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Numero do processo: 13830.903160/2012-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/09/2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.433
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 60 /2 01 2- 23 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de PIS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.696, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903160/201223 Acórdão n.º 3402004.433 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 63DF CARF MF
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Numero do processo: 15165.721174/2014-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013
CONVERSOR EM BLOCO DE BAIXO RUÍDO COM ALIMENTADOR HORN (LNBF). DUAS FUNÇÕES ESSENCIAIS. CÓDIGO DA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM).
Classificam-se no código NCM 8543.70.99 os equipamentos denominados conversores em bloco de baixo ruído com alimentador horn, conhecido como Low Noise Block Converter Feedhorn (LNBF) e usados em antenas destinadas à recepção de TV via satélite, que amplificam os sinais de entrada, introduzindo baixo ruído, e convertem a banda de freqüências de entrada numa banda de freqüências mais baixas na saída.
TUBOS OCOS FLEXÍVEIS DE LATÃO REVESTIDOS DE PRATA. DESCRITOS NA DI COMO GUIAS DE ONDAS FLEXÍVEIS. MATÉRIA-PRIMA DO PRODUTO ACABADO. CÓDIGO DA NCM.
Os tubos ocos flexíveis de latão revestidos de prata, descritos equivocadamente nas DI como guias de ondas flexíveis, classificam-se no código NCM 7107.00.00.
BICO ROCTEC LONG LIFE. PRODUTO ESPECÍFICO PARA MÁQUINAS DE CORTE DE JATO D'ÁGUA. CÓDIGO DA NCM.
Os equipamentos denominados Bico Roctec Long Life, específicos para máquinas de corte de jato d'água, feitos de carbeto de tungstênio, classificam-se no código NCM 8466.93.19.
CONECTOR PARA CABO COAXIAL. MATERIAL UTILIZADO PARA O TRANSPORTE DE SINAIS DE RADIOFREQÜÊNCIA OU MICROONDAS. CLASSIFICAÇÃO COMO PARTE DE APARELHOS TRANSMISSORES (EMISSORES) PARA RADIODIFUSÃO OU TELEVISÃO.
Os equipamentos denominados conectores para cabo coaxial, que tem por finalidade o transporte de sinais de radiofrequência e microondas em antenas e sistemas de equipamentos de transmissores e/ou receptores de radiofrequência em microondas, classificam-se no no código NCM 8529.90.19, como parte reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos transmissores (emissores) para radiodifusão ou televisão.
COLA OU BORRACHA DE SILICONE. USO ESPECÍFICO. VEDAÇÃO E IMPERMEABILIZAÇÃO. FUNÇÃO DE ASSEGURAR A ESTANQUEIDADE. CÓDIGO DA NCM.
Os produtos descritos como cola ou borracha de silicone são na verdade uma mástique, que tem função de assegurar a vedação e impermeabilização, impedindo a passagem da água e umidade, além de assegurar a estanqueidade, e como tal classificam-se no código NCM 3214.10.10.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013
MULTA DE OFÍCIO E MULTA ADMINISTRATIVA. COMPROVAÇÃO DO DOLO OU MÁ-FÉ. IRRELEVÂNCIA.
A responsabilidade por infração a legislação tributária ou aduaneira independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.
ERRO DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL. APLICAÇÃO DA MULTA REGULAMENTA. POSSIBILIDADE.
Aplica-se a multa de 1% (um por cento) sobre o valor aduaneiro da mercadoria no caso de classificada incorreta na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. APURADA DIFERENÇA DE TRIBUTO. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
Nos casos de lançamento de ofício, será aplicada a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de tributo, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; ou ainda, no caso do IPI, na falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto.
JUROS MORATÓRIOS. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. COBRANÇA COM BASE NA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE.
Após o vencimento, os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) devem ser acrescidos dos juros moratórios, calculados com base na variação da Taxa Selic (Súmula Carf nº 4).
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013
MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. ATO DE DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA DE LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O ato de desembaraço aduaneiro põe termo a fase de conferencia aduaneiro do despacho de importação e tem o efeito de autorizar a liberação ou desembaraço da mercadoria, portanto, não tem a natureza ato de homologação expressa do lançamento por homologação nem de lançamento ofício, por não atender os requisitos dos arts. 142 e 150 do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.767
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento parcial para afastar o lançamento relativo às importações descritas como CONECTOR PARA CABO COAXIAL RG-6 no subitem 2.4 do TVF colacionado aos autos, inclusive a multa por erro de classificação, vencido o Conselheiro Cássio Schappo que convertia o julgamento em diligência para realização de um terceiro laudo para classificar o produto LNBF (Low Noise Block Downconverter Feedhorn).
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Cássio Schappo, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 CONVERSOR EM BLOCO DE BAIXO RUÍDO COM ALIMENTADOR HORN (LNBF). DUAS FUNÇÕES ESSENCIAIS. CÓDIGO DA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). Classificamse no código NCM 8543.70.99 os equipamentos denominados conversores em bloco de baixo ruído com alimentador horn, conhecido como Low Noise Block Converter Feedhorn (LNBF) e usados em antenas destinadas à recepção de TV via satélite, que amplificam os sinais de entrada, introduzindo baixo ruído, e convertem a banda de freqüências de entrada numa banda de freqüências mais baixas na saída. TUBOS OCOS FLEXÍVEIS DE LATÃO REVESTIDOS DE PRATA. DESCRITOS NA DI COMO GUIAS DE ONDAS FLEXÍVEIS. MATÉRIA PRIMA DO PRODUTO ACABADO. CÓDIGO DA NCM. Os tubos ocos flexíveis de latão revestidos de prata, descritos equivocadamente nas DI como guias de ondas flexíveis, classificamse no código NCM 7107.00.00. BICO ROCTEC LONG LIFE. PRODUTO ESPECÍFICO PARA MÁQUINAS DE CORTE DE JATO D'ÁGUA. CÓDIGO DA NCM. Os equipamentos denominados Bico Roctec Long Life, específicos para máquinas de corte de jato d'água, feitos de carbeto de tungstênio, classificam se no código NCM 8466.93.19. CONECTOR PARA CABO COAXIAL. MATERIAL UTILIZADO PARA O TRANSPORTE DE SINAIS DE RADIOFREQÜÊNCIA OU MICROONDAS. CLASSIFICAÇÃO COMO PARTE DE APARELHOS TRANSMISSORES (EMISSORES) PARA RADIODIFUSÃO OU TELEVISÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 72 11 74 /2 01 4- 16 Fl. 2144DF CARF MF 2 Os equipamentos denominados conectores para cabo coaxial, que tem por finalidade o transporte de sinais de radiofrequência e microondas em antenas e sistemas de equipamentos de transmissores e/ou receptores de radiofrequência em microondas, classificamse no no código NCM 8529.90.19, como parte reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos transmissores (emissores) para radiodifusão ou televisão. COLA OU BORRACHA DE SILICONE. USO ESPECÍFICO. VEDAÇÃO E IMPERMEABILIZAÇÃO. FUNÇÃO DE ASSEGURAR A ESTANQUEIDADE. CÓDIGO DA NCM. Os produtos descritos como cola ou borracha de silicone são na verdade uma mástique, que tem função de assegurar a vedação e impermeabilização, impedindo a passagem da água e umidade, além de assegurar a estanqueidade, e como tal classificamse no código NCM 3214.10.10. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 MULTA DE OFÍCIO E MULTA ADMINISTRATIVA. COMPROVAÇÃO DO DOLO OU MÁFÉ. IRRELEVÂNCIA. A responsabilidade por infração a legislação tributária ou aduaneira independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. ERRO DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL. APLICAÇÃO DA MULTA REGULAMENTA. POSSIBILIDADE. Aplicase a multa de 1% (um por cento) sobre o valor aduaneiro da mercadoria no caso de classificada incorreta na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. APURADA DIFERENÇA DE TRIBUTO. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Nos casos de lançamento de ofício, será aplicada a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de tributo, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; ou ainda, no caso do IPI, na falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto. JUROS MORATÓRIOS. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. COBRANÇA COM BASE NA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. Após o vencimento, os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) devem ser acrescidos dos juros moratórios, calculados com base na variação da Taxa Selic (Súmula Carf nº 4). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. ATO DE DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA DE LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 2145DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.145 3 O ato de desembaraço aduaneiro põe termo a fase de conferencia aduaneiro do despacho de importação e tem o efeito de autorizar a liberação ou desembaraço da mercadoria, portanto, não tem a natureza ato de homologação expressa do lançamento por homologação nem de lançamento ofício, por não atender os requisitos dos arts. 142 e 150 do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento parcial para afastar o lançamento relativo às importações descritas como “CONECTOR PARA CABO COAXIAL RG6” no subitem 2.4 do TVF colacionado aos autos, inclusive a multa por erro de classificação, vencido o Conselheiro Cássio Schappo que convertia o julgamento em diligência para realização de um terceiro laudo para classificar o produto LNBF (Low Noise Block Downconverter Feedhorn). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Cássio Schappo, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem descrever os fatos adotase o relatório contido no acórdão recorrido, que seque transcrito: Dos lançamentos Cuidam os autos da exigência de crédito da União, relativos à cobrança do Imposto de Importação/II (R$ 15.743.082,80), do Imposto sobre Produtos Industrializados/IPI (R$ 1.527.397,58), da Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social/Cofins Importação (R$ 764.580,58), da Contribuição para o Programa de Integração Social/PIS/PASEPImportação (R$ 36.042,42), e de multa isolada (R$ 752.739,44), em desfavor de BRASILSAT HARALD S/A, doravante tratada apenas como BRASILSAT, em decorrência da falta do recolhimento no momento do registro das Declarações de Importação (DI), conforme Auto de Infração, às fls. 297926, a seguir explanado, de forma sintética, a fim de se obter uma fiel compreensão dos fatos mencionados: Fl. 2146DF CARF MF 4 A ação fiscal foi executada abrangendo o período de 07/2009 a 07/2013 e o Termo de Início de Ação Fiscal e a Intimação nº 01 (fls. 02/04) foram entregues em 24/09/2013, solicitando esclarecimentos e documentação. A estes, seguiramse os Termos de intimação de nºs 02 (fls. 08/09), 03 (fls. 13/32), 04 (fls. 52) e 05 (fls. 54/62). Da análise das Declarações de Importação, em confronto com a documentação apresentada pelo sujeito passivo, verificouse que alguns produtos importados foram classificados erroneamente na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e na Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística (NVE), bem como foram descritos incorretamente. Foram importados produtos descritos nas Adições como LNA amplificadores de radiofrequência para recepção de sinais de microondas de baixo ruído, mas na verdade são LNBF (Low Noise Block Downconverter Feedhorn) – Conversor em Bloco de Baixo Ruído com Alimentador Horn, conforme descrição existente nas tabelas constantes do Termo de Verificação Fiscal (fls. 299 a 315). Que para a correta interpretação do conteúdo das Posições e Subposições e das notas de Seção e Capítulo da Nomenclatura do Sistema Harmonizado podem ser utilizadas fontes subsidiárias, destacando as NESH (Notas Explicativas do Sistema Harmonizado), aprovadas pelo Decreto nº 435/92, DOU 28/01/1992, e atualizadas pela IN/SRF nº 157/2002, DOU 01/07/2002, e posteriores, que permitem a avaliação e interpretação do conteúdo e alcance das Posições e Subposições. Como se pode constatar nos catálogos do sujeito passivo (fls. 162/178), bem como nos documentos apresentados em atenção aos Termo de Intimação (fls. 7 e 35/41), os equipamentos sob análise são o que comercialmente se denomina LNBF, que são produtos utilizados em telecomunicações via satélite. São amplificadores de baixo ruído com conversor de sinais para antenas, que têm por finalidade receber o sinal enviado pelo satélite já concentrado no alimentador pelo refletor parabólico, amplificálo introduzindo o menor ruído possível e convertêlo para uma frequência intermediária (FI) menor que a frequência de recepção, embora o sujeito passivo denomine os aparelhos como LNA. Inquirido especificamente sobre a função de conversão dos aparelhos (fls. 08/09), o contribuinte afirmou que os aparelhos são chamados de LNA ou LNB ou LNBF, os quais têm como função primordial, ou cerne, sua capacidade de amplificar sinais com baixíssimo acréscimo de ruído e que os aparelhos importados contêm um pequeno conversor básico de um estágio apenas. A classificação adotada pela fiscalização é a mesma adotada pela RFB nas seguintes Soluções de Consulta: Solução de Consulta Coana nº 5, de 25 de julho de 2002; Soluções de Consulta SRRF09/Diana nºs 77, de 01 de setembro de 2011 e 86, de 18 de outubro de 2013; Soluções de Consulta SRRF07/Diana Fl. 2147DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.146 5 nºs 09 e 10, de 19 de abril de 2011; e Solução de Consulta SRRF06/Diana nº 43, de 12 de dezembro de 2013. O cerne da divergência entre o enquadramento esposado pela RFB e o pretendido pelo sujeito passivo reside na análise dos desdobramentos regionais e consequente enquadramento dos produtos a nível de item e subitem, sendo a classificação fiscal da Receita Federal para estes produtos a 8543.70.99 e a apresentada pelo contribuinte a 8543.70.12. Para esse enquadramento, o ponto central a ser esclarecido é se, nesse aparelho, com a função e uso a que se destina, a função de amplificar e a função de converter são igualmente importantes, como entende esta fiscalização, ou se a função de amplificar é mais importante que a função de converter, como alega o sujeito passivo. A fiscalização solicitou Laudo Pericial (fls. 106/108) para descrever as funções, características, funcionamento, aplicação, uso e emprego dos aparelhos importados pelo sujeito passivo, bem como para esclarecer se neles as funções de conversão e de amplificação são ou não igualmente importantes. O Laudo Pericial (fls. 109/120) esclareceu que os aparelhos importados pelo sujeito passivo são LNBF e não LNA como consta das descrições das Adições e da planilha do sujeito passivo e que ambas as funções, de conversão e de amplificação, são igualmente importantes. São três as diferenças básicas entre LNA, LNB e LNBF, segundo o Laudo Pericial (fls. 114/115), caracterizadas por suas funções de ampliação e/ou conversão de sinais. O LNA amplifica sinais introduzindo baixo ruído, ou seja, só amplifica os sinais de entrada; o LNB amplifica sinais introduzindo baixo ruído e converte a banda de frequências de entrada em uma banda de frequências mais baixas na saída, ou seja, amplifica e converte os sinais de entrada; o LNBF amplifica sinais introduzindo baixo ruído, converte a banda de frequências de entrada em uma banda de frequências mais baixas na saída, ou seja, amplifica e converte os sinais de entrada, recebendo os sinais de entrada através de um alimentador Horn. Em resposta ao quesito 5 (fls. 115), o perito informou no laudo técnico que todos os aparelhos contidos na listagem da tabela de produtos a periciar são LNBF. Em resposta ao quesito 7 (fls. 115) informou que é correto afirmar que nos LNB e/ou LNBF, as funções de amplificação e de conversão são igualmente importantes e imprescindíveis para o cumprimento de sua finalidade. Após receber o resultado do Laudo Pericial o sujeito passivo apresentou um estudo técnico por ele contratado (fls. 123/125), denominado Parecer Técnico, que responde um a um os quesitos formulados por esta fiscalização no Termo de Solicitação de Fl. 2148DF CARF MF 6 Perícia de fls. 16/108. Apresentou, também, os currículos dos dois profissionais que assinam o Parecer Técnico (fls. 126/161). Segundo o Parecer Técnico (fls. 123/124), um LNA é um amplificador de baixo ruído, essencial para permitir a correta recepção de sinais em sistemas de comunicação via satélite, enquanto que um LNB é um LNA ao qual é acoplado um conversor de frequências e um LNBF é um LNA com conversor de frequências acoplado ao alimentador da antena. Em resposta ao quesito 5 (fls. 124) o Parecer Técnico, da mesma forma que o Laudo Pericial, informa que todos os produtos analisados são LNBF, mas em resposta ao quesito 7 (fls. 124), informa que a amplificação é a função principal destes dispositivos, não sendo igualmente importantes as duas funções, sendo a função de conversão apenas complementar, conforme resposta ao quesito 9 (fls. 124). O ponto central da divergência entre o enquadramento esposado pela RFB e o pretendido pelo sujeito passivo reside em se estabelecer se a função de amplificar e a função de converter são igualmente importantes, como entende a fiscalização, ou se a função de amplificar é mais importante que a função de converter, como alega o sujeito passivo. Quando se trata de classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é importante ter em mente qual a aplicação e uso a que se destinam essas mercadorias, bem como todo o funcionamento do Sistema Harmonizado. No caso, os LNBF são para uso doméstico, sendo usados em antenas destinadas à recepção de TV via satélite, conforme o Laudo Pericial (fls. 114) ou para aplicações domésticas ou semiprofissionais, conforme o Parecer Técnico do sujeito passivo (fls. 124). O próprio Parecer Técnico do sujeito passivo é inequívoco ao afirmar que nos LNBF a função de conversão permite “a utilização de cabos coaxiais de baixo custo na interconexão com os demais equipamentos de recepção” (fls. 124). Diz também que “outras soluções seriam possíveis para viabilizar a recepção sem o acoplamento do conversor ao LNA”, deixando muito claro que o conversor viabiliza a recepção pelos equipamentos e que sem ele outras soluções deveriam necessariamente ser implementadas. Somente após o sinal ter sido convertido é que ele será recepcionado pelo receptor de sinais por satélite (SetTopBox) e sem o conversor acoplado ao aparelho outras soluções deveriam necessariamente ser implementadas, significando que para o modo como todo o sistema de recepção de sinais via satélite para uso doméstico está construído atualmente é necessária a conversão do sinal. Ou seja, para o uso a que se destinam os LNBF a conversão dos sinais é de fundamental importância. A absoluta necessidade do conversor para viabilizar a recepção no uso doméstico (ou semiprofissional) foi sobejamente demonstrada, tanto no Laudo Pericial solicitado por esta fiscalização, quanto no Parecer Técnico apresentado Fl. 2149DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.147 7 pelo sujeito passivo. Assim, como anteriormente explicado e de acordo com o Laudo Pericial (fls. 109/120), os produtos em pauta têm duas funções de igual importância: amplificar e converter o sinal recebido por uma antena parabólica. O Comitê do Sistema Harmonizado, da Organização Mundial das Aduanas (OMA), emitiu parecer de classificação para mercadoria similar à do presente processo, classificando na subposição 8543.70 o produto “transformadorredutor a baixo nível de ruído (LNB)”, enquanto que a Solução de Consulta nº 5, de 25 de julho de 2002, classifica o LNB como 8543.70.99. Outras soluções de consulta classificam este equipamento na mesma posição, com destaque para a Solução de Consulta nº 77, de 01 de setembro de 2011, que classificou o LNBF no código 8543.70.99. Em relação ao produto “guias de ondas flexíveis” (FTXX CORE1830 S), o catálogo em inglês que acompanha a tabela/resposta do sujeito passivo (fls.07 e 294/295), denominado Waveguide Construction, e as informações constantes dessa mesma tabela, dão conta que se trata de tubos de latão, com liga à base de cobrezinco, com predominância do cobre, retangulares, chapeados de prata. Tratase de tubos ocos flexíveis de latão, com ranhuras, chapeados com prata e para se transformarem no artefato denominado guia de onda flexível, que será usado em conjunto com uma antena, esses tubos ainda sofrerão todo um processo de industrialização, descrito no catálogo já citado, inclusive o chapeamento de prata, que é utilizado para minimizar perdas. O sujeito passivo classificou esses produtos no código 8529.90.19, como parte de aparelhos das posições 85.25 a 85.28, entretanto, os produtos importados são simples tubos de latão chapeados de prata, que para se transformarem em partes dos aparelhos a que vão servir ainda serão cortados, adicionados de flanges nas extremidades e recobertos de borracha de silicone (documento fls. 07 e 294/295) e não poderiam ser incluídos na posição de “parte”. Em relação ao produto “bico roctec long life”, na tabela/resposta do sujeito passivo (fls.07 e 296) esses produtos são descritos como “Bicos acoplados ao cabeçote da máquina de corte jato d´água que direcionam o fluído para o corte por abrasão de chapas metálicas” e de sua função dizse que são “Bicos específicos para máquina de corte de jato d'água”, feitos de carbeto de tungstênio. O sujeito passivo classificou esses produtos no código 8543.70.12, onde se inserem os amplificadores de radiofrequência “para recepção de sinais de microondas de baixo ruído (LNA) na banda de 3.600 a 4.200 MHz, com temperatura menor ou igual a 55 Kelvin, para telecomunicações via satélite”. Entretanto, como já se viu, tratase de bicos feitos Fl. 2150DF CARF MF 8 de carbeto de tungstênio, próprios para máquinas de corte de jato d'água. De acordo com as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e na Regra Geral Complementar da Nomenclatura do Mercosul da Tarifa Externa Comum, aprovada pela Resolução Camex n.º 43, de 2006, e com base em subsídios extraídos das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (Nesh), aprovadas pelo Decreto n.º 435, de 1992, e atualizadas pelas IN RFB n.º 807, de 2008, e n.º 1.072, de 2010, os bicos próprios para máquinas de corte de jato d'água analisados devem ser classificados no código 8466.93.19. Quanto ao produto “conector para cabo coaxial RG6”, trata se de artefatos que têm a função de realizar emendas e conexões em cabos coaxiais. Em resposta ao item 06, do Termo de Intimação 05 (fls. 79), o sujeito passivo diz que sua função é proporcionar a interface de conexão padrão entre aparelhos de transmissão/recepção e a antena de transmissão/recepção de sinais de televisão. No documento de resposta (fls. 67/105) também se encontram figuras, desenhos e especificações técnicas que, juntamente com as informações acima e resposta ao Termo de Intimação 05 (fls. 63/66), permitem constatar que se trata de artefatos que têm a função de realizar emendas e conexões em cabos coaxiais e que devem suportar uma tensão de até 1.500V corrente contínua. Os conectores para cabos coaxiais RG6 foram classificados, quando de sua importação, na posição “8529 PARTES RECONHECÍVEIS COMO EXCLUSIVA OU PRINCIPALMENTE DESTINADAS AOS APARELHOS DAS POSIÇÕES 85.25 A 85.28”, no código “8529.90.19 – OUTRAS”. Explicando a classificação utilizada (fls. 64), o sujeito passivo disse que adotou a classificação NCM 8529.90.19, por se tratar de partes reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos da posição 85.25, pois o produto descrito tem aplicação relacionada a aparelhos transmissores e receptores, fazendo parte da linha coaxial que proporciona a interface necessária entre esses aparelhos. As informações prestadas dão conta que o produto em questão proporciona a interface necessária entre os aparelhos transmissores e receptores. Assim, não é parte nem de aparelhos transmissores da posição 85.25, como quer o sujeito passivo, nem de aparelhos receptores da posição 85.27. Com efeito, os conectores para cabos coaxiais em questão não são “parte” de alguma máquina, mas são artefatos com função de realizar emendas e conexões em cabos coaxiais e têm classificação própria. Os presentes conectores, por serem aparelhos para conexão de circuitos elétricos que devem suportar uma tensão de até 1.500V corrente contínua, estão classificados na posição 85.35, segundo o texto desta posição. Como os conectores não correspondem aos textos das subposições 8535.10 a 8535.4, eles são classificados na subposição residual 8535.90.00 “Outros”. Fl. 2151DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.148 9 O produto “cola de silicone” é utilizado para vedar e impermeabilizar, impedindo a passagem da água, logo não é uma cola, mas um mástique. Em sua resposta (fls. 63/67), o sujeito passivo informa que a função do produto é “Aderir sobre superfícies metálicas pintadas e sobre paredes ou lajes, com o fim de impedir a passagem de água no local onde é aplicada” (fls. 64). Também informa que a cola ou borracha de silicone é “Usada para impermeabilizar a região onde foram feitos furos para fixação da base da antena de recepção de TV via satélite em banda Ku”. Foi também informado (fls. 64) que a função do produto é “Aderir sobre superfícies metálicas pintadas e sobre paredes ou lajes, com o fim de impedir a passagem de água ou umidade no local onde é aplicada.” Ainda segundo a resposta, o produto deve “aderir na base do pedestal da antena e na parede ou laje para impedir a penetração de água ou umidade na região onde foram feitos furos na parede ou laje”. Os produtos denominados pelo sujeito passivo de cola ou borracha de silicone, relacionados no item 2.5 deste termo, foram classificados pelo sujeito passivo na NCM 3506.10.90, que compreende as colas e adesivos. Como se viu na identificação do produto, ele é usado para impedir a passagem de água e umidade, sendo aplicado na base do pedestal da antena e na parede ou laje. Apesar de ter sido classificado como cola, o produto tem as características e propriedades de uso dos mástiques, os quais, segundo as NESH da posição 32.14, têm composição muito variável e se caracterizam essencialmente pela sua utilização, que é de “obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou aderência de peças. Importante salientar que a posição 35.06, pretendida pelo sujeito passivo, é expressamente vedada para produtos que têm características de mástique, pelas NESH desta posição. Assim, a denominada cola ou borracha de silicone importada pelo sujeito passivo deve classificada na posição 32.14, que engloba, entre outros produtos, os mástiques. No âmbito da posição 32.14, deve ser compreendida na subposição 3214.10, que engloba o mástique de vidraceiro, cimentos de resina e outros mástiques, no item 3214.10.10 – “Mástique de vidraceiro, cimentos de resina e outros mástiques”. No que diz respeito à descrição incorreta, os LNBF objeto desta ação fiscal não foram corretamente descritos quando de sua importação, conforme se pode comprovar nas descrições constantes da relação inserida no presente termo (fls. 299 a 315), as quais são cópias das descrições originais das Adições. Todos os produtos foram descritos como “AMPLIFICADORES DE RADIOFREQUÊNCIA PARA RECEPÇÃO DE SINAIS DE Fl. 2152DF CARF MF 10 MICROONDAS DE BAIXO RUÍDO” e todos foram identificados nas descrições como LNA, com exceção do produto constante da DI nº 11/2458390.6001.01, que foi identificado como “LNS”, claramente um lapsus calami. Como ficou esclarecido no Laudo Pericial solicitado por esta fiscalização e também no Parecer Técnico apresentado pelo sujeito passivo, existe uma grande diferença entre um LNA e um LNBF e não se trata do mesmo produto. Os LNA têm a função de amplificar o sinal com baixo ruído, enquanto que os LNBF têm a função de amplificar o sinal com baixo ruído e convertêlo para frequências mais baixas. Segundo o próprio parecer do sujeito passivo, “O LNBF corresponde a um LNA acoplado a um conversor de frequências e ao alimentados da antena”. Quando se observam as fotos dos dispositivos abertos, que estão no Laudo Pericial, se constata que “acoplado a um conversor de frequências” significa dizer que o amplificador e o conversor fazem parte do mesmo aparelho e ambos ficam localizados dentro do mesmo invólucro mecânico. Os produtos em análise não são LNA, como descrito nas importações, e sim LNBF, como são mundialmente conhecidos e como consta no catálogo do sujeito passivo (fls. 163/178). A inserção do nome LNA ao invés de LNBF, juntamente com a descrição de que se trata de amplificadores de radiofrequência, é ponto de fundamental importância na identificação dos produtos e induz a erro na sua identificação e classificação. No que diz respeito aos produtos com erro na Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística (NVE), algumas importações do sujeito passivo, no período analisado, mostraram possíveis distorções nas NVE informadas, pelo que ele foi intimado a justificálas (fls. 13/32). Em sua resposta (fls. 42/51) apresentou uma tabela com as justificativas, onde reconhece erro na NVE de 18 produtos (fls.344 a 346). O sujeito passivo cometeu as seguintes infrações: classificação incorreta dos produtos LNBF, guias de ondas flexíveis, bico roctec long life, conector para cabo coaxial e cola de silicone; classificação incorreta na NVE dos produtos relacionados na tabela de fls. 344 a 346, e descrição incorreta dos LNBF. A nova classificação na NCM dos produtos importados denominados LNBF, relacionados no Termo de Verificação (fls. 299 a 315), implicou a alteração das alíquotas dos impostos devidos na importação, conforme tabela de fls. 347, e consequente apuração de diferenças de impostos e contribuições devidos, que estão sendo lançadas acrescidas de juros de mora e multa de ofício, conforme demonstrativos de apuração anexados aos autos de infração (fls. 297/926). A classificação incorreta na NCM e na NVE, bem como a descrição inexata das mercadorias, implica aplicação da multa prevista no artigo 711 do Regulamento Aduaneiro. Fl. 2153DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.149 11 Por ter classificado incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) as mercadorias importadas através das Declarações de Importação listadas no Termo de Verificação Fiscal, o sujeito passivo fica sujeito à multa correspondente a um por cento do valor aduaneiro dessas mercadorias, de acordo com o disposto na Medida Provisória Nº 2.15835, de 2001, artigo 84 e do Decreto 4.543, de 2002 (artigo 711, inciso I, do Regulamento Aduaneiro). Por ter classificado incorretamente na Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística (NVE) as mercadorias discriminadas no item 4 deste Termo de Verificação, o sujeito passivo fica sujeito à multa de 1% sobre seu o valor aduaneiro, conforme previsto no art. 711, inciso I do Regulamento Aduaneiro (RA 2009). Por ter descrito de forma inexata os LNBF quando de sua importação, o sujeito passivo ficaria sujeito à multa de 1% sobre seu valor aduaneiro, prevista no artigo 711, inciso III, parágrafo 1º, inciso III. Entretanto, essas mesmas mercadorias estão sendo objeto da multa por classificação incorreta prevista no inciso I do mesmo artigo e, devido ao previsto em seu parágrafo 3º, a multa prevista no caput será aplicada somente uma vez. Das impugnações A pessoa jurídica BRASILSAT HARALD S/A, ora impugnante, foi cientificada do lançamento em 15/05/2014 (fls. 929/930), e irresignada com a penalidade que lhe foi infligida, apresentou Peças Impugnativas, em 18/06/2014, contendo, em síntese, as alegações a seguir: O presente auto de infração é oriundo do Mandado de Procedimento Fiscal n. 09152002013004797, iniciado no dia 24/09/2013 no qual a Requerente foi intimada a apresentar documentos a subsidiar o trabalho de auditoria referente à verificação de regularidade da classificação fiscal de produtos importados. as premissas utilizadas pelo Órgão Fiscalizador foram equivocadas, contaminando a análise da douta auditora e toda a cadeia de conclusões que levaram à autuação do Requerente, razão pela qual a presente impugnação objetiva esclarecer tais pontos. A posição da i. Auditora insiste que o produto importado apresenta duas funções com equivalência de importâncias (amplificação e conversão), tese rebatida pelo parecer técnico apresentado pela Requerente, pois avalia a funcionalidade técnica essencial do equipamento, ficando cristalina a preponderância da amplificação sobre qualquer outra função. A análise da falha de interpretação da i. Auditora vai trabalhar com a hipótese da suposta existência de duas funções com equivalência de importância no funcionamento do produto, apesar que tal fato é devidamente rechaçado por meio de Fl. 2154DF CARF MF 12 manifestação acadêmica nos autos, por meio do Parecer técnico juntado pela Requerente, conforme será explanado. Assim, vamos partir de uma premissa equivocada da Receita, considerando que, supostamente houvessem duas funções equivalentes no mesmo produto, amplificar e converter. Para enquadramento do equipamento nos códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul é necessário o emprego das Regras Gerais Interpretativas do Sistema Harmonizado, bem como das Regras Gerais Complementares. Apesar da importância da sua concepção para o desenvolvimento do comércio internacional, a mesma apresenta dificuldades, pois a atualização da tabela do SH não é feita com agilidade suficiente para acompanhar a evolução tecnológica, de maneira que muitos produtos não estão nela textualmente citados, demandando, por conseguinte, esforço interpretativo de classificação, levando em conta as regras gerais do SH. Pelo que se vê das Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, a classificação deve se basear na descrição de todas as informações contidas nas posições e nas notas de Seção e no Capítulo, aplicandose as demais regras interpretativas apenas quando não colidirem com os textos das posições e notas. Na análise da classificação fiscal a i. Auditora, já utilizando a tese do "Laudo pericial" elaborado por um engenheiro elétrico, o texto contido na posição 8543 abarca a característica prevista no nível de subposição, no caso a subposição residual 8543.70 Outras máquinas e aparelhos, o que é consenso entre o Contribuinte e o Fisco. O Comitê do Sistema Harmonizado, da Organização Mundial das Alfândegas (OMA), de fato emitiu parecer de classificação para equipamento semelhante aos autos (Anexo Único da Instrução Normativa RFB n2 873, de 26 de agosto de 2008), no qual indicou a mesma subposição utilizada na classificação dos equipamentos da Requerente (Código: 8543.70). Como já mencionado, as regras interpretativas do Sistema Harmonizado (SH) só serão aplicadas quando não colidirem com as notas dos capítulos e seções, pelo que deve ser afastada a aplicação da regra interpretativa supra mencionada no caso dos autos, considerando que as considerações técnicas apontam que a função de amplificação é essencial no equipamento. Assim, consoante as regras de interpretação, quando se possa identificar uma função como exclusiva ou principalmente destinada a uma máquina determinada, as partes classificamse na posição correspondente a esta mesma máquina. Na verdade, o equívoco ocorre na interpretação do texto contido na posição 8543, mais especificamente na classificação do item e do subitem, que pode ser verificado com base nos próprios fundamentos apresentados no termo de verificação (fls. 329 330). Fl. 2155DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.150 13 A falha interpretativa é clara, pois a própria conclusão da i. Auditora, que utiliza como fundamento a RGI/SH 3, item "c", remete a uma premissa equivocada quando afirma que "por falta de subitem mais específico, a mercadoria classificase no subitem 8543.70.99 ‘outros’". Ora, se a tese apoiada pela fiscal é que existem duas funções específicas (amplificar e converter), ambas sendo equivalentes em grau de importância para o produto, poderíamos afirmar que, com base na posição 8543, existe um subitem específico para a função de amplificador (subitem 8543.70.12), ao contrário da função de converter que não apresenta subitem específico. Se nesta remota hipótese, da existência de funções (amplificar e converter) equivalentemente importantes ao produto, for ultrapassada a aplicação da Nota 3 da Seção XVI da NCM, seriam, consecutivamente, aplicáveis as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (NESH) como fonte de resolução interpretativa, mas especificamente na Nota 3 da Seção XVI, em seu item "a". Conforme normativo seria necessário um subitem específico da função conversor para, somado ao subitem da função amplificador (subitem 8543.70.12), se configurar como duas posições específicas. Portanto, inobstante a suposta existência de duas funções em um mesmo produto só temos uma posição específica, que seria a função de amplificador (subitem 8543.70.12), motivo pelo qual ela prevalece sobre as posições genéricas, como "Outros". No caso apenas uma das funções apresenta posição específica, não podendo ser ignorada, pois o critério de classificação de mercadorias respeita o princípio da especificidade, ou seja, o produto se enquadra no código que mais especificamente o descreva. Para a aplicação do "Outros", quando tratarse de um artigo composto, deverá haver duas posições, cada uma delas se referindo a uma parte do produto. Resumindo, precisaria existir a posição "Conversor" e a posição "Amplificador" para que este aparelho, por ter as duas funções, não se enquadrasse em nenhuma delas em específico e fosse jogado para o "outros". Se não há uma posição específica para o conversor de sinais é evidente que não podemos considerar a posição amplificador de sinais e "outros" como igualmente específicas, pois a regra diz que cada uma delas deve se referir claramente a uma parte ou função do produto. Enfim, a regra é clara e deve ser utilizada a posição mais específica. A interpretação é literal, portanto a regra foi equivocadamente interpretada pela Nobre Auditora, devendo o Auto de Infração ser cancelado. Dos equipamentos importados em apreço (LNA, LNB ou LNBf), todos poderiam ser classificados no item 8543.70.1 Amplificadores de radiofrequência, mais adequado, dada a Fl. 2156DF CARF MF 14 especificidade da posição, seria a classificação com equipamento similar no tocante ao subitem 8543.70.12. Outrossim, com o devido respeito, a i. Auditora e o Engenheiro Elétrico que respondeu os quesitos nos autos desconhecem que o equipamento LNB, tendo em vista ser uma evolução do LNA, ou seja, no amplificador de radiofrequência, no decorrer do tempo, acresceu outras funcionalidades, dentre elas, a conversão em estágio mais simplificado. Como será demonstrado, é tecnicamente inadequado considerar a função de conversão como essencial no equipamento que prevê a amplificador de radiofrequência, tendo em vista se tratar de função acessória e independente da função principal. A interpretação da classificação fiscal deve sempre buscar a identificação do produto que tenha mais similaridade, evitando o lançamento em códigos residuais que não contribuem para o papel estatístico da NCM. Com relação às duas Soluções de Consultas abordadas no Termo de Verificação, cabe registrar que é facilmente perceptível o equívoco nas premissas técnicas utilizadas para resolução do caso, tendo em vista que as duas funções são colocadas num mesmo patamar, perpetuando o mesmo erro na solução do caso. Dessa forma, as referidas soluções de consulta não podem produzir os efeitos almejados pela autoridade fiscal ao presente caso ante a inexatidão dos elementos necessários à sua solução, além de versarem sobre matéria estranha à legislação tributária e aduaneira. Ressaltese ainda que as já citadas soluções de consulta equivocadamente traduzem os LNB e LNBf como "Equipamento conversor de frequências e amplificador de sinais...", quando deveriam traduzilos como "Equipamento amplificador de sinais de baixo ruído para comunicações por satélite...", dentro da 8543.70.12, a qual é a única classificação que pode ser encontrada junto à NCM que tem aderência à funcionalidade primordial do LNA/LNB/LNBf. Do conteúdo técnico fica cristalino que a função amplificador é a função principal dos equipamentos LNB e LNBF. Nunca é demais repetir que a função conversor não pode ser considerada principal ou equivalente a função de amplificação, pois sua natureza é secundária, de função acessória, tendo em vista que a retirada do conversor não inviabiliza as comunicações satelitais, não afeta a função de amplificador, pois esta pode ocorrer em qualquer ponto da cadeia de equipamentos, desde que ocorra após a amplificação com baixo ruído. Ao contrário, se retirarmos o estágio amplificador, por consequência, o sinal do satélite de baixíssimo ruído que é recebido pela parábola da antena não será amplificado dentro do LNA/LNB/LNBf, assim, as comunicações satelitais se Fl. 2157DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.151 15 inviabilizam completamente e o conversor sequer é acionado, ou melhor dizendo, o produto deixa de funcionar. A função de amplificar e converter não são alternativas ou equivalentes, pois o conversor não opera sem o funcionamento do amplificador e não são complementares, pois o amplificador funciona independentemente do acionamento do conversor. No termo de verificação fiscal podemos observar que a Auditora responsável aponta que houve aplicação equivocada da nomenclatura no registro do equipamento de amplificação de radiofrequência de baixo ruído. Segundo a i. Auditora, os produtos identificados nas DI's em análise são comercialmente denominados de LNBF. Com intuito de elucidar a questão, a Requerente esclareceu que os equipamentos de amplificação de radiofrequência baixo ruído são os aparelhos "chamados de LNA ou LNB ou LNBF, os quais têm como função primordial, ou cerne, sua capacidade de amplificar sinais com baixíssimo acréscimo de ruído e que esses aparelhos contém um pequeno conversor básico de um estágio apenas. (...)", ou seja, a principal funcionalidade do equipamento é a amplificação do sinal. Todas as afirmações explanadas pela i. Auditora foram subsidiadas por premissas sem fundamento técnicocientífico, com fontes originadas da internet, ou com fontes de caráter geral, de nível superficial de conhecimento com relação a especialidade do técnico responsável (laudo emitido por engenheiro eletricista), cujo trabalho foi pautado pela conjugação de manifestações esparsas disponíveis na internet com a posição do Engenheiro elétrico, consolidando uma simples avaliação lógica de tais informações, sem cunho acadêmico hábil a embasar seguramente a funcionalidade e a constituição do equipamento em análise. Inobstante um laudo que na verdade apenas responde aos quesitos da i. Auditora, é fato que a manifestação de um engenheiro elétrico não possui o mesmo grau de complexidade de uma manifestação conduzida por professores especialistas do Centro de Estudos em Telecomunicações da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC/Rio, o que reforça a propriedade dos apontamentos trazidos pela Requerente. Com relação ao documento intitulado de "A Televisão Via Satélite" é oportuno ressaltar que se trata de um trabalho de licenciatura com 23 laudas, produzido por acadêmicos em fase final de formação técnica, assim, deve ser levado em conta o estágio de aprendizado acadêmico, não podendo ser considerando ou utilizado como uma fonte científica primária de consulta. Embora o documento aponte acertadamente que o ponto "crucial" é a amplificação de baixo ruído, erroneamente pode ser inferido, diante da ordem dos parágrafos em comento, que o Fl. 2158DF CARF MF 16 LNBf faz a conversão de frequência antes da amplificação, o que é uma falsa premissa. Todos os equipamentos LNB e LNBf do mundo amplificam com baixo ruído antes de realizar qualquer outro tratamento de sinal. Sem o primeiro estágio de amplificação com baixo ruído, é impossível realizar qualquer filtragem ou conversão de frequência que seja. Outrossim, em função da enorme distância entre o satélite e a Terra (da ordem de 36.000Km), o nível de sinal proveniente do satélite chega à Terra muito fraco, com potência abaixo de 0,0000000000001W. Este nível de sinal é praticamente o mesmo nível de potência encontrado para o ruído existente no meio ambiente. A comunicação via radiofrequência somente é possível caso o sinal útil esteja acima do ruído, (caso contrario o sinal útil ficaria afetado pelo ruído e não poderia ser demodulado reconstituído), assim, a viabilidade das comunicações por satélite reside exatamente no fato de utilizarmos equipamentos capazes de amplificar este sinal útil de baixíssima potência com baixíssima adição ruído. Somente após o processo de amplificação do sinal com baixa adição de ruído, aumentando o nível deste sinal para valores que garantam a sua imunidade, é que os demais tratamentos de sinais, de forma acessória são passíveis de execução, tais como as conversões de frequência, filtragens, decodíficações e outros. Assim, após a amplificação do sinal por mais de 200.000 vezes, os LNB fazem um simples processo de conversão de frequência, no qual a frequência recebida do satélite é diminuída da ordem de apenas 4 a 10 vezes, sendo que a única finalidade da conversão é viabilizar a utilização de cabos coaxiais mais baratos para a interconexão entre o LNBf instalado na antena e os demais equipamentos que se encontram dentro da sala de equipamentos e/ou casa do usuário. Cabe salientar que o transporte do sinal entre um LNA ou LNB ou LNBf, até os equipamentos que se encontram na sala de equipamentos e/ou casa do usuário, pode ocorrer através do cabo coaxial, independentemente de ser LNA, LNB ou LNBf. Registrese que a finalidade da conversão de frequência ocorrida nos LNB e LNBF apenas possibilita o uso de cabos coaxiais de baixo custo se compararmos os cabos necessários no equipamento LNA. Desta forma, fica patente que a principal finalidade de um equipamento responsável pela integração via satélite não é o procedimento de conversão, mas a amplificação de baixo ruído (LNA) do sinal recebido dentro dos equipamentos LNA, LNB ou LNBf. Mesmo que se retire o conversor de dentro do LNB ou LNBf, as comunicações satelitais ainda serão possíveis, pois a conversão que ocorre dentro do LNB/LNBf, pode ocorrer em qualquer Fl. 2159DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.152 17 ponto da cadeia de equipamentos, desde que ocorra após a amplificação com baixo ruído. A função conversor não pode ser considerada principal ou equivalente a função de amplificação, pois sua natureza é secundária, de função acessória a principal, tendo em vista que a retirada do conversor não inviabiliza as comunicações satelitais, pois esta pode ocorrer em qualquer ponto da cadeia de equipamentos, desde que ocorra após a amplificação com baixo ruído. Ao contrário, se retirarmos o estágio amplificador, por consequência, o sinal do satélite de baixíssimo ruído que recebido pela parábola da antena não será amplificado dentro do LNA/LNB/LNBf, assim, as comunicações satelitais se inviabilizam completamente. Outro ponto que merece abordagem é quanto ao Laudo pericial utilizado pela i. Auditora, cujo material foi essencial para definição das premissas sobre o funcionamento dos produtos importados. Apesar de o material ter sido rotulado como "Laudo Pericial" é importante lembrar que o termo perito apresenta como principal característica a sua especialidade técnica, expertise no assunto, todavia, o perito, Engenheiro eletricista, escolhido pela i. Auditora não pode ser considerado um Engenheiro de Telecomunicações, ou seja, com experiência na área de telecomunicações, mais especificamente no que se refere a comunicações por satélite. Inobstante a ausência de juntada de currículo, o próprio conteúdo do Laudo pericial demonstra que o conhecimento do ilustre colega é superficial, ou utilizado um termo mais claro, na mesma condição de um leigo, tendo em vista que em momento algum o "laudo" apresentou cálculos quantitativos, aptos a aferir as assertivas extraídas da publicação EARTH STATION TECHNOLOGY, juntada aos autos, que chega a conclusão que a contribuição de ruído gerada pelo conversor, no cálculo do ruído total do sistema é negligível. Nunca é demais reiterar que a amplificação de baixo ruído está 100% localizada dentro do LNBf, e implementado em um circuito específico; ao contrário da funcionalidade de conversão, a qual está dividida no LNBf e no receptor, sendo que apenas uma pequena conversão é realizada dentro do LNBf, sendo as demais principais conversões são implementadas no receptor (STB SetTop_Box) que fica dentro da residência do usuário do sistema, e não no LNBf. Ao contrário, se retirarmos o amplificador de baixo ruído de dentro do LNBf, o conversor interno ao LNBf não irá funcionar, assim como nada irá funcionar ou nenhum outro equipamento de telecomunicações irá conseguir converter ou demodular nenhum sinal, ou seja, sem a presença do amplificador de ruído dentro do LNBf, toda a comunicação se inviabiliza. Fl. 2160DF CARF MF 18 Se tivesse que fazer uma analogia entre um automóvel e um sistema de recepção de TV via satélite, diríamos que a antena corresponde ao chassi do automóvel, diria que a parte da amplificação de baixo ruído é o motor, e o conversor a transmissão. Podemos até tirar a transmissão que o carro ainda mantém sua característica de locomoção, mas o mesmo não acontece com a retirada do motor. Com intuito de trazer esclarecimentos técnicos ao processo administrativo, a Requerente providenciou uma Parecer técnico, por professores especialistas do Centro de Estudos em Telecomunicações da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC/Rio (fls. 123). Insta consignar, conforme currículos já presentes aos autos, que se trata da manifestação de professores do Centro de Estudos de Telecomunicações da Pontifícia Universidade Católica do RJ, os quais são referencias nacionais e internacionais para o assunto de modelo de canal de comunicação via satélite, ruído e cálculo e dimensionamento de enlaces de telecomunicações via satélite, os quais respondem de forma isenta, clara e inequívoca sobre a supremacia da importância da parte amplificadora de baixo ruído sobre a parte conversora de frequência. A título exemplificativo, se computarmos o percentual do custo ou do peso dos componentes que compõem a parte amplificadora de baixo ruído contra o percentual do custo da parte conversora, identificaremos que a parcela responsável pela amplificação de baixo ruído significa mais de 70% do custo contra menos que 30% da parte conversora, o que comprova sua relevância superior. Assim, colocadas as verdadeiras premissas técnicas sobre as funcionalidades do equipamento de amplificação de radiofrequência de baixo ruído, fica patente que o fator amplificação é a essência do produto e o fator conversão apenas mais um dispositivo acessório ao principal. Do exposto requer seja deferido o pedido da Requerente, no que tange à classificação fiscal de mercadorias no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), quanto da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) para considerar correta a classificação do equipamento na posição 8543.70.12 da NCM – Outras máquinas e aparelhos para recepção de sinais de microondas de baixo ruído (LNA) na banda de 3.600 a 4.200 MHz, com temperatura menor ou igual a 55 Kelvin, para telecomunicações via satélite, considerando sua especificidade. Outro questionamento do procedimento fiscal referese às Declarações de importação do equipamento GUIAS DE ONDA FLEXÍVEIS. Segundo o mandado de procedimento fiscal, houve falha na classificação da mercadoria, tendo em vista se tratarem de "simples tubos de latão chapeado de prata". No caso em comento, novamente o desconhecimento técnico científico da i. Autoridade fiscal gerou uma classificação equivocada com relação as características da mercadoria. Fl. 2161DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.153 19 Importante destacar que as premissas e as conclusões utilizadas para emissão do termo de verificação do procedimento fiscal é fruto da simples verificação de "descrições e ilustrações", ou seja, inobstante o louvável e árduo trabalho desempenhado pela Auditora Fiscal, na elucidação e resolução das classificações fiscais, a ausência de conhecimento técnico da servidora, principalmente na área da tecnologia, cria distorções nefastas ao processo de importação da Requerente. Ocorre que o material importado ("guias de ondas") são utilizados especificamente para transportar sinais de micro ondas em antenas e sistemas de equipamentos transmissores e/ou receptores radiofrequência em microondas. Devido às características das ondas eletromagnéticas em frequências elevadas, (como são as frequências de microondas utilizadas em comunicações satelitais ou em comunicações terrestres de alta capacidade de tráfego), os sinais podem ser transportados em estruturas cilíndricas denominadas guia de onda. Dada a criticidade desta função (transporte de sinais eletromagnéticos de microondas em guia de onda) e a necessidade de se interconectar guias de onda provenientes de quaisquer fabricantes equipamentos transmissores, receptores e de antenas proveniente de qualquer pais, estas estruturas atendem normas rígidas e internacionais próprias, como a IEC 60636 (Flexible waveguide assembly) e a IEC 60153 (Hollow Metallic Waveguides) dentre outras normas. Assim, não existe no mercado nenhum tubo comercial que tenha as dimensões padronizadas pelas normas, ou seja, estas guias de onda tem dimensões muito particulares, próprias para o transporte do sinal de microondas. Importante ressaltar que a mercadoria não é encontrada junto a fornecedores de tubos, sendo somente fabricada e fornecida por empresas especializadas na fabricação de artigos para microondas e antenas, as quais também não fabricam tubos ordinários de mercado como são os tubos sugeridos no Termo de Verificação Fiscal que são ordinariamente classificados nas posições 71.06 e 71.07. Ou seja, a mercadoria objeto da importação não tem outra finalidade a não ser utilização para o transporte de sinais de microondas. Do mesmo modo, este tipo de guia não tem função estrutural, logo, não tem resistência mecânica de um tubo de mesma dimensão com função estrutural, não podendo ser utilizado em qualquer outra aplicação fora de sistemas de microondas, em função de seu elevado custo. Portanto, podemos constatar claramente que, diferente do visualizado pela verificação fiscal, a mercadoria importada não pode ser enquadrada numa posição residual, e sim numa posição Fl. 2162DF CARF MF 20 específica, considerando a sua finalidade exclusiva acima abordada. A classificação deve se basear na descrição das posições e nas notas de Seção e de Capítulo, aplicandose as demais regras interpretativas apenas quando não colidirem com os textos das posições e notas. Considerando que a mercadoria importada é de natureza exclusiva, conforme esclarecimentos técnicos acima, podemos dizer que a classificação deve buscar uma posição equivalente. Tendo em vista que se trata de um produto com finalidade específica para os aparelhos das posições 85.25 a 85.28 seria demasiadamente equivocada a reclassificação para "Metais comuns folheados". Consoante às regras de interpretação, a posição escolhida pela Requerente é a que mais se ajusta a classificação da mercadoria. O critério de classificação de mercadorias deve respeitar o princípio da especificidade, ou seja, o produto se enquadra no código que mais especificamente o descreva. Desta forma, a interpretação da classificação fiscal deve sempre buscar a identificação do produto que tenha mais similaridade, evitando o lançamento em códigos residuais que não contribuem para o papel estatístico da NCM. Importante registrar que a NCM, utilizada na aquisição destes guias pela Requerente é exatamente a mesma utilizada por outros fabricantes de antenas nos EUA, na Inglaterra, dentre outros países. O bico ROCTEC é um composto de metal duro à base de tungstênio que utiliza o processo ROC (Compactação Rápida Omnidirecional) na sua formação, permitindo a combinação materiais cerâmicos avançados sem a necessidade de um ligante de metal mole. Como bem apontado por este Órgão de Fiscalização, os bicos roctec long life destinamse para máquinas de corte de jato d'água ou a jato de águaabrasiva, próprias para cortar matérias com maior precisão dimensional e capacidade de realizar cortes mais longos, sem interrupções. Segundo manifestação errônea do Fisco, inscrita no termo de verificação, a contribuinte teria supostamente classificado tais produtos no código 8543.70.12, correspondente aos amplificadores de radiofrequência para recepção de sinais de microondas de baixo ruído (LNA) na banda de 3.600 a 4.200 MHz, com temperatura menor ou igual a 55º Kelvin, para telecomunicações via satélite. Todavia, a afirmação é totalmente equivocada. Referida classificação foi feita na NCM 85439090 "Máquinas e aparelhos elétricos com função própria, não Fl. 2163DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.154 21 especificados nem compreendidos em outras posições do presente Capítulo", decorreu da busca do enquadramento mais próximo, face a dificuldade do seu enquadramento, dada a especificidade deste tipo de máquina que não é usual, o que dificultou a compreensão do setor administrativo encarregado pela classificação. De mais a mais, aquiescemos que a reclassificação está correta, correspondente à posição 84.66.93.19, que inclui as "partes e acessórios reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinados a máquinas das posições 84.56 a 84.65.", motivo pelo qual irá recolher a diferença dos tributos remanescentes. Todavia, não houve máfé por parte da Contribuinte quando da classificação errônea dos já citados produtos. Tanto é que a Requerente não obteve nenhuma vantagem econômica com a classificação, tendo em vista que a diferença de tributos é mínima, ou quase inexistente. Não há qualquer evidência que indique ter a Requerente agido com dolo específico em lesar o erário ou ainda que mera tentativa de burlar o controle aduaneiro. Tratase, portanto, de erro escusável da Contribuinte, considerando que não se trata de erro grosseiro, o que de acordo com o entendimento jurisprudencial, suficiente a justificar o afastamento da aplicabilidade das multas impostas. Diante disso, pugna pelo recolhimento das diferenças de tributos com a consequente inaplicabilidade das multas impostas em razão classificação equivocada dos produtos, uma vez que a contribuinte sempre agiu de boafé sem qualquer interesse em lesar o Fisco, hipótese que, de acordo com os julgados apresentados (fls. 1.637), afastam as penalidades impostas. Segundo o mandado de procedimento fiscal, houve falha na classificação da mercadoria CONECTOR PARA CABO COAXIAL RG6, tendo em vista se tratar de item de classificação 8536.90.90 Conectores coaxiais para a ligação de cabos, circuitos elétricos, rádios e antenas, tipos macho e fêmea, 90º, reto, "crimp" e prensacabo, apresentados em vários modelos. No caso em comento, novamente o desconhecimento técnico científico da i. Autoridade fiscal gerou uma classificação equivocada com relação as características da mercadoria. Ocorre que o produto em comento tratase de "conector coaxial para radiofrequência do tipo F" cuja finalidade abarca especificamente o transporte de sinais de radiofrequência e microondas em antenas e sistemas de equipamentos transmissores e/ou receptores radiofrequência em microondas. Fl. 2164DF CARF MF 22 Devido às características das ondas eletromagnéticas em frequências elevadas, (como são as frequências de microondas utilizadas em comunicações satelitais ou em comunicações terrestres de alta capacidade de tráfego), os sinais podem ser transportados em estruturas cilíndricas denominadas guia de onda, ou cabos coaxiais, guias de onda coaxiais (ou conectores coaxiais) como é o caso em questão. Assim, estes conectores não têm outra finalidade a não ser utilização em equipamentos e antenas de radiofrequência e microondas. Tratase de um componente (conector coaxial de RF) usualmente aplicado a um cabo coaxial para unir eletricamente partes de linhas de transmissão coaxiais para guiar ondas eletromagnéticas. A utilização da classificação NCM 8529.90.19 foi utilizada tendo em vista que tais conectores coaxiais são exatamente encontrados nos aparelhos transmissores e receptores de radiofrequências, ou seja, são partes reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos da posição 85.25, sendo assim, o produto descrito tem aplicação relacionada a aparelhos transmissores e receptores, fazendo parte da linha coaxial que proporciona a interface necessária entre estes aparelhos. A classificação indicada na posição 85.35 é equivocada, pois enquadra artigos para conexão de circuitos elétricos, destinados a quadros e equipamentos de distribuição de energia elétrica, que não tem qualquer relação com equipamentos de radiofrequência, que estão concentrados em outras classes como 8517, 8525, 8526, 8527, 8528, 8529 e 8530. A classificação apresenta enquadramento inadequado inclusive na ótica de profissionais da área, como engenheiros eletrônicos de telecomunicações, tendo em vista a destinação do conector coaxial de radiofrequência em qualquer das subclasses abaixo da 8535, (ou mesmo em outras destinadas a artigos para eletricidade como 8536, 8537, 8538 e 8539). Portanto a classificação indicada pelo fisco, na ótica técnica é inadequada quando enquadra seus artigos de conexões e distribuições de natureza exclusivamente elétrica, não havendo qualquer similaridade com os produtos para radiofrequência. Desta forma, a posição 8529.90.19, é a única classificação coerente com a funcionalidade do produto e identificada junto à NCM, cujo emprego é utilizado exclusivamente em sistemas de radiofrequência. Ou seja, a mercadoria objeto da importação não tem outra finalidade a não ser utilização em sistemas de radiofrequência. Portanto, podemos constatar claramente que, diferente do visualizado pela verificação fiscal, a mercadoria importada não pode ser enquadrada numa posição residual, e sim numa posição específica, considerando a sua finalidade exclusiva acima abordada. Fl. 2165DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.155 23 Considerando que a mercadoria importada é de natureza exclusiva para em sistemas de radiofreqüência, podemos dizer que a classificação deve buscar uma posição equivalente, tendo em vista que não sua finalidade não é associada a condução elétrica. Tendo em vista que se trata de um produto com finalidade específica para os aparelhos das posições 85.25 a 85.28 seria demasiadamente equivocada a reclassificação para produtos de conexão elétrica. Desta forma, como já mencionado, as regras interpretativas do Sistema Harmonizado (SH) só serão aplicadas quando os "textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições", considerando que a ausência de posição expressa com relação cabos coaxiais em questão, aplicase a regra de interpretação nº. 4. Assim, consoante às regras de interpretação, a posição escolhida pela Requerente é a que mais se ajusta a classificação da mercadoria, pois o critério de classificação de mercadorias deve respeitar o princípio da especificidade, ou seja, o produto se enquadra no código que mais especificamente o descreva. Desta forma, a interpretação da classificação fiscal deve sempre buscar a identificação do produto que tenha mais similaridade, evitando o lançamento em códigos residuais que não contribuem para o papel estatístico da NCM. Do exposto, requer seja deferido pedido, no que tange à classificação fiscal de mercadorias, para considerar correta a classificação do equipamento na posição 8529 PARTES RECONHECÍVEIS COMO EXCLUSIVA OU PRINCIPALMENTE DESTINADAS AOS APARELHOS DAS POSIÇÕES 85.25 A 85.28", no código "8529.90.19 OUTRAS, considerando ser a única classificação aderente à funcionalidade do produto, dada sua especificidade. Com relação a classificação do produto denominado Cola de silicone, relacionados no item 2.5 do termo de verificação, foram classificados na NCM 3506.10.90, que compreende as colas e adesivos. Vale registrar que a contribuinte classificou os produtos na NCM 3506.10.90 por entender que seria a classificação mais apta a definir as características do produto. Observese que, tomandose o próprio conceito do produto, o enquadramento pela contribuinte realizado se mostra coerente. De mais a mais, devese destacar que não há qualquer circunstância evidenciando máfé na conduta do contribuinte que caracterize o ânimo de fraudar o Fisco. Notese que jamais teria classificado o produto de forma errônea se a realidade fosse do seu pleno conhecimento. Fl. 2166DF CARF MF 24 No presente caso, não houve qualquer redução considerável da exação em relação ao montante do tributo devido, um vez que o Imposto de Importação recolhido foi 2% maior que o encontrado na classificação indicada pela i. Auditora, o que demonstra a boa fé da Requerente quando da classificação dos já citados produtos. O erro a justificar a imposição de penalidade pressupõe o dolo específico de executar o ato e de produzir um determinado resultado, diferentemente do caso em tela, em que a classificação equivocada não se deu para o fim de lograr o Fisco. Como dito alhures, não houve máfé por parte da contribuinte quando da classificação errônea dos já citados produtos. Tanto é que a contribuinte não obteve nenhuma vantagem com o erro ocorrido na Declaração de Importação, pois a diferença de tributos é mínima, quase inexistente. Tratase, igualmente, de erro escusável da contribuinte considerando que não se trata de erro grosseiro, o que de acordo com o entendimento jurisprudencial afasta a incidência das multas impostas. Diante do exposto, pugna pelo recolhimento das diferenças de tributos com a consequente inaplicabilidade das multas impostas em razão classificação equivocada dos produtos, uma vez que a contribuinte sempre agiu de boafé sem qualquer interesse em lesar o fisco, hipótese que de acordo com o enunciado jurisprudencial acima afasta as penalidades impostas. Da revisão fiscal e da modificação do critério jurídico Consoante acima relatado, a Receita Federal no procedimento fiscal em referência, entendeu por revisar as operações de importação da Requerente no período de Janeiro/2009 a Julho/2013 e, ao final, determinou a reclassificação das mercadorias, com a consequente intimação para recolhimento dos tributos incidentes, além de imputar multa pela classificação indevida. O ponto central das divergências que ensejaram a reclassificação das mercadorias revolve diretamente o conhecimento técnicocientífico na área de tecnologia, ou seja, não se trata de uma verificação pura e simples a ser elucidada sem correr o risco de cometer erro patente no seu enquadramento, ou seja, a questão aborda matéria extremamente complexa consoante esclarecimentos dispostos na presente impugnação. Em todos os casos, as normas de interpretação foram necessárias a identificação da classificação fiscal mais exata, tendo em vista a ausência de posição expressa, e conforme acima pontuado, os equívocos na classificação do fisco decorrem de ausência de conhecimento técnicocientífico mais aprofundado da autoridade fiscal responsável. Ocorre que os equipamentos que foram objeto de despacho aduaneiro nos últimos anos e que foram citados no presente Fl. 2167DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.156 25 procedimento fiscal tiveram uma modificação de critério jurídico, na medida em que o Fisco, após diversos desembaraços, busca a revisão aduaneira ao trazer nova interpretação sobre os equipamentos importados pela Requerente. A Revisão Aduaneira, numa análise mais abrangente da norma tributária, deve ser analisada conjuntamente com o Código Tributário Nacional. É fato que todas as declarações de importação em análise nestes autos passaram pelo desembaraço aduaneiro da Receita Federal, momento no qual foi realizada a conferência da classificação fiscal da mercadoria e o prévio pagamento dos tributos, todavia, não houve qualquer irresignação da Autoridade Fiscal contra a classificação apresentada pela Requerente. As mercadorias já desembaraçadas pela aduana criaram uma expectativa de direito da Requerente, levando a mesma a acreditar que sua classificação estaria alinhada com a posição do Fisco, como ocorreu em relação ao Bico Roctec Long Life. Ainda mais importante com relação ao Amplificador de baixa frequência que possui conversor (LNB) e com a Guia de Onda Flexível, pois neste caso claramente houve erro na reclassificação dos equipamentos pela Autoridade responsável. Caber reiterar que a fiscalização não registrou em nenhum momento que a Requerente tenha agido com dolo, fraude ou simulação. Sendo assim, a revisão das DI's significa revisão de lançamento por erro e, no caso, erro de direito. Isso fica mais evidente quando observarmos a Autoridade fiscal proceder com a reclassificação anos após considerar o equipamento adequado, com patente mudança de entendimento. Vale registrar que tais mercadorias por diversas vezes passaram pela parametrização do canal vermelho da Aduana, ou seja, foram fisicamente verificados e desembaraçados sem qualquer óbice, para tanto comprovamos com a juntada de algumas Declarações de Importação (fls. 1.668 a 1.683). Desta forma, decorre a impossibilidade de realizar revisão aduaneira nas DI em comento, as quais já tinham o despacho aduaneiro encerrado. A jurisprudência há muito impede a revisão aduaneira nesta última hipótese. Tal procedimento é uma clara mudança de critério jurídico, que ameaça violar o princípio da boafé do contribuinte, além de implicar em violação do princípio da segurança jurídica. O novo critério interpretativo só pode ser aplicado para o futuro, jamais para o passado, conforme dispõe o art. 146 do CTN. Fl. 2168DF CARF MF 26 Na prática, a norma do art. 146 do CTN está a afirmar que a fiscalização de determinado contribuinte, sob a égide de um critério interpretativo então vigente, impossibilita a Autoridade Aduaneira de revisar período já fiscalizado a pretexto de que houve alteração no critério jurídico de interpretação. Portanto, nos termos da jurisprudência consolidada, os autos de infração lavrados, após o desembaraço aduaneiro, com revisão de lançamento, devem ser anulados seja em razão da mudança de critério jurídico seja diante da inaplicabilidade da multa em questão, sob pena de ameaçar os princípios da segurança jurídica. Na remota hipótese de ser entendida legal a revisão da classificação com modificação do critério jurídico, teríamos mais um ponto a ser questionado no novo lançamento, no caso a ausência de razoabilidade na aplicação de multa sobre o valor aduaneiro por classificação incorreta. se a Autoridade fiscal aceitou a classificação tarifária atribuída pela Requerente no momento do desembaraço aduaneiro das mercadorias, incabível seria a revisão posterior do lançamento motivado por erro de direito ou mudança de critério de classificação, conforme acima demonstrado. No caso concreto, a classificação da Nomenclatura Comum ao Mercosul, apresentou item equivalente/específico aos produtos importados, mas diante da inovação da Autoridade fiscalizadora na sua interpretação foi necessária a aplicação da regras interpretativas. Ao verificar os autos, podemos observar que não há qualquer menção nas autuações ou no termo de verificação que demonstrem alguma conduta dolosa da Requerente que tenha como objetivo fraude contra o Fisco. Ao contrário, a boafé da Empresa foi demonstrada em todo processo administrativo, onde a Requerente contribuiu para esclarecer tecnicamente à Receita sobre todas as características técnicas dos equipamentos de forma justificar a classificação fiscal indicada. Tanto é verdade, que o próprio termo de verificação foi confeccionado com material e respostas fornecidas pela Requerente. Inclusive, em alguns casos, foi praticamente inexistente a tributação da classificação adotada pela Requerente. Como foi a classificação fiscal do Bico Roctec Long Life. Assim, diante de tais evidências não há como se falar em máfé da Requerente, observando o disposto no artigo 112 do CTN. Do consolidado, a Requerente requer a reconsideração para afastar a aplicação da multa em razão da boafé do contribuinte, ainda mais se considerarmos a complexidade da classificação, a colaboração da Requerente no procedimento fiscal e a ausência de dolo na classificação fiscal. Requer ainda que seja anulada a reclassificação fiscal para considerar correta a classificação das Declarações de importação do Amplificador de radiofrequência com conversor (LNB/LNBf) na posição 8543.70.12 da NCM Para recepção de Fl. 2169DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.157 27 sinais de microondas de baixo ruído (LNA) na banda de 3.600 a 4.200 MHz, com temperatura menor ou igual a 55 Kelvin, para telecomunicações via satélite, considerando sua especificidade; Requer também que seja anulada a reclassificação fiscal para considerar correta a classificação das Declarações de importação dos Guias de Onde Flexível na posição 8529.90.19 da NCM 8529 PARTES RECONHECÍVEIS COMO EXCLUSIVA OU PRINCIPALMENTE DESTINADAS AOS APARELHOS DAS POSIÇÕES 85.25 A 85.28., considerando ser a única classificação aderente à funcionalidade do produto, dada sua especificidade. Requer que seja anulada a reclassificação fiscal para considerar correta a classificação das Declarações de importação das mercadorias conector de cabo coaxial RG6, no que tange à classificação fiscal de mercadorias, para considerar correta a classificação do equipamento na posição 8529 PARTES RECONHECÍVEIS COMO EXCLUSIVA OU PRINCIPALMENTE DESTINADAS AOS APARELHOS DAS POSIÇÕES 85.25 A 85.28", no código "8529.90.19 OUTRAS, considerando ser a única classificação aderente à funcionalidade do produto, dada sua especificidade. Requer que seja anulado todos os novos lançamentos fiscais da Contribuinte nos autos, tendo em vista a mudança de critério jurídico, o que é vedado pelo ordenamento jurídico tributário; Requer que seja afastada a cobrança sobre as Declarações de importação do Amplificador de radiofreqüência com conversor (LNB/LNBf) e dos Guias de Onde Flexível, tendo em vista que a classificação fiscal foi correta; Pugna pelo recolhimento das diferenças de tributos com relação as Declarações de importação das mercadorias Bico Roctec Long Life e cola de silicone, uma vez que a classificação errônea não teve máfé, sem qualquer interesse em lesar o Fisco. Pugna pelo recolhimento das diferenças de tributos com relação as Declarações de importação das mercadorias conector de cabo coaxial RG6, no que tange à classificação fiscal de mercadorias, para considerar correta a classificação do equipamento na posição 8529 PARTES RECONHECÍVEIS COMO EXCLUSIVA OU PRINCIPALMENTE DESTINADAS AOS APARELHOS DAS POSIÇÕES 85.25 A 85.28", no código "8529.90.19 OUTRAS, considerando ser a única classificação aderente à funcionalidade do produto, dada sua especificidade. Requer que seja afastada a multa em razão da boafé da contribuinte, considerando a complexidade da classificação fiscal, a colaboração da Requerente no procedimento fiscal e a ausência de dolo na classificação fiscal. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 1686/1726), em que, por unanimidade de votos, a impugnação foi julgada improcedente e o crédito tributário lançado Fl. 2170DF CARF MF 28 mantido, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 REVISÃO ADUANEIRA. LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. A autuação em sede de revisão aduaneira não configura mudança no critério jurídico adotado pelo Fisco no exercício do lançamento, uma vez que é justamente nesse momento que tal prerrogativa é exercida. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 CONVERSOR EM BLOCO DE BAIXO RUÍDO COM ALIMENTADOR HORN. FUNÇÕES DIVERSAS. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAR UMA ÚNICA FUNÇÃO PRINCIPAL. À luz das Regras de classificação fiscal, inferese que os equipamentos denominados conversores em bloco de baixo ruído com alimentador horn (LNBF) classificamse no código 8543.70.99 da Nomenclatura Comum do MercosulNCM e não no código 8543.70.12. GUIAS DE ONDAS FLEXÍVEIS. DESCRIÇÃO INCORRETA. MATÉRIAPRIMA DO PRODUTO ACABADO. TUBOS OCOS FLEXÍVEIS DE LATÃO REVESTIDOS DE PRATA. À luz das Regras de classificação fiscal, inferese que os equipamentos descritos pelo importador como guias de ondas flexíveis são na verdade tubos ocos flexíveis de latão revestidos de prata e classificamse no código 7107.00.00 da Nomenclatura Comum do MercosulNCM e não no código 8529.90.19. BICO ROCTEC LONG LIFE. PRODUTO ESPECÍFICO PARA MÁQUINAS DE CORTE DE JATO D'ÁGUA. À luz das Regras de classificação fiscal, inferese que os equipamentos denominados bico roctec long life, específicos para máquinas de corte de jato d'água, feitos de carbeto de tungstênio, classificamse no código 8466.93.19 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM e não no código 8543.70.12. CONECTOR PARA CABO COAXIAL. MATERIAL PARA LIGAÇÃO ELÉTRICA DE DOIS EQUIPAMENTOS. IMPOSSIBILIDADE DE CLASSIFICAÇÃO COMO PARTE DE QUALQUER UM DOS EQUIPAMENTOS. USO GENÉRICO. À luz das Regras de classificação fiscal, inferese que os equipamentos denominados conectores para cabo coaxial não possuem função específica e não podem ser classificados como parte ou peça dos equipamentos que fará a ligação elétrica, Fl. 2171DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.158 29 classificandose no código 8535.90.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM e não no código 8529.90.19. COLA DE SILICONE. USO ESPECÍFICO. VEDAÇÃO E IMPERMEABILIZAÇÃO. FUNÇÃO DE ASSEGURAR A ESTANQUEIDADE. À luz das Regras de classificação fiscal, inferese que os produtos descritos como cola de silicone são na verdade um mástique, que tem função de assegurar a vedação, impermeabilização, além de assegurar a estanqueidade, e como tal classificamse no código 3214.10.10 da Nomenclatura Comum do MercosulNCM e não no código 3506.10.90. CLASSIFICAÇÃO ERRÔNEA DE MERCADORIA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. MULTAS. A insuficiência de pagamento de tributos e contribuições incidentes na importação, em decorrência de classificação errônea de mercadoria, enseja o lançamento das diferenças que deixaram de ser recolhidas, acrescidas de juros de mora e multas no percentual de setenta e cinco por cento. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. MERCADORIA CLASSIFICADA INCORRETAMENTE E COM DESCRIÇÃO INCOMPLETA. MULTA. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul ou em nomenclaturas complementares e descrita de forma incompleta na Declaração de Importação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em 16/12/2014, a recorrente foi cientificada da decisão primeira. Inconformada, em 9/1/2015, protocolou o recurso voluntário de fls. 1732/1810, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Fl. 2172DF CARF MF 30 A controvérsia cingese a questões preliminares e de mérito. Em sede de preliminar a recorrente alegou nulidade do lançamento por mudança de critério jurídico. No mérito, alegou cobrança indevida das diferenças dos tributos lançados por reclassificação fiscal dos produtos importados e aplicação indevida da multa por erro de classificação fiscal dos produtos na NCM. I Da Preliminar de Nulidade da Autuação por Mudança de Critério Jurídico A recorrente alegou que, por configurar mudança de critério jurídico, era vedada a revisão aduaneira após o regular desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas, inclusive, algumas delas após parametrização para o canal vermelho. Para a recorrente, o desembaraço aduaneiro das mercadorias havia criado um expectativa de direito, levando a acreditar que a classificação adotada estava alinhada com a posição do Fisco. A restrição da realização do lançamento de ofício, por mudança de critério jurídico, encontrase prevista no art. 146 do CTN, que tem o seguinte teor, ipsis litteris: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (grifos não originais) De acordo com o referido preceito legal, verificase que, para a configuração da mudança do critério jurídico, três condições cumulativas devem estar presentes: a) a primeira: haja um prévio ato de lançamento de ofício, em que a autoridade administrativa tenha fixado um determinado critério jurídico; b) a segunda: a modificação do critério jurídico anterior seja introduzida pela autoridade administrativa (mediante ato de ofício) ou pelo órgão julgador administrativo ou judicial (por meio de decisão administrativa ou judicial); e c) a terceira: tanto o ato de lançamento quanto o ato de ofício e as decisões administrativa e judicial refiramse a um mesmo sujeito passivo. A primeira condição é imprescindível, para fim de configuração da alteração no critério jurídico. Sem o prévio ato de lançamento de ofício, a análise das demais condições, obviamente, revelase dispensável. E o lançamento de ofício é aquele realizado pela autoridade administrativa, segundo os procedimentos estabelecidos no art. 142 do CTN e desde que presentes as situações elencadas no art. 149 do CTN. No caso em tela, não há notícia de que tenha havido lançamento ofício, mas lançamento por homologação (ou autolançamento, segundo parte relevante da doutrina), conforme previsto no art. 150 do CTN, uma vez que a autuada foi quem apurou e recolheu antecipadamente o valor dos tributos informados nas respectivas DI, documento base do despacho aduaneiro de importação, que é o procedimento realizado com o objetivo de liberar (ou desembaraçar) a mercadoria importada e, simultaneamente, a apurar o crédito tributário devido na operação de importação. Tratase de procedimento de natureza mista, destinado à verificação do cumprimento das normas de controle aduaneiro e tributárias, incidentes sobre a operação de importação. O despacho aduaneiro processase em duas etapas sequenciais: a Fl. 2173DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.159 31 primeira é denominada de fase de conferência aduaneira e a segunda de fase de revisão aduaneira. A fase de conferência aduaneira iniciase com o registro da DI e se encerra com o ato de desembaraço aduaneiro (liberação da mercadoria), proferido pela autoridade fiscal. Nessa fase é feita (i) a identificação do importador, (ii) a verificação da mercadoria e da correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e (iii) a confirmação o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. Por sua vez, a fase de revisão aduaneira iniciase com o ato de desembaraço aduaneiro e se encerra (i) com ato de ciência do autuado da exigência do crédito tributário lançado, ou (ii) com o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da DI. Nesta fase e feita apuração da regularidade do pagamento dos tributos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação. A principal justificativa para adoção das referidas fases no âmbito do procedimento de despacho aduaneiro de importação está relacionada com a premente necessidade de celeridade dos atos de liberação da imensa quantidade de mercadorias importadas e que são estocadas, diariamente, nos diversos recintos alfandegados brasileiros, situação que, certamente, impossibilita a fiscalização aduaneira de, na fase de conferência aduaneira do despacho, realizar um exame minucioso de todos os aspectos do controle aduaneiro e tributário atinentes aos inúmeros e diversificados despachos aduaneiros de importação que ingressam e se processam todos os dias nas inúmeras unidades aduaneiras da RFB. Dada essa circunstância, o processamento do despacho aduaneiro em duas fases tem por objetivo, de um lado, evitar ônus financeiro adicional aos importadores, em decorrência da demora na liberação das mercadoria, e de outro, permitir que a fiscalização aduaneira, após a liberação da mercadoria e enquanto não concluído o prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário e/ou aplicar penalidades pecuniárias, proceda análise pormenorizada das informações prestadas pelo importador, com o objetivo de verificar se as obrigações aduaneiras e tributárias foram corretamente cumpridas. Com base nessa breve explicação, fica evidenciado que o ato de desembaraço aduaneiro, que põe termo à fase de conferência aduaneira, não tem natureza de ato de lançamento de ofício e tampouco ato de homologação expressa do autolançamento, por não atender os requisitos fixados no art. 150 do CTN. O referido o ato, enfatizase novamente, tem o efeito jurídico de autorizar a liberação ou desembaraço da mercadoria, conforme expressamente estabelecido no art. 51 do Decretolei 37/1966. E como todas as informações sobre a operação de importação consignadas na DI foram prestadas pelo próprio importador, previamente ao início do despacho aduaneiro, se algum critério jurídico foi definido até o ato de desembaraço aduaneiro, certamente, essa definição deve ser atribuída ao importador e não a autoridade fiscal, que, até então, limitouse apenas em liberar a mercadoria, sem ou com superficial análise dos dados e informações declarados importador. Não se pode olvidar, que, por expressa determinação constitucional (art. 146, III, “b”, da CF/1988), somente a lei complementar tem a função de especificar qual o ato administrativo tem o efeito de extinguir o crédito tributário. E o ato de desembaraço aduaneiro, inequivocamente, não se encontra mencionado no rol taxativo dos atos extintivos do crédito tributário, elencados no art. 156 do CTN. Fl. 2174DF CARF MF 32 Em razão dessas características, em consonância com o disposto no art. 1491, I, do CTN, há expressa previsão no art. 542 do Decretolei 37/1966, que a assegura a revisão do despacho aduaneiro de importação. No Regulamento Aduaneiro de 2002 (RA/2002), o procedimento estava disciplinado no art. 570. No vigente RA/2009, o procedimento encontra se regulamentado no art. 638, que tem o seguinte teor: Art. 638. Revisão aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2º; e DecretoLei nº 1.578, de 1977, art. 8º). § 1º Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 752 e 753. § 2º A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contados da data: I do registro da declaração de importação correspondente (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2o); e II do registro de exportação. § 3º Considerase concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao interessado, da exigência do crédito tributário apurado. Assim, fica demonstrado que, diferentemente do alegado pelos recorrentes, o procedimento de revisão aduaneiro em apreço tinha expressa previsão legal e foi realizado em conformidade com os preceitos normativos que disciplinam o assunto, portanto, não merece qualquer reparo. Entretanto, ainda que não houvesse expresso amparo legal para a realização do procedimento de revisão aduaneira, ou que tivesse havido prévio ato de lançamento de ofício ou homologação expressa do autolançamento, o que se admite apenas para a argumentar, ainda assim, no caso em tela, a realização dos questionados lançamentos poderiam ser efetuados com respaldo no art. 1493, IV e VII, do CTN, uma vez que, ao contrário do alegado 1 Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; [...]. 2 Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste DecretoLei. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) 3 Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: [...] IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; [...] VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; [...]. Fl. 2175DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.160 33 pelos recorrentes, encontrase cabalmente comprovado nos autos tanto a falsidade ideológica das faturas comerciais apresentadas, quanto a fraude do valor aduaneiro declarado nas respectivas DI. Com base nessas considerações, fica demonstrada a improcedência da alegação de que havia vedação à realização do procedimento de revisão aduaneira que culminou com a lavratura dos presentes autos de infração. II Das Questões de Mérito No mérito, o litígio cingese (i) a cobrança das diferenças dos tributos lançados em decorrência da alteração da alíquota por alteração da classificação fiscal dos produtos importados e (ii) a aplicação da multa regulamentar por erro de classificação fiscal dos produtos na NCM. II.1 Do Lançamento das Diferença de Tributos Segundo o Termo de Verificação Fiscal (fls. 298/350), a classificação correta dos produtos importados na NCM implicaram alteração das alíquotas dos tributos devidos na importação, que resultou na apuração das diferenças dos tributos lançados nas presentes autuações. Os produtos importados pela recorrente e reclassificados pela fiscalização foram os seguintes: a) LNBF AMPLIFICADOR/CONVERSOR DE BAIXO RUÍDO, COM ALIMENTADOR HORN, PARA ANTENAS; b) GUIAS DE ONDA FLEXÍVEIS, c) BICO ROCTEC LONG LIFE; d) CONECTOR PARA CABO COAXIAL RG6; e e) COLA DE SILICONE. Com o objetivo de facilitar e conferir objetividade, a análise da classificação fiscal dos referidos produtos na NCM será feita na mesma ordem apresentada no Termo de Verificação Fiscal e no recurso voluntário em apreço. Da classificação do LNBF (Low Noise Block Downconverter Feedhorn) Nas DI relacionadas na Tabela de fls. 299/315, o referido produto foi descrito como amplificadores de radiofrequência para recepção de sinais de microondas de baixo ruído (LNA) e classificado no código NCM 8543.70.12, enquanto que a fiscalização, com base nos catálogos, documentos apresentados pela recorrente e no laudo técnico de fls. 109/120, concluiu que se tratava de um “Conversor em Bloco de Baixo Ruído com Alimentador Horn (LNBF)” e o enquadrou no código NCM 8543.70.99. A divergência quanto à correta classificação fiscal do referido produto na NCM, a nível de item e subitem (desmembramento regional) ocorreu em razão da sua função ou do seu uso. Não há controvérsia quanto ao fato de que o referido produto desempenha, simultaneamente, duas funções: amplificar os sinais de entrada, introduzindo baixo ruído (amplificador de sinais), e converter a banda de frequências de entrada numa banda de freqüências mais baixas na saída (conversor de frequência). Fl. 2176DF CARF MF 34 Para a autuada, o citado produto tinha como função principal amplificar o sinal recebido do satélite. A conversão de frequência era função residual e menos importante no processo, podendo até mesmo ser realizado por outro equipamento. Por sua vez, com base no referido laudo técnico, a fiscalização inferiu que as funções de amplificar e de converter do referido equipamento eram igualmente importante. Para a fiscalização a função do equipamento é capturar o sinal enviado pelo satélite, amplificá lo com o menor ruído e posteriormente convertêlo em frequências intermediárias. Dessa forma, resta evidenciado que o ponto fulcral da divergência reside em saber se a função de amplificar e a função de converter são igualmente importantes para o desempenho do produto, como concluiu a fiscalização; ou se a função de amplificar é mais importante do que a função de converter, como alegou o sujeito passivo. Não é demais lembrar que o procedimento de classificação fiscal de mercadoria na NCM compreende duas fases distintas, a saber: a fase técnica e a fase jurídica. A primeira consiste na identificação física do produto, mediante a especificação de todos os seus aspectos técnicos relevantes para o enquadramento do produto em um dos códigos da NCM. A segunda diz respeito as normas sobre o enquadramento tarifário do produto na NCM, realizada em consonância com as Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado (RGISH) e a Regra Geral Complementar (RGC1) da NCM, vigentes na data da ocorrência do fato gerador, com subsídio nos esclarecimentos contidos nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH). Dada essa configuração, a perfeita identificação do produto, com todos os elementos relevantes para o enquadramento tarifário, é condição indispensável para determinação do seu correto enquadramento em um dos códigos da NCM. Tratase do aspecto técnico do procedimento classificatório, para o qual se exige conhecimento especializado, função atribuída aos peritos e aos órgãos de assistência técnica credenciados perante as Unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), em conformidade com o disposto no caput do art. 30 do Decreto 70.235/1972. Assim, caracterizada a necessidade de quantificação ou identificação de mercadoria importada, com respaldo no art. 5694 do Decreto 6.759/2009 (RA/2009), a fiscalização aduaneira ou o próprio importador, solicitará assistência técnica especializada, observado o disposto no art. 813 do RA/2009, a seguir transcrito: Art. 813. A perícia para identificação e quantificação de mercadoria importada ou a exportar, bem como a avaliação de equipamentos de segurança e sistemas informatizados, e a emissão de laudos periciais sobre o estado e o valor residual de bens, será proporcionada: I pelos laboratórios da Secretaria da Receita Federal do Brasil; II por órgãos ou entidades da administração pública; ou III por entidades privadas e técnicos, especializados, previamente credenciados. 4 "Art. 569. Na quantificação ou identificação da mercadoria, a fiscalização aduaneira poderá solicitar perícia, observado o disposto no art. 813 e na legislação específica." Fl. 2177DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.161 35 Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá ato normativo em que: I regulará o processo de credenciamento dos órgãos, das entidades e dos técnicos a que se referem os incisos II e III do caput; e II estabelecerá o responsável, o valor e a forma de retribuição pelos serviços prestados. (grifos não originais) Em conformidade com o disposto no citado art. 813 do RA/2009, o Secretario da Receita Federal do Brasil editou a Instrução Normativa RFB 1020/2010. No art. 15 foram mencionadas as pessoas habilitadas a solicitar perícia técnica e nos arts. 31 e 32 foram estabelecidos os requisitos dos laudos periciais. Os citados preceitos normativos, seguem transcritos, para facilitar a compreensão: Art. 15. A perícia será solicitada por: I AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB), no exercício da atividade fiscal; ou II importador, exportador, transportador ou depositário. § 1º Quando a perícia for solicitada por um dos intervenientes referidos no inciso II, caberá ao chefe da unidade local: I decidir quanto à sua conveniência e oportunidade, inclusive nos casos de instrução ou decisão em processo; e II designar órgão, entidade ou perito encarregado de sua execução. § 2º Quando a mercadoria a ser periciada se encontrar em local sob jurisdição de unidade da RFB distinta daquela interessada no procedimento fiscal, o chefe dessa unidade poderá solicitar à unidade com jurisdição sobre o local onde se encontra o bem a designação de órgão, entidade ou perito, para realização da perícia. § 3º Na solicitação de perícia, os quesitos considerados essenciais à identificação da mercadoria deverão ser formulados de maneira clara e concisa. [...] Art. 31. Os laudos periciais destinados a identificar e a quantificar mercadoria importada ou a exportar deverão conter, expressamente, conforme o caso, os seguintes requisitos: I explicitação e fundamentação técnica das verificações, testes, ensaios ou análises laboratoriais empregados na identificação da mercadoria; II exposição dos métodos e cálculos utilizados para fundamentar as conclusões do laudo referente à quantificação de mercadoria a granel; e Fl. 2178DF CARF MF 36 III indicação das fontes, referências bibliográficas e normas nacionais e internacionais empregadas na elaboração do laudo, e cópia daquelas que tenham relação direta com a mercadoria objeto de verificação, teste, ensaio ou análise laboratorial. § 1º Os laudos não poderão conter quaisquer indicações sobre posições, subposições, itens ou códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). § 2º Os laudos emitidos por órgãos ou por entidades da Administração Pública deverão ser assinados pelo perito responsável e por pessoa regimentalmente competente ou, na ausência de previsão regimental, pelo responsável por esses órgãos ou entidades, com indicação do ato que lhe confere os pertinentes poderes. § 3º Os laudos emitidos por peritos vinculados deverão ser assinados pelo responsável técnico e pelo representante legal da entidade privada. § 4º Os laudos deverão ser emitidos no prazo mínimo necessário, pelo menos em 2 (duas) vias de igual teor, sendo uma via para a RFB e outra para o interveniente, devendo, caso solicitado pela fiscalização, estar acompanhados do respectivo comprovante de registro de ART. § 5º Para os efeitos do § 4º, o prazo de apresentação dos laudos ou certificados de quantificação será de até 5 (cinco) dias úteis, contados da desatracação ou desfundeio da embarcação, conforme registro no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex Carga), salvo em casos devidamente justificados, a critério do chefe da unidade local da RFB. Art. 32. Os laudos periciais que não atenderem aos requisitos previstos no art. 31 somente serão aceitos se sanadas suas falhas ou omissões, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da ciência da intimação da autoridade fiscal da unidade local da RFB, da Divisão de Administração Aduaneira (Diana) ou da CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (Coana), conforme o caso. (grifos não originais) Nos autos, há dois laudos técnicos com conclusões dissonantes. O Laudo Técnico de fls. 109/120, solicitado pela fiscalização e elaborado por Engenheiro Elétrico credenciado perante a RFB, apresenta a conclusão, que a função de amplificação do sinal e a de conversão de frequência são imprescindíveis para o funcionamento do equipamento e possuem o mesmo grau de importância técnica para o correto funcionamento do equipamento. Enquanto que Parecer Técnico de fls. 123/125, elaborado a pedido da autuada, apresenta a conclusão de que a função de amplificação era primordial e a função de conversão era complementar. Por atender os requisitos determinados nos preceitos normativos anteriormente mencionados, aqui será levada em conta a conclusão apresentada no laudo técnico elaborado pelo Engenheiro Elétrico credenciado pela RFB, ou seja, que o produto em destaque tem duas funções principais de amplificar e converter o sinal de satélite recebido por uma antena parabólica. Assim, ficam rejeitadas todas as alegações suscitadas pela recorrente sobre a correta indicação do equipamento em destaque, em especial, a que trata de preponderância da função de amplificação do sinal. Fl. 2179DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.162 37 E uma vez definida a identificação do produto passase a analisar a sua correta classificação na NCM, a partir do item e subitem da subposição residual 8543.70, haja vista que não há controvérsia de que o produto pertence a referida subposição, que tem a seguinte subdivisão: 8543.70 Outras máquinas e aparelhos 8543.70.1 Amplificadores de radiofrequência 8543.70.11 Para transmissão de sinais de microondas de alta potência (HPA), a válvula TWT do tipo Phase Combiner, com potência de saída superior a 2,7kW 8543.70.12 Para recepção de sinais de microondas de baixo ruído (LNA) na banda de 3.600 a 4.200 MHz, com temperatura menor ou igual a 55 Kelvin, para telecomunicações via satélite 8543.70.13 Para distribuição de sinais de televisão 8543.70.14 Outros para recepção de sinais de microondas 8543.70.15 Outros para transmissão de sinais de microondas 8543.70.19 Outros 8543.70.20 Aparelhos para eletrocutar insetos 8543.70.3 Máquinas e aparelhos auxiliares para vídeo 8543.70.40 Transcodificadores ou conversores de padrões de televisão 8543.70.50 Simulador de antenas para transmissores com potência igual ou superior a 25kW (carga fantasma) 8543.70.9 Outros 8543.70.91 Terminais de texto que operem com código de transmissão Baudot, providos de teclado alfanumérico e visor, para acoplamento exclusivamente acústico a telefone 8543.70.92 Eletrificadores de cercas 8543.70.99 Outros (grifos não originais) Como se trata de máquina concebida para executar duas funções complementares, a Nota 3 da Seção XVI dispõe que a classificação deve ser feita de acordo com a função principal que caracterize o conjunto: 3. Salvo disposições em contrário, as combinações de máquinas de espécies diferentes, destinadas a funcionar em conjunto e constituindo um corpo único, bem como as máquinas concebidas para executar duas ou mais funções diferentes, alternativas ou complementares, classificamse de acordo com a função principal que caracterize o conjunto. (grifos não originais) Fl. 2180DF CARF MF 38 Assim, se a função principal do equipamento fosse a amplificação dos sinais, o equipamento pertenceria ao item 8543.70.1 “Amplificadores de radiofrequência”; porém, se fosse definido que a função principal era conversão de frequência, por falta de item mais específico, o aparelho enquadrarseia no item residual 8543.70.9 – “Outros” aparelhos. Porém, como o equipamento não tem uma função principal, conforme esclarecido no citado laudo pericial, porque ambas as funções de ampliar sinais e converter frequência são igualmente importantes e imprescindíveis para o funcionamento adequado do equipamento, ou seja, ambas as funções são importantes e imprescindíveis para a aplicação e uso a que se destina o produtos: uso doméstico, para ser aplicado em antenas destinadas a recepção de TV via satélite. Diante dessa constatação, recorrese aos esclarecimento das NESH relativas à Nota 3 da Seção XVI e nelas encontrase a seguinte orientação: Nos casos em que não é possível determinar a função principal e na ausência de disposições em contrário estipuladas no texto da Nota 3 da Seção XVI, aplicase a Regra Geral Interpretativa 3 c); é o que ocorre, por exemplo, a máquinas com funções múltiplas suscetíveis de se incluírem indiferentemente em várias das posições 84.25 a 84.30, em várias das posições 84.58 a 84.63 ou ainda em várias das posições 84.69 a 84.72. (grifos não originais) Dessa forma, nos casos em que não é possível determinar a função principal do equipamento, a referida explicação remete direto para o critério de classificação estabelecido na RGI nº 3´”c”, que dispõe o seguinte: 3. Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2"b" ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3"a", classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3"a" e 3"b" não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. (grifos não originais) E de acordo com a Regra Geral Complementar (RGC1), em relação ao desdobramento regional, aplicase as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado, mutatis mutandis, para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item Fl. 2181DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.163 39 aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. Assim, não sendo possível determinar a função principal do equipamento, ele deve ser classificado no item situado em último lugar na ordem numérica, dentre os suscetíveis de validamente se tomarem em consideração no referida subposição, que é o item 8543.70.9. E no âmbito deste item, por falta de subitem mais específico, a mercadoria deve ser classificada no subitem residual 8543.70.99 “Outros”, que corresponde ao código NCM atribuído ao produto pela fiscalização. Em suma, com base na Regra Geral Complementar da Nomenclatura do Mercosul RGC/NCM 1 combinada com a RGI/SH 3“c” (texto do item 8543.70.9 e do subitem 8543.70.99) da Tarifa Externa Comum, aprovada pela Resolução Camex 43/2006, bem como nos esclarecimentos extraídos das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), aprovadas pelo Decreto 435/1992, e atualizadas pelas Instruções Normativas RFB 807/2008 e 1.072/2010, chegase a conclusão de que o equipamento analisado (LNBF) classificase no código NCM 8543.70.99. Para fim de reforçar a conclusão aqui apresentada, cabe consignar que a classificação do produto aqui analisado ou de seu similar já foi feita pelo Comitê do Sistema Harmonizado, da Organização Mundial das Alfândegas (OMA), e pela CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (Coana) e suas projeções regionais, conforme noticiado nos excertos extraídos do TVF, que seguem transcritos: O Comitê do Sistema Harmonizado, da Organização Mundial das Alfândegas (OMA), emitiu parecer de classificação para mercadoria similar à do presente processo, conforme consta do Anexo Único da Instrução Normativa RFB nº 873, de 26 de agosto de 2008, e que se reproduz a seguir. Este Ato Normativo aprova a tradução dos pareceres de classificação expedidos pela OMA atualizados até julho de 2008 e adota como vinculativas as classificações das mercadorias neles contidas, assim como adota os mesmos pareceres de classificação como elemento subsidiário fundamental para a classificação de mercadorias com características similares às neles contidas. Código: 8543.70 2. Transformadorredutor a baixo nível de ruído (LNB), para ser montado em antena de sistema para recepção de emissões retransmitidas por satélite e servindo para amplificar os sinais de baixa intensidade e converter freqüências extremamente elevadas em freqüências da faixa VHF ou UHF. Em conformidade com a classificação emitida pela OMA, acima mencionada, que já havia sido publicada através da Instrução Normativa SRF nº 99/99, de 10 de agosto de 1999, a CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira – Coana classificou produto similar aos da presente ação fiscal por meio da Solução de Consulta Coana nº 5, de 25 de julho de 2002, conforme ementa a seguir transcrita: SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 5 de 25 de Julho de 2002 ASSUNTO: Classificação de Mercadorias EMENTA: Fl. 2182DF CARF MF 40 Equipamento conversor de freqüências e amplificador de sinais, próprio para ser montado em antena de sistema de recepção de sinais de satélite, comercialmente denominado "LNB (Low Noise Blockconverter)" , classificase no código 8543.89.99 da NCM. De acordo com a Tabela de Correlação entre as edições de 2002 e 2007 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), elaborada pelo Comitê Técnico nº 1 do Mercosul, os produtos do código 8543.89.99 (2002) passaram a se classificar no código 8543.70.99 (2007). SH 2002 SH 2007 8543.89.99 8543.70.99 No mesmo sentido da solução de consulta COANA citada, temse as seguintes decisões em soluções de consulta, cujos fundamentos técnicos para classificação são adotados nesta fiscalização: Soluções de Consulta SRRF09/Diana nºs 77, de 01 de setembro de 2011 e 86, de 18 de outubro de 2013; Soluções de Consulta SRRF07/Diana nºs 09 e 10, de 19 de abril de 2011; Solução de Consulta SRRF06/Diana nº 43, de 12 de dezembro de 2013. Ilustrando o parágrafo anterior, a seguir encontrase a ementa da Solução de Consulta SRRF09/Diana nº 77, de 01 de setembro de 2011. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 77 de 01 de Setembro de 2011 ASSUNTO: Classificação de Mercadorias EMENTA: Código TEC 8543.70.99 Mercadoria: Equipamento conversor de freqüências e amplificador de sinais, com alimentador (feed), próprio para ser montado em antena de sistema de recepção de sinais de satélite, comercialmente denominado LNBF (Low Noise Blockconverter Feedhorn). Com base nessas considerações, ficam afastadas as alegações suscitadas pela recorrente sobre a interpretação do regramento sobre classificação fiscal e, em decorrência, deve ser mantida a classificação fiscal determinada pela autoridade fiscal. Da classificação das Guias de Onda Flexíveis Com base no catálogo, tabelas e esclarecimentos fornecidos pela autuada (fls. 07 e 294/295), o produto foi assim descrito no TVF pela autoridade fiscal: Como se vê nas descrições e ilustrações, tratase de tubos ocos flexíveis de latão, com ranhuras, chapeados com prata. Para se transformarem no artefato denominado guia de onda flexível que será usado em conjunto com uma antena esses tubos ainda sofrerão todo um processo de industrialização, descrito no catálogo já citado. O chapeamento de prata é utilizado para minimizar perdas. Por sua vez, a autuada, classificou esse produto no código NCM 8529.90.19, como outras partes de aparelhos das posições 85.25 a 85.28. Fl. 2183DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.164 41 Como os produtos importados eram simples tubos de latão chapeados de prata, que para se transformarem em partes dos aparelhos a que vão servir ainda seriam cortados, adicionados de flanges nas extremidades e recobertos de borracha de silicone, concluiu a autoridade fiscal que eles não poderiam ainda ser incluídos na NCM de parte do referidos aparelhos, mas no código NCM 7107.00.00, que compreende os “metais comuns folheados ou chapeados (plaquê) de prata, em formas brutas ou subfaturadas”. De fato, com base na Regra Geral para Interpretação do Sistema Harmonizado/RGI/SH 1 (texto das posição 71.07 e notas 1b, 4 e 7 do capítulo 71) e nos subsídios extraídos das NESH, aprovadas pelo Decreto 435/1992, e atualizadas pelas Instrução Normativa RFB 807/2008 e 1.072/2010, o referido produto classificase no código NCM 7107.00.00, conforme enquadramento dado pela fiscalização, e não no código NCM 8529.90.19, defendido pela recorrente. Para que não reste dúvida a respeito, seguem transcritos os textos das notas 1b, 4 e 7 da posição 71.07 e dos respectivos esclarecimentos da NESH: Notas da posição 71.07: 1. Ressalvado o disposto na alínea a) da Nota 1 da Seção VI e as exceções a seguir referidas, classificamse no presente Capítulo os artefatos, compostos total ou parcialmente: [...] b) De metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê). [...] 4. A) Consideramse "metais preciosos" a prata, o ouro e a platina. [...] 7. Na Nomenclatura, consideramse "metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê)" os artefatos com um suporte de metal que apresentem uma ou mais faces recobertas de metais preciosos, por soldadura, laminagem a quente ou por processo mecânico semelhante. Salvo disposição em contrário, os artefatos de metais comuns incrustados de metais preciosos, consideramse folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê). NESH da posição 71.07: 71.07 Metais comuns folheados ou chapeados (plaquê) de prata, em formas brutas ou semimanufaturadas. (Altd. pela Instr. Norm. RFB 1.260/12, conforme texto aprovado pela Instr. Norm. RFB 1.202/11) Para a definição de folheados ou chapeados de metais preciosos, bem como para a assimilação desse conceito aos folheados ou chapeados de metais comuns, incrustados de metais preciosos, Fl. 2184DF CARF MF 42 deve reportarse à Nota 7 e às Considerações Gerais, deste Capítulo. O folheado de prata aplicase sobre ligas de estanho, de níquel, de zinco ou, sobretudo, de cobre; às vezes, aplicase sobre cobre puro ou sobre aço. Utilizase na fabricação de peças de ourivesaria (baixelas, objetos para ornamentação de interiores, etc.), de tubagem ou de recipientes ou de aparelhos para as indústrias química ou alimentar. As formas habituais incluídas nesta posição consistem em barras, varetas, perfis, fios, placas, chapas, folhas, tiras, lâminas ou tubos. Neste aspecto, as disposições da Nota Explicativa da posição 71.06 aplicamse, mutatis mutandis, a este caso. 71.06 Prata (incluindo a prata dourada ou platinada), em formas brutas ou semimanufaturadas, ou em pó. (Altd. pela Instr. Norm. RFB 1.260/12, conforme texto aprovado pela Instr. Norm. RFB 1.202/11) [...] Esta posição compreende a prata e respectivas ligas, nas seguintes formas: [...] IV) Em tubos, mesmo constituindo serpentinas, desde que não tenham sido transformados em partes ou órgãos de aparelhos. (Altd. pela Instr. Norm. RFB 1.260/12, conforme texto aprovado pela Instr. Norm. RFB 1.202/11) Em relação a esse ponto, sobre identificação do produto, sem amparo em prova técnica, a recorrente limitouse em apresentar alegações genéricas sobre as características do produto e a mencionar que a autoridade fiscal não tinha conhecimento técnico na área de tecnologia, o que não merece qualquer consideração a respeito, porque irrelevante para o deslinde da controvérsia. Quanto à classificação aplicável ao produto, alegou a recorrente que deveria ser aplicado o princípio da especificidade, ou seja, o produto deveria ser enquadrado no código que mais especificamente o descreva. A aplicação desse inusitado argumento, implicaria desconsideração de todo regramento sobre classificação fiscal acima mencionado, o que se revela totalmente descabido. Por todas essas razões, mantémse a classificação determinada pela autoridade fiscal, porque realizada em conformidade com a RGI/SH 1 (texto das posição 71.07 e notas 1b, 4 e 7 do capítulo 71) e nos esclarecimentos das NESH da referida posição, aprovadas pelo Decreto 435/1992, e atualizadas pelas Instrução Normativa RFB 807/2008 e 1.072/2010. Da classificação do Bico Roctec Long Life Segundo o TVF, com base na tabela/resposta do sujeito passivo (fls. 07 e 296), apurou a autoridade fiscal que os referidos produtos foram descritos como “Bicos acoplados ao cabeçote da maquina de corte jato d´água que direcionam o fluído para o corte Fl. 2185DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.165 43 por abrasão de chapas metalicas”, feitos de carbeto de tungstênio e utilizados como “Bicos específicos para maquina de corte de jato d'água”, que se classificam no código NCM 8466.93.19. O autuada classificou os citados produtos no código NCM 8543.70.12, onde se inserem os amplificadores de radiofrequência “para recepção de sinais de microondas de baixo ruído (LNA) na banda de 3.600 a 4.200 MHz, com temperatura menor ou igual a 55 Kelvin, para telecomunicações via satélite”. Com base nas RGI/SH 1 (texto da posição 84.66) e 6 (textos da subposição 8466.93) e na RGC/NCM 1 (texto do item 8466.93.1 e do subitem 8466.93.19) da Tarifa Externa Comum, aprovada pela Resolução Camex 43/2006, no teor da nota 2b da Seção XVI e nos esclarecimentos das NESH da posição 84.56, chegase a conclusão que os bicos próprios para máquinas de corte de jato d'água classificamse no código NCM 8466.93.19, conforme determinado pela autoridade fiscal. De fato, a posição 84.66 compreende as máquinas de corte a jato de água, que se classificam no código NCM 8466.93.19. Senão veja os texto da posição 84.66 e do código residual 8466.93.19, que seguem transcritos: 84.66 Partes e acessórios reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinados às máquinas das posições 84.56 a 84.65, incluindo os portapeças e portaferramentas, as fieiras de abertura automática, os dispositivos divisores e outros dispositivos especiais, para estas máquinas; portaferramentas para ferramentas manuais de todos os tipos. 8466.10.00 Portaferramentas e fieiras de abertura automática 8466.20 Portapeças 8466.20.10 Para tornos 8466.20.90 Outros 8466.30.00 Dispositivos divisores e outros dispositivos especiais, para máquinas 8466.9 Outros: 8466.91.00 Para máquinas da posição 84.64 8466.92.00 Para máquinas da posição 84.65 8466.93 Para máquinas das posições 84.56 a 84.61 8466.93.1 Para máquinas da posição 84.56 8466.93.11Para máquinas da subposição 8456.20 8466.93.19 Outras (grifos não originais) E na nota 2b da Seção XVI e nos esclarecimentos das NESH da posição 84.56 obtémse as informações que confirmam o acerto do enquadramento do referido produto no código NCM 8466.93.19, a seguir transcritas: Fl. 2186DF CARF MF 44 Nota 2b da Seção XVI: 2. Ressalvadas as disposições da Nota 1 da presente Seção e da Nota 1 dos Capítulos 84 e 85, as partes de máquinas (exceto as partes dos artefatos das posições 84.84, 85.44, 85.45, 85.46 ou 85.47) classificamse de acordo com as regras seguintes: [...] b) Quando se possam identificar como exclusiva ou principalmente destinadas a uma máquina determinada ou a várias máquinas compreendidas numa mesma posição (mesmo nas posições 84.79 ou 85.43), as partes que não sejam as consideradas na alínea a) anterior, classificamse na posição correspondente a esta ou a estas máquinas ou, conforme o caso, nas posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66, 84.73, 85.03, 85.22, 85.29 ou 85.38; todavia, as partes destinadas principalmente tanto aos artefatos da posição 85.17 como aos das posições 85.25 a 85.28, classificamse na posição 85.17; NESH da posição 84.56: As máquinasferramentas desta posição são máquinas que servem para a fabricação de peças de qualquer matéria ou para trabalhar a sua superfície. Devem satisfazer três condições essenciais: 1º) trabalhar por eliminação da matéria; 2º) realizar um trabalho da natureza dos executados pelas máquinasferramentas equipadas com uma ferramenta convencional; 3º) utilizar um dos seguintes sete processos: laser ou outro feixe de luz ou de fótons, ultrasom, eletroerosão, processos eletroquímicos, feixes de elétrons, feixes iônicos ou jato de plasma. Esta posição compreende igualmente as máquinas de corte a jato de água descritas na parte H abaixo. (Acrescido pela Instr. Norm. RFB 1.260/12) [...] H. MÁQUINAS DE CORTE A JATO DE ÁGUA (Acrescido pela Instr. Norm. RFB 1.260/12) Este grupo inclui as máquinas de corte a jato de água ou a jato de águaabrasiva. São máquinas próprias para cortar matérias por um processo que utiliza um jato de água ou de água misturada com partículas abrasivas muito finas, normalmente a uma velocidade que pode alcançar de duas a três vezes a velocidade do som. Funcionam sob pressões incluídas entre 3.000 e 4.000 bars e podem efetuar uma vasta gama de cortes de precisão em uma grande variedade de matérias. As máquinas de corte a jato de água são normalmente utilizadas para cortar matérias macias (espuma, borracha flexível, matérias para juntas, folhas finas de metal, etc.). As que operam a jato de águaabrasiva são principalmente utilizadas para cortar Fl. 2187DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.166 45 matérias mais duras (aço para ferramentas, borracha endurecida, materiais compostos, pedra, alumínio, aço inoxidável, etc.). PARTES E ACESSÓRIOS Ressalvadas as disposições gerais relativas à classificação das partes (ver as Considerações Gerais da Seção), as partes e acessórios das máquinas desta posição incluemse na posição 84.66. (grifos não originais) Em relação a esse enquadramento, a recorrente limitouse em alegar que se tratava de erro escusável e que não houve máfé da sua parte, haja vista que a diferença de tributos apurada fora mínima. Em relação a esse ponto, a recorrente pugnou apenas inaplicabilidade da multa por erro de classificação fiscal, questão que será analisada em seguida. Da classificação do Conector para Cabo Coaxial RG6 Com base no documento de resposta de fls. 67/105, que contém figuras, desenhos e especificações técnicas, juntamente com as informações prestadas pela autuada e na resposta ao Termo de Intimação 05 (fls. 63/66), a autoridade fiscal chegou a conclusão que o referido produto tratavase de artefatos que tinham a função de realizar emendas e conexões em cabos coaxiais e que suportavam uma tensão de até 1.500Vc.c. (corrente contínua), o que o enquadraria no código NCM 8535.90.00, que a seguinte descrição: 85.35 Aparelhos para interrupção, seccionamento, proteção, derivação, ligação ou conexão de circuitos elétricos (por exemplo, interruptores, comutadores, cortacircuitos, pararaios, limitadores de tensão, supressores de picos de tensão (eliminadores de onda), tomadas de corrente e outros conectores, caixas de junção), para uma tensão superior a 1.000V. 8535.10.00 Fusíveis e cortacircuitos de fusíveis 8535.2 Disjuntores: [...] 8535.30 Seccionadores e interruptores [...] 8535.40 Pararaios, limitadores de tensão e supressores de picos de tensão (eliminadores de onda) [...] 8535.90.00 Outros (grifos não originais) Nas DI, o citado produto foi classificado no código residual NCM 8529.90.19 “OUTRAS”, da posição “8529 PARTES RECONHECÍVEIS COMO EXCLUSIVA OU PRINCIPALMENTE DESTINADAS AOS APARELHOS DAS POSIÇÕES 85.25 A 85.28”. Fl. 2188DF CARF MF 46 Em outras palavras, a autuada considerou o referido produto como partes dos citados aparelhos e não como aparelho autônomo, como fez a autoridade fiscal. Assim, resta demonstrado que cerne da presente controvérsia gira em torno da condição do referido produto, ou seja, se ele é “parte reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos das posições 85.25 a 85.28”, como alegado pela recorrente, ou se ele deve ser considerado como aparelho autônomo e, portanto, não integrante exclusivo ou principalmente destinado aos equipamentos das posições 85.25 a 85.28. Precisamente, nas palavras da autoridade fiscal, “os conectores para cabos coaxiais em questão não são ‘parte’ de alguma máquina, mas são artefatos com função de realizar emendas e conexões em cabos coaxiais e têm classificação própria.” No presente recurso, alegou a recorrente que o produto em destaque tem por finalidade o transporte de sinais de radiofrequência e microondas em antenas e sistemas de equipamentos de transmissores e/ou receptores de radiofrequência em microondas. Esclareceu a recorrente que, devido às características das ondas eletromagnéticas em frequências elevadas, “os sinais podem ser transportados em estruturas cilíndricas denominadas guia de onda, ou cabo coaxiais, guias de onda coaxiais (ou conectores coaxiais) como é o caso em questão.” Assiste razão à recorrente. De fato, se os conectores são aplicados nos cabos coaxiais, uma espécie de cabo condutor usado para a transmissão de sinais, geralmente, usados em múltiplas aplicações desde áudio até as linhas de transmissão de frequências da ordem dos gigahertz, tais artefatos, inequivocamente, não são considerados “aparelhos para interrupção, seccionamento, proteção, derivação, ligação ou conexão de circuitos elétricos”. Assim, por não serem aparelhos de conexão de circuitos elétricos, os conectores para cabo coaxial RG6 não pertencem a posição 85.35 e tampouco ao código NCM 8535.90.00. E como não há posição ou código específico na NCM para o referido produto, induvidosamente, os referidos artefatos incluemse na posição 85.29 e no código residual da NCM 8529.90.19, por serem “parte reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos das posições 85.25 a 85.28”. Com base nessa considerações, fica demonstrado que o produto denominado conector para cabo coaxial RG6 classificase no código NCM 8529.90.19, determinado pela fiscalização. Da classificação da Cola de Silicone Os produtos denominados pelo sujeito passivo de cola ou borracha de silicone, relacionados no item 2.5 deste termo, foram por ele classificados na NCM 3506.10.90, que compreende as colas e adesivos. Com base nas informações prestadas pela recorrente (fl. 64), a autoridade fiscal concluiu que o produto tinha as características e propriedades de uso dos mástiques, os quais tinham composição muito variável e se caracterizavam, essencialmente, pela sua utilização, que era de “obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou aderência de peças”, o que estava de acordo com a informação prestada pela recorrente de que o citado produto era “usado para impedir a passagem de água e umidade, sendo aplicado na base do pedestal da antena e na parede ou laje.” Para a autoridade fiscal, o citado produto devia ser classificado no código NCM 3214.10.10. Fl. 2189DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.167 47 Com base nas RGI/SH 1 (texto da posição 84.66) e 6 (textos da subposição 8466.93) e na RGC/NCM 1 (texto do item 8466.93.1 e do subitem 8466.93.19) da Tarifa Externa Comum, aprovada pela Resolução Camex 43/2006, e nos esclarecimentos das NESH das posições 32.14 e 35.06, chegase a conclusão que o referido classificase no código NCM 3214.10.10, conforme determinado pela autoridade fiscal. Para que não reste qualquer dúvida a respeito, reproduzse a seguir os pertinentes esclarecimentos extraídos das NESH das posiçóes 32.14 e 3506, a primeira no sentido de justificar a inclusão do referido produto na posição e a segunda no sentido de excluí lo da posição (adotada pela recorrente) e remetêlo para a posição 32.14: NESH da posição 32.14: Os mástiques e indutos da presente posição são preparações de composição muito variável, que se caracterizam essencialmente pela sua utilização. Estas preparações apresentamse freqüentemente sob forma mais ou menos pastosa, endurecendo, geralmente, após sua aplicação. Algumas delas apresentamse sob forma sólida ou pulverulenta, e são tornadas pastosas no momento da aplicação, quer por tratamento térmico (fusão, por exemplo), quer por adição de um líquido (água, por exemplo). Em geral, os mástiques e indutos aplicamse por meio de pistola, de espátula, de trolha, de desempenadeira ou de ferramentas semelhantes. I. MÁSTIQUE DE VIDRACEIRO (MASSA DE VIDRACEIRO), CIMENTOS DE RESINA E OUTROS MÁSTIQUES Os mástiques utilizamse especialmente para obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou a aderência de peças. Diferem das colas e de outros adesivos porque se aplicam em camadas espessas. Convém todavia notar que este grupo de produtos abrange igualmente os mástiques utilizados sobre a pele dos pacientes em volta dos estomas e das fístulas. Este grupo compreende, entre outros: [...] 9) Os mástiques à base de plásticos (por exemplo, resinas poliésteres, poliuretanos, silicones e epóxidas) mesmo adicionados de elevada proporção (até 80%) de matérias de carga muito variadas, tais como argila, areia e outros silicatos, dióxido de titânio e pós metálicos. Alguns deste mástiques empregamse depois da adição de um endurecedor. Alguns não endurecem e mantêmse macios e aderentes após aplicação (um selante acústico, por exemplo). Outros endurecem por evaporação de solventes, no arrefecimento (mástiques termofusíveis), por reação após contato com a atmosfera ou por reação de diferentes compostos misturados simultaneamente (mástiques multielementos). Os produtos deste tipo permanecem nesta posição apenas quando são inteiramente formulados para ser utilizados como mástiques. Os mástiques podem ser utilizados para assegurar a estanqueidade de certas juntas na Fl. 2190DF CARF MF 48 construção ou efetuar reparações domésticas; para assegurar a estanqueidade ou a reparação de artigos em vidro, em metal ou em porcelana; como mástique para trabalhos de carroçarias ou no caso dos selantes adesivos, para fixar várias peças ao mesmo tempo. (altd. conf. Instr. Norm. RFB 1.072/10) [...] II. INDUTOS UTILIZADOS EM PINTURA; INDUTOS NÃO REFRATÁRIOS DO TIPO DOS UTILIZADOS EM ALVENARIA... Esta posição não compreende: a) A resina natural, denominada em alguns países, mástique, gomamástique ou resinamástique (posição 13.01). b) O gesso, a cal e os cimentos (posições 25.20, 25.22 e 25.23). c) Os mástiques de asfalto e outros mástiques betuminosos (posição 27.15). d) Os cimentos e outros produtos para obturação dentária (posição 30.06). e) O breu (pez) para a indústria de cerveja e os outros produtos da posição 38.07. f) Os cimentos e argamassas refratárias (posição 38.16). g) Os aglutinantes preparados para moldes e núcleos de fundição (posição 38.24). [...] NESH da posição 35.06: Esta posição compreende: [...] Também se excluem da presente posição os produtos que tenham características de mástiques ou indutos da posição 32.14. No mesmo sentido, o entendimento exarado nas Soluções de Consulta SRRF08/Diana nº 32/2000 e SRRF10/Diana nº 123/2003, cujos enunciados das ementas seguem transcritos: DECISÃO Nº 32 de 10 de Marco de 2000: ASSUNTO: Classificação de Mercadorias EMENTA: CÓDIGO TIPI: Mercadoria: 3214.10.10 Mástique à base de Polissiloxano (Elastômero de Silicone), contendo cargas minerais, na forma de pasta, acondicionada em embalagem pronta para venda a retalho, denominado comercialmente “Brascoved Super Transparente Borracha de Silicone”. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 123 de 25 de Julho de 2003: Fl. 2191DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.168 49 ASSUNTO: Classificação de Mercadorias EMENTA: Código TIPI Mercadoria 3214.10.10 Mástique à base de plásticos (silicones), próprio para vedação de vidros, perfis de alumínio, cerâmicas etc., apresentado em bisnagas, comercialmente denominado “Vedador de silicone RTV 1000”, código “SS1000”. Em relação a esse enquadramento, a recorrente limitouse em alegar que se tratava de erro escusável e que não houve máfé da sua parte, haja vista que a diferença de tributos apurada fora mínima. Em relação a esse ponto, a recorrente pugnou apenas inaplicabilidade da multa por erro de classificação fiscal, questão que será analisada em seguida. II.2 Da Aplicação da Multa por Erro de Classificação Segundo a autoridade fiscal, a classificação incorreta dos produtos na NCM e na Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística (NVE), bem como a descrição inexata das mercadorias, implicava aplicação da multa prevista no art. 711 RA/2009, cujos excertos pertinentes seguem transcritos: Art. 711. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 84, caput; e Lei no 10.833, de 2003, art. 69, § 1º): I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; [...] III quando o importador ou beneficiário de regime aduaneiro omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 1º As informações referidas no inciso III do caput , sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo (Lei n o 10.833, de 2003, art. 69, § 2º): [...] III descrição completa da mercadoria: todas as características necessárias à classificação fiscal, espécie, marca comercial, modelo, nome comercial ou científico e outros atributos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil que confiram sua identidade comercial; [...] § 2º O valor da multa referida no caput será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior, observado o disposto nos §§ 3º a 5º (Medida Provisória n o Fl. 2192DF CARF MF 50 2.15835, de 2001, art. 84, § 1º ; e Lei n o 10.833, de 2003, art. 69, caput ). § 3º Na ocorrência de mais de uma das condutas descritas nos incisos do caput , para a mesma mercadoria, aplicase a multa somente uma vez. § 4º Na ocorrência de uma ou mais das condutas descritas nos incisos do caput, em relação a mercadorias distintas, para as quais a correta classificação na Nomenclatura Comum do Mercosul seja idêntica, a multa referida neste artigo será aplicada somente uma vez, e corresponderá a: I um por cento, aplicado sobre o somatório do valor aduaneiro de tais mercadorias, quando resultar em valor superior a R$ 500,00 (quinhentos reais); ou II R$ 500,00 (quinhentos reais), quando da aplicação de um por cento sobre o somatório do valor aduaneiro de tais mercadorias resultar valor igual ou inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais). [...]. Segundo a autoridade fiscal, foram consideradas classificadas incorretamente na NCM e na NVE as mercadorias importadas por meio das DI listadas no item 2 e as mercadorias discriminadas no item 4 do referido TVF, conduta tipificada no art. 711, I, do RA/2009. Com exceção das mercadorias descritas como “CONECTOR PARA CABO COAXIAL RG6” no subitem 2.4 do TVF, resta devidamente comprovado nos autos a conduta imputada à recorrente. Em relação a esse ponto da lide, a recorrente alegou que era ilegal e ilegítima a aplicação da referida multa, porque não restou demonstrada conduta dolosa com objetivo de fraude da recorrente, inclusive, em alguns casos foi praticamente inexistente à tributação. No caso, tratase de infração a legislação aduaneira, cuja configuração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, conforme estabelecido no art. 94, § 2º, do Decretolei 37/1966, que segue transcrito: Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Fl. 2193DF CARF MF Processo nº 15165.721174/201416 Acórdão n.º 3302004.767 S3C3T2 Fl. 2.169 51 Assim, resta demonstrado que, diferentemente do alegado, a comprovação de conduta dolosa ou máfé do auto ilícito, com intuito fraudulento, é irrelevante para configuração da infração em apreço. II.3 Do Afastamento da Multa de Ofício e dos Juros Moratórios A recorrente ainda pediu a reforma da decisão recorrida, com vistas afastar a aplicação da multa de ofício e dos juros moratórios, sob argumento de que agira de boa fé. No caso, a multa de ofício foi aplicada com respaldo no art. Art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei 11.488/2007, em relação ao II, Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, e no art. no art. 80, caput, da Lei 4.502/1964, com a redação dada pelo art. 13 da Lei 11.488/2007, a seguir transcritos: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] (grifos não originais) E a configuração da infração tipificada nos referidos preceitos legais, sabidamente, independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, conforme estabelecido no art. 136 do CTN. Portanto, irrelevante se a recorrente agiu ou não com boa fé. A mesma conclusão se aplica a cobrança dos juros moratórios com base na taxa Selic, previsto no art. 161 do CTN, combinado com o disposto no art. 61, § 4º, da Lei nº 9.430/1996, in verbis: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. [...] § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do Fl. 2194DF CARF MF 52 prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (grifos não originais) Por essas razões, com exceção da diferença dos tributos cobrados sobre a importação das mercadorias descritas como “CONECTOR PARA CABO COAXIAL RG6” no subitem 2.4 do TVF, deve ser mantida a cobrança da multa de ofício e dos juros moratórios sobre o crédito tributário mantido no presente julgamento. III Da Conclusão Por todo o exposto, votase pelo conhecimento do presente recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração por mudança de critério jurídico e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para afastar a tributação dos valores das importações descritas coAmo “CONECTOR PARA CABO COAXIAL RG6” no subitem 2.4 do TVF colacionado aos autos e acréscimos legais, incluindo a multa por erro de classificação fiscal. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 2195DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.000007/2004-37
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL
Ano calendário: 2003
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Incabível embargos de
declaração quando inexiste omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado
Numero da decisão: 1802-001.167
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar os embargos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Interessado FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL Ano calendário: 2003 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Incabível embargos de declaração quando inexiste omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar os embargos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho. Fl. 775DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pelo sujeito passivo com base no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (aprovado pela Portaria MF n. 256, de 22/06/2009 e alterações posteriores). O acórdão embargado, nº 180200.770 de 25/02/2011, foi recepcionado pela empresa em 19/09/2011 (Aviso de Recebimento – AR), e, os embargos foram protocolizados em 26/09/2011. A embargante alega que o voto condutor do acórdão embargado, não está consentâneo com a matéria do presente processo, eis que não logrou, em seus argumentos e disposições legais aludidas, comprovar a indispensável legalidade de uma definição onde reste determinado que permuta de bens deva ser considerada como receita bruta para fins de tributação pelo lucro presumido, em especial, ao estabelecido pelo RIR/1999, art. 224. Aduz que a conselheira relatora invoca dispositivos da Lei n.° 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro), onde não há quaisquer alusões quanto aos aspectos tributários em operações de permuta e que, entre outras impropriedades, cita a IN SRF n.° 93/1997, art. 36, § 3.°, sem sequer comentar a sua aplicação no tema ora tratado. A Embargante alega que há contradição no voto condutor do acórdão embargado quando a conselheira em seu próprio voto, assim se manifesta à fl. 680, do processo: "Entendo que as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, poderão considerar como receita bruta o montante recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas. " E logo após a manifestação acima reproduzida, ao aludir que as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias, ao adotar o REGIME DE CAIXA de que trata a IN SRF n.° 104/1998, devem considerar como recebimento do preço os valores recebidos, a qualquer título, nos termos do § 3.°, art. 1.° da mencionada Instrução Normativa, deixa de esmiuçar com a necessária clareza e pertinência para sustentação de seu voto, a razão pela qual a permuta possa ser enquadrada como valor recebido a qualquer título. Enfim conclui que as expressões adotadas no voto condutor do acórdão embargado, nada mais são do que meras alegações, sem fundamento expresso na legislação, para induzir a pretensa tributação sobre as operações de permuta de bens. Traz à colação excertos da "Declaração de Voto" do Conselheiro, João Francisco Bianco e reproduz textos de lavra do eminente Pontes de Miranda (fls.3 e 4). A Embargante sustenta que de conformidade com a legislação aplicável (IN SRF n.° 104/1998, art. 1.°), na condição de optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido, adotou o critério de reconhecimento de suas receitas de venda de imóveis na medida do recebimento de cada parcela. A seguir transcreve o inciso II, art. 1.°, da IN SRF n.° 104/1998: Fl. 776DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.000007/200437 Acórdão n.º 1802001.167 S1TE02 Fl. 2 3 (...) II indicar, no livro Caixa, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder cada recebimento. Sobre a IN SRF acima afirma que, mencionado ato normativo ao determinar que seja indicado no livro Caixa, cada recebimento, resta cristalino que esse registro deva se referir a dinheiro ou equivalente (cheque, ou outro documento conversível em espécie). Assim, afastase, de pleno, qualquer hipótese de que a permuta seja recepcionada no REGIME DE CAIXA adotado pela Embargante. Diz que, o Autuante, acompanhado pelo Julgador da Instância Singular e, surpreendentemente, fortalecido pela decisão de 2.a Instância, com a decisão de pretender tributar a permuta de imóveis, institui uma FICÇÃO, ou seja, um imaginário para penalizar a Embargante. Destaca que, o denominado REGIME DE CAIXA representa um método contábil no qual os recebimentos e pagamentos são reconhecidos unicamente quando se recebe ou se paga mediante dinheiro ou equivalente, não se admitindo, até por falta de previsão legal, que a expressão "equivalente" possa representar bens que, em razão da sua liquidez, não possam ser imediatamente convertidos em moeda. Por fim a Embargante requer sejam acolhidos os embargos com efeitos infrigentes no sentido de que o acórdão embargado seja reformulado e, por conseqüência, seja determinado o cancelamento do crédito tributário a que se reporta. É o relatório. Fl. 777DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Os Embargos de declaração foram apresentados em 26/09/2011, no prazo regulamentar, portanto, tempestivos, deles conheço. A Recorrente no recurso voluntário alegara em seu prol que as unidades imobiliárias recebidas decorrem da permuta de imóveis no ano calendário de 2003 e por haver adotado o regime de caixa somente será tributada a receita efetivamente recebida em dinheiro ou cheque. A Embargante alega que há contradição no voto condutor do acórdão embargado quando a conselheira relatora em seu próprio voto, à fl. 680, admite que as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, poderão considerar como receita bruta o montante recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas. Entretanto devem considerar como recebimento do preço os valores recebidos, a qualquer título. É óbvio e ululante que adotar o regime de caixa não significa que os valores recebidos em bens (que não sejam dinheiro) pela venda de unidades imobiliárias, deixam de ter a natureza de receitas, eis a razão do § 3.°, art. 1.° da Instrução Normativa nº 104/98 a seguir transcrito: Art. 1º A pessoa jurídica, optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido, que adotar o critério de reconhecimento de suas receitas de venda de bens ou direitos ou de prestação de serviços com pagamento a prazo ou em parcelas na medida do recebimento e mantiver a escrituração do livro Caixa, deverá: (...) II indicar, no livro Caixa, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder cada recebimento. (...) § 3° Na hipótese deste artigo, os valores recebidos, a qualquer titulo do adquirente do bem ou direito ou do contratante dos serviços serão considerados como recebimento do preço ou de parte deste, até o seu limite. Na linha desse entendimento, destacouse no acórdão embargado as Soluções de Consulta nº 142/2005 e nº 68/2009, proferidas pela Superintendência Regional da Receita Federal da 10ª Região Fiscal que concluem de modo claro que: Na operação de permuta de imóveis sem recebimento de torna, realizada por pessoa jurídica tributada pela CSLL com base no lucro presumido, dedicada à atividade imobiliária, constitui receita bruta o preço do imóvel recebido em permuta. Consta do voto condutor do acórdão embargado que: Fl. 778DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.000007/200437 Acórdão n.º 1802001.167 S1TE02 Fl. 3 5 a) A Instrução Normativa SRF nº 107/1988 disciplina a apuração de resultados, assim como a determinação dos valores de baixa e de aquisição de bens, nas operações de permuta de unidades imobiliárias, realizadas entre pessoas jurídicas ou entre pessoas jurídicas e pessoas físicas. b) A permuta deve constar de escritura pública e, não constam dos autos documentos desse quilate, logo não há que se falar de permuta ou dação em pagamento e sim, troca de bens. c) As pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados a venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda ao adotar o regime de caixa de que trata a Instrução Normativa nº 104/98, deve considerar como recebimento do preço os valores recebidos, a qualquer título, do adquirente do bem ou direito ou do contratante dos serviços, nos exatos termos do § 3º do art.1º da mencionada Instrução Normativa a acima transcrita. Conforme relatado a Embargante alega que o voto condutor do acórdão embargado não está consentâneo com a matéria do presente processo, eis que não logrou, em seus argumentos e disposições legais, comprovar a indispensável legalidade de uma definição onde reste determinado que permuta de bens deva ser considerada como receita bruta para fins de tributação pelo lucro presumido, em especial, ao estabelecido pelo RIR/1999, art. 224. O acórdão embargado possui a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2003 Ementa: LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS. RECEITA BRUTA. DAÇÃO EM PAGAMENTO/PERMUTA OU TROCA DE IMÓVEIS. Para fins do disposto no artigo do 224 do RIR/99, as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados a venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, tributadas com base no lucro presumido deverão considerar como receita bruta o montante recebido, a qualquer título, relativo às unidades imobiliárias vendidas. No regime do lucro presumido tributase a receita bruta sem dedução de custos e despesas. Não é possível à empresa optante pelo lucro presumido adotar procedimento com as vantagens a que teria direito pelo lucro real, mesclando os regimes de apuração. A sistemática do lucro presumido tem como base uma presunção de lucro, calculada pela aplicação de um percentual sobre a receita. Assim, devese entender que a receita bruta a ser considerada para fins de tributação com base no lucro presumido é a soma do preço do imóvel recebido a qualquer título (dinheiro, cheque, dação em pagamento, permuta ou troca de imóveis etc) com o eventual valor em dinheiro recebido. Fl. 779DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 Indubitavelmente a Embargante apurou o IRPJ no ano calendário de 2003 com base no lucro presumido, e o conceito de receita bruta para fins de apuração do lucro presumido ou real, compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (RIR/1999, art. 224). Na receita bruta se inclui o ICMS e deverão ser excluídas: as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador, dos quais o vendedor ou prestador é mero depositário, como é o caso do IPI incidente sobre as vendas e do ICMS devido por substituição tributária (RIR/1999, art. 224, parágrafo único; IN SRF no 93, de 1997, art. 36, § 3o). A IN SRF nº 93, de 1997 bem como o artigo 224 do RIR/99 tem supedâneo no artigo 31 da Lei nº 8981, de 1995. A Embargante alega que a relatora deixa de esmiuçar com a necessária clareza e pertinência para sustentação de seu voto, a razão pela qual a permuta possa ser enquadrada como valor recebido a qualquer título. E que, a conselheira relatora invoca dispositivos da Lei n.° 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro), onde não há quaisquer alusões quanto aos aspectos tributários em operações de permuta. Conforme dito acima, a permuta deve constar de escritura pública e, não constam dos autos documentos desse quilate, logo não há que se falar de permuta ou dação em pagamento e sim, troca de bens. Ora, a citação do artigo 533 da Lei no 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 ( Código Civil Brasileiro)a que alude a Embargante é no sentido de esclarecer que à troca aplicamse as disposições referentes à compra e venda. Por óbvio os aspectos tributários encontramse situados na legislação tributária em que se fundamenta o acórdão embargado. Não há previsão legal para a pessoa jurídica que tem como atividade a venda de imóveis, tributada com base no lucro presumido, excluir da receita bruta de que trata o artigo 31 da Lei nº 8981, de 1995, a parte da venda que fora recebida em bens que não seja “dinheiro”, como pretende a embargante. Conforme explicado no acórdão embargado, no sistema do lucro real tributase apenas o valor da torna, e, mesmo assim, a permuta que se beneficiar da torna pode deduzir dessa receita a parcela do custo da unidade dada em permuta que corresponder à torna recebida ou a receber. Nessa sistemática do lucro real, no caso de permuta sem pagamento de torna a permutante não tem resultado a apurar, uma vez que deverá atribuir ao bem que receber o mesmo valor contábil do bem baixado em sua escrituração. Também restou explicitado no acórdão embargado que no regime do lucro presumido se tributa a receita bruta sem dedução de custos e despesas. A sistemática do lucro presumido é diferente da sistemática do lucro real, pois, tem como base uma presunção legal de lucro, calculada pela aplicação de um percentual sobre a receita. E, como é sabido, não se pode mesclar os regimes de apuração, de sorte a deduzir do valor da venda o imóvel recebido. Toda a fundamentação do acórdão embargado e conclusão também constante da ementa é que a receita bruta a ser considerada para fins de tributação com base no lucro presumido é a soma do preço do imóvel recebido a qualquer título (dinheiro, cheque, dação em pagamento, permuta ou troca de imóveis etc) com o eventual valor em dinheiro recebido. Fl. 780DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.000007/200437 Acórdão n.º 1802001.167 S1TE02 Fl. 4 7 A Embargante faz alegações mas não demonstra a obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos no que restam improcedentes as alegações suscitadas pela Embargante Essencialmente, a Embargante pretende rediscutir a matéria litigada insistindo em que deva ser considerada como receita bruta para fins de tributação pelo lucro presumido apenas os valores recebidos em dinheiro, afastando aqueles representados por imóveis recebidos. Nos termos do art. 65 do RICARF, com a redação dada pela Portaria MF nº 586, de 21.12.2010, cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, não se prestando o instrumento processual (embargos de declaração) para instigar à nova apreciação e julgamento. Com as considerações acima, entendo não estar presente no acórdão embargado qualquer das situações previstas no mencionado dispositivo regimental (obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos), razão pela qual voto no sentido de que sejam REJEITADOS os embargos de declaração. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 781DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001912/2007-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PESSOA FÍSICA.
Não há que se falar em tributação na Pessoa Jurídica dos rendimentos recebidos pela pessoa física, sob o amparo de mútuos desconsiderados pela Autoridade Lançadora.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. RENDA. TRIBUTAÇÃO.
Identificada a origem de recursos depositados em conta bancária, a autuação por omissão de rendimentos não tem amparo em presunção legal.
BITRIBUTAÇÃO. ORIGEM COMPROVADA.
Não importa em bitributação o lançamento fiscal faz incidir tributo sobre valores que, por sua natureza, não foram tributados na fonte pagadora.
SIMULAÇÃO. INTENÇÃO. MULTA AGRAVADA.
Verificada a intenção do sujeito passivo em simular ato com vistas a impedir o conhecimento por parte da Autoridade Fiscal da ocorrência do fato gerador, é devida a qualificação da multa relativa ao lançamento de ofício.
Numero da decisão: 2201-003.765
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 18/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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PESSOA FÍSICA. Não há que se falar em tributação na Pessoa Jurídica dos rendimentos recebidos pela pessoa física, sob o amparo de mútuos desconsiderados pela Autoridade Lançadora. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. RENDA. TRIBUTAÇÃO. Identificada a origem de recursos depositados em conta bancária, a autuação por omissão de rendimentos não tem amparo em presunção legal. BITRIBUTAÇÃO. ORIGEM COMPROVADA. Não importa em bitributação o lançamento fiscal faz incidir tributo sobre valores que, por sua natureza, não foram tributados na fonte pagadora. SIMULAÇÃO. INTENÇÃO. MULTA AGRAVADA. Verificada a intenção do sujeito passivo em simular ato com vistas a impedir o conhecimento por parte da Autoridade Fiscal da ocorrência do fato gerador, é devida a qualificação da multa relativa ao lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 19 12 /2 00 7- 10 Fl. 757DF CARF MF 2 Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente da Auto de Infração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo ao exercício de 2007, fl. 445 a 455, pelo qual a Autoridade Administrativa lançou crédito tributário, consolidado, em 31 de julho de 2007, no valor de R$ 913.172,72, incluindo multa por lançamento de ofício qualificada, no percentual de 150%. No Termo de Constatação Fiscal de fl 433 a 443 é possível identificar os motivos em que se baseou a Autoridade Lançadora para promover o lançamento, dentre os quais merecem destaque: que a fiscalização teve início em 10 de abril de 2006, com a ciência dada ao fiscalizado to termo de início da fiscalização; (fl. 435) que em resposta ao requerido no Termo de Início, o contribuinte apresentou documentos, dentre eles faturaS emitidas por três operadoras de cartão de crédito, que evidenciaram um gasto total no período de R$ 469.391,75; que intimado a apresentar extratos bancários e comprovação da origem dos recursos utilizados para pagamento dos cartões, o fiscalizado informou exercer função de sócio administrador da empresa ANH Comércio Importação e Exportação Ltda, o que lhe exige viagens regulares para compras de mercadorias e desenvolvimento de novas tendências, e que as despesas de viagens são reembolsadas pela ANH. Afirma, ainda, que parte dos valores decorrem de distribuição de lucros, mas não apresenta qualquer documento que comprove os reembolsos; que a análise dos valores informados na DIRPF 2004 evidencia rendimento tributável recebido de pessoa física de R$ 16.680,00, rendimentos isentos e não tributáveis de R$ 40.000,00 e dívidas e ônus reais superiores a R$ 200.000,00 (estes relativos a um financiamento imobiliário); (fl. 437) que a análise dos extratos bancários apresentados pelo contribuinte apontam para a recepção, mediante depósitos ou créditos em contascorrentes, do valor de R$ 1.135.838,77; que intimado, em 19 de janeiro de 2007, a comprovar a origem dos recursos depositados ou creditados em sua conta, o contribuinte afirmou trataremse de empréstimos obtidos junto à ANH, apresentando, como elementos de prova, livros Diário e Razão somente registrado na JUCESP em 10 de maio de 2007 (fl. 308); Apresentou, ainda, cópia de contratos de mútuo (fl. 252 a 274) e extrato de contacorrente mantida pela ANH no BankBoston (fl. 284 a 306); Fl. 758DF CARF MF Processo nº 19515.001912/200710 Acórdão n.º 2201003.765 S2C2T1 Fl. 758 3 que os elementos de prova apresentados estão eivados de vícios que os tornam imprestáveis aos fins a que se propõe e que a análise sistêmica de tais documentos com as declarações apresentadas à RFB força a conclusão de que estes empréstimos não existem; (f. 439) que a DIPJ apresentada pela ANH para o ano calendário de 2003 apresentou valor zero de contas a receber, a despeito da relevância dos valores envolvidos em comparação com a receita, ativo e patrimônio líquido; que o Livro Diário somente teria sido levado a registro em 10 de maio de 2007, quando o sócio majoritário da empresa já estava sobe procedimento fiscal; que reforça a conclusão de inexistência dos empréstimos o fato de DIRPF apresentada pelo fiscalizado não conter nenhuma informação relativa a tais operações, o que se repetiu nos exercícios posteriores; que a escrituração apresentada está embasada em contratos de mútuo cuja inexistência já ficou evidenciada acima, permitindose afirmar que tais contratos são atos simulados (conceitua simulação), celebrados com a finalidade exclusiva de eximir o fiscalizado do cumprimento de suas obrigações tributárias; (fl. 441) que a nulidade dos supostos contratos de mútuo resta caracterizada pelo descompasso dos valores com receita auferida pela ANH (R$ 406.938,50), restando, portando, evidenciada a natureza tributável dos valores transferidos. Ciente do lançamento em 11 de agosto de 2007, fl. 457, inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, a Impugnação de fl. 475/511, onde apresentou os argumentos que entendia lastrear o pleito de improcedência da autuação, reconhecendo que os valores movimentados são recurso provenientes do trabalho desempenhado pela ANH. Requerendo, ainda, o reconhecimento da ocorrência de bitributação e da ausência de dolo a justificar a multa qualificada. No julgamento de 1ª Instância, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP II julgou procedente o lançamento, fl. 645/673, lastreada nas convicções abaixo resumidas: que restou comprovado que os valores tributados de ofício constituem rendimentos percebidos pelo contribuinte da empresa ANH ou de terceiros, cabendo afastar a pretensão de efetuar a tributação na pessoa jurídica; fl. 665 que não se observa nos autos qualquer ato de ofensa ao princípio da estrita legalidade e/ou verdade material. Tampouco, cerceamento do direito de defesa; fl. 665 que a autuação não teve fundamento em depósitos de origem não comprovada, importando em falta de objeto os argumentos da defesa; fl 667 que não ocorreu a alegada bitributação, já os valores transferidos não foram oferecidos à tributação pela ANH; fl. 669 Fl. 759DF CARF MF 4 que há nos autos elementos suficientes para a determinação da atitude dolosa do contribuinte e que não há conflito com a jurisprudência administrativa reproduzida; fl. 671 que eventuais elementos de prova deveriam ser juntados aos autos com a impugnação. Ciente do Acórdão da DRJ em 18 de maio de 2009, fl. 676, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fl. 683/747, no qual reitera os argumentos já expressos em sede de impugnação, os quais serão tratados no curso do voto a seguir. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Alega o recorrente que, em razão de sua atividade, constantemente e pessoalmente, realizava viagens internacionais para aquisição de mercadorias e para acompanhamento das tendências do ramo e que, objetivando melhor organização, constituiu a empresa ANH Importação e Exportação Ltda, da qual é sócio administrador. Sustenta que incidiu em erros comuns entre empresários inexperientes, dentre os quais a movimentação de parte dos recursos da empresa em contacorrente pessoal, tendo em vista o crédito que detinha junto ao mercado. Afirma que pagava despesas como cartões de crédito e era, posteriormente, reembolsado pela empresa e que a relação entre esta e o seu sócio gerava "verdadeira confusão" na utilização das contas bancárias, bem como no pagamento de despesas e recebimentos de valores, o que se confirma com a constatação de que parte dos recursos considerados omitidos pela fiscalização decorre de movimentações da conta da empresa ANH ( R$ 223.700,00) sendo os demais valores identificados oriundos da contacaixa da mesma empresa. Aduz que a contabilidade da empresa era feita extemporaneamente, o que levou à solução provisória de formalizar empréstimos ao sócio até que se apurasse definitivamente o lucro a ser distribuído, momento em que seriam regularizados tanto a contabilidade quando o recolhimento dos tributos. Contudo, antes de providenciada a regularização, iniciouse a Ação Fiscal que resultou no Auto de Infração em tela. Alega que tomou conhecimento dos erros e de sua não regularização durante o procedimento fiscal, o que o levou a substituir a empresa responsável pela sua contabilidade, iniciando a regularização, cuja finalidade seria a apuração da totalidade da receita recebida na jurídica e recebida na pessoa física. Afirma que não houve intenção do recorrente ou da empresa ANH em fraudar ou causar dano ao erário. Fl. 760DF CARF MF Processo nº 19515.001912/200710 Acórdão n.º 2201003.765 S2C2T1 Fl. 759 5 Entende que, apesar de ter pleno conhecimento dos fatos, o AuditorFiscal promoveu o lançamento como se o rendimento fosse da pessoa física e ainda com a multa qualificada, por identificar intuito fraudulento nos contratos de mútuo considerados simulados. Ressalta que a decisão recorrida está eivada de nulidades e contradições nas argumentações e fundamentos que justificam a sua reforma, tudo conforme será demonstrado nos tópicos a seguir: DOS RENDIMENTOS DECORRENTES DA ATIVIDADE EMPRESARIAL DA NECESSIDADE DE TRIBUTAÇÃO NA PESSOA JURÍDICA Afirmando que a ANH estaria desobrigada da manutenção de escrita contábil rigorosa e que sua conta caixa, por se revestir até mesmo de precariedade, assemelhase ao próprio bolso do empresário. Alega que, amparado em assessoria contábil que não observou os cuidados necessários, acabou por registrar como mútuos firmados com o sócio valores que seriam decorrentes de reembolso de despesas ou distribuição de lucros. Classifica como absolutamente irrelevante o fato de tais valores terem sido movimentados na contacorrente da pessoa física do sócio, vez que possuem como origem o exercício da atividade profissional, motivo pelo qual a imputação fiscal, se devida, deveria ser realizada em face da ANH. Sustenta que não restam dúvidas de que os rendimentos decorrem de sua atividade empresarial, o que teria sido, inclusive, reconhecido pelo Agente Fiscal ao afirmar que seria "...provável que a quase totalidade da movimentação financeira tenha transitado pela conta corrente da ANH..." ou pela própria decisão recorrida conforme excertos citados. Questiona a omissão da DRJ ao negar a equiparação à PJ sem apresentar justificativas plausíveis para tal posicionamento, concluindo que o Agente Fiscal deveria, ao tomar conhecimento que o autuado é proprietário de Pessoa Jurídica e os valores em tela teriam transitado pela conta da empresa, promover a autuação da empresa. Afirma o recorrente que a DRJ, mesmo reconhecendo a origem da movimentação na PJ, contradizse ao negar o pedido de diligência para levantamento dos valores devidos a título de tributação da ANH sob a alegação de que restou inequívoco que os rendimentos são da pessoa física. Alega que, havendo como comprovar a que título foram pagos os valores recebidos pelo recorrente e não tendo o Auditor intimado as emitentes dos cheques, deveriam ser considerados como verdadeiros os fatos narrados pela recorrente, sob pena de nulidade da autuação por cerceamento do direito de defesa. E que somente como prova em sentido contrário é que poderiam as Autoridade Lançadora e Julgadora de 1ª Instância afastar a presunção de verdade do alegado pelo recorrente. O recorrente, diante de sua longa argumentação, tenta imputar ao Fisco a obrigação ou contradição que os autos demonstram serem suas. Imaginemos, pois, um sócio que atue efetivamente nas atividades da empresa. Naturalmente, além da participação nos lucros auferidos pela PJ, receberia rendimentos em Fl. 761DF CARF MF 6 contrapartida ao seu trabalho. Quanto àqueles, obedecidos os limites legais, isentos de tributação na pessoa física, Já estes tributáveis por configurar rendimento do trabalho assalariado, tudo conforme arts. 43 e 662 do Decreto 3.000/1999 (RIR 99). Assim, não há qualquer contradição nas conclusões da DRJ ou do Agente Fiscal ao reconhecerem que os valores em tela têm origem na empresa ANH. O fato de ter transitado pela empresa, por si só, não exclui o rendimento, ainda que recebido por seu sócio, do campo de incidência do tributo. Aparentemente, a contradição se mostra presente entre os argumentos recursais, as provas dos autos e a conduta do próprio contribuinte. Inicialmente, temos que a fiscalização buscou verificar o lastro financeiro para elevados gastos com pagamentos de cartões de crédito, já que o contribuinte apresentou faturas pagas em valores absolutamente incompatíveis com os rendimentos declarados (Termo de Inicio de Fiscalização de fl. 12 e Termo de Intimação de fl. 21/22). Em resposta, fl. 28, o contribuinte apresenta seus extratos bancários e alega que os gastos com cartões de crédito se justificam por despesas reembolsadas pela empresa ou por distribuição de lucros. Em fl. 242 a Autoridade Lançadora intima o sujeito passivo a comprovar a origem de uma série de 60 depósitos em conta (planilha de fl. 244/246). Em resposta, fl. 250, o contribuinte apresenta uma sequência de contratos de mútuo firmados mensalmente com a PJ, os quais alcançam todos os meses e todos os ingressos em suas contascorrentes (fl. 252 a 274). Posteriormente, em sede de impugnação, o contribuinte, alegando que não teve intenção de fraudar ou causar dano ao erário público, alega que os contratos de mútuo tiveram origem em erro do qual só tomou conhecimento no curso do procedimento fiscal. Afirma que tais contratos foram fruto de sugestão de determinado escritório de contabilidade e que tinha como objetivo, em momento futuro, permitir a regularização de tudo, mediante o pagamento dos tributos devidos e a compensação do que seria devido ao recorrente a título de distribuição nos lucros. Ainda no curso da impugnação, o contribuinte alega que, tratandose de dinheiro de empresa que estava sendo movimentado na conta corrente do seu sócio, legitima a formalização de contrato de mútuo enquanto não regularizada a contabilização e tributação na empresa, sob pena de não haver quaisquer documentos a dar respaldo à operação entabulada temporariamente. Ora, os mútuos decorrem de erros cometidos pela contabilidade ou são instrumentos legítimos? Se são legítimos, o que falar dos alegados e não comprovados reembolsos? Será que nem mesmo os reembolsos poderiam ser contabilizados como despesas da ANH? E se existiram tais reembolsos, por que até estes teriam sido objeto dos contratos de mútuo? As respostas às perguntas acima não poderiam ser dadas pela autoridade fiscal, mas apenas pelo próprio contribuinte, a quem competiria comprovar seus argumentos e não apenas atribuir tal responsabilidade ao fisco. O que se nota pelo teor do processo, é que há recursos com origem na empresa ou em terceiros ingressando nas contas pessoais do recorrente, o que leva à conclusão de que, sim, houve a percepção de rendimentos e sem apresentação de elementos que evidenciem a não incidência tributária sobre os mesmos, com a ressalva de que a tributação é a Fl. 762DF CARF MF Processo nº 19515.001912/200710 Acórdão n.º 2201003.765 S2C2T1 Fl. 760 7 regra e a isenção é exceção que deve ser provada por quem dela se aproveita, neste caso, o recorrente. Tampouco há que se classificar como irrelevante o fato dos valores terem transitados nas contas da empresa ou dos sócios e que a tributação deveria recair sobre a pessoa jurídica da qual é sócio. Ora, ao contrário do que afirma o recorrente, não há nos autos nenhuma prova de que a movimentação dos recursos se confundam com a atividade desenvolvida pela empresa. Há sim evidências de que estes têm origem na empresa, mas como meros benefícios pagos ao sócio, que nada têm a ver com distribuição nos lucros, pois não há registro de lucros no exercício passíveis de distribuição, conforme Demonstração de Resultado de fl. 310. Assim, entendo que, neste tema, não merecem quaisquer reparos a decisão recorrida ou o lançamento fiscal. DA IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAR OS DEPÓSITOS COMO RENDA AUFERIDA Sustenta o contribuinte que o lançamento com base exclusivamente em depósitos bancários afronta o Código Tributário Nacional e são rechaçados por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Após considerações sobre a legislação correlata, entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, o recorrente afirma que se, no caso presente, não estaria comprovada renda nova ou acréscimo patrimonial. Mais uma vez afirma que os valores depositados em conta bancária foram utilizados para operacionalização de sua atividade empresarial e que é notório que pessoas físicas ou jurídicas tem despesas fíxas e variáveis e, ainda, podem movimentar valores que não sejam de sua propriedade. Alega que, no caso em comento, ocorre presunção de riqueza, sem comprovar gastos incompatíveis ou renda consumida e que o Agente Fiscal não encontrou nenhum acréscimo patrimonial a descoberto, já que inexiste aquisição de bens. Diante de tais argumentos pleiteia o cancelamento da autuação ou a conversão do mesmo em diligência para que seja refeito em conformidade com o ordenamento jurídico. São absolutamente desarrazoadas as colocações recursais. Não estamos diante de um lançamento fundado exclusivamente em depósitos bancários e tampouco deixou se de vislumbrar consumo de renda. Ora, não nos esqueçamos de que a autuação sob análise teve, em seu início, o claro propósito de verificar a compatibilidade de gastos efetuados com cartões de crédito com os rendimentos declarados pelo contribuinte. A partir daí, identificouse o ingresso de valores significativos nas contas bancárias do recorrente, os quais, em boa medida, teriam origem na empresa da qual este é sócio majoritário. Fl. 763DF CARF MF 8 Como já bem pontuado, além das meras alegações do sujeito passivo, este não apresentou nenhuma comprovação de que tais valores teriam sido depositados em suas contas bancárias como forma de reembolso das despesas de titularidade da ANH. O lançamento guerreado foi elaborado por agente competente e sem preterição do direito de defesa do contribuinte, que teve a oportunidade de se manifestar e de ter seus argumentos avaliados em duas instâncias julgadoras. O fato é que foram cumpridas todas as formalidades legais e observados todos os requisitos de validade do ato administrativo no momento da constituição do crédito tributário em litígio. As constatações da Autoridade Fiscal têm lastro nos documentos juntados ao presente processo, não havendo motivos que justifiquem sua conversão em diligência para novo lançamento. Portanto, neste tema, não merecem quaisquer reparos a decisão recorrida ou o lançamento fiscal. DA NECESSÁRIA EXCLUSÃO DOS VALORES TRANSFERIDOS DA CONTA CORRENTE DA PESSOA JURÍDICA O recorrente entende que deveriam ser excluídos do presente lançamento os valores que tiveram origem na contacorrente da ANH, sob pena de evidente bitributação. Sobre o tema, como já dito alhures, o fato de ter transitado pela empresa, por si só, não exclui o rendimento, ainda que recebido por seu sócio, do campo de incidência do tributo. Ademais, não há que se falar em bitributação, em particular neste caso em que há claras evidências de que os valores não foram oferecidos à tributação pela PJ. Caso o fossem na condição de participação nos lucros, não haveria que se falar em tributação na Pessoa Física. Mas como não há registros contábeis de lucros para lastrear os pagamentos efetuados ao sócio, forçosamente temos que os valores tenham sido pagos a título de prólabore, o que reafirma sua natureza tributável. DA NECESSIDADE DE EXCLUSÃO DOS VALORES CONTIDOS NO ART. 42, § 3º, II DA LEI 9.430/96. Requer o contribuinte que não sejam considerados como omissão os valores individuais inferiores a R$ 12.000,00, cujo somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse a R$ 80.000,00. Apresenta lógica argumentativa e precedentes administrativos para fazer valer seu entendimento sobre a pertinência de tal providência. O citado art. 42 da lei 9.430/96 preceitua que se considera omissão de rendimentos os créditos ou depósitos em conta bancária em relação aos quais, intimado, o titular não comprove a origem dos recursos. Tanto no Acórdão recorrido quanto no curso do presente voto já se afirmou que a autuação em questão não decorre de tal presunção legal de omissão de rendimentos, mas da efetiva constatação de valores, de sua origem, da desconsideração dos alegados mútuos e da certeza que não se tratam de participações nos lucros. Assim, não merece acolhida o pleito recursal. DA NECESSIDADE DA REDUÇÃO DA MULTA Fl. 764DF CARF MF Processo nº 19515.001912/200710 Acórdão n.º 2201003.765 S2C2T1 Fl. 761 9 Inicia sua argumentação neste tema transcrevendo o texto legal do art. 44 da lei 9.430/96, o qual, em seu inciso II prevê o percentual de multa de ofício de 150%, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos no art.71, 72 e 73 da Lei 4.502/64. A seguir, afirma que a aplicação de tal multa é inconstitucional e ilegal, devendo a mesma ser reduzida a 75%. Insurgese contra o lançamento atestando que o Auditor aplicou a penalidade qualificada com amparo em meras conjecturas e que sua inocência é presumida, nos termos da Constituição Federal, até que o fisco apresente prova cabal em sentido contrário. Alega que, em nenhum momento furtouse a apresentar do documentos requeridos, cujo intuito foi sempre de colaborar com a Fiscalização, devendo tal posicionamento ser levado em consideração para fixação da multa. Entende que, tratandose de tributo não declarado e não pago, a penalidade de ofício deveria recair sobre o inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96. Ademais, ressalta que, ainda que objeto de mútuo, os recursos são passíveis de tributação na pessoa jurídica, o que demonstra que o sujeito passivo teria informado fatos cuja consequência nunca poderia ser causar dano ao erário. Sustenta que, mesmo no caso de simulação, não há que se falar em qualificação da penalidade, citando precedente neste sentido exarado em decisão deste CARF. Conclui afirmando que houve, de fato, infrações à legislação tributária pela empresa, passíveis de autuação e pleiteando a redução da multa de ofício para 75%. O § 1º do art. 44, da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, prevê que o percentual de multa de que trata o inciso I do caput, 75%, será duplicado nos casos previstos nos art. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. Assim, não há que se falar em ilegalidade da qualificação da multa de ofício. Não obstante, em relação à inconstitucionalidade suscitada pela recorrente, tratase de questão sobre a qual este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou, uniforme e reiteradamente, tendo sido editada Súmula, de observância obrigatória, nos termos do art. 72 do RICARF, cujo teor destaco abaixo: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. É correta a conclusão do contribuinte sobre o fato de que, por si só, uma simulação não poderia justificar a qualificação da penalidade de ofício, sendo necessário que se identifique o intuito de fraude, sonegação e conluio. Vejamos o que prevê a Lei 4.502/64 prescreve: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: Fl. 765DF CARF MF 10 I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Assim, é necessário que a conduta do contribuinte seja dolosa e objetive impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. Diante de tal previsão legal e dos elementos presentes nos autos, não há como acatar a versão do contribuinte de que não teria havido intenção de fraudar ou causar prejuízo ao erário. O que salta dos autos é que, no curso do procedimento fiscal, pelas próprias palavras do contribuinte, constatouse que os motivos que levaram à opção equivocada pela formalização dos mútuos ainda não haviam sido corrigidos e, mesmo assim, optouse pela via que poderia ser a mais econômica, a de tentar lastrear a operação em documentos mais formais (registro de livros na Jucesp) e, quem sabe, dificultar a visão do fisco, mantendo longe do campo de incidência o rendimento passível de tributação. Poderia o contribuinte, já no momento da resposta à primeira intimação, ter informado a ocorrência de erros contábeis relacionados à escrita da ANH, mas não, optou por pedir mais tempo e concluir a clara tentativa de impedir o conhecimento por parte da Autoridade Fiscal da ocorrência do fato gerador. Neste sentido, em nada adianta a chamada colaboração com o fisco se o que se apresenta não corresponde, em sua essência, aos fatos efetivamente ocorridos. Portanto, no caso em tela, não há dúvidas de que houve sim um ato consciente e simulado, já que a vontade declarada (contrato de mútuos) não se compatibiliza com a vontade interna do contribuinte (receber rendimentos sem submetêlos à tributação), que, por fim, pretendia impedir/driblar a incidência tributária sobre os valores recebidos. Desta forma, improcedentes o pleito recursal. Conclusão Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que integram do presente, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, negolhe provimento, devendose manter a exigência em sua integralidade. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 766DF CARF MF Processo nº 19515.001912/200710 Acórdão n.º 2201003.765 S2C2T1 Fl. 762 11 Fl. 767DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001623/2003-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1997
DECADÊNCIA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO.
Constando-se que há antecipação do pagamento através de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte para o mesmo ano-calendário, aplica-se a regra de contagem do prazo decadencial estabelecida pelo art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 2201-003.764
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
(Assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO. Constandose que há antecipação do pagamento através de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte para o mesmo anocalendário, aplicase a regra de contagem do prazo decadencial estabelecida pelo art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente (Assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 16 23 /2 00 3- 89 Fl. 755DF CARF MF Processo nº 19515.001623/200389 Acórdão n.º 2201003.764 S2C2T1 Fl. 751 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, ofertada em face da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF, que é objeto do presente processo. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado, em 28/04/2:003, o Auto de Infração de fls. 555 a 560, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 1998 (ano calendário 1997), por intermédio do qual lhe é exigido crédito tributário no montante de R$ 152.100,00, dos quais R$ 56.250,00 correspondem a imposto, R$ 42.187,50 relativos à multa proporcional e R$ 53.662,50, a juros de mora, calculados até 31703/2.003. Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 550 a 554) e Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 558), o procedimento teve origem na apuração da seguinte infração: Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas ém instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Anocalendário Valor Tributável Multa (%) 1997 R$ 225.000,00 75,00 Enquadramento legal: Arts. 3o e 11 da Lei n° 9.250/95; art. 42, da Lei n° 9.430/1.996;.art. 4o da. lei n° 9.481/1.997. Cientificado do Auto de Infração em 29/04/2.003 (fl. 561), o contribuinte, por • intermédio de seus representantes legais (fl. 565), apresentou, em 29/05/2.003, a impugnação de fls. 568 a 597, alegando, em síntese, que: PRELIMINAR DECADÊNCIA. Caracterizandose o lançamento do Imposto de Renda como homologação, os valores objeto de autuação fiscal em exame não podem mais ser exigidos, por já terem sido atingidos pelo decurso do prazo decadencial. O valor do imposto exigido no Auto de Infração, lavrado referese ao fato gerador ocorrido em 31.12.97 e, neste caso, o direito de o Fisco efetuar o lançamento expirouse em 31.12.2002. Tendo o Auto de Infração sido lavrado somente em 29.04.2003,'não há dúvida de que o valor lançado encontrase atingido pela decadência, por ter sido formalizado após já extinto o diréito de o sujeito ativo constituir o pretenso crédito tributário. Transcreve ementas de acórdãos do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais e cita. ainda o Parecer da Coordenação Geral do Sistema de Tributação (Parecer COSIT n° 577 de 24.08.2000) para embasar suas alegações acerca do instituto da decadência. MÉRITO. Fl. 756DF CARF MF Processo nº 19515.001623/200389 Acórdão n.º 2201003.764 S2C2T1 Fl. 752 3 Evidenciase no procedimento fiscal lavrado a bitributação dos mesmos valores já declarados pelo contribuinte, referindose eles ao valor de R$ 180.000,00 auferidos junto à empresa Assefisco Assessores Associados S/C Ltda, correspondentes a depósitos mensais de R$ 15.000,00 em sua conta corrente no Banco Itaú. Tais.valores foram considerados pela Fiscalização, conforme se observa no item I do Termo.de Verificação Fiscal, como sendo auferidos integralmente no mês de dezembro de 1997. Alega ainda que apresentava cópias dos recibos pelos quais demonstrava que os depósitos foram realizados nas seguintes datas: Data Valor (R$) 02.01.97 15.000,00 06.03.97 15.000,00 06.05.97 15.000,00 06.06.97 45.000,00 08.07.97 15.000,00 19.08.97 15.000,00 04.09.97 15.000,00 09.10.97 15.000,00 07.11.97 15.000,00 10.12.97 15.000,00 Total 180.000,00 A única divergência constatada então referese aos R$ 45.000,00, cujo crédito ocorreu em fevereiro de 1997 e que corresponde a parte do recebimento do valor total de R$ 55.000,00 em função da venda do veículo BMW, informado na declaração de ajuste do anocalendário 1996. A alienação do bem comprovase pela baixa do bem na Declaração de ajuste do ano calendário 1996, pelo documento de Autorização para transferência de veículo, onde se comprova o valor da venda por R$ 55.000,00 a Antonio Jesus Martins e com a apuração do ganho de capital no Demonstrativo de Apuração dos Ganhos de Capital, anexo à.declaração de ajuste anual. Assim, o valor de R$ 45.000,00 está em plena coerência com o valor da venda e com o período em que ocorreu a alienação do bem. Ainda que assim não fosse, não pode o Fisco exigir da pessoa física o mesmo rigor na comprovação como se exige das pessoas Fl. 757DF CARF MF Processo nº 19515.001623/200389 Acórdão n.º 2201003.764 S2C2T1 Fl. 753 4 jurídicas, obrigadas à escrituração, ainda mais depois de decorridos mais de 5 anos da ocorrência do fato gerador. Não seria crível considerar quê a empresa Assefisco Assessores Associados S/C Ltda efetuasse o pagamento dos R$ 180.000,00 de uma única vez como considerou a fiscalização: Cita jurisprudência (Recurso Especial n° 193.681, DJ de 20.03.2000, p.65 do STJ) na qual foi considerada ilegal e inconstitucional a utilização da taxa SELIC pra fins de correção de débitos fiscais em atraso. A lei manda aplicar a taxa SELIC sem nenhum percentual, delegando indevidamente seu cálculo a ato governamental, que segue as naturais oscilações do mercado financeiro, com interferência do Banco Central. A exigência de juros moratórios excessivos decorrentes de utilização dá taxa SELIC é totalmente descabida, não podendo prevalecer. A decisão de primeira instância julgou improcedente a impugnação (fls. 199/205), nos termos da seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1997 PRELIMINAR DE DECADÊNCIA A instauração de procedimento de ofício pelo Fisco, no prazo de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, consistente na intimação do contribuinte para apresentar esclarecimentos e/ou comprovações acerca das matérias objetos do futuro lançamento, afasta a inércia da Fazenda" Pública e a possibilidade da homologação' tácita do lançamento, consubstanciando a figura do lançamento de ofício, cujo termo inicial.para a contagem do prazo decadencial de 5 (cinco) anos é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. Preliminar rejeitada. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular e/ou o cotitular das contas bancárias ou o real beneficiário dos depósitos, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos. JUROS DE MORA. TAXA REFERENCIAL SELIC. Havendo previsão legal para a aplicação da taxa SELIC, não cabe à Autoridade Julgadora exonerar a cobrança dos juros de mora legalmente estabelecida PEDIDO DE VISTA AOS AUTOS FORA DA REPARTIÇÃO. Fl. 758DF CARF MF Processo nº 19515.001623/200389 Acórdão n.º 2201003.764 S2C2T1 Fl. 754 5 No âmbito do contencioso administrativo, não há previsão legal para que o processo seja retirado da repartição para vistas aos autos pelo contribuinte ou seu representante legal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado do acórdão da DRJ em 20/01/2010, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 18/02/2010 (fls. 706/725), onde alega, em síntese, que: Ocorreu a decadência do direito de lançar o crédito tributário, tendo em vista que os fatos geradores ocorreram de janeiro a dezembro de 1997 e o auto de infração fora lavrado em 28/04/2003, depois dos 5 anos previstos no artigo 150, §4º do CTN. O lançamento não deve ser mantido, tendo em vista que utilizou apenas os depósitos bancários e as informações das movimentações financeiras do contribuinte, sendo tais informações insuficientes para comprovar o efetivo auferimento de renda. Não foi comprovada a prática de nenhuma infração capaz de ensejar a multa de 75%, além da inconstitucionalidade da referida multa, uma vez que caracteriza o caráter confiscatório rechaçado pela Constituição Federal no artigo 150, IV. A multa deve ser cancela ou reduzida, já que o contribuinte não agiu com fraude, dolo ou simulação ou qualquer outro ato ilícito. A taxa SELIC não pode ser aplicada, haja vista que o STJ declarou inconstitucional o parágrafo 4º, do artigo 39, da Lei 9.250/95 que estipulava a aplicação da taxa referida taxa. Alegou ainda, a prescrição intercorrente do Processo Administrativo Fiscal. É o relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Decadência O recorrente alega a decadência de constituição do crédito tributário, pois considera a data do fato gerador o dia em que ocorre o acréscimo patrimonial. O STJ assim se pronunciou sobre a data do fato gerador do Imposto de Renda: Fl. 759DF CARF MF Processo nº 19515.001623/200389 Acórdão n.º 2201003.764 S2C2T1 Fl. 755 6 TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO PAGAMENTO A MENOR INCIDÊNCIA DO ART. 150, § 4º, DO CTN FATO GERADOR COMPLEXIVO DECADÊNCIA AFASTADA. 1. Na hipótese de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando o contribuinte constitui o crédito, mas efetua pagamento parcial, sem constatação de dolo, fraude ou simulação, o termo inicial da decadência é o momento do fato gerador. Aplicase exclusivamente o art. 150, § 4º, do CTN, sem a possibilidade de cumulação com o art. 173, I, do mesmo diploma (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 18/9/2009, submetido ao regime do art. 543C do CPC). 2. O imposto de renda é tributo cujo fato gerador tem natureza complexiva. Assim, a completa materialização da hipótese de incidência de referido tributo ocorre apenas em 31 de dezembro de cada anocalendário. 3. Hipótese em que a renda auferida ocorreu em fevereiro de 1993 e o lançamento complementar se efetivou em 25/03/1998, o seja, dentro do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, uma vez que este se findava apenas em 31/12/1998. Decadência afastada. 4. Agravo regimental não provido. (destaquei). (STJ AgRg no AgRg no Ag: 1395402 SC 2011/00133466, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 15/10/2013, T2 SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/10/2013) O referido entendimento encontrase previsto na súmula 38 do CARF: Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. No caso em apreço, o fato gerador foi concretizado no dia 31/12/1997 e o prazo para homologação pelo fisco findaria no dia 31/12/2002. Analisando a DIRPF do anocalendário vertente, constatase que há Imposto de Renda Retido na Fonte, o que configura antecipação do pagamento, razão pela qual deve ser aplicada a regra de contagem do prazo decadencial estabelecida pelo art. 150, § 4°, do CTN. Ocorrido o fato gerador em 31/12/1997, iniciase a contagem do prazo decadencial (art. 150, § 4º, do CTN) a partir da sua ocorrência, findando em 31/12/2002. O documento acostado à fl. 568 comprova que o lançamento se deu no dia 29/04/2003, data da ciência do Auto de Infração. Assim sendo, imperioso reconhecer que se operou a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário. Conclusão Fl. 760DF CARF MF Processo nº 19515.001623/200389 Acórdão n.º 2201003.764 S2C2T1 Fl. 756 7 Diante de todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, para darlhe provimento. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 761DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.900932/2013-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 09 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1301-000.448
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso, determinando-se o retorno dos autos à unidade de origem para que: (i) aguarde a decisão definitiva no processo administrativo 10923.000032/2010-37 e, após execução do julgado, informe se as estimativas compensadas nos presentes autos foram ou não extintas; (ii) vincule o presente processo ao de número 13819.904061/2010-55 para que, apresentado recurso voluntário naqueles autos, ambos sejam julgados em conjunto por este Colegiado. Os presentes autos somente deverão retornar ao CARF após cumpridas ambas as determinações.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rotschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso, determinando-se o retorno dos autos à unidade de origem para que: (i) aguarde a decisão definitiva no processo administrativo 10923.000032/2010-37 e, após execução do julgado, informe se as estimativas compensadas nos presentes autos foram ou não extintas; (ii) vincule o presente processo ao de número 13819.904061/2010-55 para que, apresentado recurso voluntário naqueles autos, ambos sejam julgados em conjunto por este Colegiado. Os presentes autos somente deverão retornar ao CARF após cumpridas ambas as determinações. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rotschild.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso, determinandose o retorno dos autos à unidade de origem para que: (i) aguarde a decisão definitiva no processo administrativo 10923.000032/201037 e, após execução do julgado, informe se as estimativas compensadas nos presentes autos foram ou não extintas; (ii) vincule o presente processo ao de número 13819.904061/201055 para que, apresentado recurso voluntário naqueles autos, ambos sejam julgados em conjunto por este Colegiado. Os presentes autos somente deverão retornar ao CARF após cumpridas ambas as determinações. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rotschild. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 19 .9 00 93 2/ 20 13 -1 2 Fl. 266DF CARF MF Processo nº 13819.900932/201312 Resolução nº 1301000.448 S1C3T1 Fl. 267 2 Tratase de recurso interposto por VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA., pessoa jurídica já qualificada nos autos, contra o Acórdão nº 1457.852 (fls. 215 a 230), da 15ª Turma da DRJRibeirão Preto, que deu provimento apenas parcial à manifestação de inconformidade da recorrente contra o despacho decisório da DRFSão Bernardo do Campo. Os fatos, de maneira sucinta, podem ser assim descritos: A recorrente apresentou pedido eletrônio de restituição de saldo negativo de IRPJ no montante de R$ 26.846.417,01, por meio do perdcomp nº 01439.13324.250209.1.6.02 2351. Posteriormente foram transmitidas quatro dcomps, utilizando parcelas daquele crédito para compensar débitos de outros tributos. O direito creditório foi examinado pela DRF SBC, que, na Decisão nº 162/2013 (fls. 86 a 89), reconheceu parcialmente o crédito. Foi glosada no saldo negativo a parcela correspondente às estimativas cujas compensações não foram homologadas, como se constata do trecho abaixo transcrito: a estimativa apurada em março/2007 foi extinta sob condição resolutoria através da compensação declarada sob n° 40714.69733.270407.1.3.025017, em 27/04/2007, no montante de R$ 8.247.847,88. Entretanto, consulta às análises administrativas realizadas para tal compensação revelou que jaz não homologada em decisão administrativa definitiva; a estimativa apurada em abril/2007 foi extinta sob condição resolutoria através de duas compensações: a declarada sob n° 24592.53682.220507.1.3.029058, em 22/05/2007, no montante de R$ 6.046.806.83. Contudo, consulta às análises administrativas realizadas para tal compensação revelou que jaz não homologada em decisão administrativa definitiva; a declarada sob n° 28279.43486.220507.1.3.021950, em 22/05/2007, no montante de R$ 1.931.623,30. Contudo, consulta às análises administrativas realizadas para tal compensação revelou que foi homologada parcialmente em decisão administrativa definitiva, autorizandose o uso do valor de R$ 401.112.49. (g.n.) (fls. 87 e 88) A recorrente apresentou manifestação de inconformidade, a que a DRJ RPO deu parcial provimento, para reconhecer em favor do contribuinte, a par do direito já admitido, o valor de R$ 69.510,57, conforme Acórdão nº 1457.852, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 267DF CARF MF Processo nº 13819.900932/201312 Resolução nº 1301000.448 S1C3T1 Fl. 268 3 Não há previsão legal para o sobrestamento do julgamento de processo administrativo dentro das normas reguladoras do Processo Administrativo Fiscal. A Administração Pública tem o dever de impulsionar o processo até sua decisão final (Princípio da Oficialidade). Apenas a cobrança do débito deverá aguardar o pronunciamento principal, se demonstrada a ocorrência de uma das causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ANTECIPAÇÃO. A estimativa é antecipação do imposto devido no encerramento do período de apuração, constituindo dedução, quando comprovada a sua extinção mediante pagamento e/ou compensação. Os débitos de estimativa que tenham sido confessados e extintos sob condição resolutória serão glosados na composição do saldo negativo, quando a respectiva declaração de compensação restar não homologada, diante da falta de certeza e liquidez. DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO. Reconhecido em parte o direito creditório em litígio, homologamse as compensações declaradas, até o limite de tal direito. No voto condutor da decisão recorrida, o Relator se manifestou da seguinte forma: 38. E por ainda não terem sido implementados os ajustes cabíveis, estabelecidos no próprio Parecer, para a cobrança das estimativas (consideradas convertidas em tributo no ajuste anual) cuja compensação não restou homologada, cumpre manter as glosas das parcelas referidas à estimativa de IRPJ dos meses de março e abril do anocalendário de 2007, com a ressalva de que o reconhecimento de direito creditório adicional por meio do processo administrativo número 13819.904061/201055 (Acórdão número 1449.565, desta 15a Turma de Julgamento) mostrouse suficiente para a homologação do montante de R$ 69.510,57, referido à parte da estimativa de abril de 2007, conforme exposto anteriormente. 39. Portanto, reconhecese um direito creditório adicional na importância de R$ 69.510,57 e homologase parte das compensações declaradas, até o limite de tal direito. (g.n.) (fl. 230) Não resignada, a recorrente interpôs recurso, alegando que o acórdão recorrido ignorou o posicionamento firmado pela própria Receita Federal, na Solução de Consulta Interna SCI nº 18/2006, além de contrariar o Código de Processo de Civil, que se aplicaria subsidiariamente ao processo administrativo. A recorrente, com base no art. 105 do Código Tributário Nacional CTN, defendeu a aplicação do entendimento exarado na SCI 18/2006, à qual a DRJ estava vinculada. Assim, estando o órgão de primeira instância vinculado à SCI, sua inobservância é causa de reforma da decisão. Fl. 268DF CARF MF Processo nº 13819.900932/201312 Resolução nº 1301000.448 S1C3T1 Fl. 269 4 Ressaltou que, no mesmo sentido da referida SCI, está o Parecer PGFN/CAT nº 88/2014, que reconhece a possibilidade de cobrança, como débitos autônomos, de estimativas indevidamente compensadas mediante dcomp. Aduziu, por fim, a impossibilidade de prosseguir o exame deste processo enquanto pendente de decisão final a validade e eficácia das compensações de que cuidam os processos administrativos 10923.000032/201037 e 13819.904061/201055. Com esses fundamentos, pugnou pela homologação das compensações e, subsidiariamente, pelo sobrestamento do processo até que decisão final venha a ser proferida acerca das compensações de estimativas de abril e março de 2007, objetos dos processos administraivos 10923.000032/201037 e 13819.904061/201055. É o relatório. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. De início, é preciso deixar clara a ideia de que a SCI nº 18/2006, não obstante a propriedade de seus fundamentos, não vincula o CARF. E esta 1ª Turma Ordinária vem decidindo em sentido contrário ao entendimento acolhido naquele ato administrativo. Ora, se a referida SCI não vincula o CARF, não se pode pretender que este Colegiado anule decisão da DRJ por não ter adotado um critério jurídico que o próprio CARF (e, em especial, esta 1ª TO), não observa, e ao qual não está vinculado. Por outro lado, a alegada relação de prejudicialidade existente entre a matéria objeto deste processo e a dos processos que examinam as compensações das estimativas de março e abril de 2007 não impede que se prossiga o julgamento, até porque em relação ao processo nº 10923.000032/201037 já existe decisão final na esfera admnistrativa. A controvérsia gira em torno da compensação das estimativas de março e abril de 2007, conforme indicado no quadro abaixo: VALOR DA ESTIMATIVA Nº DA DCOMP PROCESSO 8.247.847,88 40714.69733.270407.1.3.025017 10923.000032/201037 6.046.806,83 24592.53682.220507.1.3.029058 10923.000032/201037 1.931.632,30 28279.43486.220507.1.3.021950 13819.904061/201055 VALOR DA ESTIMATIVA Nº DA DCOMP DECISÃO DA DRF SBC DECISÃO DA DRJ 8.247.847,88 40714.69733.270407.1.3.025017 INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO 6.046.806,83 24592.53682.220507.1.3.029058 INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO 1.931.632,30 28279.43486.220507.1.3.021950 401.112,49 69.510,57 Como se percebe, dos quadros acima, as compensações não homologadas envolvem três dcomps. As duas primeiras (40714.69733.270407.1.3.025017 e Fl. 269DF CARF MF Processo nº 13819.900932/201312 Resolução nº 1301000.448 S1C3T1 Fl. 270 5 24592.53682.220507.1.3.029058) foram tratadas no processo administrativo nº 10923.000032/201037, em que se concluiu pela inexistência do crédito em favor da recorrente, em decisão final na esfera administrativa, consubstanciada no Acórdão nº 1402 002.385. A recorrente interpôs embargos de declaração que foram rejeitados em caráter definitivo. Portanto, na esfera administrativa, o espaço para se discutir a glosa de R$ 8.247.847,88 e R$ 6.046.806,83 é apenas na via estreita do recurso especial. No que tange à terceira dcomp (28279.43486.220507.1.3.021950), parte da compensação foi homologada pela própria DRF SBC e outra parte pela DRJ, remanescendo a controvérsia sobre R$ 1.461.009,24. É certo que decisão pode ser alterada, mas o fato de a DRF SBC e a DRJ terem concordado acerca da inexistência do crédito utilizado para compensar a estimativa de abril de 2007 já indica a falta de certeza e de liquidez do crédito. Tais circunstâncias, por si mesmas, já seriam suficientes para respaldar decisão denegatória do direito à compensação. Todavia, tem prevalecido neste Colegiado o entendimento segundo o qual, existindo a possibilidade, ainda que remota, de as compensações das estimativas serem homologadas (em outro processo), o processo em que se examina a existência do crédito de saldo negativo deve ser sobrestado, para evitarse o risco de exigência em duplicidade do mesmo débito. Fiel a esse entendimento, a mesma solução deve ser encaminhada no presente feito. Conclusão Pelo exposto, voto por sobrestar o julgamento do recurso, determinandose o retorno dos autos à unidade de origem para: a) aguardar a decisão definitiva no processo administrativo 10923.000032/2010 37 e, após execução do julgado, informar se as estimativas compensadas nos presentes autos foram ou não extintas; b) vincular o presente processo ao de número 13819.904061/201055 para que, apresentado recurso voluntário naqueles autos, ambos sejam julgados em conjunto por este Colegiado. Os autos deste processo somente deverão retornar ao CARF após cumpridas ambas as determinações. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 270DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.942431/2012-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO.
Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
Numero da decisão: 1401-001.985
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório suplementar no valor originário de R$ 2.304.710,84 a título de saldo negativo de IRPJ para o ano-calendário de 2007, relativo a parcelas não homologadas das estimativas de outubro e dezembro do mesmo ano, bem assim para realizar as compensações declaradas até o montante do valor reconhecido.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório suplementar no valor originário de R$ 2.304.710,84 a título de saldo negativo de IRPJ para o ano-calendário de 2007, relativo a parcelas não homologadas das estimativas de outubro e dezembro do mesmo ano, bem assim para realizar as compensações declaradas até o montante do valor reconhecido. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
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GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório suplementar no valor originário de R$ 2.304.710,84 a título de saldo negativo de IRPJ para o anocalendário de 2007, relativo a parcelas não homologadas das estimativas de outubro e dezembro do mesmo ano, bem assim para realizar as compensações declaradas até o montante do valor reconhecido. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 94 24 31 /2 01 2- 82 Fl. 215DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Em relação às peças iniciais do presente feito, sirvome do relatório da autoridade a quo: A interessada transmitiu, em 31 de março de 2008, a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) numerada 05591.37373.310308.1.2.023066, alegando dispor de direito creditório oriundo de saldo negativo de IRPJ – Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas – apurado no exercício de 2008 (fl. 7). DESPACHO DECISÓRIO Tal declaração foi examinada pela DRF de origem, que prolatou o Despacho Decisório de nº 024964211, de 3 de julho de 2012, nos seguintes termos: Às fls. 10 e 11, encontramse as “Informações Complementares da Análise de Crédito” relativas à DCOMP acima mencionada, dentre as quais se copia a seguinte tabela: Ciente em 16 de julho de 2012 (fl. 8), a interessada apresentou, em 13 de agosto de 2012, a peça de defesa de fls. 13 a 22, alegando, resumidamente, o que segue. Aduz que Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10880.942431/201282 Acórdão n.º 1401001.085 S1C4T1 Fl. 215 3 [...] o crédito de COFINS MERCADO INTERNO 3° e 4° trimestre de 2007 que deram origem às compensações das estimativas de IRPJ e CSL do período de apuração de 2007, já estão sendo discutidas nos processos administrativos de n's 16349.000183/200917 e 16349.000184/200953, respectivamente, sendo que ambas compensações estão aguardando julgamento de Manifestação de Inconformidade: Portanto, certa da necessidade de reforma da decisão acima reproduzida, a Recorrente discorrerá adiante os seus fundamentos, demonstrando, ao final, o total descabimento de tal decisão. Discorre a respeito “Do Impacto do Crédito de COFINS Mercado Interno do 3º e 4° Trimestre de 2007 Na Apuração Do Saldo Negativo de IRPJ Apurado em 2007”. Pede a suspensão da exigibilidade dos débitos nelas confessados. Em 5 de agosto de 2015, a interessada obteve, no curso do processo nº 001490766.2015.403.6100, liminar em mandado de segurança, determinando o julgamento em trinta dias, contados de 14 de agosto de 2015, das manifestações de inconformidade encartadas nos processos 16692.720746/201436, 16692.720744/201447, 16692.720090/201371 e 10880.907918/201481, cuja análise depende, direta ou indiretamente, da solução do presente litígio. Da decisão de primeiro grau A Delegacia de Julgamento negou provimento à manifestação de inconformidade (fls. 157161), por ausência de certeza e liquidez das estimativas, que compuseram o crédito. Isso porque as referidas estimativas foram compensadas, mas tais compensações não foram homologadas pela Receita Federal, em que pese o interessado ter apresentado manifestações de inconformidade ainda pendentes de julgamento por equipe de julgamento de outra DRJ. Abaixo, reproduzo os principais trechos da decisão recorrida: A contribuinte, ao computar o saldo negativo de IRPJ que daria suporte ao direito creditório invocado na DCOMP 05591.37373.310308.1.2.023066, valeuse das estimativas dos meses de outubro e dezembro de 2007, cujos débitos haveriam sido extintos por meio de sua compensação com créditos apurados, supostamente, em períodos base anteriores. A liquidez e certeza destes créditos prévios não foi confirmada pelo Fisco da União, e, por conseguinte, não foram homologadas tais compensações, alegando a interessada haver apresentado manifestações de inconformidade contra os respectivos Fl. 217DF CARF MF 4 despachos decisórios, lavrados nos processos 16349.000183/200917 e 16349.000184/200953, que ainda pendem de julgamento por parte de equipe alheia a esta DRJ, como se verifica no demonstrativo a seguir, obtido a partir dos sistemas informatizados da RFB: (...) Uma vez que a liquidez e certeza daqueles créditos prévios não foram confirmadas pelo Fisco da União e, por conseguinte, não se homologaram as compensações com que se pretendia extinguir os débitos correspondentes às mencionadas estimativas é mister concluir que estas continuam em aberto e não podem ser usadas para dar suporte ao pretendido direito creditório. Por oportuno, salientese que a suspensão de exigibilidade, nos termos do artigo 151, inciso III, do CTN, não implica o reconhecimento do direito creditório pretendido pela interessada. Assim, em face do teor do artigo 74, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996, no presente momento processual inexiste o direito creditório pretendido pela contribuinte, motivo por que encaminho meu voto no sentido de considerar improcedente a manifestação de inconformidade ora em exame. DO RECURSO VOLUNTÁRIO O sujeito passivo apresentou recurso voluntário, às fls. 167 a 174, em que reitera as razões de mérito do seu pleito. É o relatório. Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator A questão ora em disputa diz respeito ao reconhecimento de saldo negativo de IRPJ para o anocalendário de 2007, relativamente às parcelas de estimativa de outubro e dezembro que haviam sido extintas por compensação, as quais, contudo, não foram homologadas. Já julguei de forma similar à posição adotada pela DRJ. Sempre tive a convicção de que estimativas não podem ser lançadas, nem cobradas. Caso não recolhidas, a omissão deve ser punida com a multa isolada e repercutir no saldo negativo do período ou no tributo a recolher que, este sim, deve ser lançado relativamente à diferença não recolhida. Desse modo, uma compensação não homologada não poderia repercutir na formação do saldo negativo do período. Nada obstante, a Administração Tributária entende de modo diverso e efetivamente cobra estimativas declaradas em Dcomp não homologadas. Citese, nesse sentido o Parecer PGFN/CAT n.º 193/2013, cuja conclusão reproduzimos abaixo: Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10880.942431/201282 Acórdão n.º 1401001.085 S1C4T1 Fl. 216 5 CONCLUSÃO 22. Em síntese, os questionamentos levantados na consulta oriunda da Secretaria da Receita Federal do Brasil devem ser respondidos nos seguintes termos: a) Entendese pela possibilidade de cobrança dos valores decorrentes de compensação não homologada, cuja origem foi para extinção de débitos relativos a estimativa, desde que já tenha se realizado o fato que enseja a incidência do imposto de renda e a estimativa extinta na compensação tenha sido computada no ajuste; b) Propõese que sejam ajustados os sistemas e procedimentos para que fique claro que a cobrança não se trata de estimativa, mas de tributo, cujo fato gerador ocorreu ao tempo adequado e em relação ao qual foram contabilizados valores da compensação não homologada, a fim de garantir maior segurança no processo de cobrança. Em razão dessa premissa, tanto a Receita Federal do Brasil, quanto a Procuradoria da Fazenda Nacional já se manifestaram no sentido de a estimativa objeto de compensação não homologada compensada possa compor o saldo negativo do período, conforme podemos constatar na Solução de Consulta Interna COSIT nº 18/2006 e no Parecer/PGFN/CAT nº 88/2014, cujas ementas transcrevo abaixo: Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit n° 18, de 13 de outubro de 2006: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. PARECER PGFN/CAT/Nº 88/2014: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei nº 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. A Câmara Superior de Recursos Fiscais também já assentou esse entendimento, conforme podemos constatar pela ementa do Acórdão nº 9101002.493, de 23/11/2016: Fl. 219DF CARF MF 6 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Não há, pois, razão para a glosa das estimativas extintas por meio de compensação posteriormente não homologada. Conclusão Por todo o exposto, voto para dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório suplementar no valor originário de R$ 2.304.710,84 a título de saldo negativo de IRPJ para o anocalendário de 2007 e que é relativa a parcelas não homologadas das estimativas de outubro e dezembro de 2007, bem como para realizar as compensações declaradas até o montante do valor reconhecido. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 220DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.912088/2012-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 27/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.802
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 27/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 88 /2 01 2- 37 Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.829, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.912088/201237 Acórdão n.º 3301003.802 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 199DF CARF MF
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Numero do processo: 10882.004680/2008-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Sep 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008
BASE DE CÁLCULO. PIS/PASEP. VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO. FATURAMENTO. DESCONTOS DE AGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
O Veículo de propaganda não pode excluir da base de cálculo do PIS, valores recebidos de anunciantes valores das faturas /notas fiscais de serviços por se tratar custos e despesas.
BASE DE CÁLCULO. COFINS. VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO. FATURAMENTO. DESCONTOS DE AGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
O Veículo de propaganda não pode excluir da base de cálculo da COFINS, valores recebidos de anunciantes valores das faturas /notas fiscais de serviços por se tratar custos e despesas.
Numero da decisão: 9303-005.504
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 BASE DE CÁLCULO. PIS/PASEP. VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO. FATURAMENTO. DESCONTOS DE AGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. O Veículo de propaganda não pode excluir da base de cálculo do PIS, valores recebidos de anunciantes valores das faturas /notas fiscais de serviços por se tratar custos e despesas. BASE DE CÁLCULO. COFINS. VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO. FATURAMENTO. DESCONTOS DE AGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. O Veículo de propaganda não pode excluir da base de cálculo da COFINS, valores recebidos de anunciantes valores das faturas /notas fiscais de serviços por se tratar custos e despesas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 46 80 /2 00 8- 71 Fl. 730DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 700 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Contribuinte com fundamento no art. 67 e §§ do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº256/09, contra ao acórdão nº3301002.630, proferido pela 3º Câmara/1º Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, que decidiu em negar provimento ao Recurso Voluntário, por entender que , na base de cálculo do Pis e da Cofins devido pelas empresas veiculadoras de anúncios e propagandas, incluise o valor do “descontopadrão de agência” faturado contra o anunciante e repassado às agências de propaganda. Reproduzo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau da parte que interessa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 (...) PIS. COFINS. VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO. AGÊNCIA PUBLICIDADE. DESCONTO PADRÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. Integra o faturamento do veículo de comunicação todo o valor recebido do anunciante para veiculação de sua propaganda, dele não se excluindo a parcela paga, a título de desconto padrão ou comissão de agência de publicidade. Não se aplica o art. 19 da Lei nº 12.232/2010 nas relações entre particulares já que a lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 (...) PIS. COFINS. VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO. AGÊNCIA PUBLICIDADE. DESCONTO PADRÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 731DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 701 3 Integra o faturamento do veículo de comunicação todo o valor recebido do anunciante para veiculação de sua propaganda, dele não se excluindo a parcela paga, a título de desconto padrão ou comissão de agência de publicidade. Não se aplica o art. 19 da Lei nº 12.232/2010 nas relações entre particulares já que a lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública. (...) Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Negado Inconformada com tal decisão, a contribuinte interpõe o presente Recurso, suscitando divergência em relação as receitas de terceiros (descontos de agência de publicidade) as quais não incidem PIS/COFINS. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado, como paradigmas, os Acórdãos nºs CSRF/0202.424 e CSRF/0202.411. No despacho de admissibilidade, o Presidente da Câmara admitiu o Recurso, fls 684/686, considerando que o acórdão recorrido decidiu que, na base de cálculo do Pis e da Cofins devido pelas empresas "veiculadoras" de anúncios e propagandas, incluise o valor do “descontopadrão de agência” faturado contra o anunciante e repassado às agências de propaganda, por outro lado, o acórdão paradigma, decidiu que tal valor não compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins. Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, fls. 688/697, requerendo que seja negado provimento ao recurso da Contribuinte, mantendose o acórdão proferido pela Turma a quo, por seus próprios fundamentos e pelas razões expostas. É o relatório Voto Conselheiro Demes Brito Relator O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a decidir. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamado de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, Fl. 732DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 702 4 responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos, não tendo espaço para questões fáticas, que já ficaram devidamente julgadas no Recurso Voluntário. Com efeito, a Contribuinte interpôs Recurso Especial, suscitando divergência em relação as receitas de terceiros (descontos de agência de publicidade) as quais não incidem PIS/ COFINS. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado, como paradigmas, os Acórdãos nºs CSRF/0202.424 e CSRF/0202.411. No despacho de admissibilidade, o Presidente da Câmara admitiu o Recurso, fls 684/686, considerando que o acórdão recorrido decidiu que, na base de cálculo do Pis e da Cofins devido pelas empresas veiculadoras de anúncios e propagandas, incluise o valor do “descontopadrão de agência” faturado contra o anunciante e repassado às agências de propaganda. O acórdão paradigma, por sua vez, decidiu que tal valor não compõe a base de cálculo do Pis e da Cofins. Portanto, o dissenso jurisprudencial submetido ao crivo desta E. Câmara Superior, cingese em relação a matéria de direito, especialmente se os valores repassados pelas agências de publicidade aos veículos de propaganda, nos moldes da Lei nº 4.680/65, devem ser excluídos ou não da apuração do PIS e da COFINS. Sem embargo, esta E. Câmara Superior já firmou entendimento de que as agências de propaganda e publicidade/veículos de propaganda não podem excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS, apurada a partir da soma dos valores totais das faturas/notas fiscais de serviços por elas emitidas, os valores pagos ou repassados aos veículos de divulgação, por não se tratar de meros repasses financeiros, mas sim de custos ou despesas. Aliás, a jurisprudência referente a esta matéria, encontrase pacificada e firme desde 2011, conforme decisão consubstanciada no Acórdão nº 930301.59, de relatoria do Ilustre ex Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Na atual composição desta E. Câmara Superior, tive a oportunidade de relatar alguns processos, em especial o acórdão nº 9303 004.668, de 17/05/2017, o qual por maioria de votos, o Colegiado entendeu que agências de propaganda e publicidade/veículos de propaganda não podem excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS, apurada a partir da soma dos valores totais das faturas/notas fiscais de serviços por elas emitidas, por não se tratar de meros repasses financeiros, mas sim de custos ou despesas. Feito este intróito inicial, antes de analisar as questões de mérito, cabe apresentar algumas considerações relevantes para compreensão do correto deslinde da controvérsia jurisprudencial. Compulsando os autos, verifico que a Contribuinte recebeu 4 (quatro) Termos de Intimação fiscal em 24/11/2008, solicitando esclarecimentos referentes às diferenças havidas entre os dados declarados em DIPJ e as planilhas da SRF. Nesses mesmos termos, foi solicitado a base legal que comprovasse o procedimento adotado na formação da base de cálculo das Contribuições ao PIS e da COFINS, onde a Contribuinte indica na rubrica "outras Exclusões e Deduções", a comissão de agência como redutor do cálculo das contribuições nos períodos compreendidos entre janeiro de 2003 a outubro de 2008. Em atenção as intimações, a Contribuinte respondeu os questionamentos nos seguintes termos: Fl. 733DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 703 5 "As contribuições referentes ao PIS e COFINS incidem sobre as receitas auferidas pelas empresas. Tais receitas compreendem os valores correspondentes às vendas de mercadorias, de serviços, ou de mercadorias e serviços, e de outros acréscimos patrimoniais, tais como, v.g., receitas de juros e de aplicações financeiras. Por vezes, em razão de peculiaridades operacionais inerentes a certos ramos de atividade, receitas não pertencentes à empresa, por serem de terceiros, ingressam ou constam de documentos emitidos pela empresa, por isso objeto de registros contábeis e efeitos fiscais, mas que não se incorporam ao patrimônio societário, porque a titularidade desses recursos é de outras pessoas jurídicas. Em assim sendo, as receitas de terceiros não integram a base de cálculo, caracterizando hipótese de nãoincidência. Portanto, nos termos do artigo 3° da lei de regência, a Agência de Propaganda tem personalidade jurídica própria, e é quem "estuda, concebe, executa e distribui propaganda", e mais, "por ordem e conta de clientes anunciantes", não se_ confundindo com o Veículo de Divulgação, empresa distinta e que tem personalidade jurídica diversa da primeira. As receitas dos serviços prestados pelas Agências, em favor dos clientes anunciantes, inequivocamente são receitas das Agências. Aos Veículos de Divulgação cabe a receita que lhes é pertinente, e que corresponde aos valores devidos pela divulgação da propaganda, in casu, os serviços de difusão de sons e imagens por sistemas de televisão. O regulamento da Lei 4.680/65, aprovado pelo Decreto 57.960/66, em seu artigo 7°, estabelece que "Os servicos de propaganda serão prestados pela Agência", mediante contratação de honorários e reembolso de despesas, isso tudo sem a interveniência ou ingerência do veículo de comunicação (os negritos e sublinhados constam no original — fls. 62 a 64)". Após prestados todos os esclarecimentos, a Autoridade Fiscal efetuou o lançamento com o seguinte fundamento: "De fato, as atividades de propaga Decreto 57.690/66. Os artigos 11 e 12 do Decreto 57.690/66, em sua Seção 2 a Do Veiado/ de Comunicação, dispõe: Art. 11. O Veículo de Divulgação fixará, em Tabela, a comissão devida aos Agenciadores, bem como o desconto atribuído às Agências de Propaganda. § 1° Comissão é a retribuição, pelo Veículo de Divulgação, do trabalho profissional do Agenciador de Propaganda, sendo vedada sua transferência, mesmo parcial, para o anunciante. Fl. 734DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 704 6 § 2° Desconto é o abatimento concedido pelo Veículo de Divulgação como estímulo à Agência de Propaganda, que dêle não poderá utilizarse para rebaixa dos preços de tabela. § 3° Nenhuma Comissão ou desconto será concedido sôbre a propaganda encaminhada diretamente ao Veículo de Divulgação, por qualquer pessoa física ou jurídica que não se classifique como Agenciador de Propaganda ou Agência, definidos no presente Regulamento. Art. 12. Ao Veículo de Divulgação não será permitido descontar da remuneração dos Agenciadores de Propaganda, mesmo parcialmente, os débitos não liquidados por Anunciantes, desde que a propaganda tenha sido formal e pré viamente aceita por sua direção comercial. Da mesma forma a Lei 4.680/65: CAPITULO IV Das Comissões e Descontos devidos aos Agenciadores e às Agências de Propaganda Art 11. A comissão, que constitui a remuneração dos Agenciadores de Propaganda, bem como o desconto devido às Agências de Propaganda serão fixados pelos veículos de divulgação sobre os preços estabelecidos em tabela. Parágrafo único. Não será concedida nenhuma comissão ou desconto sobre a propaganda encaminhada diretamente aos veículos de divulgação por qualquer pessoa física ou jurídica que não se enquadre na classificação de Agenciador de Propaganda ou Agências de Propaganda, como definidos na presente Lei Art 12. Não será permitido aos veículos de divulgação descontarem da remuneração dos Agenciadores de Propaganda, no todo ou em parte, os débitos não saldados por anunciantes, desde que sua propaganda tenha sido formal e previamente aceita pela direção comercial do veículo da divulgação. O artigo 11 do Decreto 57.690/66, em seu § 1° dispõe, claramente, que comissão é a retribuição, pelo Veículo de Divulgação, do trabalho profissional do Agenciador que desconto é o abatimento concedido pelo Veículo de Divulgação como estímulo à Agência de Propaganda Dos artigos acima transcrito podemos extrair, também, que: o Veículo de Divulgação fixará, em Tabela, a comissão devida aos Agenciadores, bem como o desconto atribuído às Agências de Propaganda e que ao Veículo de Divulgação não será permitido descontar da remuneração dos Agenciadores de Propaganda, mesmo parcialmente, os débitos não liquidados por Anunciantes, desde que a propaganda tenha sido formal e previamente aceita por sua direção comercial. Fica clara a ingerência do Veículo de Comunicação sobre os serviços da agência, uma vez que o Veículo é quem fixa a comissão ou o desconto, ou Fl. 735DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 705 7 seja, a remuneração atribuída à agência. E mais, uma vez formal e previamente aceita a propaganda pelo veículo, a remuneração devida pelos veículos às agências não pode ser descontada no caso de inadimplência do anunciante, caracterizando um relacionamento comercial direto entre o Veículo de Comunicação e a Agência, independente do anunciante. Em sua resposta (fls. 62 a 64), a contribuinte informou que "via de regra os clientes anunciantes efetuam os pagamentos diretamente à Agências de Propaganda, que depois de reterem as receitas que lhes são próprias, repassam aos Veículos de Comunicação o valor remanescente". Informou, também, que: "em número muito menor, alguns clientes anunciantes efetuam os pagamentos aos veículos de divulgação, os quais, após reter as suas receitas próprias, repassam às agências as receitas a que fazem jus pelos serviços que prestaram..." (sic). Essas relações ocorridas entre os anunciantes, agências de propaganda e os veículos de divulgação, estão previstas nas NormasPadrão da Atividade Publicitária, de 16 de dezembro de 1998, mais especificamente nos itens 2.4. e 2.5. Observase que primeiramente, o faturamento do veículo será emitido contra o anunciante (item 2.4), pelo valor bruto (item 1.11), sendo que o que difere nessas relações é a forma pela qual fica ajustado como será efetivado o respectivo pagamento e/ou repasse, ressaltandose que, sempre, o desconto padrão de agência é concedido e/ou devido pelo veiculo de divulgação à agência de publicidade, e não pelo anunciante/cliente à agencia. Independentemente da forma como o pagamento e/ou repasse do serviço prestado pelo veículo de divulgação for efetuado pelo anunciante, o faturamento será sempre em nome do próprio veículo de divulgação, o que permite concluir que o desconto padrão de agência de publicidade é um fato posterior a este pagamento, sendo devido, por imposição legal, pelo veículo de divulgação. Portanto, é decorrente de uma segunda relação do veículo de divulgação com a agência de propaganda, de forma que mesmo que o pagamento (ou transferência do numerário) referente a esse desconto seja efetuado pelo anunciante diretamente à agência de propaganda/publicidade, evidente que esse valor, de uma forma ou de outra, é proveniente do valor bruto faturado pelo serviço prestado, e devido pelo veículo de divulgação, cabendo a este conceder à agência de publicidade o desconto padrão de agência, por imposição da legislação da própria atividade de publicidade. Uma vez que o desconto padrão de agência não importa em nenhum desconto incondicional concedido pelo veículo de divulgação ao anunciante, e que as exclusões permitidas na base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS são apenas aquelas elencadas no § 2° do artigo 3° da Lei 9.718/96, acima transcrito essa fiscalização considerou as exclusões efetuadas pela contribuinte sob a rubrica de Fl. 736DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 706 8 "comissões de agência", discriminadas na Tabela I, como indevidas, em razão da falta de previsão legal para tal". A Contribuinte apresentou impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (Campinas/SP) a qual julgou improcedente os argumentos da Contribuinte, com fundamento de que o faturamento bruto dos veículos de comunicação decorre da venda dos seus espaços/tempos aos anunciantes. Os valores correspondentes aos chamados "descontos de agência" integram o valor do faturamento dos veículos de comunicação e são devidos às agências de publicidade por conta da intermediação entre anunciante e veículo, possuindo natureza de comissão. Assim, os "descontos de agência" vinculamse a momento posterior ao do auferimento da receita tributável pelos veículos de comunicação, dela não podendo serem excluídos por falta de previsão legal. Contra acórdão da DRJ/Campinas, a 3º Câmara/1º Turma Ordinária do CARF, decidiu em negar provimento ao Recurso Voluntário, por entender que, na base de cálculo do Pis e da Cofins devido pelas empresas veiculadoras de anúncios e propagandas, incluise o valor do “descontopadrão de agência” faturado contra o anunciante e repassado às agências de propaganda. Vejamos a parte que interessa no aresto: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 (...) PIS. COFINS. VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO. AGÊNCIA PUBLICIDADE. DESCONTO PADRÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. Integra o faturamento do veículo de comunicação todo o valor recebido do anunciante para veiculação de sua propaganda, dele não se excluindo a parcela paga, a título de desconto padrão ou comissão de agência de publicidade. Não se aplica o art. 19 da Lei nº 12.232/2010 nas relações entre particulares já que a lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 (...) PIS. COFINS. VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO. AGÊNCIA PUBLICIDADE. DESCONTO PADRÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. Integra o faturamento do veículo de comunicação todo o valor recebido do anunciante para veiculação de sua propaganda, dele não se excluindo a parcela paga, a título de desconto padrão ou comissão de agência de publicidade. Não se aplica o art. 19 da Lei nº 12.232/2010 nas relações entre Fl. 737DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 707 9 particulares já que a lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública. (...) Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Negado Feita essas considerações fáticas, penso que a Autoridade Lançadora, Colegiado da DRJ, bem como a 3º Câmara/1º Turma Ordinária do CARF, decidiram na mesma direção, ou seja, o desconto padrão de agência não importa em nenhum desconto incondicional concedido pelo veículo de divulgação ao anunciante, e que as exclusões permitidas na base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS são apenas aquelas elencadas no § 2° do artigo 3° da Lei 9.718/96, a Autoridade Fiscal considerou as exclusões efetuadas pela contribuinte sob a rubrica de "comissões de agência", discriminadas na Tabela I, como indevidas, em razão da falta de previsão legal. Por derradeiro, destaco os fundamentos da decisão Recorrida: "A fiscalização tributou as receitas oriundas do faturamento realizado pela recorrente, com base nas notas fiscais por ela emitidas e que decorriam dos recebimentos realizados pela prestação de serviços aos seus clientes anunciantes de produtos diversos. A recorrente, sendo veículo de comunicação, emitia notas fiscais de serviços em favor dos anunciantes e repassava parte deste valor às agências de publicidade, na maioria das vezes produtoras dos anúncios que seriam divulgados". Sem embargo, para que não reste qualquer dúvida quanto ao lançamento, bem como , os fundamentos da decisão recorrida, não se presta qualquer argumento de que o presente caso é distinto do que esta E. Câmara Superior vem decidindo, pelo fato do sujeito passivo ser o "veículo de propaganda". Para melhor esclarecer, o processo administrativo fiscal esta adstrito as regras positivadas do sistema, neste sentido, invoco o magistério do Professor Luiz Orlando Junior Zanon (pg.104,105106) o qual em sua tese de Doutorado, Teoria Complexa do Direito1, esclarece a correta inserção das normas no plano sistêmico. In verbis: "O Positivismo Jurídico pressupõe que o Direito é formado exclusivamente (ou ao menos preponderantemente) por Regras Jurídicas, como sinônimo de Normas Jurídicas positivadas, devidamente fixadas pelos parlamentares (no sistema codificado) ou estabelecidas em precedentes judiciais anteriores (no modelo judiciário ou consuetudinário)2 No primeiro cenário (civil law, 1 ZANON JUNIOR, Orlando Luiz. Teoria Complexa do Direito. Florianópolis: Cejur, 2013. 2 DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo jurídicopolítico. São Paulo: Método, 2006. p. 68: “Isso indica que ser positivista no âmbito jurídico significa escolher como exclusivo objeto de estudo o direito que é posto por uma autoridade e, em virtude disso, possui validade (direito positivo)”; e, p. 131: “Partindo dessa delimitação negativa, o PJ stricto sensu afirma a absoluta identidade entre o conceito de direito e o direito efetivamente posto pelas autoridades competentes, isto é, pelas autoridades que, em razão de uma constelação de poder, possuem a capacidade de impor o direito”. E FERRAJOLI, Luigi. Principia iuris: Fl. 738DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 708 10 statutory law ou code based legal system), a Regra Jurídica é o resultado da interpretação de um texto elaborado pelo legislador, no sentido de reconstruir sua intenção ao prolatar o dispositivo normativo, como se fosse um procedimento de adivinhação de qual teria sido a solução dada pelo órgão legiferante, acaso diante do caso concreto. E, no segundo (common law ou judge made law), a Regra Jurídica pode ser extraída não só da legislação, mas também do texto de um precedente anterior, num esforço de verificar qual seria a solução que teria sido dada pelo Poder Legislativo para reger o novo caso, nos pontos relevantes em que é precisamente similar ao julgamento anterior. Em ambas hipóteses, a interpretação e a aplicação do Direito são consideradas, pela generalidade dos juspositivistas [...] (com a notável ressalva de Kelsen), como meramente reprodutoras de sentidos já previamente fixados por Regras Jurídicas anteriores, que já guardam a resposta para solução do novo problema emergido no tecido social”. (pg.104,105106). [...] In caso, a Contribuinte ("veículo de propaganda") excluiu indevidamente da base de cálculo das contribuições para o PIS e para COFINS, sob a rubrica "outras exclusões e deduções", por entender que os valores em questão não se referem à receitas da empresa, e sim de terceiros, portanto, não integram a base de cálculo das contribuições. Com efeito, para melhor esclarecer, o "veículo de propaganda" tem como objeto a venda de espaços publicitários destinados à divulgação das produções (comerciais) dos anunciantes, o qual, o veículo de propaganda e o anunciante formam uma relação comercial, considerando que o veículo se obriga a prestar o serviço contratado pelo anunciante, dele advém a contraprestação que o remunera. Contudo, existe uma triangulação comercial entre "veículo de propaganda", "agência de publicidade" e "anunciante", considerando que os anunciantes contratam dois tipos de serviço das agências: i) criação e produção de conteúdo publicitário; e, ii) dos veículos de propaganda, a utilização de tempo/espaço para divulgação do conteúdo publicitário em sua programação. Daí, surge a figura do "desconto" ("agência de publicidade") que versa sobre uma forma de remuneração devida pelo "veículo de propaganda" pela intermediação dos serviços prestados pela agência, contudo, esta remuneração não é fixada pelas agências, mas pelos próprios veículos de propaganda, o que não descaracteriza o conceito de receita. Destarte, o conceito de desconto de agência de publicidade podem ser encontrados nas normas padrão da atividade publicitária (CENP). In verbis: 1.10 Desconto Padrão de Agência: é o abatimento concedido, com exclusividade, pelo Veículo de Comunicação à Agência de Publicidade, a título de remuneração, pela criação/produção de conteúdo e intermediação o técnica entre aquele e o Anunciante. teoría del derecho y de la democracia. V 1. Madrid: Trotta, 2011. p. 395457. Especialmente, p. 396: “Las normas son reglas que pertenecen al derecho positivo em cuanto son efectos jurídicos puestos o causados por actos (T8.11, T8.12). Obviamente, em tanto que reglas, las normas son significados de preceptos (T8.13), a los que vienen asociadas em cada caso mediante interpretación jurídica”. Fl. 739DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 709 11 Quanto a norma de aplicação do desconto, o parágrafo 2º, do artigo 11 do Decreto nº 57.690/66, vigente até a edição do Decreto nº 2.262/97, dispõe o seguinte: Art 11. O Veículo de Divulgação fixará, em Tabela, a comissão devida aos Agenciadores, bem como o desconto atribuído às Agências de Propaganda. §2° Desconto é o abatimento concedido pelo Veículo de Divulgação como estímulo à Agência de Propaganda, que dele não poderá utilizar separa rebaixar dos preços de tabela. Portanto, o vinculo entre o "desconto" e a intermediação entre o anunciante e o veículo de propaganda referente as atividades de produção de conteúdo, não existe uma relação direta entre agência e o veículo, considerando que o veículo não contrata agência para produzir filmes publicitários e muito menos espaços de veiculação. Deste modo, o desconto padrão relacionase com chamada intermediação técnica entre o veículo e o anunciante, embora, o desconto equivale a um serviço de intermediação com o anunciante prestado pela agência de publicidade ao veículo de propaganda. No que tange os serviços de criação e produção de conteúdo publicitário, esses não são contratados pelo veículo de propaganda, a remuneração devida por este à agência de publicidade não pode assumir a natureza de contraprestação por tais serviços. Neste sentido, as agências auferem receitas diretamente de seus clientes, sob a figura de honorários, conforme dispõe o art. 7° do Decreto n° 57.690/66, na redação dada pelo Decreto n° 4.563/2002. Neste passo, os serviços de publicidade prestados pela agência a seus clientes anunciantes no veículo de propaganda, serão remunerados por honorários e reembolso de despesas. Diametralmente oposto da formação da receita bruta das agências de publicidade, considerando que a origem dos ingressos se enquadram em honorários e descontos de agência. Contudo, a relação travada entre o veículo de propaganda e agência de publicidade, possuem natureza de comissionamento. Têmse que a parcela do faturamento dos veículos de propaganda equivalente aos "descontos"da agência não corresponde a uma relação comercial entre o anunciante e a agência, o que por via reflexa é intermediada pelo veículo. Já a comissão da agência é devida pelo veículo à agência de propaganda a título de comissão por intermediação, a ser paga por meio de faturamento do veículo de propaganda, o que por via de conseqüência não pode ser destacada do faturamento do veículo de propaganda. Deste modo, o valor bruto do faturamento do veículo de propaganda equivale ao preço da mídia contratada, sendo a transferência do desconto da agência no momento posterior ao do auferimento de receita pelo veículo de publicidade. Portanto, o valor bruto faturado pelo veículo de propaganda a ele pertence, não se verificando ali qualquer parcela pertencente a terceiros, no caso, às agências. Com efeito, o anunciante em regra deve efetuar o pagamento ao veículo de propaganda pelo valor bruto do serviço, incluindose valor que posteriormente será estampado no desconto padrão de agência de publicidade, transferindose ainda que tal desconto padrão de agência não importa em nenhum tipo de desconto incondicional para o veículo de propaganda em favor do anunciante. Por conseguinte, a Contribuinte não pode excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS, apurada a partir da soma dos valores totais das faturas/notas fiscais de serviços Fl. 740DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 710 12 por elas emitidas, por não se tratar de meros repasses financeiros, mas sim de custos ou despesas. As hipóteses de exclusão da receita bruta para determinação da base de cálculo estão expressa e exaustivamente previstas nos diversos incisos que compõem o § 2° do art. 3° da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998. Dentre as diversas hipóteses elencadas não se encontra o desconto de agência. Aliás, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao declarar a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, determinou a apuração da Cofins com a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 70/91. Vejamos: “O mérito da matéria posta em discussão já mereceu apreciação pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento dos Recursos Extraordinários 357.950/RS, 390.840/MG e 358.273/RS. Peço vênia para transcrever a ementa do julgamento do RE 390.840/MG: “CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada.” (STF, Tribunal Pleno, Relator Ministro Marco Aurélio, j. 9/11/2005, DJ 15/8/2006, p. 25) Acompanho neste voto os precedentes da Corte Guardiã da Constituição da República, que declararam a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98". que definia como receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade exercida e da classificação contábil, em homenagem aos princípios da segurança jurídica e da economia processual, permitindo o recolhimento da contribuição social em tela de acordo com a previsão da legislação anterior a respeito da base de cálculo (Lei Complementar 70/91).” Desta forma, o Pretório Excelso ao entender que o referido dispositivo havia ampliado irregularmente a base de cálculo do PIS e da COFINS, todavia não declarou a exclusão de receitas sob a rubrica " comissões de agência", até porque, o conceito Fl. 741DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 711 13 constitucional de faturamento equivale ao de receita bruta operacional, obtida por meio de recurso inerentes ao desenvolvimento da atividade da empresa. O STF não abriu as porteiras, excluindo todas as receitas de forma indiscriminada, mas entendeu que se deve proceder a uma análise minuciosa dos itens tributados pela fiscalização para efetivamente verificar se podem ou não serem incluídas na atividade empresarial da empresa receita operacional. Neste diapasão, verificase que na contratação dos serviços aqui tratados o faturamento é sempre realizado em nome do veículo de comunicação, constituindo receita própria deste, e não sendo permito tais exclusões. Para reforçar tal entendimento, utilizo como complemento de minhas razões de decidir, voto condutor do acórdão nº 9303004.668, de 16 de fevereiro de 2017, de minha relatoria, versando sobre a mesma matéria, que passa a fazer parte integrante deste voto. Vejamos: "Quanto a esta matéria, registro meu posicionamento e desta E. Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme decisão consubstanciada no Acórdão nº 930301.59, de relatoria do Ilustre Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, pronunciada na sessão de julgamento de 30 de agosto de 2011, a qual utilizo como fundamento para minhas razões de decidir por se tratar de matéria idêntica: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 COFINS/FATURAMENTO. AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE. BASE DE CÁLCULO. VALORES REPASSADOS A TERCEIROS. TRIBUTAÇÃO. As agências de propaganda e publicidade não podem excluir da base de cálculo da Cofins, apurada a partir da soma dos valores totais das faturas/notas fiscais de serviços por elas emitidas, os valores pagos aos veículos de divulgação, que não são meros repasses financeiros, mas sim custos ou despesas. NOTA FISCAL/FATURA. PREÇO DOS SERVIÇOS PRESTADOS. A nota fiscal/fatura representa o valor dos serviços prestados pelo emitente ao seu destinatário, no valor da importância total nela consignada. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, dele conheço. A teor do relatado, a questão que se apresenta a debate diz respeito à base de cálculo da Cofins devida pelas agências de propaganda. De um lado, a Fazenda entende que a contribuição incide sobre o total da receita proveniente do faturamento constante das Notas Fiscais emitidas pela Fl. 742DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 712 14 reclamante, enquanto esta defende a exclusão dos valores pagos por ela aos veículos de divulgação. A meu sentir, não merece reparo o acórdão recorrido, pois a Cofins, diferentemente do que acontece com o IRPJ e a CSLL, à época da ocorrência dos fatos geradores objeto destes autos, incidia sobre o total do faturamento, assim entendido, as receitas provenientes da venda de mercadorias, de serviços ou de ambos, e não sobre o lucro ou a diferença entre as receitas e as despesas, como acontece com esses dois tributos. No caso sob análise, dúvida não há que a Fiscalização tributou, tão somente, as receitas oriundas do faturamento realizado pela recorrente, com base nas Notas Fiscais de serviços por ela emitidas, como determinava a legislação dessa contribuição, vigente à época dos fatos geradores objeto do lançamento em análise. É incontroverso nos autos que os valores lançados correspondem aos das faturas emitidas pela Fiscalizada. A discórdia entre ela e o Fisco reside na pretensão de se excluir da base de cálculo os valores correspondentes aos pagamentos efetuados aos veículos de divulgação, para tanto, a defesa socorrese da Lei 4.680/65 que dispõe sobre o exercício da profissão de publicitário e de agenciador de propaganda. Acontece, porém, que essa lei não dispõe sobre o tratamento tributário das pessoas que menciona, como não poderia ser. A incidência das contribuições devidas pelas agências publicitárias e pelos veículos de divulgação, á época dos fatos em análise, obedecia à regra geral das demais pessoas jurídicas, sem qualquer regalia ou diferenciação. De outro lado, o que a recorrente pretende, na realidade, é tributar apenas a receita líquida, deduzindo as despesas incorridas com a prestação dos serviços. Essa pretensão poderia encontrar abrigo se estivéssemos tratando de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou ainda da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, onde a incidência está associada ao conceito de lucro, grosso modo, receitas menos despesas, mas não sobre as contribuições incidentes sobre o faturamento, como é o caso da Cofins, que tem como base de cálculo as receitas oriundas da venda de bens, de serviços ou de ambos. As exclusões permitidas são somente aquelas listadas, numerus clausus, na lei instituidora da contribuição, in casu, a Lei Complementar 70/1991, e nas demais que alteraram o texto original, sobretudo a Lei 9.715/1998 e 9.718/1998. Dentre as exclusões legais não se encontra a pretendida pelo sujeito passivo. De outro lado, como já dito linhas acima, não se pode aplicar a essa contribuição os mesmos critérios adotados para o IRPJ e para a CSLL, que tem forma diversa de tributação. Aqui, peço licença para transcrever excerto do voto condutor do acórdão recorrido, da Lavra do eminente Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, que discorreu sobre o tema com a costumeira competência. Para o deslinde da questão importa analisar, primeiro, a legislação afeta ao mercado de propaganda e publicidade, visando definir se os pagamentos Fl. 743DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 713 15 efetuados pela recorrente aos veículos seriam meros repasses financeiros, ou seriam custos, como considerou a Fiscalização, e também para saber de que modo as agências de propaganda devem faturar os serviços por elas prestados; segundo, analisar as bases de cálculo do PIS, do IRPJ e do ISS, para saber se as legislações dos dois impostos podem ser aplicadas à contribuição; terceiro, as decisões administrativas citadas, que supostamente confirmariam os argumentos da recorrente. A Lei nº 4.680/65, como sua ementa indica, dispõe “sobre o exercício da profissão de Publicitário e de Agenciador de Propaganda e dá outras providências.” Após definir que agenciadores são “os profissionais que, vinculados aos veículos da divulgação, a eles encaminhem propaganda por conta de terceiros” (art. 2º), e que agência é a pessoa jurídica especializada em publicidade (art. 3º), estabelece no seu art. 11 que a comissão constitui a remuneração dos agenciadores, enquanto o desconto a remuneração das agências, sendo ambas fixadas pelos veículos de divulgação, sobre os preços estabelecidos em tabela destes. A finalidade da referida Lei é regular as profissões de publicitário e agenciador de propaganda e não o mercado de propaganda e publicidade. Tanto assim que nos seus artigos finais determinou a sua fiscalização a cargo do antigo Departamento Nacional do Trabalho, enquanto sua regulamentação ficou para o Ministério do Trabalho. Além do mais, o meio da publicidade não funciona como prevê a lei, sendo comum as agências substituírem as pessoas físicas que exercem a atividade regulamentada de agenciador de propaganda. Embora o artigo 17 da referida Lei nº 4.680/65 estabeleça que a atividade publicitária nacional será regida pelos princípios e normas do Código de Ética dos Profissionais da Propaganda, instituído em 1957, nem na Lei, nem no Código, há qualquer dispositivo de índole tributária, tampouco dispondo sobre os valores das faturas/notas fiscais a serem emitidas pelas agências ou pelos veículos de propaganda. As disposições acerca do faturamento, mas não sobre os valores de faturas ou notas fiscais, repita se, encontramse no Decreto nº 4.680/65, que dispõe: “Art 9º Nas relações entre a Agência e o cliente serão observados os seguintes princípios básicos. (...) IV O Cliente comprometerseá a liquidar à vista, ou no prazo máximo de trinta (30) dias, as notas de honorários e de despesas apresentadas pela Agência. (...) Art 15. O faturamento da divulgação será feito em nome do Anunciante, devendo o Veículo de Divulgação remetêlo à Agência responsável pala propaganda.” (Grifos nosso) Os dois dispositivos acima precisam ser lidos em conjunto, impondose uma interpretação sistemática. Assim, percebese que a agência poderá cobrar os seus honorários e apresentar ao anunciante as despesas que realizar. Fl. 744DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 714 16 Todavia, cada nota fiscal ou fatura deve ser emitida com o valor dos serviços que cada empresa realizar: a da agência com o valor dos seus diversos serviços, a do veículo com o valor da veiculação. Uma fatura englobando as outras, como no caso em tela, é prova de que quem emitiu pelo total contratou todos os serviços. Por que o veículo deve remeter a sua fatura à agência de propaganda? Para que esta confira os serviços e apresentea ao anunciante, demonstrando que a propaganda elaborada foi devidamente veiculada e que cada um (agência e veículo) possa receber a sua parte, a par das faturas emitidas, na forma dos contratos firmados. A interpretação feita pela recorrente não se sustenta porque transforma simples apresentação da fatura do veículo, ao anunciante, numa suposta obrigatoriedade de emissão da sua fatura por valor irreal, que não refletiria as operações. Pretende fazer prevalecer sobre a legislação tributária e comercial dispositivos isolados da Lei nº 4.680/65 e do Decreto que a regulamenta, numa interpretação assaz desarrazoada que não encontra guarida nem ao menos na literalidade dos texto legal. As agências de propaganda desenvolvem atividades complexas, sendo remunerada de diversas formas, tanto por parte dos veículos quanto pelos clientes anunciantes. Neste sentido a própria recorrente informa que tal remuneração pode ser decomposta em três parcelas: honorários à base de 20%, cobrados dos veículos; honorários de no mínimo 15%, cobrados dos clientes anunciantes; e honorários diversos, por serviços especiais, como pesquisas de mercado, promoção de vendas, relações públicas, etc. Destarte, uma agência pode realizar os contratos mais diversos, tanto com os seus anunciantes quanto com os veículos, a depender de cada situação específica. O desconto a ser recebido dos veículos, de que fala o art. 11 da Lei nº 4.680/65, é apenas uma das formas possíveis de remuneração, constituindo se na hipótese em que a agência é remunerada pelos veículos e não pelos anunciantes. A hipótese dos autos é outra, pois a recorrente, ao emitir a nota fiscal/fatura pelo valor total dos serviços, deixa caracterizado um contrato em que é remunerada de forma global pelos anunciantes. Tratase de um “pacote fechado”, nos quais dentre outros serviços encontrase o de veiculação, a ser contratado junto a emissoras de televisão, rádios, editoras, etc. Daí os pagamentos aos veículos serem custos e não meros repasses financeiros. Neste ponto cabe destacar que a fatura é o documento comprobatório de um serviço prestado ao seu destinatário por quem a emite, no valor da Fl. 745DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 715 17 importância total nela consignada. É o que informa o art. 20 da Lei nº 5.474/68, cuja dicção é a seguinte: “Art. 20. As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se dediquem à prestação de serviços, poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e duplicata. § 1º A fatura deverá discriminar a natureza dos serviços prestados. § 2º A soma a pagar em dinheiro corresponderá ao preço dos serviços prestados.” (destaque nosso) Interpretando o artigo acima, Rubens Requião informa que “a fatura discriminará a natureza do serviço prestado, e a soma a pagar corresponderá ao seu valor.”1 Valor este que corresponde a receita auferida pela recorrente, embora parte dela seja destinada aos veículos de propaganda. Ressaltese que após emitida a fatura o prestador dos serviços poderá acompanhála de duplicata, que como se sabe é título executivo extrajudicial. Ou seja, a recorrente tornase titular do direito de crédito junto ao anunciante, no valor da fatura emitida. No caso dos autos, em que os veículos também emitem notas fiscais contra os anunciantes, de forma que a soma dos documentos comerciais resulta num valor superior à soma dos serviços, o procedimento não está correto. Os veículos deveriam faturar em nome da recorrente. Da forma como está há duplicidade de valores faturados contra o anunciante. De todo modo, e apesar da incorreção, o fato de a recorrente ter em seu poder vias de notas fiscais emitidas por terceiros contra o seu credor, o anunciante, não lhe permite deduzir tais valores da sua receita bruta. Até porque é certo que o PIS também incidirá sobre os valores faturados pelos veículos, em face da sua incidência em cascata ou bis in idem (bis repetição; in idem sobreo mesmo). Passase agora à análise da base de cálculo do PIS, que no período é o faturamento ou receita bruta, na forma das Leis nºs 9.715/98 e 9.718/98, sendo despiciendo analisar as alterações promovidas por esta última. Do total das receitas auferidas, relativas a vendas de mercadorias e prestação de serviços, não são deduzidos os custos ou despesas, ainda que o resultado implique em prejuízo. Daí não se aplicar ao PIS nem à Cofins o conceito contábil de receita como acréscimo patrimonial, não havendo nisto qualquer ofensa ao art. 110 do CTN. Neste sentido o pronunciamento do STF na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 1, mais precisamente no voto do relator, Min. Moreira Alves, ao acentuar a conceituação de faturamento para fins tributários, nos termos da LC nº 70/91. Também não tem qualquer importância a contabilidade, não alterando a base de cálculo do PIS a apropriação dos valores recebidos dos anunciantes, na parte destinada aos veículos, em conta do passivo. Como Fl. 746DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 716 18 obrigações também podem ser apropriados outros custos e despesas, sem qualquer influência no cálculo do PIS. Neste sentido a Lei nº 9.718/98 veio explicitar, no seu art. 3º, § 1º, que “Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.” As deduções possíveis na base de cálculo do PIS são somente aquelas elencadas expressamente em lei, a depender das especificidades de cada atividade. Assim acontece, por exemplo, com as sociedades cooperativas, as instituições financeiras e as operadoras de planos de saúde, mas não com a atividade de propaganda e publicidade, sujeitas às mesmas regras das outras prestadoras de serviços. No IRPJ, bem diferente do PIS e da Cofins, a base de cálculo é a renda ou resultado do período, podendo ser deduzidos das receitas os custos e as despesas incorridos. Por isto é que a legislação do IRPJ prevê que a retenção desse imposto, na atividade de agência de propaganda, se dê sobre o valor líquido, após a dedução dos pagamentos aos veículos. Quanto à IN Conjunta SRF/STN/SFC nº 04/97, cujo art. 13 é citado no Recurso, determina que a retenção se dê sobre o valor de cada nota fiscal, não podendo ser aplicada como pretende a recorrente. Observese: “Art. 13. Nos pagamentos de serviços de propaganda e publicidade, quando efetuados por intermédio de agência de propaganda, a retenção será efetuada em relação a esta e a cada uma das demais pessoas jurídicas prestadoras do serviço, pelo valor das respectivas notas fiscais de sua emissão. (...) § 3º O valor do imposto e das contribuições retido será compensado pela empresa emitente da nota fiscal, na proporção de suas receitas, devendo o comprovante de retenção ser fornecido em seu nome.” O ISS, por sua vez, é tributo cuja base de cálculo pode variar de um Município para outro, no âmbito de suas competências tributárias. Destarte, sua legislação, assim como a do IRPJ, não podem ser aplicadas ao PIS, como já assentado na decisão de primeira instância. Adentra se agora no terceiro e último ponto desta análise, cabendo afirmar que, do mesmo modo como a legislação do IRPJ não pode ser aplicada ao PIS, também assim acontece com as decisões administrativas citadas no Recurso, quase todas relativas a esse imposto ou a CSLL, que lhe segue. Apenas Solução de Consulta da SRRF da 7ª Região Fiscal nº 350/98 e o Acórdão nº 20173.944 é que dizem respeito à contribuição. Esta Solução de Consulta da SRRF da 7ª Região Fiscal nº 350/98 informa que as agências de turismo podem excluir das bases de cálculo do PIS e da Cofins os valores repassados às empresas de transportes aéreos, relativamente às vendas de passagens. Tratase de vendas em consignação, que não é o caso das agências de propaganda. Fl. 747DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 717 19 Quanto ao Acórdão nº 20173.944, invocado sob o argumento de que cabe à fiscalização comprovar que os valores arrecadados por ordem dos veículos de propaganda se constituem em receita por ela auferida, trata da Cofins em situação distinta da dos autos e que serve, inclusive, para demonstrar a diversidade dos contratos no ramo da publicidade. Conforme o relatório daquele julgado, ali o preço total do serviço publicitário, incluindo a veiculação, é contratado diretamente entre o cliente anunciante e a agência, havendo duas formas de pagamento. No chamado “desconto” o veículo recebe diretamente do anunciante oitenta por cento do total, emitindo nota fiscal nesse valor, enquanto a agência recebe também do anunciante o restante, faturando o equivalente a vinte por cento. Já na chamada “comissão” a situação é semelhante à destes autos, com o veículo no lugar da agência. Na primeira situação não há dúvida quanto à tributação, até porque os valores e faturas são independentes. Na segunda, todavia, o veículo fatura pelo total e emite a duplicata correspondente, cobrando o total mas considerando não tributável a parcela que repassará para a agência, a título de comissão. O ilustre relator, Conselheiro Jorge Freire fundamenta se em julgamento anterior Recurso nº 109.019 , quando ficou assentado que o valor referente ao repasse de verbas de empresas consorciadas, para empresa responsável pela administração de obra a cargo daquelas, não constituía faturamento a ensejar a incidência da norma impositiva. Não aplicaria o mesmo fundamento, pelo que chego a conclusão diferente. Tanto no julgado mais antigo, relativo a obra subcontratada, quanto no Acórdão nº 20173.944, em que o veículo de divulgação fatura e recebe pelo total dos serviços, para efeito de base de cálculo do PIS deve ser tomada a soma dos valores faturados por cada empresa. É vedado o abatimento em virtude de subcontratos e também o decorrente de repasses dos veículos de propaganda às agências. De igual modo neste julgado, em que a emissão de faturas/notas fiscais pelo total, por parte da recorrente, caracteriza a remuneração global a cargo dos anunciantes. A referendar a interpretação ora adotada, cabe mencionar que esta Terceira Câmara, por unanimidade de votos, já decidiu conforme a ementa seguinte: “Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 30/04/1997 a 30/04/2000 Ementa: PIS/PASEP. FALTA DE RECOLHIMENTO. EMPRESA DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DE VALORES REPASSADOS A TERCEIROS. DESCABIMENTO. Inexistia dispositivo legal à época dos fatos autorizando a exclusão da base de cálculo dos valores que, computados como receita de prestação de serviços, ou integrantes do faturamento, foram destinados a terceiros (veículos de comunicação) para fazer frente aos custos com a divulgação de Fl. 748DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 718 20 propaganda.”(Acórdão nº 20312.093, Recurso nº 129.059, sessão de 24/05/2007, relator Odassi Guerzoni Filho, unânime, sendo que na mesma sessão foi julgado o processo da Cofins, com idêntico resultado Acórdão nº 20312.094, Recurso nº 129.130) Por fim, destaco que não caberia cogitar aqui da aplicação do art. 13 da Lei nº 10.925/2004, publicada em 26/07/2004, segundo o qual “O disposto no parágrafo único do art. 53 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, aplicase na determinação da base de cálculo da contribuição para PIS/PASEP e da COFINS das agências de publicidade e propaganda, sendo vedado o aproveitamento do crédito em relação às parcelas excluídas.” O art. 53 da Lei nº 7.450/85 trata de casos nos quais há incidência de imposto na fonte sobre alguns serviços prestados, inclusive o de propaganda, sendo que o seu parágrafo único exclui de tal retenção os valores por serviços de propaganda e publicidade, pagos diretamente ou repassados a empresas de rádio, televisão, jornais e revistas. A Lei nº 10.925/2004 introduziu norma nova relativa ao PIS e à Cofins, já sob a égide da não cumulatividade, sendo impertinente qualquer retroatividade na sua eficácia. Desta feita, não há como atender à pretensão da recorrente de tributar apenas a receita líquida, isto é, a receita pertinente ao faturamento deduzida das despesas para sua obtenção. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial do sujeito passivo. Henrique Pinheiro Torres" Diante do exposto, voto pelo improvimento do Recurso interposto. É como voto é como penso. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 749DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 719 21 Declaração de Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello Com a devida vênia ao bem fundamentado voto do Ilustre Relator, ousei divergir do seu entendimento, o que motivou a apresentação desta declaração de voto. O recurso especial de divergência interposto por TVSBT CANAL 4 DE SÃO PAULO S.A. tem no seu mérito discussão quanto à possibilidade de inclusão, nas bases de cálculo da contribuição ao PIS e à COFINS, dos valores relativos ao "descontopadrão de agência", remuneração das agências de publicidade repassada pelos veículos de comunicação. Pertinente à análise do tema, conceituamse as figuras envolvidas na relação jurídicotributária objeto da autuação: veículos de comunicação (ou de divulgação), anunciantes e agências de publicidade ou agência de propaganda. Nos termos do art. 10 do Decreto nº 57.690/66, que regulamenta a Lei nº 4.680/65, é veículo de comunicação qualquer meio de divulgação visual, auditiva ou audiovisual. A Recorrente é um veículo de comunicação (ou de divulgação) cuja atividade principal é a de televisão aberta, disponibilizando em sua grade de programação espaços para a veiculação de publicidade. O anunciante (ou cliente) é, conforme art. 8º do Decreto nº 57.690/66, empresa, entidade ou indivíduo que utiliza a propaganda. Em outras palavras, são aqueles que contratam as agências de publicidade para promoção de sua imagem e/ou produtos nos veículos de comunicação. A agência de publicidade ou agência de propaganda é, conforme art. 6º do Decreto nº 57.690/66, a empresa criadora/produtora de conteúdos impressos e audiovisuais especializada nos métodos, na arte e na técnica publicitárias, que, por meio de profissionais a seu serviço, estuda, concebe, executa e distribui propaganda aos veículos de comunicação, por conta e ordem de clientes anunciantes, com o objetivo de promover a venda de mercadorias, produtos e serviços, difundir ideias ou informar o público a respeito de organizações ou instituições a que servem. Necessário pontuar que as agências de publicidade não se confundem com a figura dos agenciadores de propaganda ou agenciadores autônomos. Os agenciadores de propaganda são pessoas físicas registradas e remuneradas diretamente pelo veículo de comunicação, sujeitas à sua disciplina e hierarquia, com a função de intermediar a venda de espaço/tempo publicitário. Os agenciadores autônomos, por sua vez, são profissionais Fl. 750DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 720 22 independentes, sem vínculo empregatício com anunciante, agência ou veículo, que encaminham publicidade por ordem e conta do anunciante. 3 Nessa senda, com fundamento no art. 11 da Lei nº 4.680/65, no art. 11 do Decreto nº 57.690/66 e no art. 19 da Lei nº 12.232/20104, o descontopadrão de agência ou desconto padrão encontrase assim definido no item 1.11 das NormasPadrão da Atividade Publicitária: "é a remuneração da Agência de Publicidade pela concepção, execução e distribuição de propaganda, por ordem e conta de clientes anunciantes, na forma de percentual estipulado pelas NormasPadrão, calculado sobre o "Valor Negociado". O valor negociado é o valor fixado na lista pública de preços dos veículos de comunicação, já deduzidos os descontos comerciais. A relação entre agências de publicidade, anunciantes e veículos de comunicação (figura na qual se enquadra a ora Recorrente), é contextualizada nos itens 2.1 e seguintes das NormasPadrão da Atividade Publicitária, in verbis: 2. DAS RELAÇÕES ENTRE AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE, ANUNCIANTES E VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO 2.1 As relações entre Agências, Anunciantes e Veículos são, a um só tempo, de natureza profissional, comercial e têm como pressuposto a necessidade de alcance da excelência técnica por meio da qualificação profissional e da diminuição dos custos de transação entre si, observados os princípios deste instrumento, a ética e as boas práticas de mercado, incentivando a plena concorrência em cada um desses segmentos. 2.2 Os Veículos comercializarão seu espaço, seu tempo e seus serviços com base em preços de conhecimento público, válidos, indistintamente, tanto para negócios que os Anunciantes lhes encaminharem diretamente, quanto para aqueles encaminhados através de Agências. É lícito que, sobre esses preços, os Veículos ofereçam condições ou vantagens de sua conveniência, observado o disposto no item 2.3. destas NormasPadrão. 2.3 A relação entre Anunciante e sua Agência tem relevância para a relação entre o Anunciante e o Veículo. Na presença dessa relação, o Veículo deve comercializar seu espaço/tempo ou serviços através da Agência, nos termos do parágrafo único do artigo 11 da Lei nº 4.680/65, de tal modo que fique vedado: 3 NormasPadrão da Atividade Publicitária. CONSELHO EXECUTIVO DAS NORMASPADRÃO 4 Lei nº 4.680, de 18 de junho de 1965. Art. 11. A comissão, que constitui a remuneração dos Agenciadores de Propaganda, bem como o desconto devido às Agências de Propaganda serão fixados pelos veículos de divulgação sôbre os preços estabelecidos em tabela. Decreto nº 57.690, de 01 de fevereiro de 1966. Art. 11. O Veículo de Divulgação fixará, em Tabela, a comissão devida aos Agenciadores, bem como o desconto atribuído às Agências de Propaganda. Lei nº 12.232, de 29 de abril de 2010. Art. 19. Para fins de interpretação da legislação de regência, valores correspondentes ao descontopadrão de agência pela concepção, execução e distribuição de propaganda, por ordem e conta de clientes anunciantes, constituem receita da agência de publicidade e, em consequência, o veículo de divulgação não pode, para quaisquer fins, faturar e contabilizar tais valores como receita própria, inclusive quando o repasse do descontopadrão à agência de publicidade for efetivado por meio de veículo de divulgação. Fl. 751DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 721 23 (a) ao Veículo oferecer ao Anunciante, diretamente, vantagem ou preço diverso o oferecido através de Agência; (b) à Agência, omitir ou deixar de apresentar ao Cliente proposta a este dirigida pelo Veículo. 2.3.1 É livre a contratação de permuta de espaço, tempo ou serviço publicitário entre Veículos e Anunciantes, diretamente ou por intermédio da Agência de Publicidade responsável pela conta publicitária. 2.3.2 Quando a contratação de que trata o item 2.3.1 envolver serviços de Agência de Publicidade, esta fará jus à remuneração, observadas as disposições estabelecidas em contrato. 2.4 O Anunciante é titular do crédito concedido pelo Veículo com a finalidade de amparar a aquisição de espaço, tempo ou serviço, diretamente ou por intermédio de Agência e Publicidade. 2.4.1 A Agência de Publicidade que intermediar a veiculação atuará sempre por ordem e conta do Anunciante, observado o disposto nos itens 2.4.1.1 a 2.4.1.3. 2.4.1.1 É dever da Agência de Publicidade cobrar, em nome do Veículo, nos prazos estipulados, os valores devidos pelo Anunciante, respondendo perante um e outro pelo repasse do “Valor Faturado” recebido ao Veículo. 2.4.1.2. A fatura do Veículo será encaminhada ao Anunciante por meio da Agência de Publicidade. 2.4.1.3 Tendo em vista que o fator confiança é fundamental no relacionamento comercial entre Veículo, Anunciante e Agência e sendo esta última depositária dos valores que lhes são encaminhados pelos Clientes/Anunciantes para pagamento dos Veículos e Fornecedores de serviços de propaganda, fica estabelecido que, na eventualidade da Agência reter indevidamente aqueles valores sem o devido repasse aos Veículos e/ou Fornecedores, terá suspenso ou cancelado seu Certificado de Qualificação Técnica concedido pelo CENP. 2.4.2 Em virtude de prévio e expresso ajuste, o Anunciante poderá repassar por meio do Veículo a importância correspondente ao “DescontoPadrão”, observado que nesta hipótese o Veículo somente poderá faturar ou contabilizar como receita própria a parcela correspondente ao “Valor Faturado”. [com fundamento no art. 19 da Lei nº 12.232, de 2010] 2.4.3 Excepcionalmente, nos termos de prévio e expresso ajuste, o Anunciante, poderá efetivar diretamente os pagamentos correspondentes ao “Valor Faturado” e ao “DescontoPadrão”, respectivamente, ao Veículo e à Agência de Publicidade. Fl. 752DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 722 24 2.5 O “DescontoPadrão de Agência” de que trata o art. 11 da Lei nº 4.680/65 e art. 11 do Decreto 57.690/66, bem como o art. 19 da Lei 12.232/10, é a remuneração destinada à Agência de Publicidade pela concepção, execução e distribuição de propaganda, por ordem e conta de clientes anunciantes. 2.5.1 Toda Agência que alcançar as metas de qualidade estabelecidas pelo CENP, comprometendose com os custos e atividades a elas relacionadas, habilitarseá ao recebimento do “Certificado de Qualificação Técnica”, conforme o art. 17 inciso I alínea “f” do Decreto nº 57.690/66, e fará jus ao “desconto padrão de agência” não inferior a 20% (vinte por cento) sobre o valor dos negócios que encaminhar ao Veículo por ordem e conta de seus Clientes. 2.5.1.1 No caso de relações non compliance indicadas pelo organismo de ética da entidade, o percentual será fixado pelos veículos de acordo com o que dispõe o art. 11, da Lei nº 4.680/65, independentemente de qualquer recomendação do CENP, observado o disposto no art. 63 dos Estatutos Sociais. [...] 2.6 Dadas as peculiaridades que afetam o relacionamento com os Anunciantes do setor público, estes têm a obrigação de fornecer suporte legal e formal (empenho e demais atos administrativos decorrentes) ao contratar espaço/tempo e serviços junto a Veículos e Fornecedores, diretamente ou através de Agências, ficando estas responsáveis pela verificação da regularidade da contratação. Emitida a autorização, o Veículo ou Fornecedor presumirá que a Agência atesta que a referida documentação é suficiente para amparar o pagamento devido. 2.7 É facultado à Agência negociar parcela do “desconto padrão de agência” com o respectivo Anunciante, observados os preceitos estabelecidos nos itens 3.5 e 6.4 destas NormasPadrão. [...] Com relação ao faturamento da prestação dos serviços de publicidade e divulgação, dispõe o art. do Decreto nº 57.690/66 que será realizado em nome do anunciante, devendo o veículo de divulgação remetêlo à agência responsável pela propaganda. Portanto, por expresso comando normativo, o veículo de comunicação emitirá a respectiva fatura em nome do anunciante e enviará à agência de publicidade contratada pelo cliente. Da análise dos documentos acostados aos autos, verificase não terem sido trazidos pela Fiscalização e/ou pela Contribuinte os contratos firmados entre o veículo e o anunciante e entre a agência e o anunciante, se houver, e as faturas emitidas contra os anunciantes. O lançamento tributário foi realizado a partir das notas fiscais emitidas pela Contribuinte, nas DIPJ´s e em sua escrituração contábil, decorrentes dos recebimentos pela suposta prestação de serviços aos seus clientes anunciantes, repassando parte do valor às Fl. 753DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 723 25 agências de publicidade, responsáveis pela elaboração dos anúncios divulgados, excluindo referidos valores da base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, foi consignado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 125 a 133), in verbis: [...] A presente ação fiscal teve início em 11/03/2008 (fl. 3 a 5), com a solicitação dos seguintes documentos: Contrato Social ou Ata de Constituição e suas alterações de 2001 a 2007. Declaração informando a totalidade das ações que porventura a empresa tenha impetrado visando excluir ou reduzir tributos e contribuições administradas pela Secretaria da Receita Federal. A declaração deverá estar acompanhada, se for o caso, de cópias das ações, sentenças proferidas e Certidões de Objeto e Pé atualizadas. Planilha informando as receitas escrituradas da contribuinte, a base de cálculo dos tributos e contribuições administradas pela RFB no período compreendido entre 03/2003 e 01/2008. Livros Diário, Razão, Entradas, Saídas referentes aos anos calendário de 2002 a 2007. LALUR referente aos anoscalendário de 2003 a 2007. Arquivos magnéticos dos Lançamentos Contábeis, dos Saldos das Contas, do Plano de Contas, todos relativos ao anocalendário de 2003. [...] Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/12/02 em relação à contribuição para o PIS e 01/02/04 em relação à contribuição para a COFINS, passaram a coexistir dois regimes de tributação: o PIS/COFINS Cumulativo (Lei 9.718/98) e o PIS/COFINS Não Cumulativo (respectivamente Leis 10.637/02 e 10.833/03). As receitas decorrentes da prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens permaneceram sujeitas a apuração das contribuições para o PIS e para a COFINS pelo regime cumulativo, com base na Lei 9.718/98. Neste contexto, foi verificada a exclusão de valores significativos da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, sob a rubrica "outras exclusões e deduções" conforme as planilhas elaboradas pelo contribuinte (f Is. 30 a 34 e 55 a 60), consoantes com seus livros contábeis e com as DIPJs apresentadas (fls. 65 a 117). Fl. 754DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 724 26 Regularmente intimada, em 29/08/2008 (f Is 37 e 38) e em 24/11/2008 (fls. 45 a 47), a contribuinte informou que as exclusões referiamse às comissões de agência, escrituradas na conta contábil 3120301010001 — Comissões de Agência, tendo como conta redutora a conta contábil 3120301010003— Cancelamento de Comissões (fls. 44 e 53). [...] Em 24/11/2008, a contribuinte foi intimada a esclarecer a base legal que amparasse as exclusões efetuadas (fls. 45 a 48). Após solicitação de prorrogação de prazo (fls. 49 e 50), a contribuinte atendeu ao Termo (fls. 51 a 64), informando, em síntese que (fls.62 a 64): os valores em questão não se referem à receitas da empresa, e sim de terceiros, portanto não integram a base de cálculo das contribuições. as atividades de propaganda estão disciplinadas, há mais de quarenta anos pela Lei 4.680/65 e pelo Decreto 57.690/66 nos termos do artigo 3° da lei 4.680/65, a agência de propaganda tem personalidade jurídica própria, e é quem "estuda, concebe, executa e distribui propaganda", e mais, "por ordem e conta de clientes anunciantes", não se confundindo com o veículo de divulgação, empresa distinta e que tem personalidade jurídica diversa da primeira. o regulamento da Lei 4.680/65, aprovado pelo Decreto 57.960/66, em seu artigo 7°, estabelece que "Os serviços de propaganda serão prestados pela Agência", mediante contratação de honorários e reembolso de despesas, isso tudo sem a interveniência ou ingerência do veículo de comunicação (os negritos e sublinhados constam no original — fls. 62 a 64). Fica clara a ingerência do Veículo de Comunicação sobre os serviços da agência, uma vez que o Veículo é quem fixa a comissão ou o desconto, ou seja, a remuneração atribuída à agência. E mais, uma vez formal e previamente aceita a propaganda pelo veículo, a remuneração devida pelos veículos às agências não pode ser descontada no caso de inadimplência do anunciante, caracterizando um relacionamento comercial direto entre o Veículo de Comunicação e a Agência, independente do anunciante. Em sua resposta (fls. 62 a 64), a contribuinte informou que "via de regra os clientesanunciantes efetuam os pagamentos diretamente à Agências de Propaganda, que depois de reterem as receitas que lhes são próprias, repassam aos Veículos de Comunicação o valor remanescente". Informou, também, que: "em número muito menor, alguns clientes anunciantes efetuam os pagamentos aos veículos de divulgação, os Fl. 755DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 725 27 quais, após reter as suas receitas próprias, repassam às agências as receitas a que fazem jus pelos serviços que prestaram..." (sic). [...] Uma vez que o desconto padrão de agência não importa em nenhum desconto incondicional concedido pelo veículo de divulgação ao anunciante, e que as exclusões permitidas na base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS são apenas aquelas elencadas no § 2° do artigo 3° da Lei 9.718/96, acima transcrito essa fiscalização considerou as exclusões efetuadas pela contribuinte sob a rubrica de "comissões de agência", discriminadas na Tabela I, como indevidas, em razão da falta de previsão legal para tal. [...] Entendeuse que as conclusões perpetradas pelo Termo de Verificação Fiscal não merecem prosperar. Ao ser analisado o presente tema, devese ter em consideração que na descrição das práticas e procedimentos operacionais da atividade publicitária, as Normas Padrão da Atividade Publicitária prevêem o repasse do desconto padrão à agência de publicidade, adimplido pelo anunciante, por meio do veículo de comunicação. A hipótese de o cliente efetuar o pagamento diretamente à agência de publicidade é excepcional. A redação dos itens 6.1 a 6.7 das NormasPadrão da Atividade Publicitária é elucidativa, in verbis: [...] 6.1 A Agência de Publicidade que intermediar a veiculação atuará sempre por ordem e conta do Anunciante, observado o disposto nos itens 6.1.1 a 6.1.3. 6.1.1 É dever da Agência de Publicidade cobrar, em nome do Veículo, nos prazos estipulados, os valores devidos pelo Anunciante, respondendo perante um e outro pelo repasse do “Valor Faturado” recebido ao Veículo. 6.1.2. A fatura do Veículo será encaminhada ao Anunciante por meio da Agência de Publicidade. 6.1.3 Tendo em vista que o fator confiança é fundamental no relacionamento comercial entre Veículo, Anunciante e Agência e sendo esta última depositária dos valores que lhes são encaminhados pelos Clientes/Anunciantes para pagamento dos Veículos e Fornecedores de serviços de propaganda, fica estabelecido que, na eventualidade de a Agência reter indevidamente aqueles valores sem o devido repasse aos Veículos e/ou Fornecedores, terá suspenso ou cancelado seu Certificado de Qualificação Técnica concedida pelo CENP. 6.2 Em virtude de prévio e expresso ajuste, o Anunciante poderá repassar por meio do Veículo a importância correspondente ao “DescontoPadrão”, observado que nesta hipótese o Veículo somente Fl. 756DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 726 28 poderá faturar ou contabilizar como receita própria a parcela correspondente ao “Valor Faturado”. 6.3 Excepcionalmente, nos termos de prévio e expresso ajuste, o Anunciante, poderá efetivar diretamente os pagamentos correspondentes ao “Valor Faturado” e ao “DescontoPadrão”, respectivamente, ao Veículo e à Agência de Publicidade. 6.4 É facultado à Agência negociar parcela do “desconto padrão de agência” a que fizer jus com o respectivo Anunciante, observados os parâmetros contidos no ANEXO “B” – SISTEMA PROGRESSIVO DE SERVIÇOS/BENEFÍCIOS, os quais poderão ser revistos pelo Conselho Executivo do CENP. 6.5 O “desconto padrão de agência” não será concedido: a) a Anunciantes diretamente ou a “Departamentos de Propaganda” de Anunciantes ou Agências Próprias (“House Agencies’’) que não se conformarem ao disposto no item 2.5 e subitens; e item 8.5 destas NormasPadrão; b) às empresas que se dedicam exclusiva ou principalmente à prestação de serviços de mídia, descritas nos itens 4.4 e subitens destas NormasPadrão. c) à Agência que comprar, autorizar e pagar mídia em favor de Cliente(s) e/ou marca(s) cuja conta publicitária esteja confiada a outra Agência. d) quando o Veículo não reconhecer determinada Agência como responsável pelo pleno atendimento da conta publicitária de determinado Anunciante ou quando, mesmo reconhecida, não se tenha encarregado plenamente do atendimento da conta publicitária. 6.6 Tanto nas relações com anunciantes do setor público quanto privado, o veículo de divulgação não pode, para quaisquer fins, faturar e contabilizar valores correspondentes ao “descontopadrão de agência” como receita própria, inclusive quando o repasse de tais valores à agência de publicidade for efetivado por meio de veículo de divulgação. 6.7 Para efeito dos itens 2.5, 6.6 e demais itens com estes relacionados, fazse necessário inserir, no campo de informações adicionais das Notas Fiscais e Faturas Comerciais dos Veículos, a seguinte expressão: “Valor de Referência do ‘DescontoPadrão’ (remuneração da Agência – item 1.11 das NormasPadrão da Atividade Publicitária): R$ ......” (grifouse) Fl. 757DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 727 29 Nos casos como o que ora se examina, o importante é a verificação da relação jurídica estabelecida entre as partes. A verba relativa ao descontopadrão de agência é remuneração das agências de publicidade, e não do veículo de comunicação. Passando à análise da tributação dos veículos de comunicação, como é o caso da Recorrente, pelo PIS e pela COFINS, temse que, por força do artigo 8º, inciso XI, da Lei nº 10.637/2002 e do artigo 10, inciso IX, da Lei nº 10.833/2003, as receitas dos serviços de empresas jornalísticas e de radiodifusão de sons e imagens permaneceram sujeitas às normas da Lei nº 9.718/98, vigente anteriormente. Ao unificar a disciplina das contribuições do PIS e da COFINS, a Lei nº 9.718/98, em seus artigos 2º e 3º, equiparou o faturamento à receita bruta, considerando esta como a "totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica", contrariando o art. 195, inciso I, da Constituição Federal, vigente à época de sua edição, que não permitia a incidência das contribuições sobre a totalidade das receitas das pessoas jurídicas. No julgamento do recurso extraordinário nº 390.840/MG, em 09 de novembro de 2005, de relatoria do Ministro Marco Aurélio, o Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, à luz do art. 195, inciso I da Constituição Federal, assentando o entendimento de se constituírem em base de cálculo do PIS e da COFINS, exclusivamente, as receitas das pessoas jurídicas decorrentes da prestação de serviços, da venda de mercadorias, ou de ambos. A decisão foi assim ementada: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (RE 390840, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP00025 EMENT VOL 0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) (grifouse) Fl. 758DF CARF MF Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 9303005.504 CSRFT3 Fl. 728 30 Por conseguinte, sobrevindo a declaração da inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/1998, a base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS é a receita bruta e/ou faturamento decorrente única e exclusivamente da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da venda de mercadorias e serviços. De outro lado, o art. 110 do Código Tributário Nacional CTN é imperativo no sentido de que os conceitos de Direito Privado, como é o caso do faturamento, devem ser aplicados de acordo com o seu próprio significado, não podendo sofrer alterações para, por exemplo, atribuirlhe receitas estranhas à prestação de serviços ou à venda de mercadorias da pessoa jurídica Contribuinte. Nessa senda, o descontopadrão de agência, mesmo nas hipóteses em que for incluído na nota fiscal emitida pelo veículo de comunicação, e devido a título de remuneração à agência de publicidade, não compõe o conceito de faturamento daquela pessoa jurídica. Isso porque ele não representa receita decorrente da venda de mercadorias ou prestação de serviços do veículo de comunicação, e não é revertido em seu favor, mas sim em favor das agências de publicidade, não devendo ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS. O veículo de comunicação tem seu faturamento, nos casos de propaganda, por disponibilizar espaço na sua grade de horários para inserção do anúncio do produto. Por sua vez, a agência de publicidade é quem desenvolve o conteúdo impresso e audiovisual, executando e distribuindo a propaganda aos veículos de comunicação, sendo remunerada por meio do "descontopadrão de agência". Corrobora a argumentação expendida, o art. 19 da Lei nº 12.232/2010, segundo o qual o descontopadrão de agência constitui receita da agência de publicidade e, por isso, não pode ser contabilizado como receita própria do veículo de comunicação. Entendese por aplicável a disposição à contenda, uma vez (a) tratarse de lei de caráter interpretativo, podendo ser aplicada retroativamente, nos termos do art. 106, inciso I, do CTN; e (b) ser irrelevante para a apuração da natureza da verba "desconto padrão", o anunciante qualificarse como Administração Pública ou particular, raciocínio adotado inclusive nas NormasPadrão da Atividade Publicitária, conforme se denota do item 6.6. Portanto, na tributação da Recorrente veículo de comunicação pelas contribuições ao PIS e à COFINS incabível a inclusão dos valores relativos ao "desconto padrão de agência" nas respectivas bases de cálculo, devendo ser extinto o crédito tributário em exigência, com o consequente cancelamento dos autos de infração. Diante do exposto, divergi do nobre relator, dando provimento ao recurso especial da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 759DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.006717/2008-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF
Período de apuração: 01/11/2003 a 31/12/2005
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
Sendo objetiva a responsabilidade por infrações, a falta de recolhimento do tributo sujeita a contribuinte à imposição da multa de oficio.
Numero da decisão: 3201-003.079
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 01/11/2003 a 31/12/2005 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Sendo objetiva a responsabilidade por infrações, a falta de recolhimento do tributo sujeita a contribuinte à imposição da multa de oficio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 67 17 /2 00 8- 37 Fl. 156DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 0725.065, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC), que assim relatou o feito: Em decorrência de ação Fiscal — relativamente à Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF) no período de 01/01/2001 a 31/12/2005 — levada a efeito contra a contribuinte identificada foi lavrado, em 03/10/2008, Auto de Infração (fls. 71 a 77), constituindo crédito tributário total de R$ 140.299,64 (cento e quarenta mil, duzentos e noventa e nove reais e sessenta e quatro centavos). Inconformada, a contribuinte apresenta, em 03/11/2008, impugnação (fls. 83 a 91)) contra o lançamento fiscal, inaugurando o litígio que ora se relata. Segundo consta do Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal (fl. 78), a contribuinte, devidamente representada por entidade de classe, impetrou Mandado de Segurança contra a exigibilidade da CPMF, alegando a inconstitucionalidade da Emenda Constitucional n° 21/99. A liminar foi concedida em 26/07/1999 e, em 29/09/1999, foi prolatada sentença que julgou procedente a demanda, concedendo a segurança e afastando a exigibilidade do recolhimento da contribuição (fl. 13). Por seu turno, a Unido, requereu a suspensão da eficácia da sentença proferida nos autos do referido Mandado de Segurança. 0 TRF da 4a Regido deferiu os pedidos (Fls. 14 e 15) na forma requerida pela Unido, de forma que foram suspensos os efeitos da liminar e , por conseguinte, a CPMF passou a ser novamente exigível. Em 24/08/2001, publicouse Medida Provisória n° 2.15835 que, em seu artigo 45, determina procedimentos a serem adotados pelas instituições financeiras responsáveis pela retenção da CPMF, em relação aos valores que não foram retidos e recolhidos por força de medida judicial posteriormente revogada. Em cumprimento ao disposto no diploma legal citado, as instituições financeiras apresentaram A SRFB as informações necessárias para o lançamento de oficio. Com base nas informações fornecidas pelas instituições financeiras, relativas A movimentação bancária no período fiscalizado, constatouse que o Banco do Estado de Santa Catarina SA (BESC) não reteve a CPMF de parte da movimentação da contribuinte. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 11516.006717/200837 Acórdão n.º 3201003.079 S3C2T1 Fl. 157 3 Intimada a apresentar os comprovantes de pagamento, a contribuinte declara não ter efetuado' pagamentos, a qualquer titulo da CPMF sub judice relativa ao período fiscalizado (fl. 06). Face ao não recolhimento do tributo devido, a autoridade fiscal lavrou Auto de Infração, aplicando multa de oficio de 75% e constituindo crédito tributário total de R$ 140.299,64, conforme descrito no quadro a seguir: A autoridade lançadora entendeu que, por tratarse de contribuição para a seguridade social, seria aplicável o prazo decadencial de• dez anos para a constituição do crédito tributário, conforme previsto na Lei n° 8.212/91 (Lei Orgânica da Seguridade Social). Cientificada em 03/10/2008, a contribuinte apresentou, em 03/11/2008, impugnação tempestiva, opondose ao lançamento com base nas seguintes argumentações. da Decadência em Relação aos Fatos Geradores Anteriores a 22/09/2003 A autuada argumenta que o artigo 45 da Lei 8.212/91, base legal para o entendimento de que o prazo decadencial relativo às contribuições para a seguridade social se estenderia por dez anos, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2008, tendo sido, inclusive, objeto de stimula vinculante. Portanto, deveria a autoridade fiscal ter observado o prazo qüinqüenal, previsto no art. 150, §4° do CTN. Assim se Manifestou a contribuinte: "eis que se trata de contribuição lançada pela modalidade de homologação, cujo prazo decadencial iniciase na data da ocorrência do fato gerador, possuindo a Fazenda o prazo de cinco anos para constituir o crédito [..J". Segundo entendimento da autuada, o lançamento não poderia alcançar fatos geradores anteriores a 22/09/2003. Requer, portanto, "o reconhecimento da decadência do direito de constituir o crédito tributário em relação aos fatos geradores anteriores a 22/09/2003, extinguindo o crédito tributário no montante referentes a tais lançamentos". da Impossibilidade de se Exigir da Contribuinte a Multa Fiscal . Alega a impugnante, em essência, que o recolhimento da CPMF cabia A. Fl. 158DF CARF MF 4 entidade financeira administradora de sua contacorrente e, por conseguinte — em que pese a responsabilidade supletiva prevista na lei —não cabe a ela suportar o ônus da multa lançada. Ou seja, não se contesta o pagamento do principal e dos juros, mas tãosomente o da multa de oficio. Como, no seu entender, a impugnante não teria praticado nenhum ilícito tributário, logo não haveria que suportar o ônus da penalidade. Em suas palavras: "De fato, cabia à instituição bancária a r etenção da contribuição devida. Esta, porém, assim não procedeu. Dessa forma, em que pese o erro não constituir empecilho para a cobrança do tributo daquele que efetivamente praticou o fato gerador, não se pode imputar a cobrança de multa pelo nãorecolhimento da contribuição ao contribuinte que, se agiu com erro, assim foi induzido pela conduta irregular da instituição bancária, que deveria ter retido os valores devidos." (fl. 87) [ ..] "Vejase que não discute aqui a responsabilidade pelo tributo. Entretanto, a multa não pode ser imputada ao contribuinte, pois o não, recolhimento não se deu por sua vontade, mas sim por erro do substituto legal." (fl. 88) Avalia que a multa, com seu caráter punitivo, pressupõe a existência de ilicitude na conduta do agente, hipótese em que ela não teria incorrido. Afirma não ter havido "qualquer propósito deliberado de se furtar a tributação ou de não pagar o imposto devido, sendo descabida a aplicação de multa". Cita, ainda, decisões proferidas por Tribunais Federais em julgados. relativos A. exigência do Imposto de Renda Retido na Fonte, nos quais prevalece o entendimento de que, "em que pese o erro da fonte não constituir fato impeditivo de que se exija a exação daquele que efetivamente obteve acréscimo patrimonial, não se pode chegar ao extremo de, ao afastar a responsabilidade daquela, permitir também a cobrança de multa deste." Por esse mesmo curso, conclui: "Assim, não restam dúvidas que a sanção deve recair sobre a pessoa do infrator, que no caso em tela nab foi contribuinte, pois este sequer tinha a obrigação direta de efetuar o recolhimento do tributo, motivo pelo qual deve a imposição de multa ser anulada.." (fl. 91) Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 01/11/2003 a 31/12/2005 Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11516.006717/200837 Acórdão n.º 3201003.079 S3C2T1 Fl. 158 5 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INFORMAÇÕES FORNECIDAS POR INSTITUIÇÃO BANCARIA. FALTA DE RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA. Informada á. Administração Tributária a falta de retenção/recolhimento da contribuição por parte da entidade financeira, correta a formalização da exigência, com os acréscimos legais, contra o sujeito passivo na sua qualidade de contribuinte, em razão de sua responsabilidade supletiva. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. MULTA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Sendo objetiva a responsabilidade por infrações, a falta de recolhimento do tributo sujeita a contribuinte à incidência dos juros decorrentes da mora e imposição da multa de oficio. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2001 a 31/10/2003 DECADÊNC IA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. Após a publicação da Sfimula Vinculante STF n° 8, que declarou inconstitucional o art. 45 da Lei n° 8.212/91, pacificouse o entendimento de ser qüinqüenal o prazo decadencial para constituição das contribuições sociais.Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente postula tão somente pelo afastamento da multa de ofício, pelo fato de o contribuinte não ter praticado qualquer ato ilícito, uma vez que competia à instituição financeira a retenção da CPMF. Todavia, nos termos do artigo 5°, § 3° da Lei n°9.311/1996, ainda que a responsabilidade pela retenção seja atribuída à terceiro, o contribuinte é supletivamente responsável pela quitação dos tributos: Fl. 160DF CARF MF 6 Art. 5° É atribuída a responsabilidade pela retenção e recolhimento da contribuição: I às instituições que efetuarem os lançamentos, as liquidações ou os pagamentos de que tratam os incisos I, II e III do art. 2° ; II às instituições que intermediarem as operações a que se refere o inciso V do art. 2° ; III àqueles que intermediarem operações a que se refere o inciso VI do art. 2° . § 1° A instituição financeira reservará, no saldo das contas referidas no inciso I do art. 2° , valor correspondente à aplicação da alíquota de que trata o art. 7° sobre o saldo daquelas contas, exclusivamente para os efeitos de retiradas ou saques, em operações sujeitas à contribuição, durante o período de sua incidência. § 2° Alternativamente ao disposto no parágrafo anterior, a instituição financeira poderá assumir a responsabilidade pelo pagamento da contribuição na hipótese de eventual insuficiência de recursos nas contas. § 3° Na falta de retenção da contribuição, fica mantida, em caráter supletivo, a responsabilidade do contribuinte pelo seu pagamento. Ademais, a aplicação da multa de ofício, havendo previsão legal, independe da intenção do agente, nos termos do art. 136 do CTN: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Desse modo, não havendo razão para a exclusão da multa, deve ser mantida a cobrança. Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 161DF CARF MF
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