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Numero do processo: 13839.900180/2012-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2002 a 31/07/2002
PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ.
Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno.
Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.399
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ICMS NA BASE DE CÁLCULO. Recorrente QUÍMICA AMPARO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2002 a 31/07/2002 PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno. Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 01 80 /2 01 2- 62 Fl. 114DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 06051.715, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba. Por meio de Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal de Jundiaí foi indeferido o pleito constante do Pedido Eletrônico de Restituição – PER transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. Em referido ato administrativo, a autoridade fiscal indeferiu o pleito da interessada tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para quitação do débito de PIS cumulativa/o, não restando saldo de crédito disponível para o reconhecimento do crédito solicitado. A contribuinte foi cientificada do citado despacho decisório e apresentou, tempestivamente, a Manifestação de Inconformidade cujo conteúdo é resumido a seguir. A interessada defende, em apertada síntese, o direito ao crédito solicitado com a alegação de ter incluído de forma indevida o ICMS na base de cálculo da contribuição recolhida. Diz que o ato administrativo foi proferido de forma precipitada e com flagrante desrespeito à legislação tributária, notadamente a que trata da necessidade de lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional). Sustenta a legitimidade do indébito tributário informado no pedido de restituição alegando que no presente caso não existe óbice à restituição, nos termos do art. 165, do Código Tributário Nacional, uma vez que houve um erro na composição da base de cálculo da contribuição e que a vinculação do DARF, pago indevidamente, a um débito declarado em DCTF, constituise em uma mera informação. Relata que está juntando ao processo planilha por meio da qual se pode constatar a existência do pagamento a maior do que o devido e que este documento faz a prova necessária para confirmar o indébito alegado. Acrescenta que em caso de dúvida quanto ao crédito o julgamento pode ser convertido em diligência para que a interessada seja intimada a demonstrar, através de outros elementos, o crédito vindicado. Defende a tese relativa a improcedência da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição alegando que referido tributo não integra o conceito de faturamento (receita bruta), pois tratase de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF, consoante o voto proferido pelo Ministro Marco Aurélio no Recurso Extraordinário nº 240.785/MG, entendeu que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo das contribuições Fl. 115DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 4 3 (PIS e Cofins). Sustenta que a interpretação da autoridade tributária relacionada com a questão da inclusão do ICMS nas receitas dos contribuinte (interpretação do art. 3º da Lei 9.718, de 1988) é contrária ao art. 110 do CTN, uma vez que não se caracteriza como juízo de inconstitucionalidade, mas sim como controle administrativo interno dos atos administrativos. Aduz, por fim, que a declaração de inconstitucionalidade (exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição) em referido RE é iminente e que o proferimento dela pelo Supremo Tribunal Federal tornará sua observância obrigatória pela Administração Tributária. Diante do exposto, requer a interessada o acolhimento da manifestação para o fim de afastar o Despacho Decisório questionado e deferir integralmente o pedido de restituição. O citado acórdão decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento, em síntese, que falece ao julgador da esfera administrativa competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária e pela impossibilidade de exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição. Inconformada com a improcedência da manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs recurso voluntário, basicamente, repetindo os argumentos trazidos em sede de manifestação. Ao final, pugna pela reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.397, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.900183/201204, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.397): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. O núcleo da discussão em pauta é a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O acórdão recorrido enumera diplomas legais de regência, concluindo não haver previsão legal para a exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins: Pelas argumentações trazidas em sua manifestação de inconformidade, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, na forma aduzida pela interessada, já que esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário. De fato. A Lei Complementar nº 7, de 1970, a Lei Complementar nº 70, de 1991, a Lei nº 9.715, de 1998 (que resultou da conversão da Medida Provisória nº 1.212, de 1995 e suas reedições), a Lei nº 9.718, de 1998, e, mais recentemente, as Leis 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, ao longo de seus dispositivos, definem expressamente todos os aspectos das hipóteses de incidência vinculadas ao PIS e à Cofins. As citadas normas definem os sujeitos passivos da relação tributária, os casos de nãoincidência, a alíquota, a base de cálculo, o prazo de recolhimento, etc., e submetem as contribuições às normas do processo administrativo fiscal, além do que, para os casos de atraso de pagamento e penalidades, as 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 117DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 6 5 subordina, de forma subsidiária, à legislação do imposto de renda. Como se percebe, nada resta a definir. Os atos legais descrevem expressamente todas as feições das exações instituídas, nada deixando ao alvedrio do intérprete. Quando remetem atribuições a normas de outro tributo, o fazem estabelecendo com precisão os limites da remissão; limites estes, aliás, que, in concreto, jamais se estendem sobre a definição das bases de cálculo das contribuições. O conceito de faturamento tem sua extensão perfeitamente delimitada pela explicitação de seu conteúdo e pela expressa enumeração das exclusões passíveis de serem efetuadas, não havendo dentre essas, como se vê, qualquer referência ao ICMS devido pela venda de mercadorias. Caso pretendesse o legislador excluir o ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, estaria a hipótese expressamente prevista como uma das exclusões da receita bruta. Sobre o tema, o STJ decidiu, em recurso especial sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, já com trânsito em julgado. Já o STF entendeu pela sua não inclusão, em recurso extraordinário sob a sistemática da repercussão geral, mas em caráter não definitivo, pois pende de decisão sobre embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional. É o que detalha decisão recente deste Conselho: PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Decisão STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática do recurso repetitivo, art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado (CARF, 3º Seção, 4º Câmara, 2º Turma Ordinária, Ac. 3402 004.742, de 24/10/2017, rel. Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire). Fl. 118DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 7 6 Assim, transitada em julgado decisão do STJ, em recurso especial, sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, deve este Conselho observála, nos termos do seu Regimento Interno, descabendo analisar argumentos trazidos aos autos sobre o tema. A decisão do STF, em sentido contrário, em recurso extraordinário de repercussão geral, mas de caráter não definitivo, não tem o mesmo efeito. Nos ditos embargos, a Fazenda Nacional requer a modulação dos efeitos da decisão embargada, para que produza efeitos ex nunc, apenas após o julgamento dos embargos. Ora, se há pedido de modulação dos efeitos, tratase de atividade satisfativa, incluíndose na solução de mérito nos termos do art. 487 do atual CPC. E se assim é, podese afirmar que não houve ainda decisão definitiva de mérito, independentemente do transito em julgado. A embargante ainda suscita, entre outras questões, haver erro material ou omissão, por ter a corrente vencedora prestado ao art. 187 da Lei 6.404/76 efeito que ele não possui: estabelecer conceito de receita bruta: 7. Observese que, no caso dos autos, alguns votos da corrente vencedora2 [...] concederam grande relevância ao fundamento de que “receita bruta”, expressão a que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao longo de inúmeros julgados, equiparou ao vocábulo “faturamento” (art. 195, I, b, da Constituição), possui um sentido próprio no direito privado, definido no art. 187, I, da Lei 6.404/76. 8. No entanto, cumpre destacar que há um equívoco evidente em tal linha de argumentação: o mencionado dispositivo legal não estabelece qualquer conceito para receita bruta. Apenas disciplina que, na demonstração do resultado do exercício, deverá estar descrita a “receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos”. A assertiva, simplesmente, permite concluir que tais expressões se referem a grandezas diferentes, mas não afirma que uma não esteja contida na outra. Levanta também, na mesma toada que os votos vencedores "deixaram de considerar o disposto no art. 12 do DecretoLei 1.598/77, reiteradamente citado pelos votos vencidos", que dá pela inclusão dos tributos na receita bruta: art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (...) III tributos sobre ela incidentes; e Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 8 7 (...) § 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 5o Na receita bruta incluemse os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o. (Grifos do original). Ainda que sejam três os pilares da argumentação da corrente vencedora, apenas um deles tratando do conceito de receita, tratase evidentemente de questão meritória. A recorrente traz aos autos planilha na qual recalcula a base de cálculo da Cofins "sem o ICMS", com a qual, juntamente como os documentos mencionados na seqüência, pretende provar o seu direito ao crédito em discussão: (...) Instrui o recurso voluntário com relatórios "NOVA GIA" a demonstrarem a apuração do ICMS, referente apenas a novembro de 2011, como também o balancete referente apenas a este período. O acordão recorrido assim se manifestou quando lhe fora levada dita planilha: "não sendo hábil para a comprovação do direito à repetição do indébito, uma simples planilha, desacompanhada de documentação contábil e fiscal que lhe conceda suporte e validade.A planilha segue abaixo". Tais elementos não demonstram o direito ao crédito sem que a questão de direito que defende, de não inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, prospere. A planilha mencionada também não se fez acompanhar de documentos que lhe fizessem prova, para todos os períodos. Assim, também, a diligência que requer, para, eventualmente, "atestar in loco a regularidade da escrituração e do crédito", somente mereceria provimento, em caso de demonstração da exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins. Insurgese a recorrente contra a afirmação do acórdão de piso de que "o débito de Cofins cumulativa, do período de apuração de nov/2002 (para o qual consta alocado o pagamento objeto do pedido de restituição), foi constituído, nos termos do art. 142 do CTN, através de [...] DCTF apresentada pela interessada, posto que essa declaração constituí confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito tributário, conforme prevê o § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984". Ainda que se apliquem tais normas, há decisões deste Conselho que têm entendido pela relativização de tal meio de prova, com as quais concordo, privilegiandose o princípio da verdade material: Fl. 120DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 9 8 COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÕES CONSTANTES DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. LIQUIDEZ E CERTEZA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O direito creditório pleiteado não pode ser vinculado a requisitos meramente formais, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional. Assim, ainda que a DCTF seja instrumento de confissão de dívida, a comprovação por meio de outros elementos contábeis e fiscais que denotem erro na informação constante da obrigação acessória, acoberta a declaração de compensação, em apreço ao princípio da verdade material Recurso Voluntário Provido (CARF, 3º Seção, 3º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 3301 002.678, de 08/12/2015, rel. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas). O acórdão de piso entendeu não ter se configurado qualquer das hipóteses do art. 165 do CTN, aquele que estabelece o direito à restituição de tributo, especialmente por que "não existe a comprovação de que tenha ocorrido, em face da legislação aplicável, pagamento da contribuição em valor a maior do que o devido"; como também porque "não foi demonstrada a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a existência de indébito tributário (relativamente ao pagamento apontado no pedido de restituição – PER) que diga respeito à inclusão indevida do ICMS na base de cálculo da contribuição. não havendo decisão". Argumenta a recorrente ter havido erro na composição da base de cálculo da Cofins, visto que "a Recorrente considerou inadvertidamente o ICMS como componente de sua receita bruta", nos termos do inciso II, do dito artigo. Mais uma vez, somente com a demonstração do direito ao crédito, o que não ocorre, poderseia falar no dito erro. Assim, pelo exposto voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 121DF CARF MF Processo nº 13839.900180/201262 Acórdão n.º 3301004.399 S3C3T1 Fl. 10 9 Fl. 122DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.928419/2010-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL.
O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorri
SALDO NEGATIVO. IRPJ. RETENÇÕES NA FONTE
Súmula CARF nº 80: "Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto".
Numero da decisão: 1401-002.163
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Conselheira Lívia De Carli Germano declarou-se impedida. Participou do julgamento o Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorri SALDO NEGATIVO. IRPJ. RETENÇÕES NA FONTE Súmula CARF nº 80: "Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto".
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Conselheira Lívia De Carli Germano declarou-se impedida. Participou do julgamento o Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Leonam Rocha de Medeiros.
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NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorri SALDO NEGATIVO. IRPJ. RETENÇÕES NA FONTE Súmula CARF nº 80: "Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto". Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Conselheira Lívia De Carli Germano declarouse impedida. Participou do julgamento o Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 84 19 /2 01 0- 01 Fl. 301DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Leonam Rocha de Medeiros. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10880.928419/201001 Acórdão n.º 1401002.163 S1C4T1 Fl. 302 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão n. 1666.102 2ª Turma da DRJ/SPO, que, por unanimidade de votos, manteve o Despacho Decisório (fl. 02) da DERAT São Paulo que homologou parcialmente a compensação declarada em virtude de não terem sido confirmadas a totalidade das retenções na fonte informadas. A Recorrente ingressou com Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 32870.73020.050505.1.3.025280) por meio da qual pretende utilizar direito creditório que acredita possuir, com débito de tributo federal. O suposto crédito é decorrente de saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2003 – exercício 2004. Quando à parte não homologada, a decisão recorrida observou que: No presente caso, consulta aos sistemas de processamento da Receita Federal do Brasil RFB (SIEF/DIRF fl. 41) não confirma a retenção de IRRF (código 3426) descrito na cópia do informe de rendimento apresentado pela Requerente relativo à fonte pagadora DOW AGROSCIENCES INDL. LTDA – CNPJ nº 61.416.129/000170 (fl. 38). O referido informe reproduzido à fl. 38, por si só, não pode ser admitido, tendo em vista que a fonte pagadora dos rendimentos tem vínculo com a requerente (tendo sido, inclusive, incorporada por ela). Não obstante, também não foi comprovado o oferecimento à tributação das receitas sobre as quais incidiu a suposta retenção na fonte. Inconformada, a Recorrente interpôs Voluntário com vistas a obter a reforma do julgado com provimento integral do recurso para reconhecerse o crédito de saldo negativo de 2004 (AC2003) e consequentemente homologarse a compensação declarada, ou subsidiariamente que os autos sejam baixados em diligência para aferição da comprovação do oferecimento dos valores à tributação. É o relatório. Fl. 303DF CARF MF 4 Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. O Recurso apresenta os requisitos essenciais para sua admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, a decisão de piso manifestouse no sentido de que não bastava haver nos autos o informe da retenção de IRRF, é necessário o seu oferecimento à tributação, não podendo a empresa simplesmente descontar os rendimentos auferidos de suas despesas financeiras, como alegou ter feito. A fim de obter a reforma do julgado e ver seu pleito atendido, em sede de voluntário defende que ofereceu as receitas a tributação, contudo esclarece que em razão de um equivoco na declaração da fonte pagadora o IRRF foi informado apenas na competência de novembro. Aduz a Recorrente que os juros decorrentes do contrato de mútuo foram contabilizados no último dia do mês, nos termos do regime contábil de competência a que era submetida de modo que o IRRF devido somente era apurado nos primeiros dias do mês subsequente, por isso, tal sistemática teria levado a empresa fonte pagadora, ao equivocado recolhimento de IRRF em que a Recorrente é beneficiária, considerando como apuração a 1a. semana do mês seguinte ao do fato gerador do tributo. Ou seja, ao invés de informar, por exemplo, o valor de R$ 11.712,15 para a competência Novembro de 2003, a empresa fonte pagadora informou no DARF correlato que tal montante se referia a competência Dezembro de 2013, tendo esse equivoco ocorrido, inclusive, para os demais meses (outubro e dezembro/2003) relacionados à retenção da receita de juros do mútuo pago à ela. A recorrente demonstra que todos esses equívocos perpetrados pela empresa fonte pagadora, portanto, não prejudicariam seu o direito ao crédito pleiteado, pois: i) toda a receita de juros de mutuo recebida da empresa de CNPJ 61.416.129/000170 foi devidamente computada na determinação do lucro real ao final do ano calendário, ii) bem como deixou a recorrente de deduzir o montante de R$ 18.386,50 do IRRF relativo à competência de outubro de 2003 na apuração do IRPJ de 2004 (AC2003), resultando em crédito de saldo negativo de 2004 (AC 2003) muito maior que aquele pleiteado, suficiente para lhe fazer frente. Ante o exposto, necessária a reforma do julgado para adequálo ao conteúdo da Súmula CARF nº 80, segundo a qual: "Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto". De modo que uma vez tendo sido demonstrada a retenção e feita a prova de que os valores pleiteados tenham sido anteriormente oferecidos à tributação, apenas com base em informes de rendimentos, há que se prover o pleito da Recorrente. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10880.928419/201001 Acórdão n.º 1401002.163 S1C4T1 Fl. 303 5 Em prol da verdade material, o fato da prova não ter sido feita em momento oportuno, não impede que o órgão julgador a aprecie e lhe reconheça a validade. Este E. Conselho já decidiu: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. Acórdão nº 2301003.742– 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL – NULIDADE. A não apreciação de documentos juntados aos autos depois da impugnação tempestiva e antes da decisão fere o princípio da verdade material, com ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legitimidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento.Preliminar acolhida. Recurso provido. Acórdão nº 10319.789, 3ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, prolatado em 08 de dezembro de 1998, relatora Conselheira Sandra Maria Dias Nunes. No mesmo sentido, Alberto Xavier : “afronta ao princípio da ampla defesa e da verdade material qualquer restrição ao exercício do direito à prova em função da fase do processo, desde que anterior à decisão final tomada na segunda instância”. (Princípios do Processo Administrativo e Judicial Tributário, 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.160). Destacase que a autoridade fiscal reconheceu à Recorrente a dedução do IRRF correspondente ao exato montante oferecido à tributação e tendo a Recorrente comprovado, ainda que em sede de recurso voluntário a diferença a que fazia jus, pois os pagamentos foram localizados no razão e conciliados adequadamente, há que se reconhecer a Fl. 305DF CARF MF 6 existência do crédito de saldo negativo de 2004 (AC 2003) pleiteado, no valor de R$ 16.732,91. Ante o exposto, DOU provimento ao Recurso Voluntário . (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Fl. 306DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35403.001016/2005-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 31/05/2005
PENALIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS À FISCALIZAÇÃO.
Mantém-se a aplicação de penalidade quando evidenciado que a empresa deixou de apresentar documento obrigatório à fiscalização.
Numero da decisão: 2201-004.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
1.0 = *:*
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 31/05/2005 PENALIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS À FISCALIZAÇÃO. Mantém-se a aplicação de penalidade quando evidenciado que a empresa deixou de apresentar documento obrigatório à fiscalização.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/05/2005 PENALIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS À FISCALIZAÇÃO. Mantémse a aplicação de penalidade quando evidenciado que a empresa deixou de apresentar documento obrigatório à fiscalização. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 40 3. 00 10 16 /2 00 5- 02 Fl. 174DF CARF MF 2 Tratase de auto de infração por inobservância do comando contido no art. 33, § 2º da Lei nº 8.212, de 1991, uma vez que a empresa teria deixado de apresentar à Fiscalização a folha de pagamento e respectiva GFIP relativas ao mês de maio de 2004, bem como a alteração contratual relativa à mudança de endereço. A impugnou à autuação (fls. 18/22) deu origem à DecisãoNotificação nº 21.437.4/0159/2005 (fls. 61/64), que considerou corrigidas as falhas relativas à alteração de endereço e à entrega da GFIP, contudo manteve o auto de infração pela falta de apresentação da folha de pagamento. Inconformada com essa decisão, a empresa interpôs recurso tempestivo (fls. 78/82 e 89), alegando, em síntese, que: 1. Os documentos não foram entregues porque a empresa estava inativa. 2. Na defesa apresentada as falhas foram corrigidas, já que teria apresentado a folha de pagamento e GFIP sem empregados, bem como a cópia da alteração do contrato social com mudança de endereço. 3. O valor da multa foi incorretamente calculado. A fiscalização apresentou contrarazões (fls. 122/125), alegando a existência de inconsistências nas informações prestadas pela empresa. De acordo com a autoridade fiscal: 1. A empresa comprovou a entrega da GFIP referente ao mês de maio/2004, mas ela foi preenchida "sem movimento" porque os empregados teriam sido transferidos para outra empresa. Essa informação, contudo, não foi confirmada pelo sistema CAGED, que informa como último movimento para a empresa receptora 09/2003. 2. Embora tenha apresentado GFIP sem movimento em maio de 2004, não declarou os afastamentos em 04/2004, de forma que os vínculos remanesceram em aberto. 3. Embora os segurados tenham sido declarados na GFIP de 05/2004 por uma terceira empresa, os recolhimentos foram realizados no CNPJ da autuada. 4. Mesmo que os empregados tivessem sido transferidos para outra empresa, persistiria a obrigatoriedade da elaboração da Folha de Pagamentos referente aos contribuintes individuais. Neste CARF, o julgamento do processo foi convertido em diligência pela Resolução nº 20600.021 (fls. 126/130). Desse ato, destaco: Também entendo necessário que se verifique se a recorrente teve movimento, ainda que tenha transferido seus empregados, na competência 05/2004, hipótese em que estaria obrigada a efetuar o pagamento de prólabore aos sócios e elaborar folha para esses segurados. Não obstante o vício verificado antes da decisão de primeira instância, vislumbro a possibilidade de decidir o mérito em favor do sujeito passivo, se restar comprovado após diligência que os empregados foram efetivamente transferidos em abril/2004 e que a empresa não teve movimento em maio/2004. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 35403.001016/200502 Acórdão n.º 2201004.560 S2C2T1 Fl. 175 3 O relatório de diligência fiscal apresenta constatações que podem ser assim sumariadas (fl. 134): 1. Constam recolhimentos de contribuições previdenciárias nas competências 05 e 06/2004 no conta corrente da empresa autuada. 2. Consta da RAIS/2004 que os últimos empregados foram transferidos em 01/05/2004, e esta informação foi prestada após o auto de infração. 3. A contribuinte declarou (DIPJ) receita de revenda e serviços no período de maio/2004 a setembro/2004. 4. A GFIP sem movimento foi entregue em 14/03/2006, data posterior à lavratura do auto de infração. Intimada acerca do conteúdo desse relatório (fl. 160), a empresa autuada deixou transcorrer in albis o prazo para manifestação (fl. 162). Novamente neste Conselho, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta relatora. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Inicialmente, a recorrente alega que os documentos não foram entregues porque ela estava inativa. Conforme foi atestado pelo Relatório de Diligência (fl. 134), a empresa apresentou receita no período, declarada em DIPJ, o que contraria sua alegação. Além disso, no seu conta corrente haveria recolhimentos de contribuições previdenciárias nas competências 05 e 06/2004. Aduz, ainda, que as falhas foram corrigidas na defesa apresentada, já que teria entregue a folha de pagamento e GFIP sem empregados, bem como a cópia da alteração contratual com mudança de endereço. Também essa informação é contrariada por manifestação fiscal, desta feita a DecisãoNotificação nº 21.437.4/0159/2005 (fls. 61/64), que atesta a não apresentação da folha de pagamento, documento obrigatório, já que esteve em atividade no período. Por fim, ao afirmar que o valor da multa foi incorretamente calculado, faz remissão ao art. 32, §§ 4º a 9º da Lei nº 8.212, de 1991, quando a multa de que trata esse Fl. 176DF CARF MF 4 processo tem por base o art. 33, § 2º. Em face do flagrante erro cometido, não há razões para acolher suas alegações. Conclusão Pelas razões expostas, voto por conhecer do recurso apresentado e lhe negar provimento. Dione Jesabel Wasilewski Fl. 177DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.732846/2011-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
MANIFESTAÇÃO DA UNIÃO EM SEDE JUDICIAL. CONCORDÂNCIA. CÁLCULOS DO CONTRIBUINTE. RENOVAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE.
Assentindo a União, após intimação do juízo competente, quanto aos cálculos efetuados pelo contribuinte relativamente à direito postulado e obtido em definitivo no curso de processo judicial, não cabe, por via transversa, ser renovado seu questionamento em sede administrativa.
Numero da decisão: 2202-004.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Waltir de Carvalho, Martin da Silva Gesto, Reginaldo Paixão Emos, Júnia Roberta Gouveia e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 MANIFESTAÇÃO DA UNIÃO EM SEDE JUDICIAL. CONCORDÂNCIA. CÁLCULOS DO CONTRIBUINTE. RENOVAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. Assentindo a União, após intimação do juízo competente, quanto aos cálculos efetuados pelo contribuinte relativamente à direito postulado e obtido em definitivo no curso de processo judicial, não cabe, por via transversa, ser renovado seu questionamento em sede administrativa.
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RENDA VARIÁVEL. Recorrente FERNANDO FABRÍCIO DE FARIA CORREA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 MANIFESTAÇÃO DA UNIÃO EM SEDE JUDICIAL. CONCORDÂNCIA. CÁLCULOS DO CONTRIBUINTE. RENOVAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. Assentindo a União, após intimação do juízo competente, quanto aos cálculos efetuados pelo contribuinte relativamente à direito postulado e obtido em definitivo no curso de processo judicial, não cabe, por via transversa, ser renovado seu questionamento em sede administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Waltir de Carvalho, Martin da Silva Gesto, Reginaldo Paixão Emos, Júnia Roberta Gouveia e Dilson Jatahy Fonseca Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 28 46 /2 01 1- 47 Fl. 645DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte (MG) DRJ/BHE, que julgou procedente lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo ao exercício 2008 (fls. 494/522), face à apuração de omissão de ganhos líquidos em renda variável, auferido na alienação de ações da Refinaria de Petróleo Ipiranga (RPI), da Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga (DPPI) e da Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CBPI), para a sociedade Ultrapar Participações S/A, conforme contrato de compra e venda de ações de fls. 163/201 celebrado em 18/03/2007, não abrangidas pela ação em Mandado de Segurança (MS) nº 2007.71.00.0214850/RS. O Gcap (Ganho de capital) apurado pela fiscalização, decorrente da alienação dessas ações, não abrangidas pelo citado mandamus, foi de R$ 8.287.427,67. No entanto, o contribuinte, ao apurar o Gcap referente a essas ações, declarou o valor de R$ 8.279.825,67. Desse modo, a auditoria concluiu que o fiscalizado fez uma apuração a menor do Gcap no valor de R$ 7.602,00 e efetuou o lançamento de ofício do imposto de renda no valor de R$ 1.140,30, acrescido de multa de ofício de 75% e juros. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 505/515), a auditoria apresenta a motivação do lançamento. O autuado impetrou o MS em 31/05/2007, perante a 1ª Vara Federal Tributária de Porto Alegre, sob o argumento de que o DecretoLei nº 1.510/76, art. 4º, alínea 'd', estabeleceu a não incidência do imposto de renda sobre os ganhos obtidos em alienações de participações societárias após decorrido o período de cinco anos da data de subscrição, aquisição ou recebimento de bonificações, relativamente àquelas adquiridas até 12/1983. A segurança foi concedida em primeira instância, reconhecendo o direito à isenção do imposto de renda sobre o Gcap apurado na alienação de ações, incluídas as bonificações (filhotes), relativamente àquelas adquiridas até 12/1983 e mantidas em seu patrimônio até a data da revogação da isenção pela Lei nº 7.713/88, em decisão confirmada pelo TRF da 4ª Região. O contribuinte foi selecionado pela administração tributária para que se verificasse se a apuração do imposto de renda relativo ao Gcap tributável estava correto e, se fosse o caso, se efetuasse lançamento suplementar, além de se efetuar o lançamento do imposto de renda sobre o Gcap objeto da ação judicial, visando a prevenir a decadência. Foram alienadas 207.420 ações, das quais 94.344 foram submetidas à apuração de ganho de capital no Demonstrativo declarado pelo autuado, sendo que em 30/05/2007 ele recolheu o imposto de renda no valor de R$ 1.241.970,90, baseado nessa apuração. Quanto à parte que considerava isenta, fez o recolhimento, em 31/05/2007, no valor de R$ 1.563.592,83, no código 7416, via depósito judicial (fls. 321), e impetrou, como litisconsorte ativo, a ação em MS nº 2007.71.00.0214850/RS Não obstante, a fiscalização considerou haver diferenças quanto à quantidade de ações abrangidas por dito MS, pois verificou que ao determinar a quantidade de ações denominadas isentas, objeto do MS, o contribuinte limitouse a apurar a quantidade de ações havidas em 31/12/1983 e os seus desdobramentos. Ele considerou, como sendo do tipo “tributadas”, as 340 ações PN da RPI que saíram do Livro de Registro de Ações para serem depositadas em custódia e vendidas em 2005 na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Fl. 646DF CARF MF Processo nº 11080.732846/201147 Acórdão n.º 2202004.503 S2C2T2 Fl. 645 3 Conforme resumido pela instância recorrida (fls. 615/616), com base em passagens do Relatório Fiscal (fls. 510/513): Apesar de o fiscalizado ter informado que fez a movimentação dessas 340 ações PN para a custódia com o objetivo de vender na bolsa e que o custo das ações “isentas” influenciaram o custo de venda dessas ações, no caso de uma possível apuração de imposto de renda, uma vez que foi utilizado o custo médio ponderado, ele está considerando que as ações depositadas em custódia são do tipo “tributáveis”. A fiscalização entende que, ao dar baixa no Livro para fazer o depósito em custódia, o fiscalizado está utilizando o método UEPS (“últimas a entrar, primeiras a sair”), metodologia não admitida pela legislação do imposto de renda, já que nesse caso há uma tendência de subavaliação dos estoques. O art. 5º do DecretoLei nº 1.510/1976 estabeleceu a presunção de que as alienações se referiam às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente. No entanto, esse art. foi revogado pela Lei nº 7.713/1988, com vigência a partir de 01/01/1989. O art. 16 dessa mesma lei dispõe que o custo de aquisição de título e valores imobiliários a ser considerado no momento da alienação é a média ponderada dos custos unitários. Nesse mesmo sentido dispôs o art. 72 da Lei nº 8.981/1995, o art. 16 da IN RFB 84/2001 e o art. 47 da IN RFB 1.022/2010. No método UEPS, o custo das ações alienadas é representado pelas últimas ações adquiridas, sendo o estoque final representados pelo valor das ações mais antigas. No método da média ponderada, o custo das ações que foram depositadas em custódia corresponde à média aritmética dos custos de aquisição das ações existentes em estoque, sendo consideradas todas as ações existentes no Livro. Quando há depósito em custódia (), há uma saída proporcional de ações tributáveis e isentas. Desse modo, a determinação do quantitativo de ações isentas e tributáveis, nessa situação, deve ser feita de acordo com a proporção existente dessas ações, na data da saída, no Livro de Registro de Ações. Assim, com base nos demonstrativos encaminhados pela Ultrapar e no disposto nos itens 19 a 33 do Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização obteve o quantitativo de ações tributáveis e isentas por empresa e por espécie, que se encontra demonstrado nos anexos 1 a 6, que são parte integrante do Termo de Verificação Fiscal (fls. 516/521). Quanto às 1.000 ações DPPI ON retiradas de custódia (+), concluiu que essas ações, conforme também informado pelo fiscalizado, são tributáveis, pois se referem às 500 ações adquiridas em 29/03/2005 e a seus desdobramentos. (...) Desse modo, apurouse ganho de capital, decorrente da alienação das ações DPPI, RPI e CBPI à Ultrapar Participações, não abrangidas pela ação em MS nº 2007.71.00.0214850/RS, no montante de R$ 8.287.427,67 (Anexo 7, fls. 522). Tendo o fiscalizado informado um ganho de capital no valor de R$ 8.279.825,67, constatouse que houve uma apuração a menor de R$ 7.602,00, o que implicou em lançamento de ofício de imposto de renda no valor de R$ 1.140,30, acrescido de multa de 75% e juros. Este Auto de Infração restringese ao lançamento do imposto de renda suplementar decorrente da apuração a menor do ganho de capital que não foi objeto da ação em MS nº 2007.71.00.0214850/RS. O imposto de renda sobre o ganho de Fl. 647DF CARF MF 4 capital objeto da ação judicial foi lançado em outro Auto de Infração, de modo a prevenir a decadência, e está com a exigibilidade suspensa. Apesar de impugnada (fls. 532/608), a exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 611/624), ensejando a interposição de recurso voluntário em 08/01/2013 (fls. 630/641), no qual é alegado, em síntese, que: há nulidade da infração por ter sido efetuado depósito integral e em dinheiro nos autos do MS nº 2007.71.00.0214850; referida ação já havia reconhecido serem isentas de pagamento de imposto de renda todas as ações adquiridas sob a égide do DecretoLei nº 1.510/76; a petição da União manifestandose pelo levantamento do depósito judicial indica que não há divergência quanto à quantidade de ações abrangida pelo MS, não competindo ao Conselho descumprir a coisa julgada. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme relatado, a defesa tem seu âmago na narrativa de que teria havido violação à coisa julgada na atuação da autoridade lançadora. A despeito de ter sido cogitada como nulidade, na espécie revelase o argumento como matéria de mérito, sendo assim doravante analisada. A segurança concedida no MS nº 2007.71.00.0214850 foi vertida nos seguintes termos: CONCEDO A SEGURANÇA para reconhecer o direito à isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital apurado na alienação de ações das empresas Refinaria de Petróleo Ipiranga S/A, Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S/A e Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga S/A, relativamente às ações adquiridas até dezembro de 1983, e mantidas em seus patrimônios até a data da revogação da isenção, pela Lei nº. 7.713/88. (destaque do original) Temse, nesse passo, que o contribuinte recolheu R$ 1.241.970,90 de imposto de renda sobre parte das alienações realizadas em 2007, que entendeu não estarem abarcadas por tal julgado, e efetuou o depósito judicial, vinculado ao citado MS, no valor de Fl. 648DF CARF MF Processo nº 11080.732846/201147 Acórdão n.º 2202004.503 S2C2T2 Fl. 646 5 R$ 1.563.592,83, pertinente ao ganho de capital auferido com o restante das ações vendidas, as quais já teriam incorporado o direito à isenção. Confirmada a decisão em tela nas instâncias superiores, foram as partes intimadas em 29/06/2012 a "requerer o que entenderem de direito, inclusive em relação a eventuais depósitos judiciais realizados". No dia 27/08/2012, o juízo competente despachou: (...) 2. Comprovados os depósitos, dêse vista à União do pedido de levantamento integral, a ser analisado em cotejo com a documentação acostada à inicial, visto que os valores depositados que eventualmente se refiram ao IR incidente sobre alienação de ações adquiridas após dezembro de 1983, nos termos da decisão transitada em julgado, são devidos e, portanto, devem ser transformados em pagamento definitivo, liberandose aos impetrantes apenas aqueles abrangidos pela coisa julgada no presente feito. Prazo de 15(quinze) dias. E, em 27/11/2012, foi exarado o seguinte Despacho/Decisão do magistrado1: Diante da concordância expressamente manifestada pela União Federal à fl. 994 e, em especial, levando em conta as informações prestadas pela Receita Federal do Brasil nas fls. 988989 e 995, expeçamse em favor das impetrantes, excetuando se a impetrante Eneida Maria Ormazabal Sastre, os devidos alvarás de levantamento, referentes à integralidade dos depósitos vinculados ao feito. Expedidos, intimemse para retirada dos alvarás. Pois bem, lembrese que a ação fiscal concluiu que o montante tributável, associado às alienações de ações efetuadas em 2007, seria na realidade ligeiramente maior (implicando acréscimo no imposto devido na cifra de R$ 1.140,30), pois àquela ocasião parte das ações que existiam em 1983 já haviam sido vendidas em 2005. Ora, a partir dessa conclusão, a consequência lógica é que os valores depositados em juízo estariam proporcionalmente subestimados, implicando que o contribuinte não pudesse levantar toda quantia vinculada ao mandamus. Ou seja, parte dessa quantia deveria ficar retida em benefício da União para o pagamento da mencionada diferença. Mister ressaltar, porém, que a Fazenda Pública manifestou expressamente perante o juízo concordância com o levantamento integral dos depósitos vinculados ao feito, inclusive valendose de informações da própria RFB, conforme asseverado no Despacho mais acima reportado. Naquela oportunidade aquiesceu, portanto, com os cálculos efetuados pelo contribuinte, quanto ao montante tributável decorrente das operações de alienação de ações à sociedade Ultrapar Participações S/A., efetuadas em 2007. 1 Os documentos mencionados neste Voto, relativos ao MS nº 2007.71.00.0214850, estão todos disponíveis para consulta pública no site do TRF da 4ª Região, www.trf4.jus.br (acesso em 26/10/2017). Fl. 649DF CARF MF 6 Assim sendo, prevalece essa manifestação, realizada em sede judicial e com caráter definitivo, sobre eventuais ponderações de âmbito administrativo acerca da situação em apreço, as quais restam preclusas e ineficazes. Improcedente, assim, a autuação fiscal. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 650DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.100196/2005-28
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIA DE ICMS A TERCEIROS. NÃO INCLUSÃO.
Não devem ser incluídas as receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, acumulados em razão das operações de exportação, na base de cálculo do PIS/Pasep não-cumulativo.
TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF.
Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária.
Numero da decisão: 9303-006.605
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIA DE ICMS A TERCEIROS. NÃO INCLUSÃO. Não devem ser incluídas as receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, acumulados em razão das operações de exportação, na base de cálculo do PIS/Pasep não-cumulativo. TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF. Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1622; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 229 1 228 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11080.100196/200528 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303006.605 – 3ª Turma Sessão de 11 de abril de 2018 Matéria PIS/PASEP. RESTITUIÇÃO. Recorrente ALIBEM ALIMENTOS S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIA DE ICMS A TERCEIROS. NÃO INCLUSÃO. Não devem ser incluídas as receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, acumulados em razão das operações de exportação, na base de cálculo do PIS/Pasep nãocumulativo. TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF. Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 10 01 96 /2 00 5- 28 Fl. 229DF CARF MF Processo nº 11080.100196/200528 Acórdão n.º 9303006.605 CSRFT3 Fl. 230 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte ALIBEM COMERCIAL DE ALIMENTOS LTDA. (fls. 128 a 168) com fulcro no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 330100.718 (fls. 117 a 124) proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 27/10/2010, no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PAsEP Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 BASE DE CALCULO. EXCLUSÕES. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. IMPOSSIBILIDADE. Na sistemática não cumulativa, o PIS e a Cofins incidem sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, inclusive sobre o crédito presumido de ICMS, vez que inexiste previsão legal para sua exclusão. RESSARCIMENTO. GLOSA PELA NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CALCULO DO ICMS CEDIDO. O art. 1 °, § 3 °, inciso VII, da Lei n° 10.637/02, incluído pela Lei n° 11.945/09, art. 16 colocou um fim na controvérsia acerca da possibilidade Fl. 230DF CARF MF Processo nº 11080.100196/200528 Acórdão n.º 9303006.605 CSRFT3 Fl. 231 3 de exclusão da base de calculo do PIS, do valor correspondente A cessão de créditos de ICMS. Contudo, a produção de efeitos fora fixada como sendo a partir de 01/01/2009. Assim, eventos ocorridos anteriormente deverão compor a base de cálculo da contribuição. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE PESSOA FÍSICA. A partir de agosto de 2004, as pessoas jurídicas sujeitas à sistemática de nãocumulatividade do PIS e da Cofins que produzirem determinadas mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que atendidos os requisitos necessários poderão usufruir de crédito presumido, o qual somente poderá ser utilizado para dedução das respectivas quantias devidas, conforme art. 8º da Lei nº 10.925/04. Recurso Voluntário Negado. A Recorrente alega divergência com relação (a) à incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre as receitas decorrentes das transferências de créditos de ICMS a terceiros; e (b) à possibilidade de ressarcimento de crédito presumido sobre aquisição de pessoa física. Para comprovar o dissenso, trouxe como paradigmas os acórdãos nºs 201 79.966 e 930300.159, respectivamente. Foi dado seguimento parcial ao recurso especial, nos termos do despacho S/Nº, de 23 de março de 2016 (fls. 207 a 213), proferido pelo Ilustre Presidente da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, por se ter entendido como comprovada a divergência jurisprudencial tão somente quanto à incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre as receitas decorrentes das transferências de créditos de ICMS a terceiros. O prosseguimento parcial foi confirmado pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais em exercício à época em sede de reexame de admissibilidade (fls. 214 a 215). Nas razões recursais atinentes à matéria que teve prosseguimento, a Contribuinte aduz, em síntese, que: (a) a decisão ora recorrida baseouse na Lei nº 11.945/09 para não reconhecer o direito ao crédito de PIS/Pasep decorrente das receitas oriundas da transferência de ICMS para terceiros, entendendo ser possível o aproveitamento tão somente a partir de 01/01/2009. No entanto, no acórdão paradigma houve o reconhecimento do direito ao crédito anteriormente à publicação da Lei nº 11.945/2009; (b) com relação ao mérito, o saldo credor de ICMS decorrente da regra que isenta as exportações do ICMS, tem natureza contábil de "tributo recuperável", classificado no balanço da empresa como uma conta do ativo; (c) a transferência do saldo credor de ICMS para pagamento de fornecedores e terceiros não caracteriza o auferimento de receita, pois há apenas uma alteração de classificação contábil, passando da conta "tributos recuperáveis" para o "caixa", outra conta do ativo. Além disso, não resulta em acréscimo patrimonial, mas sim em redução de uma dívida; Fl. 231DF CARF MF Processo nº 11080.100196/200528 Acórdão n.º 9303006.605 CSRFT3 Fl. 232 4 (d) não há amparo para a incidência do PIS sobre os valores decorrentes da transferência de créditos de ICMS a terceiros, pois não se caracterizam como receitas passíveis de tributação; (e) por fim, requer o provimento do recurso especial. A Fazenda Nacional deixou de apresentar contrarrazões (fl. 228). O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito No mérito, a controvérsia cingese à não inclusão das receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, acumulados em razão das operações de exportação, na base de cálculo do PIS/Pasep nãocumulativo. A matéria restou decidida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, pela sistemática da repercussão geral, consoante art. 543B da Lei nº 5.869/1973 Código de Processo Civil vigente à época do julgado, declarando a inconstitucionalidade da inclusão, na base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos, dos valores de créditos de ICMS oriundos de exportação cedidos onerosamente a terceiros. O acórdão de relatoria da Ministra Rosa Weber recebeu a seguinte ementa: Fl. 232DF CARF MF Processo nº 11080.100196/200528 Acórdão n.º 9303006.605 CSRFT3 Fl. 233 5 EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da Fl. 233DF CARF MF Processo nº 11080.100196/200528 Acórdão n.º 9303006.605 CSRFT3 Fl. 234 6 inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. (RE 606107, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe231 DIVULG 22112013 PUBLIC 25112013) (grifouse) Nos termos do art. 62, §2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria nº 343, de 09/06/2015, as decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral devem ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recurso no âmbito do CARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e Fl. 234DF CARF MF Processo nº 11080.100196/200528 Acórdão n.º 9303006.605 CSRFT3 Fl. 235 7 e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (grifouse) Diante do exposto, dáse provimento ao recurso especial da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 235DF CARF MF
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Numero do processo: 35570.005723/2006-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2003 a 31/08/2003
PRELIMINAR. INCLUSÃO DOS DIREITOS NA RELAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEIS - CORESP
A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88).
APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05. RETROATIVIDADE. INOCORRÊNCIA
Os documentos constantes dos incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Não ocorre, portanto, a alegada retroatividade.
NULIDADE. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO
Correto o arbitramento quando demonstrado que a empresa não cumpriu a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços.
COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA
Dentre as atribuições dos auditores fiscais previstas na Lei nº 10.593/2002 está a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados.
CONTRIBUIÇÃO AO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. ADICIONAL
Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis
Numero da decisão: 2202-004.363
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2003 a 31/08/2003 PRELIMINAR. INCLUSÃO DOS DIREITOS NA RELAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEIS - CORESP A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88). APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05. RETROATIVIDADE. INOCORRÊNCIA Os documentos constantes dos incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Não ocorre, portanto, a alegada retroatividade. NULIDADE. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO Correto o arbitramento quando demonstrado que a empresa não cumpriu a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA Dentre as atribuições dos auditores fiscais previstas na Lei nº 10.593/2002 está a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados. CONTRIBUIÇÃO AO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. ADICIONAL Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson.
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INCLUSÃO DOS DIREITOS NA RELAÇÃO DE CO RESPONSÁVEIS CORESP A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88). APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05. RETROATIVIDADE. INOCORRÊNCIA Os documentos constantes dos incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Não ocorre, portanto, a alegada retroatividade. NULIDADE. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO Correto o arbitramento quando demonstrado que a empresa não cumpriu a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA Dentre as atribuições dos auditores fiscais previstas na Lei nº 10.593/2002 está a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 57 0. 00 57 23 /2 00 6- 19 Fl. 515DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO AO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO SAT. ADICIONAL Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Decisão/Notificação elaborado pela Delegacia da Receita Previdenciária RJ Duque de Caxias (fls. 456/458 numeração do eprocesso): DA NOTIFICAÇAO Tratase de crédito previdenciário no montante de R$ 206.813,90 (duzentos e seis mil oitocentos e treze reais e noventa centavos), consolidado em 13/12/2005, que, de acordo com o Relatório Fiscal de folhas 64/76, referese ao adicional à retenção de 11% aplicada ao valor bruto de notas fiscais e faturas de serviço emitidas por empresas prestadoras de serviços em cessão de mãodeobra, a teor do art. 6 ° da Lei 10.666/2003, exigível a partir de 04/2003. 2. No caso em questão, o referido adicional está previsto em 2%, para financiamento concessão da de aposentadoria especial após vinte e cinco anos de contribuição e exercício contínuo de atividades laborais em condições especiais nocivas à saúde/ integridade física do trabalhador, por exposiçao a agentes químicos, físicos e biológicos, ou sua associaçao, os quais, nos termos do art. 58 da Lei 8.213/91, estão relacionados no Anexo Fl. 516DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 516 3 IV do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99 . 3. O crédito previdenciário foi constituído tendo em vista que a fiscalização constatou que a empresa não faz o eficaz gerenciamento do ambiente de trabalho, deixando de controlar os riscos ocupacionais existentes e, por fim, por ter ficado evidenciada a presença de agentes nocivos, os quais estão trazendo prejuízos à saúde ou à integridade física dos trabalhadores terceirizados, que prestam à CSN, nos termos dos contratos com a empresa ABB LTDA, respectivamente nos CNPJ 61.074.829/007136 e 000123: S10295388, com vigência de 01/02/2003 a 15/02/20030, de serviços de “reparo geral no Iaminador de tiras a quente"; e S10202543, vigendo de 03/06/2002 a 02/06/2005, de serviços de “manutenção mecânica, elétrica e hidráulica, montagem de tubulação, caldeiraria, lubrificação, instrumentação e reparos gerais, paradas preventivas e serviços gerais nos equipamentos como da laminação e revestidos, bem a operação das oficinas de usinagem" 4. Foi solicitada da empresa notificada, CSN, atraves de TIAD, os seguintes documentos referentes à empresa prestadora dos serviços: contrato de serviços, PPRA/PGR/PCMAT, PCMSO e LTCAT. Dos documentos solicitados, apenas os contratos de serviços, o PPRA de 2002 e o PCMSO de 2002 forarn apresentados à fiscalização. 5. Tendo em vista que restou claro que a CSN não participou na elaboração e implementação do PCMSO e PPRA da contratada (os dados do PPRA da CSN não coincidem com os da contratada, as deficiências apresentadas no PPRA e no PCMSO da contratada para o exercício de 2002 conduzem à constatação de que existem trabalhadores cuja exposição a agentes nocivos geram a concessão de aposentadoria especial e, principalmente, não foram apresentados os PPRA e PCMSO da contratada para o exercício de 2003; nem LTCAT da contratada), ficou clara a obrigação da CSN pelo acréscimo da retenção, sendo assim constituído o credito previdenciário. 6. Consta no item 2 do relatório fiscal que, como não houve retenção pela empresa contratante das contribuições consideradas nesta NFLD, não ficou configurado o tipo penal previsto no art. 168A, §1°, inciso l do Código Penal, introduzido pela Lei 9.983/2000. 7. O lançamento foi efetuado em periodo acobertado pelo competente Mandado de Procedimento Fiscal MPF, com recebimento pela empresa às fls. 18/23, e emissão de TlAD e TEAF, fls. 24/54. DA IMPUGNAÇÃO 8. Tempestivamente, a empresa apresentou defesa as fls. 412/441, juntando prova da capacidade postulatória dos signatários. Em síntese, apresenta como razões: Fl. 517DF CARF MF 4 Das Preliminares 8.1. Protesta pela nulidade do lançamento, em decorrência de terem sido incluídos seus diretores no relatório de co responsáveis, sem que fosse apresentada a capitulação legal para tal procedimento, entendendo por isso que lhes foi cerceado o direito à ampla defesa, garantido pelo art. 5 °, LV da Constituição Federal. Apresenta excerto doutrinário. 8.2. Invoca o art. 689 da Instrução Normativa 100/2003, para protestar contra a falta de clareza e precisão do relatório fiscal, por faltar na NFLD a identificação dos trabalhadores que seriam beneficiados futuramente com a aposentadoria especial e o periodo em que teriam exercido suas atividades sob as condições nocivas à sua saúde/ integridade física. 8.3. Alega que a apresentação dos documentos solicitados pela fiscalização impede a aplicação do arbitramento, que é instrumento de caráter excepcional, aplicável apenas caso o sujeito passivo não mantenha escrituração contábil e fiscal regulares ou se não houver documentos avaliadores dos riscos ambientais do trabalho, que não seria o caso, uma vez que foram apresentados o PPRA e o PCMSO, discriminando as tarefas exercidas e os agentes nocivos, bem como a utilização de equipamento de proteção individual e coletiva, que mitigariam o prejuízo à saúde e à integridade físicado trabalhador. 8.4. Protesta que os AuditoresFiscais não têm competência técnica para desconsiderar os programas apresentados pela empresa (PPRA e PCl\/ISO), que são privativos de profissão regulamentada por lei federal. Além disso, a informação constante do relatório de que há divergências entre os documentos apresentados, sem as relacionar, impossibilitaria sua analise. 8.5. Defende a tese de afronta ao Princípio da Irretroatividadeda Lei, uma vez que foi aplicada como fundamentação legal do lançamento a Instrução Normativa SRP 03/2005, que só entrou em vigência em 01/08/2005, enquanto o periodo lançado vai de 04/2003 a 04/2005. Do Mérito 8.6. Entende que os valores lançados estão em desacordo com a efetiva prestação dos serviços, sendo errado o emprego do valor bruto das notas fiscais, sem que sejam individualizados os segurados envolvidos na prestação dos serviços. Alem disso, o lançamento não teria qualquer repercussão no bem a ser protegido, que é a saúde/integridade fisica do trabalhador, com a concessão de aposentadoria com tempo de contribuição diminuído. A Delegacia da Receita Previdenciária RJ Duque de Caxias negou provimento à impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte (fls. fls 456 eprocesso): CONTRIBUIÇAO PREVIDENCIÁRIA. ACRÉSCIMO DE ALÍQUOTA NA RETENÇÃO PARA FINANCIAMENTO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 517 5 A partir de 04/2003, por determinação do art. 6 ° da Lei 10.666/2003, o percentual previsto no art. 31 da Lei 8.212/91 (redação alterada pela Lei 9.711/98), a cargo da contratante, de retenção do valor bruto da nota fiscal de prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra, é acrescido de 2 pontos percentuais, relativamente aos serviços prestados por segurado em atividade que permita a concessão de aposentadoria especial após 25 anos de contribuição. PEÇAS QUE INSTRUEM O PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL PREVIDENCIÁRIO. RELAÇÃO DE CO RESPONSÁVEIS. A relação de coresponsáveis é anexo obrigatoriamente integrante da Notificação Fiscal de Débito NFLD, e apenas lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e periodo de atuação, conforme artigo 660, inciso X da Instrução Normativa SRP nº 03/2005 A Companhia Siderúrgica Nacional foi cientificada (AR fls. 467) em 13/10/2006 .Em 09/11/2006 apresentou o recurso de fls. 469/485 no qual reitera as alegações já suscitadas quando da impugnação. É o relatório Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. 1.) PRELIMINARES 1.1) DA INDEVIDA INCLUSÃO DOS DIRETORES COMO CORESPONSÁVEIS Alega a Recorrente, preliminarmente, que seria indevida a inclusão dos diretores como coresponsáveis pelas pretensas infrações da empresa, uma vez que para que tal responsabilidade se efetivasse, seria indispensável a menção ao preceito legal que, no entendimento das autoridades fiscais, sustenta a referida inclusão. De acordo com a Recorrente não foi feita a exposição pormenorizada dos atos de gestão que comprovasse a conduta acarretaria a infração apontada no lançamento. Quanto à exclusão dos coresponsáveis, cabe esclarecer que as pessoas constantes da Relação de CoResponsáveis – CORESP não foram arroladas como sujeitos passivos da NFLD, servindo o documento apenas como subsídio à Procuradoria da Fazenda Nacional, caso haja a necessidade de execução judicial do crédito previdenciário, após a Fl. 519DF CARF MF 6 conclusão do contencioso administrativo. É o que dispõe a Súmula CARF nº 88, de observância obrigatória pelos conselheiros deste órgão administrativo: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Em face do exposto, rejeito a preliminar suscitada. 1.2) AFRONTA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS NORMAS INDEVIDA APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05 Alega também a Recorrente nulidade do lançamento, uma vez que a autoridade fiscal utilizou como fundamentação legal da autuação a Instrução Normativa SRP nº 03, de 14 de julho de 2005, a qual somente entrou em vigor em 1º de agosto de 2005. Diante desse fato, a autoridade fiscal não poderia retroceder a aplicação da referida IN, uma vez que o período fiscalizado corresponde aos meses de abril a agosto de 2003. Incorretas as alegações do Recorrente. Como bem apontado pela decisão recorrida, não foi feita qualquer exigência a empresa que não constasse da legislação vigente à época dos fatos geradores. Não há que se falar em ofensa ao princípio da irretroatividade, uma vez que as obrigações já existiam. Como esclarece a decisão recorrida: "Assim, quando, por exemplo, no item 9 do relatório fiscal, os Auditores informam que emitiram TIAD solicitando PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO e LTCAT, de acordo com os incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, constatase que tais documentos também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Em outro exemplo, vemos que o mesmo ocorre quando os notificantes citam o art. 749 da IN SRP 03/2005, ao se referirem a cientificação das empresas componentes do grupo econômico, uma vez que o mesmo procedimento é determinado no art. 779 da IN INSS/DC 100/2003 e, ainda, no art. 175 da IN INSS/DC 70/2002. Em face do exposto, rejeito a preliminar. 1.3) NULIDADE DO LANÇAMENTO EM VIRTUDE DA IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO UTILIZADA. Alega a Recorrente que o Auto de Infração é nulo, uma vez que os requisitos de clareza e liquidez, previstos no art. 689 da Instrução Normativa 100 de 18 de dezembro de 2003, não foram alcançados. Isso porque não foram identificados os trabalhadores que exercem atividade em condições especiais. Quanto ao requisito da liquidez, alega a Recorrente que não existe nos autos a comprovação da remuneração individualizada e apurada mensalmente. Finalmente, alega a Recorrente que o arbitramento adotado pelas autoridades fiscais é instrumento que só deve ser utilizado nas hipóteses em que o sujeito passivo não mantenha escrituração contábil e fiscal regulares e pela inexistência de documentos que possibilitem a avaliação dos riscos ambientais do trabalho. Fl. 520DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 518 7 Incorretas as alegações do Recorrente. Isso porque, o arbitramento se deu em razão de não ter a empresa cumprido a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços. Tal fato evidencia a responsabilidade da CSN, uma vez que, conforme disposto no subitem 7.1.3 da NR 07 "caberá à empresa contratante de mão de obra prestadora de serviços informar a empresa contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do PCMSO os locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados" Sendo assim, como não foram apresentados pela Recorrente os documentos regularmente solicitados no TIAD emitidos na ação fiscal e tendo em vista o fato de que a fiscalização concluiu que todos os segurados cedidos nos termos dos contratos S10295388 e S10202543 submetiamse aos riscos ocupacionais, correto o procedimento utilizado do lançamento. Dessa forma, não há que se falar em falta de clareza ou liquidez do lançamento, uma vez que da NFLD consta, de forma clara, o fundamento legal e a indicação dos valores apontados, possibilitando à Recorrente entender o procedimento utilizado para apuração do quantum devido. Os fatos geradores foram devidamente identificados e motivados, não havendo que se falar em nulidade por falta de clareza e certeza. 1.4) DA FALTA DE COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA CONTRATADA. Por fim, alega a Recorrente que a autoridade fiscal não tem competência para desconsiderar os programas apresentados pela empresa contratada, uma vez que tais documentos são privativos de profissionais de profissão regulamentada por lei federal. Quanto à falta de demonstração da capacitação profissional da fiscalização para dissertar sobre questões relacionadas à segurança do trabalho, é preciso considerar que as atribuições para o exercício do cargo público são fixadas por lei, em especial a que cria o cargo público. As valorações acerca do grau de especialização para exercício das funções são feitas. pelo legislador e não pela Administração Pública ou pelos agentes públicos ou privados. No caso dos auditores fiscais, suas atribuições constam da Lei nº 10.593/2002, merecendo destacar a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados. Eventual assistência de outros profissionais (médicos e engenheiros do trabalho) para subsidiar eficazmente as conclusões do auditor fiscal é possível, embora não seja obrigatória, em virtude das prerrogativas asseguradas e das funções atribuídas legalmente Em face do exposto, rejeito a preliminar. 2) MÉRITO Quanto ao mérito, a Recorrente reitera as alegações no sentido de que apuração da base de cálculo, ao eleger como critério o valor bruto das notas fiscais, sem individualizar os segurados apresenta grande distorção, motivo pelo qual, requer diligência fiscal. A discussão sobre os critérios adotados pela autoridade fiscal para determinar a base de cálculo já foram detalhadas no item 1.3 da presente decisão. Fl. 521DF CARF MF 8 Quanto ao pedido de conversão do julgamento em diligência para realização de prova pericial, não há dúvida de que o ordenamento jurídico brasileiro, a começar pela Constituição Federal de 1988, consagra o respeito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, aos litigantes em processo judicial ou administrativo. Isso não significa, entretanto, que toda e qualquer diligência requerida pela parte deva ser deferida pelo julgador. Nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72, a possibilidade de realização de diligências para apuração dos fatos é uma faculdade do julgador, devendo ser exercida quando houver dúvida acerca dos aspectos fáticos constantes nos autos, sem violação de qualquer direito constitucionalmente assegurado. É importante enfatizar que a cobrança do adicional ao SAT está associada ao desempenho de atividades que exponham segurados a riscos ambientais do trabalho, os quais produzem prejuízos presumidos à higidez física e mental do trabalhador. Isso significa que, para a cobrança do adicional ao SAT, a exposição ao agente nocivo acima dos limites regulamentares deve ser contínua e efetiva, embora os prejuízos ao empregado sejam presumidos. Ou seja, o fato de o empregado eventualmente não obter a concessão de aposentadoria especial (por exemplo, porque o tempo de exposição ao agente nocivo foi inferior ao patamar legal) não exime a empresa de contribuir com o adicional ao SAT. Os art. 57 e 58 da Lei nº 8.213/91 constituem o fundamento legal do adicional ao SAT (grifos nossos): Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do saláriodebenefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49. § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo Fl. 522DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 519 9 critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995) § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 8º Aplicase o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo Fl. 523DF CARF MF 10 trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis. Tratase de ônus imposto à empresa. Por isso, a pertinência do art. 410 da Instrução Normativa INSS/DC nº 100/2003, que nada mais faz do que esclarecer e regulamentar o papel do laudo técnico mencionado nos parágrafos 1º e 2º do art. 58 da Lei nº 8.213/91: Art. 410. Em procedimento fiscal que for constatada a falta do PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO, LTCAT ou PPP, quando exigíveis ou a incompatibilidade entre esses documentos, o AFPS fará, sem prejuízo das autuações cabíveis, o lançamento arbitrado da contribuição adicional, com fundamento legal previsto no § 3º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o art. 233 do RPS, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário O art. 410, acima transcrito, prescreve o arbitramento do adicional ao SAT aos casos de falta ou incompatibilidade entre as demonstrações ambientais, como é a hipótese dos autos. 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 524DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.002959/2010-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
CRÉDITO. PRODUTO NÃO TRIBUTADO. IMPOSSIBILIDADE.
Impõe-se a glosa dos créditos relativos às aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na industrialização indistinta em produtos não tributados NT, conforme Súmula 20 do CARF e IN SRF 33/99.
Numero da decisão: 3201-003.676
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso.
(assinatura digital)
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
Nome do relator: 31154744825 - CPF não encontrado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1403; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 348 1 347 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.002959/201076 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.676 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de maio de 2018 Matéria IPI Recorrente POLAR EDITORA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/07/2005 A 30/09/2005 CRÉDITO. PRODUTO NÃO TRIBUTADO. IMPOSSIBILIDADE. Impõese a glosa dos créditos relativos às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na industrialização indistinta em produtos não tributados “NT”, conforme Súmula 20 do CARF e IN SRF 33/99. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. (assinatura digital) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 29 59 /2 01 0- 76 Fl. 348DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 324 em face da decisão de primeira instância da DRJ/PA de fls. 296 que manteve o despacho decisório de fls. 185 e o crédito de IPI não reconhecido. Como é de costume desta Turma de julgamento a transcrição do relatório do Acórdão de primeira instância, segue para apreciação conforme fls. apontadas acima: "Tratase de ressarcimento de saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI apurado no terceiro trimestre de 2005, no valor de R$ 37.748,79, cumulado com declarações de compensação. A unidade de origem, após a realização de diligência destinada a apurar a liquidez e certeza do direito creditório invocado, expediu a Informação Fiscal e o Despacho Decisório de fls. 185/204 reconhecendo direito creditório no valor de R$ 20.268,02 e homologando parcialmente a declaração de compensação nº 17600.87273.17100513,014130, até o limite do crédito reconhecido, e não homologando a declaração de compensação nº 29877.49613.170106.1.3.010684, sob os seguintes fundamentos: “(...) créditos básicos por entradas, destacados em notas fiscais, foram creditados no livro Registro de Apuração do IPI (...). Nada foi escriturado a débito no RAIPI no período, sendo informado que “NÃO OCORRERAM MOVIMENTOS NESTE PERÍODO” (...). Tais informações foram verificadas inverídicas, divergem do informado no livro Registro de Apuração do ICMS, que demonstra as operações da empresa, muito embora a maior parte da movimentação, de fato, não tivesse incidência do IPI. Dos créditos lançados no RAIPI verificouse a existência e o valor destacado nas notas fiscais de entrada, inclusive as da relação de fls. 115/118.. Com relação ao crédito baseado no art. 165 do Decreto 4.544/2002, verificouse que grande parte das notas fiscais tinham sido emitidas por empresas optantes pelo SIMPLES, cujo crédito é vedado pelo art. 118 do mesmo decreto. As notas fiscais não admitidas para esse crédito, listadas nas folhas 110, 112 e 114, estão fotocopiadas nas folhas 125/147, sendo admitido apenas os valores de R$ 134,34 em julho, R$ 32,58 em agosto e R$ 2,76 em setembro. Foram glosados os valores de R$ 371,39 em julho, R$ 944,01 em agosto e R$ 129,59 em setembro (fl. 161, coluna Glosas de Créditos Ressarcíveis), sendo desconsideradas as notas fiscais emitidas pelas empresas abaixo, que figuravam nos cadastros da RFB como optantes pelo SIMPLES no período em tela (...). (...) Foi constatado que contribuinte produz produtos tributados com diversas alíquotas e não tributados. Foi constatado que o contribuinte não destacou ou recolheu qualquer valor a título de IPI devido relativo aos produtos que produz. (...) Fl. 349DF CARF MF Processo nº 11516.002959/201076 Acórdão n.º 3201003.676 S3C2T1 Fl. 349 3 Verificase que alguns dos produtos produzidos eram tributados com alíquota positiva, tendo, então, incorrido em infração tributária consistente em falta de destaque do IPI na saída da mercadoria correspondente. Tal fato se materializou porque o contribuinte classifica incorretamente seus produtos em relação à Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, em especial em relação aos produtos BLOCO, ao qual o contribuinte atribui classificação fiscal no código 4911.10.90, com alíquota zero e ENVELOPE, que o contribuinte classifica No código 4911.99.00. 2.1 Das correções da classificação fiscal 2.2.1 – Blocos O contribuinte classificou os blocos que produziu no código 4911.10.90 (fl. 16), aplicando em suas saídas a alíquota zero correspondente. Abaixo transcrevemos o texto da TIPI relativo ao capítulo 49, das posições 4910 e 4911, detalhando até o código 4911.10.90. (...) Da simples leitura dos textos dos capítulos, posições e subposições verificase que a correta classificação fiscal do item BLOCO é no código 4820.10.00, por ser mais específico. Cabe salientar, ainda, que a IN SRF n° 157, de 10 de maio de 2002, aprova o texto consolidado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, do qual extraímos as notas relativas à posição 48.20, constante da página 895 de seu anexo: (...) Para que não restasse qualquer dúvida sobre a classificação dos blocos e calendários, o contribuinte foi intimado a fornecer amostras quando da verificação dos créditos do 2º trimestre do mesmo ano, tendo atendido à solicitação. A amostra então apresentada permitiu a conclusão de que se trata de um bloco de folhas personalizadas, pautados, sem formulários, porém claramente destinado a apontamentos. Não se trata de catálogos, estampas, gravuras ou fotografias e tem classificação fiscal específica no código 4820.10.00, não podendo ser confundido com outros impressos. Em resumo; os BLOCOS, compreendidos os blocos de anotações, de notas fiscais, de cupons, de pesquisa, de próxima consulta, etc que o contribuinte produziu nos períodos em tela classificamse na posição 4820.10.00 e são tributados à alíquota de 15% e permaneceram com esta alíquota durante todos estes períodos. Tendo em vista que o contribuinte pode creditarse dos saldos credores que ainda não tinham sido aproveitados e gerados nos cinco anos anteriores à data de seu creditamento, é forçoso verificarse a existência do crédito, verificandose também se não deixaram de ser descontados os débitos correspondentes às saídas neste período. Todavia, os saldos devedores porventura evidenciados com este procedimento não são passíveis de exigência, se já tinha ocorrido o Fl. 350DF CARF MF 4 decurso do prazo decadencial de 5 anos quando da constatação da infração. Assim, aplicouse a alíquota correta de 15% sobre as saídas que deixaram de ser tributadas, descontandose o resultado do saldo credor creditado. É interessante frisar que o contribuinte, apesar de classificar alguns de seus produtos na posição 4910.00.00, tributada A alíquota de 10%, nada lançou no RAIPI. O resultado da recomposição da escrita está nas folhas 161/162. As multas correspondentes As infrações previstas no art. 488, inciso I, do Decreto n° 4.544/02 (RIPI/02) serão lançadas em processo separado, quando cabível. 2.1.2 – Calendários O contribuinte classificou os calendários personalizados que produziu no código 4911.10.90, aplicando em suas saídas a alíquota zero correspondente. Em oposição, transcrevemos agora o texto relativo ao código 4910.00.00 da TIPI: (...) Transcrevemos abaixo o texto consolidado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (...): (...) Desta forma, claro está que os calendários são classificados no código NCM 4910.00.00 e tributados à alíquota de 10%. 2.1.3 – Envelopes Os envelopes de papel ou cartão não se classificam em posição específica de envelope se utilizados como acessórios de cartões ou outros impressos, casos em que acompanham a classificação do produto principal ou conjunto. As notas fiscais de venda dos envelopes em tela não citam a venda concomitante de outros produtos que pudessem afastar a classificação fiscal dos envelopes da posição mais especifica, 4817.10.00, devendo ser tributados à alíquota de 5%, conforme as alterações introduzidas na TIPI pelo Decreto n° 4.542, de 26 de dezembro de 2002. Aqueles claramente identificados como envelopes para convites ou cartões, comercializados em conjunto não foram reclassificados. (...) O contribuinte classificou incorretamente seu produto ENVELOPE na posição 4911.99.00, destinada a outros impressos, outros, posição residual, aplicando em suas saídas a alíquota zero correspondente. 2.1.1 Dos produtos amparados por imunidade objetiva De acordo com o texto do capítulo 49 da TIPI, acima transcrito, sem dúvida os livros, jornais e outros produtos da indústria gráfica classificamse neste capítulo. O contribuinte classificou seus produtos JORNAL e INFORMATIVO na posição 4911.10.10, aplicando em suas saídas a alíquota zero correspondente. Porém, a posição mais específica para os jornais e publicações periódica é a posição 49.02. (...) Fl. 351DF CARF MF Processo nº 11516.002959/201076 Acórdão n.º 3201003.676 S3C2T1 Fl. 350 5 Tratamse dos produtos jornal ou periódicos, classificação fiscal 4902.10.00 ou 4902.90.00, conforme a periodicidade. Transcrevemos abaixo o texto consolidado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (...): (...) Também as revistas são classificadas nesta posição, o que foi aceito pelo contribuinte que nela classificou as revistas que produziu. Ainda, o contribuinte produziu produtos que denominou CARTILHA e MANUAL, classificandoos no código 4911.10.90, aplicando em suas saídas a alíquota zero correspondente. As características das amostras apresentadas mostram claramente que se tratam de livros ou livretes. Tanto as CARTILHAS quanto os MANUAIS são livros ou livretes grampeados ou brochados, que são utilizados como manuais a respeito de um determinado assunto. Porém, a posição mais específica para livros é a posição 49.01. (...) Transcrevemos abaixo o texto consolidado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (...): (...) Apesar de não haver IPI a cobrar no caso destes produtos (JORNAIS, PERIÓDICOS, REVISTAS, MANUAIS e CARTILHAS), a correta classificação fiscal acarreta um efeito tributário diferente. Ocorre que por força do disposto no Ato Declaratório Interpretativo n° 5, de 17 de abril de 2006, publicado no DOU de 18 de abril de 2006, abaixo transcrito, não é possível a manutenção de créditos de matériaprima, produtos intermediários ou material de embalagem utilizados na produção destes produtos, sendo obrigatório o estorno proporcional à produção destes produtos em relação ao total produzido. Assim, não se aplica o disposto no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, bem como no art. 4° da Instrução Normativa SRF n° 33/99, porque estes produtos estão afastados do campo de incidência do IPI e também excluídos do referido art. 11. (...) 2.2 Do cálculo do crédito admitido Com base nas informações prestadas no (...) DACON, foi feito o quadro abaixo representativo das receitas declaradas (fls. 119 e 121, DACON, Ficha 08A, linha 3). (...) (...) o rateio proporcional previsto no art. 3° da IN SRF n° 33/1999 passou a ser a única forma de calcular o valor a excluir dos créditos de IPI pretendidos. A fim de possibilitar este rateio, a tabela abaixo contempla a soma das receitas brutas dos 3 meses Fl. 352DF CARF MF 6 anteriores a partir de julho de 2005 (julho = abril + maio + junho; agosto = maio + junho + julho e assim sucessivamente). (...) A receita da produção amparada por imunidade foi calculada com base na listagem e arquivos fornecidos pelo contribuinte, sendo as notas fiscais correspondentes listadas nas folhas 163/170, resumidas no quadro abaixo: (...) A fim de possibilitar o rateio, a tabela abaixo contempla a soma das receitas da produção amparada por imunidade dos 3 meses anteriores a partir de julho de 2005 (julho = abril + maio + junho; agosto = maio + junho + julho e assim sucessivamente). (...) Desta forma, devem ser aplicados, em cada mês, sobre o total de créditos de IPI admitidos (após as glosas por não se enquadrarem como MP, PI e ME, adiante descritas) os percentuais do quadro abaixo para definirse os valores de insumos comuns que devem ser glosados por terem sido utilizados na produção de produtos que não gozam do direito à manutenção e à utilização do crédito. (...) Assim, os percentuais acima devem ser aplicados sobre os créditos escriturados no RAIPI para gerar a coluna GLOSA PROPORCIONAL À PRODUÇÃO IMUNE na tabela de reconstituição da escrita, presente na folha 161/162. 2.3 Dos débitos por alteração da classificação fiscal Conforme citado acima, a classificação fiscal incorreta dos itens BLOCO e ENVELOPE levou à falta de destaque do IPI devido nas saídas destes itens. A multa correspondente à infração prevista no art. 488, inciso I, do Decreto nº4.544/02 (RIPI/02) será lançada em processo separado, se cabível. A listagem de notas fiscais nas quais houve saídas tributadas sem o correspondente destaque do IPI está na fl. 171, sendo as cópias das notas fiscais em tela anexadas a fls. 148/160. Abaixo transcrevemos o quadro com o resumo. (...)”Cientificado em 06/10/2010 (fl. 204), o sujeito passivo apresentou, em 04/11/2010, a manifestação de inconformidade de fls. 210/224, na qual alega: “(...) o deferimento parcial da compensação pleiteada foi decorrência direta do resultado da fiscalização, sendo que o saldo credor de IPI foi reduzido de oficio em razão de: a) glosa de créditos relativos As aquisições de produtos feitos por empresa no SIMPLES; b) alteração de alíquota zero para alíquota positiva nas saídas de blocos, calendários publicitários e envelopes; e, c) glosa de créditos proporcionais às saídas de produtos com imunidade objetiva (não tributados — NT), classificados pela empresa como alíquota zero. (...) Da classificação fiscal dos Blocos e Calendários Promocionais: Fl. 353DF CARF MF Processo nº 11516.002959/201076 Acórdão n.º 3201003.676 S3C2T1 Fl. 351 7 Os blocos e calendários produzidos pela Contribuinte são destinados a ações promocionais, isto é, destacam a marca e/ou o produto dos contratantes e não são destinados à comercialização por parte destes. Todas as amostras apresentadas à fiscalização nos procedimentos relacionados aos trimestres anteriores continham tais características. (...) O caráter publicitário fica destacado inclusive pela forma como são realizados muitos pedidos de impressão, por meio de agências de publicidade que criam, autorizam, acompanham e aprovam o produto final acabado, como se verifica nas Notas Fiscais n°s 6550, 8869, 7383, 9133 e 8837, relativos a blocos faturados contra agencias, ou Nota 8070, referente a calendário, como se percebe dos Cartões do CNPJ (doc. 04). (...) Tratase, portanto, de material promocional em que se destacam a publicidade em torno da marca e/ou as ações e feitos realizados pelos clientes. É importante reafirmar que a contratação do sujeito passivo do IPI por empresas que não exploram o comércio de tais produtos revela a característica determinante para a realização do impresso, qual seja, sua função publicitária. Caso não houvesse tal destinação nenhum dos produtos seria contratado junto à Contribuinte, ou seja, o elemento essencial é a promoção da marca do contratante. Tomandose tal premissa, a classificação fiscal adotada pela contribuinte foi a 4911.10.90 da TIPI, conforme segue: (...) A fiscalização ignorou o elemento fundamental e equiparou os blocos e calendários publicitários produzidos pela Contribuinte àquelas comercializadas em papelarias. Tal analogia desconsiderou a razão pela qual o material gráfico é contratado e impresso, qual seja, a publicidade, conforme indicado no item da TIPI utilizado de forma correta pela Contribuinte. A própria citação retirada pelos auditores das (...) NESH confirma que o importante é a natureza final do produto. (...) (...) Apenas a titulo argumentativo, ainda que houvesse dúvidas sobre o enquadramento dos artigos produzidos, deverseia aplicar o art. 112 do CTN: (...) b) Dos Envelopes como acessórios e específicos para acompanhar folders produzidos pela Contribuinte: A Contribuinte não produz envelopes offset para serem revendidos em papelarias e afins. Todos os envelopes impressos possuem seu correspondente conteúdo (folders em geral), também produzidos pela empresa, como visualizado na planilha abaixo, que contém o envelope seguido do seu conteúdo. O que ocorre, frequentemente, é o faturamento do envelope e do seu Fl. 354DF CARF MF 8 conteúdo em notas fiscais separadas, como se pode observar na planilha feita a partir daquela entregue à fiscalização e respectivos espelhos dos documentos fiscais anexos (doc. 05): (...) Assim, percebese que os envelopes produzidos pela Contribuinte são sempre acessórios em relação aos folders e afins, já que são impressos especialmente para levar estes conteúdos aos clientes do contratante, não se enquadrando na posição 48.17.10.00, mas sim na 4911.99.00, que possui alíquota zero já que acompanha os outros impressos. c) Do crédito decorrente das saídas de produtos enquadrados na alíquota zero indevida classificação de ofício como não tributados (imunes): Os agentes autuantes discordaram da classificação feita pela Contribuinte de seus produtos (jornais, revistas e informativos) na posição 4911.10.10 (impressos publicitários), enquadrandoos nos códigos 4902.10.00 e 4902.90.00, que dizem: (...) No entanto, estas publicações destacadas pela fiscalização possuem caráter publicitário, na medida em que cumprem os requisitos legais trazidos na classificação 49.01 (Livros, brochuras e impressos semelhantes, mesmo em folhas soltas), encontrada no NESH, aprovado pela IN n° 157/02: (...) Desta maneira, a Contribuinte levou em consideração a natureza dos seus produtos (publicidade) para realizar a classificação na TIPI, resultando na saída sob alíquota zero e possibilitando a utilização do crédito em sua conta gráfica. Realmente a posição 4911.10.10 não é a mais adequada para a espécie, pois existe previsão específica no código 49.02. Contudo, as subclasses 4902.10.00 e 4902.90.00 prevêem tratamento distinto para as peças publicitárias, sendo correto manter os créditos decorrentes das saídas dos produtos que preencham as características de publicidade exigidas pela legislação citada acima (NESH). Uma simples leitura do nome/título das publicações selecionadas pelos agentes fiscais serve para atestar que muitas delas se enquadram neste conceito de publicidade, tais como: “INFORMATIVO ABRASEL”: nota fiscal 7261, “INFORMATIVO FECOMÉRCIO”: Nota 7535; “INFORMATIVO LOJISTA CATARINENSE”: nota 6785, “INFORMATIVO SINDIFISCO”: nota 7926, “INFORMATIVO SINDUSCON”: nota 7009, “JORNAL AJUT”: nota 8042, “JORNAL SINDUSCON”: nota 6463, “REVISTA MEGAMED”: nota 8015, “REVISTA SANTUR SANTA CATARINA BRASIL 8 PAGINAS (PORTUGUES)”: nota 6596, etc. (...) Outras publicações listadas pela fiscalização também devem seguir o mesmo caminho, visto que se trata de manuais técnicos de produtos, os quais foram corretamente classificados pela Contribuinte, enquadrandose na posição 4911.10.10: Fl. 355DF CARF MF Processo nº 11516.002959/201076 Acórdão n.º 3201003.676 S3C2T1 Fl. 352 9 (...) Este é o caso, por exemplo, do “MANUAL INSTALAÇÃO”: Nota Fiscal 7351, e do produtos “LAMINA – MANUAL DE INSTRUÇÃO”: Nota Fiscal 6950. Além do mais, quando as cartilhas e manuais não se enquadrarem no código 4911.10.10 (artigos técnicos), visto acima, igualmente serão submetidas à alíquota zero da posição 49.02, quando corresponderem à publicidade, como ocorre com boa parte deste material, conforme previsão do NESH sobre o código 49.01 (...): (...) Deste modo, a questão das saídas de produtos consideradas pela fiscalização como não tributadas resolvese por meio da constatação de que: a) tratase de material publicitário, nos termos exigidos pela legislação do IPI (NESH aprovado pela IN n° 175/02), sendo pois submetidos ao Exemplo 01 dos códigos 4902.10.00 e 4902.90.00 (alíquota zero); e, b) tratase de cartilhas e manuais técnicos de equipamentos, enquadráveis na posição 4911.10.10 e sujeitos à alíquota zero. Cabe ressaltar, por fim, a aplicação da interpretação mais favorável à Contribuinte, quando pairarem dúvidas acerca das características físicas e funcionais dos seus produtos impressos, nos termos do artigo 112, incisos I e II, do CTN, citado anteriormente. (...) d) Do direito ao crédito dos insumos aplicados nas saídas não tributadas (imunes), em razão da aplicação do artigo 4°, da IN n° 33/99: Caso não sejam aceitos os argumentos em relação às saídas sujeitas à alíquota zero, que dão direito ao crédito dos materiais consumidos na produção dos impressos, expostos acima, a Contribuinte requer seja aplicado o artigo 4°, da IN n° 33/99, que autoriza o creditamento sobre as saídas não tributadas (imunes), na redação vigente até a publicação do Ato Declaratório Interpretativo n° 05/06. Os créditos de IPI ora glosados nasceram da aquisição de produtos e operações de saídas realizadas pela Contribuinte, entre janeiro de 2003 e junho de 2005, quando vigorava a IN ° 33/99, que em seu artigo 4° previa: (...) O teor desta norma foi seguido irrestritamente pela Receita Federal, como se verifica na Solução de Consulta Fiscal n° 127/2003, editada pela SRRF da 6ª Região Fiscal, trazida abaixo como exemplo: (...) Somente em 18/04/2006, sob o pretexto interpretativo, houve verdadeira alteração na redação do artigo 4°, da IN n° 33/99, Fl. 356DF CARF MF 10 quando foi publicado o Ato Declaratório Interpretativo n° 05/06, nestes termos: (...) A partir deste momento, as operações atingidas por imunidade objetiva, como é o caso da Contribuinte, que produz jornais, periódicos e revistas, também deixaram de gerar crédito de IPI. Os próprios fiscais utilizaram expressamente esta nova regra para desconsiderar o creditamento nas saldas destes artigos, como se observa na página 13 da Informação Fiscal. A não observância dos termos do artigo 4°, da IN 33/99, aplicando se retroativamente as regras do Ato Declaratório Interpretativo n° 05/06, contraria o disposto no artigo 146, do CTN: (...) O direito ao crédito deve ser mantido, assim, em razão de estarse diante de produtos atingidos pela imunidade, valendo a regra do artigo 4° da IN n° 33/99, vigente à época dos fatos, instituída em respeito ao artigo 11, da Lei n° 9.779/99, com base no princípio constitucional da nãocumulatividade do IPI. Mesmo que o entendimento seja diverso, cabe invocar o artigo 100, parágrafo único, do CTN a fim de afastar a imposição de quaisquer penalidades e juros de mora sobre os débitos que não foram compensados em razão da glosa dos créditos ora debatida.” É o relatório." Este Acórdão de primeira instância da DRJ de fls. foi publicado com a seguinte Ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PAF. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS. MP, PI E ME EMPREGADOS EM PRODUTOS NT. Não podem ser escriturados créditos relativos a matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem que se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, inclusive quando se trate de produtos alcançados por imunidade. RESSARCIMENTO. DIREITO CREDITÓRIO. REQUISITOS E CONDIÇÕES. O ressarcimento de IPI vinculase ao preenchimento das condições e requisitos determinados pela legislação tributária que rege a espécie, devendo ser indeferido em sua parcela cuja existência não tenha sido comprovada pelo contribuinte. DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. QUANTUM RECONHECIDO. Fl. 357DF CARF MF Processo nº 11516.002959/201076 Acórdão n.º 3201003.676 S3C2T1 Fl. 353 11 A declaração de compensação somente pode ser homologada na exata medida do direito creditório comprovado pelo sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido." Os autos foram distribuídos para este Conselheiro e pautados para julgamento nos moldes do regimento interno. Relatório proferido. Voto Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Relator. Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. Foi constatado que o contribuinte protocolou pedido de ressarcimento sobre saldo credores decorrentes de créditos do IPI relativos a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos para emprego na industrialização de produtos não tributados ou imunes. É certo ao julgamento administrativo de segunda instância, conforme Súmula 20 deste Conselho, que não há direito a crédito de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT e, não há qualquer prova ou sequer alegação do contribuinte que permita concluir que este não se creditou nestas situações. A simples alegação de que seus produtos seriam imunes e que esta condição não se equipara aos produtos "não tributados" ou, a simples alegação de que os insumos são de ação direta na produção, não é suficiente para concretizar a materialidade do direito ao crédito de IPI nas operações, visto que o ônus da prova é do contribuinte nos casos de crédito. Diante desta análise de fundo, perde valia a discussão a respeito da classificação das agendas, blocos, envelopes e calendários, visto que, independentemente da classificação fiscal deste produtos, esta lide administrativa trata somente do reconhecimento ou não do direito ao crédito e, dentro desta análise em que a lide ficou limitada, o contribuinte não comprovou ter tal direito. Sobre os mesmos fundamentos utilizados na decisão de primeira instância, é possível manter o entendimento de que é incorreto o creditamento sobre os produtos NT na tabela TIPI. Fl. 358DF CARF MF 12 Diante de todo o exposto, votase para NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Voto proferido. (assinatura digital) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 359DF CARF MF
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Numero do processo: 10675.901946/2014-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.469
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimaraes, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Ester Marques Lins de Sousa. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Rafael Gasparello Lima e Luis Henrique Marotti Toselli.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimaraes, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Ester Marques Lins de Sousa. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Rafael Gasparello Lima e Luis Henrique Marotti Toselli.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimaraes, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Ester Marques Lins de Sousa. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Rafael Gasparello Lima e Luis Henrique Marotti Toselli. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição cujo crédito é decorrente de pagamento a maior que o devido. No despacho decisório o direito creditório não foi reconhecido porque o pagamento em questão fora integralmente utilizado na quitação de débito devidamente declarado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 75 .9 01 94 6/ 20 14 -1 0 Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10675.901946/201410 Resolução nº 1201000.469 S1C2T1 Fl. 3 2 Foi protocolada manifestação de inconformidade em que foi alegado tratarse de pagamento de tributo já retido pela fonte pagadora. A manifestação foi considerada improcedente uma vez que, pelos elementos de prova carreados aos autos, não se observa ter ocorrido pagamento em duplicidade de tributo sujeito à retenção na fonte. O pagamento referese a tributo devido pela sistemática do lucro presumido, regularmente apurado e declarado. No Recurso Voluntário foi alegado: a) que houve prestação de serviços da recorrente e a fonte pagadora efetuou a retenção do imposto; b) a recorrente também recolheu imposto do período, ocasionando o recolhimento em duplicidade; c) foram produzidas provas que comprovam o recolhimento em duplicidade. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201 000.457, de 17/05/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10675.901644/201441, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.457): "Admissibilidade. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, dele devendose conhecer. Mérito. Segundo o recorrente, houve pagamento em duplicidade, uma vez a retenção na fonte relativamente aos serviços por ele prestados e, posteriormente, pagamento do imposto desse mesmo período. Ocorre que o valor pago referese ao imposto apurado no período trimestral pela sistemática do Lucro Presumido e, conforme pode ser visto desde o Despacho Decisório, esse pagamento corresponde ao valor apurado e devidamente declarado. Esse o motivo do indeferimento do pleito. Contudo, não consta dos autos a DIPJ do período correspondente, pelo que não é possível verificar se houve ou não a dedução do IRRF na apuração do imposto e, ainda, o resultado dessa apuração. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10675.901946/201410 Resolução nº 1201000.469 S1C2T1 Fl. 4 3 Fazse pois necessária a juntada aos autos da DIPJ do período e a demonstração do imposto a pagar apurado. Conclusão. Em face do exposto, voto por converter o presente julgamento em diligência para: a) juntadas das cópias da DIPJ e da DCTF (e eventuais retificadoras) do período correspondente; b) confirmação das retenções do IRRF; c) verificação quanto à dedução do imposto retido; d) que se apure eventual pagamento a maior (crédito passível de utilização). O contribuinte poderá ser intimado a prestar esclarecimentos, a juízo da autoridade diligenciante. A conclusão deverá constar de relatório circunstanciado do qual se dará ciência ao interessado para que, querendo, se manifeste no prazo de trinta dias. Com ou sem a manifestação do interessado, os autos deverão retornar a este colegiado para julgamento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47 do RICARF, voto por converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 54DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720419/2012-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
PROVISÕES. DEDUTIBILIDADE. REQUISITOS
A teor do artigo 13, da Lei nº 9.249, de 1995, as provisões, excetuadas as relativas às férias, 13º salário, créditos de liquidação duvidosa e provisões técnicas de companhias de seguro, de capitalização e de entidades de previdência privada, são indedutíveis.
DESPESAS COM SERVIÇOS. NÃO COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE.
São indedutíveis para a apuração do lucro tributável as despesas decorrentes de "serviços de consultoria" tomados pelo contribuinte quanto este, devidamente intimado, não faz prova da efetiva fruição dos mesmos.
PARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS NOS LUCROS - PLR. DEDUTIBILIDADE. CONDIÇÕES
A dedutibilidade das despesas com as participações dos empregados nos lucros (PLR) passa, necessariamente, pela obediência ao artigo 2º da Lei nº 10.101/2000 e ao artigo 299, § 3º, incisos I e II do caput. Ausente qualquer demonstração dos critérios de pagamento dos valores classificados como participações nos lucros, não é possível aferir se aqueles requisitos foram atendidos, pelo que a glosa é imperativa.
DESPESAS. DEDUTIBILIDADE. REGRA GERAL
As despesas incorridas pelas pessoas jurídicas para que possam ser tidas como dedutíveis da base imponível do IRPJ devem ser usuais, normais e necessárias às atividades, representarem o sacrifício suportado para que se aufira receita e lastrearem-se em documentos hábeis e idôneos, sem o que, embora possam ser gastos na acepção econômica do termo, não se revestem dos requisitos exigidos pela legislação tributária para que sua dedução seja aceita. Inteligência dos artigos 299, 251, 276 e 923, do RIR/1999 e Resolução CFC (Conselho Federal de Contabilidade) nº 563/83, de 28/10/1983, vigente à época dos fatos tratados.
PERDAS COM RECEBIMENTO DE CRÉDITO. ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO. CONDIÇÕES PARA DEDUTIBILIDADE DAS PERDAS DA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO
Para que a administradora de cartões possa deduzir as perdas no recebimento de créditos é necessário que tais créditos sejam decorrentes da atividade operacional da empresa, haja comprovação de que tenha suportado o prejuízo decorrente da perda e sejam observados os demais requisitos impostos pelo artigo 9º, da Lei nº 9.430/1996, correspondente ao art. 340 do RIR/1999.
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
CSLL. CRITÉRIOS DE DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS EM SUA APURAÇÃO. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
A CSLL tem como base de cálculo o lucro líquido do período, com os ajustes determinados na legislação de regência. Neste sentido, os artigos 248 e 277, ambos do RIR/99. O lucro operacional traduz-se no resultado do confronto entre as receitas operacionais e as despesas operacionais (artigo 299 do RIR/99). Da interpretação sistemática destes dispositivos, deduz-se que somente poderão reduzir o lucro líquido as despesas operacionais que preencham os requisitos previstos no artigo 299, quais sejam, as despesas necessárias e devidamente comprovadas. Os dispêndios glosados afetam o próprio resultado do exercício e, consequentemente, também a base de cálculo da Contribuição Social, como definida no art. 2º da Lei 7.689, de 1988, com as alterações do art. 2º da Lei 8.034, de 1990. Além disso, o art. 13 da Lei nº 9.249/95, quando trata das despesas indedutíveis das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, é taxativo ao dispor que tais vedações de dedutibilidade se aplicam independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.502/64, justamente a base legal do art. 299 do RIR/99. Portanto, dada a relação de causa e efeito entre as glosas efetuadas para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, mantém-se a glosa realizada pela Fiscalização.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
MULTA AGRAVADA.
O agravamento da penalidade só se mostra possível quando presentes (ou ausentes) atos do fiscalizado no sentido de tolher ou obstruir o procedimento fiscal de forma contumaz. Tendo o contribuinte, de uma forma ou outra, integral ou parcialmente, na data fixada ou após esta, apresentado o que lhe foi exigido e contribuído para que a ação fiscal se desenrolasse e chegasse ao final, descabe o agravamento
Numero da decisão: 1402-002.964
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa, reduzindo-a a 75% e, no mérito, por maioria, manter integralmente os lançamentos, vencidos, nesta parte, os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Eduardo Morgado Rodrigues e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira que davam provimento para cancelar as infrações, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Julio Lima Souza Martins, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei Lucas e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 PROVISÕES. DEDUTIBILIDADE. REQUISITOS A teor do artigo 13, da Lei nº 9.249, de 1995, as provisões, excetuadas as relativas às férias, 13º salário, créditos de liquidação duvidosa e provisões técnicas de companhias de seguro, de capitalização e de entidades de previdência privada, são indedutíveis. DESPESAS COM SERVIÇOS. NÃO COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. São indedutíveis para a apuração do lucro tributável as despesas decorrentes de "serviços de consultoria" tomados pelo contribuinte quanto este, devidamente intimado, não faz prova da efetiva fruição dos mesmos. PARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS NOS LUCROS PLR. DEDUTIBILIDADE. CONDIÇÕES A dedutibilidade das despesas com as participações dos empregados nos lucros (PLR) passa, necessariamente, pela obediência ao artigo 2º da Lei nº 10.101/2000 e ao artigo 299, § 3º, incisos I e II do caput. Ausente qualquer demonstração dos critérios de pagamento dos valores classificados como participações nos lucros, não é possível aferir se aqueles requisitos foram atendidos, pelo que a glosa é imperativa. DESPESAS. DEDUTIBILIDADE. REGRA GERAL As despesas incorridas pelas pessoas jurídicas para que possam ser tidas como dedutíveis da base imponível do IRPJ devem ser usuais, normais e necessárias às atividades, representarem o sacrifício suportado para que se aufira receita e lastrearemse em documentos hábeis e idôneos, sem o que, embora possam ser gastos na acepção econômica do termo, não se revestem dos requisitos exigidos pela legislação tributária para que sua dedução seja aceita. Inteligência dos artigos 299, 251, 276 e 923, do RIR/1999 e Resolução AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 04 19 /2 01 2- 81 Fl. 2192DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.193 2 CFC (Conselho Federal de Contabilidade) nº 563/83, de 28/10/1983, vigente à época dos fatos tratados. PERDAS COM RECEBIMENTO DE CRÉDITO. ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO. CONDIÇÕES PARA DEDUTIBILIDADE DAS PERDAS DA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO Para que a administradora de cartões possa deduzir as perdas no recebimento de créditos é necessário que tais créditos sejam decorrentes da atividade operacional da empresa, haja comprovação de que tenha suportado o prejuízo decorrente da perda e sejam observados os demais requisitos impostos pelo artigo 9º, da Lei nº 9.430/1996, correspondente ao art. 340 do RIR/1999. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL CSLL. CRITÉRIOS DE DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS EM SUA APURAÇÃO. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA A CSLL tem como base de cálculo o lucro líquido do período, com os ajustes determinados na legislação de regência. Neste sentido, os artigos 248 e 277, ambos do RIR/99. O lucro operacional traduzse no resultado do confronto entre as receitas operacionais e as despesas operacionais (artigo 299 do RIR/99). Da interpretação sistemática destes dispositivos, deduzse que somente poderão reduzir o lucro líquido as despesas operacionais que preencham os requisitos previstos no artigo 299, quais sejam, as despesas necessárias e devidamente comprovadas. Os dispêndios glosados afetam o próprio resultado do exercício e, consequentemente, também a base de cálculo da Contribuição Social, como definida no art. 2º da Lei 7.689, de 1988, com as alterações do art. 2º da Lei 8.034, de 1990. Além disso, o art. 13 da Lei nº 9.249/95, quando trata das despesas indedutíveis das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, é taxativo ao dispor que tais vedações de dedutibilidade se aplicam independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.502/64, justamente a base legal do art. 299 do RIR/99. Portanto, dada a relação de causa e efeito entre as glosas efetuadas para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, mantémse a glosa realizada pela Fiscalização. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 MULTA AGRAVADA. O agravamento da penalidade só se mostra possível quando presentes (ou ausentes) atos do fiscalizado no sentido de tolher ou obstruir o procedimento fiscal de forma contumaz. Tendo o contribuinte, de uma forma ou outra, integral ou parcialmente, na data fixada ou após esta, apresentado o que lhe foi exigido e contribuído para que a ação fiscal se desenrolasse e chegasse ao final, descabe o agravamento Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 2193DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.194 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa, reduzindoa a 75% e, no mérito, por maioria, manter integralmente os lançamentos, vencidos, nesta parte, os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Eduardo Morgado Rodrigues e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira que davam provimento para cancelar as infrações, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Julio Lima Souza Martins, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei Lucas e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves. Fl. 2194DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.195 4 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada em face de decisão exarada pela 10ª Turma da DRJ/SP1 em sessão de 27 de setembro de 2012 (fls. 1707/1733)1, que julgou improcedente a impugnação apresentada e manteve os lançamentos de IRPJ e de CSLL perpetrados pelo Fisco, anoscalendário 2007, relativamente às seguintes infrações (AI IRPJ – fls. 729/735 IRPJ – AI CSLL – fls. 736/742), a saber: 1 A numeração referida das fls., quando não houver indicação contrária, é sempre a digital Fl. 2195DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.196 5 Segundo os três TVF presentes nos autos – um para cada tipo de infração (fls. 712/713 – 714/719 e 720/728) – estas foram as acusações: “Contingências cíveis. [fls. 712/713] Glosa no valor de R$ 408.281,87 relativamente às ‘Provisões para Contingências Cíveis’, ao arrepio do quanto disposto no Inciso I, do artigo 13, da Lei nº 9.249/95. (ADM de cartões de crédito – despesas) [fls. 714/719] Glosa no valor de R$ 208.721.980,38 relativamente às ‘Perdas com Operações de Crédito’, decorrentes de operações de cartões de crédito, pois, após o procedimento fiscal, concluiu a autoridade autuante, em síntese, que: – as administradoras de cartões de crédito são pessoas jurídicas não financeiras que emitem e administram cartões, mas não financiam diretamente os seus portadores, apenas os representa perante as instituições financeiras para obtenção de financiamento, repassando aos mesmos respectivos encargos de financiamento; – não sendo os créditos em atraso de titularidade da Contribuinte, não há que se falar na aplicação das disposições tributárias contidas nos artigos 9º a 14 da Lei 9.430/96, consolidados nos artigos 340 a 343 do RIR/99, visto não integram os resultados operacionais das empresas administradoras de cartões de crédito as operações realizadas no âmbito das decorrentes de atividades precípuas das instituições financeiras; – tais encargos são indedutíveis para o Fisco, razão pela qual, não são admitidos a título de custos ou despesas as operações cuja efetiva realização não esteja comprovada com documentos hábeis e idôneos, constituindose em Fl. 2196DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.197 6 mera liberalidade e devendo compor as bases tributáveis do IRPJ e da CSLL, visto que colidem frontalmente com o que dispõe o artigo 299 do RIR/99 (...) (Acordos Judiciais Trabalhistas – despesas glosada) [fls. 723] Glosa no valor de R$ 12.026.377,43 relativamente à conta 8.1.7.99..99.9.667.6 – ‘Acordos Judiciais Trabalhistas’. A autoridade fiscal disse que: (i) não foram entregues cópias dos Acordos Judiciais homologados junto à Justiça do Trabalho que dessem suporte para os pagamentos efetuados; (ii) foram apresentadas somente 2 (duas) Guias de Depósitos Judiciais Trabalhistas, sendo que uma delas não foi aceita por ter como Réu/Reclamado pessoa diversa do fiscalizado, e a outra, será deduzida do total da despesa contabilizada devido à sua pertinência com a despesa incorrida (reclamante: Lúcia Lafaiete da Silva – R$ 242.948,67); e (iii) o restante da documentação oferecida é de natureza contábil ou de Tesouraria (Recibos de Pagamentos) insuficientes para justificar as importâncias pagas, mesmo porque estas ora têm como favorecido pessoas diversas do reclamante, ora não possuem a identificação do favorecido. (Comissão Franquia/Promotora) [fls. 723/724] Glosa no valor de R$ 17.358.482,70 relativamente à conta nº 8.1.7.57.00.4.4982 – ‘Comissão Franquia/Promotora’. Entendeu a autoridade autuante que, fornecida documentação de natureza estritamente contábil (Demonstrativos de Integração Contábil e Contas a Pagar – Pagamentos a Fornecedores) ou de Tesouraria (Recibos de Pagamentos), estes são insuficientes para assegurar a dedutibilidade das correspondentes despesas. (Serviços Pessoas Jurídicas) [fls. 724] Glosa no valor de R$ 11.352.361.57 relativamente à conta nº 8.1.7.57.00.4.4982 – ‘Serviços Diversos Pessoas Jurídicas’. A autoridade autuante diz que: Diante da ausência de documentação que justificasse os pagamentos dos serviços supostamente prestados e contabilizados na aludida conta, (...) foi considerado indedutível (...) (Despesas com PLR) [fls. 724/726] Glosa nos valores de R$ R$ 4.243.852,93, de R$ 34.480.776,22 e de R$ 2.800.000,00 (com PLR) respectivamente, às contas nºs 8.1.7.33.00.4.383.3 – ‘Abono Participação Lucro’, 8.9.7.10.20.1.000.0 – ‘Empregados PLR’ e 8.1.7.99.00.6.668.4 – ‘Outras’. A autoridade autuante consigna: intimado e reintimado a apresentar a documentação comprobatória pertinentes às mencionadas despesas, o fiscalizado não atendeu satisfatoriamente o quanto requerido. (Outros Serviços de Pessoas Jurídicas) [fls. 726/727] Glosa no valor de R$ 5.369.628,64 relativamente às despesas com prestadoras de serviços. Insuficiência na comprovação. [fls. 727] Multa Agravada de 112,5% em atendimento ao quanto disposto no artigo 959 do citado RIR/99”. Fl. 2197DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.198 7 Irresignada, a contribuinte interpôs impugnação (fls. 748/786), julgada improcedente pela Turma a quo, com fundamento nas argumentações abaixo sintetizadas: 1. Relativamente às “Provisões para Contingências Cíveis”, manteve o lançamento fiscal pelas razões expostas às fls. 1727/1728, rejeitando o pedido de aplicação das regras da postergação, feito na impugnação, por falta de apresentação de provas dos fatos que a justificassem. 2. Relativamente às “Perdas com Operações de Crédito”, a decisão recorrida reconhece a tese de que teria havido, no caso das despesas com “perdas com cartões de crédito”, a subrogação nos direitos do credor original, e que essa subrogação nos direitos do credor original (instituição financeira) aconteceria quando a impugnante, como fiadora, efetuasse o pagamento da dívida em nome do titular do cartão (fls. 760 da impugnação), conforme cláusula 8.2.2 do contrato de emissão de cartões. 3. Contudo, acrescenta a DRJ, “a impugnante não comprova que efetuou tais pagamentos às instituições financeiras que concederam o financiamento, permanecendo com as instituições financeiras a titularidade dos créditos”; "Por outro lado, os documentos acostados aos autos, bem como os esclarecimentos prestados pela contribuinte, discriminados a seguir, levam à conclusão de que os titulares dos créditos em tela são instituições financeiras:"; e concluiu que “a titularidade dos créditos permanece com as instituições financeiras.” 4. Relativamente aos Acordos Judiciais Trabalhistas, a DRJ, indeferiu o pleito da empresa por entender não terem sido apresentados na impugnação documentos hábeis e idôneos, tais como cópias dos acordos judiciais homologados na Justiça do Trabalho e guias de depósito judicial aptos à comprovação das referidas despesas, na forma do mencionado art. 15, do Decreto nº 70.235/72.; já em relação à guia de depósito judicial (fls. 359), a impugnante não apresentou cópias da ação judicial e do respectivo acordo, nem o contrato de trabalho da reclamante da ação trabalhista, não comprovando o valor deduzido como despesa. 5. Quanto à Comissão Franquia/Promotora, a decisão recorrida manteve a exigência, assentando ter havido a falta de apresentação de contratos de prestação de serviços, falta de relatórios detalhando os serviços prestados, falta de identificação dos pagamentos no conta 8.1.7.57.00.4.4982, bem como a ilegibilidade de um determinado documento. 6. Relativamente aos “Serviços Diversos Pessoas Jurídicas”, a DRJ entendeu que a impugnante não apresentou documentos hábeis e idôneos, tais como cópias dos contratos de prestação de serviços e relatórios detalhando os serviços prestados, nem quaisquer outros elementos que justificassem tais pagamentos e comprovassem as referidas despesas. 7. No que toca às despesas com PLR, a DRJ assevera que a empresa também não apresentou documentos que poderiam esclarecer como é o programa de participação nos lucros/resultados da empresa, detalhando os critérios Fl. 2198DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.199 8 aplicáveis à apuração da participação nos lucros/resultados; o cronograma de metas, resultados e prazos pactuados previamente; o histórico dos índices de produtividade da empresa que seriam levados em conta para o pagamento dessas participações, concluindo que tais pagamentos são liberalidade da empresa, portanto indedutíveis. 8. Para a glosa de “Outros Serviços de Pessoas Jurídicas”, a DRJ ratificou os termos da Fiscalização para efetuar o lançamento. 9. Finalmente, manteve a multa agravada em 112,50% entendendo que, “ao contrário do alegado pela impugnante, a documentação solicitada pela fiscalização não foi integralmente apresentada. Conforme consignado no TVF (fls.723727), não foram apresentados: (...). Dessa forma, diante da recusa da contribuinte em apresentar os documentos e esclarecimentos requeridos pela fiscalização, o agravamento da penalidade deve ser mantido, nos termos do artigo 44, § 2º, da Lei 9.430/96”. A decisão recorrida está assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO. DEDUÇÃO DE PERDAS. ATIVIDADE OPERACIONAL. Para que a administradora de cartões possa deduzir as perdas no recebimento de créditos é necessário que tais créditos sejam decorrentes da atividade operacional da empresa. PROVISÕES PARA PASSIVOS CONTINGENTES. INDEDUTIBILIDADE. São indedutíveis as provisões, excetuandose os casos expressamente previstos em lei. DESPESAS OPERACIONAIS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA NECESSIDADE E USUALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. O dispêndio incorrido pela contribuinte somente será dedutível se necessário, usual e normal à atividade da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 DEMAIS TRIBUTOS. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica se à CSLL dele decorrente. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, exceto se a Fl. 2199DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.200 9 impugnante demonstrar, via requerimento à autoridade julgadora, a ocorrência das condições previstas na legislação para apresentação de provas em momento posterior. IMPUGNAÇÃO. ALEGAÇÕES DESACOMPANHADAS DE PROVA. A impugnação deve estar instruída com todos os documentos e provas que possam fundamentar as contestações de defesa. Alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios não são suficientes para infirmar a procedência do lançamento questionado. AUTO DE INFRAÇÃO. VALIDADE. Satisfeitos os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72 e não tendo ocorrido o disposto no art. 59 do mesmo decreto, válidos são os autos de infração. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 AGRAVAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO. NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. CABIMENTO. A falta de atendimento pela contribuinte à intimação feita pela autoridade fiscal, não apresentando os documentos e esclarecimentos requeridos, enseja o agravamento da multa de ofício. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido DO RECURSO VOLUNTÁRIO Cientificada do R. decisum em 09/10/2012 (fls. 1736), a recorrente interpôs Recurso Voluntário em 07/11/2012 (fls. 1738/1779), no qual contrapôsse ao decidido em 1ª Instância e, quanto às matérias tratadas nos lançamentos, inicialmente abordou a “glosa de perdas no contexto do sistema de cartões de crédito”, dizendo que a Fiscalização equivocadamente entendeu que a recorrente “atuaria na obtenção de empréstimos junto aos bancos como mandatária do titular do cartão na hipótese em que este opta por financiar suas compras e, desse modo, o detentor do crédito relativo ao empréstimo tomado em nome do cartão de crédito seria a instituição financeira e não a Recorrente”. Detalha as operações realizadas para demonstrar que “celebrou com os bancos contrato de crédito em nome do titular do cartão no qual a Recorrente se constitui fiadora e avalista do financiamento”, de modo que, “ocorrido o inadimplemento do titular do cartão, a Recorrente assumia a obrigação de quitar a dívida com as instituições financeiras, tornandose ela própria credora do titular do cartão, subrogandose nos direitos do credor original”. Discorre ainda sobre o que chama de “conjunto intrincado de relações jurídicas” que compõe o “sistema de administração de cartões de crédito”, descrevendo os agentes e as relações jurídicas, bem como o “procedimento de apuração de responsabilidades”, ao final do qual “uma das empresas integrantes do sistema de cartão de crédito sempre assume o prejuízo pela inadimplência do consumidor (titular do cartão) em favor (em última instância) do estabelecimento comercial, mantendo, assim, a integridade e segurança do sistema de pagamento mediante utilização de cartão de crédito”. Destaca que “a responsabilidade por aquelas perdas só caberia à Recorrente, na medida em que, na qualidade de administradora (emissor), atua como centro operacional, cujas Fl. 2200DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.201 10 atribuições correspondem à própria base do sistema de cartões de crédito”, nos termos da doutrina que cita. Descreve as atividades realizadas, e passa a abordar a “natureza” e “a titularidade dos créditos em atraso”, observando que nas “situações em que o titular do cartão efetua o pagamento de sua fatura por valor inferior ao saldo devedor e/ou em atraso, ou simplesmente deixa de pagar a fatura de seu cartão”, a Recorrente, “na qualidade de administradora do cartão fica automaticamente autorizada a efetuar um financiamento em nome do titular para quitação de sua fatura”, conforme acordado nas cláusulas contratuais que transcreve. Por esta razão, a recorrente associouse ao Banco J. Safra S/A “para abertura de conta específica para financiar as dívidas realizadas pelos titulares de cartão”, conforme documento juntado à impugnação. A recorrente atua como interveniente neste contrato firmado entre o titular do contrato e o banco, e também se constitui “fiadora avalista e principal garantidora do financiamento, sendo estabelecido que, no caso de inadimplemento do titular, a Recorrente liquidará o débito perante as instituições financeiras, subrogandose aos direitos decorrentes do Contrato de Financiamento”, conforme cláusulas contratuais que transcreve. Reportase às garantias por ela dadas a estes contratos, e diz que a instituição financeira está autorizada a debitar de suas contas bancárias o saldo devedor dos financiamentos, verificandose a sua subrogação nos direitos e obrigações do credor, a teor do art. 831 do Código Civil, estando estipulado contratualmente que o titular do cartão deve “reembolsar a Recorrente do valor pago em seu nome por ocasião da liquidação do financiamento, no prazo de 24 horas”. Surge, então, “um novo crédito em favor da Recorrente”, que em “nada se confunde com a concessão de financiamento por instituições financeiras”. Assenta que a autoridade julgadora de 1ª instância equivocouse ao manter a exigência “sob o argumento de que não teriam sido comprovados os pagamentos às instituições financeiras que concederam o financiamento”, ou seja, sob a “premissa equivocada de que a Recorrente não teria honrado as obrigações afiançadas”, isto porque o “pagamento aos bancos era feito de forma compulsória, mediante débito direto realizado na conta bancária da Recorrente”. Em outras palavras, argui não ter “opção de assumir ou não o respectivo prejuízo” e, deste modo, o “Contrato de Financiamento é o documento que comprova cabalmente que o prejuízo decorrente da referida inadimplência do titular do cartão era ônus único e exclusivo da Recorrente”. Afirma ser “inegável a titularidade da Recorrente no que se refere aos créditos oriundos da subrogação da dívida contraída pelo titular do cartão”, reportase ao Parecer Normativo CST nº 298/73 e ao Acórdão nº 10194.261, e conclui que, como as “operações correspondentes encontramse no escopo de suas atividades operacionais”, tais despesas são necessárias, normais e usuais, não constituindo “mera liberalidade, mas sim obrigação legal e contratual, sem a qual não seria viável a consecução do objeto social da Recorrente”. Acrescenta que “as obrigações decorrentes da subrogação estão previstas em contratos de adesão”, e que a perda no recebimento desses créditos é inerente à atividade da empresa, na forma de acórdão deste Conselho que transcreve. Cita também o Parecer Normativo CST nº 33/74 e diz que, “sendo a acusação fiscal limitada apenas à característica de liberalidade da perda assumida”, a glosa deve ser afastada. Aduz que a autoridade julgadora inovou o lançamento ao exigir prova da observância dos requisitos dos arts. 9º a 11 da Lei nº 9.430/96, pois buscou fundamentálo “em ponto não levantado pela fiscalização, o que não pode ser aceito, sob pena de nulidade”, ferindo o princípio da ampla defesa. Transcreve ementas de acórdãos deste Conselho em favor de seu entendimento. Fl. 2201DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.202 11 Alega ainda que, se a autoridade julgadora entendeu que os autos estavam mal fundamentados, deveria ter declarado suas nulidades, determinado o refazimento do lançamento, com devolução do prazo de defesa à autuada. Por fim, insiste que a autoridade julgadora não pode agir como autoridade lançadora, nem surpreender “o contribuinte com a alteração dos pressupostos da cobrança” e ataca os demais itens do Lançamento e da decisão recorrida. A PGFN ofereceu contrarrazões ao recurso voluntário (fls. 1816/1839) pugnando pela manutenção dos lançamentos e ratificação da decisão recorrida. Subindo os autos à apreciação deste Colegiado Administrativo a então 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Sejul, por voto de qualidade2, editou a Resolução nº 1101000.103, 09/10/2013 (fls. 1846/1913) convertendo o julgamento em diligência ESPECIFICAMENTE em relação à primeira infração, ou seja, “Custos ou Despesas Não Comprovadas – Glosa de Despesas – Operações de Créditos de Liquidação Duvidosa – valor R$ 208.721.980,38”, em voto assim definido3: “Neste momento fazse necessário abordar, apenas, as perdas em operações de crédito. O presente procedimento fiscal apresenta os mesmos contornos daquele formalizado um ano antes, nos autos do processo administrativo nº 10880.736407/201125, cujos recursos de ofício e voluntário foram atribuídos à relatoria desta Conselheira. O Termo de Verificação Fiscal aqui lavrado (fls. 714/719) traz os mesmos argumentos desenvolvido naqueles autos, agora para glosa de perdas, no anocalendário 2007, no valor total de R$ 208.721.980,38. Da mesma forma, as intimações aqui remetidas à contribuinte durante o procedimento fiscal (fls. 161, 165 e 170) ensejaram as mesmas insuficientes respostas prestadas no procedimento fiscal anterior (fls. 163/164, 167/169 e 171/172). Por sua vez, a interessada também trouxe, em impugnação apresentada nestes autos, o Contrato de Prestação de Serviços de Emissão, Utilização e Administração do Cartão Panamericano antes apresentado (aqui fls. 1239/1250), assim como o Convênio para Financiamento de Terceiros Portadores de Cartões Administrados pela Panamericano Administradora de Cartões de Crédito Ltda e Outras Avencas (aqui fls. 1251/1270). Por estas razões, a conversão do presente julgamento em diligência se impõe pelas mesas razões expostas no processo administrativo nº 10880.736407/201125, a seguir reproduzidas: 2 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Relator Conselheiro José Ricardo da Silva, acompanhado pelos Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Nara Cristina Takeda Taga. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa. 3 O Relator original, que restou vencido, havia dado provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar parte dos lançamentos, inclusive o relativo à diligência determinada. Fl. 2202DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.203 12 (...) Assim, igualmente por estas razões, o julgamento deve ser CONVERTIDO em diligência, para que a autoridade fiscal competente verifique, junto à escrituração da contribuinte, a comprovação das ocorrências que ensejaram sua subrogação nos créditos decorrentes de financiamentos aos titulares de cartões de crédito, bem como a presença dos requisitos legais para dedução destes créditos como perdas no anocalendário 2007, no montante de R$ 208.721.980,38. Ao final dos trabalhos deverá ser elaborado relatório circunstanciado, dele cientificandose a interessada com reabertura do prazo de 30 (trinta) dias para complementação de suas razões de defesa, antes do retorno dos autos a este Conselho". Cumprida a diligência (“RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO DE DILIGÊNCIA FISCAL” fls. 2010/2019) e com subsequente manifestação da interessada e documentos juntados (fls. 2037/2186), os autos voltaram para julgamento. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Fl. 2203DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.204 13 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O Recurso Voluntário é tempestivo (ciência da decisão recorrida em 09/10/2012 – fls. 1736 – protocolização do RV em 07/11/2012 – fls. 1738), a representação da contribuinte está corretamente formalizada (fls. 787/790) e os demais pressupostos exigidos para admissibilidade foram atendidos, de modo que o recebo e dele conheço. PONDERAÇÕES INICIAIS Antes de partir para a apreciação do litígio, importante destacar os seguintes aspectos preliminares, por relevantes. 1. DOS PROCESSOS COM MATÉRIAS SEMELHANTES ENVOLVENDO A RECORRENTE Conforme suscitado pela própria interessada (fls. 2043), três são os processos contendo matérias semelhantes – quase idênticas que envolvem a contribuinte, a saber: 1.1 Processo nº 16327.001747/201012 – dado provimento ao recurso voluntário por maioria – anocalendário 2005; 1.2 Processo nº 10880.736407/201125 – dado provimento parcial ao recurso voluntário – anocalendário 2006 (processo aguardando exame de admissibilidade de RE da contribuinte à CSRF. Importante observar que este Relator participou do julgamento deste processo, tendo acompanhado INTEGRALMENTE o voto condutor proferido pela Conselheira Edeli Pereira Bessa; e, 1.3 Processo nº 16327.720419/201281 – ESTES AUTOS, relativo a lançamentos do anocalendário 2007. 2. DA DILIGÊNCIA Como relatado antes, os autos foram baixados em diligência para que a unidade jurisdicionante da interessada se manifestasse especificamente em relação à infração nº 001 “Custos ou Despesas Não Comprovadas – Glosa de Despesas – Operações de Créditos de Liquidação Duvidosa – valor R$ 208.721.980,38 (maior montante em discussão), decisão tomada pela então 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Sejul por voto de qualidade, pontuando que o relator originalmente designado havia votado por dar provimento parcial ao RV (na verdade em sua maior parte, incluindo a matéria objeto da diligência). Fl. 2204DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.205 14 Cumprida a diligência (“RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO DE DILIGÊNCIA FISCAL” fls. 2010/2019), e com subsequente manifestação da interessada e documentos juntados (fls. 2037/2186), os autos voltaram para julgamento. Antes de sua apreciação, porém, serão analisadas as demais infrações apontadas pelo Fisco e objeto de combate pela recorrente em todas as suas manifestações. Feitas estas considerações prefaciais, não havendo preliminares, passo ao mérito. DA GLOSA DE DESPESAS – PROVISÃO NÃO AUTORIZADA INFRAÇÃO Nº 002 DOS AUTOS DE INFRAÇÃO Ø Provisões não autorizadas –Provisões para Contingências Cíveis conta nº 4.9.9.35.00.2.2008 Prov. p/ Passivos ContingentesOutras R$ 408.281,87. As alegações da defesa são no sentido de que tais valores deveriam ser reconhecidos como despesa, pois seriam oriundos de decisões/acordos judiciais assumidos no desenvolvimento de suas atividades operacionais e que, se assim não entendido que o lançamento tivesse sido feito observandose a regra da postergação (art.6º do DecretoLei º 1.598/77, PN CST nº 57/79, PN Cosit nº 02/96). Não lhe cabe razão, primeiro porque, a teor do artigo 13, da Lei nº 9.249, de 1995, regra geral, as provisões, excetuadas as relativas às férias, 13º salário, créditos de liquidação duvidosa e provisões técnicas de companhias de seguro, de capitalização e de entidades de previdência privada, são indedutíveis; depois porque, faltou não houve qualquer comprovação que embasasse o aduzido pela recorrente. A esse respeito, esclarecedor ementa de acórdão exarado pela então 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, relatoria do Conselheiro Mário Junqueira Franco Junior (Ac. 10194596 – sessão de 16/06/2004): PROVISÕES PARA CONTINGÊNCIAS CÍVEIS E TRABALHISTAS – INDEDUTIBILIDADE – Provisões são valores futuros e incertos que não devem afetar a base do imposto sobre a renda, ressalvadas as provisões expressamente previstas em lei. ( Recurso negado) Assim NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário neste tópico – Valor R$ 408.281,87 (infração nº 002 do AI). DA GLOSA DE DESPESAS – DESPESAS INDEDUTÍVEIS INFRAÇÃO Nº 003 DOS AUTOS DE INFRAÇÃO Ø Conta nº 8.1.7.99.00.0.6676 – Acordos Judiciais Trabalhistas – R$ 12.026.377,43 Argui a recorrente que estes dispêndios originaramse de acordos judiciais firmados em ações de cunho trabalhista envolvendo seus exempregados e que, em muitos casos, participaria solidariamente da lide em função da legislação (CLT), que impõe a presença de empresas do mesmo grupo no pólo passivo. Fl. 2205DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.206 15 Ainda que tal argumento não possa ser desprezado, fato é que tal colocação é matéria essencialmente de direito, ou seja, necessita de prova de sua efetividade, sem o que, por óbvio, fica no terreno filosófico das alegações e como tal deve ser tratado. Em outro dizer, não se está negando a habitual posição da Justiça do Trabalho de trazer à lide empresas de um mesmo grupo econômico, até para defesa dos direitos dos empregados, mas a contabilização como despesas e sua dedutibilidade sob o ângulo do IRPJ de valores eventualmente assumidos pela recorrente exigem prova inequívoca de seu pagamento, o que não restou comprovado. De fato, a recorrente não acostou documentos, tais como acordos trabalhistas homologados, contratos de trabalho, guias de depósitos judicial, sentenças condenatórias, etc., que permitissem constatar que tais despesas foram de sua responsabilidade; ao revés, limitou se a comentar sobre a possibilidade de duas empresas do mesmo grupo econômico figurarem no pólo passivo das demandas trabalhistas. Só isso. Por este motivo, não trazidas provas concretas que pudessem afastar a imputação fiscal, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário – Valor – R$ 12.026.377,43 (infração nº 003 – 4º item do AI). Ø Conta nº 8.1.7.57.00.4.5210 – Comissão Franquia/Promotora – R$ 17.358.482,70 Aponta o Fisco (TVF – fls. 723/724) que “o contribuinte foi intimado a apresentar elementos comprobatórios de despesas escrituradas, solicitou prorrogação do prazo em 30 dais, tendo apresentado: Razões Contábeis, relatório de Contas a Pagar e a forma de contabilização das referidas despesas, sendo que, ao contrário do que alegou em sua resposta, não foram apresentados relatórios referentes aos pagamentos efetuados”, e que, “reintimado (...) para apresentação de documentação complementar que desse suporte aos pagamentos efetuados, tendo uma vez mais sido requerida a dilação do prazo em 20 dias, ao final do que foi fornecida documentação de natureza estritamente contábil (...) insuficiente para assegurar a dedutibilidade das correspondentes despesas”. De sua parte, argumenta a recorrente (RV – fls. 1767): Pois bem, de novo estáse diante de matéria que exige prova, vale dizer, não basta a apresentação de livros e lançamentos contábeis se não acompanhados pela documentação que lhes dê lastro. Fl. 2206DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.207 16 A respeito: √ RIR/1999 (Decreto nº 3.000): Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). Art. 276. A determinação do lucro real pelo contribuinte está sujeita à verificação pela autoridade tributária, com base no exame de livros e documentos de sua escrituração, na escrituração de outros contribuintes, em informação ou esclarecimentos do contribuinte ou de terceiros, ou em qualquer outro elemento de prova, observado o disposto no art. 922 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º). §1º A escri turação mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis , segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. Da Prova Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º). √ Resolução CFC (Conselho Federal de Contabilidade) nº 563/83, de 28/10/1983, que aprovou a NBC T 2 “Da Escrituração Contábil” – NBC T 2.1 “Das Formalidades da Escrituração Contábil”: 4 (...) 2.1.5 – O "Diário" e o "Razão" constituem os registros permanentes da Entidade. Os registros auxiliares, quando adotados, devem obedecer aos preceitos gerais da escrituração contábil, observadas as peculiaridades da sua função. No "Diário" serão lançadas, em ordem cronológica, com individuação, clareza e referência ao documento probante, todas as operações ocorridas, incluídas as de natureza aleatória, e quaisquer outros fatos que provoquem variações patrimoniais. Assim, não vindo aos autos a necessária documentação probante, os argumentos da recorrente se esvaem e impõe seja NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário neste item – Valor – R$ 17.358.482,70 (infração nº 003 – 5º item do AI). 4 Referida Resolução, vigente à época dos fatos, foi revogada pela Resolução CFC nº 1.300/2011, de 18/03/2011, que aprovou a ITG 2000 Escrituração Contábil, sendo mantidas, na nova norma, essencialmente, as mesmas determinações do texto revogado, com as adaptações e ajustes resultantes das evoluções legislativa e administrativa ocorridas. Fl. 2207DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.208 17 Ø Conta nº 8.1.7.57.00.4.4982 – Serviços Diversos Pessoas Jurídicas e Outros Serviços de Pessoas Jurídicas – R$ 11.352.361,57 e R$ 5.369.628,64 As duas rubricas se entrelaçam e têm em comum a mesma conta contábil e, no fundo, a mesma estrutura fática, por isso analisadas em conjunto. Durante a ação fiscal, a contribuinte foi intimada a apresentar a comprovação das despesas relativas aos seguintes fornecedores de bens/serviços (TVF fls. 726/727): Segundo a acusação, “da análise da documentação oferecida, verificouse que não houve a indicação das contas contábeis em que foram escriturados os pagamentos efetuados às empresas retro apontadas, os quais não puderam ser identificados...”, vale dizer, ausentes os documentos probantes, a glosa de referidos gastos se impunha. Já a recorrente sustenta ter apresentado notas fiscais, contratos e livro Razão (fls. 1239/1351), por isso, a comprovação se estamparia. De fato, há documentos acostados aos autos (notas fiscais, contratos, etc.). Todavia, basta uma simples vista d´olhos para se constatar que, i) ou as notas fiscais não se referem a fornecedores listados pelo Fisco (quadro acima), caso das nfs.emitidas por “Manpower Professional Ltda.” (fls. 1282/1324), ou, ii) ainda que sejam pertinentes a fornecedores presentes no quadro citado, só foram apresentadas as notas fiscais, sem qualquer contrato que possa comprovar o tipo de serviço prestado e sua necessidade às atividades da empresa. São os casos dos fornecedores JPF Planejamento e Pesquisas Ltda. – nfs. nºs 078/083/088 (fls. 1271/1273) e Alphamark Assessoria de Negócios Ltda. – nf. nº 0233 (fls. Fl. 2208DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.209 18 1280), sendo até desnecessário dizer, pela obviedade, que “serviços” de qualquer espécie, mais ainda os de assessoria e consultoria, até pela imaterialidade de que se revestem, devem ser robustamente comprovados, como fartamente assente neste Tribunal Administrativo: DESPESAS COM SERVIÇOS. NÃO COMPROVAÇÃO.INDEDUTIBILIDADE. São indedutíveis para a apuração do lucro tributável as despesas decorrentes de "serviços de consultoria" tomados pelo contribuinte quanto este, devidamente intimado, não faz prova da efetiva fruição dos mesmos. (Acórdão 10323336 – Relator Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho Sessão de 22.01.2008) Igual posição estampada no recente Ac. 1402002.447, desta Turma, relatoria do Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves, sessão da qual participei: DESPESAS OPERACIONAIS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.GLOSA. Cabível a exigência de ofício sobre valores contabilizados como despesas de auditoria, assessoria e publicação, quando não apresentados documentos hábeis e idôneos a comprovar a efetiva execução do serviço definido por contrato entre as partes. Finalmente, por bem resumir o tema, cabe reproduzir excerto do voto condutor do Ac. da 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, relatoria Conselheira Albertina Silva Santos de Lima, plenamente aplicável: “(...) Trabalhos de assessoria e de consultoria não se perfazem apenas com uma menção lacônica assentada em notas fiscais dando conta de que um serviço genérico fora prestado, pois, é fundamental que os documentos expressem com detalhes os serviços efetivamente contratados e que se façam acompanhar de contratos, propostas técnicas, papéis de trabalho, relatórios profissionais exaustivos e conclusivos, discriminação das técnicas utilizadas, discriminação dos profissionais envolvidos e sua qualificação técnica, a metodologia empregada, etc.”. Assim incomprovadas as despesas e documentalmente insuficiente sua comprovação, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário neste tópico Valores – R$ 11.352.361,57 (infração nº 003 – 6º item do AI) e R$ 5.369.628,64 (infração nº 003 – 1º item do AI). Ø Conta nº 8.1.7.33.00.4.3833 – Abono Participação Lucro, Conta nº 8.9.7.10.20.1.0000 – Empregados PLR e Conta nº 8.1.7.99.00.6.6684 – Outras – R$ 4.243.852,93 – R$ 34.480.776,22 e R$ 2.800.000,00 Segundo a recorrente, tais despesas (percentagens, gratificações e outros pagamentos realizados pelo empregador) teriam natureza remuneratória, e seriam uma contraprestação dos serviços prestados pelos seus funcionários, conforme lançamentos no Livro Razão (fls.13251349) e o relatório analítico da folha de pagamento relativo ao período dos lançamentos contábeis (fls.8571204 e 13571703). Já para o Fisco, como a contribuinte não apresentou documentação satisfatória referente aos pagamentos de PLR, ou, em outras palavras, da análise da documentação apresentada “inferiuse a inocorrência de fixação de regras claras e objetivas dos Fl. 2209DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.210 19 direitos substantivos na participação, visto que o direito ao pagamento de PLR pela empresa está condicionado à observância dos requisitos previstos na Lei 10.101 (...), a qual elenca os requisitos necessários para a participação dos trabalha dores nos lucros ou resultados da empresa (...)”, não só a despesa restou incomprovada como tal pagamento revestiuse de mera liberalidade, por isso, indedutível. Não se nega a possibilidade de que os trabalhadores participem no resultado das empresas e que tal gasto se revista de necessidade, usualidade e normalidade. Todavia, para que esses dispêndios, que serão sempre dispêndios sob o ângulo econômico e financeiro, se enquadrem nas regras de dedutibilidade exigidas pela legislação tributária do IRPJ (e da CSLL), mister amoldemse não apenas aos requisitos do artigo 299, do RIR/1999, mas, também, inclusive e PRINCIPALMENTE, aos ditames do artigo 2º, da Lei nº 10.101/2000, verbis: Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. Pois bem, ainda que gastos sejam tais estipêndios, sua dedutibilidade passa, necessariamente, pela comprovação de que foi obedecida a legislação citada, ou seja, devem ser apresentados os critérios de pagamento da remuneração de modo a afastar a hipótese de liberalidade. Até porque, como sabido, o art. 299, §3o do RIR/99 admite a dedução de gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem, mas desde que atendidos os requisitos do caput e dos incisos I e II daquele artigo, qual seja, se estas gratificações configurarem despesas operacionais, necessárias, usuais e normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Ora, ausente qualquer demonstração dos critérios de pagamento dos valores classificados como participações nos lucros, não é possível aferir se aqueles requisitos foram atendidos. Logo, correta a conclusão fiscal de que Fl. 2210DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.211 20 “ausente o acordo específico, pressupõese que o pagamento efetuado revestiuse de mera liberalidade”. Como bem ponderado pela PGFN, em suas contrarrazões (fls. 1831), “Uma coisa é a natureza jurídica de um pagamento, outra é o efeito jurídico que esse pagamento gera. No âmbito do IRPJ, o efeito jurídico da distribuição de lucro aos empregados é a adição ao lucro líquido do período (regra geral). Todavia, este efeito pode ser modificado se, e somente se, o pagamento a esse título for realizado segundo os critérios estabelecidos na Lei n.º 10.101/2000, porque esta foi a exigência estabelecida pelo legislador para afastar a regra geral (inciso III art. 462 do RIR)”. Em síntese, para que sua dedutibilidade possa ir ao encontro do artigo 299, do RIR/1999, somente com a obediência irrestrita e literal aos dizeres da Lei nº 10.101/2000. Caso contrário, será um gasto INDEDUTÍVEL. No mesmo trilhar seguem as duas outras rubricas aqui tratadas e acerca das quais a interessada não logrou trazer qualquer esclarecimento, mediante prova documental, de sua natureza. Diante do exposto, o presente voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente às glosas de despesas relativas a este tópico, a saber: Valores – R$ 4.243.852,93 (infração nº 003 – 2º item do AI); R$ 34.480.776,22 (infração nº 003 – 3º item do AI) e R$ 2.800.000,00 (infração nº 003 – 7º item do AI). DA GLOSA DE DESPESA – CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS INFRAÇÃO Nº 001 DOS AUTOS DE INFRAÇÃO Ø Dedução indevida de encargos contabilizados na conta nº 1.6.9.99.00.2.0000 Provisão para Operações de Créditos de Liquidação Duvidosa R$ 208.721.980,38 Para melhor fixação relembrese o resumo da acusação, segundo relato da decisão recorrida: “A contribuinte é uma sociedade empresarial de administração de cartões de crédito, realizando (i) prestação de serviços de intermediação para permitir aos consumidores a aquisição de bens e serviços em estabelecimentos comerciais, (ii) administração de cartões de terceiros e (iii) prestação de serviços junto ao mercado financeiro. As operações das administradoras de cartões de crédito envolvem cinco etapas: 1 o titular do cartão de crédito firma com a emissora do cartão um contrato de adesão e esta, por sua vez, firma com uma instituição financeira um contrato de abertura de crédito em nome do titular do cartão; 2 na operação com cartão de crédito o cliente portador do cartão se desobriga a pagar diretamente ao lojista os bens e serviços adquiridos, obrigandose, em contrapartida, a pagar a Fl. 2211DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.212 21 um terceiro (emissor do cartão de crédito/administradora de cartões de crédito); 3 o lojista recebe o valor das aquisições do administrador do sistema de cartões de crédito (e não do cliente); 4 desde que o contrato de adesão contenha cláusula de mandato, o portador do cartão de crédito pode financiar o valor quando do vencimento da fatura; 5 a cláusula de mandato autoriza a entidade emissora do cartão de crédito a captar recursos junto a uma instituição financeira em nome do titular do cartão, para financiar os valores faturados e não pagos na data aprazada, repassando ao cliente a taxa de juros cobrada. A atividade de administração de cartão de crédito, portanto, é uma prestação de serviços direcionada ao mercado financeiro. Essa atividade comercial não se equipara às atividades exercidas pelas instituições financeiras descritas no art.17 da Lei nº 4.595/64, pois a administradora de cartões de crédito não tem como atividade principal ou acessória promover a coleta, intermediação e aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, e também não promove a custódia desses recursos, pois não financia o titular do cartão. Além disso, para que uma instituição financeira possa funcionar é necessário uma autorização prévia concedida pelo Banco Central (BC), órgão competente para fiscalizar tais instituições segundo o art. 18 da Lei n° 4.595/64. A administradora de cartões atua na obtenção de empréstimo junto às instituições financeiras, como mandatária do titular do cartão, quando este opta por financiar as compras ou serviços recebidos. Assim, a detentora do crédito referente ao empréstimo tomado em nome do usuário do cartão de crédito é a instituição financeira, e não a administradora de cartões de crédito. Concluise que a administradora de cartão de crédito é uma pessoa jurídica não financeira que emite e administra os cartões, mas não financia diretamente os seus portadores, apenas os representa perante as instituições financeiras para obtenção de financiamento, repassando aos mesmos os respectivos encargos de financiamento. A empresa registrou nas contas de crédito em atraso o total de R$ 123.726.656,93 no ano de 2007, porém constituiu “Provisão para Operações de Créditos de Liquidação Duvidosa” – conta nº 1.6.9.99.00.2.000.0, em contrapartida a “Perdas em Operações de Crédito” – conta nº 8.1.8.30.30.9.000.0, para créditos a receber considerados irrecuperáveis”. De seu lado a contribuinte assentou que no sistema de cartões de crédito, os titulares dos cartões podem financiar o pagamento das faturas outorgando poderes às administradoras de cartões para, em nome dos titulares, obter empréstimos em instituições financeiras, ficando a administradora de cartões como garantidora desses financiamentos. Fl. 2212DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.213 22 Que, para garantir a credibilidade da modalidade de pagamento via cartão, foi estabelecido um procedimento no qual a empresa integrante do sistema de cartão de crédito assume o prejuízo pela inadimplência do consumidor (titular do cartão) em favor do estabelecimento comercial. Assim, a responsabilidade pelas perdas cabe a ela, recorrente. Mais: 1. Realizada a transação comercial, o titular do cartão efetua o pagamento à administradora do cartão, no vencimento da fatura. Por sua vez, o estabelecimento comercial recebe o respectivo valor da administradora de cartões. 2. Quando o titular do cartão efetua o pagamento da fatura a menor, ou em atraso, ou deixa de efetuar o pagamento, a recorrente, como administradora do cartão, fica autorizada a efetuar um financiamento em nome do titular para quitação da fatura, conforme o contrato de emissão de cartões (fls.12391250). 3. A recorrente, como administradora e mandatária, contrai em nome do titular um financiamento junto a instituições financeiras, com a finalidade exclusiva de quitar o saldo devedor da fatura em aberto. 4. Para tanto, associase a uma instituição financeira para a abertura de conta específica para financiar as dívidas realizadas pelos titulares de cartão, por meio de um convênio (fls. 12511254). 5. Nesse convênio, como interveniente e em nome e por conta do titular do cartão, firma com a instituição financeira contrato de abertura de crédito para o titular do cartão de crédito (fls. 12581262), cujo objeto é o financiamento de gastos, compras, juros, taxas, comissões, reajustes e encargos de qualquer natureza, incorridos pelos titulares de cartão junto a estabelecimentos comerciais credenciados ao sistema de cartões da recorrente. 6. Ao promover a contratação de financiamento nos termos acima, a recorrente, segundo o contrato de emissão de cartões, se constituirá fiadora, avalista e principal garantidora do financiamento. 7. A fiança oferecida como garantia à dívida contraída em nome do titular do cartão, é formalizada por meio de instrumento particular, conforme a cláusula 11 do contrato de financiamento, sendo parte integrante deste. 8. Ocorrido o inadimplemento do titular, a recorrente (fiadora) deve quitar a dívida contraída pelo titular, autorizando a instituição financeira a debitar o valor relativo ao saldo devedor do financiamento (cláusula 12 do contrato de financiamento), subrogandose nos direitos decorrentes do contrato de financiamento (cláusulas 8.2.1. e 8.2.2. do contrato de emissão de cartões). 9. Por sua vez, o titular do cartão se obriga a reembolsar a recorrente em 24h, pelo valor pago na liquidação do financiamento. Ou seja, a impugnante passa a ser credora do titular do cartão (cláusula 8.2.2. do contrato de emissão de cartões). 10. Tratase de um novo crédito a seu favor, oriundo do pagamento da dívida contraída pelo titular do cartão, que não se confunde com a Fl. 2213DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.214 23 concessão de financiamento por instituições financeiras. Ao assumir as dívidas, a recorrente passa a deter um crédito relativo à sua atividade operacional. 11. Conforme o Parecer Normativo (PN) CST nº 298/73, os valores correspondentes aos títulos considerados incobráveis, no contrato de comissão del credere deverão ser debitados à provisão para créditos de liquidação duvidosa e, por conseguinte, dedutíveis do IRPJ e CSLL, na medida em que houve a subrogação dos direitos à comissária. 12. As perdas com charge back (incorridas pelas administradoras de cartões em razão do inadimplemento do titular do cartão) são dedutíveis na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, pois são necessárias, usuais e normais para a atividade desenvolvida. 13. Os estabelecimentos comerciais não aceitariam a parceria com a recorrente se esta não assumisse a responsabilidade nas situações objetivadas nos autos de infração, o que torna essas despesas necessárias. 14. A assunção dessas despesas não constitui liberalidade, mas sim uma obrigação legal e contratual (prevista no contrato de emissão de cartões) que viabiliza o objeto social da recorrente. 15. A própria Receita Federal, no PN CST nº 33/74 reconhece a dedutibilidade das perdas assumidas por administradoras de imóveis que estão contratualmente obrigadas a adiantar os aluguéis aos locadores. 16. Portanto, as despesas incorridas são dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL pois são necessárias, normais e usuais, nos termos do art. 299 do RIR/99 e da Instrução Normativa SRF 390/2004. Comparecendo aos autos, a PGFN acostou contrarrazões (fls. 1816/1839), sendo imperioso reproduzir os seguintes tópicos: “Analisada em suas entrelinhas, a defesa sustentada pela recorrente consiste basicamente em dizer que, dado que o “sistema de administração de cartões de crédito” funciona de uma determinada maneira, não haveria que se exigir das administradoras a prova da existência e da titularidade de cada uma das perdas escrituradas, sendo suficiente para que se legitime a dedução a demonstração de que a recorrente celebra, em nome de seus clientes, contratos de financiamento nos quais figura como avalista. O dever de manutenção de documentos, todavia, atinge indistintamente todos os contribuintes, pouco importando se empreendem sua atividade por meio de operações mais ou menos complexas. Em verdade, se houver que se ater aos níveis de complexidade ou de vulto das atividades empreendidas por cada contribuinte, a lógica e o dever de prudência ditam que, quanto maior a empresa e mais complexas as suas atividades, maior deve ser o rigor na escrituração e na guarda dos documentos de interesse fiscal. Ora, senhores conselheiros, como é dever de todo contribuinte, era dever da recorrente, manter todos os documentos que comprovam os lançamentos efetuados Fl. 2214DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.215 24 em sua escrituração comercial e fiscal, nos termos do que determina o parágrafo único do art. 195 do CTN: (...) Referida norma impõe de maneira muito clara a obrigação dos contribuintes de manterem e disponibilizarem seus livros fiscais e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados, ou seja, a obrigação de explicitar, documentalmente, como estão compostas as apurações dos tributos devidos escrituradas e depois declaradas. Como se vê, cabia à recorrente não apenas escriturar as perdas no recebimento de créditos, mas associálas às suas operações por via de registros contábeis e documentos que instrumentem estes registros. Pela tese da contribuinte, contudo, como o “sistema de administração de cartões de crédito” funciona de uma determinada maneira, todas as administradoras de cartões de crédito estariam dispensadas de apresentar os documentos que respaldam a escrituração de perdas, não sendo dado à autoridade fiscal sequer questionar a própria existência dessas perdas. O CARF, porém, já decidiu por diversas vezes que a escrituração, bem como os valores incluídos nas declarações entregues à Receita Federal, só fazem prova a favor do contribuinte nos casos em que, além de observadas as disposições legais, os fatos que lhes dão substância estejam comprovados por documentos hábeis. Os registros contábeis e valores incluídos nas declarações entregues à receita federal não dispensam a documentação comprobatória. A escrituração, bem como os valores incluídos nas declarações entregues à Receita Federal, só fazem prova a favor do recorrente nos casos em que, além de observadas as disposições legais, os fatos que lhes dão substância estejam comprovados por documentos hábeis.(Acórdão 20217.101). Na hipótese, a recorrente, entretanto, não apresentou documentação hábil. Não foi juntado um único documento de pagamento dos financiamentos por parte da recorrente. Os documentos juntados – modelo de contrato de adesão de cartão de crédito e convênio para financiamento de terceiros celebrado com os bancos – não provam absolutamente nada. Data venia, pouco importa que a recorrente apresente contratos que a coloquem como avalistas dos financiamentos contratados pelos usuários dos cartões de crédito, se não há prova de que tais financiamentos foram efetivamente quitados pela fiscalizada. O documento que respalda as perdas escrituradas pela recorrente é o comprovante de pagamento dos financiamentos junto às instituições financeiras, pois apenas com a realização de tal pagamento a fiscalizada se subroga na condição da credora dos valores financiados aos titulares de cartão de crédito, assumindo, assim, a titularidade das perdas. A recorrente não se torna titular dos créditos quando, em nome dos titulares do cartão de crédito, celebra o contrato de financiamento e se coloca na posição de avalista, mas apenas e tãosomente quando efetua o pagamento. Fl. 2215DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.216 25 Sem prova do pagamento, não há que se falar em titularidade dos créditos escriturados como perdas, encontrandose plenamente legitimada a glosa efetuada pela fiscalização”. Com este posicionamento, os autos subiram ao CARF sendo analisado pela então 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Sejul que, por voto de qualidade5, editou a Resolução nº 1101000.103, 09/10/2013 (fls. 1846/1913) convertendo o julgamento em diligência ESPECIFICAMENTE em relação à primeira infração, ou seja, “Custos ou Despesas Não Comprovadas – Glosa de Despesas – Operações de Créditos de Liquidação Duvidosa – valor R$ 208.721.980,38”, em voto assim definido6: “Neste momento fazse necessário abordar, apenas, as perdas em operações de crédito. O presente procedimento fiscal apresenta os mesmos contornos daquele formalizado um ano antes, nos autos do processo administrativo nº 10880.736407/201125, cujos recursos de ofício e voluntário foram atribuídos à relatoria desta Conselheira. O Termo de Verificação Fiscal aqui lavrado (fls. 714/719) traz os mesmos argumentos desenvolvido naqueles autos, agora para glosa de perdas, no anocalendário 2007, no valor total de R$ 208.721.980,38. Da mesma forma, as intimações aqui remetidas à contribuinte durante o procedimento fiscal (fls. 161, 165 e 170) ensejaram as mesmas insuficientes respostas prestadas no procedimento fiscal anterior (fls. 163/164, 167/169 e 171/172). Por sua vez, a interessada também trouxe, em impugnação apresentada nestes autos, o Contrato de Prestação de Serviços de Emissão, Utilização e Administração do Cartão Panamericano antes apresentado (aqui fls. 1239/1250), assim como o Convênio para Financiamento de Terceiros Portadores de Cartões Administrados pela Panamericano Administradora de Cartões de Crédito Ltda e Outras Avencas (aqui fls. 1251/1270). Por estas razões, a conversão do presente julgamento em diligência se impõe pelas mesas razões expostas no processo administrativo nº 10880.736407/201125, a seguir reproduzidas: (...) Assim, igualmente por estas razões, o julgamento deve ser CONVERTIDO em diligência, para que a autoridade fiscal competente verifique, junto à escrituração da contribuinte, a comprovação das ocorrências que ensejaram sua subrogação nos 5 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Relator Conselheiro José Ricardo da Silva, acompanhado pelos Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Nara Cristina Takeda Taga. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa. 6 O Relator original, que restou vencido, havia dado provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar parte dos lançamentos, inclusive o relativo à diligência determinada. Fl. 2216DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.217 26 créditos decorrentes de financiamentos aos titulares de cartões de crédito, bem como a presença dos requisitos legais para dedução destes créditos como perdas no anocalendário 2007, no montante de R$ 208.721.980,38. Ao final dos trabalhos deverá ser elaborado relatório circunstanciado, dele cientificandose a interessada com reabertura do prazo de 30 (trinta) dias para complementação de suas razões de defesa, antes do retorno dos autos a este Conselho". Cumprida a diligência (“RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO DE DILIGÊNCIA FISCAL” fls. 2010/2019) e com subsequente manifestação da interessada e documentos juntados (fls. 2037/2186), os autos voltaram para julgamento. Pois bem, como já observei no preâmbulo deste voto, em 21/10/2014 integrava a hoje extinta 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Sejul e participei do julgamento do Processo nº 10880.736407/201125, de interesse da mesma contribuinte e dizendo respeito a fatos praticamente idênticos ao que se apreciam nestes autos (apenas alterandose os anoscalendário – 2006 e 2007), oportunidade em que acompanhei, INTEGRALMENTE, os argumentos esposados pela Conselheira Relatora Edeli Pereira Bessa (responsável pelo voto condutor), como se vê pelo resumo do Acórdão nº 1101 001.204, abaixo reproduzido: Acordam os membros do colegiado em: 1) relativamente à glosa de perdas, por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Paulo Reynaldo Becari, que davam provimento ao recurso, e votando pelas conclusões o Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso; 2) relativamente à glosa de despesas com vale transporte, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário; 3) relativamente às glosas de abono e participações nos lucros, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Antônio Lisboa Cardoso, que davam provimento ao recurso, e o Conselheiro Paulo Reynaldo Becari, que convertia o julgamento em diligência; 4) relativamente à glosa de serviços de mão de obra temporária, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário; 5) relativamente à glosa de “comissão franquia/promotora”, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário; 6) relativamente à glosa de serviços de consultoria financeira e “outros serviços de pessoas jurídicas”, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, acompanhada pelo Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior; 7) relativamente à glosa de “serviços diversos de pessoas jurídicas”, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário; 8) relativamente à glosa de provisões para contingências cíveis e trabalhistas, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário; e 9) por unanimidade de votos, NEGAR Fl. 2217DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.218 27 PROVIMENTO ao recurso de ofício, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Certo que aquela decisão não tem efeito vinculante sobre esta e nem obriga, a princípio, que este Relator tenha que votar exatamente da mesma forma, salvo se novos fatos, argumentos e provas se exteriorizarem e nessa linha, a leitura da detalhada Informação Fiscal de diligência (fls. 2010/2019) é extremamente relevante: “Portanto, a denominada subrogação de créditos, da instituição financeira para a Administradora, se dá quando esta paga ao Banco o crédito inadimplido pelo titular do cartão, ao mesmo tempo em que ativa este mesmo crédito em seu patrimônio, com lançamentos do tipo: D Crédito subrogado C – Banco contamovimento Analisandose o balancete de 31/12/2007, constatase que as contas relacionadas na resposta à Intimação de 31/03/2016 integram o Ativo da contribuinte no grupo 1.6.9.00.00 – CRÉDITOS EM ATRASO: (...) A título de exemplo, a planilha anexa organiza, com base nos dados dos Razões fornecidos, os lançamentos a débito na conta 1.6.9.10.20.1.900.6 – BANCO SAFRA Total com contrapartida de crédito a contasdepósito na instituição Banco Safra, cujo resumo é o seguinte: Como se observa, no ano de 2007 a Administradora ativou Créditos em Atraso de seus clientes titulares de cartão e por eles pagou ao Banco Safra o valor de R$ 455.658.677,91”. CONCLUSÃO Muito embora os dados fornecidos estejam incompletos, conforme justificativas apresentadas pelo fiscalizado em decorrência das alterações societárias havidas e da dificuldade de localização de documentos sob a guarda de administradores anteriores, fato é que a escrituração da contribuinte apresenta registros relativos à subrogação de créditos de financiamento a titulares de cartões, do Banco Safra e do Banco J.Safra, para o então Panamericano Administradora de Cartões de Crédito Ltda., de acordo com o previsto no CONVÊNIO PARA FINANCIAMENTO DE TERCEIROS celebrado entre as partes. Fl. 2218DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.219 28 Ou seja, restou claro que houve a subrogação dos créditos, de modo que foi respondida afirmativamente – e favoravelmente à tese da recorrente – a primeira parte do questionamento da diligência. Neste contexto, assim se manifestou a interessada em resposta à intimação, após a conclusão da diligência (fls. 2039/2040): “Portanto, como muito bem resumido na Manifestação Fiscal, denominada de “Relatório Circunstanciado de Diligência Fiscal Requisitada pelo CARF”, objeto da presente petição, a diligência visou a verificação de duas questões específicas: 1) Existência de dados na contabilidade capazes de comprovar a sub rogação da contribuinte com relação a créditos de financiamentos concedidos por estabelecimentos bancários aos titulares de cartões; e 2) Observação dos requisitos legais para dedução destes créditos como perdas, que em 2007 somaram R$ 208.721.980,38. No que se refere ao ponto 1), a Fiscalização, diante de toda a documentação apresentada, reconheceu a subrogação dos créditos de financiamentos que deram origem às perdas à Recorrente, os quais estão devidamente suportados em seus registros contábeis. Nesse sentido, vejase a conclusão da Fiscalização: (...) Devidamente reconhecido pela Fiscalização o atendimento e comprovação do item 1) da Resolução nº 1101000.103 pela Recorrente, resta a análise de seu item 2), o qual merece maior atenção”. Continuando com o procedimento de diligência, expressou conclusivamente a autoridade que presidiu o procedimento no seu RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO (fls. 2019): “Por outro lado, cumpre esclarecer que não faz qualquer sentido a afirmação do representante do contribuinte, em atendimento a pedido desta fiscalização, ao asseverar que a questão levada a discussão tem a ver simplesmente com a pronúncia acerca da natureza das despesas no sentido de serem as despesas necessárias, usuais e normais. Não! A carência da prova dá origem a uma situação análoga à que enseja o inadimplemento de um dever, pois a parte a quem incumbia o dever de provar suportará as consequências de sua falta. Assim nos ensina o grande mestre Chiovenda (CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de direito processual civil. p. 442.) Portanto, com relação à observação dos requisitos legais para dedução de perdas em créditos, conforme verificações apresentadas às páginas 2 a 4 deste Relatório, há carência de prova, tendo restado não atendida a solicitação desta diligência para apresentação do demonstrativo com dados que permitissem apreciar se os créditos deduzidos como perda no ano de 2007 atendiam aos requisitos legais de dedutibilidade do art. 9º da Lei 9.430/96”. Contra esta posição assumida na diligência insurgiuse a recorrente (fls. 2040): Fl. 2219DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.220 29 “Conforme se depreende da Resolução, a d. Turma do CARF também solicitou fosse verificado se a Recorrente cumpriu os requisitos legais para dedução dos créditos como perdas no anocalendário 2007. Em análise de tal ponto, a d. Fiscalização sustentou na Resposta à Diligência que há carência de prova nos autos nesse item, concluindo “tendo restada não atendida a solicitação desta diligência para apresentação do demonstrativo com dados que permitissem apreciar se os créditos deduzidos como perda no ano de 2007 atendiam aos requisitos legais de dedutibilidade do art. 9º da Lei 9.430/96”. Contudo, a solicitação de verificação do cumprimento dos requisitos legais para dedução dos créditos como perdas ultrapassa os limites da acusação, eis que a única razão a fundamentar as autuações foi a equivocada consideração, por parte da Fiscalização, de que a Recorrente não poderia assumir a condição de credora dos titulares dos cartões de crédito inadimplentes, por tratarse tal atividade exclusiva de instituições financeiras. Nesse sentido, a própria fiscalização entendeu despicienda qualquer comprovação à luz da Lei 9.430/96, pois sua verdadeira causa de lançar foi a atividade exclusiva de instituição financeira, conforme indica o Termo de Verificação Fiscal”. Em suma, a partir deste quadro, a discussão cingese em definir se as despesas contabilizadas pela recorrente como “Perdas em Operações de Crédito” comportariam sua dedutibilidade, conforme preceitos previstos no artigo 9º, da Lei nº 9.430/1996 (artigo 340 – RIR/19997), lembrando que, no entender da recorrente, este ponto 7 Art. 340. As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º). § 1º Poderão ser registrados como perda os créditos (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 1º): I em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II sem garantia, de valor: a) até cinco mil reais, por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; b) acima de cinco mil reais, até trinta mil reais, por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; c) superior a trinta mil reais, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; III com garantia, vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; IV contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, observado o disposto no § 5º. § 2º No caso de contrato de crédito em que o não pagamento de uma ou mais parcelas implique o vencimento automático de todas as demais parcelas vincendas, os limites a que se referem Fl. 2220DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.221 30 não foi objeto da acusação fiscal e só teria surgido quando da conversão do julgamento em diligência e na subsequente Informação Fiscal oriunda deste procedimento. Em outras palavras, teria havido inovação. Não comungo deste raciocínio. Primeiro porque não só o auto de infração já fazia referência, dentre outros dispositivos, ao artigo 9º, da Lei nº 9.430/1996. Depois porque, expressamente a ele faz referência o TVF (fls. 717/718): (20) A sistemática introduzida pela Lei nº 9.430/96 determina que as perdas nos recebimentos de créditos podem ser deduzidas como despesas para a determinação tanto do Lucro Real para o cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, quanto da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, desde que sejam observados os requisitos previstos em seu artigo 9º, correspondente ao art. 340 do citado RIR, a saber: Ademais, como bem assentado no voto que converteu o julgamento em diligência e na própria informação conclusiva do procedimento, não basta a comprovação (que foi feita) de que a recorrente teria se subrogado nos créditos. Este ponto é incontroverso, mas é apenas UM dos aspectos a se observar. O outro, tão importante quanto, é saber se a PERDA foi efetivamente suportada e, PRINCIPALMENTE, se restou comprovada. Dizendo mais claramente, seria extremamente simplório que a acusação apenas exigisse o enquadramento da recorrente como instituição financeira e que, suplantado este ponto, bastasse à contribuinte unicamente comprovar ser detentora dos créditos pela sub rogação para fazer jus à dedução das perdas, sem que, na sequência e como corolário, se impusesse que a despesa nascida da “perda” pudesse ficar ao largo do crivo da legislação que trata da matéria, o artigo 9º, da Lei nº 9.430, de 1996. as alíneas "a" e "b" do inciso II do parágrafo anterior serão considerados em relação ao total dos créditos, por operação, com o mesmo devedor (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 2º). § 3º Para os fins desta Subseção, considerase crédito garantido o proveniente de vendas com reserva de domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 3º). § 4º No caso de crédito com empresa em processo falimentar ou de concordata, a dedução da perda será admitida a partir da data da decretação da falência ou da concessão da concordata, desde que a credora tenha adotado os procedimentos judiciais necessários para o recebimento do crédito (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 4º). § 5º A parcela do crédito, cujo compromisso de pagar não houver sido honrado pela empresa concordatária, poderá, também, ser deduzida como perda, observadas as condições previstas neste artigo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 5º). § 6º Não será admitida a dedução de perda no recebimento de créditos com pessoa jurídica que seja controladora, controlada, coligada ou interligada, bem como com pessoa física que seja acionista controlador, sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica credora, ou parente até o terceiro grau dessas pessoas físicas (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 6º). Fl. 2221DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.222 31 Ou seja, ainda que se aceite tal singeleza de raciocínio, não é crível possa haver a dedução da perda sem obediência aos dispositivos que regem tal matéria, não fosse por outro motivo, pela imperiosa obediência à lei que deve nortear as ações dos contribuintes, e, nesse sentido, são largamente conhecidas as restrições para deduções das perdas com direitos creditícios. Na verdade, o que a recorrente pretende é que a simples exibição de contratos possam validar eventuais perdas deles decorrentes. Ora, é necessário mais que isso. É indispensável a prova de que as perdas contabilizadas corresponderiam a créditos assumidos em decorrência dos efeitos da fiança demonstrada nos contratos apresentados e que estariam parametrizadas nos termos do dispositivo regulamentar citado (artigo 340 – RIR/1999). Com isso, ainda que não se negue a titularidade da Recorrente no que se refere aos créditos oriundos da subrogação da dívida contraída pelo titular do cartão, as eventuais “perdas” – mesmo que econômica e financeiramente sejam “perdas” na ótica do IRPJ só serão dedutíveis se observadas as regras do artigo citado e comprovadas documentalmente, caso contrário serão tratadas como indedutíveis. Em outro dizer, somente com a individualização das perdas e comprovação específica de cada uma delas é que se admitirá como dedutível a despesa surgida. Posição estampada com clareza na conclusão da diligência, balizamento que, se não vincula, não pode ser desprezado pelo julgador8: Portanto, com relação à observação dos requisitos legais para dedução de perdas em créditos, conforme verificações apresentadas às páginas 2 a 4 deste Relatório, há carência de prova, tendo restado não atendida a solicitação desta diligência para apresentação do demonstrativo com dados que permitissem apreciar se os créditos deduzidos como perda no ano de 2007 atendiam aos requisitos legais de dedutibilidade do art. 9º da Lei 9.430/96”. Em resumo e para que não pairem dúvidas, a restrição à dedução tem relação direta com a observância aos preceitos do artigo 340 do RIR/1999 (art. 9º, da Lei nº 9.430, de 1996). Como a recorrente não conseguiu trazer aos autos de forma individual e analítica o rol dos valores baixados (aí incluídos os dados do cliente, número dos títulos, vencimento, valor, etc.,), obviamente não foi possível ao Fisco, nem durante a ação fiscal nem por ocasião do procedimento de diligência, aferir a regular operação e validála, motivando, assim, os lançamentos perpetrados de ofício. 8 Processo nº 10580.011166/200200 Acórdão nº 110100008 – Sessão de 11/03/2009 – Relator Valmir Sandri Decisão – Provimento parcial ao recurso para reduzir a matéria tributável para (...) valor apurado na diligência fiscal. RECOMPOSIÇÃO DE BASES A diligência fiscal resultou em recomposição das bases tributáveis objeto do lançamento. O julgamento administrativo é norteado pelo Princípio da Verdade Material, constituindose em dever do Julgador Administrativo a sua busca incessante. Adequação do lançamento de acordo com ajustes reconhecidos pela própria autoridade fiscal em diligência realizada. Fl. 2222DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.223 32 Mais a mais, não se olvide, no processo administrativo tributário, o sujeito passivo (contribuinte ou responsável solidário) defendese dos fatos que lhe são imputados, e não necessariamente da capitulação legal da infração. Se os fatos imputados estão devidamente narrados ou descritos no auto de infração e anexos e no Termo de Constatação Fiscal, como ocorre no presente caso, permitindo que o interessado deles se defendesse, eventual capitulação legal equivocada, insuficiente ou deficiente não tem o condão inquinar de nulidade o feito fiscal. Nesse sentido, até mesmo em relação ao ato de lançamento, é a posição do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF: ERRO NO ENQUADRAMENTO LEGAL NULIDADE O erro no enquadramento legal da infração cometida não acarreta a nulidade do auto de infração, quando comprovado, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida e a alentada impugnação apresentada pelo contribuinte contra as imputações que lhe foram feitas, que inocorreu preterição do direito de defesa.” (Acórdão nº 10312.119/92, Primeiro Conselho de Contribuintes). AUTO DE INFRAÇÃO – DISPOSIÇÃO LEGAL INFRINGIDA – O erro no enquadramento legal da infração cometida não acarreta a nulidade do auto de infração, quando comprovado, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida e a alentada impugnação apresentada pelo contribuinte contra as imputações que lhe foram feitas, que inocorreu preterição do direito de defesa (Acórdão nº 10313.567, DOU de 28/05/1995); NULIDADE – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA – CAPITULAÇÃO LEGAL E DESCRIÇÃO DOS FATOS INCOMPLETA – IRF – Anos 1991 a 1993 – O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa (Acórdão nº 10417.364, de 22/02/2001, 1º CC). Nesse mesmo sentido, é o entendimento jurisprudencial da Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Ac. CSRF/0103.264, de 19/03/2001 e publicado no DOU em 24/09/2001), verbis: A imperfeição na capitulação legal do lançamento não autoriza, por si só, sua declaração de nulidade, se a acusação fiscal estiver claramente descrita e propiciar ao contribuinte dele se defender amplamente, mormente se este não suscitar e demonstrar o prejuízo sofrido em razão do ato viciado. Fl. 2223DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.224 33 Por todo o exposto, tenho que não se verificou qualquer inovação e que a motivação que sustenta o lançamento não foi afastada pela defesa, razão pela qual deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à glosa de perdas no recebimento de créditos Valor R$ 208.721.980,38 (infração nº 001 do AI). SOBRE A MULTA AGRAVADA Consta da imputação fiscal em relação à infração nº 003 (glosa de diversas despesas), o agravamento da multa em 50%, elevandoa ao patamar de 112,50%. A acusação está assim delineada (TVF fls. 727): “Por conseguinte, procederseá, de ofício, à constituição dos pertinentes créditos tributários incidentes sobre os valores a seguir demonstrados, através da lavratura dos competentes Autos de Infração de IRPJ e de CSLL com a aplicação da multa agravada de 112,5% em atendimento ao quanto disposto no artigo 959 do citado RIR/99, dos quais o presente fará parte integrante, sendo que a complementação do enquadramento legal encontrarseá alinhavada no corpo dos respectivos Autos de Infração”. Mencionado dispositivo regulamentar tem a seguinte redação: Art. 959. As multas a que se referem os incisos I e II do art. 957 passarão a ser de cento e doze e meio por cento e de duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 2º e Lei nº 9.532, de 1997, art. 70, I): I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 265 e 266; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 267. Discordo do procedimento fiscal e da decisão recorrida que manteve o agravamento da penalidade que, no meu conceito, só tem razão de ser quando o fiscalizado, contumaz e repetidamente, negase a prestar quaisquer esclarecimentos ou dificulta de forma concreta o procedimento de fiscalização. Não é o que vejo nos autos. Ao contrário, mesmo supondose que a autoridade lançadora tenha cogitado da aplicação da hipótese prevista no inciso I do referido dispositivo (único que, em tese, aqui caberia), o fato é que a contribuinte, ainda que insatisfatoriamente, respondeu às intimações fiscais. Demais disso, várias intimações foram lavradas para questionamentos específicos, e não poderia a autoridade fiscal promover o agravamento em relação a todas as glosas de despesas indistintamente. Fl. 2224DF CARF MF Processo nº 16327.720419/201281 Acórdão n.º 1402002.964 S1C4T2 Fl. 2.225 34 Em suma, não houve smj a mínima intenção da contribuinte em tumultuar os trabalhos da auditoria. E, se o agravamento da multa de ofício foi realizado pelo motivo da recorrente não ter apresentado documentos que evidenciassem a real prestação dos serviços tomados, isto não seria suficiente para motivar o agravamento, mas, sim, como visto, para realizar os lançamentos por não comprovação das despesas. Jamais para agravar a multa. Neste cenário, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa de 112,50%, reduzindoa ao seu patamar “normal” de 75%. Resumindo, para melhor fixação; 1 NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário em relação às infrações imputadas, mantendo os lançamentos realizados e a decisão recorrida; e, 2, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário UNICAMENTE para afastar a aplicação da multa agravada (112,50%), reduzindoa a 75%. É como voto. Brasília (DF), em 13 de março de 2018. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 2225DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10945.721075/2014-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
GANHO DE CAPITAL. TRANSFERÊNCIA A HERDEIROS. VALOR DE MERCADO.
Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre esse e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus sujeitar-se-á à incidência de imposto de renda à alíquota de quinze por cento.
O imposto deverá ser pago pelo inventariante até a data prevista para entrega da declaração final de espólio, nas transmissões mortis causa, observado que, no caso de feita a adjudicação dos bens, deverá ser apresentada pelo inventariante, dentro de trinta dias contados da data em que transitar em julgado a sentença respectiva, declaração dos rendimentos correspondentes ao período de 1º de janeiro até a data da homologação ou adjudicação.
MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO CARNÊ LEÃO. COMPROVAÇÃO DE DEDUÇÃO LEGAL.
Comprovada a obrigatoriedade e o pagamento de pensão alimentícia, o valor a ela correspondente pode ser utilizado como dedução na apuração do carnê leão.
Numero da decisão: 2402-006.089
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a multa isolada de 50% incidente em relação ao imposto calculado sobre o valor de R$ 58.800,00, relativo aos recibos de pagamento vinculados à pensão paga a Melissa Rogick.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012 GANHO DE CAPITAL. TRANSFERÊNCIA A HERDEIROS. VALOR DE MERCADO. Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre esse e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus sujeitar-se-á à incidência de imposto de renda à alíquota de quinze por cento. O imposto deverá ser pago pelo inventariante até a data prevista para entrega da declaração final de espólio, nas transmissões mortis causa, observado que, no caso de feita a adjudicação dos bens, deverá ser apresentada pelo inventariante, dentro de trinta dias contados da data em que transitar em julgado a sentença respectiva, declaração dos rendimentos correspondentes ao período de 1º de janeiro até a data da homologação ou adjudicação. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO CARNÊ LEÃO. COMPROVAÇÃO DE DEDUÇÃO LEGAL. Comprovada a obrigatoriedade e o pagamento de pensão alimentícia, o valor a ela correspondente pode ser utilizado como dedução na apuração do carnê leão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a multa isolada de 50% incidente em relação ao imposto calculado sobre o valor de R$ 58.800,00, relativo aos recibos de pagamento vinculados à pensão paga a Melissa Rogick. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Ronnie Soares Anderson.
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TRANSFERÊNCIA A HERDEIROS. VALOR DE MERCADO. Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre esse e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus sujeitarseá à incidência de imposto de renda à alíquota de quinze por cento. O imposto deverá ser pago pelo inventariante até a data prevista para entrega da declaração final de espólio, nas transmissões mortis causa, observado que, no caso de feita a adjudicação dos bens, deverá ser apresentada pelo inventariante, dentro de trinta dias contados da data em que transitar em julgado a sentença respectiva, declaração dos rendimentos correspondentes ao período de 1º de janeiro até a data da homologação ou adjudicação. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO CARNÊ LEÃO. COMPROVAÇÃO DE DEDUÇÃO LEGAL. Comprovada a obrigatoriedade e o pagamento de pensão alimentícia, o valor a ela correspondente pode ser utilizado como dedução na apuração do carnê leão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 72 10 75 /2 01 4- 25 Fl. 226DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a multa isolada de 50% incidente em relação ao imposto calculado sobre o valor de R$ 58.800,00, relativo aos recibos de pagamento vinculados à pensão paga a Melissa Rogick. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Ronnie Soares Anderson. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10945.721075/201425 Acórdão n.º 2402006.089 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, que entendeu por considerar improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Auto de Infração em 06.08.2014 para constituição de IRPF no valor principal de R$ 73.268,55, acrescido da multa de ofício (75%) e dos juros legais Selic, além de multa isolada no montante de R$ 100.012,48. A autuação decorre da constatação das infrações a seguir: 1 Ganhos de Capital na Alienação de Bens e Direitos Omissão de ganhos de capital na transmissão "mortis causa"; e 2 Multas Aplicáveis à Pessoa Física Falta de recolhimento do IRPF devido a título de Carnê Leão. Para o relato dos fatos e constatações, sirvome do relatório do acórdão recorrido, por bem retratar o caso: Relata a autoridade fiscal que os bens havidos por herança com o falecimento da mãe, Bertina Carmen Guzzi, CPF n.º 084.145.13891, ocorrido em 16/11/1997, cujo inventário foi encerrado por sentença judicial em 07/08/2009, foram transferidos ao único herdeiro Otávio José Guzzi Taurisano por valor superior àquele que constava na declaração do de cujus, conforme demonstrado no quadro abaixo: Informa a fiscalização que a Declaração Final de Espólio foi apresentada em 29/04/2010, referente ao anocalendário 2009, ano em que se deu o encerramento do inventário. Segue relatando a fiscalização que os imóveis recebidos por herança foram incluídos na Declaração de Ajuste Anual do herdeiro, do anocalendário 2009, por valor superior ao constante da declaração do de cujus, e que intimado para comprovar o pagamento do imposto incidente sobre o ganho de capital apurado na transferência desses bens, o inventariante e herdeiro nada comprovou. Fl. 228DF CARF MF 4 Que a opção exercida pelo herdeiro em transferir os imóveis por valor superior ao que constava na ultima declaração do de cujus, consubstanciada na Declaração Final de Espólio entregue pelo inventariante sem que houvesse o respectivo pagamento do imposto, caracteriza a omissão de ganho de capital na transmissão de bens causa mortis. Esclarece a fiscalização quanto à aplicação do redutor do ganho de capital previsto na Lei n.º 7.713, de 1988, que foi considerada a data de aquisição consignada na certidão da matricula imobiliária de cada imóvel e como data de transmissão a data do óbito da autora da herança, em conformidade com o que dispõe o artigo 1.784 do Código Civil Brasileiro, calculado conforme demonstrativo abaixo: Esclarece ainda que, em razão do lançamento ter sido constituído após o encerramento do espólio, ocorrido em 07/08/2009, e sendo o crédito tributário apurado inferior ao montante recebido por herança, o mesmo está sendo constituído em nome do contribuinte supracitado, por força dos art. 119 e 142 do Decreto n.º 3.000, de 1999 – RIR/99, destacando que o sucessor a qualquer título é responsável pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão, legado ou da meação, nos termos do inciso II do art. 131 do Código Tributário Brasileiro – CTN. Multa aplicada à Pessoa Física – Falta de recolhimento do IRPF devido a titulo de CarnêLeão – Em razão do contribuinte ter deixado de efetuar o recolhimento mensal obrigatório (carnê leão) incidente sobre os rendimentos declarados, foi aplicada a multa exigida isoladamente correspondente a 50% do imposto devido mensalmente e não recolhido, conforme Demonstrativo de Multa Exigida Isoladamente de fls. 135 a 138, totalizando R$ 100.012,48. Regularmente intimado, apresentou Impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil DRJ, às fls. 166/174. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10945.721075/201425 Acórdão n.º 2402006.089 S2C4T2 Fl. 4 5 Em seu Recurso Voluntário às fls. 206/211 aduz, em síntese: Que o fato gerador se deu em 1997, com o falecimento da mãe do recorrente, e não em 2009; Que os imóveis da Al Min Rocha Azevedo SP foram adquiridos pela autora da herança em 16.12.1989. Que além da redução de ganho da Lei 7.713/88, haveria outros redutores, como a depreciação pelo tempo em que o imóvel ficou com a contribuinte; Que sobre a diferença de R$ 51.932,90 (R$ 329.522,00 R$ 277.589,10) devem ser aplicados os seguintes redutores: 5% da Lei 7.713/88 e 50,92% e 14,84% da Lei 11.196/2005. Assim, o ganho seria de apenas R$ 20.620,85; Que o imóvel da Av. Angélica foi adquirido pela de cujus em 28.07.1981; Que sobre a diferença de R$ 18.241,54 (R$ 184.795,00 R$ 166.553,46) devem ser aplicados os seguintes redutores: 50% da Lei 7.713/88 e 50,92% e 14,84% da Lei 11.196/2005. Assim, o ganho seria de apenas R$ 3.812,18; Que quanto às multas isoladas, as declarações do recorrente, ladeadas às de sua exesposa, comprovariam os pagamentos da pensão. Estaria juntando documentos que comprovariam esses pagamentos de deduções quanto a dependente. (partilha de divórcio, homologação, recibo, declarações de imposto de renda do recorrente e de Flávia Rogick). Que a multa aplicada de 50% deve ser reduzida para 20%. Cita Jurisprudência. É o relatório. Fl. 230DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do Acórdão recorrido em 27.02.2015 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 27.03.2015. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. No que toca à sustentação de que o fato gerador teria se dado com o falecimento de sua genitora em 1997, dela não compartilho. Vejamos: O procedimento preconizado pelo artigo 23 da Lei 9.532/97 traz a possibilidade de, com a adjudicação ou com o formal de partilha, os valores serem transferidos aos herdeiros pelos valores que constaram na última declaração de bens do de cujus, não havendo qualquer imposto no ato da transferência, mitigando, nesse aspecto, a isenção imposta pelo inciso XVI do artigo 6º da Lei 7.713/88 1. Referida opção tem razão de ser pelo fato de nos processos de inventário ou arrolamento, os bens serem, a rigor, avaliados a valor de mercado, assim repercutindo na adjudicação/partilha. Por outro lado, há a possibilidade de os bens serem transferidos a valores de mercado, que, a rigor, constaram da partilha ou da adjudicação, ocasião em que, doravante, deverá ser apurado o ganho de capital na transferência do bem do espólio para o sucessor. Assim, é com a definição desse valor de mercado, que, em tese, se determinou com o trânsito em julgado da sentença (não raras as vezes se dá após cinco anos da abertura da sucessão), ladeada à manifesta opção do inventariante pela transferência dos bens por aquele valor de mercado 2 é que se tem, a meu ver, o momento de incidência do tributo, e não no falecimento de sua genitora em 1997. Corrobora o entendimento acima, o que consta no § 2º do mesmo diploma, ao estipular, como data do vencimento do imposto, a data prevista para a entrega da declaração final de espólio, quando se tratar de transmissão causa mortis, observadas às determinações do § 4º do artigo 7º da Lei 9.250/95, verbis. § 4º Homologada a partilha ou feita a adjudicação dos bens, deverá ser apresentada pelo inventariante, dentro de trinta dias contados da data em que transitar em julgado a sentença respectiva, declaração dos rendimentos correspondentes ao período de 1º de janeiro até a data da homologação ou adjudicação. A seu turno, na forma do artigo 6º da IN RFB nº 81/2001, com a redação dada pela IN RFB nº 897/2008, a Declaração Final de Espólio deve ser apresentada até o último dia útil do mês de abril do anocalendário subseqüente ao da decisão judicial da adjudicação dos bens inventariados, que tenha transitado em julgado (27.08.2009) até o último dia do mês de fevereiro do anocalendário subseqüente ao da decisão judicial (07.08.2009). 1 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XVI o valor dos bens adquiridos por doação ou herança; 2 Por força da exigência contida no § 3º daquele artigo 23, caso não conste o valor da transferência na declaração final do espólio, tenho que a manifestação pela opção do valor de transferência deuse na declaração do sucessor, com a entrada do bem, em seu patrimônio, por valor superior ao da última declaração do de cujos Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10945.721075/201425 Acórdão n.º 2402006.089 S2C4T2 Fl. 5 7 A razão de ser dessa inovação legislativa está expressamente consignada na exposição de motivos da MP 1.602/97, convertida na Lei 9.532/97. Confirase: Nesse sentido, não merece acolhida a tese defendida, neste ponto. E prossegue o recorrente, valendose do princípio da eventualidade, ao questionar a apuração dos ganhos de capital, em especial, a aplicação dos fatores de redução da Lei 7.713/88 e 11.196/2005. A Declaração Final de Espólio acostada às fls. 90/96, apresenta valores de transferência zerados na Declaração de Bens e Direitos, embora tenham constados, na mesma declaração, os valores R$ 166.553,46, R$ 220.000,00 e R$ 277.589,10 na coluna "Situação na Data da Partilha". Não obstante, o recorrente entrou com tais bens em seu patrimônio pelos valores, respectivamente, de R$ 184.795,00, R$ 650.000,00 e R$ 329.522,00, implicando fosse admitido que, de fato, houvera a transferência dos bens, nesses valores, a ensejar a apuração do ganho de capital que deveria ter sido apurado pelo inventariante. Em função da não apuração pelo inventariante, a Fiscalização promoveu, de ofício, o levantamento do ganho da seguinte forma: Considerou, como custo de aquisição, os valores que constavam na declaração do espólio e, como data de aquisição, as consignadas nas escrituras de aquisição, a saber: 16.12.1988, 13.08.1979 e 20.12.1996. Considerou, como valor de transmissão, os que ingressaram no patrimônio do recorrente e que representariam os valores de transferência da Declaração Final de Espólio; como data da transferência, a do óbito de sua genitora (16.11.1997). Nesse contexto, após apurar o ganho de capital, a Fiscalização aplicou os percentuais de redução previstos na Lei 7.713/88, bem como requereu o recorrente. Não aplicou, contudo, os fatores de redução da Lei 11.196/2005, na medida em que muito embora a transferência a ensejar a apuração do ganho tenha se dado em 2009, a transmissão da propriedade, segundo a lei civil, derase com a abertura da sucessão, com o Fl. 232DF CARF MF 8 óbito. Ademais, aqueles fatores de redução aplicamse aos ganhos de capital decorrente de "alienações", o que, a meu ver, não se amolda ao caso, onde o ganho foi apurado em função de circunstância diversa, é dizer, da transferência causa mortis. Veja, nesse aspecto, não haverá qualquer prejuízo ao contribuinte, que, quando alienar referidos bens herdados, poderá se valer daqueles fatores de redução acima mencionados, caso, por óbvio, vigente a norma à época da alienação, a contar da data do falecimento de sua mãe. Não é outro o texto do inciso I do artigo 21 da Instrução Normativa SRF nº 84/2001, ao definir a data de aquisição, na transferência causa mortis, como sendo a da abertura da sucessão. Destarte, quanto à apuração dos ganhos, não vejo reparos a considerar no lançamento. No que toca às multas isoladas constituídas, requer o recorrente sejam consideradas as deduções com dependentes e pensão, muito embora não tivesse delas se aproveitado em suas DIRPF, quando da informação de rendimentos recebidos de pessoa física. (fls. 8 ac 2009; fls.18 ac 2010; fls. 31 ac 2011; e fls. 43 ac 2012). Todavia, apresentou, no recurso voluntário, o recibo de R$ 58.800,00, às fls. 203, subscrito por Flávia Rogick, vinculado à filha Melissa Rogick e relativo ao período de janeiro a dezembro de 2011 a valores mensais de R$ 4.900,00. Na ação de divórcio direto, transitada em julgado em 21.01.2011, constou o pagamento de pensão alimentícia aos filhos, dentre eles, Melissa, no valor de R$ 4.900,00. Tais valores foram oportunamente declarados pelo excônjuge em sua DIRPF/2012. Nesse sentido, concluo pela dedutibilidade desses valores na apuração mensal do carnê leão nos meses de janeiro a dezembro de 2011. Quanto às demais deduções pleiteadas, cumpre observar que além de não ter se valido delas na apuração mensal do tributo, nada apresentou que as comprovasse. No que toca à redução do percentual da multa isolada, tenho que inexiste amparo normativo para tanto, ressaltando que o percentual de 50% tem assento legal na alínea "a" do inciso II do artigo 44 da Lei 9.430/96, que dele não se deve afastar este colegiado, por força do artigo 62 do RICARF. Ante o exposto, CONHEÇO do recurso apresentado, para, no mérito, DAR LHE PARCIAL provimento, para afastar a multa isolada correspondente à redução do valor a título de carnê leão, em função das deduções aqui autorizadas para o no 2011. (Assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10945.721075/201425 Acórdão n.º 2402006.089 S2C4T2 Fl. 6 9 Fl. 234DF CARF MF
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