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Numero do processo: 11052.000872/2010-69
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
DEPÓSITO JUDICIAL. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO COM MULTA DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. RESP Nº 1.140.956/SP. REPETITIVO. NÃO CONHECIMENTO. ART. 67, § 12, II, DO RICARF.
Não é possível a realização de lançamento de ofício com aplicação de penalidade, diante da consideração de não integralidade de depósito judicial. A realização do depósito configura verdadeiro lançamento por homologação, constituindo o crédito tributário e suspendendo sua exigibilidade. Assim, não há que se falar em necessidade de lançamento de ofício de importâncias depositadas.
Entendimento prolatado pelo STJ, seguindo o rito do art. 543-C do antigo CPC (recurso repetitivo), no julgamento do Recurso Especial nº 1.140.956/SP.
Recurso Especial não conhecido por força do art. 67, § 12, II, do Anexo II do RICARF/2015.
Numero da decisão: 9101-003.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Lavratura de auto de infração. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado NEXANS BRASIL S.A. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 DEPÓSITO JUDICIAL. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO COM MULTA DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. RESP Nº 1.140.956/SP. REPETITIVO. NÃO CONHECIMENTO. ART. 67, § 12, II, DO RICARF. Não é possível a realização de lançamento de ofício com aplicação de penalidade, diante da consideração de não integralidade de depósito judicial. A realização do depósito configura verdadeiro lançamento por homologação, constituindo o crédito tributário e suspendendo sua exigibilidade. Assim, não há que se falar em necessidade de lançamento de ofício de importâncias depositadas. Entendimento prolatado pelo STJ, seguindo o rito do art. 543C do antigo CPC (recurso repetitivo), no julgamento do Recurso Especial nº 1.140.956/SP. Recurso Especial não conhecido por força do art. 67, § 12, II, do Anexo II do RICARF/2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 08 72 /2 01 0- 69 Fl. 1589DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL em 30/07/2014, com fundamento no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009 (RICARF/2009), em que se alega a existência de divergência jurisprudencial acerca de matéria relacionada à lide. A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1402001.570, de 07/03/2014, por meio do qual os membros da 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF decidiram, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração com efeitos infringentes para retificar o acórdão anteriormente proferido no julgamento do recurso voluntário, em 12/02/2014, também sob o nº 1402001.570, conforme se explicará adiante. O lançamento que originou os presentes autos administrativos tem relação com a aquisição das ações da pessoa jurídica FICAP S.A. (sucedida por incorporação pelo sujeito passivo NEXANS BRASIL S.A., indicado nos autos), ainda no ano de 1998, pela empresa estrangeira METAL OVERSEAS S.A.. A aquisição se deu com ágio, uma vez que o valor pago às alienantes brasileiras foi superior ao valor patrimonial das ações transferidas. Por ser estrangeira, a METAL OVERSEAS S.A. não poderia se aproveitar do benefício tributário previsto no art. 386 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999). Assim, vislumbrou a estratégia de constituir uma pessoa jurídica nacional (FCP DO BRASIL S.A.), integralizando seu capital social com as ações que detinha da FICAP S.A.. Neste momento, o valor pelo qual as ações foram recebidas pela FCP DO BRASIL S.A. foi desdobrado no seu valor patrimonial e no ágio anteriormente pago na aquisição da participação societária na FICAP S.A.. O próximo passo foi a incorporação reversa da FCP DO BRASIL S.A. por sua então controlada FICAP S.A., o que fez com que se concentrassem na mesma pessoa jurídica o ágio contabilizado e a participação societária cuja expectativa de rentabilidade futura o teria justificado. A partir daí, a empresa FICAP S.A. passou a promover a dedução de despesas relativas à amortização do ágio contabilizado, sob o argumento de que sua situação estaria amparada pela previsão contida no art. 386 do RIR/1999 (que tem sua base legal nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997). O Fisco considerou tais deduções indevidas e lavrou autos de infração de IRPJ e CSLL contra a FICAP S.A. em relação aos fatos geradores ocorridos nos anos Fl. 1590DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 4 3 calendário de 2001 a 2005. Tais valores são objeto do processo administrativo tributário nº 18471.000656/200645. Prevendo novas autuações, a FICAP S.A. impetrou, no ano de 2006, o mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155 com o objetivo de obter autorização judicial para continuar deduzindo as despesas de amortização do ágio de seu lucro tributável. Após obter decisões judiciais desfavoráveis, a FICAP S.A. optou por realizar depósitos judiciais dos valores de IRPJ e de CSLL que entendia estarem sob discussão (diferença entre os tributos apurados sem o aproveitamento do ágio e os mesmos tributos calculados com a utilização do ágio), relativos aos anoscalendário 2006, 2007 e 2008. Novo procedimento fiscal considerou que os depósitos judiciais concernentes aos anoscalendário 2006 e 2007 eram integrais. Assim, em relação a tais períodos, a Fiscalização efetuou, em 25/10/2010, o lançamento dos valores que deixaram de ser pagos, reconhecendo a suspensão de sua exigibilidade por força do art. 151, II, do Código Tributário Nacional (CTN). Tais autos de infração deram origem ao processo administrativo nº 11052.000871/201014. Especificamente para o anocalendário 2008, a Fiscalização concluiu pela não integralidade dos depósitos judiciais efetuados pelo contribuinte. Assim, entendeu que a exigibilidade dos créditos não estaria suspensa e lançou integralmente os valores de IRPJ e CSLL apurados e não pagos, acompanhados de multa de ofício e juros de mora. De IRPJ foram lançados R$ 3.367.204,93 de tributo, R$ 2.525.403,69 de multa de ofício e R$ 514.172,19 de juros de mora. Já de CSLL foram lançados R$ 1.220.833,77 de tributo, R$ 915.625,32 de multa de ofício e R$ 186.421,31 de juros de mora. Os presentes autos tratam destes lançamentos tributários. A autuação fora integralmente mantida em sede de julgamento administrativo de primeira instância. Já no julgamento do recurso voluntário apresentado pela NEXANS BRASIL S.A., sucessora por incorporação da FICAP S.A., prevaleceu na 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF o entendimento pelo cancelamento da autuação. O acórdão proferido em 12/02/2014 foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. AFERIÇÃO INICIAL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO SUPERVENIENTE. MANUTENÇÃO DA SITUAÇÃO JURÍDICA CONSOLIDADA. Fl. 1591DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 5 4 A aferição da integralidade do depósito deve ser realizada na data de sua efetivação. A transmissão de declaração de compensação em momento posterior, utilizandose de saldo negativo em cuja composição contém tributos retidos na fonte utilizados como depósito do montante integral, não tem o condão de descaracterizar a situação jurídica consolidada decorrente do depósito no montante integral do débito, exceto se já houvesse sido proferida decisão favorável ao sujeito passivo nos processos de compensação. DEPÓSITO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DESNECESSIDADE DO LANÇAMENTO. O depósito judicial configura verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontrase constituído o crédito tributário, razão pela qual não há que se falar em necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Precedente do STJ no EREsp nº 898.992/PR. Portanto, devem ser deduzidos da exigência os valores depositados judicialmente. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase, no que couber, aos lançamentos decorrentes, quando não houver fatos ou argumentos a ensejar decisão diversa. Em linhas gerais, concluiu o Colegiado que: (i) A discussão proposta pela recorrente a respeito da dedutibilidade das despesas de amortização de ágio já era objeto de discussão judicial nos autos do mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155. Assim, renunciou o sujeito passivo à instância administrativa; (ii) A aferição da integralidade dos depósitos judiciais deve ser realizada na data de sua efetivação. Não descaracteriza a situação jurídica consolidada de integralidade do depósito o fato de o sujeito passivo ter transmitido, em momento posterior, declaração de compensação utilizandose de saldo negativo de IRPJ e CSLL em cuja apuração entraram tributos retidos na fonte e estimativas pagas antecipadamente, também utilizados no cálculo dos valores a serem depositados judicialmente. No caso concreto, o equívoco do sujeito passivo se deu no momento da entrega das declarações de compensação, que pleiteavam crédito ilíquido e incerto, e que deveriam, por isso, ser indeferidas; e (iii) O depósito judicial configura verdadeiro lançamento por homologação, constituindo o crédito tributário e tornando desnecessário o lançamento de ofício das importâncias desnecessárias. Pela conjugação de tais conclusões, decidiu a 2a Turma Ordinária da 4a Câmara pelo cancelamento integral das exigências discutidas. O i. Conselheiro Relator do acórdão restou vencido no que toca à integralidade dos depósito judiciais. No seu entendimento, o fato de a contribuinte ter transmitido, antes da data de lavratura dos autos de infração, declarações de compensação Fl. 1592DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 6 5 utilizandose do saldo negativo de IRPJ e de base negativa de CSLL referentes ao ano calendário 2008, em cujos cálculos foram considerados os valores de IRPJ e CSLL retidos em fonte e as estimativas recolhidas durante o período, fez com que os depósitos judiciais deixassem de ser integrais. Assim, no momento da efetivação do lançamento de ofício, o crédito tributário não estaria com sua exigibilidade suspensa. Formalizado o acórdão, o i. Conselheiro Relator da decisão lhe opôs embargos de declaração, alegando a existência de omissão da decisão diante do fato de que os processos relativos às declarações de compensação apresentadas pela contribuinte já terem sido objeto de análise por parte da RFB, o que resultou em sua homologação total no que toca à CSLL e praticamente total em relação ao IRPJ. Assim, alegou o embargante que a decisão anterior não poderia ser cumprida, já que apontava como premissa o indeferimento dos pedidos de compensação. Os embargos foram acolhidos com efeitos infringentes, provocando a prolação, em 07/03/2014, de novo acórdão, novamente sob a numeração 1402001.570, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONHECIMENTO PARA SANAR OMISSÃO ESPECÍFICA OU SOBRE PONTO SOBRE O QUAL DEVERIA TER SE PRONUNCIADO A TURMA. EFEITOS INFRINGENTES. Conhecese dos embargos em caso do reconhecimento de omissão do acórdão embargado. Se da análise da matéria objeto da omissão advier alteração do resultado do julgamento, reconhecese os efeitos infringentes dos embargos. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO SUPERVENIENTE. INSUFICIÊNCIA DE DEPÓSITO. A aferição da integralidade do depósito deve ser realizada não somente na data do depósito, mas também em decorrência de fatos supervenientes. Constatado que o contribuinte utilizouse de saldo negativo de IRPJ, referente a imposto de renda retido na fonte e recolhimentos de estimativas mensais, para declarações de compensações transmitidas em data posterior ao depósito, de modo que o depósito realizado não mais contempla a integralidade do crédito discutido, não subsiste a suspensão de exigibilidade do crédito, uma vez que não há mais que se falar em depósito do montante integral. DEPÓSITO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DESNECESSIDADE DO LANÇAMENTO. O depósito judicial configura verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Uma vez ocorrido o Fl. 1593DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 7 6 lançamento tácito, encontrase constituído o crédito tributário, razão pela qual não há que se falar em necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Precedente do STJ no EREsp nº 898.992/PR. Portanto, devem ser deduzidos da exigência os valores depositados judicialmente. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase, no que couber, aos lançamentos decorrentes, quando não houver fatos ou argumentos a ensejar decisão diversa. Embargos acolhidos com efeitos infringentes. Recurso voluntário parcialmente provido. Assim, com os efeitos infringentes, substituiuse a parte da decisão anterior que havia determinado o cancelamento integral do lançamento em virtude da integralidade dos depósito judiciais, pelo cancelamento parcial descrito da seguinte forma no voto do nobre Conselheiro Relator: "CONCLUSÃO Isso posto, voto por acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para dar provimento parcial ao recurso voluntário, exonerando se R$ 2.592.233,50 a título de IRPJ e R$ 1.031.621,17 de CSLL." Como mantevese a decisão, já presente no acórdão embargado, de que a realização de depósito judicial constitui o crédito tributário e torna desnecessário o lançamento de ofício, o novo Acórdão nº 1402001.570, proferido em 07/03/2014, determinou que deveriam ser canceladas as autuações objeto dos presentes autos até os limites depositados de cada tributo (valores mencionados na conclusão do voto), mantendose as exigências somente em relação aos valores que superaram tais depósitos. Os autos foram então encaminhados de forma eletrônica à PGFN em 01/07/2014, para fins de ciência do teor da decisão. A intimação pessoal do Procurador se daria, portanto, em 31/07/2014, nos termos do §3º do art. 7º da Portaria MF nº 527/2010. Antes disso, em 30/07/2014, a PGFN interpôs recurso especial insurgindose contra o Acórdão nº 1402001.570, sob a alegação de que a decisão teria dado à legislação tributária interpretação diversa da que tem sido adotada em outros processos julgados no âmbito do CARF, no que toca à possibilidade de realização de lançamento de ofício de crédito tributário objeto de depósito judicial. Em atendimento aos requisitos de admissibilidade do recurso especial previstos nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do RICARF/2009, a recorrente apontou acórdãos de turma de câmara do CARF e de câmara do extinto 1º Conselho de Contribuintes, que teriam dado ao tema debatido interpretação diversa daquela esposada pela decisão recorrida. A recorrente relata que o acórdão recorrido determinou a exoneração parcial do lançamento, reduzindo deste os valores depositados judicialmente pelo sujeito passivo, por entender que, nesta situação, o lançamento seria desnecessário. A decisão teria se fundamentado no entendimento de que a realização de depósito judicial pelo sujeito passivo Fl. 1594DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 8 7 configura lançamento por homologação e constitui o crédito tributário, o que impediria a realização de lançamento de ofício do mesmo débito. Afirma a PGFN que, ao adotar tal entendimento, a decisão recorrida teria interpretado a legislação aplicável ao caso de forma conflitante com a adotada nos Acórdãos nº 1101001.135 (proferido pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF) e nº 10707.992 (prolatado pela 7ª Câmara do extinto 1º Conselho de Contribuintes). Segundo a recorrente, as decisões apontadas como paradigmas teriam decidido que a existência de depósito judicial do crédito tributário não impede o lançamento de ofício, nem o exonera ou o torna nulo. Assim, se o depósito no montante integral não tem o condão de impedir ou anular o lançamento, também o depósito parcial, como encontrado nos presentes autos, não pode ensejar a exoneração da parte depositada do lançamento. Defendeu a Fazenda Nacional que, desta forma, o acórdão recorrido teria afrontado a jurisprudência do CARF ao exonerar parcialmente os autos de infração de IRPJ e de CSLL que, à luz dos precedentes apontados, deveriam ser mantidos. Após defender a existência de divergência jurisprudencial entre os acórdãos recorrido e paradigmas, a PGFN apresenta alegações que deveriam, sob seu ponto de vista, provocar a reforma da decisão recorrida. Em suma, argumentase que: No EREsp nº 898.992/PR, julgado do STJ indicado pelo acórdão recorrido como fundamentação de sua decisão, afirmouse que constituído o crédito tributário pelo depósito judicial, não há mais que se falar no transcurso do prazo decadencial nem na necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas, o que ensejou, naquele caso, a negativa de provimento ao recurso apresentado pelo contribuinte; Nos termos do art. 142 do CTN, o lançamento é ato administrativo de caráter vinculado e obrigatório, não podendo a autoridade fiscal eximirse de efetuálo, mesmo que existente hipótese de suspensão de exigibilidade do crédito tributário (art. 151, do CTN), sob pena de responsabilidade funcional; Caso tivesse sido feito o depósito integral do montante do crédito tributário, ainda assim não existiria vedação à atuação funcional do agente público, podendo ocorrer o lançamento para prevenir decadência (sem multa e juros), segundo art. 63 da Lei nº 9.430/1996; Deve ser mantido o lançamento quanto aos valores depositados pelo sujeito passivo, tendo em vista que não houve nulidade na constituição do crédito, nem prejuízo ao contribuinte, eis que pode haver a posterior conversão em renda da União, caso esta reste vencedora, ou o levantamento pelo contribuinte, caso este seja vencedor; Nada impede que o Fisco, com vistas a prevenir a decadência, proceda ao lançamento quando o contribuinte, antes do procedimento fiscal, busca a tutela jurisdicional para deixar de recolher, total ou parcialmente, determinado tributo, realizando os respectivos depósito judiciais integrais, conforme preceitua o art. 63 da Lei nº 9.430/1996; Esta linha de pensamento é corroborada pela jurisprudência do CARF. Fl. 1595DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 9 8 A PGFN encerra seu recurso especial com o pedido de que este seja admitido, em razão das divergências apontadas e, no mérito, provido para reformar o acórdão recorrido, restaurandose os lançamentos de IRPJ e CSLL na integralidade. Antes de ser oficialmente intimada a tomar ciência do Acórdão nº 1402 001.570 e do recurso especial apresentado pela PGFN, a contribuinte protocolou, em 27/04/2015, contrarrazões ao recurso fazendário. Assim podem ser resumidas as alegações perfiladas pela contribuinte recorrida: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se manifestou, sob a sistemática dos recursos repetitivos, no sentido de que o depósito judicial integral feito pelo contribuinte deve obstar atos de cobrança do crédito tributário. Tal manifestação ocorreu no âmbito do Recurso Especial (REsp) nº 1.140.956/SP; Naquela lide judicial, era discutida pela Fazenda Pública a suficiência dos depósitos judiciais efetuados pelo contribuinte, assim como ocorre nos presentes autos. Assim, diante do entendimento pacificado pelo STJ, sob a sistemática do art. 543C do antigo Código de Processo Civil (CPC) e do expresso reconhecimento de que a parcela cancelada da autuação foi objeto de depósito judicial realizado pela recorrida, não há, no que interessa às contrarrazões, qualquer reparo a ser feito no acórdão recorrido (por observância do art. 62A do Anexo II do RICARF/2009); A Fazenda Nacional tenta afastar a aplicação do entendimento firmado pelo STJ nos autos do REsp nº 1.140.956/SP com base no acórdão paradigma nº 1101001.135 que, teoricamente, seria igual à decisão recorrida. Contudo, o citado paradigma não trata de situação fática idêntica à analisada nestes autos, uma vez que no processo administrativo nº 16327.721065/201291, em que foi proferido o Acórdão nº 1101001.135, discutiase a validade de auto de infração lavrado com o único intuito de evitar a decadência, sem a aplicação de juros ou multa de ofício; Naquele acórdão indicado como paradigma, o CARF afastou a aplicação do entendimento contido no acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP pelo único e simples fato de que "o lançamento foi formalizado sem aplicação de penalidade e com o reconhecimento da suspensão da exigibilidade, inexistindo qualquer questionamento acerca da suficiência do depósito judicial"; Assim, o CARF confirmou que o entendimento do STJ não se aplica aos caos de lançamento de ofício para prevenção da decadência, em que sequer há aplicação de juros ou de multa de ofício. Não é o caso, obviamente, do lançamento sob discussão nos presentes autos, em que o lançamento de ofício não foi realizado para prevenção de decadência e houve a aplicação de juros à taxa SELIC e de multa de ofício de 75% do valor do débito; Ao caso debatido no presente processo, deve, portanto, ser aplicado o entendimento esposado pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, sob pena de violação ao art. 62A do Anexo II do RICARF/2009; O recurso especial da Fazenda Nacional não pode ser conhecido porque os acórdãos indicados como paradigmas tratam de conjunturas fáticas inegavelmente distintas das verificadas no caso analisado pelo acórdão recorrido, o que implicaria em inobservância dos Fl. 1596DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 10 9 requisitos de admissibilidade do recurso especial previstos no art. 67 do Anexo II do RICARF/2009; A ausência de similitude fática consistiria no seguinte: os paradigmas discutem a possibilidade de lançamento para fins de prevenção da decadência sendo que, em um dos casos, sequer foi aplicada multa de ofício; já a decisão recorrida trata de lançamento de ofício formalizado pelo fato de as autoridades tributárias terem entendido que os depósitos judiciais realizados pela contribuinte eram insuficientes e que, por isso, poderiam lavrar o auto de infração correspondente a todo o débito do anocalendário de 2008, e não somente à parcela relativa aos valores supostamente não depositados; Outro impedimento ao conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional é o fato de não ter sido apresentado, pela recorrente, o confronto analítico entre os acórdãos recorrido e paradigmas, conforme exigido pelo § 6º do art. 67 do Anexo II do RICARF/2009; A primeira Seção do STJ já manifestou seu entendimento, inclusive pela sistemática de recursos repetitivos (REsp nº 1.140.956/SP), no sentido de que o depósito judicial integral deve obstar os atos de cobrança do crédito tributário. Entre tais atos de cobrança, está o lançamento de ofício realizado com a aplicação da multa de ofício e dos juros de mora, como verificado no caso concreto dos presentes autos; Em virtude disso, o acórdão recorrido, na parte em que cancelou a parcela do auto de infração relativa aos valores que foram considerados como integralmente depositados judicialmente, não merece qualquer reparo, encontrandose em total consonância com a jurisprudência pátria de observância obrigatória pelos Conselheiros do CARF (art. 62A do Anexo II do RICARF/2009); É totalmente inconstitucional e ilegal penalizar com a cobrança de juros de mora o contribuinte que, antes do lançamento do crédito tributário, suspenda a sua exigibilidade nos termos do art. 151, II, do CTN. Tal prática nega aos contribuintes o acesso ao Poder Judiciário, o que é vedado pelo art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Além disso, nos termos do art. 396 do Código Civil, a mora só será verificada se presentes dois requisitos: a exigibilidade da obrigação e o retardamento culposo de seu cumprimento; No caso sob análise, não há que se falar em mora por parte da contribuinte no cumprimento de suas obrigações fiscais, tendo em vista que foram depositados os valores integrais de IRPJ e de CSLL nos autos do mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155; A suspensão da exigibilidade do crédito tributário consiste fundamentalmente na desconsideração da mora, por não haver qualquer omissão do contribuinte quanto ao pagamento do tributo; Na remota hipótese de não ser integralmente cancelada a autuação lavrada contra a recorrida, os juros de mora somente poderiam ser exigidos sobre a parcela em que há alegada insuficiência dos depósitos judiciais, já que sobre a parcela integralmente depositada não há que se falar em mora; Mostrase evidentemente abusiva e ilegal a aplicação de multa de ofício em casos em que o contribuinte deposita judicialmente o valor cobrado, suspendendo a exigibilidade do crédito tributário. Tal cobrança desrespeita flagrantemente alguns dos Fl. 1597DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 11 10 princípios previstos no art. 37 da Constituição Federal de 1988, entre eles os da finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade; Na remota hipótese de a autuação lavrada contra a recorrida não ser integralmente cancelada, a multa de ofício não pode ser restabelecida como pretende a Fazenda Nacional. Como foi amplamente demonstrado, não há qualquer infração a ser imputada à recorrida em razão do depósito judicial integral de valores que entende não serem devidos ao Fisco Federal; Nesse sentido, eventual multa a ser aplicada à recorrida somente poderia, na pior das hipóteses, ser calculada com base nas parcelas supostamente não depositadas em Juízo; No que diz respeito à exigência de juros de mora e da multa de ofício sobre valores depositados judicialmente, destaquese que o próprio recurso especial fazendário indica como acórdãos paradigmas decisões administrativas que entenderam serem inexigíveis as respectivas penalidades quando há depósito judicial. Assim, eventuais juros de mora e multa só poderiam ser aplicados à parcela tida como não depositada em Juízo pela recorrida, na medida em que sobre a parcela do débito depositado integralmente não existe dúvida acerca da inexistência de mora ou de infração por parte da recorrida. Por conta de tudo que expôs, a contribuinte recorrida requer que o recurso especial interposto pela PGFN não seja conhecido ou, na hipótese de seu conhecimento, que lhe seja negado provimento, mantendose a parte do acórdão recorrido que cancelou uma parcela da exigência lançada, correspondente aos valores reconhecidos como integralmente depositados nos autos do mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155, inclusive com reflexos nos juros de mora e na multa. A irresignação da Fazenda Nacional foi submetida a juízo de admissibilidade, a fim de se verificar a observância dos requisitos regimentalmente exigidos dos recursos especiais. As conclusões foram expostas em despacho de 02/06/2016, que entendeu ter sido devidamente comprovada pela recorrente a ocorrência de dissenso jurisprudencial entre os Acórdãos nº 1402001.570 (recorrido) e nº 1101001.135 e nº 10707.992 (paradigmas) no que concerne à possibilidade de lançamento de ofício frente à existência de depósito judicial. Assim, deuse seguimento ao recurso especial interposto pela PGFN. Em 08/06/2016, a contribuinte recorrida foi oficialmente intimada a tomar ciência do Acórdão nº 1402001.570, do recurso especial apresentado pela PGFN e do despacho que o admitiu, por meio de mensagem eletrônica enviada à sua Caixa Postal (Domicílio Tributário Eletrônico). Em resposta, a contribuinte reiterou, em 22/06/2016, as contrarrazões que já opusera em 27/04/2015 ao recurso especial da PGFN, acrescentando uma nova arguição preliminar de não conhecimento recursal relacionada a suposto descumprimento do requisito de admissibilidade previsto nos §§ 9º e 10 do art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015 (RICARF/2015). O recurso fazendário não poderia ser conhecido por não ter sido instruído "com cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas". Fl. 1598DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 12 11 Além da reiteração de suas contrarrazões, a contribuinte apresentou também seu próprio recurso especial, questionando a parte do Acórdão nº 1402001.570 que lhe foi desfavorável. A interposição do recurso, realizada de forma eletrônica, se deu também em 22/06/2016, dentro, portanto, do prazo legal. A contribuinte se insurge, em seu recurso, contra o entendimento exposto no Acórdão nº 1402001.570, de 07/03/2014, que, acolhendo os embargos de declaração opostos pelo i. Conselheiro Relator do primeiro Acórdão nº 1402001.570, de 14/02/2014, e atribuindo lhes efeitos infringentes, decidiu pela insuficiência dos depósitos judiciais de IRPJ e CSLL relativos ao anocalendário 2008. Na decisão que apreciou os embargos, prevaleceu a tese de que, embora os aludidos depósitos judiciais fossem integrais na data de sua realização, fatos supervenientes (pedidos de compensação, já deferidos em sua quase totalidade, que contemplavam resultados negativos de 2008 calculados a partir de tributos retidos em fonte e estimativas mensais recolhidas, também consideradas no cálculo dos valores depositados judicialmente) alteraram tal situação, o que culminou na exoneração dos lançamentos apenas até o limite dos valores depositados e a manutenção da autuação para a suposta parcela não "garantida" por depósitos. A contribuinte afirma que o momento em que deve ser aferida a integralidade de um depósito judicial é quando da sua realização, estando a situação fática e jurídica consolidada daquele momento em diante. Ao concluir que esta situação pode ser alterada por fatos supervenientes, o Acórdão nº 1402001.570, de 07/03/2014, teria entrado em divergência com os Acórdãos nº 10418.397 (proferido pela 4ª Câmara do extinto 1º Conselho de Contribuintes) e nº 3202000.567 (exarado pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF). Diante de situações semelhantes à encontrada no acórdão recorrido (discussão acerca da suficiência ou insuficiência de depósitos judiciais realizados pelos contribuintes e dos efeitos desses depósitos nos lançamentos de ofício, especialmente em relação aos juros de mora e à multa), os acórdãos indicados como paradigmas teriam, ao contrário da decisão combatida, utilizado como marco temporal para a aferição da integralidade do depósito judicial a data de realização do mesmo. Assim, restaria devidamente configurada a divergência de entendimentos capaz de dar ensejo ao conhecimento do recurso especial da contribuinte: o acórdão recorrido considerou que a integralidade do depósito deve ser analisada durante todo o curso do processo, enquanto os acórdãos paradigmas entenderam que tal análise se esgota na data de efetivação dos depósitos judiciais. Após expor os motivos pelos quais, no seu entendimento, os depósitos judiciais atinentes aos tributos apurados no anocalendário 2008 deveriam ser considerados integrais para fins de suspensão da exigibilidade dos créditos tributários discutidos nos presentes autos, a contribuinte conclui seu recurso especial requerendo seu conhecimento e provimento a fim de que: (i) se reconheça a suspensão da exigibilidade do crédito tributário exigido, nos termos do art. 151, II, do CTN, uma vez que foi realizado depósito integral nos autos do mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155; e (ii) sejam excluídos da autuação os montantes cobrados a título de multa de ofício e juros de mora, conforme decidido pelo voto vencedor do Acórdão nº 1402001.570, de 14/02/2014 e pacificado no CARF por meio de sua Súmula nº 5. Fl. 1599DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 13 12 O recurso especial interposto pela contribuinte teve sua admissibilidade analisada por despacho exarado em 16/02/2017. O aludido despacho, após verificar a observância dos requisitos regimentalmente exigidos dos recursos especiais, concluiu que os Acórdãos nº 10418.397 e nº 3202000.567, indicados pela recorrente como paradigmas, não se prestavam a comprovar a existência de divergência jurisprudencial frente ao acórdão recorrido. O despacho identificou diferenças fáticas relevantes entre os julgados, que impediam a comparação, para efeito de admissibilidade de recurso especial, da interpretação dada por eles à legislação tributária. Ponderouse que as decisões paradigmas não contemplavam fatos que foram determinantes para a tomada da decisão observada no acórdão recorrido: (i) a apresentação, pelo contribuinte, de declarações de compensação, posteriores ao depósito e anteriores ao lançamento tributário contestado, em que se utilizam créditos que estariam reservados à garantia da suspensão da exigibilidade do crédito lançado; e (ii) a decisão, em caráter definitivo, a favor das compensações pedidas, consumindo integralmente aqueles depósitos, que passaram a não ser mais integrais, para a extinção de débitos que sequer estavam sendo discutidos nos autos do acórdão recorrido. Com base em tais considerações, o Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF negou seguimento ao recurso especial apresentado pelo sujeito passivo. Intimado em 02/03/2017, por meio de acesso a mensagem eletrônica enviada à sua Caixa Postal, a respeito da negativa de seguimento de seu recurso especial, o contribuinte agravou, também de forma eletrônica, o despacho que fundamentou tal decisão. O agravo foi protocolado em 07/03/2017, tempestivamente, portanto, à luz do § 1º do art. 71 do Anexo II do RICARF/2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152/2016. No agravo, a contribuinte insistiu que os acórdãos recorrido e paradigmas discutem a mesma matéria fática e jurídica, qual seja, o momento da apuração da suficiência do depósito judicial para fins de reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, na forma do art. 151, II, do CTN. Apesar disso, as conclusões alcançadas pelos julgados foram conflitantes entre si. Não existiriam, assim, as diferenças fáticas sustentadas no despacho que negou seguimento ao recurso especial da contribuinte. Além disso, a contribuinte argumenta que o referido despacho se equivocou ao afirmar que ela teria utilizado os valores depositados judicialmente, uma vez que eles permaneceriam acautelados no mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155. Por fim, a contribuinte reafirma sua defesa pela integralidade dos aludidos depósitos judiciais. Ao final de seu agravo, a contribuinte requer a reforma do despacho e a admissão de seu recurso especial, diante da existência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os acórdãos indicados como paradigmas. O agravo foi apreciado por despacho exarado em 22/06/2017. Considerouse que a decisão pelo não seguimento ao recurso especial interposto pela contribuinte não merecia reparos, uma vez que o elemento diferenciador enfrentado pelo Acórdão nº 1402001.570, de 07/03/2014, qual seja, a utilização em pedido de compensação de parcela que deveria integrar o montante do crédito tributário sujeito a depósito, não fora em momento algum abordado pelos acórdãos trazidos como paradigmas. Com base nesta constatação, o Presidente da CSRF rejeitou o agravo manejado pela contribuinte e confirmou a negativa de seguimento ao recurso especial. Fl. 1600DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 14 13 Cumpridas todas as etapas descritas, os autos seguiram então para a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) para o julgamento do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. É o relatório. Fl. 1601DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 15 14 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator Conforme relatado, a contribuinte trouxe, nas contrarrazões que opôs ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, arguições preliminares em que defende: (i) a aplicação, ao caso concreto, do entendimento manifestado pelo STJ no acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, por força do art. 62A do Anexo II do RICARF/2009 (regra contida no art. 62, § 2º, da versão atualmente vigente do Regimento, RICARF/2015); (ii) o não conhecimento do recurso especial da PGFN por conta da inexistência de similitude fática entre os casos julgados pelo acórdão recorrido e pelos acórdãos paradigmas; (iii) o não conhecimento do recurso fazendário pela ausência de apresentação do confronto analítico entre os acórdãos recorrido e paradigmas, conforme exigido pelo § 6º do art. 67 do Anexo II do RICARF/2009; e (iv) o não conhecimento do recurso da Fazenda Nacional por descumprimento do requisito de admissibilidade previsto nos §§ 9º e 10 do art. 67 do Anexo II do RICARF/2015 (apresentação de cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou de cópia da publicação em que foram divulgados ou de cópia da publicação de até duas ementas). A última arguição preliminar de não conhecimento, descrita no item (iv), foi acrescentada pela contribuinte recorrente em 22/06/2016, por ocasião da reiteração das contrarrazões apresentadas anteriormente, em 27/04/2015. Farei uma análise das preliminares em ordem diferente à ordenação feita pelas contrarrazões, tratando inicialmente das preliminares de ordem formal e depois das de ordem material. 1) Preliminar de não conhecimento do recurso especial pela não apresentação de confronto analítico entre os acórdãos recorrido e paradigmas Defende a contribuinte recorrida que a PGFN não expôs, em seu recurso especial, o necessário confronto analítico entre os acórdãos recorrido e paradigmas, descumprindo o requisito de admissibilidade recursal residente no § 6º do art. 67 do anexo II do RICARF/2009. O requisito de admissibilidade a que se refere a contribuinte recorrida era assim previsto no Regimento Interno do CARF que vigia à época da apresentação de suas contrarrazões (RICARF/2009): Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) Fl. 1602DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 16 15 § 6° A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. (...) Com o advento da publicação do novo Regimento Interno do CARF (RICARF/2015), tal previsão regimental permaneceu inalterada, sendo apenas transferida para o § 8º do mesmo art. 67. Julgo que não procede a alegação da contribuinte recorrida. Da leitura do recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional, ficam claras as divergências jurisprudenciais arguidas. O recurso especial não se limita a transcrever as ementas dos julgados e afirmar que ali se constata uma divergência de jurisprudência administrativa. Mais do que isso, discorre sobre o entendimento adotado por cada uma das decisões, transcrevelhes os trechos relevantes e estabelece a divergência jurisprudencial arguida. Quando o § 6º do art. 67 do Anexo II do RICARF/2009 fala em demonstração analítica com a "indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido", não se está a se exigir a apresentação de tabelas comparativas ou explicativas ou ainda a transcrição individualizada de cada trecho das decisões. O que se demanda é apenas que a explanação do recorrente seja realizada de forma suficientemente detalhada, com a apresentação dos pontos controvertidos e de como o posicionamento de cada uma das decisões contrapostas caracterizaria a divergência jurisprudencial requerida regimentalmente para fins de admissibilidade do recurso especial. Este entendimento já foi manifestado pela 2ª Turma desta CSRF, por ocasião do julgamento que culminou na prolação do Acórdão nº 9202003.502: "Quanto à alegação de ausência de demonstração analítica da divergência, também não assiste razão ao Contribuinte, conforme será demonstrado na sequência. O art. 67, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nª 256, de 2009, assim estabelece: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 6° A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido.” (grifei) A leitura do trecho em destaque permite concluir que a demonstração analítica da divergência deve ser levada a cabo com a indicação, nos paradigmas, de pontos específicos de divergência em relação ao Fl. 1603DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 17 16 acórdão recorrido, isso porque um acórdão pode conter várias decisões, envolvendo diversas matérias, de sorte que o Recorrente tem de indicar os pontos sobre os quais intenta demonstrar o dissídio interpretativo. Obviamente que “indicar os pontos de divergência” não significa que tais pontos tenham de ser trazidos ao recurso em forma de transcrição de trechos do acórdão recorrido, mormente quando a questão envolve uma única matéria – decadência. Nesse passo, a Recorrente especificou claramente o ponto que desejava rediscutir – até porque só havia uma matéria decidida, qual seja, a decadência. Confirase: (...) Assim, constatase que a Recorrente logrou demonstrar com clareza qual o ponto que desejava rediscutir, mediante resumo da tese adotada no acórdão recorrido – declaração de decadência pela aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, sem que se verificasse pagamento por rubrica – e indicou perfeitamente nos paradigmas o ponto em que divergiram do recorrido. Com efeito, a exigência de demonstração dos pontos que se pretende rediscutir por meio de transcrição de trecho do acórdão recorrido extrapola a prescrição regimental, criando exigência que de forma alguma pode ser extraída do § 6º, acima. Registrese que a demonstração da divergência por meio de cotejo analítico, inclusive em forma de quadro comparativo, onde são confrontados os respectivos trechos dos acórdãos recorrido e paradigma, constitui procedimento que sem dúvida facilita a análise do recurso, mormente nos casos em que são suscitadas diversas matérias, ou quando se trata de situação complexa, em que o simples resumo da tese adotada no acórdão recorrido poderia dificultar o entendimento acerca do que foi efetivamente decidido. Entretanto, não existe comando regimental a exigir tal procedimento, sendo suficiente que, no que tange ao acórdão recorrido, o Recorrente especifique o ponto que deseja rediscutir, mediante resumo da tese adotada no julgado objeto do recurso. Exigirse mais que isso, inclusive nos casos em que o ponto do dissídio jurisprudencial é único e evidente, constitui excesso de burocracia a criar entrave ao direito ao contraditório e à ampla defesa." (negritouse) Assim, REJEITO a arguição preliminar de não conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional por conta de suposto descumprimento do requisito de admissibilidade abrigado pelo § 6º do art. 67 do Anexo II do RICARF/2009 (§ 8º do art. 67 do Anexo II do RICARF/2015) ausência de confronto analítico entre os acórdãos recorrido e paradigmas. 2) Preliminar de não conhecimento do recurso especial por vício na apresentação dos acórdãos paradigmas Conforme consta no relatório, a contribuinte recorrida apresentou suas contrarrazões ao recurso especial da PGFN originalmente em 27/04/2015, antes de ser oficialmente intimada a respeito do Acórdão nº 1402001.570 e da interposição de recurso pela Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento. Fl. 1604DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 18 17 Depois de ser devidamente intimada a respeito do teor de tais documentos, a contribuinte reiterou, em 22/06/2016, os termos de suas contrarrazões anteriormente protocoladas, acrescentando uma arguição preliminar de não conhecimento do recurso fazendário: a PGFN teria descumprido requisito de admissibilidade recursal previsto nos §§ 9º e 10 do art. 67 do Anexo II do RICARF/2015 ao não apresentar cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou cópia da publicação em que foram divulgados ou ainda cópia da publicação de até duas ementas. Novamente carece de razão a alegação da contrarrazoante. A respeito do procedimento de instrução do recurso especial, no que toca aos acórdãos paradigmas indicados, preceitua o art. 67 do Anexo II do RICARF/2015: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 9º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. § 10. Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União. § 11. As ementas referidas no § 9º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. § 11. As ementas referidas no § 9º poderão, alternativamente, ser reproduzidas, na sua integralidade, no corpo do recurso, admitindose ainda a reprodução parcial da ementa desde que o trecho omitido não altere a interpretação ou o alcance do trecho reproduzido. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) (...) Observese que, embora o requisito citado pela contribuinte recorrida efetivamente exista no § 9º do artigo transcrito, o § 11 do mesmo dispositivo, na redação que vigia à época da ratificação das contrarrazões pela contribuinte, admitia a reprodução da íntegra das ementas dos acórdãos paradigmas, como alternativa à apresentação de cópia do inteiro teor das decisões ou de cópia da publicação onde foram divulgadas ou ainda de cópia da publicação das ementas. O recurso especial apresentado pela PGFN trouxe a transcrição da íntegra das ementas dos Acórdãos nº 1101001.135 e nº 10707.992, apontados como paradigmas, de forma que se cumpriu plenamente a exigência vigente à época. Assim, REJEITO a arguição preliminar de não conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional por conta de suposto descumprimento do requisito de admissibilidade previsto nos §§ 9º e 10 do art. 67 do Anexo II do RICARF/2009 (não Fl. 1605DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 19 18 apresentação de cópia do inteiro teor das decisões paradigmas ou de cópia da publicação onde foram divulgadas ou ainda cópia da publicação das ementas). 3) Preliminar de não conhecimento do recurso especial em razão da inexistência de similitude fática entre os casos julgados pelos acórdãos recorrido e paradigmas A recorrida defende ser impossível o conhecimento do recuso especial da Fazenda Nacional em razão de os Acórdãos nº 1101001.135 e nº 10707.992, apontados como paradigmas, tratarem de situações fáticas completamente diferentes daquela analisada pela decisão recorrida. A distinção fática apontada nas contrarrazões da contribuinte diz respeito ao fato de as decisões paradigmas discutirem a possibilidade de realização de lançamento de ofício para fins de prevenção da decadência, sendo que em um dos casos sequer foi aplicada multa de ofício ao contribuinte. Tal circunstância não é encontrada no caso julgado pelo acórdão recorrido, em que as autoridades tributárias realizaram o lançamento de ofício por terem considerado que os depósitos judiciais realizados pela contribuinte eram insuficientes, o que possibilitaria, no seu entendimento, a lavratura de auto de infração correspondente a todo o débito do anocalendário de 2008, e não somente à parcela não depositada. Assim, argumenta a contribuinte recorrida que as distinções fáticas existentes entre as decisões impossibilita a comparação entre as conclusões alcançadas por cada uma delas. A cognição do recurso especial demanda a presença de antagonismo de conclusões acerca da aplicação do direito sobre os mesmos fatos, situação não verificada no recurso sob análise. Portanto, por descumprimento de requisito de admissibilidade previsto no art. 67 do Anexo II do RICARF/2009 (que basicamente foi mantido no art. 67 do Anexo II do RICARF/2015), o recurso especial da Fazenda Nacional não poderia ser conhecido. Inicialmente, cabenos rememorar a situação fática sobre a qual se debruça o Acórdão nº 1402001.570, ora recorrido. A Fiscalização lavrou autos de infração em face do sujeito passivo, sucessor por incorporação da empresa FICAP S.A., por entender que esta empresa teria deixado de recolher/compensar a integralidade de IRPJ e CSLL devidos em relação ao anocalendário 2008. O recolhimento insuficiente deveuse, segundo a contribuinte, à existência de depósitos judiciais associados ao mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155, em que se discutia a possibilidade de aproveitamento tributário de ágio gerado em operações societárias que envolveram a empresa sucedida. A existência de tais depósitos judiciais suspenderia a exigibilidade dos correspondentes créditos tributários, nos termos do art. 151, II, do CTN. Em relação aos anoscalendário 2006 e 2007, a Fiscalização aferiu a integralidade dos depósitos judiciais realizados pela contribuinte e realizou os lançamentos de ofício com o declarado objetivo de prevenção da decadência, reconhecendo a suspensão da exigibilidade dos créditos recémconstituídos e se abstendo de imputar multa de ofício ou juros de mora à contribuinte. Já no que toca ao anocalendário 2008, tratado no presente processo administrativo, a Fiscalização considerou não integrais os depósitos realizados pela contribuinte por conta de uma situação peculiar. Fl. 1606DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 20 19 Para chegar ao valor que deveria ser depositado, a contribuinte utilizou no cálculo o imposto de renda retido na fonte e as antecipações obrigatórias recolhidas no ano de 2008, deduzindo tais valores do total apurado para aquele período. Após realizados os depósitos judiciais e antes da lavratura do auto de infração, a contribuinte requereu o aproveitamento dos mesmos "créditos" mediante a transmissão de duas declarações de compensação, que foram homologadas praticamente em sua integralidade. Tal fato levou a Fiscalização a recalcular o valor que os depósitos judiciais relacionados ao anocalendário 2008 deveriam ter e a concluir por sua insuficiência. Diante deste quadro, considerouse que a contribuinte não estaria amparada pela suspensão de exigibilidade prevista no inciso II do art. 151 do CTN e foram lavados autos de infração cobrando a integralidade do IRPJ e da CSLL devidos naquele período de apuração, juntamente com multa de ofício e juros de mora. Este cenário levou à discussão jurídica que se desenrolou ao longo do contencioso administrativo, em que foram debatidos aspectos como o momento correto para aferição da integralidade do depósito judicial, a possibilidade de lançamento de ofício relacionado a crédito tributário objeto de depósito judicial e o cabimento da aplicação de multa de ofício e juros de mora. A Fazenda Nacional combate, em seu recurso especial, a parte da decisão que entendeu que a realização do depósito judicial constituiria o crédito tributário e tornaria desnecessária (ou mesmo impediria) a realização de lançamento de ofício que trate do mesmo débito. Tal entendimento é resumido na seguinte passagem da ementa do acórdão recorrido: DEPÓSITO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DESNECESSIDADE DO LANÇAMENTO. O depósito judicial configura verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontrase constituído o crédito tributário, razão pela qual não há que se falar em necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Precedente do STJ no EREsp nº 898.992/PR. Portanto, devem ser deduzidos da exigência os valores depositados judicialmente. Pois bem. Para que se analise a procedência das alegações de inexistência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, o próximo passo é a verificação dos contextos fáticos enfrentados pelos Acórdãos nº 1101001.135 e nº 10707.992 e de seus reflexos na discussão jurídica ali desenvolvida. Do primeiro paradigma apontado pela Fazenda Nacional (Acórdão nº 1101 001.135), podem ser extraídas as seguintes passagens de interesse: "Ementa (...) ARGÜIÇÃO DE NULIDADE. Embora desnecessário, não é nulo o lançamento que tem por objeto crédito tributário depositado judicialmente. (...) Fl. 1607DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 21 20 "Relatório (...) Consta da decisão recorrida o seguinte relato: (...) Para prevenir a decadência, foi lavrado o Auto de Infração de CSLL, de fls. 43/44, no valor de R$ 48.107.144,85, referente ao fato gerador ocorrido em 31/12/2008, incluindo os juros de mora calculados até 09/2012. O crédito tributário foi lançado com exigibilidade suspensa e não foi aplicada a multa de ofício, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/96. A ciência da autuação ocorreu em 18/09/2012. (...) Voto (...) "A recorrente invoca a observância do art. 62A do RICARF em razão da manifestação do Superior Tribunal de Justiça assim consolidada na ementa do Recurso Especial nº 1.140.956SP: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. AÇÃO ANTIEXACIONAL ANTERIOR À EXECUÇÃO FISCAL. DEPÓSITO INTEGRAL DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 151, II, DO CTN). ÓBICE À PROPOSITURA DA EXECUÇÃO FISCAL, QUE, ACASO AJUIZADA, DEVERÁ SER EXTINTA. 1. O depósito do montante integral do débito, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário, impedindo o ajuizamento da execução fiscal por parte da Fazenda Pública. (...) 2. É que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração. 3. O processo de cobrança do crédito tributário encarta as seguintes etapas, visando ao efetivo recebimento do referido crédito: a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa: exigibilidadeautuação; b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidadeinscrição; c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidadeexecução. 4. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação Fl. 1608DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 22 21 jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. 5. A improcedência da ação antiexacional (precedida do depósito do montante integral) acarreta a conversão do depósito em renda em favor da Fazenda Pública, extinguindo o crédito tributário, consoante o comando do art. 156, VI, do CTN, na esteira dos ensinamentos de abalizada doutrina, verbis: "Depois da constituição definitiva do crédito, o depósito, quer tenha sido prévio ou posterior, tem o mérito de impedir a propositura da ação de cobrança, vale dizer, da execução fiscal, porquanto fica suspensa a exigibilidade do crédito. (...) Ao promover a ação anulatória de lançamento, ou a declaratória de inexistência de relação tributária, ou mesmo o mandado de segurança, o autor fará a prova do depósito e pedirá ao Juiz que mande cientificar a Fazenda Pública, para os fins do art. 151, II, do Código Tributário Nacional. Se pretender a suspensão da exigibilidade antes da propositura da ação, poderá fazer o depósito e, em seguida, juntando o respectivo comprovante, pedir ao Juiz que mande notificar a Fazenda Pública. Terá então o prazo de 30 dias para promover a ação. Julgada a ação procedente, o depósito deve ser devolvido ao contribuinte, e se improcedente, convertido em renda da Fazenda Pública, desde que a sentença de mérito tenha transitado em julgado" (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27ª ed., p. 205/206). 6. In casu, o Tribunal a quo, ao conceder a liminar pleiteada no bojo do presente agravo de instrumento, consignou a integralidade do depósito efetuado, às fls. 77/78: "A verossimilhança do pedido é manifesta, pois houve o depósito dos valores reclamados em execução, o que acarreta a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, de forma que concedo a liminar pleiteada para o fim de suspender a execução até o julgamento do mandado de segurança ou julgamento deste pela Turma Julgadora." 7. A ocorrência do depósito integral do montante devido restou ratificada no aresto recorrido, consoante dessumese do seguinte excerto do voto condutor, in verbis: "O depósito do valor do débito impede o ajuizamento de ação executiva até o trânsito em julgado da ação. Consta que foi efetuado o depósito nos autos do Mandado de Segurança impetrado pela agravante, o qual encontrase em andamento, de forma que a exigibilidade do tributo permanece suspensa até solução definitiva. Fl. 1609DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 23 22 Assim sendo, a Municipalidade não está autorizada a proceder à cobrança de tributo cuja legalidade está sendo discutida judicialmente." 8. In casu, o Município recorrente alegou violação do art. 151, II, do CTN, ao argumento de que o depósito efetuado não seria integral, posto não coincidir com o valor constante da CDA, por isso que inapto a garantir a execução, determinar sua suspensão ou extinção, tese insindicável pelo STJ, mercê de a questão remanescer quanto aos efeitos do depósito servirem à fixação da tese repetitiva. 9. Destarte, ante a ocorrência do depósito do montante integral do débito exequendo, no bojo de ação antiexacional proposta em momento anterior ao ajuizamento da execução, a extinção do executivo fiscal é medida que se impõe, porquanto suspensa a exigibilidade do referido crédito tributário. 10. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Porém, observase que a discussão, naqueles autos, tinha em conta execução fiscal promovida em face de sujeito passivo que promovera depósito judicial classificado como insuficiente pela Municipalidade e, assim, inábil a suspender a exigibilidade do crédito tributário. Aqui, o lançamento foi formalizado sem aplicação de penalidade e com o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, inexistindo qualquer questionamento acerca da suficiência do depósito judicial. Por sua vez, o voto condutor do julgado antes mencionado principia observando que: Entrementes, dentre os multifários recursos especiais relacionados à questão da impossibilidade de ajuizamento de executivo fiscal, ante a existência de ação antiexacional conjugada ao depósito do crédito tributário, grande parte referese à discussão acerca da integralidade do depósito efetuado ou da existência do mesmo, razão pela qual impõese o julgamento da controvérsia pelo rito previsto no art. 543C, do CPC, cujo escopo precípuo é a uniformização da jurisprudência e a celeridade processual. (destaques do original) Sob esta ótica, o Superior Tribunal de Justiça manifestouse acerca da implementação da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão de depósito judicial, asseverando que sua implementação, quando integral, impede “atos de cobrança”, dentre os quais inseriu a “lavratura do auto de infração e aplicação de multa”, sem apreciar a possibilidade de lançamento sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade. É nesse contexto específico que exsurge o impedimento à lavratura do auto de infração em face de depósito judicial integral do tributo. No mais, o Superior Tribunal de Justiça teve em conta apenas a extinção do crédito tributário em razão da conversão do depósito em renda da Fazenda Pública, bem como a suficiência do depósito judicial no caso concreto em análise, determinando a extinção da execução fiscal em curso. Fl. 1610DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 24 23 Concluise, do exposto, que o Superior Tribunal de Justiça não decidiu, no rito do art. 543C, acerca da impossibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, de tributo depositado judicialmente. Por tais razões, deve ser REJEITADO o pedido de vinculação ao julgado antes referido, por força do art. 62A do RICARF. Quanto à desnecessidade de lançamento frente a depósito integral do crédito tributário, de fato, a jurisprudência firmouse neste sentido, mas sempre em face de discussões em torno da decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário, e eventual possibilidade de levantamento dos valores depositados ainda que o sujeito passivo não tivesse sucesso no pleito judicial, caso não formalizado o lançamento no prazo legal. A título de exemplo, citese a ementa resultante da apreciação de Embargos de Divergência em REsp nº 671.773RJ, datada de 23/06/2010: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS. 1990. PRAZO DECADENCIAL PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL. DEPÓSITO JUDICIAL. DISPENSA DO ATO FORMAL DE LANÇAMENTO.PRECEDENTES. 1. O depósito judicial do tributo questionado torna dispensável o ato formal de lançamento por parte do Fisco (REsp 901052/SP, 1ª S., Min. Castro Meira, DJ de 03.03.2008; EREsp 464343/DF, 1ª S., Min. José Delgado, DJ 29.10.2007; AGREsp 969579/ SP, 2ª T.,Min. Castro Meira, DJ 31.10.2007; REsp 757311 / SC, 1ª T., Min. Luiz Fux, DJ 18.06.2008). 2. Embargos de divergência a que se dá provimento. Frente a este contexto, não é lícito concluir que, embora desnecessário, seja nulo ou improcedente o lançamento formalizado em face de depósito integral do crédito tributário. Não há notícia de decisão judicial impedindo a formalização do lançamento, a autoridade lançadora era competente, o ato reúne os requisitos expressos no art. 10 do Decreto nº 70.235/72 e veicula crédito tributário ainda não extinto. Em verdade, nulidade somente se verificaria se o art. 142 do CTN fosse interpretado a contrario sensu, de modo a concluir que a vinculação ali expressa não autoriza lançamentos desnecessários. Todavia, este não foi o objetivo do legislador, que fez uso da expressão “vinculado” apenas para afastar a discricionariedade do agente fiscal, e não para impedir atuações que pudessem ser dispensáveis." (grifouse) Percebese que o contexto fático analisado pelo Acórdão nº 1101001.135 tem algumas semelhanças com aquele esquadrinhado pela decisão recorrida. Em ambos os casos, os contribuintes entendiam que a exigibilidade de seu crédito tributário estaria suspensa por conta da existência de depósito judicial. Também nos dois casos, a autoridade imputou aos contribuintes a incidência de juros de mora sobre o total lançado. As semelhanças, todavia, encerramse aí. O lançamento de oficio encontrado nos autos em que foi proferido o Acórdão nº 1101001.135 se distancia bastante do discutido nos presentes autos. Naquele processo, a Fl. 1611DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 25 24 autoridade tributária lavrou o auto de infração com a explícita motivação de prevenir a decadência tributária, reconhecendo expressamente a suspensão da exigibilidade dos créditos, por força do art. 151, II, do CTN, e se abstendo de aplicar penalidade (multa de ofício) ao contribuinte. Já no presente processo, a Fiscalização lavrou os autos de infração considerando que inexistia suspensão de exigibilidade, uma vez que os depósitos judiciais indicados pela contribuinte foram considerados insuficientes. Assim, em momento algum foi feita menção a um eventual propósito de prevenção de decadência. Tampouco se absteve a autoridade tributária de imputar penalidade à contribuinte, aplicandolhe multa de ofício correspondente a 75% do crédito principal constituído. Observase, portanto, que os contextos fáticos contrapostos são bastante distintos. E o próprio Acórdão nº 1101001.135 explicita de que maneira tais distinções fáticas implicam em tratamentos tributários diversos. A i. Conselheira Relatora daquele julgado, refutando alegação do sujeito passivo que pretendia ver aplicado ao seu caso a inteligência do art. 62A do Anexo II do RICARF/2009 (vinculação dos conselheiros do CARF às decisões proferidas pelo STJ no rito do art. 543C do antigo CPC), analisou o alcance do acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, proferido por aquela Corte Superior. Conforme se pode verificar nos trechos retrotranscritos, o voto condutor do Acórdão nº 1101001.135, reproduzindo passagens do acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, conclui que o Egrégio STJ somente apreciou, naquela ocasião, hipóteses em que o sujeito ativo promove o lançamento de crédito tributário acompanhado de penalidade, em razão de entender, no momento do lançamento, pela não integralidade dos depósito judiciais por meio dos quais o sujeito passivo pretendeu suspender a exigibilidade do crédito tributário, valendose da previsão legal do inciso II do art. 151 do CTN. Prossegue a nobre Conselheira Relatora afirmando que não estão contempladas na manifestação exarada pelo STJ hipóteses em que a Fiscalização reconhece no auto de infração a suspensão da exigibilidade dos créditos constituídos e realiza o lançamento sem a imputação de penalidade alguma, com o propósito de prevenção da decadência. Assim, concluise que o próprio acórdão paradigma indicado pela recorrente é claro ao afirmar que o entendimento ali exposto (o lançamento de ofício relativo a crédito já depositado judicialmente, embora desnecessário, não é nulo) não se aplica a hipóteses como a encontrada nos presentes autos, em que a autoridade tributária realiza lançamento de ofício com aplicação de penalidade por não reconhecer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão da insuficiência dos depósitos judiciais. A estas hipóteses, segundo o acórdão paradigma, deve ser aplicado o entendimento fixado pelo STJ no acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP. Sendo assim, no que concerne ao Acórdão nº 1101001.135, julgo procedente a arguição da contribuinte recorrida de que inexiste similitude fática com o acórdão recorrido que possa provocar a configuração de divergência jurisprudencial necessária ao conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional, conforme exige o art. 67 do Anexo II do RICARF/2015. Fl. 1612DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 26 25 Resta examinar a segunda decisão paradigma indicada pela Fazenda Nacional: Acórdão nº 10707.992. Desta decisão, depreendemse os seguintes trechos relevantes para a verificação em curso: "EMENTA (...) SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE ,DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. O depósito judicial do montante integral do crédito tributário, nos termos do inciso II do art. 151 do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas, não impede a formalização do lançamento para prevenção de decadência. (...) RELATÓRIO I DA AUTUAÇÃO (...) Exigese a CSLL dos períodos de apuração de 09/97, 10/97, 11/97 e 12/97, e respectivos juros de mora e multa de ofício de 75%. (...) III DO ACÓRDÃO DA DRJ (...) Foi exonerada a multa de oficio de acordo com o Parecer COSIT n° 2/99, em razão de ter sido comprovado o depósito judicial no montante integral, vinculado ao processo judicial n° 94.178484. Entendeu a Turma Julgadora que a exigência do crédito tributário, para o período da autuação, estava suspensa, nos termos do art. 151, inciso II, do CTN, ainda que essa situação não fosse revelada no lançamento. Entretanto, esse fato não impede que a autoridade lançadora efetue o lançamento, para prevenir a decadência. Cita o Parecer PGFN/CRJN n° 1.064/93 (...) VOTO (...) Tratase de lançamento oriundo de revisão da DCTF dos períodos de apuração de 09 a 12/97. Do total declarado de CSLL, parte do valor foi vinculado ao número de processo judicial 94.178484, com exigibilidade suspensa. Consta às fls. 46 e 47, no demonstrativo dos créditos vinculados não confirmados a ocorrência de "processo judicial não comprovado". A contribuinte efetuou depósitos judiciais no montante integral do valor do débito, que está sendo exigido no auto de infração, dentro do prazo do vencimento legal. A ação judicial recebeu o n° 94.00178484. Fl. 1613DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 27 26 Como se percebe há uma diferença entre o número que consta na DCTF e o número do processo, o que gerou o não reconhecimento eletrônico do processo judicial. (...) Quanto ao mérito, a contribuinte cita o art. 62 do Decreto nº 70.235/72 para justificar que uma vez suspensa, a exigibilidade do crédito tributário, não poderia ser lavrado o auto de infração. O fato da contribuinte estar amparada por depósito do montante integral, não impede que seja efetuado o lançamento, para prevenir a decadência. O art. 62 do Decreto 70.235/72 mencionado pela recorrente, ajuda a esclarecer esse questionamento. Transcrevoo a seguir: "Art. 62. Durante a vigência de medida judicial que determinar a suspensão da cobrança do tributo não será instaurado procedimento fiscal contra o sujeito passivo favorecido pela decisão, relativamente à matéria sobre que versar a ordem de suspensão". Parágrafo Único. Se a medida referirse à matéria objeto de processo fiscal, o curso deste não será suspenso exceto quanto aos atos executórios". O disposto no art. 62, e em seu parágrafo único referese à impossibilidade de se cobrar crédito tributário na vigência de medida judicial que determinar a suspensão da cobrança, e não ao impedimento do lançamento. A atividade de lançamento é vinculada e obrigatória conforme parágrafo único do art. 142 do CTN. No caso em apreciação, não se trata de suspensão da exigibilidade do crédito tributário por existência de medida judicial, mas sim, por força do inciso II do art. 151 do CTN, por terem sido realizados os depósitos integrais do montante devido da CSLL. Ocorre, que não constou essa informação no auto de infração. Logo, quando da ciência da decisão do recurso voluntário, não poderá a autoridade preparadora cobrar o crédito tributário, se a condição de suspensão permanecer. Deve ser observado que a autoridade preparadora quando da ciência do julgado de primeira instância, não cobrou o crédito tributário, conforme se observa do doc. de fls. 100. Apenas encaminhou uma via do acórdão da DRJ para a contribuinte e observou que a exigibilidade se encontrava suspensa em razão do depósito judicial, com exoneração da multa de oficio. Portanto, o lançamento da CSLL deve ser mantido apenas para prevenir a decadência. Se a decisão for favorável ao contribuinte haverá o levantamento do depósito judicial e se favorável à União será convertido o depósito em renda da União e o processo administrativo será arquivado. (...) (grifouse) Fl. 1614DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 28 27 A situação fática enfrentada no julgamento que resultou no proferimento do Acórdão nº 10707.992 foi, portanto, a seguinte: em procedimento de revisão de DCTF, verificouse que alguns débitos de CSLL (09 a 12/1997) tinham sido declarados com exigibilidade suspensa por estarem vinculados a ação judicial. Como o número especificado da ação judicial não foi identificado, a autoridade fiscal considerou não estar configurada hipótese de suspensão de exigibilidade e realizou o lançamento acompanhado de multa de ofício e juros de mora. A cobrança da multa de ofício foi exonerada ainda na primeira instância administrativa. Já a decisão de segunda instância, consubstanciada no acórdão indicado como paradigma, foi no sentido de que, embora tenha sido posteriormente identificado depósito judicial integral apto a suspender a exigibilidade do crédito tributário, tal fato não obstava a realização do lançamento para prevenção de decadência ou obrigava o seu cancelamento ou a declaração de sua nulidade. Vislumbro contextos fáticos bem similares descritos no acórdão paradigma e na decisão recorrida. Nos dois casos, o lançamento de ofício foi realizado pela autoridade tributária com base no entendimento de que a exigibilidade do crédito não estaria suspensa, quer seja pela inexistência da ação judicial indicada na DCTF (acórdão paradigma), quer seja pela insuficiência de depósitos judiciais identificados (acórdão recorrido). Não tendo sido identificada causa de suspensão de exigibilidade do crédito, em nenhum dos autos de infração foi mencionado que o respectivo lançamento teria o objetivo de prevenir a decadência tributária. Tal fato não impediu o Acórdão nº 10707.992 de concluir que o lançamento realizado naqueles moldes se prestaria à prevenção da decadência e que não existiria fundamento legal para que ele não pudesse ter ocorrido ou devesse ser cancelado por ocasião do julgamento do recurso voluntário do contribuinte. Mais do que isso, a decisão menciona que a atividade de lançamento exercida pela autoridade tributária é vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142 do CTN. De forma contrária, o acórdão recorrido decidiu que o lançamento, quanto à sua parte "garantida" pelo depósito judicial realizado pela contribuinte, não poderia ter sido realizado, uma vez que a realização dos depósitos configuraria verdadeiro lançamento por homologação, constituindo os créditos tributários e impossibilitando o lançamento de ofício dos mesmos débitos, em razão de sua desnecessidade. Diante do exposto, considero que a diversidade de entendimentos jurídicos encontrados nos Acórdãos nº 1402001.570 (recorrido) e nº 10707.992 (segundo paradigma indicado pela PGFN) não se deve à ausência de similitude fática entre os casos analisados, mas sim à verdadeira divergência de interpretação da legislação aplicável ao tema. Assim, REJEITO esta arguição preliminar. 4) Preliminar de não conhecimento do recurso especial por aplicação, ao caso concreto, do entendimento manifestado pelo STJ no acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, por força do art. 62A do Anexo II do RICARF/2009 (regra contida no art. 62, § 2º, da versão atualmente vigente do Regimento, RICARF/2015) Quanto à possibilidade de lançamento de ofício de créditos já depositados judicialmente, meu posicionamento pessoal é pela inexistência de impedimento à lavratura de Fl. 1615DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 29 28 auto de infração relativo a obrigação tributária que já seja objeto de depósito vinculado a uma demanda judicial. Entendo que a autoridade tributária tem entre suas atribuições a atividade administrativa de lançamento, que, nos termos do parágrafo único do art. 142 do CTN, é vinculada e obrigatória. In verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Identificando, portanto, a ocorrência de fato gerador de obrigação tributária, aquela autoridade tem como dever funcional a realização do lançamento tributário, que se completa com as etapas de determinação da matéria tributável, cálculo do montante devido, identificação do sujeito passivo e aplicação da penalidade cabível, se for o caso. O dispositivo é expresso ao definir a atividade administrativa de lançamento como vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, não trazendo qualquer previsão de tratamento diferenciado para hipóteses de crédito com exigibilidade suspensa nos termos do art. 151 do CTN. Na hipótese de existência de depósito judicial relacionado à obrigação identificada pela autoridade tributária, poderseia discutir a necessidade de realização do lançamento. Isso porque existe a tese, abraçada inclusive pelo acórdão recorrido, de que a efetivação de tal depósito seria análoga ao pagamento antecipado do tributo pelo sujeito passivo, figura encontrada na sistemática adotada para os tributos submetidos ao lançamento por homologação. Os defensores de tal tese entendem que o depósito judicial seria suficiente para a constituição do crédito tributário (sujeita à posterior homologação do sujeito ativo), sendo desnecessária a realização de lançamento de ofício pela autoridade tributária. Tal entendimento, todavia, não leva, a meu ver, à conclusão de que os lançamentos de ofício realizados neste contexto sejam nulos ou passíveis de cancelamento. O Decreto nº 70.235/1972 trata da seguinte forma as hipóteses de nulidade no processo administrativo tributário: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Lançamentos de ofício como o praticado nos presentes autos não se enquadram em nenhuma das situações de nulidade prescritas. O auto de infração foi lavrado por autoridade competente (AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil) e não houve qualquer Fl. 1616DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 30 29 preterição de direito de defesa. Após a formalização do lançamento, o contribuinte pôde exercer plenamente seu direito de defesa assegurado por lei, impugnando o auto de infração e provocando o contencioso administrativo, que inclusive nos trouxe até a presente fase de julgamento de recurso especial. Os requisitos formais dos autos de infração, cujo descumprimento poderia, em tese e em último caso (impossibilidade de saneamento), levar a uma declaração de sua nulidade, são objeto do art. 10 do mesmo Decreto nº 70.235/1972: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O auto de infração que originou os presentes autos cumpriu rigorosamente todas as formalidades que dele são exigidas, não se podendo cogitar de sua nulidade em razão de alguma mácula neste sentido. Sendo assim, a princípio, não identifico qualquer vício ou irregularidade que pudesse provocar a nulidade do lançamento realizado. A autuação, embora possa ser considerada desnecessária por alguns, se deu de forma completamente regular. Acrescentese que a realização do lançamento de ofício ou sua manutenção não acarretariam qualquer prejuízo para a contribuinte, uma vez que a parte do crédito tributário constituído que está amparada por depósitos judiciais não lhe seria exigida até o trânsito em julgado do mandado de segurança nº 2006.51.01.4903155. Embora seja este meu posicionamento pessoal, no caso sob julgamento sou obrigado a me curvar a entendimento diverso, por força do § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF/2015 ("As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo (...) Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. (...) 543C da Lei nº 5.869, de 1973 (...) deverão ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF"). A 2ª Turma da CSRF teve recentemente a oportunidade de deliberar a respeito do alcance do acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP. Dispôs a respeito do assunto o voto condutor do Acórdão nº 9202004.303, utilizando como parâmetro o Acórdão nº 1101001.135, coincidentemente um dos paradigmas indicados pela Fazenda Nacional: "A esse respeito, o Contribuinte alega a existência de decisão do Superior Tribunal de Justiça, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil, que vincularia os Conselheiros de CARF, conforme o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF. Tratase do Recurso Especial Fl. 1617DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 31 30 1.140.956SP, que no entender desta Conselheira de forma alguma autoriza a conclusão de que deveriam ser declarados nulos os Autos de Infração lavrados em presença de depósito do montante integral do débito. Assim, embora não seja imprescindível a lavratura de Auto de Infração nos casos em que haja depósito do montante integral do crédito tributário, não há base legal para que os lançamentos efetuados nessas condições sejam considerados nulos ou sejam cancelados. Nesse sentido, trago à colação e aqui incluo em minhas razões de decidir o voto proferido pela Ilustre Conselheira Edeli Pereira Bessa, no Acórdão nº 1101001.135, de 05/06/2014, que analisou o Recurso Especial 1.140.956SP, citado pelo Contribuinte em seu apelo, concluindo que o efeito repetitivo não contempla a tese esposada pelo Contribuinte: "A recorrente invoca a observância do art. 62A do RICARF em razão da manifestação do Superior Tribunal de Justiça assim consolidada na ementa do Recurso Especial nº 1.140.956SP: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. AÇÃO ANTIEXACIONAL ANTERIOR À EXECUÇÃO FISCAL. DEPÓSITO INTEGRAL DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 151, II, DO CTN). ÓBICE À PROPOSITURA DA EXECUÇÃO FISCAL, QUE, ACASO AJUIZADA, DEVERÁ SER EXTINTA. 1. O depósito do montante integral do débito, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário, impedindo o ajuizamento da execução fiscal por parte da Fazenda Pública. (...) 2. É que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração. 3. O processo de cobrança do crédito tributário encarta as seguintes etapas, visando ao efetivo recebimento do referido crédito: a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa: exigibilidadeautuação; b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidadeinscrição; c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidade execução. 4. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, Fl. 1618DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 32 31 assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. 5. A improcedência da ação antiexacional (precedida do depósito do montante integral) acarreta a conversão do depósito em renda em favor da Fazenda Pública, extinguindo o crédito tributário, consoante o comando do art. 156, VI, do CTN, na esteira dos ensinamentos de abalizada doutrina, verbis: "Depois da constituição definitiva do crédito, o depósito, quer tenha sido prévio ou posterior, tem o mérito de impedir a propositura da ação de cobrança, vale dizer, da execução fiscal, porquanto fica suspensa a exigibilidade do crédito. (...) Ao promover a ação anulatória de lançamento, ou a declaratória de inexistência de relação tributária, ou mesmo o mandado de segurança, o autor fará a prova do depósito e pedirá ao Juiz que mande cientificar a Fazenda Pública, para os fins do art. 151, II, do Código Tributário Nacional. Se pretender a suspensão da exigibilidade antes da propositura da ação, poderá fazer o depósito e, em seguida, juntando o respectivo comprovante, pedir ao Juiz que mande notificar a Fazenda Pública. Terá então o prazo de 30 dias para promover a ação. Julgada a ação procedente, o depósito deve ser devolvido ao contribuinte, e se improcedente, convertido em renda da Fazenda Pública, desde que a sentença de mérito tenha transitado em julgado" (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27ª ed., p. 205/206). 6. In casu, o Tribunal a quo, ao conceder a liminar pleiteada no bojo do presente agravo de instrumento, consignou a integralidade do depósito efetuado, às fls. 77/78: "A verossimilhança do pedido é manifesta, pois houve o depósito dos valores reclamados em execução, o que acarreta a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, de forma que concedo a liminar pleiteada para o fim de suspender a execução até o julgamento do mandado de segurança ou julgamento deste pela Turma Julgadora." 7. A ocorrência do depósito integral do montante devido restou ratificada no aresto recorrido, consoante dessumese do seguinte excerto do voto condutor, in verbis: "O depósito do valor do débito impede o ajuizamento de ação executiva até o trânsito em julgado da ação. Consta que foi efetuado o depósito nos autos do Mandado de Segurança impetrado pela agravante, o qual encontrase em andamento, de forma que a exigibilidade do tributo permanece suspensa até solução definitiva. Fl. 1619DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 33 32 Assim sendo, a Municipalidade não está autorizada a proceder à cobrança de tributo cuja legalidade está sendo discutida judicialmente." 8. In casu, o Município recorrente alegou violação do art. 151, II, do CTN, ao argumento de que o depósito efetuado não seria integral, posto não coincidir com o valor constante da CDA, por isso que inapto a garantir a execução, determinar sua suspensão ou extinção, tese insindicável pelo STJ, mercê de a questão remanescer quanto aos efeitos do depósito servirem à fixação da tese repetitiva. 9. Destarte, ante a ocorrência do depósito do montante integral do débito exequendo, no bojo de ação antiexacional proposta em momento anterior ao ajuizamento da execução, a extinção do executivo fiscal é medida que se impõe, porquanto suspensa a exigibilidade do referido crédito tributário. 10. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Porém, observase que a discussão, naqueles autos, tinha em conta execução fiscal promovida em face de sujeito passivo que promovera depósito judicial classificado como insuficiente pela Municipalidade e, assim, inábil a suspender a exigibilidade do crédito tributário. Aqui, o lançamento foi formalizado sem aplicação de penalidade e com o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, inexistindo qualquer questionamento acerca da suficiência do depósito judicial. Por sua vez, o voto condutor do julgado antes mencionado principia observando que: Entrementes, dentre os multifários recursos especiais relacionados à questão da impossibilidade de ajuizamento de executivo fiscal, ante a existência de ação antiexacional conjugada ao depósito do crédito tributário, grande parte refere se à discussão acerca da integralidade do depósito efetuado ou da existência do mesmo, razão pela qual impõese o julgamento da controvérsia pelo rito previsto no art. 543C, do CPC, cujo escopo precípuo é a uniformização da jurisprudência e a celeridade processual. (destaques do original) Sob esta ótica, o Superior Tribunal de Justiça manifestouse acerca da implementação da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão de depósito judicial, asseverando que sua implementação, quando integral, impede “atos de cobrança”, dentre os quais inseriu a “lavratura do auto de infração e aplicação de multa”, sem apreciar a possibilidade de lançamento sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade. É nesse contexto específico que exsurge o impedimento à lavratura do auto de infração em face de depósito judicial integral do tributo. No mais, o Superior Tribunal de Justiça teve em conta apenas a extinção do crédito tributário em razão da conversão do depósito em Fl. 1620DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 34 33 renda da Fazenda Pública, bem como a suficiência do depósito judicial no caso concreto em análise, determinando a extinção da execução fiscal em curso. Concluise, do exposto, que o Superior Tribunal de Justiça não decidiu, no rito do art. 543C, acerca da impossibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, de tributo depositado judicialmente. Por tais razões, deve ser REJEITADO o pedido de vinculação ao julgado antes referido, por força do art. 62A do RICARF." (...) Assim, resta claro que o julgado ora analisado de forma alguma autoriza a interpretação no sentido de que o Auto de Infração lavrado apenas para prevenir a decadência, adotando todas as cautelas legais, no sentido da manutenção da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, lavrado por pessoa competente e sem qualquer cerceamento de direito de defesa deva ser declarado nulo, por haver o Contribuinte efetuado depósito do montante integral do débito." (grifouse) Acompanho as razões expostas no julgado transcrito para concluir que a tese construída no acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP não se aplica indistintamente a qualquer hipótese de lançamento de ofício de crédito tributário objeto de prévio depósito judicial. A i. Conselheira Relatora do Acórdão nº 9202004.303, fazendo remissão ao Acórdão nº 1101001.135, conclui que o Egrégio STJ somente apreciou, por ocasião do julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, hipótese em que o sujeito ativo promove o lançamento de crédito tributário acompanhado de penalidade, em razão de entender, no momento do lançamento, pela não integralidade dos depósitos judiciais por meio dos quais o sujeito passivo pretendeu suspender a exigibilidade o crédito tributário, valendose da previsão legal do inciso II do art. 151 do CTN. A conclusão alcançada pelo voto condutor do Acórdão nº 9202004.303, que naquele caso serviu para afastar a aplicação, ao caso concreto julgado, do decidido pelo STJ no REsp nº 1.140.956/SP, foi de que não estão contempladas na manifestação exarada pela Corte Superior hipóteses em que a Fiscalização reconhece no auto de infração a suspensão da exigibilidade dos créditos constituídos e realiza o lançamento sem a imputação de penalidade alguma, com o propósito de prevenção da decadência. Tal conclusão é corroborada pela declaração feita no início do voto condutor do acórdão de julgamento do REsp nº 1.140.956/SP. Ao justificar a necessidade de julgamento da controvérsia pelo rito do art. 543C do CPC então vigente, o i. Ministro Relator faz referência à existência de grande quantidade de recursos especiais em que se discute acerca da integralidade ou mesmo da existência de depósito judicial e dos seus efeitos em relação à impossibilidade de ajuizamento de executivo fiscal. Além disso, quando mencionou os atos de cobrança cuja realização estaria inibida pela existência do depósito judicial, o voto condutor do acórdão judicial fez menção apenas à "lavratura do auto de infração e aplicação de multa", não abordando a hipótese de lançamento realizado sem a aplicação de qualquer penalidade em virtude do reconhecimento da Fl. 1621DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 35 34 integralidade do depósito judicial e da consequente suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Diante de tais fatos, consideraram as decisões consubstanciadas nos Acórdãos nº 9202004.303 e nº 1101001.135 que o STJ, ao construir sua decisão no julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, não contemplou hipóteses fáticas em que a autoridade tributária realiza lançamento de ofício com a exclusiva finalidade de prevenir a decadência, reconhecendo expressamente a suspensão da exigibilidade dos créditos constituídos em virtude da existência de depósitos judiciais e corretamente se abstendo de aplicar penalidade ao sujeito passivo. Alinhome a tal entendimento. E interpretando a contrario sensu tal tese, concluo que o STJ contemplou em sua decisão hipóteses como a encontrada nos presentes autos, em que a autoridade tributária, entendendo inexistir depósito integral que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, promove o lançamento de ofício do tributo acompanhado de multa de ofício. Assim, por determinação expressa do art. 62, § 2º do RICARF/2015, voto por reproduzir neste julgamento a decisão proferida pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.140.956/SP, de acordo com o rito previsto no art. 543C do antigo CPC. A referida decisão judicial afirma que o depósito do montante integral do débito, nos termos do art. 151, II, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário e impede a realização, por parte do Fisco, de atos de cobrança, entre os quais se inclui "a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa". Assim, subsumese o presente caso ao inciso II do parágrafo 12 do art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, abaixo transcrito: § 12. Não servirá como paradigma acórdão proferido pelas turmas extraordinárias de julgamento de que trata o art. 23A, ou que, na data da análise da admissibilidade do recurso especial, contrariar: (Redação dada pelo(a) Portaria MF nº 329, de 04 de junho de 2017) (...) II decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil; (Redação dada pelo(a) Portaria MF nº 329, de 04 de junho de 2017) Desse modo, voto no sentido de NÃOCONHECER do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 1622DF CARF MF Processo nº 11052.000872/201069 Acórdão n.º 9101003.473 CSRFT1 Fl. 36 35 Fl. 1623DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.722333/2016-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2011, 2012
IRPJ/CSLL - SIMULAÇÃO - INEXISTÊNCIA
O direito de se auto-organizar autoriza a constituição de sociedades pelos mesmos sócios, que tenham por escopo atividades similares, complementares ou mesmo distintas. Se corretamente constituídas e operadas, afasta-se o entendimento de que se trata de mera simulação. Para que determinada operação seja considerada simulada, devem ser consideradas as características do caso concreto, demonstradas através de provas.
Numero da decisão: 1301-002.843
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, vencida a Conselheira Milene de Araújo Macedo que votou por dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer parcialmente o lançamento, concedendo o direito à dedução dos tributos recolhidos pela pessoa jurídica "SAARA", e o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votou por dar provimento parcial em menor extensão para restabelecer em parte o lançamento, restabelecendo parcialmente a multa de ofício para o percentual de 75% e concedendo o direito à dedução dos tributos recolhidos pela pessoa jurídica "SAARA".
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2011, 2012 IRPJ/CSLL - SIMULAÇÃO - INEXISTÊNCIA O direito de se auto-organizar autoriza a constituição de sociedades pelos mesmos sócios, que tenham por escopo atividades similares, complementares ou mesmo distintas. Se corretamente constituídas e operadas, afasta-se o entendimento de que se trata de mera simulação. Para que determinada operação seja considerada simulada, devem ser consideradas as características do caso concreto, demonstradas através de provas.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1803; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 3.215 1 3.214 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.722333/201621 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1301002.843 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de março de 2018 Matéria SIMULAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado STAMPA ARTEFATOS DE COURO LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011, 2012 IRPJ/CSLL SIMULAÇÃO INEXISTÊNCIA O direito de se autoorganizar autoriza a constituição de sociedades pelos mesmos sócios, que tenham por escopo atividades similares, complementares ou mesmo distintas. Se corretamente constituídas e operadas, afastase o entendimento de que se trata de mera simulação. Para que determinada operação seja considerada simulada, devem ser consideradas as características do caso concreto, demonstradas através de provas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, vencida a Conselheira Milene de Araújo Macedo que votou por dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer parcialmente o lançamento, concedendo o direito à dedução dos tributos recolhidos pela pessoa jurídica "SAARA", e o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votou por dar provimento parcial em menor extensão para restabelecer em parte o lançamento, restabelecendo parcialmente a multa de ofício para o percentual de 75% e concedendo o direito à dedução dos tributos recolhidos pela pessoa jurídica "SAARA". (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 23 33 /2 01 6- 21 Fl. 3215DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.216 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relatório Tratase de Recurso de Ofício contra o acórdão nº 1285.557, proferido pela 2ª Turma da DRJ/RJO, na sessão de 21 de fevereiro de 2017, que, por maioria de votos, entendeu julgar procedente a impugnação do sujeito passivo para exonerar o crédito tributário exigido. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Tratam os presentes autos de exigências de ofício do imposto de renda de pessoa jurídica, R$ 4.004.457,20, fls. 2696, do PIS, R$ 264.294,07, fls. 2702, da COFINS, R$ 1.217.354,87, fls. 2717, e da CSLL, R$ 1.441.604,59, fls.2727, atinentes aos anos calendário de 2011 e 2012, acrescidas de penalidade qualificada, 150%, e encargos moratórios, de pessoa jurídica tributada com base no lucro real, fls. 207 e 257. 2. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal (RAF) de fls. 2655/2695, fundamentaram as exações a omissão de receitas, assim considerados royalties por uso de franquia, apropriados como receita por empresa do mesmo grupo econômico, tributada sob lucro presumido, SAARA ARTEFATOS DE COURO LTDA, CNPJ nº 09.350.555/000138, visto que, em recíproca, custos/despesas identificados, decorrentes de encargos da franqueadora junto a terceiros, decorrentes dos contratos de franquias, foram apropriados pela autuada, tributada com base no lucro real. Em consequência, os valores tributados na franqueadora foram considerados receitas omitidas desta última. Isto porque, a entendimento da fiscalização: 2.1. informações prestadas pela Stampa em resposta ao Termo 09 conjuntamente com pesquisa realizada no site do INPI revelaram que o registro de marca Luz da Lua junto àquela autarquia foi realizado originalmente pela empresa Stampa entre os anos de 1994 e 2002. Posteriormente, em junho/2007, a titularidade do registro das marcas Luz da Lua foi transferido da empresa Stampa para a pessoa jurídica São Bento Participações Sociais Ltda., (CNPJ n° 04.329.626/000125, fls. 1678/1680), conforme instrumentos particular de cessão e transferência obtidos pela Fiscalização junto ao INPI. Cabe destacar que esta cessão/transferência ocorreu a título gratuito (fls. 2692/2693). 2.1.1 No final de 2007 foi constituída a empresa Saara. A seguir, em 2008, foi celebrado o Contrato de Licença de Uso de Marca entre a São Bento e a Saara, em que a Licenciante (São Bento) dá à Licenciada (Saara) o direito de utilizar e implantar um sistema de franquia empresarial da marca Luz da Lua, Fl. 3216DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.217 3 lembrando que tal licença também foi concedida a título gratuito. 2.1.2. A partir de então, a Saara, na qualidade de franqueadora, passou a formalizar, com terceiros (franqueados) os contratos de franquia Luz da Lua, lembrando que as receitas que deixaram de ser escrituradas e tributadas pela Stampa são as provenientes das operações previstas nestes contratos de franquia. 2.1.3. Como até 2010 as duas sociedades tinham como forma de tributação o Lucro Presumido, o reconhecimento pela Saara de receitas que eram da Stampa, ainda que indevido, não ocasionava maiores reflexos tributários. Todavia, a partir de 2011, ano em que a Stampa foi obrigada a adotar o Lucro Real, o fato de uma parcela de suas receitas ter sido reconhecida e tributada pela Saara trouxe uma significativa vantagem para o grupo empresarial. 2.1.4. Isto porque, vislumbrando a possibilidade de reduzir a sua carga tributária, ainda que de forma artificial, e diante das particularidades associadas a cada uma dessas sistemáticas de tributação, foi adotado procedimento diferenciado relativamente às receitas e despesas associados as operações de franquia. Enquanto as receitas decorrentes dessa atividade eram atribuídas a pessoa jurídica tributada pelo Lucro Presumido (Saara), as despesas foram contabilizadas pela pessoa jurídica tributada pelo Lucro Real (Stampa), fls. 2679. 2.1.5. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal Nº 6 a própria Saara confirmou (fls. 1931/1935) que os custos e despesas relacionados às receitas de franquia foram satisfeitos pela empresa Stampa, e que inexistem dispêndios desta natureza escriturados na contabilidade da Saara. Os valores mensais de receitas dos contratos de franquia foram escriturados pela Saara nos anos de 2011 e 2012, a qual discriminou os custos e despesas relacionados às receitas de franquia esclarecendo que estes (custos/despesas) foram satisfeitos pela empresa Stampa. Na seqüência, a Saara informou que inexistem custos/despesas desta natureza escriturados na contabilidade da Saara em 2011 e 2012, fls. 2680/2682. 2.1.6. Em conseqüência, a remuneração decorrente das operações da franquia Luz da Lua deve ser considerada receita da pessoa jurídica que efetivamente atuou como franqueadora, no caso a Stampa. Logo, os montantes que foram artificialmente e indevidamente transferidos para a pessoa jurídica Saara devem ser considerados receitas omitidas pela empresa Stampa. 2.2. A penalidade qualificada, fundada no artigo 44, parágrafo 1º, da Lei n° 9.430/1996, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007, materialmente se lastreou a utilização de planejamento tributário abusivo com a clara finalidade de diminuir o valor dos tributos incidentes sobre as receitas decorrentes da exploração da franquia Luz da Lua, fls. 2684. Fl. 3217DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.218 4 2.3. Finalmente, foram lavrados Termos de Responsabilidade Passiva Solidária: 2.3.1. da pessoa física CELSO ANTONIO JORGE, CPF n° 385.427.65915, fls. 2696, com fundamento nos artigos 124, I e 135, III, do CTN, sócio majoritário das pessoas jurídicas, fls. 2689; 2.3.2. das pessoas jurídicaS SAARA ARTEFATOS DE COURO LTDA, CNPJ nº 09.350.555/000138 e São Bento Participações Sociais Ltda., CNPJ n° 04.229.626/000125, com fundamento no artigo 124, I, do CTN, fls. 2696, porquanto, a entender da fiscalização, estaria configurada a presença do interesse comum ou liame inequívoco (vinculação ao fato gerador) entre as empresas formalmente constituídas, fls. 2688. 2.32.1. No caso teria sido configurada a independência meramente formal das pessoas jurídicas Saara e São Bento, como também a confusão patrimonial envolvendo as três empresas do grupo (Stampa, Saara e São Bento), fls. 2692. Cientes das exigências, tanto a contribuinte, como os responsáveis passivos solidários na mesma data 28/09/2016, fls. 2739, 2742, 2745 e 2748, apresentaram impugnação conjunta, de fls. 2758/2793, acostada da documentação de fls. 2828/3158, protocolada em 27/10/2016, fls. 3159 e 3179, através da qual alegam, em síntese: 3.1. legalidade e legitimidade civil e tributárias das operações de franquia realizadas pela SAARA ARTEFATOS DE COURO LTDA, CNPJ nº 09.350.555/000138; 3.2. inexistência de confusão patrimonial entre a STAMPA e os demais sujeitos passivos, o que ensejaria, no máximo, a segregação dos custos e/ou despesas vinculadas à atividade de franquia assumidas pela STAMPA e sua respectiva glosa, para efeitos de IRPJ e CSLL, não caracterizando, portanto, a configuração de Grupo Econômico, nos termos em que restou autuado pelo Auditor Fiscal; 3.2.1. a STAMPA, SAARA e SÃO BENTO, para efetuarem as operações de franquia das lojas "Luz da Lua", não ocultaram e nem falsearam nenhum elemento e/ou dado, não havendo, ademais, confusão patrimonial; 3.2.2. os créditos tributários deveriam ter sido constituídos a partir das glosas de despesas e/ou custos pertinentes às operações de franquia das Lojas "Luz da Lua", que foram assumidas pela STAMPA nos exercícios de 2011 e 2012, cujos efeitos se daria na sua apuração do IRPJ e da CSLL, as quais, como já verificado, por não decorrerem de condutas dolosas voltadas à sonegação de tributos, estariam sujeitas à multa de ofício de, no máximo, 75% e, não, de 150%, em consonância com a jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), reproduzida às fls. 2777/2778. Tal Fl. 3218DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.219 5 procedimento redundaria nos créditos tributários demonstrados às fls. 2779; 3.3. impossibilidade de sujeitar a SAARA, SÃO BENTO e CELSO às disposições constantes dos arts. 124, I, e 135, III, ambos do Código Tributário Nacional (CTN) e, por conseguinte, enquadrálos na condição de responsáveis solidários dos créditos tributários lançados, consoante Acórdãos do CARF, ementas reproduzidas às fls. 2782/2783; 3.4. ante a requalificação da situação jurídica apresentada pelo contribuinte, sob o princípio da legalidade objetiva devese analisar a imputação dos efeitos daí decorrentes, necessidade de serem abatidos os valores pagos pela SAARA, a título de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, no regime de lucro presumido, sob pena de majoração indevida dos créditos constituídos contra a STAMPA; 3.5. incabível a aplicação da penalidade qualificada, 150%, sobre os créditos tributários lançados por não estar caraterizado o dolo nas operações objetos destes autos, não sendo ocultado e/ou omitido qualquer fato gerador de obrigação tributária, para efeitos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Deve haver a plena caracterização e comprovação da prática de uma conduta fraudulenta, restando demonstrada, de modo cabal, a materialidade dessa conduta, o que não foi o caso, conforme Acórdãos do CARF, ementas reproduzidas às fls. 2789/2791. É o relatório. Na seqüência, foi proferido o Acórdão nº 1285.557, pela 2ª Turma da DRJ/RJO, julgando procedente a impugnação apresentada, com o seguinte ementário: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011, 2012 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. SIMULAÇÃO ABSOLUTA. DESCONSIDERAÇÃO DE ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO DO CTN. UNIDADE ECONÔMICA. ART. 126, III, DO CTN. NÃO CARACTERIZAÇÃO A alteração na estrutura de um grupo econômico, separando em duas pessoas jurídicas diferentes as diferentes atividades de industrialização e de distribuição, não configura conduta abusiva nem a dissimulação prevista no art. 116, parágrafo único, do CTN, nem autoriza o tratamento conjunto das duas empresas como se fosse uma só, a pretexto de configuração de unidade econômica, não se aplicando ao caso o art. 126, III, do CTN. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Fl. 3219DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.220 6 Ciente do acórdão recorrido, o contribuinte não apresentou Recurso Voluntário, sendo objeto de apreciação unicamente o Recurso de Ofício. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. Quanto à admissibilidade do recurso de ofício, devese ressaltar que a Portaria MF nº 63, de 2017, estabeleceu novo limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ). Confirase: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). No caso em tela, somandose os valores exonerados em primeira instância, verifico que superam o limite de dois milhões e quinhentos mil reais, estabelecido pela norma em referência. Portanto, conheço do recurso de ofício. Assim, passo ao exame do mérito da questão em apreciação: Tratase o presente processo de autos de infrações lavrados contra a recorrente, exigindose crédito tributário de IRPJ, CSLL, PIS/PASEP e COFINS, acrescidos de multa qualificada de 150%, todos referentes aos anoscalendário de 2011 e 2012. No entender da fiscalização, as empresas STAMPA, SAARA e SÃO BENTO formam uma única empresa, possuindo idêntico quadro societário e coincidência de administrador, e que celebraram entre si instrumentos contratuais simulados, "com o fim de burlar direitos e sonegar tributos, sendo tal situação comum em estratégias de planejamento tributário abusivo". (pag. 36 do RAF). Aduziu ainda que os contratos de franquia da marca "Luz da Lua", firmados entre a SAARA, na qualidade de franqueadora, e terceiros, na qualidade de franqueados, não foram executados por aquela, e sim pela empresa STAMPA, ora interessada, e por isso, em sua ótica, esta última é a verdadeira beneficiária das receitas advindas deste contrato, incorrendo esta última empresa, portanto, em omissão de receitas, com base no art. 24 da Lei nº 9.249/95. Por outro lado, em consonância com a impugnação apresentada, os autuados advogam a tese de legitimidade das operações de franquia realizadas pela SAARA, sustentando que os referidos contratos, inclusive os celebrados entre o grupo, estão em harmonia com a legislação de regência, apresentandose válidos, com partes capazes, objeto lícito, possível e determinado e forma prescrita em lei, tudo em conformidade com o artigo 104 do Código Civil, que transcrevem. Ponderam que além dos requisitos elencados acima, ditos contratos possuem valor econômico, sendo que os valores recebidos e frutos das operações de franquia, foram Fl. 3220DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.221 7 tempestivamente oferecidos à tributação pela SAARA sob o regime de lucro presumido, e que não cabe à fiscalização interferir na liberdade das empresas de organizarem suas atividades empresariais. Por fim, reconhecem que os custos/despesas não atrelados à atividade da empresa STAMPA deveriam ser glosados, já que não necessários ao exercício da sua atividade. Pois bem. A primeira questão que deve ser verificada diz respeito à existência ou não de simulação no fato de sócios da pessoa jurídica tributada com base no lucro real constituírem uma nova pessoa jurídica, esta tributada no regime de lucro presumido, para desmembrar suas operações comerciais, relativas a produtos por ela fabricados. Perfilho do entendimento de que tal fato, por si só, não comprova de que se trata de simulação, pois o simples desmembramento de atividades antes exercidas por uma das empresas não caracteriza ato ilícito. O direito de se autoorganizar autoriza a constituição de sociedades pelos mesmos sócios, que tenham por escopo atividades similares, complementares ou mesmo distintas. Se corretamente constituídas e operadas, afastase o entendimento de que se trata de mera simulação. Ora, “Simular” significa disfarçar uma realidade jurídica, encobrindo uma que é efetivamente praticada, ou que não existe. Assim, para que determinada operação seja considerada simulada (art. 167, I, do Código Civil1), devem ser consideradas as características do caso concreto, demonstradas através de provas. No caso, a regularidade na constituição e operação, as declarações transmitidas à Receita, notas fiscais, bem assim a contabilização pela SAARA das receitas auferidas com o correspondente pagamento de tributo, são provas suficientes de que não existiu disfarce de uma realidade. Tal entendimento não é inédito no CARF, conforme transcrição a seguir: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007 GANHO DE CAPITAL CISÃO PARCIAL CONSTITUIÇÃO DE NOVA PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO. NÃO CONFIGURADA Nem toda ação ou omissão do contribuinte com o fito de reduzir sua base tributável antes da ocorrência do fato gerador pode ser enquadrada como fraudulenta, pois somente aquelas que sejam ilícitas poderiam levar a tal conclusão. Não se pode enquadrar como simulação a cisão realizada para constituir uma outra sociedade, com o fim de que esta viesse a alienar o bem recebido em integralização, pois se trata apenas 1 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem. II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira. III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados Fl. 3221DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.222 8 de um negócio jurídico indireto, pelo qual a nova sociedade é constituída para surtir os efeitos que lhes são próprios e não para dissimular outros negócios jurídicos. (Acórdão 1302002.062, sessão de 21/03/2017) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício. 2002 Ementa: SIMULAÇÃO INEXISTÊNCIA Não é simulação a instalação de duas empresas na mesma área geográfica com o desmembramento das atividades antes exercidas por uma delas, objetivando racionalizar as operações e diminuir a carga tributária. (...) Recurso provido. (Acórdão nº 10323.357, sessão de 23/01/2008) Anocalendário: 2008 SIMULAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Simular é ato de fingir, mascarar, esconder a realidade, camuflar o objetivo de um negócio jurídico valendose de outro, eis que o objetivo intentado seria alcançado por negócio diverso, daí o motivo de o artigo 167 do Código Civil dispor que o negócio jurídico simulado é nulo. Não é simulação o desmembramento das atividades por empresas do mesmo grupo econômico, objetivando racionalizar as operações e diminuir a carga tributária. Recurso de Ofício Negado. (Acórdão nº 3302003138, sessão de 17/03/2016). Assunto: Contribuição para o PIS/PASEP Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 PIS. REGIME MONOFÁSICO. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. SIMULAÇÃO ABSOLUTA. DESCONSIDERAÇÃO DE ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS. ART. 116, P.U. DO CTN. UNIDADE ECONÔMICA. ART. 126, III, DO CTN. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não se configura simulação absoluta se a pessoa jurídica criada para exercer a atividade de revendedor atacadista efetivamente existe e exerce tal atividade, praticando atos válidos e eficazes Fl. 3222DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.223 9 que evidenciam a intenção negocial de atuar na fase de revenda de produtos. A alteração na estrutura de um grupo econômico, separando em duas pessoas jurídicas diferentes as diferentes atividades de industrialização e de distribuição, não configura conduta abusiva nem a dissimulação prevista no art. 116, p.u. do CTN, nem autoriza o tratamento conjunto das duas empresas como se fosse uma só, a pretexto de configuração de unidade econômica, não se aplicando ao caso o art. 126, III, do CTN. Recurso voluntário provido. Recurso de ofício prejudicado. (Acórdão nº 3403002.519, sessão de 22/10/2013) No que diz respeito às operações de franquias realizadas pela SAARA, aduz a fiscalização que a receita auferida por esta última como resultado do exercício de sua atividade, na verdade, deveria ser reconhecida pela empresa STAMPA, pois em seu entender, seria ela a verdadeira franqueadora das lojas "Luz da Lua", e argumenta que, "as receitas decorrentes dos contratos de franquia foram transferidas de forma artificial para a pessoa jurídica SAARA com a única finalidade de tributar tais receitas de maneira mais vantajosa". (efls. 2657). Assim, STAMPA e SAARA teriam formatado estruturas operacionais para que as receitas e/ou despesas vinculadas aos contratos de franquia das lojas "Luz da Lua" fossem manejadas, em razão do regime tributário optado por cada uma das empresas (lucro real/STAMPA e lucro presumido/SAARA), com intuito de se sujeitarem à menor carga tributária possível. Sobre o ponto, sustenta a autuada legitimidade de tais operações, ponderando que os contratos de franquia das lojas "Luz da Lua", firmados pela SAARA com os seus franqueados, encontramse em harmonia com a legislação de regência, ou seja, são válidos, apresentam partes capazes, objeto lícito, possível e determinado e forma prescrita em lei, além de possuírem valor econômico e cumprirem suas funções sociais. De fato, além dos aspectos formais elencados em defesa, os contratos de franquias apresentam substância, pois além de inexistir nos autos notícias de que estas operações não ocorreram, é fato que a empresa SAARA assumiu responsabilidades contratuais perante seus clientes, percebendo receitas em decorrência disso, inclusive, recolhendo os tributos devidos nos respectivos anoscalendário fiscalizados. Dessa forma, temse que os contratos, na forma em que apresentados, não podem ter os seus efeitos tributários descaracterizados, com vistas a aumentar, segundo penso, de modo indevido, a carga tributária. Com referência à alegação fiscal de inexistência de estrutura operacional da SAARA, tanto pela falta de estrutura física, como pela falta de estrutura pessoal, o que comprova, segundo a fiscalização, "que as responsabilidades da SAARA na posição de franqueadora existiriam apenas no plano formal dos contratos de franquia, e que foi a STAMPA quem de fato assumiu e efetivou as obrigações da franqueadora" (pag. 36 do RAF), também entendo que deve ser afastada tal ponderação. Fl. 3223DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.224 10 O tipo de atividade desenvolvida pela SAARA não atrai investimentos em altas estruturas física e pessoal, podendo essa atividade ser desenvolvida por uma única pessoa, pelo menos inicialmente, com o uso de comunicação adequada para vender e acompanhar o serviço de franquia empresarial das lojas "Luz da Lua", inclusive, ser iniciada no interior de uma pequena sala, seja ela residencial ou comercial. O que deve ser verificado é se há incompatibilidade de estrutura operacional da SAARA considerando o tipo de atividade por ela desenvolvida, e, no caso, penso não existir tal incompatibilidade. Logo, não há que se falar em inexistência de estrutura operacional, para respaldar a assertiva de que a responsabilidade dessa empresa existiria apenas no plano formal, não havendo que se falar em qualquer irregularidade no fato da SAARA fazer uso, inicialmente, da estrutura operacional da STAMPA, de forma a diminuir custos e otimizar a ampliação da rede de lojas "Luz da Lua", via sistema de franquias. Vejase ainda que, no ano de 2007, em contrato legítimo e legal, devidamente registrado no INPI, a São Bento Participações teve outorgado a titularidade do direito de exploração da marca "Luz da Lua", e no ano seguinte, em 2008, a São Bento transfere a SAARA, mediante contrato de licença de uso da marca, o direito de implantar um sistema de franquia empresarial da marca, o que de fato foi realizado por esta última empresa, pois a partir do ano que iniciou suas atividades passou a perceber receitas de royalties, e estas receitas foram tempestivamente oferecidas à tributação. Portanto, também não há dúvida de que a titularidade das disponibilidades advindas de royalties de exploração de franquias deve ser atribuída à empresa SAARA e não à STAMPA. Acrescentese que até o anocalendário de 2010, tanto pessoa jurídica STAMPA como a SAARA tinham como forma de tributação o Lucro Presumido (DIPJ AC 2010 às fls. 2535/2558 e 2559/2572), e que se somadas as receitas auferidas por ambas as empresas, o resultado não ultrapassava o limite legal para que ambas se mantivessem no Lucro Presumido naquele anocalendário. Embora o período fiscalizado seja 2011 e 2012, penso que este fato demonstra inexistir qualquer intenção de se criar uma segunda empresa para incremento de planejamento tributário abusivo, sendo tal criação, unicamente fruto de desmembramento de atividades que, como visto, não representa, por si´só, ilegalidade. Em outras palavras, a fiscalização inferese de forma indevida na liberdade dessas empresas organizarem suas atividades, olvidandose do fato constatado pelo acórdão recorrido, de que essas empresas "possuem objetos sociais distintos, fls. 2658, contabilizações de suas atividades e patrimônios próprios, conforme DIPJs de fls. 207/256 (impugnante), 1942/1964 (SAARA), e fls. 2690/2691 (São Bento)". (fl. 3182). Por isso, os efeitos jurídicos decorrentes das operações de franquia realizada pela SAARA não podem ser desconsiderados, não sendo possível, por conseguinte, que as receitas auferidas pela SAARA, devidamente tributadas, sejam alocadas à STAMPA, para se sujeitarem a uma nova incidência tributária. Porém, do mesmo modo que não se deve alocar receitas percebidas pela SAARA, devidamente constituída, em decorrência de suas obrigações assumidas perante terceiros, para terceira empresa, no caso, a STAMPA, os custos decorrentes da atividade da SAARA não podem ser absorvidos pela STAMPA, e por ela contabilizados, com a finalidade de diminuir a base de cálculo do IRPJ e CSLL desta última empresa, pois determinados custos/despesas não são necessárias e decorrentes de suas atividades operacionais. Fl. 3224DF CARF MF Processo nº 11065.722333/201621 Acórdão n.º 1301002.843 S1C3T1 Fl. 3.225 11 Logo, deveria o Auditor Fiscal ter procedido às glosas das despesas e/ou custos assumidos pela STAMPA na sua base de cálculo do IRPJ e CSLL, no período autuado, e não desqualificar a estrutura organizacional formada por essas empresas (STAMPA, SAARA e SÃO BENTO), impondose, no caso, aplicação da regra prevista no art. 299 do RIR/99. Ora, a descrição dos fatos pelo relatório fiscal indica que a STAMPA deduziu indevidamente custos e/ou despesas da SAARA, e sendo tais despesas consideradas indedutíveis, deveria proceder a necessária glosa desses valores, porém, ao invés de assim proceder, preferiu a fiscalização ir na direção de apontar o cometimento de simulação, sem provas, a meu ver, da existência de tal ilícito, procedendo, assim, indevidamente a desqualificação da pessoa jurídica da SAARA. Na esteira dessas considerações, despiciendo atentar à penalidade qualificada, 150%, e aos Termos de Responsabilidade Passiva Solidária, direta e intrinsecamente vinculados às infrações. CONCLUSÃO Portanto, diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso de ofício, mantendose os termos da decisão recorrida, que considerou procedente a impugnação e exonerou o crédito tributário exigido. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 3225DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.907850/2011-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/08/2000 a 30/08/2000
PIS/COFINS. RECEITAS ESTRANHAS AO CONCEITO DE FATURAMENTO.
Não compõem a base de cálculo das contribuições sociais as receitas decorrentes de atividades estranhas ao objeto social da empresa, devendo ser excluídas na apuração.
Numero da decisão: 3402-005.275
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para reconhecer o direito creditório no montante reconhecido na Diligência Fiscal realizada nos autos.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para reconhecer o direito creditório no montante reconhecido na Diligência Fiscal realizada nos autos. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
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RECEITAS ESTRANHAS AO CONCEITO DE FATURAMENTO. Não compõem a base de cálculo das contribuições sociais as receitas decorrentes de atividades estranhas ao objeto social da empresa, devendo ser excluídas na apuração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para reconhecer o direito creditório no montante reconhecido na Diligência Fiscal realizada nos autos. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 78 50 /2 01 1- 44 Fl. 508DF CARF MF 2 Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de manifestação de inconformidade interposta pelo contribuinte, por meio de seus representantes legais, em face de Despacho Decisório eletrônico resultante da apreciação de Pedido de Restituição, correspondente aos períodos e tributos lá discriminados. A análise da liquidez e certeza do crédito pleiteado foi efetuada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto, que emitiu Despacho Decisório eletrônico no qual a autoridade competente indeferiu o Pedido de Restituição, em virtude dos pagamentos localizados terem sido integralmente utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Inconformado, o contribuinte manifestouse alegando, quanto ao mérito: i) falta de aprofundamento na investigação dos fatos; ii) inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98 e advento de decisão do STF declarandoa sob a sistemática de Repercussão Geral, o que implicaria em novo cálculo dos débitos, com a base de cálculo correta, e apuração do pagamento indevido. A DRJ julgou improcedente a sua manifestação de inconformidade, pelo que apresentou o Contribuinte Recurso Voluntário ao CARF, reiterando as razões de seu pleito. Converteuse o julgamento em diligência para que se cumprisse o seguinte: I) Que a DRF intime o contribuinte a apresentar os livros contábeis e a documentação fiscal necessária à identificação da natureza das receitas que compuseram a base de cálculo das contribuições sociais do período cuja restituição pleiteia o Recorrente. II) Após o recebimento e análise da documentação a ser entregue pelo Recorrente, a autoridade fiscalizadora deverá elaborar relatório discriminando a parcela da base de cálculo correspondente às receitas excluídas por força do Recurso Extraordinário RE 585.235, julgado sob sistemática de Repercussão Geral, calculando o valor do tributo correspondente. III) Elaborado o relatório, devese dar ciência ao contribuinte para manifestação sobre o teor do relatório da diligência, retornando então o processo a este Colegiado, para julgamento. Intimado, o contribuinte apresentou a documentação solicitada e a fiscalização juntou aos autos informação fiscal. Posteriormente, o contribuinte apresentou petição manifestandose sobre o resultado da diligência fiscal. É o relatório, em síntese. Voto Fl. 509DF CARF MF Processo nº 10850.907850/201144 Acórdão n.º 3402005.275 S3C4T2 Fl. 3 3 Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O presente caso é recorrente neste Conselho, visto que todos aqueles que recolheram contribuições sociais ao PIS e a COFINS com a base de cálculo ampliada pelo §1º do artigo 3º da Lei nº 9718/98 passaram a ingressar administrativamente, dentro do interregno legal do direito à restituição, buscando reaver os valores pagos indevidamente. O contribuinte junta ao seu Recurso Voluntário planilhas que indicam a existência de receitas financeiras na apuração da base de cálculo das contribuições sociais, indicando de forma perfunctória o direito pleiteado. Em razão disso, optouse pela conversão do julgamento em diligência para que a instrução probatória fosse melhor desenvolvida. A minuciosa informação fiscal juntada pela fiscalização analisou as planilhas apresentadas, bem como o contrato social da empresa, com a finalidade de identificar quais receitas fazem parte do objeto social da empresa e que deveria compor o faturamento dela. Na mesma linha de julgamentos sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, que culminou com a decisão, tomada no julgamento do Recurso Extraordinário nº 527602, com repercussão geral, o STF, nos RE 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, estabeleceu que a receita bruta, prevista no art. 3.º da Lei 9.718/98, corresponde ao conceito de faturamento expresso no artigo 2º, da Lei Complementar 70/91: Art. 2° A contribuição (...) incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Analisando as receitas da empresa, a informação fiscal aduziu a existência de créditos decorrentes de pagamento a maior, passíveis de restituição, conforme planilha apresentada na informação fiscal. Sobre isto, o contribuinte manifestou sua expressa concordância, reconhecendo a correção do entendimento adotado na diligência fiscal. Portanto, no que é pertinente aos créditos reconhecidos pela informação fiscal, não resta qualquer controvérsia nos autos, devendo serem reconhecidos por este Colegiado. Desse modo, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário no sentido de reconhecer o direito creditório no montante determinado na informação fiscal juntada aos autos. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 510DF CARF MF 4 Fl. 511DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002177/2010-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 28/02/1996
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.187
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1996 a 28/02/1996 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 21 77 /2 01 0- 59 Fl. 192DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 193DF CARF MF Processo nº 19515.002177/201059 Acórdão n.º 2201004.187 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 194DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 19515.002177/201059 Acórdão n.º 2201004.187 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 196DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 197DF CARF MF
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Numero do processo: 10855.000851/2005-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/04/2004, 30/07/2004
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO.
De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
DIF-PAPEL IMUNE. INSCRIÇÃO NO REGISTRO ESPECIAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO.
A pessoa jurídica possuidora de estabelecimento inscrito no Registro Especial está obrigada a apresentar a DIF-Papel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período.
MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE. PREVISÃO LEGAL.
É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada DIF - Papel Imune, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.158-35/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001.
VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA DIF - PAPEL IMUNE.
Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da DIF - Papel Imune deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.158-35/ 2001.
RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.
Por força da alínea c, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato.
Numero da decisão: 3201-003.631
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para adequar a multa imposta ao que dispõe o texto da Lei 11945, de 4 de junho de 2009.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO. De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DIFPAPEL IMUNE. INSCRIÇÃO NO REGISTRO ESPECIAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. A pessoa jurídica possuidora de estabelecimento inscrito no Registro Especial está obrigada a apresentar a DIFPapel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 00 08 51 /2 00 5- 78 Fl. 368DF CARF MF 2 Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para adequar a multa imposta ao que dispõe o texto da Lei 11945, de 4 de junho de 2009. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: "Contra a empresa epigrafada foi lavrado o auto de infração de fls. 34/40, que se prestou a exigir crédito tributário relativo a multa regulamentar (código de arrecadação: 3199), aplicada em razão do descumprimento de obrigação acessória prescrita na Instrução Normativa (IN) SRF n° 71, de 24 de agosto de 2001, que instituiu a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune (DIFPapel Imune). O crédito tributário consolidado no referido auto de infração, referente aos fatos geradores relativos ao período compreendido entre o 2° trimestre de 2002 e o 2° trimestre de 2004, atingiu o montante de R$ 249.000,00. O lançamento fundamentouse nas disposições contidas nos seguintes comandos normativos: art. 57, inciso I, da Medida Provisória (MP) n° 2.15835, de 24 de agosto de 2001; art. 1°, 10 e 12 da Instrução Normativa (IN) SRF n° 71, de 24 de agosto de 2001; e também no art. 40 do DecretoLei n° 1.680/79. A ação fiscal foi realizada conforme determinação contida no Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) n° 08.1.10.002004 005889 (fl. 01), tendo a fiscalizada sido inicialmente intimada a regularizar sua situação fiscal em relação à entrega das DIF — Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10855.000851/200578 Acórdão n.º 3201003.631 S3C2T1 Fl. 3 3 Papel Imune relativas ao período acima mencionado, ou apresentar o respectivo comprovante de entrega (fl. 13). Após solicitar prorrogação de prazo para o atendimento 5, intimação fiscal (fl.15), a intimada informou que seus Registros Especiais de Importador e Usuário de Papel Imune, por ela requeridos em 31/01/2002, foram feitos indevidamente porque a empresa "nunca possuiu instalações industriais", como requer o art. 2° da IN SRF n° 71/2001. Informou, outrossim, que nunca "efetuou ou efetuará qualquer importação ou aquisição de papel imune, sendo que somente faz o layout das revistas; as quais são impressas em gráficas contratadas diversas, que cobram por exemplar impresso, utilizando mão de obra e papel imune próprios". Concluiu o atendimento 5. intimação fiscal asseverando que "para atender a solicitação de V.Sa., geramos e transmitimos a DIF — Papel Imune". O sujeito passivo foi cientificado do lançamento por meio de correspondência encaminhada por Aviso de Recebimento, recebida em 31/03/2005 (fl. 111), tendo protocolado sua impugnação em 02/05/2005, conforme peça de fls. 44/46, e anexos que a seguem, na qual aduz, em síntese: a) que solicitou seus Registros Especiais de Importador e Usuário de Papel Imune por orientação da Editora Gráfica Grande ABC, "que fazia todo processo de edição das revistas Aventura e Ação e Air Press"; b) que gerou e transmitiu as declarações solicitadas no termo de intimação fiscal, "embora acreditássemos que os registros acima foram efetuados indevidamente e equivocadamente"; c) que somente faz o leiaute de suas revistas, a partir de produtos já industrializados pelas empresas gráficas contratadas, "que cobram por exemplar impresso, utilizando mão de obra e papel próprios"; d) que as cópias das notas fiscais de alguns de seus fornecedores, anexadas A peça impugnatória, emitidas com Código Fiscal de Operações relativos a vendas de mercadorias industrializadas, comprovam que a empresa nunca realizou operações com papel destinado A impressão de livros, jornais e periódicos, tendo somente adquirido periódicos destinados A revenda; e) que não atende o requisito do item III do art. 2° da IN SRF n° 71/2001, "pois não possui qualquer instalação industrial, nem tem capacidade financeira para tal, conforme comprovam seu capital registrado"; f) que os artigos 1° e 2° da IN SRF n° 159, de 16 de maio de 2002, que aprovou o programa gerador da DIF — Papel Imune, determinam a obrigatoriedade de entrega da declaração para as "editoras e gráficas que REALIZAREM OPERAÇÕES COM Fl. 370DF CARF MF 4 PAPEL destinados à impressão de livros, jornais e periódicos". "A AIR PRESS EDITORA LTDA — ME, nunca exerceu a atividade de Editora e Gráfica, nunca REALIZOU OPERACÕES COM PAPEL, bem como nunca OPEROU COM PAPEL". De acordo com a IN SRF n° 159/2002, "entendemos que esta empresa NÃO estaria obrigada A apresentação da DIF — Papel Imune; motivo pelo qual não o fizemos anteriormente". (grifos originais) A impugnante conclui asseverando que "por acreditarmos ser injusto o Auto de Infração, processo n° 10855000851/2005/78, é que solicitamos a impugnação do mesmo"." A decisão recorrida julgou improcedente a impugnação e apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/04/2004, 30/07/2004 DIFPAPEL IMUNE. INSCRIÇÃO NO REGISTRO ESPECIAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. A pessoa jurídica possuidora de estabelecimento inscrito no Registro Especial está obrigada a apresentar a DIFPapel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. Lançamento Procedente" O recurso voluntário da recorrente foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: (i) em momento algum se utilizou de papel imune, ao passo que nunca exerceu a atividade de Editora e Gráfica e nunca realizou operações com papel imune, sendo que sempre adquiriu o produto totalmente acabado, revendendoos aos consumidores; (ii) o estabelecimento da obrigação acessória pela IN 71/2001 encontrase eivado de vícios constitucionais e legais; (iii) Somente a lei pode criar a obrigação principal, como também os deveres instrumentais; (iv) repugnase ao senso jurídico, que uma pessoa possa ser compelida a pagar multa com base no acatamento de um dever criado por norma jurídica infralegal, ao passo que o artigo 113, § 2° do Código Tributário Nacional, o qual disciplina que a obrigação acessória decorre de "legislação tributária", deve ser interpretado conforme a Constituição Federal; (v) que o Registro Especial ao qual a Instrução Normativa SRF 71/2001 referese, possui natureza completamente diversa e incompatível com a matéria a ser regulada nas operações com papel imune. Isto porque o Registro Especial regulado pelo DecretoLei 1.593/77 é especifico para os fabricantes de cigarro, sendo este um requisito obrigatório para a exploração desta atividade em vista do interesse do Estado na saúde publica; Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10855.000851/200578 Acórdão n.º 3201003.631 S3C2T1 Fl. 4 5 (vi) a hipótese de obrigatoriedade de o sujeito passivo entregar em dia Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune — DIF Papel Imune, embora prevista pelo artigo 12 da IN SRF 71/2001, não se enquadra na hipótese sancionatória insculpida no artigo 57, inciso I da Medida Provisória 2.15835/2001; (vii) O art. 112 do Código Tributário Nacional impõe que a interpretação mais favorável ao contribuinte sempre terá pertinência quando haja dúvida na exegese da norma punitiva, como também quando não restar claro o dispositivo legal ou a vontade da lei, e ainda quando restar dúvida quanto o enquadramento fático à hipótese jurídica; (viii) a conduta de a Recorrente ter protocolado a destempo as D1FPapel Imune, relativas ao período fiscalizado, não configura fato jurídico sancionador imponivel, mormente por não possuir tal multa, qualquer pressuposto legal de validade; (ix) o ato de requerer informações/regularizações do contribuinte, perpetrado pela Receita Federal do Brasil, no âmbito de suas atribuições, por meio do Mandado de Procedimento Fiscal 0811000.2004.005880, deveras constituiu em mora o contribuinte, nos termos do artigo 57, inciso I, da MP 2.158 4/2001, sendo certo que, uma vez não apresentadas as informações e/ou regularizações no prazo legal (5 dias, previsto pelo artigo 19, § 1°, da Lei n° 3.470/58), a Receita Federal estaria apta a aplicar a multa prevista pelo referendado dispositivo jurídico pregoado em Medida Provisória; (x) somente se deixasse de prestar as informações solicitadas pela Receita Federal do Brasil, no prazo concedido (cinco dias úteis), abrolharia ao Fisco o direito de impor a penalidade prevista pelo artigo 57, inciso I, da MP 2.15834/2001; (xi) a multa aplicada possui caráter confiscatório; (xii) para cada mêscalendário omitido, incidiria a multa de R$ 5.000,00, sendo única, ou seja, não incide por mês de atraso, não é moratória; e (xiii) não foi aplicada a multa mais benéfica em seu favor. A recorrente pugna, ao final, pelo cancelamento do auto de infração, ou, alternativamente, a redução da multa imposta. Em petição protocolizada em 18/08/2009, a recorrente requer, de modo subsidiário, a aplicação mais benéfica da penalidade, em função da previsão legal estatuída pelo inciso II, do § 4°, do art. 1° da Lei n° 11.945/2009. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Fl. 372DF CARF MF 6 Preliminarmente, em relação as alegações de inconstitucionalidade tecidas pela recorrente em sua peça recursal, as afasto em razão da incompetência deste Colegiado para decidir sobre a constitucionalidade da legislação tributária. A matéria é objeto da Súmula CARF nº 2, publicada no DOU de 22/12/2009 a seguir ementada: “Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Assim, sendo referida súmula de aplicação obrigatória por este colegiado, maiores digressões sobre a matéria são desnecessárias. No que tange ao mérito da questão, assiste parcial razão a recorrente conforme será demonstrado adiante. Antes, devem ser analisados pontos suscitados na peça recursal e que não socorrem a recorrente. Com relação ao argumento de que em momento algum se utilizou de papel imune, ao passo que nunca exerceu a atividade de Editora e Gráfica e nunca realizou operações com papel imune, sendo que sempre adquiriu o produto totalmente acabado, revendendoos aos consumidores, tal alegação não merece prosperar. Neste sentido, é de se reportar ao contido na decisão recorrida, a qual, acertadamente assim consigna: "Ora, a obrigatoriedade de entrega das DIFPapel Imune decorre do simples fato de o sujeito passivo estar devidamente inscrito no Registro Especial de que trata o art. 1° da mesma IN SRF n° 71/2001. Do referido ato, transcrevo os dispositivos normativos pertinentes, in verbis: Art. 1° Os fabricantes, os distribuidores, os importadores, as empresas jornalísticas ou editoras e as gráficas que realizarem operações com papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos estão obrigados à inscrição no registro especial instituído pelo art. 1° do Decretolei n° 1.593, de 21 de dezembro de 1977, não podendo promover o despacho aduaneiro, a aquisição, a utilização ou a comercialização do referido papel sem prévia satisfação dessa exigência. ... Art. 10. Fica instituída a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIF Papel Imune), cuja apresentação é obrigatória para as pessoas jurídicas de que trata o art. 1°. Vejase, assim, que toda empresa que estiver inscrita no Registro Especial (de que trata o art. 1°) está obrigada à. entrega da DIFPapel Imune nos prazos fixados no art. 11 da mesma norma, que segue transcrito in verbis: Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10855.000851/200578 Acórdão n.º 3201003.631 S3C2T1 Fl. 5 7 Art. 11. A DIFPapel Imune deverá ser apresentada até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores, em meio magnético, mediante a utilização de aplicativo a ser disponibilizado pela SRF. Parágrafo único. A DIFPapel Imune, relativa ao período de fevereiro a março de 2002, poderá, excepcionalmente, ser apresentada até o dia 31 de julho de 2002. (...) Enquadrandose, portanto, na hipótese de obrigatoriedade, deveria o sujeito passivo ter entregado as reportadas declarações, nos prazos fixados no art. 11 da IN SRF n° 71/2001. Destarte, como as declarações foram entregues após os prazos fixados no art. 11 da IN SRF n° 71/2001, a aplicação da multa decorreu do disposto no art. 12, da mesma norma, que se reportou, por sua vez, ao art. 57 da Medida Provisória (MP) n° 2.1583 (última reedição), verbis: IN SRF n° 71/2001: Art. 12. A não apresentação da DIFPapel Imune, nos prazos estabelecidos no artigo anterior, enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 57 da Medida Provisória n° 2.158 34, de 27 de julho de 2001. ................................................................................................ MP n° 2.15835/2001: Art. 57.0 descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei n° 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente as pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; (...) Cabe consignar, nesse passo, que a instituição da obrigação acessória de entrega da DIFPapel Imune visa prover a Administração Tributária de informações acerca das operações havidas (ou não havidas) com aquela mercadoria, sujeitas à imunidade de tributos. Assim sendo, de posse do cadastro de empresas inscritas no Registro Especial, que pretendem realizar operações com a referida mercadoria, a fiscalização passa a acompanhar a movimentação do Papel Imune por meio da entrega das DIFs. Fl. 374DF CARF MF 8 A inscrição no Registro Especial, realizada por solicitação do próprio contribuinte, é condição para a realização de operações com o Papel Imune. Uma vez inscrito, deve ele entregar as DIFs tempestivamente, sob pena de incidência da multa regulamentar. Não deveriam restar dúvidas aos contribuintes de que a obrigatoriedade do Registro Especial s6 atinge "os fabricantes, os distribuidores, os importadores, as empresas jornalísticas ou editoras e as gráficas que realizarem operações com papel destinado impressão de livros, jornais e periódicos". Esta é a disposição literal do comando normativo. Se o sujeito passivo solicitou sua inscrição é porque se enquadrava naquela situação. E se, posteriormente, até por razões de mercado, decidiu que, definitivamente, não irá realizar operações com papel imune, poderá solicitar o cancelamento da sua inscrição, a qualquer tempo. Mas enquanto assim não proceder, permanecerá obrigado à entrega das DIFs." Com relação ao argumento de ilegalidade da multa imposta, de igual modo, improcedente. Tratase no caso, a DIF Papel Imune de uma declaração instituída com fundamento na Lei 9.779/99, de caráter acessório e geral, cujo descumprimento sujeita ao contribuinte ao disposto no art. 505 do RIPI/2002, de acordo com o previsto no art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/01. Constatase, então, que possui previsão legal. O entendimento do CARF sobre a legalidade da exigência, pode ser ilustrado com a seguinte decisão: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 DECLARAÇÕES ESPECIAIS DE INFRAÇÕES FISCAIS RELATIVAS AO CONTROLE DE PAPEL IMUNE (DIF PAPEL IMUNE). MULTA POR ATRASO OU FALTA NA ENTREGA. LEGALIDADE DA EXIGÊNCIA. DIF Papel imune é obrigação acessória amparada no artigo 16 da Lei 9.779, de 19 de janeiro de 1999. O atraso na entrega da declaração sujeita ao infrator à pena cominada no 505 no RIPI/2002 (cfr. artigo 57 da Medida Provisória 2.15834, de 27 de julho de 2001) c/c artigo 12 da IN SRF 71, de 24 de agosto de 2001, com a retroatividade benigna do artigo 12, inciso II e parágrafo único da IN SRF 976/2009. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte" (Processo 10830.001378/200613; Acórdão 9303001.456; Relatora Conselheira Nanci Gama; sessão de 31/05/2011) O Superior Tribunal de Justiça assim entende: Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10855.000851/200578 Acórdão n.º 3201003.631 S3C2T1 Fl. 6 9 "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DIF PAPEL IMUNE. NÃO APRESENTAÇÃO NO PRAZO LEGAL. PENALIDADES. IN/SRF N. 71/2001. ART. 57 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.158/2001. 1. A Fundação Universidade de Passo Fundo ajuizou ação ordinária com vista à repetição de indébito de valores referentes ao pagamento de multa imposta com base no art. 57, I, da Medida Provisória 2.15834/2001, por descumprimento da obrigação acessória de apresentar a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIF Papel Imune). (...) 4. A legislação tributária não deixa dúvidas de que a Fundação recorrente estava obrigada à apresentação da "DIFPapel Imune", independentemente de qualquer notificação por parte da Receita Federal, sob pena de sujeitarse à aplicação da penalidade pecuniária. Assim, ao descumprir a referida obrigação acessória, a recorrente ficou à mercê das sanções dispostas no art. 57 da MP 2.15834/2001. 5. O art. 57, I, da MP 2.15834/2001 estabeleceu a multa por descumprimento de obrigações acessórias em R$ 5.000,00 por mêscalendário. 6. Na hipótese dos autos, tem aplicação a Instrução Normativa da SRF 71/2007, que instituiu obrigação tributária acessória consistente na apresentação da DIFPapel Imune à Secretaria da Receita Federal, que deverá ser feita até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores. (...) (REsp 1222143/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/02/2011, DJe 16/03/2011) Ocorre que, sobreveio a Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, resultado da conversão da Medida Provisória n° 451/2008, que tratou da matéria nos seguintes termos: "Art. 1° Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II adquirir o papel a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. § 1° A comercialização do papel a detentores do Registro Especial de que trata o caput deste artigo faz prova da regularidade da sua destinação, sem prejuízo da responsabilidade, pelos tributos devidos, da pessoa jurídica que, Fl. 376DF CARF MF 10 tendo adquirido o papel beneficiado com imunidade, desviar sua finalidade constitucional. § 2° O disposto no § 1° deste artigo aplicase também para efeito do disposto no § 2° do art. 2° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, no § 2° do art. 2° e no § 15 do art. 3° da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e no § 10 do art. 8° da Lei n° 10.865, de 30 de abril de 2004. § 3° Fica atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil competência para: I expedir normas complementares relativas ao Registro Especial e ao cumprimento das exigências a que estão sujeitas as pessoas jurídicas para sua concessão; II estabelecer a periodicidade e a forma de comprovação da correta destinação do papel beneficiado com imunidade, inclusive mediante a instituição de obrigação acessória destinada ao controle da sua comercialização e importação. § 4° O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3° deste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I 5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. § 5° Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4° deste artigo será reduzida à metade." Assim, temse que a nova legislação estipulou penalidade mais benéfica ao contribuinte. O Código Tributário Nacional CTN, em seu artigo 106, inciso II, alínea c, dispõe, expressamente, que "Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10855.000851/200578 Acórdão n.º 3201003.631 S3C2T1 Fl. 7 11 c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática." O dispositivo aplicase ao caso concreto, em razão de se tratar de norma mais benigna ao contribuinte, em matéria de penalidade. Anteriormente, a multa aplicada equivalia ao número de mesescalendário em atraso, o que resultava na aplicação de multa (penalidade) por demais gravosa ao contribuinte, a depender, inclusive, da demora, por parte do Fisco, em aplicála. Com a superveniência da Lei n° 11.945/2009, a penalidade passou a ser exigida levandose em conta cada obrigação acessória isolada, e não mais a quantidade de meses em atraso. Por se tratar de penalidade, é evidente e cristalina a sua natureza de matéria de ordem pública, fato que torna possível a sua apreciação por este órgão de julgamento,sendo lícita e legítima a aplicação do novo texto legal à hipótese versada, ainda que não instada a tanto. No caso concreto, aplicouse a multa no valor total de R$ 249.000,00, de multa pela não apresentação no prazo estabelecido da Declaração Especial de Informações relativas ao Controle de Papel Imune (DIF PAPEL IMUNE), referente aos 2° trimestre 2002, 3° trimestre 2002, 4° trimestre 2002, 1° trimestre 2003, 2° trimestre 2003, 3° trimestre 2003, 1° trimestre 2004 e 2° trimestre 2004. No cálculo, considerouse, por mês em atraso, a multa de R$ 1.500,00, resultando no valor de R$ 249.000,00. Com a sistemática mais benéfica, estabelecida pela Lei n° 11.945/2009, a multa de R$ 2.500,00, para micro e pequenas empresas deve ser exigida em relação a cada obrigação em atraso, no caso, 8 (oito) trimestres. No total, portanto, a multa que deverá incidir, conforme o exposto, será no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais 8 trimestres x R$ 2.500,00). Nestes termos, tem decidido o CARF, através da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme decisões a seguir colacionadas: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/10/2002, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal nos seguintes comandos normativos: art. 16 da Lei nº 9.779/99; art. 57 da MP nº. 2.15835/ 2001; arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. Fl. 378DF CARF MF 12 VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIFPAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Recurso Especial do Procurador negado." (Processo 11080.001057/200601; Acórdão 9303005.273; Relator Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza; sessão de 21/06/2017) "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004, 31/10/2004, 10/02/2005 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.158 35/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte." (Processo 19515.000759/200533; Acórdão 9303004.953; Relator Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas; sessão de 10/04/2017) Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10855.000851/200578 Acórdão n.º 3201003.631 S3C2T1 Fl. 8 13 Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 380DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.005293/2009-49
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE.
Somente estão isentos de tributação os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia grave elencada em lei, devidamente reconhecida mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial.
Numero da decisão: 2002-000.089
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Fábia Marcília Ferreira Campêlo.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. Somente estão isentos de tributação os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia grave elencada em lei, devidamente reconhecida mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Fábia Marcília Ferreira Campêlo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 52 93 /2 00 9- 49 Fl. 54DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls.43/44) contra decisão de primeira instância (fls.33/36), que negou provimento a impugnação do sujeito passivo por falta de subsunção do caso concreto à norma legal em abstrato. Foi lavrado o auto de infração, por Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica, pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social de CNPJ 29.979.036/000140. Inconformado com o auto de infração, em razões preliminares o contribuinte alega que a Lei nº 11.052 de 29 de dezembro de 2004, no art. 1º que regulamenta a nova redação ao inciso XIV do art. 6ºda Lei 7.713 de 22 de dezembro de 1988, sendo que em seu preâmbulo há consistência para a isenção do pagamento do imposto. No mérito, aponta que os proventos de aposentadoria são isentos da cobrança de Imposto de Renda, nos termos do artigo suso citado. O contribuinte foi intimado a apresentar Laudo Pericial emitido por serviço médico oficial e documentação comprobatória da natureza dos rendimentos percebidos (fl.26), tendo o mesmo apresentado somente as justificativas de fls. (28/29). É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator A preliminar lançada em sede de Recurso Voluntário em verdade não se trata de questão processual antecedente ao mérito, mas apenas de esclarecimento a respeito da legislação pertinente, e com o mérito será analisada. Sem razão o contribuinte. Diz o artigo 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88: “Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: ...XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão de medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;” (g.n). Com a interpretação gramatical do texto legal é possível afirmar que a lei não estende o benefício da isenção a todo e qualquer provento de aposentadoria, mas apenas e tão somente em duas hipóteses, quais sejam: a) quando a aposentadoria ou reforma foi motivada por acidente em serviço; b) quando os beneficiários dos proventos de aposentadoria ou reforma forem portadores da patologias descritas no texto legal. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10830.005293/200949 Acórdão n.º 2002000.089 S2C0T2 Fl. 3 3 É certo que o recorrente não aponta em quais das duas hipóteses de isenção estaria enquadrado, de sorte que não aplicável o benefício requerido pelo contribuinte. Registrese, por relevante, que apesar de ter sido dada oportunidade para o recorrente apresentar a documentação médica que daria lastro ao pedido de isenção, o contribuinte não a apresentou. Isto posto, e pelo que mais consta dos autos, conheço do Recurso Voluntário, e no mérito negase provimento, mantendo a r. decisão de origem, a qual adoto como razões de decidir. É como voto. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 56DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.933379/2009-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.333
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para determinar o retornar à Unidade Preparadora para proceder à reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para determinar o retornar à Unidade Preparadora para proceder à reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG. Trata o presente processo de pedido de restituição cumulado com declaração de compensação cujo crédito alegado é oriundo de pagamento a maior de IOF, relativo ao período de apuração de 30/01/2008. A DRF de jurisdição do contribuinte indeferiu o Pedido de Restituição e não homologou a compensação declarada sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo creditório disponível. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 33 37 9/ 20 09 -2 4 Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10680.933379/200924 Resolução nº 3201001.333 S3C2T1 Fl. 50 2 O despacho decisório foi emitido, eletronicamente, em 07/10/2009 (fl. 04), e a ciência do contribuinte deuse em 20/10/2009 (fl. 14). Todavia, o contribuinte transmitiu DCTF retificadora em 24/08/2009, conforme relatado na decisão da DRJ (fl. 17), ou seja, em data anterior à emissão do despacho decisório que indeferiu o pleito e não homologou a compensação. A Unidade de origem encaminhou o processo para a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG que, por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0240.734, sessão de 01/10/2012, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte, não reconheceu o direito creditório postulado e não homologou a compensação. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 30/01/2008 COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. Na ausência de provas, a DCTF retificadora não pode ser considerada instrumento hábil para conferir certeza e liquidez ao crédito indicado na declaração de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão recorrida fundamentouse no fato de que, inobstante a DCTF retificadora transmitida dentro do prazo legal, não houve apresentação de prova inequívoca de erro de fato no preenchimento da DCTF original, que demonstraria a certeza e liquidez do crédito alegado. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário, no qual aduz: 1. Diante do Pedido de Restituição/Compensação formulado e DCTF válida, a aferição quanto á certeza e liquidez do crédito pretendido tornase incumbência da Fazenda Pública; 2. Cometeu erro ao informar na DCTF valor incorreto do IOF devido, retificado em DCTF posterior; 3. Há espontaneidade na retificação da DCTF, não configurando nenhuma das hipóteses de sua vedação elencadas no art. 11 da IN RFB nº 903/2008; 4. O Fisco não lhe concedeu oportunidade para fazer prova do erro cometido no preenchimento da DCTF original; 5. Pede ao final, o provimento do recurso para que seja reconhecido seu direito e homologada a compensação. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10680.933379/200924 Resolução nº 3201001.333 S3C2T1 Fl. 51 3 É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Inferese do despacho decisório que a não homologação da compensação pleiteada decorreu da ausência de crédito para a quitação de débito vincendo no momento do encontro de contas o crédito decorrente de pagamento indevido em confronto com o débito confessado em DCTF. Consta no corpo do despacho decisório que o pagamento referente ao DARF indicado foi integralmente utilizado para quitação de débito, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na PER/DCOMP. Ocorre que tal decisão não considerou a DCTF retificadora válida e eficaz nos termos do art. 11 da IN RFB nº 903/2008: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No caso dos autos, não ha incidência de nenhuma das hipóteses de inadmissibilidade da DCTF retificadora. Ademais, a retificação da DCTF em questão operou se ao abrigado da espontaneidade, porquanto efetuada antes de qualquer procedimento do Fisco. A própria decisão recorrida afirmou a regularidade da declaração. Nessas circunstâncias, a DCTF retificadora apresentada alterou eficazmente a situação jurídica anterior; contudo, os efeitos da retificação da DCTF foram desconsiderados no despacho decisório. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10680.933379/200924 Resolução nº 3201001.333 S3C2T1 Fl. 52 4 A nova realidade estampada na DCTF retificadora tem de ser devidamente avaliada pela Autoridade Fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a repetição e não homologada a compensação. Este entendimento é compartilhado por esta Turma em sua maioria e passo a aderilo. Em recente voto de minha relatoria, restei vencido pelos demais Conselheiros em situação análoga que se traduz na "impossibilidade de se considerar a inexistência de prova da certeza e liquidez do crédito para indeferir o pleito de restituição/compensação quando o Fisco sequer analisou DCTF retificadora válida e oportunizou ao contribuinte a comprovação de seu direito". A decisão a que me refiro foi prolatada na sessão de 30/01/2018, reproduzida na imagem: Conclusão Diante do exposto, voto para que o julgamento seja convertido em diligência para a que a Unidade de Origem promova a reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15375.000606/2009-19
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/1999
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.642
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/1999 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 5. 00 06 06 /2 00 9- 19 Fl. 231DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência, previsto nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, interposto pela Fazenda Nacional em face da decisão da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção, consubstanciada no Acórdão n° 2301003.270 que: I) Por maioria de votos: a) deu provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente; e II) Por unanimidade de votos: a) deu provimento parcial ao recurso, a fim de determinar que a Relação de CoResponsáveis (CORESP), o Relatório de Representantes Legais (RepLeg) e a Relação de Vínculos (VÍNCULOS), anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Ementa, na parte que nos interessa ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/1999 MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Interposto então, o presente Recurso Especial, requerendo: seja dado total provimento ao presente recurso a fim de que prevaleça o entendimento de que deve ser verificada qual a norma mais benéfica ao contribuinte: se a multa anterior (art. 35, II, da norma revogada) ou o art. 35A da MP nº 449/2008, atualmente convertida na Lei nº 11.941/2009. Trouxe como paradigmas o Acórdão 920202.086. Fl. 232DF CARF MF Processo nº 15375.000606/200919 Acórdão n.º 9202006.642 CSRFT2 Fl. 232 3 O Contribuinte, intimado, quedouse silente Na origem, tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD lavrado em face do HOSPITAL E MATERNIDADE SANTA RITA S/A, pertinente às contribuições previdenciárias pertinentes a parte do segurado, a cota patronal, bem como as designadas para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GIILRAT, devidas pela empresa em epígrafe, na qualidade de responsável solidário, conforme se infere do Relatório Fiscal às fls. 48/60. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Entendo presentes todos os requisitos de tempestividade e divergência fática suficiente para conhecimento do presente. No mérito, a discussão cingese à controvérsia relativa às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. Fl. 233DF CARF MF 4 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser Fl. 234DF CARF MF Processo nº 15375.000606/200919 Acórdão n.º 9202006.642 CSRFT2 Fl. 233 5 comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499: Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: Fl. 235DF CARF MF 6 I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da Fl. 236DF CARF MF Processo nº 15375.000606/200919 Acórdão n.º 9202006.642 CSRFT2 Fl. 234 7 contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº Fl. 237DF CARF MF 8 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de Fl. 238DF CARF MF Processo nº 15375.000606/200919 Acórdão n.º 9202006.642 CSRFT2 Fl. 235 9 obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Diante de todo o exposto, conheço e dou provimento ao recurso para determinar que a multa seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.001481/2006-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 30/12/1999 a 28/12/2005
INDÉBITOS. TRIBUTO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA.
A contagem do prazo da prescrição quinquenal do direito à restituição de indébito tributário, decorrente de tributo sujeito a lançamento por homologação, cujo pedido foi protocolado depois da data de 8 de junho de 2005, é feita a partir da data de extinção do respectivo crédito tributário pelo pagamento.
A tese dos "cinco mais cinco" somente se aplica aos pedidos protocolados até a data de 8 de junho de 2005.
Numero da decisão: 9303-006.531
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 30/12/1999 a 28/12/2005 INDÉBITOS. TRIBUTO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA. A contagem do prazo da prescrição quinquenal do direito à restituição de indébito tributário, decorrente de tributo sujeito a lançamento por homologação, cujo pedido foi protocolado depois da data de 8 de junho de 2005, é feita a partir da data de extinção do respectivo crédito tributário pelo pagamento. A tese dos "cinco mais cinco" somente se aplica aos pedidos protocolados até a data de 8 de junho de 2005. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 14 81 /2 00 6- 16 Fl. 547DF CARF MF Processo nº 10680.001481/200616 Acórdão n.º 9303006.531 CSRFT3 Fl. 548 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pelo Contribuinte contra o Acórdão nº 330100.536, de 25/05/2010, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção do CARF, conforme ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2000 a 31/12/2003 PAGAMENTO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA O pagamento da Cofins sobre operações com combustíveis derivados de petróleo e álcool hidratado carburante, sob o regime de substituição tributária, efetuadas com consumidores finais desses produtos, vigeu somente até 30 de junho de 2000, sendo que a partir de 1° de julho a alíquota foi reduzida a zero em tais operações. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/12/1999 a 05/02/2001 INDÉBITO FISCAL. RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA A decadência do direito de se pleitear restituição e/ ou compensação de indébito fiscal ocorre em cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário pelo pagamento. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO A homologação de compensação de débito fiscal, efetuada pelo próprio sujeito passivo, mediante entrega de Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (Per/Dcomp), está condicionada à certeza e liquidez dos créditos financeiros declarados. Recurso Voluntário Negado." No Recurso Especial, o contribuinte insurgiuse contra a prescrição quinquenal do seu direito de repetir/compensar os indébitos reclamados, defendendo a tese dos "cinco mais cinco", ou seja, de que o quinquênio deve ser contado depois de decorridos cinco anos do respectivo fato gerador, para a extinção do crédito tributário pela homologação tácita, resultando prazo total de dez anos, cinco anos para a extinção e mais cinco para exercer o direito. Suscitou ainda a correção monetária dos indébitos tributários reclamados pela taxa Selic. Por meio do despacho às fl. 536, o Presidente da Terceira Câmara da Terceira Seção deu seguimento ao recurso apenas com relação à prescrição. Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10680.001481/200616 Acórdão n.º 9303006.531 CSRFT3 Fl. 549 3 Intimado do recurso especial do contribuinte e do despacho de sua admissibilidade, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 538/545, requerendo o provimento do recurso especial para reformar o acórdão recorrido, declarandose a decadência do direito de pleitear a restituição do crédito financeiro pleiteado. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O recurso apresentado atende ao pressuposto de admissibilidade e deve ser conhecido. Inicialmente, informo que as contrarrazões apresentadas pela Fazenda Nacional não serão levadas em conta no julgamento, tendo em vista o equívoco cometido por ela. Na petição às fls. 538/545, possivelmente, por conta da "cultura copiar/colar", fez uma miscelânea entre "contrarrazões" e "recurso voluntário". À fl. 538, consta literalmente "A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por intermédio de sua Procuradora, vem, com fulcro no artigo 70, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, apresentar, tempestivamente, CONTRARRAZÕES em face do recurso especial interposto ...". Já nas fls. 539, consta não só o título "RECURSO ESPECIAL", mas, de fato, um recurso especial de divergência. Nele consta literalmente "Insurge se a União (Fazenda Nacional) contra o acórdão proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF, que deu provimento ao recurso do contribuinte, com o fim de afastar a decadência do direito de pleitear a restituição de tributo supostamente pago a maior.". Nas páginas seguintes apresentou suas razões contra o acórdão recorrido que, de fato, negou provimento ao recurso voluntário do contribuinte e não provimento, como equivocadamente entendeu a Fazenda Nacional. Também em relação à decisão no acórdão recorrido, conforme se verifica do voto condutor e das ementas transcritas acima, a decisão contrária ao contribuinte teve como fundamento não só a prescrição do seu direito de repetir/compensar os indébitos reclamados, mas principalmente a inexistência dos valores reclamados, conforme demonstrado no voto condutor daquele acórdão recorrido. Assim, ainda que superada a prescrição do seu direito, o contribuinte não terá direito à repetição/compensação dos valores reclamados. Quanto à decadência, matéria em discussão, nesta instância especial, ao contrário do entendimento do contribuinte, a tese dos "cinco mais cinco" somente se aplica aos processos protocolado até a data de 09 de junho de 2005. Os indébitos reclamados são decorrentes dos pagamentos da contribuição sujeitas ao regime de substituição tributária, nas aquisições de mercadorias, no período de 30/12/1999 a 28/12/2005. Fl. 549DF CARF MF Processo nº 10680.001481/200616 Acórdão n.º 9303006.531 CSRFT3 Fl. 550 4 Na data de protocolo do presente pedido de restituição, em 06/02/2006, o direito de o interessado repetir os valores reclamados já havia prescrito pelo decurso do prazo quinquenal contado das datas de extinção dos respectivos créditos tributários, tidos como indevido, nos termos do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), c/c o disposto no art. 3º da LC nº 118, de 09/02/2005. A prescrição do direito de se repetir/compensar indébitos tributários está regulada no CTN, art. 165, I, c/c o art. 168, I, que assim dispõe: “Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; […]. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (destaque não original) […].” A tese dos “cinco mais cinco”, reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em face da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no RE nº 566.621, somente se aplica para os processos protocolados até a data de 8 de junho de 2005. Na decisão do RE nº 566.621, o Plenário do STF, ao negar provimento ao RE nº 566.221 interposto pela União Federal, contra a decisão que reconheceu que a LC nº 118, de 09/02/2005, somente se aplica a partir de sua vigência, sacramentouse o entendimento de que a tese dos “cinco mais cinco” somente deve ser aplicada aos processos protocolados antes da data da entrada em vigor daquela lei complementar, em 9 de junho de 2006. A aplicação da tese "dos cinco mais cinco" para pedidos de restituição/ressarcimento, inclusive, já foi objeto de súmula do Pleno do CARF, determinado seu emprego apenas aos processo protocolados antes de 09/06/2005, in verbis: "Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador." No presente caso, o pedido de restituição foi protocolado na data de 06 de fevereiro de 2006, conforme provam as datas dos carimbos de protocolo à fl. 01 e à fl. 05. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do Contribuinte, mantendo a decisão recorrida. Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10680.001481/200616 Acórdão n.º 9303006.531 CSRFT3 Fl. 551 5 É como voto. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 551DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720571/2014-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.341
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, substituído pelo Conselheiro Suplente convocado Vinícius Guimarães.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra -Presidente
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo -Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra (Presidente, Maria Aparecida Martins de Paula, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Vinícius Guimarães (Conselheiro Suplente convocado).
RELATÓRIO
Por bem relatar os fatos, adoto o Relatório da decisão recorrida com os devidos acréscimos:
Trata o presente processo de Auto de Infração - AI (fls. 66 a 85) sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) contra o qual foi protocolizada impugnação (fls. 92 a 104).
A descrição sintética do AI é de que houve Saída de Produtos sem lançamento do IPI - Inobservância de classificação fiscal e/ou alíquota do IPI. A ciência deu-se dia 1º de dezembro de 2014 (fl. 87).
O detalhamento dos valores lançados, bem como a fundamentação legal de cada rubrica do lançamento encontram-se no bojo do AI, não obstante o teor do Termo de Verificação Fiscal de fls. 58 a 65, o qual explica as razões do enquadramento fiscal diverso, elabora demonstrativos e planilhas com Notas Fiscais - NF e os respectivos valores a lançar devido à reclassificação fiscal adotada.
Transcreve-se aqui partes do Termo de Verificação Fiscal, onde se explicam as razões que ensejaram o lançamento tributário ora combatido:
3. DO ERRO DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL Regularmente atendida a intimação, verificamos que o estabelecimento adotou classificação fiscal errada em relação a uma série de produtos classificados com códigos 7214.91.00 e 7214.99.90 da Tabela de Incidência - TIPI, com alíquota zero. classificação esta equivocada no que se refere ao enquadramento de produtos denominados "Laminados Planos".
De fato. a referida tabela, na Nota 1, alínea K do Capítulo 72, assim define os laminados planos, para efeito de classificação fiscal:
...
Não obstante tal definição, o estabelecimento classificou vários produtos contidos na 'Relação do produtos com classificação errada', com medidas dentro das acima especificadas, como "barra", que também tem sua definição estabelecida na alínea m, da Nota 1 do Capítulo 72 da TIPI:
m) Barras: os produtos que não satisfaçam a qualquer das definições constantes das alíneas ij), k) e i) acima, ...
...
Os " laminados planos" estão classificados nas posições 72.08 a 72.12 da TIPI. e são tributados pela alíquota de 5% (cinco por cento) no período fiscalizado.
As "barras" estão classificadas nas posições 72.14 e 72.15. sendo a posição 72.14 a utilizada pelo estabelecimento. Vejamos que a partir de 08 de fevereiro de 2006, os produtos classificados na posição 72.14 tiveram sua alíquota de tributação reduzida a zero por força do disposto no artigo 1°, inciso I, do Decreto 5.697/2006.
Portanto, para efeito de incidência do IPI. o critério a se considerar para fins de classificação fiscal de produtos são as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado, base da Nomenclatura Comum do Mercosul e, consequentemente, da TIPI. conforme estabelece o Decreto-lei n° 1.154, de 10 de março de 1971. Segundo essas regras, os produtos que atendam as especificações da alínea K, da Nota 1 do Capítulo 72 da TIPI. são definidos como "laminados planos", tributados a alíquota de 5%.
...
4. DA FALTA DE DESTAQUE DO IPI Os lançamentos de débito realizados mensalmente pela fiscalização não geraram saldos devedores de IPI, mas tão somente reduziram seus saldos credores.
No entanto, o erro de classificação fiscal constitui infração conforme o disposto no artigo 648 do RIPI/10 que determina:
Art. 548- Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária que importe em inobservância de preceitos estabelecidos ou disciplinados por este Regulamento ou pelos atos administrativos de caráter normativo destinados a complementá-lo (Lei n°4.502, de 1964, art. 64)' Demonstrou-se. assim, de maneira inequívoca, que o contribuinte não efetuou o destaque do IPI devido pela saída de produtos tributados, já que efetuou classificação fiscal incorreta em relação a uma série de produtos por ele industrializados, havendo a necessidade do lançamento dos débitos do imposto não destacado, gerando a cobrança da multa estabelecida no artigo 569 do RIPI/10. conforme a seguir transcrito:
Art. 569. A falta de destaque do valor, total ou parcial, do imposto na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto destacado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido (Lei n° 4.502. de 1964. art. 80. e Lei 1.488. de 2007, art. 13).
...
7. MULTA APLICADA O lançamento dos débitos do imposto não foram suficientes para gerar saldos devedores do imposto, porém, a falta de destaque do valor do imposto nas respectivas notas fiscais, sujeitará o contribuinte à multa de oficio conforme artigo 569 do RIPI/10.
Portanto está sendo aplicada a multa equivalente a 75 % do valor de IPI não destacado nas notas fiscais de saída com valor total de R$ 6.377 955.14 (Seis milhões, trezentos e setenta e sete mil, novecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos).
A impugnação foi protocolizada dia 31 de dezembro de 2014.
O lançamento combatido, multa isolada do IPI não lançado com cobertura de crédito, decorre de divergência quanto à classificação fiscal adotada pela impugnante em relação a certos produtos. Reprisando, enquanto a fiscalização classificou os produtos em Laminados Planos, cuja posição é 72.08 a 72.12 da TIPI (com alíquota de 5% de IPI), a impugnante classificou tais produtos como Barras de ferro ou aço não ligado, posição 72.14 (alíquota 0%).
Defende que, em se tratando de lançamento e multa isolada, não houve prejuízo ao Erário, razão pela qual a multa é confiscatória e deve ser abolida por ferir os princípios constitucionais de vedação ao confisco, proporcionalidade e razoabilidade.
Argui, em caráter preliminar, a nulidade do AI, por preterição ao direito de defesa, defendendo que o relatório fiscal limita-se em trazer uma planilha de checagem das dimensões para as barras chatas fiscalizadas e, caso atendidas disposições atinentes aos produtos laminados planos, determinada barra era glosada pelo fisco. Veja-se, portanto, não ter sido trazido aos autos qualquer elemento de ordem técnica a implicar na vinculação entre as barras ora autuadas e conceito de produto laminado plano. Trata-se, portanto, de autuação completamente desmotivada, na medida em que não traz elementos suficientes a legitimar o reenquadramento proposto pelo fisco.
Defende também o não lançamento da multa por suposta falta de previsão legal, além de, por falta de prejuízo ao Erário, não haver valor devido sobre o qual incida a multa.
Repetiu a defesa de que a multa isolada se reveste de confisco, conflitando com os princípios constitucionais da vedação ao confisco, da proporcionalidade e da razoabilidade.
Finalizou, repetindo a solicitação de nulidade do AI por vício de motivação e solicitou seja o processo baixado em diligência para que o fisco apresente, em cada um dos produtos autuados pela fiscalização, os motivos que ensejaram o seu enquadramento como produto laminado plano.
Reiterou que deve ser afastada a cobrança de multa isolada referente ao IPI não lançado com cobertura de crédito por não ser figura típica e não constar da lei tal penalidade em caso de recomposição da conta gráfica, e ainda, que se mantida a multa, seja cancelada ou reduzida a patamares constitucionalmente admitidos, em respeito aos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e não confisco.
Em 13 de fevereiro de 2015, a impugnante apresentou aditamento à sua impugnação, alegando a necessidade de apresentar novos documentos e pela superveniência de fatos novos, requerendo seu recebimento com fundamento no princípio da verdade material (fls. 207 a 243).
Argumentou também que a nova impugnação encontra-se amparada no art. 16, §4º e §5º do Decreto nº 70.235/72.
Levantou a hipótese, alegando apenas que 30 dias não seriam suficientes para o levantamento efetuado, de que parte dos produtos objeto de reclassificação tarifária procedida pela fiscalização estariam acobertados por regimes diferenciados, tais como o art. 29 da Lei nº 10.637/02, que suspende o IPI no caso de produtos utilizados no setor automotivo/auto peças.
Acrescenta que, após a impugnação original, a empresa recebeu 9 despachos decisórios não homologatórios de compensações por ela declaradas, todos com base no saldo credor glosado decorrente do presente auto de infração, e que, portanto, os despachos representam fato novo e também a necessidade de novos esclarecimentos acerca do feito.
Por esta razão, também, solicitou sejam julgamos juntos este processo e os demais referentes aos despachos decisórios já referidos, defendendo que o resultado do presente processo afeta aos demais.
A defesa também repete os argumentos da impugnação original, bem como acrescenta a defesa referente aos processos envolvendo as compensações não homologadas.
Trouxe ao presente a diferenciação dos produtos referente à normatização siderúrgica, bem como defende que esta seja utilizada no balizamento da interpretação da NCM e TIPI.
De argumento novo, defendeu que, ainda que a classificação fiscal dos produtos seja revista, sua destinação implica a inexistência de imposto a recolher por força da suspensão do IPI.
Nesta situação, apresentou as seguintes situações: transferência de produção entre estabelecimentos (art. 43, X, do RIPI/10); transferência para estabelecimentos situados na Zona Franca de Manaus (art. 43,X c/c art. 84 do RIPI/10) e para a Amazônia Ocidental (art. 43, X c/c art. 96 do RIPI/10); vendas para a Amazônia Ocidental, Zona Franca de Manaus e demais Áreas de Livre Comércio; vendas para a indústria automobilística e empresas fabricantes de autopeças, inclusive exportadoras (art. 136 do RIPI/10); vendas a estaleiros navais (art. 10 da Lei nº 9.493/97).
Repete, ao final, todos os argumentos da impugnação original.
Ainda, foi apresentada, em 28 de maio de 2015, nova impugnação (fls. 416 a 438) referente ao processo nº 15586.720086/2015-19, mas, segundo a impugnante, vinculado ao presente.
O enfoque da referida impugnação é o processo nº 15586.720086/2015-19, cuja decisão sofre o efeito do lançamento discutido no presente processo.
Ato contínuo, a DRJ-PORTO ALEGRE (RS) julgou a impugnação do contribuinte nos seguintes termos:
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 IPI. LAMINADOS PLANOS.
Classificam-se como laminados planos os produtos não enrolados, de largura igual a pelo menos dez vezes a espessura, quando esta for inferior a 4,75 mm, ou de largura superior a 150 mm ou a pelo menos duas vezes a espessura, quando esta for igual ou superior a 4,75 mm.
IPI. COBERTURA DE CRÉDITO. MULTA ISOLADA.
É cabível o lançamento de multa isolada pelo IPI não lançado com cobertura de crédito.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade Impugnação Improcedente.
Crédito Tributário Mantido.
Em seguida, devidamente notificada, a Recorrente interpôs o presente recurso pleiteando a reforma do acórdão.
Em seu Recurso Voluntário, a Recorrente repisou os mesmos argumentos utilizados em sua impugnação e solicitou a análise por este Colegiado de legislaçao superveniente à lavratura do auto de infração atinente a edição do ADE RFB nº06 de 17 de dezembro de 2014 que deu nova redação ao capítulo 72, nota 1, alínea k, primeiro parágrafo. Essa norma, segundo afirma a Recorrente, teria caráter interpretativo, nos termos do art.4º, parágrafo único do Decreto nº7.660/2011 e art. 106, inciso I, do CTN.
É o relatório.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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RELATÓRIO Por bem relatar os fatos, adoto o Relatório da decisão recorrida com os devidos acréscimos: Trata o presente processo de Auto de Infração - AI (fls. 66 a 85) sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) contra o qual foi protocolizada impugnação (fls. 92 a 104). A descrição sintética do AI é de que houve Saída de Produtos sem lançamento do IPI - Inobservância de classificação fiscal e/ou alíquota do IPI. A ciência deu-se dia 1º de dezembro de 2014 (fl. 87). O detalhamento dos valores lançados, bem como a fundamentação legal de cada rubrica do lançamento encontram-se no bojo do AI, não obstante o teor do Termo de Verificação Fiscal de fls. 58 a 65, o qual explica as razões do enquadramento fiscal diverso, elabora demonstrativos e planilhas com Notas Fiscais - NF e os respectivos valores a lançar devido à reclassificação fiscal adotada. Transcreve-se aqui partes do Termo de Verificação Fiscal, onde se explicam as razões que ensejaram o lançamento tributário ora combatido: 3. DO ERRO DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL Regularmente atendida a intimação, verificamos que o estabelecimento adotou classificação fiscal errada em relação a uma série de produtos classificados com códigos 7214.91.00 e 7214.99.90 da Tabela de Incidência - TIPI, com alíquota zero. classificação esta equivocada no que se refere ao enquadramento de produtos denominados "Laminados Planos". De fato. a referida tabela, na Nota 1, alínea K do Capítulo 72, assim define os laminados planos, para efeito de classificação fiscal: ... Não obstante tal definição, o estabelecimento classificou vários produtos contidos na 'Relação do produtos com classificação errada', com medidas dentro das acima especificadas, como "barra", que também tem sua definição estabelecida na alínea m, da Nota 1 do Capítulo 72 da TIPI: m) Barras: os produtos que não satisfaçam a qualquer das definições constantes das alíneas ij), k) e i) acima, ... ... Os " laminados planos" estão classificados nas posições 72.08 a 72.12 da TIPI. e são tributados pela alíquota de 5% (cinco por cento) no período fiscalizado. As "barras" estão classificadas nas posições 72.14 e 72.15. sendo a posição 72.14 a utilizada pelo estabelecimento. Vejamos que a partir de 08 de fevereiro de 2006, os produtos classificados na posição 72.14 tiveram sua alíquota de tributação reduzida a zero por força do disposto no artigo 1°, inciso I, do Decreto 5.697/2006. Portanto, para efeito de incidência do IPI. o critério a se considerar para fins de classificação fiscal de produtos são as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado, base da Nomenclatura Comum do Mercosul e, consequentemente, da TIPI. conforme estabelece o Decreto-lei n° 1.154, de 10 de março de 1971. Segundo essas regras, os produtos que atendam as especificações da alínea K, da Nota 1 do Capítulo 72 da TIPI. são definidos como "laminados planos", tributados a alíquota de 5%. ... 4. DA FALTA DE DESTAQUE DO IPI Os lançamentos de débito realizados mensalmente pela fiscalização não geraram saldos devedores de IPI, mas tão somente reduziram seus saldos credores. No entanto, o erro de classificação fiscal constitui infração conforme o disposto no artigo 648 do RIPI/10 que determina: Art. 548- Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária que importe em inobservância de preceitos estabelecidos ou disciplinados por este Regulamento ou pelos atos administrativos de caráter normativo destinados a complementá-lo (Lei n°4.502, de 1964, art. 64)' Demonstrou-se. assim, de maneira inequívoca, que o contribuinte não efetuou o destaque do IPI devido pela saída de produtos tributados, já que efetuou classificação fiscal incorreta em relação a uma série de produtos por ele industrializados, havendo a necessidade do lançamento dos débitos do imposto não destacado, gerando a cobrança da multa estabelecida no artigo 569 do RIPI/10. conforme a seguir transcrito: Art. 569. A falta de destaque do valor, total ou parcial, do imposto na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto destacado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido (Lei n° 4.502. de 1964. art. 80. e Lei 1.488. de 2007, art. 13). ... 7. MULTA APLICADA O lançamento dos débitos do imposto não foram suficientes para gerar saldos devedores do imposto, porém, a falta de destaque do valor do imposto nas respectivas notas fiscais, sujeitará o contribuinte à multa de oficio conforme artigo 569 do RIPI/10. Portanto está sendo aplicada a multa equivalente a 75 % do valor de IPI não destacado nas notas fiscais de saída com valor total de R$ 6.377 955.14 (Seis milhões, trezentos e setenta e sete mil, novecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos). A impugnação foi protocolizada dia 31 de dezembro de 2014. O lançamento combatido, multa isolada do IPI não lançado com cobertura de crédito, decorre de divergência quanto à classificação fiscal adotada pela impugnante em relação a certos produtos. Reprisando, enquanto a fiscalização classificou os produtos em Laminados Planos, cuja posição é 72.08 a 72.12 da TIPI (com alíquota de 5% de IPI), a impugnante classificou tais produtos como Barras de ferro ou aço não ligado, posição 72.14 (alíquota 0%). Defende que, em se tratando de lançamento e multa isolada, não houve prejuízo ao Erário, razão pela qual a multa é confiscatória e deve ser abolida por ferir os princípios constitucionais de vedação ao confisco, proporcionalidade e razoabilidade. Argui, em caráter preliminar, a nulidade do AI, por preterição ao direito de defesa, defendendo que o relatório fiscal limita-se em trazer uma planilha de checagem das dimensões para as barras chatas fiscalizadas e, caso atendidas disposições atinentes aos produtos laminados planos, determinada barra era glosada pelo fisco. Veja-se, portanto, não ter sido trazido aos autos qualquer elemento de ordem técnica a implicar na vinculação entre as barras ora autuadas e conceito de produto laminado plano. Trata-se, portanto, de autuação completamente desmotivada, na medida em que não traz elementos suficientes a legitimar o reenquadramento proposto pelo fisco. Defende também o não lançamento da multa por suposta falta de previsão legal, além de, por falta de prejuízo ao Erário, não haver valor devido sobre o qual incida a multa. Repetiu a defesa de que a multa isolada se reveste de confisco, conflitando com os princípios constitucionais da vedação ao confisco, da proporcionalidade e da razoabilidade. Finalizou, repetindo a solicitação de nulidade do AI por vício de motivação e solicitou seja o processo baixado em diligência para que o fisco apresente, em cada um dos produtos autuados pela fiscalização, os motivos que ensejaram o seu enquadramento como produto laminado plano. Reiterou que deve ser afastada a cobrança de multa isolada referente ao IPI não lançado com cobertura de crédito por não ser figura típica e não constar da lei tal penalidade em caso de recomposição da conta gráfica, e ainda, que se mantida a multa, seja cancelada ou reduzida a patamares constitucionalmente admitidos, em respeito aos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e não confisco. Em 13 de fevereiro de 2015, a impugnante apresentou aditamento à sua impugnação, alegando a necessidade de apresentar novos documentos e pela superveniência de fatos novos, requerendo seu recebimento com fundamento no princípio da verdade material (fls. 207 a 243). Argumentou também que a nova impugnação encontra-se amparada no art. 16, §4º e §5º do Decreto nº 70.235/72. Levantou a hipótese, alegando apenas que 30 dias não seriam suficientes para o levantamento efetuado, de que parte dos produtos objeto de reclassificação tarifária procedida pela fiscalização estariam acobertados por regimes diferenciados, tais como o art. 29 da Lei nº 10.637/02, que suspende o IPI no caso de produtos utilizados no setor automotivo/auto peças. Acrescenta que, após a impugnação original, a empresa recebeu 9 despachos decisórios não homologatórios de compensações por ela declaradas, todos com base no saldo credor glosado decorrente do presente auto de infração, e que, portanto, os despachos representam fato novo e também a necessidade de novos esclarecimentos acerca do feito. Por esta razão, também, solicitou sejam julgamos juntos este processo e os demais referentes aos despachos decisórios já referidos, defendendo que o resultado do presente processo afeta aos demais. A defesa também repete os argumentos da impugnação original, bem como acrescenta a defesa referente aos processos envolvendo as compensações não homologadas. Trouxe ao presente a diferenciação dos produtos referente à normatização siderúrgica, bem como defende que esta seja utilizada no balizamento da interpretação da NCM e TIPI. 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O enfoque da referida impugnação é o processo nº 15586.720086/2015-19, cuja decisão sofre o efeito do lançamento discutido no presente processo. Ato contínuo, a DRJ-PORTO ALEGRE (RS) julgou a impugnação do contribuinte nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 IPI. LAMINADOS PLANOS. Classificam-se como laminados planos os produtos não enrolados, de largura igual a pelo menos dez vezes a espessura, quando esta for inferior a 4,75 mm, ou de largura superior a 150 mm ou a pelo menos duas vezes a espessura, quando esta for igual ou superior a 4,75 mm. IPI. COBERTURA DE CRÉDITO. MULTA ISOLADA. É cabível o lançamento de multa isolada pelo IPI não lançado com cobertura de crédito. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. 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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1463; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 752 1 751 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15586.720571/201410 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.341 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 17 de abril de 2018 Assunto Classificação Fiscal Recorrente Arcelormittal Brasil Ltda Recorrida Fazenda Nacional Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, substituído pelo Conselheiro Suplente convocado Vinícius Guimarães. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra (Presidente, Maria Aparecida Martins de Paula, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Vinícius Guimarães (Conselheiro Suplente convocado). RELATÓRIO Por bem relatar os fatos, adoto o Relatório da decisão recorrida com os devidos acréscimos: Trata o presente processo de Auto de Infração AI (fls. 66 a 85) sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) contra o qual foi protocolizada impugnação (fls. 92 a 104). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 86 .7 20 57 1/ 20 14 -1 0 Fl. 762DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 753 2 A descrição sintética do AI é de que houve “Saída de Produtos sem lançamento do IPI Inobservância de classificação fiscal e/ou alíquota do IPI”. A ciência deuse dia 1º de dezembro de 2014 (fl. 87). O detalhamento dos valores lançados, bem como a fundamentação legal de cada rubrica do lançamento encontramse no bojo do AI, não obstante o teor do Termo de Verificação Fiscal de fls. 58 a 65, o qual explica as razões do enquadramento fiscal diverso, elabora demonstrativos e planilhas com Notas Fiscais NF e os respectivos valores a lançar devido à reclassificação fiscal adotada. Transcrevese aqui partes do Termo de Verificação Fiscal, onde se explicam as razões que ensejaram o lançamento tributário ora combatido: “3. DO ERRO DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL Regularmente atendida a intimação, verificamos que o estabelecimento adotou classificação fiscal errada em relação a uma série de produtos classificados com códigos 7214.91.00 e 7214.99.90 da Tabela de Incidência TIPI, com alíquota zero. classificação esta equivocada no que se refere ao enquadramento de produtos denominados "Laminados Planos". De fato. a referida tabela, na Nota 1, alínea K do Capítulo 72, assim define os laminados planos, para efeito de classificação fiscal: ... Não obstante tal definição, o estabelecimento classificou vários produtos contidos na 'Relação do produtos com classificação errada', com medidas dentro das acima especificadas, como "barra", que também tem sua definição estabelecida na alínea m, da Nota 1 do Capítulo 72 da TIPI: m) Barras: os produtos que não satisfaçam a qualquer das definições constantes das alíneas ij), k) e i) acima, ... ... Os " laminados planos" estão classificados nas posições 72.08 a 72.12 da TIPI. e são tributados pela alíquota de 5% (cinco por cento) no período fiscalizado. As "barras" estão classificadas nas posições 72.14 e 72.15. sendo a posição 72.14 a utilizada pelo estabelecimento. Vejamos que a partir de 08 de fevereiro de 2006, os produtos classificados na posição 72.14 tiveram sua alíquota de tributação reduzida a zero por força do disposto no artigo 1°, inciso I, do Decreto 5.697/2006. Portanto, para efeito de incidência do IPI. o critério a se considerar para fins de classificação fiscal de produtos são as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado, base da Nomenclatura Comum do Mercosul e, consequentemente, da TIPI. conforme estabelece o Decretolei n° 1.154, de 10 de março de 1971. Segundo essas regras, os produtos que atendam as especificações da alínea K, da Nota 1 do Capítulo 72 da TIPI. são definidos como "laminados planos", tributados a alíquota de 5%. ... Fl. 763DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 754 3 4. DA FALTA DE DESTAQUE DO IPI Os lançamentos de débito realizados mensalmente pela fiscalização não geraram saldos devedores de IPI, mas tão somente reduziram seus saldos credores. No entanto, o erro de classificação fiscal constitui infração conforme o disposto no artigo 648 do RIPI/10 que determina: Art. 548 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária que importe em inobservância de preceitos estabelecidos ou disciplinados por este Regulamento ou pelos atos administrativos de caráter normativo destinados a complementálo (Lei n°4.502, de 1964, art. 64)' Demonstrouse. assim, de maneira inequívoca, que o contribuinte não efetuou o destaque do IPI devido pela saída de produtos tributados, já que efetuou classificação fiscal incorreta em relação a uma série de produtos por ele industrializados, havendo a necessidade do lançamento dos débitos do imposto não destacado, gerando a cobrança da multa estabelecida no artigo 569 do RIPI/10. conforme a seguir transcrito: Art. 569. A falta de destaque do valor, total ou parcial, do imposto na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto destacado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido (Lei n° 4.502. de 1964. art. 80. e Lei 1.488. de 2007, art. 13). ... 7. MULTA APLICADA O lançamento dos débitos do imposto não foram suficientes para gerar saldos devedores do imposto, porém, a falta de destaque do valor do imposto nas respectivas notas fiscais, sujeitará o contribuinte à multa de oficio conforme artigo 569 do RIPI/10. Portanto está sendo aplicada a multa equivalente a 75 % do valor de IPI não destacado nas notas fiscais de saída com valor total de R$ 6.377 955.14 (Seis milhões, trezentos e setenta e sete mil, novecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos).” A impugnação foi protocolizada dia 31 de dezembro de 2014. O lançamento combatido, multa isolada do IPI não lançado com cobertura de crédito, decorre de divergência quanto à classificação fiscal adotada pela impugnante em relação a certos produtos. Reprisando, enquanto a fiscalização classificou os produtos em Laminados Planos, cuja posição é 72.08 a 72.12 da TIPI (com alíquota de 5% de IPI), a impugnante classificou tais produtos como Barras de ferro ou aço não ligado, posição 72.14 (alíquota 0%). Defende que, em se tratando de lançamento e multa isolada, não houve prejuízo ao Erário, razão pela qual a multa é confiscatória e deve ser abolida por ferir os princípios constitucionais de vedação ao confisco, proporcionalidade e razoabilidade. Argui, em caráter preliminar, a nulidade do AI, por preterição ao direito de defesa, defendendo que o relatório fiscal limitase “em trazer uma planilha de checagem das dimensões para as barras chatas fiscalizadas e, caso atendidas disposições atinentes aos produtos laminados planos, determinada barra era glosada pelo fisco. Vejase, portanto, não Fl. 764DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 755 4 ter sido trazido aos autos qualquer elemento de ordem técnica a implicar na vinculação entre as barras ora autuadas e conceito de produto laminado plano. Tratase, portanto, de autuação completamente desmotivada, na medida em que não traz elementos suficientes a legitimar o reenquadramento proposto pelo fisco.” Defende também o não lançamento da multa por suposta falta de previsão legal, além de, por falta de prejuízo ao Erário, não haver valor devido sobre o qual incida a multa. Repetiu a defesa de que a multa isolada se reveste de confisco, conflitando com os princípios constitucionais da vedação ao confisco, da proporcionalidade e da razoabilidade. Finalizou, repetindo a solicitação de nulidade do AI por vício de motivação e solicitou seja o processo baixado em diligência para que “o fisco apresente, em cada um dos produtos autuados pela fiscalização, os motivos que ensejaram o seu enquadramento como produto laminado plano”. Reiterou que deve ser afastada a cobrança de multa isolada referente ao IPI não lançado com cobertura de crédito por não ser figura típica e não constar da lei tal penalidade em caso de recomposição da conta gráfica, e ainda, que se mantida a multa, seja cancelada ou reduzida a patamares constitucionalmente admitidos, em respeito aos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e não confisco. Em 13 de fevereiro de 2015, a impugnante apresentou aditamento à sua impugnação, alegando a necessidade de apresentar novos documentos e pela superveniência de fatos novos, requerendo seu recebimento com fundamento no princípio da verdade material (fls. 207 a 243). Argumentou também que a nova impugnação encontrase amparada no art. 16, §4º e §5º do Decreto nº 70.235/72. Levantou a hipótese, alegando apenas que 30 dias não seriam suficientes para o levantamento efetuado, de que parte dos produtos objeto de reclassificação tarifária procedida pela fiscalização estariam acobertados por regimes diferenciados, tais como o art. 29 da Lei nº 10.637/02, que suspende o IPI no caso de produtos utilizados no setor automotivo/auto peças. Acrescenta que, após a impugnação original, a empresa recebeu 9 despachos decisórios não homologatórios de compensações por ela declaradas, todos com base no saldo credor glosado decorrente do presente auto de infração, e que, portanto, os despachos representam fato novo e também a necessidade de novos esclarecimentos acerca do feito. Por esta razão, também, solicitou sejam julgamos juntos este processo e os demais referentes aos despachos decisórios já referidos, defendendo que o resultado do presente processo afeta aos demais. A defesa também repete os argumentos da impugnação original, bem como acrescenta a defesa referente aos processos envolvendo as compensações não homologadas. Fl. 765DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 756 5 Trouxe ao presente a diferenciação dos produtos referente à normatização siderúrgica, bem como defende que esta seja utilizada no balizamento da interpretação da NCM e TIPI. De argumento novo, defendeu que, ainda que a classificação fiscal dos produtos seja revista, sua destinação implica a inexistência de imposto a recolher por força da suspensão do IPI. Nesta situação, apresentou as seguintes situações: transferência de produção entre estabelecimentos (art. 43, X, do RIPI/10); transferência para estabelecimentos situados na Zona Franca de Manaus (art. 43,X c/c art. 84 do RIPI/10) e para a Amazônia Ocidental (art. 43, X c/c art. 96 do RIPI/10); vendas para a Amazônia Ocidental, Zona Franca de Manaus e demais Áreas de Livre Comércio; vendas para a indústria automobilística e empresas fabricantes de autopeças, inclusive exportadoras (art. 136 do RIPI/10); vendas a estaleiros navais (art. 10 da Lei nº 9.493/97). Repete, ao final, todos os argumentos da impugnação original. Ainda, foi apresentada, em 28 de maio de 2015, nova impugnação (fls. 416 a 438) referente ao processo nº 15586.720086/201519, mas, segundo a impugnante, vinculado ao presente. O enfoque da referida impugnação é o processo nº 15586.720086/201519, cuja decisão sofre o efeito do lançamento discutido no presente processo. Ato contínuo, a DRJPORTO ALEGRE (RS) julgou a impugnação do contribuinte nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 IPI. LAMINADOS PLANOS. Classificamse como laminados planos os produtos não enrolados, de largura igual a pelo menos dez vezes a espessura, quando esta for inferior a 4,75 mm, ou de largura superior a 150 mm ou a pelo menos duas vezes a espessura, quando esta for igual ou superior a 4,75 mm. IPI. COBERTURA DE CRÉDITO. MULTA ISOLADA. É cabível o lançamento de multa isolada pelo IPI não lançado com cobertura de crédito. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Em seguida, devidamente notificada, a Recorrente interpôs o presente recurso pleiteando a reforma do acórdão. Fl. 766DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 757 6 Em seu Recurso Voluntário, a Recorrente repisou os mesmos argumentos utilizados em sua impugnação e solicitou a análise por este Colegiado de legislaçao superveniente à lavratura do auto de infração atinente a edição do ADE RFB nº06 de 17 de dezembro de 2014 que deu nova redação ao capítulo 72, nota 1, alínea “k”, primeiro parágrafo. Essa norma, segundo afirma a Recorrente, teria caráter interpretativo, nos termos do art.4º, parágrafo único do Decreto nº7.660/2011 e art. 106, inciso I, do CTN. É o relatório. VOTO Conselheiro Pedro Sousa Bispo, Relator. Trata o presente processo de lançamento fiscal decorrente de erro de classificação de mercadoria. Disso resultou a identificação da saída de produtos tributáveis pelo IPI sem destaque nas notas fiscais, ensejando, consequentemente, a aplicação da multa de 75%, e redução dos saldos credores de IPI apurados ao longo do período fiscalizado. A Autoridade Tributária, utilizando as Regras Gerais de Interpretação do Sistema Hamonizado, conclui que os produtos aos quais a Empresa deu saída no período fiscalizado se tratavam de "laminados planos", classificados nas posições 72.08 a 72.12 da TIPI e sujeitos à alíquota de 5% (cinco por cento) de IPI. Tendo em vista as características dos produtos, entendeu a Fiscalização que se identificavam adequadamente com a descrição dos laminados planos constante na Nota 1, alíneas k, do capítulo 72, in verbis: Capítulo 72 Ferro fundido, ferro e aço Notas. 1.Neste Capítulo e, no que se refere às alíneas d), e) e f) da presente Nota, na Nomenclatura, consideramse: .... k) Produtos laminados planos: os produtos laminados, maciços, de seção transversal retangular, que não satisfaçam à definição da Nota 1ij) anterior: em rolos de espiras sobrepostas, ou não enrolados, de largura igual a pelo menos dez vezes a espessura, quando esta for inferior a 4,75mm, ou de largura superior a 150mm ou a pelo menos duas vezes a espessura, quando esta for igual ou superiora 4,75mm. Os produtos que apresentem motivos em relevo provenientes diretamente da laminagem (por exemplo: ranhuras, estrias, gofragens, lágrimas, botões, losangos) e os que tenham sido perfurados, ondulados, polidos, classificamse como produtos laminados planos, desde que aquelas operações não lhes confiram as características de artefatos ou obras incluídos em outras posições. A Recorrente, por sua vez, entende que os produtos objeto do lançamento se tratam em verdade de "Barras de ferro ou aço não ligado", estando correta a classificação adotada com os códigos 7214.91.00 e 7214.99.90 da Tabela de Incidência TIPI, com alíquota Fl. 767DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 758 7 zero. Essa classificação decorreu do seu entendimento de que os seus produtos não se classificariam em nenhuma das definições específicas constantes nas notas do capítulo 72, devendo ser aplicada a definição residual constante na alínea m, in verbis: m) barras os produtos que não satisfaçam a qualquer das definições constantes das alíneas ij), k) e l) acima, nem à de fio, e cuja seção transversal, maciça e constante, tenha a forma de círculo, de segmento circular, oval, de quadrado, retângulo, triângulo ou de outros polígonos convexos (incluídos os "círculos achatados" e os " retàngulos modificados", em que dois dos lados opostos tenham a forma de arcos de círculo convexo e os dois outros sejam retilíneos, iguais e paralelos. Portanto, a classificação de um produto como "barra chata” se dá de forma residual, quando não satisfeitas quaisquer das definições específicas, das notas do capítulo 72 da NESH. A questão abordada no processo não é nova nas turmas desta Câmara administrativa, tendo inclusive esse colegiado, em composição diferente da atual, já se manifestado quanto a questão no processo nº10640.721511/201491, envolvendo o mesmo contribuinte e praticamente os mesmos produtos, no acórdão nº3402003.804 de 25 de janeiro de 2017. Entendo que essa discussão sobre a classificação de fiscal das mercadorias, por ora, deve ser postergada até que se esclareça dúvida a respeito da outra matéria de defesa da empresa que tem reflexo direto sobre a base de cálculo, atinente a existência de saídas sem o destaque de IPI nas notas fiscais, decorrentes de regimes especiais e isenções aos quais a empresa seria beneficiária. A Recorrente informa que parte das suas saídas, objeto do lançamento, estaria sujeita a regimes especiais de suspensão ou isenção, tais como, mercadorias transferidas entre estabelecimentos da empresa; transferência para estabelecimentos situados na Zona Franca de Manaus e para a Amazônia Ocidental; vendas para a Amazônia Ocidental, Zona Franca de Manaus e demais Áreas de Livre Comércio; vendas para a indústria automobilística e empresas fabricantes de autopeças, inclusive exportadoras e vendas a estaleiros navais. O amparo legal que fundamentou cada regime especial também foi indicado pela Recorrente. Conforme consta na decisão recorrida. a referida alegação primeiramente foi apresentada intempestivamente em impugnação aditiva que foi conhecida pelo Julgador a quo , uma vez que este entendeu que foram atendidas as condições previstas nos §§ 4º e 5º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Noticiase ainda nos autos que a empresa fundamentou a sua defesa, quanto a esse ponto, utilizandose de tabela com relação de algumas notas fiscais escolhidas por amostragem que exemplificaria os casos de suspensão do IPI ocorridos. Justificou tal procedimento adotado devido ao número expressivo de notas fiscais a serem apresentadas no tempo exíguo ao qual dispôs para recurso. Juntou ainda aos autos cópias das notas fiscais as quais fez referência (374 a 407). A Recorrente solicitou ainda a realização de diligência fiscal com o objetivo de sanar a insubsistência do auto de infração. Fl. 768DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 759 8 O Julgador da instância a quo não acolheu a alegação do Contribuinte, quanto a essa matéria, sob o fundamento de que não foram especificados mensalmente os valores das notas fiscais que teriam direito aos regimes especiais, da não comprovação do cumprimento das condições para seu usufruto da suspensão do imposto e, por fim, sob a argumentação de que na saída de produto sujeito à alíquota de 5%, mesmo que, hipoteticamente, sujeito à suspensão, seu lançamento ainda é obrigatório, com o destaque do Imposto, não tendo sido efetuado, caberia o lançamento de ofício. Ao contrário do que afirma a Autoridade a quo, o RIPI/2010 é expresso quanto ao não destaque do IPI nos casos de suspensão. A título de exemplo, transcrevo o dispositivo que trata de aspectos das notas fiscais no caso de vendas para indústrias de autopeças, in verbis: Nota Fiscal Art. 139. Nas notas fiscais, relativas às saídas referidas nos incisos III a VI do caput do art. 136, deverá constar a expressão “Saído com suspensão do IPI”, com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas (Lei nº 9.826, de 1999, art. 5º, § 4º, Lei nº 10.485, de 2002, art. 4º, e Lei no 10.637, de 2002, art. 29, § 6o). Entendo que nesses casos a não obrigação de destaque do imposto suspenso na nota fiscal de saída teria reflexo direto no deslinde da presente lide, quanto a multa lançada. Ao conferir a documentação apresentada, constatei ainda que há indícios fortes de que a empresa de fato teve produtos destinados a estabelecimentos localizados na Amazônia Ocidental, na Zona Franca de Manaus e vendas para fabricantes de autopeças. Assim, entendo, com base na documentação apresentada pela Recorrente, que há uma forte probabilidade da Empresa possuir outras saídas, além daquelas apresentadas na amostragem, sujeitas aos regimes especiais citados anteriormente e sem o destaque do IPI suspenso na nota fiscal. Nesse sentido, a fim de apurar a realidade dos acontecimentos, necessitase levantar os valores totais mensais de saída sem destaque de IPI a fim avaliar o seu reflexo sobre o presente lançamento. Diante do exposto e em homenagem ao princípio da verdade material, proponho a conversão do julgamento em diligência a fim de que a unidade de origem realize os seguintes procedimentos: a) Intimar a empresa a indicar, em forma de planilha, quais notas constante do arquivo não paginavel "Notas Fiscais Reclassificadas" estariam sujeitas a suspensão ou isenção do IPI (fls.43); b) No mesmo Termo solicitar o amparo legal para a suspensão ou isenção do IPI nas referidas saídas, bem como comprovar que atende as condições para o usufruto da suspensão ou a isenção do IPI, aos quais seja beneficiária; d) Indicar os reflexos das informações obtidas, na forma acima indicada, sobre o lançamento fiscal; e) Efetuar quaisquer outras verificações que julgar necessárias para esclarecer as questões postas; e Fl. 769DF CARF MF Processo nº 15586.720571/201410 Resolução nº 3402001.341 S3C4T2 Fl. 760 9 f) Elaborar relatório fiscal conclusivo detalhando os procedimentos realizados, anexar todos os documentos gerados na diligência e facultar à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574, de 2011; Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 770DF CARF MF
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