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Numero do processo: 10980.722907/2011-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010
IRPF. MULTA QUALIFICADA. TIPIFICAÇÃO. DESNECESSIDADE. OMISSÃO DE RECEITA. PRÁTICA REITERADA. AUSÊNCIA DE PROVA CAPAZ DE AFASTAR A CONDUTA DOLOSA.
Para a aplicação da multa qualificada é desnecessária a menção expressa do tipo legal previsto na Lei nº 4.502/64 entre as normas descritas do "enquadramento legal" do auto de infração.
A mera omissão de receita ou a prática reiterada não possuam o peso de uma conduta fraudulenta, essa exige uma ação muita mais gravosa por parte do contribuinte. A multa qualificada somente é cabível quando o sujeito passivo tenha agido com o evidente intuito de fraudar, conduta que deve ser incontestavelmente comprovada - deve-se comprovar que a ação ou omissão do contribuinte foi dolosa, requisito indispensável para qualificação.
Hipótese em que se o contribuinte não traz aos autos elementos suficientes para descaracterizar o dolo descrito pela fiscalização consistente na realização de conduta com propósito exclusivo de redução do montante do imposto devido na tributação da sua pessoa física, justifica está a aplicação da multa qualificada do artigo 44 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 9202-004.356
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator.
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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MULTA QUALIFICADA. TIPIFICAÇÃO. DESNECESSIDADE. OMISSÃO DE RECEITA. PRÁTICA REITERADA. AUSÊNCIA DE PROVA CAPAZ DE AFASTAR A CONDUTA DOLOSA. Para a aplicação da multa qualificada é desnecessária a menção expressa do tipo legal previsto na Lei nº 4.502/64 entre as normas descritas do "enquadramento legal" do auto de infração. A mera omissão de receita ou a prática reiterada não possuam o peso de uma conduta fraudulenta, essa exige uma ação muita mais gravosa por parte do contribuinte. A multa qualificada somente é cabível quando o sujeito passivo tenha agido com o evidente intuito de fraudar, conduta que deve ser incontestavelmente comprovada devese comprovar que a ação ou omissão do contribuinte foi dolosa, requisito indispensável para qualificação. Hipótese em que se o contribuinte não traz aos autos elementos suficientes para descaracterizar o dolo descrito pela fiscalização consistente na realização de conduta com propósito exclusivo de redução do montante do imposto devido na tributação da sua pessoa física, justifica está a aplicação da multa qualificada do artigo 44 da Lei nº 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 29 07 /2 01 1- 51 Fl. 233DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Auto de Infração (fls. 33/42) relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, lavrado em decorrência da revisão da declaração de ajuste anual dos exercícios 2006 a 2010, onde se exige R$ 60.988,14 de imposto, R$ 72.261,74 de multa de ofício de 75% e 150%, e juros legais, decorrente da constatação de dedução indevida de despesas com dependentes, despesas médicas, pensão alimentícia judicial, instrução e previdência privada/FAPI. Apreciada a Impugnação de fls. 50/67, o lançamento foi julgado parcialmente procedente, apenas para restabelecer em parte as deduções com dependentes. No julgamento do Voluntário a 2ª Turma Especial, da 2ª Seção de Julgamento deu provimento em parte ao recurso, para excluir a qualificação da multa referente a parte das despesas médicas, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. NULIDADES. Preliminares de cerceamento de defesa, contraditório, ausência de provas e vícios formais a macular o Auto, rejeitadas. Impossibilidade da inclusão de dependente após a lavratura do Auto de Infração. DECLARAÇÃO RETIFICADORA ENTREGUE APÓS O INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. SÚMULA CARF N. 33 A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. NECESSIDADE DE EFETIVA COMPROVAÇÃO. Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10980.722907/201151 Acórdão n.º 9202004.356 CSRFT2 Fl. 234 3 A multa de oficio qualificada, no percentual de 150%, somente é aplicável nos casos em que fique caracterizado de forma inequívoca o evidente intuito de fraude, conforme definido pelos arts. 71, 72 e 73, da lei n° 4.502, de 1964. Não se admite a qualificação da multa com base em meras presunções ou ilações da autoridade lançadora, sem fundamento legal. MULTA INCONSTITUCIONAL. Súmula CARF n. 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. TAXA SELIC. Súmula CARF n.º 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso Provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir a qualificação da multa referente às despesas médicas, exceto a qualificação da multa imposta em relação às despesas médicas do profissional Hassan Isber, no valor R$5.670,00 (cinco mil, seiscentos e setenta reais), nos termos do voto do relator. Regularmente intimada da decisão a União, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, objetivando rediscutir a desqualificação da multa. Para tanto trouxe como paradigmas os Acórdãos 210101.362 e 10422.755, que tratam, respectivamente de casos em que a multa foi qualificada pela prática reiterada da conduta e da utilização de documentos inidôneos para a comprovação da despesa. Em sua fundamentação a União alega que a pratica reiterada e o contexto probatório indireto demonstram a intenção do contribuinte em fraudar o fisco reduzindo indevidamente o tributo devido. Na análise de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda uma vez que, em ambos os casos a situação foi descrita como reiteração em vários exercícios de deduções de despesas médicas não comprovadas, sendo que, enquanto, no acórdão recorrido entendeuse que era um caso que não permitiria a qualificação da penalidade, nesse primeiro paradigma, ao contrário, considerouse que a prática reiterada de dedução indevida do imposto justificaria a exasperação da multa. Regularmente intimado o Contribuinte apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 235DF CARF MF 4 Voto Vencido Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, notadamente paradigma no qual a razão para a manutenção da multa qualificada foi a reiteração da conduta de deduzir despesas inexistentes, entendo que deve ser admitido o recurso da União. Pois bem. Analisandose o Auto de Infração, especificamente em relação ao item “despesas médicas” (fls. 43 e 44) é possível depreender que, sendo intimado para comprovar as despesas médicas declaradas no período em questão, alega o contribuinte que identificou equívocos em todas as suas declarações e que as retificou. Tal retificação se deu em data posterior ao início da ação fiscal. Em vista disso, a fiscalização afirma que não houve a comprovação da despesa e que a inclusão de despesas sem comprovação é ato previsto na Lei 8.137/1990 como crime contra a ordem tributária, de modo a efetuar a glosa das despesas e aplicar a multa qualificada. Como se pode notar, dois foram os elementos em que a fiscalização se pautou para caracterizar como fraudulenta a conduta do contribuinte: a reiteração de dedução das despesas e a informação de que tais deduções foram equivocadas. Pois bem, inicialmente, gostaria de destacar que não houve, por parte da fiscalização, a indicação exata do dispositivo da Lei 4.502/64 ao qual se encaixaram as condutas do contribuinte. Ou seja, não foi indicada a conduta que se caracterizou com sonegação ou fraude ou conluio. Nas mais recentes decisões deste Tribunal se extrai o entendimento de que para a aplicação da multa qualificada é necessário identificar qual conduta praticada: se sonegação, fraude ou conluio. É o que ficou decidido no acórdão 9101002.189 – 1ª Turma CSRF, senão vejamos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001, 2002 MULTA QUALIFICADA. Para que se possa preencher a definição do evidente intuito de fraude que autoriza a qualificação da multa, nos termos do artigo 44, II, da Lei 9.430/1996, é imprescindível identificar a conduta praticada: se sonegação, fraude ou conluio respectivamente, arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. A mera imputação de simulação não é suficiente para a aplicação da multa de 150%, sendo necessário comprovar o dolo, em seus aspectos subjetivo (intenção) e objetivo (prática de um ilícito). Assim, por não ter sido identificada pela fiscalização qual das condutas foi praticada pelo contribuinte em questão, não se pode qualificar a multa imposta. Mas não é só! Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10980.722907/201151 Acórdão n.º 9202004.356 CSRFT2 Fl. 235 5 A infração a dispositivo de lei, mesmo que resulte diminuição de pagamento de tributo, por si só não autoriza presumir a ocorrência da sonegação, fraude ou conluio. Não bastam apenas divergências e/ou omissão, ainda que reiterada, entre os valores declarados e os apurados para alicerçarem a sonegação, fraude ou conluio. Para a qualificação da penalidade deveria o fisco trazer provas que materializassem o dolo do sujeito passivo. Como não houve a prova, tal como entendeu a Turma a quo, entendo inaplicável a multa qualificada. Assim, voto por negar provimento ao recurso da União. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Voto Vencedor Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Redatora designada Em que pesem os argumentos apresentados pelo ilustre Conselheiro Relator, peço vênia para discordar dos seus fundamentos. Entendo haver nos autos elementos suficientes para comprovar a conduta dolosa do contribuinte capaz de ensejar a aplicação da multa qualificada nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Segundo determina citado artigo, a multa de ofício cobrada pelo não pagamento do tributo será duplicada no caso em que ficar caracterizada um das condutas descritas pela Lei nº 4.502/64, valendo mencionar a sonegação no artigo 71, consubstanciada na conduta (comissiva ou omissiva) do sujeito passivo tendente a impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador ou de suas condições pessoais, e a fraude do artigo 72, que não se trata de fraude à lei, mas ao Fisco, e atua na formação do fato gerador da obrigação tributária principal, impedindo ou retardando sua ocorrência, como, também, depois de formado, modificandoo para reduzir imposto ou diferir seu pagamento. Na concepção desta relatora a conduta descrita pela fiscalização quando da lavratura do auto de infração se amolda ao conceito de fraude e como tal justifica a qualificação da multa. Vejamos um exemplo: Intimado a comprovar as despesas médicas declaradas, apresentou somente declaração informado "que identificou equívocos nas declarações e as retificou", em data posterior ao recebimento do termo de intimação que foi em 17 de maio de 2011. Não comprovou nenhuma das despesas declaradas. Consta despesa de R$ 5.600,00 com Hassan Isber, que negou a prestação de serviços para esse contribuinte. A inclusão de despesas sem comprovação é ato previsto na Lei nº 8.137, de 1990 como crime contra a ordem tributária, razão da glosa total das despesas e do lançamento com multa qualificada e elaboração de representação fiscal para fins penais contra o contribuinte. Fl. 237DF CARF MF 6 Não há nos autos nem mesmo em sede de Recurso Voluntário qualquer argumentação do Contribuinte no sentido de afastar a conduta narrada pela fiscalização. O Contribuinte intimado a explicar as despesas declaradas mesmo ciente da negativa de prestação de serviço por um dos profissionais consultado se limitou a afirmar genericamente ter ocorrido um equívoco, entretanto não foi feita qualquer demonstração que apontasse no sentido da existência de erro escusável do sujeito passivo. Ora o contribuinte simplesmente não apresentou (para nenhuma das despesas glosadas!) o comprovante do efetivo desembolso ou qualquer outra prova à Fiscalização que poderia levar a exclusão do dolo aqui discutido. Na verdade, ao longo de todo o processo, o Contribuinte busca afastar a aplicação da multa qualificada apenas sob o argumento de a mesma ser confiscatória e, portanto, inconstitucional. Conforme muito bem colocado na decisão proferida pela Delegacia Fiscal pela "análise dos autos, há elementos suficientes para a caracterização do intuito fraudulento, nas deduções referentes às despesas médicas, para as quais o suposto profissional negou a prestação dos serviços e/ou, apesar de intimado, o contribuinte não apresentou elementos probantes, denotando comportamento intencional, específico, de causar dano à fazenda pública, tornando perfeitamente aplicável a multa qualificada prevista no art. 44, II, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e no art. 44, I e § 1º, da referida Lei, com as alterações introduzidas pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007." Destaco que para a aplicação da multa qualificada entendo ser desnecessária a menção expressa do tipo legal previsto na Lei nº 4.502/64 entre as normas descritas do "enquadramento legal" do auto de infração, também não entendo que a mera omissão de receita ou a prática reiterada possuam o peso de uma conduta fraudulenta, essa exige uma ação muita mais gravosa por parte do contribuinte. A multa qualificada somente é cabível quando o sujeito passivo tenha agido com o evidente intuito de fraudar, conduta que deve ser incontestavelmente justificada e comprovada devese comprovar que a ação ou omissão do contribuinte foi dolosa, requisito indispensável para qualificação. Assim, apesar da brilhante fundamentação adotado pelo ilustre Relator, entendo que o lançamento e o conjunto de fatos colacionados nos autos caracteriza de forma suficiente uma sucessão de ações dolosas do contribuinte que por meio falsas despesas indicadas em sua declaração de imposto de renda ao longo de vários anos pretendeu reduzir o imposto devido. Por fim, diante das argumentações trazidas em contrarrazões, importante destacar os seguintes pontos sobre os quais deixarei de me manifestar mais profundamente: 1) O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, tal entendimento foi sumulado por este tribunal por meio da Súmula CARF nº 2. Assim, não há espaço para que este Colegiado decida pela redução do percentual das multas aplicadas. Por força do art. 62 do RICARF não podem os julgadores deixar de aplicar norma vigente. No mais, não se confundem multa de mora, prevista no art. 61 da Lei nº 9.430/96 com a multa de ofício prevista no art. 44 do mesmo diploma legal. 2) A manifestação deste colegiado se restringe à matéria devolvida pelo Recurso Especial, que neste caso versa exclusivamente sobre a existência de elementos caracterizados de conduta dolosa capaz de fundamentar a aplicação da multa qualificada. Assim, não está mais em litígio a discussão acerca da inaplicabilidade da taxa SELIC sobre o crédito tributário constituído. Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10980.722907/201151 Acórdão n.º 9202004.356 CSRFT2 Fl. 236 7 Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.017276/2009-70
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 9202-000.036
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à unidade de origem para trazer aos autos a prova de recolhimento antecipado sobre a operação de cessão de mão de obra, no cedente e / ou no cessionário, bem como informação sobre a fiscalização dos períodos. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Tiago Conde Teixeira, OAB-DF 24.259, escritório Sacha Calmon - Misabel Derzi, Consultores e Advogados.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo De Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram, da presente Resolução, os Conselheiros Luiz Eduardo De Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia Da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à unidade de origem para trazer aos autos a prova de recolhimento antecipado sobre a operação de cessão de mão de obra, no cedente e / ou no cessionário, bem como informação sobre a fiscalização dos períodos. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Tiago Conde Teixeira, OAB-DF 24.259, escritório Sacha Calmon - Misabel Derzi, Consultores e Advogados. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo De Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra - Relator Participaram, da presente Resolução, os Conselheiros Luiz Eduardo De Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia Da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à unidade de origem para trazer aos autos a prova de recolhimento antecipado sobre a operação de cessão de mão de obra, no cedente e / ou no cessionário, bem como informação sobre a fiscalização dos períodos. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Tiago Conde Teixeira, OABDF 24.259, escritório Sacha Calmon Misabel Derzi, Consultores e Advogados. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo De Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator Participaram, da presente Resolução, os Conselheiros Luiz Eduardo De Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia Da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri. Relatório Tratase o presente de Recurso Especial interposto pela União contra decisão que reconheceu a decadência do direito de cobrança de contribuições previdenciárias, ao argumento de que o recolhimento antecipado que atrai a aplicação do § 4º, do artigo 150, do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .0 17 27 6/ 20 09 -7 0 Fl. 542DF CARF MF Processo nº 15504.017276/200970 Resolução nº 9202000.036 CSRFT2 Fl. 543 2 CTN é aquele referente à rubrica lançada, individualmente considerada, diferentemente do quanto decido pela Turma a quo, que aceitou guia de pagamento genérica. O lançamento foi realizado para cobrança de contribuições previdenciárias (patronal e segurados) em face do sujeito passivo em questão, por responsabilidade solidária, pelos tributos não adimplidos por empresa que lhe prestou serviços mediante cessão de mão de obra. A lavratura do Auto de Infração em questão foi realizada em decorrência da anulação de lançamento anterior, realizado em 30/04/2004, sobre os mesmos fatos geradores, pela verificação de vício formal. No julgamento deste Recurso, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade, declarou a decadência do direito de constituição do crédito tributário, com base no § 4º, do artigo 150, do CTN, extinguindo o crédito tributário, exarando a seguinte decisão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1999 PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. PAGAMENTO ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR Constatandose a antecipação de pagamento parcial do tributo aplicase, para fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no § 4.º do art. 150 do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a decadência do lançamento. Percebese, da leitura do voto do relator do acórdão recorrido, que o caso foi decidido com base nas folhas de pagamento e guias de pagamento das contribuições juntadas no processo original, que fora julgado nulo. Entenderam os julgadores a quo que, apesar de tais documentos não haverem sido acostados aos presentes autos, com base no voto do acórdão que anulou o lançamento anterior restou claro que houve recolhimento das contribuições no período em que ocorreram os fatos geradores ora em análise, pelo contribuinte original. Vale aqui transcrever trecho do acórdão a quo que tratou esse ponto: Na situação sob enfoque, é necessário que se verifique o transcurso do prazo decadencial já quando da lavratura da NFLD original. Verifica se dos autos que o lançamento ocorreu em 30/04/2004. A empresa em seu recurso afirma que na defesa contra a NFLD original apresentou folhas de pagamento e guias genéricas que comprovariam a inexistência do débito. Todavia, como não foram acostadas ao presente processo os documentos que instruíram os autos anteriores, não há como se confirmar diretamente a existência dos recolhimentos. Fl. 543DF CARF MF Processo nº 15504.017276/200970 Resolução nº 9202000.036 CSRFT2 Fl. 544 3 No entanto, há um dado lançado no voto condutor do acórdão que anulou a NFLD n.º 35.612.4517, que nos deixa à vontade para concluir pela existência de recolhimentos ainda que feitos de forma genérica pelo prestador. Vejamos o que disse o Relator, fl. 81/86: “A Tomadora de Serviços (ACESITA S.A.) apresentou defesa tempestiva de fls. 35 a 55. A ACESITA colaciona aos autos documentos enviados pela prestadora de serviços: GRPS e folhas de pagamento que, segundo a mesma, demonstram que as contribuições sociais foram devidamente recolhidas. A Prestadora de Serviços, mesmo intimada, se limitou a apresentar declaração de que não efetuou recolhimento em guia específica, mas o fez de forma genérica e junta aos autos uma série de GRPS (fls. 161). (...) Assim, em que pesem todos os esforços desprendidos pela tomadora de serviços e pela prestadora de serviços não há como elidir a responsabilidade solidária da tomadora apenas com a apresentação das guias e folhas de pagamento genéricas, posto que a lei é cristalina e somente reconhece o recolhimento efetuado em guias especificas a partir da respectiva folha de pagamento dos segurados que prestaram os serviços descritos nas notas fiscais.” Assim, seguindo a jurisprudência majoritária do CARF, entendo que deva ser aplicada a norma do art. 150, § 4.º, do CTN, para a contagem do prazo de decadência, posto que há evidências de que foram apresentadas guias de pagamento em nome prestadora de serviços correspondentes ao período do crédito. Compulsando os presentes autos não se pode identificar quais são os referidos pagamentos genéricos efetuados. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Diante da ausência dos comprovantes de pagamento das contribuições que deram fundamentação à decisão da Turma a quo nos presentes autos entendo ser prudente converter o julgamento em diligência à unidade de origem para trazer aos autos a prova de recolhimento antecipado sobre a operação de cessão de mão de obra, no cedente e / ou no cessionário, bem como informação sobre os pagamentos contidos na fiscalização dos períodos que originou o lançamento sobre o qual há menção na decisão da Turma de julgamento sobre as guias de recolhimento das contribuições. Também entendo pertinente trazer aos presentes autos informação sobre declaração e recolhimento de contribuições pela cedente e cessionária no período em que se discute a decadência, bem como a qual(is) fatos geradores se referem (patronal, segurados, terceiros, SAT/RAT, parte empregados). Nesse contexto, voto por converter o julgamento em diligência. Fl. 544DF CARF MF Processo nº 15504.017276/200970 Resolução nº 9202000.036 CSRFT2 Fl. 545 4 É como voto. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 545DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.720044/2012-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2003
PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE CSLL. AUTO DE INFRAÇÃO DESCONSTITUÍDO. RECONHECIMENTO E HOMOLOGAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO.
Encontrando-se definitivamente julgado e desconstituído o auto de infração que alterou o saldo negativo da CSLL, sendo a existência do auto de infração o único impedimento para homologar as compensações realizadas, impõe-se reconhecer o direito creditório do contribuinte e homologar as compensações declaradas em PER/DCOMP até o limite do crédito reconhecido.
Numero da decisão: 1301-002.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2003 PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE CSLL. AUTO DE INFRAÇÃO DESCONSTITUÍDO. RECONHECIMENTO E HOMOLOGAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO. Encontrando-se definitivamente julgado e desconstituído o auto de infração que alterou o saldo negativo da CSLL, sendo a existência do auto de infração o único impedimento para homologar as compensações realizadas, impõe-se reconhecer o direito creditório do contribuinte e homologar as compensações declaradas em PER/DCOMP até o limite do crédito reconhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
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SALDO NEGATIVO DE CSLL. AUTO DE INFRAÇÃO DESCONSTITUÍDO. RECONHECIMENTO E HOMOLOGAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO. Encontrandose definitivamente julgado e desconstituído o auto de infração que alterou o saldo negativo da CSLL, sendo a existência do auto de infração o único impedimento para homologar as compensações realizadas, impõese reconhecer o direito creditório do contribuinte e homologar as compensações declaradas em PER/DCOMP até o limite do crédito reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Hélio Eduardo de Paiva Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 00 44 /2 01 2- 14 Fl. 346DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13896.720044/201214 Acórdão n.º 1301002.104 S1C3T1 Fl. 347 2 Relatório A CIELO S/A, devidamente qualiicada nos autos, inconformada com a decisão proferida no acórdão 0539.863 5ª Turma da DRJ/CPS, na sessão 29 de janeiro de 2012, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, interpõe recurso voluntário a este Colegiado, objetivando reforma da decisão em referência. Trata o processo de pedido de reconhecimento de direito creditório utilizado em Declarações de compensação abaixo relacionadas, por meio das quais, o contribuinte, valendose de saldo negativo de CSLL do ano de 2003, composto por pagamentos, amortizou débitos de CSLL e COFINS, como a seguir resumido: PER/DCOMP SN CSLL Ac 2003 DÉBITOS COMPENSADOS Nº Crédito original utiliz. DCOMP Cód. Receita PA Venct Valor Principal 10359.87349.300108.1.7.033455 (fls. 07/ 13) 2.688.278,64 2484 01/2004 27/02/2007 2.749.302,57 01182.91413.250308.1.3.030053 (fls. 14/17) 174.881,15 2484 11/2004 30/12/2004 169.750,93 38681.20099.310108.1.3.030083 (fls. 18/21) 267.277,71 2172 11/2004 30/12/2004 259.354,27 34420.17428.250308.1.7.023480 (fls. 22/25) 416.422,36 2484 11/2004 30/12/2004 477.469,88 04487.48871.300108.1.7.037628 (fls. 26/29) 936.420,05 2484 10/2004 30/11/2004 1.061.993,98 25626.75555.300108.1.7.030950 (fls. 30/33) 358.402,59 2484 09/2004 29/10/2004 402.127,71 19863.31797.300108.1.7.037273 (fls. 34/37) 411.462,88 2484 08/2004 30/09/2004 456.518,06 33784.26997.300108.1.7.035312 21.359,25 2484 02/2004 31/03/2004 22.074,78 Soma 5.274.504,63 A Delegacia da Receita Federal em Barueri, por meio de Despacho Decisório (fls. 59), reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado (de um total requerido de R$ 5.326.217,93, foi reconhecido R$789.950,46), registrando que o crédito foi composto de pagamentos, discriminados a seguir: Os créditos abaixo foram provenientes de recolhimentos em DARF efetuados pelo contribuinte, tendo sido confirmados nos sistemas da RFB (fls.4), e os débitos confessados em DCTF (fls 49/54) e que houve alocação dos DARF´s aos respectivos débitos: Fl. 347DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13896.720044/201214 Acórdão n.º 1301002.104 S1C3T1 Fl. 348 3 . Para reconhecer parte do crédito, a DRF alegou existir indícios de infrações, apuradas no Auto de Infração nº 16561.000054/200815, de Contribuição Social, AC 2003, no valor de R$ 4.536.267,48, que aumentaram a base de cálculo da CSLL, para o período em análise, e por isso, de ofício, refez os cálculos, acrescentando ao valor de R$15.342.927,04, informado na linha 36, ficha 17, da DIPJ/2004, o valor de R$50.402.972,01, resultando em uma nova base de cálculo da CSLL, no valor de R$ 65.745.899,05. Vejase o cálculo feita pela própria autoridade administrativa ( fls.57): 1 2 Devidamente intimado e após apresentar seus argumentos em sua defesa, a 5ª Turma da DRJ/CPS, na sessão 29 de janeiro de 2012, por unanimidade de votos, julgou IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, cuja ementa do acórdão restou assim descrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Fl. 348DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13896.720044/201214 Acórdão n.º 1301002.104 S1C3T1 Fl. 349 4 Não sendo possível verificar a certeza e liquidez do crédito em litígio, condição sine qua non para a homologação das compensações em análise, conforme dicção do art. 170 do Código Tributário Nacional, resta inviável o reconhecimento do direito creditório pela autoridade administrativa. AUTO DE INFRAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. OBJETOS DISTINTOS. DÉBITOS DISTINTOS. Embora infração detectada no período, com o conseqüente aumento da base de cálculo, seja fundamento tanto para a exigência da contribuição, como para o reconhecimento apenas parcial do direito creditório utilizado em DCOMP, o processo de Auto de Infração objetiva a formalização de exigência no período autuado, enquanto que o processo de Despacho Decisório objetiva a análise de declarações de compensação (DCOMP) pelas quais compensados débitos de outro período. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. DECADÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Com o transcurso do prazo decadencial apenas o dever/poder de constituir o crédito tributário estaria obstado, tendo em conta que a decadência é uma das modalidades de extinção do crédito tributário. Não se submetem à homologação tácita os saldos negativos de IRPJ/CSLL apurados nas declarações apresentadas, a serem regularmente comprovados, quando objeto de pedido de restituição ou declaração de compensação. VERIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DE IRPJ/CSLL. LANÇAMENTO. RECONHECIMENTO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. A verificação da base de cálculo do tributo não é cabível apenas para fundamentar lançamento de ofício, mas deve ser feita, também, no âmbito da análise das declarações de compensação, para efeito de determinação da certeza e liquidez do crédito, invocado pelo sujeito passivo, para extinção de outros débitos fiscais. BASE DE CÁLCULO. No âmbito do processo de compensação de saldo negativo, não cabe a reapreciação do mérito de lançamento de ofício, relativo à base de cálculo do tributo no mesmo período, objeto de julgamento em outro processo. NÃO HOMOLOGAÇÃO DAS COMPENSAÇÕES. CONSEQÜÊNCIAS. Não homologada a compensação, há determinação legal de que a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados, facultandolhe o direito de apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação, com efeito de suspensão da exigibilidade dos referidos débitos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A ciência do acórdão recorrido ocorreu em 28/02/2013, através de AR (fls. 271). Inconformado, o recorrente apresentou em 28/03/2013 (fls 273), tempestivamente, recurso voluntário, através de representante regularmente constituído (fls. 238), pugnando pelo Fl. 349DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13896.720044/201214 Acórdão n.º 1301002.104 S1C3T1 Fl. 350 5 seu provimento, onde repisa os argumentos antes apresentados quando da interposição da manifestação de inconformidade e que serão a seguir examinados. É o relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. Na interposição do presente recurso, foram observados os requisitos de recorribilidade. Dele conheço. Em conformidade com o despacho decisório de fls 59, o contribuinte realizou o pedido de compensação de saldo negativo da CSLL do AC 2003, no montante de R$ 5.326.217,93 Nessa primeira análise, houve reconhecimento parcial do crédito pleiteado, face à constatação de indício de infrações, apuradas no Auto de Infração nº 16561.000054/200815, de Contribuição Social, AC 2003, que aumentaram a base de cálculo da CSLL de R$15.342.927,04, informado pelo contribuinte na linha 36, ficha 17, da DIPJ/2004, para R$ 65.745.899,05, em face do acréscimo de R$50.402.972,01, decorrentes das infrações apuradas naquele outro processo. Assim, refeita a apuração do saldo negativo da CSLL, a partir desta consideração, reconheceuse o direito creditório de R$ 789.950,46, concluindose por homologar apenas parcialmente o pleito formulado. Para melhor elucidar, repetese o cálculo da autoridade administrativa que proferiu o despacho decisório: 3 A Turma Julgadora de primeira instância, por sua vez, tomando por base a informação trazida, quando do despacho decisório, concluiu igualmente por não homologar a compensação pleiteada, mantendo intacto o despacho decisório, sob o fundamento de que o pleito não atende ao que dispõe o artigo 170 do CTN. Fl. 350DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13896.720044/201214 Acórdão n.º 1301002.104 S1C3T1 Fl. 351 6 Relativamente ao argumento trazido por aquele Colegiado, repetindo constatação mencionada no despacho decisório, negouse a integralidade do crédito do contribuinte, a partir da premissa de existir aumento da Base de Cálculo da CSLL decorrente do procedimento de fiscalização que ensejou o lançamento formalizado em 2008 no processo nº 16561.000054/200815. Confirase voto condutor da decisão combatida quando assinala: Em conseqüência, no presente processo foi recomposto o resultado do período reduzindo o Saldo Negativo para R$ 789.950,46, reconhecendo direito creditório neste valor e homologando as compensações declaradas até o limite do crédito reconhecido, como resumido a seguir em comparação com os valores informados na DIPJ: Anocalendário 2003 Ficha 17 da DIPJ (fls. 46) Despacho Decisório (fls. 57) Base de Cálculo 15.342.927,04 65.745.899,05 ( = 15.342.927,04 + infração de R$ 50.402.972,01) CSLL calculada (9%) 1.380.863,43 5.917.130,91 () CSLL mensal paga por estimativa 6.707.081,37 6.707.081,37 CSLL a pagar 5.326.217,94 789.950,46 Como se vê, no Despacho Decisório, não foram alteradas as antecipações informadas em DIPJ, que permaneceram admitidas na formação do Saldo Negativo, restringindose o litígio ao aumento da Base de Cálculo da CSLL decorrente do procedimento de fiscalização que ensejou o lançamento formalizado em 2008 no processo nº 16561.000054/200815. Ocorre que o antedito processo administrativo foi julgado por este Colegiado, no sentido de considerar improcedente aquele lançamento, exonerando o respectivo crédito tributário incorretamente consubstanciado. Registrese que contra esta decisão não houve recurso por parte da Fazenda Nacional Confirase a ementa do mencionado julgado: Processo nº:16561.000054/200815 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITA. DIVERGÊNCIA ENTRE DIPJ E DIRF. Fl. 351DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13896.720044/201214 Acórdão n.º 1301002.104 S1C3T1 Fl. 352 7 Comprovado equívoco no preenchimento da DIRF da empresa fiscalizada, por informar os rendimentos e o respectivo imposto de renda na fonte concernentes as comissões pela prestação de serviços relativos a cartões, de crédito, débito e de outros meios de pagamento, quando a responsabilidade para tal recai sobre a pessoa jurídica tomadora do serviço. Evidenciada, ainda, inclusão indevida de receita financeira no levantamento fiscal. Assim, não subsiste a acusação fiscal referente à omissão de receita, baseada no confronto entre o declarado na DIPJ e nas DIRF das fontes pagadoras. TRIBUTAÇÃO DECORRENTE. Aplicase ao lançamento de CSLL o que foi decidido em relação ao lançamento matriz, por serem fundamentados nos mesmos elementos de comprovação. Lançamento Improcedente De fato, analisando os fundamentos que serviram de base para aquela autuação, verifico ter ocorrido naqueles autos evidente erro quanto ao preenchimento da DIRF por parte da CIELO, o que resultou, por decisão unânime, na insubsistência do lançamento efetuado quanto à alegada omissão de receita. Desta forma, se faz necessário refazer os cálculos do crédito pleiteado pelo contribuinte, pois a autoridade que primeiro analisou o requerimento de compensação apenas não reconheceu a integralidade dos créditos alegados, composto de pagamentos, e confirmados nos sistemas da RFB, em face da existência de auto de infração antes referido. Encontrandose definitivamente julgado e desconstituído o auto de infração que alterou o saldo negativo da CSLL, sendo a existência do auto de infração o único impedimento para homologar as compensações realizadas, impõese reconhecer o direito creditório do contribuinte e homologar as compensações declaradas em PER/DCOMP até o limite do seu crédito. Assim, sendo as estimativas de CSLL, no valor de R$6.707.081,37 e o valor devido a título da CSLL de R$ 1.380.863,43, resta um saldo negativo da CSLL do AC 2003, no montante de R$ 5.326.217,93. Desta forma, conduzo meu voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, reconhecendo o direito creditório do recorrente, no montante de R$ 5.326.217,93, homologando as compensações realizadas até o limite do crédito reconhecido, registrandose que dentro do crédito reconhecido já se encontra aquela parcela do crédito que foi reconhecida pela decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Relator José Eduardo Dornelas Souza Fl. 352DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 13896.720044/201214 Acórdão n.º 1301002.104 S1C3T1 Fl. 353 8 Fl. 353DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 19515.007839/2008-62
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 27/05/2009
AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN.
Em se tratando de Auto de Infração de Obrigação Acessória, não há que se falar em recolhimento antecipado devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN.
Numero da decisão: 9202-004.449
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para aplicar a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, porém reduzindo o valor da multa ao estabelecido no art. 32-A, da Lei n° 8.212, de 1991, nas competências em que a correspondente obrigação principal estiver alcançada pela decadência, vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora) e Heitor de Souza Lima Junior, que lhe deram provimento integral. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN. Em se tratando de Auto de Infração de Obrigação Acessória, não há que se falar em recolhimento antecipado devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 78 39 /2 00 8- 62 Fl. 176DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial para aplicar a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, porém reduzindo o valor da multa ao estabelecido no art. 32A, da Lei n° 8.212, de 1991, nas competências em que a correspondente obrigação principal estiver alcançada pela decadência, vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora) e Heitor de Souza Lima Junior, que lhe deram provimento integral. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 19515.007839/200862 Acórdão n.º 9202004.449 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.189.4085, lavrado contra o contribuinte identificado acima, em decorrência do descumprimento da obrigação acessória de Fundamento Legal 68 (apresentar GFIP com informações incorretas ou omissas). Conforme informações contidas no relatório fiscal, o crédito tributário lançado decorre de infração à Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inciso IV, na redação dada pela Lei 9.528, de 10/12/97, combinado com o artigo 225, IV, §4º, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, tendo em vista que a empresa apresentou GFIP – Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, no período de 01/2004 a 12/2004. Assim, especificou o refisc, fls. 06: A empresa deixou de informar em GFIP valores de remunerações e das contribuições dos segurados contribuintes individuais (cooperados) constantes das folhas de pagamento entregues em meio papel, como também dos valores encontrados nas folhas de pagamento entregues em meio digital na rubrica 1001 (antecipação de sobras). A contabilidade também comprova o pagamento de sobras antecipadas através da conta do passivo 213106 (Antecipação de Sobras) tendo como contrapartida a conta de despesas 411206 (Rateio Cooperados). A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I/SP julgado o lançamento procedente, fls. 102. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 137 a 150, o Colegiado, por maioria de votos, deu parcial provimento ao recurso, determinando a decadência das competências até 04/2004, com base no art. 150, §4º do CTN. Portanto, em sessão plenária de 08/02/2012, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2403001.073, assim ementado: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PREVIDENCIÁRIO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. Apresentar a empresa GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias constitui infração à legislação previdenciária. DECADÊNCIA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Fl. 178DF CARF MF 4 Ocorre a decadência com a extinção do direito pela inércia de seu titular, quando sua eficácia foi, de origem, subordinada à condição de seu exercício dentro de um prazo prefixado, e este se esgotou sem que esse exercício tivesse se verificado. As edições da Súmula Vinculante nº 8 exarada pelo Supremo Tribunal Federal – STF e da Lei Complementar nº 128 de dezembro de 2008, artigo 13, I, “a” determinaram que são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. O §2º do artigo 113 do Código Tributário Nacional – CTN preceitua que: “A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos”. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. LEGITIMIDADE PASSIVA DAS COOPERATIVAS DE TRABALHO E DE PRODUÇÃO. As cooperativas, equiparadas à empresa por força de lei, são responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações ou retribuições pagas ou devidas aos seus cooperados, pelos serviços que prestem à própria cooperativa, e são obrigadas a informar referidas remunerações em GFIP. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. INEXISTÊNCIA. Inexiste vínculo empregatício entre a cooperativa e os seus associados, sendo estes considerados como contribuintes individuais, para fins de recolhimento das contribuições previdenciárias. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Conforme artigo 17 do Decreto n°. 70.235/72, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Recurso Voluntário Provido em Parte.” O processo foi encaminhado, para ciência da Fazenda Nacional, em 27/03/2012 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 04/04/2012, o Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido a fim de que seja aplicada a regra do art. 173, I, do CTN para contagem da decadência, tendo em vista tratarse de auto de infração lavrado para exigência de multa por descumprimento de obrigação acessória, cujo lançamento será sempre de ofício. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho 2400354, da 4ª Câmara, de 15/04/2013. O recorrente traz como alegações, que: · não houve pagamento antecipado, mesmo porque se trata de auto de infração (penalidade), cujo lançamento será sempre de ofício, não por Fl. 179DF CARF MF Processo nº 19515.007839/200862 Acórdão n.º 9202004.449 CSRFT2 Fl. 4 5 homologação, e que, por conta disso, aplicase como termo inicial da decadência o disposto no art. 173, inciso I do CTN, que assim dispõe: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;” · ainda que não se tratasse de lançamento de ofício, o termo inicial da decadência deslocase para o fato gerador, nos termos do art. 150, §4º do CTN, tãosomente quando for lançamento por homologação e o contribuinte efetuar recolhimento antecipado do tributo, conforme doutrina de Ricardo Alexandre, in “Direito Tributário Esquematizado”, verbis: “É interessante notar que, na sistemática do lançamento por homologação, temse o único caso em que o prazo decadencial é contado exatamente da data da ocorrência do fato gerador. Entende se que não se justificaria esperar um prazo razoável para o início da contagem de prazo (conforme ocorre na regra geral) porque a antecipação do pagamento provoca imediatamente o Estado a verificar sua correção, de forma que a inércia inicial já configura cochilo. Justamente por isso, temse por correto o posicionamento do STJ, no sentido de que a regra do art. 150, § 4º, não é aplicável nos casos em que o contribuinte não faz, até a data do vencimento, pagamento algum, devendo, neste caso, o prazo decadencial ser contado na forma definida na regra geral prevista no art. 173, I, do CTN.” · No presente caso, tratandose de lançamento de multa, por meio de auto de infração, cujo lançamento será sempre de ofício, e não por homologação, não existe o dispositivo legal que autorize deslocar o termo inicial da decadência para o fato gerador, devendo ser aplicada a regra geral do art. 173, I do CTN. · no caso em apreço, os fatos geradores compreendem o período de 08/1999 a 03/2002, e aplicandose a regra do artigo 173, I do CTN, concluise que não se operou a decadências para o primeiro trimestre de 2002, tendo em vista que o contribuinte teve ciência do auto de infração em 03/07/2007, e que o lançamento deve, portanto, ser restabelecido nessa parte. Cientificado do Acórdão nº 2403001.073, do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial, em 24/10/2013, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 180DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Especial por contrariedade interposto pelo Procurador é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 165. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO A questão objeto do recurso, referese ao acatamento da preliminar referente ao prazo de decadência, para o fisco constituir os créditos objeto deste Auto de Infração de obrigação acessória, considerando que a Câmara a quo apreciou a decadência a luz do art. 150, §4º do CTN. Em primeiro lugar, devemos considerar que se trata de auto de infração, que ao contrário das NFLD ou dos AI de obrigações principais, constitui obrigação acessória de “fazer” ou “deixar de fazer”, sendo irrelevante a existência ou não de recolhimentos antecipados. Porém, antes de identificar o período abrangido pela decadência, exponha a tese que adoto sobre o assunto. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, senão vejamos: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O texto constitucional em seu art. 103A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Ao declarar a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212, prevalecem as disposições contidas no Código Tributário Nacional – CTN, quanto ao prazo para a autoridade previdenciária constituir os créditos resultantes do inadimplemento de obrigações previdenciárias. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 19515.007839/200862 Acórdão n.º 9202004.449 CSRFT2 Fl. 5 7 O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art. 173, I ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições para que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Fl. 182DF CARF MF 8 Contudo, conforme descrito anteriormente, tratase de lavratura de Auto de Infração por não ter a empresa cumprido obrigação acessória, mais especificamente, informar no documento GFIP fatos geradores de contribuições previdenciárias. Dessa forma, não há que se falar em recolhimento antecipado devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN. Neste ponto, apenas esclareço a inaplicabilidade da súmula 99 do CARF, considerando que a regra ali expressa, visa deixar claro que rubricas pagas pelo empregador na condição de salário indiretos serão apreciadas a luz do art. 150, §4º do CTN, sempre que demonstrado recolhimento antecipado/parcial sobre o mesmo fundamento legal. Entretanto, como já enfatizado estamos falando de obrigação acessória, dessa forma, não há que se falar de recolhimento antecipado. Notese que, a apreciação da decadência a luz do art. 173 do CTN que descreve: "O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado", deve levar em consideração que a data limite para entrega da GFIP. Nesse sentido, convém verificar nos normativos próprio da GFIP Manual da GFIP, versão 8.4, qual a data para apresentação: A GFIP/SEFIP é utilizada para efetuar os recolhimentos ao FGTS referentes a qualquer competência e, a partir da competência janeiro de 1999, para prestar informações à Previdência Social, devendo ser apresentada mensalmente, independentemente do efetivo recolhimento ao FGTS ou das contribuições previdenciárias, quando houver: a) recolhimentos devidos ao FGTS e informações à Previdência Social; b) apenas recolhimentos devidos ao FGTS; c) apenas informações à Previdência Social. O arquivo NRA.SFP, referente ao recolhimento/declaração, deve ser transmitido pelo Conectividade Social até o dia sete do mês seguinte àquele em que a remuneração foi paga, creditada ou se tornou devida ao trabalhador e/ou tenha ocorrido outro fato gerador de contribuição ou informação à Previdência Social. Caso não haja expediente bancário, a transmissão deve ser antecipada para o dia de expediente bancário imediatamente anterior. O arquivo NRA.SFP, referente à competência 13, destinado exclusivamente à Previdência Social, deve ser transmitido até o dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da referida competência. Dessa forma, tanto a entrega da GFIP da competência dezembro como do 13º salário, em matéria previdenciária, somente vence no dia 07 e 31 do mês subsequente, ou seja, aproximadamente 07 e 31 de janeiro do ano seguinte (a depender se é dia útil ou não). Nesse sentido, a competência dezembro e 13º salário, só terá o prazo para lançamento (autuação) iniciado no dia 1º dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser lançado o tributo ou aplicada a multa correspondente. Por fim, esclareço que a decisão aqui refletida não afronta, de forma alguma, decisão do STF, uma vez que a súmula nº 08 declara a inconstitucionalidade do art. 45 da lei 8212/91, passando a decadência a ser apreciada a luz do disposto no CTN, conforme foi analisado no corpo desse voto. Fl. 183DF CARF MF Processo nº 19515.007839/200862 Acórdão n.º 9202004.449 CSRFT2 Fl. 6 9 Assim, no lançamento em questão a lavratura do AI deuse em 07/05/2009, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 27/05/2009. Os fatos geradores omitidos referemse ao período de 01/2004 a 12/2004, dessa forma, a luz do art. 173, I do CTN, não há decadência a ser declarada. CONCLUSÃO: Voto pelo CONHECIMENTO do recurso ESPECIAL DO PROCURADOR para DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 184DF CARF MF 10 Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Divirjo do brilhante voto da Ilustre Conselheira Relatora, apenas para ressalvar que, tratandose de multa por descumprimento de obrigação acessória, analisandose as obrigações de uma forma global, pode haver competências em que, embora a obrigação acessória seja mantida, a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Nesses casos, há que ser ressalvado o direito do Contribuinte ao cálculo mais benéfico da multa por descumprimento da obrigação acessória, já que esta é mantida, desatrelada da obrigação principal. Assim, dou provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para que seja aplicada a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, porém reduzindose o valor da multa ao estabelecido no art. 32A, da Lei n° 8.212, de 1991, nas competências em que a correspondente obrigação principal estiver alcançada pela decadência. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 185DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10976.000103/2009-42
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.675
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 6. 00 01 03 /2 00 9- 42 Fl. 269DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 272DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 274DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 276DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 277DF CARF MF Processo nº 10976.000103/200942 Acórdão n.º 9202004.675 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 278DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13401.000392/00-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/1996 a 31/12/1996, 01/04/1997 a 31/12/1998, 01/02/1999 a 31/12/1999
MULTA DE OFÍCIO
Se na data da ciência do lançamento não havia qualquer medida judicial que obstasse a exigibilidade do crédito tributário objeto daquele, correta a aplicação da multa de ofício.
SELIC
Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-003.808
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto Daniel Neto, Diego Diniz Ribeiro e Thais de Laurentiis Galkowicz que deram provimento para reconhecer a nulidade do auto de infração. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente a Dra. Laila Barros de Araújo, OAB/PE 36.708.
assinado digitalmente
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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SELIC Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto Daniel Neto, Diego Diniz Ribeiro e Thais de Laurentiis Galkowicz que deram provimento para reconhecer a nulidade do auto de infração. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente a Dra. Laila Barros de Araújo, OAB/PE 36.708. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Presidente. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 40 1. 00 03 92 /0 0- 55 Fl. 898DF CARF MF Processo nº 13401.000392/0055 Acórdão n.º 3402003.808 S3C4T2 Fl. 898 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versam os autos de lançamento de PIS (fls. 4/14), com aplicação da multa de ofício de 75%, que, conforme relato fiscal de fls. 15/24, a empresa não recolheu no período e tampouco declarou aquela contribuição sobre as vendas de combustíveis, sendo sua atividade principal o "comércio atacadista de álcool carburante, gasolina e demais derivados de petróleo". Em suma, ela não vinha recolhendo a contribuição na modalidade de substituta tributária "para frente", nos termos da LC 70/91 e art. 6º da Lei 9.715/98, que determinam a responsabilidade da distribuidora de combustível e de álcool carburante pelo recolhimento da daquela contribuição (e também da COFINS) na condição de substituto tributário dos comerciantes varejistas com base no menor valor constante da tabela de preços máximos fixados para venda a varejo de combustíveis derivados de petróleo e de álcool para fins carburantes. Informa a fiscalização (item III do TVF fl. 18) que a empresa não estava recolhendo a contribuição sobre o faturamento das vendas de combustíveis amparada por antecipação de tutela na ação ordinária nº 97.1830, a qual foi deferida em 06/03/1997 (fl. 61), que autorizou a peticionante a proceder o recolhimento das parcelas vincendas de PIS sobre o faturamento, deduzido destes as operações com combustíveis, e "inibindo a ré de, por tal motivo, dar início ao procedimento fiscal pelo respectivo inadimplemento". Contudo, em 27/07/2000 (fls. 63/66), a presidência do TRF5, suspendeu a eficácia daquela. Cientificada do lançamento em 28/09/2000, a empresa impugnouo (fls. 518/529). Em síntese, alegou que a ordem judicial impediria qualquer procedimento fiscal e, caso houvesse, nos termos do art. 63 da Lei 9.430/96, não poderia ser aplicada a multa de ofício. Contudo, informa que aderiu ao REFIS em 31/03/2000, com arrimo na Lei 9.964/2000, portanto desistindo da ação judicial. Entende que essa adesão equivaleria a denúncia espontânea, afastando a incidência de multas. Alega que tendo apresentado em 31/08/2000 a declaração do REFIS, onde fez incluir os seus débitos fiscais correspondentes ao PIS sob exação, estaria regularizada sua situação. Por fim, pugnou pela ilegalidade da taxa SELIC como juros de mora. A DRJ Recife (fl. 574), em 08/08/2001, baixou o processo em diligência para que a unidade local da RFB verificasse se há débitos de PIS de mesmo período no REFIS e no auto de infração, e se houve desistência ou trânsito em julgado da ação suso referida. Nesse ínterim, a DRF em Cabo de Santo Agostinho/PE Equipe de Acompanhamento dos Maiores Contribuintes (fls. 587/590), em 10/08/2005, emitiu Parecer no qual, em síntese, opina pela exclusão da empresa do REFIS por inadimplência, conforme determina o art. 5º, III, da Lei 9.964/00, o que veio a ser feito pelo Despacho Decisório Fl. 899DF CARF MF Processo nº 13401.000392/0055 Acórdão n.º 3402003.808 S3C4T2 Fl. 899 3 SORAT/2005 (fl. 591) do Delegado da DRF/CSA/PE, com efeitos de exclusão a contar de 01/10/2005, que veio a ser homologado pelo Secretário da RFB nos termos da Portaria Comitê Gestor de Recuperação Fiscal 1.107 (DOU 21/09/2005 fl. 612). De seu turno, em 19/10/2005, foi exarado Despacho da mesma unidade local da RFB (fls. 603/605) em resposta à diligência formulada pela DRJ Recife. A DRJ/REC, em 13/05/2006, julgou improcedente a impugnação (fls. 619/628). Não resignada, a empresa interpôs recurso voluntário (fls. 662/683) ao então Segundo Conselho de Contribuinte, onde, em suma, repisa os argumentos expendidos em sede de impugnação. Insiste na tese que descaberia a incidência da multa de ofício, nos termos do artigo 63 da Lei 9.430/96, em lançamento para prevenir a decadência. A então 4ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, nos termos da Resolução 20400374 (fls. 792/796), em 27/02/2007, converteu o julgamento em diligência para o seguinte fim: O Termo de Diligência (fls. 818/819), concluiu: Fl. 900DF CARF MF Processo nº 13401.000392/0055 Acórdão n.º 3402003.808 S3C4T2 Fl. 900 4 A recorrente, em 02/07/2010, manifestouse sobre o resultado da diligência (fls. 823/827). À fl. 874, consta informação, datada de 13/04/2011, do SECOJ deste CARF informando que houve desistência parcial do recurso por adesão ao PAEX (Lei 11.941/2009), conforme valores da coluna C da informação de fls. 875/876 (volume 3 complementação). O Parecer de 13/02/2013, exarado pelo SECAT da DRF/REC (fls. 847/859), averba, em apertada síntese, que: Fl. 901DF CARF MF Processo nº 13401.000392/0055 Acórdão n.º 3402003.808 S3C4T2 Fl. 901 5 Em 01/03/2010, porém, por meio do requerimento13401.000138/2010 18, o Interessado listou os valores de PIS do processo 13401.000392/0055 dos quais ele queria desistir do recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf, antes denominado Conselho de Contribuintes) para fins de inclusão no parcelamento regido pela Lei 11.941/2009, mas apenas no que se referia ao valor principal, e não à multa. ... No extrato de fls. 834/838 do Auto se pode ver que apenas a multa de ofício continua vinculada ao processo 13401.000392/0055. Os valores de PIS do Auto de Infração foram transferidos para o processo 10480.723415/201114, até o limite do valor incluído no REFIS. E conclui: Quanto aos processos originados do lançamento de ofício, as multas de ofício continuam vinculadas ao Auto 13401.000392/0055, cabendo ao Carf decidir sobre a pertinência de tais multas. Enquanto não for emitida a decisão da 2ª instância administrativa o processo permanecerá com a exigibilidade suspensa: o pedido do Interessado requerendo tal suspensão é inócuo. Vieramme os autos por sorteio em 22/07/2016. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. Emerge do relatado que a matéria de mérito devolvida ao conhecimento deste Colegiado, diante de todos os incidentes no curso deste processo, limitase à irresignação da recorrente quanto à multa de ofício, uma vez que os demais valores encontramse em parcelamento que vem sendo adimplido, conforme noticia os autos. Primeiramente afasto a alegação de que a antecipação da tutela impedia o Fisco de iniciar procedimento fiscal ou mesmo lavrar auto de infração, o que o tornaria nulo. O que a medida determinava, em outros termos, era que não poderia haver cobrança do PIS sobre os valores de venda de combustíveis. Incontroverso que o Judiciário não pode impedir o Fisco de praticar qualquer ato tendente a constituir o crédito tributário para prevenir os efeitos da decadência. O próprio art. 63 da Lei 9.430/96 que a empresa traz à colação, deixa essa questão aclarada. Porém, quando da ciência do lançamento a medida já havia sido cassada, pelo que não há falarse em suspensão da exigibilidade. Ademais, gizese, a recorrente sucumbiu na ação judicial a que se refere. Assim, afastase a nulidade do lançamento. Quanto ao mérito, a controvérsia é simples, pois a autuada alega que a multa não poderia ter sido imposta uma vez que o lançamento teria sido levado a efeito para prevenir Fl. 902DF CARF MF Processo nº 13401.000392/0055 Acórdão n.º 3402003.808 S3C4T2 Fl. 902 6 a decadência frente à alegada antecipação de tutela que permitiu que a recorrente excluísse da base imponível do PIS os valores das vendas de combustíveis. Embasa seu entendimento nos termos do que dispõe o art. 63 da Lei 9.430/96, o qual tem a seguinte dicção: Art.63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Quando o contribuinte foi cientificado do lançamento, em 28/09/2000, como dito, a antecipação da tutela já havia sido cassada pela presidência do TRF5 em 27/07/2000. Ou seja, quando o lançamento se tornou eficaz, com sua ciência, não havia qualquer medida judicial restritiva quanto à exigibilidade do crédito tributário. Assim, não há falarse em constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência. Dessarte, não incide na hipótese o art. 63 da Lei 9.430/96. No que tange à alegada ilegalidade da aplicação da taxa SELIC como juros de mora, a questão resta prejudicada, uma vez que o principal foi transferido para o PAEX (Lei 11.941/2009), embora a Súmula CARF abaixo transcrita tenha definido a questão. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. É como voto. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Declaração de Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Peço vênia para divergir do Ilustre Relator acerca do provimento decisional a ser proferido no bojo deste processo administrativo, pelas razões que serão expostas a seguir. Em breve síntese do que interessa ao deslinde do feito, foi iniciado o procedimento fiscal contra a Recorrente, através do Mandado de Procedimento Fiscal nº 0032 1/PIS, emitido em 01/06/2000, com intimação do contribuinte em 16/06/2000, conforme o artigo 33, I do Decreto 7.574/2011. Fl. 903DF CARF MF Processo nº 13401.000392/0055 Acórdão n.º 3402003.808 S3C4T2 Fl. 903 7 Todavia, a Recorrente ajuizara, anteriormente ao início da fiscalização, a Ação Ordinário nº 97.1830/0, obtendo liminar em 06/03/1997 autorizando a não inclusão das operação de venda de combustível na base de cálculo das contribuições sociais, e inibindo o início de qualquer procedimento fiscal relativo ao inadimplemento desses tributos. A referida liminar foi cassada em 27/07/2000 pelo TRF5, posteriormente à instauração do procedimento fiscal. Pois bem, tenho firme convicção que a instauração da fiscalização contra o contribuinte se deu em condição de ilegalidade clara, maculando de nulidade todos os atos que dele decorreram, inclusive o Auto de Infração ora guerreado. Explicome. O Ilustre Relator fundamentou a possibilidade de fiscalização de lançamento contra a Recorrente no fato da notificação do lançamento ter se dado em 28/09/2000, posteriormente à cassação da liminar existente, de modo que então não haveria óbice judicial à constituição do crédito tributário e aplicação de multa. Todavia, a existência de medida liminar era óbice intrasponível à possibilidade de instauração do procedimento fiscal, nos termos do art. 62 do DecretoLei 70.235/72, verbis: Art. 62. Durante a vigência de medida judicial que determinar a suspensão da cobrança, do tributo não será INSTAURADO procedimento fiscal contra o sujeito passivo favorecido pela decisão, relativamente, à matéria sobre que versar a ordem de suspensão. Diante da vedação expressa à instauração, poderseia recorrer ao artigo 63 da lei 9.430/96, que autoriza a constituição do crédito tributário para prevenção da decadência tributária, citado abaixo: Art.63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Todavia, tal regra tampouco se aplica, haja vista que a sua aplicação aos casos de suspensão da cobrança por liminar em ação ordinária (art. 151, V do CTN) somente foi criada com a MP nº 2.15835/2001, após a criação dessa hipótese de suspensão da exigibilidade com a Lei Complementar 104/2001. É dizer, antes da MP nº 2.15835/2001, não era possível o lançamento para prevenir decadência nos casos de liminar em ação ordinária, visto que tal hipótese não era incluída no permissivo legal do art. 63 da lei 9430/96. Portanto, a regra aplicável ao caso era exatamente o art. 62 do DecretoLei 79.235/72, já citado anteriormente, que impedia a instauração do procedimento fiscal. Instaurada a fiscalização dentro do prazo de vigência da medida judicial, ela estará maculada pela ilegalidade ab ovo, viciando de nulidade a presente autuação. Fl. 904DF CARF MF Processo nº 13401.000392/0055 Acórdão n.º 3402003.808 S3C4T2 Fl. 904 8 Assim, voto pela declaração de nulidade do Auto de Infração, com a consequente exoneração da Recorrente. É como voto. Fl. 905DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720409/2009-62
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. - MAGISTRADOS DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL.
Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria.
IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV.
Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9202-004.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MAGISTRADOS DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 04 09 /2 00 9- 62 Fl. 223DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720409/200962 Acórdão n.º 9202004.195 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 148.181,72, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. Essas diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, e conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA julgado o lançamento procedente em parte, fls. 113 a 119, mantendo o imposto no valor R$ 62.937,93, e exonerando o valor de R$ 7.752,72, juntamente com os acréscimos legais devidos. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso. Portanto, em sessão plenária de 16/05/2012, deuse provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2102002.036, fls. 171 a 179, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercícios: 2005, 2006, 2007 RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AOS MAGISTRADOS DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003 pagou as diferenças de URV aos Membros da Magistratura local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Fl. 225DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos Membros da Magistratura da Bahia, na forma da Lei Estadual da Bahia nº 8.730/2003. Recurso Voluntário Provido.” O processo foi encaminhado, para ciência da Fazenda Nacional, em 16/10/2012 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 17/10/2012, o Recurso Especial. Em seu recurso visa restabelecer o lançamento em sua integralidade, reconhecendose a incidência do imposto de renda sobre a parcela recebida pela contribuinte. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, de 19/02/2013, fls. 190 a 191. O recorrente traz como alegações, que: · a Segunda Turma da Primeira Câmara da Segunda Seção do CARF incorreu em grave equívoco ao atender o pleito do contribuinte, uma vez que tal medida implica em evidente ofensa ao art. 111 do CTN – que prevê que a concessão de isenção exige interpretação literal e ao art.150, §6º da CF que prevê a necessidade de lei específica para concessão de isenção. · que as diferenças reconhecidas através da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 tinham, em sua origem, natureza eminentemente salarial, por se incorporarem à remuneração, uma vez que o abono pecuniário substitutivo do reajuste salarial, revela nítido aumento patrimonial, exsurgindo o fato gerador do imposto de renda e formando o montante atualizado da base de cálculo do Imposto de Renda. · que não pode prosperar o entendimento de que haveria isenção com base na Resolução do STF nº 245, de 2002 (que reconheceu a isenção do abono vinculado a diferenças de URV conferido aos magistrados federais), pois tal resolução não pode ser estendida às verbas pagas aos membros da Magistratura Estadual, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei específica. · que, para a Magistratura Federal, há lei federal específica prevendo o abono e que, por entendimento já manifestado pelo Supremo Tribunal Federal, tal abono tem natureza indenizatória e assim detém o benefício da isenção. Fl. 226DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720409/200962 Acórdão n.º 9202004.195 CSRFT2 Fl. 4 5 · que devese guardar obediência ao artigo 111 do Código Tributário Nacional, no sentido de que todo dispositivo legal que disponha sobre isenção, suspensão, exclusão de crédito tributário deve receber interpretação restritiva, e portanto, descabido, conferir às leis mencionadas alcance que não contêm. · que o acórdão recorrido incorre em evidente ofensa á lei tributária, especificamente no que diz respeito aos dispositivos indicados acima. Devidamente cientificado do Acórdão, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 13/03/2013, o contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarrazões em 22/03/2013. Em suas contrarrazões, o contribuinte alega que: · tendo em mente o princípio da isonomia (art. 150, inciso II da CF) que deve reger todo o sistema legal brasileiro e a unicidade da magistratura, cai por terra o argumento da Procuradoria de que o acórdão recorrido estaria por estender os limites da não incidência tributária sem previsão de lei federal para tal, devendo ser preservada a decisão recorrida. · o princípio da isonomia vem sendo violado em casos como o presente auto pela Procuradoria, que limitase a promover ações judiciais apenas contra Magistrados e membros do Ministério Público do Estado da Bahia, deixando de lado os casos dos Magistrados Federais, que da mesma forma, receberam a multicitada indenização. · é público e notório o fato de que não houve tributação das indenizações pagas aos Membros da Magistratura e do Ministério Público da União a título de URV (nem mesmo qualquer ação fiscal nesse sentido), diante da edição, pelo próprio STF, da Resolução nº 245, de 12/12/2002, que autorizou o pagamento da verba da URV aos Magistrados da União como indenizatória e, portanto, não passível de incidência de imposto de renda, reconhecendo a recomposição do patrimônio afetado pela não concessão de direito creditório. · o STJ, no julgamento do Resp nº 1.187.109, entendeu pela aplicabilidade da Resolução nº 245 do STF também aos magistrados estaduais, e que a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 determinou o pagamento das diferenças da URV, as quais, no caso dos membros do Ministério Público Federal, haviam sido excluídos da incidência do IRPF, pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com fulcro na resolução citada acima. · os efeitos do art. 2º da Lei Federal nº 10.477/2002 e da Lei Complementar Estadual nº 20/2003 são idênticos, no caso das diferenças da URV, beneficiando destinatários diversos, não podendo o imposto de renda incidir sobre diferenças de uma, sendo afastado de outra. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 · as decisões divergentes colacionadas pela Procuradoria da Fazenda Nacional resolveram desconsiderar a lei estadual por entenderem que “não houve pronunciamento do STF ou do Ministério da Fazenda acerca das naturezas jurídica e tributária dos rendimentos recebidos com base na Lei do Estado da Bahia nº 8.730, de 2003”, e que, ao procederem dessa forma, os julgadores dessas decisões, nada mais fizeram que apreciar a (in)constitucionalidade da Lei Estadual, uma vez que afastou sua aplicabilidade por considerála incompatível com dispositivo da Constituição Federal, o que é expressamente vedado pelo art. 62 do Regimento Interno do CARF. · cabia à Fazenda Nacional ajuizar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos termos do art. 102, I, “a” da Carta Magna, mas jamais proceder da forma como fez, desconsiderando Lei Estadual válida e eficaz. · toda a jurisprudência pátria vem se posicionando na mesma linha do acórdão recorrido (entendimento de que qualquer verba indenizatória oriunda de dano material ou moral não comporta a incidência de tributos), a saber o Conselho de Justiça Federal, o antigo Conselho de Contribuintes, assim como o Poder Judiciário de Rondônia e o Ministério Público do Estado do Maranhão. · toda a receita arrecadada com a eventual incidência do imposto de renda sobre as parcelas recebidas de URV será posteriormente revertida para o próprio Estado da Bahia, que já classificou legalmente tais pagamentos como indenizações, renunciando ao recebimento das mesmas, ou seja, a União sequer possui legitimidade para figurar no pólo ativo dessa relação jurídicotributária. · caso se entenda pela procedência do Recurso Especial interposto pela PGFN, o que se cogita em nome do princípio da eventualidade, a Câmara Superior de Recursos Fiscais deverá apreciar a questão da imprestabilidade da base de cálculo na forma como apurada e da não incidência de IR sobre juros de mora. · a fiscalização, ao invés de ter feito lançamentos isolados em cada valor de URV recebido, deveria ter refeito as três DIRFs (2004, 2005 e 2006) da contribuinte, a fim de apurar, mês a mês, os valores de imposto de renda supostamente devidos em conjunto com os salários auferidos, uma vez que é sabido que a legislação do imposto de renda prevê a declaração de ajuste anual, onde o contribuinte tem a possibilidade de excluir da base de cálculo do tributo, por exemplo, determinadas parcelas isentas, passando normalmente a ter imposto a restituir no exercício seguinte; que resumindo, chegamos no entendimento esposado pelo STJ, no sentido de que o cálculo do imposto de renda deve ser feito com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época da percepção dos rendimentos. · não bastariam os lançamentos levarem em consideração apenas os valores que deveriam ter sido recebidos a título de URV nos anos de 1994 a 2001, como foi feito, mas também a totalidade da receita mensal do contribuinte, até para que se revelasse que a incidência do Fl. 228DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720409/200962 Acórdão n.º 9202004.195 CSRFT2 Fl. 5 7 imposto de renda era devida ou não, isto porque, se for considerado tão somente a parcela de URV que deveria ter sido recebida em janeiro de 1995, por exemplo, verificarseá que a Fonte Pagadora não deveria ter feito retenção, ao menos que fosse levada em consideração a totalidade do recebimento mensal, uma vez que tal valor de URV individualmente considerado, estaria isento, conforme tabela da época . · a omissão na identificação da totalidade do recebimento mensal pode ter repercutido no cálculo do imposto, bem como da própria restituição que o contribuinte poderia ter direito. · ao importar os valores apresentados pelo Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária do Tribunal de Justiça da Bahia – IPRAJ – para os cálculos trazidos no “Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado”, a fiscalização autuante levou em consideração todo o valor recebido pelo contribuinte (URV, juros e correção), e da mesma forma que não há incidência de Imposto de Renda sobre o pagamento de URV (por ser verba de natureza indenizatória), é assente o entendimento da doutrina e da jurisprudência de que não há incidência de IR sobre os juros moratórios. · Por fim, o contribuinte destaca o Parecer do Jurista Marco Aurélio Greco, alegando que tal estudo foi empreendido em resposta à consulta formulada pelas Associações de Classe dos Membros do Ministério Público, dos Tribunais de Contas e da Magistratura do Estado da Bahia, e que nesse estudo o jurista conclui pela constitucionalidade da Lei Estadual nº 8.730/2003 e pela total ilegitimidade da União para cobrar e autuar os agentes estaduais pelo não recolhimento do imposto de renda, verba esta de titularidade exclusiva do Estado da Bahia. É o relatório. Fl. 229DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, a fls. 190/191. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO DELIMITAÇÃO DA LIDE Em face do RE e do conteúdo do acórdão recorrido, cingese a discussão ao caráter indenizatório dos rendimentos relativos aos pagamentos recebidos pelos membros do Magistratura da Bahia. A base do fundamento do acórdão recorrido encontrase na própria ementa do acórdão, fls. 171/179, assim descrita: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercícios: 2005, 2006, 2007 RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AOS MAGISTRADOS DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003 pagou as diferenças de URV aos Membros da Magistratura local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos Membros da Magistratura da Bahia, na forma da Lei Estadual da Bahia nº 8.730/2003. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720409/200962 Acórdão n.º 9202004.195 CSRFT2 Fl. 6 9 Recurso Voluntário Provido.” COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE IR Primeiramente, conforme descrito no acórdão a Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003., consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, entendo que a competência para legislar sobre imposto de renda é da União, conforme disposto no art. 153, IV, da CF/88. Dessa forma, fazse necessário realizar a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] III renda e proventos de qualquer natureza; [...[ § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 2º O imposto previsto no inciso III: I será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; Neste ponto, convém diferenciar a natureza salarial que se subssume ao citado dispositivo face a configuração de nítido acréscimo patrimonial das verbas com natureza indenizatórias, cujo fundamento para exclusão configurase como a reparação por um dano sofrido, ou mesmo as verbas legalmente descritas como indenizatórias. Nessa linha de raciocínio, entendo que a referida lei estadual não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência da devida correção salarial decorrentes de alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo sujeito passivo, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Concluindo, em relação a este item, entendo incabível tomar como absoluta para exclusão da incidência do IR lei de outro ente da federação (no caso, o Estado da Bahia), face a competência instituída pelo texto constitucional. INCIDÊNCIA SOBRE VALORES DE DIFERENÇAS DE URV Quanto ao mérito, é sabido que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV” advêm de diferenças salariais decorrentes da conversão da remuneração dos servidores beneficiados, quando da implantação do Plano Real. Em função disso, constatase que tais valores tem ligação direta com a remuneração, ou seja, se referem a remuneração (vencimentos) não percebidos anteriormente e acabam por importar diferenças ao longo dos anos subseqüentes. Nesse sentido, podemos concluir que o objetivo de ações judiciais sob esse fundamento ou mesmo da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, da Bahia Fl. 231DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 (que apenas reconheceu esse direito) foi simplesmente pagar ao recorrente aquilo que antes deixou de ser pago, ou seja, diferença de salários. Considerando o nítido caráter salarial diferenças pagas a posteriori, penso que a verba trazida à discussão encontrase sujeita à incidência do IR, conforme dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Nesse sentido, estáse diante de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Frente as considerações acima, também afasto os fundamentos adotados pelo julgador da turma a quo para definir a natureza das diferenças de URV. Segundo o acórdão recorrido a verba recebida pelos servidores estaduais possui a mesma natureza daquela percebida pelos seus pares da União e, portanto, não se poderia dispensar tratamento diferenciado àqueles que se encontram em mesma situação. Entendo, que não há como igualar as situações dos membros do Ministério Público Federal e Magistratura Federal com os pertencentes aos quadros do Estado da Bahia, haja vista inexistir lei federal determinando o mesmo tratamento tributário, pois a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II do art. 111 do CTN. Com efeito, o Código Tributário Nacional veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação semelhantes. Pensar diferente implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º do art. 150 da CF e o art. 176 do CTN. Dessa forma, ao contrário do exposto pelo julgador a quo entendo que ao adotar mesmo tratamento tributário, alterando a natureza dos pagamentos, estaria sim, me valendo da analogia para definir fato gerador e base de cálculo de imposto sob a competência da União. A Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) nº 245/2002 conferiu natureza jurídica indenizatória ao abono variável apenas aos Magistrados do Poder Judiciário Federal e, posteriormente, aos membros do Ministério Público da União (Lei nº 9.655/1998 e Lei nº 10.474/2002). No mesmo sentido, a PGFN, por meio do Parecer PGFN/Nº 529/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, reconheceu a natureza indenizatória do abono apenas para a Magistratura Federal e MP Federal, respeitando a interpretação do STF, contudo, tal verba não pode ser confundida com as diferenças decorrentes de URV ora sob análise. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720409/200962 Acórdão n.º 9202004.195 CSRFT2 Fl. 7 11 Por fim, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 Pelos fundamentos expostos, entendo que a verba em exame deve ser tributada. Quanto ao caráter salarial das verbas pagas a título de URV, já se pronunciou este conselho em outras ocasiões acerca do tema, ao qual cito julgados que corroboram com o encaminhamento aqui formulado: ACÓRDÃO 9202003.659 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 9202.003.585 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 2201002.491 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 PAF. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. Fl. 234DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720409/200962 Acórdão n.º 9202004.195 CSRFT2 Fl. 8 13 INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 12. “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção”. IRRF. COMPETÊNCIA. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. TABELA MENSAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO RICARF. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC. Aplicação do art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). IRPF. MULTA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF Nº 73. “Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício”. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 14 IRPF. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988. Frente as questões colocadas acima, entendo que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV" consistem em diferenças salariais sujeitas a incidência de IR, sendo incabível acatar a argumentação de que a natureza salarial da referida verba seja alterada por legislação estadual, qual seja, a Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, ou mesmo que Resolução nº 245 do STF lastreada em Lei federal com destinação específica possa ser aplicada por analogia a outros casos que não os expressamente nela descritos. QUANTO A NECESSIDADE DE PRÉVIA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI ESTADUAL Quanto a argumentação de que necessário, antes de efetivar ao lançamento, ter declarada a inconstitucionalidade da lei Estadual, entendo não ser esse o melhor entendimento aplicável. Conforme acima esclarecido a competência para legislar sobre IR recai sobre a União, não podendo ser alterada a natureza jurídica da verba para efeitos de definição do fato gerador. Contudo, não pode o agente fiscal entender ou mesmo questionar a constitucionalidade de lei Estadual, cujo ente Estadual possui competência para definir não apenas a natureza jurídica da verba, como a incidências sobre os tributos cuja competência para legislar esteja sob sua égide. Por exemplo, a definição da natureza jurídica para efeitos de definição da natureza tributos de´contribuição previdenciária para regime próprio de previdência. Assim, ao fisco Federal compete apreciar se a verba recebida pelos Magistrados da Bahia, encontrase abarcada como fato gerador de IR, utilizandose dos fundamentos dessa legislação para apuração do fato gerador, da natureza jurídica do pagamento e da base de cálculo e montante do tributos apuráveis. Dessa forma, afasto a argumentação, de que necessário primeiramente declarar a constitucionalidade da legislação estadual. Quanto a incompetência do CARF para afastar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade, entendo não ser essa a questão aplicável ao caso concreto. Realmente nos termos do art. 62 do CARF: "é vedado aos membros das turmas de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob o fundamento de inconstitucionalidade", todavia, a competência básica dos membros desse colegiado é identificar se o lançamento se amolda as exigências legais e se os argumentos apontados pelo recorrente seriam suficientes para a desconstituição do lançamento. Bem, conforme foi apreciado acima, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal ao lançar as contribuições, posto que os valores recebidos, pela análise da legislação aplicável ao caso concreto, quais sejam: CF/88, CTN e legislação do IR, incorreto considerar os rendimentos como isentos ou não tributáveis. Assim, esse julgador em momento algum descumpri ou fere dispositivo regimental, pelo contrário, entendo que ao acatar os argumentos do recorrente pela aplicabilidade da legislação estadual e resolução 245/STF, aí sim, estaria afastando dispositivo legal. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720409/200962 Acórdão n.º 9202004.195 CSRFT2 Fl. 9 15 Quanto as demais questões trazidas em sede de contrarrazões deixo de apreciálas, considerando a existência de outros argumentos trazidos ainda em sede de recurso voluntário, mas não apreciados pela turma a quo frente ao encaminhamento do relator de no mérito dar provimento ao recurso. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. É como voto. (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 10/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 13819.000842/2004-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. MÁSTIQUE. NOTA EXPLICATIVA.
Os produtos comercialmente denominados "Brascoved Super Transparente", destinados a vedar ou selar superfícies, devem ser classificados pela sua utilização, no código 3214.10.10 da TIPI/1996, conforme texto e Nota explicativa da posição 3214.
Recurso voluntário negado
Numero da decisão: 3402-003.698
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. MÁSTIQUE. NOTA EXPLICATIVA. Os produtos comercialmente denominados "Brascoved Super Transparente", destinados a vedar ou selar superfícies, devem ser classificados pela sua utilização, no código 3214.10.10 da TIPI/1996, conforme texto e Nota explicativa da posição 3214. Recurso voluntário negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 00 08 42 /2 00 4- 21 Fl. 2937DF CARF MF 2 Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento Ribeirão Preto que julgou procedente o lançamento (fls. 2530/2539), conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS I PI Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002 LANÇAMENTO. ERRO CLASSIFICAÇÃO FISCAL. A falta de pagamento do imposto, por erro de classificação fiscal/alíquota inferior à devida, justifica o lançamento de ofício do IPI, com os acréscimos legais cabíveis. PERÍCIA. PEDIDO NEGADO. Desnecessária a perícia quanto os quesitos formulados pela empresa não exigem pronunciamento por parte de técnico especializado no assunto para serem respondidos. JUROS DE MORA. SELIC. A cobrança de juros de mora com base no valor acumulado mensal da taxa referencial do Selic tem previsão legal. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá la, nos moldes da legislação que a instituiu. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Argüições de inconstitucionalidade refogem à competência da instância administrativa, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hipótese em que compete à autoridade julgadora afastar a sua aplicação. Lançamento Procedente Contra a empresa foi lavrado auto de infração para a exigência de IPI, multa de 75% e juros de mora, no valor total de R$8.151.120,15, em face de o estabelecimento industrial ter reduzido o montante do IPI a recolher nos períodos de apuração compreendidos entre os anos de 1999 a 2002, em virtude de erro de classificação fiscal. Consta no Termo de Verificação Fiscal, que, em 1999, a contribuinte protocolizou o processo de consulta de n° 13819.002227/9949, versando sobre a classificação fiscal a ser adotada para o produto "Brascoved Super Transparente", adotando a classificação 3506.10.90, com alíquota de 0 % para o IPI. A resposta à consulta foi dada pela Decisão DIANA/SRRF/8ª RF n.° 32, de 10/03/2000, classificando o referido produto no código 3214.10.10 da TIPI/1996, com alíquota de 10% para o IPI. No entanto, após a ciência da solução de consulta, a situação fiscal resultante da classificação adotada erroneamente não foi sanada pela empresa. Em decorrência deste fato, o Fisco apurou o valor do IPI que deixou de ser destacado nas notas fiscais de vendas e reconstituiu a escrita fiscal do contribuinte, constituindo o crédito tributário que deixou de ser recolhido por meio do presente lançamento. A contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese, conforme consta na decisão recorrida: Fl. 2938DF CARF MF Processo nº 13819.000842/200421 Acórdão n.º 3402003.698 S3C4T2 Fl. 2.938 3 • O produto silicone "Brascoved Super Transparente" é cola e não "mástique", como entendeu o Fisco, e deve ser classificado no código 3506.10.90 da TIPI; • A Decisão proferida pela Superintendência da Receita Federal no processo de consulta não se coaduna com as características do produto em questão. • A análise efetuada pelo Laboratório da Alfândega do Porto de Santos (LABOR) foi superficial e não pode ser aceita, em razão da total impossibilidade do produto ser considerado "mastique". O produto em análise é um verdadeiro adesivo selante, monocomponente à base de polixipropileno, adequado para junção de chapas nuas, acondicionado em bisnagas plásticas para venda a retalho. A classificação adotada pela fiscalização aplicase exclusivamente para os mastiques com finalidade específica de utilização para assegurar a fixação ou a aderência de peças, fixação esta que somente ocorre com o auxílio mecânico de grampos. Já o produto "Brascoved Super Transparente" é tecnicamente tido como adesivo, uma vez que fixa os materiais sem qualquer auxílio mecânico, tendo aderência por si só. Os adesivos e selantes, embora freqüentemente formulados com os mesmos tipos de materiais polímeros, normalmente são projetados para ter propriedades diferentes. Os adesivos têm alta força de cisalhamento, já os selantes normalmente têm pouca força de cisalhamento. • Para que não haja dúvidas quanto a seu entendimento, a empresa providenciou a elaboração de um parecer técnico científico, de especialista de renome no mercado, o qual chegou à conclusão de que o produto em discussão diferenciase do mastique por suas desejáveis características adesivas, devendo ser classificado, portanto, na posição 3506.10.90. Também providenciou, junto à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo um estudo comparativo que gerou um trabalho de aproximadamente 250 folhas, que também chegou a conclusão de que o produto é verdadeiro adesivo. Solicitou perícia para a elaboração de um laudo pelo INT Instituto Nacional de Tecnologia, (...) Por fim, insurgiuse contra a aplicação da selic como taxa de juros e da multa de ofício, por considerálas inconstitucionais. Os argumentos da impugnante não foram acolhidos pela Delegacia de Julgamento, sob os seguintes fundamentos: A autoridade administrativa competente para analisar a consulta apresentada teve, portanto, elementos e condições para apreciar a questão de forma a concluir pelo devido, enquadramento fiscal da mercadoria em questão. Devese ressaltar, inclusive, que o produto foi analisado pelo laboratório Fl. 2939DF CARF MF 4 de análises da alfândega do porto de Santos e que suas propriedades adesivas foram devidamente verificadas. Em que pesem os laudos técnicos e os estudos solicitados pelo contribuinte, a autoridade competente para classificar mercadorias é o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e não químicos renomados ou professores universitários de áreas estranhas à que envolve a matéria. Ademais, há que se acrescentar que a Administração está vinculada a observar a decisão dada à consulta apresentada pelo consulente, já que expressa a sua interpretação. (...) Conforme Nota Explicativa NESH da posição 3214, os mastiques se caracterizam essencialmente pela sua utilização. Estas preparações apresentamse freqüentemente sob forma mais ou menos pastosa, ou seja endurecendo, geralmente, após sua aplicação e, em geral, aplicamse por meio de pistola, de espátula, de desempenadeira ou de ferramentas semelhantes. São utilizados especialmente para obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou a aderência de peças. Diferem das colas e de outros adesivos porque se aplicam em camadas espessas. Ademais, se a característica do produto fosse simplesmente colar ou aderir, qual o consumidor que compraria o produto somente para este fim, já que é indicado para aplicações em box de banheiros, pias, piscinas e vidros, entre outros? Outros produtos adesivos, até de menor custo, seriam melhor indicados. O consumo deste produto se dá exatamente por que atenda propriedade adesiva existe também a propriedade selantes/vedantes. É exatamente isso que vemos, inclusive pelas especificações e indicações dos produtos em análise, dadas pela própria empresa em seu site. Completa este entendimento o fato de as características dadas ao produto pela empresa, inclusive as indicadas na solução de consulta, se adequar perfeitamente à Nota Explicativa na NESH para os mástiques, ou seja, é produto que endurece após sua aplicação, que se dá por meio de pistola e em camadas espessas, além de ser utilizado para vedação e aderência de peças. Sendo assim, em que pesem os argumentos da manifestante no sentido de caracterizar seu produto como "cola" (adesivo) a verdade é que é um selante com propriedades adesivas e se classifica, na TIPI, no mesmo código do mastique. A contribuinte foi regularmente cientificada do Acórdão de primeira instância, pela via postal, em 16/11/2008 Em 29/11/2008, a contribuinte apresentou recurso voluntário, mediante o qual alega, em síntese: PRELIMINARMENTE Necessidade de elaboração de novo laudo técnico Da inaplicabilidade da multa Fl. 2940DF CARF MF Processo nº 13819.000842/200421 Acórdão n.º 3402003.698 S3C4T2 Fl. 2.939 5 MÉRITO (...) a classificação apontada pelo Sr. Auditor Fiscal como sendo a correta, com base na decisão proferida pela SRRF/8ª RF no Processo de Consulta, não se coaduna com as características do produto em questão, conforme restará demonstrado a seguir. Com efeito, restou bastante claro que a análise efetuada pelo LABOR foi absolutamente superficial, e consequentemente não podem ser aceitas as conclusões do Processo de Consulta, em razão da total impossibilidade técnica do produto "Brascoved Super Transparente" ser considerado como "Mástique". A posição NCM 3214.10.10 tem por descrição o quanto segue: mástique de vidraceiro, cimentos de resina e outros mástiques; indutos utilizados em pintura. Nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), que estão mencionadas no Processo de Consulta n° 13819.002227/9949, mástiques e indutos dessa presente posição são preparações de composição muito variável, que se caracterizam essencialmente pela sua utilização. Em complemento às notas explicativas, as informações acerca desse produto são: os mástiques utilizamse especialmente para obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou a aderência de peças, ou seja para que se mantenha a fixação ou adesão de peças realizada mecanicamente. Diferem das colas e de outros adesivos porque se aplicam em camadas espessas. Ou seja, não há como considerar que o produto "Brascoved Super Transparente" possa ser enquadrado como "Mástique", pelo simples fato de não preencher os requisitos acima elencados. A única classificação fiscal aceita para o produto da Recorrente "Brascoved Super Transparente" é a descrita no código TIPI 3506.10.90, nomenclatura esta aplicável a produtos de qualquer espécie utilizados como colas ou adesivos, acondicionados para a venda a retalho como colas ou adesivos, com peso líquido não superior a 1 Kg. A literatura acima transcrita já seria suficiente para demonstrar que o produto "Brascoved Super Transparente" jamais poderia ser considerado como um mástique de vidraceiro, classificado na posição TIPI 3214.10.10, uma vez que tal produto tem características inegáveis de adesivo, estando perfeitamente enquadrado na descrição na TIPI 3506.10.90. Para que não pairem dúvidas quanto ao entendimento da Recorrente de que o produto "Brascoved Super Transparente" está corretamente enquadrado na classificação fiscal TIPI 3506.10.90, providenciou a mesma a elaboração de um Parecer Técnico Científico, com Engenheira Química especializada e de renome no mercado, e de um "Estudo Comparativo da Adesão do Fl. 2941DF CARF MF 6 Adesivo Selante Silicone contra do Mastic Butílico", junto à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, conforme mencionado nos itens 8 a 10 do presente recurso. Mediante a Resolução n° 310100.078 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 4 de fevereiro de 2010, o julgamento foi convertido em diligência para a elaboração de laudo técnico acerca dos quesitos formulados pela recorrente. Os quesitos foram respondidos pelo Instituto Nacional de Tecnologia mediante o Relatório Técnico nº 055/11, em face do qual a recorrente manifestouse no sentido de que: (...) a Autora julga necessário que o laudo seja submetido novamente à perícia para que a mesma possa emitir parecer conclusivo, tendo por base as diferenciações elencadas pela legislação, vislumbrada a impossibilidade dos mástiques e adesivos serem tratados de uma mesma forma. Ademais, requer se que o perito se atenha à importante questão da fixação, conforme sublinha o conteúdo do capítulo 3214 da NESH, respondendo a seguinte quesitação: O produto apresenta capacidade adesiva quando aplicado também em camada fina? Caso a perícia aponte que sim, como espera a Autora, saberemos que se trata de um adesivo, uma vez que a própria classificação tarifária já se ocupou de destrinchar a diferenciação, separando as duas categorias, entre outras características, pela aderência quando aplicadas em camadas finas ou não. Desta feita, a Autora se opõe ao resultado da perícia, requerendo que os laudos sejam reenviados para a elaboração de parecer conclusivo, levando em consideração a questão apontada pela Autora, no que diz respeito à fixação, conforme ditam os dispositivos legais, com o intento de que se consiga apontar a correta classificação fiscal do produto Brascoved Super Transparente. (...) É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. PRELIMINARMENTE Da necessidade de elaboração de novo laudo técnico Não se verifica nulidade na decisão de primeira instância na parte que indeferiu motivadamente o pedido de prova pericial da impugnante, em conformidade com os artigos 18 e 28 do Decreto nº 70.235/1972, vez que tal providência era desnecessária, na Fl. 2942DF CARF MF Processo nº 13819.000842/200421 Acórdão n.º 3402003.698 S3C4T2 Fl. 2.940 7 convicção do julgador a quo, para o deslinde da controvérsia de classificação fiscal posta nos autos, conforme se vê abaixo: (...) No entanto, restou claro no processo a composição química do produto e sua apresentação e aplicação ou finalidade, restou evidente também que se trata de material adesivo, que quando aderido "evita a passagem de gases, pós, líquidos, etc, para dentro ou para fora" no ponto de aplicação da montagem entre duas peças e que, portanto, tem também função selante. Sendo assim, nenhum dos quesitos formulados pela empresa exige perícia para ser respondido. Acrescentese, novamente, que o produto foi analisado pelo laboratório da alfândega do porto de Santos, sendo que suas propriedades adesivas foram devidamente verificadas, e sua classificação fiscal foi determinada por autoridade competente técnica e legalmente. Considerando que a classificação fiscal do produto foi dada em solução de consulta fiscal, provocada pela própria contribuinte, e pelas razões expostas acima, indefiro o pedido de perícia, pois os quesitos apresentados não necessitam de renomado saber técnico para serem respondidos e constam dos autos todas as informações necessárias para a formação da convicção deste julgador. (...) Não obstante isso, a então 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 3ª Seção de Julgamento do CARF, segundo o princípio da livre persuasão racional, entendeu por bem pelo atendimento do pleito da recorrente, no âmbito da segunda instância, para a elaboração de laudo técnico acerca dos quesitos formulados, o que será objeto de análise de mérito neste voto. Da inaplicabilidade da multa Também não assiste qualquer razão à recorrente no argumento de que, ainda que se admitisse que teria cometido erro na classificação fiscal, as multas punitivas não poderiam ser aplicadas. A multa de ofício não qualificada, com fundamento no art. 80, I da Lei nº 4.502/64 (no percentual de 75%), não exige que a conduta da autuada seja dolosa, bastando, para a sua imputação, que haja a falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado. Assim, no caso concreto, em se constatando o erro na classificação fiscal, cabível é a exigência da multa de ofício sobre a diferença de tributos a recolher em face da apuração de alíquota maior do tributo aplicável à mercadoria. Os Atos Declaratórios mencionados pela recorrente, além de se tratarem de entendimentos já superados pelo Ato Declaratório Interpretativo nº 13/2002, dizem respeito ao despacho aduaneiro de importação e não se aplicam ao presente caso, de insuficiência de lançamento do IPI na saída de produtos tributados do estabelecimento industrial ou equiparado. Fl. 2943DF CARF MF 8 MÉRITO Como relatado, a contribuinte apresentou em 1999 consulta na 8ª Região Fiscal sobre a classificação fiscal a ser adotada para o produto denominado comercialmente "Brascoved Super Transparente", a qual foi solucionada pela Decisão DIANA/SRRF/8ª RF n.° 32, de 10/03/2000, cuja ementa segue abaixo, no sentido de que a classificação correta para o referido produto seria no código 3214.10.10 da TIPI/1996, com alíquota de 10% para o IPI, ao invés do código 3506.10.90 proposto pela consulente, com alíquota de 0 % para o IPI. Não obstante a Receita Federal, até por coerência lógica, esteja vinculada em seus atos com a contribuinte/consulente ao entendimento já exarado em face dela na Solução de Consulta acima, nada obsta a que este Conselho Administrativo aprecie as razões de defesa da contribuinte aduzidas no recurso voluntário. Alega a recorrente que a única classificação fiscal aceitável para o produto da Recorrente "Brascoved Super Transparente" seria a descrita no código TIPI 3506.10.90, aplicável a produtos de qualquer espécie utilizados como colas ou adesivos, acondicionados para a venda a retalho como colas ou adesivos, com peso líquido não superior a 1 Kg. De outra parte, sustentou a decisão recorrida que, apesar das propriedades adesivas, as indicações de uso dos produtos, no próprio site da contribuinte, priorizam as suas propriedades vedantes ou selantes, o que se coaduna com a descrição de mástique da posição 3214 e com a Nota Explicativa NESH: (...) Conforme Nota Explicativa NESH da posição 3214, os mástiques se caracterizam essencialmente pela sua utilização. Estas preparações apresentamse freqüentemente sob forma mais ou menos pastosa, ou seja endurecendo, geralmente, após sua aplicação e, em geral, aplicamse por meio de pistola, de espátula, de desempenadeira ou de ferramentas semelhantes. São utilizados especialmente para obturar fendas, para assegurar a estanqueidade e, em alguns casos, para assegurar a fixação ou a aderência de peças. Diferem das colas e de outros adesivos porque se aplicam em camadas espessas. (...) Fl. 2944DF CARF MF Processo nº 13819.000842/200421 Acórdão n.º 3402003.698 S3C4T2 Fl. 2.941 9 Nessa esteira, concluiu a decisão recorrida que as características dadas ao produto pela empresa, inclusive as indicadas na solução de consulta, se adequam perfeitamente à Nota Explicativa na NESH para os mástiques, ou seja, é produto que endurece após sua aplicação, que se dá por meio de pistola e em camadas espessas, além de ser utilizado para vedação e aderência de peças. Na diligência foi elaborado o Relatório Técnico nº 055/2011, no qual restou consignado, em síntese, que: (...) (...) (...) Fl. 2945DF CARF MF 10 (...) Assim, como se depreende da leitura do trecho acima do Laudo Técnico, embora o produto tenha também uma propriedade adesiva, como todos os selantes, ele é utilizado para vedar e recobrir espaços entre os materiais, na função do mástique. Nesse ponto cabe esclarecer à recorrente que, nos termos da Regra Geral de Interpretação nº I: " Os títulos das seções, capítulos e subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das notas de seção e de capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e notas, pelas regras seguintes". Adicionalmente, há que se recorrer ao texto das Notas Explicativas ao Sistema Harmonizado, aplicáveis por força do Decreto nº 435/92. A Nota Explicativa da posição 3214, estabelece que "Os mástiques e indutos da presente posição são preparações de composição muito variável, que se caracterizam essencialmente pela sua utilização". Assim, não obstante a propriedade adesiva, o produto sob análise deve ser classificado pela sua utilização, ou seja, como um mástique, para assegurar a estanqueidade de juntas entre materiais. Com relação à solicitação de nova perícia, o pedido da recorrente há de ser indeferido, vez que já demonstrado nos autos, seja em face de descrição dos produtos no site da contribuinte ou do laudo técnico, que o produto destinase a vedar ou selar superfícies. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 2946DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.730386/2014-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012
MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. INOCORRÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. PROCEDÊNCIA.
No mandado de segurança os embargos de declaração não são recebidos com efeitos suspensivos, porque a sentença deve ser executada de imediato. Assim, na situação de sentença de primeiro grau favorável ao contribuinte, seguida de reforma em segunda instância que lhe é contrária, os embargos de declaração por ele interpostos contra a segunda não mantêm suspensa a exigibilidade do crédito tributário, pelo que no lançamento efetuado após a reforma deve ser exigida a multa de ofício, descabendo aplicar o art. 63 da Lei nº 9.430/96. (CARF; Acórdão nº 203-10-742)."
Numero da decisão: 1402-002.249
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Demetrius Nichele Macei e Caio Cesar Nader Quintella que votaram por dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei, e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011, 2012 MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. INOCORRÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. PROCEDÊNCIA. No mandado de segurança os embargos de declaração não são recebidos com efeitos suspensivos, porque a sentença deve ser executada de imediato. Assim, na situação de sentença de primeiro grau favorável ao contribuinte, seguida de reforma em segunda instância que lhe é contrária, os embargos de declaração por ele interpostos contra a segunda não mantêm suspensa a exigibilidade do crédito tributário, pelo que no lançamento efetuado após a reforma deve ser exigida a multa de ofício, descabendo aplicar o art. 63 da Lei nº 9.430/96. (CARF; Acórdão nº 203-10-742)."
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Demetrius Nichele Macei e Caio Cesar Nader Quintella que votaram por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei, e Leonardo de Andrade Couto.
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ARRENDAMENTO MERCANTIL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012 MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. INOCORRÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. PROCEDÊNCIA. No mandado de segurança os embargos de declaração não são recebidos com efeitos suspensivos, porque a sentença deve ser executada de imediato. Assim, na situação de sentença de primeiro grau favorável ao contribuinte, seguida de reforma em segunda instância que lhe é contrária, os embargos de declaração por ele interpostos contra a segunda não mantêm suspensa a exigibilidade do crédito tributário, pelo que no lançamento efetuado após a reforma deve ser exigida a multa de ofício, descabendo aplicar o art. 63 da Lei nº 9.430/96”. (CARF; Acórdão nº 20310742)." Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Demetrius Nichele Macei e Caio Cesar Nader Quintella que votaram por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 73 03 86 /2 01 4- 52 Fl. 808DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 809 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei, e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 809DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 810 3 Relatório Os processos 10166.730386/201452, 10166.730388/201441 e 10166.730389/201496 tratam da mesma matéria e os interessados são empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico. Trata o presente de Recurso Voluntário (fls.768/780) interposto face v. acórdão (fls.754/761) que decidiu manter integralmente as exigência descritas no Auto de Infração (fls.541/552). Resumidamente, os Autos de Infração foram lavrados devido a divergência de entendimento referente ao marco inicial da contagem do prazo de 30 dias previsto no parágrafo segundo do artigo 63 da Lei 9.430/96. A Fiscalização entendeu que o prazo de 30 dias se iniciou quando da publicação do v. acórdão da Apelação que reformou a sentença mandamental de primeira instância, em 30/08/2013, momento em que o crédito passou a ser exigível. A Recorrente, por sua vez, defende a tese de que o prazo de 30 dias se iniciou apenas com a publicação do v. acórdão relativo aos Embargos de Declaração em 25/10/2013. Como a Recorrente sustenta que o prazo se iniciava em 25/10/2013, após a publicação do acórdão dos Embargos de Declaração, entende que fez o pagamento integral e espontâneo dos débitos devidos, sem a inclusão da multa moratória nos termos do parágrafo segundo do artigo 63 da Lei 9.430/96. Devido ao pagamento sem a inclusão da multa moratória, a Fiscalização constatou a seguintes infrações: Conforme Relatório Fiscal (fls.553/558) o Auto de Infração foi lavrado com devido a seguinte infração: Fl. 810DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 811 4 Fl. 811DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 812 5 [...] Fl. 812DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 813 6 Foi aplicado multa de ofício de 75%. Cientificado da lavratura do Auto de Infração (fl.563), o Recorrente ofereceu impugnação (fls.569/580), com as seguintes alegações: (cópia do relatório do v. acórdão recorrido) 3. O Contribuinte tomou ciência da autuação em 01/12/2014 (fl. 563), e veio aos autos em 18/12/2014 para colacionar sua insurgência (fls. 569/580). Reclama: (a) que, no caso concreto, o termo a quo para proveito do prazo previsto no art. 63, § 2º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, seria a data do trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança sob nº 1999.34.00.0030846, a dizer, do trânsito em julgado do acórdão do Tribunal Regional Federal – TRF da 1ª Região que desprovera pedido disputado em embargos de declaração ali manejado pelo Interessado; (b) um tal trânsito em julgado, a seu sentir, ocorreria com a publicação do acórdão em referência, isto é, em 25/10/2013; (c) nesse sentido, seria equivocada a compreensão da Fiscalização que, com vistas ao mesmo dispositivo legal, fixara o termo a quo do prazo em pauta na data de publicação d’outro e pregresso julgado, também havido sob as hostes do TRF da 1ª Região, que provera remessa oficial e apelação da União nos autos do mandamus sobredito, isto é, em 30/08/2013; (d) insiste, assim, que antes do julgamento dos mencionados embargos, o acórdão do TRF da 1ª Região que reforma a sentença de 1º grau (concessiva da ordem a benefício do Contribuinte), não teria eficácia jurídica alguma, não antes que viesse de ser publicado o segundo acórdão daquele Tribunal que, não conhecendo o pedido ou conhecendo mas tendoo por improcedente, viria de resolver os declaratórios, isso ainda sem mencionar a circunstância de o recurso primeiro (apelação e remessa de ofício) ter sido recebido “apenas no efeito devolutivo” (fl. 576; destaques do original); (e) em resumo, “além de interromper o prazo Fl. 813DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 814 7 para interposição recursal, os embargos de declaração [...] buscaram propiciar a integração do comando jurisdicional” (fl. 574; destaques do original); (f) assim, considerada a data de 25/10/2013, feitos os recolhimentos do que devido em 26/11/2013, estaria o Interessado dentro do trintídio prestigiado no citado art. 63, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996; (g) de modo inverso, a vingar a interpretação da Fiscalização, e se estaria a dar guarida a verdadeiro confisco e a negar prestígio aos princípios da razoabilidade e da legalidade. Ato contínuo, foi proferido pela 1a. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo o v. acórdão recorrido (fls.), mantendo integralmente as infrações apontadas nos Autos de Infração, por entender que o início da contagem do prazo de 30 dias previsto no parágrafo segundo do artigo 63 da Lei 9.430/96 seria a data em que publicou o v. acórdão da Apelação, dia 30/08/2013. Devido a tal entendimento, julgou improcedente a impugnação da Recorrente e registrou a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL ANOCALENDÁRIO: 2010, 2011, 2012 EMENTA: “MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. INOCORRÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. PROCEDÊNCIA. No mandado de segurança os embargos de declaração não são recebidos com efeitos suspensivos, porque a sentença deve ser executada de imediato. Assim, na situação de sentença de primeiro grau favorável ao contribuinte, seguida de reforma em segunda instância que lhe é contrária, os embargos de declaração por ele interpostos contra a segunda não mantêm suspensa a exigibilidade do crédito tributário, pelo que no lançamento efetuado após a reforma deve ser exigida a multa de ofício, descabendo aplicar o art. 63 da Lei nº 9.430/96”. (CARF; Acórdão nº 20310742). Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com o v. acórdão "a quo", a Recorrente interpõe Recurso Voluntário (fls. ), reiterando as mesmas alegações postas na impugnação e juntando os mesmos documentos já acostados aos autos. A D. Procuradoria e a Recorrente não se manifestaram nos autos. Em seguida os autos forma distribuídos para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 814DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 815 8 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves De acordo com os documentos constantes nos autos, dentre os quais as decisões e acórdãos judiciais, entendo que não assiste razão a Recorrente. Suas alegações de defesa são fundamentadas no sentido de que a oposição de Embargos de Declaração interrompem o prazo para interposição de recurso. Esta interrupção não pode se confundir com a suspensão de exigibilidade do crédito tributário por meio de medida judicial. A primeira é interrupção de prazo processual e a segunda é suspensão de direito material. Após a reforma da decisão de primeira instância pelo TRF e proferido o v. acórdão relativo a apelação, a exigência do crédito não se encontrava mais suspensa, iniciando se daí a contagem do prazo de 30 dias prevista no parágrafo segundo, do artigo 63 da Lei 9.430/976. No presente caso, não há de se falar em aguardar a decisão definitiva ou o transito em julgado do mandado de segurança para se iniciar a contagem do prazo de 30 dias previsto na legislação acima apontada. Este, inclusive é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça STJ que recentemente decidiu neste sentido, conforme ementa do v. acórdão abaixo colacionada: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. TERMO A QUO DO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS NO QUAL O CONTRIBUINTE FICA ISENTO DA MULTA DE OFÍCIO NA FORMA DO § 2º DO ART. 63 DA LEI N. 9.430/96. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO QUE REVOGA A LIMINAR PARA CONSIDERAR DEVIDO O TRIBUTO, INDEPENDENTEMENTE DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFICÁCIA IMEDIATA E EX TUNC DA REVOGAÇÃO DA LIMINAR. PRECEDENTE. [...] 2. Discutese nos autos se o prazo a que se refere o art. 63, § 2º, da Lei n. 9.430/96 tem início ou com a publicação da decisão judicial que, revogando a liminar, considera devido o tributo ou com a publicação dos embargos de declaração opostos contra a referida decisão. Fl. 815DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 816 9 3. A interrupção de prazo com a oposição de embargos de declaração prevista no art. 538 do CPC se refere aos prazos processuais, e não aos prazos de direito material, tal qual aquele previsto no § 2º do art. 63 da Lei n. 9.430/96. 4. A decisão judicial que considera devido o tributo revoga a liminar anteriormente concedida. Sobre o tema, já decidiu esta Corte no sentido de que a revogação de liminar se opera de forma imediata e ex tunc. Nesse sentido: MS 11.812/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJ 27/11/2006. 5. Uma vez publicada a decisão que revoga a liminar para reconhecer a incidência da exação iniciase o prazo de 30 dias no qual o contribuinte fica isento da multa de ofício, independentemente da oposição de embargos de declaração, de forma que o recolhimento a destempo da obrigação tributária, sem o montante relativo à multa legal, comprova que o contribuinte encontrase em débito para com o Fisco, impossibilitando, assim, a emissão de certidão de regularidade fiscal na forma dos arts. 205 e 206 do CTN, sobretudo porque, conforme afirma a recorrente, não há penhora ou qualquer hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito no caso em tela. (2ª Turma do STJ; Resp. 1.239.589RS, 14/04/2011). No mesmo sentido, o STJ decidiu o seguinte: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. TERMO A QUO DO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS NO QUAL O CONTRIBUINTE FICA ISENTO DA MULTA DE OFÍCIO NA FORMA DO § 2º DO ART. 63 DA LEI N. 9.430/96. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO QUE REVOGA A LIMINAR PARA CONSIDERAR DEVIDO O TRIBUTO, INDEPENDENTEMENTE DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFICÁCIA IMEDIATA E EX TUNC DA REVOGAÇÃO DA LIMINAR. PRECEDENTE. 3. A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que, uma vez publicada a decisão que revoga a liminar para reconhecer a incidência da exação cuja exigibilidade estava suspensa, iniciase o prazo de 30 (trintas) dias no qual o contribuinte fica isento da multa de ofício. Todavia, se o pagamento do tributo se dá fora desse prazo, incidirão juros moratórios e multa, e a cobrança da multa de ofício operase nos termos da legislação aplicável. [...] Agravo regimental improvido. (2ª Turma do STJ; AgRg no Resp. 1.446.073SP, 03/03/2015) Desta forma, de acordo com a jurisprudência acima colacionada, o prazo inicial para o recolhimento do débito, seria a data da publicação do v. acórdão da Apelação, em 30/08/2013 e não em 25/10/2013, a data da publicação do v. acórdão dos Embargos de Declaração. Sendo assim, a Recorrente deveria ter recolhido o débito juntamente com o valor da multa de mora, procedendo de forma correta a Fiscalização em glosar tal diferença. Fl. 816DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 10166.730386/201452 Acórdão n.º 1402002.249 S1C4T2 Fl. 817 10 O raciocínio aplicado pela Fiscalização para imputar as infrações abaixo indicadas e lavra os Autos de Infração, descontando os valores recolhidos pelo contribuinte (por meio dos DARFs fls. 557) que entendia serem suficientes para a quitação do débito, foi legitimo e correto. . Ademais, cumpre ressaltar que a Recorrente em momento algum apresenta alegações argumentando sobre denuncia espontânea; o que, no presente caso; entendo que realmente não caberia. Desta forma, por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e negolhe provimento. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Voto Relator. Fl. 817DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO
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Numero do processo: 10830.002761/2007-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 10/06/2000 a 20/11/2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE A DECISÃO E OS SEUS FUNDAMENTOS. REGISTRO DE JULGAMENTO EM ATA. EXPRESSÃO "NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR".
Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de contradição entre a decisão e seus fundamentos, não havendo tal contradição se a matéria, constante do voto condutor e do acórdão, simplesmente não é reiterada na ata de resultado do julgamento, que remete genericamente ao voto condutor, com a expressão "nos termos do voto do relator".
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AÇÃO JUDICIAL NÃO ANALISADA.
Havendo ação judicial mencionada no processo e não analisada no julgamento, verifica-se omissão no acórdão embargado, que deve ser suprida com a complementação da apreciação da matéria, verificando-se se há, ou não, efeitos infringentes.
Numero da decisão: 3401-003.192
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer integralmente dos embargos, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Robson José Bayerl, que conheciam apenas o vício de omissão. No mérito, acolheram-se os embargos, sem efeitos infringentes, para, integrando o acórdão, decidir que o MS no 2005.51.04.001454-6 não interfere no lançamento, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, sendo os embargos rejeitados quanto às demais questões suscitadas, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Fenelon Moscoso de Almeida. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan. O Conselheiro Robson José Bayerl apresentou declaração de voto. Tendo em vista a alteração da composição do colegiado, fez nova sustentação oral o Dr. Ricardo Krakowiak, OAB no 138.192/SP.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator
Rosaldo Trevisan - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 10/06/2000 a 20/11/2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE A DECISÃO E OS SEUS FUNDAMENTOS. REGISTRO DE JULGAMENTO EM ATA. EXPRESSÃO "NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR". Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de contradição entre a decisão e seus fundamentos, não havendo tal contradição se a matéria, constante do voto condutor e do acórdão, simplesmente não é reiterada na ata de resultado do julgamento, que remete genericamente ao voto condutor, com a expressão "nos termos do voto do relator". EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AÇÃO JUDICIAL NÃO ANALISADA. Havendo ação judicial mencionada no processo e não analisada no julgamento, verifica-se omissão no acórdão embargado, que deve ser suprida com a complementação da apreciação da matéria, verificando-se se há, ou não, efeitos infringentes.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer integralmente dos embargos, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Robson José Bayerl, que conheciam apenas o vício de omissão. No mérito, acolheram-se os embargos, sem efeitos infringentes, para, integrando o acórdão, decidir que o MS no 2005.51.04.001454-6 não interfere no lançamento, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, sendo os embargos rejeitados quanto às demais questões suscitadas, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Fenelon Moscoso de Almeida. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan. O Conselheiro Robson José Bayerl apresentou declaração de voto. Tendo em vista a alteração da composição do colegiado, fez nova sustentação oral o Dr. Ricardo Krakowiak, OAB no 138.192/SP. Robson José Bayerl - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator Rosaldo Trevisan - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
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CONTRADIÇÃO ENTRE A DECISÃO E OS SEUS FUNDAMENTOS. REGISTRO DE JULGAMENTO EM ATA. EXPRESSÃO "NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR". Os embargos de declaração prestamse ao questionamento de contradição entre a decisão e seus fundamentos, não havendo tal contradição se a matéria, constante do voto condutor e do acórdão, simplesmente não é reiterada na ata de resultado do julgamento, que remete genericamente ao voto condutor, com a expressão "nos termos do voto do relator". EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AÇÃO JUDICIAL NÃO ANALISADA. Havendo ação judicial mencionada no processo e não analisada no julgamento, verificase omissão no acórdão embargado, que deve ser suprida com a complementação da apreciação da matéria, verificandose se há, ou não, efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer integralmente dos embargos, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Robson José Bayerl, que conheciam apenas o vício de omissão. No mérito, acolheramse os embargos, sem efeitos infringentes, para, integrando o acórdão, decidir que o MS no 2005.51.04.0014546 não interfere no lançamento, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, sendo os embargos rejeitados quanto às demais questões suscitadas, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Fenelon Moscoso de Almeida. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan. O Conselheiro Robson José Bayerl apresentou declaração de voto. Tendo em vista a alteração da composição do colegiado, fez nova sustentação oral o Dr. Ricardo Krakowiak, OAB no 138.192/SP. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 27 61 /2 00 7- 61Fl. 4983DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 2 Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Rosaldo Trevisan Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pelo Conselheiro Robson José Bayerl em face do Acórdão nº 3401002.923, que decidiu sobre as seguintes matérias: · Decadência reconheceu a decadência com relação a parte do lançamento, com base no entendimento de que se tratava de lançamento por homologação, e que tendo havido antecipação de pagamento, o termo inicial do prazo fatal seria a do fato gerador nos termos do § 4º do art. 150 do CTN. · Validade do Auto de Infração não acolheu os argumentos da contribuinte de que o procedimento para a autuação, que usou de amostragem, teriam comprometido a sua validade. · Juros e multa de mora decidiu pela sua incidência desde a data do vencimento, uma vez que a decisão judicial que beneficiava a contribuinte foi revertida. · Juros sobre a multa de ofício considerou indevidos por falta de previsão legal. · Taxa Selic decidiu que essa taxa é a aplicada para determinar os juros de mora, consoante Súmula CARF. O embargante apontou: (a) contradição entre as questões enfrentadas no voto condutor e o resultado registrado na ata correspondente (a.1 na matéria decadência do lançamento não está contemplada em aludido resultado; a.2 na matéria incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício infligida); (b) omissão com relação a exame específico do Mandado de Segurança no 2005.51.04.0014546, impetrado pelo contribuinte e seus efeitos sobre este processo administrativo e seu julgamento. Fl. 4984DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.984 3 Em face destes elementos, a Embargante requereu fosse conhecido e providos os Embargos, para o fim de sanar as obscuridades, a contradição e a omissão apontadas neste recurso. O recurso foi admitido e submetido à apreciação do Colegiado em sessão regular. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. Este processo cuida de auto de infração (fls.6/12), pelo qual foi lançado o IPI referente a fatos geradores ocorridos entre junho de 2000 e novembro de 2002, acrescido de juros e multa, com a constatação fiscal que a autuada deixou de destacar o IPI em notas fiscais do período lançado. A contribuinte justificou que não destacou o IPI em razão de decisão liminar, proferida pela Quarta Vara da Seção Judiciária do Espírito Santo, no processo no 98.00073302. Essa decisão liminar foi suspensa em 18/11/2002. O Acórdão recorrido identifica, da seguinte forma, as matérias sob apreciação naquele julgamento: As matérias devolvidas para apreciação por este Conselho são as seguintes: · Decadência do direito da Fazenda Nacional de efetuar o lançamento; · Impossibilidade do lançamento de ofício por amostragem; · Impossibilidade de o contribuinte sofrer lançamento por cumprir decisão judicial de processo do qual ele não era parte; · Impossibilidade de aplicação de juros e multa sobre o lançamento; · Ilegalidade da aplicação de juros sobre a multa; · Ilegalidade da aplicação da Taxa SELIC para calcular juros de mora. Os Embargos pretendem sanear o acórdão recorrido a partir da indicação de omissão, contradição e obscuridade em pelo menos 3 dessas matérias. Analisemos cada uma delas. DECADÊNCIA O Embargante propõe, ao apreciar a primeira matéria, que o Acórdão: (a) deixou de registrar a decisão de decadência no resultado do julgamento; e também que ele (b) deixou de examinar ponto essencial representado pelos efeitos do mandado de segurança no 2005.51.04.0014546. Fl. 4985DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 4 Quanto ao primeiro ponto, há que se concordar com os Embargos. A leitura do resultado do julgamento confirma que ele não traz informação a respeito da decisão tomada pelo Colegiado a respeito da decadência. Entendo que devemos superar essa omissão, registrando o resultado a esse respeito. Ademais, o Acórdão recorrido, ao tratar da decadência, faz referência à ação judicial no 98.00073302, mas não emite qualquer palavra a respeito do mandamus no 2005.51.04.0014546 apontado pelo Embargante. Ao percorrer as peças processuais, podemos verificar que esse Mandado de Segurança compõe parte da justificativa da autuação fiscal, e foi extensivamente analisado pela contribuinte, em sua impugnação e seu recurso voluntário e pelos Julgadores de 1º piso. Não se trata de aspecto secundário nos argumentos dos interessados. Pareceme que razão assiste ao Embargante, nesse particular, de onde proponho que os Embargos sejam acolhidos, para que o colegiado aprecie a lide incluindo a análise desse mandado de segurança. ILEGITIMIDADE E RESPONSABILIZAÇÃO DA CONTRIBUINTE Os Embargos apontam, ainda, que o Acórdão foi obscuro e omisso quanto à ilegitimidade passiva da contribuinte, matéria, essa, discutida no Mandado de Segurança no 2005.51.04.0014546. A contribuinte alegara, em seus recursos, a impossibilidade de sua responsabilização pelo pagamento do tributo (e juros e multa), por não ter sido parte da ação ordinária no 98.0007330 2, da qual cumpria ordem judicial. O Acórdão de 2o piso acolheu a tese da contribuinte, e, assim, decidiu cancelar o auto de infração, remetendo à ação judicial no 98.00073302 definir se a contribuinte poderia ser ou não responsabilizada pelo crédito tributário em comento. Ocorre que esse Acórdão deixou de tratar o fato, discutido nas instâncias anteriores, que o mandado de segurança no 2005.51.04.0014546 analisa justamente a responsabilidade da contribuinte nesse caso. Portanto, correto os Embargos houve omissão e obscuridade , motivo por que proponho ao Colegiado apreciar esta matéria nesta sessão. JUROS SOBRE A MULTA DE OFICIO Os Embargos. por fim, alegam que a decisão recorrida traz contradição entre a redação do resultado do julgamento e o texto do voto que trata do assunto, o primeiro afastando a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, enquanto que o segundo teria entendimento contrário. Em minha leitura dessa decisão, não logrei encontrar a aludida contradição entre o voto vencedor condutor e a ementa. Ambos rejeitaram a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício enquanto esta não estiver reconhecida por decisão definitiva da esfera administrativa. Proponho a este colegiado tomar conhecimento dos Embargos, mas não o acolher quanto a essa matéria, por falta de comprovação da contradição alegada. Fl. 4986DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.985 5 Tendo o Colegiado aceito apreciar as matérias suscitadas pelos Embargos, passemos, então, à sua análise. Decadência: A esse respeito, o voto vencedor divergiu dos julgadores de 1o piso, para esposar o entendimento que a ação judicial no 98.00073302 não proibiu a autoridade fiscal de proceder o lançamento tributário, ou seja, que ela não estava impedida de interromper o decurso decadencial. E que eventual decisão judicial proibindo o lançamento não poderia suspender a contagem decadencial. Vejamos o texto do acórdão recorrido: A Recorrente alega que os lançamentos estão decaídos, pois o prazo de decadência para o lançamento dos tributos sujeitos à homologação é de cinco anos, a contar da data do fato gerador. No presente caso, como já dito alhures, o auto de infração é relativo a lançamento de IPI, tributo sujeito ao lançamento por homologação, referente aos fatos geradores ocorridos entre junho de 2000 e novembro de 2002. A ciência do lançamento foi dada somente em 30/05/2007 (fl.800). Inicialmente, insta esclarecer que não prevalece a justificativa da autoridade fiscal, disposta na fl.38, no sentido de que a decisão liminar, no processo n° 98.00073302, posteriormente suspensa (em novembro de 2002), proibiu a lavratura do auto de infração suspendendo o prazo decadencial até a sua suspensão. Conforme a cópia da decisão disposta na fl. 1.054, a decisão judicial obstou a exigência do IPI, mas não o seu lançamento de ofício com exigibilidade suspensa. Nesse ponto, cabe destacar que o art. 63, da Lei n° 9.430/96, prevê a possibilidade do lançamento para prevenir a decadência, quando a exigência do crédito estiver suspensa. Portanto, a decisão judicial não tem força para suspender a contagem do prazo decadencial. Quanto ao prazo decadencial para o lançamento dos tributos, já está pacificado que ele é de cinco anos. Superada essa questão, a dúvida que resta é em relação ao termo inicial, se começa a contar da data do fato gerador, conforme art. 150, §4o, do CTN, ou do primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual poderia ter sido lançado, consoante art. 173, inciso I, também do CTN. Essa dúvida, tratandose de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, deve ser dirimida no caso concreto, dependendo da antecipação ou não do pagamento. Os Embargos trazem a lume que o Acórdão deixou de analisar o fato da existência de outra ação judicial com liminar que impedia a lavratura. Vejamos a argumentação do Embargante: Além do que, verifico que não houve exame específico do Mandado de Segurança n° 2005.51.04.0014546, impetrado pelo Fl. 4987DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 6 contribuinte autuado em face do titular da DRF Volta Redonda/RJ (à época, o estabelecimento matriz encontravase sob jurisdição desta delegacia), em 11/05/2005, cuja cópia da sentença exarada está juntada às fls. 493/517, sendo este provimento apontado, também, como obstáculo à lavratura da autuação. Conforme consulta processual efetuada no sítio virtual da Subseção Judiciária do Rio de Janeiro/TRF 2a Região em 01/12/2014, em 13/05/2005, portanto, antes do encerramento do prazo para que a União pudesse constituir o crédito tributário para o período em testilha julho/2000 a novembro/2002 , foi expedida liminar impedido textualmente a lavratura do auto de infração, verbis: "Face ao exposto, DEFIRO A MEDIDA LIMINAR, nos termos da fundamentação retro, para determinar que o Impetrado se abstenha de adotar quaisquer medidas administrativas contra a Impetrante, em especial a lavratura de auto de infração de cobrança de valores de IPI pertinente às distribuidoras de bebidas, não recolhidos pela Impetrante por força de ordem judicial. Oficiese a autoridade coatora requisitando as informações, no prazo de 10 dias. Intimese o MPF para os fins do art. 10, da Lei 1.533/51. " (destacado) Em 03/06/2005 a decisão foi objeto de revisão pelo próprio magistrado: "Fls. 102/106 Compulsando os autos, verifico que merecem prosperar as alegações oportunamente deduzidas pelo ilustre representante da Fazenda Nacional. No caso vertente, a decisão liminar ora criticada efetivamente dá ensejo a interpretações ambíguas capazes de acarretar graves e irreversíveis prejuízos ao Erário Público. Cumpre esclarecer, portanto, que a Fazenda Nacional está autorizada a constituir créditos tributários referentes aos valores de IPI não recolhidos pela Impetrante com amparo em ordem judicial, com o fim de prevenir a decadência dos referidos tributos. A Autoridade impetrada, contudo, deverá absterse de efetuar a cobrança dos eventuais créditos regularmente constituídos, que não serão exigíveis, tendo em vista a decisão liminar proferida neste mandamus. " (destacado) Em 04/08/2005 o juiz despacha o processo judicial dando conhecimento da concessão de efeito suspensivo em pedido formulado pelo contribuinte autuado: Fl. 4988DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.986 7 "Fls. 148/153 Com a comunicação do efeito suspensivo concedido ao agravo de instrumento interposto pelo Impetrante, o qual sustou a decisão recorrida (fl. 107), restabelecendo a anterior (fls. 63/65), dêse vista ao Ministério Público Federal para oferecer seu parecer. Após, voltemme conclusos para sentença. " (destacado) Aludido agravo de instrumento foi julgado, desfavoravelmente à pretensão do contribuinte, em 27/09/2005 e publicado no Diário da Justiça em 08/11/2005. Os embargos de declaração interpostos foram julgados em 17/01/2006, com publicação em 07/03/2006. A decisão acerca da admissibilidade dos recursos especial e extraordinário foi publicada em 21/08/2006. Já a sentença exarada no mandado de segurança foi lavrada em 08/06/2006, com ciência em 08/06/2006. Apenas para definir o objeto do MS 2005.51.04.0014546, ora referido, transcrevo o seguinte excerto da sentença exarada (fls. 493/517): "E de todo importante, por fim, delimitar o âmbito de cognição da presente impetração. O que se discute nestes autos é a possibilidade de realização do lançamento fiscal, o que, nos estreitos limites da cognição do mandamus se responde afirmativamente. A higidez do lançamento fiscal que vier a ser realizado, por evidente, poderá ser objeto de discussão nas vias adequadas, consoante já mencionado, por meio de recursos administrativos ou mesmo judicialmente por via de ação anulatória ou embargos de devedor. " (destacado) Portanto, cuidando sobredita ação sobre a possibilidade de realização de lançamento contra o autuado, envolvendo os fatos jurídicos tributários açambarcados pela presente autuação, e havendo, ainda que temporariamente, decisão que vedava o lançamento, como demonstrado, havia óbice à constituição do crédito tributário, de maneira que esta questão deveria ser tratada no acórdão embargado, configurando omissão passível de saneamento. Como se vê, temos aqui uma situação em que a autoridade fiscal está impedida, por decisão judicial, de realizar o lançamento de ofício, através de auto de infração. Como admitir que o prazo decadencial corra, prejudicando o interesse da Fazenda Nacional, quanto ela está impedida de agir para proteger seus direitos? A questão não é nova e foi pacificada pelos Tribunais Superiores, reconhecendo, ao contrário do que defende a contribuinte e esposa o acórdão recorrido, que o Fl. 4989DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 8 prazo decadencial pode ser suspenso ou interrompido por força de decisão judicial. Nesse sentido, temos jurisprudência firmada como a resumida no entendimento do Ministro Dr. Teori Albino Zavascki, cujo excerto reproduzo a partir do Acórdão do Colegiado do 1o piso e que, aqui adoto, para compor meu argumento nesse sentido, e para propor a este Colegiado como parte dos fundamentos da análise dessa matéria. "Teori Albino Zavascki (in Eficácia das Sentenças na Jurisdição Constitucional, São Paulo, RT, 2001, pp. 7476), Ministro do superior Tribunal de Justiça, esgotou o tema em comento apontando que o prazo decadencial, havendo decisão judicial impeditiva de lançamento, sequer começaria a correr:" Suspensão dos prazos prescricionais e decadenciais na vigência da liminar É possível que entre a data da concessão da liminar e a da sua revogação tenha decorrido o prazo prescricional ou decadencial para o exercício de ação ou de direito fundado em norma cuja vigência fora suspensa e posteriormente restabelecida. Por exemplo, é possível que, entre o trânsito em julgado da sentença no caso concreto e a revogação da liminar na ação de controle concentrado, tenha transcorrido período de tempo superior ao previsto para o ajuizamento da ação rescisório.. Terá o interessado, que se submeteu ao comando liminar, perdido o direito de promover a ação? Esta questão há que ser examinada e resolvida à luz do principio, acima anotado, do não . prejuízo a quem obedeceu a liminar, por força do qual devem ser asseguradas ao jurisdicionado, integralmente, todas as faculdades e pretensões que poderia ter exercido não fosse o comando impeditivo da medida judicial. À luz de tal princípio, devese entender que o prazo para o ajuizamento da ação rescisória terá como termo inicial a data do trânsito em julgado, não da sentença do caso concreto, mas do acórdão ou da decisão que, na ação de controle concentrado, revogou a liminar. Dirseá que se trata de prazo decadencial, não sujeito a suspensão ou interrupção. A objeção não procede. Não se pode ter por absoluta, como demonstrado em doutrina [MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado, 4" ed., São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 1974, tomo VI, p.141; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, 14° ed., Rio de Janeiro, Forense, 1993, vol. 1, p. 479, nota 23], a regra de que o prazo de decadência não comporta incidências que alterem o seu curso. A pendência de demanda judicial, por exemplo, é causa de interrupção não apenas dos prazos prescricionais (CPC:, art. 411 e 219), mas igualmente dos prazos extintivos do direito (CPC, art. 220), nos quais se incluem, conforme a jurisprudência [STJ, REsp 1.450, 3" Turma, Min. Eduardo Ribeiro, D.1 de 18.12.89, p. Fl. 4990DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.987 9 18.475; REsp 50.363. 4' Turma, Min. Torreão Braz, D. 1 de 21.11.94, p. 31.773; REsp 63.732, 1° Turma, MM. César Asfor Rocha, DJ de 14.08.95, p. 23.993; REsp 63.751, 1" Turma, Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 02.10.95, p. 32.333; REsp 72.660, 1 0 Turma, Min. César Asfor Rocha, DJ de 05.02.96, p. 1.365; REsp 90.164, 6" Turma, Min. Luiz Vicente Cernichiaro, Dl de 16.12.96, p. 50.970; REsp 11.106, 2" Turma, Min. Adhemar Maciel, D.1 de 10.11.97, p. 57.731; REsp 89.522, 2" Turma, Min. Peçanha Martins, D.1 de 25.02.98, p. 37], também os de natureza decadencial. Ora, regime jurídico semelhante não se poderia negar à situação aqui enfocada Na verdade, a medida antecipatória deferida nas ações de controle concentrado importa a suspensão da eficácia do preceito normativo questionado, ou a imposição dela (o que significa, também, inibição da eficácia de eventual norma em sentido diferente). Ou seja, a liminar atua inclusive no plano da incidência da norma, inibindo, assim, não apenas o exercício dos direitos eventualmente sujeitos a prazos decadenciais, mas o próprio surgimento dele. Suspensa a incidência, não tem sequer inicio o prazo (decadencial) para o exercício do direito. Por outro lado, quando a liminar for deferida após a incidência da norma objeto da ação, inibese o exercício de eventual direito daí decorrente, e, portanto, fica suspenso o curso do respectivo prazo decadencial Assim, qualquer que seja a hipótese, não há como computarse no prazo decadencial o período de vigência da liminar deferida na ação de controle concentrado. Dai afirmarse que, nas situações acima enfocadas, o termo inicial do prazo para ajuizamento da ação rescisória é o do trânsito em julgado do acórdão que revogou a liminar. A mesma solução é aplicável a todas as demais situações em que, no interregno de vigência da liminar revogaria, tenha transcorrido período de tempo superior ao do prazo de prescrição ou de decadência. O principio do nãoprejuízo impõe que, com a revogação da liminar, haja reposição integral da situação jurídica de quem ficou submetido ao seu comando, inclusive no que se refere aos prazos para exercício dos direitos, das ações e das pretensões. Conseqüentemente, não se pode incluir no cômputo dos prazos de decadência ou de prescrição [ST.1, REsp 158004, 5" Turma, Ministro José Dantas, D.1 de 18.05.1998, com a seguinte ementa: "Administrativo. Ação. Prescrição. Em conta o principio da actio nata e da modernidade do Direito, há de compreenderse ao lado do vetusto rol numerus clausus do art. 169 do Fl. 4991DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 10 Código Civil a causa suspensiva da prescrição da ação fundada na lei suspensa nos seus efeitos por liminar do Supremo Tribunal Federal, concedida em ação direta de inconstitucionalidade, inclusive os que tem o Fisco para efetuar o lançamento e a cobrança dos tributos, o período de vigência da liminar. Tais prazos somente terão inicio ou retomarão seu curso na data do trânsito em julgado do acórdão ou da decisão que, na ação de controle concentrado de constitucionalidade, tiver revogado a medida liminar. (proposta de diligência, caso a turma entenda que falta mais informações sobre a situação desta ação mandamental) A decadência não pode ser decidida sem que se leve em conta o mandado de segurança de 2005. Para se saber se a União está impedida de efetuar o lançamento de ofício, precisamos conhecer a posição atual desse mandamus a esse respeito, se, por exemplo, houve recurso contra a sentença e com que efeitos. Por isso, proponho a este Colegiado convertermos o julgamento em diligência para obtermos essas informações. Prosseguindo em nossa apreciação da matéria. O Acórdão recorrido afirma que a Fazenda Nacional não estava impedida de lançar de ofício o IPI entre a tutela antecipada da ação ingressada pelas distribuidoras e a sua cassação pelo STJ: Inicialmente, insta esclarecer que não prevalece a justificativa da autoridade fiscal, disposta na fl.38, no sentido de que a decisão liminar, no processo n° 98.00073302, posteriormente suspensa (em novembro de 2002), proibiu a lavratura do auto de infração suspendendo o prazo decadencial até a sua suspensão. Conforme a cópia da decisão disposta na fl. 1.054, a decisão judicial obstou a exigência do IPI, mas não o seu lançamento de ofício com exigibilidade suspensa. A minha leitura da liminar proferida em 2000 a partir da ação no 98.0007330 2, e da sua suspensão em 2002, não me leva a esposar esse entendimento. A meu ver, o texto do ofício que comunica a tutela antecipada deve ser lido em seu contexto, tendo em mente o que foi solicitado naquela ação judicial e as circunstâncias: A União estava proibida de qualquer ato no sentido de serem exigidos os valores do IPI; e a contribuinte devia informar às distribuidoras os valores de IPI que deixara de destacar; e se discutia os depósitos judiciais referentes aos valores do IPI não recolhido à Fazenda Nacional. Está claro, para mim, que as distribuidoras rogaram à Justiça não terem que suportar o IPI na comercialização das bebidas e rogaram que a Justiça proibisse à União de lançar de ofício esse IPI. Embora a fabricante não fosse autora da ação judicial, ela era alcançada pela suas decisões, pois eram as operações de comercialização das bebidas que estavam sendo desoneradas do IPI. Tanto é assim que a Justiça decidiu que o fabricante deveria não destacar nas notas fiscais o valor do tributo nas vendas a essas distribuidoras. Somente em 2002, quando STJ cassou os efeitos dessa tutela antecipada, que a União readquiriu sua possibilidade de lançar de ofício, sem descumprir a decisão da Justiça. Por isso proponho a este Colegiado, ao rever esta matéria, que se reconheça o impedimento do lançamento de ofício, tanto contra as distribuidoras autoras a ação ordinária, como contra a contribuinte fabricante, no período entre julho de 2000 a novembro de 2002, quanto às saídas das bebidas fabricadas pela contribuinte e comercializadas junto às distribuidoras. Fl. 4992DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.988 11 E que, sendo assim, o prazo decadencial somente poderia se iniciar após novembro de 2002, e não a partir do fato gerador, como propõe a contribuinte e acolhera o Acórdão recorrido. Ainda dentro dessa matéria, a meu ver, há de se ponderar a respeito da natureza do lançamento, se de homologação ou não. O Acórdão recorrido adotou a tese da contribuinte, de que se tratava de um lançamento de homologação, e que, sendo assim, e havendo antecipação de pagamentos, a regra decadencial e o termo inicial seriam fixados pelo § 4º do art. 150 do CTN. Vejam, Senhores Conselheiros, temos diante de nós a situação da contribuinte que não destacou nas notas fiscais os valores do IPI devido. Os produtos saíram do seu estabelecimento para as distribuidoras sem qualquer inserção dessa operação nos registros do IPI. Essas operações não existiram para o mundo do IPI. Não estamos aqui a analisar operações em que tenha havido erro de classificação, ou erro de alíquota, ou do valor tributável, mas de operações que foram tratadas como não tributadas. Como já expus em ocasiões anteriores nesta turma, entendo que temos diante de nós uma situação em que não houve lançamento para homologação, e o tributo devido a partir dessas operações não pertence ao mundo das outras operações em que houve registro fiscal subsumido à natureza de lançamento por homologação, e em que se possa falar da sua inclusão no movimento da conta gráfica do IPI. Nos casos de IPI apurado por iniciativa da autoridade fiscal em operações em que não houve destaque nas notas fiscais, a meu ver, estamos diante de um lançamento de ofício. E é a partir dessa categorização que devemos estudar a ocorrência da decadência. Pareceme correta argumentação dos julgadores de 1o piso, que reproduzo para integrar este voto: "O contribuinte alegou que o IPI é imposto sujeito ao lançamento por homologação c a decadência do direito de lançar, no caso, ocorre após o transcurso do prazo de cinco anos contados da data do fato gerador, conforme disposto no artigo 150, § 4° do CTN. Acrescentou que as decisões judiciais proferidas jamais impediram a constituição do crédito tributário, já que entendimento diverso implicaria verdadeira afronta ao princípio da segurança jurídica e ao Código Tributário Nacional e que a interpretação do fisco em sentido contrário é falaciosa. O RIPI/98, que vigorava por ocasião da ocorrência dos fatos geradores ora discutidos, dispunha o seguinte:" Art. 111. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 190 e 191 e efetuados antes de qualquer procedimento de oficio da autoridade administrativa Parágrafo único. Considerase pagamento: Fl. 4993DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 12 III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. Art. 112. Considerarseão não efetuados os atos de iniciativa do sujeito passivo, para o lançamento: III quando estiver em desacordo com as normas deste Capítulo Art. 114. Se o sujeito passivo não tomar as iniciativas para o lançamento ou as tomar nas condições do art. 112, o imposto será lançado de oficio. Parágrafo único. O documento hábil, para a sua realização, será o auto de infração ou a notificação de lançamento, conforme a infração seja constatada, respectivamente, no serviço externo ou no serviço interno da repartição. Considerandose que o atual regulamento não alterou tais mandamentos, resulta que o presente caso não é de lançamento por homologação, mas sim de lançamento de oficio, mesmo porque se recorreu ao judiciário para que não houvesse o destaque, a escrituração e a apuração do IPI incidente sobre as vendas no mercado interno para as empresas impetrantes do Mandado de Segurança. Conseqüentemente, a regra para a contagem decadencial não é dada pelo § 4° do artigo 150 do CTN, mas sim pelo artigo 173 do mesmo: .... Considerando que a determinação judicial impeditiva do destaque vigorou até 18/11/2002, quando foi prolatado, pelo STJ em sede de medida cautelar, decisão reconhecendo que as empresas de que a contribuinte era fornecedora estavam obrigadas a recolher o IPI, a empresa, a partir desta data, já poderia ter apurado e recolhido o imposto que deixou de ser pago, eximindose da lavratura do auto de infração e da cobrança de multa de oficio e juros de mora. No entanto, preferiu impetrar MS preventivo para que não fosse penalizada por cumprir a ordem do Oficio n°137/2000. Sendo assim, somente após a notificação da Fazenda Nacional da decisão do STJ na medida cautelar acima referida é que se poderia começar a contar o prazo para a decadência estabelecido pelo §1° do artigo 173 do CTN. Concluindo e resumindo, com relação à matéria decadência, proponho a este colegiado: 1. reconhecermos que as decisões judiciais que vedavam a União de lançar de ofício suspendem e/ou interrompem o prazo decadencial; Fl. 4994DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.989 13 2. a União estava impedida de lançar de ofício entre julho de 2000 e novembro de 2002 por força da tutela antecipada da ação judicial 98.00073302; 3. o termo inicial do prazo decadencial é determinado pela regra do inciso I do art. 173 do CTN, posterior a novembro de 2002, data em que o STJ cassou os efeitos da tutela antecipada em comento; 4. a decadência não alcançou nenhum dos períodos de apuração dessa autuação, tendo em vista que a ciência do auto de infração se deu antes do termo final dos cinco anos. Ilegitimidade e Responsabilização da contribuinte: O Acórdão de 2o piso acolheu a tese da contribuinte sobre a impossibilidade de sua responsabilização, e, assim, decidiu cancelar o auto de infração, remetendo à ação judicial no 98.00073302 definir se a contribuinte poderia ser ou não responsabilizada pelo crédito tributário em comento. Ele superou também as dúvidas sobre qual o estabelecimento autuado, constatando que a alteração do no de inscrição no CNPJ não descaracterizou a identificação de se tratar da filial de Mogi Mirim (que antes era a sede do empreendimento). Vejamos o que consta do acórdão recorrido: Nos comprovantes apresentados pela Contribuinte, notase que os recolhimentos foram feitos pelo estabelecimento registrado sob o CNPJ n° 02.125.403/000192, enquanto o lançamento foi efetuado pelo estabelecimento registrado no CNPJ sob o n° 02.125.403/000516. A Recorrente justificou que essa diferença se deu por causa da alteração contratual, pois, no período de apuração, o CNPJ era o primeiro, vez que o estabelecimento localizado em Mogi Mirim/SP era a sede. Contudo, após a 11a alteração contratual da Cervejaria Cintra, a sede passou a ser o estabelecimento localizado em Piraí/RJ, enquanto o estabelecimento de Mogi Mirim/SP passou a ser filial e teve o CNPJ alterado. Nas fls. 4.785/4.801 está presente a alteração contratual que demonstra, no item I, a mudança da sede alegada pela Recorrente. [...] 6. Da Autuação Durante a Vigência da Ordem Judicial No período de 18/05/2000 até 05/11/2002 a Contribuinte estava sob ordem judicial que determinava: "Comunico a Vossa Senhoria que, nos autos da AÇÃO ORDINÁRIA N° 10014.010/98 (98.00073302), requerida por REFRIGERANTES IATE SVA e OUTRAS em face da UNIÃO FEDERAL, foi proferida decisão deferindo a tutela antecipada, cujo teor foi mantido pelo TRF2" Fl. 4995DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 14 Região em julgamento final do Agravo de Instrumento n 030301/ES (98.02.3357384 ajuizado por INDÚSTRIA DE BEBIDAS ANTÁRCTICA DO RIO DE JANEIRO S/A, ficando determinado que as coautoras DISTRIBUIDORA SÃO MATEUS DE BEBIDAS LTDA (CNPJ 27.300.698/000117), DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS BEIRA MAR LTDA (CNPJ 27.290.352/000185), DUNORTE DISTRIBUIDORA UNIÃO NORTE BEBIDAS LTDA (CNPJ 00.829.989/000140), estão desobrigadas de suportar o valor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI incidente sobre os produtos que adquirem, estando vedado à União Federal/Fazenda Nacional qualquer ato no sentido de serem exigidos os valores do IPI sobre as Compras a serem realizadas a partir da ciência do presente oficio, devendo essa empresa fornecedora, a partir da ciência do presente oficio, deixar de destacar o valor do IPI na Nota Fiscal, mencionando o número do presente oficio" A ordem judicial, deve ser cumprida, razão pela qual não há como responsabilizar a Recorrente que sequer é parte no processo judicial. Se existe responsabilidade sobre a exação, ela deve ser definida nos autos da ação judicial. Desta forma, deve ser cancelado o auto de infração no período de 18/05/2000 até 05/11/2002, em razão da falta de destaque nas notas fiscais de venda o valor do IPI por ordem judicial. Ex positis, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário interposto para reformar o acórdão da DRJ, declarando a decadência do lançamento referente aos fatos geradores anteriores a 30/05/2002, cancelar o auto de infração no período de 18/05/2000 até 05/11/2002, em razão de ordem judicial e manter o lançamento dos demais períodos, sem incidência de juros sobre a multa. Os Embargos assinalam que o Acórdão se omitiu e não foi claro a respeito dos efeitos do mandado de segurança no 2005.51.04.0014546 sobre essa matéria: a legitimidade passiva do contribuinte e a sua responsabilização. Na mesma toada, como dito, há obscuridade e/ou omissão na decisão ora arguida acerca do enfrentamento da questão atinente à ilegitimidade passiva do contribuinte, frente ao mesmo Mandado de Segurança n° 2005.51.04.0014546, referenciado alhures, que discutiu esta matéria, o que imporia, em princípio, o reconhecimento da concomitância e aplicação da Súmula CARF n° 1. No caso dos autos, os fatos geradores lançados se referem ao período de 10/06/2000 a 20/11/2002 e foram praticados pelo estabelecimento 02.125.403/000192, então localizado à Rua João Finazzi, 56, Centro, Mogi Mirim/SP, como atestam as notas fiscais de saída juntados nos anexos ao processo. Fl. 4996DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.990 15 Em 12/12/2003, conforme 11a alteração e consolidação de contrato social (fls. 4785/4811, item I, a sede da pessoa jurídica passou a ser o estabelecimento localizado na Rodovia Presidente Dutra BR 116, Km 237, Condomínio Industrial de Piraí/RJ, passado o estabelecimento situado à à Rua João Finazzi, 56, Centro, Mogi Mirim/SP, à condição de filial. De acordo com o lançamento, este último estabelecimento passou a ostentar o CNPJ 02.125.403/000516. Consoante extratos do sistema CNPJ de fl. 519, esta alteração foi informada à Secretaria da Receita Federal em 25/03/2004. Portanto, à época da impetração do MS 2005.51.04.0014546, em 11/05/2005, o estabelecimento matriz, desde 12/12/2003, estava sob jurisdição da DRF Volta Redonda/RJ, sendo o titular desta unidade a autoridade coatora designada naquele mandamus. Pelo que se extrai da sentença proferida em sobredito mandado de segurança preventivo (fls. 493/517), a discussão acerca a legitimidade passiva do contribuinte em relação aos fatos jurídicos lá questionados são exatamente os mesmos objeto do lançamento consubstanciado neste processo, senão vejamos: "Argumenta a impetrante que industrializa bebidas (cervejas, chopes e refrigerantes) e celebra contratos com empresas distribuidoras, a fim de que estas atuem como revendedoras de seus produtos,' sendo, nestas vendas realizadas As distribuidoras, obrigada a destacar o IPI de toda .a cadeia comercial de seus produtos, com base em valores previamente fixados em pautas fiscais, nos termos do que dispõem a Lei 7.798/89 e os Decreto 2.637/98 (RIPI) e 4.544/02. Não obstante, esclarece a impetrante que diversas distribuidoras com as quais mantém relações comerciais ajuizaram ações com o objetivo de ver afastada a sistemática de cobrança do IPI com base em pautas fiscais, como seria exemplo a ação declaratória proposta em 22 de julho de 1998 e autuada sob o n° 98.00073302, na qual obtiveram antecipação de tutela confirmada pelo E. Tribunal Regional Federal da 2' Regido (Agravo de Instrumento n° 75.150/ES). Semelhante situação teria se verificado nos autos do processo n ° 2002.50.01.0098979. Prossegue afirmando que, não obstante a obrigação legal de destaque e cobrança do IPI, em razão de referidas decisões judiciais, foi oficiada pelo Poder Judiciário, a fim de que não procedesse ao destaque e cobrança do valor do . IPI, na medida em que as autoras de referidas. ações (distribuidoras) estariam desobrigadas do recolhimento do tributo. Fl. 4997DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 16 Assim, conclui que o não destaque do valor do IPI foi decorrência de determinações judiciais nesse sentido, cujo descumprimento pela impetrante poderia acarretar até mesmo a configuração de crime de desobediência, não podendo agora ser penalizada com a cobrança do tributo que deixou de recolher por força de decisão judicial. (...) Esclarece, por fim, que o IPI não recolhido é relativo exclusivamente ao valor que seria devido pelas empresas distribuidoras, o qual, como exposto, não foi objeto de destaque e cobrança em virtude de decisões judiciais, ressaltando que o IPI relativo a suas próprias operações foi devidamente recolhido aos cofres públicos. Requereu a concessão de provimento liminar que determinasse autoridade coatora a abstenção de qualquer procedimento fiscalizatório e de cobrança administrativa, em especial a lavratura de auto de infração, relativamente ao IPI devido com base em pautas fiscais pelas distribuidoras, na medida em que a ausência de destaque se deu em cumprimento a determinações oriundas do Poder Judiciário. " É certo que o lançamento foi realizado no estabelecimento filial (02.125.403/000516), todavia esta condição se verificou apenas por ocasião da autuação, pois, à época dos fatos geradores lançados, este mesmo estabelecimento era assinalado como matriz, de modo que, dada a peculiaridade do caso, esta questão deveria ser enfrentada expressamente pelo aresto recorrido, mesmo porque o lançamento abordou esta circunstância, o que revela a predita omissão. Podemos considerar superado o fato da autuação ter sido lavrada contra a Cervejarias Cintra Industria e Comércio Ltda, e ao longo do contraditório, a contribuinte passar a ser identificada como Londrina Bebidas Ltda, e atualmente ser identificada como AMBEV SA, uma vez que não se questiona a sucessão por incorporação. Pareceme também que não há divergências quanto à identificação do estabelecimento situado em Mogi Mirim como o objeto da autuação fiscal, não lhe alterando essa qualidade as mudanças de CNPJ e da condição de passar a ser filial. Além disso, o mandado de segurança impetrado pela contribuinte, apesar de nominar inicialmente como autoridade coatora o Delegado da RFB em Volta Redonda, é claro ao identificar o seu objeto e o seu pedido, qual seja: exatamente a possibilidade do lançamento de ofício para a Receita Federal exigir o IPI que seria devido a partir do estabelecimento de Mogi Mirim SP e que não fora destacado, nem recolhido, por força da tutela antecipada na ação no 98.00073302. Ou seja, o mandado de segurança foi ingressado pela contribuinte e contra a autoridade coatora, representada pelo Delegado da RFB da jurisdição da sua sede. Há legitimidade das partes. Fl. 4998DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.991 17 A contribuinte pedira, através desse mandamus, que a Justiça Federal proibisse a União de efetuar o lançamento de ofício para o IPI nos períodos de apuração de julho de 2000 a novembro de 2002. As informações obtidas até o momento dão conta que, inicialmente a contribuinte havia obtido decisão favorável, mas a sentença em 2006 revertera essa situação, negandolhe a segurança pretendida. Transcrevo excerto da petição, para que não reste dúvida do seu pedido: Objetivase com a presente ação obterse, em caráter preventivo, segurança contra ato que certamente será praticado pela Autoridade Impetrada, contrário ao direito da Impetrante de não ser autuada pela ausência de destaque e cobrança do IPI com base nas pautas fiscais, na medida em que a mesma foi proibida de fazêlo por força de decisão judicial. Com efeito, a Impetrante recebeu, em 19.04.2005, Termo de Intimação Fiscal (doc. ), emitido pela Unidade da Receita Federal em Volta Redonda, intimandoa para apresentar, no prazo de sete dias, "1.planilha, por períodos, dos tributos que não foram pagos por empresa em função de liminar e "2,planilha, por produtos, referente aos produtos isentos (cód. 22021000)". Tal intimação demonstra a inequívoca intenção de exigir da impetrante tais créditos tributários. Asseverese, desde logo, que, uma vez que a Impetrante deseja, preventivamente, evitar seja praticado o ato coator — qual seja, lavrarse auto de infração para cobrar valores de IPI não destacados e retidos das distribuidoras em razão de a Impetrante ter sido proibida de fazêlo por força de decisão judicial — não há que se perquirir acerca da tempestividade do presente. ... No presente caso, está mais do que evidente a inexistência e a insuficiência de motivação capaz de justificar a lavratura de auto de infração de IPI contra a Impetrante, visto que comprovada a impossibilidade de a Impetrante agir de forma diversa daquela determinada pelas decisões judiciais, tanto mais par não ser ela a contribuinte de fato desse IPI objeto das ações judiciais. .. PEDIDO: ... b) reconhecer incidentalmente a impossibilidade de cobrarse da Impetrante, a qualquer tempo, os que valores de IPI não calculados com base no sistema de pauta fiscal, na medida em que esta foi proibida de fazêlo por força de diversas ações judiciais e considerando que tais valores devem ser cobrados das empresas distribuidoras de bebidas, autoras das mencionadas ações; e c) determinar à Autoridade Impetrada que, em definitivo, se abstenha de adotar qualquer medida administrativa, de perseguição ou cobrança desses valores de IP!, em especial a lavratura de auto de infração, contrária ao direito da Impetrante, Fl. 4999DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 18 na medida em que não há como aceitar que a Impetrante seja cobrada por débito tributário de outros contribuintes. Ora, a Justiça Federal está analisando a possibilidade da autoridade fiscal lançar de ofício o IPI contra a contribuinte, está analisando a sua responsabilização pelo IPI em tela, está analisando a sua legitimidade para compor o polo passivo desse IPI. Nesse ponto, pareceme que razão assiste ao Embargante, o acórdão recorrido foi omisso e obscuro a respeito dos efeitos desse mandamus. Ele não poderia decidir por afastar a responsabilização da contribuinte tendo em vista ter sido essa matéria submetida ao poder judiciário. Data vênia do acórdão recorrido e dos argumentos da contribuinte, esposo entendimento convergente ao expresso na sentença proferida no mandado de segurança no 2005.51.04.0014546, a autuada é a contribuinte do IPI no caso sob exame e deve ser responsabilizada pelo crédito tributário devido. Entretanto, penso que se aplica ao caso a Súmula CARF no 1. Por essas razões, proponho ao Colegiado a reforma do acórdão recorrido para tornar sem efeito o contido no ítem 6 do voto condutor, substituindo o acórdão pelo não conhecimento dos argumentos da contribuinte por força da Súmula CARF acima sublinhada. Concluo, propondo o acolhimento parcial dos Embargos com efeitos infringentes, com a aprovação das proposições feitas a partir da reapreciação das matérias decadência e ilegitimidade e responsabilização da contribuinte, conforme consta deste voto. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 5000DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.992 19 Voto Vencedor Conselheiro Rosaldo Trevisan, Redator Designado, São basicamente duas as alegações levantadas em sede de embargos: de "contradição entre as questões enfrentadas no voto condutor e o resultado registrado na ata correspondente" (no que se refere a decadência e a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício fl. 4827)1 e de omissão no exame específico do Mandado de Segurança (MS) no 2005.51.04.0014546 (fls. 4827/4831), o que inclui a obscuridade/omissão no "enfrentamento da questão atinente à ilegitimidade passiva do contribuinte" no referido MS, que poderia impor a aplicação da Súmula CARF no 1. Destaco, inicialmente, que entendi serem inexistentes as contradições apontadas, tanto no que se refere à decadência quanto em relação à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, o que implicaria o não conhecimento dos embargos em relação a tal matéria, nisso sendo acompanhado, inclusive, pelo próprio embargante. No entanto, o entendimento majoritário da turma foi no sentido de que deveriam ser conhecidos os embargos sobre tais temas, e que os embargos deveriam, no mérito, a respeito deles, ser rejeitados. Cabe mencionar que o voto condutor do acórdão embargado, assim como a ementa do julgado, tratou explicitamente tanto da decadência quanto da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, não havendo contradição entre a decisão e seus fundamentos. Os fundamentos, repitase, não se opõem à conclusão externada no voto, nem ao teor da ementa acordada pela turma. Em verdade, o que aponta o embargante é tão somente a não transcrição de tais elementos do julgamento para a ata de resultado do julgamento. Vejamos, então, o que restou registrado na referida ata de julgamento, em consulta ao sítio "web" do CARF: Relator(a): JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA Processo: 10830.002761/200761 Recorrente: LONDRINA BEBIDAS LTDA e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 3401 002.923 Informações Adicionais: Por maioria, deuse parcial provimento ao recurso nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Eloy e Júlio. O Conselheiro Robson fará declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente dr Ricardo Krakowiak OAB/SP 138192. Votação: Por Maioria Vencido(s) na votação: JULIO CESAR ALVES RAMOS ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Questionamento: RECURSO VOLUNTARIO Resultado: Recurso Voluntário Provido em Parte Declaração de voto: ROBSON JOSE BAYERL. 2 (grifo nosso) Por mais que entendamos condenável que se registre a expressão "nos termos do voto do relator" no resultado do julgamento, não vislumbramos outra solução senão 1 Todos os números de folhas indicados neste voto são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). 2 Disponível em: https://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/SessoesJulgamento/Atas/consultarAtas.jsf. Acesso em 29 jul. 2016. Fl. 5001DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 20 entender que tal expressão significa exatamente que o provimento parcial foi dado tal qual consta no voto do relator. E se o voto do relator trata de decadência e de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, o provimento, logicamente, segue o que se indicou no voto condutor. Tal expressão ("nos termos do voto do relator") é incompatível com a alegação de contradição, pois a decisão remete exatamente ao voto, que a complementa. Assim, ausentes as contradições apontadas, passase a analisar a omissão, essa sim, a nosso ver, patente. A mais clara prova de que o MS no 2005.51.04.0014546 não foi analisado na decisão embargada é a simples verificação de que ele sequer é citado no julgamento. Acolhese, então, a alegação de omissão, cabendo analisar se produz algum efeito infringente em relação ao mérito do julgamento efetuado. O auto de infração foi lavrado (fl. 6) em 28/05/2007 contra o estabelecimento de CNPJ no 02.125.403/000516, em MogiMirim, e se refere a IPI com fatos geradores entre 10/06/2000 e 20/11/2002 (fls. 8 a 12). A imputação fiscal foi a de que (fl. 8): A própria fiscalização, no Termo de Verificação Fiscal (TVF), esclarece que, à época da emissão das Notas Fiscais, de 2000 a 2002, o estabelecimento de MogiMirim era a matriz da empresa, com CNPJ no 02.125.403/000192 (fl. 33): Entretanto, o MS no 2005.51.04.0014546, como se percebe do próprio TVF (fl. 42) foi impetrado, em 2005, pelo novo estabelecimento matriz, situado em Piraí/RJ, e jurisdicionado pela Delegacia da Receita Federal (DRF) de Volta Redonda/RJ. O impetrado no MS, então, foi o delegado da RFB em Volta Redonda, como se percebe da cópia da petição inicial do MS à fl. 887: Fl. 5002DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.993 21 E o pedido (fls. 906/907) também, por óbvio, é dirigido à autoridade impetrada: Ocorre que o que se está a discutir nos presentes autos é a exigência do IPI do estabelecimento de MogiMirim. E, como é cediço, e plasmado no parágrafo único do artigo 51 do Código Tributário Nacional, para os efeitos do IPI, "considerase contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante". Não há, assim, interferência entre o referido Mandado de Segurança e o lançamento que se analisa no presente processo. Assim, ainda que tenha sido omissa a decisão Fl. 5003DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 22 embargada, tal omissão não enseja nenhuma consequência de mérito no presente processo, devendo permanecer inalterado o julgamento que resultou no acórdão embargado. Pelo exposto, redijo o presente voto vencedor para externar minha divergência em relação ao voto do relator dos embargos, divergência essa que acabou por prevalecer diante de acolhida majoritária no colegiado, no sentido de acolher os embargos, sem efeitos infringentes, no que se refere à omissão apontada, para integrar o acórdão com a decisão de que o MS no 2005.51.04.0014546 não interfere no lançamento. Nos demais temas que foram apontados, devem os embargos ser rejeitados, como exposto ao início deste voto. Rosaldo Trevisan Fl. 5004DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.994 23 Declaração de Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Serve a presente declaração de voto para externar a mudança de entendimento acerca de determinadas questões levantadas em sede de embargos, de minha relatoria, pedindo, desde logo, as vênias de praxe. A primeira delas, como gizado no voto vencedor, diz respeito à ausência de contradição entre o voto condutor do acórdão embargado e a redação do dispositivo de julgamento, porquanto, na forma como registrado o resultado, não haveria, de fato, um vício de declaração, mas mera impropriedade redacional, uma vez que, em minha opinião, deveria haver explicitação individualizada de cada matéria decidida naquela assentada, como a ilegitimidade passiva, a decadência e a incidência da multa de ofício sobre os juros de mora. Todavia, durante os debates fui convencido que a forma de registro do dispositivo, isoladamente considerada, não apresentava contradição alguma com o voto então exarado, razão porque alterei a minha percepção sobre o tema. Aqui abro um parêntese, mais uma vez, para expor a minha convicção quanto à prejudicialidade e o descabimento do exame das demais matérias deduzidas em recurso, ainda que preliminares de mérito, como a decadência, em face do reconhecimento da ilegitimidade passiva do contribuinte lançado, como manifestado em declaração de voto oportunamente apresentada. Ainda por ocasião da prolação do acórdão embargado, apresentei meu ponto de vista que o reconhecimento do equívoco na indicação do sujeito passivo, na autuação, por tratar de requisito de validade desta espécie de ato administrativo, implicaria no prejuízo de qualquer exame atinente às infrações imputadas no lançamento, fossem questões preliminares ou meritórias. Esta exegese se respaldaria, inclusive, na própria dicção do regimento interno desta casa julgadora, ex vi do art. 59, caput, do RICARF/15 (Portaria MF 343/2015), reprodução do artigo de mesmo número constante do RICARF/09 (Portaria MF 256/09), vigente por ocasião do julgamento do recurso voluntário. No entanto, esta interpretação restou isolada pela maioria do colegiado nas duas oportunidades em que veio a debate, prevalecendo a compreensão que não haveria qualquer incompatibilidade no julgamento sucessivo das questões levantadas. Na sequência, a segunda ressalva merecedora de nota consiste em um equívoco interpretativo da legislação concernente ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, mencionado nos embargos manobrados, haja vista que vinculei as operações realizadas, e sujeitas ao tributo, ao estabelecimento da empresa, a partir da inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ, como expresso no seguinte trecho: Fl. 5005DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 24 No caso dos autos, os fatos geradores lançados se referem ao período de 10/06/2000 a 20/11/2002 e foram praticados pelo estabelecimento 02.125.403/000192, então localizado à Rua João Finazzi, 56, Centro, Mogi Mirim/SP, como atestam as notas fiscais de saída juntados nos anexos ao processo. Em 12/12/2003, conforme 11a alteração e consolidação de contrato social (fls. 4785/4811, item I, a sede da pessoa jurídica passou a ser o estabelecimento localizado na Rodovia Presidente Dutra BR 116, Km 237, Condomínio Industrial de Piraí/RJ, passado o estabelecimento situado à à Rua João Finazzi, 56, Centro, Mogi Mirim/SP, à condição de filial. De acordo com o lançamento, este último estabelecimento passou a ostentar o CNPJ 02.125.403/000516. Consoante extratos do sistema CNPJ de fl. 519, esta alteração foi informada à Secretaria da Receita Federal em 25/03/2004. Portanto, à época da impetração do MS 2005.51.04.0014546, em 11/05/2005, o estabelecimento matriz, desde 12/12/2003, estava sob jurisdição da DRF Volta Redonda/RJ, sendo o titular desta unidade a autoridade coatora designada naquele mandamus. Pelo que se extrai da sentença proferida em sobredito mandado de segurança preventivo (fls. 493/517), a discussão acerca a legitimidade passiva do contribuinte em relação aos fatos jurídicos lá questionados são exatamente os mesmos objeto do lançamento consubstanciado neste processo, senão vejamos: (...) É certo que o lançamento foi realizado no estabelecimento filial (02.125.403/000516), todavia esta condição se verificou apenas por ocasião da autuação, pois, à época dos fatos geradores lançados, este mesmo estabelecimento era assinalado como matriz, de modo que, dada a peculiaridade do caso, esta questão deveria ser enfrentada expressamente pelo aresto recorrido, mesmo porque o lançamento abordou esta circunstância, o que revela a predita omissão.” (grifos no original) Ainda que defenda a existência da omissão, uma vez que o acórdão deveria se manifestar sobre a questão específica e não o fez, afirmei peremptoriamente que os fatos jurídicos tributáveis objeto de questionamento no MS 2005.51.04.0014546 eram os mesmos constantes da autuação, e assim concluí por considerar que o estabelecimento estaria atrelado à inscrição no CNPJ. Fl. 5006DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10830.002761/200761 Acórdão n.º 3401003.192 S3C4T1 Fl. 4.995 25 Nessa trilha, se o estabelecimento que praticou as operações ensejadoras do IPI era a matriz, uma vez ocorrida a modificação do CNPJ, os fatos geradores, por assim dizer, “acompanhariam” aquele estabelecimento. Entretanto, revendo com mais vagar o regulamento do imposto e o próprio raciocínio engendrado, constatei que o conceito de estabelecimento é eminentemente físico, pouco importando o seu número de inscrição no CNPJ e posteriores alterações porventura verificadas. Esta conclusão está amparada nos art. 8º e 518, III do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/2002), ora reproduzidos: “Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento. Art. 518. Na interpretação e aplicação deste Regulamento, são adotados os seguintes conceitos e definições: (...) III a expressão "estabelecimento", em sua delimitação, diz respeito ao prédio em que são exercidas atividades geradoras de obrigações, nele compreendidos, unicamente, as dependências internas, galpões e áreas contínuas muradas, cercadas ou por outra forma isoladas, em que sejam, normalmente, executadas operações industriais, comerciais ou de outra natureza;(...)” No caso vertente, as operações abrangidas pela autuação englobam as saídas promovidas pelo estabelecimento localizado em Mogi Mirim/SP, sob jurisdição, à época, da DRF Campinas/SP. Assim, conjugando os aludidos arts. 8º e 518, III do RIPI/02 é possível inferir que o estabelecimento, para o desiderato da legislação do IPI, é físico, de maneira que, sendo as operações autuadas aquelas realizadas por Mogi Mirim/SP, a troca da condição de matriz com o estabelecimento Piraí/RJ, sob jurisdição da DRF Volta Redonda/RJ, não conduz à conclusão que este passaria a ser o sujeito passivo pelas operações daquele. Por conseguinte, como plasmado no voto vencedor, o Mandado de Segurança Preventivo nº 2005.51.04.0014546 (efls. 887 e ss.) impetrado contra o Delegado da DRF Volta Redonda/RJ, que jurisdiciona o estabelecimento de Piraí/RJ, alcança exclusivamente as operações realizadas neste estabelecimento físico, seja na condição de filial (000516), seja como matriz (000192), não se estendendo às operações realizadas pelo estabelecimento Mogi Mirim/SP, sujeito à jurisdição da DRF Campinas/SP. Isto se verifica porque o mandado de segurança, como remédio constitucional destinado à proteção de direito líquido e certo, ante ilegalidade ou abuso de poder por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público, restringese à autoridade pública adjetivada como coatora. Na situação sub examine, sendo a autoridade coatora indicada no MSP, patrocinado pelo estabelecimento Piraí/RJ, o Delegado da DRF Volta Redonda/RJ, os efeitos desta ação mandamental jamais poderiam alcançar estabelecimentos que não estivessem sob jurisdição daquela autoridade, como é o caso do estabelecimento localizado em Mogi Mirim/SP, simplesmente porque sobre eles não exerce qualquer autoridade, atribuição ou Fl. 5007DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 26 competência, dada a distribuição fixada pelo regimento interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Por via reflexa, ainda que citado pela fiscalização e pela decisão recorrida, o MS 2005.51.04.0014546 não tem o condão de interferir de maneira alguma sobre o lançamento, seja para definir legitimidade passiva, seja para influir na decadência, ainda que, repito, devesse tal circunstância ser pontualmente enfrentada pelo acórdão respectivo. Robson José Bayerl Fl. 5008DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 15/ 08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado d igitalmente em 04/08/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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