folha 56), a exigência decorre de falta de recolhimento do imposto apurada mediante a utilização do valor da terra nua (VTN) contido no sistema de preços de terras da SRF, bem como de glosas das áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal. Anteriormente ao lançamento, conforme documento de folha 13, o contribuinte foi intimado a apresentar: • certidão ou matricula atualizada do registro imobiliário; • matricula do imóvel com averbação da reserva legal; • avaliação da terra nua conforme normas técnicas da abnt; • laudo técnico de engenheiro agrônomo ou florestal discriminando e descrevendo as áreas de preservação permanente, separadamente, de acordo com cada inciso do Código Florestal Brasileiro. Regularmente intimado da exigência fiscal em 9 de outubro de 2002, conforme AR de folha 20, o interessado, por seu procurador constituído a folha 27, instaurou o contraditório em 22 de outubro de 2002 2 com as razões de folhas 22 a 26, instruidas com os documentos de folhas 28 a 47, assim sintetizadas no relatório do acórdão recorrido: • não deve subsistir os termos do Auto de Infração ora questionado, por ter sido o mesmo [sic] elaborado em total desrespeito As normas emergentes e em vigor, sem obediência a qualquer critério técnico e [sic] estatuído pela Lei n° 4.771, de 15/09/1965 (Código Florestal Brasileiro) e Lei n°8.748/93; Lavrado para descrever os fatos anteriormente omitidos. 2 Ciente do segundo auto de infração em 18 de novembro de 2002 de folha 60), o interessado não apresentou nova impugnação. 3 : 13116.001383/2002-58 : 303-32.495 • foram desconsideradas as áreas de preservação permanente e de utilização limitada declaradas, obtendo Grau de Utilização de 43,1%, com elevação da aliquota de cálculo de 0,45% para 12,0%. Também foi alterado, aleatoriamente, o valor venal do imóvel de R$ 1.755.155,00 para R$ 4.429.029,00. Devido a essas alterações, foi apurado imposto suplementar de R$ 434.787,76; • o referido imóvel, denominado "Fazenda Reunidas do Planalto", é composto de várias glebas, medindo a sua área total 22.024,47 ha ou 4.550,5 Alqueires Goianos, sendo explorada economicamente por pecuária de corte; • demonstra, de forma discriminada, as glebas que compõem a referida área total; além disso, demonstra as áreas distribuídas do imóvel, a distribuição das áreas utilizadas, o cálculo do VTN e o cálculo do novo imposto (R$ 5.196,89); • desta forma, o auto de infração é infundado e arbitrário e seu valor apurado não condiz com a realidade, tendo sido elaborado, aleatoriamente, sem qualquer fiscalização que procedesse e ao arrepio das Leis e de dados incorretos, não obedecendo a nenhum critério técnico ou legal; • não houve, por parte do autuado, qualquer degradação ao meio ambiente, em reservas naturais, preservação permanente, marginal e de vertente de águas, nascentes e ou grotas, conforme atestado pelo Laudo Técnico elaborado pelo Sr. Luiz Antônio Laner, Eng° Florestal - CREA 3799/D, acompanhado de planta, relatórios e de fotografias, anexados aos autos; • esse Laudo Técnico obedece As normas da Lei n° 12.596/95, instituidora da Política Florestal do Estado de Goiás; demonstrando, ainda, a totalidade do imóvel e sua distribuição, com a existência das áreas de preservação permanente e de reserva legal, como as áreas aproveitáveis com benfeitorias existentes, que reduzem significativamente o imposto devido, como demonstrado; • portanto, o "Laudo Técnico" e os demais documentos que o acompanham, demonstram a irregularidade do auto de infração ora questionado, pois o lançamento foi realizado de forma adversa do que realmente consta em relação As áreas distribuídas (preservadas) e utilizadas do imóvel; • por fim, requer a nulidade do presente ato de infração, bem ainda, seja determinado à elaborNao de novos çamentos, com valores correspondentes aos aqui 'Indicados. 4 Processo n° Acórdão n° Processo n° Acórdão n° : 13116.001383/2002-58 : 303-32.495 A la Turma da DRJ em Brasilia, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente o lançamento, excluindo da exigência a parcela relativa glosa da area de preservação permanente. A mantença das parcelas inerentes ao valor da terra nua (VTN) extraído do sistema de preços de terras da SRF e à glosa da área declarada de reserva legal se deu com os fundamentos de folhas 70 a 74, assim resumidos na ementa do acórdão: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR Exercício: 1998 DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA — RESERVA LEGAL. A área de reserva legal, para fins de exclusão da tributação do ITR, deve estar averbada à margem da inscrição da matricula do imóvel no cartório de registro de imóveis competente, à época do respectivo fato gerador, nos termos da legislação de regência. DO VALOR DA TERRA NUA. A possibilidade de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização está condicionada à apresentação de "Laudo Técnico de Avaliação" emitido por entidade de reconhecida capacitação técnica ou profissional devidamente habilitado, com ART, devidamente anotada no CREA, devendo, ainda, atender As exigências das Normas da ABNT (NBR 8799). DA AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Cabe considerar a área de preservação permanente indicada no documento de prova exigido pela fiscalização para sua comprovação. DA ÁREA TOTAL, DISTRIBUÍDA E UTILIZADA DO IMÓVEL. Com base em provas documentais hábeis, cabe alterar a área total, a Area ocupada com benfeitorias e a área utilizada para pastagens do imóvel. Lançamento Procedente em Parte Ciente, em 14 de outubro de 2003 (AJ. de folha 79), do inteiro teor do Acórdão DRJ/BSA 7.260, de 27 de agosto de 2003, lio recurso voluntário de folhas 90 a 104, interposto em 12 de novembro de 2003, ptliminannente é requerida a nulidade do auto de infração por flagrante cerqtamento do cji1ito de defesa materializado na ausência de descrição do fato tido cdmo 5 • Processo n° Acórdão n° : 13116.001383/2002-58 : 303-32.495 No mérito, aduz o recorrente ser improcedente, na sua totalidade, a exigência tributária na parte em que foi vencido, mas suas alegações contestam apenas a necessidade de prévia averbação da área destinada à reserva legal à margem da matricula no Cartório de Registro Imobiliário. Instrui o recurso voluntário, para garantir a instância recursal, o arrolamento de bem de folha 107. o relatório. • Processo no Acórdão : 13116.001383/2002-58 : 303-32.495 VOTO VENCIDO Conselheiro Tardsio Campelo Borges, Relator Conheço o recurso voluntário interposto em 12 de novembro de 2003, as folhas 90 a 104, porque tempestivo e com a instancia garantida mediante o arrolamento de bem de folha 107, que presumo suficiente em face das manifestações de folhas 119e 128. Preliminarmente, entendo equivocada a pretendida declaração de nulidade do processo ab milho, por cerceamento do direito de defesa, porquanto a reclamada ausência da descrição do fato tido como tributável no auto de infração de folhas 2 a 7 foi oportunamente sanada no auto de infração de folhas 52 a 57. Do novo lançamento, o contribuinte tomou ciência em 18 de novembro de 2002, conforme AR de folha 60, com reabertura de prazo para o oferecimento de nova impugnação. Rejeito, portanto, a preliminar de nulidade. No mérito, conforme relatado, a lide remanescente é restrita à glosa da Area de rese rva legal, matéria dependente da produção de prova documental. E certo que a Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, no seu artigo 10, § 1°, inciso II, alínea "a", permite excluir da área total do imóvel a área de reserva legal para fins de apuração do ITR. Contudo, vincula ao Código Florestal 3 tudo o quanto diga respeito a tal Area excluída. Inicialmente vale lembrar que na vigência da Lei 9.393, de 1996, o contribuinte do ITR está obrigado a apurar e a promover o pagamento do tributo, subordinado o lançamento à posterior homologação pela Receita Federal. Mas é exclusivamente do sujeito passivo da obrigação tributária o ônus da prova da veracidade de suas declarações enquanto não consumada a homologação. Logo, no caso concreto, ocorrido o fato gerador do ITR, sendo exclusivamente do sujeito passivo da obrigação tributária, enquanto não consumada a homologação, o emus da prova da veracidade de suas declarações, sempre que provocado pela administração tributária deve o contribuinte comprovar a existência da dita Area de reserva legal para dela afastar a incidência d buto. \., Buscarei, então, identificar o instruinento nec , es io para tornar . evidente a existência da área de reserva legal declara0 e controvertida c--- \ f-7- Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965. Ç—'-: 7 Processo n° Acórdão no : 13116.001383/2002-58 : 303-32.495 A solução, no meu sentir, está contida no Código Florestal, mais precisamente no § 2° do artigo 16, introduzido pela Lei 7.803, de 18 de julho de 1989, ao determinar expressamente: "a reserva legal [...] deverá ser averbada A margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente [...]". cediço que o Código Florestal não fixou prazo para o proprietário agir, creio, no entanto, que definiu a averbação como única forma de vincular o titular do imóvel As restrições impostas para a utilização da área de reserva legal. Ora, se determinado beneficio é oferecido e como contrapartida exige a instituição de uma área de reserva legal ou se o Estado nacional desonera a tributação da Area de reserva legal dos imóveis rurais, indubitavelmente nenhum dos supostos direitos pode ser reivindicado sem a prévia averbação da área à margem da matricula. Logo, tenho por certo que a matricula com a dita Area já averbada na data da ocorrência do fato gerador do tributo é imprescindível para demonstrar a legitimidade da Area de reserva legal declarada. Isso porque assim como inexiste propriedade imobiliária sem a prévia matricula no cartório de registro de imóveis, não há que se falar em reserva legal sem a prévia averbação da area a margem daquela matricula. Essa é a lógica da definição de reserva legal contida do Código Florestal, exposta neste voto. Muito mais do que preservação do meio ambiente por mera liberalidade do proprietário ou possuidor do imóvel rural, o aspecto teleológico da reserva legal é a garantia da preservação inclusive nos casos de transmissão do domínio ou desmembramento do imóvel rural. Reserva legal é uma espécie do gênero preservação do meio ambiente. Antes da averbação A margem da matricula pode existir preservação mas não existe a reserva legal. Esta é hipótese de não-incidência do ITR; aquela somente será excluída da tributação se enquadrada no conceito e atender As restrições de outras das espécies4 enumeradas no inciso II do § 1° do artigo 10 da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996. No caso presente a averbação da área de reserva legal no Cartório da Registro de Imóveis foi efetivada em 26 de setembro de 2002, posteriormente A data da ocorrência do fato gerador do tributo, consoante certidão de folhas 28 e 29. Com essas considerações, nego provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 20 de outubro de 2005 TARAS iu CAMPELO BORGES — Relator 4 Área de preservação permanente, área de interesse ecológico para a proteção de ecossistemas etc. 8 Processo n° : 13116.001383/2002-58 Acórdão n° : 303-32.495 VOTO VENCEDOR Conselheiro Marciel Eder Costa, Relator designado Parece inconteste, neste caso, que a Area de reserva legal, constante no laudo técnico elaborada pelo Eng. Florestal Luiz Antonio Laner, CREA 37991D, existia e estava preservada, A época do fato gerador do tributo que aqui se discute. A glosa da fiscalização deveu-se ao fato de que a Recorrente não procedeu a averbação tempestiva junto as matriculas do imóveis. Não obstante, tem-se como certo que a manutenção de uma Area de, no mínimo, 20% (vinte por cento) da Area total do imóvel já estava prevista no Código Florestal, Lei n° 4.771, de 15/09/65, com suas posteriores alterações. Portanto, independente de qualquer averbação em cartório, na matricula do imóvel, é certo que a Area de reserva legal de que se trata existia, fato que não é contestado na autuação, nem na Decisão singular, não obstante o contribuinte juntar laudo técnico que comprova a existência da respectiva Area.. E fato inconteste que a falta da averbação da Area de reserva legal na matricula do imóvel não desobriga o contribuinte de respeitá-la e, por conseguinte, aproveitar-se das deduções fiscais. (Precedentes do E. Segundo Conselho de Contribuintes). No caso dos autos, a Recorrente não promoveu a exigida averbação junto a matricula do imóvel, não obstante a existência fAtica da referida Area. Por tal motivo a fiscalização efetuou o lançamento sobre a respectiva Area de reserva legal. Em momento algum questionou a existência de tal Area e da sua preservação. Ora, não se tem noticia, nestes autos, de que o Contribuinte tenha cometido qualquer infração h. lei ambiental, que também estabeleceu a exclusão das Areas de reserva legal e de preservação permanente da base de cálculo do ITR. Se houve algum descumprimento de norma pela Recorrente, em relação à questionada averbação na matricula do imóvel junto ao R.G.I., ou mesmo a obtenção do ADA, no caso com incorreção, trata-se efetivamente, de procedimento acessório, que não pode implicar, certamente, n imposição de tributo, multas punitivas, etc. Não se pode desconhecer que a condição de "Area d reserva legal" não decorre nem da sua averbação no registro de imóveis uenTda vontade do contribuinte, mas de texto expresso de lei. 9 Processo n° Acórdão n° : 13116.001383/2002 -58 : 303-32.495 Ha que se levar em conta, ainda, que a sua averbação, logo em seguida a ocorrência do fato gerador indicado e bem antes da instauração do procedimento fiscal de que se trata satisfaz, plenamente, a exigência formulada pela fiscalização, decorrente das normas legais mencionadas, sobre procedimentos acessórios relacionados a questão. Concluindo, o Laudo Técnico emitido por profissional, é prova suficiente para atestar que a época do fato gerador de que se trata existiam no imóvel, efetivamente, as areas declaradas como de Preservação Permanente e de Reserva Legal. Sendo assim, ha que se excluir tais areas da tributação, conforme estabelecido na legislação de regência, ou seja, Lei n° 9.393/96, a saber: "Art. 10. § 1 0 Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-d: II - area tributável, a area total do imóvel, menos as areas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n° 7.803, de 18 de julho de 1989." (destaques acrescentados) §‘ 70 A declaração para fim de isenção do ITR relativa às areas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso H, § 1 2, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis." (NR) (Alteração introduzida pela M.P. 2.166/67/2001)" Existindo tais areas, não tendo ficado comprovada qualquer falsa declaração do Contribuinte, há que se promover a apuração do ITR excluindo-se as mesmas da tributação, independentemente de qualquer procedimento acessório (averbação no Registro de Imóveis, emissão de ADA, etc). Diante do exposto e por tudo o m s 544 dos autos consta, voto no sentido de dar provimento no tocant a Area de eservh Legal, acatando as areas constantes no laudo técnico como area i e reserv. e pr do permanente. ! Sala das Sessões, em 2 de 41 ti • 1. MARCIEL EDE S R a or detignadc/ //
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