Busca Facetada
Turma- Primeira Turma Ordinária (3,811)
- Segunda Turma Ordinária d (2,952)
- Primeira Turma Ordinária (2,580)
- Segunda Turma Ordinária d (2,208)
- Primeira Turma Ordinária (1,869)
- Segunda Turma Ordinária d (1,630)
- Terceira Turma Ordinária (849)
- Primeira Turma Especial (396)
- Primeira Câmara (16,295)
- Terceira Seção De Julgame (6,019)
- Segunda Seção de Julgamen (5,532)
- Primeira Seção de Julgame (4,348)
- Segundo Conselho de Contr (179)
- Primeiro Conselho de Cont (126)
- Terceiro Conselho de Cont (91)
- IRPF- auto de infração el (483)
- IRPF- ação fiscal - omis. (153)
- IRPF- ação fiscal - outro (151)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (133)
- Simples- proc. que não ve (120)
- Cofins- proc. que não ver (119)
- IPI- processos NT - ressa (104)
- PIS - proc. que não vers (98)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (82)
- IRPJ - AF - lucro real (e (82)
- IRPJ - restituição e comp (76)
- ITR - ação fiscal - outro (73)
- IPI- processos NT- créd.p (72)
- IRPF- auto infração - mul (68)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (64)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (1,957)
- NUBIA MATOS MOURA (541)
- GIOVANNI CHRISTIAN NUNES (399)
- ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA (380)
- RUBENS MAURICIO CARVALHO (377)
- PEDRO SOUSA BISPO (376)
- LUIZ ROBERTO DOMINGO (328)
- JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO (304)
- RICARDO PAULO ROSA (279)
- CELIA MARIA DE SOUZA MURP (261)
- EDELI PEREIRA BESSA (256)
- ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA (248)
- VALDETE APARECIDA MARINHE (242)
- JOSE FERNANDES DO NASCIME (240)
- RODRIGO MINEIRO FERNANDES (238)
- 2024 (3,690)
- 2012 (2,479)
- 2011 (2,412)
- 2014 (1,989)
- 2013 (1,929)
- 2025 (1,070)
- 2010 (979)
- 2015 (516)
- 2008 (378)
- 2009 (280)
- 2001 (247)
- 2000 (91)
- 2002 (86)
- 2007 (47)
- 1999 (20)
- 2024 (3,182)
- 2014 (2,423)
- 2011 (1,580)
- 2025 (1,546)
- 2013 (1,046)
- 2015 (1,043)
- 2012 (727)
- 2010 (566)
- 2008 (360)
- 2009 (249)
- 2001 (231)
- 2000 (91)
- 2002 (85)
- 2007 (41)
- 1999 (19)
Numero do processo: 10680.933007/2009-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 25 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Jan 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/09/2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO
Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza.
DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL.
Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeitos se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador.
Negado Provimento ao Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 3101-001.515
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente.
(assinado digitalmente)
MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS - Redator designado.
EDITADO EM: 08/01/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra (Suplente),Vanessa Albuquerque Valente e Luiz Roberto Domingo.
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201309
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/09/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza. DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeitos se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. Negado Provimento ao Recurso Voluntário.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 12 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10680.933007/2009-06
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5415095
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3101-001.515
nome_arquivo_s : Decisao_10680933007200906.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
nome_arquivo_pdf_s : 10680933007200906_5415095.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente. (assinado digitalmente) MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS - Redator designado. EDITADO EM: 08/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra (Suplente),Vanessa Albuquerque Valente e Luiz Roberto Domingo.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 25 00:00:00 UTC 2013
id : 5779408
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047473484726272
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1893; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T1 Fl. 76 1 75 S3C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.933007/200906 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3101001.515 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de setembro de 2013 Matéria DCOMP Pagamento a maior Retificação de DCTF a destempo Recorrente HOSPITAL MATER DEI S/A Recorrida DRJ BELO HORIZONTE ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza. DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeitos se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. Negado Provimento ao Recurso Voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente. (assinado digitalmente) MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Redator designado. EDITADO EM: 08/01/2015 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 93 30 07 /2 00 9- 06 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 09/01/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 10680.933007/200906 Acórdão n.º 3101001.515 S3C1T1 Fl. 77 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra (Suplente),Vanessa Albuquerque Valente e Luiz Roberto Domingo. Relatório Por bem relatar os fatos, transcrevo o relatório da decisão recorrida: "A contribuinte aqui identificada transmitiu Per/Dcomp visando a compensar o(s) débito(s) nela declarado(s), com crédito proveniente de pagamento a maior de Cofins, (...). A Delegacia da Receita Federal de Belo Horizonte/MG emitiu Despacho Decisório eletrônico (...) no qual não homologa a compensação pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débitos da contribuinte, não restando saldo creditório disponível. Irresignada com o indeferimento do seu pedido, (...), a contribuinte apresentou, (...), manifestação de inconformidade (...), com os argumentos a seguir resumidos. Narrando os fatos considerados na emissão do despacho decisório, alega que exerceu o seu direito conforme disposto na legislação vigente à época em que foram feitas as compensações, utilizandose de Per/Dcomp, sendo que apenas não procedeu a retificação das DCTFs e demais obrigações acessórias. Acrescenta que a compensação realizada, que tem natureza 'declaratória', está amparada no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, não se enquadrando em nenhuma das hipóteses de vedações legais. Por fim, relaciona os documentos anexados e requer seja acolhida a sua defesa." A DRJ de Belo Horizonte indeferiu o pleito de restituição/compensação, nos termos do Acórdão 0237.219, de 30 de janeiro de 2012. O fundamento adotado pela DRJ para o indeferimento do pedido foi o fato de a contribuinte só haver retificado a DCTF (reduzindo o valor do débito da contribuição anteriormente declarado) após o prazo de cinco anos. Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário a este Conselho, alegando, em síntese: a) que a DCTF retificadora foi transmitida e aceita pelos sistemas da Receita Federal, não podendo ser descartada sob a alegação de haver sido transmitida mais de cinco anos após a realização do pagamento; b) que o procedimento da compensação não exige a retificação da DCTF, tendo a contribuinte efetuado a retificação para evitar o desencontro de informações; Fl. 77DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 09/01/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 10680.933007/200906 Acórdão n.º 3101001.515 S3C1T1 Fl. 78 3 c) que o pagamento a maior decorreu da inclusão indevida, na base de cálculo da contribuição, de medicamentos sujeitos à alíquota zero (demonstra os cálculos em planilha anexa); d) requer que o presente processo seja apreciado conjuntamente aos demais processos informados em planilha anexa, pois todos tratam da mesma questão de direito, diferindo apenas quanto ao período de apuração do crédito e aos valores. É o relatório. Voto Conselheira Mônica Monteiro Garcia de los Rios – redatora ad hoc Por intermédio do Despacho de efolha 75, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF1, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101001.515, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pela relatora original, que foi acompanhada, por unanimidade, pelos demais integrantes do colegiado. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele se tomou conhecimento. A questão discutida nestes autos é idêntica à tratada em diversos outros processos da contribuinte, conforme alegou a própria Recorrente. Um dos processos foi recentemente julgado na Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara desta Terceira Seção. Transcrevese excertos do voto proferido no Acórdão 3202000.864, de 20 de agosto de 2013, da ilustre Conselheira Irene Souza da Trindade Torres, que adotase como fundamento na solução do presente litígio: "Nos termos do art. 170 do CTN, para fins de compensação, é certo que o ônus da prova da existência do crédito alegado cabe exclusivamente à contribuinte, que deve demonstrar ser possuidora de crédito tributário líquido e certo contra a Fazenda Nacional, a fim de que tal crédito possa ser utilizado em compensação. 1 Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo órgão e ainda: (...) III designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazêlo ou não mais componha o colegiado; Fl. 78DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 09/01/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 10680.933007/200906 Acórdão n.º 3101001.515 S3C1T1 Fl. 79 4 No caso em questão, pretende a recorrente seja aceita como prova do crédito que alega possuir, referente a fato gerador da Cofins ocorrido em 31/01/2003, as informações constantes de DCTF retificadora enviada em 11/11/2009, há mais de cinco anos, portanto, da ocorrência do fato gerador. Salientese que a data de envio da retificadora informada pela DRJ não foi contestada pela recorrente, presumindose, pois, verdadeira. As informações constantes da DCTF, que é instrumento que formaliza o cumprimento de obrigação acessória, têm efeito de confissão de dívida, constituindose tal Declaração em instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário nele declarado, conforme dispõe o art. 5º do Decreto lei nº. 2.124/84: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º. O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. (...) § 3°. Sem prejuízo das penalidades aplicáveis pela inobservância da obrigação principal, o não cumprimento da obrigação acessória na forma da legislação sujeitará o infrator à multa de que tratam os §§ 2°, 3° e 4° do artigo 11 do Decretolei n°1.968, de 23 de novembro de 1982, com a redação que lhe foi dada pelo Decretolei n°2.065 de 26 de outubro de 1983. (grifo não constante do original) Enganase a recorrente ao afirmar que, no caso, o único efeito da entrega extemporânea da DCTF seria a imposição de multa por descumprimento de obrigação acessória. Tal multa, de fato, existe, mas não se adequa ao caso, vez que a contribuinte não deixou de apresentar a DCTF no prazo legal, antes pelo contrário, apresentoua, e, a partir daquele momento, as informações ali constantes passaram a constituirse em confissão de dívida. É claro que as informações prestadas na DCTF podem ser alteradas e, com isso, alterarse a dívida confessada naquele instrumento. Acontece, porém, que, da mesma forma como existe prazo limite de cinco anos para a Fazenda Pública constituir crédito tributário contra o contribuinte, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação (§4º art. 150 do CTN), também há de se obedecer o mesmo prazo qüinqüenal para que o contribuinte possa exigir da Fazenda qualquer crédito tributário que porventura detenha. A segurança jurídica é via de mão dupla, tanto para o contribuinte quanto para a Fazenda Pública. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 09/01/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 10680.933007/200906 Acórdão n.º 3101001.515 S3C1T1 Fl. 80 5 Quanto a esta matéria, adoto, ainda, como razões de decidir, o voto condutor do Acórdão nº. 140200.170, proferido nos autos do processo nº 10825.900563/200815, de lavra do i. Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva, cujo teor transcrevo abaixo excertos: '........................................................................................... Nos termos do artigo 147 e seguintes, do Código Tributário Nacional, o lançamento pode darse por a) declaração; b) homologação e c) de ofício. No caso, interessanos o lançamento por homologação que à luz do artigo 150, do CTN, ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de identificar a matéria tributável, apurar o quanto devido e realizar o pagamento, cabendo à autoridade administrativa homologar a atividade praticada pelo sujeito passivo ou, em discordando, efetuar o lançamento de ofício. Quando o sujeito passivo, no lançamento por homologação, identifica a matéria tributável, apura a base de cálculo e calcula o valor do tributo devido, informandoo à Administração Tributária por meio de DCTF, temse a constituição de um crédito em favor do Fisco. Neste caso é o sujeito passivo que apura o valor que reconhece devido ao sujeito ativo. Por outro lado, quando o Fisco, em lançamento por declaração ou de ofício, apura o valor do imposto devido e notifica ao sujeito passivo, tem o credor o prazo de cinco anos para exigir o respectivo tributo, sob pena de prescrição. Pelo que se depreende do artigo 149, parágrafo único, do CTN, este lapso temporal de 5 (cinco) anos também se verifica nos casos em que o sujeito passivo, nos lançamentos por homologação, comete erros na constituição do crédito. Por hipótese, se constituiu crédito tributário considerando base de cálculo além da devida, lhe é assegurado o prazo de cinco anos para retificar o ato de constituição do débito, no caso a DCTF. O prazo quinquenal de que trata o artigo 150, [§4º] do CTN, é prazo aplicável tanto em favor do Fisco quanto do contribuinte para retificarem o lançamento, nas hipóteses admitidas em lei. Decorrido tal prazo não é lícito o fisco fazer exigência em face do contribuinte e, tampouco, este pode retificar DCTF para diminuir o valor anteriormente constituído. O que o contribuinte precisa entender é que ao entregar a DCTF constitui crédito em favor do Fisco, podendo retificála no prazo de 5 (cinco) anos. Decorrido tal prazo extinguese o direito da parte em retificar a DCTF.' (negrito não constante do original) Fl. 80DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 09/01/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 10680.933007/200906 Acórdão n.º 3101001.515 S3C1T1 Fl. 81 6 Desta forma, a despeito do extremo inconformismo demonstrado pela contribuinte em relação à não aceitação da DCTF retificadora para fins de comprovação do crédito que alega possuir, nada há nos autos que possa socorrer a pretensão da autora. Por se tratar de crédito tributário definitivamente constituído contra a contribuinte, também se mostra inócua a diligência requerida pela querelante, vez que, qualquer que seja a conclusão a que se chegue por conta da diligência, os valores informados na DCTF originária não mais podem ser alterados. De outro giro, entendo também inexistente qualquer nulidade na decisão recorrida, vez que não se trata de nenhum dos casos previstos no art. 59 do Decreto nº. 70.235/72. Demais disso, como afirmado pela própria recorrente em seu recurso voluntário, temse que a autoridade julgadora é livre na formação de sua convicção e na análise das provas constantes dos autos, não lhe sendo obrigado requerer diligência em razão de a recorrente entendêla necessária. Por fim, não há no Regimento Interno do CARF qualquer dispositivo que impeça julgamentos diversos, proferidos por diferentes Câmaras e/ou Turmas, em processos administrativos distintos que versem sobre idêntica matéria e refiramse ao mesmo contribuinte, de forma que não há suporte à pretensão da recorrente quanto ao pedido de julgamento único dos 25 processos que alega tramitarem no CARF ." No caso presente o pagamento supostamente efetuado a maior foi efetuado em relação ao fato gerador ocorrido em 30/09/2002, enquanto a DCTF retificadora foi transmitida em 05/08/2009. Assim, adequase perfeitamente à situação decidida segundo o voto acima transcrito. Nestes termos, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário apresentado. E são essas as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Mônica Monteiro Garcia de los Rios – Redatora ad hoc Fl. 81DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 09/01/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 08/01/2015 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS
score : 1.0
Numero do processo: 19615.000751/2008-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 12/08/2008
NÃO ATENDIMENTO INJUSTIFICADO À INTIMAÇÃO EM PROCEDIMENTO FISCAL. MULTA. CABIMENTO.
A não apresentação injustificada de resposta, no prazo estipulado, à intimação em procedimento fiscal é causa suficiente para a imputação da multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decreto-lei n°37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03.
Numero da decisão: 3102-002.300
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencida a Conselheira Nanci Gama que dava provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
[assinado digitalmente]
Andréa Medrado Darzé - Relatora.
Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros José Fernandes do Nascimento, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, José Paulo Puiatti e Nanci Gama.
Nome do relator: ANDREA MEDRADO DARZE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 12/08/2008 NÃO ATENDIMENTO INJUSTIFICADO À INTIMAÇÃO EM PROCEDIMENTO FISCAL. MULTA. CABIMENTO. A não apresentação injustificada de resposta, no prazo estipulado, à intimação em procedimento fiscal é causa suficiente para a imputação da multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decreto-lei n°37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Dec 24 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 19615.000751/2008-91
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5414163
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3102-002.300
nome_arquivo_s : Decisao_19615000751200891.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ANDREA MEDRADO DARZE
nome_arquivo_pdf_s : 19615000751200891_5414163.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencida a Conselheira Nanci Gama que dava provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa - Presidente. [assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé - Relatora. Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros José Fernandes do Nascimento, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, José Paulo Puiatti e Nanci Gama.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5778476
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047473776230400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1973; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 12 1 11 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19615.000751/200891 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102002.300 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de outubro de 2014 Matéria MULTA. Recorrente LUPÉRCIO PIO DE OLIVEIRA COMÉRCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 12/08/2008 NÃO ATENDIMENTO INJUSTIFICADO À INTIMAÇÃO EM PROCEDIMENTO FISCAL. MULTA. CABIMENTO. A não apresentação injustificada de resposta, no prazo estipulado, à intimação em procedimento fiscal é causa suficiente para a imputação da multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decretolei n°37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencida a Conselheira Nanci Gama que dava provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa Presidente. [assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Relatora. Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros José Fernandes do Nascimento, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, José Paulo Puiatti e Nanci Gama. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da DRJ em Fortaleza que julgou improcedente a impugnação apresentada, mantendo a exigência fiscal, por entender que o contribuinte, ao não apresentar resposta a intimação, no prazo estipulado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 61 5. 00 07 51 /2 00 8- 91 Fl. 79DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por RICARDO PAULO ROSA 2 embaraçou ação de fiscalização, o que justificaria a aplicação da multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decretolei n°37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03. Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados com riqueza de detalhes, adoto o relatório da decisão recorrida, transcrevendoo abaixo na íntegra: Trata o presente processo de exigência da multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decretolei n°37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/2003, no valor de R$ 5.000,00. A descrição dos fatos constante do auto de infração, as folhas 01/07, dá conta dos seguintes fatos: Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo sujeito passivo supracitado, foi (ram) apurada(s) infração(ões) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 001 EMBARAÇO OU IMPEDIMENTO A AÇÃO DA FISCALIZAÇÀO, INCLUSIVE NÃO ATENDIMENTO Á INTIMAÇÃO Embaraçou/ dificultou/ impediu, por meio ou forma omissiva, a ação de fiscalização não apresentando resposta , no prazo estipulado, à intimação em procedimento fisco/conforme descrito a seguir: No cumprimento do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) n° 04.1.51.002007002788, a Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho da 4ª Região Fiscal Direp04, realizou procedimento fiscal em que foi encaminhado o TERMO DE INTIMAÇÃO n° E 1 OP. GAME OVER (fls. 9 / 10) à empresa Lupercio Pio de Oliveira Comercio, CNPJ: 06.979.095/000113, solicitando que a mesma apresentasse a DIREP/SRRF04, no prazo de 10(Dez) dias, os seguintes documentos/esclarecimentos: Informar se a Nota Fiscal de Salda n° 000019, emitida em 03/08/2007, foi expedida por essa empresa, em caso positivo: Fornecer uma cópia autenticada da 2° Via; Apresentar cópia das Notas Fiscais de Aquisição ou Entradas de qualquer natureza, relativas às mercadorias/produtos constantes da nota fiscal mencionada acima, acompanhada, se for o caso, dos respectivos comprovantes de importação, estes acompanhados dos extratos das Declarações de Importação (DI), e suas adições; Apresentar, se for o caso, cópia autenticada da Fatura comercial, packing list ou qualquer outro documento que contenha o número de série dos produtos constantes da nota fiscal mencionada acima e que tenham instruído o despacho aduaneiro de importação dos mesmos; e Fl. 80DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19615.000751/200891 Acórdão n.º 3102002.300 S3C1T2 Fl. 13 3 Apresentar Cópia autenticada do Livro Registro de Entradas incluindo o Termo de Abertura e de Encerramento, referente(s)ao(s) período(s) no(s) quais encontramse escrituradas as nota(s) fiscal (is) referentes as mercadorias/produtos indicado(s) acima. Cópia autenticada do Contrato Social e alterações posteriores. A Intimação foi recebida em 18/03/2008, conforme Aviso de Recebimento (fls. 8), mas até a presente data não foi respondida optando o contribuinte por omitirse de responder a intimação fiscal devidamente cientificada, dificultando o trabalho da fiscalização na busca da verdade material. Por esta razão, em 1210812008, a fiscalização lavrou o presente auto de infração. Cientificada do auto de infração, a interessada apresentou impugnação em 23/09/2008, cujos argumentos resumese a seguir: Após a lavratura do 'Termo de Inicio de Diligência Fiscal — OP. GAME OVER", os Auditores vinculados à Receita Federal solicitaram a documentação dos produtos importados presentes no estabelecimento comercial da Impugnante, tendo esta fornecido as Notas Fiscais de compra das mercadorias emitidas por seus fornecedores. Durante a operação 'Game Over a Impugnante foi intimada, em 08110/2007, para apresentar, no prazo de 24h (vinte e quatro horas), os documentos concernentes a regular importação das mercadorias apreendidas. Frisese que durante todo o perlado em que os agentes vinculados à Direp estiveram no estabelecimento da Impugnante nenhum ato de embaraço foi efetuado por seus funcionários, ao reverso, todas as informações requeridas foram prestadas de forma satisfatória, como também, nenhum óbice foi imposto aos fiscais da SRF. Ato continuo, em 09/10/2007, a Impugnante requereu a r. dilação (prorrogação) do prazo fixado, sendo o pleito deferido pelo auditor da receita responsável pela fiscalização, cópia acostada. Após a prorrogação do prazo, a mencionada intimação foi cumprida em 10/10/2007, conforme atesta a assinatura do Agente de Fiscalização vinculado à SRF. Ocorre que, em 18/03/2008, a Impugnante foi Intimada pela 2ª vez para apresentar documentos. Observase que ames da suposta intimação não cumprida pela Impugnante, outras 2 (duas) intimações foram cumpridas tempestivamente, sem que fosse identificado qualquer óbice à fiscalização, porém a 3ª (terceira) intimação não foi cumprida. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por RICARDO PAULO ROSA 4 O não cumprimentada aludida intimação teve como causa a greve dos próprios auditores da Receita Federal, vez que, quando do comparecimento ao prédio da Direp (Av. Eng. António de Goes n° 449, bairro do Pina, Recife) a Impugnante foi informada da existência do movimento paredista, como também, que os auditores responsáveis pela fiscalização não poderiam receber a documentação requerida. A greve dos auditores perdurou durante uni longo período, tendo a Impugnante esperado nova intimação para a apresentação da documentação uma vez que a intimação anterior não pode ser cumprida em razão do movimento grevista. Transcorridos mais de 6 (seis) meses da intimação, quedouse surpreendida a Impugnante quando teve ciência da lavratura do presente auto de infração por suposta desobediência ou embaraço à fiscalização, pois cumpriu tempestivamente todas as intimações anteriores, tendo deixado de cumprir a última intimação por motivos alheios a sua vontade. Noutra senda, após a aludida intimação a Impugnante foi intimada em agosto de 2008 para apresentar outros documentos, tendo cumprido tempestivamente tal intimação, consoante protocolo acostado, ou seja, a Impugnante aguardou nova intimação para cumprimento da intimação anterior, vez que não deu causa ao descumprimento da intimação em foco. Concluise que durante toda a Op. Game Over a Impugnante sempre contribuiu para o desenlace da fiscalização, cumprido tempestivamente todas as intimações anteriores, Na realidade, deveria a autoridade fiscal, após o encerramento do movimento paredista (greve) ter reintimado a Impugnante para apresentar os documentos requeridos anteriormente, porém o auditor da SRF preferiu desconsiderar a existência do movimento revista lavrando o indigitado auto de infração em desfavor da Impugnante, ames de efetuar a intimação. Junta excertos de acórdão da Segunda Câmara do Conselho de Contribuintes (n° 20216046), afirmando que aquela Câmara firmou entendimento de que apenas após o descumprimento da reintimação restará caracterizado o embaraço à fiscalização passível de imposição de multa pecuniária. Afirma que, segundo o voto do relator, a multa por embaraço à fiscalização só terá guarida quando caracterizada a intenção de omitirlhe informações e, no caso em tela "o não cumprimento da intimação decorreu da existência de greve dos próprios auditores da Secretaria da Receita Federal do Brasil, deflagrada em 18/03/2008, que durou por um longo período conforme atestam as notícias acostadas, colhidas de sítios eletrônicos". Por fim, argumenta que não se mostra razoável a manutenção da multa, vez que "cabalmente demonstrado a inexistência de óbice à fiscalização", novamente atribuindo o "suposto" descumprimento ao fato de os auditores encontraremse em greve. Pede que a presente impugnação seja julgada procedente em todos os seus termos, anulando o auto de infração ora impugnado. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19615.000751/200891 Acórdão n.º 3102002.300 S3C1T2 Fl. 14 5 A DRJ em Fortaleza julgou a impugnação improcedente, nos seguintes termos: EMBARAÇO OU IMPEDIMENTO À AÇÃO FISCAL. NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. MULTA. Aplicase a multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a quem, por qualquer meio ou forma, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de nãoapresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal. Lançamento Procedente Irresignado, o contribuinte recorre a este Conselho basicamente reafirmando as alegações da impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Andréa Medrado Darzé. O recurso é tempestivo, atende as demais condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Conforme é possível perceber do relato acima, a presente controvérsia se resume a verificar se a não apresentação de resposta à intimação sob a justificativa de que fora deflagrado movimento grevista, se enquadraria na ação tipificada no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decretolei n°37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03, justificando, assim, a aplicação da multa nela prevista. Pois bem. Prescreve o referido dispositivo legal o seguinte: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): c) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de nãoapresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal; Ora, é incontroverso nos autos que a Recorrente não apresentou resposta à intimação em procedimento fiscal (cujo prazo estabelecido fora de 10 dias), o que, a princípio se enquadra perfeitamente neste dispositivo legal. Alega, todavia, a Recorrente em sua defesa que não o fez, tendo em vista que a intimação que originou a conduta tipificada lhe foi cientificada em 18/03/2008, justamente no dia em que foi instaurado movimento paredista, o que a teria impedido de ter acesso aos auditores a fim de entregar os documentos solicitados. De fato, a mencionada greve teve inicio Fl. 83DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por RICARDO PAULO ROSA 6 em 18 de março de 2008, conforme comprova cópia retirada do sitio da UNAFISCO SINDICAL, entidade representativa da categoria (fl. 50). Ocorre que, colocando entre parênteses a existência ou não de meios para cumprir a intimação durante o movimento grevista, certo é que a Recorrente teria que ter diligenciado neste sentido após a cessação da greve, o que não foi feito. Como bem pontuado pela decisão recorrida: De outra mão, considerandose o movimento grevista como uma situação que poderia caracterizar que, enquanto perdurou, não se considera "expediente normal" na repartição, impende trazerse à colação o que dispõe o art. 5° do Decreto n°70.235172: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do inicio e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Portanto, o prazo para contagem dos dez dias determinados na intimação, que deveria se iniciar em 19 de março de 2008 (quartafeira), já que a ciência se deu em 18 de março de 2008, estaria suspenso enquanto se perdurasse essa situação. Finda a greve, o prazo poderia continuar a fluir normalmente. Como o retomo da greve se deu em 12 de maio de 2008, segundafeira (folha 51), este dia seria aquele em que os dez dias começariam a contar, vencendose o prazo da impugnação no dia 21 de maio de 2008. (...) Nem mesmo findo aquele prazo, diligenciou para entregar a documentação, fato que se perdurou até a lavratura do presente auto, em 12/08/2008, que se deu 93 (noventa e três) dias após o retomo da greve, que, como mencionado, foi em 12 de maio de 2008. De fato, depois de finalizada a greve, independentemente de nova intimação, teria a Recorrente que ter comparecido dentro do prazo de dez dias às instalações da Receita Federal do Brasil, a fim de entregar os documentos solicitados. Afinal, não mais perdurava qualquer causa suspensiva do seu prazo. No que se refere à alegação de que a multa por embaraço prescrita no art. 107, inciso IV, alínea "c", do Decretolei n°37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03, "só terá guarida quando caracterizada a intenção de omitir informações à fiscalização", também entendo que não merece ser acolhida. O referido dispositivo legal é claro no sentido de que a não apresentação de resposta (injustificada, é claro), no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal é causa suficiente para a imputação da multa. Enquadrandose sua conduta na norma que a define como infração, não é permitido a este Colegiado dispensar ou reduzir penalidades sem expressa autorização legal, uma vez que a hipótese de dispensa ou redução de penalidade é matéria reservada à lei, estando fora da esfera de competência da autoridade administrativa a quem compete tãosomente aplicála (art. 97, VI, do CTN). Em face do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. [Assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Fl. 84DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19615.000751/200891 Acórdão n.º 3102002.300 S3C1T2 Fl. 15 7 Fl. 85DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 13839.002551/2004-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000
EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009)
IRRETROATIVIDADE. USO DE INFORMAÇÕES DA CPMF.
O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplica-se retroativamente. (Súmula CARF nº 35, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009)
OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADO POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS. DATA DO FATO GERADOR.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009)
DEPÓSITO BANCÁRIO. TRIBUTAÇÃO.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009)
JUROS MORATÓRIOS - SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009)
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2102-002.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente.
Assinado digitalmente
NÚBIA MATOS MOURA Relatora.
EDITADO EM: 24/02/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Ewan Teles Aguiar.
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201402
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2000 EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009) IRRETROATIVIDADE. USO DE INFORMAÇÕES DA CPMF. O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplica-se retroativamente. (Súmula CARF nº 35, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADO POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS. DATA DO FATO GERADOR. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) DEPÓSITO BANCÁRIO. TRIBUTAÇÃO. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) JUROS MORATÓRIOS - SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 14 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13839.002551/2004-39
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5415736
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 14 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2102-002.845
nome_arquivo_s : Decisao_13839002551200439.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : NUBIA MATOS MOURA
nome_arquivo_pdf_s : 13839002551200439_5415736.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA Relatora. EDITADO EM: 24/02/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Ewan Teles Aguiar.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 19 00:00:00 UTC 2014
id : 5781084
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047474002722816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2233; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 109 1 110088 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.002551/200439 Recurso nº 168.239 Voluntário Acórdão nº 2102002.845 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 19 de fevereiro de 2014 Matéria IRPF Depósitos bancários Recorrente JOSÉ AVELINO PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000 EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009) IRRETROATIVIDADE. USO DE INFORMAÇÕES DA CPMF. O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. (Súmula CARF nº 35, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADO POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS. DATA DO FATO GERADOR. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. (Súmula CARF nº 38, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) DEPÓSITO BANCÁRIO. TRIBUTAÇÃO. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) JUROS MORATÓRIOS SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 00 25 51 /2 00 4- 39 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 25/02/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13839.002551/200439 Acórdão n.º 2102002.845 S2C1T2 Fl. 110 2 de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2009) Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA – Relatora. EDITADO EM: 24/02/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Ewan Teles Aguiar. Relatório Contra JOSÉ AVELINO PEREIRA foi lavrado Auto de Infração, fls. 26/29, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativo ao anocalendário 1999, exercício 2000, no valor total de R$ 387.044,19, incluindo multa de ofício e juros de mora, estes últimos calculados até 30/11/2004. A infração apurada pela autoridade fiscal foi omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, fls.34/38, que foi devidamente apreciada pela autoridade julgadora de primeira instância, conforme Acórdão DRJ/SPOII nº 1726.944, de 19/08/2008, fls. 64/72. Decidiuse, por unanimidade de votos, pela procedência do lançamento. Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 11/09/2008, Aviso de Recebimento (AR), fls. 75, o contribuinte apresentou, em 02/10/2008, recurso voluntário, fls. 76/99, no qual traz as alegações a seguir resumidas: Fl. 109DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 25/02/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13839.002551/200439 Acórdão n.º 2102002.845 S2C1T2 Fl. 111 3 Os arts. 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/2001 é inconstitucional e não se pode admitir sua aplicação retroativa aos fatos gerados anteriores à sua publicação. O sigilo bancário somente pode ser vulnerado por ordem judicial para instruir investigação e processo criminal. Os fatos geradores ocorridos até 31/01/1999 já se encontravam alcançados pela decadência na data do lançamento (03/12/2004). A fiscalização, sem pesquisar e restringindose somente às informações disponíveis, as quais foram obtidas unicamente a partir de informações bancárias, esqueceuse de que esses supostos depósitos bancários podem constituir valiosos indícios, mas não fazem prova de omissão de rendimentos, por não caracterizarem disponibilidade econômica de renda e proventos e, nem podem ser tomados como valores representativos de acréscimos patrimoniais, além do que, para amparar tal lançamento mister que se estabeleça um nexo causal entre cada depósito e o rendimento omitido, não observado neste caso. A cobrança de juros moratórios com base na taxa Selic é ilegal. Conforme Despacho, fls. 107, de 16/03/2011, o julgamento do recurso voluntário apresentado pelo contribuinte foi sobrestado em razão do disposto no art. 62A, caput e parágrafo 1 , do Anexo II, do RICARF. Ocorre que o referido parágrafo 1º foi revogado pela Portaria MF nº 545, de 18 de novembro de 2013, de sorte que retomase o julgamento do recurso voluntário. É o Relatório. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 25/02/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13839.002551/200439 Acórdão n.º 2102002.845 S2C1T2 Fl. 112 4 Voto Conselheira Núbia Matos Moura, relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Inicialmente, cumpre destacar que quase todas as teses defendidas pelo contribuinte em seu recurso cuidam de matérias já pacificadas neste Colegiado, de sorte que já se encontram sumuladas, conforme Consolidação publicada no DOU em 14 de julho de 2010 (Portaria MF 383, de 12 de julho de 2010). Assim transcrevemse a seguir as súmulas que se aplicam ao caso: Inconstitucionalidade de leis: Súmula CARF Nº 2 – O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Irretroatividade da Lei nº 10.174, de 2001: Súmula CARF Nº 35 O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. Data do fato gerador. Omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários: Súmula CARF Nº 38 O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Depósito bancário não é renda: Súmula CARF Nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Ilegalidade dos juros cobrados com base na taxa Selic Súmula CARF Nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Logo, as teses defendidas pelo contribuinte, no que diz respeito às matérias já sumuladas, não podem prosperar. Fl. 111DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 25/02/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13839.002551/200439 Acórdão n.º 2102002.845 S2C1T2 Fl. 113 5 Vale, ainda, destacar, no que concerne à alegação de decadência do crédito tributário, relativo ao fato gerador ocorrido em janeiro de 1999, que conforme estabelecido na Súmula CARF nº 38, o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Assim, temse que os fatos geradores ocorridos durante o anocalendário de 1999 somente se completaram em 31/12/1999, data a ser considerada para fins de contagem do prazo decadencial, conforme regra estabelecida no § 4º do art. 150 do CTN, de sorte que o prazo decadencial somente se encerrou em 31/12/2004. Observese que o contribuinte apresentou Declaração de Ajuste Anual, exercício 2000, fls. 24/25, onde apurou saldo de imposto a pagar de R$ 3.380,00. Considerando que o contribuinte foi cientificado do Auto de Infração em 13/12/2004, fls. 32, não há que se falar em decadência, no que diz respeito aos créditos exigidos no Auto de Infração, que correspondem ao anocalendário 1999. Ante o exposto, voto por afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Relatora Fl. 112DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 25/02/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 11020.720398/2007-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO.
Os valores que por definição legal são excluídos da base de cálculo da contribuição não constituem isenção e não dão origem a créditos. Interpreta-se restritivamente o art. 17 da Lei nº 11.033/2004, e somente as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS permitem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.
Numero da decisão: 3101-000.890
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Vanessa Albuquerque Valente (Relatora), Leonardo Mussi da Silva e Luiz Roberto Domingo, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Corintho Oliveira Machado.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES
Presidente
RODRIGO MINEIRO FERNANDES
Redator designado para o voto vencido
CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
Redator designado para o voto vencedor
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Tarásio Campelo Borges, Leonardo Mussi da Silva (Suplente), Corintho Oliveira Machado, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente).
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201110
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO. Os valores que por definição legal são excluídos da base de cálculo da contribuição não constituem isenção e não dão origem a créditos. Interpreta-se restritivamente o art. 17 da Lei nº 11.033/2004, e somente as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS permitem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11020.720398/2007-67
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5403802
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3101-000.890
nome_arquivo_s : Decisao_11020720398200767.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
nome_arquivo_pdf_s : 11020720398200767_5403802.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Vanessa Albuquerque Valente (Relatora), Leonardo Mussi da Silva e Luiz Roberto Domingo, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Corintho Oliveira Machado. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente RODRIGO MINEIRO FERNANDES Redator designado para o voto vencido CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Redator designado para o voto vencedor Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Tarásio Campelo Borges, Leonardo Mussi da Silva (Suplente), Corintho Oliveira Machado, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente).
dt_sessao_tdt : Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2011
id : 5746018
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047474254381056
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1943; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T1 Fl. 106 1 105 S3C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.720398/200767 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3101000.890 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 07 de outubro de 2011 Matéria Ressarcimento PIS Recorrente COOPERATIVA VITI VINÍCOLA ALIANÇA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2006 A 31/03/2006 MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO. Os valores que por definição legal são excluídos da base de cálculo da contribuição não constituem isenção e não dão origem a créditos. Interpreta se restritivamente o art. 17 da Lei nº 11.033/2004, e somente as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS permitem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Vanessa Albuquerque Valente (Relatora), Leonardo Mussi da Silva e Luiz Roberto Domingo, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Corintho Oliveira Machado. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente RODRIGO MINEIRO FERNANDES Redator designado para o voto vencido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 03 98 /2 00 7- 67 Fl. 72DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 107 2 CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Redator designado para o voto vencedor Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Tarásio Campelo Borges, Leonardo Mussi da Silva (Suplente), Corintho Oliveira Machado, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida (fls.54): Trata o presente do pedido de ressarcimento do PIS não cumulativo mercado interno, referente aos períodos de apuração de janeiro a março de 2006, juntando cópia do DACON do período (fls. 03/06). Foi o ressarcimento indeferido pela DRF em Caxias do Sul, conforme explicado às fls. 08/10. A justificativa foi de que a interessada, por tratarse de cooperativa de produção agropecuária na especialidade da vitivinicultura, pretendia ressarcimento por considerar que as exclusões da base de cálculo que a legislação permite (artigo 15 da Medida Provisória n°2.15835/2001, artigo 1º da Lei nº10.676/2003 e artigo 17 da Lei n" 10.684/2003), equivaleriam a uma isenção parcial, tese que a autoridade a quem cabe a apreciação não concorda, argumentando inexistir tal isenção ante a inexistência de ato neste sentido e porque o artigo 111 do Código Tributário Nacional determina que devem ser interpretados literalmente os dispositivos legais que tratem de exclusão, suspensão ou outorga de isenção do credito tributário. Assim, não cabe tentar estender para o caso o disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033, de 2004, já que a contribuinte não dá saída a nenhum produto com suspensão, alíquota zero, isenção ou não incidência. Cientificada, a interessada apresenta sua inconformidade (fls. 12/17), argumentando que os artigos 17 da Lei n°11033, de 2004, e 16 da Lei n°11.116, de 2005, são aplicáveis a todos os contribuintes do PIS e da Cofins, e que as exclusões da base de cálculo constituemse em desonerações tributárias, portanto seriam isenções parciais. Aponta e transcreve jurisprudência que se lhe afigura estar de conformidade com a tese que adota. Assegura que a única alternativa de definição aplicável às exclusões atribuídas pelas regras dos artigos 15 da Medida Provisória n°2.15835, de 2001, 1º da Lei n° 10.676, de 2003, 17 da Lei nº 10.684, de 2003, e 10 da Instrução Normativa SRF n° 635, de 2006, á a da hipótese de não incidência em face de prática de ato cooperativo. Também assegura que não se utilizou de créditos presumidos, ou seja, daqueles que seriam Fl. 73DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 108 3 decorrentes da aquisição direta de produtor rural de produtos agropecuários. Assim, seu pedido conteria apenas valores decorrentes de aquisição de produtos e mercadorias tributadas pelo PIS e pela Cofins, adquiridas no mercado interno e aplicadas na produção e comercialização de produtos e mercadorias igualmente tributadas por aquelas contribuições. A DRJ competente manteve o indeferimento do pleito e o contribuinte recorreu a este Conselho. Voto Vencido Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes – redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fls. 71, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101000.890, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pelo relatora original, que ficou vencida no julgamento: A Recorrente requereu ressarcimento de créditos das contribuições sociais ao Programa de Integração Social (PIS), com esteio no artigo 16, Lei n°11.116/2005, ante o direito de manutenção de créditos autorizado pelo disposto no artigo 17, Lei n°11.033/2004. Segundo seu entendimento, seu direito creditório se deu em função de saídas com base de cálculo reduzida, configurando isenção parcial. Entendemos que o direito ao crédito aplicase a todo e qualquer caso de vendas em que se configure saída suspensa, isenta, alíquota zero ou não incidente em relação às contribuições sociais em tela. As reduções de base de cálculo instituídas pela norma em comento são isenções parciais, tal qual definido pelo STJ. In casu, observada a natureza isentiva da redução de base de cálculo instituída pelo art. 15, Medida Provisória n°215835/2001, art. 1°, Lei n°10.676/2003, art. 17. Lei n° 10.684/2003, e outros, cumpre exclusivamente aplicarse a previsão de manutenção creditória do art. 17 da Lei no. 11.033/2004. Com base nesses fundamentos, voto por dar provimento ao recurso voluntário apresentado. E essas são as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Rodrigo Mineiro Fernandes – Redator ad hoc Fl. 74DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 109 4 Voto Vencedor Conselheiro Corintho Oliveira Machado – Redator designado. Sem embargo das razões ofertadas pela recorrente e das considerações tecidas pelo eminente Conselheiro Relator, o Colegiado, pelo voto de qualidade, firmou entendimento de que não assiste razão a ambos no que diz com a interpretação do art. 17 da Lei nº 11.033/2004, notadamente no que se refere à amplitude de seu preceito em aplicação sistemática com as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, que configuram a tributação do PIS e da COFINS não cumulativos. Com efeito, o aludido dispositivo legal permite a mantença dos créditos vinculados às operações de venda efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições não cumulativas, porém observase que tais institutos são deveras distintos, e têm em comum apenas o resultado da inexistência de tributação das operações atingidas por eles. Quisesse o legislador permitir a manutenção dos créditos para as operações de venda em que ocorre redução da base de cálculo e exclusões dessa, as teria elencado no rol do art. 17, porquanto tais institutos tributários são também bastante diferentes da suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência, tendo como ponto comum tão só a inexistência de tributação das operações, ainda que parcial no caso da redução da base de cálculo. Por outras palavras, os institutos que dão margem à manutenção dos créditos, por força do prefalado art. 17 são apenas aqueles nominalmente previstos na lei, de maneira numerus clausus, até porque o diploma pátrio nacional, em seu art. 111, manda interpretar restritivamente qualquer lei que trate de suspensão ou exclusão de crédito tributário. Nesse diapasão, voto pelo DESPROVIMENTO do recurso voluntário. CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Fl. 75DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 110 5 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 10830.000118/2003-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 27 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Jan 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002
SALDO CREDOR REMANESCENTE IPI. CRÉDITO PROVENIENTE DA COMPRA DE INSUMO UTILIZADO NO PROCESSO INDUSTRIAL. RESSARCIMENTO MEDIANTE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, é passível de ressarcimento mediante compensação o saldo credor do IPI proveniente da compra de matéria-prima utilizada no processo de fabricação de produto industrializado e comercializado pelo contribuinte.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3102-002.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer, adicionalmente, o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201311
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 SALDO CREDOR REMANESCENTE IPI. CRÉDITO PROVENIENTE DA COMPRA DE INSUMO UTILIZADO NO PROCESSO INDUSTRIAL. RESSARCIMENTO MEDIANTE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, é passível de ressarcimento mediante compensação o saldo credor do IPI proveniente da compra de matéria-prima utilizada no processo de fabricação de produto industrializado e comercializado pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jan 09 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10830.000118/2003-70
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5415046
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3102-002.112
nome_arquivo_s : Decisao_10830000118200370.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
nome_arquivo_pdf_s : 10830000118200370_5415046.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer, adicionalmente, o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 27 00:00:00 UTC 2013
id : 5779359
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047474485067776
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2100; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 10 1 9 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.000118/200370 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102002.112 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de novembro de 2013 Matéria IPI COMPENSAÇÃO Recorrente TECIDOS FIAMA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 SALDO CREDOR REMANESCENTE IPI. CRÉDITO PROVENIENTE DA COMPRA DE INSUMO UTILIZADO NO PROCESSO INDUSTRIAL. RESSARCIMENTO MEDIANTE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, é passível de ressarcimento mediante compensação o saldo credor do IPI proveniente da compra de matériaprima utilizada no processo de fabricação de produto industrializado e comercializado pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer, adicionalmente, o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 01 18 /2 00 3- 70 Fl. 330DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO 2 Relatório Tratase de Pedido de Restituição (fl. 6) do saldo credor remanescente de IPI do 4° trimestre de 2002, no valor total de R$ 42.190,35, cumulado com declarações de compensação colacionadas aos autos. A autoridade competente da unidade da Receita Federal de origem, acatando as conclusões exaradas na Informação Fiscal de fls. 124/126, por meio do Despacho Decisório de fls. 162/164, deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento e reconheceu o crédito no valor de R$ 9.268,97. A glosa do valor de R$ 21.053,83 deuse em razão de a contribuinte ter incluído no saldo credor do período créditos cujo CFOP é 1.99.1 (outras entradas outros créditos de mercadorias não especificadas) que não são conceituadas como insumos, não sendo passíveis de ressarcimento. O valor restante da glosa (diferença de R$ 11.867,55), deu se em razão de o crédito ter sido apurado em conformidade com o demonstrativo dos valores escriturados no Livro de Apuração no trimestrecalendário, conforme explicitado nos Demonstrativos de fls. 120/122 (glosa referente à período anterior). Regularmente cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual contestou apenas o Termo de Intimação n° 10830/SEORT/CPS/1103/2007, solicitando seu cancelamento com base nas novas provas coligidas aos autos, a saber: a) cópias de notas fiscais de vendas de mercadoria consignada e de remessa de mercadoria em consignação; b) cópia do Livro de Registros de Entradas das remessas; e c) cópia do Livro de Registro de Entradas das vendas. A Turma de Julgamento de primeiro grau considerou os referidos documentos como contestação apenas da parcela glosada de créditos de IPI no montante de R$ 21.900,00 e prolatou a decisão de fls. 228/232, em que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 MATÉRIA NÃO CONTESTADA. A matéria submetida a glosa em revisão de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, não especificamente contestada na manifestação de inconformidade, é reputada como incontroversa, e é insuscetível de ser trazida a baila em momento processual subseqüente. RESSARCIMENTO. CRÉDITO GLOSADO. O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei no 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI, decorre apenas das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização. Fl. 331DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO Processo nº 10830.000118/200370 Acórdão n.º 3102002.112 S3C1T2 Fl. 11 3 Em 22/3/2011, a interessada foi cientificada da decisão de primeira instância. Inconformada, em 20/4/2011, protocolou o Recurso Voluntário de fls. 234/244, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade, em aditamento alegou que, o valor do crédito glosado, no valor de R$ 21.900,00, tratavase da compra do produto denominado “Baygard”, aplicado diretamente sobre as fibras têxteis durante o processo de fabricação do tecido, a fim de impermeabilizálo e conferilhe maior qualidade e durabilidade. A remessa sob à forma de consignação ocorrera tão somente para fins de ampliação do prazo de pagamento, ou seja, houve uma remessa para faturamento futuro, mas nunca com a finalidade de revenda. Informou ainda a recorrente que, logo após o recebimento do produto em consignagao, houve a efetiva operação de compra, conforme pode se verificar nas notas fiscais acostadas aos autos. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O cerne da controvérsia cingese a glosa parcela do saldo do credor do IPI, no valor de R$ 21.053,83, proveniente da apropriação de crédito do IPI destacados em notas fiscais de simples remessa de mercadorias para venda em consignação (CFOP 1.99.1 Outras entradas de mercadorias não especificadas), que segundo o entendimento da fiscalização, ratificado pela Turma de Julgamento de primeira instância, não configurava operação que a legislação reconhecesse direito ao crédito do IPI, para fins do ressarcimento previsto no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, por não se tratar de insumos aplicados na industrialização dos produtos fabricados pela recorrente. Por sua vez, alegou a recorrente que as operações de simples remessa do produto químico “Baygard” não eram para fim de revenda, mas para utilização no processo de produção, para impermeabilizar e conferir maior qualidade e durabilidade as fibras têxteis durante o processo de fabricação do tecido, e que, por estratégia mercadológica, com vistas a ampliação do prazo de pagamento, o produto era inicialmente faturado como simples remessa, mas logo em seguida era realizada a efetiva operação de compra do produto, com a emissão das respectivas notas fiscais. Em parte procede a alegação da recorrente. Com base na documentação fiscal colacionada aos autos (fls. 178/221), constatase que, logo após a operação de remessa em consignação era realizada a operação de compra e vendo do referido produto (CFOP 1.101 – Compra para industrialização). Portanto, tratase de aquisição de matériaprima utilizada no processo de industrialização dos produos fabricados pela recorrente. Além disso, consultando a literatua técnica disponível na internet foi possível confirmar que o citado produto tem a utilização e a finalidade informadas pela recorrente. Porém, em relação a remessa do produto em consignação realizada no dia 3/12/2002 (nota fiscal 10098), no valor de R$ 80.300,00 e IPI destacado de R$ 7.300,00, Fl. 332DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO 4 verificase que a operação de compra e venda somente foi efetivada em 6/1/2003, logo, o valor IPI desta operação não pode ser apropriado no 4º trimestre de 2002, mas no trimestre em que realizada a efetiva compra e venda do produto, ou seja, no 1º trimestre de 2003. Por todo o exposto, votase por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, para, adicionalmente, reconhecer o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 333DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO
score : 1.0
Numero do processo: 19647.002302/2003-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2009
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. IRRETROATIVIDADE.
A alteração promovida na Lei 9.311/96 através da Lei 10.174/01 - no que diz respeito à utilização das informações obtidas via CPMF para a constituição de outros tributos que não a própria contribuição, somente deve ser levada em consideração após o inicio de sua vigência, não sendo possível sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores à sua edição.
Acolhida preliminar.
Recurso provido.
Numero da decisão: 3401-000.072
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, acolher a preliminar de irretroatividade da Lei n° 10.174/2001 e dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Ana Neyle Olímpio Holanda, Giovanni Christian Nunes Campos, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calamina Astorga e Valéria Pestana Marques.
Nome do relator: Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 200906
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 1999 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. IRRETROATIVIDADE. A alteração promovida na Lei 9.311/96 através da Lei 10.174/01 - no que diz respeito à utilização das informações obtidas via CPMF para a constituição de outros tributos que não a própria contribuição, somente deve ser levada em consideração após o inicio de sua vigência, não sendo possível sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores à sua edição. Acolhida preliminar. Recurso provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 19647.002302/2003-04
conteudo_id_s : 5425248
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 02 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 3401-000.072
nome_arquivo_s : Decisao_19647002302200304.pdf
nome_relator_s : Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti
nome_arquivo_pdf_s : 19647002302200304_5425248.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, acolher a preliminar de irretroatividade da Lei n° 10.174/2001 e dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Ana Neyle Olímpio Holanda, Giovanni Christian Nunes Campos, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calamina Astorga e Valéria Pestana Marques.
dt_sessao_tdt : Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2009
id : 5812664
ano_sessao_s : 2009
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047474946441216
conteudo_txt : Metadados => date: 2010-09-21T20:35:02Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-09-21T20:35:01Z; Last-Modified: 2010-09-21T20:35:02Z; dcterms:modified: 2010-09-21T20:35:02Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:f21bee21-0b0f-4e22-ac77-3bf9a497fce5; Last-Save-Date: 2010-09-21T20:35:02Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-09-21T20:35:02Z; meta:save-date: 2010-09-21T20:35:02Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-09-21T20:35:02Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-09-21T20:35:01Z; created: 2010-09-21T20:35:01Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; Creation-Date: 2010-09-21T20:35:01Z; pdf:charsPerPage: 1352; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-09-21T20:35:01Z | Conteúdo => S3-C4T1 H. 1 trb•—ttl;S:,—e. MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO--jt4itert-ty.s. Processo n° 19647.002302/2003-04 Recurso n° 157.809 Voluntário Acórdão n° 3401-00.072 — 4' Câmara / 1 Turma Ordinária Sessão de 01 de junho de 2009 Matéria IRPF - Ex(s): 1999 Recorrente JOÃO ALVES BARBOSA FILHO Recorrida 1 TURMA/DRJ-RECIFE/PE ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 1999 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. IRRETROATIVIDADE. A alteração promovida na Lei 9.311/96 através da Lei 10.174/01 - no que diz respeito à utilização das informações obtidas via CPMF para a constituição de outros tributos que não a própria contribuição, somente deve ser levada em consideração após o inicio de sua vigência, não sendo possível sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores à sua edição. Acolhida preliminar. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, acolher a preliminar de irretroatividade da Lei n° 10.174/2001 e dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Ana Neyle Olímpio Holanda, Giovanni Christian Nunes Campos, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calamina Astorga e Valéria Pestana Marques. a 4, Gonçalo Bonet A le — Presidente em exercício y fel / i/14,762frúa/10/ dol(er‘de ilzeredop erreira Pagetti - Relat4ra EDITADO EM: 1e 201ii Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Ana Neyle Olímpio Holanda, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Giovanni Christian Nunes Campos, Janaina Mesquita Lourenço de Souza, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Ana Paula Locoselli Erichsen (Suplente convocada), Valéria Pestana Marques (Suplente convocada) e Gonçalo Bonet Allage (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana Maria Ribeiro dos Reis. Relatório Em face do contribuinte acima identificado foi lavrado Auto de Infração de Lis. 04/17 para exigência do Imposto de Renda Pessoa Física — IRPF, relativamente ao ano- calendário de 1998, em razão da: a) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas; e b) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada. Tendo tomado ciência do lançamento, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 456/484, na qual alegou, em síntese, que: - seria nulo o procedimento fiscal por vício Mona!, justificando que o lançamento foi baseado unicamente em prova ilícita (em razão da impossibilidade de a Lei n° 10.174/01 ter efeitos retroativos) e por ter sido cerceado o direito de defesa; - o cerceamento ao direito de defesa decorre do fato de que o Termo de Intimação de fl. 450 só foi entregue ao contribuinte em 22.09.2003, conforme fl. 451, e como o contribuinte tinha 20 dias para seu atendimento, tal prazo somente se encerraria em 12/10/2003, que, por ser um domingo, ficou prorrogado para o dia 13/10/2003, entretanto, dentro do prazo originalmente concedido pela auditora foi surpreendido pelo Auto de Infração datado de 02/10/2003, com ciência em 09/10/2003; - que não dispunha dos extratos do Banco Real que estavam sendo encaminhados pela Secretaria da Receita Federal, razão pela qual ficou materialmente impossibilitado de fazer as análises determinadas, enquanto a fiscalização considerando que não houve resposta à intimação, tomou como receita omitida a totalidade dos valores depositados naquele estabelecimento bancário; - com relação à origem dos depósitos, que no curso da ação fiscal, por diversas vezes, informou haver movimentação financeira, em suas contas correntes pessoais, da Pessoa Jurídica João Barbosa Assessoria Jurídica S/C Ltda, da qual é sócio majoritário, possuindo 99% das cotas; - no segundo documento mencionado foram listadas transferências de valores de contas bancárias da pessoa jurídica para a pessoa física: e que tais operações foram comprovadas pela juntada de cópia dos extratos bancários da pessoa juridica; - foi informado o ingresso em 08/07/1998, do valor de R$ 201.370,78, na conta mantida no Unibanco/Bandeirantes, correspondente ao valor liquido da Nota Fiscal n° \ 2 \l/ Processo n0 19647.002302%2003-04 S3-C4T1 Acórdão n.° 3401-00.072 Fl. 2 005767, de mesma data, emitida pela pessoa jurídica, contra o HSBC — Bamerindus Companhia de Seguros, tendo sido apresentada cópia do referido documento fiscal; - por ser sócio majoritário da empresa não havia preocupação em segregar os recursos financeiros movimentados pela pessoa tísica, ou pela pessoa jurídica, independentemente de sua origem, considerando que é através da Sociedade Civil da qual faz parte que o defendente exerce sua atividade profissional de advogado; - pelo porte de seus clientes e pelo tipo de serviço prestado, especificamente na área de cobrança, evidencia-se o recebimento, pelo contratado, de valores significativos, em nome de seus contratantes; - o escritório de advocacia repassa a seus clientes os valores recebidos, descontados das comissões que lhe caibam (no percentual máximo de 10%), conforme cláusula contratual; - a remuneração pela cobrança de valores muitas vezes se resume aos honorários de sucumbência ou a percentuais cobrados dos devedores juntamente com o principal; - a sistemááca de recebimentos em nome dos clientes faz com que transite, nas contas bancárias da prestadora de serviços, volume de recursos desproporcional a sua própria receita auferida; - a atividade exercida exige a manutenção de inúmeras contas correntes para controle em separado quando possível dos recebimentos efetuados em nome de cada cliente; porém os sócios da pessoa jurídica se dedicam precipuamente à prestação de serviços advocaficios, absorvendo seus tempos e não lhes permitindo controle rigoroso da movimentação financeira, não havendo uma rígida separação entre os recursos dos sócios e da sociedade pessoa jurídica, que se socorrem uns aos outros em casos de necessidade financeira, como costumar acontecer nas pequenas empresas; - os aportes de recursos são registrados em livro Caixa da empresa e os reembolsos se dão ou via depósito bancário ou em espécie; - que durante o procedimento fiscal foi possível informar à fiscalização a ocorrência de transferências e comprovar inúmeros depósitos efetuados nas contas correntes da pessoa tísica provenientes de cheques emitidos pela pessoa jurídica, mas que a fiscalização se limitou a receber as informações sem exigir do contribuinte quaisquer comprovantes de que tais recursos houvessem sido devolvidos ou contabilmente registrados; - a fiscalização teria cometido alguns enganos na apuração do crédito tributário (elenca um a um os enganos supostamente cometidos); - anexava à sua impugnação uma cópia do livro Caixa da empresa, através do qual seriam comprovados os empréstimos e devoluções que relaciona na sua impugnação; assim como planilha identificando cheques e/ou ordens de pagamentos e cópias dos extratos da pessoa jurídica; - todos os recursos que transitam pela conta de pessoa fisica provêm da pessoa jurídica, inclusive a titulo de lucros e pro labore; 3 - cita art. I°, §1° da IN SRF 246/02 que dispõe que quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro. Transcreve jurisprudência; - depósitos bancários, por si só, não constituem renda tributável, sendo imperioso que se configure acréscimo patrimonial ou renda consumida; - quanto à quantificação da receita, a fiscalização não aceitou as transferências de valores ocorridas da conta no BBV em que não houve incidência de CPMF com a justificativa, da fiscalização, segundo o impugnante, de que só ocorre isenção de CPMF quando há transferência de valores entre contas de mesma titularidade; - a fiscalização não atentou para o fato de que o fiscalizado mantinha contas- correntes individuais e também em conjunto com sua companheira, Sra. Marta Suely Velozo Muniz, CPF 321.318.104-82; - a cobrança da CPMF por si só não pode ser tomada como prova de que a transferência se deu entre contas de diferentes titularidades, pois os bancos não são infalíveis e podem cometer erros; - exigir imposto de renda sobre transferências só porque houve cobrança de CPMF é presunção de omissão de receitas não prevista pela legislação tributária e que corno presunção simples caberia ao fisco a prova cabal da omissão de rendimentos; - que embora a fiscalização tenha verificado que recursos da empresa transitaram nas contas-correntes da pessoa física, deixou de perquirir o emprego desses recursos e que o impugnante constatou que muitos dos cheques emitidos em 1998 configuram transferências de recursos para a pessoa jurídica; e - teria ocorrido a decadência, pois, de acordo com o art. 38 do Decreto 3.000/99 e art. 42, §4° da Lei 9.430/96, o fato gerador do IR é mensal, de modo que, tendo ocorrido a autuação e ciência do auto de infração em outubro/2003, restariam decaídos os períodos de janeiro a setembro de 1998. Na análise da impugnação apresentada, os membros da DRJ em Recife decidiram pela parcial manutenção do lançamento, em julgado do qual é possível extrair a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não restando comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa nem de qualquer outra hipótese expressamente prevista na legislação, não há que se falar em nulidade do lançamento. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Consolida-se, na esfera administrativa, o crédito tributário correspondente à matéria que não houver sido expressamente contestada pelo impugnante. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF (4 Processo no 19647.002302/2003-04 53-C4T1 Acórdão 9.2 3401-00.072 Fl. 3 Ano-calendário: 1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSITO BANCÁRIO. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o artigo 42 da Lei n°9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários cuja origem dos recursos não for comprovada pelo titular, mormente se a movimentação financeira for incompatível com os rendimentos declarados. ÓNUS DÁ PROVA. Se o ónus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, quando devidamente intimado. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1998 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA PELO FISCO. É licito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de Fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorizaçâojudicial. LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI. O art. 6' da Lei Complementar n°105/2001 e o art. 1° da Lei n° 10.174/2001, que deu nova redação ao § 3° do art. 11 da Lei n° 9.311/1996, disciplinam o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos económicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir de janeiro 2001 poderão valer-se dessas informações, inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos. NÃO VIOLAÇÃO DAS GARANTIAS INDIVIDUAIS LVSERIDAS NA CF/88. SIGILO FISCAL. O sigilo bancário só tem sentido enquanto protege o contribuinte contra o perigo da divulgação ao público, nunca quando a divulgação é para o fisco que, sob pena de responsabilidade, jamais poderá transmitir o que lhe foi dado a conhecer. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. As autoridades administrativas não podem negar aplicação às leis regularmente emanadas do Poder Legislativo. O exame da constitucionalidade ou legalidade das leis é tarefa estrita mente reservada aos órgãos do Poder Judiciário. DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR. 5 No caso do Imposto de Renda, quando houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito Tributárioattingue-se após cinco anos contados do fato gerador. IRPF. DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR. Sendo a tributação das pessoas fisicas sujeita a ajuste na declaração anual e independente de exame prévio da autoridade administrativa, o lançamento é por homologação, devendo o prazo decadencial, na hipótese de. entrega tempestiva da declaração e pagamento do imposto, ser contado a partir da ocorrência do fato gerador, que é complexivo e ocorre em 31 de dezembro. DECISÕES ADMIMSTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiadas não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Consideraram não impugnada a parcela do lançamento relativa à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, e quanto à parcela exonerada, esta se deveu à exclusão da base de cálculo de valores relativos à mera transferência entre contas de sua titularidade. Inconformado com tal decisão, o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 929/970, no qual faz um resumo dos fatos e, em síntese, reitera os argumentos expostos em sua impugnação. É o Relatório. (Ty • 6 Processo n° 19647.00230212003-04 S3-C4T1 Acerdeo n.° 3401-00.072 Fl. 4 Voto Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora O recurso é tempestivo e preenche os requisitos da lei, por isso dele conheço. Trata-se de lançamento fundado em suposta omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, bem como da presunção de omissão baseada em depósitos bancários de origem não comprovada. O contribuinte não se insurgiu contra a parcela do lançamento relativa à omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, razão pela qual esta parcela foi considerada como não impugnada pela decisão recorrida. Quanto à parcela do lançamento que está em litígio — omissão de rendimentos decorrente da falta de comprovação da origem de depósitos bancários - a decisão recorrida acolheu em parte as alegações do contribuinte suscitadas em sede de impugnação. Determinou que fossem excluídos da base de cálculo do lançamento os valores de transferências entre contas de sua própria titularidade. Em sede de recurso, o Recorrente repisa os argumentos de sua impugnação. São eles: preliminar de nulidade em razão da ilegal quebra do seu sigilo bancário via CPMF quando estava em vigor o art. 11, § 3° da Lei n°9.311/96, bem como preliminar de nulidade da prova utilizada, tendo em vista a impossibilidade de quebra do sigilo bancário sem ordem judicial que o determine. Quanto ao mérito, alegou que: a) os recursos movimentados em suas contas bancárias pertenciam à pessoa jurídica da qual era sócio e não a ele mesmo, e por isso se receitas fossem não seriam suas, mas sim da referida pessoa jurídica; b) mantinha contas em conjunto com a Sra. Marta Suely Velozo Muniz, sua esposa e dependente, motivo pelo qual foi feita a cobrança de CPMF em algumas das transferências ocorridas entre suas contas, mas o que não siginifica que as contas não eram suas; c) estaria decadente o direito do Fisco de efetuar o lançamento de valores relativos a fatos geradores ocorridos antes de outubro de 1998, tendo em vista que a lavratura do Auto se deu em outubro de 2003. Preliminarmente, é preciso apreciar o pedido de nulidade do lançamento em razão da irretroatividade da Lei n° 10.174/01. A meu ver, a quebra do sigilo bancário através do cruzamento de dados do contribuinte com as informações obtidas através da CPMF não pode ser aplicada a fatos geradores anteriores à entrada em vigor da mencionada lei. No caso em exame, os fatos geradores do imposto exigido pela autoridade lançadora ocorreram em 1998, período em que vigia a anterior redação da Lei n° 9.311/96, que criou a CPMF. À época, as instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição estavam obrigadas a prestar informações à Secretaria da Receita Federal no que diz respeito aos contribuintes e aos valores por eles movimentados apenas com relação à CPMF. o 7 Era vedada, então, a utilização destas mesmas informações para a constituição de crédito tributário relativo a outras contribuições ou impostos, como se depreende da leitura do texto legal original, verbis: Art. li. Compete à Secretaria da Receita Federal a administração da contribuição, incluídas as atividades de tributação, fiscalização e arrecadação. § 1°. No exercício das atribuições de que trata este artigo, a Secretaria da Receita Federal poderá requisitar ou proceder ao exame de documentos, livros e registros, bem como estabelecer obrigações acessórias. ,5S. 2°. As instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias à identcação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações, nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 3°. A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicada à matéria, o sigilo das informações prestadas, vedada sua utilização para constituição do crédito tributário relativo a outras contribuições ou impostos. (sem grifes no original) • Portanto, as informações prestadas pelas instituições financeiras à SRF não pumitiam a constituição de crédito tributário relativo ao imposto de renda da pessoa física. Esta era a regra vigente à época da ocorrência dos fatos geradores objeto do lançamento em questão. Ocorre que, passados três anos, em 09.01.2001, foi editada a Lei n° 10.174, que alterou a regra contida naquele dispositivo, o qual passou — a partir de então — a ter a seguinte redação: § 3 0 A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicável à matéria, o sigilo das informações prestadas facultada sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente, observado o disposto no artigo 42 da Lei n` 9.430, de 17 de dezembro de 1996, e alterações posteriores. (sem grifos no original) A nova redação do referido artigo remete, por seu turno, ao lançamento previsto no art. 42 da caput da Lei n° 9.430/96, que assim dispõe: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 8 Processo n°19647.002302/2003-04 S3-C4T1 Acórdão n.° 3401-00.072 9. 5 A interpretação sistemática da nova redação do art. 11, § 3°, da Lei n° 9.311/96 combinado com o art. 42 da Lei n° 9.430196, permite concluir que restou facultada— somente a partir da edição da Lei n° 10.174/01 - a utilização dos dados da CPMF para a constituição de créditos tributários pela Secretaria da Receita Federal, por presunção legal de omissão de receitas, quando a pessoa física ou jurídica não conseguir comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento, de que seja titular. E esta é uma nova forma de lançamento, que foi — repita-se - criada pela Lei n° 10.174, a qual foi publicada em 10.01.2001, razão pela qual só poderia atingir fatos ocorridos a partir desta data. Cabe aqui reiterar que o fato gerador do tributo em discussão ocorreu no ano de 1998, quando o artigo 11, § 3°, da Lei n° 9.311/96 vedava a lavratura de autos de infração com base na movimentação bancária dos contribuintes para exigência de tributos diversos da CPMF. - Nem se alegue que seria aplicável à espécie o disposto no § 1° do art. 144 do CTN. É que não se trata, aqui, de lei procedimental, mas sim de lei de conteúdo material. A este respeito, releva transcrever trechos do voto proferido pelo Conselheiro Roberto William Gonçalves, em acórdão no qual cita, por seu turno, voto anteriormente proferido pelo Conselheiro João Luis de Souza Pereira, verbis: O que se lê do dispositivo acima transcrito é que a Lei n° 10.174/2001 é norma de conteúdo material, que autoriza o lançamento do imposto de renda e demais tributos com base nas informações colhidas dos recolhimentos da CPMF. Especificamente em relação ao imposto de renda, a nova lei, inclusive, estabeleceu a forma de tributação, que ocorrerá nos termos e condições do artigo 42 da Lei n°9.430/96. Ou seja, não foram ampliados os poderes fiscalizatórios. Foi autorizada uma nova forma de tributação, admitindo uma nova presunção legal de omissão de receita que se insere no mecanismo introduzido pelo artigo 42 da Lei n°9.430/96. No entanto, nunca foi afastada a possibilidade de ser constituído o crédito tributário do imposto de renda através da intimação de instituições financeiras. Mas, não havia previsão legal para a tributação dos depósitos resultantes dos dados colhidos da arrecadação da CPMF. Ou seja, os dados obtidos pela fiscalização da CPMF, enquanto durou a redação original da Lei n°9,311/96, não estavam sujeitos ao imposto de renda, muito embora os valores dos depósitos bancários pudessem ser objeto de fiscalização e lançamento na forma do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Somente a partir da Lei n° 10,17412001 é que passou a estar legalmente descrita esta nova hipótese de incidência do imposto de renda (e outros tributos), passando a ser licita a tributação 9 • • dos mesmos valores advindos do cruzamento de dados dos recolhimentos da CPMF, ainda que se utilize dos mesmos meios de determinação da base de cálculo. • É por esta razão que a Lei n°10.174/2001 inovou a sistemática de tributação do imposto de renda e, por esta mesma ratão, somente pode ser aplicada a eventos futuros, obedecidos os princípios constitucionais da irretroatividade e da anterioridade da lei tributária. Mas, ainda que se considerasse a Lei n° 10.174/2001 como uma norma de procedimento, a verdade é que o imposto de renda é tributo devido por período certo e a data da ocorrência do fato gerador é facilmente identificável e prevista na legislação. Dai, há de ser aplicado - o artigo 144, parágrafo 20 do Código Tributário Nacional, que submete estes tributos à regra prevista no caput do mesmo artigo, ou seja, da observância e aplicação da lei vigente à época da ocorrência do fato 'gerador, sem exceções para as chamadas normas de procedimento. (Acórdão g" 104-19.407, de 12 de junho de 2003, Rel. Cons. Roberto William Gonçalves) A utilização retroativa dos termos da Lei n° 10.174/2001,. atingindo situações ocorridas no ano-calendário 1998, implica, como se viu, grave ofensa à segurança jurídica do contribuinte, na medida em que, à época vigia uma norma de direito material, esculpida no artigo 11, § 3°, da Lei n° 9.311/96 que assegurava ao Recorrente a garantia de que não teria contra si lavrado auto de infração exigindo imposto de renda pessoa fisica, em decorrência das informações fornecidas pelas instituições financeiras para a Secretaria da Receita Federal, relativas à sua movimentação bancária. Relevante destacar que a 6" Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes já adotou referido entendimento, conforme comprova a ementa do seguinte acórdão: OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁMOS - IRRETROATIVIDADE - A alteração promovida na Lei 9.311/96 pela Lei 10.174/01, somente deve ser levada em consideração após o inicio de sua vigência, não sendo possível sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores à sua edição. Recurso provido. (Primeiro Conselho, Sexta Câmara, acórdão n° 106-13.962, redator designado Conselheiro José Carlos da Matta Rivitti, julgado em 12/05/2004 — sem grifos no original)Em face dos argumentos acima expostos, concluo pela impossibilidade de io • Processo ri° 19647.002302/2003-04 S3-C4T1 Acórdão n.° 3401-00.072 Ft 6 manutenção do lançamento, em razão da indevida aplicação da Lei n° 10.174/2001 a fatos geradores ocorridos anteriormente à sua vigência, acolhendo a preliminar suscitada pelo Recorrente. Diante de todo o exposto voto no sentido de dar provimento ao Recurso. 444 Cli1:4£11:201 ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA P • IETTI li • • si.11:4k MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS r CAMARA/2' SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo 19647.002302/2003-04 Recurso n°: 157.809 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3° do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial 110256, de 22 de junho de 2009, intime-se o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão n° 3401-00.072 Brasília/DF, 18 MI 2010 EVEL1NE COÊLHO DE 'ELO HOMAR Chefe da Secretaria Segunda Câmara da Segunda Seção - Ciente, com a observação abaixo: ( ) Apenas com Ciência ( ) Com Recurso Especial ( ) Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003157/2004-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2101-000.190
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para esclarecimento acerca da natureza das contas-correntes analisadas (se individuais ou conjuntas) e, caso haja contas conjuntas, se houve intimação a todos os co-titulares.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
Presidente
(assinado digitalmente)
DANIEL PEREIRA ARTUZO
Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO (Relator), MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEÃO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
Nome do relator: DANIEL PEREIRA ARTUZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
camara_s : Primeira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 19515.003157/2004-57
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5413914
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2101-000.190
nome_arquivo_s : Decisao_19515003157200457.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : DANIEL PEREIRA ARTUZO
nome_arquivo_pdf_s : 19515003157200457_5413914.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para esclarecimento acerca da natureza das contas-correntes analisadas (se individuais ou conjuntas) e, caso haja contas conjuntas, se houve intimação a todos os co-titulares. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) DANIEL PEREIRA ARTUZO Relator Participaram do julgamento os Conselheiros LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO (Relator), MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEÃO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
dt_sessao_tdt : Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
id : 5778227
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047474950635520
conteudo_txt : Metadados => date: 2014-12-16T22:44:47Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2014-12-16T22:44:47Z; Last-Modified: 2014-12-16T22:44:47Z; dcterms:modified: 2014-12-16T22:44:47Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:3dc79c93-cd19-446d-83c1-193540a4ed60; Last-Save-Date: 2014-12-16T22:44:47Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2014-12-16T22:44:47Z; meta:save-date: 2014-12-16T22:44:47Z; pdf:encrypted: true; modified: 2014-12-16T22:44:47Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2014-12-16T22:44:47Z; created: 2014-12-16T22:44:47Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; Creation-Date: 2014-12-16T22:44:47Z; pdf:charsPerPage: 1605; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2014-12-16T22:44:47Z | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 172 1 171 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.003157/200457 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2101000.190 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 03 de dezembro de 2014 Assunto IRPF Recorrente NILTON PINTO Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para esclarecimento acerca da natureza das contas correntes analisadas (se individuais ou conjuntas) e, caso haja contas conjuntas, se houve intimação a todos os cotitulares. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) DANIEL PEREIRA ARTUZO Relator Participaram do julgamento os Conselheiros LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO (Relator), MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEÃO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Tratase de recurso voluntário (efls. 130/155) interposto contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP) (e RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 03 15 7/ 20 04 -5 7 Fl. 176DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 16/12/201 4 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.003157/200457 Resolução nº 2101000.190 S2C1T1 Fl. 173 2 fls. 107/120), o qual, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento tributário de efls. 61/64. O acórdão teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 PRELIMINAR. IRRETROATIVIDADE DA LEI Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas (Art.144, § 1° do CTN). A Lei Complementar n° 105/2001 e a Lei n° 10.17412001, que deu nova redação ao § 3° do art. 11 da Lei n° 9.311/1996, disciplinam o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos econômicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir do mês de janeiro de 2001, poderão valerse dessas informações inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Com a edição da Lei n.° 9.430/96, a partir de 01/01/1997 passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de oficio, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE A multa de oficio prevista na legislação de regência é de aplicação obrigatória nos casos de exigência de imposto decorrente de lançamento de ofício, não podendo, a autoridade lançadora furtarse à sua aplicação. Lançamento Procedente” (efls. 107/108). Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs recurso voluntário (efls. 130/155), reiterando todos os argumentos da impugnação e requerendo o cancelamento do lançamento tributário. É o relatório. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 16/12/201 4 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.003157/200457 Resolução nº 2101000.190 S2C1T1 Fl. 174 3 Conselheiro DANIEL PEREIRA ARTUZO, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais. De acordo com a Súmula CARF nº 29: "Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento." Analisando os autos, percebemos que nos extratos encaminhados pelo Banco Bradesco S/A existe indício de existência de cotitular na contacorrente, uma vez que no campo "Nome" dos extratos bancários juntados aos autos consta como titular "NILTON PINTO E/OU" (fls. 10/32). Assim, para analisarmos a legalidade/regularidade do lançamento tributário em discussão, entendo ser prudente a conversão do julgamento em diligência para que a Fiscalização (i) intime as instituições bancárias para que esclareçam se as contascorrentes analisadas eram individuais ou conjuntas, e (ii) caso existam contas conjuntas, a Autoridade deverá esclarecer se houve intimação de todos os cotitulares durante a fiscalização. Dessa forma, voto por converter o julgamento em diligência para que a Fiscalização intime as instituições bancárias (Caixa Econômica Federal e Banco Bradesco S/A) para que esclareçam se no período de 01/01/2001 a 31/12/2001 as contascorrentes do Recorrente eram individuais ou conjuntas. Caso existam contas conjuntas, a Autoridade deverá informar se se houve intimação de todos os cotitulares durante a fiscalização, dando ciência do resultado da diligência à Recorrente para que se manifeste em 30 dias. É o meu voto (assinado digitalmente) DANIEL PEREIRA ARTUZO Relator Fl. 178DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 16/12/201 4 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10073.720461/2008-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ITR. ÁREAS ALAGADAS. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n.° 45).
Recurso Provido
Numero da decisão: 2102-003.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Realizou sustentação oral a Dra. Rachel Zerbinato Bispo, OAB/RJ nº 142.936.
(Assinado digitalmente)
Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Alice Grecchi Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Alice Grecchi, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Bernardo Schmidt, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Carlos André Rodrigues Pereira Lima.
Nome do relator: ALICE GRECCHI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201501
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREAS ALAGADAS. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n.° 45). Recurso Provido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 09 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10073.720461/2008-68
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5424800
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 09 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2102-003.231
nome_arquivo_s : Decisao_10073720461200868.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ALICE GRECCHI
nome_arquivo_pdf_s : 10073720461200868_5424800.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Realizou sustentação oral a Dra. Rachel Zerbinato Bispo, OAB/RJ nº 142.936. (Assinado digitalmente) Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Alice Grecchi, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Bernardo Schmidt, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Carlos André Rodrigues Pereira Lima.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
id : 5808795
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475193905152
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1754; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 508 1 507 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10073.720461/200868 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102003.231 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de janeiro de 2015 Matéria ITR Recorrente FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREAS ALAGADAS. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n.° 45). Recurso Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Realizou sustentação oral a Dra. Rachel Zerbinato Bispo, OAB/RJ nº 142.936. (Assinado digitalmente) Jose Raimundo Tosta Santos Presidente. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi – Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Alice Grecchi, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Bernardo Schmidt, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Carlos André Rodrigues Pereira Lima. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento nº 07105/00227/2008 lavrada em 24/11/2008 (fls. 01/04), contra o contribuinte acima qualificado, relativo à Imposto sobre a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 04 61 /2 00 8- 68 Fl. 313DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 2 Propriedade Territorial Rural – ITR, Exercício 2004, que exige crédito tributário no valor de R$ 305.867,19, incluída multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo como objeto o imóvel rural denominado “Furnas 862 Usina Hidrelétrica de Funil”, cadastrado na RFB sob o nº 2.707.3920, com área declarada de 3.823,6 ha, localizado no Município de Resende/RJ. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal constante à fl. 02, o contribuinte após regularmente intimado, não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do Imóvel, o valor da terra nua declarado. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi arbitrado, tendo por base as informações do Sistema de Preços de Terra – SIPT da RFB. Os valores declarados e retificados de ofício apresentam o seguinte histórico: ITR PeríodoBase 2004 Declarado fl. 03 Retificação de Ofício 01. Área Total do Imóvel 3.823,6 3.823,6 17. Valor Total do Imóvel 3.285.636,71 4.815.076,71 20. Valor da Terra Nua 0,00 1.529.440,00 21. Valor da Terra Nua Tributável 0,00 1.529.440,00 22. Alíquota 8,60 8,60 23. Imposto Devido 10,00 131.531,84 Diferença de Imposto (Apurado – Declarado) 131.521,84 Cientificado da exigência tributária em 02/12/2008 (fl. 69 e 131), e irresignado com o lançamento lavrado pelo Fisco, o contribuinte apresentou impugnação em 18/12/2008 (fls. 71/100), acompanhada dos documentos de fls. 101/127, alegando em síntese, o que segue: inicialmente, discorre sobre o objeto social da empresa e o procedimento da autoridade fiscal no lançamento, do qual discorda e que deveria ser revisto de ofício; consta do auto de infração o astronômico débito de R$ 305.867,19 referente ao período de 2004, mais juros e multa, pois a autoridade fiscal arbitrou o VTN, nos termos da Lei n° 9.393/1996, sobre a área total do imóvel Usina de Funil, classificado como imóvel rural; as empresas constituídas sob a forma de sociedade de economia mista, como a impugnante, podem ser divididas em duas espécies: as que exploram atividade econômica e as que prestam serviço público; nesse último caso, as suas atividades recebem forte influência das regras de direito público; a produção, a transmissão e a distribuição de energia elétrica são serviços essencialmente públicos, sejam eles prestados diretamente pelo Poder Público, por órgãos da administração indireta ou por particulares, nos moldes do que dispõe a Constituição Federal, em seu art. 21, inciso XII (transcrito); por força do texto constitucional, tais serviços são qualificados como públicos, privativos da União, portanto, a sua exploração por entes privados, ou até por outros Fl. 314DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 509 3 entes públicos, somente é possível por "autorização, concessão ou permissão "; de tão restrita a competência para o exercício dessa atividade, cita o disposto no § 1° do art. 20 da Constituição Federal, que trata da participação no seu resultado; as empresas prestadoras de serviço tão qualificado não podem receber o mesmo tratamento jurídico dispensado às sociedades anônimas em geral, pois sobre aquelas incide particular controle estatal, justificado pelo interesse do Estado em sua atividade, que provoca a imposição de deveres legais específicos; apesar de sujeitas ao pagamento de tributos, nos termos do § Y do art. 150 da Constituição, essas empresas podem gozar de benefícios fiscais outorgados pelo Poder Público; ainda que a isenção que vigorava para o setor não tenha sido convalidada pela Constituição vigente, ficando expressamente rejeitada por força do § 1° do art. 41 do ADCT, cabe questionar se as empresas geradoras de energia elétrica estão sujeitas à incidência do ITR; nesse sentido, são analisados aspectos jurídicos e doutrinários da hipótese de incidência tributária, a partir do exame da regramatriz dos tributos, e a aplicação de seu esquema lógico ao ITR; transcreve entendimento de Geraldo Ataliba, que afirma situarse o ITR na subclasse dos "reais"; os imóveis da empresa impugnante estão, em grande parte, cobertos de água, prestandose apenas para reservar água, potencializando a força hidráulica para a geração de energia. As margens dos reservatórios também não se prestam a qualquer outro objetivo, funcionando apenas como faixas de segurança para as variações sazonais do nível d'água; para fins de aplicação do disposto no art. 20 da Constituição Federal, (transcrito), os reservatórios de água encaixamse em qualquer um dos conceitos nele previstos. Seriam "lagos", na sua definição mais simples, se entendidos como uma grande extensão de água cercada de terra, inserindose nessa classe os lagos de barragem, formados em áreas represadas por aluviões pluviais, restingas, detritos de origem vulcânica e morainas; esses reservatórios poderão, também, integrar o conceito de "rio", se considerados como resultantes do represamento de curso de água pluvial; enfatiza que esse mesmo art. 20, em seu inciso VIII, inclui também no patrimônio da União "os potenciais de energia hidráulica", de tal modo que, escapando os reservatórios dos subdomínios dos "rios" ou dos "lagos", ficaria muito difícil deixar de reconhecêlos no âmbito dos "potenciais de energia", esse entendimento está em consonância com a Lei n° 9.433/1997, ao instituir a Política Nacional de Recursos Hídricos, com fundamento de validade no inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, estabelecendo no art. 1º , inciso 1º, que: "a água é um bem de domínio público. ". esse texto legal também convive em perfeita harmonia com o Código Florestal (transcrito em parte), com destaque para o disposto no § 6° do art. 1° e para o art. 2º a conclusão é singela: argumentar que os reservatórios são lagos situados em "propriedade" Fl. 315DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 4 privada e por ela cercados, é desconsiderar comandos legais de relevante interesse para a própria preservação do bem público e de sua fonte produtora; ademais, esses reservatórios são lagos alimentados por correntes públicas (rios), o que reforça sua qualidade de bem público (§ Y do art. 2° do Código de Águas); portanto, as áreas destinadas aos reservatórios de água não podem sofrer a incidência do ITR, por serem unidades integrantes do patrimônio público da União, assim como as áreas destinadas às suas margens também estarão livres do impacto do tributo, na condição de áreas de preservação permanente, que devem ser excluídas da base de cálculo do imposto, nos termos do art. 10, § 1°, inciso II, alínea "a", da Lei n° 9.393/1996, além do Código Florestal; reafirma que a prestação do serviço público de fornecimento de energia é incumbência privativa da União, ao mesmo tempo em que os rios, lagos (naturais e artificiais) os terrenos marginais e as praias fluviais e os potenciais de energia integram, também, o patrimônio dessa pessoa política de direito interno; as águas são de domínio público, possuindo as prerrogativas de inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade; a porção de terra coberta pelo lago artificial das usinas hidroelétricas e a área situada a seu redor, mesmo que de propriedade da empresa, mantendose a distinção com referência à propriedade do bem público, ainda assim encontrase com absoluta restrição de uso por seus "proprietários". A área está afetada ao uso especial da União, o que impede a seus titulares o exercício de qualquer dos direitos inerentes ao seu domínio; a União detém o verdadeiro domínio útil das áreas necessárias à geração, distribuição e transmissão de energia elétrica, nos termos legais e constitucionais; portanto, fica afastada, também por esse prisma, a possibilidade jurídica de onerar essas áreas pelo ITR, pois é sujeito passivo da obrigação quem tiver o domínio útil sobre o imóvel; por outro ângulo, concluise pela não incidência do imposto, no caso presente, porque as áreas estão, em sua maioria, cobertas de água e afetadas ao uso especial, tendo em vista a prestação de serviços públicos, pelo que se caracterizam como comprovadamente imprestáveis a qualquer tipo de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal. Isso já basta para não serem consideradas áreas tributáveis para fins do ITR, nos termos da alínea c, do inciso II, § 1°, do art. 10 da Lei n° 9.393/1996; a legislação ordinária está sintonizada com os ditames constitucionais, afastando qualquer possibilidade de cobrança de imposto sobre as áreas destinadas aos reservatórios de água das empresas representadas pela impugnante, em sentido inverso ao que pretende a fiscalização federal; a apuração da base de cálculo do imposto valor fundiário, nos termos do art. 30 do CTN e Valor da Terra Nua tributável — VTNt, nos termos da legislação específica — oferece algumas dificuldades, como exclusão de valores (art. 10, § 1°, I e IV), subtração de áreas (art. 10, § 1°, II) e multiplicação (art. 10, § 1°, III); no entanto, a regramatriz, como metodologia, é instrumento redutor de complexidades; no caso presente nenhuma dessas operações se torna possível ao aplicador da lei, porque não há valor de mercado para a apuração do VTN, por onde começam os cálculos, pois se trata de um bem do domínio público, afetado ao patrimônio da pessoa política União, fora do comércio, impedindo qualquer pretensão impositiva sobre as áreas Fl. 316DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 510 5 desapropriadas para a construção das obras necessárias ao represamento dos rios e lagos, para a manutenção dos reservatórios destinados à produção de energia elétrica; para corroborar a improcedência do auto de infração, reportase à Constituição Federal, ao CTN e à Lei n° 9.393/1996, dessa transcrevendo, parcialmente, os dispositivos que tratam da apuração e do valor do ITR, artigos 10 e 11, respectivamente; destaca que a autoridade fiscal, abandonando esses comandos legais, não poderia adotar área "produtiva de energia elétrica" como não produtiva e apontar GU "0" quando a utilização é integral, presumiu que o valor fundiário está subavaliado, arbitrando um VTN de RS 1.529.440,00 e aplicando a alíquota máxima de 20 % (sic), equiparando o imóvel aos latifúndios improdutivos; não é crível que a "terra" submersa por represa para a geração de energia elétrica possa ter o mesmo valor da terra destinada ao cultivo de primeira, visto que aquela está, no mínimo, fora do âmbito de incidência do ITR; considerar como improdutiva a produção, geração e transmissão de energia elétrica, na imensa área abrangida por Furnas, é falácia incompatível com o sistema jurídico e a lógica que deve preceder os julgamentos válidos e produtores de resultados; é flagrante a ofensa aos princípios da legalidade e da igualdade que norteiam rigidamente a atividade impositiva do Estado, no que concerne à cobrança do imposto; para a Usina Hidrelétrica em questão, tomouse o valor da terra apontado no SIPT, considerandoo para as terras submersas e aplicandose nele o grau de utilização (GU), sem qualquer exclusão; a legislação que cuida do ITR sempre leva em conta o GU na exploração rural, seja agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, nos termos da Lei 9.393/1996, em consonância com o Estatuto da Terra, o que permite concluir ser relevante para fins do ITR não a produtividade em geral, mas na exploração daquele setor, enquanto as atividades desenvolvidas pelas usinas hidrelétricas estão fora de tal campo de abrangência; em momento algum a lei do ITR se refere à exploração energética, talvez impulsionada pelo DecretoLei n° 2.281/1940, que concedia isenção a tal atividade e perdeu sua eficácia em outubro de 1990 com o advento do novo texto constitucional, deixando ao aplicador da lei e aos operadores do direito a interpretação sistemática, que não permite incluir na hipótese de incidência do ITR aquela que não estiver ali explícita, por força do princípio da tipicidade da tributação, além dos outros já mencionados; por tudo isso, indaga: há meios jurídicos hábeis para manterse a exigência apontada no auto de infração? como aceitar a incidência do ITR sobre as áreas de reservatórios das usinas hidrelétricas, suas margens e construções, se não há compatibilidade com a hipótese de incidência normativa? Como admitir que empresa produtora, transmissora e distribuidora de energia elétrica — industrial, portanto — possa ser alcançada pelo ITR como se de área "rural" se tratasse? Como manter auto de infração que indica base de cálculo em total descompasso com a legislação vigente? Como aquilatar "valor de mercado" se a porção de terra encontrase alagada, imprestável para uso comum, ou em condições de utilização reduzidas, enquanto "valor de mercado" pode ser entendido como o preço médio que o imóvel alcançaria em condições normais de mercado, para a compra e venda à vista? também, como fugir da proibição constitucional de se cobrar tributos com efeito de confisco (inciso IV do art.150 da Constituição Federal)? Enfim, como manter auto de Fl. 317DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 6 infração em que o imposto foi apurado em total desconformidade com os comandos dados como infringidos pela fiscalização (arts. 10 e 14 da Lei n 9.393/1996 e Parecer COSIT n° 15/2000)? ainda, como manter a pretensão fazendária sem qualquer diligência? Registrese que o valor do imóvel indicado pela requerente é o escriturado como "patrimônio líquido"; transcreve ensinamentos de Celso Antonio Bandeira de Mello sobre justa indenização; portanto, não pode prevalecer a exigência de pagamento do ITR, com amparo no Parecer COSIT n° 15/2000, visto que esse dispositivo não alarga a hipótese de incidência estatuída em lei; transcreve ementa da CSRF e cita entendimento adotado pelo antigo Conselho de Contribuintes, para referendar suas teses; no caso presente, a Lei n° 9.393/1996 não ampara a pretensão fazendária, pois não há fato jurídico que enseje a obrigação tributária, além de a base de cálculo adotada descaracterizar a hipótese de incidência prevista na legislação pertinente; transcreve entendimento de Sacha Calmon Navarro Coelho e Misabel Abreu Machado Derzi, para reforçar seus argumentos; o art. 20 da Constituição Federal estabelece como propriedade da União "os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terreno de seu domínio"; assim, os reservatórios de água podem integrar o conceito de "rio", se considerados como resultantes do represamento de curso de água pluvial; o inciso VIII desse artigo inclui também no patrimônio da União "os potenciais de energia hidráulica", de tal modo que, escapando os reservatórios dos subdomínios dos "rios" ou dos "lagos", é impossível deixar de reconhecêlos no âmbito dos "potenciais de energia"; apresenta as seguintes conclusões: a) a autoridade fiscal presumiu a ocorrência do fato jurídico tributário, sem mensurar a verdadeira base de cálculo nem efetuar os cálculos ditados pela Lei 9.393/1996 (com exclusão de valores, subtração de áreas e as multiplicações necessárias ao cálculo do imposto), apurando, por "média aritmética" e por amostragem, o valor da terra nua do imóvel onde está construída a Usina Hidrelétrica de Funil, no Estado do Rio de Janeiro; b) foi aplicada a multa de 75,0 % sobre base de cálculo incompatível inexistente, como já demonstrado; c) a fiscalização desconsiderou as áreas de exclusão indiscutível: margens, áreas de preservação permanente pela só determinação legal; d) as áreas de reservatórios das usinas hidrelétricas e suas margens são bens de domínio público da União, não podendo ser abrangidas pelo critério material da hipótese de incidência de qualquer tributo, quanto mais do ITR, de sua competência privativa e exclusiva; e) a base de cálculo simplesmente inexiste, a partir do exame da regramatriz e das funções mensuradora, objetiva e comparativa; ademais, a legislação não previu a exclusão de qualquer valor de instalações, benfeitorias e construções do valor total do imóvel, por parte das hidrelétricas. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 511 7 Ao final, a impugnante requer seja decretada a improcedência do auto de infração e arquivado o feito fiscal ou, então, seja determinada diligência nos termos legais, para apuração dos quesitos relacionados. A Turma de Primeira Instância, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação, conforme ementa abaixo transcrita: “DA INCIDÊNCIA DO ITR ÁREAS SUBMERSAS/RESERVATÓRIOS. Áreas rurais de empresa concessionária de serviços públicos de eletricidade, destinadas a reservatórios de usina hidrelétrica, integram o patrimônio dessa empresa e submetemse às regras tributárias aplicadas aos demais imóveis rurais. Reservatórios de água de barragem não se confundem com potenciais de energia hidráulica, bens da União previstos na Constituição Federal. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Caracterizada a subavaliação do VTN declarado ou a prestação de informações inexatas na DITR/2004, o respectivo VTN/ha poderá ser arbitrado pela autoridade fiscal com base no SIPT. Para a possível revisão desse VTN, seria necessário laudo técnico de avaliação com ART/CREA, emitido por profissional habilitado ou empresa de reconhecida capacitação técnica, atendidos os requisitos da norma NBR n° 14.6533 da ABNT. DA MULTA PROPORCIONAL LANÇADA. Apurado imposto suplementar em procedimento fiscal, no caso de informação incorreta na declaração do ITR/2004, cabe exigi lo juntamente com a multa proporcional aplicada aos demais tributos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” O contribuinte foi cientificado do Acórdão n° 0339.209 da 1ª Turma da DRJ/BSB em 23/12/2010 (fl. 190). Sobreveio Recurso Voluntário em 10/01/2011 (fls. 193/221), desacompanhado de documentos, no qual, em suma, ratifica as razões da impugnação, sem contudo argumentar acerca da multa de ofício aplicada e o requerimento de diligência. É o relatório. Passo a decidir. Voto Conselheira Relatora Alice Grecchi Fl. 319DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 8 O recurso voluntário ora analisado, possui os requisitos de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. A Recorrente aduz, basicamente, em seu recurso voluntário, que o ITR não incide sobre áreas rurais alagadas, para fins de constituição de reservatório de usina hidrelétrica, com o fim específico de viabilizar a prestação do serviço público. A controvérsia já foi dirimida pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que editou sobre o assunto a Súmula CARF nº 45, que tem a seguinte redação: “O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas.” (Súmula CARF n. 45). Nesse sentido, atualmente, a própria legislação ordinária exclui, expressamente, as áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas da área tributável pelo ITR, consoante se verifica da alínea “f” do inciso II do §1º, do art. 10 da Lei n.º 9.393/1996, incluída pela Lei n.º 11.727/2008, in verbis: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: ... II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: ... f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público.” Para embasar o posicionamento, peço licença para reproduzir trecho de um dos acórdãos que serviram de paradigma para a edição da aludida Súmula (AC 30335.844). Nele, o eminente Conselheiro Tarásio Campelo Borges amparou seu voto na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello e no posicionamento do STF acerca da natureza da posse necessária para que haja sujeição passiva do contribuinte ao imposto: Tratam os autos, conforme relatado, de lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) sobre imóvel de concessionária de serviço público de energia elétrica afetado "ao uso especial de serviço público privativo da União (produção, geração e distribuição de energia elétrica)". A propósito das concessões, transcrevo lições de Celso Antônio Bandeira de Melo: II. Cumpre, outrossim, não confundir concessão de serviço público e concessão de uso de bem público, com o fito de explorálo. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 512 9 Só se tem concessão de serviço público — e o próprio nome do instituto já o diz — quando o objetivo do ato for o de ensejar uma exploração de atividade a ser prestada universalmente ao público em geral. Pode ocorrer que, para tanto, o concessionário ancilarmente necessite usar de um bem público (como, por exemplo, quando instala canalizações ou postes no subsolo e nas vias públicas, respectivamente), mas o objeto da concessão é o serviço a ser prestado. Diversamente, a concessão de uso pressupõe um bem público cuja utilização ou exploração não se preordena a satisfazer necessidades ou conveniências do público em geral, mas as do próprio interessado ou de alguns singulares indivíduos. O objeto da relação não é, pois, a prestação do serviço à universalidade do público, mas, pelo contrário, ensejar um uso do próprio bem ou da exploração que este comporte (como sucede com os potenciais de energia hidroelétrica) para que o próprio concessionário se sacie com o produto extraído em seu proveito ou para que o comercialize limitadamente com alguns interessados. A Lei 9.074, de 7.7.95, no art. 50, II e III, expressamente contempla ditas hipóteses, tanto sob a forma de concessão de uso de potenciais hidráulicos para produção de energia elétrica para consumo próprio como para o que denominou produção "independente", sem, todavia, nesta última hipótese, explicitar que, in casu, trata se, também, de uma concessão de uso. No caso concreto, a aquisição do imóvel rural objeto do lançamento se deu mediante condições fixadas pelo poder público que o tomam inalienável e indisponível pela ora recorrente, porquanto, efetivamente, ele é do domínio público da União e precária é a posse da ora recorrente, subordinada à vigência do contrato de concessão de uso de bem público. [...] Tracei esse paralelo entre conceitos inerentes ao ITR e ao IPTU porque farei uso de parte dos fundamentos de um acórdão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que limitou à posse animus domini a substituição do direito de propriedade pela posse na ocorrência do fato gerador do IPTU. A exigência do tributo municipal sobre os imóveis integrantes do acervo patrimonial do Porto de Santos era uma das matérias litigiosas nos autos do processo judicial. [...] No presente caso, é incontroverso que os imóveis tributados são do domínio público da União, encontrandose ocupados pela recorrente em caráter precário, na qualidade de delegatária dos serviços de exploração do porto e tãosomente enquanto durar a delegação. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 10 O acórdão, ao invocar a norma do art. 32 do CTN, além de incidir do mau vezo de buscar na lei a interpretação da Constituição, não atentou para a circunstância de que o art. 32 do CTN não pode ser interpretado como tendo englobado, no conceito de posse, de forma indiscriminada, o ocupante de bem público, sempre em caráter precário; o mero detentor, como o locatário; e, finalmente, o possuidor com animus domini; esse, sim, responsável pelo tributo incidente sobre o imóvel privado de que tem a posse, na qualidade de substituto do proprietário, figura de ordinário desconhecida ou, no mínimo, alheia ao destino do bem tributado. É certo que no litígio examinado pelo Pretório Excelso a interpretação do conceito de posse limitase ao comando legislativo do artigo 32 do CTN. No entanto, pareceme irracional apartar essa exegese do conceito de posse para os fins do disposto nos artigos 31 e 34 do mesmo diploma legal, que definem o contribuinte do ITR e do IPTU, respectivamente. Portanto, a ora recorrente é ocupante de bem público e como sói acontecer dotada de posse precária, insuscetível de substituir o titular do domínio do imóvel rural na qualidade de contribuinte do tributo. Igualmente não pode figurar a ora recorrente no pólo passivo da relação tributária na qualidade de responsável, porque inexistente requisito imposto pelo inciso II do artigo 121 do Código Tributário Nacional, vale dizer, nosso ordenamento jurídico é carente de disposição expressa de lei nesse sentido. (Terceiro Conselho de Contribuintes. Terceira Câmara. Processo nº 10675.720040/200777. Acórdão nº 30335.844. Rel. Tarásio Campelo Borges. Julg. em 10/12/08) Ainda, cabe transcrever abaixo, ementa extraída do Acórdão nº 9202002.892 da 2ª Turma da CSRF, no mesmo sentido: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ITR. TERRAS SUBMERSAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA SUMULADA. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Na esteira da jurisprudência consolidada neste Colegiado, traduzida na Súmula nº 45 do CARF, a qual é de observância obrigatória, não incide Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. MARGENS DE REPRESA DE USINA HIDRELÉTRICA. INEXISTÊNCIA DE ADA. RECONHECIMENTO DAS ÁREAS SUBMERSAS. DECORRÊNCIA POR DEFINIÇÃO LEGAL. Uma vez reconhecida à existência e a não incidência de ITR sobre as áreas submersas por represa de Usina Hidrelétrica, por Fl. 322DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 513 11 decorrência lógica/legal impõese admitir as suas margens como área de preservação permanente, por definição da própria legislação de regência, especialmente artigo 2º, alíneas “a” e “b”, da Lei n° 4.771/65 (Código Florestal), independentemente de apresentação de ADA. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos” Por fim, cabe consignar que fica superada a discussão do VTN, tendo em vista o cancelamento de todo o lançamento. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora Fl. 323DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001717/2010-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS E COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO.
As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Não-cumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS não-cumulativa.
Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa, reputa-se correta a decisão que exonerou a parcela correspondente da exigência lançada, julgando-se improcedente o recurso de ofício.
RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS.
Constatado tratar-se de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta Rendas a Apropriar, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período, e conseqüentemente negando-se provimento o recurso de ofício.
PRELIMINAR DE NULIDADE. CONFUSÃO COM O MÉRITO. INVIABILIDADE.
Se torna inviável analisar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitado se confunde com o próprio mérito da controvérsia.
TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. APURAÇÃO TRIMESTRAL SEM ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. RECURSOS REPETITIVOS (STJ). CONTAGEM A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 173, I, DO CTN.
Considerando a inexistência de antecipação de pagamento, anão tendo ocorrido circunstâncias capazes de caracterizar dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial deve ser contato a partir da data do fato gerador, em conformidade com o art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN, bem como pelo fato de tratar-se de assunto pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543-C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62-A do RICARF.
GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO ABAIXO DE R$5.000,00.
De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.430, de 1996, permite-se a dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos, tomada na escrituração após seis meses do vencimento, desde que inferiores aos patamares inferiores aos ali previstos, desde que vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento.
OMISSÃO DE RECEITAS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Se há evidências de que as receitas omitidas no período fiscalizado poderiam ter sido reconhecidas em período posterior, este fato deve ser investigado para determinar se a infração cometida foi de falta de recolhimento ou de mera postergação.
ENCARGOS FINANCEIROS DE DIREITOS CREDITÓRIOS. Além da possibilidade de a falta de registro das receitas correspondentes a encargos financeiros de direitos creditórios representar mera postergação de recolhimento, esta irregularidade não afeta o lucro tributável se praticada depois do prazo em que a lei permite a exclusão destes resultados.
GLOSA DE PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. A glosa de perdas classificadas como indedutíveis no período fiscalizado demanda confronto individualizado dos créditos baixados com aqueles passíveis de dedução, e identificação do período no qual a perda foi escriturada, com vistas a apurar os efeitos de possível inobservância do regime de competência.
Numero da decisão: 1101-001.225
Decisão: Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento; 3) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de decadência; 4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas STN e encargos financeiros de financiamento, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 5) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas de encargos financeiros de créditos vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à glosa de perdas, votando pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, restando o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso vencido em suas razões, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Foi designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
ANTÔNIO LISBOA CARDOSO - Relator
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: ANTONIO LISBOA CARDOSO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
camara_s : Primeira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16327.001717/2010-14
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5415026
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1101-001.225
nome_arquivo_s : Decisao_16327001717201014.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ANTONIO LISBOA CARDOSO
nome_arquivo_pdf_s : 16327001717201014_5415026.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento; 3) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de decadência; 4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas STN e encargos financeiros de financiamento, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 5) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas de encargos financeiros de créditos vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à glosa de perdas, votando pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, restando o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso vencido em suas razões, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Foi designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente. (documento assinado digitalmente) ANTÔNIO LISBOA CARDOSO - Relator (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
id : 5779339
ano_sessao_s : 2014
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS E COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Não-cumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS não-cumulativa. Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa, reputa-se correta a decisão que exonerou a parcela correspondente da exigência lançada, julgando-se improcedente o recurso de ofício. RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS. Constatado tratar-se de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta Rendas a Apropriar, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período, e conseqüentemente negando-se provimento o recurso de ofício. PRELIMINAR DE NULIDADE. CONFUSÃO COM O MÉRITO. INVIABILIDADE. Se torna inviável analisar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitado se confunde com o próprio mérito da controvérsia. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. APURAÇÃO TRIMESTRAL SEM ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. RECURSOS REPETITIVOS (STJ). CONTAGEM A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 173, I, DO CTN. Considerando a inexistência de antecipação de pagamento, anão tendo ocorrido circunstâncias capazes de caracterizar dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial deve ser contato a partir da data do fato gerador, em conformidade com o art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN, bem como pelo fato de tratar-se de assunto pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543-C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62-A do RICARF. GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO ABAIXO DE R$5.000,00. De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.430, de 1996, permite-se a dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos, tomada na escrituração após seis meses do vencimento, desde que inferiores aos patamares inferiores aos ali previstos, desde que vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento. OMISSÃO DE RECEITAS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Se há evidências de que as receitas omitidas no período fiscalizado poderiam ter sido reconhecidas em período posterior, este fato deve ser investigado para determinar se a infração cometida foi de falta de recolhimento ou de mera postergação. ENCARGOS FINANCEIROS DE DIREITOS CREDITÓRIOS. Além da possibilidade de a falta de registro das receitas correspondentes a encargos financeiros de direitos creditórios representar mera postergação de recolhimento, esta irregularidade não afeta o lucro tributável se praticada depois do prazo em que a lei permite a exclusão destes resultados. GLOSA DE PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. A glosa de perdas classificadas como indedutíveis no período fiscalizado demanda confronto individualizado dos créditos baixados com aqueles passíveis de dedução, e identificação do período no qual a perda foi escriturada, com vistas a apurar os efeitos de possível inobservância do regime de competência.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475384745984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2616; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T1 Fl. 699 1 698 S1C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001717/201014 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1101001.225 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 02 de dezembro de 2014 Matéria IRPJ/CSLL Omissão de receitas e Glosa de despesas Recorrentes SOROCRED CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Nãocumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS nãocumulativa. Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa, reputase correta a decisão que exonerou a parcela correspondente da exigência lançada, julgandose improcedente o recurso de ofício. RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS. Constatado tratarse de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta “Rendas a Apropriar”, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período, e conseqüentemente negandose provimento o recurso de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 17 17 /2 01 0- 14 Fl. 700DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 700 2 PRELIMINAR DE NULIDADE. CONFUSÃO COM O MÉRITO. INVIABILIDADE. Se torna inviável analisar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitado se confunde com o próprio mérito da controvérsia. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. APURAÇÃO TRIMESTRAL SEM ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. RECURSOS REPETITIVOS (STJ). CONTAGEM A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 173, I, DO CTN. Considerando a inexistência de antecipação de pagamento, anão tendo ocorrido circunstâncias capazes de caracterizar dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial deve ser contato a partir da data do fato gerador, em conformidade com o art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN, bem como pelo fato de tratarse de assunto pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62A do RICARF. GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO ABAIXO DE R$5.000,00. De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.430, de 1996, permitese a dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos, tomada na escrituração após seis meses do vencimento, desde que inferiores aos patamares inferiores aos ali previstos, desde que vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento. OMISSÃO DE RECEITAS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Se há evidências de que as receitas omitidas no período fiscalizado poderiam ter sido reconhecidas em período posterior, este fato deve ser investigado para determinar se a infração cometida foi de falta de recolhimento ou de mera postergação. ENCARGOS FINANCEIROS DE DIREITOS CREDITÓRIOS. Além da possibilidade de a falta de registro das receitas correspondentes a encargos financeiros de direitos creditórios representar mera postergação de recolhimento, esta irregularidade não afeta o lucro tributável se praticada depois do prazo em que a lei permite a exclusão destes resultados. GLOSA DE PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. A glosa de perdas classificadas como indedutíveis no período fiscalizado demanda confronto individualizado dos créditos baixados com aqueles passíveis de dedução, e identificação do período no qual a perda foi escriturada, com vistas a apurar os efeitos de possível inobservância do regime de competência. Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento; 3) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de Fl. 701DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 701 3 decadência; 4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas “STN” e encargos financeiros de financiamento, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 5) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas de encargos financeiros de créditos vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à glosa de perdas, votando pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, restando o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso vencido em suas razões, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Foi designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente. (documento assinado digitalmente) ANTÔNIO LISBOA CARDOSO Relator (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vicepresidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso. Relatório Tratase de recursos de ofício e voluntário em face da decisão que julgou parcialmente procedente os autos de infração relativos ao IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA – IRPJ (fls. 129 a 134), por OMISSÃO DE RECEITAS e por DESPESAS INDEDUTÍVEIS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO, e de TRIBUTOS REFLEXOS, a saber, CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL (fls. 145 a 150), PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS (fls. 135 a 139) e CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS (fls. 140 a 144), sobre os fatos geradores ocorridos em 31/12/2005 (4º trimestre de 2005) e lavrados pela DEINF/SPO, em 22/12/2010, conforme sintetiza a ementa do acórdão a seguir reproduzida: Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento 388 em São Paulo I (SP) Fl. 702DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 702 4 Acórdão 1640.087 – 8 ª Turma da DRJ/SP1 Sessão de 28 de junho de 2012 Processo 16327.001717/201014 Interessado SOROCRED CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A CNPJ/CPF 04.814.563/000174 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2005 AUTO DE INFRAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITAS. DESPESAS INDEDUTÍVEIS. PRELIMINARES. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Quando as informações e documentos contidos nos autos são suficientes para a formação do juízo de convicção do julgador sobre o fato ensejador do lançamento fiscal, eventuais diligências requeridas tornamse prescindíveis. NULIDADE. INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE LANÇADORA. INOCORRÊNCIA. Constatado estar o contribuinte incluído, por normativos legais, entre os jurisdicionados da unidade fazendária de origem do lançamento, rejeitase a alegação de nulidade por pretensa incompetência da autoridade fiscal da referida unidade para a constituição do crédito tributário. NULIDADE. OFENSA AO DIREITO À AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste ofensa ao direito de defesa quando o lançamento contém descrição detalhada dos fatos, em Termos individualizados para cada infração, com informações, demonstrativos e fundamentação legal que permitem ao contribuinte ter compreensão exata das infrações a ele imputadas. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Na inexistência de pagamento, e conforme entendimento assente do STJ, o prazo decadencial de 5 anos para a constituição do crédito tributário deve ser contado nos termos do artigo 173 do CTN, a saber, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. MÉRITO. DISTINÇÃO ENTRE RECEITAS DE SERVIÇOS E RECEITAS FINANCEIRAS PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO DO IRPJ E DA CSLL. IRRELEVÂNCIA A diferenciação de receitas, para fins de tributação pelo IRPJ e pela CSLL, somente é relevante quando se mostra impossível identificarse a atividade do contribuinte ou quando este possui Fl. 703DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 703 5 atividades diversificadas tributadas no lucro presumido ou arbitrado. Sendo conhecida a atividade que originou as receitas e estando o contribuinte sujeito ao regime de apuração do lucro real, como verificado na presente situação, a receita omitida, independentemente de sua natureza, deve ser adicionada ao lucro líquido para apuração do lucro real. CONTABILIZAÇÃO DE RECEITAS DE SERVIÇO E DE REFINANCIAMENTO EM CONTA REDUTORA DE ATIVO. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. O regime de competência é o regime prevalente adotado pelas leis comerciais e pela legislação fiscal para a contabilização das receitas, por ser o mais apropriado para refletir a realidade do patrimônio líquido e suas alterações. Neste regime as receitas devem ser contabilizadas no período em que são auferidas, independentemente de sua realização em moeda, e no Resultado, não em conta redutora de ativo, in casu, em “Rendas a Apropriar”. RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS. Constatado tratarse de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta “Rendas a Apropriar”, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período. RECEITAS DE ENCARGOS FINANCEIROS DE CRÉDITOS, DECORRENTES DE MORA. NATUREZA DE INDENIZAÇÃO NÃO SUJEITA À TRIBUTAÇÃO. DESCABIMENTO. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. As normas que disciplinam o tratamento tributário dos juros, ao determinarem que os juros ganhos devem ser incluídos no lucro operacional, e os juros pagos ou incorridos podem ser deduzidos como despesas operacionais, não fazem distinção quanto à natureza remuneratória ou indenizatória desses encargos. Rejeitase a contestação quando seus elementos não possuem consistência e força demonstrativa para respaldar as alegações de oferecimento das receitas de encargos financeiros à tributação, nos moldes estabelecidos pelas normas fiscais de regência, em específico quanto à observância do regime de competência na sua contabilização. DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO. EXCESSO DE DEDUÇÃO. CABIMENTO DE GLOSA. Improcede o questionamento da glosa do excesso na dedução das perdas, quando o contribuinte não produz prova cabal, Fl. 704DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 704 6 mediante informações e documentos hábeis e idôneos, demonstrando o eventual equívoco na apuração do referido excesso, in casu, que o banco de dados das operações de créditos utilizado pela autoridade fiscal não seria apropriado para a apuração das perdas financeiras. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. As normas fiscais que disciplinam a exigência com respeito ao IRPJ Aplicamse à CSLL reflexa, no que cabíveis. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS NÃO CUMULATIVO. COFINS NÃOCUMULATIVA. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Nãocumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS nãocumulativa. Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa, deve ser exonerada a parcela correspondente da exigência lançada. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte De acordo com os Termos de Verificação Fiscal (fls. 93 a 124), a autoridade fiscal noticia, em síntese, que o autuado presta serviços de intermediação na emissão de Cartão de Crédito para consumidores finais adquirirem bens e serviços em estabelecimentos comerciais credenciados, mediante cobrança através de Boleto Bancário ou Fatura mensal, em cujas operações foi constatada OMISSÃO DE RECEITAS em relação ao Serviço de Transação Nacional (STN) e de Refinanciamento e de Encargos Financeiros (EF). Em relação aos lançamentos no Razão Contábil relativos ao 4º trimestre de 2005, decorrentes de Serviços de Transação Nacional (STN) cobrados por tarifa, feitos a débito da conta “Titulares de Cartões a Receber”, do Ativo Circulante, e a crédito de conta redutora de Ativo, “Rendas a Apropriar Titulares Cartão STN”, teriam sido realizados de forma incorreta, segundo a legislação vigente, pois que a contrapartida do aumento no Ativo Circulante ocorrido quando da emissão das faturas teria que ser feita em conta de Resultado, não em conta redutora de Ativo, e, com observância do regime de competência. Igualmente teria procedido com respeito a Receitas de Refinanciamento decorrentes de encargos financeiros cobrados dos Titulares de Cartão de Crédito, em renegociações de dívidas, pois teria registrado a contrapartida do lançamento a débito da conta Fl. 705DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 705 7 “Titulares de Cartões a Receber”, como crédito na conta redutora “Rendas a Apropriar Titulares de Cartões EF”, ao invés da conta de Resultado. Assim, no 4º Trimestre de 2005, fora caracterizada a ocorrência de “Omissão de Receitas” de R$ 9.482.777,86 relativos a “Receita de Serviço de Transação Nacional – STN” e de R$ 2.267.289,73 referentes a “Receita de Refinanciamento”, totalizando R$ 11.750.067,59, valores estes que não teriam sido oferecidos à tributação, contrariando o preconizado no artigo 177 da Lei nº 6.404/76, nos artigos 247, 248 e 275 do RIR/99, e no artigo 25 da Lei nº 8.981/95. Do mesmo modo, apurouse omissão de “Receitas de Encargos Financeiros”, nos valores de R$ 5.374.359,13 e R$ 4.257.075,57, totalizando R$ 9.631.434,70, para o 4º trimestre de 2005, pela falta de contabilização, no Lucro Líquido do Exercício, de juros e multa de mora cobrados sobre créditos vencidos, respectivamente, até 60 dias e não pagos e há mais de 60 dias e não pagos, descumprindose o previsto no artigo 373 do RIR/99 e no artigo 11, § 2º, da Lei nº 9.430/96, apuração essa demonstrada nos arquivos “Apropriação de Juros – Carteira Vencidos até 60 dias “ e “Apropriação de Juros – Carteira Vencidos até 180 dias “ contido no disco compacto (CD) anexado, preparado com base em informações fornecidas pelo autuado. Consta ainda que foi apurado, ainda, GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO também no 4º trimestre de 2005, pois, conforme consignado na DIPJ do anocalendário de 2005, teria considerado como despesa dedutível na apuração do Lucro Real do referido trimestre, o valor de R$ 12.571.758,03, a título de “Perdas com Operações de Crédito”, quando, segundo as normas legais aplicáveis, especificamente os artigos 9º e 10 da Lei nº 9.430/96, créditos até R$ 5.000,00 vencidos há mais de 6 meses, e de acordo com levantamento efetuado com base nos registros magnéticos fornecidos pelo autuado, o referido valor deveria ser de apenas R$ 10.259.878,51, com excesso de R$2.311.879,52 (= R$ 12.571.758,03 R$ 10.259.878,51), cujo crédito tributário correspondente fora constituído no presente lançamento. Cientificada em 12/07/2012, conforme confirmação de entrega por Sedex 10 (445/446) a Contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 487 e seguintes, em 13/08/2012, em síntese, reiterando as alegações constantes da impugnação, requerendo, com fulcro no princípio da verdade material, o retorno dos autos a DRJ para a análise dos documentos juntados posteriormente à impugnação e que não foram considerados pela decisão recorrida, bem como recusouse a realizar a diligência necessária pleiteada para melhor apuração dos fatos. A Recorrente alega em seu recurso voluntário ter ocorrido a decadência no que tange aos meses 10/2005, 11/2005 e 12/2005, dado que o autuado teria sido notificado em 22/12/2010, todavia, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrido o fato gerador, há que se definir o início do prazo decandencial que pode darse na forma do artigo 150, § 4º, do CTN, iniciandose na dada do fato gerador, ou na forma prevista no artigo 173, I, isto é, ocorrido o fato gerador o prazo decadencial somente se inicia no primeiro dia do exercício seguinte. Em relação ao lançamento aduz que a decisão recorrida laborou em manifesto equívoco, vez que não houve qualquer omissão de receitas, estando maculado todo o lançamento, ensejando seu cancelamento, vez que não ocorreram nenhuma das hipóteses previstas nos Arts. 281, 283, 286 e 287 do RIR/99, que justificariam o arbitramento da receita Fl. 706DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 706 8 supostamente omitida, mas que na verdade não ocorreu, ensejando igualmente a nulidade do lançamento, por inexistência de enquadramento legal e base de cálculo dos tributos cobrados e tidos por omitidos, citando jurisprudência deste colendo CARF. Quanto ao ao mérito alega ser pessoa jurídica que se dedicava, à época dos fatos, à atividade de administração de cartões de crédito de sua própria emissão, sob a denominação de “Sorocred Administradora de Cartões de Credito”, e que também optava pelo regime de apuração do Lucro Real Trimestral, nos termos dos art. 2º e 3º, da Lei nº 9.430, de 1996, quando foram apontadas pela Fiscalização as seguintes supostas irregularidades: 1 – Omissão de Receitas “STN” (Serviço de Transmissão Nacional) e Encargos Financeiros de Financiamento (EF); 2 – Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias; 3 – Glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, e; 4 – Exclusão Indevida da Base de Calculo do PIS e da Cofins. De forma detalhada e pormenorizada passa a discorrer, em seu recurso, em síntese, da seguinte forma: 1 – Omissão de Receitas “STN” (Serviço de Transmissão Nacional) e sobre Encargos Financeiros de Financiamento (EF); A Recorrente alega que ao contrário do que acontece com a maioria das empresas administradoras de cartões de crédito, vez não atua na cobrança de mensalidades, anualidades ou de qualquer outro pagamento fixo periódico e obrigatório, mas pela cobrança “baseada na emissão do documento de cobrança”, seja ele a fatura ou o boleto bancário, de modo que o cliente só paga pelo serviço quando efetivamente utilizado. Logo, o “fato gerador” da tarifa não é a aquisição de bens e serviços, mas a emissão da fatura ou o boleto bancário, inclusive no caso de pagamento via boleto, a tarifa é cobrada a cada documento emitido pela Recorrente. Em síntese, diz que a operação é realizada da seguinte forma: 1º) quando o titular optar pela emissão de boleto bancário, pagará um STN para cada emissão de boleto, cujo valor estará incluído no total a pagar expresso pelo documento; 2º) quando o titular optar pela emissão de fatura mensal, o titular pagará um único STN, cujo montante também estará incluído no valor desta fatura. Assim, diz ser equivocada a premissa adotada pela Fiscalização, de que há a cobrança de STN a cada aquisição de bens ou serviços, todavia, concretamente, o direito à cobrança de tarifa se dá no vencimento de cada documento (fatura ou boleto). No que diz respeito aos Encargos de Financiamentos afirma a Recorrente devidos pelos seus clientes quando optavam pelo parcelamento de suas compras, com juros, tratandose de encargos devidos pelo financiamento e não de encargos devidos pela inadimplência do cliente. Fl. 707DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 707 9 Ora, os juros nunca são diretamente apropriados ao resultado, mas sim na medida em que incorridos, ou seja, ao longo do período do financiamento, não havendo que se falar em omissão de receitas, pois, a receita sempre foi apropriada no resultado da Recorrente, demonstrando haver insanável equívoco da Fiscalização e da decisão recorrida no enquadramento da suposta infração. Assim é que, mês a mês, a partir do primeiro vencimento, à medida que as parcelas do financiamento fossem vencendo é que a Recorrente reconhecia a correspondente receita relativa aos encargos de financiamento (EF), por competência, baixando a conta “Rendas a Apropriar”, dado que adquiria, a cada vencimento, o direito ao recebimento destes encargos. 2 – Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias Segundo a Recorrente, tratamse de encargos financeiros decorrentes das faturas/boletos não pagos pelos clientes titulares de cartão, em razão de inadimplência, os quais foram reconhecidos em momento posterior, conforme autoriza o art. 11, da Lei nº 9.430, de 1996. 3 – Glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito A Recorrente alega em seu recurso tratarse de despesas com créditos de liquidação duvidosa, tratada na Seção III, da Lei nº 9.430, de 1996, denominada “Perdas no Recebimento de Créditos”, aplicandose ao caso o disposto no art. 9º, da mencionada lei, e conclui dizendo que tais créditos não possuem garantia e situamse no patamar abaixo de R$5.000,00 (cinco mil reais), o que permite a dedutibilidade seja tomada na escrituração após seis meses do vencimento. 4 – Exclusão Indevida da Base de Calculo do PIS e da Cofins. Aduz a Recorrente que este item resvala no mesmo equívoco já demonstrado e defendido pela Recorrente no item relativo à “Omissão de Receitas STN e EF”, já que o fundamento utilizado pela d. autoridade autuante para se concluir pelas supostas irregularidades é exatamente o mesmo: a forma de contabilização da operação de cartões da Recorrente. Assim, diz que, se o cliente não paga a fatura/boleto, o valor é inteiramente lançado em conta de “provisão para devedores duvidosos” (PDD) e só é baixada para conta de despesa (resultado) após seis meses de vencimento do título, de acordo com o permissivo legal constante na Lei n. 9.430/96. Nenhum desse lançamento, porém, impactam o PIS e a COFINS que já havia sido pago (o impacto é apenas nas bases do IRPJ e da CSLL. Argui, por fim, alternativamente, a nulidade do lançamento, pela eventual hipótese de postergação no pagamento, nos termos do Parecer Normativo COSIT nº 2, de 28.08.1996, que define a postergação como sendo aquelas parcelas que foram espontaneamente pagas pelo contribuinte em períodobase posterior, diz ser exatamente o caso da Recorrente, uma vez adotada a premissa de que a data de reconhecimento da receita seria a do momento da efetivação das compras pelos clientes titulares do cartão. É o relatório. Fl. 708DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 708 10 Voto Vencido Conselheiro ANTÔNIO LISBOA CARDOSO Os recursos são tempestivos e atendem aos requisitos de admissibilidade. Recurso de Ofício Conforme relatado e especialmente do disposto no v. voto condutor do Acórdão recorrido, o recurso de ofício deve ser negado por seus próprios fundamentos, tendo sido cancelado parte da exigência de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS referente à Omissão de Receitas e a relativa à incidência de PIS e Cofins não Cumulativos sobre as receitas financeiras. Inicialmente, em relação à exoneração de parte do crédito tributário referente às “Rendas a Apropriar Titulares de Cartões STN” (alterandose de R$9.482.777,86 para R$4.888.105,73), e igualmente, quanto à conta “Receitas de Refinanciamento” (alterandose de R$2.267.289,73 para R$1.393.796,29), em razão da Fiscalização não ter levado em consideração o saldo inicial da referida conta, por isso nenhum reparo deve ser feito à decisão recorrida, conforme permite dizer os seguintes trechos do voto condutor do v. acórdão recorrido, in verbis: 30. O exame do Balancete Contábil Analítico (fls. 323) e do descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 93 a 95) mostra que a autoridade lançou como Omissão de Receitas de Serviços de Transação Nacional, o valor total creditado na conta “Rendas a Apropriar Titulares de Cartões STN”, conta nº 1.2.01.01.095, de R$ 9.482.777,86, relativo ao 4º trimestre de 2005, sem levar em consideração o saldo inicial da conta, originário do trimestre anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final. 31. Caso tivesse levado em consideração o apontado, o que seria o correto, o valor tributável do lançamento fiscal com respeito às referidas Receitas de STN, poderia ser, no máximo, o valor do saldo final do 4º trimestre de 2005, ou seja, R$ 4.888.105,73 (fl. 323), que corresponderia à parcela das Receitas de STN creditadas no trimestre e que não teria sido oferecida à tributação. Tal resultado decorreria do fato de que os valores debitados no trimestre, de R$ 8.541.506,88, e que foram oferecidos à tributação, conforme se pode verificar no Balanço de Resultados (fl. 327), seria composta pelo saldo do trimestre anterior da conta, ou seja, R$ 3.946.834,75, e pelo restante, R$ 4.594.672,13, constituído das Receitas do Trimestre lançadas a crédito. Se as Receitas lançadas a crédito foram de R$ 9.482.777,86 e as oferecidas à tributação, de R$ 4.594.672,13, a diferença, de R$ 4.888.105,73, seria o valor das Receitas do 4º trimestre não oferecidas à tributação. 32. Tendo em conta que os documentos e informações apresentados pelo autuado não demonstram que os valores das Receitas de STN do 4º trimestre de 2005 oferecidos à tributação tenham sido superiores a R$ 4.594.672,12, resta manter como base tributável o valor do saldo do referido trimestre, de R$ 4.888.105,73, em lugar dos R$ 9.482.777,86, lançados como base tributável. Fl. 709DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 709 11 33. Da mesma forma, pelas mesmas razões acima, o valor tributável lançado de “Receitas de Refinanciamento”, de R$ 2.267.289,73 (fls. 96 a 100 e 323), deve ser reduzido, em razão do demonstrado pelo autuado no Balancete Contábil Analítico (fl. 323), para R$ 1.393.796,29 (fl. 323), que é o saldo da conta “Rendas a Apropriar de Titulares de Cartões EF”, nº 1.2.01.01.096, sendo, assim, exonerado o valor de R$ 873.493,44 (= R$ 2.267.289,73 – R$ 1.393.796,29). 34. Ao emitir as faturas, ato que caracterizava o auferimento de receitas, no decorrer do 4º trimestre de 2005, relativas às cobranças de tarifa de serviços de intermediação, denominados “Serviços de Transação Nacional – STN”, e aos valores de “Receitas de Refinanciamento” decorrentes de renegociação de dívidas dos titulares dos cartões de crédito, o autuado deveria ter reconhecido integralmente tais receitas, com o devido lançamento dos valores faturados, a crédito do Resultado, incluindoos, assim, na apuração do Lucro Real, consoante determinam as normas fiscais de regência. Ao registrar parte de tais valores na conta redutora de ativo “Rendas a Apropriar”, a ser debitada quando do recebimento dos valores, o autuado não optou pela contabilização das receitas pelo regime de competência, descumprindo o prescrito nas normas fiscais de regência, como acima demonstrado. Não tendo assim procedido, teve a autoridade de corrigir essa conduta infracional, por dever de ofício, mediante a lavratura do presente Auto de Infração de Omissão de Receitas, embora excedendo o que seria tributável. 35. De fato, esse critério de contabilização, como bem destacado pela autoridade lançadora, vai flagrantemente de encontro ao critério de contabilização estabelecido pelas regras tanto da contabilidade societária como da contabilidade fiscal, que impõem a adoção do regime de competência. Neste regime, as receitas devem ser registradas no período em que são auferidas, e os custos e despesas no período em que são incorridos. No critério que adotou, o autuado deixou de apropriar como receitas do Período, parte dos valores lançados na presente exigência como “Omissão de Receitas”, como mencionado. Por fim, em relação à exoneração do crédito tributário relativo às Contribuições PIS e Cofins os valores tributáveis lançados referentes às “Receitas de Refinanciamento”, “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias” e “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos há mais de 60 dias” do 4º trimestre de 2005, também deve ser julgado improcedente o recurso de ofício, porquanto se referem a período posterior ao Decreto nº 5.442, 9 de maio de 2005, que reduziu à alíquota zero do PIS e Cofins sobre as receitas financeiras obtidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime da nãocumulatividade, Art. 1o Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições. Parágrafo único. O disposto no caput: I não se aplica aos juros sobre o capital próprio; Fl. 710DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 710 12 II aplicase às pessoas jurídicas que tenham apenas parte de suas receitas submetidas ao regime de incidência não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. Portanto, correta a decisão recorrida que exonerou as exigências do PIS e da COFINS sobre os valores tributáveis lançados referentes às “Receitas de Refinanciamento”, “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias” e “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos há mais de 60 dias”, bem como quanto à exoneração de parte dos valores tributados de “Receitas de Serviços de Transação Nacional – STN”, conforme mencionado anteriormente. Passo agora a analisar o recurso voluntário. Inicialmente entendo ser improcedente a arguição de nulidade do lançamento A preliminar de nulidade do lançamento deve ser rejeitada, pois, apesar de alegar erro de enquadramento legal e da base de cálculo adotada pela Fiscalização, todavia, e afirmar que não houve qualquer omissão de receita, todavia, tais premissas se confundem com o mérito do processo, sendo inviável examinar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitada se confunde com o próprio mérito da controvérsia, o que será apreciado no tópico seguinte. DECADÊNCIA A Recorrente alega em seu recurso voluntário ter ocorrido a decadência no que tange aos meses 10/2005, 11/2005 e 12/2005, dado que o autuado teria sido notificado em 22/12/2010, todavia, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrido o fato gerador, há que se definir o início do prazo decandencial que pode darse na forma do artigo 150, § 4º, do CTN, iniciandose na dada do fato gerador, ou na forma prevista no artigo 173, I, isto é, ocorrido o fato gerador o prazo decadencial somente se inicia no primeiro dia do exercício seguinte. Ao tratar do aspecto temporal do imposto de renda das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, o artigo 1º da Lei nº 9.430, de 1996, assim dispõe: Art. 1º. A partir do anocalendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. Da norma acima transcrita depreendese de que durante o anocalendário, para as pessoas tributadas com base real, presumido ou arbitrado, temse a ocorrência de quatro períodos de apuração e de ocorrência dos respectivos fatos geradores do IRPJ e da CSLL. Para os fatos geradores que ocorreram no quarto trimestre de 2005, o lançamento só poderia ser efetivado no anocalendário seguinte, iniciandose o prazo decadencial, no caso, somente em 1º 1° de janeiro de 2007, encerrandose em 1º de janeiro de 2011, logo, quando a Recorrente deu ciência aos autos de infração, em 22/12/2010, o crédito tributário ainda não havia sido fulminado pela decadência, em conformidade, também com o art. 173, I, do CTN, tendo em vista a inexistência de antecipação de pagamento, ainda que de forma parcial. Fl. 711DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 711 13 Esse assunto encontrase definitivamente pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62A do RICARF. Assim, rejeito a preliminar de decadência. 1 – Omissão de Receitas “STN” (Serviço de Transmissão Nacional) e Encargos Financeiros de Financiamento (EF); A Recorrente alega em seu recurso, que ao contrário do que acontece com a maioria das empresas administradoras de cartões de crédito, vez não atua na cobrança de mensalidades, anualidades ou de qualquer outro pagamento fixo periódico e obrigatório, mas pela cobrança “baseada na emissão do documento de cobrança”, seja ele a fatura ou o boleto bancário, de modo que o cliente só paga pelo serviço quando efetivamente utilizado. Logo, o “fato gerador” da tarifa não seria a aquisição de bens e serviços, mas a emissão da fatura ou o boleto bancário, inclusive no caso de pagamento via boleto, a tarifa é cobrada a cada documento emitido pela Recorrente. Em síntese, diz que a operação é realizada da seguinte forma: 1º) quando o titular optar pela emissão de boleto bancário, pagará um STN para cada emissão de boleto, cujo valor estará incluído no total a pagar expresso pelo documento; 2º) quando o titular optar pela emissão de fatura mensal, o titular pagará um único STN, cujo montante também estará incluído no valor desta fatura. Assim, diz ser equivocada a premissa adotada pela Fiscalização, de que há a cobrança de STN a cada aquisição de bens ou serviços, todavia, concretamente, o direito à cobrança de tarifa se dá no vencimento de cada documento (fatura ou boleto). No que diz respeito aos Encargos de Financiamentos afirma a Recorrente devidos pelos seus clientes quando optavam pelo parcelamento de suas compras, com juros, tratandose de encargos devidos pelo financiamento e não de encargos devidos pela inadimplência do cliente, vez que os juros não são diretamente apropriados ao resultado, mas sim na medida em que incorridos, ou seja, ao longo do período do financiamento, não havendo que se falar em omissão de receitas, pois, a receita sempre foi apropriada no resultado da Recorrente, demonstrando haver insanável equívoco da Fiscalização e da decisão recorrida no enquadramento da suposta infração. Assim diz que, mês a mês, a partir do primeiro vencimento, à medida que as parcelas do financiamento fossem vencendo é que a Recorrente reconhecia a correspondente receita relativa aos encargos de financiamento (EF), por competência, baixando a conta “Rendas a Apropriar”, dado que adquiria, a cada vencimento, o direito ao recebimento destes encargos. Em que pese a argumentação construída pela Recorrente na tentativa de demonstrar que a conclusão da decisão recorrida sobre a apuração das receitas decorrentes do denominado “Serviço de Transação Nacional – STN”, sustentando que teria apropriado as receitas decorrentes das tarifas STN no período em que auferidas, todavia, não obteve êxito em Fl. 712DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 712 14 demonstrar que a decisão recorrida estivesse equivocada, pelo contrário, a decisão recorrida ajustou a exigência aos patamares realmente devidos, determinando a exclusão do saldo inicial da conta, o que foi objeto, inclusive, do recurso de ofício. De Acordo com o Termo de Responsabilidade para Utilização do Cartão de Crédito Sorocred, de fls. 27 e seguintes, consta que o pagamento de STN só será devido, em duas situações, primeiro, quando o titular optar pela emissão de boleto bancário, pagará um STN pela emissão de cada boleto emitido, já incluído no próprio documento emitido, e, quando o titular optar pela emissão de fatura mensal representativa de todas as transações nacionais, também pagará um STN, cujo valor estará incluído no pagamento da própria fatura mensal, e foi o que foi exigido nos Autos de Infração, ora guerreados, com os reparos corretos feitos pela decisão recorrida, vez que não haviam sido considerados os saldos iniciais dessas contas. Assim, se de fato a afirmação da Recorrente de que sempre teria apropriado a receita de tarifas de STN no momento em que foram aferidas, pelo que não haveria que se falar em omissão de receitas, todavia, essa afirmação não condiz com os resultados apurados na própria documentação apresentada à Fiscalização. Igualmente correta a decisão recorrida quanto ao momento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, tanto em relação às receitas de STN, bem como àquelas decorrentes de “Receitas de Refinanciamento”, pelo teor da impugnação e do recurso apresentado, a pretensão da Recorrente seria apropriar as receitas decorrentes de STN e dos respectivos encargos financeiros no momento em que os mesmos fossem sendo efetivamente recebidos, ou seja, pelo regime de caixa, o que ficou definitivamente demonstrado pela decisão recorrida não ser isso possível, nos termos do arts. 177 e 187, da Lei nº 6.404/76, que rege as Sociedades Anônimas, os quais determinam que as despesas e receitas devem ser reconhecidas na realização do exercício, “independentemente de sua realização em moeda”. Essa mesma metodologia foi adotada pela legislação tributária aplicável às empresas optantes do lucro real, conforme permite dizer os arts. 6º e 67, do Decretolei nº 1.598/77, citado na decisão recorrida, in verbis: Art 6º Lucro real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. § 1º O lucro líquido do exercício é a soma algébrica de lucro operacional (art. 11), dos resultados não operacionais, do saldo da conta de correção monetária (art. 51) e das participações, e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial. [...] Art 67 Este Decretolei entrará em vigor na data da sua publicação e a legislação do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas será aplicada, a partir de 1º de janeiro de 1978, de acordo com as seguintes normas: [...] XI o lucro líquido do exercício deverá ser apurado, a partir do primeiro exercício social iniciado após 31 de dezembro de 1977, Fl. 713DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 713 15 com observância das disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. (grifado). Igualmente assim dispõe o art. 25, da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, in verbis: Art. 25. A partir de 1º de janeiro de 1995, o Imposto de Renda das pessoas jurídicas, inclusive das equiparadas, será devido à medida em que os rendimentos, ganhos e lucros forem sendo auferidos. Logo, deve ser reputadas improcedentes as argumentações da Recorrente contra a exigência de receitas decorrentes de “Serviço de Transação Nacional – STN”, bem como sobre encargos financeiros correspondentes, vez que tais receitas foram apuradas de acordo com as informações contábeis e fiscais disponibilizadas pela própria Recorrente, ocorridas dentro do exercício fiscalizado. 2 – Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias; Consta da decisão recorrida que as receitas decorrentes de encargos financeiros relativos aos créditos vencidos até 60 dias e também há mais de 60 dias, não foram reconhecidas pela Recorrente nas respectivas competências, mas sim no dia do pagamento da fatura. Segundo a Recorrente, tratamse de encargos financeiros decorrentes das faturas/boletos não pagos pelos clientes titulares de cartão, em razão de inadimplência, os quais foram reconhecidos em momento posterior, conforme autoriza o art. 11, da Lei nº 9.430, de 1996, que assim dispõe: Art. 11. Após dois meses do vencimento do crédito, sem que tenha havido o seu recebimento, a pessoa jurídica credora poderá excluir do lucro líquido, para determinação do lucro real, o valor dos encargos financeiros incidentes sobre o crédito, contabilizado como receita, auferido a partir do prazo definido neste artigo. § 1º Ressalvadas as hipóteses das alíneas a e b do inciso II do § 1º do art. 9º, o disposto neste artigo somente se aplica quando a pessoa jurídica houver tomado as providências de caráter judicial necessárias ao recebimento do crédito. § 2º Os valores excluídos deverão ser adicionados no período de apuração em que, para os fins legais, se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica credora ou em que reconhecida a respectiva perda. § 3º A partir da citação inicial para o pagamento do débito, a pessoa jurídica devedora deverá adicionar ao lucro líquido, para determinação do lucro real, os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago que tenham sido deduzidos como despesa ou custo, incorridos a partir daquela data. § 4º Os valores adicionados a que se refere o parágrafo anterior poderão ser excluídos do lucro líquido, para determinação do Fl. 714DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 714 16 lucro real, no período de apuração em que ocorra a quitação do débito por qualquer forma. [...] Apesar da Recorrente alegar que se trata da hipótese prevista no caput do art. 11, da Lei nº 9.430, de 1996, todavia, em nenhum momento dos autos logrou comprovar ter atendido às condições impostas pela referida lei, quais seja, aquelas previstas nas alíneas “a” e “b”, do inciso II, do § 1º do art. 9º, bem como ter tomado as providências de caráter judicial necessárias ao recebimento do crédito, o que no caso não aconteceu. Desta forma, sem razão à Recorrente, voto por negar provimento ao recurso também em relação às receitas decorrentes de “Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias” 3 – Glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, e; A decisão recorrida manteve a glosa de despesas de perdas com operações de crédito por ter constatado excesso de dedução no 4º trimestre de 2005, conforme detectado na DIPJ do referido exercício, bem como pelo cotejo dos arquivos magnéticos produzidos pela própria Recorrente. O lançamento foi mantido ainda pelo fato da contestação ter sido genérica, sem ter precisado os valores que teriam sido glosados e que contrariariam disposto na Lei nº 9.430/96. A Recorrente alega, porém, tratarse de despesas com créditos de liquidação duvidosa, prevista na Seção III, da Lei nº 9.430, de 1996, denominada “Perdas no Recebimento de Créditos”, defendendo a aplicação ao caso o disposto no art. 9º, da mencionada lei, e conclui dizendo que tais créditos não possuem garantia e situamse no patamar abaixo de R$5.000,00 (cinco mil reais), o que permite a dedutibilidade seja tomada na escrituração após seis meses do vencimento. O dispositivo citado pela Recorrente, que daria guarida à dedução das despesas glosadas pela Fiscalização, assim dispõe (Lei nº 9.430/96): Art. 9º As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo. § 1º Poderão ser registrados como perda os créditos: I em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II sem garantia, de valor: a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; Fl. 715DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 715 17 b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; De acordo com o referido artigo, apesar de se tratar de créditos sem qualquer garantia de valor, todavia, as referidas deduções não estão autorizadas para quaisquer despesas pela inadimplência relativas a créditos não recebidos, mas há que ficar demonstrado que se referem a operações vencidas há mais de seis meses, o que no caso ficou comprovado. Nesse sentido a decisão foi lacônica, tendo se limitado a dizer o seguinte: “...Aduz, também que o lançamento teria considerado 6 meses para as perdas da carteira, quando o correto seria considerar o período maior, de 180 dias. 47. A contestação do autuado, de novo, peca por ser genérica, sem precisar períodos e critérios utilizados pela autoridade que caracterizariam procedimento incorreto que teria levado à apuração do excesso de dedução glosado. Portanto inexistem elementos suficientes para se identificar erro no procedimento de verificação adotado pela autoridade, tendo em conta que os resultados apurados foram obtidos pelo exame dos registros magnéticos produzidos e apresentados pelo próprio autuado. Portanto, também, como respeito à glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, o lançamento deve ser mantido. Na verdade bastaria a decisão recorrida ter dito que as despesas glosadas se referiam a operações de crédito vencidas a menos de 6 (seis) meses, visto que no caso a Lei assegura a dedutibilidade apenas as despesas decorrentes de operações de crédito inadimplentes, até R$5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, “independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento”. Logo, com razão a Recorrente, devendo ser afastadas as glosas relativas às operações de crédito, até R$5.000,00 (cinco mil reais) por operação, as quais estejam inadimplentes há mais de seis meses, em conformidade com o art. 9º, II, “a”, da Lei nº 9.430, de 1996. 4 – Exclusão Indevida da Base de Calculo do PIS e da Cofins. Aduz a Recorrente que este item resvala no mesmo equívoco já demonstrado e defendido pela Recorrente no item relativo à “Omissão de Receitas STN e EF”, já que o fundamento utilizado pela d. autoridade autuante para se concluir pelas supostas irregularidades é exatamente o mesmo: a forma de contabilização da operação de cartões da Recorrente. Assim, diz que, se o cliente não paga a fatura/boleto, o valor é inteiramente lançado em conta de “provisão para devedores duvidosos” (PDD) e só é baixada para conta de despesa (resultado) após seis meses de vencimento do título, de acordo com o permissivo legal constante na Lei n. 9.430/96. Nenhum desse lançamento, porém, impactam o PIS e a COFINS que já havia sido pago (o impacto é apenas nas bases do IRPJ e da CSLL. Fl. 716DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 716 18 Sem razão à Recorrente, porquanto, a decisão Recorrida manteve exclusivamente na base de cálculo das contribuições PIS e Cofins, as Receitas de Serviços de Transação Nacional (STN), as quais, pelas mesmas razões enfrentadas no primeiro tópico, devem integrar a base de cálculo das aludidas contribuições. Ao final, argumenta a Recorrente, requer, alternativamente, a nulidade do lançamento, pela eventual hipótese de postergação no pagamento, nos termos do Parecer Normativo COSIT nº 2, de 28.08.1996, que define a postergação como sendo aquelas parcelas que foram espontaneamente pagas pelo contribuinte em períodobase posterior, diz ser exatamente o caso da Recorrente, uma vez adotada a premissa de que a data de reconhecimento da receita seria a do momento da efetivação das compras pelos clientes titulares do cartão. Todavia, deve ser rejeitada essa preliminar alternativa da Recorrente, para tanto, haveria que se reconhecer a legalidade do procedimento adotado pela mesma, sem levar em consideração o regime de competência a que está submetida as Pessoas Jurídicas tributadas com base no lucro real, qual seja, o regime de competência e não de caixa, como pretende fazer crer a Recorrente. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício, e em relação ao recurso voluntário, rejeitar as preliminares de nulidade e de decadência suscitadas, para no mérito, darlhe provimento parcial, para reconhecer o direito à Recorrente de deduzir as despesas decorrentes de operações de crédito, até R$5.000,00 I(cinco mil reais) por operação, cujos clientes estevam inadimplentes há mais de seis meses, em conformidade com o art 9º, II, “a”, da Lei nº 9.430, de 1996. Sala das Sessões, em 02 de dezembro de 2014 (documento assinado digitalmente) Antônio Lisboa Cardoso Relator Voto Vencedor Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Inicialmente no que tange à omissão de receitas de taxa referente ao Serviço de Transação Nacional e de encargos financeiros, a autoridade lançadora constatou que a contribuinte contabilizava tais parcelas a débito da conta nº 1.201.01.006 – Titulares de Cartões a Receber, e a crédito de contas redutoras deste ativo sob nº 1.2.01.01.095 ou 096 – Rendas a apropriar titulares de cartões STN ou EF. Considerando a cláusula quinta do Termo de Responsabilidade para Utilização do Cartão de Crédito SOROCRED e Outras Avenças, firmou o entendimento de que a contabilização não espelhava a verdadeira mutação patrimonial positiva ocorrida, pois o aumento do ativo revelava ganho auferido pela autuada, que deveria ser reconhecido em conta de resultado, e não em conta redutora do ativo circulante. Concluiu, assim, que os ganhos auferidos no 4o trimestre de 2005 (R$ 2.267.289,73 por receita de refinanciamento e R$ 9.482.777,86 por receita de STN), foram omitidos. Acrescentou que em consultas nos sistemas DCTF e SINAL da Secretaria da Receita Fl. 717DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 717 19 Federal do Brasil, para verificar se porventura as receitas auferidas no último trimestre de 2005 foram recolhidas pelo contribuinte em atraso, com os devidos acréscimos legais previstos para pagamentos em atraso, não foi localizado qualquer pagamento. No julgamento de 1a instância, observouse que a autoridade lançadora computou nos valores autuados o saldo inicial das contas representativas de rendas a apropriar. Assim, as receitas tributáveis no 4o trimestre/2005 foram reduzidas de R$ 9.482.777,86 para R$ 4.888.105,73, e de R$ 2.267.289,73 para R$ 1.393.796,29. E, quanto às parcelas remanescentes, foi consignado no voto condutor da decisão de 1a instância que ao registrar parte de tais valores na conta redutora de ativo “Rendas a Apropriar”, a ser debitada quando do recebimento dos valores, o autuado não optou pela contabilização das receitas pelo regime de competência, descumprindo o prescrito nas normas fiscais de regência, como acima demonstrado. Importa considerar, porém, que se a conta nº 1.201.01.006 – Titulares de Cartões a Receber é reduzida pelas outras duas contas mencionadas, ela necessariamente estaria integrada pelo total dos créditos a receber (em outras palavras, o total do direito foi debitado naquela conta, e o crédito foi partilhado entre conta de resultado e as contas redutoras, revelando a omissão originalmente vislumbrada pela autoridade lançadora). Neste contexto, o recebimento dos valores ensejará débito em disponibilidades e crédito na conta nº 1.201.01.006 – Titulares de Cartões a Receber, para liquidação do direito. Por sua vez, as contas redutoras de ativo, para serem liquidadas, deverão receber lançamentos a débito em contrapartida a uma conta credora, que na argumentação razoável do sujeito passivo, seria uma conta de receita. Estas evidências e a condução do trabalho fiscal, bem como da decisão de 1a instância apontam no sentido que a infração cometida pelo sujeito passivo seria a inobservância do regime de competência, e em tais condições do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000/99 prescreve que: Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. § 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º). § 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). Todavia, a autoridade lançadora interpretou equivocadamente este dispositivo legal, e apenas investigou a eventual existência de declaração ou recolhimento de débito em Fl. 718DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 718 20 atraso, pertinente ao 4o trimestre/2005. Necessário seria, nos termos do que acima transcrito, verificar se as receitas a apropriar contabilizadas no 4o trimestre/2005 foram levadas a resultado em períodos de apuração subsequentes, com eventual recolhimento de tributo naqueles períodos, os quais poderiam ser reclassificados como pagamentos pertinentes ao período autuado, e a eles imputados para exigência apenas da diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa. Por esta razão, a preliminar deduzida pela recorrente acerca da nulidade do lançamento por erro de qualificação jurídica da infração, em verdade, confundese com o mérito da exigência, e evidencia que os elementos reunidos pela autoridade lançadora não eram suficientes para a acusação formulada. Desnecessário, portanto, avaliar a qualidade da prova trazida em defesa, devendo ser declarada a improcedência das exigências remanescentes após o julgamento de 1a instância, as quais já não contemplavam, também, a Contribuição ao PIS e a COFINS lançadas sobre as receitas omitidas de natureza financeira (R$ 2.267.289,73, reduzida para R$ 1.393.796,29), em razão do disposto no art. 1o do Decreto nº 5.164/2004. Diante do exposto, considerando que o I. Relator já expôs as razões para negar provimento ao recurso de ofício nesta parte, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, relativamente à infração de omissão de receitas de taxa referente ao Serviço de Transação Nacional e de encargos financeiros. A segunda infração questionada pela recorrente diz respeito à omissão de receitas correspondentes a encargos financeiros vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias. No Termo de Verificação Fiscal às fls. 109/113, reportandose aos encargos financeiros de créditos vencidos há mais de 60 dias, a autoridade lançadora destacou o necessário reconhecimento de tais receitas pro rata temporis, bem como a possibilidade de sua exclusão do lucro líquido após dois meses de vencimento do crédito, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.430/96, para posterior adição no período de apuração em se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica, ou em que tenha reconhecido a respectiva perda, e constatou que: Em sua contabilidade o contribuinte não segue os ditames do art. 11 da Lei 9.430/96 e seu respectivo parágrafo 2o. Ou seja, os juros auferidos a partir do terceiro mês do vencimento do crédito não são apropriados em conta de resultado, como também não são controlados na Parte B do LALUR. Desta forma quando os créditos se tornam disponíveis para o contribuinte no momento do reconhecimento da perda ou recebimento/parcelamento do crédito não é feita a devida adição ao Lucro Real, dos encargos financeiros incorridos, para apuração do IRPJ e da CSLL. Para apuração correta dos encargos financeiros, incidentes sobre o crédito vencido, após decorridos sessenta dias do seu vencimento ate sua liquidação ou baixa, utilizamos o arquivo denominado "Titulares a Receber" dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2005, entregues pelo contribuinte, a esta fiscalização, e que foram por ele confeccionados em 07 de julho de 2010. Para o cálculo dos encargos financeiros foram utilizadas as informações constante das faturas (fls. a ) que são: juros de mora de 15% am e multa de mora de 2%. Na tabela abaixo reproduzimos os valores apurados que segundo a legislação fiscal vigente deveriam ter sido adicionados ao lucro liquido do exercício no ultimo trimestre de 2005: [...] Fl. 719DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 719 21 Anexamos ao presente termo, um CD que contém um arquivo denominado: "APROPRIAÇÃO DE JUROS CARTEIRA VENCIDOS ATE 180 DIAS", para cada mês do quarto trimestre de 2005, contendo a relação de créditos que foram objeto do calculo da apropriação dos juros. Os arquivos foram validados no sistema de validação de arquivos SVA da SRFB, e fazem parte integrante e indissociável do presente termo de verificação fiscal. A omissão de receitas totalizou R$ 4.257.075,57, no 4o trimestre/2005, se sujeitouse à incidência de IRPJ, CSLL, Contribuição ao PIS e COFINS. Além disso, no Termo de Verificação Fiscal de fls. 118/122, abordando os encargos financeiros vencidos até 60 dias, a autoridade lançadora reproduziu as análises anteriores, e acrescentou que: Em sua contabilidade o contribuinte não segue os ditames da lei comercial e tampouco da legislação fiscal, pois não apropria os encargos financeiros auferidos, partir do primeiro dia de vencimento do credito em conta de resultado, e por conseguinte não oferece ao lucro real. Para apuração correta dos encargos financeiros, incidentes sobre o crédito vencido e não pago, nos primeiros sessenta dias do seu vencimento, utilizamos o arquivo denominado "Titulares a Receber" dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2005, entregues pelo contribuinte, a esta fiscalização, e que foram por ele confeccionados em 07 de julho de 2010. Para o calculo dos encargos financeiros foram utilizadas as informações constante das faturas (fls. a ) que são: juros de mora de 15% am e multa de mora de 2%. Na tabela abaixo reproduzimos os valores apurados que segundo a legislação fiscal vigente deveriam ter sido adicionados ao lucro liquido do exercício no ultimo trimestre de 2005: [...] Anexamos ao presente termo, um CD que contém um arquivo denominado: "APROPRIAÇÃO DE JUROS CARTEIRA VENCIDOS ATE 60 DIAS", para cada mês do quarto trimestre de 2005, contendo a relação de créditos que foram objeto do calculo da apropriação dos juros. Os arquivos foram validados no sistema de validação de arquivos — SVA da SRFB, e fazem parte integrante e indissociável do presente termo de verificação fiscal. A omissão de receitas totalizou R$ 5.374.359,13, no 4o trimestre/2005, e se sujeitouse à incidência de IRPJ, CSLL, Contribuição ao PIS e COFINS. Concluise, do exposto, que a primeira irregularidade constatada pela Fiscalização diz respeito aos juros que deixaram de ser apropriados pela contribuinte após decorridos sessenta dias do seu vencimento até sua liquidação ou baixa. Já no segundo termo, a autoridade lançadora constatou que os encargos incorridos até 60 (sessenta) dias não eram apropriados a partir do primeiro dia do vencimento crédito, sem que tenha ocorrido o seu recebimento. E, neste sentido, a autoridade julgadora de 1a instância consignou que: 44. O autuado informa que as receitas de encargos financeiros, tantos para os créditos vencidos até 60 dias como para aqueles vencidos há mais de 60 dias, não teriam sido reconhecidas na data de competência, mas sim no dia do pagamento da fatura, conforme estaria demonstrado nos Anexos 09 (DVD 39) (fl. 345), 10 (DVD 40) (fl. 346) e 12 a 20 (fls. 348 a 365), para os meses de 10/2005, 11/2005 e 12/2005. Fl. 720DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 720 22 45. Esses elementos de contestação, além de declaradamente revelarem a inobservância do regime de competência, não possuem consistência e força demonstrativa para respaldar convincentemente as alegações feitas pelo autuado, de oferecimento dos Encargos Financeiros à tributação, nos moldes estabelecidos pelas normas fiscais de regência. Sendo genéricos, carecemselhes, inclusive, especificidade necessária para evidenciar eventual erro nos demonstrativos apresentados pela autoridade fiscal (fls. 114, 118, 119, 123, 125 e 128). A recorrente também afirma, neste ponto, a nulidade do lançamento por não se tratar de omissão de receitas, aduz que a receita correspondente foi integralmente contabilizada quando do pagamento da fatura em atraso pelo cliente titular do cartão de crédito, e acrescenta que, ante a possibilidade de exclusão destas parcelas do lucro tributável, somente se poderia questionar este procedimento sob o ponto de vista contábil. Novamente a preliminar de nulidade confundese com o mérito da exigência, porque, na primeira acusação, a autoridade fiscal não informou que os encargos classificados como receitas omitidas teriam sido pagos pelos clientes da contribuinte no período autuado. A adição correspondente às receitas classificadas como omitidas teria decorrido da falta de apropriação em conta de resultado dos juros auferidos a partir do terceiro mês do vencimento do crédito, tanto que a apuração teve em conta os encargos financeiros, incidentes sobre o crédito vencido, após decorridos sessenta dias do seu vencimento. Assim, não só em razão de a irregularidade caracterizar eventual inobservância do regime de competência, à semelhança do item anterior, mas também porque a falta de reconhecimento, no resultado, das receitas em referência não teria repercussão no lucro tributável pelo IRPJ e pela CSLL, em razão da exclusão autorizada em lei, não podem subsistir as exigências destes tributos. Com referência à segunda acusação, a autoridade lançadora apurou que a contribuinte não apropriava os encargos financeiros auferidos, a partir do primeiro dia de vencimento do crédito em conta de resultado, mas nada informou acerca do procedimento adotado para contabilização do recebimento destes valores. Assim, embora eventuais omissões de receitas possam ter se verificado, as investigações fiscais deveriam ter sido aprofundadas para excluir a hipótese de mera postergação de tributos, sujeitos a lançamento na forma do art. 273 do RIR/99. Por tais razões, considerando que o I. Relator já expressou as razões para negar provimento ao recurso de ofício também nesta parte, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas correspondentes a encargos financeiros vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias. Prosseguindo, a recorrente discorda da glosa de despesas de perdas com operações de crédito, assim motivada pela Fiscalização às fls. 101/104: Para análise e conferência da exatidão dos valores reconhecidos pelo contribuinte como despesa operacional dedutível na apuração do IRPJ e CSLL, tomamos o arquivo magnético denominado "Carteira de Titulares", confeccionados pelo contribuinte em 07/07/2010, e separamos, todos os créditos que atingiram seis meses de vencimento, em cada um dos meses do quarto trimestre de 2005, e que por conseguinte tornaramse dedutíveis pela Lei 9430/96. A seguir apresentamos o resultado apurado: [...] Fl. 721DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 721 23 Comparandose o valor considerado dedutível pelo contribuinte em sua DIPJ 2006, no quarto trimestre de 2005, com o valor apurado por esta fiscalização com base nos arquivos magnéticos fornecido pelo próprio contribuinte "Carteira de Titulares" chegase à conclusão que o contribuinte considerou uma dedução, na apuração do IRPJ do quarto trimestre de 2005, superior a permitida em lei no valor de R$ 2.311.879,52 (12.571.758,03 10.259.878.51). A autoridade lançadora observa que todos os créditos detidos pela contribuinte são inferiores a R$ 5.000,00, de modo que sua dedução como perda é possível a partir do momento em que se encontram vencidos há mais de seis meses. Todavia, na análise de arquivo magnético fornecido pelo sujeito passivo, apurouse que a totalização dos créditos vencidos há mais de seis meses em cada mês do 4o trimestre/2005 resultariam em uma dedução trimestral inferior àquela computada pela contribuinte em sua DIPJ. A autoridade julgadora de 1a instância consignou que: 46. Em relação à parte do lançamento referente à glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito decorrente do excesso de dedução levado a efeito pelo autuado no 4º trimestre de 2005, conforme consta na DIPJ do ano, observase que tal excesso foi apurado pela autoridade com base no disposto nos artigos 9º e 10 da Lei nº 9.430/96, e de acordo com o levantamento que a autoridade realizou nos registros magnéticos fornecidos pelo autuado. O autuado insurgese contra o fato alegando que o banco de dados fornecido não poderia ser utilizado para esse fim, tendo a autoridade considerado apenas a carteira de titulares de cartões para efetuar a verificação das perdas financeiras, cruzando dados incompatíveis pelo período de apuração. Aduz, também, que o lançamento teria considerado 6 meses para as perdas da carteira, quando o correto seria considerar o período maior, de 180 dias. 47. A contestação do autuado, de novo, peca por ser genérica, sem precisar valores, períodos e critérios utilizados pela autoridade que caracterizariam procedimento incorreto que teria levado à apuração do excesso de dedução glosado. Portanto inexistem elementos suficientes para se identificar erro no procedimento de verificação adotado pela autoridade, tendo em conta que os resultados apurados foram obtidos pelo exame dos registros magnéticos produzidos e apresentados pelo próprio autuado. Portanto, também, como respeito à glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, o lançamento deve ser mantido. A recorrente argumenta que o arquivo utilizado pela Fiscalização não se presta à verificação do total dos contratos inadimplidos que já teriam cumprido os requisitos da Lei nº 9.430/96, pois acabou por cruzar dados incompatíveis em função do período de apuração, e afirma ter apresentado elementos suficientes em impugnação, os quais evidenciariam a nulidade do auto de infração. Reportase à mídia juntada à sua defesa anterior, contendo a relação completa dos contratos enquadrados na regra fiscal e que mencionava expressamente os valores envolvidos, e observa que contabiliza as perdas de acordo com as disposições tributárias, porque à época não era regulada pelo Banco Central do Brasil. Constatase que a apuração fiscal não confronta individualmente os créditos deduzidos como perda com aqueles passíveis de dedução em razão do arquivo magnético fornecido pelo sujeito passivo, nem submete sua apuração previamente ao fiscalizado, para esta conferência. Em conseqüência, a glosa é promovida por valores totais mensais, sem distinguir perdas que poderiam ter sido, apenas, antecipadas, sujeitandose ao disposto no art. 273 do RIR/99, antes transcrito. Fl. 722DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 722 24 Em tais condições, a eventual conversão do julgamento em diligência para confrontação das informações utilizadas pela autoridade fiscal e dos demonstrativos em arquivos magnéticos apresentados na defesa se prestariam a complementar as análises fiscais que não foram desenvolvidas antes do prazo decadencial. Por estas razões, a exigência não pode subsistir, devendo ser DADO PROVIMENTO ao recurso voluntário. Estas as razões, portanto, para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário e cancelar integralmente a exigência formulada, na medida em que também negado provimento ao recurso de ofício nos termos do voto do I. Relator. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Redatora Fl. 723DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000683/2010-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
DENUNCIA ESPONTÂNEA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). CARACTERIZAÇÃO. ART. 138 DO CTN.
A despeito do disposto no parágrafo único do art. 138, do CTN, somente impede a ocorrência da denuncia espontânea, o procedimento fiscal relacionado com a infração, assim considerado o Mandado de Procedimento Fiscal nos termos do Decreto nº 3.724, de 2001.
APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA.
A multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do ano-calendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício, vez que a infração é a mesma para as duas cominações, a saber, a falta de pagamento de tributo, sendo inviável a aplicação de penalidades em duplicidade.
Recurso Provido.
Numero da decisão: 1101-001.119
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida, e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e José Sérgio Gomes. Vencido o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho, que negava provimento ao recurso. Farão declaração de votos, os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa, no Exercício da Presidência
(assinado digitalmente)
Antônio Lisboa Cardoso -Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Antônio Lisboa Cardoso (relator), e Edeli Pereira Bessa (no exercício da Presidência).
Nome do relator: ANTONIO LISBOA CARDOSO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201406
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 DENUNCIA ESPONTÂNEA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). CARACTERIZAÇÃO. ART. 138 DO CTN. A despeito do disposto no parágrafo único do art. 138, do CTN, somente impede a ocorrência da denuncia espontânea, o procedimento fiscal relacionado com a infração, assim considerado o Mandado de Procedimento Fiscal nos termos do Decreto nº 3.724, de 2001. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. A multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do ano-calendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício, vez que a infração é a mesma para as duas cominações, a saber, a falta de pagamento de tributo, sendo inviável a aplicação de penalidades em duplicidade. Recurso Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16327.000683/2010-32
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5423984
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1101-001.119
nome_arquivo_s : Decisao_16327000683201032.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ANTONIO LISBOA CARDOSO
nome_arquivo_pdf_s : 16327000683201032_5423984.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida, e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e José Sérgio Gomes. Vencido o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho, que negava provimento ao recurso. Farão declaração de votos, os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Luiz Tadeu Matosinho Machado. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa, no Exercício da Presidência (assinado digitalmente) Antônio Lisboa Cardoso -Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Antônio Lisboa Cardoso (relator), e Edeli Pereira Bessa (no exercício da Presidência).
dt_sessao_tdt : Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
id : 5803398
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475482263552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2335; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T1 Fl. 346 1 345 S1C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.000683/201032 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 1101001.119 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 3 de junho de 2014 Matéria IRPJ Recorrente Alfa Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários S/A Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 DENUNCIA ESPONTÂNEA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). CARACTERIZAÇÃO. ART. 138 DO CTN. A despeito do disposto no parágrafo único do art. 138, do CTN, somente impede a ocorrência da denuncia espontânea, o procedimento fiscal relacionado com a infração, assim considerado o Mandado de Procedimento Fiscal nos termos do Decreto nº 3.724, de 2001. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. A multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do anocalendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício, vez que a infração é a mesma para as duas cominações, a saber, a falta de pagamento de tributo, sendo inviável a aplicação de penalidades em duplicidade. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida, e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e José Sérgio Gomes. Vencido o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho, que negava provimento ao recurso. Farão declaração de votos, os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Luiz Tadeu Matosinho Machado. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 06 83 /2 01 0- 32 Fl. 653DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 347 2 (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa, no Exercício da Presidência (assinado digitalmente) Antônio Lisboa Cardoso Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Antônio Lisboa Cardoso (relator), e Edeli Pereira Bessa (no exercício da Presidência). Relatório Cuidase de recurso em face da decisão da DRJ/SP(I) que manteve o auto de infração de IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ, relativamente ao anocalendário 2007, e de multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas mensais do IRPJ dos meses de agosto e outubro de 2007, referentes às operações de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo — Bovespa e da Bolsa de Mercadorias e Futuros — BM&F, conforme sintetiza a ementa a seguir reproduzida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 LANÇAMENTO. ESPONTANEIDADE. PAGAMENTO EFETUADO ANTES DA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. A espontaneidade do sujeito passivo é excluída com o início do procedimento fiscal, que ocorre com o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto. Pagamento efetuado antes da lavratura do auto de infração por sujeito passivo que perdera a espontaneidade não tem o condão de interromper o curso normal da ação fiscal. Deve ser lançado o crédito tributário total, sendo o pagamento efetuado utilizado para amortização do crédito tributário apurado, cobrandose eventual saldo remanescente. CONCOMITÂNCIA ENTRE MULTA ISOLADA E MULTA ACOMPANHADA DE TRIBUTO. A multa de oficio aplicada isoladamente sobre o valor do imposto apurado por estimativa que deixou de ser recolhido no curso do anocalendário é aplicável concomitantemente com a multa de oficio calculada sobre Fl. 654DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 348 3 o imposto devido com base no lucro real anual igualmente não recolhido, em face de se tratar de infrações distintas. NOTIFICAÇÃO PARA ASSISTIR À SESSÃO DE JULGAMENTO. SUSTENTAÇÃO ORAL. Não há previsão legal para que o contribuinte seja notificado para assistir às sessões de julgamento ou para fazer sustentação oral. Segundo as normas vigentes, a impugnação administrativa deve ser formalizada por escrito e o seu julgamento em primeira instância é realizado pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, que são órgãos de deliberação interna. PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONEXÃO. JULGAMENTO CONJUNTO. Tratandose de processos relativos aos mesmos fatos, eles devem ser distribuídos preferencialmente para a mesma Turma de Julgamento, em atendimento ao princípio da eficiência no serviço público e evitandose a prolação de decisões conflitantes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido De acordo com o Termos de Verificação Fiscal (fls. 146 a 163), consta que na ocasião das operações de desmutualização, a contribuinte era detentora de um título patrimonial de corretora de mercadorias (adquirido por R$1.612.000,00), um título patrimonial de membro de compensação e um título patrimonial de sócio efetivo, todos de emissão da BM&F, além do título patrimonial n° 04 de emissão da Bovespa, que foi desdobrado em doze novos títulos. No processo de desmutualização, a Bovespa e a BM&F deixaram de ser instituições sem fins lucrativos e se tornaram sociedades por ações, e as corretoras detentoras de títulos patrimoniais dessas instituições tornaramse acionistas da Bovespa Holding S/A e da BM&F S/A. Alega a fiscalização que, nesse momento, ficou caracterizada a dissolução das associações isentas, tendo ocorrido a devolução do patrimônio dessas associações aos sócios, incidência do IRPJ sobre o ganho de capital correspondente à diferença entre o valor contábil pelo qual foi realizada a capitalização da Bovespa Holding S/A e da BM&F S/A e o custo de aquisição dos títulos patrimoniais (a rt . 17 da Lei n° 9.532/97). A fiscalização acrescenta que, nas operações de desmutualização, a contribuinte recebeu, em devolução do patrimônio, 8.481.144 ações da Bovespa Holding S/A, pelo valor de R$18.825.595,33 (R$2,2197 por ação) e 9.869.625 ações da BM&F S/A pelo valor de R$9.869.625,00 (R$1,00 por ação). Assim, foram apurados, a título de IRPJ, os montantes de R$4.282.834,13 na desmutualização da Bovespa ocorrida em agosto/2007, e de R$1.878.609,69 na desmutualização da BM&F ocorrida em outubro/2007. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 349 4 A fiscalização também verificou que esses valores, acrescidos de juros de mora, foram recolhidos pela contribuinte em 19/03/2008, que formalizou o processo n°16327.000429/200810 a fim de manifestar sua denúncia espontânea perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil — RFB (fls. 13 a 17). Todavia, nessa data, a contribuinte estava sob procedimento fiscal, haja vista o Termo de Diligência Fiscal / Solicitação de Documentos n° 0001 lavrado em 05/03/2008 (fls. 03), não estando amparada pela espontaneidade, razão pela qual tal pagamento não teve o condão de extinguir o crédito tributário. Acrescenta que a conduta da contribuinte também não encontrava amparo no a rt. 909 do RIR/99, que permite o pagamento, até o vigésimo dia subseqüente ao início do procedimento fiscal, de débitos já declarados, visto que os valores recolhidos não estavam previamente declarados em DCTF. Transcrevo a seguir os fundamentos e razões da decisão recorrida, que julgou improcedente a impugnação, mantendo o lançamento em sua totalidade: DA CONEXÃO COM OUTROS PROCESSOS Em sua impugnação, a contribuinte requer a conexão deste processo com os processos de números 16327.000429/200810 (denúncia espontânea) e 16327.000682/201098 (auto de infração de CSLL e multa isolada). Em relação ao processo n° 16327.000429/200810, não há lide administrativa a ser apreciada por este órgão julgador. Além disso, cópias dos documentos do referido processo relevantes para o presente julgamento foram juntadas às fl s. 13 a 17. Logo, não há motivo para que o processo, que se encontra no arquivo geral (fls. 266), seja encaminhado a esta DRJ. No que tange ao processo n° 16327.000682/201098, que trata do lançamento de oficio da CSLL e da multa isolada, verificase que a base de cálculo é diversa, visto que uma parcela do IRPJ é objeto de discussão judicial nos autos do mandado de segurança n° 98.00040811, estando com a exigibilidade suspensa e tendo sido lançado no processo n° 16327.000680/201007. DA TRIBUTAÇÃO DA DEVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO DAS INSTITUIÇÕES ISENTAS E DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA Embora a contribuinte alegue, em sua impugnação, que não houve ganho de capital a ser oferecido à tributação, ela própria apresentou, em 19/03/2008, documento no qual afirma que "apurou, em levantamento realizado, insuficiências nos recolhimentos de Imposto de Renda — Pessoa Jurídica (IRPJ) ..." (fls. 13), tendo efetuado o pagamento dos tributos acrescidos de juros moratórios ( fls. 14 a 17). Considerou a decisão recorrida que, naquela data, a impugnante reconheceu, perante a RFB, a existência de valores não oferecidos à tributação pela CSLL nos meses de agosto e outubro de 2007, não havendo litígio quanto à incidência da CSLL sobre a matéria em questão. A impugnante alega que efetuou os pagamentos de forma espontânea, visto que havia apenas uma diligência em curso e não uma fiscalização. Fl. 656DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 350 5 A respeito da denúncia espontânea, a mesma não foi reconhecida por desatendimento ao disposto no art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN, vez que, o Termo lavrado em 05/03/2008 deu início ao procedimento fiscal para apurar o recolhimento do IRPJ e da CSLL nas operações de desmutualização da Bovespa e da BM&F ocorridas em 2007. Assim, os pagamentos realizados em 19/03/2008 não podem ser considerados espontâneos, não sendo hábeis para descaracterizar a infração cometida. Logo, é cabível o lançamento de oficio do tributo, acompanhado da multa de ofício e dos juros de mora DA APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA ISOLADA E MULTA ACOMPANHADA DE TRIBUTO A impugnante se insurge contra a exigência da multa isolada, sob o argumento de que a legislação não prevê a hipótese de aplicação concomitante de penalidade isolada com multa de oficio após o encerramento do período de apuração. Consta que de acordo com o art. 44 da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007, à luz das disposições do a rt. 44 da Lei n°. 9.430/96 acima transcritas, verificase que o contribuinte que deixar de recolher CSLL devida por estimativa estará sujeito, no caso de lançamento de oficio, à multa isolada de 50% sobre o montante não recolhido, ainda que venha a ser apurado prejuízo fiscal ao final do período de apuração. Assim, se a penalidade em tela seria aplicável mesmo na hipótese de se verificar prejuízo ao final do período de apuração, essa multa é imposta não em razão do pagamento insuficiente do tributo devido ao final do anobase, mas sim pela falta de cumprimento de outra obrigação distinta, que é o recolhimento antecipado da estimativa mensal, previsto no art . 6°, c/c art. 2°, da Lei n° 9.430/96. Observando que a multa de oficio de 75%, capitulada no art. 44, inciso I, da Lei n°. 9.430/96, tem como pressuposto, no caso vertente, o lançamento de oficio da CSLL do anocalendário de 2007 que deixou de ser recolhido pela impugnante em razão da não tributação dos valores recebidos quando da desmutualização da BOVESPA e da BM&F. Já a multa isolada de 50% aplicada na presente autuação, cujo fundamento de validade reside no a rt . 44, inciso II, "b", da Lei n°. 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007, tem como antecedente a falta do pagamento de estimativas de CSLL devidas nos meses de agosto e outubro de 2007 Cientificada por meio do Aviso de Recebimento (AR) de fls. 637, em 19/10/2011, foi interposto o recurso voluntário em 09/11/2011, reiterando, em síntese, as alegações constante da impugnação, afirmando que os processos de desmutualização da Bovespa e da BM&F não resultaram em ganho de capital, visto que os pa rticipantes receberam, em pagamento dos títulos patrimoniais (avaliados pelo valor patrimonial), ações das sociedades anônimas constituídas também pelo mesmo valor patrimonial contábil. Acrescenta que os investimentos permanentes no capital social da Bovespa e da BM&F, representados pelos títulos patrimoniais, foram corrigidos monetariamente e ajustados ao valor patrimonial das sociedades, de acordo com o art. 185 da Lei n° 6.404/76 (Lei das S/A) e com a Portaria do Ministro da Fazenda n° 785/77. Fl. 657DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 351 6 Sustenta que não houve omissão do ganho de capital, pois a matéria tributável foi devidamente informada à RFB por meio do processo administrativo n° 16327.000429/200810 e a CSLL no valor de R$2.437.494,26 foi integralmente paga. Acrescenta que o auto de infração constitui duplicidade de lançamento, visto que a CSLL estava devidamente constituída e extinta pelo pagamento em data anterior à lavratura do auto de infração. Alega que, na data do recolhimento, havia apenas um procedimento de diligência (MPFD), visando à coleta de informações. Acrescenta que a diligência não pode excluir sua espontaneidade, pois a interrupção da espontaneidade somente ocorre quando o procedimento administrativo tem um objeto preciso e expresso. Argumenta que somente foi notificada do MPFF em 13/07/2009, ocasião em que foi instaurado o procedimento de fiscalização do IRPJ e da CSLL de 2007 e excluída a espontaneidade. Sustenta também que a autoridade lançadora não poderia ter desconsiderado os pagamentos efetuados. Argumenta que, no lançamento de oficio, há de se apurar ,o saldo devedor e, caso este exista, aplicar a penalidade correspondente. Acrescenta que a autoridade lançadora deveria ter imputado os valores recolhidos ao montante lançado de oficio, ainda que tomasse o pagamento como não espontâneo. Insurgese, por fim contra a exigência da multa isolada, alegando que o art. 44, II, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007, não prevê a hipótese de aplicação concomitante de penalidade isolada com multa de oficio após o encerramento do período de apuração. Requer, ao final:i) o cancelamento do auto de infração; ii) a conexão deste processo administrativo com os processos de números 16327.000429/200810 (denúncia espontânea) e 16327.000683/201032 (auto de infração relativo ao IRPJ — devolução do patrimônio associativo em ações); iii) a notificação quanto à hora e local da realização da sessão de julgamento, para que possa estar presente, por si ou através de advogado, para apresentação de memoriais, sustentação oral, etc. É o relatório. Voto Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, Relator O recurso é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais pertinentes. Inicialmente deve ser registrado que a Recorrente ingressou junto ao Poder Judiciário, com mandado de segurança destinado à exclusão dos valores do Imposto de Renda e da CSLL de sua própria base de cálculo, tendo recebido liminar favorável, estando o assunto pendente de decisão definitiva do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF) nos autos do RE nº 554.545, sobrestado até o julgamento do RE nº 344.994, pelo Plenário do STF. Fl. 658DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 352 7 Desta forma, o recurso deve ser conhecido, em parte, em razão da opção da Recorrente estar discutindo parcialmente o assunto no âmbito do Poder Judiciário, conforme determina a Súmula CARF nº 1: Conforme bem esclarece a Recorrente em seu recurso, as controvérsias dos presentes autos cingemse às figuras da Espontaneidade e da Multa Isolada aplicada após o encerramento do período de apuração, em concomitância com a multa proporcional. Conforme relatado, a controvérsia dos presentes autos se refere à ocorrência ou não da espontaneidade, considerando o fato dos pagamentos terem ocorrido em 19/03/2008, e o Termo de Diligência Fiscal (D) nº 2.008.000569, datado de 05/03/2008. Não considerado pela Recorrente como inicio de procedimento fiscal, pelo fato de se destinar à verificação de valores suspensos, sem a designação do tributo e matéria a ser fiscalizada, sendo que o Mandado de Procedimento Fiscal nº 2009.002719, competente ocorreu em julho de 2009, com expressa indicação da matéria, tributo e período a ser verificado. De fato, de acordo com o TERMO DE DILIGÊNCIA FISCAL/ SOLICITAÇÃO de fls. 348, datado de 05/03/2008, apesar de ser medida preparatória, não tem o condão de afastar a denúncia espontânea prevista no art. 138, do Código Tributário Nacional (CTN), que assim dispõe: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Dispõe o art. 7º do Decreto nº 70.235/72, que o procedimento fiscal tem início com o primeiro ato de ofício cientificando o sujeito passivo da obrigação tributário, senão vejamos: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, Fl. 659DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 353 8 sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Logo não é qualquer procedimento ou diligência fiscal que determina o início da ação fiscal, a qual só se inicia com o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído pelo Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, co a redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007, que assim dispõe em seu art. 2º: Art. 2o Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil serão executados, em nome desta, pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). § 1o Nos casos de flagrante constatação de contrabando, descaminho ou qualquer outra prática de infração à legislação tributária, em que o retardamento do início do procedimento fiscal coloque em risco os interesses da Fazenda Nacional, pela possibilidade de subtração de prova, o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil deverá iniciar imediatamente o procedimento fiscal e, no prazo de cinco dias, contado de sua data de início, será expedido MPF especial, do qual será dada ciência ao sujeito passivo. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). § 2o Entendese por procedimento de fiscalização a modalidade de procedimento fiscal a que se referem o art. 7o e seguintes do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). Embora a jurisprudência dominante deste colendo CARF seja no sentido de atribuir efeito relativo o MPF, contudo só consta sua dispensa nos casos expressamente previstos, como nos casos de flagrante de contrabando, descaminho e malha fina, in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 REVISÃO INTERNA DE DECLARAÇÃO. INTIMAÇÃO PRÉVIA. Em sede de procedimento fiscal de revisão interna de declarações, o lançamento de ofício pode ser feito com os elementos de que dispuser a repartição, sendo desnecessária a prévia intimação do sujeito passivo para esclarecer as divergências constatadas no cotejo das declarações. MALHA FISCAL. MPF. DESNECESSIDADE. Na forma do ato normativo que disciplina o instrumento, não é necessária a emissão prévia de MPF para a execução de procedimento de malha fiscal. Fl. 660DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 354 9 AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA LAVRATURA. É válido o auto de infração lavrado no interior da repartição, como resultado do trabalho de revisão interna de declarações. MALHA FISCAL. INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. As informações prestadas pelo sujeito passivo em declarações entregues ao Fisco, em cumprimento de suas obrigações tributárias acessórias, constituem suporte probatório válido para o lançamento de ofício. (Ac. 1102000.896, julgado em 11/07/2013, rel. Conselheiro JOAO OTAVIO OPPERMANN THOMÉ) No caso em tela, o “Termo de Início de Ação Fiscal”, com as formalidades que o ato exige, só veio ocorrer em 13/07/2009 de fls. 440, conforme AR de fls. 441, se reportando ao “MPFF: 08.1.66.002009002719 Data: 08/07/2009”, e considerando o recolhimento dos valores de IRPJ e CSLL, dos períodos de apuração de agosto e outubro de 2007, vencidas em 30/09/2007 e 30/11/2007, cujos recolhimentos se deram em 19/03/2008, acrescido de juros Selic (fls. 358/362) configurando assim a denúncia espontânea prevista no art. 138, do CTN. A outra questão debatida nos presentes autos se refere à possibilidade de exigência de multa isolada sobre o imposto apurado por estimativa que deixou de ser recolhido no curso do anocalendário, aplicada após o encerramento do período de apuração, em concomitância com a multa proporcional, em conformidade com os arts. 222 e 843, do RIR/99 c/c art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/96, alterado pelo art. 14, da Lei nº 11.488/2007. Entendo que a multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do anocalendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício (ainda que esta não seja devida), pois, conforme leciona Edmar Oliveira Andrade Filho (in Imposto de Renda das Empresas, Ed. Atlas, 10ª edição, São Paulo, 2013, pp. 960 e ss), discorda da aplicação concomitante da multa isolada e de ofício e afirma que “_ a falta de pagamento de tributo _ é único e não existem dois prejuízos ao Fisco; desse modo, é inviável a aplicação de penalidade em duplicidade.)”, ambas as multas se tornam ilegítimas ao incidirem sobre bases de cálculos sobrepostas. Nesse sentido a jurisprudência deste colendo CARF é reiteradamente majoritária favorável ao contribuinte, conforme sintetiza a ementa abaixo, parcialmente transcrita: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2005, 2006, 2007 APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. A aplicação concomitante de multa de oficio e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstanciase no recolhimento de tributo. (Ac. 1401 000.850, rel. Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, sessão de 11/09/2012). Fl. 661DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 355 10 No mesmo sentido assentou a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. DECADÊNCIA. A multa de oficio isolada, aplicada pelo não recolhimento de estimativas de CSLL, por ser lançada exclusivamente de oficio, regese pela regra normal de decadência prevista no art. 173, I do CTN. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA.Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é meio de execução da segunda. A aplicação concomitante de multa de ofício e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstanciase no recolhimento de tributo. (Ac. CSRF nºº 9101001.801, rel. Conselheira Karem Jureidini Dias, julgado na sessão de 20/11/2013, vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres e Marcos Aurélio Valadão). Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso. Sala das Sessões, em 3 de junho de 2014 Antônio Lisboa Cardoso Fl. 662DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 356 11 Declaração de Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA A autoridade lançadora relata no Termo de Verificação Fiscal que a contribuinte inicialmente foi submetida a procedimento de diligência, no qual foram lavradas intimações entre as datas de 05/03/2008 e 25/08/2008. Posteriormente, o procedimento foi convertido em Fiscalização, ensejando novas intimações apenas em 13/07/2009. Ao final, constatouse que a contribuinte auferiu ganhos de capital em razão das operações de desmutualização da Bovespa e da BM&F. Apurado o crédito tributário devido, a autoridade fiscal consignou que: Com base nos valores apontados acima como base de cálculo (Quadros III e IV), o contribuinte recolheu em 19/03/2008, os valores devidos a título de estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, sem incluir no cálculo dos acréscimos legais, a multa de mora, sendo que tal procedimento foi objeto do processo de denúncia espontânea n° 16327.000429/200810, relativo ao período de apuração de agosto e outubro de 2007 (fls.130). Entretanto, quanto o contribuinte fez tais recolhimentos se encontrava sob ação fiscal, conforme consta do Termo de Diligência Fiscal/Solicitação de documentos n° 0001, lavrado em 05/03/2008, às 11:15 horas (cópias às fls. 3). Ressaltase que os valores apurados pelo contribuinte como insuficiência de estimativas do IRPJ e da CSLL do período de 08 e 10/2007, não foram declarados nas respectivas DCTFs segundo a própria informação do contribuinte (fls. 94), fato esse confirmado nas informações prestadas nas DCTF do período de 08 e 10/2007, conforme detalhado abaixo: [...] Na medida em que o recolhimento se verificou depois de iniciado o procedimento fiscal e sem o acréscimo de multa de mora, foi afastada a aplicação do art. 138 do CTN, consoante a conclusão assim consignada no Termo de Verificação Fiscal de fls. 152/154: Portanto, conforme demonstrado anteriormente, o contribuinte encontravase sob ação fiscal quando procedeu ao recolhimento parcial (pois não incluiu no pagamento a multa de mora) de tributos não declarados, não estando amparado pelo instituto da espontaneidade. Portanto, referido recolhimento não tem o condão de extinguir o crédito tributário. O recolhimento foi efetuado indevidamente pelo contribuinte e poderá ser objeto de pedido de restituição e/ou compensação, nos termos da legislação fiscal em vigor, e podendo ser posteriormente aproveitamento, inclusive, na redução de saldo devedor de crédito tributário ora constituído de ofício. Além do crédito tributário devido no ajuste anual do anocalendário 2007, a autoridade lançadora também aplicou multa isolada em razão da insuficiência de recolhimento das estimativas devidas em agosto e outubro/2007. Impugnando a exigência, a contribuinte defendeu a inexistência de ganho de capital nas operações de desmutualização, mas observou que a omissão deste ganho não se verificou porque houve o pagamento do tributo com denúncia espontânea, o qual não se trata Fl. 663DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 357 12 de um recolhimento indevido como afirmou o Auditor Fiscal, mas sim de crédito tributário devidamente constituído e extinto pelo pagamento. Defendeu que houve duplicidade de lançamento, pois a constituição do crédito tributário foi revelada pelo pagamento. Questionou a aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada, argumentou que a diligência inicialmente realizada não excluiu sua espontaneidade, e pediu o cancelamento da exigência. A Turma Julgadora de 1a instância declarou improcedente a impugnação, mantendo integralmente o crédito tributário lançado, inclusive a multa isolada, mas determinando que os valores recolhidos fosse utilizados para quitação parcial do crédito tributário caso ainda estivessem disponíveis. Observou que a contribuinte reconheceu os ganhos auferidos ao promover os recolhimentos de 19/03/2008, mas afastou a pretendida espontaneidade porque iniciado o procedimento fiscal em 05/03/2008. Às fls. 281/283 constam os demonstrativos de imputação dos pagamentos aos débitos lançados, em razão da qual o principal exigido foi reduzido de R$ 6.161.443,80 para R$ 1.203.861,83, sujeitandose à multa de ofício de 75% e juros de mora, ao passo que as multas isoladas foram integralmente mantidas. Em recurso voluntário, a interessada inicialmente discorre sobre a inexistência de ganho de capital nas operações analisadas, mas expressamente consigna que o tema Desumutualização não está em litígio, e centra a discussão na desconsideração dos recolhimentos que, em seu entendimento, seria espontâneos. Observa que somente teve conhecimento do resultado final da imputação promovida pela autoridade administrativa local, e assim contesta a exigência na integralidade, antes porém mencionando a existência do processo administrativo nº 16327.720915/201153, com vistas a refutar a alegação de que teria reconhecido a tributação sobre os ganhos apurados pela Fiscalização. Assevera que estaria revisando seus atos voluntários para decidir, inclusive, da interposição de Pedido de Restituição. Argúi a nulidade do julgamento de primeira instância em razão de sua realização sem notificação prévia à interessada, defende a espontaneidade do pagamento em razão de o procedimento fiscal somente ter se iniciado em julho/2009, e quanto ao acolhimento parcial dos pagamentos afirma a iliquidez e incerteza dos valores remanescentes em razão de a DRJ não poder devolver a questão para definição da DEINF e por alteração do lançamento. Defende que a tributação do ganho somente poderia se verificar ao final do anocalendário, sendo impróprio seu cômputo na base de cálculo das estimativas mensais. Reitera a incerteza da exigência, e abordando a espontaneidade do pagamento, consigna sua interpretação acerca das operações de desmutualização, para depois questionar a decisão recorrida que não observou o teor das intimações e negou espontaneidade ao seu procedimento. Finaliza manifestandose contrariamente à aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada. Inicialmente cumpre rejeitar a argüição de nulidade do julgamento de 1a instância porque inexiste autorização legal para participação do sujeito passivo na sessão de julgamento realizada em 1a instância, de modo que a autoridade julgadora não estava obrigada a cientificar previamente o sujeito passivo de sua realização. No mérito, deve ser aplicada a Súmula CARF nº 75: A recuperação da espontaneidade do sujeito passivo em razão da inoperância da autoridade fiscal por prazo superior a sessenta dias aplicase retroativamente, alcançando os atos por ele praticados no Fl. 664DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 358 13 decurso desse prazo. O pagamento alegado pela contribuinte foi realizado em 19/03/2008, e está demonstrado no Termo de Verificação Fiscal que, depois do último termo lavrado durante o procedimento fiscal de diligência, em 25/08/2008, somente foi lavrado outro termo de intimação, já sob procedimento de fiscalização, em 13/07/2009. Evidente, assim, que a contribuinte recuperou a espontaneidade originalmente excluída, revelandose espontâneo o pagamento promovido em 19/03/2008. Observase, ainda, que os débitos pagos não estavam declarados, como reconhecido no Termo de Verificação Fiscal. Inaplicável, portanto, a restrição decorrente da Súmula STJ nº 360: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Diante deste contexto, resta verificar se foram cumpridos os demais requisitos do Código Tributário Nacional para configuração da denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A denúncia da infração foi objeto do processo administrativo nº 16327.000429/200810, como noticiado no Termo de Verificação Fiscal, e embora no recolhimento não tenha sido computada a multa moratória, como exigido pela Fiscalização, sua dispensa se impõe ante o que decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 1.149.022, no rito do art. 543C do Código de Processo Civil e, assim, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do art. 62A do RICARF: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose Fl. 665DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 359 14 exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) E isto porque os juros de mora imputados aos recolhimentos foram regularmente calculados. A autoridade fiscal indica que parcelas do crédito tributário principal lançado ao final do anocalendário 2007 já seriam devidas em agosto/2007 (R$ 4.282.834,13) e em outubro/2007 (R$ 1.878.609,69), inclusive aplicando multa isolada sobre as estimativas que assim deixaram de ser recolhidas. Por sua vez, os recolhimentos de fls. 14/15 apresentam as seguintes características: Fl. Principal Fato Gerador Vencto. Pagamento Juros % Total 14 4.282.834,13 31/8/2007 28/9/2007 19/3/2008 228.703,34 5,34% 4.511.537,47 15 1.878.609,69 31/10/2007 30/11/2007 19/3/2008 67.066,36 3,57% 1.945.676,05 6.161.443,82 Observase que a contribuinte calculou corretamente os juros moratórios, porque acumulou a variação da taxa SELIC a partir, e inclusive, do mês subseqüente ao do vencimento de cada parcela, até o mês anterior ao do pagamento, acrescendo 1% de juros no mês de pagamento. E, porque calculou os efeitos da mora desde o vencimento das estimativas que, segundo a Fiscalização, seriam devidas desde agosto/2007 e outubro/2007, desfez também a infração de falta de recolhimento de estimativas, além da falta de recolhimento verificada no ajuste anual de 2007. Ressaltese que os efeitos da denúncia espontânea não pode ser afastados em razão de a contribuinte não ter retificado as DCTF à época em que promoveu os recolhimentos. Isto porque o caso presente é diferenciado, na medida em que o sujeito passivo recuperou a Fl. 666DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 360 15 espontaneidade depois dos pagamentos aqui considerados. Assim, no momento em que estes foram promovidos, a retificação da DCTF estava vedada nos termos da Instrução Normativa RFB no 786/2007: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada sobre o início de procedimento fiscal. [...] De outro lado, embora sem retificar a DCTF, a contribuinte denunciou a infração, reconhecendo os tributos devidos por meio de declaração consignada nos autos do processo administrativo nº 16327.000429/200810. Logo, ante a recuperação da espontaneidade e os efeitos retroativos conferidos a esta em razão da Súmula CARF no 75, não há como negar que houve a denúncia da infração frente à petição dirigida à autoridade fiscal, ainda que a DCTF não tenha sido retificada. Assim, reunidos os requisitos expressos no art. 138 do CTN, e em observância ao que decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no rito dos recursos repetitivos, devese concluir que a contribuinte procedeu a regular denúncia espontânea da infração, motivo pelo qual deixou de ser devida a multa moratória. Extinto, portanto, o crédito tributário antes do lançamento ora em litígio, devem ser afastadas as penalidades aplicadas, tanto a proporcional como a isolada, subsistindo apenas o principal lançado ao qual devem ser alocados os pagamentos espontaneamente promovidos, nada restando a ser exigido do sujeito passivo. Desnecessária, assim, qualquer abordagem acerca da tributação dos resultados decorrentes das operações de desmutualização. O pagamento espontâneo do tributo posteriormente lançado enseja o cancelamento da exigência correspondente e eventual discussão acerca da inexistência do crédito tributário pago somente pode ser iniciada em face de pedido de restituição ou declaração de compensação apresentados segundo o rito legalmente previsto. Esclareçase, ainda, que o processo administrativo nº 16327.720915/201153 veicula exigência de Contribuição ao PIS em decorrência das operações mencionadas, e não opera efeitos em relação à presente exigência. Fl. 667DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 361 16 Por tais razões, o presente voto é no sentido de também DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para afastar a multa de ofício e determinar que o principal lançado seja extinto pelos pagamentos promovidos com os benefícios da denúncia espontânea em 19/03/2008, exonerandose, ainda, a multa isolada aplicada em razão da falta de recolhimento de estimativas em agosto e outubro/2007. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Conselheira Fl. 668DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 362 17 Declaração de Voto Conselheiro LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Em que pese tenha acolhido o entendimento de que o contribuinte recuperou a espontaneidade no curso do procedimento fiscal, em obediência à Súmula CARF nº 75, nos termos da declaração de voto proferida pela Conselheira Edeli Pereira Bessa, votei pelo não provimento do recurso por entender que a interessada não cumpriu os requisitos exigidos à luz da jurisprudência do STJ, expressa pelo mencionado REsp nº 1.149.022, proferido no rito do art. 543C do Código de Processo Civil, pelas razões que passo a expor. Entendo que a jurisprudência do STJ, representada no acórdão do REsp nº 1.149.022, acolhe a denúncia espontânea com base no lançamento por homologação levado à efeito pelo sujeito passivo, antes de qualquer ação por parte do Fisco, mediante a retificação da declaração original do débito, concomitante ao pagamento da diferença apurada. Vislumbro dois requisitos a serem observados com vistas ao reconhecimento da denúncia espontânea: a declaração do débito (ou retificação do débito anteriormente declarado) e o pagamento do tributo ou diferença de tributo apurada. É o que se extrai do acórdão referido, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e Resp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o Fl. 669DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 363 18 crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Asim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (grifei) Como se extrai do julgado, a declaração do débito por parte do sujeito passivo elide a necessidade de constituição formal do crédito pelo Fisco e, ocorrendo o seu pagamento, configurase a denúncia espontânea, segundo o STJ. No caso sob exame o contribuinte, no curso da ação fiscal na qual recuperou a sua espontaneidade devido à inércia do Fisco, promoveu o pagamento das diferenças de tributos não declaradas originalmente, mas não retificou a declaração constitutiva do crédito tributário. Apenas teria informado por escrito à fiscalização que reconhecia o débito e que efetuou a sua quitação. Entendo que o sujeito passivo deixou de cumprir requisito formal essencial ao reconhecimento da denúncia espontânea, pois não promoveu o lançamento por homologação, mediante a apresentação da declaração constitutiva do crédito tributário respectivo, o que dispensaria qualquer providência por parte do Fisco. Inexistindo tal providência, entendo correta a realização do lançamento de ofício por parte do Fisco, com vistas a constituição do crédito tributário devido. Por tais razões, votei por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Conselheiro Fl. 670DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
score : 1.0