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Numero do processo: 13896.000564/2005-70
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 28 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2004
INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL
Nos termos do artigo 23 do Decreto no. 70.235, de 1972, é válida a intimação feita por via postal, com prova de recebimento, no domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço postal, eletrônico ou de fax, por ele fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal.
ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E
CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO
PORTE SIMPLES
Ano-calendário: 2002
INGRESSO E PERMANÊNCIA NO SIMPLES. VEDAÇÃO. SERVIÇOS RELACIONADOS
A ATIVIDADES DE PROFISSIONAIS LEGALMENTE HABILITADOS.
É vedado o ingresso e a permanência no SIMPLES de pessoa jurídica que exerça atividades, consignadas no objeto social de seus atos constitutivos formalizados em registros públicos e em notas fiscais de prestação de serviços de ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, corretor, representante comercial ou assemelhados e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional
legalmente exigida.
Numero da decisão: 1801-000.626
Decisão: Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Marcos Vinicius Barros Ottoni.
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2004 INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL Nos termos do artigo 23 do Decreto no. 70.235, de 1972, é válida a intimação feita por via postal, com prova de recebimento, no domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço postal, eletrônico ou de fax, por ele fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Ano-calendário: 2002 INGRESSO E PERMANÊNCIA NO SIMPLES. VEDAÇÃO. SERVIÇOS RELACIONADOS A ATIVIDADES DE PROFISSIONAIS LEGALMENTE HABILITADOS. É vedado o ingresso e a permanência no SIMPLES de pessoa jurídica que exerça atividades, consignadas no objeto social de seus atos constitutivos formalizados em registros públicos e em notas fiscais de prestação de serviços de ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, corretor, representante comercial ou assemelhados e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL Nos termos do artigo 23 do Decreto no. 70.235, de 1972, é válida a intimação feita por via postal, com prova de recebimento, no domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço postal, eletrônico ou de fax, por ele fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 INGRESSO E PERMANÊNCIA NO SIMPLES. VEDAÇÃO. SERVIÇOS RELACIONADOS A ATIVIDADES DE PROFISSIONAIS LEGALMENTE HABILITADOS. É vedado o ingresso e a permanência no SIMPLES de pessoa jurídica que exerça atividades, consignadas no objeto social de seus atos constitutivos formalizados em registros públicos e em notas fiscais de prestação de serviços de ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, corretor, representante comercial ou assemelhados e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Marcos Vinicius Barros Ottoni. Fl. 133DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 2 (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Magda Azario Kanaan Polanczyk, Marcos Vinicius Barros Ottoni e Ana de Barros Fernandes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão da 1ª Turma da Delegacia de Julgamento em Campinas/SP que, por unanimidade de votos, indeferiu a manifestação de inconformidade da interessada apresentada contra o indeferimento de seu pleito de reinclusão na sistemática simplificada de pagamento de impostos e contribuições – Simples. Consta dos autos que a empresa foi excluída do Simples, com efeitos a partir de 01/02/2002, pelo ADE 472.786, de 07/08/2003, da Delegacia da Receita Federal em Osasco/SP (fls. 71), por praticar atividade vedada para ingresso e permanência na sistemática, qual seja, a atividade de “produção de filmes e fitas de vídeo, exceto estúdios cinematográficos” – Código CNAEFiscal no. 9211/802. Cientificada da exclusão a interessada protocolizou, em 26/09/2003, a SRS de fls. 19/20, na qual argüiu que de acordo com consulta junto ao IBGE, referente à descrição do CNAEFiscal, o código no qual a empresa estaria enquadrada compreenderia a produção de filmes destinadas à difusão pela televisão, filmes publicitários, produção de programas de televisão, atividades essas que não seriam aquelas prestadas pela empresa, que se dedicaria, apenas, a serviços de filmagem para vídeos, produções, gravações, fotografias e compra e venda de equipamentos e, assim, poderia optar pelo simples de acordo com a decisão da SRF n.° 757 de 14/07/1997. Observou, ainda, que, segundo a Constituição, a retroatividade, em matéria de tributos, não seria permitida e como a exclusão do Simples teria sido comunicada em 08/2003, seria incorreta a cobrança retroativa a esta data. A SRS foi indeferida e cientificada à contribuinte em 29/04/2004, conforme AR à fl. 21. Assim, a manifestação de inconformidade apresentada apenas em 31/05/2005, contendo os mesmos argumentos da SRS, foi considerada intempestiva, de acordo com a “comunicação” de fls. 28. Irresignada com a comunicação da intempestividade da manifestação de inconformidade a interessada apresentou, em 16/01/2007, a petição de fls. 30 denominada “Revisão da Exclusão do Simples – Contestação do Comunicado”, na qual observou que, tendo sido cientificada da exclusão, teria apresentado tempestivamente a SRS e Fl. 134DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 13896.000564/200570 Acórdão n.º 180100.626 S1TE01 Fl. 128 3 não teria recebido qualquer outro comunicado. Assim, somente ao entregar a declaração do Simples teria tido ciência da exclusão e teria sido orientada a requerer a sua reinclusão, o que teria feito em 31/05/2005. O processo foi, então, encaminhado para apreciação da DRJ em Campinas/SP que, pelo Acórdão no. 0518.629 da 1a. Turma de Julgamento, indeferiu o pleito. Aquela autoridade observou, inicialmente, que a petição de fl. 01 seria dúbia, pois poderia ser considerada como manifestação de inconformidade contra a exclusão da empresa do Simples e, se assim o fosse, não haveria dúvidas de que seria intempestiva e nenhum argumento de defesa nesse sentido poderia ser apreciado, como também poderia ser considerado um novo pedido, este de reinclusão na sistemática simplificada. Nessa condição, ao analisar a cópia da alteração e consolidação contratual datada de 03/06/2003 e arquivada na Jucesp em 29/12/2003, consignou que não haveria como superar a questão atinente à vedação decorrente da atividade desempenhada, pois não seria possível dizer, peremptoriamente, que a requerente não faria filmagens cinematográficas e para televisão, ou que não faria a produção ou não prestaria serviços técnicos nessa área de atuação. Ademais, a atividade de agenciamento (de propaganda e publicidade e à produção de CDs), também constante do objeto social, se referiria à intermediação em negócios e se assemelharia à atividade desenvolvida por corretor, o que igualmente vedaria a opção pelo Simples. Notificada, em 03/12/2008, do indeferimento de sua solicitação, como comprova o Aviso de Recebimento de fl. 80, apresentou, a contribuinte, em 18/12/2008, o recurso voluntário de fls. 87 Inicialmente observou que a exordial deveria ser recebida como pedido de reinclusão no Simples em face de sua atividade permitir o enquadramento. Quanto ao indeferimento da manifestação contra o indeferimento da SRS por ter sido considerada intempestiva, afirmou que o AR de fl. 21 teria sido recepcionado por pessoa desconhecida, o que tornaria inválida tal citação. Assim, em respeito ao princípio do contraditório, o requerimento datado de 31/05/2005 deveria ser acolhido. Com relação à atividade reafirmou prestar serviços de filmagem para vídeos e gravações que não poderiam ser consideradas como assemelhadas às de diretor ou produtor de espetáculos em vista da decisão SRF 757 de 1997. Ademais, não exerceria todas as atividades que constam em seu objeto social, protestando pela análise das notas fiscais que juntou. No que toca aos serviços de agenciamento consignou que o presente processo, que já possuía decisão, não trataria de tal atividade. É o relatório. Voto Conselheiro Maria de Lourdes Ramirez, Relatora Fl. 135DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 4 Cumpre ressaltar, inicialmente, que mais uma vez a interessada apresenta uma solicitação dúbia. Isto porque, no recurso voluntário apresentado, afirma, num primeiro momento, que pela petição de fls. 01, datada de 31/05/2005, “requereu a reinclusão no Simples, em razão de sua atividade permitir o enquadramento, e subsidiariamente, na hipótese do entendimento ser contrário, o que admitia apenas para argumentação, requereu que a cobrança em outra tributação deveria ocorrer após a data do Ato Declaratório Executivo, qual seja, 07/08/2003, em virtude do princípio constitucional da irretroatividade e da segurança jurídica, bem como do artigo 146 do Código Tributário Nacional”. Em seguida passa a se defender contra a decisão que julgou intempestiva a manifestação de inconformidade, representada pela mesma petição à fl. 01, protocolizada em 31/05/2005, contra o indeferimento da SRS do ato de exclusão retroativa do Simples. É necessário assim, observar, quanto a ambos os aspectos da petição de fls. 01 que, caso se refira a manifestação de inconformidade em face do ato de exclusão do simples, qualquer argumento voltado contra o ADE n° 472.786, de 2003, não pode ser apreciado. Se a petição de fl. 01 é uma manifestação de inconformidade apresentada contra o ato de exclusão do simples ela é intempestiva. Isto porque a cópia do AR acostado à fl. 21 comprova que a interessada teve ciência do indeferimento da SRS em 29/04/2004. E aqui cumpre reconhecer a validade da referida ciência do indeferimento da SRS. Notese que a notificação foi encaminhada para o endereço cadastral da empresa, Rua Andrade Fernandes, 207 – B, Santana de Parnaíba – SP. O artigo 23 do Decreto no. 70.235, de 1972, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal, com as alterações introduzidas pela Lei no. 9.532, de 1997, dispõe que, no caso de intimação por via postal, ela deve ser encaminhada ao domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço por ele fornecido à Receita Federal, para fins cadastrais . Vejamos a redação do dispositivo: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar. II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. ... § 2º Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação. ... § 3º Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. Fl. 136DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 13896.000564/200570 Acórdão n.º 180100.626 S1TE01 Fl. 129 5 ... § 4º Considerase domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo o do endereço postal, eletrônico ou de fax, por ele fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal Verificase, assim, o entendimento equivocado da defesa de que seria necessário, para a validade da intimação enviada pelo AR de fl. 21, que fosse recepcionada por sócio ou representante legal da empresa. A intimação foi válida pois foi encaminhada e recepcionada no seu domicilio tributário, aquele eleito e informado nos cadastros da SRF. Cumpriramse, assim, as determinações do Decreto no, 70.235, de 1972. Por tais razões a petição de fl. 01, caso seja considerada manifestação de inconformidade contra o ato de exclusão retroativa, deve ser considerada intempestiva, pois somente foi protocolizada em 31/05/2005, quando já expirado o prazo de 30 (trinta) dias para sua apresentação, nos termos do artigo 15 do mesmo Decreto no. 70.235, de 1972, haja vista que a intimação válida do indeferimento da SRS foi recepcionada em 29/04/2004: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Assim, a empresa encontrase definitivamente excluída da sistemática simplificada de pagamento de impostos e contribuições – Simples, com efeitos a partir de 01/02/2002 e quanto a tal fato não há mais nada a ser analisado. Contudo, em respeito ao exercício do direito de defesa e ao contraditório, passase ao exame da petição de fl. 01, na condição de pedido de reinclusão na sistemática do Simples, apreciado e indeferido pela autoridade competente da DRJ em Campinas/SP. Nesse aspecto melhor sorte não socorre à recorrente. Isto porque as atividades descritas no objeto social constante das 6a. alteração e consolidação contratual datada de 03/06/2003 e arquivada na Jucesp em 29/12/2003 (cópia às fls. 02 a 06) e 7a. alteração e consolidação contratual datada de 22/12/2005 e arquivada na Jucesp em 05/01/2006 (cópia às fls. 93 a 96) e comprovadamente exercidas pela recorrente, como ilustram as cópias das notas fiscais acostadas às fls. 98 a 123, são vedadas para ingresso e permanência na sistemática simplificada. De fato, o objeto social da empresa consignado na 3a cláusula das referidas alterações contratuais (fl. 03/94), descreve as seguintes atividades: O objeto social é a exploração no ramo de agenciamento de propaganda e publicidade; agenciamento à produção de discos, CDs, vídeos, filmes e outras formas de reprodução fonovideográficas e de multimídia de caráter cultural; produção, duplicação e distribuição de filmes para veiculação em vídeocassete, DVD, televisão e cinema; elaboração de livros, revistas, jornais e outras publicações e assessoria de imprensa; edições de obras relativas as ciências humanas, letras, artes e outras de cunho cultural; produção e comercialização de qualquer espécie em VHS, CDROM, DVD e novos formatos digitais e outros serviços mercadológicos; agenciamento e patrocínio de exposições, festivais de arte, espetáculos teatrais, de dança, de música e de atividades congêneres. Fl. 137DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 6 Analisandose as notas fiscais apresentadas pela defesa e juntadas às fls. 98 a 123 constatase, invariavelmente, a descrição das seguintes atividades Descrição Valor (R$) Folhas Prestação de serviços para a produção de 3 vídeos documentais sobre o VI Cultura Inglesa Festival conforme proposta 0208 de 15/04/2002 (parcela 2/2) 22.100,00 Fl. 99 Vídeo de documentação do Programa de Ação Social 2002 ref gravações dos dias 10 e 11 de agosto na Fazenda Gaia 500,00 Fl. 100 Prestação de serviços para a produção de vídeo institucional (parcela 2/2) Refação de locução (parcela 1/1) 11.500,00 1.000,00 Fl. 101 Gravação COMGÁS no dia 15/09/2003 1.250,00 Fl. 105 Edição de 3 clipes de um minuto cada, para apresentação em evento (parcela única) 4.200,00 Fl. 106 Making off para editorial de moda da edição 48 de Audi Magazine 3.000,00 Fl. 107 Captação de imagens e edição do documentário “Programa de Ação Social II” 3.600,00 Fl. 109 01 diária de captação de imagens e depoimentos sobre o projeto .... em Recife no dia 08/03/2007 (parcela 1/1) 3.700,00 Fl. 121 Registro em vídeo para o “Projeto Justiça e Educação em Heliópolis e Guarulhos – Uma Parceria para a Cidadania” contrato ...... no dia 27/04/2007 1.200,00 Fl. 123 Observese, portanto, que as atividades descritas no objeto social não se referem a simples serviços de filmagem para vídeos, gravações, fotografias e compra e venda de equipamentos como afirmou a defesa. Tratamse de “produção de discos, CDs, vídeos, filmes e outras formas de reprodução fonovideográficas” “para veiculação em televisão e cinema”, além de “produção”, “agenciamento e patrocínio” de “espetáculos teatrais, de dança, de música e atividades congêneres”. Tais atividades estão literalmente previstas nas vedações impostas pela Lei no. 9.317, de 1996, que instituiu o Simples Federal, no artigo 9o. Art. 9º Não poderá optar pelo SIMPLES a pessoa jurídica: XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou Fl. 138DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 13896.000564/200570 Acórdão n.º 180100.626 S1TE01 Fl. 130 7 assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida; Ademais, em visita ao “site” da empresa na internet (www.turnercom.com.br) verificase a extensa lista de serviços prestados nas categorias de produção de vídeos, dos tipos promocionais, institucionais, relatórios, eventos, campanhas educativas, culturais, treinamento, documentários, making of, moda, responsabilidade social. Há, inclusive, acesso ao link de diversos tipos de vídeo produzidos pela empresa, os quais, quando acessados, permitiram constatar a enorme estrutura de produção necessária e utilizada nessas produções. Tratase de empresa de grande porte e com uma carteira de clientes representados por grandes grupos econômicos, tais como Banco ABN Amro, Construtora Andrade Gutierrez, Cultura Inglesa, Telefônica, HSBC, Ovos Saito, Construtora Queiroz Galvão, dentre outros. Ainda no que toca ao objeto social da empresa cumpre reconhecer a existência de outra atividade impeditiva nele descrito: a atividade relacionada ao “agenciamento de propaganda e publicidade; agenciamento à produção de discos, CDs, vídeos, filmes e outras formas de reprodução fonovideográficas e de multimídia de caráter cultural” “agenciamento de propaganda e patrocínio de exposições, festivais de arte, espetáculos teatrais, de dança, de música e de atividades congêneres”. A atividade de corretor e de representante comercial também consta das vedações impostas pelo citado inciso XIII do artigo 9o. da Lei no. 9.317, de 1996. E a prestação de serviços de “agenciamentos” se equiparam às de corretor e representante comercial, o que, por si só, também já é outro motivo que impede o ingresso e a permanência da empresa recorrente nessa sistemática benéfica de pagamento de impostos e contribuições. Nesse contexto, o Simples Federal se trata de uma sistemática benéfica de pagamento de impostos e contribuições federais, destinada a propiciar economia tributária, à título de incentivo fiscal, às microempresas e empresas de pequeno porte, para que tenham condições de adentrar e permanecer no mercado econômico com mínimas condições de competição. Nessas condições, para que a empresa possa usufruir de tais benefícios, é necessário que sejam rigorosamente observadas todos os requisitos e condições impostos pela legislação para sua fruição. Não é o caso da empresa recorrente, por tudo o que restou analisado e constatado nestes autos. Pelo o exposto voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 139DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 8 Fl. 140DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 05/07/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 05/07/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES
score : 1.0
Numero do processo: 10860.006340/2002-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1997, 1998
IRPJ E REFLEXOS (CSLL, PIS e COFINS). OMISSÃO DE RECEITAS. CONEXÃO. AUTO DE INFRAÇÃO DE IPI.
Em razão da relação de causa e efeito, aplica-se aos lançamentos decorrentes a mesma decisão proferida no lançamento matriz.
Numero da decisão: 1201-001.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
EDITADO EM: 28/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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OMISSÃO DE RECEITAS. CONEXÃO. AUTO DE INFRAÇÃO DE IPI. Em razão da relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos decorrentes a mesma decisão proferida no lançamento matriz. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. EDITADO EM: 28/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 00 63 40 /2 00 2- 48 Fl. 927DF CARF MF 2 O presente processo administrativo é decorrente de Autos de Infração de IRPJ e Reflexos (CSLL, PIS e COFINS), referentes aos anos bases de 2007 e 2008, emitidos em face da constatação de omissão de receitas caracterizadas em ação fiscal relativa ao IPI (objeto do processo nº 10860.003889/200281). A fiscalização concluiu que teria restado comprovado que algumas baixas efetuadas pela contribuinte em seu estoque de produtos controlados sob determinados códigos foram indevidas, bem como que houve saídas de película de polietileno e de sacolas de plásticas de seu estabelecimento desacobertadas por notas fiscais de saída. De acordo com o auditor fiscal responsável pelos lançamentos (fls. 09/17): "Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, doravante VALPLAST, atendendo à determinação de que trata o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) FISCALIZAÇÃO 0 n. 08.1.90.002002030100, e tendo em vista principalmente os fatos levantados e relatados na descrição dos fatos do Auto de Infração IPI, lavrado em 21/06/2002 e protocolizado sob no. 10860003889/200281. [...] Lançamento decorrente da fiscalização do IPI, conforme Auto de Infração formalizado no processo mencionado acima {...} Para fazer parte deste Auto de Infração, a descrição dos fatos do Auto de Infração IPI está sendo reproduzida a partir do item I Introdução até o item X Fraude e Multa de ofício, a seguir: I Introdução Verificamos que nos meses de dezembro/97 e abril/98 a agosto/98 a Valplast, estabelecimento que fabrica sacolas e películas plásticas a partir de polietileno virgem, emitiu Notas Fiscais referentes a venda de SUCATA de película de polietileno destinadas à empresa Plastquímica Comércio e Indústria Ltda. (CNPJ 36.553.469/000103), tendo efetuado baixa no estoque de película de polietileno e no de polietileno virgem, o que chamou nossa atenção, [...] IX Caracterização da Infração Os fatos apresentados acima mostram que a operação de venda envolvendo a Plastquímica e a Valplast nunca existiu, cabendo destacar que: 1 Notas fiscais paralelas da Plastquímica foram encontradas na empresa Valfilm, cujo sóciogerente é irmão do sóciogerente da Valplast; 2 O sóciogerente da Plastquímica declarou não ter realizado qualquer transação comercial com a Valplast; 3 O valor de todas as compras declaradas pela Plastquímica nos anos de 97 e 98 é bem inferior ao valor total dos produtos que a Valplast teria 'vendido' àquela empresa; Em muitas Notas Fiscais emitidas pela Valplast consta que o meio de transporte utilizado para 'transportar' dezenas de Fl. 928DF CARF MF Processo nº 10860.006340/200248 Acórdão n.º 1201001.869 S1C2T1 Fl. 3 3 toneladas de sucata plástica e de sacolas foi o automóvel de passageiros marca/modelo Volkswagen/Gol CL, de placa ACA 8209, conforme registro do Sistema Renavam; A contabilização de valores 'recebidos' da Plastquímica não guarda correspondência com os créditos recebidos pela Valplast em sua conta corrente do Banco Itaú, tendo sido contabilizado recebimento de empresas distintas referentes a um mesmo crédito, e Não há correspondência entre os produtos indicados nas Notas Fiscais emitidas pela Valplast e as baixas efetuadas em seu estoque. Pelos fatos expostos ficou comprovado que as baixas efetuadas pela Valplast em seu estoque foram indevidas, e que houve saídas de película de polietileno e de sacolas plásticas de seu estabelecimento desacobertadas por notas fiscais de saída. X Fraude e Multa de Ofício Tratandose de fraude, a multa de ofício a ser aplicada sobre o valor do imposto apurado restará igual a 150%, nos termos do art. 80, inciso II, da Lei n° 4.502/64, com redação dada pelo art. 45, da Lei n° 9.430/96." Inconformado com a exigência fiscal, o contribuinte apresentou defesa (fls. 448/484). Alega, em síntese, que: (i) considerando que os Autos de Infração em questão são uma decorrência da autuação do IPI, a improcedência daquele, já fartamente comprovada, redunda em igual tratamento aos presentes; (ii) é manifesta a nulidade do lançamento fiscal, em face da ilegalidade relatada na preliminar, qual seja, a quebra do sigilo bancário da autuada; (iii) As acusações de irregularidades na empresa Plastquímica não dizem respeito à Impugnante e são insuficientes para condenar a fiscalizada, uma vez que sua documentação fiscal, os respectivos registros fiscais e contábeis e o recebimento do preço da mercadoria vendida são provas incontestáveis a seu favor; (iv) Quanto à baixa de sucata de película na própria conta de película, embora se possa até dizer que erroneamente não se transferiu a sucata produzida para uma conta própria, para dali promover a saída, a sua baixa diretamente na conta de origem não provocou prejuízo algum, pois a sucata efetivamente existiu, e assim foi comercializada. (v) A respeito das baixas de sucata na conta de polietileno, a explicação é a mesma do item anterior. A sucata realmente existiu e só não estava estocada em conta específica. Quando de sua venda, devidamente documentada e comprovada, a sua baixa ocorreu na conta de polietileno, pois, indiscutivelmente, a sua origem é do polietileno, não de outra matériaprima. Ademais a fiscalização em nenhum instante contestou a efetiva produção de sucata decorrente do processo industrial; Fl. 929DF CARF MF 4 (vi) O fisco não apresentou prova alguma de que a fiscalizada não efetuou a venda de sacolas ponta de estoque, ou que esse tipo de produto não surja naturalmente dentro do processo de industrialização e comercialização, posto que todas as vendas de sacolas, de todos os tipos e qualidade, passam exclusivamente pela conta 900090003; (vii) Se, por argumentação, houvesse venda sem emissão de nota fiscal, o valor tributável não poderia ser determinado com base no preço de custo. Segundo o Regulamento do IPI (art. 118, II, do RIPI/98), constitui valor tributável o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial; (viii) Diante de um lançamento sustentado em exclusiva presunção, a multa de 150% é de todo inaplicável, vez que os Srs. Auditores Fiscais não lograram comprovar o alegado artifício fraudulento, que não poderia ser de outra forma, visto que não houve, sequer, a alegada omissão de receita; e (ix) É ilegal a aplicação da taxa SELIC de juros a débitos tributários. Tramitado o feito, foi proferida decisão de primeira instância que julgou a defesa improcedente, por acatar a decisão proferida no processo principal (de IPI). Vejase, a propósito, a seguinte passagem do voto condutor da decisão de piso: "[...] 8. Nestes autos, o contribuinte apresentou as mesmas razões preliminares e de mérito, tecidas contra a exigência relativa ao IPI formalizada nos autos do processo administrativo 10860.003889/200281, e todas elas foram clara e precisamente apreciadas pelo I. Relator Julgador Sérgio Eduardo Barreto Mayr, cujo voto foi acolhido por unanimidade, resultando no Acórdão n° 2.905 da 2a. Turma da Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto, pelo que serão aqui adotadas. [...] 9. Mantida a apuração de vendas sem emissão de notas fiscais nos autos daexigência principal, em virtude do registro fraudulento de saídas a título de sucatas, e por teremsido as receitas omitidas submetidas à tributação na forma preconizada no art. 24 da Lei n°9.249/95, aplicandose fundamentadamente a penalidade prevista no art. 44, inciso II da Lei n°9.430/96, regulares são as exigências reflexas aqui veiculadas. 10. Acrescentese, apenas, no que tange ao Mandado de Procedimento Fiscal, ter sido a presente exigência autorizada pelo MPF n° 08.1.9.002002030100 (fl. 01), regularmente prorrogado, conforme fl. 02, até a conclusão dos trabalhos fiscais. 11. Diante do exposto, o presente voto é no sentido de RECEBER a impugnação de fls. 267/303, por tempestiva, REJEITAR as preliminares arguidas e JULGAR PROCEDENTES as exigências relativas ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ" Irresignado com o teor da decisão, o contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 773/819), por meio do qual reitera suas alegações de defesa. Ato contínuo, por meio de petições de fls. 833 e 838, a Recorrente apresentou desistência parcial do recurso voluntário, em razão da inclusão, no Parcelamento Especial de Fl. 930DF CARF MF Processo nº 10860.006340/200248 Acórdão n.º 1201001.869 S1C2T1 Fl. 4 5 que trata a Lei 10.684/2003, dos débitos de IRPJ e Reflexos correspondentes aos meses de 12/97 a 08/98. O pedido de desistência parcial foi deferido (fls. 906), tendo sido os débitos correspondentes transferidos para o processo nº 12448.722594/201102. Posteriormente, a Recorrente requereu a juntada do Acórdão n. 20179.082, proferido pelo Segundo Conselho de Contribuintes, o qual julgou o recurso voluntário interposto por ela nos autos do referido processo de IPI (10860.003889/200281) procedente, cancelando a parte da exigência que não foi objeto de desistência. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli Conforme visto, a presente exigência é decorrente dos fatos apurados no âmbito de fiscalização de IPI, os quais ensejaram a emissão de Auto de Infração objeto do processo administrativo nº 10860.003889/200281. Naquele processo, a parcela remanescente discutida foi cancelada em face do Acórdão de n. 20179.082, cuja ementa foi assim transcrita: IPI. VENDA DE PONTAS DE ESTOQUE. SUBFATURAMENTO. PROVA. Não logrando a Fiscalização provar que o produto não era de ponta de estoque e que o preço por tal razão praticado era vil ao ponto de sugerir subfaturamento, inocorre a infração, quanto mais para amparar acusação de fraude para exigir multa qualificada, não se prestando como indício ou prova a baixa no estoque, pelo preço pleno da mercadoria, vez que se trata de mera operação contábil. Abaixo transcrevo também trecho do voto condutor proferido naquela ocasião: "Conforme depreendi do exame dos autos feito pela ínclita Conselheira Adriana Gomes Rêgo Galvão, a controvérsia limitouse às preliminares argüidas com a existência ou não de subfaturamento no ponto que restou a ser discutido. Quanto à preliminar de nulidade do auto em vista de irregularidades nus MITs citados, ainda que a contribuinte demonstre hiato na primeira prorrogação do inundado inicial, penso que a circunstância não sustenta o objetivo por ela almejado. A verdade é que us mandados foram prorrogados, sem que isto criasse qualquer constrangimento ou agredi:;se a sua ampla defesa, o que, aliás, foi citado na decisão ora recorrida. Fl. 931DF CARF MF 6 Quanto à ilegalidade da obtenção dos dados bancários, estou de acordo com a decisão recorrida, pela inocorrência do fenômeno quando o próprio contribuinte os oferta. Por tal, repilo as preliminares levantadas. Quanto ao mérito, a diligência proposta teve por escopo, no entender da própria Conselheira, a verificação de potencial utilização de dois controles de baixa de estoques, um para pontas de estoque e outro para produtos em volumes normais c comercializáveis dentro da rotina da recorrente. Entendo que esta providência pretendeu, cm havendo controle separado ficasse comprovado, sem qualquer dúvida, de que tipo de venda se tratava. Nos termos da resposta dada, de que não havia controle separado, a primeira impressão é a de que houve subfaturamento, pela impossibilidade de definir qual a natureza, pela via da contabilidade, dos produtos saídos. Ainda mais, e isto bem apanhou a Conselheira Adriana Gomes Rêgo Galvão, havendo, na espécie, preços diferenciados quando vendido para a empresa Plastquímica e vendas para, no dizer da então Relatora, "a grandes empresas". No entanto, e transcrevendo as palavras da própria Relatora, com as quais concordo inteiramente, "independente de tratarse de um negócio simulado, se houve a venda, e se o controle do estoque das sacolas se dava sob um único código, não se pode tributar pela baixa indevida, com a conseqüente conclusão de que houve saída sem nota fiscal, mas sim por um provável subfaturamento ". Então, reitero, a questão é definir se houve ou não subfaturamento. Neste modo, o indício que existe é apontado pela própria Conselheira Adriana Gomes Rêgo Galvão, em sua percuciente análise do processo, quando aponta para diferenças de preço entre as vendas da espécie para a empresa Plastiquímica, empresa com quem tem relações indiretas com a ora autuada. Tais relações, através de empresa parceira da Plastiquímica e que pertence a parente (irmão) da recorrente. Data vênia, tais constatações preços diferenciados e parentesco com dirigente de empresa que igualmente se relaciona comercialmente com a compradora da ponta de estoque são muito precárias para sustentar ter ocorrido subfaturamento. Basta ver que as pontas de estoque se referem a sacolas que, quando vendidas a consumidores (supermercados c congêneres), certamente tem valor comercial maior do que aquelas que não são absorvidas por tais e que, em face de defeitos maiores, são vendidas como verdadeira sucata, ainda que não sejam imprestáveis para o uso a que se destinam. Reconheço que tal assertiva é presunção, como presunção é de que tenha havido subfaturamento. Ora, em se tratando de presunção relativa, cabia ao Fisco laborar no sentido de provar que houve o subfaturamento cm vista dos indícios apontados. Fl. 932DF CARF MF Processo nº 10860.006340/200248 Acórdão n.º 1201001.869 S1C2T1 Fl. 5 7 Não vejo, com fundamento em tais tênues indícios, sustentarse a acusação, vez. que os fatos apontam efetivamente para a venda de pontas de estoque por preços ofertados cm razão da natureza do adquirente e de seu interesse comercial específico, Não vejo, igualmente, condições de aplicar a inversão do ônus da prova. Nem mesmo as acusações e constatações apontadas relativamente às outras infrações cm relação as quais ocorreu a desistência do recurso são suficientes para, por transferência, servir de supedâneo à pretensão do Fisco neste caso remanescente. Por tais argumentos, não há como desqualificar as operações feitas pela contribuinte. Em vista disto, fica prejudicada a análise da aplicação da multa qualificada, vez que sequer houve infração à legislação tributária. Em frente ao exposto, voto pelo provimento do recurso. Como se percebe, o lançamento de IPI que serviu de fundamento para a emissão dos Autos de Infração objeto deste processo foi julgado improcedente pelo CARF. E como não houve interposição de recurso pela Fazenda, tal decisão é definitiva. Tendo isso em vista, e em prol da segurança jurídica, entendo que, por se tratarem as presentes cobranças de exigências reflexas realizadas com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada no lançamento matriz (de IPI, no caso), a qual possui fundamento convincente, deve prevalecer também nessa demanda. Vale dizer, o decidido quanto ao IPI, nesse caso concreto, deve ser aplicado à tributação decorrente (IRPJ e reflexos), pois são decorrentes dos mesmos elementos de fato e de direito. Dessa forma, conheço do recurso para DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 933DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.912123/2012-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.837
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 23 /2 01 2- 18 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.864, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13629.001636/2006-37
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE RESERVA LEGAL - DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA, PARA ISENÇÃO DA ÁREA NO CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO.
A falta de ADA tempestivo não consiste em elemento capaz de obstar o direito ao reconhecimento de área de utilização limitada. Para reconhecimento da Área de Reserva Legal, esta exigência pode ser suprida pela averbação da área de reserva à margem da matricula do registro de imóveis, desde que ocorrida, tempestivamente, antes do fato gerador do tributo.
Numero da decisão: 9202-005.591
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento parcial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE RESERVA LEGAL - DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA, PARA ISENÇÃO DA ÁREA NO CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO. A falta de ADA tempestivo não consiste em elemento capaz de obstar o direito ao reconhecimento de área de utilização limitada. Para reconhecimento da Área de Reserva Legal, esta exigência pode ser suprida pela averbação da área de reserva à margem da matricula do registro de imóveis, desde que ocorrida, tempestivamente, antes do fato gerador do tributo.
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ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE RESERVA LEGAL DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA, PARA ISENÇÃO DA ÁREA NO CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO. A falta de ADA tempestivo não consiste em elemento capaz de obstar o direito ao reconhecimento de área de utilização limitada. Para reconhecimento da Área de Reserva Legal, esta exigência pode ser suprida pela averbação da área de reserva à margem da matricula do registro de imóveis, desde que ocorrida, tempestivamente, antes do fato gerador do tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento parcial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 62 9. 00 16 36 /2 00 6- 37 Fl. 228DF CARF MF 2 Ana Paula Fernandes – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci. Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pelo Contribuinte face ao acórdão 220200.780, proferido pela 2ª Turma Ordinária / 2ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de Auto de Infração de fls. 01/09 e 53/54, no qual a contribuinte em referência foi intimada a recolher o crédito tributário de R$ 890,42, correspondente ao lançamento do ITR2002, da multa proporcional (75,0%) e dos juros de mora calculados até 31/10/2006, incidente sobre o imóvel rural "Horto Piçarrão" (NIRF 0.671.8655), com 4.671,9 ha, localizado no município de Itabira MG. De acordo com o Auto de Infração, a autoridade fiscal lavrou o citado auto de infração, com a glosa parcial da área declarada de utilização limitada/reserva legal, reduzida de 954,6 ha pra 545,8 ha, com os conseqüentes aumentos das áreas tributável/aproveitável e do VTN tributável, apurando imposto suplementar de RS 360,60, conforme demonstrativo de fls. 08. O Contribuinte apresentou impugnação, à fl. 23/35. A DRJ de Brasília/DF julgou parcialmente procedente o lançamento, fls. 140/145, constituído pelo auto de infração/anexos de fls. 01/09 e 53/54, para acatar área de utilização limitada/reserva legal de 751,5 ha, com redução do imposto suplementar apurado, conforme demonstrado, de R$ 360,60 para R$ 179,19, a ser acrescido de multa lançada (75,0%) e juros legais atualizados. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 149/158, requerendo, em síntese, fosse reformado o acórdão recorrido, para o cancelamento da exigência fiscal, haja vista a comprovação nos autos de que a área de Reserva Legal corresponde a 1.988,7ha ou, quando menos, deve ser cancelada a exigência fiscal, acatandose a área de Reserva, declaradas pela Recorrente, de 954,6ha. A 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 161/169, NEGOU PROVIMENTO ao Recurso Ordinário. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 AVERBAÇÃO DA RESERVA LEGAL. CONDIÇÃO PARA EXCLUSÃO. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 13629.001636/200637 Acórdão n.º 9202005.591 CSRFT2 Fl. 10 3 Por se tratar de ato constitutivo, a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel no Registro de Imóveis competente à época do fato gerador é condição essencial para fins de exclusão da área tributável a ser considerada na apuração do ITR. Às fls. 173/188, o Contribuinte interpôs Recurso Especial por divergência em relação à necessidade de averbação da ARL – Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, para exclusão da tributação do ITR. A recorrente indicou como paradigmas os Acórdãos CSRF/0305.167 e 30333.404. Às fls. 215/216, a 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, DANDO SEGUIMENTO ao recurso especial para que seja rediscutida a necessidade de averbação da ARL Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, para exclusão da tributação do ITR. Às fls. 218/226, a Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões, alegando, no mérito, a imprescindibilidade da apresentação tempestiva do ADA junto ao IBAMA, sob pena de não reconhecimento pela SRF das áreas de preservação permanente ou de utilização limitada. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração de fls. 01/09 e 53/54, no qual a contribuinte em referência foi intimada a recolher o crédito tributário de R$ 890,42, correspondente ao lançamento do ITR2002, da multa proporcional (75,0%) e dos juros de mora calculados até 31/10/2006, incidente sobre o imóvel rural "Horto Piçarrão" (NIRF 0.671.8655), com 4.671,9 ha, localizado no município de Itabira MG. O Acórdão recorrido negou provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pelo Contribuinte trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante à glosa da ARL – Área de Reserva Legal. A questão controvertida diz respeito à exigência da averbação da área de reserva legal a época dos fatos geradores para fins de isenção do ITR. Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural ITR, tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento, e para isso adoto as razões do acórdão 9202.02146, proferido Fl. 230DF CARF MF 4 pela Composição anterior da 2ª Turma da Câmara Superior, da lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire. Para tanto, devemos analisar a legislação aplicável ao tema e para isso transcrevo os trechos que interessam do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluída pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008) (...) § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Da transcrição acima, destacase que, quando da apuração do imposto devido, excluise da área tributável as áreas de preservação permanente e de reserva legal, além daquelas de interesse ecológico, das imprestáveis para qualquer exploração agrícola, das submetidas a regime de servidão florestal ou ambiental, das cobertas por florestas e as alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Como se percebe da leitura do citado artigo, a área de preservação permanente é isenta de ITR, e como este é um imposto sujeito a lançamento por homologação o contribuinte deverá declarar a área isenta sem a necessidade de comprovação, sujeito a sanções caso reste comprovada posteriormente a falsidade das declarações. Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da comprovação da área como de RESERVA LEGAL. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 13629.001636/200637 Acórdão n.º 9202005.591 CSRFT2 Fl. 11 5 A DRJ, além da área de 545,8ha, já acatada pela fiscalização (fls.08), considerou que foram averbadas como áreas de reserva legal, ainda, 205,7ha em 04/09/1996, conforme cópias das matrículas AV. 04.993 (102,85 ha) e AV. 041.322 (102,85 ha), anexadas às fls. 108 a 111, excluindoas da área tributável para fins de apuração do ITR (fl. 116), perfazendo um total de 751,5 ha. O acórdão recorrido assim dispôs: No que se refere ao mapa apresentado pela contribuinte (fls. 99 a 106), com o intuito de comprovar a existência de uma área de utilização limitada/reserva legal de 1.988,7 ha, conforme já salientado pelo julgador a quo, ele é irrelevante para o caso em questão, uma vez que não se está discutindo a materialidade e dimensão da área ambiental, mas o cumprimento de requisito formal, sem o qual perde a contribuinte o direito à isenção pretendida. Quanto aos precedentes mencionados pela recorrente, cumpre lembrar que esses não têm caráter vinculante, valendo apenas entre as partes, ainda que existam decisões reiteradas sobre o assunto. Somente quando a questão em discussão estiver sumulada, nos termos do art. 72 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 (publicada no DOU de 23/06/2009),é que o Conselheiro está obrigado a adotar o entendimento sumular. Verdade é que está comprovado nos autos a averbação de uma área de apenas 751,5ha destinada à reserva legal, conforme reconhecido pela decisão recorrida, por conseguinte, devese manter a glosa da área declarada remanescente. Saliento que a partir de 2001, para fins de redução do ITR, a previsão expressa é a de que haja comprovação de que houve a comunicação tempestiva ao órgão de fiscalização ambiental, e que isso ocorra por meio de documentação hábil. Entendo aqui que a documentação hábil engloba um conjunto de documentos possíveis e não apenas o protocolo de ADA. Em linhas gerais temos condições diferentes para reconhecimento da isenção quando se trata de (a) área de reserva legal e (b) área de preservação permanente. (a) Assim quanto a área de Reserva Legal, e meu ver não existe prazo para comprovação de sua existência, logo não é necessário que a averbação da reserva legal seja realizada antes do fato gerador, pois se a área tinha condições de ser considerada isenta, e o foi posteriormente, é isso que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. (b) Já quanto a área de preservação permanente, para que esta seja considerada isenta do ITR, consoante o disposto no art. 10, § 1º, II, "a", da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, não considero a apresentação de ADA como prova exclusiva de sua Fl. 232DF CARF MF 6 existência, pois a meu ver existem outros documentos hábeis a esta comprovação, como, por exemplo, laudos, fotos, averbações. Isso é quanto ao direito. Passo agora a análise das provas. No caso dos autos, a autuação se refere ao imóvel Horto do Piçarrão, exercício 2002, cujas área controvertidas declaradas pelo contribuinte se refere a Reserva Legal. O Contribuinte tenciona provar 1.988, 7 ha, declarou na DITR 954,6 ha. A fiscalização apurou 545,8 ha, tanto a DRJ quanto a Turma Ordinária corrigiam esta área apurada para 751,5 ha. Para fins de delimitação da lide é importante registrar que a matéria controvertida dos autos se restringe a área de 954,6 ha, porção declarada pelo Contribuinte na DITR, e contrariada pelo auditor no lançamento. Compulsando detalhadamente os autos, verifico que assiste razão as decisões que me sucederam. Tanto o ADA (fls.20) quanto a averbação anexada aos autos apontam para uma área de 751, 5 ha. Como citado anteriormente, além da área de 545,8 ha, já acatada pela fiscalização (fls.08), foi comprovada também a averbação de mais 205,7 ha em 04/09/1996, conforme cópias das matrículas AV. 04.993 (102,85 ha) e AV. 041.322 (102,85 ha), anexadas às fls. 108/111, considerandose cumprida exigência de averbação tempestiva de uma área de reserva legal de 751,5 ha (545,8 ha + 205,7 ha), para fins de exclusão da incidência do ITR/2002. Cumpre registrar que a maioria do colegiado vota pelas conclusões em razão do entendimento um pouco mais restritivo, qual seja: (a) Para ARL o ADA precisa ser apresentado ao IBAMA até a data do fato gerador, e sua ausência pode ser suprida por averbação nas mesmas condições. (b) Para APP o ADA pode ser posterior ao exercício fiscal mas deve obrigatoriamente ser anterior ao inicio da ação fiscal. Sendo assim, o acórdão recorrido não merece reforma. Por todo o exposto, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e no mérito negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 233DF CARF MF Processo nº 13629.001636/200637 Acórdão n.º 9202005.591 CSRFT2 Fl. 12 7 Fl. 234DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.727455/2009-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005, 2006, 2007
EMBARGOS. OMISSÃO.
Constatada a omissão apontada pelos embargos, deve-se promover sua imediata correção.
RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS.
São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis
Numero da decisão: 2201-003.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 18/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005, 2006, 2007 EMBARGOS. OMISSÃO. Constatada a omissão apontada pelos embargos, deve-se promover sua imediata correção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS. São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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OMISSÃO. Constatada a omissão apontada pelos embargos, devese promover sua imediata correção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS. São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 74 55 /2 00 9- 92 Fl. 307DF CARF MF 2 da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente de Auto de Infração pelo qual a Autoridade Fiscal constituiu crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, IRPF, por ter apurado infrações à legislação tributária nos anos calendários de 2004 a 2006, exercícios de 2005 a 2007. Em síntese, lançamento decorre da constatação de que o sujeito passivo classificou indevidamente como Rendimentos Isentos e Não Tributáveis os rendimentos auferidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de "Valores Indenizatórios de URV", a partir de informações a ele fornecidas pela fonte pagadora. Tais rendimentos decorrem de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Com a apresentação de Recurso Voluntário em razão do inconformismo com a Decisão de 1ª Instância, que manteve integralmente a exigência, o mérito do lançamento foi objeto do Acórdão 2101002.443, da 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, de 20 de março de 2014, fl. 239/244. Ciente da Decisão do Colegiado em 13 de junho de 2014, fl. 282, o contribuinte apresentou, tempestivamente, os Embargos de fl. 255. Sustenta a embargante a omissão do Acórdão de 2ª Instância, que, supostamente, não teria tratado dos seguintes temas: Falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado; Quebra do Princípio Constitucional da Isonomia; Não incidência do Imposto de Renda sobre juros de mora. No Despacho de fl. 293 a 295, houve análise da admissibilidade dos Embargos interpostos, os quais foram admitidos, exclusivamente por conta da conclusão de que o Acórdão Recorrido não tratou da não incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora recebidos incidentes sobre os valores recebidos acumuladamente e que integraram o montante considerado omitido. E o relatório necessário Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10580.727455/200992 Acórdão n.º 2201003.754 S2C2T1 Fl. 308 3 Inicialmente, expresso minha concordância com os pressupostos de admissibilidade contidos no despacho de fls. 293/295, razão pela qual limito a presente análise à omissão reconhecida. No Recurso Voluntário apresentado, fl. 143/230, o tema que teria sido omitido pelo Acórdão embargado consta de fl. 224, cujas razões passo a analisar: DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO NO CÁLCULO DA DIFERENÇA DE URV. Neste tópico, embora a peça recursal apresente alguma impropriedade por misturar seus argumentos com os do tema tratado anteriormente (EXCLUSÃO DA MULTA DE MULTA DE OFÍCIO E DOS JUROS DE MORA CONSTANTES DO AUTO DE INFRAÇÃO), fica evidente que a insurgência do contribuinte decorre do seu entendimento de que os valores recebidos que correspondam a juros e a atualização monetária sobre as diferenças da conversão da URV não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial. Embora não seja propriamente objeto dos Embargos ora sob análise, temos que a multa de ofício já foi afastada sob amparo da Súmula CARF nº 73, para a qual o erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Já em relação ao juros de mora incidente sobre o crédito lançado, tratase de exigência de natureza meramente compensatória, prevista no art. 63 da Lei 9.430/66. Com a ressalva de que tal acréscimo legal incide tanto para corrigir os débitos de contribuintes quanto os eventuais indébitos destes, exatamente com os mesmos índices (Selic acumulada até o mês anterior ao pagamento mais 1% no mês do pagamento). Embora oficial, o comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora não configura norma complementar de que trata o art. 100 da lei 5.172/66 (CTN). Da mesma forma, não tem tal natureza a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2006, tampouco precisaria ser declarada sua inconstitucionalidade, seja por se tratar de ato originário de ente incompetente pra legislar sobre Imposto sobre a Renda, seja por não ter, efetivamente, classificado o rendimento como isento, mas apenas fixando sua denominação de indenização, o que se mostra irrelevante, já que, nos termos do §1º do art. 43 da mesma Lei 5.172/66, a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento. Desta forma não há que se falar em aplicação do § único do art. 100 do CTN. No que se refere à tributação dos juros e correção monetária que incidiram sobre as diferenças da conversão da URV e os argumentos recursais de que não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial, estes sim objeto da omissão a ser tratada pela presente análise, não assiste razão ao recorrente. Nos termos do art. 144 do CTN, o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. A decisão de 1ª Instância assim se pronunciou, fl. 136: Fl. 309DF CARF MF 4 O art. 55, inciso XIV, do RIR/99 dispõe claramente que tanto os juros moratórios, quanto quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, estão sujeitos à tributação, a menos que correspondam a rendimentos isentos ou não tributáveis, conforme abaixo transcrito: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, §2º, inciso IV, e 70, §3º, inciso I): ... XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Portanto, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária. Afinal como visto acima, os juros compensatórios ou moratórios seguem a sorte dos rendimentos que lhe deram causa. De modo que sendo estes tributáveis, aqueles terão a mesma natureza, tudo nos termos do inciso XIV do art. 55 do RIR/99. Conclusão: Desta forma, considerando as razões e fundamentos legais acima expostos, voto por conhecer e não acolher os embargos interpostos pelo contribuinte. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 310DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.720311/2008-38
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÕES MATERIAIS DEVIDAS A ERROS DE ESCRITA. REQUISITO. LEGITIMADOS. NÃO ATENDIMENTO.
Os legitimados para opor embargos inominados são os mesmos relacionados para opor embargos de declaração, em lista exaustiva no art. 65, Anexo II do RICARF. O descumprimento do requisito implica na rejeição dos embargos.
Numero da decisão: 9101-003.026
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos inominados. Votaram pelas conclusões os conselheiros Adriana Gomes Rego e Rafael Vidal de Araújo.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÕES MATERIAIS DEVIDAS A ERROS DE ESCRITA. REQUISITO. LEGITIMADOS. NÃO ATENDIMENTO. Os legitimados para opor embargos inominados são os mesmos relacionados para opor embargos de declaração, em lista exaustiva no art. 65, Anexo II do RICARF. O descumprimento do requisito implica na rejeição dos embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos inominados. Votaram pelas conclusões os conselheiros Adriana Gomes Rego e Rafael Vidal de Araújo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 03 11 /2 00 8- 38 Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10865.720311/200838 Acórdão n.º 9101003.026 CSRFT1 Fl. 303 2 Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório São embargos inominados opostos pela DRF/Limeira (efls. 293/296), previstos no art. 66, Anexo II do RICARF, em face do Acórdão nº 9101002.134, de 26 de fevereiro de 2015, proferido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), que deu parcial provimento ao recurso da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN, para determinar o retorno dos autos à DRJ para a verificação da existência do direito creditório. Discorrem os autos sobre pedido de compensação enviado pelo Contribuinte em 12/03/2004, objetivando a liquidação de débito de CSLL (código 6773 – estimativa mensal – ajuste anual) com vencimento em 31/03/2004 (período de 2003), com crédito de CSLL, recolhido a maior em 31 de outubro de 2003, no valor total da guia Darf de R$ 2.256.106,69 (código 2484). O crédito utilizado no pedido de compensação foi de R$ 1.143.970,33. A DRF/Limeira indeferiu o pedido de compensação, decisão ratificada pela DRJ/Ribeirão Preto, por não considerar o pagamento a maior de estimativa mensal crédito líquido e certo, e entender que apenas ao final do anocalendário, quando se aperfeiçoa o fato gerador anual, podese falar em compensação, decorrente da apuração de eventual saldo negativo. Irresignada, a Contribuinte interpôs recurso voluntário, que foi provido pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Primeira Seção, nos termos do Acórdão nº 120100.413 (efls. 191/210), na sessão de 23/02/2011, conforme a ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. O pagamento da estimativa mensal da CSLL realizado em montante superior ao devido com base na receita bruta e acréscimos é passível de compensação mesmo antes de encerado o período de apuração anual. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 SALDO NEGATIVO DE CSLL. COMPENSAÇÃO. MOMENTO. Inexistindo, na data da transmissão da DCOMP, norma que proíba a compensação da estimativa de CSLL paga a maior antes de encerado o período de apuração anual, não há razão para exigirse que o indébito integre o saldo da contribuição a pagar ou a restituir calculado ao final do ano. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10865.720311/200838 Acórdão n.º 9101003.026 CSRFT1 Fl. 304 3 A PGFN interpôs recurso especial. Na sessão de 26/02/2015, a Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais deu provimento parcial ao recurso, aplicando a Súmula CARF nº 84 e determinando o retorno dos autos para a DRJ verificar a existência do direito creditório, nos termos do Acórdão nº 9101002.134 (efls. 268/281), conforme ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 ESTIMATIVAS DE IRPJ E CSLL. COMPENSAÇÃO ANTES DE ENCERRADO O RESPECTIVO ANO CALENDÁRIO. A teor da Súmula CARF n. 84, “pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação”. Recurso Especial da Fazenda Nacional parcialmente provido apenas para determinar o retorno dos autos à DRJ para verificação da existência do direito creditório. Na Resolução 143.661, da 5ª Turma da DRJ/RPO (efls. 291/292), determinou o retorno dos autos para a DRF/Limeira: Como os pedidos devem ser apreciados, em primeira vez, pela autoridade competente da DRF jurisdicionante do contribuinte, nos termos da legislação de regência, o presente processo deve retornar à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Limeira para examinar o direito creditório, proferindo novo despacho decisório em face do que foi decidido pelo CARF. Por meio do Despacho DRF/Limeira, com assunto "Embargos de Declaração", discorre a embargante sobre equívocos cometidos na decisão da 1ª Turma da CSRF: o assunto não é IRPJ do anocalendário de 2010, mas sim CSLL do mês de setembro de 2003; a admissão do recurso especial deuse com base na Súmula CARF nº 84, decorrentes de alterações introduzidas pelas IN SRF 460/2004 e 600/2005, posteriores ao período tratado nos presentes autos, ou seja, a base legal utilizada não é aplicável ao fato tratado neste processo e não foi suscitada pela PGFN; a 3ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento negou seguimento ao recurso especial apresentado pela contribuinte nos processos 10865.720291/200803, 10865.720292/200840 e 10865.720287/200837 justamente por causa da Súmula 84; discorre que para a solução do processo necessitase que o mérito seja apreciado, qual seja, se a contribuinte pode alterar ou não a forma de apuração da CSLL devida por estimativa após o término do período de apuração; esclarece que com essa mudança a contribuinte gerou diversos créditos de pagamento indevido no anocalendário de 2003, tanto de estimativa de CSLL quanto de IRPJ, e Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10865.720311/200838 Acórdão n.º 9101003.026 CSRFT1 Fl. 305 4 que para a maior parte dos processos houve apresentação de recurso de divergência, alguns pela PGFN, outros pela contribuinte o que por si só ressalta a diferença de entendimento do CARF para a mesma matéria do mesmo contribuinte e praticamente do mesmo período, com um entendimento para a CSLL e outro para o IRPJ, conforme lista à efl. 295; Ao final, encaminha no sentido de propor retorno à Câmara Superior de Recursos Fiscais para verificar a conveniência de (1) saneamento do assunto e período indicados no Acórdão n.º 9101.002.134 bem como (2) da razão de decidir, uma vez que foi utilizada a Súmula CARF n.º 84, não suscitada pela PGFN e decorrente de mudanças ocorridas em período não abrangido no litígio deste processo e (3) a necessidade de esclarecimento sobre os efeitos da decisão para análise do crédito, o qual entendemos já ter sido enfrentado no despacho decisório, sendo premente a (4) expressa manifestação sobre a admissão ou não da mudança na forma de apuração da estimativa após o término do período de apuração, o que entendemos permitirá decisão conclusiva do CARF sobre a existência ou não do crédito. O despacho de efls. 297/301 admitiu os embargos inominados, com a seguinte conclusão: A situação de inexatidão material está indicada objetivamente. Assim, de fato em relação ao Acórdão nº 9101002.134, de 26.02.2015, efls. 268281, devem ser realizados os esclarecimentos necessários ao deslinde deste processo, com proposta de que os processos correlatos indicados na tabela anterior sejam tratados conjuntamente a fim de se uniformizar o entendimento e evitar decisões contraditórias como as ocorridas para os meses de janeiro a junho de 2003 em que foi dado provimento ao recurso da contribuinte no que se refere à CSLL e negado para o IRPJ do mesmo período e também quanto à admissibilidade ou não do recurso especial com base na Súmula n.º 84, em homenagem ao princípio da eficiência da Administração Pública. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Cabe examinar os requisitos de admissibilidade dos embargos inominados. Transcrevo dispositivos que tratam do assunto no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF): Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. §1º Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10865.720311/200838 Acórdão n.º 9101003.026 CSRFT1 Fl. 306 5 Turma, no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão: I por conselheiro do colegiado, inclusive pelo próprio relator; II pelo contribuinte, responsável ou preposto; III pelo Procurador da Fazenda Nacional; IV pelos Delegados de Julgamento, nos casos de nulidade de suas decisões; ou V pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. (...) Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. (...) (Grifei) Como se pode observar, o art. 65 relaciona os legitimados para a oposição de embargos de declaração. Ocorre que, no caso em tela, os embargos de efls. 171 não foram opostos pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão, qual seja, o Delegado da DRFLIMEIRA. No caso em tela, o regimento interno não tolera exceções, sendo exaustiva a lista do art. 65, Anexo II. Nesse sentido, em razão de previsão regimental expressa, não há como se acolher os embargos. Ademais, ainda que se fosse apreciar o mérito, constatase que não ocorreu nenhum erro material na decisão embargada. A matéria devolvida para apreciação da 1ª Turma da Câmara Superior consistiu em questão de direito, relativa à possibilidade de se aproveitar pagamento a maior de estimativa mensal com crédito para fins de compensação. E o Colegiado, cumprindo expressa determinação do RICARF 1, aplicou o entendimento sumular. Observase ainda que o embargante pretende uma nova apreciação do mérito da decisão, ao discorrer que no caso a base normativa seria anterior aos anos de 2004 e 2006, quando foram editadas as IN SRF nº 460 e 600, o que não é possível na via estrita de cognição de embargos. Enfim, a existência de decisões divergentes em outros processos decorre do fato que o julgamento não foi realizado em conjunto, mas em separado. Assim, prevaleceu a convicção de cada julgador, e é natural que possam advir decisões não convergentes. De fato, a 1 RICARF, Anexo II: Art. 45. Perderá o mandato o conselheiro que: (...) VI deixar de observar enunciado de súmula ou de resolução do Pleno da CSRF, bem como o disposto no art. 62; Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10865.720311/200838 Acórdão n.º 9101003.026 CSRFT1 Fl. 307 6 melhor técnica processual recomenda a apreciação de processos tratando do mesmo direito creditório em um julgamento numa só assentada. Contudo, como tal procedimento não foi viabilizado nas fases processuais anteriores, não há nenhuma previsão regimental que autorize um novo julgamento dos presentes autos com base em uma vinculação processual. O art. 6º, Anexo II do RICARF, ao tratar de processos vinculados, discorre apenas sobre processos ainda não julgados. De qualquer forma, no presente caso, como já esclarecido, restou não atendido requisito de ordem formal, processual, quanto à legitimidade para oposição do recurso. Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar os embargos inominados. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 307DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10707.000936/2007-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2006
MULTA. ARQUIVOS MAGNÉTICOS. LEI 8.218/1991, ART. 12, III. ATRASO OU FALTA DE APRESENTAÇÃO.
É afastada a exigência de multa por atraso, ou falta de apresentação dos arquivos magnéticos, quando consta dos autos petição do contribuinte colocando à disposição da fiscalização arquivos em formato distinto.
MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO DO LANÇAMENTO. VEDAÇÃO.
É vedada a modificação do critério jurídico do lançamento, nos termos do artigo 146, do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 9101-002.961
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, somente em relação à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que conheceram integralmente do recurso. No mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego (relatora), Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões, em relação à preliminar de inovação, o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cristiane Silva Costa. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado) não votou quanto ao conhecimento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Luís Flávio Neto na sessão anterior.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Redatora Designada
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rafael Vidal de Araújo, Gerson Macedo Guerra, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição ao conselheiro Luís Flávio Neto) e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Luís Flávio Neto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, somente em relação à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que conheceram integralmente do recurso. No mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego (relatora), Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões, em relação à preliminar de inovação, o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cristiane Silva Costa. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado) não votou quanto ao conhecimento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Luís Flávio Neto na sessão anterior. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Relatora (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa - Redatora Designada Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rafael Vidal de Araújo, Gerson Macedo Guerra, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição ao conselheiro Luís Flávio Neto) e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Luís Flávio Neto.
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ARQUIVOS MAGNÉTICOS. LEI 8.218/1991, ART. 12, III. ATRASO OU FALTA DE APRESENTAÇÃO. É afastada a exigência de multa por atraso, ou falta de apresentação dos arquivos magnéticos, quando consta dos autos petição do contribuinte colocando à disposição da fiscalização arquivos em formato distinto. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO DO LANÇAMENTO. VEDAÇÃO. É vedada a modificação do critério jurídico do lançamento, nos termos do artigo 146, do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, somente em relação à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que conheceram integralmente do recurso. No mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, acordam em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego (relatora), Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões, em relação à preliminar de inovação, o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cristiane Silva Costa. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado) não votou quanto ao conhecimento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Luís Flávio Neto na sessão anterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 70 7. 00 09 36 /2 00 7- 11 Fl. 1367DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Redatora Designada Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rafael Vidal de Araújo, Gerson Macedo Guerra, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição ao conselheiro Luís Flávio Neto) e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Luís Flávio Neto. Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial contra decisão não unânime, contrária à lei ou à evidência de prova, de efls. 713 e seguintes, no caso, o Acórdão nº 120100.037 proferido pela 2ª Câmara 1ª Turma Ordinária, em 12 de maio de 2009 (fls. 674 e ss. do volume 7 do processo digitalizado) que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário apresentado por EMPRESA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES S.A. EMBRATEL, nos seguintes termos: ARQUIVOS DIGITAIS MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE APRESENTAÇÃO o dever de apresentação de arquivos digitais e sistemas relativos a processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, e a escrituração de livros ou elaboração de documentos de natureza contábil ou fiscal, é caracterizado como uma obrigação acessória autônoma. Dessa forma, a penalidade pelo seu descumprimento não pode ser dispensada em razão do instituto da denúncia espontânea disciplinado pelo art. 138 do CTN no caso de apresentação extemporânea voluntária. Todavia, a sanção pecuniária deve ser limitada a 0,5% da receita bruta do período se o contribuinte apresentou em formato diverso do estabelecido pela Secretaria da Receita Federal os referidos arquivos e sistemas ou se colocou à disposição para apresentar. Para fins da ciência da referida decisão, o presente processo foi encaminhado à PFN em 28/04/2011, como demonstra a tela do sistema COMPROT à fl. 683 do volume 7 digitalizado, e lá recebido em 05/05/2011, como atesta o protocolo no mesmo documento. Em 06/06/2011 o processo contendo o apelo especial foi enviado ao CARF, como demonstra a tela COMPROT à fl. 684, tendo sido recebido nesse mesmo dia, como demonstra o protocolo de recebimento no mesmo documento e na primeira folha da peça de defesa (fls. 684/685 do volume 7 digitalizado). O Recurso especial interposto, contra decisão não unânime, contrária à lei ou à evidência de prova, encontrava fundamento no art. 7º , I e 9º do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007. Fl. 1368DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.340 3 Tratase de auto de infração que exige da interessada multa regulamentar equivalente a 0,02% da receita bruta do período por dia de atraso, limitada a 1% desta, pelo não cumprimento do prazo estipulado para apresentação de arquivos magnéticos e sistemas, totalizando o crédito tributário no valor total de R$ 370.685.629,18, com enquadramento legal nos arts. 11 e 12, III da Lei nº 8.218/91, com a redação dada pelo art. 72 da M.P. n° 2.158 34/2001 e reedições. Conforme relatório do acórdão recorrido e, nos termos do Relatório Fiscal de 24/07/07, fls. 08/10 do volume 1 digitalizado, a interessada foi intimada em 10/08/2006, (fls. 17/19 do volume 1 digitalizado), com prazo de 20 (vinte) dias para atendimento, a apresentar documentos e arquivos magnéticos, referentes aos anoscalendário de 2001 a 2005. Como não apresentou a documentação no prazo e completa, a Fiscalização lavrou a multa em comento. Salientase que o auto de infração com lançamento de oficio referente ao ano de 2001 foi controlado pelo processo 10707.001678/200618. Por essa razão, a Fiscalização destacou que o presente lançamento diz respeito apenas aos arquivos magnéticos da contabilidade referentes aos anoscalendário de 2002, 2003, 2004 e 2005. O colegiado a quo, por maioria de votos, entendeu, nos termos do voto vencedor, que a situação fática levaria ao enquadramento da interessada na circunstância atenuante prevista no inciso I, do art. da Lei nº 8.218/91, que estabelece multa de 0,5% (meio por cento) da receita bruta, uma vez que a resposta da interessada à intimação fiscal, no contexto dos próprios fatos narrados pela autoridade fiscal, como a constante colaboração da fiscalizada, deveria ser interpretada favoravelmente ao autuado. No apelo especial, aduz a PFN que a decisão atacada vai frontalmente de encontro ao estabelecido no art. 12, III da Lei n° 8.218/91, art. 2° da IN SRF 86/2001 e art. 97, VI do CTN, uma vez que a recorrida não apresentou as informações solicitadas pelo Fisco de modo tempestivo. Por essa razão, a penalidade a ser empregada passa a ser aquela prevista no inciso III do art. 12 da do Lei n° 8.218/91 e não no inciso I. Ademais, prossegue, seria irrelevante a circunstância de os arquivos magnéticos exigidos estarem em formato diverso daquele solicitado, pois a multa decorreu do descumprimento do prazo estabelecido para apresentação dos arquivos. Salienta que a imposição pelo inciso I somente teria lugar se houvesse a entrega tempestiva dos arquivos, porém sem atendimento à forma solicitada. Assevera que o art. 97, VI, do CTN, determina que somente a Lei pode estabelecer redução de penalidade e que ao afastar imotivadamente o referido comando, o colegiado a quo terminou por criar hipótese de redução de penalidade não prevista em lei, violando, por conseqüência, o Principio da Legalidade. Pede, ao final, pelo conhecimento e provimento do recurso para restabelecer a multa no percentual previsto no lançamento. Pelo Despacho de Admissibilidade 12010072 da 2ª Câmara da Primeira Seção do CARF, deuse seguimento ao Recurso Especial da PFN (efl.s 716/717). A interessada também foi cientificada do acórdão do colegiado a quo, em 17/07/2012 (conforme quota à efl. 693) e manejou Embargos de Declaração contra o acórdão ora recorrido (efls. 723/732). Além disso, foi cientificada do Recurso Especial da PFN e do despacho que o admitiu e também apresentou Contrarrazões ao Recurso Especial da PFN (efls. 737/771). Fl. 1369DF CARF MF 4 Já em preliminares afirma que o Recurso Especial da PFN não deve ser conhecido por não ter sido apontada, fundamentadamente, a contrariedade à lei. No mérito, defende que não há contrariedade à lei uma vez que não restaram atendidos os requisitos legais para imposição de multa tal como exigida no auto de infração, tendo em vista que a norma apontada pela auditoria sequer lhe seria aplicável. Destaca que, em que pese o acerto do colegiado a quo ao reconhecer a violação à lei contida no auto de infração pela indevida imposição da multa no patamar de 1%, a d. Câmara não poderia inovar ao lançamento, alterando o enquadramento legal da exigência, já que o lançamento é uma atividade privativa da autoridade administrativa lançadora, conforme prescreve o art. 142 do CTN. Nesse sentido, o correto teria sido anular o lançamento e, uma vez que tal providência não foi adotada, seria aqui que se caracterizaria à contrariedade à lei. Pede seja reconhecida a denúncia espontânea, eis que os arquivos magnéticos teriam sido entregues depois de readquirida a espontaneidade, como constou do voto vencido. Salienta que não houve no caso, atraso ou nãoapresentação de arquivos porque, embora não tenha havido a entrega dos arquivos no prazo inicial fixado pelo auditor no termo de intimação expedido com base no MPF n° 07.1.90.00200500407, é certo que, com a entrega dos mesmos em 03/04/2007, foi cumprida inteiramente a exigência, e antes que nova ação fiscal começasse. Após a lavratura do auto de infração e a interrupção do procedimento fiscal, a intimação de 04/08/2006 não mais existia juridicamente especialmente em 24/07/2007 data do auto, exatamente porque relativa a um MPF já exaurido e a uma ação fiscal já encerrada anteriormente e sem reiteração de novos atos escritos. Assinala que houve entrega dos arquivos requeridos, ainda que sob outro formato daquele exigido, e que isso possibilitou o desenvolvimento dos trabalhos fiscais, demonstrando que não houve qualquer prejuízo ao Fisco. Insiste que se havia também norma regulamentar garantindo ao contribuinte o direito de entregar os arquivos em formato diverso (art. 3°, §2°, da IN n° 86/01), sem cominação de multa, e se isso já fora aceito pela Receita em oportunidades anteriores, não poderia o AFRFB ter partido diretamente para a aplicação de sanção patrimonial, de valor extremamente elevado, sem considerar que a recorrente havia postulado, em 2006, ainda no curso da primeira fiscalização, a entrega dos arquivos em formato diverso, bem como que em 03/04/2007 a interessada procedeu a entrega da totalidade dos arquivos nos exatos moldes previstos na IN SRF nº 86/01. Registra ser absolutamente desproporcional o valor da multa pelo atraso no cumprimento de obrigação acessória lavrada, perto de 400 milhões de reais, se comparada ao crédito tributário constituído em relação ao mesmo período, de cerca de 140 milhões de reais Diz que o fato de ter sido lavrado auto de infração relativo a outro período, com base em arquivos magnéticos no formato antigo, demonstra que não houve prejuízo ao Fisco e defende o afastamento da multa por imutabilidade de lançamento anterior, regularmente notificado, relativo ao ano de 2002. Ao final requer preliminarmente o não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional, ou, caso conhecido, sejalhe negado provimento haja vista a inexistência da contrariedade aos dispositivos legais. Os Embargos de Declaração apresentados pela interessada foram rejeitados por despacho do Presidente da Turma (efls. 772/778 e 780), que lhe foi cientificado em 29/05/2013, como demonstra a intimação e cópia do AR às efls. 781/783 A interessada solicitou a juntada de arquivos digitais contendo Recurso Especial e cópias de acórdãos paradigmas, em 17/06/2013 documento à efls. 784 Fl. 1370DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.341 5 acompanhada da justificativa de efls. 785. Por meio dessa justificativa explica que considerou como último dia de prazo para apresentação do apelo especial, o dia 14/06/2013. Contudo, teria se equivocado ao informar como número de referência no sistema SVA o processo nº 19515.000974/200534. Afirma que além de corrigir o erro, promoveu nova validação, dessa vez com o número correto do presente processo no mesmo dia 14/06/2013, tendo sido orientada a efetuar agendamento na DEMAC para comprovar a regularidade do procedimento e a tempestividade do recurso. Nas razões recursais (efls. 791/853), invoca divergência jurisprudencial entre o Acórdão nº 120100.037 e outras decisões do CARF/Conselho de Contribuintes, no que se refere aos seguintes temas: (i) quanto à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91, afirmando ser incabível a alteração e/ou desclassificação dos critérios jurídicos do lançamento e apregoando a autonomia das multas previstas nos incisos I, II e III. Indicou como paradigmas o Acórdão nº 10709.342 e o Acórdão nº 110100.622; (ii) quanto à interpretação do art. 146 do CTN, assinalando que a câmara a quo reduziu sua abrangência. Indicou como paradigma o Acórdão nº 9303001.702; (iii) no que toca à reaquisição da espontaneidade quando da lavratura do auto de infração, eis que a intimação fiscal anterior já não produzia mais efeitos em vista da ação fiscal anterior encerrada. Indicou como paradigmas o Acórdão nº 910100.020 e o Acórdão nº 110100.690; (iv) em relação à falta de motivação para a penalidade aplicada no auto de infração e no acórdão recorrido, com o conseqüente cerceamento do direito de defesa. Indicou como paradigmas o Acórdão nº 10194.934 e o Acórdão nº 230101.001. No mérito, em apertada síntese, aduz ser incabível a alteração, pela decisão recorrida, do critério jurídico do lançamento, com o reenquadramento dos fatos em outro dispositivo legal diferente daquele indicado no auto de infração, devendo o colegiado superior declarar a nulidade do lançamento. E isto porque o colegiado a quo já havia se pronunciado a respeito da inaplicabilidade, ao caso, da sanção prevista no inciso III do art. 12 da Lei n° 8.218/91, mas que, extrapolando de sua competência, alterou a subsunção dos fatos a outro dispositivo legal, no caso o inciso I da mesma Lei n° 8.218/91, que trata de sanção totalmente diversa daquela referida no inciso III. Prossegue afirmando que tal conduta implicou em inovação e, conseqüentemente, em novo lançamento cuja competência foi usurpada, já que privativa da autoridade lançadora e não da julgadora, implicando em violação de legalidade. Cita dispositivos legais e colaciona jurisprudência e interpretações doutrinárias. Lembra que decorrido o prazo de 60 (sessenta) dias de que trata o parágrafo 2º do art. 7º do Decreto nº 70.235/72, o contribuinte readquire a espontaneidade pela inércia da fiscalização na prática de ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos e que, como conseqüência, a hipótese de incidência para aplicação dessa multa desaparece após a fluência desse prazo, sendo necessária uma nova intimação para estabelecer novamente o liame para a incidência da multa. Haveria, assim, no caso, ausência de suporte fático essencial para a aplicação da penalidade. Ressalta, como matéria de ordem pública, que o art. 8º da Lei n° 12.766/2012, claramente instituiu um regime sancionatório mais favorável do que aquele previsto no art. 12 da Lei n° 8.218/91 e que o art. 106, do CTN, impõe a retroatividade da lei que comina penalidade menos gravosa ao fato. Fl. 1371DF CARF MF 6 Pede, ao final, pelo provimento de seu Recurso Especial para que seja reformado o acórdão recorrido declarandose a improcedência total do auto de infração. Foi proferido, em 01/06/2012, pelo então presidente da 2ª Câmara da Primeira Seção do CARF, um primeiro despacho de admissibilidade desse REsp (efls. 1.259/1.261). Mas esse despacho analisou uma única divergência, aquela relativa à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91, admitindoa, mas silenciando quanto às demais questões divergentes. A PFN foi cientificada do Recurso Especial da interessada e do despacho de admissibilidade acima referido e apresentou Contrarrazões (efls. 1.263/1.276) na qual, em preliminares, pede pelo não conhecimento do apelo especial porque (i) a interessada teria inovado nas alegações de defesa, o que seria vedado em face do instituto da preclusão; e (ii) porque a situação jurídica dos paradigmas é diversa, eis que a infração apontada e, conseqüentemente, a fundamentação legal do lançamento, é diferente daquela que fundamentando a presente autuação, não se configurando, pois, a divergência jurisprudencial necessária para o conhecimento do recurso especial interposto. No mérito lembra que não cumprida a prestação de fazer ou de não fazer, havendo previsão de multa pelo inadimplemento, esta será tratada como obrigação principal e que a responsabilização pelo inadimplemento independe de dolo ou culpa e das conseqüências do ato praticado ou que se deixou de praticar. Assinala que as normas tributárias que versem sobre a dispensa do cumprimento de prestações de fazer e de não fazer devem ser interpretadas literalmente, sem margem para ampliação de seu sentido evidente. No caso dos autos, a obrigação tributária acessória prevista na Lei nº 8.218/91, determina que algumas entidades devem manter à disposição da Receita Federal do Brasil sua escrituração contábil eletrônica. Tratarseia de uma obrigação de fazer criada em 1991. Sustenta que o descumprimento dessa obrigação de fazer, a princípio, não acarreta penalidade, que é prevista apenas para o descumprimento de uma segunda obrigação de fazer, que é a de apresentar os arquivos que deveriam ser mantidos pelo contribuinte à disposição do Fisco. Presume, assim, a lei que o contribuinte que não apresenta os arquivos a tempo não os mantinha à disposição do Fisco, ou os mantinha fora do formato padrão, sem que tivesse condições de padronizálos a tempo. Outrossim, não haveria como incidir na espécie o mencionado inciso I, do art. 12, da Lei nº 8.218/91, eis que o contribuinte não entregou sua contabilidade eletrônica dentro do prazo assinalado, ainda que em formato diverso do solicitado pelo Fisco. Como não haveria controvérsia acerca da ausência de apresentação dos arquivos magnéticos solicitados no prazo fixado pela autoridade fiscal, revelarsia imperiosa a aplicação da multa prevista no art. 12, III, da Lei nº 8.218/91, tal como consta no auto de infração. Requer, ao final, preliminarmente, o não conhecimento do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, pelo seu improvimento com a conseqüente manutenção da exigência. Verificandose, posteriormente, que o despacho que admitiu o Recurso Especial da contribuinte analisou uma única divergência, foi proferido um despacho de admissibilidade complementar (efls. 1.285/1.291) e neste despacho também foi analisada mais uma única divergência, no caso aquela relativa a reaquisição da espontaneidade quando da lavratura do auto de infração. Também em relação a essa divergência foi dado seguimento ao apelo especial da contribuinte. Cientificada desse despacho de admissibilidade complementar a PFN apresentou Contrarrazões (efls. 1.293/1.299). Nessa peça a PFN reforça, em preliminares, a Fl. 1372DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.342 7 tese de não conhecimento do Recurso Especial da contribuinte por ausência de similitude fática entre o acórdão recorrido e os paradigmas indicados e aponta que restou vencedor o entendimento acerca da inaplicabilidade do instituto da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do CTN, às obrigações acessórias autônomas, como é o caso da presente autuação. No mérito, reafirma as razões anteriormente deduzidas, pedindo pelo não conhecimento do REsp e, no mérito, pelo seu não provimento. Novamente verificouse que o Recurso Especial da contribuinte não fora totalmente apreciado e, assim, mais uma vez foi proferido um terceiro despacho de admissibilidade (efls. 1.306/1.317)), desta vez para análise das divergências que não haviam sido apreciadas, relativas a (a) interpretação do art. 146 do CTN e a (b) falta de motivação para a penalidade aplicada no auto de infração e no acórdão recorrido, com o conseqüente cerceamento do direito de defesa. Mas esse despacho considerou que as divergências não restaram caracterizadas e foi negado seguimento ao Recurso Especial no que se refere a esses dois temas. Contra essa decisão a contribuinte não apresentou agravo. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora 1 Recurso Especial da PFN O presente Recurso Especial é tempestivo. Portanto, dele tomo conhecimento. 1.1 PRELIMINARES Inicio por apreciar as alegações preliminares deduzidas nas Contrarrazões apresentadas pela contribuinte e que se referem a questões que impossibilitariam o conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. A contribuinte afirma que o Recurso Especial da PFN não deve ser conhecido por não ter sido apontada, fundamentadamente, a contrariedade à lei. Contudo, sem razão a contribuinte porque a PFN, além de apontar que a decisão recorrida, ao aplicar ao caso o inciso I do art. 12 da Lei nº 8.218/91, em substituição ao inciso III do mesmo dispositivo legal adotado pela auditoria fiscal, no auto de infração, teria contrariado o próprio art. 12, inciso III, da Lei nº 8.218/91, afirmou ter a decisão contrariado o art. 2º da IN SRF nº 86/2001 e o art. 97, VI, do CTN. Por oportuno, transcrevo o seguinte trecho do recurso da Fazenda quando fala do cabimento do recurso especial: A decisão ora impugnada merece reforma, pois como será demonstrado detalhadamente adiante, contrariou o art. 12, III da Lei n° 8.218/91, art. 2° da IN SRF 86/2001 e art. 97, VI do CTN. Fl. 1373DF CARF MF 8 Na seqüência, quando trata dos fundamentos para a reforma do acórdão recorrido, o recurso se prestou, justamente, a fundamentar a contrariedade à lei invocada no apelo especial, transcrevendo as bases legais e trazendo o seu entendimento a justificar os motivos pelos quais entendeu que houve contrariedades às leis. Por tais razões afasto a preliminar suscitada pela defesa e conheço do Recurso Especial da PFN. 2 Recurso Especial da Contribuinte 2.1 TEMPESTIVIDADE A interessada foi cientificada do acórdão do colegiado a quo, em 17/07/2012 (conforme consta à efls. 718/722) e manejou Embargos de Declaração contra o acórdão ora recorrido (efls. 723/732). Foi cientificada do despacho que rejeitou os Embargos de Declaração, em 29/05/2013, quartafeira, como demonstra a cópia do AR à efls. 781/783. Foi solicitada a juntada de arquivos digitais contendo Recurso Especial e cópias de acórdãos paradigmas, em 17/06/2013 documento à efls. 784 acompanhada da justificativa de efls. 785, por meio da qual informa ter sido intimada no dia 29/05/2013 e que o dia 30/05/2013 teria sido declarado ponto facultativo, conforme item VIII da Portaria nº 3, de 3 de janeiro de 2013, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Explica que considerou como último dia do prazo para apresentação do apelo especial, o dia 14/06/2013. Contudo, teria se equivocado ao informar como número de referência no sistema SVA o processo nº 19515.000974/200534. Afirma que além de corrigir o erro, promoveu nova validação, dessa vez com o número correto do presente processo no mesmo dia 14/06/2013, tendo sido orientada a efetuar agendamento na DEMAC para comprovar a regularidade do procedimento e a tempestividade do recurso. Analisandose então essas alegações, constatase que, de fato, a Portaria do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, nº 3, publicada no DOU 1ª Seção, no dia 04/01/2013 (página 47), divulgou os dias de feriados nacionais e os dias de ponto facultativo no ano de 2013, e declarou o dia 30/05/2013, quintafeira, como ponto facultativo por ser considerado Corpus Christi. Contudo, essa mesma Portaria nº 3/2013, nada dispôs a respeito do dia 31/05/2013, sextafeira. Sendo assim, considerase o dia 31/05/2013, sextafeira, dia útil e, portanto, de expediente normal da repartição. Em razão disso, o dia 31/05/2013, sextafeira, é considerado o primeiro dia do prazo de 15 (quinze) dias destinado à apresentação tempestiva de Recurso Especial, no caso em apreço. Esse prazo encerrouse no dia 14/06/2013, também uma sextafeira. Consta dos documentos juntados aos autos às efls. 784/790 a comprovação de compareceu à Demac /RJ no dia 14/6/2013 para validar os documentos que tentou transmitir. Em face do exposto, é de se reconhecer a tempestividade do Recurso Especial da contribuinte. 2.2 PRELIMINARES A PFN, nas Contrarrazões apresentadas ao apelo especial da contribuinte, alega que as divergências apontadas não teriam sido caracterizadas em decorrência da falta de similitude fática entre as decisões paradigmas e o acórdão recorrido. Alega, ainda, que teria havido inovação nas razões de defesa. Assim, passo a analisar. Fl. 1374DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.343 9 A PFN aduz, no tocante à inovação, que a argumentação constante do recurso especial interposto pelo sujeito passivo diverge substancialmente da defesa apresentada por ocasião da impugnação e do recurso voluntário. Assinala que ao analisar as citadas peças de defesa apresentadas pela contribuinte, observarseia que a linha argumentativa adotada seria toda no sentido de buscar justificar a não apresentação dos arquivos magnéticos no prazo assinalado pela autoridade fiscal e propalar a falta de prejuízo para a União. Por outro lado, no recurso especial interposto, a contribuinte teria inovado, defendendo existir erro na fundamentação legal do lançamento. Não vejo, contudo, que tenha havido inovação nas razões de defesa deduzidas pela contribuinte. Primeiramente porque tal argumentação da defesa foi oferecida em sede de Recurso Voluntário (fls 614 e ss do volume 7 digitalizado) tendo, inclusive, sido contestada pela PFN em sede de Contrarrazões ao Recurso Voluntário (fls. 648 e ss do volume 7 digitalizado). Ademais, foi o voto vencedor proferido no acórdão recorrido que consignou ter havido erro na fundamentação legal do lançamento. Sendo assim, a contribuinte somente poderia apresentar Recurso Especial de divergência de questões abordadas no acórdão recorrido. E essa questão foi colocada pelo voto vencedor do acórdão guerreado. Afasto, portanto, a preliminar de inovação das razões de defesa apresentada pela PFN em suas Contrarrazões. Passo, agora, a verificar a caracterização dos temas apontados como divergentes pelo sujeito passivo. 2.2.1 Análise das Divergências Nas razões recursais (efls. 791/853) a interessada invocou divergência jurisprudencial entre o Acórdão nº 120100.037 e outras decisões do CARF/Conselho de Contribuintes, no que se refere aos seguintes temas admitidos: (i) quanto à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91, afirmando ser incabível a alteração e/ou desclassificação dos critérios jurídicos do lançamento e apregoando a autonomia das multas previstas nos incisos I, II e III. Indicou como paradigmas o Acórdão nº 10709.342 e o Acórdão nº 110100.622; e (ii) no que toca à reaquisição da espontaneidade quando da lavratura do auto de infração, eis que a intimação fiscal anterior já não produzia mais efeitos em vista da ação fiscal anterior encerrada. Indicou como paradigmas o Acórdão nº 910100.020 e o Acórdão nº 110100.690; 1ª Tema Divergente Admitido: quanto à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91 A Primeira Divergência aduzida pela contribuinte consta do seu recurso sob o tópico 3.2.2.1. Essa divergência foi admitida por meio do Despacho de efls. 1.259/1.261. Como a Procuradoria trouxe argumentos pelo não conhecimento em face da ausência de similitude fática, retomase ao cotejo das decisões recorrida e paradigmas. Pois bem, no voto vencedor, o redator assinalou que a conduta de não entregar arquivos magnéticos é mais grave do que aquela de entregar arquivos magnéticos em formato distinto daquele solicitado na intimação lavrada. Assim, frente à dificuldade de a Receita Federal efetuar a fiscalização diante da total ausência de arquivos magnéticos, essa conduta, por prejudicar o desenvolvimento dos trabalhos do Fisco, seria punida com uma multa mais gravosa, de 1% da receita bruta. Fl. 1375DF CARF MF 10 Por outro lado, a dificuldade do Fisco seria mitigada pela entrega dos arquivos magnéticos em formato diverso, já que a Receita Federal possuiria expertise suficiente a decodificar tais informações. Por tal razão, a conduta de entregar arquivos magnéticos em outro formato, que entendeu ter sido adotada pelo sujeito passivo, causaria prejuízo menor ao Fisco, em comparação com aquele experimentado no caso da não entrega de arquivos em qualquer formato. Assim, a lei também estabeleceu pena mais branda para esta hipótese, que é a multa no patamar de 0,5% da receita bruta. No caso, como entendeu o colegiado, por maioria, que a pessoa jurídica apresentou arquivos magnéticos em formato diverso daquele solicitado pela auditoria, aplicaram a penalidade mais branda do que aquela aplicada pela fiscalização, ou seja, ao invés da multa calculada em 1% da receita bruta, prevista no inciso III do art. 12, da Lei nº 8.218/91, fez incidir a multa de 0,5% da receita bruta, prevista no inciso I do mesmo dispositivo. Assim, o voto vencedor deduziu: Destarte, considero que a resposta à intimação fiscal no contexto dos próprios fatos narrados pela autoridade, como a constante colaboração da fiscalizada, deve ser interpretada favoravelmente ao autuado. Se tudo isso não bastasse, devemos ainda destacar a expressa regra de interpretação prevista no Código Tributário Nacional: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto; I a capitulação legal do fato; II a natureza ou ás circunstâncias materiais do fato, ou a natureza ou extensão dos seus efeitos; III a autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV a natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Os elementos do feito, pelas razões acima expostas, formam a minha convicção de que a situação fática se enquadra na atenuante. Nada obstante, ainda que pairassem dúvidas, elas deveriam ser interpretadas a favor da autuada por força da cristalina dicção do CTN. O primeiro paradigma apresentado pela defesa, tem a seguinte ementa: Acórdão nº 10709.342 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2000, 2001, 2002 MULTA REGULAMENTAR. ENTREGA DE INFORMAÇÕES EM MEIO MAGNÉTICO. FALHA NA LEITURA DOS ARQUIVOS. DESCUMPRIMENTO DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. SUCESSIVAS INTIMAÇÕES PARA CORREÇÃO DOS DEFEITOS. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE PENALIDADE. Tendo o contribuinte se desincumbido do dever instrumental de proceder à entrega das informações solicitadas pela fiscalização em meio magnético, a impossibilidade de acesso às informações por descumprimento das especificações de sistema constantes da legislação de regência enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 12, I, da Lei nº 8.218/91, sendo ilegítima a aplicação da multa disciplinada no inciso II, posto que na hipótese não se cogita de omissão ou prestação defeituosa de informações. Fl. 1376DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.344 11 Sucessivas intimações do contribuinte para correção dos defeitos de forma verificados nos arquivos magnéticos, que, ao final, foram corrigidos, permitindo o acesso às informações prestadas, elidem a aplicação da multa prevista no art. 12, I, da Lei n°. 8.218/91. Precedentes. Neste caso, a relator do voto condutor explicou que a auditoria fiscal intimou o sujeito passivo a apresentar arquivos magnéticos em determinado formato. O sujeito passivo apresentou diversas mídias contendo os arquivos. Contudo, essas mídias, por estarem em formato diverso daquele solicitado, não puderam ser lidas, impossibilitando a auditoria fiscal de ter acesso aos dados nelas contidos. Foi, então, aplicada a multa prevista no inciso II do art. 12 da lei nº 8.218/91 multa por omissão de informações ou prestação incorreta destas, que é de 5% do valor da operação. Consignou o relator do voto condutor do paradigma 10709.342, que os fatos descritos apontam para a caracterização da infração prevista no inciso I, do art. 12, da Lei n°. 8.218/1991, ou seja, entrega das informações em meio magnético sem a observância da forma prevista na legislação de regência, impedindo o acesso das informações pelos agentes de fiscalização. E, ainda, mormente diante das sucessivas reintimações para que a pessoa jurídica procedesse à correção da forma de envio. Vêse, então, que as situações se assemelham, muito embora, no caso do recorrido a capitulação legal da autuação tenha sido diversa daquela do paradigma. A similitude decorre de que, em ambos os casos a auditoria fiscal adotou uma penalidade prevista em um dos incisos do art. 12 da Lei n°. 8.218/1991, e os colegiados entenderam que deveria ter sido imposta a penalidade prevista em outro inciso do mesmo artigo. Contudo, no caso do recorrido, o colegiado efetuou essa subsunção dos fatos à nova penalidade, enquanto que no paradigma entendeuse por manter a exoneração do lançamento, o que caracteriza a divergência jurisprudencial, devendo ser admitido o Recurso Especial nesta questão. Diante da caracterização da divergência na comparação entre o recorrido e este primeiro paradigma, me abstenho de analisar o segundo paradigma indicado para o tema, visto que isto é desnecessário. 2º Tema Divergente Admitido: reaquisição da espontaneidade quando da lavratura do auto de infração Esta divergência foi admitida por meio do Despacho de efls. 1.285/1.291, mas como também houve questionamento por parte da Fazenda Nacional, aduzindo pelo não conhecimento, fazse necessário rever essa admissibilidade. Aduz a contribuinte, neste tópico, que a reaquisição da espontaneidade antes da lavratura do auto de infração foi reconhecida pelo voto vencido, no acórdão recorrido, de lavra do Conselheiro Alexandre Barbosa Jaguaribe, que reproduz totalmente no Recurso Especial. Assinala que o voto vencedor preferiu negar a reaquisição da espontaneidade, sob o argumento de que há obrigação autônoma, que não se compatibiliza com o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138, do CTN, em entendimento divergente àqueles exarados pelos acórdãos paradigmas nº 910100.020 e nº 110100.690. Contudo, cotejando os votos em referência, não vislumbro a citada divergência jurisprudencial. É que o voto vencedor do acórdão recorrido afastou o entendimento do acórdão recorrido de que houve a reaquisição da espontaneidade por entender que, como a Fl. 1377DF CARF MF 12 autuação era por uma obrigação acessória autônoma, descabia falar em denúncia espontânea, e por conseguinte, não se podia admitir a tese da reaquisição da espontaneidade. Ocorre que o paradigma 910100.020 não tratou de exigência de multa por descumprimento de obrigação acessória, mas sim de tributo que foi objeto de parcelamento. São, portanto, situações distintas. Da mesma forma, também o acórdão 110100.690 não tratou de multa por obrigação acessória mas sim de lançamento de ofício de valores que a contribuinte argüiu terem sido incluídos em parcelamento especial em um momento de reaquisição de espontaneidade. Vejase que a questão de fundo para o voto vencedor do acórdão paradigma é o fato de se tratar de uma obrigação acessória autônoma. Assim, só poderia haver similitude fática acaso a situação analisada no paradigma fosse um lançamento de multa regulamentar por descumprimento de obrigação acessória e, ainda assim, o colegiado entendesse que haveria denúncia espontânea ou reaquisição de espontaneidade. Portanto, relativamente a este tema, houve equívoco no despacho de admissibilidade que admitiu a caracterização da divergência. Em razão da falta de caracterização de divergência jurisprudencial, em relação ao tema reaquisição da espontaneidade quando da lavratura do auto de infração, voto por não admitir o Recurso Especial nesta matéria. Em resumo, encaminho meu voto, em sede de preliminares, por conhecer integralmente o Recurso Especial da Procuradoria e por conhecer, em parte, o Recurso Especial da contribuinte, admitindo, apenas, a rediscussão do tema relativo à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91, eis que caracterizada a divergência, e negando seguimento ao Recurso Especial no que se refere ao tema reaquisição da espontaneidade quando da lavratura do auto de infração, eis que não caracterizado o dissenso jurisprudencial por ausência de prequestionamento da matéria. 3 Mérito No mérito a questão trazida para reapreciação diz respeito à incidência da multa regulamentar prevista nos artigos 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, ao caso concreto. Vejamos o referido dispositivo legal: Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º A Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no caput deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 2º Ficam dispensadas do cumprimento da obrigação de que trata este artigo as empresas optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, de que trata a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Fl. 1378DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.345 13 § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. .(Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 4º Os atos a que se refere o § 3o poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. .(Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período; .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) No presente caso temse que, nos termos do Relatório Fiscal (fls. 08 e ss do volume 1 digitalizado), a contribuinte foi intimada em 10/08/2006 para, no prazo de 20 (vinte) dias, apresentar arquivos magnéticos com a contabilidade dos anoscalendário 2001 a 2005, nos termos da IN SRF nº 86/2001 e no formato estipulado pelo ADE COFIS nº 15/2001, conforme instruções contidas na própria intimação (fls. 17/19 do volume 1 digitalizado) e aviso de recebimento AR datado de 10/08/2006 (fl. 20 do volume 1 digitalizado). Esse prazo inicial de 20 (vinte) dias esgotouse em 30/08/2006. Ainda, nos termos do Relatório Fiscal, a contribuinte respondeu ao termo de intimação no dia 04/09/2006, expondo dificuldades em apresentar os arquivos e solicitando prazo adicional para atendimento da intimação em mais 30 (trinta) dias. A auditoria prorrogou por mais 20 (vinte) dias o prazo para apresentação dos arquivos magnéticos. Ou seja, os arquivos deveriam ter sido apresentados até 25/09/2006. Findo esse prazo, a fiscalização reintimou a pessoa jurídica, desta feita para apresentação dos arquivos magnéticos até 09/10/2006, portanto, concedendo um prazo adicional de 15 (quinze) dias. O AR data de 05/10/2006 (fls. 21/22 do volume 1 digitalizado). Vêse, então, que o prazo inicialmente concedido para apresentação dos arquivos magnéticos, de 20 (vinte) dias, foi estendido para nada menos do que 60 (sessenta). Mesmo assim, a obrigação não foi cumprida nos moldes que intimouse. Fl. 1379DF CARF MF 14 É verdade que a contribuinte solicitou, mas apenas em 09/10/2006, autorização para apresentar os arquivos magnéticos em outro formato e, ainda, somente nos termos do cronograma que ofereceu junto de sua solicitação (fls. 23 e ss do volume 1 digitalizado). Mas nessa data já havia sido transcorrido o triplo do prazo inicialmente concedido. E, ainda assim, a contribuinte ofereceu apenas uma alternativa à auditoria fiscal, ou seja, dispôsse a apresentar os arquivos de forma parcelada e em formato diverso daquele solicitado. Diante da postura do sujeito passivo, o agente fiscal aplicou a multa correspondente no inciso III do art. 12, da Lei nº 8.218/91 (multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas) e consignou no Relatório Fiscal: [...] O contribuinte sempre se mostrou solicito e procurou oferecer parte dos arquivos â medida que ia conseguindo gerálos no formato da IN 86/2001. Contudo, a alternativa não pôde ser aceita porque somente se consegue realizar o trabalho fiscal com a contabilidade eletrônica se a totalidade dos arquivos estiver disponível. Aceitar apenas parte dos arquivos contáveis magnéticos equivaleria a concordar que o contribuinte mostrasse apenas algumas páginas de seus livros contábeis impressos à maneira tradicional. As argumentações do contribuinte sobre a quantidade de dados a serem gerados e o esforço computacional necessário para atendimento do Termo de Intimação Fiscal foram levadas em consideração, tanto que o prazo administrativo foi largamente estendido. 0 prazo total concedido foi de 60 (sessenta) dias, ou seja, 2 (dois) meses. Por outro lado, devese ter em conta que o dispositivo legal já citado obriga o contribuinte a preparar seus arquivos e manter sua contabilidade à disposição do fisco durante o prazo decadencial. Os contribuintes não devem esperar serem intimados para somente então prepararem os arquivos magnéticos de sua contabilidade. Assim, temse que não se trata, como assentou o voto vencedor do acórdão recorrido, de atendimento à intimação com a apresentação de arquivos em layout diverso. Até porque o pedido para apresentar em layout diverso foi efetuado somente em outubro, quando a primeira intimação foi feita ainda em agosto. A hipótese configura, sim, não atendimento à intimação no prazo estipulado pela autoridade fiscal. E isso se depreende claramente da resposta apresentada pela empresa em 09/10/2006, na qual consta expressamente, em negrito e sublinhada, o item: "proposta para atendimento à fiscalização". Nessa "proposta", enviada depois que se passou o triplo do prazo inicialmente concedido pela auditoria, a pessoa jurídica se dispõe a disponibilizar, de imediato, os arquivos de registros contábeis (item "a" do Termo de Intimação) e as tabelas de plano de contas e centro de custos e despesas (subitens 2 e 3 do item "h" do Termo de Intimação), referentes aos anos de 2001 a 2005, no formato exigido pelo ADE COFIS nº 15/2001. Aliás, é preciso observar que a pessoa jurídica se dispôs a disponibilizar os arquivos. Não há nada nessa resposta da contribuinte, ou no Relatório Fiscal, que indique que esses arquivos tenham sido efetivamente entregues no dia 09/10/2006, quando foi apresentada referida petição, motivo pelo qual sequer se pode concordar com a decisão recorrida de que houve apresentação em formato diverso. Fl. 1380DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.346 15 A respeito da decisão recorrida, é importante destacar que ela partiu da premissa de houve a apresentação, porém em formato diverso, conforme se pode observar dos seguintes trechos: Como a empresa apresentou os arquivos magnéticos após cinqüenta dias do prazo fixado na intimação fiscal, foilhe aplicado o percentual sancionador máximo, isto é, 1% sobre sua receita bruta. Ocorre que isso não aconteceu. A intimação da fiscalização (efls. 18/19) foi para apresentar os arquivos de registros contábeis, os arquivos de clientes e fornecedores, os arquivos de controle patrimonial, os arquivos das notas fiscais de emissão própria e de terceiros, os arquivos relativos ao comércio exterior, à folha de pagamento, além de algumas tabelas. Enquanto que a única informação nos autos de efetiva entrega consta das efls. 27 e seguintes por meio das quais foram apresentados apenas os arquivos relativos aos clientes e fornecedores. Assim, a hipótese é mesmo de não entrega no prazo estabelecido. É verdade que constou da referida resposta, no mesmo item "proposta para atendimento à fiscalização", a alternativa de apresentar esses mesmos arquivos em formato diverso daquele estipulado pelo ADE COFIS nº 15/2001, desde que, como ressaltou nesse mesmo documento, isso ficasse a critério da autoridade requisitante, nos termos art. 2º do ADE COFIS nº 15/2001. Assim, o que se vê de concreto nos autos é que a contribuinte, em que pese intimada e reintimada, não apresentou os arquivos magnéticos determinado pela IN SRF nº 86, de 2001, no formato exigido pelo ADE COFIS nº 15/2001 no prazo estipulado pela auditoria fiscal que foi, de início, de 20 (vinte) dias, posteriormente prorrogado até 60 (sessenta) dias. Por oportuno registro que é equivocado o entendimento assentado pelo voto vencedor do acórdão recorrido no que diz respeito à obrigatoriedade de a autoridade fiscal aceitar os arquivos em formato diverso daquele solicitado. Primeiramente porque, como sobejamente já deduzido em decisões pretéritas, o procedimento fiscal se deu no ano de 2006, enquanto que a exigência para manter arquivos digitais já existia desde 2002, tanto a própria determinação em si, contida na IN SRF nº 86, de 2001, quanto o layout exigido, também desde 2001, pelo ADE COFIS nº 15/2001. O fato de a pessoa jurídica não manter os arquivos digitais no formato exigido pela legislação à disposição do Fisco, desde 2002, já demonstra inobservância da norma definida no art. 11 da Lei nº 8.218/91: Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) (*) destaquei Em seguida, porque o ADE COFIS nº 15/2001, no art. 2º, dispõe que fica a critério da autoridade fiscal aceitar arquivos em formato diverso daquele estipulado pelo próprio ADE COFIS nº 15/2001: Art. 2º. A critério da autoridade requisitante, os arquivos digitais de que trata § 1º do artigo anterior poderão ser apresentados em Fl. 1381DF CARF MF 16 forma diferente da estabelecida neste Ato, inclusive em decorrência de exigência de outros órgãos públicos. Ora, não se vê no dispositivo nenhuma obrigatoriedade por parte do agente fiscal em aceitar arquivos magnéticos em outro layout. Ao contrário, o que se vê é discricionariedade e conveniência do agente em aceitar, ou não, arquivos em formato diverso daquele estipulado pelo ADE COFIS nº 15/2001. No presente caso temse que o agente fiscal não acatou a apresentação dos arquivos magnéticos em formato diverso. E as justificativas apresentadas pela fiscalização para não aceitar layout diverso estão muito bem claras no Relatório Fiscal, conforme trechos que torno a transcrever: [...] O contribuinte sempre se mostrou solicito e procurou oferecer parte dos arquivos à medida que ia conseguindo gerálos no formato da IN 86/2001. Contudo, a alternativa não pôde ser aceita porque somente se consegue realizar o trabalho fiscal com a contabilidade eletrônica se a totalidade dos arquivos estiver disponível. Aceitar apenas parte dos arquivos contáveis magnéticos equivaleria a concordar que o contribuinte mostrasse apenas algumas páginas de seus livros contábeis impressos à maneira tradicional. As argumentações do contribuinte sobre a quantidade de dados a serem gerados e o esforço computacional necessário para atendimento do Termo de Intimação Fiscal foram levadas em consideração, tanto que o prazo administrativo foi largamente estendido. O prazo total concedido foi de 60 (sessenta) dias, ou seja, 2 (dois) meses. [...] Devese considerar que outros contribuintes de mesmo porte conseguiram observar o prazo concedido. A legislação sobre a matéria existe há vários anos (a Lei 8.218 é de 1991 e a IN 86 é de 2001). Portanto, houve tempo suficiente para todos se prepararem para uma exigência dessa natureza. Convém esclarecer que: (1) o formato dos arquivos é estabelecido pela Instrução Normativa do Secretário da Receita Federal n° 86, de 22/10/2001, regulamentada pelo Ato Declaratório Executivo COFIS n° 15, de 23/10/2001, devendo ser observado não apenas porque a atuação fiscal é vinculada, mas sobretudo por questão de compatibilidade com os sistemas existentes no âmbito da Secretaria da Receita Federal; [...] (3) é grande o prejuízo da Fazenda Nacional pelo atraso ou falta de entrega dos referidos arquivos, uma vez que o trabalho almejado é circularizar eletronicamente a contabilidade do interessado e também as contabilidades de seus fornecedores e clientes, confrontando os lançamentos de despesa e de receita de cada pessoa jurídica; [...] E, ainda, porque a solicitação da contribuinte somente foi formalizada 60 (sessenta) dias depois da primeira intimação, quando já havia se esgotado o prazo inicial concedido e suas prorrogações. Nesse momento já se encontravam os fatos subsumidos à hipótese de incidência do inciso III do art. 12, que é o não cumprimento do prazo estabelecido para apresentação de arquivos e sistemas. Mais uma vez, notese que a multa aplicada se deve ao descumprimento do prazo para atendimento das intimações lavradas para apresentação dos arquivos digitais. Fl. 1382DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.347 17 Portanto, a regramatriz de incidência da multa regulamentar em comento prevê que seu aspecto temporal seja o desrespeito, apenas e tão somente, ao prazo, que será concedido nas intimações lavradas para apresentação de arquivos digitais. Como esse prazo foi descumprido, deve então incidir o conseqüente da norma, que é a multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa. Ou seja, não existe discricionariedade para o aplicador dessa norma. Por essas razões é que também não cabe ao caso a aplicação do art. 112 do CTN, como entendeu o voto vencedor recorrido. Com a devida vênia, tal artigo tem lugar quando se tem uma dúvida na aplicação da norma. Aqui os fatos estão claros: não houve entrega dos arquivos no prazo estabelecido. A proposta de entregar em formato diverso não se equivale a entregar efetivamente em formado diverso. No que toca às alegações deduzidas em Contrarrazões ao Recurso Especial da PFN, a respeito de alteração, pela decisão recorrida, do critério jurídico do lançamento e da reaquisição de espontaneidade do sujeito passivo, temse que tais matérias foram objeto de argüição de divergência pela contribuinte em seu apelo especial, porém não admitidas. A contribuinte ainda reclama a aplicação, ao caso, do princípio da retroatividade benigna, em vista das alterações promovidas pelo art. 8º, da Lei nº 12.766, de 2012, no art. 57 da MP nº 2.158/2001, que assim dispõe: Art. 8o O art. 57 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 57. O sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração, demonstrativo ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que os apresentar com incorreções ou omissões será intimado para apresentálos ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: I por apresentação extemporânea: a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido; b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro real ou tenham optado pelo autoarbitramento; II por não atendimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil, para apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital ou para prestar esclarecimentos, nos prazos estipulados pela autoridade fiscal, que nunca serão inferiores a 45 (quarenta e cinco) dias: R$ l.000,00 (mil reais) por mêscalendário; III por apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital com informações inexatas, incompletas ou omitidas: 0,2% (dois décimos por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), sobre o faturamento do mês anterior ao da entrega da declaração, demonstrativo ou escrituração equivocada, assim entendido como a receita decorrente das vendas de mercadorias e serviços. Fl. 1383DF CARF MF 18 § 1o Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional, os valores e o percentual referidos nos incisos II e III deste artigo serão reduzidos em 70% (setenta por cento). § 2o Para fins do disposto no inciso I, em relação às pessoas jurídicas que, na última declaração, tenham utilizado mais de uma forma de apuração do lucro, ou tenham realizado algum evento de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que trata a alínea b do inciso I do caput. § 3o A multa prevista no inciso I será reduzida à metade, quando a declaração, demonstrativo ou escrituração digital for apresentado após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício.” (NR) Entretanto, considerando que o legislador da Lei nº 12.766, de 2012, não revogou os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.212, de 1991, é de se fazer uma interpretação sobre qual é o alcance do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, com essa alteração trazida pela Lei nº 12.766, de 2012. Nesse sentido, verificase inicialmente (antes da alteração de 2012), o art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, destinavase a cominar penalidade para os casos de descumprimento de obrigações acessórias estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal, para as quais não havia uma penalidade específica, haja vista a redação vigente à época: Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. Para melhor compreensão, transcrevo também o art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999: Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Com a alteração promovida pela Lei nº 12.766, de 2012, passouse a incluir no bojo das multas de que trata o art. 57 a não apresentação, nos prazos fixados, de declaração, demonstrativo ou escrituração digital. Contudo, é de se verificar que em 2012 já se tinha a obrigatoriedade de apresentação da Escrituração Contábil Digital – ECD, da Escrituração Fiscal Digital – EFD, e outras escriturações e demonstrativos que passaram a ser de entrega obrigatória com a instituição do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED. Assim, é nesse contexto que tais alterações precisam ser concebidas. Fl. 1384DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.348 19 Além disso, a redação atual do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, por força das alterações promovidas pelo art. 57 da Lei nº 12.783, de 24 de outubro de 2013, já nem contempla mais as figuras dos arquivos digitais, como se pode observar: Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumprilas ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) I por apresentação extemporânea: (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às demais pessoas jurídicas; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) c) R$ 100,00 (cem reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas físicas; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) II por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) III por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) § 1o Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional, os valores e o percentual referidos nos incisos II e III deste artigo serão reduzidos em 70% (setenta por cento). (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 2o Para fins do disposto no inciso I, em relação às pessoas jurídicas que, na última declaração, tenham utilizado mais de uma forma de apuração do lucro, ou tenham realizado algum Fl. 1385DF CARF MF 20 evento de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que trata a alínea b do inciso I do caput. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0 § 3o A multa prevista no inciso I do caput será reduzida à metade, quando a obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) § 4o Na hipótese de pessoa jurídica de direito público, serão aplicadas as multas previstas na alínea a do inciso I, no inciso II e na alínea b do inciso III. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013). Percebese, por conseguinte, que a redação volta a tratar de penalidades por descumprimento de obrigação acessória de forma genérica, não se aplicando para as hipóteses em que há penalidade específica, como é o caso dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.212, de 1991. Em face ao exposto, encaminho meu voto no sentido de: 1) conhecer do Recurso Especial da PFN e, no mérito, darlhe provimento e restabelecer a exigência da multa regulamentar prevista no inciso III, do art. 12, da Lei nº 8.218/91, calculada no valor máximo previsto que é de 1% (um por cento) da receita bruta; e 2) conhecer parcialmente do Recurso Especial da Contribuinte, relativamente à divergência arguida em relação à interpretação do art. 12, da Lei nº 8.218/91 e, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Voto Vencedor Conselheira Cristiane Silva Costa Redatora Designada O presente voto tratará do mérito dos recursos especiais, no que fui acompanhada pela maioria do Colegiado. O acórdão recorrido decidiu pela manutenção em parte da multa imposta ao contribuinte, conforme voto vencedor, lavrado pelo Conselheiro Guilherme Adolfo Mendes: Dentre as alegações da defesa está a de que se colocou à disposição da fiscalização para apresentar as mesmas informações, mas em formato diverso daquele estipulado pela autoridade administrativa. Nesse caso, a sanção deveria ter sido limitada ao percentual de 0,5%, em razão do que dispõe o inciso I: "multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos". Se a pessoa jurídica tivesse protocolado a entrega dos referidos arquivos em resposta à intimação fiscal, seria evidente a aplicação do limite de autuação. Fl. 1386DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.349 21 Todavia, nos autos, consta apenas uma resposta à intimação, mediante a qual a autuada solicita a entrega em formato diverso do exigido pela autoridade. Na sessão passada, discutimos a natureza desta resposta e como deveria ter a autoridade fiscal se comportado diante dela. Em primeiro lugar, não podemos deixar de considerar que o procedimento de fiscalização não pode ser visto como uma sucessão de atos mecânicos em que a autoridade fiscal e o representante da empresa colocamse como meros agentes autômatos. Eles são pessoas que devem se respeitar mutuamente e agir em conformidade com o trato social. Assim, é esperado que o representante da empresa, em razão de sua própria condição de sujeição ao poder a que está investido a autoridade fiscal, tratea com toda a cortesia possível. Se a autoridade o intimou para apresentar os arquivos magnéticos num certo formato, mas estavam disponíveis apenas os mesmos arquivos em formato diverso, não seria razoável que o representante, antes de apresentálos sem maiores explicações, solicitasse a sua entrega? Ora, não é crível que a empresa tenha se colocado à disposição para apresentar as informações em outro formato, a autoridade tenha tido conhecimento da inexistência destes mesmos arquivos e mesmo assim tenha afirmado que a empresa sempre colaborou com a fiscalização. Outro ponto levantado em nossas discussões é o de que a autoridade fiscal não poderia ter respondido positivamente ao pedido para apresentar arquivos em formato não previsto. Penso de forma diversa. Quando a autoridade intima a empresa fiscalizada para a apresentação de documentos e o atendimento é apenas parcial, a autoridade não deixa de recebêlos, mas apenas ressalva o atendimento parcial. De forma análoga, a autoridade fiscal poderia (em verdade, deveria) ter respondido à indagação da fiscalizada. Caso a resposta fosse positiva, ou seja, pela aceitação dos arquivos em formatos diversos, poderia ressalvar que isso não teria o condão de satisfazer por completo a obrigação de apresentação no formado previsto, o que implicaria a aplicação da sanção atenuada. Ao assim proceder, a Turma a quo manteve multa com fundamento no artigo 12, I, da Lei nº 8.218/1991, enquanto o lançamento tributário fundouse no inciso III do mesmo dispositivo legal, verbis: Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita Fl. 1387DF CARF MF 22 bruta da pessoa jurídica no período; .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) De fato, como mencionado pelo acórdão recorrido, consta intimação do contribuinte para apresentação de arquivos magnéticos. O contribuinte respondeu a esta intimação em 09/10/2006, nos seguintes termos (fls. 25, volume 1): De início, estão sendo disponibilizados os arquivos de registros contábeis (item a do Termo de Intimação Fiscal) e as tabelas de plano de contas e centro de custo e despesa (subitens 2 e 3 do item 11 do Termo de Intimação Fiscal), referentes ao período de 2001 a 2005, nas especificações técnicas disciplinadas no Ato Declaratório Executivo COFINS nº 15/01) Adicionalmente, tendo em vista o descrito no art. 2º do referido ato declaratório "a critério da autoridade requisitante, os arquivos digitais de que trata §1º do artigo anterior poderão ser apresentados em forma diferente da estabelecida neste Ato, inclusive em decorrência de exigência de outros órgãos públicos" e por já possuir um processo automatizado de geração dos dados solicitados no Termo de Intimação Fiscal, a empresa, como parte de seu compromisso de facilitar os trabalhos da Secretaria da Receita Federal, com a máxima transparência coloca à disposição toda e qualquer informação constante por sistemas da empresa utilizados para registrar seus negócios e atividades econômicas, que podem ser gravados em arquivos magnéticos e disponibilizados. O Auto de Infração foi lavrado apenas em 24/07/2007, portanto, meses depois da resposta acima, em que o contribuinte menciona a disponibilidade de arquivos magnéticos em formato distinto. A adequação, paulatina, dos arquivos do contribuinte ao formato solicitado pelo auditor fiscal (estabelecido pela IN 86/2001) é mencionada no Termo de Verificação Fiscal (fls. 10), como também a recusa no recebimento dos arquivos: O contribuinte sempre se mostrou solicito e procurou oferecer parte dos arquivos à medida que ia conseguindo gerálos no formato da IN 86/2001. Contudo, a alternativa não pôde ser aceita porque somente se consegue realizar o trabalho fiscal com a contabilidade eletrônica se a totalidade dos arquivos estiver disponível. Aceitar apenas parte dos arquivos contábeis magnéticos equivaleria a concordar que o contribuinte mostrasse apenas algumas páginas de seus livros contábeis impressos à maneira tradicional. Fl. 1388DF CARF MF Processo nº 10707.000936/200711 Acórdão n.º 9101002.961 CSRFT1 Fl. 1.350 23 Assim, constatase que o contribuinte solicitou a apresentação de arquivos em formato distinto, fato que indica a existência de arquivos mesmo que em formato equivocado, não se sustentando a imposição de multa por falta/atraso de apresentação destes. Ressalto que o Ato Declaratório Executivo COFIS nº 15/2001 possibilita que a autoridade fiscal rejeite o recebimento de arquivos digitais, possivelmente considerando a dificuldade técnica relacionada à recepção de documentos em formato distinto daquele processado pelo sistema da Receita Federal. Exatamente por isso, quando verificado que o auditor fiscal autuante recebeu pedido para apresentação de documentos em formato distinto, sendo possível a sua recusa pelo auditor fiscal, não se pode impor ao contribuinte o ônus pelo atraso ou não apresentação dos arquivos magnéticos em formato equivocado. No caso, só poderia ser imposta multa pela forma equivocada dos arquivos, como mencionado pelo acórdão recorrido. No entanto, é vedado aos julgadores administrativos alterar o critério jurídico do auto de infração, sob pena de ofensa ao artigo 146, do Código Tributário Nacional: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Por tais razões, entendo que a multa imposta nestes autos é insubsistente, não sendo possível a modificação procedida pela Turma a quo no critério jurídico do lançamento, para justificar a manutenção em parte da multa, ajustando o lançamento a outro inciso do artigo 12. Assim, voto por dar provimento ao recurso especial do contribuinte e negar provimento ao recurso especial da Procuradoria. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 1389DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.722265/2009-63
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
Numero da decisão: 9303-005.595
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração para, re-ratificar o Acórdão nº, 9303-004.650, de 15/02/2017, com efeitos infringentes, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração para, re-ratificar o Acórdão nº, 9303-004.650, de 15/02/2017, com efeitos infringentes, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração para, reratificar o Acórdão nº, 9303004.650, de 15/02/2017, com efeitos infringentes, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 22 65 /2 00 9- 63 Fl. 943DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 9303004.650, 15/02/2017, proferido pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos ácido sulfúrico, aditivo dispersante e serviços de remoção de resíduos industriais. FRETE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS. Os serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, quando estes se qualifiquem como insumos nos termos da legislação de regência, somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido. Recurso Especial do Procurador provido em parte Alega a Embargante que a decisão apresenta uma contradição, a saber: assentou que “...se o produto se enquadrar no conceito de insumo, sendo, de conseguinte, necessário à produção do contribuinte, o gasto com o seu transporte deverá ser incorporado ao custo do produtos transportados (...). Portanto, se o frete foi pago no transporte de produtos que sejam insumos (...)o valor assim despendido deve ser incorporado ao custo dos produtos transportados (...)", e a conclusão do voto, que findou por negar direito a tomada de créditos sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico, considerado como insumo pelo próprio relator. O exame de admissibilidade dos embargos encontrase às fls. 939/942. É o Relatório. Voto Fl. 944DF CARF MF Processo nº 10280.722265/200963 Acórdão n.º 9303005.595 CSRFT3 Fl. 944 3 Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Com efeito, o acórdão embargado incorreu numa contradição, o que autoriza o manejo dos aclaratórios, em conformidade com o que dispõe o art. 65 do Anexo II do atual RICARF/2015. Notese que, muito embora tenhamos afirmado que os serviços de transporte suportados pelo adquirente somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido, somente quando estes se qualifiquem como insumos, nos termos da legislação de regência (ver Solução de Consulta Cosit nº 99048, de 20 de março de 2017), não nos atentamos para o fato de que o frete pago pela Embargante se destinava unicamente ao transporte do ácido sulfúrico, o que poderia ter sido deduzido até mesmo das peculiaridades deste produto. Outra seria a solução se o frete fosse pago para o transporte de mais de um produto, uns qualificados como insumos, outros, não, hipótese em que deveria haver uma divisão proporcional do custo pelos produtos transportados. Não é o caso, porém. Ante o exposto, conheço e acolho os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para conferir à Embargante o direito ao crédito sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico. A ementa do acórdão embargado passa a ser a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos ácido sulfúrico, aditivo dispersante e serviços de remoção de resíduos industriais. FRETE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS. Os serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, quando estes se qualifiquem como insumos nos termos da legislação de regência, somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido. No caso julgado, o frete pago para transporte do ácido sulfúrico gera direito ao crédito de PIS no regime não cumulativo. Recurso Especial do Procurador negado. É como voto. Fl. 945DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 946DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.000643/2007-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
IRPJ. PERDAS EM CESSÃO DE CRÉDITO. OPERAÇÕES ENTRE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E ENTIDADE NÃO-FINANCEIRA.
As perdas em cessão de crédito realizada entre instituição financeira e entidade não-financeira devem seguir o regramento legal determinado pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil, a fim de que possam ser consideradas como despesas dedutíveis da base de cálculo do IRPJ.
ÔNUS DA PROVA. VALORES OFERECIDOS À TRIBUTAÇÃO. ALEGAÇÃO DESACOMPANHADA DE PROVA.
Cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos os documentos que deem a elas força probante.
DEMAIS TRIBUTOS. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA.
A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica-se à tributação dele decorrente.
PRODUÇÃO DE PROVAS APÔS A IMPUGNAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO.
A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de a impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a ocorrência de algumas das hipóteses previstas no §4° do art. 16 do Decreto n° 70.235/72.
Numero da decisão: 1402-002.673
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado Digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente
(Assinado Digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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PERDAS EM CESSÃO DE CRÉDITO. OPERAÇÕES ENTRE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E ENTIDADE NÃOFINANCEIRA. As perdas em cessão de crédito realizada entre instituição financeira e entidade nãofinanceira devem seguir o regramento legal determinado pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil, a fim de que possam ser consideradas como despesas dedutíveis da base de cálculo do IRPJ. ÔNUS DA PROVA. VALORES OFERECIDOS À TRIBUTAÇÃO. ALEGAÇÃO DESACOMPANHADA DE PROVA. Cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos os documentos que deem a elas força probante. DEMAIS TRIBUTOS. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase à tributação dele decorrente. PRODUÇÃO DE PROVAS APÔS A IMPUGNAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de a impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a ocorrência de algumas das hipóteses previstas no §4° do art. 16 do Decreto n° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 06 43 /2 00 7- 95 Fl. 504DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado Digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente (Assinado Digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 505DF CARF MF Processo nº 16327.000643/200795 Acórdão n.º 1402002.673 S1C4T2 Fl. 488 3 Relatório Os Autos de Infração tratam de exigência de valores de IRPJ e CSLL relativos ao anocalendário de 2004, com multa de ofício e juros de mora. Por bem resumir a controvérsia, adoto o relatório do v. acórdão recorrido proferido nos autos, abaixo transcrito: DA AUTUAÇÃO Conforme o Termo de Verificação de Infração — TVI n° 01 de fls.15/29, em fiscalização empreendida junto à empresa acima identificada, a Fiscalização verificou em síntese que: 1. No período de apuração de 2.004, a instituição financeira fiscalizada realizou operações de cessão de créditos com a empresa denominada ORBIS TRUST SECURITIZADORA DE CRÉDITOS FINANCEIROS S/A, conforme o Contrato de Cessão de Créditos n° 3119674, firmado em 24/03/2004 (fls.20/26 do Anexo I). 2. Dentre os créditos cedidos pela instituição financeira, constou o Contrato n° 1308796267, celebrado com a empresa PROLAN PARTICIPAÇÕES S/A (PROLAN), CNPJ 02.467.423/000114, em relação ao qual foram informados um valor cedido de R$10.995.142,63 e um valor de venda da cessão de R$252.888,28 (f1s.18/19 do Anexo I). 3. Intimada, a contribuinte apresentou o "Contrato de Confissão gW ida e Outras Avenças" celebrado entre a empresa e a devedora PROLAN (fls.59/66 o I), datado de 27/05/2003, cujo valor da dívida confessada foi de R$10.995.142,63. 3.1. Contudo, o referido contrato teve como origem o contrato principal denominado "Contrato de Opção de Compra e Opção de Venda de Ações pelo Unibanco" (fls.38/47 e 48/58 do Anexo I), por intermédio do qual a PROLAN outorgou à instituição financeira, a título gratuito, a opção de compra de ações representativas de 49% do capital total da empresa AMÉRICA LATINA TELECOMUNICAÇÕES AVANÇADAS S/A (ALTA), pelo preço de R$8.800.000,00, a ser exercida pelo prazo de um ano a contar da assinatura do contrato de opção. 3.2. No mesmo contrato de opção e outras avenças, a instituição financeira, a título de adiantamento, entregou recursos financeiros à PROLAN, no montante de R$8.800.000,00, a serem compensados com o exercício da opção de compra, caso a instituição financeira exercesse tal direito. O desembolso em questão ocorreu em 27/07/2001. Fl. 506DF CARF MF 4 3.3. Assim, a entrega dos recursos, no montante de R$8.800.000,00, ocorreu em 2001 e a confissão de dívida só veio a ocorrer em 2003. 4. Nos termos dos artigos 6, 7° e 8° da Resolução CMN/BACEN n° 2.836/2001, as instituições financeiras estão autorizadas a cederem seus créditos a entidades não financeiras. No entanto, esta autorização está condicionada à determinação da origem dos créditos cedidos, que devem ser provenientes de empréstimos, de financiamentos, de arrendamento mercantil, ou de direitos creditórios oriundos de exportação. 5. No caso em tela, todavia, a instituição financeira efetuou a cessão de um crédito que não teve por origem uma operação de empréstimo, financiamento, arrendamento mercantil ou aquisição de direitos creditórios de contratos de exportação. 6. Logo, a cessão de crédito ora em análise não está tutelada pelas normas das autoridades bancárias. 7. Ocorre que a dedutibilidade de despesas com cessão de crédito prevista no inciso `a.3', do art.29, da Lei n° 8.981/95 está condicionada à observação da regulamentação imposta pelo Banco Central do Brasil. 7.1. Sendo assim, não é qualquer negócio de cessão de crédito que possibilitará a dedutibilidade da perda, mesmo sendo o cedente uma instituição financeira. A instituição financeira só alcançaria tal dedutibilidade se a operação se conformasse à disciplina bancária imposta. A matéria em questão requer interpretação restritiva, tanto por ser uma regra especial, como por tratar de redução de base de cálculo de exação tributária. 8. Pelo exposto, ficou caracterizado o ilícito fiscal no âmbito das disposições do IRPJ e da CSLL, em razão de conduta contrária ao disposto no art.29, da Lei n° 8.981/95 c/c o art.57 do mesmo diploma legal, que teve a redação alterada pelo art. V, da Lei n° 9.065/95, sendo que o valor tributável para o IRPJ e para a CSLL é o custo da cessão do crédito, no valor de R$10.995.142,63, que foi reduzido das bases de cálculo de forma extra contábil. Em decorrência das constatações feitas pela Fiscalização, em 24/04/2007 foram lavrados Autos de Infração de IRPJ (fls.30/33) e CSLL (fls.34/37), com seguir discriminados: Demonstrativo do IRPJ Fl. 507DF CARF MF Processo nº 16327.000643/200795 Acórdão n.º 1402002.673 S1C4T2 Fl. 489 5 Demonstrativo da CSLL DA IMPUGNAÇÃO A autuada apresentou a impugnação de fls.44/61, protocolizada em 25/05/2007 e acompanhada dos documentos de fls.62/269, expondo, em síntese, que: 1. A contribuinte alega que não há regra geral que determine que as perdas nas cessões de créditos não são dedutíveis. Pelo contrário, sempre serão dedutíveis as despesas operacionais como as perdas na cessão do crédito, que são incorridas, necessárias e usuais para a atividade, nos termos do art.299 do RIR/99. 1.1. A operação feita entre a contribuinte e a empresa PROLAN, se vista como um contrato comercial comum, e a respectiva cessão, não precisam ser especificamente reguladas pelo Banco Central, a quem cabe a função específica de regular o exercício das atividades que só pode ser desempenhada por instituição financeira, como é o caso de operação de crédito bancário. Ainda assim, as perdas na cessão desse adiantamento são dedutíveis, porque são despesas operacionais usuais, assim como qualquer outra perda em crédito bancário. Fl. 508DF CARF MF 6 1.2. Nada é tributável ou indedutível a não ser que a lei assim disponha de forma específica, conforme o art.151 da CF e o art.97 do CTN. Como não há regra específica que exija a adição de perdas em cessão de crédito não bancário, o mesmo critério definido par garantir a dedutibilidade das perdas na cessão de crédito bancário deve ser adotado na dedução das perdas na cessão de crédito não bancário, porque a lei que rege o assunto é a mesma (compilada no art.299 do RIR/99). 2. A operação originária do crédito e a operação de cessão do crédito, cuja perda foi glosada, são contratos legítimos e regulares, estão em consonância com os interesses das partes contratantes e estão em ordem com o sistema jurídico brasileiro e com as normas do Banco Central do Brasil. 2.1. Sem o exercício das opções, é possível equiparar o adiantamento efetuado à PROLAN a um empréstimo bancário e também é possível interpretar que a contribuinte deve cuidar do adiantamento em questão como se fosse um empréstimo bancário e, então, aplicar todas as regras específicas do Banco Central para gerir e ceder esse ativo. Até por conta dessa visão mais conservadora, a contribuinte de fato seguiu todas essas regras. 2.2. Sendo ou não bancário o adiantamento, sua cessão seguiu as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário e Banco Central do Brasil para a cessão de créditos bancários (Resoluções 283601, 284301 e 268600), portanto, foram regulares a cessão e dedutibilidade da perda. 2.3. Notese que a empresa PROLAN estava em concordata quando da cessão do crédito. 3. A Lei 8.981/95 apenas atesta que esse tipo de contrato de cessão, por ser usual para a instituição financeira, gera perdas operacionais, logo dedutíveis, o que é o caso da perda glosada indevidamente na presente discussão. 4. O Fisco efetuou a glosa integral do valor excluído no cálculo do IRPJ e da CSLL, no montante de R$10.995.142,63, valor composto do custo do capital adiantado à PROLAN de R$8.800.000,00, mais encargos financeiros de R$2.195.142,63, que sequer foram recebidos, mas já foram tributados antes. 4.1. Contudo, a perda de capital na cessão não é a que foi glosada, vez que a perda é a diferença entre o preço de venda e o custo de aquisição. Sendo assim, a perda é menor, de R$8.547.111,72, equivalente a R$8.800.000,00 de principal investido, menos os R$252.888,28, já tributados porque inseridos no resultado do exercício de 2004. 4.2. Não procede a dupla tributação de um valor que não se configura como acréscimo patrimonial, porque não foi realizado, qual seja, a soma do preço de venda, que foi uma recomposição do custo de aquisição glosado, e do valor dos juros que, sem terem sido recebidos, foram tributados antes. É necessária a retificação do lançamento, de acordo com o art.43 do CTN e o art.151 da CF. Fl. 509DF CARF MF Processo nº 16327.000643/200795 Acórdão n.º 1402002.673 S1C4T2 Fl. 490 7 5. Protesta a contribuinte pelo acolhimento de todos os meios de prova neste processo. Em seguida a DRJ julgou a impugnação, registrando a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIDICA IRPJ Anocalendário: 2004 IRPJ. PERDAS EM CESSÃO DE CRÉDITO. OPERAÇÕES ENTRE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E ENTIDADE NÃOFINANCEIRA. As perdas em cessão de crédito realizada entre instituição financeira e entidade nãofinanceira devem seguir o regramento legal determinado pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil, a fim de que possam ser consideradas como despesas dedutíveis da base de cálculo do IRPJ. ÔNUS DA PROVA. VALORES OFERECIDOS À TRIBUTAÇÃO. ALEGAÇÃO DESACOMPANHADA DE PROVA. Cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos os documentos que deem a elas força probante. DEMAIS TRIBUTOS. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica se à tributação dele decorrente. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 PRODUÇÃO DE PROVAS APÔS A IMPUGNAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de a impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a ocorrência de algumas das hipóteses previstas no §4° do art. 16 do Decreto n° 70.235/72. Inconformada, a Recorrente interpôs novamente Recurso Voluntário, repisando os mesmos argumentos da impugnação. É o relatório. Fl. 510DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O recurso é tempestivo, foi interposto por signatário devidamente legitimado e não contraria Súmula deste E. Tribunal, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. Os documentos de fls.3 e 4 do Anexo I informam que o valor em questão fez parte de um montante de R$568.476.460,66, excluído pela contribuinte da parte A do LALUR em dezembro de 2004 sob a rubrica "Custo dos Créditos Cedidos". A Recorrente realizou a seguinte operação de crédito: 1 Realizou operações de cessão de crédito com a empresa denominada ORBIS S/A, conforme o Contrato de Cessão de Créditos n° 3119674, firmado em 24/03/2004 (fls.20/26 do Anexo I). 2 Dentre os créditos cedidos pelo Banco constou o Contrato n° 1308796267, celebrado com a empresa PROLAN PARTICIPAÇÕES S/A (PROLAN), sobre o qual foram informados um valor cedido de R$10.995.142,63 e um valor de venda da cessão de R$252.888,28 (f1s.18/19 do Anexo I). 3 Intimada, a Recorrente apresentou o "Contrato de Confissão de Dívida e Outras Avenças" celebrado entre a empresa ORBIS e a devedora PROLAN (fls.59/66 do Anexo I), datado de 27/05/2003, cujo valor da dívida confessada foi de R$10.995.142,63. Contudo, o referido contrato teve como origem o contrato principal denominado "Contrato de Opção de Compra e Opção de Venda de Ações pelo Unibanco" (fls.38/47 e 48/58 do Anexo I), por intermédio do qual a PROLAN outorgou à instituição financeira, a título gratuito, a opção de compra de ações representativas de 49% do capital total da empresa AMÉRICA LATINA TELECOMUNICAÇÕES AVANÇADAS S/A (ALTA), pelo preço de R$8.800.000,00, a ser exercida pelo prazo de um ano a contar da assinatura do contrato de opção. Neste mesmo ato, a Recorrente entregou para a PROLAN a título de adiantamento o montante de R$8.800.000,00, a serem compensados com o exercício da opção de compra, caso a instituição financeira exercesse tal direito. O desembolso em questão ocorreu em 27/07/2001 e a opção ocorreu em 2003. De acordo com a descrição das operações acima, constatase que Orbis Trust não é uma entidade financeira, uma vez que, embora as securitizadoras de crédito operem como um misto de empresa de factoring e instituição financeira, não são autorizadas a funcionar pelo Banco Central, devendo seguir as normas deste e da CVM como companhias de capital aberto. Seguindo meu raciocínio, como muito bem apontado pelo v. acórdão "a quo" a operação não respeitou as condições previstas nos artigos 6, 7 e 8 da Resolução do Conselho Fl. 511DF CARF MF Processo nº 16327.000643/200795 Acórdão n.º 1402002.673 S1C4T2 Fl. 491 9 Nacional de Política Fazendária e as do Banco Central do Brasil da Resolução n° 2.836/2001, que tratam de cessão de créditos para instituições nãofinanceiras. Os dispositivos acima indicados restringem a cessão de créditos para entidades não financeiras apenas nas hipóteses de empréstimo, financiamento, arrendamento mercantil e contratos de exportação negociados no mercado interno. No caso dos autos, como descrito acima, restou claro que o contrato acima não é um contrato de exportação, ou de arrendamento mercantil ou de financiamento ou de empréstimo na acepção técnica de mútuo bancário. Inclusive, em relação ao mutuo bancário, como muito bem apontado pelo v. acórdão recorrido, o contrato que deu origem ao crédito em questão foi o contrato de opção de compra e opção de venda de ações pela Recorrente (fls.106/114). Tal contrato nitidamente foge da definição de mútuo bancário, por possuir a natureza de um contrato bilateral, por meio do qual foi outorgada a opção da compra de ações à contribuinte, em contrapartida do adiantamento do preço das ações na opção de compra. Observese que o referido contrato difere de um mútuo bancário, a ponto de haver inclusive a assunção de obrigação por parte da impugnante, conforme se depreende do item contratual 2.1 (fls.108): "2.1. O preço das Ações a ser pago pelo Unibanco, em caso do exercício da Opção de Compra prevista na Cláusula I deste Contrato será de R$ 8.800.000, 00 (oito milhões e oitocentos mil reais)." Sendo assim, como a operação não se enquadrou nas hipóteses previstas nos artigos 6, 7 e 8 da Resolução CMN/BACEN 2.836/2001, fica comprovado que a cessão de crédito em análise não pode ser considerada usual, regular e necessária, não sendo possível a aplicação do artigo 299 do RIR/99. Ademais, outro ponto importante que foi destacado pelo v. acórdão recorrido é que acerca do argumento de que a operação seria necessária e usual, é necessário observar a disparidade entre o valor cedido e o valor de venda da cessão, pois, de um valor original de R$10.995.142,63, a contribuinte aceitou receber a quantia de R$ 252.888,28, ou seja, a empresa considerou como necessário e usual receber somente 2,3% do valor original. Cabe notar que, de acordo com a listagem de fls.143/148, trazida aos autos pela Recorrente, o referido percentual de 2,3% foi também avençado entre a contribuinte e a Orbis Trust noutras operações de cessão de crédito. Desta forma, quanto à alegação da Recorrente, que vai no sentido de que as despesas são necessárias e usuais, nos termos do artigo 299 do RIR/99 e que a operação de cessão de crédito acima descrita se encontra dentro dos contornos das condições estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Fazendária e do Banco Central, o que tornaria as perdas dedutíveis em face do disposto na Lei 8.981/95, esta não deve prevalecer, conforme os argumentos acima apontados. Em relação ao valor glosado, vejamos. Fl. 512DF CARF MF 10 A Recorrente alega que o valor da glosa de R$ 10.995.142,63 está equivocado, eis que o lançamento incluiu (I) encargos financeiros de R$ 2.195.142,63, que sequer foram recebidos, mas já foram tributados antes, e (II) o preço de venda da cessão, no valor de R$ 252.888,28, já tributado, porque inserido no resultado do exercício de 2004. Após analisar os documentos, entendo que o v. acórdão recorrido também deve ser mantido em relação a estas alegações, eis que os documentos acostados pela Recorrente não provam que os valores acima indicados foram tributados. Os documentos juntados pela autuada de fls. 156/166 não provam que os valores apontados foram tributados. Para não me tornar repetitivo adoto os fundamentos do v. acórdão recorrido, os quais transcrevo abaixo. A contribuinte se insurge contra a glosa de R$10.995.142,63, por entender que este valor compreendeu (i) encargos financeiros de R$2.195.142,63, que sequer foram recebidos, mas já foram tributados antes, e (ii) o preço de venda da cessão, no valor de R$252.888,28, já tributado porque inserido no resultado do exercício de 2004. O argumento da impugnante parte da premissa de que ambos os valores já teriam sido objeto de tributação. Ocorre, contudo, que não há comprovação nos autos de que tais valores tenham sido efetivamente tributados antes do lançamento de ofício. Cabe notar que a contribuinte sequer discriminou as parcelas que compõem a importância de R$10.995.142,63, composta, segundo o "Contrato de Confissão de Dívida e outras Avenças", de: "valor do mútuo concedido a título de adiantamento previsto no Contrato, acrescido dos encargos, incluindo atualização monetária e juros moratórios, e despesas preliminares de cobrança acordadas entre as Partes"(f ls. 117). Da mesma forma, a contribuinte informou o valor de R$10.995.142,63 apenas de uma maneira consolidada no documento de fls.76 do Anexo I, sendo que a respectiva atualização foi apresentada com o valor zero (planilha do item 3). Com relação à documentação contábil apresentada pela contribuinte (fls. 156/166), cabe notar que houve a apresentação de: a) F1s.156/163: documentos que informam a transação bancária de transferência do valor de R$8.800.000,00 da contribuinte para a cliente PROLAN PARTICIPAÇÕES S/A (contacorrente 1034758; contrato 044.2376150); b) Es. 164/166: macro fluxo contábil das cessões de crédito — outubro/2004 (fls.164), lançamentos contábeis cessões do EV Outubro/04 (fls.165) e lançamento contábil recebimento das cessões — outubro/04 (fls.166). Fl. 513DF CARF MF Processo nº 16327.000643/200795 Acórdão n.º 1402002.673 S1C4T2 Fl. 492 11 Por intermédio da análise dos documentos acima relacionados, resta claro que a contribuinte não demonstrou, pelos registros contábeis trazidos aos autos, o oferecimento dos valores de R$2.195.142,63 e R$252.888,28 à tributação. Ademais, as provas trazidas pela contribuinte não corroboram a afirmação feita pela impugnante às fls.47 (item 9) de que os encargos financeiros de R$2.195.142,63 foram reconhecidos pela empresa como receita na conta contábil, compondo o lucro base de apuração de IRPJ e CSLL. De fato, o documento indicado pela impugnante para subsidiar tal alegação (doc.6 — fls.155/166), sequer faz menção ao valor de R$2.195.142,63. Pelo exposto, concluise que é infundada a afirmação da contribuinte de que os valores de R$2.195.142,63 e R$252.888,28 foram oferecidos à tributação. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento. (Assinado Digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 514DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001714/2004-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1401-000.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin.
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves – Presidente (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Trata o presente processo de Lançamento de auto de infração contra o contribuinte relativos à omissão de receitas por diferenças de estoques, ajustes de preços de transferência e glosa de despesas, além dos reflexos multa agravada. Seguem os trechos do relatório da Decisão de Piso sobre a autuação a a impugnação apresentada: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .0 01 71 4/ 20 04 -2 4 Fl. 18376DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.055 2 Fl. 18377DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.056 3 Fl. 18378DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.057 4 Fl. 18379DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.058 5 Fl. 18380DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.059 6 Fl. 18381DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.060 7 Fl. 18382DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.061 8 Fl. 18383DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.062 9 Após a decisão da DRJ que manteve parcialmente a autuação o contribuinte apresentou os seguintes argumentos em seu recurso: OMISSÃO DE RECEITAS Nulidade do Auto de Infração – Apuração da Omissão de receitas – Alega que a fiscalização não fez verificações na escrituração contábil da empresa nem em seu livro de inventário o que descumpriria a norma do art. 41, da Lei nº 9.430/96. Somente utilizou planilhas do excel. Esclarecimentos diferença de estoques – Alega que impugnou tudo. Diferenças de estoque mantidas após diligência – alega a ilegalidade da manutenção de diferenças na parte em que com base em novos documentos apresentados conseguese infirmar o lançamento mas mostrar outros que decorreram daqueles mesmos fatos. Omissão na apresentação de documentos – Alega que não houve omissão e que não os apresentou antes porque a autoridade fiscal não solicitou a sua escrituação contábil. Fl. 18384DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.063 10 Torpeza que gerou benefício – Alega que não se beneficiou da torpeza, mas sim a própria autoridade julgadora ao validar novos lançamentos sem as formalidades legais e inobediência da legalidade estrita. Abandono da fórmula legal de cálculo da omissão – Alega que foram indevidamente considerados entradas e saídas omitidas quando, com a correta utilização da fórmula apenas poderia decorrer uma das hipóteses. Notese o grande erro evidenciado pelo procedimento acima descrito: ao invés de se descobrir vendas não tributadas, a auditoria fiscal tributa vendas já tributadas. E, apenas para que não restem dúvidas a respeito da impossibilidade de glosa de vendas, a Recorrente propõe um raciocínio complementar: e se uma venda glosada (por ocasião da aplicação da presunção de omissão de recitas) não tivesse sido tributada na época própria? Nesse caso, tendo a venda sido regularmente declarada, cumpriria ao Fisco fiscalizála, e, se fosse o caso, exigir o tributo correspondente. Se o procedimento está errado, então ele deve ser retificado para todos os itens de estoque, de modo que se observe a fórmula legal, e, ao mesmo tempo, tomandose o cuidado para que a "glosa" de vendas não gere omissão de receitas, pois isso não faz qualquer sentido. Em seguida, cumpre verificar qual das seguintes situações se configura: (i) a diferença de estoque relacionase a um fato originalmente abrangido pelo Auto de Infração, e.g. o Auto de Infração apontava omissão de 10 entradas e a Diligência aponta a omissão de 5 entradas; ou (ii) a diferença de estoque relacionase a um fato novo, não abrangido pelo Auto de Infração, e.g. o Auto de Infração apontava omissão de 10 entradas e a Diligência aponta a omissão de 5 saídas. Se a situação (ii) se mostrar concretizada, então o lançamento deverá ser cancelado quanto ao item de estoque em questão, em razão da já citada vedação à revisão de lançamento. Outros Vícios no Lançamento: (i) Item de Estoque QPA164G — Item 1 do Relatório da Diligência: Alega que houve inovação no lançamento. Aponta erros nos cálculos. (ii) Item de Estoque NTZX1605 — Item 8 do Relatório da Diligência alega também inovação no lançamento e no cálculo. (iii) Item de Estoque A0784949 (NT4XE) — Itens 12 e 16 do Relatório da Diligência Na diligência foi verificada a inexistência e omissão nas saídas e que seriam de entradas. Alega ilegalidade da inovação (iv) Item de Estoque A0783934 (TN1X)— Item 13 do Relatório da Diligência: Idem acima (v) Item de Estoque NTRX26CB — Item 14 do Relatório da Diligência: Alega que ao contrário do que a DRJ informa, a empresa comprovou as entradas e saídas do item. Fl. 18385DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.064 11 (vi) Itens de Estoque A0790209, QMY717A e NTFN33HB — Itens 17, 20 e 21 do Relatório da Diligência: Alega não poder haver tributação tendo em vista que as diferenças apuradas foram de glosa de vendas. (vii) Item de Estoque A079756 (TN1C) — Itens 7 e 18 do Relatório da Diligência Novamente alega inovação do lançamento. (viii) Item de Estoque A0800890 (Filial) — Item 35A do Relatório da Diligência: Alega que não existe a diferença de estoque apontada. (ix) Item de Estoque A0732224— Item 22 do Relatório da Diligência Alega que este item é o mesmo do item 20 do relatório de diligência pois a referência QMY717A é apenas um nome atribuído ao código de mercadoria A0732224. (x) Item de Estoque NTCEO8DK— Item 26 do Relatório da Diligência Não haveria diferença porquanto o valor apurado do estoque final é o mesmo do apurado pela fiscalização. (xi) Item de Estoque NT2X70A— Item 28 do Relatório da Diligência Revisão ilegal. Omissão de compras não pode gerar omissão de receitas. (xii) Item de Estoque NTEX22CA— Item 34 do Relatório da Diligência: Inexiste omissão, pois com a aplicação da fórmula resulta estoque final zero. (xiii) Item de Estoque NT9X4OBB— Item 36 do Relatório da Diligência Alega que houve glosa de vendas e que esta não pode gerar cálculo de omissão de receitas. (xiv) Itens de Estoque NTEU4559, A0838161, NTEUllAA, NT6X50AB — Itens 11, 19, 27 e 29 do Relatório da Diligência Revisão ilegal da autuação e omissão de compras não gera omissão de receitas. 2.2.3. Diferenças de Estoque que não foram objeto da Diligência Protesta pelo cancelamento integral dos outros itens em razão de: Autoridade não examinou a escrituração legal da recorrente. Do procedimento incorreto que gerou uma autuação que foi cancelada em 85% pela DRJ. 2.2.4. Omissão de Entradas Alega, com base em precedentes deste CARF que a omissão de compras não gera lançamento pis seu efeito é neutralizado pelo não registro do respectivo custo no CMV para apuração do lucro tributável. Aplicabilidade do PIC Alega que efetuou opção pelo método CPL, inclusive informando na DIPJ. Alega que a autoridade fiscal desconsiderou o método e aplicou o PRL 20. Fl. 18386DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.065 12 Alega que apresentou a comprovação pelo método PIC na impugnação e que a DRJ informou não se aplicar aos anos de 1999 e 2000. Alega que deve prevalecer o melhor método. E que a administração tem o dever de apurar por outros métodos, conforme Lei nº 9.430/96, art. 18, § 4º. Alega que ao escolher um método a autoridade fiscal utilizou discricionariedade que a lei não lhe atribui. Alega que este mesmo dispositivo permite que a indicação de um método na DIPJ não vincula o contribuinte. Alega que o método originalmente apontado pelo contribuinte poderia ser alterado a qualquer tempo. Alega que somente após a edição da MP nº 478/2009 é que foi inserida a obrigação de que a opção não possa ser alterada pela empresa. Apuração do PIC Alega que apresentou na impugnação os preços parâmetro calculados com o método PIC e que deveriam ser cancelados os ajustes relativos a estes itens. Exclusão do valores relativos ao frete, seguro e tributos no cálculo do PRL. A DRJ alega que está correta a apuração com base no preço CIF. O contribuinte em sua impugnação alega que o cálculo deveria ser feito com base no valor FOB. Alega apresentar precedentes do CARF neste sentido. Alega que a neutralidade da norma somente se atinge se o frete, seguro e tributos sobre as importações não gerem qualquer adição ao lucro. Apresente extensa argumentação a justificar seu entendimento. Toda ela baseada no acórdão nº 10809763. Comparabilidade. Alega que a inclusão do frete e seguro para permitir a equivalência de grandezas comparáveis. Alega que a adoção da comparabilidade gera efeitos absurdos e que não é possível a adoção de soluções excepcionais. O primeiro passo prova do raciocínio que ora se propõe depende de se enfrentar a seguinte questão: qual a conseqüência da inclusão do frete, do seguro e dos tributos incidentes na importação no cálculo dos preços de transferência, na sistemática CPL (é bom lembrar que o referido § 6° estendese a qualquer método)? O preço parâmetro, apurado pelo método CPL, deveria, nesse caso, ser comparado com o custo do importador, incluídos o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação. Como o método CPL apura o preço parâmetro a partir do custo do exportador, acrescido de uma margem de 20%, dirseá que o custo do exportador, acrescido da margem de 20% deve ser equivalente ao preço pago pelo importador, acrescido do frete, do seguro e dos tributos incidentes na importação. Ora, como o custo do exportador não inclui o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação, significa dizer que na margem máxima de 20%, exigida do exportador, já deveriam estar incluídos o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação. Fl. 18387DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.066 13 Ou seja: a legislação brasileira exigiria que a margem bruta do exportador (lembrese que a margem de lucro, no CPL é bruta), limitada ao máximo de 20%, incluiria, além de todas as despesas do exportador, no exterior (não incluídas no custo) e seu lucro líquido, também o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação. Ao fim de outras explicações protesta pela reforma da decisão combatida. 2.4. Glosa de Despesas Alega que o “services agreement” não é um simples contrato de serviços, mas sim compreende outro elemento: um direito. Este direito seria o de demandar a contratada a qualquer momento e corresponde à obrigação da contratada de ficar à disposição da contratanete sempre que chamada. Entende que este contrato seria do tipo aleatório posto que o seu objeto, ao contrário do contrato comutativo, não obriga a que as prestações sejam equivalentes. Seriam contratos de risco. Exemplifica com os contratos de planos de saúde. 2.4.2. Falta de emissão das notas fiscais relativas ao "Services Agreement" Alega que, conforme já mencionado durante a fiscalização, as notas foram emitidas pela Nortel Canadá contra a Nortel CALA e que esta sssumiu a dívida pela recorrente, passando a ser credora da mesma. Alega que a nota fiscal não é necessária à comprovação de despesas. E que o contrato seria prova da relação jurídica. 2.4.3. Possibilidade da celebração de contrato "a preço fechado". Efetividade a despesa. O contrato firmado englobaria inúmeras atividades. Que a efetividade, normalidade e usualidade das despesas são comprovados pelo contrato. Não existe ilegalidade na contratação a preço fechado. 2.4.4. Vinculação dos técnicos estrangeiros com os serviços prestados Alega que caso não seja suficiente a documentação já apresentada, a empresa apresenta novas informações e documentos que objetivam comprovar a presença de técnicos estrangeiros para a realização dos serviços elencados no “services agreement”. 2.5. Subsidiariamente, da exclusão da base de cálculo do IRPJ e CSLL os valores de PIS, COFINS e IPI exigidos Protesta que caso se entenda de manter a autuação, que os valores de PIS, COFINS, e IPI lançados, sejam excluídos das bases de cálculo do IRPJ. Apresenta acórdão neste sentido. 2.6. Ainda subsidiariamente, descabimento do agravamento da multa Entende que nenhuma intimação deixou de ser atendida e que assim descabe o agravamento da multa. 2.7. Finalmente, impossibilidade de cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício (artigos 161 do CTN e 61, § 3°, da Lei n°9.430/96) Sustenta a impossibilidade de cobrança de juros sobre a multa de ofício. Fl. 18388DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.067 14 Voto Durante a análise das razões de recurso e contrastando com os argumentos apresentados pela fiscalização, verificamos que um dos temas que é fundamental à solução do litígio decorre da constatação do fato de a fiscalização que solicitado, durante o curso do procedimento dos livros de registro de inventários e movimentação dos estoques da empresa. Neste ponto que se prende à verificação dos valores de omissão das receitas por saídas sem emissão de nota fiscal, que também provoca reflexos nos autos de infração de IPI, a recorrente suscita a nulidade do procedimento pelo fato de a fiscalização ter solicitado do contribuinte apenas o preenchimento de planilhas de suas movimentações de entrada e saída de materiais sem ter feito o confronto destas planilhas com os valores constantes no registro de inventário. Desta forma a não verificação de seus registros contábeis e de inventário implicaria contrariedade ao art. 41, da Lei nº 9.430/96. Por seu turno, a fiscalização, na apresentação de informações solicitadas pela DRJ quanto aos documentos apresentados pela defesa, trouxe os seguintes elementos: Acontece que compulsando as quase 20 mil páginas no presente processo não localizamos, pelos números do eprocesso as citadas folhas contendo as intimações referidas pela fiscalização. Realizamos então busca pelos números manuais grafados no processo antes de sua digitalização. Nesta busca constatamos que a numeração manual original chega até o número de fls. 2000, quando é acostada a folha de encerramento do volume 10 e retorna já no número 2.158. Ou seja, faltam ao processo as folhas numeradas manualmente de números 2001 a 2158, nas quais devem estar as intimações citadas pela fiscalização nas quais foi solicitada a apresentação dos livros de registro de inventário e de movimentação dos materiais. Além disso, em relação à análise dos outros pontos da autuação, fazemse necessários alguns esclarecimentos sobre os procedimentos adotados pela fiscalização e a análise dos documentos acostados ao processo como, por exemplo, a fórmula de cálculo das diferenças de estoques apuradas durante a fiscalização, quais os critérios adotados durante o recálculo destas diferenças após diligência determinada pela DRJ e os documentos de comprovantes de serviços apresentados pela empresa em relação ao services agreement. Tendo em vista que este ponto da discussão é o mais detalhado do processo e onde surgem diversas alegações de falhas, tanto por parte da acusação, quanto por parte da defesa, além de que o processo não pode conter páginas faltantes, VOTO no sentido de Fl. 18389DF CARF MF Processo nº 16327.001714/200424 Resolução nº 1401000.480 S1C4T1 Fl. 18.068 15 converter o julgamento em diligência a fim de se determinar o retorno do presente processo à delegacia de origem para: a) que seja diligenciado no sentido de se localizarem as fls. 2001 a 2158 da numeração manual do processo que não foram encontradas no processo e onde devem constar as intimações de número 01 a 09 do procedimento fiscal, para que as mesmas sejam digitalizadas e acostadas ao presente, de preferência na correta ordem cronológica como determinam as normas processuais; b) Seja informado o critério e forma de cálculo utilizada para a apuração das diferenças de estoques apuradas durante o procedimento de fiscalização; c) Seja informado quais os critérios foram utilizados na revisão das mesmas diferenças de estoque, levandose em consideração a redução significativa da autuação neste ponto d) Por fim, seja esclarecido se os documentos apresentados pela empresa quando da intimação de comprovação das despesas de services agreement foram também contabilizados como despesas da empresas, ou se os seus valores encontravamse incluídos no montante das despesas incorridas a título de services agreement Concluídas as diligências cientifiquese o contribuinte abrindolhe prazo para manifestação por 30 (trinta) dias e posterior retorno a este CARF para prosseguimento. Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 18390DF CARF MF
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