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Numero do processo: 13642.000170/2002-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1997, 1998
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.
A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estar-se diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificando-se ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que os requisitos descumpridos para a isenção da Lei nº 8.010/90 foram diferentes para ambos os casos, acórdão recorrido e no acórdão paradigma, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida. Portanto, ausente a comprovação da divergência jurisprudencial, não deve ter prosseguimento o recurso especial da Fazenda Nacional.
Numero da decisão: 9303-005.148
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FUNDAÇÃO TIRADENTES ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1997, 1998 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estarse diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificandose ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que os requisitos descumpridos para a isenção da Lei nº 8.010/90 foram diferentes para ambos os casos, acórdão recorrido e no acórdão paradigma, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida. Portanto, ausente a comprovação da divergência jurisprudencial, não deve ter prosseguimento o recurso especial da Fazenda Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 64 2. 00 01 70 /2 00 2- 51 Fl. 272DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 225 a 233) com fulcro nos artigos 67 e seguintes, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 380200.453 (fls. 210 a 224), proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, em 04 de maio de 2011, no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, tendo recebido a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 1997, 1998 ISENÇÃO VINCULADA À QUALIDADE DO IMPORTADOR. PRODUTO DESTINADO À PESQUISA CIENTÍFICA. TRANSFERÊNCIA DOS BENS PARA ENTIDADE QUE GOZA DO MESMO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA IMPORTADORA E CUJOS PROFESSORES SÃO OS COORDENADORES DOS PROJETOS CIENTÍFICOS VINCULADOS ÀS IMPORTAÇÕES DOS EQUIPAMENTOS. OPERAÇÃO REALIZADO COM PLENA CIÊNCIA DO CNPq. INOCORRÊNCIA DE LESÃO ÀS NORMAS ISENTIVAS. Não representa ofensa à isenção objeto da Lei nº 8.010/90 a transferência dos bens importados para entidade que goza do mesmo tratamento tributário da importadora, entidade esta cujos professores atuam como coordenadores dos projetos científicos vinculados às importações correspondentes, onde estão envolvidas aprovações ou anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, órgão, por sinal, responsável pelo credenciamento das instituições, cientistas e pesquisadores que queiram porventura fazer uso da aquisição de equipamentos, matérias primas e demais produtos importados para serem utilizados no fomento ao ensino e à pesquisa. Recurso a que se dá provimento. Consta do relatório da decisão recorrida, in verbis: [...] Fl. 273DF CARF MF Processo nº 13642.000170/200251 Acórdão n.º 9303005.148 CSRFT3 Fl. 273 3 Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Contra o Sujeito Passivo acima identificado foram lavrados Autos de Infração do Imposto de Importação (II) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fls. 04/10 e 11/17, respectivamente, para formalização e cobrança do crédito tributário neles estipulados nos valores totais de R$ 31.531,10 e R$ 27.652,13, respectivamente, inclusive encargos legais. A infração apurada pela fiscalização e relatada na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 05/06 e 12/13, foi, em síntese, a seguinte: 01 TRANSFERÊNCIA NÃO AUTORIZADA DE BENS IMPORTADOS COM BENEFÍCIO O importador, por meio das DI´s abaixo indicadas, submeteu a despacho aduaneiro mercadorias importadas com isenção do Imposto de Importação. A isenção tem por base a Lei 8.010/90, que permite a importação de mercadorias para emprego em pesquisas, conforme autorização do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. Sendo isenção condicionada à destinação do bem, cabe à Secretaria da Receita Federal verificar a boa aplicação dos bens isentados do Imposto, que se verificou através da presente fiscalização. Além da boa aplicação é necessário que o importador comprove a posse dos bens importados pelo prazo de cinco anos após o desembaraço dos mesmos ou, caso tenha efetuado sua transferência, deve comprovar sua regularidade. Para que a transferência seja regular é necessária a autorização da autoridade aduaneira. Ocorre que o importador, sem cumprir esta posição prevista no Regulamento Aduaneiro, efetuou a transferência dos bens, de acordo com a documentação anexa, para a Fundação de Ensino Superior de São João Del Rei, atual Universidade Federal de São João Del Rei, acarretando a perda do benefício. Assim, cobrase o II devido, apurado em face do não cumprimento das condições para a manutenção do benefício fiscal. DI 97/06124594, de 16.07.1997, bens transferidos em 26 de janeiro de 1999, ou seja, dezoito meses depois do registro da DI, o que justifica a redução de 25% do I.I. pela aplicação do artigo 139, parágrafo segundo do Regulamento Aduaneiro. DI 98/05682412, de 15.061998, bens transferidos em, 26 de janeiro de 1999 DI 98/07188849, de 23.07.1998, bens transferidos em 20 de abril de 1999. DI/98/07777453, de 07.08.1998, bens transferidos em 20 de abril de 1999. Enquadramento Legal: Arts.77, inciso I, 80, inciso I, alínea "a", 84, inciso I, 86, 87, inciso I, 89, inciso II, 108, 112, 145 a 148, 500, incisos I e IV, 501, inciso III, e 521, inciso II, letra “a”, do RA, aprovado pelo Decreto nº 91.030/85. Para o IPI Enquadramento Legal: artigos 23, inciso I, 24, inciso VI, 29 e parágrafo único, 32, inciso I, 46, 48, inciso I, 110, inciso I, letra "a" e 461, inciso I, do RIPI/98, aprovado pelo Decreto nº 2.637/98. Fl. 274DF CARF MF 4 Inconformado com a autuação acima descrita, cuja ciência ocorreu em 30/09/2002 (fls. 04 e 11), o contribuinte em 09/10/2002, apresenta impugnação (fls. 94/99), alegando o seguinte: Nos termos do art. 10, do Decreto 70.235, recebemos o auto de infração datado de 30/09/2002 (segundafeira) que nos termos do inciso V, do mesmo artigo é conferido o prazo de 30 (trinta) dias para sua impugnação, começando a correr o prazo no dia 01/10/2002 (terçafeira) e vencendo em 30/10/2002 (quartafeira) a teor do artigo 51, do mencionado Decreto. Tal autuação não tem como prosperar pelas razões que passaremos a aduzir: De acordo com os Estatutos da FUNTIR (cópia anexa), tratase de uma Instituição criada para dar apoio à Universidade Federal de São João Del Rei, tudo na conformidade da dicção do art. 1º, da Lei 8.958, de 20 de dezembro de 1994 (cópia anexa). A referida Lei, em seu artigo 1º, assim dispõe: "As instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica poderão contratar, nos termos do inciso XII do art. 24 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e por prazo determinado, instituições criadas com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de desenvolvimento institucional científico e tecnológico de interesse das instituições federais contratantes." (os grifos são nossos) Dispõe mais a mencionada Lei em seu artigo 2º "Art. 2º As Instituições a que se refere o art. 1º deverão estar constituídas na forma de fundações de direito privado, sem fins lucrativos, regidas pelo Código Civil Brasileiro e sujeitas em especial: I a fiscalização pelo Ministério Público, nos termos do Código Civil e do Código de Processo; II Omissis III ao prévio registro e credenciamento no Ministério da Educação e do Desporto e no Ministério da Ciência e Tecnologia, renovável bienalmente. Em seu artigo 3º, submete condições que devem ser observadas nesta relação entre as Universidades e suas fundações de apoio estabelecendo: Art. 3º Na execução de convênios, contratos, acordos e/ou ajustes que envolvam a aplicação de recursos públicos, as fundações contratadas na forma desta Lei serão obrigadas a: I observar a legislação federal que institui normas para licitações e contratos da administração pública, referente à contratação de obras, compras e serviços; II prestar contas dos recursos aplicados aos órgãos públicos financiadores; III submeterse ao controle finalístico e de gestão pelo órgão máximo da Instituição Federal de Ensino ou similar da contratante; Fl. 275DF CARF MF Processo nº 13642.000170/200251 Acórdão n.º 9303005.148 CSRFT3 Fl. 274 5 IV submeterse à fiscalização da execução dos contratos de que trata esta Lei pelo Tribunal de Contas da União e pelo órgão de controle interno competente. Nestes três artigos da Lei, enquadrase a Fundação Tiradentes FUNTIR, (vide art. 4º, de seu Estatuto, particularmente os incisos V a VIII), mercê disto, solicitou e obteve do CNPq, o título de credenciamento qüinqüenal nº 900.0705/97 editado em 1997, já renovado em 2002 para mais um qüinqüênio, para proceder importações de bens destinados à pesquisa científica e tecnológica, com os benefícios da Lei 8.010/90, de 29/03/90 (documentos anexos). Com amparo na referida Lei 8.958/94, a Fundação Tiradentes FUNTIR, mantém com a Universidade Federal de São João DelRei, um convênio amplo de cooperação mútua (cópia anexa). Conforme art. 9º do Estatuto da Fundação Tiradentes, na ocorrência de sua extinção, seu patrimônio será incorporado ao patrimônio da Universidade e, segundo o mesmo Estatuto, art. 13, os membros de seu Conselho Diretor são nomeados pelo Reitor da Universidade. Assim por analogia ao Processo Civil, deveria também ser chamado ao processo administrativo a Fundação Universidade Federal de São João DelRei, detentora, ainda que com reservas, dos bens questionados, como também a FAPEMIG como adiante restará claro. HISTÓRICO DO FATOS QUE DERAM ORIGEM AS DI`s nº 97/06124594/001, 98/05682412/ 001 a 5, 98107188849/001 a 5, 98/07777453/001 a 2. A Fundação de Ensino Superior de São João DelRei criada pela Lei 7.555/86, de 12/12/86, era originalmente uma Fundação Pública de direito privado, nos termos da Lei autorizativa de sua criação, hoje não mais regulada pelo direito privado, é uma Universidade Federal ex vi da Lei 10.425/02. É atualmente, e era na anterioridade a Universidade também credenciada pelo CNPq a importação de bens destinados à pesquisa científica e tecnológica, aos auspícios da Lei 8.010/90 (anexo Certificado de Credenciamento qüinqüenal). A escassez de recursos próprios, bem como de repasses do tesouro, não permitiram que a Universidade no período efetuasse importações. Contudo, ante esta ausência de recursos, diversos projetos de pesquisadores, dos Departamentos da Universidade foram submetidos e aprovados pela FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, que através de Termos de Outorga financiou estes projetos,doando os equipamentos à Universidade com encargos, sendo que a Fundação Tiradentes FUNTIR, simplesmente figurou no processo como gestora dos recursos financeiros e sua prestação de contas, tudo, tendo em vista a sua condição de fundação de apoio à Universidade. Na essência os bens importados com o incentivo das DI´s questionadas tiveram como destinatário final a Universidade Federal de São João DelRei, por obrigação nos limites da outorga concedida pela FAPEMIG, com respaldo nas Leis Estaduais nºs. 11.050, art. 64 e, 11.552, art. 7º, §§ 2º e 3º (cópias anexas). Fl. 276DF CARF MF 6 Na anterioridade os financiamentos de pesquisa científica e tecnológica feitos a pesquisadores pessoas físicas, estes coordenadores do projeto eram os próprios gestores financeiros do projeto financiado, e muito embora os bens continuassem a pertencer ao agente financiador FAPEMIG, era sempre difícil a prestação de contas, ocorrendo muitas vezes o desaparecimento do bem financiado. Assim, passouse a exigir o envolvimento de um gestor, pessoa jurídica, é neste ponto que entra a Fundação Tiradentes, como entidade de apoio à Universidade, simplesmente como gestora financeira do projeto, razão esta da transferência do bem importado do seu nome para a Universidade, onde encontramse fisicamente em uso para a fim colimado, vez que esta era essencialmente a outorgada e destinatária da doação pelo agente de fomento outorgante, conforme cláusula 8ª do Termo de Outorga, e usuária dos equipamentos nas finalidades que lhe propiciaram o benefício do incentivo fiscal previsto na Lei autorizativa (ou seja, somente são utilizados em pesquisa científica e tecnológica), conforme constatado in loco pelo Sr. Antônio Augusto Bianco, auditor da Receita Federal subscritor do presente auto de infração que pretendemos desconstituir. É de se ressaltar por outro lado que a proprietária dos equipamentos importados é a FAPEMIG (também importadora credenciada pelo CNPq), agente de fomento estadual que, apesar de havêlos doados à Universidade com encargos continua sendo a proprietária, acaso não respeitado o seu uso nas finalidades que a Lei autoriza (vide Termo de Outorga anexo), destinados à pesquisa científica e tecnológica, ficando a Universidade como órgão depositário dos equipamentos nos termos da outorga. Neste contexto não há como a propriedade dos equipamentos ser ao mesmo tempo da FAPEMIG e da FUNTIR. A FUNTIR, como gestora, cuidou simplesmente do gerenciamento da importação e sua respectiva prestação de contas ao agente financiador, por esta razão os bens/equipamentos foram tombados em nome da Universidade. A despeito de tudo o que até aqui foi dito, também o Ofício CIP/SAD3 Circular, de janeiro de 1993, dirigido pelo CNPq a todas entidades credenciadas, sobre o assunto: Lei 8.010/90 Destinatários de Bens Importados é do seguinte teor: "Temos recebido algumas consultas sobre a possibilidade das entidades credenciadas para importação de bens destinados a pesquisas científicas ou tecnológicas, com base na Lei 8.010, de 29/03/90, alienarem equipamentos importados a seus pesquisadores. Diante disso, temos respondido que a pretensão não encontra abrigo na lei e que a propriedade desses equipamentos deve permanecer com a entidade credenciada, admitida a alienação exclusivamente a outras entidades (pessoas jurídicas), desde de que desfrutem dos mesmos benefícios concedidos pela Lei 8.010/90.” (Grifos nossos) A adoção de qualquer outro procedimento implicará o desatendimento das disposições legais aplicáveis à espécie e, conseqüente o descredenciamento da entidade. Esclarecemos que esta circular está sendo encaminhada a todas as entidades credenciadas, não sendo específica, portanto a essa instituição” Enquadrase nesta condição o presente caso, eis que a transferência do bem que o presente Auto de Infração quer glosar, é de propriedade da FAPEMIG (entidade credenciada pelo CNPq), que faz sua transferência à Universidade Federal de São João DelRei (entidade também credenciada pelo CNPq), é Fl. 277DF CARF MF Processo nº 13642.000170/200251 Acórdão n.º 9303005.148 CSRFT3 Fl. 275 7 este o caso concreto; a FUNTIR por não possuir a propriedade não tem nem mesmo a capacidade de alienar (doação) e, como Fundação de apoio a Universidade nos termos da Lei 8.958/94, simplesmente atuou no processo como interveniente gestora (sendo também credenciada pelo CNPq). Estamos assim diante do entendimento firmado no referido Oficio Circular do CNPq. Ainda assim, mesmo que possa prosperar o presente auto de infração, o ônus final respectivo recairia sobre a Universidade Federal de São João DelRei, órgão público federal mantido com recursos do Tesouro Nacional, e os recursos daí resultantes voltariam para o Tesouro Nacional via Receita Federal acarretando com isto somente custos administrativos. E sobre este aspecto administrativo, invocase desde já, a recente Medida Provisória nº 71, de 03/10/2002, DOU de 04/10/2002, que na redação do art. 2º, deu a seguinte redação ao artigo 8º B, da Lei 9.028: "Art. 8º B É instituída na Advocacia Geral da União a Câmara de Conciliação Administrativa destinada a solucionar conflitos, inclusive por arbitramento, entre os órgãos da Administração Federal direta e as entidades da Administração Federal indireta, bem como entre estas últimas. § 1ºAs recomendações da Câmara de Conciliação Administrativa serão submetidas ao Advogado Geral da União para decisão. § 2º O Advogado Geral da União, a vista das recomendações da Câmara de Conciliação Administrativa poderá homologar a conciliação, decidir por arbitramento ou determinar a emissão de parecer jurídico para solver o conflito, submetendoo ao Presidente da República, nos termos do arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 1993. §3º Para fins de arbitramento, o Advogado Geral da União poderá acolher parecer emitido por membro da Câmara de Conciliação Administrativa ou pela Consultoria Geral da União. § 4º A decisão que homologar a conciliação ou que decidir pelo arbitramento é de observância obrigatória as partes em conflito. Pedese ao final o acolhimento da presente impugnação pelas razões acima, a baixa e arquivo do processo consectário.” Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 1997, 1998 ISENÇÃO. INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS. A transferência da propriedade ou uso, a qualquer título, de bens importados com isenção se subordina à prévia decisão da autoridade aduaneira. Ausente decisão da autoridade, a transferência enseja o lançamento dos tributos incidentes, bem como juros de mora e multa de ofício. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Fl. 278DF CARF MF 8 Anocalendário: 1997, 1998 IPI NA IMPORTAÇÃO. Não havendo impugnação específica relativamente a esse imposto, as mesmas fundamentações postas no julgamento do II aplicamse mutatis mutandis ao lançamento do IPI. Cientificada da referida decisão em 09/12/2008 (fls. 178), a interessada, em 07/01/2009 (fls. 179), apresentou o recurso voluntário de fls. 179/183, onde se insurge contra o lançamento com fundamento nos mesmos argumentos já expostos na primeira instância recursal, requerendo, ao fim, seja dado provimento ao seu recurso. É o relatório. [...] Sobreveio decisão de provimento do recurso voluntário, nos termos do Acórdão nº 380200.453 (fls. 210 a 224), proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, em 04 de maio de 2011. No ensejo, a Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial de divergência (fls. 225 a 233), com amparo no acórdão paradigma nº 303303.10, da 3ª Câmara do extinto 3º Conselho de Contribuintes, alegando divergência jurisprudencial quanto à manutenção da isenção da Lei nº 8.010/90 para os bens importados e posteriormente transferidos para entidade que goza do mesmo tratamento tributário da importadora sem prévia autorização da Autoridade Aduaneira. Para fundamentar a sua pretensão, aduz, em síntese, que: (a) incontroverso nos autos ter a Fundação Tiradentes efetuado importações com o benefício da isenção do II e do IPI da Lei nº 8.010/90, e posteriormente transferido os bens importados para terceiros (Fundação Superior São João Del Rei); (b) referida norma de isenção é vinculada à qualidade do importador, sendo aplicável somente às importações realizadas pelo CNPq e pelas entidades sem fins lucrativos ativas no fomento, coordenação ou na execução de programas de pesquisa científica e tecnológica ou de ensino, estas quando devidamente credenciadas pelo CNPq; (c) nos termos dos artigos 11 e 12 do DecretoLei nº 37/1966, regulamentados pelos artigos 123, 133 e 134 do Regulamento Aduaneiro, a transferência da propriedade ou a cessão do uso dos bens importados com isenção se subordina à prévia decisão da Autoridade Aduaneira; (d) no caso em exame, por não ter havido decisão da Autoridade Aduaneira para a transferência dos bens importados a terceiros, devem ser pagos os tributos devidos na importação, acrescentando, ainda, que as normas de isenção devem ser interpretadas literalmente, nos termos do art. 111 do CTN; Fl. 279DF CARF MF Processo nº 13642.000170/200251 Acórdão n.º 9303005.148 CSRFT3 Fl. 276 9 (e) ao final, requer o provimento do recurso especial para ver reformado o acórdão recorrido e afastada, para as importações efetuadas pela Contribuinte, a isenção da Lei nº 8.010/90. O recurso especial da Fazenda Nacional foi integralmente admitido, no que tange à possibilidade de transferência de bens importados com a isenção da Lei nº 8.010/90 para terceiro credenciado junto ao CNPq, sem a autorização da Autoridade Aduaneira, por meio do Despacho s/nº, de 13 de julho de 2015 (fls. 236 a 239). A Contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 246 a 255) postulando, preliminarmente, o não conhecimento do recurso especial, face à ausência de identidade entre o paradigma e o recorrido, e, no mérito, a sua negativa de provimento. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisarse o atendimento dos demais pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Trata o presente processo administrativo de autos de infração lavrados para cobrança de imposto de importação (II) (fls. 05 a 12) e imposto sobre produtos industrializados (IPI) (fls. 13 a 19), em razão da perda do benefício da isenção prevista no art. 1º, §2º da Lei nº 8.010/90, pois teria a Contribuinte transferido a terceiro os bens importados, antes do transcurso do prazo de 5 (cinco) anos e sem a prévia autorização da Autoridade Aduaneira. Na descrição dos fatos dos autos de infração, assim consignou a Fiscalização: Auto de infração – Imposto de Importação (fl. 07) Fl. 280DF CARF MF 10 [...] 001 TRANSFERÊNCIA NÃO AUTORIZADA DE BENS IMPORTADOS COM BENEFÍCIO O importador, por meio das DI abaixo indicadas, submeteu a despacho aduaneiro mercadoria importadas com isenção do Imposto de Importação. A isenção tem por base a Lei 8.010/90, que permite a importação de mercadorias para emprego em pesquisas, conforme autorização do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPq. Sendo isenção condicionada à destinação do bem, cabe à Secretaria da Receita Federal verificar a boa aplicação dos bens isentados do Imposto, o que se verificou através da presente fiscalização. Além da boa aplicação é necessário que o importador comprove a posse dos bens importados pelo prazo de cinco anos após o desembaraço dos mesmos ou, caso tenha efetuado sua transferência, deve comprovar sua regularidade. Para que a transferência seja regular é necessária a autorização da autoridade aduaneira. Ocorre que o importador, sem cumprir esta disposição prevista no Regulamento Aduaneiro, efetuou a transferência dos bens, de acordo com a documentação anexa, para a Fundação de Ensino Superior de São João del Rei, atual Universidade Federal de São João del Rei, acarretando a perda do beneficio. Assim, cobrase o II devido, apurado em face do não cumprimento das condições para a manutenção do beneficio fiscal. DI 97/06124594, de 16.07.1997, bens transferidos em 26 de janeiro de 1999, ou seja, dezoito meses depois do registro da DI, o que justifica a redução de 25% do I.I. pela aplicação do artigo 139, parágrafo segundo do Regulamento Aduaneiro. DI 98/05682412, de 15.06.1998, bens transferidos em 26 de janeiro de 1999. DI 98/07188849, de 23.07.1998, bens transferidos em 20 de abril de 1999. DI/98 07777453, de 07.08.1998, bens transferidos em 20 de abril de 1999. (grifouse) Auto de infração – Imposto sobre Produtos Industrializados (fl. 14) [...] 001 TRANSFERÊNCIA NÃO AUTORIZADA DE BENS IMPORTADOS COM BENEFICIO O autuado, por meio das DI abaixo indicadas, submeteu a despacho aduaneiro mercadoria importadas com isenção do Imposto Sobre Produtos Industrializados. A isenção tem por base a Lei 8.010/90, que permite a importação de bens para emprego em pesquisas, conforme autorização do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPq. Sendo isenção condicionada à destinação do bem, cabe à Secretaria da Receita Federal verificar a boa aplicação dos bens isentados do Imposto, o que se verificou Fl. 281DF CARF MF Processo nº 13642.000170/200251 Acórdão n.º 9303005.148 CSRFT3 Fl. 277 11 através da presente fiscalização. Além da boa aplicação, é necessário que o importador comprove a posse dos bens importados pelo prazo de cinco anos após o desembaraço dos mesmos, ou caso tenha efetuado sua transferência deve comprovar sua regularidade. Para que houvesse a transferência regular de tais mercadorias, seria necessária a autorização da autoridade aduaneira. Ocorre que o importador, sem cumprir esta disposição prevista no Regulamento do IPI, efetuou a transferência dos bens, para a Fundação de Ensino Superior de São João del Rei, atual Universidade Federal de São João del Rei, carretando a perda do benefício. Assim, cobrase o I.P.I. devido, apurado em face do não cumprimento das condições para a manutenção do beneficio fiscal. # DI 97/06124594, registrada em 16.07.1997: bens transferidos em 26.01.1999. DI 98/05682412, registrada em 15.06.1998: bens transferidos em 26.01.1999. DI 98/07188849, registrada em 23.07.1998: bens transferidos em 20.04.1999. DI 98/07777453, registrada em 07.08.1998: bens transferidos em 20.04.1999. #Foi utilizada a redução de 25% do valor tributável dos bens, em razão da transferência ter ocorrido entre 12 e 24 meses de manutenção dos bens, de conformidade com o disposto no DecretoLei 1.455/76, artigo 2°. [...] Temse que as importações dos bens destinados à pesquisa científica e tecnológica, com o benefício da isenção do imposto de importação previsto no art. 1º, §2º da Lei nº 8.010/90, foram efetuadas pela Fundação Tiradentes (Contribuinte autuada) e, posteriormente, transferidos para a Fundação de Ensino Superior São João Del Rei, atual Universidade Federal de São João delRei, ambas as instituições credenciadas junto ao CNPq conforme exigido pelo diploma legal que concede a benesse fiscal. O cerne da autuação está na ausência de prévia autorização da Autoridade Aduaneira para transferência dos bens importados, não tendo havido questionamento pela Fiscalização quanto à destinação dos bens e ao tratamento tributário dispensado às entidades. No julgamento de provimento do recurso voluntário, o Colegiado a quo entendeu por desconstituir os autos de infração com base na interpretação do art. 1º, §2º da Lei nº 8.010/1990 à luz do art. 111 do Código Tributário Nacional, privilegiando os valores tutelados pela isenção tributária e os fins colimados pela edição da Lei nº 8.010/90. Considerou que não houve desrespeito aos requisitos da norma isentiva, pois os bens importados permaneceram vinculados aos fins que justificaram a sua importação com isenção, além de terem sido doados a uma fundação pública de direito privado à qual é conferido o mesmo tratamento tributário da importadora, com total conhecimento e aval do CNPq. Fl. 282DF CARF MF 12 Contra essa decisão insurgese a Fazenda Nacional, por meio de recurso especial, alegando divergência jurisprudencial quanto à manutenção da isenção de II e IPI vinculado, conforme estabelecido na Lei nº 8.010/90, frente à transferência dos bens importados sem a prévia autorização da Autoridade Aduaneira. Para comprovar o dissídio interpretativo, colacionou como paradigma o acórdão nº 30330310, proferido pela 3ª Câmara do outrora 3º Conselho de Contribuintes, com ementa nos seguintes termos: ISENÇÃO. LEI 8.010/90. Caso de isenção subjetiva, em que a transferência, a qualquer título, do uso de bens importados, a entidade não credenciada no CNPq, antes de cinco anos, obriga ao prévio pagamento dos impostos. MULTAS DO II E DO IPI. Lançamento que não apontou o fato e a fundamentação legal, não podendo prosperar. RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. (grifouse) Na decisão paradigmática, temse também caso em que houve a transferência a terceiros de bens importados com a isenção de II e do IPI vinculado do art. 1º da Lei nº 8.010/90. No entanto, a revogação do benefício fiscal deuse em razão de a entidade destinatária dos bens não estar credenciada junto ao CNPq, hipótese fática diversa daquela tratada nos presentes autos, em que ambas as entidades – importadora e aquela a quem foram transferidos os bens – encontravamse credenciadas junto ao CNPq e recebem o mesmo tratamento tributário, retirandolhe o caráter de paradigma para a reforma do acórdão recorrido. Além disso, a argumentação da decisão paradigmática não tratou da necessidade ou não de prévia autorização da autoridade aduaneira para transferência dos bens importados sob o abrigo da isenção da Lei nº 8.010/90, mas sim fundouse no fato de a entidade para a qual foram transferidos os bens importados não estar credenciada junto ao CNPq. Para demonstrar a inexistência da comprovação da divergência jurisprudencial, em razão da dessemelhança fática entre os julgados, pertinente a transcrição de trechos do relatório e da fundamentação do acórdão paradigma, in verbis: RELATÓRIO [...] Duas são as questões envolvidas na decisão recorrida (fls. 121 a 125). A primeira é que a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa, sediada na Universidade Federal de Minas Gerais, e credenciada pelo CNPq para gozar das isenções fiscais estatuídas pela Lei 8.010/90, teria perdido tais isenções por ter efetuado a transferência ou uso de bens importados para entidade não Fl. 283DF CARF MF Processo nº 13642.000170/200251 Acórdão n.º 9303005.148 CSRFT3 Fl. 278 13 habilitada ao gozo dos benefícios da citada Lei. A segunda, por infração ao controle administrativo das importações (falta de Guia de Importação), por ter efetuado importações de U$ 3.559.000,00, enquanto as importações autorizadas pelo CNPq seriam de U$ 3.500.000,00. [...] Este credenciamento jamais foi objeto de dúvida em qualquer momento da discussão Entretanto, a perda da isenção vinculada à qualidade do importador, considerada pelo Fisco, foi assim contestada pela Recorrente: a) O que ensejou a autuação foi a suposta transferência dos bens importados pela FUNDEP, sob o abrigo da Lei da isenção, para a EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que não fazia jus aos benefícios da Lei 8.010/90; [...] VOTO VENCEDOR [...] Não há divergência quanto ao fato, ou seja, concordam autuante e recorrente que houve disponibilidade física do material importado para a EMBRAPA, tendo este ficado alojado nas dependências desta última entidade. A interessada aduz ainda que ele destinouse ao desenvolvimento de determinada pesquisa científica, cuja execução se deu em boa parte dentro das instalações da EMBRAPA. Por outro lado, também não nega o fato de que a entidade conveniada não estava credenciada junto ao CNPq. [...] A Portaria Interministerial MCT/MF 360/95, por sua vez, em seu artigo 3°, esclarece que a transferência, a qualquer titulo, da propriedade ou do uso dos bens importados com base naquela lei, obriga a entidade credenciada que os importou no prévio pagamento dos tributos, sendo que tal disposição não se aplica aos bens transferidos, a qualquer titulo, a outra entidade credenciada pelo CNPq, mediante prévia autorização da autoridade fiscal, ou após o decurso do prazo de cinco anos, contado do desembaraço aduaneiro. [...] In casu, ficou claro que a EMBRAPA não estava credenciada junto ao CNPq e, portanto, não fazia jus à exceção disposta no parágrafo único da supracitada norma legal. Adicionese a tal que, conforme o capa daquele dispositivo, tratandose de isenção vinculada à qualidade do importador, a transferência do uso, a qualquer título, obriga ao prévio recolhimento dos tributos. Vale ressaltar que, de acordo com a regra de interpretação prevista no artigo 111, inciso II, do CTN, interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção. Portanto, estando claro ter havido a locomoção do equipamento para as dependências da EMBRAPA, não há que se falar em inexistência de transferência. [...] Fl. 284DF CARF MF 14 A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estarse diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. No presente caso, ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que os requisitos descumpridos para a isenção da Lei nº 8.010/90 foram diferentes para ambos os casos, não se pode estabelecer como parâmetro para reforma da decisão. Portanto, ausente a comprovação da divergência jurisprudencial, não deve ter prosseguimento o recurso especial da Fazenda Nacional. Diante do exposto, não se conhece do recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 285DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13558.720093/2007-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL.
Incabível a manutenção da glosa da ARL - Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA - Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9202-004.628
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri
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Recorrente MARAU ECORESORT LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Incabível a manutenção da glosa da ARL Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 55 8. 72 00 93 /2 00 7- 12 Fl. 488DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o Contribuinte e por meio do qual exigese a diferença do Imposto Territorial Rural ITR relativo ao exercício de 2004. Conforme descrição dos fatos (fl. 02/03) a autuação foi assim resumida pelo fiscal: Na DITR do exercício fiscalizado, o contribuinte declarou existir uma área de 900,0 ha de preservação permanente, motivo pelo qual foi intimado a comprovar a existência dessa área e o cumprimento das obrigações acessórias necessárias exclusão da mesma da incidência do ITR. Declarou também, que o valor da terra nua do imóvel rural fiscalizado era de R$ 100.000,00 em 10 de janeiro de 2004. Considerando que a propriedade possui uma área total de 1.057,0 hectares, obtémse um valor declarado de R$ 94,60 por hectare de terra nua, por este motivo, foi intimado a comprovar o VTN declarado com apresentação de Laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653, da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados, foi também informado que a falta de apresentação do laudo de avaliação ensejaria o arbitramento do valor da terra nua, com base nas informações, constantes do SIPT Sistema de Pregos de Terra, instituído pela RFB, através da Portaria SRF n° 447, de 28/03/02, (Valor do SIPT para o município de Marau no ano de 2004 de R$ 881,40). Em 28/06/2007 foi enviado para o endereço indicado na DITR, o Termo de Intimação Fiscal N° 05102/00006/2007, tendo sido recepcionado em 06/07/2007. 0 contribuinte regularmente intimado, com ciência no dia 06/07/2007, deixou de atender à intimação. Desta forma, e diante da ausência de apresentação de ADA, lavrouse a presente autuação pela desconsideração da área de preservação permanente e com base no Valor da Terra Nua arbitrado segundo informações constantes no Ofício/INCRA/GAB/RA/N° 4010/2007 (fls. 11), de 6 de novembro de 2007. Intimado o contribuinte apresentou impugnação de fls. 17 afirmando que 1) o imóvel foi vendido meses antes da intimação tornando difícil o acesso de pessoas ao local para efetuar as devidas medições e prestação de informações à fiscalização, e 2) a declaração do ITR foi apresentada baseada no termo de responsabilidade de averbação de reserva legal registrado em cartório, sendo que o restante da área é de proteção ambiental conforme registrado na APA Municipal de Maraú. Fl. 489DF CARF MF Processo nº 13558.720093/200712 Acórdão n.º 9202004.628 CSRFT2 Fl. 490 3 A Delegacia de Julgamento, afastando a argumentação de ilegitimidade passiva, manteve o lançamento fundamentado que para fins de exclusão do ITR as áreas de utilização limitada, reserva legal e proteção ambiental, devem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA ou, pelo ,menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do competente ADA. Quanto ao VTN, considerando que a matéria não foi impugnada, manteve as apurações realizadas pela fiscalização. No Recurso Voluntário o Contribuinte reitera a informação de que dos 900ha declarados, 603,74ha são de reserva legal devidamente averbada no registro do imóvel e o restante é área de Preservação Ambiental instituída pelo Decreto Municipal de Maraú nº 15/1997. Adota o entendimento de ser o ADA instrumento desnecessário para fins de pleitear a isenção do ITR haja vista a revogação do art. 17O da Lei nº 10.165/00 por meio da Medida Provisória 2.16607/01 que fez inserir o §7º ao art. 10 da Lei nº 9.303/96. Em sede recursal ainda é alegada nulidade do lançamento em razão do indeferimento de diligência necessárias à obtenção da verdade material, redução da multa pela vedação constitucional de se dar ao tributo efeito confiscatório. Oportunamente fez juntar cópia do Decreto Municipal de Maraú nº 15/97, MAPA da APA da Península de Maraú. Por meio do acórdão nº 2801003.230 a 1ª Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento, conforme entendimento do Redator do voto vencedor, negou provimento ao Recurso Voluntário, mantendose o lançamento na íntegra. Referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NECESSIDADE. A partir do exercício de 2001 é indispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental ADA no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA como condição para exclusão da área de reserva legal da base de cálculo do ITR. IMÓVEL INSERIDO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL APA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO ITR. Não há previsão legal para a exclusão da base de cálculo do ITR de áreas inseridas em área de proteção ambiental, definida genericamente, sem ato específico para o imóvel em questão. Recurso Voluntário Negado. Inconformado o Contribuinte interpôs recurso especial de divergência requerendo a reforma do julgado para ver reconhecido seu direito à isenção do ITR sobre o total da área de 603,74ha devidamente averbados no registro do imóvel em data anterior a ocorrência do fato gerador, reiterando ser o ADA instrumento prescindível para tanto. Fl. 490DF CARF MF 4 O exame de admissibilidade, por força do art. art. 67, § 7º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 2015, elegeu como paradigmas os acórdãos 210100.846 e 220100.931. Foi dado seguimento ao recurso face a divergência comprovada em relação ao último acórdão. Contrarrazões da Fazenda Nacional pugnando pelo não provimento do recurso. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Conforme exposto no relatório, o objeto do recurso é a discussão acerca dos requisitos necessários para que o contribuinte tenha direito a exclusão de áreas classificadas como de reserva legal do cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, requisitos para aplicação da exoneração prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96, que até 1º de janeiro de 2013, possuía a seguinte redação: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; (...) Sabese que o ITR, previsto no art. 153, VI da Constituição Federal e no art. 29 do CTN, é imposto de apuração anual que possui como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana de município, em 1º de janeiro de cada ano. Analisando as característica da base de cálculo eleita pelo legislador conjuntamente com o teor do art. 10 da Lei nº 9.393/96 é possível concluir fato que coaduna com a característica extrafiscal do ITR, que somente há interesse da União que sejam tributadas áreas tidas como produtivas/aproveitáveis, havendo ainda uma preocupação em se favorecer aqueles que um vez tolhidos do exercício pleno de sua propriedade sejam ainda mais onerados pela incidência de um tributo. As áreas caracterizadas como de preservação permanente e de reserva legal diante das limitações que lhe são impostas, por expressa determinação legal são excluídas do cômputo do VTN – Valor da Terra Nua, montante utilizado para a obtenção da base de cálculo do ITR. Por essa razão, no entendimento desta Relatora, o inciso II acima citado ao conceituar Fl. 491DF CARF MF Processo nº 13558.720093/200712 Acórdão n.º 9202004.628 CSRFT2 Fl. 491 5 “área tributável” não prevê uma isenção, ele nos traz na verdade uma hipótese de não incidência do ITR. Entretanto, para que a propriedade, o domínio útil ou a posse dessas áreas não caracterize fato gerador do imposto é necessário que o imóvel rural preencha as condições, no presente caso, previstas na então vigente Lei nº 4.771/65. As características da Área de Preservação Permanente e da Área de Reserva Legal estavam descritas, respectivamente no art. 2º (com redação dada pela Lei nº 7.803/89) e 16 (com redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) do Código Florestal de 1965: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. Fl. 492DF CARF MF 6 Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (...) Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) I oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 493DF CARF MF Processo nº 13558.720093/200712 Acórdão n.º 9202004.628 CSRFT2 Fl. 492 7 § 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I o plano de bacia hidrográfica; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II o plano diretor municipal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III o zoneamento ecológicoeconômico; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV outras categorias de zoneamento ambiental; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) V a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166 67, de 2001) § 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 494DF CARF MF 8 II cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Interpretando os dispositivos percebemos além de diferenças ecológicas existentes entre uma APP e uma ARL, diferença formal/procedimental na constituição dessas áreas. Em relação a Área de Preservação Permanente, salvo as hipóteses previstas no art. 3º da Lei nº 4.771/65 as quais requerem declaração do Poder Público para sua caracterização, nos demais casos estando área pleiteada localizada nos espaços selecionados pelo legislador, caracterizada estava pelo só efeito da lei, sem necessidade de cumprimento de qualquer outro requisito uma APP. Em contrapartida, por força dos §§4º e 8º do art. 16 para caracterização de um Área de Reserva Legal, além dos requisitos ecológicos, exigiase i) aprovação prévia do Poder Público quanto a localização da área limitada e ainda ii) que essa área definida fosse devidamente averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel, averbação essa que era substituída por Termo de Ajustamento de Conduta nos casos em que o Contribuinte fosse apenas possuidor do bem. Fl. 495DF CARF MF Processo nº 13558.720093/200712 Acórdão n.º 9202004.628 CSRFT2 Fl. 493 9 Faziase necessária a realização desses esclarecimentos, pois as diferenças formais apontadas traz impactos diretos no estudo dos requisitos para aplicação da não incidência do ITR especificamente acerca da necessidade de averbação prévia e apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao IBAMA. No presente caso, nos interessa discutir acerca dos requisitos que devem ser cumpridos pelo Contribuinte para que reste caracterizada a não incidência do ITR sobre áreas classificadas como de Reserva Legal. Do requisito da averbação: Considerando a redação da Lei nº 4.771/65 afirmase que o ato de averbação em nada afeta a constituição de uma área de preservação permanente a qual existe é pode ser comprovada por qualquer meio capaz de demonstrar que aquele imóvel ou parte dele está localizado em áreas com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas. A própria Receita Federal do Brasil nos documentos "Perguntas e Respostas do ITR" manifestava expressamente no sentido de a legislação do ITR não exigir a averbação da área de preservação permanente no Cartório de Registro de Imóveis. Por outro lado a necessidade de averbação das áreas de Reserva Legal é exigência prevista na própria Lei nº 4.771/65, razão pela qual filiome a corrente cujo entendimento é no sentido de ser a averbação requisito constitutivo da referida área. A averbação, precedida da outra exigência legal de ser a área reconhecida pelo poder público, é condição imprescindível para a existência da Área de Reserva Legal, sendo que tal fato nos leva a conclusão lógica de que para fins de cálculo do ITR tal averbação deve ser anterior ao fato gerador. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o citado entendimento, valendo citar parte do voto proferido pelo Ministro Benedito Gonçalves, no RESP nº 1.125.632PR: Ao contrário da área de preservação permanente, para as áreas de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal (...) Assim, considerado que a norma de apuração do ITR prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96 a qual nos remete aos conceitos e requisitos da então nº Lei nº 4.771/65 podemos afirmar que para fim de não incidência do ITR a averbação da área delimitada pelo Poder Público no registro do imóvel em data anterior a ocorrência do fato gerador é requisito aplicável apenas à Área de Reserva Legal. Fl. 496DF CARF MF 10 Do Ato Declaratório Ambiental ADA: A discussão quanto a necessidade de apresentação do ADA para fins da não incidência do ITR sobre áreas de Preservação Permanente e também Reserva Legal, é um pouco mais polêmica, isso porque tratase de exigência inicialmente prevista por meio de norma infralegal, valendo citar a IN SRF nº 67/97. Nem a Lei nº 9.393/96, nem a Lei nº 4.771/65 exigiam o ADA para fins constituição das respectivas áreas ou para fins de apuração do imposto. Por tal razão, após amplo debate concluise que para os fatos geradores ocorridos até o ano de 2000, era dispensável a apresentação do ADA, conclusão que pode ser ilustrada pela seguinte ementa do STJ : PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. ISENÇÃO. EXIGÊNCIA CONTIDA NA IN SRF Nº 67/97. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. De acordo com a jurisprudência do STJ, é prescindível a apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN nº 67/97). Ato normativo infralegal não é capaz de restringir o direito à isenção do ITR, disciplinada nos termos da Lei nº 9.393/96 e da Lei 4.771/65. 3. Na hipótese, discutese a exigibilidade de tributo declarado em 1997, isto é, antes da entrada em vigor da Lei 10.165/00, que acrescentou o § 1º ao art. 17O da Lei 6.938/81. Logo, é evidente que esse dispositivo não incide na espécie, assim como também não há necessidade de se examinar a aplicabilidade do art. 106, I, do CTN, em virtude da nova redação atribuída ao § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 pela MP nº 2.16667/01. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1.283.326/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 8/11/2011, DJe 22/11/2011.) Tal entendimento fundamentase na regra de que a norma jurídica que regulamenta o conteúdo de uma lei é veículo secundário e infralegal e, portanto, seu conteúdo e alcance deve se restringir aos comando impostos pela lei em função da qual foi expedida. Neste sentido uma instrução normativa não poderia prever condição não exigida pela norma originária, mormente quando tal condição depende de manifestação de órgão cuja atuação não se vincula com o objetivo da norma desoneração tributária. Tal discussão assume um novo viés com a criação do art. 17O da Lei nº 6.938/81. Em 29.01.2000 foi editada a Lei nº 9.960/00 que acrescentou o citado art. 17 O à Lei nº 6.938/81, nesta oportunidade, por meio do §1º, o legislador expressamente previu que a utilização do ADA para efeito de redução do valor do ITR era opcional. Ocorre que tal Fl. 497DF CARF MF Processo nº 13558.720093/200712 Acórdão n.º 9202004.628 CSRFT2 Fl. 494 11 previsão não produziu efeitos, pois antes mesmo da ocorrência de um novo fato gerador do ITR o referido artigo foi radicalmente modificado pela Lei nº 10.165, publicada em 27 de dezembro de 2000, a qual tornou o ADA instrumento obrigatório para fins de ITR: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em documento próprio de arrecadação do IBAMA.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobrança de juros e multa nos termos dos incisos I e II do caput e §§ 1oA e 1o, todos do art. 17H desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Diante desta alteração normativa discutese agora se lei posterior teria o condão de condicionar a aplicação de norma específica de não incidência tributária à realização de dever extra fiscal. Se diz extra fiscal porque como conceituado pelo próprio órgão o ADA nada mais é que um documento de cadastro das áreas do imóvel junto ao IBAMA. Destacase: a função do ADA é apenas informar ao IBAMA a existência de área de interesse ambiental em propriedade, posse ou domínio de particular área essa reconhecida seja pela própria lei no caso de APP, ou por meio da averbação no caso da ARL. É documento meramente informativo de uma área já existente, ou seja, o ADA não é requisito para constituição de áreas não consideradas pelo legislador quando da delimitação do fato gerador do ITR. Fl. 498DF CARF MF 12 É por essa razão que compartilho do entendimento de que o ADA não tem reflexos sobre a regra matriz de incidência do ITR, a ausência de documento informativo ou sua apresentação intempestiva não pode gerar como efeito a desconsideração de área reconhecidamente classificada como não tributada pelo legislador. Assim, é notável o conflito existente entre o art. 10, §1º, II da Lei nº 9.393/96 e o art. 17O da Lei nº 6.938/81, antinomia que deve ser solucionada pela aplicação do critério da especialidade, devendo prevalecer neste sentido a norma que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, qual a Lei nº 9.393/96. Destaco que, embora essa Relatora tenha o entendimento isolado de que o ADA é requisito dispensável para fins de desoneração do ITR em qualquer circunstância, o entendimento da maioria deste Colegiado é no sentido de se reconhecer ao Contribuinte o direito a isenção nos casos em que existir averbação da ARL à margem do registro do imóvel antes da ocorrência do fato gerador, para a maioria o cumprimento deste requisito formal supre a necessidade de apresentação do ADA. Por fim, embora utilizandose de outros fundamentos, é importante mencionar que o Poder Judiciário, por meio do Superior Tribunal de Justiça tem firmado jurisprudência no sentido de que o ADA nunca foi, mesmo com a criação do art. 17O, requisito para desoneração do ITR, desoneração essa entendida pelos Ministros como isenção. Essa orientação do STJ foi recentemente reconhecida pela própria Fazenda Nacional por meio do Parecer PGFN/CRJ/Nº 1329/2016 que atualizou o Item 1.25 da Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer prevista no art.2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016. Pela relevância, peço vênia para transcreve parte do parecer: a) Área de reserva legal e área de preservação permanente (NOVO) * Data da alteração da redação do resumo e da Observação 1, bem como da inclusão da Observação 2: 05/09/2016 Precedentes: AgRg no Ag 1360788/MG, REsp 1027051/SC, REsp 1060886/PR, REsp 1125632/PR, REsp 969091/SC, REsp 665123/PR e AgRg no REsp 753469/SP. Resumo: O STJ entendeu que, por se tratar de imposto sujeito a lançamento que se dá por homologação, dispensase a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis e a apresentação do Ato Declaratório Ambiental pelo Ibama para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas à concessão de isenção do ITR. Dispensase também, para a área de reserva legal, a prova da sua averbação (mas não a averbação em si) no registro de imóveis, no momento da declaração tributária. Em qualquer desses casos, se comprovada a irregularidade da declaração do contribuinte, ficará este responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa. OBSERVAÇÃO: Caso a matéria discutida nos autos envolva a prescindibilidade de averbação da reserva legal no registro do imóvel para fins de gozo da isenção fiscal, de maneira que este registro seria ou não constitutivo do direito à isenção do ITR, devese continuar a contestar e recorrer. Com feito, o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Tal hipótese não se confunde com a necessidade ou não de comprovação do registro, visto que a prova da averbação é dispensada, mas não a existência da averbação em si. Fl. 499DF CARF MF Processo nº 13558.720093/200712 Acórdão n.º 9202004.628 CSRFT2 Fl. 495 13 OBSERVAÇÃO 2: A dispensa contida neste item não se aplica para as demandas relativas a fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 12.651, de 2012 (novo Código Florestal). PARECER PGFN/CRJ/No 1329/2016 Documento público. Averbação e prova da Área de Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente. Natureza jurídica do registro. Ato Declaratório Ambiental. Isenção do Imposto Territorial Rural. Item 1.25, “a”, da Lista de dispensa de contestar e recorrer. Art. 10, II, “a”, e § 7º da Lei nº 9.393, de 1996. Lei nº 12.651, de 2012. Lei 10.165, de 2000. (...) II.1 Exame da jurisprudência sobre o questionamento feito à luz da legislação anterior à Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 que deu nova redação ao art. 17O da Lei nº 6.938, de 27 de dezembro de 2000 e à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal (...) 12. Após as considerações acima, restam incontroversas, no âmbito da Corte de Justiça, à luz da legislação aplicável ao questionamento, as posições abaixo: (i) é indispensável a preexistência de averbação da reserva legal no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, tendo aquela, para fins tributários, eficácia constitutiva; (ii) a prova da averbação da reserva legal não é condição para a concessão da isenção do ITR, por se tratar de tributo sujeito à lançamento por homologação, sendo, portanto, dispensada no momento de entrega de declaração, bastando apenas que o contribuinte informe a área de reserva legal; (iii) é desnecessária a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, pois tal área se localiza a olho nu; e (iv) é desnecessária a apresentação do ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR. (...) II.2 Considerações relacionadas ao questionamento à luz da legislação anterior à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal. (...) 21. Em que pese tal possibilidade de interpretação, o STJ utilizouse do teor do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, para reforçar a tese de que o ADA é inexigível, tendo, ao que tudo indica, desprezado o conteúdo do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 2000, pois não foram encontradas decisões enfrentando Fl. 500DF CARF MF 14 esse regramento. Além disso, registrou que, como o dispositivo é norma interpretativa mais benéfica ao contribuinte, deveria retroagir. 22. Essa argumentação consta no inteiro teor dos acórdãos vencedores que trataram do tema, bem como na ementa do REsp nº 587.429/AL, senão vejamos: Trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, Relatora do REsp nº 665.123/PR: Como reforço do meu argumento, destaco que a Medida Provisória 2.166 67, de 24/08/2001, ainda vigente, mas não prequestionada no caso dos autos, fez inserir o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 para deslindar finalmente a controvérsia, dispensando o Ato Declaratório Ambiental nas hipótese de áreas de preservação permanente e de reserva legal para fins de cálculo do ITR [...] Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.112.283/PB: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.108.019/SP: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP.2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR. 1. Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex tunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ao inserir § 7º ao art.10, da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, é de cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicarse a fator pretéritos, pelo que indevido o lançamento complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante § 7º, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art.106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. Fl. 501DF CARF MF Processo nº 13558.720093/200712 Acórdão n.º 9202004.628 CSRFT2 Fl. 496 15 4. Recurso especial improvido." (REsp 587.429/AL, Rel. Ministro Luiz Fux, PRIMEIRA TURMA, DJe de 2/8/2004) 23. A partir das colocações postas, concluise que, mesmo com a vigência do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, até a entrada em vigor da Lei nº 12.651, de 2012, o STJ continuou a rechaçar a exigência do ADA com base no teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996. 24. Consequentemente, caso a ação envolva fato gerador de ITR, ocorrido antes da vigência da Lei nº 12.651, de 2012, não há motivo para discutir em juízo a obrigação de o contribuinte apresentar o ADA para o gozo de isenção do ITR, diante da pacificação da jurisprudência. (...) Portanto, considerando que há nos autos prova da averbação das áreas classificadas como de Reserva Legal em data anterior a ocorrência do fato gerador, deve ser reconhecido ao contribuinte o direito a não incidência do ITR. Diante do exposto, dou provimento ao recurso do Contribuinte. (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 502DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720865/2013-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. LUCRO REAL. HIPÓTESE DE ARBITRAMENTO. É ilegal o lançamento com base no lucro real nas hipóteses em que a escrita contábil do contribuinte torna-se imprestável, devendo a autoridade administrativa proceder o arbitramento, nos termos dos arts 529 e 530 do RIR e art. 47 da Lei no. 8.981/95.
ANULAÇÃO DO LANÇAMENTO. MODIFICAÇÃO DE REGIME JURÍDICO. A modificação do regime jurídico de apuração do tributo do lucro real para o arbitrado, não é um mero ajuste na base calculada do imposto lançado, caracteriza-se como erro na fundamentação jurídica do lançamento, cuja resolução implica incidência de outra norma jurídica. Tal equivoco não pode simplesmente ser corrigido pela administração, em garantia as disposições dos artigos 142 e 149 do CTN, muito menos em sede de processo administrativo. É necessário a realização de outro ato de lançamento (aplicação), respeitando-se o prazo decadencial, pois o fundamento jurídico será diferente daquele que o Contribuinte impugnou no processo.
Numero da decisão: 1401-001.727
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, [por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício. Vencido o Conselheiro Antonio Bezerra Neto. Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, anulando o lançamento, nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas e Antonio Bezerra Neto que negavam provimento.]
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Aurora Tomazini de Carvalho - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Presidente Antonio Bezerra Neto, Livia de Carli Germano, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins e Aurora Tomazini de Carvalho.
Nome do relator: AURORA TOMAZINI DE CARVALHO
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CSLL. Recorrentes METALLICA INDUSTRIAL S/A (Contribuinte Autuada), ROBERTO COSTILAS JUNIOR, NÍVEA DOS SANTOS COSTILA, MARIO DÉCIO BARAVELLI, EUROPARTS ADMINISTRAÇÃO DE BENS LTDA. e EUROCON CONSULTORIA E NEGÓCIOS LTDA (Responsáveis Solidários) FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. LUCRO REAL. HIPÓTESE DE ARBITRAMENTO. É ilegal o lançamento com base no lucro real nas hipóteses em que a escrita contábil do contribuinte tornase imprestável, devendo a autoridade administrativa proceder o arbitramento, nos termos dos arts 529 e 530 do RIR e art. 47 da Lei no. 8.981/95. ANULAÇÃO DO LANÇAMENTO. MODIFICAÇÃO DE REGIME JURÍDICO. A modificação do regime jurídico de apuração do tributo do lucro real para o arbitrado, não é um mero ajuste na base calculada do imposto lançado, caracterizase como erro na fundamentação jurídica do lançamento, cuja resolução implica incidência de outra norma jurídica. Tal equivoco não pode simplesmente ser corrigido pela administração, em garantia as disposições dos artigos 142 e 149 do CTN, muito menos em sede de processo administrativo. É necessário a realização de outro ato de lançamento (aplicação), respeitandose o prazo decadencial, pois o fundamento jurídico será diferente daquele que o Contribuinte impugnou no processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, [por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício. Vencido o Conselheiro Antonio Bezerra Neto. Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, anulando o lançamento, nos termos do voto da relatora. Vencidos os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 08 65 /2 01 3- 47 Fl. 5301DF CARF MF 2 Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas e Antonio Bezerra Neto que negavam provimento.] Antonio Bezerra Neto Presidente. Aurora Tomazini de Carvalho Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Presidente Antonio Bezerra Neto, Livia de Carli Germano, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins e Aurora Tomazini de Carvalho. Relatório O presente processo administrativo teve origem na lavratura de 4 (quatro) Autos de Infração (fls. 3302/3347) em face da Recorrente, para exigir valores à título de IRPJ e reflexos de CSLL, COFINS, IPI, e PIS/PASEP relativos ao anocalendário de 2008. À contribuinte foi imputada a infração de comprovação inidônea de custos, realizada por esquema fraudulento com outras empresas que serviram para dar origem a estoque de mercadorias não comprovadas. Tal fato resultou na imposição de responsabilidade solidária das seguintes pessoas: ROBERTO COSTILAS JUNIOR NÍVEA DOS SANTOS COSTILA EUROPARTS ADMINISTRAÇÃO DE BENS LTDA. EUROCON CONSULTORIA E NEGÓCIOS LTDA. Aos valores dos créditos foram acrescidos multa de 150%, em razão da caracterização da fraude, e os juros, totalizando R$ 83.000.632,01 (oitenta e três milhões e seiscentos e trinta e dois reais). No Termo de Verificação Fiscal (fls. 3228/3301) a Fiscalização descreve, de forma pormenorizada, as infrações imputadas ao Contribuinte e a caracterização da fraude, que ensejou a atribuição de responsabilidade das pessoas acima mencionadas. Tais razões podem ser assim sintetizadas: A fiscalização constatou que a Recorrente Metállica “adquiriu” matérias primas das empresas distribuidoras de metias Stillo Ltda (Stillo) e Cobrenet comercial e distribuidora de metais e eletroeletrônicos Ltdame (Cobrenet) no montante de R$65.195.384,07 (sessenta e cinco milhões cento e noventa e cinco mil, trezentos e oitenta e quatro reais e sete centavos). Fl. 5302DF CARF MF Processo nº 19515.720865/201347 Acórdão n.º 1401001.727 S1C4T1 Fl. 11 3 Todavia, as empresas Stillo e Cobrenet teriam sido criadas por interpostas pessoas com a finalidade de dar origem às suposta compras realizadas pela Metallica e ocultar os reais beneficiários. Metallica, mesmo intimada e reintimado em relação às notas fiscais de compras de mercadorias junto à Stillo e à Cobrenet, não esclareceu e comprovou a efetiva entrada dos insumos recebidos na empresa e sua incorporação ao estoque de matériasprimas do estabelecimento. Também não logrou comprovar os transportes dessas mercadorias até seu estabelecimento , bem como não explicou a divergência entre as notas fiscais e os comprovantes de pesagem na balança em relação às placas dos veículos de transporte das mercadorias. As riquezas geradas pela Stillo e Cobrenet, resultantes das vendas simuladas, não foram transferidas para os sócios constantes em seus atos sociais, mas, foram utilizados para aquisição de bens em nome Sr. Roberto Costilas Júnior, sua esposa Nívea dos Santos Costilas e suas empresas Europarts Administração de bens Ltda e Eurocon Consultoria e negócios Ltda. Segundo a fiscalização, a relação comercial entre a compradora Metallica e as vendedoras Stillo e Cobrenet era simulada, pois nunca teria efetivamente existido na realidade essa aquisição de mercadorias, tendo sido apenas uma forma de justificar os estoques de mercadorias da Metallica sem comprovação de origem. As empresas Metallica, Stillo e Cobrenet são empresas constituídas por "laranjas", ou seja, por pessoas que não possuem nenhuma capacidade empresarial, inclusive houve a suspensão de uma alteração contratual da empresa Stillo por suspeita de "falsificação de assinatura”. Muito embora Stillo e Cobrenet tenham movimentado milhões de reais, aquela possuía apenas 3 funcionários e esta um único funcionário. Como consequência da fraude, a fiscalização realizou a glosa de todas as compras da Metallica com Stillo e Cobrenet para efeito de apuração do lucro real, com reflexos no IRPJ e CSLL, bem como reflexos na apuração dos créditos de PIS COFINS. Regularmente intimado, o contribuinte apresentou impugnação (fls. 3445/3507), na qual, além de preliminares de vício (superadas pela DRJ), alegou o seguinte: a) O Sr. Roberto Costilas Júnior não é e nunca foi acionista da Metallica, não possui qualquer poder diretivo ou ingerência administrativa na aludida empresa. Na verdade, o Sr. Roberto, através de suas empresas (Europarts e Eurocon) prestou naquele ano serviços específicos na área de consultoria e assessoria comercial e de vendas da Metallica, sendo remunerando, mediante a referida prestação de serviços e comissionamento, tudo conforme e as notas fiscais apresentadas. Fl. 5303DF CARF MF 4 b) As empresas tidas como inidôneas, à época dos fatos, apresentaram fortes indícios de atividade comercial regular. Possuíam movimentação financeira advindas de pagamentos de outras empresas. c) A Metallica efetivamente comprou matéria prima da Stillo e Cobrente no período de 01.01.2008 a 31.12.2009. As informações sobre dúvidas no transporte são imprecisas, assim como aquela desconfiança quanto a controle de pesagem é vulnerável. Todavia, É incontroverso nos autos o efetivo pagamento pela Metallica, via compensação bancária, de todas as matériasprimas por ela adquiridas. d) A ação fiscal foi iniciada com quebra de sigilo fiscal e bancário, o que seria ilegal, pois o sigilo bancário não pode ser quebrado sem autorização judicial. e) Há incorreção insanável na sistemática de tributação utilizada no lançamento do auto de infração. O lançamento tributário apresenta erro de cálculo insuperável, posto que incidente sobre base de cálculo equivocada. Primeiramente, fezse incidir tributação de IRPJ sobre a totalidade do valor das notas fiscais glosadas, sem excluir o IPI que é objeto de Auto de Infração derivado do processo administrativo n° 19515.720.867/201336, e está regido pelo princípio da não cumulatividade (RIR). Também, não elaborou o cálculo de lucro arbitrado já que alega fraude, o que leva à desconsideração da escrituração contábil , para, aí sim, encontrar a base de cálculo que serviria de paradigma para o cálculo de incidência de IRPJ, tributos reflexos e multa. Os Responsáveis também apresentaram impugnação conjunta, na qual resumidamente alegam: a) Há mais de dez anos possui empresas para prestação de serviços no ramo, as quais também realizam negócios e administram bens. Esses são alguns dos motivos pelos quais testemunhou atos constitutivos de empresas do ramo de metais, no ano calendário de 1999. É da natureza da sua atividade (consultoria) o comparecimento em algumas oportunidades em empresas do segmento. b) As sociedades empresárias Europarts e Eurocon, têm como objeto especialmente a assessoria e consultoria comercial, com forte atuação no mercado de metais. c) Os valores auferidos pelas sociedades empresárias Impugnantes se distanciam sobremaneira dos valores apontados como tributos supostamente não recolhidos pela empresa autuada. d) As receitas auferidas pelas sociedades Eurocon e Europarts advindas das empresas autuadas Stillo e Metallica se constituem em não mais de 25% das receitas auferidas no ano calendário de 2008. e) A Sra. Nívea não conhece as pessoas informadas no Termo de Verificação, não possui qualquer poder de mando e sequer aparece em alguma operação comercial narrada no termo. Fl. 5304DF CARF MF Processo nº 19515.720865/201347 Acórdão n.º 1401001.727 S1C4T1 Fl. 12 5 f) O único fato descrito no Termo é o fato de ser esposa do Sr. Roberto Costilas Júnior, e a aquisição de um veículo em seu nome advindo de pagamento de prestação de serviços realizados por este com a autuada Stillo. g) Por estas razões requer a exclusão da responsabilidade solidária. Em 30.01.2016, a 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) converteu o julgamento em diligencia (3516/ 3557) para: i) confirmar se realmente foi glosada a totalidade das aquisições de matériaprima básica utilizada pela contribuinte; ii) verificar se houve equívoco na constituição do crédito tributário quanto a modalidade de tributação (Lucro Arbitrado ao invés de Lucro Real); e iii) justificar esse procedimento. Em resposta, (fls. 3565/3576) informou a fiscalização não se tratar de glosa total das aquisições de matériaprima do contribuinte, mas tão somente a glosa das aquisições relativas a dois fornecedores, não obstante serem seus maiores fornecedores. Que, os custos não comprovados com documentação idônea foram glosados para efeito de apuração do Lucro Real, não havendo equívoco na constituição do crédito tributário, no que diz respeito à forma de tributação. O lucro não foi arbitrado porque o contribuinte apresentou sua escrita contábil e fiscal, que não foi descaracterizada pela fiscalização. Em 25.04.2014, decidiu (3594/3668) a 5ª Turma da DRJ/RPO, em julgamento, pela inexistência das nulidades alegas. E, no mérito, pela necessidade de arbitramento do lucro, em razão da contabilidade da Contribuinte ter ficado imprestável. Manteve a responsabilidade e a multa qualificada em razão do convencimento da participação em esquema fraudulento. Por se tratar de decisão que exonerou, ainda que parcialmente, o sujeito passivo do pagamento do tributo e respectivos encargos, contra ela foi interposto recurso de ofício nos termos do art. 34, I, do Decreto nº 70.235/72. Regularmente intimada, a empresa autuada interpôs recurso voluntário no qual repete as alegações preliminares e de mérito suscitadas na impugnação, acrescentando que a decisão de 1ª instância seria nula porque inovou o lançamento. Os responsáveis também interpuseram recurso voluntário, no qual basicamente repetem as alegações suscitadas na impugnação. É o relatório Voto AURORA TOMAZINI DE CARVALHO Conselheira Relatora Recurso de Ofício Fl. 5305DF CARF MF 6 O Recuso de Ofício preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. O apelo está centrado em um ponto principal: a possibilidade, ou não, de se apurar resultados com base no lucro real, no caso em que a glosa dos custos decorre de fraude e corresponde a quase a integralidade das despesas de aquisição da empresa. Bem como a apuração do PIS/COFINS pelo regime nãocumulativo. Como exposto, a DRJ julgou procedente em parte as impugnações do IRPJ e reflexos, para ajusta a base de cálculo dos autos de infração do IRPJ e da CSLL à sistemática do lucro arbitrado, bem como as bases de cálculo do PIS e da COFINS ao regime cumulativo, sob o fundamento de que os custos glosados, gerados em esquema fraudulento, correspondem à quase a totalidade do cobre adquirido industrializado e vendido pela Contribuinte, o que retira a credibilidade de sua escritura contábil, para fins de apuração dos tributos federais em contento e obriga, nos termos da legislação vigente, o arbitramento do lucro pela fiscalização. Entendo que a decisão da DRJ foi acertada neste ponto. Pelo que, transcrevo trechos, dado a clareza na fundamentação: “… Respeito o entendimento da Fiscalização, mas com a devida vênia, permitome discordar. Há que se diferenciar a glosa de custos de insumos essenciais, tal qual no presente caso, de uma glosa de despesas fictas quaisquer. Fossem despesas de consultoria inexistente, por exemplo, a glosa, mesmo de valores exorbitantes, em principio nada afetaria a consistência da apuração do lucro liquido da empresa. Mas a glosa do principal insumo, por si só, retira totalmente a credibilidade da escrita contábil da empresa, para fins de apuração dos tributos federais em comento. A base de cálculo do imposto de renda pessoa jurídica é o lucro, definido conforme as suas três formas de apuração: real, arbitrado ou presumido, de acordo com o art. 44 do CTN. Segundo o art. 6° do Decretolei 1.598/77, o lucro real é o lucro líquido do exercício, ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação própria. Por sua vez, o lucro líquido deve ser apurado com observância das disposições da lei comercial. A base de cálculo da CSLL é o lucro líquido ajustado de acordo com as prescrições da legislação específica. Ao se deparar com custos contabilizados em valores fictos que representavam mais de 70% das receitas contabilizadas, cuja glosa implicavam em elevar o Lucro Real da empresa para mais de 60% dessas receitas, o único procedimento aplicável que coaduna com a legislação tributária em vigor seria o arbitramento dos lucro, bem como a apuração do PIS e Cofins no regime cumulativo. (…) No caso dos autos, verificase, de forma inquestionável, que a contabilidade apresentada pela recorrente não atendia aos requisitos especificados nos incisos I e II do artigo 47 da Lei no 8.981, de 1997 e artigos 529 e 530, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), que nestas situações determinam que o lucro deve ser arbitrado Entendese por contabilidade na forma da lei aquela que registra integralmente e não parte reduzida das operações comerciais (…) Fl. 5306DF CARF MF Processo nº 19515.720865/201347 Acórdão n.º 1401001.727 S1C4T1 Fl. 13 7 Ora, está patente que no presente caso o correto é a apuração das bases de cálculo do IRPJ e CSLL pela sistemática do Lucro Arbitrado e do PIS/Cofins pelo regime cumulativo”. Nos termos da legislação vigente, não compete à Fiscalização eleger que forma de apuração dos tributos adotar, quando diante de caso em que não há competente escrita fiscal. Nessas hipóteses, por expressa determinação da lei, deve ser feita a apuração dos tributos devidos com fundamento no lucro arbitrado. Essa é a única interpretação possível da regra do art. 47 da Lei no. 8.981/95: “Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: I – o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real (...), não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II – a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real. III – o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal (...); (...) VII – o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário”. A regra do artigo, que regulamenta as situações do arbitramento enuncia: “será”, não “poderá”. Em termos semânticos, o vocábulo “será” corresponde logicamente ao modal “obrigatório”, enquanto o “poderá” ao facultativo. O legislador, era livre para escolher o termo “poderá”, mas escolheu o “será”. De modo que, se for a ocorrência de algumas das situações enunciadas acima o arbitramento não é uma faculdade (permissão), é uma obrigação do fisco perante o sujeito passivo tributário e um direito deste em relação ao fisco. No caso concreto, caracterizada a imprestabilidade da escrituração, a lei determina que a base de cálculo originariamente prevista na legislação (lucro real) seja substituída por outra legalmente prevista (lucro arbitrário). O fato da fiscalização desconsiderar quase a totalidade (70%) das despesas apuradas como custo na determinação do lucro real, em razão da não comprovação da sua materialidade e tendo em vista terem as notas sido geradas dentro de um esquema fraudulento, torna a escrituração, apresentada pela Contribuinte, imprestável para determinar o lucro real da empresa. Situação que se enquadra na hipótese do art. 47 inciso II “b” do acima citado e enseja o arbitramento. A hipótese normativa é bem delimitada: H: Se a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiência que a Fl. 5307DF CARF MF 8 tornarem imprestáveis para determinar o lucro real; deve ser – C: o dever do fisco efetuar o lançamento pelo lucro arbitrado. No caso concreto, toda a fundamentação dos autos de infração, feita no TVF (3228/3331) se volta para caracterizar uma operação fraudulenta. Nos termos da fiscalização, os custos envolvidos no esquema da fraude foram glosados em razão de sua comprovação inidônea. Tais custos, representam mais de 70% dos considerados pela empresa na apuração da base tributária naquele anocalendário. Se há o comprometimento de mais de 70% da escrituração fiscal da Contribuinte, não há como não dizer que ela se presta para determinar o lucro real. Certamente, neste caso, a base tributária não aferirá o lucro, mas a receita da empresa. Por este motivo, deve ser desconsiderada e o lucro arbitrado. Não se sustenta o argumento da fiscalização de que a despesa glosada não representam o total das aquisições da matéria prima da Recorrente, mas tão somente relativas a dois fornecedores, pois se tratam dos dois maiores fornecedores da empresa. No DRE do ano calendário de 2008 a Recorrente tinha como custo de fabricação de seus produtos comercializados o valor de R$ 93.157.953,97 (noventa e três milhões, cento e cinqüenta e sete mil, novecentos e cinqüenta e três reais e noventa e sete centavos). A glosa procedida foi de R$ 65.195.384,07 (sessenta e cinco milhões, cento e noventa e cinco mil, trezentos e oitenta e quatro reais e sete centavos), representando quase 100% dos insumos adquiridos, considerado que os outros custos referemse à mão de obra, energia elétrica etc. No caso concreto, embora não demonstrada a origem e materialidade dos custos, há comprovação de que houve dispêndio de recursos da empresa na aquisição de matéria prima, E, esta não está sendo levada em conta na composição da base tributária, se feita nos moldes apurados pela fiscalização (lucro real). A apuração pelo lucro arbitrado toma implicitamente em conta parcela dos custos e despesas automaticamente computadas mediante a aplicação de coeficientes de arbitramento sobre a receita da pessoa jurídica, fazendo com que, ainda que de forma presumida, a base tributária denote a renda e não a receita da empresa. Certamente que este entendimento amparase na materialidade constitucional dos tributos exigidos, no entanto, ainda que não considerado o âmbito da delimitação da competência tributária, que impõe à legislação tributária infraconstitucional a limitação da tributação sobre a renda da pessoa jurídica (mesmo porque estou impedida de fazer esta análise em cumprimento à Súmula no. 2 deste Conselho), existe a previsão legal expressa do art. 47 inciso II “b” da Lei no. 8.981/95 e dos artigos 530 e 531 do RIR de que o lucro deve ser arbitrado se a escrituração apresentada pelo contribuinte revelar indícios de fraude ou vícios que a tornem imprestáveis. No caso concreto, a glosa das despesas pela fiscalização, sob a alegação de fraude, por corresponder a valores importantes do custo de produção, torna a escrituração apresentada pela Contribuinte imprestável. Assim, não resta dúvida, que em razão da obrigatoriedade imposta pelas regras acima mencionadas, que o arbitramento aqui é um direito do Contribuinte e um dever do fisco. Nesse mesmo sentido, são inúmeros os precedentes deste Conselho, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 Fl. 5308DF CARF MF Processo nº 19515.720865/201347 Acórdão n.º 1401001.727 S1C4T1 Fl. 14 9 DESPESAS E CUSTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO INTEGRAL. LUCRO REAL. IMPOSSIBILIDADE. LUCRO ARBITRADO. CABIMENTO. O lucro arbitrado deve ser realizado quando o contribuinte deixa de apresentar à autoridade tributária todos os documentos comprobatórios de despesas e custos, sendo incabível o lançamento que considera lucro real a totalidade das receitas auferidas. (1ª. Turma da DRJ/SP1, de no.1627.397, em 27/10/2010) Nestes termos, por ser ilegal a tributação com base no lucro real nas hipóteses em que a escrita contábil o contribuinte tornase imprestável, nego provimento ao Recurso de Ofício. Recurso Voluntário do Contribuinte O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, pelo que deve ser conhecido. As razões levantadas pela Contribuinte podem ser sintetizadas: i) nulidade dos autos de infração; ii) imprestabilidade da escrituração, necessidade de arbitramento do lucro e nulidade por vício material do lançamento; iii) boa fé da recorrente; iv) efetiva demonstração de aquisição da matéria prima; v) ausência de gestão do Sr. Roberto, posto na condição de responsável tributário; vi) decadência vii) qualificação da multa. Para facilitar o trabalho decisório seguiremos a própria estrutura de argumentação da petição do recurso voluntário, os quais passamos a analisar. 1. Nulidade dos Autos de Infração Três são as preliminares de nulidade alegadas pela Recorrente, as quais passamos: i) cerceamento de defesa em razão de não ter acesso às informações dos terceiros envolvidos na autuação; ii) vicio de procedimento por reexame de período fiscalizado; iii) autuação fundada em quebra de sigilo bancário. Passamos a analisar pela ordem. 1.1. Cerceamento de defesa Alega a Recorrente cerceamento de defesa, pois não poderia agir em nome dos terceiros e nem dispor de documentos, papéis ou informações das outras empresas citadas no Termo de Verificação. Como bem asseverado na decisão da Junta de Impugnação Fiscal, o TVF descreveu todos os documentos relativos às empresa Cobrenet e Stillo, os quais foram todos juntados aos autos. A titulo de exemplo citamos: as Notas Fiscais de “vendas” à Metallica emitidas pela Stillo e Cobrenet, e respectivos comprovantes de pagamento, (fls. 428 e seguintes); Contratos Sociais e alterações de Stillo e Cobrenet (fls. 1924 e seguintes); Extratos Bancários da Stillo e Cobrenet (fls. 1463 e seguintes). Portanto, rejeito essa preliminar. 1.2. Vício de procedimento por reexame de período fiscalizado Fl. 5309DF CARF MF 10 Recorrente alega vício na origem do procedimento fiscal, o qual compreende o reexame do ano calendário de 2008, anteriormente fiscalizado pela DRF/Guarulhos. Aduz a Contribuinte que os agentes fiscais teriam atuado sem contar com a prévia e necessária autorização para o reexame de período fiscalizado. Somente em 20/08/2012 vieram a legalizar suas providências, através do MPFF 08.1.11.002012003722. Nesse ponto a decisão da 5ª Turma da DRJ foi acertada e esclarecedora. O MPF foi emitido em 15/8/2012, ou seja, antes da lavratura dos autos de infração consta expressamente autorização do Sr. Superintende da 8a. Região Fiscal, que alcança todas as unidades do Estado de São Paulo, para reabrir a Auditoria Fiscal do anocalendário de 2008 na empresa Metallica. Portanto, rejeito essa preliminar. 1.3. Autuação fundada em quebra de sigilo bancário Argumenta a Recorrente que a ação fiscal foi iniciada com quebra de sigilo fiscal e bancário, o que seria ilegal, pois o sigilo bancário não pode ser quebrado sem autorização judicial. Tal assunto deve ser levado ao Poder Judiciário, pois não cabe aqui discutir a legalidade da Lei Complementar 105/01, que é válida, vigente e eficaz, e conferiu esse direito à administração pública como se pode perceber da leitura do artigo 1º, § 3º, VI, que prescreve não constituir violação do dever de sigilo a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos seus artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 10. A Administração Pública está sujeita à observância da estrita legalidade, seus atos são vinculados à lei, nos termos do artigo 37, caput, da Constituição Federal. Sendo assim, apenas cabe a ela aplicar as leis de ofício. Cabe ressaltar que, na condição de Conselheira deste Conselho Admistrativo Fiscal, em razão das limitações do art. 26A do Decreto no. 70.235/72 e da Súmula CARF no. 2, apenas me cabe a análise da legislação infraconstitucional aplicada. De modo que, não me é dado competência para apreciar a questão de ser a Lei Complementar 105/01 compatível ou não com os demais dispositivos do sistema do direito positivo, nem se as práticas da Administração Pública, quando em conformidade à estrita legalidade ferem preceitos constitucionais. Portanto, rejeito essa preliminar. 2. Mérito 2.1. Imprestabilidade da escrituração e nulidade do lançamento Alega a Recorrente que diante do volume da glosa de custos, estaria equivocado o procedimento da fiscalização ao realizar o lançamento de ofício sobre os sistemática do lucro real, pois os valores glosados, sob a constatação de fraude, somam mais de 70% dos custos da empresa naquele exercício. Tal fato tornaria sua contabilidade imprestável e obrigaria a fiscalização proceder o lançamento na sistemática do lucro arbitrado. Sobre este ponto específico, já nos posicionamos quando da análise do recurso voluntário, no sentido de acatar as razões da DRJ e a fundamentação da Recorrente Fl. 5310DF CARF MF Processo nº 19515.720865/201347 Acórdão n.º 1401001.727 S1C4T1 Fl. 15 11 quanto a obrigatoriedade da fiscalização proceder o lançamento na sistemática de apuração do lucro arbitrado. Insurgese a Contribuinte, no entanto, contra a decisão recorrida por entender que a alteração do regime tributário não implica simplesmente em novos cálculos, como se posicionou a DRJ, mas em novo lançamento. E que, reconhecido o vício na apuração da base de cálculo dos tributos constituídos nos autos de infração deste processo, há de se reconhecer a nulidade do lançamento. Até aqui concordamos integralmente com as conclusões dos julgadores da DRJ. Todavia, neste ponto, venho discordar e acolher as razões da Recorrente. A mudança para a sistemática do lucro arbitrado não pode ser realizada no julgamento administrativo, pressupõe procedimento próprio, isto é, novo lançamento tributário. Nas hipóteses de arbitramento, devese seguir a rígida observância do princípio da reserva legal, do qual se infere que os atos de administração tributária, dentre os quais se destaca o lançamento, são atos administrativos vinculados. Nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, compete privativamente à autoridade administrativa a constituição do crédito tributário pelo lançamento. Art. 142. Lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. O arbitramento representa um processo técnico alternativo para apuração do tributo devido. Tanto assim é que o artigo 148 do CTN fala em processo regular e ressalva no fim do texto a possibilidade de avaliação contraditória, administrativa ou judicialmente, por parte do sujeito passivo da obrigação tributária. Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. (grifamos) Ao proceder o lançamento sob a sistemática do lucro real a fiscalização incidiu em erro de direito material. Equivocouse com relação a norma jurídica aplicada ao caso concreto. Sobre o erro de direito já tive oportunidade de me manifestar: Analisando o direito como corpo de linguagem, PAULO DE BARROS CARVALHO apresenta uma solução simples, mas muito bem elaborada, para a delicada questão do erro de fato e do erro de direito. Segundo o autor, visto o fato na sua contextura de linguagem, o “erro de fato” seria um problema de utilização inadequada das técnicas lingüísticas de certificação do evento, verificado quando o enunciado factual não correspondesse às provas produzidas, enquanto Fl. 5311DF CARF MF 12 o “erro de direito” seria um problema de subsunção, causado quando o enunciado protocolar constituído como fato jurídico busca fundamento numa norma, quando na verdade deveria buscar em outra. O “erro de fato” é um engano com relação aos recursos de linguagem utilizados para a produção do fato jurídico, é relativo às provas; aparece quando da releitura dos enunciados probatórios, nova situação jurídica, diferente daquela descrita pelo fato jurídico, é percebida. Já o “erro de direito” é uma confusão com relação à norma aplicada. É verificado quando, após a produção da norma individual e concreta constatase que a norma aplicada não deveria ser aquela, mas outra. (Curso de Teoria Geral do Direito – o Constructivismo LógicoSemântico, p. 442) Caracterizado o erro de direito, constatase um equivoco na fundamentação jurídica do lançamento. A norma utilizada pela fiscalização no processo de subsunção do fato e constituição da relação jurídica tributária não é aquela que deveria ser incidida no caso concreto. Tal equivoco não pode simplesmente ser corrigido pela administração, em garantia as disposições dos artigos supra citados, muito menos em sede de processo administrativo. Ele torna todo o procedimento de aplicação realizado nulo. É condição do lançamento, como ato administrativo vinculado, ter seu conteúdo atrelado à norma jurídica que lhe fundamenta. Nesse sentido é válido os esclarecimentos do Prof. Eurico Marcos Diniz de Santi: "No atonorma de lançamento tributário, o motivo do ato é o fato jurídico tributário, i.e a ocorrência da vida real que satisfaz a todos os critérios identificadores tipificados na hipótese tributária. Quando o art. 142 dispõe em seu parágrafo único que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, prescreve como devem ser arranjados os pressupostos do suporte fático do atonorma de lançamento. Nos atos administrativos vinculados existe prévia e objetiva tipificação legal do único comportamento possível da administração em face de dado fato jurídico". (Lançamento Tributário,2a. ed, Max Limonad, p. 165) Prescreve o parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional que "A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional" É de se verificar do exposto até aqui que não é o atonorma que recebe o qualificativo de vinculado, discricionário ou obrigatório: é a atividade que o precede, consubstanciada no suporte fáctico do fato jurídico suficiente para edição do atonorma administrativo (Lançamento Tributário, p. 172 Max Limonad) No caso em questão a modificação do regime jurídico de apuração, não é um mero ajuste na base calculada do imposto lançado, implica a incidência de nova norma jurídica. Aqui cabe a lição de Prof. Paulo de Barros Carvalho, ao estabelecer diferença entre a norma geral e abstrata (regramatriz de incidência tributária) aplicada, que fundamenta o ato de lançamento e a norma individual e concreta, que constitui o fato jurídico tributário e a relação jurídica tributária introduzida pelo ato de lançamento, como seu conteúdo: Eis o conteúdo ou objeto do ato jurídico administrativo do lançamento tributário: introduzir no ordenamento positivo uma norma individual e concreta que guarde subsunção à regramatriz de incidência, isto é, a norma Fl. 5312DF CARF MF Processo nº 19515.720865/201347 Acórdão n.º 1401001.727 S1C4T1 Fl. 16 13 geral e abstrata instituidora do gravame. (Curso de Direito Tributário, p. 428. Ed. Saraiva) "Não há como aplicar duas normas de conteúdos diferentes num único ato administrativo que deve conter motivo, objeto e finalidades específicas" (Curso de Direito Tributário, 26a. ed. Saraiva, p 428 e.462). A alteração do regime jurídico de apuração do tributo do lucro real para o arbitrado, como já pontuamos, é um erro de direito material, acarreta alteração da norma aplicada, mais precisamente do critério quantitativo, base de cálculo, da regramatriz de incidência tributária. É necessário, assim, a realização de outro ato de lançamento (aplicação), para que a nova norma produza efeitos no mundo jurídico, respeitandose o prazo decadencial, tendo em vista, com a alteração, a norma aplicada será outra e o fundamento jurídico será diferente daquele que o Contribuinte impugnou neste processo. A autuação que aqui se discute traz por fundamento legal as normas atinentes ao lucro real, não faz qualquer menção aos artigos 529 e 530 do RIR ou 47 da Lei no. 8.981/95, que determinam as situações em que o lucro arbitrado deve ocorrer. A alteração, se promovida nos moldes do entendimento da DRJ, procedendose apenas o recálculo do tributo, geraria um confronto entre a norma fundamento de validade do ato e seu conteúdo, divergência que, por si só, já implicaria a nulidade do ato dado a incompatibilidade do seu conteúdo à sua fundamentação. Nestes termos, dado a irregularidade do lançamento impugnado, o arbitramento demanda novo lançamento (regular), onde seu conteúdo esteja de acordo com a norma que lhe dá fundamento. Neste sentido já se posicionou este E. Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRE! Anocalendário: 2002 GLOSA TOTAL DE CUSTOS E DESPESAS, NÃO CABIMENTO.. Não é cabível a glosa total de custos e/ou despesas da pessoa jurídica por falta de comprovação. Se a escrituração da empresa não possui lastro em documentos hábeis e idôneos,a sua contabilidade não se presta a apurar o lucro real, de modo que o arbitramento do lucro deve ser adotado como forma de apuração dos tributos devidos (110200.366 2" Turma Ordinária 16 de dezembro de 2010) Reconhecida a imprestabilidade da contabilidade da Contribuinte para fins de apuração da base de cálculo pelo lucro real, deve ser feito o arbitramento, mediante novo lançamento, constituindose em erro material os autos de infração na forma em que foram realizados. Se o caso é de lucro arbitrado e não lucro real, não é possível corrigir o vício no julgamento. É preciso um novo lançamento adotando a sistemática do regime pelo lucro arbitrado, fundamentado nas normas a ele relativas. Neste sentido, acolho a tese recorrente de anulação do lançamento pelos vícios apontados. Fl. 5313DF CARF MF 14 Conclusão Por tudo o que foi exposto, voto pelo NÃO PROVIMENTO do Recurso de Ofício e, no que diz respeito ao Recurso Voluntário, dele conheço e julgo PROCEDENTE o pedido de anulação dos autos por vício material. Sala de Sessões, 15 de setembro de 2016. (documento assinado digitalmente) Aurora Tomazini de Carvalho Relatora Fl. 5314DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.722583/2012-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA NA FASE DE PROCEDIMENTAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
O processo administrativo fiscal desenvolve-se em duas fases: (i) fase inquisitória ou persecução fiscal, na qual a autoridade tributária investiga e colhe elementos para formalizar o crédito tributário e (ii) fase litigiosa, iniciada com impugnação do sujeito passivo. Somente com a fase litigiosa instaura-se plenamente o contraditório, abrindo-se ao sujeito passivo a oportunidade para exercer plenamente o direito de defesa, com todos os meios de prova cabíveis.
PROVA EMPRESTADA. VALIDADE.
As cópias de processos administrativos recebidos a partir de ofício expedido por entidade estadual e oficial de previdência social com a finalidade de verificação da regularidade fiscal de contribuintes pela fiscalização tributária são admissíveis no processo administrativo fiscal, por serem submetidas a novo contraditório e não prejudicarem o direito de defesa do contribuinte, ao qual cabe o ônus da prova da desconstituição da imputação fiscal, que não ocorreu no caso.
ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA POR MOLÉSTIA GRAVE. LAUDO PERICIAL. INEXISTÊNCIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE REQUISITO LEGAL. VEDAÇÃO À ISENÇÃO.
Conforme dispõem o artigo 39, XXXIII e § 4º, do RIR/99, não entram no cômputo do rendimento bruto da pessoa física, para fins de incidência do imposto de renda, os proventos de aposentadoria por doença grave, desde que a moléstia seja comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Ausente o laudo pericial, é vedada a isenção e os proventos devem computar a apuração do rendimento bruto da pessoa física, para fins de incidência do imposto de renda.
DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. OPÇÃO PELO DESCONTO SIMPLIFICADO. ALTERAÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. AJUSTEDODESCONTOSIMPLIFICADO.
Tendoa Recorrente apresentado declaração de ajuste anual com a opção de desconto simplificado, deve ser reajustado o desconto simplificado em face da alteração dos rendimentos tributáveis. Precedentes do CARF.
MULTA DE OFÍCIO - COMPROVANTE DE RENDIMENTOS PAGOS OU CREDITADOS EXPEDIDO PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DE PENALIDADE
Tendo a fonte pagadora informado no comprovante de rendimentos pagos ou creditados que a contribuinte era beneficiária de isenção indevida, levando-a a incorrer em erro escusável e involuntário no preenchimento da declaração de ajuste anual, incabível a imputação da multa de ofício. Precedentes do CARF.
VERDADE MATERIAL. CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. JULGAMENTO. NEGATIVA DE PERÍCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA
Em sede de fiscalização, o objetivo da produção de provas é formar a convicção do julgador no âmbito do processo administrativo fiscal (Dec. nº 70.235/72, Art. 29). Entendendo a autoridade julgadora que o conjunto probatório possibilita a compreensão do caso, bem como a análise fática e material do quanto nele ocorrido, deve-se proceder ao julgamento. O requerimento do contribuinte para a realização de perícia somente será determinado pela autoridade julgadora quando esta entende-la necessária, podendo indeferi-lo quando entendê-la prescindível (Dec. nº 70.235/72, Art. 18), não ocorrendo cerceamento de defesa a sua negativa.
Numero da decisão: 2201-003.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o recurso voluntário, rejeitar as preliminares e no mérito, dar-lhe provimento parcial para excluir do lançamento o valor da multa de ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 23/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA NA FASE DE PROCEDIMENTAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O processo administrativo fiscal desenvolve-se em duas fases: (i) fase inquisitória ou persecução fiscal, na qual a autoridade tributária investiga e colhe elementos para formalizar o crédito tributário e (ii) fase litigiosa, iniciada com impugnação do sujeito passivo. Somente com a fase litigiosa instaura-se plenamente o contraditório, abrindo-se ao sujeito passivo a oportunidade para exercer plenamente o direito de defesa, com todos os meios de prova cabíveis. PROVA EMPRESTADA. VALIDADE. As cópias de processos administrativos recebidos a partir de ofício expedido por entidade estadual e oficial de previdência social com a finalidade de verificação da regularidade fiscal de contribuintes pela fiscalização tributária são admissíveis no processo administrativo fiscal, por serem submetidas a novo contraditório e não prejudicarem o direito de defesa do contribuinte, ao qual cabe o ônus da prova da desconstituição da imputação fiscal, que não ocorreu no caso. ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA POR MOLÉSTIA GRAVE. LAUDO PERICIAL. INEXISTÊNCIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE REQUISITO LEGAL. VEDAÇÃO À ISENÇÃO. Conforme dispõem o artigo 39, XXXIII e § 4º, do RIR/99, não entram no cômputo do rendimento bruto da pessoa física, para fins de incidência do imposto de renda, os proventos de aposentadoria por doença grave, desde que a moléstia seja comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Ausente o laudo pericial, é vedada a isenção e os proventos devem computar a apuração do rendimento bruto da pessoa física, para fins de incidência do imposto de renda. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. OPÇÃO PELO DESCONTO SIMPLIFICADO. ALTERAÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. AJUSTEDODESCONTOSIMPLIFICADO. Tendoa Recorrente apresentado declaração de ajuste anual com a opção de desconto simplificado, deve ser reajustado o desconto simplificado em face da alteração dos rendimentos tributáveis. Precedentes do CARF. MULTA DE OFÍCIO - COMPROVANTE DE RENDIMENTOS PAGOS OU CREDITADOS EXPEDIDO PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DE PENALIDADE Tendo a fonte pagadora informado no comprovante de rendimentos pagos ou creditados que a contribuinte era beneficiária de isenção indevida, levando-a a incorrer em erro escusável e involuntário no preenchimento da declaração de ajuste anual, incabível a imputação da multa de ofício. Precedentes do CARF. VERDADE MATERIAL. CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. JULGAMENTO. NEGATIVA DE PERÍCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA Em sede de fiscalização, o objetivo da produção de provas é formar a convicção do julgador no âmbito do processo administrativo fiscal (Dec. nº 70.235/72, Art. 29). Entendendo a autoridade julgadora que o conjunto probatório possibilita a compreensão do caso, bem como a análise fática e material do quanto nele ocorrido, deve-se proceder ao julgamento. O requerimento do contribuinte para a realização de perícia somente será determinado pela autoridade julgadora quando esta entende-la necessária, podendo indeferi-lo quando entendê-la prescindível (Dec. nº 70.235/72, Art. 18), não ocorrendo cerceamento de defesa a sua negativa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o recurso voluntário, rejeitar as preliminares e no mérito, dar-lhe provimento parcial para excluir do lançamento o valor da multa de ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 23/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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AUSÊNCIA DE EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA NA FASE DE PROCEDIMENTAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O processo administrativo fiscal desenvolvese em duas fases: (i) fase inquisitória ou persecução fiscal, na qual a autoridade tributária investiga e colhe elementos para formalizar o crédito tributário e (ii) fase litigiosa, iniciada com impugnação do sujeito passivo. Somente com a fase litigiosa instaurase plenamente o contraditório, abrindose ao sujeito passivo a oportunidade para exercer plenamente o direito de defesa, com todos os meios de prova cabíveis. PROVA EMPRESTADA. VALIDADE. As cópias de processos administrativos recebidos a partir de ofício expedido por entidade estadual e oficial de previdência social com a finalidade de verificação da regularidade fiscal de contribuintes pela fiscalização tributária são admissíveis no processo administrativo fiscal, por serem submetidas a novo contraditório e não prejudicarem o direito de defesa do contribuinte, ao qual cabe o ônus da prova da desconstituição da imputação fiscal, que não ocorreu no caso. ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA POR MOLÉSTIA GRAVE. LAUDO PERICIAL. INEXISTÊNCIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE REQUISITO LEGAL. VEDAÇÃO À ISENÇÃO. Conforme dispõem o artigo 39, XXXIII e § 4º, do RIR/99, não entram no cômputo do rendimento bruto da pessoa física, para fins de incidência do imposto de renda, os proventos de aposentadoria por doença grave, desde que a moléstia seja comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 25 83 /2 01 2- 81 Fl. 487DF CARF MF 2 devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Ausente o laudo pericial, é vedada a isenção e os proventos devem computar a apuração do rendimento bruto da pessoa física, para fins de incidência do imposto de renda. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. OPÇÃO PELO DESCONTO SIMPLIFICADO. ALTERAÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. AJUSTEDODESCONTOSIMPLIFICADO. Tendoa Recorrente apresentado declaração de ajuste anual com a opção de desconto simplificado, deve ser reajustado o desconto simplificado em face da alteração dos rendimentos tributáveis. Precedentes do CARF. MULTA DE OFÍCIO COMPROVANTE DE RENDIMENTOS PAGOS OU CREDITADOS EXPEDIDO PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DE PENALIDADE Tendo a fonte pagadora informado no comprovante de rendimentos pagos ou creditados que a contribuinte era beneficiária de isenção indevida, levandoa a incorrer em erro escusável e involuntário no preenchimento da declaração de ajuste anual, incabível a imputação da multa de ofício. Precedentes do CARF. VERDADE MATERIAL. CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. JULGAMENTO. NEGATIVA DE PERÍCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA Em sede de fiscalização, o objetivo da produção de provas é formar a convicção do julgador no âmbito do processo administrativo fiscal (Dec. nº 70.235/72, Art. 29). Entendendo a autoridade julgadora que o conjunto probatório possibilita a compreensão do caso, bem como a análise fática e material do quanto nele ocorrido, devese proceder ao julgamento. O requerimento do contribuinte para a realização de perícia somente será determinado pela autoridade julgadora quando esta entendela necessária, podendo indeferilo quando entendêla prescindível (Dec. nº 70.235/72, Art. 18), não ocorrendo cerceamento de defesa a sua negativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o recurso voluntário, rejeitar as preliminares e no mérito, darlhe provimento parcial para excluir do lançamento o valor da multa de ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Fl. 488DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 488 3 EDITADO EM: 23/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da DRJRecife que julgou improcedente a Impugnação e manteve o crédito tributário lançado através do Auto de Infração de fls. 308/327, relativa à Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) dos exercícios de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 da Recorrente, que em procedimento fiscalização apurou imposto no valor de R$ 30.758,31, com multa de ofício no percentual de 75% (R$ 6.862,53); e juros de mora de R$ 23.068,74, no valor total de R$ 60.689,58. O lançamento é fundamentado na seguinte infração: Rendimentos recebidos de pessoa jurídica classificados indevidamente na DIRPF como isentos por moléstia grave. O item “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, componente do auto de infração lançado contra a Recorrente relata que (fls. 309/314): “Em atenção ao Ofício nº 122/12 (fls. 29), o Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina (IPREV) encaminhou a este Órgão Fiscal cópia de processos administrativos instaurados com o objetivo de apurar possíveis irregularidades na concessão de aposentadorias por invalidez de servidores da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC). Com relação à contribuinte Marlene Teixeira Seara, o IPREV enviou cópia dos processos de fls. 32 a 74 e 75 a 297. Dentre as peças que compõem os processos, destacamos o laudo da Perícia Médica realizada no ano de 2011 (fls. 38 e 45), o Relatório Conclusivo da Comissão do Processo Administrativo instaurada (fls. 146 a 156) e a Decisão da Presidência do IPREV (fls. 157 a 165). Importa dizer, desde já, que na referida Decisão a Presidência do IPREV, acolhendo o parecer da Comissão Processsante, determinou a imediata suspensão do benefício previdenciário da contribuinte e a remessa dos autos à ALESC para revisão do ato de aposentadoria e consequente cassação do mesmo, procedimento este de responsabilidade daquela Instituição. Pois bem, conforme assinalado no Relatório Conclusivo da Comissão Processante e na própria Decisão da Presidência do IPREV, a determinação legal para a realização de avaliações médicas periódicas dos servidores do Estado de Santa Catarina aposentados por invalidez permanente está Fl. 489DF CARF MF 4 contida no parágrafo 2º do art. 60 da Lei Complementar SC nº 412, de 26 de junho de 2008. No parágrafo 3º vemos que, verificada a insubsistência dos motivos geradores da incapacidade laboral, o benefício de aposentadoria por invalidez deverá ser cancelado e o segurado revertido ao serviço público ou posto em disponibilidade, nos termos do Estatuto dos Servidores do Estado de Santa Catarina. (...) Em seu relatório de fls. 146 a 156, a Comissão do Processo Administrativo descreve que a Sra. Marlene Teixeira Seara foi aposentada por invalidez no ano de 1982 por ser portadora de portadora de patologia cardíaca grave (CID 402, revisão de 1965), razão pela qual foi considerada definitivamente incapacitada para o exercício do serviço público. Convocada para reavaliação médica regulamentar no ano de 2011, a Junta Médica concluiu que a avaliada apresenta apenas limitações funcionais inerentes a sua idade (fls. 38 e 45). No item 2 do relatório pericial de fls. 45, foi solicitado à Gerência de Perícia Médica da Secretaria da Administração do Estado de Santa Catarina que indicasse todos os documentos e informações que foram considerados pelo perito médico, à época da concessão do benefício (ano de 1982), para sugerir a aposentadoria por invalidez permanente da Sra. Marlene Teixeira Seara. Em resposta, a Gerência de Perícia Médica informa que no prontuário médico pericial da servidora se encontra anexado apenas um único atestado médico, emitido na data de 24/04/82 (fls. 35). No item 3 do relatório pericial de fls. 45, a Gerência de Perícia Médica atesta que, após revisão do prontuário médico pericial da servidora, não foram encontrados subsídios técnicos que permitissem concluir que na data da concessão do benefício previdenciário houvesse a incapacidade total e definitiva para o trabalho indicada no prontuário, haja vista a existência de apenas um simples atestado médico. No histórico médicopericial da servidora (fls. 38), a Junta Médica revisional informa que não foram apresentados exames complementares (anteriores ou atuais) que comprovem a existência de doença cardíaca. Como vemos, a Junta Médica Oficial do mesmo ente estatal (no caso, o Estado de Santa Catarina), que outrora também havia sido oficialmente encarregada de analisar as condições de saúde da Sra. Marlene Teixeira Seara, em ato de revisão pericial atesta equívoco praticado na avaliação médica realizada à época da concessão de sua aposentadoria por patologia cardíaca grave. Declara de forma clara e objetiva que não há comprovação do quadro incapacitante que originou a aposentadoria por invalidez. Seguindo na análise do Relatório da Comissão (fls. 146 a 156), vemos que no decorrer dos trabalhos de sindicância foi oportunizado à Sra. Marlene Teixeira Seara a possibilidade de apresentação de todos os meios de prova (exames clínicos, laudos médicos, testemunhos, etc.) e que esta, todavia, não logrou juntar elementos que corroborassem com a causa de sua aposentadoria. Ou seja, não apresentou quaisquer documentos que implicassem em mudança de posicionamento por parte da Junta Médica que realizou sua perícia no ano de 2011. Fl. 490DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 489 5 Face a tudo que se encontra nos autos, a Comissão Processante finaliza seu Relatório Conclusivo dizendo ter constatado irregularidade na concessão da aposentadoria por invalidez da servidora Marlene Teixeira Seara em virtude da ausência de comprovação da existência, atual ou pregressa, da doença diagnosticada na concessão da aposentadoria e propõe o cancelamento do benefício previdenciário, com o envio dos autos à Presidência do IPREV para apreciação e julgamento administrativo. Conforme assinalado na Decisão do IPREV, que vem logo após o relatório da Comissão Processante (fls. 157 a 165), a Presidência daquele Instituto examinou novamente todos os elementos do processo. E nas considerações que embasam sua Decisão, trata de reforçar ainda mais as afirmações e conclusões a que chegaram, tanto a Junta Médica Oficial que realizou a perícia em 2011, quanto a Comissão do Processo Administrativo instaurada em sua sequência. Reafirma, pois, que não há nos autos qualquer documento que ateste a existência e permanência da patologia que deu causa à aposentadoria, fato que configura como fraude contra a previdência do Estado de Santa Catarina. Assim sendo, fazendo uso de suas prerrogativas legais, a Presidência do IPREV definiuse pela imediata suspensão do benefício previdenciário da segurada e a remessa dos autos à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina para efetivarse a revisão do ato de aposentadoria e consequente cassação/anulação do mesmo. (...) Por intermédio dos Ofícios nº 372/11 (fls. 298) e 115/12 (fls. 300), solicitamos à fonte pagadora Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, CNPJ 83.599.191/000187, cópia dos Comprovantes de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte relativos a todos os funcionários aposentados por invalidez, cujas cópias dos processos administrativos haviam sido disponibilizadas a esta Secretaria da Receita Federal do Brasil. Com relação aos rendimentos recebidos pela contribuinte Marlene Teixeira Seara nos anoscalendário 2007 a 2011, a Assembleia Legislativa apresentou os comprovantes de fls. 302 a 306. Nesses comprovantes de fls. 302 a 306, vemos que, em função da forma (irregular) como foi concedida a aposentadoria da contribuinte, os rendimentos foram enquadrados pela ALESC como proventos de aposentadoria por moléstia grave. Como dissemos, esse tipo de rendimento, quando regularmente auferido (que não é o caso) é considerado isento do Imposto de Renda. Conforme vimos nos autos encaminhados pelo IPREV, não há a menor comprovação de que a Sra. Marlene Teixeira Seara seja portadora da moléstia que deu origem a aposentadoria por invalidez e, portanto, os rendimentos de aposentadoria auferidos não podem ser qualificados como isentos por doença grave. Analisando as Declarações de Ajuste Anual do Imposto de Renda (DIRPF) da contribuinte, verificamos que a Sra. Marlene Teixeira Seara declarou os Fl. 491DF CARF MF 6 valores recebidos da ALESC como rendimentos isentos por moléstia grave (fls. 02 a 28). Desta forma, efetuamos a reclassificação dos rendimentos de aposentadoria informados como isentos por moléstia grave nas Declarações do Imposto de Renda dos exercícios 2008 a 2012, anoscalendário 2007 a 2011, para RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS DE APOSENTADORIA recebidos de pessoa jurídica, sujeitos ao ajuste anual na Declaração do Imposto de Renda, haja vista que, em procedimento administrativo instaurado pelo Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina, a Sra. Marlene Teixeira Seara não comprovou ser portadora da moléstia grave que deu causa a aposentadoria por invalidez e, portanto, não tem direito à isenção estabelecida no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS ANOCALENDÁRIO 2007: R$ 49.228,17 ANOCALENDÁRIO 2008: R$ 56.537,78 ANOCALENDÁRIO 2009: R$ 62.745,25 ANOCALENDÁRIO 2010: R$ 68.121,58 ANOCALENDÁRIO 2011: R$ 73.767,29 Destacamos ao final que concedemos a dedução do Desconto Simplificado de 20% sobre os rendimentos tributáveis a que a contribuinte tem direito, em virtude de sua opção pela apresentação das Declarações de Ajuste Anual do Imposto de Renda no Modelo Simplificado (fls. 02 a 28), até o limite anual estabelecido para cada anocalendário (ver tabela abaixo). As deduções da base de cálculo, podem ser claramente observadas nos Demonstrativos de Apuração do Imposto do presente Auto de Infração. LIMITE ANUAL DO DESCONTO SIMPLIFICADO ANOCALENDÁRIO 2007: R$ 11.669,72 ANOCALENDÁRIO 2008: R$ 12.194,86 ANOCALENDÁRIO 2009: R$ 12.743,63 ANOCALENDÁRIO 2010: R$ 13.317,09 ANOCALENDÁRIO 2011: R$ 13.916,36” Cientificada do lançamento em 18/10/2012 (fls. 334), inconformada, em 14/11/2012 a Recorrente apresentou Impugnação (fls. 336/365), que foi julgada improcedente, conforme decisão ementada pela DRJRecife, abaixo transcrita: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Fl. 492DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 490 7 A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação ao lançamento formalizado, momento em que poderá ser exercido plenamente o direito de defesa, no qual serão considerados os motivos de fato e de direito, os pontos de discordância e as provas apresentadas. Constatado que o procedimento fiscal cumpre os requisitos da legislação de regência, proporcionando a ampla oportunidade de defesa, resta insubsistente a preliminar de nulidade suscitada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA, REFORMA OU PENSÃO. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. Somente são isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, assim como suas complementações, percebidos por portador de moléstia grave definida em lei, comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido.” Cientificada da decisão em 06/12/2013 (fls. 440), a Recorrente interpôs tempestivamente, em 18/12/2013, Recurso Voluntário (fls. 441/460), nos seguintes termos: a. Verificase nulidade do auto de infração em razão de duas falhas processuais do agente fiscal, a saber: Cerceamento do direito de defesa. Falta de intimação para o contribuinte apresentar a declaração de rendimentos. Erro na identificação da matéria tributável. Inocorrência do fato gerador; Descumprimento do devido processo legal. Ampla defesa prejudicada. Prova emprestada de outra instituição. Prova imprestável para motivar o lançamento fiscal. b. Além da incorreta descrição da infração, a apuração do crédito tributário decorre do demonstrativo de cálculo baseado em prova emprestada do processo do IPREVSC, bem como de informações prestadas pela ALESC, o que demonstra que o agente fiscal não realizou efetivamente qualquer investigação; c. A Recorrente não foi intimada para apresentar declarações que anteriormente não haviam sido apresentadas tendo em vista entender que, por receber proventos de aposentadoria por acometimento de moléstia grave (cardiopatia grave), não as precisava apresentar. d. Ressalta aos olhos a superficialidade do procedimento de fiscalização, pois as provas da suposta infração foram produzidas pelo IPREVSC, incompetente para tanto, sendo que a fiscalização se limitou a apropriarse das mencionadas provas sem fundamento legal autorizativo e com base em pareceres e decisões elaboradas por autoridades alheias ao Fisco, o que torna ilegal a autuação; Fl. 493DF CARF MF 8 e. A decisão do IPREVSC proferida em desfavor da Recorrente não foi executada porque está suspensa por determinação judicial; f. A Recorrente foi aposentada por invalidez quando exercia o cargo de Assistente Técnico de Controle Legislativo junto à ALESC, quando foi diagnosticada, à época, como portadora de patologia cardíaca grave, CID 402 – revisão 1965, tendo sido considerada definitivamente incapacitada para o trabalho pelo atestado médico emitido pelo médico Dr. Fausto Lobo da Silva Brasil, após ter sido submetida à inspeção de saúde pelo Serviço de Assistência Médico Social da ALESC, do qual resultou laudo médico; g. No processo administrativo que tramitou junto à ALESC relativo ao seu procedimento formal para aposentadoria, consta parecer da Procuradoria Jurídica do órgão favorável à concessão do benefício, por cumprimento dos requisitos legais exigidos para a fruição do direito; h. A Recorrente continua aposentada em razão de moléstia grave diagnosticada por laudo médico emitido em 12/04/1982, ainda em vigor, pois a decisão administrativa da ALESC proferida em 25/04/2012 continua suspensa por ordem judicial; i. Caberia à fiscalização ter investigado e estabelecido o vínculo entre as provas produzidas no processo de revisão de aposentadoria e aquelas exigidas pela legislação tributária, aptas à formação da convicção de ocorrência de omissão de receitas, fato não observado pela análise da fundamentação do auto de infração; j. Se houvesse refinado sua pesquisa, a fiscalização teria verificado que o mencionado laudo médico que fundamentou sua aposentadoria nunca foi cancelado ou declarado nulo, existindo no processo administrativo apenas uma decisão da assembleia estadual que determinou seu retorno ao trabalho, embasada em parecer médico que constatou sua aptidão laborativa; k. A fiscalização laborou com erro ao descrever a infração incorrida pela Recorrente, bem como se apoiou em premissas falsas que a levaram a concluir pela reclassificação dos seus rendimentos isentos de tributação, em afronta ao artigo 142 do CTN, pois não verificou a ocorrência de fato gerador de obrigação tributária, tendo apenas analisado as provas constantes do processo administrativo de aposentação, o que levou a fiscalização a deixar de determinar perfeitamente a matéria tributável (“falha na sua identificação”), ao efetuar o lançamento embasado em “omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica”. E portanto, agindo dessa forma, errou na descrição dos fatos, culminando por viciar o procedimento fiscal e, por isso, deve ser anulado; l. Ocorreu nulidade do lançamento em razão de ofensa à ampla defesa, ao contraditório, à legalidade e ao devido processo legal, por não haver processo administrativo para desconstituição da isenção, sendo efetuado o lançamento sem prévia oitiva da Recorrente, o que cerceou seu direito de defesa; m. As provas coletadas no processo administrativo de aposentadoria junto ao IPREVSC não devem ser consideradas como provas emprestadas, pois as provas necessitam ser produzidas pela própria fiscalização tributária, o que não ocorreu no caso. Para tais provas serem assim consideradas, devem ser emprestadas de órgão da mesma natureza (tributária), além das suas conclusões não poderem acompanhar aquelas do órgão Fl. 494DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 491 9 originador do documento. Por isso, a prova que embasou o auto de infração é inválida e suas imputações, meros indícios e presunções; n. A Receita Federal não pode apropriarse de procedimento tributário estadual para exigir tributos federais. Pode, assim, se embasar nas provas colhidas no expediente estadual; porém, deverá relacionar os fatos às normas tributárias, identificando a matéria tributável e demonstrando a ocorrência do fato gerador do tributo de competência federal; o. A fiscalização não verificou se a decisão proferida no processo administrativo que determinou seu retorno ao trabalho foi fundamentada em laudo médico que anulou aquele que a aposentou; p. O IPREVSC não realizou novo exame, tendo analisado apenas a documentação que ensejou a aposentadoria da Recorrente, sendo que os médicos que concluíram pelo retorno da sua capacidade laborativa deixaram de indicar qualquer irregularidade no diagnóstico inicial da aposentadoria; q. Mesmo estando suspensa por decisão judicial a ordem de reintegração ao trabalho, a Receita Federal desconsiderou essa situação e efetuou lançamento contra a Recorrente, que agiu com a fé pública inerente do funcionário público; r. As provas que suportaram o diagnóstico que concluiu sua capacidade laborativa, inclusive o atestado médico e o laudo oficial, são meros indícios e presunções, pois apenas indicaram os motivos conclusivos do exame médico de aposentadoria, tendo deixado de realizar novos exames na Recorrente, que necessitam ser comprovados por provas produzidas pela própria Receita Federal, a qual não pode tomar emprestados documentos produzidos em processos administrativos estranhos à sua competência; s. Mesmo que fosse verdade, o laudo ensejador da Aposentadoria da Recorrente não foi contestado em momento algum. Diante disso, o máximo que se poderia entender é que a Recorrente se encontra apta ao trabalho a partir de agosto de 2011, e não em todos os anos de 2007 até 2011. Por isso, fiscalização se utilizou de prova incendiária ao embasar o lançamento em perícia médica realizada apenas em agosto de 2011 e exigir tributos desde 2007. Assim, o Fisco não pode imputar uma infração deduzida de um fato incendiário não comprovado e exigir a produção de prova negativa da Recorrente; t. Houve equívoco na apuração da base de cálculo que formou o crédito tributário exigido da Recorrente, e apesar de não ter sido contestado na Impugnação, merece ser ora analisado por fazer questão de ordem pública; u. Os erros na apuração da base de cálculo decorrem do fato do agente fiscal ter computado como rendimento bruto os valores correspondentes ao 13º salário percebidos pela Recorrente no período fiscalizado, além de ter desconsiderado o desconto simplificado padrão que aos contribuintes é concedido ao entregarem regularmente suas declarações de ajuste anual; v. Entende a Recorrente que, no caso da desconsideração da isenção, o valor tributável é de R$ 40.569,78 (considerando a exclusão do 13º salário e a dedução do desconto simplificado de 20%) – que apuraria imposto de R$ 4.570,75 –, e não aquele lançado pelo agente fiscal, no importe de R$ 56.537,78, que indicou imposto de R$ 5.852,38; Fl. 495DF CARF MF 10 w. Requer a realização de diligência para que seja confirmada através da retificação do lançamento a correta base de cálculo e o imposto correspondente, na forma como apontou; x. Por derradeiro, requer o conhecimento da nulidade e o respectivo cancelamento do lançamento fiscal, com base nas preliminares aduzidas e no fato de que o crédito tributário foi apurado sobre valores isentos de tributação. Ainda, requereu seja o julgamento convertido em diligência para que se retifique o lançamento, a partir da exclusão dos valores de 13º salário e desconto simplificado de 20% da base de cálculo considerada. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator O recurso voluntário preenche os requisitos de tempestividade e admissibilidade e, portanto, dele conheço. Preliminar de Nulidade A Recorrente alega nulidade do auto de infração em razão de duas falhas processuais do agente fiscal, quais sejam: “Cerceamento do direito de defesa. Falta de intimação para o contribuinte apresentar a declaração de rendimentos. Erro na identificação da matéria tributável. Inocorrência do fato gerador.” “Descumprimento do devido processo legal. Ampla defesa prejudicada. Prova emprestada de outra instituição. Prova imprestável para motivar o lançamento fiscal.” No entanto, pela análise dos autos, divirjo das razões suscitadas pela Recorrente em sede de preliminares e, para constar os fundamentos que entendo legais e razoáveis de aplicação neste ponto, adoto como razão de decidir, posto que claro, sucinto, literal, abrangente e identificador dos fatos ocorridos, trecho da decisão recorrida que tratou desta matéria, abaixo transcrito: “Da Preliminar de Nulidade 5. A defesa argui a nulidade do lançamento alegando ofensa à ampla defesa, ao contraditório, à legalidade e ao devido processo legal, por não haver processo administrativo para desconstituição da isenção, sendo efetuado o lançamento sem prévia oitiva da contribuinte cerceando seu direito de defesa. Em relação ao tema, ressaltase que a nulidade por motivo de Fl. 496DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 492 11 preterição do direito de defesa no âmbito do Processo Administrativo Fiscal encontrase prevista no art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, in verbis: “Art. 59. São nulos: (...) II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.” 5.1 Nesse contexto, convém salientar que a ação fiscal constitui fase de natureza inquisitória, não cabendo falar em cerceamento do direito de defesa durante a etapa de lançamento do crédito tributário. Nos termos do art. 14 do Decreto nº 70.235, de 1972, “a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento”, tratase de momento em que poderá ser exercido plenamente o direito de defesa, no qual serão considerados os motivos de fato e de direito, os pontos de discordância e as provas apresentadas. 5.2 Registrese que o lançamento foi efetuado por autoridade competente e observou os requisitos contidos no Código Tributário Nacional (CTN), instituído pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, e no Decreto nº 70.235, de 1972, especificando sujeito passivo, enquadramento legal, fato gerador da obrigação, matéria tributável, cálculo do montante devido, penalidade aplicada e prazo para recolhimento ou impugnação. 5.3 Como se vê, foram oferecidas condições para que o impugnante identificasse os fundamentos da autuação realizada, propiciandolhe todos os meios para manifestar suas razões de defesa. Tanto é assim, que foi apresentada impugnação detalhada combatendo todos pontos da atuação. 5.4 De se rejeitar a preliminar de nulidade, vez que não há qualquer prejuízo imposto ao sujeito passivo.” Quanto à nulidade suscitada relativa à validade da prova que compôs o conjunto probatório ensejador do lançamento fiscal, entendo que foge à competência deste E. CARF analisar as alegações de validade da utilização das constatações de documentos produzidos no âmbito do processo administrativo do IPREVSC e ALESC, lhe cabendo, apenas, a análise dos requisitos legais tributários autorizadores da concessão do benefício fiscal da isenção tributária, cujos documentos acima mencionados, posto que oficiais, auxiliam a autoridade fiscal na formação da sua convicção, bem como na identificação de hipótese de incidência geradora de fato tributável, eis que são dignos de fé pública. Ademais, cabe esclarecer que o artigo 29 do Decreto 70.235/76 confere à autoridade julgadora a liberdade na formação da sua livre convicção decorrente da apreciação das provas encartadas aos autos, na forma seguinte: Fl. 497DF CARF MF 12 “Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias” Isto posto, afasto as preliminares de nulidade. Mérito O Mérito deste litígio reside na isenção de proventos de aposentadoria por moléstia grave, contida no artigo 39, incisos XXXI e XXXIII, e §§ 4º a 6º, do Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR/99), abaixo transcritos: “RENDIMENTOS ISENTOS OU NÃO TRIBUTÁVEIS Seção I Rendimentos Diversos Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) Pensionistas com Doença Grave XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XXI, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 47); (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser Fl. 498DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 493 13 fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. § 6º As isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII também se aplicam à complementação de aposentadoria, reforma ou pensão.” Pela leitura dos dispositivos normativos acima transcritos, resta evidente que o benefício da isenção tributária decorrente de moléstia grave depende do cumprimento de duas condições cumulativas: a) rendimentos oriundos de aposentadoria, reforma ou pensão, assim como suas complementações; e b) sujeito passivo portador de moléstia prevista no texto legal, comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. Da leitura do auto de infração, observase que não se discute a natureza do rendimento, considerado pela autoridade fiscal como de aposentadoria, o que atende à primeira das condições acima descritas. Em verdade, o motivo da autuação foi a falta de comprovação da moléstia grave ensejadora da isenção, como se constata do seguinte trecho da descrição dos fatos: “(...) Desta forma, efetuamos a reclassificação dos rendimentos de aposentadoria informados como isentos por moléstia grave nas Declarações do Imposto de Renda dos exercícios 2008 a 2012, anoscalendário 2007 a 2011, para RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS DE APOSENTADORIA recebidos de pessoa jurídica, sujeitos ao ajuste anual na Declaração do Imposto de Renda, haja vista que, em procedimento administrativo instaurado pelo Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina, a Sra. Marlene Teixeira Seara não comprovou ser portadora da moléstia grave que deu causa a aposentadoria por invalidez e, portanto, não tem direito à isenção estabelecida no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. (...)” (grifei) Manutenção judicial da aposentadoria por invalidez Fl. 499DF CARF MF 14 Inicialmente, cabe esclarecer que, ao contrário do quanto alegado pela Recorrente, a condição de beneficiário de aposentadoria por invalidez não implica obrigatoriamente na isenção tributária dos seus rendimentos. Independentemente da modalidade e causas da aposentadoria, é requisito legal, para gozo da isenção tributária, a comprovação do acometimento por uma das moléstias previstas na norma isentiva, feita através de laudo médico oficial. Nessa monta, não é a partir da existência de decisão de mérito em mandado de segurança (fls. 393 a 415) no sentido de manter o benefício de aposentadoria por invalidez à Recorrente que lhe garante o direito à isenção tributária. Se verifica, por oportuno, que o mencionado processo judicial discute apenas a manutenção da aposentadoria da Recorrente, sem interferências de âmbito tributário federal, isso mesmo em razão da sua competência estadual, posto que cabe exclusivamente à Justiça Federal processar e julgar causas que envolvam tributos de competência da União (no caso, IRPF) – cf. CF, Art. 109, II. Ademais, cumpre destacar que não há notícia do trânsito em julgado da decisão em comento, que encontrase aguardando julgamento pela contestação em sede de recursos aos tribunais superiores. Consequentemente, não há que se falar em aplicação do artigo 62 do Decreto nº 70.235, de 1972, por não haver qualquer medida judicial suspendendo a cobrança do tributo. Posto isso, passo à análise da matéria de fundo desta demanda. Laudo pericial elaborado por serviço médico oficial Pela análise dos documentos encartados aos autos, se constata que não há qualquer laudo médico oficial identificando a Recorrente como portadora de moléstia grave. O único documento que aponta neste sentido é o atestado médico de fls. 35, que não demonstra os fundamentos que deram causa ao diagnóstico nele relatado, nem identifica o médico emissor como integrante do serviço oficial do Estado de Santa Catarina. Pelo contrário, se verifica às fls. 38 o laudo médico emitido pela Gerência de Perícia Médica do Estado de Santa Catarina que concluiu a Recorrente apresentar apenas limitações funcionais inerentes à idade. De esclarecer, neste ponto, que a legislação mencionada não exige que o laudo seja emitido por junta médica, mas apenas que seu emissor seja médico integrante do serviço público, ainda que seja um único profissional. A despeito do quanto acima exposto, o que de fato importa frente à legislação que concede isenção tributária é a falta de comprovação precisa, em laudo médico oficial, diagnosticando moléstia grave. Principalmente porque, na última oportunidade em que foi submetida à perícia, em 06/09/2011, a Recorrente não logrou comprovar essa sua condição. Há de ser esclarecido, posto que necessário, que no caso não houve a revogação de um benefício fiscal que havia sido concedido infinita e permanentemente à Recorrente, nem mesmo se está a exigir a realização periódica de perícias médicas. Explicase. O Imposto sobre a Renda possui fato gerador resultante de um conjunto de eventos (ingressos patrimoniais) que ocorrem ao longo do exercício fiscal, cujo período de apuração previsto em lei é o anocalendário, localizado entre os dias 1º de janeiro a 31 de dezembro de todos os “anos”. Fl. 500DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 494 15 Assim, temse que a concessão de isenção por um tempo indeterminado pode ou não se estender para os fatos geradores futuros, a depender da manutenção da situação que a lei dispõe como apta a ensejar a fruição do benefício. Neste contexto, á sabido que, a juízo da autoridade lançadora, o contribuinte pode ser periodicamente intimado a comprovar sua condição de isento tributário, constituindo obrigação tributária acessória a seu cargo manter em boa guarda os documentos relacionados às suas declarações de ajuste anual, especialmente no caso de isenção, por ser hipótese de exclusão de crédito tributário atinente a um fato inserido no campo de incidência do tributo. Outrossim, quanto à exigência de laudo pericial emitido por serviço público oficial para a fruição da isenção tributária quanto ao imposto de renda, não é outro senão o entendimento sumulado deste E. CARF, a saber: “Súmula CARF 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.” Dessa forma, pelas análises demonstradas e pelos fundamentos expostos, embasados na legislação tributária vigente, entendo que a Recorrente não cumpriu requisito legal exigido para a fruição do benefício da isenção dos seus proventos de aposentadoria, razão pela qual nego provimento ao recurso. Apuração da Base de Cálculo Em homenagem ao primado da Verdade Material, passo a analisar as alegações da Recorrente quanto ao imputado equívoco na apuração da base de cálculo do crédito tributário lançado. Aduz a Recorrente haver erros na apuração da base de cálculo do crédito tributário que lhe é exigido, decorrentes do fato do agente fiscal ter computado como rendimento bruto os valores correspondentes ao 13º salário percebidos pela Recorrente no período fiscalizado, além de ter desconsiderado o desconto simplificado padrão que aos contribuintes é concedido ao entregarem regularmente suas declarações de ajuste anual. Quanto à alegação relativa à não tributação do 13º salário, melhor sorte não acompanha a Recorrente, senão vejamos. Conforme dispõe o artigo 638 do RIR/99, os rendimentos pagos a título de décimo terceiro salário (CF, art. 7º, inciso VIII) são sujeitos à incidência do imposto na fonte com base na tabela progressiva, desde que obedecidos certas normas, na forma como abaixo transcrito: “Décimo Terceiro Salário Art. 638. Os rendimentos pagos a título de décimo terceiro salário (CF, art. 7º, inciso VIII) estão sujeitos à incidência do imposto na fonte com base na tabela progressiva Fl. 501DF CARF MF 16 (art. 620), observadas as seguintes normas (Lei nº 7.713, de 1988, art. 26, e Lei nº 8.134, de 1990, art. 16): I não haverá retenção na fonte, pelo pagamento de antecipações; II será devido, sobre o valor integral, no mês de sua quitação; III a tributação ocorrerá exclusivamente na fonte e separadamente dos demais rendimentos do beneficiário; IV serão admitidas as deduções previstas na Seção VI.” Pela leitura do dispositivo legal acima transcrito, não há que merecer guarida a alegação da Recorrente, e, por isso, entendo correto a apuração da base tributável com relação ao 13º salário. Já quanto à alegação relativa ao desconto simplificado de 20% concedido aos contribuintes ao entregarem regularmente suas declarações de ajuste anual, há que se dar razão à Recorrente, devendo o lançamento consideralo na apuração da base de cálculo do crédito tributário que lhe é exigido. Isso porque, deve ser observada a opção feita pelo contribuinte no momento da entrega de sua declaração, conforme entendimento aplicado por este E. CARF, abaixo trazido: “DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. OPÇÃO PELO DESCONTO SIMPLIFICADO. ALTERAÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. AJUSTE DO DESCONTO SIMPLIFICADO. Tendo a Recorrente apresentado declaração de ajuste anual com a opção de desconto simplificado, deve ser reajustado o desconto simplificado em face da alteração dos rendimentos tributáveis.” (Acórdão nº 280101.378. CARF. Segunda Seção de Julgamento. 1ª Turma Especial. Sessão de 09 de fevereiro de 2011)” Assim, entendo que, diante da alteração do montante dos rendimentos tributáveis da Recorrente no período fiscalizado, nos termos do lançamento, deve ser alterado, na mesma forma, o valor do desconto simplificado. Neste ponto, dou provimento ao recurso, para excluir do montante dos rendimentos tributáveis considerados no lançamento, o desconto simplificado correspondente, mantendo a exigência fiscal quanto ao 13º salário. Multa de Ofício Invocando o preceito da verdade material, com a finalidade da Administração possibilitar aos administrados uma otimização tributária, com vistas à obtenção da justiça fiscal, a autoridade fiscal deve ter o conhecimento da lei e de como se concretizaram os fatos que levaram a uma determinada demanda. Para a descoberta desta realidade, como elemento essencial à decisão, a autoridade julgadora deverá verificar todos os instrumentos de prova que estiverem ao seu alcance. A partir disso, compulsando os autos, se percebe pela análise dos Comprovantes de Rendimentos Pagos e de Retenção de IRRF emitidos pela fonte provedora Fl. 502DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 495 17 dos vencimentos de aposentadoria da Recorrente, acostados às fls. 302/306, que os mesmos informaram os valores dos vencimentos pagos a ela, mas com a indicação de que estavam isentos devido à moléstia grave, conforme abaixo apontado: “COMPROVANTE DE RENDIMENTOS PAGOS E DE RETENÇÃO DE I. RENDA NA FONTE ** ANO BASE – 2007 ** ASSEMBLEIA LEGISLATIVADO ESTADO DE SANTA CATARINA RUA JORGE LUIZ FONTES, 310 C.G.C. 83599191/000187 88020900 FLORIANÓPOLISSC C.P.F.: 019352239 09 MARLENE TEIXEIRA SEARA 20733 RENDIMENTO DO TRABALHO ASSALARIADO (...) RENDIMENTOS ISENTOS E NÃO TRIBUTÁVEIS 01 PARTE DOS RENDIMENTOS DE INATIVIDADE OU REFORMA 02 PROVENTOS DE APOSENTADORIA – ISENTOS P/ MOLÉSTIA GRAVE 49.228,17” (grifei) Nesses casos, como a Recorrente apresentava suas declarações de ajuste anual com base nos Comprovantes de Rendimentos Pagos e de Retenção de IRRF emitidos pela fonte provedora dos vencimentos de aposentadoria, os quais informavam ser ela beneficiária de isenção indevida, levandoa a incorrer em erro escusável no preenchimento de suas declarações, entendo ser incabível a imputação da multa de ofício. Outro não é o entendimento deste E. CARF, abaixo esposado inclusive da Súmula 73 do CARF: “MULTA DE OFÍCIO COMPROVANTE DE RENDIMENTOS PAGOS OU CREDITADOS EXPEDIDO PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DE PENALIDADE. Tendo a fonte pagadora informado no comprovante de rendimentos pagos ou creditados que a contribuinte era beneficiária de isenção indevida, levandoa a incorrer em erro escusável e involuntário no preenchimento da Fl. 503DF CARF MF 18 declaração de ajuste anual, incabível a imputação da multa de ofício sobre o valor informado erroneamente, sendo de se excluir sua responsabilidade pela falta cometida. Recurso parcialmente provido. (CARF. Ac. Nº 2202 00.412. Segunda Seção de Julgamento. 2ª Turma Especial. Sessão de 18/08/2010) “MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, um ente estatal que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de oficio. Recurso provido em parte.” (CARF. Ac. Nº 2802000.412. Segunda Seção de Julgamento. 2ª Câmara. 2ª Turma Ordinária. Sessão de 04/02/2010) Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Pelo exposto, neste ponto, dou provimento ao recurso. Pedido de Perícia A Recorrente requer a realização de diligência para que seja confirmada, através da retificação do lançamento, a correta apuração da base de cálculo e do imposto correspondente, na forma como alegado no item anterior. Neste ponto, entendo ser desnecessária e prescindível a realização de diligência com vistas à confirmação ou retificação do valor da base de cálculo do imposto exigido através do lançamento, posto estar encartado nos autos robusto conjunto probatório capaz de formar a convicção deste julgador, senão vejamos. Conforme preceitua o citado artigo 18 do Decreto nº 70.235/72, o requerimento do contribuinte para a realização de perícia somente será determinado pela autoridade julgadora quando esta entendela necessária, podendo indeferilo quando entendêla prescindível, na forma abaixo: “Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine.” Fl. 504DF CARF MF Processo nº 11516.722583/201281 Acórdão n.º 2201003.644 S2C2T1 Fl. 496 19 Diante do já mencionado robusto conjunto probatório encartado aos autos, informador dos valores aptos a comporem a base tributável dos rendimentos omissos, entendo prescindível e desnecessária a realização de perícia neste processo administrativo, a exemplo de: ii.cópia de documentos importantes constantes dos processos administrativos relacionados à aposentação da Recorrente, que tramitaram junto ao IPREVSC e Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (fls. 32/45 e 46/74); iii. Pareceres Previdenciários nº 140/764/2011 (fls. 60/61) e 96/785/2011 (fls. 64/65) – que, respectivamente, solicitaram e concordaram com o pedido de abertura de processo administrativo com vistas a averiguar eventuais irregularidades no processo de aposentação da Recorrente junto ao IPREVSC; iv. reavaliação médica pericial realizada por junta médica designada pelo IPREVSC (fls. 38), que concluiu que a Recorrente apresenta apenas algumas limitações funcionais inerentes à sua idade; iv) DIRPF do período fiscalizado, dentre outros. Neste sentido, o artigo 29 do mesmo diploma normativo confere à esta autoridade liberdade na formação da sua livre convicção, podendo determinar a realização de diligência nos casos que entendêla necessária, conforme abaixo: “Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias.” Ademais, na forma do quanto dispõe o artigo 28 do citado decreto, a decisão que julgar preliminar e mérito deverá indeferir o pedido de perícia, se for o caso, senão vejamos: “Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso.” Assim, embasado no processo de instrução destes autos e nos fundamentos legais acima expostos, entendo ser a perícia desnecessária e prescindível ao caso, motivo pelo qual indefiro o seu pedido. Diante do exposto, com fundamento na legislação competente e nas disposições acima mencionadas, voto por conhecer e DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO para excluir a multa de ofício. Fl. 505DF CARF MF 20 (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 506DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.728382/2015-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1301-000.426
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relatora.
assinado digitalmente
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
assinado digitalmente
Amélia Wakako Morishita Yamamoto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: AMELIA WAKAKO MORISHITA YAMAMOTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relatora. assinado digitalmente Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente. assinado digitalmente Amélia Wakako Morishita Yamamoto - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
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RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relatora. assinado digitalmente Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. assinado digitalmente Amélia Wakako Morishita Yamamoto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório BRASTUBO CONSTRUÇÕES METÁLICAS LTDA, já qualificada nos autos, recorre da decisão proferida pela 2a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) DRJ/RJ1, que, por maioria de votos, julgou parcialmente RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 14 .7 28 38 2/ 20 15 -4 4 Fl. 1352DF CARF MF Processo nº 10314.728382/201544 Resolução nº 1301000.426 S1C3T1 Fl. 1.353 2 procedente a impugnação e ajustar o IRPJ para o valor de R$ 13.158,63; PIS ajustada para o valor de R$ 2.067,78; CSLL, ajustada para o valor de R$ 7.895,18, e de COFINS, ajustada para o valor de R$ 9.524,34; acrescidos da multa de ofício, no percentual de 75%, e demais acréscimos moratórios conforme legislação vigente. Por unanimidade de votos, afastaram a sujeição passiva solidária dos sócios da contribuinte e do Sr. Aldo Narcisi. Do Lançamento Tratase de auto de infração para lançamento de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS (fls. 322/357), cumulados de juros e multa de ofício, lavrado contra BRASTUBO CONSTRUÇÕES METÁLICAS LTDA, em razão da omissão de receitas apurada nos meses de fevereiro a dezembro de 2011, pelas diferenças entre os valores lançados como vendas efetivas no Sistema Público de Escrituração Digital SPED e os constantes na contabilidade da interessada, nos termos do art. 3º da Lei 9.249/95, art. 247, 248, 251, 277 a 280 e 288 do RIR/99. Foram lavrados Termos de Sujeição Passiva Solidária contra os sócios da interessada, a empresa Markon Comércio e Participações Ltda e contra o SR. Aldo Narcisi, nos termos do art. 135 do CTN. Segundo o Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, (fls. 316/321), e Relatório do acórdão recorrido, as razões de autuação foram: A autuação, conforme a descrição dos fatos dos autos de infração e o Termo de Verificação Fiscal e Sujeição Passiva SolidáriaTVF de fls. 316/321, decorre de omissão de receitas, apurada nos meses de fevereiro a dezembro do anocalendário de 2011, pelas diferenças entre os valores lançados como vendas efetivas no Sistema Público de Escrituração DigitalSPED e os constantes na contabilidade da interessada, conforme planilha de fls. 319/320, totalizando R$ 151.044.737,11 no ano. Foram lavrados Termos de Sujeição Passiva Solidária contra os sócios da interessada, a empresa Markon Comércio e Participações Ltda, CNPJ nº 47.176.045/00085 (fls. 358/361), cientificado em 16/12/2015, conforme Aviso de RecebimentoAR de fls. 373/374, e o Sr. Aldo Narcisi, CPF nº 003.773.17853 (fls. 362/363), cientificado em 16/12/2015, conforme Aviso de RecebimentoAR de fls. 369/370, tendo como enquadramento legal o art. 135 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário NacionalCTN) e como motivação o valor dos autos de infração superior a 30% do ativo da empresa registrado em sua última declaração. Da Impugnação Nos termos da decisão da DRJ, segue o relato da Impugnação, de fls. 376/396: Que teria ocorrido erro na apuração da base de cálculo, uma vez que foram indicados na planilha de fls. 319/320 em cada mês da contabilidade o valor das receitas acumuladas e não da receita respectivo do mês. Que a fiscalização considerou que todas as notas fiscais foram emitidas para documentar operações de venda, quando na verdade haveriam notas fiscais emitidas para outras operações, como simples remessa, devolução, transferência de bem do ativo permanente e etc. Fl. 1353DF CARF MF Processo nº 10314.728382/201544 Resolução nº 1301000.426 S1C3T1 Fl. 1.354 3 Demonstra mês a mês as inconsistências que protesta, desde janeiro até dezembro de 2011. Especificamente quanto ao mês de maio de 2011, alega que a receita daquele mês em sua contabilidade foi de R$ 1.008.485,56, tendo a fiscalização considerado como notas fiscais de venda a totalidade das emitidas naquele mês pela filial (R$ 875.223,98 + R$ 20.341,26 = R$ 895.595,24) quando algumas representariam outras operações, mais especificamente transferência de bem do ativo imobilizado, CFOP 5552, conforme documento de fls. 603/604. Argui a nulidade por ter a fiscalização apurado com evidente erro todos os elementos que compuseram a base de cálculo, em uma sequência de equívocos que ofenderiam o art. 59 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, Processo Administrativo FiscalPAF. Transcreve ementa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da FazendaCARF. Requer a produção de prova pericial, informando os dados de seu assistente e apresentando seus quesitos. Protesta que a responsabilidade imputada aos sócios, com fulcro no valor da dívida, deve ser afastada, uma vez que demonstrada a redução de tais valores. Além disso, o art 135 do CTN não preveria tal hipótese como causa de responsabilização pessoal dos sócios, mas sim quando restarem comprovadas ações dolosas, que não foram apontadas pelo Fisco como causa da responsabilização pessoal. Também inexistiria dispositivo legal que autorizasse a solidariedade com base no valor da dívida e somente o dolo autorizaria tal imputação de responsabilidade aos sócios, o que não foi apurado, tanto que a multa de ofício foi lançada no percentual menor de 75%.. Encerra pedindo a anulação dos autos de infração, cancelandose os respectivos débitos e excluindose os sócios do pólo passivo, protestando pela produção de prova pericial contábil. Em julgamento realizado em 25 de maio de 2016, a 2ª Turma da DRJ/RJ1, considerou parcialmente procedente a impugnação da contribuinte e manter em parte os créditos tributários, e prolatou o acórdão 1281.774, assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, a presença dos requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do lançamento. SOLIDARIEDADE. DESCABIMENTO Descabe a sujeição passiva solidária pelo simples motivo do valor dos autos de infração serem superiores a 30% do ativo da empresa registrado em sua última declaração, quando não comprovada a ocorrência das hipóteses previstas no art. 135 do CTN. Fl. 1354DF CARF MF Processo nº 10314.728382/201544 Resolução nº 1301000.426 S1C3T1 Fl. 1.355 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido quando desnecessário e prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver todos os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. ERRO DE FATO NA BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO E AJUSTE PARA NOVOS VALORES NA AUTUAÇÃO. CABIMENTO. Apurado erro de fato nos valores e planilhas que originaram a base de cálculo do lançamento, há que se corrigir tais erros, exonerando ou reduzindo a autuação para os novos valores apurados. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2011 LANÇAMENTOS DE CSLL, PIS E COFINS. SUPORTE FÁTICO COMUM. Por não apresentarem fato novo que suscite conclusão diversa, devem os lançamentos de CSLL, PIS e COFINS acompanharem o decidido quanto ao lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa JurídicaIRPJ, por terem suporte fático comum. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do Recurso Voluntário A ora recorrente, devidamente cientificada do acórdão recorrido, apresentou recurso voluntário tempestivo (fls. 1.342/1.349), onde repete os argumentos apresentados em sede de manifestação de inconformidade, principalmente no seguinte tópico: (1) Que o lançamento de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins do mês de maio de 2011 seja integralmente desconstituído ou que os autos retornem à DRJ para juntada da declaração de voto vencido, ou à autoridade lançadora para a reformulação do lançamento supostamente remanescente. Em 23/03/2017, recebi os presentes autos, por sorteio. É o relatório. Fl. 1355DF CARF MF Processo nº 10314.728382/201544 Resolução nº 1301000.426 S1C3T1 Fl. 1.356 5 Voto Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Relatora. A contribuinte foi autuada, em 13/12/2015, no IRPJ, CSLL e reflexos, no regime de lucro real anual, por ter omitido receitas nos meses de fevereiro a dezembro de 2011, exigindose o crédito tributário total de R$130.150.660,15, incluindo multa de ofício de 75% e juros de mora. A DRJ/RJ1 julgou a impugnação Procedente em Parte, mantendo somente o lançamento decorrente do mês de maio de 2011, no valor de R$13.158,63, de IRPJ, R$7.895,18 de CSLL, PIS e Cofins de R$2.067,78 e R$9.524,34. Contra essa decisão foi interposto recurso de ofício e voluntário. Os responsáveis solidários, sócios da recorrente, Makron Comércio e Participações Ltda e Sr. Aldo Narciso, devidamente cientificados da decisão da DRJ, às fls. 1.337 e 1.338, em 09/06/2016, não apresentaram Recursos Voluntários. Da análise do auto de infração, do termo de verificação fiscal e da decisão recorrida trouxeramme dúvidas, que julgo cruciais para o deslinde da matéria. Conforme Termo de Verificação, fls. 316/321, após auditoria realizada, contrapondose o SPED FISCAL e CONTÁBIL, chegouse à diferença, conforme quadro abaixo, que serviu de base para o lançamento dos tributos, em razão de suposta omissão de receitas identificada. Fl. 1356DF CARF MF Processo nº 10314.728382/201544 Resolução nº 1301000.426 S1C3T1 Fl. 1.357 6 O entendimento da decisão recorrida, foi no sentido de que a fiscalização considerou como vendas efetivas na contabilidade o montante acumulado nos meses autuados, e não o valor específico de cada mês, como ocorreu nos valores de vendas efetivas no SPED. Bem como, de consideração, pela fiscalização, de notas fiscais de venda, quando na verdade, era notas fiscais de outras operações, como simples remessa, devolução, etc. Assim, a decisão realizou novo cálculo, com base nos documentos de fls. 616/754, confirmado com documentos de fls. 989/1.061, o que exonerou o lançamento referentes a todos os meses com exceção de maio/2011. Da análise dos quadros acima, bem como de todo alegado na impugnação e no recurso voluntário não chego nas mesmas conclusões, levandome a dúvidas, as quais gostaria de ver sanadas, através de diligência a ser realizada para que a Unidade Fiscalizadora realize o cálculo mês a mês, considerando o valor do SPED contábil, livros de registro de saídas e da contabilidade mensais, desconsiderando as notas fiscais emitidas com finalidades diversas (remessa para conserto, transferência de bens do ativo imobilizado, e todos os outros que não representam efetiva receita), bem como considerando todas as demais receitas efetivas (prestação de serviço e receitas de aluguéis) de janeiro a dezembro de 2011, em seguida apresentando relatório conclusivo acerca de eventuais divergências apresentadas, dandose ciência ao Recorrente, para que se manifeste, no prazo de 30 dias, se assim desejar. Após, o processo deverá retornar ao CARF, para esta Relatora, para prosseguimento do julgamento. assinado digitalmente Amélia Wakako Morishita Yamamoto Fl. 1357DF CARF MF Processo nº 10314.728382/201544 Resolução nº 1301000.426 S1C3T1 Fl. 1.358 7 Fl. 1358DF CARF MF
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Numero do processo: 13830.900652/2012-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2008
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2.
É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-002.183
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2. É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 06 52 /2 01 2- 67 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13830.900652/201267 Acórdão n.º 1302002.183 S1C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratam os autos de análise eletrônica de Pedido de Restituição, por intermédio do qual o contribuinte pretende a restituição de suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). Como resultado da análise foi proferido despacho decisório que decidiu pelo indeferimento do pedido de restituição, haja vista que o montante recolhido pelo Darf apontado como origem do crédito foi integralmente utilizado para liquidar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade onde argumenta, em síntese, que os créditos de PIS e Cofins nãocumulativos não devem afetar a determinação do lucro real, nem a base de cálculo da CSLL. A exigência de IRPJ e CSLL sobre tais créditos desrespeita o princípio constitucional da neutralidade tributária. A DRJ ao apreciar a matéria assim decidiu, litteris: ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO. É o administrador um mero executor de leis não lhe cabendo questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a legalidade ou a constitucionalidade de normas é privativa do Poder Judiciário, conforme competência conferida constitucionalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado com o decisium, o recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação, acrescentando que a Administração não pode eximirse da competência sobre o controle de constitucionalidade das leis, decretos e portarias, bem como o fato de não ser razoável que a Administração Pública desconsidere as informações prestadas pelo Contribuinte na DCOMP, as quais apresentam presunção de legitimidade. É o relatório. Voto Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13830.900652/201267 Acórdão n.º 1302002.183 S1C3T2 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.134, de 18.05.2017, proferido no julgamento do processo nº 13830.900610/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.134): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme depreendese da leitura do Relatório acima, o Recorrente sustenta seus argumentos com base em supostas inconstitucionalidades perpetradas pela autoridade fiscal e ratificadas pela decisão recorrida. Contudo, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional. Assim, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. Afasto, portanto, o presente argumento, por não ser o CARF competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Noutra banda, verificase que o recorrente sem acostar documentos comprobatórios aos presentes autos, em seu recurso voluntário, faz referências genéricas aos fatos que motivaram a presente autuação, bem como em relação a decisão proferida em Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13830.900652/201267 Acórdão n.º 1302002.183 S1C3T2 Fl. 5 4 primeira instância, sem com isto trazer objetivamente os fundamentos e provas com base nas quais pede para que seja homologado o seu pedido de compensação. Para esse Relator fica claro que o Recorrente se insurge contra decisão proferida pela DRJ de forma genérica, fazendo mera referência parte das razões apresentadas em sede da impugnação e a necessidade de observação das provas já juntadas aos autos, não merecendo prosperar e, por conseguinte, não surte o efeito pretendido em alterar a decisão do julgador a quo. Nesse sentido já decidiu esta Corte Administrativa, conforme se extrai do decidido nos autos do processo nº 10935.720364/2013 45 que teve como relator Amílcar Barca Teixeira Júnior, como segue: "(...) 1. O contribuinte, em seu recurso, no concernente à obrigação principal, limitas se a prestar informações genéricas e não ataca o mérito, situação que não o favorece, enquadrando se, assim, na disciplina do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Acórdão nº 2803003.497. Rel. Amílcar Barca Teixeira Júnior. Sessão de 12/08/2014)." Diante do exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 78DF CARF MF
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Numero do processo: 10950.723159/2013-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jul 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 08/05/2009 a 31/08/2009
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO.
Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no CTN ou Decreto 70.235, de 1972.
SIGILO DAS COMUNICAÇÕES. CORRESPONDÊNCIAS COMERCIAIS. ARQUIVO MAGNÉTICO. EXTRAÇÃO. DILIGÊNCIA FISCAL. LICITUDE DA PROVA.
O sigilo das comunicações não veda acesso ao Fisco no tocante às correspondências comerciais, armazenadas em computadores da empresa diligenciada, que tenham como objeto documentos de negociação e cotação de preços das importações, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais.
CONVERSÃO DO PERDIMENTO EM MULTA. NATUREZA ADMINISTRATIVA/ADUANEIRA COM FOCO NA MERCADORIA EM FACE DO IMPORTADOR/EXPORTADOR OSTENSIVO.
A pena de perdimento da mercadoria, em decorrência da interposição fraudulenta de terceiros nas operações de comércio exterior, é tipificada no inciso V do art. 23 do Decreto-lei nº 1.455/1976.
O objeto primário da reprimenda aduaneira à interposição fraudulenta é a apreensão da mercadoria em face, primeiro, do importador ou exportador ostensivo, podendo ainda responder pela infração terceiro que concorreu para a prática delituosa (artigo 95 do Decreto-lei nº 37/66).
A sanção decorrente da interposição fraudulenta de terceiros nas operações de comércio exterior (inciso V do artigo 23 do Decreto-lei nº 1.455/76) repercute na própria mercadoria, que, em tais casos, é expropriada do sujeito passivo, sendo tal inflição substituída pela multa equivalente ao valor dos produtos apenas nos casos em que inexiste a possibilidade de sua apreensão (vide parágrafos 1º e 3º do mesmo artigo 23).
Realidade em que, comprovada a interposição fraudulenta de empresa para intermediar operações de comércio exterior, legítima a exigência da multa equivalente ao respectivo valor aduaneiro da mercadoria, capitulada no artigo 23, § 3º, do Decreto-lei 1.455/76.
A presunção decorre de lei e implica na inversão do ônus da prova, atribuindo ao importador a responsabilidade da demonstração da forma de financiamento de suas importações.
DANO AO ERÁRIO.
Perdimento convertido em multa equivalente ao valor aduaneiro dos bens.
Considera-se dano ao erário a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, na hipótese em que as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas.
Numero da decisão: 3301-003.872
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Voluntário Acórdão nº 3301003.872 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria MULTA DANO AO ERÁRIO Recorrente SIGN OFFICE SUPRIMENTOS LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 08/05/2009 a 31/08/2009 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no CTN ou Decreto 70.235, de 1972. SIGILO DAS COMUNICAÇÕES. CORRESPONDÊNCIAS COMERCIAIS. ARQUIVO MAGNÉTICO. EXTRAÇÃO. DILIGÊNCIA FISCAL. LICITUDE DA PROVA. O sigilo das comunicações não veda acesso ao Fisco no tocante às correspondências comerciais, armazenadas em computadores da empresa diligenciada, que tenham como objeto documentos de negociação e cotação de preços das importações, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais. CONVERSÃO DO PERDIMENTO EM MULTA. NATUREZA ADMINISTRATIVA/ADUANEIRA COM FOCO NA MERCADORIA EM FACE DO IMPORTADOR/EXPORTADOR OSTENSIVO. A pena de perdimento da mercadoria, em decorrência da interposição fraudulenta de terceiros nas operações de comércio exterior, é tipificada no inciso V do art. 23 do Decretolei nº 1.455/1976. O objeto primário da reprimenda aduaneira à interposição fraudulenta é a apreensão da mercadoria em face, primeiro, do importador ou exportador ostensivo, podendo ainda responder pela infração terceiro que concorreu para a prática delituosa (artigo 95 do Decretolei nº 37/66). A sanção decorrente da interposição fraudulenta de terceiros nas operações de comércio exterior (inciso V do artigo 23 do Decretolei nº AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 72 31 59 /2 01 3- 43 Fl. 1072DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.073 2 1.455/76) repercute na própria mercadoria, que, em tais casos, é expropriada do sujeito passivo, sendo tal inflição substituída pela multa equivalente ao valor dos produtos apenas nos casos em que inexiste a possibilidade de sua apreensão (vide parágrafos 1º e 3º do mesmo artigo 23). 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Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, e Valcir Gassen. Fl. 1073DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.074 3 Relatório Contra a empresa SIGN OFFICE SUPRIMENTOS LTDA ME foi lavrado Auto de Infração em sede de procedimento de revisão interna, restando apurada a infração tipificada como “Dano ao Erário”, haja vista a não comprovação da origem, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos financeiros envolvidos em sua execução, punível com a penalidade de perdimento das mercadorias, convertida em pecúnia em face da impossibilidade de sua apreensão, com lançamento de crédito tributário no montante total de R$ 246.241,20, com atribuição de responsabilidade solidária a JOEL JOSÉ PAVESI, CPF 540.853.30934, tendo em vista sua concorrência no cometimento da infração, na forma prevista no art. 95 do DL 37/66. A seguir, destacaremos os principais fatos e elementos indiciários apresentados pela fiscalização como motivação do presente lançamento, instruídos por documentos, informações e pesquisas levantados no curso da ação fiscal, constantes do Relatório de Fiscalização, anexo do presente auto (fls. 32 a 108): 1. Por ocasião da conferência aduaneira de despacho de importação registrado em nome da autuada, constatouse na embalagem dos produtos, referência à empresa NEW SOLUTION, cuja inscrição no cadastro CNPJ se encontrava suspensa e o pleito de habilitação para operar no comércio exterior lhe havia anteriormente sido denegado; 2. No endereço de localização constante no sitio eletrônico da empresa NEW SOLUTION, consta registrado perante o cadastro CNPJ a empresa FILLINK DO BRASIL TINTAS PARA IMPRESSÃO LTDA ME, a qual igualmente teve mercadoria retida no curso do despacho por idêntica referência nas embalagens à empresa NEW SOLUTION; 3. As empresas NEW SOLUTIONS e FILLINK DO BRASIL possuem como sócio em comum o Sr. Sílvio Rodrigues Filho, que já declarou ter recebido rendimentos da empresa MACODESING LTDA, cujos sócios são JOEL JOSÉ PAVESI e seu filho GABRIEL ZANETTI GOMES PAVESI. O sítio eletrônico desta última empresa informa o Sr. Sílvio Rodrigues como seu funcionário e apresenta o Sr. Joel Pavesi pela alcunha de “Pardal”; 4. O Sr. Joel Pavesi é fiador do contrato de locação dos imóveis de instalação das empresas SIGN OFFICE e FILLINK, as quais, em conjunto com as empresas NEW SOLUTION e MACODESING, apresentam o mesmo contador, fl. 38; 5. A composição societária da empresa SIGN OFFICE encontrase distribuída entre os sócios Judison Claiton Hans (65%) e Maria Luíza Maier Hans (35%), filha do primeiro e menor de idade (09 anos), como um valor de subscrição de R$ 10.000,00; 6. Intimada a comprovar a integralização de seu capital social, a empresa SIGN OFFICE limitouse a apresentar cópia do contrato social, sem comprovar qualquer disponibilidade dos recursos, sua origem e nem sua efetiva transferência pelos sócios; 7. O sócio Judison Hans, além da cota societária, possui como único patrimônio declarado à Receita Federal um veículo Fusca no valor de R$ 1.500,00 e “outras disponibilidades financeiras”, as quais se mostram inverossímeis, já que sua movimentação financeira informada pelas instituições bancárias totaliza apenas R$ 20,15, fls. 42 a 46; Fl. 1074DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.075 4 8. No curso do procedimento fiscal, foi realizada diligência nas instalações da empresa FILLINK, na qual foram retidos documentos e arquivos eletrônicos (impressos em seu conteúdo), os quais, conforme exaustiva apresentação pela fiscalização, apontam a posição de mando do Sr. Joel Pavesi na negociação comercial dos produtos importados pela autuada, fls. 46 a 92; 9. Intimada a comprovar a origem do ingresso de recursos na conta bancária da empresa no valor total de R$ 268.502,37, a fiscalizada apresentou documentos que não guardam relação expressa com o solicitado, e que mais duas outras vezes intimada a esclarecer a origem, nada apresentou. Os registros contábeis apontam como origem para tais recursos empréstimos do sócio Judison Hans e contrapartidas da conta caixa de R$ 118.000,00, quando estas últimas encontramse acobertadas por transferências bancárias (DOC e TED), aparentando dissimulação, que caracterizaria a intenção de mascarar a origem dos recursos, fls. 94 a 98; 10. As evidências apresentadas levam à conclusão que a SIGN OFFICE é interposta pessoa de Joel Pavesi, infração tipificada no art. 23, V, do DL nº 1.455/76, punível com a pena de perdimento dos bens, com atribuição de responsabilidade solidária às duas pessoas citadas, na forma prevista no art. 95, I, do DL nº 37/66, fls. 104 a 106; 11. Diante do subfaturamento apurado entre os valores declarados ao Fisco e aqueles constantes de documentos levantados em diligência fiscal, os valores adotados para efeito do presente lançamento foram arbitrados em conformidade às disposições do art. 88 da MP nº 2.15735/2001, tomandose o valor real constante dos documentos levantados; De outra parte, contraditando o procedimento em causa, as contrarrazões apresentadas pela impugnante SIGN OFFICE podem ser sinteticamente descritas como seguem (fls. 675 a 713): (A) Preliminarmente, argui a impugnante nulidade do lançamento pelas razões que articula: Encontrase em trâmite judicial ação declaratória proposta pela impugnante, constante dos autos nº 500006886.2010.404.7008, o que deveria levar à suspensão do presente julgamento até trânsito em julgado da citada ação; A acusação de subfaturamento não consta do Termo de Instauração do Procedimento Especial de Controle Aduaneiro, tendo sido a fiscalizada intimada apenas e tão somente pela hipótese prevista no inciso V, do art. 66, da IN SRF nº 206/2002, com evidente prejuízo aos princípios constitucionais do devido processo legal e contraditório; Não consta do presente processo todos os documentos apreendidos na diligência da empresa Fillink (especialmente as mensagens eletrônicas) e íntegra de documentos citados apenas em trecho (como as cópias das declarações de imposto de renda, anos 2001/2002), com notório prejuízo ao contraditório; As alegações que fundamentam a infração autuada dizem respeito apenas à contabilidade da empresa, mas não ao procedimento de importação; Não consta dos autos termos de depoimento das pessoas alegadas como interpostas. Fl. 1075DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.076 5 (B) Com relação ao mérito, argui que não possui qualquer conhecimento, e muito menos, relação com a empresa mencionada nas etiquetas apostas na mercadoria objeto de importação, inexistindo irregularidade pela simples existência de tais etiquetas, situação que se mostra insuficiente a desconfigurar a operação de importação e seus reais intervenientes, com vista à aplicação da pena de perdimento; (C) O sócio Judison Hans possui larga experiência no comércio de equipamentos e suprimentos, atividade a qual exerce bem antes das empresas citadas, procedendo assim a acusação de interposta pessoa, baseada apenas em mensagens trocadas entre outras pessoas e empresas, por este motivo insuficientes a descaracterizar a veracidade da documentação instrutiva do despacho de importação; (D) A única relação da impugnante com a empresa NEW SOLUTION (nome fantasia da empresa Fillink) é comercial, através de parcerias na busca de melhores preços no mercado externo, considerando a quantidade comercializada, prática comum do mercado, sendo, ao final, o produto da transação comercial individualizado para cada dos interessados; (E) A fundamentação constante da autuação que as empresas citadas possuem em comum a mesma contadora não faz prova alguma de interposição, até porque a contadora citada, Sra. Rosemery Pavezi, apenas foi contratada pela impugnante de setembro de 2008 a janeiro de 2009; (F) O sócio Judison Hans possui plena capacidade econômica para aquisição das cotas atribuídas em contrato social, conforme se verifica em sua declaração de rendimentos em “OUTRAS DISPONIBILIDADES FINANCEIRAS”, no caso, através de dinheiro em domicílio, não possuindo qualquer relação com o caso o fato dele possuir como único patrimônio um fusca 76, sendo esta uma opção pessoal; (G) A documentação probatória trazida nos fundamentos do lançamento não diz respeito a diligência realizada nas instalações da SIGN OFFICE, baseandose apenas em correspondência eletrônica produzida por terceiros, não podendo assim fazer prova contra a impugnante, até mesmo pelo sigilo inviolável das correspondências; (H) Algumas questões contradizem os argumentos da fiscalização, no que diz respeito à condição da impugnante como interposta pessoa do Sr. Antônio, como o pagamento das compras no exterior pela própria impugnante, o transporte da mercadoria até a sede da empresa, a distância de endereço com a empresa NEW SOLUTION, e a não localização da empresa na cidade de Ponta Grossa, onde reside o Sr. Joel Pavesi; (I) Os extratos bancários apresentados, juntamente com os comprovantes de pagamento e notas fiscais, comprovam a origem dos recursos e capacidade econômica da empresa, apesar de eventual irregularidade nas suas declarações de rendimento (sem máfé) ou contabilidade (apenas como suposição), o que afastaria ilicitude nas importações punível com a pena de perdimento; (J) Inexiste nos presentes autos qualquer prova de subfaturamento das importações, identificandose apenas correspondências de negociações, que ao final sempre lograram redução nos preços iniciais, fruto até da parceria alavancada com a NEW SOLUTION; Fl. 1076DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.077 6 (K) A expressão em língua estrangeira “special documents: under value” não pode ser traduzida como “documentos especiais: valor reduzido”, já que a mesma expressão, na verdade um mero controle interno do exportador, consta de duas faturas, uma com o preço maior, outra com o preço menor, para a mesma mercadoria, o que torna impróprio o arbitramento adotado; (L) O Sr. Joel Pavesi é conhecido pessoal do sócio Judison, motivo pelo qual aquele aceitou ser fiador do imóvel locado pela impugnante; (M) Pelo acima exposto, requer nulidade ou improcedência do presente lançamentos pelas razões preliminares e de mérito apresentadas, e que seja deferida a produção de todas as provas possíveis, em especial, a testemunhal e documental. As contrarrazões apresentadas pelo impugnante JOEL JOSÉ PAVESI, trazido aos autos na condição de responsável solidário pelo lançamento, podem sinteticamente descritas como seguem (fls. 1.008 a 1.018): (N) Preliminarmente, argui a impugnante nulidade do lançamento pelas razões que articula: · Ilegitimidade passiva, já que ele não possui qualquer relação com a autuada que implique ilegalidade e/ou responsabilidade; · Preclusão do direito da Receita Federal instaurar o presente lançamento, já que a Instrução Normativa SRF nº 206/2002 prevê o prazo máximo de 180 dias para conclusão do auto de infração, ao passo que no caso transcorreu mais de 04 (quatro) anos entre o registro da importação e o lançamento; · Por cerceamento do direito de defesa, já que nos autos não consta todos os documentos que foram utilizados na investigação administrativa, não tendo inclusive o impugnante tido a oportunidade de prestar esclarecimentos durante a fase de investigação, em favor de sua defesa; (O) Quanto ao mérito, alega que o instrumento probatório em que se fundamenta o argumento da fiscalização está baseado em correspondências colhidas em outra empresa, sem ordem judicial, fato que por si só as tornam nulas, por violar princípio constitucional do sigilo das correspondências; (P) O impugnante, além de sua empresa, aufere comissões por suporte prestado nas vendas intermediadas pelo Sr. Antônio Azevedo entre o exportador e empresas nacionais motivo pelo qual participa de algumas correspondências referentes à transação comercial; (Q) Inexistem provas cabais de subfaturamento nas importações objeto do presente lançamento. Eventual irregularidade na importação 09/15392725, não implica irregularidade nas demais; (R) O ato que declarou a inaptidão da empresa autuada não faz qualquer referência a efeito ex tunc, não sendo possível assim qualquer questionamento referente à data anterior de publicação do citado ato; Fl. 1077DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.078 7 (S) Alega ainda não ter sido cientificado pessoalmente do ato que declarou a inaptidão da autuada, para que assim exercesse sua defesa, já que se alega ser ele o proprietário da empresa; (T) Ante o exposto, requer que sejam acolhidas as alegações preliminares e de mérito, para assim declarar nulo ou improcedente o presente lançamento, bem como requer uso, além dos documentos já juntados, de todas as provas admitidas no direito. A DRJ considerou improcedente a impugnação com a seguinte ementa: IMPORTAÇÃO. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA. SUJEIÇÃO PASSIVA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, infração punível com a pena de perdimento, convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Respondem pela infração conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie, no caso, a pessoa jurídica adquirente de fato das importações ocultado nas informações ao fisco. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. FASE INQUISITÓRIA. Os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitória, não se sujeitando necessariamente ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somente depois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo é que se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditório e da ampla defesa. CERCEAMENTO DE DEFESA. MANIFESTAÇÃO DURANTE A FASE PROCEDIMENTAL. INOCORRÊNCIA. No âmbito do processo administrativo fiscal o direito de defesa do contribuinte é exercido na fase do contencioso administrativo, que se inicia com a apresentação da impugnação. A ausência de participação do sujeito passivo durante a etapa procedimental, que visa à apuração e constituição do crédito tributário, não caracteriza cerceamento de defesa. SIGILO DAS COMUNICAÇÕES. CORRESPONDÊNCIAS COMERCIAIS. ARQUIVO MAGNÉTICO. EXTRAÇÃO. DILIGÊNCIA FISCAL. LICITUDE DA PROVA. O sigilo das comunicações não opõe acesso ao Fisco no tocante às correspondências comerciais, armazenadas em computadores da empresa diligenciada, que tenham como objeto documentos de negociação e cotação de preços das importações, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais (invoice, packing list). Fl. 1078DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.079 8 PRODUÇÃO DE PROVA. PROTESTO GENÉRICO. INADMISSIBILIDADE. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. PEDIDO NÃO FORMULADO. O protesto genérico pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos não produz efeitos no processo administrativo fiscal. A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, salvo nos casos expressamente admitidos em lei. Em caso de obtenção de provas por meio de diligência ou perícia, estas providências devem ser expressamente solicitadas com especificação de seu objeto e atendendose os requisitos previstos em lei, sob pena de considerarse não formulado o pedido. Impugnação Improcedente A recorrente não apresentou recurso voluntário e o responsável solidário Sr. Joel José Pavesi apresentou recurso voluntário tempestivo onde repete os argumentos da sua impugnação. É o relatório. Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.080 9 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. O recurso voluntário do responsável solidário Sr. Joel José Pavesi é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. A fiscalização considerou que a empresa Sign Office apresentase como importadora direta, mas, na verdade é interposta pessoa do real importador. O Sr. Joel José Pavesi foi considerado responsável solidário da autuação. Em consequência da empresa ter sido considerada inapta, a contribuinte foi cientificada apenas por edital desde a impugnação. Da mesma forma ocorreu com o acórdão de 1ª instância, mas, ao contrário da impugnação, a empresa não apresentou recurso voluntário. Portanto, aqui será analisado apenas o recurso voluntário do responsável solidário Sr. JOEL JOSÉ PAVESI. O responsável solidário, basicamente, transcreveu os argumentos da impugnação no recurso voluntário: 1) Ilegitimidade passiva: Alega que não possui qualquer relação com a autuada que implique ilegalidade ou responsabilidade: Será analisado junto com o mérito da autuação e com análise da responsabilidade solidária. 2) Preclusão do direito da Receita Federal instaurar o presente lançamento: Alega que a Instrução Normativa SRF nº 206/2002 prevê o prazo máximo de 180 dias para conclusão do auto de infração, ao passo que no caso transcorreu mais de 04 (quatro) anos entre o registro da importação e o lançamento: Com relação à alegação de preclusão do direito de lançamento temse que esclarecer dois aspectos: a) O prazo a que se refere o responsável solidário diz respeito a retenção de mercadorias, e não a lançamento tributário; b) O procedimento pelo qual a autoridade fiscal, após o desembaraço, reexamina os despachos aduaneiros, denominado de Revisão Aduaneira, deve ser realizado enquanto não decair o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário, conforme dispõe o CTN, em seu artigo 150, § 4º, e 156, inciso V, c/c o artigo 54 do Decretolei nº 37, de 1966, alterado pelo artigo 2º do Decretolei nº 2.472, de 1988. Portanto, mesmo que as mercadorias importadas tenham sido submetidas a conferência aduaneira, conforme alegam ainda as recorrentes, não há qualquer vedação ao reexame dos despachos aduaneiros até o término do prazo quinquenal. Fl. 1080DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.081 10 3) Cerceamento do direito de defesa: Alega que nos autos não constam todos os documentos que foram utilizados na investigação administrativa, não tendo inclusive o impugnante tido a oportunidade de prestar esclarecimentos durante a fase de investigação, em favor de sua defesa. Primeiramente, não é imperativo que todos os documentos que fizeram parte da investigação sejam acostados aos autos, já que apenas os documentos que se mostraram necessários a provar a autuação devem ser carreados ao processo. No caso concreto, há farta documentação comprovando o auto de infração. Também não é cerceamento ao direito de defesa que o responsável solidário e nem mesmo a recorrente deixem de participar do processo de investigação. Cabe ao contribuinte e ao responsável solidário apresentarem as informações necessárias ao serem intimados, e, em caso de autuação, contraditar as informações da fiscalização no próprio contencioso administrativo. Ademais, entendo que não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração e o acórdão recorrido preenchem os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no CTN ou Decreto 70.235, de 1972. 4) Mérito: Apesar da empresa não ter apresentado recurso voluntário, é necessário adentrar aos fatos narrados pela fiscalização em relação, tanto a empresa, quanto ao responsável solidário para que se faça o adequado deslinde da questão. O responsável solidário JOEL JOSÉ PAVESI alega que apenas aufere comissões por suporte prestado nas vendas intermediadas pelo Sr. Antônio Azevedo, isto é, entre o exportador e empresas nacionais, motivo pelo qual participa de algumas correspondências referentes à transação comercial. Já a fiscalização alega a ocorrência de interposição fraudulenta nas importações realizadas pela autuada, haja vista a não comprovação de origem, disponibilidade e transferência dos recursos declarados na integralização do capital social da empresa e outros envolvido na execução de suas operações de comércio exterior. Atribui ainda a responsabilidade solidária do lançamento a terceiro envolvido em posição de mando no Brasil nas importações da empresa, alheio a poder formal, a quem atribui a condição de real interveniente, ocultado pela cessão fraudulenta de nome da autuada. Esse terceiro acima citado é o responsável solidário JOEL JOSÉ PAVESI. Compulsando do termo de verificação fiscal e do acórdão recorrido, temos os seguintes fatos: A fiscalização considerou que a empresa Sign Office apresentase como importadora direta, mas, na verdade é interposta pessoa do real importador. Para chegar a essa conclusão, constatou que o capital social subscrito da empresa é de R$ 10.000,00, um montante que, apesar do pouco valor expressivo, não afasta a obrigatoriedade de comprovação de sua Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.082 11 efetiva integralização, origem e disponibilidade dos recursos empregados, perante eventual apuração. No caso, embora a fiscalização tenha intimado a empresa a apresentar os elementos probatórios de integralização de seu capital social, a intimada limitouse a apresentar cópia do Contrato Social, o que, associado à ausência probatória de rendimentos e patrimônio do sócio Judison Hans e sua filha menor, leva à consequente conclusão da não comprovação de origem dos recursos empregados na constituição inicial da empresa. Embora a empresa alegue capacidade econômica do sócio Judison Hans perante o aporte de integralização do capital social da empresa, referindose especificamente à parcela de “outras disponibilidades financeiras” informada em sua declaração de imposto de renda, constituída por dinheiro em espécie guardado em domicílio, não se verifica em suas declarações de rendimentos e informações de movimentações financeiras qualquer evidência fática probatória de sua veracidade, quando se identifica como seu único patrimônio demonstrável um veículo fusca, ano 76, ao passo que sua movimentação financeira informada por instituições bancárias em decorrência da CPMF, entre 2002 e 2007, foi de apenas R$ 20,15. Neste sentido, cabe ressaltar que a comprovação de integralização do capital social deve ser feita mediante documentos objetivamente hábeis, sendo insuficientes elementos produzidos pela própria interessada, como contratos de mútuo, declarações escritas, alterações contratuais ou recibos, ou a simples alegação de capacidade econômicofinanceira dos sócios. Compulsando dos autos, não se observa qualquer documento hábil ou conjunto de elementos probatórios trazidos pela impugnante no sentido de demonstrar a capacidade econômicofinanceira do sócio Judison Hans perante o montante envolvido na integralização o capital social da empresa. Na mesma linha, inexiste qualquer demonstração probatória em relação à efetiva transferência dos recursos. A origem e efetividade da transferência são requisitos cumulativos e essenciais à comprovação de regularidade dos recursos envolvidos no financiamento das atividades de uma empresa, aspectos intrinsecamente relacionados aos reais intervenientes envolvidos na execução de suas atividades. Seguindo com a mesma verificação de origem dos recursos envolvidos na execução das atividades da empresa, constatase ainda idêntica ausência probatória no tocante aos empréstimos realizados pelo sócio Judison Hans à empresa, no valor total de R$ 118.000,00. Tais empréstimos tiveram como contrapartida a conta caixa da empresa, a partir da qual vários dispêndios do exercício de sua atividade tiveram contrapartida nos registros contábeis. Ocorre que, conforme já analisado anteriormente, inexiste qualquer evidência fática probatória, através de documentos idôneos e hábeis, da capacidade econômica do sócio Judison Hans sequer para a integralização do capital social, que, como dito é bem pequeno. Complementando, inexiste ainda qualquer comprovação documental no tocante à celebração do contrato de mútuo e da efetiva transferência dos recursos pelo sócio, ou disponibilidade e posterior quitação pela empresa, ao término do prazo de empréstimo. Enfim, Fl. 1082DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.083 12 inexiste qualquer elemento probatório além das declarações e registros efetuados pela própria interessada. Como consequência da injeção de recursos na empresa sem origem lícita, constatase inverossímeis registros para transferências interbancárias de depósitos na conta da empresa, dissimulados contabilmente como origem da conta caixa (fls. 96 a 98). Observase neste aspecto a imprescindibilidade de saldo em tal conta, no caso, dotados pelos empréstimos não comprovados do sócio Judison Hans. A totalidade dos recursos para os quais a empresa não consegue demonstrar a origem e veracidade de seus registros contábeis atinge é de R$ 268.502,37, montante flagrantemente incompatível com a capacidade econômicofinanceira do sócio Judison Hans e de sua empresa, a autuada. Portanto, fica clara a incapacidade da empresa Sign Office na realização de tais operações de comércio exterior por conta própria e sua interposição fraudulenta com vistas à ocultação dos reais intervenientes, haja vista a origem desconhecida dos recursos envolvidos na execução de suas atividades de comércio exterior, conclusão caracterizada pela sua operacionalidade financeira e pela inteligência das disposições legais previstas nos art. 27 da Lei nº 10.637 de 2002 e art. 23, § 2º, do DL. 1.455, de 1976, restando assim alinhada a conduta descrita e comprovada às disposições do art. 23, V, do Dl nº 1.455/76, não cabendo qualquer correção na penalidade aplicada. Em continuação, diante de correspondências levantadas no curso de diligência fiscal realizada na empresa FILLINK, nas quais se constata a participação do Sr. Joel José Pavesi nas decisões e tratativas de execução das importações registradas em nome desta empresa e da autuada, das quais não possuí qualquer poder de representação formal, e diante de alguns outros vínculos desta mesma pessoa com as duas empresas citadas, como pela prestação de garantia nos contratos de locação de imóvel para instalação das empresas e por ser sua esposa, Sra. Berenice Pavesi, a responsável pelo sítio eletrônico da empresa FILLINK, e considerando a não comprovação de origem dos recursos empregados na integralização do capital social e no financiamento das operações de comércio exterior da autuada, concluiu a fiscalização que esta última é empresa interposta do Sr. Joel José Pavesi, o qual, por concorrer diretamente no cometimento da infração autuada, responde solidariamente pela penalidade prevista no art. 23, § 1º, na forma prevista no art. 95, I, do DL nº 37/66. Por sua vez, o recorrente alega que a documentação probatória trazida nos fundamentos do lançamento não diz respeito a diligência realizada nas instalações da SIGN OFFICE, baseandose apenas em correspondência eletrônica produzida por terceiros, não podendo assim fazer prova contra si, até mesmo pelo sigilo inviolável das correspondências. Entendo que o sigilo das comunicações não veda acesso ao Fisco no tocante às correspondências comerciais, armazenadas em computadores de uma empresa diligenciada, que tenham como objeto documentos de negociação e cotação de preços das importações, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais. No caso concreto, a relação entre o Sr. Joel José Pavesi, a Sign Office e a empresa Fillink fazem parte de todo um conjunto probatório que sustentam a autuação. Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.084 13 Alega também o Sr. Joel Pavesi, que aufere comissões por suporte prestado nas vendas intermediadas pelo Sr. Antônio Azevedo, entre o exportador e empresas nacionais, motivo pelo qual participa de algumas correspondências referentes à transação comercial. Bem, as correspondências utilizadas nos fundamentos deste lançamento encontramse anexas às fls. 240 a 430. Na análise de seu conteúdo, concluise ser seu objeto constituído de documentos de negociação e cotação de preços das importações, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais, todos relativos às operações de importação realizadas pelas empresas fiscalizadas e perfeitamente caracterizados como correspondência comercial. Os documentos foram levantados em procedimento de diligência fiscal, destinada a coletar informações ou outros elementos de interesse da administração tributária, inclusive para atender exigência de instrução processual, tendo sido todos eles extraídos de computadores situados em ambiente comercial. O acórdão recorrido bem descreve que a peça fiscal consegue muito bem apresentar o emaranhado de relações entre a Sign Office, a Fillink e o Sr. José Pavesi (ver fls. 32 a 42), situação perfeitamente identificada entre as partes e interesses envolvidos em tais comunicações, sendo completamente infrutífera a tentativa de afastar seus efeitos das partes autuadas. Voltando ao recurso voluntário do Sr. JOEL JOSÉ PAVESI, é alegado que os próprios fundamentos do acórdão de 1ª instância apontam para uma terceira pessoa, isto é o Sr. Antonio Azevedo, como o mandante e controlador das empresas em objeto. Discordo do responsável solidário. Dos fatos extraise que fica clara a posição de mando e controle do Sr. Antônio Azevedo, estrangeiro com residência em Portugal, nas operações de comércio exterior de um conjunto de empresas (fls. 48 a 56; 60 a 62; 64 a 66; 68 a 86; 88 a 94), entre elas a autuada, que envolve desde as negociações conclusivas com o exportador até a definição do preço final de revenda da mercadoria no mercado interno (fls. 64 a 66), sem qualquer posição de interferência daqueles responsáveis formais das empresas envolvidas (fls. 64 a 66; 68 a 86, 88 a 94). Essa posição de mando é executada no Brasil, pelo responsável solidário, Sr. JOEL JOSÉ PAVESI. Os sócios, em muitas situações, não eram sequer informados das decisões ou trâmites relacionados à importação dos bens (fls. 60 a 62; 76 a 82), quando no máximo eram copiados das decisões (fl.62, 76 a 78), restando claro ainda que as empresas utilizadas tinham como fim precípuo e comum a cessão de nome e estrutura documental com vistas à importação de bens com ocultação dos reais intervenientes, sendo comum a tratativa de questões operacionais de uma empresa por outra (fls. 60 a 62; 70 a 74; 86 a 94), representando o Sr. José Pavesi braço executivo e de apoio no Brasil das operações comerciais realizadas pelo Sr. Antônio Azevedo (fl. 52, 62, 68 a 74; 82 a 88). Embora o Sr. José Pavesi alegue prestar mero suporte com participação nas vendas intermediadas pelo Sr. Antônio Azevedo entre exportadores estrangeiros e importadores nacionais, resta claro no conteúdo das comunicações juntadas aos autos que o Sr. Fl. 1084DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.085 14 Antônio Azevedo não realiza mera intermediação comercial e que o trabalho do responsável solidário, não é mero suporte. Entendo que o Sr. Antonio Azevedo, por meio do seu "braço" no Brasil, o Sr. Joel Pavesi realiza transações comerciais por decisão própria, com utilização da estrutura documental de empresas nacionais com vistas à nacionalização dos bens com ocultação do real interveniente, mostrandose o Sr. José Pavesi íntimo do caráter fraudulento da empreitada, à qual lhe presta suporte e toma conhecimento, motivo pelo qual concorre diretamente para o cometimento da infração de ocultação do real interveniente, respondendo assim solidariamente pela penalidade da infração, na forma prevista no art. 95, I, do Dl nº 37/95. Fundamentação: A fiscalização aduaneira subsumiu os fatos acima relatados ao inciso V do artigo 23 do Decretolei nº 1.455/76, ou seja, em dano ao Erário, sujeito pois à aplicação da pena de perdimento da mercadoria, conforme disposto pelo § 1º, do artigo 23, do Decretolei nº 1.455/76, mas convertida em multa equivalente ao seu respectivo valor aduaneiro, dada a impossibilidade de localização ou diante do consumo dos produtos, a teor do disposto pelo § 3º do mesmo artigo. Os preceitos em tela seguem abaixo transcritos. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Da análise da prescrição legal acima transcrita, concluise que a interposição fraudulenta representa uma simulação que consiste em ocultar, voluntariamente (decorrente do próprio conteúdo conceitual de fraude – “interposição fraudulenta”), o verdadeiro interessado na operação, ocorrendo todas as vezes em que uma pessoa, física ou jurídica, apresentase como responsável por uma transação que não realizou, se interpondo entre uma parte e outra. De acordo com a exposição de motivos da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002 (que foi convertida na mencionada Lei nº 10.637/2002), o objeto colimado pela norma foi o de “estabelecer medidas que permitem a punição da fraude no comércio exterior praticada com a interposição fraudulenta de intermediários ou com recursos de origem não Fl. 1085DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.086 15 comprovada”. E a presunção legal objeto do § 2º do artigo 23 do Decretolei n° 1.455/76 (redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637/2002) é a interposição fraudulenta, ou seja, aquela feita mediante fraude, onde o elemento volitivo, conceitualmente, necessita se encontrar presente. Com efeito, De Plácido e Silva ensina que o vocábulo “fraudar”, derivado do latim fraudare (fazer agravo, prejudicar com fraude), “além de significar usar de fraude, o que é genérico, e exprime toda a ação de falsear ou ocultar a verdade com a intenção de prejudicar ou de enganar, possui, na técnica fiscal, o sentido de falsificar ou adulterar, como o de usar de ardil para fugir ao pagamento da tributação: fraudar o fisco”1. No entanto, dada a dificuldade de se demonstrar o elemento volitivo imbuído no conceito de fraude, criou a lei uma presunção legal juris tantum, da qual se vale o Estado para impor uma sanção administrativa àqueles que não conseguirem comprovar a origem lícita dos recursos empregados no comércio exterior. Sobre a importância das presunções no combate aos ilícitos tributários, a relevante lição de Maria Rita Ferragut2: [...] não há como ignorar que, se a segurança jurídica não admitisse as presunções, acabaria dificultando a proteção do direito daqueles que os detêm, mas que são prejudicados pela fraude, dolo, simulação. Dentre esses encontrase, sem dúvida alguma, o Fisco. Assim, o motivo para a criação das presunções foi sanar a dificuldade de se provar certos fatos mediante prova direta, fatos esses que deveriam ser necessariamente conhecidos, a fim de possibilitar a preservação da estabilidade social mediante uma maior eficácia do direito. As presunções suprem deficiências probatórias, disciplinam o procedimento de construção de fatos jurídicos, “alargam o campo cognoscitivo do homem”3, e aumentam a possibilidade de maior realização da ordem jurídica, ao permitir que alguns fatos sejam conhecidos por meio da relação jurídica de implicação existente entre indícios e o fato indiciado. No Direito Tributário, assumem significativa importância, tendo em vista que os fatos juridicamente relevantes são muitas vezes ocultados por meio de fraudes à lei fiscal, ficando o processo de positivação do direito obstado de ocorrer. A presunção em questão, frisese, tem natureza essencialmente procedimental, destinada a auxiliar o aplicador do direito no enquadramento da situação fática à norma. Portanto, não cria, altera ou revoga direitos, conclusão que se extrai diante da lição de Maria Rita Ferragut, in verbis: A previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da conduta praticada não se encontra comprometida quando a presunção for corretamente utilizada para a criação de obrigações tributárias. O enunciado presuntivo não altera o antecedente da regramatriz de incidência tributária, nem equipara, por analogia ou interpretação extensiva, fato que não é como se fosse, nem substitui a necessidade de provas. Apenas, tãosomente, prova o acontecimento factual relevante não de forma direta – já que isso, no caso concreto, é impossível ou muito difícil 1 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. v.II, p.324. 2 FERRAGUT, Maria Rita. Presunções no Direito Tributário. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 146147. 3 Cf. Jimir Doniak Jr. Fl. 1086DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.087 16 – mas indiretamente, baseandose em indícios graves, precisos e concordantes, que levem à conclusão de que o fato efetivamente ocorreu4. [...] [...] Ora, diante de tudo o que já foi exposto até aqui, temos que as presunções constituemse em meio de prova que contribui para a eficácia jurídica da norma. E, se é assim, não se trata de alegar que a obrigação decorre de fato não previsto na regramatriz, mas de se reconhecer que o conhecimento do evento descrito no fato jurídico típico dáse de forma indireta, com base em fatos indiciários graves, precisos e concordantes no sentido da ocorrência pretérita do evento diretamente desconhecido5. (grifos nossos) Assim, autuações decorrentes da aplicação da pena de perdimento objeto do § 1° do artigo 23 do Decretolei n° 1.455/76, com a redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637/2002, bem como sua conversão na multa equivalente ao valor das mercadorias transacionadas no comércio exterior (§ 3º do mesmo artigo), nem sempre decorrem da comprovação direta da interposição fraudulenta, podendo advir da presunção legal de que trata o § 2º do dispositivo em tela, na qual podem se enquadrar aqueles que não comprovem a origem dos recursos utilizados no comércio internacional. Aí se incluem os que não observam as mínimas formalidades exigidas para a realização de importações por encomenda ou por conta e ordem de terceiros. Portanto, a lei, do ponto de vista da aplicação da sanção administrativa – perdimento da mercadoria ou aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro da mesma – não faz qualquer distinção entre os casos em que a interposição fraudulenta é materialmente comprovada ou entre aqueles onde não há a comprovação da origem dos recursos utilizados no comércio exterior, como ocorreu no caso presente. Para que se examine se a realidade presente nos autos se enquadra no ilícito em exame há que se verificar se existe um nexo de causalidade entre a ocultação dos recursos de terceiros e seu emprego nas operações realizadas no comércio exterior, ocultação esta que pode ser presumida se comprovado que o sujeito passivo não tinha recursos suficientes para realizar tais negociações. Tal análise, por enquadrarse em um procedimento especial que vai além da obrigação acessória de o contribuinte intervir, como colaborador, nos procedimentos de investigação presididos pelo fisco, exige do fiscalizado a apresentação de provas que afastem a presunção juris tantum que milita a favor da autoridade fiscal. Podese distinguir, portanto, duas hipóteses bem delineadas: em uma, cumpre ao fisco instruir o feito com as provas que dão estribo à sua argumentação. Já na segunda hipótese, a lei cria um meio indireto de prova em favor do Estado. Neste último caso, se o contribuinte se omite, ou não satisfaz minimamente às exigências legais destinadas a demonstrar a origem lícita dos recursos necessários para suas transações internacionais, arcará com as conseqüências impostas pela lei. Solidariedade: Como dito, o Sr. Antonio Azevedo, por meio do seu representante no Brasil, o Sr. Joel Pavesi, no caso em tela, o recorrente, realiza transações comerciais por decisão 4 Op. cit., p. 168. 5 Op. cit., p. 170. Fl. 1087DF CARF MF Processo nº 10950.723159/201343 Acórdão n.º 3301003.872 S3C3T1 Fl. 1.088 17 própria, com utilização da estrutura documental de empresas nacionais com vistas à nacionalização dos bens com ocultação do real interveniente. Ficou provado que o recorrente participava do caráter fraudulento da empreitada, à qual lhe prestava suporte e tomava conhecimento, motivo pelo qual concorre diretamente para o cometimento da infração de ocultação do real interveniente, respondendo assim solidariamente pela penalidade da infração, na forma prevista no art. 95, I, do Dl nº 37/95. Assim, no caso dos autos, com base nos fatos narrados e na fundamentação acima apresentada, entendo que está caracterizada a interposição fraudulenta de terceiros e a responsabilidade solidária, estando correta a penalidade aplicada. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 1088DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.720020/2013-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.843
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente NATAL VEÍCULOS LIMITADA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 00 20 /2 01 3- 80 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10469.720020/201380 Acórdão n.º 3302003.843 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.626. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10469.720020/201380 Acórdão n.º 3302003.843 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10469.720020/201380 Acórdão n.º 3302003.843 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10469.720020/201380 Acórdão n.º 3302003.843 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10469.720020/201380 Acórdão n.º 3302003.843 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 103DF CARF MF
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Numero do processo: 10711.004853/2009-02
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 03/07/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA.EMENTA.PRELIMINAR DE NULIDADE NÃO SUSCITADA.
Caracteriza-se como extra petita a decisão que julga pedido não formulado no recurso.
Comprovado o julgamento de preliminar de nulidade não suscitada no recurso, deve ser reformado o acórdão embargado para adequar a ementa do julgado.
Numero da decisão: 3302-004.272
Decisão: Embargos Acolhidos em Parte
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado.
[assinado digitalmente]
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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decisao_txt : Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa - Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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COMEX Embargante KUEHNE+NAGEL SERVICOS LOGISTICOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 03/07/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA.EMENTA.PRELIMINAR DE NULIDADE NÃO SUSCITADA. Caracterizase como extra petita a decisão que julga pedido não formulado no recurso. Comprovado o julgamento de preliminar de nulidade não suscitada no recurso, deve ser reformado o acórdão embargado para adequar a ementa do julgado. Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 00 48 53 /2 00 9- 02 Fl. 184DF CARF MF 2 Relatório Tratamse de Embargos de Declaração opostos pela Recorrente com o objetivo de sanar supostas omissões no Acórdão nº 3803006.925, de 18 de março de 2015, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto perante este E. Conselho, com base nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 03/07/2008 PRELIMINAR DE NULIDADE FORMAL DO AUTO DE INFRAÇÃO. SUSPOSTA AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS E DE ENQUADRAMENTO LEGAL. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA.(sic). O auto de infração atende suficientemente aos requisitos previstos nos incisos III e IV do artigo 10 do Decreto 70.235/1972. Inferese ampla descrição dos fatos apontados pela fiscalização, bem como a minuciosa indicação dos dispositivos legais e normativos inerentes ao caso, inclusive, com específica menção do fundamento legal para a aplicação da multa ante o descumprimento de obrigação acessória. Cerceamento de defesa inexistente. COMÉRCIO INTERNACIONAL MARÍTIMO. REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil tanto pelo transportador quanto pelo agente de cargas em decorrência do caput e § 1º do artigo 37 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003. Advento do Controle Aduaneiro Informatizado, que moderniza os procedimentos fiscalizatórios, mediante lei específica Art.64 da Lei 10.833/2003. Norma cogente. Definição das formas de prestar as informações disciplinadas pela IN RFB 800 de 27 de dezembro de 2007, com efeitos a partir de 31 de março de 2008 (art. 52). Prazos para a prestação de informações, na forma do artigo 22 da IN RFB 800/2007 somente entrariam em vigor em 1º de janeiro de 2009, na forma do caput do art. 50 IN RFB 800/2007, posteriormente alterado pela IN RFB 899/2009, que prorrogou os prazos para 1º de abril de 2009. Expressa previsão de regra provisória, na forma do § único do art. 50 da IN RFB 800/2007), a ser observado durante o tempo de vacância do art. 22 da mesma Instrução Normativa. Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10711.004853/200902 Acórdão n.º 3302004.272 S3C3T2 Fl. 132 3 Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do art. 37 c/c o art. 107, ambos do Decreto lei 37/1966, com redação dada pela Lei 10.833/2003. Cientificada do referido acórdão, tempestivamente, apresentou embargos de declaração, em que alegou vícios de omissão em relação às seguintes matérias trazidas em sede recursal: 1) contradição e obscuridade em relação ao início do despacho aduaneiro; 2) omissão e obscuridade quanto à aplicabilidade do §3º do art. 612 do Regulamento Aduaneiro; e 3) erro de fato quanto à suposta alegação de nulidade formal. O Despacho de Admissibilidade reconheceu parcialmente os embargos de declaração opostos, apenas em relação ao julgamento extra petita referente à nulidade formal do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Dos requisitos de admissibilidade Uma vez cumpridos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos presentes embargos de declaração, para análise do alegado erro de fato. Do alegado erro de fato Assiste razão à recorrente, visto que se observa que o acórdão embargado tratou, na ementa, de uma preliminar de nulidade formal do auto de infração, não suscitada no recurso voluntário, portanto não submetida ao colegiado. Observese que por força do artigo 14 do Decreto nº 70.235, de 1972, principal norma que trata do Processo Administrativo Fiscal – PAF, no âmbito federal, a impugnação tempestiva instaura o litígio na via administrativa, ensejando por consequência a tramitação do processo na via contenciosa administrativa, cuja decisão pelos órgãos que integram o contencioso observará as regras do artigo 31 do referido ato legal: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993)(grifei). Fl. 186DF CARF MF 4 Notese que as matérias postas em litígio estão emolduradas pela impugnação apresentada, ex vi do art. 17 Decreto nº 70.235, de 1972, portanto à exceção das questões de ordem pública, os órgãos colegiados que integram a estrutura do contencioso decidem as matérias submetidas a julgamento. No caso em apreço, restou constatado que houve o julgamento de matéria não submetida ao colegiado, visto que não suscitada pelo recorrente em sua peça recursal, houve portanto o julgamento extra petita, que na dicção da doutrina especializada, consiste na decisão proferida fora dos pedidos ou autor. Pontua 1Daniel Amorim que segundo o artigo 460 do CPC, o juiz não pode conceder diferente ou a mais do que for pedido pelo autor. Tratase do princípio da congruência, também conhecido como princípio da correlação ou adstrição. Na mesma linha de raciocínio decidiu a CSRF, no acórdão nº 9303003.394, de 25/01/2016, a seguir ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 JULGAMENTO EXTRA PETITA. VEDAÇÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. CONCEITO. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO DA PROVA. Incabível o julgamento extra petita segundo a legislação que rege os processos administrativos fiscais, uma vez que cumpre ao contribuinte instruir a peça impugnatória com todos os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa, considerandose como não impugnada a parte do lançamento não expressamente contestada. Destacase a seguir os seguintes excertos do voto: A decisão administrativa que decide fora dos limites do pedido formulado pelo contribuinte não satisfaz o disposto nos art. 128 e 460 do Código de Processo Civil, Lei nº 5.869/73, que se aplicam subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, nos termos abaixo transcritos: Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendolhe defeso conhecer de questões não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Nesse sentido, a ementa do acórdão embargado, passa a ter a seguinte redação, com a exclusão da preliminar de nulidade não suscitada no recurso voluntário: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS 1 Neves, Daniel Amorim Assumpção, Manual de Direito Processual Civil, 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, pág.516. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 10711.004853/200902 Acórdão n.º 3302004.272 S3C3T2 Fl. 133 5 Data do fato gerador: 03/07/2008 COMÉRCIO INTERNACIONAL MARÍTIMO. REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil tanto pelo transportador quanto pelo agente de cargas em decorrência do caput e § 1º do artigo 37 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003. Advento do Controle Aduaneiro Informatizado, que moderniza os procedimentos fiscalizatórios, mediante lei específica Art.64 da Lei 10.833/2003. Norma cogente. Definição das formas de prestar as informações disciplinadas pela IN RFB 800 de 27 de dezembro de 2007, com efeitos a partir de 31 de março de 2008 (art. 52). Prazos para a prestação de informações, na forma do artigo 22 da IN RFB 800/2007 somente entrariam em vigor em 1º de janeiro de 2009, na forma do caput do art. 50 IN RFB 800/2007, posteriormente alterado pela IN RFB 899/2009, que prorrogou os prazos para 1º de abril de 2009. Expressa previsão de regra provisória, na forma do § único do art. 50 da IN RFB 800/2007), a ser observado durante o tempo de vacância do art. 22 da mesma Instrução Normativa. Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do art. 37 c/c o art. 107, ambos do Decreto lei 37/1966, com redação dada pela Lei 10.833/2003. Assim, por todo o exposto, voto pelo acolhimento parcial dos embargos de declaração opostos pelo embargante, para rerratificar o acórdão embargado, excluindo da ementa a preliminar de nulidade formal do auto de infração, como acima destacado. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora Fl. 188DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.005859/2002-65
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jul 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 06/09/2001
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. FUNDAMENTOS AUTÔNOMOS.
Não deve ter seguimento o recurso especial que ataca apenas um dos fundamentos da decisão recorrida, quando o outro é suficiente para manutenção do acórdão.
Numero da decisão: 9303-005.111
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Possas, que conheceram do recurso.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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NÃO CONHECIMENTO. FUNDAMENTOS AUTÔNOMOS. Não deve ter seguimento o recurso especial que ataca apenas um dos fundamentos da decisão recorrida, quando o outro é suficiente para manutenção do acórdão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Possas, que conheceram do recurso. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 58 59 /2 00 2- 65 Fl. 735DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 626 a 641) com fulcro nos artigos 67 e seguintes, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 3202000.153 (fls. 615 a 623), proferido pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 28/07/2010, no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, tendo recebido a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 06/09/2001 LAUDO PERICIAL. VALIDADE. Não se pode deixar de dar validade a laudo pericial simplesmente porque ele não foi produzido com base na amostra da mercadoria importada, mas sim com base em outra amostra da mesma mercadoria, do mesmo fabricante, inclusive porque, em contraposição ao próprio preceito contido no artigo 30 do Decreto nº 70.235/72, não admitir a validade desta prova seria ignorar a validade da chamada “prova emprestada”, ou pelo menos a validade da “prova emprestada” em favor do contribuinte. E isso, em última análise, consistiria em tratamento desigual do contribuinte em relação ao Estado, o que é vedado por força de princípios constitucionais. DIÓXIDO DE SILÍCIO. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DEFINIDA. IMPOSSIBILIDADE DE CLASSIFICAÇÃO NA POSIÇÃO 2620. O Dióxido de Silício, subproduto de um processo industrial de silício e de ligas de ferrosilício, de cor cinza e grau de purezas superior a 90%, decorrentes do processo de fabricação que não confira ao produto uma destinação específica, por ser um composto de composição química definida, por força da nota 01 do Capítulo 28, e da nota 03 do Capítulo 26, não pode ser classificado na Posição 2620. Recurso Voluntário Provido Para descrever o desenrolar deste processo, adotase o relatório da decisão recorrida, com os devidos acréscimos, in verbis: [...] Fl. 736DF CARF MF Processo nº 11128.005859/200265 Acórdão n.º 9303005.111 CSRFT3 Fl. 736 3 Cuidase de recurso voluntário interposto por ELKEM MATERIALS SOUTH AMERICA LTDA (fls. 233 a 260) contra o v. acórdão proferido pela 1ª Turma da DRJ II de São Paulo (fls. 214 a 229) que, por unanimidade de votos, declarou procedente em parte o lançamento consubstanciado no auto de infração de fls. 01 a 20. Consoante se depreende dos autos, a contribuinte importou através da Declaração de Importação nº 01/12395524, registrada em 22 de dezembro de 2001, 500.000,00 kg do produto declarado como “Dióxido de Silício – Grade 920D”, classificandoo no código NCM 2811.22.90, OUTROS DIÓXIDOS DE SILÍCIO, com a alíquota do Imposto de Importação de 4,50% e de Imposto sobre Produtos Industrializados de 0%. Foi retirada amostra do produto para efeito de análise, tendo sido produzido o Laudo Técnico nº 0348.1 (LAB 0262/GRUAFE) do LABANA (fls. 36 e 37), em que se apontou o seguinte, em resposta aos quesitos formulados às fls. 31: 1 Não se trata de Outro Dióxido de Silício de constituição química definida e isolado. Tratase de Dióxido de Silício contendo Compostos Inorgânicos à base de Ferro, um subproduto proveniente das cinzas obtidas da fabricação de ligas de FerroSilício e Silício Metálico. 2 – Tratase de um subproduto proveniente das cinzas obtidas da fabricação de ligas de FerroSilício e SilícioMetálico. (...) 5 (...) De acordo com a Literatura Técnica Específica (cópia anexa), a mercadoria é uma cinza obtida, pela captação dos fumos produzidos durante a produção de ferroliga FerroSilício e também do Silício Metálico. Na sua composição química contém vários elementos provenientes da obtenção dessas ligas, e apresentase na cor cinza, com estrutura amorfa. Desta forma, consideramos que a mercadoria encontrase de acordo com o descrito nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), capítulo 26.20. (grifos e destaques nossos) Com isso, a fiscalização rejeitou a classificação apontada pela contribuinte (código NCM 2811.22.90) e lavrou o auto de infração ora em apreço, reclassificando a mercadoria no código NCM 2620.90.90, OUTRAS CINZAS E RESÍDUOS CONTENDO METAIS OU COMPOSTOS DE METAIS, com alíquota de 6,5% para o Imposto de Importação, para a cobrança de diferença de II, multa de ofício (art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96), multa do controle administrativo (art. 526, inciso II, do Decreto nº 91.030/85), multa por classificação incorreta (artigo 84, inciso I, da Medida Provisória nº 2.158/2001) e juros moratórios. A contribuinte, então, apresentou a sua impugnação, expondo os motivos pelos quais entendia correta a manutenção da classificação apontada na DI, notadamente que os laudos periciais corroboram o entendimento que a mercadoria em questão tratase de um composto de constituição química definida, o que justifica a classificação na posição 2811. Fl. 737DF CARF MF 4 Ao final, a contribuinte requereu na sua impugnação (i) a extinção de parte do crédito tributário exigido, uma vez que uma parte do montante foi espontaneamente recolhido em razão de equívoco no cálculo da base de cálculo do imposto; (ii) o reconhecimento da improcedência total do auto de infração impugnado; e (iii) que muito embora entendesse que as provas periciais já eram suficientes para permitir a correta classificação fiscal, requeria a realização de prova pericial, indicando perito e apresentando quesitos. A ementa do v. acórdão ora recorrido é a seguinte: Assunto: Imposto sobre a Importação – II Data do fato gerador: 06/09/2001 DIOXIDO DE SILICIO – GRADE 920D O produto identificado como sendo um dióxido de silício contendo compostos inorgânicos à base de ferro, um subproduto proveniente das cinzas obtidas da fabricação de ligas de ferrosilício e silício metálico, pela aplicação das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado no. 01 e 06 deve ser classificado no código NCM 2620.90.90 – Outras Cinzas e Resíduos, conforme elementos de prova constantes dos autos, notadamente em Laudo Técnico emitido pelo LABANA. Lançamento Procedente em Parte A DRJ entendeu, em síntese, na esteira do voto do Ilustre relator, que as provas trazidas aos autos pela contribuinte, quais sejam, (i) o laudo técnico do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – Parecer Técnico no. 8.104, complementado pelo Parecer nº 61.061 e (ii) o laudo técnico do INT – Instituto Nacional de Tecnologia – Relatório Técnico nº 1.083/2002, não se prestam como elementos probantes ao caso em tela. Nesse sentido, aliás, é o seguinte excerto do voto do relator, ao tratar de todos os laudos técnicos colacionados aos autos (o do LABANA, que subsidiou a autuação, e os demais, do IPT e INT, apresentados pela contribuinte), verbis: (...) Assim, já podemos extrair algumas considerações. Da simples leitura dos quatro documentos técnicos acima citados, podemos concluir que: o Laudo No. 0348 (Lab no. 262) do LABANA foi elaborado com base na amostra do produto importado, ou seja, especificamente sobre a mercadoria objeto do litígio; o “Parecer Técnico no. 8.104” do IPT (fls. 140 e seguintes) se refere sobre uma amostra de um produto denominado “ELKEM MICROSILICA 971D”, que não se trata do produto importado, e além, disso tem como escopo a classificação fiscal de mercadoria. Como já ressaltado anteriormente, nos termos do artigo 30 do Decreto nº 70.235/72, o IPT não tem competência legal para classificar mercadorias, na esfera aduaneira; o “Relatório Técnico no. 61061” do IPT (fls. 165 e seguintes) demonstrou a simlaridade entre características das amostras dos produtos MICROSÍLICA ELKEM 940 e MICROSÍLICA ELKEM 971D, entretanto, nenhum dos dois se trata do produto importado, como já referido acima; portanto, tanto o “Parecer Técnico no. 8.104”, como o “Relatório Técnico no. 61061”, ambos do IPT, não identificaram o produto efetivamente importado pela Impugnante, ou seja, não fizeram a identificação técnica do produto “DIÓXIDO DE SILÍCIO – GRADE 920D”. Logo, não se prestam como elementos probantes ao caso em tela; Fl. 738DF CARF MF Processo nº 11128.005859/200265 Acórdão n.º 9303005.111 CSRFT3 Fl. 737 5 em relação ao “Relatório Técnico no. 1083” do INT (folhas 183 e seguintes), ressaltamos que o mesmo não foi efetuado especificamente sobre uma amostra do produto importado através da D.I. no. 01/12395524, registrada em 22/12/2001, objeto do presente litígio. A análise, como muito bem ressaltou o próprio INT, foi feita com base em amostras entregues ao laboratório pelo próprio Impugnante (que o INT chama de “cliente”). Ademais, a importação do produto “Dióxido de Silício – Grade920D” ocorreu no mês de dezembro de 2001, o Auto de Infração foi lavrado em 30/10/2002, e Relatório Técnico no. 1083 foi emitido em 08/11/2002 (período do ensaio: 23/09/02 a 05/11/02 (folha 183)), o que nos leva a inferir que a análise do IPT pode não ter sido efetuada especificamente no produto importado.; desta feita, entendo que o Relatório Técnico no. 1083 do INT também não identificou o produto efetivamente importado pela Impugnante, ou seja, não fez a identificação técnica do produto “DIÓXIDO DE SILÍCIO – GRADE 920D” importado através da D.I. no. 01/12395524, mas sim sobre uma amostra entregue pela Impugnante ao INT. . Logo, este Relatório Técnico também não se presta como elemento probante ao caso em tela. O Laudo do LABANA é peremptório ao afirmar que “não se trata de um Outro Dióxido de Silício de constituição química definida e isolada”. E mais, afirma o Laudo que “tratase de um Dióxido de Silício contendo compostos inorgânicos à base de Ferro, um subproduto proveniente das cinzas obtidas da fabricação de ligas de FerroSilício e Silício Metálico”. Portanto, já temos uma clara sinalização que o produto em comento não poderá classificarse no Capítulo 28, reservado aos produtos químicos inorgânicos, isolados ou os compostos de constituição química definida, conforme dispõe a Nota 1 do Capítulo 28, in verbis: “1. Ressalvadas as disposições em contrário, as posições do presente Capítulo compreendem apenas: a) os elementos químicos isolados ou os compostos de constituição química definida apresentados isoladamente, mesmo contendo impurezas; (...) (destaques e grifos no original) Irresignada, a contribuinte interpôs o já mencionado recurso voluntário, reiterando os termos da sua impugnação e ressaltando, preliminarmente, a validade dos laudos técnicos do IPT e do INT para fins de se dirimir a presente controvérsia. É o relatório. [...] O recurso voluntário da Contribuinte foi provido, conforme Acórdão nº 3202 000.153 (fls. 615 a 623), proferido pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 28/07/2010, ora recorrido, para considerar válidos os laudos periciais juntados aos autos e reconhecer como correta a classificação fiscal da mercadoria na posição 2811. No ensejo, a Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial de divergência (fls. 626 a 641), suscitando dissenso interpretativo quanto à validade dos laudos periciais produzidos com amostras diversas daquelas adquiridas pelo importador. Como Fl. 739DF CARF MF 6 paradigma, trouxe o acórdão nº 3202000.153. Para embasar sua pretensão, aduziu em suas razões recursais que: (a) os laudos periciais têm a finalidade de identificar a mercadoria, analisando os seus aspectos técnicos, sendo desconsiderada pela Autoridade Fiscal qualquer menção à possível classificação fiscal; (b) a classificação fiscal da mercadoria deve ser efetuada pelo contribuinte, quando do preenchimento da Declaração de Importação, e pelas autoridades fiscais de ofício, quando da revisão aduaneira do despacho de importação, devendo ser considerados os laudos apenas para identificar as mercadorias, nos termos do art. 30 do Decreto 70.235/72; (c) após discorrer sobre a sistemática da classificação fiscal das mercadorias, sustenta que o produto em exame enquadrase no código NCM 2620.90.90 outras cinzas e resíduos, conforme apontado pela Fiscalização Aduaneira no auto de infração, com base no laudo do Labana e não em outro que não se lastreou na amostra do produto importado; (i) ao final, requer o provimento do recurso especial para restabelecimento integral do auto de infração. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido na integralidade, por meio do Despacho s/nº, de 20 de abril de 2015 (fls. 651 a 654), por ter sido comprovada a divergência jurisprudencial com relação à validade do laudo pericial realizado sem amostra retirada da mercadoria importada. A Contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 350 a 354) postulando, preliminarmente, o não conhecimento, e, no mérito, a negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisarse o atendimento dos demais pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Fl. 740DF CARF MF Processo nº 11128.005859/200265 Acórdão n.º 9303005.111 CSRFT3 Fl. 738 7 Verificase da leitura do acórdão recorrido que o mesmo fundamentouse em dois pontos: (a) validade do laudo pericial produzido pelo INT com base em amostra de mercadoria idêntica à importada, inclusive da mesma marca e do mesmo fabricante; e (b) considerou como correta a classificação tarifária indicada pela Contribuinte, na posição 2811 da NCM, com base em todo o conjunto probatório trazido aos autos do processo administrativo. Ambos são fundamentos autônomos e suficientes para a manutenção da decisão recorrida. Para elucidar a assertiva, seguem trechos da fundamentação do acórdão recorrido, in verbis: [...] É de se destacar, inicialmente, para fins de se dirimir a presente questão, que a matéria controvertida, em síntese, reside em determinar se a mercadoria importada se classifica na posição 2811, adota pela contribuinte, ou na 2620, adotada pela Fiscalização. No tocante à posição 2811, mais especificamente ao Capítulo 28 da TEC, inferese que o auto de infração, bem como a r. decisão ora recorrida, partiram da premissa de que a mercadoria importada não é um composto de constituição química definida. Isso é o que o laudo do LABANA acabou por certificar e que se afigura como principal norte para determinação da posição na NCM pela r. decisão recorrida. Ocorre, no entanto, a despeito da conclusão do laudo do LABANA, que as provas coligidas aos autos pela contribuinte, no meu entendimento, foram suficientes para refutar esse entendimento. Com efeito, não há como se desconsiderar a validade das provas colacionadas, notadamente o laudo pericial produzido pelo INT, tal qual apontado pela r. decisão recorrida. Ou seja, não há como se dirimir a presente controvérsia, partindose da premissa adotada na instância a quo, de que a mercadoria não é um composto de composição química definida, desconsiderando totalmente os laudos colacionados aos autos. E isso, primeiro, no tocante ao laudo do IPT, porque no próprio adendo ao laudo, colacionado às fls. 166, ainda que não se faça menção específica à mercadoria ora em apreço, se dá a entender que todas as microsílicas teriam características tecnológicas similares. [...] Sendo um composto de constituição química definida, aplicável à espécie, por força da RGI 1, o disposto na nota 1 do Capítulo 28, que, como já destacado acima no voto condutor da DRJ, tem o seguinte teor: [...] Fl. 741DF CARF MF 8 Ou seja, considerando que tratase, no presente caso, dióxido de silício que se afigura como um composto de constituição química definida, a mercadoria deve ser classificada na posição 2811. Mais importante, a fim de se considerar o auto de infração improcedente, mister afirmar não só que a mercadoria deve ser classificada na posição 2811, mas também que ela não deve ser classificada na posição 2620. [...] Por último, a fim de afastar a classificação adotada no auto de infração, é de se destacar que a própria DRJ que prolatou a r. decisão ora recorrida, em decisões posteriores, conforme informado pela própria contribuinte (fls. 275 a 291), reconheceu o caráter de “composto de constituição química definida” da presente mercadoria, o que afasta a classificação na posição 2620 da NCM: [...] A Fazenda Nacional, no entanto, ao apresentar o recurso especial alegou divergência com relação a apenas um dos fundamentos, qual seja, a validade do laudo pericial produzido a partir de amostra idêntica da mercadoria importada e não com o próprio produto importado. Não trouxe a demonstração da divergência jurisprudencial, com indicação de acórdão paradigma, em relação à classificação fiscal da mercadoria importada. Assim, o apelo especial não deve ter seguimento. Nesse sentido, é a Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso n ão abrange todos eles.” Diante do exposto, não se conhece do recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 742DF CARF MF
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