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Numero do processo: 11080.900496/2009-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
NULIDADE DE DECISÃO. NÃO CONHECIMENTO DA DEFESA. PROCEDÊNCIA DO RECURSO.
É nula a decisão que não conheceu da manifestação de inconformidade apresentada, quando os fundamentos do despacho decisório que não homologou a DCOMP foram devidamente enfrentados.
Numero da decisão: 1302-003.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para declarar a nulidade da decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à DRJ para que seja proferida nova decisão, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 11080.900495/2009-99, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Ricardo Marozzi Gregorio, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2003 NULIDADE DE DECISÃO. NÃO CONHECIMENTO DA DEFESA. PROCEDÊNCIA DO RECURSO. É nula a decisão que não conheceu da manifestação de inconformidade apresentada, quando os fundamentos do despacho decisório que não homologou a DCOMP foram devidamente enfrentados.
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NÃO CONHECIMENTO DA DEFESA. PROCEDÊNCIA DO RECURSO. É nula a decisão que não conheceu da manifestação de inconformidade apresentada, quando os fundamentos do despacho decisório que não homologou a DCOMP foram devidamente enfrentados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para declarar a nulidade da decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à DRJ para que seja proferida nova decisão, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 11080.900495/200999, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Ricardo Marozzi Gregorio, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Gustavo Guimarães da Fonseca. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 04 96 /2 00 9- 33 Fl. 436DF CARF MF Processo nº 11080.900496/200933 Acórdão n.º 1302003.652 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório A recorrente apresentou Declaração de Compensação na qual pretende utilizar crédito de pagamento indevido ou maior. Após análise, a DRF/Porto Alegre não homologou a compensação por não ter apurado crédito disponível, uma vez que o pagamento estaria totalmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte. A interessada apresentou manifestação de inconformidade, alegando resumidamente: => entregou sua DIPJ referente ao anocalendário de 2003, em 30 de junho de 2004; => em 04 de fevereiro de 2005, tal declaração foi retificada, mas, por lapso, deixou de retificar a DCTF; => ao retificar a DIPJ, viu que foram pagos IRPJ e CSLL a maior, em setembro, outubro e dezembro de 2003, e por ter pago tributos a maior, efetuou pedidos de restituição de CSLL e IRPJ e compensação com outros débitos; => entretanto, a RFB não reconheceu essa diferença paga a maior, pois confrontou somente as DCTFs com os DARFs, sem analisar a DIPJ retificadora, e portanto, não reconheceu o crédito, nem homologou o pedido de compensação. A 1ª Turma da DRJ/Porto Alegre decidiu não conhecer da manifestação de inconformidade, com a seguinte ementa: "ASSUNTO": PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL "Anocalendário:2009" PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. COMPETÊNCIA. O julgamento pela DRJ de manifestações de inconformidade contra despachos decisórios só é possível quando, cumulativamente (a) essas se refiram a questões expressamente apreciadas no despacho decisório e (b) a contribuinte demonstre sua irresignação contra o que foi decidido. Questões não apreciadas na origem transbordam a competência de julgamento das DRJ (art. 229, IV, do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria nº 587/2010). No entendimento da Turma da DRJ, o contribuinte não teria atacado os fundamentos do Despacho Decisório, uma vez que alterou a questão de fato conhecida da decisão, consistente nos dados declarados na DCTF na qual confessou os débitos objeto da apreciação pela DRF. Concluiu que houve concordância tácita com o Despacho Decisório. Entende que a nova situação de fato originada a partir da entrega da nova DCTF não pode ser Fl. 437DF CARF MF Processo nº 11080.900496/200933 Acórdão n.º 1302003.652 S1C3T2 Fl. 4 3 conhecida por aquela Delegacia de Julgamento por não ter sido objeto de apreciação prévia pela DRF. O recurso voluntário foi apresentado trazendo as seguintes alegações: Preliminarmente: da violação do devido processo legal artigo 74 da Lei nº 9.430/96. o julgador se equivocou, afirmando que atacou os fundamentos da decisão, pois, objetivando evidenciar a origem do crédito, elencou os fatos ocorridos para impugnar o Despacho Decisório, sendo incorreto o entendimento nas razões de decidir. em sua manifestação aduziu que não assiste razão ao julgador quando sustenta que todo o valor havia sido utilizado para o adimplemento dos tributos, mas que houve apenas ausência de retificação da DCTF, existindo crédito de IRPJ e CSLL para compensação. naquela defesa alegou, ainda, que não pode ser prejudicada pelo falho sistema da Receita Federal. que deixou de verificar os dados constantes da DIPJ retificadora, acrescentando ainda que "erros ou equívocos, seja por parte do Fisco, seja por parte do contribuinte, não têm o condão poder de transformarem em fatos geradores de obrigação tributária." conclui que houve a impugnação dos argumentos do Despacho Decisório, e que a decisão ora atacada violou o devido processo legal, suprimindo seu direito de defesa, e afrontando o artigo 74,§§ 9º e 11º da Lei nº 9.430/96, o que acarreta sua nulidade nos termos do artigo 59, inciso II do Decreto nº 70.235/72. No mérito, repete as alegações trazidas na manifestação de inconformidade. Posteriormente, protocolou documento onde informa que o nome empresarial foi alterado de INNOVA S/A para VIDEOLAR S.A, assim como o CNPJ também foi alterado para 04.229.761/000170. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.649, de 12/06/2019, proferido no julgamento do Processo nº 11080.900495/2009 99, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 11080.900496/200933 Acórdão n.º 1302003.652 S1C3T2 Fl. 5 4 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.649): O recurso voluntário é tempestivo, e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Assim, dele eu conheço. Assiste razão à recorrente quanto à alegação de nulidade da decisão recorrida. A manifestação de inconformidade atacou as razões de decidir do Despacho Decisório, questionando o fato de tão somente se fundamentar nas informações constantes na DCTF apresentada, deixando de verificar outras declarações também disponíveis nos Sistemas da Receita Federal, no caso a DIPJ/2004 retificada desde 2005. Isto é uma questão de mérito, e precisa ser enfrentada pelo julgador a quo, sob pena de cerceamento ao direito de defesa, como de fato ocorreu no presente caso. Se a retificação da DCTF estiver lastreada em documentos hábeis e idôneos que comprovem a sua retidão, o direito creditório deve ser reconhecido caso verificado que houve o pagamento a maior ou indevido. Corroborando este entendimento, a própria Administração emitiu Parecer Normativo COSIT nº 2, de 01/09/2015, admitindo a retificação de DCTF após a ciência de Despacho Decisório que não homologa a compensação. Abaixo, transcrevo a ementa: "Assunto": NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva Fl. 439DF CARF MF Processo nº 11080.900496/200933 Acórdão n.º 1302003.652 S1C3T2 Fl. 6 5 contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Dispositivos Legais. arts. 147, 150, 165 170 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN); arts. 348 e 353 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Fl. 440DF CARF MF Processo nº 11080.900496/200933 Acórdão n.º 1302003.652 S1C3T2 Fl. 7 6 Processo Civil (CPC); art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984; art. 18 da MP nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001; arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010; Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012; Parecer Normativo RFB nº 8, de 3 de setembro de 2014. Conclusão Diante de todo o exposto, por entender que se aplica o artigo 59, inciso II do Decreto nº 70.235/72, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, acolhendo a preliminar de nulidade da decisão recorrida, para que os autos sejam devolvidos à primeira instância administrativa e seja proferida nova decisão, na boa e devida forma. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, acolhendo a preliminar de nulidade da decisão recorrida, para que os autos sejam devolvidos à primeira instância administrativa e seja proferida nova decisão, na boa e devida forma. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Fl. 441DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.004503/2007-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE RETENÇÃO. GLOSA. PROCEDÊNCIA.
Não comprovada a retenção do imposto de renda na fonte em sua integralidade, resta caracterizada compensação indevida, ainda que parcial.
Numero da decisão: 2402-007.376
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário e determinar, de ofício, o recálculo do Imposto de Renda devido, considerando a compensação de Imposto de Renda Retido na Fonte de R$ 1.882,68, referente ao ano-calendário 2003.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE RETENÇÃO. GLOSA. PROCEDÊNCIA. Não comprovada a retenção do imposto de renda na fonte em sua integralidade, resta caracterizada compensação indevida, ainda que parcial.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1522; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 76 1 75 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.004503/200719 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402007.376 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 6 de junho de 2019 Matéria IRPF Recorrente JOSE ROBERTO APARECIDO BRAGA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE RETENÇÃO. GLOSA. PROCEDÊNCIA. Não comprovada a retenção do imposto de renda na fonte em sua integralidade, resta caracterizada compensação indevida, ainda que parcial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário e determinar, de ofício, o recálculo do Imposto de Renda devido, considerando a compensação de Imposto de Renda Retido na Fonte de R$ 1.882,68, referente ao anocalendário 2003. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 45 03 /2 00 7- 19 Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10660.004503/200719 Acórdão n.º 2402007.376 S2C4T2 Fl. 77 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário (efls. 66/67) em face do Acórdão n. 09 27.650 6ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG) DRJ/JFA (efls. 59/61), que julgou parcialmente procedente a impugnação (efls. 02/04), apresentada em 19/10/2007, mantendo em parte o crédito tributário consignado no lançamento constituído em 01/10/2007 (efls. 32/33) mediante a Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física n. 2004/606450421244044 no total de R$ 13.959,74 (efls. 07/09) com fulcro em compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Cientificado do teor do Acórdão n. 0927.650 em 08/01/2010 (efl. 65), o impugnante, agora Recorrente, apresentou Recurso Voluntário na data de 02/02/2010, alegando, em linhas gerais, que a responsabilidade pelo recolhimento do IRRF, decorrente de Reclamatória Trabalhista, é da empresa Dimatra Veículos Ltda. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele conheço. Ao apreciar a impugnação, a instância de piso assim manifestou: [...] Da análise dos autos, verificase que o acordo judicial (fl. 06) determinou o pagamento de R$ 70.000,00 líquido ao interessado, sendo: a) R$ 27.000,00 na forma de dois veículos, entregues naquele ato ao interessado; b) Duas parcelas dà R$ 3.500,00; c) doze parcelas de R$ 3.000,00; e, d) O pagamento das parcelas teria início em 30/09/2003. Constam, também, anexados ao processo cópia de quatro DARF (fls. 12 e 13). Em consulta feita por esta julgadora aos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, constatou que somente três desses DARF se referem a 2003, quais sejam, os de valores R$ 539,42 (dois DARF) e o de valor R$ 401,92, que somam R$ 1.480,76. O quarto DARF se refere ao ano 2004. O documento de fl. 16, no qual consta IRRF no valor de R$ 17.506,22, é um laudo pericial, no entanto, não comprova que tal valor teria sido retido do interessado. Até mesmo porque o Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10660.004503/200719 Acórdão n.º 2402007.376 S2C4T2 Fl. 78 3 acordo de fl. 06 é datado de 17/09/2003 e o laudo é de 08/05/2003. No acordo citado não consta qual valor teria sido retido, mas, tão somente, o valor líquido a ser pago. Valor este que diverge do constante do laudo pericial. Ademais, nada indica que tal laudo pericial fazia parte do processo em questão. Assim, concluise que resta comprovado o recolhimento de R$ 1.480,76. [...] Em sede de recurso voluntário, o Recorrente limitase a afirmar que a responsabilidade pelo recolhimento do IRRF, decorrente de Reclamatória Trabalhista, é da empresa Dimatra Veículos Ltda. Muito bem. Da análise dos autos, verificase, com fulcro na ata de audiência relativa à Reclamatória Trabalhista n. 01/02406/97 (efls. 10/11), que foi disponibilizada, em 17/09/2003, a quantia líquida de R$ 70.000,,00. Constam, às efls. 16/17, DARF informando recolhimentos de IRRF Código de Receita 5936 Reclamatória Trabalhista n. 2406/97, todos na data de 14/05/2004, nos seguintes valores principais/período de apuração (P.A): R$ 539,42 P.A 31/10/2003; R$ 539,42 P.A 30/09/2003; R$ 401,92 P.A 30/11/2003; e R$ 401,92 P.A 30/12/2003, perfazendo um total de IRRF referente ao AC 2003, excluindose, por óbvio, a multa de mora e os juros em virtude do pagamento a destempo, de R$ 1.882,68. Nos cálculos de liquidação (efl. 20) é informado IRRF devido de R$ 17.506,22 face a um total da execução de R$ 88.821,85. A diferença entre tais valores guarda conexão com o valor líquido recebido pelo Recorrente (R$ 70.000,00) informado na ata de e fls. 10/11, do que depreendese que não se prestam para compensação do imposto devido apurado na declaração de ajuste anual Exercício 2004. Na Declaração de Ajuste Anual (DAA) Exercício 2004 ND 06/26.198.180 (efls. 27/31), o Recorrente declarou rendimentos tributáveis da fonte pagadora Dimatra Veículos Ltda. Reclamatória Trabalhista n. 2406/97 o valor de R$ 53.717,00 e IRRF de R$ 17.506,22 (sem comprovação de retenção nos autos). Face aos valores acima informados (rendimentos tributáveis de R$ 53.717,00 e IRRF de R$ 17.506,22), concluise, vez que não há infração tipificada por omissão de rendimentos e a decisão recorrida não trata da matéria, que os rendimentos tributáveis informados estão deduzidos de honorários advocatícios e que o IRRF de R$ 17.506,22 naqueles não estão compreendidos, pois o Recorrente recebeu valores líquidos. Destarte, merece reparo a decisão recorrida no sentido de que devem ser considerados IRRF de R$ 1.882,68, implicando, destarte, o recálculo do imposto devido no Exercício 2004 considerandose a compensação da retenção retrocitada. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10660.004503/200719 Acórdão n.º 2402007.376 S2C4T2 Fl. 79 4 Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e negar lhe provimento, e determinar de ofício, o recálculo do imposto devido no Exercício 2004 – anocalendário 2003 considerandose a compensação de IRRF de R$ 1.882,68. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 79DF CARF MF
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Numero do processo: 13609.720134/2011-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jul 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF)
Ano-calendário: 2006
COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA COMPENSAÇÃO.
O valor recebido pelas cooperativas de trabalho, por serviços prestados por meio de seus associados, a outra pessoa ainda que não associado, é ato cooperativo e poderá ser objeto de pedido compensação, respeitadas as condições previstas em lei.
Como no presente caso não existe relação direta entre os valores recebidos, que geraram as retenções sofridas, e os valores pagos aos profissionais, que ocasionou as retenções, as compensações não se enquadram na previsão legal do art. 45 da Lei n° 8.541/1992, não havendo previsão legal para a compensação realizada.
Numero da decisão: 2401-006.456
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13609.720142/2011-51, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Matheus Soares Leite.
(documento assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier (Presidente).
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA COMPENSAÇÃO. O valor recebido pelas cooperativas de trabalho, por serviços prestados por meio de seus associados, a outra pessoa ainda que não associado, é ato cooperativo e poderá ser objeto de pedido compensação, respeitadas as condições previstas em lei. Como no presente caso não existe relação direta entre os valores recebidos, que geraram as retenções sofridas, e os valores pagos aos profissionais, que ocasionou as retenções, as compensações não se enquadram na previsão legal do art. 45 da Lei n° 8.541/1992, não havendo previsão legal para a compensação realizada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13609.720142/2011-51, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Matheus Soares Leite. (documento assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 72 01 34 /2 01 1- 12 Fl. 193DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2401-006.456 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720134/2011-12 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2401-006.454, de 08 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 13609.720142/2011-51, paradigma deste julgamento. “Trata-se de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto - SP (DRJ/RPO) que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que cabe ao contribuinte comprovar a liquidez e certeza dos créditos objeto de compensação. O presente processo trata do pedido de compensação declarado em PER/DCOMP apresentado pela Contribuinte, no qual pretende utilizar crédito relativo a Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF - de cooperativas. O Contribuinte, após ser intimado, apresentou os comprovantes de rendimentos pagos e de retenção do Imposto de Renda na fonte relativos aos pagamentos efetuados por Pessoas Jurídicas a ele, com Código Receita 3280. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sete Lagoas/MG emitiu Despacho Decisório onde homologa parcialmente a compensação, reconhecendo o direito creditório parcial. No Despacho Decisório a Autoridade Fiscal afirma que o art. 64 da Lei nº 8.541/1992 restringiria a compensação ao imposto incidente sobre o montante pago ou creditado por pessoas jurídicas a cooperativas de trabalho, associações de profissionais ou assemelhadas, quando se tratasse de serviços pessoais que lhes fossem prestados por associados das mesmas (Código Receita 3280). Portanto, o imposto incidente sobre a remuneração de serviços gerais prestados a pessoas jurídicas pelas cooperativas (Código Receita 1708) e outras modalidades de retenção não estão abrangidas pelo dispositivo legal. No Despacho foi destacado que o IRRF de Código Receita 1708 somente poderia ser compensado com o saldo credor do IRPJ (receitas oferecidas à tributação decorrentes de atos não cooperados). O Despacho conclui dizendo que as retenções constantes do PER/DCOMP efetuadas com Códigos Receita diferentes de 3280 foram descartados, razão pela qual o direito creditório foi parcialmente reconhecido e o PER/DCOMP parcialmente homologado. A Contribuinte tomou ciência do Despacho Decisório e, inconformado com a decisão proferida, tempestivamente, apresentou sua Manifestação de Inconformidade instruída com os documentos acostados aos autos. O Processo foi encaminhado para a DRJ/RPO que decidiu julgar a Manifestação de Inconformidade IMPROCEDENTE. Fl. 194DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2401-006.456 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720134/2011-12 A Contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ/RPO e inconformada com o Acórdão prolatado, tempestivamente, interpôs seu Recurso Voluntário instruído com documentos. Em seu Recurso Voluntário a Contribuinte, em síntese, aduz que: 1. A Prática de ato cooperativo goza de isenção do Imposto de Renda conforme previsto no art.182 do RIR/99 e na Lei nº 5.764/71; 2. Valores recebidos pelas cooperativas de trabalho, em decorrência dos serviços prestados pelos associados, a outras pessoas ainda que não associados, é ato cooperativo, não sendo tributável pelo IRPJ; 3. O entendimento da Autoridade Fiscal, mantida pela DRJ, desprezou todas as provas produzidas no processo administrativo, uma vez que foi demonstrado que até mesmo o IRRF recolhido sob o código 1708 se referiu ao imposto retido por pagamento dos cooperados do Contribuinte; 4. A compensação efetuada pelo Contribuinte foi regular pois se trata de pleitear a compensação de tributos retidos na fonte que não se relacionam na hipótese de incidência do Imposto de Renda; 5. Os serviços a cargo das cooperativas de trabalho se sujeitam à retenção do Imposto de Renda, tenham sido eles efetivamente prestados ou simplesmente colocados à disposição dos Contratantes, portanto, o Acórdão da DRJ, ao afirmar que os valores recebidos nos contratos firmados sob a modalidade pré-pagamento não estariam sujeitos à retenção de IRRF, motivo pelo qual seria inviável a compensação pretendida, incorre em violação ao Princípio da Legalidade. Finaliza seu Recurso pedindo seu provimento para que seja reformado o Acórdão recorrido, homologada integralmente a compensação efetuada e cancelada a cobrança referente aos débitos tidos como "indevidamente compensados". É o relatório.” Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 2401-006.454, de 08 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 13609.720142/2011-51, paradigma deste julgamento. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2401-006.454, de 08 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2401-006.454 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Juízo de admissibilidade Fl. 195DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2401-006.456 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720134/2011-12 O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito A Recorrente se insurge contra a homologação parcial da compensação por ela efetuada, aduzindo que algumas tomadoras de serviços apresentaram código equivocado do IRRF (1708 – Remuneração Serviços Prestados por Pessoa Jurídica), quando deveriam ter apresentado o código 3280 (Remuneração sobe Serviços Prestados por Associação de Cooperativa de Trabalho). Afirma que é isento do IRPJ quando da prática de atos cooperados e que a compensação das retenções com o Código Receita 1708 são aplicáveis apenas às demais pessoas jurídicas tendo em vista a isenção a que tem direito. O Código Tributário Nacional estabelece a compensação como uma das modalidades de extinção do crédito tributário (art. 156, II), cujo procedimento ocorre entre créditos líquidos e certos, com débitos vencidos e vincendos do sujeito passivo (art. 170), através de estipulação legal e que encontra-se disciplinado através da Lei nº 9.430/96. No tocante à possibilidade de compensação de IRRF por cooperativas de trabalho, cabe destacar que o art. 64 da Lei nº 8.981/95 deu nova redação ao art. 45 da Lei nº 8.541/92, nos seguintes termos: Art. 45. Estão sujeitas à incidência do Imposto de Renda na fonte, à alíquota de 1,5%, as importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a cooperativas de trabalho, associações de profissionais ou assemelhadas, relativas a serviços pessoais que lhes forem prestados por associados destas ou colocados à disposição. (Redação dada pela Lei nº 8.981, de 1995) § 1º O imposto retido será compensado pelas cooperativas de trabalho, associações ou assemelhadas com o imposto retido por ocasião do pagamento dos rendimentos aos associados. (Redação dada pela Lei nº 8.981, de 1995) § 2º O imposto retido na forma deste artigo poderá ser objeto de pedido de restituição, desde que a cooperativa, associação ou assemelhada comprove, relativamente a cada ano-calendário, a impossibilidade de sua compensação, na forma e condições definidas em ato normativo do Ministro da Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 8.981, de 1995) Notoriamente, é indubitável a possibilidade de compensação direta entre o IRRF pelos tomadores de serviços e o IRRF quando dos pagamentos (repasses) aos associados das cooperativas de trabalho, como a Recorrente. Destaque-se que a Lei nº 5.764/71, que definiu a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, dispõe o seguinte: Art. 79. Denominam-se atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. No entanto, dentro das atividades da contribuinte, há a prática de outros atos que não os eminentemente os cooperativos, tais como pagamentos efetuados por Fl. 196DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2401-006.456 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720134/2011-12 contratos com preço pré-determinado ou por outros serviços. Vejamos o que preceitua a Lei nº 9.656/98: Art. 1º Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177- 44, de 2001) I - Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177- 44, de 2001) O Superior Tribunal de Justiça já definiu que as operações realizadas diretamente (e não através de seus cooperados) com terceiros não associados, embora indiretamente se busque a consecução do objeto social da cooperativa, consubstanciam atos não-cooperativos. Vejamos: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. UNIMED. CONCEITO DE ATO COOPERATIVO TÍPICO. SERVIÇOS PRESTADOS A TERCEIROS. ATOS NÃO COOPERATIVOS. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS E COFINS SOBRE OS ATOS NEGOCIAIS. TEMA JÁ JULGADO PELO REGIME DO ART. 543-C, DO CPC, E DA RESOLUÇÃO STJ 08/08. 1. A jurisprudência deste STJ já se firmou no sentido de que é legítima a incidência do PIS e da COFINS, tendo como base de cálculo o faturamento das cooperativas de trabalho médico, sendo que por faturamento deve ser compreendido o conceito que restou definido pelo STF como receita bruta de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza, por ocasião do julgamento da ADC 01/DF. Precedentes: REsp 635.986/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 25.9.2008; REsp 1081747 / PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, 15.10.2009. 2. O fornecimento de serviços a terceiros não cooperados e o fornecimento de serviços a terceiros não associados inviabiliza a configuração como atos cooperativos, devendo ser tributados normalmente. Precedentes: REsp 635.986/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 25.9.2008; REsp 746.382/MG, Rel. Min. Humberto Martins, DJ de 9.10.2006; REsp 1096776/PB, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 19/08/2010; AgRg no REsp 751.460/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13.2.2009; AgRg no AgRg no REsp 1033732/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJe 1.12.2008; EDcl nos EDcl no REsp 875.388/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29.10.2008. 3. O tema referente à tributação pelo IRPJ dos atos praticados pela cooperativa com terceiros não associados já foi objeto de julgamento em sede de recurso especial representativo da controvérsia REsp. n. 58.265 / SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09.12.2009. 4. No referido julgamento, embora se estivesse apreciando a hipótese específica voltada ao Imposto de Renda e não às contribuições ao PIS e COFINS, nas razões de decidir restou firmado o pressuposto de que "[...] as operações realizadas com terceiros não associados (ainda que, indiretamente, em busca da consecução do objeto social da Fl. 197DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2401-006.456 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720134/2011-12 cooperativa), consubstanciam 'atos não-cooperativos', cujos resultados positivos devem integrar a base de cálculo do imposto de renda" (REsp. n. 58.265 / SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09.12.2009). 5. Desse modo, definido que se tratam de atos não-cooperativos, não há que se falar em isenção do IRPJ, da CSLL e das contribuições ao PIS e COFINS por aplicação do art. 79, da Lei n. 5.764/71. 6. Observar que nos recursos representativos da controvérsia REsp. n. 1.141.667/RS e REsp. n. 1.164.716/MG, pendentes de julgamento, e RE 598.085-RJ o que se discute não é o conceito de ato cooperativo típico (tema já abordado no recurso representativo da controvérsia REsp. n. 58.265/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09.12.2009), mas sim o confronto da isenção para o ato cooperativo típico previsto no art. 79, da Lei n. 5.764/71 com o estabelecido pelo art. 15, da Medida Provisória n. 2.158-35, que restringiu as exclusões da base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS somente a determinados valores ali especificados. 7. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 786.612/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 24/10/2013) De acordo com a decisão de piso, há ainda que se esclarecer que no presente caso a contribuinte formulou consulta através da qual restou estabelecido na Solução de Consulta nº 6.017 - SRRF06/Disit, de 29 de abril de 2016, que os pagamentos efetuados na modalidade pré-pagamento, como as mensalidades, não se sujeitam à retenção do Imposto de Renda. No entanto, embora indevida a retenção do IR na fonte, a compensação realizada pela contribuinte não está abrangida pelo art. 64 da Lei nº 8.981/1995, tendo em vista que não restou comprovado que se trata de importâncias creditadas por pessoas jurídicas a cooperativas de trabalho, relativas a serviços pessoais que lhes forem prestados por associados destas ou colocados à disposição. Com efeito, in casu, não há subsunção do fato à norma do art. 45 da Lei 8.541/92, posto que não se enquadra exclusivamente como atividade cooperada dado o exercício de atividades diversas que não se confundem com as receitas decorrentes da prestação de serviços profissionais de medicina ou correlatos. Destaque-se ainda que as retenções foram realizadas com código da receita 1708 - Remuneração Serviços Prestados por Pessoa Jurídica, sendo que a Recorrente não comprovou se tratar de retenção com o código 3280 - Remuneração sobe Serviços Prestados por Associação de Cooperativa de Trabalho. Vejamos trechos da decisão de piso: As demais retenções foram efetuadas com outros Códigos Receita e as provas constantes do processo levam à conclusão de que realmente não são caso de retenção do IR nos pagamentos efetuados a serviços pessoais prestados pelos associados, e sim nos pagamentos efetuados por contratos com preço pré-determinado ou por outros serviços. Lembro que as provas apresentadas pelo interessado, quando intimado, foram levadas em consideração pelas autoridades fiscais que proferiram o despacho decisório, não tendo comprovado se tratar da retenção do Imposto de Renda com Código Receita 3280. Na manifestação de inconformidade, o contribuinte não trouxe outros documentos de sua escrita contábil e fiscal, ou demonstrativos com força para comprovar as importâncias que, de fato, referem-se à prestação de serviços pessoais pelos associados Fl. 198DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2401-006.456 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720134/2011-12 da cooperativa, limitando-se apresentar apenas planilha com relação de retenções do IR, discriminando CNPJ, banco e valor, o que não comprova o tipo de serviço prestado. Se o Código Receita do IRRF realmente estivesse incorreto, o interessado deveria apresentar, ainda, o Redarf efetuado pelo tomador de serviço, bem como novo comprovante de retenção. Em se tratando de Declaração de Compensação, de interesse do contribuinte, cabe a ele o ônus comprobatório, devendo apresentar provas sobre suas alegações. O reconhecimento do direito creditório depende de liquidez e certeza, atributos que não estão presentes no caso em tela. Dessa forma, a compensação pleiteada pelo contribuinte no presente caso só é aplicável para os casos em que a retenção do Imposto de Renda ocorrer sobre serviços pessoais prestados pelos cooperados. Como não há relação direta entre os valores recebidos, que geraram as retenções sofridas, e os valores pagos aos profissionais, que ocasionou as retenções, as compensações não se enquadram na previsão legal do art. 45 da Lei n° 8.541/1992. Destarte, não há previsão legal que ampare as compensações declaradas. Assim, as retenções sofridas somente poderiam ser utilizadas na dedução do IRPJ devido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ao final do período de apuração, cabendo ainda ao contribuinte a restituição do indébito, observando a legislação pertinente. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário e NEGO-LHE PROVIMENTO.” Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário e NEGO-LHE PROVIMENTO. (documento assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 199DF CARF MF
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Numero do processo: 11030.721090/2011-04
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. VALOR DECLARADO EM DIRF. COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES.
Procede o lançamento decorrente de omissão de rendimentos apurada com base em DIRF apresentada pela fonte pagadora, quando o contribuinte não apresenta comprovação hábil capaz de ilidir a respectiva tributação.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PREVIDÊNCIA PRIVADA. RESGATE DE PGBL.
Os resgates de Plano Gerador de Benefício Livre PGBL com opção pelo regime progressivo de tributação estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de 15%, devendo, ainda, ser declarados como tributáveis na declaração de ajuste anual, em que o respectivo imposto de renda retido na fonte será compensado
IRPF. COMPENSAÇÃO. IRRF. BENEFICIÁRIO SÓCIO DA FONTE PAGADORA. RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO.
Para a compensação do IRRF no ajuste anual, os rendimentos sobre os quais ele incidiu terão de ter sido incluídos na base de cálculo do imposto a ser deduzido. Ademais, tratando-se de beneficiário sócio-administrador da fonte pagadora dos rendimentos, citada dedução fica condicionada à comprovação do efetivo recolhimento do imposto supostamente retido.
Numero da decisão: 2003-000.114
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso.
Francisco Ibiapino Luz - Presidente em Exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Francisco Ibiapino Luz (Presidente em Exercício), Wilderson Botto e Gabriel Tinoco Palatnic.
Nome do relator: FRANCISCO IBIAPINO LUZ
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. VALOR DECLARADO EM DIRF. COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES. Procede o lançamento decorrente de omissão de rendimentos apurada com base em DIRF apresentada pela fonte pagadora, quando o contribuinte não apresenta comprovação hábil capaz de ilidir a respectiva tributação. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PREVIDÊNCIA PRIVADA. RESGATE DE PGBL. Os resgates de Plano Gerador de Benefício Livre PGBL com opção pelo regime progressivo de tributação estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de 15%, devendo, ainda, ser declarados como tributáveis na declaração de ajuste anual, em que o respectivo imposto de renda retido na fonte será compensado IRPF. COMPENSAÇÃO. IRRF. BENEFICIÁRIO SÓCIO DA FONTE PAGADORA. RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO. Para a compensação do IRRF no ajuste anual, os rendimentos sobre os quais ele incidiu terão de ter sido incluídos na base de cálculo do imposto a ser deduzido. Ademais, tratandose de beneficiário sócioadministrador da fonte pagadora dos rendimentos, citada dedução fica condicionada à comprovação do efetivo recolhimento do imposto supostamente retido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 72 10 90 /2 01 1- 04 Fl. 90DF CARF MF 2 Francisco Ibiapino Luz Presidente em Exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Francisco Ibiapino Luz (Presidente em Exercício), Wilderson Botto e Gabriel Tinoco Palatnic. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância, que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte com o fito de extinguir crédito tributário constituído mediante Notificação de Lançamento. Notificação de Lançamento Foi constituído crédito tributário no valor de R$ 10.373,66, referente a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF do exercício de 2010, anobase de 2009, apurado em Notificação de Lançamento, decorrente de (fls. 33/39): 1. omissão de rendimento recebido da fonte pagadora: (a) ARIA – Associação dos Revendedores de Insumos Agrícolas no valor de R$ 11.564,10, sobre os quais houve IRRF na quantia de R$ 1.345,55; (b) ICATU Seguros S/A – VGBL/Fapi no valor de R$ 2.199,73, sobre os quais houve IRRF na quantia de R$ 329,96; 2. compensação indevida de IRRF na quantia de R$ 7.788,87. Impugnação Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, solicitando juntada de documentos e alegando, em síntese, o que segue (fls: 02/04): 1. quanto à omissão de rendimento recebido da fonte pagadora ARIA: (a) admite que a omissão apurada ocorreu pela falta de informação da contabilidade; (b) relata que constatou o equívoco apenas quando da elaboração de sua DIRPF/2011, mas não obteve sucesso em retificar a DIRPF/2010, já que estava faltando o comprovante da fonte pagadora; (c) argumenta que não houve omissão voluntária, pois constatou referida omissão antes da autoridade fiscalizadora; 2. quanto à omissão de rendimento recebido da fonte pagadora ICATU: (a) afirma que contratou o plano de Previdência PGBL em 2007, mas, face ao aumento indevido da contribuição, regatou referida aplicação, sendo depositado em sua conta corrente o total de R$ 2.863,28; manifesta que o extrato informa contribuição no valor de R$ 2.113,82; rendimentos no valor de R$ 121,39 e resgate, em 29/01/2009, no valor de 2.199,73, com IRRF de R$ 329,96; Fl. 91DF CARF MF Processo nº 11030.721090/201104 Acórdão n.º 2003000.114 S2C0T3 Fl. 91 3 3. quanto à compensação indevida de IRRF, aduz que o valor real é aquele informado na DAA R$ 8.314,46 – conforme comprovante juntado aos autos. Julgamento de Primeira Instância A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora, por unanimidade, julgou improcedente a pretensão externada por meio de mencionada contestação, sob os seguintes fundamentos (fls. 59/65): 1. quanto à omissão de rendimento recebido da fonte pagadora ARIA: (a) o contribuinte reconhece que os rendimentos recebidos, de fato, não constaram da DIRPF revisada, ratificando, a omissão apontada na notificação; (b) tocante à alegação de que não obteve sucesso em retificar a DIRPF/2010, nada há nos autos além do afastamento de sua espontaneidade em 01/02/2011; (c) o contribuinte está obrigado a informar o total dos rendimentos recebidos em sua DAA, independentemente da entrega do comprovante de rendimento pela fonte pagadora; 2. quanto à omissão de rendimento recebido da fonte pagadora ICATU: (a) a DIRF é documento idôneo para fins de comprovação dos rendimentos tributáveis auferidos, do IRRF e das contribuições à previdência oficial, cuja presunção de veracidade dos valores nela contidos não foi afastada pela documentação acostada aos autos pelo impugnante; (b) o Extrato Simplificado fornecido pela fonte pagadora ratifica os dados constantes da referida DIRF entregue à RFB. 3. quanto à compensação indevida de IRRF, sendo o impugnante sócio administrador da pessoa jurídica pagadora e retentora do imposto, referida compensação somente será permitida se forem comprovados a retenção do imposto e o correspondente recolhimento, o que não ocorreu no caso. Recurso Voluntário Discordando da respeitável decisão, o Sujeito Passivo interpôs Recurso Voluntário, argumentando o que segue sintetizado (fls: 79/87): 1. quanto à omissão de rendimento recebido da fonte pagadora ARIA: (a) manifesta não ter declarado o recebimento de salário da mencionada fonte pagadora; (b) a omissão foi involuntária, pois o contador não lhe enviou o comprovante de rendimento e IRRF, e só lhe deu prejuízo; 2. quanto à omissão de rendimento recebido da fonte pagadora ICATU: (a) afirma não ter declarado rendimento de previdência privada no valor de R$ 121,39; Fl. 92DF CARF MF 4 (b) discorre sobre a forma de cálculo efetuada pela fonte pagadora, contestando o montante tributável auferido, já que o extrato informa rendimento de R$ 121,38 e IRRF no valor de R$ 329,96; 3. quanto à compensação indevida de IRRF: (a) informa que declarou rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica e IRRF no valor de R$ 8.314,46; (b) manifesta que o valor foi retido pela fonte pagadora, de quem a fiscalização deve cobrar. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco Ibiapino Luz Relator Admissibilidade O Recurso é tempestivo, pois a ciência da decisão recorrida se deu em 09/02/2015 (fls. 77), e a Peça recursal foi recebida em 03/03/2015 (fls. 79), dentro do prazo legal para sua interposição. Logo, já que atendidos os demais pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, dele tomo conhecimento. Preliminares Não há argüição de qualquer preliminar no Recurso interposto, pois os argumentos dispostos no tópico qualificado como "Preliminares" são, em verdade, de mérito, os quais serão analisados na sequência. Mérito Como se viu no Relatório, a lide estabelecida se restringe às omissões de rendimento apuradas a partir das informações declaradas em DIRF das fontes pagadoras, como também da compensação indevida de IRRF. Posta assim a questão, passo à análise da presente contenda. Matéria não recorrida 0 ora recorrente discorda parcialmente da Decisão recorrida, não se insurgindo diretamente contra a omissão de rendimentos em si recebidos da fonte pagadora ARIA – Associação dos Revendedores de Insumos Agrícolas, mas tão somente quanto à motivação por que tal fato se deu, que foi a falta do comprovante de rendimentos. Logo, tal parte se torna incontroversa e definitiva administrativamente. Mais precisamente, segundo o art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, o sujeito passivo tem o prazo de 30 (trinta) dias para interpor recurso voluntário junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), contados da ciência de decisão da DRJ que lhe foi parcial ou totalmente desfavorável. Nestes termos: Fl. 93DF CARF MF Processo nº 11030.721090/201104 Acórdão n.º 2003000.114 S2C0T3 Fl. 92 5 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Tendo em vista o cenário apontado, consoante mandamento presente no inciso I e parágrafo único do art. 42 do citado Decreto, a preclusão temporal da pretensão interposta pelo Sujeito Passivo se revela irrefutável, especialmente por lhe faltar argumentos que supostamente pudessem elidir manifestada constatação. Confirase: Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; [...] Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de ofício. (grifo nosso) Arrematando o que está posto, conforme se vê na transcrição dos arts. 21, § 3º, e 43 do mesmo Ato, caracterizada a definitividade da decisão de primeira instância, resolvido estará o litígio, iniciandose o procedimento de cobrança amigável: Art. 21. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança amigável. [...] § 3° Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago o crédito tributário, o órgão preparador declarará o sujeito passivo devedor remisso e encaminhará o processo à autoridade competente para promover a cobrança executiva. Art. 43. A decisão definitiva contrária ao sujeito passivo será cumprida no prazo para cobrança amigável fixado no artigo 21, aplicandose, no caso de descumprimento, o disposto no § 3º do mesmo artigo. (grifo nosso) Presunção de veracidade dos valores declarados em DIRF A Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte DIRF é a declaração feita pela fonte pagadora de rendimentos, com o objetivo de informar à Secretaria da Receita Federal do Brasil o valor do imposto de renda e/ou contribuições retidos na fonte, assim como dos rendimentos pagos ou creditados para seus beneficiários. Nessa premissa, a falta de apresentação ou quando apresentada com informações inexatas, incompletas, omitidas, ou ainda, se sua entrega ocorrer após o prazo estabelecido, implicará aplicação das penalidades previstas na legislação. É o que se abstrai dos excertos legislativos a seguir transcritos: Lei nº 9.779, de 1999: Fl. 94DF CARF MF 6 Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. DecretoLei nº 1.968, de 1982: Art. 11. A pessoa física ou jurídica é obrigada a informar à Secretaria da Receita Federal os rendimentos que, por si ou como representante de terceiros, pagar ou creditar no ano anterior, bem como o Imposto de Renda que tenha retido. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 1º A informação deve ser prestada nos prazos fixados e em formulário padronizado aprovado pela Secretaria da Receita Federal. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 2º Será aplicada multa de valor equivalente ao de uma OTRN para cada grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas, apuradas nos formulários entregues em cada período determinado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). Lei nº 10.426, de 2002: Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (grifo nosso) [...] II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; (grifo nosso) [...] IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] II a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: (Vide Lei nº 11.727, de 2008) Fl. 95DF CARF MF Processo nº 11030.721090/201104 Acórdão n.º 2003000.114 S2C0T3 Fl. 93 7 I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317, de 1996; II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. § 4º Considerarseá não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela Secretaria Receita Federal. § 5º Na hipótese do § 4º, o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência à intimação, e sujeitarseá à multa prevista no inciso I do caput, observado o disposto nos §§ 1º a 3º. Do exposto, sendo a DIRF uma declaração regulamentar que permite à Administração Tributária, a partir das informações lhe prestadas pelas pessoas jurídicas pagadoras de rendimentos tributáveis às pessoas físicas, aferir a exatidão das declarações anuais de ajuste por estas apresentadas. Assim observado, referidas fontes pagadoras mantêm sua neutralidade quanto à relação estabelecida entre a RFB e o contribuinte beneficiário dos rendimentos por elas pagos. Ademais, submetem às penas da lei no que se refere à veracidade das informações prestadas, bem como se responsabilizam pelo recolhimento do imposto de renda declarado como retido. Portanto, a DIRF é considerada um documento idôneo para o fim de comprovação dos valores dos rendimentos tributáveis auferidos, como também do IRRF e das contribuições à previdência oficial, havendo, pois, uma presunção de veracidade dos valores nela contidos. Nesse contexto, cabe ao contribuinte desconstituir reportada presunção de veracidade mediante a apresentação de documentação hábil, capaz de justificar suposta discordância dos valores declarados em mencionadas Declarações, os termos vistos no art. 36 da Lei nº 9.784, de 1999. Confirmase: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora ICATU PGBL Conforme se viu no Relatório, o recorrente pretendeu refutar a presunção de veracidade das informações declaradas em DIRF pela fonte pagadora ICATU resgate de contribuições à previdência privada – PGBL apenas se insurgindo contra a forma de cálculo da base de cálculo do IRRF apurado, ainda que a documentação apresentada confirme as informações prestadas pela Instituição Financeira. Como se pode verificar, a Lei nº 11.053, de 2004, prevê dois Regimes Tributários aplicáveis ao regate de PGBL, o progressivo e o regressivo, este de escolha facultativa, porém irretratável. No primeiro, incidirá antecipação de IRRF, à alíquota de 15%, sendo que os respectivos rendimentos e imposto retido serão levados a ajuste na DAA; no segundo, haverá incidência tributária exclusivamente na fonte, mediante alíquotas decrescentes em função do tempo de acumulação. Confirmase: Fl. 96DF CARF MF 8 Art. 1o É facultada aos participantes que ingressarem a partir de 1o de janeiro de 2005 em planos de benefícios de caráter previdenciário, estruturados nas modalidades de contribuição definida ou contribuição variável, das entidades de previdência complementar e das sociedades seguradoras, a opção por regime de tributação no qual os valores pagos aos próprios participantes ou aos assistidos, a título de benefícios ou resgates de valores acumulados, sujeitamse à incidência de imposto de renda na fonte às seguintes alíquotas: I 35% (trinta e cinco por cento), para recursos com prazo de acumulação inferior ou igual a 2 (dois) anos; [...] VI 10% (dez por cento), para recursos com prazo de acumulação superior a 10 (dez) anos. Art. 3o A partir de 1o de janeiro de 2005, os resgates, parciais ou totais, de recursos acumulados relativos a participantes dos planos mencionados no art. 1o desta Lei que não tenham efetuado a opção nele mencionada sujeitamse à incidência de imposto de renda na fonte à alíquota de 15% (quinze por cento), como antecipação do devido na declaração de ajuste da pessoa física, calculado sobre: I os valores de resgate, no caso de planos de previdência, inclusive FAPI; (grifo nosso) Do exposto, não assiste razão ao recorrente, pois a base de cálculo da tributação do PGBL é o valor resgatado, e não o rendimento auferido, bem como consta nos autos que a tributação se deu progressivamente, havendo resgate no período na ordem de R$ 2.199,73, com IRRF no valor de R$329,96 (fls. 09). .Compensação indevida de IRRF Consoante visto no Relatório, a lide se estabelece no fato do recorrente não ter comprovado o recolhimento do suposto IRRF, enquanto sócioadministrador da fonte pagadora dos rendimentos. Posta assim a questão, passo à análise da presente contenda. É de se verificar que, conforme o mandamento do Decreto nº 3.000, de 1999, art. 87 vigente até 22/11/2018, quando foi revogado pelo Decreto nº 9.580, de 2018, há condições para que o IRRF possa ser deduzido na apuração do ajuste anual, quais sejam: Art. 87. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12): [...] IV o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; [...] § 2º O imposto retido na fonte somente poderá ser deduzido na declaração de rendimentos se o contribuinte possuir Fl. 97DF CARF MF Processo nº 11030.721090/201104 Acórdão n.º 2003000.114 S2C0T3 Fl. 94 9 comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos, ressalvado o disposto nos arts. 7º, §§ 1º e 2º, e 8º, § 1º (Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 55). Nesse sentido, regra geral, a apresentação do comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora é o documento hábil, em razão de sua própria natureza, para comprovar o valor dos rendimentos pagos e do IRRF. No entanto, quando o referido beneficiário também for responsável pelo recolhimento do imposto retido, a força probante de reportado documento é relativizada e o mesmo deixa de ser suficiente para comprovar a retenção de imposto de renda na fonte, tornandose necessária a apresentação do documento de arrecadação – DARF com registro do efetivo recolhimento do valor compensado. É o que se abstrai do art. 723 do Decreto nº 3.000, de 1999, combinado com os ditames vistos na A IN SRF nº 28, de 1984. Confirase: Decreto nº 3.000, de 1999: “Art. 723. São solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte (DecretoLei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, art. 8º). Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas referidas neste artigo restringese ao período da respectiva administração, gestão ou representação (DecretoLei no 1.736, de 1979, art. 8o, parágrafo único).” IN SRF nº 28, de 1984: 1. Fica suspensa a eventual restituição de imposto de renda, atribuída a diretores de pessoas jurídicas, sociedades de economia mista e empresas públicas, quando essas pessoas jurídicas não tenham recolhido à Fazenda Nacional imposto de renda que retiveram na fonte. 2. O disposto no item anterior se estende a titular de firma individual e a sóciosgerentes de sociedades. 3. Cessará a suspensão da restituição uma vez regularizada a situação fiscal da pessoa jurídica. Nesse sentido, constam nos autos que o recorrente é sócioadministrador da fonte pagadora dos rendimentos como tal responsável pelo recolhimento do imposto supostamente retido os quais, embora intimados, não lograram comprovar a ocorrência do mencionado recolhimento tributário. Conclusão Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso interposto. É como voto. Francisco Ibiapino Luz Fl. 98DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.015296/00-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/06/1994 a 30/09/1995
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CONTRIBUINTE DO PASEP.
As sociedades de economia mista, independentemente de suas atividades econômicas, estão sujeitas à contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP (LC 08/70) e não para o Programa de Integração Social - PIS (LC 07/70).
NULIDADE. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE PASEP. CERCEAMENTO DO DIREITO À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
Observadas as normas inerentes ao procedimento administrativo, havendo a oportunidade para esclarecer os fatos controvertidos, garante-se, assim, o exercício da ampla defesa e ao contraditório, não havendo que se falar em nulidade. Também não há que se falar em reformatio in pejus quando a própria autoridade a quo reformou despacho decisório por ela anteriormente proferido, uma vez que a Manifestação de Inconformidade é a oportunidade para o contribuinte demonstrar e comprovar eventuais equívocos e falhas ocorridas no Despacho Decisório, estando plenamente garantido o exercício de seu direito de defesa.
PASEP. REPETIÇÃO DE INDÉBITO REFERENTE AOS DECRETOS N°s 2.445/1988 E 2.449/1988 - PRAZO DECADENCIAL
A contagem do prazo da prescrição qüinqüenal do direito à restituição de indébito tributário decorrente de tributo sujeito a lançamento por homologação, cujo pedido foi protocolado até a data de 8 de junho de 2005, deve ser feita segundo a tese dos cinco mais cinco, cinco anos para extinção do crédito tributário pela homologação tácita e mais cinco para exercer o direito, resultando prazo total de dez anos a partir do fato gerador.
CONTRIBUIÇÃO AO PASEP. SEMESTRALIDADE. PAGAMENTO
Os indébitos dessa contribuição, no período compreendido entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, oriundos de recolhimentos efetuados nos moldes dos Decretos-Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, e nos da Medida Provisória nº 1.212/1995 e de suas reedições, deverão ser calculados considerando-se quê a base de cálculo do PASEP era a receita operacional e as transferências recebidas no sexto mês anterior ao de ocorrência do fato gerador, sem correção monetária.
Aguardando Nova Decisão.
Numero da decisão: 3402-006.673
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne que negava provimento ao recurso, nos termos da declaração de voto lida em sessão.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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CONTRIBUINTE DO PASEP. As sociedades de economia mista, independentemente de suas atividades econômicas, estão sujeitas à contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP (LC 08/70) e não para o Programa de Integração Social - PIS (LC 07/70). NULIDADE. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE PASEP. CERCEAMENTO DO DIREITO À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Observadas as normas inerentes ao procedimento administrativo, havendo a oportunidade para esclarecer os fatos controvertidos, garante-se, assim, o exercício da ampla defesa e ao contraditório, não havendo que se falar em nulidade. Também não há que se falar em reformatio in pejus quando a própria autoridade a quo reformou despacho decisório por ela anteriormente proferido, uma vez que a Manifestação de Inconformidade é a oportunidade para o contribuinte demonstrar e comprovar eventuais equívocos e falhas ocorridas no Despacho Decisório, estando plenamente garantido o exercício de seu direito de defesa. PASEP. REPETIÇÃO DE INDÉBITO REFERENTE AOS DECRETOS N°s 2.445/1988 E 2.449/1988 - PRAZO DECADENCIAL A contagem do prazo da prescrição qüinqüenal do direito à restituição de indébito tributário decorrente de tributo sujeito a lançamento por homologação, cujo pedido foi protocolado até a data de 8 de junho de 2005, deve ser feita segundo a tese “dos cinco mais cinco”, cinco anos para extinção do crédito tributário pela homologação tácita e mais cinco para exercer o direito, resultando prazo total de dez anos a partir do fato gerador. CONTRIBUIÇÃO AO PASEP. SEMESTRALIDADE. PAGAMENTO Os indébitos dessa contribuição, no período compreendido entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, oriundos de recolhimentos efetuados nos moldes dos Decretos-Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, e nos da Medida Provisória nº 1.212/1995 e de suas reedições, deverão ser calculados considerando-se quê a base de cálculo do PASEP era a receita AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 01 52 96 /0 0- 87 Fl. 539DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 operacional e as transferências recebidas no sexto mês anterior ao de ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. Aguardando Nova Decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne que negava provimento ao recurso, nos termos da declaração de voto lida em sessão. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos. Relatório Trata o presente processo, de Pedido de Restituição no valor total de R$ 2.483.950,95, protocolizado pela Recorrente em 06.10.2000 (fl. 02) relativo aos recolhimentos da contribuição para PIS/PASEP que teriam sido indevidamente recolhidos a maior em decorrência da declaração de inconstitucionalidade dos Decretos Leis nºs 2.445/1988 e 2449/1988, referentes ao período de apuração compreendido entre junho de 1994 a setembro 1995 (planilhas de fls. 13 e DARF's de fls. 166/207), cumulado com pedidos de compensação de fls. 157, 159 e 161. Por trazer uma síntese do processo e dos argumentos aventados em sede da Manifestação de Inconformidade, peço vênia para adotar o relatório do Acórdão n.º 16-16.682 da 9ª Turma da DRJ em São Paulo/SP (fls. 423/477): "(...) Através do despacho decisório da EQITD/DIORT/DERAT/SPO de fls. 124 a 130, o pedido de restituição foi deferido parcialmente, reconhecendo direito creditório no montante original de R$ 101.762,50, e homologadas as compensações declaradas até o limite do direito creditório reconhecido, em síntese, com base nos seguintes fundamentos: i) Como o pedido de restituição foi protocolizado em 06/10/2000, houve o decurso do prazo decadencial para os pagamentos efetuados antes de 06/10/1995, conforme previsto no artigo 168 do Código Tributário Nacional (Lei no 5.172, de 25/10/1966) e no Ato Declaratório SRF n° 96/99; ii) Houve o reconhecimento que são indevidos os pagamentos efetuados 13/10/95 e 30/10/95 (referentes ao mês de 09/95), únicos não atingidos pelo Fl. 540DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 prazo decadencial, pois a empresa recolheu o PIS com base na receita bruta (Decretos-lei 2.445/88 e 2.449/88), e conforme o art. 3° da LC n° 7/70 o contribuinte tinha o direito de recolher a contribuição pela aliquota de 5% sobre o IR devido (PIS-REPIQUE). Como para o período de apuração em questão não houve IR devido (fls. 121), o contribuinte não estaria obrigado a recolher a contribuição do mês de setembro de 1995. 6. Conforme extratos e documentos de fls. 132 a 142, verifica-se que, tendo em vista o deferimento de direito creditório no montante original de R$ 101.762,50, foram homologadas as compensações dos seguintes débitos constantes do pedido de compensação de fls. 83: i) Totalidade do débito do PIS do período de apuração de 01/2001 no valor de R$ 139.049,17; ii) Parte do débito do PIS do período de apuração de 02.2001. De um total declarado de R$ 128.678,15 foi homologado o valor de R$ 78.975,30, tendo remanescido o débito de R$ 49.702,85. 7. 0 contribuinte, inconformado com despacho decisório que deferiu em parte seu pleito, apresentou sua manifestação de inconformidade em 07.06.2004 (fls. 151 a 164), acompanhada de documentos de fls. 165 a 182, no qual argumenta, em síntese, que: 7.1 Tratando-se de tributo declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e retirado do sistema positivo por Resolução do Senado Federal, o prazo para o contribuinte pleitear sua restituição/compensação é de 05 anos contados da data da publicação da Resolução do Senado que suspendeu a eficácia dos dispositivos inconstitucionais. Cita Acórdãos do Conselho de Contribuintes para corroborar sua tese; 7.2 Mesmo que assim não fosse, sendo o PIS/PASEP tributo sujeito ao lançamento por homologação, a extinção do crédito tributário somente ocorre com a homologação pela Fazenda. Não sendo esta homologação expressa, operar-se-á tacitamente com o decurso do prazo de 05 anos descrito no art. 150, §4° do CTN. Somente a partir desse momento (05 anos do recolhimento) é que se inicia o prazo descrito no art. 168, I do CTN, para o contribuinte pleitear a restituição de valores pagos a maior ou indevidamente. Cita Acórdãos do Conselho de Contribuintes para corroborar sua tese; 7.3 Alega ainda que o art. 10 do Decreto-lei no 2.052/83 expressamente dispõe que a prescrição para a cobrança e, "mutatis mutands, para a pretensão de repetição/compensação da contribuição para o PIS/PASEP é de 10 anos contados da data do fato gerador. Cita jurisprudência judicial para corroborar sua tese; 8. Através de despacho da 6ª Turma da DRJ/SP1 (fls. 195 a 198) o processo foi encaminhado para a EQITD/DIORT/DERAT/SPO, em síntese, com base nos seguintes fundamentos: i) O contribuinte, conforme o seu Estatuto Social, é sociedade de economia mista, vinculada ao Governo do Estado de São Paulo, assim está legalmente enquadrada como contribuinte do PASEP (LC n° 8/70) e não de PIS (LC n° 7/70); Fl. 541DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 ii) Não há fundamento legal para a interessada ser enquadrada como contribuinte de PIS-REPIQUE (LC n° 7/70), pois, sendo sociedade de economia mista, é contribuinte do PASEP, conforme art. 3° da LC n° 8/70; iii) Tendo em vista que o litígio submetido à DRJ restringe-se a questão da decadência, o processo foi encaminhado a EQITD/DIORT/DERAT/SPO, para análise e demais providencias que julgasse necessárias. 9. Através do despacho de fls. 200 a 205, a DIORT/DERAT/SPO, Re-Ratificou o despacho decisório anterior de fls. 124 a 130, indeferindo o pedido de restituição no valor parcial de R$ 101.762,50, de sorte a manter o indeferimento do total pleiteado à fl. 01, e, em conseqüência, não homologando as compensações declaradas, em síntese, com base nos seguintes fundamentos: i) A retificação refere-se à parte que foi deferida no despacho decisório anterior, ou seja, sobre o valor de R$ 101.762,50; ii) No despacho anterior proferido pela EQITD/DIORT/DERAT/SPO, verifica- se que o auditor incorreu em equivoco ao encaminhar proposta de deferimento parcial. A empresa jamais poderia ser contribuinte do PIS-REPIQUE, visto tratar-se de sociedade de economia mista, vinculada ao Governo do Estado de São Paulo. Dessa forma, a empresa estaria obrigatoriamente enquadrada como contribuinte do PASEP conforme LC no 08/70, ou seja, não caberia enquadrá- la como contribuinte do PIS-REPIQUE, como ocorreu no despacho anterior, posto que não respaldo na legislação; iii) A Contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP, foi instituída pela Lei Complementar no 08, de 03/12/1970. Nos termos dessa legislação, são contribuintes do PASEP a Unido, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios, bem como, as autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações da Unido, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios. O artigo 3° da Lei Complementar n° 08/70 estabelece a base de cálculo e as aliquotas do PASEP, para as sociedades de economia mista, in verbis: "Art. 3°- As autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios contribuirão para o Programa com 0,4% (quatro décimos por cento) da receita orçamentária, inclusive transferências e receita operacional, a partir de 1° de julho de 1971; 0,6% (seis décimos por cento) em 1972 e 0,8% (oito décimos por cento) no ano de 1973 e subseqüentes." ; iv) Posteriormente, os Decretos-lei nºs 2.445/88 e 2.449/88, em seu art. 1°, inciso III, vieram determinar que as empresas públicas, sociedades de economia mista e respectivas subsidiárias, e quaisquer outras sociedades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público, contribuiriam para o PASEP com base na receita operacional bruta e transferências correntes e de capital recebidas, fazendo incidir sobre estas aliquota de 0,65%. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucionais os Decretos-leis n° 2.445/1988 e 2.449/1988 e a posterior suspensão da execução dos referidos Decretos-leis pelo Senado Federal, foi restabelecida a vigência das Leis Complementares n° 07/1970 e 08/1970, com todas as Fl. 542DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 alterações posteriores que não foram julgadas inconstitucionais pela Egrégia Suprema Corte. Nesse sentido o Parecer PGFN n° 437/98 (item 25); v) Assim, A época dos períodos de apuração em questão (06/94 a 09/95), a empresa era contribuinte do PASEP, conforme o art. 3° da LC n° 8/70, e não do PIS (LC n° 7/70); vi) Como sociedade de economia mista, o interessado submete-se As regras contidas na LC n° 08/70, conforme prevê o seu artigo 3°. Acatar a pretensão da impugnante importaria em ofensa ao principio da legalidade, previsto no art. 37 da CF/1988, visto que a LC no 07/70, não prevê dentre os contribuintes do PIS-REPIQUE, as sociedades de economia mista; vii) Não consta nos autos que o contribuinte tenha recorrido ao Judiciário para contestar a recepção da LC no 8/70 pela CF/88, e também não se tem noticia de qualquer Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental — ADPF (ação de controle concentrado aplicável As questões de recepção das normas anteriores A Lei Fundamental) em razão desta Lei Complementar; viii) O Parecer Normativo COSIT n° 1/96, citado pela requerente, foi editado na vigência da Medida Provisória n° 1.212, de 28 de novembro de 1995 e suas reedições, a qual modificou a sistemática de apuração do PIS e do PASEP, unificando-a para as duas contribuições, sendo aplicável somente aos fatos geradores ocorridos a partir de março de 1996; ix) 0 Parecer Normativo COSIT no 1/96 foi editado visando esclarecer dúvidas suscitadas por entidades públicas quanto A apuração do PIS/PASEP de acordo com a nova sistemática prevista na Medida Provisória n° 1.212/95, como esclarece o próprio texto do Parecer. Portanto, as orientações e conclusões nele expressas devem ser interpretadas no contexto da nova norma, não se aplicando à sistemática anterior, prevista na Lei Complementar n° 7/70 e na Lei Complementar n° 8/70. 0 entendimento manifestado no item 4 do Parecer está inserido na forma de apuração prevista na Medida Provisória n° 1.212/95, a partir da qual a tributação das sociedades de economia mista com controle acionário estatal passou a se dar da mesma forma que as demais pessoas jurídicas de direito privado. 10. O contribuinte, inconformado com despacho decisório que Re-Ratificou o despacho decisório anterior, indeferindo o pedido de restituição e não homologando as compensações declaradas, apresentou nova manifestação de inconformidade em 09.04.2007 (fls. 208 a 224), acompanhada de documentos de fls. 225 a 226, no qual argumenta, em síntese, que: 10.1 A Delegacia de Julgamento (DRJ), ao analisar o recurso interposto pela recorrente, entendeu que a primeira decisão administrativa continha erro e, por isto, determinou que fosse proferida nova decisão sem o suposto erro em exame. Note-se que o recurso citado tinha apenas um ponto em discussão: o prazo para restituição de tributo indevidamente pago. A parte restante da discussão, acerca do enquadramento legal dos recolhimentos feitos pela recorrente, não poderia ser objeto de reforma pela autoridade julgadora, já que não era objeto daquele recurso; 10.2 A decisão da DRJ é nula, o que vicia o processo como um todo. A DRJ não tinha atribuição legal para, analisando o recurso interposto pela recorrente, Fl. 543DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 agravar sua situação, já que é descabido o instituto da "reformatio in pejus" no direito administrativo. Cita doutrina e jurisprudência administrativa para corroborar seu entendimento. A decisão proferida pela DRJ deve ser anulada, com o julgamento da manifestação de inconformidade anteriormente interposta nos limites da discussão administrativa (tão somente prazo de prescrição/decadência); 10.3 Se já não bastasse a nulidade citada, a recorrente não foi intimada da decisão proferida pela DRJ que determinou o retorno dos autos à origem para correção do suposto erro existente na primeira decisão administrativa. A recorrente apenas tomou conhecimento da referida situação por meio do relatório constante da decisão objeto deste recurso. A ausência de intimação impediu a apresentação de recurso voluntário ao Conselho de Contribuintes. Feriu, portanto, seu direito de defesa e o devido processo legal, impedindo a recorrente de apresentar recurso para o órgão julgador competente. A r. decisão ora recorrida deve ser anulada, abrindo-se novo prazo para a recorrente interpor recurso voluntário contra a decisão proferida pela DRJ; 10.4 Reitera as alegações de que não houve o transcurso do prazo decadencial para pleitear a restituição/compensação apresentadas na primeira manifestação de inconformidade; 10.5 Após o advento da CF/88 não podem mais prevalecer as disposições que impliquem em tratamentos diferenciados entre as empresas públicas ou sociedades de economia mista que explorem atividade econômica e as empresas privadas, conforme se extrai do art. 5°, caput e 150, II, e mais especificamente no que se refere as sociedades de economia mista, do art. 173, §1°, II da CF/88; 10.6 A exigência de contribuição ao mesmo fundo (PIS/PASEP) das empresas públicas e sociedades de economia mista de forma diferenciada ao que é exigida das empresas privadas implica numa atribuição de regimes tributários diversos; 10.7 Desde a edição das Leis Complementares n° 19/74 e 26/75 o fundo gerado com a arrecadação das contribuições ao PIS e PASEP foi unificado, sendo unificada também a sua destinação. Assim, tendo em vista que tanto a contribuição para o PIS como para o PASEP se destinam ao mesmo fundo, cujo fim foi unificado e beneficia tanto empregados sujeitos ao regime da CLT como a servidores públicos, é inconteste que a ora recorrente, a partir da CF/88, não podia ser compelida a contribuir para o mesmo fundo de forma mais gravosa que as empresas privadas prestadoras de serviços, sob pena de violação aos mandamentos constitucionais que determinam a igualdade de tratamento tributário; 10.8 A Consultoria Geral da República (CGR), por meio do Parecer JCF no 18/93, asseverou que as sociedades de economia mista são tratadas em condições de igualdade com os empreendimentos de natureza privada, estando sujeita As normas, usos e praxes da empresa privada quanto à obrigação de pagar tributos. Segundo o Parecer o empregado da sociedade de economia mista não é servidor público e, via de conseqüência, não faz jus A estabilidade prevista no art. 15 da Lei n° 7.733/89. 0 Chefe do Poder Executivo já reconheceu que os funcionários das sociedades de economia mista não são Fl. 544DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 servidores públicos, é contraditório e esdrúxulo admitir que a recorrente seja contribuinte do PASEP. Portanto, desde a CF/88 a recorrente não é contribuinte do PASEP mas sim do PIS, pois esta é a contribuição recolhida pelas pessoas jurídicas de direito privado, As quais as sociedades de economia mista com a recorrente estão enquadradas para todos os fins, inclusive para tratamento tributário, nos termos do art. 173, §1° da CF/88. Cita jurisprudência para corroborar seu entendimento; 10.9 Tanto o Parecer JCF n° 18/93 com o Parecer Normativo COSIT n° 01/96 devem ser aplicados ao caso em exame, não só em razão de seus fundamentos, mas, principalmente, como norma que vincula a Administração Federal. 0 Parecer Normativo COSIT n°01/96 e no Parecer JCF n° 18/93 representam o entendimento da Administração Pública A época dos pagamentos indevidos. Qualquer interpretação diversa da constante nos pareceres citados configura evidente ofensa ao inciso XII do art. 2° da Lei n° 9.784/99; 10.10 Caso se entenda que é possível impor-se a ora recorrente contribuição ao fundo do PISPASEP de forma diferenciada daquela que fora exigível das empresas privadas que também se dedicavam à prestação de serviços, é preciso mencionar que, ao menos parte dos créditos da recorrente devem ser reconhecidos. Isto porque, como já reconhecido pela jurisprudência, inclusive do Conselho de Contribuintes, os ditames do Decreto n° 71.618/72 versam sobre a base de cálculo semestral da contribuição ao fundo aqui tratada, e não sobre o pagamento. A base de cálculo da contribuição para o fundo do PIS- PASEP é a receita do sexto mês anterior A ocorrência do fato gerador, não podendo haver a incidência de correção monetária. Cita jurisprudência para corroborar seu entendimento. 11. É o relatório. No entanto os argumentos aduzidos pela Recorrente não foram suficientes e a DRJ em São Paulo/SP, considerou procedente em parte a Manifestação de Inconformidade apresentada, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos (fls. 423/424): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/1994 a 30/09/1995 NULIDADE. REFORMATIO IN PEJUS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em reformatio in pejus quando a própria autoridade a quo reformou despacho decisório por ela anteriormente proferido. A manifestação de inconformidade é a oportunidade para o contribuinte demonstrar e comprovar eventuais equívocos e falhas ocorridas no despacho decisório, estando plenamente garantido o exercício de seu direito de defesa. RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. 0 direito de pedir restituição, mesmo nas hipóteses de norma declarada inconstitucional, extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos, Fl. 545DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 contados da data do recolhimento indevido (Ato Declaratório SRF 96/99). SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CONTRIBUINTE DO PASEP. A norma instituidora da Contribuição para o Pasep dispõe que entre os seus contribuintes se encontram as sociedades de economia mista. INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE. Não compete à autoridade administrativa apreciar argüições de inconstitucionalidade e/ou ilegalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. PASEP. PRAZO DE PAGAMENTO. 0 art. 14 do Decreto n° 71.618/72 não dispõe sobre a base de cálculo, mas sim sobre o prazo de pagamento. Desde a edição da Lei n.° 7.691, em 15/12/88, o prazo para pagamento deixou de ser o de seis meses, contados do fato gerador. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CONVERSÃO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Os pedidos de compensação que estavam pendentes de apreciação pela autoridade administrativa, quando da entrada em vigor da MP n° 66/02, são considerados declarações de compensação. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. A ciência da decisão que não homologa a compensação deve ser efetuada antes do prazo de cinco anos prescrito pelo art. 74, § 5 0, da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 10.833/2003. Após o transcurso deste prazo, não é dado Administração pretender não homologar a compensação declarada. Solicitação Deferida em Parte Intimada desta decisão em 19/09/2008 - sexta feira (fl. 480), a Recorrente apresenta Recurso Voluntário (fls. 483/531) em 20/10/2008 (fl. 483), repisando os termos de sua Manifestação de Inconformidade, aduzindo em síntese, que: (i) anular o processo desde a decisão pela DRJ, inclusive este ato, para que outra decisão seja proferida com análise da primeira Manifestação de Inconformidade apresentada e da única questão ali debatida, qual seja, o prazo de decadência/prescrição para restituição do indébito tributário; (ii) anular o processo após a decisão proferida pela DRJ, com a nova intimação da ora Recorrente, para que ela possa interpor Recurso Voluntário contra aquela decisão, em atendimento aos princípios da ampla defesa e do contraditório; Fl. 546DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 (iii) reformar o Acórdão recorrido, para que seja dado à Recorrente o mesmo tratamento jurídico tributário aplicado às empresas de direito privado prestadoras de serviço, com o integral acolhimento de seu pedido de restituição/compensação, inclusive no que atine aos índices integrais de correção monetária (de acordo com a jurisprudência pacifica do STJ); (iv) reformar o acórdão recorrido, para que seja reconhecido o direito da Recorrente ao ressarcimento dos valores pagos a maior, no período em discussão, a titulo de Contribuição ao PIS/PASEP, levando-se em conta a base de cálculo semestral da exação, sem a incidência de correção monetária, como prevista no artigo 14 do Decreto nº 71.618/72, reconhecendo-se, na restituição, a necessidade de inclusão dos índices integrais de correção monetária (de acordo com a jurisprudência pacifica do STJ); Requer, ainda, tendo em vista o disposto no art. 74, § 11 da Lei n° 9.430/96, seja imputada a suspensão da exigibilidade dos débitos no sistema da RFB. Em seguida, os autos foram remetidos para este CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Waldir Navarro Bezerra I- Da Admissibilidade do Recurso O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Como relatado, trata os autos de Pedido de Restituição/Compensação dos valores pagos pela Recorrente - sociedade de economia mista, que tem por objeto a prestação de serviços de transporte de passageiros, a titulo de contribuição ao PIS/PASEP, por força da alteração da base de cálculo, veiculada pelos Decretos-lei n° 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal e retirados do sistema jurídico pela Resolução do Senado Federal n° 49/95, referente aos períodos de apuração de junho/94 a fevereiro/96. Desta forma, adentraremos em cada um dos argumentos aventados em sede recursal a seguir. II- Das Preliminares de nulidade Aduz a Recorrente em seu recurso que, "(...) Note-se que a manifestação de inconformidade antes mencionada tinha apenas um ponto em discussão: o prazo para restituição de tributo indevidamente pago. A parte restante da discussão, acerca do enquadramento legal dos recolhimentos feitos pela Recorrente, não poderia ser objeto de reforma pela autoridade julgadora, já que não era objeto daquele recurso". Como se vê, em seu recurso a Recorrente alega que: Fl. 547DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 (a) a decisão da DRJ teria que ser anulada, argumentando que a mesma não tinha atribuição legal para, analisando recurso interposto pela Recorrente, agravar sua situação, já que é descabido o instituto da "refomatio in pejus" no direito administrativo brasileiro. Insiste que a Manifestação de Inconformidade original (fls. 263/291), tinha apenas um ponto em discussão: o prazo para restituição de tributo indevidamente pago; que a parte restante da discussão, acerca do enquadramento legal dos recolhimentos feitos pela Recorrente, não poderia ser objeto de reforma pela autoridade julgadora, já que não era objeto daquele recurso. (b) não foi intimada da decisão proferida pela DRJ que determinou o retorno dos autos a origem para correção do suposto erro existente na primeira decisão administrativa. Pois bem. Na decisão da DRJ restou expressamente consignado que, "de fato, a manifestação de inconformidade original (fls. 151 a 164) tinha apenas um ponto de discussão" e entendeu correta a decisão adotada, uma vez que havia determinado que fosse sanado o erro da autoridade preparadora do Despacho Decisório, conforme retratado no trecho abaixo reproduzido: "(...) De fato a manifestação de inconformidade original (fls. 151 a 164) tinha apenas um ponto de discussão, o prazo para restituição de tributo indevidamente pago, porém, exatamente por esse motivo, o processo foi encaminhado para a autoridade a quo (DIORT/DERAT/SPO) para que fosse revisto o teor do despacho decisório original quanto ao enquadramento legal do contribuinte (PIS ou PASEP). O despacho decisório original (fls. 124 a 130) foi reformado pela própria autoridade a quo (DIORT/DERAT/SPO), através da Re-Ratificação de Despacho Decisório de fls. 200 a 2005, e não por esta autoridade julgadora (DRJ/SP1). Assim, não há que se falar em "reformatio in pejus". (Grifei) Em suma, como bem asseverado pela decisão recorrida, ao contrario do afirmado pela Recorrente, não houve decisão prolatada pela DRJ/SP1 agravando a situação da Recorrente. O julgador, analisando o processo, verificou provável existência de equivoco no preparo do Despacho Decisório original, e tratando-se de matéria não devolvida àquele Órgão julgador, encaminhou o processo, através do Despacho de fls. 351/357, para a DIORT/DERAT/SPO (Autoridade preparadora) que procedesse a reanálise do conteúdo do Despacho Decisório e tomasse as providências cabíveis. Ao meu sentir, tal procedimento está em plena consonância com os princípios da legalidade, indisponibilidade do interesse público e da verdade material que norteiam o processo administrativo. Alega ainda a Recorrente que não foi intimada da decisão proferida pela DRJ que determinou o retorno dos autos origem para a correção do erro existente na primeira decisão administrativa, apenas tomou conhecimento da referida situação por meio do relatório constante da decisão objeto deste recurso, verdadeiro absurdo que não pode prosperar. No caso, também não assiste razão a Recorrente. Não há que se falar em qualquer ausência de intimação, pois não houve decisão da DRJ/SP1 da qual a Recorrente devesse ser intimado e qualquer possibilidade de apresentação de Recurso Voluntário ao CARF. Ademais, a Recorrente foi intimada do Despacho Decisório original, bem como da Re-Ratificação de Fl. 548DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Despacho Decisório conforme documentos de fls. 236 e 374, respectivamente, tendo a Recorrente apresentado as Manifestações de Inconformidade de fls. 263/289 e nova Manifestação de fls. 377/411, que foram objeto de apreciação do julgamento da 1ª instância administrativa (decisão recorrida). Assim, não houve qualquer prejuízo ao direito de defesa da Recorrente, ao devido processo legal, ou ao duplo grau de jurisdição, uma vez que foi dado oportunidade à Recorrente proceder sua defesa, como o fez e comprovado nos presentes autos, tudo conforme previsto no art. 18, III, do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF): Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 1º (...). § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendo-se, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Por fim, as hipóteses de nulidade, no âmbito do processo administrativo fiscal estão perfeitamente definidas nos incisos I e II, do artigo 59 do Decreto n.° 70.235/72, que trata do Processo Administrativo Fiscal (PAF), com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748/93, in verbis: "Art. 59 - Sao nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II- os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa" (...). Conforme o dispositivo acima, no caso sob análise, a Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária - DERAT/SP, é a autoridade competente para apreciar originariamente os pleitos relativos a restituição/compensação da Recorrente. Após intimada, nas Manifestações de inconformidade, foi dada a oportunidade para a Recorrente demonstrar e comprovar eventuais equívocos e falhas ocorridas no Despacho Decisório, e verifica-se nos autos que restou plenamente garantido o exercício de seu direito de defesa, bem como neste momento quando da análise de seu recurso apresentado. Portanto, com a devida vênia, não há que se falar em nulidade do acórdão, eis que não demonstrado qualquer prejuízo à defesa, bem como qualquer afronta ao art. 59 do Decreto 70.235/72. As peças recursais da Recorrente, gize-se, da leitura das mesmas depreende-se que o contribuinte bem defendeu-se das infrações a ele imputadas. Fl. 549DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Concluindo, não procede a alegação de nulidade da decisão que Re- Ratificou o Despacho Decisório (fls. 361/369), pois não houve nenhuma das situações previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72, acima reproduzido. III - Do prazo Prescricional (Decenal) Aduz a Recorrente que, "(...)Destarte, e à vista de que a) a Resolução n° 49 do Senado Federal, que suspendeu a eficácia dos Decretos-lei n°s 2.445 e 2.449/88, foi publicada no Diário Oficial da União do dia 10.10.1995, e b) o presente pedido de restituição/compensação foi protocolado no dia 06.10.2000, isto é, dentro do prazo de cinco anos para o exercício do direito ao pedido de restituição/compensação, é indene de dúvidas que os créditos decorrentes de pagamentos indevidos feitos pela Recorrente não foram atingidos pela decadência ... ". Por outro lado, não fossem suficientes as razões acima para espancar a suposta ocorrência da decadência do direito de se pleitear a restituição/compensação dos valores pagos indevidamente pela Recorrente, tem-se, ainda, que o art. 10, do Decreto-lei n° 2.052/83 expressamente dispõe que a prescrição para a cobrança e, "mutatis mutandi", para a pretensão de repetição/compensação, da contribuição ao PIS/PASEP é de 10 (dez) anos, contados da data do fato gerador, como segue: "Art. 10. A ação para cobrança das contribuições devidas ao PIS e ao PASEP prescreverá no prazo de 10 (dez)anos, contados a partir da data prevista para seu recolhimento." (grifo nosso). Aduz ainda que o prazo para restituição de tributos sujeito a lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, e não de 5 (cinco) como aduzido pela Fiscalização no Acórdão repelido e já contestado em Manifestação de Inconformidade. Apresenta o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de que o prazo para exercer o direito ao pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação seria de dez anos (tese dos cinco mais cinco). Pois bem. Na ausência de manifestação dos órgãos jurisdicionais quanto prescrição, deveria ser aplicado no processo o entendimento da Administração Tributária sobre o tema, que toma por base as disposições do CTN. O referido prazo rege-se pelo art. 168 do CTN, c/c o art. 165 do Código Tributário Nacional. Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; […]. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I- nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; Fl. 550DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 [...].” Nesse diapasão, no presente caso, o Fisco entendeu que os pagamentos feitos pela Recorrente utilizando-se da sistemática prevista nos Decretos-lei nºs 2.445/88 e 2.449/88, ocorreram entre 06/1994 e 09/1995 (conforme consta do Demonstrativo de fl. 13 - período apuração: junho/94 a setembro/95), ou seja, tendo em vista que o pedido administrativo de restituição foi protocolizado em 06.10.2000, o Acórdão recorrido conclui que decaiu o direito do impugnante pleitear a restituição dos pagamentos efetuados antes de 06.10.1995. Por outro lado, no que tange à discussão acerca do termo inicial a ser considerado para a contagem do prazo prescricional/decadencial, importante trazer à baila o que preceitua o art. 62, § 2º, Anexo I, do RICARF/2015 (Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015), determinando que as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973 (antigo CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, essa questão não mais comportaria debates. Nos termos destes dispositivos legais, o prazo de cinco anos para se verificar a prescrição do direito à repetição de indébitos tributários, no caso de pagamento indevido e/ou a maior, deveria ser contado a partir da extinção do crédito tributário pela homologação tácita. No entanto, no julgamento do RE nº 566.621/RS, que tratou da aplicação do art. 3º da Lei Complementar (LC) nº 118, de 9 de fevereiro de 2005, que deu interpretação ao inciso I do art. 168 do CTN (Lei nº 5.172, de 1966), sobre a ocorrência da extinção do crédito tributário, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que aquele artigo somente se aplica às ações (pedidos) de restituição, ajuizadas (protocolados) a partir de 09 de junho de 2005. Como se vê, o Supremo Tribunal Federal, por conseguinte, enfrentando o tema, decidiu, no âmbito do Recurso Extraordinário 566.621/RS (04/08/2011), ser aplicável o novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Ou seja, para os pedidos de repetição de indébito apresentados anteriormente a 9 de junho de 2005, poder-se-ia considerar o prazo prescricional/decadencial de 10 (dez) anos. Para melhor compreensão, transcrevo a ementa do referido Acórdão: PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566.621/RIO GRANDE DO SUL. RELATORA : MIN. ELLEN GRACIE DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a Fl. 551DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Assim, em face dessa decisão e do disposto no art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), c/c decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no REsp nº 1.012.903/RJ, para os pedidos de restituição protocolados até a data de 8 de junho de 2005, a extinção do crédito tributário, de forma tácita, se deu somente depois de decorridos 5 (cinco) anos contados a partir do respectivo fato gerador e, conequentemente, o prazo prescricional qüinqüenal para se pedir a restituição de indébito decorrente de pagamento indevido e/ ou maior deve ser contado a partir da data da extinção tácita, resultando prazo total de 10 (dez), tese “dos cinco mais cinco”, até então aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). No mesmo sentido, este CARF já considerou tal dispositivo, eis a Súmula 91: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.” Pois bem. Neste caso, os pedidos de compensação, em discussão, foram protocolados em 06/10/2000 (PER, fl. 02). No caso sob exame, o momento em que o contribuinte protocoliza o seu pedido na Receita Federal do Brasil é o marco a servir de referência para verificar-se a extinção do direito à restituição (ou não). Assim, aplicando-se neste processo o disposto no Recurso Extraordinário 566.621/RS (04/08/2011), conclui-se que o direito à restituição dos valores indevidos abrange os recolhimentos efetuados após 06/10/1990. O pagamento feito pelo contribuinte utilizando-se da sistemática prevista nos Decretos-lei nºs 2.445/88 e 2.449/88 ocorreram entre 06/1994 e 09/1995, conforme pode ser verificado no Demonstrativo de fl. 13, ou seja, persiste o direito quanto ao recolhimento efetuado após a data de 06/10/1990. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte quanto a decadência, para reconhecer seu direito à repetição/compensação dos indébitos decorrentes dos pagamentos indevidos e/ ou maior do PIS, para afastar os argumentos da prescrição, cabendo à autoridade administrativa, caso haja, apurar os indébitos e seu montante respectivo. IV- Da contribuição para o PASEP pelas Sociedades de Economia Mista. Argumenta a Recorrente em seu recurso da, "(...) impossibilidade de se exigir da ora recorrente a contribuição ao fundo do PIS/PASEP em patamar superior ao que exigido a esse mesmo título das empresas privadas prestadoras de serviços - princípio da isonomia / art. 173, § 1°, inciso II da CF/88". Fl. 552DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Afirma que, após o advento da CF/88, não podem mais prevalecer as disposições que impliquem em tratamentos diferenciados entre as empresas públicas ou sociedades de economia mista que explorem atividade econômica e as empresas privadas, conforme se extrai do artigo 5°, "caput" e 150, inciso II e, mais especificamente no que se refere às sociedades de economia mista, do artigo 173, § 1°, inciso II da CF/88. Ressalta que os argumentos acima, comprovam a correção do procedimento da Recorrente e a necessidade de reforma da decisão recorrida, com o acolhimento integral de seu pedido de restituição/compensação, não se pode esquecer que o Parecer Normativo COSIT n° 1, de 22.05.1996, devem ser aplicados ao caso em exame, não só em razão de seus fundamentos, mas, principalmente, como norma que vincula a Administração Federal. Pois bem. Na fundamentação do Pedido de Restituição (fls 03/07) a Recorrente afirma ter direito a restituição dos valores pagos de PIS/PASEP, dos períodos de apuração de 06/94 a 09/95, alegando que recolheu a contribuição com base na alíquota de 0,65% sobre a receita bruta, conforme os Decretos-lei n's 2.445/88 e 2.449/88, e que, com a declaração de inconstitucionalidade dos referidos Decretos-lei e a edição da Resolução n° 49/95 do Senado Federal, a contribuição passou a ser devida nos termos da Lei Complementar n° 7/70, isto é, 5% sobre o imposto de renda devido (PIS-REPIQUE). Esse tema foi muito bem desenvolvido pela decisão de piso, que subscrevo trechos, adotando-as como razão de decidir, forte no § 1º do art. 50 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passando as mesmas a fazer parte integrante desse voto. A Contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP, foi instituída pela Lei Complementar n° 08, de 03/12/1970. Nos termos dessa legislação, são contribuintes do PASEP a Unido, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios, bem como, as autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios. Os artigos 1º e 3° da LC n° 08/70, estabelece a base de cálculo e as alíquotas do PASEP, para as sociedades de economia mista, in verbis: Art. 1º É instituído, na forma prevista nesta Lei Complementar, o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público. (...). Art. 3º - As autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios contribuirão para o Programa com 0,4% (quatro décimos por cento) da receita orçamentária, inclusive transferências e receita operacional, a partir de 1º de julho de 1971; 0,6% (seis décimos por cento) em 1972 e 0,8% (oito décimos por cento) no ano de 1973 e subseqüentes. Cumpre observar que a Recorrente, conforme o seu Estatuto Social (fls. 47/93), é sociedade de economia mista, vinculada ao Governo do Estado de São Paulo, assim, estava legalmente enquadrada como contribuinte do PASEP, nos termos dispostos no art. 3º da Lei Complementar n° 8/70, regulamentada pelo Decreto n° 71.618, de 26.12.72, tendo por base de cálculo as receitas operacionais e transferências recebidas através dos orçamentos da União e do Fl. 553DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Estado, e, por aliquota o percentual de 0,4%, de julho a dezembro de 1971, 0,6% em 1972 e 0,8% no ano de 1973 e subseqüentes. O Decreto-lei n°2.445, de 29 de junho de 1988, alterado pelo Decreto-lei n° 2.449, de 21 de julho de 1988, estabelecia em seu art. 1°, n° III, que as sociedades de economia mista estariam obrigadas ao recolhimento da contribuição ao PIS/PASEP, cuja base de cálculo seria composta pela receita operacional bruta acrescida das transferências correntes e de capital, incidindo sobre o total a aliquota de 0,65%. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou inconstitucionais os Decretos-leis n° 2.445/1988 e 2.449/1988 e a posterior suspensão da execução dos referidos Decretos-leis pelo Senado Federal, foi restabelecida a vigência das Leis Complementares n° 07/1970 e 08/1970, com todas as alterações posteriores que não foram julgadas inconstitucionais pela Suprema Corte. Como se vê, a base de cálculo prevista para as sociedades de economia mista na Lei Complementar n° 8/70 e nos Decretos-leis no 2.445/88 e 2.449/88 é a mesma; forçando-se a concluir que, com a diminuição da aliquota de 0,8% para 0,65%, na realidade, a contribuição para o PASEP a partir dos citados Decretos-leis, em relação a essas sociedades, passou a ser menor do que aquela prevista na Lei Complementar n° 8/70, não tendo, pois, que se falar em restituição de valores pagos a maior. Dessa maneira, da análise dos documentos anexados aos autos não se pode concluir que o contribuinte tenha recolhido contribuições ao PIS/PASEP em valores superiores àqueles devidos com base nas Leis Complementares n° 7/70 e 8/70. Argumenta a Recorrente que, em respeito aos princípios e preceitos constitucionais advindos com a nova ordem magna (isonomia e art. 173,§ 1°, II), estabelecida pela CF/88, deve receber o mesmo tratamento dispensado as demais prestadoras de serviço de direito privado. Não assiste razão à Recorrente, simplesmente, por inexistir amparo legal para tanto. Ocorre que a interessada como sociedade de economia mista, submete-se as regras contidas na LC n° 08/1970, conforme prevê o seu artigo 3°. Acatar a pretensão da Recorrente, importaria em ofensa ao principio basilar da legalidade previsto no art. 37 da CF/1988, visto que a LC no 07/1970, não prevê dentre os contribuintes do PIS-REPIQUE as sociedades de economia mista. No que concerne à alegação de que a aplicação da LC n° 08/1970 para as sociedades de economia mista desrespeitaria princípios e preceitos advindos com a nova ordem magna, estabelecida pela CF/88, deve-se esclarecer que as argüições de ilegalidade e inconstitucionalidade fogem à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses que suscitem a ilegalidade ou a inconstitucionalidade de normas legalmente inseridas no ordenamento jurídico nacional. A apreciação de assuntos desse tipo acha-se reservada ao Poder Judiciário, sendo assim, qualquer discussão quanto aos aspectos da validade das normas jurídicas deve ser a ele submetida. Para concluir, este Conselho já têm consolidado essa matéria através da Sumula CARF nº 2, veja-se: Fl. 554DF CARF MF Fl. 17 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Quanto as Leis Complementares n° 19/74 e n° 26/75, invocadas pela impugnante, cabe observar que estas operaram tão-somente a unificação dos respectivos fundos, criados inicialmente de forma separada para cada contribuição. Tal não significa, porém, que as contribuições foram unificadas. 0 art. 10 da Lei Complementar n° 19/1974 é claro ao determinar que os recursos gerados pelo PIS e pelo PASEP serão aplicados de forma unificada. Da mesma forma, o art. 10 da Lei Complementar n° 26/1975 prescreve a unificação, sob a denominação PIS-PASEP, dos fundos constituídos com os recursos do PIS e do PASEP. Tal é a regulação financeira da matéria. O regime jurídico tributário, contudo, não foi unificado. As contribuições continuaram a ser exigidas com fundamento diverso. Os contribuintes do PIS, portanto, não se confundem com os contribuintes do PASEP. Tal fato pode ser demonstrado pela leitura de alguns dispositivos que regularam as referidas contribuições após os diplomas legislativos invocados pela Recorrente. Assim, o art. 8° do Decreto-lei n° 2.445/1988 regulou a forma de apuração do PIS pelos comerciantes varejistas de cigarros. Da mesma forma, o art. 16 da Medida Provisória n° 1.546/1996, que posteriormente foi transformado no art. 15 da Lei n° 9.715/1998, regula a base de cálculo do PASEP devido pelo Banco Central do Brasil. Ora, tais dispositivos deixam claro que não houve unificação das contribuições, mas do fundo que resulta de sua arrecadação. A leitura cuidadosa dos diplomas legais que regulam a matéria deixa evidenciado que o legislador refere-se de forma unificada ao PIS/PASEP apenas quando trata do respectivo fundo, tratando, porém, de forma separada as contribuições quando regula o regime jurídico tributário de cada qual. Quanto ao Parecer Normativo COSIT n° 1/96, citado pela Recorrente, deve-se observar que tal norma foi editada na vigência da Medida Provisória n° 1.212/95 e suas reedições, a qual modificou a sistemática de apuração do PIS e do PASEP, unificando-a para as duas contribuições, sendo aplicável somente aos fatos geradores ocorridos a partir de 03/96. O item 3.1 do referido Parecer tão-somente resume o disposto nos artigos 2°, 3° e 8° da Medida Provisória n° 1.212/95. O Parecer Normativo COSIT n° 1/96 foi editado visando esclarecer dúvidas suscitadas por entidades públicas quanto à apuração do PIS/PASEP de acordo com a nova sistemática prevista na Medida Provisória n° 1.212/95, como esclarece o próprio texto do Parecer. Portanto, as orientações e conclusões nele expressas devem ser interpretadas no contexto da nova norma, não se aplicando à sistemática anterior, prevista na Lei Complementar n° 7/70 e na Lei Complementar n° 8/70. O entendimento manifestado no item 4 do Parecer está inserido na forma de apuração prevista na Medida Provisória n° 1.212/95, a partir da qual a tributação das sociedades de economia mista com controle acionário estatal passou a se dar da mesma forma que as demais pessoas jurídicas de direito privado. Por fim, quanto ao citado Parecer JCF n° 18/93, da antiga Consultoria Geral da República, deve-se observar que trata somente da aplicabilidade, aos empregados de empresas públicas e das sociedades de economia mista, da vedação, prevista na Lei n° 7.733/89, de remuneração de servidores públicos pelo exercício de mandato como membro de órgão Fl. 555DF CARF MF Fl. 18 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 colegiado de empresas estatais. Portanto, o citado parecer trata de matéria diversa do analisado no presente processo. Concluindo, a Recorrente, conforme o seu Estatuto Social, é sociedade de economia mista, vinculada ao Governo do Estado de São Paulo, assim, independentemente de suas atividades econômicas, está legalmente enquadrada como contribuinte do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP (LC nº 8/70) e não para o Programa de Integração Social - PIS (LC n° 7/70). V- Da questão da Semestralidade do PASEP (Base de Cálculo) Superada prejudicial da decadência e definida a contribuição devida pelas sociedades de economia mista, passa-se, de imediato, à outra questão suscitada pela defesa, a da semestralidade do PASEP. Aduz a Recorrente que "(...) o artigo 14 do Decreto n° 71.618, de 26.12.1972, que regulamentou a LC 08/70, estabelece que a base de cálculo da contribuição devida pelas empresas públicas e sociedades de economia mista ao PASEP deve corresponder à receita de seis meses anteriores ao da ocorrência do fato gerador, não autorizando, por outro lado, que essa base sofra a incidência de correção monetária". (grifei) Cita a dicção do artigo da referida norma, afirmando que nesse ponto é clara e não admite interpretação diversa: Art. 14 - A contribuição ao PASEP será calculada, em cada mês, com base na receita e nas transferências apuradas no 6º (sexto) mês imediatamente anterior. Art. 15. As contribuições devidas ao PASEP serão recolhidas até o último dia do mês em que forem devidas. Em resumo, a Recorrente requer em seu recurso que a base de cálculo da contribuição para o PASEP seja a receita do sexto mês anterior à ocorrência do fato gerador, não podendo sobre tal base haver a incidência de correção monetária. Essa matéria foi muito bem enfrentada durante o julgamento do PAF nº 11618.002435/00-11 pelo Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, no voto que deu origem ao Acórdão nº 202-15.170, de 15/10/2003, do Segundo Conselho de Contribuintes, que, devida a similitude com a matéria aqui tratada, transcrevo excerto para fundamentar minha decisão, com forte no § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, em que faço algumas adaptações ao caso em discussão: A predita questão foi muito bem enfrentada pelo Conselheiro Antônio Carlos Bueno Ribeiro, no voto que deu origem ao acórdão n° 202-13.722, que, devida a similitude com a questão ora em foco, transcrevo excerto para fundamentar minha decisão: "Outro aspecto relevante da supressão do mundo jurídico dos Decretos-lei nº 2.445 e 2.449/88, a ser considerado nestes autos, diz respeito à regra da semestralidade vinda a baila com o conseqüente retorno da submissão da exigência da contribuição ao PASEP à égide da LC nº 08/70, que no entender da decisão recorrida teria implicado na ampliação de três para seis meses o Fl. 556DF CARF MF Fl. 19 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 prazo de recolhimento correspondente aos fatos geradores de julho a dezembro de 1988. De fato, é incontroverso que na hipótese o prazo a ser considerado é aquele estabelecido na LC 08/70 e legislação complementar, afora os malfadados Decretos-lei nºs 2.445 e 2.449/88, porém é de se registrar que se pacificou no judiciário e neste Conselho o entendimento de que a defasagem de seis meses estabelecida neste mesmo molde para a contribuição univitelina ao PIS é entre o fato gerador e a correspondente base de cálculo. Assim decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais, no julgamento do Acórdão CSFR/02-0.907, cuja síntese encontra-se na ementa a seguir transcrita: "PIS - LC 7/70 - Ao analisar o disposto no artigo 6°, parágrafo único da Lei Complementar 7/70, há de se concluir que "faturamento " representa a base de cálculo do PIS (faturamento do sexto mês anterior), inerente ao fato gerador (de natureza eminentemente temporal, que ocorre mensalmente), relativo à realização de negócios jurídicos (venda de mercadorias e prestação de serviços). A base de cálculo da contribuição em comento permaneceu incólume e em pleno vigor até a edição da MP nº 1.212/95, quando a partir dos efeitos desta, a base de cálculo do PIS passou a ser considerado o faturamento do mês anterior (sic)". Desse modo, pela similitude de uma situação com a outra, mutatis mutandis, entendo que a mesma exegese se aplica neste particular ao PASEP. Isso, independentemente da circunstância de que no, caso do PASEP, a disposição a respeito da defasagem semestral entre o fato gerador e a correspondente base de cálculo não esteja inseria na própria LC 08/70 e sim em atos regulamentares (Resolução Bacen n° 183, de 27.04.71 e Decreto n° 71.618, de 26.12.72), de um lado, por força da observância do poder hierárquico, considerando que as autoridades administrativas e os tribunais administrativos devem pautar sua atuação ao que dispuserem os decretos e as normas elencadas no artigo 100 do CTN, diploma legal com força de lei complementar, de outro, em atenção ao princípio da lealdade para com o contribuinte em face da validade de normas a que é submetido pelo poder executivo no exercício de sua competência regulamentar, especialmente quando lhe são favoráveis, resguardando, assim, o princípio maior da segurança jurídica. (...). Por sua vez, as alterações introduzidas a partir da edição da Medida Provisória n° 517, de 31 de maio de 1994, até a indigitada Medida Provisória n° 1.353/96, no que toca ao PASEP devido pelos aludidos contribuintes, se limitaram ao aspecto das exclusões da receita bruta operacional, consoante se verifica do disposto no art. 2o c/c art. Io da MP 517/94. " Isto posto, não há como negar que, no período compreendido entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, a base de cálculo do PASEP era a receita operacional e as Transferências recebidas no sexto mês anterior ao de ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. Fl. 557DF CARF MF Fl. 20 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 No tocante à atualização dos valores do indébito, deve-se observar os índices estabelecidos nas normas legais da espécie, porquanto a correção monetária, em matéria fiscal, depende sempre de lei que a preveja. Em assim sendo, a correção monetária dos indébitos, até 31.12.1995, deverá ater-se aos índices formadores dos coeficientes da tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n° 08, de 27.06.97, que correspondem àqueles previstos nas normas legais da espécie, bem como aos admitidos pela Administração, com base nos pressupostos do Parecer AGU n° 01/96, para os períodos anteriores à vigência da Lei n° 8.383/91, quando não havia previsão legal expressa para a correção monetária de indébitos. A partir de 01.01.96, sobre os indébitos passam a incidir, exclusivamente, juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o mês anterior ao da compensação ou restituição, e de 1%, relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada, por força do art. 39, § 4º , da Lei nº 9.250/95. Os indébitos assim calculados, depois de aferida a certeza e liquidez destes pela administração tributária, poderão ser compensados com parcelas de outros tributos e contribuições administrados pela SRF, observados os critérios estabelecidos na Instrução Normativa SRF n° 21, de 10.03.97, com as alterações introduzidas pela Instrução Normativa SRF n° 73, de 15.09.97. Ressalte-se que o direito. reconhecido neste voto refere-se, exclusivamente, ao indébito efetivamente recolhido ao Tesouro, devendo a repartição fiscal competente, antes de proceder à repetição, conferir o ingresso desses numerários nos Cofres Públicos". Neste diapasão, com a suspensão da execução dos Decretos-lei nº 2.445/88 e 2.449/88, em razão do reconhecimento de sua inconstitucionalidade pelo STF, fez com que essas leis não tenham sido jamais aptas a realizar a comando que continham, permanecendo a sistemática de recolhimento do PASEP, estabelecida na Lei Complementar 8/70, inalterado até março de 1996, quando passou a produzir efeito a MP nº 1.212/95, convertida na Lei nº 9.715, de 1998. No entanto, os indébitos dessa contribuição, no período compreendido entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, oriundos de recolhimentos efetuados nos moldes dos Decretos-Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, e nos da Medida Provisória nº 1.212/1995 e de suas reedições, deverão ser calculados considerando-se que a base de cálculo do PASEP era a receita operacional e as transferências recebidas no sexto mês anterior ao de ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. Isto porque, com a retirada do mundo jurídico dos Decretos-Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, através da Resolução do Senado Federal nº 49/95, prevalecem as regras da Lei Complementar nº 07/70, em relação ao PIS, e da Lei Complementar nº 08/70 e do Decreto nº 71.618, de 26.12.72, em relação ao PASEP. Quanto ao PIS, a regra estabelecida no parágrafo único do artigo 6º da Lei Complementar nº 07/70, diz respeito à base de cálculo e não a prazo de recolhimento, razão pela qual o PIS correspondente a um mês tem por base de cálculo o faturamento de seis meses atrás. Fl. 558DF CARF MF Fl. 21 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Já em relação ao PASEP, a contribuição será calculada, em cada mês, com base nas receitas e nas transferências apuradas no sexto mês anterior, nos termos do art. 14 do Decreto nº 71.618, de 1972. Tais regras mantiveram-se incólumes até a edição da Medida Provisória nº 1.212/95, de 28.11.95, a partir da qual a base de cálculo do PIS passou a ser o faturamento do mês e a do PASEP o valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. Quanto a Base de Cálculo e da Alíquota, nos termos da Lei Complementar nº 08/70, art. 3º, as autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios, contribuirão para o Programa com 0,4% (quatro décimos por cento) da receita orçamentária, inclusive transferências e receita operacional, a partir de 1º de julho de 1971; 0,6% (seis décimos por cento) em 1972; 0,8% (oito décimos por cento) no ano 1973 e subseqüentes. Quanto aos cálculos, nos pedidos de restituição, cabe à RFB (Unidade preparadora) conferir os cálculos apresentados pela Recorrente, em especial referentes às bases de cálculo e aplicação das alíquotas correspondentes. Quanto a atualização monetária, restou claro que até 31/12/95 os valores recolhidos indevidamente, deve ser efetuada com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 08, de 27/06/97, devendo incidir a Taxa SELIC a partir de 01/01/96, nos termos do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95. Por fim, pela similitude de uma situação com a outra (PIS e o PASEP), entendo que a mesma exegese se aplica neste particular ao PASEP, e no âmbito deste Conselho vem decidindo que enquanto foi vigente o texto original da Lei Complementar nº 7/70, a base de cálculo a ser utilizada para o recolhimento da Contribuição ao PIS era o faturamento do sexto mês anterior ao fato gerador. Trata-se do famigerado “PIS semestralidade”. Essa realidade normativa foi alterada com o advento da MP nº 1.212/1995, passando a base de cálculo da exação a ser o faturamento do próprio mês do fato gerador. O artigo 15 da referida Medida Provisória, de 28 de novembro de 1995, estabeleceu que seus dizeres aplicar-se-iam para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de outubro de 1995. Entretanto, por força do princípio da anterioridade nonagesimal, que constitucionalmente limita a cobrança da Contribuição Social sob apreço, os Tribunais judiciais têm decidido que a vigência da MP 1.212, de 1995, iniciou-se em 1º de março de 1996 (AgReg nº ARESP 19.488/RJ). Assim, até fevereiro de 1996, a base de cálculo do PIS, nos termos do parágrafo único do art. 6º da LC nº 7/70, corresponde ao faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária até a data do respectivo vencimento, conforme definido pelo REsp STJ nº 144.708/RS, Súmula 468 (STJ) e Súmula 15 do CARF. Súmula STJ nº 468 "A base de cálculo do PIS, até a edição da MP 1.212/1995, era o faturamento ocorrido no sexto mês anterior ao fato gerador.” Fl. 559DF CARF MF Fl. 22 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 No mesmo sentido estabelece a Súmula CARF nº 15: Súmula CARF nº 15 "A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária". (Vinculante, conforme Portaria MF nº 383, de 12/07/2010, DOU de 14/07/2010). Donde conclui-se que, os indébitos da contribuição ao PASEP, no período compreendido entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, oriundos de recolhimentos efetuados nos moldes dos Decretos-Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, e nos da Medida Provisória nº 1.212/1995 e de suas reedições, deverão ser calculados, considerando-se que a base de cálculo do PASEP era a receita operacional e as transferências recebidas no sexto mês anterior ao de ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. VI- Do pedido de efeito suspensivo ao Recurso Uma vez que é efeito automático do Recurso Voluntário a suspensão da exigibilidade do crédito lançado, por força do art. 151, inciso III, do CTN, e do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, descabe qualquer providência do Órgão Julgador quanto ao pedido levado a efeito pela Recorrente nesse sentido. VII- Dispositivo Diante de todo o exposto, voto no seguinte sentido: (i) dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para acolher o pedido para afastar a decadência, para reconhecer seu direito à repetição/compensação dos indébitos decorrentes dos pagamentos indevidos e/ ou maior do PIS, afastando os argumentos da prescrição, cabendo à autoridade administrativa, caso haja, apurar os indébitos e seu montante respectivo; e (ii) dar parcial provimento ao recurso, quanto à semestralidade, cabendo à Unidade preparadora conferir os cálculos apresentados pela Recorrente, em especial referentes às bases de cálculo e aplicação das alíquotas correspondentes, conforme definido pelo REsp STJ nº 144.708/RS, Súmula 468 (STJ) e Súmula 15 do CARF, nos termos do voto do Relator. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 560DF CARF MF Fl. 23 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Declaração de Voto Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Atentando-se para o presente processo, observa-se que nos dois despachos decisórios transmitidos, foram duas as razões veiculadas pela fiscalização para negar o direito ao crédito: (i) a prescrição do direito ao crédito pleiteado pelo sujeito passivo, indicado no fundamento do primeiro despacho decisório emitido no presente processo (e-fl. 221/226 do qual a sociedade foi intimada em 27/05/2004 - e-fl. 236). Essa foi a razão para negar parte do crédito correspondente ao período de 08/07/1994 a 06/10/1995, vez que o pedido de restituição foi protocolado em 06/10/2000; e (ii) o fato da pleiteante do crédito ser uma sociedade de economia mista, vinculada ao Governo do Estado de São Paulo, obrigada a recolher o PASEP na forma da LC n.º 08/70 e não o PIS na forma da LC n.º 07/70, conforme indicado na re-ratificação do despacho decisório (e-fls. 361/371 do qual a sociedade foi intimada em 09/03/2007 - e-fl. 234). A alteração procedida pelos Decretos-lei n.º 2.445/88 e 2.449/88 foi uma redução da alíquota de 0,8% para 0,65% sobre a receita bruta, e não o recolhimento de 5% sobre o valor do imposto de renda devido, inexistindo qualquer direito à crédito como pleiteado. Essas razões foram utilizadas especificamente para o período não prescrito, referente à competência setembro/1995 (recolhimentos em 13/10/1995 a 30/11/1995), que tinha sido originariamente reconhecido pela fiscalização, com a homologação das compensações pleiteadas. Contudo, no presente caso, o argumento (ii) acima é suficiente para negar a integralidade do pedido do sujeito passivo, por macular todo o pedido por ele formulado, e não apenas um período. Com efeito, como se depreende do pedido formulado pela empresa, entende o contribuinte que o pagamento indevido seria decorrente do cálculo do "PIS/PASEP com base na receita bruta, quando deveria ter pago a contribuição na base de 5% sobre o imposto de renda devido, nos termos da Lei Complementar 7/70" (e-fl. 02). Não tendo devido imposto de renda no período, não haveria qualquer contribuição a ser paga. Na petição que instruiu o pedido de restituição, a companhia informa que no período, realizou o pagamento da contribuição para o PIS/PASEP "calculado pela alíquota de 0,65% sobre o faturamento mensal" (e-fl. 6). Contudo, as sociedades de economia mista "passaram a sujeitar-se ao mesmo tratamento tributário a que estão sujeitas as empresas privadas, isto é, a contribuir ao PIS/PASEP com base no faturamento de acordo com a Lei Complementar n.° 7/70 (art. 173, § 1.°)." (e-fl. 8) Assim, entende o contribuinte que, como uma Fl. 561DF CARF MF Fl. 24 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 sociedade de economia mista, haveria a equiparação tributária com as empresas privadas, sendo cabível no período de junho/1994 a setembro/1995 o recolhimento do PIS na forma da Lei Complementar n.º 7/70 (5% do valor do Imposto de renda devido) e não 0,65% sobre a receita bruta do período (quadro com a composição do crédito à e-fl. 13). Conforme o raciocínio traçado pelo contribuinte em seu pedido inicial: "As pessoas jurídicas de direito privado estavam sujeitas contribuição ao PIS/PASEP de conformidade com a Lei Complementar n.° 7, de 07 de setembro de 1970, sendo que as prestadoras de serviço, conforme o artigo 30, §2°, calculavam e recolhiam a contribuição à razão de 5% sobre o imposto de renda devido. Sendo assim, a requerente estava, diante dos termos da Carta Magna, obrigada a contribuir para o programa PIS/PASEP em condições idênticas às demais pessoas jurídicas de direito privado, vale dizer, com 5% sobre o imposto de renda devido. Por outro lado, os Decretos-Leis n.ºs 2.445 e 2.449, de 1988, editados com o objetivo de introduzir modificações na legislação atinente ao PIS/PASEP, foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, na sua composição Plenária, e tiveram a sua aplicação suspensa, desde a respectiva publicação, mediante resolução (n.° 49/95) do Senado da República. O Acórdão do STF, Tribunal Pleno, no Recurso Extraordinário n.° 148.754-RJ, que teve como Relator o Ministro Francisco Rezek (...) Com a declaração de inconstitucionalidade e com a retirada dos decretos-lei referidos do mundo jurídico mediante resolução senatorial, a contribuição ao PIS/PASEP permaneceu devida, pelas pessoas jurídicas de direito pnvado, inclusive empresas públicas e de economia mista, estas por força do artigo 173, § 1° da C.F., nos moldes da Lei Complementar n.° 7, de 1970, isto é, com base no faturamento do 6° mês imediatamente anterior para as empresas comerciais e mistas e à razão de 5% sobre o imposto de renda devido, para as exclusivamente prestadoras de serviço. Tais normas permaneceram válidas até fevereiro de 1996, quando entrou em vigor a Medida Provisória n.° 1.212, reeditada mensalmente e, finalmente, convertida na Lei n.° 9.715/98." (e-fls. 10/11 - grifei) Assim, todo o pleito do contribuinte se respalda na equiparação do tratamento tributário das sociedades de economia mista em relação às empresas privadas, com fulcro no art. 173, §1º, da CF/88, não sendo cabível uma diferenciação entre a sistemática de recolhimento do PIS (5% sobre o valor do IR) em relação ao PASEP (0,65% sobre o faturamento). Esse debate, frise-se, foi recentemente pacificado pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral no julgamento do Recurso Extraordinário 577.494 em sentido contrário ao pleito do sujeito passivo. Como se depreende da ementa do acórdão, transitado em julgado em 08/05/2019 1 , o STF entendeu pela validade da diferenciação no regime de recolhimento entre empresas privadas e empresas públicas, especificamente para o fundo do PIS/PASEP: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO DO SERVIDOR PÚBLICO – PASEP. PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS. SEGURO DESEMPREGO. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS QUE EXPLORAM ATIVIDADE ECONÔMICA EM SENTIDO ESTRITO. IGUALDADE TRIBUTÁRIA. 1 Extrato de andamentos disponível em http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2593605 Fl. 562DF CARF MF Fl. 25 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 SITUAÇÕES EQUIVALENTES. SELETIVIDADE NO FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL. EMPRESAS PRIVADAS. 1. Fixação de tese ao Tema 64 da sistemática da repercussão geral: “Não ofende o art. 173, §1º, II, da Constituição Federal, a escolha legislativa de reputar não equivalentes a situação das empresas privadas com relação a das sociedades de economia mista, das empresas públicas e respectivas subsidiárias que exploram atividade econômica, para fins de submissão ao regime tributário das contribuições para o PIS e para o PASEP, à luz dos princípios da igualdade tributária e da seletividade no financiamento da Seguridade Social.” 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que o artigo 239 do Texto Constitucional expressamente recepcionou as contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) criado pela Lei Complementar 7/70 e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), por sua vez instituído pela LC 8/70. Precedentes. 3. O estatuto jurídico das estatais, encartado no §1º do artigo 173 da Constituição Federal de 1988, consiste em uma garantia aos agentes econômicos privados de que na hipótese de o Estado atuar diretamente na espacialidade econômica, com o intuito de persecução dos imperativos de segurança nacional ou de relevante interesse coletivo. Logo, o desiderato constitucional consiste em não burlar as regras da ambiência do livre mercado a partir dos poderes financeiros e administrativos da Administração Pública. 4. Não há violação ao princípio da igualdade tributária a cobrança da contribuição para o PASEP das sociedades de economia mista e das empresas públicas que exploram atividade econômica, ao passo que as empresas privadas recolhem ao PIS, tributo patrimonialmente menos gravoso ao contribuinte, tendo em conta as medida de comparação e finalidades constitucionais legítimas do discrímen. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento." (RE 577494, Relator Min. Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em 13/12/2018, DJe-043 publicado em 01/03/2019 - grifei) Trata-se de entendimento que deve ser aplicado no âmbito deste Conselho, à luz do art. 62, §2º do RICARF. E aqui é importante esclarecer que as contribuições para o PIS/PASEP somente foram integralmente unificadas em uma contribuição única para a mesma destinação por meio da Medida Provisória n.º 1.212/1995 de novembro de 1995 e suas reedições (convertida na Lei n.º 9.715/1998), quando aos critérios pessoal e quantitativo dessas contribuições foram unificados. Com efeito, somente por meio do referido diploma normativo que todas as pessoas jurídicas, seja de direito privado, seja as empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias (art. 2º, I, MP 1.212/95 2 ) passaram a recolher uma única contribuição para o fundo PIS/PASEP no montante correspondente à 0,65% do faturamento (art. 8º, I da MP 3 ). 2 "Art. 2º A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: I - pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias, com base no faturamento do mês; II - pelas entidades sem fins lucrativos definidas como empregadoras pela legislação trabalhista, inclusive as fundações, com base na folha de salários; III - pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. Fl. 563DF CARF MF Fl. 26 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Anteriormente, no período de apuração objeto do presente pedido, a sistemática de recolhimento seguia a disciplina segregada. A Lei Complementar n.º 7/70 ditava as orientações para as pessoas jurídicas de direito privado, para a formação do Programa de Integração Social - PIS, "destinado a promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas." (art. 1º, LC 7/70). A contribuição ao PIS era calculada mediante dedução do Imposto de Renda devido processando-se o seu recolhimento ao Fundo juntamente com o pagamento do Imposto de Renda (PIS Repique/PIS Dedução) e com um percentual sobre o faturamento (art. 3º, LC 7/70). Por sua vez, a Lei Complementar n.º 8/70 era direcionada para a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios (art. 2º) e para as autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios (art. 3º) para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP. O valor da contribuição para essas últimas entidades correspondia a um percentual sobre a receita orçamentária, inclusive transferências e receita operacional. E com a disciplina introduzida pelos Decreto-lei n.º 2.445/88 e 2.449/88, ao contrário do que ocorreu com as empresas em geral, o recolhimento do PASEP pelas empresas públicas e sociedades de economia mista foi reduzido. Isso porque a alíquota de recolhimento reduzida de 0,8% (prevista pela LC 8/70), para 0,65%: "Art. 1º - Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de julho de 1988, as contribuições mensais, com recursos próprios, para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP e para o Programa de Integração social - PIS, passarão a ser calculados da seguinte forma: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 2.449, de 1988) (...) III - empresas públicas, sociedades de economia mista e respectiva subsidiárias, e quaisquer outras sociedades controladas direta ou indiretamente pelo poder Público: sessenta e cinco centésimos por cento da receita operacional bruta e transferências correntes e de capital recebidas; (Vide Lei nº 7.689, de 1988) (Vide Medida Provisória nº 86, de 1989)" É o que evidenciou a r. decisão recorrida: "52. Como se vê, a base de cálculo prevista para as sociedades de economia mista na Lei Complementar n° 8/70 e nos Decretos-leis no 2.445/88 e 2.449/88 é a mesma; forçando-se a concluir que, com a diminuição da aliquota de 0,8% para 0,65%, na realidade, a contribuição para o PASEP a partir dos citados decretos-leis, em relação a essas sociedades, passou a ser menor do que aquela prevista na Lei Complementar Parágrafo único. As sociedades cooperativas, além da contribuição sobre a folha de pagamento mensal, pagarão, também, a contribuição calculada na forma do inciso I, em relação às receitas decorrentes de operações praticadas com não associados." (grifei) 3 "Art. 8º A contribuição será calculada mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes alíquotas: I - 0,65% sobre o faturamento; II - um por cento sobre a folha de salários; III - um por cento sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas." (grifei) Fl. 564DF CARF MF Fl. 27 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 n° 8/70, não tendo, pois, que se falar em restituição de valores pagos a maior." (e-fl. 455) Cumpre mencionar que por meio da Lei Complementar n.º 26/1975, os fundos do PIS e do PASEP foram unificados, com a criação de uma destinação única (fundo PIS/PASEP 4 ). Contudo, os critérios pessoal e quantitativo das contribuições permaneceram segregados, evidenciando a existência de duas contribuições distintas até sua concreta unificação a partir de novembro/1995, com vigência para algumas pessoas jurídicas a partir de março/1996 (artigos 13 e 14 da MP 1.212/1995). Assim, ao contrário do que pretende a Recorrente, com fulcro no art. 173, § 1º da CF/88, as sociedades de economia mista tem regime tributário distinto das empresas em geral para o recolhimento da contribuição destinada ao fundo PIS/PASEP, devendo observar, à época, a sistemática de recolhimento prevista no art. 3º da Lei Complementar n.º 8/70 e não a Lei Complementar n.º 7/70 (destinada às pessoas jurídicas de direito privado). Cumpre mencionar que em qualquer momento nos presentes autos a empresa comprovou ou mesmo demonstrou que teria recolhido o PASEP de forma distinta da disciplina legal e normativa prevista na época. A Recorrente em qualquer momento anexou aos autos qualquer documento que pudesse demonstrar qual o faturamento por ela adotado, demonstrando qualquer fundamento fático para a discussão geral de direito por ela invocada de forma subsidiária, de que o faturamento a ser considerado seria correspondente ao sexto mês anterior à ocorrência do fato gerador. Ora, o contribuinte figura como titular da pretensão nos Pedidos de Restituição e nas Declarações de compensação e, como tal, possui o ônus de prova quanto ao fato constitutivo de seu direito. Em outras palavras, o sujeito passivo possui o encargo de comprovar, por meio de documentos hábeis e idôneos, a existência do direito creditório, demonstrando que o direito invocado existe. Assim, caberia ao sujeito passivo trazer aos autos os elementos aptos a comprovar a existência de direito creditório, capazes de demonstrar, de forma cabal, que a base de cálculo adotada em seu pedido de restituição estaria equivocada, em conformidade com os arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972 5 . 4 "Art. 1º - A partir do exercício financeiro a iniciar-se em 1º de julho de 1976, serão unificados, sob a denominação de PIS-PASEP, os fundos constituídos com os recursos do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), instituídos pelas Leis Complementares nºs 7 e 8, de 7 de setembro e de 3 de dezembro de 1970, respectivamente. Parágrafo único - A unificação de que trata este artigo não afetará os saldos das contas individuais existentes em 30 de junho de 1976." 5 “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III- os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;" Fl. 565DF CARF MF Fl. 28 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 Com efeito, o ônus probatório nos processos de restituição e de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito, no entendimento reiterado desse Conselho. A título de exemplo: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 31/07/2009 a 30/09/2009 VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. (...)" (Processo n.º 11516.721501/2014-43. Sessão 23/02/2016. Relator Rosaldo Trevisan. Acórdão n.º 3401-003.096 - grifei) Atentando-se para o presente caso, observa-se que a Recorrente originariamente se respaldava na alegação no sentido de que estaria sujeita ao recolhimento do PIS e não do PASEP. Uma vez negado este pedido pleito no despacho decisório re-ratificado, a contribuinte alega, de forma subsidiária, que a base de cálculo a ser considerada deveria ser a semestralidade. Entretanto, em qualquer momento a Recorrente evidenciou como a tese de direito por ela sustentada concretamente teria refletido em sua apuração. Com efeito, observa-se que nos presentes autos, ao trazer a relação de pagamentos do período, o contribuinte anexou aos autos a "Relação dos DARF´S do PASEP" (e-fl. 103), sendo que grande parte das guias foram recolhidas com o código de receita 3084 (PASEP - RECEITA OPERACIONAL - e-fl. 107/148 6 ). Em nenhum momento a Recorrente evidencia que teria calculado equivocadamente o PASEP no período, sequer acostando aos autos documentos contábeis suscetíveis a demonstrar a tese geral de direito por ela invocada (semestralidade no PASEP). Ou seja, em seu pedido de restituição, a empresa admitiu como correta a base de cálculo por ela adotada para o recolhimento do PASEP, se respaldando apenas na tese no sentido de que deveria pagar a contribuição pela sistemática do PIS. Em seu pedido e em suas defesas, a Recorrente não apresenta sequer um demonstrativo de sua base de cálculo, não sendo possível confirmar se a semestralidade já não teria sido a sistemática adotada pelo contribuinte em sua apuração original, vez que o pedido indica que a base de cálculo adotada foi o faturamento. Desta forma, inexiste nos autos qualquer elemento concreto para confirmar os reflexos no crédito do contribuinte se considerar a base de cálculo do PASEP deve ser a receita do sexto mês anterior à ocorrência do fato gerador. Assim, não é possível confirmar como essa tese geral poderia refletir no crédito apurado pelo sujeito passivo. Diante destas circunstâncias, uma vez que o contribuinte não possui direito ao recolhimento do PIS (e sim do PASEP como realizado) e não demonstrou eventual erro na edificação do cálculo do PASEP, cabe ser negado o pedido de restituição quanto a todos os 6 Apenas uma guia de recolhimento realizado no Código de receita 3885 (PIS - RECEITA OPERACIONAL - e-fl. 105), recolhida em 08/07/1994 no valor de R$ 46.959,25 Fl. 566DF CARF MF Fl. 29 do Acórdão n.º 3402-006.673 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.015296/00-87 créditos de todo o período. Com isso, a discussão em torno da prescrição (item i acima) se mostra prejudicada. Com efeito, ainda que se reconheça que não está prescrito parte do período pleiteado, como bem pontuado pelo I. Relator, o pedido do contribuinte será considerado, no mérito, improcedente. Essencial salientar que a r. decisão recorrida bem reconheceu a homologação tácita de parte das compensações declaradas (e-fls. 423/477), em entendimento que não foi objeto de recurso de ofício e que deverá ser mantido. E quanto à nulidade da r. decisão recorrida, acompanho integralmente as considerações trazidas pelo I. Relator. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. Fl. 567DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002654/2005-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
IRPJ/CSLL. PERDAS DE MERCADORIAS. RAZOABILIDADE.
São admitidas como custo, independentemente de laudo, as quebras e perdas ocorridas na produção, de acordo com a natureza do bem e da atividade da empresa, se a fiscalização não logra mostrar que não são razoáveis ou que estão cobertas por seguro.
Numero da decisão: 1301-003.948
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os seguintes Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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PERDAS DE MERCADORIAS. RAZOABILIDADE. São admitidas como custo, independentemente de laudo, as quebras e perdas ocorridas na produção, de acordo com a natureza do bem e da atividade da empresa, se a fiscalização não logra mostrar que não são razoáveis ou que estão cobertas por seguro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram do presente julgamento os seguintes Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 26 54 /2 00 5- 19 Fl. 228DF CARF MF 2 Tratase de auto de infração lavrado para a cobrança de IRPJ e CSLL referentes às baixas contábeis nos estoques de brinquedos, no valor de R$ 1.924.060. O valor foi considerado como dedutível, pelo contribuinte, para efeito de apuração do lucro real e se originou, conforme informação prestada pela empresa, de destruição de mercadorias que foi acompanhada pelas empresas “Silcon AmbientaI" e “CDR Pedreira" que apresentaram documentos atestando a operação (fls.92/93). A fiscalização entendeu que esse ajuste só seria dedutível, para efeitos fiscais, se a empresa tivesse obtido um laudo de autoridade fiscal que acompanhasse a destruição dos materiais, conforme RIR/99, e glosou o valor do ajuste, retificando o prejuízo fiscal e a base negativa de CSLL. Foram lavrados os seguintes autos de infração, com ciência dada em 20/10/2005, com os enquadramentos legais descritos nos mesmos (fls.106 a 112): Ajuste de Base de Cálculo do Imposto de Renda IRPJ e Ajuste de Base de Cálculo da Contribuição Social CSLL, ajustes estes nos valores de R$ 1.924.060,00. Cientificado, o contribuinte apresentou impugnação aduzindo: a) preliminar de nulidade por ausência de correspondência entre os fatos e a imputação jurídica. Destaca que a fiscalização afirma que a baixa de estoque, procedida pela lmpugnante, deve ser considerada indedutível, tendo em vista tratar se de destruição de produtos, no caso, brinquedos, quando na realidade não é isto que ocorreu. Informa que foram realizadas baixas de estoques em decorrência de ajustes contábeis procedidos em base a inventário físico realizado e não em decorrência de destruição; b) aduz que a referida destruição de produtos não ocorreu no ano calendário de 2001 (fiscalizado), razão pela qual não há qualquer despesa registrada a esse título na contabilidade; c) alega que foram incluídos no montante glosado valores referentes a sobra de estoque, que deveriam ser excluídos; d) a impugnante apresenta (fl_121/122) os valores de “ajuste de inventário" que totalizam a quantia de R$ 1.511.381,27, sendo este total que efetivamente foi contabilizado como custo/despesa; e) a Impugnante menciona o artigo 292 do RIR/99, o qual exige a realização de contagem física dos estoques no final de cada exercício social. Diz que podem ser apuradas diferenças entre o estoque físico e o estoque contábil, sendo que estas diferenças, desde que sejam razoáveis, são consideradas dedutíveis para efeito de apuração do resultado tributável, conforme prevê o artigo 291, inciso l do RIR/99; f) quanto à razoabilidade das diferenças, a Impugnante informa que a diferença apurada, de R$ 1.511.381,27, representa 2,955% do giro dos estoques no ano, no valor de R$ 51.139.219,14. Descreve detalhadamente as características dos estoques, quanto à complexidade para administrálo, para justificar a diferença apurada como sendo razoável. A DRJ julgou parcialmente procedente a Impugnação apresentada, no seguinte sentido: 14. Com relação ao valor de R$ 1.924.060,00, glosado pela fiscalização, referente à baixa total de estoque, aceito as Fl. 229DF CARF MF Processo nº 19515.002654/200519 Acórdão n.º 1301003.948 S1C3T1 Fl. 3 3 considerações apresentadas pela Impugnante de que, devem ser desconsiderados os valores de: R$ 358.077,08, por se referir, na realidade, a débito de estoque por sobras apuradas, e de R$ 54.602,13, referente ao lançamento da liquidação do saldo contábil da conta. Logo, deve ser considerado o valor de R$ 1.511.381,27 como baixa de estoque. 15. Com referência ao Auto Reflexo da CSLL, o decidido no mérito do IRPJ repercute na tributação reflexa. Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário repisando todas as razões de sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido pelo Colegiado. Inicialmente, há que se pontuar que alguns dos pontos suscitados no Recurso Voluntário já foram objeto de provimento no âmbito da DRJ e não foram objeto de Recurso de Ofício, razão pela qual carece o Recorrente de interesse recursal nessas questões. Os dois pontos que restam pendentes de análise são a preliminar de nulidade e a dedutibilidade da perdas do contribuinte. Preliminarmente, aduz o contribuinte que a fiscalização afirma que a baixa de estoque deve ser considerada indedutível, tendo em vista tratarse de destruição de produtos, no caso, brinquedos, quando na realidade não é isto que ocorreu. Informa que foram realizadas baixas de estoques em decorrência de ajustes contábeis procedidos em base a inventário físico realizado e não em decorrência de destruição. Assim, aduz a ocorrência de nulidade da autuação, em razão da descrição equivocada dos fatos. Entendemos que a preliminar não deve prosperar. Há que se observar que a descrição da auditoria fiscal foi muito clara: localizou uma despesa de R$ 1.924.060, decorrente de ajustes de estoque, que entendeu ser uma despesa indedutível, pois não foi justificada a causa desses ajustes. O próprio contribuinte que apresentou os laudos de destruição de mercadorias, acontecido apenas no exercício de 2002, como se fosse algum fundamento para os ajustes. O fiscal, assim, foi induzido a interpretar que os ajustes se deram em função da destruição, quando a "causa" somente foi explicitada posteriormente, na impugnação, com base na documentação apresentada pelo contribuinte. Fl. 230DF CARF MF 4 Reconhecer a nulidade aqui seria favorecer um equívoco que foi causado pelo próprio contribuinte, que agora pleiteia a extinção do auto de infração. Além disso, os fatos não deixaram de ser descritos, apenas a "causa" dos ajustes que foi informada de forma equivocada, em razão da informação prestada pelo Recorrente. Também não há nenhum tipo de prejuízo à defesa do contribuinte, razão pela qual não há que se reconhecer a nulidade apontada. Quanto ao direito de deduzir as quebras ou perdas do estoque, invoca o contribuinte o art. 291, I do RIR/99, verbis: Art.291.Integrará também o custo o valor (Lei nº 4.506, de 1964, art. 46, incisos V e VI): I das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e manuseio; Sobre isso, aduziu a decisão recorrida o seguinte: 10. O inciso do artigo, acima reproduzido, trata das “quebras e perdas razoáveis" ocorridas no processo de produção ou de transporte ou manuseio dos materiais. Não está previsto o caso de diferença de estoque apurada em decorrência de inventário físico. 11. Na realidade, o artigo mencionado prevê aquelas situações em que a empresa industrializa produtos e durante o processo ocorrem perdas de materiais. Ou quando, pela característica do produto, ocorrem perdas no próprio manuseio ou transporte. 12. No caso da Impugnante, que é uma revendedora de produtos, brinquedos, não devem ocorrer estes tipos de perdas. A baixa processada se refere à diferença física a menor apurada em contagem dos estoques. Ora, o contribuinte deve manter um livro de inventário para o registro de seus estoques, de modo a refletir o custo das mercadorias revendidas e as matériasprimas utilizadas, no final do período de apuração dos tributos. Por vezes, entretanto, se faz necessária a realização de ajustes nesse inventário. Uma vez verificada qualquer divergência entre o estoque físico e o contábil, a empresa deverá regularizar a diferença mediante registro a débito ou a crédito na conta de "Estoques", no grupo "Ativo Circulante" do Balanço Patrimonial, caso sejam apuradas faltas ou sobras respectivamente. Conforme o Razão de fls. 204205, o contribuinte efetuou diversos lançamentos a débito e a crédito na conta de ajuste de inventário, para registrar diferenças de estoque em razão das mais diversas causas, arroladas pelo contribuinte nos seguintes termos: a) Manutenção de estoque em poder de terceiros: o estoque físico da recorrente . encontrase sob a guarda 'e depósito de uma empresa especializada em armazenagem. Como os produtos não estão.diuturnamente à ,vista da empresa, é possível que o controle da sua movimentação não seja rigoroso. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 19515.002654/200519 Acórdão n.º 1301003.948 S1C3T1 Fl. 4 5 b) Liberação de mercadoria pelo canal verde: quando a 'mercadoria é nacionalizada por meio do chamado “canal verde” (desembaraço aduaneiro); é bastante comum que os processos de importação não sejam integralmente conferidos, inclusive com relação à quantidade das mercadorias, o que pode, também, ocasionar diferença 'no estoque.' c) Deslocamentos constantes: devido à natureza do produto e à atividade _ 'desenvolvida pela recorrente, o. estoque comumente está sujeito a .deslocamentos constantes, no sentido de saírem do estabelecimento com a destino a feiras ou eventos, além do seu retomo. Embora sejam emitidas notas fiscais específicas para tais deslocamentos, o risco para extravio é aumentado em relação a outras atividades e mercadorias. d) Deslocamentos em razão do trânsito da mercadoria: tratandose de bens, importados, o seu transporte até a sede da ora recorrente ocorre em diversas etapas, o que aumenta a exposição para perda e deterioração de produtos. Pois bem. Em primeiro lugar, discordamos do raciocínio da decisão a quo, no sentido do dispositivo do art. 291, I do RIR/99 ser inaplicável a uma empresa que importa e revende brinquedos, pois os mesmos estão, assim como praticamente qualquer produto, sujeitos a quebra ou perda no momento de seu transporte ou manuseio, enquadrandose esses eventos na hipótese do dispositivo em comento. Essa restrição feita pela DRJ não se coaduna com o caput do art. 46 da Lei nº 4.506/64 ("Art. 46. São custos as despesas e os encargos relativos à aquisição, produção e venda dos bens e serviços objeto das transações de conta própria, tais como:"), de onde o art. 291 foi consolidado. Ultrapassado esse ponto, nos parece relevante a questão da necessidade de comprovação da perda. O Recorrente aduz que a perda apontada se enquadra na margem da razoabilidade que consta na redação do dispositivo, apontando que o percentual total de perda gira em torno de 3%: Sobre o tema, o CARF se manifestou, p.exemplo, no Acórdão nº 10708.306, assim ementado: IRPJ/CSLL PERDAS DE MERCADORIAS São admitidas como custo, independentemente de laudo, as quebras e perdas ocorridas na produção, de acordo com a natureza do bem e da atividade da empresa, se a fiscalização não logra mostrar que não são razoáveis ou que estão cobertas por seguro. No caso concreto, a perda de aves girou em torno de 4%, e foi justificada com o argumento de aves que morreram em razão de doenças e que eram descartadas, o que foi considerado como razoável pelo Colegiado. Fl. 232DF CARF MF 6 Em outro precedente, o CARF consignou que o critério da razoabilidade poderia ser utilizado independentemente de prova do contribuinte quanto à perda, desde que ela fosse ocorrida na fabricação, transporte ou manuseio, no Acórdão nº 1101000.827: ESTOQUE DE MERCADORIAS. SUPERMERCADO. QUEBRAS E PERDAS. DEDUTIBILIDADE SUBMETIDA A PROVA. A razoabilidade é critério aplicável apenas às quebras e perdas ocorridas na fabricação, no transporte e manuseio. As perdas em razão de outras circunstâncias somente são admissíveis quando decorrentes de deterioração, obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros, e desde que provadas na forma da lei. Parecenos que a intenção do legislador, ao fazer referência às quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da atividade foi efetivamente abrir margem ao juízo de razoabilidade do julgador, que deve avaliar a verossimilhança das alegações. Nesse caso, pareceme que o percentual é bastante reduzido, menos de 3%, e as causas apontadas pelo Recorrente são todas ligadas à sua atividade econômica, sendo justificativas aptas a fundamentar a perda ocorrida, de maneira legítima. A fiscalização sequer entrou nessa questão da razoabilidade, muito menos a DRJ, razão pela qual não há quaisquer razões para desconsiderar 3% como uma perda ínfima no total de mercadorias movimentadas. Desse modo, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Fl. 233DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.909142/2008-67
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 10/03/2004
DIREITO CREDITÓRIO. LIQUIDEZ E CERTEZA. RECOLHIMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO.
A comprovação documental dos valores transacionados que confirma a existência de recolhimento indevido ou a maior demonstra a liquidez e certeza e enseja o reconhecimento do respectivo direito creditório.
Numero da decisão: 1001-001.291
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson (Presidente), José Roberto Adelino da Silva, Andréa Machado Millan e André Severo Chaves.
Nome do relator: SERGIO ABELSON
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 10/03/2004 DIREITO CREDITÓRIO. LIQUIDEZ E CERTEZA. RECOLHIMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO. A comprovação documental dos valores transacionados que confirma a existência de recolhimento indevido ou a maior demonstra a liquidez e certeza e enseja o reconhecimento do respectivo direito creditório.
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LIQUIDEZ E CERTEZA. RECOLHIMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO. A comprovação documental dos valores transacionados que confirma a existência de recolhimento indevido ou a maior demonstra a liquidez e certeza e enseja o reconhecimento do respectivo direito creditório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson (Presidente), José Roberto Adelino da Silva, Andréa Machado Millan e André Severo Chaves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 91 42 /2 00 8- 67 Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10980.909142/200867 Acórdão n.º 1001001.291 S1C0T1 Fl. 179 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra o acórdão de primeira instância (folhas 57/59) que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada contra o despacho decisório à folha 02, que não homologou a compensação declarada na DCOMP nº 13931.89741.131204.1.3.048037; de crédito correspondente a pagamento indevido ou a maior no valor original de R$ 5.902,74, período de apuração 06/03/2004, código de receita 3223, valor total do DARF R$ 8.181,40, data de arrecadação 10/03/2004, tendo em vista a utilização integral do pagamento indicado como origem do crédito para quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DCOMP. Na manifestação de inconformidade (folhas 11/12), a contribuinte informou que havia retido indevidamente IRRF sobre verba isenta e não tributável, e que efetuou retificação da DCTF para corrigir inclusão indevida do valor pago a maior como débito da entidade. No acórdão a quo, a não homologação foi mantida por falta de comprovação de liquidez e certeza do crédito alegado. Ciência do acórdão DRJ em 11/08/2010 (folha 62). Recurso voluntário apresentado em 03/09/2010 (folha 130). A recorrente, às folhas 71/72, alega, em síntese: I Que o valor devido de IRRFRESGATE PREV COMPL/MOD CONTRIB DEF/VAR NÃO OPT TRIB EXCLUS, código de receita 3223, relativo ao período de apuração 1ª Sem/Mar/2004 é de R$ 3.157,77 e não R$ 9.060,51, conforme relato a seguir; II Que Cláudio Antonio Soncin possuia um plano de previdência, que tinha como beneficiários Paulo César Soncin e Francisco de Assis Soncin; com o falecimento de Cláudio, os beneficiários passaram a fazer jus à devolução de reserva de poupança e ao Pecúlio; III Que sobre o valor da devolução de reserva de poupança, incide retenção de Imposto de Renda;sobre o Pecúlio não; IV Que, a este título e naquele período, foi retido indevidamente IR sobre os pecúlios dos beneficiários já identificados, no valor de R$ 2.951,37 cada, totalizando R$ 5.902,74, valor do crédito pleiteado na DCOMP; V Que tais valores foram restituídos aos beneficiários. Os documentos às folhas 146/176 comprovam os fatos relatados pela recorrente. É o relatório. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10980.909142/200867 Acórdão n.º 1001001.291 S1C0T1 Fl. 180 3 Voto Conselheiro Sérgio Abelson, Relator O recurso voluntário é tempestivo. Portanto, dele conheço. O relato da contribuinte é detalhado, preciso e absolutamente comprovado pelos documentos constantes dos autos (folhas 146/176). Houve retenção indevida de IR sobre pagamento de pecúlio por morte no valor total de R$ 5.902,74. Sobre o assunto, estabelece o art. 6º, XIII, da Lei nº 7.713/88: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIII capital das apólices de seguro ou pecúlio pago por morte do segurado, bem como os prêmios de seguro restituídos em qualquer caso, inclusive no de renúncia do contrato; (...) Constatado o equívoco, o valor foi restituído aos beneficiários e a DCTF que informava tais débitos, retificada. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito creditório no valor de R$ 5.902,74 e homologar a compensação em tela até o limite do crédito reconhecido. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Fl. 180DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.941522/2012-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010
ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL.
No processo administrativo fiscal o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido, sendo que o momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado.
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR)
SERVIÇOS LABORATORIAIS, CUSTOS RELACIONADOS COM O SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA RELACIONADOS AO PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITOS DE PIS E COFINS.
Os serviços laboratoriais por meio dos quais se aferem aspectos ligados ao processo produtivo revelam-se essenciais ao processo industrial razão pela qual deve ser revertida a glosa para que seja concedido o crédito a elas referentes.
Numero da decisão: 3302-007.022
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para reconhecer o creditamento sobre serviços laboratoriais, de análises microbiológicas e de serviços de inspeção federal, nos termos do voto do relator.
(assinatura digital)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto.
(assinatura digital)
Raphael Madeira Abad - Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010 ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL. No processo administrativo fiscal o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido, sendo que o momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR) SERVIÇOS LABORATORIAIS, CUSTOS RELACIONADOS COM O SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL E ANÁLISE MICROBIOLÓGICA RELACIONADOS AO PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITOS DE PIS E COFINS. Os serviços laboratoriais por meio dos quais se aferem aspectos ligados ao processo produtivo revelamse essenciais ao processo industrial razão pela qual deve ser revertida a glosa para que seja concedido o crédito a elas referentes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 94 15 22 /2 01 2- 09 Fl. 1892DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para reconhecer o creditamento sobre serviços laboratoriais, de análises microbiológicas e de serviços de inspeção federal, nos termos do voto do relator. (assinatura digital) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto. (assinatura digital) Raphael Madeira Abad Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green. Relatório Tratase de processo administrativo no qual se discute o conceito de insumos para efeito da formação da Base de Cálculo da COFINS, bem como o momento de se produzir a prova das alegações no âmbito do processo administrativo fiscal. Por descrever com fidelidade os fatos até então ocorridos no presente processo, adoto e transcrevo o relatório elaborado pela DRJ quando de sua análise. "Trata o presente processo de análise e acompanhamento de PER/DCOMP transmitido pela contribuinte em 30/01/2012, através do qual pretendeu ressarcimento de valores credores de Cofins nãocumulativa vinculados a receitas de exportação do 3º trimestre de 2010 no valor de R$ 22.843.485,10. A repartição fiscalizadora efetuou a necessária verificação que resultou em Despacho Decisório, por meio do qual foi reconhecido parcialmente o direito creditório da Cofins para fins de ressarcimento e homologada a compensação até o montante reconhecido. A interessada atua principalmente no ramo de frigorífico, abate de animais, bem como em variadas outras atividades no ramo de comercialização de alimentos e subprodutos de origem animal. A Informação Fiscal das fls. 247 a 258 relata o procedimento realizado. Indica que foi feita a verificação, especialmente, da composição dos créditos informados pela empresa em seu Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais (Dacon), apontando a fundamentação legal para o deferimento de Fl. 1893DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 4 3 ressarcimento vinculado a vendas para o exterior. Não foram constatadas divergências quanto ao percentual utilizado de rateio, aos bens adquiridos para revenda, aos gastos com energia elétrica e aos fretes sobre vendas. Com relação aos bens utilizados como insumos, foram constatadas discrepâncias em relação aos valores identificados nos arquivos magnéticos e notas fiscais, sendo glosada a diferença. Com relação aos serviços utilizados como insumos, foram objeto de glosa os créditos decorrentes das contas contábeis “Laboratório” (5.5.01.28.02), “SIF – Serviço de Inspeção Federal” (5.5.01.28.03) e “Análise Microbiológicas” (5.5.01.28.04), por se tratarem de serviços que não podem ser caracterizados como “insumos”, em conformidade com a legislação de regência. Também foram objeto de glosa os créditos decorrentes das devoluções de vendas, uma vez que o contribuinte utilizouse indevidamente do rateio. A devolução de venda só é objeto de crédito quando e porque a venda foi objeto de tributação, sendo objeto de aferição direta. As memórias de cálculo foram anexadas aos autos. Por fim, foi apontada a legislação referente ao crédito presumido, concluindo a impossibilidade de ressarcimento por meio do mesmo Perdcomp, fundamentado na Lei 10.833/2003. O contribuinte protocolizou o processo administrativo 18186720912/201288. Com base na informação, foi emitido o Despacho Decisório (fls. 610 a 611), que deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento de Cofins/Exportação do 3o trimestre de 2010 no valor de R$ 7.483.493,38. Desse Despacho Decisório e demais atos o contribuinte tomou ciência em 26/02/2016 (fl. 619). Inconformada, a empresa apresentou manifestação de inconformidade em 23/03/2016 (fls. 620 a 662). Reproduz os fatos que ensejaram a glosa e aponta divergências com a interpretação fiscal. Quando aos bens utilizados como insumos, protesta pela posterior juntada de documentos, possibilitando plenamente a comprovação dos créditos. Com relação aos serviços utilizados como insumos, descreve o processo de inspeção sanitária, discorrendo sobre sua importância. Alega que os serviços laboratoriais e de análises microbiológicas são complementares à inspeção, necessários e estão contemplados no Plano Nacional de Controle de Resíduos (PNCR). Cita decisão do Carf sobre o tema. Tais dispêndios são essenciais ao processo produtivo e estão abrangidos no conceito legal de insumos, para os quais as leis prevêem a possibilidade de aferição de créditos. A seguir discorre sobre o conceito de insumo no âmbito do PIS e Cofins, em função da ausência de positivação no contexto das leis instituidoras. Para as contribuições discutidas, a não cumulatividade possui natureza diversa da do IPI/ICMS, advém originalmente da legislação ordinária, tem regra matriz de incidência diversa, incidindo sobre as receitas auferidas e não havendo destaque nas operações de venda. Para as Fl. 1894DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 5 4 contribuições em questão, também, o sistema é diferenciado, adotando o método indireto subtrativo. Os créditos de PIS e Cofins possuem naturezas variadas, mas se tratam de créditos outorgados, revestindo a característica de subvenção estatal, o que não quer dizer que é facultado ao agente fiscal interpretar a norma arbitrariamente. Cita doutrinadores sobre o tema. Ainda seguindo a manifestação, se as referidas contribuições incidem sobre a totalidade das receitas auferidas, também a concessão de créditos deve ser apurada em relação aos custos e despesas inerentes à atividade geradora de receitas da pessoa jurídica. Ou seja, devese considerar as despesas necessárias à produção do resultado econômico, sob pena de afrontar a pretensão do legislador ordinário e os ditames constitucionais, bem como produzir aumento excessivo da carga tributária. Insumo representa cada um dos elementos, diretos ou indiretos, necessários à produção de produtos ou serviços, como matérias primas, máquinas, equipamentos, instalações, capital, mãode obra, energia elétrica, marketing etc. Caso contrário, criariase regime nãocumulativo de exceção. Cita os custos e despesas definidos na legislação do imposto de renda e acórdão do TRF da 4a Região. Protesta pela posterior juntada de dossiê que demonstrará a função de cada item no processo produtivo. Em relação às devoluções de vendas, protesta pela posterior juntada de documentos com objetivo de afastar a glosa em questão. Por fim, pleiteou a suspensão da exigibilidade do crédito tributário e a reforma parcial do despacho decisório, com o reconhecimento integral do crédito. A repartição de origem encaminhou para apreciação de DRJ, atestando, implicitamente, a tempestividade da peça de contestação. É o relatório." A decisão proferida pela DRJ resultou na prolação das seguintes ementas abaixo transcritas: " ALEGAÇÃO GENÉRICA. PROVA. É inadmissível a simples alegação ou o pleito para posterior juntada de provas, feitos de forma genérica e isolada. ÔNUS DA PROVA. RESSARCIMENTO. O interessado tem o ônus da prova acerca daquilo que alega. No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação da existência do direito creditório demandado. NÃOCUMULATIVIDADE. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMO. Fl. 1895DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 6 5 Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração das contribuições nãocumulativas, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens ou na prestação de serviços. Sobre os gastos com serviços laboratoriais e de inspeção sanitária, ou equivalentes, não podem ser descontados créditos, por não serem aplicados diretamente no processo de fabricação/produção dos bens destinados à venda. NÃOCUMULATIVIDADE. DEVOLUÇÃO DE VENDAS. RESSARCIMENTO. Os bens recebidos em devolução podem integrar a base para o cálculo de crédito da não cumulatividade da Cofins apenas quando a receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior e tenha sido tributada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" O Recurso Voluntário apresentado pela Contribuinte abordou as seguintes matérias: I. Preliminar de nulidade da decisão que negou a apresentação dos documentos extemporaneamente. Alegação do direito de "juntada de documentos a qualquer tempo". II. Mérito. Créditos apurados em relação aos bens utilizados como insumos. III. Mérito. Créditos apurados em relação aos serviços utilizados como insumos. IV. Mérito. Direito a apropriação de créditos sobre devoluções de vendas. Após a interposição do Recurso Voluntário a Recorrente juntou petições aos autos, bem como arquivos anexos. Em 07 de julho de 2018 a Recorrente peticionou ao Delegado da Receita Federal do Brasil requerendo a desconsideração da petição protocolizada em 18 de maio de 2018 por haver identificado que "... não há mais créditos disponíveis vinculados processo administrativo em comento, tendo em vista que os mesmos já foram integralmente consumidos em decorrência de compensações de ofício já realizadas." É o relatório. Voto Conselheiro Raphael Madeira Abad. Relator. Fl. 1896DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 7 6 1. Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e revestese dos demais requisitos legalmente previstos. 2. Análise da Preliminar de nulidade da decisão que negou a apresentação dos documentos extemporaneamente. Alegação do direito de "juntada de documentos a qualquer tempo". A Recorrente sustenta o entendimento de que a Constituição Federal lhe assegura o livre e ilimitado direito a juntar documentos no processo administrativo a qualquer tempo. Contudo, no Brasil e em todos os Estados democráticos não se pode falar em direitos absolutos, sendo todos limitados por outros direitos e, no que tange ao caso concreto o direito de produzir provas limitase com o direito à duração razoável do processo, que restaria comprometido caso a cada momento uma das partes pudesse inovar em matéria probatória que, aliás, é regida pelo Decreto 70.235/72 segundo o qual o momento de produzir provas é quando da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, na forma do seu artigo 16. "Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;" O próprio Decreto 70.235/72, no mesmo artigo 16 especifica as hipóteses em que é possível a produção posterior de provas, o que faz de forma taxativa. "§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância". Não há dúvidas que a busca da verdade material é um princípio norteador do Processo Administrativo fiscal. Contudo, ao lado dele, também de matiz constitucional está o Fl. 1897DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 8 7 princípio da legalidade, que obriga a todos, especialmente à Administração pública, da qual este Colegiado integra, a obediência as normas legais vigentes, merecendo destaque o Decreto 70.235 estabeleceu o momento da prática dos atos, sob pena ainda de se atentar ainda contra outro princípio constitucional, qual seja o da duração razoável do processo. É certo que este colegiado admite a juntada de provas em sede recursal, contudo apenas nos casos em que o Recorrente tenha demonstrado, na Impugnação, ou Manifestação de Inconformidade, como é o caso, a impossibilidade de se trazer aquela prova no momento oportuno (Impugnação ou Manifestação de Inconformidade), o que definitivamente não ocorreu no caso concreto. Admitirse deliberadamente a produção probatória na fase recursal subverteria todo o rito processual e geraria duas consequências indesejáveis (i) caso fosse determinado que o feito retornasse à instância original, implicaria uma perpetuação do processo e, (ii) caso as provas fossem apreciadas pelo CARF sem que tivessem sido analisadas pela DRJ, geraria indesejável supressão de instância e, em ambos os casos, representaria afronta direta ao texto legal que rege o processo administrativo fiscal. Entendese que o momento final para produção de provas do crédito pleiteado é, no máximo, quando da apresentação da manifestação de inconformidade e a produção de provas no Recurso Voluntário somente tem lugar na hipótese da decisão da DRJ haver as considerado insuficientes, situação na qual elas poderão ser complementadas quando da apresentação do Recurso Voluntário. Assim, não há qualquer nulidade no ato administrativo que denega a juntada de novas provas após a Impugnação ou, se for o caso, a Manifestação de Inconformidade. Por estes motivos, afasto a preliminar suscitada. 3. Mérito. 3.1. Definição do conceito de insumo. Acerca do conceito de insumo, principalmente no âmbito deste colegiado, adoto e transcrevo o recente voto proferido pelo Ilustre Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède no processo 13656.721092/201597. "Relativamente à definição de insumos, a nãocumulatividade das contribuições, embora estabelecida sem os parâmetros constitucionais relativos ao ICMS e IPI, foi operacionalizada mediante o confronto entre valores devidos a partir do auferimento de receitas e o desconto de créditos apurados em relação a determinados custos, encargos e despesas estabelecidos em lei. A apuração de créditos básicos foi dada pelos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, cujas atuais redações seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção Fl. 1898DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 9 8 de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) Fl. 1899DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 10 9 XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; Fl. 1900DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 11 10 IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) A regulamentação da definição de insumo foi dada, inicialmente, pelo artigo 66 da IN SRF nº 247/2002, e artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, as quais adotaram um entendimento restritivo, calcado na legislação do IPI, especialmente quanto à expressão de bens utilizados como insumos: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...]§ 5º Para os efeitos da alínea " b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...]§ 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: Fl. 1901DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 12 11 I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. A partir destas disposições, três correntes se formaram: a defendida pela Receita Federal, corroborada em julgamentos deste Conselho, que utiliza a definição de insumos da legislação do IPI, em especial dos Pareceres Normativos CST nº 181/1974 e nº 65/1979. Uma segunda corrente que defende que o conceito de insumos equivaleria aos custos e despesas necessários à obtenção da receita, em similaridade com os custos e despesas dedutíveis para o IRPJ, dispostos nos artigos 289, 290, 291 e 299 do RIR/99. Por fim, uma terceira corrente, que defendeu, com variações, um meio termo, ou seja, que a definição de insumos não se restringe à definição dada pela legislação do IPI e nem deve ser tão abrangente quanto a legislação do imposto de renda. Todavia, o STJ julgou a matéria, na sistemática de como recurso repetitivo, no REsp 1.221.170/PR, em 22/02/2018, com publicação em 24/04/2018, o qual restou decidido com a seguinte ementa: EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE Fl. 1902DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 13 12 PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, por maioria, a pós o realinhamento feito, conhecer parcialmente do Recurso Especial e, nessa parte, darlhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, que lavrará o ACÓRDÃO. Votaram vencidos os Srs. Ministros Og Fernandes, Benedito Gonçalves e Sérgio Kukina. O Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (votovista), Regina Helena Costa e Gurgel de Faria (que se declarou habilitado a votar) votaram com o Sr. Ministro Relator. Não participou do julgamento o Sr. Ministro Francisco Falcão. Fl. 1903DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 14 13 Brasília/DF, 22 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR O Ministrorelator adotou as razões expostas no voto da Ministra Regina Helena Costa: "Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g.,equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. No caso em tela, observo tratarse de empresa do ramo alimentício, com atuação específica na avicultura (fl. 04e). Assim, pretende sejam considerados insumos, para efeito de creditamento no regime de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS ao qual se sujeitam, os valores relativos às despesas efetuadas com "Custos Gerais de Fabricação", englobando água, combustíveis e lubrificantes, veículos, materiais e exames laboratoriais, equipamentos de proteção individual EPI, materiais de limpeza, seguros, viagens e conduções, "Despesas Gerais Comerciais" ("Despesas com Vendas", incluindo combustíveis, comissão de vendas, gastos com veículos, viagens, conduções, fretes, prestação de serviços PJ, promoções e propagandas, seguros, telefone e comissões) (fls. 25/29e). Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Fl. 1904DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 15 14 Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de nãocumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI." As teses propostas pelo Ministrorelator foram: 43. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. A PGFN opôs embargos de declaração e o contribuinte interpôs recurso extraordinário. Não obstante a ausência de julgamento dos embargos opostos, a PGFN emitiu a Nota SEI nº 63/2018, com a seguinte ementa: Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014. Fl. 1905DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 16 15 O item 42 da nota reproduz o acatamento da definição dada no julgamento do repetitivo, nos seguintes termos: "42. Insumos seriam, portanto, os bens ou serviços que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços e que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção, ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. 43. O raciocínio proposto pelo “teste da subtração” a revelar a essencialidade ou relevância do item é como uma aferição de uma “conditio sine qua non” para a produção ou prestação do serviço. Buscase uma eliminação hipotética, suprimindose mentalmente o item do contexto do processo produtivo atrelado à atividade empresarial desenvolvida. Ainda que se observem despesas importantes para a empresa, inclusive para o seu êxito no mercado, elas não são necessariamente essenciais ou relevantes, quando analisadas em cotejo com a atividade principal desenvolvida pelo contribuinte, sob um viés objetivo. [...] 64. Feitas essas considerações, concluise que, por força do disposto nos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19, da Lei nº 10.522, de 2002, a Secretaria da Receita Federal do Brasil deverá observar o entendimento do STJ de que: “(a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003;e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. 65. Considerando a pacificação da temática no âmbito do STJ sob o regime da repercussão geral (art. 1.036 e seguintes do CPC) e a consequente inviabilidade de reversão do entendimento desfavorável à União, a matéria apreciada enquadrase na previsão do art. 19, inciso IV, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002[5] (incluído pela Lei nº 12.844, de 2013), c/c o art. 2º, V, da Portaria PGFN nº 502, de 2016, os quais autorizam a dispensa de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, por parte da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional. Fl. 1906DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 17 16 66. O entendimento firmado pelo STJ deverá, ainda, ser observado no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos termos dos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19, da Lei nº 10.522, de 2002[6], cumprindolhe, inclusive, promover a adequação dos atos normativos pertinentes (art. 6º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01, de 2014). 67. Por fim, cumpre esclarecer que o precedente do STJ apenas definiu abstratamente o conceito de insumos para fins da nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS. Destarte, tanto a dispensa de contestar e recorrer, no âmbito da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, como a vinculação da Secretaria da Receita Federal do Brasil estão adstritas ao conceito de insumos que foi fixado pelo STJ, o qual afasta a definição anteriormente adotada pelos órgãos, que era decorrente das Instruções Normativas da SRF nº 247/2002 e 404/2004. 68. Ressaltese, portanto, que o precedente do STJ não afasta a análise acerca da subsunção de cada item ao conceito fixado pelo STJ. Desse modo, tanto o Procurador da Fazenda Nacional como o AuditorFiscal que atuam nos processos nos quais se questiona o enquadramento de determinado item como insumo ou não para fins da não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS estão obrigados a adotar o conceito de insumos definido pelo STJ e as balizas contidas no RESP nº 1.221.170/PR, mas não estão obrigados a, necessariamente, aceitar o enquadramento do item questionado como insumo. Devese, portanto, diante de questionamento de tal ordem, verificar se o item discutido se amolda ou não na nova conceituação decorrente do Recurso Repetitivo ora examinado. V Encaminhamentos 69. Ante o exposto, propõese seja autorizada a dispensa de contestação e recursos sobre o tema em enfoque, com fulcro no art. 19, IV, da Lei nº 10.522, de 2002, c/c o art. 2º, V, da Portaria PGFN nº 502, de 2016, nos termos seguintes:" Por seu turno, a Secretaria da Receita Federal do Brasil emitiu o Parecer Normativo nº 5/2018, com a seguinte ementa: Ementa. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Fl. 1907DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 18 17 Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço”: a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”; a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”; b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”: b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”; b.2) “por imposição legal”. Dispositivos Legais. Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, inciso II; Lei nº 10.833, de 2003, art. 3º, inciso II. Referido parecer, analisando o julgamento do REsp 1.221.170/PR, reconheceu a possibilidade de tomada de créditos como insumos em atividades de produção como um todo, ou seja, reconhecendo o insumo do insumo (item 3 do parecer), EPI, testes de qualidade de produtos, tratamento de efluentes do processo produtivo, vacinas aplicadas em rebanhos (item 4 do parecer), instalação de selos exigidos pelo MAPA, inclusive o transporte para tanto (item 5 do parecer), os dispêndios com a formação de bens sujeitos à exaustão, despesas do imobilizado lançadas diretamente no resultado, despesas de manutenção dos ativos responsáveis pela produção do insumo e o do produto, moldes e modelos, inspeções regulares em bens do ativo imobilizado da produção, materiais e serviços de limpeza, desinfecção e dedetização dos ativos produtivos (item 7 do parecer), dispêndios de desenvolvimento que resulte em ativo intangível que efetivamente resulte em insumo ou em produto destinado à venda ou em prestação de serviços (item 8.1 do parecer), dispêndios com combustíveis e lubrificantes em a) veículos que suprem as máquinas produtivas com matériaprima em uma planta industrial; b) veículos que fazem o transporte de matériaprima, produtos intermediários ou produtos em elaboração entre estabelecimentos da pessoa jurídica; c) veículos utilizados por funcionários de uma prestadora de serviços domiciliares para irem ao domicílio dos clientes; d) veículos utilizados na atividadefim de pessoas jurídicas prestadoras de serviços de transporte (item 10 do parecer), testes de qualidade de matériasprimas, produtos em elaboração e produtos acabados, materiais fornecidos na prestação de serviços (item 11 do parecer). Por outro lado, entendeu que o julgamento não daria margem à tomada de créditos de insumos nas atividades de revenda de Fl. 1908DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 19 18 bens (item 2 do parecer), alvará de funcionamento e atividades diversas da produção de bens ou prestação de srvilos (item 4 do parecer), transporte de produtos acabados entre centros de distribuição ou para entrega ao cliente (nesta última situação, tomaria crédito como frete em operações de venda), embalagens para transporte de produtos acabados, combustíveis em frotas próprias (item 5 do parecer), ferramentas (item 7 do parecer), despesas de pesquisa e desenvolvimento de ativos intangíveis malsucedidos ou que não se vinculem à produção ou prestação de serviços (item 8.1 do parecer), dispêndios com pesquisa e prospecção de minas, jazidas, poços etc de recursos minerais ou energéticos que não resultem em produção (esforço mal sucedido), contratação de pessoa jurídica para exercer atividades terceirizadas no setor administrativo, vigilância, preparação de alimentos da pessoa jurídica contratante (item 9.1 do parecer), dispêndios com alimentação, vestimenta, transporte, educação, saúde, seguro de vida para seus funcionários, à exceção da hipótese autônoma do inciso X do artigo 3º (item 9.2 do parecer), combustíveis e lubrificantes utilizados fora da produção ou prestação de serviços, exemplificando a) pelo setor administrativo; b) para transporte de funcionários no trajeto de ida e volta ao local de trabalho; c) por administradores da pessoa jurídica; e) para entrega de mercadorias aos clientes; f) para cobrança de valores contra clientes (item 10 do parecer), auditorias em diversas áreas, testes de qualidade não relacionados com a produção ou prestação de serviços (item 11 do parecer). Destarte, embora ainda pendente de julgamento de embargos de declaração, dada a edição da Nota SEI nº 63/2018, adoto a decisão proferida no REsp 1.221.170/PR, nos termos do §2º do artigo 62 do Anexo II do RICARF. Assim, as premissas estabelecidas no voto do Ministrorelator foram: 1. Essencialidade, que diz respeito ao item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; 2. Relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g.,equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. Fl. 1909DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 20 19 Com base nestas premissas, o julgado afastou a tese restritiva da Fazenda Nacional, bem como a tese ampliativa lastreada no IRPJ, como sendo todas os custos e despesas necessárias às atividades da empresa. Ainda, no caso concreto analisado, foram afastados os creditamentos sobre alguns gastos gerais de fabricação e sobre as despesas comerciais. Considero que o critério da essencialidade não destoou significativamente do entendimento que vinha sendo por este relator, especificamente no que concerne a afastar o creditamento sobre as despesas operacionais das empresas como inseridas na definição de insumo. Por outro lado, o critério da relevância abre espaço para que determinados custos, ainda que não essenciais (intrínsecos, inerentes ou fundamentais ao processo) possam gerar créditos por integrar o processo de produção, seja por singularidades da cadeira produtiva, seja por imposição legal. A partir das considerações acima, afasto a tese da recorrente de que todos os custos e despesas necessários à obtenção das receitas gerariam créditos das contribuições, o que equivaleria, em outros termos, à tese do IRPJ, ou seja, todos os custos e despesas operacionais dedutíveis para o IRPJ gerariam créditos da contribuições. Assim, despesas operacionais, como as administrativas e de vendas, embora necessárias à recorrente para exercer suas atividades em geral, não se enquadram no normativo de que trata o inciso II do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos da decisão proferida no REsp 1.221.170/PR." Estabelecidas estas premissas, é de se iniciar a análise dos pontos controvertidos e do acervo probatório. 3.2. Créditos apurados em relação aos BENS utilizados como insumos. Ainda na Manifestação de Inconformidade a Recorrente apontou o fato de que o despacho decisório havia glosado integralmente os créditos apurados em relação aos bens utilizados como insumos, pelos seguintes motivos. "No que se refere aos bens utilizados como insumo, afirma o Sr. Agente Fiscal em suas Informações Fiscais que “os valores informados na rubrica “02 – Bens Utilizados como Insumos” das fichas 06A e 16A dos DACONs são muito superiores aos montantes existentes nos arquivos magnéticos de notas fiscais”, o que ensejou a glosa integral dessas diferenças. Ocorre que, a empresa, ora Manifestante, possui direito aos créditos de PIS/COFINS relativo às aquisições dos bens utilizados como insumos em seu processo produtivo. Desta forma, a fim de comprovar o direito ao crédito, a Manifestante protesta pela posterior juntada dos documentos com o objetivo de afastar a glosa em questão, e consequentemente, comprovar o direito aos créditos pleiteados." Fl. 1910DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 21 20 A DRJ, quando do julgamento da Manifestação de Inconformidade entendeu que apenas os bens ou serviços utilizados como insumo na produção ou fabricação é que geram direito ao crédito, sendo que as despesas apresentadas no processo não se subsumem a este conceito. Afirmou que a empresa não apresentou documentação que comprova a base de cálculo dos créditos que constou na sua DACON, e que mesmo passado praticamente um ano da entrega da manifestação de inconformidade, não houve a juntada de qualquer documento. “Diante do fato da DRJ haver apontado, em seu Acórdão, a ausência de documentos, era ônus da Recorrente trazer prova contrária de tal argumento quando da apresentação do Recurso Voluntário, o que não ocorreu.” No Recurso Voluntário a Recorrente reiterou os argumentos segundo os quais já havia defendido que "possui direito aos créditos de PIS/COFINS relativo às aquisições dos bens utilizados como insumos em seu processo produtivo protestando, no Recurso Voluntário, pela "... posterior juntada de documentos, com base no princípio da verdade material..." A Recorrente, todavia, não juntou qualquer documento novo no Recurso Voluntário. A Recorrente também jamais trouxe aos autos qualquer documento ou laudo técnico apto a demonstrar a pertinência dos bens em relação ao processo industrial. Por esta razão, admitese que a Recorrente não desincumbiuse do seu ônus probatório, razão suficiente para em relação a este capítulo, reconhecer a preclusão do direito a produzir provas. 3.3. Créditos apurados em relação aos SERVIÇOS utilizados como insumos. Quanto aos serviços utilizados como insumos, foram glosados os seguintes itens: “5.5.01.28.02 – Laboratório 5.5.01.28.04 – Análise Microbiológicas 5.5.01.28.03 – SIF – Serviço de Inspeção Federal” Neste caso, a glosa decorreu da divergência entre a definição do conceito de insumo esposada pela Recorrente e aquela adotada pela DRJ em 2017, quando da análise do processo. Em relação aos serviços utilizados como insumos, a DRJ afastou a tese da Recorrente tão somente em razão do seu conceito de insumo. Este colegiado, todavia, principalmente após o julgamento do REsp 1.221.170/PR, em 22/02/2018, esposa o entendimento pelo qual geram créditos os serviços essenciais e necessários ao desempenho da atividade. 3.3.1. – Análise Microbiológica (5.5.01.28.04) e Laboratório (5.5.01.28.02) Fl. 1911DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 22 21 Em relação a despesas com serviços de laboratório, à luz do já esposado entendimento predominante acerca da definição do conceito de insumos, entendese que os serviços laboratoriais por meio dos quais se aferem aspectos ligados ao processo produtivo revelamse, em tese, essenciais ao processo industrial. O mesmo se aplica às Análises Microbiológicas, serviços essenciais aos frigoríficos, eis que se prestam à analise da qualidade dos insumos, dentre os quais a água usada no processo produtivo, das matériasprimas adquiridas e controle de resíduos. Por estas razões, em relação aos serviços relacionados com a Análise Microbiológica e com os Laboratórios da empresa, voto no sentido de admitir o direito ao crédito relativos aos serviços de análise microbiológicas, laboratório e . Tratandose de atividades obrigatoriamente desempenhadas pela empresa, amoldamse com perfeição ao já transcrito Parecer Normativo nº 5/2018 da Receita Federal do Brasil, segundo o qual as atividades praticadas pela empresa por determinação legal são consideradas relevantes. 3.3.2. – SIF – Serviço de Inspeção Federal (5.5.01.28.03) Quanto aos custos com o Serviço de Inspeção Federal, a Recorrente pretende reverter as glosas sobre despesas com o Serviço de Inspeção Federal que atua nos matadouros frigoríficos de forma permanente, tanto na inspeção ante mortem, que abrange a conferência documental dos animais recebidos e avaliação de cada lote de modo a averiguar se algum animal ou lote apresenta algum tipo de doença como a inspeção post mortem que abrange a inspeção das vísceras e carcaças de todos os animais abatidos, determinando sua aptidão para o consumo, aproveitamento condicional ou até a condenação dos produtos. A Recorrente afirma que o S.I.F realiza também a verificação documental dos programas de autocontrole desenvolvidos pelos estabelecimentos (Ex.: controle de pragas, boas práticas de fabricação, higienização industrial – PPHO, análise de perigos e pontos críticos de controle – APPCC, etc), verificação dos rótulos utilizados, bem como é responsável pela coleta e envio deamostras de produtos para avaliação no Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes – PNCRC/MAPA, e a avaliação dos padrões de identidade e qualidade dos produtos. Efetivamente, as despesas com o Serviço de Inspeção Federal são essenciais e relevantes ao processo produtivo, amolandose ao já esposado conceito de insumos, razão pela qual é de se conceder o crédito. 3.4. Direito a apropriação de créditos sobre devoluções de vendas. Os créditos requeridos sobre "devoluções de vendas" foram glosados sob o argumento de que a referida apropriação somente ocorre quando a operação é tributável, ou seja, quando as vendas são realizadas no mercado interno, bem como que a Recorrente não distribui corretamente tais valores entre as colunas de rateio dos mercados interno e externo. A Recorrente, já no Recurso Voluntário, limitouse a tecer a afirmação abaixo transcrita que não chega a ser uma defesa materialmente formulada, ou uma defesa apta: Fl. 1912DF CARF MF Processo nº 10880.941522/201209 Acórdão n.º 3302007.022 S3C3T2 Fl. 23 22 "Todavia, pugna pela posterior juntada de documentos que corroboram que a Recorrente faz jus a integralidade dos créditos pleiteados, razão pela qual a r. decisão não merece prosperar e, consequentemente, a glosa em questão deve ser afastada.” Esta afirmação, todavia, sequer pode ser tratada como uma defesa, eis que tais documentos não lançam qualquer argumento acerca do tema, ainda que levando em consideração os documentos juntados praticamente um ano após a interposição do Recurso Voluntário, eis que não colaboram com as teses recursais, devendo se concluir que a Recorrente não se desincumbiu do seu ônus de provar os fatos alegados. 3.5. Conclusões. Desta forma, é de se afastar a preliminar de ilegalidade para, no mérito, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o creditamento sobre serviços laboratoriais, de análises microbiológicas e de serviços de inspeção federal. (Assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad. Fl. 1913DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13881.000063/2008-03
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Ano-calendário: 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA.
Diligência que apurou incorreto o lançamento após detida análise do extrato analítico de contribuições. Reformada em parte a decisão primeira.
Numero da decisão: 2002-001.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para cancelar a omissão do valor de R$ 1.025,18, devendo ser recalculada a apuração do imposto suplementar a ser pago, bem como a multa incidente.
(documento assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
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COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. Diligência que apurou incorreto o lançamento após detida análise do extrato analítico de contribuições. Reformada em parte a decisão primeira. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para cancelar a omissão do valor de R$ 1.025,18, devendo ser recalculada a apuração do imposto suplementar a ser pago, bem como a multa incidente. (documento assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (documento assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 43/49) contra decisão de primeira instância (fls. 34/39), que julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo. Foi lavrado o auto de infração por Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica - Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social REFER, CNPJ 30.277.685/0001-89, e ainda da PROCURADORIA GERAL DO ESTADO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 1. 00 00 63 /2 00 8- 03 Fl. 143DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2002-001.247 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13881.000063/2008-03 Inconformado com o auto de infração, o contribuinte apresentou impugnação, alegando que: a) não houve omissão de rendimentos, posto que o contribuinte lançou o valor considerado omitido na notificação no quadro de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, por estar isento de tributação, com amparo na Lei 7.713/88, apontada na declaração de imposto de renda, cuja matéria foi apreciada pelo STJ; b) as normas legais referidas e jurisprudência apresentada determinam que para quem se aposentou antes de 01/01/96 não incidirá imposto de renda sobre o benefício de complementação da aposentadoria mesmo após a vigência da Lei 9.250/1995, em razão do ato jurídico perfeito, como o impugnante aposentou-se em 15/12/1996, o imposto de renda sobre o deve ser calculado proporcionalmente; A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento negou provimento à impugnação, para manter o auto de infração em sua integralidade. Inconformado o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, reiterando as alegações da impugnação e, adicionalmente que não foi aplicado ao caso concreto a jurisprudência firmada sobre a questão e que a multa não deve ser aplicada ao contribuinte de boa-fé. Em 18/04/2018 (fls. 63/66), o julgamento do recurso foi convertido em diligência para que o contribuinte junte extrato analítico das contribuições de todo o período para análise, por parte da RFB, de quais parcelas estariam isentas, encontrando-se a proporcionalidade pretendida, em relação aos valores recebidos da Pessoa Jurídica - Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social REFER, CNPJ 30.277.685/0001-89. Determinou-se, ainda, que em sendo apresentado o extrato analítico, que a RFB se manifestasse sobre o extrato e se pronuncie se o contribuinte já se aproveitou do crédito. Em 31/01/2019 (fls. 124/126), o julgamento do recurso foi convertido em diligência para que seja dada ciência ao contribuinte do pronunciamento da RFB de fls. 113/119, bem com seja aberto prazo legal para manifestação. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil, Relator. Recurso Voluntário, aviado a modo e tempo, portanto dele conheço. O contribuinte foi cientificado em 23/10/2012 (fl. 42); Recurso Voluntário protocolado em 22/11/2012 (fl. 43), assinado pelo próprio contribuinte. Fl. 144DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2002-001.247 - 2ª Sejul/2ª Turma Extraordinária Processo nº 13881.000063/2008-03 Em julgamento primeiro (fls.63/66), no qual se estabeleceu o direito a ser aplicado, resolveu-se baixar os autos em diligência para que o contribuinte juntasse extrato analítico das contribuições de todo o período, em relação aos valores recebidos da Pessoa Jurídica - Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social REFER, CNPJ 30.277.685/0001-89, o que foi feito às fls. 99/104. Após a juntada do extrato, a RFB se manifestou sobre o extrato e se pronunciou dizendo que “... considerando-se o entendimento de que o contribuinte faria jus a reduções correspondentes ao total de contribuições de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, o resultado do exercício 2004 passaria de imposto a pagar de R$ 2.201,65 para imposto a restituir de R$ 781,73 e o resultado do exercício 2006 passaria de imposto a pagar de R$ 3.051,79 para imposto a pagar de R$ 2.769,86. Os demais exercícios permaneceriam inalterados” (fl. 113), tendo instruído seu relatório com os demonstrativos de fls. 114/119. Dado o retorno da diligência, onde se vê que para o ano calendário 2005, exercício 2006, em discussão na presente demanda, passaria de imposto a pagar de R$ 3.051,79 para imposto a pagar de R$ 2.769,86, é de rigor o provimento parcial do recurso, para cancelar a omissão no valor de R$ 1.025,18 (fl. 1119). Registro, por relevante, que a manifestação do contribuinte de fls. 133/135, repete as razões do recurso e requer novamente a aplicação de regra de três simples para se encontrar a proporcionalidade de isenção pretendida, o que já foi rechaçado pela decisão de fls. 51/53, que anotou ser incorreta tal aplicação, pois, estar-se-ia incluindo no cálculo as parcelas que foram pagas pela empregadora, e sobre essas não há isenção. Isto posto, e pelo que mais consta dos autos, conheço do Recurso Voluntário, e no mérito dou provimento parcial para cancelar a omissão no valor de R$ 1.025,18, devendo ser recalculada a apuração do imposto suplementar a ser pago, bem como a multa incidente. É como voto. (documento assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 145DF CARF MF
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Numero do processo: 10840.900693/2016-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-002.018
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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(assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório Trata de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: (...) DCTF. RETIFICAÇÃO APÓS DESPACHO DECISÓRIO. ESPONTANEIDADE. REDUÇÃO DE TRIBUTO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. RESTITUIÇÃO. É legítima a declaração retificadora que reduzir ou excluir tributo se apresentada por contribuinte em espontaneidade legal. No entanto, para que se atribua eficácia às informações nela contidas, especificamente em relação àquelas que suportam a caracterização do pagamento a maior ou indevido de tributo, é mister que a retificadora tenha sido entregue antes do despacho decisório. Se RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 40 .9 00 69 3/ 20 16 -7 0 Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10840.900693/201670 Resolução nº 3402002.018 S3C4T2 Fl. 3 2 entregue depois, incumbe ao contribuinte o ônus de comprovar o seu direito creditório mediante a juntada, com a manifestação de inconformidade, não somente da declaração retificadora, mas também de documentos que fundamentam a retificação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário alegando a procedência de seu pedido de restituição e compensação, pela existência do direito creditório pleiteado, mesmo considerado o erro no preenchimento da DCTF já retificada, com base nos demonstrativos fiscais anexados. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3402002.017, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10840.900702/201622. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3402002.017): "A questão trazida ao julgamento referese a alegado direito creditório decorrente de recolhimento a maior de PIS e COFINS, e compensação com débitos diversos. A unidade de origem não homologou a compensação pleiteada tendo em vista a utilização do valor indicado na quitação de outros débitos do contribuinte, não restando saldo a compensar. A recorrente alega que cometeu um erro no preenchimento da DCTF, retificandoa posteriormente ao despacho decisório com a informação correta da apuração das contribuições. Teria recolhido as contribuições pelo regime não cumulativo, sendo que sua atividade (construção civil) seria pelo regime cumulativo das contribuições, restando saldo a restituir da contribuição paga indevidamente no código de apuração do regime não cumulativo. Apresenta, como prova de suas alegações, notas fiscais de serviço, registros de notas fiscais, relatório de retenção na fonte, memória de cálculo e comprovante de arrecadação. Dessa forma, entendo que é necessária a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de origem verifique as alegações da recorrente, determine o regime de apuração das contribuições conforme as atividades comprovadas da recorrente, e apure saldo passível de restituição. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10840.900693/201670 Resolução nº 3402002.018 S3C4T2 Fl. 4 3 Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência à repartição de origem para que a autoridade preparadora: (i) analise as informações contidas no Recurso Voluntário e manifestese, de forma conclusiva, acerca do alegado direito creditório da recorrente, com relação aos regimes de apuração das contribuições e o perfeito enquadramento da recorrente em cada regime com base em suas atividades comprovadas, os valores devidos e aqueles comprovadamente recolhidos a maior; (ii) apresente um demonstrativo retificador, caso entenda cabível, discriminando os valores passíveis de ressarcimento e compensação. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. É como voto." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento do recurso voluntário em diligência à repartição de origem para que a autoridade preparadora: (i) analise as informações contidas no Recurso Voluntário e manifestese, de forma conclusiva, acerca do alegado direito creditório da recorrente, com relação aos regimes de apuração das contribuições e o perfeito enquadramento da recorrente em cada regime com base em suas atividades comprovadas, os valores devidos e aqueles comprovadamente recolhidos a maior; (ii) apresente um demonstrativo retificador, caso entenda cabível, discriminando os valores passíveis de ressarcimento e compensação. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 170DF CARF MF
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