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Numero do processo: 10950.005224/2008-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.
É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruí-lo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Ocorrência de uma das hipóteses de exceção no caso concreto.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INOCORRÊNCIA.
O prazo para homologação de lançamento do art. 150, § 4º, do CTN, com a respectiva aplicação da contagem do prazo decadencial, somente se aplica aos lançados acompanhados do respectivo pagamento do tributo apurado. A simples informação do valor apurado não configura a realização de lançamento por homologação na forma estabelecida pela norma, que se submeta à aplicação da homologação de lançamento.
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. ARTIGO 42 DA LEI 9.430/1996
A presunção legal de omissão de receitas reverte ao contribuinte o ônus de comprovar a origem direta dos recursos (isto é, o depositante), bem como a causa dos pagamentos (isto é, a natureza da operação que deu origem aos valores) referentes aos depósitos bancários efetuados em contas de sua titularidade, de forma que, em não o fazendo, o respectivo valor será considerado receita de sua atividade.
INCONSTITUCIONALIDADE. PENALIDADES.
Sumula CARF 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO.
A exasperação de multas tributárias deve ser devidamente motivada pela autoridade fiscal. Não subsiste a qualificação da multa pelo simples fato de se tratar de omissão de receitas.
Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo.
Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64.
Numero da decisão: 1401-002.645
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência relativamente aos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e junho de 2003 e reduzir as multas de ofício ao percentual de 75%; por maioria de votos, negar provimento ao recurso em relação à decadência dos meses de maio, julho e agosto de 2003, vencidos os conselheiros Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: 09482231708 - CPF não encontrado.
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DECADÊNCIA. OMISSÃO DE RECEITAS. Recorrente RODOALDO TRANSPORTES LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruílo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Ocorrência de uma das hipóteses de exceção no caso concreto. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INOCORRÊNCIA. O prazo para homologação de lançamento do art. 150, § 4º, do CTN, com a respectiva aplicação da contagem do prazo decadencial, somente se aplica aos lançados acompanhados do respectivo pagamento do tributo apurado. A simples informação do valor apurado não configura a realização de lançamento por homologação na forma estabelecida pela norma, que se submeta à aplicação da homologação de lançamento. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. ARTIGO 42 DA LEI 9.430/1996 A presunção legal de omissão de receitas reverte ao contribuinte o ônus de comprovar a origem direta dos recursos (isto é, o depositante), bem como a causa dos pagamentos (isto é, a natureza da operação que deu origem aos valores) referentes aos depósitos bancários efetuados em contas de sua AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 52 24 /2 00 8- 98 Fl. 792DF CARF MF 2 titularidade, de forma que, em não o fazendo, o respectivo valor será considerado receita de sua atividade. INCONSTITUCIONALIDADE. PENALIDADES. Sumula CARF 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. A exasperação de multas tributárias deve ser devidamente motivada pela autoridade fiscal. Não subsiste a qualificação da multa pelo simples fato de se tratar de omissão de receitas. Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência relativamente aos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e junho de 2003 e reduzir as multas de ofício ao percentual de 75%; por maioria de votos, negar provimento ao recurso em relação à decadência dos meses de maio, julho e agosto de 2003, vencidos os conselheiros Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. 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Fl. 793DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 793 3 Relatório Tratase de autos de infração para a cobrança de tributos na modalidade do Simples referentes aos anoscalendário de 2003 a 2005, em razão da suposta omissão de receitas da atividade, relativas a depósitos bancários não escriturados recebidos em contas bancárias de sua titularidade (com multa de ofício qualificada para 150%), bem como de insuficiência de recolhimento resultante da alteração nas alíquotas de recolhimento do Simples, em razão das omissões que aumentaram o valor das receitas (com multa de ofício de 75%). O auto de infração assim descreve os fatos e argumentos que deram ensejo à a autuação (fl. 380383): A ação fiscal teve origem com a DECISÃO/OFICIO n° 102/2005GBJF da JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARAMA VARA FEDERAL CRIMINAL DE MARINGA referente a envolvidos na Operação "Hidra , de fls. 04. RODOALDO TRANSPORTES LTDA ME CNPJ 05.240.802/000192 que intimada a comprovar a origem (vendas, prestação de serviços, empréstimos, etc...) dos recursos creditados em contas correntes bancárias (fls. 82/91), com documentos hábeis e idôneos coincidentes datas e valores, conforme os Demonstrativo dos Créditos a Comprovar anexos, da contacorrente 8.6789 Banco Bradesco Agência 24600, em nome da fiscalizada, conforme Intimação FiscalSAFIS/DRE/MGA n° 001/2008, de fls. 101/105. Que, a fiscalizada apresentou documentos (Conhecimento de Transportes Rodoviários de Cargas, Carta Frete, Recibo de Pagamento de Frete, etc... de fls. 107/160) emitidos em nome de Rodoaldo Transportes Ltda, MCT Transportes Ltda, Paulo Cesar Camargo para comprovar a origem dos depósitos bancários efetuados em suas contas correntes bancárias. Que, a fiscalizada declarou (fls.44/55) o valor de apenas um documento por mês, conforme a seguir: Que, entre os documentos apresentados, emitidas em nome da empresa Rodoaldo Transportes Ltda, foram utilizados para prestação de serviços de fretes, veículos caminhão e carretas registrados em nome das pessoas físicas de Aldo Giliolli, que em Fl. 794DF CARF MF 4 março de 2005, possui conforme relatório da Coordenação Geral de Pesquisa e Investigação da Receita Federal (fls. 161/164) 03 (tres) veículos caminhão trator de placas AEJ3664, GVP6747 e BXH6137 e 04 (quatro) carretas (reboque) de placas HRV1216, HRV1217, AKQ8113 e AKQ7795 e da cônjuge Isaura de Souza Gilioli possui em seu nome o veículo caminhão trator de Placa GUV1330 e 02 (duas) carretas (reboque) de Placas HRV3622 e HRV3623. Que, Aldo Gilioli e Izaura de Souza Gilioli são sócios da empresa Rodoaldo Transportes LtdaME CNPJ 05.240.802/000192 conforme cópia da Declaração Simplificada PJSIMPLES, nas fls. 56. Que, nos documentos apresentados, com relação aos veículos caminhão pertencentes ao Aldo Gilioli e a Izaura de Souza Gilioli, consta como motorista um terceiro e não dos proprietários, fls. 110,114,118,120, etc... Que, dentre dos documentos apresentados em nome de Rodoaldo Transportes Ltda ME que foram realizados com veículos caminhão e carreta de placas ILF 6614, ILF6653, CPJ 8185 e AML 8224. Que, de acordo com os esclarecimentos apresentado juntamente com os documentos já citados, os valores depositados em conta corrente bancária são apenas uma parcela dos rendimentos, uma vez que as cartas de créditos são trocados nos postos de abastecimento de combustível, efetuando pagamento de despesas e recebendo o troco em dinheiro ou cheques. Como se verifica ainda, nos documentos apresentados valores a titulo de adiantamento muitas vezes utilizados para pagamento de despesas. Considerando que, para justificar e comprovar a origem dos créditos em contas correntes bancárias em nome de Rodoaldo Transportes Ltda ME, apresentou documentos referentes a comprovantes de fretes realizados com veículos registrados em nome de Aldo Gilioli e Isaura de Souza Gilioli. Considerando que, existem dentro dos documentos apresentados para justificar e comprovar a origem dos créditos em contas correntes bancárias em nome da empresa Rodoaldo Transportes Ltda ME e Aldo Gilioli (Termo de Verificação da Ação Fiscal referente ao MEF 09.1.05.002007002729), emitidos em nome da transportadora realizados com veículos caminhão e carreta de placa ILF 6614, ILF6653, CPJ 8185 e AML 8224. Considerando que, apresentou outros comprovantes de fretes em nome de terceiros para justificar e comprovar os créditos em contas correntes em nome de Rodoaldo Transportes Ltda ME. Considerando que, os valores dos comprovantes de fretes, são próximos aos valores intimados a comprovar. Considerando que, os valores constantes dos documentos de fretes não tem correlação com os créditos efetuados em contas correntes bancária de Rodoaldo Transportes Ltda ME e não foram identificados a origem (documentos de fretes) e os Fl. 795DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 794 5 respectivos créditos em c/c bancária (depósitos, transferência, etc...). APURAMOS OMISSÃO DE RECEITA caracterizada por depósitos bancários (depósitos, transferências, descontos, etc...) sem comprovação com documentos hábeis e idôneos, da origem dos recursos creditados em contas correntes bancárias, demonstradas nas fls. 107, conforme a seguir: Valor Tributável apurado conforme Termo de Verificação da Ação Fiscal datado de 05/09/2008, de fls. 480, 481, 482 e 483 do anexo IIII, lavrado em nome do sócio Aldo Gilioli, CPF 837.583.05853, será lançado de ofício nesta fiscalização conforme já relatado e justificado no termo anexo, decorrente do Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização 09.1.05.00 2007002729, que nas verificações das obrigações tributárias referente ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anos calendário de 2003, 2004 e 2005, ficou caracterizada que a empresa utilizou a conta corrente bancária para movimentar os recursos da empresa fiscalizada, com o intuito de tentar impedir ou retardar, ainda que parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fator gerador da obrigação principal, o que enseja na majoração da multa de oficio nos termos do artigo 957 inciso II Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000/99. Fl. 796DF CARF MF 6 Os argumentos da impugnação foram assim descritos no relatório da decisão recorrida: Fl. 797DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 795 7 Fl. 798DF CARF MF 8 Em 13 de maio de 2010 a DRJ em Curitiba julgou a impugnação parcialmente procedente, excluindo dos valores cobrados financiamentos cujas origens foram comprovadas em sede de impugnação. O acórdão foi assim ementado: Assunto: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2003, 2004, 2005 DEPÓSITOS/CRÉDITOS EM CONTAS BANCÁRIAS. RECEITAS DE TERCEIROS. BIN IN IDEM. PROVAS. Somente documentação hábil e idônea comprova a alegação de que os depósitos/créditos recebidos em contas bancárias da autuada se tratam de Fl. 799DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 796 9 receitas pertencentes a terceiros; conhecimentos de transporte rodoviário de cargas, cartasfrete, etc, em nome de terceiros não o comprovam, o que torna descabida a acusação de bis in idem. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS CUJA ORIGEM NÃO FOI COMPROVADA. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO JUSTIFICADA. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. ÔNUS DA PROVA DE QUE SE TRATAM DE RECEITAS DE TERCEIROS. O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada. DEDUÇÃO/COMPENSAÇÃO DE IMPOSTOS/CONTRIBUIÇÕES DECLARADOS/PAGO. Improcedente a reivindicação de que os valores que declarou/pagou devam ser deduzidos, porque já o foram, e sem base pedido de compensação, já que nenhum crédito foi constatado. DEPÓSITOS/CRÉDITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO ESCLARECIDA. FINANCIAMENTO BANCÁRIO. Devem ser excluídos da autuação por omissão de receitas com base na presunção legal relativa a depósitos/créditos bancários de origem não esclarecida, financiamentos bancários recebidos autuados, porém não alegados empréstimos pessoais, não comprovados, nem as transferências de conta poupança, não autuadas. PERÍCIA. PRESCINDÍVEL. Indeferese pedido de perícia, considerada prescindível para o deslinde da lide. REQUERIMENTO. DECLARAÇÕES DE TERCEIROS. Negase pedido de verificação de declarações de terceiros contribuintes, cujos comprovantes de prestação de serviços juntou ao processo porem sem conseguir comprovar a alegação de que autuação incidiu sobre receitas desses terceiros. MULTA DE OFICIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. DOLO. Considerandose a intenção dolosa de ocultar os fatos geradores da obrigação tributária, aplicase multa de ofício qualificada de 150% sobre os correspondentes impostos e contribuições sociais exigidos. Fl. 800DF CARF MF 10 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. VEDAÇÃO. Não compete a autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. LANÇAMENTOS REFLEXOS: PIS, COFINS, CSLL E INSS SIMPLES. Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos reflexos o decidido no principal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificada em 2 de julho de 2010 (fl. 702), a contribuinte apresentou recurso voluntário em 23 de julho de 2010 (fl. 703), alegando, em síntese: (i) decadência quanto aos débitos anteriores a 15/09/2003, considerando que a autuação ocorreu em 15/09/2008. (ii) repete as alegações de que parte dos débitos são referentes a veículos de terceiros e que portanto deveriam ser deles cobrados. (iii) argumenta que movimentação financeira não é renda. (iv) defendese da aplicação das multas eis que não é devido o tributo e, subsidiariamente, que as multas de 150% e 75% são abusivas, devendo ser quando muito reduzidas para 10% (v) inaplicabilidade da Selic para débitos fiscais (vi) defende que o ônus da prova quanto aos valores da autuação incumbe única e exclusivamente à União, seja pelo fato de a regra o ser, seja pelo fato de tratarse de prova impossível à Recorrente, em especial porque o art. 333, parágrafo único, II, do CPC, dispõe sobre a impossibilidade de inversão do ônus da prova quando se tornar "excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito". (vii) sustenta a necessidade de prova pericial uma vez que a decisão recorrida considerou como sendo renda numerário movimentado a título empréstimos bancários e baixas de poupança, o que ofende a norma tributária. Recebi o processo em distribuição realizada em 15 de março de 2018. Voto Vencido Conselheira Relatora Livia De Carli Germano O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, portanto dele conheço. Fl. 801DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 797 11 A Recorrente traz em seu recurso algumas das teses de defesa apresentadas na impugnação, afirmando outras de forma inovadora no recurso. Assim, entendo que parte dos argumentos não podem ser sequer conhecidos. Isso porque, nos termos da legislação que regula o processo administrativo fiscal (em especial o Decreto 70.235/1972), os fundamentos de defesa – assim como o pedido de diligência e as provas documentais devem ser apresentados por ocasião da impugnação, precluindo o direito de o contribuinte fazêlo em outro momento processual, em regra. Isso é assim exatamente porque é neste momento que se instaura o contraditório em um procedimento que, até então, era inquisitório. Portanto, é o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação/manifestação de inconformidade, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão nesta ocasião precluem. E digo em regra porque existem as hipóteses de exceção. Neste sentido, os incisos do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 trazem hipóteses em que provas podem ser apresentadas em momento processual diverso da impugnação, quais sejam: (i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (ii) refirase a fato ou a direito superveniente; e/ou (iii) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Neste caso, cabe ao contribuinte demonstrar, em petição fundamentada, a ocorrência de uma dessas condições, nos termos do § 5º do mesmo dispositivo. Outra exceção ocorre quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública1, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet2. No caso, a alegação de decadência, embora não tenha sido veiculada em sede de impugnação, é uma das que merecem ser analisadas na presente instância por se tratar de matéria de ordem pública. Conforme relatado, a empresa foi intimada em 15/09/2008 sobre a cobrança de tributos na modalidade SIMPLES referente a fatos geradores ocorridos entre 30/01/2003 a 31/12/2005. A fls. 220 e seguintes consta a DIPJ 2004/anocalendário 2003 transmitida pela empresa em 20/05/2004, a qual demonstra que, para o período em que se pretende ver 1 Costumase dizer que as matérias que o julgador deve conhecer de ofício são aquelas de ordem pública. É importante ressaltar, porém, que nem todas as matérias apreciáveis ex officio são necessariamente matérias de ordem pública, já que a lei processual, excepcionalmente, pode estabelecer que determinadas matérias de ordem privada sejam apreciadas de ofício. Neste sentido, Teresa Arruda Alvim Wambier explica: “Numa imagem matemática, dirseia que o conjunto de matérias examináveis de ofício é maior do que o das matérias de ordem pública. Portanto toda matéria de ordem pública é examinável de ofício, mas nem tudo o que pode ser examinado de ofício consiste em matéria de ordem pública” (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do processo e da sentença. 4ª ed. São Paulo: RT, 1998, p. 137) 2De fato, se for para formar seu livre convencimento, o julgador pode conhecer de argumentos de fato ou de direito exofficio, desde que indique os motivos que levaram a tal decisão. Isso porque, em virtude do dever de decidir (proibição do non liquet), há o poderdever de aplicar ao caso a norma jurídica que o julgador entender mais pertinente, mesmo que não tenha sido suscitada pelas partes. Fl. 802DF CARF MF 12 declarada a decadência, de fato a empresa apresentou regularmente (no prazo legal) sua declaração, tendo inclusive recolhido tributos na modalidade SIMPLES nos meses de janeiro a abril e junho (nos meses de maio, julho e agosto não houve recolhimento de tributos e a receita declarada foi zero). Nos termos dos artigos 150, § 4º e 173 do Código Tributário Nacional, no caso de tributos sujeitos à sistemática dos denominados “lançamentos por homologação”, é de 5 anos o prazo (decadencial) para as autoridades fiscais promoverem a revisão do lançamento, sendo que a aplicação de um ou outro artigo depende da existência ou não de pagamento (ou declaração) e da presença ou não de dolo, fraude ou simulação, nos termos do REsp Repetitivo nº 973.733SC e do enunciado da Súmula 555 do STJ. Ambos os dispositivos do CTN são claros em dispor que, após esse prazo, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito. É dizer, após os 5 anos não mais se pode discutir a formação da base de cálculo de tributos declarados pelo contribuinte. Vejase (grifos nossos): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Fl. 803DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 798 13 Assim, considerando que houve atividade do contribuinte (declaração) considero aplicável o artigo 150, § 4º, do CTN, devendo ser reconhecida a decadência relativa aos débitos do período anterior ao prazo de 5 anos contados do fato gerador. Assim, oriento meu voto para excluir da autuação, em razão da decadência, os lançamentos relativos aos meses de janeiro a agosto de 2003. Sobre as alegações de que parte dos débitos são referentes a veículos de terceiros e que portanto deveriam ser deles cobrados, conforme apurou a decisão recorrida, não há sequer prova dessa circunstância. Isso porque foram juntados supostos comprovantes de fretes de terceiros, aleatórios, não vinculados com os depósitos questionados, o que não comprova que os valores daqueles fretes que terceiros receberam foram depositados nas contas bancárias. Irreparáveis as observações feitas pela decisão recorrida, que adoto como razões de decidir neste voto nos termos do par. 3o do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno deste CARF3: 41. Alem dos descritos, juntou documentos que comprovam receitas dos terceiros, que alega, eram depositadas em suas contas bancárias, mas que não lhe pertencem, mas a esses terceiros que já se descreveu. 42.0 Às fls. 252/256 juntou cartasfretes em que o proprietário do veículo é Lopes Pereira e Carvalho (HOO6563); as fls. 253, 256, 258, cartasfretes em que o proprietário do veículo é Paulo César Camargo (JYB3367, HOO 6563); as fls. 254/255, Luiz Carlos Valentim (JYB 3367), todas em 06/2003. 43. E as fls. 385/389 Recibos de Fretes em nome da MCT Transportes Ltda, de 03/2005; às fls. 391/397, também mas do mês 04/2005; às fls. 399 e 402/406, outras tantas de 05/2005; as fls.4l0/420, 422/424, outras tantas de 06/2005; fls. 426/429, 431/433, outras tantas de 07/2005; fl. 436, 441, 443 em 08/2005. 44. E às fls. 408/409 e 421, Recibos em nome de Paulo César Camargo, em 06/2005. 45. E as fls. 449/450, comprovante de motorista da Transportadora Maibi Confecções Ltda, em 09/2005; fls. 462/463, em 10/2005. 46. E às fls. 466, CTRC de Margarida Transportes de 09/2005, fl. 467, comprovante da Transportadora Jose Brito Junior, de 11/2005. 47. Verificouse, por amostragem, alguns desses documentos em confronto com depósitos bancários questionados: 3 Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Fl. 804DF CARF MF 14 48. Como se vê, não há sequer coincidência entre os valores e os depósitos bancários questionados. 49. O fato de haver juntado comprovantes de fretes de terceiros, aleatórios, não vinculados com os depósitos questionados, não comprova que os valores daqueles fretes que terceiros receberam foram depositados nas contas bancárias 50. E mesmo se os valores guardassem identidade em valor e datas com os depósitos recebidos, a simples cartafrete ou recibo da adiantamento ao caminhoneiro em veículo de terceiros, nada prova; eis que o documento fiscal comprobatório da receita auferida por uma transportadora é o Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga; no caso, tais documentos apresentados são de empresas como Rebock Transporte e Comércio de Grãos Ltda, ALL América Latina Logística do Brasil Ltda, Transmatic Transporte e Comércio Ltda, Amaggi Exportação c Importação Ltda, Paramatt Transportes Rodoviarios Ltda, lnlogs Logística Ltda, e outras; nem um único CTRC emitido pela Rodoaldo Transportes Ltda foi apresentado, e tampouco dos mencionados terceiros, tanto Aldo Giglioli, como sua esposa e os demais terceiros mencionados, pessoas físicas e jurídicas, constam desses CTRC como proprietários de veículos subcontratados. 51. Ora, se o litigante atuava como agenciador desses veículos e somente recebia comissões, primeiramente, não poderia estar no Simples pois tal atividade é vedada na sistemática (a teor do art. 6°, Xlll da Lei n° Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996), e em segundo lugar, não apresenta documentos comprobatórios; se recebia as receitas de fretes em nome dos terceiros e as repassava, também nada prova. 52. Se por outro lado, apenas a título de argumentação, a Rodoaldo Transportes Ltda contratasse o serviço de transportes com seus clientes, emitisse o conhecimento de frete, subcontratasse um terceiro para efetuar a operação de transporte da carga, recebesse o valor total do frete, caracterizaria a venda de serviços de transporte sendo a receita fato gerador dos tributos calculados com base no faturamento; a operação posterior, em que a Rodoaldo Transportes Ltda repassasse aos terceiros, um valor inferior ao recebido, sem a emissão de qualquer novo documento fiscal, referente à execução parcial do serviço de transporte, caracterizaria sub contratação e a receita total pertenceria a Rodoaldo, mas nao é o caso. 53. A Litigante alega que repassava a terceiros fretes subcontratados por outras grandes empresas transportadoras que lhe eram oferecidos e recebia tais receitas em se nome, mas estas não lhe pertenciam. Fl. 805DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 799 15 54. Não ha motivo algum para se acatar o argumento do impugnante de que os fretes recebidos por terceiros, pela prestação de serviços como subcontratados de outras empresas transportadoras e de logística, valores esses que sequer coincidem com os depósitos questionados, equivaleriam a receitas declaradas por esse terceiros, cujos valores teriam sido depositados em suas contas e, segundo acusa, erroneamente considerados como receitas da autuada; com certeza aqueles valores são receitas dos terceiros, mas daí a considerar que se constituam nos depósitos autuados, não há qualquer comprovação, sendo desprovido de base o argumento. Sobre os argumentos de que movimentação financeira não é renda e de que o ônus da prova quanto aos valores da autuação incumbe à União, cumpre notar que o lançamento foi baseado na presunção legal contida no caput do artigo 42 da Lei 9.430/1996, que assim prevê: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) Quer este dispositivo dizer que o contribuinte têm o ônus de comprovar a origem direta dos recursos (isto é, o depositante), bem como a causa dos pagamentos (isto é, a natureza da operação que deu origem aos valores) referentes aos depósitos bancários efetuados em contas de sua titularidade, de forma que, em não o fazendo, o respectivo valor será considerado receita de sua atividade. Considerando que o Recorrente não teve sucesso em tal comprovação, opera se contra ele a presunção legal do artigo 42 da Lei 9.430/1996. Não prevalece o argumento da Recorrente de que se trata de prova impossível já que o que lhe foi solicitado não sã documentos relativos aos supostos terceiros, mas documentos relativos única e exclusivamente ao Recorrente e aos depósitos bancários efetuados em contas de sua titularidade. Conforme observou a decisão recorrida: 58. A fiscalização identificou que o titular da empresa, Aldo Giglioli recebeu recursos em contas bancárias de sua titularidade; intimado, alegou que se tratavam de recebimentos da empresa Rodoaldo e de terceiros cujos caminhões administrava, o que foi acatado pela fiscalização que intimou, desta vez a empresa, a comprovar o alegado com documentação hábil e idônea, em relação às citadas contas e ainda de conta bancária de titularidade da Rodoaldo. 59. A litigante acostou comprovantes de recebimentos por serviços prestados de transporte de cargas subcontratados (por outras transportadoras que também sub contrataram a litigante) de MC Transportes Ltda, Paulo César Camargo, Transportadora Maibi Confecções e outros, alegando que tais valores foram recebidos nas suas contas, mas que não eram receita sua. 60. Já se comentou nos itens anteriores deste voto que os documentos apresentados não comprovam as alegações, isto é, não comprovou que parte dos Fl. 806DF CARF MF 16 depósitos/créditos pertencia a contribuintes terceiros de quem se deveria exigir os impostos, não se verificou sequer coincidência entre valores e datas dessas receitas de terceiros com os depósitos questionados. 61. Indignase que lhe seja exigida prova de que aqueles declararam aquelas receitas, porque não tem acesso às declarações desses terceiros para verificar se submeteram esses valores à tributação, por isso, é ilegal atribuirlhe o dever de provar algo que lhe é impossível. 62. Ora, ninguém exigiu à autuada que provasse que MC Transportes Ltda, Paulo César Camargo, Transportadora Maibi Confecções e outros que citou tenham declarado suas respectivas receitas, que é assunto a ser tratado entre a RFB e cada um desses contribuintes. 63. O que se lhe exigiu e que provasse a alegação de que depósitos/creditos recebidos, questionados eram recursos pertencentes a terceiros. 64. Isso a litigante não provou. Em resumo, não se trata de exigir prova impossível à Recorrente, nem foi caso de inversão processual do ônus da prova efetuada com base no artigo 333, parágrafo único, II, do antigo CPC. Mais uma vez a decisão recorrida se revela irreparável, não tendo os argumentos trazidos no recurso sido capazes de elidir suas conclusões. Quanto à alegação de que as multas são confiscatórias, ressalto que elas estão previstas na legislação tributária e que não cabe ao julgador administrativo analisar argumentos relacionados à constitucionalidade de tais exações ou alterar os percentuais para valores diversos daqueles estabelecidos nas leis que tratam dos tributos. Sobre o tema, vale citar a Sumula CARF n. 2: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Não obstante sua legalidade, verifico que a autoridade fiscal não apresentou a motivação para a qualificação da multa para 150%. Aparentemente, a multa foi exasperada pelo simples fato de se tratar de omissão de receitas, fato este que não é admitido pela jurisprudência deste CARF, nos termos dos seguintes enunciados: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Neste sentido, não tendo havido a indicação dos fatos que revelariam o dolo necessário à qualificação da multa de ofício, entendo que a multa deve ser reduzida para o percentual de 75%. Sobre o argumento acerca da inaplicabilidade da Selic para débitos fiscais, além de ele não ter sido aventado na impugnação, observo que a jurisprudência deste CARF já se consolidou no sentido contrário, nos termos da Súmula CARF nº 4: "A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Fl. 807DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 800 17 Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." Quanto à necessidade de prova pericial, cabe referir que o processo administrativo tributário é informado pelo princípio do livre convencimento motivado, o qual permite ao julgador que analise o caso concreto à luz da legislação pertinente e firme seu convencimento a partir da prova constante dos autos, devendo relatar os fundamentos de sua decisão e os motivos que o levaram a determinada conclusão. Apenas em caso de eventual necessidade quer de aprofundamento da análise dos fatos apresentados ou de opinião técnica sobre determinado assunto é que o julgador pode solicitar, respectivamente, a realização de diligência a ser efetuada pela autoridade autuante ou outra de mesma competência ou de perícia técnica especializada caso esta última tenha sido requerida pelo contribuinte nos termos do artigo 16 do Decreto 70.235/1979. Cumpre observar também que o indeferimento de pedido de perícia sequer caracteriza cerceamento do direito de defesa, eis que, repitase, a sua realização é providência determinada em função do juízo formulado pela autoridade julgadora. No caso dos autos não vislumbro a necessidade de procrastinação do processo para atender aos quesitos formulados pela recorrente na sua impugnação, já que as provas carreadas aos autos são mais do que suficientes para resolver a lide, não havendo necessidade de maiores digressões para solucionar as questões principais postas a juízo. Se o Recorrente tem necessidade de produzir provas a seu favor, a perícia não é o instrumento adequado para tanto. Mantenho, portanto, a decisão recorrida também quanto ao indeferimento do pedido de perícia. Em resumo, ante o acima exposto, oriento meu voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, a fim de (i) excluir da autuação, em razão da decadência, os lançamentos relativos aos meses de janeiro a agosto de 2003; e (ii) reduzir as multas de ofício ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 808DF CARF MF 18 Voto Vencedor Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Peço a devida venia à ilustre Conselheira relatora para discordar de seu brilhante voto. No que toca à questão da decadência, a relatora entendeu que a norma do art. 150, § 4º, do CTN que estabelece a contagem do prazo decadencial iniciando a partir da existência não apenas do pagamento, mas também quando o contribuinte realiza ato de forma a demonstrar a apuração do tributo, dando azo ao início da contagem do prazo. Apesar de bastante razoável o pensar apresentado no voto vencido, penso em sentido diverso. A simples apresentação de declaração não condiz com a hipótese legal estabelecida pela norma. Vejamos o teor do dispositivo analisado. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Pela leitura da norma o lançamento decorre de dois fatores: o primeiro, em relação à apuração espontânea do valor do tributo devido por parte do contribuinte; o segundo, pelo recolhimento da quantia apurada. Fl. 809DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 801 19 Constituise, assim, o lançamento por homologação pela conjunção de atos que se encerram no recolhimento do tributo devido e, assim, a autoridade administrativa, tomando conhecimento do lançamento expressamente o homologa. Ora, da leitura do dispositivo não se pode excluir o pagamento do valor devido como item necessário à conclusão do lançamento. Se assim não fosse, acaso o lançamento se considerase realizado pela simples apuração e informação do valor devido o que a autoridade tributária iria homologar? A partir do momento que o caput da norma estabelece que o lançamento por homologação é aquele onde a lei atribui o dever de antecipação de pagamento pelo contribuinte sem o prévio conhecimento da autoridade fiscal, este ato consiste em analisar os cálculos de lançamento e conferir se o valor pago foi correto de acordo com os cálculos, assim o fazendo a autoridade homologa o lançamento ou, por decurso do prazo de cinco anos da ocorrência do fato gerador, este se considera homologado. Assim, não existindo o pagamento não há o que se homologar com o decurso do prazo de cinco anos, posto não haver recolhimento antecipado, mas apenas uma informação em declaração apresentada ao fisco. Por todo o exposto, em relação ao presente caso, entendo que a aplicação da norma que estabelece o prazo de decadência, só pode a mesma ser aplicada aos casos em que ocorre o pagamento antecipado do tributo e não a simples apresentação de informação ao fisco, posto que esta não dispensa o recolhimento do valor devido como caracterização da hipótese de lançamento por homologação. À vista do exposto, voto por dar parcial provimento, em relação à decadência, para considerar decaídos apenas os fatos geradores relativos aos meses de maio, julho e agosto de 2003, onde foi comprovado o recolhimento do tributo pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Redator Designado Fl. 810DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.725029/2010-58
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005, 2006
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA SALARIAL.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte.
Numero da decisão: 9202-006.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10580.726609/2009-29, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
EDITADO EM: 05/05/2018
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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NATUREZA SALARIAL. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10580.726609/200929, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator EDITADO EM: 05/05/2018 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 50 29 /2 01 0- 58 Fl. 310DF CARF MF 2 Relatório Tratase de lançamento, conforme Auto de Infração, para cobrança de Imposto de Renda de Pessoa Física, constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. O acórdão recorrido manifestou o entendimento de que referida verba tem natureza tributável. Consoante despacho de exame de admissibilidade proferido pelo Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF, o recurso especial de divergência interposto pelo sujeito passivo, em face do acórdão recorrido, obteve seguimento parcial para que a divergência relacionada à natureza indenizatória da URV fosse apreciada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção do acórdão recorrido, por seus próprios e jurídicos fundamentos. É o relatório. Voto Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202006.334, de 29/01/2018, proferido no julgamento do processo 10580.726609/200929, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos proferidos naquela decisão (Acórdão 9202006.334): Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de processo de Autuação, conforme Auto de Infração, para cobrança de Imposto de Renda de Pessoa Física, exercícios de 2005, 2006 e 2007, para exigência de crédito tributário no valor de R$ 178.526,73, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora, constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10580.725029/201058 Acórdão n.º 9202006.344 CSRFT2 Fl. 3 3 O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pelo Contribuinte trouxe para análise a divergência jurisprudencial em relação à definição da natureza da verba URV. IMPOSTO SOBRE A RENDA E INDENIZAÇÕES Pois bem, como dito a problemática consiste na questão da natureza atribuída a verba recebida pelo contribuinte, e para melhor deslinde da questão mister se faz analisar o enquadramento das indenizações perante a legislação do imposto sobre a renda. A interpretação dada pela Fazenda Nacional é a de que na medida em que a legislação federal, prevê expressamente a isenção ou nãotributação de certas verbas indenizatórias (como as contempladas nos incisos IV e V do artigo 6° da Lei federal n. 7.713/88 ), então só estariam excluídas da incidência estas verbas; e por consequência, todas as demais verbas de caráter indenizatório não expressamente contempladas estariam sujeitas à tributação pelo imposto sobre a renda. Para os doutrinadores esta afirmação é incompatível com os dispositivos constitucionais e também as disposições do Código Tributário Nacional. Para Aliomar Baleeiro, " a renda se destaca da fonte sem empobrecêla", e Marco Aurélio Greco complementa: "indenizar é tornar" sem dano" aquele patrimônio; não é acrescêlo, é recompôlo ao que era antes do evento. Portanto, nestes casos, a indenização não é produto do capital e/ou do trabalho, nem acréscimo patrimonial, razão pela. qual está fora do âmbito de incidência do imposto sobre a renda". Isto significa que o fato de não haver na legislação federal regra expressa prevendo a não incidência de determinada indenização (com o perfil acima) não implica na sua tributação. Ao contrário, não há necessidade de regra neste sentido, pela singela razão de esta indenização não estar alcançada pela norma constitucional (art. 153, Ill). Por definição, está fora do âmbito material de incidência; logo, não precisa haver previsão neste sentido e as que existirem terão caráter explicitador, por vezes, resultantes de dúvidas surgidas quanto à natureza jurídica de determinada verba. O jurista citado ainda ensina que, "indenização que implique recomposição de patrimônio passado economicamente identificável (ou seja, sem haver acréscimo patrimonial), não configura hipótese de incidência do imposto sobre a renda. A verba paga é evento do mundo dos fatos que pode receber mais de uma qualificação jurídica a depender das circunstâncias que a cercam". A questão primordial a ser debatida aqui é saber a quem cabe afirmar a natureza jurídica de determinada verba para fins de enquadramento na legislação do imposto sobre a renda. Três situações podem ser identificadas: a) partes privadas (contratualmente ou por outro instrumento) qualificam determinada verba como de caráter indenizatório; b) o Poder Judiciário, no bojo da prestação jurisdicional, qualifica a verba como indenizatória; e c) a Lei qualifica a verba como indenizatória. Na medida em que a natureza jurídica é que determina a incidência ou não do imposto sobre a renda, importante compreender em quais hipóteses o Fisco Federal pode Fl. 312DF CARF MF 4 recusar a qualificação oriunda de qualquer das situações acima e afirmar a natureza não indenizatória da verba, de modo a deflagrar a incidência das regras do imposto. A terceira hipótese é a que nos importa no caso em tela, uma vez que o contribuinte em questão teve a natureza de sua verba declarada como indenizatória por meio de Lei Estadual. É de se destacar o fato de a qualificação indenizatória dada a verba foi editada pelo legislador através de uma lei específica. Toda lei goza de presunção de constitucionalidade. Caso se tratasse de uma lei federal, o Fisco também federal, não teria competência para afastar sua aplicabilidade, pois não lhe é dado substituirse ao legislador, nem tem competência para declarar a inconstitucionalidade de uma norma. Tratandose de lei estadual abrese o debate, pois a qualificação jurídica por ela veiculada tem o efeito de atribuir ao fato subjacente uma qualidade que por decorrência e em função do caráter de Direito de superposição de que se reveste o Direito Tributário repercute na aplicação da lei tributária federal, ao afastála no caso de indenizações (que não impliquem acréscimo patrimonial). Daí a pergunta, que responde toda a problemática aqui veiculada: pode a lei estadual interferir com a interpretação e aplicação da lei tributária federal? Embora pareça questão de fácil resolução, e a resposta pareça ser a simples alegação realizada pelo Fisco, de que não cabe a Lei estadual interferir nas hipóteses de incidência (fato gerador) de tributo federal, penso que a questão envolve outros institutos jurídicos e concepções tributárias. Para alguns juristas, nos quais novamente cito Marco Aurélio Greco, a pergunta envolve um falso problema. Pois a questão efetiva não é esta, obviamente os Estados não têm competência para legislar sobre imposto sobre a renda. A questão legítima aqui discutida é, se o Fisco Federal pode afastar a qualificação jurídica de determinada verba que tenha sido atribuída por lei estadual válida no ordenamento jurídico. E aqui neste ponto, sem dúvida a resposta é não, por força da presunção de constitucionalidade de que se reveste toda lei. Portanto, enquanto subsistir o preceito normativo, o Fisco federal não possui competência para afastar a qualificação jurídica ali contida. Para afastála é preciso, previamente, buscar a declaração da sua inconstitucionalidade, o que não pode ser realizado pelo Poder Executivo, sem a chancela do Poder Judiciário. Ainda que a alegação do fisco fosse de que o preceito nela contido é manifestamente inconstitucional, por dispor sobre matéria que não cabe ao Estado regular ou se seu conteúdo contiver disciplina inequivocamente conflitante com o ordenamento, a ponto de configurar aquilo que a jurisprudência denomina de "ato teratológico", não é o que ocorre no caso em tela, pois a disposição sobre a verba submetida ao regime estatutário é de plena competência do ente estadual. Assim, não há que se falar que a Lei Complementar n. 20/2003 ou a Lei n. 8.730/2003, possua qualificação jurídica teratológica que possa afastar de plano sua aplicabilidade. Assim, além da presunção de constitucionalidade de que se revestem as leis em referência, elas dispõem sobre matéria que compete aos Estados regular, por dizer respeito ao funcionamento das respectivas Instituições. Portanto, não é estranho que seja a lei a reconhecer a natureza jurídica de determinada verba, à luz do contexto do respectivo regime estatutário, conforme previsão expressa do § 11 do artigo 37, CF, que é explícito ao prever que: Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10580.725029/201058 Acórdão n.º 9202006.344 CSRFT2 Fl. 4 5 “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) XI a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicandose como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (...) § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei." (grifo nosso) Ou seja, podem existir pagamentos a agentes públicos que tenham caráter indenizatório, desde que as respectivas parcelas estejam previstas em lei. Ora, se tais parcelas podem existir, a própria lei também pode afirmar esse caráter, "especialmente" em relação a verba submetida ao regime estatutário. Ad argumentandum tantum, ainda há que se salientar que, sendo da competência dos Estados definir a natureza de tais verbas, ainda é também de sua competência a responsabilidade pela retenção do imposto na fonte e consequentemente é de sua titularidade o direito de cobrála. Contudo até o presente momento não vemos no Estado da Bahia nenhuma menção neste sentido. Assevera, Marco Aurélio Grecco, que a CF/88, a titularidade não é sobre o resultado material da atividade de reter, mas é sobre todo aquele imposto que de acordo com a legislação pertinente deva ser submetido ao regime de retenção na fonte. Esta titularidade é atribuída em caráter exclusivo ao Estado o que afasta qualquer interesse ou pretensão por parte da União. Vale dizer, se determinada verba, pela sua natureza, deve submeterse à retenção, o simples fato de esta ser a respectiva qualificação, afasta por si só a titularidade da União. Ou seja, a União não tem titularidade sobre a parcela do imposto sobre a renda na fonte que incidir (juridicamente) na fonte. A circunstância de haver ou não no plano fático a retenção não modifica esta qualificação jurídica da titularidade sobre esse montante, posto que a qualificação advém diretamente da CF/88 e a eventual inação do Estado em reter não configura transferência de titularidade à União; nem doação a seu favor de verba que pertence ao Estado, Daí a conclusão de que, em relação ao imposto incidente na fonte, a relação jurídica que se instaura é entre o contribuinte e Estado, diretamente, sem qualquer mediação da União. A União editou a lei que dispõe sobre o tratamento tributário das diversas verbas que o contribuinte pode auferir. Mas, em relação àquelas que, por sua natureza, devam se submeter à retenção na fonte, o respectivo imposto pertence integral e exclusivamente ao Estado. Por fim o julgamento do caso em tela implica na aplicação de princípio basilar do Direito Administrativo, qual seja o respeito a legalidade. Assim, enquanto a Administração Fl. 314DF CARF MF 6 Pública só pode fazer o que está previsto em lei, ao Administrado, no caso em tela Contribuinte, é possível fazer tudo aquilo que não é proibido. Ainda, para Hely Lopes Meirelles: Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (MIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo: Malheiros, 2005). A Legalidade é intrínseca a ideia de Estado de Direito, pensamento este que faz que ele próprio se submeta ao direito, fruto de sua criação, portanto esse é o motivo desse princípio ser tão importante, um dos pilares do ordenamento. É na legalidade que cada indivíduo encontra o fundamento das suas prerrogativas, assim como a fonte de seus deveres. A administração não tem fins próprios, mas busca na lei, assim como, em regra não tem liberdade, escrava que é do ordenamento. O Princípio da Legalidade é uma das maiores garantias para os gestores frente o Poder Público. Ele representa total subordinação do Poder Público à previsão legal, visto que, os agentes da Administração Pública devem atuar sempre conforme a lei. Assim, o administrador público não pode, mediante mero ato administrativo, conceder direitos, estabelecer obrigações ou impor proibições aos cidadãos. A criação de um novo tributo, por exemplo, dependerá de lei. Do mesmo modo, a limitação de direitos não poderá ser feita por via de interpretação mais gravosa que aquela propriamente estabelecida na norma. Na fiscalização, o Princípio da Legalidade possui atividade totalmente vinculada, ou seja, a falta de liberdade para a autoridade administrativa. A lei define as condições da atuação dos Agentes Administrativos, determinando as tarefas e impondo condições excludentes de escolhas pessoais ou subjetivas. Por fim, esse princípio é vital para o bom andamento da Administração Pública, sendo que ele coíbe a possibilidade do gestor público agir por conta própria, tendo sua eficácia através da execução jurídica dos atos de improbidade, evitando a falta de vinculação à norma e, principalmente, a corrupção no sistema. Essa preocupação se faz constante para que seja atingido o objetivo maior para o país, o interesse público, através da ordem e da justiça. No caso em tela, entendo que não houve por parte do Estado da Bahia uma intromissão quanto ao tributo federal de competência da União imposto de renda pessoa física. Mas que houve sim, uma natureza indenizatória dada a verbas oriundas do regime estatutário daquele Estado, as quais são de competência exclusiva do mesmo, responsável por gerir e organizar seu Regime Próprio de Trabalho e Previdência. A existência destas leis legitimou o agir do contribuinte, que exerceu direito que lhe foi conferido por lei. Lei esta emitida por Ente participante da Administração Pública, face ao pacto federativo constitucionalmente imposto. Desse modo, por melhor que seja a construção jurídica utilizada pela Receita Federal, afastar a legalidade ou a constitucionalidade de norma válida no ordenamento jurídico prescinde de um conjunto de medidas dispostas na Constituição Federal, as quais não contemplam a possibilidade do Fisco, ou até mesmo do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, negar validade ou aplicabilidade. Observo que o controle de constitucionalidade pode ser realizado de modo preventivo (antes de a lei entrar em vigor) pelo Poder Legislativo ou de modo repressivo (a lei já está em vigência e deve ser expulsa do ordenamento), em regra, no Brasil, é jurisdicional, logo pelo Poder Judiciário na modalidade concentrado ou difuso. Assim resume Zeno Veloso: (...) O controle jurisdicional da constitucionalidade, no Brasil, utiliza o método concentrado, sendo o controle abstrato, em tese, através de ação direta, a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federa, tendo por objeto leis e atos normativos federais e estaduais, em confronto com a Constituição Federal, que nos Estadosmembros, compete aos Tribunais de Justiça, Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10580.725029/201058 Acórdão n.º 9202006.344 CSRFT2 Fl. 5 7 tendo por objeto leis e atos normativos estaduais e municipais, em face da Constituição estadual. Servimonos, também, do controle difuso, concreto, incidenter tantum, exercido por qualquer órgão, singular ou coletivo, do Poder Judiciário. (VELOSO, Zeno. p. 35) Assim, resta evidente que no caso em apreço, ainda que fosse caso de não aplicar a natureza jurídica dada a verba por lei, esta seria de exclusiva competência do Poder Judiciário, pois por uma questão de competência constitucional, legal e regimental, este Tribunal Administrativo não pode afastar a constitucionalidade de Lei. Ressaltese aqui, a clara diferenciação entre o poder dever dos julgadores no âmbito judicial e administrativo. Enquanto o juiz é dotado de equidade, o conselheiro do Tribunal Administrativo é dotado de obediência ao princípio da legalidade. Contudo, compreendo que a melhor solução da questão não prescinde de Juízos de constitucionalidade, vez que conforme explanado acima, a natureza das verbas percebidas pelo contribuinte foram legitimamente declaradas indenizatórias por força de lei estadual, sendo que conforme previsão constitucional é da competência do Ente Federado responsável pelo Regime estatutário fazêlo, não usurpando assim competência da União para declarar as hipóteses de incidência do imposto de renda pessoa física, a quem coube determinar que o imposto era devido sobre verbas remuneratórias, excluindo as indenizatórias, sem no entanto, ser responsável por determinar quais verbas são de uma natureza ou de outra. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte para afastar a incidência do imposto de renda sobre as parcelas pagas a Agentes Públicos Estaduais a Título de Diferença de URV, as quais tem natureza claramente indenizatória. Voto Vencedor Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Redatora Designada Em que pese o brilhantismo e a logicidade do voto da ilustre Relatora, ouso dela divergir, com a máxima vênia, quanto à incidência do imposto de renda sobre o valor recebido a título de diferenças da Unidade Real de Valor (URV). Argumenta o Recorrente, em síntese, a não incidência do imposto de renda sobre a diferença de URV, considerando a natureza indenizatória de tais verbas. A primeira apreciação a ser feita referese à natureza das verbas sob análise. E o segundo ponto a ser analisado é sobre a existência ou não de isenção relativa à URV. Entendo que os valores recebidos pelos contribuintes decorrem da compensação pela falta de correção no valor nominal do salário, oportunamente, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. Não obstante o meu entendimento anteriormente destacado acerca da natureza salarial da diferença de URV, cabe ressaltar que, no caso do Ministério Público da Bahia, foi publicada uma Lei Estadual (LC 20/2003) que dispôs de modo diverso, tratando a verba como indenização. Tendo em vista que o imposto de renda é regido por legislação federal, tal dispositivo não possui efeito tributário para a análise do tributo em questão. Assim, estando a mencionada lei em plena vigência, prestase apenas ao fim por ela almejado, qual seja o pagamento de precatório, de forma especial. Fl. 316DF CARF MF 8 Cabe destacar que a inaplicabilidade da LC 20/2003 não decorre de um juízo de inconstitucionalidade, mas sim de uma interpretação sistemática das normas, em observância do princípio da legalidade, tendo em vista a ausência de lei isentiva, no presente caso. Sobre a aplicação da Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) 245/2002 pugnada pela recorrente, notase que foi conferida natureza jurídica indenizatória ao abono variável concedido à Magistratura Federal e ao Ministério Público da União, não se confundindo com as diferenças decorrentes de URV, ora analisadas. Desse modo, deve ser considerada a natureza salarial das diferenças sob apreciação. Ainda que fosse caracterizada como indenizatória a verba sob análise, ressaltase que a incidência do imposto de renda independe da denominação do rendimento, pois as indenizações não gozam de isenção indistintamente, mas tão somente as previstas em lei específica concessiva de isenção. Havendo, notadamente, acréscimo patrimonial, sob a forma de diferenças de vencimentos recebidos a destempo, resta evidente a incidência do imposto de renda, não havendo lei concessiva de isenção apta a afastar a tributação, nesse caso. Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, negarlhe provimento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, voto em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 317DF CARF MF
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Numero do processo: 10882.908453/2012-01
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Demonstrados no despacho decisório os fatos que ensejaram a não-homologação da DCOMP e informada a sua correta fundamentação legal, é de se rejeitar a alegação de cerceamento do direito de defesa, por falta de fundamento.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE.
É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008
COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 3002-000.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Demonstrados no despacho decisório os fatos que ensejaram a não-homologação da DCOMP e informada a sua correta fundamentação legal, é de se rejeitar a alegação de cerceamento do direito de defesa, por falta de fundamento. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008 COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Demonstrados no despacho decisório os fatos que ensejaram a não homologação da DCOMP e informada a sua correta fundamentação legal, é de se rejeitar a alegação de cerceamento do direito de defesa, por falta de fundamento. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008 COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard – Presidente e Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 84 53 /2 01 2- 01 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10882.908453/201201 Acórdão n.º 3002000.180 S3C0T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem. Relatório Trata o processo de declaração de compensação na qual o contribuinte informa a ocorrência de pagamento indevido ou a maior de Cofins, relativo ao período de apuração julho/2008, e requer a compensação de R$ 6.979,13 com débitos de IRPJ e CSLL. O Per/Dcomp foi transmitido em novembro/2012 (fls. 26 a 30). Por meio de despacho decisório à fl. 31, a Delegacia da Receita Federal em Osasco decidiu pela não homologação por concluir que o crédito relativo ao Darf discriminado havia sido utilizado integralmente na quitação de outros débitos do contribuinte, não restando crédito para a realização da compensação. A recorrente apresentou manifestação de inconformidade na qual alegou nulidade do despacho decisório por falta de motivação e cerceamento de defesa e requereu o direito à apresentação posterior das provas, quando a lide estivesse delineada em seus termos, bem como requereu a determinação de diligências e a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em discussão (fls. 5 a 14). Instruiu sua manifestação de inconformidade com procuração, peças de identificação dos procuradores, contrato social e cópia do despacho decisório (fls. 15 a 25). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife proferiu o Acórdão nº 1149.692 (fls. 35 a 38), por meio do qual decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, tendo em vista a inocorrência das nulidades alegadas , o fato de o contribuinte não ter trazido nenhum elemento para sustentar a sua pretensão e, por fim, a não configuração de hipótese que permita a produção de prova após a manifestação de inconformidade, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 31/07/2008 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Demonstrados no despacho decisório, com absoluta clareza, os fatos que ensejaram a nãohomologação da DCOMP e a sua correta fundamentação legal, é de se rejeitar a alegação de cerceamento do direito de defesa, por total falta de fundamento. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 22/04/2015, conforme Termo de Solicitação de Juntada e AR constantes às fls. 39 e 40, e protocolizou seu recurso voluntário em 19/05/2015, conforme Termo de Solicitação de Juntada à fl. 42. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10882.908453/201201 Acórdão n.º 3002000.180 S3C0T2 Fl. 4 3 Em seu recurso voluntário a recorrente retoma a alegação de nulidade do despacho decisório, por ausência de motivação e cerceamento de defesa; solicita a reforma do acórdão DRJ, reforçando que a decisão é um ato vinculado que deve atender o princípio da legalidade; e transcreve jurisprudência do STF sobre as garantias individuais dos contribuintes, o devido processo legal, contraditório e ampla defesa (fls. 43 a 49). É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard Relatora O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. O Recurso Voluntário retoma as alegações de nulidade, por ausência de motivação do despacho decisório e o consequente cerceamento de defesa. De novo, percebese que a recorrente pretende não apenas restringir a discussão deste processo a questões teóricas, como aprofundálas, trazendo agora a afirmação de que “a controvérsia ora posta é identificar se o ato administrativo é vinculado ou discricionário”, dando a entender ser essa a questão sobre a qual deveria se debruçar este Colegiado. Este litígio, em verdade, é muito simples: uma vez não homologada a compensação, a atuação do contribuinte resumiuse a reclamar sobre direitos ofendidos e a solicitar a produção das provas em momento oportuno. Nunca trouxe suas razões de direito em relação ao crédito propriamente dito, explicando a origem do pagamento indevido ou a maior, nem nunca juntou qualquer documento que ao menos sugerisse a existência do alegado crédito. Na fase de recurso voluntário ainda não sabemos por que motivo ele teria um crédito de Cofins, se erro no cálculo da contribuição, se mero equívoco no preenchimento da DCTF, se esquecimento de se creditar de despesas previstas em legislação. Dessa forma, temse que o ponto central desta lide reside na ausência de demonstração pelo contribuinte do seu direito creditório, e não na definição de ser o despacho decisório um ato discricionário ou vinculado, discussão irrelevante para este julgamento. Como consequência, este é um Recurso Voluntário que tem apenas as preliminares de nulidade, não há alegação de mérito, pois nunca se iniciou a essa discussão. Sobre as alegações de nulidade, transcrevo parte do voto do Acórdão da DRJ, que trago como meu fundamento de decidir: Consoante o disposto no art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/72 (PAF), dúvidas não pairam de que o cerceamento do direito de defesa é sim causa de nulidade do ato administrativo. Todavia, é de se ressaltar que o referido cerceamento se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, circunstâncias que não se configuraram na espécie. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10882.908453/201201 Acórdão n.º 3002000.180 S3C0T2 Fl. 5 4 Com efeito, o Despacho Decisório de fl. 31, além de conter a fundamentação legal (arts. 165 e 170 do CTN e 74 da Lei nº 9.430/96) e os dados relativos ao DARF correspondente ao pagamento realizado, indica que o indeferimento ocorreu porque houve a constatação de que “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. Nesse contexto, importa destacar que tratando o presente pleito de utilização de suposto pagamento indevido, ou maior que o devido, para a compensação de débitos de titularidade do contribuinte e por ele confessados em DCTF, a análise a ser levada a cabo fica limitada a que seja verificado se o pagamento indicado como lastro da compensação encontrase nos sistemas de controle da RFB e em que medida foi utilizado para a quitação de débito confessado pelo próprio contribuinte em sua DCTF. A verificação é bastante simples, sendo também muito simples a solução a ser dada ao requerimento: havendo pagamento indevido ou maior que o devido deferese o pleito, caso contrário indeferese. Assim, se do processamento eletrônico da DCOMP resultou a constatação da inexistência do crédito (em face da utilização integral do pagamento indicado na DCOMP para quitar débito do contribuinte por ele declarado/confessado, em decorrência de vinculação do pagamento ao referido débito, efetuada pelo próprio contribuinte, na DCTF, frisese) não há que se falar em pagamento indevido (de que trata o art. 165 do CTN) e nem em crédito líquido e certo a ser compensado (na forma do art. 170 do CTN e art. 74 da Lei nº 9.430/96). Não há como prosperar a alegação de ausência de motivação do despacho decisório se a justificativa indicada na decisão atacada (inexistência de crédito em razão da utilização integral do pagamento supostamente indevido para quitar débitos do contribuinte) guarda relação direta com o resultado (não homologação da compensação) e com os respectivos fundamentos legais. Dessa forma, não há nulidade a ser declarada a propósito de cerceamento do direito de defesa (por violação de princípios como os da ampla defesa e do contraditório). (grifado) Tendo sido a referida decisão sido lavrada por autoridade competente, fundamentada e sem preterição do direito de defesa, não cabe falar em nulidade do ato, pois atendidos os pressupostos do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, assim como os dispositivos constitucionais e legais que regem o processo administrativo fiscal. Nos casos de solicitação de restituição, compensação e ressarcimento de crédito contra a Fazenda Nacional, é pacífico que a demonstração da certeza e liquidez é ônus que pertence ao requerente. Define o Código de Processo Civil (CPC) em seu artigo 373 que, quanto ao fato constitutivo de seu direito, o ônus da prova incumbe ao autor. E, ainda sobre as Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10882.908453/201201 Acórdão n.º 3002000.180 S3C0T2 Fl. 6 5 provas, dispõe da seguinte maneira o Decreto nº 7.574, de 2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União: Art. 28. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29 (Lei nº 9.784, de 1999, art. 36). (grifado) Não está a Fazenda autorizada a restituir ou a compensar um crédito pleiteado pelo contribuinte que esteja em contradição com sua própria declaração de débitos perante a Receita Federal e que não esteja amparado por nenhuma documentação que demonstre a ocorrência de erro. A isso se some, com igual importância, que a compensação somente é autorizada para créditos líquidos e certos, conforme estabelece o art. 170 (CTN), in verbis: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (grifado) Dessa forma, para que a Receita Federal autorize a compensação, deve a recorrente demonstrar de forma inequívoca seu crédito, por meio de alegações e provas, e o momento de fazêlo, regra geral, é quando da apresentação da manifestação de inconformidade, em obediência ao Decreto nº 70.235, de 1972, que assim institui: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (grifado) Não obstante a clareza do dispositivo, nenhum preceito foi atendido. Ao longo deste processo, o contribuinte se limita a repisar os mesmos argumentos, ao mesmo tempo em que alega cerceamento de defesa. Pelo exposto, rejeito as preliminares de nulidade e nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10882.908453/201201 Acórdão n.º 3002000.180 S3C0T2 Fl. 7 6 Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10825.723197/2015-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
NULIDADES. OMISSÃO DE RECEITAS. ERRO DE CAPITULAÇÃO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. VÍCIO NA INTIMAÇÃO. NÃO CABIMENTO.
Sendo lavrado auto de infração com correto enquadramento legal relacionado a omissão de receitas, atendendo a todos os requisitos exigidos pela legislação fiscal, não há que prosperar a alegação de erro de capitulação, recaindo, neste caso, ônus da prova sobre o contribuinte. Menos cabível a alegação de erro na identificação do sujeito passivo quando suficientemente comprovado nos autos que a conta bancária fiscalizada pertence ao sujeito passivo autuado. Não há vício na intimação quando o Fisco formaliza tal ato respeitando todos os trâmites legais.
SIGILO BANCÁRIO. OMISSÕES DE RECEITAS. ACESSO LEGITIMADO.
As informações bancárias obtidas pela fiscalização por intermédio da requisição de movimentação financeira junto a instituição financeira são idôneas e protegidas pelo sigilo fiscal. A Lei Complementar nº 105/2001 legitima o fornecimento de informações relacionadas ao sujeito passivo sob fiscalização, quando a autoridade fiscal entender que o exame de tais informações é indispensável para o deslinde da controvérsia,afastando, portanto, a alegação de quebra de sigilo bancário.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS ADMINISTRADORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO EVIDENTE.
Não basta para caracterizar a responsabilidade tributária solidária dos sócios, que estes meramente estejam exercendo função sócio-administrativa na pessoa jurídica autuada. O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilização surta efeitos justos.
DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. PAGAMENTO. NÃO IDENTIFICADO. NÃO INCIDÊNCIA.
Tratando-se justamente de lançamento de "Omissão de Receita", não podendo ser identificados nos autos prova de pagamento do tributo exigido, ainda que parcial, não é possível a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN. Sendo cabível a contagem decadencial proporcionada pelo artigo 173, do mesmo diploma fiscal.
MULTA QUALIFICADA
A reiterada e significativa omissão de receita perpetrada inclusive por meio do registro a menor dos valores das operações enseja a qualificação da multa de ofício.
JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. CABIMENTO.
A incidência da taxa de juros SELIC sobre os juros moratórios que recaem sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal é legítima. Pauta-se o afirmado pela Súmula CARF nº 4. Ressalte-se que, quanto à alegação de que não haveria incidência de juros sobre a multa de ofício, tal fato não decorre da autuação, mas sim do vencimento da multa, por ocasião do não pagamento voluntário do valor resultante do auto de infração, no seu respectivo vencimento, momento em que se iniciará o computo de juros sobre a multa.
Numero da decisão: 1401-002.360
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso da Contribuinte Mondelli Indústria de Alimentos S.A e do apontado como responsável solidário, o Sr. Gennaro Mondelli Filho, dando provimento e afastando a responsabilidade tributária de Antonio Mondelli, Constantino Mondelli, José Mondelli, Braz Mondelli, e Martino Mondelli.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010 NULIDADES. OMISSÃO DE RECEITAS. ERRO DE CAPITULAÇÃO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. VÍCIO NA INTIMAÇÃO. NÃO CABIMENTO. Sendo lavrado auto de infração com correto enquadramento legal relacionado a omissão de receitas, atendendo a todos os requisitos exigidos pela legislação fiscal, não há que prosperar a alegação de erro de capitulação, recaindo, neste caso, ônus da prova sobre o contribuinte. Menos cabível a alegação de erro na identificação do sujeito passivo quando suficientemente comprovado nos autos que a conta bancária fiscalizada pertence ao sujeito passivo autuado. Não há vício na intimação quando o Fisco formaliza tal ato respeitando todos os trâmites legais. SIGILO BANCÁRIO. OMISSÕES DE RECEITAS. ACESSO LEGITIMADO. As informações bancárias obtidas pela fiscalização por intermédio da requisição de movimentação financeira junto a instituição financeira são idôneas e protegidas pelo sigilo fiscal. A Lei Complementar nº 105/2001 legitima o fornecimento de informações relacionadas ao sujeito passivo sob fiscalização, quando a autoridade fiscal entender que o exame de tais informações é indispensável para o deslinde da controvérsia,afastando, portanto, a alegação de quebra de sigilo bancário. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS ADMINISTRADORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO EVIDENTE. Não basta para caracterizar a responsabilidade tributária solidária dos sócios, que estes meramente estejam exercendo função sócio-administrativa na pessoa jurídica autuada. O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilização surta efeitos justos. DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. PAGAMENTO. NÃO IDENTIFICADO. NÃO INCIDÊNCIA. Tratando-se justamente de lançamento de "Omissão de Receita", não podendo ser identificados nos autos prova de pagamento do tributo exigido, ainda que parcial, não é possível a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN. Sendo cabível a contagem decadencial proporcionada pelo artigo 173, do mesmo diploma fiscal. MULTA QUALIFICADA A reiterada e significativa omissão de receita perpetrada inclusive por meio do registro a menor dos valores das operações enseja a qualificação da multa de ofício. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. CABIMENTO. A incidência da taxa de juros SELIC sobre os juros moratórios que recaem sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal é legítima. Pauta-se o afirmado pela Súmula CARF nº 4. Ressalte-se que, quanto à alegação de que não haveria incidência de juros sobre a multa de ofício, tal fato não decorre da autuação, mas sim do vencimento da multa, por ocasião do não pagamento voluntário do valor resultante do auto de infração, no seu respectivo vencimento, momento em que se iniciará o computo de juros sobre a multa.
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OMISSÃO DE RECEITAS. ERRO DE CAPITULAÇÃO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. VÍCIO NA INTIMAÇÃO. NÃO CABIMENTO. Sendo lavrado auto de infração com correto enquadramento legal relacionado a omissão de receitas, atendendo a todos os requisitos exigidos pela legislação fiscal, não há que prosperar a alegação de erro de capitulação, recaindo, neste caso, ônus da prova sobre o contribuinte. Menos cabível a alegação de erro na identificação do sujeito passivo quando suficientemente comprovado nos autos que a conta bancária fiscalizada pertence ao sujeito passivo autuado. Não há vício na intimação quando o Fisco formaliza tal ato respeitando todos os trâmites legais. SIGILO BANCÁRIO. OMISSÕES DE RECEITAS. ACESSO LEGITIMADO. As informações bancárias obtidas pela fiscalização por intermédio da requisição de movimentação financeira junto a instituição financeira são idôneas e protegidas pelo sigilo fiscal. A Lei Complementar nº 105/2001 legitima o fornecimento de informações relacionadas ao sujeito passivo sob fiscalização, quando a autoridade fiscal entender que o exame de tais informações é indispensável para o deslinde da controvérsia,afastando, portanto, a alegação de quebra de sigilo bancário. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS ADMINISTRADORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO EVIDENTE. Não basta para caracterizar a responsabilidade tributária solidária dos sócios, que estes meramente estejam exercendo função sócioadministrativa na pessoa jurídica autuada. O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 72 31 97 /2 01 5- 01 Fl. 18096DF CARF MF 2 empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilização surta efeitos justos. DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. PAGAMENTO. NÃO IDENTIFICADO. NÃO INCIDÊNCIA. Tratandose justamente de lançamento de "Omissão de Receita", não podendo ser identificados nos autos prova de pagamento do tributo exigido, ainda que parcial, não é possível a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN. Sendo cabível a contagem decadencial proporcionada pelo artigo 173, do mesmo diploma fiscal. MULTA QUALIFICADA A reiterada e significativa omissão de receita perpetrada inclusive por meio do registro a menor dos valores das operações enseja a qualificação da multa de ofício. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. CABIMENTO. A incidência da taxa de juros SELIC sobre os juros moratórios que recaem sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal é legítima. Pautase o afirmado pela Súmula CARF nº 4. Ressaltese que, quanto à alegação de que não haveria incidência de juros sobre a multa de ofício, tal fato não decorre da autuação, mas sim do vencimento da multa, por ocasião do não pagamento voluntário do valor resultante do auto de infração, no seu respectivo vencimento, momento em que se iniciará o computo de juros sobre a multa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso da Contribuinte Mondelli Indústria de Alimentos S.A e do apontado como responsável solidário, o Sr. Gennaro Mondelli Filho, dando provimento e afastando a responsabilidade tributária de Antonio Mondelli, Constantino Mondelli, José Mondelli, Braz Mondelli, e Martino Mondelli. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa. Fl. 18097DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.097 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão 1463.713 1ª Turma da DRJ/RPO que por unanimidade de votos julgou improcedente as impugnações, mantendo o crédito tributário de IRPJ, CSLL, COFINS e PIS lançados para os anocalendário 2010, e a responsabilidade solidária atribuída aos sóciosadministradores. Os autos de infração em questão foram lavrados, em 24/11/2015, relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$ 3.426.033,22 (fl. 3), à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$ 1.242.011,96 (fl. 40), à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) no valor de R$ 1.503.599,07 (fl. 68) e à Contribuição para o PIS/PASEP no valor de R$ 326.439,28 (fl. 95) acrescidos de juros de mora à taxa SELIC e multa de ofício de 150%, sobre todas as infrações, formalizando o crédito tributário de R$ 19.618.328,03. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 121 a 147) a autuação decorreu : a) da omissão de receitas de vendas realizadas sem a respectiva emissão de nota fiscal, e b) da omissão de receitas por presunção legal, mediante suprimento de recursos através de contas de titularidade do contribuinte. O procedimento fiscal iniciouse, em 07/03/2014, com a ciência do Termo de Início de Fiscalização, no qual o contribuinte foi intimado a apresentar documentos bancários diversos, com o objetivo de verificarse o registro contábil e a regularidade no cumprimento das obrigações tributárias relacionadas ao IRPJ, nos anoscalendário 2009 e 2010. Após a intimação, o contribuinte solicitou prorrogação de prazo para apresentação de documentos, findo o qual a intimação foi atendida parcialmente. Outras novas intimações foram expedidas e no curso do procedimento fiscal, constatouse a existência da conta corrente nº 7351, agência 0075, mantida no Banco Itaú, cuja titularidade pertencia a autuada. Instado a informar em qual conta contábil foi registrada a movimentação financeira da conta bancária acima discriminada, no período de 01/01/2009 a 31/12/2010, a autuada informou que não registrou nenhum lançamento contábil desta conta corrente no período de janeiro de 2005 a outubro de 2011. Nova intimação foi expedida com o objetivo de esclarecer a origem dos recursos financeiros creditados na conta bancária em questão, considerando ainda que parte dos recursos eram oriundos do próprio contribuinte. Ofereceuse ao sujeito passivo a opção pela apresentação de extrato ou autorização para acesso direto às informações financeiras junto à instituição bancária. Necessário ressaltar que consta dos autos (fls. 1225/1238) o Mandado de Intimação expedido em 14/08/2013 pela Juíza de Direito Auxiliar da Primeira Vara Cível da Comarca de Bauru/SP, nos autos de ação de recuperação judicial, da empresa Mondelli Indústria de Alimentos S.A., decretando o afastamento dos atuais administradores e conselheiros administrativos da empresa, Antônio Mondelli, Constantino Mondelli Filho, José Fl. 18098DF CARF MF 4 Mondelli, Constantino Mondelli, Braz Mondelli, José Roberto Dalla Coletta, Martino Mondelli, José Mondelli, Braz Mondelli e José Roberto Dalla Coletta . No mesmo instrumento nomeouse como gestora a empresa Hapi Comércio Alimentícios Ltda – CNPJ 07.319.683/000193. Em resposta à intimação, a fiscalizada informou que os documentos solicitados foram entregues à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Bauru (DRF/BAU) nos termos do ofício proferido pela 1ª Vara Cível da Comarca de Bauru/SP, expedido em 21 de outubro de 2014. A documentação, segundo o ofício, foi apresentada pelo administrador judicial nomeado Fernando José Ramos Borges, para as devidas providências. Entre os documentos apresentados, constam extratos de duas contas corrente declaradas pelo atual contador da empresa como não contabilizadas, quais sejam: · Banco Itaú – Agência 0075 – Conta Corrente 007351 Período de 01/01/2005 a 01/10/2011 · Nova América Fomento Mercantil – Conta Corrente 003864 Período de 20/01/2011 até 19/05/2014 Em relação ao anocalendário 2009, constituiuse, considerando os dados fornecidos, os créditos relativos ao IRPJ, CSLL, Cofins e PIS, bem como recalculouse os valores apurados e declarados pelo contribuinte, apurandose novos valores de prejuízo contábil e base de cálculo negativa da CSLL. Esses créditos estão abarcados no processo administrativo de nº 10825.723097/201496. Consta também dos autos, autorização, emitida em 27 de outubro de 2014 e assinada por Charles Jean Marc Henri Leguille, representante da gestora Hapi Comércio Alimentícios Ltda., permitindo o acesso de informações financeiras, junto ao Banco Itaú, agência 0075, conta corrente nº 7351, relativo ao período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2011. Analisando os documentos entregues pelo administrador judicial, a fiscalização identificou que teriam sido creditados recursos financeiros naquelas duas contas bancárias já mencionadas como não contabilizadas, provenientes provavelmente de vendas sem nota fiscal. Diante dessas evidências, a DRF/BAU, expediu em 18 de novembro de 2014, o Ofício nº 122/2014 DRF/BAU/SAFIS, nos autos de recuperação judicial da empresa, solicitando que fossem encaminhados àquela fiscalização todos os documentos que pudessem comprovar as vendas em valores correspondentes aos creditados nas contas bancárias não contabilizadas. Em 11 de dezembro de 2014, novo ofício expedido pela 1ª Vara Cível da Comarca de Bauru/SP, solicitava informações sobre as providências tomadas pela RFB em relação ao determinado no ofício datado de 21 de outubro de 2014. Em resposta a DRF/BAU esclareceu as medidas adotadas e reiterou a necessidade de apresentação dos documentos solicitados no Ofício nº 122/2014 DRF/BAU/SAFIS. Em 07 de janeiro de 2015, o contribuinte foi novamente intimado, dessa vez para apresentar declaração e extrato da conta corrente nº 003864, mantida na instituição Nova América Fomento Mercantil Ltda, no período de 20/01 a 12/10/2011, tendo em vista que no extrato apresentado anteriormente não constava o timbre oficial da instituição financeira. Em resposta, Charles Jean Marc Henri Leguille, representante da gestora Hapi Comércio Alimentícios Ltda., apresentou documento no qual autorizava o acesso das Fl. 18099DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.098 5 informações financeiras, junto àquela instituição, conta nº 3.864, relativo ao período de 01 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2011. De posse das autorizações para acesso das informações bancárias, referentes às contas mantidas no Banco Itaú e na Nova América Fomento Mercantil Ltda, ambas instituições financeiras foram intimadas a apresentar os respectivos extratos. O Banco Itaú apresentou o extrato solicitado, referente ao anocalendário 2011. Cabe ressaltar que o extrato do anocalendário 2010 já havia sido apresentado anteriormente pelo sujeito passivo. A factoring Nova América Fomento Mercantil Ltda, em resposta à intimação, declarou que o contribuinte cessionou seus títulos de crédito de forma onerosa na modalidade convencional. Após a apresentação de novos documentos, a fiscalização concluiu, por amostragem, que os valores negociados e registrados nos extratos foram escriturados na contabilidade. Consta do relatório apresentado pelo administrador judicial, juntamente com o ofício proferido pela 1ª Vara Cível da Comarca de Bauru/SP, expedido em 21 de outubro de 2014, que os recursos financeiros provenientes de vendas sem nota fiscal e caixa 2, além das contas já mencionadas, também foram creditados na conta aberta junto a Cooperativa de Crédito Credicitrus em nome dos sócios Antônio Mondelli, Constantino Mondelli, Braz Mondelli e José Mondelli. Todavia foram apresentados poucos documentos comprovando esse feito. Expediuse intimação para a pessoa física do administrador judicial, porém a pessoa jurídica Fernando Borges – Administração, Participações e Desenvolvimento de Negócios Ltda em resposta informou ser ela a nomeada administradora judicial da massa falida, e não a pessoa física que a representa. A administradora judicial foi intimada a apresentar em relação aos anoscalendário 2010 e 2011, todos os documentos que comprovassem as vendas sem nota fiscal e a existência de Caixa 2, em valores correspondentes aos creditados nas contas bancárias não contabilizadas. De posse dos documentos, a fiscalização cruzando informações obtidas na ECD – Escrituração Contábil Digital, entregue pelo contribuinte, elaborou algumas planilhas e identificou que os valores creditados na conta corrente nº 7351 do Banco Itaú, Agência 0075, relativo ao período de 01/01/2010 a 31/12/2010, não foram contabilizados pelo contribuinte, presumindose que os valores que transitaram por esta conta bancária referemse a vendas sem emissão de nota fiscal. Esses valores foram tributados pela autoridade fiscal, como omissão de receitas por venda sem nota fiscal e Caixa 2. Durante a ação fiscal também ficou comprovado que o contribuinte mantinha contabilidade paralela, vulgarmente Caixa 2, que no caso da empresa em questão, era denominada Caixa W. Verificouse que parte dos valores efetivamente creditados na conta corrente nº 7351 do Banco Itaú, Agência 0075, estavam contabilizados como transferência entre contas, contabilizados a débito na conta “Banco Itaú S/A c/c 68.0009” e a crédito da conta “Banco Mercantil do Brasil S/A – c/c 022240339”. A autoridade fiscal, com fundamento no art. 282 combinado com os arts. 283 e 848, todos do RIR/99, aplicou a infração de suprimento de caixa via banco, expurgando tais valores da base de cálculo da infração de omissão de receitas receitas por venda sem nota fiscal e Caixa 2. Fl. 18100DF CARF MF 6 Tendo em vista que com estes procedimentos utilização de caixa dois, suprimento de recursos, via banco na contabilidade, omissão de receitas de vendas sem nota fiscal e movimentação destes recursos em conta de depósito não contabilizada , o sujeito passivo teve a intenção dolosa de ocultar características de fatos, omitindo receitas, reduzindo o lucro real e a base de cálculo da CSLL, objetivando a diminuição da tributação, a autoridade fiscal aplicou a multa de ofício majorada para 150%, com fundamento no inciso II do art. 957do RIR/99. Também atribuise a responsabilidade prevista no art. 135, incisos II e III do Código Tributário Nacional (CTN) as pessoas físicas abaixo relacionadas, que no anocalendário 2010, constavam, conforme documentos acostados aos autos, como administradores da empresa Antônio Mondelli, Constantino Mondelli Filho, José Mondelli, Constantino Mondelli, Braz Mondelli, José Roberto Dalla Coletta, Martino Mondelli, José Mondelli, Braz Mondelli e José Roberto Dalla Coletta. Deve ser responsabilizado, com fundamento nos mesmos dispositivos legais, Gennaro Mondelli Filho, CPF 044.220.27840, na condição de procurador da pessoa jurídica desde 25 de julho de 2001, com poderes de gerir os interesses da outorgante. E por tratarse de infração que configura, em tese, crime contra a ordem tributária, elaborouse Representação Fiscal para Fins Penais (Processo nº 10825.723198/2015 48), nos termos da Lei n° 8.137/90 e em cumprimento ao disposto no art. 1°, inciso I do Decreto n° 2.730/98 e art. 1° da Portaria RFB n° 2.439, de 21 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria RFB nº 3.182/2011. Somente a responsável solidária Rosana Aparecida Accolini Dalla Coletta não apresentou impugnação, os demais responsáveis solidários apresentaram impugnações, cujas alegações serão descritas a seguir : Impugnação da autuada – Mondelli Indústria de Alimentos S/A e dos conselheiros José Mondelli, CPF 012.553.12815, Braz Mondelli, CPF 362.799.86853, Constantino Mondelli, CPF 436.768.98834 e Antônio Mondelli, CPF 374.870.27872 Os conselheiros acima relacionados tomaram ciência do Auto de Infração em 27/11/2015. Inconformados, a pessoa jurídica Mondelli Indústria de Alimentos S/A e os conselheiros José Mondelli, Braz Mondelli, Constantino Mondelli e Antônio Mondelli, por intermédio de seus advogados, ingressaram com a impugnação de fls. 13.684/13.738 na qual, inicialmente, relataram o que denominaram de “Reais Acontecimentos”, afirmando que em 29/05/2014 foi apresentada uma petição subscrita pelo Administrador Judicial, Fernando José Ramos Borges Filho, e pelo Perito Contador, Misael Correia de Albuquerque, afirmando que os Srs. Constantino Mondelli, José Mondelli, Braz Mondelli, Antonio Mondelli e Constantino Mondelli Filho teriam cometido (1) crimes falimentares, (2) de sonegação fiscal, no âmbito estadual e federal, (3) evasão de divisas, (4) etc. e, naquela oportunidade, já havia sido devassado o sigilo bancário do contribuinte e dos acionistas. Argumentam que o relatório do administrador judicial fez referência à fatos supervenientes que dizem respeito a período anterior à recuperação, que vai de 2005 a meados de 2011, sem qualquer relação com o processo de recuperação, ou seja, nenhum dos fatos supervenientes identificados no relatório do administrador judicial ocorreram na gestão de Constantino Mondelli Filho, ou dos senhores Constantino Mondelli, Braz Mondelli, Antonio Mondelli e José Mondelli. Nem mesmo os acionistas atuais tiveram qualquer relação com as imputações do auto de infração e os fatos apurados pela fiscalização, pois no período de 2005 até fevereiro de 2008, a administração era exercida pelo falecido Genaro Mondelli, e no Fl. 18101DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.099 7 período de fevereiro de 2008 até outubro de 2010, pelo espólio de Genaro Mondelli e Martinho Mondelli, que outorgaram procuração a Antonio Mondelli, com o intuito de representar os majoritários, pois o espólio e Martinho Mondelli detinham 55% das quotas patrimoniais. Alegam também que Fernando José Ramos Borges e Misael Correia Albuquerque promoveram a quebra do sigilo bancário dos acionistas, com o intuito de fabricar indícios fraudulentos, objetivando forjar um suposto esquema no qual a omissão de receita (já objeto de autuação pelos fiscos estadual e federal) teria o propósito de favorecer credores (pecuaristas). No referido relatório, segundo os impugnantes, encontramse os dados bancários sigilosos dos requerentes, que foram obtidos de forma ilegal e fraudulenta, pois sem qualquer ordem judicial para exibilos. É através de um suposto crime contra a ordem tributária (caixa dois/contabilidade paralela), que o administrador judicial passou a vislumbrar que poderia existir um favorecimento dos acionistas com alguns credores, e em face disso a empresa Mondelli Indústria de Alimentos S/A teria que ir para a bancarrota. A criação de indícios, supostas omissões, visaram perpetrar Charles Henri Marc Leguille, gestor Judicial da empresa Mondelli Indústria de Alimento S/A, na direção da empresa. Asseveram que, em 29 de maio de 2014, após todos os indícios criados falsamente pelo administrador judicial Fernando José Ramos Borges terem sidos desmistificados pela autoridade policial nos autos do Inquérito Policial n° 175/2013, restando claro a fraude processual que estava cometendo, este protocolou petição direcionada para a juiza Rossana Teresa Curioni Mergulhão, afirmando que havia descoberto crimes falimentares, crime contra a ordem tributária e suposto benefício a diversos credores da empresa recuperanda, deixando claro que a empresa deveria falir e colocar no comando o gestor nomeado Charles Marc Henri Legulle. Argumentam que se existiu omissão de receita, esta ocorreu antes da entrada da empresa em Recuperação Judicial, em 31/01/2012, e referida omissão é da antiga administração e gestão (Genraro Mondelli até fevereiro de 2008 e espólio de Genaro Mondelli e Martino Mondelli até outubro de 2010), da qual os requerentes não participaram. Em relação ao processo administrativo, ora em análise, os impugnantes argüiram nulidade do auto de infração pelas razões a seguir sintetizadas. Quebra do sigilo bancário sem autorização judicial Alegaram que ocorreu a quebra do sigilo bancário do contribuinte e dos acionistas sem ordem judicial e não se pode admitir que o Administrador Judicial quebre o sigilo bancário. Relativamente à pessoa jurídica, afirmam que os extratos bancários foram devassados sem ordem judicial, pois os extratos, emitidos em abril de 2014, referemse as operações anteriores a 2012, quando do pleito de recuperação judicial, entretanto o administrador judicial só pode ter acesso aos mesmos durante o processo de recuperação para acompanhar a saúde financeira da empresa. Nulidade das intimações do Mandado de Procedimento Fiscal Alegaram que o gestor judicial não detém poderes para representar a sociedade, e muito menos para receber intimações fiscais e quebrar o sigilo bancário dos acionistas e do Conselho Administrativo, pois os acionistas jamais deixaram de ser os verdadeiros proprietários da empresa Mondelli Indústria de Alimentos S/A e o Conselho de Administração, órgão que pode deliberar sobre qualquer matéria, não foi afastado. Concluíram que Charles Henri Marc Leguille (na condição Fl. 18102DF CARF MF 8 de gestor da empresa HAPI) não pode representar a sociedade em atos sujeitos ao sigilo fiscal, nem pode exercer sequer a função de gestor judicial. Decadência do lançamento apurado trimestralmente Alegaram que em relação ao IRPJ e CSLL o fato gerador ocorre trimestralmente e, assim, parte do lançamento estaria decaído nos termos da legislação que estabelece apuração trimestral. Erro na capitulação legal da infração (1) Alegaram a impossibilidade de aplicação da presunção legal sobre os depósitos, já que o contribuinte não foi regularmente intimado. Prosseguem alegando que tais receitas possuem tratamento tributário próprio para apuração no lucro trimestral, não cabendo desta forma a autoridade fiscal, com base na recomposição dos dados bancários da ora impugnante, presumir que tais receitas sejam fruto de renda não comprovada. Concluíram que diante da manifesta ausência de correspondência entre a realidade fática do caso e a legislação que rege a tributação das empresas de construção no lucro real trimestral, mostrase totalmente descabida a aplicabilidade da presunção, fato que eiva de nulidade qualquer procedimento tendente a ratear pretensos créditos bancários de origem não comprovada proporcionalmente a receitas da atividade, que tenham sido efetivamente auferidas no período sob fiscalização, sendo insubsistente a adoção deste critério para o arbitramento dos rendimentos rurais tributáveis, face a total ausência de amparo legal. Acrescentaram que a Fiscalização deveria identificar, positivamente, qual preceito o impugnante descumpriu, ou melhor, caberia relacionar, por exemplo, a previsão legal da infração cometida, aplicando a penalidade nela prevista, caso isso, de fato, tenha ocorrido. O que, na verdade, não se concretizou. Erro na capitulação legal da infração (2) Alegaram que, em momento algum, a fiscalização procurou identificar a fonte das receitas que o impugnante realizou. Tendo em vista que na atividade rural existem meios próprios para a apuração de rendimentos, não caberia a autoridade fiscal, com base na recomposição dos dados da CPMF da empresa autuada, presumir que tais receitas sejam fruto de atividade rural. O montante tributável apurado pela fiscalização, através do arbitramento, configurase, portanto, em um ato subjetivo e de mera liberalidade. Com efeito, o comando introduzido pelo art. 18 da Lei n.° 9.250/95, dispõe sobre a obrigatoriedade de se comprovar a veracidade das receitas e das despesas, mediante documentação idônea que identifique o adquirente ou beneficiário, o valor da operação e a data da operação, fato que afasta a pretensão de presumirse que estas receitas provém da atividade rural. Acrescentam que, mesmo que se admitisse a ocorrência de infração, não poderia ter sido efetuado o lançamento com base no fundamento adotado, dado que os dispositivos legais que amparam a autuação não correspondem, mesmo que hipoteticamente, a realidade dos fatos. Erro na identificação do sujeito passivo Alegam que no Termo de Verificação Fiscal a autoridade fiscal reconhece a existência de recebimento dos recursos pela fiscalizada tendo origem em suas atividades Fl. 18103DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.100 9 comerciais, todavia deixa ao largo as atividades de cunho rural, já que o contribuinte, não tendo sido regularmente notificado, não pode informar. Prosseguem afirmando que “tal constatação torna indiscutível a ocorrência de erro na identificação do sujeito passivo, visto que o reconhecimento da origem dos recursos nas atividades comerciais, industriais e rurais do impugnante descaracteriza a tributação dos créditos bancários em desfavor de sua pessoa jurídica, por ser nítida a prática de diversas atividades comerciais, por ser inegável e patente a prática habitual de tais operações comerciais, como, por exemplo, o comércio de animais.”. Asseveram que sendo claro e incontroverso o erro na identificação do sujeito passivo que compõe a presente relação, face a todas as provas trazidas a colação, que comprovam a origem dos recursos que transitaram nas contas correntes da autuada e que foram devidamente reconhecidas pelo autoridade fiscal, a presente autuação deve ser cancelada. Falta de intimação regular do titular legal da conta corrente. Argumentam que nenhum dos representantes legais da empresa foi regularmente intimado, portanto, teria ocorrido cerceamento de defesa por ausência de intimação na pessoa do titular da conta corrente, ou seja, na pessoa do representante legal. O gestor judicial, segundo afirmam, não apresentou a documentação que comprovaria a origem dos recursos de diversos depósitos. Sendo assim, em relação ao aspecto formal e material, o auto é nulo, pois não ocorreu a intimação regular do titular da conta mantida em depósito em conta junto a instituição financeira. Quanto ao mérito, propriamente dito, a impugnação insurgiuse quanto aos seguintes elementos: Suposta omissão de rendimentos Os impugnantes reiteraram que não ocorreu a regular intimação do contribuinte, uma vez que não foram encaminhados aos verdadeiros representantes legais do contribuinte qualquer Mandado de Procedimento Fiscal. Ademais, segundo alegam, a Auditoria Fiscal não procurou identificar a fonte das receitas do impugnante. Origem dos recursos e inaplicabilidade do art. 42 da Lei 9.430/96 Também alegam que a fiscalização não observou o art. 18 da Lei 9.250/95, que dispõe sobre a obrigatoriedade de se comprovar a veracidade das receitas e das despesas. Conforme podese verificar nos autos, não se ofereceu aos verdadeiros representante legais do titular da conta, a oportunidade de prestarem informações a respeito dos recursos que transitaram nas contas correntes em questão, o que é causa de cerceamento de defesa. Ressaltaram, que “relativamente a esse tipo de operação, por não se tratar de depósito, de recebimento de algum crédito ou de cobrança de algum valor, não se pode cogitar que o ingresso dos recursos nas contas correntes seja de origem desconhecida, mas sim um adiantamento, com rendimento nele impregnado, caso haja, não tendo seu fato gerador ocorrido no momento do seu desconto, mas sim na data do efetivo vencimento da cártula, ou em sendo empréstimo, nem rendimento será.”. Fl. 18104DF CARF MF 10 Prosseguem alegando que diante de tais constatações, as operações aqui fiscalizadas e autuadas não estão alcançadas pelas disposições do art. 42 da Lei 9. 430/96, por não ser possível estabelecer, precisamente, a data do fato gerador do pretenso rendimento, quando não ocorre a intimação regular do representante legal do contribuinte. Sustentam que os documentos apresentados na fase da fiscalização provam que os recursos recebidos pela fiscalizada eram provenientes de suas atividades comerciais, não sendo possível, portanto, submetêlos à tributação de recursos de origem não comprovada. Invalidade do lançamento com base em quebra de sigilo bancário Alegam nulidade no lançamento por vicio material na colheita das informações bancárias sem prévia ordem judicial, em violação ao já decidido pelo STF, e que os dados bancários não foram entregues pelo titular ou pelo seu representante legal, portanto, segundo entendem o lançamento não pode subsistir. Impossibilidade de responsabilização por sujeição passiva solidária Alegaram que os fatos descritos no Termo de Verificação Fiscal dizem respeito a período anterior ao pedido de recuperação fiscal, relativos aos anos de 2005 a meados de 2011, período que sequer os atuais acionistas exerceram qualquer gestão, pois até a morte de Genaro Mondelli, a administração era exercida exclusivamente por este, e após em conjunto pelo espólio de Genaro Mondelli e Martino Mondelli, quando então entregaram o cargo de administradores da companhia em 7/10/2010, consoante documentação anexada. Dessa forma, o termo de sujeição passiva solidárias deve restringirse as pessoas de Martino Mondelli, CPF 023.393.74804, e Gennaro Mondelli Filho, CPF 044.220.27840, que exerceram a administração da companhia nesse período. Impossibilidade de aplicação da multa agravada de 150% Novamente alegam que nenhum dos representantes legais da empresa foi regularmente intimado, e assim teria ocorrido cerceamento de defesa, sendo nulo o lançamento, o que impossibilita o lançamento de multa agravada. Sustentam que a aplicação da multa de 150% não deve subsistir, pois não há registros de documentos inidôneos ou fraudes na escrituração contábil. Não há que se falar em fraude à lei ou dolo, em virtude de uma conta de depósito do titular não estar conciliada com a contabilidade. Efeito confiscatório da multa Argumentam que a multa de 75% afronta, não só o princípio da vedação da instituição de tributo com efeito confiscatório, como também o direito de propriedade. • Impugnação da autuada – Mondelli Indústria de Alimentos S/A, representada pela gestora indicada pelo juízo Inicialmente, a impugnante informa que a atual Gestora foi nomeada pelo juízo onde se processa a recuperação judicial e representa os interesses do contribuinte judicial e extrajudicialmente em atos de gestão, e que durante a instrução processual sempre colaborou com a fiscalização, fornecendo todos os documentos e informações de que dispunha, sendo de interesse da companhia e da própria Gestora, a apuração e transparência de todos os atos pretéritos que contribuíram para a deletéria situação financeira vivenciada. Fl. 18105DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.101 11 Afirma na impugnação, que a fiscalização apurou que a pessoa jurídica Mondelli Indústria de Alimentos S/A teria movimentado valores na conta corrente n° 7351, agência 0075, do Banco Itaú, no anocalendário de 2009, que não foram contabilizados. Sendo assim, foram constituídos, por meio de auto de infração, créditos tributários correspondentes ao IPRJ, CSLL, COFINS e PIS. Incidindo sobre os valores apurados a multa de 150%. Contestando o lançamento aduz como razões de defesa o seguinte. Da verdade real Alega que a busca pela verdade real ou verdade material deve ser o fim almejado pelos órgãos responsáveis pelos processos decisórios, com vistas a garantir a efetividade da aplicação da justiça e, em última análise, assegurar a pacificação social. Assim, a simples movimentação bancária, embora destituída de sua contabilização, não atesta, de pronto, omissão de receita para fins de incidência tributária, por se tratar de mera presunção legal, passível de mudança. Outrossim, assevera que eventual desídia na contabilização não atrai, por si, o agravamento da multa para o percentual de 150%, sequer atesta o fato como ação dolosa. Lançamento de imposto com base em "renda presumida" Alega que a movimentação bancária do contribuinte, levantada por meio de extratos, foi considerada como disponibilidade econômica ou jurídica para fins de lançamento de imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, entretanto, esses dados, por si só, não demonstram nenhuma exteriorização de riqueza que permita a incidência do gravame fiscal, pelo menos em relação à pessoa jurídica que, ao revés, encontravase até a atual gestão, em franco declínio. Prossegue argumentando que ao lado da movimentação dos valores na conta corrente do contribuinte, é igualmente necessário que se faça a comprovação da utilização dos valores depositados, de forma a evidenciar aumento de patrimônio e os chamados "sinais exteriores de riqueza", vez que os simples depósitos bancários são tidos como meros indícios. Acrescenta que o fato de se comparar a renda declarada pelo contribuinte com o montante dos depósitos não tem o condão de revelar a hipótese de incidência prevista no art. 43 do CTN. Assim, os depósitos bancários, embora possam refletir indícios de auferimento de renda, não caracterizam, per si, disponibilidade de rendimentos, razão pela qual não podem ser considerados como "aplicações" no fluxo de "entradas" e "saídas" para apuração de variação patrimonial. Cabe à fiscalização aprofundar seu poder de investigação para demonstrar que os depósitos representaram, efetivamente, gastos suportados pelo contribuinte. Justifica esse argumento, citando o art. 9º do Decretolei nº 2.471/88, que dispõe sobre o cancelamento de débitos com a Fazenda Nacional, quando constituídos exclusivamente com base em valores de extratos ou de comprovantes de depósitos bancários. Também menciona que a jurisprudência, nesse sentido, é maciça e pacífica tanto do antigo Conselho de Contribuintes, quanto da Câmara Superior de Recursos Fiscais e ainda do Superior Tribunal de Justiça. Fl. 18106DF CARF MF 12 Alega que a autuação decorreu da presunção de que a falta de escrituração dos valores movimentados na conta corrente e não contabilizados, per si, caracterizam, também, omissão de receita. Entretanto, a autoridade fiscal deve provar de forma inequívoca os fatos indiciários, não podendo se valer da presunção para constituição do crédito tributário, sob pena de nulidade do lançamento por ausência de prova. Por outro lado, se o lançamento estiver devidamente embasado em prova, ao contribuinte é passado o ônus de apresentar prova para desconstituir a situação que goza de presunção legal. Erro na determinação da base de cálculo dos tributos Argumenta que a fiscalização considerou a totalidade dos valores movimentados em conta bancária da autuada para lançamento do IRPJ, quando deveria ter utilizado um dos critérios do lucro arbitrado para lançamento do imposto. Acrescenta que osvalores de depósitos bancários, por não caracterizaram disponibilidade econômica de renda, não devem constituir fatos geradores do imposto de renda. Prossegue alegando que em virtude da não contabilização da totalidades das operações, a contabilidade tornase imprestável, hipótese em que é aplicado art. 47 da Lei nº 8.981/95 que tem redação semelhante ao o art. 530 do RIR/99. Acrescenta que o art. 532 do RIR/99 dispõe que quando conhecida a receita bruta, o valor tributável deve ser apurado aplicandose os mesmos percentuais aplicáveis para o cálculo da estimativa mensal e o lucro presumido. E conclui que o erro na determinação da base de cálculo do IRPJ contamina o lançamento com vício insanável de ilegalidade, tornandoo nulo. Multa Punitiva de 150% A impugnante alegou que a fixação de multa no patamar de 150% sobre o valor do tributo que deixou de ser pago desvirtua o seu objetivo de neutralizar o efeito tributário e reprimir condutas dolosas que provocam lesão ao Fisco. Prossegue argumentando que não pode haver distorção entre a medida estabelecida em lei e o fim por ela objetivado, e que o modo de combater e punir os ilícitos fiscais deve ser disposto com penalidades que guardem adequação dos meios e dos fins, sob pena de violação ao princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Argumenta que na análise deste princípio aplicado a multas fiscais, vislumbrase que uma lei que estabeleça uma multa elevada para combater a sonegação fiscal deve ser graduada em percentual proporcional ao seu objetivo de punir e reprimir o ato ilícito. A questão ainda é importante, em vista de que a não observância do princípio da proporcionalidade na imposição das multas pode violar o direito à propriedade. Também invoca o princípio do nãoconfisco, e embora a Constituição Federal, em seu artigo 150, IV, vede a utilização do tributo com efeito de confisco, a mesma regra há de ser aplicada às obrigações acessórias. Afirma que o efeito confiscatório tem ínsita relação, quando tratado em matéria tributária, com o princípio da capacidade contributiva. A capacidade econômica é a condição básica para a incidência de uma exação fiscal. A incidência dessas multas fiscais confiscatórias afetará a capacidade contributiva. Ainda sobre a multa, aduz que é exatamente com fundamento no princípio da boafé, e, portanto, pela exclusão de culpa, que não pode o contribuinte ser punido pela multa agravada. Toda e qualquer infração pressupõe um mínimo de culpabilidade. Se não há culpa, Fl. 18107DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.102 13 obviamente, não há sanção. Além do mais, a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao suposto acusado. Continua reiterando que a boa fé é um princípio geral ou cláusula geral de exceção de dolo (exceptio doli generalis) que joga um importante papel na interpretação e aplicação do direito, especialmente quando em questão uma norma penal. Ela recorta o campo normativo da norma penal para excluir a culpabilidade na medida em que o infrator de boa fé não quis produzir um resultado com dolo e tomou as devidas cautelas que são incompatíveis com as idéias de negligência, imprudência e imperícia. De fato aquele que procura agir conforme o direito não quer violálo e, por isso, não age de forma culposa para legitimar a aplicação da norma penal. Do pedido Ao final, requer que seja julgada procedente a impugnação para o fim de declarar a insubsistência e nulidade de todos autos de infração oriundos do presente processo administrativo, seja pelo erro na determinação da base de cálculo do IRPJ, seja pela ausência de comprovação de que a simples movimentação bancária não contabilizada constitui receita ou disponibilidade econômica e jurídica para atrair a incidência dos respectivos tributos. Subsidiariamente, na hipótese de persistir a cobrança, requer : a) a revisão do lançamento de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS para o fim de reconhecer e determinar que os valores da movimentação bancária sejam computados para determinação da base de cálculo tributável mediante utilização dos mesmos percentuais aplicados ao lucro presumido acrescidos de 20%; b) a redução da multa punitiva de 150% prevista no art. 44, I, e §1°, da Lei 9.430/96 para a multa moratória de 20% prevista no art. 61 do mesmo diploma legal, uma vez que a manutenção da multa punitiva atenta contra o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, além de afetar a própria capacidade contributiva da empresa. • Impugnação apresentada pelo espólio de Martino Mondelli A ciência do Auto de Infração ocorreu em 27/11/2015. Preliminarmente cabe esclarecer que Martino Mondelli, faleceu em 06/03/2015. A respectiva impugnação foi apresentada por Vangélio Mondelli Neto, nomeado inventariante dos bens deixados pelo falecimento de Martino Mondelli, conforme documento acostado à fl. 14.431. A impugnação contesta o lançamento e também a sujeição passiva considerando as seguintes alegações: Ilegitimidade passiva do espólio de Martino Mondelli Contestando o Termo de Sujeição Passiva Solidária, o impugnante alega que não possui legitimidade para figurar no pólo passivo do presente procedimento fiscal, pois retirouse da sociedade em 08/10/2010. Dessa forma, com fundamento no art. 133 do CTN o sócio retirante não pode responder pro nenhum débito da empresa. Cita a jurisprudência argumentando que os sócios que não detenham poderes de administração devem ser excluídos de responsabilidades e os que possuem poderes para administrar somente respondem pessoalmente pelos atos praticados com excessos de Fl. 18108DF CARF MF 14 poderes ou infração de lei, contratos ou estatutos. Assevera que o procedimento fiscal não menciona pormenorizadamente quais seriam os atos ilícitos praticados pela impugnante. E a teoria de desconsideração da personalidade jurídica, que teria o condão de atribuir responsabilidade direta, pessoal e ilimitada ao sócio, não pode ser aplicada ao presente caso, pois a insuficiência de patrimônio social não é requisito suficiente para desconsiderar a personalidade jurídica. Diferenças entre sócio e administrador O impugnante afirma que a regra geral dos administradores nas sociedade limitadas, está inserida no art. 1.080 do Código Civil, que dispõe que “as deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram”. Retirada do impugnante da sociedade O impugnante alega que, embora integrante do quadro societário da empresa autuada, não detinha qualquer poder administrativo. Argumenta que desde meados de 2006 insurgiuse contra a as medidas irregulares da empresa em recuperação judicial e de sua respectiva gestão. Sublinha que a administração dos negócios era concentrada diretamente na pessoa do Sr. Gennaro Mondelli, e que após o sue falecimento a administração passou a ser executada pelos acionistas Antônio Constantino, José e Braz Mondelli. Acrescenta que sempre foi impedido de participar da administração da sociedade, recorrendose inclusive do Poder Judiciário para fazer valer sua participação. Salienta que “jamais conseguiu se inteirar das decisões administrativas da sociedade, e quando o fez foi imediatamente impedido pelo gestor geral (Gennaro Mondelli). “. Sendo assim, esclarece que não mais havia o affectio societatis entre as partes, culminando com sua retirada da sociedade. E ressalta que quando de sua retirada, a empresa encontravase em situação regular perante o Fisco e demais fornecedores. Cita a jurisprudência administrativa e a dos tribunais para afastar a responsabilidade solidária quando não comprovada a prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto ou dissolução irregular da sociedade durante a sua gestão. Do pedido Ao final, o impugnante requer a sua exclusão do pólo passivo do presente processo, tendo em vista que desde maio de 2006 estava totalmente alijado no desempenho de suas funções na empresa autuada, e retirouse da sociedade em 08/10/2010. • Impugnação apresentada por Gennaro Mondelli A ciência do Auto de Infração ocorreu em 27/11/2015. O impugnante, por intermédio de seu procurador, apresentou impugnação de fls 14.582/14.629 para contestar o lançamento e a sujeição passiva aduzindo como razões de defesa o seguinte: Inexistência da Responsabilidade Tributária Passiva Atribuída Fl. 18109DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.103 15 Inicialmente, alega que a autoridade fiscal imputou a responsabilidade solidária por excesso de poderes, infração a lei, contrato social ou estatuto, com fundamento no art. 135 do CTN, ao impugnante, na suposição que o Sr. Gennaro Filho, seria administrador da empresa, com base em uma procuração lavrada pelo genitor do mesmo, enquanto vivo e sócio da empresa, nos idos do ano de 2001, bem como em uma suposta Nota Promissória assinada pelo impugnante. Esclarece que apesar de filho de sócio e fundador da empresa fiscalizada, nunca participou da gestão da mesma, não detendo cargo de diretor ou gerente, e nem mesmo integrando o quadro societário da autuada. Alega que sua relação com a empresa autuada era restrita à trabalhista, pois era mero funcionário da empresa, regularmente registrado, na função/cargo de comprador no ano de 1994, e que desenvolveu tal cargo/função ostensivamente até pouco tempo posterior ao falecimento de seu pai, ocorrido em 01/fevereiro/2008, quando o fato de ser filho/herdeiro do sócio falecido passou a incomodar os gestores da empresa, terminando por ser demitido em 30/outubro/2010, ocasião em que suas funções profissionais e inerentes ao cargo de comprador, já estavam seriamente restringidas pela gestão contemporânea. Segundo o impugnante, a procuração outorgada pelo seu genitor, enquanto ainda vivo, teve por propósito permitir que representasse a empresa nas funções inerentes a seu cargo funcional de comprador e somente vigorou, nas raras ocorrências de absoluta necessidade, para fins de efetivar a compra de gado, sendo a mesma revogada tacitamente, pelo falecimento de seu pai. Assevera que em nenhum momento foi administrador ou sócio da empresa autuada e muito menos responsável pela operação, determinações e decisões da mesma. Acrescenta que nem mesmo assumiu a condição de inventariante do espólio em razão do falecimento do pai, e sequer o espólio de Genaro Mondelli (pai) figura na sociedade da empresa fiscalizada. Alega que a responsabilidade atribuída com fulcro no art. 135 do CTN não tem razão de ser, primeiro porque a tipificação exige que haja ato, comissão, atitude; e, segundo, exige que esta ação (ato) seja com excesso de poderes ou infração da lei, contrato social ou estatuto. Afirma que o ato doloso deve estar claramente indicado e provado, todavia não consta nos autos a indicação, nem mesmo prova de que o impugnante tenha praticado qualquer ato que leve a presunção fiscal de responsabilidade. Sustenta que a simples juntada da procuração nada prova e não indica qualquer ato ou ação do impugnante. Acrescenta que sua assinatura subscrita no que se identificou como sendo uma Nota Promissória não pode ser entendida como uma ação inerente ao tipo incurso, pois não se presta a indicar abuso de poder, pois pelo contrário, eis que a margem da mesma consta, tratarse de aquisição de gado, portanto inserto na atividade da empresa. Acrescenta que não ficou caracterizado, nem provado, o ato, o dolo ou mesmo a má fé do impugnante, no caso vertente, razão pela qual deve ser determinada a improcedência da alocação e inclusão do impugnante no polo passivo tributário, sendo manifesta a sua ilegitimidade passiva ad causam, não cabendo inverterse o ônus probandi de demonstrar a existência das circunstâncias ensejadoras da responsabilidade do impugnante. Segundo o impugnante, a autoridade fiscal ao deixar de instaurar procedimento prévio e de intimar os "responsáveis solidários" no curso da ação fiscal, intimandoos somente ao final da lavratura dos autos de infração, violou de forma clara e agressiva, todo e qualquer princípio de ampla defesa, do devido processo legal e do Fl. 18110DF CARF MF 16 contraditório, na medida em que a ciência dos "responsáveis solidários" se deu, via postal, exclusivamente para adimplemento da obrigação constituída nos lançamentos combatidos. Nulidade da atribuição de solidariedade – procuração não válida. Ainda em preliminar, argüiu que a procuração que fundamentou a inclusão do impugnante como sujeito passivo por solidariedade não é válida, pois que extinta pela morte do outorgante, de acordo com o disposto no art. 682 do Código Civil. Alega ainda que a Nota Promissória também não se presta a comprovar a responsabilidade solidária, pois data de 2009, porém o anocalendário da autuação é 2010. Aplicação da Verdade Material Afirma que não se respeitou, no procedimento, o princípio mais importante que regula o processo administrativo fiscal, ou seja, o princípio da verdade real ou verdade material, posto que a autoridade fiscal fez referência a depósitos bancários sem qualquer nexo causal entre estes e eventual receita omitida ou auferida, utilizando o impróprio e repugnante critério da "presunção", sendo que a jurisprudência exige que haja um nexo causal entre a alegada omissão de rendas e o fato gerador da obrigação tributária. Em estrita observância ao princípio da busca da verdade real ou material, a fiscalização deveria ter efetuado diligências para comprovar suas alegações e nunca transferir ao impugnante, ou a autuada o ônus da prova, mesmo porque a nossa Constituição Federal consagra o direito de ficar calado, ou seja, de não confessar eventual irregularidade cometida (CF, art. 5º, LXIII). Inocorrência do fato gerador Assevera que não ocorreu o fato gerador da obrigação tributária, não havendo, por isso, justa causa para o lançamento, já que a fiscalização não comprovou a efetividade da existência de receita., apenas há referência a compras e depósitos. Em outras palavras, não houve o fenômeno chamado subsunção do fato à norma, mesmo porque não ocorreu, no mundo fenomênico, o fato (omissão de receita) mencionado nos autos, pois, simples depósitos bancários, sem aprofundamento da auditoria fiscal não autorizam o arbitramento do lucro. Acrescenta que a jurisprudência judicial e administrativa firmaram entendimento que os depósitos bancários não representam aquisição de disponibilidade econômica. Por fim, conclui que não há prova da ocorrência do fato gerador, pois os extratos bancários, por si nada provam, e sequer se provou que a autuada e os responsáveis solidários tenham auferido receitas/rendas, pois nem mesmo houve prova de qualquer acréscimo patrimonial, devendo, por isso, o auto de infração ser considerado nulo e a mesma sina deve ter a tributação reflexa, relativamente às contribuições sociais exigidas (PIS, COFINS e CSLL), ressaltando que a legislação e a jurisprudência não autorizam o fisco considerar fatos geradores das referidas contribuições, a mera presunção de "omissão de receita da atividade". Inaplicabilidade da multa qualificada Contesta a aplicação da multa qualificada alegando, em síntese, que para ser aplicada a multa de 150% é necessário que haja descrição e inconteste comprovação da ação ou omissão dolosa, na qual fique evidente o intuito de sonegação, fraude ou conluio. Fl. 18111DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.104 17 Ressalta que “punir contribuintes com multas qualificadas, com lastro em juízo discricionário da fiscalização, é verdadeiro atentado à ordem jurídica, aos princípios da proteção da confiança, da razoabilidade, da proporcionalidade, da proibição de excesso, da boafé, da presunção da inocência e, acima de tudo, da justiça”. Decadência O impugnante também insurgese contra o auto de infração alegando decadência, uma vez que a lavratura da infração ocorreu em novembro de 2015 e as autuações são relativas a 2010, e, portanto, tendose que o vencimento dos tributos ocorrem no mês seguinte ao vencido, qualquer autuação anterior a referência novembro estaria atingida pelo instituto da decadência. Pedido final Ao final, requer: (a) que se receba, aprecie e julgue procedente a presente impugnação, determinando, por via de conseqüência, a anulação dos autos de infração; (b) o cancelamento do crédito tributário neles consubstanciados, abrangendo o lançamento, a multa punitiva, os juros de mora e demais acréscimos; (c) a exclusão do impugnante, Genaro Mondelli Filho; (d) a apresentação de provas em qualquer fase processual, inclusive pericial, consoante jurisprudência pacificada do CARF; (e) por fim a notificação e intimação do decisório e eventuais despachos interlocutórios, também ao patrono do impugnante, subscritor da presente impugnação, em seu endereço, conforme constante no timbre, sob pena de nulidade do ato, nos termos da legislação legal, sobretudo o Estatuto da Advocacia. • Impugnação apresentada por Vangélio Mondelli A ciência do Auto de Infração ocorreu em 27/11/2015. O impugnante, por intermédio de seu procurador, apresentou impugnação de fls 14.656/14.701 para contestar o lançamento e a sujeição passiva. As considerações apresentadas nesta impugnação são muito similares àquelas apresentadas na impugnação do Sr. Genaro Mondelli Filho, entretanto, serão aqui relatadas já que a ambos foi atribuída a responsabilidade solidária. Inexistência da Responsabilidade Tributária Passiva Atribuída Inicialmente, alega que a autoridade fiscal imputou a responsabilidade solidária por excesso de poderes, infração a lei, contrato social ou estatuto, com fundamento no art. 135 do CTN, ao impugnante, na suposição que o Sr. Vangélio |Mondelli seria administrador da empresa, com base em sua nomeação como diretor responsável pelo espólio de seu genitor, sócio da autuada. A sua inclusão no contrato social da empresa, decorreu de sua função de representante do espólio de seu genitor Genaro Mondeli, pois detinha a função judicial de inventariante do espólio. Esclarece que apesar de filho de sócio e fundador da empresa fiscalizada, nunca participou da gestão da mesma, não detendo cargo de diretor ou gerente, e nem mesmo integrando o quadro societário da autuada. Alega que sua relação com a empresa autuada era restrita à trabalhista, pois era mero funcionário da empresa, regularmente registrado, na função/cargo de comprador I no ano de 2001, e que desenvolveu tal cargo/função ostensivamente até pouco tempo posterior ao falecimento de seu pai, ocorrido em Fl. 18112DF CARF MF 18 01/fevereiro/2008, quando o fato de ser filho/herdeiro do sócio falecido passou a incomodar os gestores da empresa, terminando por ser demitido em 01/outubro/2010, ocasião em que suas funções profissionais e inerentes ao cargo de comprador, já estavam totalmente encerradas pela gestão contemporânea. Alega que a responsabilidade atribuída com fulcro no art. 135 do CTN não tem razão de ser, primeiro porque a tipificação exige que haja ato, comissão, atitude; e, segundo, exige que esta ação (ato) seja com excesso de poderes ou infração da lei, contrato social ou estatuto. Afirma que o ato doloso deve estar claramente indicado e provado, todavia não consta nos autos a indicação, nem mesmo prova de que o impugnante tenha praticado qualquer ato que leve a presunção fiscal de responsabilidade. Sustenta que a simples juntada de informação de que o impugnante fora alçado, por disposição contratual, a condição de administrador, nada prova e não indica qualquer ato ou ação do impugnante. Acrescenta que não ficou caracterizado, nem provado, o ato, o dolo ou mesmo a má fé do impugnante, no caso vertente, razão pela qual deve ser determinada a improcedência da alocação e inclusão do impugnante no polo passivo tributário, sendo manifesta a sua ilegitimidade passiva ad causam, não cabendo inverterse o ônus probandi de demonstrar a existência das circunstâncias ensejadoras da responsabilidade do impugnante. Segundo o impugnante, a autoridade fiscal ao deixar de instaurar procedimento prévio e de intimar os "responsáveis solidários" no curso da ação fiscal, intimandoos somente ao final da lavratura dos autos de infração, violou de forma clara e agressiva, todo e qualquer princípio de ampla defesa, do devido processo legal e do contraditório, na medida em que a ciência dos "responsáveis solidários" se deu, via postal, exclusivamente para adimplemento da obrigação constituída nos lançamentos combatidos. Aplicação da Verdade Material Afirma que não se respeitou, no procedimento, o princípio mais importante que regula o processo administrativo fiscal, ou seja, o princípio da verdade real ou verdade material, posto que a autoridade fiscal fez referência a depósitos bancários sem qualquer nexo causal entre estes e eventual receita omitida ou auferida, utilizando o impróprio e repugnante critério da "presunção", sendo que a jurisprudência exige que haja um nexo causal entre a alegada omissão de rendas e o fato gerador da obrigação tributária. Em estrita observância ao princípio da busca da verdade real ou material, a fiscalização deveria ter efetuado diligências para comprovar suas alegações e nunca transferir ao impugnante, ou a autuada o ônus da prova, mesmo porque a nossa Constituição Federal consagra o direito de ficar calado, ou seja, de não confessar eventual irregularidade cometida (CF, art. 5º, LXIII). Inocorrência do fato gerador Assevera que não ocorreu o fato gerador da obrigação tributária, não havendo, por isso, justa causa para o lançamento, já que a fiscalização não comprovou a efetividade da existência de receita., apenas há referência a compras e depósitos. Em outras palavras, não houve o fenômeno chamado subsunção do fato à norma, mesmo porque não ocorreu, no mundo fenomênico, o fato (omissão de receita) mencionado nos autos, pois, simples depósitos bancários, sem aprofundamento da auditoria fiscal não autorizam o arbitramento do lucro. Fl. 18113DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.105 19 Acrescenta que a jurisprudência judicial e administrativa firmaram entendimento que os depósitos bancários não representam aquisição de disponibilidade econômica. Por fim, conclui que não há prova da ocorrência do fato gerador, pois os extratos bancários, por si nada provam, e sequer se provou que a autuada e os responsáveis solidários tenham auferido receitas/rendas, pois nem mesmo houve prova de qualquer acréscimo patrimonial, devendo, por isso, o auto de infração ser considerado nulo e a mesma sina deve ter a tributação reflexa, relativamente às contribuições sociais exigidas (PIS, COFINS e CSLL), ressaltando que a legislação e a jurisprudência não autorizam o fisco considerar fatos geradores das referidas contribuições, a mera presunção de "omissão de receita da atividade". Inaplicabilidade da multa qualificada Contesta a aplicação da multa qualificada alegando, em síntese, que para ser aplicada a multa de 150% é necessário que haja descrição e inconteste comprovação da ação ou omissão dolosa, na qual fique evidente o intuito de sonegação, fraude ou conluio. Ressalta que “punir contribuintes com multas qualificadas, com lastro em juízo discricionário da fiscalização, é verdadeiro atentado à ordem jurídica, aos princípios da proteção da confiança, da razoabilidade, da proporcionalidade, da proibição de excesso, da boafé, da presunção da inocência e, acima de tudo, da justiça”. Pedido final Ao final, requer: (a) que se receba, aprecie e julgue procedente a presente impugnação, determinando, por via de conseqüência, a anulação dos autos de infração; (b) o cancelamento do crédito tributário neles consubstanciados, abrangendo o lançamento, a multa punitiva, os juros de mora e demais acréscimos; (c) a exclusão do impugnante, Vangélio Mondelli; (d) a apresentação de provas em qualquer fase processual, inclusive pericial, consoante jurisprudência pacificada do CARF; (e) por fim a notificação e intimação do decisório e eventuais despachos interlocutórios, também ao patrono do impugnante, subscritor da presente impugnação, em seu endereço, conforme constante no timbre, sob pena de nulidade do ato, nos termos da legislação legal, sobretudo o Estatuto da Advocacia. Apreciada a impugnação, o lançamento foi mantido em seus exatos termos, inclusive no que diz respeito a atribuição da solidariedade aos sócios, nos termos da ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. As garantias do contraditório e da ampla defesa somente se manifestam com a instauração da fase litigiosa, ressalvados os procedimentos fiscais para os quais lei assim exija. Comprovado que tanto o sujeito passivo quanto os responsáveis solidários tomaram conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do lançamento, e que lhe foi oferecido prazo para defesa, não há como prosperar a tese de nulidade por cerceamento do direito ao contraditório e da a ampla defesa. Fl. 18114DF CARF MF 20 SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por parte da administração tributária, a par de amparada legalmente, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de ofício. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. A instituição de uma presunção pela lei tributária transfere ao contribuinte o ônus de provar que o fato presumido pela lei não aconteceu em seu caso particular. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. MULTA QUALIFICADA DE 150%. Falta de escrituração de depósitos bancários e de pagamento dos tributos devidos caracterizam a conduta dolosa da contribuinte ensejadora da qualificação da multa. LANÇAMENTOS REFLEXOS (CSLL, PIS, COFINS) A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos, implicam na obrigatoriedade de constituição dos respectivos créditos tributários. A decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, contandose o prazo a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. INDEFERIMENTO. O domicílio tributário do sujeito passivo é endereço, postal, eletrônico ou de fax fornecido pelo próprio contribuinte à Receita Federal do Brasil (RFB) para fins cadastrais. Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indeferese o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 18115DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.106 21 Inconformados, os solidários interpuseram recurso voluntário com vistas a obter a reforma do julgado, repisando em síntese os argumentos já considerados em suas impugnações, a exceção do responsavél Martinho Modelli que traz para discussão existência de cinco ações judiciais propostas por ele em face dos demais responsabilizados que envolvem discussão a respeito da administração do patrimônio comum a eles e sua divisão. Andréia que já não havia impugnado, também não recorreu. Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora Os recursos preenchem os requisitos de admissibilidade, por isso, deles conheço. Em suma, temse que, a fiscalização levada a termo no contribuinte redundou na lavratura de auto de infração de IRPJ, em razão de ter sido constatada omissão de receitas, uma vez que o contribuinte, durante o período de fiscalização, não ter tido êxito em esclarecer a origem de depósitos realizados em conta corrente (fls.) mantida pela empresa em agência (0075) no Banco Itaú, além dos tributos decorrentes (CSLL, PIS e COFINS), conforme se denota no Termo de Verificação Fiscal de fls.. A partir do trabalho da fiscalização, planilha com o apontamento dos depósitos não identificados foi elaborada e os valores apontados serviram de base para a apuração do IRPJ devido por omissão de receitas, nos termos do art. 42, da Lei 9.430/96, bem como para o cálculo dos tributos decorrentes: CSLL, PIS e COFINS. A Recorrente aponta, ainda, supostas nulidades na autuação, as quais serão tratadas neste voto e os demais Recorrentes além de defenderem sua ilegitimidade para figurarem como responsáveis solidários, também questionaram pontos específicos vinculados ao mérito das autuações (quebra de sigilo bancário, qualificação da multa, cerceamento de defesa, confisco, decadência). Recursos Voluntários: Recorrente + Responsáveis Solidários: Constantino. Antonio. José. Braz (fls.). O recurso voluntário da Recorrente, apresentado em conjunto com os acionistas e administradores Constantino Mondelli, Antonio Mondelli, José Mondelli e Braz Mondelli, é iniciado com a assertiva que os administradores estão sendo vítimas do administrador judicial. Independentemente das atitudes do administrador judicial, o fato é que, uma vez aberta a fiscalização, não tendo a Recorrente apresentado os extratos bancários solicitados, foram os mesmos obtidos através de Requisição de Movimentação Financeira junto ao Banco Itaú, que disponibilizou extrato da conta bancária nª 7351, agência 0075, no período de janeiro/09 a dezembro/10. De posse desse extrato, obtido de forma legal, inexistindo qualquer situação que pudesse caracterizar indevida quebra de sigilo bancário, constatou a fiscalização que os Fl. 18116DF CARF MF 22 valores movimentados no ano de 2010, na referida conta bancária, não tinha sido escriturados na contabilidade da Recorrente. Frente à evidente omissão de receitas, pela inexistência de escrituração contábil, procedeu a fiscalização nos termos do art. 42, da Lei 9.430/96, relacionando os depósitos sem origem e intimando o contribuinte para esclarecer e comprovar, com documentos hábeis e idôneos, a origem dos recursos financeiros em questão. Ante a ausência de comprovação por parte da Recorrente, foram lançados os créditos tributários de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Em adição, foram lavrados termos de sujeição passiva solidária para os administradores da Recorrente no ano de 2009, relacionados pela fiscalização a partir de informações obtidas junto a Junta Comercial do Estado de São Paulo. Os sócios Antonio, José, Braz e Constantino Mondelli, através de seu procurador signatário do recurso voluntário, informaram que no ano de 2009 a administração da Recorrente estaria a cargo do espólio de Genaro Mondelli e de Martinho Mondelli, que outorgaram procuração a Antonio Mondelli para a representação dos sócios majoritários na administração da empresa. Os Recorrentes não negam a possível existência de omissão de receita, mas, segundo eles, tal ato nunca foi de responsabilidade dos atuais acionistas, eximindose da responsabilidade solidária que lhes foi imputada pela fiscalização à vista da constatação de omissão de receitas pela empresa Recorrente. Em seguida, passam a desqualificar o administrador judicial e o contador que lhe assessora, no intuito de demonstrar que as atitudes deles são contrárias à lei e, desta forma, a quebra de sigilo bancário pelos mesmos afetaria a prova produzida, inclusive neste procedimento administrativo, notadamente porque o contribuinte, segundo alegam os Recorrentes, não teve ciência de nenhum ato do presente procedimento fiscal. Com a devida vênia, as informações bancárias, obtidas pela fiscalização através de requisição de movimentação financeira junto ao Banco Itaú são idôneas e protegidas pelo sigilo fiscal, de tal forma que não foram usadas indevidamente dentro deste processo administrativo. Inclusive, a Lei Complementar nº 105/2001 legitima o fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo sob fiscalização, quando a autoridade fiscal entender que o exame de tais informações é indispensável para o deslinde da controvérsia,afastando, portanto, a alegação de quebra de sigilo bancário. Da mesma forma, a fiscalização direcionou todas as intimações fiscais emitidas no âmbito deste processo administrativo à Recorrente, em seu endereço junto ao CNPJ, de tal forma que os atos são válidos. Se, em razão de questões internas, decorrentes da recuperação judicial, os sócios não tiveram acesso a alguma informação prévia à instalação da fase contenciosa, não se está diante de qualquer nulidade capaz de mudar o curso do presente feito, exceto no tocante à responsabilidade solidária. Quanto às nulidades, atesto que não há erro de capitulação legal, pois a autuação está fundamentada no art. 42, da Lei 9.430/96, que se trata de uma presunção legal de omissão de receita por falta de comprovação de origem de depósito bancário. O ônus da prova, nesse caso, é do contribuinte. Não se desincumbindo de comprovar a origem dos recursos, o Fl. 18117DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.107 23 reconhecimento da receita omitida e a constituição dos créditos tributários é apenas decorrência. Ademais, não houve erro na identificação do sujeito passivo, uma vez que a conta bancária em análise pertence à Recorrente. Pelo mesmo motivo, também não houve qualquer vício na intimação da Recorrente, uma vez que as intimações foram encaminhadas para o seu domicílio tributário e regularmente recebidas. Problemas internos, decorrentes de questões vinculadas à recuperação judicial não podem ser opostas ao fisco, notadamente quando este seguiu as regras para a intimação do contribuinte. A responsabilização por sujeição passiva solidária dos sócios administradores da contribuinte, no período de 2010, decorre, segundo a fiscalização, do reconhecimento da conduta dolosa em omitirse as receitas movimentadas na conta 7351, do Banco Itaú, de titularidade da Recorrente. Ou seja, no entendimento da fiscalização, a fraude foi constatada pela conduta dolosa dos responsáveis solidários. Porém, no que pese a alegação de fraude levantada pela autoridade fiscal, necessário destacar que o requisito necessário para a incidência de tal instituto e de sua penalidade a multa qualificada, em termos estritamente fiscais qual seja, o dolo, deverá restar robustamente comprovado nos autos, ou seja, deve ser um dolo evidente, que não deixe margem alguma de dúvidas. Isto não ocorre no presente processo. Fortalece tal entendimento, a previsão expressa no CTN, mais especificamente no artigo 112, no qual consta a segurança de que a lei tributária que trata de infrações ou penalidades deverá ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado em caso de dúvidas quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos (inciso II). Percebase que tal disposição não visa coibir, ou mesmo mitigar, a prerrogativa de livre convencimento do julgador. Pelo contrário. Em verdade, o auxilia nos momentos em que o mais justo, ou a maior segurança jurídica é concretizada pela humildade do julgador em não forçar a instrução probatória a um resultado tendencioso/parcial, mas sim, em admitir que diante de uma instrução probatória precária e tratandose de penalidades o melhor a se fazer é interpretar a lei de forma menos gravosa ao sujeito autuado. Com base no exposto, afasto a responsabilidade solidária de todos os responsáveis intitulados neste tópico do voto. Devese afastar também o agravamento da multa imposta, posto que a Recorrente correspondeu devidamente todas as intimações da fiscalização, não causando embaraço algum, bem como, não restou comprovada a fraude. Os argumentos de efeito confiscatório da multa estão embasados em princípio constitucional. Este Julgador está adstrito à legislação vigente, não podendo deixar de aplicar a lei, exceto nos casos de declaração de inconstitucionalidade pelo STF com efeitos erga omnes, o que não é o caso no presente feito. A utilização da Taxa Selic para fins de correção dos créditos tributários constituídos também decorre de lei e é matéria pacífica no âmbito desta Turma Julgadora, razão pela qual está correto o procedimento da fiscalização no presente processo administrativo. Fl. 18118DF CARF MF 24 Recurso Voluntário: Genaro Mondelli Filho (fls.). Em suma, o Recorrente em questão alega que não tinha qualquer poder de gerência no período fiscalizado e que a procuração apresentada, embora lhe concedesse amplos poderes, perdeu a validade com a morte do outorgante. Não assiste razão ao Recorrente Genaro Filho, pois conforme prova dos autos ele era o administrador com procuração, assinou nota promissória e não há como sustentar sua ignorância sobre a existência do "caixa dois" por venda de mercadoria sem nota. Motivo pelo qual, também não há como afastar a qualificação da multa dada a constatação de "caixa dois", que deflagra o preenchimento dos seus requisitos de incidência, como a fraude, a sonegação e o conluio não se manifestaram no presente caso. Recurso Voluntário: Martino Mondelli (fls.). Em suma, o Recorrente em questão alega que não tinha qualquer poder de gerência no período fiscalizado e que inclusive litigava contra os gestores, apresentando comprovação das demandas judiciais protocoladas, inclusive para fins de prestação de contas dos gestores, obtendo, inclusive, decisão judicial que afasta a sua responsabilidade, exceto se houver prova em contrário. Nessa esteira, cumpre destacar que a Recorrente efetivamente insurgiuse contra a administração da falida e de sua gestão, desde meados do ano de 2006, por meio das seguintes medidas, dentre outras: · Ação de divisão de coisa comum, Processo n. 0008091 56.2006.8.26.0071, N. Ordem – 408/2006, que tramitou pela 5ª Vara Cível da Comarca de Bauru/SP; onde discutiuse a correta divisão dos bens pertencentes aos Sócios (Produtor Rural), a fim de ser respeitado o percentual de MARTINO, ante a má gestão dos administradores dos bens, que tinha repercussão na Falida; · Ação de Exibição de Documentos, N. Processo – 0018395 17.2006.8.26.0071; 071.01.2006.0183959, N. Ordem – 762/2006, que tramitou pela 7ª Vara Cível da Comarca de Bauru/SP; sendo este feito julgado procedente, determinando para que o FRIGORÍFICO exibisse as notas fiscais de produtor referentes aos fornecimentos indicados na inicial, com exceção daquelas atinentes a fatos geradores já consumidos pela decadência tributária, por ocasião da citação; b) documentos de sua escrituração fiscal ou contábil que demonstre a forma de pagamento dos mesmos fornecimentos; c) cópia dos cheques entregues como forma de pagamento (nos quais já contidos menção ao banco, número das cártulas, data do pagamento e dados da conta bancária). · Ação anulatória de reunião de sócios c/c nulidade de alteração contratual, Processo n. 002978802.2007.8.26.0071 – 1ª Vara Cível da Comarca de Bauru. Nesta ação noticiouse, desde 2006, o complemento alijamento de MARTINO na administração da sociedade, descrevendose detalhes de seus acessos limitados aos assuntos da empresa e informando sua exclusão da administração da sociedade. Não obstante à estas questões, naquela época MARTINO vinha tentando se inteirar dos negócios, mas sendo repelido pelos desentendimentos entre os administradores, culminando na total privação de maiores informações sobre as decisões tomadas pela administração. · Noticiouse também o Agravo de Instrumento nº 461.225.4/400, onde MARTINO, em absoluta demonstração de boafé e certeza de suas alegações, requereu Fl. 18119DF CARF MF Processo nº 10825.723197/201501 Acórdão n.º 1401002.360 S1C4T1 Fl. 18.108 25 préstimo de caução das quotas sociais que possuía junto ao Frigorífico (22,5%) proveniente dos lucros advindos de todas as propriedades rurais comuns, sob a alegação de que estava, de Assim, considerando que o Recorrente, ainda que constasse no contrato social como sócio administrador, não exercia, de fato, a gerência ou a gestão dos negócios da empresa no período da autuação, devidamente comprovado pelas diversas ações judiciais ajuizadas em face dos gestores da empresa, afasto a responsabilidade passiva solidária do Recorrente em questão. Em relação aos argumentos referentes à quebra do sigilo bancário, qualificação da multa, cerceamento do direito de defesa e confisco, reitero que a fiscalização não quebrou o sigilo bancário para a formalização da autuação; apenas teve acesso às informações da conta bancária 7351 do Banco Itaú em razão de requisição de movimentação financeira, regularmente expedida para a referida instituição financeira, permanecendo as informações obtidas legalmente sob sigilo fiscal. Novamente, no tocante a qualificação da multa, necessário frisar que, conforme a súmula CARF nº 14, a simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Por este motivo e pelo já justificado neste voto em relação a qualificação da multa, afasto tal enquadramento. Tão pouco houve cerceamento do direito de defesa, nem da empresa Recorrente, nem dos responsáveis solidários, pois todos tiveram a possibilidade de apresentar impugnação administrativa, recurso voluntário e juntar aos autos todos os elementos de prova que dispusessem para corroborar suas alegações; por fim, o argumento de confisco tem viés constitucional e, como já exposto acima, a esfera administrativa não está autorizada a reconhecer inconstitucionalidades, exceto quando decorrentes de decisões do STF, com efeito erga omnes, que não é caso. Da Decadência (manter a multa qualificada e a decadência pelo 173). Defendendo a aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, os recorrentes ressaltam que: "Quer o sujeito passivo tenha apurado ou não imposto a pagar; quer o contribuinte tenha pago ou não o tributo que eventualmente tenha apurado, o prazo decadencial para o lançamento em face de eventuais omissões sempre terá como marco a data da ocorrência do fato gerador." Não merece prosperar a afirmação dos recorrentes, posto que totalmente em descompasso com a jurisprudência deste Conselho. Havendo pagamento, mesmo que parcial, incidirá sim o artigo 150, § 4º do CTN. Contudo, sem prova nos autos de que o pagamento de fato ocorreu, sendo tal informação inclusive obscurecida pelos recorrentes, incide o artigo 173, do CTN, não tendo, portanto, decaído o direito do fisco de autuar o sujeito passivo, posto que os recorrentes foram cientificados da autuação em novembro/14 e a competência mais antiga é março/2009, o início do prazo decadencial deuse em 01.01.2010 e finalizou em 31.12.2014, de tal forma que não há decadência a ser reconhecida no caso concreto. Por todo o exposto, excluo todos os sócios administradores Antonio Mondelli, Constantino Mondelli, José Mondelli, Braz Mondelli, Gennaro Mondelli Filho e Martino Mondelli, do pólo passivo, dando total provimento aos seus recursos voluntários, bem como afasto a qualificação da multa de ofício e agravada. Fl. 18120DF CARF MF 26 JUROS SELIC Quanto a possibilidade de incidência de juros moratórios à taxa referencial do sistema SELIC, a Sumúla CARF n. 4, assegura a sua legitimidade. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Pelo exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar as arguições de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso da Contribuinte Mondelli Indústria de Alimentos S.A e do apontado como responsável solidário, o Sr. Gennaro Mondelli Filho, dando provimento e afastando a responsabilidade tributária de Antonio Mondelli, Constantino Mondelli, José Mondelli, Braz Mondelli, e Martino Mondelli. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Fl. 18121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.720789/2014-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/12/2011, 31/12/2012, 30/06/2013
SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. FALTA DE SELOS. SAÍDA DE BEBIDAS SELADAS SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL.
Constatada a falta de selos de controle em auditoria de estoque, considera-se como saída de bebidas sem emissão de nota fiscal, nas quantidades correspondentes, e cobra-se o imposto, assim como os consectários legais.
SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. EXCESSO DE SELOS. SAÍDA DE BEBIDAS SEM A APLICAÇÃO DE SELO DE CONTROLE.
Constatado o excesso de selos de controle em auditoria de estoque, considera-se como saída de bebidas sem a aplicação de selo de controle, nas quantidades correspondentes, e cobra-se o imposto, assim como os consectários legais.
SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. QUEBRAS
A RFB poderá admitir quebras no estoque do selo de controle para produtos do Capítulo 22 da TIPI, quando decorrentes de perdas verificadas em processo mecânico de selagem, desde que atendidos os limites e demais condições estabelecidos.
MULTA REGULAMENTAR. VENDA DE BEBIDA SEM SELO DE CONTROLE.
Aplica-se a multa regulamentar correspondente ao valor comercial da bebida se for constatada a venda sem selo de controle.
Numero da decisão: 3402-005.263
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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AUDITORIA DE ESTOQUE. FALTA DE SELOS. SAÍDA DE BEBIDAS SELADAS SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL. Constatada a falta de selos de controle em auditoria de estoque, considerase como saída de bebidas sem emissão de nota fiscal, nas quantidades correspondentes, e cobrase o imposto, assim como os consectários legais. SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. EXCESSO DE SELOS. SAÍDA DE BEBIDAS SEM A APLICAÇÃO DE SELO DE CONTROLE. Constatado o excesso de selos de controle em auditoria de estoque, considerase como saída de bebidas sem a aplicação de selo de controle, nas quantidades correspondentes, e cobrase o imposto, assim como os consectários legais. SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. QUEBRAS A RFB poderá admitir quebras no estoque do selo de controle para produtos do Capítulo 22 da TIPI, quando decorrentes de perdas verificadas em processo mecânico de selagem, desde que atendidos os limites e demais condições estabelecidos. MULTA REGULAMENTAR. VENDA DE BEBIDA SEM SELO DE CONTROLE. Aplicase a multa regulamentar correspondente ao valor comercial da bebida se for constatada a venda sem selo de controle. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 07 89 /2 01 4- 11 Fl. 91DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo. Relatório Por bem relatar o feito, reproduzo abaixo trechos do relatório da decisão recorrida: Com fulcro no Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI/2010), aprovado pelo Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, foram lavrados os autos de infração de fls. 24 e 30, em 17/03/2014, para exigir R$ 134.503,34 de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), R$ 17.855,23 de juros de mora calculados até 31/03/2014, R$ 100.877,51 de multa de ofício e R$ 408.121,44 de multa regulamentar, o que representa o crédito tributário consolidado de R$ 661.357,52. Conforme a descrição dos fatos do auto de infração (fls. 25, 26 e 31) e o termo de verificação fiscal (fls. 22/23), mediante auditoria de estoque foi constatada a falta de selos de controle verde em 31/12/2011, e de selos de controle laranja em 31/12/2011 e 31/12/2012, mesmo após aplicação da quebra autorizada pelas instruções normativas vigentes. Esse fato caracteriza, na quantidade correspondente de selos, a saída de produtos selados, sem emissão de nota fiscal. Também foi constatado o excesso de selos de controle verde em 31/12/2012 e 30/06/2013 e de selos de controle laranja em 30/06/2013, sendo o excesso equivalente a saídas de produtos sem selo de controle. Para ambas as ocorrências foi também imposta a multa regulamentar igual ao valor comercial das bebidas (fls. 32/34). De acordo com o termo de verificação fiscal, conforme diligência encetada no estabelecimento em questão, há desperdício de selos de controle no processo de colagem (há corte de selos para a formação de “cartuchos”, que são pacotes de selos cortados que abastecem a máquina de colagem, sendo que cada “cartucho” pode conter de 500 a 650 selos, numa média de 600 selos por “cartucho”). A perda de selos de controle foi considerada em 0,5%, o máximo admitido pela legislação (IN SRF nº 1.432/2013, art. 44, § único). Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10805.720789/201411 Acórdão n.º 3402005.263 S3C4T2 Fl. 3 3 Regularmente cientificada, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 41/42, com as seguintes alegações: foi confirmado pelo auditorfiscal que o processo produtivo tem grande volume de perdas de selos, os quais são posteriormente apresentados ao Fisco; para justificar as diferenças encontradas, e considerando o grande volume de notas fiscais de vendas e controle dos selos, solicita a apresentação de planilha de controle individualizado e juntada das respectivas notas fiscais em posterior anexo a este processo; não é possível a venda de mercadorias sem seu selo e tampouco a venda das mercadorias sem suas respectivas notas fiscais de venda. Por fim, requereu o cancelamento do lançamento. A Impugnação foi julgada improcedente pela DRJ em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/12/2011, 31/12/2012, 30/06/2013 SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. FALTA DE SELOS. SAÍDA DE BEBIDAS SELADAS SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL. Constatada a falta de selos de controle em auditoria de estoque, considerase como saída de bebidas sem emissão de nota fiscal, nas quantidades correspondentes, e cobrase o imposto, assim como os consectários legais. SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. EXCESSO DE SELOS. SAÍDA DE BEBIDAS SEM A APLICAÇÃO DE SELO DE CONTROLE. Constatado o excesso de selos de controle em auditoria de estoque, considerase como saída de bebidas sem a aplicação de selo de controle, nas quantidades correspondentes, e cobrase o imposto, assim como os consectários legais. SELOS DE CONTROLE. AUDITORIA DE ESTOQUE. QUEBRAS A RFB poderá admitir quebras no estoque do selo de controle para produtos do Capítulo 22 da TIPI, quando decorrentes de perdas verificadas em processo mecânico de selagem, desde que atendidos os limites e demais condições estabelecidos. MULTA REGULAMENTAR. VENDA DE BEBIDA SEM SELO DE CONTROLE. Aplicase a multa regulamentar correspondente ao valor comercial da bebida se for constatada a venda sem selo de controle. Fl. 93DF CARF MF 4 Impugnação Improcedente Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, repisando as razões de sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Por compartilhar do entendimento da decisão recorrida, reproduzo trechos da mesma como forma de fundamentar meu entendimento, nos termos do art. 50, §1º da lei nº 9784/99. O auto de infração é decorrente da constatação de diferenças no cotejo do saldo do estoque físico de selos de controle com o saldo no livro Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle. Sendo falta ou excesso, conforme o caso, há uma presunção cristalizada na legislação tributária (presunção legal), no caso, o RIPI/2010: Falta ou Excesso de Estoque Art. 300. Apuradas diferenças no estoque do selo, caracterizam se, nas quantidades correspondentes: I a falta, como saída de produtos selados sem emissão de nota fiscal (Lei nº 4.502, de 1964, art. 46, § 3º, alínea “a”, e Decreto Lei no 34, de 1966, art.2o, alteração 12a); ou II o excesso, como saída de produtos sem aplicação do selo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 46, § 3º, alínea “b”, e DecretoLei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 12a). Art. 301. Nas hipóteses previstas no art. 300, será cobrado o imposto sobre as diferenças apuradas, sem prejuízo das sanções e outros encargos exigíveis (Lei nº 4.502, de 1964, art. 46, § 4º, e DecretoLei nº 34, de 1966, art. 2º,alteração 12a). A falta de selo de controle pressupõe a saída de produtos selados à margem da escrituração contábilfiscal e o excesso caracteriza a saída de produtos sem aposição do selo de controle. Em ambos os casos, deve ser cobrado o imposto calculado sobre as diferenças apuradas, sem prejuízo da aplicação das penalidades e consectários cabíveis. Tratandose de uma presunção legal, caberia à contribuinte desconstituíla mediante a apresentação de provas plenas, entendidas essas como evidência factual capaz de estabelecer a verdade de algo. E isso não foi feito. Esse ônus probatório é estabelecido expressamente pelo art. 46, §4º da Lei nº 4.502/64, verbis: Art. 46. (...) Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10805.720789/201411 Acórdão n.º 3402005.263 S3C4T2 Fl. 4 5 § 4º Em qualquer das hipóteses das alíneas a e b , do parágrafo anterior, além da multa cabível, será exigido o respectivo impôsto, que, no caso de produtos de diferentes preços, será calculado com base no de preço mais elevado da linha de produção, desde que não seja possível identificarse o produto e o respectivo preço a que corresponder o sêlo em excesso ou falta. Caberia ao contribuinte identificar e informar à fiscalização quais produtos, e o preço destes, correspondentes aos selos em excesso ou em falta, ilidindo assim a presunção legal estabelecida. Conforme aduzido na decisão recorrida, o Recorrente limitouse a contestar o percentual de quebra aplicado para apuração do estoque de selos. Quanto a esta questão, o RIPI/2010, em seu art. 302, delegou à Receita Federal a competência para estabelecer os limites admitidos de perdas de selos, que o fez através da IN RFB nº 1432/2013: Da Quebra no Estoque de Selos Art. 44. Poderá ser admitida quebra no estoque de selos de controle destinados aos produtos de que trata esta Instrução Normativa, quando decorrente de perda verificada em processo mecânico de selagem, independentemente de apresentação dos espécimes inutilizados, atendidos os limites e as condições estabelecidas. Parágrafo único. O limite máximo de quebra admissível é de 0,5% (cinco décimos por cento), calculado sobre a quantidade de selos aplicados nas unidades produzidas no período considerado pela fiscalização, atendidas as peculiaridades de cada caso. Estabelecido que o limite máximo de quebra admitido é de 0,5%, correto o procedimento adotado pela fiscalização no cálculo das diferenças de estoque do selo de controle. Logo, são válidas as diferenças a menor e a maior quantificadas de ofício no estoque de selos da fiscalizada, tornando procedente a exigência tributária consubstanciada sobre elas. Quanto à exigência da multa regulamentar (multa pela venda ou exposição à venda de produto sem selo de controle), como visto, o excesso de selos de controle no estoque físico caracteriza a saída de produtos sem a aposição de selos de controle. Venda é espécie de saída e, em tais condições, há também a previsão de imposição da multa regulamentar referida no dispositivo do RIPI/2010 a seguir transcrito: Art. 585. Aplicamse as seguintes penalidades, em relação ao selo de controle de que trata o art. 284, na ocorrência das infrações abaixo (DecretoLei nº 1.593, de 1977, art. 33, e Lei no 10.637, de 2002, art. 52): I venda ou exposição à venda de produtos sem o selo ou com o emprego do selo já utilizado: multa igual ao valor comercial do produto, não inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) (DecretoLei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso I, e Lei nº 10.637, de 2002, art. 52); Fl. 95DF CARF MF 6 Essa penalidade, cuja fundamentação legal é inconcussa, é mais comumente aplicada nas ocasiões em que seja verificada a existência de bebidas sem selo de controle em pontos de venda. Contudo, constatada a venda de bebidas sem a aplicação de selo de controle, como é a hipótese vertente, resultante de presunção legal, é inelidível a aplicação da penalidade em tela. Pelo exposto, voto por considerar IMPROCEDENTE o Recurso Voluntário, com a manutenção total do crédito tributário constituído. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.900605/2011-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.604
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Relatório Tratase de Recurso interposto em relação ao Acórdão nº 0350.449, de 31 de janeiro de 2013, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF (fls. 156 a 163), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. O presente processo cuida da Declaração de Compensação (DCOMP) nº 18635.48475.311007.1.3.043093 (fls. 21 a 26), por meio da qual a contribuinte compensou débito de sua responsabilidade referente à Contribuição social sobre o Lucro Líquido (CSLL), RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 46 .9 00 60 5/ 20 11 -0 1 Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10746.900605/201101 Resolução nº 1302000.604 S1C3T2 Fl. 317 2 relativa ao 3º trimestre de 2007, no valor de R$ 1.273,86, com crédito decorrente de suposto pagamento indevido ou a maior relativo a título da mesma CSLL. O crédito em questão, no valor de R$ 1.041,25, originarseia de pagamento efetuado em 31/01/2006, no montante de R$ 2.859,82; e não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 12, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Cientificado, o sujeito passivo apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 2 a 11, na qual sustentou que, por equívoco, na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), relativa ao anocalendário de 2005, e na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), referente ao quarto trimestre do citado ano calendário, informou débito a título de CSLL, regime de apuração baseado no Lucro Presumido, calculado a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta. Contudo, em decorrência da sua atividade, estaria sujeito à CSLL, sobre o Lucro Presumido, calculada com base na aplicação da alíquota de 12% sobre a sua receita bruta. Invocou o princípio da verdade material e apresentou elementos que, no seu entender, comprovariam o erro de fato e o indébito em questão (DIPJ retificadora, cópias parciais dos livros Diário, Razão e Registro de notas fiscais de serviços prestados, bem como cópias das notas fiscais do período). Relatou, ainda, haver procedido à retificação da DIPJ referente ao ano calendário de 2005, e apresentou diversas decisões de Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento que respaldariam o crédito pleiteado. Em dezembro de 2012, o sujeito passivo apresentou o documento de fls. 154 e 155, intitulado "Resumo do Manifesto de Inconformidade P.J.", no qual, além de reiterar os termos da sua Manifestação Inconformidade, esclarece que deixou de retificar a DCTF do 4º trimestre de 2005, uma vez que, no momento em que constatou a necessidade de tal retificação, já se teria operado a decadência do seu direito de alterar o referido documento. A decisão de primeira instância (fls. 156 a 163) considerou que a Recorrente não havia apresentado documentação suficiente capaz de "demonstrar a natureza das atividades a que se referiram os rendimentos declarados e que poderia esclarecer qual(is) o(s) correto(s) percentual(is) aplicável(is), se de 12%, tal como pretendido, se de 32%, ou mesmo de percentuais diversificados, conforme § 2º do artigo 15 da Lei nº 9.249/95", de modo que o alegado indébito não se revestiria da liquidez e certeza necessárias ao reconhecimento do direito creditório, nos termos do art. 170 do CTN. Registrou, ainda, que as decisões administrativas colecionadas pela pessoa jurídica não possuíam caráter de normas complementares, nem efeitos vinculantes. Deste modo, não reconheceu o direito creditório do sujeito passivo. Após a ciência, comprovada às fls. 164/165, foi interposto o Recurso de fls. 167 a 178, por meio do qual a Recorrente, após reiterar as razões contidas na Manifestação de Inconformidade, sustenta que tem como cliente contratante, na maioria dos serviços prestados, o Poder Público, sendo a prática e costume os contratos de obras públicas serem formalizados sob a sistemática da empreitada global. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10746.900605/201101 Resolução nº 1302000.604 S1C3T2 Fl. 318 3 Aduz que os documentos já apresentados, em especial as notas fiscais de serviço, são elementos hábeis a demonstrar se tratar de serviços prestados com fornecimento de material. Invoca a aplicação do princípio in dúbio pro contribuinte (calcado no art. 112, inciso II, do CTN) ou, ainda, a realização de diligência para juntada aos autos dos contratos de prestação de serviço. Contudo, com base no art. 16, §4º, alínea c, do Decreto nº 70.235, de 1972, combinado com o §5º do referido dispositivo, já traz aos autos os mencionados contratos de prestação de serviço, que comprovariam o direito pleiteado. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator Como já relatado, tratase de Declaração de Compensação (DComp) referente a pagamento efetuado, em 31/01/2006, a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 4ª trimestre do anocalendário de 2005. O crédito compensado decorreria do fato de a Recorrente haver confessado na DCTF e recolhido a CSLL, apurada sob o regime de apuração baseado no Lucro Presumido, a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta, quando, em decorrência da receita se referir à atividade de construção civil com fornecimento de material, o percentual aplicável para a determinação do Lucro Presumido ser o de 12%, conforme art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995. O direito creditório invocado não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 12, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Por outro lado, a Manifestação de Inconformidade do sujeito passivo foi julgada improcedente por se considerar que os elementos juntados aos autos não são suficientes para comprovar que os serviços prestados pela Recorrente incluem o fornecimento de todo o material necessário à sua realização. Nos termos do art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995, a base de cálculo da CSLL devida pelas pessoas jurídicas que apuram o IRPJ com base no Lucro Presumido, corresponderá a doze por cento da receita bruta, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15 daquele diploma legal, dentre as quais se inclui a prestação de serviços em geral, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. O citado art. 15 foi interpretado pelo Ato Declaratório Normativo Cosit nº 6, de 1997, que esclareceu que, para a determinação da base de cálculo do IRPJ mensal, a construção por empreitada com emprego de qualquer quantidade de materiais se sujeitaria ao percentual de 8% (oito por cento), enquanto incidiria o percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita das atividades de construção por empreitada unicamente de mãodeobra. Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10746.900605/201101 Resolução nº 1302000.604 S1C3T2 Fl. 319 4 A Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997, tratava do assunto, nos mesmos moldes do ADN mencionado. Aquele entendimento vigorou até a edição da Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de 2004, que definiu como "construção por empreitada com emprego de materiais, a contratação por empreitada de construção civil, na modalidade total, fornecendo o empreiteiro todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra". (Destacouse) No caso sob exame, tratandose do anocalendário de 2005, aplicase, portanto, o entendimento que exige o fornecimento de todos os materiais, para a aplicação do percentual favorecido na determinação da base de cálculo da CSLL. A questão que se põe, portanto, é saber se as provas documentais apresentadas pelo sujeito passivo são (ou não) suficientes para comprovar que as receitas tributadas no trimestre em questão se referem a serviços de construção civil prestados com o fornecimento de material. Ocorre que, previamente à apreciação do Recurso, fazse necessário esclarecimento. É que, dentre os contratos apensados ao Recurso, constatase a existência de instrumento firmado com a Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178 (fls. 296/303). Do mesmo modo, vêse que notas fiscais (fl. 295 e 304) são emitidas pela Recorrente, em relação ao contrato firmado com a Construtora Monte do Carmo Ltda, e que os valores das referidas receitas estão contabilizadas nos Livros contábeis e fiscais juntados pela Recorrente, e foram considerados na apuração da CSLL devida no período em questão. Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/PalmasTO), para que: a) intime o sujeito passivo a esclarecer a existência de notas fiscais e contrato referente à Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178, na base de cálculo utilizada para a determinação da CSLL relativa ao 4º trimestre do anocalendário de 2005 e do indébito de que trata o presente processo; b) informe os valores efetivamente recolhidos pela Recorrente, a título de CSLL, em relação ao referido período de apuração, detalhando a eventual utilização/disponibilidade dos pagamentos efetuados; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, bem como se manifestando em relação aos esclarecimentos prestados pelo sujeito passo, que deve ser cientificado do resultado, com a concessão de prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado. (assinado digitalmente) Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10746.900605/201101 Resolução nº 1302000.604 S1C3T2 Fl. 320 5 Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 320DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000850/2005-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 19/06/2002
REGISTRO ESPECIAL DE PAPEL IMUNE. ALTERAÇÃO CADASTRAL. COMUNICAÇÃO. FALTA OU ATRASO.
O atraso na comunicação das alterações contratuais, registradas na Junta Comercial, após a concessão do registro especial, sujeita o contribuinte à imposição da multa prevista no artigo 57 da MP n° 2.158-35/2001.
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 2
Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucional idade das normas tributárias, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 49
Ainda que o contribuinte efetue a regularização da entrega de obrigação acessória (DIF-Papel Imune) antes de iniciado procedimento fiscal, não é aplicável o benefício da denúncia espontânea, previsto no artigo 138, do CTN. Precedentes do STJ. Existência de súmula desse Colegiado, o que impede decisão em contrário.
INFRAÇÃO TRIBUTÁRIA. NATUREZA OBJETIVA.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.
RETROATIVIDADE BENIGNA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. MP 2.158-35/2001. LEI FEDERAL 11.945/2008.
Havendo alteração na legislação tributária que imponha penalidades, reduzindo-as, é possível o reconhecimento de ofício da retroatividade benigna, ainda que não suscitada pela parte recorrente, em vista de ser matéria de ordem pública.
Numero da decisão: 3401-004.461
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mas reconhecer, de ofício, a aplicação retroativa da multa prevista no § 4º, II do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, com a redução prevista no § 5º, cabendo à unidade preparadora da RFB verificar o enquadramento ou não da empresa como micro e pequenas empresa à época dos fatos.
ROSALDO TREVISAN - Presidente
TIAGO GUERRA MACHADO - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayer, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição a conselheira Mara Cristina Sifuentes, ausente justificadamente), André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida.
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 19/06/2002 REGISTRO ESPECIAL DE PAPEL IMUNE. ALTERAÇÃO CADASTRAL. COMUNICAÇÃO. FALTA OU ATRASO. O atraso na comunicação das alterações contratuais, registradas na Junta Comercial, após a concessão do registro especial, sujeita o contribuinte à imposição da multa prevista no artigo 57 da MP n° 2.158-35/2001. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 2 Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucional idade das normas tributárias, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 49 Ainda que o contribuinte efetue a regularização da entrega de obrigação acessória (DIF-Papel Imune) antes de iniciado procedimento fiscal, não é aplicável o benefício da denúncia espontânea, previsto no artigo 138, do CTN. Precedentes do STJ. Existência de súmula desse Colegiado, o que impede decisão em contrário. INFRAÇÃO TRIBUTÁRIA. NATUREZA OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. RETROATIVIDADE BENIGNA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. MP 2.158-35/2001. LEI FEDERAL 11.945/2008. Havendo alteração na legislação tributária que imponha penalidades, reduzindo-as, é possível o reconhecimento de ofício da retroatividade benigna, ainda que não suscitada pela parte recorrente, em vista de ser matéria de ordem pública.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mas reconhecer, de ofício, a aplicação retroativa da multa prevista no § 4º, II do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, com a redução prevista no § 5º, cabendo à unidade preparadora da RFB verificar o enquadramento ou não da empresa como micro e pequenas empresa à época dos fatos. ROSALDO TREVISAN - Presidente TIAGO GUERRA MACHADO - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayer, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição a conselheira Mara Cristina Sifuentes, ausente justificadamente), André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida.
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ALTERAÇÃO CADASTRAL. COMUNICAÇÃO. FALTA OU ATRASO. O atraso na comunicação das alterações contratuais, registradas na Junta Comercial, após a concessão do registro especial, sujeita o contribuinte à imposição da multa prevista no artigo 57 da MP n° 2.15835/2001. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 2 Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucional idade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 49 Ainda que o contribuinte efetue a regularização da entrega de obrigação acessória (DIFPapel Imune) antes de iniciado procedimento fiscal, não é aplicável o benefício da denúncia espontânea, previsto no artigo 138, do CTN. Precedentes do STJ. Existência de súmula desse Colegiado, o que impede decisão em contrário. INFRAÇÃO TRIBUTÁRIA. NATUREZA OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. RETROATIVIDADE BENIGNA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. MP 2.15835/2001. LEI FEDERAL 11.945/2008. Havendo alteração na legislação tributária que imponha penalidades, reduzindoas, é possível o reconhecimento de ofício da retroatividade AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 08 50 /2 00 5- 59 Fl. 159DF CARF MF 2 benigna, ainda que não suscitada pela parte recorrente, em vista de ser matéria de ordem pública. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mas reconhecer, de ofício, a aplicação retroativa da multa prevista no § 4º, II do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, com a redução prevista no § 5º, cabendo à unidade preparadora da RFB verificar o enquadramento ou não da empresa como micro e pequenas empresa à época dos fatos. ROSALDO TREVISAN Presidente TIAGO GUERRA MACHADO Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayer, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição a conselheira Mara Cristina Sifuentes, ausente justificadamente), André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (fls. 113 e seguintes) contra decisão da 3ª Turma, DRJ/POR, que considerou procedente, em parte, as razões da Recorrente sobre a nulidade de Auto de Infração, exarado pela DEFICSP/DIFIS/Indústria, em 18.03.2005, com ciência pela Contribuinte em 06.04.2005 (fl. 25), referente à ausência de prestação de informações quanto à alteração contratual e reunião dos sócios quotistas acerca do fechamento de um depósito. Do Lançamento Naquela ocasião, a D. Fiscalização lançou crédito tributário (fls. 16 e seguintes) de R$170.000,00 (cento e setenta mil reais), em razão de descumprimento de obrigações acessórias entre 2002 e 2003, conforme consta no auto de infração abaixo destacado: Da análise das 2 últimas alterações do Contrato Social, ficou constatado que após a publicação do Ato Declaratório Executivo n.1.020, de 30/04/2002 (Inscrição no Regime Especial de Usuário de Papel Imune) de fato ocorreu Alteração e Consolidação do seu Contrato Social e Reunião de Sócios Quotistas . Fl. 160DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 160 3 Uma vez intimado em 21/02/2005 a justificar os motivos pelo qual deixou de informar ao Órgão competente, não se pronunciou, apenas encaminhou a Alteração e Consolidação Contratual e Reunião de Sócios Quotistas, em 24 de março de 2005. Diante do exposto, será lavrado multa regulamentar em descumprimento, a saber: IN SRF 71/2001, Artigo 9° Art.9° Após a concessão do registro especial, as alterações verificadas nos elementos constantes do art 3° deverão ser comunicadas pela pessoa jurídica à DRF ou IRF classe "A" do seu domicílio fiscal, no prazo de trinta dias, contado da data de sua efetivação ou, quando for o caso, do arquivamento no registro do comércio, juntando cópia dos documentos de alteração IN SRF.101/2001, Artigo 9° parágrafo 1 Artigo 9° Após a concessão de registro especial, as alterações verificadas nos elementos constantes do art.3 ° deverão ser comunicadas pela pessoa jurídica à DRF ou DEFIC do seu domicílio fiscal, no prazo de trinta dias, contado da data de sua efetivação ou, quando for o caso, do arquivamento no registro do comércio, juntando cópia dos documentos de alteração. Parágrafo 1º A falta de comunicação de que trata o caput sujeitará a empresa à penalidade prevista no art.57 da Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. MP 2.158352001 Art.57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art.l6.da Lei n.9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I — R$ 5000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II ... Data Ocorrência Prazo 30 dias Data Comunicação 1ª Alteração 19/06/2002 18/07/2002 20/08/2004= (26meses) 2ª Alteração 02/12/2003 01/01/2004 20/08/2004=(08meses) Valor Tributável: 5.000,00 x 34 meses = R5 170.000,00. Fica ressalvado o direito de a Fazenda Nacional, em razão de fato ou circunstância não conhecida nesta oportunidade, de proceder a novos exames, inclusive quanto àqueles cumpridos na presente ação fiscal que ora se encerra. Data de Referência: 19/06/2002 Multa Devida R$130.000,00 Data de Referência: 02/12/2003 Fl. 161DF CARF MF 4 Multa Devida R$40.000,00 ENQUADRAMENTO LEGAL Artigo 9º da IN SRF 71.de 24/08/2001 com nova redação dada nos termos do Artigo 9º parágrafo primeiro da IN SRF 101/2001. MP 2.158352001 Artigo 57 inciso I. Da Impugnação A Contribuinte tomou ciência do Auto de Infração, em 06/04/2005 (fl. 103), e interpôs impugnação, em 05.01.2006 (fls.30 e seguintes), alegando, em síntese, o seguinte: II. FATOS Considerando o objeto social da impugnante, relacionado à exploração do ramo editorial, ela é detentora de inscrição junto ao Registro Especial de Usuário de Papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, para importação e uso de papel isento de impostos, há anos (doc. 6 a 12). Até a edição da Instrução Normativa SRF n. 71/2001, este registro era renovado anualmente. Com as inovações trazidas pela referida Instrução, o registro especial para estabelecimentos que realizam operações com papel destinado à impressão passou a ser definitivo, bastando que, após a concessão do registro especial, a pessoa jurídica beneficiária informe à DRF ou IRF as alterações dos dados fornecidos originariamente. A Instrução Normativa SRF n. 71/2001 instituiu, ainda, a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune (DIFPapel Imune). Por força do Ato Declaratório Executivo n. 1020, da Delegacia da Receita Federal de Fiscalização em São Paulo, de 30 de abril de 2002, a impugnante foi inscrita no Registro Especial para operar com papel imune (doc. 13/14): "No. 1020 Inscrito no Registro Especial de Usuário de Papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, número UP0819010519, o estabelecimento da empresa CARTA EDITORIAL LTDA., inscrito no CNPJ sob o número 48.112.650/000155 e localizado à Av. Brasil, 1.456 – Jardim América São Paulo SP, considerando os autos do processo 11610.007104." Em decorrência, apresentou, desde então, trimestralmente, a DIF Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune, que manteve atualizada a fiscalização sobre todo o fluxo do papel importado adquirido, tendo sido reportados na declaração, as notas fiscais de entrada e saída, e controles de produção, e de estoques de papel e livros (doc. 15 a 26). Em 20 de agosto de 2004, a impugnante encaminhou à fiscalização cópia da alteração do contrato social e da ata de reunião de diretores, registrados na Junta Comercial de São Paulo Embora assim efetivamente seja, em 21/2/2005, a impugnante foi intimada do Termo de Diligência Fiscal Registro Especial Papel Imune, nos seguintes termos: (...) Fl. 162DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 161 5 Em cumprimento aos termos da intimação, a impugnante apresentou novamente os documentos à Receita Federal em 2/3/2005. Mas, apesar disso, em 30/03/2005, o Sr. Fiscal lavrou o auto de infração em discussão, para cobrar multa por descumprimento de obrigação acessória, não só pelo fato da empresa não ter apresentado cópia da alteração do contrato social, conforme a intimação acima referida (R$ 130.000,00). Aproveitou para também para imputar à empresa multa por falta de apresentação de simples Ata de Reunião de Sócios Quotistas, onde foi deliberado o fechamento de um depósito da empresa e abertura de outro (+ R$ 40.000,00). III. DIREITO III.1. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE A IMPUGNANTE NÃO PODE SER MULTADA POR DESCUMPRIMENTO DE SIMPLES INSTRUÇÃO NORMATIVA 1 Primeiramente, a impugnante sustenta a inconstituciona1idade e ilegalidade da cobrança indistinta da multa prevista na Medida Provisória n. 215835/2001, por inobservância do artigo 16 da Lei 9779/99, que dá carta branca à Secretaria da Fazenda editar as normas acessórias de qualquer natureza, relativas aos tributos federais.(...) (a) cabe somente à lei complementar estabelecer normas gerais sobre obrigações tributárias; e que (b) somente podem ser objeto de imputação de penalidade a ação ou omissão contrária aos dispositivos previstos em Lei ou outras infrações definidas na Lei . Portanto, ainda que a multa esteja prevista em lei ou equivalente (MP 215835/2001) e apesar da previsão genérica do artigo 16 da Lei ordinária 9779/99, a conduta que se pretende punir seriamente com a multa não está prevista em lei, muito menos complementar, o que é expressamente vedado pelo ordenamento jurídico pátrio. (...) Concluise, assim, pela ilegalidade e inconstitucional idade da aplicação da multa por falta de atendimento do previsto da Instrução Normativa n. 71/2001, na redação dada pela Instrução Normativa n. 101/71. III. III.2. A IMPUTAÇÃO DA MULTA DE R$ 170.000,00 DESRESPEITA OS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE DA SANÇÃO Sustenta a impugnante que, tratandose de descumprimento de obrigação acessória, que não implicou prejuízo ao Estado , seja de ordem financeira, ou mesmo de obstrução à fiscalização, jamais a multa imputada poderia atingir o montante imputado, porque tratarseia de punição desproporcional e desarrazoada (...) Veja que, aqui como lá, o mesmo entendimento deverá ser aplicado, porque neste caso também: (i) questionase o quantitativo da multa, porque a impugnante teria descumprido a obrigação de prestar os esclarecimentos durante 26 e 8 meses consecutivos, o que redundou na aplicação da multa de R$ 5.000,00 multiplicada por 34; (ii) o eventual descumprimento da obrigação imposta pela Receita Federal não Fl. 163DF CARF MF 6 pode ser visto como um somatório de desobediência à legislação tributária, se a impugnante prestou as informações na DIFPapel Imune, e se, antes da ação fiscal, a impugnante já havia entregue à Secretaria cópia do contrato social alterado única foi a infração e, portanto, única deverá ser a multa; (iii) deverá ser aplicado o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade. III.3. É CASO DE RELEVAÇÃO DA MULTA FALTA DE PREJUIZO AO ERÁRIO, DE ORDEM FINANCEIRA OU DE ÓBICE À FISCALIZAÇÃO Deve ser levado em consideração também que a eventual falta praticada pela impugnante, sanada antes da ação fiscal, não causou ao Erário prejuízo de qualquer ordem, seja financeiro, seja de embaraço à fiscalização. Isto porque a malfadada alteração do contrato social, tratada nos presentes autos, somente trouxe a saída da Sra. Haydée Pires Castelões, que detinha aproximadamente 2% das quotas da sociedade, quotas estas que foram transferidas para o Sr. Andrea Carta, que já era sócio da empresa.(...) De resto, houve atualização dos endereços de parte dos sócios, e alteração da representação de sócia menor de idade. Portanto, a punição de multa decorrente de falta absolutamente escusável praticada pela impugnante, consistente em não cumprimento de obrigação acessória é passível de relevação, face às especiais características que revestiram os fatos. III.4.NÃO HÁ PREVISÃO DE OBRIGATORIEDADE DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE REGISTRO DE SIMPLES ATA DE REUNIÃO DE QUOTISTAS Dispõe o artigo 3º da Instrução Normativa n. 71/2001, que regula o registro especial e que fundamentou a autuação: "Art. 3º pedido de registro será apresentado à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) referida no caput do artigo anterior, instruído com os seguintes elementos: II — Cópia do estatuto, contrato social ou declaração de firma individual, bem assim das alterações posteriores , devidamente registrados e arquivados no órgão competente de registro de comércio." (gn) Repetindo a transcrição do artigo 9 ° da mesma Instrução Normativa: "Art. 9º Após a concessão do registro especial, as alterações verificadas nos elementos constantes do art. 32 deverão ser comunicadas pela pessoa jurídica à DRF ou Defic do seu domicílio fiscal, no prazo de trinta dias, contado da data de sua efetivação ou, quando for o caso, do arquivamento no registro do comércio, juntando cópia dos documentos de alteração." (gn) Da leitura dos dispositivos acima, constatase que a impugnante estava obrigada a apresentar à Delegacia da Receita Federal somente as alterações de seu contrato social, o que leva à conclusão de que a falta de apresentação de simples Ata de Reunião de Sócios Quotistas jamais poderia ter sido considerada pela fiscalização como descumprimento da referida IN. (...) Vejase que nem mesmo no Termos de Início de Diligência, que precedeu à lavratura do presente auto de infração, a impugnante nem mesmo foi intimada a manifestarse sobre a Ata de Reunião de Sócios Quotistas. A novidade veio com a lavratura do auto de infração, quando a fiscalização na sede de imputar multa absolutamente desarrazoada à impugnante, aproveitou para Fl. 164DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 162 7 enquadrar situação que nem mesmo está contemplada na Instrução Normativa ou qualquer outra regulamentação. Assim, e independentemente de tudo que já foi sustentado até aqui, se faz imperioso o cancelamento da multa imputada por falta de apresentação de Ata de Reunião de Quotistas à Receita Federal. Da Decisão de 1ª Instância Sobreveio Acórdão 1426 912, exarado pela 3ª Turma, da DRJ/RPO, em 26.11.2009, do qual a Contribuinte tomou conhecimento em 29.03.2010, através do qual foi mantido em parte o crédito tributário lançado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 19/06/2002, 02/12/2003 REGISTRO ESPECIAL DE PAPEL IMUNE. ALTERAÇÃO CADASTRAL. COMUNICAÇÃO. FALTA OU ATRASO. O atraso na comunicação das alterações contratuais, registradas na Junta Comercial, após a concessão do registro especial, sujeita o contribuinte à imposição da multa prevista no artigo 57 da MP n° 2.15835/2001. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 19/06/2002, 02/12/2003 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucional idade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. IMPUGNAÇÃO DO LANÇAMENTO. PEDIDO DE RELEVAÇÃO DE PENALIDADE. COMPETÊNCIA. A impugnação do lançamento instaura a fase litigiosa da exigência, devendo ser processada nos termos do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, que não instituiu competência às instâncias julgadoras administrativas para decidir sobre pedido de relevação de penalidades. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 19/06/2002, 02/12/2003 INFRAÇÃO TRIBUTÁRIA. NATUREZA OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Impugnação Procedente em Parte Fl. 165DF CARF MF 8 Crédito Tributário Mantido em Parte Devese destacar as seguintes conclusões do voto condutor: Contra a empresa epigrafada foi lavrado o auto de infração de fls. 17/20, que se prestou a constituir crédito tributário relativo à multa por falta de comunicação das alterações cadastrais/sociais ocorridas após a concessão de Registro Especial, de que trata o art. 9° da Instrução Normativa SRF n° 71/200 1. O montante do crédito tributário lançado correspondeu a R$ 170.000,00. A fundamentação legal da autuação, apontada pela autoridade fiscal autuante, foi a seguinte: art. 57, inc. I, da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art. 9° da IN SRF n° 71/2001, com as alterações processadas pela IN SRF n° 101/2001. O procedimento fiscal, determinado pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 08.1.90.002005002655, e as constatações dele decorrentes, estão descritos no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 14/16. Segundo relatório contido no referido termo, foi constatado que o sujeito passivo, inscrito no Registro Especial de Usuário de Papel Imune conforme Ato Declaratório Executivo n° 1.020, de 30/04/2002, deixou de comunicar à Receita Federal a alteração do seu quadro societário, assim como a ocorrência da reunião de sócios quotistas (que decidiu pelo / fechamento de um depósito e a abertura de outro). O contribuinte foi inicialmente intimado a apresentar cópias do seu contrato social e das suas últimas alterações, bem como "justificar os motivos pelo qual deixou de informar ao Órgão competente a MUDANÇA NO QUADRO SOCIETÁRIO DA EMPRESA, em 02/12/2003" (fl. 3). Em atenção a esta intimação, foram apresentadas cópias da "alteração e consolidação do contrato social", registrada na Jucesp em 19/06/2002 (fls. 5/11), assim como da referida "reunião de sócios quotistas", registrada na Jucesp em 02/12/2003 (fl. 12), não tendo o intimado apresentado qualquer justificativa para o fato apontado na intimação. Em razão destas constatações, a autoridade lançou a multa prescrita no § 1° do art. 9° da IN SRF n° 71/2001, conforme assim demonstrado no referido TVF: (...) Como se viu, a impugnante não contesta a situação fática que deu azo ao lançamento das multas: o atraso na comunicação da alteração de seu contrato social e da referida reunião dos sócios quotistas, só ocorrida em 20/08/2004. Protesta contra a exigência fiscal porquanto fundamentada em norma ilegal e inconstitucional. Ademais, a multa aplicada não observou os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Entende que deva ser aplicada a relevação da multa uma vez que não houve falta de pagamento de tributo, o erro foi escusável e ausente o intuito doloso. De resto, impugna especificamente o lançamento da multa relativa ao atraso na comunicação da reunião dos quotistas, porquanto entende que este simples fato não enseja a obrigação de comunicação ao fisco, até porque o que foi nela decidido sequer foi implantado. (...) Inconstitucionalidade e ilegalidade da norma. Princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 163 9 Assim sendo, não cabe afastar a aplicação da penalidade que a lei prescreve, que se impõe em face da constatação da infração à legislação tributária, sob pretexto de que o montante obtido não é razoável, é confiscatório ou desproporcional, Aliás, a respeito do citado princípio da proporcionalidade, oriundo do Direito Penal, é oportuno consignar que, a teor do disposto no art. 109 do Código Tributário Nacional (CTN), por ocasião da interpretação da legislação tributária, os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Enfim, as questões aqui trazidas pela impugnante devem ser levadas, se assim desejar, ao crivo do Poder Judiciário, que detém o monopólio de decisão acerca de argüições de ilegalidade ou inconstitucional idade do direito positivado. As autoridades administrativas só cumpre fazer valer as normas vigentes, que regulam a matéria objeto do procedimento fiscal. Multa por falta de comunicação da reunião dos quotistas Quanto ao protesto pela inaplicabi1idade da multa pelo atraso na comunicação da ocorrência da referida reunião de quotistas, conforme Ata registrada na Jucesp em 02/12/2003, penso que assiste razão à impugnante. Com efeito, o art. 9° da IN SRF n° 71, de 2001, normativo tido como infringido pelo sujeito passivo, é claro no sentido de que as comunicações que devem ser feitas à Receita Federal cingemse àquelas relativas "às alterações verificadas nos elementos constantes do art. 3°". E, de fato, entendo que não é possível enquadrar o mero arquivamento na Jucesp de uma reunião da Ata de sócios quotistas no rol dos "elementos constantes" no art. 3° da norma em análise, já transcrito. Em relação aos atos registrados e arquivados na Junta Comercial, observese que o dispositivo tratou especificamente das alterações eventualmente ocorridas (registradas e arquivadas) no contrato social da empresa. Assim sendo, o mero registro e arquivamento de uma Ata de reunião de quotistas não pode mesmo, a meu juízo, justificar a imposição da penalidade lançada com fulcro no referido comando normativo. E mesmo que as decisões tomadas na referida reunião tivessem sido efetivamente processadas (contrariamente ao que alega a impugnante), a comunicação do • ocorrido somente poderia ser exigida a partir do momento em que elas produzissem efetivas alterações no contrato social do sujeito passivo, devidamente registradas e arquivadas na Jucesp, o que nos autos não se comprova. De outra banda, também não penso que a espécie em análise possa ser enquadrada no que dispõe o inciso I do art. 3° da norma já referenciada, que trata dos dados de identificação do requerente da inscrição no registro especial, inclusive seu endereço. Ora, a meu juízo está claro que o endereço referido no comando normativo diz respeito tãosomente ao domicílio tributário do requerente. Para fins de aplicação de penalidade, com supedâneo no que dispõe o disposto no art. 112 do Código Tributário Nacional (CTN), tenho que não se deve interpretar a norma de forma extensiva, considerandose, na espécie, que o contribuinte deva comunicar à Receita Federal o fechamento de um depósito e a abertura de outro. Fl. 167DF CARF MF 10 Assim sendo, entendo que há que se excluir do lançamento o montante de R$ 40.000,00, relativo à multa referente à data da ocorrência de 02/12/2003, lançada pela falta de comunicação do registro, na Jucesp, da Ata da citada reunião de quotistas. Relevação da penalidade (...)Por meio da Portaria MF n2 214, de 28 de março de 1979, o Ministro da Fazenda, de fato, delegou a referida competência ao Secretário da Receita Federal. Nestes termos, a decisão sobre pedidos de relevação de penalidade compete exclusivamente àquela autoridade, sendo facultado aos contribuintes, que entendem estar presentes, no caso concreto, as condições dispostas no comando legal recém transcrito, formular requerimento especificamente para este fim, dirigido àquela autoridade administrativa. Assim, o exame acerca do atendimento dos pressupostos para a relevação da penalidade não pode ser efetuado por esta instância de julgamento, sob pena de usurpação de competência de autoridade hierarquicamente superior. Tampouco, neste estágio, pode ser alterado o rito processual para converter a impugnação apresentada em pedido de relevação de penalidade, encaminhando o processo à autoridade competente, a não ser que a impugnante expressamente manifeste a desistência da impugnação apresentada. Até porque, no caso aqui analisado, a relevação da penalidade não está expressamente arrolada entre os pedidos que concluem a peça impugnatória. Como visto, a impugnante concluiu sua peça pedindo pelo cancelamento integral da exigência. Destarte, desejando prosseguir com o litígio, nos termos do PAI, depois de proferida decisão definitiva na esfera administrativa, acaso a contribuinte reitere o pedido de relevação de penalidade, o processo poderá ser encaminhado para a autoridade competente para apreciação. De qualquer sorte, é oportuno consignar que a ausência de dolo, como alegada pela impugnante, não se presta a eximila da responsabilidade pela infração cometida, a teor do que dispõe o art. 136 do Código Tributário Nacional (CTN), verbis (...) Ante o exposto, voto por julgar PROCEDENTE EM PARTE al impugnação, excluindose do crédito tributário lançado o montante de R$ 40.000,00, relativo à multa referente à data de ocorrência de 02/12/2003. Do Recurso Voluntário Irresignado, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, que veio a repetir os argumentos apresentados na impugnação e apresentar, ainda, os seguintes: III.1. DENÚNCIA ESPONTÂNEA — EXCLUSÃO DA PUNIBILIDADE A recorrente sustenta que apresentou cópia da Alteração do Contrato Social registrada na Junta Comercial de São Paulo, à Administração Pública em 20/08/2004, portanto, antes do início da ação fiscal , que se deu em 211212005 , o que impede a aplicação da penalidade , tendo em vista o instituto da denúncia espontânea. Fl. 168DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 164 11 E sendo a espontaneidade característica excludente da responsabilidade tributária quando exercida opporluno lempore, razão não há para ser mantida a penalidade aplicada à empresa, principalmente em valor demasiadamente alto e em total desproporção com o ato praticado pela empresa. Assim, considerando que a recorrente apresentou ao Fisco cópia da Alteração Contratual antes do início da ação fiscal, ou seja, antes mesmo de ser intimida do Termo de Início de Diligência Fiscal, deve a penalidade que lhe foi imputada no valor originário de R$ 130.000,00 por atraso na apresentação do referido documento ser cancelada, como conseqüência do efeito da denúncia espontânea, no estrito cumprimento do art. 138 do CTN. III.2. É CASO DE RELEVAÇÃO DA MULTA FALTA DE PREJUÍZO AO ERÁRIO, DE ORDEM FINANCEIRA OU DE ÓBICE À FISCALIZAÇÃO Ainda que não tivesse a denuncia espontânea no caso presente, ainda assim a multa seria improcedente, porque o fisco não sofreu nenhum prejuízo com o atraso na apresentação da alteração contratual pela recorrente. Veja que na decisão recorrida, a 3ª Câmara da Delegacia de Julgamento negou a relevação da multa aplicada à recorrente ao argumento de que as instâncias julgadoras não possuem competência para decidir sobre pedido de relevação de penalidades, nada dizendo sobre a existência do prejuízo. Ora, quem pode aplicar a relevação de multa senão as Instâncias Julgadoras? Como se vê, a relevação da multa não só foi objeto de apreciação pelas Câmaras Julgadoras do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, como foi deferida a favor do contribuinte, tendo em vista que a irregularidade cometida assumiu caráter exclusivamente formal, já que absolutamente evidente que não houve falta de recolhimento do tributo. Esse é exatamente o caso dos autos! Além disso, há que se considerar que a falta apontada pela fiscalização não acarretou benefício algum para a recorrente, fator objetivo que por si só leva a completa desconsideração de intuito de fraude, dolo ou má — fé da recorrente. (...) De resto, houve atualização dos endereços de parte dos sócios, e alteração da o representação de sócia menor de idade. Portanto, a punição de multa decorrente de falta absolutamente escusável praticada pela recorrente, consistente em não cumprimento de obrigação acessória é passível de relevação, face às especiais características que revestiram os fatos. Vejamos o teor da Solução de Consulta n. 82 de 15 de maio de 2001, proferida pela Superintendência Regional da Receita Federal — 6' Região fiscal. em apoio à possibilidade de relevação de multa: "ASSUNTO: Obrigações Acessórias EMENTA: DIPJ. OBRIGATORIEDADE. PESSOA JURÍDICA IMUNE OU ISENTA. MULTA DE MORA. As pessoas jurídicas imunes ou isentas, a partir do anocalendário de 1999, estão obrigadas à entrega da DIPJ e a falta de apresentação da declaração ou a sua apresentação fora do prazo fixado sujeitará o contribuinte à multa de mora. A competência para decidir sobre a Fl. 169DF CARF MF 12 relavação de penalidades relativas a infrações de que não tenha resultado falta ou insuficiência no recolhimento de tributos federais, atendendo a erro ou ignorância escusável do infrator. Quanto à matéria de fato, ou a equidade em relação às características pessoas ou materiais do caso, inclusive ausência de intuito doloso, é do Secretário da Receita Federal, por delegação do Ministro da Fazenda. São passíveis de relevarão as penalidades relativas a infrações de que não tenha resultado falta ou insuficiência no recolhimento de tributos federais, atendendo a erro ou ignorância escusável do infrator quanto à matéria de fato, ou a equidade em relação às características pessoais ou materiais do caso, inclusive ausência de intuito doloso." III.3. A RECORRENTE NÃO PODE SER MULTADA POR DESCUMPRIMENTO DE SIMPLES INSTRUÇÃO NORMATIVA Os I. Julgadores mantiveram a multa por atraso na apresentação da alteração contratual da empresa, sob o argumento de que não caberia ao julgador administrativo analisar a argüição de ilegalidade ou inconstitucionalidade do art. 57 da MP 2.1583512001. que prevê a aplicação da referida multa. Porém, a recorrente sustenta que a cobrança da multa do art. 57 é inconstitucional e ilegal por inobservância do artigo 16 da Lei 9779/99, que confere carta branca à Secretaria da Fazenda para editar normas acessórias de qualquer natureza, relativas aos tributos federais. É que a Lei não poderia ter delegado à Secretaria a normatização genérica das obrigações acessórias, para cominar ao contribuinte multa por falta de atendimento de qualquer exigência prevista em simples Instrução Normativa, como aqui se pretende cobrar. (...) Concluise, assim, pela ilegalidade e inconstitucional idade da aplicação da multa por falta de atendimento do previsto da Instrução Normativa n. 71/2001. na redação dada pela Instrução Normativa n. 101/71, razão pela qual a mesma deve ser cancelada. III.4. A IMPUTAÇÃO DA MULTA DE R5 130.000,00 DESRESPEITA OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONABILIDADE (i) questionase o quantitativo da multa, porque a recorrente teria descumprido a obrigação de prestar os esclarecimentos durante 26 e 8 meses consecutivos, o que redundou na aplicação da multa de R$ 5.000,00 multiplicada por 34; (ii) o eventual descumprimento da obrigação imposta pela Receita Federal não bode ser visto como um somatório de desobediência à legislação tribulória, se a recorrente prestou as informações na DIFPapel Imune, e se, antes da ação fiscal, a recorrente já havia entregue à Secretaria cópia do contrato social alterado — única foi a infração e, portanto, única deverá ser a multa; (iii) deverá ser aplicado o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade. Assim, latente se faz a observância dos princípios aqui mencionados para que seja a multa cancelada. IIL5. A MULTA TEM EFEITO DE CONFISCO — ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DA ADMINISTRAÇÃO Notese que a fundamentação da muita é tãosomente a falta de justificativa da recorrente pelo atraso na apresentação da Alteração Contratual da empresa. Assim, é evidente que a penalidade aplicada não lhe pode causar um prejuízo injusto e muito menos seria tolerável que propiciasse uni enriquecimento sem causa para a Administração. (...) Fl. 170DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 165 13 Nem poderia ser diferente, porquanto o caráter confiscatório da multa desconfigura sua própria natureza e função. Ou seja, o que era para servir como instrumento sancionador e inibidor do Estado, transformase em inequívoca fonte de arrecadação, configurandose como verdadeiro tributo ilegal, disfarçado sob a roupagem de penalidade pecuniária. Por estas razões, a multa de R$ 5.000.00 por mêscalendário de atraso na apresentação da Alteração Contratual da empresa afronta o princípio da vedação de multa com efeito de confisco, devendo, portanto, ser cancelada. Da Resolução CARF n. 3401000.80 Em 27.03.2014, a Quarta Câmara, Primeira Turma Ordinária, do CARF, converteu o julgamento em diligência (fls 141 e seguintes) com base no entendimento abaixo destacado: A Recorrente foi autuada por descumprir obrigações acessórias. Apesar de a DRJ ter cancelado parte do lançamento, permanece o auto de infração no valor de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), relativo à multa em razão de a Recorrente, apesar de estar inscrita no cadastro de usuários de papel imune, não ter informado à autoridade fiscal uma alteração realizada em seu contrato social. Muito embora a Recorrente não negue que deixou de prestar a informação dentro do prazo, ela devolve as seguintes matérias para serem apreciadas por este Conselho: denúncia espontânea; possibilidade de a multa ser relevada; inconstitucionalidade e ilegalidade da multa aplicada. Sendo relevante o regime de tributação para aplicação da multa e considerando que a informação não consta nos autos, converto o presente processo em diligência para esclarecer: 1. Qual o regime de tributação do Imposto de Renda do contribuinte constante na ultima DIPJ apresentada pelo contribuinte antes do auto de infração de 03 de fevereiro de 2005? 2. Que seja anexado um extrato da relação das DIPJ’s apresentadas pelo contribuinte. Depois de realizada a diligência, deverá ser elaborado um relatório conclusivo,com as respostas aos quesitos acima, do qual a Recorrente deve ser intimada a se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. Ultrapassado o trintídio, os autos devem retornar a este conselho, ainda que a Recorrente não tenha se manifestado, para julgamento do mérito. Em 07.12.2016, despacho da MF/RFB/SRRF/8ª RF/DERAT/SP nos seguintes termos: Em atendimento à Resolução n. 3401000.805, da 4a. Câmara/ 1o. Turma Ordinária, de 37 de Março de 2014, passo a responder os itens enumerados à folha 143. Fl. 171DF CARF MF 14 1. “Qual o regime de tributação do Imposto de Renda do contribuinte constante na ultima DIPJ apresentada pelo contribuinte antes do auto de infração de 03 de fevereiro de 2005?” A última declaração apresentada antes do auto é datada de 30/06/2004 e a forma de tributação era Lucro Real, regime esse que prevalece em todas as declarações entregues. (vide fls. 154) 2. “Que seja anexado um extrato da relação das DIPJ’s apresentadas pelo contribuinte.” Anexo nessa data (vide fls. 154) Após o relatório da diligência, os autos foram retornados a esse Colegiado e mim distribuídos em julho de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro TIAGO GUERRA MACHADO Da Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, de modo que admito seu conhecimento. Do Mérito Não cabe razão à Recorrente. Em primeiro lugar, com relação à arguição de que teria havido a denuncia espontanea pela Recorrente uma vez que ela teria entregue as obrigações acessórias, ainda que em atraso, antes do procedimento de auditoria fiscal. Contudo, o artigo 138, do Código Tributário Nacional, somente tem sentido para excluir a penalidade de obrigações de ordem pecuniária, ou seja, da obrigação principal. Tal é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça, que posicionouse qual não exclui se a multa moratória e não se aplica o benefício da denúncia espontânea às responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, tal como o presente caso. Não somente isso, esse próprio Tribunal já emitiu a Súmula CARF nº 49: Fl. 172DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 166 15 Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Ainda que não fosse aplicável dita Súmula, vejam que a penalidade prevista no artigo 57, da MP 2.15835, é imposta nos casos em que o contribuinte deixar de apresentar, "nos prazos estabelecidos", as declarações exigidas pela RFB; de modo que a única maneira de se evitar a aplicação da multa é sua entrega tempestiva, sendo figurativamente impossível a denuncia espontânea de obrigações acessórias dessa natureza. Portanto, insubsistente esse argumento. Quanto à arguição de que "a Recorrente não pode ser multada por descumprimento de simples instrução normativa", vale esclarecer que a exigência da obrigação acessória de entregar a DIFPapel decorre diretamente da subrogação prevista no artigo 16, da Lei Federal 9.779/1999, para que a Receita Federal do Brasil (à época Secretaria da Receita Federal), regulasse as obrigações acessórias que entendesse pertinentes à administração dos tributos por ela administrados. Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Em função dessa subrogação, foram criadas diversas obrigações a serem adimplidas pelos contribuintes e responsáveis tributos, entre elas a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune (DIFPapel Imune), através da Instrução Normativa 71/2001, embasamento legal válido para o lançamento da multa formal no presente caso. As penalidades em decorrência do inadimplemento de tais obrigações restaram previstas expressamente na Medida Provisória 2.15835/2001, conforme sua redação original: Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Fl. 173DF CARF MF 16 Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. Nesse sentido, a penalidade e o nascimento normativo da obrigação acessória inadimplida decorre diretamente de texto legal stricto sensu, descabendo qualquer pretensão de nulidade do lançamento. Por último, os argumentos de ordem constitucional emitidos pela Recorrente (itens III.1, III.3 e III.4), vis a vis a obediência desse Colegiado à Súmula CARF nº 2, abstenhome de analisar. Todavia, percebo que a redação original do artigo 57, da mencionada Medida Provisória, foi alterado ao longo do período em que o processo tramitou. E a atual redação determina penalidades substancialmente mais brandas que as originalmente impostas pela autoridade fazendária. Posteriormente, houve edição de lei específica sobre as penalidades referentes à apresentação a destempo da DIFPapel Imune, estabelecendo multa ainda menor no caso da Recorrente, a saber: § 4o O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3o deste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: (...) II de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. § 5o Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4o deste artigo será reduzida à metade. Como pode ser inferido da leitura acima, diante dos fatos narrados ao longo do presente, com a aplicação da norma atual em vigor, o cálculo da penalidade deveria ser de R$ 2500,00 (dois mil e quinhentos reais) para cada declaração a respeito da alteração do Contrato Social da Recorrente entregue em atraso, haja vista que a entrega ocorrera antes de sua intimação, nitidamente inferior à penalidade lançada. Diante desse cenário, entendo ser possível o reconhecimento de ofício – haja vista não haver manifestação da Recorrente nesse particular – da aplicação do artigo 106, do Código Tributário Nacional ao presente: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 19515.000850/200559 Acórdão n.º 3401004.461 S3C4T1 Fl. 167 17 Pelo exposto, conheço do Recurso, dandolhe parcial provimento para reduzir o valor da penalidade em razão da retroatividade benigna reconhecida de ofício. TIAGO GUERRA MACHADO Relator Fl. 175DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912774/2009-73
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/01/2003
PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA.
Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa.
Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento.
Numero da decisão: 9303-006.558
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe negaram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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INCIDÊNCIA. FOLHA DE PAGAMENTOS. Recorrente FEDERAÇÃO INTERF. DAS COOP. DE TRABALHO MÉDICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/01/2003 PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe negaram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 27 74 /2 00 9- 73 Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o acórdão nº 3301001.972, decisão que negou provimento ao recurso voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem na Declaração de Compensação gerada pelo Contribuinte pelo programa PER/DCOMP, transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório correspondente a PIS – Folha de Salários e de compensar os débitos discriminados no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada não foi homologada. Inconformado, o Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, o seguinte: registra, inicialmente, a tempestividade da defesa; assevera que, ao contrário do que supõe a fiscalização, não requereu a utilização daquele crédito para a quitação de qualquer outro débito, mas tão somente daquele objeto do ora discutido PER/DCOMP, sendo perfeitamente suficiente para a compensação a ser realizada (documentação anexa); esclarece que o procedimento adotado atendeu regularmente a todos os requisitos da legislação então em vigor, e que a controvérsia que persiste nos autos referese exclusivamente à existência do crédito no equivocado entendimento fiscal de que o contribuinte teria pleiteado a compensação de crédito já compensado em processo administrativo diverso; fazendo menção ao art. 156, II do Código Tributário Nacional (CTN), afirma que resta demonstrado o direito creditório postulado, objeto do despacho decisório ora questionado, devendo ser reconhecida e homologada a compensação procedida, desconstituindose a exigência das diferenças apontadas pelo Fisco Federal. Assim, ao final, requer seja homologado o direito de compensação, por todos fundamentos aqui apresentados. Na hipótese de não se conhecer a referida homologação, garantindolhe o direito constitucional previsto no artigo 5°, LV, de ampla defesa, requer que a Receita Federal do Brasil apresente as supostas duplicações de compensações alegadas no referido despacho decisório. A Segunda Turma da DRJ/BHE julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 4 3 Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou recurso voluntário ao CARF, que teve seu provimento negado pelo Colegiado a quo. Prevaleceu o entendimento de que as sociedades cooperativas estão sujeitas ao PIS sobre o valor da folha mensal de salários, à alíquota de 1,0 %, e sobre as receita operacional bruta, com as exclusões da base de cálculo previstas em lei, à alíquota de 0,65 %., bem como de que a restituição/compensação de indébito tributário está condicionado à certeza e liquidez do valor pleiteado/declarado. O Contribuinte opôs embargos de declaração, sendo que estes foram rejeitados. O Contribuinte interpôs então o Recurso Especial de Divergência ora em apreço, suscitando divergência quanto à incidência da Contribuição PIS sobre a Folha de Salários. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, foram apresentados e apreciados os acórdãos 3403002.500 e 340100.680., nos termos do § 5º, art. 67 do RICARF. O Recurso Especial do Contribuinte foi admitido e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, manifestando pelo não provimento do Recurso Especial do Contribuinte e que fosse mantido o v. acórdão. É o relatório em síntese. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.545, de 10 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10680.912761/200902, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.545): Da admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, dele conheço. O acórdão recorrido decidiu por negar provimento ao recurso voluntário, sob o entendimento de que, à época dos fatos, as sociedades cooperativas estavam sujeitas ao PIS sobre o valor da folha mensal de salários, à alíquota de 1,0 %, e sobre as receita operacional bruta, com as exclusões da base de cálculo previstas em lei, à alíquota de 0,65 %. O acórdão paradigma nº 3403002.500 decidiu, em sede de embargos de declaração, que havia omissão no acórdão embargado, passível de Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 5 4 integração e com efeitos infringentes, adotando, por derradeiro, o entendimento de que, com base no que fora expresso na Solução de Consulta 412/2004, a empresa, por não preencher as condições para o tratamento fiscal do art. 13, não estava sujeita à Contribuição sobre a Folha de Salários. Com estas considerações, concluiuse que a divergência jurisprudencial foi comprovada. Do Mérito. Tratase pedido de compensação não homologado por despacho decisório que entendeu que o crédito declarado de PIS/Folha seria inexistente, eis que já teria sido integralmente utilizado para a quitação de débitos do Contribuinte daquela mesma natureza. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte, entendeu, de forma diferente da fiscalização em Despacho Decisório, que, enquanto Federação de Cooperativas, a Federação não estaria dispensada do recolhimento de PIS sobre a folha de salários, em razão do disposto no artigo 32, § 4o, do Decreto n.º 4.524/2002, que determina que a cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões da receita bruta previstas neste artigo contribuirá, cumulativamente, para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. Em face de tal decisão o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, no qual foi demonstrado a existência da Solução de Consulta n.º 412/2004, na qual a própria Receita Federal a afasta do rol de contribuintes do PIS Folha. No entanto, foi negado provimento, mantendo o entendimento exarado pela 2a Turma de Julgamento da DRJ/BHE. No presente caso devemos inicialmente analisar a Solução de Consulta n.º 412/2004, que tem efeito vinculante para o Contribuinte. Verificase que da análise da Solução de Consulta n.° 412/2004, a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.15835/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento. Ou seja, a própria Receita Federal afastou a Contribuinte do rol de contribuintes deste tributo. Vale ressaltar que o Contribuinte quando realizou a Consulta fez o questionamento referente a sua sujeição ou não ao PIS/ Folha, decorrente do entendimento de que estaria enquadrada dentre as entidades que a lei enquadra como contribuintes daquele tributo, no caso o artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.15835, quais seja, entidades imunes/isentas ao PIS Faturamento, senão vejamos: Relatório da Superintendência Regional da Receita Federal da 6a Região Fiscal: "Relatório Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 6 5 1. A interessada informa que é uma federação de cooperativas dedicadas à assistência médicohospitalar, na forma da Lei n.° 5.764/71 e de seu estatuto. Diz que, no desenvolvimento de suas atividades, presta serviços às cooperativas suas associadas, recebendo pagamentos mensais, a título de "taxas de manutenção", necessárias à sua sobrevivência e atuação, tratando se também de ato cooperativo, destinado a manter a sociedade cooperativa de segundo grau. 2. Cita o disposto no art. 13 da Medida provisória n" 2.15835, de 24 de agosto de 2001, ao qual faz menção aos sindicados, as federações e confederações, concluindo que são isentas da Coftns as receitas das atividades próprias dessas entidades, as quais contribuem para o PIS com base na folha de salários. 3. Aduz que, aplicandose à consulte tal dispositivo, combinado com o art. 60 da Lei n° 5.764/71, temse que ela está sujeita ao PIS com base unicamente na folha de salários. E, quanto à Cofins, a taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sua sobrevivência e atuação constituem receitas de suas atividades próprias, sendo, portanto, isentos dessa contribuição. 4. Isso posto, pergunta se está correto o seu entendimento quanto à isenção da Cofins sobre as mencionadas receitas e o pagamento do PIS com base na folha de salários, como exposto na consulta." (destaques nossos) Fundamentos Legais (...) 9. No que diz respeito ao PIS e à Cofins, a Medida Provisória n. ° 2.15835, de 24 de agosto de 2001, tem os seguintes comandos: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IXcondomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § lo da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971 (...) Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 7 6 10. E, por sua vez, o Decreto n." 4.524, de 17 de dezembro de 2002, que regulamentou as contribuições sociais para o PIS e a COFINS, dispõe: Art. 9o São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, art. 13): I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei n°9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, cientifico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei n° 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VIserviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado; X condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e IX Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as organizações estaduais de cooperativas previstas no art. 105 e seu § I o da Lei n° 5.764, de 16 de dezembro de 1971. (...) Pelos termos expostos na consulta, a interessada se julga enquadrada no inciso V do art. 13 da MP n.° 2.15835, de 2001. Entretanto, ressaltese que as "federações e confederações" referidas no inciso V da Medida Provisória n." 2.15835, de 24 de agosto de 2001 se referem a federações e confederações de sindicatos. Portanto, ao contrário do que expõe da consultente, ela não está entre as entidades referidas no inciso V do art. 13 da MP n."2.15835, de 2001. (...) 14. Pode a consulente estar enquadrada, todavia, no inciso IV do mesmo art. 13 da MP n.° 2.15835, de 2001, que contempla as associações que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei n. ° 9.532/1997. 15. Entre esses requisitos, está o de não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados. Todavia, a transcrição da ata da assembleia geral ordinária da consulente, realizada em 08/03/2002 (...), informa que a mesma assembleia fixou o valor dos honorários para os membros da Diretoria Executiva, inclusive reajustando os referidos honorários" (destaques nossos). Ou seja, a resposta dada é que o Contribuinte não é contribuinte do PIS/ Folha, inclusive à luz do mencionado Decreto. Assim, diante da resposta acima, o Contribuinte que havia recolhido indevidamente a contribuição, fez à sua compensação com débitos diversos, conforme determina a Lei n.° 9.430/96 e o Código Tributário Nacional. Portanto, a glosa da compensação do PIS/Folha recolhido indevidamente viola explicitamente seu próprio ato administrativo que entendeu pela sua não incidência. Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 8 7 Quanto a aplicação do artigo 2o, § 1o, da Lei nº 9.715/98, que informa que a sociedade cooperativa, estaria sujeita ao recolhimento do PIS/folha de salário. Entendo que a previsão da contribuição sobre a folha de pagamento mensal das sociedades cooperativas, inicialmente prevista no § 1o, do artigo 2o da Lei 9.715/98, perdeu seu fundamento desde a edição da edição da Lei nº 9.718/98. Com o advento da Lei n.° 9.718/1998 o legislador determinou a exigência do PIS somente sobre faturamento/receita, revogando, portanto, a exigência do PIS/Folha. Essa alteração foi confirmada pela Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, a exigência daquela contribuição em relação às entidades sem fins lucrativos que menciona ficou adstrita ao PIS apurado sobre o faturamento/receita bruta (no caso das sociedades cooperativas, decorrente da prática de atos não cooperativos), afastandose o recolhimento de uma mesma contribuição duplamente, e com duas bases de cálculo distintas (faturamento/receita e folha). Notase que a MP nº 1.8589, de 24 de setembro de 1999 (atual MP n.° 2.15835/01) determinou a incidência do PIS Folha apenas sobre as sociedades cooperativas especificamente relacionadas no inciso X do artigo 13 daquele instrumento, bem como sobre aquelas cooperativas que procedessem às deduções enumeradas no artigo 15 (claramente direcionadas às cooperativas de produção). Vejase: MP n.° 1.8589, de 24/09/99 até MP n.° 2.15835, de 24/08/01 Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. (...) Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 9 8 Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2° e 3° da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § I o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a Vdo caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, TAMBÉM, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas." Assim, pela leitura do dispositivo acima, fica demonstrado que as exclusões tratadas nos incisos I a V (art. 15 da MP n° 2.15835/2001) não se aplicam às cooperativas médicas de prestação de serviços. Tais exclusões referemse às cooperativas de produção (também chamadas cooperativas de produtores ou cooperativas de vendas em comum), uma vez que aquelas exceções decorrem de atividades típicas desse tipo de cooperativa. Assim, as sociedades cooperativas que não têm um tratamento específico estão impedidas de excluir da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins os valores repassados aos associados a qualquer título. A exclusão prevista no art. 15, I, da MP n° 2.15835, de 2001, refere se a produto (mercadoria) que pode ser entregue à cooperativa para ser comercializado, não abrangendo, portanto, serviços. Portanto, as exclusões e deduções específicas previstas no art. 15 da MP n° 2.15835/2001 (art. 32, incisos Ia V, do Decreto n" 4.524/2002) não se aplicam às cooperativas de trabalho médico. As demais exclusões, previstas no art. 32 do Decreto n° 4.524/202 e no art. 3o, § 2o, da Lei nº 9.718/98, também não respaldam as exclusões pretendidas. Desta forma, a partir de 01/11/1999, a contribuição ao PIS e COFINS das sociedades cooperativas passou a incidir sobre o total da receita bruta, como definido na Lei 9.718/98, não se diferenciando os atos cooperativos dos nãocooperativos, ou seja, as sociedades cooperativas Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 10 9 passaram à condição de contribuintes da COFINS e do PIS/FATURAMENTO também sobre as receitas oriundas de atos cooperativos, sendo admitidas, entretanto, além das exclusões comuns a todas as pessoas jurídicas, a exclusões expressas no artigo 15 da MP 18587/99 e suas reedições. Entretanto, as exclusões expressas no dispositivo legal acima citado não alcançam as atividades cooperativas em geral, tendo em vista que essas exclusões decorrem da atividades típicas das cooperativas de produção agropecuária. Logo, tratandose o Contribuinte em questão de uma sociedade cooperativa de trabalho médico, não fará jus às exclusões expressas no artigo 15 da MP 18587/99 e suas reedições. Assim que, nos termos da legislação retro transcrita, todas as demais cooperativas que não cooperativas de produção, incluídas as de trabalho médico, deveriam recolher, exclusivamente, o PIS sobre faturamento/receita. O entendimento do CARF em situação semelhante: "Período de apuração: 2002, 2003, 2004, 2005 PIS. COOPERATIVAS DE CRÉDITO. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo das Contribuições ao PIS das cooperativas de crédito, a partir da edição da Lei no. 10.637/2002, é a receita total auferida, excluindose as sobras, na forma do par. 2o do art. I o da Lei n° 10.676/2003. PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Recurso Voluntário Provido em Parte." (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais 2a Turma Ordinária/ 3a Câmara/ 3a Seção Processo n.° 16327.000.833/200621 Acórdão n.° 330201.449 Relator Gileno Gurjão Barreto Sessão de 15/02/2012) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 NULIDADE DO LANÇAMENTO. ARGÜIÇÃO BASEADA EM TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL DE OUTRO LANÇAMENTO. DESCABIMENTO. Cabe rejeitar a nulidade de lançamento da Cofins requerida com base em termo de verificação fiscal que integra lançamentos de outros tributos, embora todos decorrentes de uma única fiscalização, por serem os fundamentos e legislação da autuação da Contribuição distintos daqueles das outras autuações. ATOS COOPERATIVOS. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO. PERÍODOS DE APURAÇÃO A PARTIR DE NOVEMBRO DE 1999. INCIDÊNCIA. EXCLUSÕES NA BASE DE CÁLCULO. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 11 10 A partir de novembro de 1999 as receitas dos atos cooperativos compõem a base de cálculo do PIS Faturamento, com as exclusões estabelecidas no art. 15 da Medida Provisória n°2.15835/2001, na Lei n° 10.676/2003 e no art. 17 da Lei n° 10.684/2003. Antes, até os fatos geradores de outubro de 1999, somente as receitas dos atos nãocooperativos se submetiam ao PIS Faturamento, estando as sociedades cooperativas obrigadas apenas ao PIS sobre a folha de salários, caso não auferissem receitas de atos não cooperados. Recurso Negado.” (destaques nossos) (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – 1ª Turma Ordinária/4ª Câmara/ 3ª Seção –Processo n.º 10825.002.833/200588 – Acórdão n.º 340100.680 – Relator Emanuel Carlos Dantas de Assis – Sessão de 29/04/2010) Destaquese segue o trecho do voto do acórdão acima, reconhecendo (i) a revogação do dispositivo que previa a exigência do PIS Folha às cooperativas, e (ii) a necessidade de haver alguma das exclusões permitidas, constantes da Medida Provisória 1.8586/99, atual MP n.º 2.15835/01, para que se possa exigir o PIS Folha das cooperativas: “A MP IV 1.8586 e suas reedições trouxe uma série de alterações na legislação do PIS e Cofins das sociedades cooperativas, a culminarem com a revogação da isenção de forma ampla para o ato cooperativo e a instituição de uma tributação incidente sobre uma base de cálculo reduzida, com diversas exclusões específicas. As modificações, veiculadas pelas medidas provisórias adiante, aconteceram como segue: MP n° 1.8586, de 29/06/99, que no seu art. 23, I, revogou, a partir de 28/09/99, o inc. II do art. 2° da Lei n° 9.715/98 — segundo o qual as "entidades sem fins lucrativos definidas como empregadoras pela legislação trabalhista e as fundações", contribuíam com o PIS sobre a folha de salários , e no inciso II, "a", do mesmo artigo, revogou, a partir de 30/06/99, o inciso I da Lei Complementar n° 70/91, referente à isenção da COFINS. Esclareço que as cooperativas vinham contribuindo com o PIS sobre a folha de salários com base na LC n° 7/70, art. 3°, § 4°, Resolução do Conselho Monetário Nacional n° 174/71, art. 4°, § 6°, e ADN Cosit n° 14/85; (...) MP n° 1.8589, de 24/09/99, que no seu art. 15 passou a mencionar também o PIS/Pasep, acrescentou novas exclusões na base da COFINS e do PIS Faturamento, referindose desta feita às operações com cooperados, e manteve o PIS sobre a folha de salários na hipótese das cooperativas efetuarem tais exclusões (§ 2°, I, do art. 15). Assim, cumulativamente com o PIS Faturamento incidente sobre a base de cálculo reduzida, as cooperativas continuaram a pagar o PIS sobre a folha. Somente na hipótese de não haver exclusão específica, é que inexiste contribuição para o PIS sobre a folha.” Vejase, portanto, que manter a exigência do PIS/Folha para as sociedades cooperativas de trabalho médico pelo Decreto n. 4.524/2002 (reiterado pelas INS n°s 145/99, 247/2002) ofende ao próprio ato realizado pela Solução de consulta 412/2004. Desta maneira, a cooperativa de serviços médicos não tem direito à apuração do PIS sobre a folha de salários, como previsto no art. 15, §2º, I, da MP 2.158/01, uma vez que não se está diante de operações mencionadas nos incisos I a V do "caput" do art. 15 da referida medida provisória. Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 12 11 Por fim, transcrevo a seguir o trecho do Acórdão dos Embargos nº 3403002.504 de lavra do ilustre Conselheiro Rosaldo Trevisan, que trata da solução de consulta e de caso semelhante a esse e que adoto, in totum, seus fundamentos como razão de decidir no presente feito. Em relação à argumentação de que a Solução de Consulta apontada (com conclusão desfavorável à empresa) apresenta excerto (na fundamentação) no qual a “Receita Federal acabou por afastar o enquadramento da embargante como contribuinte do PIS/Folha”, há que se aprofundar a análise, na busca de eventual omissão ou obscuridade. O excerto a que se refere a embargante, que lhe asseguraria o direito a não recolher o “PIS/Folha”, é o seguinte (fls. 176/1771): “Pelos termos expostos na consulta, a interessada se julga enquadrada no inciso V do art. 13 da MP n. 2.15835, de 2001. Entretanto, ressaltase que “as federações e confederações” referidas no inciso V da Medida Provisória n. 2.15835, de 24 de agosto de 2001 se referem a federações e confederações de sindicatos. Portanto, ao contrário do que expõe da (sic) consulente, ela não está entre as entidades referidas no inciso V do art. 13 da MP n. 2.15835, de 2001.” Assim, o fato de não se enquadrar no disposto no art. 13 da referida Medida Provisória traria um efeito contrário à embargante (inexistência de isenção da Contribuição para o PIS/PASEP para receitas relativas a atividades próprias percebido pelo acórdão embargado) e outro favorável (ausência de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários sobre o qual o acórdão teria sido omisso/obscuro). A Solução de Consulta, como destacado na decisão embargada, é no sentido de que a empresa “não preenche as condições para o tratamento fiscal previsto nos arts. 13 e 14 da MP no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, devendo ter o tratamento fiscal geral aplicável às pessoas jurídicas que não gozam de isenção ou imunidade”. A Solução de Consulta fulcra seus pressupostos na impossibilidade de utilização de “isenção/imunidade” pela embargante, afastandoa do art. 13 (e por consequência do art. 14, X) da Medida Provisória no 2.15835/ 2001. E é imperioso reconhecer que realmente tal exclusão ocasiona a impossibilidade de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, ao menos na forma estabelecida no art. 13 da referida MP. Se a empresa não preenche as condições para o tratamento fiscal do art. 13, e tal artigo dispõe que “a contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento”, em relação às entidades que contempla, indevida a contribuição paga sob tal fundamento. Acolhese, assim, a argumentação de omissão no acórdão embargado, reconhecendose que a decisão proferida na Solução de Consulta, em dezembro de 2004 (processo administrativo no 10680.013505/200418), implica, além dos efeitos reconhecidos em tal acórdão, a impossibilidade de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, ao menos na forma estabelecida no art. 13 da referida MP (desde que não exista alteração de entendimento comunicada à recorrente, na forma do art. 48, § 12 da Lei no 9.430/1996). Mister se faz, por consequência, analisar o impacto de tal acolhida na decisão inicialmente proferida. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10680.912774/200973 Acórdão n.º 9303006.558 CSRFT3 Fl. 13 12 A Medida Provisória no 2.15835/ 2001, em seu art. 15 (que não foi objeto de análise na mencionada Solução de Consulta) estabelece exclusões que podem ser efetuadas pelas cooperativas na base de cálculo faturamento das contribuições (para o PIS/PASEP e COFINS), e que tais exclusões não impedem a exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, na forma do art. 13 (comando materializado no § 4o do art. 32 do Decreto no 4.524/2002). Contudo, entendese não ser oponível tal comando ao presente caso, porque a Solução de Consulta expressamente excluiu a empresa do tratamento tributário do art. 13 (a empresa informa que ainda que houvesse a exigibilidade, continuaria inaplicável a ela, pois não promoveu nenhuma das exclusões referidas no art. 15). Restaria assim derradeiramente avaliar como o aqui exposto (não exigibilidade da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários) afeta a questão probatória, presente nas decisões de primeira e segunda instâncias. A DCOMP transmitida em 18/08/2008 (fls. 9 a 14) objetivava compensar valores pagos a maior ou indevidamente a título da Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários código 8301 (R$ 2.082,56, recolhidos em 15/02/2005) com débitos de IRPJ de outubro de 2005 (no valor de R$ 2.082,56). Assim, após o exposto, e diante da verdade material, menor relevância passa a assumir a questão probatória. Tendo sido objeto da compensação um recolhimento comprovadamente efetuado no código 8301 (referente à Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários) e sendo indevida tal espécie de contribuição pela empresa, irrelevante seria a que título se deu o recolhimento, pois o tributo continuaria indevido. Temse, destarte, que a evidenciação de omissão no acórdão embargado provoca diametral modificação de rumo na decisão, devendo ser integralmente reconhecido o direito creditório da embargante, visto que o pagamento comprovado se refere a espécie de contribuição à qual a empresa não estava sujeita. Diante disto, dou provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido, e, no mérito, o colegiado deulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 366DF CARF MF
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Numero do processo: 18186.723985/2012-21
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO CONSTANTE NA IMPUGNAÇÃO QUE INSTAUROU O LITÍGIO. ALEGAÇÃO DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA PENALIDADE DECORRENTE DO ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO.
O contencioso administrativo instaura-se com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerando-se preclusa a matéria que não tenha sido diretamente indicada ao debate. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria nova não apresentada por ocasião da impugnação ou manifestação de inconformidade. Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada em impugnação, verificando-se a preclusão consumativa em relação ao tema. Impossibilidade de apreciação da temática, inclusive para preservar as instâncias do processo administrativo fiscal. Não conhecimento do recurso voluntário neste particular.
MÉRITO. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DCTF. PREVISÃO LEGAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa correspondente por expressa disposição legal. Sendo objetiva a responsabilidade por infração à legislação tributária, correta é a aplicação da multa no caso de transmissão intempestiva.
ÔNUS DA PROVA. FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU EXTINTIVOS.
Cabe à defesa a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretensão fazendária. Não comprovados, mantém-se a autuação.
Numero da decisão: 1002-000.143
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, deixando de conhecer no que se refere a alegação de denúncia espontânea e, no mérito, por unanimidade, em lhe negar provimento.
(assinado digitalmente)
Julio Lima Souza Martins - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonam Rocha de Medeiros - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (Presidente), Ailton Neves da Silva, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS
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Penalidade Multa por Atraso na Entrega de Declaração DCTF. Recorrente VITALPREV ASSESSORIA EM MEDICINA OCUPACIONAL E PREVENTIVA LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO CONSTANTE NA IMPUGNAÇÃO QUE INSTAUROU O LITÍGIO. ALEGAÇÃO DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA PENALIDADE DECORRENTE DO ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. O contencioso administrativo instaurase com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerandose preclusa a matéria que não tenha sido diretamente indicada ao debate. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria nova não apresentada por ocasião da impugnação ou manifestação de inconformidade. Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada em impugnação, verificandose a preclusão consumativa em relação ao tema. Impossibilidade de apreciação da temática, inclusive para preservar as instâncias do processo administrativo fiscal. Não conhecimento do recurso voluntário neste particular. MÉRITO. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DCTF. PREVISÃO LEGAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa correspondente por expressa disposição legal. Sendo objetiva a responsabilidade por infração à legislação tributária, correta é a aplicação da multa no caso de transmissão intempestiva. ÔNUS DA PROVA. FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU EXTINTIVOS. Cabe à defesa a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretensão fazendária. Não comprovados, mantémse a autuação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 72 39 85 /2 01 2- 21 Fl. 39DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, deixando de conhecer no que se refere a alegação de denúncia espontânea e, no mérito, por unanimidade, em lhe negar provimento. (assinado digitalmente) Julio Lima Souza Martins Presidente. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (Presidente), Ailton Neves da Silva, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros. Relatório Cuidase, o caso versando, de Recurso Voluntário (efls. 27/28) ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, interposto com efeito suspensivo e devolutivo ―, protocolado pela recorrente, indicada no preâmbulo, devidamente qualificada nos fólios processuais, relativo ao inconformismo com a decisão de primeira instância, proferida em sessão de 07/02/2013, consubstanciada no Acórdão n.º 0942.646 (efls. 19/20), da 1.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG (DRJ/JFA), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento (efl. 5/6) efetivado pela fiscalização da administração fazendária decorrente da aplicação de multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) do 1º Semestre do Ano Calendário 2009, deixando de acolher a impugnação (efls. 2/3) apresentada pela recorrente, tendo sido assim ementada a decisão vergastada: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2009 DECLARAÇÕES E DEMONSTRATIVOS. MULTA POR ATRASO OU FALTA DE ENTREGA. Estando a pessoa jurídica obrigada à apresentação de declaração ou demonstrativo, o atraso ou a falta no cumprimento dessa obrigação implica, por dever legal, a aplicação da multa correspondente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A notificação de lançamento em questão foi lavrada, eletronicamente, em 04/04/2012, na DRF de São Paulo, homologado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil indicado na notificação de lançamento, sumariando o seguinte contexto e enquadramento para aduzida infração à legislação tributária e respectivo demonstrativo do crédito tributário: Descrição dos fatos: Fl. 40DF CARF MF Processo nº 18186.723985/201221 Acórdão n.º 1002000.143 S1C0T2 Fl. 40 3 Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) entregue fora do prazo fixado na legislação enseja a aplicação da multa (...). Enquadramento legal: Art. 7.º da Lei n.º 10.426, de 24/04/2002, com redação dada pelo art. 19 da Lei n.º 11.051, de 2004. Demonstrativo: 1º Semestre – 2009, Multa R$3.579,26. A impugnação instaurou a fase litigiosa do procedimento e tornou litigiosa a alegação de que o atraso se justificava, uma vez que no dia da transmissão os sistemas da Receita Federal do Brasil não estavam recepcionando a DCTF, no entanto a defesa não foi acolhida pela DRJ. O recurso voluntário, inconformado com a decisão a quo, reiterou a impugnação e aduziu, inovando, que ocorreu a denúncia espontânea da penalidade decorrente da entrega extemporânea da DCTF. Os autos foram encaminhados para este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), sendo, posteriormente, distribuído para este relator. É o que importa relatar. Passo a devida fundamentação analisando os juízos de admissibilidade e de mérito para, posteriormente, finalizar em dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal e apresentase tempestivo ao ser protocolado em 18/12/2014 (efl. 27), após ciência no dia 24/11/2014, conforme aviso de recebimento nos autos (efls. 24/25), tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Observo, ainda, a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B do Regimento Interno, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. No entanto, o recurso não atende a todos os pressupostos de admissibilidade intrínsecos. O recurso é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade, inexiste fato impeditivo ou modificativo do poder de recorrer, mas, em contra fluxo, existe fato extintivo do poder de recorrer relativo a preclusão consumativa que se operou quanto a matéria não apresentada em impugnação e discutida no recurso voluntário, qual seja, a alegação de que ocorreu a denúncia espontânea. A possibilidade de conhecimento e apreciação de novas alegações e novos documentos deve ser avaliada à luz das normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, instituído pelo Decreto n.º 70.235, de 1972, o qual dispõe: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Fl. 41DF CARF MF 4 (...) Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n.º 9.532, de 1997). Desta forma, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto n.º 70.235/72, acima transcritos, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada a manifestação de inconformidade ou a impugnação, contendo as matérias que delimitam expressamente os limites da lide, sendo elas submetidas à primeira instância para apreciação e decisão, tornando possível a veiculação de recurso voluntário em caso de inconformismo, não se admitindo conhecer de inovação recursal. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) circunscrevese ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial", de forma que não se aprecia a matéria não impugnada ou não recorrida. Se não foi impugnada ocorreu a preclusão consumativa, tornando inviável aventála em sede de recurso voluntário como uma inovação. O CARF não pode apreciar matéria não deliberada pela DRJ, caso contrário, estarseia, inclusive, diante de uma evidente supressão de instância. Nesse sentido, o Egrégio CARF tem decidido por não conhecer de matéria que não tenha sido objeto de litígio no julgamento de primeira instância, a teor dos Acórdãos ns.º 9303004.566 (3.ª Turma/CSRF), bem como precedentes desta Colenda 2.ª Turma Extraordinária da Primeira Seção de Julgamentos a exemplo dos Acórdãos ns.º 1002000.101, 1002000.102, 1002000.103 e 1002000.084. Por consequente, não conheço o recurso neste ponto, que diz respeito a temática da denúncia espontânea. De toda sorte, destaco, por oportuno, que este Egrégio Conselho tem o seguinte enunciado sumular tratando da matéria: "Súmula CARF n.º 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração." A mencionada súmula foi lavrada com base nos seguintes paradigmas: Acórdão n.º CSRF/0400.574, de 19/06/2007, Acórdão n.º 19200.096, de 06/10/2008, Acórdão n.º 19200.010, de 08/09/2008, Acórdão n.º 10709.410, de 30/05/2008, Acórdão n.º 10249.353, de 10/10/2008, Acórdão n.º 10196.625, de 07/03/2008, Acórdão n.º 107 Fl. 42DF CARF MF Processo nº 18186.723985/201221 Acórdão n.º 1002000.143 S1C0T2 Fl. 41 5 09.330, de 06/03/2008, Acórdão n.º 10709.230, de 08/11/2007, Acórdão n.º 10516.674, de 14/09/2007, Acórdão n.º 10516.676, de 14/09/2007, Acórdão n.º 10516.489, de 23/05/2007, Acórdão n.º 10809.252, de 02/03/2007, Acórdão n.º 10195.964, de 25/01/2007, Acórdão n.º 10809.029, de 22/09/2006, Acórdão n.º 10194.871, de 25/02/2005. No mérito, sem razão a recorrente. A recorrente argumenta que não entregou a DCTF, a tempo e modo, porque no dia da transmissão os sistemas da Receita Federal do Brasil não estavam recepcionando a DCTF, entretanto observe que, a despeito do problema técnico efetivamente ocorrido em 07/10/2009 e reconhecido pela Administração Fazendária no ADE RFB n.º 90/2009, prorrogando a entrega para o dia 08/10/2009, a DCTF só foi transmitida em 04/04/2012. Portanto, não procede o argumento da interessada. Ressaltese, ainda, que a interessada não apresenta quaisquer provas para a intempestividade após o dia 08/10/2009 e compete à defesa a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretensão fazendária. Salientese, ainda, que o art. 7.º da Lei n.º 10.426, de 24 de abril de 2002, com suas alterações posteriores, estabelece a obrigação de entrega da DCTF, sob pena de aplicação de multa, ao enunciar que: Art. 7.º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei n.º 11.051, de 2004) (...) § 1.º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração. (Redação dada pela Lei n.º 11.051, de 2004) Constróise, a partir do texto acima transcrito, a norma jurídica instituidora do dever instrumental de entregar declaração, a instituidora da regramatriz sancionadora da violação deste dever instrumental e a instituidora da regramatriz da lavratura da autuação. Estas, em conjunto, atuando sistemicamente, regulam, de modo objetivo e transpessoal, as condutas intersubjetivas, via modal deôntico Obrigatório, no sentido de que, uma vez descumprida a obrigação de dar/entregar, a qual estava obrigado a contribuinte, impõese a autoridade lançadora o dever de constituir a relação jurídica que impõe a obrigação de pagar a multa. Se havia o dever jurídico de adimplir a obrigação de Fl. 43DF CARF MF 6 entregar a DCTF, no prazo estabelecido, descumprido o comando normativo, surge para a administração tributária o direito subjetivo de exigir o adimplemento da multa, sendo, em verdade, o agente competente obrigado a proceder com o lançamento, sob pena de violar a norma enunciada no parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN). A análise deve seguir o critério objetivo, não sendo necessário perquirir sobre a existência de eventuais prejuízos pela não entrega da declaração. A sanção queda se alheia à vontade do contribuinte ou ao eventual prejuízo derivado da inobservância das regras de cumprimento do dever instrumental. A responsabilidade no campo tributário independe da intenção do agente ou do responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, conforme estabelece expressamente o art. 136 do CTN. Somese a isto a constatação de que, efetivamente, a recorrente não satisfez o ônus de provar suas alegações. A Receita Federal prorroga o prazo para cumprimento da obrigação acessória quando constatada indisponibilidade do sistema que seja de sua responsabilidade. Inexistindo ato de prorrogação, presumese, em favor da Administração Tributária Federal, a regularidade do sistema nos outros dias, cabendo ao impugnante a prova, valendose dos meios permitidos, inclusive podendo requerer diligências, nos termos do artigo 16, incisos III e IV, do Decreto n.º 70.235, de 1972. Destaco, outrossim, que a própria natureza da obrigação acessória representa um viés autônomo do tributo. Nessa trilha, quando se descumpre a indigitada obrigação, exsurge a possibilidade da constituição de um direito autônomo à cobrança, pois pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal, relativamente à penalidade pecuniária (art. 113, § 3°, do CTN). Isto porque, o art. 113 do CTN ao enunciar que “a obrigação tributária é principal ou acessória” estabeleceu que, para fins de cobrança, o direito de exigir o pagamento de tributo ou o direito de exigir o adimplemento em pecúnia do valor equivalente a multa imposta por descumprimento de dever instrumental devem ser tratados de igual maneira para todos os fins de exigibilidade. A importância do cumprimento do dever instrumental devese a necessidade de transportar para o mundo jurídico, via linguagem competente, elementos enriquecedores para que seja possível a instauração da pretensão tributária, principalmente facilitando o estabelecimento de “fatos jurídicos”, após o relato dos eventos em linguagem competente. Aliás, este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), analisando caso semelhante, já decidiu no mesmo sentido. Peço vênia para transcrever a ementa, verbo ad verbum: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2001 DCTF. ENTREGA EXTEMPORÂNEA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. MULTA PECUNIÁRIA. O retardamento da entrega de DCTF constitui mera infração formal. Não sendo a entrega serôdia infração de natureza tributária, e sim infração formal por descumprimento de obrigação acessória autônoma, não abarcada pelo instituto da denúncia espontânea, é legal a aplicação da multa pelo atraso de apresentação da DCTF. As denominadas obrigações acessórias autônomas são normas necessárias ao exercício da atividade administrativa Fl. 44DF CARF MF Processo nº 18186.723985/201221 Acórdão n.º 1002000.143 S1C0T2 Fl. 42 7 fiscalizadora do tributo, sem apresentar qualquer laço com os efeitos do fato gerador do tributo. A multa aplicada decorre do exercício do poder de polícia de que dispõe a Administração Pública, pois o contribuinte desidioso compromete o desempenho do fisco na medida em que cria dificuldades na fase de homologação do tributo. (...) ÔNUS DA PROVA. Para elidir o fato constitutivo do direito do fisco, incumbe ao sujeito passivo o ônus probatório da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo. (CARF, Recurso Voluntário, Acórdão 1802001.539 2ª Turma Especial, Rel. Conselheiro Nelso Kichel, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 06/02/2013) Valhome aqui, de igual modo, dos precedentes desta Colenda 2.ª Turma Extraordinária, desta Primeira Seção de Julgamentos do CARF, que nos Acórdãos ns. 1002000.006, 1002000.009, 1002000.010, 1002000.012, 1002000.016, 1002000.075, 1002000.077, 1002000.078, 1002000.079, 1002000.080, 1002000.081, 1002000.083, 1002000.090, 1002000.091 e 1002000.104, dentre outros, seguiram a tese de que a entrega extemporânea da DCTF enseja a aplicação de multa. Por conseguinte, a recorrente não conseguiu se desincumbir do ônus probatório que lhe competia de demonstrar, na primeira oportunidade que lhe foi deferida, a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da administração tributária de lhe exigir a entrega da declaração, a tempo e modo, sob pena de sanção. Destarte, o controle de legalidade do ato administrativo de lançamento, ora exercido por força da devolutividade recursal, aponta, em nossa análise, a correta aplicação do direito, não havendo reparos a serem efetivados. Demais disto, observo que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui precedente acerca da legalidade da exigibilidade da multa por descumprimento do dever instrumental de entregar declaração, vejase: TRIBUTÁRIO. MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE ENTREGA DE DCTF. ARTIGO 11, §§ 1º e 3º, DO DECRETOLEI 1.968/82 (REDAÇÃO DADA PELO DECRETOLEI 2.065/83). 1. A multa pelo descumprimento do dever instrumental de entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF regese pelo disposto no § 3º, do artigo 11, do DecretoLei 1.968/82 (redação dada pelo DecretoLei 2.065/83), verbis: "Art. 11. A pessoa física ou jurídica é obrigada a informar à Secretaria da Receita Federal os rendimentos que, por si ou como representante de terceiros, pagar ou creditar no ano anterior, bem como o Imposto de Renda que tenha retido. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 1º A informação deve ser prestada nos prazos fixados e em formulário padronizado aprovado pela Secretaria da Receita Federal. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). Fl. 45DF CARF MF 8 § 2º Será aplicada multa de valor equivalente ao de uma OTRN para cada grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas, apuradas nos formulários entregues em cada período determinado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 3º Se o formulário padronizado (§ 1º) for apresentado após o período determinado, será aplicada multa de 10 ORTN, ao mêscalendário ou fração, independentemente da sanção prevista no parágrafo anterior. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 4º Apresentado o formulário, ou a informação, fora de prazo, mas antes de qualquer procedimento ex officio, ou se, após a intimação, houver a apresentação dentro do prazo nesta fixado, as multas cabíveis serão reduzidas à metade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983)." 2. Deveras, o artigo 11, do DecretoLei 1.968/82, instituiu o dever instrumental do contribuinte (pessoa física ou jurídica) da entrega de informações, à Secretaria da Receita Federal, sobre os rendimentos pagos ou creditados no ano anterior e o imposto de renda porventura retido (caput). 3. As aludidas informações são prestadas por meio de formulário padronizado, sendo certo que a Instrução Normativa SRF nº 126/1998 instituiu a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF a ser apresentada pelas pessoas jurídicas. 4. O inadimplemento da obrigação de entrega da DCTF, no prazo estipulado, importa na aplicação de multa de 10 ORTN's (§ 3º, do artigo 11, do DL 1.968/82), independentemente da sanção prevista no § 2º (multa de 1 ORTN para cada grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas, apuradas em cada DCTF). 5. Conseqüentemente, revelase escorreita a penalidade aplicada para cada declaração apresentada extemporaneamente. 6. Recurso especial desprovido. (REsp 1081395/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/06/2009, DJe 06/08/2009) Pela oportunidade, destaco que a Doutrina se posiciona no seguinte sentido acerca das infrações às normas instrumentais enunciadas na legislação, chegando a apontar a sua importância para a sistemática da administração tributária: Professor Paulo de Barros Carvalho1: O antecedente da regra sancionatória descreve fato ilícito qualificado pelo descumprimento de um dever estipulado no consequente da regramatriz de incidência. É a não prestação do objeto da relação jurídica. Essa conduta é tida como antijurídica, por transgredir o mandamento prescrito, e recebe um nome de ilícito ou infração tributária. Atrelada ao antecedente ou suposto da norma sancionadora está a relação deôntica, vinculando, abstratamente, o autor da conduta ilícita ao titular do direito violado. No caso das penalidades pecuniárias ou multas fiscais, o liame também é de natureza obrigacional, uma vez que tem substrato 1 CARVALHO, Paulo de Barros Curso de Direito Tributário, São Paulo: Saraiva, 1999, p. 465 e 466. Fl. 46DF CARF MF Processo nº 18186.723985/201221 Acórdão n.º 1002000.143 S1C0T2 Fl. 43 9 econômico, denominase relação jurídica sancionatória e o pagamento da quantia estabelecida é promovida a título de sanção. Professor Sacha Calmon Navarro2: Podemos, então, sem medo de errar, afirmar que a infração fiscal configurase pelo simples descumprimento dos deveres tributários de dar, fazer e não fazer, previstos na legislação. Esta a sua característica básica. (...) É preciso ver que a sanção, em Direito Tributário, cumpre relevante papel educativo. Noutras palavras, provoca na comunidade dos obrigados a necessidade de inteirarse dos deveres e direitos defluentes da lei fiscal, certo que o erro ou a ignorância possuem total desvalia como excludente de responsabilidade, ... Por fim, entendo que o dever instrumental é necessário ao controle das atividades da Administração Tributária Federal, sendo o direito aplicado de igual modo para todos. A multa nasce a partir de uma conduta contrária à legislação, conduta esta que pode ser evitada com uma boa governança, logo é possível ficar livre da sanção, caso siga o caminho regulamentar, dirigindo sua atuação conforme a disciplina normativa correta e atuando com o dever de ofício que lhe impõe a lei. Vale dizer, só eventualmente se é onerado pela multa e isto se deve as próprias escolhas, considerando que não há punição sem culpa, decorrente de um agir ou de uma omissão quando estava obrigado ao exercício de uma conduta e não a executou. Por isso, no caso em apreço, considerando os elementos dos autos, o controle de legalidade exercido não aponta quaisquer incorreções. Considerando o até aqui esposado e enfrentadas todas as questões necessárias para a decisão, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ. Ante o exposto, de livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, voto em conhecer parcialmente do recurso voluntário, deixando de conhecer no que se refere a denúncia espontânea. No mérito, em negarlhe provimento, mantendo íntegra a decisão singular e o crédito tributário lançado. É como Voto. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator 2 COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias. 2ª ed. Rio de Janeiro, Forense. 2001, p.29. Fl. 47DF CARF MF 10 Fl. 48DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.901200/2009-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2010
MERA ALEGAÇÃO DE ERRO MATERIAL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ERRO.
A alegação de que houve erro material no preenchimento da DCTF, mesmo que posteriormente retificada, e que determinado débito de IRRF teria sido pago a maior, não é suficiente para assegurar que tenha sido, de fato, maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, de modo a justificar a existência de direito creditório. É imprescindível a apresentação de prova cabal e inconteste do alegado erro material.
Numero da decisão: 2201-004.439
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2010 MERA ALEGAÇÃO DE ERRO MATERIAL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A alegação de que houve erro material no preenchimento da DCTF, mesmo que posteriormente retificada, e que determinado débito de IRRF teria sido pago a maior, não é suficiente para assegurar que tenha sido, de fato, maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, de modo a justificar a existência de direito creditório. É imprescindível a apresentação de prova cabal e inconteste do alegado erro material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 12 00 /2 00 9- 85 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 16327.901200/200985 Acórdão n.º 2201004.439 S2C2T1 Fl. 141 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1632.322 8a Turma da DRJ/SP1, o qual julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada em face da não homologação da DCOMP nº 26189.61355.230806.1.3.041505, protocolizada em 03/04/2009. A manifestação de inconformidade (fls. 01 a 03), em face do Despacho Decisório eletrônico n° (de Rastreamento) 821097094 (fl. 04), de 18/02/2009, no qual a autoridade não homologou, por inexistência de direito creditório, a compensação declarada na DCOMP. Na Fundamentação da decisão, a autoridade informa que, consoante os sistemas de controle da RFB, o valor recolhido em DARF, em 28/12/2005, de R$ 461.788,80, código de receita 5706, relativo ao período de apuração de 24/12/2005, declarado na DCOMP como indevido ou a maior, teria sido integralmente utilizado na quitação de débito do interessado (mesmo tributo, valor e período de apuração mencionados), não restando, assim, crédito disponível para compensação. Em conseqüência, apurou valor devedor consolidado para pagamento até 27/02/2009, referente ao débito indevidamente compensado mediante a referida DCOMP, de R$ 218.892,21, de principal, R$ 64.091,63, de juros, e de R$ 43.778,44, de multa. Cientificado da decisão, em 04/03/2009, o interessado apresentou manifestação de inconformidade, em 03/04/2009 (fl. 01), oferecendo, em síntese, as seguintes informações e razões: i) o direito creditório invocado, de R$ 199.518,92, seria líquido e certo porque integraria o pagamento a maior de IRRF Juros Sobre o Capital Próprio, código 5706, efetuado mediante recolhimentos que totalizariam R$ 461.788,80, referentes ao período de apuração da 4a semana de 12/2005, em lugar do total correto, de R$ 262.269,88 (R$ 199.518,92 = R$ 461.788,80 R$ 262.269,88); ii) declarado, equivocadamente, o débito de R$ R$ 461.788,80 na DCTF de 12/2005 (fl. 09), esta teria sido retificada em 20/03/2009 (fl. 10) para conter o valor correto (fl. 11); iii) considerando seu direito à compensação assegurado pelo artigo 74 da Lei n° 9.430/96 e pelos artigos 165 e 170 do CTN, requer seja revisto o Despacho Decisório, homologandose a compensação declarada. Foi prolatado o Acórdão nº 1632.322 8a Turma da DRJ/SP1 (fls. 63/67), que julgou manifestação de inconformidade improcedente, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 28/12/2005 Fl. 144DF CARF MF Processo nº 16327.901200/200985 Acórdão n.º 2201004.439 S2C2T1 Fl. 142 3 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CRÉDITO DE PAGAMENTO ALEGADAMENTE A MAIOR. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO POR FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A mera alegação de que determinado débito de IRRF teria sido pago a maior, como também declarado a maior em DCTF, mesmo posteriormente retificada, não é suficiente para assegurar que tenha sido, de fato, maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, de modo a justificar a existência de direito creditório. É imprescindível a apresentação de documentos, registros e demonstrativos que evidenciem, de forma cabal, a efetiva ocorrência de erro na apuração que ensejou o pagamento e o preenchimento da DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Em face dessa decisão, cuja ciência se deu em 14/07/2011 (fl.71) e o recurso voluntário foi protocolado tempestivamente em 15/08/2011 (fls. 72/84), tendo apresentado as razões recursais, a seguir sintetizadas: 1) A tempestividade do recurso voluntário; 2) Que o presente recurso seja recebido com efeito suspensivo. O art. 151, III, do CTN prevê que as reclamações e recursos suspendem a exigibilidade do crédito tributário; 3) No caso concreto, o recorrente efetuou recolhimentos a maior de IRRF e, posteriormente, apresentou a declaração por meio da DCTF. 4) Ocorre que, nos referidos atos ocorreu erro material, o que resultou em recolhimento indevido, surgindo o direito da recorrente à restituição do valor recolhido a maior. 5) A não homologação do crédito compensado inaugura uma nova fase procedimental, representada pelo lançamento do crédito não homologado, consistindo em ato privativo da autoridade administrativa, com base no art. 142 do CTN, cabendo à autoridade administrativa apurar que o valor recolhido foi indevido. 6) Aduz que a postura adotada pela autoridade administrativa viola os princípios da publicidade, motivação e vinculação. Deve, também, prevalecer o princípio da verdade material, por ser dever do ente tributante demonstrar de maneira inequívoca a ocorrência do fato gerador. 7) Os fundamentos apresentados demonstram a improcedência do lançamento decorrente da não homologação da compensação tributária, especialmente porque o ora recorrente apresentou manifestação de inconformidade e demonstrou a ocorrência de recolhimento indevido, que inclusive constou em DCTF retificadora. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 16327.901200/200985 Acórdão n.º 2201004.439 S2C2T1 Fl. 143 4 Por fim, requer seja provido o recurso voluntário para que seja anulado o acórdão recorrido. É relatório. Voto Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Considerações iniciais Suspensão da exigibilidade do crédito tributário Requer o recorrente que o voluntário seja recebido com efeito suspensivo, para sustar quaisquer atos de cobrança. O tema não comporta maiores digressões, uma vez que não há interesse processual nesse aspecto do apelo, sendo certo que não há atos de cobrança em andamento e a suspensão da exigibilidade do crédito é decorrente do protocolo de reclamações e recursos, nos termos do art, 151, III, do CTN, dispositivo legal mencionado no próprio recurso voluntário. Destarte, não há controvérsia a ser dirimida quanto a este aspecto. No mérito Sustenta o recorrente que houve erro material no preenchimento da DCTF, a qual foi posteriormente retificada, fato que o fez recolher valor maior do que o devido. Com base no crédito que entendeu fazer jus, apresentou a DCOMP em referência objetivando quitar outros débitos tributários. Em face da não homologação de sua Declaração de Compensação, entende que se inaugura uma nova fase, que seria o lançamento do crédito tributário do valor não homologado, cabendo à autoridade administrativa observar os ditames traçados pelo art. 142 do CTN. Verificase, pois, que o recorrente, além de não demonstrar em que consistiu o erro material alegado, ainda tenta alterar a distribuição do ônus probatório, transferindo ao Fisco a obrigação que lhe cabia de demonstrar cabalmente que o valor não homologado efetivamente decorreu de um erro, e de teria crédito passível de ser compensado através de DCOMP. Vejamos o que preceitua a Lei 13.105/2015 (Código de Processo Civil): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 146DF CARF MF Processo nº 16327.901200/200985 Acórdão n.º 2201004.439 S2C2T1 Fl. 144 5 II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Essa Turma julgadora já teve a oportunidade de se debruçar acerca do tema em caso análogo ao dos autos, em sessão realizada no dia 07/03/2018, no julgamento do processo nº 10880.920504/200980, da lavra do nobre Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, a quem peço vênia para transcrever excertos do seu voto proferido naquela ocasião, utilizandoos como minha razão de decidir, pelo brilhantismo e capacidade de elucidação da matéria submetida a julgamento: “(...) Como é de elementar sabença, no exercício de seu mister, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais promove a verificação da legalidade dos atos administrativos produzidos no curso do procedimento fiscal e do julgamento em primeira instância, cotejando os fatos identificados e os efetivamente ocorridos com a legislação tributária correspondente. No caso ora sob análise, temos que o contribuinte, utilizando de indébito tributário decorrente de pagamento a maior ou indevido, extinguiu débitos de sua responsabilidade, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5° O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Dentro do lapso temporal legal, a Autoridade Administrativa emitiu o Despacho Decisório, por identificar que o pagamento que lastreava o crédito utilizado na compensação estaria integralmente comprometido com a liquidação de débito confessado pelo contribuinte em DCTF. Por sua vez, o recorrente reconhece que houve erro nas informações prestadas na DCTF ativa na data análise da DCOMP, tendo apresentado a impugnação alegando que estaria levantando internamente toda a documentação probante do seu direito creditório e providenciando a retificação da DCTF. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 16327.901200/200985 Acórdão n.º 2201004.439 S2C2T1 Fl. 145 6 A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. Assim, não merece prosperar a alegação da defesa sobre a suposta incapacidade dos sistemas da RFB em cruzar informações. Ora, o sistema foi preciso em suas verificações e as alegações recursais sobre o erro no preenchimento da DCTF apenas corroboram a excelência do trabalho efetuado pelos sistemas da RFB. Afinal, nem mesmo o contribuinte havia apurado a efetiva existência do seu direito creditório quando da apresentação da DCOMP ou da impugnação. Menos procedente ainda é a argumentação recursal de que o contribuinte deveria ter sido instado a apresentar explicações à Fazenda Nacional. Se assim fosse, em particular nestes casos mais simples, do que teria adiantado a construção de um sistema eletrônico para tratamento de demandas dessa natureza, já que um simples cotejo de informações declaradas daria lugar a um lento e manual procedimento fiscal? Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Veja o que preceitua a Lei 13.105/2015 (Código de Processo Civil): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Assim, caso a retificação tivesse ocorrido antes do procedimento de homologação, decerto que caberia ao Fisco buscar elementos Fl. 148DF CARF MF Processo nº 16327.901200/200985 Acórdão n.º 2201004.439 S2C2T1 Fl. 146 7 que apontassem eventual impropriedade na alteração para menor do débito anteriormente declarado. Contudo, efetuada a retificação em momento posterior àquele em que o Fisco exerce com precisão o seu direito, passa ser do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. Ocorre que o contribuinte limitase a contestar a Decisão recorrida afirmando a ocorrência de mero erro de informação e que estaria providenciando o levantamento do seu crédito e a retificação da DCTF. Ora, não merece prosperar tais conclusões. Não foi trazida aos autos nenhuma documentação que tenha sido produzida em tal levantamento e que pudesse lastrear a alegação de erro. Por outro lado, a DCTF retificadora, ainda que não haja impedimento para que seja apresentada após a não homologação de uma compensação, por si só não se constituiu em elemento capaz de confirmar a correção dos dados nela inseridos. As manifestações doutrinárias e os precedentes administrativos colacionados no recurso não vinculam a presente análise, sendo certo que tantas outras decisões em sentido oposto poderiam ser citadas, com se verifica no Acórdão n° 3201001.713 da 2a Câmara/1a Turma Ordinária: DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Notase que, mesmo sabendo da necessidade de apresentação de elementos probatórios, do mesmo modo agiu o recorrente ao apresentar seu recurso voluntário, lastreando o suposto direito ao crédito unicamente no erro que teria levado à retificação da DCTF levada a termo após o Despacho Decisório de não homologação, quando já decorridos quase 5 anos do fato gerador que pretende ver alterado. É inegável que, comprovada a ocorrência de erro que justifique a alteração de ato administrativo que tenha constituído crédito tributário em razão de infração à legislação tributária, ou mesmo negado direito pleiteado pelo contribuinte, pode a Administração, diante do seu dever de auto tutela, reconhecer efeitos de ofício. Contudo, não há nos autos nenhuma evidência Fl. 149DF CARF MF Processo nº 16327.901200/200985 Acórdão n.º 2201004.439 S2C2T1 Fl. 147 8 da ocorrência de tal erro, que se mostra presente apenas nas alegações do recorrente. Assim, não tendo sido apresentado pelo recorrente elementos que justificassem a conversão do julgamento em diligência ou que comprovassem os supostos erros de fato que levaram à retificação da DCTF em momento posterior à Decisão administrativa, correta a decisão recorrida ao negar a conversão do julgamento em diligência e ao entender improcedente a manifestação de inconformidade (...)”. Por derradeiro, temos que não merece prosperar o inconformismo recursal ao alegar ofensa aos Princípios da Publicidade, da Motivação, da Vinculação e da Verdade Material. Todo o procedimento fiscal, inaugurado com a apresentação da DCOMP e o Despacho Decisório, bem como o processo administrativo fiscal, iniciado com o protocoloco da manifestação de inconformidade, até o julgamento do presente recurso voluntário estão estritamente balizados pela legislação que rege a matéria, não havendo que se falar em violação a qualquer norma ou princípio normativo. O recurso voluntário, podemos concluir, trouxe alegações genéricas e evasivas desacompanhadas do indispensável e necessário arrimo probatório. Assim o fez em relação ao ponto nodal da controvérsia, que seria o alegado erro material no preenchimento da DCTF, em que não se teceu nenhuma consideração relacionada às circunstâncias em que se deu esse erro, nem muito menos foi colacionado documentação comprobatória do alegado. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 150DF CARF MF
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