Busca Facetada
Turma- Primeira Turma Ordinária (15,400)
- Quarta Câmara (15,400)
- Terceira Seção De Julgame (15,400)
- IPI- processos NT - ressa (67)
- PIS - proc. que não vers (56)
- Cofins- proc. que não ver (55)
- Cofins - ação fiscal (tod (39)
- PIS - ação fiscal (todas) (37)
- IPI- processos NT- créd.p (31)
- IPI- ação fiscal- insuf. (13)
- IPI- ação fiscal - penali (11)
- Pasep- proc. que não vers (8)
- DCTF - Auto eletronico ( (5)
- CPMF - ação fiscal- (insu (4)
- DCTF_COFINS - Auto eletr (4)
- DCTF_PIS - Auto eletroni (4)
- IOF- proc. que não versem (3)
- IRF- que ñ versem s/ exig (2)
- ROSALDO TREVISAN (2,548)
- RAFAELLA DUTRA MARTINS (795)
- LEONARDO OGASSAWARA DE AR (769)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (729)
- TOM PIERRE FERNANDES DA S (671)
- ROBSON JOSE BAYERL (616)
- LAZARO ANTONIO SOUZA SOAR (574)
- ANA PAULA PEDROSA GIGLIO (572)
- ARNALDO DIEFENTHAELER DOR (549)
- EMANUEL CARLOS DANTAS DE (506)
- Oswaldo Gonçalves de Cast (461)
- FERNANDA VIEIRA KOTZIAS (396)
- MARA CRISTINA SIFUENTES (357)
- JEAN CLEUTER SIMOES MENDO (284)
- Ronaldo Souza Dias (276)
- 2021 (2,169)
- 2018 (1,750)
- 2019 (1,739)
- 2020 (1,685)
- 2017 (1,310)
- 2024 (1,271)
- 2023 (1,193)
- 2022 (1,053)
- 2011 (610)
- 2012 (538)
- 2013 (460)
- 2014 (419)
- 2025 (395)
- 2016 (303)
- 2010 (229)
- 2019 (2,020)
- 2023 (1,800)
- 2021 (1,740)
- 2020 (1,457)
- 2018 (1,404)
- 2022 (1,178)
- 2017 (1,087)
- 2024 (1,008)
- 2025 (778)
- 2011 (429)
- 2014 (406)
- 2013 (404)
- 2016 (310)
- 2015 (282)
- 2010 (110)
- os (15,384)
- membros (15,349)
- do (15,286)
- de (15,270)
- por (15,255)
- julgamento (14,844)
- colegiado (14,740)
- votos (14,155)
- presidente (13,900)
- em (13,889)
- participaram (13,868)
- conselheiros (13,700)
- unanimidade (13,379)
- acordam (12,669)
- e (12,497)
Numero do processo: 11060.723090/2012-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 06/09/2007, 30/04/2008, 11/11/2008
BENEFÍCIO FISCAL. VINCULAÇÃO À QUALIDADE DO IMPORTADOR. REQUISITOS. DESCUMPRIMENTO. EFEITOS.
O descumprimento dos requisitos e condições para fruição de benefícios fiscais, nas operações de comércio exterior, quando vinculados à qualidade do importador, obriga ao imediato pagamento dos tributos exonerados, enquadrando-se nesta hipótese a cessão de uso de equipamentos importados com isenção, por instituições de assistência social, a entidade que não goza do mesmo tratamento tributário e antes de decorrido o prazo legalmente estipulado.
PIS/PASEP E COFINS. IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS E DAS PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES. RE 559.937/RS. REPERCUSSÃO GERAL. OBEDIÊNCIA.
Por imposição do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF 343/15, as decisões definitivas de mérito, na sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas nos julgamentos realizados no âmbito do CARF, sendo o caso do RE 559.937/RS que reputou inconstitucional a inclusão, no valor aduaneiro, do ICMS e das próprias contribuições na apuração do PIS/Pasep e Cofins sobre as operações de importação (Lei nº 10.865/04).
FRAUDE E CONLUIO. INOCORRÊNCIA. MULTA QUALIFICADA. DESCABIMENTO.
Não se configura a fraude ou conluio quando ausente o dolo, consubstanciado na intenção deliberada de lesar o erário, mediante a redução indevida do montante do tributo a ser recolhido, por ser qualificativo inerente àquelas figuras, mormente quando a conduta dos agentes possa ser caracterizada como erro de proibição, o que afasta a possibilidade de imputação da multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento).
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3401-003.032
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Elias Fernandes Eufrásio acompanharam pelas conclusões quanto à multa qualificada.
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 06/09/2007, 30/04/2008, 11/11/2008 BENEFÍCIO FISCAL. VINCULAÇÃO À QUALIDADE DO IMPORTADOR. REQUISITOS. DESCUMPRIMENTO. EFEITOS. O descumprimento dos requisitos e condições para fruição de benefícios fiscais, nas operações de comércio exterior, quando vinculados à qualidade do importador, obriga ao imediato pagamento dos tributos exonerados, enquadrando-se nesta hipótese a cessão de uso de equipamentos importados com isenção, por instituições de assistência social, a entidade que não goza do mesmo tratamento tributário e antes de decorrido o prazo legalmente estipulado. PIS/PASEP E COFINS. IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS E DAS PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES. RE 559.937/RS. REPERCUSSÃO GERAL. OBEDIÊNCIA. Por imposição do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF 343/15, as decisões definitivas de mérito, na sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas nos julgamentos realizados no âmbito do CARF, sendo o caso do RE 559.937/RS que reputou inconstitucional a inclusão, no valor aduaneiro, do ICMS e das próprias contribuições na apuração do PIS/Pasep e Cofins sobre as operações de importação (Lei nº 10.865/04). FRAUDE E CONLUIO. INOCORRÊNCIA. MULTA QUALIFICADA. DESCABIMENTO. Não se configura a fraude ou conluio quando ausente o dolo, consubstanciado na intenção deliberada de lesar o erário, mediante a redução indevida do montante do tributo a ser recolhido, por ser qualificativo inerente àquelas figuras, mormente quando a conduta dos agentes possa ser caracterizada como erro de proibição, o que afasta a possibilidade de imputação da multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento). Recurso voluntário provido em parte.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11060.723090/2012-64
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5567866
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.032
nome_arquivo_s : Decisao_11060723090201264.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 11060723090201264_5567866.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Elias Fernandes Eufrásio acompanharam pelas conclusões quanto à multa qualificada. Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
id : 6282368
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048121807732736
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2414; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 10 1 9 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11060.723090/201264 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.032 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de janeiro de 2016 Matéria II/IPI/PIS/COFINS COMÉRCIO EXTERIOR Recorrente HOSPITAL DE CARIDADE DR. ASTROGILDO DE AZEVEDO E OUTRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 06/09/2007, 30/04/2008, 11/11/2008 BENEFÍCIO FISCAL. VINCULAÇÃO À QUALIDADE DO IMPORTADOR. REQUISITOS. DESCUMPRIMENTO. EFEITOS. O descumprimento dos requisitos e condições para fruição de benefícios fiscais, nas operações de comércio exterior, quando vinculados à qualidade do importador, obriga ao imediato pagamento dos tributos exonerados, enquadrandose nesta hipótese a cessão de uso de equipamentos importados com isenção, por instituições de assistência social, a entidade que não goza do mesmo tratamento tributário e antes de decorrido o prazo legalmente estipulado. PIS/PASEP E COFINS. IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS E DAS PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES. RE 559.937/RS. REPERCUSSÃO GERAL. OBEDIÊNCIA. Por imposição do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF 343/15, as decisões definitivas de mérito, na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas nos julgamentos realizados no âmbito do CARF, sendo o caso do RE 559.937/RS que reputou inconstitucional a inclusão, no valor aduaneiro, do ICMS e das próprias contribuições na apuração do PIS/Pasep e Cofins sobre as operações de importação (Lei nº 10.865/04). FRAUDE E CONLUIO. INOCORRÊNCIA. MULTA QUALIFICADA. DESCABIMENTO. Não se configura a fraude ou conluio quando ausente o dolo, consubstanciado na intenção deliberada de lesar o erário, mediante a redução indevida do montante do tributo a ser recolhido, por ser qualificativo inerente àquelas figuras, mormente quando a conduta dos agentes possa ser caracterizada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 72 30 90 /2 01 2- 64Fl. 693DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 2 como “erro de proibição”, o que afasta a possibilidade de imputação da multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento). Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Elias Fernandes Eufrásio acompanharam pelas conclusões quanto à multa qualificada. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Cuidase de auto de infração de II, IPI, PIS e Cofins, incidentes sobre a importação, relativos às Declarações de Importação (DI) nºs 07/12108178 (adição 001), de 06/09/2007; 08/06302440 (adições 001 a 003), de 30/04/2008; e 08/17896974 (adição 001), de 11/11/2008. Narrou a fiscalização que os equipamentos importados com benefício fiscal pelo Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo (HCAA), entidade de assistência social, foram cedidos à Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda (RSM), entidade privada com fins lucrativos, sem observância dos requisitos legais para manutenção da exoneração fiscal; que a cessão ocorreu por força da terceirização dos serviços de radioterapia, mediante contrato de locação dos equipamentos; e, que pessoas ligadas diretamente à clínica participaram ativamente do processo de escolha e negociação dos equipamentos importados, o que revelaria a predestinação dos bens importados à clínica; e, que houve claro desvio de finalidade e prática de concorrência desleal. Foi exigida multa qualificada sobre os tributos lançados, bem assim, imputada responsabilidade tributária pelo crédito exigido à Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda. Em impugnação o contribuinte aduziu ser instituição de assistência social e de promoção de saúde, preenchendo os requisitos para gozo de imunidade tributária; que não houve conluio, não se caracterizando como tal a mera opinião técnica fornecida pela Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda.; que a terceirização dos serviços de radioterapia era medida necessária; que os bens importados foram empregados no atendimento dos seus pacientes, ainda que por intermédio da clínica, atendendo assim às suas finalidades institucionais; que, mesmo sendo entidade imune, não está impedida de cobrar de seus pacientes; que o contrato de locação, a bem da verdade, corresponderia a um contrato de prestação de serviços, visando Fl. 694DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 11 3 otimizar a sua prestação; que o Regulamento Aduaneiro seria inconstitucional, por criar exigências não previstas em lei, em afronta às limitações constitucionais ao poder de tributar; que a impossibilidade de cessão do equipamento importado com benefício fiscal é inconstitucional; que a terceirização dos serviços não desnatura o seu caráter filantrópico; e, que, na eventualidade de ser mantida a autuação, não foi observado o dispostos no art. 126 do Decreto nº 6.759/2009. O responsável tributário, Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., sustentou a improcedência do lançamento ante à imunidade do contribuinte; que a imunidade alcançaria não só os impostos como as contribuições sociais; que o regulamento aduaneiro, aprovado por Decreto, não poderia restringir o gozo da imunidade; que a Lei nº 10.865/2004 afastou a incidência dos tributos que menciona nas hipóteses de importação realizada por entidade de assistência social; que a simples cessão dos equipamentos, em cumprimento ao contrato de locação, não descaracterizaria a imunidade, estando apenas em sua posse, mas permanecendo a propriedade ao contribuinte (Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo); que a jurisprudência pátria reconheceria a imunidade tributária nos casos de locação de bens afetados à sua finalidade institucional; que não haveria interesse jurídico a respaldar a imputação de responsabilidade; que nem mesmo a lei poderia atribuir solidariedade sem que comprovado o interesse jurídico comum na causa; e, que a Lei nº 10.865/04 extrapolara o conceito constitucional de valor aduaneiro. A DRJ São Paulo/SP manteve o lançamento em decisão assim ementada: “ISENÇÃO. ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. TRANSFERÊNCIA DE BENS. A transferência da propriedade ou uso, a qualquer título, de bens importados com isenção se subordina à prévia decisão da autoridade aduaneira. Ausente referida decisão, a transferência acarreta a perda ao direito à isenção e enseja o lançamento dos tributos incidentes, acrescidos de multa de ofício e juros de mora.” Devidamente intimados ambos os sujeitos passivos, apenas o contribuinte, Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, ofereceu recurso voluntário, onde realçou a sua condição de entidade assistencial sem finalidade lucrativa; alegou que houve equívoco no entendimento que concluiu pela transferência ou cessão dos equipamentos importados com benefício fiscal à clínica, porquanto se tratou de terceirização de serviços para otimização do atendimento; que nada foi feito às escuras ou na pretensão de burlar o fisco, mas pura e simplesmente racionalizar os serviços; que teria havido apenas a terceirização, dentro de suas instalações, da operação dos equipamentos e não a sua locação, como inferido pela fiscalização; que seria inconstitucional qualquer lei que proibisse a realização de atos negociais tendentes a dar eficiência aos serviços assistenciais que presta; que a receita advinda dos contratos de terceirização foram destinados integralmente aos seus objetivos institucionais; que é inadmissível a interferência do Fisco na sua administração interna; que houve equívoco na quantificação da base de cálculo do PIS/Cofins – Importação, eis que incluído o ICMS e as próprias contribuições na base de cálculo, o que violaria a decisão exarada no RE 559.937, julgado na forma do art. 543B do CPC, devendo ser observado nesta instância administrativa, por força do art. 62A do RICARF/09; que seria ilegal a imposição da multa de ofício qualificada, pois a simples participação de especialistas, ainda que pertencentes aos quadros da Clínica Radiológica Caridade Ltda., no processo de escolha dos equipamentos adquiridos não caracterizaria o conluio; que no processo 11060.723092/201253, envolvendo situação similar, Fl. 695DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 4 não foi aplicada multa qualificada; e, que não estão presentes os elementos ensejadores das figuras descritas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O recurso interposto é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Preambularmente, visando balizar o julgamento, registro que não serão objeto de debate nesta assentada a validade jurídica do contrato e dos atos jurídicos decorrentes firmados entre o Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo e a Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., tampouco a opção administrativa dos entes envolvidos pelo processo denominado “terceirização” e seus objetivos e conseqüências econômicas ou financeiras, mas exclusivamente os efeitos tributários deflagrados quanto à isenção vinculada à qualidade do contribuinte e sua manutenção, em caso de inobservância dos requisitos estatuídos para sua fruição. Da mesma forma, não será discutido qualquer aspecto de constitucionalidade ou legalidade de normas tributárias válidas e vigentes, com a ressalva das disposições do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF (aprovado pela Portaria MF 343/15), ex vi do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, introduzido pela Lei nº 11.941/2009: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 696DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 12 5 a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)” (destacado) Esta norma foi reproduzida, então, pelo art. 62 do RICARF/09: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Na mesma linha intelectiva o enunciado da Súmula CARF nº 2 assim dispõe: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Portanto, ressalvada a regra inserta no art. 62 do RICARF, nenhuma alegação de inconstitucionalidade ou legalidade será conhecida e, nesta medida, enfrentada no presente voto. Fixados os parâmetros iniciais, passo ao mérito. Fl. 697DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 6 A legislação apontada como regente dos fatos jurídicos ensejadores do lançamento, tal como destacado pela autuação e decisão recorrida, quanto aos benefícios fiscais, é a seguinte: “Lei nº 8.032/90: Art. 2º As isenções e reduções do Imposto de Importação ficam limitadas, exclusivamente: I às importações realizadas: (...) b) pelos partidos políticos e pelas instituições de educação ou de assistência social; (...) Parágrafo único. As isenções e reduções referidas neste artigo serão concedidas com observância do disposto na legislação respectiva. Art. 3º Fica assegurada a isenção ou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, conforme o caso: I nas hipóteses previstas no art. 2º desta lei, desde que satisfeitos os requisitos e condições exigidos para a concessão do benefício análogo relativo ao Imposto de Importação;” “DecretoLei nº 37/66 Art.11 Quando a isenção ou redução for vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou uso, a qualquer título, dos bens obriga, na forma do regulamento, ao prévio recolhimento dos tributos e gravames cambiais, inclusive quando tenham sido dispensados apenas estes gravames. (Vide DecretoLei nº 1.581, de 1978) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos bens transferidos a qualquer título: I a pessoa ou entidades que gozem de igual tratamento fiscal, mediante prévia decisão da autoridade aduaneira; II após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos da data da outorga da isenção ou redução.” “Lei nº 10.865/2004 Art. 2º. As contribuições instituídas no art. 1º desta Lei não incidem sobre: (...) VII bens ou serviços importados pelas entidades beneficentes de assistência social, nos termos do § 7o do art. 195 da Constituição Federal, observado o disposto no art. 10 desta Lei; (...) Art. 10. Quando a isenção for vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou a cessão de uso dos bens, a qualquer título, obriga ao prévio pagamento das contribuições de que trata esta Lei. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica aos bens transferidos ou cedidos: Fl. 698DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 13 7 I a pessoa ou a entidade que goze de igual tratamento tributário, mediante prévia decisão da autoridade administrativa da Secretaria da Receita Federal; II após o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da data do registro da declaração de importação; e III a entidades beneficentes, reconhecidas como de utilidade pública, para serem vendidos em feiras, bazares e eventos semelhantes, desde que recebidos em doação de representações diplomáticas estrangeiras sediadas no País.” (destacado) Como se observa, profligase de imediato a tese consoante a qual a exoneração fiscal em debate é incondicionada, não se sujeitando a qualquer regra ou limite, porquanto a legislação de regência é categórica em designála com esse atributo, tratandose, portanto, de norma condicionada à observância de certos requisitos. No caso vertente, é incontroverso que, à vista dos textos legais transcritos, estáse diante de benefício fiscal vinculado à qualidade do importador. Nesta senda, acusa a fiscalização que o beneficiário da isenção, o Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, cedeu o uso dos equipamentos importados à Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., entidade privada com finalidade lucrativa, argumentando o recorrente, em contrarrazão, que apenas “terceirizou” a prestação dos serviços de radioterapia, estando os equipamentos em seu patrimônio e instalados em suas dependências internas. Examinando o denominado “Contrato por prazo determinado de terceirização da prestação de serviços de radioterapia para o Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo” (fls. 83 e ss.), constatase que, de fato, os serviços seriam prestados nas dependências do hospital, ora recorrente, permanecendo os equipamentos em seu patrimônio, contudo, diferentemente de um contrato de prestação de serviços típico, a remuneração do prestador não seria realizada pelo tomador dos serviços, em tese, o recorrente, mas sim pelos pacientes atendidos pelo “prestador de serviços”. Segundo aludido instrumento, a cargo da clínica ficaria o faturamento e a cobrança pelos procedimentos realizados, diretamente dos convênios, além de perceber os demais valores pagos por particulares, assistindolhe, ainda, o direito de manter representante de sua administração nas negociações com entidades conveniadas do hospital. Este contrato ainda definiu que a clínica remunerasse o recorrente de acordo com um percentual fixo de 10% (dez por cento) sobre o valor do faturamento mensal, “pela utilização dos equipamentos e pela área física”, nos termos da cláusula quarta, que trata do aluguel. Ora, o contrato firmado entre o recorrente e a clínica, como bem apontado pela fiscalização, não é de prestação de serviços, mas sim de locação. O verdadeiro contrato de prestação de serviços é concertado entre a clínica e os seus usuários, e não entre aquela e o hospital, ora recorrente, que, aliás, sequer recebe “serviço” algum em contrapartida. Fl. 699DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 8 A “terceirização” de serviços invocada pelo recorrente, a bem da verdade, revela a simples locação de coisas. De outra banda, mesmo que abstraído o debate acerca da real natureza da avença, se prestação de serviço ou locação de coisas, é indubitável que uma das obrigações assumidas pelo recorrente seria fornecer à clínica, para execução dos serviços, a área física, as máquinas, os equipamentos e os utensílios de propriedade do recorrente (cláusula segunda, alínea “a”), razão pela qual, sob qualquer ângulo que se vislumbre, houve, sim, cessão de uso dos bens importados mediante fruição de vantagem fiscal. Outrossim, não desnatura a cessão dos bens em apreço o fato de a remuneração pela locação ser integralmente destinada às finalidades institucionais da entidade de assistência social, tendo em conta a inexistência de exceção legal ao regramento. Resta, então, verificar se foram observadas as exigências para a garantia de manutenção do direito altercado. Consoante art. 123 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 4.543/2002 (RA/2002), então vigente, a cessão de uso dos bens, a qualquer título, impunha o imediato pagamento do tributo, exceto nos casos de transferência a entidade congênere, mediante prévia decisão da autoridade aduaneira, ou após transcurso de determinado lapso temporal. Nestes cadernos processuais nenhuma das condições foi cumprida, ao passo que o prazo mínimo não foi observado e a cessionária não gozava de igual tratamento tributário, de maneira que o tributo é devido. Por conveniente, registro que a exigência fiscal atrelada à utilização dos equipamentos importados com benefício fiscal não representa qualquer ingerência do poder público nos negócios da entidade, que pode adotar a forma que melhor lhe apraz para administrar seus negócios, todavia, deve sempre obediência à legislação tributária, assumindo os ônus decorrentes das condutas que a afrontem. Respeitante à alegação de equívoco na quantificação da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e Cofins, incidentes na importação, em face da superveniência do RE 559.937/RS, assiste razão ao recorrente. Com efeito, em 20/03/2013, foi prolatado o acórdão em tela, julgado sob a sistemática da repercussão geral (art. 543B do Código de Processo Civil), com a seguinte redação: “Tributário. Recurso extraordinário. Repercussão geral. PIS/COFINS – importação. Lei nº 10.865/04. Vedação de bis in idem. Não ocorrência. Suporte direto da contribuição do importador (arts. 149, II, e 195, IV, da CF e art. 149, § 2º, III, da CF, acrescido pela EC 33/01). Alíquota específica ou ad valorem. Valor aduaneiro acrescido do valor do ICMS e das próprias contribuições. Inconstitucionalidade. Isonomia. Ausência de afronta. 1. Afastada a alegação de violação da vedação ao bis in idem, com invocação do art. 195, § 4º, da CF. Não há que se falar sobre invalidade da instituição originária e simultânea de contribuições idênticas com fundamento no inciso IV do art. 195, com alíquotas apartadas para fins exclusivos de destinação. Fl. 700DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 14 9 2. Contribuições cuja instituição foi previamente prevista e autorizada, de modo expresso, em um dos incisos do art. 195 da Constituição validamente instituídas por lei ordinária. Precedentes. 3. Inaplicável ao caso o art. 195, § 4º, da Constituição. Não há que se dizer que devessem as contribuições em questão ser necessariamente nãocumulativas. O fato de não se admitir o crédito senão para as empresas sujeitas à apuração do PIS e da COFINS pelo regime nãocumulativo não chega a implicar ofensa à isonomia, de modo a fulminar todo o tributo. A sujeição ao regime do lucro presumido, que implica submissão ao regime cumulativo, é opcional, de modo que não se vislumbra, igualmente, violação do art. 150, II, da CF. 4 Ao dizer que a contribuição ao PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação poderão ter alíquotas ad valorem e base de cálculo o valor aduaneiro, o constituinte derivado circunscreveu a tal base a respectiva competência. 5. A referência ao valor aduaneiro no art. 149, § 2º, III, a , da CF implicou utilização de expressão com sentido técnico inequívoco, porquanto já era utilizada pela legislação tributária para indicar a base de cálculo do Imposto sobre a Importação. 6. A Lei 10.865/04, ao instituir o PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas. O que fez foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham alíquota ad valorem sejam calculadas com base no valor aduaneiro, extrapolando a norma do art. 149, § 2º, III, a, da Constituição Federal. 7. Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a tributação das operações internas. O PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação incidem sobre operação na qual o contribuinte efetuou despesas com a aquisição do produto importado, enquanto a PIS e a COFINS internas incidem sobre o faturamento ou a receita, conforme o regime. São tributos distintos. 8. O gravame das operações de importação se dá não como concretização do princípio da isonomia, mas como medida de política tributária tendente a evitar que a entrada de produtos desonerados tenha efeitos predatórios relativamente às empresas sediadas no País, visando, assim, ao equilíbrio da balança comercial. 9. Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7º, inciso I, da Lei 10.865/04: ‘acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de TransporteInterestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2º, III, a, da CF, acrescido pela EC 33/01. 10. Recurso extraordinário a que se nega provimento.” (destaques no original) Fl. 701DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 10 O dispositivo sentencial, por seu turno, encontrase vazado nos seguintes termos: “Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, sob a presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, em negar provimento ao recurso extraordinário, que visava a reconhecer a inconstitucionalidade da expressão ‘acrescido do valor do imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestação de Serviços de Transporte interestadual e intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições’, contida no inciso I do art. 7º da Lei nº 10.865/04. Tendo em conta o reconhecimento da repercussão geral da questão constitucional no RE 559.607, acordam, ademais, os Ministros, em determinar a aplicação do regime previsto no § 3º do art. 543B do CPC, tudo nos termos do voto da Ministra Ellen Gracie (Relatora). Por fim, acordam os Ministros, em rejeitar questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional, que suscitava fossem modulados os efeitos da decisão. Foi designado para redigir o acórdão o Ministro Dias Toffoli.” Aplicável, portanto, à espécie as disposições do art. 62, § 2º, do RICARF/2015, devendo ser dado provimento, nesta parte, para afastar a inclusão do ICMS e das próprias contribuições na apuração do PIS/Cofins sobre as operações de importação lançadas. Por derradeiro, no que toca à imposição da multa qualificada, constatou a fiscalização, através dos documentos acostados aos autos, que a escolha dos equipamentos, por ocasião das negociações prévias à aquisição, passou pelo crivo do médico responsável técnico integrante da Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., e que, tão logo recepcionados, por força destes ajustes contratuais, foram transferidos (para utilização) à entidade em questão. Como demonstra o quadro de resultados da clínica constante da decisão recorrida, para os anos de 2009, 2010 e 2011, os equipamentos foram utilizados no desempenho de atividades com finalidade lucrativa, inclusive com a distribuição de rendimentos aos sócios, a título de lucros. Inequívoco também que a Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda. não se qualifica como beneficiária da vantagem fiscal que abrigou as operações de importação. Também é fato que os sócios da pessoa jurídica cessionária eram, concomitantemente, componentes do quadro clínico do contribuinte, ora recorrente. Em síntese, temse que os fatos, isoladamente considerados, não são negados pelo recorrente; pelo contrário, são por ele admitidos, porém, com enfoque diverso. Nesta senda, a divergência entre a fiscalização e o contribuinte reside na percepção, avaliação e escopo desse quadro fático, entendendo a primeira que houve desvio de finalidade e, conseqüentemente, intenção de lesar o erário, enquanto o segundo vislumbra um Fl. 702DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 15 11 modelo de racionalização de sua operação, dadas as dificuldades que assolam o setor de saúde no país. Portanto, o ponto central está na intenção dos agentes envolvidos, o que é extremamente difícil de ser demonstrada, senão, ressalva feita à confissão, a partir dos elementos disponibilizados nos autos e a ilação daí extraída. No caso vertente, milita em favor do recorrente a sua postura no transcurso do procedimento fiscal e contencioso, as circunstâncias da situação encontrada e as alegações apresentadas. Notese, em momento algum houve recalcitrância em atender a fiscalização; os equipamentos permanecem como propriedade da recorrente e estão instalados em suas dependências físicas, ainda que, tanto equipamento como espaço físico, estejam cedidos ao responsável solidário; não houve qualquer alegação de antecipação escamoteada de valores à recorrente, pelo responsável, para aquisição dos equipamentos importados; os equipamentos são empregados, ainda que parcialmente, na atividade assistencial da recorrente; e, por fim, os aluguéis percebidos pela cessão são destinados ao exercício desta mesma atividade assistencial. O argumento que a cessão dos equipamentos a terceiros, que não ostentam as mesmas condições para a fruição do beneplácito, visava à otimização/racionalização da prestação dos serviços médicohospitalares é bastante verossímil, ainda que concorde que a exploração econômica de equipamentos importados com isenção atrelada à qualidade do importador não se compagina com a sua finalidade. No entanto, vejo com mais força a boa intenção dos agentes que a máfé típica dos negócios escusos. De minha parte, aquilatado o conjunto probatório e circunstancial coligido aos autos, não verifico o conluio ou a fraude inerente e exigível à aplicação da multa qualificada, mas sim, algo assemelhado ao erro de proibição do Direito Penal, onde o agente desconhece a ilicitude de sua conduta. Na situação sub examine, a compreensão dos agentes, contribuinte e responsável, era que a cessão dos equipamentos importados, sob o regime de “terceirização de serviços”, não feriria a finalidade da isenção, desde que mantidas a propriedade e sua localização na pessoa do contribuinte, detentor das prerrogativas para usufruto da vantagem fiscal, aliado à destinação das verbas oriundas do contrato de cessão às suas atividades assistenciais. Ainda que o desconhecimento da lei ou a extensão dos seus efeitos não sirva de escudo à sua desobediência, também não é possível inferir que uma interpretação equivocada do seu conteúdo ou alcance possa equivaler à intenção dolosa de seu descumprimento. Tratase, em minha ótica, de uma hipótese de “erro escusável”, pois era possível aos agentes, ainda que minimamente, ao tempo da prática infracional, questionar ou mesmo entender o seu possível desacerto ante a legislação tributária. Fl. 703DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 12 Como leciona Rogério Grecco1 na seara penal, insculpido, principalmente, no art. 21 do Código Penal, tanto o erro escusável, como inescusável, tem por efeito imediato o afastamento do dolo, assim considerado a vontade deliberada de praticar a infração, o que, transpondo para o direito tributário penal, acarretaria a impossibilidade de imputação da multa qualificada, justamente em razão da ausência de dolo. No entanto, as conseqüências do erro para o Direito Penal e Direito Tributário são distintas, haja vista que o art. 136 do Código Tributário Nacional estabelece que “salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.” Demais disso, socorre o recorrente o fato de a fiscalização não impor a qualificação da multa no caso tratado no PA 11060.723092/201253, julgado nesta mesma oportunidade e que alberga fatos similares, figurando o recorrente, também, no pólo passivo, na qualidade de contribuinte, com alteração do responsável solidário, o que revela dúvida acerca da efetiva existência do consilium fraudis, típico do conluio, atraindo a necessária aplicação da interpretação benévola em favor do recorrente, ex vi do art. 112, II do Código Tributário Nacional. Assim, uma vez ausente o dolo, incabível a pretensão de exigir a multa qualificada de 150% (cento e cinqüenta por cento), remanescendo a incidência da multa de ofício ordinária, no percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Com estas considerações, voto por dar parcial provimento ao recurso para que seja ajustada a base de cálculo das contribuições ao PIS/Cofins – Importação, nos moldes do RE 559.937/RS e reduzida a multa qualificada, de 150% (cento e cinqüenta por cento), para o percentual ordinário, de 75% (setenta e cinco por cento). Robson José Bayerl 1 Curso de Direito Penal – Parte Geral. 5ª Edição. Ed. Impetus. Rio de Janeiro: 2005. Págs. 336 e 463. Fl. 704DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 19647.010816/2005-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO POR DECURSO DE PRAZO. DIREITO DE CRÉDITO. REVISÃO. POSSIBILIDADE.
A homologação tácita prevista no art. 74 da Lei nº 9.430/96, na redação consolidada, alcança exclusivamente o débito compensado, extinguindo o crédito tributário respectivo, não alcançando, porém, o direito de crédito a ela vinculado, que pode ser revisto pela Administração Tributária, mesmo após o lapso qüinqüenal, quando o montante remanescente foi ou pode ser utilizado em procedimentos compensatórios ulteriores. Outrossim, o crédito vinculado à compensação homologada por decurso de prazo não se disponibiliza, por assim dizer, para futuro emprego em novas compensações e/ou ressarcimento/restituição em espécie.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3401-003.013
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso.
Júlio César Alves Ramos - Presidente
Robson José Bayerl - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Waltamir Barreiros, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO POR DECURSO DE PRAZO. DIREITO DE CRÉDITO. REVISÃO. POSSIBILIDADE. A homologação tácita prevista no art. 74 da Lei nº 9.430/96, na redação consolidada, alcança exclusivamente o débito compensado, extinguindo o crédito tributário respectivo, não alcançando, porém, o direito de crédito a ela vinculado, que pode ser revisto pela Administração Tributária, mesmo após o lapso qüinqüenal, quando o montante remanescente foi ou pode ser utilizado em procedimentos compensatórios ulteriores. Outrossim, o crédito vinculado à compensação homologada por decurso de prazo não se disponibiliza, por assim dizer, para futuro emprego em novas compensações e/ou ressarcimento/restituição em espécie. Recurso voluntário negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19647.010816/2005-97
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5572420
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.013
nome_arquivo_s : Decisao_19647010816200597.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 19647010816200597_5572420.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Júlio César Alves Ramos - Presidente Robson José Bayerl - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Waltamir Barreiros, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
id : 6300205
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048124346335232
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1815; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 10 1 9 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19647.010816/200597 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.013 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria PIS/PASEP Recorrente COMPANHIA SIDERÚIRGICA VALE DO PINDARÉ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO POR DECURSO DE PRAZO. DIREITO DE CRÉDITO. REVISÃO. POSSIBILIDADE. A homologação tácita prevista no art. 74 da Lei nº 9.430/96, na redação consolidada, alcança exclusivamente o débito compensado, extinguindo o crédito tributário respectivo, não alcançando, porém, o direito de crédito a ela vinculado, que pode ser revisto pela Administração Tributária, mesmo após o lapso qüinqüenal, quando o montante remanescente foi ou pode ser utilizado em procedimentos compensatórios ulteriores. Outrossim, o crédito vinculado à compensação homologada por decurso de prazo não se disponibiliza, por assim dizer, para futuro emprego em novas compensações e/ou ressarcimento/restituição em espécie. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Júlio César Alves Ramos Presidente Robson José Bayerl Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 08 16 /2 00 5- 97Fl. 599DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 07/01/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Waltamir Barreiros, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Cuidase de pedido de ressarcimento de PIS/Pasep nãocumulativo, combinado com a apresentação de declarações de compensação, cujo direito creditório foi parcialmente reconhecido e as compensações homologadas até este limite, havendo a certificação de homologação tácita das declarações mencionadas no despacho decisório. O contribuinte, sem questionar diretamente as glosas realizadas, sustentou a incompatibilidade dos fundamentos lançados, a saber, o reconhecimento da homologação tácita e a glosa parcial do crédito, defendendo que o decurso de prazo impediria a Administração Tributária de se manifestar sobre os créditos utilizados nesta compensação, daí porque sua redução seria indevida. A DRJ Fortaleza/CE julgou a manifestação de inconformidade improcedente, ao argumento que as declarações de compensação, mesmo homologadas por decurso de prazo, reduzem o respectivo crédito a ela vinculado. Em recurso voluntário o contribuinte insistiu na preclusão do direito à revisão dos créditos alocados nas compensações homologadas tacitamente. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. A homologação tácita prevista no art. 74 da Lei nº 9.430/96, com as modificações introduzidas pela legislação superveniente, como fator extintivo do crédito tributário, recai exclusivamente sobre o débito compensado, não se estendendo ao direito de crédito imbricado no encontro de contas, verbis: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações Fl. 600DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 07/01/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 19647.010816/200597 Acórdão n.º 3401003.013 S3C4T1 Fl. 11 3 relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (...)” (destacado) Como se extrai do preceptivo, o crédito requerido e/ou indicado na declaração, de per se, não se homologa pelo decurso de prazo, por ausência de previsão legal, ainda que se reconheça que o instituto da compensação, por implicação lógica, pressuponha a existência de crédito em montante, pelo menos, igual ao débito. A meu sentir, a mens legis indica que a homologação em epígrafe impede a exigência do crédito tributário extinto nesta condição, sem, contudo, restringir o poder/dever da Administração Tributária de examinar a procedência do direito de crédito envolvido, principalmente quando o valor remanescente puder ser utilizado em compensações posteriores, como no caso vertente. É certo que se o crédito foi integralmente absorvido pelo débito compensado, faltaria à Fazenda Nacional interesse de agir no desiderato de aferir a higidez do direito creditório do contribuinte, haja vista que, mesmo improcedente, faltaria possibilidade jurídica de exigir o crédito tributário correspondente. Entretanto, o interesse de agir está plenamente justificado se o direito de crédito supera o débito compensado. Neste diapasão, a homologação da compensação tem como efeito principal a extinção do crédito tributário respectivo, não, porém, o condão de validar o crédito utilizado, mormente quando este montante é empregado em diversas compensações, sendo que apenas uma parcela foi alcançada pelo lapso extintivo estatuído no art. 74, § 5º da Lei nº 9.430/96, como no caso. Demais disso, como bem salientado pela decisão recorrida, o crédito atrelado à declaração de compensação homologada tacitamente, pela tãosó ocorrência desta circunstância, não se libera para posterior utilização, seja em nova compensação ou ressarcimento/restituição em espécie. Em face do acima exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário interposto. Robson José Bayerl Fl. 601DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 07/01/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 Fl. 602DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 07/01/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 11020.003116/2006-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2000
NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES DO STF PROLATADAS NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-B DO CPC.
Nos termos do § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
COFINS. TRANSFERÊNCIA ONEROSA DE CRÉDITOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. STF RE 606.107
No julgamento do RE 606.107, concluiu a Suprema Instância:
(...)
VIII - Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS.
IX - Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, b, da Constituição Federal.
Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicando-se aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543-B, § 3º, do CPC.
Numero da decisão: 3401-003.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 03/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2000 NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES DO STF PROLATADAS NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-B DO CPC. Nos termos do § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. COFINS. TRANSFERÊNCIA ONEROSA DE CRÉDITOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. STF RE 606.107 No julgamento do RE 606.107, concluiu a Suprema Instância: (...) VIII - Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX - Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, b, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicando-se aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543-B, § 3º, do CPC.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11020.003116/2006-82
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5572440
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.006
nome_arquivo_s : Decisao_11020003116200682.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : JULIO CESAR ALVES RAMOS
nome_arquivo_pdf_s : 11020003116200682_5572440.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente e Relator. EDITADO EM: 03/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco
dt_sessao_tdt : Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
id : 6300225
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048124404006912
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2068; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 423 1 422 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.003116/200682 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.006 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de dezembro de 2015 Matéria COFINS SOBRE TRANSFERÊNCIAS ONEROSAS DE ICMS Recorrente PENASUL ALIMENTOS S/A Recorrida DRJ PORTO ALEGRE ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2000 NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES DO STF PROLATADAS NA SISTEMÁTICA DO ART. 543B DO CPC. Nos termos do § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. COFINS. TRANSFERÊNCIA ONEROSA DE CRÉDITOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. STF RE 606.107 No julgamento do RE 606.107, concluiu a Suprema Instância: (...) VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 31 16 /2 00 6- 82 Fl. 423DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/03/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente e Relator. EDITADO EM: 03/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relatório Em sessão de votação realizada em 06 de outubro de 2011, decidimos sobrestar o julgamento deste recurso com base no voto do i. relator de então, Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis: Retorna o processo da CSRF para reanálise, haja vista o provimento do Especial interposto pala Procuradoria da Fazenda Nacional. Excluindose a questão relativa à necessidade (ou não) de lançamento, no lugar da glosa efetuada quando a RFB considera que não foram computados todos os débitos em pedido de ressarcimento do PIS e Cofins não cumulativos, por ser matéria não devolvida a esta instância, conforme decidido pela CSRF, são dois os temas a tratar: a glosa relativa à transferência de créditos de ICMS, cujo valor foi reduzido daquele a ressarcir por entender a fiscalização que o valor do imposto Estadual está incluso na base de cálculo do PIS e Cofins, e a incidência (ou não) da Selic sobre a parcela do ressarcimento parcial autorizado pelo órgão de origem. O tema referente à inclusão (ou não) do ICMS na base de cálculo do PIS Faturamento e da Cofins não cumulativos está sob análise do Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 606107, com repercussão geral já definida. Não pode, pois, ser analisado nesta oportunidade, impondose o sobrestamento do julgamento em obediência ao § 2º do art. do Anexo II do RICARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, que dispõe o seguinte: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/03/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 11020.003116/200682 Acórdão n.º 3401003.006 S3C4T1 Fl. 424 3 § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Como informa o sítio do Colendo Tribunal na internet (consulta em 03 de outubro de 2011), o debate no RE nº 606107 versa sobre o seguinte: Recurso extraordinário em que discute, à luz dos artigos 149, § 2º, I; 150, § 6º; 155, § 2º, X, a; e 195, caput, I, b, da Constituição Federal, a constitucionalidade, ou não, da exigência de que o valor correspondente às transferências de créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS pela empresa contribuinte seja integrado à base de cálculo das contribuições Programa de Integração Social PIS e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS não cumulativas. Por oportuno, observo que a matéria também é objeto da ADC nº 18 e do RE nº 2407852/MG. Apreciando Medida Cautelar na referida Ação Declaratória de Constitucionalidade, o STF, em 14/08/2008, resolvendo questão de ordem suscitada no sentido de dar prosseguimento ao julgamento do RE nº 240.7852/MG, por maioria deliberou pela precedência do controle concentrado em relação ao controle difuso, conforme a ementa seguinte: Medida cautelar. Ação declaratória de constitucionalidade. Art. 3º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.718/98. COFINS e PIS/PASEP. Base de cálculo. Faturamento (art. 195, inciso I, alínea "b", da CF). Exclusão do valor relativo ao ICMS. 1. O controle direto de constitucionalidade precede o controle difuso, não obstando o ajuizamento da ação direta o curso do julgamento do recurso extraordinário. 2. Comprovada a divergência jurisprudencial entre Juízes e Tribunais pátrios relativamente à possibilidade de incluir o valor do ICMS na base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP, cabe deferir a medida cautelar para suspender o julgamento das demandas que envolvam a aplicação do art. 3º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.718/98. 3. Medida cautelar deferida, excluídos desta os processos em andamentos no Supremo Tribunal Federal. Pelo exposto, levando em conta art. 62A, § 2º, do RICARF, voto por sobrestar o julgamento até que o STF decida sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo do PIS Faturamento e Cofins não cumulativos. Somente após decisão transitada em julgado do Colendo Tribunal sobre o tema é que o processo deve retornar a esta Turma para julgamento. Suprimida a norma regimental que nos impedia de julgar, retornaram os autos a julgamento, agora sob minha relatoria em razão de o dr. Emanuel ter deixado o CARF. É o Relatório. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/03/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Consoante o relatado, a única matéria a ser dirimida por este colegiado estava com repercussão geral reconhecida pelo STF e ainda não votada por ocasião da primeira colocação em pauta pelo Conselheiro Emanuel. Por esse motivo, corretamente sobrestamos sua votação em respeito ao comando regimental mencionado pelo i. relator. Retorna agora o recurso por força da revogação daquele dispositivo regimental, o que passou a nos obrigar a decidir mesmo antes do pronunciamento definitivo do Supremo. Felizmente, no que tange a este recurso, isso não será necessário, visto que aquela corte já pronunciou o entendimento que deve ser aqui tãosomente reproduzido como manda o atual art. 62 do RICARF aprovado pela Portaria MF 343/2015: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 426DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/03/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 11020.003116/200682 Acórdão n.º 3401003.006 S3C4T1 Fl. 425 5 Refirome, como é sabido de todos, ao julgamento do RE 606.107, sendo relatora a ministra Rosa Weber, cuja ementa consignou: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui Fl. 427DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/03/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. Face ao exposto, apenas nos resta dar provimento ao recurso do contribuinte. E é como voto. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 428DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/03/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 10510.720038/2007-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 22 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRF-Aracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 22 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10510.720038/2007-81
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5576703
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-000.917
nome_arquivo_s : Decisao_10510720038200781.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROSALDO TREVISAN
nome_arquivo_pdf_s : 10510720038200781_5576703.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRF-Aracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6319404
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:46:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048124946120704
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1742; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2.826 1 2.825 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10510.720038/200781 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401000.917 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 23 de fevereiro de 2016 Assunto DCOMPCONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Recorrente BANCO DO ESTADO DO SERGIPE S.A. BANESE Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRFAracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente processo sobre Declarações de Compensação DCOMP apresentadas pelo Banco do Estado de Sergipe S.A. com intuito de utilizar créditos da RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 10 .7 20 03 8/ 20 07 -8 1 Fl. 2826DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.827 2 Contribuição para o PIS/Pasep que entende ter recolhido indevidamente ou em valor superior ao devido (fls. 2 a 85)1, no valor de R$ 911.332,67. A unidade local analisou, em 30/04/2007, as Declarações de Compensação e proferiu Despacho Decisório no 400 (fls. 120 a 123) não homologando as compensações apresentadas pelo contribuinte, ante a inexistência dos créditos apresentados, basicamente porque: (a) não existem os pagamentos informados nas DCOMP, exceto os referentes a setembro de 2002 e maio de 2005, ainda assim em valor menor que o informado; e (b) ainda que existissem os pagamentos, eles estariam em consonância com os débitos declarados. Destaca ainda que parte das DCOMP encontrase pendente de decisão administrativa e parte já fora objeto de manifestação no sentido de considerar as compensações não declaradas. Cientificada do teor do Despacho Decisório em 03/05/2007 (fl. 127), a recorrente apresentou manifestação de inconformidade em 29/05/2007 (fls. 129 a 149), buscando a homologação das compensações realizadas por meio do sistema PER/DCOMP e argumentando, em síntese, que: (a) não fora considerada na decisão recorrida que a base de cálculo utilizada no cálculo da contribuição e os recolhimentos foram feitos nos termos da Lei no 9.718/1998, que teve parte de seus dispositivos declarados inconstitucionais (art. 3o, § 1o); (b) em face da declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, todos os recolhimentos a título de Contribuição para o PIS/Pasep efetivados pela recorrente a partir de fevereiro de 1999, cuja base de cálculo tenha obedecido ao dispositivo inconstitucional, devem ser recalculados considerando, para tanto, a receita bruta como aquela decorrente da prestação de serviços pela recorrente; e (c) sobre os valores originais devem ser aplicados os juros correspondentes ao período, nos moldes da Lei no 9.532/1997 taxa “SELIC” a partir do mês subsequente ao pagamento até a data de efetiva utilização do crédito. A decisão de primeira instância, proferida em 03/07/2007 (fls. 180 a 182), julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não homologou as declarações de compensação apresentadas pelo contribuinte. Acordouse que “a homologação da compensação de débitos da contribuinte com créditos contra a Fazenda Nacional depende da comprovação da certeza e liquidez dos indébitos fiscais por ele utilizados”, explicitando que: (a) nos meses de competência de dezembro/2003, janeiro a julho, outubro e novembro/2004, e maio, junho e dezembro/2005, em que o interessado alega possuir valores a restituir, efetivamente não consta nos sistemas da RFB nenhum recolhimento (fls.88/90); (b) à exceção dos meses de setembro de 2002 e maio de 2005, onde houve pagamentos em valores idênticos aos declarados e confessados em DCTF, a interessada não comprovou mediante documento hábil qualquer pagamento dos débitos da contribuição para o PIS para os quais solicita compensação; (c) o contribuinte informou no campo dos créditos a vinculação de débitos apurados a compensações que foram formalizadas mediante entrega de outras DCOMP (algumas já apreciadas, nas quais as compensações não foram homologadas, e outras pendentes de apreciação Despachos SAORT no 110/2005, 114/2005 e 187/2005 fls.110/115), tornando exigíveis os débitos vinculados a essas compensações, especificamente quanto aos meses de abril a junho, outubro e novembro de 2004; e (d) mesmo que as DCOMP mencionadas nas DCTF apresentadas pelo contribuinte tivessem sido apreciadas favoravelmente, tal reconhecimento somente teria a possibilidade de homologar as compensações vinculadas aos débitos confessados na DCTF, para extinguilos, jamais podendo tais débitos confessados serem transmudados em créditos. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 2827DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.828 3 Cientificada da decisão em 24/07/2007 (AR à fl. 185), a recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 187 a 211), em 20/08/2007, no qual defende seu direito de petição, de restituição e de compensação, e sustenta seu direito creditório, considerando que o § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento para a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, foi declarado inconstitucional. Assim, alega que todos os recolhimentos da Contribuição ao PIS/Pasep efetuados a partir de fevereiro de 1999 devem ser recalculados, considerando para tanto a receita bruta como aquela decorrente da prestação de serviços, excetuandose a aplicação do dispositivo inconstitucional. No Recurso, pede (a) a reforma do acórdão recorrido, a fim de serem homologadas as compensações efetuadas por meio do sistema PERD/COMP, valendose dos créditos oriundos da apuração de recolhimentos da Contribuição para o PIS/Pasep com base na lei declarada inconstitucional, devidamente corrigidos pela taxa SELIC, e (b) que se atribua suspensão à exigibilidade dos créditos, obstando quaisquer atos de cobrança ou atos constritivos de direito, com paralisação imediata de encaminhamento dos supostos débitos tributários para inscrição em Divida Ativa da União. Em 04/06/2008, a Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes apreciou o processo (fls. 298 a 302), concluindo pela anulação dos atos processuais a partir da decisão de primeira instância, inclusive, e determinando o retorno “dos autos para a DRJ apreciar qual a efetiva base de cálculo da contribuição, devendo, inclusive, tratar em números os valores do PIS que foram objeto da primeira compensação apresentados em 27/01/2004 e 19/01/2006, valores estes que agora vem sendo objeto do presente Pedido de Restituição”. Considerou o julgador em seu voto que (a) a análise da questão tem que passar pela prévia decisão definitiva da primeira compensação realizada pelo contribuinte, e que só após homologada tal compensação e definido o valor do seu credito é que poderseia falar na possibilidade da homologação da segunda compensação, no caso, a presente, na qual também se precisa definir o montante do débito, i.e. a base de calculo da Contribuição para o PIS/Pasep; e (b) as decisões dos órgãos de base (DRF e DRJ) não enfrentaram a discussão quanto à exata delimitação da base de cálculo da contribuição, não podendo este Conselho enfrentálas na ocasião sob pena de supressão de instâncias. O processo foi, então, reenviado ao órgão julgador de primeira instância, que solicitou à unidade local diligência (fls. 304 a 306) buscando detalhamento quanto: (a) à existência de créditos decorrentes das primeiras declarações de compensação apresentadas pelo contribuinte; (b) à existência de ação judicial específica em relação à contribuição; (c) à base de cálculo da contribuição nos períodos em que o contribuinte solicita restituição/compensação, apresentando, se for o caso, os novos valores devidos e destacando a parcela dos créditos vinculados “a maior”; e (d) ao confronto dos possíveis créditos com as novas compensações pretendidas pelo contribuinte nas DCOMP objeto deste processo. A unidade local apresentou Relatório de Diligência (fls. 778 a 784) em 24/04/2009, respondendo aos questionamentos da DRJ, informando que: (a) as situações das primeiras DCOMP são as relacionadas na tabela de fl. 463; (b) foi identificada a ação judicial correspondente (MS no 2007.85.00.0058347, ajuizado em 2007), na qual se veda a compensação antes do trânsito em julgado, nos termos do art. 170A do CTN (o trânsito em julgado ocorreu apenas na ação da empresa relativa a COFINS); (c) os pedidos de compensação foram feitos pela empresa sem amparo legal ou judicial; (d) excluídas as receitas não operacionais, em função da citada declaração de inconstitucionalidade, chegouse ao Demonstrativo de Base de Cálculo e ao Demonstrativo de Diferenças de Receitas (fls. 466 e 467); e (e) todos os créditos tributários disponíveis, decorrentes da jurisprudência do STF, foram integralmente compensados com o primeiro débito de IRPJ (R$ 77.170,59), restando Fl. 2828DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.829 4 ainda um saldo a pagar da contribuição de R$ 74.504,50, na data de 31/08/2006, e ficando em aberto todos os demais débitos, que totalizam R$ 908.666,60. Cientificada do teor do Relatório em 24/04/2009 (fls. 777), a recorrente apresenta sua manifestação em 26/05/2009 (fls. 788 a 819), alegando que: (a) não foi apresentada planilha evidenciando mês a mês as receitas consideradas operacionais e não operacionais, com base nos balancetes e razões apresentados pela recorrente; (b) ao relacionar a integralidade das receitas financeiras como operacionais, a fiscalização deixou de observar a distinção entre as receitas financeiras de recursos próprios e de terceiros; (c) não se reconheceu o crédito pleiteado com base no fundamento de que não seriam suficientes à extinção dos débitos objeto de compensações não homologadas ou não declaradas, antecipando o julgamento de processos distintos, com exigibilidade suspensa em virtude de recursos administrativos; (d) a diligência se mostra omissa e precária para os fins pretendidos (composição do crédito fiscal), sendo nula, havendo a necessidade de determinação de outra; (e) houve equívoco em relação à DCOMP no 08964.37953.200204.1.3.040080, e na competência de maio de 2005; (f) a suposta diferença constatada no período de apuração de dezembro de 2003 não é passível de revisão, por ter operado a decadência (CTN, art. 150 § 4o); (g) todos os valores a título da Contribuição para o PIS/Pasep apurados pela recorrente com base no dispositivo declarado inconstitucional foram tempestivamente recolhidos e encontram se extintos pelo pagamento (CTN, art. 156, I), pela homologação da compensação (CTN, art. 156, II), ou sob condição resolutória de posterior homologação (Lei no 9.430/1996, art. 74, § 3o), ou, ainda, com a exigibilidade suspensa em face de interposição de recurso (Lei no 9.430/1996, art. 74, § 11); (h) as declarações de compensação foram transmitidas antes do ajuizamento do mandado de segurança, sendo inaplicável o art. 170A do CTN; (i) o conceito de faturamento não inclui as receitas financeiras; e (j) houve mudança de critério jurídico na nova fundamentação para indeferimento da compensação (que o eventual direito de crédito estaria restrito à exclusão das receitas não operacionais da base de cálculo da contribuição). O julgador de primeira instância reaprecia, então, demanda, em 24/07/2009 (fls. 1557 a 1575), à vista dos elementos acrescentados pela diligência e pela manifestação da recorrente, concluindo pela improcedência da compensação, ante à iliquidez dos créditos informados, destacando ainda que: (a) há confusão, por parte da recorrente, entre compensação e pagamento; (b) há impossibilidade de análise administrativa de constitucionalidade de ato legal; (c) a declaração de inconstitucionalidade no controle difuso não gera efeitos erga omnes; (d) a diligência é procedimento que não vincula o julgador; e (e) o conceito de receita bruta envolve a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Ciente da decisão da DRJ em 12/08/2009 (AR às fls. 1580), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 08/09/2009 (fls. 1585 a 1636), sustentando que: (a) a decisão da DRJ é nula, por ofensa ao princípio da ampla defesa, consubstanciado no indeferimento da realização de nova diligência; (b) há mudança de critério jurídico, alegandose agora como motivo para o indeferimento o fato de a recorrente ser instituição financeira, cujas receitas financeiras integram a atividade mercantil típica da empresa; (c) o direito creditório perseguido pela recorrente foi reconhecido pelo STF e deve ser observado pela Administração, cf. Decreto no 2.346/1997, art 1o; e (d) é irrelevante questionar se o crédito perseguido advém de compensações ou pagamentos em espécie, ou ainda se as compensações encontramse sob análise perante a RFB. Em 26/02/2010 (fls. 2586 a 2588), a recorrente protocoliza requerimento de desistência parcial do Recurso Voluntário, em relação a determinados débitos que relaciona Fl. 2829DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.830 5 (compensações consideradas não declaradas nos processos no 10510.000911/200553 e no 10510.001479/200356), em virtude de pagamento à vista, com os benefícios da Lei no 11.941/2009. Apresenta ainda cópia da petição em juízo para desistência parcial de Embargos de Declaração em relação aos mesmos débitos (fls. 2624 a 2626). No CARF, o julgamento é convertido em diligência em 24/10/2012, por meio da Resolução no 3403000.401 (fls. 2813 a 2820), na qual a turma julgadora decide unanimemente determinar que os autos aguardem na unidade local o desfecho no processo judicial. A unidade local, por meio do despacho de fls. 2823/2824, assinado em 24/07/2015, conclui que o procedimento não trata de diligência, e que nos casos de sobrestamento o processo aguarda no próprio CARF. Acrescenta ainda discordância em relação ao decidido pelo CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Retomese o processo do estágio em que se encontrava quando encaminhado à unidade local, em 24/10/2012, para que lá aguardasse o desfecho no processo judicial. Da diligência (não) realizada Naquela ocasião, este tribunal administrativo, ou mesmo este relator, não concluiu, como equivocadamente entendeu a autoridade encarregada pela diligência, que restava afastada a concomitância entre o processo administrativo e o judicial. Aliás, reconheça se que nem tal autoridade estava convicta do entendimento, acrescentando um s.m.j. (provavelmente se referindo à expressão salvo melhor juízo) ao final. E, feito um melhor juízo do excerto do voto pela conversão em diligência, percebese nitidamente que em momento algum se afasta a concomitância. Pelo contrário, a dúvida revelada naquele voto era sobre um eventual sobrestamento judicial do processo, tendo em vista o RE no 609.096/RS, de reconhecida Repercussão Geral. A empresa tinha ação judicial em curso (MS no 2007.85.00.0058347 inicial às fls. 675 a 714), na qual expressamente mencionava o presente processo administrativo (e ainda outro, de no 10510.720037/200736), demandando, entre outros (fl. 712/713): Fl. 2830DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.831 6 Afora tal pedido, há ainda outro que menciona expressamente o presente processo administrativo (fl. 713), demandando homologação da compensação: Na decisão de fls. 715 a 724, dispõese que: No mais, a decisão defere parcialmente a liminar requerida, determinando a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários vencidos e vincendos devidos a título da Contribuição para o PIS/PASEP com base no § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/1998. Fl. 2831DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.832 7 A sentença (fl. 725 a 736) é no seguinte sentido: Após a interposição de embargos de declaração, a parte dispositiva é alterada para (fl. 741): No TRF da 5a Região são analisadas apelações das partes, acordandose que (fl. 746): Nessa situação se encontrava o processo à época da conversão do julgamento em diligência. Vejase que o Poder Judiciário, ao mesmo tempo em que concedia o direito de compensar, submetendo a apuração de liquidez à Administração, restringia o direito ao trânsito Fl. 2832DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.833 8 em julgado da ação, com fundamento no art. 170A do CTN, com a redação dada pela Lei Complementar no 104/2001. Ocorre que, na apuração da certeza e da liquidez do crédito, com a consequente determinação da base de cálculo da contribuição, nos termos da decisão pela inconstitucionalidade do § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/1998 (no RE no 585.235/MG) não se resolve uma questão atinente ao presente processo: como aplicar a referida inconstitucionalidade, afastandose as receitas financeiras da base de cálculo, diante do fato de ser a recorrente uma instituição financeira. Essa matéria é objeto de RE específico (de no 609.096/RS), como narrado no voto pela conversão em diligência. Assim, dependendo do curso do processo judicial (havendo ou não nos autos judiciais análise específica vinculada ao fato de ser a recorrente uma instituição financeira) seria afetada a base de cálculo a ser adotada pela Administração. Não havendo tratamento específico do tema pela autoridade judicial, seria perfeitamente cabível a aplicação administrativa do entendimento externado na segunda decisão de piso, de que "o conceito de receita bruta envolve a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais". Mas tal ato dependeria das consequências administrativas de Repercussão Geral no RE no 609.096/RS. Aqui remetemos à segunda "discordância" da autoridade administrativa, que informa ter havido revogação do § 1o do art. 62A do Regimento Interno do CARF (RICARF), que estabelecia o sobrestamento administrativo como consequência do sobrestamento judicial diante de Repercussão Geral, entre outros, pela Portaria MF no 545, de 18/11/2013. Ocorre que a Resolução pela baixa em diligência, recordese, é de 24/10/2012. Por certo que não poderia este tribunal antever revogação futura do dispositivo que configurava óbice ao julgamento do processo. Em síntese, deveria efetivamente a unidade preparadora ter acompanhado o processo judicial, para verificar o que se passa a discorrer a seguir (andamentos do processo de 2012 até a presente data, providência que sequer foi tomada no despacho da autoridade responsável pela diligência, redigido em 2015 para afirmar que a diligência demandada em 2012 era indevida). Do andamento do processo judicial Na ação judicial da recorrente, em relação à matéria, houve acórdão em 09/04/2014 para adequar a decisão anterior ao entendimento externado pelo STF no RE no 566.621/RS, sobre a vigência da Lei Complementar no 118/2001 e a aplicação do prazo quinquenal. O acórdão foi embargado, sendo a decisão sobre os embargos publicada em 13/06/2014, no sentido de que a instituição financeira permanece sujeita às regras da Lei no 9.718/1998, não cabendo as limitações de compensação constantes na Lei no 10.637/2002. Importante destacar que nos embargos a recorrente aproveita para "sanar omissão e reconhecer a legitimidade e legalidade do procedimento de restituição e compensação já realizado nos autos" do presente processo administrativo e de outros dois. Sobre o tema, assim se manifesta o TRF5: Fl. 2833DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.834 9 "O pedido do particular para sanar a omissão do julgado com relação ao reconhecimento da legitimidade e legalidade do procedimento de restituição e compensação já realizado nos autos dos processos nºs 10510.002215/200662, 10510.7200037/200736, 10510.720038/2007 81 e 10510.720040/200750 importa em nítido propósito de reapreciação do julgado, em face da ausência dos requisitos do art. 535 do CPC. Contudo, no que se refere ao argumento de omissão do acórdão com relação à inaplicabilidade às instituições financeiras da declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98, devem ser acolhidos os embargos declaratórios, para concederlhes efeitos modificativos." (grifo nosso) Interpostos recursos especial e extraordinário, em 20/11/2014 não é admitido o recurso especial, sob os seguintes argumentos: Despacho do Desembargador(a) Federal VicePresidente Recurso Especial Não Admitido [Publicado em 25/11/2014 00:00] Tratase de recurso especial interposto com fundamento no artigo 105, inciso III, "a", da Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte. A partir de acurado exame dos autos, verifico que foram observados os requisitos gerais de admissibilidade extrínsecos (tempestividade, regularidade formal e preparo) e os intrínsecos (cabimento, legitimação, interesse recursal e inexistência de fato impeditivo do poder de recorrer), assim como que restou prequestionada a matéria objeto do recurso. Todavia, observo que, no particular da controvérsia em comento (definição do conceito de faturamento para fins de incidência da contribuição para o PIS relativamente às receitas financeiras das instituições financeiras), cuidase de matéria para cuja solução é preponderante a interpretação não de normas legais, mas sim do art. 195, I, da CF/88. Sendo assim, é forçoso que a matéria não será resolvida em termos de recurso especial, cujo processamento somente dilatará, sobremodo e inutilmente, o andamento do processo. A razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF) orienta o operador do sistema jurídico à inadmissibilidade do recurso, principalmente quando, por ser a matéria nitidamente de colorido constitucional, não tocará a sua análise ao recurso especial. É, portanto, de se concluir que, nas hipóteses onde houver a interposição de recurso especial versando sobre questão de direito cuja repercussão geral já foi admitida ou até mesmo julgada pelo Pretório Excelso, a sua inadmissibilidade se impõe, pois será a deliberação da Corte Suprema que irá guiar a solução da controvérsia. Com isso, conferese celeridade ao feito, poupando a máquina judiciária de esforços inúteis. (...)" (grifo nosso) Em relação ao recurso extraordinário, o despacho foi no seguinte sentido: Tratase de recurso extraordinário com fundamento no artigo 102, inciso III, "a", da Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte. Tendo em vista o reconhecimento da existência de repercussão geral no RE 609096RS, que diz respeito à exigibilidade do PIS e da COFINS sobre as receitas financeiras das instituições financeiras, cujo relator é o Ministro Ricardo Lewandowski, determino o SOBRESTAMENTO deste recurso até o Fl. 2834DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.835 10 pronunciamento daquela Corte, em consonância com o art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil. Encaminhese ao NURER. Recife, 19 de novembro de 2014. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR VicePresidente do TRF da 5ª Região." (grifo nosso) Assim, o andamento do processo judicial revelou que a composição da base de cálculo, para efeitos de apuração da Contribuição para o PIS/PASEP, não pode ser levada a cabo pela Administração antes do pronunciamento judicial no caso concreto, visto que a ação judicial da recorrente passa a contemplar não só a questão da inconstitucionalidade em sentido estrito do § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/1998, mas a determinação do que deve ser considerado faturamento para instituições financeiras após a referida declaração de inconstitucionalidade. Não há, assim, como apurar administrativamente a liquidez do crédito, no caso concreto, antes do pronunciamento do Poder Judiciário. Pelo exposto, reafirmase o entendimento anteriormente externado na conversão em diligência de que o presente processo deve aguardar o desfecho do processo judicial, simplesmente porque não há como operacionalizar a compensação antes de se saber qual será o provimento judicial obtido em relação à composição da base de cálculo da contribuição. Voto, destarte, no sentido de nova conversão em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRFAracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário. Rosaldo Trevisan Fl. 2835DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004477/2008-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.
Aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como a COFINS, aplica-se o artigo 173, I do CTN quando não há pagamento. Entendimento já pacificado pelo e. STF a partir do julgamento do RE 973.733.
NORMAS PROCESSUAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO STF SEGUNDO O RITO DO ART. 543 DO CPC
Consoante o § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF baixado pela Portaria MF 343/2015 (RICARF), "as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF."
NORMAIS PROCESSUAIS. OBRIGATORIEDADE DE APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO CONSUBSTANCIADO EM SÚMULA DO CARF
Determina o art. 72 do RICARF: "As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF".
SÚMULA CARF Nº 02
"O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária".
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE.
A multa aplicável nos casos de lançamento de ofício da COFINS por falta de recolhimento e declaração é a prevista no art. 44 da Lei 9.430, a cuja aplicação a autoridade administrativa está vinculada nos termos do art. 142 do CTN.
Numero da decisão: 3401-003.004
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como a COFINS, aplica-se o artigo 173, I do CTN quando não há pagamento. Entendimento já pacificado pelo e. STF a partir do julgamento do RE 973.733. NORMAS PROCESSUAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO STF SEGUNDO O RITO DO ART. 543 DO CPC Consoante o § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF baixado pela Portaria MF 343/2015 (RICARF), "as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF." NORMAIS PROCESSUAIS. OBRIGATORIEDADE DE APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO CONSUBSTANCIADO EM SÚMULA DO CARF Determina o art. 72 do RICARF: "As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF". SÚMULA CARF Nº 02 "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE. A multa aplicável nos casos de lançamento de ofício da COFINS por falta de recolhimento e declaração é a prevista no art. 44 da Lei 9.430, a cuja aplicação a autoridade administrativa está vinculada nos termos do art. 142 do CTN.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19515.004477/2008-58
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5572432
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.004
nome_arquivo_s : Decisao_19515004477200858.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : JULIO CESAR ALVES RAMOS
nome_arquivo_pdf_s : 19515004477200858_5572432.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
id : 6300217
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125308928000
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2103; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 366 1 365 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.004477/200858 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.004 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de dezembro de 2015 Matéria COFINS Recorrente GREEN LINE SISTEMA DE SAÚDE LTDA Recorrida DRJ SÃO PAULO I ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como a COFINS, aplicase o artigo 173, I do CTN quando não há pagamento. Entendimento já pacificado pelo e. STF a partir do julgamento do RE 973.733. NORMAS PROCESSUAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO STF SEGUNDO O RITO DO ART. 543 DO CPC Consoante o § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF baixado pela Portaria MF 343/2015 (RICARF), "as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF." NORMAIS PROCESSUAIS. OBRIGATORIEDADE DE APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO CONSUBSTANCIADO EM SÚMULA DO CARF Determina o art. 72 do RICARF: "As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF". SÚMULA CARF Nº 02 "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 44 77 /2 00 8- 58 Fl. 366DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 A multa aplicável nos casos de lançamento de ofício da COFINS por falta de recolhimento e declaração é a prevista no art. 44 da Lei 9.430, a cuja aplicação a autoridade administrativa está vinculada nos termos do art. 142 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório O julgamento deste recurso voluntário se iniciou em fevereiro de 2014, ocasião em que o relator propôs sua conversão em diligência para que a unidade preparadora certificasse se os débitos nele lançados estavam mesmo parcelados no âmbito das disposições da Lei 11.941, como alegara o recorrente. Retornam agora com informação elaborada pela DIORT da DERAT SP, segundo a qual, embora o contribuinte tenha mesmo solicitado a inclusão dos débitos deste processo, deixou de cumprir os requisitos normativos, especialmente quanto à desistência do recurso administrativo. Sua conclusão é, pois: 5) Concluindo, em resposta ao questionamento do CARF, informamos que os débitos do presente processo não foram parcelados e não poderiam ter sido parcelados no parcelamento especial lei 11.941/2009. Proponho o encaminhamento do presente processo ao CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para suas providências. Como o relator original, Conselheiro Fernando Cleto, deixou o CARF, o recurso foi sorteado a mim para relatar. Aproveito, em seqüência, o relatório já elaborado pelo dr. Fernando: Tratase de Recurso Voluntário interposto pela empresa GREEN LINE SISTEMA DE SAÚDE LTDA em face de acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP), que julgou improcedente a impugnação apresentada pela contribuinte, mantendo o crédito tributário constituído. Fl. 367DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 19515.004477/200858 Acórdão n.º 3401003.004 S3C4T1 Fl. 367 3 A matéria em discussão referese a créditos tributários devidos de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, relativos a valores não declarados e não recolhidos, referentes aos anos de 2003 a 2005. O auto de infração exige pagamento a título de contribuição, juros de mora e multa, no total de R$ 6.836.148,41. (...) Devidamente intimada, a contribuinte apresentou tempestivamente Recurso Voluntário (fls. 269 a 276) a este Conselho, alegando, em apertada síntese: a) preliminarmente, a ocorrência de fato superveniente à interposição da impugnação, qual seja a adesão da recorrente ao parcelamento especial instituído pela Lei nº 11.941/09, no qual foi incluído o crédito tributário objeto do presente processo administrativo, havendo, portanto, extinção do crédito tributário pelo pagamento; b) sustenta a decadência do direito de constituir o crédito tributário relativo ao período de janeiro a maio de 2003, nos termos do art. 150, §4º; e c) alega que a multa no importe de 75% tem caráter nitidamente confiscatório. O fisco não apresentou contrarrazões, tendo os autos sido encaminhados para este Conselho para análise e julgamento. É o relatório. Acresço que: a) a ciência do lançamento foi dada em 20 de agosto de 2008, sendo que o período de apuração mais antigo incluído no lançamento corresponde ao mês de janeiro de 2003; b) a ausência de recolhimentos já foi atestada pela DRJ por ocasião do julgamento de primeiro grau e não foi contestada pelo contribuinte, que postula a aplicação do art. 150 do CTN mesmo assim. Os argumentos do recurso quanto à decadência e à inaplicabilidade da multa são os mesmos já expendidos na impugnação apresentada. É o Relatório. Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Fl. 368DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 Rejeitada por meio da diligência a alegação de extinção do crédito tributário aqui discutido, restam apenas duas outras no recurso apresentado: a decadência parcial e a inconstitucionalidade da exigência, especialmente da multa aplicada. Ambas também são de rejeição obrigatória por força de disposições regimentais: o § 2º do art. 62 e o art. 72 da Portaria MF 343, que aprovou o Regimento Interno do CARF (RICARF): Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. ... § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. É que, quanto à decadência, o STF já decidiu a questão na sistemática do art. 543C. Tratase, como bem sabido do RE 973.733, de relatoria do ministro Luiz Fux. De sorte que aqui apenas nos resta reproduzir sua ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 19515.004477/200858 Acórdão n.º 3401003.004 S3C4T1 Fl. 368 5 Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Por sua vez, as alegações de inconstitucionalidade da disposição legal que estipula o percentual da multa art. 44 da Lei 9.430 não podem ser acolhidas em razão da Fl. 370DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 existência de Súmula em sentido contrário. Refirome à Súmula CARF de nº 02 a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. No que respeita aos demais argumentos que tentam enquadrar a multa como "ilegal", bastam os fundamentos expostos pelo relator da decisão recorrida, que peço vênia para aqui transcrever, dado que deles em nada discrepo e o recurso também em nada inova com respeito a sua impugnação: Da multa aplicada. 35. Alega a defesa, que a multa no importe de 75% viola o art. 37 da Constituição Federal, tem caráter confiscatório, além de consubstanciar ilegalidade. 36. Argumenta ainda, que o contribuinte não deixou de lançar o débito, contudo o fez em DIPJ e não em DCTF. Assim, não visou ludibriar o fisco, incorrendo em mero erro, sendo que deveria lhe ser aplicada a multa de 20%, passível nos casos de declaração espontânea, nos termos do disposto no art. 909 do Decreto 3.000/99, que regulamenta o IR. 37. Cumpre esclarecer, que ao contrário do que informa a impugnante, os valores de COFINS informados na DIPJ não constituem o crédito tributário, pois este documento tem natureza meramente informativa, e não representa confissão de dívida, por falta de fundamento legal nesse sentido. 38. Já os débitos declarados em DCTF, por expressa disposição legal, constituem confissão de dívida, conforme se verifica no § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124/1984, e nos art. 2º e 6º, inciso VII, da IN SRF nº 255/2002, sendo que estes estabelecem a obrigatoriedade, respectivamente, da apresentação da DCTF, e da informação da COFINS na DCTF. Assim temos: DecretoLei nº 2.124/1984: Art. 5°. (...) 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. IN SRF nº 255/2002: Art. 2º As pessoas jurídicas em geral, inclusive as equiparadas, deverão apresentar trimestralmente a DCTF, de forma centralizada, pela matriz. (...) Art. 6º A DCTF conterá informações relativas aos seguintes impostos e contribuições federais: (...) Fl. 371DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 19515.004477/200858 Acórdão n.º 3401003.004 S3C4T1 Fl. 369 7 VII Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); (...) 39. No presente caso, não houve declaração espontânea, como informa a defesa. O contribuinte não declarou em DCTF os débitos de COFINS dos anos calendário de 2003, 2004 e 2005, e não recolheu aos cofres públicos, os tributos devidos, e em decorrência desta falta de recolhimento e declaração foi lavrado o Auto de Infração em epígrafe e aplicada a multa de ofício, prevista no inciso I do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) 40. A impugnante postula a aplicação da multa de 20%, passível nos casos de declaração espontânea, nos termos do disposto no art. 909 do Decreto 3.000/99, que regulamenta o IR, a seguir transcrito: Art. 909. A pessoa física ou jurídica submetida à ação fiscal poderá pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data do recebimento do termo de início da fiscalização, o imposto já declarado, de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável, com os acréscimos legais aplicáveis nos casos de procedimento espontâneo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 47, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 70, II). 41. A multa de mora, aplicável nos casos em que o contribuinte espontaneamente recolhe o tributo devido, porém após a data do vencimento da obrigação estão disciplinados no art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (...) Fl. 372DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 8 § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. 42. Ocorre, que como informa a própria defesa, o dispositivo citado (art. 909 do Decreto 3.000/99) é aplicado nos casos de declaração espontânea, e no caso em tela, não houve a declaração em DCTF dos débitos de COFINS dos anos calendário de 2003, 2004 e 2005, fato que não permite a aplicação da multa de mora, mas sim, da multa de ofício. 43. Ademais, nos termos do caput do art. 138 do CTN, a responsabilidade somente é excluída pela denúncia espontânea quando acompanhada do pagamento do tributo devido. 44. Portanto, a multa ao percentual de 75% aplicada sobre o valor de contribuições exigido em lançamento de ofício está em consonância com o que determina o inciso I do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, acima citado, devendo ser mantida. (...) Reitero, por fim, que não há mais no recurso insurgência quanto aos juros. Com tais considerações, voto por negar provimento ao recurso do contribuinte. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 373DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/02/2 016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 15892.000071/2010-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
EMBARGOS. OMISSÃO E OBSCURIDADE. EFEITOS INFRINGENTES.
Deve ser acolhido o Embargo que aponta omissão e obscuridade, e que leva à necessidade de apreciar preliminar e matéria de mérito que implica em revisão da decisão recorrida.
IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE.
Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente.
Recurso Voluntário não provido.
Direito creditório não reconhecido.
Numero da decisão: 3401-003.212
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, com efeitos infringentes, nos seguintes termos: a) por maioria, para reconhecer a tempestividade do recurso voluntário, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; e, b) por unanimidade, para negar provimento ao recurso voluntário, em razão da inexistência de saldos credores de períodos anteriores.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, Fenelon Moscoso de Almeida, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: Relator Eloy Eros da Silva Nogueira
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 EMBARGOS. OMISSÃO E OBSCURIDADE. EFEITOS INFRINGENTES. Deve ser acolhido o Embargo que aponta omissão e obscuridade, e que leva à necessidade de apreciar preliminar e matéria de mérito que implica em revisão da decisão recorrida. IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente. Recurso Voluntário não provido. Direito creditório não reconhecido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 15892.000071/2010-62
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5633122
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.212
nome_arquivo_s : Decisao_15892000071201062.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : Relator Eloy Eros da Silva Nogueira
nome_arquivo_pdf_s : 15892000071201062_5633122.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, com efeitos infringentes, nos seguintes termos: a) por maioria, para reconhecer a tempestividade do recurso voluntário, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; e, b) por unanimidade, para negar provimento ao recurso voluntário, em razão da inexistência de saldos credores de períodos anteriores. Robson José Bayerl - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, Fenelon Moscoso de Almeida, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6491654
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688081764352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2341; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15892.000071/201062 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3401003.212 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de agosto de 2016 Matéria COFINS Embargante CONSELHEIRO Interessado COSAN S/A INDUSTRIA E COMÉRCIO E FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 EMBARGOS. OMISSÃO E OBSCURIDADE. EFEITOS INFRINGENTES. Deve ser acolhido o Embargo que aponta omissão e obscuridade, e que leva à necessidade de apreciar preliminar e matéria de mérito que implica em revisão da decisão recorrida. IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente. Recurso Voluntário não provido. Direito creditório não reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, com efeitos infringentes, nos seguintes termos: a) por maioria, para reconhecer a tempestividade do recurso voluntário, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; e, b) por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 89 2. 00 00 71 /2 01 0- 62Fl. 373DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 2 unanimidade, para negar provimento ao recurso voluntário, em razão da inexistência de saldos credores de períodos anteriores. Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, Fenelon Moscoso de Almeida, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente de Embargos ingressados nos termos do artigo 65 do RICARF em vigor, face o Acórdão n. 3401003.068 proferido por esta turma na sessão de 26 de fevereiro de 2016, cuja Ementa ficou assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo, entendese que produção de bens não se restringe ao conceito de fabricação ou de industrialização; e que insumos utilizados na fabricação ou na produção de bens destinados a venda não se restringe apenas às matérias primas, aos produtos intermediários, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas alcança os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Os serviços diretamente utilizados no processo de produção dos bens dão direito ao creditamento do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo incidente em suas aquisições. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. A aquisição de combustíveis gera direito a crédito quando utilizado como insumo no processo de produção dos bens vendidos e que geraram receita tributável. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 15892.000071/201062 Acórdão n.º 3401003.212 S3C4T1 Fl. 3 3 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. RENÚNCIA FISCAL. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. DESPESAS COM ALUGUEL DE PROPRIEDADE RURAL. Não há como reconhecer o direito à apuração de créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo em relação as despesas de aluguel de propriedade rural, por falta de expressa autorização em Lei. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. Em relação as despesas de exportação, apenas as despesas de frete do produto destinado à venda, ou de armazenagem, geram direito ao crédito do Cofins ou do Pis não cumulativo. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO LEGAL. O direito de utilizar o crédito do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim especifico de exportação, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. APROVEITAMENTO. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. Apenas os créditos do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa apurados, respectivamente, na forma do art. 3º da Lei n. 10.627/2002 e do art. 3º da Lei n.º 10.833/2003 podem ser objetos de aproveitamento para fins de compensação ou ressarcimento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Regra geral, considerase definitiva, na esfera administrativa, a exigência relativa matéria que não tenha sido expressamente contestada no recurso. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas no recurso devem vir acompanhadas das provas correspondentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado dar parcial provimento ao recurso, nos seguintes termos: i) Despesas e custos relacionados às oficinas por unanimidade de votos, parcial provimento, nos termos do voto do relator; ii) Despesas relacionadas diretamente ao preparo da cana de açúcar para se tornar insumo na produção do álcool e do açúcar por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iii) Despesas relacionadas a armazenamento por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iv) Despesas de materiais elétricos e de materiais de construção usados na área agrícola por unanimidade de votos, negouse provimento, nos termos do voto; v) Despesas e custos com serviços de manutenção (i) das oficinas e (ii) dos armazéns pagos a pessoas jurídicas por maioria de votos, deuse parcial Fl. 375DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 4 provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl, que dava provimento em menor extensão; vi) Comissões e corretagens e gastos em venda e comercialização, pagas a pessoas jurídicas por unanimidade de votos, negouse provimento; vii) Despesas de transporte pagos a PJ Por maioria de votos, deuse provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; viii) Despesas com aluguel de veículos por unanimidade, negouse provimento; ix) Despesas com aluguel e arrendamento rural PF e PJ por maioria de votos, deuse parcial provimento para os valores pagos a pessoas jurídicas, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan e Robson José Bayerl, designado o Conselheiro Augusto Fiel Jorge d'Oliveira para redigir o voto vencedor; x) Despesas portuárias, despesas com armazenagem e despesas com documentação e estadias, nas operações de exportação por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso; xi) Despesas de exportação pela proporcionalidade das receitas de exportação por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. O recurso alega que houve omissão e/ou obscuridade com relação ás seguintes matérias: (a) sobre a tempestividade do recurso; (b) direito ao ressarcimento pelo suposto saldo credor residual dos processos originários 13888.001431/200510, 13888.001886/200535 e 13888.002068/200550; (c) glosa dos gastos com combustíveis usados no transporte. É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. Este processo cuida de pedido de ressarcimento da contribuição social e das Declarações de Compensação a ele vinculadas, por meio dos quais a contribuinte requer, primeiramente, reconhecimento de créditos da contribuição social em comento, do regime não cumulativo (PIS ou COFINS mercado externo nos termos do art. 3o da Lei n. 10.627/2002 e Lei n° 10.833/2003). A contribuinte alega possuir créditos no período de apuração, referentes a custos, despesas e encargos vinculados às receitas decorrentes das operações de exportação de mercadorias para o exterior. A auditoria fiscal propôs glosas, confirmadas pela autoridade administrativa no Despacho Decisório, que, somadas, reduziram o pretendido e solicitado pelo contribuinte DISPONÍVEL para as compensações. E concluíram não existir saldo disponível para o ressarcimento tratado neste processo. Após apreciar a manifestação de inconformidade, os Julgadores de 1º piso não acolheram as alegações da contribuinte e mantiveram as glosas fiscais. Este colegiado apreciou o recurso voluntário e, na sessão de 26 de janeiro de 2016, decidiu darlhe parcial provimento. Senhores Conselheiros, proponho que analisemos separadamente cada uma das matérias questionadas nos Embargos, e dessa maneira verifiquemos a existência da omissão ou da obscuridade aventada e, se admitida, passemos à apreciação do mérito. Creio Fl. 376DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 15892.000071/201062 Acórdão n.º 3401003.212 S3C4T1 Fl. 4 5 que nesse andar, conjugando a decisão de admissão do recurso com a decisão de mérito da matéria, ganharemos em eficiência e objetividade. 1ª Matéria: sobre a tempestividade do recurso. O Acórdão deixou de registrar a apreciação do Colegiado a respeito das razões propostas pelo Conselheiro relator para que se admita como tempestivo o recurso. Vejamos: Sobre os requisitos de admissibilidade. O Acórdão de 1º piso foi proferido na sessão de 27/01/2012 e anexado aos autos em 24/02/2012 (fls. 135150). Verifico que o processo foi encaminhado da Delegacia da RFB em Bauru para a DERAT em São Paulo em 07/03/2012 (fls. 151), em função da mudança de jurisdição da contribuinte. E que a contribuinte solicitou cópia do processo em 01/06/2012, e a recebeu em 19/06/2012 tomando ciência dos autos nessa data (fls. 175232, em Piracicaba). Ademais, constato que a contribuinte foi intimada pela DERAT em 04/07/2012 (Intimação n. 2106/2012, às fls. 152) com ciência em 16/07/2012 (AR às fls. 153) do Acórdão da DRj e do prazo para recorrer. A contribuinte novamente solicitou cópia do processo em 26/07/2012, recebendoa em 08/08/2012 (fls. 155172). A contribuinte apresentou seu recurso voluntário em 09/08/2012 no CAC da DERAT em São Paulo SP. Tendo a Receita Federal intimado a contribuinte do Acórdão da DRJ, apesar do contribuinte já dele ter tomado ciência ao obter cópia do processo e dessa decisão, entendo que a data da sua segunda ciência deve prevalecer sobre a primeira e que há reabertura do prazo para recurso. O recurso voluntário foi apresentado antes do decurso dos trinta dias contados a partir da segunda ciência. Sendo assim, concluo e proponho que seja considerado tempestivo esse recurso. Foram atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Proponho a este Colegiado seja admitido o Embargo e seja esta matéria submetida a julgamento, para que fique registrada no Acórdão recorrido a decisão a seu respeito, para considerar tempestivo o recurso voluntário. 2ª Matéria: direito ao ressarcimento pelo suposto saldo credor residual dos processos originários 13888.001431/200510, 13888.001886/200535 e 13888.002068/200550. Fl. 377DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 6 O Acórdão recorrido deixou de por em relevo que este processo tinha uma relação de dependência direta com três outros processos, que lhe são anteriores, e dos quais ele pretenderia aproveitar eventual saldo credor residual. O relatório do voto condutor trazia as seguintes explicações: Relatório: Este processo se refere a Pedido de Ressarcimento (PER n.º21180.37503.180110.1.1.092262) de créditos da contribuição para a Cofins do período de todo o 2° trimestre de 2005, no valor de R$ 647.375,06 Este valor é o resultado do saldo do crédito apurado no período R$ 8.241.563,07 deduzido do valor utilizado no pagamento da Cofins do próprio período (R$ 763.377,98) e deduzido do valor já utilizado em declarações de compensações via PER/DCOMP (R$ 6.830.810,03fls. 02). Procurando demonstrar como o contribuinte justifica o cálculo do valor pleiteado: Quadro: crédito exportação x parcela deduzida x parcelas compensadas = saldo para ressarcir abril 2005 maio 2005 junho 2005 total Crédito de COFINS exportação 2.174.819,63 2.368.810,95 3.697.932,49 8.241.563,07 Parcela usada para deduzir a COFINS 269.186,49 109.430,29 384.761,20 763.377,98 Parcela usada para compensar via PERDCOMP 1.693.856,52 2.012.860,39 3.124.093,12 6.830.810,03 Saldo de crédito para ser ressarcido 0,00 0,00 0,00 647.375,06 Os valores desses créditos foram solicitados em diferentes processos administrativos e a cada um deles foram vinculados vários pedidos de compensação para aproveitar esses créditos, conforme indicados no quadro a seguir: Quadro: Processos administrativos com pedidos de reconhecimento de créditos e valores de compensação cujos pedidos PERDCOMP foram respectivamente vinculados: abril 2005 maio 2005 junho 2005 total 13888.001596/200591 955.169,83 955.169,83 13888.001431/200510 738.686,69 738.686,69 13888.002291/200510 343.783,84 343.783,84 13888.001926/200549 1.508.892,78 1.508.892,78 13888.001886/200535 160.183,77 160.183,77 13888.003087/200501 886.459,71 886.459,71 13888.002818/200593 968.336,,02 968.336,,02 13888.002577/200582 606.159,84 606.159,84 13888.002378/200574 97.252,40 97.252,40 13888.002292/200541 2.938,97 2.938,97 13888.002068/200550 562.946,18 562.946,18 TOTAL 1.693.856,52 2.012.860,39 3.124.093,12 6.830.810,03 Fl. 378DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 15892.000071/201062 Acórdão n.º 3401003.212 S3C4T1 Fl. 5 7 Na sessão em que se apreciou este processo, foram analisados as razões arguidas no recurso voluntário para discutir as glosas fiscais, que haviam reduzido o saldo pretendido pela contribuinte em sua petição originária. Ocorre que, nessa ocasião, deixou o Colegiado de apreciar as considerações do Conselheiro relator sobre a relação de dependência deste processo com aqueles a partir dos quais se demonstraria o saldo credor, e, ainda, o direito da contribuinte a esse ressarcimento. O Conselheiro relator teria exposto, na oportunidade, in verbis: Sobre o mérito do pedido de ressarcimento, com relação ao saldo de crédito no 2º trimestre de 2005: Como vimos, este processo tem como objeto o pedido de ressarcimento de saldo de créditos de COFINS exportação ao final do 2º trimestre de 2005. Esse saldo seria o resultado, após se apurar os créditos de COFINS Exportação nos meses de abril maio e junho de 2005, da subtração dos valores usados como dedução da contribuição devida em cada um desses meses, e da subtração dos valores usados em pedidos de compensação. Os créditos de COFINS exportação estão sendo tratados pelos processos indicados a seguir: Período de apuração N. do processo Objeto do processo e processos vinculados Situação do processo abril de 2005 13888.001431/200510 pedido de reconhecimento de crédito COFINS Exportação; PERD/COMPs pedidos de compensação vinculados; 13888.001596/200591 aguardando apreciação de Recurso Especial da PFN pela CSRF. aguardando ciência do acórdão pelo contribuinte. maio de 2005 13888.001886/200535 pedido de reconhecimento de crédito COFINS Exportação; PERD/COMPs pedidos de compensação vinculados; 13888.002291/200505, 13888.001926/200549 aguardando apreciação de Recurso Voluntário pela 1ª TO da 4ª Câmara da 3ª Seção. junho de 2005 13888.002068/200550 pedido de reconhecimento de crédito COFINS Exportação; PERD/COMPs pedidos de compensação vinculados; 13888.003087/200501, 13888.002818/200593, 13888.002577/200582, 13888.002378/200574, 13888.002292/200541. decisão da autoridade administrativa é definitiva., pois contribuinte perdeu o prazo para recorrer. Fl. 379DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 8 Com relação aos processos administrativos referentes ao crédito de COFINS Exportação de junho de 2005, a autoridade de jurisdição iniciou os procedimentos para a exigência dos valores devidos pelas compensações não homologadas. A contribuinte ingressou em juízo (em 10/08/2010) com a ação ordinária n.º 000661022.2010.403.6108. A sentença proferida este ano (16/03/2015) nos autos foi desfavorável à pretensão da contribuinte. Ela apelou ao Eg. Tribunal Regional Federal. Com relação aos demais períodos de apuração e respectivos processos administrativos, eles aguardam a conclusão do contraditório na esfera administrativa. Mas essa conclusão, a meu sentir, não conseguirá estabelecer os valores de crédito pleiteados pela contribuinte, de modo a gerar o saldo de crédito para o ressarcimento pedido neste processo. No processo 13888.002068/200550, o crédito de COFINS exportação do mês de junho é insuficiente para as compensações (PER/DCOMP) vinculadas, logo não há qualquer saldo residual a ser ressarcido. No processo 13888.001431/200510, o crédito de COFINS exportação do mês de abril de 2005 é insuficiente para as compensações (PER/DCOMP) vinculadas, logo não há qualquer saldo residual a ser ressarcido. E é necessário recordar que seria necessário que a apreciação do Recurso Especial da PFN pela CSRF aumentasse o crédito, de modo a beneficiar a contribuinte, mas, creio que seria pouco provável que esse eventual aumento chegaria a alterar o quadro até aqui obtido. No processo 13888.001886/200535, cujo recurso voluntário foi apreciado nesta sessão e foi dado provimento parcial, o crédito de COFINS exportação do mês de maio de 2005 é insuficiente para as compensações (PER/DCOMP) vinculadas, logo não há qualquer saldo residual a ser ressarcido. Não há saldo residual no 2º trimestre de créditos de Cofins Exportação passível de ressarcimento. Portanto, proponho a este colegiado não dar provimento ao recurso voluntário. A apreciação das razões das glosas fiscais foi necessária, tendo em vista as alegações brandidas pela contribuinte em seu recurso voluntário e o teor do julgado de 1º instância. Mas essa apreciação pelo Colegiado não resolve a questão objeto desta matéria omitida. E a sua submissão ao Colegiado pode alterar o resultado daquele julgamento, resultado que me parece necessário, como explicado acima. Como se vê, esta é matéria relevante que compunha o contraditório, cuja omissão não pode ser aceita. Por essas razões, proponho que os Embargos sejam acolhidos para sanear a omissão e, no mérito, a decisão obtenha efeitos infringentes, e negue provimento ao recurso voluntário. 3ª Matéria: glosa dos gastos com combustíveis usados no transporte. A autoridade fiscal firmou seu entendimento de que insumo, utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda, compreende “a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam, incluídos no Fl. 380DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 15892.000071/201062 Acórdão n.º 3401003.212 S3C4T1 Fl. 6 9 ativo imobilizado (IN 404/04, art. 8o, § 4o c/c § 9o)”. Além desse entendimento, adotado como critério para a glosa, a autoridade fiscal glosou também as despesas relacionados a centros de custos que não estavam diretamente vinculados á produção e fabricação dos produtos vendidos. Nesse conjunto, estavam os gastos com combustíveis usados no transporte. A contribuinte trouxe ao contraditório as razões por que defende a legalidade e correção dos créditos apurados a partir desses gastos. Em resumo: sobre as despesas com combustíveis que os combustíveis foram adquiridos para o transporte do produto para exportação e que são indispensáveis à atividade agroindustrial. Argumenta que não há como se negar que a atividade agroindustrial integrada demanda grandes espaços, e, por isso mesmo, uma movimentação muito grande de máquinas e veículos, seja na colheita e nos transporte de matériaprima dos fundos agrícolas para a indústria, seja no transporte de máquinas, equipamentos e, sobretudo, adubos e produtos químicos aos diversos fundos agrícolas onde são aplicados. Sem mencionar o transporte da mão de obra que é indispensável em todo o processo de plantio, tratos culturais, colheita e industrialização. Em decorrência da necessidade de constante vigilância das lavouras, em todo o seu estágio, são necessárias diligências diárias aos diversos fundos agrícolas por agrimensores, agrônomos e demais empregados qualificados para a finalidade de tratar da cultura. E que todo esse transporte se faz em sua grande parte por meio de veículos próprios e de terceiros movidos à gasolina ou álcool ou, na hipótese de ônibus, óleo diesel. Sem combustível, portanto, não há como se conceber o plantio, os tratos culturais, a colheita, o transporte e, por fim, a industrialização da canadeaçúcar. ... resta patente que os combustíveis se consubstanciam em verdadeiro insumo de produção intrinsecamente ligados ao processo agroindustrial e, conseqüentemente, à atividade da Recorrente. Os julgadores de 1ºpiso, sobre combustíveis utilizados no transporte, decidiram que a legislação equiparou os combustíveis aos demais bens considerados como insumos, desde que aqueles também sejam utilizados diretamente no processo produtivo, de fabricação do açúcar e do álcool destinado à venda. Portanto, em seu entendimento, não haveria que se falar em creditamento na aquisição de combustíveis utilizados no transporte da produção para a exportação ou mesmo da mãodeobra utilizada no processo agrícola, como pleiteou expressamente a recorrente. A aquisição de combustíveis geraria direito a crédito apenas quando utilizado como insumo na fabricação dos bens destinados à venda. No caso, não aceitaram as alegações da contribuinte. Essa matéria foi contraditada novamente pela contribuinte, vindo para julgamento da 2ª instância. No voto do Conselheiro relator constaram as seguintes considerações e decisões a respeito dessa matéria: Fl. 381DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 10 Sobre as despesas e custos relacionados às oficinas (a) Depreendo, portanto, que as despesas com combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas de serviços de limpeza operativa, de serviços auxiliares, de serviços elétricos, de caldeiraria e de serviços mecânicos e automotivos para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da canadeaçúcar, ou seja, sua semeadura, colheita e transporte até a usina onde será fabricado o açúcar, atendem ao critério para caracterização como insumos. (b) CONTUDO, as despesas relacionadas aos centros de custos: "Diretoria Industrial/Administração planejamento", "Manutenção Conservação Civil" e "brigada de incêndio", "Central de ar condicionado", "Serviços Auxiliares", Funcionários afastados industrial, incentivo vale transporte industrial , não têm demonstradas pela recorrente a sua característica de insumo e a sua vinculação com o processo de produção propriamente dito e com os produtos vendidos. Por falta de comprovação e previsão legal, entendo que as glosas devem ser mantidas. Proponho dar PARCIAL provimento ao recurso neste item. (GRIFOS ACRESCIDOS) Sobre as despesas relacionadas diretamente ao preparo da cana de açúcar para se tornar insumo na produção do álcool e do açúcar Com a mesma razão anteriormente exposta, entendo que atendem aos critério para caracterização como insumo as despesas e custos com combustíveis, consumo de água e materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor de sacarose; lavagens de cana/ residuais; mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado. Proponho dar provimento ao recurso neste item. (GRIFOS ACRESCIDOS) Como se vê, o voto tratou da matéria, propondo provimento ao recurso quanto a este ítem. Contudo, no desdobrar da sessão, faltou a apreciação dos Conselheiros sobre a seguinte parte do voto do relator, com considerações e proposição diretamente vinculadas a essa matéria. Vejamos: Glosa das despesas de transporte pagos a PJ e dos gastos relacionados a transportes a autoridade fiscal e os julgadores a quo decidiram que essas despesas não podem ser consideradas insumo e não podem gerar credito na apuração da contribuição em questão. Consultei os documentos que instruem este processo, as planilhas demonstrando a apuração das receitas, as despesas e os centros de custos e, nelas, vejo dois tipos de categorias de serviços de transporte: Fl. 382DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 15892.000071/201062 Acórdão n.º 3401003.212 S3C4T1 Fl. 7 11 1º) as que se referem a transporte de empregados e de mão de obra no contexto do cultivo e colheita da cana de açúcar, transporte aéreo para aplicação de produtos na área cultivada, transporte de resíduos, transportes nas atividades de colheita e na fase de tratamento da cana e dos subprodutos da cana, antes da obtenção do produto final (açúcar ou alcool); 2º) as que se referem a transporte de produtos acabados e os serviços de transporte que não se relacionam diretamente com as atividades de cultivo, colheita e tratamento da cana de açúcar e de seus subprodutos, antes da obtenção do produto final açúcar ou alcool. Nesse ponto, entendo que razão assiste à recorrente quando se trata da primeira categoria acima, de gastos e custos agrícolas, pois elas se referem a serviços e insumos necessários ao processo de produção da cana e seus derivados, e também transporte de pessoal no âmbito das colheitas, e, a meu ver, guardam relação direta com a produção de cana de açúcar. Mas entendo que razão não lhe assiste quanto ao segundo grupo de despesas acima indicado, pois não guardam relação direta com o processo de produção da cana, de seus derivados, e também com a fabricação de açúcar e alcool. Entendo que a glosa deve ser mantida para essa segunda categoria, pois não se trata de insumo necessário tendo em vista as especificidades do processo da colheita de cana de açúcar, nem se enquadram na previsão para obtenção de créditos a partir de despesas de transporte. Proponho dar PARCIAL provimento ao recurso neste aspecto. A meu ver, o texto do Acórdão recorrido traz obscuridade que deve ser sanada, para que fique expresso e julgado o entendimento do relator de que os gastos com combustíveis usados no transporte podem gerar crédito nos termos que constam do voto, o que justificaria dar parcial provimento ao recurso voluntário neste item. Por essas razões, proponho seja admitido, conhecido e apreciado este Embargo, e no mérito passe a constar do Acórdão recorrido o entendimento do relator que seria favorável ao provimento do recurso neste item. CONCLUSÃO FINAL Seja acolhido o Embargo para não dar provimento ao recurso voluntário, tendo em vista inexistir saldo residual credor obtido a partir dos processos listados na 1ª matéria tratada acima antecedentes deste processo. Que essa decisão altere o que consta Fl. 383DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 12 como dispositivo conclusivo do Acórdão recorrido, com efeitos infringentes, cuja Ementa passa ser totalmente substituída pela seguinte: IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente. Recurso Voluntário não provido. Direito creditório não reconhecido. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 384DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 15956.720369/2013-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008, 01/01/2009 a 30/04/2009, 31/07/2009 a 31/12/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolando-se em definitiva a decisão de piso exarada.
Recurso voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3401-003.201
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em face de sua intempestividade.
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008, 01/01/2009 a 30/04/2009, 31/07/2009 a 31/12/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolando-se em definitiva a decisão de piso exarada. Recurso voluntário não conhecido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 15956.720369/2013-43
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5633129
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.201
nome_arquivo_s : Decisao_15956720369201343.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 15956720369201343_5633129.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em face de sua intempestividade. Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6491697
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048689582276608
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1718; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 10 1 9 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15956.720369/201343 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.201 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de agosto de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Recorrente SMAR EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008, 01/01/2009 a 30/04/2009, 31/07/2009 a 31/12/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolandose em definitiva a decisão de piso exarada. Recurso voluntário não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em face de sua intempestividade. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 72 03 69 /2 01 3- 43Fl. 45122DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 2 Cuida o presente processo de exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, decorrente do aproveitamento de créditos relativos a notas fiscais “frias”, emitidas por empresas de fachada., tudo devidamente comprovado nos autos. Em impugnação o contribuinte alegou vícios formais no processo que inviabilizaram sua defesa; que seria adquirente de boafé, não podendo ser penalizado por irregularidades de seus fornecedores; que os atos declaratórios de inidoneidade não poderiam produzir efeitos retroativos; que haveria necessidade de realização de perícia técnica; e, que, tendo ocorrido o destaque do imposto nas notas de aquisição, faria jus ao seu aproveitamento, em razão do princípio constitucional da não cumulatividade. A DRJ Ribeirão Preto/SP negou provimento ao recurso em decisão assim ementada: “GLOSA DE CRÉDITO. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. Glosamse os créditos do imposto escriturados nos livros fiscais e alusivos a documentos fiscais reputados como tributariamente ineficazes. DOCUMENTAÇÃO INIDÔNEA. TERCEIRO INTERESSADO. EFEITOS TRIBUTÁRIOS. Somente por meio da apresentação da comprovação cumulativa da entrada de bens no recinto industrial e do efetivo pagamento pelas aquisições, pode o terceiro interessado elidir a ineficácia jurídicotributária da documentação reputada como inidônea. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Inexiste nulidade por cerceamento do direito de defesa se o auto de infração ostentar os requisitos legais e a fundamentação do feito for suficiente em todos os aspectos. PRODUÇÃO PROBATÓRIA. INDÍCIOS. Todos os meios de prova legais e moralmente legítimos são hábeis a fazer prova dos fatos que consubstanciam a imputação, notadamente as provas indiretas (indícios) que se revelam copiosas e convergentes. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Indeferese o pedido de perícia, ainda que presentes os requisitos legais cumulativos, se os elementos existentes na peça acusativa forem suficientes para o convencimento da autoridade julgadora.” O recurso voluntário reprisou os argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator Examinando os elementos componentes dos autos constato que a ciência da decisão de primeiro grau efetuouse por via eletrônica, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, verbis Fl. 45123DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 15956.720369/201343 Acórdão n.º 3401003.201 S3C4T1 Fl. 11 3 “Art. 23. Farseá a intimação: (...) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) § 2° Considerase feita a intimação: (...) III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 12.844, de 2013)” Em 21/01/2015, às 13:49:37 hs., foi endereçada mensagem ao Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) do sujeito passivo contendo a intimação de resultado de julgamento e o acórdão de impugnação, consoante Termo de Registro de Mensagem de Ato Oficial na Caixa Postal DTE (fl. 45.092). Na mesma data, dia 21/01/2015, às 14:55 hs., ocorreu a ciência da mensagem e dos documentos relacionados, de acordo com Termo de Abertura de Documento (fl. 45.093), tendo o contribuinte interposto o recurso voluntário, por via postal, apenas em 26/02/2015 (fl. 45.115), com protocolo na DRF Ribeirão Preto/SP em 02/03/2015, de maneira que o fez extemporaneamente, ao passo que prazo recursal esgotouse em em 20/02/2015. Nesta senda, inobservado o prazo estipulado pelo art. 33 do já referido Decreto nº 70.235/72, resta indiscutível a intempestividade da peça manobrada, que não preencheu os requisitos de admissibilidade necessários ao seu conhecimento. Pelo exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário apresentado. Robson José Bayerl Fl. 45124DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 4 Fl. 45125DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 13888.001589/2005-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004
CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO.
Para efeitos de apuração dos créditos do PIS - não cumulativo e da COFINS - não cumulativo, entende-se que produção de bens não se restringe ao conceito de fabricação ou de industrialização; e que insumos utilizados na fabricação ou na produção de bens destinados a venda não se restringe apenas às matérias primas, aos produtos intermediários, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas alcança os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado.
CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO.
Os serviços diretamente utilizados no processo de produção dos bens dão direito ao creditamento do PIS - não cumulativo e da COFINS - não cumulativo incidente em suas aquisições.
CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS.
A aquisição de combustíveis gera direito a crédito quando utilizado como insumo no processo de produção dos bens vendidos e que geraram receita tributável.
CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. INTERPRETAÇÃO COMPREENSIVA. DESPESAS COM ALUGUEL DE PROPRIEDADE RURAL.
O arrendamento de um prédio, assim considerado uma construção (coisa acessória), não se dá de forma independente e autônoma, mas pressupõe o arrendamento de uma construção (coisa acessória) mais o bem imóvel sobre o qual a mesma foi erigida (coisa principal). Logo, se é lícito ao contribuinte descontar créditos com relação ao arrendamento de um todo que compreende o acessório mais o principal, acredito que não existem razões para se vedar o desconto de créditos quando se tratar de arrendamento de um bem imóvel sem acessão - coisa principal, que é parte do todo. Por isso, não há como deixar de reconhecer o direito à apuração de créditos do PIS - não cumulativo e da COFINS não cumulativo em relação as despesas de aluguel de propriedade rural.
CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO.
Em relação as despesas de exportação, apenas as despesas de frete do produto destinado à venda, ou de armazenagem, geram direito ao crédito do Cofins ou do Pis - não cumulativo.
CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO LEGAL.
O direito de utilizar o crédito do PIS não cumulativo e da Cofins - não cumulativa não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim especifico de exportação, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação.
CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. APROVEITAMENTO. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO.
Apenas os créditos do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa apurados, respectivamente, na forma do art. 3º da Lei n. 10.627/2002 e do art. 3º da Lei n.º 10.833/2003 podem ser objetos de aproveitamento para fins de compensação ou ressarcimento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MATÉRIA NÃO CONTESTADA.
Regra geral, considera-se definitiva, na esfera administrativa, a exigência relativa matéria que não tenha sido expressamente contestada no recurso.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
As alegações apresentadas no recurso devem vir acompanhadas das provas correspondentes.
Numero da decisão: 3401-003.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado dar parcial provimento ao recurso, nos seguintes termos: i) Despesas e custos relacionados às oficinas - por unanimidade de votos, parcial provimento, nos termos do voto do relator; ii) Despesas relacionadas diretamente ao preparo da cana de açúcar para se tornar insumo na produção do álcool e do açúcar - por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iii) Despesas relacionadas a armazenamento - por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iv) Despesas de materiais elétricos e de materiais de construção das conta contábeis da área agrícola - por unanimidade de votos, negou-se provimento, nos termos do voto; v) Despesas e custos com serviços de manutenção (i) das oficinas e (ii) dos armazéns pagos a pessoas jurídicas - por maioria de votos, deu-se parcial provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl, que dava provimento em menor extensão; vi) Comissões e corretagens e gastos em venda e comercialização, pagas a pessoas jurídicas - por unanimidade de votos, negou-se provimento; vii) Despesas de transporte pagos a PJ - Por maioria de votos, deu-se provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; viii) Despesas com aluguel de veículos - por unanimidade, negou-se provimento; ix) Despesas com aluguel e arrendamento rural PF e PJ - por maioria de votos, deu-se parcial provimento para os valores pagos a pessoas jurídicas, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan e Robson José Bayerl, designado o Conselheiro Augusto Fiel Jorge d'Oliveira para redigir o voto vencedor; x) Despesas portuárias, despesas com armazenagem e despesas com documentação e estadias, nas operações de exportação - por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso; xi) Despesas de exportação pela proporcionalidade das receitas de exportação - por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Augusto Fiel Jorge d'Oliveira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: Relator
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos do PIS - não cumulativo e da COFINS - não cumulativo, entende-se que produção de bens não se restringe ao conceito de fabricação ou de industrialização; e que insumos utilizados na fabricação ou na produção de bens destinados a venda não se restringe apenas às matérias primas, aos produtos intermediários, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas alcança os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Os serviços diretamente utilizados no processo de produção dos bens dão direito ao creditamento do PIS - não cumulativo e da COFINS - não cumulativo incidente em suas aquisições. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. A aquisição de combustíveis gera direito a crédito quando utilizado como insumo no processo de produção dos bens vendidos e que geraram receita tributável. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. INTERPRETAÇÃO COMPREENSIVA. DESPESAS COM ALUGUEL DE PROPRIEDADE RURAL. O arrendamento de um prédio, assim considerado uma construção (coisa acessória), não se dá de forma independente e autônoma, mas pressupõe o arrendamento de uma construção (coisa acessória) mais o bem imóvel sobre o qual a mesma foi erigida (coisa principal). Logo, se é lícito ao contribuinte descontar créditos com relação ao arrendamento de um todo que compreende o acessório mais o principal, acredito que não existem razões para se vedar o desconto de créditos quando se tratar de arrendamento de um bem imóvel sem acessão - coisa principal, que é parte do todo. Por isso, não há como deixar de reconhecer o direito à apuração de créditos do PIS - não cumulativo e da COFINS não cumulativo em relação as despesas de aluguel de propriedade rural. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. Em relação as despesas de exportação, apenas as despesas de frete do produto destinado à venda, ou de armazenagem, geram direito ao crédito do Cofins ou do Pis - não cumulativo. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO LEGAL. O direito de utilizar o crédito do PIS não cumulativo e da Cofins - não cumulativa não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim especifico de exportação, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. APROVEITAMENTO. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. Apenas os créditos do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa apurados, respectivamente, na forma do art. 3º da Lei n. 10.627/2002 e do art. 3º da Lei n.º 10.833/2003 podem ser objetos de aproveitamento para fins de compensação ou ressarcimento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Regra geral, considera-se definitiva, na esfera administrativa, a exigência relativa matéria que não tenha sido expressamente contestada no recurso. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas no recurso devem vir acompanhadas das provas correspondentes.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13888.001589/2005-90
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5633116
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.065
nome_arquivo_s : Decisao_13888001589200590.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : Relator
nome_arquivo_pdf_s : 13888001589200590_5633116.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado dar parcial provimento ao recurso, nos seguintes termos: i) Despesas e custos relacionados às oficinas - por unanimidade de votos, parcial provimento, nos termos do voto do relator; ii) Despesas relacionadas diretamente ao preparo da cana de açúcar para se tornar insumo na produção do álcool e do açúcar - por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iii) Despesas relacionadas a armazenamento - por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iv) Despesas de materiais elétricos e de materiais de construção das conta contábeis da área agrícola - por unanimidade de votos, negou-se provimento, nos termos do voto; v) Despesas e custos com serviços de manutenção (i) das oficinas e (ii) dos armazéns pagos a pessoas jurídicas - por maioria de votos, deu-se parcial provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl, que dava provimento em menor extensão; vi) Comissões e corretagens e gastos em venda e comercialização, pagas a pessoas jurídicas - por unanimidade de votos, negou-se provimento; vii) Despesas de transporte pagos a PJ - Por maioria de votos, deu-se provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; viii) Despesas com aluguel de veículos - por unanimidade, negou-se provimento; ix) Despesas com aluguel e arrendamento rural PF e PJ - por maioria de votos, deu-se parcial provimento para os valores pagos a pessoas jurídicas, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan e Robson José Bayerl, designado o Conselheiro Augusto Fiel Jorge d'Oliveira para redigir o voto vencedor; x) Despesas portuárias, despesas com armazenagem e despesas com documentação e estadias, nas operações de exportação - por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso; xi) Despesas de exportação pela proporcionalidade das receitas de exportação - por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso. Robson José Bayerl - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator. Augusto Fiel Jorge d'Oliveira - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
id : 6491642
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690153750528
conteudo_txt : Metadados => date: 2016-04-06T00:05:42Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2016-04-06T00:05:42Z; Last-Modified: 2016-04-06T00:05:42Z; dcterms:modified: 2016-04-06T00:05:42Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:4d1a7055-92cd-423a-bfe1-671870d38e58; Last-Save-Date: 2016-04-06T00:05:42Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2016-04-06T00:05:42Z; meta:save-date: 2016-04-06T00:05:42Z; pdf:encrypted: true; modified: 2016-04-06T00:05:42Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2016-04-06T00:05:42Z; created: 2016-04-06T00:05:42Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; Creation-Date: 2016-04-06T00:05:42Z; pdf:charsPerPage: 2397; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-04-06T00:05:42Z | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.001589/200590 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.065 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2016 Matéria PIS Recorrente COSAN S/A INDUSTRIA E COMERCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo, entendese que produção de bens não se restringe ao conceito de fabricação ou de industrialização; e que insumos utilizados na fabricação ou na produção de bens destinados a venda não se restringe apenas às matérias primas, aos produtos intermediários, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas alcança os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Os serviços diretamente utilizados no processo de produção dos bens dão direito ao creditamento do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo incidente em suas aquisições. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. A aquisição de combustíveis gera direito a crédito quando utilizado como insumo no processo de produção dos bens vendidos e que geraram receita tributável. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INTERPRETAÇÃO COMPREENSIVA. DESPESAS COM ALUGUEL DE PROPRIEDADE RURAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 15 89 /2 00 5- 90 Fl. 223DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 2 O arrendamento de um prédio, assim considerado uma construção (coisa acessória), não se dá de forma independente e autônoma, mas pressupõe o arrendamento de uma construção (coisa acessória) mais o bem imóvel sobre o qual a mesma foi erigida (coisa principal). Logo, se é lícito ao contribuinte descontar créditos com relação ao arrendamento de um todo que compreende o acessório mais o principal, acredito que não existem razões para se vedar o desconto de créditos quando se tratar de arrendamento de um bem imóvel sem acessão coisa principal, que é parte do todo. Por isso, não há como deixar de reconhecer o direito à apuração de créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo em relação as despesas de aluguel de propriedade rural. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. Em relação as despesas de exportação, apenas as despesas de frete do produto destinado à venda, ou de armazenagem, geram direito ao crédito do Cofins ou do Pis não cumulativo. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO LEGAL. O direito de utilizar o crédito do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim especifico de exportação, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. APROVEITAMENTO. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. Apenas os créditos do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa apurados, respectivamente, na forma do art. 3º da Lei n. 10.627/2002 e do art. 3º da Lei n.º 10.833/2003 podem ser objetos de aproveitamento para fins de compensação ou ressarcimento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Regra geral, considerase definitiva, na esfera administrativa, a exigência relativa matéria que não tenha sido expressamente contestada no recurso. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas no recurso devem vir acompanhadas das provas correspondentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado dar parcial provimento ao recurso, nos seguintes termos: i) Despesas e custos relacionados às oficinas por unanimidade de votos, parcial provimento, nos termos do voto do relator; ii) Despesas relacionadas diretamente ao preparo da cana de açúcar para se tornar insumo na produção do álcool e do açúcar por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iii) Despesas relacionadas a armazenamento por unanimidade de votos, provimento, nos termos do voto do relator; iv) Despesas de materiais elétricos e de materiais de construção das conta contábeis da área Fl. 224DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 3 3 agrícola por unanimidade de votos, negouse provimento, nos termos do voto; v) Despesas e custos com serviços de manutenção (i) das oficinas e (ii) dos armazéns pagos a pessoas jurídicas por maioria de votos, deuse parcial provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl, que dava provimento em menor extensão; vi) Comissões e corretagens e gastos em venda e comercialização, pagas a pessoas jurídicas por unanimidade de votos, negouse provimento; vii) Despesas de transporte pagos a PJ Por maioria de votos, deuse provimento, nos termos do voto, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; viii) Despesas com aluguel de veículos por unanimidade, negouse provimento; ix) Despesas com aluguel e arrendamento rural PF e PJ por maioria de votos, deuse parcial provimento para os valores pagos a pessoas jurídicas, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan e Robson José Bayerl, designado o Conselheiro Augusto Fiel Jorge d'Oliveira para redigir o voto vencedor; x) Despesas portuárias, despesas com armazenagem e despesas com documentação e estadias, nas operações de exportação por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso; xi) Despesas de exportação pela proporcionalidade das receitas de exportação por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Augusto Fiel Jorge d'Oliveira Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Este processo cuida das Declarações de Compensação por meio da qual requer, primeiramente, reconhecimento de créditos da contribuição para o PIS Mercado Externo, do regime não cumulativo, nos termos do art. 3o da Lei n. 10.627/2002 e Lei n° 10.833/2003. A contribuinte alega possuir créditos no valor de R$ 189.998,73, no período de apuração fevereiro de 2004, referentes a custos, despesas e encargos vinculados às receitas decorrentes das operações de exportação de mercadorias para o exterior. Nenhuma parcela do citado crédito foi utilizada para a dedução da própria contribuição apurada no período, como estabelece o art. 2° da citada Lei, restando, segundo a contribuinte, o valor de R$ 189.998,73 desse crédito para efetuar compensações com outros tributos de sua responsabilidade ou solicitar o ressarcimento ao final do período de apuração. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 4 A contribuinte requereu o aproveitamento desse valor restante de crédito, por meio de declarações de compensação (DCOMP), identificadas pelo Despacho Decisório DRF/PIRACICABA/SAORT n. 0162/2009, às fls. 108/112. A auditoria fiscal (Termo às fls. 98/104) propôs glosas, confirmadas pela autoridade administrativa no Despacho Decisório DRF PIRACICABA/SAORT n. 162/2009, que, somadas, resultaram em R$ 37.655,91 e reduziram o pretendido e solicitado pelo contribuinte para o valor de crédito reconhecido E DISPONÍVEL para as compensações para R$ 152.342,82. Foram as seguintes as glosas e respectivas justificativas constante dessa Informação Fiscal e do despacho decisório: (i) bens utilizados como insumos Entendese como insumo, utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda, a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam, incluídos no ativo imobilizado (IN 404/04, art. 8o, § 4o c/c § 9o). A autoridade fiscal admitiu que peças de reposição e serviços de manutenção em máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção e fabricação sejam considerados insumos. Mas há também despesas relacionados a centros de custos que foram glosadas porque não estão diretamente vinculados á produção e fabricação dos produtos vendidos. No caso dos armazéns e assemelhados, considerase armazenagem quando uma empresa contrata outra para que esta última preste esse tipo de serviço, com emissão de nota fiscal específica de armazenagem, em operação de vendas de mercadoria da primeira; além disso, as despesas glosadas não podem ser consideradas insumos pois não foram consumidos no processo de produção das mercadorias. (a) Centros de Custos rejeitados (valor de PIS ME glosado = R$ 145,18) são despesas (combustível, ferramentas operacionais, lubrificantes, materiais de manutenção, materiais utensílios, materiais elétricos) contabilizadas nos seguintes Centros de Custo: Oficina Mecânica e Manutenção Automotiva, Oficina Elétrica e Instrumentação. Observase que estes centros de custo não estão diretamente vinculados à produção e fabricação dos produtos vendidos, portanto as despesas neles registradas não foram aceitas na base de cálculo dos créditos. (b) Despesas rejeitadas nos centros de custos agrícolas com atividades de balança; destilaria; ensacamento; fermentação; geração de vapor e energia; laboratório; preparo, moagem e tratamento; e outras (glosa total de R$ 708,52) São despesas com combustíveis (de veículos, não de máquinas), ferramentas operacionais, materiais elétricos, que foram consideradas como não diretamente vinculadas à produção e fabricação dos produtos vendidos, portanto não foram aceitas na base de cálculo dos créditos. (c ) Despesas de armazém e tonéis rejeitadas (R$ 265,98) São despesas com consumo de água, materiais de manutenção e lubrificantes registradas nos centros de custo de Armazém de Açúcar, Tonéis de Álcool e Tonéis de Melaço; VALOR TOTAL DAS GLOSAS = R$ 1.119,68." (iiA) Serviços utilizados como insumo: (glosa total de R$ 301,83 = R$ 32,38 + 269,45). "São insumos os serviços prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no país, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação de produtos destinados à venda (IN SRF 404/04, art. 8o, § 4o c/c/ § 9o). Há também despesas relacionados a centros de custos que foram glosadas por que não estão diretamente vinculados á produção e fabricação dos produtos vendidos. Fl. 226DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 4 5 · Centro de Custo rejeitados são despesas contabilizadas nos seguintes Centros de Custo (valor total da glosa R$ 32,38): Oficina Mecânica e Manutenção Automotiva, Oficina Elétrica e Instrumentação. · Despesas de armazém e tonéis rejeitadas (valor total da glosa R$ 269,45) São despesas com mãodeobra contratada, mãodeobra de manutenção e serviços de máquinas registradas nos centros de custo de Armazém de Açúcar e Tonéis de Álcool. No caso dos armazéns e assemelhados, considerase armazenagem quando uma empresa contrata outra para que esta última preste esse tipo de serviço, com emissão de nota fiscal específica de armazenagem, em operação de vendas de mercadoria da primeira; além disso, as despesas glosadas não podem ser consideradas insumos pois não foram consumidos no processo de produção das mercadorias. (iiia) despesas de arrendamento pagos a PJ : (valor total da glosa = R$ 6.702,77) "É vedado o aproveitamento de créditos sobre o valor dos aluguéis de bens, quando devidos a pessoa jurídica domiciliada no País e não se enquadrem no conceito de prédios, máquinas e equipamentos, como por exemplo, o aluguel ou arrendamento de terrenos e propriedades rurais, entre outros ( Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, art. 3o, inciso IV). Pelo demonstrativo da contribuinte, constam despesas com arrendamento de propriedades rurais, as quais não se pode admitir, em face da legislação citada e transcrita. (iiib) despesas de arrendamento pagos a PF e despesas e gastos pagos a pessoas físicas para a aquisição de bens, serviços e insumos (ex.: lavagem de cana águas residuais prestados por pessoas físicas): (valor total da glosa R$ 104,42) Essas despesas e gastos não se enquadram no conceito de insumo. A despesa de arrendamento não se enquadra no conceito de aluguel de prédios, máquinas e equipamentos o aluguel ou arrendamento de terrenos e propriedades rurais, entre outros ( Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, art. 3o, inciso IV). E também não tem previsão legal quando o aluguel é pago a pessoa física. Pelo demonstrativo da contribuinte, constam despesas com arrendamento de propriedades rurais, as quais não se pode admitir, em face da legislação que rege a matéria. A autoridade fiscal reconheceu que as despesas pagas a pessoas físicas e vinculadas por rateio às receitas do mercado externo, podem ser usadas para apurar crédito presumido e desconto ou dedução da própria contribuição, MAS NÃO PARA COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. vi despesas com exportação: "A COSAN contabilizou, em 02/2004, despesas/custos no montante de R$ 1.501.532,73 na conta contábil 6101242421 (DESPESAS PORTUÁRIAS), tendo sido intimada (fls. 28/29) a apresentar os espelhos das notas fiscais correspondentes. Da análise dos documentos (fls. 30 a 32), verificase que R$ 356.441,76 referemse a "Serviço de Embarque de Açúcar Refinado", R$ 112.608,24 referemse genericamente a "Despesas Portuárias s/ Retenção" e R$ 580.521,87 referemse a Fl. 227DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 6 "Serviços Prestados no Embarque". Como não são despesas/custos de frete ou armazenagem propriamente ditos, não podem compor a base de cálculo dos créditos. Assim, dos R$ 1.501.532,73 registrados na citada conta, está sendo excluída a parcela de R$ 1.049.571,87, restando R$ 451.960,86." "Entretanto, este valor remanescente de R$ 451.960,86 também não poderá ser integralmente considerado na base de cálculo dos créditos. Isto porque a COSAN atua também como comercial exportadora, revendendo, no mercado externo, mercadorias adquiridas no mercado interno." "No caso de empresa comercial exportadora, há expressa vedação legal à apuração de créditos vinculados à receita de exportação, conforme art. 6o, §4°, da Lei 10.833, de 2003, que trata da Cofins, aplicável também à contribuição para o Pis/Pasep por força do art. 15, inciso III, da referida lei." "A empresa comercial exportadora não pode apurar créditos vinculados à aquisição de mercadorias com o fim específico de exportação, tampouco referentes a quaisquer encargos e despesas atinentes a tal exportação, uma vez que o §4° do art. 6o da Lei 10.833, de 2003, veda de forma nítida a apuração de qualquer tipo de crédito vinculado à receita decorrente de exportação." "Do montante de R$ 21.300.166,08 que a COSAN auferiu com Vendas no Mercado Externo em 02/2004, R$ 9.907.183,16 (46,51%) referemse à sua atuação como comercial exportadora." "Portanto, das despesas vinculadas à exportação, 53,49% poderão ser aceitas na base de cálculo dos créditos." "O total de encargos vinculados à exportação em 02/2004 foi de R$ 1.577.931,36 (sendo R$ 4.920 contabilizados na conta 6101242422 DESP. ESTADIAS, R$ 429.503,67 na conta 6101242411TRANSP. FERROVIÁRIO, R$ 691.546,15 na conta 6101242401TRANSP. RODOVIÁRIO e o valor remanescente de R$ 451.960,86 na conta 6101242421DESP.PORTUÁRIAS, já excluídas as de^ sa^ que não dão direito a crédito, conforme explicado acima)." "Aplicandose 53,49% sobre R$ 1.577.931,36 resulta R$ 844.035,48, que é a parcela dos encargos vinculados à exportação permitida na base de cálculo dos créditos. Com a alíquota de 1,65% de Pis/Pasep, chegase ao crédito permitido de R$ 13.926,59. Considerando que a COSAN apurou R$ 43.353,80 de créditos vinculados a estes encargos, estão sendo rejeitados créditos vinculados às receitas de exportação no valor de R$ 29.427,21." A autoridade administrativa de jurisdição do total pleiteado pelo contribuinte (de R$ 189.998,73), decidiu pela procedência das glosas no total de R$ 37.655,91, para, ao Fl. 228DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 5 7 final, reconhecer o direito de crédito de R$ 152.342,82, e decidiu homologar as compensações até esse limite. A inconformidade da contribuinte: A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando: o a não cumulatividade do PIS e da COFINS é distinto da não cumulatividade do IPI e do ICMS; o conceito de insumo para o PIS e a COFINS não pode se basear no que determina a legislação do IPI; há vicio de ilegalidade; o especificamente em relação às glosas relativas aos bens utilizados como insumos. elas não podem prevalecer porquanto "tratamse de ferramentas operacionais, materiais de manutenção utilizados na mecanização industrial, no tratamento do caldo, na balança de canadeaçúcar, na destilaria de álcool, os quais estão diretamente ligados ao processo produtivo, razão pelo qual deveriam ter sido admitidos pela autoridade fiscal". o sobre as despesas com combustíveis que os combustíveis foram adquiridos para o transporte do produto para exportação e que são indispensáveis à atividade agroindustrial. Argumenta que não há como se negar que a atividade agroindustrial integrada demanda grandes espaços, e, por isso mesmo, uma movimentação muito grande de máquinas e veículos, seja na colheita e nos transporte de matériaprima dos fundos agrícolas para a indústria, seja no transporte de máquinas, equipamentos e, sobretudo, adubos e produtos químicos aos diversos fundos agrícolas onde são aplicados. Sem mencionar o transporte da mão de obra que é indispensável em todo o processo de plantio, tratos culturais, colheita e industrialização. Em decorrência da necessidade de constante vigilância das lavouras, em todo o seu estágio, são necessárias diligências diárias aos diversos fundos agrícolas por agrimensores, agrônomos e demais empregados qualificados para a finalidade de tratar da cultura. E que todo esse transporte se faz em sua grande parte por meio de veículos próprios e de terceiros movidos à gasolina ou álcool ou, na hipótese de ônibus, óleo diesel. Sem combustível, portanto, não há como se conceber o plantio, os tratos culturais, a colheita, o transporte e, por fim, a industrialização da canadeaçúcar. ... resta patente que os combustíveis se consubstanciam em verdadeiro insumo de produção intrinsecamente ligados ao processo agroindustrial e, conseqüentemente, à atividade da Recorrente. o no item de serviços utilizados como insumos, que todas as glosas são equivocadas e indevidas, tendo em vista que todos os itens indicados pela fiscalização também estão diretamente ligados ao processo produtivo. o são também indevidas as glosas dos custos relacionados com armazenagem e transporte do produto para fins de exportação, inclusive as demais despesas portuárias. E que não há como negar que essas despesas estão diretamente ligadas ao processo produtivo; não pode ser aceita a glosa com as despesas de exportação, pois se referem a "serviços com o recebimento, armazenagem e embarque, ... e transporte rodoviário para os terminais portuários cujo nítido propósito é o transporte para exportação. ... O mesmo com as despesas de estadia .. que se referem ao Fl. 229DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 8 custo adicional ao frete pela demora no recebimento da mercadoria pelo terminal portuário." E elas encontram amparo nos §§ 1º a 3º do art. 6º da Lei 10.833/2003 e Lei n. 10.627/2002. o no amplo conceito de aluguel de prédio deve ser enquadrado também o arrendamento de propriedades rurais, razão pela qual é legítimo o crédito pleiteado. E que, juridicamente, o imóvel rural pode ser considerado um "prédio rústico", como prescreve o art. 4o do Estatuto da Terra (Lei n° 4.504/64), conceito este posteriormente incorporado no texto da Lei n° 8.629/93, que tratou da reforma agrária. Neste sentido, aplicase à espécie o disposto no art. 1 1 0 do CTN; o sobre os bens e serviços adquiridos de pessoas físicas "não há dúvida de que os serviços de pessoas físicas mencionados (transporte de resíduos industriais vinhaça para aplicação na lavoura de cana de açúcar como fertilizante, armazenagem de açúcar, etc), também se enquadram perfeitamente no conceito de insumos para efeitos de créditos de Pis não cumulativo. " Os julgadores a quo apreciaram a contestação, a autuação e demais documentos que instruem o processo, e firmaram as seguintes considerações e conclusões: 1. não apreciar as alegações de inconstitucionalidade e ilegalidade; 2. analisaram a questão das glosas nos mesmos termos genéricos postos pela recorrente, sem se debruçar especificamente e individualizadamente nos itens glosados pela fiscalização (identificados pelas respectivas notas fiscais de aquisição); 3. sobre bens utilizados como insumos que nenhum dos itens relacionados pela recorrente, já reproduzidos (ferramentas operacionais e materiais de manutenção), podem efetivamente ser enquadrados na eonceituaçâo de insumos, porquanto não se tratam de matériasprimas ou materiais de embalagem e tampouco desgastamse em contato direto com o produto em fabricação. 4. sobre combustíveis utilizados no transporte que a legislação equiparou os combustíveis aos demais bens considerados como insumos. desde que aqueles também sejam utilizados diretamente no processo produtivo, de fabricação do açúcar e do álcool destinado à venda. Portanto, não há que se falar em creditamento na aquisição de combustíveis utilizados no transporte da produção para a exportação ou mesmo da mãodeobra utilizada no processo agrícola, como pleiteou expressamente a recorrente. A aquisição de combustíveis gera direito a crédito apenas quando utilizado como insumo na fabricação dos bens destinados à venda. 5. sobre serviços utilizados como insumos que neste caso o direito argüido reportase ao conceito de insumos. Ou seja, apenas os serviços efetivamente utilizados (aplicados ou consumidos) na fabricação ou produção de bens destinados à venda, podem gerar créditos do PIS/COFINS Não cumulativo. Tendo a fiscalização observado este critério nas glosas procedidas, reputaram como correto o procedimento fiscal, nesse aspecto." 6. sobre aluguel de propriedade rural que as normas que criam direitos em matéria tributária devem ser interpretadas de forma restritiva. Isto porque tais direitos implicam, em última análise, cm renúncia fiscal a favor de uns em detrimento do interesse público da arrecadação de tributos. Nesse sentido, penso que ao intérprete/aplicador destas normas não é dado o Fl. 230DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 6 9 direito de ampliar o alcance dos benefícios criados pelo legislador ordinário, sob pena de estendêlos a quem ele não quis alcançar, mormente quando se trata de autoridade administrativa. Destarte, a meu sentir o direito à apuração de créditos do Cofins e do PIS Não cumulativos só alcança as despesas de aluguéis de prédios (obviamente, utilizados nas atividades da empresa), no sentido estrito da palavra, que não abrange a propriedade rural." 7. despesas de armazenagem, frete e de exportação que as glosas se justificaram pela constatação que as despesas (despesas com embarque, despesas portuárias s/retenção) não podiam ser associadas a encargos com frete e armazenagem na operação de venda. E a contribuinte não apresentou prova do direito material que alega. E sobre a glosa pela proporcionalidade entre receitas de exportação e receitas de exportação com revenda, ela corresponde à prescrição legal que veda o aproveitamento de créditos de encargos desse tipo de receita de exportação por revenda. O Acórdão n.º 1434.262 proferido por unanimidade de votos em 20/06/2011 pela mui respeitável 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto ficou assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004 IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004 ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. A argüição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento *da matéria, do ponto de vista constitucional. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS PASEP Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos do PIS Não cumulativo, entendese como insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados venda apenas as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Apenas os serviços diretamente utilizados na fabricação dos produtos que dão direito ao creditamento do PIS Não Cumulativo incidente em suas aquisições. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. A aquisição de combustíveis gera direito a crédito apenas quando utilizado como insumo na fabricação dos bens destinados à venda. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 10 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. Em relação às despesas de exportação, apenas as despesas de frete do produto destinado à venda, ou de armazenagem, geram direito ao crédito da Cofins ou do Pis Não cumulativos. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. RENÚNCIA FISCAL. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. DESPESAS COM ALUGUEL DE PROPRIEDADE RURAL E DE VEÍCULOS. No contexto de interpretação restritiva de norma que implica em renúncia fiscal, não há como reconhecer o direito à apuração de créditos do PIS Não cumulativo ou do Cofins não cumulativo em relação às despesas de aluguel de propriedade rural e de veículos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte ingressou com recurso voluntário contra essa decisão e repisou as razões que compuseram sua contestação apreciada pela instância de 1º piso. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Admissibilidade: Tempestivo o recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Preliminares: Tendo em vista a contribuinte não apresentar, em seu recurso voluntário, argumentos contrário às glosas com relação às aquisições de bens e serviços junto a pessoas físicas, considero que se trata de matéria não contestada. Prolegômenos O sentido de não cumulatividade para o PIS e para a COFINS e a lógica básica para sua apuração A Constituição Federal, em seu artigo 195, estabeleceu contribuições incidentes sobre as receitas ou faturamento do empregador, da empresa ou de entidade equiparada na forma da lei, cuja arrecadação desse tributo se constituiria em recursos a serem destinados a financiar a seguridade social. Ela, em seu § 12, atribuiu ao legislador ordinário a competência para a criação e o disciplinamento do regime de não cumulatividade dessas contribuições. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 7 11 A Constituição Federal cria a incidência desses tributos sobre a receita ou a faturamento. Mas, são as Leis n.º 10.637, de 2002, e n.º 10.833, de 2003 que trazem elementos para definir as hipóteses de incidência e as de exclusão ou isenção. Além disso, essas leis, regulam o PIS e a COFINS e pretendem vir ao encontro daquela previsão constitucional de um regime de não cumulatividade. Nesse sentido, elas trazem as regras para a determinação do valor devido dessas contribuições, e, para tanto, prevêem que o cálculo considere a redução por créditos apurados para fatores que concorreram para a obtenção dessa receita ou faturamento. A regra da não cumulatividade estatuída pelo inciso II, § 3º do artigo 153 da CF/1988 para o IPI não corresponde ao regime de não cumulatividade previsto pelo § 12 do artigo 195 da mesma CF. E mesmo as regras das Leis acima citadas, que se apresentam como sob o manto desse regime de não cumulatividade, não correspondem à lógica e regime previsto para o IPI. Mas o uso da mesma expressão pareceme pode causar confusão para os neófitos da matéria. Por isso propugno seja o regime de não cumulatividade do PIS e da COFINS considerado um regime próprio e distinto daquele reservado ao IPI. Para disciplinar o creditamento, que abate o valor devido, essas leis informam e disciplinam o creditamento para, por dedução ou abatimento, se determinar o valor devido dessas contribuições. O creditamento assim estabelecido pretende atender ao regime de não cumulatividade previsto na Constituição Federal e criado através das Leis aqui citadas. E, até o momento, este é um ponto central em minha compreensão a respeito dessa matéria: 1. a materialidade desse tributo está na receita tributável; 2. a materialidade da não cumulatividade está na relação de dependência da receita tributável para com a ocorrência do fator previsto em lei qual seja, corresponda à uma das hipóteses dos §§ e incisos do artigo 3º da Lei em tela; 3. logo, o direito de creditamento está reservado para os fatores em que esteja demonstrado ser ele necessário para a geração da receita tributável. Apesar de mal traçadas, essas breves considerações representam, a meu ver, a lógica da não cumulatividade do PIS e da COFINS expressa na leitura conjugada dos artigos dessas Leis. Não faz sentido que se possa gerar creditamento a partir da ocorrência de fatores que não tenham relação de causação ou de concorrência para com a geração da receita a ser tributada. Contradiz essa lógica ler os incisos e §§ do artigo 3º desconectados dos demais artigos da mesma Lei, principalmente os artigos 1º e 2º. Pressupostos para interpretar e identificar os insumos para o creditamento do PIS e da COFINS: Além dessas considerações gerais, ainda preciso me aproximar de outro aspecto central da matéria: a referência a insumo constante nessas leis. Grande controvérsia se instalou a respeito desse creditamento, especialmente quanto ao inciso II, que traz o seguinte texto: Fl. 233DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 12 II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Principalmente os debates se centram na definição de insumos para efeito dessa regra. Os estudiosos sintetizam relatando a existência de três correntes de interpretação e decisão: 1. a primeira que se utiliza dos conceitos e definições proporcionadas pela legislação do IPI, e constantes nas Instruções Normativas da Receita Federal que tratam do PIS e da COFINS, e circunscrevem insumos a matérias primas, produtos intermediário e material de embalagem; 2. a segunda que se utiliza dos conceitos e definições proporcionadas pela legislação do Imposto de Renda, e identificam e separam os custos e despesas das operações e os custos e despesas não operacionais; insumos seriam toda e qualquer custo ou despesa operacional da pessoa jurídica; 3. a terceira que entende que o PIS e a COFINS deve se pautar por conceitos e definições próprias, que acaba por se afastar da visão estreita da primeira e, também, da visão alargada da segunda. As duas primeiras perspectivas, (1º) para se tratar insumos no PIS e na COFINS a partir da legislação do IPI, malgrado ser a esposada pela Receita Federal em suas normativas, e (2ª) a que se alinha com a legislação do Imposto de Renda, vêm sendo questionadas recorrentemente. Reproduzo, a título de exemplos, trecho do bem fundamentado voto do I Conselheiro Maurício Taveira e Silva proferido no Acórdão n. 3301000.954, refletindo a intensidade crescente dos debates: O tema em questão enseja as maiores polêmicas acerca do PIS e Cofins não cumulativos em decorrência do termo “insumo” utilizado pelo legislador, sem a devida definição de sua amplitude, ou seja, se o insumo a ser considerado deva ser somente o “direto” ou se o termo deve abarcar, também, os insumos “indiretos”. Nesse contexto, tornase necessária uma maior reflexão sobre o tema. Os arts 3º, inciso II das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, dispõem sobre a possibilidade de a pessoa jurídica descontar créditos relacionados a bens e serviços, utilizados como “insumo” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Visando normatizar o termo “insumo” a Receita Federal editou as Instruções Normativas, IN SRF nº 247/02, art. 66, § 5º, no caso do PIS e IN SRF nº 404/04, art. 8º, § 4º para a Cofins. Nelas, o fisco limitou a abrangência do termo “insumos” utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, à matériaprima, ao produto intermediário, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Em se tratando de serviços, os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Necessário, ainda, que os bens não estejam incluídos no ativo imobilizado, bem assim, os serviços sejam prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, sendo aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço. De modo a esclarecer o alcance de tais normas em relação a casos concretos, foram editadas diversas Soluções de Consultas, por vezes conflitantes, as quais acabaram por Fl. 234DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 8 13 ensejar a elaboração de inúmeras Soluções de Divergência. Na sequência dos acontecimentos, decorridos alguns anos desde a edição das leis criadoras do PIS e da Cofins na sistemática não cumulativa, percebese ser cada vez mais intenso o coro a rejeitar a não cumulatividade dessas contribuições de modo tão restritivo, nos moldes do IPI. (...) Tendo em vista a extensa redação levada a efeito no caso do Imposto de Renda, não posso compreender que o simples termo “insumo” utilizado na norma tenha a mesma amplitude do citado imposto. Acaso o legislador pretendesse tal alcance do referido termo teria aberto mão deste vocábulo, “insumo”, assentando que os créditos seriam calculados em relação a “todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa ou à obtenção de receita”. Dispondo desse modo o legislador, sequer, precisaria fazer constar “inclusive combustíveis e lubrificantes”. Creio que o termo “insumo” foi precisamente colocado para expressar um significado mais abrangente do que MP, PI e ME, utilizados pelo IPI, porém, não com o mesmo alcance do IRPJ que possibilita a dedutibilidade dos custos e das despesas necessárias à atividade da empresa. Precisar onde se situar nesta escala é o cerne da questão. Destarte, entendo que o termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. A recorrente invoca o entendimento do IRPJ para servir de fonte aos critérios de determinação dos insumos para o PIS e para a COFINS. Mas não me parece que seja ele adequado. É verdade que a legislação do IRPJ possui uma longa trajetória de existência e consolidação, mas, a principio, creio que a sua simples transposição pode gerar mais imprecisões que soluções. Aproveito também o raciocínio da I Conselheira Fabíola Cassiano Keramidas a esse respeito, em seu alentado Acórdão 3302002.262: Melhor sorte não alcança a equiparação do conceito da não cumulatividade com as noções de custo e despesa necessária para o Imposto de Renda, conforme os artigos 290 e 299 do RIR/99. Realmente, correta a doutrina ao perceber que o conceito de receita está mais próximo do conceito de lucro, do que da definição de valor agregado ao produto, aplicável ao ICMS e IPI. Todavia, não se trata de identidade de materialidade, receita não é lucro e este fato não pode ser ignorado. Ao analisar o disposto na legislação verificase que as despesas contabilizadas como “operacionais” são mais amplas do que o conceito de insumos em análise. O critério de classificação da despesa operacional é que ela seja necessária, usual ou normal para as atividades da empresa. Todavia, este não é o critério utilizado para o conceito de insumos. Vários itens, que são classificados como despesas necessárias (despesas realizadas com vendas, pessoal, administração, propaganda, publicidade, etc) ao meu sentir, não serão, obrigatoriamente, insumos para o PIS e Cofins não cumulativos. Da mesma forma, o custo de produção também é diferente de insumos, basta constatar que as Leis nº10.833/03 e 10.637/02 negam, expressamente, a folha de salários como insumo para o PIS COFINS. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 14 Decisões proferidas nas altas cortes administrativas vêm assentando o entendimento da 3ª perspectiva, de que o PIS e a COFINS demandam critérios próprios. Dentre essa decisões destaco o bem fundamentado voto do Ilmo Conselheiro Henrique Pinheiro Torres na Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão n.º 930301.035: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de Pis/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Julio César Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/2003 61, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de Pis/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do Pis/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrario, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...] As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de Pis/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional.. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 9 15 Por causa dessas considerações que entendo: (a) não se poder limitar o creditamento aos conceitos e critério advindos da legislação do IPI. Os insumos não se limitam às matérias primas, aos produtos intermediários e aos materiais de embalagem, e não se limitam à avaliação pela aplicação do critério de consumo/desgaste físico. Essa limitação não encontra sustentação no que dispôs a Constituição Federal e as Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sobre a matéria; (b) não se pode acriticamente transpor para o creditamento do PIS e da COFINS os conceitos e regras da legislação do Imposto de Renda, pois, além de serem de materialidades distintas, essa legislação não se destina a tratar a hipótese de incidência do tributo contemplando a unidade de análise representada pela relação "insumoprocessoproduto/serviço destinados a venda", como é o caso do PIS e da COFINS. Perdoemme mais uma vez pela brevidade nas considerações. Reconheço que Conselheiros desta Alta Corte têm dedicado longos estudos à matéria e têm produzido artigos e votos que, pela profundidade do conhecimento e da análise, acabam por se constituir em ensinamentos e abastadas fontes para nossa aprendizagem e reflexão. Este voto nada pretende acrescer nos debates em andamento. Está sendo ele proferido sob o manto da cautela, mas com convicção, pela constatação de que, apesar das leis em comento estarem vigentes, o direito correspondente ainda está em construção. Fazme necessário esclarecer que entendo que produção abrange fabricação; mas o inverso não é verdadeiro: fabricação está contida em produção. E também industrialização está contida em produção. Mas nem fabricação, nem industrialização compreende a totalidade das possibilidades da produção. Quando se industrializa, se produz. Quando se fabrica, se produz. Mas há produções que não são industrialização e que não são fabricação. Produzir, em um sentido lato, é dar existência, gerar, fornecer, fazer, realizar, fabricar, manufaturar. Mas, para o âmbito da Lei em discussão, produzir subentende um agir humano, deliberado e com propósito, e capaz de atrair interesse jurídico. Há criação resultante de um esforço físico e mental. Ainda para o âmbito da Lei em discussão, as atividades de produção de bens, regra geral, não se confundem com outras atividades do empreendimento, tais como: vendas, publicidade, comercialização, finanças, administração, pesquisa e desenvolvimento, projetos, e outras. Muito bem, prosseguindo: a meu ver, essas duas leis informam que dão direito a crédito os bens e serviços, utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção de bens ou produtos destinados a venda. Quando designam insumos, tenho como certo que se referem a fatores de produção, os fatores necessários para que os serviços possam estar em condições de serem prestados ou para que os bens e produtos possam ser obtidos em condições de serem destinados a venda. E quando afirmam que são os utilizados na prestação de serviços e na produção, depreendo que: são os utilizados na ação de prestar serviços ou na ação de produzir ou na ação de fabricar. Para se decidir que um bem ou serviço Fl. 237DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 16 possa gerar crédito com relação a determinada receita tributada, há que se perquirir em que medida esse bem ou serviço é fator necessário para a prestação do serviço ou para o processo de produção do produto ou bem destinado a venda, e geradores, em última instância, da receita tributada. A meu sentir, não é o caso de restringir a que o bem ou serviço tenha sido utilizado como insumo do próprio produto a ser vendido ou do próprio serviço; ou que ele seja adstrito pelo principio do contato físico, ou do desgaste ou transformação. Embora o serviço prestado ou o produto vendido seja o alfa da obtenção da receita a ser tributada, a lei indica que o bem ou o serviço utilizado como insumo alcança a atividade de prestação do serviço ou a atividade de produção, direta ou indiretamente quanto ao produto vendido. Essa visão conjuga o "processo" e o "produto/serviço resultante do processo". Mas esses processos devem estar inequivocamente ligados ao serviço prestado ou ligados ao produto vendido. Para se justificar o creditamento, não basta demonstrar que os bens e serviços concorreram para o processo de produção, ou de fabricação, ou de prestação do serviço, mas é necessário em adição demonstrar para qual produto ou serviço aqueles fatores de produção ou insumos concorreram. Concluídas essas considerações introdutórias, sintome em condições de propor passar à análise das questões de mérito. Mérito Da glosa dos bens utilizados como insumos A recorrente é uma empresa agroindustrial que tem por objeto social a produção e comercialização de açúcar, de álcool, de canadeaçúcar e demais derivados desta, entre outras atividades. Da análise do exposto nos prolegômenos acima, concluo que, além dos lubrificantes expressamente referidos no art. 3o, II, da Lei 10.637, de 2002, com redação dada pelo art. 37 da Lei 10.865/2005, considero "insumos", para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins nãocumulativos, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País, aplicados ou consumidos na produção ou na fabricação do açúcar e dos outros produtos não cumulativos, como o álcool industrial. Também entendo que o termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tãosomente, como aqueles bens e serviços que, adquiridos de pessoa jurídica, efetivamente sejam aplicados ou consumidos no processo que produz açúcar e álcool. E, ainda, em se tratando de aquisição de bens, estes não poderão estar incluídos no ativo imobilizado da empresa. Mas os dispositivos legais que estabelecem o PIS e a COFINS não invocaram a legislação do IPI ou do IRPJ para subsidiar a determinação do direito de creditamento. Por todas essas considerações feitas, proponho que não pode prosperar a argumentação da recorrente de que os custos e despesas de operação orientados pelo entendimento do Imposto de Renda sejam critérios suficientes para justificar o creditamento. E também que não deve prevalecer a motivação da autoridade fiscal quando ela aplica apenas os conceitos da legislação do IPI para justificar as glosas. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 10 17 Nesse sentido, as possibilidades para se caracterizar insumos não se limitam a: · quando se tratar de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, bens esses que efetivamente compõem ou se agregam ao bem final da etapa de industrialização; · quando se tratar de outros bens quaisquer, os quais não se agregam ao bem final, desde que sofram alterações, como desgaste, dano ou perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em industrialização. · aos bens obtidos por processo industrial. No caso em discussão neste processo, e divergindo da autoridade fiscal e dos julgadores a quo, entendo que o preparo da cana de açúcar para ser ela um insumo da industrialização do açúcar e do álcool é, sim, etapa do processo de produção do açúcar e do álcool. E, sendo assim, há que se identificar que despesas e custos se referem aos fatores que se ligam comprovadamente a esse processo de produção e aos produtos açúcar e álcool vendidos. As informações presentes neste processo, a meu ver, permitem que formemos convicção a esse respeito. Das glosas dos bens utilizados como insumos: Inicialmente, neste tópico, esclareço que me parece informação evidente, de domínio público, que o processo de colheita de cana e o seu aproveitamento para o processo de produção de açúcar e álcool, quando em escala industrial, implica em operações realizadas ininterruptamente, dia e noite, durante semanas, até meses. Ademais, não só essa extensão, intensidade e freqüência de uso, mas também os efeitos abrasivos e erosivos da natureza do material colhido, promovem desgaste substantivo nos instrumentos usados nessas operações. Por isso, julgo razoável que as ferramentas de operação e os materiais elétricos e de manutenção efetivamente aplicados no processo de colheita e tratamento dessa matéria prima possam ser considerados como não ativados ou imobilizados. Sobre as despesas e custos relacionados às oficinas (a) Depreendo, portanto, que as despesas com combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da canadeaçúcar, ou seja, sua semeadura, colheita e transporte até a usina onde será fabricado o açúcar, atendem ao critério para caracterização como insumos. (Por falta de comprovação e previsão legal, entendo que as glosas devem ser mantidas. Proponho dar provimento ao recurso neste item. Sobre as despesas relacionadas diretamente ao preparo da cana de açúcar para se tornar insumo na produção do álcool e do açúcar Com a mesma razão anteriormente exposta, entendo que atendem aos critério para caracterização como insumo as despesas e custos com combustíveis, consumo de água e materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor Fl. 239DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 18 de sacarose; lavagens de cana/ residuais; mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado. Proponho dar provimento ao recurso neste item. Sobre as despesas relacionadas a armazenamento Pareceme que as despesas e custos glosadas neste processo não são de armazenagem, para os termos da previsão estabelecida pelo inciso IX do art. 3º da Lei n. 10.833/2003. As atividades que cuidam dos estoques dos insumos, dos bens em fase de processamento, dos semiacabados e dos acabados que ainda não estão prontos para comercialização podem ser, a meu ver, como necessárias ao próprio processo de produção. Portanto, divirjo das decisões anteriores, pois entendo que as despesas com materiais de manutenção, materiais de acondicionamento, materiais elétricos, lubrificantes e combustíveis empregados nas atividades de estocagem são insumos no processo de produção da cana de açúcar e do açúcar e do álcool. Proponho dar provimento ao recurso neste item. Das glosas dos serviços utilizados como insumos: Glosa das despesas e custos com serviços de manutenção (i) das oficinas e (ii) dos armazéns pagos a pessoas jurídicas a autoridade fiscal afirma que esses tipos de despesas não correspondem ao conceito de insumo pois não estão diretamente relacionados ao processo da fabricação do açúcar e do álcool. Mas pareceme que razão assiste à recorrente. Como já visto anteriormente, o conceito de insumo não pode ficar adstrito ao haurido a partir da legislação do IPI. As atividades das oficinas e de estocagem que atendem as outras atividades de preparo da cana de açúcar e de fabrico do açúcar e do álcool são parte do processo de produção. As despesas pagas a pessoas jurídicas para a manutenção dos equipamentos e instalações pertencentes às oficinas e depósitos dedicados ao processo de produção podem gerar creditamento. . Proponho dar provimento ao recurso neste item. Glosa das despesas com aluguel e arrendamento rural PJ E PF A autoridade fiscal propôs a glosa das despesas com arrendamento agrícola e rural por não se enquadraram na hipótese do inciso IV do art. 3º das Leis em comento. Não consigo acompanhar a recorrente em sua argumentação de que o vocábulo 'prédios' desta hipótese legal abrange as propriedades rurais. A meu ver, não há essa equivalência e carece, no texto legal, a expressa autorização para creditamento desse tipo de gasto (arrendamentos rural e agrícola). Proponho não dar provimento ao recurso nestes itens, por falta de previsão legal. Glosa (a) das despesas portuárias e (b) das despesas com armazenagem, ( c) das despesas com documentação e estadias, nas operações de exportação A autoridade fiscal e os julgadores a quo decidiram que as despesas glosadas não faziam jus ao creditamento por que lhes falta a previsão legal. Elas se referem a gastos com serviços relacionados ao porto, com destaque para as de movimentação e embarque e estadia. A esse respeito a recorrente Fl. 240DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 11 19 afirma, sem demonstrar, que elas estão ligadas diretamente ao processo de produção ou que elas deveriam ser consideradas como de frete ou armazenagem. Ora, a leitura dos registros que instruem o processo das despesas glosadas não designam o que a recorrente pretende ali esteja escrito ou deva significar (gastos de frete e armazenagem). Concluo sublinhando que, a meu ver, as despesas glosadas não se confundem com gastos e despesas com o frete ou com a armazenagem, nem podem ser consideradas insumos, como propõe a recorrente, e que não há previsão legal para o creditamento desse tipo de despesa. Proponho não dar provimento ao recurso neste aspecto. Glosas das despesas de exportação pela proporcionalidade das receitas de exportação Do valor das despesas portuárias não glosadas, e das despesas de transporte rodoviário e frete marítimo, a autoridade fiscal aplicou o que dispõe o § 4º do art. 6º da Lei 10.833/2003, c/c inciso III art. 15 da mesma Lei, ou seja, apurou o valor correspondente à proporção de receitas de exportação de bens adquiridos no mercado interno sobre o total das receitas. A recorrente não se resigna com a glosa alusiva às despesas com exportação excluídas por proporcionalidade. Ela firma que essa exclusão vulnera a não cumulatividade do PIS e da COFINS. Contudo, a contribuinte não apresentou prova do que alega. Ocorre que o texto do § 4º do artigo 6º da Lei n. 10.833, de 2003, c/c inciso III art. 15 da Lei 10.637/2002, é cristalino a respeito: art. 6º A COFINS não incidirá sobre sa receitas decorrentes das operações de: (...) § 4º O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1º não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedado, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. A recorrente não contradita o fato de ser comercial exportadora e ter receita de exportação proveniente de bens adquiridos no mercado interno e exportados, nem contesta a apuração dos percentuais adotados pela autoridade fiscal para os cálculos. Foi correta a glosa pela proporcionalidade entre receitas de exportação e receitas de exportação com revenda, pois ela corresponde à prescrição legal que veda o aproveitamento de créditos de encargos desse tipo de receita de exportação por revenda. Proponho manter a glosa e não dar provimento ao recurso neste item. Conclusão: Concluindo, proponho dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos exposto neste voto, e considerar homologadas as compensações até o limite do valor líquido assim determinado, após a dedução das glosas e do valor que foi aproveitado como crédito para deduzir a própria contribuição. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 20 Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Voto Vencedor Conselheiro AUGUSTO FIEL JORGE D' OLIVEIRA Peço vênia para divergir do bem fundamentado voto do ilustre Conselheiro Relator apenas no que se refere à glosa das despesas com aluguel e arrendamento rural de pessoas jurídicas. Nesse ponto, propôs o i. Relator o não provimento do recurso, por entender que o vocábulo 'prédios' previsto no inciso IV do art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003 não abrange propriedades rurais, não havendo, assim, expressa autorização para o creditamento desse tipo de gasto. Contudo, acredito que há direito de crédito nessa hipótese, pelos motivos a seguir. Como se verifica, a questão diz respeito à interpretação a ser dada ao inciso IV do art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que prevê o seguinte: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa”. Mais especificamente, se a norma contida no dispositivo em apreço autorizaria o desconto de crédito relativo a despesas com arrendamento rural pago em favor de pessoa jurídica. Inicialmente, impende destacar que a utilização de créditos no âmbito da não cumulatividade do PIS e da COFINS não se traduz em benefício ou desoneração fiscal outorgado ao sujeito passivo, de modo que as regras que tratam do direito ao crédito não atraem, em sua interpretação, a aplicação do artigo 111, do CTN1. Isso porque, são regras necessárias à própria instituição, existência e operacionalização da nãocumulatividade. Nesse sentido, explica Marco Aurélio Greco2: “toda regra cuja função é desenhar a sistemática da não cumulatividade para formatála adequadamente à realidade de determinado setor, etapa do ciclo, modo de operação dos agentes econômicos etc. não é norma de desoneração ou de benefício. É norma de instituição da própria não cumulatividade. Ou seja, a não cumulatividade para existir e ser operacionalizada necessita da aplicação de regras técnicas de apuração do tributo adequado a ser recolhido; ou seja, o saldo apurado, depois da aplicação de ambos os conjuntos de regras (geradores de débito e de crédito). Por isso, o artigo 111 do CTN não é aplicável às regras que preveem o direito ao crédito, no âmbito do regime normal de não cumulatividade de PIS e COFINS”. Além disso, impendese reconhecer as dificuldades de se empreender em uma interpretação gramatical do termo “prédios”, para fins de aferição do direito de crédito no caso em análise, pois, como bem observado por Carlos Maximiliano “não basta obter o significado 1 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. 2 “PIS e COFINS – Fretes pagos para o transporte de mercadorias” in PIS e Cofins à luz da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: volume 2 / Gilberto de Castro Moreira Junior, Marcelo Magalhães Peixoto (coordenadores). São Paulo: MP Ed. 2013. P. 350. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 13888.001589/200590 Acórdão n.º 3401003.065 S3C4T1 Fl. 12 21 gramatical e etimológico; releva, ainda, verificar se determinada palavra foi empregada em acepção geral ou especial, ampla ou estrita; se não se apresenta às vezes exprimindo conceito diverso do habitual. O próprio uso atribui a um termo sentido que os velhos lexicógrafos jamais previram. (...) [deve o intérprete levar em conta] o fato de serem as palavras em número reduzido, aplicáveis, por isso, em várias acepções e incapazes de traduzir todas as gradações e finura do pensamento”3. Ainda, outro problema que se coloca é que, muitas vezes, o legislador não emprega o vocábulo na sua forma mais correta. Por esse motivo, Carlos Maximiliano adverte que “o intérprete não traduz em clara linguagem só o que o autor disse explícita e conscientemente; esforçase para entender mais e melhor do que aquilo que se acha expresso, o que o autor inconscientemente estabeleceu, ou é de presumir ter querido instituir ou regular, e não haver feito nos devidos termos, por inadvertência, lapso, excessivo amor à concisão, impropriedade de vocábulos, conhecimento imperfeito de instituto recente, ou por motivo semelhante”4. (grifos nossos) Feitas essas considerações, no presente caso, entendo que não é essencial adentrar na discussão em torno do correto sentido do vocábulo prédio, se no significado de gênero que incluiria o “prédio rústico” e o “prédio urbano”, como defende a contribuinte, ou se no significado de uma acessão existente em um bem imóvel consistente em construções ou edificações, pois, ainda que o último sentido seja o adequado, como entendem aqueles que negam direito ao crédito, mesmo nessa hipótese, a meu ver, seria legítimo o direito de crédito. Isso porque, as acessões, nela incluindose as industriais, que aderem ao principal por intervenção da atividade humana, como é o caso de construções, assim como as benfeitorias, são expressamente reconhecidas pela lei como um bem acessório ao bem imóvel, bem principal, nos termos dos artigos 1.248, inciso V, e 96, da Lei nº 10.406/2002 (“Código Civil”). Dessa maneira, à luz do disposto no artigo 92 do Código Civil, pelo qual “principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal”, temse que o arrendamento de um prédio, assim considerado uma construção (coisa acessória), não se dará de forma independente e autônoma, mas pressupõe o arrendamento de uma construção (coisa acessória) mais o bem imóvel sobre o qual a mesma foi erigida (coisa principal). Logo, se é lícito ao contribuinte descontar créditos com relação ao arrendamento de um todo que compreende o acessório mais o principal, acredito que não existem razões para se vedar o desconto de créditos quando se tratar de arrendamento de um bem imóvel sem acessão coisa principal, que é parte do todo. E aqui é útil a aplicação das regras contidas no brocardo “no todo se contém a parte”, que se “baseia no argumento a majori ad minus, que parte da premissa de que a solução ou regra aplicável ao todo é também aplicável às suas partes. A norma que incide sobre um determinado contrato incide sobre cada cláusula daquele contrato. Buscar afastar da incidência da norma uma parte do “todo” de que ela trata, significa realizar uma distinção, criar uma exceção. As exceções não se presumem, devem estar previstas – ainda que implícita ou sistematicamente – no ordenamento jurídico”. Também aplicável o brocardo “não 3 Maximiliano, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro. Forense. 2008. P. 90. 4 Maximiliano, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro. Forense. 2008. P. 136. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 22 deve, àquele a quem o mais é lícito, deixar de ser lícito o menos”, ordinariamente expressa na frase “quem pode o mais pode o menos”5. Assim, nesse caso específico, entendo que a regra aplicável ao todo composto por principal mais acessório, deve ser aplicada somente ao principal (parte do todo), do mesmo modo que se ao contribuinte é lícito descontar créditos sobre arrendamento de principal mais acessório (o mais), a ele deve ser permitido descontar apenas em relação ao principal (o menos). Por fim, destaquese que essa mesma conclusão, pelo direito de crédito, foi alcançada pela 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, desta Seção, por unanimidade, no julgamento do Processo nº 13827.001007/201057 (Acórdão nº 3402002.396), no qual o douto ConselheiroRelator Gilson Macedo Rosenburg Filho expôs: “Já pontuei em momento passado neste voto que o art. 3º, IV das Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03, permite ao contribuinte descontar créditos referentes à alugueis de prédios, máquinas e equipamentos pagos a pessoa jurídica, desde que utilizados no processo produtivo da empresa. Por amor a coerência, parto dessa premissa para aceitar que na atividade agropecuária o arrendamento das terras a serem cultivadas equiparasse ao aluguel de prédios para implantação do parque fabril, previsto na legislação. Sem muitas delongas, reformo a decisão a quo para incluir no cálculo do crédito das exações o valor com o arrendamento das terras utilizadas no processo produtivo da sociedade”. Ante o exposto, voto no sentido de deferir o recurso voluntário apresentado pelo contribuinte no item em questão, reconhecendo o direito de desconto de crédito em relação às despesas com aluguel e arrendamento rural de pessoas jurídicas, desde que utilizados nas atividades da empresa. É como voto. Conselheiro AUGUSTO FIEL JORGE D' OLIVEIRA 5 SANTOS, Alberto Marques dos. Regras científicas da hermenêutica. Disponível em: <https://albertodossantos.wordpress.com/artigosjuridicos/regrasdahermeneutica/>;. Acesso em: 17.02.2016. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL , Assinado digitalmente em 06/04/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10783.722945/2011-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011
PIS/COFINS. Regime Não Cumulativo. Desconto de Crédito. Simulação.
Comprovada a existência de simulação, na qual o negócio simulado é a aquisição de café de pessoas jurídicas e o negócio dissimulado é a aquisição de café de pessoas físicas, realizada com o intuito de majorar os créditos a serem descontados no regime da não-cumulatividade do PIS/COFINS, deve ser mantida a glosa dos créditos ilegitimamente descontados pelo contribuinte, mantendo-se, todavia, os efeitos fiscais da operação dissimulada, aquisição junto a pessoas físicas.
Numero da decisão: 3401-003.223
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para afastar o lançamento em relação às aquisições das seguintes pessoas: Albertino Isaias da Silva, Coffee Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida dava provimento em menor extensão, restrito às pessoas: Albertino Isaias da Silva, Com. de café d' Cristo, Dário de Souza Veiga e Denerson de Souza Teixeira. Declarou-se suspeito o Conselheiro Robson José Bayerl. Presidiu o julgamento o Conselheiro Rosaldo Trevisan, Presidente Substituto.
Rosaldo Trevisan - Presidente Substituto.
Augusto Fiel Jorge d' Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente Substituto), Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Cléber Magalhães, Fenelon Moscoso De Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011 PIS/COFINS. Regime Não Cumulativo. Desconto de Crédito. Simulação. Comprovada a existência de simulação, na qual o negócio simulado é a aquisição de café de pessoas jurídicas e o negócio dissimulado é a aquisição de café de pessoas físicas, realizada com o intuito de majorar os créditos a serem descontados no regime da não-cumulatividade do PIS/COFINS, deve ser mantida a glosa dos créditos ilegitimamente descontados pelo contribuinte, mantendo-se, todavia, os efeitos fiscais da operação dissimulada, aquisição junto a pessoas físicas.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10783.722945/2011-31
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5644488
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.223
nome_arquivo_s : Decisao_10783722945201131.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10783722945201131_5644488.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para afastar o lançamento em relação às aquisições das seguintes pessoas: Albertino Isaias da Silva, Coffee Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida dava provimento em menor extensão, restrito às pessoas: Albertino Isaias da Silva, Com. de café d' Cristo, Dário de Souza Veiga e Denerson de Souza Teixeira. Declarou-se suspeito o Conselheiro Robson José Bayerl. Presidiu o julgamento o Conselheiro Rosaldo Trevisan, Presidente Substituto. Rosaldo Trevisan - Presidente Substituto. Augusto Fiel Jorge d' Oliveira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente Substituto), Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Cléber Magalhães, Fenelon Moscoso De Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
id : 6515875
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690260705280
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2538; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2.267 1 2.266 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10783.722945/201131 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.223 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de agosto de 2016 Matéria PIS/COFINS DESCONTO DE CRÉDITO OPERAÇÃO SIMULADA Recorrente NICCHIO CAFE S/A EXPORTACAO E IMPORTACAO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011 PIS/COFINS. Regime Não Cumulativo. Desconto de Crédito. Simulação. Comprovada a existência de simulação, na qual o negócio simulado é a aquisição de café de pessoas jurídicas e o negócio dissimulado é a aquisição de café de pessoas físicas, realizada com o intuito de majorar os créditos a serem descontados no regime da nãocumulatividade do PIS/COFINS, deve ser mantida a glosa dos créditos ilegitimamente descontados pelo contribuinte, mantendose, todavia, os efeitos fiscais da operação dissimulada, aquisição junto a pessoas físicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para afastar o lançamento em relação às aquisições das seguintes pessoas: Albertino Isaias da Silva, Coffee Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida dava provimento em menor extensão, restrito às pessoas: Albertino Isaias da Silva, Com. de café d' Cristo, Dário de Souza Veiga e Denerson de Souza Teixeira. Declarouse suspeito o Conselheiro Robson José Bayerl. Presidiu o julgamento o Conselheiro Rosaldo Trevisan, Presidente Substituto. Rosaldo Trevisan Presidente Substituto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 29 45 /2 01 1- 31 Fl. 2268DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 2 Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente Substituto), Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Cléber Magalhães, Fenelon Moscoso De Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório A Recorrente tem como objeto social o comércio atacadista de café em grão, beneficiamento e comercialização de produtos agrícolas, em especial, café em grão e cacau em amêndoas, realizando a venda do café tanto no mercado interno quanto externo. Em extensa fiscalização, realizada inicialmente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória, denominada Operação “Tempo de Colheita”, e após em parceria com o Ministério Público Federal e Polícia Federal, denominada “Operação Broca”, que envolveu não apenas a Recorrente, mas também outras empresas que atuam no ramo do café no Estado do Espírito Santo, o Fisco concluiu que a Recorrente teria lançado mão de um artifício disseminado por todo aquele Estado, que consistiria na interposição fraudulenta de “pseudo atacadistas empresas de fachada” para dissimular vendas de café de pessoas físicas para empresas exportadoras e torrefadoras, com o objetivo de gerar, de forma ilícita, créditos integrais de PIS/COFINS (9,25% sobre o valor da nota) na sistemática da nãocumulatividade. Segundo apurado pela Fiscalização, como regra geral, a Recorrente adquiria o café diretamente de fornecedores pessoas físicas, produtores. Porém, um evento teria afetado as operações de fornecimento para a Recorrente e para a grande maioria das empresas que atuam no setor cafeeiro no Estado do Espírito Santo: a majoração da carga tributária do setor, com o advento do regime da não cumulatividade do PIS/COFINS, que aumentou a alíquota dessas contribuições em mais de 250% (duzentos e cinqüenta por cento) e, em contrapartida, permitiu aos contribuintes o desconto de crédito dentro das prescrições da Lei. No âmbito do regime da nãocumulatividade, introduzido a partir de dezembro de 2002 para o PIS e a partir de fevereiro de 2004 para a COFINS, as aquisições de café junto a pessoas jurídicas geram um crédito integral, equivalente a 9,25% (nove vírgula vinte e cinco por cento) do valor da nota, ao passo que as aquisições de café junto a pessoas físicas, a partir de 01/08/2004, geram um crédito presumido de 35% (trinta e cinco por cento), equivalente a 3,2375% do valor da nota. Nesse contexto, a Recorrente teria continuado a adquirir o café de pessoas físicas, porém, teria simulado que as aquisições de café se deram junto a pessoas jurídicas. Diante disso, o Fisco desconsiderou os efeitos do negócio jurídico tido como simulado, tomada de crédito de PIS/COFINS na compra e venda realizada junto a pessoas jurídicas, e realizou um trabalho de recomposição dos créditos a descontar da Recorrente, no qual ainda considerou os créditos presumidos do negócio jurídico que entendeu ter ocorrido na realidade, compra e venda de pessoa física. Como resultado, foi lavrado, em 16/08/2011, auto de infração para cobrança de crédito tributário no valor de R$ 18.558.371,99 (dezoito milhões, Fl. 2269DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.268 3 quinhentos e cinquenta e oito mil, trezentos e setenta e um reais e noventa e nove centavos), correspondente a: falta/insuficiência de recolhimento do PIS/COFINS; e multas isoladas sobre o valor do débito indevidamente compensado e sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido/indevido. A multa de ofício foi aplicada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), nos termos do artigo 44, inciso I, parágrafo 1º, da Lei nº 9.430/1996, por ter a Recorrente “prestado declaração falsa às autoridades fazendárias e fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos em documento ou livro exigido pela lei fiscal” e “utilizado documento que saiba ou deva saber falso ou inexato”. A Recorrente foi cientificada do lançamento em 22/08/2011, apresentando Impugnação no dia 21/07/2011, pela qual pediu a invalidação do auto de infração ou o reconhecimento da insubsistência da cobrança do crédito tributário, sob os seguintes argumentos: (i) desrespeito ao prazo máximo de validade do mandado de procedimento fiscal; (ii) nulidade dos elementos de convicção colhidos diante da aplicabilidade da doutrina dos frutos da árvore envenenada; (iii) nulidade por cerceamento de defesa, pois a Recorrente não participou da produção de prova testemunhal consistente em depoimentos prestados na fase de fiscalização; (iv) os créditos de PIS/COFINS teriam sido apurados corretamente, tal como preceitua o artigo 3º, parágrafo 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; (v) a Recorrente é pessoa jurídica de direito privado e, desse modo, não detém poder de polícia, de modo que seria desarrazoado transferir ao particular o ônus de verificar a regularidade fiscal de suas fornecedoras, cuja competência é da Secretaria da Receita Federal; (vi) que o ordenamento jurídico protegeria os adquirente de boafé, na hipótese de comprovação de emissão da nota fiscal e da realização do pagamento; (vii) ausência de interposição fraudulenta, em razão da inexistência de provas em relação à Recorrente; (viii) ausência de responsabilidade solidária, o que levaria ao deferimento de compensação/ressarcimento; e (ix) a multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento) violaria os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e do nãoconfisco. Quanto ao item (viii) acima, observase que, em nenhum momento, é atribuída a responsabilidade solidária à Recorrente. Dentre os elementos de prova utilizados para a caracterização da interposição fraudulenta, a Fiscalização se utilizou do descompasso entre as receitas das fornecedoras da Recorrente ao longo dos anos frente aos tributos recolhidos ao Fisco por tais empresas, em valores irrisórios. Mas tais tributos das fornecedoras não são cobrados da Recorrente, que teve apenas glosados créditos de PIS/COFINS gerados por aquisição de bens dessas fornecedoras. Em 27/06/2012, a 17ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (“DRJ”), ao apreciar as razões expostas pelo contribuinte, julgou improcedente a impugnação, mantendo em parte o crédito tributário, em acórdão que possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011 Fl. 2270DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 4 Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando os negócios fraudulentos, a fim de fazer recair a responsabilidade tributária, acompanhada da devida multa de ofício, sobre o sujeito passivo autuado. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Multa de Ofício. Fraude. Qualificação. A multa de ofício qualificada deve ser aplicada quando ocorre prática reiterada, consistente de ato destinado a iludir a Administração Fiscal quanto aos efeitos do fato gerador da obrigação tributária, mormente em situação fraudulenta, planejada e executada mediante ajuste doloso. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011 Nulidade Não padece de nulidade o auto de infração, lavrado por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Matéria não Impugnada Operamse os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, ou em relação à prova documental que não tenha sido apresentada, salvo exceções legalmente previstas. Juntada de Novas Provas A prova documental deve ser apresentada na impugnação; precluído o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, exceto quando justificado por motivo legalmente previsto. Diligência. Perícia. Desnecessária. Indeferimento Fl. 2271DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.269 5 Indeferese o pedido de diligência (ou perícia) quando a sua realização revelese prescindível ou desnecessária para a formação da convicção da autoridade julgadora. Multa regulamentar. Procedimento Inadequado A multa regulamentar aplicável em razão de compensação indevida, ou indeferimento de pedido de ressarcimento, pressupõe decisão proferida por autoridade competente, denegando formalmente o pedido, ou não homologando a compensação declarada; devendo ser reunidos em um único processo a impugnação contra a penalidade e a manifestação de inconformidade contra a decisão, para apreciação simultânea pelas instâncias de julgamento, evitando decisões contraditórias ou incompatíveis”. Com relação às multas isoladas, a impugnação não foi conhecida, determinando a DRJ que os autos deveriam ser devolvidos à “Delegacia de origem, que deverá formalizar, em relação às multas isoladas, processo com as cópias das peças referentes a esta exigência, e, na seqüência, juntar por apensação aos processos de ressarcimento/compensação – todos apensados entre si, com a finalidade de tratamento conjunto, mantendo, no entanto, cópias das peças, eventualmente extraídas, nestes autos”. A Recorrente foi cientificada da decisão da DRJ em 28/09/2012, apresentando tempestivo Recurso Voluntário em 26/10/2012, no qual reiterou os argumentos expostos em sua Impugnação, pleiteando ainda a produção das seguintes provas: (i) “novas diligências com o fim de conferir todas as compras da Recorrente, sobretudo as notas fiscais dos fornecedores, os comprovantes de pagamento das operações via depósito bancário na conta corrente das empresas, bem ainda os cadastros dos mesmos na Receita Federal e Estadual”; e (ii) “oitiva das testemunhas ouvidas no curso do procedimento, desta vez sob o crivo do contraditório, sob pena de nulidade do procedimento”. Após, os autos foram remetidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”), para julgamento, sendo distribuídos à minha relatoria na sessão do dia 10/12/2015. Em 22/03/2016, a Recorrente requereu a juntada de parecer de lavra do eminente e douto Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, pedindo que fosse declarada a invalidação de toda a prova colhida no procedimento fiscal utilizado como fundamento para a glosa realizada, bem como dos atos praticados, em virtude do cerceamento de defesa na colheita da prova oral, pela aplicação da “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”. No parecer em questão, são apresentadas as seguintes conclusões: "Ante o exposto, concluise que: 7. A utilização de prova produzida em outro procedimento ou processo é admissível no processo administrativo tributário, desde que observadas as cautelas constitucionais e legais pertinentes. 8. As principais cautelas que devem ser observadas são os princípios da legalidade (art. 5°, da Constituição), do devido processo legal substantivo (art. 5°, caput), do contraditório e da ampla defesa (art. 5°, LV), princípios Fl. 2272DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 6 esses que foram incorporados à legislação federal (Lei 9.784/1999 e Decretos 70.235/1972 e 7.574/2011). 9. Viola os princípios da legalidade, do devido processo legal substantivo, do contraditório e da ampla defesa e, consequentemente, os artigos 2° e 3° da Lei n 9.784/1999, o uso como fator decisório determinante de provas colhidas em processo ou procedimento alheio ao réu ou interessado ou do qual este não tenha participado como parte plenamente reconhecida, nem foram preservadas as condições para repetição ou reexame técnico do elemento probatório colhido. 10. Viola os princípios do contraditório, da ampla defesa e da motivação adequada das decisões administrativas e, consequentemente, os artigos 2° e 3° da Lei 9.784/1999, a rejeição apriorística da reprodução ou do reexame de prova emprestada. 11. No caso, as empresas NICCHIO manifestamente tinham legítimo interesse no acompanhamento e na eventual refutação dos depoimentos e das diligências realizadas em processos ou procedimentos administrativos relacionados às operações de aquisição de café, dada a contraposição de interesses entre exportadores e os supostos intermediáriosatacadistas." (grifos nossos) É o relatório. Voto Conselheiro Augusto Fiel Jorge d' Oliveira O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, de modo que dele tomo conhecimento. A Recorrente alega que o mandado de procedimento fiscal que deu origem ao lançamento seria inválido, pois possuiria um prazo de validade máximo de 120 (cento e vinte) dias, que foi ultrapassado nos caso dos autos, tendo em vista que a ação fiscal se iniciou no dia 11/02/2011 e só foi concluída no dia 16/08/2011, não havendo qualquer notícia de sua prorrogação nos autos. À época do início da fiscalização, era a Portaria RFB nº 11.371/2007 que dispunha a respeito do planejamento das atividades fiscais e estabelecia normas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Esse ato dispunha sobre prazos e extinção dos mandados de procedimento fiscal da seguinte forma: “Art. 11. Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade: I cento e vinte dias, nos casos de MPFF e de MPFE; II sessenta dias, no caso de MPFD. Art. 12. A prorrogação do prazo de que trata o art. 11 poderá ser efetuada pela autoridade outorgante, tantas vezes quantas necessárias, observado, em Fl. 2273DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.270 7 cada ato, o prazo máximo de sessenta dias, para procedimentos de fiscalização, e de trinta dias, para procedimentos de diligência. Art. 13. Os prazos a que se referem os arts. 11 e 12 serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235, de 1972. Parágrafo único. A contagem do prazo do MPFE farseá a partir da data do início do procedimento fiscal. Art. 14. O MPF se extingue: I pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio, com a ciência do sujeito passivo; II pelo decurso dos prazos a que se referem os arts. 11 e 12. Parágrafo único. A ciência do sujeito passivo de que trata o inciso I do caput deverá ocorrer no prazo de validade do MPF. Art. 15. A hipótese de que trata o inciso II do art. 14 não implica nulidade dos atos praticados, podendo a autoridade responsável pela emissão do Mandado extinto determinar a emissão de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal. Parágrafo único. Na emissão do novo MPF de que trata este artigo, não poderá ser indicado o mesmo AFRFB responsável pela execução do Mandado extinto”. À luz de tal regramento, o mandado de procedimento fiscal relativo a fiscalização ("MPFF") poderia ser prorrogado quantas vezes fosse necessário, observandose em todo o caso o prazo máximo para a sua conclusão, que era de 120 (cento e vinte) dias. O decurso do prazo máximo implicava a extinção do mandado de procedimento fiscal, não gerando qualquer nulidade dos atos praticados, a teor do disposto no artigo 15, sendo possível a emissão de novo mandado de procedimento fiscal, desde que sua execução fosse conduzida por auditor fiscal diverso do anterior. Durante a fiscalização, em 29/07/2011, a Portaria RFB nº 11.371/2007 foi revogada pela edição da Portaria RFB nº 3.014/2011, alterando as regras sobre prazo e extinção do mandado de procedimento fiscal. A diferença para a portaria anterior é que, na vigência desse diploma, na hipótese de expedição de novo mandado não seria mais necessária a sua condução por auditor fiscal diverso do que tenha atuado no mandado de procedimento fiscal anterior, extinto por decurso de prazo. Quanto a esse ponto, a decisão recorrida teceu os seguintes comentários: “Registrase que o MPF e todas as prorrogações foram efetuadas e cientificadas ao contribuinte, conforme se comprova mediante o Termo de início de Ação Fiscal de fl. 4. O que se confirma também nos Termos de Continuidade de Ação fiscal, por exemplo, à fl. 32, à fl. 291, à fl. 32, às fl. 315, à fl. 336, à fl. 340 . Observase, ainda, que todas as informações, inclusive a respeito das prorrogações, estão disponíveis no site da RFB para o contribuinte, mediante senha, conforme anotado no Termo de início de Ação Fiscal de fl. 4, tendo havido duas prorrogações sempre respeitando o prazo de 120 dias”. Sobre o tema, muito embora exista posicionamento pela nulidade de lançamento quando verificadas irregularidades no mandado de procedimento fiscal12, o 1 EDAG nº 120275/02, Processo nº 0015675412011405000002. DJE de 31/05/2012, TRF5. 2 Apelação Cível 000330848.2011.4.01.3507, publicado em 22.05.2015, TRF1. Fl. 2274DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 8 entendimento que vem prevalecendo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é no sentido de que eventuais irregularidades no mandado de procedimento fiscal, por não seguir estritamente as disposições dos atos regulamentares que tratam do tema, não implicam a nulidade do lançamento, desde que observados os requisitos previstos no artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e artigo 142 do CTN3. De qualquer maneira, a par dos posicionamentos existentes sobre a matéria, no presente caso, entendo que a decisão recorrida deve ser mantida nesse ponto, pois, uma vez apontada a regularidade no procedimento de fiscalização pela decisão recorrida, a Recorrente deixou de contestar de modo específico e demonstrar sua eventual ocorrência, limitandose a reiterar o que fora alegado em sede de Impugnação. A Recorrente ainda defende a nulidade do Auto de Infração por mais dois fundamentos. Primeiro, em razão de os auditores terem utilizado documentos e informações obtidos junto a instituições financeiras, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, o que conflitaria com a Carta da República (artigo 5º , inciso LVI), pois o Supremo Tribunal Federal ("STF"), no julgamento do Recurso Extraordinário nº 389.808, teria decidido que autoridade fiscal não poderia acessar dados relativos à movimentação financeira do contribuinte sem autorização judicial. Por consequência, defendeu a Recorrente que as provas obtidas por documentos e informações junto às instituições financeiras seriam ilícitos, assim como todos os elementos de convicção dela derivados, por aplicação da doutrina dos frutos da árvore envenenada ou doutrina da ilicitude por derivação. De acordo com o art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001: "Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária". A partir da interpretação de tal dispositivo, a decisão recorrida entendeu pela ausência de qualquer ilegalidade, levando em consideração que "os requisitos legalmente impostos para o exercício do poder concedido para a devida requisição de movimentação financeira são: (1) que haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso; e (2) que o exame dos registros financeiros requisitados seja considerado indispensável pela autoridade administrativa competente. Não se vislumbra, portanto, qualquer condicionamento ao exercício do poder de requisitar informações financeiras à prévia intimação, nem do titular de eventual conta, nem do terceiro porventura a ele vinculado, nem de autorização judicial". Porém, como mencionado pela Recorrente, realmente, o e. STF, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 389.808, entendeu que conflitava com a Carta da República norma legal que autorizasse o afastamento do sigilo de dados bancários, em decisão que possui a seguinte ementa: 3 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MPF. NULIDADE. Descabe a argüição de nulidade quando se verifica que o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente para fazêlo em consonância com a legislação vigente. O MPF é mero instrumento de controle da atividade de fiscalização no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de modo que eventual irregularidade na sua expedição, ou nas renovações que se seguem, não acarreta a nulidade do lançamento. (Acórdão CSRF/0202.543,de22/01/2007). Fl. 2275DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.271 9 "SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão eqüidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte"4. Em que pese a possibilidade de se cogitar a aplicação de tal entendimento ao caso concreto, com o objetivo de avaliar eventual nulidade do lançamento em decorrência da obtenção de dados bancários sem autorização judicial, o que seria plenamente permitido pelo artigo 62, § 1º, inciso I, do Regimento Interno do CARF, recentemente, em 24/02/2016, o Plenário do STF reverteu a posição anterior, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 601.314, para fixar o entendimento de que a norma em questão não resulta em quebra de sigilo bancário, tendo em vista que apenas ocorre uma transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. Dessa maneira, afirmada a constitucionalidade do dispositivo em questão pelo STF que, inclusive, reverteu decisão que poderia fundamentar o entendimento defendido pelo contribuinte, ultrapassando a vedação contida na Súmula CARF nº 02, pela aplicação do artigo 62, § 1º, inciso I, do Regimento Interno do CARF, não há como prosperar o recurso quanto a esse ponto. Segundo, de acordo com a Recorrente, a nulidade haveria de ser reconhecida, em razão de cerceamento de defesa, pois a Recorrente não participou da produção de prova testemunhal, derivadas dos depoimentos prestados na fase de fiscalização, argumento corroborado pelas conclusões apresentadas no parecer do eminente e douto Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. A decisão recorrida não acolheu esse argumento da Recorrente, pelas seguintes razões: "(...)os depoimentos, citados pelo impugnante como prova testemunhal, são Termos de Declaração devidamente assinados pelos depoentes, onde não se vislumbra traço de coação, inclusive muitos acompanhados de advogados, por isto mesmo lícitos. Não há elementos nos autos para imputar a nenhum dos depoentes a qualidade de interessado no julgamento contra o autuado, ou a existência de alguma relação (exceto de natureza comercial ou negocial) entre a impugnante e os depoentes (ou de seus parentes) que implique interesse no resultado da decisão administrativa negativa da perspectiva do autuado. Ao contrário, a decisão administrativa favorável ao recorrente seria de maior interesse para muitos dos depoentes, que de algum modo podem ser responsabilizados na medida de participação, em tese, no esquema de simulação/dissimulação dos atos comerciais sub examine. 4 RE 389808, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2010. Fl. 2276DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 10 Ademais, no âmbito do processo administrativo tributário, e em analogia ao processo penal, a auditoria fiscal é a fase inquisitorial que, antecedendo a fase contenciosa do procedimento, não se rege pelo princípio do contraditório e da ampla defesa, pois se destina à investigação, à colheita de informações e de elementos de prova para a formação da convicção da autoridade fiscal a respeito da ocorrência, ou não, do fato gerador do tributo e de infrações porventura existentes. O encerramento desta fase com a lavratura do auto de infração, propicia, com a ciência do contribuinte, a fase contenciosa, esta sim plenamente regida pelo princípio do contraditório e da ampla defesa, ou de modo mais amplo, do devido processo legal. A corroborar esse entendimento está o fato de que a auditoria fiscal, em certos casos, pode ser reduzida ao mínimo, dispensando qualquer fiscalização externa para efetuar o lançamento tributário e, então, o Fisco autua o contribuinte sem auditar no seu estabelecimento e sem intimála previamente, desde que já disponha dos elementos de prova para tanto, como acontece nas autuações decorrentes do simples exame de declarações (Declaração de Ajuste Anual de Pessoa Física DIRPF, ou Declaração de Contribuições e de Tributos Federais da Pessoa Jurídica DCTF) em cotejo com dados disponíveis nos sistemas informatizados". (grifos nossos) Realmente, a fase de fiscalização possui natureza inquisitorial, enquanto que, na fase litigiosa, iniciada com a impugnação ao lançamento, é aberta a oportunidade de o contribuinte exercer o contraditório e a ampla defesa, podendo apresentar todos os meios de provas disponíveis para sustentar o seu direito de crédito ou a inocorrência do fato gerador. No presente caso, no momento em que lhe era franqueada a ampla defesa, a Recorrente não trouxe elementos de prova capazes de infirmar as conclusões a que chegou a fiscalização, como se analisará a seguir, limitandose a afirmar que a prova que desejava ter produzido na fase de fiscalização é que seria importante para resguardar sua ampla defesa, sem, contudo, indicar princípio de prova a ser produzido, o que poderia ser lá esclarecido, de que maneira sua participação no depoimento poderia alterar o resultado de tais diligências, eventuais fatos expostos e informações prestadas no depoimento que não seriam porventura verdadeiras etc. Portanto, não se comprovando o prejuízo à ampla defesa da Recorrente, a quem foi dada a oportunidade de conhecer exatamente os motivos pelos quais se fundamenta o lançamento, não merece prosperar a alegação de nulidade (artigo 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/1972). Ademais, o lançamento não se fundamentou apenas em tais depoimentos, existindo outros fundamentos para dar amparo ao lançamento. No extenso trabalho realizado pela fiscalização para comprovar a ocorrência do fato gerador ainda foram levantados elementos adicionais para se chegar à conclusão de que as aquisições realizadas pela Recorrente foram simuladas, como a divergência entre os valores movimentados pelas fornecedoras e o valor recolhido por elas a título de tributos, diligências fiscais nos endereços das fornecedores e diligências em instituições financeiras para verificar a movimentação de tais empresas e os responsáveis pela abertura e movimentação das contas. Quanto ao mérito, afirma a Recorrente que os créditos de PIS/COFINS teriam sido apurados corretamente, tal como preceitua o artigo 3º, parágrafo 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, que têm a seguinte redação: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 3o O Fl. 2277DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.272 11 direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País”. Além disso, expõe que é pessoa jurídica de direito privado e, desse modo, não detém poder de polícia, de modo que seria desarrazoado transferir ao particular o ônus de verificar a regularidade fiscal de suas fornecedoras, cuja competência é da Secretaria da Receita Federal. Por esse motivo, afirma a Recorrente, o ordenamento jurídico protegeria os adquirentes de boafé, na hipótese de comprovação de emissão da nota fiscal e da realização do pagamento, defendendo ainda a Recorrente a ausência de interposição fraudulenta, em razão da inexistência de provas em relação a ela. Nessa matéria, o ponto essencial reside em examinar a relação jurídica existente na aquisição do café. Na hipótese de ser considerada legítima a aquisição de café de pessoas jurídicas, como sustenta a Recorrente, haveria que se reconhecer seu direito de desconto de crédito e a proteção conferida ao ordenamento jurídico aos adquirentes de boafé. De outro modo, caso se entenda ter existido uma simulação quanto à aquisição de pessoas jurídicas para esconder a real operação entre as partes, de aquisição de café de pessoas físicas, com o intuito de enganar o Fisco, como sustenta a fiscalização, a conseqüência seria o reconhecimento da validade do lançamento. A simulação é um vício que tem como efeito tornar nulo o negócio jurídico, como previsto no artigo 167 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), que, além de trazer os efeitos da simulação, elenca as hipóteses em que se configura, in verbis: “Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado”. A maior parte da doutrina define a simulação como a divergência entre a vontade real das partes envolvidas e a vontade declarada. Segundo Sílvio Rodrigues, o negócio jurídico simulado “é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam” (Sílvio Rodrigues. “Direito civil. Vol. 01”. São Paulo: Saraiva. 2007, p. 294). No mesmo sentido, Alberto Xavier5: “Tratase de um caso de divergência entre a vontade e a declaração, procedente do acordo entre o declarante e declaratário e determinada pelo intuito de enganar terceiros. Os seus elementos essenciais são pois: (i) a intencionalidade da divergência entre a vontade e a declaração (ii) o acordo simulatório (pactum simulationis) (iii) o intuito de enganar terceiros”. A prova dos autos, a meu ver, é suficiente para que se reconheça a ocorrência de simulação nas aquisições junto às pessoas jurídicas. 5 Direito Tributário e Empresarial: pareceres. Rio de Janeiro. Forense. 1982. P. 25. Fl. 2278DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 12 A Fiscalização levantou uma série de elementos para demonstrar que as operações de aquisição de café pela Recorrente, no plano dos fatos, se dava diretamente com as pessoas físicas. Inicialmente, foi detectada uma discrepância vultosa entre valores financeiros movimentados pelas empresas fornecedoras e os valores declarados às autoridades fiscais. A maior parte delas no período fiscalizado estava em situação de omissão e inatividade declarada – inapta, nula, baixada ou suspensa. Além disso, do total de pessoas jurídicas diligenciadas pela Fiscalização, mais da metade foi constituída a partir do ano de 2002, com movimentação financeira expressiva e crescente a partir de 2003, anos em que a sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS foi introduzida. Outro elemento apontado diz respeito à estrutura das fornecedoras da Recorrente. Como constatado em diligências nas empresas, nenhuma delas possui armazéns, funcionário contratado ou estrutura logística. A respeito da constituição e da forma de operação dessas empresas, cito abaixo trecho da decisão recorrida: "Antônio Gava, inicialmente sócio e depois administrador da Colúmbia, no depoimento que se encontra às fls. 344/346 dos autos, corrobora a tese da auditoria de modo expresso, e, sem peias ou meias palavras, esclarece o modus operandi das empresas envolvidas: Que a Colúmbia funciona como recebedora da nota fiscal do produtor e emissora da nota fiscal de saída, que vai para o real proprietário do café, ou melhor, o verdadeiro comprador de café; O real comprador de café adquire o produto do produtor rural por intermédio de corretores de café; Que os compradores de café efetuam depósitos nas contas correntes da Colúmbia, e esta efetiva o pagamento aos produtores rurais. (gn) Registrese que Antônio Gava é sobrinho do sócio fundador da Custódio Forzza (fl. 1568), onde trabalhou por mais de 20 anos. Logrou a Colúmbia, pouco depois de fundada, em 2001, negociar 42 milhões de Reais em fornecimento de café para a Nicchio Café, apenas no período de 2005/2007. Em outro depoimento, agora de Alexandre Pancieri (fls. 411/412), sócio da Do Grão, encontrase apoio para a hipótese de uma ação coordenada no sentido de fraudar a Fazenda Nacional. Todavia, o apoio desta vez vem no sentido de esclarecer outro aspecto da situação sob suspeita: a de que as empresas (ou pelo menos algumas delas) eram previamente montadas, não nasciam de um acordo livre das vontades dos sócios para atuar na mercado, mas eram engendradas por terceiros interessados: Que a Do Grão foi constituída tendo como sócios o declarante e o Sr. Ricardo Vieira dos Anjos; que o declarante não sabe informar quem é o Sr. Ricardo Vieira dos Anjos; que a constituição da Do Grão foi feita a pedido de Sr. Luiz Fernando Mattede, sendo que não houve por parte do declarante qualquer aporte de capital na Do grão; (...) (gn) Destacamos aqui duas afirmações do sócio da Empresa Do Grão, cujo quadro societário compunhase de apenas dois sócios (1) O Sr Alexandre não conhecia o outro sócio; e (2) A empresa fora criada “a pedido” do Sr. Luiz Fl. 2279DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.273 13 Fernando Mattede. A Empresa, dessa forma constituída, movimentou milhões, entre 2003/2006, mas não recolheu absolutamente nada aos cofres públicos a título de tributo, no período de 2003/2009. Entre 2005 e 2007, a Do Grão teria negociado cerca de 6,7 milhões de Reais em café com a Nicchio Café. Porém, toda a estrutura empresarial da Do Grão restringese a um pequena sala em Colatina". Constam também nos autos os depoimentos dos produtores rurais, como exemplo, o do Sr. Perim, fls. 511/514, que esclarece que: (i) os produtores rurais não conhecem as pessoas jurídicas que constam como destinatárias das suas próprias notas fiscais, (ii) as notas eram ou preenchidas pelos reais compradores, como a Recorrente, ou preenchidas pelo produtor com dados que lhes eram fornecidos pela Recorrente; (iii) o café era retirado da propriedade rural pela Recorrente ou era descarregado em seus armazéns. O depoimento do Sr. Alves é esclarecedor, pois "afirma que a empresa V Munaldi – ME nunca foi atacadista, nem mesmo sequer atuou no seguimento de compra e venda de café, pois, a empresa foi criada unicamente para fornecer notas fiscais para os verdadeiros compradores de café, que adquiriam a mercadoria diretamente dos produtores rurais. Neste sentido, ao receber a nota fiscal do produtor rural por intermédio de officeboy do verdadeiro comprador, emitia Nota Fiscal de Entrada, e, na mesma data, emitia nota fiscal de saída para o verdadeiro comprador. Afirma ainda Altair que a operação real de compra e venda se dava diretamente entre o comprador final e o produtor rural, funcionando a sua empresa como repassadora de recursos financeiros dos compradores para os produtores rurais. Nesta linha, afirma que nunca teve qualquer contato com os produtores rurais, no que tange às operações descritas nas notas". (grifos nossos) Diante disso, como observado pela decisão recorrida: "Claro está que as empresas fornecedoras da empresa, ora autuada, tais como Do Grão, Acádia, L&L, Colúmbia e outras arroladas nestes autos, não operam no mercado de compra e venda de café, mas atuam em outro ‘mercado’, a saber, ‘mercado de compra e venda de nota fiscal’". E isso foi demonstrado com relação a quase totalidade das fornecedoras da Recorrente. Da tabela constante às fls. 18821884, constam 86 (oitenta e seis) fornecedoras da Recorrente. Pela análise do relatório fiscal (fls. 15292102), do conjunto de elementos levantados pela Fiscalização em relação a cada fornecedor, entendo que não ficou demonstrada a simulação, por ausência de um conjunto probatório robusto nesse sentido, apenas em relação a 10 (dez) fornecedoras (Albertino Isaias da Silva, Coffe Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda.), em relação as quais proponho desde já seja cancelado o lançamento, por ausência de prova no lançamento. Por sua vez, a Recorrente se limita a afirmar que foi adquirente de boafé, pois realizou uma verificação superficial na situação cadastral das fornecedoras junto às Fazendas Federal e Estadual e as mesmas se encontravam em situação regular. Além disso, alega que todos os pagamentos foram feitos para as fornecedoras por transação bancária. Porém, diante de prova tão robusta feita pela Fiscalização quanto à simulação e de que as aquisições, na realidade, eram feitas com pessoas físicas, caberia, a meu ver, à Recorrente, demonstrar que a relação jurídica que mantinha nas aquisições era com as pessoas jurídicas e não com as pessoas físicas. Para tanto, podia se utilizar de qualquer meio de prova, como contratos celebrados com as pessoas jurídicas, correspondências e/ou emails, contendo Fl. 2280DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 14 proposta e/ou aceite de termos comerciais relativos aos fornecimentos de café, como quantidades, especificação de qualidade das mercadorias, preços, prazos de entrega e outras condições que se espera sejam negociadas e acordadas entre comprador e fornecedor em relações comerciais que envolvam tais quantias e pelo período de tempo que as mesmas transcorreram; indicação das pessoas com quem lidava em cada fornecedor, responsáveis por ajustar as condições das aquisições transacionadas, enfim, caberia a Recorrente trazer elementos que ajudassem a comprovar que as aquisições foram feitas das pessoas jurídicas e não das pessoas físicas, como concluiu a Fiscalização. O que não ocorreu. Nesse cenário, diante das provas apresentadas pela Fiscalização e da ausência de elementos que afastassem tais conclusões pela Recorrente, penso que restaram demonstrados os requisitos da simulação, que deve ser reconhecida, mantendose os efeitos do ato dissimulado, tal como fez a Fiscalização, ao preservar o crédito presumido na aquisição junto a pessoas físicas, para fins de recomposição da base de cálculo, motivo pelo qual entendo que deve ser mantido em parte o lançamento, excluindose o lançamento apenas em relação àquelas em que não há prova suficiente, como exposto acima. Quanto ao pedido de realização de diligência para produção de provas formulado pela Recorrente, acredito que é incabível, devendose ainda observar que eventual comprovação de que realizou as transferências de pagamento em favor das pessoas jurídicas não modificaria as conclusões a que se chegou nesse voto. Por último, quanto à qualificação da multa de ofício, entendo que é consequência do reconhecimento da existência de simulação nas aquisições de café e está devidamente fundamentada no lançamento. Nesse sentido, a simulação do negócio jurídico pela utilização de interposição de pessoas, com o objetivo de reduzir o tributo ser pago, no contexto em que narrado e demonstrado pela Fiscalização, se qualifica nas hipóteses de duplicação da multa de ofício, previstas no artigo 44, inciso I, § 1º, da Lei nº 9.430/1996. Pelo exposto, proponho a este Colegiado dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto, mantendo em parte o lançamento, para afastálo em relação às seguintes fornecedoras da Recorrente: Albertino Isaias da Silva, Coffe Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. É como voto. Conselheiro Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Relator Fl. 2281DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10480.721571/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.939
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10480.721571/2013-11
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5632993
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-000.939
nome_arquivo_s : Decisao_10480721571201311.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 10480721571201311_5632993.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6491063
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048691158286336
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1849; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.721571/201311 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401000.939 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 23 de agosto de 2016 Assunto IPI Recorrente COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS AMBEV Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Tratase de auto de infração de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, período de apuração 01/07/2009 a 30/06/2010, decorrente da glosa de créditos indevidos. Relata a fiscalização que as infrações detectadas foram as seguintes: i) revenda de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos de terceiros, sem destaque de imposto; ii) aproveitamento de créditos na aquisição de bebidas, sujeitas à tributação na forma da Lei nº 7.798/89, de outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica; iii) creditamento pela aquisição de materiais de uso e consumo; iv) apropriação de créditos na transferência de bebidas entre estabelecimentos pertencentes à mesma pessoa jurídica; v) RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .7 21 57 1/ 20 13 -1 1Fl. 7006DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 3 2 tomada de créditos por aquisição isenta de concentrados e material de embalagem oriundos da ZFM; e, vi) utilização indevida de saldos credores de períodos anteriores revertidos em função de lançamento (PA 10480.721144/201081). Em impugnação o contribuinte asseverou que todos os créditos glosados referemse a produtos utilizados no seu processo industrial; que o creditamento pela aquisição de mercadorias sujeitas ao regime monofásico foi objeto de destaque na operação subseqüente, não acarretando qualquer prejuízo ao erário; que parte dos produtos oriundos da ZFM atendem às exigências do arts. 82, III e 175 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), mormente o concentrado de bebidas não alcoólicas produzido pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda.; que o direito ao crédito pela aquisição de produtos isentos estaria amparado pelo princípio da não cumulatividade, segundo jurisprudência do STF; que a glosa do saldo credor, relativo a período de apuração lançado no PA 10480.721144/201081, não observou a contestação do lançamento em referido processo; e, que revela dupla penalização a imposição de multa isolada sobre o crédito cujo estorno foi determinado pela autoridade administrativa. A DRJ Belém/PA deu parcial para afastar a multa isolada, mediante decisão assim ementada: “AMAZÔNIA OCIDENTAL. CRÉDITO. Por expressa disposição legal, estão isentos do IPI os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na Amazônia Ocidental com projeto aprovado pela Suframa. CRÉDITO. INSUMOS. Somente geram direito ao crédito do imposto os materiais que se enquadrem no conceito jurídico de insumo, ou seja, aqueles que se desgastem ou sejam consumidos mediante contato físico direto com o produto em fabricação. CRÉDITO. MONOFÁSICO. A aquisição de produtos acabados sujeitos ao regime monofásico está fora das hipóteses geradoras de crédito do IPI. CRÉDITO. GLOSA. ATO ADMINISTRATIVO DEFINITIVO. Os atos administrativos são sempre definitivos podendo, em momento posterior, serem revistos parcialmente, anulados ou declarados nulos por outro ato competente para tal. Assim, caberá o estorno de crédito glosado, ainda que pendente de recurso administrativo.” O recurso voluntário, com alguma variação, reprisou os fundamentos da defesa inaugural. Em 24/02/2015, por intermédio da Resolução nº 3402000.322, a 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara/3ª SEJUL/CARF, diante da vinculação destes autos com o PA 10480.721144/201081, converteu o julgamento em diligência para se aguardar o julgamento definitivo de referido feito. Fl. 7007DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 4 3 A unidade preparadora devolveu o processo, em 10/04/2015, sob alegação que o mesmo encontravase no CARF, aguardando julgamento. Na sessão de 09/12/2015, tendo em vista o desligamento, do CARF, da relatora original, o processo foi a mim redistribuído, por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Sem adentrar em debate acerca do equívoco da manifestação de devolução lançada pelo despacho de fl. 6.996, verifico que o colegiado primevo, data maxima venia, vislumbrou tão somente a imbricação deste processo ao PA 10480.721144/201081, sem debruçarse sobre as demais questões postas no recurso voluntário e que poderiam exigir providências específicas e independentes daqueloutro processo, razão pela qual aproveito o ensejo para estender o objeto da diligência. Em que pese concordar com o vínculo entres os processos, decorrente do aproveitamento, nestes autos, de saldos credores remanescentes de períodos lançados naquele e revertidos em função dos resultados da fiscalização, sendo inegável a influência dos efeitos financeiros entre ambos, tenho que a averiguação do cabimento do crédito pela aquisição do concentrado isento produzido pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda. não prescinde da realização de diligência, na linha do que proposto naqueles cadernos, hodiernamente sob minha relatoria. É que, segundo o recorrente, indigitado crédito estaria albergado pelos arts. 82, III e 175 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), a seguir reproduzidos: “Art. 82. São isentos do imposto: (...) III os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, excetuados o fumo do Capítulo 24 e as bebidas alcoólicas, das posições 22.03 a 22.06 e dos códigos 2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da TIPI (Decretolei nº 1.435, de 1975, art. 6º, e Decretolei nº 1.593, de 1977, art. 34). (...) Art. 175. Os estabelecimentos industriais poderão creditarse do valor do imposto calculado, como se devido fosse, sobre os produtos adquiridos com a isenção do inciso III do art. 82, desde que para emprego como MP, PI e ME, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto (Decretolei nº 1.435, de 1975, art. 6º, § 1º).” Fl. 7008DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 5 4 Como aduzido pelo contribuinte, ora recorrente, o concentrado de bebidas não alcoólicas produzido pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., glosado pela fiscalização, enquadrarseia nas condições acima, como atestaria consulta formulada por esta empresa à SUFRAMA, respeitante ao atendimento dos requisitos previstos no art. 6º do DL 1.435/75 para fruição da isenção ali prevista, juntada por ocasião da impugnação. Por outro lado, como relatado pela autoridade fiscal, durante o procedimento fiscal realizado no âmbito do PA 10480.721144/201081, aludida pessoa jurídica foi intimada a indicar, dentre outros, a base legal da isenção aplicada nas vendas à recorrente (fls. 325/326), tendo informado que seria o art. 69, II do RIPI/02, nada obstante responder que utilizava matériaprima de origem extrativa vegetal (extrato de caramelo), como se verifica da seguinte passagem do relatório de autuação: “Conforme mostra a documentação anexada ao eprocesso, a PEPSICOLA informou que os concentrados Pepsi Cola, Pepsi Cola Light, Pepsi Cola Twist, Pepsi Cola Twist Light. saem da ZFM com a isenção prevista no artigo 69, II. Nenhuma matéria prima agrícola e extrativa vegetal de produção da Amazônia Ocidental é utilizada na sua elaboração. Informou ainda que o corante caramelo utilizado como matériaprima é produzido e fornecido pela empresa D D WILLIAMSON DO BRASIL LTDA, de ManausAM. Esta empresa foi intimada a informar a origem da matériaprima utilizada na elaboração do corante caramelo para bebidas não alcoólicas, manifestandose, em sua resposta, que inexiste matériaprima agrícola ou extrativa vegetal de produção regional na elaboração do referido produto.” (fls. 53/54 – destaques no original) Neste passo, considerando que a consulta formalizouse em abril/2012, denota se uma ambigüidade no posicionamento do fornecedor PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., pois, à fiscalização, em 2010, respondeu que a isenção estaria respaldada no art. 69, II do RIPI/02, enquanto ao recorrente, que a isenção assentavase no art. 82, III do mesmo regulamento. Do cotejo entre os documentos apensados pela fiscalização, no curso do procedimento fiscal, e dos elementos anexados pelo recorrente, percebese que a situação merece esclarecimentos adicionais, não permitindo, no estado que se encontra o processo e sem prejuízo à ampla defesa, proferir julgamento. Registro, por oportuno, que a adoção das providências a seguir propostas não colidem com a sugestão original de aguardar a decisão administrativa irreformável a ser exarada no PA 10480.721144/201081, servindo a melhor instruílo para julgamento, tendo em conta a existência de matérias independentes, como dito alhures, remetendo ao retorno da diligência o exame da melhor alternativa para sua execução conjugada, em razão da reconhecida comunicação entre os feitos. Com estas considerações, renovo a proposição de conversão do julgamento em diligência para que sejam adotadas as seguintes providências: Fl. 7009DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 6 5 1. Intimar a pessoa jurídica PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda, a partir dos documentos constantes destes autos, a indicar qual a base legal da isenção que acobertou as vendas realizadas ao recorrente, no período lançado; 2. Intimar a Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA a encaminhar cópia do Ofício nº 5637/SPR/CGAPI/COPIN, de 05/07/2012, informando se o entendimento lá firmado, em resposta à consulta formulada pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., foi revisto por outro ato administrativo (neste caso, encaminhar o respectivo documento); 3. Verificar qual resolução, aprovada pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, de titularidade da PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., era aplicável por ocasião das saídas à recorrente, glosadas neste processo; 4. Elaborar relatório circunstanciado das verificações realizadas, esclarecimentos, observações e conclusões reputadas necessárias; 5. Cientificar o contribuinte deste relatório e franquearlhe prazo de 30 (trinta) dias para manifestação; Finda da diligência, com ou sem a referida manifestação, devolvamse os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento. Robson José Bayerl Fl. 7010DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
