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Numero do processo: 16832.001030/2009-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005, 2007
Indenizações Trabalhistas. Lei, Contrato, Convenção e Acordo Coletivos de Trabalho. Dedutibilidade.
São dedutíveis da base de cálculo do IRPJ as indenizações trabalhistas fundadas em lei, contrato de trabalho, convenção ou acordos coletivos.
Prejuízo Fiscal Acumulado. Compensação. Limite de 30% do Lucro Líquido Ajustado. Incorporação. Aplicabilidade.
Aplica-se à compensação de prejuízo fiscal de exercícios anteriores o limite de 30% do lucro líquido ajustado, ainda que se trate de extinção da pessoa jurídica em face de incorporação da empresa.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005
CSLL e IRPJ. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão.
Quando os ajustes relativos ao IRPJ e à CSLL tiverem origem nos mesmos fatos, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
Numero da decisão: 1301-002.830
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer a dedução de despesas de R$ 1.028.579,02 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2007 INDENIZAÇÕES TRABALHISTAS. LEI, CONTRATO, CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS DE TRABALHO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis da base de cálculo do IRPJ as indenizações trabalhistas fundadas em lei, contrato de trabalho, convenção ou acordos coletivos. PREJUÍZO FISCAL ACUMULADO. COMPENSAÇÃO. LIMITE DE 30% DO LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO. INCORPORAÇÃO. APLICABILIDADE. Aplicase à compensação de prejuízo fiscal de exercícios anteriores o limite de 30% do lucro líquido ajustado, ainda que se trate de extinção da pessoa jurídica em face de incorporação da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 CSLL E IRPJ. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. Quando os ajustes relativos ao IRPJ e à CSLL tiverem origem nos mesmos fatos, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer a dedução de despesas de R$ 1.028.579,02 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 10 30 /2 00 9- 27 Fl. 832DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 833 2 (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de recurso interposto por SOCIEDADE TÉCNICA E INDUSTRIAL DE LUBRIFICANTES SOLUTEC LTDA. (sucessora de SERVACAR COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, e sucedida por COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S.A.), pessoa jurídica já qualificada nos autos, contra o Acórdão nº 12 29.553 (fls. 298 a 303), da 2ª Turma da DRJ Rio de Janeiro I, que negou provimento à impugnação apresentada pela recorrente. A autoridade fiscal encontrou duas infrações, e as descreveu no Termo de Constatação Fiscal de fl. 109. A primeira, no ano base 2005, consistiu na dedução de despesas que não atendiam as condições de dedutibilidade. A infração está assim descrita: 1 No ano calendário de 2005 foram deduzidas como despesas operacionais no valor total de R$ 1.615.474,74, e referentes a Conta 41517000 Indenizações Espontâneas, despesas efetuadas por mera liberalidade uma vez que tais dispêndios não se encontram expressamente definidos na legislação trabalhista, conforme Termo de Intimação Fiscal 006, de 01/out/2009 e sua respectiva carta resposta de 08/out/2009. A infração redundou em lançamento de IRPJ e de CSLL. O segundo ilícito foi o excesso de compensação de prejuízo fiscal acumulado, assim retratado no termo de constatação: 2 No ano calendário de 2007 foi efetuada compensação de Prejuízo Fiscais sem a observância do limite legal de 30%, tendo em vista que o Lucro Real declarado era da ordem de R$ 11.004.512,26 o limite de 30% seria de R$ 3.301.353,67, entretanto foi compensado R$ 6.819.859,17, evidenciando assim uma compensação indevida no valor de R$ 3.518.505,50. Aqui a autuação ficou restrita ao IRPJ. Fl. 833DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 834 3 Contestado o lançamento, o processo foi remetido à DRJ RJ1, que negou provimento à impugnação, em acórdão cuja ementa recebeu a seguinte redação: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PROVA DOCUMENTAL. APRESENTAÇÃO. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. A prova documental das alegações deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITE DE 30% DO LUCRO REAL. EMPRESA INCORPORADA. Para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, a partir do anocalendário de 1995, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Ainda que a empresa tenha sido incorporada, inexiste amparo legal para utilização plena do saldo de prejuízos fiscais acumulados, sem observância do limite de trinta por cento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não resignada, a recorrente interpôs recurso (fls. 309 a 325), repisando os mesmos argumentos apresentados na impugnação. Quanto à primeira infração, disse que o título "indenizações espontâneas" não consta do plano de contas, e que a conta 41517000 é denominada de Despesas de Empregados Próprios por Término de Serviço. A conta recebe lançamento de despesas sempre que haja extinção de cargo e, em decorrência disso, demissões. Demissões que não são motivadas pelo desempenho dos empregados. Nesse sentido, aduz a recorrente: Portanto a empresa como parte de sua política de salários e benefícios, a qual objetiva a atração e retenção de talentos, desenvolveu um plano que possibilita compensar o empregado que apresenta desempenho satisfatório, mas é demitido nas situações em que a posição ocupada pelo mesmo é EXTINTA, sem possibilidade de recolocação interna. Nestes casos em que a demissão é INEVITÁVEL, é adotado o Plano existente há vários anos, o qual é de conhecimento público de TODOS os funcionários e que visa oferecer àqueles impactados por reestruturações administrativas, uma quantia determinada por critério igualitário, para que este empregado consiga se manter, enquanto procura outra colocação no mercado. Cumpre destacar que as referidas compensações, tornamse obrigatórias para Recorrente na medida em que faz parte de sua Política de Salários e Benefícios adotada de forma INDISTINTA, sem segregações. Desta forma concluise com absoluta clareza quanto a razoabilidade e necessidade de compensar o empregado desligado por extinção de cargo decorrente de uma reorganização administrativa, por esta razão os custos em questão Fl. 834DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 835 4 constituem legítima e necessária compensação pelos potenciais danos causados aos trabalhadores, deixando de ser uma mera liberalidade como alega o Sr. Fiscal, pois como demonstrado há todo um caráter sócio econômico associado à matéria. (grifos da recorrente) Concluiu afirmando que, do valor glosado, R$ 1.028.579,02 consiste em indenizações previstas na Consolidação das Leis do Trabalho CLT; e que apenas R$ 586.895,72 seriam as indenizações espontâneas. Defendeu o direito de apresentar provas depois da impugnação. No que concerne à segunda infração, a compensação de prejuízo fiscal acumulado, disse a recorrente que a não observância do limite de 30% do lucro líquido ajustado se deu em face da descontinuidade da empresa SERVACAR, incorporada pela recorrente. Sustentou que a limitação de 30% é aplicável apenas quando existe possibilidade de compensação do prejuízo fiscal acumulado com lucros futuros. Nessa linha de argumentação, ponderou a recorrente: Este procedimento, qual seja, a incorporada compensar todo o seu prejuízo fiscal sem o limitador de que trata o artigo 15 da Lei n° 9.065/95 encontra apoio nas inúmeras decisões do Conselho de Contribuintes bem como no âmbito do Eg. Superior Tribunal de Justiça (STJ) que claramente, cuidou da legalidade da restrição de 30% de aproveitamento de prejuízo fiscal, somente para as sociedades NÃO EXTINTAS, o que não é o caso da SERVACAR que deixou de existir em decorrência da incorporação pela SOLUTEC, portanto este posicionamento jurisprudencial esta insitamente ligado ao Princípio da Continuidade da empresa, o que definitivamente não ocorre nos casos de incorporação, onde há extinção da incorporada. Em reforço dessa tese, citou alguns julgados do antigo Conselho de Contribuintes e do CARF. Ao final, pugnou pela reforma da decisão recorrida. Os autos vieram a julgamento, e a 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara resolveu, conforme a Resolução nº 1103000.109 (fls. 352 a 357), admitir os documento e realizar diligência nos seguintes termos: Pelo exposto, constatase a necessidade de complementação da instrução processual para adequado conhecimento dos fatos, em observância ao princípio da verdade material, orientador do processo administrativo tributário, devolvendose os autos à unidade de origem para realização de diligência na qual a autoridade fiscal deverá adotar as providências adiante relacionadas: a) dar ciência desta resolução à recorrente, entregandolhe cópia; b) intimar a recorrente para (i) elaborar demonstrativo dos dispêndios lançados na conta 41517000 efetivamente decorrentes da legislação trabalhista no valor alegado de R$ 1.028.579,02 (fls. 230/232) e (ii) apresentar documentação comprobatória. A autoridade fiscal encarregada do procedimento deverá (i) examinar a comprovação apresentada pela contribuinte, (ii) elaborar relatório de diligência Fl. 835DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 836 5 detalhado e conclusivo, indicando de forma individualizada os itens cuja comprovação foi acolhida ou rejeitada, ressalvadas a prestação de informações adicionais e a juntada de documentação que entender necessárias, (iii) entregar cópia do relatório à contribuinte e (iv) concederlhe prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de contrarrazões em observância às prescrições do art. 35, parágrafo único, do Decreto 7.574/2011, após o que o processo deverá retornar a esta Turma para prosseguimento do julgamento. A Fiscalização, como resultado da diligência, produziu o relatório de fls. 696 a 700, que foi contestado pela recorrente nas contrarrazões de fls. 703 a 718. Diante disso, a Fiscalização produziu novo relatório (fls. 825 a 827), acolhendo as ponderações da recorrente, que, sendo intimada (fl. 828), dessa vez, não se manifestou. O relatório da Fiscalização apresentou as seguintes conclusões: Análise aspectos legais O valor de R$ 1.028.579,02 é composto das seguintes rubricas: AVISO PRÉVIO 451.660,17 MÉDIA DO AVISO PRÉVIO 196.934,66 AVISO ESPECIAL 2.651,07 IND. ART. 477 CLT 15.081,63 IND. GESTANTE 118.084,18 IND. ACID. TRABALHO 372,81 IND. LEI 7.238/84 5.866,90 BÔNUS 237.927,60 1.028.579,02 A interessada em sua resposta datada de 12/04/2016, em atendimento à intimação fiscal, informou a natureza jurídica dos itens acima: • O "AVISO PRÉVIO", "MÉDIA DO AVISO PRÉVIO" e a "INDENIZAÇÃO ART. 477" estão previstos na Consolidação das Leis do Trabalho CLT, conforme esclarecido no documento entregue. • A "INDENIZAÇÃO LEI 7.238/84" está prevista no art. 9º desta lei. • O "AVISO ESPECIAL", "INDENIZAÇÃO GESTANTE" e "INDENIZAÇÃO ACIDENTE DE TRABALHO" são decorrentes da Convenção Coletiva de Trabalho, de caráter normativo previsto no art. 611 da CLT. Este Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) está presente as fls. 471/488 deste processo. • Por fim o "BÔNUS", que de acordo com a citada resposta da empresa, foi "pago no contexto da política de salários e benefícios, para compensar o empregado que apresentava desempenho satisfatório, mas que foi demitido porque a posição foi extinta, sem possibilidade de recolocação interna". Esclarece ainda ser uma política existente há anos e extensiva a todos, com a dedutibilidade garantida pelo art. 299, parágrafo 3o do RIR/99. Com exceção da rubrica "BÔNUS", todos os outros itens estão previstos na legislação trabalhista. Análise documental Fl. 836DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 837 6 O contribuinte detalhou em planilha os nomes das pessoas físicas, valor e descrição da rubrica a que se referem as indenizações trabalhistas, que somam R$ 1.028.579,20, conforme fls. 634/684 e ainda o arquivo não paginável fl. 685. Nesta nova análise dos valores que compõem as verbas pagas, informadas pela empresa conforme planilhas citadas acima, esta diligência analisou a Folha de Pagamento de pessoal, não encontrando diferenças. Desta forma, o somatório dos valores comprovados, frente à Folha de Pagamentos, resulta em R$ 1.028.579,02. (fls. 826 e 827) Transcorrido o prazo sem que a recorrente se manifestasse, os autos retornaram ao CARF, para prosseguir o julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator Admissibilidade O exame de admissibilidade foi feito quando da Resolução nº 1103000.109, ocasião em que entendeuse estarem presentes todos os requisitos necessários para o conhecimento do recurso. Despesas operacionais A autoridade fiscal entendeu que as deduções registradas contabilmente como indenizações espontâneas não seriam passíveis de dedução das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, pois, decorrendo de mera liberalidade da recorrente, não seriam necessárias, nem usuais ao exercício da atividade econômica. A recorrente, por seu turno, asseverou que o valor glosado, no montante de R$ 1.615.474,74, seria o saldo de uma conta, no qual estariam incluídas as demais indenizações trabalhistas previstas na CLT. Tais indenizações atingiriam o total de R$ 1.028.579,02. A diligência determinada pelo CARF confirmou exatamente esse valor, sem contestação pela recorrente. O exame do relatório de diligência (fls. 825 a 827) mostra que o montante de R$ 1.028.579,02 não pode ser considerado como fruto de mera liberalidade da recorrente. São, pelo que se depreende do relatório, despesas oriundas da relação de emprego. Importa dizer que as obrigações trabalhistas podem encontrar fundamento diretamente na lei, como era o caso da antiga "multa" de 40% do FGTS, exigível nos casos de dispensa sem justa causa; podem ter fundamento em normas criadas por convenção ou acordo coletivo, elaboradas com a intervenção dos sindicatos, e por sentença normativa da Justiça do Trabalho. Fl. 837DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 838 7 As obrigações trabalhistas, ademais, podem derivar do contrato de trabalho. E, nesse ponto, é importante notar que se incorporam ao contrato de trabalho as regras veiculadas nos regulamentos internos da empresa, que criam obrigações para o empregador. O art. 468 da CLT abriga o princípio que veda a alteração contratual lesiva ao empregado. Na esteira dessa norma, o C. Tribunal Superior do Trabalho TST editou a Súmula 51, cujo enunciado tem a seguinte dicção: NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT. I As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (g.n.) As regras estabelecidas em regulamento interno da empresa aderem ao contrato de trabalho e não podem ser alteradas, nem mesmo pelo advento de um novo regulamento interno, se essa mudança for prejudicial ao empregado. Vem daí a conclusão de que uma verba, tenha ela caráter remuneratório ou indenizatório, paga por força de norma inserida em regulamento interno de empresa não pode ser tido como mera liberalidade. A norma é cogente e cria obrigações que vinculam o empregador, com a mesma força de uma norma legal. Portanto, as despesas identificadas no quadro constante do relatório de diligência (acima reproduzido), no total de R$ 1.028.579,02, devem ser aceitas como dedutíveis, pois têm respaldo na lei, em convenção coletiva, ou no próprio contrato de trabalho. Quanto à parcela remanescente de R$ 586.895,72, a glosa deve ser mantida, dada a falta de comprovação de seu fundamento. Compensação de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL A infração aqui é o excesso de compensação de prejuízo fiscal, pois ultrapassou o limite de 30% do lucro líquido ajustado. A recorrente admite o fato, mas nega ter existido qualquer irregularidade, porquanto os prejuízos pertenciam à empresa Servacar, extinta por incorporação. Nessa hipótese não se aplicaria a trava dos 30%, a qual, segundo a recorrente, pressupõe o prosseguimento do exercício da atividade empresarial. Sobre a matéria é importante destacar alguns pontos. O primeiro deles é que prejuízo e lucro, inclusive os de natureza fiscal, decorrem do exercício da atividade da empresa e são inerentes ao risco a que todo empresário está sujeito. Sendo resultante das operações realizadas em determinado lapso de tempo, o prejuízo fiscal não pode ser tido como um crédito do contribuinte contra a Fazenda. A apuração de prejuízo, por si só, não cria direito oponível ao Fisco. Fl. 838DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 839 8 A compensação de prejuízo fiscal, segundo entendimento do E. Supremo Tribunal Federal STF, é benefício e, como tal, passível de ser concedido ou suprimido, ampliado ou limitado, segundo a discricionariedade do legislador. A lei estabeleceu que a compensação de prejuízo deve observar o limite de 30% do lucro líquido ajustado. Tal limite só pode ser afastado por disposição expressa que abra exceção à regra geral. A recorrente alega que, na hipótese de incorporação de empresa, a trava de 30% implicaria a perda do saldo de prejuízo fiscal acumulado. Embora isso possa ocorrer, o descarte do prejuízo fiscal não foi introduzido pelas Leis 8.981 e 9.065. Situação semelhante já existia na sistemática anterior, na qual o direito à compensação estava jungido ao prazo de decadência de quatro anos, ao fim do qual o saldo de prejuízo remanescente havia de ser descartado. Nos dias atuais, o mesmo descarte ocorre nos casos de cisão parcial, relativamente ao prejuízo que corresponde à parte cindida. Embora esses pontos revelem a validade do limite à compensação de prejuízo fiscal, inclusive nos casos de incorporação e cisão de empresa, a matéria ainda suscita divergências no âmbito do CARF. Entretanto, o entendimento mais afinado com o art. 15 da Lei nº 9.065/1995, e da legislação do IRPJ, em geral, foi expresso no Acórdão nº 1101 001.161, cujos fundamentos se encontram no voto da ilustre Conselheira Edeli Pereira Bessa, os quais estão abaixo reproduzidos: Esta Relatora já expressou seu entendimento contrário à pretensão central da recorrente, ao proferir voto vencedor no julgamento de recurso voluntário interposto nos autos do processo administrativo n° 19515.0013929/201004, apreciado por esta Turma de Julgamento na sessão de 16 de março de 2012. Considerando que todos os argumentos veiculados no recurso voluntário aqui interposto foram enfrentados naquele voto, transcrevese, na seqüência, seu conteúdo: O presente voto expressa o entendimento majoritário desta Turma de Julgamento, no sentido de que a limitação de 30% para compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas é também aplicável no último período de atividades da pessoa jurídica, por ocasião de sua extinção. Argumenta o I. Relator que a lei, ao estabelecer tal limite, não objetivou eliminar, tampouco restringir o direito das empresas de compensação dos resultados negativos, visto que a norma legal assegurou esse direito, independentemente do prazo necessário para a compensação de todo o montante. Demais disto, a exposição de motivos da Medida Provisória n° 998/95 explicitaria que tal restrição não se prestava a retirar do contribuinte o direito de compensar. Dispõe a Lei n° 9.065/95, fruto da conversão da Medida Provisória n° 998/95: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Fl. 839DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 840 9 Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei n° 8.981, de 1995. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. Importante destacar, de início, que, como se observa nesta transcrição, a Lei n° 9.065/95 não mencionou a possibilidade de posterior compensação dos prejuízos não utilizados em razão do limite então fixado. Este registro constava do dispositivo anterior da Lei n° 8.981/95, fruto da conversão da Medida Provisória n° 812/94: Art. 42. A partir de 1° de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüentes, (negrejouse) Assim, a lei que rege o período de apuração autuado limitase a permitir a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas anteriores devidamente comprovados na escrituração comercial e fiscal, mas até o limite de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação. A Exposição de Motivos da Medida Provisória n° 998/95 ["Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Medida Provisória n° 812/94 (Lei 8.981/95). Ocorre hoje vacatio legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo."], por sua vez, somente esclarece que a limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo. Inexiste qualquer menção à garantia de compensação dos saldos acumulados até o seu esgotamento. Em termos numéricos, a citação extraída da Exposição de Motivos em referência apenas admite que uma empresa que detenha saldo de R$ 1.000 de prejuízos fiscais acumulados compenseos integralmente em um período de apuração no qual apure lucro líquido ajustado de R$ 3.400. Ou seja, a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas acumuladas passou a depender, necessariamente, da produção de resultados positivos em montante do qual pudesse ser destacado, apenas 30% para tal utilização. Fl. 840DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 841 10 Os demais argumentos que fundamentam as decisões favoráveis invocadas no voto do I. Relator dizem respeito à impossibilidade de utilização dos saldos de prejuízos e bases negativas após a extinção da pessoa jurídica, aspecto que remete a análise à determinação da natureza da compensação autorizada em lei. Ensina Ricardo Mariz de Oliveira, em sua obra Fundamentos do Imposto de Renda (Editora Quartier Latin do Brasil, São Paulo: 2008, p. 895/900), ao tratar do poder legal para impedir, condicionar ou limitar a compensação de prejuízos fiscais: Para os que sustentam haver um direito verdadeiramente imanente à obrigação tributária relativa ao imposto de renda, inatingível por lei ordinária, portanto um metadireito que até prescinde de declaração por lei ordinária, o seu fundamento está no fato de que a hipótese de tributação é sempre um acréscimo patrimonial, e acréscimo patrimonial exige que se deduzam prejuízos anteriores para que somente possa ser alvo de incidência o valor que representar efetivo aumento ao capital trazido pelos sócios para o empreendimento gerador do lucro. Se assim não for, estarseá tributando o próprio capital ou o patrimônio do contribuinte, descaracterizando e desnaturando o fato gerador do imposto de renda. E, sendo assim, não poderia haver limite de prazo ou de valor, assim como outras condições não poderiam ser impostas para o exercício (já que aquisição sempre existiria) desse direito. Muito menos ele poderia ser eliminado. Contrariamente a esta colocação, apresentamse diversos fundamentos. O primeiro prendese a que todo empreendimento econômico tem que ser segmentado em seu desenvolvimento temporal, para inúmeros efeitos empresariais e jurídicos, sob pena de que, somente no encerramento definitivo da própria atividade econômica que se pretende desenvolver através da pessoa jurídica, seria possível determinar com segurança e em definitivo a existência e o montante do incremento patrimonial produzido por tal atividade. Daí a lei predeterminar a segmentação da atividade em exercícios sociais, para fins de direito privado, e em períodosbase, para fins tributários, nos quais se compara se, entre o início e o final de cada um deles, houve ou não aumento de patrimônio, sendo que a diferença entre o patrimônio líquido no início e no final de cada período, descontadas as transferências patrimoniais, representa o lucro obtido nesse entretempo, se a mutação tiver sido positiva, ou o prejuízo suportado, se tiver sido negativa. Numa sociedade empresarial de prazo indeterminado, ou de longo prazo, essa segmentação não é apenas uma exigência legal, mas uma imposição natural, ante conveniências e necessidades múltiplas, nestas incluídas principalmente duas: a necessidade, porque objetivo, de partilhar lucros entre os sócios, até face à mutabilidade do quadro social; a necessidade de cobrir gastos públicos através da tributação da renda. Outrossim, a arrecadação tributária também é constitucionalmente segmentada em períodos orçamentários, não havendo, na Carta Republicana, qualquer dispositivo que impeça a fragmentação da vida das empresas em períodos de apuração dos seus resultados ou que imponha que a apuração se faça sempre por forma acumulada, isto é, necessariamente deduzindose dos ganhos atuais as eventuais perdas passadas. Fl. 841DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 842 11 Nestas condições, a determinação de períodosbase é matéria de lei ordinária, assim como a determinação, quanto aos prejuízos, da independência absoluta de cada período em relação aos demais, na qual prejuízos não se transferem para frente ou para trás, ou a interdependência dos períodos, na qual se admite a comunicação de prejuízos anteriores com os lucros presentes (o chamado "carry forward"), ou dos presentes prejuízos com os lucros do passado (o chamado "carry back"). Qualquer dessas possibilidades, para se efetivar, depende de norma legal. Mesmo o parágrafo 2o, inciso I, do art. 153 da Constituição Federal, segundo a qual o imposto de renda deve ser informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, não socorre à existência do direito impostergável e inalterável ora em comento. Muito pelo contrário, os princípios a que esse inciso alude conduzem inequivocamente à segmentação da vida dos contribuintes para fins do imposto de renda. Em primeiro lugar, esses princípios, que estudamos no capítulo III, são previstos para serem fixados e delineados por lei, dada a cláusula final do dispositivo constitucional, "na forma da lei". É verdade que a lei fixa a forma de aplicação dos referidos critérios, mas não pode ignorálos ante a textual designação constitucional de que o imposto "será" informado por eles. Todavia, a aplicação desses princípios requer a separação dos períodos base, pois, se todo o período de vida empresarial necessariamente tivesse que ser considerado, sempre em conjunto por seus efeitos acumulados, deveria sêlo para todos os efeitos, inclusive para aplicação da própria progressividade da tabela de alíquotas de cálculo do imposto. Mas não é assim, pois em cada períodobase se reinicia a progressão da aplicação das alíquotas, sobre a respectiva base de cálculo. Além disso, se, como visto, apenas ao final do empreendimento se poderá ter certeza absoluta de que haverá ganho a tributar, qualquer cobrança de imposto de renda antes desse final poderia assumir a condição de mero empréstimo compulsório, eis que os lucros até então gerados poderiam ser total ou parcialmente consumidos por prejuízos supervenientes. Em vista de tudo, a divisão da vida econômica da empresa em períodos de tempo chega a ser uma imposição natural e inevitável, tanto que, como vimos no capítulo III, dos mesmos princípios decorre uma exigência inafastável, que é a periodização da apuração do aumento patrimonial. Ademais, o que exsurge das garantias constitucionais, de forma clara e insofismável, é a irretroatividade das leis, qualificada pela exigência da anterioridade, de tal arte que fatos econômicos presentes, vale dizer, ocorridos na vigência das leis presentes, podem ser tomados em consideração para gerarem obrigações tributárias presentes, sem necessária consideração a fatos e ocorrências do passado. Daí a compensação de prejuízos ser matéria de lei ordinária, que pode dála ou não, para frente ("carryforward") ou para trás ("carryback"), com ou sem prazo, com ou sem limite de valor, com ou sem outras condições, apenas Fl. 842DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 843 12 devendo ser observadas as exigências constitucionais quanto à vigência da lei, assim como os demais preceitos constitucionais aplicáveis. Outra argumentação comumente desenvolvida baseiase em que a Lei n. 6.404 exige a dedução dos prejuízos de exercícios sociais anteriores, o que obrigaria o legislador tributário a seguir idêntica trilha, mormente face ao art. 110 do CTN, segundo o qual a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance dos institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados pela Constituição Federal para definir as competências tributárias. Já vimos várias vezes a invalidade deste argumento, que decorre principalmente da própria Lei n. 6.404, a qual admite a existência de critérios de apuração das demonstrações financeiras distintos daqueles que ela preconiza, fixados em outras leis para finalidades diversas, situações em que prevê o registro destas outras demonstrações em livros auxiliares (art. 177, parágrafos 2o e 7o). Mais decisivo ainda é o fato de que o referido parágrafo 2o ressalva expressamente critérios distintos decorrentes de "disposições da lei tributária", e é isto que ocorre com todas as regras de ajustes no lucro líquido para determinação do lucro real, que é a base de cálculo do imposto de renda, cujos ajustes são previstos na lei fiscal e registrados no livro auxiliar fiscal, que é o LALUR. Ora, dentre os ajustes previstos pela legislação tributária, feitos para fins exclusivamente fiscais e não integrados na contabilidade do lucro líquido, encontrase exatamente a compensação de prejuízos fiscais. Portanto, a Lei n. 6.404 não contém uma definição de lucro que seja imutável perante a legislação tributária, nos termos dos art. 109 e 110 do CTN. Aliás, exatamente por isso são diferentes em seus montantes os prejuízos fiscais e os prejuízos apurados contabilmente. Voltando ao argumento mais comum de que somente é possível tributar o aumento patrimonial e este somente existe após compensação de prejuízos anteriores, é necessário que se leve em conta um dado relevante, qual seja, o de que, na compensação de prejuízos fiscais, está em causa a apuração do aumento patrimonial dentro de um específico período de tempo. Sem qualquer dúvida, como já dito muitas vezes, o imposto de renda pressupõe a existência de acréscimo patrimonial, e este é o resultado dos ingressos ao patrimônio anterior, menos os gastos incorridos para produzir os ingressos. Se assim não for, ou se estará tributando a receita bruta, ou se estará tributando o próprio patrimônio, mas nenhuma destas alternativas se compadecerá com a competência da União para tributar a renda. A partir desta afirmação, não pode restar muita dúvida quanto à ilegitimidade da vedação da dedução de gastos essenciais à produção do acréscimo patrimonial no segmento de tempo que a lei tiver fixado como períodobase, mesmo porque acréscimo somente haverá após os ingressos cobrirem os gastos incorridos para a sua obtenção. Vale dizer, somente há acréscimo quando as receitas ingressadas forem maiores do que os custos e as despesas que tiverem sido necessárias para a geração daquelas mesmas receitas. Fl. 843DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 844 13 Em outras palavras, a base de cálculo, para ser representativa do efetivo aumento patrimonial e não desvirtuar a incidência tributária sobre este, deve refletir a diferença entre os ingressos ocorridos nesse patrimônio e as saídas dele ocorridas para aquisição dos ingressos. E tal mutação patrimonial universal deve ser medida entre dois pontos no tempo, predeterminados pela lei tributária. Já os prejuízos de períodos anteriores ao atual não interferem com o fato neste ocorrido, embora se reflitam no patrimônio da pessoa jurídica contribuinte. No períodobase corrente, é inelutável a medição do acréscimo ou do decréscimo ocorrido no patrimônio do contribuinte, a partir do valor desse mesmo patrimônio na data de abertura deste mesmo período. Para que a mutação presente, em vias de processamento, seja adequadamente considerada, não se tolera a repartição do patrimônio de forma a medir variações em suas diversas partes, dissociadas e independentes umas das outras. O princípio da universalidade do lucro impõe a apuração global de todo o aumento ou de toda a redução do patrimônio em cada períodobase, o que exige, portanto, a dedução dos prejuízos neste ocorridos, porque estes são fatos presentes, indissociáveis dos demais fatos que acarretam aumento ou redução na universalidade que constitui o patrimônio do contribuinte. Mas os prejuízos anteriores não interferem com a mutação ocorrida no período em curso, porque são o resultado de fatos do passado, pertencentes a outros períodosbase, que já se refletiram num patrimônio menor na data inaugural do período atual, quando se inicia a apuração de uma nova mutação patrimonial, para mais ou para menos. Enfim, tudo isto pode ser resumido na afirmação de que o fato gerador do imposto de renda é o acréscimo patrimonial ocorrido num períodobase e é constituído pela diferença entre a universalidade patrimonial no início desse período e a universalidade patrimonial no final do mesmo, sendo essa diferença matematicamente formada pela universalidade de fatores positivos e negativos que afetam esse patrimônio durante o mesmo lapso temporal, descontadas as transferências patrimoniais. Ora, os prejuízos de períodosbase anteriores não integram essa universalidade de fatores positivos e negativos. Daí a lei, sem descaracterizar a base de cálculo própria dos tributos sobre a renda, poder admitir ou não a compensação das perdas passadas ou permitila sob determinadas condições, ou sob determinada limitação temporal, ou sob determinadas limitações de valor em relação ao montante da mutação patrimonial presente, (negrejouse) Concluise do exposto que a sucessão de leis autorizando, reiteradamente, a compensação de prejuízos fiscais na apuração da base de cálculo do IRPJ, não altera a essência do acréscimo patrimonial da pessoa jurídica, suscetível de tributação: diferença entre a universalidade patrimonial no início desse período e a universalidade patrimonial no final do mesmo, descontadas as transferências patrimoniais, e naquela diferença não se inserem os prejuízos e as bases negativas apurados em períodos anteriores. Esta concessão legislativa pode existir, ou não, e ainda assim a tributação da renda não padecerá de inconstitucionalidade. Fl. 844DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 845 14 Vejase que no mesmo sentido já havia se posicionado a autoridade julgadora de 1a instância, na decisão recorrida, embora pautandose em outros referenciais normativos e doutrinários: Neste cenário, conquanto as respeitáveis ponderações inseridas no bojo das decisões forenses e administrativas mencionadas pelo impugnante em favor da tese conduzida na peça impugnatória, exordialmente, importa acentuar que representa ponto incontradito as asserções que visam conduzir o campo de incidência da tributação do imposto de renda à configuração de um acréscimo patrimonial auferido em decorrência da aquisição econômica ou jurídica da renda ou proventos de qualquer natureza. Sob o aspecto do conceito de renda, todavia, vale destacar aquilo que foi traçado na obra do insigne jurista Leandro Paulsen, instruído na lição de Roque Antonio Carraza: "(...) renda é disponibilidade de riqueza nova, havida por dois momentos distintos (...) é o acréscimo patrimonial experimentado pelo contribuinte, ao logo de um determinado tempo, Ou, ainda, é o resultado positivo de uma subtração que tem, por minuendo, os rendimentos brutos auferidos pelo contribuinte, entre dois marcos temporais, e por subtraendo, o total das deduções ou abatimentos, que a Constituição e as leis que com ela se afinam permitem fazer. (...) tanto a renda quanto os proventos de qualquer natureza pressupõem ações que revelem mais valias, isto é incrementos na capacidade contributiva. Só diante de realidades econômicas novas, que se incorporam ao patrimônio da pessoa é que podemos juridicamente falar em renda ou proventos de qualquer natureza (Paulsen, Leandro, Impostos Federais, Estaduais e Municipais, Livraria do Advogado, Porto Alegre/RS, 5a ed. rev. e atual., 2010, p. 48/49)." Por sinal, as aferições do acréscimo patrimonial ou do resultado positivo de determinado exercício financeiro traduzem fatos jurídicotributários para concretude do nascimento da obrigação tributária passível de incidência do imposto de renda, aplicável às pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Real, nos moldes da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, cuja apuração emerge, primordialmente, da resultante da confrontação do montante de despesas incorridas e receitas realizadas no encerramento do período de referência, que, por sua vez, em respeito ao princípio da competência, devem ser autônomos em relação ao resultado demonstrado em anos base distintos. Ante este enfoque, cabe observar os fundamentos reguladores estabelecidos pela legislação societária quanto à produção dos pertinentes acréscimos patrimoniais, bem como a influência que a compensação de prejuízos de períodos anteriores exerce sobre o resultado final demonstrado no patrimônio líquido da entidade ao final do exercício financeiro. Tal aspecto fica evidente pela observância do teor do art. 187 da Lei n° 6.404, de 15/12/1976 (Lei das S/A), abaixo reproduzido sob a redação aplicável à época dos fatos geradores, na qual se nota a forma verticalizada de composição da Demonstração do Resultado do Exercício, principiandose da receita operacional bruta e agregandose, na seqüência, o conjunto de operações econômicas computadas em obediência ao princípio da competência para fins de obtenção do lucro ou prejuízo líquido da entidade: "Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: Fl. 845DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 846 15 I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social." Outrossim, o art. 189 do referido diploma legal determina que se deduzam do resultado do exercício os prejuízos acumulados antes de qualquer das participações, cuja aferição não traz nenhum efeito no sentido de transfigurar a apuração do lucro do exercício, mas, tão somente, determinar o valor de referência sobre o qual serão calculadas as importâncias destinadas às importâncias especificadas no art. 190 da mesma norma. Neste cenário, podese inferir tal exegese pela observação concomitante com os termos do art. 191 da Lei das S/A, uma vez que se define o conceito de Lucro Líquido do Exercício como sendo a demonstração da variação monetária entre o resultado do exercício e as mencionadas participações: "Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto sobre a Renda. Parágrafo único. o prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. Art. 190. As participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que remanescerem depois de deduzida a participação anteriormente calculada. Parágrafo único. Aplicase ao pagamento das participações dos administradores e das partes beneficiárias o disposto nos parágrafos do artigo 201. Art. 191. Lucro líquido do exercício é o resultado do exercício que remanescer depois de deduzidas as participações de que trata o artigo 190." Assim sendo, fica patente que a caracterização do Lucro Líquido ou Lucro Contábil do exercício financeiro, demonstrado em observância com os ditames estabelecidos pela legislação societária, provém da hipótese de apuração de um resultado positivo contingente à incidência da tributação do pertinente imposto de renda e CSLL do períodobase, a despeito a coexistência ou não de prejuízos Fl. 846DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 847 16 acumulados de períodos anteriores a serem absorvidos no cômputo do patrimônio líquido da entidade. E, se a lei pode admitir ou não a compensação de perdas passadas, ou permiti la sob determinadas condições, como dito por Ricardo Mariz de Oliveira no excerto antes transcrito, é possível concluir que a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas, quando autorizada por lei, tem natureza de isenção, que atinge o critério material da hipótese de incidência, subtraindo parte do complemento de seu verbo, ou seja, parte da renda. Esta é a conclusão que se extrai da fenomenologia das isenções tributárias, exposta por Paulo de Barros Carvalho em sua obra Curso de Direito Tributário (Editora Saraiva, 17a edição, São Paulo:2005, p. 489/491): De que maneira atua a norma de isenção, em face da regra matriz de incidência? É o que descreveremos. Guardando a sua autonomia normativa, a regra de isenção investe contra um ou mais dos critérios da normapadrão de incidência, mutilandoos parcialmente. É óbvio que não pode haver supressão total do critério, porquanto equivaleria a destruir a regramatriz, inutilizandoa como norma válida no sistema. O que o preceito de isenção faz é subtrair parcela do campo de abrangência do critério do antecedente ou do conseqüente. [...] Outro exemplo: o queijo tipo Minas é isento do IPI. Quer significar que u'a norma de isenção foi dirigida contra a regra matriz daquele gravame federal, mutilando o critério material da hipótese, precisamente no tópico do complemento do verbo. Com isso, a amplitude do núcleo hipotético, que abarcava até aquele instante todos os produtos industrializados, perde um elemento de seu conjunto o queijo tipo Minas. [...] E assim por diante, sempre o mesmo fenômeno: o encontro de duas normas jurídicas, sendo uma a regramatriz de incidência tributária e outra a regra de isenção, com seu caráter supressor da área de abrangência de qualquer dos critérios da hipótese ou da conseqüência da primeira (regramatriz). Importa referir que o legislador muitas vezes dá ensejo ao mesmo fenômeno jurídico de recontro normativo, mas não chama a norma mutiladora de isenção. Não há relevância, pois aprendemos a tolerar as falhas do produto legislado e sabemos que somente a análise sistemática, iluminada pela compreensão dos princípios gerais do direito, é que poderá apontar os verdadeiros rumos da inteligência de qualquer dispositivo de lei. [...] Não confundamos subtração do campo de abrangência do critério da hipótese ou da conseqüência com mera redução de base de cálculo ou da alíquota, sem anulá las. A diminuição que se processa no critério quantitativo, mas que não conduz ao desaparecimento do objeto, não é isenção, traduzindo singela providência modificativa que reduz o quantum de tributo que deve ser pago. O nome atribuído pelo direito positivo e pela doutrina é isenção parcial. Fl. 847DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 848 17 A Lei n° 9.065/95, contrapondose à regramatriz do IRPJ e da CSLL, que tem por base de cálculo o lucro da pessoa jurídica aferido em determinado período de apuração, em observância ao princípio da universalidade, reduz seu campo de incidência, afirmando que não é renda 30% do lucro precedido de apuração deficitária. Nega, portanto, a existência de acréscimo patrimonial até que sejam esgotados os prejuízos fiscais e bases negativas acumulados, mas observandose o limite de 30% do lucro apurado. De outro lado, ainda que se enquadre esta determinação como mera redução de base de cálculo, minimamente a isenção parcial estaria presente, integrante do conjunto de exclusões do crédito tributário, referidas no art. 175 do Código Tributário Nacional. Consoante expresso na Exposição de Motivos da Medida Provisória n° 998/95, a limitação desta isenção teve cunho arrecadatório: o alcance máximo de sua aplicação é estabelecido em razão do lucro líquido ajustado do período de apuração, de modo que ao menos 70% do lucro seja tributado, caso o sujeito passivo faça uso do benefício fiscal. E este objetivo deve ser respeitado, ainda que se trate do último período de apuração da pessoa jurídica. Isto porque a interpretação da norma em referência deve ser literal, consoante dispõe o Código Tributário Nacional: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (negrejouse) Ao assim determinar, o Código Tributário Nacional impede o intérprete de aprofundarse nos planos semânticos e pragmáticos, segundo entendimento de Paulo de Barros Carvalho, na obra antes citada (p. 107). No caso em análise, inviabiliza conjecturas acerca da impossibilidade de utilização futura dos prejuízos e bases negativas não compensados até o momento da extinção, e de eventual ofensa ao princípio da capacidade contributiva. A esta mesma conclusão chegou a I. Conselheira Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, ao relatar caso semelhante e ter seu posicionamento acolhido por voto de qualidade na Câmara Superior de Recursos Fiscais, consubstanciado no Acórdão n° 910100.401. De seu voto, extraise: Confesso seduzirme, inicialmente, a tese defendida pela Recorrente, de sorte que no acórdão paradigma, da então 8ª do Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, com ela concordei. Todavia, melhor refletindo, revi meu posicionamento pelos motivos que neste voto discorro. Um dos exemplos trazidos a lume, também como paradigma, é a decisão proferida no recurso 126597, Ac. CSRF/0104.258 de 01/12/2002, do i. Conselheiro Celso Alves Feitosa, que negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional e está assim decidido e ementado: Fl. 848DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 849 18 (...) Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Cândido Rodrigues Neuber e Verinaldo Henrique da Silva. COMPENSAÇÃO. PREJUÍZO E BASE NEGATIVA No caso de incorporação, uma vez que vedada a transferência de saldos negativos, não há impedimento legal para estabelecer limitação, diante do encerramento da empresa incorporada. Nesse julgado a decisão afirma que não há óbice à compensação integral, nos casos de declaração de encerramento de atividades, tanto do imposto de renda das pessoas jurídicas, quanto da contribuição social sobre o lucro E na mesma linha, com o brilhantismo habitual, o i. patrono da Recorrente sustenta que o limite imposto através do artigo 15 da Lei 9.065/1995 não se aplica nos casos de extinção da pessoa jurídica em virtude de incorporação pois, caso contrário, a empresa incorporada perderia o direito à compensação de prejuízos, o que não corresponde à finalidade do mencionado artigo, conforme entendimento até então majoritário da jurisprudência deste Colegiado. Mas, esta não é a melhor interpretação para o conteúdo semântico do artigo 15 da Lei 9065/1995. Os Tribunais Superiores já definiram que na compensação de prejuízos não se trata de direito adquirido, mas sim de uma expectativa de direito, como demonstram decisões do Superior Tribunal de Justiça, como exemplo o Recurso Especial n° 307.389 RS, que ao enfrentar semelhante questão pronunciase da forma seguinte: O princípio da legalidade, do mesmo modo que impõe a exigência de cobrança a tributo só por lei expressa, também, exige que a compensação de prejuízos com lucros para fins tributários somente ocorra com autorização legislativa. Insubsistente a tese da recorrente de que não há proibição da compensação pretendida. No regime de direito público, especialmente no campo do direito tributário, a relação jurídica decorre de norma positiva. O silêncio da lei não cria direitos para nenhuma das panes: sujeito ativo e sujeito passivo. Outrossim, no trato de qualquer beneficio fiscal, mesmo concedido por lei, a interpretação é restritiva. Também o STF se pronunciou acerca do tema, em 25/03/2009, no RE 344.9940 do Paraná, cujo Relator inicial, o Ministro Marco Aurélio restou vencido. Redige o voto vencedor o Ministro Eros Grau, acórdão assim ementado: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITAÇÕES. ARTIGOS 42 E 58 DA LEI N 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE, AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E "B", E 50, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de beneficio fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do Fl. 849DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 850 19 inicio de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Neste recurso pretendia o autor que a trava não incidisse sobre os saldos de prejuízos ocorridos até dezembro de 1994, sob argumento de que se estava diante de um direito adquirido à compensação de todo prejuízo e a nova lei não poderia restringir tal direito. Aliás, quanto a interpretação teleológica pretendida no paradigma trazido à colação, no que toca aos prejuízos fiscais, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em sua composição Plenária, que a compensação de prejuízos fiscais tem natureza de benefício fiscal e pode, como instrumento de política tributária, ser revisto pelo legislador sem implicar, sequer, no direito adquirido. Destaque é de ser dado ao voto da Ministra Ellen Gracie, que bem traduz a lógica do que aqui defendemos e neutraliza os argumentos da Recorrente nos seguintes termos: 4. Já quanto à limitação da compensação das prejuízos fiscais apurados até 31.12.1994, destaco, por oportuno, as palavras sucintas e rigorosamente claras com que rejeitou o pedido de liminar, ocasião em que o eminente Juiz Federal Antônio Albino Ramos de Oliveira assentou quanto importa para o deslinde da questão. "A lei questionada limitou as deduções de prejuízos da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social referentes a exercício futuro. Vedado estaria fazêlo em relação a fatos geradores já ocorridos quando de sua publicação, ou para exigência no mesmo exercício. " (fl 44) 5. (...) Entendo, com vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8.981/95 mera expectativa de direito donde o nãocabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8.981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não têm crédito oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito liquido e certo à "socialização" dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. É apenas por benesse da política fiscal atenta a valores mais amplos como o da estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. E a lei vigorante para o exercício fiscal que definirá se o beneficio será calculado sobre 10, 20 ou 30%, ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Mas, até que encerrado o exercício fiscal, ao longo do qual se forma e se conforma o fato gerador do Imposto de Renda, o contribuinte tem mera expectativa de direito quanto à manutenção dos patamares fixados pela legislação que regia os exercícios anteriores. Fl. 850DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 851 20 Não se cuida, como parece claro, de qualquer alteração de base de cálculo do tributo, para que se invoque a exigibilidade de lei complementar. Menos ainda, de empréstimo compulsório. Não há, por isso, quebra dos princípios da irretroatividade (CF, art. 150, 111, a e b) ou do direito adquirido (CF, art 5°, XXXVI) (...) 8. Por tais razões, peço licença para seguir a linha da divergência inaugurada pelo Ministro Eros Grau. Em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado eis que a norma que cuida de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional. Neste sentido é a jurisprudência consoante arestos a seguir elencados: Ementa: A legislação pertinente ao Simples ao prever exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111, I do CTN (STJ REsp 825.012/MG Rel: Min. Castro Meira, 2ª Turma. Decisão: 16/05/06. DJ de 26/05/06, p. 250.) Ementa: I. Da leitura do art. 151 do CTN dessumese que as possibilidades de suspensão da exigibilidade do crédito tributário nele estão exauridas, não comportando interpretação extensiva do seu conteúdo, ante o teor do art 111, inciso I, do CTN..." (STJ. Resp 782.729/PR, Rel.: Min Castro Meira, 2ª Turma, Decisão: 06/12/05. DJ de 01/02/06, p. 506.) "Ementa: I. O art. 111 do CTN, que prescreve a interpretação literal da norma, não pode levar o aplicador do direito à absurda conclusão de que esteja ele impedido, no seu mister de apreciar e aplicar as normas de direito, de valerse de uma equilibrada ponderação dos elementos lógicosistemático, histórico e finalístico ou teleológico, os quais integram a moderna metodologia de interpretação das normas jurídicas (STJ. REsp 192.531/RS, Rel.: Min. Octavio de Noronha, 2ª Turma. Decisão: 17/02/05. DJ de 16/05/05, p. 275.) "Ementa: II. Nos termos do art. 111 do CTN, a interpretação das normas de índole tributária não comportam ampliações ou restrições, e, sendo possível mais de uma interpretação, todas razoáveis, deve prevalecer aquela que mais se aproxima do elemento literal. ..." (TRF 2ª Região, AMS 94.02.140859/RJ Rel.: Des. Federal Poul Erik Dyrlun, 6ª Turma. Decisão: 15/12/04 DJ de 10/01/05, p. 52.) De fato, quando a lei quis que fosse liberado o limite a compensação de 30% dos prejuízos fiscais, o fez de forma expressa, como foi o caso dos lucros auferidos pelas empresas inseridas no regime Befiex, como se vê no artigo 95 da Lei 8.981/1995, com a redação inserida através do artigo 1º, da Lei 9.065/1995, a saber: "Art. 95. As empresas industriais titulares de Programas Especiais de Exportação aprovados até 3 de junho de 1993, pela Comissão para Concessão de Beneficias Fiscais a Programas Especiais de Exportação BEFIEX, poderão compensar o prejuízo fiscal verificado em um períodobase com o lucro real determinado nos seis anoscalendário subseqüentes, independentemente da distribuição de lucros ou dividendos a seus sócios ou acionistas." Fl. 851DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 852 21 Nesta esteira a Instrução Normativa SRF n° 11, de 21 de fevereiro de 1996, vem determinando, quanto a Compensação de Prejuízos Fiscais, o seguinte: Art. 35. Para fins de determinação do lucro real, o lucro líquido, depois de ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda, poderá ser reduzido pela compensação de prejuízos fiscais em até, no máximo, trinta por cento. (...) § 4o O limite de redução de que trata este artigo não se aplica aos prejuízos fiscais decorrentes da exploração de atividades rurais, bem como aos apurados pelas empresas industriais titulares de Programas Especiais de Exportação aprovados até 3 de junho de 1993, pela Comissão para Concessão de Benefícios Fiscais a Programas Especiais de Exportação BEFIEX, nos termos do art. 95 da Lei n°8.981 com a redação dada pela Lei n° 9.065, ambas de 1995. Nesta normativa, também, a confirmação do que dispunha o artigo 14 da Lei 8.023/1990, no que tange ao tratamento diferenciado concedido às empresas que exercem atividades rurais que podiam compensar todos os prejuízos incorridos, sem limites. Lei 8.023/1990: Art. 14. O prejuízo apurado pela pessoa física e pela pessoa jurídica poderá ser compensado com o resultado positivo obtido nas anosbase posteriores. O permissivo é posteriormente ampliado para a CSLL através do art. 41 da MP 2.11332, de 21/06/2001, como segue: MP 2.11332 de 21/06/2001 Art.41. O limite máximo de redução do lucro líquido ajustado, previsto no art. 16 da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995, não se aplica ao resultado decorrente da exploração de atividade rural, relativamente à compensação de base de cálculo negativa da CSLL. A interpretação fundada em argumentos finalísticos serve de auxílio à interpretação, mas não pode ser fundamento para negar validade à interpretação jurídica consagrada aos conceitos tributários. Dessa forma, em homenagem ao comando legal do art. 111 do CTN, que impõe restrição de interpretação das normas que concedem benefícios fiscais, como é o caso, descabe o elastério interpretativo pretendido pela Recorrente. O destaque feito pela I. Conselheira às palavras da Ministra Ellen Gracie bem reflete a finalidade da norma em comento: socializar os prejuízos de empresas deficitárias para garantir sua sobrevivência. Admitese excluir o crédito tributário correspondente a até 30% do lucro da pessoa jurídica, em razão de prejuízos e bases negativas pretéritos, como estímulo à subsistência da empresa em dificuldades. Logo, nenhuma razão há para ampliação deste benefício, mormente em face da extinção desta empresa. Portanto, se a isenção não foi ampliada pelo legislador, de modo a alcançar maior percentual do lucro da pessoa jurídica no momento de sua extinção, caso ainda disponíveis prejuízos e bases negativas para compensação, não pode o intérprete conferirlhe este alcance. Fl. 852DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 853 22 Relevante observar que Ricardo Mariz de Oliveira, embora reconheça ao legislador o direito de vedar qualquer compensação de prejuízos fiscais, manifesta se favoravelmente à compensação superior ao limite de 30% no último período de apuração da pessoa jurídica, na mesma obra antes referida (p. 864/865): Quanto ao limite de trinta por cento, a jurisprudência administrativa, firmou se no sentido de não ser aplicável no períodobase da pessoa jurídica extinta por incorporação, tendo em vista que a instituição do mesmo não visou impedir a total compensação dos prejuízos, mas apenas limitála em cada período, com transferência do saldo para os períodos posteriores. Assim, como após a incorporação o saldo de prejuízo fiscal até então não compensado não pode ser transferido para a incorporadora, por expressa disposição legal proibitiva, na última apuração de lucro real da pessoa jurídica a ser incorporada, que é feita exatamente para efeito da incorporação, a compensação não sofre a referida limitação. O mesmo ocorre com o lucro real final apurado na extinção da pessoa jurídica ou na sua fusão ou cisão, sendo que, se a cisão for parcial, a não aplicação do limite se dá sobre a porcentagem dos prejuízos fiscais correspondente à porcentagem do patrimônio líquido a ser vertido, porque é sobre ela que se dará a impossibilidade de compensação futura. Essa construção jurisprudencial tem fundamentos corretos e sólidos, que se resumem ao seguinte: é necessário, para a correta compreensão da norma legal, que o intérprete perquira sobre a sua finalidade e leve em conta a "mens legis"; a análise da exposição de motivos da Medida Provisória n. 998, de 1995, que foi posteriormente convertida na Lei n. 9.065, evidencia que o legislador, em momento algum, pretendeu eliminar a compensação dos prejuízos fiscais; conforme concluiu o relator do acórdão do "leading case", "a expressão sem retirar do contribuinte o direito de compensar reforça o meu entendimento de que, em casos de descontinuidade da empresa, na declaração de encerramento cabe integral compensação dos prejuízos acumulados, sendo inaplicável a trava"; a própria lei proíbe a transferência do prejuízo fiscal não compensado até o ato de fusão, incorporação ou cisão, para a sucessora da pessoa jurídica que tinha o prejuízo fiscal. Na verdade, a exclusão do limite de compensação, nos casos de incorporação, fusão e cisão, conta com um fundamento muito forte, não existente nos casos de liquidação da pessoa jurídica, para os quais apenas os demais são aplicáveis. Entretanto, nessas três operações, a exclusão decorre da combinação da norma limitadora, que não excluiu a compensação integral, mas apenas a limitou em cada períodobase, com a norma proibitiva da transferência da compensação para as pessoas jurídicas sucessoras. Realmente, se a lei não impede a compensação integral, pois apenas a posterga, mas se ela não permite que a compensação venha a ser feita futuramente pela sucessora, o impasse se resolve através da permissão de compensação integral pela sucedida, em situação que não está abrangida pela hipótese de incidência da norma de limitação. Este tema ainda não se pacificou nas câmaras administrativas, pois existem algumas decisões em contrário à grande maioria que segue aquele entendimento. Fl. 853DF CARF MF Processo nº 16832.001030/200927 Acórdão n.º 1301002.830 S1C3T1 Fl. 854 23 Não obstante, o entendimento predominante tem lastro inclusive em manifestações do Superior Tribunal de Justiça, não especificamente sobre este tema, mas sobre o limite de compensação. São julgados que, ao apreciarem a validade jurídica do limite de trinta por cento, entre outros fundamentos, manifestaram que a lei não vedou a compensação de prejuízos, mas apenas a transferiu para períodos futuros. Porém, como dito, por veicular exclusão do crédito tributário, a Lei n° 9.065/95 não permite tal extensão interpretativa, e, demais disso, consoante explicitado no início deste voto, a referida Lei deixou de trazer a referência antes contida na Lei n° 8.981/95 acerca da possibilidade de compensação posterior dos saldos de prejuízos e bases negativas não utilizados em razão do limite estabelecido, assim como a Exposição de Motivos da Medida Provisória que a originou apenas ressalta a possibilidade de compensação integral se 30% do lucro apurado a comportasse. Por estas razões, correta se mostra a glosa procedida pela autoridade lançadora e, por conseqüência, a exigência do crédito tributário principal aqui lançado [...]. Assim, também aqui deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente ao principal exigido. CSLL O lançamento da CSLL cingiuse à glosa da dedução de R$ 1.615.474,74 de sua base de cálculo, relativa ao ano de 2005. Os fundamentos de fato e de direito que levaram à glosa são os mesmos declinados pela autoridade fiscal para o IRPJ. Portanto, a solução a ser dada aqui é, em tudo, semelhante à adotada para aquele imposto. Vale dizer, deve ser restabelecida parcialmente a dedução, admitindo a despesa de R$ 1.028.579,02, e mantendo a glosa de R$ 586.895,72. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, para no mérito darlhe parcial provimento, restabelecendo a dedução de R$ 1.028.579,02 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 854DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.002798/2010-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF.
LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO.
O artigo 530 do RIR/99 prevê que o lançamento de tributos com base no lucro arbitrado deve ocorrer, dentre outros casos, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o lucro real, bem como na hipótese em que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal.
LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS.
Incluem-se na base de cálculo dos tributos a serem apurados no regime do lucro arbitrado o valor das receitas omitidas detectadas mediante análise de extratos bancários.
Numero da decisão: 1401-002.364
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF. Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF. LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. O artigo 530 do RIR/99 prevê que o lançamento de tributos com base no lucro arbitrado deve ocorrer, dentre outros casos, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o lucro real, bem como na hipótese em que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS. Incluem-se na base de cálculo dos tributos a serem apurados no regime do lucro arbitrado o valor das receitas omitidas detectadas mediante análise de extratos bancários.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
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OMISSÃO DE RECEITAS Recorrente JORGE TOME EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF. Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF. LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. O artigo 530 do RIR/99 prevê que o lançamento de tributos com base no lucro arbitrado deve ocorrer, dentre outros casos, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o lucro real, bem como na hipótese em que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS. Incluemse na base de cálculo dos tributos a serem apurados no regime do lucro arbitrado o valor das receitas omitidas detectadas mediante análise de extratos bancários. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 27 98 /2 01 0- 17 Fl. 939DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de auto de infração para cobrança de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins no regime de lucro arbitrado relativo ao anocalendário de 2007, com aplicação de multa de ofício de 75% para a insuficiência de recolhimento sobre as receitas escrituradas e de 150% sobre as receitas omitidas. Segundo a fiscalização, a pessoa jurídica, no anocalendário 2006, auferiu receitas muito superiores ao limite prescrito pela legislação para permanecer na sistemática do SIMPLES no anocalendário subsequente, ocasião em que deveria proceder à autoexclusão do SIMPLES FEDERAL em relação ao primeiro semestre de 2007, mas nada foi feito. A exclusão do sistema foi então proposta de ofício, com efeitos a partir de janeiro de 2007, culminando com a expedição do Ato Declaratório Executivo n° 48/2010 (fl. 570) e Termo de Exclusão do Simples Nacional n° 1/2010 (fl. 571). Pela mesma razão, o Contribuinte não estava habilitado a se inscrever no SIMPLES NACIONAL, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006, mas resolveu aderir ou nele permanecer, no 2° semestre de 2007, a despeito das vedações estabelecidas. Ficou, assim, sujeito à exclusão de ofício. Os procedimentos de exclusão foram disciplinados pela Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007. A análise e a tributação relativa ao anocalendário 2006, pela forma do Simples, foi tratado no Processo n° 10935.002797/20107, cuja ciência pessoal foi dada em 31/05/2010. O relatório da decisão recorrida assim descreve os fatos e os argumentos da defesa em sua impugnação: O presente processo trata dos seguintes atos a serem analisados: a) manifestação de inconformidade ao conteúdo do Ato Declaratório Executivo n" 48 (fl.570), de 11/05/2010, que determinou a exclusão da contribuinte ao Simples Federal, desde 01/01/2007; b) manifestação de inconformidade ao conteúdo do Termo de Exclusão do Simples Nacional n 01/2010 (0.571), de 11/05/2010, com efeitos a partir de 01/07/2007 c; c) a impugnação aos autos de infração lavrados Fl. 940DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 940 3 pela sistemática do Lucro Arbitrado, relativos aos fatos geradores ocorridos no ano calendário de 2007, fls. 581599 e 602621, onde se exige o crédito tributário de R$ 136.276,53 de IRPJ (11.581), R$ 42.974,62 de PIS (11.591), R$ 197.933,95 de COFINS (fl.6()2) e, R$ 71.534,20 de CSLL (íl.611). Do Ato declaratório Executivo n 48, de 11/05/2010 Do Termo de Exclusão ao Simples Nacional n 1/2010 2. O ADE n° 48, de 11/05/2010 foi expedido cm face da Representação Fiscal de lis. 0103, onde restou comprovado que a contribuinte em análise, auferiu no ano calendário de 2006 receita no importe de R$ 5.775.787,65, com base na escrituração por cia mantida e na movimentação bancária, sendo que deste montante, ofereceu à tributação apenas R$ 69.168,25, tendo sido omitido o importe de R$ 5.490.756,30. A fundamentação para a emissão do ato foi afronta ao disposto no artigo 9o , inciso II. artigo 13, inciso II. alínea "a" e artigo 14, inciso I, todos da Lei n° 9.317, de 1996, com efeitos a partir de 01/01/2007. 3. Ainda em decorrência da extrapolação do limite de receitas, foi emitido o Termo de Exclusão do Simples Nacional n° 1/2010, fl. 571, tendo como base legal, o artigo 3 o da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2005, e os artigos 12, inciso I, e 18, §§ 6°, 7° e 8° Da Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional n° 4, de 30/05/2007, além do artigo 5°, inciso XI da Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007. 4. O contribuinte apresentou apenas uma manifestação de inconformidade contra os dois atos (fls.642647), alegando, em síntese que foram ignorados os limites previstos no Estatuto da Microempresa c da Empresa de Pequeno Porte , o que leva à situação esdrúxula de empresas que se encontram dentro dos limites previstos no Estatuto, mas em desacordo com os limites estabelecidos para o Simples, de modo que passam a ser tributadas como se grandes fossem, submetidas a elevada carga tributária e, obrigadas à escrituração de livros e ao cumprimento dc obrigações acessórias, incompatível com a proteção constitucional que lhes foi declinada. Prossegue afirmando que as empresas já excluídas do Simples estão impossibilitadas c a ele retornarem, haja vista serem desprezados os limites estabelecidos no mencionado estatuto. Solicita que sejam desconsiderados os valores de enquadramento previstos na Lei n° 9.317, dc 1996, devendo ser adotado o conceito do artigo 2° da Lei n° 9.841, dc 1999, com o reajuste determinado pelo Decreto n" 5.028, de 2004 e, desta forma, admitida sua permanência no Simples. 5. Transcreve o inciso IX do artigo 170, bem como o artigo 179, ambos da Constituição Federal e, afirma que a definição dc pequeno porte foi totalmente modificada com a edição do artigo 1° da Lei 9.841, de 1999, posto que a Lei n° 9.317, de 1996, dava como parâmetro um conceito dc renda bruta menor. Afirma que o fisco usou a norma que lhe foi mais benéfica e que sua exclusão não pode prosperar tendo em vista que os limites estipulados no estatuo das microempresas c das empresas dc pequeno porte lhe permite esta possibilidade. Solicita que seja aplicado o parágrafo 1° do artigo 2° da Lei de Introdução ao Código Civil, que estabelece: a Lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Do lançamento pelo Lucro Arbitrado ano calendário 2007 6. Em decorrência dos Atos de exclusão, para o ano calendário de 2007, a autoridade fiscal efetuou o lançamento pelo Lucro Arbitrado, posto o contribuinte Fl. 941DF CARF MF 4 ler deixado de apresentar os livros e documentos de sua escrituração ou de manifestar sua opção por outra forma de tributação cm relação ao 2° semestre de 2007, conforme faculta a Lei Complementar n° 123, de 2006 (art. 32, § 2°). Regularmente intimado, preferiu silenciar. 7. Assim, os autos de infração de fls. , fls. 581599 c 602621, onde se exige o crédito tributário de R$ 136.276,53 de IRPJ (11.581), R$ 42.974,62 de PIS (11.591), R$ 197.933,95 de COFINS (11.602) c, R$ 71.534,20 de CSLL (fl.611), acrescidos de multa de ofício à razão de 150% sobre os depósitos bancários de origem não comprovada e,75% sobre a receita bruta escriturada mas não declarada ao fisco, acrescidos de juros, referentes aos fatos geradores ocorridos em 2007. 8. Também cm relação ao ano calendário de 2007, está sendo imputada omissão de receitas caracterizada pela falta de contabilização e de comprovação da origem dos valores creditados/depositados cm contas correntes bancárias, sendo que em decorrência da exclusão da contribuinte ao Simples, foi realizada a realocação dos valores considerados na apuração da base de cálculo daquela sistemática. O outro item da autuação sc refere à tributação da receita bruta escriturada e não declarada ao fisco. Constituem a base legal para a exigência do IRPJ o disposto no artigo 47, inciso I, II, III e VII da Lei n° 8.981, de 1995, artigos 3", § 1°, 16 e 24 da Lei n° 9.249, de 1995, artigos 1°, 27, inciso I e artigo 42 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 regulamentados pelos artigos 530, 532 e 537 do Decreto n° 3.000 de 26/03/1999RIR/99. 9. O suporte legal para a exigência dos demais tributos obedece ao seguinte: a. PIS artigos Io e 3° da Lei Complementar n° 7 de 07/09/1970, artigo 24, § 2° da Lei n° 9.249, de 26/12/1995, inciso I do artigo 8° da Lei n° 9.714, de 25/11/1998 e, artigos 2o , inciso I. alínea "a" e parágrafo único, 3°, 10, 22, 51 e 91 do Decreto n" 4.524, de 17/12/2002; b. COFINS artigo 2°, inciso II e parágrafo único, 3 o , 10, 22, 51 e 91 do Decreto n° 4.524, de 17/12/2002 e; c. CSLL artigo 2 o e §§, da Lei n° 7.689, de 15/12/1988, artigo 24 da Lei n° 9.249, de 26/12/1995, artigo 29 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 e, artigo 37 da Lei n" 10.637, de 30/12/2002. 10. A peça de defesa de fls. 654675, apresentada em 13/08/2010, traz a seguinte argumentação: inicialmente faz um relato do lançamento c destaca que a multa exigida tem como fundamento um suposto dolo do contribuinte, em face de não haver contabilizado parcelas significativas da receita auferida. Alega que a autoridade fiscal colocou em dúvida a veracidade das cartasproposta de compra de cereais, firmadas pelas empresas interessadas na aquisição de feijão. Transcreve alguns parágrafos do Termo de Verificação Fiscal que se encontra às fls. 622634 e, afirma que a imputação de que o sujeito passivo teria saído à coleta de notas fiscais emitidas por produtores da região para vinculálas às cartasproposta de compra de cereais, não encontra guarida nos documentos que compõem o processo administrativo. Tal afirmativa do fisco estaria paulada nos documentos de fls. 452 c seguintes. Transcreve parte do requerimento protocolado cm 01/12/2009, onde tenta justificar parte dos depósitos havidos em suas contas correntes, bem como outro, protocolado em 25/01/2010 e afirma que, cm ambos os casos restaram claros os esclarecimentos prestados de que empresas de diversas localidades do País, mais acentuadamente das regiões Norte e Nordeste, contataram, a fim de adquirir e remeter feijão, diretamente do produtor, e que remetiam o numerário, como adiantamento para as aquisições, via conta corrente do ora sujeito passivo. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 941 5 Sustenta que os documentos acostados não deixam dúvidas sobre a atitude adotada; que, em nenhum momento agiu de má fé, porém, esta não foi a conclusão a que chegou a autoridade fiscal. Comenta o fato de o auditor fiscal ter efetuado uma séria de anotações nas cartas proposta para, ao final, desprezar toda a documentação apresentada e que todas as cartas proposta estavam acompanhadas das notas fiscais de produtor rural. 11. Argumenta no sentido de que embora o valor expresso nas notas fiscais não corresponda exatamente aos valores dos depósitos bancários, estes eram aproximados, bem como as datas cm que ocorreram também o eram. Justifica a diferença cios valores ao argumento de que ali estariam embutidas outras verbas como verbi gratia e/ou o frete e rechaça a alegação de que a documentação apresentada seja frágil. 12. Contra ataca taxando de frágil a argumentação esposada pela autoridade fiscal que procurou invalidar a veracidade de seus esclarecimentos ao argumento de que seu objeto social não prevê a intermediação de negócios e, afirma que tal fato ocorreu por ausência de orientação do profissional contábil. Reafirma que atua na intermediação de negócios entre os produtores rurais e as empresas adquirentes dos produtos. 13. Discorda do falo de a autoridade fiscal insistentemente colocar a empresa como optante pelo Simples Nacional, a qual. por excesso de receita bruta anual e exercício de atividade vedada leria que ser excluída do benefício, para fins de cálculo do imposto devido e, ataca a exigência da multa qualificada, quando, em seu entender, o correto seria aplicar a multa de 75%. Invoca o princípio da menor onerosidade cm favor do devedor, previsto no artigo 620 do Código de Processo Civil e afirma que este mesmo princípio está insculpido no artigo 112 do Código Tributário Nacional, e deve prevalecer. Alega que deve ser observado, ainda, o instituto do in dúbio pro reo do Direito Penal, para que se aplique a lei de maneira mais benéfica ao contribuinte c que descabe afirmar que inexistem dúvidas no procedimento ora atacado, posto que a interpretação subjetiva por parte da autoridade fiscal não é inconteste; que a ganância c o exagero daquele não ficou somente no campo imaginário do cometimento de infração intencional, fazendo com que a multa fosse exageradamente alta. E mais, como se não bastasse, a exigência foi lavrada na modalidade do Simples, quando, poderia ter ocorrido o enquadramento no Lucro Arbitrado. 14. Transcreve o último parágrafo do Termo de Encerramento Parcial que diz: "Nada disso, entretanto, ficou comprovado. Para a fiscalização, os cereais adquiridos dos produtores representam custo das mercadorias vendidas. As vendas, representadas pelos depósitos não justificados, representam sua receita bruta, a maior parte dela, aliás, não escriturada." 15. Ao amparo de uma interpretação literal do parágrafo acima transcrito, sustenta que a autoridade fiscal leria sugerido que a solução seria a contabilidade pelo Lucro Real, já que os cereais adquiridos, acrescidos das demais despesas atinentes, representariam o custo das mercadorias vendidas c que, ante a falia de contabilidade organizada, o correto seria arbitrar o lucro e, mais, caso houvesse regularizado sua atividade, por meio da emissão de notas de venda, poderia, ainda, ter optado peio lucro presumido, porem, optou pela sistemática do Simples. Assim, a autoridade fiscal poderia ter lavrado o auto de infração pelo Lucro Arbitrado, o que teria reduzido em muito o valor da exigência. 16. Ataca a multa, taxandoa de confisco, injusta c divorciada do princípio da razoabilidade. Transcreve manifestação doutrinária e afirma que a Constituição Fl. 943DF CARF MF 6 contempla o princípio da capacidade contributiva c da vedação ao confisco, atingindo tanto as penas fiscais quanto os tributos. 17. Invoca que o lançamento foi emitido ao arrepio da norma, já que inexistindo o fato gerador, a tipificação legal descrita no enquadramento legal fica prejudicada, pois inexistente. Assevera que a legislação citada na descrição dos fatos c o enquadramento legal, trata da penalidade aplicada especificamente quanto à omissão de receita por depósitos bancários não escriturados. Novamente argumenta no sentido de que não c justo que seja apenado com o recolhimento dos tributos pela sistemática do Simples, já que a obrigação dali decorrente c impagável. Alega não ler agido de má fé, o que torna indevida a multa de 150%; que admitiu sua condição de intermediária de negócios; que os autos de infração caracterizam um verdadeiro festival de irregularidades e devem ser anulados; que estão sem embasamento legal, apoiados em hipóteses e presunções. 18. Pede, novamente, a aplicação do disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional; faz alusão ao artigo 196 do mesmo comando legal, contesta a lavratura da exigência fora dc seu estabelecimento; volta à carga acerca da interpretação mais benigna quanto às penalidades; transcreve vasta doutrina sobre o assunto e finaliza solicitando que os autos sejam anulados. A DRJ em Curitiba julgou a impugnação improcedente, nos termos do acórdão assim ementado (fl. 881 e segs): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. Comprovado que o processo obedece a todos os requisitos previstos em lei e que não se apresentam nos autos nenhum dos motivos de nulidades apontados no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, descabem as alegações do interessado. DECISÕES ADMINISTRATIVAS OU JUDICIAIS. A eficácia de decisões administrativas ou judiciais alcança apenas aqueles que originalmente figuraram na contenda. Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2007 SITUAÇÃO EXCLUDENTE Comprovado que a pessoa jurídica se enquadra em uma das situações excludentes impostas pela norma que rege o Simples, é de se manter os efeitos do ato declaratório. ESTATUTO DA MICROEMPRESA. EFEITOS TRIBUTÁRIOS. O tratamento tributário simplificado e favorecido das microempresas e das empresas de pequeno porte é o estabelecido pela Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e alterações posteriores, não se aplicando, para esse efeito, as normas constantes da Lei n° 9.841, de 5 de outubro de 1999. ART. 179 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TRATAMENTO FAVORECIDO. LEI nº 9.317/96. O art. 9º, inciso II, da Lei nº 9.317/96, é norma infraconstitucional que vem ofertar, justamente, eficácia jurídica ao que consignado no art. 179, in fine, da Constituição, que é norma constitucional de eficácia limitada. Assunto: Simples Nacional Anocalendário: 2007 Fl. 944DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 942 7 EXCLUSÃO AO SIMPLES NACIONAL. Embora a exclusão ao Simples Nacional não tenha sido explicitamente contestada, a ela aplicamse os mesmos argumentos dispensados em relação à exclusão do Simples Federal. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007 ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE CONTAS BANCÁRIAS. A falta de escrituração de contas bancárias torna a contabilidade imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, autorizando o arbitramento do lucro. PIS. COFINS. CSLL. DECORRÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO. Versando sobre as mesmas ocorrências fáticas, aplicase ao lançamento reflexo alusivo ao PIS, à Cofins e à CSLL o que restar decidido no lançamento do IRPJ. Cientificada da decisão em 23/03/2011 (fls. 904), a contribuinte interpôs o recurso voluntário no dia 20 do mês seguinte (fls. 905), alegando, em síntese: (i) a acusação do Agente Fiscal de que as cartasproposta teriam sido forjadas não encontra guarida nos documentos que compõem a formação do processo administrativo, ficando somente no campo de sua imaginação. Transcreve, então, trecho do documento apresentado em 1/12/2009 no curso da fiscalização, (fls. 424 e segs) que explica que, por inexperiência do funcionário, inúmeros documentos foram inutilizados, e transcreve dados extraídos da conta corrente no Banco do Brasil referente a 3 notas fiscais. (ii) repete sua defesa de que "empresas de diversas localidades do País, mais acentuadamente da região Norte e Nordeste, contataram a empresa requerente, para adquirir e remeter FEIJÃO, diretamente do produtor, tendo como destinatárias aquelas empresas, remetendo o numerário, como adiantamento para tais aquisições, na conta corrente da empresa". (iii) reafirma que todas as cartasremessas foram devidamente acompanhadas das notas fiscais de Produtor Rural (fls. 424 e seguintes do caderno processual administrativo fiscal), observando que os valores das notas, apesar e a despeito de não corresponder exatamente aos valores dos depósitos bancários, tinham seus valores aproximados, bem como as datas dos depósitos bancários eram também aproximadas, quando não coincidentes. E explica que os valores não eram exatos tendo em vista que, via de regra, eram realizados com "demais verbas, tais como, verbi gratia, a própria comissão por saca de feijão e/ou frete já incluso em referido depósito". (iv) repete que juntou, à época, cópias de contas telefônicas a fim de provar que havia contato mais direto, através de telefonemas de confirmação, entre a empresa fiscalizada e as empresas interessadas em seu serviço de intermediação. (v) afirma novamente que não tinha a previsão de intermediação de negócios em seus atos constitutivos por ausência de orientação do profissional contábil (vi) clama aplicação do art. 112 do CTN por ter havido interpretação subjetiva do agente fiscal. (vii) afirma que " Resumindo, então, poderia perfeitamente o sr. Auditor Fiscal ter lavrado o Auto de Infração pelo método do lucro arbitrado, por falta de Fl. 945DF CARF MF 8 contabilidade, ao invés do SIMPLES, como o fez, o que teria diminuído em muito o valor do tributo e contribuições." (fl. 915). (viii) sustenta que a multa aplicada tem caráter confiscatório. O processo ficou sobrestado por envolver matéria relativa à RMF (Resolução n.º 110300.058) Recebi o processo em distribuição realizada em 26 de janeiro de 2018. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, portanto dele conheço. Como se percebe do relatório supra, a Recorrente não se insurgiu especificamente contra nenhum ponto da decisão da DRJ/CTA, repetindo basicamente os termos da impugnação e contestando apenas o procedimento de fiscalização. Por tal motivo, em alguns trechos deste voto farei referência literal aos fundamentos da decisão recorrida, conforme autoriza o artigo 57, § 3º, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Conforme detalhado no Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização intimou o contribuinte por diversas vezes a apresentar documentos e esclarecimentos, atendendo aos diversos pedidos de prorrogação de prazo. No termo de intimação entregue em 31/05/2010 foram detalhados os elementos necessários à correta apuração da base de cálculo pelo regime do lucro real ou a necessidade de manifestação de tributação pelo lucro presumido. O prazo para atendimento da intimação venceu sem qualquer manifestação. Nesse contexto, e considerando também os indícios de imprestabilidade da escrituração abaixo descritos (em especial o fato de que o valor omitido representava 92,5% da receita total), a autoridade autuante calculou os tributos devidos pelo regime do Lucro Arbitrado, com base no artigo 530, incisos II e III, do RIR/99, utilizando se do regime de caixa para o reconhecimento de receita, haja vista que a maior parte dos valores foram apurados a partir de extratos bancários. Sobre a escrituração, a autoridade autuante verificou que para o ano calendário de 2007 a contribuinte escriturou receitas no montante de R$ 496.838,20 (fl. 56), mas declarou à Receita Federal somente R$ 157.922,41 (fls. 561, 568 e 569). Além disso, o levantamento das informações bancárias levou à constatação de expressivas diferenças entre os créditos levantados a partir dos extratos e os valores escriturados. Os indícios de omissão assim apurados totalizaram R$ 6.160.685,91 em 2007 e levaram a autoridade fiscal ao entendimento preliminar de que inúmeras operações protagonizadas pela contribuinte circularam à margem da contabilidade. Assim, a receita bruta total apurada, compreendendo a receita escriturada mais a receita omitida, totalizou R$6.657.524,11 em 2007. Intimada a se manifestar, a empresa limitouse a explicar o que repetiu em sua impugnação e na peça recursal, em síntese, que além praticar o comércio atuava também Fl. 946DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 943 9 como intermediário (representação comercial) na aquisição de produtos agrícolas, sendo remunerado por comissão, e que os pagamentos aos produtores eram realizados através de sua conta corrente, utilizandose dos recursos depositados remotamente pelos interessados, a título de adiantamento. Aduziu também que teve dificuldade na obtenção das provas em razão da inutilização de diversos documentos comprobatórios dessa intermediação causada por um inexperiente funcionário da empresa. Sobre a atividade de intermediação, a fiscalização observou que em nenhum momento a contribuinte quantificou as eventuais comissões recebidas, não identificou em sua contabilidade, registros de receitas a esse título e também não lhe foram disponibilizadas as respectivas notas fiscais relativas à prestação de serviços de intermediação. A contribuinte pretendeu comprovar que exercia as atividades de intermediação com a apresentação, a título de amostragem, de 25 cartasproposta e seus anexos (fls. 452525), na intenção de vincular diversas operações reais de venda de feijão realizadas por produtores da região com o seu pretenso papel de intermediadora. Não obstante, nas notas fiscais dos produtores não foram encontrados quaisquer indícios dessa intermediação, sendo que os únicos documentos que fazem referência ao nome da contribuinte na qualidade de intermediadora seriam as cartasproposta que, além de não estarem vinculadas aos créditos bancários relacionados pela fiscalização, apresentavam indícios de terem sido forjadas. Dentre tais indícios a fiscalização destacou: a) Todas as cartasproposta, menos uma, parecem terem saído da mesma fôrma (mesmo padrão, mesma formatação, mesma fonte), embora tenham sido emitidas, teoricamente, em datas e cidades diferentes. As cidades observadas foram 18 e significativamente distantes da sede do Fiscalizado, tais como Manaus/AM, Belém/PA, Ananindeua/PA, Itabaiana/SE, Gama/DF, Campo Grande/MS, Várzea Grande/MT e São José do Rio Preto/SP, entre outras; b) Somente uma das 25 cartasproposta contém data de emissão. Tratase de um elemento vital em qualquer proposta minimamente séria, haja vista as implicações legais decorrentes, em especial no que diz respeito ao prazo de validade; c) Todas as assinaturas dos subscritores das propostas são providencialmente ilegíveis e sem identificação, certamente para evitar um possível reconhecimento de firma; d) O antigo e desusado "carimbo do CGC" foi cirurgicamente aplicado nas cartasproposta, o que remete à lembrança de uma linha de produção. Da mesma forma, os aceites do titular indicam terem sido coletados seqüencialmente, embora em datas díspares; e) Um dos aceites ("Ciente e de acordo") foi datado fora do período da fiscalização (fl. 476) e outro corresponde a um domingo (fl. 483); e f) Por fim, vale a pena observar, também, o esforço empreendido pelo Contribuinte para reproduzir uma mesma assinatura, em Fl. 947DF CARF MF 10 dois documentos diferentes, supostamente emitidos pela mesma empresa (fls. 430478; fls. 472473). Diante disso, concluiu a autoridade autuante que a contribuinte não conseguiu comprovar que exercia a atividade de intermediação de negócios, tampouco comprovou que os créditos bancários relacionados pela fiscalização correspondiam a adiantamentos repassados por compradores de cereais. Por conseguinte, concluiu que as diferenças apontadas correspondem, sim, a receitas operacionais que circularam à margem da contabilidade, sem tributação. A fiscalização observou, ademais, que se lograsse comprovar o exercício da atividade de intermediação de negócios — o que em sua análise não conseguiu fazer — teria incorrido em hipótese de exclusão do SIMPLES, e com efeitos retroativos, nos termos dos artigos 9o, XIII, 13, "a", e 15, II, da Lei n° 9.317/1996. Em suas peças de defesa a contribuinte não trouxe qualquer fato ou informação nova que pudesse infirmar as conclusões da autoridade fiscal autuante. No caso, para a comprovação das atividades de intermediação seria imprescindível a apresentação das respectivas notas fiscais. Todavia, conforme observou a decisão recorrida, "22. Da análise das explicações apresentadas, a autoridade fiscal intimou o sujeito passivo a apresentar todas as notas fiscais de entrada e de saída, posto que o mesmo afirmou exercer atividade de agente comissionado. A maioria das notas fiscais apresentadas se referem a movimentação de mercadorias; as notas de prestação de serviços foram poucas e com lacunas de numeração, limitando a análise (...)". Ainda conforme apontou a decisão recorrida: "75. Conforme bem observado pelo sujeito passivo, a autoridade fiscal efetuou diversas anotações ao lado dos documentos apresentados, num verdadeiro exercício de paciência, a fim de tentar estabelecer se existia alguma relação entre os valores questionados e aqueles ali expressos, sem nada conseguir. O empenho do auditor veio suprir o trabalho que deveria ter sido feito pelo contribuinte, a quem competia afastar a presunção de omissão de receitas, por meio da vinculação entre os valores questionados c os documentos apresentados. O fato de ele ter desprezado as cartas proposta se justifica por serem elas os únicos documentos que estabeleceriam algum vínculo do interessado com as operações de vencia do feijão por produtores rurais da região. Em nenhuma nota fiscal existe qualquer menção a seu nome na qualidade de intermediador, nem tão pouco, existe menção a algum valor pago a título de comissão. E mais, as cartas proposta apresentam uma série de indícios de que tenham sido forjadas como o fato de não possuírem data de emissão; manterem sempre o mesmo padrão, embora, em tese, tenham origem em cidades dispares; divergência nas assinaturas e outros. Tudo isso foi minuciosamente descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 622634." Assim, no caso, não vejo como as razões da Recorrente possam prosperar. Quanto à aplicação do art. 112 do CTN, devese ter em mente que os benefícios do "in dúbio pro reo" determinados no citado artigo só se aplicam a penalidades e não quanto ao principal de tributo. Além disso, sua aplicação está reservada ao caso de dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias material do fato, ou à natureza dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade ou punibilidade, ou à natureza da penalidade aplicável ou à sua graduação, o que não é o caso do presente processo, em que houve minuciosa descrição do procedimento fiscal e a completa ausência de provas do quanto alegado pela contribuinte. Fl. 948DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 944 11 Sobre o argumento de que a fiscalização "poderia perfeitamente o sr. AuditorFiscal ter lavrado o Auto de Infração pelo método do lucro arbitrado, por falta de contabilidade", foi exatamente o que o fiscal fez, do que se depreende que a Recorrente não contesta a sistemática de tributação utilizada para a lavratura do auto de infração. Por fim, quanto ao caráter confiscatório da multa, observo que esta está prescrita em lei e, nos termos da Súmula CARF n. 2, "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Isso também observou a decisão recorrida: 60. No caso em análise, ocorreu uma serie de fatos, minuciosamente descritos às fls.622634 que por si só caracterizam a intenção dolosa do agente, fazendo com que a imputação da multa no percentual maior (150%) esteja dc acordo com os ditames legais. Indubitavelmente, a prática contumaz do contribuinte, em omitir mais de 97% das receitas auferidas no ano em análise. 61. No presente caso, o interessado ocultou fatos tributáveis e assim, descumpriu a obrigação de efetuar o pagamento do imposto devido. Tendo esse valor de imposto devido ficado indisponível para o Estado, fazse, pois, necessário o ressarcimento por esta indisponibilidade monetária. Dispositivo Ante o exposto, oriento meu voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 949DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10735.901788/2011-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Relatório
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 35 .9 01 78 8/ 20 11 -0 1 Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10735.901788/201101 Resolução nº 1302000.578 S1C3T2 Fl. 344 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1240.270, proferido pela DRJRJOI, em 08/09/2011, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório da DRFNova Iguaçu/RJ que indeferiu parcialmente o Pedido de Compensação de Saldo Negativo de IRPJ, efetuado através do PER/Dcomp nº 21272.92604.120307.1.7.037014 e 07589.46899.101106.1.3.033946 por meio dos quais a interessada pleiteia compensar crédito que alega possuir decorrente de saldo negativo de CSLL referente ao 3º trimestre de 2005 com débitos neles declarados. O acórdão recorrido tem a seguinte ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 DCOMP. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. Incumbe ao contribuinte a demonstração, com documentação comprobatória, da existência do crédito, líquido e certo, que alega possuir junto à Fazenda Nacional. CSLL RETIDA NA FONTE. COMPROVANTE DE RETENÇÃO. Incabível a dedução, na declaração de rendimentos, de CSLL retida na fonte que não tenha sido informada em DIRF e, ainda, que não esteja confirmada por comprovante de retenção. Cientificada do acórdão recorrido em 24/11/2011 (fls. 239), a recorrente apresentou recurso voluntário em 28/12/2011 (fls. 240/256), no qual apresenta, em síntese, as seguintes razões recursais; i. apesar da minuciosa demonstração das retenções na fonte que elaborou, a DRJ preferiu a forma ao conteúdo, entendendo que apenas as DIRF's e Informe de Rendimentos seriam hábeis a fazer a prova necessária; ii. aduziu que em nenhum momento foi negada a existência do direito creditório e, portanto, sob a égide da Verdade Material deveria ter sido aceita a robustez das provas apresentadas com a manifestação de inconformidade; iii. as DIRFs estão sujeitas a erros, especialmente no caso de contratantes do setor público; iv. a Recorrente não poderia depender de informações apresentadas por terceiros, as quais não tem acesso; Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10735.901788/201101 Resolução nº 1302000.578 S1C3T2 Fl. 345 3 v. as notas fiscais apresentadas veiculariam informações sobre o recebimento, data, retenções de tributos e não detêm natureza contábil, porém, fiscal, com reflexos contábeis; vi. não era condição para reconhecimento do direito à compensação da contribuição retida na fonte o recolhimento do tributo retido pela fonte pagadora; vii. seja no despacho decisório, ou na decisão da DRJ, não foram invalidadas as informações prestadas na DIPJ referente ao período, não recebeu intimação sobre a sua irregularidade, o valor total das receitas sujeitas a retenções na fonte apresentadas no “anexo B” são compatíveis com as informações apresentadas na DIPJ e com o saldo negativo informado; viii. o art. 923/RIR determina que a contabilidade faz prova a favor do contribuinte, de sorte que não prosperaria a alegação de falta de comprovação das retenções, exceto se considerada a inércia e/ou falta de investigação da fiscalização, que não teria contestado as informações da DIPJ; ix. para corroborar as suas alegações, faz referência a diversos julgados dessa Corte Administrativa, em que se entende que a comprovação de retenções na fonte não se limita às DIRFs, sendo possível ao contribuinte demonstrar o seu direito creditório por outros elementos de convicção; x. afirma que, muito embora entenda que tenha apresentado suficientes provas para lastrear o seu direito, tendo em vista o fundamento inovador da decisão relativo à “tributação de receitas”, e que a efetividade das retenções poderia ser aferida nos seus registros, pugnou pela realização de perícia, formulando três quesitos a serem complementados no curso da demanda e indicando assistente técnico. Juntou ao recurso voluntário a respectiva DIPJ. É o relatório. Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10735.901788/201101 Resolução nº 1302000.578 S1C3T2 Fl. 346 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos regimentais. Assim dele conheço. A controvérsia instaurada gira em torno da comprovação de IRRF retido pelas fontes pagadoras, no montante informado pela recorrente em suas PER/Dcomp's, que compõe o saldo negativo de IRPJ pleiteado para utilização nas compensações declaradas. A autoridade administrativa que analisou o pleito entendeu que, no cotejo entre os valores informados pela contribuinte e as informações prestadas pelas fontes pagadoras em suas DIRF's, restou confirmado o montante de CSLL retida de R$ 225.440,08, de um total pleiteado de R$ 266.770,88, resultando em uma glosa no valor de R$ 41.330,80, o que reduziu o saldo negativo apurado e declarado pela contribuinte de R$ 246.398,51 para R$ 205.067,71. A recorrente apresentou junto com sua manifestação de inconformidade, além das notas fiscais emitidas com destaque dos tributos retidos na fonte (Anexo C fls. 61/202), diversas planilhas de controle que demonstram individualizadamente as retenções sofridas em cada operação e a data de recebimento de cada fatura de serviços (Anexo A fls. 48/50 e Anexo B fls. 52/59). Além disso, verificase nas notas fiscais anexadas o valor líquido de cada operação e, em parte delas, os dados bancários para o pagamento das faturas. Embora a recorrente não tenha trazido aos autos os documentos previstos nas instruções normativas instituídas pela administração tributária federal, apresenta outros elementos, de forma sistematizada, que servem ao menos como início de prova a favor do sujeito passivo. Especialmente, levandose em consideração que a maior parte delas, foi confirmada pela própria RFB por meio das DIRFs disponíveis no sistema. É fato que o contribuinte para ter direito a abater do valor da contribuição social devida ao final do período de apuração os montantes retidos pelas fontes pagadoras, incidentes sobre receitas auferidas e oferecidas à tributação nesse mesmo período deve apresentar o comprovante de retenção, emitido em seu nome pela fonte pagadora, conforme o disposto no art.55 da Lei nº 7.450/1985, verbis: Art 55. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos. Todavia, essa exigência tem sido relativizada nas hipóteses em que o contribuinte não tenha recebido esse comprovante e/ou não tenha como obtêlo, desde que consiga fazer prova, por outros meios ao seu dispor, de que efetivamente sofreu as retenções que alega,conforme a jurisprudência deste CARF, verbis: Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10735.901788/201101 Resolução nº 1302000.578 S1C3T2 Fl. 347 5 Acórdão nº 130100.769, de 24/11/2011– 3ª Câmara/1ªTO SALDO NEGATIVO DE IRPJ. IRRF. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS.AUSÊNCIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. VALORES CONSTANTES DA DIRF. O contribuinte tem direito a abater do valor do imposto devido ao final do período de apuração os montantes retidos pelas fontes pagadoras, incidentes sobre receitas auferidas e oferecidas à tributação nesse mesmo período. Para tanto, deve apresentar o comprovante de rendimentos fornecido pelas fontes pagadoras, ou fazer prova da efetividade das retenções mediante quaisquer outros meios ao seu alcance. Em assim não sendo,correta a decisão de primeira instância que considerou comprovados apenas os valores declarados pelas fontes pagadoras em DIRF. Acórdão nº 130200.945 – 05/07/2012 3ª Câmara/2ªTO IRRF. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. COMPROVANTES DE RETENÇÃO. O sujeito passivo tem direito à dedução do imposto retido pelas fontes pagadoras incidentes sobre receitas auferidas e oferecidas à tributação, do valor do imposto devido ao final do período de apuração,ainda que não tenha recebido o comprovante de retenção ou não possa mais obtêlo, desde que consiga provar, por quaisquer outros meios ao seu dispor, que efetivamente sofreu as retenções que alega. No caso em apreço, entendo que, embora não estejam devidamente comprovadas as retenções existem fortes indícios de sua ocorrência e, tendo em conta os princípios da razoabilidade e da verdade material, que é justificável a conversão do julgamento em diligência com vistas a permitir à recorrente a apresentação de elementos complementares que demonstrem a efetividade das operações. Com efeito, tem razão a recorrente quando aponta que não pode ser responsabilizada pela falta ou incorreção de informações nas DIRF's pelas fontes pagadoras, ou mesmo, pela falta de recolhimento dos tributo retidos, se comprovados por outros meios que efetivamente ocorreu a retenção. Conforme acima destacado, a recorrente apresentou a cópia de cada nota fiscal/fatura contendo os valores brutos e líquidos de cada operação e informou a data do recebimento de cada uma delas. Assim, entendo que é perfeitamente possível que esta possa identificar e comprovar o recebimento dos valores de cada operação pelos seus montantes líquidos, a denotar a efetividade da retenção dos tributos pelas fontes pagadoras. Tais comprovações podem ser feitas mediante extratos ou avisos bancários e ainda pelos registros contábeis dos respectivos recebimentos nos livros Diário/Razão. E, ainda, que a própria fiscalização possa intimar as fontes pagadoras a confirmar as operações e respectivas retenções na fonte. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10735.901788/201101 Resolução nº 1302000.578 S1C3T2 Fl. 348 6 Noutro giro, é possível até mesmo que, tendo decorrido um prazo razoável entre a data de prolação do despacho decisório e a interposição do presente recurso, que as próprias fontes pagadoras tenham apresentados DIRF's retificadoras, que possam comprovar total ou parcialmente os valores anteriormente glosados. Assim, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligências, encaminhandose os autos à unidade preparadora, para que: a) seja designada autoridade fiscal competente para: a.1) intimar a interessada a apresentar a comprovação do recebimento dos valores informados nas notas fiscais, cujos montantes não foram reconhecidos (conforme as planilhas por ele apresentadas Anexos A, B e C da manifestação de inconformidade) pelos valores líquidos dos tributos retidos, mediante a apresentação de extratos ou avisos bancários respectivos (quando for o caso) e dos respectivos registros contábeis (livros Diário e/ou Razão) nas contas pertinentes; a.2) intimar, se necessário, as fontes pagadoras a confirmar a retenção dos valores que deixaram de ser reconhecidos, em face da ausência de informação em Dirf e da ausência de Comprovantes de Rendimentos; a.3) efetuar outras averiguações que julgar convenientes, inclusive nos sistemas da RFB, com vistas a identificar o montante efetivo de contribuição social retida pelas fontes pagadoras à contribuinte, no período ora examinado; a.4) elaborar relatório circunstanciado, detalhando as apurações realizadas e informando os novos valores que tenham sido comprovados pela contribuinte ou pelas fontes pagadoras, indicando o saldo adicional passível de reconhecimento, se for o caso. a.5) dar ciência do relatório à interessada para que esta, querendo, se manifeste sobre suas conclusões no prazo de 30 (dias), findo o qual o processo deve retornar a este colegiado para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 348DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901089/2014-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.051
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 10 89 /2 01 4- 41 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório A origem do litígio aqui presente remonta ao Despacho Decisório exarado em relação ao pedido original da contribuinte expresso em PER/DCOMP apresentado perante a Autoridade Tributária de sua jurisdição e no qual buscou ver reconhecido seu direito creditório e consequente compensação com débitos de sua responsabilidade. O requerido foi indeferido sob entendimento do DD de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Irresignada, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade que, apreciada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. nos autos), foi julgada improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Discordando do r. decisum, a contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo no qual reafirma a correção de seu procedimento e requer a reforma da decisão de 1º Piso de forma a reconhecer o direito creditório buscado e homologar a compensação requerida, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos: PRELIMINARMENTE 1. que, “a r. decisão primitiva sequer detalhou ou especificou por quais razões o contribuinte ora recorrente não possuiria o crédito que alega possuir, eis que haviam vários outros elementos que poderiam, e deveriam, ser analisados, e se os fossem, certamente permitiriam inferirse de modo diverso, análise esta que era condição sine qua non para alicerçar as razões de decidir do despacho decisório”; 2. que, “em outras palavras, foi dificultado ao recorrente repelir, amplamente, a decisão do julgador de primeiro grau, o que é direito constitucionalmente assegurado. A falta destes elementos concretos, fundamentos embasados na legislação, e de dados que pudessem permitir ao contribuinte contra razoar o r. despacho rescisório implicam na anulação do mesmo, pois ao não garantir o amplo direito de defesa à recorrente, o r. despacho decisório avilta também, conseqüentemente, o princípio do devido processo legal”; 3. que, “na falta de elementos que confiram ao contribuinte chance de defenderse amplamente da r. decisão do órgão fiscal originário, o presente processo administrativo não terá seu deslinde normal, razão pela contrariouse o consagrado devido processo legal”; 4. que, “ante à ausência de fundamentos legais imprescindíveis, desde o momento em que foi exarado o r. despacho decisório o curso deste processo administrativo foi atingido por uma nulidade, o que somente poderá ser sanada Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 4 3 através da integral anulação do processo administrativo desde o início, inclusive do V. Acórdão recorrido que manteve o despacho decisório”; 5. que, “requerse que estes Ínclitos Julgadores em sede prelibatória anulem este processo administrativo desde o r. despacho decisório de origem, determinando o retorno dos autos à origem para que seja preferida decisão compatível com os princípios que norteiam os processos administrativos”. NO MÉRITO Depois de fazer breve histórico da COFINS e do PIS, aponta para decisão prolatada pelo STF acerca da inclusão do ICMS na base de cálculo naquelas contribuições. Literalmente: “Recentemente a matéria foi definitivamente arraigada pelo C. Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG, onde o contribuinte se consagrou vencedor e foi definitivamente julgada a questão no sentido de que se deve excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Oportuno ressaltar os ensinamentos do Min. Marco Aurélio que nos autos do aludido julgamento cravou: (...) Assim, somente se pode concluir que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS e do PIS, por não ser incluído no conceito de "faturamento", mas mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas, razão pela qual por todas as razões aqui expendidas, bem assim pelo quanto retro sustentado, é que se faz de solar clareza a necessidade de reformar a r. decisão guerreada e homologar as compensações levadas a termo através das PERDCOMPs cotejadas. Reiterese, porque se cuida de decisão recente e nova no mundo tributário, posto que o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente que o ICMS não entra na base de cálculo da Cofins e do PIS (Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG), de modo que a inclusão do ICMS na base de cálculo das Contribuições ao PIS e à Cofins é ilegítima e inconstitucional, pois fere o princípio da estrita legalidade previsto no artigo 150, I da CF/88 e 97 do CTN, o artigo 195, I, “b” da CF/88 e o art. 110 do CTN, porque receita e faturamento são conceitos de direito privado que não podem ser alterados, pois a Constituição Federal os utilizou expressamente para definir competência tributária, pelo que resta evidente o crédito da Recorrente e se requer a reforma do V. Acórdão neste particular para que sejam definitivamente homologadas as compensações levadas a termo pelo contribuinte recorrente”. DO DIREITO DO CONTRIBUINTE À COMPENSAÇÃO Prossegue argumentando ter direito à compensação em face da exclusão do ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS e que, por este motivo, “caberia à Autoridade recorrida verificar o crédito do Recorrente, para aferir pela sua procedência ou não, sendo certo que se assim o fizesse a autoridade administrativa singular, certamente homologaria a compensação em Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 5 4 apreço, sendo que de tudo quanto exposto, somente se pode inferir que o V. Acórdão em questão deve mesmo ser reformado, o que se requer adiante”. DO PEDIDO E conclui requerendo “o regular processamento, ulterior apreciação, concessão de efeito suspensivo e PROVIMENTO TOTAL ao presente RECURSO VOLUNTÁRIO, para o fim de reformar o V. Acórdão exarado pela instância a quo, para que, preliminarmente, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que seja anulado o vertente processo administrativo, nos moldes da fundamentação supra, tendo em vista a ofensa ao princípio do contraditório e do devido processo legal, e para que, no seu mérito, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que sejam homologadas as almejadas compensações e finalmente reconhecido o crédito da Recorrente”. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.018, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.901078/2014 61, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.018): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Afasto, de plano, a preliminar de nulidade do acórdão a quo, tendo em vista não presentes quaisquer fatos que pudessem levar a esta decisão. De fato, o que se observa é a irresignação da recorrente em razão da decisão de 1º Piso lhe ter sido desfavorável e não porque tenha o aresto qualquer ponto ou item que afronte a legislação ou atos processuais e possa levar à sua anulação. Digase, o acórdão foi prolatado em estrita obediência às normas legais e regimentais, foram apreciadas todas as provas e Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 6 5 documentos acostados aos autos e analisada a manifestação da contribuinte. Se o decidido lhe foi desfavorável não significa nulidade. Só entendimento da Turma Julgadora. Preliminar rejeitada. Passo ao mérito. Sabidamente, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC/1973, art. 333, I; atual CPC, artigo 373, I). No caso de pedidos de ressarcimento ou restituição, o interessado deve trazer provas de que possui direito líquido e certo contra a Fazenda Pública e assim deve ser repetido tributariamente para recompor o patrimônio subtraído por pagamento de um tributo de forma indevida. Não o fazendo, suas alegações ficam meramente neste terreno e seu direito se perde. Em outro dizer, a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Concretamente, se o DARF indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. No caso, o DARF foi utilizado para pagamento do tributo confessado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), informação da lavra da própria contribuinte. É certo que este quadro pode ser alterado. Mas isso exige prova concreta por parte da contribuinte, afinal é ela a autora e para modificar o ato administrativo cabelhe demonstrar onde está o erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Não o fazendo – como não o fez , o indeferimento permanece. Acresçase que, concretamente, a contribuinte não acostou um documento sequer, nem escrituração contábil ou fiscal que possa mostrar o direito que alega ter. Sua linha de argumento limitase em afirmar que a Suprema Corte (em decisão ainda sem efeito erga omnes) teria decidido pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS), sem sequer quantificar o reflexo disso em seus demonstrativos contábeis. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 7 6 Ou seja, meras alegações sem que tenham vindo aos autos quaisquer provas, cálculos ou decisão que lhe aproveitasse. Sabidamente, a base de cálculo das Contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS é o faturamento. E que só pode ser mudado por via legislativa ou decisão judicial, esta que aproveite individualmente a recorrente ou que seja prolatada com efeito erga omnes. Não há, no caso, nem um nem outro. Desse modo, especificamente quanto ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, somente podem ser excluídos da receita (base de cálculo do PIS e da COFINS) o ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, no regime cumulativo, e a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação em ambos os regimes. Admitir qualquer outra exclusão equivaleria a afastar a aplicação da lei, o que é vedado na esfera administrativa. Portanto, essa discussão é estéril em sede de julgamento administrativo. Finalmente, como bem observado pela decisão de 1º Piso, a recorrente transmitiu inúmeras declarações de compensação informando como crédito passível de compensação um único DARF e nos pedidos de compensação formalizados pela recorrente, os débitos que intenta compensar ultrapassam – e muito o valor desse suposto crédito. Por fim, não se olvide, só se permite compensação com a utilização de créditos dotados de liquidez e certeza (art. 170, do CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) E valores incomprovados não possuem estes requisitos. A jurisprudência administrativa é pacífica em torno do tema: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 8 7 pagamento indevido ou maior que o devido. (Acórdão nº 10323579, sessão de 18/09/2008) Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida.' Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, rejeito a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário mantendo a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.002902/2005-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa.
NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL.
Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972).
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO.
Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN.
DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO.
Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendo-se os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal.
Numero da decisão: 1401-002.404
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa. NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972). Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO. Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendo-se os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal.
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SALDO NEGATIVO. Recorrente VIA ENGENHARIA S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa. NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO. Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendose os mesmos valores, no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 29 02 /2 00 5- 64 Fl. 956DF CARF MF 2 contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de tratamento manual de diversos PER/DCOMP relacionados na planilha às fls. 628/633, originais e retificadores, onde o contribuinte efetuou compensações de débitos no valor total de R$ 4.983.117,26 com crédito de saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário 2002. Ao apreciar os PER/DCOMP, a autoridade fiscal entendeu no Despacho Decisório de fls. 635/639 que (i) o crédito informado pelo contribuinte como decorrente de saldo negativo de IRPJ de 2002 deveria ser assim tratado, apesar de o contribuinte ter informado em sua resposta à intimação fiscal que o referido crédito se referia, na realidade, à somatória dos saldos negativos de IRPJ (R$ 3.348.631,63) e de CSLL (R$ 1.705.092,36) apurados na DIPJ/2003; e (ii) em procedimento de Auditoria da aplicação de parcela do IRPJ no Finam concluiuse que houve excesso de aplicação dos incentivos fiscais em detrimento do IRPJ e, como conseqüência, foi apurado no ajuste imposto a recolher no valor de R$ 343.626,37. Intimada em 6 de março de 2008 (fl. 641), apresentou manifestação de inconformidade em 2 de abril (fls. 646655). Em 18 de junho de 2008 solicitou cópia do inteiro teor dos autos. Em 5 de novembro de 2008 apresentou "razões aditivas" de fls. 666679 alegando, em síntese: (i) nulidade do despacho decisório por vício na delegação de Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 957 3 competência e/ou sonegação de informação essencial à sua boa defesa e (ii) fato superveniente que justifica a complementação da defesa, qual seja: em 14 de maio de 2008 teve ciência do Despacho proferido no Processo 10166.005511/200330, no âmbito do qual foi realizada diligência acerca da DIPJ 2003 ano calendário 2002, a qual resultou, quanto ao IRPJ, apenas na redução do prejuízo fiscal em R$ 205.145,26, e, quanto à CSLL, em nenhuma restrição. Além disso, em tal diligência a autoridade fiscal diz, expressamente: "confirmase o saldo negativo apresentado na linha 42 da Ficha 17 da DIPJ/2003", em que se apresenta o valor de R$ 1.720.733,68. Em 29 de maio de 2009 a DRJ julgou a manifestação parcialmente procedente, em acórdão assim ementado (fl. 682695): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 RAZÕES DE DEFESA ADICIONAIS. PRECLUSÃO. O direito do contribuinte a apresentar razões de defesa preclui transcorrido o prazo de trinta dias contado da ciência da decisão que não homologou a compensação. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ E DE CSLL. UMA DECLARAÇÃO PARA CADA CRÉDITO. Se o contribuinte pretende compensar débitos com créditos representados por saldo negativo de IRPJ e de CSLL, deve apresentar um PER/DCOMP para cada tipo de crédito. Não é permitida a inclusão em um PER/DCOMP da somatória dos referidos créditos. IMPOSTO ESTIMADO. PARCELA DESTINADA AO FINAM. VEDAÇÃO À RESTITUIÇÃO. O montante destinado ao Finam não pode integrar o montante deduzido no ajuste a título de imposto estimado pago e, por conseguinte, compor a formação do saldo negativo, vez que sua restituição é vedada, conforme art. 7° da IN SRF n° 210/2002. AUSÊNCIA DE PERC. PERDA DE PRAZO. IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA. Transcorrido o prazo para a apresentação de Perc destinado a revisar o resultado da auditoria que concluiu pela existência de excesso de destinação ao Finam e, por conseguinte, pela ausência de recolhimento de imposto estimado, preclui o direito do contribuinte de contestar administrativamente o não reconhecimento do incentivo pleiteado. SALDO NEGATIVO APÓS EXCLUSÃO DA PARCELA DESTINADA AO FINOR. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. Verificada a existência de saldo negativo mesmo após a exclusão do imposto estimado destinado ao Finam, é devido reconhecer o direito creditório neste montante e homologar as compensações efetuadas até o limite deste direito, devidamente atualizado. Solicitação Deferida em Parte Fl. 958DF CARF MF 4 Em resumo, a DRJ (i) manteve o indeferimento da CSLL, por entender que o PER/DCOMP deve indicar no crédito um único tributo ou contribuição, não sendo aceita assim a indicação de um crédito de saldo negativo de IRPJ quando este na verdade se refere ao somatório de saldos negativos de IRPJ e CSLL; e (ii) deferiu parte do IRPJ pleiteado, no montante de R$ 3.024.556,91, por considerar os resultados da auditoria da DIPJ 2003, a qual concluiu que houve excesso de aplicação dos incentivos fiscais em detrimento do IRPJ no ano calendário de 2002 tendo apurado, no ajuste, imposto a recolher no valor de R$ 343.626,37. Intimada em 11 de agosto de 2009 (fl. 698), a contribuinte interpôs recurso voluntário em 25 de agosto de 2009 (fls. 699714), sustentando, em síntese: (i) reitera os argumentos acerca da nulidade do despacho decisório por vício na delegação de competência e/ou sonegação de informação essencial à sua boa defesa. (ii) observa que a autoridade administrativa não reconheceu o direito creditório sob o argumento de que a empresa teria se recusado a fazer as retificações das DCOMP, que ocupam 499 folhas deste processo. Todavia, sustenta que não houve recusa de retificação e explica que a empresa, supondo que os termos ("... e, se for o caso") do penúltimo parágrafo da Intimação 271/2007 estivessem abrindo a possibilidade de se apresentar ao Fisco alguma ponderação quanto à conveniência ou não de se refazer todo o trabalho, argumentou pela conveniência de não refazer as DCOMP, ponderando pela hipótese de se fazerem, internamente, no âmbito da Receita Federal, os ajustes contábeis que pudessem comportar as compensações feitas. Assim, a despeito de reconhecer o engano, defende que, para uma mudança tão brusca e completa de procedimentos, no âmbito de matéria tão complexa, as instruções baixadas pela Receita Federal poderiam ter sido mais objetivas por exemplo, a IN SRF 414/2004 poderia ter explicitado que "com o advento do programa gerador, tomouse necessário entregar um PER/DCOMP para cada crédito distinto", mas não o fez. Argumenta que o Princípio da Razoabilidade, previsto no art. 2° da Lei 9.784, de 1999, que deve imperar nos atos da Administração Pública, não condiz com um procedimento tão severo que, existente fórmula alternativa licita, seja adotado uma fórmula de procedimento que implique punição tão vultosa, qual seja a perda de um direito no valor de R$ 1.705.092,36 (vejase a alínea 'b' do item 32), por conta de um engano formal. (iii) no item "Falta de Apuração dos Débitos Remanescentes às Compensações Homologadas" reitera argumentos que, se procedentes, conduziriam à nulidade do despacho decisório já defendida em item anterior. (iv) sobre os recolhimentos efetuados com o código do FINAM: sustenta que a parcela de RS 343.626,37, deve integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido porque, conforme sustentou em suas Razões Aditivas, até meados de 2001 o simples recolhimento de parte do IRPJ em DARF específico (com código do FINAM) já correspondia a uma "opção" pelo incentivo fiscal (art 40 da Lei 9.532/97), no entanto ao final de 2001, com exceção das aplicações nos chamados "projetos próprios" já aprovados em 2001 (art. 90 da Lei 8.167/1991), as possibilidades das demais aplicações de incentivos fiscais em Fundos Regionais de Investimento foram todas revogadas, conforme incisos XVI e XVIII do art. 32 da Medida Provisória 2.1565/2001 e inciso IV do art. 32 da MP 2.1575/2001. Assim, os recursos recolhidos no ano de 2002 com códigos dos Fundos de Investimentos Regionais pelas empresas que não dispunham de "projetos próprios", como é o seu caso, não poderiam mais ser destinados ao FINAM e destinaramse, então, ao orçamento da união, o que justifica que os valores recolhidos, por engano, com o código do FINAM tenham sido computados no "saldo negativo do IRPJ" na DIPJ/2003. Neste sentido, argumenta que se aplica ao caso o disposto no terceiro parágrafo do item 3 do Anexo à Norma de Execução 7/2007 (fl. 608), cujo teor é o seguinte: Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 958 5 "Para as empresas não enquadradas no art. 9° da Lei 8.167/91, a MP 2.145, de 2 de maio de 2001, extinguiu o direito de aplicação do imposto de renda em incentivos regionais. Por essa razão, os DARF específicos recolhidos por essas empresas após 02/05/01 foram desconsiderados como opção por incentivos fiscais e, nesta auditoria, não serão computados como valores destinados aos Fundos." Em 26 de maio de 2011, esta Turma baixou o julgamento em diligência para, em síntese, transmutar a situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36, inicialmente na natureza de IRPJ para CSLL constante de outro processo (10166.005511/200330) e prosseguir na validação do saldo negativo desse crédito apurando a sua liquidez e certeza Resolução 1401000.072 (fls. 751758). A Recorrente foi cientificada do Relatório Final de Diligência, acatando na essência a transmutação solicitada e o valor do crédito, mas discordando em vários pontos do processo de compensação dos débitos apontados, seja no aspecto de valoração das compensações seja em retificações não consideradas pela fiscalização, haja vista as diversas DCOMPs retificadoras desconsideradas. Então, em 5 de março de 2013, esta Turma novamente baixou o processo em diligência, nos termos da Resolução 1401000.205: Eis, em resumo, abaixo, os termos da manifestação de inconformidade da Recorrente contra o resultado de diligência: A PRIMEIRA DIVERGÊNCIA: (...) 30. Vêse, pois, que a autoridade fiscal, ao expedir os Demonstrativos Analíticos de Compensação (DAC) de fls. 729/794, corrigiu acuradamente todos os equívocos apontados acima, que já tinham sido expostos nos itens 25/28 das Razões Aditivas de fls. 654/670. 31. Todavia, a autoridade fiscal fez surgir novas pequenas discrepâncias. As 195 compensações processadas por meio dos DAC de fls. 729/794 passaram a constituir, dentro do processo, mais uma relação de débitos, cuja soma alcança o valor de R$ 4.992.132,30, valor esse que volta a divergir da soma dos débitos compensados nas DCOMP. 32. Há uma diferença de R$ 507,89. 33. Constatouse que essa diferença foi provocada por dois fatores, expostos a seguir. 34. Em primeiro lugar, houve engano da autoridade fiscal em proceder à "compensação 044 de 195", no DAC de fl. 743, do débito de R$ 534,89, referente ao código 5987, como se explica a seguir. 34.1. Verificase, pela DCOMP 31078.85291.180204.1.3.025149 (f. 115/117), que nela foi declarado um "débito global" no valor de R$ 2.487,24, referente a "retenção de contribuições sobre pagamentos de Fl. 960DF CARF MF 6 pessoa jurídica a pessoa jurídica de direito privado CSLL, COFINS e PIS/PASEP", sob o código "59520". 34.2. Houve um engano de codificação, porque esse "débito", segundo observação explícita na própria DCOMP, engloba três tipos de contribuições distintas, as quais deveriam ter sido declaradas sob os códigos específicos de 5987 (CSLL), 5960 (COFINS) e 5979 (PIS), nos valores de R$ 534,89, R$ 1.604,67 e R$ 347,68. 34.3. A empresa tentou corrigir o engano, apresentando em 27.04.2004 a DCOMP retificadora 14609.23624.270404.1.7.021508 (f. 118/121) e, em 07.05.2004, a DCOMP retificadora 28073.36800.070504.1.7.024950 (f. 122/125), nas quais o "débito global" de R$ 2.487,24 foi devidamente apropriado aos códigos competentes, como se vê às fls. 120/121 e 124/125. 34.4. Todavia, a DIORT, ao examinar as três DCOMP, decidiu acolher a DCOMP original, fazendo o registro no PROFISC dos débitos consignados na fl. 117 (código 1708: R$ 802,34; código 3208: R$ 1.163,97; código 5952: R$ 2.487,24), como se vê pelos carimbos "PROFISC" apostos apenas na referida fl. 117. Foram, também, esses os débitos consignados, seja nos Relatórios do Profísc: o débito de R$ 802,34 à fl. 551, o débito de R$ 1.163,97 à fl. 560 e o débito de R$ 2.487,24 à fl. 562; seja nos Demonstrativos que integram a Carta de Cobrança: os três débitos à fl. 634. 34.5. Constatase, por essas razões, que a "compensação 044 de 195", feita no DAC de fl. 743, foi indevida. Cumpre ser cancelada, com o restabelecimento do crédito nela utilizado.: A SEGUNDA DIVERGÊNCIA: 35. Em segundo lugar, houve também engano da autoridade fiscal, quando, na "compensação 076 de 195", ao tratar os débitos da DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370 (fls. 248/251), atribuiu ao débito de código 3208 o valor de R$ 369,99, em vez do valor correto de R$ 396,99, como na DCOMP à fl. 250. 35.1. Haverá também que se corrigir esse segundo engano, utilizando se crédito adicional de R$ 27,00, na "compensação 076 de 195", que se refere ao débito de código 3208, no valor de R$ 396,99, declarado na DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370. 36. Finalmente, constatouse uma última discrepância que, embora não resulte em modificação do montante dos débitos compensados, precisa ser corrigida, para se resguardar a empresa de possíveis aborrecimentos futuros com cobrança indevida. 36.1. Tratase da indicação equivocada de código do tributo na "compensação 067 de 195". 36.2. Em relação à DCOMP 13766.84441.100504.1.7.020732 (fls. 236/238), retificadora da DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 (fl. 230/232), cujos débitos foram tratados nos itens 067 e 068 do DAC de fl. 751, observase que a autoridade fiscal compensou o débito de R$ 9.630,92 como se fosse débito do código 6912, como consta na DCOMP original. Ocorre que, no presente caso, houve o acolhimento da DCOMP retificadora, de tal sorte que o débito de R$ 9.630,92 referese ao código 8109, como consta à fl. 238. Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 959 7 36.3. Haverá que se corrigir, portanto, a "compensação 067" do DAC de fl. 751. Pois, o código do débito de R$ 9.630,92 é "8109", conforme consta no Registro do Profísc (à fl. 571), bem como no Demonstrativo da Carta de Cobrança (à fl. 634). Por fim, a TERCEIRA DIVERGÊNCIA relativa a data da valoração das compensações: 39.Nesse contexto, dãose por atendidas as questões levantadas nos itens 77/78 e 86, 'd', do Recurso Voluntário: os DAC de fls. 729/794 atendem à exigência do item V do art. 55 da IN 900/2008, que tem lastro no art. 74, § 7o, da Lei 9.430/96. 40.Ora, se o trabalho fiscal foi, assim, bem realizado, como se explicaria a existência da insuficiência de crédito, no valor de R$ 135.979,72? 41.Essa falta de crédito explicase, basicamente, pela forma como a autoridade fiscal tratou os débitos da DCOMP 16039.84029.170305.1.3.020804 (f. 12/15). 41.1.Essa DCOMP foi transmitida com o objetivo de substituir a compensação que se fizera, em 13.08.2003, por meio de Declaração Manual formalizada no Processo 10166.009005/200310, conforme esclarecimentos prestados nos itens 03/05 e 08 do Recurso Voluntário (à fl. 689). 41.2.Encontramse, às fls. 143/148 do Processo 10166.005511/200330 ("disponível para consulta no eprocesso fl. 802", conforme item 5 do Relatório da Diligência), os elementos essenciais que constituem a compensação feita mediante formulário de preenchimento manual, protocolada em 13.08.2003. Por meio desses elementos é possível constatar que os débitos declarados na compensação manual são exatamente os mesmos que constam da DCOMP eletrônica de fls. 12/15, os quais foram tratados nas compensações de n° 190 a 195 dos DAC de fls. 792/792. 41.3.Por essas compensações (190 a 195 dos DAC), observase que a autoridade fiscal fez incidir sobre os débitos compensados na DCOMP de fls. 12/15 os encargos de multa e juros, considerando como data de liquidação dos débitos a data de "17.03.2005", data em que foi transmitida a DCOMP, e não a data de 13.08.2003, quando foi protocolada a compensação manual, conforme protocolo de abertura do Processo 10166.009005/200310, constante da fl. 143 do Processo 10166.005511/200330. 41.4.Com isso, houve incidência de multas e juros de mora, que não constam da DCOMP 16039.84029.170305.1.3.020804 (f. 12/15), provocando um consumo maior de crédito, conforme se vê pela comparação dos dois quadros apresentados a seguir: 41.5. A recorrente pleiteia que os encargos sejam calculados tendo como termo final da liquidação a data de 13.08.2003, situação que resultará em redução das multas e juros de mora, especialmente em relação às compensações 192 e 195. Fl. 962DF CARF MF 8 (...) Ainda no mesmo contexto dessa TERCEIRA DIVERGÊNCIA, questiona a forma de cálculo de três outras Dcomp: 42. Ademais, houve, ainda discrepâncias na forma de cálculo de encargos legais em relação a três DCOMP, como se explana a seguir. (...) 42.1. Em relação à DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834 (f. 24/27), retificadora Oda DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 (f. 16/19), cujos débitos foram tratados nas compensações 001, 004, 005 e 006, realizadas nos DAC de fls. 729/730, embora esses débitos tenham sido compensados em data posterior às datas dos respectivos vencimentos, deixaram de ser computados os juros e as multas. 42.1.1.Mas, a autoridade fiscal não deixou de computar esses encargos, tomando, como base para aferir a pontualidade da liquidação, a data da DCOMP original, ou seja, 31.10.2003. 42.1.2.Assim sendo, a autoridade fiscal consumiu parcela do crédito disponível maior do que a parcela consumida pela empresa, como se vê pela comparação dos dois quadros a seguir: Como foi colocado na primeira Resolução, devese levar em consideração que os referidos pedidos foram feitos parte na sistemática de compensação manual e parte através da nova Sistemática (PER/Dcomp) o que é razoável se levar em conta a ocorrência de acontecer certos equívocos. Diante desse contexto, converto o feito novamente em diligência: Para que a fiscalização corrija as duas primeiras divergências, considerando a existência das Dcomps retificadoras, bem assim justifique o motivo pelo qual a forma de valoração adotada por ela discrepa da forma pretendida pela Recorrente e pontuada na Terceira divergência. Havendo equívoco, fazer as devidas correções. Intimar, se for o caso, o contribuinte a apresentar novas informações, esclarecimentos e retificações que entender pertinentes à solução da lide; Prosseguir na validação do saldo negativo desse crédito apurando a sua liquidez e certeza, após retificado os equívocos; Após as verificações acima, certificar se ainda resta algum débito remanescente a ser coberto, refazendo todas as imputações utilizando o Sistema pertinente da Receita Federal do Brasil; A autoridade fiscal deverá elaborar relatório conclusivo das verificações efetuadas nos itens anteriores sobre os pontos 34.5, 35.1, 36.3 e 41.5 da manifestação de inconformidade da Recorrente contra o resultado de diligência. Ao final entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar a este CARF para prosseguimento do julgamento. Fl. 963DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 960 9 O resultado da diligência consta da Informação Fiscal 0746/2016/DIORT/DRF/BSB de fls. 886949, a qual observou, em síntese: quanto à primeira divergência, tratase da PER/DCOMP 31078.85291.180204.1.3.02 5149, que foi retificada pela PER/DCOMP 28073.36800.070504.1.7.024950, sendo que, em consulta ao sistema SIEF/PERDCOMP verificase que a retificação foi admitida pelo sistema. em relação à segunda divergência, nesta são apontados dois pontos: (i) de fato houve engano da autoridade fiscal quando, na "compensação 076 de 195", ao tratar os débitos da DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370 atribuindo ao débito de código 3208 o valor de R$ 369,99, uma vez do valor correto seria de R$ 396,99. Assim, a correção do valor para R$ 396,99 foi devidamente realizada conforme se verifica na “compensação 077 de 196”. (ii) adicionalmente, a contribuinte aponta divergência na “compensação 067 de 195”, alegando que houve a retificação da PER/DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 pela PER/DCOMP13766.84441.100504.1.7.020732, de modo que o débito de código 6912, no valor de R$ 9.630,92, teria sofrido retificação de código para o 8109. Contudo, a retificação pretendida não fora acatada pelo sistema SIEF/PER DCOMP, haja vista que com a alteração do código do débito, em verdade, o que se buscou fazer foi compensar um débito diferente do contido na Dcomp original, fato este não permitido pela legislação de regência. (eprocesso 10166.002902/200564 – fl.629). Destarte, não admitida a retificação, permaneceu como vigente o débito contido na Dcomp original. “Compensação 068 de 196”, antiga “compensação 067 de 195”. sobre a terceira divergência, apenas reproduz as palavras do contribuinte para a apreciação deste CARF, visto ser de sua alçada apreciar e decidir sobre tais argumentos. Adicionalmente, observa que o Contribuinte alegou discrepância de valor no cálculo em função da retificação da PER/DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 pela PER/DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834. Contudo, a PER/DCOMP retificadora não fora admitida, em função de inclusão de novo débito. A PER/DCOMP retificadora que fora admitida foi a de nº 35196.90327.260404.1.7.020105. Em que pese a retificação, a data utilizada para compensação dos débitos fora a data da Dcomp original, 31/10/2003. Contudo, os débitos referentes às compensações de nº 001, 004, 005 e 006 de 196 possuem data de vencimento anterior a 31/10/2003, fato que faz com que haja a incidência de multa e juros. Por fim, a Informação Fiscal justifica a dúvida suscitada na Resolução quanto aos motivos pelos quais a forma de valoração adotada pela fiscalização discrepa da forma pretendida pela Recorrente, observando que, como os débitos foram valorados até a data de transmissão da PER/DCOMP, houve a incidência de multa e juros decorrentes do atraso no pagamento. Contudo, este fato não fora calculado pelo contribuinte, que ainda recorre quanto a este ponto. Anexa então novo Demonstrativo Analítico de Compensação – DAC com as alterações detalhadas na Informação Fiscal. A contribuinte foi intimada do resultado desta segunda diligência em 25 de junho de 2016 (fl. 951952), não tendo apresentado manifestação. Fl. 964DF CARF MF 10 É o relatório. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Conforme relatado, na fase atual o presente julgamento já foi por duas vezes convertido em diligência, tendo tanto o contribuinte quanto o Fisco acatado parte dos resultados apurados e refutado alguns deles. Assim, além dos argumentos constantes do recurso voluntário, estão em julgamento também o quanto determinado pelas diligências efetuadas. Passo a tratálos nesta ordem. Preliminarmente, sustenta a Recorrente a nulidade do despacho decisório sob dois argumentos. Em primeiro lugar, defende que há vícios na delegação de competência, eis que o Despacho Decisório foi proferido pelo Chefe da DIORT, quando a competência para proferir essa decisão seria do Delegado da Receita Federal, de acordo com o art. 47 da Instrução Normativa n° 600/2005, salvo na hipótese de delegação, pelo Superintendente da Receita Federal, segundo o §6° do mesmo art. 47. Nessa toada, aponta que a Portaria DRF/BSB n° 62, de 26/03/2003, foi expedida pela "Delegada da Receita Federal em Brasília/DF", e não pelo "Superintendente da Receita Federal", como determina o § 6o do art. 47 da IN SRF 600/2005. Ademais, observa que no Despacho Decisório a autoridade fiscal não menciona que estaria assinando o documento com base em delegação de competência, de maneira que o ato administrativo não traz a necessária "motivação". A Informação Fiscal de fls 846847 (resultado da diligência realizada em resposta à Resolução 1401000.072) refutou tal argumento de maneira clara, conforme passo a reproduzir: Fl. 965DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 961 11 Desse modo, adotando os fundamentos supra referidos, não há que se considerar nulo o despacho decisório por vício na delegação de competência. A Recorrente também ataca o despacho decisório sob o argumento de que teria havido cerceamento do direito de defesa pela sonegação de informações. Isso porque o resultado da soma dos débitos listados na Carta de Cobrança (R$ 4.431.820,53. fls. 626/632) é diferente do da soma dos débitos listados no "Anexo 01" citado na alínea IV do último parágrafo do Despacho Decisório (RS 4.983.117,26 fl. 624). Buscando investigar tal diferença, e considerando que não lhe foi remetida cópia do "Anexo 01" ou da "Tabela em anexo", mas somente cópia da "Carta de Cobrança", a Recorrente observa que providenciou cópia dos autos, após o que constatou que a Carta de Fl. 966DF CARF MF 12 Cobrança não reproduz todas as informações constantes da 'Tabela em anexo", as quais seriam indispensáveis à sua boa defesa. Dessa forma, aponta que, ao preparar sua manifestação de inconformidade, a Recorrente não tinha ciência de que algumas DCOMP retificadoras tinham sido recusadas e, por decorrência, não tinha ciência dos motivos da recusa, que lhe cabia contestar. Observo que o contexto narrado nos autos aponte que provavelmente a dúvida apontada pela Recorrente tenha surgido não à época da elaboração de sua defesa, mas com a investigação mais acurada procedida pela Recorrente muito tempo após apresentar a manifestação de inconformidade. De fato, se, ao elaborar a manifestação de inconformidade, a Recorrente realmente tivesse tido tamanha dúvida quanto aos valores não homologados, era de se esperar que ela tivesse requerido cópia dos autos dentro dos 30 dias que teve para o preparo de tal peça ou, pelo menos, logo em seguida ao seu protocolo. Todavia, conforme relatado, a Recorrente apenas veio a solicitar as cópias mais de 2 meses após a apresentação da manifestação de inconformidade, tendo apresentado as razões aditivas quase 5 meses após a obtenção das cópias. De qualquer forma, fato é que a discrepância de valores e o fato de não lhe ter sido fornecido documento referido no Despacho Decisório pode sim ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual competia à contribuinte se manifestar. O artigo 59, inciso II, do Decreto 70.235/1979 é claro em afirmar que são nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. Não obstante, o § 3º deste mesmo artigo 59 prevê que quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Diante disso, e considerando a apresentação das Razões Aditivas, supero tal nulidade para, no mérito, reconhecer que assiste razão à Recorrente. No mérito, a Recorrente primeiramente sustenta que não houve recusa de retificação das DCOMPs e explica que a empresa, supondo que os termos ("... e, se for o caso") do penúltimo parágrafo da Intimação 271/2007 estivessem abrindo a possibilidade de se apresentar ao Fisco alguma ponderação quanto à conveniência ou não de se refazer todo o trabalho, argumentou pela conveniência de não refazer as DCOMP, em um total de 499 folhas, ponderando pela hipótese de se fazerem, internamente, no âmbito da Receita Federal, os ajustes contábeis que pudessem comportar as compensações feitas. Este CARF, por meio das Resoluções já emitidas no presente processo, acatou a justificativa acima quanto ao erro no preenchimento da DIPJ quando determinou, primeiramente a transmutação da situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36 inicialmente na natureza de IRPJ para CSLL e, posteriormente, a investigação das divergências em tal imputação de créditos. Assim ponderou a Resolução 1401000.079: "A recorrente se por um lado cometera erros formais que poderiam comprometer a operacionalidade do sistema, por outro deixou inequívoco que sua intenção era mesma aproveitar também o saldo negativo da CSLL do anocalendário de 2002. Em nome do princípio da verdade material e da fungibilidade, devese permitir a retificação da Dcomp quando é patente o erro material no seu preenchimento, o que ficou configurado no caso concreto, sendo isso inconteste. Por outro lado, devese levar em consideração que os referidos pedidos foram feitos parte na sistemática de compensação manual e parte através da nova Fl. 967DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 962 13 Sistemática (PER/Dcomp) o que é razoável se levar em conta a razoabilidade de acontecer certos equívocos. Outrossim, retrata a Recorrente em seu Recurso a existência de um outro processo de compensação (manual 10166.005511/200330) que se refere também à apuração de saldo da CSLL e IRPJ de 2002, o que torna mais incoerente ainda não se reconhecer o pedido conjunto de IRPJ e CSLL nestes autos: 17. Enquanto aguardava a decisão sobre a Manifestação de Inconformidade interposta em 02.04.2008, a empresa veio a ser notificada, em 14.05.2008, do Despacho Decisório proferido no Processo 10166.005511/200330, que culmina no efetivo reconhecimento do direito creditório referente ao "saldo negativo da CSLL", como se depreende do item 16. combinado com os itens 8 a 15, todos do Despacho Decisório proferido às fls. 175/180 do referido Processo 10166.005511/200330, conforme se vê pela cópia que se junta ao presente Recurso Voluntário, como Documento n° 01. 18. Pelo teor do Despacho proferido no Processo 10166.005511/200330, a empresa tomou conhecimento de que, nele, foram realizados exames fiscais sobre matéria comum aos dois processos, sem que os resultados apurados tenham sido referidos no processo em referência (de n° 10166.002902/200564). Assim, pelo fato de que tais exames fiscais levaram ao reconhecimento da correção e da procedência do saldo negativo da CSLL, no âmbito do Processo 10166.005511/200330, a empresa requereu cópia deste processo para examinar o assunto." De fato, é questão de razoabilidade ponderar que, se por um lado o contribuinte operou em equívoco, este era justificado considerando o contexto da apresentação das declarações de compensação ora em análise conforme explicou a Recorrente na peça de fls. 600608: 1 Na DIPJ 2003/2002 apurouse saldo negativo,, passível de compensação, no valor global de R$ 5.053.723,99. Naquela ocasião, o pedido de compensação era manual, conforme mostram documentos anexos. Bastava a discriminação dos créditos, sem a necessidade de segregar os códigos e respectivos valores. Assim, o pedido de compensação referente ao. saldo negativo de R$ 5.053.723,99 foi recebido pela SRF em 13/08/03 através do processo 10166.009005/200310. 1.1 Neste processo houve encaminhamento de Declaração de compensação, na forma do § 10 do artigo 21 da IN SRF 210/2002. 1.2 Na Declaração de Compensação, entregue em 13/08/2003, a empresa listou os créditos de pagamentos de tributos, com os respectivos códigos especificados, no montante de R$ 5.053.723,99, créditos esses que resultaram em saldos negativos de IRPJ e de CSLL, apurados na DIPJ de 2003/2002. 1.3 Pela IN 210/2002, NÃO ERA NECESSÁRIO FAZER DECLARAÇÕES DISTINTAS PARA IRPJ e CSLL." Fl. 968DF CARF MF 14 Assim, conforme já apontaram as resoluções proferidas no âmbito do presente processo, é de se admitir a alteração da situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36 da natureza de IRPJ para CSLL. A questão das divergências em tal imputação de créditos será tratada em item próprio a seguir. Quanto aos recolhimentos efetuados com o código do FINAM, entendo que também assiste razão à Recorrente, devendo a parcela de R$ 343.626,37 integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido. A recusa de tal valor ocorreu como resultado da Auditoria de Revisão de Declaração do IRPJ anocalendário de 2002, exercício de 2003 de fl. 611, de seguinte teor (grifos nossos): Trata a presente auditoria de Revisão de Declaração Imposto de Renda Pessoa Jurídica, anocalendário de 2002, exercício de 2003, objetivando apurar o valor do imposto de renda pessoa jurídica recolhido a menor em decorrência de excesso na destinação feita ao FOR, FINAM e/ou FUNRES, Conforme § 7° do art. 601, Decreto n° 3.000/1999 (RIR); e §§ IN 6° e 7° do art. 4°, Lei n° 9.53211997. O contribuinte em questão recolheu DARF com código específico para o FINAM, no anocalendário de 2002, conforme cópias em anexo (código 6692). A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), com base no(s) DARF recolhido(s) com código(s) específico(s) para o FINAM, e/ou com base na opção efetuada na DIPJ 2002 Ficha 29, apurou o Incentivo Fiscal a que o contribuinte teria direito, de acordo com as cópias das telas do sistema IRPJCONS. A RFB emitiu Extrato com as informações a respeito das aplicações efetuadas pela pessoa jurídica, não tendo havido manifestação por parte do interessado no prazo legal, que para o anocalendário de 2002 foi até 30.06.2006 (ADE/CORAT/67/2005). Como o processamento apurou pendência fiscal, o incentivo pleiteado não foi reconhecido, com base no art. 60 da Lei 9.069/95. Elaborouse Demonstrativo de Apuração Excesso de Aplicação em Incentivos Fiscais "(FINAMFENORFUNRES) em Detrimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — ano calendário 2002 (com base na DIPJ 2003 ND 1132428), que se encontra de acordo com o preconizado na NE Codac n° 07, de 05 de novembro de 2007, tendo sido apurado crédito tributário de imposto no valor de R$ 343.626,37 a ser .constituído pelo setor competente da RFB, conforme Solução de Consulta Interna n° 26, de 20 de setembro de 2004, da Coordenação Geral de Tributação. Conforme grifamos acima, por meio de tal procedimento a Receita Federal reconheceu que a Recorrente não fazia jus ao FINAM e apontou que o crédito tributário de R$343.626,37 deveria ser constituído. Tal circunstância impede a cobrança do crédito tributário em questão, por duas razões. Fl. 969DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 963 15 A uma porque, ao declarar que a empresa não fazia jus ao incentivo fiscal, a Receita Federal reconheceu que o valor recolhido sob o código 6692 (FINAM) o foi equivocadamente. De fato, conforme sustentou a Recorrente, os recursos recolhidos no ano de 2002 com códigos dos Fundos de Investimentos Regionais pelas empresas que não dispunham de "projetos próprios", como é o seu caso, não poderiam mais ser destinados ao FINAM e destinaramse, então, ao orçamento da união, o que justifica que os valores recolhidos, por engano, com o código do FINAM tenham sido computados no "saldo negativo do IRPJ" na DIPJ/2003. Aplicase, ao caso, o disposto no terceiro parágrafo do item 3 do Anexo à Norma de Execução 7/2007 (fl. 617), cujo teor é o seguinte: "Para as empresas não enquadradas no art. 9° da Lei 8.167/91, a MP 2.145, de 2 de maio de 2001, extinguiu o direito de aplicação do imposto de renda em incentivos regionais. Por essa razão, os DARF específicos recolhidos por essas empresas após 02/05/01 foram desconsiderados como opção por incentivos fiscais e, nesta auditoria, não serão computados como valores destinados aos Fundos." Além disso, não consta dos autos registro de qualquer lançamento do valor apurado como devido no procedimento de auditoria da DIPJ/2003. Ora, não basta a mera revisão da declaração de ajuste anual, deve necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. Assim, também dou provimento ao recurso nesse ponto, devendo a parcela de R$ 343.626,37 integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido a título de IRPJ. Divergências apuradas nas diligências Quanto à primeira divergência e ao primeiro ponto da segunda divergência, a Informação Fiscal 0746/2016/DIORT/DRF/BSB de fls. 886949 acatou as observações efetuadas pelo contribuinte, determinando as devidas retificações no sistema. Nada a se alterar. Sobre o segundo ponto da segunda divergência, referente à “compensação 067 de 195”, a Informação Fiscal apontou que houve a retificação da PER/DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 pela PER/DCOMP13766.84441.100504.1.7.020732, de modo que o débito de código 6912, no valor de R$ 9.630,92, teria sofrido retificação de código para o 8109. Contudo, observa que tal retificação não fora acatada pelo sistema porque, com a alteração do código do débito, em verdade o que se buscou fazer foi compensar um débito diferente do contido na Dcomp original, fato este não permitido pela legislação de regência. (e processo 10166.002902/200564 – fl.629). Assim, não admitida a retificação, permaneceu como vigente o débito contido na Dcomp original. “Compensação 068 de 196”, antiga “compensação 067 de 195”. Ocorre que, como sustentou a Recorrente (item 35 das Razões Aditivas), não houve a inclusão de débitos novos mas apenas retificação de códigos de débitos declarados anteriormente. Isso fica claro ao se verificar que a soma dos débitos declarados nas DCOMP retificadoras confere exatamente com a soma dos débitos declarados nas DCOMP originais que foram retificadas. Fl. 970DF CARF MF 16 É importante que se estabeleça a diferença: uma coisa é a inclusão de débitos novos (valores adicionais), outra muito diferente é a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendose os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal. Com isso querse dizer que a questão dos presentes autos é muito peculiar e comporta um tratamento específico, não aplicável a todo e qualquer caso de alteração de código de recolhimento. De fato, no caso, além de o erro de preenchimento estar claro, a forma como se pretendeu corrigilo equivocada, no entender da Receita Federal não estava clara e foi justificada pelas alterações procedimentais perpetradas pelo próprio órgão. Assim, neste ponto, também assiste razão à Recorrente. Com relação à terceira divergência, esta se refere ao valor no cálculo em função da retificação da PER/DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 pela PER/DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834, a qual não fora admitida em função de suposta inclusão de novo débito. A Informação Fiscal observa que a PER/DCOMP retificadora que fora admitida foi a de nº 35196.90327.260404.1.7.020105 mas, em que pese a retificação, a data utilizada para compensação dos débitos foi a data da Dcomp original, 31/10/2003 e, como os débitos referentes às compensações de nº 001, 004, 005 e 006 de 196 possuem data de vencimento anterior a 31/10/2003 houve incidência de multa e juros. Pelos mesmos argumentos acima reconhecimento de erro claro quanto ao código de preenchimento e não de inclusão de novo débito devese admitir a retificação tal como procedida pela Recorrente. Diante do exposto, voto por superar a nulidade apontada para, no mérito dar integral provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a procedência das alegações da Recorrente também quanto às divergências apuradas na diligência. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 971DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.900606/2011-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.605
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Relatório Tratase de Recurso interposto em relação ao Acórdão nº 0350.450, de 31 de janeiro de 2013, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF (fls. 158 a 165), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. O presente processo cuida da Declaração de Compensação (DCOMP) nº 25958.28851.311007.1.3.047674 (fls. 22 a 27), por meio da qual a contribuinte compensou débito de sua responsabilidade referente ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), relativa ao 3º trimestre de 2007, no valor de R$ 251,04, com crédito decorrente de suposto RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 46 .9 00 60 6/ 20 11 -4 8 Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10746.900606/201148 Resolução nº 1302000.605 S1C3T2 Fl. 320 2 pagamento indevido ou a maior relativo a título de Contribuição social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O crédito em questão, no valor de R$ 205,20, originarseia de pagamento efetuado em 31/01/2006, no montante de R$ 2.859,82; e não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 13, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Cientificado, o sujeito passivo apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 2 a 12, na qual sustentou que, por equívoco, na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), relativa ao anocalendário de 2005, e na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), referente ao quarto trimestre do citado ano calendário, informou débito a título de CSLL, regime de apuração baseado no Lucro Presumido, calculado a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta. Contudo, em decorrência da sua atividade, estaria sujeito à CSLL, sobre o Lucro Presumido, calculada com base na aplicação da alíquota de 12% sobre a sua receita bruta. Invocou o princípio da verdade material e apresentou elementos que, no seu entender, comprovariam o erro de fato e o indébito em questão (DIPJ retificadora, cópias parciais dos livros Diário, Razão e Registro de notas fiscais de serviços prestados, bem como cópias das notas fiscais do período). Relatou, ainda, haver procedido à retificação da DIPJ referente ao ano calendário de 2005, e apresentou diversas decisões de Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento que respaldariam o crédito pleiteado. Em dezembro de 2012, o sujeito passivo apresentou o documento de fls. 156 e 157, intitulado "Resumo do Manifesto de Inconformidade P.J.", no qual, além de reiterar os termos da sua Manifestação Inconformidade, esclarece que deixou de retificar a DCTF do 4º trimestre de 2005, uma vez que, no momento em que constatou a necessidade de tal retificação, já se teria operado a decadência do seu direito de alterar o referido documento. A decisão de primeira instância (fls. 158 a 165) considerou que a Recorrente não havia apresentado documentação suficiente capaz de "demonstrar a natureza das atividades a que se referiram os rendimentos declarados e que poderia esclarecer qual(is) o(s) correto(s) percentual(is) aplicável(is), se de 12%, tal como pretendido, se de 32%, ou mesmo de percentuais diversificados, conforme § 2º do artigo 15 da Lei nº 9.249/95", de modo que o alegado indébito não se revestiria da liquidez e certeza necessárias ao reconhecimento do direito creditório, nos termos do art. 170 do CTN. Registrou, ainda, que as decisões administrativas colecionadas pela pessoa jurídica não possuíam caráter de normas complementares, nem efeitos vinculantes. Deste modo, não reconheceu o direito creditório do sujeito passivo. Após a ciência, comprovada às fls. 166/167, foi interposto o Recurso de fls. 169 a 180, por meio do qual a Recorrente, após reiterar as razões contidas na Manifestação de Inconformidade, sustenta que tem como cliente contratante, na maioria dos serviços prestados, o Poder Público, sendo a prática e costume os contratos de obras públicas serem formalizados sob a sistemática da empreitada global. Fl. 320DF CARF MF Processo nº 10746.900606/201148 Resolução nº 1302000.605 S1C3T2 Fl. 321 3 Aduz que os documentos já apresentados, em especial as notas fiscais de serviço, são elementos hábeis a demonstrar se tratar de serviços prestados com fornecimento de material. Invoca a aplicação do princípio in dúbio pro contribuinte (calcado no art. 112, inciso II, do CTN) ou, ainda, a realização de diligência para juntada aos autos dos contratos de prestação de serviço. Contudo, com base no art. 16, §4º, alínea c, do Decreto nº 70.235, de 1972, combinado com o §5º do referido dispositivo, já traz aos autos os mencionados contratos de prestação de serviço, que comprovariam o direito pleiteado. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator Como já relatado, tratase de Declaração de Compensação (DComp) referente a pagamento efetuado, em 31/01/2006, a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 4ª trimestre do anocalendário de 2005. O crédito compensado decorreria do fato de a Recorrente haver confessado na DCTF e recolhido a CSLL, apurada sob o regime de apuração baseado no Lucro Presumido, a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta, quando, em decorrência da receita se referir à atividade de construção civil com fornecimento de material, o percentual aplicável para a determinação do Lucro Presumido ser o de 12%, conforme art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995. O direito creditório invocado não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 13, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Por outro lado, a Manifestação de Inconformidade do sujeito passivo foi julgada improcedente por se considerar que os elementos juntados aos autos não são suficientes para comprovar que os serviços prestados pela Recorrente incluem o fornecimento de todo o material necessário à sua realização. Nos termos do art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995, a base de cálculo da CSLL devida pelas pessoas jurídicas que apuram o IRPJ com base no Lucro Presumido, corresponderá a doze por cento da receita bruta, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15 daquele diploma legal, dentre as quais se inclui a prestação de serviços em geral, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. O citado art. 15 foi interpretado pelo Ato Declaratório Normativo Cosit nº 6, de 1997, que esclareceu que, para a determinação da base de cálculo do IRPJ mensal, a construção por empreitada com emprego de qualquer quantidade de materiais se sujeitaria ao percentual de 8% (oito por cento), enquanto incidiria o percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita das atividades de construção por empreitada unicamente de mãodeobra. Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10746.900606/201148 Resolução nº 1302000.605 S1C3T2 Fl. 322 4 A Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997, tratava do assunto, nos mesmos moldes do ADN mencionado. Aquele entendimento vigorou até a edição da Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de 2004, que definiu como "construção por empreitada com emprego de materiais, a contratação por empreitada de construção civil, na modalidade total, fornecendo o empreiteiro todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra". (Destacouse) No caso sob exame, tratandose do anocalendário de 2005, aplicase, portanto, o entendimento que exige o fornecimento de todos os materiais, para a aplicação do percentual favorecido na determinação da base de cálculo da CSLL. A questão que se põe, portanto, é saber se as provas documentais apresentadas pelo sujeito passivo são (ou não) suficientes para comprovar que as receitas tributadas no trimestre em questão se referem a serviços de construção civil prestados com o fornecimento de material. Ocorre que, previamente à apreciação do Recurso, fazse necessário esclarecimento. É que, dentre os contratos apensados ao Recurso, constatase a existência de instrumento firmado com a Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178 (fls. 299/306). Do mesmo modo, vêse que notas fiscais (fl. 298 e 307) são emitidas pela Recorrente, em relação ao contrato firmado com a Construtora Monte do Carmo Ltda, e que os valores das referidas receitas estão contabilizadas nos Livros contábeis e fiscais juntados pela Recorrente, e foram considerados na apuração da CSLL devida no período em questão. Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/PalmasTO), para que: a) intime o sujeito passivo a esclarecer a existência de notas fiscais e contrato referente à Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178, na base de cálculo utilizada para a determinação da CSLL relativa ao 4º trimestre do anocalendário de 2005 e do indébito de que trata o presente processo; b) informe os valores efetivamente recolhidos pela Recorrente, a título de CSLL, em relação ao referido período de apuração, detalhando a eventual utilização/disponibilidade dos pagamentos efetuados; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, bem como se manifestando em relação aos esclarecimentos prestados pelo sujeito passo, que deve ser cientificado do resultado, com a concessão de prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado. (assinado digitalmente) Fl. 322DF CARF MF Processo nº 10746.900606/201148 Resolução nº 1302000.605 S1C3T2 Fl. 323 5 Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 323DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11444.000952/2009-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2007 a 31/07/2008
AUTO DE INFRAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXCLUSÃO DO SIMPLES. INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos do art. 3º, IV, do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processos que versem sobre aplicação da legislação relativa a Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, são da competência da Segunda Seção e, não, desta Primeira.
Numero da decisão: 1301-003.018
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência à Segunda Seção de Julgamento.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2007 a 31/07/2008 AUTO DE INFRAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXCLUSÃO DO SIMPLES. INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 3º, IV, do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processos que versem sobre aplicação da legislação relativa a Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, são da competência da Segunda Seção e, não, desta Primeira.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência à Segunda Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
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EXCLUSÃO DO SIMPLES. INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 3º, IV, do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processos que versem sobre aplicação da legislação relativa a Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, são da competência da Segunda Seção e, não, desta Primeira. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência à Segunda Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 44 4. 00 09 52 /2 00 9- 77 Fl. 77DF CARF MF Processo nº 11444.000952/200977 Acórdão n.º 1301003.018 S1C3T1 Fl. 78 2 Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão nº 1431.113, proferido pela 6ª Turma da DRJ/RPO, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada, com a manutenção do crédito tributário constituído. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Tratase de Auto de Infração de obrigação principal AI/DEBCAD n° 37.203.9154 que constitui contribuições devidas às outras entidades ou fundos, ditas 'terceiros' (Salário Educação, INCRA, SESC e SEBRAE) incidentes sobre o total das remuneração pagas, devidas ou creditada aos segurados empregados apuradas pelo exame das folhas de pagamento e das declarações feitas pela empresa em GFIP's Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. A autuação foi lavrada em face do contribuinte acima identificado em decorrência de sua exclusão do regime de tributação conhecido como SIMPLES através do Ato Declaratório Executivo n° 23 datado de 22/05/2009, com os efeitos da exclusão nele estabelecidos, pelo exercício de atividade vedada (ensino médio). O crédito tributário assim constituído importa em R$ 18.936,24 (Dezoito mil, novecentos e trinta e seis reais e vinte e quatro centavos), consolidado em 02/09/2009, composto pelo principal acrescido de juros e multa de mora. A empresa autuada interpôs impugnação ao lançamento fiscal fundada nos seguintes argumentos, em síntese: i) Da necessidade de julgamento do presente em apenso ao processo administrativo n° 11444.000438/200931 Informa que a empresa autuada era partícipe do regime tributário do SIMPLES NACIONAL à época dos fatos, razão pela qual não era obrigada ao pagamento das contribuições aqui vertidas, tendo sido excluída desse regime através do ADE DRF/MRA n° 23/2009, do qual recorreu apresentando suas razões cm Manifestação de Inconformidade que, caso acolhida, tornará insubsistente os créditos tributários constituídos, de maneira que postula pelo julgamento do presente em conjunto com os daqueles autos de exclusão de n° 11444.000438/200931, Fl. 78DF CARF MF Processo nº 11444.000952/200977 Acórdão n.º 1301003.018 S1C3T1 Fl. 79 3 reiterando os argumentos contrários à exclusão ali alinhavados e postulando pela a anulação do presente auto. ii) Da multa moratória Postula pela aplicação da multa moratória prevista no art. 61 da Lei 9.430/96, a qual deverá ser limitada ao percentual de 20% consoante seu parágrafo 2o . uma vez que a Lei n° 11.941/09, resultante da conversão da MP 449/08, alterou as disposições legais sobre a qual se fundamentou a aplicação, ao inovar a redação do art. 35 da Lei n° 8.212/91. em conformidade com o art. 106, II. ' c ' do CTN. Posta nestes argumentos requer o recebimento da defesa, o julgamento em apenso àquele em que se estabelece a exclusão das interessadas do SIMPLES com a decorrente desconstituição integral do auto de infração em tela ou para apreciação sobre a flagrante cobrança de valores em excesso a título de multa de mora. E o essencial. Na seqüência, foi proferido o Acórdão recorrido, julgando improcedente a impugnação apresentada, mantendo o crédito tributário exigido. Após intimada, a empresa autuada apresenta seu Recurso, pugnando pelo provimento, onde apresenta argumentos que serão posteriormente analisados. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator Antes de qualquer outra verificação do recurso interposto, um questão preliminar requer averiguação; I. DA INCOMPETÊNCIA DESTA 1ª SEJUL Analisando os autos, verifico que ao cabo de uma única auditoria, a autoridade encarregada formalizou seis processos administrativos. No caso dos autos, tratase de lançamento, onde é exigido crédito tributário de contribuições previdenciárias devidas às outras entidades ou fundos, ditas 'terceiros' (Salário Educação, INCRA, SESC e SEBRAE) incidentes sobre o total das remuneração pagas, devidas ou creditada aos segurados empregados apuradas pelo exame das folhas de pagamento e das declarações feitas pela empresa em GFIP's Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social, em decorrência da exclusão do regime simplificado denominado de SIMPLES. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 11444.000952/200977 Acórdão n.º 1301003.018 S1C3T1 Fl. 80 4 Assim, embora o presente processo seja decorrente do Ato da exclusão do Simples da recorrente, a exigência das contribuições previdenciárias baseiase em remunerações de seus empregados. Sobre a competência desta Seção de Julgamento, transcrevo o inciso IV, artigo 2º do Anexo II, com a redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016: Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: (...) IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (G.N) De acordo com tal norma, no que aqui nos interessa, apenas recursos que versem sobre aplicação da legislação relativa à Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta atrairiam a competência para esta Seção de Julgamento, e só se a exigência fosse formalizada com base nos mesmos elementos de provas de eventual lançamento de IRPJ/CSLL. No caso, não se trata de lançamento de Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta. Dispõe ainda o mesmo diploma no art. 3º, IV, que: Art. 3º À 2ª (segunda) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: (...) IV Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, definidas no art. 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007; (G.N) A distribuição de competência entre as três Seções de Julgamento do CARF consiste em repartição jurisdicional em razão funcional, para atender o interesse público. Como tal, não é passível de modificação, devendo eventual incompetência ser conhecida de ofício. Assim, tendo em vista que o presente caso trata de exigência de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações de seus empregados, resta claro que ele está fora do âmbito de competência de julgamento desta 1ª Seção, devendo ser remetido à 2ª Seção, que tem a efetiva competência para o julgamento. Conclusão Fl. 80DF CARF MF Processo nº 11444.000952/200977 Acórdão n.º 1301003.018 S1C3T1 Fl. 81 5 Diante do exposto, voto por declinar da competência para julgamento do recurso em favor da Segunda Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 81DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.720826/2016-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
EXTRATOS BANCÁRIOS. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO.
Incabível alegação de quebra de sigilo bancário quando as informações foram requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei e a constituição do crédito tributário não se baseou em tais documentos.
INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO.
Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente.
MULTA QUALIFICADA. FRAUDE.
Mantém-se a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o intuito de fraude.
NULIDADE.
Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelos acusados e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
Aplica-se à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal, em face da estreita relação de causa e efeito.
Numero da decisão: 1402-002.786
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 EXTRATOS BANCÁRIOS. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Incabível alegação de quebra de sigilo bancário quando as informações foram requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei e a constituição do crédito tributário não se baseou em tais documentos. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantém-se a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o intuito de fraude. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelos acusados e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplica-se à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal, em face da estreita relação de causa e efeito.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 EXTRATOS BANCÁRIOS. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Incabível alegação de quebra de sigilo bancário quando as informações foram requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei e a constituição do crédito tributário não se baseou em tais documentos. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o intuito de fraude. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelos acusados e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplicase à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal, em face da estreita relação de causa e efeito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 08 26 /2 01 6- 79 Fl. 2128DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.129 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 2129DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.130 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelas pessoas físicas sujeitos passivos responsáveis solidários e representantes da empresa SD Climatização, que foi extinta/baixada por liquidação voluntária na Receita Federal em 23/03/2012, registro do distrato social na JUCESP e encerramento das atividades em 01/12/2011, face v. acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil do que decidiu por manter integralmente as exigências perpetradas nos Autos de Infração (anocalendário 2011), relativas a omissão de receita, constatadas por meio de cruzamento das contas bancárias, cruzamento do SPED com a DACON e GIA (a DIPJ do anocalendário de 2011 não foi apresentada) e com diligência/circularização feita com terceiros que venderam mercadorias para a empresa extinta. As pessoas físicas foram responsabilizadas solidariamente, devido à fiscalização ter entendido que ocorreu dissolução irregular da sociedade (artigo 207 do Decreto 3000/99 e artigos 1102 à 1109 do C.C.) pela falta de quitação das obrigações tributárias, pela falta de apresentação da declaração de rendimentos no encerramento da liquidação e pela falta dos livros e documentos contábeis e fiscais da empresa, bem como pela prática de atos com infração à legislação, caracterizados como sonegação, conforme relatado no termo de verificação fiscal anexo. Como os representantessujeitos passivos responsáveis da empresa SD Climatização não apresentaram a documentação fiscal e contábil solicitada pela Fiscalização e informaram que os documentos foram extraviados, a fiscalização se viu obrigada a arbitrar o lucro com base no valor das compras efetuadas pela SD Climatização nos termos do inciso III do artigo 530 e inciso V do artigo 535, ambos do RIR/99. O valor das compras foi encontrado por meio da diligência feita em terceiros que venderam as mercadorias a empresa SD Climatização, após terem sido constatadas registros de notas fiscais eletrônicas de compras de mercadorias no SPEDNFe, bem como elevada movimentação de valores nas contas bancárias da empresa extinta, inclusive posteriormente ao período em que alegou ter sido baixada na Receita Federal e JUCESP. Após a descrição no TVF de hipótese de sonegação fiscal por parte dos responsáveis solidários, também foi aplicada multa qualificada de 150%. De resto, como o relatório do v. acórdão a quo descreve muito bem os acontecimentos tratados nos autos, aproveito para adotálo como relatório. Consta no processo que o Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal de Fiscalização (TDPF)/Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) 0819600.2014.00561.4 foi emitido em nome do sujeito passivo responsável LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO, uma vez que o sujeito passivo contribuinte, a empresa S D CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, CNPJ 11.789.306/000195, foi extinta/baixada por liquidação voluntária na RECEITA FEDERAL DO BRASIL em 23/03/2012, bem como registrou distrato social na Junta Fl. 2130DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.131 4 Comercial do Estado de SP, sob número 096.393/129, datado em 01/12/2011, no qual consta a informação de que a sociedade encerrou suas atividades em 01/12/2011, cabendo ao sócio LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO, CPF 135.253.46816, a responsabilidade pela guarda dos livros e documentos da sociedade. De acordo com os documentos societários registrados na JUCESP, a administração da SD CLIMATIZAÇÃO era exercida, em conjunto ou separadamente, nos períodos sob fiscalização, pelos sócios administradores LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO e SIDNEY TUNDA JÚNIOR. A contribuinte apresentou à RFB a DIPJ DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES ECONÔMICOFISCAIS DA PESSOA JURÍDICA relativa ao anocalendário de 2010 pelo lucro presumido, não apresentou declaração relativa ao período 01/01/2011 a 31/12/2011 e entregou a DIPJ do anocalendário de 2012 (01/01/2012 a 23/03/2012) como inativa/extinta. Foi expedida intimação para a apresentação, dentre outros, dos seguintes documentos: A DIPJ 2012/2011 ou o respectivo Recibo de entrega; Escrituração contábil legalmente estabelecida para o ano calendário 2011 para a empresa S D CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, composta pelo livro DIÁRIO ou CAIXA, no qual deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária; Livro Registro de Inventário da citada empresa contendo os registros dos estoques existentes no período entre 01/01/2011 e 01/12/2011, data do encerramento de atividades da empresa; Cópias das notas fiscais de entrada e de saídas de mercadorias em 2011 emitidas pelos estabelecimentos CNPJ 11.789.306/000195 e 11.789.306/000276 da empresa S D CLIMATIZAÇÃO COM. E SERV. LTDA. O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL não apresentou a documentação solicitada, bem como não apresentou qualquer manifestação ou justificativa para a falta dentro do prazo estabelecido, motivo pelo qual a fiscalização efetuou consultas externas sobre as operações da SD CLIMATIZAÇÃO constantes dos sistemas do SPED NFE (SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL NOTA FISCAL ELETRÔNICA) e das GIA ICMS SP Guias de Informação e Apuração do ICMS apresentadas à FAZENDA ESTADUAL DE SP. Diante dos elementos obtidos nos sistemas do SPED NFE e das GIA ICMS SP, a fiscalização encaminhou nova intimação ao SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL, na qual reiterou as solicitações contidas na intimação anterior e solicitou a apresentação dos extratos de contas bancárias e de investimentos pela contribuinte no anocalendário de 2011. Solicitouse, também, a confirmação ou não da realização, do recebimento, do pagamento e da escrituração das compras efetuadas por meio das notas fiscais relacionadas no Anexo 1 do Termo de Intimação MPF 0819600.2014.00561.4/02, cujo valor totaliza R$ 46.017.276,62. Solicitou, ainda, esclarecimentos e comprovação a respeito da diferença de valores entre as receitas informadas pela contribuinte nas Dacon, Gia e aquelas apuradas por meio das Nfe constantes no Sped. O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e seu procurador VALTER ROBERTO DICONO JÚNIOR, CPF 176.628.45826, compareceram nesta repartição em 26/05/2014 e apresentaram carta declarando não Fl. 2131DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.132 5 possuir os documentos da SD CLIMATIZAÇÃO solicitados por esta fiscalização, por motivo de extravio, bem como declarando a impossibilidade de restaurar a escrituração contábil e fiscal da empresa. O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL foi intimado e apresentou, em 30/06/2014, sem carta de encaminhamento, os seguintes extratos bancários da empresa SD CLIMATIZAÇÃO: 1) Extrato do período 12/04/2011 a 31/12/2011 da Conta 073781 da Agência 5589 do Banco ITAÚ UNIBANCO; 2) Extrato do período 03/01/2011 a 31/01/2011 da Conta 6,0084958 da Agência 1347 do Banco Real; 3) Extrato do período 01/02/2011 a 31/12/2011 da Conta 130010254 da Agência 4347 do Banco Santander; 4) Extrato do período 03/01/2011 a 29/12/2011 da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do Banco Bradesco. Tendo constatado divergências entre os valores informados na Dimof pelas instituições financeiras e aqueles constantes dos extratos apresentados pela contribuinte, a fiscalização emitiu RMF para o Bradesco, Santander e Itaú Unibanco. O cotejamento entre os extratos apresentados pelo SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e os apresentados pelo BRADESCO revelou que a fiscalizada deixou de apresentar a esta fiscalização os extratos da Conta 1295101 das Agências 01112 e 33944 desse banco, através da qual foi realizada a maior parte das transações financeiras da SD CLIMATIZAÇÃO em 2011. Foi constatado que os extratos bancários das contas mantidas pela SD CLIMATIZAÇÃO nos bancos BRADESCO, SANTANDER e ITAU UNIBANCO, anexados ao processo 13896720.826/201679, apresentavam movimentação financeira compatível com as compras efetuadas em 2011. Tendo em vista confirmar a efetiva realização das operações de compra, a fiscalização efetuou diligências nas empresas fornecedoras da SD CLIMATIZAÇÃO. Em atendimento às intimações encaminhadas pela fiscalização, as empresas LG ELECTRONICS DO BRASIL, CLIMAZON INDUSTRIAL, SPRINGER CARRIER, ELGIN INDUSTRIAL DA AMAZÔNIA e ELGIN S A apresentaram cartas e documentos que atestam a efetiva realização e a quitação das vendas para a empresa SD CLIMATIZAÇÃO, confirmando assim os dados obtidos por esta fiscalização no sistema SPED NFE. Conforme já relatado anteriormente, o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL deixou de apresentar os livros e a documentação contábil e fiscal da SD CLIMATIZAÇÃO, tendo sido arbitrado o lucro com base no valor das compras efetuadas pela empresa (R$ 46.017.276,62) e com fundamento no art. 530, III, e art. 535, V do RIR/1999. Os sócios administradores da SD CLIMATIZAÇÃO à época de sua dissolução e liquidação, e à época dos fatos geradores das obrigações tributárias ora lançadas, as pessoas físicas LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO, CPF 135.253.46816, e SIDNEY TUNDA JÚNIOR, CPF 268.537.18852, foram responsabilizados de forma pessoal e solidária pelos créditos tributários ora lançados, pelos seguintes motivos: a) dissolução irregular da pessoa jurídica em decorrência da falta de quitação das obrigações tributárias da sociedade, da falta de apresentação da declaração de rendimentos no encerramento da liquidação e da falta de guarda dos livros e documentos contábeis e Fl. 2132DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.133 6 fiscais e b) prática de atos com infração à legislação, caracterizados como sonegação. Foram lavrados os seguintes autos de infração: [...] O enquadramento legal para o lançamento dos tributos encontrase descrito nos autos de infração. Notificados do lançamento, Luiz Barboza Santos Cardozo e Sidney Tunda Júnior apresentaram a impugnação de fls.1933 a 1960, na qual alegam: ● A empresa SD Climatização Comércio e Serviços Ltda., registrou seu distrato social junto à Jucesp em 01/02/2011, encerrou suas atividades em 01/12/2011 e entregou a DIPJ 2012 na qual informou a sua extinção. Apesar disso e sem qualquer motivação, o impugnante Luiz foi cientificado do Termo de Início de Fiscalização, tendo informado a extinção da pessoa jurídica e que não possuía os documentos solicitados pelo fisco. ● Nulidade do auto de infração. Ofensa aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. ● Ausente qualquer motivação para a instauração de qualquer procedimento fiscalizatório: tampouco foi apontada qualquer situação que demonstrasse indício/ fraude/ irregularidade para com a fiscalização, o que demonstra a ausência de qualquer motivação capaz de legitimar o MPF aqui discutido. ● Violação à intimidade e à vida privada. Quebra indevida de sigilo bancário. O procedimento fiscal instaurado contra a extinta empresa e o Impugnante afrontou as garantias constitucionais dispostas no art. 5º, incisos X e XII da CF/88, na medida em que determinou que ela apresentasse todos os seus extratos bancários, relativos ao período compreendido no anocalendário de 2011. E nem se alegue que as previsões constantes da Lei Complementar n° 105/2001, da Lei n° 5.172/66, ou seja, do Código Tributário Nacional, da Lei n° 9.311/96 e/ou do Decreto n° 3000/99, ou seja, do RIR/99, estariam a amparar o acesso não consentido pelo contribuinte às informações bancárias protegidas pelo sigilo consagrado na Constituição Federal, cujos extratos foram apresentados, única e exclusivamente, para não ensejar a interpretação de que se estaria a embaraçar a ação fiscal. A violação da garantia constitucional conta com o apoio de importante precedente do Supremo Tribunal Federal (STF). Ademais, não se pode cogitar aqui que o próprio Impugnante é quem teria fornecido os extratos e, portanto, não teria ocorrido a quebra. De fato, o Impugnante Luiz forneceu seus extratos bancários, mas apenas e tão somente para não caracterizar embaraço a fiscalização, em outras palavras, é de se dizer que o Impugnante foi coagido a apresentar esses Fl. 2133DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.134 7 documentos, o que viola de forma clara e evidente o artigo 5º, inciso XII, da CF/88, com o que não se pode conformar. ● Violação à legalidade, ao contraditório e à ampla defesa com relação ao sócio impugnante Sidney. Nulidade do Termo de Sujeição Passiva O sócio Sidney nunca foi intimado de qualquer procedimento fiscal, de qualquer termo de intimação fiscal, tampouco teve conhecimento sobre qualquer decisão e/ou diligência efetuada pela fiscalização. O fisco impediu o acesso ao impugnante Sidney às informações constantes do procedimento fiscal, o qual, aliás, encerra a real motivação da ação fiscal, postura essa que obstaculizou o pleno exercício da defesa. Somente com o encerramento da ação fiscal é que o impugnante Sidney foi intimado da autuação, como sujeito passivo, inclusive, com o arrolamento de seus bens! E mais, somente após a lavratura do crédito tributário é que o impugnante Sidney tomou conhecimento de que supostamente agiu com dolo e/ou fraude para com o Fisco Federal e, nesse contexto, responderá com seus bens pessoais pelo crédito tributário supostamente devido. Em nenhum momento foi apontado e comprovado o dolo e/ou fraude cometida pelos sócios impugnantes, de modo que Sidney nunca teve a oportunidade de se manifestar no decorrer do procedimento fiscal e, agora, foram surpreendidos com a responsabilidade solidária e o arrolamento de bens e direitos pessoais. Antes que fosse lavrado o Auto de Infração a fiscalização DEVERIA TER INTIMADO O SÓCIO IMPUGNANTE SIDNEY a respeito das solicitações (requisição de documentos), de toda sorte, assim não o fez, de modo que, nesse momento, esse sócio Impugnante se encontra privado indevidamente de seu patrimônio, além de devassada sua privacidade. Há que se ressaltar que o contraditório e a ampla defesa estão assegurados ao contribuinte durante todo o processo administrativo fiscal, inclusive na DENOMINADA FASE OFICIOSA, CUJO CARÁTER É INQUISITORIAL, E NÃO APENAS EM DETERMINADA FASE PROCESSUAL. A ressalva de que o litígio só é instaurado a partir da impugnação constitui censurável ficção para afastar o contraditório e a ampla defesa durante a fiscalização, investigação ou, simplesmente, averiguação. NA VERDADE, O LITÍGIO NASCE JUNTO COM O PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Sequer foram efetuados os Termos de Solidariedade Passiva. ● Não bastasse essa nulidade, fato é que os sócios Impugnantes não podem ser considerados solidários e responsáveis pelo malfadado crédito tributário que lhes vêm sendo impingido, isso porque, a uma, esse crédito não existe, a duas porque não praticaram nenhuma conduta descrita no artigo 135 do CTN capaz de lhe ensejarem essa solidariedade, tal como pretendido pela fiscalização. ● Ônus da prova. Inexistência de prova de fraude e/ou dolo. Fl. 2134DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.135 8 A fiscalização não trouxe qualquer prova de que a extinta empresa tenha praticado fraude e/ou dolo, de modo que tais condutas não podem ser consideradas somente por ilações desprovidas de qualquer conteúdo probatório, de cujo ônus a fiscalização não se desincumbiu. Da mesma forma, não o fez com relação aos sócios impugnantes, aos quais sequer a fiscalização trouxe qualquer ilação, limitandose a afirmar que a sujeição passiva dos mesmos decorria de disposição legal. ● Exclusão dos sócios. A fiscalização — ao entender pela prática de condutas ilícitas como fraude e dolo, sem, contudo, fazer qualquer prova nesse sentido — e sem que lavrasse o Termo de Sujeição Passiva e Arrolamento de Bens e Direitos contra os sócios Impugnantes, acabou por qualificálos como responsáveis solidários, promovendo o Arrolamento de seus bens e direitos pessoais, repitase, sem que fosse dada a eles qualquer chance de manifestação. Os sócios de uma empresa somente podem ser responsabilizados pelo pagamento da dívida acaso tenham agido com dolo (artigos 134 e 135 do Código Tributário Nacional). No mais, cumpre salientar que o simples inadimplemento não pode ser caracterizado, por si só, como ato doloso dos sócios, assim como não se pode impingir conduta criminosa de sonegação fiscal em face da simples ausência de recolhimento do tributo. ● Caráter confiscatório da multa. Os impugnantes não praticaram qualquer ato que justificasse uma multa no percentual de 75%, tampouco praticaram quaisquer condutas fraudulentas, simuladas e/ou dolosas capazes de justificar a aplicação de uma multa no percentual de 150%. A multa aplicada não guarda qualquer respeito ao princípio da proporcionalidade, além de seu manifesto caráter confiscatório. A exigência da multa no presente caso, correspondente ao percentual de 150%, é considerada arbitrária incorrendo em verdadeiro locupletamento ilícito do fisco, o que causa repulsa em nosso o ordenamento jurídico, nos termos do artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal. Restou demonstrada a desídia da fiscalização em comprovar a alegada simulação, fraude e/ou dolo no PAF aqui discutido, de modo que não pode prevalecer a aplicação da multa agravada, tampouco a sua elevação. ● Requerse a exclusão da sujeição passiva solidária atribuída aos sócios Impugnantes, seja pelo fato de não terem participado de qualquer ato no procedimento fiscal (especialmente o Impugnante Sidney), seja pelo fato de que não houve qualquer prova no sentido de que eles respondam solidariamente, determinandose, por via de consequência, o imediato cancelamento dos Arrolamentos de Bens e Direitos expedidos nesse sentido. ● Ainda que não seja um desses o entendimento da autoridade julgadora, não se pode olvidar que a fiscalização deveria ter aplicado o art. 674 do RIR/1999 e não o art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995, de modo que a presente autuação deve ser novamente analisada, Fl. 2135DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.136 9 juntamente com a multa impingida a qual é manifestamente abusiva e confiscatória e desprovida de qualquer razoabilidade e que, portanto, não deve prevalecer, devendo ser totalmente reavaliada a autuação ora combatida. Em seguida a DRJ de Ribeirão Preto proferiu v. acórdão (fls.2040/2052) mantendo integralmente o Auto de Infração e a responsabilidade solidária, registrando a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 EXTRATOS BANCÁRIOS. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Incabível alegação de quebra de sigilo bancário quando as informações foram requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei e a constituição do crédito tributário não se baseou em tais documentos. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o intuito de fraude. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelos acusados e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplicase à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal, em face da estreita relação de causa e efeito. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE. Os sócios gerentes de pessoa jurídica extinta são responsáveis solidários pelos créditos correspondentes às obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei. Impugnação Improcedente Fl. 2136DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.137 10 Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão exarada no v. acórdão, a Recorrente interpõe Recurso Voluntário, repisando os mesmos argumentos da impugnação. Ato contínuo, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 2137DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.138 11 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo, possui todos os requisitos previstos na legislação e os responsáveis solidários indicados no pólo passivo estão devidamente representados, motivo pelo qual deve ser admitido. Sujeição do lançamento: O lançamento foi feito tendo como sujeitos passivos as pessoas físicas que eram sócias administradoras da empresa SD Climatização, eis que a fiscalização verificou que a empresa foi extinta por meio de liquidação voluntária na Receita Federal em 23/03/2012, com registro do distrato social na JUCESP em 01/12/2011, indicando o encerramento de suas atividades na mesma data de 01/12/2011. O agente autuante constatou possíveis irregularidades no período entre 01/01/2011 e 31/12/2011 e lavrou Auto de Infração em 30/03/2016, com ciência dos antigos administradores em 31/03/2016, após a extinção da empresa SD Climatização. Como a empresa SD CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, CNPJ 11.789.306/000195, foi extinta, a fiscalização lavrou Autos de Infração contra os administradores Sr. Luiz Barbosa Santos Cardoso e Sidney Tunda Junior, como responsáveis solidários nos termos do artigo 135 do CTN, por ter entendido que ocorreu dissolução irregular da sociedade, nos termos do artigo 207 do Decreto 3000/99 e dos artigos 1102 à 1109 do C.C., devido a falta de quitação das obrigações tributárias, pela falta de apresentação da declaração de rendimentos no encerramento da liquidação e pela falta dos livros e documentos contábeis e fiscais da empresa, bem como pela prática de atos com infração à legislação, caracterizados como sonegação, conforme descrito no termo de verificação fiscal anexo ao lançamento de ofício. Sendo assim, face à constatação de possível irregularidade tributária no período em que as pessoas físicas acima indicadas eram administradoras da empresa que foi extinta antes do inicio do trabalho da fiscalização, entendo que os Autos de Infração foram lavrados contra os sujeitos passivos certos. Ora, como foi constatado apenas em 2016 uma possível irregularidade tributária no período de 01/01/2011 até 31/12/2011 e a extinção da SD Climatização ocorreu em 23/03/2012, momento em que deixou de ter personalidade jurídica, entendo que agiu corretamente a fiscalização ao interpretar a dissolução da empresa como irregular e inserir no pólo passivo da exigência, como responsáveis solidários, os administradores da época dos fatos geradores. Fl. 2138DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.139 12 O entendimento acima exposto vai no mesmo sentido da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que entendeu que quando extinta a empresa e, posteriormente, for constatada irregularidade tributária relativa a fatos geradores que ocorreram quando a empresa estava em atividade, o lançamento de ofício deve ser feito em nome dos representantes legais, na qualidade de responsáveis solidários. Sendo assim, entendo que o agente autuante agiu corretamente ao incluir os administradores no pólo passivo do lançamento de ofício. Em relação às nulidades alegadas: Os Recorrentes alegam que o auto de infração é nulo por ter ofendido os princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Inicialmente, cabe pontuar que, segundo o art. 59 do PAF, somente são nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente, assim como os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente, o que aqui não se verificou nos autos. A nulidade por desrespeito ao direito de defesa, nos termos do art. 59, II, do PAF, somente ocorre nas quando proferidas decisões no curso do processo administrativo tributário que não permitiram a manifestação da parte prejudicada, ou quando são aplicáveis os princípios do contraditório e o da ampla defesa. No Processo Administrativo Tributário Federal, antes da apresentação da impugnação, não existe litígio e contraditório, sendo que após instaurado o processo abrese a oportunidade para que a parte interessada se defenda amplamente. Dessa forma, não procedente a alegação de nulidade no trabalho fiscal, bem como no lançamento de ofício, por não ter sido ofertada oportunidade para apresentação de defesa ao responsável solidário Sr. Sidney antes da lavratura do auto de infração, eis que a fiscalização é um procedimento inquisitório e a oportunidade para defesa na via administrativa é garantida apenas após a ciência de eventual auto de infração lavrado. No presente caso, não houve preterição ao direito de defesa, pois os responsáveis solidários foram cientificados da lavratura do Auto de Infração, tomaram conhecimento de todos os eventos que levaram à constituição do crédito tributário, da legislação que motivou o lançamento e lhes foi concedido o prazo legal para ter vista do processo, apresentar a impugnação e recurso, direito que foi exercido plenamente pelos responsáveis solidários, com apresentação da defesa e do recurso, ora em análise. Devese acrescentar que também não se verificou qualquer nulidade formal no lançamento ocasionada pela inobservância do que dispõe o art. 10 da mesma norma. Os autos de infração foram lavrados de acordo com todas as formalidades legais previstas no art. 142 do CTN, descrevendo os fatos dados como infringidos, a multa aplicada e correspondente fundamento legal. Fl. 2139DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.140 13 A fiscalização demonstrou no Termo de Verificação Fiscal os motivos de fato que ensejaram a lavratura dos Autos de Infração, informando a legislação que fundamentou o lançamento. Verificase que, na elaboração do presente lançamento, foi respeitada a determinação contida no art. 9º do PAF (já com a nova redação dada pela Lei nº 11.941/09) e não houve prejuízo aos responsáveis, tanto que eles ingressaram com a impugnação e interpuseram recurso, nos quais apresentaram as razões e fundamentos de sua discordância, litigando no processo administrativo contra a exigência do crédito tributário. Concluise, portanto, que os fatos que motivaram a autuação fiscal estão descritos na peça vestibular e no TVF, permitindo aos Recorrentes ampla defesa quanto às irregularidades a eles imputadas pela fiscalização. Após ter notado que a empresa SD Climatização não tinha apresentado a DIPJ do anocalendário de 2011 e ter verificado a extinção da empresa, em 2014 (conforme termo de inicio de fiscalização) decidiu solicitar aos responsáveis documentos e explicações. Como não conseguiu obter as respostas necessárias, começou a apurar o período e investigar as declarações da SD Climatização, constando por meio de diligências e extratos bancários possível irregularidade tributária. Assim, entendo que a autoridade fiscal atuou dentro dos limites impostos pela lei, instruindo o Auto de Infração com enorme quantidade de documentos que entende comprovam a infração imputada, motivando adequadamente a acusação, não se verificando qualquer vício que pudesse ensejar a nulidade do lançamento. Ademais, o lançamento está claro e preciso, tanto foi assim que a Recorrente conseguiu se defender de todos os pontos constantes no TVF e dos AIs, tentando refutar todos os pontos da acusação, restando comprovado nos autos que os princípios do devido processo legal e o da ampla defesa foram respeitados tanto no momento da fiscalização/autuação, como no curso deste processo, inexistindo o alegado cerceamento ao direito de defesa. Desta forma, não verifico caracterizado o alegado cerceamento do direito de defesa, motivo pelo qual, afasto a alegação de nulidade no lançamento, apontada pela Recorrente. Da quebra do sigilo bancário: Em relação à alegação dos Recorrentes de que se contrariou o princípio constitucional do sigilo bancário, devido à Fiscalização ter obtido dados bancários junto às instituições financeiras, sem autorização judicial, entendo que após a decisão do Pretório Excelso, abaixo colacionada, tal óbice e possível inconstitucionalidade deixaram de existir. Vejamos. Em relação à quebra de sigilo bancário sem autorização do judiciário e a argüição de inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 105 e da Lei nº 10.174, ambas de 2001, o Pretório Excelso decidiu da seguinte forma, conforme pode se verificar da ementa abaixo colacionada: Fl. 2140DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.141 14 RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a Fl. 2141DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.142 15 que se nega provimento. (RE 601314, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe 198 DIVULG 15092016 PUBLIC 16092016) No mesmo sentido: EMENTA: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 601314 RG, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 22/10/2009, DJe218 DIVULG 19112009 PUBLIC 20 112009 EMENT VOL0238307 PP01422 ) Desta forma, não verifico motivos para continuar sobrestado o processo conforme determinado pela Resolução 1102000.129, eis que o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente a matéria relativa a quebra de sigilo bancário, devendo assim serem julgados os recursos interpostos pelas partes. Da constatação de omissão de receita: Após os Recorrentes não terem entregado os documentos solicitados e informado que eles haviam sido extraviados, sem a possibilidade de restauração da escrituração fiscal e contábil, a fiscalização então requereu a apresentação dos extratos bancários das contas da empresa SD Climatização referentes ao anocalendário de 2011. Vejamos a parte do TVF (paginas 9 e 10) que descreve este ponto: O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL, representado por seu procurador, foi cientificado em 26/05/2014 da intimação intitulada “TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/03”, cujos textos de interesse seguem transcritos na sequência, através da qual esta fiscalização solicitou a apresentação de cópias impressas e de arquivos digitais relativos aos extratos das contas bancárias e de investimentos mantidos pela SD CLIMATIZAÇÃO em 2011, reiterando as exigências contidas nos itens 2 e 3 do “TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/03”. [...] Fl. 2142DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.143 16 Em atendimento, o SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL apresentou em 30/06/2014, sem carta de encaminhamento, os seguintes extratos bancários da empresa SD CLIMATIZAÇÃO: 1) Extrato do período 12/04/2011 a 31/12/2011 da Conta 073781 da Agência 5589 do Banco ITAÚ UNIBANCO; 2) Extrato do período 03/01/2011 a 31/01/2011 da Conta 6.008495 8 da Agência 1347 do Banco Real; 3) Extrato do período 01/02/2011 a 31/12/2011 da Conta 130010254 da Agência 4347 do Banco Santander; 4) Extrato do período 03/01/2011 a 29/12/2011 da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do Banco Bradesco. Analisando os extratos bancários apresentados pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL esta fiscalização observou que os extratos da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do banco Bradesco continham uma movimentação financeira expressivamente inferior à informada pela instituição financeira nas DIMOF – DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – constituída por R$50.277.528,27 de débitos e R$49.629.115,96 de créditos, de modo que coube proceder à requisição das informações financeiras com base no §4º do art. 4º do Decreto 3.724/2001, para permitir o cotejamento entre as informações disponíveis na RFB e as apresentadas pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL. A tabela da sequência mostra o resumo dos valores informados à RFB pelas instituições financeiras nas DIMOF relativas ao ano calendário de 2011. [...] Além disso, conforme consta das declarações DIMOF apresentadas pelas instituições financeiras, os valores debitados e creditados nas contas bancárias da empresa em 2011 totalizaram R$57.350.843,95 e R$56.227.395,77, respectivamente, fato que evidencia a realização de gastos ou investimentos em valor superior às receitas declaradas aos fiscos, configurando a hipótese de indispensabilidade do exame das informações junto às instituições financeiras, conforme previsão contida no Inciso V do Artigo 3º do Decreto 3724/2001. Diante do exposto, esta fiscalização formalizou SRMF – SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA em 01/07/2014, tendo resultado na emissão da RMF – REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – 0812800 2014 000256, encaminhada ao ITAU UNIBANCO, a RMF 0812800 2014 000264, encaminhada ao BRADESCO, e a RMF 0812800 2014 000256, encaminhada ao banco SANTANDER. Os extratos e demais documentos encaminhados pelas referidas instituições foram anexados ao processo 13896720.826/201679, posto que se prestam a Fl. 2143DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.144 17 confirmar as operações financeiras efetuadas pela SD CLIMATIZAÇÃO. O cotejamento entre os extratos apresentados pelo SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e os apresentados pelo BRADESCO revelou que o fiscalizado deixou de apresentar a esta fiscalização os extratos da Conta 1295101 das Agências 01112 e 33944 desse banco, através da qual foi realizada a maior parte das transações financeiras da SD CLIMATIZAÇÃO em 2011. Os Recorrentes entregaram os extratos do período de 2011 solicitados pela fiscalização. Após a análise dos extratos entregues pelos Recorrentes, a agente autuante constatou que existia divergência entre os extratos dos Recorrentes e as informações relativas a movimentações financeiras constantes nas DIMOF entregues pelas instituições financeiras para a Receita Federal, entendendo ser necessário proceder com requisição direta junto às instituições financeiras nos termos do parágrafo 4º, do artigo quarto do Decreto 3.724/2001. Este ponto ficou bem claro no TVF, vejamos. Em atendimento, o SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL apresentou em 30/06/2014, sem carta de encaminhamento, os seguintes extratos bancários da empresa SD CLIMATIZAÇÃO: 1) Extrato do período 12/04/2011 a 31/12/2011 da Conta 07378 1 da Agência 5589 do Banco ITAÚ UNIBANCO; 2) Extrato do período 03/01/2011 a 31/01/2011 da Conta 6.0084958 da Agência 1347 do Banco Real; 3) Extrato do período 01/02/2011 a 31/12/2011 da Conta 130010254 da Agência 4347 do Banco Santander; 4) Extrato do período 03/01/2011 a 29/12/2011 da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do Banco Bradesco. Analisando os extratos bancários apresentados pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL esta fiscalização observou que os extratos da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do banco Bradesco continham uma movimentação financeira expressivamente inferior à informada pela instituição financeira nas DIMOF – DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – constituída por R$50.277.528,27 de débitos e R$49.629.115,96 de créditos, de modo que coube proceder à requisição das informações financeiras com base no §4º do art. 4º do Decreto 3.724/2001, para permitir o cotejamento entre as informações disponíveis na RFB e as apresentadas pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL. Fl. 2144DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.145 18 A tabela da sequência mostra o resumo dos valores informados à RFB pelas instituições financeiras nas DIMOF relativas ao ano calendário de 2011. [...] Além disso, conforme consta das declarações DIMOF apresentadas pelas instituições financeiras, os valores debitados e creditados nas contas bancárias da empresa em 2011 totalizaram R$57.350.843,95 e R$56.227.395,77, respectivamente, fato que evidencia a realização de gastos ou investimentos em valor superior às receitas declaradas aos fiscos, configurando a hipótese de indispensabilidade do exame das informações junto às instituições financeiras, conforme previsão contida no Inciso V do Artigo 3º do Decreto 3.724/2001. Diante do exposto, esta fiscalização formalizou SRMF – SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA em 01/07/2014, tendo resultado na emissão da RMF – REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – 0812800 2014 000256, encaminhada ao ITAU UNIBANCO, a RMF 0812800 2014 000264, encaminhada ao BRADESCO, e a RMF 0812800 2014 000256, encaminhada ao banco SANTANDER. Os extratos e demais documentos encaminhados pelas referidas instituições foram anexados ao processo 13896720.826/201679, posto que se prestam a confirmar as operações financeiras efetuadas pela SD CLIMATIZAÇÃO. O cotejamento entre os extratos apresentados pelo SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e os apresentados pelo BRADESCO revelou que o fiscalizado deixou de apresentar a esta fiscalização os extratos da Conta 1295101 das Agências 01112 e 33944 desse banco, através da qual foi realizada a maior parte das transações financeiras da SD CLIMATIZAÇÃO em 2011. Após o cotejamento dos extratos bancários, houve a constatação de que os Recorrentes deixaram de apresentar à fiscalização as transações financeiras da conta do Banco Bradesco S.A. Frente a tal fato, decidiu aprofundar sua investigação junto ao SPEDNFe, que demonstrou que a SD Climatização não emitiu notas fiscais em 2011, no entanto, a mesma consulta demonstrou uma enorme quantidade de notas fiscais emitidas por terceiros, tendo como destinatária a empresa SD Climatização. Vejamos a parte do TVF que nos interessa. 4. COMPRAS DA SD CLIMATIZAÇÃO EM 2011 – DILIGÊNCIAS EM FORNECEDORES Fl. 2145DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.146 19 A consulta efetuada por esta fiscalização no sistema SPED – NFE mostrou que a empresa SD CLIMATIZAÇÃO não emitiu notas fiscais eletrônicas nesse sistema no período 01/01/2011 a 31/12/2011. No entanto, a mesma consulta mostrou expressiva quantidade de notas fiscais emitidas por terceiros tendo como destinatária a empresa SD CLIMATIZACÃO, totalizando R$46.017.276,62, conforme relação contida no ANEXO 01 do TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/02. Diante da referida constatação, os itens 4.a) a 4.e) do TERMO DE INTIMAÇÃO 02 solicitaram ao SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL a apresentação de carta confirmando ou não, de forma expressa, a realização, o recebimento e o pagamento das compras sob comento, bem como solicitaram a comprovação do seu pagamento e da sua escrituração nos livros contábeis e fiscais. Analisando os itens das compras efetuadas pela SD CLIMATIZAÇÃO em 2011, listados por esta fiscalização no ANEXO 02 do TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/02, verificamos que foram adquiridas grandes quantidades de aparelhos, equipamentos e peças utilizadas para condicionamento de ar, tais como unidades condensadoras e evaporadoras, cortinas de ar, trocadores de calor etc., em consonância com o objeto social da empresa, que é a instalação e manutenção de sistemas de ar condicionado, ventilação e refrigeração. Nesse sentido, os itens 5.a) a 5.d) do TERMO DE INTIMAÇÃO 02 solicitaram ao SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL a apresentação de esclarecimentos e documentos comprobatórios da escrituração contábil e fiscal do ingresso e da destinação dos itens adquiridos através as compras sob comento. Além disso, considerando que a SD CLIMATIZAÇÃO informou ter encerrado suas atividades em 01/12/2011 e procedeu à sua liquidação, o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL também foi intimado a esclarecer e comprovar quais mercadorias encontravamse em seu estoque na data da liquidação e qual a destinação conferida às mesmas. O item 6 do TERMO DE INTIMAÇÃO 02 questionou o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL sobre a expressiva divergência entre as compras informadas pela SD CLIMATIZACAO nas GIA ICMS SP, no valor de R$1.492.440,91, e as compras apuradas através do sistema SPED – NFE, no valor de R$46.017.276,63. Conforme relatado anteriormente, diante de todos os questionamentos efetuados por esta fiscalização, o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL limitouse a apresentar carta declarando não possuir quaisquer dos documentos da SD CLIMATIZAÇÃO solicitados por esta fiscalização, por motivo de extravio, declarando a impossibilidade de restaurar a escrituração contábil e fiscal da empresa e declarando que não Fl. 2146DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.147 20 pode confirmar e nem mesmo negar qualquer informação relativa aos mesmos. Em resposta aos questionamentos da fiscalização acima colacionados, os Recorrentes se limitaram a informar que os documentos foram extraviados e por tal motivo não era possível entregálos. Assim, tendo em vista a constatação de realização de operações de compra por parte da SD Climatização, a fiscalização decidiu circularizar com as empresas vendedoras/fornecedoras, que responderam por meio de cartas e documentos a efetivação das operações e quitação/pagamento das mercadorias. Devido a tal fato, a fiscalização notou que os extratos bancários das contas mantidas pela SD CLIMATIZAÇÃO nos bancos BRADESCO, SANTANDER e ITAU UNIBANCO, anexados ao processo, apresentam movimentação financeira compatível com as compras efetuadas em 2011 pela SD Climatização, constatando assim omissão de receita. Vejam D. Julgadores, a fiscalização não presumiu simplesmente a omissão de receita conforme alegam os Recorrentes. No caso dos autos, foi feita uma investigação minuciosa, por meio de documentos e diligência com terceiros fornecedores da empresa SD Climatização, para se constatar a omissão de receita. Da mesma forma, entendo que a alegação dos Recorrentes de que a fiscalização inverteu o ônus da prov, não deve ser provida, eis que conforme pode se verificar na descrição dos fatos ocorridos no TVF, o agente autuante constatou diversas inconsistências entre as declarações da empresa SD Climatização e os documentos colhidos junto aos arquivos da Receita Federal, instituições financeiras e terceiros que se relacionavam com a empresa extinta e quando os Recorrentes responsáveis solidários foram notificados/intimados a apresentar explicações e documentos deixaram de responder se limitando a alegar que os documentos haviam sido extraviados. Conforme descrito no TVF, se pode constatar que a Fiscalização foi quem diligenciou e coletou diversos documentos que instruíram o Auto de Infração com vasto conteúdo probatório para imputar a infração de omissão de receita, sendo que os Recorrentes sequer apresentaram explicações e provas para desconstituir a receita omitida descoberta pelo agente autuante. Desta forma, entendo que a fiscalização demonstrou documentalmente a omissão de receita, que ocorreu por meio da constatação das compras feitas pela SD Climatização à margem da Fiscalização. Do arbitramento do lucro: Para este item, inicialmente é importante ressaltar que tanto por intermédio do Termo de Início de Fiscalização, quanto pelo Termo de Intimação Fiscal, os Recorrentes foram intimados a apresentar a escrituração dos registros contábeis e fiscais relativos ao Fl. 2147DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.148 21 período de janeiro a dezembro de 2011 e responderam para o agente autuante que tais documentos tinham sido extraviados e que seria impossível reconstituílos. Foi expedida intimação aos Recorrentes para a apresentação, dentre outros, dos seguintes documentos: A DIPJ 2012/2011 ou o respectivo Recibo de entrega; Escrituração contábil legalmente estabelecida para o ano calendário 2011 para a empresa S D CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, composta pelo livro DIÁRIO ou CAIXA, no qual deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária; Livro Registro de Inventário da citada empresa contendo os registros dos estoques existentes no período entre 01/01/2011 e 01/12/2011, data do encerramento de atividades da empresa; Cópias das notas fiscais de entrada e de saídas de mercadorias em 2011 emitidas pelos estabelecimentos CNPJ 11.789.306/000195 e 11.789.306/000276 da empresa S D CLIMATIZAÇÃO COM. E SERV. LTDA. Solicitouse, também, a confirmação ou não da realização, do recebimento, do pagamento e da escrituração das compras efetuadas por meio das notas fiscais relacionadas no Anexo 1 do Termo de Intimação MPF 0819600.2014.00561.4/02, cujo valor totaliza R$ 46.017.276,62. Solicitou, ainda, esclarecimentos e comprovação a respeito da diferença de valores entre as receitas informadas pela contribuinte extinta nas DACON, GIA e aquelas apuradas por meio das NFe constantes no SPED. Também foi intimada a apresentar os livros Lalur, Registros de Apuração, Demonstrativos de Apuração da CSLL, Registro de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências, Registro de Inventário e nada apresentou. Assim, de acordo com a legislação tributária federal, como os sujeitos passivos responsáveis deixaram de apresentar os livros e a documentação contábil e fiscal da SD CLIMATIZAÇÃO, a fiscalização arbitrou o lucro com base no valor das compras efetuadas pela empresa extinta, no importe de R$ 46.017.276,62, com fundamento no art. 530, III, e art. 535, V, ambos do RIR/1999. Como a fiscalização não tinha como conhecer a receita bruta, aplicou o inciso V do artigo 535 do RIR/99, aplicando o percentual específico de quatro décimos do valor das compras de mercadorias efetuadas mensalmente. Como a SD climatização apresentou declarações DCTF relativas aos primeiro e segundo trimestres de 2011, nas quais declarou débitos de IRPJ sob lucro presumido e CSLL (DEMAIS) conforme valores mostrados na tabela constante na pagina 13 do TVF, a fiscalização os considerou e os deduziu os referidos valores de IRPJ e CSLL apurados nos Autos de Infração em epígrafe. Desta forma, entendo que agiu corretamente o Agente Fiscal de Rendas ao arbitrar o lucro utilizando o critério previsto nos artigos 530, inciso III e no artigo 535, inciso V, ambos do RIR/99. Da alegação de confiscatoriedade da multa aplicada: Fl. 2148DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.149 22 A multa foi corretamente capitulada e aplicada de acordo com a infração praticada prevista na legislação. Da forma, deixo de acolher a alegação de confiscatoriedade da multa aplicada ao Auto de Infração, por estar impedido de analisar constitucionalidade de lei no processo administrativo tributário federal, nos termos da Súmula 2 deste E. CARF/MF. Da multa qualificada. Da documentação acostada por esta fiscalização restou evidenciado que os sócios administradores da SD Climatização prestaram, de forma intencional, informações falsas aos fiscos estadual e federal, com o evidente intuito de ocultar fatos geradores de obrigações tributárias de 2011, caracterizando a prática de infração à lei, na forma de sonegação, nos termos do art. 71 da Lei 4.502/64, cujo texto segue transcrito na sequência. Lei 4.502/64 (...) Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. (...) Importante ressaltar que, conforme verificado pela Fiscalização, os Recorrente entregaram extratos bancários com informações divergentes das constantes nas DIMOFs entregues pelas intuições financeiras à Receita Federal. Devido a tal divergência, a fiscalização requisitou que a instituições financeiras entregassem as informações relativas a todas as movimentações e aplicações financeiras, onde foi constatado que no extrato do Banco Bradesco entregue pelos Recorrentes apresentavam movimentações divergentes e inferiores das constantes nos documentos entregues pela instituição financeira. Tal conduta, no meu entender, além de comprovar o intuito de sonegar informação ao Fisco, ensejaria agravamento da multa para 225%, entretanto esta majoração não foi aplicada pela fiscalização e não pertence ao lançamento de ofício. Ademais, na consulta efetuada no sistema das GIA – ICMS SP mostrou que a empresa SD Climatização omitiu para o fisco estadual expressivo volume de compras em 2011, conforme mostrado na tabela da pagina 17 do TVF. Fl. 2149DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.150 23 As compras informadas nas GIA – ICMS SP totalizam apenas R$1.492.440,91 em 2011, no entanto, as compras apuradas através do sistema SPEDNFE e das diligências efetuadas por esta fiscalização totalizam R$ 46.017.276,63, ou seja, verificase que a empresa omitiu do fisco estadual e federal compras que totalizam R$44.524.835,72, caracterizando a prática de sonegação, pela evidente ação dolosa tendente a impedir o conhecimento de fatos geradores por parte das autoridades fazendárias. O sistema da GIA – ICMS SP mostra que a empresa SD Climatização informou para o fisco estadual receitas que totalizam R$5.068.589,31 em 2011. A consulta efetuada no DACON 2011 mostra que a empresa SD Climatização informou à RFB receitas que totalizam R$4.968.989,31 em 2011, em valores muito próximos aos informados ao fisco estadual, conforme comparativo mostrado na tabela da pagina 18 do TVF. Observase que as receitas informadas ao fisco estadual totalizam apenas R$5.068.589,31 em 2011, enquanto que as compras apuradas por esta fiscalização totalizam R$46.017.276,63 no mesmo período, resultando em expressiva divergência que não foi esclarecida pelos Recorrentes. Considerando que a empresa SD Climatização omitiu do fisco estadual e federal compras que totalizam R$44.524.835,72, resta evidenciado que as receitas informadas aos fiscos estadual e federal carecem de credibilidade, não só pela desproporção com as expressivas compras efetuadas, mas também pelo fato de que não foram apresentados quaisquer documentos que comprovem a destinação dos itens adquiridos. Ou seja, no presente caso, a empresa SD Climatização, no anocalendário de 2011, informou ao fisco estadual receitas no total de R$ 5.068.589,31 e, para a Receita Federal não apresentou DIPJ e informou no Dacon receita no valor de R$ 4.968.989,31, enquanto que restou comprovado no trabalho da fiscalização que tinha efetuado compras de mercadorias no valor total de R$ 46.017.276,63, fato que comprova a omissão de receitas e revela a conduta de impedir o conhecimento por parte do Fisco dos fatos geradores das obrigações tributárias. Cabe ressaltar que a falta de apresentação dos livros DIÁRIO ou CAIXA, REGISTRO DE ENTRADAS, REGISTRO DE SAÍDAS e REGISTRO DE INVENTÁRIO, impede o fisco de conhecer a destinação das compras no curso de 2011, bem como impede conhecer o estoque de insumos e mercadorias na data da liquidação da sociedade. Por fim, resta evidenciado que a falta de apresentação da documentação contábil e fiscal da SD Climatização, sob a frágil alegação de extravio, destinase a ocultar as operações de compras e vendas efetivamente realizadas pela empresa. É oportuno observar que a documentação acostada à GIA – ICMS SP mostra que a SD Climatização informou ao fisco estadual ter entrado em inatividade em 30/08/2011, tendo efetuado sua baixa nesse órgão nessa data, no entanto, conforme já visto, a empresa efetuou compras em setembro, outubro e novembro de 2011, revelando a prática de prestar informações falsas às autoridades fazendárias. Diante do exposto, resta evidenciada a prática de sonegação, caracterizada por omissões dolosas, tendentes a impedir o conhecimento por parte das autoridades fazendárias de fatos geradores de obrigações tributárias. Fl. 2150DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.151 24 Da responsabilidade solidária dos sócios: Em relação a responsabilidade dos sócios administradores Luiz Barboza Santos Cardozo e Sidney Tunda Júnior, nos termos do artigo 135, inciso III do CTN, entendo que deve permanecer. No presente caso, a responsabilidade foi aplicada devido a fiscalização ter entendido que a dissolução/extinção da empresa foi irregular e devido pratica de atos caracterizados pelo Auditor Fiscal como sonegação fiscal, eis que se constatou que no período em que a SD Climatização estava em atividade deixou de pagar imposto conforme infração de omissão de receita descrita do Termo de Verificação Fiscal. A responsabilização solidária não foi pautada apenas com base no fato de constarem no contrato social como administradores da empresa extinta. No presente caso, foi constatado infração de omissão de receita e prática dolosa de sonegação fiscal, visando reduziu ou zerar o pagamento do imposto por parte da empresa extinta. Ademais, somase ao fato de ter sido constatada a dissolução irregular, a ausência de patrimônio para arcar com o débito fiscal e a falta de entrega de documentos necessários previstos em lei quando se da baixa da empresa junto aos Órgãos competentes e a Receita Federal. Sendo assim, quando constatado a ausência de patrimônio da sociedade extinta para arcar com o débito fiscal, bem como a pratica de atos enquadrados como sonegação fiscal e a falta da entrega dos documentos necessários previstos em lei para se dar baixa de uma empresa, a dissolução irregular da sociedade enquadrase nos termos do artigo 135, inciso III do CTN. No presente caso, restou comprovado o proveito financeiro por parte das pessoas físicas administradoras e a participação na conduta que tentou se esquivar de pagar o imposto. A responsabilização foi devidamente fundamentada e demonstrada nos autos, como por exemplo a pratica de atos com excesso de poderes, extrapolando os limites do contrato social/estatuto da empresa, fatos que também restaram comprovados nos autos e foram incluídos no tópico do TVF para fundamentar a responsabilidade solidária dos sócios administradores. Em suma, a fiscalização fundamentou e demonstrou a participação, o benefício e o intuito doloso dos administradores de se esquivar de pagar o imposto. Sendo assim, face a demonstração específica da conduta dos sócios administradores e a fundamentação para incluílos no pólo passivo da exação tributária, entendo que deve ser mantida a responsabilidade solidária do Sr. Alberto Pereira e Reinaldo Pereira. Fl. 2151DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.152 25 Tributação Reflexa: Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento nos termos do meu voto. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 2152DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.900407/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
RESTITUIÇÃO - ESTIMATIVA
A decisão embargada se calcou na razão de que a estimativa recolhida deveria ser considerada na apreciação do saldo negativo apurado no encerramento do ano-calendário. Todavia, o recolhimento não se refere a estimativa, mas sim a imposto apurado pelo lucro presumido, cujo recolhimento é definitivo. Não se trata de mera antecipação.
Numero da decisão: 1401-002.409
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos suscitados e, no mérito, dar-lhe provimento com efeitos infringentes para não reconhecer o indébito pleiteado. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira (em substituição da Conselheira Livia De Carli Germano), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 RESTITUIÇÃO - ESTIMATIVA A decisão embargada se calcou na razão de que a estimativa recolhida deveria ser considerada na apreciação do saldo negativo apurado no encerramento do ano-calendário. Todavia, o recolhimento não se refere a estimativa, mas sim a imposto apurado pelo lucro presumido, cujo recolhimento é definitivo. Não se trata de mera antecipação.
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Todavia, o recolhimento não se refere a estimativa, mas sim a imposto apurado pelo lucro presumido, cujo recolhimento é definitivo. Não se trata de mera antecipação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos suscitados e, no mérito, darlhe provimento com efeitos infringentes para não reconhecer o indébito pleiteado. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira (em substituição da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 04 07 /2 00 9- 10 Fl. 111DF CARF MF 2 Conselheira Livia De Carli Germano), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de embargos da Fazenda Nacional (fls. 103106), tempestivos, interpostos ao amparo do art. 65, Anexo I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo teor do despacho de admissibilidade abaixo transcrevemos: O recurso foi impetrado contra o Acórdão nº 1803.002.064 – 3ª Turma Especial da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF. Nele, a D. Procuradoria aduz que a decisão se calcou na tese de que o indébito pleiteado adviria de estimativas pagas a maior, deixando de analisar a razão para o indeferimento, tanto pela autoridade local, quanto pela DRJ, que correspondeu a erro de preenchimento de DCTF. (...) De fato, na sua manifestação de inconformidade, o contribuinte aduz que errou ao preencher a DCTF e, assim, apresentou a referida declaração com novos números. A DRJ, por seu turno, negou provimento à manifestação de inconformidade em razão de considerar que a entrega de declaração retificadora foi feita após o despacho decisório. Assim, seria ônus do contribuinte comprovar a retificação realizada, mas este não apresentou tais provas. Já a decisão embargada baseouse nos dados da DCTF sem tecer uma só linha acerca do fato de que a declaração foi apresentada após o despacho decisório, fato que serviu de fundamento para a decisão recorrida. Assim, está caracterizada a omissão suscitada. É o relatório do essencial. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10380.900407/200910 Acórdão n.º 1401002.409 S1C4T1 Fl. 112 3 Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator Provavelmente a omissão da autoridade julgadora de segundo grau indicada no relatório a levou ao erro de análise sobre o qual discorreremos a seguir. Antes, porém, vale reproduzir o teor do voto condutor do acórdão embargado: Diante do que consta dos autos, vejo que a 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE não aceitou, como componentes do saldo negativo, os valores de estimativa pagos a maior, o que é, incontestavelmente, um equívoco, tendo em vista que a Recorrente apresentou as DCTF’s que suportam o crédito utilizado. Além do mais, quando o pagamento efetuado é superior ao débito IRPJ declarado, o valor considerado como estimativa IRPJ efetivamente paga é o pagamento limitado ao montante declarado. Isto porque os sistemas da Receita Federal do Brasil – RFB são alimentados pelos débitos declarados em DCTF, bem como pelo fato do próprio contribuinte ter feito expressamente distinção entre o pagamento e o valor pago do débito. Ou seja, ficou devidamente comprovado o direito da Recorrente em relação ao valor de R$ 1.200,79, não podendo prevalecer à decisão administrativa que não reconheceu o direito creditório, tendo em vista que uma breve análise nas informações prestadas pelo sujeito passivo e presentes nos sistemas internos da Receita Federal (DCTF e sistemas de arrecadação) no momento da prolação do despacho decisório seria suficiente para validar a compensação realizada. Nos termos do art. 16 do Decreto n° 70.235/1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal (PAF), aplicável na discussão de processos envolvendo compensação tributária, cabe ao impugnante o ônus da prova de suas alegações contrapostas à decisão de não homologação baseada na DCTF e na base de dados de arrecadação. E foi isso que efetivamente aconteceu. Diante do exposto, voto para rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância e, no mérito rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância e, no mérito dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a possibilidade de formação de indébito de estimativas recolhidas a maior ou indevidamente, reformando, desta feita, a decisão proferida pela 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE. Como podemos ver, a decisão se calcou na razão de que a estimativa recolhida deveria ser considerada na apreciação do saldo negativo apurado no encerramento do Fl. 113DF CARF MF 4 anocalendário. Todavia, o recolhimento não se refere a estimativa, mas sim a imposto apurado pelo lucro presumido, cujo recolhimento é definitivo. Não se trata de mera antecipação. Desse modo, deve ser avaliado se o recolhimento do imposto foi indevido, mas para tal a recorrente apresentou apenas DCTF retificadora após o despacho que indeferiu seu pleito. Tal retificação não produz mais efeito, sem a comprovação de eventual equívoco cometido no preenchimento original. Dessa sorte, voto por conhecer os embargos suscitados para, no mérito, dar provimento com efeitos infringentes para negar provimento ao recurso voluntário com o fito de não reconhecer o indébito pleiteado. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 114DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.902693/2013-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE.
Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza.
Numero da decisão: 1401-002.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE. Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza.
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PERDCOMP Recorrente JOSÉ MARIA DOS SANTOS TRANSPORTADORA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE. Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 26 93 /2 01 3- 21 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP em que a Contribuinte pretende compensar débito de sua titularidade com crédito de IRPJ, recolhido via DARF em 14/01/2013, no valor de R$ 3.623,77. Analisando o pedido, a Autoridade Administrativa que jurisdiciona a Recorrente não homologou a compensação pretendida ante a constatação de que o pagamento indicado teria sido integralmente utilizado para a quitação de outros débitos de sua responsabilidade, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Irresignado com o indeferimento do PER/DCOMP, a Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade à DRJ, tendo a Delegacia de Julgamento assim se pronunciado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimado do Acórdão de Manifestação de Inconformidade, apresentou Recurso Voluntário onde, em apertada síntese, argui o seguinte: 1) Reitera a arguição de nulidade do despacho decisório haja vista a forma sintética como foi tratado o direito da Recorrente, o que o estaria impedindo de ter uma visão clara do porque o seu crédito fora declarado inexistente. Fundamenta suas alegações no disposto no art. 59, inc. II, do Decreto 70.235/72; 2) Entende que deveria, obrigatoriamente, ter sido intimado previamente à edição do despacho decisório para que tivesse oportunidade de comprovar a existência do crédito pleiteado, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Afinal, vieram os autos para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.457, de 13.04.2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.902677/201338, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.457): O Recurso Voluntário é tempestivo e sua matéria se enquadra na competência deste Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. A peça recursal limitase a reclamar a nulidade do despacho decisório que não homologou a compensação pleiteada. Nenhuma arguição de mérito, principalmente em relação à existência do crédito declarado, foi trazida pelo recurso. E, como veremos adiante, as alegações de que o despacho decisório incorreria em nulidade são totalmente descabidas. O primeiro ponto, relativo à falta de motivação/fundamentação, que teria impedido a Contribuinte de "ter uma visão clara" do porque o seu crédito fora declarado inexistente foi assim tratado no acórdão recorrido: O despacho não deixa dúvida quanto à sua motivação: o fundamento de fato para a não homologação é a inexistência do crédito utilizado na compensação; o fundamento legal é, entre outros, o art. 74 da Lei n.º 9.430, de 1996. O caput do referido artigo diz que o sujeito passivo que apurar crédito passível de restituição ou de ressarcimento poderá utilizálo na compensação de débitos próprios. Isso significa que, se o sujeito passivo não apurar crédito passível de restituição ou ressarcimento, não poderá fazer compensação. Portanto, a inexistência do crédito utilizado no PER/DCOMP é fundamento de fato legítimo e suficiente para a não homologação. O despacho decisório explicita de maneira fundamentada, como se concluiu pela inexistência do crédito utilizado. Lá consta que o Darf apresentado como origem do crédito foi utilizado para pagamento de tributo declarado. Entre as informações nele apresentadas, estão o valor original do débito declarado, seu período de apuração e o código do tributo. Demonstrase, assim, que o despacho traz, de forma explícita, a motivação da não homologação. A exposição é clara e exaustiva, não havendo preterição do direito de defesa. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 5 4 A análise da motivação é questão de mérito. Sua eventual improcedência não é motivo de nulidade e não afeta o estabelecimento da relação jurídica processual. Perfeita a análise empreendida pela DRJ. Os motivos pelos quais o despacho decisório declarou a inexistência do crédito estão muito bem delineados. Vejam abaixo uma fotografia do próprio despacho decisório que evidencia o dito pelo acórdão: Aliás, a própria decisão recorrida traz uma informação, não contestada pela Contribuinte no Recurso Voluntário, de que o mesmo DARF tido como origem do crédito teria sido utilizado em outras 19 (dezenove) PER/DCOMP, além desta. Vejam: Ainda que o DARF utilizado constituísse pagamento indevido, não seria suficiente para fazer frente a tantas compensações com ele pretendidas. O mesmo DARF, no valor de R$ 11.411,75, foi utilizado em 20 PER/DCOMP para compensar débitos que somam R$93.176,36, conforme abaixo discriminado: Então, resta claramente demonstrado que a Contribuinte sabia exatamente o que estava fazendo, bem assim do porque o alegado crédito seria inexistente. Também muito bem explicado o porque de a Contribuinte limitarse a aventar a nulidade do despacho decisório, ao invés de tentar demonstrar a existência do crédito. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 6 5 O segundo ponto levantado pela Recorrente trata da pretensa obrigatoriedade de a Autoridade Administrativa intimála, previamente à edição do despacho decisório, para que comprovasse a existência do crédito pleiteado, diante da inconsistência apontada, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Curioso, neste ponto, é que quando da manifestação de inconformidade, a norma citada fora a Instrução Normativa SRF nº 1.300/2012, e não a IN SRF nº 900/2008. Ocorre que a IN SRF nº 900/2008 foi totalmente revogada pela IN SRF nº 1.300/2012, esta sim, passível de citação pelo Recurso Voluntário, eis que vigente à época da transmissão da PER/DCOMP. Fato é que a IN SRF nº 1.300/2012 reproduziu em seu art. 74 a redação contida no art. 65 da IN SRF nº 900/2008, utilizada pela Recorrente. Abaixo colaciono o referido dispositivo: IN SRF nº 1.300/2012 Art. 76. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Quer nos fazer crer a Recorrente que a expressão "poderá", grifada no texto, constituirseia em um poderdever da Administração de intimar o contribuinte quando, durante a análise de pedidos como este que estamos apreciando, houver sido verificada, em suas próprias palavras, "uma inconsistência nos créditos declarados pelo contribuinte". Aqui, claramente, estamos diante de uma tentativa de inversão do alcance do dispositivo colacionado. Tal norma nada mais é do que uma garantia posta ao Fisco de somente conceder a restituição/ressarcimento/compensação quando estiver seguro quanto a liquidez e certeza do crédito apresentado pelo Contribuinte. Em havendo dúvida por parte do Fisco em relação ao crédito apresentado, o referido dispositivo lhe permite condicionar o pagamento/compensação à sua efetiva comprovação, seja pela apresentação "de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos", seja pela determinação de "realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas". No caso em apreço, não houve dúvida nenhuma da parte do Fisco ao não homologar a compensação, eis que patente a inexistência do crédito pleiteado, ante à sua total utilização para a quitação de outros débitos que não aqueles apontados na PER/DCOMP sob análise. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 7 6 Não se trata, portanto, de uma obrigação, mas tão somente de uma faculdade posta à disposição da Autoridade Administrativa para garantir a correção no deferimento dos pleitos dos Contribuintes. Portanto, também neste ponto, rechaço as alegações da Recorrente. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 69DF CARF MF
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