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Numero do processo: 16682.721207/2011-91
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007, 2008
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López, que davam provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007, 2008 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López, que davam provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 12 07 /2 01 1- 91 Fl. 1232DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 16682.721207/201191 Acórdão n.º 9303003.480 CSRFT3 Fl. 227 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pelo contribuinte ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 3301002.282, de 27/03/2014, cuja ementa se transcreve a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2007, 2008 IOF. RECURSOS CONTABILIZADOS EM ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. EQUIPARAÇÃO A NEGÓCIO DE MÚTUO. POSSIBILIDADE. Não estando demonstrado que os recursos repassados representavam realmente um pagamento antecipado para aquisição de ações ou quotas de capital (AFAC), o aporte de recursos financeiros efetuados sistematicamente caracterizamse como uma operação de crédito correspondente a mútuo, nos exatos termos da configuração do fato gerador do IOF, previsto no art. 13 da Lei nº 9.779/99. A ocorrência de uma operação de crédito, para fins de incidência do IOF, independe da formalização de um contrato de mútuo. IOF. ADIANTAMENTOS EFETUADOS PARA EMPRESAS LIGADAS COM A FINALIDADE DE PAGAMENTOS DE DESPESAS. A utilização de uma rubrica contábil com a finalidade de pagamento de despesas de empresas ligadas, sem contrato formal de mútuo, caracteriza a existência de uma contacorrente, devendose apurar o IOF devido segundo as regras próprias das operações de crédito rotativo. IOF. MÚTUOS PACTUADOS VERBALMENTE ENTRE EMPRESAS LIGADAS. A utilização de uma rubrica contábil para registrar transferências de recursos entre empresas ligadas, sem contrato formal de mútuo, caracteriza a existência de uma contacorrente, devendose apurar o IOF devido segundo as regras próprias das operações de crédito rotativo. IOF. ASSUNÇÃO DE DÍVIDA DE MÚTUO. Nos termos do § 10 e 11 do art. 7º do RIOF, há a incidência do IOF nos negócios assemelhados de operação de crédito em que haja substituição do devedor, sendo que sua base de cálculo é o valor renegociado da dívida. Fl. 1233DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 16682.721207/201191 Acórdão n.º 9303003.480 CSRFT3 Fl. 228 3 IOF. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para lançamento do IOF é de 5 anos contados da ocorrência do fato gerador nos termos do art. 150, § 4º do CTN. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Recurso de Ofício Provido Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Em face da decisão acima, o contribuinte interpôs o já referido recurso especial, suscitando divergência contra diversas matérias. Em despacho de fls. 1197/1202, foi dado seguimento parcial ao recurso especial do contribuinte no que se refere a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. Cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, às fls. 1206/1223, requerendo a manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 1234DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 16682.721207/201191 Acórdão n.º 9303003.480 CSRFT3 Fl. 229 4 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas. O recurso interposto pelo contribuinte é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. A matéria aceita como divergente no recurso especial do contribuinte cinge se à incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício não paga na data de seu vencimento. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento do tributo ou de penalidade pecuniária, e extinguese com o crédito dela decorrente. conforme o art. 113 do CTN, in verbis: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. De acordo com o 1art. 139 do CTN o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Do cotejo desses dispositivos legais, concluise, sem qualquer margem à dúvida, que o crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária, visto que ambos constituem a obrigação tributária, a qual tem a mesma natureza do crédito a ela correspondente. Conforme palavras do ilustre conselheiro Henrique Pinheiro Torres: Um é a imagem, absolutamente, simétrica do outro, apenas invertida, como ocorre no reflexo do espelho. Olhandose do ponto de vista do credor (pólo ativo da relação jurídica tributária, verseá o crédito tributário; se se transmutar para o pólo oposto, que se verá será, justamente, o inverso, uma obrigação. Daí o art. 139 do CTN declarar expressamente que um tem a mesma natureza do outro. Assim, como o crédito tributário correspondente à obrigação tributária e esta é constituída de tributo e de penalidade pecuniária, a conclusão lógica, e a única possível, é que a penalidade é crédito tributário. Estabelecidas essas premissas, o próximo passo é verificar o tratamento dispensado pela Legislação às hipóteses em que o crédito não é liquidado na data de vencimento. 1 Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Fl. 1235DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 16682.721207/201191 Acórdão n.º 9303003.480 CSRFT3 Fl. 230 5 Primeiramente, temse a norma geral estabelecida no Código Tributário Nacional, mais precisamente no caput do 2art. 161, o qual dispõe que, o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. Essa norma geral, por si só, já seria suficiente para assegurar a incidência de juros moratórios sobre multa não paga no prazo de vencimento, pois disciplina especificamente o tratamento a ser dado ao crédito não liquidado no tempo estabelecido pela legislação tributária, mas o legislador ordinário, para não deixar margem à interpretação que discrepasse desse entendimento, foi preciso ao estabelecer que o crédito decorrente de penalidades que não forem pagos no respectivo vencimento estarão sujeitos à incidência de juros de mora. Essa previsão consta, expressamente, do art. 43 da Lei 9.430/1996, que se transcreve linhas abaixo. Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da leitura do dispositivo acima transcrito, concluise que o crédito tributário, relativo à penalidade pecuniária, constituído de ofício, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em síntese, temse que o crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento Diante de todo o exposto voto pelo não provimento do Recurso Especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas 2 Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Fl. 1236DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 16682.721207/201191 Acórdão n.º 9303003.480 CSRFT3 Fl. 231 6 Fl. 1237DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS
score : 1.0
Numero do processo: 11040.720774/2011-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/12/2009
COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES.
A inconstitucionalidade do art. artigo 1º da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo STF no RE nº 363.852/MG, não se estende à Lei nº 10.256, de 2001.
INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Recurso Especial do Procurador provido
Numero da decisão: 9202-004.017
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez, que negaram provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 23/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 30/12/2009 COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES. A inconstitucionalidade do art. artigo 1º da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo STF no RE nº 363.852/MG, não se estende à Lei nº 10.256, de 2001. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Recurso Especial do Procurador provido
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1794; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 257 1 256 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11040.720774/201161 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.017 – 2ª Turma Sessão de 12 de maio de 2016 Matéria Subrogação da produção rural Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado EFEGE ARMAZENAMENTO,TRANSPORTE DE CARGAS E ADMINISTRAÇÃO DE BENS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 30/12/2009 COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES. A inconstitucionalidade do art. artigo 1º da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo STF no RE nº 363.852/MG, não se estende à Lei nº 10.256, de 2001. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Recurso Especial do Procurador provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez, que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 72 07 74 /2 01 1- 61 Fl. 257DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 EDITADO EM: 23/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de Autos de Infração referentes a contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição de produção rural de produtor rural pessoa física, nas competências 01/2008, 07/2008, 12/2008, 03/2009, 06/2009 e 11/2009, bem como a contribuições para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, incidentes sobre a aquisição de produção rural de produtor rural pessoa física, nas competências 02/2008, 04/2008, 05/2008 e 07/2008. Em sessão plenária de 15/08/2012, foi dado provimento ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2803001.748 (fls. 255 a 263), assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 30/12/2009 PRODUTOR RURAL. SUBROGAÇÃO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO PLENO DO SUPREMO TRIBUNAL. REPERCUSSÃO GERAL. No julgamento do RE 363.852/MG e 596.177/RS, em sede de repercussão geral, a Suprema Corte decidiu pela inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97. Aplicabilidade do art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela portaria MF nº 256 de 22 de junho de 2009. Inexistência de fato gerador. Recurso Voluntário Provido." O processo foi encaminhado à PGFN em 30/08/2012 (Despacho de Encaminhamento de fls. 202) e, em 02/10/2012, foram opostos os Embargos de Declaração de fls. 203 a 211 (Despacho de Encaminhamento de fls. 212), rejeitados conforme Despacho de Admissibilidade de Embargos nº 2803052, de 18/03/2013(fls. 214/215). Encaminhado o processo à PGFN em 26/03/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 216), em 04/04/2013 foi interposto o Recurso Especial de fls. 217 a 229 (Despacho de Encaminhamento de fls. 230), com fundamento no artigo 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando Fl. 258DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720774/201161 Acórdão n.º 9202004.017 CSRFT2 Fl. 258 3 rediscutir a extensão, à Lei nº 10.256, de 2001, da inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo STF no RE nº 363.852/MG. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 413/2013, de 30/07/2013 (fls. 231 a 234). Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: em primeiro lugar, cabe apontar que o lançamento foi efetuado com lastro na Lei nº 10.256, de 09/07/2001 (DOU de 10/07/2001), conforme consta do Auto de Infração Item 214; feitas essas considerações iniciais, cumpre transcrever o acórdão da Suprema Corte que balizou o entendimento da decisão hostilizada: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO PRESSUPOSTO ESPECÍFICO VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO ANÁLISE CONCLUSÃO.Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adota entendimento quanto à matéria de fundo do extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS SUBROGAÇÃO LEI Nº 8.212/91 ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 UNICIDADE DE INCIDÊNCIA EXCEÇÕES COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Aplicação de leis no tempo considerações." (RE 363852, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 03/02/2010, DJe071 DIVULG 22042010 PUBLIC 23042010 EMENT VOL0239804 PP00701 RET v. 13, n. 74, 2010, p. 4169) da análise da ementa do julgado é possível depreender como determinante à conclusão da Corte Constitucional, no que interessa à presente lide, a necessidade de lei complementar para instituição da contribuição, à luz do art. 195, § 4º, da Constituição; nesse contexto, o posicionamento da Corte referiuse ao entendimento de que a exigência de lei complementar decorreria do art. 195, § 4º, da Constituição (na sua redação original, antes do advento da EC nº 20/1998), uma vez que a base econômica sobre a qual incide a contribuição não estaria prevista na Constituição na data de sua instituição pela Lei nº 8.540/92; Fl. 259DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 sendo assim, por se tratar de exercício da competência tributária residual da União, imprescindível a utilização de lei complementar para instituição da contribuição previdenciária; aduziuse que o texto constitucional, até a edição da Emenda Constitucional nº 20 de 1998, não previa a receita como base tributável, existindo tão somente a alusão ao faturamento, lucro e folha de salários no inciso I do art. 195; portanto, como a Lei nº 8.540/92, alterando o disposto no art. 25 da Lei 8.212/91, fixou a base de cálculo da contribuição como sendo a "receita bruta proveniente da comercialização" da produção rural, teria havido afronta ao texto constitucional, "até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição"; o fundamento jurídico adotado pelo acórdão citado como basilar da decisão ora hostilizada demonstra, às escâncaras, que apenas foi abordada no julgamento a constitucionalidade da redação do art. 25 da Lei nº 8.212/91 conferida pela Lei nº 8.540/92; noutros termos, a Lei nº 8.540, editada em 1992, alterou o artigo 25 da Lei nº 8.212/91; o dispositivo modificou a contribuição devida pelo empregador rural pessoa física, substituindo as contribuições incidentes sobre a folha de pagamento por aquela incidente sobre a comercialização da produção rural; apenas essa lei Lei nº 8.540, de 1992 foi objeto da decisão proferida no RE nº 363.852/MG, fundamento da decisão ora recorrida, tendo decidido o Supremo Tribunal Federal pela sua inconstitucionalidade; ocorre que a Suprema Corte não se pronunciou sobre a atual redação do art. 25 da Lei nº 8.212/91 a qual, hodiernamente, dá suporte para a cobrança da contribuição; portanto, atualmente, a contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física é recolhida com base na redação do art. 25 da Lei nº 8.212 conferida pela Lei nº 10.256, de 2001 cuja constitucionalidade não foi apreciada pelo STF; isso porque, nos termos do RE nº 363.852/MG, a superveniência de lei ordinária, posterior à EC nº 20 de 1998, seria suficiente para afastar a pecha de inconstitucionalidade da contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física; com a edição da Lei nº 10.256, no ano de 2001, sanouse o referido vício; nesse sentido, acerca do tema há o recente posicionamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região na APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007.70.03.0049589/PR, que declarou a constitucionalidade dessa norma e, consequentemente, a constitucionalidade da cobrança da contribuição rural após 2001: "TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA EMPREGADOR. LEGITIMIDADE ATIVA. COMPENSAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUMULAS 512 DO STF E 105 DO STJ. 1 A jurisprudência é uníssona no sentido de reconhecer a legitimidade ativa ad causam da empresa Fl. 260DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720774/201161 Acórdão n.º 9202004.017 CSRFT2 Fl. 259 5 adquirente/consumidora/consignatária e da cooperativa para discutir a legalidade da contribuição para o Funrural. 2 O substituto tributário carece de legitimidade para compensar ou repetir o indébito, porquanto o ônus financeiro não é por ele suportado. 3 O STF, ao julgar o RE nº 363.852, declarou inconstitucional as alterações trazidas pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92, eis que instituíram nova fonte de custeio por meio de lei ordinária, sem observância da obrigatoriedade de lei complementar para tanto. 4 Com o advento da EC nº 20/98, o art. 195, I, da CF/88 passou a ter nova redação, com o acréscimo do vocábulo "receita". 5 Em face do novo permissivo constitucional, o art. 25 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 10.256/01, ao prever a contribuição do empregador rural pessoa física como incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, não se encontra eivado de inconstitucionalidade." logo, nesse ponto, da subrogação, com a edição de lei posterior à EC nº 20/98 (Lei nº 10.256/2001), que já foi inclusive considerada constitucional perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a contribuição sobre a produção dos empregadores rurais pessoas físicas foi retomada; dessa forma, não foi declarada a inconstitucionalidade da subrogação após a edição da lei nova (Lei nº 10.256/2001) a que se referiu o Relator em seu pronunciamento constante do acórdão a que faz referência a decisão hostilizada (RE nº 363.852/MG); como é possível perceber da leitura do citado acórdão proferido pela Suprema Corte, a subrogação em si mesma considerada não foi declarada inconstitucional; o referido dispositivo continua tendo utilidade prática em relação aos tributos recolhidos pelos segurados especiais e dos empregadores rurais depois da edição da Lei nº 10.256/2001, que adequou a técnica de tributação à nova redação constitucional; vejase que, no RE nº 363.852/MG, o Supremo Tribunal não estava processualmente autorizado a analisar a manutenção ou não da vigência das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97 sob a égide (após) da Emenda Constitucional nº 20/98, porque o objeto processual analisado no recurso extraordinário era apenas a invalidação das relações jurídicas tributárias inter partes e a declaração apenas incidental de invalidade das normas jurídicas tributárias impugnadas perante o texto originário; a Corte, no referido RE 363.852/MG, também não examinou o art. 25 com a redação dada pelas leis ordinárias posteriores à Emenda Constitucional nº 20/98 porque estas também não integravam o objeto processual delimitado na petição inicial, dentre as quais se insere a Lei nº 10.256/2001, que fundamentou o lançamento; logo, invocado o art. 62, inciso I, do RICARF, era e é nesses precisos limites nos quais deveria gizarse o julgado ora hostilizado; Fl. 261DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 nesse teor, vejase que a Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, já sob a égide do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, já decidiu sobre os estreitos limites do controle de constitucionalidade efetivado na via incidental: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/12/1999 a 31/01/2000, 31/03/2000 a 31/12/2000,28/02/2001 a 31/03/2001, 31/08/2001 a 30/09/2001, 01/11/2001 a 30/11/2001, 01/10/2002 a 31/10/2002, 31/12/2002 a 30/06/2003, 31/08/2003 a 30/09/2003. REGIME DA CUMULATIVIDADE. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. DECISÃO DO STF. REVOGAÇÃO EXPRESSA DO ART. 3º, § 1º, LEI Nº 9.718/98 PELA LEI Nº 11.941, de 28/05/2009. Não promulgada ainda resolução do Senado Federal estendendo a todos os contribuintes os efeitos de decisão do STF que considerou inconstitucional o alargamento da base de cálculo das contribuições, é de se aplicar a lei ainda em vigor à época da ocorrência dos períodos de apuração, qual seja, de que a base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins é a receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. SÚMULA Nº 2. O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. No caso, alegada a inconstitucionalidade do art. 56 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que revogou a isenção da Cofins das sociedades civis de profissão regulamentada. (...) Recurso Voluntário Provido em Parte." (acórdão nº 340100387, processo administrativo nº 10580.011972/200351). delineado esse contexto, no qual ainda não superada a divergência jurídica na seara judicial, uma vez que a União vem defendendo a possibilidade e a constitucionalidade do instituto da subrogação diante do advento da Lei nº 10.256/2001, mesmo após o RE nº 363.852/MG, o que inclusive já foi acatado por diversos órgãos julgadores do Poder Judiciário, como é o caso do TRF da 4ª Região, não poderia o Colegiado valerse do disposto no art. 62, inciso I, do RICARF; registrese que não se olvida a existência de repercussão geral sobre o tema, Recurso Extraordinário nº 596.177; diante do julgamento realizado em 1º/08/2011, foi noticiada no sítio eletrônico do Supremo Tribunal Federal a seguinte informação: "Segundafeira, 01 de agosto de 2011 Fl. 262DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720774/201161 Acórdão n.º 9202004.017 CSRFT2 Fl. 260 7 Empregador rural pessoa física não precisa recolher contribuição sobre receita bruta Por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve jurisprudência firmada anteriormente e deu provimento, nesta segundafeira (1º), ao Recurso Extraordinário (RE) 596177 para declarar a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei 8.540/92, que determina o recolhimento, para a Previdência Social, da contribuição incidente sobre a comercialização da produção rural (antigo Funrural) por empregador rural pessoa física, com alíquota de 2% sobre a receita bruta de sua produção. Na decisão, que seguiu o voto do relator, ministro Ricardo Lewandowski, a Suprema Corte declarou a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei 8.540/92, que deu nova redação a dispositivos da Lei 8.212/91. O Plenário determinou, também, a aplicação desse mesmo entendimento aos demais casos que tratem do mesmo assunto. Com isso, rejeitou pedido da União para que, caso desse provimento ao recurso, modulasse a decisão para que não se aplicasse a todos os casos. O caso O recurso foi interposto pelo produtor rural Adolfo Angelo Marzari Junior contra acórdão (decisão colegiada) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que, ao negar provimento a apelação em mandado de segurança, entendeu ser constitucional essa contribuição sobre a receita bruta, nos termos do artigo 25 da Lei nº 8.212/91, após alteração promovida pela Lei nº 8.540/92. Ele alegou ofensa aos artigos 195, parágrafo 4º, e 154, inciso I, da Constituição Federal. Em síntese, argumentou que tal recolhimento significaria desrespeito ao princípio constitucional da igualdade, pois, além de contribuir para a Previdência sobre a folha de seus empregados como as pessoas jurídicas , ainda teria que recolher a contribuição sobre a receita bruta de sua produção, exigência essa que não é feita a nenhum outro segmento. Além disso, como se trata de uma nova base de contribuição, o recorrente sustentou que essa somente poderia ser instituída por lei complementar, e não por lei ordinária, como é o caso da norma contestada e por diversas outras que a validaram posteriormente, até a Lei 10.256/2001. Repercussão geral O RE foi protocolado no STF em dezembro de 2008 e, em setembro de 2009, o Plenário Virtual da Suprema Corte reconheceu a existência de repercussão geral* na questão constitucional nele suscitada. Em junho de 2010, o relator, ministro Ricardo Lewandowski, concedeu liminar, dando efeito Fl. 263DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 suspensivo ao recurso, até julgamento de seu mérito. Com isso, nesse período, o autor do RE já ficou dispensado do recolhimento do tributo. Na decisão de hoje, o Plenário se apoiou em sua decisão de 3 de fevereiro do ano passado, quando, no julgamento do Recurso Extraordinário 363852, relatado pelo ministro Marco Aurélio, declarou a inconstitucionalidade do mesmo dispositivo. A ProcuradoriaGeral da República manifestouse pelo provimento do recurso." como se vê, nada a agasalhar o entendimento ventilado na decisão recorrida que estribou seu posicionamento no art. 62, inciso I, do RICARF e não utilizou o entendimento ventilado no acórdão proferido pelo STF no RE nº 363.852/MG como mero subsídio; assim, ainda que se valendo do disposto no art. 62A do RICARF, o CARF deve aterse aos estritos limites objetivos da demanda, não sendo lícito fazer ilações para, mediante interpretação extensiva, alcançar situações não previstas, não alijadas pela pecha de inconstitucionalidade e assim declaradas pelo Poder incumbido pela Constituição Federal de tal mister; tal situação se revela ainda de maior gravidade quando se constata que a decisão utilizada como parâmetro de referência foi tomada em controle incidental de constitucionalidade, com efeitos inter partes, portanto, antes da edição de Resolução pelo Senado Federal; logo, por todas as razões acima expostas, impõese a reforma do aresto, de forma a restabelecer a decisão de primeira instância, mantendose o lançamento em sua integralidade. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e o provimento de sue recurso. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento em 04/03/2015 (fls. 239), a Contribuinte ofereceu, em 19/03/2015 (fls. 255), as Contrarrazões de fls. 243 a 249, contendo os seguintes argumentos, em síntese: não merecem acolhida as razões de Recurso Especial apresentadas pela Fazenda Nacional, eis que dissonantes do melhor direito, daquilo que verdadeiramente assentou o Supremo Tribunal Federal, e do entendimento mais moderno do próprio CARF; os valores lançados, a toda evidência, são correspondentes a tributos/obrigações declaradas como inconstitucionais, sendo, portanto, inexigíveis, o que torna absolutamente sem efeito os autos de infração lavados; cumpre apontar que essa questão já restou debatida junto ao Supremo Tribunal Federal, por meio do julgamento do RE 363.852, o qual, por entender que a contribuição representa uma dupla tributação, declarou a inconstitucionalidade do artigo 1º, da Lei n°. 8.540, de 1992, que deu nova redação aos artigos 12, inciso V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n.° 8.212/91; em momento posterior, durante sessão plenária realizada em 17/03/2011, o STF ratificou o seu posicionamento e manteve o entendimento sobre a inconstitucionalidade Fl. 264DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720774/201161 Acórdão n.º 9202004.017 CSRFT2 Fl. 261 9 dos dispositivos legais supramencionados, ao rejeitar os embargos de declaração da União Federal no RE n°. 363.852; tais embargos, ao contrário do que pretende a recorrente, foram apresentados com o objetivo de que se declarasse que a Lei n.º 10.256/2001, que alterou parte do artigo 25, da Lei n.° 8.212/91, havia sanado a inconstitucionalidade. todavia, o posicionamento do ministro relator, Marco Aurélio Mello, foi no sentido de que como a referida lei somente modificou o caput do artigo 25, mantendo a alíquota e a base de cálculo da contribuição, não houve alteração no que se refere à inconstitucionalidade da cobrança do Funrural; em suma, até hoje, padecem de inconstitucionalidade referidos dispositivos; ademais, quando do julgamento do RE 596.177/RS, foi declarada novamente a inconstitucionalidade, em sede de repercussão geral, tendo em vista a exigência de dupla tributação caso o produtor rural seja empregador e também pela necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social; tal posicionamento foi confirmado em 17/10/2013 pelo Supremo Tribunal Federal ao analisar os embargos de declaração opostos pela União, fato omitido pela ora recorrente, de sorte que o mérito já foi amplamente debatido e esgotado; assim, como se não fosse suficiente o absurdo de exigir o recolhimento de tributo declarado inconstitucional pelo E. STF, é de rigor observar que a decisão assim declarou também o art. 30, IV, da Lei 8.212/91, que dispunha o seguinte: "Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (...) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a"do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento;" tendo isso em vista, por apreço ao princípio da economia processual, em prol da unicidade dos julgados e, especialmente, por medida de justiça, deve esse Douto Órgão Julgador, observando a inconstitucionalidade declarada com repercussão geral , manter a decisão a quo, evitando, desta forma, que a discussão necessite ir até o Poder Judiciário; frisese, também, que os argumentos ora expostos estão na linha do que vem entendendo hodiernamente o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, a saber: Fl. 265DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 10 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2004 a 30/07/2006 MPF. RECEBIMENTO PELO CONTADOR. VALIDADE. Em acordo com a Teoria da Aparência, não há nulidade do MPF diante da intimação do contador da empresa ao invés de seu representante legal, se aquele se coloca como investido de autorização para recebêla, bem como conhece os fatos a serem examinados pela fiscalização (art. 23 do Decreto n°. 70.235/72). TIAF. INEXIGIBILIDADE. O TIAF é inexigível desde 18 de dezembro de 2003, com o advento da Instrução Normativa INSS/DC n°. 100. Não há necessidade de expedição de dois instrumentos, o TIAF e o MPF, quando ambos têm o mesmo objetivo, de informar ao contribuinte que se encontram sob auditoria fiscal. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. VALIDADE DE INTIMAÇÃO. Inexiste cerceamento ao direito de defesa da empresa apontada como responsável solidária pelo débito, se devidamente intimada para se manifestar acerca da autuação contra ela lavrada. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO PRODUTOR RURAL. INCIDÊNCIA SOBRE A RECEITA BRUTA DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. OBRIGAÇÃO DO ADQUIRENTE DE RETER E RECOLHER A CONTRIBUIÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. Reconhecida por decisão do plenário do STF, transitada em julgado, a inconstitucionalidade da contribuição devida pelo produtor rural e segurado especial sobre a receita bruta da comercialização da sua produção, bem como a obrigação do adguirente de efetuar a retenção e o recolhimento, pode o CARF aplicála, afastando as obrigações com fulcro na referida contribuição. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. Constatada a existência de grupo econômico de fato, não há como ser afastada a solidariedade imposta pelo artigo 30, IX da Lei n° 8.212/1991. NÃO DECLARAÇÃO EM GFIP DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. A apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, constituía, à época da infração, violação ao art. 32, IV, §3° da Lei 8.212/91, ensejando a aplicação da multa prevista no art. 32, §5° da mesma Lei. A penalidade prevista no art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/91, incluído pela Lei n° 11.941/2009, pode retroagir para beneficiar o contribuinte, sendolhe mais benéfica. (CARF. 1a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 2a Seção. 13116.001044/200786. Julgado em janeiro de 2012. Grifamos) no mesmo sentido encontramos julgados do CARF do ano de 2014, tais como o Acórdão nº 2803002.920 3a Turma Especial, julgado em 21/01/2014, todos, Fl. 266DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720774/201161 Acórdão n.º 9202004.017 CSRFT2 Fl. 262 11 portanto, muito mais recentes dos que os paradigmas apontados no recurso da Fazenda Nacional; destarte, como bem restou consignado no voto do acórdão recorrido, "(...) decretada a inconstitucionalidade pelo STF, inexiste fato gerador (...)" em tal caso, não havendo, portanto, de se cogitar a validade dos lançamentos fiscais. Ao final, a Contribuinte pede a manutenção do acórdão recorrido. Voto Conselheira MARIA HELENA COTTA CARDOZO O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de Auto de Infração em que são exigidas Contribuições Sociais Previdenciárias incidentes sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural adquirida de produtores rurais pessoas físicas, cuja responsabilidade pelo recolhimento é da autuada, na qualidade de pessoa jurídica adquirente, nos termos da Lei nº 10.256, de 2001 (subrogação). Os valores são referentes ao período de 01/2008 a 11/2009, portanto exigidos já sob a égide da Lei nº 10.256, de 2001, sobre a qual até o momento não paira qualquer restrição acerca de sua constitucionalidade. Destarte, tendo em vista que esta foi a única matéria do acórdão recorrido, do Recurso Especial e das Contrarrazões oferecidas tempestivamente, não há como sequer discutirse a suposta inconstitucionalidade da Lei nº 10.256, de 2001, em face de determinação expressa da Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ainda que se pudesse discutir a constitucionalidade de dispositivo legal vigente e não declarado inconstitucional pelo STF o que se admite apenas para argumentar a decisão no RE nº 363.852/MG não deixa dúvidas acerca da impossibilidade de estenderse à Lei nº 10.256, de 2001, editada após a Emenda Constitucional nº 20/98, a inconstitucionalidade declarada em relação ao art. 1º da Lei nº 8.540, de 1992, como se naquela assentada o Excelso Pretório tivesse condenado o instituto da substituição tributária da contribuição previdenciária do produtor agrícola de forma ampla, estendendo seus efeitos a legislação superveniente, editada após a Emenda Constitucional nº 20/98. Esclareçase que no Recurso Extraordinário nº 363.852/MG, discutiuse a constitucionalidade da contribuição exigida com base no art. 25 da Lei n° 8.212, de 1991, com a redação dada pelas Leis nºs 8.540, de 1992, e 9.528, de 1997, incidente sobre o valor da comercialização da produção rural, apenas quanto à sua extensão ao empregador rural pessoa física. Nesse passo, decidiuse que tal inovação não encontrava respaldo na Carta Magna, até a Emenda Constitucional 20/98. Referido precedente foi adotado em regime de repercussão Fl. 267DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 12 geral, por meio do julgamento do Recurso Extraordinário nº 596.177/RS (art. 543B do Código de Processo Civil), cuja ementa a seguir se transcreve: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. (RE 596177, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO, DJe165 de 29082011) Com a entrada em vigor da Lei nº 10.256, de 2001, editada já sob a égide da Emenda Constitucional nº 20/98, passaram a ser devidas as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, às alíquotas de 2% e 0,1%, incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, nos termos assinalados no art. 25, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela lei superveniente. No presente caso, repitase que o período objeto da autuação encontrase integralmente coberto pela regência da Lei nº 10.256, de 2001, não havendo que se falar em inconstitucionalidade da exação, já que ela decorre diretamente da nova norma inserida no ordenamento jurídico, e não dos enunciados das Leis nºs 8.540, de 1992 e 9.528, de 1997, declarados inconstitucionais pelo STF. Destarte, a exigência pela sistemática de subrogação, descrita no art. 30, IV, da Lei nº 8212, de 1991, também encontrase devidamente amparada pela legislação, já que o Supremo Tribunal Federal não se pronunciou acerca de eventual vício de inconstitucionalidade a maculála. Confirase o voto do Min. Marco Aurélio: "Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.” Com efeito, a referência ao termo “subrrogação”, e ao “inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91”, somente teve lugar na conclusão do acórdão, quando o Sr. Min. Relator desobriga os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu Fl. 268DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720774/201161 Acórdão n.º 9202004.017 CSRFT2 Fl. 263 13 recolhimento por subrrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate. Por fim, ressaltese que a exigência das contribuições do adquirente, consumidor, consignatário ou cooperativa, foi determinada pelo inciso III, do art. 30, da Lei nº 8.212, de 1991, que não foi questionado ou mesmo mencionado na declaração de inconstitucionalidade proferida no RE nº 363.852/MG, permanecendo vigente e eficaz, inclusive em relação ao empregador rural pessoa física, após a publicação da Lei nº 10.256, de 2001, portanto produzindo todos os efeitos jurídicos. Corroborando o entendimento de que a inconstitucionalidade de que se trata não se estendeu à Lei nº 10.256, de 2001, como aventou o acórdão recorrido, colacionase a ementa dos Embargos de Declaração no RE n° 596.177/RS: "Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDAMENTO NÃO ADMITIDO NO DESLINDE DA CAUSA DEVE SER EXCLUÍDO DA EMENTA DO ACÓRDÃO. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DE MATÉRIA QUE NÃO FOI ADEQUADAMENTE ALEGADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO NEM TEVE SUA REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU OMISSÃO EM DECISÃO QUE CITA EXPRESSAMENTE O DISPOSITIVO LEGAL CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL. I Por não ter servido de fundamento para a conclusão do acórdão embargado, excluise da ementa a seguinte assertiva: 'Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador' (fl. 260). II A constitucionalidade da tributação com base na Lei 10.256/2001 não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida. III Inexiste obscuridade, contradição ou omissão em decisão que indica expressamente os dispositivos considerados inconstitucionais. IV Embargos parcialmente acolhidos, sem alteração do resultado.' (RE 596.177 ED, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/10/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe‑ 226 DIVULG 14‑ 11‑ 2013 PUBLIC 18‑ 11‑ 2013)" Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, para reformar o acórdão recorrido, restabelecendose a exigência contida na autuação. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 269DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 14 Fl. 270DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
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Numero do processo: 19515.722657/2013-82
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
OMISSÃO DO JULGAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre matéria impugnada capaz de, em tese, culminar no cancelamento do auto de infração.
Numero da decisão: 3402-003.047
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para anular o acórdão de primeira instância. A Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula votou pelas conclusões, em razão de entender que o art. 50, § 1º da Lei nº 9.784/99 autoriza o uso de decisões proferidas em outro processo. Presenciaram o julgamento o Dr. Ricardo Mariz de Oliveira, OAB/SP 15.759, advogado da recorrente, e o Dr. Pedro Augusto Junger Cestari, Procurador da Fazenda Nacional.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre matéria impugnada capaz de, em tese, culminar no cancelamento do auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para anular o acórdão de primeira instância. A Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula votou pelas conclusões, em razão de entender que o art. 50, § 1º da Lei nº 9.784/99 autoriza o uso de decisões proferidas em outro processo. Presenciaram o julgamento o Dr. Ricardo Mariz de Oliveira, OAB/SP 15.759, advogado da recorrente, e o Dr. Pedro Augusto Junger Cestari, Procurador da Fazenda Nacional. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 26 57 /2 01 3- 82 Fl. 2325DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Ribeirão Preto/SP, que julgou improcedente a impugnação apresentada pela Contribuinte sobre a cobrança de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou Relativa a Títulos ou Valores Mobiliários (“IOF”), consubstanciada no auto de infração em questão. Tal autuação versa, em apertada síntese, sobre operações entre empresas do mesmo grupo em 2009, sem o respectivo recolhimento do IOF, no importe de R$ 19.040.827,96, incluídos o principal, multa de ofício e juros de mora. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, com riqueza de detalhes, colaciono os principais trechos do acórdão recorrido in verbis: I) DA AUTUAÇÃO Consoante Termo de Verificação Fiscal (TVF), fls. 18571868, a Fiscalização constatou que: "(...) Diante do que foi apresentado pelo sujeito passivo, foi observado que a movimentação financeira, embora incompatível com a receita declarada, estava integralmente escriturada e de forma detalhada, sendo possível identificar que a movimentação financeira teve como origem basicamente entradas de recursos originados de empréstimos obtidos em instituições financeiras (de diversos tipos como: empréstimos bancários, capital de giro, adiantamento para futuro aumento de capital, adiantamento de contrato de câmbio etc) e de empresa ligada (particularmente a ODEBRECHT S/A). As saídas de recursos, por sua vez, eram destinadas a pagamentos relacionados às atividades próprias da fiscalizada, mas as saídas mais significativas estão relacionadas a empresas ligadas. Para controlar esse fluxo de recursos que entravam no seu patrimônio e que posteriormente eram direcionados a empresas coligadas e controladas, foram adotados, na contabilidade, diversas formas de registro. Parte dos valores era escriturado como adiantamento para futuro aumento de capital (AFAC), parte como contacorrente (contas 1.2.2.3.02 e 1.2.2.3.03) e parte como notas de crédito (1.1.3.3.01 e 1.1.3.3.03). Ainda foi observado que a fiscalizada incorreu em despesas financeiras incompatíveis com o montante de sua renda, sendo o valor informado em DIPJ 2010 correspondente a quase/60% da receita bruta do período. Também foi constatado que as únicas receitas da fiscalizada no ano de 2009 estavam relacionadas a exportação para empresa MALDEN OVERSEAS, também pertencente ao grupo ODEBRECHT e situada nas Ilhas Virgens Britânicas (local com tributação favorecida). (...) DAS INFRAÇÕES A LEGISLAÇÃO FISCAL Fl. 2326DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 19515.722657/201382 Acórdão n.º 3402003.047 S3C4T2 Fl. 112 3 1. Do IOF Incidente Sobre os Saldos Diários das Contas Correntes com Coligadas Conforme constou do relato acima, o sujeito passivo, durante o ano de 2009, escriturou repasse de recursos para suas coligadas feitos em razão de contratos de "contacorrente" em contas de Exigível a Longo Prazo (1.2.2.3.02 Outras Contas a Receber Créditos com Acionistas Conta Corrente com Controladas). Durante todo o ano de 2009, o saldo dessas contas jamais foi credor. Aliás, cumpre notar que o sujeito passivo mantém em sua escrituração contábil conta de mesma natureza registrada em seu Passivo Realizável a Longo Prazo, mas, nesse caso, a conta serve para registrar a "contacorrente" que mantém com sua controladora. Diferentemente da conta do Ativo Realizável a Longo Prazo que mantém com suas controladas, o saldo da conta com a controladora teve, durante o ano de 2009, sempre saldo credor. Essa forma de escrituração denota que, em princípio, as contas com as controladas são relativas a direitos e a conta com a controladora referese a obrigação. O exame mais detalhado das operações demonstrou que, de fato, a fiscalizada recebe recursos de sua controladora ou os obtém em instituições financeiras e os repassa para suas controladas ora através do chamado "contrato de conta corrente" ora por outras formas, como adiantamento para futuro aumento de capital ou como notas de crédito. Ao ser intimada sobre as tais "contascorrentes" mantidas com suas controladas, o sujeito passivo disse que se trata de forma de constituir "caixa único" para "permitir a eficiência da gestão financeira da ETH BIOPAR e suas controladas". Em verdade, não se trata de um contrato de contacorrente ou de caixa único como pretende o sujeito passivo, mas de forma de suprir as coligadas com os recursos necessários seja à implementação ou ampliação de suas atividades, seja para suas operações correntes. Tal se evidencia pelo simples exame dos registros contábeis. (...) Ainda se deve considerar que o contrato de ContaCorrente e Caixa Único que lastreia todas as operações aqui abordadas é único, ou seja, as coligadas da fiscalizada aderem ao contrato aceitando a gestão da conta pela controladora. Desse modo, de um lado temos a gestora do chamado "caixa único" e de outro as controladas, que deveriam disponibilizar recursos e também poderiam se beneficiar dos disponíveis na conta comum. Se esse contrato fosse considerado em sua totalidade, abstraindo que cada partícipe do contrato tem seu próprio patrimônio e sua própria personalidade, veríamos que a conta sintética 1.2.2.3.02 teve saldo devedor em cada um dos dias dos dias de 2009, o que evidencia que a controladora utiliza o "caixa único" como forma de financiar suas controladas. Fl. 2327DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 4 Eis, portanto, o ponto fundamental: em verdade, a conta corrente não tem outra finalidade senão o de financiar as operações das empresas controladas. A situação é tão notória que, em 2012, a auditoria independente feita pela Pricewaterhouse Coopers fez a seguinte observação às fls. 40/41 do relatório relativo ao período encerrado em 31/03/2012 (Notas Explicativas) quando está tratando do Ativo Circulante Partes Relacionadas Usina Conquista do Pontal ("UCP") e do Ativo Não Circulante Partes Relacionadas ETH Bio Par/UCP (...) “0 chamado "caixa único", em verdade, não tem por finalidade facilitar relações comerciais entre as empresas, pois, de acordo com a escrituração contábil, os valores comercializados pela ETH Bio (atualmente Odebrecht Agroindustrial) são ínfimos se comparados ao volume dos recursos movimentados entre a empresas. Além disso, se houvesse de fato relação entre o "caixa único" e a comercialização de bens, evidentemente haveria lançamentos contábeis envolvendo a aquisição de produtos, "contas a pagar" e o "caixa único", mas não existe um só lançamento relacionado a aquisição de produtos que possua ligação com o "caixa único". A aquisição de produtos para comercialização pelo sujeito passivo, como regra, era debitada a conta de estoques em poder de terceiros e creditada a conta de fornecedores "Intercompany". Esta, por sua vez, era baixada contra a conta de "Banco Santader/Banespa", ou seja, as aquisições de produtos para revenda não era feita através do "caixa único", mas sim pago diretamente ao fornecedor. Esse aspecto demonstra claramente que a finalidade do "caixa único" não está relacionado à atividade comercial, mas sim ao financiamento das controladas pela controladora mediante a entrega de recursos em dinheiro feito através de transferências bancárias, e, tratandose de operação de crédito, existe a incidência do IOF sobre os saldos diários dos valores disponibilizados para as controladas.” (...) Diante do exposto, concluise que o sujeito passivo realizou operação de crédito na condição de mutuante ao disponibilizar recursos para suas controladas através de contacorrente ajustado entre as partes como "Contrato de Conta Corrente e Caixa Único" cujos saldos estão controlados na conta sintética 1.2.2.3.02 Conta Corrente com Controladas e suas sub contas (1.2.2.3.02.03 ETH Participações S/A; 1.2.2.3.02.04 Destilaria Alcídia S/A; 1.2.2.3.02.05 Pontal Agropecuária S/A; 1.2.2.3.02.06 UCP Usina Conquista do Pontal S/A; 1.2.2.3.02.07 – AgroEnergia Santa Luzia; 1.2.2.3.02.08 Rio Claro Agroindustrial S/A; 1.2.2.3.02.09 Usina Eldorado Ltda; 1.2.2.3.02.12 Malden Overseas Corp). De forma a apurar as bases de cálculo, esta fiscalização extraiu do SPED Contábil o razão com consolidação diária de lançamentos das contas analíticas acima citadas, restando Fl. 2328DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 19515.722657/201382 Acórdão n.º 3402003.047 S3C4T2 Fl. 113 5 apurados os seguintes valores, cujo demonstrativo de apuração consta do Anexo 1 a este Termo. 2. Do IOF Incidente Sobre os Adiantamentos para Aumento de Capital Foi constatado que o sujeito passivo escriturou o repasse de recursos para suas coligadas em conta de ativo relacionada adiantamento para futuro aumento de capital (AFAC). A conta sintética 1.2.2.3.01 ADIANTAMENTO PI FUTURO AUMENTO DE CAPITAL possui duas subcontas: 1.2.2.3.01.06 – ETH PARTICIPAÇÕES S/A e 1.2.2.3.01.02 DESTILARIA ALCÍDIA S/A. Ambas as contas estavam com saldo igual a zero no final de 2009, porém, os movimentos dessas contas, conforme se demonstrará aqui, revelam que os recursos entregues para as controladas não tinham, em sua quase totalidade, finalidade de aumentar o capital nas investidas, mas se tratava, sim, de forma de EMPRÉSTIMO. (...) O sujeito passivo foi intimado a comprovar a origem dos valores registrados nas tais "contascorrentes escriturais" e apresentou Instrumento Particular de Cessão e Transferência de Crédito em que as empresas investidas reconhecem a existência de crédito da ETH PAR frente a elas e a ETH PAR reconhece a existência de CRÉDITO em favor da fiscalizada, desse modo, as investidas UCP, Santa Luzia e Rio Claro assumiam como dívidas os valores que foram entregues à ETH PARTICIPAÇÕES S/A. Como se pode constatar, existe certeza de que o montante de R$ 151.388.358,36 não é relativo a AFAC na ETH Participações, pois foram assumidos como dívida por terceiros. Também é possível enxergar a operação como uma devolução dos recursos entregues para futuro aumento de capital na ETH Participações, pois o contrato apresentado deixa claro uma "transferência de crédito" entre ETH BIO (fiscalizada) e a ETH PAR e os valores créditos transferidos serviram exatamente para reduzir o saldo da conta de AFAC, ou seja, na prática, é como se os recursos entregues para aumento de capital tivesse sido devolvidos. Mas os AFAC tiveram outro estorno importante que foi realizado em 31/05/2009 sob o histórico "VALOR DEVOLUÇÃO DE PARTE DO AFAC CF CONTRATO DE ASSUNÇÃO DE DIVIDA". Esse lançamento feito a crédito na conta 1.2.2.3.01.06, embora tenha como contrapartida a conta de VALORES A RECLASSIFICAR, é facilmente identificável, pois em 20/05/2009 o mesmo valor foi retirado da conta de passivo circulante 2.1.1.01.03 CAPITAL DE GIRO MOEDA NACIONAL e lançado a crédito na conta VALORES A RECLASSICAR; em outras palavras, embora separado por alguns dias, o sujeito passivo deu baixa em obrigações relacionadas a seu capital de giro, liquidandosuas obrigações com direitos registrados na conta AFAC. Desse modo, o valor de Fl. 2329DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 6 R$ 53.775.614,02 deve ser igualmente desconsiderado como adiantamento para futuro aumento de capital. Em vista do exposto, esta fiscalização calculou o IOF devido sobre operação de crédito levando em consideração o seguinte critério: 1. o valor que efetivamente transformouse aumento de capital de R$ 59.065.998,94 conforme registros contáveis feitos na conta 1.2.2.3.01.06; 2. foi identificada a data em que esse montante estava disponível da citada conta contábil em 24/03/2009 o saldo da conta passou a ser de R$ 68.118.337,32; 3. A partir de 24/03/2009 foram calculados os saldos da conta 1.2.2.3.01.06 excluindose o valor de R$ 59.065.998,94 e calculado o valor do IOF devido até 30/06/2009, quando o saldo da conta foi reduzido a zero. (...) 3. Do IOF sobre Novação de Dívida Relativa a Adiantamentos para Aumento de Capital Conforme relatado no item anterior, parte dos valores escriturados na conta adiantamento para futuro aumento de capital na empresa ETH Participações S/A (conta 1.2.2.3.01.06) foram, em 30/06/2009, transferidos em parte para conta de investimento 1.3.1.1.01.01 (R$ 59.065.998,94) e o restante foi transferido para as chamadas "contascorrentes escriturais": 1.2.2.3.03.06 UCP USINA CONQUISTA DO PONTAL S/A, 1.2.2.3.03.07 AGRO ENERGIA SANTA LUZIA LTDA e 1.2.2.3.03.08 RIO CLARO AGROINDUSTRIAL S/A. Essas contas receberam lançamentos de R$ 36.174.712,36; R$ 45.945.080,95 e R$ 69.565,05, respectivamente e mantiveram o mesmo saldo até o final do período fiscalizado. Desse modo, o valor que teria sido entregue pela fiscalizada à época denominada ETH Bio Participações S/A para sua controlada ETH Participações S/A mediante transferências bancárias acabaram sendo reconhecidos como obrigações de outras empresas do grupo, no caso, das controladas da devedora, ou seja, houve uma novação da dívida do tipo subjetiva passiva, uma vez que a devedora original, que recebeu os recursos em dinheiro de sua controladora, foi substituída pelas empresas UCP Usina Conquista do Pontal S/A, Agro Energia Santa Luzia Ltda. e Rio Claro Agroindustrial S/A. Cumpre notar que a fiscalizada, ao responder o Termo de Intimação 002, disse que "transferência de numerário" são relativos a movimento de conta corrente entre a ETH BIO PARTICIPAÇÕES (fiscalizada) e suas controladas e reconhece que os valores deveriam ter sido escriturados em conta específica de "contacorrente". Assim, resta caracterizada a hipótese prevista no artigo 360, inciso II, da Lei n° 10.406/2002, que assim dispõe: Fl. 2330DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 19515.722657/201382 Acórdão n.º 3402003.047 S3C4T2 Fl. 114 7 Art. 360. Dáse a novação: II quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; Segundo dispões o artigo 3° parágrafo 1° inciso V I, do Decreto n° 6.306/2007, ocorre o fato gerador do IOF na data da novação da dívida, não incidindo o adicional de 0,38% conforme previsto no artigo 7° parágrafos 7° 15 e 17, uma vez que não restou caracterizada a entrega de novos recursos. Em razão do que foi dito, a base de cálculo do IOF sujeito a alíquota de 0,0041% ao dia, conforme previsto no artigo 7° inciso I, alínea "b", número 1, do Decreto n° 6.306/2007 é de R$ 151.388.358,36 durante o período de 30/06/2009 a 31/12/2009. Para fins de determinação da matéria tributável constante do Auto de Infração, a expressão monetária citada acima foi multiplicada pelo número de dias do mês e somada às demais bases de cálculo para apuração do imposto no final do mês, conforme previsto no artigo 10, inciso I, e parágrafo único, do Decreto n° 6.306/2007. Abaixo segue a parcela correspondente a essa infração que foi adicionado ao total. (...)" II) DA IMPUGNAÇÃO A Contribuinte, foi cientificada via postal em 19/11/2013, vide AR de fls. 1947, e apresentou impugnação de fls. 19502015, contestando integralmente a exigência, articulada nos seguintes fundamentos: (i) o auto de infração é nulo, por falta de aprofundamento das investigações fiscais, desconsideração de cláusulas contratuais sem adequada justificativa e formalização de exigência fiscal imotivada; (ii) o art. 13 da Lei n. 9779 alcança apenas o contrato de mútuo de recursos financeiros, que não se confunde com o negócio celebrado pela Impugnante junto às empresas de seu grupo econômico, no qual foi pactuada a gestão única de caixa em conjunto com contrato de contacorrente, e no qual as partes devem apenas registrar débitos e créditos recíprocos, sem a formalização de relação jurídica de crédito. Ao final conclui e requer: Por todo o exposto, a Impugnante requer seja a presente impugnação acolhida, para o fim de determinar o cancelamento da exigência fiscal de IOF consubstanciada no auto de infração ora questionado, com base nos fundamentos acima aduzidos. Subsidiariamente, na remota hipótese de se entender pela manutenção do lançamento, a Impugnante requer seja afastada a cobrança de juros de mora sobre multa de ofício, diante da ausência de previsão legal expressa neste sentido. Fl. 2331DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 8 Sobreveio então o Acórdão 1457.619, da 5ª Turma da DRJ/RPO, negando provimento à impugnação da Contribuinte. Tal julgamento consistiu na adoção literal dos fundamentos de decidir do Processo n. 16682.720464/201377, que, segundo o relator da DRJ, “enfrentou as mesmas alegações trazidas na impugnação do presente, não merece reparos”. Para tanto, fundamentouse em decisões do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) sobre a não obrigatoriedade da autoridade julgadora manifestarse sobre todas as alegações da defesa, bem como no artigo 50 da Lei n. 9.784/99. A ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 CONTACORRENTE ENTRE EMPRESAS. INCIDÊNCIA DO IOF. Incide o IOF sobre operações de crédito rotativo entre empresas, caracterizadas por contínuas disponibilizações de valores e amortizações. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Consoante art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/1996, incide juros à taxa Selic sobre as multas de ofício. Irresignada, a Contribuinte recorre a este Conselho, por meio de peça recursal de fls 2144/2213, repisando os argumentos trazidos em sua impugnação ao lançamento tributário. Contudo, traz ainda argumento sobre a nulidade do acórdão recorrido em razão do não enfrentamento dos fundamentos da impugnação, uma vez que a DRJ simplesmente colacionou ipsis literis os fundamentos de decidir do Processo n. 16682.720464/201377, bem como deixou de analisar tópico específico da defesa. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz A Contribuinte teve ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 24/07/2015, conforme AR de fls. 2142 e apresentou em 24/08/2015 o recurso voluntário de fls. 2144/2213, conforme artigo 33 do Decreto 70.235/72. Assim, o recurso é tempestivo e os demais requisitos de admissibilidade encontramse preenchidos, portanto dele tomo conhecimento. Antes de adentrar no mérito do caso, a Recorrente aponta nulidade do Acórdão da DRJ por não ter enfrentado os argumentos trazidos na Impugnação. Peço licença para destacar as palavras da Recorrente nesse sentido: Fl. 2332DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 19515.722657/201382 Acórdão n.º 3402003.047 S3C4T2 Fl. 115 9 Com razão a Recorrente. O acórdão da DRJ padece dos alegados vícios. Foram dois os erros do julgamento a quo. O primeiro deles consistiu em simplesmente colacionar o julgamento proferido em outro processo, de n. 16682.720464/201377, para a fundamentar a decisão, sem que em nenhuma linha fossem expostas as razões que tornam ambos os processos similares, a ponto do julgador não precisar em nada ajustar as razões da sua decisão. Tratase da mesma empresa autuada? Vejo que não. Naquele caso a Recorrente era a Construtora Norberto Odebrecht S/A, enquanto nesse processo consta a Odebrecht Agroindustrial Participações S/A. O período de apuração é o mesmo? Não. Naquele processo cuidavase do ano calendário de 2008, enquanto esse processo versa sobre o ano de 2009. As empresas relacionadas são as mesmas? As demais provas (contratos, escrituração, etc) são os mesmos? Não há como saber sem o acesso aos autos do Processo n. 16682.720464/201377. Disto já se percebe quão temerário é o julgamento recorrido. É certo que o artigo 50, §1º da Lei n. 9.784/99 autoriza ao julgador na motivação, que deve ser explícita, clara e congruente, a fazer declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Porém, ao meu sentir, este dispositivo não está tratando da utilização da jurisprudência e dos precedentes, de modo geral, para a motivação das decisões em processos administrativos. Na realidade, tal dispositivo diz respeito tão somente à possibilidade do julgador se valer de " pareceres, informações, decisões ou propostas" anteriormente proferidos no bojo do mesmo processo que está julgando, como expressamente estabelece o dispositivo legal. Ou seja, o julgador pode concordar com anteriores manifestações ocorridas naquele Fl. 2333DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 10 determinado processo sub judice, afinal, estáse diante das exatas provas, fatos e fundamentos jurídicos discutidos. No presente caso, todavia, a DRJ utilizou fundamentos de outro processo, sem em nenhuma passagem de sua decisão justificar a similitude dos casos. Isto já seria o suficiente para a decretação de nulidade do acórdão a quo, com fulcro no artigo 59, inciso II do Decreto 70.235/72. Cumpre ainda ressaltar que é certo que o julgador não tem a obrigação de analisar todos os argumentos trazidos pelas partes para alcançar a convicção necessária para julgamento do processo, na esteira da jurisprudência do STJ (REsp n. 874793/CE e REsp 876271). Todavia, ele não pode se eximir da análise de argumentos que sejam decisivos para o deslinde do processo. No processo administrativo tributário, não pode a DRJ ou o CARF simplesmente restarem silentes a respeito da determinado fundamento da defesa apresentada pelo contribuinte que de fato pode culminar no cancelamento da autuação fiscal, sob pena de evidente afronta ao princípio do contraditório e da ampla defesa, da justiça, da equidade, além da busca da verdade material. Por essas razões, a DRJ não poderia ter deixado de analisar a argumentação da Contribuinte relativamente ao item 2 do auto de infração, especificamente destacada no tópico 2.3. de sua Impugnação. Este foi seu segundo erro. Vejamos. A Autoridade Fiscal entendeu que os lançamentos contábeis da Recorrente sob o título de AFAC, posteriormente transferidos a conta de contacorrente escritural, na realidade, eram empréstimos, como consta no seu item 2 (fls. 1939 e 1940), in verbis: No Termo de Verificação Fiscal (“TVF”) a imputação da infração encontra se pormenorizadamente descrita. Destaco abaixo os principais trechos do TVF sobre o item 2 do Auto de infração (fls 1866 e 1867): (...) Fl. 2334DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 19515.722657/201382 Acórdão n.º 3402003.047 S3C4T2 Fl. 116 11 (...) Na Impugnação (fls 2005) consta o tópico 2.3., exclusivamente dedicado à questão do IOF incidente sobre AFAC e a novação dessas dívidas. Ali a Recorrente explica largamente o quanto sucedido, chegando a conclusão de que não houve a devolução de recursos apontada pela Fiscalização, os quais levaram a crer que as operações consistiram em empréstimos. Houve, isto sim, cessão de crédito entre empresas do grupo, fato que não está no âmbito de incidência do IOF. A Recorrente aponta que as transferências relativas à 1.2.2.3.04 – CONTA CORRENTE – ESCRITURAL, têm origem no “instrumento particular de cessão de transferência de crédito˜, levado aos autos como doc. 5. Por este contrato, as partes acordaram “cessão de crédito”, em que a ETH Participações cedeu seu crédito (frente às usinas Conquista do Pontal S.A., Rio Claro Agroindustrial S.A. e Agro Energia Santa Luzia Ltda) à Recorrente, de modo a, por este mesmo ato, proceder a liquidação da “dívida” que aquela detinha com esta. Contudo, a Recorrente afirma que não se trata propriamente de dívida, mas sim de lançamentos atinentes à retirada de recursos do contrato de conta corrente e de caixa único. Assim, a contabilização na conta AFAC foi equivocada, pois deveria ter sido feita na conta 1.2.2.3.02 CONTA CORRENTE COM CONTROLADAS. Disto, conclui que não houve devolução de recursos, mas sim cessão de crédito. Segundo a Recorrente, ratificaria essa argumentação o fato de o lançamento ter sido transferido da AFAC para CONTA CORRENTE – ESCRITURAL, ou seja, não houve transferência efetiva de recursos pelas operações, mas sim o simples registro da cessão de crédito, antes equivocadamente contabilizadas pela Recorrente. O Contrato de Cessão de Crédito encontrase em fls 2115. Lembra a Recorrente que a autoridade fiscal entendeu que o que ocorrera teria sido uma novação da dívida, capaz de ensejar a necessidade de recolhimento do IOF com Fl. 2335DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 12 base no Decreto 6.306/2007, artigo 10, inciso II.1 Assim, passa a tratar do que foi entendido pela autoridade fiscal como novação em fls 2009, concluindo então (fls 2012): A argumentação é absolutamente pertinente, precisa e direcionada a item específico do auto de infração sendo, portanto, capaz de cancelálo se acolhida. Dessarte, é hialino que não se trata de matéria que pode simplesmente deixar de ser analisada no julgamento administrativo, sob pena de restar configurada nulidade em função da omissão do órgão judicante. Houve incontestável omissão da DRJ ao julgar a impugnação da Contribuinte, sendo portanto nula. Destaco abaixo a lição de Marcos Vinícius Neder e Maria Teresa López2 sobre o tema: No processo administrativo fiscal, dentre as nulidade mais comuns podemse destacar: os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente; ou com preterição do direito de defesa; a ilegitimidade de partes; omissão do julgador no enfrentamento das questões de defesa e o não atendimento aos requisitos formais do lançamento. Algumas dessas questões arguidas em preliminar são suficientes para a nulidade dos atos correspondentes e para a extinção de todo o processo administrativo, como a questão da ilegitimidade das partes; outras permitem o saneamento da irregularidade, como é o caso de cerceamento de defesa gerada pela falta indispensável da análise de uma tese arguida pelo contribuinte, ocasionando apenas a nulidade da decisão de primeira instância e o seu saneamento com a prática de ato novo. A ausência de análise do citado item da impugnação, nesse contexto, ocasiona cerceamento do direito de defesa no processo administrativo e caso fosse proferido julgamento inaugural da matéria por este Conselho, estarseia atuando como instância única. Tal situação não é permitida pelo sistema jurídico brasileiro, uma vez que o artigo 5º, inciso LV da Constituição confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Cumpre destacar a lição de James Marins3 sobre o tema: Não podem, União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, instituir no âmbito de sua competência, a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente 1 Art. 10. O IOF será cobrado: (...) II na data da prorrogação, renovação, consolidação, composição e negócios assemelhados; 2 Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 558559. 3 Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética, 2010 5ª ed. Fl. 2336DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ Processo nº 19515.722657/201382 Acórdão n.º 3402003.047 S3C4T2 Fl. 117 13 imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. Nesse sentido o artigo 59, inciso II do Decreto no 70.235/1972 confere efetividade ao texto constitucional ao determinar que: Art. 59. São nulos (...) II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Por fim, destaco que foi no intuito de coibir tal sorte de problema que o Novo Código de Processo Civil, o qual deve ser aplicado subsidiariamente ao Processo Administrativo Fiscal, estabelece os requisitos essenciais da sentença, bem como as situações em que considera não fundamentada qualquer decisão: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (grifei) Resta a este Colegiado, assim, declarar a nulidade do Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que pode ser percebido como supressão de instância administrativa, culminando em preterição do direito de defesa. Fl. 2337DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ 14 CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por declarar a nulidade do Acórdão n. 1457.619, da 5ª Turma da DRJ/RPO, exarado no presente processo, afetando as peças processuais que lhe sucederam. Objetivando considerações úteis ao prosseguimento e à solução do processo, com base no artigo 59, §2º do Decreto no 70.235/1972,4 destaco que deve a DRJ, em seu novo julgamento, a ser proferido em observância ao artigo 489, §1º do Novo Código de Processo Civil: i) analisar expressamente os fatos, documentos e razões jurídica trazidas especificamente nesse caso, e, na eventualidade de o caso merecer julgamento no mesmo sentido de qualquer precedente da própria DRJ ou do CARF, justificar de maneira fundamentada o porquê; ii) manifestarse expressamente sobre a defesa da Contribuinte colocada no item 2.3. de sua peça de impugnação ao lançamento tributário. Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz 4 § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Fl. 2338DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 1 1/05/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GAL KOWICZ
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Numero do processo: 15463.000159/2010-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. PEREMPÇÃO.
Apresentada a impugnação após o prazo regrado pelos arts. 14 e 15 do Decreto nº 70.235/1972, deve ser reconhecida a sua intempestividade. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.144
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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PEREMPÇÃO. Apresentada a impugnação após o prazo regrado pelos arts. 14 e 15 do Decreto nº 70.235/1972, deve ser reconhecida a sua intempestividade. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 46 3. 00 01 59 /2 01 0- 34 Fl. 104DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) – DRJ/RJ1, que não conheceu, por intempestividade, de impugnação vertida contra Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no montante total de R$ 13.391,91 relativo ao anocalendário 2006 (fls. 3/7). O lançamento decorreu da constatação da infração de omissão de rendimentos recebidos da Prevhab Previdência Complementar no valor de R$ 60.173,17 e compensação indevida de imposto de renda retido na fonte de R$ 465,34 sobre rendimentos recebidos da Prevhab Previdência Complementar. Após ter sido cientificado da notificação de lançamento em tela em 20/8/2009 (fls. 31 e 32), o Contribuinte apresentou em 19/1/2010 a petição de fl. 2 a 5, valendose, em síntese, dos seguintes argumentos, assim resumidos pela DRJ/RJ1: 1) no entendimento do STJ só teria validade a citação por edital se restasse comprovado que o lugar onde se encontra o réu era ignorado, incerto ou inacessível; 2) o Interessado manifesta sua estranheza pelo fato de ter sido notificado do lançamento em tela por edital publicado no Diário Oficial da União em agosto de 2009, tendo em vista residir no mesmo endereço há mais de 32 anos, sem qualquer interrupção ou ausência; 3) o Interessado poderia ter sido notificado por via postal, não se conformando com a citação por edital, a qual não teria tomado conhecimento; 4) o Interessado solicita a reabertura do prazo legal para apresentação da impugnação do lançamento em questão, considerandose como data para início da contagem do prazo de 30 dias a data de 21/12/2009, quando durante consulta previamente agendada na ECAC IpanemaRJ tomou ciência efetiva do referido lançamento; 5) por erro de preenchimento de sua declaração de ajuste anual do exercício 2007, teria constado como o total de rendimentos tributáveis o valor de R$ 6.947,51 e não R$ 61.527,29. A primeira instância julgadora não conheceu da impugnação, consubstanciando seu entendimento na seguinte ementa de acórdão: IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. EFEITOS A defesa apresentada fora do prazo legal não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário e nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15463.000159/201034 Acórdão n.º 2402005.144 S2C4T2 Fl. 205 3 O notificado interpôs recurso voluntário em 14/3/2014, discorrendo que tomou ciência do acórdão da DRJ/RJ1 quase dois anos após esse ter sido proferido, defendendo na sequência a tempestividade de sua impugnação e razões de mérito, retomando os termos da impugnação. É o relatório. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Rezava o art.23 do Decreto nº 70.235/1972, consoante redação vigente à época dos fatos:: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante:(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou(Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo.(Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1oQuando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo, a intimação poderá ser feita por edital publicado:(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I no endereço da administração tributária na internet;(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da Fl. 107DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15463.000159/201034 Acórdão n.º 2402005.144 S2C4T2 Fl. 206 5 expedição da intimação;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) III se por meio eletrônico, 15 (quinze) dias contados da data registrada:(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; ou(Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo;(Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3oOs meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência.(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4oPara fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo:(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) (grifei) Constatase, da mera leitura dos dispositivos acima, não haver motivos para o recorrente "reafirmar que desconhece inteiramente as razões pelas quais foi intimado pela via postal" do lançamento (fl. 93), pois se trata de atuação administrativa em total conformidade com a legislação de regência. Vejase que houve a tentativa da intimação por via postal (fl. 30), contudo, a correspondência contendo a notificação de lançamento de fls. 7 a 11 foi devolvida pelos correios, por "Ausência". O domicílio de intimação estava correto, como admite o próprio contribuinte, que assevera, inclusive, que na data da indigitada devolução residia nesse mesmo endereço. Deve ser observado que o legislador não condicionou a frustração da tentativa de intimação postal ao motivo de devolução da correspondência pelos Correios, ou ao número de tentativa de entregas efetuada. Restando improfícua a intimação via postal, realizouse a publicação do Edital nº 00007/2009 (fls. 31 e 32), procedendose à ciência do lançamento suplementar efetuado para o anocalendário 2006, exercício 2007. O Edital nº 00007/2009 foi publicado em 5/8/2009, considerandose feita a intimação quinze dias após essa data, nos termos do inciso IV, § 2°, do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972. O prazo para apresentação da impugnação teve início em 20/8/2009 e se encerrou em 21/9/2009. O interessado apresentou a petição de fls. 2 a 5 em 19/1/2010, conforme carimbo de fl. 2, depois de já transcorrido o prazo de trinta dias fixado para a impugnação da exigência, nos termos dos arts. 14 e 15 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Evidente, assim, a intempestividade da impugnação do contribuinte, não devendo prosperar o exame das demais alegações recursais. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 15983.000938/2009-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jul 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2007
MPF. CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO. EVENTUAIS FALHAS NÃO REPERCUTEM NO LANÇAMENTO.
O mandado de procedimento fiscal possui ínsita natureza de instrumento de controle interno da administração, portanto eventuais omissões ou incorreções nele presentes não contaminam o lançamento tributário efetuado em observância ao art. 142 do Código Tributário Nacional.
TRANSFERÊNCIA DE PROCESSOS ENTRE DELEGACIAS DE JULGAMENTO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE.
Não há prejuízo ao contribuinte face à transferência de processos entre Delegacias de Julgamento, realizada visando à melhoria organizacional e incremento na eficiência da administração tributária.
AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INOCORRÊNCIA DE DECADÊNCIA. DECISÃO DO STJ NO RESP 973.733/SC SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC.
Consoante decisão do STJ no REsp nº 973.733, proferida em sede de recurso repetitivo, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, e ausente a antecipação do pagamento, a decadência do direito do Fisco de realizar o lançamento de ofício rege-se pelo art. 173, I do CTN.
SENTENÇA DE MÉRITO. EFEITO SUBSTITUTIVO.
A prolação da sentença de mérito, dado o seu caráter de cognição exauriente, substitui eventual comando interlocutório exarado no processo, conforme entendimento já pacífico na doutrina e jurisprudência dos tribunais.
IMUNIDADE. NÃO RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO OU JUDICIAL. VIGÊNCIA DO ART. 55 DA LEI 8.212/91.
Não havendo sido reconhecido a natureza imune da entidade, em sede administrativa ou judicial, e não atendidos os requisitos constantes do art. 55 da Lei nº 8.212/91, vigente com relação aos fatos geradores sob exame, de rigor o lançamento das contribuições previdenciárias patronais devidas.
SERVIÇOS PRESTADOS MEDIANTE COOPERATIVA DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECISÃO DO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO § 2º DO ART. 62 DO RICARF
Consoante decisão do STF no RE nº 595.838/SP, em sede de repercussão geral, é inconstitucional o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, que prevê a contribuição previdenciária incidente sobre o valor de serviços prestados mediante cooperativa de trabalho. Aplicação do § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF.
ALÍQUOTA RAT. AFERIÇÃO INDIRETA.
Devida a alíquota RAT com base na declaração feita nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP' s.
A aferição indireta não foi utilizada na autuação.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.348
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento somente o crédito tributário relativo ao levantamento COO - cooperativa de trabalho.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Malagoli da Silva, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2007 MPF. CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO. EVENTUAIS FALHAS NÃO REPERCUTEM NO LANÇAMENTO. O mandado de procedimento fiscal possui ínsita natureza de instrumento de controle interno da administração, portanto eventuais omissões ou incorreções nele presentes não contaminam o lançamento tributário efetuado em observância ao art. 142 do Código Tributário Nacional. TRANSFERÊNCIA DE PROCESSOS ENTRE DELEGACIAS DE JULGAMENTO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. Não há prejuízo ao contribuinte face à transferência de processos entre Delegacias de Julgamento, realizada visando à melhoria organizacional e incremento na eficiência da administração tributária. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INOCORRÊNCIA DE DECADÊNCIA. DECISÃO DO STJ NO RESP 973.733/SC SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. Consoante decisão do STJ no REsp nº 973.733, proferida em sede de recurso repetitivo, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, e ausente a antecipação do pagamento, a decadência do direito do Fisco de realizar o lançamento de ofício rege-se pelo art. 173, I do CTN. SENTENÇA DE MÉRITO. EFEITO SUBSTITUTIVO. A prolação da sentença de mérito, dado o seu caráter de cognição exauriente, substitui eventual comando interlocutório exarado no processo, conforme entendimento já pacífico na doutrina e jurisprudência dos tribunais. IMUNIDADE. NÃO RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO OU JUDICIAL. VIGÊNCIA DO ART. 55 DA LEI 8.212/91. Não havendo sido reconhecido a natureza imune da entidade, em sede administrativa ou judicial, e não atendidos os requisitos constantes do art. 55 da Lei nº 8.212/91, vigente com relação aos fatos geradores sob exame, de rigor o lançamento das contribuições previdenciárias patronais devidas. SERVIÇOS PRESTADOS MEDIANTE COOPERATIVA DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECISÃO DO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO § 2º DO ART. 62 DO RICARF Consoante decisão do STF no RE nº 595.838/SP, em sede de repercussão geral, é inconstitucional o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, que prevê a contribuição previdenciária incidente sobre o valor de serviços prestados mediante cooperativa de trabalho. Aplicação do § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF. ALÍQUOTA RAT. AFERIÇÃO INDIRETA. Devida a alíquota RAT com base na declaração feita nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP' s. A aferição indireta não foi utilizada na autuação. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO. EVENTUAIS FALHAS NÃO REPERCUTEM NO LANÇAMENTO. O mandado de procedimento fiscal possui ínsita natureza de instrumento de controle interno da administração, portanto eventuais omissões ou incorreções nele presentes não contaminam o lançamento tributário efetuado em observância ao art. 142 do Código Tributário Nacional. TRANSFERÊNCIA DE PROCESSOS ENTRE DELEGACIAS DE JULGAMENTO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. Não há prejuízo ao contribuinte face à transferência de processos entre Delegacias de Julgamento, realizada visando à melhoria organizacional e incremento na eficiência da administração tributária. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INOCORRÊNCIA DE DECADÊNCIA. DECISÃO DO STJ NO RESP 973.733/SC SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC. Consoante decisão do STJ no REsp nº 973.733, proferida em sede de recurso repetitivo, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, e ausente a antecipação do pagamento, a decadência do direito do Fisco de realizar o lançamento de ofício regese pelo art. 173, I do CTN. SENTENÇA DE MÉRITO. EFEITO SUBSTITUTIVO. A prolação da sentença de mérito, dado o seu caráter de cognição exauriente, substitui eventual comando interlocutório exarado no processo, conforme entendimento já pacífico na doutrina e jurisprudência dos tribunais. IMUNIDADE. NÃO RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO OU JUDICIAL. VIGÊNCIA DO ART. 55 DA LEI 8.212/91. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 09 38 /2 00 9- 27 Fl. 953DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Não havendo sido reconhecido a natureza imune da entidade, em sede administrativa ou judicial, e não atendidos os requisitos constantes do art. 55 da Lei nº 8.212/91, vigente com relação aos fatos geradores sob exame, de rigor o lançamento das contribuições previdenciárias patronais devidas. SERVIÇOS PRESTADOS MEDIANTE COOPERATIVA DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECISÃO DO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO § 2º DO ART. 62 DO RICARF Consoante decisão do STF no RE nº 595.838/SP, em sede de repercussão geral, é inconstitucional o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, que prevê a contribuição previdenciária incidente sobre o valor de serviços prestados mediante cooperativa de trabalho. Aplicação do § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF. ALÍQUOTA RAT. AFERIÇÃO INDIRETA. Devida a alíquota RAT com base na declaração feita nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP' s. A aferição indireta não foi utilizada na autuação. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento somente o crédito tributário relativo ao levantamento COO cooperativa de trabalho. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Malagoli da Silva, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 954DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas (SP) DRJ/CPS, que julgou procedente auto de infração de fls. 49/125 relativo a contribuições destinadas à seguridade social, correspondentes à parte da empresa incidentes sobre as remunerações pagas a segurados empregados e contribuintes individuais, bem como sobre os valores brutos das notas fiscais/faturas de serviços de cooperados intermediados pela Unimed de Santos, e contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho — RAT, incidentes sobre as remunerações pagas a segurados empregados. A instância recorrida assim descreveu os termos do lançamento (fls. 751/753): A autuada produziu informação não compatível com a realidade, declarando se isenta das contribuições patronais, e omitindo nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP's e nas folhas de pagamento os valores de remunerações pagas a segurados contribuintes individuais, professores contratados como autônomos para ministrar aulas em cursos de pósgraduação, e os pagamentos efetuados a cooperativa de trabalho, informação essa de caráter obrigatório, independentemente do fato de o declarante estar em gozo da isenção. A autuada afirma atender aos pressupostos legais que lhe garantem o status de entidade filantrópica, e que interpôs recurso junto ao Supremo Tribunal Federal, contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça nos autos do Mandado de Segurança n° 10.629/DF, que cassou a liminar anteriormente concedida para garantirlhe as certificações relativas ao período anterior de 1998 a 2003. Mas embora seja detentora do CEAS renovado para os triênios 2004 a 2006 e 2007 a 2009 que se encontravam pendentes de recursos interpostos pela RFB, mas que com o advento da MP 446 de 07/11/2008 foram considerados automaticamente deferidos a instituição fiscalizada nunca teve o direito à isenção previdenciária reconhecido pelos órgãos administrativos. Assim, mesmo considerando os efeitos do provimento antecipatório a que se refere o contribuinte em suas alegações, ou até mesmo a tutela final de mérito que venha reconhecer o "direito à imunidade prevista no § 7° do artigo 195 da Constituição Federal", tendo como diploma regulamentar da imunidade das contribuições para a seguridade social lei complementar, ou seja, o Código Tributário Nacional, ainda assim, restou comprovada, naquela oportunidade, a inobservância de requisitos também insculpidos no art. 14 daquele normativo, conforme apurado pela fiscalização do INSS a quem cabia, na época, a incumbência consignada na decisão judicial. Diante das petições protocoladas pela instituição para ver reconhecido o descumprimento da decisão de antecipação de tutela em face da constituição pelo INSS dos créditos tributários, o próprio Juízo da 2ª Vara Federal de Santos prolatou decisão em 09/06/2003 afirmando que embora tivesse a autora obtido antecipação da tutela nos autos, ela não preencheu os requisitos do artigo 14, do CTN, "daí a Fl. 955DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 constituição dos créditos tributários, sem qualquer desrespeito decisão judicial de antecipação da tutela". Tendo a atual fiscalização apurado novos fatos ocorridos no período examinado de 2004 a 2007, os quais demonstraram a continuidade no desvirtuamento do art. 14 do CTN, lavraramse representações para a suspensão da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, e para a cassação do certificado CEAS em vigor, uma vez que ficou evidenciada distribuição de patrimônio e aplicação de recursos em objetivos nãoinstitucionais. Comprovado que a autuada não atende aos requisitos previstos no artigo 14 do CTN e no artigo 55 da Lei 8.212/91, não fazendo jus, portanto, à. benesse fiscal seja ela na forma de isenção ou de imunidade , pela existência de descompasso entre as suas declarações em GFIP e o que foi apurado pela fiscalização, justificam se a constituição do crédito previdenciário, a autuação pelo descumprimento de obrigação acessória e a emissão de Representação para Fins Penais pela constatação em tese do delito de Sonegação Fiscal. (...) Enfim, para estabelecimento da multa, considerando que o presente lançamento é referente a fatos geradores ocorridos anteriormente à edição da Medida Provisória MP 449/2008 depois convertida na Lei 11.941/2009, e tendo em vista a aplicação da retroação benéfica prevista no inciso II, alínea "c", do art. 106, do Código Tributário Nacional CTN, foi adotada como penalidade mais vantajosa aplicada pela conduta infratora, a resultante da aplicação da legislação anterior edição da MP. O contribuinte impugnou a autuação (fls. 243/301), porém a instância de primeiro grau manteve a exigência (fls. 751/777), ensejando a interposição de recurso voluntário em 16/7/2010 (fls. 781/867), no qual arguiu, em síntese: a nulidade do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) que originou o auto de infração, dadas as alterações sucessivas do objeto sem ciência do contribuinte ou mesmo prorrogação do prazo de validade, dado o fato de abarcar período de fiscalização já alcançado pela decadência e também por ser decorrente de fiscalização anulada por Acórdão do antigo 2º Conselho de Contribuintes. a decadência do crédito tributário anterior a 11/11/2004, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN; a nulidade por vício insanável do auto de infração por falha na capitulação legal da imunidade a qual se pretende o cancelamento (art. 150, VI, "c," quando deveria ser art. 195, § 7º, ambos da CF), por adoção do procedimento do art. 32 da Lei nº 9.732/97 em detrimento do previsto no art. 206 do Decreto nº 3.048/99 e pelo cerceamento do direito de defesa, em decorrência desses erros e do não encaminhamento de cópias das provas que apoiaram a autuação; a impossibilidade de se cancelar administrativamente a sua imunidade em face das ações judiciais existentes. Nesse ponto, alega que a fiscalização interpretou de forma equivocada a decisão proferida nos autos da ação declaratória, pois considerou, erroneamente, que a garantia da imunidade ali consignada estaria condicionada à observância do art. 14 do CTN e que o Poder Judiciário teria deixado a análise de tais requisitos à fiscalização. Alega ainda que a decisão proferida pelo TRF da 3ª Região, em sede de Agravo de Instrumento não só garante a imunidade à recorrente, como reconhece a observância dos requisitos do art. 14 do CTN, razão pela qual caberá à administração tributária apenas cumprir tal decisão; Fl. 956DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 109 5 no que tange à MP nº 446/08, afirma que o referido ato renovou, de forma incondicional e definitiva a sua condição de entidade beneficente de assistência social, ao determinar a concessão de certificados em relação aos processos administrativos ainda em trâmite no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), bem como em relação aos processos que se encontravam aguardando análise de pedido de reconsideração ou recurso dirigido ao Ministro da Previdência Social, determinando também que fossem arquivadas as representações propostas por autoridades fiscais e que ainda não foram julgadas. assevera, ademais, que em face da rejeição da referida MP, foi emitida a NOTA DECOR/CGU/AGU nº 180/09 ‑ JGAS ressalvando os atos praticados em sua vigência. Assim sendo, concluise que ela teve reconhecida e certificada a sua condição de entidade beneficente pela União, impedindo, assim, a continuidade do presente processo; afirma que a Lei nº 12.101/09, em seu art. 31, assegura aos possuidores do CEBAS o direito imediato à imunidade, e que os diversos títulos e certificados possuídos explicitam o reconhecimento, por outros entes políticos, do fato de que a instituição se subsume ao disposto no art. 150, VI, c" e art. 195, § 7º, ambos da CF, e cumpre os requisitos do art. 14 do CTN, devendo a administração tributária federal reconhecer tal circunstância; a remuneração dos diretores não pode ser vista como distribuição disfarçada de patrimônio, tendo em vista que a mesma decorre de vínculo contratual de prestação de serviços. A vedação legal se limita à possibilidade de percepção de benefício econômico em função do exercício da atividade de direção; o desvio de finalidade apontado pela fiscalização, decorrente da celebração de contratos de mútuo, não se verifica, considerando que o dinheiro emprestado vem sendo pago, retornando ao caixa da instituição e sendo aplicado na própria finalidade da empresa. Os contratos são legais, rentáveis e não afetam a capacidade da recorrente de cumprir seus fins institucionais; o auto de infração também é nulo em face de violação ao devido processo legal que exige, no caso específico, a emissão prévia do Ato Cancelatório da Imunidade para posterior lançamento, fato este não cumprido pela auditoria fiscal; não houve omissão no preenchimento da GFIP, haja vista que a recorrente prestou informações condizentes com sua qualidade de entidade filantrópica e a impossibilidade de aplicação da multa de ofício in casu; não houve verificação, por parte do agente fiscal, se os contribuintes individuais e cooperativas de trabalho teriam recolhido das contribuições sociais, o que gerou cerceamento de defesa por parte do recorrente, então há necessidade de intimação de todos os responsáveis solidários; não há qualquer motivação ou fundamento legal para a aplicação da alíquota máxima do RAT (Riscos Ambientais do Trabalho); a fiscalização não explicitou os motivos para a desqualificação da condição de autônomo dos professores contratados, caracterizandoos como segurados empregados, e não justificou o uso da aferição indireta; e Fl. 957DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 por fim, a incompetência da DRJ/CPS para julgar o presente feito, considerando que a Portaria MF nº 30/05 atribui competência à DRJ/São Paulo para julgamento dos processos referentes a contribuições previdenciárias originados de unidades da DRF de Santos. Ademais, a delegação de competência para o referido julgamento viola o art. 13, I, da Lei nº 9.784/99. O autuado complementou suas razões em 4/11/2010 (fls. 934/942), alegando o desrespeito às prescrições do art. 32 da Lei nº 9.432/96, face à inexistência de ciência de ato declaratório suspensivo de imunidade. De sua parte, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou suas contrarazões em 27/7/2011 (fls. 873/919), contestando os argumentos do contribuinte. É o relatório. Fl. 958DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 110 7 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e da decisão da DRJ/CPS. O contribuinte aponta uma série de supostas falhas no MPF vinculado à autuação contestada, tais como alterações em seu objeto, período, e nos fiscais que titularizaram o procedimento, em inobservância a diversas Portarias da Receita Federal do Brasil (RFB). Como cediço, é pacífica e uniforme a jurisprudência do CARF no sentido de que, ainda que o MPF permita a maior transparência nas relações entre o Fisco e os contribuintes, seu caráter precípuo é de instrumento de controle interno da administração tributária. Eventuais omissões ou incorreções afligindo esse instrumento não contaminam a autuação, pois a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, a teor do art. 142 do CTN, e sendo verificada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode a autoridade administrativa deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. E essa autoridade, consoante o art. 6º da Lei nº 10.593/02 e Decreto nº 6.641/08, é o AuditorFiscal da RFB. Dentre os inúmeros precedentes administrativos nesse sentido, vale mencionar os Acórdãos da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) de nº 40105189 (j. 14/3/2005), 0106.085 (j. 11/11/2008) e 9202000.637 (j. 12/4/2010). Melhor sorte não favorece ao arrazoado que sustenta a nulidade da decisão vergastada, dado que ela teria como base ilegal atribuição de competência ao Secretário da Receita Federal para edição de atos normativos. Ora, o que se verificou não foi efetivo ato normativo a atingir, ainda que reflexamente, a esfera jurídica de terceiros, mas sim exercício de competência organizacional, prevista no art. 230 da Portaria MF nº 030/05, visando, mediante transferência de processos entre unidades administrativas, melhorias operacionais de maneira a conferir maior celeridade e eficiência ao contencioso administrativo, em observância aos ditames do inciso LXXVIII do art. 5º, e ao caput do art. 37 da CF, respectivamente, e legislação de regência. Sem razão, portanto, o recorrente. Da decadência. A decadência do direito do Fisco constituir o crédito tributário é matéria que foi objeto de apreciação por parte da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no REsp Fl. 959DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 nº 973.733/SC. Julgado em 12/8/2009, em sede de recurso repetitivo (art. 543C do CPC então vigente), o respectivo acórdão traz a seguinte ementa, parcialmente transcrita: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. .INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel.Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). (...) Segundo as palavras extraídas do voto do relator, Ministro Luiz Fux: Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.(grifos meus e do original) O STJ, desse modo, se posicionou no sentido de que a atividade objeto de homologação pela autoridade administrativa, nos termos do art. 150 e §§ do Código Tributário Nacional (CTN), tem por objeto o pagamento antecipado do tributo, ainda que em montante menor que o devido, e não outro eventual proceder do contribuinte correlacionado com a apuração do fato gerador. A tese jurídica firmada no precedente em questão é de observância obrigatória para este Colegiado, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF (RICARF Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações da Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010). Notese que a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais também vem reiteradamente se pronunciando nesse sentido, conforme evidenciam, ilustrativamente, os acórdãos do Pleno de nº 9900000.227 (p. 9/5/2014) e nº 9900000.278 (p. 1/4/2014). No caso concreto, temse que o contribuinte não efetuou qualquer pagamento dos tributos em evidência ao menos desde a competência 12/2003 (pagamento em 01/2004). Dessa sorte, a constituição do crédito tributário passou a observar não mais o artigo 150, § 4º, mas a regra geral do art. 173, I do CTN, o qual, aplicado na espécie, aponta como termo final do prazo decadencial a data de 30/11/2009, posterior à ciência do contribuinte relativamente à autuação, 11/11/2009 (fl. 492). Fl. 960DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 111 9 Inexiste, portanto, decadência a ser reconhecida na presente lide. Das alegadas nulidades por falhas na capitulação da imunidade, do procedimento adotado e pelo cerceamento de defesa. Não existe falha na "capitulação da imunidade", tal como arguido. O recorrente extrai do Relatório Fiscal trecho no qual se afirma que foram lavradas "representações para a suspensão da imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, 'c' da CF/88 e para a cassação do CEAS em vigor", mas tal passagem indica apenas que foram constatados, também, elementos para a suspensão da imunidade relativa aos impostos aludida naquele preceito constitucional. A conclusão da autoridade lançadora é hialina no sentido de afirmar ter sido comprovado que o autuado "não atende aos requisitos previstos no artigo 14 do CTN e no artigo 55 da Lei 8.212/91", não fazendo jus à imunidade e por essa razão "justificase a presente constituição ex lege do crédito previdenciário", sendo detalhados os fundamentos legais do débito às fls. 83/85. Quanto à pretensa necessidade de embasar o cancelamento da imunidade prevista no § 7º do art. 195, basta registrar que a fiscalização já esclarecera que o contribuinte em momento algum tivera a condição de entidade imune, sob o indigitado regramento, reconhecido pela administração tributária. Não há indício sequer, por outro lado, de ter sido obstado ao contribuinte, de alguma forma, a possibilidade de consulta aos autos para fins de tomar conhecimento, na medida em que considerasse suficiente, das razões e provas a partir dos quais foi o gravame constituído. Vale anotar que o auto de infração está devidamente formalizado, estando claramente discriminadas as razões de fato e de direito que o fundamentaram, conforme se depreende da sua leitura. Assim, não se vislumbra, na espécie, qualquer das hipóteses ensejadoras da decretação de nulidade do lançamento consignadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, havendo sido todos os atos do procedimento lavrados por autoridade competente, sem qualquer prejuízo ao direito de defesa do contribuinte, o qual recorre de seus termos evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. Do efeito das decisões judiciais. O contribuinte ajuizou ação nº 1999.61.04.0052998 buscando a declaração de sua imunidade ao pagamento da contribuição social prevista no art. 195, I da CF/88, sendo que em 30/7/1999 lhe foi concedida antecipação de tutela para fins de que não fosse autuado pelo não recolhimento desse tributo (fls. 56/58) Tal decisão interlocutória foi mantida em acórdão do TRF da 3ª Região nos autos do agravo de instrumento nº 1999.03.0464769, em 28/6/2011. Não obstante, em 4/12/2013 foi prolatada a sentença daquela ação declaratória, negando provimento, no mérito, à pretensão do autor (disponível para consulta em http://www.jfsp.jus.br/forunsfederais/, no site do TRF da 3ª Região na internet). Fl. 961DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 10 O juízo considerou inicialmente que, "para a entidade gozar do benefício outorgado pelo parágrafo 7º do artigo 195, da Constituição Federal, precisa satisfazer os requisitos de lei. In casu, os requisitos estão dispostos no artigo 55 da Lei n. 8.212/91", afastadas as alterações promovidas pela Lei nº 9.732/98. Continuou, asseverando que: ...o atendimento dos requisitos expostos na regulamentação legal mencionada é condição indispensável para a obtenção ou prorrogação do benefício, não socorrendo a autora o argumento de eventual direito adquirido fundado no cumprimento dos pressupostos da legislação anterior recepcionada pela Constituição de 1988. Nesse sentido, a Súmula n. 352 do Superior Tribunal de Justiça ("A obtenção ou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) não exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes") (...) Da análise da documentação carreada aos autos, inferese que o autor não reúne as condições necessárias para o reconhecimento da imunidade pretendida. O Instituto comprovou haver sido declarado de utilidade pública municipal desde agosto de 1981 (fl. 57) e de utilidade pública federal desde dezembro de 1981 (fls. 59/63). Comprovou, ainda, estar registrado no Conselho Nacional de Assistência Social desde 1975 (fl. 68), o que, todavia, não lhe assegura imunidade duradoura ante a exigência constante do inciso II, do artigo 55, da Lei n. 8.212/91. (...) Consta dos autos, ainda, que após fiscalização levada a efeito pelo órgão previdenciário, foi constatada a inobservância do disposto nos incisos IV e V (fls. 551 e 652/656), o que culminou com o indeferimento do pedido de prorrogação da isenção, formulado em 1998, conforme documentos extraídos do respectivo processo administrativo e acostados às fls. 639/649.O exame da escrituração contábil do institutoautor permitiu à fiscalização apurar que houve utilização dos recursos gerados pelas atividades educacionais em desacordo com o Estatuto Social, mediante aquisição de bens móveis e imóveis, pagamento de despesas particulares dos membros de sua Diretoria e transferência de valores a terceiros, o que caracteriza distribuição indevida da receita (lucro) que deveria ser integralmente aplicada na manutenção e incremento de seus objetivos institucionais de educação. Considerando que a descaracterização do caráter beneficente não se coaduna com os fins sociais para os quais fora concebida a imunidade constitucional, impõese a rejeição da pretensão formulada.(grifei) Arremata o magistrado: Assim, concluise que não foi observada a vedação de se conceder a diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores remuneração, vantagens ou benefícios a qualquer título. Tampouco ocorreu aplicação integral de eventual Fl. 962DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 112 11 resultado operacional na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos institucionais. Nesse contexto, o julgamento de improcedência do pedido é medida que se impõe. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial, com amparo no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil. (grifei) Consoante já sedimentado na doutrina e na jurisprudência, "a prolação da sentença do processo principal opera o efeito substitutivo da decisão interlocutória proferida anteriormente e torna prejudicado o recurso dela oriundo (1ª Turma do STF, AgRE nº 599.922 SP, j. 3/5/2011), porque o juízo de cognição precária é superado pela análise exauriente da pretensão sub judice, conferindo tratamento definitivo à lide, na instância de origem. Por conseguinte, ainda que a decisão em comento esteja sujeita a recurso de apelação sob o nº 000529991.1999.4.03.6104, a rigor o recorrente não possui qualquer provimento judicial em vigor que lhe reconheça a aventada imunidade nos termos do art. 195, § 7º da CF. Da legislação aplicável. No decorrer do período em que as contribuições previdenciárias em questão restaram inadimplidas, anoscalendário 2003 a 2007, vigia o art. 55 da Lei nº 8.212/91, cujo § 1º regrava que, salvo direito adquirido, o reconhecimento da isenção tinha que ser requerido pela entidade ao INSS, devendo o pedido ser instruído com documentos para demonstrar o cumprimento dos requisitos exigidos na lei. Vale trazer à colação as normas em referência: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; Fl. 963DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 12 V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. § 2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção (...) §6o A inexistência de débitos em relação às contribuições sociais é condição necessária ao deferimento e à manutenção da isenção de que trata este artigo, em observância ao disposto no § 3o do art. 195 da Constituição. Mister mencionar que o entendimento de boa parte da doutrina e jurisprudência é o de que, embora o art. 14 do CTN possa ser considerado, por analogia, a lei complementar a que se refere o § 7º do art. 195 da CF, são válidos e em harmonia com os preceitos daquele artigo do CTN as disposições do art. 55 da Lei nº 8.212/91 tais como seus incisos III, IV e V, eis que meramente explicitam o conceito de entidade beneficente. O contribuinte não demonstrou fazer jus a direito adquirido, valendo frisar, como bem lembrado no trecho supra transcrito de decisão judicial, que a mera detenção de CEBAS ou de reconhecimento como instituição de utilidade pública, no decorrer do período em questão, não o exime de comprovar o atendimento dos demais requisitos legais para a fruição das benesses fiscais, os quais são, consoante a simples leitura dos incisos do art. 55 da Lei nº 8.212/91 atesta, cumulativos. Dessa feita, não socorre o autuado a tese de que a MP nº 446/08, por seus arts. 37 a 39, teria renovado sua condição de entidade imune, pois não havia recurso administrativo algum interposto por ele, ou pela Fazenda Pública, pendente junto ao Ministério de Previdência Social. Pelo contrário, o que existia era decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social, datada de 14/2/2001 (fls. 146/152), negandolhe definitivamente o pedido de isenção das contribuições previdenciárias patronais, tendo em vista fiscalização efetuada na entidade que apurou retirada de prólabore, compra ou aluguel de imóveis e outras vantagens e benefícios a favor de seus diretores. Ademais não há falar em retroatividade da Lei nº 12.101/09, no tocante aos seus aspectos materiais, por não se enquadrarem seus regramentos nas hipóteses contempladas no art. 106 do CTN, a saber, lei interpretativa ou penalidade. Da distribuição do patrimônio, do desvio de finalidade, e do ato declaratório Por não dissentir das bem postas razões da instância a quo sobre esses temas, peço a devida vênia para transcrevêlas para que passem a integrar a fundamentação deste voto: Quanto à argumentação de inexistência de distribuição do patrimônio, o inciso I, do art. 14 do CTN dispôs sobre esse assunto que as entidades em questão não Fl. 964DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 113 13 distribuíssem "qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer titulo" (sem grifo no original). Ora, conforme descrito pela fiscalização em seu Relatório, o que ocorreu foi a transferência de recursos para empresas constituídas em nome dos seus próprios dirigentes, "sob a justificativa de prestarem pessoalmente serviços de assessorias e consultorias de altíssima rentabilidade, mas cuja necessidade e efetividade não ficou devidamente comprovada" (sem grifo no original). A impugnante afirma que "foram contratos de prestação de serviços celebrados pelo impugnante para atividades típicas da entidade, com cobertura no seu estatuto social, realizados com empresas regularmente registradas, que apresentaram seus impostos em dia, com capacidade técnica para o que foram contratadas, realizando efetivamente os serviços oferecidos dentro de preços de mercado", juntando as fls. 668/676 os docs. de n° 19 e 20 para comprovar suas alegações. Alega que por esse motivo os fatos narrados não têm repercussão como desrespeito ao inciso I, do artigo 14 do CTN. Entretanto, apenas a afirmação acima transcrita e os parcos documentos juntados não são elementos suficientes para neutralizar os argumentos da fiscalização, a qual analisou a contabilidade da entidade e demais documentos a ela relacionados. Ora, a impugnante poderia ter trazido aos autos a comprovação de que de fato não houve "remuneração de dirigente por atividade na mantida", mas sim contraprestação com pagamento "fora das atividades estatutárias", por meio de contratos celebrados, recibos de pagamento, etc, entretanto tal não ocorreu. A Lei fala na impossibilidade de distribuição de patrimônio ou renda "a qualquer titulo", e a fiscalização observou que os serviços prestados no caso eram de altíssima rentabilidade, e que não ficou comprovada no procedimento fiscal a sua necessidade. Tão pouco agora essa situação se esclareceu apenas com a documentação juntada, relativa aos eventos realizados pelas prestadoras de serviço. Além disso, a fiscalização observou ainda a seguinte situação: "aplicação em atividades que extrapolam os objetivos educacionais propostos, por sua vez, ocorreu na oferta abundante de crédito para outras empresas do grupo econômico que tem no Instituto Santa Cecília a sua principal fonte geradora de recursos, sendo que, nas transações com uma dessas empresas, a Associação Educacional Santa Cecília uma escola de nível médio financeiramente deficitária ficou evidenciado o papel de 'testadeferro' por ela desempenhado para mediar empréstimos milionários que foram destinados para o clube de futebol (Santos Futebol Clube) ligado a um dirigente comum das instituições envolvidas (Sr. Marcelo Teixeira)". Enfim, esta última situação também não foi esclarecida pela impugnante na sua defesa, tendo em vista que os documentos apresentados não comprovam que os elementos descritos pela fiscalização quanto aos valores de crédito ofertados para outras empresas são justificáveis ou encontramse em patamares aceitáveis com relação a essas transações. Portanto, quanto à distribuição de patrimônio e aplicação de recursos em objetivos nãoinstitucionais como descrito pela fiscalização não houve presentemente a comprovação de sua inexistência. Por outro lado, quanto "aos fatos levantados contra as empresas prestadoras de serviço, pelo fato de terem o mesmo contador, relativa ao endereço de funcionamento, a forma como distribuem lucro ou contratam seus profissionais, por óbvia imposição do principio da entidade (qual seja, são pessoas jurídicas distintas Fl. 965DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 14 do ISESC), a impugnante não precisa fazer a defesa de tais instituições", não houve no Relatório Fiscal menção a estes questionamentos, pelo que se tornam inócuos. Tendo em vista o que foi analisado, portanto, concluise que a argumentação apresentada sobre inexistência de distribuição de patrimônio não foi devidamente comprovada para ser acatada. Alega a impugnante que não houve qualquer constatação pela fiscalização que a aplicação de recursos não tenha sido usado para manter o Instituto, que o empréstimo de dinheiro com remuneração a outras empresas nada mais é que investimento de recursos em troca de remuneração, e que não afetam a capacidade da impugnante de cumprir seus fins institucionais, ao contrário, criam fonte de recursos adicionais. Enfim, tratase de uma forma inteligente e usual de financiamento dos fins institucionais do impugnante. De fato, a idéia de empréstimo de dinheiro em troca de remuneração se trata de uma forma inteligente e usual de financiamento. Porém, para instituições financeiras, que têm como objeto este tipo de atividade, possuindo para isso toda uma estrutura profissional e contábil, que apesar do risco próprio do negócio praticado lhes assegura o retorno de seus investimentos, e não para instituições com objetivo de filantropia, que além de não terem autorização legal para tanto, essa atividade não faz parte de seu objeto social, e muito menos possuem qualquer estrutura desenvolvida para absorver eventuais perdas em razão do risco envolvido. Assim, ainda que o dinheiro emprestado esteja retornando ao caixa da Instituição, não existe garantia de que isso continuará ocorrendo, e se houver descontinuidade do pagamento, a impugnante estará colocando em risco o cumprimento de sua finalidade estatutária, para a qual efetivamente foi constituída. O artigo 9°, parágrafo único, do Estatuto Social da Instituição é claro inclusive quanto à impossibilidade desta situação, ao determinar que "O Instituto Superior de Educação Santa Cecília aplicará suas receitas, rendas, rendimentos ou eventual resultado operacional integralmente no território nacional, na manutenção e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais". Ora, se a impugnante apura receitas, rendas ou rendimentos e os empresta para quem quer que seja, não importa que esse dinheiro retorne aos seus cofres, ele não foi aplicado no desenvolvimento de seus objetivos institucionais, os quais, conforme o próprio Estatuto, no seu parágrafo 3°, se limita a "atividades e extensão universitária pertinentes ao ensino geral, em todos os seus níveis". Desta forma, há que se concordar com a fiscalização de que a oferta de crédito para outras empresas do grupo econômico extrapola os objetivos estatutários da impugnante. Sem embargo de tal percuciente exposição, deve ser destacado que o ponto crucial a dar arrimo à exigência fiscal é que o contribuinte, em momento algum, teve sua condição de entidade imune reconhecida pela administração, e tampouco logrou êxito em obter tal reconhecimento, em sede de pronunciamento de caráter exauriente, perante o judiciário. Nesse contexto, perdem todo sentido as arguições ventiladas quanto à necessidade de expedição de ato declaratório prévio para fins de suspender a imunidade do autuado, nos termos previstos no art. 32 da Lei nº 9.430/96, visto que não se suspender ou cancelar o que não se encontrava reconhecido ou vigente, nos termos da legislação de regência. Do preenchimento da GFIP, e das contribuições referentes aos contribuintes individuais e às cooperativas de trabalho. Fl. 966DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 114 15 O contribuinte preencheu suas GFIP partindo do pressuposto de que seria entidade imune, porém a consulta sobre o tema efetuada pela Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, que pretensamente daria guarida a seu proceder, estabelece em, seus itens 3 e 4 justamente o contrário dessa premissa, ou seja, que no caso de a entidade estar discutindo judicialmente a obrigação de pagamento da parte patronal deve ela informar a GFIP de acordo com a legislação, e não conforme o que entende ser devido, até que sobrevenha decisão judicial definitiva que altere a obrigação. Assim, sequer essa orientação administrativa não vinculante foi seguida, optando o recorrente por transmitir suas GFIP como se sua natureza de entidade imune tivesse sido reconhecida em definitivo, o que não ocorreu no particular, como visto anteriormente. Quanto aos recolhimentos de contribuintes individuais e cooperativa de trabalho, a autoridade lançadora, considerando a não comprovação da aventada imunidade, meramente aplicou os ditames dos incisos III e IV do art. 22 da Lei 8.212/91, constituindo de ofício as contribuições previdenciárias neles previstas, a exclusivo e expresso cargo da empresa, não havendo, aliás, falar em solidariedade nesse aspecto, sob qualquer prisma, face à ausência de respaldo legal. Sem embargo, é sabido que com a publicação em 25/2/2015 do acórdão exarado pelo STF no RE nº 595.838/SP, restou firmada a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, dispositivo que serviu de lastro à autuação referente aos serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho. Tal decisão judicial, tomada conforme o rito estabelecido no art. 543B do CPC então vigente (repercussão geral), é de observância obrigatória por este Colegiado, por força do § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF Portaria MF nº 343/15). Não bastasse, merece destaque o fato de que a Resolução do Senado nº 10, de 30/3/2016 (DOU 31/3/2016), suspendeu a execução do dispositivo em comento, nos seguintes termos: RESOLUÇÃO Nº 10, DE 2016 Suspende, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. O Senado Federal resolve: Art. 1º É suspensa, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, declarado inconstitucional por decisão definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 595.838. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Senado Federal, em 30 de março de 2016 Fl. 967DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 16 Diante disso, cumpre excluir do lançamento o crédito atinente ao levantamento COO cooperativa de trabalho. Da alíquota do RAT e da aferição indireta. No tocante a essas questões, considero terem elas sido adequadamente abordadas pela DRJ/CPS, motivo pelo qual peço mais uma vez a permissão para transcrever as razões então vertidas em sua essência, evitando tautologia: Com relação à argumentação de não haver motivação para o lançamento das contribuições para o financiamento dos benefícios previdenciários aos trabalhadores empregados decorrentes dos Riscos Ambientais do Trabalho — RAT, pela análise das informações dadas pela própria impugnante nas GFIP's por ela elaboradas relativas ao período levantado, constatase que o empregado mencionado pela fiscalização como sujeito a base adicional do RAT no anexo "Relatório de Lançamentos — RL", Sr. Gilmar Alcântara, consta nessas guias como sujeito a ocorrência 4, que de acordo com a tabela de ocorrências do programa Sefip é descrita como "Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho)". Portanto, a fiscalização nada mais fez do que acatar o que a própria impugnante declarou nas GFIP' s das competências lançadas, nos termos do § 2º e inciso IV do art. 32 da Lei n° 8.212/1991 . Então o procedimento fiscal seguiu a legislação pertinente, efetuando o lançamento com base na declaração feita pela impugnante, a qual inclusive tem todos os elementos para fazer o devido enquadramento de seus empregados quanto ao tipo de trabalho por eles efetuados, para fins de riscos acidentários. Quanto à discussão sobre ausência de motivação para descaracterização de autônomos, professores que prestaram serviço sem vinculo com a impugnante, e sobre uso indevido da aferição indireta, este argumento não possui embasamento, na medida em que não houve na presente autuação nem este tipo de levantamento, de caracterização de empregado, nem tampouco o uso da aferição indireta. O levantamento atinente aos professores de pósgraduação foi assim descrito pela fiscalização: PG PÓS GRADUAÇÃO CONTRIB INDIV, relativo ao pagamento de remunerações aos segurados contribuintes individuais, professores contratados para ministrar aulas em cursos de pósgraduação, omitidos nas Folhas de Pagamento e em GFIP. Como se observa da descrição do levantamento relativo aos professores dos cursos de pós graduação, eles são identificados como contribuintes individuais, e se verificarmos o anexo "DD — Discriminativo do Débito", a alíquota aplicada sobre esse levantamento é de apenas 20%, o que significa que de fato ele se refere apenas a contribuintes individuais, e não a segurados empregados, como erroneamente visualizou a impugnante. Destaquese inclusive que houve autuação pela omissão nas Folhas de Pagamento e também nas GFIP's, dos segurados contribuintes individuais, professores contratados como autônomos, de acordo com os Recibos de Pagamento e registros contábeis, conforme o Auto de Infração DEBCAD 37.222.3540 (COMPROT 15983.000930/200961). E quanto a aferição indireta, esse procedimento não foi utilizado pela fiscalização, pois as bases de cálculo do lançamento de contribuintes individuais, Fl. 968DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15983.000938/200927 Acórdão n.º 2402005.348 S2C4T2 Fl. 115 17 conforme descrito no item 35 do Relatório Fiscal, "correspondem aos valores brutos das remunerações a eles pagas ou creditadas por serviços prestados, sendo a apuração feita nas folhas de pagamento em que se encontram registrados, nos Recibos de Pagamento de Autônomos — RPAs e na escrituração contábil". Portanto, indevido o argumento desenvolvido sobre descaracterização de autônomos e aferição indireta. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de que seja excluído do lançamento somente o crédito tributário relativo ao levantamento COO cooperativa de trabalho. Ronnie Soares Anderson. Fl. 969DF CARF MF Impresso em 01/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/06/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 10865.722876/2013-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2010, 2011
IPI. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS ENTRE ESTABELECIMENTOS.
O IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos. Assim, os créditos e débitos apurados por um deles não se comunica indistintamente com outros, havendo regras e condições para o aproveitamento de créditos de um estabelecimento por outro.
MULTA. DUPLICAÇÃO. REQUISITO. CONFIGURAÇÃO DE DOLO.
Para a duplicação da multa de ofício em relação ao IPI, é necessária a configuração, na autuação, do intuito doloso ensejador de uma das situações descritas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964.
Numero da decisão: 3401-003.146
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar multa fixada em 150%, reduzindo-a ao patamar de 75%, diante da ausência de comprovação, na autuação, da ocorrência de uma das situações referidas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. Vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl. Ausente o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros e Fenelon Moscoso de Almeida (suplente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS ENTRE ESTABELECIMENTOS. O IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos. Assim, os créditos e débitos apurados por um deles não se comunica indistintamente com outros, havendo regras e condições para o aproveitamento de créditos de um estabelecimento por outro. MULTA. DUPLICAÇÃO. REQUISITO. CONFIGURAÇÃO DE DOLO. Para a duplicação da multa de ofício em relação ao IPI, é necessária a configuração, na autuação, do intuito doloso ensejador de uma das situações descritas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar multa fixada em 150%, reduzindoa ao patamar de 75%, diante da ausência de comprovação, na autuação, da ocorrência de uma das situações referidas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. Vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl. Ausente o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 28 76 /2 01 3- 17 Fl. 17519DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros e Fenelon Moscoso de Almeida (suplente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 331, com ciência à empresa em 04/12/2012 (fl. 4), para exigência de imposto sobre produtos industrializados (IPI), no valor original de R$ 19.612.863,24, acrescido de juros de mora e de multa de ofício (respectivamente, R$ 5.030.797,72 e R$ 17.566.738,66), de multa exigida isoladamente (R$ 8.697.615,68) e de "multa regulamentar" por irregularidade em arquivos digitais (R$ 3.263,63), por saída do estabelecimento sem lançamento de IPI (de janeiro de 2010 a dezembro de 2011, com multa de 75%), por falta de declaração/recolhimento do IPI escriturado (de julho de 2010 a agosto de 2011, com multa de 150%), e por créditos indevidos (de janeiro de 2010 a dezembro de 2011, com multa de 75%). No Relatório Fiscal de fls. 34 a 39, narra a fiscalização que: (a) os procedimentos fiscais tiveram por base informações e arquivos digitais fornecidos pelo sujeito passivo, abrangendo os anos de 2010 e 2011; (b) em várias notas fiscais de saída (NFe), o campo relativo ao código NCM está "zerado" ou "em branco", impossibilitando a verificação da alíquota do IPI correspondente ao produto; (c) no Livro de Registro de Apuração do IPI (RAIPI), o contribuinte lança créditos da filial Itajaí, que seria cabível apenas para estabelecimentos fabricantes de bebidas (e não para fabricantes/montadoras de veículo, como a recorrente); (d) há saldos devedores de IPI no RAIPI que não constam das DCTF entregues e não foram recolhidos; e (e) são anexadas à autuação as planilhas/tabelas com os demonstrativos individualizados por infração. A empresa apresenta Impugnação em 02/01/2014 (fls. 84 a 100), argumentando, em síntese, que: (a) a autuação deriva de fiscalização destinada somente a avaliar a substância dos créditos apropriados e a consistência dos registros dos débitos, estando maculada por vício formal (de motivação), o que a torna nula, além de não descrever precisamente o fato tributável, o que a torna insubsistente, havendo ainda violação ao contraditório, à ampla defesa e à moralidade administrativa; (b) há equívoco na quantificação da autuação, pois à soma dos débitos por vendas são acrescidos os créditos considerados indevidos, depois subtraindo o próprio valor dos débitos por vendas; (c) a duplicidade de exigência e a imprecisão na autuação ficam ainda mais evidentes na planilha "Demonstrativo da Apuração Imposto sobre Produtos Industrializados", cujo saldo final diverge do relatório final da autuação; (d) na prática, o débito do imposto foi indevidamente lançado, sendo a única divergência referente ao crédito da transferência de produtos da filial de Santa Catarina (importadora de partes, peças e veículos) para a de São Paulo (estabelecimento autuado, que recebe os veículos montados/adaptados); (e) o crédito é legítimo e não pode ser desconsiderado, devendo eventual descumprimento de procedimentos para o registro dos créditos ser objeto de autuação específica; (f) o estabelecimento de Santa Catarina é tributado na saída dos produtos, e, pelo imperativo da nãocumulatividade, o estabelecimento de São Paulo (autuado) faz jus ao crédito do imposto; (g) é certo que o RAIPI não seguiu o rumo esperado pela fiscalização, mas eventual equívoco quanto à formalidade da escrituração não está em discussão nestes autos, e a empresa faz jus ao crédito, sendo sua negativa uma afronta 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 17520DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10865.722876/201317 Acórdão n.º 3401003.146 S3C4T1 Fl. 17.520 3 ao princípio constitucional da não cumulatividade; (h) as notas fiscais de transferência estão todas disponíveis de modo a comprovar a existência do saldo credor; (i) ainda que se pudesse impor restrições ao reconhecimento do crédito referente a transferências, a previsão do art. 11 da Lei no 9.779/1999 reforça a conclusão de que não existe falta de pagamento de imposto, havendo a possibilidade de compensação; (j) na eventualidade de manutenção da autuação, a multa de ofício e a multa isolada configuram dupla penalidade pelo mesmo fato (bis in idem), sendo despropositada a cobrança mais gravosa exatamente nos casos em que o contribuinte atuou mais proximamente do desejado pelo fisco (confessando o débito, apesar de não recolhê lo); e (k) há erro de digitação no mês de maio de 2011 (R$ 2.549.537,83 ao invés de R$ 2.459.537,83), ocasionado um acréscimo indevido na autuação de R$ 90.000,00. A DRJ converte o julgamento em diligência em 17/04/2014, (fls. 17276 a 17278) para que a unidade fiscalizadora juntasse ao processo os arquivos demonstrativos de somatórios individuais, de modo a permitir a verificação do erro de digitação referido na impugnação. Em resposta (fl. 17465), a unidade local reconhece que o valor correto a ser lançado para o mês de maio de 2011 seria R$ 2.459.537,83 (e não R$ 2.549.537,83), cientificandose a empresa do resultado (fl. 17471). Em 16/10/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 17473 a 17481), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência da impugnação, exclusivamente no que se refere aos R$ 90.000,00 decorrentes do erro de digitação constante da autuação (e juros/multas decorrentes). Nos demais tópicos, conclui a DRJ que: (a) o auto de infração não contém vício de motivação, sendo a exigência detalhada no relatório fiscal, com todos os elementos exigidos normativamente e propiciando o contraditório e a defesa, pela autuada; (b) o IPI é regido pelo princípio da autonomia entre estabelecimentos o que implica a impossibilidade de comunicação entre créditos e débitos, como deseja a empresa, tendo sido o enquadramento para a transferência exclusivo para o ramo de bebidas; (c) eventual compensação entre créditos e débitos de distintos estabelecimentos deve observar procedimento específico; (d) a multa agravada (de 150%) foi aplicada sobre os casos em que o IPI foi escriturado, mas não confessado em DCTF nem recolhido, enquanto que a multa de ofício (de 75%) foi aplicada sobre créditos do IPI não lançado e decorrentes de glosas, não havendo confusão entre as multas aplicadas; e (e) o agravamento da multa para 150%, estão presentes os elementos caracterizadores da fraude a que se refere o art. 72 da Lei no 4.502/1964, pois a autuada, mesmo em relação aos valores de IPI que sabia devidos (pelo próprio registro no RAIPI), deixou de confessálos em DCTF (sendo a escrituração procedimento diferente da confissão em DCTF). Cientificada do acórdão da DRJ em 18/11/2014 (cf. Termo de fl. 17489), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 03/12/2014 (fls. 17491 a 17515), reiterando, preliminarmente, que houve falta de explicação sobre a metodologia utilizada na autuação, e que não há provas quanto a dolo, fraude ou simulação. No mérito, afirma que: (a) a operação realizada pela recorrente foi com recolhimento do IPIimportação, efetuado pelo estabelecimento importador, em Santa Catarina, e posteriormente transferido a seu estabelecimento, em LemeSP, e os créditos glosados foram referentes a essa operação, não sendo difícil concluir que o resultado final dos registros fiscais era de que a recorrente tinha saldo credor de IPI no estabelecimento de Itajaí/SC e saldo devedor no estabelecimento de Leme/SP, que foi amortizado a partir de 2010, sendo tal amortização permitida, pois em momento alguma a legislação proíbe a transferência de créditos, sendo a compensação permitida pelo art. 11 da Lei no 9.779/1999, transcrevendo excerto de julgamento no processo administrativo no 1389.001115/200612 (sic); (b) a decisão da DRJ mitiga o princípio da não Fl. 17521DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 cumulatividade, e que o tributo não deixou de ser recolhido, havendo mero erro de forma, sem prejuízo ao Erário; (c) o afastamento da terceira infração imputada pelo fisco na autuação ocasiona, sucessivamente, o afastamento da segunda; e (d) em relação à primeira infração atribuída na autuação, sobre o erro de preenchimento (falta de indicação do código NCM), que a nota fiscal foi emitida regularmente, ocorrendo o comportamento positivo necessário para instrumentalizar a arrecadação do tributo, agregando julgado do STJ sobre o tema. No mais, reitera a argumentação de que há bis in idem na cumulação da multa isolada com a multa de ofício, que possuem o mesmo fundamento legal (art. 80 da Lei no 4.502/1964), citando jurisprudência administrativa relacionada. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Preliminarmente, a recorrente alega que houve falta de explicação sobre a metodologia utilizada na autuação e que não há provas quanto a dolo, fraude ou simulação. Sobre a primeira alegação, é de se acordar com o julgador de piso que a autuação atende os requisitos normativos para a lavratura, entre os quais a detalhada descrição dos fatos e do enquadramento legal, com clara motivação. Não se vê a dificuldade metodológica apontada pela recorrente, que, como provam as próprias peças recursais, entendeu perfeitamente as condutas que lhe são imputadas, e delas se defendeu. No que se refere à alegação de ausência de comprovação de dolo, esclarecemos que não a vemos como questão preliminar, eventualmente ensejadora de nulidade na autuação. Isso porque afeta especificamente determinado tema (agravamento de multa), mas não a incidência de tributos e encargos devidos. Assim, trataremos do tema ao final deste voto, em conjunto com as questões de mérito. No mérito, não há controvérsia fática no presente processo. Fisco e recorrente demonstram plena consciência sobre qual a operação que de fato ocorreu, com remessa entre estabelecimentos de uma mesma pessoa jurídica, a primeira delas tendo recolhido IPI importação, e a segunda (a recorrente) tendo amortizado débitos de IPI com os créditos decorrentes da primeira operação. A autuação trata da inexistência de fundamento legal/normativo para tal compensação/amortização. E destaca que o fundamento alegado pela recorrente foi a Instrução Normativa no 87/1989, que trata exclusivamente de estabelecimentos fabricantes de bebidas (e não fabricantes/montadores de veículo, como a recorrente). Em suas peças de defesa, a recorrente não insiste no fundamento específico e equivocado alegado à época, mas em outros fundamentos, mais genéricos, como a simples possibilidade de compensação, o princípio constitucional da não cumulatividade, e a Fl. 17522DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10865.722876/201317 Acórdão n.º 3401003.146 S3C4T1 Fl. 17.521 5 inexistência de vedação expressa. Agrega ainda em seu favor o art. 11 da Lei no 9.779/1999 e precedente administrativo. Ocorre que o IPI é tributo no qual impera a autonomia dos estabelecimentos, e a regra estabelecida na Instrução Normativa no 87/1989, para fabricantes de bebidas, é uma das raras mitigações normativamente admitidas. Como destacou o julgador de piso, a própria legislação citada na impugnação (IN RFB no 900/2008 e IN RFB no 1300/2012) apresenta restrições à utilização dos créditos (transcrevendo o art. 21), sequer suscitadas pela defesa. Assim, não há que se falar que inexistem restrições/vedações ao aproveitamento de tais créditos. Em sede de recurso voluntário não se afasta tal argumento externado no julgamento de piso, partindose para demanda mais abstrata, calcada no princípio constitucional da não cumulatividade, e no art. 11 da Lei no 9.779/1999. A não cumulatividade constitucionalmente prevista não é absoluta e incondicional como quer crer a recorrente, sendo disciplinada nas leis e demais normas que regem o IPI. E negar vigência a tais regras sob eventual fundamento de inconstitucionalidade não está no âmbito de competência deste CARF, por força da Súmula no 2 do tribunal administrativo. Assim, as leis que regem a matéria devem ser tidas como constitucionais no julgamento do presente processo, não podendo a menção a princípio constitucional operar de modo a afastar lei vigente. Em relação ao art. 11 da Lei no 9.779/1999, cabe mencionar que também não concede incondicionalmente o direito a transferência de crédito entre distintos estabelecimentos, mas somente o direito a aproveitar saldo credor de IPI para compensação, observado o disposto nos artigos 73 e 74 da Lei no 9.430/1996 e as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal (do Brasil). E não se diga que se houvesse sido adotado tal procedimento existiria indubitavelmente o crédito, ou que não houve prejuízo ao Erário, e que tudo é uma mera questão de erro na forma, porque se está a tratar de operações que demandariam, em sua individualidade, nova análise para comprovação do direito creditório, em se tratando de IPIimportação, observada a legislação de regência. O julgado administrativo apresentado, por sua vez, com número de processo incompleto (no 1389.001115/200612, o que dificultou o acesso à íntegra do julgamento), trata de precedente que não vinculado o julgamento por este colegiado. Ademais, a simples leitura dos excertos transcritos já serve para concluir que se está a tratar de situação diversa da aqui analisada (o próprio voto menciona que se o período não fosse entre a publicação das Leis no 9.779/1999 e no 10.637/2002 o entendimento seria diferente). E, recordese, no presente processo se analisam os anos de 2010 e 2011. Assim, não assiste razão à recorrente no que se refere à indevida transferência de créditos, devendo ser mantido o lançamento nesse aspecto. Não há, por consequência, que se falar em afastamento de infração diversa, sucessivamente, como demanda a recorrente. Em relação ao alegado "erro de preenchimento", há que se salientar que a ausência de preenchimento (ou o preenchimento somente com dígito zero) do campo relativo ao código NCM do produto está longe de ser mera incorreção que não afeta o tratamento tributário. Ao contrário do que defende a recorrente, de que a simples emissão de nota fiscal já atende ao "necessário para instrumentalizar a arrecadação do tributo", há que se recordar que a alíquota do IPI (um dos elementos quantificadores do tributo) é sempre determinada mediante Fl. 17523DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 a prévia classificação da mercadoria na NCM, identificandose a correspondência na TIPI (Tabela de Incidência do IPI). E, novamente, o julgado (do STJ) colacionado é inadequado, pois trata de "simples falha no preenchimento... que não acarrete prejuízo ao erário". Não se está aqui, como exposto, a discutir simples falha, mas diversas ausências de inserção do código NCM do produto, necessário a quantificar e permitir que o fisco verifique a escorreição da quantificação do IPI. Portanto, também no que se refere a tal infração (ausência de NCM ou NCM preenchida com zero) deve ser mantido o lançamento. Sobre a alegada existência de bis in idem, na cumulação da multa isolada com a multa de ofício, que possuem, segundo a recorrente, o mesmo fundamento legal (art. 80 da Lei no 4.502/1964), cabe destacar que a referida lei, em seu artigo 80, dispõe: "Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. (Redação dada pela Lei no 11.488, de 2007) (...) § 8o A multa de que trata este artigo será exigida: (Incluído pela Lei no 11.488, de 2007) I juntamente com o imposto quando este não houver sido lançado nem recolhido;(Incluído pela Lei no 11.488, de 2007) II isoladamente nos demais casos. (Incluído pela Lei no 11.488, de 2007)" E a autuação distingue as duas situações, indicando sobre quais situações se está a aplicar cada multa, como destaca a DRJ (fl. 17479): "A peça impugnatória parece estar confundindo dois fatos e duas bases de cálculo distintas nas alegações acima. Enquanto a multa agravada, no percentual de 150%, foi aplicada sobre os casos em que o IPI foi escriturado, mas não confessado em DCTF, nem recolhido; a multa de ofício (de 75%), por outro lado, foi aplicada sobre créditos de IPI não lançado e decorrentes de crédito glosado, conforme consta perfeitamente diferenciado no AI (fl. 22). Mesmo que se tratem de, em alguns casos, mesmos períodos de apuração, correspondem a parcelas diferentes e complementares do imposto, razão pela qual não há que se confundir as multas aplicadas." (grifo nosso) Assim, não existe bis in idem, mas penalidades diferentes aplicadas a situações distintas. Ademais, o artigo 80 da lei de regência distingue claramente, em seu texto, o âmbito de aplicação das penalidades. Fl. 17524DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10865.722876/201317 Acórdão n.º 3401003.146 S3C4T1 Fl. 17.522 7 Portanto, não merece prosperar a argumentação da recorrente, visto que as condutas são diversas, assim como as bases a serem tomadas em conta (considerando ou não os créditos). Por fim, é de se retomar a discussão sobre a alegação de ausência de comprovação de dolo, fraude ou simulação, nos autos. Em análise da autuação, e do seu Relatório Fiscal, a única justificativa para o agravamento da multa se encontra à fl. 38: Assim dispõe o § 6o do artigo 80 da Lei no 4.502/1964: "§ 6o O percentual de multa a que se refere o caput deste artigo, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, será: (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)(Vide Decreto nº 7.212, de 2010) I aumentado de metade, ocorrendo apenas uma circunstância agravante, exceto a reincidência específica; (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) II duplicado, ocorrendo reincidência específica ou mais de uma circunstância agravante e nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)" (grifo nosso) Sequer se insinua, na autuação, qual seria a conduta específica do § 6o do artigo 80 que estaria ensejando a qualificação. Vejase que a multa será duplicada no caso de reincidência específica ou mais de uma circunstância agravante, e nos casos previstos nos artigos 71 (sonegação), 72 (fraude) e 73 (conluio). O artigo 71 trata de ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte do fisco da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais do contribuinte. O artigo 72, por seu turno, trata de ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador (ou excluir ou modificar suas características essenciais). E o artigo 73, por fim, trata de ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Vejase que tanto no artigo 71 quanto no artigo 72 há dois elementos relevantes: (a) um antecedente elemento volitivo , e um consequente o resultado buscado com a ação ou omissão. Em relação ao elemento volitivo, é de se destacar que não basta simplesmente haver recolhimento a menor, ou omissão de receita. É preciso que se vincule isso a uma “vontade”, a uma intenção. Fl. 17525DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 A conduta imputada para o agravamento é a não declaração em DCTF, e a fundamentação foi genérica (§ 6o do artigo 80 da Lei no 4.502/1964). Quem realizou o trabalho de enquadramento específico não foi o autuante, mas sim o julgador de piso (fl. 17480): "Pelo texto legal, a caracterização da hipótese de sonegação dá se pelo impedimento ou retardamento doloso do conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador ou simplesmente de suas características essenciais. Verificase que a fraude se caracteriza em razão de uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe sempre a intenção de causar dano à Fazenda Pública, num propósito deliberado de se subtrair no todo ou em parte a uma obrigação tributária. Para o caso concreto, entendo existentes os elementos caracterizadores de fraude, uma vez que a impugnante, mesmo em relação aos valores do IPI que sabe devidos (pelo próprio registro desses valores no RAIPI), deixa de confessálos na DCTF, instrumento instituído para a realização da cobrança de débitos de forma automática pela RFB. O procedimento repetitivo reforça o caráter voluntário e consciente em obter como resultado retardar ou evitar a cobrança de débitos que sabe devidos. É necessário salientar que, embora a impugnante declare em sua peça que tais débitos foram confessados, a confissão de dívida é diferente da escrituração, e não ocorreu uma vez que as DCTF, como já dito, foram declaradas com os respectivos saldos devedores zerados." (grifo nosso) Assim, nesta etapa do contencioso está a recorrente já a se defender da capitulação entendida pela DRJ, e não da genérica, imputada na autuação. Percebese, então, que não restou devidamente configurada e individualizada a circunstância ensejadora da duplicação da multa, na autuação, e que o argumento utilizado pela DRJ de que o procedimento repetitivo reforçaria o caráter voluntário e consciente (dolo), ausente na autuação, não tem o condão de, por si só, enquadrar a situação no artigo 72 da Lei no 4.502/1964. Ausente a configuração específica de circunstância ensejadora da duplicação do percentual da multa, esta deve ser mantida no patamar de 75%. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar multa fixada em 150%, reduzindoa ao patamar de 75%, diante da ausência de comprovação, na autuação, da ocorrência de uma das situações referidas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. Rosaldo Trevisan Fl. 17526DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10865.722876/201317 Acórdão n.º 3401003.146 S3C4T1 Fl. 17.523 9 Fl. 17527DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 10280.901717/2010-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. A unidade de origem realizou tão-somente o trabalho de: verificar a existência, certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. Não houve, pois, lançamento indireto de tributo, não havendo que se falar em contagem de prazo decadencial.
DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS. As despesas pré-operacionais são aquelas incorridas durante o preparo da pessoa jurídica para que esta seja capaz de operar e produzir. Dentre as despesas pré-operacionais, podem ser incluídas as despesas gerais e administrativas, o que compreende, inclusive, despesas com salários e encargos dos funcionários.
AMORTIZAÇÃO DO ATIVO DIFERIDO. A amortização dos valores registrados no Ativo Diferido é uma faculdade conferida ao contribuinte, existindo prazos específicos para seu aproveitamento. Assim sendo, não é possível sua implementação de ofício pela autoridade julgadora durante análise de pedido de restituição.
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. É dispensável a realização de perícia para o deslinde do presente julgamento, vez que estão presentes nos autos todos os elementos necessários à verificação da existência do direito creditório da Recorrente.
Numero da decisão: 1301-002.061
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário
documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva. Ausente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006 DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. A unidade de origem realizou tão-somente o trabalho de: verificar a existência, certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. Não houve, pois, lançamento indireto de tributo, não havendo que se falar em contagem de prazo decadencial. DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS. As despesas pré-operacionais são aquelas incorridas durante o preparo da pessoa jurídica para que esta seja capaz de operar e produzir. Dentre as despesas pré-operacionais, podem ser incluídas as despesas gerais e administrativas, o que compreende, inclusive, despesas com salários e encargos dos funcionários. AMORTIZAÇÃO DO ATIVO DIFERIDO. A amortização dos valores registrados no Ativo Diferido é uma faculdade conferida ao contribuinte, existindo prazos específicos para seu aproveitamento. Assim sendo, não é possível sua implementação de ofício pela autoridade julgadora durante análise de pedido de restituição. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. É dispensável a realização de perícia para o deslinde do presente julgamento, vez que estão presentes nos autos todos os elementos necessários à verificação da existência do direito creditório da Recorrente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva. Ausente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. A unidade de origem realizou tãosomente o trabalho de: verificar a existência, certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. Não houve, pois, lançamento indireto de tributo, não havendo que se falar em contagem de prazo decadencial. DESPESAS PRÉOPERACIONAIS. As despesas préoperacionais são aquelas incorridas durante o preparo da pessoa jurídica para que esta seja capaz de operar e produzir. Dentre as despesas préoperacionais, podem ser incluídas as despesas gerais e administrativas, o que compreende, inclusive, despesas com salários e encargos dos funcionários. AMORTIZAÇÃO DO ATIVO DIFERIDO. A amortização dos valores registrados no Ativo Diferido é uma faculdade conferida ao contribuinte, existindo prazos específicos para seu aproveitamento. Assim sendo, não é possível sua implementação de ofício pela autoridade julgadora durante análise de pedido de restituição. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. É dispensável a realização de perícia para o deslinde do presente julgamento, vez que estão presentes nos autos todos os elementos necessários à verificação da existência do direito creditório da Recorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 17 17 /2 01 0- 13 Fl. 580DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO 2 (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva. Ausente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Relatório Cuida o presente processo da não homologação das compensações tratadas no PER/DCOMP n° 33304.80609.070307.1.3.047054 (fls. 1/5), o qual visa o aproveitamento de pagamento a maior de estimativa mensal de CSLL do mês de agosto de 2006. Nos termos do despacho decisório (fl. 06), a DRF/Belém indeferiu o pedido de restituição e considerou não homologadas as compensações por entender que o pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real somente pode ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo do período. Irresignada, a contribuinte ingressou com Manifestação de Inconformidade (fls. 10/35). A compensação foi realizada em 07.03.2007, época em que vigorava a Instrução Normativa SRF nº 600/2005, a qual vedava a restituição das estimativas mensais pagas. Somente com a edição da Instrução Normativa SRF nº 900/2008, estes pagamentos passaram a ser passíveis de restituição ou compensação, alcançando as compensações transmitidas a partir de 1º de janeiro de 2009. Posteriormente, foi emitida a Solução de Consulta Interna COSIT n° 19 de 5.12.2011, esclarecendo que as disposições da Instrução Normativa SRF n° 900/2008 relativas à restituição de estimativas poderiam ser aplicadas, de forma retroativa, às compensações ainda pendentes e que foram transmitidas na vigência das instruções normativas anteriores. Assim sendo, ultrapassadas as razões que motivaram o indeferimento do pedido do contribuinte, determinouse a realização de diligência para que a unidade de origem tivesse a oportunidade de averiguar se o crédito tributário de fato existe (fls. 103/107). No Relatório Fiscal de fls. 378/384, a Unidade de Origem concluiu pela inexistência do direito creditório pleiteado. Aponta que a estimativa foi incorretamente apurada por terem sido computadas despesas préoperacionais nas contas de despesas, ao invés de serem contabilizadas no ativo diferido. Feita a recomposição, restaria, inclusive, saldo de CSLL a pagar, o qual não foi objeto de lançamento de ofício devido ao decurso do prazo decadencial. Cientificada, a contribuinte apresentou suas considerações sobre o resultado da diligência, reiterando os argumentos utilizados na Manifestação de Inconformidade e combatendo o quanto apurado pela Unidade de Origem. Fl. 581DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 10280.901717/201013 Acórdão n.º 1301002.061 S1C3T1 Fl. 581 3 A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela 3° Turma da DRJ/Belém, por meio do Acórdão n° 0125.498 de fls. 479/486, sendo utilizado como fundamento o resultado da Diligência Fiscal. Contra esta decisão, foi interposto Recurso Voluntário (fls. 490/575), no qual se alega, preliminarmente, a decadência do direito à glosa dos custos e despesas e do prejuízo fiscal apurado, pois seria indevida a recomposição da CSLL quando a compensação já estava tacitamente homologada. Assim sendo, a Unidade de Origem estaria procedendo ao lançamento do tributo devido na Diligência Fiscal, ainda que de forma indireta. Ademais, sustenta que a análise do direito creditório da Recorrente deve se limitar à discussão originária, tendo em vista que o fundamento que originou a não homologação da restituição foi a impossibilidade de utilização de estimativas mensais. Contudo, a Diligência resultou em verdadeira fiscalização, ocorrendo o lançamento de ofício indireto da parcela paga a maior e não reconhecida. No mérito, sustenta, em síntese, que: (i) foi realizado pagamento a maior a título de estimativa mensal de CSLL; (ii) não procede o argumento utilizado no resultado da diligência fiscal de que se tratam de custos e despesas préoperacionais, uma vez que se destinam à consecução do objeto social, constituindose, principalmente, em despesas com salários e encargos; (iii) caso mantida a glosa, devem ser consideradas as parcelas de amortização do ativo diferido; (iv) a não restituição do tributo pago a maior implicará no enriquecimento sem causa da Fazenda Nacional; (v) a negativa da restituição configura afronta ao Princípio da Razoabilidade e inobservância ao Princípio da Primazia da Realidade; (vi) os créditos pleiteados devem ser atualizados com base na taxa SELIC. Caso este órgão julgador não se convença do direito da Recorrente ao crédito pleiteado, requer seja determinada a realização de perícia. Ao final, a contribuinte faz as seguintes considerações e requer o quanto segue: Pelo tanto quanto restou averbado, considerando: a) que o tributo devido, apurado e declarado pelo contribuinte, está sujeito ao regime de homologação; b) que a apuração e quantificação daquele tributo já estava homologada tacitamente à data do início da diligência fiscal; c) ser defeso reabrir a apuração do tributo devido (como no caso com decorrente alteração de sua base de cálculo) quando a apuração e declaração do contribuinte já estava tacitamente homologada; d) como decorrência, deve ser o montante declarado e tacitamente homologada o montante a ser considerado na apuração do crédito que ampara o contribuinte e não aquele apurado pela autoridade diligenciadora já que apurado em relação a período decaído e tacitamente homologado; e) ser, ainda, nula a extrapolação dos motivos para além daqueles contidos originariamente no Despacho Decisório para fins de negativa do crédito tributário do contribuinte a qual deve conterse nos limites do Despacho Decisório que inaugurou o contencioso administrativo; Fl. 582DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO 4 f) que a Recorrente iniciou suas atividades operacionais no anocalendário de 2005 na data do registro de colaboradores/funcionários que passaram a exercer atividades voltadas à consecução do objetivo social e cujos custos e despesas configuramse, para fins tributário, em operacionais; g) que a Recorrente efetivamente sujeitase à tributação pelo Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; h) que a Recorrente, como lhe faculta o RIR/99 apurou, no anocalendário de 2006 o IRPJ e a CSLL devidos utilizandose do Lucro Real Anual, procedeu a suspensão ou redução, em todos os meses através de balancetes de suspensão e redução o IRPJ e a CSLL devidos; i) que em decorrência houve apuração de parcela de CSLL devida pela Recorrente no mês de agosto de 2006; j) que inobstante a existência de débito a Recorrente recolheu, indevidamente, parcela a maior de CSLL naquele período de apuração (agosto de 2006); k) que pelas razões de fato e de direito aduzidas a Recorrente tem direito à restituição do tributo que recolheu indevidamente nos termos pleiteados; l) que a Recorrente apurou o montante do crédito passível de restituição, atualizou o mesmo nos termos da legislação de regência e procedeu à compensação daquele crédito devidamente atualizado com débitos vincendos, tudo de acordo com a legislação regulamentar; m) que mesmo diante do flagrante direito que assiste à Recorrente devidamente assegurado pela legislação de regência, tal direito lhe foi negado pela Fazenda Federal; n) que, por via de conseqüência, deixou a Fazenda Federal de homologar compensações vinculadas pela Recorrente àquele crédito assim como de restituir o saldo remanescente; o) que em decorrência os mais básicos direitos do contribuinte, ora Recorrente, foram desrespeitados causandolhe risco de irreparável prejuízo. Diante de tudo o que foi dito e apontando na presente peça de Recurso Voluntário, e confiando nos conhecimentos jurídicos deste Egrégio Conselho a Recorrente entende que são robustos seus fundamentos, motivo pelo qual formula seu REQUERIMENTO FINAL, para o especial fim de: a) o recebimento e processamento da presente, com os documentos que a acompanham; b) seja reconhecida a existência do crédito da Recorrente, a título de pagamento a maior de CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro no montante requerido originalmente uma vez que comprovada de forma irrefutável sua existência; c) seja reconhecido o direito da Recorrente à compensação, com parcelas subseqüentes ao indébito de Contribuição Social sobre o Lucro, no montante total requerido; d) seja reconhecido o direito da Recorrente de aplicar, sobre seus créditos a correção monetária plena, através de índices que melhor reflitam a real inflação observada, vale dizer, a incidência da SELIC, nos termos do 4º, do art. 39, da Lei n ֻ◌ 9.250/95. Fl. 583DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 10280.901717/201013 Acórdão n.º 1301002.061 S1C3T1 Fl. 582 5 e) que, em decorrência, sejam homologadas todas as compensações realizadas com base nos créditos pleiteados e que são objeto do presente recurso, já que devidamente comprovados; f) que o excesso do crédito apurado pela Recorrente e não compensado seja restituído imediatamente em moeda corrente nacional; g) por cautela, caso se faça necessário, não obstante o entendimento de que todos os elementos probatórios já constam dos autos, pretendese provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, em especial através de provas periciais ficando desde já requerida a realização de perícia contábil para comprovação do direito creditório que assiste a Recorrente, se a considerar este Julgador necessária a comprovação do quanto alegado; h) Por fim, requerse que todas as intimações e/ou publicações se dêem em nome do signatário no endereço constante do preâmbulo. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro O Recurso Voluntário é tempestivo, portanto, dele conheço. 1. PRELIMINARMENTE– DECADÊNCIA E LIMITAÇÃO À DISCUSSÃO ORIGINÁRIA. Em seu recurso, o contribuinte alega que já teria decaído o direito à glosa dos custos, despesas e do prejuízo fiscal apurado. Ademais, a unidade de origem realizou verdadeiro lançamento de ofício do tributo devido por meio da Diligência Fiscal. Sustenta, também, que a diligência deve se limitar à discussão originária, isto é, à possibilidade, ou não, de utilização de estimativas mensais de CSLL para compensação de créditos tributários. Entendo que não merecem guarida as alegações da Recorrente. No presente caso, a unidade de origem realizou tãosomente o trabalho que lhe fora solicitado, qual seja: verificar a existência, certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. É certo que essa análise demanda a verificação dos documentos fiscais e contábeis do mês de agosto de 2006, período em que ocorreu o suposto pagamento a maior da estimativa mensal de CSLL. O lançamento de ofício estaria configurado apenas se a unidade de origem tentasse cobrar do contribuinte crédito tributário em valor superior ao compensado, o que não ocorreu no presente caso, tendo em vista que o saldo de CSLL a pagar apurado no decorrer da diligência não foi objeto de nova autuação devido ao decurso do prazo decadencial. Fl. 584DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO 6 Assim sendo, o prazo quinquenal previsto nos arts. 150 e 173 do Código Tributário Nacional não se aplica ao presente caso, por não haver lançamento de ofício, ainda que indireto. Entendo, portanto, que não se operou o instituto da decadência. No que tange ao escopo da Diligência Fiscal, novamente discordo desse argumento. A análise do direito creditório pleiteado pelo contribuinte não se limita à mera possibilidade de ingresso do pedido de compensação, devendo, também, se atentar à certeza e liquidez do crédito compensado. À época da compensação e da emissão do despacho decisório, vigorava a Instrução Normativa SRF nº 600/2005, que vedava a restituição das estimativas mensais pagas. Essa vedação foi superada com a edição da Instrução Normativa SRF nº 900/2008, razão pela qual as razões que motivaram o indeferimento do pedido do contribuinte foram ultrapassadas. A possibilidade de compensação dos montantes recolhidos a maior a título de estimativas mensais é, inclusive, questão pacificada nos termos da Súmula CARF n° 84, que assim dispõe: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Superada a questão de direito, fezse necessária a realização de diligência para apurar a existência do crédito tributário. Notese que a possibilidade de retorno dos autos à unidade de origem para apreciação da certeza e liquidez do crédito já foi objeto de diversas decisões desse Colegiado, as quais passo a transcrever: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2007 PAGAMENTO A MAIOR DE ESTIMATIVA. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO. Não há óbice para que a Contribuinte busque a compensação de crédito decorrente de pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84). Afastado o fundamento que levou à negativa do crédito, devem os autos retornar à Delegacia de origem, para que seja reexaminada a Declaração de Compensação. (ACÓRDÃO 1802001.846) (...) Vejase que a questão da impossibilidade de compensação de antecipação paga indevidamente ou a maior no curso do ano calendário está superada. No entanto, considerando que os requisitos da liquidez e da certeza do crédito tributário ainda não foram verificados no presente caso, devem os autos retornar à jurisdição de origem para que a autoridade administrativa o faça. (ACÓRDÃO 1801002.072) (...)Por conseguinte, o acórdão recorrido deve ser reformado para prevalecer o entendimento no sentido da viabilidade da compensação com crédito de Fl. 585DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 10280.901717/201013 Acórdão n.º 1301002.061 S1C3T1 Fl. 583 7 pagamento indevido de estimativas. Superado esse óbice, entreta nto, não é possível prosseguir na análise do direito creditório, uma vez que nem a DRF nem a DRJ se pronunciaram a respeito da questão de fundo, ou seja, se o pagamento é ou não indevido. De ssa forma, entendo que os autos devem retornar à DRF de origem para prosseguir na análise da existência e suficiência do direito creditório, procedimento este que não configura novo despacho decisório, com posterior ciência ao contribuinte, sem prejuízo de ulterior manifestação de inconformidade. (ACÓRDÃO 1801001.83) Resta, portanto, superada a análise das preliminares apontadas pelo contribuinte. 2. DO MÉRITO 2.1. DO RESULTADO DA DILIGÊNCIA FISCAL. O Recorrente insurgese contra o resultado da diligência fiscal que apontou terem sido computadas despesas préoperacionais nas contas de despesas, ao invés de serem contabilizadas no ativo diferido. Afirma que, na realidade, estas despesas são operacionais, pois se destinam à consecução do objeto social, constituindose, principalmente, em despesas com salários e encargos. Ademais, requer que, caso mantida a glosa, devem ser consideradas as parcelas de amortização do ativo diferido. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 378/384, o contribuinte iniciou suas atividades em 10/05/2006, sendo obtida a primeira receita no mês de maio de 2006. Logo, todas as despesas antes do início de suas atividades são préoperacionais e deveriam ter sido contabilizadas no ativo diferido. Assim sendo, a contabilização incorreta na conta de despesas acarretou a obtenção indevida de prejuízo fiscal desde o anocalendário de 2005 e glosa dos valores de despesas de janeiro a abril de 2006, razão pela qual foi necessário recompor as bases de cálculo da CSLL. Dessa recomposição, verificouse a inexistência do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de CSLL. Nos termos do art. 179, V, da Lei n° 6.404/76, antes da redação dada pela Medida Provisória n° 449/08, classificavamse no ativo diferido os gastos de implantação e préoperacionais, além dos gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos, com implantação de sistemas e métodos e com a reorganização ou reestruturação da empresa. As despesas préoperacionais são aquelas incorridas durante o preparo da pessoa jurídica para que esta seja capaz de operar e produzir. Logo, dentre as despesas préoperacionais, podem ser incluídas as despesas gerais e administrativas, o que compreende, inclusive, despesas com salários e encargos dos funcionários. Fl. 586DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO 8 Corroborando este entendimento, cito a definição adotada pelo Manual de Contabilidade da Sociedade por Ações (aplicável às demais sociedades) do FIPECAFI: “Os ativos diferidos caracterizamse por serem ativos que serão amortizados por apropriação às despesas operacionais (ou aos custos), no período de tempo em que estiverem contribuindo para a formação do resultado da empresa. Compreendem despesas incorridas durante o período de desenvolvimento, construção e implantação de projetos, anterior a seu início de operação. (...) Representam, muitas vezes, gastos cuja contabilização seria como despesas operacionais, caso a atividade a que se referem estivesse já produzindo receitas ou benefícios. É o caso dos gastos incorridos com pessoal administrativo, outras despesas gerais e administrativas, e demais gastos específicos (desde que não sejam parte do Imobilizado), os quais são necessários ao desenvolvimento de um projeto”. 1 Assim sendo, a mera alegação de que se tratam de despesas com funcionários não é suficiente para afastar o caráter préoperacional desses gastos, não constando nos autos, portanto, documentos e dados capazes de afastar o resultado da diligência fiscal. Ademais, diante da inexistência do direito creditório pleiteado, ficam prejudicadas as alegações do contribuinte quanto ao suposto enriquecimento sem causa da Fazenda Pública, e da inobservância do Princípio da Razoabilidade e do Princípio da Primazia da Realidade. Quanto ao pedido subsidiário do contribuinte para que seja considerada a amortização do ativo diferido, adoto a fundamentação da decisão da DRJ/BEL, a qual entendo ser irretocável: De acordo com a Lei nº 6.404, de 1976, e o art. 327 do Regulamento do Imposto de Renda, a amortização dos valores registrados no Ativo Diferido era uma faculdade do contribuinte e deveria ser feita em prazo não inferior a cinco anos e não superior a dez anos, a partir do início da operação normal ou do exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios delas decorrentes. 23. Com a Medida Provisória nº 449, de 2008, que incluiu o art. 299A na Lei 6.404, de 1976, o ativo diferido deixou de existir, sendo que o saldo existente em 31 de dezembro de 2008 que, pela sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá permanecer no ativo sob essa classificação até sua completa amortização. 24. Ou seja, não há como a Unidade de origem, ou ainda a autoridade julgadora, de ofício, implementar o aproveitamento do ativo diferido na forma desejada, quando se está analisando um pedido de restituição de tributo pago a título de estimativa mensal, especificamente no mês de agosto de 2006. Tal implementação, conforme dito, é uma faculdade da empresa e deve ser feita nos termos da legislação citada. Portanto, não reconheço a existência do direito creditório pleiteado pela Recorrente. 2.2. DA TAXA SELIC. 1 IUDÍCIBUS, Sérgio de. MARTINS, Eliseu. GELBCKE, Ernesto Rubens. 7ª Edição. São Paulo: Editora Atlas S.A. 2008. P. 237. Fl. 587DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 10280.901717/201013 Acórdão n.º 1301002.061 S1C3T1 Fl. 584 9 A incidência da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para correção dos valores sujeitos à restituição ou compensação tributária é estabelecida, expressamente, no art. 39, § 4°, Lei n.º 9.250/95: Art. 39 A compensação de que trata o art. 66 da Lei n.º 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 58 da Lei n.º 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subsequentes. (...) § 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. Da mesma forma, dispõe o art. 83 da Instrução Normativa RFB n° 1.300/12 ao estabelecer que o crédito relativo a tributo administrado pela Receita Federal do Brasil, passível de restituição ou reembolso, será restituído, reembolsado ou compensado com o acréscimo de juros equivalentes à taxa SELIC para títulos federais. Portanto, desde 1996, os valores pagos a maior ou indevidamente devem ser acrescidos de taxa SELIC para efeito de compensação. Ocorre que, inexistindo direito creditório apurado nos autos deste processo administrativo, fica prejudicado o pedido de aplicação de juros pela taxa SELIC. 2.3. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. O contribuinte requer que, caso não reconhecido o direito creditório pleiteado, seja determinada a realização de perícia. Entendo ser dispensável a realização de perícia para o deslinde do presente julgamento, vez que estão presentes nos autos todos os elementos necessários à verificação da existência do direito creditório da Recorrente. Ademais, nos termos do art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/72, na impugnação o contribuinte deve mencionar as diligências, ou perícias que pretenda sejam efetuadas, expondo os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito. Esses requisitos não foram atendidos pela Recorrente, uma vez que em sua defesa não consta indicação do perito ou a formulação dos quesitos. Fl. 588DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO 10 Entendo, portanto, não estarem satisfeitos os requisitos necessários à realização de perícia, além do que, já foi realizada diligência na instância a quo, o que no meu sentir, supriria a realização de perícia. 3. CONCLUSÃO. Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, negolhe provimento, mantendose o quando decidido pela 3° Turma da DRJ/Belém no Acórdão n° 0125.498. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Fl. 589DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO
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Numero do processo: 11516.722569/2012-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue May 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012
PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade.
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA. LAUDO MÉDICO OFICIAL AFASTANDO A EXISTÊNCIA DA DOENÇA.
Para gozo de isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Numero da decisão: 2201-003.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares, e, no mérito, dar provimento parcial para excluir da base de cálculo o valor referente ao 13º salário relativo aos exercícios de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012.
Assinado digitalmente.
EDUARDO TADEU FARAH - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 13/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA. LAUDO MÉDICO OFICIAL AFASTANDO A EXISTÊNCIA DA DOENÇA. Para gozo de isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
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EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA. LAUDO MÉDICO OFICIAL AFASTANDO A EXISTÊNCIA DA DOENÇA. Para gozo de isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares, e, no mérito, dar provimento parcial para excluir da base de cálculo o valor referente ao 13º salário relativo aos exercícios de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. Assinado digitalmente. EDUARDO TADEU FARAH Presidente. Assinado digitalmente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 25 69 /2 01 2- 88 Fl. 603DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 13/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Em 10/10/2012, foi lavrado auto de infração referente aos exercícios 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, decorrente da omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica com vínculo empregatício. O auto de infração descreveu os fatos nos seguintes termos: Relata a autoridade de fiscal que o Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina IPREV enviou cópia de processos administrativos instaurados com o objetivo de apurar possíveis irregularidades na concessão de aposentadorias por invalidez de servidores da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC). Com relação ao contribuinte Elpídio Ardigo, o IPREV enviou cópia dos processos de fls. 06 a 340 e 341 a 382. Dentre as peças que compõem os processos, destacamos o laudo da Perícia Médica realizada no ano de 2011 (fls. 347 e 356), o Relatório Conclusivo da Comissão do Processo Administrativo instaurada (fls. 166 a 177) e a Decisão da Presidência do IPREV (fls. 178 a 186). Importa dizer, desde já, que na referida Decisão a Presidência do IPREV, acolhendo o parecer da Comissão Processsante, determinou a imediata suspensão do benefício previdenciário do contribuinte e a remessa dos autos à ALESC para revisão do ato de aposentadoria e consequente cassação do mesmo, procedimento este de responsabilidade daquela Instituição. Pois bem, conforme assinalado no Relatório Conclusivo da Comissão Processante e na própria Decisão da Presidência do IPREV, a determinação legal para a realização de avaliações médicas periódicas dos servidores do Estado de Santa Catarina aposentados por invalidez permanente está contida no parágrafo 2º do art. 60 da Lei Complementar SC nº 412, de 26 de junho de 2008. No parágrafo 3º vemos que, verificada a insubsistência dos motivos geradores da incapacidade laboral, o benefício de aposentadoria por invalidez deverá ser cancelado e o segurado revertido ao serviço público ou posto em disponibilidade, nos Fl. 604DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11516.722569/201288 Acórdão n.º 2201003.098 S2C2T1 Fl. 604 3 termos do Estatuto dos Servidores do Estado de Santa Catarina. (...) Em seu relatório de fls. 166 a 177, a Comissão do Processo Administrativo descreve que o Sr. Elpídio Ardigo foi aposentado por invalidez no ano de 1982 por ser portador de nefropatia grave, razão pela qual foi considerado definitivamente incapacitado para o trabalho. Entretanto, convocado para reavaliação médica regulamentar no ano de 2011, a Junta Médica concluiu que o avaliado apresenta apenas limitações funcionais inerentes a sua idade (fls. 347 e 356). No item 2 do relatório pericial de fls. 356, foi solicitado à Gerência de Perícia Médica da Secretaria da Administração do Estado de Santa Catarina que indicasse todos os documentos e informações que foram considerados pelo perito médico, à época da concessão do benefício (ano de 1982), para sugerir a aposentadoria por invalidez permanente do Sr. Elpídio Ardigo. Em resposta, a Gerência de Perícia Médica informa que no prontuário médico pericial do servidor se encontra anexado apenas um único atestado médico, emitido na data de 26/02/82 (fls. 344). No item 3 do relatório pericial de fls. 356, a Gerência de Perícia Médica atesta que, após revisão do prontuário médico pericial do servidor, não foram encontrados subsídios técnicos que permitissem concluir que na data da concessão do benefício previdenciário houvesse a incapacidade total e definitiva para o trabalho indicada no prontuário, haja vista a existência de apenas um mero atestado médico. No item 4 do relatório pericial de fls. 356, a Gerência de Perícia Médica assinala a apresentação de três exames realizados recentemente [anos de 2007 e 2010] e também um exame laboratorial realizado em 04/08/1987, indicando “função renal normal” cinco anos após a aposentadoria por nefropatia grave ocorrida em 1982. No item 5 do relatório pericial de fls. 356, a Gerência de Perícia Médica informa que, com base nos exames acima mencionados, o avaliado Elpídio Ardigo é portador de limitações funcionais inerentes à idade. No histórico médico pericial do servidor (fls. 347), a Junta Médica revisional informa que não foram apresentados exames complementares da época da concessão da aposentadoria que comprovem a patologia e/ou incapacidade laborativa. Acrescenta que na avaliação atual, associada com exames complementares realizados em 04/08/87, não existe comprovação de deficiência renal e que, questionado quanto a isso, o avaliado afirmou ter se recuperado devido a “um milagre”. Como vemos, a Junta Médica Oficial do mesmo ente estatal (no caso, o Estado de Santa Catarina), que outrora também havia sido oficialmente encarregada de analisar as condições de saúde do Sr. Elpídio Ardigo, em ato de revisão pericial atesta equívoco praticado na avaliação médica realizada à época da concessão de sua aposentadoria por nefropatia grave. Declara de forma clara e objetiva que não há comprovação do quadro incapacitante que originou a aposentadoria por invalidez. Fl. 605DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 Seguindo na análise do Relatório da Comissão Processante (fls. 166 a 177), vemos que no decorrer dos trabalhos de sindicância foi oportunizado ao Sr. Elpídio Ardigo a possibilidade de apresentação de todos os meios de prova (exames clínicos, laudos médicos, testemunhos, etc.) e que este, todavia, não logrou juntar elementos que corroborassem com a causa de sua aposentadoria. Ou seja, não apresentou quaisquer documentos que implicassem em mudança de posicionamento por parte da Junta Médica que realizou sua perícia no ano de 2011. Face a tudo que se encontra nos autos, a Comissão Processante finaliza seu Relatório Conclusivo dizendo ter constatado irregularidade na concessão da aposentadoria por invalidez do servidor Elpídio Ardigo em virtude da comprovação da inexistência da doença diagnosticada na concessão da aposentadoria e propõe o cancelamento do benefício previdenciário, com o envio dos autos à Presidência do IPREV para apreciação e julgamento administrativo. Conforme assinalado na Decisão do IPREV, que vem logo após o relatório da Comissão Processante (fls. 178 a 186), a Presidência daquele Instituto examinou novamente todos os elementos do processo. Nas considerações que embasam sua Decisão, trata de reforçar ainda mais as afirmações e conclusões a que chegaram, tanto a Junta Médica Oficial que realizou a perícia em 2011, quanto a Comissão do Processo Administrativo instaurada em sua sequência. Reafirma, pois, que não há nos autos qualquer documento que ateste a existência e permanência da patologia que deu causa à aposentadoria. Assim sendo, fazendo uso de suas prerrogativas legais, a Presidência do IPREV definiuse pela imediata suspensão do benefício previdenciário do segurado e a remessa dos autos à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina para efetivarse a revisão do ato de aposentadoria e consequente cassação/anulação do mesmo. (...) Por intermédio dos Ofícios nº 372/11 (fls. 383) e 115/12 (fls. 385), solicitamos à fonte pagadora Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, CNPJ 83.599.191/000187, cópia dos Comprovantes de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte relativos a todos os funcionários aposentados por invalidez, cujas cópias dos processos administrativos haviam sido disponibilizadas a esta Secretaria da Receita Federal do Brasil. Com relação aos rendimentos recebidos pelo contribuinte Elpídio Ardigo nos anoscalendário 2007 a 2011, a Assembleia Legislativa apresentou os comprovantes de fls. 387 a 391. Nesses comprovantes de fls. 387 a 391, vemos que os rendimentos foram enquadrados como proventos de aposentadoria por moléstia grave. Como dissemos, esse tipo de rendimento, quando regularmente auferido (que não é o caso), é considerado isento do Imposto de Renda. Em consulta aos sistemas de controle desta Secretaria da Receita Federal do Brasil, verificamos que o Sr. Elpídio Ardigo não apresentou Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda (DIRPF) para os exercícios 2008 a 2012, anoscalendário 2007 a 2011. Fl. 606DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11516.722569/201288 Acórdão n.º 2201003.098 S2C2T1 Fl. 605 5 Conforme estabelecido no art. 39, inciso XXXIV, do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), os contribuintes com 65 anos completos têm direito a uma parcela a mais de isenção do Imposto de Renda sobre seus rendimentos de aposentadoria, sem prejuízo da faixa de isenção de valor idêntico existente na tabela de incidência mensal do imposto. Com base em todo o exposto, e tendo em vista que o Sr. Elpídio Ardigo completou 65 de idade em maio de 2011, efetuamos o lançamento dos totais dos rendimentos de aposentadoria constantes nos comprovantes de fls. 387 a 391, deduzidos da parcela anual de isenção relativa ao anocalendário 2011 mencionada acima (R$ 14.099,49), como omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica (RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA TRIBUTÁVEIS), sujeitos ao ajuste anual na Declaração do Imposto de Renda, uma vez que o contribuinte não faz jus à isenção estabelecida no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. Além dos rendimentos de aposentadoria recebidos da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina que comentamos no tópico acima, o Sr. Elpídio Ardigo recebeu também rendimentos de aposentadoria (pensão por morte) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), CNPJ 29.979.036/000140. Em atenção ao Ofício nº 207/12 (fls. 410 e 411), o INSS encaminhou cópia dos Comprovantes de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte relativos ao benefício pago ao contribuinte nos anos calendário 2007 a 2011 (fls. 413 a 422). Tendo em vista que o contribuinte não apresentou Declaração do Imposto de Renda em nenhum dos períodos sob análise (fls. 02), efetuamos o lançamento dos totais dos rendimentos de aposentadoria recebidos do INSS nos anoscalendário 2007 a 2011 (fls. 413 a 422), como omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica (RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA TRIBUTÁVEIS), sujeitos ao ajuste anual na Declaração do Imposto de Renda. Conforme já dissemos no tópico anterior, os contribuintes com 65 anos completos têm direito a uma parcela a mais de isenção do Imposto de Renda sobre seus rendimentos de aposentadoria, sem prejuízo da faixa de isenção de valor idêntico existente na tabela de incidência mensal do imposto. Entretanto, os contribuintes com 65 anos têm direito a apenas uma parcela de isenção suplementar, independentemente do recebimento de uma ou mais aposentadorias. Considerando que já efetuamos a dedução dessa parcela de isenção dos rendimentos de aposentadoria recebidos da Assembleia Legislativa de Santa Catarina no anocalendário 2011 (ver tópico acima), não efetuaremos a dedução dessa parcela de isenção dos rendimentos recebidos do INSS. Fl. 607DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 6 Inconformado com o auto de infração, o contribuinte protocolizou impugnação, alegando, em síntese, que: a) é aposentado pela ALESC desde 1982, continua aposentado por invalidez; b) a IPREV não possui competência e legitimidade para proferir a decisão que ensejou o lançamento; c) a Receita Federal agiu ilegalmente, sendo nulo o lançamento, tendo em vista a decisão judicial que mantém a aposentadoria e consequente isenção; d) nulidade da perícia realizada; e) inexistência do devido processo legal para a apuração da cassação do benefício fiscal; f) um ato administrativo não pode anular ato já perfeitamente constituído há mais de 30 anos; g) o laudo pericial produzido no processo administrativo no âmbito da ALESC não tem o condão de produzir efeitos fora dos autos; h) o fisco não pode exigir perícias periódicas não previstas em lei da União, sendo desnecessária a comprovação dos sintomas da doença para continuidade do benefício fiscal; i) o ônus probatório é da parte interessada em desconstituir o ato administrativo; h) o lançamento é um flagrante desrespeito à pessoa idosa; i) é dever da ALESC recolher o tributo devido, por ser responsável tributária. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte MG julgou improcedente a impugnação, restando mantido o auto de infração com as seguintes considerações: a) acerca dos julgados trazidos aos autos, o que dispõe o art. 472 do Código de Processo Civil, que “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. (...)”. Então, não sendo parte nos litígios objetos dos acórdãos, a interessada não pode usufruir os efeitos das sentenças ali prolatadas, uma vez que os efeitos são inter partes e não erga omnes; b) com relação ao argumento de nulidade do feito fiscal, tendo em vista o disposto no art. 62 do Decreto 70.235/72 e a discussão judicial acerca do fato que ensejou o lançamento, salientese que não há medida judicial que determine a suspensão da cobrança do tributo ou que impede o lançamento fiscal; c) contendo o auto de infração todos os requisitos legais estabelecidos no art. 10, do Decreto nº 70.235/72, mostrandose devidamente motivado e trazendo as informações necessárias para que se estabeleça o contraditório e permita a ampla defesa Fl. 608DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11516.722569/201288 Acórdão n.º 2201003.098 S2C2T1 Fl. 606 7 da autuada, não há como declarar a nulidade do lançamento, nos termos pretendidos; d) no caso em comento, conforme relatado pela fiscalização, o contribuinte foi aposentado por invalidez no ano de 1982 por ser portador de nefropatia grave e que reavaliado pela junta Médica Oficial da Gerência de Perícia Médica da Secretaria da Administração do Estado de Santa Catarina restou constatado que apresentava apenas limitações funcionais inerente à sua idade, não apresentando o quadro incapacitante que ensejou a aposentadoria (fl. 347); e) não se discute, no presente processo, e não será objeto de apreciação neste órgão de julgamento, por extrapolar suas atribuições, a legitimidade do IPREV para instauração do processo administrativo ou a regularidade da aposentadoria que, segundo o impugnante, mantémse por força de medida judicial em mandado de segurança; f) o que não está comprovado nos autos é a moléstia apta a manter a isenção do imposto de renda que é requisito objetivo para concessão do benefício fiscal pretendido; g) de acordo com os documentos de folhas 347 a 356, o relatório médico conclui não restar comprovada a moléstia incapacitante, não preenchendo o interessado o requisito objetivo de ser portador de alguma das moléstias inseridas na legislação de isenção do imposto de renda; h) a legislação do imposto de renda quando trata da isenção ora em litígio, arrolou os requisitos objetivos para a sua obtenção, não havendo obrigação de ato administrativo de reconhecimento da isenção por parte da Administração Tributária, sendo correto que o beneficiário usufrua do benefício desde que comprovada sua condição, condição esta passível de aferição por parte do Fisco; i) não há que se falar em prévio processo específico, mas sim no presente processo de exigência fiscal onde, conforme já relatado, o interessado exerce seu direito ao contraditório e à ampla defesa; j) o Fisco tem o direito/dever de efetuar o lançamento fiscal no interstício de cinco anos, consoante arts. 150 e 173 do CTN. Da análise dos autos, verificado o período de lançamento do crédito tributário, não foi extrapolado esse prazo, não havendo irregularidade ou ilegalidade do procedimento da autoridade lançadora; k) não existe qualquer impedimento em serem aproveitados documentos de investigações ocorridas em outra esfera, no sentido de contribuir com a busca da verdade no âmbito tributário. Portanto, configurouse na espécie como legal a utilização de provas produzidas em outro processo, eis que guardaram total pertinência com os fatos cuja prova se pretendeu demonstrar no presente feito; Fl. 609DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 8 l) com relação ao argumento de que o Fisco não pode exigir perícias periódicas, conforme colacionado anteriormente, a lei 9.250/95 determina a fixação de validade do laudo pelo serviço médico o que demonstra que o Fisco pode solicitar novos laudos nos casos de moléstias passíveis de controle; m) o ônus probatório do benefício fiscal é do impugnante; n) cabe ressaltar que a fonte pagadora responsável não estava obrigada a proceder o desconto do imposto e seu recolhimento, uma vez que se fazia presente naquele momento a demonstração de que os rendimentos pagos eram isentos; o) conforme determinado no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96, de 27/12/96, nos lançamentos de ofício serão aplicadas as multas de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, quando das ocorrências de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. p) tratandose de matéria tributária, não importa se a pessoa física cometeu a infração à legislação por boafé, ou ainda, se tal fato aconteceu por puro descuido ou desconhecimento. A responsabilidade por infrações tributárias é objetiva e independe da culpa ou dolo do agente, conforme prevê o art. 136 do Código Tributário Nacional; q) no tocante ao pedido de perícia, entendese por não acolhêlo, na medida em que, além de não preencher os requisitos dispostos no art. 16 do Decreto nº 70.235/72, no presente caso a prova documental fornecida pela junta médica oficial é suficiente para dirimir o litígio. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte aduz, em síntese, que: a) o auditor fiscal cerceou o direito defesa do contribuinte, em razão da falta de intimação para o contribuinte apresentar a declaração de rendimentos, bem como incorreu em erro na identificação da matéria tributável e quanto à ocorrência do fato gerador; b) o auditor descumpriu o devido processo legal, prejudicando a ampla defesa, diante da utilização de prova emprestada de outra instituição; c) o laudo emitido no dia 13/02/1982, que atestou a incapacidade laborativa do servidor aposentado, ainda continua em vigor, pois a decisão administrativa do IPREV emanada em 25 de abril de 2012, ainda não foi implementada, pois tal decisão está suspensa judicialmente; d) o laudo médico que motivou a aposentadoria por moléstia grave do servidor nunca foi cancelado ou declarado nulo, ao contrário disso, só se tem naqueles autos uma decisão que Fl. 610DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11516.722569/201288 Acórdão n.º 2201003.098 S2C2T1 Fl. 607 9 determinou que a ALESC fizesse o ex servidor retornar ao trabalho, decisão esta baseada em parecer médico que, em agosto de 2011, posicionouse no sentido de que o recorrente, naquela data, possuía capacidade laborativa; e) em momento algum, o referido parecer desclassificou o laudo anterior, expedido por junta médica oficial há mais ou menos trinta anos. Assim, esse laudo continuou valendo, pelo menos até a data em que foi registrado pela perícia médica no referido parecer, que o recorrente estava acometido por doenças inerentes à idade; f) a fiscalização errou na descrição dos fatos ao identificar a infração como omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica, pois os comprovantes apresentados pela ALESC informam todos os rendimentos como decorrentes de aposentadoria por moléstia grave, viciando, assim, o procedimento que deve ser anulado; g) não há que se atribuir aos documentos coletados em processo movido pelo IPREVSC o atributo de prova emprestada, uma vez que este tipo de prova há que ser produzida entre as mesmas partes, com observância do devido processo legal e obediência aos princípios do contraditório e da ampla defesa; h) a fiscalização não procedeu à correta investigação de seu potencial para motivar o lançamento, pois não verificou se a decisão proferida nos autos do IPREVSC estava fundamentada em laudo que anulava o laudo oficial anterior, bem como não investigou se todos os proventos de aposentadoria por moléstia grave indicados co comprovante fornecido pela ALESC preenchiam, de fato, todos os requisitos exigidos pela lei tributária para fins de tributação; i) o máximo que se poderia concluir é que o recorrente encontra se apto para o trabalho a partir de agosto de 2011 e não nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011, como entendeu a fiscalização, ao tributar os rendimentos desses anos; j) a incerteza da presunção adotada pela fiscalização de que o contribuinte não fazia jus à isenção do imposto de renda, aliada ao fato de que o ponto de partida adotado pelo IPREV para concluir a capacidade laborativa do servidor, antes aposentado por doença cardíaca grave, não indicou desde quando o servidor readquiriu esta capacidade, devendo ser reformada a decisão recorrida com a consequente decretação de nulidade do lançamento; k) a decisão do IPREVSC que concluiu pela capacidade laborativa do recorrente foi suspensa por decisão judicial liminar, de modo que a Receita Federal não poderia ter efetuado o presente lançamento, uma vez que ainda são perfeitamente válidas todas as circunstâncias que motivaram a aposentadoria, inclusive o laudo médico oficial que a motivou; Fl. 611DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 10 l) erro na base de cálculo, considerando que o 13º salário deve ser tributado exclusivamente na fonte, sendo, portanto, responsabilidade da fonte pagadora e não do recorrente; m) além da tributação indevida do 13º salário, a fiscalização deixou de considerar, no cálculo do tributo, o desconto padrão a que o contribuinte tem direito em casos como este, em que o fisco reclassifica os rendimentos, de isentos para tributáveis; n) se não forem acatadas as preliminares de nulidades argüidas, o julgamento deve ser convertido em diligência para que a autoridade fiscal recalcule o valor exigido, saneandose o auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Ana Cecília Lustosa da Cruz O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. 1. DAS PRELIMINARES Sustenta o recorrente que, na condução do presente feito, o auditor fiscal incorreu nas seguintes falhas processuais: a) cerceamento do direito de defesa, com a falta de intimação para o contribuinte apresentar a declaração de rendimentos, e erro na identificação da matéria tributável, diante da inocorrência do fato gerador; b) descumprimento do devido processo legal, pois restou prejudicada a ampla defesa, em razão da utilização de prova emprestada. Ao contrário do alegado, conforme se verifica dos autos, foi devidamente instaurado o processo administrativo, oportunizandose o contraditório e a ampla defesa, sendo observados todos os requisitos previstos no art. 10 do Decreto 70.235/72, quando da lavratura do auto de infração, inclusive a infração imputada foi adequadamente descrita, de forma pormenorizada, permitindose ao contribuinte a oportunidade de impugnar, apresentar provas e recorrer, em consonância com as previsões processuais dispostas no mencionado Decreto. Assim, instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, e, posteriormente, com a apresentação do recurso voluntário, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao devido processo legal, não havendo que se falar em nulidade. Cumpre esclarecer que é perfeitamente possível a utilização de prova emprestada, nos termos do art. 372 do Código de Processo Civil, aplicável de forma subsidiária ao processo administrativo: Fl. 612DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11516.722569/201288 Acórdão n.º 2201003.098 S2C2T1 Fl. 608 11 Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindolhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. Verificase, pelo dispositivo acima, que o Novo CPC condiciona a prova emprestada ao princípio do contraditório, ou seja, as partes devem ser ouvidas, devem ter o direito de se manifestar sobre a prova emprestada. Segundo o entendimento do STJ, as partes de ambos processos, tanto o da origem como o de destino da prova emprestada, não precisam ser necessariamente as mesmas, para a sua utilização. Como ensina o Professor Daniel Assumpção: "a utilização de prova já produzida em outro processo responde aos anseios de economia processual, dispensando a produção de prova já existente, e também da busca da verdade possível, em especial quando é impossível produzir novamente a prova.” (NEVES, Daniel Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo: Método, 2013, p. 430). Observase que foi utilizado pelo fisco, como prova emprestada, o processo administrativo n.º 4573/2011 instaurado pela IPREV, que considerou inexistente a doença ensejadora da aposentadoria do contribuinte, diante do equívoco praticado na avaliação médica realizada à época da concessão de sua aposentadoria por nefropatia grave. Cabe destacar que foi impetrado Mandado de Segurança, em trâmite no Tribunal de Justiça de Santa Catarina sob o n.º 2012.0428834, fls. 517/529, no qual se discute a suspensão do ato de reversão da aposentadoria do contribuinte, no âmbito do processo administrativo n.º 4573/2011, sendo constatada, em decisão judicial, a impossibilidade de ser revertida a aposentadoria do impetrante, mediante a concessão da segurança, com o propósito de reconhecer a nulidade do Ato da Mesa n.º 437, de 4 de julho de 2012, editado pela Assembleia legislativa, pelos seguintes motivos, conforme consta acórdão judicial anexo, fls. 533/545: "Observase que são três os requisitos para que o servidor aposentador por invalidez pelos regramentos da Lei n.º 4.425/1970 seja revertido ao serviço público: que este não tenha completado 60 anos de idade, que seja julgado apto em perícia médica e, ainda, que seu reingresso seja considerado como de interesse do serviço público. Assim, como por ocasião da realização da avaliação médica pela Gerência de Perícia Médica da Secretaria de Estado da Administração, em 16 de agosto de 2011, consoante documento acostado à fl. 146, o impetrante já havia completado 65 anos de idade, deduzse que a reversão promovida pela Alesc é ilegal, ainda que os demais pressupostos tenham sido preenchidos. Entretanto, o ato de reversão não prescinde da instauração do competente processo administrativo no âmbito da Alesc. Antes de reverter a aposentadoria do servidor e determinar o seu retorno ao trabalho, deve a autoridade competente oportunizar o exercício do contraditório e da ampla defesa para somente após decidir pela reversão. (...). Fl. 613DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 12 Nessa linha de pensamento, deve ser acolhida a pretensão da impetrante, sob o fundamento de que a autoridade impetrada não mais poderia reverter a sua aposentadoria. Observese, ainda, que a recomendação do Iprev na decisão de fls. 360361 foi pela anulação do ato de concessão da aposentadoria e não pela sua reversão, porquanto entendeu a autoridade previdenciária que o ato foi praticado indevidamente, ao arrepio da lei, uma vez que o impetrante não demonstrou que era portador da doença que motivou à inativação na época em que esta foi concedida. A anulação de atos administrativos, ou seja, a declaração de invalidade decorrente de ilegalidade ou ilegitimidade, segundo explica Hely Lopes Meirelles, decorre da constatação de vício insanável por infringência clara ou dissimulada das normas e princípios que regem a atividade do poder público (Direito Administrativo brasileiro. 36 ed. São Paulo: malheiros, 2010, p. 207). (...) A Lei n.º 9.784/1999, que apesar de regular o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, tem aplicação aos Estados e Municípios que não tenham legislado sobre a matéria, como é o caso de Santa Catarina, por força de analogia integrativa. Nessa toada, preconiza a Lei que " O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada máfé (art. 54 da Lei 9784/99). Como no presente mandamus o ato questionado não tratou da anulação do ato aposentatório, é desnecessário discorrer ou não sobre a existência de máfé do impetrante, na medida em que a autoridade coatora em momento algum fez menção à sua existência, e nem poderia, uma vez que, até onde se sabe, não instaurou qualquer processo administrativo com o objetivo de apurar se houve ou não irregularidade por ocasião da inativação perpetrada há mais de 30 anos." Embora não haja trânsito em julgado, de modo que seja possível considerar a existência da coisa julgada, em razão dos argumentos dispostos pelo contribuinte, fazse oportuno salientar que, conforme se extrai da mencionada decisão judicial, a questão principal submetida ao crivo judicial é a possibilidade ou não de reversão da aposentadoria, tendo em vista a ausência de processo administrativo específico sobre a reversão, bem como a vedação contida na legislação vigente à época referente ao limite de idade de 60 anos do servidor. Assim, a matéria judicializada não é óbice para a utilização da prova emprestada, posto que, conforme dispõe o Código de Processo Civil, nos artigos 503 e 506, respectivamente: "a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida" e "a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros". Fl. 614DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11516.722569/201288 Acórdão n.º 2201003.098 S2C2T1 Fl. 609 13 Portanto, o presente processo administrativo fiscal apenas se utilizou dos atestados médicos e perícias realizadas no âmbito do processo administrativo do IPREV para averiguar a existência ou não do direito à isenção do contribuinte, mormente porque tais documentos gozam do atributo de legitimidade e de veracidade dos atos administrativos. Desse modo, notase que inexistiu cerceamento de defesa, violação ao contraditório e ao devido processo legal, restando afastada a nulidade pugnada pelo contribuinte. 2. DO MÉRITO No que se referem aos argumentos de mérito, cumpre ressaltar que não há repercussão da decisão constante dos autos do processo administrativo do IPREV no processo administrativo fiscal, sendo imperiosos nesse processo apenas os atestados médicos e pareceres oficiais acerca da suposta moléstia grave acometida pelo contribuinte, documentos necessários para a aferição do direito à isenção. Dessa forma, a decisão judicial que suspendeu os efeitos da decisão administrativa não tem relevância jurídica para a análise do presente lançamento, uma vez que foi acolhida a pretensão do impetrante sob o fundamento da impossibilidade de reversão em razão da idade do servidor, não adentrando o magistrado na análise referente à validade ou não dos laudos médicos emitidos. Portanto, os laudos médicos e pareceres constantes dos autos mantém suas qualidades de atos declaratórios administrativos acobertados pela presunção de legitimidade e de veracidade. Com a análise dos autos do processo do IPREV, verificase que o Sr. Elpídio Ardigo foi aposentado por invalidez, com base em laudo médico emitido pela Junta Médica Oficial, em 13 de maio de 1982, em razão do acometimento de nefropatia grave, diante da incapacidade para o trabalho. Entretanto, convocado para reavaliação médica regulamentar no ano de 2011, a Junta Médica concluiu que o avaliado apresenta apenas limitações funcionais inerentes a sua idade (fls. 347 e 356). No item 4 do relatório pericial de fls. 356, a Gerência de Perícia Médica assinala a apresentação de três exames realizados recentemente [anos de 2007 e 2010] e também um exame laboratorial realizado em 04/08/1987, indicando “função renal normal” cinco anos após a aposentadoria por nefropatia grave ocorrida em 1982. No item 5 do relatório pericial de fls. 356, a Gerência de Perícia Médica informa que, com base nos exames mencionados, o avaliado Elpídio Ardigo é portador de limitações funcionais inerentes à idade. Salientase que, no histórico médicopericial do servidor (fls. 347), a Junta Médica revisional informa que não foram apresentados exames complementares da época da concessão da aposentadoria que comprovem a patologia e/ou incapacidade laborativa. Assim, a Junta Médica Oficial do mesmo ente estatal (no caso, o Estado de Santa Catarina), que outrora também havia sido oficialmente encarregada de analisar as Fl. 615DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 14 condições de saúde do Sr. Elpídio Ardigo, em ato de revisão pericial atesta equívoco praticado na avaliação médica realizada à época da concessão de sua aposentadoria por nefropatia grave, declarou, de forma clara e objetiva, que não há comprovação do quadro incapacitante que originou a aposentadoria por invalidez. Nesse contexto, pela vasta documentação constante dos autos, inferese que, apesar da impossibilidade de anulação do laudo médico oficial emitido no ano de 1982, em razão do decurso de tempo superior a 5 anos (art. 54 da Lei n.º 9784/99), foi emitido laudo posterior, no ano de 2011, baseado expressamente em exames médicos realizados nos anos de 1987, 2007 e 2010, que não constataram a existência da patologia grave, sendo perfeitamente aplicável retroativamente à data dos exames considerados no novo laudo oficial. Desse modo, o laudo emitido em agosto de 2011 tem vigência sobre o período da atuação, restando descaracterizada a isenção pleiteada pelo contribuinte, ante a ausência de comprovação da moléstia grave no período da autuação. Nesse diapasão, resta descumprido o requisito necessário ao reconhecimento da isenção referente ao acometimento de moléstia grave, conforme o disposto no art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, bem como em consonância com o Enunciado de Súmula n.º 63 do CARF, abaixo transcrito: “Súmula nº 63 – Para gozo de isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.” Ademais, alegou o recorrente que houve afronta ao artigo 142 do CTN, pois não houve a devida verificação, pela fiscalização do fato gerador da obrigação correspondente, bem como não foi determinada a matéria tributável, tendo em vista que os comprovantes apresentados pela ALESC informam todos os rendimentos como decorrentes de aposentadoria por moléstia grave, porém o auditor fiscal identificou a infração como "omissão de rendimento do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica". Ao contrário do aduzido pelo contribuinte, houve a determinação acertada da matéria tributável e restou delineada a caracterização do fato gerador da obrigação, conforme consta do auto de infração, tendo em vista a ausência do direito à isenção por moléstia grave. No que tangem aos argumentos acerca da majoração indevida da base de cálculo do imposto, assiste razão ao contribuinte no que se refere ao 13º salário, pois o cálculo foi efetuado sem excluir a parcela correspondente ao 13º salário, a qual seria tributada exclusivamente na fonte. No que se refere ao desconto padrão suscitado pelo recorrente, diante da ausência de cópia da DIRPF, não há como verificar a opção realizada pelo contribuinte pelo desconto simplificado em face da alteração dos rendimentos tributáveis, não assistindo razão ao contribuinte. Diante do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, dou PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso para excluir da base de cálculo os valores referentes ao 13º salário, relativos aos exercícios de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. Fl. 616DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11516.722569/201288 Acórdão n.º 2201003.098 S2C2T1 Fl. 610 15 Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 617DF CARF MF Impresso em 17/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 13/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 16/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 10120.729553/2012-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/11/2011 a 31/07/2012
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE.
Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado.
Numero da decisão: 3401-003.150
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os embargos de declaração apresentados. Vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Fenelon Moscoso de Almeida. Ausente o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Sustentou pela recorrente a advogada Ana Carolina Coelho Araújo, OAB/DF no 32.582.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros e Fenelon Moscoso de Almeida (suplente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/11/2011 a 31/07/2012 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado.
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(nova denominação de RINCO INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTARES E BEBIDAS LTDA) Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/11/2011 a 31/07/2012 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. Os embargos de declaração prestamse ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os embargos de declaração apresentados. Vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Fenelon Moscoso de Almeida. Ausente o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Sustentou pela recorrente a advogada Ana Carolina Coelho Araújo, OAB/DF no 32.582. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 95 53 /2 01 2- 87 Fl. 10129DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros e Fenelon Moscoso de Almeida (suplente). Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 10111 a 10117)1 opostos pela empresa, em relação ao Acórdão nº 3202001.352 (fls. 10096 a 10106), no qual não se conheceu da peça recursal apresentada, pela existência de concomitância entre o objeto do processo administrativo e de processo judicial: "CONCOMITÂNCIA. PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. SÚMULA N.1 DO CARF. Verificada a identidade da matéria debatida nos processos administrativo e judicial, na forma do parágrafo único do artigo 38 da Lei nº 6.830/80 e da Súmula CARF nº 1, inafastável a renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa." (Acórdão nº 3202 001.352, Rel. Cons. Gilberto de Castro Moreira Junior, maioria, sessão de 15.out.2014) Alega a embargante que a decisão é "omissa" em relação à fundamentação dos efeitos dos depósitos realizados em face de ação judicial, e em face da multa imposta, limitandose a remeter ao julgamento de piso, sequer utilizando o relator palavras próprias para fundamentar seu voto, desconsiderando matéria não analisada pela DRJ e objeto do recurso voluntário (insubsistência do lançamento de multa isolada referente ao IPI). Os embargos foram admitidos pelo despacho de fls. 10123/10126, e o processo foi a mim sorteado para inclusão em pauta de julgamento e apreciação pelo colegiado, no mérito. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Fl. 10130DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10120.729553/201287 Acórdão n.º 3401003.150 S3C4T1 Fl. 10.130 3 Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de fls. 10123/101262, passase diretamente à análise das omissões objetivamente apontadas. Importante destacar que no exame de admissibilidade não se estava a verificar efetivamente se houve omissões, mas se estas haviam sido objetivamente apontadas. Relevante ainda informar que com o novo RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015, mais precisamente com seu art. 65, § 8º, passou a existir expressa previsão de sustentação oral pelas partes no julgamento de embargos de declaração. Como relatado, as omissões apontadas se referem a dois temas: fundamentação dos efeitos dos depósitos realizados em face de ação judicial, e em face da multa imposta, e análise de matéria não discutida judicialmente (insubsistência do lançamento de multa isolada referente ao IPI). Nas palavras da embargante (fl. 10113): E o acórdão embargado concluiu pela identidade de objeto entre a demanda administrativa e a judicial. O relatório constante no acórdão embargado é simples reprodução do relatório do julgamento de piso, acrescido da ementa da decisão da DRJ (que também concluiu pela identidade de objeto os processos) e de informação de que o recurso voluntário reafirmou as alegações trazidas na impugnação. E o voto condutor do acórdão embargado, já de início (fl. 10103) afirma que a DRJ tratou de ambos os temas efeitos dos depósitos realizados na ação judicial e ilegalidade da multa imposta, indicando que, em relação ao primeiro assunto, a decisão da DRJ foi precisa, reproduzindoa (fls. 10103 a 10105). 2 Sobre a tempestividade dos embargos de declaração, interpostos em 20/01/2015 (fl. 10111), há que se destacar que o AR de fl. 10108 atesta manualmente a ciência em 16/01/2015, e os dois carimbos dos correios indicam 16 DEZ2015 (fl. 10108) e 15JAN2015 (fl. 10109). A unidade local da RFB informa que a ciência foi em 16/12/2014 (fl. 10120). Como a ciência indicada no próprio AR é de 16/01/2015, cremos ter sido essa a data tomada em conta na admissibilidade empreendida à fl. 10123. Fl. 10131DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 Não há, assim, omissão, mas concordância do relator com o argumento usado pela DRJ, de que os efeitos dos depósitos não são matéria afeta ao rito do Decreto no 70.235/1972. Incabíveis os embargos nesse aspecto. Por mais que o relator tenha sido econômico em palavras, ao reproduzir a decisão da DRJ e endossála, os efeitos da decisão, por óbvio, são idênticos a se o próprio relator proferisse as mesmas palavras do julgador de piso. Em relação à imposição da multa, há, à fl. 10105, o único parágrafo efetivamente escrito "de próprio punho" pelo relator: "Constato, portanto, a existência de concomitância dos processos administrativo e judiciais, já que a Recorrente, pleiteou a ilegitimidade da aplicação de quaisquer multas, penalidades e restrições em razão da anormalidade do sistema SICOBE." Verifica, assim, o relator, em texto de sua própria lavra, identidade de objeto entre a ação judicial e o processo administrativo, concordando com os argumentos externados pela DRJ. E, diante da verificação, aplica ao caso a Súmula CARF no 1, o que culmina no não conhecimento da peça recursal apresentada. E, nisso é acompanhado pela maioria do colegiado, restando vencido na votação apenas o Conselheiro Thiago Moura de Albuquerque Alves. Portanto, estando a discussão sobre a multa submetida ao juízo, incabível a análise administrativa. E a ausência de análise, assim, não se constitui em omissão, mas em manifestação explícita da unidade de jurisdição. Em síntese, ambos os temas sobre os quais se alega omissão sequer deveriam ser analisados pelo CARF, porque estavam sujeitos a rito distinto, ou contemplados em ação judicial. Parece, assim, a embargante, simplesmente desejar rediscutir, no mérito, o decidido pela turma, discordando da conclusão pela concomitância. E tal rediscussão não se encontra no universo permitido ao manejo de embargos de declaração. Pelo exposto, restaram ausentes na decisão embargada as omissões apontadas, e os embargos de declaração, recordese, prestamse a questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Voto, portanto, no sentido de rejeitar os embargos de declaração apresentados. Rosaldo Trevisan Fl. 10132DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10120.729553/201287 Acórdão n.º 3401003.150 S3C4T1 Fl. 10.131 5 Fl. 10133DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 10880.012790/00-17
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2008
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/01/1989 a 31/10/1995
PIS. RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL.
O prazo decadencial de 5 (cinco) anos previsto no art. 168 do
CTN, para pedidos de restituição do PIS recolhido a maior
com base nos Decretos-Leis TN 2.445/88 e 2.449/88 e devido
com base na Lei Complementar n2 7/70, conta-se a partir da
data do ato que definitivamente reconheceu ao contribuinte o
direito à restituição, assim entendida a data da publicação da
Resolução do Senado Federal n2 49/95, de 09/10/95, extinguindose,
portanto, em 10/10/2000.
RESTITUIÇÃO. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE.
CORREÇÃO MONETÁRIA.
Os indébitos oriundos de recolhimentos efetuados com base
nos Decretos-Leis ds 2.445/88 e 2.449/88, declarados
inconstitucionais pelo STF, deverão ser calculados
considerando que a base de cálculo do PIS, até a edição da
Medida Provisória ri2 1.212/95, é o faturamento do sexto mês
anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção
monetária. A atualização monetária dos valores recolhidos
indevidamente, até 31/12/95, deve ser calculada com base nos
índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução
conjunta SRF/Cosit/Cosar n2 8, de 27/06/97, devendo incidir a
taxa Selic a partir de 01/01/96, nos termos do art. 39, § 4 2, da
Lei n2 9.250/95.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS CONTRA A FAZENDA
NÃO EXTINTOS PELA DECADÊNCIA.
COMPENSAÇÃO DE VIDA.
Ao pressupor a existência de créditos líquidos e certos,
vencidos ou vincendos do sujeito passivo contra a Fazenda
Pública (art. 170 do CTN), a lei somente desautoriza a
homologação de compensação em pedidos que tenham por
objeto créditos contra a Fazenda, cujo direito à restituição ou
ao ressarcimento já se ache extinto pela decadência (art. 168
do CTN), o que inocorre no caso.
Recurso provido.
Numero da decisão: 201-80.930
Decisão: ACORDAM os Membros da PRIMEIRA CÂMARA do SEGUNDO
CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Walber José da Silva Maurício Taveira e Silva e Antônio Ricardo Accioly Campos, que consideravam extinto o direito de pleitear a restituição
Nome do relator: Fernando Luiz da Gama Lobo D´Eça
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Recorrida DRJ em São Paulo - SP ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1989 a 31/10/1995 PIS. RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. O prazo decadencial de 5 (cinco) anos previsto no art. 168 do CTN, para pedidos de restituição do PIS recolhido a maior com base nos Decretos-Leis TN 2.445/88 e 2.449/88 e devido com base na Lei Complementar n 2 7/70, conta-se a partir da data do ato que definitivamente reconheceu ao contribuinte o direito à restituição, assim entendida a data da publicação da Resolução do Senado Federal n2 49/95, de 09/10/95, extinguindo- se, portanto, em 10/10/2000. RESTITUIÇÃO. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. Os indébitos oriundos de recolhimentos efetuados com base nos Decretos-Leis ds 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, deverão ser calculados considerando que a base de cálculo do PIS, até a edição da Medida Provisória ri2 1.212/95, é o faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. A atualização monetária dos valores recolhidos indevidamente, até 31/12/95, deve ser calculada com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução conjunta SRF/Cosit/Cosar n2 8, de 27/06/97, devendo incidir a taxa Selic a partir de 01/01/96, nos termos do art. 39, § 4 2, da Lei n2 9.250/95. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS CONTRA A FAZENDA NÃO EXTINTOS PELA DECADÊNCIA. IsiyAk C°1s/IPENSAçà n DEVIDA. Pu £1 • . . . . rF;Guivo • • • • ": • Processo n.° 10880.012790/00-17 . CCO2/C01 Acórdão n.• 201-80.930 Fls. 615 Márcia ' iwcir -Garcia Mat Siapt: Ao pressupor a existência de créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN), a lei somente desautoriza a homologação de compensação em pedidos que tenham por objeto créditos contra a Fazenda, cujo direito à restituição ou ao ressarcimento já se ache extinto pela decadência (art. 168 do CTN), o que inocorre no caso. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da PRIMEIRA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Walber José da Silva Maurício Taveira e Silva e Antônio Ricardo Accioly Campos, que consideravam extinto o direito de pleitear a restituição. eiNt5th.Ccu OSE A MARIA COELHO MARQUES Presidente Pemivi NAALVOSS d7C/617 FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas e José Antonio Francisco. Ausente o Conselheiro Gileno Gudão Barreto. Processo n.° 10880.012790/00-17CCO2/C01 Ac6rdâo n.° 201-80.930 Fls. 616 Itelatório \ r. '. . 13 Oç 9-3--- ricte;).y.;::,E,..e.,--rfmi,,:,,_.i.,,_____k..,.:cla .1 Trata-se de recurso voluntário (fls. 553/577, vol. IV) contra o Acórdão DRJ/SPOI ri 9.271, de 05/04/2006, constante de fls. 536/548 (vol. III), intimado por via postal em 26/06/2006 (fl. 549, vg) e exarado pela 93 Turma da DRJ em São Paulo - SP, que, por unanimidade de votos, houve por bem indeferir a manifestação de inconformidade de fls. 491/515 (vol. III), deixando de homologar tanto o pedido de restituição do PIS de fl. 01 no valor de R$ 846.543,13, protocolado em 21/08/2000, como os pedidos de compensação constantes de fls. 87, 93, 97, 104, 116 e 118, respectivamente, indeferidos por Despacho Decisório da Diort/Derat/DRF em São Paulo - SP em 19/04/2005 (fls. 463/470, vol. Dl), e através dos quais a ora recorrente pretendia ver compensados supostos créditos contra a • Fazenda de PIS, em razão de recolhimentos indevidos no valor de R$ 1.846.543,13, efetuados no período de 01/89 a 10/95 (cf. Darfs de fls. 11/66 e demonstrativos de fls. 09/10), com base noá Decretos-Leis ifs 2.445/88 e 2.449/88, julgados inconstitucionais pelo STF, com débitos vincendos de tributos administrados pela SRF. Por seu turno, a Decisão de fls. 536/548 (vol. III), da 9 4 Turma da DRJ em São Paulo - SP, houve por bem indeferir a manifestação de inconformidade de fls. 491/515 (vol. III), deixando de homologar tanto o pedido de restituição do PIS de fl. 01, no valor de R$ 846.543,13, como os pedidos de compensação constantes de fls. 87, 93, 97, 104, 116 e 118, aos fundamentos sintetizados em sua ementa exarada nos seguintes termos: "Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1989 a 31/10/1995 Ementa: PIS - REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO - DECADÊNCIA O prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declarató ria ou em recurso extraordinário, extingue- se após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário, assim considerada a data do pagamento do tributo. PRAZO DE PAGAMENTO - SEMESTRALIDADE. Legislação superveniente alterou o prazo de recolhimento do PIS, de maneira que a tese da semestralidade não procede. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. Incabível a discussão de princípios constitucionais, ilegalidade ou inconstitucionalidade de leis e/ou atos normativos, pois compete . exclusivamente ao Poder Judiciário declarar a inconstitucionalidade das leis, cabendo à autoridade administrativa apenas promover a \ ,,L aplicação das Leis nos estritos limites de seu conteúdo. Solicitação Indeferida". iffi4k • : 11 Processo n.°10880.012790/00-17 1:': 25 ci 5 0$ CCO2/C01 Acórdão n.° 201-80.930 Fls. 617 Márcl3 M41 SILN Nas razões de recurso voluntário (fls. 553/577, vol. IV) oportunamente apresentadas a ora recorrente sustenta a reforma da r. decisão recorrida e a legitimidade do crédito compensando, tendo em vista: a) a inocorrência de decadência, nos termos dos arts. 150, § 42, 156, inciso VII, e 168, do CTN, e da jurisprudência citada; e b) que os prazos de recolhimento e as alíquotas do PIS para os períodos em questão são os fixados pela Lei Complementar n2 7/70, como tem decidido a jurisprudência, assim como a correção monetária é aplicável sobre os valores pagos indevidamente, sendo certo que o valor pago a maior, apurado em razão da nova base de cálculo, a ser restituído, deve ser atualizado; e c) o direito efetuar a compensação nos termos do art. 66 da Lei n 2 8.383, de 30/12/91. É o Relatório. i". , Processo n.° 10880.012790/00-17 1 1 CCO2/C01 Acórdão n.° 201-80.930 L 2-1) O Se C)2 Fls. 618 1...._____H.: n";.,:r.___',.:1,,,z. . _. t...t..5.:_____ :.,;: . incia ...,.. Voto Conselheiro FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA, Relator O recurso reúne as condições de admissibilidade e, no mérito, merece provimento. A conclusão da r. decisão recorrida efetivamente destoa da jurisprudência desta Colenda Câmara, que há muito já assentou que o prazo decadencial de 5 (cinco) anos previsto no art. 168 do CTN, para pedidos de restituição do PIS recolhido a maior com base nos Decretos-Leis n2s 2.445/88 e 2.449/88 e devido com base na Lei Complementar n2 7/70, conta- se a partir da data do ato que definitivamente reconheceu ao contribuinte o direito à restituição, assim entendida a data da publicação da Resolução do Senado Federal n 2 49, de 09/10/95, extinguindo-se, portanto, em 10/10/2000 (cf. Decisão da 1 2 Câmara do 22 CC no Acórdão ri2 201-77.532, em sessão de 17/03/2004, Recurso n2 118.795, Processo ri2 13808.002037/97-34, Recorrente: Ipiranga Serrana Fertilizantes Ltda. e Recorrida: DRJ em Curitiba - PR). No caso concreto, verifica-se que, através do pedido de restituição do PIS de fl. 01 no valor de R$ 846.543,13, protocolado em 21/08/2000, a ora recorrente pretendia ver compensados supostos créditos contra a Fazenda de PIS, em razão de recolhimentos indevidos efetuados no período de 01/89 a 10/95 (cf. Darfs de fls. 11/66 e demonstrativos de fls. 09/10) com base nos Decretos-Leis n2s 2.445/88 e 2.449/88, julgados inconstitucionais pelo STF, cujo prazo para restituição somente se expiraria em 10/10/2000, conforme a jurisprudência citada. Assim como não se confundem o direito à repetição do indébito tributário (arts. 165 a 168 do CTN) com as formas de sua execução, que se pode dar mediante compensação (arts. 170 e 170-A do CTN; 66 da Lei n2 8.383/91; e 74 da Lei n 2 9.430/96), não se confundem os prazos para pleitear o direito à repetição do indébito (art. 168 do CTN) com os prazos para a homologação de compensação ou para a ulterior verificação de sua regularidade (arts. 156, inciso II, parágrafo único, do CTN; e 74, § 5 2, da Lei n2 9.430/96, com redação dada pela Lei n2 10.833, de 29/12/2003 - DOU de 30/12/2003). Ao pressupor a existência de créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN), é evidente que a lei somente desautoriza a homologação de compensação em pedidos que tenham por objeto créditos contra a Fazenda, cujo direito à restituição ou ao ressarcimento já se ache extinto pela decadência (art. 168 do CTN), o que no caso inocorreu. Por outro lado, a jurisprudência deste Egrégio Conselho já assentou que "os indébitos oriundos de recolhimentos efetuados nos moldes dos Decretos-Leis n"s 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, tendo em vista a jurisprudência consolidada do Egrégio Superior Tribunal de Justiça bem como, no âmbito administrativo da Câmara Superior de Recursos Fiscais, deverão ser calculados considerando que a base de cálculo do PIS, até a edição da Medida Provisória n o 1.212/95, é o faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária". A mesma jurisprudência também já assentou ser devida "a atualização monetária, até 31/12/95, dos valores recolhidos indevidamente", que deve ser calculada com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução conjunta SRF/Cosit/Cosar n2 8, de 27/06/97, devendo incidir a taxa Selic a partir de 01/01/96, nos termos do art. 39, § 4 2, da Lei n2 9.250/95 (cf. Decisão da 2 Câmara do 22 CC no Acórdão n2 202-13.956, em sessão de 09/07/2002, rel. Conselheiro Raimar da Silva Aguiar, Recurso n 2 118.798 Processo n20 10183.005901/99-45, Recorrente: Comercial e Papelaria Ipiranga Ltda.). , iNuk- -."..." . . èAF - SEG' 1?..nr" Processo n.° 10880.012790/00-17 Bíasiiia,_ .1-5 ;_<_ O ; 03_ CCO2/C01 Acórdão n.° 201-80.930 Fls. 619 Márcia Gristitgo' eira Garcia dai Ste.p.. til175W Considerando, de um lado, que o pedido de restituição do PIS indevidamente recolhido foi formulado dentro do prazo decadencial e, de outro, que a recorrente fazia jus aos indébitos oriundos de recolhimentos efetuados nos moldes dos Decretos-Leis IN 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, atualizados monetariamente, que, por sua vez, poderiam ser utilizados para a compensação com débitos próprios, nos termos do art. 74 da Lei n2 9.430/96 (redação dada pela Lei n2 10.637, de 30/12/2002 - DOU de 31/12/2002), voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário (fls. 553/577, vol. IV) para reformar a r. Decisão de fls. 536/548 (vol. III), exarada pela 91 Turma da DRJ em São Paulo - SP, e, na esteira da jurisprudência deste Conselho: a) reconhecer a inocorrência da decadência do direito de pleitear a repetição do indébito do PIS oriundo de recolhimentos efetuados com base nos Decretos-Leis ri2s 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pela Resolução do Senado Federal n2 49, de 09/10/95, tal como pleiteada no pedido de restituição do PIS de fl. 01 no valor de R$ 846.543,13, protocolado em 21/08/2000; b) determinar que as importâncias de PIS indevidamente recolhidas sejam recalculadas e corrigidas de acordo com os critérios retromencionados; e c) após conferidos os cálculos dos créditos líquidos contra a Fazenda, sejam estes compensados com os débitos vencidos objeto dos pedidos de compensação constantes de fls. 87, 93, 97, 104, 116 e 118, e homologada a compensação pela d. autoridade administrativa, nos termos do art. 74 da Lei ri 2 9.430/96 (redação dada pela Lei n2 10.637, de 30/12/2002 - DOU de 31/12/2002), sendo certo ainda que eventuais débitos indevidamente compensados devem ser cobrados através do procedimento previsto nos §§ 7 2 e 82 do art. 74 da Lei n2 9.430/96 (redação da Lei n2 10.833, de 2003). É o meu voto. pS das Sessões, em 13 de fevereiro de 2008. \:. VIIVIel/141,0eCC‘j~ FERNANDO LUIZ DA GAMA LC(30 D'EÇA 4 1 0, Page 1 _0046500.PDF Page 1 _0046700.PDF Page 1 _0046900.PDF Page 1 _0047100.PDF Page 1 _0047300.PDF Page 1
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