Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10280.901509/2012-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3202-000.341
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente.
Luís Eduardo Garrossino Barbieri Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Gilberto Moreira de Castro Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Charles Mayer de Castro Souza e Tatiana Midori Migiyama.
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10280.901509/2012-78
anomes_publicacao_s : 201504
conteudo_id_s : 5451343
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3202-000.341
nome_arquivo_s : Decisao_10280901509201278.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 10280901509201278_5451343.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Gilberto Moreira de Castro Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Charles Mayer de Castro Souza e Tatiana Midori Migiyama.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
id : 5887356
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702231580672
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2073; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T2 Fl. 304 1 303 S3C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.901509/201278 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3202000.341 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 18 de março de 2015 Assunto DILIGÊNCIA Recorrente ALUNORTE ALUMINA DO NORTE DO BRASIL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente. Luís Eduardo Garrossino Barbieri – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Gilberto Moreira de Castro Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Charles Mayer de Castro Souza e Tatiana Midori Migiyama. Relatório O presente litígio decorre de pedido de ressarcimento de créditos da Cofins não cumulativa exportação, para o período de apuração do 3º trimestre de 2008, no valor de R$ 45.212.032,71, cumulado com diversas declarações de compensações. Para melhor elucidar os fatos, transcrevo a seguir o relatório da decisão recorrida: Relatório Tratase do pedido de ressarcimento nº 06004.59676.190110.1.1.091094 (fls. 2 a 5) 1 relativo a créditos oriundos de Cofins nãocumulativa exportação, fundamentado no § 1º, do art 6º, da Lei nº 10.833/03, para o período de julho a setembro de 2008,, num valor total de R$ R$ 45.212.032,71. Com base nesse pedido de ressarcimento foram transmitidas as seguintes declarações de compensação pelo contribuinte: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 80 .9 01 50 9/ 20 12 -7 8 Fl. 304DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10280.901509/201278 Resolução nº 3202000.341 S3C2T2 Fl. 305 2 (tabela omitida) Para a análise desse pedido de ressarcimento solicitou a DRF ao manifestante uma série de documentos como arquivos contábeis e fiscais digitais, livros fiscais e contábeis, notas fiscais, relação de insumos, relação dos fornecedores de bens e de serviços, memórias de cálculo representativas dos valores lançados no DACON, mapas de cálculos dos encargos de depreciação, descrição completa do seu processo produtivo, atos aprovadores emitidos pela SUDAM para ampliação do empreendimento, entre outros. Da análise desses documentos foram encontradas irregularidades, seja no rateio proporcional dos créditos de exportação, seja na utilização de créditos que não se caracterizariam como insumos. Diante disso, a DRF jurisdicionante emitiu o Despacho Decisório de fl. 35, deferindo um crédito parcial de R$ 32.096.963,81, o qual não foi suficiente para compensar integralmente todos os débitos correspondentes as DCOMPs anteriormente relacionadas. A DCOMP 39765.21717.061010.1.3.094333 foi homologada parcialmente, enquanto as DCOMPs 08221.27297.241110.1.3.099004 e 09869.20755.280111.1.3.096670 não foram homologadas. Dessa forma, não haveria valor a ser ressarcido para o pedido aqui em análise, visto que o valor do crédito reconhecido foi totalmente utilizado nas compensações homologadas. A análise que levou a essa conclusão do Despacho Decisório se alicerça no Parecer SEORT/DRF/BEL nº 0454/2012, tendo o mesmo sido fornecido ao manifestante (fls. 174 a 202). A ciência foi dada ao contribuinte em 16/10/2012 (fls. 34 e 206). O contribuinte apresentou, em 08/11/2012, manifestação de inconformidade às fls. 35 a 77. Em que a pese durante a manifestação o contribuinte misturar os tópicos de sua contestação, repetindoos muitas vezes durante sua argumentação, talvez por estarem interrelacionados, temos, em síntese, as seguintes alegações: QUE os insumos que geram créditos de Cofins nãocumulativa não se restringem ao universo das matériasprimas, produtos intermediários, e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto de fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto destinado à venda, como entende a fiscalização. Insumo deve ser entendido como cada um dos elementos imprescindíveis para a produção das mercadorias ou para a prestação dos serviços. Cita o Parecer Normativo CST nº 65/79. QUE as glosas podem ser atribuídas ao fato de que tais insumos não integrariam os produtos aplicados ao processo de industrialização por inexistir contato físico dos mesmos com o produto final (a alumina), mas defende que mesmo sem tal contato, sem tais insumos jamais se poderia chegar ao produto final – cita como exemplo o caso do ácido sulfúrico, do inibidor de corrosão e do carbonato de cálcio. QUE o § 3º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, estabelece como créditos passíveis de ressarcimento todos os custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, e não apenas os que digam respeito aos insumos empregados no processo produtivo da alumina exportada. QUE em relação à glosa de materiais e serviços diversos ligados à construção civil e edificações incorporados ao seu ativo imobilizado temse permissão desses créditos no inciso VI, do art. 3º, da Lei nº 10.833/03, afirmando também que a IN SRF nº 457/2004 veiculou a facultatividade do cálculo do crédito, observada a periodicidade de 4 anos Fl. 305DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10280.901509/201278 Resolução nº 3202000.341 S3C2T2 Fl. 306 3 (1/48 ao mês). Entende, porém, que a Lei nº 11.196/05 (instituiu regime especial de tributação para o REPES, RECAP e para o Programa de Inclusão Digital), o Decreto nº 5.789/06 (dispõe sobre bens amparados pelo RECAP) e o Decreto nº 5.988/06 (instituiu depreciação acelerada incentivada no prazo de 12 meses em microrregiões menos favorecidas das áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM) previram incentivos para que as sociedades sujeitas ao SUDAM pudessem optar por uma periodicidade diferenciada (1/12) para os equipamentos descritos no RECAP. Destaca, ainda, que a alegação do Parecer da DRF de fundamentar que não teria observado as exigências da Lei nº 11.196/05, exigirlheia uma conduta impraticável. QUE não concorda com o entendimento de que o seu rol de máquinas e equipamentos, volvidos no ativo imobilizado, não teriam sido empregados na fabricação de produtos para venda, excluindo móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros. QUE não há como se vislumbrar infringência à Lei nº 11.488/07 (REIDI) no que se refere ao desconto de créditos de edificações. QUE as glosas pontuadas pela fiscalização se referem a custos que deveriam ter sido homologados com base nos arts. 2º e 3º, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, sendo incompreensível a manutenção das mesmas. E não considerar tais despesas como insumos é critério inconciliável com a diretriz constitucional da nãocumulatividade, bem como de sua previsão infraconstitucional. QUE destaca decisão da Câmara Superior da 3ª Seção do CARF ter julgado que os insumos passíveis de crédito de PIS e de Cofins são produtos e serviços inerentes à produção, mesmo que não sejam consumidos durante o processo produtivo. QUE não há como se negar que muitas soluções de consulta editadas pela Receita Federal do Brasil tem posicionamento restritivo para o conceito de insumo, sustentando que esses seriam aqueles itens aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, o que seria uma ilegítima importação do conceito de insumo previsto na legislação do IPI. Salienta que a jurisprudência defenderia que o correto seria aproximar insumo ao conceito de despesa dedutível para fins de IRPJ. QUE são incabíveis as glosas de créditos relativos ao ativo imobilizado e edificações, tendo em vista que o ativo imobilizado compreende todo o complexo de bens e direitos da empresa, inclusive móveis, utensílios, veículos, instalações, prédios construídos e em construção, com base nas Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, ou seja, que qualquer ativo imobilizado gera crédito das contribuições. Bastaria que tivessem sido adquiridos para a produção de bens destinados à venda, sendo que para edificações e benfeitorias, nem mesmo tal exigência é feita. QUE a ALUNORTE é uma refinaria de alumina e não haveria mais nada que se pudesse fazer com os móveis, ferramentas, instrumentos, veículos, máquinas e equipamentos genéricos glosados. QUE não há qualquer dispositivo legal que diga que encargos de depreciação e de amortização somente possam ser computados no resultado do exercício a partir da utilização de cada bem considerado. QUE existem autores com entendimento doutrinário sobre a extensão e o alcance do conceito de insumo para fins de creditamento das contribuições contrários a redução dessa amplitude conceitual disposta pela fiscalização. Por fim, requer que sejam acolhidas as razões de sua manifestação de inconformidade pra fim de desconstituir as glosas objeto desse processo no valor de R$ 13.115.068,90 e Fl. 306DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10280.901509/201278 Resolução nº 3202000.341 S3C2T2 Fl. 307 4 trimestre, advindos da nãocumulatividade aproveitandose dos créditos lançados nos pedidos de compensação do 3º de Cofins, sob pena de violação frontal ao § 12, art. 195 da Constituição Federal, ao § 1º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, ao art. 100, da Lei nº 5.172/66 (CTN), aos arts. 13 e 14, da Lei nº 11.196/05, ao art. 1º, do Decreto nº 5.789/06, aos arts. 1º, 2º e 3º, do Decreto nº 5.988/06, ao art 6º e 41, da Lei nº 11.488/07, ao art. 8º, da IN SRF nº 404/04, e ao art. 1º e 2º, da IN SRF nº 457/04. Protesta, ainda, pela produção de prova pericial, via auditagem suplementar, considerandose a incompatibilidade entre a escrita contábil da ALUNORTE no período, e as razões de glosa suscitadas pela fiscalização, esclarecendo que a finalidade é a de ratificar a efetiva utilização dos bens e serviços glosados como insumos de aplicação direta e efetiva no processo produtivo, e indicando assistente técnico. A 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre proferiu o Acórdão nº 1047.287 em 31/10/2013 (efolhas 209/ss), o qual recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 CRÉDITO EXPORTAÇÃO. RESSARCIMENTO. Para cálculo do rateio proporcional dos créditos de mercado interno e de exportação, devem ser incluídas todas as receitas. DESPESAS FORA DO CONCEITO DE INSUMOS. Existe vedação legal para o creditamento de despesas que não podem ser caracterizadas como insumos dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade. BASE DE CÁLCULO. RECEITA, E NÃO O LUCRO. A base de cálculo do PIS e da Cofins determinada constitucionalmente é a receita obtida pela pessoa jurídica, e não o lucro. PERÍCIA. PEDIDO INDEFERIDO. Indeferese o pedido de perícia quando as informações necessárias se encontram nos autos e não é demonstrada sua real necessidade para a solução do litígio. Ainda mais quando o constatado pela DRF jurisdicionante está baseado em documentação apresentada pelo próprio contribuinte, ou seja, em sua própria contabilidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A interessada cientificada do Acórdão, interpôs recurso voluntário (efolhas 227/ss), onde repisa os argumentos já trazidos na impugnação. O processo digitalizado foi sorteado e, posteriormente, distribuído a este Conselheiro Relator na forma regimental. É o relatório. VOTO Conselheiro Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Relator. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10280.901509/201278 Resolução nº 3202000.341 S3C2T2 Fl. 308 5 A questão tratada nos autos referese à discussão do reconhecimento do direito do crédito para fins de PIS/Cofins de diversas rubricas, conforme descrição dos fatos constante do Relatório acima transcrito. Esta Turma tem adotado como critério para o deslinde do litígio, em casos similares ao aqui tratado (vide Resoluções nºs 3202000.258, de 31/07/2014 e 3202000.202, de 23/04/2014), a realização de diligência, a fim de se determinar se os insumos objeto de glosa pela fiscalização relacionamse ou não ao processo produtivo da Recorrente, devendo, para tanto, ser considerados como insumos todos os bens e serviços utilizados, direta ou indiretamente, exclusivamente no processo produtivo e cuja subtração importe na impossibilidade da produção. Diante do exposto, entendo que deve ser propiciada a ampla oportunidade para as partes esclarecerem os fatos, em atendimento aos princípios da ampla defesa e do contraditório, e assim sendo, nos termos do que dispõem os artigos 18 e 29 do Decreto n° 70.235/72, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a autoridade fiscal competente da DRF – Joaçaba SC: 1º) Intime a Recorrente a apresentar laudo técnico elaborado por instituição de reconhecida reputação técnica (IPT, INT, UNICAMP, ou outra similar), no qual deverá constar: a) A descrição detalhada do processo produtivo da Recorrente, apontando, discriminadamente, qual a utilização dos insumos ora glosados na produção dos bens destinados à venda; b) Quais insumos objeto da autuação fiscal são de aplicação direta ou indireta na produção; e c) Se tais insumos possuem natureza essencial à produção, ou seja, se a sua exclusão importaria na impossibilidade da produção. 2º) Após a juntada do laudo, promova diligência fiscal in loco, para verificar as conclusões do laudo pericial, elaborando Relatório conclusivo acerca da utilização efetiva, ou não, dos insumos ora glosados, em relação ao processo produtivo da Recorrente. Após a realização da diligência, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. É como voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Fl. 308DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13609.720728/2011-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Exercício: 2006
IPI.CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE PROVA QUANTO AO NÃO APROVEITAMENTO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE.
O aproveitamento integral, pela Fiscalização, de planilha de crédito apresentada pela própria Contribuinte pressupõe a consideração, no processo de apuração de todos os créditos a que teria direito. Eventual crédito não inserido em planilha apresentada pela própria Contribuinte exige demonstração cabal da sua existência e origem, o que não se verificou. Recurso Voluntário cuja fundamentação, por ser genérica, não ilide as razões da decisão recorrida. Fundamentação deficiente.
IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE LEGITIMIDADE. AQUISIÇÃO DE INSUMOS PARA INDUSTRIUALIZAÇÃO DE PRODUTOS COM SAÍDA NÃO TRIBUTADA.
Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.
IPI. SAÍDAS COM SUSPENSÃO. CONDICIONANTES. FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO DEFICIENTE.
Não se conhece de recurso quando de sua fundamentação não se puder constatar o objeto da controvérsia dos autos. Fundamentação deficiente. Ausência de insurgência quanto aos fundamentos da decisão recorrida .
QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO.
A falta de destaque na nota fiscal do IPI devido na operação não caracteriza ocultação da ocorrência do fato gerador, nem mesmo alteração de sua natureza, o que afasta a caracterização de conduta tipificadora de sonegação.
Numero da decisão: 3301-002.371
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto da relatora.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Fábia Regina Freitas - Relatora.
EDITADO EM: 15/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, José Adão Vitorino de Morais, Andrada Marcio Canuto Natal, Antonio Mario de Abreu Pinto, Maria Teresa Martinez Lopez e Fábia Regina Freitas (Relatora).
Nome do relator: FABIA REGINA FREITAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Exercício: 2006 IPI.CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE PROVA QUANTO AO NÃO APROVEITAMENTO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. O aproveitamento integral, pela Fiscalização, de planilha de crédito apresentada pela própria Contribuinte pressupõe a consideração, no processo de apuração de todos os créditos a que teria direito. Eventual crédito não inserido em planilha apresentada pela própria Contribuinte exige demonstração cabal da sua existência e origem, o que não se verificou. Recurso Voluntário cuja fundamentação, por ser genérica, não ilide as razões da decisão recorrida. Fundamentação deficiente. IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE LEGITIMIDADE. AQUISIÇÃO DE INSUMOS PARA INDUSTRIUALIZAÇÃO DE PRODUTOS COM SAÍDA NÃO TRIBUTADA. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. IPI. SAÍDAS COM SUSPENSÃO. CONDICIONANTES. FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO DEFICIENTE. Não se conhece de recurso quando de sua fundamentação não se puder constatar o objeto da controvérsia dos autos. Fundamentação deficiente. Ausência de insurgência quanto aos fundamentos da decisão recorrida . QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. A falta de destaque na nota fiscal do IPI devido na operação não caracteriza ocultação da ocorrência do fato gerador, nem mesmo alteração de sua natureza, o que afasta a caracterização de conduta tipificadora de sonegação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13609.720728/2011-15
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5448334
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 30 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3301-002.371
nome_arquivo_s : Decisao_13609720728201115.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : FABIA REGINA FREITAS
nome_arquivo_pdf_s : 13609720728201115_5448334.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto da relatora. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Fábia Regina Freitas - Relatora. EDITADO EM: 15/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, José Adão Vitorino de Morais, Andrada Marcio Canuto Natal, Antonio Mario de Abreu Pinto, Maria Teresa Martinez Lopez e Fábia Regina Freitas (Relatora).
dt_sessao_tdt : Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
id : 5880441
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702234726400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2287; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13609.720728/201115 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301002.371 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de maio de 2014 Matéria IPI Recorrente DATAPRINT INDUSTRIA E COMERCIO DE FORMULARIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Exercício: 2006 IPI.CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE PROVA QUANTO AO NÃO APROVEITAMENTO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. O aproveitamento integral, pela Fiscalização, de planilha de crédito apresentada pela própria Contribuinte pressupõe a consideração, no processo de apuração de todos os créditos a que teria direito. Eventual crédito não inserido em planilha apresentada pela própria Contribuinte exige demonstração cabal da sua existência e origem, o que não se verificou. Recurso Voluntário cuja fundamentação, por ser genérica, não ilide as razões da decisão recorrida. Fundamentação deficiente. IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE LEGITIMIDADE. AQUISIÇÃO DE INSUMOS PARA INDUSTRIUALIZAÇÃO DE PRODUTOS COM SAÍDA NÃO TRIBUTADA. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. IPI. SAÍDAS COM SUSPENSÃO. CONDICIONANTES. FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO DEFICIENTE. Não se conhece de recurso quando de sua fundamentação não se puder constatar o objeto da controvérsia dos autos. Fundamentação deficiente. Ausência de insurgência quanto aos fundamentos da decisão recorrida . QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. A falta de destaque na nota fiscal do IPI devido na operação não caracteriza ocultação da ocorrência do fato gerador, nem mesmo alteração de sua natureza, o que afasta a caracterização de conduta tipificadora de sonegação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 72 07 28 /2 01 1- 15 Fl. 3640DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto da relatora. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Fábia Regina Freitas Relatora. EDITADO EM: 15/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, José Adão Vitorino de Morais, Andrada Marcio Canuto Natal, Antonio Mario de Abreu Pinto, Maria Teresa Martinez Lopez e Fábia Regina Freitas (Relatora). Relatório Tratase, na origem, de Auto de Infração mediante o qual a Fiscalização exige Imposto sobre Produtos Industrializados –IPI– relacionado a fatos geradores compreendidos entre janeiro e dezembro de 2006 e acréscimos legais (juros e multa), no montante de R$ 5.912.972,98 (fl. 3528). Segundo informação contida na autuação o lançamento decorreu dos seguintes fatores (fls. 3524/3527): 1 – IPI sobre as vendas de produtos de fabricação própria – Não foi justificado motivo pelo qual a empresa deixou de destacar, em suas notas fiscais de saída, o valor do IPI sobre produtos de sua fabricação própria. Assim, não havendo dado para comprovar o efetivo recolhimento do tributo, foram lançados valores de IPI no período, considerando as alíquotas relacionadas aos Códigos NCM relacionados a cada um dos produtos da recorrente. 2 – IPI sobre transferência de produção para estabelecimento da mesma empresa – Como a recorrente não indicou, nas notas fiscais de saída de seu estabelecimento, que as transferências de mercadorias/produção estavam contempladas pela suspensão do IPI, nem se preocupavam em apontar a base legal dessa suspensão, a fiscalização lavrou o competente auto; 3 – Aproveitamento de créditos simples – Foram aproveitados, para a apuração do IPI devido, todos os créditos descritos na planilha apresentada em resposta ao Termo de Intimação 01, relativos à aquisição de insumos utilizados em seu processo produtivo. 4 – Após a confrontação dos débitos e créditos apurados, o valor de IPI devido, segundo a fiscalização, foi lançado por meio de Auto de Infração juntamente com os consectários legais pertinentes. Fl. 3641DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 13609.720728/201115 Acórdão n.º 3301002.371 S3C3T1 Fl. 3 3 Apresentada impugnação (fls. 3536/3555), mediante a qual alega que (i) a fiscalização não considerou, de forma integral, os débitos de IPI decorrentes da aquisição de insumos para fabricação própria; (ii) foram indevidamente desconsiderados os créditos de IPI decorrentes das saídas de produtos NT, alíquota zero e imunes; (iii) deve ser afastada a exigência do tributo decorrente da transferência de produtos entre estabelecimentos da mesma empresa; e (iv) pede a redução da multa qualificada (150%). A DRJ de Juiz de Fora (fls. 3607/3614) proveu parcialmente a impugnação da recorrente apenas para reduzir a multa qualificada. É o que se extrai da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Exercício: 2006 IPI. SAÍDAS COM SUSPENSÃO. CONDICIONANTES. Somente será permitida a saída ou o desembaraço de produtos com suspensão do imposto quando observadas as normas regulamentares e as medidas de controle expedidas pela SRF. IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE LEGITIMIDADE. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. IPI.CRÉDITOS BÁSICOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE MATERIALIDADE. A Lei nº 9.779/99 confere o direito de creditamento do IPI nas aquisições que derem origem a saídas isentas ou tributadas à alíquota zero; porém há de haver comprovação de que a autoridade fiscal, ao computar os créditos legítimos, teria omitido tais valores. IPI. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LEGITIMIDADE. INOCORRÊNCIA DE AÇÃO TÍPICA. A falta de destaque na nota fiscal do IPI devido na operação não caracteriza ocultação da ocorrência do fato gerador, nem mesmo alteração de sua natureza, o que afasta a caracterização de conduta tipificadora de sonegação. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Nessa oportunidade, convém firmar, que a Delegacia de Julgamento esclareceu que a “Contribuinte optou por não impugnar os débitos apurados no período auditado (julho a dezembro de 2006)” – fl. 3611. De fato, não se questionou, em momento algum, a existência de débitos. A lide foi instaurada apenas sobre os créditos e sobre a multa aplicada. Irresignada, a Contribuinte apresenta Recurso Voluntário às fls. 3620/3635, mediante o qual, quanto às razões de mérito, repisa os mesmíssimos fundamentos deduzidos em sua impugnação. Apenas no tocante à multa reduzida, que entende ser ainda extorsiva em vista da situação da empresa (em recuperação judicial), traz as mesmas doutrinas e violações constitucionais aos princípios da razoabilidade e da capacidade contributiva. É o relatório. Fl. 3642DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 Voto Conselheira Fábia Regina Freitas O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235, de 06 de março de 1972, assim dele tomo conhecimento. Primeiramente, necessário delimitar a lide instaurada pela Impugnação apresentada que, no entender dessa Relatora, consubstanciouse no direito do contribuinte aos créditos supostamente não aproveitados pela fiscalização, bem como no direito ao reconhecimento da suspensão do tributo por ocasião da transferência da sua produção entre estabelecimentos da mesma empresa e a redução da multa aplicada. No tocante ao mérito, entendo que a Contribuinte, em seu Recurso Voluntário, deixou de impugnar os fundamentos deduzidos pela decisão a quo. Nesse diapasão entendo que o provimento do voluntário, nesse espeque, está prejudicado. De fato, para que esse Colegiado pudesse analisar a alegação contida no apelo, seria necessário que o contribuinte tivesse demonstrado, efetivamente, que, de fato, não foram aproveitados os créditos pleiteados. Quando menos, deveria ter demonstrado que na planilha apresentada pela própria recorrente e que foi integralmente aceita pela Fiscalização não estavam abrangidos os créditos decorrentes de aquisição de insumos para produção de produtos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. A simples alegação de violação sem a correspondente e necessária fundamentação jurídica do direito no caso concreto enseja a desconsideração dos argumentos recursais por deficientes, pois não dão a exata compreensão da controvérsia. No caso concreto, a Fiscalização, em seu Relatório de Auditoria (fl. 3527), apontou que “Em atendimento ao Termo de Intimação n° 01, apresentou a empresa as planilhas nas quais apura os créditos a que teria direito, decorrentes da aquisição de insumos utilizados em seu processo produtivo. Após a verificação, por amostragem, das notas fiscais de entrada nas quais a empresa se baseou para elaborar as planilhas, foram estes créditos integralmente aceitos na presente apuração.” Em contrapartida a esse fato, a contribuinte, ora recorrente, limitase a aduzir que a Fiscalização deixou de considerar seus créditos sem, contudo, demonstrar, de forma efetiva, que esses mesmos créditos não estavam inseridos na planilha apresentada à Fiscalização. Nesse passo, inclusive, é de se perguntar por que a contribuinte, quando intimada, não teria inserido esses créditos na planilha. A situação do caso concreto é, no mínimo, duvidosa. Como se verifica, os argumentos deduzidos pela recorrente e que são simplesmente repetição daqueles constantes na sua Impugnação, não tem o condão de modificar o julgado a quo, merecendo desprovimento. Acrescentese, ainda, quanto aos insumos utilizados para fabricação de produtos NT, que esse Colegiado já firmou entendimento, consubstanciado na Súmula CARF n. 20, que reza: Fl. 3643DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 13609.720728/201115 Acórdão n.º 3301002.371 S3C3T1 Fl. 4 5 Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Assim, também nesse ponto, o provimento do recurso estaria prejudicado pela edição do Verbete supra. Também no tocante ao direito à suspensão do IPI no tocante à transferência entre estabelecimentos da mesma empresa, entendo que as alegações trazidas pelo contribuinte são deficientes e não ilidem o fundamento da autuação. Assim, também nesse aspecto, nego provimento ao recurso. Por fim, quanto à alegação de que a multa de ofício no percentual de 75% não é razoável para o contribuinte, que se encontra em recuperação judicial, violando os princípios constitucionais da equidade, da razoabilidade, da proporcionalidade, da conservação da empresa, da capacidade contributiva e do direito de propriedade, deixo de conhecer da matéria, invocando, para tanto, o disposto na Súmula CARF n. 02: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Declaração de Voto CONCLUSÃO Diante de todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. Brasília, 28 de maio de 2014. Fábia Regina Freitas Relatora. Fl. 3644DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 Fl. 3645DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 15/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 13816.000747/2008-81
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2006, 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO ALEGADO VÍCIO DE CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO VERGASTADO.
Rejeitam-se os embargos de declaração fundados em contradição inexistente.
Numero da decisão: 1802-002.279
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Ferreira, Nelso Kichel, José de Oliveira Ferraz Correa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marciel Eder Costa.
Nome do relator: NELSO KICHEL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2006, 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO ALEGADO VÍCIO DE CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO VERGASTADO. Rejeitam-se os embargos de declaração fundados em contradição inexistente.
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13816.000747/2008-81
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5430518
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1802-002.279
nome_arquivo_s : Decisao_13816000747200881.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : NELSO KICHEL
nome_arquivo_pdf_s : 13816000747200881_5430518.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa- Presidente (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Ferreira, Nelso Kichel, José de Oliveira Ferraz Correa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marciel Eder Costa.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
id : 5825952
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:36:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702248357888
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1571; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 173 1 172 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13816.000747/200881 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1802002.279 – 2ª Turma Especial Sessão de 26 de agosto de 2014 Matéria MULTA ISOLADA. ENTREGA EM ATRASO DE DIMOB Embargante DELGA PARTICIPAÇÕES S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2006, 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO ALEGADO VÍCIO DE CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO VERGASTADO. Rejeitamse os embargos de declaração fundados em contradição inexistente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Ferreira, Nelso Kichel, José de Oliveira Ferraz Correa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marciel Eder Costa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 6. 00 07 47 /2 00 8- 81 Fl. 173DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 174 2 Relatório A Contribuinte inconformada com o decidido no Acórdão nº. 1802002.179, de 08/05/2014 desta 2ª Turma Especial (efls. 125/141) que deu provimento parcial ao recurso voluntário, reduzindo a multa isolada imputada pelo Fisco por entrega em atraso das Dimob atinente a fatos ocorridos nos anoscalendário 2006 e 2007, opôs Embargos de Declaração 28/07/2014 (efls. 154/167), invocando os artigos 65 e 66, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº.256/2009, alegando: “Em que pese o brilhantismo e esmero do acórdão proferido por esta C. Turma Julgadora, que aplicou corretamente a legislação tributária de regência, constatou a Embargante uma pequena contradição quanto à plena aplicação das reduções veiculadas pelo artigo 8o da Lei n° 12.766/12, especialmente a prevista no §3° do artigo 57 da MP n° 2.15835/01, que previu hipótese de redução em 50% do valor da multa nos casos em que a obrigação acessória é cumprida extemporaneamente, mas antes de iniciado qualquer procedimento de oficio, (...)”. A Embargante tomou ciência do citado Acórdão em 22/07/2014 (terçafeira) por via postal, conforme Aviso de Recebimento AR (efl. 152), e apresentou os Embargos de Declaração em 28/07/2014 – segundafeira (efls. 154/167). Pela inteligência do art. 5º, e Parágrafo único, do Decreto nº 70.235/72, os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindose o do vencimento. Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Os embargos, destarte, foram protocolizados dentro do prazo de 05 (cinco) dias de que trata o § 1º do artigo 65, Anexo II, do RICARF. O acórdão embargado tem a seguinte ementa (efls. 125 e 126), in verbis: (...) ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2006, 2007 MULTA PECUNIÁRIA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS DIMOB. INFRAÇÃO FORMAL. MATRIZ LEGAL DA PENALIDADE MP N° 2.15835/ 2001 (ART. 57, I). REDUÇÃO DA PENALIDADE PELA LEI Nº 12.766/2012 (ART. 8º). RETROATIVIDADE BENÍGNA. A multa pecuniária aplicada em concreto, por descumprimento de prazo atinente à Dimob, está prevista, cominada, no art. 57, I, da MP 2.15835/ 2001. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 175 3 Redução da multa por lei ulterior ao lançamento fiscal e tratandose de ato administrativo ainda não definitivamente julgado, aplicase a lex mitior, inteligência do art. 106, II, “c”, do CTN (princípio da retroatividade da lei superveniente que comina penalidade mais branda para a infração apenada). DIMOB. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. FORMALIZADA PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº 304/2003 (ART. 1º). INFRAÇÃO FORMAL. MATRIZ LEGAL LEI 9.779/1999 (ART. 16) E DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A obrigação acessória, prestação positiva ou negativa no interesse do fisco, obrigatoriedade de entrega tempestiva de Dimob está prevista em lei em sentido amplo, e regulamentada por instruções normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. A imposição de multa pecuniária, por descumprimento de prazo atinente à Dimob, tem amparo na lei em sentido estrito. O retardamento da entrega de Dimob constitui mera infração formal. Não sendo a entrega serôdia de declaração infração de natureza tributária, mas sim infração formal por descumprimento de obrigação acessória autônoma, não abarcada pelo instituto da denúncia espontânea do artigo 138 do CTN, é legal a aplicação da multa pelo atraso de apresentação da Dimob. As denominadas obrigações acessórias autônomas são normas necessárias ao exercício da atividade administrativa fiscalizadora do tributo, sem apresentar qualquer laço com os efeitos do fato gerador do tributo. A multa aplicada decorre do exercício do poder de polícia de que dispõe a Administração Pública, pois o contribuinte desidioso compromete o desempenho do fisco na medida em que cria dificuldades na fase de homologação do tributo ou contribuição. MULTA DESPROPORCIONAL. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE/INCONSTITUCIONALIDADE. No processo administrativo o escopo é o controle de legalidade do ato administrativo de lançamento, e não o controle de legalidade da legislação aplicada cuja competência é do Poder Judiciário. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). (...) Fl. 175DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 176 4 Nas razões dos embargos (efls. 154/167), a Embargante alegou a existência de contradição no acórdão vergastado, nos seguintes termos: (...) II. PRELIMINAR II.1. Cabimento dos Embargos de Declaração Conforme o artigo 65 da Portaria do Ministério da Fazenda n° 256, de 22 de junho de 2009, que instituiu o Regimento Interno do CARF, "Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma ". (destacamos) No caso, entende a Embargante que há contradição entre o fundamento e o dispositivo do acórdão. Isso porque, a C. Turma Julgadora reconheceu a incidência das novas disposições trazidas pelo artigo 8o da Lei n° 12.766/12, mas não as aplicou inteiramente, pois o §3°, incluído ao artigo 57 da MP n° 2.158/35/01 pelo diploma em questão, também prevê hipótese de redução da multa, plenamente aplicável ao caso da Embargante, por ser mais benéfica. Ou seja, ficou reconhecida a necessidade de se aplicar lei posterior mais benéfica em termos de penalidade, consoante dispõe o artigo 106, II, "c", do CTN, porém, a parte dispositiva limitouse a determinar o recálculo da multa com base no novo valor previsto no inciso I do artigo 57 (...), nada dispondo sobre o §3° do mesmo enunciado (redução à metade da penalidade quando a obrigação acessória é cumprida antes de qualquer procedimento de ofício). Destarte, como o fundamento do voto condutor admite a redução da multa pela aplicação de lei posterior mais benéfica (artigo 8o da Lei n° 12.766/12), não poderia a parte dispositiva aplicála parcialmente, restando configurada a contradição, cujo saneamento pela via dos embargos é medida que se impõe. Não obstante, é importante pontuar que a adequação pretendida pela Embargante é possível, na medida em que a sanção veiculada no lançamento deve ser reduzida quando lei posterior assim o determine, sob pena de ilegalidade. Tal argumento ganha força quando se percebe que no caso em concreto o próprio CARF, de ofício, determinou a aplicação da lei benigna. III – MÉRITO (...) A perfeita fundamentação do acórdão, que inclusive transcreveu integralmente o artigo 57 da MP n° 2.15835/01 com as alterações do artigo 8o da Lei n° 12.766/12, cedeu espaço à contradição em seu dispositivo. Vejamos: Fl. 176DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 177 5 "Portanto, a unidade de origem da RFB deverá refazer o cálculo da multa de que trata o lançamento fiscal objeto dos autos (Dimob entregue em atraso dos anoscalendário 2006 e 2007), em consonância com o art. 8o da Lei n° 12.766, de 27/12/2012, que reduziu ou abrandou, a penalidade cominada no art. 57, I, da MP 2.15835, de 2001, devendo observar, ademais, para o cálculo o disposto no Parecer Normativo n° 03, de 10/06/2013". (destacamos) Ora, se o acórdão reconhece que são aplicáveis as alterações efetuadas pelo artigo 8o da Lei n° 12.766/12 ao inciso I do artigo 57 da MP n° 2.15835/01 (valor da multa por mêscalendário de atraso), por força do artigo 106, II, "c", do CTN, então, por coerência, também deve ser aplicada a redução de 50% do valor da multa quando do cumprimento da obrigação acessória antes de qualquer procedimento de ofício, conforme o disposto no §3°, que foi incluído ao mesmo artigo 57 mencionado. O fundamento do voto é no sentido de reconhecer a aplicação do artigo 106, II, "c" do CTN quanto ao valor da multa, mas o seu dispositivo acaba por ser contraditório ao esquecerse da redução à metade por entrega antes de iniciado qualquer procedimento de oficio. Com efeito, dispõe o §3° do artigo 57 da MP n° 2.15835, incluído pelo artigo 8o da Lei n° 12.766/09 e com redação alterada pela Lei n° 12.873, de 24 de outubro de 2013: "Art. 57. [...] [...] § 3° A multa prevista no inciso I do caput será reduzida à metade, quando obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício", (destacamos) No presente caso, a entrega das DIMOBs ocorreu com atraso, tendo sido transmitidas à Receita Federal apenas em novembro de 2008. Não se pode negar, contudo, que o cumprimento das obrigações acessórias, ainda que extemporâneo, se deu antes de qualquer procedimento fiscalizatório. Somente após a entrega das declarações foram expedidas as Notificações de Lançamento que originaram a discussão nestes autos, razão pela qual os fatos se amoldam perfeitamente à hipótese de redução supratranscrita. Desta forma, configurada a contradição entre o fundamento e o dispositivo do acórdão, devem ser os embargos acolhidos para que se consigne que o recálculo da multa deve levar em consideração a nova redação dada ao inciso I e também a redução de 50% estabelecida pelo §3°, ambos do artigo 57 da MP n° 2.15835/01, conforme as alterações promovidas pelo artigo 8o da Lei n° 12.766/12, aplicandose integralmente a retroatividade benigna, tal como preconizado pelo artigo 106, II, "c", do CTN. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 178 6 Desta forma, configurada a contradição entre o fundamento e o dispositivo do acórdão, devem ser os embargos acolhidos para que se consigne que o recálculo da multa deve levar em consideração a nova redação dada ao inciso I e também a redução de 50% estabelecida pelo §3°, ambos do artigo 57 da MP n° 2.15835/01, conforme as alterações promovidas pelo artigo 8o da Lei n° 12.766/12, aplicandose integralmente a retroatividade benigna, tal como preconizado pelo artigo 106, II, "c", do CTN. (...) É o relatório. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 179 7 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. Os embargos de declaração foram protocolizados tempestivamente e atendem aos demais requisitos de admissibilidade. Portanto, deles conheço. No mérito, diversamente do alegado pela Embargante não há a alegada contradição no acórdão embargado entre a fundamentação e a parte dispositiva. A propósito, transcrevo, no que pertinente, a fundamentação do voto condutor e respectiva conclusão pela aplicação retroativa do art. 8º da Lei nº 12.766/2012, que deu nova redação ao art. 57 da MP n° 2.15835/01, abrandando a multa aplicada pela notificação de lançamento objeto dos autos (efls. 138141), in verbis: (...) MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNONA. ENTREGA EM ATRASO DA DIMOB. MATRIZ LEGAL. MP N° 2.15835/ 2001 (ART. 57). REDAÇÃO ALTERADA PELA LEI Nº 12.766/2012 (ART. 8º). RETROATIVIDADE BENÍGNA. (...) O lançamento foi efetuado conforme a legislação vigente de regência. Não obstante, convém observar que a cominação de multa para o descumprimento da obrigação acessória autônoma (entrega em atraso de declaração, no caso a Dimob) foi mantida pela Lei nº 12.766 (art. 8º), de 27/12/2012 (redação atual), porém com redução de seu valor, in verbis: Art. 57. O sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração, demonstrativo ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que os apresentar com incorreções ou omissões será intimado para apresentálos ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) I por apresentação extemporânea: (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) Fl. 179DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 180 8 a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido; (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro real ou tenham optado pelo autoarbitramento; (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) II – (...) III – (...) §1º (...) § 2º (...) § 3º A multa prevista no inciso I será reduzida à metade, quando a declaração, demonstrativo ou escrituração digital for apresentado após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012). (grifei) (...) No caso, o lançamento fiscal foi efetuado antes da redução da penalidade pela lei subsequente e como se trata de ato administrativo ainda não definitivamente julgado, cabível a aplicação do princípio da retroatividade benígna, para incidência da penalidade mais branda. Ou seja: tratase de ato administativo de lançamento ainda não definitivamente julgado, incidindo a lex mitior (lei posterior mais suave em termos de penalidade), por força do princípio da retroatividade benígna previsto no art. 106, inciso II, alínea “c”, CTN. (...) "Portanto, a unidade de origem da RFB deverá refazer o cálculo da multa de que trata o lançamento fiscal objeto dos autos (Dimob entregue em atraso dos anoscalendário 2006 e 2007), em consonância com o art. 8o da Lei n° 12.766, de 27/12/2012, que reduziu ou abrandou, a penalidade cominada no art. 57, I, da MP 2.15835, de 2001, devendo observar, ademais, para o cálculo o disposto no Parecer Normativo n° 03, de 10/06/2013". (destacamos) (...) Por último, na ementa do acórdão embargado consta (efl. 125), verbis: (...) Fl. 180DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 181 9 MULTA PECUNIÁRIA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS DIMOB. INFRAÇÃO FORMAL. MATRIZ LEGAL DA PENALIDADE MP N° 2.15835/ 2001 (ART. 57, I). REDUÇÃO DA PENALIDADE PELA LEI Nº 12.766/2012 (ART. 8º). RETROATIVIDADE BENÍGNA. A multa pecuniária aplicada em concreto, por descumprimento de prazo atinente à Dimob, está prevista, cominada, no art. 57, I, da MP 2.15835/ 2001. Redução da multa por lei ulterior ao lançamento fiscal e tratandose de ato administrativo ainda não definitivamente julgado, aplicase a lex mitior, inteligência do art. 106, II, “c”, do CTN (princípio da retroatividade da lei superveniente que comina penalidade mais branda para a infração apenada). (...) Como visto, diversamente do alegado pela Embargante, restou decidido pelo acórdão embargado, em consonância com o voto condutor pela aplicação retroativa do art 8º da Lei nº 12.766/2012. É intuitivo que do aludido art. 8º fazem parte, ainda, os seus incisos e parágrafos, inclusive o § 3º que trata da redução da multa pela espontaneidade de entrega das declararações. A espontaneidade fiscal, no caso, é matéria não controvertida nos autos, pois o lançamento de ofício deuse após a recepção pelo Fisco das respectivas Dimob, fazendo jus a Contribuinte, por conseguinte, ao benefício de que trata o § 3º do art. 8º Lei nº 12.766/2012. Diversamente do alegado pela Embargante, a contradição existe apenas na execução do Acordão, ou seja, no cálculo da multa pela unidade de origem da RFB que não aplicou, integralmente, o disposto no art. 8º da Lei nº 12.766/2012, deixando de efetuar a redução de que trata o § 3º desse dispositivo legal (Dimob entregue de forma espontânea, ou seja, antes do início de procedimento de fiscalização). Vale dizer, a unidade de origem da RFB, de forma inadvertida, quando do recálculo da multa aplicou apenas o disposto na alínea “a” do inciso I do art. 8º (multa por atraso de R$ 500,00 por mês calendário ou fração para contribuinte do regime do lucro presumido) sem observar que, ainda, a Contribuinte faz jus à redução prevista § 3º (Dimob entregue extemporâneamente, mas de forma espontânea). A propósito, transcrevo a planilha de recálculo pela unidade de origem da RFB que está em anexo à intimação fiscal para pagamento do débito (efls. 146/151), onde consta apenas a redução de que trata o art. 8º, I, “a”, da Lei nº 12.766/2012: Fl. 181DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL Processo nº 13816.000747/200881 Acórdão n.º 1802002.279 S1TE02 Fl. 182 10 Planilha de Cálculo Acórdão (efl. 148): Meses em atraso Multa (...) Total Ano calendário 2006 21 R$ 500,00 R$ 10.500,00 Ano calendário 2007 9 R$ 500,00 R$ 4.500,00 Total R$ 15.000,00 Ainda, a não aplicação do § 3º do art. 8º da Lei nº 12.766/2012 pela unidade local da RFB é confirmada pelo demonstrativo do crédio tributário objeto da intimação fiscal. Senão vejamos: Demonstrativo de Débito (efl.149): Acresc Legal Receita PA/EX Período Expr. Monet. Principal Multa Vencimento Saldo Vencimento Valor referencial % Saldo 6680 03/2007 MENSAL REAL / BRASIL 14/01/2009 10.500,00 6680 03/2008 MENSAL REAL / BRASIL 14/01/2009 4.500,00 Logo, tornase necessário a unidade de origem da RFB refazer o cálculo da multa, considerando, também, a redução por entrega espontânea das Dimob. Portanto, voto para REJEITAR os embargos de declação e determinar que a unidade de origem da RFB aplique, integralmente, no recálculo da multa, o disposto no art. 8º da Lei 12.766/2012 (alínea “a” do inciso I e § 3º), conforme decidido pelo acórdão embargado. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 182DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 22/02/2015 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por NELSO KICHEL
score : 1.0
Numero do processo: 10980.722789/2011-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Apr 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2006 a 31/12/2010
AUTO DE INFRAÇÃO. GLOSA DE COMPENSAÇÃO.
Tendo a empresa obtido autorização judicial para compensar valores de recolhimentos tidos como indevidos, cabe à fiscalização efetuar a conferência dos cálculos pertinentes e verificar se foram observados os procedimentos fixados pela Administração Tributária. Não comprovada a existência dos créditos respectivos, deve ser glosada a compensação indevidamente declarada pelo contribuinte, mediante lançamento de ofício das importâncias que deixaram de ser recolhidas. Somente serão compensados os valores pagos ou recolhidos indevidamente entre tributos, contribuições e receitas de mesma espécie, assim entendidos aqueles que tenham a mesma destinação constitucional.
DOLO. MULTA ISOLADA. PERCENTUAL EM DOBRO.
Na hipótese de compensação indevida, uma vez presente o dolo do sujeito passivo, impõe-se a aplicação da multa isolada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), calculada com base no valor total do débito indevidamente compensado.
Recurso Voluntário NEGADO.
Crédito Tributário MANTIDO.
Numero da decisão: 2302-003.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a glosa de compensações efetuadas indevidamente, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Liege Lacroix Thomasi Presidente
Juliana Campos de Carvalho Cruz Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisoto, André Luís Mársico Lombardi, Leonardo Henrique Pires Lopes, Luciana Matos Pereira Barbosa e Juliana Campos de Carvalho Cruz.
Nome do relator: JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201503
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2006 a 31/12/2010 AUTO DE INFRAÇÃO. GLOSA DE COMPENSAÇÃO. Tendo a empresa obtido autorização judicial para compensar valores de recolhimentos tidos como indevidos, cabe à fiscalização efetuar a conferência dos cálculos pertinentes e verificar se foram observados os procedimentos fixados pela Administração Tributária. Não comprovada a existência dos créditos respectivos, deve ser glosada a compensação indevidamente declarada pelo contribuinte, mediante lançamento de ofício das importâncias que deixaram de ser recolhidas. Somente serão compensados os valores pagos ou recolhidos indevidamente entre tributos, contribuições e receitas de mesma espécie, assim entendidos aqueles que tenham a mesma destinação constitucional. DOLO. MULTA ISOLADA. PERCENTUAL EM DOBRO. Na hipótese de compensação indevida, uma vez presente o dolo do sujeito passivo, impõe-se a aplicação da multa isolada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), calculada com base no valor total do débito indevidamente compensado. Recurso Voluntário NEGADO. Crédito Tributário MANTIDO.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 14 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10980.722789/2011-81
anomes_publicacao_s : 201504
conteudo_id_s : 5455088
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 14 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2302-003.681
nome_arquivo_s : Decisao_10980722789201181.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ
nome_arquivo_pdf_s : 10980722789201181_5455088.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a glosa de compensações efetuadas indevidamente, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Liege Lacroix Thomasi Presidente Juliana Campos de Carvalho Cruz Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisoto, André Luís Mársico Lombardi, Leonardo Henrique Pires Lopes, Luciana Matos Pereira Barbosa e Juliana Campos de Carvalho Cruz.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
id : 5895071
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702273523712
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2339; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 7 1 6 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.722789/201181 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2302003.681 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de março de 2015 Matéria Contribuições Previdenciárias Sociais Recorrente COTAM CIC INDUSTRIAL DE ALIMENTOS S/A Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2006 a 31/12/2010 AUTO DE INFRAÇÃO. GLOSA DE COMPENSAÇÃO. Tendo a empresa obtido autorização judicial para compensar valores de recolhimentos tidos como indevidos, cabe à fiscalização efetuar a conferência dos cálculos pertinentes e verificar se foram observados os procedimentos fixados pela Administração Tributária. Não comprovada a existência dos créditos respectivos, deve ser glosada a compensação indevidamente declarada pelo contribuinte, mediante lançamento de ofício das importâncias que deixaram de ser recolhidas. Somente serão compensados os valores pagos ou recolhidos indevidamente entre tributos, contribuições e receitas de mesma espécie, assim entendidos aqueles que tenham a mesma destinação constitucional. DOLO. MULTA ISOLADA. PERCENTUAL EM DOBRO. Na hipótese de compensação indevida, uma vez presente o dolo do sujeito passivo, impõese a aplicação da multa isolada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), calculada com base no valor total do débito indevidamente compensado. Recurso Voluntário NEGADO. Crédito Tributário MANTIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a glosa de compensações efetuadas indevidamente, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 27 89 /2 01 1- 81 Fl. 632DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 2 Liege Lacroix Thomasi –Presidente Juliana Campos de Carvalho Cruz – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisoto, André Luís Mársico Lombardi, Leonardo Henrique Pires Lopes, Luciana Matos Pereira Barbosa e Juliana Campos de Carvalho Cruz. Fl. 633DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 8 3 Relatório Adoto o relatório de fls. 568/573: “DA AUTUAÇÃO Tratase de crédito lançado contra o contribuinte identificado em epígrafe, em 30/05/2011, relativo à glosa da compensação indevida de contribuições destinadas ao INCRA e ao FUNRURAL, efetuada pela empresa nas competências de 08/2006 a 12/2010, incluindo o 13º salário do período, além de multa por descumprimento de obrigação acessória e a multa isolada decorrente de falsidade na declaração apresentada pelo sujeito passivo; formalizados com base nos mesmos elementos de prova, conforme seguem abaixo: 1.1. AI DEBCAD n.º 37.305.8900 Levantamento GL – Glosa de Compensação, período 08/2006 a 12/2010, incluindo 13º Salários, no montante consolidado de R$ 2.903.295,86 (dois milhões e novecentos e três mil e duzentos e noventa e cinco reais e oitenta e seis centavos). 1.2. AI DEBCAD nº 37.305.8896, multa por descumprimento e Obrigação Acessória (CFL 78), nas competências entre 08/2006 a 11/2008, no montante de 15.000,00 (quinze mil reais). 1.3. AI DEBCAD nº 37.305.8918, Levantamento MT – Multa Isolada Compensação Indevida, 150%, nas competências entre 12/2008 a 12/2010, no montante de R$ 1.654.145,57 (um milhão e seiscentos e cinqüenta e quatro mil e cento e quarenta e cinco reais e cinquenta e sete centavos) . 2. De acordo com o Relatório Fiscal, de fls. 25 a 39: • Elementos Examinados: 2.1. Dos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, extraiuse as informações previamente enviadas pelo contribuinte, entre elas GFIP, DIRF, RAIS, DIPJ e contas correntes de recolhimentos efetuados do período fiscalizado. Estas informações foram comparadas com a contabilidade e folhas de pagamento do mesmo período, apresentados pelo contribuinte em formato digital, além das planilhas Fl. 634DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 4 com o levantamento e a correção monetária dos valores compensados, quais sejam, PLAN 1 Composição dos Créditos, FUNRURAL de 081989 a 072006, PLAN 2 Composição dos Créditos INCRA de 081989 A 072006 PLAN 3 Composição dos Créditos resumo de 081989 a 072006, PLAN 4 Planilha Atualizada de Composição de Créditos até dezembro – 2010, PLAN 5 Apuração dos Valores Compensados meses 082006 a 122010. • Dos Fatos e do levantamento do Débito – Obrigação Principal: 2.2. Em virtude de trânsito em julgado no Superior Tribunal de Justiça, em decisão do RECURSO ESPECIAL n° 465.265 PR (2002/01169402), o Sujeito Passivo passou a ter o direito de compensar o que pagou indevidamente, a titulo de contribuição, para o extinto FUNRURAL (2,4%) e para o INCRA, (0,2%), calculados sobre suas bases de calculo desde agosto de 1989 (dez anos não decadentes anteriores ao inicio do processo judicial em 20 de setembro de 1999) até a competência julho de 2006, utilizando essa competência como a de decisão definitiva da justiça. 2.3. Nestes termos, o contribuinte foi intimado, elaborou e apresentou à fiscalização, diversas planilhas para controle dos supostos "créditos". Primeiramente criou duas planilhas, intituladas "COMPOSIÇÃO DOS CRÉDITOS FUNRURAL DE 08/1989 a 07/2006 e "COMPOSIÇÃO DOS CRÉDITOS INCRA DE 08/1989 a 07/2006", nas quais calculam os valores supostamente pagos a maior. Corrigiu monetariamente esses valores e chegou à conclusão que possuía R$ 1.162.254,66 (um milhão cento e sessenta e dois mil e duzentos e cinqüenta e quatro reais e sessenta e seis centavos) a título de FUNRURAL, e R$ 90.554,55 (noventa mil quinhentos e cinqüenta e quatro reais e cinqüenta e cinco centavos) a título de INCRA em créditos para compensar em 31 de agosto de 2006. 2.4. Intimada por termo especifico, a apresentar cópia das guias de recolhimento (DARP ou GRPS ou GPS) relativas as contribuições para o FUNRURAL, da competência 08/1989 até a competência 12/2010, observou nas guias apresentadas (fls. 146/466), que em nenhuma delas houve contribuição para o FUNRURAL. Portanto, a empresa nada tinha para compensar relativamente a esta rubrica. 2.5. Em relação à rubrica INCRA, conforme a decisão judicial a empresa poderia compensar o que pagou a partir da Lei n° 8212/91, com contribuição da mesma espécie, o que não é o caso das contribuições previdenciárias. Em Fl. 635DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 9 5 função disto, as compensações relativas ao INCRA também foram glosadas. 2.6. Ainda, de acordo com a fiscalização, a empresa concluiu que tinha direito de reduzir a contribuição previdenciária da empresa (intitulada contribuição patronal) da alíquota de 20% para 17,6% uma redução de 2,4% de agosto de 1989 até a futura emissão de uma nova lei sobre o tema, ou seja, nas palavras do fiscal, “por enquanto para sempre’. 2.7. Dessa forma, o sujeito passivo inseriu em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, informação de compensação que sabidamente não teria direito, reduziu, deliberadamente, o valor devido e o subseqüente recolhimento de sua obrigação tributária para com a Seguridade Social, o que configura conduta ilegal do mesmo. 2.8. Desta forma, efetuou a glosa de tais valores, com o conseqüente lançamento no Auto de Infração AI DEBCAD n° 37.305.8900. Do descumprimento de Obrigação Acessória e da Multa Isolada: 2.9. Tendo em vista que parte do período de apuração auditado é anterior a edição da MP 449, de 03 de dezembro de 2008, posteriormente convertida na Lei n° 11.941, de 27 de maio de 2009, que inseriu do artigo 35A na Lei n° 8.212/91, substituindo a multa de mora de 24%, pela multa de ofício sobre os valores devidos e não declarados em GFIP, para o período em que as Gfip´s foram enviadas até 03/12/2008, aplicouse a regra mais benéfica ao contribuinte em respeito ao artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN, e para as GFIP´s, enviadas após 04 de dezembro 2008 aplicouse a regra atual, conforme planilhas de fls. 33/37. 2.10. Para as competências 08/2006 até 11/2008, restou mais benéfica a multa decorrente do somatório da multa de mora de 20% sobre a contribuição devida, (R$ 182.970,07), prevista no §9º do artigo 89, e art. 35, ambos da Lei n° 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 11.941/09, lançada, através do Auto de Infração DEBCAD 37.305.8900, mais a multa por declaração incorreta em GFIP (R$ 15.000,00 no valor mínimo de R$ 500,00 por competência, conforme previsto no inciso II do parágrafo 3º da Lei n° 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 11.941/2009), lançada através do Auto de Infração DEBCAD 37.305.8896, totalizando R$ 197.970,07. Fl. 636DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 6 2.11. Para as competências 12/2008 até 13/2010 foi aplicada multa isolada de 150%, tendo em vista que o percentual no inciso I do caput do artigo 44 da Lei 9430/1996 de 75% foi aplicado em dobro. A fiscalização concluiu que a autuada utilizouse de créditos previdenciários inexistentes para efetuar compensação nestas competências, assim com falsidade nas declarações. Informações Complementares: 2.12. Pela prestação de informações falsas em relação aos créditos a compensar em GFIP, foi formalizada Representação Fiscal para Fins Penais, haja vista a prática, EM TESE, de crime contra a ordem tributária, com fulcro no artigo 1º, inciso I da Lei nº 8.137/90. 2.13. Os autos de infração lavrados foram entregues ao contribuinte em meio digital, com os anexos que os compõem. As instruções para verificação do seu conteúdo encontramse demonstradas na mídia entregue à empresa 2.14. A fiscalização foi atendida pelo Sr. João Batista Rocha, contador da empresa, CRCPR 22.362/O1. DA IMPUGNAÇÃO 3. Inconformada com as autuações, das quais foi cientificada em 30/05/2011, fls. 481, a empresa apresentou impugnação tempestiva de fls. 483/498, acompanhadas com documentos anexos às fls. 289/583, e fls. 620/633, procuração, identificação dos sócios da empresa, do procurador, ata de eleição da diretoria, certidão de objeto e pé, extrato processual, fazendo um breve relato dos fatos, e deduzindo, em sua defesa, as alegações a seguir sintetizadas: 3.1. Primeiramente, que ingressou perante a Receita Federal do Brasil com pedido de habilitação de crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, objetivando, assim, exercer o seu lídimo direito de compensar valores indevidamente recolhidos, conforme preconizado por decisão judicial favorável a contribuinte no Mandado de Segurança, processo nº 99.00256433. Em decorrência de tal pleito, foi instaurado a Auditoria Fiscal na empresa. 3.2. Em Preliminar, que, embora a Autoridade Fiscal tenha efetivado uma pesquisa sobre o caso em tela, a lavratura dos autos de infração ora impugnados encontramse dissonantes da verdade material dos fatos, pois desrespeita uma decisão definitiva do Poder Judiciário, devendo ser rechaçada qualquer cobrança decorrente de tal procedimento. Fl. 637DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 10 7 3.3. Quanto ao mérito, que ingressou com Mandado de Segurança Preventivo para desobrigarse do recolhimento das contribuições do INCRA e do FUNRAL por tratarse de empresa urbana. Após, o exercício regular de todas as instâncias judiciais por ambas as partes, oportunidade na qual se observou o devido processo legal, ampla defesa e o contraditório, a Impugnante restou vencedora em seu pleito, conforme decisão do Superior Tribunal de Justiça (Resp 465.265), a qual cita. 3.4. Afirma que o INSS, em face do acórdão supra transcrito, interpôs embargos de divergência, o qual foi rejeitado liminarmente, tendo tal decisão transitada em julgado em 26/09/05, conforme extrato processual, fls. 540. 3.5. Assim, encontrase acobertada pelo manto da coisa julgada, desde 26/09/05, diante da não obrigatoriedade de recolher o FUNRURAL e o INCRA desde a edição das leis n.s° 7.787/89 e n° 8.212/91, restando inquestionável o direito a compensação dos valores indevidamente recolhidos, com tributos federais da mesma espécie e destinação constitucional, ou seja, contribuições previdenciárias devida pela ora Impugnante. 3.6. Portanto, em respeito à coisa julgada, é imperioso, para o correto deslinde do presente caso, a observância por esta Delegacia de Julgamento do que restou definitivamente decidido pelo Poder Judiciário quanto ao direito da ora impugnante de não recolher as contribuições ao INCRA e ao FUNRURAL, bem como do direito de se proceder a compensação no decênio que antecedeu a propositura de seu Mandado de Segurança. • Da comprovação do recolhimento do FUNRURAL do Mandado De Segurança n° 99.00256433 fato não elidido pela autoridade fiscal. 3.7. Afirma que outro aspecto subjacente à coisa julgada, mas não menos importante, é o fato de ser, no mínimo, leviana a argumentação da autoridade fiscal de que a Impugnante não pode compensar créditos do FUNRURAL porque jamais teria recolhido tal contribuição. 3.8. Neste ponto, ressalta que a Autoridade Lançadora desrespeitou a decisão do Poder Judiciário, pois, sob o entendimento de que o FUNRURAL encontrase incluído/unificado nos 20% devidos pela impugnante a título de contribuição previdenciária patronal, desconsiderando que esta realmente recolheu tal rubrica, Fl. 638DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 8 pois a respectiva desoneração do que fora pago indevidamente foi declarado pelo C. STJ. 3.9. Com efeito, a ora Impugnante jamais deteria êxito se não tivesse comprovado nos Autos de Mandado de Segurança que recolhia o FUNRURAL. Os Ministros de um Tribunal Superior não são inexperientes a este ponto, muito pelo contrário, por vezes exigem um salutar rigorismo em suas decisões. 3.10. Ademais, os documentos anexados por amostragem quando da impetração do Mandado de Segurança que originou o direito às compensações ora questionadas pela Autoridade Fiscal, atestam os recolhimentos da referida contribuição, embora realmente não haja um campo específico para mostrar o que corresponde ao FUNRURAL, sendo que isto se dá por ordem do próprio INSS. 3.11. Com efeito, a ora Impugnante jamais deteria êxito se não tivesse comprovado nos Autos de Mandado de Segurança que recolhia o FUNRURAL. 3.12. Desta feita, tanto no processo judicial quanto no presente processo administrativo, há comprovação de que a ora Impugnante recolheu indevidamente o FUNRURAL, obtendose, em observância à coisa julgada, o lídimo direito a compensar e suspender o pagamento de tal rubrica. • Da viabilidade de compensação das contribuições ora questionadas com quaisquer outras contribuições previdenciárias. 3.13. Aduz, que o FUNRURAL ou Contribuição Social Rural é uma contribuição social destinada a custear a seguridade (INSS) geral, sendo que as contribuições do INCRA foram criadas para custear as atividades do Serviço Social Rural. Assim, inquestionavelmente, ambas as contribuições em tela possuem destinação específica: financiar a seguridade social; e. conseqüentemente são passíveis de compensação com quaisquer contribuições previdenciárias. 3.14. Junta decisão do C. Superior Tribuna de Justiça, acerca da possibilidade de compensação do FUNRURAL com outras contribuições previdenciárias. 3.15. Assim, reclama pela total insubsistência das autuações fiscais que embasam o processo n.° 10980722.789/201181, posto que, lavradas com total arrepio à segurança jurídica trazida pela coisa julgada, bem como em total desconsideração às provas colacionadas e ao legítimo direito da impugnante às Fl. 639DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 11 9 compensações realizadas, devendo ser arquivadas as autuações ora combatidas. 3.16. Em decorrência de tal insubsistência, as multas lançadas também devem ter sua improcedência declarada. • Das multas lançadas. Caráter acessório. 3.17. A Autoridade Fiscal, por glosar todas as compensações efetuadas pela ora Impugnante nas competências de agosto/2006 a dezembro/2010, incluindo o 13° salário, aplicou multas por suposto descumprimento de obrigações acessórias e multa em dobro por entender que houve falsidade na declaração apresentada pela contribuinte 3.18. Com efeito, não houve qualquer irregularidade com as compensações autuadas, muito menos, qualquer vestígio sequer de declaração falsa, tendo a Impugnante laborado nos estritos termos fixados por decisão judicial definitiva, não havendo nenhum descumprimento de comando legal. 3.19. Assim, todas as multas aplicadas (por descumprimento de obrigações acessórias e multa isolada por falsidade na declaração apresentada), não subsistem, haja vista o caráter acessório e punitivo destas, sendo aplicáveis, portanto, somente se a contribuinte tivesse cometido qualquer arbitrariedade em suas compensações, o que, como sobejamente demonstrado, não ocorreu. 3.20. Portanto, verificado que a Impugnante não infringiu a legislação federal, não se pode imputar a esta uma penalidade por infração que não cometeu. • Dos valores equivocados a título de multa inexistência de falsidade incidência em duplicidade de multa em valores relativos à competência de dez/2008 a dez/2010. 3.21. Sendo devido à comprovação de que a ora Impugnante agiu com a habitual lisura em suas compensações, não há que se lançar qualquer multa, sendo que, na eventualidade de tal punição persistir, requerse que seja desagravada a multa de 150% referente ao período de Dezembro/2008 a Dezembro/2010, bem como que sobre tal resultado seja excluída a multa de 20% por se tratar de uma dupla punição sobre o mesmo fato gerador. DO PEDIDO: 3.22. Diante de todo o exposto, e do mais que será acrescentado pelo notável saber jurídico que advirá destes Fl. 640DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 10 Ilustres Julgadores, requer que, demonstrada a improcedência (total ou parcial) dos Autos de Infração lançados e adstritos ao presente processo, seja acolhida a presente Impugnação para que as respectivas autuações sejam declaradas como insubsistentes.” Na decisão proferida pela 5ª Turma da DRJ/CTA (Acórdão 0641.049), por unanimidade de votos, foi mantido o crédito previdenciário. Intimada do Acórdão (fl. 592/593), a empresa interpôs Recurso Voluntário (fls. 595/606) reiterando os argumentos apresentados na Impugnação. É o relatório. Fl. 641DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 12 11 Voto Conselheira Juliana Campos de Carvalho Cruz O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade, devendo ser conhecido e examinado. 1 – Dos créditos do Funrural: Conforme relatório fiscal, foram lançadas as contribuições sociais previdenciárias a cargo do sujeito passivo decorrentes da glosa de compensação das contribuições declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) pela empresa Recorrente, resultando no não recolhimento à Seguridade Social de parte dos valores devidos nas competências compreendidas entre 08.2006 a 12.2010, incluindo o 13º. De acordo com o autuante, a empresa foi intimada para apresentar cópia das guias de recolhimento em que teria pago as contribuições para o Funrural nas competências de 08/1989 a 12/2010. Ao analisar a documentação, verificou que o contribuinte não recolheu a referida contribuição, por isso, glosou o encontro de contas. Mais adiante, afirmou que a empresa havia reduzido a contribuição previdenciária cota patronal da alíquota de 20% para 17,6%. Uma redução de 2,4% a partir de agosto de 1989. Em defesa, sustentou o contribuinte que o lançamento havia desrespeitado a decisão judicial proferida nos autos de nº 99.00256433, violando a coisa julgada. Em seu entender, a compensação dos valores indevidamente recolhidos a título de Funrural e INCRA sob o manto das Leis nºs 7.789/89 e 8.212/91 poderiam ser compensados com tributos da mesma natureza, validando, com isso, o encontro de contas por ele efetuado. Pois bem! Em consulta ao andamento do processo nº 99.00256433 perante o site da Justiça Federal do Paraná, constatei que embora o mandado de segurança tenha sido inicialmente denegado, a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal deu parcial provimento à apelação apenas para declarar à inexigibilidade da contribuição ao INCRA. Todavia, no julgamento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, foi dado parcial provimento ao recurso da empresa em razão de a mesma ser urbana, permitindolhe compensar o que pagou indevidamente a título de FUNRURAL (2,4%) e INCRA (0,2%) somente a partir da data de publicação das Leis nºs 7.787/89 e 8.212/91 (complemento da decisão retirada do site do STJ). Vide certidão narrativa informada pela Justiça Federal: “Autos: 99.00.256433 MANDADO DE SEGURANÇA Distribuição: 13.09.1999 Partes: COTAM CIC INDUSTRIAL DE ALIMENTOS S/A X GERENTE REGIONAL DE ARRECADAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DO INSS EM CURITIBA Fl. 642DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 12 Objeto: Alega a impetrante, em síntese, a ilegalidade e a inconstitucionalidade na cobrança dos percentuais de 2,4% e 0,2%, incidentes sobre a folha de salários, os quais seriam devidos ao extinto FUNRURAL e ao INCRA. Em 03/08/2000 foi prolatada sentença julgando improcedente o pedido. A impetrante interpôs embargos de declaração, aos quais foi negado provimento. A impetrante interpôs recurso de apelação, e os autos foram remetidos ao e. TRF da 4ª Região. A Segunda Turma deu parcial provimento à apelação, apenas para declarar a inexigibilidade da contribuição ao INCRA. A impetrante interpôs embargos de declaração, que foram acolhidos para fim de prequestionamento. A impetrante interpôs novos embargos de declaração, que foram rejeitados. O INSS interpôs recurso especial, e a impetrante interpôs recurso especial e extraordinário. O recurso extraordinário não foi admitido; dessa decisão a impetrante interpôs agravo de instrumento. A Primeira Turma do e. STJ negou provimento ao recurso do INSS, e deu parcial provimento ao da impetrante, em razão da mesma ser empresa urbana, e não rural. A impetrante interpôs embargos de declaração, e o INSS interpôs embargos de divergência. O e. STJ acolheu parcialmente os embargos de declaração, para determinar a incidência da correção monetária sobre os valores recolhidos indevidamente pela embargante. O Ministro Relator do e. STJ indeferiu liminarmente os embargos de divergência. O Supremo Tribunal Federal negou seguimento ao agravo interposto contra decisão que negou processamento ao recurso extraordinário. A decisão/acórdão transitou em julgado em 26 de agosto de 2009. Fase atual: autos remetidos ao arquivo. O REFERIDO É VERDADE E DOU FÉ. EXPEDIDA nesta Cidade de Curitiba, Capital do Estado do Paraná, em quatro de abril dois mil e onze. Eu, Marluz Augusto Magierski, a digitei, conferi e assino.” De acordo com a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, foi reconhecido tão somente o direito de a empresa compensar o que pagou indevidamente a partir da data de publicação da Lei nº 7.787/89 a título de contribuição para o FUNRURAL. Apesar disso, a Corte Superior não admitiu a existência de efetivo recolhimento no período. Aliás, é bom que se diga que esta análise nem poderia ocorrer, já que ao Tribunal Superior é vedado analisar matéria fática (Súmula 07 STJ). Para que possa legitimar o crédito, nos termos da decisão acima, é necessário comprovar o efetivo pagamento indevido, o que, na minha análise (vide documentos de fls. 146/467), não ocorreu. Na verdade, os créditos que a empresa alega possuir decorrem do seu entendimento de que o percentual de 2,4% relativo a extinta Funrural estaria incluído no percentual de 20% da cota patronal instituído com a unificação dos regimes de previdência urbana e rural. Fl. 643DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 13 13 Infelizmente, tal raciocínio não deve prevalecer! Com a edição da Lei 7.787/89, as empresas foram excluídas da contribuição para o Funrural (2,4%) por estarem obrigadas a partir de agosto de 1989 a contribuírem com o percentual de 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados, avulsos, autônomos e administradores, nos termos do art. 22 da Lei 8.212/91. Vide: “Lei nº 7.787/89: Art. 3º – A contribuição das empresas em geral e das entidades ou órgãos a ela equiparados, destinada à Previdência Social, incidente sobre a folha de salários, será; I – de 20% (vinte por cento), sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados, avulsos, autônomos e administradores; II – de 2% (dois por cento) o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e avulsos, para o financiamento da complementação das prestações por acidente do trabalho. § 1º – A alíquota de que trata o inciso I abrange as contribuições para o saláriofamília, para o salário maternidade, para o abono anual e para o PRORURAL, que ficam suprimidas a partir de 1º de setembro, assim como a contribuição básica para a Previdência Social,...” Após a instituição do novo Plano de Custeio da Previdência Social (Lei nº 8.212/91), com a unificação dos regimes de previdência urbana e rural para as empresas urbanas, o FUNRURAL incidente sobre a folha de salário (2,4%) foi substituído pela contribuição da cota patronal das contribuições previdenciárias (20%). Em contrapartida, para as empresas agroindustriais e os produtores rurais pessoas físicas e jurídicas, o Funrural se constituiu em uma contribuição substitutiva da cota patronal. Vale dizer, a contribuição do Funrural sobre a folha de salário foi extinta no exato momento em que o custeio por ela representado restou abarcado pela nova alíquota da contribuição previdenciária (20%). Registro a assertiva do Julgador da DRJ cujo raciocínio traduz com exatidão o equívoco cometido pelo contribuinte: “Não resta dúvida de que a contribuição ao FUNRURAL (sobre a folha de salários), devida pelas empresas urbanas, somente foi extinta porque o custeio por ela representado (2,4%) passou a estar contida pela alíquota da contribuição previdenciária (20%), portanto, a empresa, Fl. 644DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 14 não poderia ter se valido de tal fato para justificar a dedução do percentual de 2,4 % de sua cota patronal, valendose de uma interpretação pessoal que lhe favoreça.” Como se não bastasse, é válido mencionar que a empresa além de ter compensado as contribuições previdenciárias da cota patronal com créditos indevidos do Funrural (coluna ‘H’), conforme acima relatado, a partir de agosto de 2006, reduziu do percentual que deveria recolher a título de contribuições previdenciárias na alíquota de 20% o percentual de 2,4% a título de crédito de Funrural (coluna ‘F’). De modo a elucidar os cálculos efetuados pelo contribuinte, reproduzo planilha exemplificativa (fl. 30): COTAM CIC INDUSTRIAL DE ALIMENTOS S/A Apuração dos Valores Compensados entre os meses de Agosto/2006 a Dezembro/2010 COMP Empregados Diretores Contrib Individuais Base da Folha de Pgto Valor do Crédito Funrural 2,4% Valores a serem compensados Valores Compensados nos meses de competência A B C D E F G H 08/2006 257.935,02 32.993,07 18.319,75 309.247,84 7.421,95 28.323,02 20.901,07 A planilha ilustra com precisão dois equívocos cometidos pelo contribuinte. O primeiro deles foi considerar devido a redução da alíquota de 20% para 17,6% valendose do seu raciocínio de que a alíquota de 2,4% (do Funrural), por ter sido incluída no novo percentual (20%), não poderia ser exigido. Segundo, foi afirmar a existência de pagamentos a maior sem qualquer demonstração. Importa salientar que nos casos de compensação, ainda que baseada em ordem judicial, não está o contribuinte desincumbido de demonstrar o crédito que alega existir. Eis o disposto no art. 333, inciso I do CPC: “Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;” Portanto, diante dos fatos acima elencados, reputo devida a glosa de compensação cujos créditos derivam do Funrural. 2 – Dos créditos do INCRA: Conforme exposto no relatório fiscal, em relação à rubrica INCRA, a decisão judicial proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (RESP 465.265) reconheceu o direito de compensar o que pagou a partir da Lei nº 8.212/91 com contribuição da mesma espécie, sendo vedado ao contribuinte extinguir o débito oriundo das contribuições previdenciárias da cota patronal. Consta no acórdão do STJ: “Nesse segmento, como bem fundamentou o acórdão hostilizado, no sentido de que as empresas urbanas, mesmo que não exercentes de qualquer atividade rural, ficaram Fl. 645DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 14 15 sujeitas à contribuição para o FUNRURAL e para o INCRA, em face do princípio da solidarização da seguridade social, adotado pela CF/88. No entanto, as contribuições de 2,4% para o FUNRURAL e de 0,2% para o INCRA foram eliminadas, respectivamente, pelas Leis nº 7.787/89 e nº 8.212/91 (AC nº 04247174/96, rel. Juiz Gilson Dipp, DJ 23/1096). Assim sendo, o recorrente tem direito de compensar o que pagou indevidamente somente a partir da data de publicação destas leis, a título de contribuição para o FUNRURAL e para o INCRA, respectivamente, com tributos da mesma espécie.” (grifo nosso) De acordo com o julgado, foi reconhecido o direito de a empresa compensar o que pagou indevidamente somente a partir da data de publicação das Leis nº 7.787/89 e 8.212/91, a título de contribuição para o FUNRURAL e para o INCRA, respectivamente, com tributos da mesma espécie. A contribuição ao INCRA é uma contribuição de intervenção no domínio econômico utilizado pela União Federal como instrumento de extrafiscalidade, direcionando os contribuintes a certos comportamentos, comissivos ou omissivos, úteis ao coletivo. Com a cobrança desta, busca a União Federal projetar sobre o direito de propriedade rural o interesse social do imóvel que não estiver cumprindo com sua função social para a realização da reforma agrária. Em contrapartida, as contribuições estabelecidas no art. 194 da Constituição Federal/88 (sociais) incidem sobre a folha de salário e têm como escopo assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à Assistência Social. São contribuições sociais de natureza eminentemente assistencial e, ao contrário da contribuição ao INCRA, não possuem finalidade extrafiscal. Em uma rápida análise inferese que a contribuição ao INCRA em nada se assemelha à contribuição previdenciária social. Não obstante se tratem de contribuições instituídas pelo art. 149 da Constituição Federal, não possuem a mesma natureza. Este tema já foi abordado pelo Superior Tribunal de Justiça que em sede de recurso repetitivo (RESP 977.058/SC) sedimentou o entendimento de que os créditos oriundos da contribuição ao INCRA não podem ser utilizados na compensação dos débitos previdenciários por não possuírem a mesma natureza. Transcrevo abaixo uma parte do voto do Relator, Ministro Mauro Campbell, que trata da diferenciação das verbas: “2. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA X SEGURIDADE SOCIAL Restanos aclarar, ainda, o seu eventual enquadramento nas espécies do gênero concernente à Seguridade Social, na forma prevista no Título VIII, Capítulo II, da Constituição Federal de 1988. A Constituição Federal, no art. 194, estabelece que a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência Social e à Assistência Social. A Saúde é Fl. 646DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 16 garantida por políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (art. 196, CF). E não são necessárias maiores considerações para se chegar à conclusão de que a contribuição para o INCRA não se insere no contexto da Saúde. A Previdência Social, por sua vez, visa a atender, nos termos da lei, a cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade e especialmente à gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; saláriofamília e auxílioreclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda e pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes (art. 201, CF). Pareceme que, na primeira parte do julgamento, restou superado o entendimento de que as atividades desenvolvidas pelo INCRA não se confundem com o conceito de previdência social, como bem ressaltou o Ministro Castro Meira em sua exposição. 2.1. É importante ressaltar que a contribuição destinada ao INCRA para custear o PRORURAL, criada pela LC 11/71 e extinta pela Lei 7.787/89, como já assinalado no voto vogal, esta sim era de natureza eminentemente previdenciária e assistencial, como se depreende dos arts. 2º e 13 do referido diploma legal: Art. 2º. O Programa de Assistência ao Trabalhador Rural consistirá na prestação dos seguintes benefícios: I aposentadoria por velhice; II aposentadoria por invalidez; III pensão; IV auxíliofuneral; V serviços de saúde; VI serviço social. Art. 13. O Serviço Social visa a propiciar aos beneficiários melhoria de seus hábitos e de suas condições de existência, mediante ajuda pessoal, nos desajustamentos individuais e da unidade familiar e, predominantemente, em suas diversas necessidades ligadas à assistência prevista nesta Lei, e será prestado com a amplitude que permitirem os recursos orçamentários do FUNRURAL, e segundo as possibilidades locais. .... 2.2. Finalmente, a Assistência Social tem por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; a garantia de salário mínimo de benefício a pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de têla promovida por sua família, nos termos da lei (art. 203, CF). Importante acrescentar a essa linha de argumentação os conceitos de assistência social extraídos da obra do professor Uadi Lammêgo Bulos, em sua "Constituição Federal Anotada", 5ª ed., São Paulo, 2003, Ed. Saraiva, pág. 1.309, verbis: 'A assistência Fl. 647DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 15 17 social, como instituto jurídico, tem suas origens no direito romano. É o nome técnico dado ao ato de se auxiliar pessoas necessitadas. Tratase de um amparo estatal, baseado no princípio humanitário de se ajudar indigentes, reconhecidamente pobres, que não podem gozar dos benefícios previdenciários. Concedida a hipossuficientes, a assistência nada tem a ver com o seguro social, porque seu ato concessivo independe do pagamento de contribuições, sendo financiada com recursos do orçamento da seguridade, além de outras fontes de custeio. Ambas, enquanto marcas indeléveis do Estado moderno do bem estar, vêm patenteadas nos ordenamentos constitucionais de uma forma ou de outra, seja por iniciativa particular, seja de maneira pública, confessional ou leiga.' No plano infraconstitucional, a Lei 8.213/91, ao tratar do Serviço Social, dispôs: 'Art. 88. Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercêlos e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade. § 1º Será dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e atenção especial aos aposentados e pensionistas. § 2º Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão utilizadas intervenção técnica, assistência de natureza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos. § 3º O Serviço Social terá como diretriz a participação do beneficiário na implementação e no fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de classe. § 4º O Serviço Social, considerando a universalização da Previdência Social, prestará assessoramento técnico aos Estados e Municípios na elaboração e implantação de suas propostas de trabalho.' Restanos, nesse momento, traçar os pontos que distinguem a assistência social geral e as atividades complementares à reforma agrária desenvolvidas pelo INCRA para dar atendimento às suas finalidades legais. Referindome novamente a dados fornecidos pela autarquia (documento anexo, que diz respeito à Execução Orçamentária e Financeira do INCRA Exercícios 2002/2005), podese concluir que a sua atuação é específica e está diretamente ligada à reforma agrária, à colonização e ao desenvolvimento rural, restando nítida a preocupação do INCRA de não só promover a reforma agrária, mas também de fixar o homem no campo, através de projetos, tais como: concessão de créditoinstalação às famílias acampadas; assistência jurídica às famílias acampadas; Fl. 648DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 18 acompanhamento de conflitos e tensões sociais no campo; investimento em infraestrutura básica para assentamentos rurais; infraestrutura complementar para emancipação de assentamentos rurais; acompanhamento da instalação de projeto de assentamentos rurais; topografia em áreas de assentamentos rurais; assistência técnica e capacitação de famílias assentadas; plano de desenvolvimento do assentamento rural; e assistência técnica e capacitação de assentados. Ainda que essas atividades se enquadrem no conceito amplo de assistência social, o que se admite apenas para argumentar, é importante frisar que o INCRA não "assiste" indistintamente todo e qualquer trabalhador rural, porque concede crédito, fornece assistência jurídica, técnica e capacitação, dentro dos programas de aprendizagem das técnicas do campo, apenas e tãosomente às famílias assentadas , em nítido cumprimento às suas funções institucionais. Isso demonstra que, mesmo nessas atividades complementares, de conteúdo assistencial "lato sensu", ressaltase a finalidade específica de assentamento do homem no campo , como decorrência de sua atividade principal promoção da reforma agrária o que a distingue das atividades meramente assistenciais. Tais famílias, embora possam vir a perceber benefícios da assistência social (geral), é certo que inexistem, por esse sistema, programas específicos voltados ao assentamento rural, como ocorre em relação aos programas financiados pela contribuição devida ao INCRA. Observese, ademais, que o art. 204 da Carta Magna é claro ao estabelecer que as ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, dentre as quais não se encontra a contribuição devida ao INCRA. Para atender aos trabalhadores rurais como um todo é que existe o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR, que tem como objetivos organizar, administrar e executar em todo o território nacional o ensino da formação profissional rural e a promoção social do trabalhador rural, em centros instalados e mantidos pela instituição ou sob a forma de cooperação, dirigida aos trabalhadores rurais (art. 1º da Lei 8.315/91). O SENAR é mantido por diversas rendas, dentre as quais se encontra a contribuição de que trata o art. 5º do Decretolei 1.146/70 c/c art. 1º do Decretolei 1.989/82 que, apesar de recolhida pelo INCRA juntamente com o ITR Imposto Territorial Rural, é repassada diretamente ao SENAR e nada tem a ver com a contribuição para o INCRA (tratada, diversamente, no art. 1º do referido Decretolei 1.146/70). 2.3. Por fim, merece destaque importante peça jurídica oficial elaborada pela Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência e Assistência Social (PARECER/CJ Nº 1.113, de 16/01/98, aprovado pelo Ministro Reinhold Stephanes), através do Fl. 649DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 16 19 qual afirmou a Administração Pública a natureza especial de intervenção no domínio econômico da contribuição ao INCRA (CF, art. 149), afastando expressamente qualquer dúvida quanto à sua natureza previdenciária, como se vê a seguir: '20. Ademais, a contribuição para o INCRA e FUNRURAL sempre incidiu, desde a sua criação, sobre a folha de salários de todos os empregadores, o que rebate, também, a tese de que a empresa urbana não estaria obrigada a contribuir para o INCRA e FUNRURAL. Nem as contribuições anteriores e tampouco a atual, estabeleceram que a empresa que não possua empregados vinculados à previdência rural não possam contribuir para esta. .... Já a contribuição para o INCRA não possui natureza previdenciária, posto que seu destino visa a manutenção da Autarquia, e esta, por sua vez, executa uma atividade social, qual seja a reforma agrária. (...) 25. Tratase, portanto, de espécies do gênero contribuição e, desta forma, entendemos sobre a distinção entre tais contribuições como contribuição social de seguridade social para aquelas destinadas ao extinto FUNRURAL, atualmente por força do art. 195 da Constituição Federal, e contribuição especial de intervenção no domínio econômico para a destinada ao INCRA (CF, art. 149), posto que em conformidade aos exemplos elencados no último trecho suso transcrito, tal contribuição encaixase nessa classificação por também ser uma Autarquia. 30. (...) tal contribuição é devida pelos mesmos contribuintes indicados neste parecer, que submeto à consideração superior. É o entendimento s.m.j.' Assim é que, seguindo orientação do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo da controvérsia (RESP nº 977.058/SC), a contribuição ao INCRA não pode ser compensada com outras contribuições incidentes sobre a folha de salário por não serem da mesma espécie. Isto posto, reputo válido o lançamento. 3 – Da Multa Isolada: Em decorrência da falsidade nas declarações efetuadas pelo contribuinte, entendeu o auditor aplicar a multa isolada. A multa isolada encontra previsão legal no art. 89, § 10, da Lei nº 8.212/91, abaixo transcrita: "Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as Fl. 650DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 20 contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). ... §9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 449/2008) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Medida Provisória nº 449/2008)" De acordo com a norma acima a aplicação da multa isolada enseja a comprovação de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. A compensação indevida de contribuições previdenciárias não configura necessariamente em falsidade de declaração. Para a incidência da penalidade agravada exige a legislação a comprovação de falsidade ou fraude do sujeito passivo. Tendo em vista que a Lei nº 8.212/91 não define, para fins de enquadramento na conduta tipificada no art. 89, §10, o conceito do termo “falsidade de declaração”, impõe o Código Tributário Nacional a integração legislativa mediante a analogia, os princípios gerais de direito tributário, os princípios gerais de direito público e a equidade: "Código Tributário Nacional CTN Art. 108 Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I a analogia; II os princípios gerais de direito tributário; III os princípios gerais de direito público; IV a equidade. §1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. §2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Fl. 651DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 17 21 Sob este prisma, a tipificação da falsidade pode ser estudada a partir das normas estabelecidas no Código Penal em seu art. 297 c/c art. 299 do Código Penal (Decreto nº 2.848/40), vejamos: "Falsificação de Documento Público: Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena reclusão, de dois a seis anos, e multa. §1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendose do cargo, aumentase a pena de sexta parte. §2º Para os efeitos penais, equiparamse a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. (grifos nossos) §3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983/ 2000) I na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) (grifos nossos) II na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) III em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) (grifos nossos) §4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 9.983/2000)" (grifos nossos) "Falsidade Ideológica: Fl. 652DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 22 Art. 299 Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: (grifos nossos) Pena: reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendose do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumentase a pena de sexta parte." Seja em um caso (falsidade de documento público), seja no outro (falsidade ideológica), os princípios afetos ao Direito Penal exigem, para a subsunção à conduta típica, não somente a coincidência objetiva de condutas, mas, sobretudo, a presença do elemento subjetivo consubstanciado no dolo ou na culpa: "Código Penal: Art. 18 Dizse o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209/84) Crime doloso I doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo; Crime culposo II culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único: Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente." Sob este prisma, nas palavras do Relator Arlindo da Costa e Silva, por ocasião do julgamento do PAF 13433.000631/201061 (Acórdão 2302002.285), para a caracterização da conduta típica de falsidade de documento público e de falsidade ideológica a comprovação da coexistência do elemento subjetivo do tipo (consciência e vontade de concretizar o tipo penal) e o elemento objetivo (fatos em si) são essenciais. Nestes casos, para a caracterização da penalidade mais severa, o agente fiscal deve se certificar de que a conduta perpetrada pelo sujeito passivo, de fato, reuniu todos elementos objetivos e subjetivos do tipo, de molde a se evitar, ao máximo, a imputação de penalidade indevida. Daí a necessidade de comprovação, tal como exposto no art. 89, §10 da Lei 8.212/91. Vertendose à análise do caso, entendo estarem presentes os elementos da conduta punitiva. Fl. 653DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ Processo nº 10980.722789/201181 Acórdão n.º 2302003.681 S2C3T2 Fl. 18 23 Como dito acima, não obstante o Superior Tribunal de Justiça tenha reconhecido o direito de a empresa compensar o que pagou indevidamente a partir da data de publicação da Lei nº 7.787/89 a título de contribuição para o FUNRURAL, não admitiu existir efetivo recolhimento no período. Por outro lado, a empresa além de ter compensado as contribuições previdenciárias da cota patronal com créditos indevidos do Funrural (coluna ‘H’ acima), conforme acima relatado, a partir de agosto de 2006 ainda reduziu seus recolhimentos em 2,4% a título de crédito de Funrural (coluna ‘F’ acima). Neste contexto, inferese que o crédito que o contribuinte alega fazer jus, na verdade, surgiu a partir de premissas completamente dissociadas do RESP nº 465.365/PR, não podendo, com isso, se valer da ação judicial nº 99.00256433 para convalidar a existência dos créditos. Em relação à glosa da compensação efetuada com os créditos do INCRA, também entendo que a multa deva ser aplicada, pois o recurso julgado em sede de repetitivo (RESP nº 977.058/SC) transitou em julgado em 12/12/2008 e, na ocasião, restou sedimentado pelo Tribunal Superior, em sede de recurso repetitivo, não ser da mesma espécie do INCRA as contribuições previdenciárias. Reconheço que, ainda que o julgamento proferido pelo STJ na ação judicial nº 99.00256433 tenha permitido a compensação entre tributos da mesma espécie, sem especificar quais seriam elas, a abrangência do conceito do que seria ‘mesma espécie’ poderia criar situações de embaraço ao encontro de contas. Todavia, a multa isolada só foi aplicada a partir de 12/2008, data do trânsito em julgado da decisão proferida no RESP nº 977.058/SC (recurso repetitivo) a qual estabeleceu em termos claros e precisos a impossibilidade de compensar a contribuição ao INCRA com as contribuições previdenciárias, por não serem da mesma espécie. Nesta ótica, não caberia qualquer dúvida a respeito da expressão ‘mesma espécie’. Isto posto, restando comprovado nos autos que a Recorrente agiu de forma dolosa ao informar em GFIP valores compensáveis relativos às contribuições incidentes sobre a folha de salário (cota patronal), há que se aplicar a multa isolada, pois a demonstração do dolo permitiu a subsunção ao disposto no artigo 89, §10º da Lei n.º 8.212/91. Por todo o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário, por tempestivo, para negarlhe PROVIMENTO, mantendo todo crédito previdenciário. É como voto. Sala das Sessões, 11 de Março de 2015. Juliana Campos de Carvalho Cruz Relatora Fl. 654DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ 24 Fl. 655DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 12/04/2015 por JULIANA CAMPOS DE CAR VALHO CRUZ
score : 1.0
Numero do processo: 13501.000188/2001-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
SALDO NEGATIVO IRPJ. NÃO COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO.
Não é reconhecido direito creditório diante da não demonstração pelo contribuinte de efetiva e real utilização do saldo negativo de IRPJ
Numero da decisão: 1401-001.351
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Sergio Luiz Bezerra Presta, Antonio Bezerra Neto e Fernando Luiz Gomes De Mattos.
Nome do relator: ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000 SALDO NEGATIVO IRPJ. NÃO COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. Não é reconhecido direito creditório diante da não demonstração pelo contribuinte de efetiva e real utilização do saldo negativo de IRPJ
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13501.000188/2001-86
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5436492
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1401-001.351
nome_arquivo_s : Decisao_13501000188200186.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 13501000188200186_5436492.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Sergio Luiz Bezerra Presta, Antonio Bezerra Neto e Fernando Luiz Gomes De Mattos.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
id : 5843310
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702315466752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1695; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2 1 1 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13501.000188/200186 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401001.351 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de novembro de 2014 Matéria IRPJ. RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITORIO. Recorrente CIA DE FERRO LIGAS BAHIA FERBASA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 SALDO NEGATIVO IRPJ. NÃO COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. Não é reconhecido direito creditório diante da não demonstração pelo contribuinte de efetiva e real utilização do saldo negativo de IRPJ Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Sergio Luiz Bezerra Presta, Antonio Bezerra Neto e Fernando Luiz Gomes De Mattos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 1. 00 01 88 /2 00 1- 86 Fl. 918DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado pelo Contribuinte em face da decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador, objeto de análise pela 4 Câmara/2ª Turma Ordinária, cujos membros, por unanimidade de votos, resolveram converter o julgamento em diligência, pois entenderam que somente a Unidade de origem reunia condições de confirmar, ou infirmar, a correção das alegações do Contribuinte, por envolver aproveitamento de saldos negativos desde o ano de 1996 até 2000, cuja análise de depende de incursões nos sistemas da Receita Federal. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que integra a Resolução de nº 140200.069: "CIA DE FERRO LIGAS BAHIA FERBASA recorre a este Conselho contra a decisão proferida pela da 2ª Turma de Julgamento da DRJ/Salvador/BA em primeira instância, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Em razão de sua pertinência, transcrevo o relatório da decisão recorrida: COMPANHIA DE FERRO LIGAS DA BAHIA – FERBASA, manifesta inconformidade ao Parecer/Despacho SAORT/DRF/CCI nº 0087/2005, aprovado pelo Delegado da Receita Federal em Camaçari BA, que deferiu parcialmente o pedido de restituição referente ao saldo negativo do IRPJ do anocalendário de 2000, exercício de 2001 DIPJ/ 2001e homologou, de forma parcial, a compensação do crédito com débito de sua responsabilidade, declarada à fl. 01 e 02, e fls. 66 a 73. O relato e as fundamentações expostos no parecer acima referido estão transcritos às fls.260 a 266. O presente processo, formalizado em 26/12/2001, trata de pedido de restituição de Saldo Negativo de IRPJ, exercício 2001, anocalendário 2000, seguido de pedido de compensação com débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal, conforme tabela abaixo e formulários de fls. 01 e 02, 66 a 73. 02. Foram os débitos acima citados cadastrados no PROFISC e declarados em DCTF, conforme fls. 119 a 127. 03. Ressaltese ter sido o débito relativo ao 1º decêndio de fevereiro de 2002, no valor de R$ 156.029,69 (cento e cinqüenta e seis mil, vinte e nove reais e sessenta e Fl. 919DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 4 3 nove centavos), transferido, conforme fls. 131 a 135, para o processo 13501.000019/200227. 04. De forma a instruir o pedido, foi a interessada, em 01/07/2002, a apresentar cópias dos livros Razão e Lalur que se relacionassem com a compensação em apreço, sendo em 21/12/2004, fls. 129, intimada a apresentar Informes de Rendimento e Retenção na Fonte referentes aos créditos pleiteados, comprovantes de pagamentos de IRPJ apurado por estimativa ou balancete de redução ou suspensão, etc, todos relacionados ao ano calendário de 2000. FUNDAMENTAÇÃO 05. O sujeito passivo tem direito de pleitear, no prazo de 05 (cinco) anos, a restituição de quantias pagas de forma indevida ou maior que o devido, conforme definido no Código Tributário Nacional – CTN – Lei 5.172/66. Contudo, cabe ao postulante o ônus de provar o direito pretendido. 06. A compensação é uma das modalidades de extinção do crédito tributário, cujo procedimento se dá entre créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos com débitos do sujeito passivo (Arts. 165, I; 168, I ; 156, 0II; e 170 do CTN – Lei nº 5.172/66). 07. Os institutos da restituição e da compensação, tratados nos diplomas legais em referência, encontramse disciplinados pela Lei n.º 9.430/96, que, em seus artigos 73 e 74, ampliou o campo das compensações entre tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, estando os procedimentos administrativos vigentes regulamentados pela Instrução Normativa SRF n.º 460, de 2004. 08. No caso em apreço, conforme demonstra o documento de fls. 235 a 239, faz o interessado jus à isenção no período do ano calendário de 1997 ao ano calendário de 2006 e redução de IRPJ até o ano calendário de 2010, cujos valores, relativos ao ano calendário de 2000, após os ajustes procedidos na DIPJ/2001, geraram Saldo Negativo de IRPJ para aquele período. 09.De acordo com as fichas 08 e 10 da DIPJ/2001, fls. 13 e 15, respectivamente, foi apurado Lucro da Exploração no valor de R$ 37.030.282,24 (trinta e sete milhões, trinta mil, duzentos e oitenta e dois reais e vinte e quatro centavos), do qual originouse o valor de R$ 7.720.417,54, a ser deduzido do Imposto sobre o Lucro Real, na forma exposta na ficha 12A, de fls. 20. 10. Conforme se infere da DIPJ/2001, de fls. 08 a 64, em especial da ficha 12A, parcialmente transcrita abaixo, o saldo negativo de IRPJ, apurado após deduções constantes das linhas 10, 13 e 16, totalizou o valor de R$ 3.022.336,21 (três milhões, vinte e dois mil, trezentos e trinta e seis reais e vinte e um centavos). Fl. 920DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 5 4 11. Assim, no presente caso, a análise da procedência do pleito implica, entre outros procedimentos, verificar se houve apuração, e de forma correta (em conformidade com a legislação), de saldo negativo de imposto de renda, na correspondente declaração de rendimentos, e que este já não tenha sido objeto de compensação pelo próprio contribuinte. 12. Na verificação do saldo negativo apurado, deve restar demonstrado, também, que as receitas financeiras, sobre as quais incidiu o respectivo IRRF, foram efetivamente oferecidas à tributação quando da apuração definitiva do imposto, condição indispensável para que este pudesse ser aproveitado na declaração. Imposto de Renda Retido na Fonte 13. No que se refere à parcela relativa ao imposto de renda retido na fonte, foram anexados aos autos, cópias de DIRF, fls. 104 a 118, e cópias de informes de rendimentos, fls. 200 a 212, por meio das quais se detectou diferença entre os valores deduzidos pelo interessado na DIPJ/2001 e os passíveis de reconhecimento, quais sejam, aqueles efetivamente declarados em DIRF ou, ao menos, constante dos informes de rendimentos, conforme quadro abaixo: 14. Ressaltese, ainda, conforme se infere da ficha 6A, DIPJ/2001, anexada Às fls. 12, que o valor indicado na linha 24 Outras Receitas Financeiras indica terem as receitas financeiras que originaram as retenções acima referidas sido levadas à tributação, autorizando, portanto, a dedução do IRRF acima descrito na determinação do saldo de IRPJ a pagar apurado no ajuste anual. Imposto de Renda PJ – Estimativa 15. Em relação ao imposto de renda pago por estimativa, foram localizados no sistema Sinal 05 pagamentos realizados com o código de receita 2362, conforme fls. 102 a 103, os quais lastreiam a utilização do valor indicado pelo interessado na DIPJ/2001. 16. Nesses termos, refizemos o demonstrativo de apuração do imposto de renda sobre o lucro real, a partir das informações prestadas pelo contribuinte nas respectivas DIPJ’s, e observados, ainda, os valores acima demonstrados, que foram Fl. 921DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 6 5 objeto de confirmação mediante consultas realizadas aos demais sistemas de apoio da SRF (SINAL05 e DIRF): DIPJ/2001 17. Fazse, ainda, necessário verificarse se os valores referentes ao saldo negativo em apreço não foram objeto de outras compensações efetuadas pelo interessado. 18. Conforme se infere da consulta ao sistema COMPROT, não foram localizados processos administrativos referentes a pedidos de compensação que tratassem da parcela creditória em análise. 19. No que se refere às compensações com mesmo tributo, foi o contribuinte, conforme fls. 128 e 129, intimado a apresentar cópias do livro Razão e Diário que se relacionassem com o pedido em tela e, ainda, declaração, sob as penas da lei, de que não teria efetuado compensações espontâneas ou automáticas com este mesmo crédito. 20. Da análise da documentação apresentada pelo interessado e das DCTF de fls. 229 a 231, verificase, entretanto, contrariamente ao alegado nos autos, ter o interessado efetuado compensações espontâneas do saldo negativo apurado na DIPJ 2001, as quais devem ser deduzidas da parcela acima confirmada. 21. As DCTF de fls. 229 a 231 demonstram as compensações de Saldo Negativo de IPRJ apurado em 31/12/2000 com os débitos, abaixo demonstrados: 22. Vale ressaltar que as cópias do livro Razão, anexadas às fls. 154 a 158, referente à conta 11040001011/3 – IRPJ A RECUPERAR – ANOS ANTERIORES, demonstra a utilização na forma de “compensação automática” ou espontânea do saldo negativo em apreço para quitação de débitos de IRPJ Estimativa, relacionados aos períodos de apuração de outubro a dezembro de 2001 da seguinte forma: Fl. 922DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 7 6 23. Não obstante, no que se refere à quitação das parcelas acima descritas, restringiuse à análise do presente processo às informações constantes das DCTF citadas, ressaltando que as diferenças dos valores encontradas entre a contabilidade e as DCTF deverão ser analisadas em processo próprio. 24. Outrossim, conforme as planilhas de cálculo e informações prestadas pelo interessado, bem como, as considerações feitas no Parecer nº 076/2005, cópia anexada às fls. 244 a 253, emitido no processo 13502.000766/200174, o Saldo Negativo de IRPJ, referente ao exercício 1997 foi integralmente utilizado para quitação de IRPJ estimativa de exercícios posteriores, não podendo este ser utilizado para a quitação suscitada. 25. Dessa forma, após as auto compensações acima indicadas, resta como saldo credor a ser considerado como direito creditório objeto do presente processo, conforme cálculos de fls. 240 a 242, a quantia de R$ 1.759.770,53 (um milhão, setecentos e cinqüenta e nove mil, setecentos e setenta reais e cinqüenta e três centavos). 26. Por fim, consoante disposto no Ato Declaratório SRF n.º 03, de 07 de janeiro de 2000, os saldos negativos do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, apurados anualmente, poderão ser restituídos ou compensados com o imposto de renda ou a contribuição social sobre o lucro líquido devidos a partir do mês de janeiro do anocalendário subseqüente ao do encerramento do período de apuração, acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração. CONCLUSÃO 27. Diante do relatório e da fundamentação apresentada, de tudo mais que consta do presente processo, PROPONHO: a) o DEFERIMENTO PARCIAL do crédito requerido (utilizado) na forma de saldo negativo de IRPJ/2001, referente ao anocalendário de 2000. RECONHECENDO o direito creditório contra a Fazenda Nacional de CIA DE FERROS LIGAS DA BAHIA FERBASA, CNPJ N.º 15.141.799/000103, no valor original de R$ 1.759.770,53 (um milhão, setecentos e cinqüenta e nove mil, setecentos e setenta reais e cinqüenta e três centavos), correspondente ao saldo negativo (saldo credor) de IRPJ efetivamente apurado na DIPJ/2001, já deduzido das auto compensações discriminadas no item 21. b) a HOMOLOGAÇÃO das compensações declaradas no presente processo até o limite do crédito reconhecido. c) o PROSSEGUIMENTO NA COBRANÇA dos débitos não alcançados pela compensação em tela. Fl. 923DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 8 7 28. Ressaltese, ter sido a presente análise realizada com base apenas nas informações contidas nas declarações prestadas pelo próprio contribuinte e entidades retentoras, quais sejam, DIPJ, DIRF, DCTF e no sistema SINAL 05, podendo a autoridade administrativa competente para reconhecimento do direito creditório determinar a realização de diligência fiscal no estabelecimento do interessado a fim de que seja verificada a exatidão das informações prestadas, nos termos do art. 4º da IN SRF 460, de 2004. 29. Cumpre, ainda, salientar que o acolhimento do pleito não implica na homologação dos valores constantes das DIPJ/2001, mas tão somente a regularização dos dados declarados, uma vez que a declaração do contribuinte ainda está sujeita a 841), que possa vir a ser instaurado, observados os prazos decadenciais de constituição do crédito tributário. Cientificada do Parecer SAORT/DRF/CCI Nº 0087/2005, aprovado pelo Despacho Decisório do Delegado da Receita Federal em Camaçari (fl. 267), que indeferiu parcialmente o direito creditório, o sujeito passivo apresentou manifestação de inconformidade, alegando, às fls. 276 a 286, as seguintes razões: DA CONEXÃO • a presente manifestação de inconformidade e a anteriormente apresentada no Processo Administrativo nº 13502.000766/200174, devem ser decididas em conjunto, de modo a evitar decisões antagônicas, bem assim para conferir celeridade ao julgamento dos pleitos, uma vez que a decisão relativa à primeira manifestação apresentada interferirá, de forma direta, no julgamento da manifestação de inconformidade ora oferecida; • desta forma, para evitar decisões contraditórias e em atendimento ao princípio da economia processual requer, de logo, a reunião dos processos administrativos nºs 13502.000766/200174 e 13501.000188/200186; DO PROCESSO ADMINISTRATIVO nº 13501.000766/200174 • por fim, convém registrar que na manifestação de inconformidade anteriormente apresentada nos autos do Processo Administrativo de nº 13501.000112/0017, relativa ao Parecer DRF/CCI/SAORT nº 76/05, fora informado e posteriormente requerido um crédito de IRPJ de origem do anocalendário de 1999 no valor de R$ 117.245,66; • sendo contribuinte do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, a contribuinte realizou no anocalendário de 1995, compensação integral do citado tributo com prejuízo fiscal de exercícios anteriores, razão pela qual, em 2000, foi autuada pela Receita Federal, ao entendimento de que tal abatimento só poderia ser realizado observandose o limite de 30% (trinta por cento) previsto na MP nº 812, posteriormente convertida na Lei nº 8.981, de 1995; • diante de tal fato, apresentou, tempestivamente, sua impugnação, aduzindo, dentre outras coisas, ser uma empresa localizada na área da SUDENE, tendo, por via de conseqüência, os benefícios fiscais de isenção/redução do IRPJ; • no processo de nº 13501.000112/0017 Acórdão DRJ/SDR de nº 00.476 , os pleitos aduzidos pela Requerente, referentes ao benefício fiscal de isenção/redução concedido pela SUDENE e ao Adicional do Imposto de Renda foram acolhidos pela ilustre relatora, conforme itens 27 a 29 do aludido acórdão; Fl. 924DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 9 8 • neste sentido, a Requerente utilizouse, conforme determinado, no anocalendário de 1995, de saldo de crédito tributário no valor de R$501.711,61; • notese que o valor para feito de cálculo utilizado pelo Auditor da Receita Federal, no Parecer de nº 76/2005, item 22, foi de R$371.454,87, desconsiderando autoridade administrativa a decisão proferida no Acórdão supra mencionado, que determina que se proceda ao lançamento correto de R$501.711,61; • concluise destarte que o Auditor da Receita Federal, ao tentar proceder alguns ajustes necessários nas DIPJs, equivocouse por completo, principalmente por ter desconsiderado a decisão proferida no processo nº 13501.000112/0017, Acórdão DRJ/SDR nº 00.476; • diante do exposto, vem a Requerente solicitar, preliminarmente, se digne V.Sa em proceder a unificação dos processos administrativos nºs 13502.000766/200174 e 13501.000188/200186, de modo a evitar decisões antagônicas, bem como para conferir celeridade ao julgamento dos pleitos; DOS FATOS E DO DIREITO • a Requerente é pessoa jurídica de direito privado, e como tal possui isenção do IRPJ correspondente ao período de 1997 a 2006, bem como redução do IRPJ até o período de 2010; • em sendo assim, após os ajustes procedidos na DIPJ/2001, geraram saldo negativo de IRPJ para o período de 2000; • desta feita, a ora Requerente, por ser possuidora de tal crédito, realizou tanto auto compensações como também protocolou pedidos de compensação/restituição, conforme será demonstrado; • ocorre que, no momento que a Autoridade Fiscal analisou o referido crédito pertinente ao Saldo Negativo do IRPJ, e bem assim as compensações realizadas, desconsiderou aspectos de extrema relevância, acarretando numa equivocada conclusão que teve por conseqüência a expedição da Carta Cobrança em questão; • proferido o despacho conclusivo da autoridade fiscal que transcreve, foi expedida a Carta Cobrança em tela que perfaz o montante de R$ 1.480.490,11, sendo R$1.407.221,40 correspondente à CSLL (Cód. 2484) e R$73.268,71 pertinente ao IPI (Cód. 1097); • ocorre que ao analisar todos os argumentos da Autoridade Fiscal que embasaram a constituição do alegado débito objeto da citada Carta Cobrança a ora Requerente detectou vários equívocos e imprecisões; • para melhor compreensão e visualização dos equívocos que geraram a referida Carta Cobrança, a Requerente irá demonstrar detalhadamente, por tópicos, tais imprecisões com vistas a demonstrar que inexiste débito, conseqüentemente a dita Carta de Cobrança deve ser arquivada; • como é sabido, nas compensações a ser realizadas entre o crédito, oriundo do Saldo Negativo do IRPJ e débitos do próprio IRPJ, eram dispensados preenchimento do formulário do pedido de compensação; Fl. 925DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 10 9 • a autoridade fiscal considerou que o débito de IRPJ referente à competência de outubro de 2001, correspondente ao valor de R$255.919,60, foi compensado apenas com crédito do próprio IRPJ oriundo do anocalendário de 2000; • ocorre que o dito débito em comento foi compensado com outros créditos do IRPJ, quais sejam: crédito do anocalendário de 1996, no valor de R$129.344,62; crédito do IRPJ, anocalendário de 1999, no valor de R$22.046,86; crédito do IRPJ, ano calendário de 2000, no valor de R$104.528,12; DA COMPENSAÇÃO DO IRPJ CORRESPONDENTE A COMP. NOV/2001 • conforme pode ser verificado pela DCTF referente ao 4º trimestre do exercício de 2001 (doc. 06) deve ser informado efetivamente o débito do respectivo mês; • ocorre que erroneamente a ora Requerente informou indevidamente que o valor do débito de IRPJ pertinente ao período acima citado era de R$ 493.932,50, ou seja, informou o montante acumulado dos débitos dos meses de outubro/2001 e novembro/2001; • sendo que, de acordo com as instruções de preenchimentos das DCTFs apenas deveria ter sido informado o valor do débito de IRPJ do respectivo mês em comento, ou seja, o débito de IRPJ da competência de novembro/2001 perfaz em R$ 238.012,90; • desta feita, a Requerente aproveita o ensejo para anexar cópia da DCTF retificadora, na qual informa o valor correto do débito do IRPJ da competência em tela (Doc. 07); • como pode ser verificado na DCTF referente ao 4º trimestre de 2001 (acostada no Doc. 06), o débito de IRPJ correspondente ao período acima citado foi informado que era de R$ 707.129,77; • ocorre que, na época da contabilização da provisão de IRPJ em 31 de dezembro, o valor a ser informado na DCTF seria efetivamente o montante de R$707.129,77; • em junho de 2002, quando a ora Requerente foi preencher a DIPJ, verificou inconsistências no cálculo da provisão do IRPJ, por via de conseqüência, foi detectado um novo débito do IRPJ no montante de R$602.907,07, conforme demonstrado na Ficha 11 da DIPJ mês de dezembro (Doc.08); • como se não bastasse o erro acima citado na DCTF, a Requerente informou que o débito pertinente a competência em comento foi compensado exclusivamente com o crédito apenas de IRPJ; • a compensação do débito foi realizada com crédito de IRPJ e IPI, conforme quadro demonstrativo à fl. 283; ou seja, o débito do IPRJ no valor de R$602.907,07, correspondente à competência de dezembro/2001, foi compensado com o crédito remanescente de saldo negativo de IRPJ oriundo do anocalendário 2000, no valor de R$317.907,07 e com o crédito prêmio do IPI conforme comprova se pelo pedido de compensação no processo de nº 13501.000019/200277, no valor de R$ 285.000,00 (Doc.09); Fl. 926DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 11 10 • desta feita, a Requerente aproveita para remeter cópia da DCTF retificadora, na qual encontrase devidamente informado o valor do débito de IRPJ da competência de que se trata, bem como o valor corretamente compensado (Doc 07); DO PEDIDO DE COMPENSAÇÃO POR FORMULÁRIO PRÓPRIO • a autoridade fiscal promoveu, de oficio, compensação de parcela do débito de IPI de competência do 3º decêndio em setembro de 2001 – valor total do débito de R$170.000,00 – com crédito de origem distinta daquela informada no pedido de compensação correspondente (Doc.10); • de fato, o fiscal promoveu compensação de parcela do débito de IPI no valor de R$128.528,50 com o crédito de IRPJ do anocalendário de 1996, ao passo que o pedido de compensação nº 13502.000766/200174 prevê que o mencionado débito será compensado com créditos relativos aos períodos base de 1997e 1999; • elaborado o recálculo das compensações, se apurou os seguintes valores, considerando juros SELIC, conforme planilha anexa (Doc.11): a) crédito remanescente IRPJ, anocalendário de 1996 –R$129.344,62 com juros SELIC até novembro de 2001. b) crédito remanescente IRPJ, anocalendário de 1999 –R$22.046,86 com juros SELIC até novembro de 2001. • por fim, cumpre ressaltar, que após os esclarecimentos acima prestados, bem como as retificações realizadas, a Requerente não possui débito e sim crédito oriundo do anocalendário 2000 no valor de R$133.106,25, conforme demonstrado na planilha em anexo (doc.11). Por meio do Despacho DRJ/SDR Nº. 045, de 22/05/2006, às fls. 524 a 528, foi o presente feito convertido em diligência e encaminhado a DRF em Camaçari/Ba., para exame das argüições da contribuinte quanto à análise do presente processo juntamente com o processo de nº. 13502.000766/200174, e quanto aos valores e as formas de quitação das parcelas de estimativa mensal de IRPJ pela autoridade administrativa. Da diligência realizada pela autoridade administrativa resultaram as seguintes conclusões registradas às fls. 557 a 560: Trata o presente processo de pedido de restituição de saldo negativo de IRPJ, exercício de 2001, ano calendário 2000, seguido de pedido de compensação com débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil. Conforme o Parecer/Despacho SAORT/DRF/CCI nº 87/2005, fls. 260/267, proferido em 14/10/2005, foi referido pedido parcialmente deferido. Cientificado da decisão supra, em 26/10/2005, protocolou o interessado a Manifestação de Inconformidade juntada às fls. 276 a 286. Por meio do Despacho DRJ/SDR Nº. 045, de 22/05/2006, às fls. 524 a 528, proferido pela DRJ – Salvador, foi o presente feito convertido em diligência e encaminhado a esta Seção para análise do presente processo juntamente com o processo nº. 13502.000766/200174, alegando que os dois processos seriam parcialmente idênticos e que se refeririam a assuntos relacionados entre si. Insurgiuse, ainda, o interessado contra os valores e as formas de quitação das parcelas de estimativa mensal de IRPJ, relativas aos PA de outubro, novembro e dezembro de 2001, analisadas na decisão impugnada, juntando aos autos cópias das DCTF retificadoras de forma a consubstanciar o quanto legado. Cabe, entretanto, alguns esclarecimentos sobre tais alegações. Fl. 927DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 12 11 No que tange à análise conjunta dos referidos processos, apenas no que se refere à quitação da estimativa de IRPJ, PA OUT/2001, poderseia aventar algum tipo de ligação entre eles, na medida em que o Saldo Negativo objeto de análise teria sido utilizado para quitação de tal parcela. Em relação ao IRPJ – estimativa mensal, acima referida, foi inicialmente declarado em DCTF, conforme fls. 229, o valor de R$ 255.919,60 (duzentos e cinqüenta e cinco mil, novecentos e dezenove reais e sessenta centavos), quitado por autocompensação com Saldo Negativo de IRPJ/2001, ano calendário 2000. Em sua manifestação de inconformidade, às fls. 282, o interessado alegou a quitação de R$ 255.919,60 (duzentos e cinqüenta e cinco mil, novecentos e dezenove reais e sessenta centavos), referente ao débito de IRPJ estimativa mensal, PA out/2001, por meio de autocompensação com Saldo Negativo de IRPJ anocalendário 1996, no valor de R$ 129.344,62 (cento e vinte e nove mil e trezentos e quarenta e quatro reais e sessenta e dois centavos), com saldo negativo de IRPJ no anocalendário de 1999, no valor de R$ 22.046,86(vinte e dois mil e quarenta e seis reais e oitenta e seis centavos) e a parcela remanescente com Saldo Negativo de IRPJ do ano calendário de 2000, no valor de R$104.528,12 (cento e quatro mil e quinhentos e vinte e oito reais e doze centavos). Traz, portanto, o interessado em sua impugnação a indicação de nova forma de quitação do débito do IRPJ estimativa mensal, PA out/2001, divergente inclusive dos valores registrados em sua contabilidade, conforme cópia às fls. 155, sem apresentar documentos hábeis a comprovar suas alegações e consubstanciar a retificação de sua DCTF(cópia anexada pelo interessado à fls. 364), apresentada tão somente em 24/11/2005 (fl 361) ou seja, após apreciação do pleito por esta delegacia jurisdicionante. Acrescentese, ainda, o fato de ter o interessado anexado às fls. 296 do processo nº 13502.000766/200174, declaração de que não seria utilizado o Saldo Negativo de IRPJ/1998 e 2000 em autocompensações, declaração anexada ao presente às fls. 550, o que corrobora a total falta de controle do interessado quanto à utilização dos créditos em apreço e, por conseguinte, a ineficácia de suas alegações. No que se refere, ainda, ao valor do total referente ao período em apreço, out/2001, a DIPJ/2002, tanto a original cancelada, anexada ás fls. 537, como a retificadora anexada à fls. 542 ,trazem o valor de R$255.919,60 (duzentos e cinqüenta e cinco mil, novecentos e dezenove reais e sessenta centavos), utilizado para compor o valor da redução do IRPJ devido, declarado na linha 16, Ficha 12 A, às fls. 543. No que se refere à compensação do débito de IRPJ estimativa mensal, PA nov/2001, asseverou o interessado ter declarado em DCTF equivocadamente o valor somado das parcelas de outubro e novembro, sendo o valor correto da parcela de nov/2001 o montante de R$ 238.012,90 (duzentos e trinta e oito mil, doze reais e noventa centavos), apresentando também DCTF retificadora para o respectivo período, anexada às fls. 365. Digase, aqui também, retificação essa datada de 24/11/2005, ou seja, posterior a decisão recorrida. Não obstante o valor inicialmente declarado pelo interessado na DCTF original, relativo ao débito de IRPJ, estimativa de nov/2001, no montante de R$ 493.932,50 (quatrocentos e noventa e três mil e novecentos e trinta e dois reais e cinquenta centavos), conforme fls. 230, o valor declarado tanto na DIPJ/2002 original cancelada, quanto na retificadora ativa, Ficha 11 – Cálculo do Imposto de Renda por Estimativa, fls. 537 e 542, respectivamente, bem como o montante levado ao ajuste a título de estimativa paga (linha 16, Ficha 12A – Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real), já incluídas as parcelas de IRRF do próprio período Fl. 928DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 13 12 utilizadas para reduzir a estimativa mensal devida, confirma o quanto legado na manifestação de inconformidade do interessado. Quanto ao débito de IRPJ estimativa mensal, PA dez/2001, o interessado alegou ter também declarado equivocadamente o valor devido de R$ 707.129,77 (setecentos e sete mil, cento e vinte e nove reais e sete centavos), atribuindolhe, como forma de quitação, autocompensação com Saldo Negativo de IRPJ/2001, ano calendário 2000. De acordo com o interessado, o valor correto seria de R$ 602.907,07 (seiscentos e dois mil e novecentos e sete reais e sete centavos), quitados da seguinte forma: R$ 317.907,07 (trezentos e dezessete mil e novecentos e sete reais e sete centavos) autocompensados com Saldo Negativo de IRPJ/2001 e R$ 285.000,00 (duzentos e oitenta e cinco mil reais) compensados com crédito de ressarcimento de IPI. Foram juntadas aos autos cópia do pedido de compensação, às fls. 461, constante do processo n.º 13501.000019/200227, e consulta ao sistema PROFISC, fls. 544, que confirma a compensação de parte do débito, na forma suscitada pelo interessado. No que se refere ao valor total, as DIPJ/2002, original e retificadora, Ficha 11 – Cálculo do Imposto de Renda por Estimativa, às fls. 537 e 542, confirmam a apuração de débito de IRPJ estimativa mensal, PA dez/2001, no montante de R$ 602.907,07 (seiscentos e dois mil e novecentos e sete reais e sete centavos), correspondente, ainda, ao valor utilizado na Ficha 12ª, linha 16 – Estimativas Mensais Efetivamente Pagas, da DIPJ/2002 retificadora, à fl. 543, e não de R$ 707.129,77 (setecentos e sete mil e cento e vinte e nove mil e setenta e sete centavos), anteriormente declarado e levado em consideração na decisão contestada. Entretanto, cabe ressaltar que o valor de R$ 707.129,77 corresponde ao registrado na contabilidade do contribuinte, conforme cópia do “Razão Analítico”, à fl. 157. Mencionese, ainda, que na DCTF original entregue em 06/02/2002, bem como nas retificadoras entregues em 01/12/2004 e 09/06/2005, todas canceladas, o débito encontravase declarado pelo montante de R$ 707.129,77 e quitado mediante autocompensação (sem processo) com saldo negativo de IRPJ de períodos anteriores. Somente na DCTF retificadora (ativa) entregue em 24/11/2005, ou seja, após a ciência da decisão contestada, é que o contribuinte declarou corresponder o débito em questão ao valor de R$ 602.907,07, quitado na forma por ele suscitada (vide docs. às fls. 551 a 556). No item II.2, fls. 284, constante da manifestação de inconformidade apresentada pelo interessado, foi asseverado ter sido promovida, de oficio, a compensação de débito de IPI, 3º decêndio de setembro de 2001, com crédito de origem distinta da indicada no pedido de compensação correspondente. Segundo interessado, às fls. 284, “De fato, o fiscal promoveu compensação de parcela do débito de IPI no valor de R$ 128.528,50 (cento e vinte e oito mil e quinhentos e vinte e oito reais e cinqüenta centavos) com crédito de IRPJ ano calendário 1996, ao passo que o pedido de compensação n.º 13502.000766/200174 prevê que o mencionado débito será compensado com créditos relativos aos períodos base de 1997 e 1999”. Fl. 929DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 14 13 Cumpre ressaltar que o referido débito e a respectiva compensação integram apenas o objeto do mencionado processo n.º13502.000766/200174, não tendo as alegações do interessado repercussão alguma no presente processo. No entanto, apensas o título de esclarecimento, juntouse às fls. 545 a 549 do presente, extrato do processo nº 13502.000766/200174, sendo às fls. 548 demonstrada a compensação do referido débito com crédito oriundo do ano calendário de 1997. Por todo o exposto, concluise que, de fato, não há efetiva conexão entre os processos referidos pelo interessado, Percebese, sim, descontrole por parte deste nas autocompensações efetuadas com os Saldos Negativos em tela, levando o mesmo, a indicar diversas formas de quitação para o mesmo débito, o que, em princípio não deve determinar a análise conjunta ou juntada dos processos. Os créditos envolvidos são originados de anoscalendário distintos e não restou comprovado que alguma parcela de estimativa de IRPJ/2001, ano calendário 2000, objeto do presente processo tenha sido quitada com autocompensação que utilizasse crédito de Saldo Negativo de IRPJ dos exercícios analisados no processo 13501.000766/200174, ou mesmo, que a estimativa de IRPJ, out/2001, tenha sido quitada com créditos analisados e compensados em ambos processos. Desta forma, prestadas as informações requeridas no despacho de fls. 524 a 528, propõese o retorno do presente processo à DRJ/Salvador para prosseguimento. A decisão recorrida está assim ementada: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. RERATIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO. Na ocorrência de erro material no acórdão proferido, são cabíveis os embargos opostos para retificar o valor do crédito reconhecido. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Na hipótese de apuração anual, a partir do mês de janeiro do anocalendário subseqüente ao do encerramento do período de apuração, o contribuinte poderá pedir a restituição ou compensar o saldo negativo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, referente ao anocalendário anterior, com os débitos relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, observadas as condições estabelecidas na legislação de regência. Compensação Homologada em parte. Transcrevese a conclusão do voto condutor do aludido acórdão: Dessa forma, acolho as fundamentações da autoridade administrativa, em razão da diligência realizada, que integram a presente decisão, e voto no sentido de reconhecer o direito creditório de R$ 221.393,51 (duzentos e vinte um mil, trezentos e noventa e três reais e cinqüenta e um centavos) e homologar a compensação pleiteada do crédito com débitos, até o limite reconhecido. Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta em parte as conclusões do acórdão recorrido, discorrendo sobre seus argumentos às fls. 603 e seguintes. É o relatório." Distribuído o feito para a 2ª Turma Ordinária desta 4ª Câmara, o julgamento foi convertido em julgamento para que a Unidade de origem: a) intimasse o Contribuinte a apresentar demonstrativo único de utilização dos saldos negativos de recolhimento do IRPJ Fl. 930DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 15 14 desde o anocalendário de 1996 até 2000, correlacionando com os registros contábeis e as respectivas DIPJ e DCTF, incluindo notas explicativas (se necessário); 2) verificasse a correção desse demonstrativo, elaborando parecer consubstanciado, indicando os valores que eventualmente estejam equivocados; 3) cientificasse o contribuinte desse relatório, concedendolhe o prazo de 30 dias para manifestação. Retornada a diligência, tendo em vista a conclusão do mandato do Conselheiro Relator original, o processo foi distribuído a esta Relatoria. É o relatório, no necessário. Voto Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Conheço do presente Recurso Voluntário, visto que este atende os pressupostos de admissibilidade. A delimitação do objeto do presente recurso foi bem estabelecida na diligência solicitada pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção deste Conselho: o Contribuinte havia pleiteado R$ 3.022.332,21, sendo que a DRF deferiu R$ 1.578.770,53, sob o entendimento que já havia compensação no valor de 1.456.981,87 ao longo do ano de 2001. A DRJ reconheceu que o valor de 221.393,51 deve ser acrescido ao direito creditório remanescente em face de erro no preenchimento da DCTF quanto à compensação realizada em novembro de 2001. Em sede de Recurso Voluntário, o Recorrente teceu alegação no sentido de existência de erros, motivo pelo qual junta documentação com o fito de afastálos no que tange à compensação de outros créditos em 2001, que não o saldo negativo do IRPJ de 31/12/2000. Conforme Relatório Fiscal de fls. 829/830, restou comprovado que a contabilidade do Recorrente não se apresenta hábil nem idônea a comprovar sua realidade financeira, in verbis: Fl. 931DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13501.000188/200186 Acórdão n.º 1401001.351 S1C4T1 Fl. 16 15 Notificado o Contribuinte acerca do resultado da diligência, este não apresentou elementos hábeis e suficientes para afastálo. Diante da ausência de comprovação do direito creditório, voto pela improcedência do recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Fl. 932DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por JORGE C ELSO FREIRE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10925.000265/2008-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMOS.
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
OVOS INCUBÁVEIS. PARCERIA RURAL. COMPRA E VENDA. DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO.
Considerando que há no contrato de parceria a previsão de que o produtor rural adquire a propriedade dos ovos incubáveis em função de produzir para si e para o parceiro, e que houve a compra e venda dos insumos veiculada em nota fiscal pertinente, é incabível sua descaracterização para prestação de serviços, devendo ser concedido o direito ao cômputo do crédito presumido de que trata o art. 8º, da Lei n° 10.925/2004 sobre referidas aquisições.
AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO. POSSIBILIDADE.
A Lei nº. 12.058/2009 permitiu o ressarcimento e a compensação dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004.
AGROINDÚSTRIA. PERCENTUAL DO CRÉDITO PRESUMIDO.
O montante de crédito presumido é determinado pela aplicação da alíquota de 60% (sessenta por cento) quando se tratar de insumos utilizados nos produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18.
NÃO CUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO DE SALDO CREDOR. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS.
O artigo 15, combinado com o artigo 13, ambos da Lei nº 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento.
Numero da decisão: 3402-002.495
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos dos votos do relator e do relator designado. Vencidos conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho e Fenelon Moscoso de Almeida quanto ao aproveitamento dos custos com aquisição dos ovos incubáveis. Conselheiros Fernando Luiz da Gama D Eça, João Carlos Cassuli Junior e Helder Massaaki kanamaru quanto aos custos com fretes de produtos acabados entre estabelecimentos e aplicação da taxa Selic ao ressarcimento. Designado conselheiro João Carlos Cassuli Junior para redigir o voto vencedor da matéria referente aos ovos incubáveis. Apresentará declaração de voto sobre a aplicação da taxa Selic o conselheiro João Carlos Cassuli Junior.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR Relator Designado
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Helder Massaaki Kanamaru, Mara Cristina Sifuente e Fenelon Moscoso de Almeida.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMOS. O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. OVOS INCUBÁVEIS. PARCERIA RURAL. COMPRA E VENDA. DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO. Considerando que há no contrato de parceria a previsão de que o produtor rural adquire a propriedade dos ovos incubáveis em função de produzir para si e para o parceiro, e que houve a compra e venda dos insumos veiculada em nota fiscal pertinente, é incabível sua descaracterização para prestação de serviços, devendo ser concedido o direito ao cômputo do crédito presumido de que trata o art. 8º, da Lei n° 10.925/2004 sobre referidas aquisições. AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO. POSSIBILIDADE. A Lei nº. 12.058/2009 permitiu o ressarcimento e a compensação dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004. AGROINDÚSTRIA. PERCENTUAL DO CRÉDITO PRESUMIDO. O montante de crédito presumido é determinado pela aplicação da alíquota de 60% (sessenta por cento) quando se tratar de insumos utilizados nos produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18. NÃO CUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO DE SALDO CREDOR. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS. O artigo 15, combinado com o artigo 13, ambos da Lei nº 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10925.000265/2008-03
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5449266
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3402-002.495
nome_arquivo_s : Decisao_10925000265200803.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 10925000265200803_5449266.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos dos votos do relator e do relator designado. Vencidos conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho e Fenelon Moscoso de Almeida quanto ao aproveitamento dos custos com aquisição dos ovos incubáveis. Conselheiros Fernando Luiz da Gama D Eça, João Carlos Cassuli Junior e Helder Massaaki kanamaru quanto aos custos com fretes de produtos acabados entre estabelecimentos e aplicação da taxa Selic ao ressarcimento. Designado conselheiro João Carlos Cassuli Junior para redigir o voto vencedor da matéria referente aos ovos incubáveis. Apresentará declaração de voto sobre a aplicação da taxa Selic o conselheiro João Carlos Cassuli Junior. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR Relator Designado Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Helder Massaaki Kanamaru, Mara Cristina Sifuente e Fenelon Moscoso de Almeida.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
id : 5883987
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702329098240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 42; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2557; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2.933 1 2.932 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.000265/200803 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402002.495 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de setembro de 2014 Matéria COFINS Recorrente COOPERATIVA CENTRAL OESTE CATARINENSE Recorrida DRJ FLORIANÓPOLIS (SC) ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. OVOS INCUBÁVEIS. PARCERIA RURAL. COMPRA E VENDA. DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO. Considerando que há no contrato de parceria a previsão de que o produtor rural adquire a propriedade dos ovos incubáveis em função de produzir para si e para o parceiro, e que houve a compra e venda dos insumos veiculada em nota fiscal pertinente, é incabível sua descaracterização para prestação de serviços, devendo ser concedido o direito ao cômputo do crédito presumido de que trata o art. 8º, da Lei n° 10.925/2004 sobre referidas aquisições. AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO. POSSIBILIDADE. A Lei nº. 12.058/2009 permitiu o ressarcimento e a compensação dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004. AGROINDÚSTRIA. PERCENTUAL DO CRÉDITO PRESUMIDO. O montante de crédito presumido é determinado pela aplicação da alíquota de 60% (sessenta por cento) quando se tratar de insumos utilizados nos produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 02 65 /2 00 8- 03 Fl. 2153DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 2 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18. NÃO CUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO DE SALDO CREDOR. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS. O artigo 15, combinado com o artigo 13, ambos da Lei nº 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos dos votos do relator e do relator designado. Vencidos conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho e Fenelon Moscoso de Almeida quanto ao aproveitamento dos custos com aquisição dos ovos incubáveis. Conselheiros Fernando Luiz da Gama D Eça, João Carlos Cassuli Junior e Helder Massaaki kanamaru quanto aos custos com fretes de produtos acabados entre estabelecimentos e aplicação da taxa Selic ao ressarcimento. Designado conselheiro João Carlos Cassuli Junior para redigir o voto vencedor da matéria referente aos ovos incubáveis. Apresentará declaração de voto sobre a aplicação da taxa Selic o conselheiro João Carlos Cassuli Junior. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR – Relator Designado Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Helder Massaaki Kanamaru, Mara Cristina Sifuente e Fenelon Moscoso de Almeida. Fl. 2154DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.934 3 Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos, colaciono o relatório do Acórdão nº 380302.051 que declinou competência em face do valor exceder o valor de alçada das turma especiais: O presente processo versa sobre Pedido de Ressarcimento de Créditos da Cofins, cumulado com declaração de compensação, tendo como saldo disponível para ressarcimento o valor de R$ 6.890.409,33, referente a créditos da Cofins não cumulativa, decorrentes de operações no mercado externo do 2° trimestre de 2005. Submetido o pedido à apreciação da repartição de origem, reconheceuse parcialmente o direito creditório pleiteado, não tendo sido acatados os créditos relativos a (i) mercadorias para revenda adquiridas de pessoas físicas, (ii) aquisições de bens e serviços não enquadrados com insumos, (iii) gastos com transporte de produtos entre filiais, classificados pela cooperativa como despesas de armazenagem de mercadorias e frete na operação de venda (iv) crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais, (v) crédito presumido relativo a estoque de abertura e (vi) créditos a descontar na importação. Irresignado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade e requereu a reforma da decisão prolatada, a produção de todas as provas em direito admitido, a recepção da peça recursal com efeitos suspensivo e devolutivo, bem como que fosse determinada a aplicação da taxa Selic entre a data do pedido de restituição até a data da completa satisfação do crédito, alegando, aqui apresentado de forma sucinta, o seguinte. a) em relação à glosa dos créditos referentes a mercadorias para revenda, adquiridas de pessoas físicas, houve equívoco na apropriação dos créditos; b) a necessidade de reconhecimento do crédito presumido relativo às aquisições de animais para reprodução; c) na decisão recorrida, considerouse o conceito de insumo de forma restrita, sendo que, de acordo com o art. 3° da Lei n° 10.833/2004, todas as aquisições de bens e serviços utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda gerariam direito ao crédito; d) em relação às peças de reposição de máquinas e equipamentos, existiria direito à compensação baseado na similaridade com os créditos decorrentes de depreciação de máquinas, combustíveis e lubrificantes e energia consumida, sendo anexado solução de consulta; Fl. 2155DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 4 e) em relação às aquisições de caixas de papelão e etiquetas, seria equivocada a afirmação de que esses materiais teriam sido utilizados no acondicionamento para transporte, pois o material utilizado nas embalagens teria por finalidade garantir a proteção adequada ao produto para minimizar a contaminação, prevenir danos e acomodar o rótulo; f) no que tange às aquisições de material de segurança, produtos de conservação e limpeza e bens destinados à manutenção predial, tratarseia de insumos, sendo que, no caso de equipamentos de proteção individual, eles seriam obrigatórios nos termos da NR 6 e 8; g) quanto à aquisição de ovos incubáveis, não se teria remuneração de serviço prestado por pessoa física; h) adota o modelo de produção de agroindústria integrado ou verticalizado, em que, por meio de contrato de parceria, fornece ao produtor rural lotes de matrizes poedeiras e ou reprodutores de suínos, lotes de pinto de um a dois dias de vida, assim como leitões, sendo que a parcela pertencente ao parceiro produtor, após apurada a sua participação no lote, normalmente é vendida para a empresa. A parcela recebida pelo parceiro produtor corresponde à sua quota no lote de ovos produzidos para incubação, que foi vendida a empresa, não se tratando de remuneração paga à pessoa física e sim de compra e venda de ovos para incubação. i) o frete incidente sobre as transferências de uma unidade produtora para outra unidade produtora deve ser considerado insumo de produção; j) na granja de aves são produzidos ovos, que é um produto semiacabado para o incubatório. No incubatório são produzidos pintos de um dia que é um produto semiacabado para o produtor. No estabelecimento do produtor são produzidas aves terminadas que é um produto semiacabado para o abatedor. E o processo se encerra apenas no estabelecimento industrializador, de onde sai o produto acabado para o estabelecimento comercial; k) em relação aos dispêndios com frete de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa, para fins de comercialização, é possível o creditamento; l) tanto os créditos ordinários com o os presumidos se vinculariam à forma dos créditos estabelecida pelo art. 3° das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, sendo passíveis de compensação com outros tributos, ou de ressarcimento em espécie; m) desrespeito da norma constitucional que veda a incidência das contribuições sobre as receitas de exportação; n) o crédito presumido do PIS e da Cofins constitui forma de subvenção, espécie de estímulo financeiro, para reduzi ro impacto tributário existente sobre a produção. Fl. 2156DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.935 5 o) no tocante às aquisições de milho inteiro e quebrado, deverseia, de igual modo, ser reconhecido o direito ao crédito presumido tendo por base o percentual de 60%, em razão de que tais insumos são destinados à alimentação de aves e suínos; p) nos termos expostos pelo Ministro José Delgado no RESP n° 1.005.598/RS, o crédito da Cofins não cumulativo deve ser calculado com base na alíquota utilizada para quantificar o débito da Cofins, isto é, 7,6%, enquanto àquelas aquisições feitas anteriormente ao período sob análise, deve ser apropriado o crédito de 3%, em consonância com o que dispunha a legislação da Cofins cumulativa. A DRJ Florianóplis/SC julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, tendo sido o acórdão ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. No regime da não cumulatividade, só são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores, aqueles utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda; as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. EMBALAGENS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas apenas depois de concluído o processo produtivo e que se destinam tão somente ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), não podem gerar direito a creditamento relativo às suas aquisições. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO. Despesas efetuadas com o fornecimento equipamentos de proteção aos empregados, adquiridos de outras pessoas jurídicas ou fornecido pela própria empresa, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos ou daqueles que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no processo de fabricação ou na produção de bens destinados à venda. Fl. 2157DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 6 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM PEÇAS DIVERSAS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. As peças para manutenção de máquinas e equipamentos, para que possam ser consideradas como insumos, permitindo o desconto do crédito correspondente da contribuição, devem ser consumidas em decorrência de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação/beneficiamento REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. Por não integrar o conceito de insumo utilizado na produção e nem ser considerada operação de venda, os valores das despesas efetuadas com fretes contratados para as transferências de mercadorias (produtos acabados ou em elaboração) entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica não geram direito a créditos da Cofins e da Contribuição ao PIS/PASEP. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIAS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Os créditos presumidos da agroindústria somente podem ser aproveitados como dedução da própria contribuição devida em cada período de apuração, não existindo previsão legal para que e efetue o seu ressarcimento. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. As alíquotas para o cálculo do crédito presumido sobre o estoque existente em 31 de julho de 2004 são de 0,65% para a Contribuição para o PIS/PASEP e de 3% para a Cofins. CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. VEDAÇÃO LEGAL. De acordo com o disposto nos arts. 13 e 15 da Lei n° 10.833, de 2003, não incide atualização monetária sobre créditos de COFINS e da Contribuição para o PIS/PASEP objeto de ressarcimento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Não satisfeito, o contribuinte recorre a este Conselho e reitera seus pedidos, repisando os mesmos argumentos. A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF converteu o julgamento em diligência para que fossem verificados: a) Quanto ao material de segurança, qual o papel do “creme protetor” e da “meia”? b) Quanto à conservação e limpeza, que tipo de serviço de bem móvel é feito? Qual a participação da limpeza na operação do sujeito passivo? Fl. 2158DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.936 7 c) Quanto à manutenção predial, os serviços de pintura e de construção civil foram realizados no estabelecimento fabril? A compra de argamassa, calcáreo, tintas, tomadas, torneiras e de concreto usinado foram para o estabelecimento fabril? e) Quanto ao frete, quais foram os valores dos fretes utilizados para transporte de documentos, transporte de insumos entre estabelecimentos, transporte de produto intermediário entre estabelecimentos e transporte de produto final para venda? A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba/SC realizou a diligência e os autos retornaram para análise deste Colegiado. O Sujeito Passivo apresentou petição sobre o resultado da diligência restringindose a afirmar que: Com a devida vênia, a diligência feita pela Receita Federal de Joaçaba, não pode ser acolhida, pois desconsiderou as informações prestadas pela intimada para, assim, tecer considerações de ordem subjetiva sobre a interpretação da legislação aplicável aos casos suscitados. A competência para dizer qual é o direito aplicável ao caso concreto, neste momento, é do Egrégio Conselho de Contribuintes e não da autoridade fiscal. Cabia a esta tão somente responder de forma objetiva aos questionamentos suscitados, que, como se pode ver, quedou inerte. Assim, tendo a autoridade fiscal respondido aos questionamentos de forma subjetiva, não merecem prosperar as alegações ali lançadas, devendo o E. Conselho, atentar para as informações prestadas pela ora intimada, as quais foram protocoladas em 21/05/2013. É o Relatório. Fl. 2159DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 8 Voto Vencido Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo ao mérito. Tratase de processo de pedido de ressarcimento da Cofins nãocumulativa referente ao 3º trimestre de 2005. BENS E SERVIÇOS INSUMOS A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do Carf entendeu que os autos não estavam maduros para julgamento e retornouos para fase instrutória com o fim de sanar dúvidas que assombravam as mentes dos componentes do Colegiado. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba realizou o trabalho de campo, ao final produziu um relatório fiscal, o qual o recorrente teve ciência em 08/07/2013 e apresentou petição em 06/08/2013 sobre o resultado da diligência. Reproduzo as conclusões da Autoridade Fiscal e os argumentos apresentados pelo recorrente no âmbito da diligência proposta. Item 01 “creme protetor e meias”: O Fisco concluiu que são materiais de proteção individual, contudo não são consumidos pelo produto final. A Recorrente afirma que o creme protetor é equipamento de proteção individual utilizado por trabalhadores que laboram no processo fabril, que tem a finalidade de proteger as mãos dos funcionários contra agentes ambientais presentes nas atividades por eles executadas. E as meias têm a função de proteger os pés dos funcionários contra a baixa temperatura. Item 02 – Quais os serviços de bem móvel são realizados e sua participação no processo produtivo? Apuração do Fisco: (...) alega a interessada que o serviço de bem móvel realizado ocorreu, apenas, em conserto de máquinas e equipamentos. No entanto, de acordo com a descrição constante dos documentos acostados aos autos, tratam da aquisição de vassouras de palha e outras espécies, utensílios estes não utilizados diretamente na produção dos bens vendidos, não dando direito a crédito, portanto. Também os serviços discriminados nas Notas fiscais de prestação de serviço serviço de ajardinamento, serviços de lenha, cultivo de horta e pomar, carga e descarga, eventuais roçadas); serviço de limpeza de esgoto da lavagem de caminhões); ref.limpeza e desinfecção de todos os reservatórios de água da unidade); serviços de lavanderia. (...) Fl. 2160DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.937 9 Resposta do Recorrente: (...) os serviços de bens móveis realizados foram de conserto em máquinas e equipamentos industriais, registrados nas contas contábeis: 30449 máquinas e 30431 equipamentos pertence ao grupo de custeio de produção, bem como serviços de limpezas, os foram contabilizados nas contas de custeio: 30.465, 30.732, 30.422 e 30.449, e o serviço de lavanderia (lavagem de uniforme), contabilizados na conta de custeio: 30.732.(...) Item 03 – Serviços de limpeza. Apuração do Fisco: (...)Relativamente aos serviços de limpeza, assegura a interessada que esta atividade compreende a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos, também a lavanderia industrial (lavagem dos uniformes do pessoal) e ajardinamento de pátios dos estabelecimentos (...) Resposta do Recorrente: (...)Os serviços de limpeza compreendem a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos industriais; lavanderia industrial (lavagem dos uniformes utilizados pelos funcionários que atuam no processo produtivo); e, ajardinamento de pátios dos estabelecimentos fabris.(...) (...)Os produtos adquiridos para a limpeza da área fabril (desinfetante, detergente e vassoura) foram contabilizados na conta contábil de estoque 10.812, já os serviços em bem móveis foram contabilizados nas contas contábeis de custeio sendo, 30.449 máquinas e 41111 30.431 equipamentos, os serviços de limpeza foram contabilizados nas contas de custeio 30.465, 30.732, e 30.422 e 30.449, e o serviço de lavanderia na conta de custeio 30.732.(...) Item 04 – Manutenção predial, serviços de pintura e de construção civil. Apuração do Fisco: (...) Relativamente à manutenção predial e os serviços de pintura e de construção civil, assevera a interessada que foram realizados no estabelecimento fabril. No entanto, ainda que aplicados nos estabelecimentos industriais este fato por si não implica no reconhecimento de que os valores aplicados dão direito ao crédito de Pis e Cofins não cumulativo. Com efeito, em se tratando de serviços de pintura em instalações conforme descrito nas notas ficais pintura acesso indústria e lateral do prédio bloco administ II, pintura circulação de acesso aos vestiários parede/platib, pintura na salda de manutenção de baterias, pintura em calhas, teto, tirantes, suporte de expedição, pintura no setor Mec preparação e piso da oficina, pintura no setor abt, serviço de manutenção civil no setor abt, serviço manutenção civil piso setor Prd, implicam em serviços de Fl. 2161DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 10 reforma e ampliações até porque tem previsão de serem consumos em mais de doze meses, fato que implica em imobilização para futura depreciação.(...) Resposta do Recorrente: (...) A manutenção predial e os serviços de pintura e construção civil foram realizados no estabelecimento fabril e a compra de todos os itens foi utilizada nos estabelecimentos industriais, conforme demonstrado através da cópia de documentos fiscais e razão contábil dos lançamentos dos documentos fiscais na conta de estoque 10812. Para evidenciar a baixa dos itens para manutenção predial na conta de custo de produção das unidades industriais, anexamos também cópia do relatório de saída de materiais (custos) dos itens do estoque e seu lançamento nas contas de custos 30.422, 30.813, 30.431, 30.635 e 30.449. Quanto aos serviços de pinturas o custo foi contabilizado diretamente nas contas de custos 30.422, 30.449 e 30.431. As aquisições de calcáreo foram destinadas à fabricação de ração, ocorrendo a contabilização pela compra do produto na conta de estoque 10.812 e seu consumo evidenciado pela baixa do item na conta de custeio 30.805. Trata se, portanto, de insumo para a fabricação de ração.(...) Item 05 – Fretes Apuração do Fisco: Relativamente aos fretes, a requerente alega de apenas 2,83% (R$ 375.525,66 de um total de R$ 13.232.008,38) se referem a despesas de armazenagem, sendo que 47,99% corresponderiam a fretes sobre operações de venda de produtos acabados e 49,16% se trataria do transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da contribuinte (frete transferência). Resposta do Recorrente: ... Em relação ao frete informamos que do valor total de R$ 13.232.007,88 glosado no 4° trimestre de 2005, R$ 6.359.681,85 correspondem a transporte de produtos acabados em operação de venda; R$ 375.525,66 referem a despesas com armazenagem de produto final para venda, R$6.496.800,37 a transporte de produtos acabados entre estabelecimentos para venda (frete transferência). O transporte de produto acabados entre estabelecimentos é contabilizado na conta de estoque 12319, do estabelecimento destinatário. Posteriormente, quando ocorre a efetiva operação de venda do produto, este valor do frete fará parte do custo da mercadoria vendida. Os gastos com frete na operação entre estabelecimentos são imprescindíveis para a efetivação da venda dos produtos fabricados pela recorrente e agregam o custo do próprio produto. É que a empresa comercializa a sua produção em todo território nacional, porém, as suas unidades industriais estão localizadas nos Estados do RS, SC e MS, que transferem a sua Fl. 2162DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.938 11 produção para os estabelecimentos comerciais localizados nos Estados do PR, SP, RJ, MG, PE e DF. Portanto, os gastos com frete para transferência da produção das unidades industriais para comercialização pelas unidades comerciais agregam o custo do produto, revestindo a característica de insumo ou serviço utilizado na fabricação de produtos destinados a venda.(...) Esses são os fatos contidos nos autos que servirão de base para análise da subsunção dos serviços/aquisição de mercadorias ao conceito de “insumo” contido nas leis que instituíram o regime da nãocumulatividade do PIS e da Cofins. O Conselheiro Mauricio Taveira e Silva, no processo nº 16707002127/2005 65 de sua relatoria, enfrentou o tema com maestria, profundidade e didática, de sorte que reproduzo seu voto para embasar minha razão de decidir, in verbis: O tema em questão enseja as maiores polêmicas acerca do PIS e Cofins não cumulativos em decorrência do termo “insumo” utilizado pelo legislador, sem a devida definição de sua amplitude, ou seja, se o insumo a ser considerado deva ser somente o “direto” ou se o termo deve abarcar, também, os insumos “indiretos”. Nesse contexto, tornase necessária uma maior reflexão sobre o tema. Os arts 3º, inciso II das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, dispõem sobre a possibilidade de a pessoa jurídica descontar créditos relacionados a bens e serviços, utilizados como “insumo” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Visando normatizar o termo “insumo” a Receita Federal editou as Instruções Normativas, IN SRF nº 247/02, art. 66, § 5º, no caso do PIS e IN SRF nº 404/04, art. 8º, § 4º para a Cofins. Nelas, o fisco limitou a abrangência do termo “insumos” utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, à matériaprima, ao produto intermediário, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Em se tratando de serviços, os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Necessário, ainda, que os bens não estejam incluídos no ativo imobilizado, bem assim, os serviços sejam prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, sendo aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço. De modo a esclarecer o alcance de tais normas em relação a casos concretos, foram editadas diversas Soluções de Consultas, por vezes conflitantes, as quais acabaram por ensejar a elaboração de inúmeras Soluções de Divergência. Na sequência dos acontecimentos, decorridos alguns anos desde a edição das leis criadoras do PIS e da Cofins na sistemática não cumulativa, percebese ser cada vez mais intenso o coro a rejeitar a não Fl. 2163DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 12 cumulatividade dessas contribuições de modo tão restritivo, nos moldes do IPI. Nesse sentido, na doutrina preconizada por Fábio Pallaretti Calcini, a não cumulatividade vinculada ao produto (IPI) ou mercadoria (ICMS) não se presta a fundamentar a não cumulatividade do PIS e da Cofins, cujo pressuposto é a receita, ensejando, assim, uma maior amplitude para a obtenção dos créditos. A falta de pertinência se evidencia em se tratando de prestador de serviços. As restrições legalmente impostas cingemse ao art. 3º, § 2º, incisos I e II, das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, que tratam de vedação de crédito decorrente de mão de obra paga a pessoa física e aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Releva observar, em conformidade com o art. 3º, § 3º, incisos I e II, dos mesmos diplomas legais, a necessidade de que, tanto os bens e serviços adquiridos, como também os custos e despesas incorridos, pagos ou creditados, tenham como destino pessoa jurídica domiciliada no País. Desse modo, proclama o referido autor; vez que as restrições, com caráter de excepcionalidade, estão expressamente consignadas em lei, os demais dispositivos normativos não poderiam ser elaborados de forma restritiva. Conforme assevera Natanael Martins, levando em consideração o fato de que no caso das contribuições para o PIS e para a Cofins pelo regime não cumulativo a materialidade é a receita e não somente a atividade fabril, mercantil ou de serviços, constata que há a eleição de ‘outras hipóteses creditórias desvinculadas da atividade desenvolvida pelo contribuinte como é o caso das despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e contraprestações de operações de arrendamento mercantil’48, razão pela qual constata que, diante deste contexto, a noção de insumo ‘erigido pela nova sistemática do PIS e da Cofins não guarda simetria com aquele delineado pelas legislações do IPI e do ICMS, visto não estar limitado apenas a operações realizadas com mercadorias ou produtos industrializados, sendo, inclusive, aplicado aos prestadores de serviços. Nessa linha registra Pallaretti Calcini que as limitações à utilização do crédito são exaustivamente descritas nas duas leis, não comportando acréscimos. Assim, sustenta que a expressão insumo deve estar vinculada aos dispêndios relizados pelo contribuinte que, de forma direta ou indireta, contribuam para o pleno exercício de sua atividade econômica (indústria, comércio ou serviços) visando à obtenção de receita. Logo, os parâmetros trazidos pela Receita Federal seriam claramente restritivos, não se coaduando com o disposto nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03. No âmbito do CARF as decisões têm caminhado no sentido de se flexibilizar o entendimento acerca do que deva ser considerado como insumo. Nesse contexto, relevantes as considerações do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres no voto condutor, na Fl. 2164DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.939 13 CSRF, do acórdão nº 930301.035 de 23/08/2010, processo nº 11065.101271/200647, conforme se observa de sua transcrição: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de Pis/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessa contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Julio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/200361, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: “Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de Pis/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como “insumo” combustível e lubrificante, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, Fl. 2165DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 14 utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do Pis/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrario, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: (...) As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no País, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de Pis/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional”. Mais recentemente fora prolatado o acórdão nº 320200.226, em 08/12/2010, processo nº 11020.001952/200622, de relatoria do Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Júnior que, após fazer diversas referências e citações doutrinárias, além de colacionar decisões administrativas, todas no sentido de que o conceito de “insumo” deve ser entendido em sentido menos restritivo do que o preconizado pelas normas editadas pelo Fisco Federal, arremata: É de se concluir, portanto, que o termo "insumo" utilizado para o cálculo do PIS e COFINS não cumulativos deve necessariamente compreender os custos e despesas operacionais da pessoa jurídica, na forma definida nos artigos 290 e 299 do RIR/99, e não se limitar apenas ao conceito trazido pelas Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04 (embasadas exclusivamente na (inaplicável) legislação de IPI). No caso dos autos foram glosados pretendidos créditos relativos a valores de despesas que a Recorrente houve por bem classificar como insumos (materiais utilizados para manutenção de máquinas e equipamentos), em virtude da essencialidade dos mesmos para a fabricação dos produtos destinados à venda. Ora, constatase que sem a utilização dos mencionados materiais não haveria a possibilidade de a Recorrente destinar seus produtos à venda, haja vista a inviabilidade de utilização das máquinas. Frisese que o material utilizado para manutenção sofre, inclusive, desgaste com o tempo. Fl. 2166DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.940 15 Em virtude doa argumentos expostos, em que pese o respeito pela I. decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS), ao não admitir a apuração de créditos sobre os bens adquiridos pela Recorrente, entendo que tal glosa não deve prosperar, uma vez que os equipamentos adquiridos caracterizamse como despesas necessárias ao desenvolvimento de suas atividades, sendo certo o direito ao crédito sobre tais valores para desconto das contribuições para o PIS e COFINS. Em relação ao tema, o referido acórdão restou assim ementado: [...] REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço. Feitas estas colocações, passo a expressar meu posicionamento acerca da matéria. Conforme dito anteriormente, o cerne da questão reside no significado e abrangência do termo “insumo” consignado nos arts 3º, inciso II das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, cuja semelhante redação assim dispõem: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (destaquei) Em que pese a judiciosa motivação apresentada pelo conselheiro relator em seu brilhante voto condutor do aresto precitado, ouso discordar de sua conclusão assinalada na ementa, como segue: “O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ...” Travase aqui, a mesma discussão do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, ou seja, se o insumo deve ser Fl. 2167DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 16 compreendido em seu sentido lato, abrangendo, portanto, toda e qualquer matériaprima e produto intermediário, cuja utilização na cadeia produtiva seja necessária à consecução do produto final, ou não. O art. 290 do RIR/99 mencionado no acórdão referencia o método de custeio por absorção o qual apropria todos os custos de produção dos bens, sejam diretos ou indiretos, variáveis ou fixos. Assim, o custo de produção dos bens ou serviços deverá compreender o custo de aquisição das matériasprimas e secundárias, o custo de mão de obra direta e indireta e os gastos gerais de fabricação, inclusive os custos fixos tais como os encargos de depreciação dos bens utilizados na produção. Já o art. 299, também do RIR/99, trata das despesas operacionais dedutíveis na determinação do lucro real como sendo as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora de receitas. Suas matrizes legais são: DecretoLei nº 1.598/77, art. 13, §§ 1º e 2º (art. 290 do RIR/99), que assim dispõe: Art. 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. § 1º O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente: a) o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo; b) o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; c) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; d) os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; e) os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. § 2º A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda de 5% do custo total dos produtos vendidos no exercício social anterior, poderá ser registrada diretamente como custo. Por outro lado, o art. 299 do RIR/99 tem como matriz legal o art. 47, §§ 1º e 2º, da Lei nº 4.506/64, com o seguinte teor: Art. 47. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e a manutenção da respectiva fonte produtora. Fl. 2168DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.941 17 § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Tendo em vista a extensa redação levada a efeito no caso do Imposto de Renda, não posso compreender que o simples termo “insumo” utilizado na norma tenha a mesma amplitude do citado imposto. Acaso o legislador pretendesse tal alcance do referido termo teria aberto mão deste vocábulo, “insumo”, assentando que os créditos seriam calculados em relação a “todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa ou à obtenção de receita”. Dispondo desse modo o legislador, sequer, precisaria fazer constar “inclusive combustíveis e lubrificantes”. Creio que o termo “insumo” foi precisamente colocado para expressar um significado mais abrangente do que MP, PI e ME, utilizados pelo IPI, porém, não com o mesmo alcance do IRPJ que possibilita a dedutibilidade dos custos e das despesas necessárias à atividade da empresa. Precisar onde se situar nesta escala é o cerne da questão. De se registrar que o próprio fisco vem flexibilizando seu conceito de insumo. Como exemplo temse que, em relação ao citado acórdão, o qual tratou de créditos de aquisições de materiais para manutenção de máquinas e equipamentos, a própria administração tributária já havia se manifestado favoravelmente à utilização de tais créditos, por meio da Solução de Divergência nº 35/08. Nela a Cosit registra a desnecessidade de contato direto com os bens que estão sendo fabricados, conforme segue: 17. Isso posto, chegase ao entendimento, de que todas as partes e peças de reposições utilizadas em máquinas e equipamentos diretamente responsáveis pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, aqui descritos ou exemplificados, que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida em todo o processo de produção ou de fabricação, independentemente, de entrarem ou não contato direto com os bens que estão sendo fabricados destinados à venda, ou seja, basta que referidas partes e peças sejam incorporadas às máquinas e equipamentos que estejam atuando no processo de fabricação ou produção dos referidos bens, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, desde que não estejam escriturados no ativo imobilizado. (grifei) Em conclusão a Solução registra: 18.Diante do exposto, solucionase a presente divergência dandose provimento ao recurso interposto, orientando à recorrente que as despesas efetuadas com a aquisição de partes Fl. 2169DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 18 e peças de reposição, que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de dezembro de 2002, e a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, respectivamente, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Destarte, entendo que o termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. Com base nas brilhantes linhas traçadas pelo Conselheiro Mauricio Taveira, entendo que em todo processo administrativo que envolver créditos referentes a não cumulatividade do PIS ou da Cofins, deve ser analisado cada item relacionado como “insumos” e o seu envolvimento no processo produtivo, para então definir a possibilidade de aproveitamento do crédito. Regressando a lide, passo ao exame dos itens reclamados pelo recorrente, tendo por base a diligência realizada e o conceito de insumo alhures detalhado. 1 Bens e Serviços material de uso geral, material de embalagens e etiquetas, peças de reposição e serviços gerais, material de segurança, material de conservação e limpeza, material de manutenção predial, ovos incubáveis, fretes e outros itens. Quanto à imensa lista de elementos que não foram considerados para o cálculo do crédito da Cofins, me reservo a analisar apenas aqueles que o recorrente buscou demonstrar participar de seu processo produtivo. Para os demais, nego de pronto sua inclusão no cálculo do crédito em virtude das alegações estarem órfãs de informações que sustentem seu direito. É bom lembrar que a lide versa sobre pedido de ressarcimento, cujo ônus da prova é do recorrente. a) Material de uso geral avental plástico, bota de borracha, camisa, camiseta impermeável, calça proteção, desinfetante, creme protetor microbiológico, detergentes, lenha de eucalipto, luva, óleos lubrificantes, papel toalha, peças para máquinas, protetor auricular, correias industriais. Entendo que os valores gastos com o avental plástico, camisa, desinfetante, luva, a bota de borracha, a camiseta impermeável, a calça de proteção, o creme protetor microbiológico, o protetor auricular, os óleos lubrificantes e as peças para as máquinas do parque fabril subsumem ao conceito de insumo, devendo fazer parte do cálculo do crédito da Fl. 2170DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.942 19 Cofins. Quanto aos demais elementos mencionados neste item nego seu aproveitamento por falta de prova. b) Material de Embalagens e Etiquetas caixas de papelão e etiqueta. Quanto a esse item, apenas as caixas de papelão utilizadas no acondicionamento dos produtos para fins de proteção contra ataque ambientais, choques, vibrações impróprias, esmagamento, etc, fazem parte do processo produtivo do recorrente, de forma que devem ser incluídos nos cálculos dos créditos como sendo insumos. Mesma sorte não teve o elemento “etiqueta”, pois não têm nos autos provas mínimas de sua utilização no processo produtivo. c) Material de Conservação e Limpeza Após diligência realizada no estabelecimento do recorrente, é pacífico que os serviços de limpeza compreendem a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos industriais; lavanderia industrial (lavagem dos uniformes utilizados pelos funcionários que atuam no processo produtivo). Portanto, em vista da atividade desenvolvida pela sociedade ser de cunho alimentício, entendo que os valores referentes a estes custos devem fazer parte do cálculo do crédito da Cofins, por estarem contemplados no conceito de insumo. d) Manutenção Predial, Serviço de Pintura e de Construção Civil A diligência revela que a manutenção predial e os serviços de pintura e construção civil foram realizados no estabelecimento fabril e a compra de todos os itens foi utilizada nos estabelecimentos industriais, conforme demonstrado através das cópias dos documentos fiscais e razão contábil. O Fisco apurou que os serviços de pintura foram realizados no acesso a indústria e lateral do prédio bloco administrativo II (pintura circulação de acesso aos vestiários parede/platib, pintura na sala de manutenção de baterias, pintura em calhas, teto, tirantes, suporte de expedição, pintura no setor mec preparação e piso da oficina, pintura no setor abt, serviço de manutenção civil no setor abt e serviço manutenção civil piso setor Produtivo. Nesta senda, apenas os custos com a manutenção predial e serviços de pintura do setor fabril tem o direito de fazer parte do cálculo do crédito da exação, dede que não caracterizem benfeitorias e melhoramentos que devam ser adicionados aos valores dos imóveis para futuras depreciações. Os custos com a manutenção e pintura dos prédios administrativos e outros setores não podem compor o referido crédito. e) Fretes. Em relação ao frete informa a recorrente e não contesta o Fisco: ... Em relação ao frete informamos que do valor total de R$ 10.964.835,80 glosado no 3° trimestre de 2005, R$ 5.422.379,28 correspondem a transporte de produtos acabados em operação de venda; R$ 109.919,67 referem a despesas com armazenagem de produto final para venda, R$ 5.422.379,28 a transporte de produtos acabados entre estabelecimentos para venda (frete transferência). Fl. 2171DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 20 O transporte de produto acabados entre estabelecimentos é contabilizado na conta de estoque 12319, do estabelecimento destinatário. Posteriormente, quando ocorre a efetiva operação de venda do produto, este valor do frete fará parte do custo da mercadoria vendida. Os gastos com frete na operação entre estabelecimentos são imprescindíveis para a efetivação da venda dos produtos fabricados pela recorrente e agregam o custo do próprio produto. É que a empresa comercializa a sua produção em todo território nacional, porém, as suas unidades industriais estão localizadas nos Estados do RS, SC e MS, que transferem a sua produção para os estabelecimentos comerciais localizados nos Estados do PR, SP, RJ, MG, PE e DF. Portanto, os gastos com frete para transferência da produção das unidades industriais para comercialização pelas unidades comerciais agregam o custo do produto, revestindo a característica de insumo ou serviço utilizado na fabricação de produtos destinados a venda. Das informações coletadas concluise que as despesas com fretes estão divididas entre as relativas ao transporte de produtos acabados em operação de venda, ao transporte entre estabelecimentos de produtos acabados e ao frete sobre as compras dos insumos utilizados para industrialização dos produtos a serem comercializados. O aproveitamento do custo com frete relativo ao transporte de produto acabado para venda está previsto na Lei que instituiu a nãocumulatividade. Ressalto apenas que o ônus deve ser suportado pelo vendedor. Os custos dos fretes referentes à aquisição dos insumos incorporam ao custo dos insumos, desde que estejam descriminados na nota fiscal de compra e assumidos pelo comprador. Cumpridos esses requisitos, estarão acobertados pela legislação. Assim, o único problema a ser resolvido se refere ao frete correspondente ao transporte de bens acabados entre estabelecimentos da mesma sociedade. Conforme já mencionado o conceito de insumo para fins de creditamento do PIS e da Cofins tem um alcance maior do que matériaprima, produto intermediário e material de embalagem relacionados ao IPI e menor que os custos de produção do IRPJ. Contudo, defendo que nos casos em que a Lei previu, expressamente, o tipo do bem ou o do serviço que poderá ser utilizado para descontar créditos das exações, aplico os cânones legais. É o caso da despesa com fretes, o inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 prevê que apenas os fretes utilizados na operação de venda poderão servir de créditos a serem descontados do valor apurado de exação. No caso em questão, o transporte de produto acabado de um estabelecimento a outro da mesma sociedade não dá direito ao crédito, pois falta previsão legal. Se fosse produto semiacabado, meu entendimento seria diverso, uma vez que esse frete faria parte do processo produtivo da empresa. Portanto, quanto a esse custo, mantenho afastados os valores da base de cálculo do crédito da Cofins. f) Armazenagem As despesas com armazenagem também foi prevista no inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 como integrante dos créditos descontáveis da exação. De sorte que afasto a glosa efetuada pela fiscalização e mantida pela instância a quo. Fl. 2172DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.943 21 g) Ovos incubáveis A operação na visão do recorrente: (...) no modelo de integração/parceria, a empresa firma um contrato de parceria com o parceiro produtor, pessoa física, em que a empresa se compromete a fornecer as matrizes, pintos, leitões, medicamentos, alimentação e assistência técnica, enquanto que o parceiro produtor, pessoa física, participa com as instalações, água, luz, mãodeobra de alimentação e manutenção do lote dos animais recebidos. O parceiro produtor, pessoa física, em contrapartida, recebe da empresa (agroindústria), uma parcela da produção, em cada lote, obtendo para si um parcela do que foi produzido. Tal parcela é estabelecida através da aplicação de uma fórmula específica, constante no contrato, com base na conversão de produção ou conversão alimentar para determinar o fator de eficiência e produção. A parcela pertencente ao parceiro produtor, após apurada a sua participação no lote, normalmente é vendida para a empresa. É o caso dos autos, ou seja, a parcela recebida pelo parceiro produtor corresponde a sua quota no lote de ovos produzidos para incubação, que foi vendida a empresa. Ou seja, o parceiro produtor emitiu nota fiscal para acobertar a venda da sua parte na produção. (...) A operação na visão da Autoridade Fiscal: Verificase que o contrato de parceria, anexado aos autos, tem por objeto o fornecimento à cooperativa de ovos para incubação, ovos férteis destinados à produção de pintos de corte. No caso em exame, são formalizados contratos de parceria entre a cooperativa (parceira) e o produtor integrado (matrizeiro), pessoa física. Este sistema de parceria para fornecimento de ovos para incubação, comumente denominado de integração, de fato, é tradicionalmente empregado no setor avícola. A parceira assume a obrigação de fornecer ao produtor os insumos necessários a produção, quais sejam lotes de aves, machos e fêmeas, além de rações, medicamentos e vacinas, bem como o transporte das aves e dos ovos que saírem da propriedade. O matrizeiro, por sua vez, tem por atribuição a guarda e conservação das aves postas à sua disposição, devendo cumprir uma série de prescrições relativas à criação das aves, além de suprir água potável e energia elétrica nas quantidades necessárias à atividade. Exigese do matrizeiro instalações físicas adequadas, constituídas, no contrato em apreço, de três aviários de 14m x Fl. 2173DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 22 130m, além dos equipamentos que se fizerem necessários, "de acordo com a avaliação e orientação do departamento técnico da segunda (parceira)", sendo do matrizeiro a responsabilidade pela mão de obra necessária. Quanto à partilha dos frutos da parceria, reproduzse a cláusula contratual que a define: “Cláusula segunda (...) Parágrafo segundo: Ajustam as partes, para efetivação da parceria, que 88% (oitenta e oito por cento) dos ovos provenientes de cada lote de aves entregues, é de propriedade da PARCEIRA, sendo o saldo remanescente de 12% (doze por cento) de propriedade do MATRIZEIRO.” O contrato estabelece ainda que, "em relação ao percentual de 12% (doze por cento) dos ovos produzidos, de propriedade do MATRIZEIRO, comprometese este a dar à PARCEIRA preferência na sua compra, cujas condições serão dispostas em documento específico” Pois bem, como se percebe da leitura das cláusulas deste contrato, bem como dos usos e costumes referentes a contratos de parceria aviária, a parceira exige, para ingresso na atividade, que o matrizeiro possua os aviários e as máquinas conforme suas especificações, bem como que este entregue os ovos nos padrões exigidos pela parceira. Para tal, o matrizeiro deverá fazer investimentos em ativos com elevada especificidade. Esta necessidade de criar um relacionamento em ativos específicos transforma o relacionamento à medida que a transação se desdobra. Antes dos investimentos em ativos específicos serem feitos, uma parte pode ter várias alternativas de negócio, sendo que ela poderia escolher um entre os muitos possíveis negociantes. Mas, depois que o investimento em ativos específicos é feito, as partes têm poucas, se tiver, alternativas de negócios. Assim, uma forma de oferta competitiva não se torna mais possível. Ou seja, uma vez que tal investimento em ativos dedicados é feito, o relacionamento muda de uma posição na qual a parte teria uma grande quantidade de negociantes para uma situação em que tem apenas um negociante. No caso analisado, não há a possibilidade (ou se há, é muito pequena) de negociação da produção com a sua segunda melhor alternativa. O produto, em que pese no contrato restar estabelecido que uma parte ser propriedade do matrizeiro, na realidade não lhe pertence, sendo ele apenas o responsável pela condução do setor de produção. Por esta tarefa, a parceira agrícola paga ao matrizeiro uma remuneração, em pecúnia, cujo valor é definido de acordo com a produção. Assim sendo, os valores pagos pela cooperativa aos matrizeiros correspondem à remuneração paga a pessoa física. Fl. 2174DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.944 23 Após apresentar a operação sob a ótica das partes envolvidas na lide, parto da premissa de que o ônus da prova é do recorrente, em vista do processo tratar de pedido de ressarcimento. Ao meu sentir afirmativas das partes convergem no sentido de que a operação efetuada é de prestação de serviço por pessoa física. Consoante noção cediça, a legislação veda o direito ao crédito relativo ao valor de prestação de serviço por pessoa física. Deste modo, mantenho a decisão da Delegacia de Julgamento quanto à glosa desses valores do cálculo do crédito da Cofins. AGROINDÚSTRIA – RESSARCIMENTO. A Autoridade Fiscal glosou o crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais pelo entendimento de serem passíveis de ressarcimento, apenas de desconto com a própria Cofins na apuração do quantum debeatur. Já o recorrente defende que, embora não esteja prevista expressamente no texto do artigo 8°, da Lei n° 10.925/04, há que se reconhecer a possibilidade de ressarcimento em relação ao crédito presumido do PIS/COFINS. Assim, o cerne da questão é definir se os créditos presumidos da agroindústria podem ser objeto de processo de ressarcimento ou de compensação tributária. A solução da lide passa necessariamente pelas irradiações das modificações impostas pela Lei nº 10.925/2005 ao regime da nãocumulatividade do PIS e da Cofins. Diante desse quadro convém identificar as respectivas mudanças e seus reflexos no caso em questão. A Lei nº 10.637/2002, assim dispõe sobre o assunto: Art. 2o Para determinação do valor do PIS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65. (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) (...) § 10.Sem prejuízo do aproveitamento dos créditos apurados na forma deste artigo, as pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2 a 4, 8 a 12 e 23, e nos códigos 01.03, 01.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, 15.07 a 15.14, 1515.2, 1516.20.00, 15.17, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul, destinados à alimentação humana ou animal poderão deduzir da contribuição para o Fl. 2175DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 24 PIS/Pasep, devida em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens e serviços referidos no inciso II do caput deste artigo, adquiridos, no mesmo período, de pessoas físicas residentes no País. § 11. Relativamente ao crédito presumido referido no § 10: (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) (Revogado pela Lei nº 10.925, de 2004) Iseu montante será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a setenta por cento daquela constante do art. 2o; (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) (Revogado pela Lei nº 10.925, de 2004) II o valor das aquisições não poderá ser superior ao que vier a ser fixado, por espécie de bem ou serviço, pela Secretaria da Receita Federal. Assim, a agroindústria poderia aproveitar os créditos presumidos para dedução do valor a recolher resultante de operações no mercado interno, compensar com débitos próprios de tributos administrados pela SRF e, caso não conseguisse utilizálos até o final de cada trimestre, pleitear seu ressarcimento. Ocorre que os §§ 10 e 11 do art. 3º supra foram revogados pela Medida Provisória nº 183, de 30 de abril de 2004 (publicada nessa mesma data em Edição extra do Diário Oficial da União), verbis: Art.3° Os efeitos do disposto nos arts. 1º e 5o darseão a partir do quarto mês subseqüente ao de publicação desta Medida Provisória. Art. 4° Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. Art.5° Ficam revogados os §§ 10 e 11 do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e os §§ 5º, 6º, 11 e 12 do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. A partir de agosto de 2004 produziria efeitos, portanto, a revogação desses créditos presumidos da agroindústria. Sobreveio a conversão dessa Medida Provisória na Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004 (Diário Oficial de 26/07/2004), reinstituindo os créditos presumidos da agroindústria com alterações, conforme arts. 8º e 15: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro Fl. 2176DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.945 25 de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004). (...) Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) Art. 17. Produz efeitos: (...) II na data da publicação desta Lei, o disposto: a) nos arts. 1o, 3o, 7o, 10, 11, 12 e 15 desta Lei; (...) III a partir de 1o de agosto de 2004, o disposto nos arts. 8o e 9o desta Lei Observe que a Lei nº 10.925/2004 instituiu novas hipóteses de créditos presumidos com vigência a partir de 01/08/2004, tanto nas especificidades de seu cálculo quanto na forma de seu aproveitamento. Importa notar que, quanto ao aproveitamento, essa Lei dispôs apenas sobre a possibilidade da pessoa jurídica, indicada no caput dos arts. 8º e 15, “deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física.” De outro lado, a mesma Lei nº 10.925 manteve as revogações promovidas pela MP nº 183, verbis: Art. 16. Ficam revogados: I a partir do 1o (primeiro) dia do 4o (quarto) mês subseqüente ao da publicação da Medida Provisória no 183, de 30 de abril de 2004: a) os §§ 10 e 11 do art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002; e b) os §§ 5o, 6o, 11 e 12 do art. 3o da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003; Assim, como os créditos previstos no art. 3º, §§ 10 e 11 da Lei nº 10.637/2002 e no art. 3º, §§ 11 e 12 da Lei nº 10.833/2003 foram expressamente revogados pelo art. 16 da Lei Fl. 2177DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 26 nº 10.925/2004, não sendo mais apurados na forma do art. 3º daquelas leis, não há mais possibilidade de efetuar compensação ou pedido de ressarcimento em dinheiro em relação a aqueles créditos, por falta de previsão legal. Pelo mesmo motivo, não é possível a compensação e o ressarcimento em relação aos créditos estabelecidos pelos arts. 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004. Em função da revogação promovida pela Medida Provisória nº 183 não ter produzido efeitos antes da reinstituição dos créditos presumidos da agroindústria pela Lei nº 10.925, podese concluir que o aproveitamento de tais créditos não sofreu solução de continuidade. Deste modo, em que pese à reinstituição de créditos presumidos para a agroindústria pela Lei 10.925, não houve mudanças nas formas de aproveitamento para dedução, compensação e ressarcimento previstas nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que contemplam apenas os créditos apurados “na forma do art. 3º e não esses “novos” créditos. Com efeito, não é despiciendo reiterar que a compensação e o ressarcimento admitidos pelo art. 5º da Lei nº 10.637, de 2002, e pelo art. 6º da Lei nº 10.833, de 2003, respeitam unicamente aos créditos apurados na forma do art. 3º das mesmas Leis: Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...]; § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I – dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II – compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o credito por qualquer das formas previstas no § 1º poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. [...]; (grifos acrescidos) Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...]; § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Fl. 2178DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.946 27 Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. [...]; (grifos acrescidos) Neste diapasão, a IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, dispõe seu art. 21, caput: “Art. 21. Os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados na forma do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que não puderem ser utilizados na dedução de débitos das respectivas contribuições, poderão sêlo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições de que trata esta Instrução Normativa, se decorrentes de: Como se pode notar o legislador não fez tal alteração, nem previu na própria Lei n° 10.925/2004 outra forma de aproveitamento desse crédito presumido que não a dedução da própria contribuição devida em cada período. Portanto, desejou que apenas essa forma de aproveitamento fosse possível. Por derradeiro, ao analisarmos o caput do art. 16, da Lei nº 11.116/2005, notamos que este dispositivo trata especificamente do saldo credor apurado na forma do art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, senão vejamos: “Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de:(grifo nosso) I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria.” Noutro giro, não se pode perder de vista que a vedação do art. 8º, § 4º, da Lei nº 10.925, de 2004, constitui norma especial, porquanto se refere unicamente à situação específica ali descrita. Destarte, apenas excepciona, sem, contudo, conflitar com a norma geral do art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, que permite ao vendedor manter os créditos vinculados às operações de venda efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da contribuição ao PIS, previsão esta genérica e atinente às operações em geral. Fl. 2179DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 28 Observese, ainda, que a previsão contida no caput dos arts. 8º e 15 da Lei nº 10.925, de 2004, admite que as pessoas jurídicas aludidas “poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP, devidas em cada período de apuração” o crédito presumido ali tratado. Neste passo, entendo que prevalecem as vedações contidas no § 4º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, em relação às situações específicas previstas naquele artigo. Posteriormente, a Lei nº. 12058, de 13 de outubro de 2009 aduziu importantes modificações no tema, a saber: a) Permitiu a compensação dos saldos dos créditos presumidos em discussão com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB; b) Autorizou o ressarcimento em dinheiro destes mesmos créditos, sob a ressalva de que o pedido só poderia ser efetuado para créditos apurados nos anoscalendário de 2004 a 2007, a partir do mês subseqüente ao da publicação da lei. E o pedido referente aos créditos apurados no anocalendário de 2008 e no período compreendido entre 01/2009 e o mês de publicação da lei, a partir de 01/01/2010. Por fim, a Lei nº. 12.350, de 20 de dezembro de 2010, ratificou os direito concedidos pela Lei nº. 12058/2009, no sentido de manter a permissão ao ressarcimento e a compensação dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004. Não se pode esquecer que o art. 106 do CTN autoriza a aplicação de lei nova a ato não definitivamente julgado, quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo. Pelas assertivas feitas, afluem razões jurídicas para as seguintes conclusões: 1 A Lei nº 10.925/2004 instituiu novas hipóteses de créditos presumidos com vigência a partir de 01/08/2004, tanto nas especificidades de seu cálculo quanto na forma de seu aproveitamento; 2 A partir de agosto de 2004, a legislação deixa de possibilitar a compensação ou o ressarcimento de créditos presumidos de agroindústria de PIS/COFINS de operações de exportação, podendo apenas servir para abater o PIS/Cofins devido na sistemática da não cumulatividade. Ou seja, o valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, art. 8º, somente pode ser utilizado para deduzir da contribuição para o PIS/Cofins apurado no regime de incidência nãocumulativa; 3 A partir de 13/10/2009, a legislação retornou com a possibilidade de ressarcir ou compensar os créditos referentes à agroindústria. Após esse singelo passeio pela legislação da não cumulatividade aplicada às agroindústrias, retornando ao caso em questão, conforme consta nos autos, a sociedade buscou compensar créditos presumidos de agroindústria da Cofins em operações de exportação com débitos de outros tributos. Partindo das premissas acima cravadas, não é necessário empreender qualquer esforço de interpretação para concluir que os créditos adquiridos de agroindústria são Fl. 2180DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.947 29 considerados créditos presumidos, podendo ser objeto de pedido de ressarcimento. Portanto o ressarcimento pretendido pelo contribuinte deve prosperar sendo imperiosa a reforma da decisão proferida em primeira instância. PERCENTUAL DO CRÉDITO PRESUMIDO O recorrente afirmar que houve erro na aplicação do percentual sobre os insumos adquiridos – suíno padrão, leitões para terminação e aves para abate – em seu julgamento o percentual do crédito presumido deveria ser de 60% e não de 35% como foi feito pela DRJ/Joaçaba. Mesma sorte deveria ter as aquisições de milho inteiro e quebrado em razão de que tais insumos são destinados à alimentação de aves e suínos. O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 trata do percentual em questão: Art. 8° As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07. 14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis n's 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004) § 1° O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004). § 2° O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4° do art. 3° das Leis n's 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Fl. 2181DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 30 § 3° O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1° deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2° das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17e 15.18; e II 50% (cinqüenta por cento) daquela prevista no art. 2° das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e (Redação dada pela Lei n°11.488, de 15 de junho de 2007) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2° das Leis n's 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei n°11.488, de 15 de junho de 2007) § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: 1 do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. § 5º Relativamente ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo, o valor das aquisições não poderá ser superior ao que vier a ser fixado, por espécie de bem, pela Secretaria da Receita Federal. § 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3º, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos. (Incluído pela Lei nº 12.865, de 2013) De acordo com as modificações aduzidas pela Lei nº 12.865/2013, o percentual aplicado aos insumos utilizados para industrialização dos produtos previstos no §1º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 é de 60%. Portanto, o pleito do recorrente tem amparo legal, de sorte de aplico o percentual citado de reformo da decisão a quo quanto a esta matéria. CRÉDITOS A DESCONTAR. Alega o recorrente que a decisão vergastada glosou valores em razão de que foram importados bens através do regime aduaneiro DRAWBACK, com suspensão do PIS, tendo, entretanto, o sujeito passivo se apropriado do crédito, contrariando disposição contida na Lei n° 10.865/04, art, 15, § 1°, que autoriza a apropriação do crédito apenas quanto aos valores efetivamente pagos, o que não seria o caso de importações amparadas pelo DRAWBACK. Entretanto, a divergência entre os valores solicitados e os reconhecidos pela autoridade fiscal, reside noutra situação de fato. Nos meses de JULHO A SETEMBRO de 2005, a recorrente, por motivo ignorado, deixou de incluiu no pedido de ressarcimento, a totalidades as DI's registradas no mencionado período. Fl. 2182DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.948 31 A totalidade das DI's, por ocasião da apreciação do pedido de ressarcimento do referido, também não foram computadas pela autoridade fiscal. Quanto a essa matéria, entendo que é defeso o aditamento de pedido de ressarcimento visando à inclusão de novos créditos financeiros ao pedido inicial. Novos direitos devem ser pleiteados em novo pedido de ressarcimento, sob pena de cerceamento do direito de defesa e de inobservância do devido processo legal. Nesta linha, acertou a DRJ/Joaçaba em não aceitar a inclusão de novos créditos financeiros ao pedido inicial de ressarcimento sem que fosse efetuado por meio do Programa Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação (PER/DCOMP). TAXA SELIC A interessada requer que seja determinada a aplicação da taxa Selic entre a data do pedido de restituição até a data da completa satisfação do crédito. Quanto à possibilidade de aplicação de juros compensatórios sobre o ressarcimento de créditos fiscais referentes ao PIS e a Cofins nãocumulativos, entendo que não há amparo legal, muito pelo contrário, a Lei nº 10.833/2003 veda expressamente a aplicação de juros compensatórios sobre o ressarcimento de créditos fiscais nela previstos, assim dispondo: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4° do art 3°, do art. 4° e dos §§ 1° e 2° do art. 6°, bem como do § 2° e inciso II do § 4° e §5° do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Art. 15. Aplicase à contribuição para o P1S/PASEP não cumulativa de que trata a Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto nos incisos I e lido § 3° do art. 1°, nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1°, incisos II e III, 10 e 11 do art. 3°, nos §§ 3° e 4° do art. 6°, e nos arts. 7º, 8°, 10, incisos XI a XIV, e 13. Portanto, pela regra acima reproduzida, é vedada a aplicação da taxa Selic ao valor do crédito de PIS e de Cofins não cumulativos. Ex positis, dou provimento parcial ao recurso voluntário para: 1) admitir o ressarcimento/compensação dos créditos presumidos de PIS e Cofins não cumulativos; 2) determinar a aplicação da alíquota de 60% aos insumos utilizados para industrialização dos produtos previstos no §1º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004; 3) admitir a inclusão dos custos abaixo relacionados no valor a ser descontado da contribuição devida na forma da Lei n° 10.833/2003: Fl. 2183DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 32 3.a) aquisição de avental plástico, desinfetante, luva, camisa, de bota de borracha, de camiseta impermeável, de calça de proteção, de creme protetor microbiológico, de protetor auricular, de óleos lubrificantes para as máquinas fabris, de peças para as máquinas do parque fabril desde que não devam ser adicionados aos valores dos bens e, por consequência, estarem sujeitos à depreciação e de caixas de papelão utilizadas para o acondicionamento dos produtos finais; 3.b) prestação de serviços de limpeza que compreendam a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos industriais; 3.c) prestação de serviço de lavanderia industrial que efetue a lavagem dos uniformes utilizados pelos funcionários que atuam no processo produtivo; 3.d) manutenção predial do setor fabril; 3.e) transporte dos produtos acabados para venda, desde que o vendedor arque com o ônus; 3.f) frete referente a aquisição dos insumos utilizados no processo produtivo, desde que o comprador arque com o custo; e 3.g) despesas com armazenagem para venda do produto acabado. É como voto. Sala das Sessões, em 17/09/2014. (Assinado Digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator Fl. 2184DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.949 33 Voto Vencedor Conselheiro João Carlos Cassuli Jr., Redator designado. Apesar de ter acompanhado o voto do Ilustre Conselheiro Relator em praticamente todas as matérias em debate nestes autos, com a devida vênia a maioria do Colegiado não pode acompanhalo no tocante ao direito de desconto de crédito presumido nas aquisições dos chamados ovos incubáveis, cabendome a honrosa tarefa de redigir o voto vencedor neste particular. Além de adotar integralmente o Relatório muito bem lançado pelo Ilustre Relator, também é importante colher do voto vencido neste particular, a questão conforme tratada tanto pela autoridade fiscal prolatora do despacho que originou o litígio, como pela Recorrente, sendo conveniente reprisála nos seguintes termos: “g) Ovos incubáveis A operação na visão do recorrente: (...) no modelo de integração/parceria, a empresa firma um contrato de parceria com o parceiro produtor, pessoa física, em que a empresa se compromete a fornecer as matrizes, pintos, leitões, medicamentos, alimentação e assistência técnica, enquanto que o parceiro produtor, pessoa física, participa com as instalações, água, luz, mãodeobra de alimentação e manutenção do lote dos animais recebidos. O parceiro produtor, pessoa física, em contrapartida, recebe da empresa (agroindústria), uma parcela da produção, em cada lote, obtendo para si um parcela do que foi produzido. Tal parcela é estabelecida através da aplicação de uma fórmula específica, constante no contrato, com base na conversão de produção ou conversão alimentar para determinar o fator de eficiência e produção. A parcela pertencente ao parceiro produtor, após apurada a sua participação no lote, normalmente é vendida para a empresa. É o caso dos autos, ou seja, a parcela recebida pelo parceiro produtor corresponde a sua quota no lote de ovos produzidos para incubação, que foi vendida a empresa. Ou seja, o parceiro produtor emitiu nota fiscal para acobertar a venda da sua parte na produção. (...) A operação na visão da Autoridade Fiscal: Verificase que o contrato de parceria, anexado aos autos, tem por objeto o fornecimento à cooperativa de ovos para incubação, ovos férteis destinados à produção de pintos de corte. No caso em exame, são formalizados contratos de parceria entre a Fl. 2185DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 34 cooperativa (parceira) e o produtor integrado (matrizeiro), pessoa física. Este sistema de parceria para fornecimento de ovos para incubação, comumente denominado de integração, de fato, é tradicionalmente empregado no setor avícola. A parceira assume a obrigação de fornecer ao produtor os insumos necessários a produção, quais sejam lotes de aves, machos e fêmeas, além de rações, medicamentos e vacinas, bem como o transporte das aves e dos ovos que saírem da propriedade. O matrizeiro, por sua vez, tem por atribuição a guarda e conservação das aves postas à sua disposição, devendo cumprir uma série de prescrições relativas à criação das aves, além de suprir água potável e energia elétrica nas quantidades necessárias à atividade. Exigese do matrizeiro instalações físicas adequadas, constituídas, no contrato em apreço, de três aviários de 14m x 130m, além dos equipamentos que se fizerem necessários, "de acordo com a avaliação e orientação do departamento técnico da segunda (parceira)", sendo do matrizeiro a responsabilidade pela mão de obra necessária. Quanto à partilha dos frutos da parceria, reproduzse a cláusula contratual que a define: “Cláusula segunda (...) Parágrafo segundo: Ajustam as partes, para efetivação da parceria, que 88% (oitenta e oito por cento) dos ovos provenientes de cada lote de aves entregues, é de propriedade da PARCEIRA, sendo o saldo remanescente de 12% (doze por cento) de propriedade do MATRIZEIRO.” O contrato estabelece ainda que, "em relação ao percentual de 12% (doze por cento) dos ovos produzidos, de propriedade do MATRIZEIRO, comprometese este a dar à PARCEIRA preferência na sua compra, cujas condições serão dispostas em documento específico” Pois bem, como se percebe da leitura das cláusulas deste contrato, bem como dos usos e costumes referentes a contratos de parceria aviária, a parceira exige, para ingresso na atividade, que o matrizeiro possua os aviários e as máquinas conforme suas especificações, bem como que este entregue os ovos nos padrões exigidos pela parceira. Para tal, o matrizeiro deverá fazer investimentos em ativos com elevada especificidade. Esta necessidade de criar um relacionamento em ativos específicos transforma o relacionamento à medida que a transação se desdobra. Antes dos investimentos em ativos específicos serem feitos, uma parte pode ter várias alternativas de negócio, sendo que ela poderia escolher um entre os muitos possíveis negociantes. Mas, depois que o investimento em ativos específicos é feito, as partes têm poucas, se tiver, alternativas de negócios. Assim, uma forma de Fl. 2186DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.950 35 oferta competitiva não se torna mais possível. Ou seja, uma vez que tal investimento em ativos dedicados é feito, o relacionamento muda de uma posição na qual a parte teria uma grande quantidade de negociantes para uma situação em que tem apenas um negociante. No caso analisado, não há a possibilidade (ou se há, é muito pequena) de negociação da produção com a sua segunda melhor alternativa. O produto, em que pese no contrato restar estabelecido que uma parte ser propriedade do matrizeiro, na realidade não lhe pertence, sendo ele apenas o responsável pela condução do setor de produção. Por esta tarefa, a parceira agrícola paga ao matrizeiro uma remuneração, em pecúnia, cujo valor é definido de acordo com a produção. Assim sendo, os valores pagos pela cooperativa aos matrizeiros correspondem à remuneração paga a pessoa física.” Pois bem, os pontos de vistas de parte a parte ficaram muito bem expostos, e, a partir deles, acabo por concluir diferentemente do que concluiu o Ilustre Relator, que acabou agasalhando o ponto de vista da Fiscalização, para conceber a operação como sendo uma prestação de serviços e não uma compra e venda de insumos. Tenho que a operação está documentalmente comprovada como sendo uma compra e venda, não só pelos expressos termos do contrato, mas pela emissão de Nota Fiscal de venda de insumos, que permite o trânsito dos ovos incubáveis dos parceiros/matrizeiros para a adquirente Cooperativa. Tais documentos existentes nos autos, para serem desconsiderados pela fiscalização, deveriam ser objeto de decreto de nulidade por simulação (ou outro vício do negócio jurídico), e atendendo a forma pertinente para assim se o decretar, tais como descrição dos fatos, comprovação pertinente dos fatos supostamente reais, o fundamento legal da imputação realizada, para se ter a conclusão a que chegou a Administração. Assim sendo, considerando que os documentos que retrataram a operação de compra e venda não foram total ou mesmo legalmente invalidados, temse que deve prevalecer a essência da operação, tal e qual retratada no contrato e na Nota Fiscal, que é a compra e venda, e não aquela imputada como sendo simulada, que seria a prestação de serviços. E, por se tratar de compra e venda de bens, milita em favor da Recorrente o direito ao desconto do crédito presumido de que trata o art. 8º, da Lei n° 10.925/2004, pela alíquota definida no voto do Ilustre Relator, adicionando porém tais aquisições dentre aquelas que permitem o respectivo desconto de créditos. Assim sendo, com as vênias do Ilustre Relator e daqueles que pensam em sentido contrário, sou pelo provimento do recurso para conceder o direito ao desconto de crédito presumido sobre a aquisição à pessoas físicas, dos ovos incubáveis. Consequentemente, voto no sentido de dar provimento ao Recurso também quanto aos ovos incubáveis. Fl. 2187DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 36 (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS CASSULI JR. – Redator Designado. Fl. 2188DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.951 37 Declaração de Voto Conselheiro João Carlos Cassuli Jr., com Declaração de Voto. Conforme constou da Ata pertinente, entendi por bem apresentar uma declaração de voto no tocante ao direito de incidência de SELIC sobre os valores ressarciendos, pois que entendo que no caso esse direito igualmente emana do ordenamento pátrio, não lhe sendo aplicável a vedação contida nos arts. 13 c/c 15, da Lei n° 10.833/2003. Como bem se sabe, para que o ressarcimento ou a restituição ocorra de forma integral, o sujeito passivo tem direito à correção monetária e juros incidentes sobre os valores indevidamente pagos ou então, indevidamente “retidos” (não ressarcidos), salvo nos casos em que a proibição venha expressa, como forma de sanção por procedimento incorreto, indevido ou por desídia do próprio credor. No caso dos autos, entendi que a recorrente faz jus ao direito de uso dos créditos apontados pelo art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, e também no art. 8º, da Lei 10.925/2004, apesar de uma aparente resistência criada pelo art. 13, da Lei n° 10.833/2003, como passo a expor. Antes de mais nada, salientase que os créditos constantes no dispositivo supra mencionado passaram a fazer parte do sistema não cumulativo implantado, decorrendo como consequência um menor recolhimento das contribuições sociais ali disciplinadas, ou de desoneração da cadeia produtiva mediante um sistema de ressarcimento de saldos credores que se acumulem na escrita do contribuinte. Dessa forma, sempre que houver restrições à tomada de créditos, maior será o desembolso (ou o custo) do contribuinte. A premissa inicial é a de que, em sendo ilegítima a restrição ao desconto de créditos, o desembolso (ou o custo) equivalente ao crédito não tomado, importa em um recolhimento maior que o devido, ou então, em um ressarcimento menor que aquele concedido pela Lei. Tendo em vista o acima exposto entendo que, embora possa se extrair do art. 13, da Lei nº 10.833/03, de forma literal, que possa existir uma aparente resistência à atualização monetária sobre os valores a serem ressarcidos nos termos do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, na verdade havendo resistência normativa ou através de ato expresso emitido pela Administração (como no caso e na parte que houve deferimento apenas parcial do crédito em face da glosa de valores, diminuindo o valor a ressarcir), passa a existir o direito a correção monetária. Os créditos pleiteados nesses autos deixaram de ser utilizados por força de ato proibitivo emanado da própria Fazenda, necessitando da interferência deste Conselho CARF, para que se lhe declarasse o direito, transmudandose a sua natureza de mero crédito escritural, para se constituir em uma “dívida” de valor. E às dívidas de valor é inconteste a aplicação da SELIC, nos termos do §4º, do art. 39, da Lei n° 9.250/95. Nesse sentido ocorreu o desfecho do Recurso Especial nº 1.035.847/RS, da relatoria do Ministro Luiz Fux, que embora tenha sido proferido em torno de outro tributo, a circunstância aqui referida mostrase equivalente, razão pela qual se destaca parte do julgado: Fl. 2189DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 38 “1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, Dje 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (STJ – 1ª Seção – Rel. Min. Luiz Fux – j. 25.6.2009 DJe 03/08/2009) – grifouse. Como dito, embora o julgado transcrito tenha sido proferido em sede de IPI, a verdade é que o raciocínio se aplica aos créditos escriturais como um todo, no sentido de que, havendo permissão legal para tomada dos créditos e o contribuinte não os escriturou no devido tempo, por sua própria mora ou omissão, não fará jus aos juros e correção, pois que não pode imputar ao Poder Público uma penalização que decorre de sua própria inércia. No entanto, o inverso também é verdadeiro, na medida em que, havendo oposição da Administração Tributária, no tocante ao direito de escriturar determinados créditos, ou pela sua diminuição por inserção indevida de “débitos” em sua base de cálculo, inibindo o contribuinte de lançálos no tempo oportuno ou obrigandoo a correr o risco de glosa ou mesmo de indeferimento de créditos acumulados, forçandoo, com isso, a buscar guarida num processo litigioso, administrativo ou judicial, será então debitada a mora ao Poder Público, que dessa forma, deverá permitir a incidência de SELIC sobre os créditos que até então tinham seu registro vedado, por norma expressa ou oposição na interpretação dada pela Administração Pública. Tanto é verdadeira a situação que o entendimento já está plasmado na Súmula nº 411, do STJ, que se transcreve: Fl. 2190DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.952 39 "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" A aplicabilidade deste entendimento e posicionamento a todos os tipos de créditos escriturais também já foi discutido pelo próprio STJ que, em decisão da 2ª Turma, nos autos do REsp nº 1.203.802/RS, cujo relator foi o Min. Herman Benjamin, em 03.02.2011 (DJe 03.02.2011) expressou seu entendimento como abaixo se alinha: “1. O regramento específico para os créditos de PIS e Cofins apurados na forma do art. 3º das Leis 10.637∕02 e 10.833∕03 só permite que sejam deduzidos do montante a ser pago a título da própria contribuição. No entanto, havendo saldo credor acumulado ao final do trimestre, é possível a compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, conforme autoriza o art. 16 da Lei 11.116∕2005. 2. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.035.847∕RS (assentada de 24.6.2009), submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), pacificou o entendimento de que somente é devida a correção monetária dos créditos escriturais de IPI nos casos em que o direito ao creditamento não foi exercido no momento oportuno, em razão de óbice normativo instituído pelo Fisco. O mesmo raciocínio aplicase aos créditos escriturais de PIS e Cofins obtidos na forma do art. 3º das Leis 10.637∕2002 e 10.833∕2003, já que não há previsão legal que admita sua correção monetária.” (grifei) No mesmo sentido, analisando se a simples demora na análise de pleito de ressarcimento declinado pelo contribuinte subsumirseia a chamada “resistência ilegítima” da Administração, autorizando consequentemente a incidência da correção monetária, aquele mesmo Superior Tribunal de Justiça, pela sua 2ª Turma (REsp nº 1.331.033 – SC, Rel. Ministro Mauro Campbell, julgado em 02 de abril de 2013), posicionouse favoravelmente a incidência da SELIC, sendo que do voto do Relator cabe destacar: “Decerto, essa lógica é pertinente quando estamos a falar de créditos escriturais recebidos em um período de apuração e utilizados em outro, ou seja, de créditos inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados em períodos de apuração subsequentes (se forem utilizados em um mesmo período de apuração não há diferença de correção monetária, vejase o votovista vencido do Min. José Delgado no REsp. n. 212.899 RS, Primeira Turma, Rel. Min. Garcia Vieira, julgado em 5.10.1999). Se o Fisco impede a utilização desses créditos escriturais, seja por entendêlos inexistentes ou por qualquer outro motivo, a hipótese é de incidência de correção monetária, se ficar caracterizada a injustiça desse impedimento. Por outro lado, se o próprio contribuinte acumula tais créditos para utilizálos posteriormente em sua escrita fiscal por opção sua ou imposição legal, não há que se falar em correção monetária, pois a postergação do uso foi legítima. Fl. 2191DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 40 Contudo, no presente caso estamos a falar de ressarcimento de créditos, sistemática diversa onde os créditos outrora escriturais passam a ser objeto de ressarcimento em dinheiro ou compensação com outros tributos em virtude da impossibilidade de dedução com débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos (normalmente porque isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero), ou até mesmo por opção do contribuinte, nas hipóteses permitidas por lei. Tais créditos deixam de ser escriturais, pois não estão mais acumulados na escrita fiscal para uso exclusivo no abatimento do IPI devido na saída. Nestes casos, o ressarcimento em dinheiro ou compensação com outros tributos se dá mediante requerimento feito pelo contribuinte que, muitas vezes, diante das vicissitudes burocráticas do Fisco, demora a ser atendido, gerando uma defasagem no valor do crédito que não existiria caso fosse reconhecido anteriormente. (...) A lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza a chamada ´resistência ilegítima´. Desse modo, o óbice do fisco a ensejar a incidência de correção monetária se deu em uma e outra hipóteses: a do reconhecimento espontâneo crédito pela administração tributária com mora e a da negativa reconhecimento do crédito pela administração tributária vindo a ser reconhecido apenas pela via judicial.” Do mesmo modo, a Primeira Seção (congregando as 1ª e 2ª Turmas do STJ – competente para julgar essa matéria), acabou firmando posicionamento nos Embargos de Divergência em Recurso Especial nº 1.220.942/SP, de Relatoria do Min. Mauro Campbell Marques (julgado em 14.04 e publicado no DJE em 18.04.2013), reiterando os mesmos termos acima, no qual cita expressamente o trecho relativo ao PIS e COFINS, acima transcrito, na própria Ementa do referido julgado, deixando expresso que o Recurso Representativo de Controvérsia REsp nº 1.035.847/RS (Rel. Min. Luiz Fux), aplicase também a todos os casos de pedidos de ressarcimento, quando os créditos deles objeto deixam de ser meramente “escriturais”. Assim sendo, com ainda mais razão, em havendo oposição da Administração tributária tolhendo o aproveitamento integral ou tempestivo dos créditos, será devida a correção monetária. E para tal fim, se entende como vedação ou oposição ao aproveitamento dos créditos, a prolação de Despacho que indefere parte dos créditos pleiteados, ou então, aquele que aumentar os “débitos” do contribuinte para com isso diminuir o seu saldo credor. Nessas circunstâncias de oposição da Administração ao registro tempestivo dos créditos, se entende que dúvida não deveria haver no sentido de ser cabível o direito a correção dos créditos apropriados extemporaneamente pelo contribuinte, através do índice da SELIC, nos mesmos termos em que se tem entendido cabível a correção monetária pelo aproveitamento extemporâneos de créditos escriturais em geral, se igualmente não foram escriturados por óbice criado pela Administração. Fl. 2192DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.953 41 Ao aplicar a SELIC aos créditos reconhecidos tardiamente, administrativa ou judicialmente, ao contribuinte, ainda que sejam oriundos de anteriores créditos escriturais, se está meramente recompondo o poder aquisitivo da moeda e, ao mesmo tempo, compensando o contribuinte pela demora do Estado em reconhecer um direito. E como visto pelo excerto a seguir, não é outro o entendimento do próprio STF como se pode conferir: “... 1. Apesar de ter sido alegado durante todo o processo que a escrituração tardia dos créditos tributários se deu em razão de óbice imposto pelo Estado, tal alegação não foi apreciada pelo acórdão embargado. Configurada, assim, omissão passível de correção por meio de embargos de declaração. 2. Fazem jus à correção monetária os créditos tributários tardiamente escriturados em função de oposição injustificada do Fisco. (RE 200.379EDEDEDv, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ 05052006).” (RE 372975, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21.05.13, DJ de 04.06.13). Este Conselho já concedeu referido direito aos créditos de PIS não cumulativo, em função deste entendimento, como se pode atestar pelo precedente cuja ementa abaixo segue transcrita: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração:01/01/2008 a 31/03/2008 REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM SERVIÇOS DE CORRETAGEM NECESSÁRIOS À COMPRA DE MATÉRIAPRIMA. INSUMO APLICADO NA PRODUÇÃO DE BENS DESTINADOS À VENDA. DEDUÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. No regime da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep, por serem considerados insumos, os gastos com serviços de corretagem de compra de matériaprima, utilizada na fabricação de produtos destinados à venda, integram a base de cálculo do crédito da referida Contribuição, nos termos do art. 3o, § 1o, I da Lei no 10.637, de 2002. CRÉDITO ESCRITURAL BÁSICO. SALDO CREDOR. ATUALIZAÇÃO PELA A TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. O art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora decorre de impedimento ou de óbice da Administração Fazendária. Recurso Provido em Parte.” Fl. 2193DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 42 (CARF – 2ª Turma Especial da 3ª Seção – Acórdão 3802 001.418 Red. designado Cons. Solon Sehn, julgado em 25.10.12). Isto posto, apresento essa declaração de voto, para deixar consignado meu entendimento que caminhou no sentido de prover o recurso também para reconhecer o direito a incidência da SELIC sobre os créditos ressarciendos cuja glosa é afastada, calculados desde a efetiva glosa até o efetivo aproveitamento do crédito via ressarcimento em espécie ou compensação. É a Declaração de Voto. (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Jr. – Conselheiro com Declaração de Voto. Fl. 2194DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10660.001824/2002-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Mar 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996
DECADÊNCIA. REGIME DRAWBACK SUSPENSÃO. LANÇAMENTO DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. TERMO INICIAL. CIÊNCIA DENTRO DO PRAZO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA.
1. O direito de lançar os tributos suspensos pela aplicação do regime drawback suspensão decai no prazo de 5 (cinco) anos contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao ano do vencimento do prazo de inadimplemento do regime, que ocorre no trigésimo dia após o término do prazo validade do ato concessório.
2. Nos presentes autos, a caducidade do direito de lançar não se consumou, haja vista que o sujeito passivo foi cientificado dos autos de infração antes de expirado o referido prazo.
Recurso Voluntário Negado.
2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos.
Numero da decisão: 3102-002.336
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, José Paulo Puiatti e Samuel Luiz Manzotti Riemma.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DECADÊNCIA. REGIME DRAWBACK SUSPENSÃO. LANÇAMENTO DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. TERMO INICIAL. CIÊNCIA DENTRO DO PRAZO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA. 1. O direito de lançar os tributos suspensos pela aplicação do regime drawback suspensão decai no prazo de 5 (cinco) anos contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao ano do vencimento do prazo de inadimplemento do regime, que ocorre no trigésimo dia após o término do prazo validade do ato concessório. 2. Nos presentes autos, a caducidade do direito de lançar não se consumou, haja vista que o sujeito passivo foi cientificado dos autos de infração antes de expirado o referido prazo. Recurso Voluntário Negado. 2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 13 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10660.001824/2002-57
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5440824
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3102-002.336
nome_arquivo_s : Decisao_10660001824200257.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
nome_arquivo_pdf_s : 10660001824200257_5440824.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, José Paulo Puiatti e Samuel Luiz Manzotti Riemma.
dt_sessao_tdt : Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
id : 5855240
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702355312640
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2348; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 100 1 99 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.001824/200257 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102002.336 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 12 de dezembro de 2014 Matéria II/IPI AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente SÃO MARCOS INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DRAWBACK SUSPENSÃO. REGIME COMUM. EXPORTAÇÕES EFETUADAS POR OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. COMPROVAÇÃO DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. As exportações realizadas por pessoas jurídicas diferentes da beneficiária do regime drawback suspensão comum não constitui prova adequada para fim comprovação do compromisso de exportação assumido no correspondente ato concessório, o que implica cobrança dos tributos supensos devidos na operação de importação amparada pela referida modalidade de regime drawback suspensão. DRAWBACK SUSPENSÃO. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INOBSERVÂNCIA. INADIMPLEMENTO DO REGIME. EXIGIBILIDADE DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. POSSIBILIDADE. 1. O cumprimento do princípio da vinculação física é requisito essencial para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão. 2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DECADÊNCIA. REGIME DRAWBACK SUSPENSÃO. LANÇAMENTO DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. TERMO INICIAL. CIÊNCIA DENTRO DO PRAZO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 18 24 /2 00 2- 57 Fl. 2038DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 2 1. O direito de lançar os tributos suspensos pela aplicação do regime drawback suspensão decai no prazo de 5 (cinco) anos contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao ano do vencimento do prazo de inadimplemento do regime, que ocorre no trigésimo dia após o término do prazo validade do ato concessório. 2. Nos presentes autos, a caducidade do direito de lançar não se consumou, haja vista que o sujeito passivo foi cientificado dos autos de infração antes de expirado o referido prazo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, José Paulo Puiatti e Samuel Luiz Manzotti Riemma. Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzse a seguir o relatório encartado na decisão de primeira grau: Tratase de lançamento tributário relativo à exigência do imposto de importação e IPIvinculado à importação, acrescidos de multa de ofício agravada de 112,50% e juros de mora, formalizado por meio dos autos de infração de fls. 03/08 e 09/14, perfazendo na ocasião um crédito tributário total de R$ 529.400,03. Da autuação A presente auditoria teve por objetivo específico a verificação do cumprimento das obrigações fiscais relativamente ao regime aduaneiro especial de drawbacksuspensão, concedido por meio dos Atos Concessórios nº 001896/0003676, de 11/10/1996 e 001896/0004036, de 08/11/1996 (fls. 60 e 108), cuja emissão visou à importação de “fios de cobre com maior dimensão de seção transversal de 8mm” (312.000kg e 125.000kg) e a exportação de “fios de cobre magneto esmaltados” (317.073kg e 127.032kg), estas últimas a serem realizadas até 31/10/1998 e 07/05/98, respectivamente, já consideradas as alterações advindas com os aditivos nº 001897/0003474, 200098/000354 8, 200098/0012768 e 001897/0004462 (fls. 63/65 e 113). Fl. 2039DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 101 3 As importações se processaram por meio das Declarações de Importação (DI) nº 028270, 032611, 033714 e 033715, registradas, respectivamente em 31/10/96, 12/12/96 e 23/12/96 (as duas últimas) e as exportações apresentadas para fins de comprovação do regime foram amparadas pelos Registros de Exportação (RE) elencados nos anexos 3001 a 3025, de fls. 68/92, no que se refere a AC nº 001896/0003676 e, nos anexos 3001 a 3005, de fls. 118/122, no que se refere ao AC nº 0018 96/0004036. Como resultado, a fiscalização entendeu pela ocorrência das seguintes infrações (fls. 18/22): comuns aos AC 001896/0003676 e 001896/0004036: a) embora não se trate de drawbackintermediário a empresa apresentou exportações realizadas por outras empresas (Anexos 3001 – 3021, 3024 e 3025 do Relatório de Comprovação do AC 001896/0003676 e Anexos 3001 – 3005 do Relatório de Comprovação do AC 001896/0004036) – Notas Fiscais de Venda para empresas industriais, e não para empresa comercial exportadora constituída na forma do DL 1.248/72 ou empresa de fim comercial habilitada a operar em comércio exterior; b) inexistência de Controle de Produção e de Estoque para os insumos importados e produtos exportados – Falta de comprovação do princípio da vinculação física – Incoerência entre a quantidade de produto apresentado para comprovação da exportação e a quantidade resultante da relação insumo/produto – A autuada não apresentou o Livro de Registro de Controle de Produção e de Estoque – modelo 3; c) utilização de documentação vinculada à comprovação de outros AC (os de nº 001896/003064 e 001896/002416) e a outras DI (as de nº 025094 e 019172)– Vide folha 22 – Notas fiscais vinculadas a outros atos concessórios – Dispositivo infringido: Consolidação das Normas do Regime Drawback, Capítulo V, Título 19, item 19.1. Apenas no AC 001896/0003676: a) não enquadramento da operação de exportação Drawback no código próprio nos RE nº 98/0260751001 e 98/0409807001, onde consta o código 80000 (exportação comum) e nos demais RE inerentes aos anexos 3022 e 3023 (fls. 152 – 178) a alteração para o código 81101 (drawbacksuspensão comum) foi efetuada após a averbação do embarque, o mesmo se observa quanto à vinculação ao AC no campo 24. Apenas no AC 001896/0004036: a) não existe registro da entrada nos controles de produção e estoque apresentados pela empresa da mercadoria amparada pelo AC 001896/0004036. Fl. 2040DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 4 Além de exigir os tributos suspensos, a autuante agravou a penalidade (de 75% para 112,50%) por entender que o contribuinte ora fiscalizado: (...) tentou prejudicar o bom andamento da presente auditoria. Seja através de recusa sistemática em atender aos Termos lavrados, com apresentação de documentação incompleta (AC 001896/0003676) ou nenhuma documentação (AC 0018 96/0004036); ou ainda, postergando a sua entrega; bem como, marcando entrevistas e não comparecendo; com o claro intuito de dificultar e retardar o trabalho da fiscalização, obrigandoa a medidas extremas de verificação ‘in loco’ de existência da documentação exigida. Destaquese que os fatos que suscitaram a agravação estão detalhados no Termo de Embaraço à Fiscalização de folhas 43 e 44. Da autuação a interessada tomou ciência por meio de envio de cópia dos autos de infração, cuja postagem se deu em 24/04/2002, conforme AR de folha 216. Da impugnação Irresignada, a autuada apresentou impugnação em 23/05/2002 (fls. 02 – 38 do Volume I), via procurador (fls. 39), onde, contrapondose ao feito fiscal, alega como razões de defesa as preliminares de: a) cerceamento do direito de defesa – Alega que foram retidas diversas notas fiscais sendo fornecidas cópias à interessada, sendo que, à luz do RIR, tal procedimento só poderia ocorrer se as NF constituírem prova da prática de ilícito – Nas cópias fornecidas não constavam o verso das NF; b) decadência – Por haver decorrido mais de 5 (cinco) anos do registro das DI (art. 150, §4º, CTN); c) incompetência da Receita Federal para fiscalizar drawback – Cabe ao DECEX verificar o adimplemento do regime e à Receita Federal lançar os tributos por inadimplemento do regime reconhecido pelo DECEX; e, E no mérito: d) cumprimento de todas as condições do regime – Embora admitindo que deixou de indicar que se tratava de drawback intermediário, defende que praticou todos os atos exigidos para a execução do regime, apresentou todos os documentos pertinentes e todos os insumos foram reexportados; e) simples erros formais – As irregularidades apontadas foram fruto de simples erros formais – O sistema de registro de exportação permite a correção de eventuais erros – Houve retificação do número do código com a sua respectiva averbação – Não houve prejuízo ao Erário; f) admissibilidade de diferenças de até 5% Não há desconformidade entre o laudo técnico e os relatórios de comprovação (vide fls. 25 – 27), sendo que os tributos inerentes aos insumos não utilizados foram devidamente recolhidos – As Fl. 2041DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 102 5 diferenças apuradas foram menores que 5%, estando de conforme com o Comunicado DECEX 21/97; g) existência de controle de estoque em face da possibilidade de fungibilidade dos insumos – Adquire um único tipo de matéria prima, cobre, por importação ou no mercado interno e fabrica “fios”, a serem exportados ou para venda no mercado interno, sendo que possui controle do estoque total pelo sistema integrado Magnus (vide fls. 21 – 22) – “A matériaprima ‘cobre’ é fungível” – Não há necessidade de controle separado para o “cobre” importado, posto que este e o “cobre” adquirido no mercado interno equivalem em espécie e qualidade (vide certificados de qualidade de fls. 86 – 102) – Não há desvio de finalidade; h) Colaboração com a fiscalização – Conforme quadro de fls. 33 – 34, onde são expostos cronologicamente os atos inerentes à ação fiscal, a autuada defende que sempre contribuiu com a autuante, o que afasta o agravamento da multa; i) ilegalidade da taxa Selic – A taxa Selic “é antes, um meio de remuneração do que um parâmetro indenizatório” – Juros moratórios em matéria fiscal possuem conotação de indenização destinada a recompor o patrimônio estatal lesado pelo titulo não empregado A adoção da taxa Selic para majorar tributos é ilegal – Se mantidos os juros, suscita que sejam calculados a partir das datas de vencimento dos atos concessórios e que seja aplicada a taxa de 1% ao mês, nos termos do artigo 57 do Decreto 612/92. Ao final, requer (1) o acolhimento da preliminar de cerceamento de defesa, com entrega de cópias legíveis na íntegra e devolução do prazo de defesa, bem como prazo para recolhimento dos impostos com redução da multa; (2) a procedência da impugnação com a declaração de nulidade em virtude de prescrição (sic) ou pelas razões de mérito, e; como pedidos sucessivos (art. 289 do CPC), em caso de manutenção do auto de infração, a desconstituição do agravamento da multa e a incidência dos juros de 1% a partir do vencimento dos atos concessórios. Para comprovar o que alega, o impugnante ofereceu os documentos anexados às fls. 39 – 1508 dos Volumes I VI. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 246/270), em que, em preliminar, por maioria de votos, foi rejeitada a diligência proposta pelo Relator, e por unanimidade de votos, rejeitada a arguição de nulidade e decadência, suscitadas pela impugnante; no mérito, por maioria de votos, o lançamento foi julgado procedente em parte, para considerar improcedente o agravamento da multa de ofício, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 Fl. 2042DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 6 NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA Uma vez que os autos estão instruídos com provas que demonstram inequivocamente que o interessado, por meio do seu representante legal, recebeu, sem qualquer ressalva, as cópias dos documentos originais retidos, não pode prosperar a argüição de nulidade por cerceamento de direito de defesa suscitada nesse sentido. DRAWBACK SUSPENSÃO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O prazo decadencial para o lançamento de ofício decorrente do descumprimento dos requisitos inerentes ao drawback suspensão será determinado com base na regra de que trata o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. O termo inicial para contagem desse prazo é o primeiro dia do exercício seguinte ao dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DRAWBACK. COMPETÊNCIA PARA FISCALIZAR. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a aplicação do regime drawback e a fiscalização dos tributos, compreendendo o lançamento do crédito tributário e a verificação do regular cumprimento, pelo importador, dos requisitos e condições fixados pela legislação de regência. DRAWBACK SUSPENSÃO COMUM. EXPORTAÇÕES EFETUADAS POR OUTRAS EMPRESAS. A realização de exportações através de empresas diversas da identificada no Ato Concessório caracteriza o descumprimento de requisito previsto em lei para a concessão do benefício fiscal, ensejando a cobrança dos tributos relativos às mercadorias importadas sob o regime aduaneiro especial de Drawback Suspensão Comum. DRAWBACK. SUSPENSÃO. COMPROVAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DADOS DO RE APÓS A AVERBAÇÃO. Não podem ser aceitos para fins de comprovação do adimplemento do regime drawback suspensão comum, registros de exportação que, no momento da efetiva exportação, estavam consignados com o código 80000 no campo “2a” e sem a vinculação ao Ato Concessório no campo 24, sendo inócuo, do ponto de vista do controle que deve ser exercido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que esses campos tenham sido alterados posteriormente à averbação do embarque. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. INSUBSISTÊNCIA. Fl. 2043DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 103 7 Não restou cabalmente demonstrado nos autos que a autuada tenha resistido ou deixado de cooperar no decorrer da fiscalização, o que impele à descaracterização da conduta tipificada no comando legal evocado, devendo reduzirse a multa de lançamento de ofício agravada para multa de lançamento de ofício regular. A autuada foi cientificada da decisão de primeira instância em 25/2/2009 (fl. 278). Inconformada, em 25/3/2009, protocolou o recurso voluntário de fls. 295/314, em que reafirmou os argumentos aduzidos na peça impugnatória atinentes à decadência e às questões de mérito. Em aditamento, alegou que na medida em que a Turma de Julgamento a quo fundamentou a sua decisão apenas na constatação do cumprimento dos requisitos formais do procedimento de drawback e não nas efetivas evidências dos atos de exportação praticados pela recorrente estava a priorizar a verdade formal em detrimento da verdade material, o que não se podia aceitar, até porque os erros ou equívocos não autorizavam a conclusão de inadimplemento do compromisso de exportar, tampouco tinham o poder de se transformarem em fatos geradores de obrigação tributária. A falta de vinculação dos Registros de Exportação aos respectivos Atos Concessórios não autorizavam a conclusão de inadimplemento do regime de drawback e consequente cobrança dos impostos, quando comprovada a exportação. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia cingese, em sede de preliminar, à decadência dos lançamentos e, no mérito, ao inadimplemento integral do compromisso de exportação, por apresentação de exportações realizadas por outras pessoas jurídicas e de RE emitidos pela recorrrente sem atendimento dos requisitos formais, e por descumprimento do princípio da vinculação física. I Da Preliminar de Decadência Em sede de preliminar, a recorrente alegou que, na oportunidade da lavratura do auto de infração, já havia decaído do direito de constituir o crédito tributário, porque deixou de lançar os débitos supostamente devidos no prazo de 5 (cinco) anos, contados do fato gerador dos impostos lançados, conforme determinava o artigo 150, § 4º, do CTN. Segundo a recorrente, na data na data do lançamento (19/4/2002), já se encontrava consumado o prazo de decadência do direito de constituir os respectivos créditos tributários, pois já tinha transcorrido o prazo de 5 (cinco) anos contado a partir da data do registro das respectivas DI, que tinha ocorrido nos dias 31/10/1996, 12/12/1996 e 23/12/1996. Sem razão a recorrente. Fl. 2044DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 8 A contagem do prazo decadencial do lançamento por homologação, em regra, aplicase aos tributos devidos na operação de importação que, por determinação legal, estão sujeitos ao pagamento antecipado, sem prévio exame da autoridade fiscal, conforme estabelecido no caput do art. 150 do CTN. Acontece que, no âmbito dos referidos tributos, esse procedimento geral de contagem tem aplicação restrita às operações de importação submetidas ao regime de importação comum, que se caracteriza pelo pagamento dos tributos devidos previamente ao início do despacho aduaneiro, isto é, antes do registro da Declaração de Importação (DI). No caso de regime suspensivo de tributação ou regime aduaneiro especial suspensivo, tal regramento abre exceção para a aplicação dos critérios atinentes ao lançamento de ofício, previstos no inciso I do art. 173 do CTN. Esse critérito, sabidamente, aplicase à operação de importação realizada sob regime aduaneiro especial drawback, modalidade suspensão, em que os tributos incidentes na operação de importação ficam com a exigibilidade suspensa até o prazo final do regime, que se dará de duas formas distintas: a) mediante o cumprimento total do compromisso de exportação, realizado de acordo com as condições estabelecidas no ato concessório. Neste caso, a suspensão convertese em isenção, excluindo em definitivo a exigência dos tributos incidentes na operação; ou b) com vencimento do prazo do regime, sem o cumprimento parcial ou total do compromisso de exportação assumido. Nesta hipótese, os tributos suspensos passam ser exigíveis, com os devidos acréscimos legais. Em suma, ainda que os tributos incidentes na operação de importação estejam sujeitos ao lançamento por homologação, na ausência da antecipação do pagamento, deve ser afastado o critério geral de contagem do prazo decadencial estabelecido para esta modalidade lançamento, prevista no § 4º do art. 150 do CTN, e adotada a regra excepcional de contagem do prazo de caducidade estabelecida para o lançamento de ofício, nos termos do art. 173, I, do CTN, que determina que o prazo quinquenal deve ser contado a partir “do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”. Esse entendimento foi pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Recurso Especial no 973.733/SC, sob regime do recurso repetitivo, disciplinado no art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), conforme exposto no enunciado da ementa que segue transcrito: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia Fl. 2045DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 104 9 ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). [...] 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) – Grifos não originais. Desse modo, em cumprimento ao disposto no art. 62A1 do Regimento Interno deste Conselho, aplicase o entendimento explicitado no âmbito do referido julgado, no sentido de que, sem a realização do pagamento antecipado, o dies a quo do prazo quinquenal 1 "Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF." Fl. 2046DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 10 de decadência, regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, e passa a ser o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato gerador. No presente caso, é incontroverso que não houve pagamento, logo ao lançamento em questão aplicase a regra de contagem do prazo decadencial estabelecida no art. 173, I, do CTN. Além disso, no que tange ao regime drawback, modalidade suspensão, os tributos suspensos somente se tornam exigíveis depois de esgotado o prazo de adoção das medidas saneadoras do inadimplemento do regime, quando então poderá ser realizado lançamento. Em outros termos, somente após o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do vencimento do ato concessório. Neste sentido, dispõe o inciso do I art. 3192 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 1985 (vigente na época dos fatos relatados nos atos). Segundo o citado preceito legal, configurado o inadimplemento do compromisso de exportar, total ou parcial, o beneficiário do regime dispõe ainda de trinta dias, contados data do vencimento do ato concessório, para adotar uma das seguintes providências em relação às mercadorias admitidas no regime que, no seu todo ou em parte, não tenham sido empregadas no processo produtivo ou empregadas em desacordo com o estabelecido no ato concessório: (i) devolução ao exterior ou reexportação; (ii) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado; ou (iii) destinação para consumo interno, mediante o pagamento dos tributos suspensos, com os acréscimos legais devidos. Assim, expirado o mencionado prazo de 30 (trinta) dias e não comprovada a adoção de uma das providências relacionadas no referido preceito legal, estarão configurados tanto o vencimento quanto o inadimplemento do regime aduaneiro especial em apreço, podendo a autoridade fiscal, a partir de então, proceder ao lançamento do respectivo crédito tributário. Nesse sentido, dispõe o subitem 27, combinado com o disposto no subitem 26.3, da Consolidação das Normas do Regime Drawback, anexa ao Comunicado Decex nº 21, de 11 de julho de 1997, a seguir transcrito: 26.3 Na modalidade de suspensão, vencido o Ato Concessório de Drawback e não cumprido o compromisso de exportar, em razão da não utilização ou utilização parcial da mercadoria importada, a beneficiária deverá adotar, dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados a partir da data limite para exportação, estabelecida no Ato Concessório de Drawback, uma das providências relacionadas a seguir: I providenciar a devolução ao exterior da mercadoria não utilizada; 2 "Art. 319 As mercadorias admitidas no regime que, em seu todo ou em parte, deixem de ser empregadas no processo produtivo de bens, conforme estabelecido no ato concessório, ou que sejam empregadas em desacordo com este, ficam sujeitas ao seguinte procedimento: I no caso de inadimplemento do compromisso de exportar, no prazo de até trinta dias da expiração do prazo fixado para exportação: a) devolução ao exterior ou reexportação; b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado; c) destinação para consumo interno das mercadorias remanescentes. (...)" Fl. 2047DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 105 11 II requerer a destruição da mercadoria imprestável ou da sobra, sob controle aduaneiro, às suas expensas; ou III destinar a mercadoria remanescente para consumo interno, com o devido recolhimento dos tributos e adicionais exigidos na importação, com os acréscimos legais previstos na legislação, observadas no que couber, as normas gerais de importação. (...) 27.1 Será declarado o inadimplemento do Regime de Drawback, modalidade suspensão, se vencido o prazo estabelecido no item 26.3 e não comprovada a adoção de uma das providências previstas. (...) Logo, transcorrido o prazo de 30 (trinta) dias, previsto para a regularização espontânea do inadimplemento do compromisso de exportação, sem que o beneficiário do regime tenha adotado uma das providências citadas, estará definitivamente configurado o inadimplemento do regime e, no dia seguinte, a autoridade fiscal está autorizada a proceder ao lançamento de ofício, nos termos do inciso V art. 149 do CTN. Transcorrido o referido prazo, o lançamento de ofício do crédito tributário decorrente do inadimplemento, total ou parcial, do regime drawback, modalidade suspensão, pode ser formalizado independentemente de comunicação formal por parte da Secex aos Órgãos da Administração aduaneira vinculados à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). De todo modo, após a configuração do inadimplemento do regime em destaque, a partir do primeiro dia seguinte, a fiscalização poderá dar início ao procedimento fiscal e proceder ao lançamento do crédito tributário suspenso em face da aplicação do regime, com vista à cobrança da totalidade ou parte dos tributos suspensos, conforme o caso. Por força dessa característica, resta demonstrado que a contagem do prazo de decadência do direito de lançar eventual crédito tributário, por descumprimento da modalidade de drawback em referência, deve ser feita segundo a forma estatuída no inciso I do art. 173 do CTN. Em suma, o prazo decadencial do direito de lançar o crédito tributário na hipótese vertente tem início a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorre o vencimento do regime, ou seja, trinta dias após o vencimento do ato concessório, e término no dia final do quinto ano seguinte. No presente caso, as datas de vencimento do AC nº 001896/0004036 e do AC nº 001896/0003676 ocorreram, respectivamente, nos dias 7/5/1998 e 31/10/1998, logo, o lançamento poderia ser realizado a partir de 7/6/1998 e de 30/11/1998 em realção, respectivamente, ao primeiro e segundo AC. Assim, como não houve pagamento, o prazo de decadência teve início em 1/1/1999 e término em 31/12/2003. Dessa forma, como a autuada foi cientificada dos autos de infração em 24/4/2002 (fls. 232/233), inequivocamente não se consumou o prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário objeto das atuações em apreço. Fl. 2048DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 12 Com base nessas considerações, rejeitase a prejudicial de decadência suscitada pela recorrente. II Da Análise do Mérito No mérito a controvérsia cingese ao inadimplemento total do regime drawback, modalidade suspensão, concedido à recorrente por meio dos Atos Concessórios (AC) nºs 001896/0004036 e 001896/0003676, emitidos em 11/10/1996 e 8/11/1996, respectivamente. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal de fls. 19/33, a fiscalização apontou, em síntese, as seguintes irregularidades motivadoras do inadimplemento integral do regime: a) utilização de exportações realizadas por outras pessoas jurídicas; b) descumprimento de requisitos formais dos RE relativos às exportações realizadas pela própria autuada; e c) descumprimento do princípio da vinculação física, em razão da ausência de controle da produção e do estoque. Da comprovação de exportações realizadas por outras pessoas jurídicas. Por meio dos Atos Concessórios nº 001896/0003676, de 11/10/1996, e 001896/0004036, de 08/11/1996, foi concedido o regime aduaneiro especial de drawback suspensão normal ou comum, em que autorizado a recorrente a realizar a importação de 312.000kg e 125.000kg, respectivamente, de “fios de cobre com maior dimensão de seção transversal de 8mm” com suspensão dos tributos devidos, com o compromisso de realizar a exportação, respectivamente, de 317.073kg e 127.032kg de “fios de cobre magneto esmaltados”, estas últimas a serem realizadas até 31/10/1998 e 07/05/98, respectivamente. Para fim de comprovação do compromisso de exportação assumido no âmbito dos citados AC, a autuada apresentou vários RE, acompanhados das respectivas notas fiscais, emitidos por outras pessoas jurídicas e alguns emitidos por ela. Em relação aos RE emitidos por outras pessoas jurídicas, com base nas informações prestadas pela própria autuada e nos dados registrados nos seus livros contábeis e fiscais, apurou a fiscalização que em relação ao: a) AC nº 001896/0003676, todos os RE (e respectivas Notas Fiscais) relacionados para efeito de comprovação da exportação, relativos aos Anexos de nºs 3001 a 3021 e 3024 a 3025 (fls. 71/91 e 94/95), referemse à exportações realizadas pela Empresa Brasileira de Compressores S/A EMBRACO. Somente os RE (e respectivas Notas Fiscais) relacionados nos Anexos nºs 3022 e 3023 (fls. 92/93), referiamse a exportações realizadas pela própria recorrente; e b) AC nº 001896/0004036, todos os RE (e respectivas Notas Fiscais), relacionados para efeito de comprovação da exportação, relativos aos Anexos de nºs 3001 a 3005 (fls. 122/126), referiamse a exportações realizadas pela pessoa jurídica Tecumseh do Brasil Ltda. Para este AC não foi apresentado RE (e respectivas Notas Fiscais) emitidos pela beneficiária do regime, ora recorrente. No recurso em apreço (fls. 301/303), a própria recorrente reconheceu que os referidos AC tratavam da concessão do regime drawback suspensão comum, mas resolveu, sem qualquer autorização do Órgão concedente, praticar os procedimentos próprios do regime drawback intermediária, conforme explicitado nos excertos a seguir transcritos: Fl. 2049DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 106 13 De fato, os Atos Concessórios foram preenchidos como se a própria recorrente fosse reexportar as matériasprimas importadas. No entanto, a recorrente industrializou as mercadorias e remeteuas a empresas industriais exportadoras para que essas dessem continuidade aos procedimentos de cumprimento do beneficio. Ou seja, a recorrente praticou o drawback modalidade intermediária, porém, preencheu os Atos Concessórios corno se fossem drawback comum, o que gerou a divergência apontada pelo fisco, De acordo com a Consolidação das Normas do Regime de Drawback (CND), aprovadas pelo Comunicado Decex 21/1997, o pedido de concessão do regime de drawback suspensão, modalidades comum e intermediário, deve atender os requisitos estabelecidos nos subitens 8.1 e 8.2, a seguir reproduzidos: 8.1 Para pleitear o Regime de Drawback, modalidade suspensão, a empresa deverá apresentar o formulário Pedido de Drawback consignando a classificação na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), a descrição, a quantidade e o valor da mercadoria a importar e do produto a exportar, em moeda de livre conversibilidade, dispensada a referência a preços unitários. 1. Deverá ser observado, obrigatoriamente, o disposto no Anexo III desta CND. 8.2 O Pedido de Drawback poderá abranger produto destinado à exportação diretamente pela beneficiária (empresa industrial ou equiparada a industrial), bem como ao fornecimento no mercado interno a firmas industriaisexportadoras (Drawback Intermediário), quando cabível. 1. Deverão ser definidos os montantes do produto destinado à exportação e do produto intermediário a ser fornecido, observados os demais procedimentos relativos ao Drawback Intermediário. 2. Poderá, ainda, abranger produto destinado à venda no mercado interno com o fim específico de exportação, observado o disposto nesta CND. (grifos não originais) Da leitura dos textos transcritos, verificase que a concessão do regime drawback intermediário depende de pedido específico em que definido os montantes (i) do produto destinado à exportação e (ii) do produto intermediário a ser fornecido, observados os demais procedimentos relativos ao drawback intermediário, dentre os quais a obrigatória menção da participação do fabricanteintermediário no RE e a apresentação da Nota Fiscal de venda emitida pelo fabricanteintermediário para empresa industrial ou industrialexportadora. No caso, induvidosamente, tais requisitos que não foram atendidos. Além disso, não se pode olvidar que o regime de drawback intermediário é uma modalidade especial de drawback concedida a empresas denominadas fabricantes intermediárias, que importam mercadoria destinada à industrialização de produto intermediário Fl. 2050DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 14 a ser fornecido a empresas industriaisexportadoras, para emprego na industrialização de produto final destinado à exportação. No caso em tela, após a emissão dos referidos AC, a beneficiária, embora tenha realizado algumas exportações diretamente, alterou as condições pactuadas e tentou transformar, por conta própria, o regime drawback suspensão comum em regime drawback intermediário, sem contudo submeter tal alteração à anuência prévia do órgão concedente. Ao assim proceder, a recorrente descumpriu as regras próprias de concessão do regime drawback intermediário, tornando sem qualquer efeito os procedimentos por ela adotados ao arrepio das normas de concessão do referido regime, que depende da realização de procedimentos específicos, conforme explicitado. Na época dos fatos, a comprovação de exportação vinculada ao regime drawback suspensão, em todas as modalidades, deveria ser feita somente por meio dos documentos relacionados no subitem 21.2 da citada Consolidação das Normas do Regime de Drawback, a seguir transcrito: 21.2 São documentos hábeis para comprovação de exportação vinculada ao Regime de Drawback: I Comprovante de Exportação autenticado pela Secretaria da Receita Federal (SRF), acompanhado de extrato do Registro de Exportação (RE), contendo as informações referentes à averbação do embarque; II Nota Fiscal de venda emitida por empresa industrial beneficiária do Regime – 2ª via (via do emitente), com o fim específico de exportação, para empresa comercial exportadora constituída na forma do DecretoLei No 1.248, de 29 de novembro de 1972, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo declaração original, firmada e datada, do recebimento em boa ordem do produto, observado o disposto no Anexo X desta CND; III Nota Fiscal de venda emitida por empresa industrial beneficiária do Regime – 2ª via (via do emitente), com o fim específico de exportação, para empresa de fins comerciais habilitada a operar em comércio exterior, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo declaração original, firmada e datada, do recebimento em boa ordem do produto e de declaração nos termos do subitem 3.8 do Anexo XI, observados os demais dispositivos do Anexo XI desta CND; IV Nota Fiscal de venda emitida por empresa industrial beneficiária do Regime, no caso de fornecimento no mercado interno, vinculado ao Regime de Drawback de que tratam os Títulos 13, 14 e 17 desta CND, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo declaração original, firmada e datada, do recebimento em boa ordem do produto; V Nota Fiscal de venda emitida por fabricanteintermediário para empresa industrial ou industrialexportadora, no caso de Drawback Intermediário, observado o disposto na Instrução Normativa SRF No 21, de 13/03/85 e no item 21.5 desta CND. Fl. 2051DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 107 15 Da simples leitura dos textos transcritos, inferese que a comprovação das exportações amparadas pelo regime drawback suspensão comum deve ser feita pelo próprio beneficiário do regime de duas formas: a) mediante apresentação do Comprovante de Exportação autenticado pela Secretaria da Receita Federal (SRF), acompanhado de extrato do Registro de Exportação (RE), emitidos em nome do próprio beneficiário, no caso de exportação direta; e b) 2ª via (via do emitente) da Nota Fiscal emitida pelo beneficiário do regime, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo os dizeres exigidos pela referida norma, no caso de venda no mercado interno, com fim específico de exportação. No caso em tela, as vendas realizadas pela recorrente às pessoas jurídicas Empresa Brasileira de Compressores S/A – EMBRACO e Tecumseh do Brasil Ltda. não foram para fim específico de exportação, mas para industrialização e posterior exportação pela referidas pessoas jurídicas, conforme asseverado pela própria recorrente. Dessa forma, os RE emitidos pelas referidas pessoas jurídicas e as Notas Fiscais correspondentes de venda no mercado interno, emitidas pela recorrente, induvidosamente, não servem de prova para fim de comprovação do regime de drawback suspensão comum, concedido à recorrente por meio dos citados AC. Por essas razões, os RE emitidos pelas mencionadas pessoas jurídicas não servem de meio de prova do compromisso de exportação assumido no âmbito dos referidos AC. Diante dessa conclusão, resta analisar somente se os RE (e respectivas Notas Fiscais), emitidos pela recorrente e relacionados nos Anexos nºs 3022 e 3023 (fls. 92/93), destinados a comprovação do compromisso de exportação do AC nº 001896/0003676, atendem os demais requisitos exigidos na legislação, o que será feito a seguir. Da análise dos requisitos formais dos RE emitidos pela recorrente. Para fim de comprovação do adimplemento de parte do compromisso de exportação do AC nº 001896/0003676, a recorrente apresentou os RE elencados nos Anexos de comprovação nº 3022 e 3023 (fls. 152/178), que foram os seguintes: 98/0136582001, 98/0208498001, 98/0260751001, 98/0338994001, 98/0409765001, 98/0409807001, 98/0183390001/002/003, 98/0232908001, 98/0251934001/002/003. A fiscalização desqualificou todos esses RE como meio de prova (fls. 23/24), sob o argumento de que eles não atendiam os seguintes requisitos formais: a) o campo “2a” dos RE nº 98/0260751001 e 98/0409807001 estava preenchido com o código 80000 da exportação comum; e b) nos demais RE a inclusão do código 81101 do drawback suspensão comum no campo “2a” e a vinculação ao AC nº 001896/0003676 no campo 02f ou 24 foram efetuadas após a averbação. Segundo a fiscalização, após concluídos todos os procedimentos de despacho de exportação, a recorrente não podia utilizarse de uma exportação efetuada no “regime comum” de exportação para comprovar um compromisso de exportação referente a um AC do regime drarwback suspensão. Nesse caso, somente exportações enquadradas nos códigos de operação para o regime drawback suspensão comum (81101) eram hábeis para tal comprovação. Fl. 2052DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 16 Previamente, é oportuno registrar que, não obstante a autoridade administrativa ter anexado cópias dos RE nº 98/0260751001 e 98/0409807001 emitidas em 22/10/98 onde o código de enquadramento da operação consignado no campo “2a” ainda era 80000 (fls. 163 e 169), a recorrente trouxe aos autos prova de que em 5/11/1998 esse campo já se encontrava com pedido de alteração para o código 81101 sob a análise da Secex (fls. 832 e 884 – Volume IV), de sorte que, atualmente, todos os RE analisados nesse tópico encontramse sob a mesma situação, ou seja, campo 2a, preenchido com o código 81101 e campo 24 com vinculação ao AC nº 001896/0003676 registrada, consoante demonstram as consultas realizadas ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). No caso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que as alterações, relacionadas aos ditos campos dos citados RE foram realizadas após a averbação da exportação, porém antes do início do procedimento fiscal, que ocorreu em 5/3/2002 (fls. 2/4). Dessa forma, a questão que remanesce consiste em saber se tais documentos nessa condição prestavamse a comprovar o adimplemento do regime drawback suspensão em tela. Não há dúvida de que o correto preenchimento de todos os campos do RE, documento base para o processamente das operações de exportação, revestese de fundamental importância, para fim do controle aduaneiro exercido no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), especialmente, na hipótese de operação de exportação realizada sob a égide do regime aduneiro de drawback suspensão. Neste caso, ao preencher o campo relativo ao enquadramento da operação de exportação com o código 80000 da exportação comum e não vincular o RE ao respectivo AC no campo 24, certamente o exportador fez com que todo o procedimento do desembaraço aduaneiro na exportação fosse conduzido com tratamento fiscal diferente do que poderia ter sido adotado para uma exportação no regime drawback, que envolve dispensa do pagamento de tributos na operação de importação dos insumos utilizados nos produtos exportados. Com efeito, sob o código 81101, os despachos aduaneiros de exportação realizados pela recorrente, certamente, teriam maior probabilidade de ser selecionados para o canal de conferência documental ou física, e, assim sendo, estaria sujeita, por exemplo, à apresentação do ato concessório e à confrontação das mercadorias exportadas com aquelas compromissadas a exportar no âmbito do correspondente AC. Da mesma forma, a vinculação no campo 24 do correspondente AC visa evitar que um mesmo RE seja usado para comprovação de mais de um ato concessório. Por tais razões, as normas vigentes à época, especialmente o art. 325 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto 91.030/1985, o subitem 19.3 do Anexo V da citada CND, determinava que somente seriam aceitos, para fim de comprovação do compromisso de exportação, o RE devidamente vinculado ao correspondente AC. Eis redação dos citados preceitos normativos: Decreto nº 91030/85 Art. 325 A utilização do benefício previsto neste Capítulo será anotada no documento comprobatório da exportação. CND CAPITULO V COMPROVAÇÕES TÍTULO 19 Modalidade Suspensão Fl. 2053DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 108 17 [...]. 19.3 Somente serão aceitos Declaração de Importação e Registro de Exportação (RE) devidamente vinculados ao Ato Concessório de Drawback. [...]. ANEXO V EXPORTAÇÃO VINCULADA AO REGIME DE DRAWBACK [...]. 3. É obrigatória a vinculação do registro de Exportação (RE) ao Ato Concessório de Drawback, modalidade suspensão. 4. Somente será aceito para comprovação do Regime, modalidade suspensão, Registro de Exportação (RE) contendo, no campo 2a, o código de enquadramento constante do Anexo “I” (I – Tabela de Enquadramento da Operação) da Portaria SECEX nº 2, de 22/12/92, bem como as informações exigidas no campo 24 (dados do fabricante). [...]. (grifos não originais) No caso em tela, o fato de a recorrente, antes do início do procedimento fiscal, ter procedido a correção de forma espontânea dos referidos RE, induvidosamente, faz com que tais requisitos sejam supridos. Além disso, a determinação da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão competente para fixar os requisitos do regime de drawback suspensão, no sentido de que os “RE efetivados e averbados, não poderão ser alterados para fins de inclusão, exclusão ou alteração de informações nos campos 2a, quando envolver códigos de enquadramento referente a Drawback, e 24, com vistas a comprovação do regime”, veiculada por meio da Notícia Siscomex nº 283, de 1/8/2007, somente ter sido publicada após as alterações pleiteadas pela recorrente, conduz a conclusão de que, até a referida data, era possível ser feitas tais alterações. Por essas razões, admitese tais RE como prova adequada de parte do compromisso de exportação assumido por meio do AC nº 001896/0003676. Do descumprimento do princípio da vinculação física. No subitem 2.2 do Relatório de Ação Fiscal (fls. 21/23), a fiscalização informou que, intimada a apresentar o Livro Controle de Produção e de Estoque (modelo 3), a autuada apresentou folhas impressas de Controle de Produção e de Estoque, relativas a toda a produção. Feita a análise dessa documentação, a fiscalização concluiu que a recorrente não mantinha controles e registros de estoques dos insumos estrangeiros importados ao amparo do regime aduaneiro de drawback suspensão, bem como não mantinha controles e registros dos estoques de produtos finais elaborados com os insumos importados no âmbito do citado regime. A escrituração da recorrente englobava toda a matéria prima adquirida, seja no 3 Disponível em http://www.desenvolvimento.gov.br. Acesso em 2 out. 2014. Fl. 2054DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 18 mercado interno ou externo, incluindo a importada para utilização específica ao abrigo do regime de drawback. Ainda relatou a fiscalização que: a) os valores totais dos produtos exportados informados à Secex, para fim de comprova do regime, foram menores do que aqueles registrados nas citadas folhas de Controle de Produção e de Estoque; e b) não localizou a entrada da matéria prima importada ao amparo do AC 001896/0003676 e que, relativamente à mercadoria amparada pelo AC 001896/0004036, não existia registro de sua entrada nos controles de produção e de estoque apresentados pela autuada. Enfim, a fiscalização concluiu que, se a empresa não fazia a escrituração individualizada do Livro de Registro de Controle de Produção e de Estoque (modelo 3), não havia como demonstrar o efetivo cumprimento das condições onerosas decorrentes da concessão dos AC 001896/0003676 e 001896/0004036 (quantidades, discriminação dos insumos e produtos, preços e prazos de validade). Logo, não tinha como comprovar que atendera ao Princípio da Vinculação Física. Por sua vez, a recorrente alegou que tinha total controle da movimentação de seus estoques, seja de matéria prima (cobre), seja de produto acabado (fio), tudo controlado pelo sistema integrado Magnus, de autoria da empresa Datasul, devidamente reconhecido pela RFB. Não procede a alegação da recorrente. As graves irregularidades apresentadas na escrituração das referidas fichas do Controle de Produção e de Estoque, a meu ver, torna imprestável tal documentação para fim comprovação do efetivo controle da matéria prima importada e do produto a ser exportado. Além disso, a recorrente não apresentou justificativas plausível, amparada por documentação adequada, acerca das irregularidades apontadas pela fiscalização, no sentido de demonstrar que a matéria prima importada foi incorporada ao produto exportado. Aliás, ao invés de contestar tais discrepâncias relatadas pela fiscalização, a recorrente suscitou a aplicação do princípio da fungibilidade da matéria prima nacional e importada estocada, afirmando que a substituição de material importado por equivalente, desde que em mesma quantidade e qualidade não comprometia o cumprimento do regime drawback em questão. Com efeito, para recorrente, o estoque de matérias primas formado pelo mesmo “cobre”, não havendo necessidade de manutenção de estoques e controles separados para as matérias primas importadas, porque se tratava de matéria prima fungível, logo, nada impedia que, dentro do prazo de vigência dos AC, a recorrente tivesse substituído a matéria prima importada por idêntica, no gênero, quantidade e qualidade, para a fabricação do produto a ser reexportado, o que não descaracterizava o cumprimento do regime de drawback em questão, conforme Parecer Normativo 12/79 do Coordenador do Sistema de Tributação. Sem razão a recorrente. Diferentemente do alegado pela recorrente, o princípio que norteia o regime drawback suspensão é o princípio da viculação e não o da fungibilidade. Este somente se aplica ao drauback isenção. Com efeito, a vinculação física entre o insumo importado e o produto final exportado é requisito necessário para fruição do incentivo fiscal do regime drawback suspensão, por expressa determinação do inciso II do art. 78 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966, a seguir transcrito: Art. 78 Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: Fl. 2055DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 109 19 (...) II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; [...] Em consonância com o disposto no referido preceito legal, os arts. 315 a 319 do Regulamento Aduaneiro de 1985 (RA/1985), aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 5 de março de 1985, vigente na época da concessão do citado regime, tratam da regulamentação do assunto. No que tange ao princípio da vinculação física, merece destaque os seguintes dispositivos a seguir transcritos: Art. 314 Poderá ser concedido pela Comissão de Política Aduaneira nos termos e condições estabelecidos no presente Capítulo, o benefício do "drawback" nas seguintes modalidades (DecretoLei nº 37/66, artigo 78, I a III): I) suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; (...) Art. 315 O benefício do "drawback" poderá ser concedido: [...] II) à mercadoria matériaprima, produto semielaborado ou acabado utilizada na fabricação de outra exportada, ou a exportar; [...] [...] Art. 319 As mercadorias admitidas no regime que, em seu todo ou em parte, deixem de ser empregadas no processo produtivo de bens, conforme estabelecido no ato concessório, ou que sejam empregadas em desacordo com este, ficam sujeitas ao seguinte procedimento: (redação dada pelo Decreto nº 636/1992) [...] De acordo com os referido preceitos normativos, para fim de cumprimento do regime drawback suspensão, era imprescindível que o insumo importado fosse beneficiado ou aplicado diretamente no produto exportado, integrandoo fisicamente ou, no mínimo, sendo consumido no processo produtivo do produto exportado. No mesmo sentido, o assunto encontravase disciplinado na Portaria Secex nº 04, de 11 de junho de 1997, também vigente na época do deferimento do regime, cujo art. 21 também explicitava a necessidade de utilização das matériasprimas importadas no processo industrial dos produtos a serem exportados, nos termos a seguir transcrito: Fl. 2056DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 20 Art. 21 – O Regime de Drawback, modalidade suspensão, condiciona a empresa beneficiária ao adimplemento do compromisso de exportar, no prazo estipulado no Ato Concessório de Drawback, produtos na quantidade e valor determinados, em cujo processo de industrialização serão utilizadas as mercadorias a importar ao amparo do Regime. (grifos não originais) Em suma, na forma da legislação aplicável, a conclusão inexorável é que a modalidade de drawback suspensão não comporta abrandamento ou exceção, exigindo como condição necessária para o seu cumprimento a observância do critério da vinculação física. Não se pode olvidar, ademais, que, por força do disposto no art. 111 do CTN, as regras atinentes ao drawback suspensão, por serem de caráter excepcional, veiculadora de benefício de suspensão do pagamento dos tributos incidentes na operação de importação, devem ser interpretadas de forma literal, isto é, sem utilização dos recursos de integração da norma jurídica, especialmente, o da analogia em relação ao regime de drawback isenção, que é regido pelo princípio da fungibilidade. Na prática, a adoção da alegação da recorrente representaria a substituição do princípio da vinculação física pelo princípio da fungibilidade ou da equivalência, que permite a substituição de uma mercadoria importada ao amparo do regime suspensivo de tributação por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade, inclusive, podendo esta ser nacional, nacionalizada ou estrangeira, afrontando o disposto nos referidos preceitos normativos. Não é demais ressaltar que o princípio da fungibilidade tem aplicação restrita ao regime drawback isenção, conforme estabelecido o inciso III do art. 78 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir reproduzido: Art. 78 Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: [...] III isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. [...] (grifos não originais) Tal princípio, por falta de expressa previsão legal não se aplica ao regime drawback suspensão, que é regido pelo princípio da vinculação física, conforme anteriormente exposto. Nesse sentido, têm se manifestado os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), conforme se infere do teor do enunciado da ementa a seguir transcrita: DRAWBACK SUSPENSÃO. PAF. CONHECIMENTO. Não se toma conhecimento das matérias cujos paradigmas apontam situações fáticas diversas. COMPETÊNCIA. A Secretaria da Receita Federal é competente para verificar o adimplemento do compromisso de exportar no regime aduaneiro especial de drawback suspensão. Fl. 2057DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 110 21 PRINCIPIO DA IDENTIDADE. Necessária a vinculação fisica entre as mercadorias importadas com o beneficio da suspensão de tributos e a mercadoria exportada. Mesmo que assim não fosse, o principio da fungibilidade não poderia ser aplicado ao caso, em que a empresa destinou os solados a outros fabricantes de calçados no mercado nacional e não restou comprovado que os calçados foram exportados. Preliminar rejeitada. Recurso especial não conhecido e no mérito negado. (Processo n° 11065.002904/9511. Recurso nº 301119678. Acórdão n° CSRF/0305.557. Rel. Cons. Anelise Daudt Prieto. Julgado na Sessão de 13 de novembro de 2007) grifos não originais. DRAWBACK SUSPENSÃO. O encerramento do regime de drawback, na modalidade suspensão, exige a comprovação, por meio da apresentação dos documentos fixados na legislação de regência, de que o beneficiário empregou os insumos importados sob o manto do regime nas mercadorias exportadas em cumprimento do compromisso assumido. Ausentes tais elementos, não há como se considerar o regime adimplido. Recurso Especial do Procurador Provido. (Processo n° 10580.009781/200167. Recurso nº 325.142. Acórdão n° 9303 00.210. Rel. Cons. Susy Gomes Hoffmann. Julgado na Sessão de 13 de novembro de 2007) Por todas essas razões, fica demonstrado que o princípio da fungibilidade não se aplica ao drawback suspensão, que, diferentemente do alegado pela recorrente, é regido pelo princípio da vinculação física. Logo, se não foi comprovada a aplicação da totalidade dos insumos importados, sob a égide do regime de drawback suspensão, inequivocamente, houve descumprimento do regime, portanto, devida a cobrança dos tributos suspensos, nos termos propostos nas autuações em questão. III Da Conclusão Por todo o exposto, votase por rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 2058DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 22 Fl. 2059DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A
score : 1.0
Numero do processo: 10660.001433/2009-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ITR. SUJEITO PASSIVO.
A Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo do proprietário do imóvel, no caso, o interessado, em nome de quem foi apresentada a DITR que serviu de base para o presente lançamento, enquanto não for comprovada a efetiva transferência do imóvel e/ou imissão prévia na posse.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2.
Nos exatos termos da Súmula CARF nº 2, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE.
A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória, por força da Lei nº 10.165/2000.
ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE.
A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente.
Numero da decisão: 2201-002.664
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ITR. SUJEITO PASSIVO. A Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo do proprietário do imóvel, no caso, o interessado, em nome de quem foi apresentada a DITR que serviu de base para o presente lançamento, enquanto não for comprovada a efetiva transferência do imóvel e/ou imissão prévia na posse. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2. Nos exatos termos da Súmula CARF nº 2, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória, por força da Lei nº 10.165/2000. ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10660.001433/2009-17
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5437665
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2201-002.664
nome_arquivo_s : Decisao_10660001433200917.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : EDUARDO TADEU FARAH
nome_arquivo_pdf_s : 10660001433200917_5437665.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Relator Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
id : 5844898
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702363701248
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2125; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.001433/200917 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201002.664 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de fevereiro de 2015 Matéria ITR Recorrente ANTONIO DE PÁDUA ORLANDI E OUTRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ITR. SUJEITO PASSIVO. A Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo do proprietário do imóvel, no caso, o interessado, em nome de quem foi apresentada a DITR que serviu de base para o presente lançamento, enquanto não for comprovada a efetiva transferência do imóvel e/ou imissão prévia na posse. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2. Nos exatos termos da Súmula CARF nº 2, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória, por força da Lei nº 10.165/2000. ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 14 33 /2 00 9- 17 Fl. 593DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2005, consubstanciado no Auto de Infração (fls. 02/12), pela qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 4.373.727,38, relativo ao imóvel rural denominado “Fazenda Bonanza”, cadastrado na RFB sob o nº 4.049.4993, com área declarada de 5.585,0 ha, localizado no Município de Guapé/MG. A fiscalização glosou a área declarada de preservação permanente de 917,8 ha, de reserva legal de 996,0 ha e de pastagens de 3.193,3 ha. A autoridade fiscal também alterou o Valor da Terra Nua (VTN) declarado de R$ 10.000,00 (R$ 1,79/ha), para R$ 9.768.165,00 (R$ 1.749,00/ha), com base em Laudo de Avaliação apresentado pelo próprio contribuinte. Cientificado do lançamento, o interessado apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: esclarece que, conforme documentação anexa, são os proprietários do imóvel, cujo domínio está representado nas matrículas de n° 4912, 4913, 5005, 5006 e 5341A, lavradas no Registro de Imóveis da Comarca de Guapé/MG, informando que ele foi adquirido por meio de arrematação e desde 1994 são os únicos reais e legítimos proprietários do mesmo; informa que, no mês de outubro/2002, ocorreu a invasão da propriedade por integrantes do MST, e que o INCRA foi informado, instaurando processo administrativo de vistoria do imóvel, para verificar se ele era passível de desapropriação; informa, também, que não foi possível tomarem posse e cumprirem o fim social da propriedade, eis que quando o imóvel estava juridicamente desimpedido com o trânsito em julgado do processo de Embargos à Arrematação, ato contínuo, foi ocupado por membros do MST, que impediram o exercício de ampla atividade de produção na fazenda; considera que a invasão é ilegítima e abusiva e, obviamente, está sendo discutida perante o Poder Judiciário, por meio de 03 ações, a saber: 1ª reintegração de posse; 2ª de desapropriação para fins de reforma agrária e 3ª mandado de Fl. 594DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 3 3 segurança, requerendo concessão de liminar, para suspensão da eficácia do Decreto de 24.02.2005, que declarou de interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel; entende que o Auto de Infração é insubsistente em face da perda da posse pelos legítimos proprietários do imóvel e discorre amplamente sobre o conceito de propriedade e os poderes do proprietário de usar, gozar e dispor do bem; salienta que é perceptível que o seu título de “proprietário" é apenas fictício, uma mera formalidade, eis que detêm, tão somente um dos três elementos fundamentais da propriedade, o domínio concedido pela legitimidade de uma titulação jurídica, faltando, a reunião dos dois elementos imprescindíveis da propriedade plena, a posse, e o domínio;conseqüentemente, não possuem o direito de usar, de gozar e dispor da coisa; ressalta que o art. 5º, inciso XXII, da Constituição da República, garante o direito à propriedade, que se desdobra na necessidade da prestação de uma obrigação negativa e de uma obrigação positiva por parte do Estado, e, no presente caso, é notório que houve a violação do dever constitucional do Estado, em garantir a sua propriedade; ressalta, ainda, que foge a todos os princípios de Direito, mormente os da proporcionalidade e razoabilidade, a possibilidade de o Estado tributar (propriedade) imóvel que, devido à sua própria omissão, em prover a segurança, ocasionou a perda das faculdades, inerentes ao direito de propriedade; discorre que a propriedade, nos moldes em que hoje se encontra, não passa de uma ficção jurídica e seria totalmente contrário ao princípio da razoabilidade, e da boafé objetiva, o Estado utilizarse da mera aparência desse direito, para cobrar tributos que pressupõem a incolumidade e a existência nos planos jurídicos (formal) e fáticos (material) dos direitos inerentes à propriedade; para corroborar sua tese diz que nos autos do processo administrativo nº 10660.001074/9811, anexo, o Delegado Substituto deferiu o pleito dos autuados, para cancelar a DITR/98, por não se enquadrarem como contribuintes do ITR, por não estarem na posse dos imóveis, citando, ainda, jurisprudência do CARF para referendar seus argumentos; afirma que o presente caso é semelhante ao que ocorreu em 1998, já que os proprietários não tinham a posse, devido a Ação de Embargos à Arrematação (anexo) e aqui, não têm a posse porque sofreram esbulho pela invasão do MST, rogando que sejam aplicado o mesmo bom senso e princípios de Direito, que foram utilizados em 1998, citando o art. 146 do CTN, haja vista que a aplicação do mesmo critério jurídico, diante da mesma situação fática se impõe, inclusive em respeito ao princípio da segurança jurídica; Fl. 595DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 4 entende que não ocorreu o fato gerador do ITR, eis que, apesar de proprietários do imóvel, nunca detiveram a posse plena do imóvel, sendo ora impedidos por ação judicial Ação de Embargos à Arrematação como foi reconhecido pelo Sr. Delegado da DRF, em Varginha, ora pelo MST, que invadiu a Fazenda, em outubro/2002; em respeito ao Princípio da Eventualidade, afirma que, de acordo com o Registro do Imóvel, averbado no Cartório de Registro de Imóveis de Guapé matrícula n° 7.085, a fazenda possui área de 4.093,27 ha, assim, a área apurada pelo Auditor Fiscal não confere com a área registrada, tampouco com a medida apurada no Laudo Técnico de Vistoria e discorre sobre os princípios que norteiam o Registro Público; menciona que no dia 09.11.2004, o M.M. Juiz de Direito da Vara de Conflitos Agrários, visitou o imóvel e constatou que ele possui área de 4.093,27 ha e desse modo ficou registrada essa informação no Auto de Visita e Constatação, anexo, considerando que a área total do imóvel influi no estabelecimento da alíquota a ser aplicada; entende que, como afirmado no Laudo Técnico de Vistoria e no Auto de Visita e Constatação, deverá ser considerada a área legal da gleba registrada de 4.093.2 ha, aplicandose o VTN, avaliado em 2007, por perito oficial, e informada no Laudo Técnico, em R$1.553,00/ha, à área total de 4.093,2 ha, obtendo se o total de R$6.356.429,00, considerando insubsistente a afirmação de que o valor total do imóvel alcançaria R$10.153.423,00; considera que as áreas de Preservação Permanente, o são por disposição legal, independente de qualquer ato do Poder Executivo ou do proprietário para sua caracterização, assim, há óbice legal à incidência do tributo sobre essas áreas, sendo inexigível a sua prévia comprovação da averbação na matrícula do imóvel ou a existência de ADA; ressalta o disposto no §7°, art. 10, da Lei nº 9.393/96 e o contido no Laudo Técnico de que 419,14 ha são áreas de Preservação Permanente e cita jurisprudência do CARF e do STJ, para referendar sua tese; considera que a reserva legal é uma das modalidades de limitação administrativa, uma vez que foi instituída por lei Código Florestal, imposta pelo Poder Público de forma unilateral, geral e gratuita sobre a propriedade ou posse rural; discorre que a reserva legal, como limitação administrativa à propriedade, independe de averbação no Registro de Imóveis, uma vez que a sua publicidade é conferida pela Lei que incide de forma geral, gratuita, unilateral condicionando e limitando o uso de parte certa e localizada de toda propriedade rural; entende que averbação da Reserva Legal não é prérequisito para o reconhecimento da existência de tal área, mas sim para a exploração da mata ou outra forma de vegetação nativa existentes no imóvel rural, devendo, para isso, o seu titular Fl. 596DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 4 5 averbála, com antecedência, junto à matrícula do imóvel no Registro de Imóveis, antes da supressão da mata; esclarece que, de acordo com planta topográfica anexa, a área de reserva legal já foi locada em planta topográfica geo referenciada, elaborada por profissional com qualificação técnica, porém, somente não foi averbada devido a grande possibilidade de ocorrer desapropriação parcial do imóvel e dessa forma, essa a área de 818,64 ha deve ser considerada para fins de determinação da área tributável, conforme Laudo Técnico de Vistoria anexo; entende que a fiscalização equivocouse ao deixar de considerar a área ocupada com benfeitorias e pastagens formadas de 426,92 ha, conforme Laudo Técnico de Vistoria, eis que essa área deve ser subtraída por não poder integrar a área aproveitável; apresenta cálculos da área tributável, da área aproveitável e do VTNt, com base nas informações apresentadas na impugnação, entendendo serem equivocadas os dados apurados pela fiscalização; expõe que a fiscalização não considerou os valores relativos a: 1) área de Preservação Permanente de 419,14 ha; 2) área de Reserva Legal de 818,64 ha; e 3) área ocupada com benfeitorias de 426,92 ha, e com base nesses dados apresenta cálculo do VTNt, sob pena de violação dos princípios da estrita legalidade, da capacidade contributiva e da verdade material que deve reger o procedimento e o processo administrativo tributário; entende que, da mesma forma como os outros dados do Auto, o GU foi calculado erroneamente, e apresenta os cálculos do novo GU (31,9%), o que influi na alíquota a ser aplicada, visto que ele será de 6,0% e não de 20% (art. 34 do Decreto n° 4.382/2002; discorre sobre o efeito confiscatório do imposto cobrado, posto que qualquer proposta de tributação, que alcance toda a renda ou todo o patrimônio do contribuinte, será considerada confisco e, portanto, inconstitucional; salienta que o valor do tributo alcança o patamar de 43% do valor do imóvel, considerado pela fiscalização, porém, toda carga tributária, que ultrapasse o princípio da razoabilidade, em comparação com o patrimônio financeiro e econômico do contribuinte, e que o impeça de desenvolver as condições de sua cidadania, em qualquer dos níveis permitidos, pessoal ou profissional, tem características de confisco; aduz que, uma vez inexistente o Auto de Infração, o principal não pode ser cobrado, por esse motivo não subsistem o acessório, ou seja, os juros de mora e multa; considera que, não obstante o arrolamento não impedir a alienação dos bens, claro é que ninguém irá se interessar por Fl. 597DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 6 adquirir bens arrolados ou, se os quiser, diminuirá o preço da oferta, assim, é inegável que o direito de propriedade sofre sérias restrições, sem que sequer tenha havido decisão afirmando a procedência da pretensão fiscal; entende que o arrolamento padece de inconstitucionalidades, formal e substancial, e discorre sobre o tema; invoca o princípio da razoabilidade, ponderando que a fazenda, se devido fosse o tributo, já seria mais do que suficiente para garantir qualquer credito tributário porventura existente, não se vislumbrando a necessidade de serem constritos a integralidade dos bens quando por si só o imóvel já é capaz de suprir o valor do Auto de Infração; requer prioridade no julgamento, posto que são maiores de 60 anos, de acordo com o art. 69A da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo, no âmbito da Administração Pública Federal; pelo exposto, requer: a) O acolhimento das razões expostas, para que, ao final, o Auto de Infração seja julgado totalmente improcedente e arquivado, eis que o imóvel, à época do fato gerador do ITR (01.01.2005) não estava na sua posse; b) sejam os Termos de Arrolamento de Bens e Direitos cancelados em decorrência da extinção do processo; c) seja concedida prioridade na tramitação do processo, de acordo com o art. 69A da Lei n° 9.784/99, que garante esse benefício às partes maiores de 60 anos; requer, caso esse não seja o entendimento, subsidiariamente: d) Seja reconhecida como legal a área total de 4.093,27 ha, eis que essa é a área registrada no Cartório de Registro de Imóveis de Guapé/MG, informada no Auto de Visita e Constatação assinado pelo MM. Juiz de Direito da Vara de Conflitos Agrários e constatada no Laudo Técnico de Vistoria, assim, conforme o art. 34 do Decreto nº 4.382/02, a alíquota aplicável será de 6,00%; e) seja aplicado o VTN, avaliado, em 2007, por perito oficial, em R$1.553,00/ha, à área total de 4.093,2 ha, obtendose o total de R$6.356.429,00, como valor total do imóvel; f) seja considerada a área de 419,14 ha como área de Preservação Permanente, eis que diante da jurisprudência consolidada do CARF e do STJ, não é necessário a apresentação do ADA do IBAMA; g) seja considerada a área de 818,64 ha como área de Reserva Legal, visto que essa área e já foi locada em planta topográfica georeferenciada, elaborada por profissional com qualificação técnica para tal; Fl. 598DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 5 7 h) seja considerada a área de 426,92 ha como área com benfeitorias (pastagens formadas), conforme Laudo Técnico de Vistoria; i) considerando os valores informados, seja calculada a área tributável como 2.855,49 ha; j) seja considerada como área aproveitável a área de 2.428,57 ha, eis que como demonstrado, a área total do imóvel é de 4.093,27 ha e porque é impossível que a totalidade da área de uma fazenda seja classificada como aproveitável; k) o VTN tributável seja R$4.165.525,13, eis que deve ser considerada a área de Preservação Permanente de 419,14 ha; a área de Reserva Legal de 818,64 ha e a área ocupada com benfeitorias (pastagens formadas) de 426,92 ha; l) seja calculado o GU como o demonstrado, chegandose a 31,97%, o que influi na alíquota aplicável ao cálculo do tributo, sendo que a alíquota passa a ser a de 6,00%; m) sejam reduzidos os juros e multa, eis que confiscatórios, e a interpretação da aplicação da norma de incidência, ainda de acréscimos moratórios, no presente caso, revelase uma alteração do critério jurídico adotado anteriormente, o que, no mínimo, não admite a cobrança de multa em relação a fatos já ocorridos; n) seja cancelado o Auto de Arrolamento de Bens e Direitos por estar eivado de vícios de inconstitucionalidade, como explicitado. A 1ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: DO FATO GERADOR DO ITR E DO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA O ITR tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. São contribuintes do ITR o proprietário, o possuidor ou o detentor a qualquer título de imóvel rural assim definido em lei, sendo facultado ao Fisco exigir o tributo, sem benefício de ordem, de qualquer deles. Continua responsável pelo pagamento do ITR sobre as áreas invadidas, o proprietário do imóvel rural que não for previamente desapossado, pelo INCRA, para efeito de reforma agrária, até a data do respectivo fato gerador, nos termos da legislação de regência. DA RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO PERDA DA ESPONTANEIDADE O início do procedimento administrativo ou medida de fiscalização exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores, portanto cabe ser mantida as Fl. 599DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 8 informações declaradas na DITR quanto à distribuição das áreas do imóvel, que não são objeto da lide. DA ÁREA TOTAL DO IMÓVEL. CAFIR A área total do imóvel originariamente declarada corresponde àquela constante do CAFIR, que se encontra ativo para todos os fins, e que corresponde à dimensão real do imóvel obtida por georefenciamento. As alterações de dados cadastrais de imóvel rural inscrito no CAFIR devem ser apreciadas na unidade administrativa da RFB do domicílio tributário do contribuinte ou responsável para efeito da legislação do ITR ou realizadas por meio do Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (Diac). DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL Essas áreas ambientais, para fins de exclusão do ITR, devem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA ou, pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, o respectivo ADA, além da averbação tempestiva das áreas de reserva legal à margem da matrícula do imóvel. DA ÁREA DE PASTAGEM A área de pastagem a ser aceita será a menor entre a área de pastagem declarada e a área de pastagem calculada, observado o respectivo índice de lotação mínima por zona de pecuária, fixado para a região onde se situa o imóvel. O rebanho necessário para justificar a área de pastagem aceita cabe ser comprovado com prova documental hábil. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) SUBAVALIAÇÃO Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base em Laudo de Avaliação apresentado pelo contribuinte, exigese a apresentação de novo Laudo, emitido por profissional habilitado, referente ao fato gerador do ITR, que atenda aos requisitos essenciais das Normas da ABNT (NBR 14.6533), demonstrando, de forma convincente, a ocorrência de erro material no primeiro laudo apresentado. DA MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. DOS JUROS DE MORA (TAXA SELIC) A vedação ao confisco pela Constituição da República é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála, nos moldes da legislação que a instituiu. Apurado imposto suplementar em procedimento de fiscalização, no caso de informação incorreta na declaração do ITR ou subavaliação do VTN, cabe exigilo juntamente com a multa e os juros aplicados aos demais tributos. Por expressa previsão legal, os juros de mora equivalem à Taxa SELIC. DO ARROLAMENTO DE BENS E DIREITOS. COMPETÊNCIA A questão relativa ao arrolamento de bens e direitos para acompanhamento do patrimônio suscetível de ser indicado como garantia de crédito tributário não é matéria passível de ser Fl. 600DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 6 9 discutida pelo rito estatuído pelo Decreto nº 70.235/1972, face à competência das DRJ definida pelo art. 229 da Portaria MF nº 587/2010, Regimento Interno da RFB. A competência para decidir sobre arrolamento de bens é do titular da unidade da RFB de domicílio tributário do sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeira instância em 15/05/2013 (fl. 428), o autuado apresenta Recurso Voluntário em 13/06/2013 (fls. 430 e seguintes), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade. Como visto do relatório, a fiscalização efetuou a glosa da área declarada de preservação permanente de 917,8 ha, de reserva legal de 996,0 ha e de pastagens de 3.193,3 ha. A autoridade fiscal também alterou o Valor da Terra Nua (VTN) declarado de R$ 10.000,00 (R$ 1,79/ha), para R$ 9.768.165,00 (R$ 1.749,00/ha), com base em Laudo de Avaliação apresentado pelo próprio contribuinte. Antes de se entrar no mérito da questão, cumpre enfrentar, de antemão, as preliminares suscitadas pelo recorrente. Sujeito Passivo da Obrigação Tributária Alega o contribuinte erro na eleição do sujeito passivo, pois o imóvel objeto do lançamento encontrase subjudice, já que foi invadido por integrantes do MST, desde outubro de 2002. Assevera ainda que propôs 03 ações, a saber: 1ª reintegração de posse; 2ª de desapropriação para fins de reforma agrária, movida pelo INCRA e 3ª mandado de segurança, requerendo concessão de liminar, para suspensão da eficácia do Decreto de 24/02/2005, que declarou de interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel. Pois bem, quanto à alegação que não possui a posse do imóvel, já que a propriedade rural foi invadida por integrantes do MST, cumpre reproduzir o art. 1º da Lei n° 9393/1996: Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, de apuração anual, tendo como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. § 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não Fl. 601DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 10 transferia a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse. (grifei) Pelo que se vê, para que o contribuinte seja excluído do polo passivo da obrigação tributária, devese comprovar transferência da propriedade e/ ou imissão prévia na posse. Assim sendo, verificase que a imissão prévia na posse pelo INCRA, de parte da área do imóvel (1.788,3 ha), fl. 48, ocorreu em 12/07/2005, em face da Ação de Desapropriação, conforme averbado no Registro da Matrícula do imóvel (fls. 140verso). Portanto, tal fato ocorreu após a ocorrência da data do fato gerador do imposto (1º/01/2005). Relativamente à questão, reproduzo trecho da decisão recorrida: No que diz respeito à existência de posseiros no imóvel, é preciso dizer que esse fato não muda em nada a situação do contribuinte, que continua sendo sujeito passivo da obrigação tributária, na condição de “PROPRIETÁRIO” do referido imóvel rural à época do respectivo Fato Gerador, nos termos dos artigos 29 e 31, da Lei nº 5.172/66, Código Tributário Nacional (CTN). O artigo 29 do CTN assim dispõe sobre o fato gerador do ITR: “Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.” Já os contribuintes do ITR estão elencados no artigo 31, verbis: “Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título”. (grifouse) Desses artigos concluise que o imposto é devido por qualquer das pessoas que se prenda ao imóvel rural, em uma das modalidades elencadas. Por conseguinte, a Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo de qualquer uma delas, quer se ache vinculada ao imóvel rural como proprietário, como posseiro ou como simples detentor. Verificase, assim, que a Lei seguiu a diretriz contida nos artigos 29 e 31 do CTN, fixando as mesmas hipóteses para o fato gerador e elegendo os mesmos contribuintes, sem fazer distinção entre o proprietário e o possuidor da terra, bem como não estabeleceu ordem de preferência quanto à responsabilidade pelo pagamento do imposto. Portanto, ao contrário da posição defendida pelo requerente nas referidas ações judiciais, cabia ao mesmo comprovar nos autos, com documentação hábil e idônea, que à época do fato gerador do imposto (1º.01.2005), não se enquadrava na condição de Contribuinte, por não ser o legítimo proprietário da “Fazenda Bonanza” (NIRF nº 4.049.4993), titular do seu domínio útil, nem mesmo seu possuidor a qualquer título. No presente caso, quanto à existência de pedido de desapropriação para fins de reforma agrária em relação a parte ou do total da área do referido imóvel rural, só resta ao Fl. 602DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 7 11 impugnante comprovar nos autos que houve, por parte do INCRA, imissão prévia na posse, ocorrida até 1º de janeiro de 2005 (data do fato gerador do ITR/2005), nos termos do art. 1º (caput) e seu § 1º da Lei nº 9.393/1996, que assim dispõem: “Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, de apuração anual, tendo como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. § 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não transferia a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse.” (grifou se) Pois bem, consta dos autos que houve a imissão prévia na posse pelo INCRA, de parte da área do imóvel (1.788,3 ha), às fls. 48, em face da Ação de Desapropriação, conforme averbado no Registro da Matrícula do imóvel, às fls. 140verso. Contudo a Imissão de Posse é datada de 12.07.2005, ou seja, após a ocorrência da data do fato gerador do imposto (1º.01.2005), fato esse impeditivo do acatamento da pretensão do contribuinte. Ao tratar da incidência do ITR, o Decreto nº 4.382/2002 (RITR) adotando, no art. 2º, as mesmas premissas e as mesmas hipóteses para o fato gerador do imposto, fixadas no art. 1º da citada Lei, estabeleceu as datas limites em que se dá a incidência do ITR, na situação aventada pelo requerente (imissão prévia na posse e/ou desapropriação pelo Poder Público), a saber: “Art. 2º (...) § 1º O ITR incide sobre a propriedade rural declarada de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, inclusive para fins de reforma agrária: I – até a data da perda da posse pela imissão prévia do Poder Público na posse; II – até a data da perda do direito de propriedade pela transferência ou pela incorporação do imóvel ao patrimônio do Poder Público.” Portanto, ocorrida a imissão da posse, inclusive só de parte da área total do imóvel, em data posterior ao fato gerador do ITR, não há como acatar o pedido do impugnante de retirálo do pólo passivo sob essa alegação. Para melhor entendimento da matéria, sem a necessidade de maiores esclarecimentos e justificativas, transcrevese a questão 035, extraída do Manual de Perguntas e Respostas, utilizado para orientar os contribuintes do ITR, sobre o correto preenchimento da DITR/2005, que assim esclareceu: 035 Quem é contribuinte na hipótese de desapropriação do imóvel rural por pessoa jurídica de direito público? Fl. 603DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 12 Na hipótese de desapropriação do imóvel rural por pessoa jurídica de direito público é contribuinte o expropriado, em relação aos fatos geradores ocorridos até a data da perda da posse ou da propriedade. Como o patrimônio da pessoa jurídica de direito público é imune, não há incidência do ITR a partir do momento em que esta se investe na posse ou se torna proprietária do imóvel. A pessoa imune não reveste a condição de contribuinte do imposto, estando, entretanto, obrigada ao cumprimento de obrigações acessórias. O expropriado perde a posse ou a propriedade quando o juiz determina a imissão prévia na posse ou quando ocorre a transferência ou incorporação do imóvel rural ao patrimônio do expropriante. Devese observar que o expropriado é contribuinte do ITR em relação aos fatos geradores ocorridos até a data da perda da posse ou da propriedade, estando obrigado, em relação a estes, a apresentar declaração e a apurar e pagar o imposto devido. (CTN, art. 121, parágrafo único, I; IN SRF nº 256, de 2002, art. 5º, II) Assim, não comprovado que o contribuinte perdeu a propriedade da Fazenda Bonanza/NIRF nº 4.049.4993, não há como afastar, pelos documentos constantes dos autos, a responsabilidade da contribuinte pelo ITR, relativo ao exercício de 2005, já que o mesmo é o proprietário do imóvel à época do fato gerador do ITR/2005 (1º.01.2005), período objeto do presente processo, razão pela qual, inclusive, foi apresentada, em seu nome, a DITR correspondente. Ademais o impugnante veio apresentando suas DITR (até o exercício de 2009). Além disso, o cadastro do imóvel continua ATIVO no CAFIR, às fls. 391/392, e, consequentemente, produzindo todos seus efeitos, além de não constar, até a presente data, qualquer pedido de alteração ou de cancelamento do mesmo, nos termos da IN/RFB nº 830/2008, que dispõe sobre esse Cadastro. Sendo assim, nenhuma circunstância há que justifique a exclusão do impugnante do pólo passivo da obrigação tributária, como pleiteado. Além de o ônus da prova ser do contribuinte, o lançamento limitouse a formalizar a exigência apurada a partir do conteúdo estrito dos dados apresentados na sua DITR/2005, como dito anteriormente. Enfim, embora a titularidade do imóvel esteja sendo discutida judicialmente, bem como parte das suas terras possam estar ocupadas por terceiros (MST), o requerente, ao entregar em seu nome as declarações anuais do ITR, se colocou na condição de Contribuinte desse imposto, por considerar o legitimo proprietário da “Fazenda Bonanza”, conforme defendido por ele nas citadas ações judiciais. Desta forma, tendo em vista os documentos constantes dos autos, não há dúvidas que o impugnante é o sujeito passivo do ITR, por Fl. 604DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 8 13 ser ele o proprietário do imóvel, fato esse fartamente reconhecido pelo contribuinte em sua impugnação, havendo, portanto, obrigação tributária correspondente. Portanto, não comprovado nos autos que o contribuinte foi previamente desapossado da referida área, pelo INCRA, na época do fato gerador do ITR (1º.01.2005), para fins de reforma agrária, cabe mantêlo na condição de sujeito passivo da obrigação tributária exigida neste processo. Portanto, como à época do fato gerador do ITR/2005 (1º/01/2005), o autuado não havia perdido a propriedade da Fazenda Bonanza/NIRF nº 4.049.4993, não há como excluir a responsabilidade do contribuinte pelo pagamento do ITR. Cerceamento do Direito de Defesa No que tange à alegação de cerceamento do direito de defesa, em razão da suposta desconsideração dos documentos apresentados por ocasião da impugnação, mormente o Laudo Técnico de Vistoria, fls. 323/330, verifico, pois, que a alegação é estéril e não tem passagem. Compulsandose o julgamento de primeira instância, verificase que a DRJ analisou a integralidade dos elementos processuais e apreciou todos os argumentos impugnatórios, conforme se extrai das fls. 393/422. A bem da verdade, a autoridade recorrida entendeu que o contribuinte perdera a espontaneidade para fazer a retificação das áreas, conforme dispõe o art. 7º do Decreto nº 70.235/1972. Pelo que se vê, o inconformismo do recorrente tem a ver com o entendimento do julgador na análise das provas constantes dos autos. A esse respeito, importa destacar que na apreciação das provas o julgador pode interpretála da forma que melhor entender, refutálas ou desconsiderálas, de acordo com sua convicção, conquanto que de forma fundamentada. O que de fato ocorreu. Pelos fundamentos expostos, entendo que a preliminar suscitada não merece acolhimento. Passase a análise meritória. Laudo Técnico de Vistoria Em seu apelo requer o autuado que seja alterada a área total da propriedade, bem como considerada, para fins de exclusão do ITR, a área de preservação permanente, de reserva legal e as áreas ocupadas por benfeitorias, conforme consta no Laudo Técnico de Vistoria às fls. 323/330. No que tange à solicitação de alteração da área total do imóvel de 5.585,0 ha para 4.093,2 ha, verifico, pois, que a Certidão de Registro da Matrícula nº 7.085, fls. 140, na qual consta uma área de 4.093,2 ha foi alterado em 25/05/2005, portanto, posteriormente ao fato gerador do imposto (1º/01/2005). Ademais, como bem pontuou a autoridade recorrida “... verificase que no Laudo Expedito de Constatação, de fls. 51/60, elaborado pelo Engenheiro Agrônomo Paulo Roberto F. M. Rezeck, com ART anotada no CREA de fls. 124/125, apresentado pelo contribuinte em resposta à intimação inicial, consta expressamente que a área real do imóvel é de 5.585,1 ha, especificamente às fls. 53, e que todos os cálculos por ele realizados são feitos tendo por base essa dimensão da área total do imóvel”. Fl. 605DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 14 Isso posto, penso que o Laudo Técnico de Vistoria não é documento hábil para se efetuar a alteração a área total da propriedade, já que de acordo com o Memorial Descritivo do imóvel, fls. 72/86, elaborado pelo Engenheiro Civil e Agrimensor Jairo Herculano Soares dos Santos, com ART anotada no CREA, fls. 69/70, e do Levantamento Topográfico, fls. 87, a área real do imóvel é de 5.585,1 ha. Quanto à área de preservação permanente, cabe deixar assentado que a partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória (ou a comprovação do protocolo de requerimento daquele Ato, junto ao Ibama, em tempo hábil), por força da Lei nº 10.165, de 28/12/2000. Embora alegue o recorrente que o Laudo Técnico de Vistoria, fls. 323/330, comprova a existência da área de 419,12 ha, compulsandose o documento elaborado pelo engenheiro agrônomo, Rodrigo Octávio Monteiro de Sousa Lima, constatase que o citado profissional apenas apontou, genericamente, a área de preservação permanente da propriedade. Com efeito, o Laudo Técnico de Vistoria não delimitou e discriminou a citada área no imóvel rural, de modo a tornar possível a subsunção às alíneas dos arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771/1965 Código Florestal, a saber: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; Fl. 606DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 9 15 f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.(Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Art. 3º Consideramse, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei. De fato, o Laudo Técnico de Vistoria, fls. 323/330, não indicou a extensão e larguras dos tais cursos d’água, limitandose a referirse, genericamente, a represas, grotas e Fl. 607DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 16 nascentes; não demonstra que áreas estariam nas encostas e quais nos topos de morros, enfim, o laudo não demonstra tecnicamente, com o mínimo de rigor, como chegou à área apontada como APP. E essas características precisariam estar claramente explicitadas no laudo, e não estão. Enfim, o laudo não especifica os elementos a partir dos quais concluiu que a área de preservação permanente da propriedade é de 419,12 ha Portanto, como o laudo técnico não discrimina as áreas de preservação permanente na forma dos arts. 2º e 3º do Código Florestal, o contribuinte não poderá se beneficiar da isenção do imposto. No que toca à área de reserva legal, verificase que o recorrente não comprovou a averbação de qualquer área gravada à margem da matrícula do imóvel, conforme determina art. 16 da Lei nº 4.771/1965, alterado pelo art. 1º da MP nº 2.16667, de 24/08/2001: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8.º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (grifei) Assim, a área de reserva legal somente será excluída de tributação após sua averbação à margem da matrícula do imóvel, até a data de ocorrência do fato gerador. Relativamente ao arrolamento de bens e direitos, impende esclarecer que a competência para dispor sobre a garantia de crédito tributário é do titular da unidade da RFB de domicílio tributário do sujeito passivo, não cabendo pronunciamento do CARF quanto a essa matéria. Em relação à alegação de confisco do imposto, da multa e da taxa de juros, esclareço, pois, que o CARF não é competente para se manifestar sobre a inconstitucionalidade de lei, conforme ficou assentando na Súmula CARF nº 02, cujo entendimento é de adoção obrigatória por este Órgão nos termos regimentais: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por fim, consoante determina a Súmula n° 4 do CARF, sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos os juros com base na taxa Selic: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. Fl. 608DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 10 17 Ante o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 609DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 13708.001479/2004-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/07/1994 a 31/10/1995
Ementa:
DECADÊNCIA.
Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º segunda parte, da LC 118/05, considera-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09 de junho de 2005. (RE nº 566621- RS, de 04/08/2011 - Relatora Ministra Ellen Gracie)
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE.. SÚMULA CARF Nº 02.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária
Numero da decisão: 3402-002.527
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Pedro Souza Bispo e Fenelon Moscoso de Almeida.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/07/1994 a 31/10/1995 Ementa: DECADÊNCIA. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º segunda parte, da LC 118/05, considera-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09 de junho de 2005. (RE nº 566621- RS, de 04/08/2011 - Relatora Ministra Ellen Gracie) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE.. SÚMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13708.001479/2004-18
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5449267
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3402-002.527
nome_arquivo_s : Decisao_13708001479200418.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 13708001479200418_5449267.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Pedro Souza Bispo e Fenelon Moscoso de Almeida.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5883988
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702368944128
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1891; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 125 1 124 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13708.001479/200418 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402002.527 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de outubro de 2014 Matéria PIS Recorrente SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA GAMA FILHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/07/1994 a 31/10/1995 Ementa: DECADÊNCIA. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º segunda parte, da LC 118/05, considerase válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09 de junho de 2005. (RE nº 566621 RS, de 04/08/2011 Relatora Ministra Ellen Gracie) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE.. SÚMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 8. 00 14 79 /2 00 4- 18 Fl. 268DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 2 (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Pedro Souza Bispo e Fenelon Moscoso de Almeida. Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido: 1. Versa o presente processo sobre Declaração de Compensação de valores pagos a maior de PISFolha de Pagamento com débitos da mesma contribuição, do contribuinte em epígrafe (fls. 1/19). Os créditos pleiteados para utilização na compensação deste processo referemse a recolhimentos efetuados no período de julho de 1994 a outubro de 1995. 2. Mediante o Despacho Decisório datado de 26/11/2004 (fl. 86), a autoridade competente não reconheceu o direito creditório da interessada e, por conseguinte deixou de homologar a compensação pretendida. 3. O pedido foi indeferido sob o argumento de que ocorreu a decadência, uma vez que o direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso de prazo de 5 (cinco) anos, contados da extinção do crédito tributário, com base nos artigos 165, I e 168, I, da Lei n° 5.172 e no Ato Declaratório SRF n° 96/99. 4. O interessado contestou o despacho decisório que indeferiu seu pleito (fls. 91/101), argumentando, em síntese, que: 4.1 A decisão merece ser reformada, pois o PIS é tributo cujo lançamento se dá por homologação, equivalendo dizer que o pagamento é efetuado pelo contribuinte sem prévio exame do sujeito ativo da relação tributária. Com efeito, não tem o pagamento o condão de extinguir o crédito tributário correspondente, mas tão somente de representar mera antecipação. É exatamente isso que se depreende da leitura do artigo 156, VII e 150 §§ 1º e 4º do CTN. Continuando, a extinção do crédito tributário somente se dá com o ato homologatório dos procedimentos adotados e de iniciativa do sujeito passivo, ou então, como de regra, com o decurso do prazo de cinco anos (a contar da ocorrência do fato gerador), quando o CTN o considera homologado, tácita e automaticamente, para todos os efeitos legais; 4.2 De acordo com o inciso I do artigo 168 do CTN, o direito do contribuinte de se restituir do tributo pago a maior ou indevidamente extinguese com o decurso do prazo de 5 anos contados da data da extinção do crédito tributário. Conciliando essa regra com o momento da extinção do crédito tributário para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, temse Fl. 269DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13708.001479/200418 Acórdão n.º 3402002.527 S3C4T2 Fl. 126 3 inevitavelmente, que o direito de restituição/compensação ou indébito do contribuinte se extingue em cinco anos contados não da data da ocorrência do pagamento, mas a partir da homologação, no geral tácita; 4.3 Diante dessa constatação que decorre imediatamente da leitura sistemática do CTN, em se tratando de tributo sujeito a homologação, somente estará fulminada pela decadência a compensação de indébitos relativos a fatos geradores ocorridos dez anos antes da data do pedido formulado. 4.4 O Egrégio STJ vem mantendo e corroborando com o entendimento do ora impugnante. 4.5 A ilegalidade e a inconstitucionalidade dos §5º, do art. 4° da Resolução CMN n° 174/71, dos DecretosLei nºs 2.303/1986, 2.445/1988 e 2.449/1988 quando da cobrança do PIS das entidades de fins não lucrativos. 4.6 A jurisprudência do STJ e do TRF acolhe a tese da interessada quanto ao pagamento da contribuição ao PIS. 5. Ao final requer seja homologada a compensação efetivada através da Declaração de Compensação. A 4ª Turma de Julgamento da DRJ Rio de Janeiro julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 1315252, de 26 de fevereiro de 2007, cuja ementa abaixo reproduzo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 31/07/1994 a 31/10/1995 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÂO DCOMP. O direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário. INCONSTITUCIONALIDADE. Não compete Autoridade Administrativa apreciar arguições de inconstitucionalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico nacional, pois o controle das leis achase reservado ao Poder Judiciário. Compensação não Homologada Inconformado com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual repisa os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Termina sua petição recursal pedindo a reforma do acórdão vergastado, para fins de homologar as compensações declaradas. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 4 É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. A impugnação foi apresentada com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dela tomo conhecimento e passo a apreciar. Duas são as matérias a serem discutidas nesta lide. Uma referente ao dies a aquo e o prazo para contagem do instituto da decadência para fins de apresentação de pedido de repetição de indébito tributário. A outra diz respeito a inconstitucionalidade dos Decretoslei nºs 2.303/1986, 2.445/1988 e 2.449/1988. DECADÊNCIA Esta controvérsia é conhecida por esse Colegiado. O recorrente defende a tese dos dez anos para se repetir o indébito tributário, enquanto o acórdão vergastado declarou que o prazo da decadência tem seu início na data do recolhimento do valor que se pretende repetir contados cinco anos. Em recente decisão, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou a matéria e definiu que o prazo reduzido para repetição do indébito só seria aplicado às demandas protocoladas a partir de 09 de junho de 2005, no acórdão proferido no Recurso Extraordinário nº 566621 RS, de 04/08/2011. Segue o voto condutor do acórdão que fechou a questão do dies a quo e do prazo de repetição do indébito tributário, in verbis: Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para tributos sujeitos a lançamentos por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150 § 4º, 156, VII e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial, quanto à sua natureza, validade e aplicação. Fl. 271DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13708.001479/200418 Acórdão n.º 3402002.527 S3C4T2 Fl. 127 5 A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao principio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Consoante noção cediça, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal na sistemática prevista pelo artigos 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Portanto, por força regimental, sou obrigado a rever minha posição e aplicar a decisão da mais alta Corte Judiciária. Retornando aos autos, o pedido de restituição foi protocolado em 07/07/2004, antes da data definida pelo STF para aplicação da LC 118/08, o que determina a observância do prazo de 10 anos contados do fato gerador para fins de decadência do direito à repetição de indébito. Pela declaração de compensação, os fatos geradores objeto da lide estão compreendidos entre 07/1994 e 10/1995. O pedido de restituição foi efetuado em 07/07/2004. Logo, pela regra instituída pelo Supremo Tribunal Federal, não há decadência do direito à restituição dos valores relativos aos fatos geradores objeto desta lide. Afastada a decadência, passo ao segundo argumento apresentado pelo recorrente na peça recursal que é a inconstitucionalidade dos Decretoslei nºs 2.303/1986, 2.445/1988 e 2.449/1988. Fl. 272DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 6 É fato que as regras contidas nos Decretoslei nºs 2.445/1988 e 2.449/1988 foram afastadas do mundo jurídico. Contudo, este fato em nada ajuda o recorrente, pois é o Decretolei nº 2.303/86 que rege os fatos geradores em discussão nestes autos. Não tenho notícias da declaração de inconstitucionalidade deste ditame legal, pelo contrário, o judiciário o mantêm vigente. Partindo desta premissa, consoante noção cediça, os órgãos judicantes do Poder Executivo não têm competência para apreciar a conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com preceitos emanados da própria Constituição Federal ou mesmo de outras leis, a ponto de declararlhe a nulidade ou inaplicabilidade ao caso expressamente previsto, haja vista tratarse de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário. Compete a esses órgãos tãosomente o controle de legalidade dos atos administrativos, consistente em examinar a adequação dos procedimentos fiscais com as normas legais vigentes, zelando, assim, pelo seu fiel cumprimento. Com efeito, a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos da inconstitucionalidade e/ou invalidade das normas jurídicas deve ser submetida ao crivo desse Poder. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza. Os mecanismos de controle da constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal, passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa. Noutro giro, não se pode olvidar que esta matéria já foi pacificada no âmbito do CARF, com a aprovação do enunciado de súmula CARF nº 02, publicada no DOU de 22/12/2009, in verbis: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Forte nestes argumentos, afasto a decadência do direito ao pedido de restituição referente a períodos de apuração compreendidos entre 07/1994 e 10/1995. No mérito, nego provimento ao recurso voluntário, em face da impossibilidade de órgão judicante do Poder Executivo declarar a inconstitucionalidade do Decretolei nº 2.303/86. Sala das Sessões, em 15/10/2014 Gilson Macedo Rosenburg Filho. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13708.001479/200418 Acórdão n.º 3402002.527 S3C4T2 Fl. 128 7 Fl. 274DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 10384.006505/2007-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2006 a 31/05/2007
Ementa:
RELAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEIS.
A Súmula CARF nº 88 dispõe que A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.
RGPS. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA. SERVIDORES. PÚBLICOS. VINCULAÇÃO.
Na ausência de regime próprio de previdência social os servidores públicos vinculam-se automaticamente ao regime geral. Os servidores públicos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão são segurados obrigatórios do regime geral de previdência social.
INCONSTITUCIONALIDADE.
A Súmula CARF nº 2 prevê que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
SELIC.
A Súmula CARF nº 4 preceitua que a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS.
A Súmula CARF nº 28 dispõe que o CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
Numero da decisão: 2301-004.001
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
MARCELO OLIVEIRA - Presidente.
MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator.
EDITADO EM: 14/01/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, MAURO JOSE SILVA, ADRIANO GONZALES SILVERIO.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201404
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2006 a 31/05/2007 Ementa: RELAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEIS. A Súmula CARF nº 88 dispõe que A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. RGPS. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA. SERVIDORES. PÚBLICOS. VINCULAÇÃO. Na ausência de regime próprio de previdência social os servidores públicos vinculam-se automaticamente ao regime geral. Os servidores públicos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão são segurados obrigatórios do regime geral de previdência social. INCONSTITUCIONALIDADE. A Súmula CARF nº 2 prevê que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. SELIC. A Súmula CARF nº 4 preceitua que a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS. A Súmula CARF nº 28 dispõe que o CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10384.006505/2007-59
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5430613
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2301-004.001
nome_arquivo_s : Decisao_10384006505200759.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10384006505200759_5430613.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. MARCELO OLIVEIRA - Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator. EDITADO EM: 14/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, MAURO JOSE SILVA, ADRIANO GONZALES SILVERIO.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5826760
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:36:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047702431858688
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2155; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 122 1 121 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10384.006505/200759 Recurso nº 99.999 Voluntário Acórdão nº 2301004.001 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de abril de 2014 Matéria RGPS Recorrente MUNICÍPIO DE CABECEIRAS DO PIAUÍ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2006 a 31/05/2007 Ementa: RELAÇÃO DE CORESPONSÁVEIS. A Súmula CARF nº 88 dispõe que “A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. RGPS. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA. SERVIDORES. PÚBLICOS. VINCULAÇÃO. Na ausência de regime próprio de previdência social os servidores públicos vinculamse automaticamente ao regime geral. Os servidores públicos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão são segurados obrigatórios do regime geral de previdência social. INCONSTITUCIONALIDADE. A Súmula CARF nº 2 prevê que “o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” SELIC. A Súmula CARF nº 4 preceitua que a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 00 65 05 /2 00 7- 59 Fl. 122DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA 2 A Súmula CARF nº 28 dispõe que o CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. MARCELO OLIVEIRA Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator. EDITADO EM: 14/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, MAURO JOSE SILVA, ADRIANO GONZALES SILVERIO. Relatório Trata a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) 37.052. 5558, cadastrada no sistema de protocolo do Ministério da Fazenda (COMPROT ) sob o número 10384. 006505 /200759, de crédito constituído contra o Município de Cabeceiras do Piauí — Câmara Municipal , CNPJ 04.390. 663/0001 10, relativo a contribuições para o financiamento da Seguridade Social previstas no inciso III do art. 22 da Lei 8.212, de 24/07/1991, inserido pela Lei 9.876, de 26/11/1999, e a contribuições devidas por contribuintes individuais que as pessoas jurídicas contratantes são obrigadas a descontar e recolher, conforme art. 21 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 9.876/99, combinado com o caput do art. 4.° da Lei 10.666, de 08/05/2003. Também foram lançadas diferenças de acréscimos legais, (conforme Relatório DAL, fl. 13) devido ao fato de o Contribuinte ter feito recolhimentos em atraso sem ter pago os valores corretos correspondentes a multa e juros. Da apuração dos valores devidos pelo Contribuinte resultou o lançamento de R$ 8,859,54 (oito mil, oitocentos e cinqüenta e nove reais e cinqüenta e quatro centavos), consolidado em 1911112007, conforme Díscriminativo Analítico de Débito (DAD), Discriminativo Sintético de Débito (DSD), fls. 07/08, e Relatório de Lançamentos,fls. 09/11. Feita a ciência por via postal em 23/11/2007 (uma sextafeira), o Recorrente apresentou impugnação tempestiva em 26 /12/2007, fls. 50/66, protocolo 10384 . 007445/2007 91, trazendo, em síntese, os seguintes argumentos: Fl. 123DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10384.006505/200759 Acórdão n.º 2301004.001 S2C3T1 Fl. 123 3 a) Seria inconstitucional a cobrança sobre remunerações de detentores de mandatos eletivos feita com base no § 1.° do art. 13 da Lei 9 . 506/97, como já reconhecido pelo STF. Isso porque se trata de nova fonte , que não foi estabelecida mediante lei complementar, contrariando o disposto no art . 195 da Constituição. b) Não poderia a contribuição previdenciária incidir sobre remunerações de trabalhadores autônomos, operários da construção civil e prestadores de serviços, que não constituem `salário', dado que esse pressupõe a existência de vínculo empregatício. Salário seria a contraprestação devida pelo empregador ao empregado em virtude de contrato de trabalho, motivo pelo qual tais remunerações não poderiam ser reputadas, tecnicamente, como salários. Dito de outra forma, prestadores de serviços não poderiam ser equiparados a empregados (conforme conceito do art. 3.° da CLT) e, como tal, considerados segurados obrigatórios; c) Assim sendo, por não incidir sobre a folha de salários, seria inconstitucional a ampliação da base de cálculo da contribuição previdenciária devida pelo município feita a partir da promulgação da Lei 7.787/89, em especial do art. 3.° de tal norma, por ofensa ao art. 195 da Constituição. d) Além disso, a contribuição criada pela Lei 7.787/89 seria similar à Contribuição Social sobre o Lucro das Pessoas Jurídicas (CSLL), dado que os valores retirados periodicamente pelos sócios constituem o lucro da pessoa jurídica. e) A cobrança de contribuições incidentes sobre pagamentos a autônomos, avulsos e administradores já teria, inclusive, sido suspensa pela Resolução do Senado Federal de n.° 14, publicada no DOU de 28/04/1995, que suspendeu a execução da expressão "avulsos, autônomos e administradores" do citado art. V' da Lei 7.787/89 Por outro lado, sendo da competência do município a elaboração do estatuto de seus servidores e a legislação sobre a sua previdência social, não restaria dúvida de que também lhe compete tratar sobre a previdência social de seus prestadores de serviço. Logo, a vinculação obrigatória dos servidores do município ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) seria uma invasão à competência municipal, vedada pelo § 1.° do art. 149 da Constituição Alega também o Recorrente que município não pode ser equiparado a empregador ou empresa, por ser ente da federação, pessoa jurídica de direito público Fl. 124DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA 4 interno que não aufere lucro nem faturamento, que não se confunde com empregador, cuja definição se encontra no art. 2.° da CLT. f) Por fim, o Impugnante alega não poder ser aplicado ao caso o § 13 do art. 40 da Constituição Federal — que trata da vinculação obrigatória de servidores ocupantes de cargos temporários e empregados públicos ao RGPS — por carecer o mesmo de edição de lei que fixe o valor a ser recolhido: enquanto a lei regulamentadora não for publicada não haverá meios de os municípios quantificarem o valor a ser recolhido ao INSS, não podendo ser utilizado o percentual aplicado às empresas privadas e aos empregados desta; g) Não poderia incidir a contribuição previdenciária sobre funções gratificadas, por não se incorporarem ao salário, tendo inclusive órgãos como o TCU, Senado, Câmara, STJ e STF devolvido a seus servidores os descontos que haviam feito a título de contribuição sobre o valor recebido por desempenho de função; h) O Impugnante também informa ter ocorrido infração ao princípio da proibição do excesso', ou da proporcionalidade, por estarem sendo cobrados valores indevidos; i) Não teria ocorrido o crime de sonegação previdenciária. j) Seria ilegal a aplicação da taxa SELIC, por contrariar o disposto no art.406 do Código Civil e no art., 161 do CTN. A interpretação do § 1º do art. 161 do CTN, combinado com o art. 146, III, `b', da Constituição Federal faria com que apenas através de lei complementar pudesse ser instituída cobrança de juros superiores à taxa de 1 % (um por cento) ao mês, dado que crédito tributário é matéria reservada a tal tipo de norma , como, aliás, já reconhecido pelos tribunais superiores . A falta de criação da taxa SELIC por lei complementar afrontaria a Constituição e o CTN, caracterizando a ilegalidade da aplicação de tal taxa. Ademais, a aplicação da taxa SELIC teria efeito confiscatório, afrontando a Constituição (150, IV). O ora Recorrente alega que o próprio INSS já teria pleiteado junto ao STJ — Resp 823216SC e outros julgados — a inaplicabilidade da taxa SELIC como índice para atualização dos débitos previdenciários, por entender que tal incidência seria contrária ao CC e ao CTN, devendo as decisões administrativas seguir o entendimento que o INSS defende na esfera judicial. Tal entendimento estaria correto, na medida em que na taxa SELIC estariam embutidos simultaneamente juros moratórios , remuneratórios e correção monetária , tornando inadequada tal taxa para aplicar os efeitos da mora, pois de tal forma estarseia penalizando em duplicidade (bis in idem). Fl. 125DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10384.006505/200759 Acórdão n.º 2301004.001 S2C3T1 Fl. 124 5 Em 29/05/2008, foi prolatado Acórdão n. 1122.562 – 6ª Turma da DRJ/REC que julgou procedente o lançamento: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS • PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2006 a 31/05/2007 INCONSTITUCIONALIDADE. RECONHECIMENTO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO_ IMPOSSIBILIDADE, O reconhecimento da inconstitucionalidade de Lei nas decisões administrativas só pode ser feito após manifestação, nesse sentido, do STF, do Senado Federal ou da Justiça Federal. TAXA SELIC. É pacífico o entendimento de que é legal a aplicação da taxa SELIC no recolhimento de contribuições para a Previdência em atraso. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. É incompetente a Delegacia de Julgamento para decidir pela ocorrência ou não de crime. Lançamento Procedente Irresignado com o decisum, o Município interpôs recurso voluntário [fls. 90 108] que repisa os mesmos argumentos dispostos na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator Cumprido o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade [ciência: 15/07/2008 e interposição: 14/08/2008], conheço do recurso e passo ao seu exame. I CORESPONSÁVEIS Argüi a recorrente a exclusão do nome do Prefeito da relação de coresponsáveis e da relação de vínculos, haja vista que o quadro de coobrigados será repetido na eventual e futura Certidão da Dívida Ativa. Cumpre esclarecer que os anexos CORESP e relação de vínculos foram claros em afirmar que o relatório trazido é apenas uma lista dos representantes legais do sujeito passivo, indicando a qualificação e o período de atuação, não estabelecendo nenhuma responsabilidade às pessoas nele relacionadas. Ademais, os relatórios de CoResponsáveis e de Vínculos fazem parte de todos processos como instrumento de informação, em conformidade com disposto pelo art. 660 Fl. 126DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA 6 da Instrução Normativa SRP n° 03 de 14/07/2005, que determina a inclusão dos referidos relatórios nos processos administrativo fiscais e esclarece: Art. 660. Constituem peças de instrução do processo administrativo fiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: (...) X Relação de CoResponsáveis CORESP, que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação; XI Relação de Vínculos VÍNCULOS, que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração previdenciária em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente; Nesse sentido, o CARF já emitiu enunciado de Súmula que consolidou o entendimento acima manifestado: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Portanto, não acolho a preliminar suscitada. II REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Das contribuições incidentes sobre os valores pagos a detentores de mandatos eletivos assiste razão ao Recorrente quando afirma ser inconstitucional a cobrança sobre remunerações de detentores de mandatos eletivos feita com base na alínea "h" do inciso I do art. 12 da Lei 8.212/91, introduzida pela Lei 9.506, de 3011011997, dado que devido a tal vício essa norma já teve sua. execução suspensa pelo Senado Federal. Ocorre que nessa NFLD o lançamento dessas contribuições abrangeu apenas as competências de 01/2007 e seguintes, sendo que a cobrança está sendo feita com base na alínea "j" do mesmo inciso 1 do art. 12 da Lei n° 8.212191, acrescentada pela Lei n° 10.887, de 18/06/2004, que incluiu os detentores de mandatos eletivos no rol de segurados obrigatórios do RGPS, e não com base no dispositivo declarado inconstitucional. Tal alínea foi introduzida quando o art. 195, I, "a", da Constituição, com a redação dada pela Emenda 20/1998, já permitia a cobrança de contribuições sobre quaisquer "rendimentos do trabalho", expressão que abrange também os valores recebidos por vereadores, não padecendo, portanto, do vício que motivou o reconhecimento da inconstitucionalidade da alínea “h”. São devidas, portanto, as contribuições para o financiamento da Seguridade Social incidentes sobreos subsídios de vereadores lançadas. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10384.006505/200759 Acórdão n.º 2301004.001 S2C3T1 Fl. 125 7 As alegações sobre a inconstitucionalidade da Lei 7.787189 são totalmente inócuas. De há muito tal Lei deixou de ser usada, por ter sido substituída pela Lei 8.212/91 e, posteriormente, no tocante a empresários, trabalhadores autônomos e avulsos, pela Lei Complementar n. 84, de 18/01/1996 e, por fim, pela Lei 9.876, de 26/11/1999, que alterou a 8.212/91. Cabe dizer também que nesta NFLD foram incluídas apenas contribuições descontadas de empregados, aí incluídos os vereadores, previstas no art. 20 da Lei 8.212/91. São sem sentido, portanto, as alegações trazidas na impugnação sobre inconstitucionalidade de cobrança de contribuições sobre remunerações de trabalhadores autônomos, empresários, prestadores de serviços, avulsos etc., por estranhas ao lançamento. O Recorrente também menciona os operários da construção civil, mas não foram lançadas contribuições incidentes sobre segurados de tal categoria: os únicos cinco segurados cujos descontos deram origem ao lançamento e que não são vereadores foram listados no Relatório de Fatos Geradores, não consta que nenhum deles seja operário da construção civil. Foi juntada aos autos a folha de pagamentos do mês de 01/2007, fl. 34. Na folha o município chama os segurados cujas contribuições foram lançadas em outras competências (em 01/2007, especificamente, os recolhimentos foram suficientes para quitar o valor descontado desses segurados) de `funcionários comissionados'. Com essa expressão certamente o município se refere a servidores efetivos que exercem funções gratificadas ou a ocupantes de cargos em comissão. Quanto aos efetivos, cabe notar que a competência do município para legislar sobre a previdência social de seus servidores nunca foi negada. Ocorre que ela também não foi exercida pelo Recorrente: o relatório fiscal informa claramente que o município não dispõe de regime próprio de previdência social (RPPS), fato não contestado na impugnação. Na ausência de regime próprio, aplicase o RGPS aos ocupantes de cargos efetivos, conforme art. 13 da Lei 8.212/91: Art. 13. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social. consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio. de previdência social (Redação dada pela Lei n° 9.876, de 26/11/99) Vêse que a Lei 8.212191 prevê que na ausência de norma municipal que assegure pensão e aposentadoria aos servidores e respectivos dependentes os mesmos não podem ficar desamparados, ocorrendo então a vinculação automática e obrigatória ao RGPS. Já em relação aos ocupantes de cargos em comissão, os mesmos estariam vinculados ao RGPS ainda que o município dispusesse de RPPS, por conta do disposto no § 13 do art. 40 da Constituição, que veda a vinculação de tais servidores a regimes próprios: 13 Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica Fl. 128DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA 8 se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional n° 20, de 15112/98) Ressaltese que alegação de que o citado § 13 necessitaria de regulamentação não tem embasamento nenhum: a Constituição determina a aplicação do RGPS sem ressalvas, deixando claro que todas as normas relacionadas a tal regime valem para os referidos servidores, não havendo motivo para se falar em nova regulamentação, até porque se fosse necessário emitir novas normas a Constituição estaria prevendo a vinculação de servidores a um regime especial, com regras próprias, e não ao geral. O simples fato de o Recorrente ter a opinião de que não poderiam ser aplicados ao mesmo os percentuais devidos pelos empregadores da iniciativa privada não faz com que isso se torne verdade. O Município até chega a dizer que não pode ser equiparado a empregador ou empresa, citando os artigos 2.° e 3.° da Consolidação das Leis do Trabalho, aparentemente esquecendo que o direito previdenciário é autônomo, estando tal assunto disciplinado no art. 15 da Lei 8.212/91, de forma a espancar qualquer dúvida: Art. 15. Considerase: I empresa – a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; Tanto o direito previdenciário é autônomo que, por exemplo, os exercentes de mandato eletivo são enquadrados como empregados pela Lei 8.212/91, deixando claro que os conceitos da CLT — no caso, o art. 3.°, que define `empregado' — só se aplicam subsidiariamente ao direito previdenciário: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regi .me próprio de previdência social; (Incluído pela Lei n° 10.887, de 2004) Especificamente em relação aos valores recebidos por funcionários efetivos por conta do exercício de funções comissionadas, cabe dizer que as decisões judiciais que • reconhecem não incidir contribuições para a aposentadoria sobre as respectivas gratificações foram todas embasadas no regime jurídico único dos servidores da União, regrado pela Lei 8.112, de 11/12/1990, ou em regimes jurídicos que o copiaram. Tais normas e os entendimentos delas decorrentes não se aplicam ao caso, dado que não se está discutindo o custeio de aposentadorias concedidas por regime próprio de previdência, mas sim o financiamento da Seguridade Social. No âmbito do RGPS a incidência das contribuições é ditada, basicamente, pelo art. 28 da Lei 8.212191,.que.traz o seguinte conceito de saláriodecontribuição: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuiçdo: Fl. 129DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10384.006505/200759 Acórdão n.º 2301004.001 S2C3T1 Fl. 126 9 I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a. qualquer titulo, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo .de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 10112/97) Vêse que o conceito de saláriodecontribuição abrange as quantias recebidas a título de função gratificada, dado que elas são sem dúvida rendimentos pagos em retribuição ao trabalho. As exceções ao enquadramento no conceito de saláriodecontribuição são apenas as trazidas no § 9.° do mesmo artigo, e dentre elas não se encontram valores recebidos a título de gratificação por exercício de função. Tal gratificação, portanto, integra o saláriodecontribuição, sendo, em conseqüência, levada em conta no cálculo do valor dos benefícios do RGPS. O mesmo não acontece no regime dos servidores públicos federais, pois a Lei 9.527, de 10/1211997, modificou o art. 62 da Lei 8.112/90, que previa que as gratificações integrariam os proventos da aposentadoria, sendo essa a razão de ser de as gratificações recebidas por exercício de • função comissionada por servidores federais terem deixado de compor a base de cálculo das contribuições para o financiamento da aposentadoria prevista na Lei 8.112/90. Como, no entanto, no âmbito do RGPS a gratificação é levada em conta no cálculo dos benefícios, é justo e necessário que sobre a mesma incidam as contribuições. III INCONSTITUCIONALIDADE, SELIC E REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS Em relação as demais matérias tratadas no Recurso Voluntário, devem ser aplicados os enunciados das Súmulas deste CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. [...] Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. [...] Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA 10 IV DISPOSITIVO Portanto, conheço do recurso, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator Fl. 131DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/ 01/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0